O CULMINAR DE UM PERCURSO: O DESAFIO DA PRÁTICA … · Relatório de Estágio Profissional para a...

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O CULMINAR DE UM PERCURSO: O DESAFIO DA PRÁTICA PEDAGÓGICA DO ENSINO DA EDUCAÇÃO FÍSICA, DA REFLEXÃO, DA INVESTIGAÇÃO E DA LUTA PELO SONHO RELATÓRIO DE ESTÁGIO PROFISSIONAL Relatório de Estágio Profissional, apresentado com vista à obtenção do 2º Ciclo de Estudos conducente ao grau de Mestre em Ensino de Educação Física nos Ensinos Básico e Secundário (Decreto-lei nº 74/2006 de 24 de Março e o Decreto-lei nº 43/2007 de 22 de Fevereiro) Mariana Magalhães Cardoso Teixeira setembro de 2013

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O CULMINAR DE UM PERCURSO: O DESAFIO DA

PRÁTICA PEDAGÓGICA DO ENSINO DA EDUCAÇÃO

FÍSICA, DA REFLEXÃO, DA INVESTIGAÇÃO E DA LUTA

PELO SONHO

RELATÓRIO DE ESTÁGIO PROFISSIONAL

Relatório de Estágio Profissional, apresentado com

vista à obtenção do 2º Ciclo de Estudos conducente ao

grau de Mestre em Ensino de Educação Física nos

Ensinos Básico e Secundário (Decreto-lei nº 74/2006

de 24 de Março e o Decreto-lei nº 43/2007 de 22 de

Fevereiro)

Mariana Magalhães Cardoso

Teixeira

setembro de 2013

O culminar de um percurso: o desafio

da prática pedagógica do Ensino da

Educação Física, da reflexão, da

investigação e da luta pelo sonho

Relatório de Estágio Profissional

Orientadora: Professora Dra. Paula Maria Leite Queirós

Mariana Magalhães Cardoso Teixeira

Porto, setembro de 2013

Relatório de Estágio Profissional apresentado

com vista à obtenção do 2.º ciclo de Estudos

conducente ao grau de Mestre em Ensino da

Educação Física nos Ensinos Básico e

Secundário ao abrigo do Decreto-lei n.º

74/2006 de 24 de março e do Decreto-lei n.º

43/2007 de 22 de fevereiro.

Ficha de Catalogação

Teixeira, M (2013). O culminar de um percurso: o desafio da prática

pedagógica do Ensino da Educação Física, da reflexão, da investigação e da

luta pelo sonho. PORTO: M. Teixeira. Relatório de Estágio Profissional para a

obtenção do grau de Mestre em Ensino de Educação Física no Ensino Básico e

Secundário, apresentado à Faculdade de Desporto da Universidade do Porto.

PALAVRAS-CHAVE: REFLEXÃO, ESTÁGIO PROFISSIONAL, EDUCAÇÃO

FÍSICA, DANÇA, INVESTIGAÇÃO

O conto interminável

Era uma vez uma menina,

que sonhava com a vida.

No sonho ela corria,

dançava e sorria.

Sua família

bem lhe dissera,

que a arte do ensino

iria florir como a primavera.

O caminho ela seguiu,

onde cresceu, estudou

e pelo desporto

se apaixonou.

Para a muy nobre Facultis

se veio cultivar

e no mestrado de ensino

a magia a fez voar.

Em terras Açorianas,

a estudante estagiária parou

e de uma turma do secundário

se responsabilizou.

Navegou pelos vários ofícios do professor

e na sua consciência ficou,

ensinar com o coração

é aprender com amor.

No futuro ela irá sonhar

que é esta a profissão

que deseja agarrar!

Para o crescimento

ela quer contribuir,

e através da educação,

fazer um aluno

sorrir…

(Mariana Teixeira, 2013)

DEDICATÓRIA

À minha família, de uma forma especial aos meus PAIS e aos meus 4 IRMÃOS.

Obrigada por serem o MELHOR EXEMPLO de HUMANIDADE e AMOR que eu

poderia ter.

IV

AGRADECIMENTOS

Agradeço à minha FAMÍLIA, especialmente ao pai Fernando, à mãe Fernanda ,

às manas Guiduxa e Caty Girl e aos manos Filipe padrini e Bi por todo o amor,

todo o apoio incondicional, toda a coragem, união, valores e sacrifícios feitos

não só durante o meu percurso académico, mas desde o meu nascimento.

Obrigada por me terem estendido a mão e dado toda a força para enfrentar o

mundo. Sem vocês eu não era a pessoa que sou hoje.

Aos TEIXEIRAS por me fazerem acreditar que uma família unida vence todos

os desafios e que a entreajuda começa entre os mais próximos.

Aos meus avós, que apesar de na sua maioria já não estar aqui para me

abraçar, obrigada por todo o amor.

Às minhas amigas de infância, Catarina Gomes, Margarida Regêncio, Inês

Costa e Inês Miguel, que apesar da distância, nunca me deixaram para trás e

onde a compreensão e o apoio esteve sempre presente. Obrigada por toda a

amizade.

À minha melhor amiga de infância, Cátia Antunes, obrigada por teres crescido

comigo, por seres mais do que uma amiga, e sim uma verdadeira irmã, por me

dares a certeza que as melhores amizades ficam para toda a vida, por toda a

tua compreensão, empenho e exemplo. Obrigada por seres quem és e por

fazeres parte da minha vida.

Aos meus padrinhos por todo o apoio e orientação durante estes anos

académicos.

Aos meus afilhados de praxe e à Sofia Vilas Boas, Ken, Botashake, Catarina,

Mara, Dani, Rititi, Viana, Miranda, zé tó, Hugo, por me deixarem muito

orgulhosa de todos vocês, por me terem proporcionado os melhores momentos

vividos no Porto e por serem como são.

Ao grupo maravilha, Smiles Sousa, Pinipon Sardinha, Puca Nobre, Teorias

Vilas Boas, Sérgio Bozingwa, Lopes da Silva, Ti Lates, Tete Ribeiro, Pote

Batista, por serem o grupo de amigos que me acompanhou durante estes anos,

V

que partilha do mesmo sonho que eu, que vai estar sempre no meu coração e

que nunca vou querer perder. Obrigada por tudo.

À família Frango, em especial, à Leninha Silva, Corinha Vieira, Emanuas,

Márcii Antunes, Kandoo Fernandes, Bruno Ferreira, Mariana Silva, Zé Carlos

André e Inês Isidro por todos os momentos, todo o companheirismo, toda a

ajuda, toda a amizade que me faz acreditar que os amigos de faculdade são

mesmo para toda a vida.

A todos os Colegas de Curso que eu não nomeei por lapso, mas que sabem

que tiveram um forte impacto em todo o meu percurso académico.

A todos os docentes da FADEUP por terem contribuído para a minha formação

académica e futuro profissional.

À família AEFADEUP por toda a amizade, união, carinho e pelo trabalho

desenvolvido em prol de todos os estudantes desta instituição e a todas as

funcionárias pela boa disposição e carinho.

À família CFT e a todos os Mágicos por terem sido um apoio muito importante

durante todo o meu percurso. Obrigada por me fazerem acreditar em mim e

nos meus sonhos. Obrigada também por me darem a oportunidade de ver

crianças sorrir, pela amizade e por serem verdadeiros exemplos de vida.

A ti Diogo, por todo o carinho, paciência, ajuda, incentivo e por todos os dias

me mostrares que tudo o que acreditamos vale a pena.

Ao agrupamento de escuteiros de São Bernardo por me terem dado os

melhores momentos enquanto jovem e terem contribuído para a minha

formação enquanto pessoa.

À professora Orientadora da Faculdade, Doutora Paula Queirós, por toda a

disponibilidade, pelos conselhos e compreensão demonstrada ao longo de todo

o percurso.

Ao professor Cooperante da Escola Secundária das Laranjeiras, Mestre

Fernando Melo, por todo o auxílio, integração na comunidade escolar, por ser

VI

um exemplo de que o amor à profissão vence todas a barreiras, por todas as

suas palavras, sabedoria e profissionalismo demonstrado. “Porque Juntos,

somos mais fortes!”

Aos meus colegas de núcleo de estágio, Raquel Sousa e Hugo Mendonça, por

terem estado lado a lado comigo em todas as derrotas e todas as vitórias

mostrando que juntos, fomos muito mais do que um grupo. Obrigada por me

deixarem viver num cantinho dos vossos corações.

À Escola Secundária das Laranjeiras, em especial, ao Departamento de

Desporto e Educação Física e aos colegas Delfim e Raquel Furtado, por todo o

apoio prestado.

Ao ESL After School por terem sido muito mais do que colegas de escola, por

terem sido amigos, conselheiros e por todos os momentos que me

proporcionaram que eu nunca vou esquecer.

A todos os elementos do Volei Clube de São Miguel por me ter acolhido da

forma mais carinhosa possível, por me terem ajudado a crescer, por toda a

amizade e por me mostrarem que ser equipa é muito mais do que ganhar sets.

À turma do 10.ºD por me ter dado a oportunidade de realizar um sonho e por

me darem ainda mais certezas que escolhi a profissão certa. Obrigada por me

terem ajudado a crescer e por ter aprendido muito convosco.

Às Epic Orange Crew por terem sido um dos desafios mais ritmados que

poderia ter tido durante este ano, por serem meninas com talento e com muito

para dar. Acreditem sempre em vocês e não deixem de lutar.

E por fim, ao clube naval, por ter aumentado o meu gosto pela natação e pelo

seu ensino.

A todos vocês um enorme OBRIGADA sincero e do fundo do Coração!

"Aproveitem a vida e ajudem-se uns aos outros, apreciem cada momento e

agradeçam e não deixem nada por dizer, nada por fazer..."

António Feio

VIII

ÍNDICE GERAL

ÍNDICE DE QUADROS .................................................................................... XII

ÍNDICE DE ANEXOS ..................................................................................... XIV

RESUMO........................................................................................................ XVI

ABSTRACT .................................................................................................. XVIII

LISTA DE ABREVIATURAS ........................................................................... XX

1.INTRODUÇÃO ................................................................................................ 3

2. DIMENSÃO PESSOAL .................................................................................. 9

2.1. A LUTA POR UM SONHO .................................................................... 10

2.2. EXPETATIVAS EM RELAÇÃO AO ESTÁGIO PROFISSIONAL .......... 12

3. ENQUADRAMENTO DA PRÁTICA PROFISSIONAL ................................. 19

3.1. MACRO CONTEXTO – O MEU ENTENDIMENTO SOBRE O ESTÁGIO

PROFISSIONAL ........................................................................................... 19

3.2. CONTEXTO LEGAL E INSTITUCIONAL DO ESTÁGIO PROFISSIONAL

...................................................................................................................... 21

3.3. A ESCOLA DOS NOSSOS DIAS .......................................................... 23

3.4. A ESCOLA SECUNDÁRIA DAS LARANJEIRAS ................................. 24

3.5. O DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO FÍSICA E DESPORTO ............ 26

3.6. O NÚCLEO DE ESTÁGIO ..................................................................... 28

3.7. O PAPEL DO PROFESSOR COOPERANTE NA FORMAÇÃO DO

ESTUDANTE ESTAGIÁRIO ......................................................................... 30

3.8. O PAPEL DA PROFESSORA ORIENTADORA.................................... 32

3.9. O MOTIVO DO MEU EMPENHO, DEDICAÇÃO E MOTIVAÇÃO: 10.ºD

...................................................................................................................... 33

3.10. O ESTÁGIO LONGE DA TERRA NATAL ........................................... 36

4. REALIZAÇÃO DA PRÁTICA PROFISSIONAL ........................................... 41

4.1. O PERCURSO DE ESTUDANTE PARA ESTUDANTE ESTAGIÁRIA . 41

IX

4.2. ORGANIZAR, GERIR E PLANEAR PARA COLOCAR EM PRÁTICA . 42

4.2.1. A preparação para Prática Pedagógica ....................................... 44

4.2.1.1. A adequação do Programa Nacional à realidade escolar .... 45

4.2.2. Construção e reconstrução do Planeamento anual ................... 47

4.2.2.1. A necessidade de ajustamento dos Planeamentos das

Unidades Didáticas .............................................................................. 48

4.2.2.2. Ensino por níveis – Os Grupos Heterogéneos dentro de uma

só turma ................................................................................................ 50

4.2.2.3. Planeamento da Unidade Didática de Atletismo ................... 53

4.2.2.4. Planeamento da Unidade Didática de Dança ........................ 55

4.2.3. De alunos a uma Turma/Equipa Unida ......................................... 57

4.2.3.1. O dispêndio numa aula de Educação Física ......................... 58

4.2.3.2. Implementar o Modelo Instrucional de Educação Desportiva

............................................................................................................... 59

4.2.4. A importância da Instrução e Feedback ...................................... 62

4.2.5. Avaliar – Dificuldades e estratégias ............................................. 63

4.2.6. A influência da reflexão na melhoria da Prática Pedagógica .... 67

4.2.7. A observação de aulas .................................................................. 70

4.2.8. Troca de turmas ............................................................................. 72

4.2.8.1. Uma nova experiência – 9.º ano ............................................. 73

4.3. ESTUDO DE INVESTIGAÇÃO-AÇÃO: ................................................. 75

4.3.1. Resumo ........................................................................................... 77

4.3.2. Abstract .......................................................................................... 78

4.3.3. Introdução ...................................................................................... 79

4.3.4. Material e métodos/ metodologia ................................................. 83

4.3.5. Apresentação dos resultados ....................................................... 87

4.3.6. Discussão ....................................................................................... 94

4.3.7. Conclusão ...................................................................................... 97

4.3.8. Referências bibliográficas ............................................................ 98

4.4. QUANDO A INTERVENÇÃO DO PROFESSOR PASSA PARA FORA

DA SALA DE AULA ................................................................................... 103

4.4.1. Direção de Turma......................................................................... 103

X

4.4.2. Desporto Escolar: Atividades Desportivas Escolares .............. 105

4.4.2.1 Taça 3D .................................................................................... 106

4.4.2.2 Organização do XII Corta-Mato Escolar ................................ 108

4.4.2.3 Mega Sprinter e Mega Salto ................................................... 112

4.4.2.4 Supertaça Escolar .................................................................. 113

4.4.2.5 Segunda Edição School Volei ............................................... 114

4.4.2.6 Orientação do Núcleo de Atividades Rítmicas e Expressivas

............................................................................................................. 115

4.4.2.6.1 As demonstrações coreográficas ...................................... 117

4.4.2.7 Organização do Concurso Flash Desportivo ....................... 118

4.4.3 Colaboração nas Atividades da Escola ...................................... 119

4.4.3.1. Jornadas da Adolescência ................................................... 119

4.4.3.2. Visitas de Estudo com a turma do 10.ºD ............................. 121

4.4.3.3 Participação da turma 10.ºD em “Poesias de Sophia de Mello

Breyner” e “Dia Mundial da Criança” ............................................... 122

4.4.3.4 Participação na VIII Maratona de Dança organizada pela

Associação de Estudantes da Escola Secundária das Laranjeiras 123

4.4.4. O contributo do Ensino específico de Natação fora da Escola

para a Unidade Didática de Natação ................................................. 124

4.5. CRESCER E EVOLUIR NA PROFISSÃO ........................................... 125

4.5.1. O meu entender sobre o “Bom professor” de Educação Física

................................................................................................................. 125

5. E AGORA? COMO SERÁ O FUTURO?.................................................... 131

6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .......................................................... 137

7. ANEXOS ......................................................................................................... i

XII

ÍNDICE DE QUADROS

Quadro 1: Turma 10.ºD. Satisfação com a Imagem Corporal. Primeiro

momento e segundo momento. Média, desvio padrão, valores de mean rank,

de z e p. ........................................................................................................... 88

Quadro 2: Núcleo de Atividades Rítmicas e Expressivas. Satisfação com a

Imagem Corporal. Primeiro momento e segundo momento. Média, desvio-

padrão, valores de mean rank, de z e de p. ..................................................... 89

XIV

ÍNDICE DE ANEXOS

Anexo 1: Body Image Satisfation Questionnaire (BIS) ....................................... iii

Anexo 2: Questionário das opiniões e atitudes acerca da dança nas aulas de

educação física .................................................................................................. iv

Anexo 3: Entrevistas semiestruturadas .............................................................. v

Anexo 4: Apresentação do quadro 1b e quadro 2b ............................................ vi

Anexo 5: Apresentação dos Quadros 3, 4, 5, 6, 7 e 8 ....................................... vii

Anexo 6: Unidade Didática de Dança ................................................................. ix

Anexo 7: Levantamento das entrevistas semiestruturadas ................................ x

Anexo 8: Cartaz Promocional do 13º Corta Mato Escolas e respetivos placares

portáteis ........................................................................................................... xvi

Anexo 9: Cartaz de Captação para Torneio “School Volei” ............................ xviii

Anexo 10: Cartaz promocional do Núcleo de Atividades Rítmicas e

Expressivas ...................................................................................................... xix

Anexo 11: Regulamento do Concurso de Fotografia “Flash Desportivo” e ....... xx

Anexo 12: Cartaz promocional da Atividade “Jornadas da Adolescência” e

respetivos panfletos informativos ................................................................... xxiv

Anexo 13: Reportagem “Ler a nossa verdade Escondida” ............................ xxvi

Anexo 14: Reportagem “mais de duas centenas de alunos a dançar em

simultâneo na secundária das laranjeiras” .................................................... xxvii

XVI

RESUMO

O presente documento surge no âmbito do Estágio Profissional (EP) inserido

no curso de 2º Ciclo em Ensino de Educação Física nos Ensinos Básico e

Secundário conducente ao grau de mestre da Faculdade de Desporto da

Universidade do Porto (FADEUP).

O EP representa muito mais do que a finalização de um curso ou a obtenção

de um diploma, significa o culminar de um de muitos percursos a realizar

enquanto aprendiz da arte do ensino. O documento espelha os meus principais

momentos e aprendizagens vividos enquanto estudante estagiária (EE). Foi na

Escola Secundária das Laranjeiras, Ponta Delgada, em São Miguel, que

decorreu o meu EP, integrada no núcleo 1 composta também de mais dois

colegas, sobre a orientação de um Professor Cooperante da Escola e

Professora Orientadora da Universidade. Surge desta forma o respetivo

Relatório de Estágio (RE) estruturado em cinco capítulos. O primeiro refere-se

à “Introdução”, onde em síntese indico como é que o documento se encontra

estruturado. No segundo capítulo surge a “Dimensão Pessoal” onde apresento

o meu percurso biográfico, atribuindo destaque às experiências desportivas e

acadêmicas, descrevendo as minhas principais expetativas relativas ao estágio.

O terceiro é referente ao “Enquadramento da Prática Profissional”, onde realço

as circunstâncias em que se desenvolveu o estágio e os seus intervenientes.

No quarto capítulo, “Realização da Prática Profissional”, aprofundo a minha

experiência, aprendizagem e evolução enquanto estudante estagiária no papel

de professora, baseando-me nas reflexões que fizeram parte do meu ano letivo

nos momentos de “Organização e Gestão do Ensino e da Aprendizagem”, da

“Participação na Escola e Relações com a Comunidade” e do meu

“Desenvolvimento Profissional”. Ainda no capítulo quatro apresento um estudo

de investigação-ação que me permitiu estudar a influência da matéria de dança

na Satisfação com a Imagem Corporal em alunos voluntários e não voluntários.

O quinto e último capítulo “E agora? Como será o futuro?”, como conclusão

enuncio de que forma o EP contribuiu para o meu desenvolvimento pessoal e

profissional.

PALAVRAS-CHAVE: REFLEXÃO, ESTÁGIO PROFISSIONAL, EDUCAÇÃO

FÍSICA, DANÇA, INVESTIGAÇÃO

XVIII

ABSTRACT

This paper is under the Placement of Practicum Training inserted in the course

of 2nd Cycle in Physical Education Teaching in Primary and Secondary

Education leading to the degree of master of the Faculty of Sport of the

University of Porto (FADEUP).

The Practicum Training represents much more than the completion of a course

or a diploma, it means the culmination of one of many paths to accomplish while

apprentice of the art of teaching. The document reflects my key moments and

learning experienced as an intern student. It was at the High School of

“Laranjeiras, Ponta Delgada, São Miguel”, that was held my Practicum Training,

integrated in the nucleus 1 with two other colleagues, under the guidance of a

Cooperating Teacher School and teaching professor from the University.

This Report comes in this form structured in five chapters. The first one refers to

the "Introduction", which in synthesis explains how the document is structured.

In the second chapter emerges the "Personal Dimension" where I present my

biographical journey, giving emphasis to the sporting and academic

experiences, describing my main expectations regarding the Internship.

The third one makes reference to the "Framework for Professional Practice,"

where I highlighted the circumstances in which the Practicum Training

developed itself as well as all its intervenients.

In the fourth chapter, "Realization of Professional Practice" I‟ve deepened my

experience, learning and evolution as an intern student in the role of teacher,

grounding myself in the reflections that made part of my school year in

"Organization and Management of Teaching and learning” from "Participation in

School and Community Relations "and of my " Professional Development". Still

in chapter four I present a research study-action that allowed me to study the

influence of the field of dance on Satisfaction with Body Image in student

volunteers and non-volunteers. The fifth and last chapter, "And now? How will

the future be?", in conclusion, I enunciate in what ways the Practicum Training

contributed to my personal and professional development.

KEY WORDS: REFLEXION, PRACTICUM TRAINING, PHYSICAL

EDUCATION, DANCE, INVESTIGATION

XX

LISTA DE ABREVIATURAS

1.ºmom. – Primeiro Momento

2.ºmom. – Segundo Momento

AD – Avaliação Diagnóstica

AE – Associação de Estudantes

AF – Avaliação Formativa

AS – Avaliação Sumativa

AVSM – Associação de Voleibol de São Miguel

BIS - Body Image Satisfaction Questionnaire

BIS– Body Image Satisfaction Questionnaire

DEFD – Departamento de Educação Física e Desporto

EE – Encarregados de Educação

EE – Estudante Estagiária

EP – Estágio Profissional

ESL – Escola Secundária das Laranjeiras

ME – Ministério da Educação

MEC – Modelo de Estrutura do Conhecimento

MED – Modelo de Educação Desportiva

PAA – Plano Anual de Atividades

PC – Professor Cooperante

PNEF – Programa Nacional de Educação Física

PO – Professor Orientador

RE – Relatório de Estágio

UD – Unidade Didática

1. INTRODUÇÃO

3

1.INTRODUÇÃO

“Não há nenhum caminho tranquilizador à nossa

espera. Se o queremos, teremos de construí-lo

com as nossas mãos.”

José Saramago

O Relatório de Estágio (RE) que aqui se apresenta pretende demonstrar

o culminar de um percurso rico em aprendizagens, pesquisas, conhecimento,

dúvidas e desafios. Um caminho com base no sonho da conquista pelo

nascimento de um novo Professor. Pretende ser o espelho de todas as minhas

vivências, experiências e ações enquanto estudante estagiária, mas decerto

que nunca será um documento completo atendendo a tudo o que vivi e tudo o

que senti, em cada dia e em cada momento.

No âmbito do Estágio Profissional (EP) inserido no curso do 2.ºciclo em

Ensino de Educação Física nos Ensinos Básico e Secundário conducente ao

grau de mestre, surge o RE nos 3.º e 4.º semestres (Matos, 2012b).

Segundo Nóvoa (1992), o processo de formação envolve

experimentação, inovação, aplicação de novas formas de trabalho pedagógico

e ainda a reflexão crítica sobre essas mesmas. A formação percorre processos

onde a investigação articulada com a ação educativa, devem ser fatores

integrantes. Deste modo, compreende-se a importância do EP na vida de um

estudante que pretende seguir o futuro profissional, é durante esse período que

se debate o conflito entre a teoria e prática, o saber e a ação. Através deste

conflito surge a aprendizagem, reflexão e a necessidade da criação do RE, um

livro onde na primeira pessoa é registado todas as experiências e seus

contributos nesta fase de formação inicial associada à ação, reflexão e

investigação pela procura da evolução enquanto futuro professor.

A reflexão é um ponto fulcral em todo este processo de aprendizagem,

pois do seu reflexo surgem novas estratégias de contorno às dificuldades

sentidas. Um processo complexo de realizar, exigindo um poder de observação

sobre os erros e escolhas de alternativas para a procura de um ensino eficaz.

4

Nesta perspetiva, o presente RE revela-se num documento onde a reflexão

sobre a reflexão na ação é um aspeto patente em todos os temas analisados,

tornando-se assim, num auxílio para a determinação das minhas ações futuras,

para a minha compreensão sobre futuros problemas ou fornecendo-me a

possibilidade da descoberta de novas soluções (Alarcão, 1996a).

O ato de reflexão arrecada um enorme valor durante a formação inicial e

deve ser trabalhado ao longo de toda a carreira enquanto docente. Como nos

indica García (1999) o objetivo de qualquer estratégia que proporcione a

reflexão centra-se no desenvolvimento da competência dos professores para

que estes possam conhecer, analisar, avaliar e questionar a sua prática

profissional, o valor da mesma e ética que a sustenta. Podemos comprovar que,

segundo as Normas Orientadoras do EP da FADEUP, “O EP visa a integração

no exercício da vida profissional de forma progressiva e orientada, em contexto

real, desenvolvendo as competências profissionais que promovam nos futuros

docentes um desempenho crítico e reflexivo, capaz de responder aos desafios

e exigências da profissão.” (Matos, 2012a, p. 3).

Durante este ano letivo, “voei” para a Escola que me iria acolher e fazer

parte do meu crescimento pessoal e profissional, Escola Secundária das

Laranjeiras, em Ponta Delgada, na Ilha de São Miguel. O meu EP contou com

a presença de dois elementos do meu núcleo de estágio e mais duas entidades

que se tornaram os meus guias e conselheiros em todas as fases, a Professora

Orientadora (PO) da Faculdade e o Professor Cooperante (PC) da Escola.

A meu encargo encontrou-se a turma do ensino secundário, 10.ºD,

apesar de que o docente responsável a nível legal era o meu PC. Toda a

minha ação prática pedagógica surge através desta turma e é

fundamentalmente sobre ela também que este RE ganha vida e consistência.

As minhas principais dúvidas e conflitos pessoais surgem a partir do contato

com estes alunos que compõem a turma do 10.ºD, sendo que a sua

contribuição para todas as minhas reflexões diárias sustenta-se na minha ação

perante a turma.

5

Desta forma, o presente relatório apresenta-se dividido em cinco

capítulos diferenciados: o primeiro designa-se “Introdução” onde se contempla

a conceção do Estágio, a sua caraterização e objetivos; a finalidade e processo

de envolvência do RE e a sua estrutura. O segundo capítulo debruça-se sobre

a “Dimensão Pessoal” onde descrevo o meu trajeto e história de vida ligada ao

percurso académico e desportivo, assim como explicito as minhas expetativas

relativamente ao EP. Como terceiro capítulo é possível encontrar o

“Enquadramento da prática profissional” que evoca todo o contexto em que me

inseri e seus intervenientes durante o EP. No quarto capítulo e mais extenso

abordo a “Realização da prática profissional”, surgindo todos os aspetos mais

reveladores e marcantes que decorreram no âmbito das quatro áreas de

desempenho refletidas no EP, como a Área I (Organização e Gestão do

Processo de Ensino e Aprendizagem); Áreas II e III (Participação na Escola e

Relações com a comunidade) e a Área IV (Desenvolvimento Profissional).

Ainda no capítulo quatro apresento o meu estudo de investigação sobre o tema

“Satisfação com a imagem corporal no âmbito da dança. Estudo efetuado no

Ensino Secundário com uma turma do 10.º ano e um núcleo de atividades

desportivas escolares”.

O quinto e último capítulo denominado “E agora? Como será o futuro?”,

irei apresentar as conclusões finais, as minhas perspetivas para o Futuro e de

que forma o EP contribuiu para o meu desenvolvimento ao nível pessoal e

profissional, marcando um ponto essencial na minha vida.

2. DIMENSÃO PESSOAL

9

2. DIMENSÃO PESSOAL

Antes de se ser profissional, é-se humano. Um ser humano forma-se

através de vivências, crenças, valores e costumes. A personalidade e a forma

de encarar a vida, as alegrias, as tristezas, faz de si um ser único com

caraterísticas que o diferenciam de qualquer outro ser. Uma pessoa cresce,

evolui e constrói-se ao longo do tempo, mas não de forma isolada, as pessoas

que circundam as suas vidas contribuem para tal crescimento, como é caso da

família e dos amigos. Deste modo, um professor, antes de ser professor realiza

um longo percurso, aquele que o leva à sua escolha e ao seu futuro. Existe

uma panóplia de acontecimentos que encaminham uma pessoa a optar pela

profissão de professor, aquela que o acompanhará todos os dias da sua vida.

Por estes motivos é que se torna essencial o conhecimento deste percurso

biográfico do candidato a professor, a compreensão sobre as problemáticas

encaradas pelo mesmo e o que contribuiu para envergar nesta área, até ao

momento em que encara de frente a profissão. Penso que os antecedentes são

importantes para prever um futuro e neste caso conhecer de que forma o

estagiário vai manusear a sua profissão, com que valores e com que

perspetivas.

“Entender as afinidades entre narrativas (auto)biográficas no processo

de formação e autoformação é fundamental para relacioná-las com os

processos constituintes da aprendizagem docente. Desta forma, as implicações

pessoais e as marcas construídas na trajetória individual/coletiva, expressas

nos relatos escritos, revelam aprendizagens da formação e sobre a profissão.”

(de Souza, 2008, p. 4).

Todo o percurso realizado pelo estagiário de Educação Física, toda a

sua história e experiências irá ligar-se intimamente à sua futura profissão, isto

porque um professor é um humano e para tal não consegue desligar-se

totalmente da sua parte pessoal. Será visível em cada ação e pensamento uma

parcela pessoal que irá afetar o campo profissional e a sua forma de lidar com

diferentes situações, principalmente com os seus alunos. A história de um

10

estagiário deve ser realçada também pela importância de “dar voz e vez ao

professor” (Nóvoa; Goodson cit. por Folle et al., 2008)

2.1. A LUTA POR UM SONHO

“A possibilidade de realizarmos um sonho é o que

torna a vida interessante.”

Paulo Coelho

O meu nome é Mariana Magalhães Cardoso Teixeira, nasci na simpática

Cidade de Aveiro, terra dos moliceiros e dos ovos moles, cidade que me

acolheu durante os meus 23 anos de existência. Desde o meu nascimento até

à atualidade vivi circundada por pessoas felizes, com um sorriso no rosto,

lutadoras e empreendedoras dos seus objetivos e do seu futuro. Foram as que

mais me apoiaram e incentivaram a seguir sempre os meus sonhos e aquilo

em que acredito, ensinaram-me a nunca, nunca desistir e a ultrapassar os

obstáculos que se cruzavam no meu caminho. A esses Seres que refiro com

letra maiúscula, a minha família, devo toda a minha vida, a minha existência e

o meu sorriso. Nasci no seio de uma grande família composta pelos meus pais

e mais 4 irmãos, todos com uma grande diferença de idades em relação a mim,

tornando-me sempre a “benjamin” e a mais protegida da família. Apesar desta

proteção toda, sempre me incentivaram o hábito da atividade física, recordo-me

que desde cedo, nos intervalos entre as aulas, era das poucas meninas sem

qualquer problema de agarrar numa bola e ir jogar com os rapazes da turma,

porque me sentia bem e feliz, assim como ter uma participação ativa em

atividades no âmbito do desporto escolar, nomeadamente: voleibol e

badminton. Paralelamente a estas atividades, a dança sempre me fascinou,

comecei a dançar desde os meus tenros 3 anos realizando um percurso por

ballet clássico, jazz e hip hop. Ainda hoje essa paixão palpita em mim, é algo

que me acompanha e tenho a certeza que me irá acompanhar até muito tarde.

Juntamente com a dança e para além do desporto escolar, dediquei-me à

natação, ao voleibol federado e a uma atividade que poucos levam a sério mas

que para mim tem muito valor e significado, os escuteiros. A combinação de

11

todas estas atividades que tornavam os meus dias completos, felizes e com

muita cor, fazendo com que o meu caminho seguisse o âmbito desportivo.

Alego também que a minha família sempre teve uma vida bastante ativa, onde

todos os meus irmãos foram atletas federados e dois deles tornaram-se

profissionais do desporto com a vertente de ensino. Ao realizar uma reflexão

profunda sobre todo o meu percurso, talvez um dos grandes incentivos, mesmo

que não forçados, se centre no percurso dos meus irmãos, pois desde que me

recordo de existir no mundo que os encaro como exemplos a seguir.

No ensino secundário optei por envergar a área de ciências e tecnologias

que abria um vasto leque de saídas. Por momentos tive um deslize e uma

inclinação para as artes performativas, mas depressa percebi que o que me

completava como ser humano e que “me enchia as medidas” era sem dúvida o

desporto. Não ambicionava chegar ao estrelato como atleta, mas tinha e tenho

uma adoração plena por crianças e jovens e no efeito que um professor pode

ter sobre elas. Provavelmente, o facto de não ter irmãos mais novos, influência

essa minha necessidade de estar perto de crianças. Com decisão tomada e

assente, apenas faltava saber qual a faculdade mais indicada para seguir este

que se tornou o meu sonho principal, objetivo da minha vida e o caminho para

a minha realização profissional e pessoal. A inscrição para os pré-requisitos foi

o primeiro passo nesse sentido, e as provas foram na Faculdade de Desporto

da Universidade de Coimbra. Quando lá entrei senti aquele frio na barriga,

aquela adrenalina, tal e qual, à sentida quando entrava em campo para um

jogo ou encarava um público num espetáculo de dança, o medo de falhar

falava alto, mas a minha vontade de vencer quebrava qualquer corda vocal.

Pré-requisitos aprovados, exames nacionais acabados, 12º ano completo e

aproximava-se o momento. Um dia uma das minhas irmãs que partilha do

mesmo sonho que eu, levou-me a conhecer a Faculdade onde ela queria um

dia ter realizado o curso dela, a Faculdade de Desporto da Universidade do

Porto. Passado o portão, olhar para a entrada, ler um enorme cartaz com a

frase “Pela paixão e pela Razão do Desporto” deu-me automaticamente um

suor frio e um arrepio pelo corpo e entrar pela “enorme” Faculdade, conhecer

todos os seus recantos através de uma pessoa que eu admiro tanto foi o

12

suficiente para ter a certeza que era para ali que eu queria ir, era ali que eu

queria impulsionar o meu futuro. No momento que em vi que tinha conseguido

alcançar a primeira etapa, a entrada na Faculdade, “Aquela Faculdade”, senti

um turbilhão de sentimentos, uma mistura de sensações que se descrevesse

por palavras perderia todo o encanto do momento. Após o primeiro pé direito

naquela que iria ser a minha segunda casa durante pelo menos 3 anos, dei o

meu melhor para não deixar escapar o meu objetivo final. Terminei a

licenciatura e nesse terceiro ano, comecei a trabalhar numa colónia de férias

que atualmente faz parte de mim, “Colónia de Férias da Torreira”, um Mundo

Mágico onde a meu encargo em cada turno fico responsável por crianças que

nada têm na sua vida e cujo objetivo dos monitores é transformar aquela

semana, na semana que faz valer a existência de cada um. Naquele lugar

consegui alcançar a última certeza que me faltava, o ensino. Uma simples ação

de ensinar uma criança a andar de bicicleta e tê-la agarrada nos meus braços a

chorar porque nunca tinha tido oportunidade de tal, foi a resposta para todas as

minhas dúvidas. Um exemplo que me marcou como outros “mil” momentos lá

vividos, era o que eu precisava e a partir desse momento sim! Estava certa que

o meu futuro unia o desporto ao ensino. Desta forma, durante este ano batalhei

por aquilo que acredito, longe da minha família, por um objetivo, conseguir

realizar um sonho, agarrar esta oportunidade e dar tudo de mim, lutar para que

o meu sacrifício seja correspondido, lutar para que tudo, todos estes 16 anos

de estudo e empenho me ajudem a cortar a fita da meta por mim esperada e

com a ânsia de que o futuro, esteja ele perto ou longe, me sorria da mesma

forma como eu quero sorrir e abraçar esta profissão.

2.2. EXPETATIVAS EM RELAÇÃO AO ESTÁGIO PROFISSIONAL

Quando se começa um novo ciclo, as expetativas iniciais encontram-se

em estado turbulento, mas de certa forma são sempre elevadas. No caso

específico do Ensino de Educação Física numa turma do ensino Secundário,

as expetativas, ou seria mais correto dizer, os desejos sentidos, foram

especificamente centrados na turma de forma a que pudessem encontrar-se

13

num nível de acordo com o programa nacional nas diferentes modalidades, que

o comportamento fosse o mais adequado em sala de aula e que o respeito

tanto para os colegas como para o professor também se encontrasse dentro

dos panoramas do ideal. Visto que quando passamos da teoria à prática,

verificamos o contraste daquilo que projetamos com a realidade que

encaramos, observamos que as turmas e os alunos têm caraterísticas

diferentes, revelando serem seres únicos e que o nível pedagógico a

estabelecer tem de ser igualmente diversificado. Dentro deste prisma, as

expetativas foram de encontro à necessidade de estabelecer em sala de aula

um clima tranquilo, tendo como base sempre a confiança e implementação da

motivação para a prática desportiva. É neste seguimento que se direcionaram

as minhas ações, fazer com que a turma conseguisse ter segurança tanto no

meu trabalho como em mim e que dessa confiança resultasse um trabalho em

equipa onde se encontrava presente tudo de mim e o máximo deles. Não

pretendi, nem tencionei que eles fossem os melhores do mundo, porque assim

estaria a ser completamente irreal, pretendi sim que eles conseguissem

aprender, evoluir, sentirem-se satisfeitos, motivados e que pudessem olhar

para trás e observar um caminho onde realmente tenha valido a pena estar

presente nas aulas, terem-se esforçado e quem sabe levar esses

ensinamentos para fora da sala de aula, porque sabemos que lidamos com

gerações onde os seus “melhores amigos” são as novas tecnologias, que vão

contra tudo o que um professor de educação física acredita e trabalha. Se eu

conseguisse mudar um pouco a mente dos meus alunos e mostrar-lhes que

ganhavam mais vantagens na prática de exercício físico do que a não prática,

sentir-me-ia claramente com a sensação de dever cumprido.

Relativamente ao núcleo de estágio, penso que não poderia ter ficado

com um grupo melhor, não desfazendo nenhum outro, mas digo isto porque o

meu percurso até este ano foi sempre acompanhado pelo Hugo Mendonça e

pela Raquel Sousa, desde o primeiro ano, a primeira semana e os primeiros

momentos que vivemos na Faculdade que me recordo de serem os meus

primeiros amigos, as primeiras pessoas com quem vivi muitos e marcantes

momentos. Falando especificamente da Raquel Sousa, desde o primeiro ano

14

que fomos da mesma turma, partilhámos as primeiras experiências, vivemos as

maiores alegrias juntas e também estivemos presentes em momentos menos

bons tanto para uma como para a outra, sempre foi a pessoa com quem pude

sempre contar e nada recear. O Hugo Mendonça, apesar de nunca termos

partilhado a mesma turma, sempre fomos bastante cúmplices, sempre

pudemos contar para o que quer que fosse um com o outro e posto isto penso

para mim, que melhor núcleo era difícil encontrar. Somos todos chegados o

suficiente para sermos os mais sinceros possíveis, para nos ajudarmos nas

nossas dificuldades, para nos abraçarmos nas nossas glórias, para estarmos

juntos e progredirmos unidos nesta última viagem académica.

No que respeita ao Professor Cooperante de início revelei algum receio

em conhecer a pessoa que me iria acompanhar, aconselhar, criticar e fazer-me

crescer durante este processo onde iria colocar finalmente em prática tudo o

que consegui absorver durante estes anos de estudo. Mas automaticamente no

primeiro momento de contato apercebi-me que estaria em boas mãos, o que se

veio confirmar com o decorrer do tempo, porque mais do que tudo é de louvar

conhecer um professor que faz de tudo pelos alunos, pela sua motivação, que

não atua apenas por “obrigação”, apenas porque “foi o trabalho que escolheu”,

é notório a paixão e a alegria que coloca no seu trabalho e penso que é isto

que nos quer transmitir, que nos mostra que vale a pena ser professor, que não

é uma carreira fácil e que deve ser sempre melhorada, mas que

fundamentalmente vale muito a pena, porque não é apenas um trabalho, mas

sim uma forma de encarar a vida, ensinando e ajudando quem precisa, para

que os alunos sigam um caminho considerado como o correto, mas que o

sigam com gosto e com garra.

Relativamente ao Professor Orientador a expetativa era elevada, tratar-

se-ia de alguém que certamente já teríamos contactado e que exerceria

funções como a própria palavra indica, orientação, apoio e sabedoria.

Seguramente que seria uma pessoa aberta a todos os dilemas relacionados

com o desenrolar do estágio e um apoio fundamental para esta fase que para

nós é derradeira.

15

No início deste último percurso ocorreram outras expetativas paralelas

às já pronunciadas, tais como seria o relacionamento com os docentes da

escola e de que forma iriamos ser acolhidos. Penso que este seja um dos

receios de qualquer estagiário e na minha opinião trata-se de algo justificável,

pois é um fator essencial para a integração de qualquer “embrião” num mundo

que até ao momento ainda não era o seu.

3. ENQUADRAMENTO DA PRÁTICA

PROFISSIONAL

19

3. ENQUADRAMENTO DA PRÁTICA PROFISSIONAL

3.1. MACRO CONTEXTO – O MEU ENTENDIMENTO SOBRE O ESTÁGIO

PROFISSIONAL

“Para ensinar há uma formalidadezinha a cumprir – saber”

Eça de Queirós

De acordo com o meu ponto de observação e reflexão, quando se

aborda o tema de estágio profissional, ocorre a ideia da aplicação de todos os

ensinamentos, todos os anos de estudo efetuados e a sua transcrição para a

prática de forma consistente, realista e honesta. Encarei e continuo a encarar o

estágio como sendo a fase cessante de um ciclo unicamente direcionado para,

neste caso específico, o ensino de Educação Física. Segundo Ribeiro (1989,

pp. 19-20) “A componente de preparação profissional para a docência define-

se como uma sequência teórico-prática que se centra no desenvolvimento de

conhecimentos pedagógico-didáticos e no treino de aptidões e competências

docentes, incluindo a prática pedagógica orientada, conduzindo, no final, à

plena assunção de responsabilidades docentes nas escolas (no caso do

professor-estagiário)” Esta citação vai de encontro à minha opinião, de que

esta fase se trata da mais crucial de qualquer estudante académico, é o

momento em que colocamos à prova tudo o aprendemos e que pretendemos

aprofundar de outra forma, de outra perspetiva, a real. Após o término deste

ano, posso afirmar que foi exatamente o que aconteceu, em cada ação dei tudo

de mim, tudo o que aprendi e tudo o que tive de aprender.

Freire (2001, p. 2) afirmou que estágio permite uma primeira

aproximação à prática profissional e “promove a aquisição de um saber fazer e

de um saber julgar as consequências das ações didáticas e pedagógicas

desenvolvidas no quotidiano profissional”. É no estágio que se encontra a fusão

entre o saber e prática, aquilo que nos ficou retido e a forma como

20

transformamos e adaptamos esses conteúdos às nossas ações e de que forma

essas são percecionadas, encaradas e obtêm efeitos nos nossos alunos.

No seguimento desta linha orientadora, Matos (2012a, p. 3) refere que

“O Estágio Profissional entende-se como um projeto de formação do estudante

com a integração do conhecimento proposicional e prático necessário ao

professor, numa interpretação atual da relação teórica prática e

contextualizando o conhecimento do espaço escolar.” De facto, a meu ver o

Estágio Profissional coloca-nos ao desafio, tanto a nível dos nossos

conhecimentos teóricos como da nossa prontidão em intervir, comunicar,

estabelecer contacto com a realidade escolar, uma realidade repleta de alunos

peculiares, alunos com caraterísticas muito próprias e coloca-nos a eterna

questão da capacidade, até que ponto somos completos o suficiente para

encararmos esta prova de “fogo”, esta que se tornou numa experiência que nos

irá acompanhar para o resto vida, esta que, como referi anteriormente, se

tornará no fim de um ciclo mas também no início do nosso futuro profissional.

Por mais receios que tenha sentido e ainda possa vir a sentir, por mais

dificuldades que ocorra durante o meu percurso, estou ciente que um professor

nunca deve assumir o seu trabalho como acabado, nem encerrar o seu livro do

conhecimento e da procura incessante daquilo que é desconhecido, este

caminho irá ter muitos altos e contra tempos, sei que irei falhar em certas

alturas, mas vou tentar procurar aprender com os erros, tentar superá-los. É

certamente um caminho que nunca terá fim.

Ansiar ser professora no futuro, é o meu objetivo, mas também ansiar

ainda mais conseguir encontrar um ponto de ligação com os meus alunos, que

eles retenham bons ensinamentos e que eu os possa acompanhar lado a lado,

“crescer” e aprender com eles. Posso acrescentar que isso aconteceu este ano

e que me deu um maior incentivo para continuar a lutar e nunca desistir daquilo

em que acredito, porque eu quero continuar a “crescer” e quero muito que

cresçam comigo.

Estou certa que o Estágio Profissional tem essa finalidade, colocar-nos

numa corrida do conhecimento, da aplicação e da ligação intrínseca entre estes

dois e ainda testar a capacidade de cada um de nós, de quem se aventura e

21

procura ser mais do que já é, nunca esquecendo algo tão importante como é a

conexão entre o saber e o fazer.

3.2. CONTEXTO LEGAL E INSTITUCIONAL DO ESTÁGIO PROFISSIONAL

Atendendo ao contexto legal do Estágio Profissional (EP), este é regido

pelas normas da FADEUP no ano letivo 2012/2013 e pela legislação específica

acerca da Habilitação Profissional para a Docência. A sua estrutura e

funcionamento consideram os princípios decorrentes das orientações legais

nomeadamente as constantes do Decreto-lei nº 74/2006 de 24 de março e o

Decreto-lei nº 43/2007 de 22 de fevereiro e têm em conta o Regulamento Geral

dos segundos Ciclos da UP, o Regulamento geral dos segundos ciclos da

FADEUP e o Regulamento do Curso de Mestrado em Ensino de Educação

Física (Matos, 2012a).

O Estágio Profissional é definido como sendo uma unidade curricular

que decorre no terceiro e quatro semestre do 2.º ciclo de estudos, para que

após a sua conclusão o estudante possa alcançar o grau de Mestre em Ensino

de Educação Física da FADEUP, podendo-se encontrar habilitado para a

docência dos Ensinos Básicos e Secundários da Educação Física e Desporto.

Um estudante que procure alcançar este objetivo só o poderá assumir

como completo após a conclusão de todas as Unidades Curriculares presentes

no percurso académico e a redação, entrega, apresentação e aprovação do

Relatório de Estágio.

O desenrolar do processo de candidatura e colocação dos estudantes

pelas diversas escolas dos Ensinos Básicos e Secundários, desencadeia-se de

forma comum aos anos anteriores, sendo que é cedido aos estudantes uma

lista informativa sobre as escolas que estabelecem protocolo com os Órgãos

de Gestão da FADEUP durante o ano letivo 2012/2013 e procede-se a uma

candidatura individual sobre as suas preferências de EP. Realiza-se uma

distribuição sobre as diferentes Escolas, formando-se núcleos de trabalho em

cada uma. A orientação da prática de Ensino Supervisionado é realizada por

22

um docente da FADEUP nomeado pelo órgão competente e pelo professor

cooperante, escolhido pela comissão científica.

No caso específico dos Arquipélagos Madeira e Açores a seleção é

motivada pelos alunos interessados em estagiar nestes locais, sendo

estabelecido um protocolo entre a FADEUP e as escolas disponíveis e aptas

para a realização de EP. Após o estabelecimento do protocolo, os alunos

interessados candidatam-se e caso não atinjam um número superior ao

suportado pelas Escolas, tornam-se selecionados.

Como é cedido pelo Regulamento do EP, este tem como objetivo levar o

estudante-estagiário a integrar-se no exercício da vida profissional, sendo-lhe

atribuído uma turma ou mais do Ensino Básico ou Secundário onde se tornará

o responsável pelo seu processo de ensino-aprendizagem. A turma

selecionada será atribuída pelo professor cooperante, por ser efetivamente e

legalmente o professor da turma em questão. Embora se verifique esta

atribuição de prática pedagógica, todo o processo de conceção, planificação e

realização é supervisionado pelo professor cooperante e de forma um pouco

dissemelhante pelo professor orientador (Matos, 2012b).

Sabe-se que o objetivo do EP encontra-se centrado na progressão e

desenvolvimento do Estudante-Estagiário de forma orientada, atribuindo ao

jovem candidato a professor uma situação de contexto real que promova: as

competências profissionais, o desempenho sobre as componentes reflexivas e

criticas, a capacidade de resposta a determinados desafios e exigências da

docência.

A abordagem relativa às competências profissionais quando associadas

ao ensino da Educação Física e Desporto apresentam-se descritas no Decreto-

lei nº 240/2001 de 17 de agosto através do Perfil Geral de Desempenho

Profissional do Educado e do Professor dos ensinos básico e secundário,

organizado pelas seguintes áreas de desempenho:

I. Organização e Gestão do Ensino e da Aprendizagem

II. Participação na Escola

III. Relação com a comunidade

IV. Desenvolvimento profissional

23

Sobre as áreas de Desempenho referidas é que o novo estudante

estagiário se irá debruçar para obter a qualificação de docente de educação

física dos ensinos básico e secundário e envergar um futuro no mundo da

Educação (Matos, 2012a).

3.3. A ESCOLA DOS NOSSOS DIAS

A Escola representa um dos principais cenários de educação repletos de

momentos de interação social, ações comportamentais, onde a aprendizagem

se encontra presente e constante. Uma instituição que acolhe indivíduos e os

ajuda a formar-se Pessoas com valores, ética, cada vez mais autónomos e

independentes. Como nos indica Carvalho (2006), é no âmbito da escola e do

Sistema Educativo que se retrata um aglomerado de ações, valores e crenças

partilhados por toda a comunidade escolar. Nesse sentido, o autor afirma que

“A educação é hoje unanimemente considerada um dos principais veículos de

socialização e de promoção do desenvolvimento individual. Inserindo-se num

contexto histórico, social e cultural mais amplo, os sistemas educativos acabam

por ilustrar os valores que orientam a sociedade e que esta quer transmitir. É

neste sentido que se pode falar, globalmente, de uma cultura, que se cria e

preserva através da comunicação e cooperação entre indivíduos em sociedade

e, especificamente, numa cultura escolar, isto é, num conjunto de aspectos,

transversais, que caracterizam a escola como instituição.” (Carvalho, 2006, p.

1).

A escola atualmente apresenta-se com uma heterogeneidade humana

exigindo um ensino e uma educação díspar, revogando a prática pedagógica

exercida no passado. Impõe-se uma necessidade de atuar conforme a

sociedade em que nos inserimos, adaptando-nos procurando atingir os

objetivos e exigências individuais. Direcionar o ensino de forma individualizada

torna-se uma prioridade, relacionar múltiplas formas de ensino dando primazia

à aprendizagem particular, procurando corresponder às prioridades de cada ser,

cada aluno. Esta observação sobre a instituição atual encontra um ponto de

correlação com Dayrell (2007, p. 1125) quando afirma que “a escola tem de se

24

perguntar se ainda é válida uma proposta educativa de massas,

homogeneizante, com tempos e espaços rígidos, numa lógica disciplinadora,

em que a formação moral predomina sobre a formação ética, em um contexto

dinâmico, marcado pela flexibilidade e fluidez, de individualização crescente e

de identidades plurais.”

O ensino massivo deixa de fazer sentido quando perante um professor

se apresenta uma população jovem com necessidades, dificuldades e timings

de aprendizagem completamente diferentes. Luta-se por objetivos semelhantes,

mas os caminhos escolhidos necessitam de pistas e direções dissemelhantes

para que orientem e motivem todos os alunos. Se o ensino for unicamente

numa só direção estará a influenciar todo o processo de aprendizagem e

socialização caraterizantes desta instituição que deve ceder uma Escola para

todos.

Apesar de ser dever da Escola e dos seus docentes ter em conta a

questão da heterogeneidade, a implementação de um ensino individualizado

torna-se demasiado complexo de ser aplicado. A realidade escolar dos dias de

hoje remete-se para turmas com elevado número de alunos para apenas um

docente. Esta situação provoca duas repercussões na sociedade: elevado grau

de dificuldade de um trabalho de qualidade individual e um aumento da taxa de

desemprego. Vivem-se momentos de crise e sendo a Escola, uma instituição

que reflete a sociedade em que vive, este ciclo torna-se cada vez mais visível e

na minha opinião preocupante. Considero importante um professor sentir-se

capaz de exercer com qualidade o seu trabalho, mas se esta situação continuar

a agravar-se, será muito mais desmotivante e irá refletir-se na aprendizagem

dos seus alunos, pois a relação professor-aluno encontra-se intimamente

relacionada.

3.4. A ESCOLA SECUNDÁRIA DAS LARANJEIRAS

O local onde tive oportunidade de desenvolver a minha ação pedagógica

encontrava-se em Ponta Delgada, São Miguel, Açores, na Escola Secundária

das Laranjeiras (ESL), criada pelo Decreto Regulamentar Regional n° 6A/86/A,

25

de 31 de Março e inaugurada no dia 17 de dezembro de 1986, apesar de

apenas ter iniciado as suas atividades no dia 6 de outubro do mesmo ano. O

seu logótipo surge pela autoria do professor João Pedro Vaz de Medeiros, e foi

desenvolvido com a função de relacionar os dois principais agentes da

componente ensino e aprendizagem (aluno e professor) (Laranjeiras, 2010).

Uma das grandes caraterísticas da escola centra-se na diversidade de

espaços de sala de aula e laboratórios dos espaços de convívio, destacando-

se a biblioteca, o anfiteatro e o refeitório.

As salas de aula distribuem-se por dois pisos, sendo que no superior

encontram-se salas destinadas à Educação Visual enquanto no inferior

encontram-se os Laboratórios de Física, Química e Biologia/Geologia e ainda

salas de Informática e uma Sala Estudo.

A Escola dispõe de um pátio interior com bancos que permitem não só o

convívio entre alunos, como um local ideal para proteção quando o clima

exterior se torna insustentável.

A área exterior conta com uma Horta Pedagógica destinada às aulas do

curso PROFIJ - Horticultura e Fruticultura Biológica (nível II) e toda a restante

área escolar encontra-se jardinada e arborizada conferindo-lhe beleza e um

ambiente mais agradável repleta de bancos para descanso, tornando-se uma

mais valia para a Escola de forma a que os alunos possam escolher quais os

seus espaços preferidos sempre em contato com a natureza.

No caso específico das aulas de Educação Física, estas são realizadas

nos diferentes espaços que fazem parte do Complexo Desportivo das

Laranjeiras que usufrui de uma gestão autónoma.

Durante o tempo letivo, as instalações são cedidas para as aulas de

Educação Física, mas, em tempo extracurricular, servem também a

comunidade. O atual Diretor do Serviço de Desporto de S. Miguel é professor

do Quadro de Nomeação Definitiva da nossa Escola.

O Complexo encontra-se subdividido em diversos ambientes: Pavilhão

polidesportivo, sala de atletismo, sala de ginástica, sala de judo, piscina, pista

exterior e campo relvado. Todas estas áreas contribuem para a procura de um

nível de qualidade elevado das aulas de Educação Física. Sendo que durante

26

este ano letivo, a procura pela prática pedagógica e a vivência da docência

foram primordiais, o fato de ter à disposição uma variedade de espaços foi

deveras proveitoso para que pudesse explorar várias modalidades. Caso as

condições espaciais e materiais não fossem as que nos foram cedidas, acredito

que não iria ter a oportunidade deste leque de vivências e aprendizagens. Por

outro lado, teria de procurar estratégias de conseguir chegar aos alunos para

que as suas aprendizagens e conhecimentos não fossem prejudicados.

É importante referenciar que a Escola das Laranjeiras, dadas as suas

condições técnico-funcionais, bem como as suas caraterísticas ao nível da

arquitetura, foi galardoada com o prémio Excelência pela Organização de

Desenvolvimento e Cooperação Económica, no ano de 2000 (Laranjeiras,2010).

3.5. O DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO FÍSICA E DESPORTO

Na minha projeção imaginária inicial sobre o Departamento de Educação

Física e Desporto, surgiam imagens de um grupo de professores que se reunia

esporadicamente com o intuito de projetar atividades extracurriculares para os

alunos. Esta era a minha única concepção sobre este Departamento. Ao longo

de todo o ano letivo esta imagem foi-se alterando dando oportunidade à criação

de uma outra mais clara e consciente do papel do Departamento de Educação

Física para o funcionamento e dinâmica da Escola, importância para o

Estudante Estagiário e para o seu futuro.

“Dada a importância que o grupo ocupa, este não pode ser um amontoado

de pessoas gerido segundo orientações pessoais. O grupo de Educação Física

da escola é o berço da socialização da profissão. É aqui que se embalam

vontades quotidianas, se estabelecem vínculos, se reforçam compromissos, se

estabelecem hábitos, se projeta a Educação Física em função do “jogo”

estratégico dos seus actores. Sem grupo e sem projeto não se é. Ou então é-

se aquilo que ficou por se projectar.”(Brás & Monteiro, 1998, p.1). Segundo

estes autores e segundo a minha experiência enquanto estudante estagiária,

todo o Departamento de Educação Física revelou um papel fundamental para a

minha integração, participação e evolução nesta minha nova personagem

27

profissional. O receio de não ser bem recebida, ouvida ou ser completamente

transparente fazia parte das minhas preocupações. Caso qualquer uma destas

situações se verificasse, a minha intervenção e interação iria ser visivelmente

condicionada, pois para que pudesse viver completamente a realidade de um

professor em todos os contextos, era necessário sentir-me parte deste grupo

de professores. Felizmente, verificou-se o contrário, desde o primeiro momento

que todos os professores demonstraram uma postura recetiva e afável,

tornando todos os momentos sociais, em momentos de aprendizagem

constante. Diversas foram as reuniões estabelecidas e presenciadas por mim

que contribuíram sempre para o aumento do meu conhecimento.

Nas primeiras reuniões de Departamento os temas centravam-se na

distribuição de turmas, com os respetivos horários, as instruções relativas ao

funcionamento das mesmas e das aulas. Em paralelo, a estruturação do Plano

de Atividades Anual fazia parte da ordem de trabalhos de ambas as reuniões,

sendo debatidas as atividades que deveriam ser desenvolvidas ao longo do

ano letivo e retirando atividades já conhecidas que não iriam surtir a mesma

adesão.

Sendo que a minha presença efetiva nas reuniões funcionava um pouco

como observador “transparente”, em vários momentos eu tive o desejo de ser

uma presença ativa para poder expressar as minhas opiniões. Embora a minha

visibilidade não fosse notada, foram deveras importante todos os debates

presenciados e todos os pontos escolhidos para aprovação. Consegui

conhecer um pouco mais sobre o Departamento e de que forma ele atuava de

modo a que a sua ação reflita sobre as necessidades desportivas dos alunos

da Escola Secundária das Laranjeiras.

O Departamento de Educação Física e Desporto é composto por

professores efetivos e contratados, ou seja, professores com diferentes níveis

de experiência e visão relativamente ao ensino. As diferentes perspetivas e

formas de encarar a profissão auxiliaram-me em variadas situações do meu

estágio e a auto construir as minhas próprias formas de atuar. Julgo que não

existirá uma única forma correta de resolver situações e problemas que surjam,

28

pois cada professor as abordará sempre, com base nos seus valores, histórias

de vida e a acumulação de momentos profissionais vividos.

O caminho da docência é longo, mas é-me possível perceber que sem

interação e convivência não poderei evoluir e tornar-me cada vez mais

qualificada. Se formos professores e só nos preocuparmos com o

cumprimento dos horários de trabalho e esquecermos este lado tão

importante e que contribui para moldar e fortificar a nossa intervenção,

seremos apenas mais um indivíduo sem paixão no trabalho e com pouca

vontade de melhorar, reconstruir e atualizar a relação do professor com o

professor refletindo-se posteriormente na relação professor-aluno em sala de

aula.

3.6. O NÚCLEO DE ESTÁGIO

“… fazer de um grupo de trabalhadores uma equipe

de trabalho é realmente um grande desafio. Desafio

que passa pelo aprendizado coletivo da necessidade

de uma comunicação aberta, de uma prática

democrática que permita o exercício pleno das

capacidades individuais e uma atuação mais criativa

e saudável de cada sujeito, evitando, assim, a

cristalização de posições, a rotulação e deterioração

das relações interpessoais. Desta forma, o grupo

poderá buscar seus objetivos, responsabilizando-se,

solidariamente, pelos sucessos e fracassos.”

(Piancastelli et al., 2000, p.49)

Quando penso em núcleo de estágio surge-me a ideia de um grupo, da

união, do espírito de equipa, de um conjunto de pessoas num mesmo barco

rumo ao mesmo porto. Este era o meu pensamento inicial, antes de tudo

começar. Agora ao olhar para trás e ao rever cada acontecimento, cada

atividade, cada dia menos bom, cada dia desesperante, outro bom e ótimo, o

retrato é sempre composto por dois “alicerces”: os meus companheiros de luta,

aqueles que me deram a mão quando estava em baixo, e que me atribuíram

sorrisos nos momentos felizes.

29

De facto, este caminho apesar de ser meu reparte-se um pouco com

eles. Os pensamentos, as dúvidas, os medos e as incertezas que surgiram

durante o meu ano de estágio, ganharam outros contornos com a força e a

confiança que eles me transmitiram.

Recordo-me de um primeiro momento marcante. Encontrava-me a

planear a minha primeira aula de ginástica e entrei num estado de ansiedade

que parecia atrofiar as minhas energias, deixando apenas espaço para o medo

de falhar, para o sentimento de incapacidade e de negação das minhas

competências. Naquele momento e em tantos outros, tenho a certeza que se

não os tivesse por perto, teria sido bem mais complicado de ultrapassar. Ao

longo deste ano, ambos me fizeram crescer, e cresceram comigo, lado a lado.

A importância do núcleo de estágio, para o enriquecimento do meu

conhecimento, da minha prática pedagógica e da forma como encarava e

interpretava diversas situações, não tem limite. Se hoje eu posso olhar para

trás e ver que dei mais uns passos nesta estrada do conhecimento e da ação

pedagógica, deve-se sem qualquer dúvida a eles também.

Para mim, o trabalho de equipa é algo sério e fundamental para que tudo

o que se encontre inerente ao estágio resulte de forma mais produtiva e

dinâmica. É assim que eu retrato o meu núcleo de estágio: dinâmico e

produtivo. Ao longo deste ano, passámos horas sobre horas juntos. O facto de

estarmos longe de casa, numa ilha, fez com que procurássemos uma casa em

conjunto para viver. Devido à nossa situação habitacional o nosso

entrosamento e coesão enquanto grupo foi total, pois não realizámos nada,

sem a aprovação de um de nós, nem o deixámos de fazer. Fomos uma

verdadeira família, que tal como um grupo partilha os mesmos objetivos.

Batalhámos em todos os campos juntos, sendo nós mesmos, o escudo e a

espada de cada um de nós. Esta tamanha união evidenciou-se na realização

das atividades, tanto no contexto escolar como em cada turma. Não obstante,

não fomos um grupo fechado, mas sim flexível. Em todas as atividades quer

fossem elas, sugeridas por nós, ou não, evocámos o auxílio do outro núcleo

presente na nossa escola. Aliás, fizeram igualmente parte do meu crescimento

30

e aprendizagem, trabalhei com eles e espero igualmente ter auxiliado nos seus

processos de aprendizagem.

Estamos no início de um caminho, as solas das sapatilhas encontram-se

novas e lavadas e é necessário a ajuda de todos para que elas comecem a

desgastar-se absorvendo todo o tipo de conhecimento.

3.7. O PAPEL DO PROFESSOR COOPERANTE NA FORMAÇÃO DO

ESTUDANTE ESTAGIÁRIO

O estágio Profissional envolve várias entidades, entre elas surgem

pilares que dão vida a um ano repleto de ensinamentos, aprendizagens, falhas,

conquistas, derrotas e vitórias. O professor cooperante (PC), o professor

orientador (PO) e o estagiário realizam um trabalho em equipa, sendo que o

último referido é colocado à prova sob a orientação cuidada dos outros dois.

Durante este tema irei abordar a importância do professor cooperante na

caminhada do estagiário, sendo que incluirei a minha experiência.

Segundo Alarcão & Tavares (2003, p. 18), “entendemos Supervisão

como o processo em que um professor, em princípio mais experiente e mais

informado, orienta um outro professor ou candidato a professor no seu

desenvolvimento humano e profissional… E situa-se no âmbito da orientação

de uma ação profissional; daí chamar-se-lhe também Orientação da prática

pedagógica.”. Aqui temos o professor orientador, como um guia no

desenvolvimento humano e profissional, ambas componentes necessárias para

a estruturação de um futuro professor. Adquirimos a noção de que sem este

“suporte” um novo professor não se forma, pelo menos da forma mais completa.

No meu entendimento, o orientador deve ter bases e capacidades para

poder levar um candidato a estagiário a um outro nível, mais profissional e

congruente com a realidade escolar envolvida. A escola também deve ter a

consciência de que este processo deve ser orientado por um professor com

determinada experiência capaz de dar resposta a todas as dificuldades e

necessidades que possam vir a ser sentidas pelo candidato. Desta forma, julgo

31

que deve existir uma reflexão entre a Escola e a Faculdade, de forma a

assegurar um bom nível de qualidade profissional.

Falando na primeira pessoa, inicialmente tive receio de que a minha

personalidade não se conseguisse adequar à do professor cooperante,

considerava que era importante existir uma “empatia” para que a minha

compreensão sobre o estágio atingisse uma maior profundidade. Certo foi que

esta situação não se sucedeu, dando possibilidade a que também o meu

interesse em querer aprender fosse maior. Considero fundamental que um

aprendiz mostre vontade em querer aprender, pois só mostrando essa

“abertura” mental é possível surgir um bom nível de ensino.

Um momento marcante, aliás, julgo que deve ser sempre um marco

histórico, tanto nesta fase como em cada início de ano letivo para todos os

professores, o primeiro momento com a turma. Surgiu nas bancadas do

pavilhão do Complexo, sentia um nervoso agudo que me imobilizava tanto os

membros inferiores como a respiração. Os alunos entraram, sentaram-se e o

meu coração palpitou e no meu pensamento sobrevoavam as seguintes frases:

“Este é o primeiro passo!”, “Devo sorrir ou cerrar o olhar?”, “O professor

cooperante está a observar-me, isso não me deixa muito confortável!”. Após

estes inocentes pensamentos, o professor cooperante aproximou-se e esboçou

um sorriso confiante com uma expressão tão típica sua: “Então? Tudo ok?”.

Não sei como, mas confesso que isso devolveu-me a mobilidade e a respiração.

Relato este acontecimento, porque foi o primeiro onde me senti observada e

porque se encontra presente uma impressão motivacional emitida pelo

professor cooperante.

Durante este ano, vários foram os momentos em que a dúvida apareceu,

mas sempre senti que poderia esclarecê-las, encontrar diferentes perspetivas e

soluções por mim desconhecidas. Estas dúvidas tornaram-se desafios que fui

superando sob a orientação cuidada que me ia seguindo. Estes meus

pensamentos vão de encontro às palavras de Albuquerque et al. (2005, p. 41)

quando afirmam que “os orientadores desempenham na sua função de

orientação pedagógica numerosos e variados papéis: guias que orientam,

amigos que escutam, leaders e modelos que dirigem, facilitadores e

32

organizadores das experiências vividas. Assumem ajudas múltiplas e variadas,

desde um simples apoio emocional até intervenções mais técnicas orientadas

para a construção de competência profissional.” Estas palavras explicam na

sua exponente máxima o que pretendo exprimir, pois acredito que se não

tivesse sido guiada por um professor cooperante que não estivesse atento aos

meus passos não iria conseguir evoluir, ultrapassar as minhas maiores

dificuldades nem conseguir-me enquadrar num novo “mundo” profissional.

3.8. O PAPEL DA PROFESSORA ORIENTADORA

Atendendo ao que foi abordado no tema anterior, surge a necessidade

de refletir sobre a importância do Professor Orientador (PO).

Desempenha, à semelhança do professor Cooperante, o papel de

supervisor, realizando uma influência mais distante sobre o estagiário, pelo

simples motivo de não se encontrar assiduamente presente na escola onde

decorre a ação prático pedagógica. Apesar deste défice presencial, o

Orientador tem um papel fulcral para a construção e formação do candidato a

professor.

Para que o processo de crescimento profissional resulte de forma

enriquecedora, apela-se a uma articulação entre o Orientador da Faculdade e o

Cooperante da Escola. Segundo Caires (2001, p. 78) “Os encontros entre

ambos circunscrevem-se, basicamente, às reuniões que têm lugar com o

arranque do estágio (onde se definem os seus contornos gerais) e no final,

aquando da avaliação do aluno. Entre estes dois momentos, o aluno vai-se

orientando pelas pistas que cada um dos supervisores vai dando entre a

Universidade e a instituição de estágio.” Atendendo ao que se verificou durante

este ano, a interação entre ambos os supervisores, foi regular, sendo que

apesar da distância geográfica visível, houve o cuidado de uma coordenação

relativamente à orientação do meu estágio.

O local de estágio foi um fator impeditivo para um contato maior com a

PO, mas as estratégias para contornar a distância submeteram-se

principalmente através de sistemas informáticos e de duas deslocações ao

33

local de estágio. Segundo (Caires, 2001, p. 78) “Uma vez iniciado o estágio, o

aluno “corta o cordão umbilical” com a Universidade e fica quase única e

exclusivamente ligado à instituição de estágio. Na origem desta situação

poderão estar factores de ordem geográfica … o apoio que lhes é assegurado

pelo supervisor desta última é mais pontual, cingindo-se, em grande parte dos

casos, ao acompanhamento na elaboração do relatório de estágio.” Apesar da

escassa presença física, senti-me bastante acompanhada e com a certeza de

que teria auxílio em todas as situações que de incomuns me acontecessem

neste percurso. Também sempre que tive oportunidade de me deslocar a

Portugal Continental, eram agendadas reuniões com o intuito de procurar saber

qual era o ponto da situação, se existiam complicações, dúvidas ou questões e

para informações relativamente à realização do Relatório de Estágio e ao

estudo que lhe é inerente.

Considerando os dois momentos de observação presencial retiro alguns

pensamentos e desabafos. No primeiro, o stress e o medo de não

corresponder às expetativas eram aspetos que me faziam frente, a estratégia

que utilizei foi tentar com que a aula decorresse sob a normalidade das

anteriores. Durante a mesma o meu foco voltou a centrar-se nos alunos como o

habitual e trabalhar para a aprendizagem e exercitação dos mesmos. O

segundo momento já foi um pouco diferente, senti-me mais calma

preocupando-me essencialmente em que a aula decorresse de forma positiva e

com um grau de qualidade elevado. Ao refletir sobre estas observações, penso

que exercem um papel fundamental na construção do novo professor por

criarem situações de alguma tensão que possam surgir durante a exercitação

da ação pedagógica aquando a conclusão do curso.

3.9. O MOTIVO DO MEU EMPENHO, DEDICAÇÃO E MOTIVAÇÃO: 10.ºD

Como será a experiência de contribuir para a aprendizagem de uma

turma? Será que vão ser muitos? Poucos? Bem comportados? Completamente

irrequietos? Será que gostam de Educação Física? Será que praticam algum

tipo de Desporto? Será que vou ser capaz? Que postura devo tomar logo de

início? Estas e tantas outras questões marcaram momentos antes de encarar

34

aquele grupo de meninos e meninas que estariam ao meu cuidado durante um

ano letivo, que seriam alvo da minha responsabilidade, consciência e empenho.

“Bom dia! Eu sou a professora Mariana e vou acompanhar-vos durante

todo o ano letivo de braço dado à Educação Física.” Talvez não tenham sido

exatamente estas as palavras por mim proferidas no primeiro encontro com a

Turma do 10.ºD, confesso que o coração esteve na minha boca durante toda a

aula e talvez por isso não encontre as palavras precisas. Sei bem que disse

que iria ser a professora da turma, porque, caindo novamente em confissão,

não me identifiquei com tal. Não por não querer, mas sim por saber que ainda

não tinha atingido esse estatuto e talvez por isso também tenha intrigado um

pouco as mentes jovens que olhavam atentamente para mim. Estava decidida

a não esboçar nenhum sorriso neste primeiro contato, mas foi impossível após

a realização de um jogo de “quebra-gelo” para conhecer um pouco a turma.

Numa primeira análise, apercebi-me da existência de vários tipos de

personalidades: “os engraçadinhos”, “os interessados”, “os envergonhados” e

“os tranquilos”. Talvez não sejam os adjetivos mais apropriados, mas eram os

que me surgiam em pensamento. Deparei-me com uma turma heterógena em

termos de comportamentos mas uma coisa os unia, não que isso me

agradasse, mas de facto era uma caraterística extensível a quase todos os

alunos, a não prática de exercício físico nos tempos livres. Após a recolha de

tamanha informação, perspetivei um primeiro objetivo até ao final do ano, a

motivação para a escolha do desporto como atividade extracurricular, não

importando qual fosse, desde que fosse Atividade Física. Segundo Valsecchi &

Nogueira (2008, p.142) na relação professor-aluno “fica evidenciada a figura do

professor como elemento incentivador no desenvolvimento das potencialidades

do aluno.” O meu objetivo era que eles sentissem falta da prática de exercício

no dia a dia de cada um e queria orientá-los dando motivação para aquele com

que eles mais se identificassem.

Após a aula de apresentação, veio a primeira aula de Avaliação

Diagnóstica onde consegui recolher informações transversais aos diversos

desportos coletivos que iriam ser lecionados durante esse ano letivo. Confirmei

que de facto a turma era heterogénea também no que toca à disponibilidade

35

motora, sendo que esta se situava de uma forma quase geral no nível

introdutório. Esta constatação deixou-me inquieta, pois tratam-se de alunos do

10.º de escolaridade, com pelo menos 6 anos em contacto com a disciplina de

Educação Física. A vontade de vê-los crescer e de ser uma influência positiva

nesse crescimento era muita, no entanto era assolada pela questão: “Estarei à

altura do desafio?”

“Não consigo! Não sou capaz! Nunca vou fazer!” Expressões desde

cedo por mim proibidas de serem pronunciadas nas aulas, pois queria que

percebessem que nada era impossível, que o objetivo não era eles alcançarem

o patamar olímpico, mas que com esforço, empenho e dedicação conseguirem

superar a cada aula algumas das suas dificuldades. Este incentivo positivo

fazia-me pensar: “Se estou a incutir esta ideia nas mentes dos mais novos eu

também tenho de acreditar em mim!”

Ao longo do decorrer das aulas, fui deixando para trás a personagem

“militar” que tentava ligar à minha, para dar oportunidade à minha própria

personagem não fictícia. Esta mudança também deveu-se ao facto do

“comportamento ideal” identificar da melhor forma o 10.ºD. Cumpriam horários,

mostravam-se atentos, respeitavam as regras, os colegas e a mim. Penso que

observando este exemplar quadro comportamental a faceta de “militar”

desadequava-se completamente, existiram momentos que exigiam uma atitude

mais austera da minha parte, uma chamada de atenção, mas apenas

pontualmente. Esta boa onda comportamental deixava-me satisfeita pois sentia

que de aula para aula conseguia captar um pouco mais a turma dando-me a

possibilidade de focar as minhas preocupações em outro contexto como a

prática e a aprendizagem efetiva.

Na Escola Secundária das Laranjeiras observa-se uma multiplicidade de

turmas completamente inversas. Turmas com comportamentos totalmente

desadequados onde o respeito principalmente pelo professor não existia. A

observação de tantas situações deixava-me perplexamente reflexiva, como era

possível tal discrepância numa mesma escola?

Acredito que cada Escola ceda as turmas com melhor nível de

comportamento aos estudantes estagiários, mas será que no futuro eu não

36

terei uma turma completamente diferente da que me acompanhou durante esta

fase? Esta é uma das questões que coloco a mim própria, para me obrigar a

pensar nas vantagens e desvantagens de ter uma turma com comportamento

exemplar. Como referi anteriormente, estar numa situação com este quadro

quase idílico auxilia-me a procurar outros “problemas” que a prática da ação

pedagógica me trás, mas ter a experiência de saber controlar uma turma com

comportamentos pouco adequados, dar-me-ia um desafio completamente

diferente. Penso que a estas questões só poderei responder quando me

encontrar no mundo “real” do ensino da Educação Física, com 5 turmas,

horário completo e pouco tempo para respirar.

Ao longo do 1.º período, a constituição da turma foi sendo alterada em

função das necessidades específicas sentidas pelos alunos que a foram

integrando, diretamente relacionadas com o respetivo perfil académico. Assim,

dos 21 alunos que fizeram parte da turma, no final do 1.º período apenas

restavam 17, onze raparigas e seis rapazes. A principal razão que determinou

a redução do número de alunos da turma foi a que, resultando da reflexão

sobre o curso escolhido, conduziu à alteração da opção anteriormente feita. Tal

situação abrangeu um total de 4 alunos, dois rapazes e duas raparigas, dos

quais três optaram pelo Curso Profissional de Animador Sociocultural e um

pelo Curso Profissional de Técnico de Apoio à Gestão Desportiva. Entretanto,

um aluno que apenas se encontrava matriculado na disciplina de Matemática

do 10.º ano de escolaridade foi excluído por excesso de faltas.

Dos 17 alunos pertencentes ao 10.ºD, apenas dez se encontravam

matriculados na Disciplina de Educação Física, sendo que apenas um

elemento se encontrava a realizar melhoria de nota.

3.10. O ESTÁGIO LONGE DA TERRA NATAL

“As armas e os barões assinalados

Que da Ocidental praia Lusitana,

Por mares nunca dantes navegados

Passaram ainda além da Taprobana,

Em perigos e guerras esforçados

Mais do que prometia a força humana

37

E entre gente remota edificaram

Novo Reino, que tanto sublimaram”

Luís de Camões

Nunca seria fácil um novo começo longe da família, dos amigos de uma

vida, dos locais que nos viram crescer e dos ares que sempre nos rodearam.

Decerto, uma aventura mais do que ansiada, um ano mais do que esperado,

uma coletânea de momentos revestidos de consciência, aprendizagem,

comportamentos adequados em prol da evolução enquanto profissionais e

pessoas.

Ponta Delgada, Ilha dos Açores, uma nova realidade com pessoas,

costumes e educações nem melhores nem piores, apenas diferentes. Porquê

os Açores? Todos nos perguntaram, todos quiseram saber os motivos da

nossa escolha. O que me levou a embarcar nesta aventura e motivada de

diferentes formas, sendo uma dessas, a sobejamente conhecida difícil

realidade da docência na área de Educação Física, pelo cada vez maior

número de docentes, menos escolas, mais alunos por turma e menos horários.

Esta situação vai-se deteriorando a cada ano que passa, a integração de um

estágio profissional numa região autónoma surge sob a hipotética possibilidade

de no futuro ocorrer uma prioridade caso me candidate para a ilha em questão.

No meio da crise em que nos encontramos, das dificuldades patentes no

nosso País, todas as opções e tentativas tornam-se em oportunidades que

devemos agarrar como se fosse a nossa última esperança, é assim que eu vejo

este voo para uma ilha desconhecida desde o primeiro momento. Será que vai

resultar? Não há certezas, mas nada nesta vida é certo. A única certeza que

tenho é a que não baixei os braços e por esse motivo já me sinto satisfeita.

Este ano foi revestido de diversos momentos, todos eles potenciadores

de evolução profissional. Acredito que todas as falhas e quedas são motivos de

aprendizagem, apesar de que das nossas falhas dependem aprendizagens de

outros seres e a melhor estratégia é prevenir qualquer tipo de incidente.

Inúmeros foram as situações em que procurei o consolo da família e que

não tinha a possibilidade de o ter, pelo menos não de forma presencial. Senti

que se tivesse tido ao meu lado aqueles que me conhecem melhor do que eu,

38

os meus “grandes” dilemas se tornariam mais simples. Mas este impacto

também me fez crescer, assim como a consciência da presença de uma

realidade diferente com costumes próprios como as dos nossos alunos.

Confesso a minha tristeza perante a observação de uma juventude com pouca

ligação à atividade física e pouco interesse sobre a disciplina que no meu

tempo mais ânimo me dava para ir à escola. Foi com base nesta realidade, que

procurei cultivar, com o meu grupo de alunos, o gosto e interesse pela

atividade física.

Agora de regresso a casa trago na minha mala de viagem, múltiplas

recordações e ensinamentos que decerto me irão fazer refletir no resto da

minha vida futura. Foram as pessoas com quem mantive contacto durante este

ano que me fizeram crescer e ajudaram a perceber que é o ensino que

pretendo para o meu futuro profissional. Fazer parte da evolução/crescimento

de alguém, utilizando para tal o desporto, encontra-se nas minhas prioridades

de vida, tanto a nível pessoal como profissional.

4. REALIZAÇÃO DA PRÁTICA

PROFISSIONAL

41

4. REALIZAÇÃO DA PRÁTICA PROFISSIONAL

4.1. O PERCURSO DE ESTUDANTE PARA ESTUDANTE ESTAGIÁRIA

“Educar é, a esta luz, realizar algo de ideal.

Educar é fazer. Mas… fazer o quê? Fazer o

homem em humanidade! Realizar no homem a

plenitude da humanidade que nele existe como

um poder ser. Para que ele possa ser mais e

ser melhor.”

(Bento et al., 1999)

Enquanto estudante observamos o futuro de uma forma expectante,

onde todos os objetivos, todos os sonhos são possíveis de serem

alcançados, mas vamo-nos esquecendo um pouco da necessidade de lutar

por esses mesmos desejos e desta forma o tempo vai passando.

Confesso que a minha atitude enquanto estudante nos inícios era um

pouco semelhante à descrita anteriormente, os anos iam passando a minha

forma de pensar ia-se alterando, procurando cada vez mais a realidade onde

me encontrava. A dificuldade financeira do país e a falta de emprego,

principalmente para quem sempre trabalhou para um dia ser profissional do

ensino ia-me deixando desanimada. Mas nesses momentos, o meu

pensamento revigorava-se sempre que me focava no meu desejo: ser

professora de Educação Física. Por mais que seja difícil, vou lutar sempre

por ele.

Siedentop (2008) diz-nos numa das suas obras que uma das visões

sobre o ensino, centra-se na ideia de que é suficiente que exista uma forte

motivação da parte dos professores e um bom nível de conhecimento para

que se consiga ajudar os alunos. No entanto, o autor esclarece que a

motivação pessoal e um bom conhecimento sobre a matéria são aspetos

essenciais para a sua prática pedagógica, mas se o professor não tiver

capacidade de reagir aos estímulos de cada dificuldade observada nos seus

alunos e não conseguir, através da emissão de feedbacks, o seu objetivo em

42

contribuir para a aprendizagem e evolução dos seus aprendizes poderá ser

gravemente afetado.

Na faculdade é-nos transmitida a arte de ensinar, começando pela

ciência e pelo conhecimento de todas as componentes essenciais do

desporto. Após três anos mergulhados no saber científico, surgem dois anos

específicos que nos remetem para a área pedagógica do ensino. Reforço

que o primeiro ano, destes dois últimos, foi fundamental para a minha prática

pedagógica, deu-me as bases que necessitava para conseguir interagir

perante uma turma.

O momento em que nos deparamos com o ato de ensinar, tudo muda,

tudo deixa de ser mais fácil, tomamos em nossa consciência a pura noção do

peso do conhecimento relacionado com a ação, sem nunca esquecer a

pedagogia que envolve todas estas componentes. Encontramo-nos perante o

desafio de um curso e da vida. Temos de mostrar ambivalências e fazer

aquilo que acreditamos ser o correto respeitando sempre toda a burocracia

envolvente às condições a que nos apresentamos.

Nesta fase tão crucial da vida de um estudante tentei desde cedo

nunca esquecer um fator que considerei ter máxima importância para o meu

crescimento enquanto iniciante de uma profissão fascinante, a reflexão. Um

fator que fui melhorando e aprofundando ao longo deste caminho e que sinto

que foi uma mais valia para a minha prática pedagógica, sendo aprofundado

num próximo tema.

4.2. ORGANIZAR, GERIR E PLANEAR PARA COLOCAR EM PRÁTICA

“A organização planificada e coordenada das

actividades humanas, a direcção pedagógica

de pessoas e grupos de pessoas são uma

condição imprescindível do desenvolvimento

racional de personalidades.”

(Bento, 2003, p. 13)

43

Para se dar início a uma ação pedagógica em contexto escolar, seja ele

em momento de estágio ou a nível profissional, ocorre a necessidade da

integração de diversos fatores orientadores para tal ação. Surge desta forma

uma diversidade de documentos específicos desde o funcionamento da Escola

que se integra à organização e gestão das aulas e turmas.

Em contexto de estágio, ao encarar a Escola pela primeira vez fui

“bombardeada” com imensos documentos que iriam encaminhar todo o

desenrolar do meu estágio profissional. Foi difícil até conseguir perceber o

porquê da sua existência, quais as suas funcionalidades e objetivos. Após um

estudo, que decerto, demorou algum tempo, consegui colocar todos os

documentos em “marcha” para meu auxílio.

Destaco alguns dos documentos, como o Modelo de Estrutura do

Conhecimento (MEC) (Vickers, 1990), desde o geral ao específico de cada

modalidade. Após a construção de cada um, as minhas ideias tornavam-se

bastante mais claras e a consciencialização do trabalho que deveria transpor

para a aula aumentava. Estou certa que a concretização destes extensos

documentos foi uma mais valia para a minha prática pedagógica. O

planeamento anual e as Unidades Didáticas, também inseridos nos MEC‟s,

forneceram uma maior noção de que matérias abordar e quais os pontos que

deveria focar a minha ação, de forma a que se enquadrasse com o nível em

que se encontrava a turma e com o Programa Nacional, mas principalmente

que me fornecesse objetivos específicos para trabalhar com a turma em prol

dos mesmos.

Variados foram os documentos que por mim foram aprofundados,

dando-me o seu contributo para o meu enquadramento com a profissão e

inclusão na Escola, como o Plano Anual das Atividades do Departamento de

Educação Física, o DOG (Documento de organização e gestão do

departamento de educação física e desporto) e o Regulamento Interno da

Escola.

Sem organização, sem documentos condutores, não existiria um alicerce

seguro nas Escolas, seria uma anarquia que poderia levar a muitos problemas

tanto em sala de aula como na comunidade escolar. Como todas as empresas,

44

a Escola deve ter o seu sistema de organização, mesmo que diferente de

outras, mas que é fulcral para, principalmente, o sucesso do Ensino. Tomar

consciência da importância de cada documento para a prática pedagógica foi

uma das características que mais captou a minha atenção, porque mesmo em

sala de aula se não existirem objetivos e planeamento dos mesmos, os alunos

não irão conter um ritmo de trabalho e de lógica necessária para a sua

aprendizagem.

4.2.1. A preparação para Prática Pedagógica

“É indiscutível que a clareza de objetivos, de

tarefas e exigências direciona a actividade do

professor e dos alunos para o essencial, actua

positivamente e diminui os desvios da linha do

ensino. Este orienta-se para resultados, o que

deixa perceber desde logo um certo grau de

eficácia. Por isso, todo o professor deve

esforçar-se por clarificar os objetivos, tanto para

ele como para os seus alunos.”

(Bento, 2003, p. 113)

Seguindo o contexto do que foi abordado no tópico anterior, a

preparação da prática pedagógica torna-se numa ferramenta essencial para

um professor, seja ele principiante ou não.

Sem preparação, objetivação do que se pretende fazer, quais os

patamares selecionados a alcançar, um professor perde a orientação

deixando-se levar pelo mais “fácil”, pela anarquia e aleatoriedade.

Tentando sempre contrariar esta visão, procurei, investiguei e estudei

cada matéria e cada desafio que se apresentava à minha frente. Nem

sempre foi fácil, atrevo-me a dizer que foram inúmeras as dificuldades com

que me deparei para encontrar o melhor método, a melhor estratégia de

implementação na ação pedagógica. Por vezes os métodos eram os mais

assertivos, mas nem sempre foi o que se verificou, sendo que após as aulas

e mesmo durante o seu decorrer outras formas se tornavam mais benéficas.

45

Algo que faria sempre parte da minha reflexão diária com o intuito da

melhoria nas aulas posteriores.

Penso que nesta altura os erros fazem parte da melhoria da ação,

mas que sejam assim considerados, devem ser estudados de forma

consciente para que nos próximos momentos já não voltem a ocorrer. Na

minha perceção, a insistência sobre o erro por parte do docente, reverte-se

na falta de capacidade de evolução e na despreocupação na melhoria e

desenvolvimento que os alunos poderão ou não estar inflacionados pela

indevida consciência profissional e desta forma ocorrer uma quebra no

rendimento do aluno.

Tomo de forma consciente a importância de todo o processo

envolvente sobre a prática pedagógica, sem uma linha orientadora, o

professor deixa de fazer uma condução coerente sobre a matéria implícita e

sobre os objetivos propostos.

Atendendo especificamente à turma que esteve a meu encargo, a aula

de apresentação foi fundamental para a articulação de todo o processo de

criação de objetivos e de caminhos que os ajudassem a alcança-los. Através

de um inquérito, foi possível apurar o grau de familiaridade que os alunos

estabeleciam com a educação física, a prática de exercício físico fora da

escola e quais as modalidades que se sentiam ou não mais familiarizados.

Este documento, atribuiu-me algumas caraterísticas da turma que se

tornaram em instrumentos fundamentais para a construção de uma base

segura de planeamento e seleção de objetivos a alcançar.

4.2.1.1. A adequação do Programa Nacional à realidade escolar

Uma das ferramentas fundamentais de todo o processo de articulação e

orientação da ação pedagógica rege-se pelo Programa Nacional de

Educação Física (PNEF) do Ensino Secundário desenvolvido pelo Ministério

da Educação (ME).

Segundo este documento primordial orientei grande parte do meu trabalho

e planificação, sendo imperioso a interligação do PNEF (Programa Nacional

de Educação Física) do 10.º ano com a realidade que se apresentava sobre

46

a minha alçada. Se esta ligação não surgisse, todo o meu empenho seria

destruído por uma falha incorrigível e intolerável, seria apenas mais um

professor, como tantos outros, a reger-se sobre os panoramas estipulados

pelo ME, que muitas vezes fogem da realidade escolar, sendo que esta na

sua maioria se apresenta com índices de rendimento menores e dificuldades

de habilidades motoras mais agravadas. Esta descontextualização remete-

me à reflexão da necessidade de uma renovação dos objetivos propostos

pelo ME para cada ano escolar, sendo que na minha opinião, através dos

professores de cada Departamento de determinada escola deveriam ter um

papel visível na construção destes critérios, de forma a que o

enquadramento com cada escola fosse mais real. Sei bem que este é um

ideal um pouco utópico, mas que poderia solucionar alguns problemas

relativos à avaliação dos alunos. Constatando que o documento é realizado a

nível Nacional para colocar todas as escolas no mesmo patamar final e que a

sua alteração iria envolver burocracias e entidades avultas, poderia existir

uma ordem particular por parte do ME alegando a possibilidade de cada

escola adaptar em forma de documento legal o programa à Escola inserida,

nunca descorando com os objetivos Nacionais. Tomo consciência que o que

me encontro a evocar é algo que já poderá ser executado em algumas

escolas e que também faz parte da gestão curricular da ação pedagógica de

cada professor, mas seria também uma hipótese de igualar o trabalho de

todos os docentes de determinada instituição.

Efetivamente no PNEF, os objetivos a alcançar são demasiado extensos e

com grau de dificuldade acrescido atendendo à real capacidade de cada

aluno, o poder de gestão e articulação do professor acaba por ser um dos

grandes desafios por si enfrentado, pois recorre-se à necessidade de

reflexão de como se torna eficiente levar os objetivos propostos a nível

nacional a cada aluno em particular, de que forma de irá contornar para que

o aluno consiga ser devidamente classificado no final do ano e de que forma

consiga sentir uma evolução em todas as modalidades destinadas para esse

ano letivo. Toda esta gestão irá exigir do professor uma elevada capacidade

de profundidade sobre as matérias e confiança no seu trabalho.

47

Em forma de destaque ocorre-me ser fundamental evidenciar que o PNEF

do Secundário não se encontra também sensível ao facto das Necessidades

Especiais, criando mais um desafio ao docente de Educação Física

revertendo-o novamente para uma articulação de todo o processo de

objetivação e de avaliação dos alunos em questão. Com isto termino este

ponto lançando uma questão: “ De que forma não seria conveniente o ME

precaver-se desta questão que tão facilmente invade todos os anos letivos

grande parte das Escolas?

4.2.2. Construção e reconstrução do Planeamento anual

“…o planeamento significa uma reflexão

pormenorizada acerca da direção e controlo do

processo de ensino numa determinada disciplina,

sendo pois evidente a relação estreita com a

metodologia ou didática específica desta, bem

como os respetivos programas.”

(Bento, 2003, p. 8)

Especificamente no Ensino da Educação Física, a construção do

Planeamento anual deve ser executada de forma consciente e possível de

ser adaptada a qualquer alteração passível de ocorrer. Não deve nunca ser

formatada e selada como se tratasse de um documento balizado no tempo,

o poder da sua flexibilidade deve estar sujeita a qualquer alteração que

devidamente justificada urja para que a orientação do que está registado

flua, mas por outros novos caminhos.

A EF encontra-se organizada por um número vasto de atividades de

curta duração, atribuindo desde cedo um certo tipo de conflito no que toca à

sua distribuição coerente sobre todo o ano letivo. Vingando-se com maior

afinco nas atividades tradicionais, torna-se possível de introduzir outras

atividades não tão casuais e que muitas vezes se tornam desconhecidas à

comunidade escolar. A implicação destas estreantes atividades acaba por

sobrecarregar também o currículo de gestão de todo o planeamento anual,

48

para além do mais e como referido anteriormente, este documento

elaborado por cada um dos docentes da área de ensino, tem de estar

preparado para algum acontecimento que se encontre ou não implícito com

a prática pedagógica, deixando desta forma todo este processo

exclusivamente ao encargo do docente que o projeta.

Este ano tive a possibilidade de criar um planeamento anual que se

debruçasse sobre a minha turma, mas que não descurasse as matérias

obrigatórias a serem ensinadas. Como era possível de se prever, o

planeamento necessitou de alterações provindas de diferentes contextos e

momentos.

Durante este ano letivo, várias foram as alterações que necessitaram de

ocorrer ao nível de matérias em algumas aulas e avaliações práticas devido

a instabilidades meteorológicas, obras nas instalações, atividades de

desporto escolar e motivo alheios ao contexto escolar. Estas modificações

levaram à alteração do meu planeamento anual, tentando sempre procurar

uma estratégia benéfica para conseguir cumprir com os objetivos propostos

para cada matéria lecionada.

Após a conclusão de todo o processo de ensino aprendizagem é-me

possível pensar nos próximos anos e adquirir uma postura bastante

afirmativa relativamente à estruturação do Planeamento Anual, pois

considero de elevada importância que este seja um dos meus instrumentos

de trabalho e que decerto me dará um excelente apoio para que consiga

alcançar com futuras turmas diferentes objetivos desportivo pedagógicos.

4.2.2.1. A necessidade de ajustamento dos Planeamentos das Unidades

Didáticas

“Um planeamento adequado das

unidades temáticas tem que ser algo mais

do que a distribuição da matéria pelas

diversas aulas, tem que ser a base para

uma elevada qualidade e eficácia do

processo real de ensino.”

(Bento, 2003, p. 78)

49

Como o planeamento anual, também as Unidades Didáticas merecem

uma considerável atenção, cuidado e empenho por parte de qualquer

professor, assim como a afirmação de Bento descrita anteriormente em

forma de destaque, a estruturação de Unidades Didáticas devem ter por

base a noção de realidade relativamente à qualidade e eficácia do ensino

perante determinada turma.

A construção de uma Unidade Didática envolve diversos fatores que tanto

não podem ser negados como devem servir de alvo de reflexão por parte do

docente que planeia toda esta construção estratégica. O foco deve localizar-

se no desenvolvimento das capacidades motoras e nos resultados que se

pretende obter. Ouso a afirmar, que para que este documento orientador

consiga estruturar uma corrente lógica de aulas, torna-se essencial avaliar

previamente em que nível se encontra a turma, ou que diferentes níveis, e

atendendo ao número de aulas e o tempo de cada uma se torna possível de

efetuar objetivos perfeitamente específicos para cada aula com vista a

melhoria de capacidade e habilidade motora de cada aluno. Se esta pré

observação de comportamentos específicos de cada matéria a abordar não

ocorrer, encontramo-nos perante o obscuro, onde sem bases e dados não

será de todo possível a realização de um trabalho aprofundado e organizado,

mas sim, um trabalho totalmente desproporcional à turma que poderá se

apresentar a nosso encargo. Este aspeto capta a minha atenção e respeito,

pois a noção de que o desenvolvimento de um trabalho consciente deve ser

específico e que muito certamente, poderá colher frutos com uma

determinada turma, mas com outra exercer uma função totalmente inversa,

contribuindo assim para o decréscimo da qualidade tanto de ensino como de

aprendizagem e desenvolvimento correto das capacidades psíquicas e

motoras.

Seguindo este fio condutor, é-nos afirmado por (Bento, 2003, p. 77) que

“…é possível atribuir a cada aula os seus objetivos específicos, o seu perfil

próprio, partindo e convergindo todas numa direção unívoca. E assim, cada

aula não surgirá mais isolada na sua função e estrutura.” Cada aula deverá

50

arrecadar com um específico desafio, mas não poderá desprender-se dos

outros, deverá seguir uma ordem de ideias e critérios, de forma a que os

alunos consigam exercitar e melhorar as suas dificuldades e aumentar

também o grau de desafios sugeridos pelo professor. Uma Unidade Didática,

para além da estruturação de um conjunto de aulas, deverá colocá-las por

ordem crescente de objetivos a alcançar e não se tratarem de aulas isoladas,

dando a ideia de um trabalho desorganizado.

Refletindo sobre a minha prática pedagógica, confirmo que tornou-se num

desafio cada criação de Unidade Didática, ao ter de ser estudada e

relacionada com as exigências da turma em questão. Houve matérias que

me senti mais confortável, onde o seguimento lógico fluiu de forma ritmada,

mas também me deparei com outras matérias onde a sua estruturação exigiu

um diferente empenho da minha parte. Tal como o planeamento anual,

também as Unidades Didáticas devem-se encontrar flexíveis ao ponto da

necessidade de alguma alteração, ou porque a turma não se encontra a

corresponder aos objetivos propostos e a solução deverá ser encontrar

outras estratégicas para combater essas lacunas, ou por motivos não

relacionados diretamente com os alunos e a sua aprendizagem, mas sim

fatores extrínsecos às aulas.

A necessidade de uma ferramenta como a Unidade Didática para cada

matéria de ensino é fundamental para que qualquer professor consiga

desenvolver um trabalho ciente e diretamente relacionado com a

caraterização específica de cada turma.

4.2.2.2. Ensino por níveis – Os Grupos Heterogéneos dentro de uma só turma

“Precisamos nos

conscientizar de que as

turmas escolares,

queiramos ou não, são e

serão sempre desiguais.”

(Mantoan, 2002, p. 9)

51

Durante a minha prática pedagógica as matérias que foram alvo de

lecionação envergaram vários caminhos para que conseguisse auxiliar todos

os alunos a alcançar objetivos possíveis e reais, numa tentativa motivacional,

impedindo a possibilidade da construção de algum tipo de barreira emotiva pela

não capacidade de alcançar objetivos improváveis às suas capacidades.

Atendendo ao número consideravelmente reduzido de alunos que contaram

na lista de alunos pertencentes à turma do 10.º D, a dificuldade de seriação por

níveis foi fortemente dificultada, ainda assim em modalidades como a natação,

voleibol, ginástica e andebol a visão sobre um ensino por níveis foi visivelmente

notada. Em restantes modalidades, objetivos diferentes foram propostos em

cada uma, sem descurar a importância do trabalho em equipa e a interajuda

entre todos os elementos.

“Para esta aula criei um plano específico para cada um dos

níveis observados na aula de Avaliação Diagnóstica: um nível

com correspondências ao nível de Adaptação ao Meio Aquático

e outro nível mais avançado. … A aula procedeu-se de forma a

que ambos os níveis trabalhassem ao mesmo tempo, mas cada

um exercitando caraterísticas diferentes.” (Reflexão aulas nº3 e

4– Natação)

“…Relativamente à divisão de alunos estabelecida na aula

anterior, optei efetivamente por deslocar uma das alunas para

o grupo de trabalho de Adaptação ao Meio Aquático, isto

porque a aluna revelou mesmo muitas dificuldades na

execução do nado das técnicas, especialmente quando

coordenado com a respiração. Esta mudança acontece com o

objetivo de mais tarde poder voltar ao seu grupo inicial.”

(Reflexão aulas nº5 e 6 – Natação)

Como é possível observar nestes pequenos excertos de duas aulas de

Natação, não foi fácil para mim numa primeira aula definir a divisão correta dos

52

alunos pelos níveis. Certamente que a discrepância de níveis foi afincadamente

notada, mas neste caso, apesar um aluno na aula seguinte mostrou que afinal

tinha menos capacidades do que apresentou na avaliação diagnóstica. Esta

dificuldade estabelecida da minha parte não foi por falta de atenção ou

descuido, mas sim porque o aluno em questão revelou na aula posterior um

elevado problema de resistência influenciado por um incorreto ciclo de

respiração/expiração.

“Penso que numa fase posterior poderei objetivar etapas de

aprendizagem diferentes na turma, permanecendo alguns

alunos a trabalhar sobre a etapa 2 e outros alunos iniciarem a

etapa 3.” (Aulas nº7 e 8 – Voleibol)

Neste exemplo, na modalidade de Voleibol, no final do primeiro período

evidenciei melhorias significativas num determinado grupo de alunos que se

mostraram capazes de evoluir para a etapa seguinte, sendo que outro grupo

ainda não tinha conseguido alcançar os requisitos necessários para progredir

também nesta alteração de etapa, mas iria trabalhar com maior afinco nos

pontos essenciais da etapa em que se encontravam. Desta forma, no segundo

período, os planos de aula tornavam-se diferentes assim como os objetivos

finais de cada grupo.

Acredito que o método de trabalho por níveis, atendendo que todas as

turmas dificilmente serão homogéneas, é um bom método de trabalho, de

forma a focar aspetos mais específicos com necessidade de serem destacados

e trabalhados, permitindo assim um ensino mais particular, onde os resultados

podem surgir com mais rapidez. O ensino por níveis pode também facultar aos

diferentes grupos a criação de objetivos diferentes para que estes consigam

alcança-los dando uma sensação de glória a cada um dos alunos, permitindo

talvez assim um gosto diferente pela prática de exercício físico.

53

4.2.2.3. Planeamento da Unidade Didática de Atletismo

A construção da Unidade Didática foi um dos desafios mais marcantes neste

percurso, por lineares motivos, desde a carência de conhecimento específico

sobre as diversas disciplinas desta matéria, como a inexperiência na

observação e emissão de feedbacks específicos.

No momento inicial surgiu a dúvida de quais a disciplinas a selecionar, de

forma a que seja possível a observação de uma progressão significativa, mas

também que a hipótese de aprendizagem fosse mais alargada em termos de

conteúdos e experiências. Como fator extra, no momento avaliativo,

operacionalizou-se a hipótese da criação de duatlos técnicos, sendo que seria

uma tentativa motivacional para os alunos e para a criação de objetivos

específicos.

Segundo Jacinto et al. (2001), no PNEF do 10.º ano de escolaridade ocorre

a hipótese de escolha de um lançamento e um salto, para além do trabalho de

velocidade e resistência, no entanto a possibilidade de que esta Unidade

Didática arrecadasse um total de 20 aulas de 90 minutos, suscitando desde

logo um parêntesis ao tempo disposto para cada disciplina, mas que ainda

assim era possível realizar um trabalho adequado.

Na primeira aula de atletismo, surgiram os grandes problemas já referidos

anteriormente:

“…sinto que esta aula, ao nível do planeamento, projeção e

execução foi a pior até ao dia de hoje, fazendo-me sentir

bastante “frustrada”, mas com força para alterar completamente

em todos os aspetos que eu falhei.”

“Qual a sensação que fiquei no final da aula? Objetivo final

tinha sido comprido? Não! A instrução e os feedbacks foram os

mais corretos? Não! A escolha dos exercícios e a sua

54

intensidade foram adequados à turma e ao objetivo? Não!”

(Reflexões - Aula nº 1 e 2)

Denotei que devido à carência do nível de conhecimento específico, a minha

capacidade de adaptação foi agravada e por momentos o meu sentimento foi

de angústia pelo medo que tinha em não prejudicar a aprendizagem dos alunos,

para contrariar este sentimento o meu empenho e dedicação fui aprofundando

para que cada vez mais a estruturação das minhas aulas e a emissão de

feedbacks fossem mais assertivos e eficazes.

Segundo Rink (1985) o feedback abarca três funções: informar, reforçar

e motivar. Relativamente à melhoria de uma ação incorreta, para a emissão de

feedbacks exata, senti que deveria obter um conhecimento profundo sobre a

matéria de ensino e ter uma capacidade de observação e identificação do erro

precisa. Atendendo às minhas dificuldades, procurei investigar de diferentes

formas para me sentir preparada para auxiliar os meus alunos e contribuir para

a sua evolução nesta matéria.

Este processo foi melhorando ao longo das aulas, assim como a minha

confiança, revertendo-se na melhoria técnica dos alunos.

“…penso que consegui sentir-me bem mais confiante e

consegui identificar erros técnicos com mais facilidade, atendo

esta melhoria a um estudo e empenho prévio antes da

lecionação. É fundamental para mim sentir-me à-vontade com

aquilo que vou ensinar, por isso vou continuar a esforçar-me e

a empenhar-me para que a qualidade das minhas aulas de

atletismo aumente.” (Reflexão - Aula nº 7 e 8)

Apesar da melhoria da minha capacidade de intervenção, más condições

meteorológicas exigiram a mudança de diversos planos de aula do exterior

para o interior do pavilhão, resultando na necessidade de reformulação da

Unidade Didática, tendo-se que reduzir assim uma das matérias que estaria

prevista no início do ano a ser lecionada. Contudo, foi possível aprofundar as

matérias abordadas, dando espaço para que os alunos pudessem evoluir.

55

Estas situações levaram-me a refletir sobre a preparação prévia que um

professor deve estabelecer antes da sua prática pedagógica, com uma análise

sobre todos os aspetos em que não se encontra confortável e antever os

problemas que podem surgir. Apenas desta forma, pode conseguir prevenir

que possíveis incidentes inesperados possam surgir e que não dificultem a

execução das tarefas assim como a progressão das aprendizagens.

4.2.2.4. Planeamento da Unidade Didática de Dança

Contrariamente ao que foi abordado no tópico anterior, a construção da

Unidade Didática de Dança tornou-se menos complexa de ser realizada, ainda

que na primeira aula tenha observado que a turma não se encontrava

totalmente no mesmo nível, destacando-se apenas um aluno.

Tendo em conta que a matéria de Dança, segundo Jacinto et al. (2001)

no PNEF do 10.º ano de escolaridade, é de escolha opcional, evidenciou-se

que os alunos desta turma nunca teriam tido a oportunidade de experienciá-la,

talvez pelo espaço cedido se tratar de uma sala de judo e inevitavelmente a

disciplina escolhida ser a correspondente. A escolha desta estreante matéria foi

influenciada pela reação negativa que os alunos na sua generalidade

evidenciaram à hipótese da mesma, pelo seu desconhecimento e uma ligação

automática exclusiva às danças tradicionais. Ao observar essa mesma reação

em jeito de reflexão e posteriormente estabelecer uma conversa mais afincada

com a turma, concluiu-se que seria uma oportunidade dos alunos

experienciarem novos contornos envolventes da área da dança, procurando

assim alterar a perceção e ideias pré concebidas sobre a dança e a sua

participação ativa na mesma.

O objetivo primordial da Unidade Didática (UD) centrava-se então na

conquista pelo gosto da matéria e o alargamento cognitivo e motor

estabelecido pelos alunos, para tal, ao longo da sua construção, os conteúdos

sinalizados variaram desde a dança criativa, passando também pelas danças

de salão e tradicionais.

56

Contrariamente ao que me ia deparando nas aulas de Atletismo, a minha

atitude, serenidade e confiança ia aumentando com o decorrer das aulas de

dança. Desde a emissão de feedbacks às demonstrações, constatava que

influenciava significativamente na visão estabelecida pela turma, assim como a

melhoria das suas qualidades de execução.

“A turma apresenta grande capacidade imaginativa e de

improvisação e o facto de todos se relacionarem bem entre si,

contribui para tal, para que não exista vergonha na execução

dos movimentos corporais.” (Reflexão Aula nº 7 e 8)

Aspetos como os referidos nesta citação levaram à procura de algo mais

que desafiasse a turma, sendo que a UD necessitou de algumas alterações,

isto porque esses desafios acabaram por surgir por intermédio do

Departamento de Línguas sobre a forma de apresentações coreográficas

criativas. Todas as apresentações foram para meu espanto bem

correspondidas pela generalidade da turma, que acabou por exigir em algumas

aulas e extra aulas o empenho e dedicação de todos, surtindo em momentos

também eles avaliativos mas fundamentalmente honrosos, pois a envolvência

de toda a turma foi sublime.

“A aula terminou com um relaxamento como já todos estão

habituados e no fim reuni a turma e conversámos um pouco

sobre este pequeno percurso da dança. Ouvi coisas como “já

gosto mais de dança” e “já acabou a aula?”, penso que ao

chegar ao fim de um ciclo de aulas este tipo de coisas é a

melhor conquista que se pode alcançar. E não será este o ideal

de um professor de Educação Física? Conquistar os seus alunos

para a prática desportiva e deixá-los satisfeitos com isso? Eu

penso que sim, porque é mesmo isto que vou querer sentir no

final de todos os ciclos.” (Reflexão aula n.º13 e 14)

57

Em momentos finais foi passível de sentir um gosto crescente de todos

os alunos pela matéria de dança, deixando-me extremamente satisfeita com o

trabalho desenvolvido e pensativa enquanto ao facto do uso de matérias que

não são tão usuais no dia a dia das camadas mais jovens.

4.2.3. De alunos a uma Turma/Equipa Unida

“A equipa é um todo, vale por si mesma, todos

são fundamentais, ninguém é imprescindível!”

(Araújo, 1994, p. 103)

No 10.º ano de escolaridade, trata-se de um novo ciclo, novos colegas

de carteira e caras nunca antes vistas. Para os mais envergonhados, podem

surgir quebras de comunicação, podem-se criar dificuldades de inclusão e pode

surgir o medo da discriminação.

Pondero-me sobre este tema por considerar que a Educação Física e o

seu Docente podem enfatizar boas condutas para que estes dilemas sejam

facilmente colmatados. Não só no quotidiano escolar, mas também no

funcionamento das aulas de EF, este fator quando agravado pode ser

prejudicial.

No caso específico da minha turma, poucos eram os alunos que se

conheciam entre si, sendo que nas primeiras aulas a falta de interação entre

eles era visível. O primeiro passo que dei com o incentivo de contrariar esta

que podia ser uma barreira nas aulas de EF, foi o grito de turma, poderia até

nem resultar, mas não foi o caso. Penso que os alunos, que nunca tinham

utilizado uma dinâmica igual nas suas aulas, gostaram e que de certa forma

acabou por os aproximar.

Para além do grito de turma, em todas as aulas incentivei o trabalho em

equipa, tanto nos desportos coletivos como individuais, tentei fundamentar a

importância da interajuda para a melhoria das capacidades motoras e da

motivação de cada um. De facto, a coesão da turma foi um crescente e refletia-

58

se no desenvolvimento dos exercícios e paralelamente na inclusão dos alunos

com maiores dificuldades.

4.2.3.1. O dispêndio numa aula de Educação Física

Calculo ser do foro comum que o pensamento social relativamente à

Disciplina de Educação Física encontre-se intimamente relacionado com

exercício, suor e dispêndio energético.

Pude aferir durante este ano, que nem sempre é assim, existem aulas

que o dispêndio energético não é tão elevado quanto o esperado por diversos

fatores: cansaço dos alunos, muito tempo de instrução e emissão de feedbacks,

muitos exercícios e pouco tempo de exercitação, caraterísticas das

modalidades e até mesmo má gestão do tempo de aula.

Esta discrepância de aulas foi sentida em algumas aulas:

“Atendendo ao ritmo da aula, não foi apenas a mudança de

“cenário” que levou à quebra referida do ritmo de aula, os meus

momentos de instrução antes de cada exercício foram

demasiado extensos e que posteriormente se verificou em

alguns exercícios a não compreensão por parte dos alunos no

processamento dos mesmos. Como era a primeira vez que

estava a abordar estes exercícios, achei que deveria demorar

um pouco mais na instrução, mas como referi anteriormente,

mesmo assim, os alunos não conseguiam compreender o que

era pedido, o que levou a que tivesse de parar várias vezes os

mesmos, para voltar a explicar. Mas porque será que isto

aconteceu? Talvez não tenha conseguido expressar da forma

mais adequada o que pretendia, talvez os alunos não

estivessem atentos ou a complexidade dos exercícios era

elevada.” (Reflexão aula nº 3 e 4 – Futebol)

59

Um dos objetivos da inclusão da Disciplina de Educação Física no

panorama Escolar Nacional, na minha opinião, é que os alunos possam regular

os seus âmbitos de vida e para tal saibam como os conduzir de forma

organizada. Por isso, concordo que o dispêndio energético seja um fator de

importância e deva ser reforçado por parte dos professores, mas por outro lado,

os exercícios devem ser orientados, formar uma lógica gradual de dificuldade e

que sejam convenientemente compreendidos para poderem ser corretamente

realizados. O tempo de lecionação para as aulas de EF e a extensão do

Programa Nacional são fortemente inversos, fazendo muitas vezes com que o

dispêndio energético fique prejudicado.

Nas minhas aulas, apesar de querer que o gasto energético fosse

elevado, dei primazia à compreensão das ações e dos exercícios, mas tentei

reduzir o número dos mesmos para conseguir aumentar o tempo de

rendimento do exercício e esta alteração fez com que progressivamente

conseguisse alcançar os dois pontos abordados: a compreensão e o dispêndio.

“Ao refletir sobre o rendimento, afirmo que um aumento do

tempo de exercitação de cada exercício é fundamental para que

o aumento do dispêndio energético durante a aula, desta forma,

alego a concordância que faço à afirmação: “menos é mais!”

porque no caso das aulas de Educação Física, concordo

plenamente com esta perspetiva.” (Reflexão da Aula nº7 e 8 –

Basquetebol)

4.2.3.2. Implementar o Modelo Instrucional de Educação Desportiva

“(…) compromisso entre extensão do conteúdo-alvo,

experiências do aluno, motivação e auto-percepção

da competência constitui uma questão que o

professor deve colocar antes de delinear o processo

de instrução, sendo este que confere validade

ecológica aos modelos de abordagem selecionados

para o ensino de determinado conteúdo.”

(Mesquita & Graça, 2011, p. 46)

60

Existe uma panóplia de modelos instrucionais passíveis de serem

empregados pelo professor durante a sua ação pedagógica. Durante o meu

estágio gostaria de salientar um dos modelos ao qual atribui maior destaque

perante a turma, o Modelo de Educação Desportiva (MED). O Modelo que em

2002 foi reportado por Siedentop na sua tese de doutoramento onde fomenta a

ligação de uma educação lúdica num local específico para a coordenação

curricular da EF (Mesquita & Graça, 2011), pretendendo assim relacionar a

aprendizagem dos alunos em contexto com ações relacionadas com o prazer,

o divertimento e o jogo.

Os autores Rolim & Mesquita (2012) evidenciam o MED como uma

configuração simples de ensinar o desporto inserido nas aulas de EF, partindo

do pressuposto que desporto, como matéria de ensino em complemento com o

projeto educativo e curricular de cada escola, consegue oferecer um contributo

dos seus principais valores culturais, pedagógicos e socializadores, a todos os

alunos.

O factor que levou Siedentop à promoção do MED surgiu através de

uma investigação sobre o currículo e a eficácia do professor, onde descobriu

que apesar de uma boa organização das aulas, estas encontravam-se

insuficientemente dinâmicas e motivadoras para que os alunos gostassem de

realizar as atividades propostas em EF. Para conseguir criar um efeito contrário,

Siedentop procurou recrear as aulas de EF num contexto lúdico e desportivo,

promovendo assim um modelo relacionado com o desporto federado.

Alexander et al. (cit. por Rolim & Mesquita, 2012).

Desta forma, Siedentop em 1994 relacionou seis caraterísticas do

desporto federado no MED, sendo elas: a época desportiva, a filiação, a

competição formal, o registo estatístico, a festividade e os eventos culminantes.

Em contexto escolar, a época desportiva assemelha-se à Unidade Didática. A

filiação relaciona-se com a integração de forma a que de alunos formem

equipas e se crie um envolvimento de união e espírito de grupo. Durante a

constituição das equipas atribuem-se diferentes funções, nomes, cores e outros

factores que possam envolver uma equipa oficial. A competição prende-se

neste modelo como uma força inclusiva, onde a participação, a cooperação e

61

entreajuda entre todos os elementos é fundamental. Os registos estatísticos

surgem como outro fator motivador, construindo-se um quadro competitivo

colocado em funcionamento desde o momento de constituição das equipas. O

objetivo centra-se na aprendizagem que se estabelece dentro de cada equipa,

assim como o fair-play ocupa um lugar importante nas tabelas de classificação

e encontra-se presente durante toda a época. Por fim, assim como nas épocas

desportivas oficiais, existe um evento culminante, onde os torneios ganham

outra dimensão, trazendo consigo um carácter de festividade, nunca

esquecendo a promoção da igualdade de oportunidades e o benefício da

aprendizagem e evolução de cada um (Mesquita & Graça, 2011).

Atendendo à minha prática pedagógica, a vontade em implementar o

MED era elevada, mas uma dúvida tomava conta da minha indecisão de

implementação. Tratando-se de uma turma do 10.º ano, com alunos que não

se conheciam, nem estabeleciam nenhum grau de confiança, qual seria a

melhor altura para que fosse possível alcançar o grau máximo o MED? “É

nossa convicta opinião de que o MED deve ser apenas introduzido no início do

2.º período e não antes” referem Rolim & Mesquita (2012), atribuindo como

justificações a inexperiência do professor e dos alunos na aplicação e seu

funcionamento, respetivamente; na falta de conhecimento dos alunos e das

condições e materiais da escola em questão, no início do ano letivo.

Apliquei o MED no 2.º período, unindo as Unidades Didáticas de Futebol

e Basquetebol para que fosse possível os alunos conseguirem experienciar

este modelo na sua plenitude.

“No momento em que expliquei à turma o funcionamento do

Modelo de Educação Desportiva, todos se mostraram dispostos

em participar de forma ativa, até quem normalmente se encontra

mais desmotivado. Este primeiro feedback emitido pelos alunos,

deixou-me bastante confiante perante a implementação do

Modelo nas restantes aulas… consegui observar alguns aspetos

positivos, porque todos os alunos perceberam as funções, a

competitividade e a necessidade de cooperação em equipa,

62

ficando a faltar a construção do nome de equipa, foi o grito e a

mascote mas que certamente serão visíveis nas próximas aulas.”

(Reflexão nº 3 e 4 – Futebol)

“A aula iniciou-se com uma azáfama de ambas as equipas, pois

apresentaram-se com as suas mascotes e com gritos de equipa,

mostrando o entusiasmo de todos os alunos perante o modelo

de educação desportiva.” (Reflexão nº 5 e 6 – Futebol)

A experiência da implementação do MED nas aulas de EF, foi mais um

marco que ficará registado no meu percurso enquanto estudante estagiária e

será decerto novamente utilizado em situações futuras pelas características

especiais que pode incutir numa turma, principalmente a motivação, mesmo

nos alunos com mais dificuldades nas modalidades em questão.

4.2.4. A importância da Instrução e Feedback

Diferentes matérias, diferentes regras e diferentes metodologias de

ensino são fatores que levam a diferentes formas de instrução e feedbacks.

Como pude contemplar anteriormente, existiram momentos onde a minha

instrução era volumosa e pouco objetiva e outros momentos onde os meus

feedbacks não eram tão específicos como o desejado. “A forma como a

instrução é realizada interfere na interpretação que os alunos fazem das tarefas,

o que influencia a realização das mesmas.” (Rosado & Mesquita, 2011)

Realizando um regresso ao curso de Ciências do Desporto, fomos

fundamentados com uma panóplia de modalidades com especificidades

peculiares e começámos a conhecer as orientações de áreas que

desconhecemos ou que temos pouca relação. Quando progredimos para o

primeiro ano do 2º Ciclo em Ensino de Educação Física nos Ensinos Básico e

Secundário, começamos a abordar as disciplinas pelo sentido pedagógico mas

o tempo para nos apercebermos das nossas reais lacunas é escasso. Das

lacunas, ocorrem as ilusões de que nos encontramos aptos para ensinar algo

que consideramos saber como reagir em qualquer situação, mas muitas vezes

está fora da nossa realidade.

63

Com isto, quero afirmar que não foi por falta de empenho ou dedicação

que situações relativas ao tempo de instrução e emissão de feedbacks

ocorreram em algumas das minhas aulas, mas sim por falta de experiência em

campo.

Devemos ser capazes de encontrar estratégias que derrubem com

inseguranças sentidas e procurar sempre a fundamentação mais lógica para a

transmissão de conhecimentos e ações.

Em concordância com Rosado & Mesquita (2011), aquando a realização

de uma ação motora por parte dos alunos, a emissão de feedbacks torna-se

essencial para a melhoria futura dos seus desempenhos. Para tal, o professor

deve encontrar-se atento à importância das informações e à sua especificidade.

Ao longo do ano consegui procurar ferramentas que me ajudassem

nestes processos, como melhoria das demonstrações, skillcards ilustrativos,

vídeos assim como a procura das palavras chave.

4.2.5. Avaliar – Dificuldades e estratégias

“A avaliação educativa deve ser sistemática,

contínua e integral. É sistemática quando obedece

a um plano preconcebido – a uma programação – e

não é feita de modo ocasional ou acidental. A

avaliação contínua – que será tratada mais adiante

com certo detalhe refere-se ao facto de a avaliação

constituir um etapa do processo educativo, pelo que

este deve ser avaliado momento a momento, ao

longo do seu desenvolvimento e não apenas no

final do mesmo.”

(Carrasco & Azevedo, 1989, p. 10)

Rosado et al. (2002) diz-nos que ao se abordar a avaliação educacional,

encontra-se implícito também o envolvimento sobre um processo planeado e

regular relacionado com o processo educativo.

64

Existem três grandes etapas da avaliação: inicial (diagnóstica),

intermédia (formativa) e a final (sumativa). Adjacente a estes encontra-se a

avaliação contínua, pela qual todos se ligam, sendo que nenhum consegue

funcionar independente de qualquer outro (Carrasco & Azevedo, 1989).

Ao planearmos uma Unidade Didática, percorremos em função de

objetivos, o meio para os obter de forma qualitativa e quantitativa centra-se nos

vários tipos de avaliações que poderemos aplicar.

O momento de avaliação diagnóstica (AD) não adquire necessidade de

ocorrer em momentos previamente definidos, podendo surgir tanto no início do

ano letivo como no início de uma nova Unidade Didática ou sempre que se

introduzir uma nova matéria de ensino e se sinta a necessidade da utilização

deste tipo de avaliação. Desta forma, o objetivo da AD centra-se na

identificação de problemas apresentados pelos alunos na fase inicial de cada

nova aprendizagem, podendo-se então projetar objetivos futuros. A AD

consegue também ser um bom método de observação para apurar se os

alunos conseguiram alcançar os objetivos anteriormente propostos e se se

mostram conhecedores relativamente às novas matérias a ser ensinadas. Este

tipo de avaliação torna-se também num bom método de classificação dos

alunos por níveis de aprendizagem (Rosado et al., 2002).

Desta forma, no início do ano letivo em reunião com o núcleo de estágio

discutiu-se sobre a melhor forma de avaliação diagnóstica, apurando-se que o

método mais indicado seria a construção de uma tabela com critérios

adequados a cada matéria. Durante a sua aplicação, as dificuldades foram

visivelmente sentidas, sendo que os critérios tornavam-se extensos e a

capacidade de exatidão suscitava dúvidas. Tendo em conta a panóplia de

matérias, apesar de existirem aspetos transversais que as interligam, no caso

específico da Ginástica, o momento de AD foi mais ponderado, com critérios de

avaliação mais reduzidos e inteiramente relacionados com aspetos que iriam

ser trabalhados ao longo das aulas. Assim como a modalidade referida, ao

longo do ano letivo o instrumento utilizado nas AD ia sendo retificado,

tornando-se cada vez mais específico e facilitador da avaliação.

65

A avaliação formativa (AF) é um tipo de avaliação que pode ser aplicado

em vários momentos ao longo da Unidade Didática. O objetivo principal centra

a avaliação no processo de ensino-aprendizagem como forma de controlo

sobre as metodologias de ensino, atendendo à progressão realizada pelos

alunos (Rosado et al., 2002). A AF tornou-se num bom método de ponderação

sobre o seguimento da minha ação e evolução dos alunos, de forma a observar

se o nível de aprendizagem em que se encontravam continuava a ser o correto

e se o método de ensino utilizado apresentava-se como o mais adequado.

A avaliação sumativa (AS) trata-se de uma forma de avaliação da

apreciação global (Rosado et al., 2002). No contexto em que me encontrei

inserida, nos momentos destinados à AS, apesar de ter sido executada uma

reformulação nas tabelas de avaliação, como referido anteriormente, arrecadou

sempre um grau de dificuldade pronunciado.

Durante a minha prática pedagógica tentei realizar os registos de

avaliação em contexto informal, utilizando exercícios executados nas aulas e

que se relacionassem com formas de jogo reduzido, prevalecendo os meus

critérios de avaliação sobre uma componente tática. O objetivo era que estes

momentos avaliativos não divergissem das aulas comuns. Tratou-se de um

aspeto discutido em reunião de núcleo de estágio, pois o que pretendíamos era

que os alunos se sentissem num contexto de aula habitual, para que os fatores

externos não se apoderassem de cada um. Apesar das caraterísticas

apresentadas neste tipo de avaliação, durante as minhas aulas introduzi

também momentos formais para que os alunos pudessem vivenciar situações

semelhantes ao contexto real. Dando o exemplo de uma aula de ginástica,

onde foi proposto aos alunos que realizassem uma sequência de solo com

acompanhamento musical.

Os diferentes momentos avaliativos devem encontrar-se em

consonância, para que os resultados sejam os mais fiáveis possíveis.

A avaliação contínua serviu para que os meus registos finais fossem os

mais fidedignos possíveis, não queria ser injusta com nenhum aluno, por isso o

meu receio de falhar estava sempre presente. Sei que se me encontrasse a

cometer alguma injustiça, o professor cooperante iria intervir nesse sentido,

66

acabando por deixar-me mais segura. Sou consciente que de aula para aula

um aluno pode melhorar tanto as suas performances como capacidades

cognitivas, e que devo estar atenta a estes pequenos crescimentos, pois nos

momentos de avaliação podem ocorrer diversos factores perturbadores de

quem é avaliado.

A atribuição de classificações finais foi sempre debatida com o professor

cooperante e com os alunos. Considero importante que esta interação no final

de cada período ocorra para me encontrar consciente dos objetivos de cada

aluno e quais as suas percepções relativamente às suas próprias capacidades.

Na minha turma encontrava-se presente um aluno a realizar melhoria de nota,

o que me levava a crer que os seus objetivos encontravam-se mais definidos

que os outros e que o grau de exigência da minha parte também necessitava

de ser diferente. Senti que em todos os períodos os alunos percebiam as

justificações relativamente às suas notas e o que fazer para melhorar no

período seguinte. Um método que funcionou claramente, pois os aspetos que

focava que deveriam ser melhorados, a maioria dos alunos conseguia trabalhar

em prol dessas diretrizes.

Sendo que encontramos uma turma no 10.º ano de escolaridade e que

os alunos já se encontram precavidos que as suas notas de Educação Física

deixaram de contar para o Ensino Superior, eu esperava que os momentos de

avaliação e até mesmo o decorrer das aulas de EF deixasse de merecer o

empenho de cada um. Poderia sim ter observado este facto com outros alunos,

outra turma, mas não foi isso que aconteceu, pois, apesar das dificuldades, a

turma do 10.º D não deixou de se empenhar nas aulas nem de lutar por boas

classificações finais.

Este aspeto leva-me a refletir sobre a desvalorização da disciplina de

Educação Física no Ensino Secundário, sendo que discordo totalmente. Certo

que se esta situação tivesse o meu aval estaria a ir contra tudo o que acredito e

que sempre lutei, mas trata-se de uma situação que contribui para o desânimo

de qualquer docente de EF. Como referi anteriormente, com esta turma não

evidenciei nenhum tipo de desleixo, mas facilmente é possível observar turmas

onde esta situação pode acontecer e posteriormente refletir-se-á num ciclo

67

fatídico. Se não temos alunos empenhados, a dificuldade de captar as suas

atenções e respeito pelo desporto irá agravar-se e poderemos, desta forma,

estar a correr a favor do sedentarismo e consequentemente da obesidade

nacional. No meu entendimento um docente de Educação Física não tem como

objetivo transformar os seus alunos em campeões olímpicos, a sua principal

preocupação é a transmissão de valores e hábitos de vida saudáveis.

Especificamente nas aulas de EF, todos estes aspetos e a sua desvalorização

irá evidenciar-se no comportamento em sala de aula e por fim nas avaliações

finais.

4.2.6. A influência da reflexão na melhoria da Prática Pedagógica

“A prática é fonte de construção

do conhecimento e a reflexão

sobre as práticas, o instrumento

dessa construção.”

(Cunha, 2008, p. 78)

A reflexão, uma fiel amiga que me acompanhou durante todo o processo

de evolução sobre a prática pedagógica. Nem sempre foi fácil chegar a ela,

reforço que até conseguir alcançá-la, a descrição apoderou-se dos meus

pensamentos.

“A aula iniciou-se à hora conferida no plano de aula pelas 8h e

40 minutos. Juntei a turma para lhes explicar como se iria

processar a aula e o que iria ser pretendido, posto isto os alunos

passaram pelo chuveiro e dirigiram-se para a piscina começando

a nadar as 3 técnicas de nado de crol, costas e bruços.”

(Reflexão – Aula nº2 e 3 – Natação)

A insistente descrição invadiu as minhas primeiras supostas reflexões,

seria talvez o percurso mais fácil mas que não atingiria os objetivos de melhoria

da qualidade da minha ação, mas como nos diz Lalanda & Abrantes (1996, p.

49) “…pensar não é fácil.”. Ao longo deste percurso, a evolução foi

68

acontecendo e com a ela a transformação da descrição para a verdadeira

reflexão que me fornecia bases para alterar o que de errado acontecia ou para

prevenir que o mesmo erro não acontecesse duas vezes.

Em concordância com (Cunha, 2008), que afirma que cada professor

deve procurar desenvolver a sua própria interpretação das suas ações

educativas, resultando assim uma reflexão sistemática e fundamentada,

também aprendi a procurar questionar e investigar todos os pontos sobre a

minha ação para conseguir tornar o meu ato pedagógico mais eficaz. O

professor deve ponderar o seu desempenho e dessa forma contribuir uma

maior aprendizagem dos seus alunos, para tal, assume como responsabilidade

a procura sobre as questões específicas relativas à sua área de conhecimento

e a si mesmo (Fazenda, 1991).

Schön (1987) sugere três formas de reflexão: reflexão na ação, a

reflexão sobre a ação e a reflexão sobre a reflexão na ação, sendo que o

conhecimento na ação é considerado também um potenciador dos diferentes

tipos de reflexão indicados anteriormente. Alarcão (1996b) explica-nos a

distinção estabelecida por Shön, onde o conhecimento na ação é o

conhecimento estabelecido durante a execução da ação, da transformação do

saber para a prática, é complicado de ser expresso por palavras, mas

consegue ser descrito pelo profissional; a reflexão na ação centra-se sobre a

reflexão executada no decurso da própria ação sujeita a que reformulemos o

que nos encontramos a fazer no momento atual; a reflexão sobre a ação, surge

no momento em que nos encontramos a recordar mentalmente a ação; a

reflexão sobre a reflexão na ação fornece a possibilidade de desenvolvimento

profissional, auxiliando a delinear ações futuras, a compreender possíveis

dilemas ou a encontrar diferentes alternativas. Todos os tipos de reflexão

acima enunciados foram explorados durante a minha prática pedagógica,

existindo momentos em que a resposta prevista para determinada ação, não

era a pretendida, ocorrendo a necessidade de aplicação de estratégias que me

levassem a contornar estas situações:

69

“Após este exercício, começou a chover, o que obrigou à

deslocação para o espaço interior. Esta situação dificultou a

minha aula em dois parâmetros: na organização dos exercícios e

na no ritmo de aula … O que fiz para tentar minimizar estes dois

problemas que aconteceram? Relativamente à organização e

montagem dos exercícios, tentei que a transição das mesmas

ocorre-se no menor tempo possível, mas o facto de no interior,

estar sujeita a apenas um campo e sem as dimensões corretas

do campo de futebol, dificultou o processo, assim como a falta

de balizas, pois encontravam-se arrumadas na arrecadação e se

as fosse buscar iria despender muito tempo de aula, optando

assim por orientar as mesmas através de cones sinalizadores.”

(Reflexão – aula n.º3 e n.º4 – Futebol)

No caso específico das aulas de atletismo, consegui criar uma

progressão não só na minha ação como na evolução técnica dos alunos

através da profundidade do nível das minhas reflexões.

“A minha prestação durante a aula foi positiva, pois tentei focar-

me apenas nos feedbacks necessários nesta etapa de

aprendizagem e senti-me mais confortável. Na preparação da

mesma, o receio inicial sentido no início da Didática de Atletismo

voltou, mas deu-me mais força para estudar com maior

profundidade, tanto a desenvoltura técnica das modalidades

como na procura e identificação dos feedbacks específicos. Este

estudo prévio, fez com que a minha confiança na aula fosse

diferente e mais segura.”

(Reflexão – Aula n.º 9 e 10 – Atletismo)

O ato de reflexão sobre as nossas ações consiste numa forma de poder

estudar e ponderar até que ponto elas são efetivamente as mais corretas, que

irá também depender do contexto onde a situação se insere. Uma ação pode

70

ser a mais correta tendo em conta todas as suas condicionantes, mas numa

situação ligeiramente diferente a atitude anterior pode provocar efeitos

divergentes. Para tal devemos procurar investigar bem o porquê das ações e

fundamentá-las corretamente, pois como afirma Oliveira & Serrazina (2002, p.

34) “O professor investigador tem de ser um professor reflexivo, mas trata-se

de uma condição necessária e não de uma condição suficiente, isto é, na

investigação a reflexão é necessária mas não basta. Na verdade, a reflexão

pode ter como principal objectivo fornecer ao professor informação correcta e

autêntica sobre a sua acção, as razões para a sua acção e as consequências

dessa acção; mas essa reflexão também pode apenas servir para justificar a

acção, procurando defender-se das críticas e justificar-se. Assim, a qualidade e

a natureza da reflexão são mais importantes do que a sua simples ocorrência”.

Primeiro analisamos o problema e a partir desse momento procuramos

por uma solução, aplicamos e voltamos a reanalisar as suas consequências,

sendo que se investigarmos sempre o porquê das nossas falhas ou vitórias,

vamos conseguir progredir enquanto docentes de Educação Física.

4.2.7. A observação de aulas

Observar para evoluir, era o meu pensamento no início e que nunca esteve

longe da verdade. De facto, podemos adquirir muitas informações através da

observação e no ensino penso que não deixa de ser exceção à regra.

Decerto, torna-se bem mais acessível observar aulas que não são as

nossas, onde nós não somos o foco principal, do que o inverso. Sentir-me

observada, foi estranho, o medo de falhar falava alto, mas saberia sempre que

não iria correr tudo perfeito e o facto de ser alvo de observação ajudou muitas

vezes a encontrar os motivos pelo qual algo não correu como o esperado. O

facto de para além dos meus olhos, poder ter mais seis, como ideias diferentes

e com perceções incomuns tornou-se uma mais valia para o desenvolvimento

das minhas aulas.

71

Após cada aula observada, ocorria uma reunião onde expúnhamos todas

as dúvidas e atribuíamos sugestões para diversas problemáticas vividas em

contexto de sala de aula.

O principal observador era sem dúvida o Professor Cooperante, presente

em todas as aulas e quem bem de perto conseguiu avaliar a progressão da

minha prática pedagógica. No final de todas as aulas, a troca de “dicas” e

conselhos era uma mais valia para o meu ato reflexivo.

Assim como a face de uma moeda, neste percurso, ora nos encontramos

na pele do observador, ora na pele do observado. Diferentes papéis, mas

ambos com características para tornar o ano de estágio mais enriquecedor.

Enquanto estabeleci o papel de observadora, retirei sempre pontos e

estratégias que poderia utilizar nas minhas aulas, como no ponto anterior,

estes momentos também eram utilizados em prol da reflexão.

“As interações entre a professora e os alunos foram tantas quanto

o necessário, pois a professora mostrou-se disponível para

responder qualquer dúvida colocada pelos seus alunos assim como

questioná-los obrigando-os a pensar nas suas ações. Considero

esta última como sendo uma caraterística muito importante, porque

existe necessidade dos alunos pensarem e refletirem sobre as

suas próprias ações e para tal um método eficaz é o

questionamento. A professora estabelece com os alunos uma

relação próxima, transmitindo confiança e atenção a quem observa

e desta forma promover um clima saudável de sala de aula.”

(Reflexão – Aula Observada nº3)

“…mostra ser bastante atento às ações tanto técnicas como táticas

dos seus alunos emitindo sempre que considera como ser

necessário feedbacks adequados com as caraterísticas de cada

um. Ao nível do encorajamento para a melhoria e progressão, o

professor sempre que é conveniente evoca e transmite ânimo aos

72

seus alunos incutindo-lhes a vontade de quererem chegar mais

longe.” (Reflexão – Aula Observada nº4)

De certo que esta experiência levou-nos a todos a um outro patamar,

obrigando-nos a refletir não só nas nossas ações como nas ações dos colegas

e a discutir diversas formas de ultrapassar as nossas principais dificuldades.

Alertou-nos a sermos mais cautelosos tanto no planeamento das nossas aulas

como na observação inclusive dos nossos próprios comportamentos.

4.2.8. Troca de turmas

Após um longo período completamente centrados na nossa única turma,

surge no segundo período o momento de um outro desafio: lecionar as duas

turmas dos meus colegas de estágio.

Não foi tarefa fácil, lecionarmos uma turma que não é a nossa, apesar

de saber as caraterísticas de cada uma, quais as maiores dificuldades de cada

um e antever estratégias para que as aulas resultassem. Mas o facto das

turmas já se encontrarem adaptadas ao seu professor, pode por vezes através

de uma troca não resultar e prejudicar a aprendizagem dos alunos.

Tendo em conta a minha experiência, essas situações não aconteceram,

pois apesar de serem turmas diferentes, consegui captar as suas atenções

para os objetivos das aulas. O maior desafio, durante esta semana “especial”,

prendeu-se sobre os feedback, pois sendo turmas diferentes, exigiram

atenções dissemelhantes.

Ambas as turmas, arrecadavam uma caraterística que as distinguia da

minha, o número de elementos era ligeiramente superior. Apesar desta ligeira

discrepância, existiram pormenores que exigiram diferentes cuidados da minha

parte, como por exemplo a minha rotação pelos grupos de trabalho teria de ser

mais rápida, para que pudesse passar por todos os alunos e a organização e

explicação dos exercícios deveria ser mais cuidada e objetiva.

Para que nos pudéssemos observar posteriormente, o professor

cooperante procedeu à gravação de uma das nossas aulas. Foi interessante

73

colocar-me na posição de observadora de mim própria, considerando esta

experiência muito positiva, permitindo-me retirar informações interessantes, e

muito valiosas para a minha evolução, sobre a minha postura em diferentes

momentos e a perceção completa que não conseguiria estar em todo lado ao

mesmo tempo a auxiliar todos os alunos.

Este desafio tornou-se uma mais valia para a minha formação enquanto

estagiária dando-me um parecer bastante interessante, pois quando

assumimos a profissão de Educação Física, recebemos a nosso cuidado uma

panóplia de turmas, todas com caraterísticas incomuns, carecendo de uma

gesticulação por parte do profissional bastante aprofundada, seja das matérias

que irá lecionar como o caráter pedagógico que precisará para que todas as

suas turmas obtinham progressos ao nível da aprendizagem.

4.2.8.1. Uma nova experiência – 9.º ano

No seguimento da experiência de troca de turmas, surgiu um novo

desafio que consistia em lecionar uma aula de hip hop a uma turma do 9.º ano.,

Encarei logo o mesmo com bastante entusiasmo, pois para além de me sentir

confortável com a área, encarar uma nova turma que desconhecia numa faixa

etária inferior aquela que até então tinha “enfrentado”, certamente seria um

teste interessante à minha capacidade de adaptação. As informações prévias

que me tinham sido fornecidas pela titular da turma centravam-se na sua

caraterização, por ser uma turma bastante heterogénea e por ser uma prática

recorrente a não participação prática nas aulas. Esta caraterização assustou-

me um pouco, pois o meu objetivo era que todos os alunos participassem

ativamente na aula, para tal tentei construir uma aula que pudesse agradar

todos os alunos, com passos simples mas com um objetivo final bem marcado,

uma “battle de sexos”1.

Transpondo as minhas ideias para o momento da aula, quando iniciei a

mesma alguns alunos recusavam-se a participar, mas durante o seu

desenvolvimento, os alunos começaram gradualmente a participar devido ao

objetivo final.

1 Battle de sexos = Competição coreográfica entre o sexo feminino e o sexo masculino

74

Com todos os alunos em movimento, foi agradável criar uma dinâmica

com todos, sendo que foram capazes de decorar toda a coreografia e

reproduzi-la, ainda que com ajuda no final da aula.

Senti uma enorme satisfação com o desfecho da mesma, pois senti que

todos os alunos tinham apreciado esta “aula diferente”, como alguns deles

assim a denominaram. Penso que este caso pode também merecer um foco de

atenção e de aprendizagem para mim, pois muitas vezes podemos considerar

que não existe hipótese de motivação para a prática desportiva, mas muitas

vezes pode ser porque não se procurou todas as formas e se conseguirmos

sair um pouco da “rotina” talvez seja uma das soluções plausíveis de serem

ponderadas.

75

4.3. ESTUDO DE INVESTIGAÇÃO-AÇÃO:

“SATISFAÇÃO COM A IMAGEM CORPORAL NO ÂMBITO

DA DANÇA. ESTUDO EFETUADO NO ENSINO

SECUNDÁRIO COM UMA TURMA DO 10.º ANO E UM

NÚCLEO DE ATIVIDADES DESPORTIVAS ESCOLARES"

77

4.3.1. Resumo

Este trabalho pretende estudar a influência da aplicação de uma Unidade

Didática/treinos de dança, na Satisfação da imagem corporal nas aulas

curriculares de Educação Física (EF) do 10.º ano e num núcleo de atividades

rítmicas e expressivas.

Para tal a amostra consistia em 2 grupos de 10 alunos cada. O grupo_A é

constituída por 10 alunos (n=10), dos quais 7 são do sexo feminino e 3 são do

sexo masculino, com uma média de idade de 16 anos. Desta amostra, todos os

indivíduos afirmam não ter contacto prévio com a dança. O grupo_B é

constituída por 10 alunos (n=10), sendo todas do sexo feminino, com uma

média de idade de 17 anos.

Para a avaliação da perceção da imagem corporal foi utilizado o “Body Image

Satisfation Questionnaire” (BIS), de Lutter et al. (cit. por Lutter et al., 1990)

sendo aplicado em dois momentos. Para observar com maior precisão, nos

dois momentos, ambos os grupos, sobre os seus hábitos de dançar, adaptei o

questionário desenvolvido por Correia (2008), focando as minhas atenções

especificamente para a Dança e a EF, intitulando-o “Questionário das opiniões

e atitudes acerca da Dança nas aulas de Educação Física”, para aprofundar o

estudo, adaptei também um guião de uma entrevista semiestruturada de

Correia (2008) para cada um dos grupos estudados.

Os resultados demonstraram que para a o grupo_A não ocorreram mudanças

significativas relativamente à Satisfação Total da imagem corporal, mas no

grupo_B observou-se o contrário, ocorrendo melhorias estatisticamente

significativas relativamente à Satisfação Total da imagem corporal. Observou-

se também que no grupo_A, a maioria dos alunos passou a gostar de dança e

a considerá-la importante das aulas de EF, no grupo_B, a maioria das alunas

passaram a dançar na escola e com amigos.

Pode-se concluir que a dança influencia positivamente a satisfação da imagem

corporal em adolescentes, mas para se obterem resultados visíveis, é

necessário uma duração de UD/treinos consideravelmente prolongada.

PALAVRAS-CHAVE: IMAGEM CORPORAL, DANÇA, EDUCAÇÃO FÍSICA,

SATISFAÇÃO, ALUNOS

78

4.3.2. Abstract

This paper intends to study the influence of the application of one teaching

module/dance practices, in the Body Image Satisfaction in the curricular lessons

of Physical Education (PE) on 10th grade and in a group of rhythmic and

expressive activities.

To this end the sample consisted in 2 groups of 10 students each. The group_A

is composed by 10 students (n=10), of those 7 are female and 3 are male, their

mean age is 16 years old. In this sample, all the individuals claim not having

previous contact with dance. The group_B is composed by 10 students (n=10),

being all females with a mean age of 17 years old.

For the evaluation of body image perception was employed the “Body Image

Satisfaction Questionnaire” (BIS), of Lutter et al. (cit. in Lutter et al., 1990) being

applied in two moments. To observe with greater precision, in the two moments,

both groups, about their dancing habits, I adapted the questionnaire developed

by Correia (2008), focusing my attentions specifically towards Dance and PE,

entitling it “Questionário das opiniões e atitudes acerca da Dança nas aulas de

Educação Física”, to go deepen in my study , I also adapted a script of an

interview semi structured of Correia (2008) for each study group.

The results demonstrate that for the group_A does not occurred significant

changes relatively to the overall body image satisfaction, but on group_B the

contrary was observed, occurring statistically significant improvements

regarding overall body image satisfaction. It was also observed that in the

group_A, most of the students began to like dance and considering it important

in the PE classes, in the group_B, most of the students began to dance at

school and with friends.

May conclude that dance positively influences the body image satisfaction in

teenagers, but to obtain visible results, it‟s necessary a more prolonged duration

of the teaching modules/dance practices.

KEY WORDS: BODY IMAGE, DANCE, PHYSICAL EDUCATION,

SATISFACTION, STUDENTS.

79

4.3.3. Introdução

“O movimento é a expressão particular de cada

ser humano. Dançando o indivíduo é capaz de revelar

suas íntimas características. Por meio dos movimentos

do corpo, podemos aprender a relacionar nosso ser

íntimo com o mundo exterior. Recebemos estímulos

externos que nos fazem reagir, projetando para fora

nossos impulsos internos”

Vargas (2007, p. 65)

A dança pode ser considerada uma forma de arte, no entanto em

contexto escolar, esta surge intimamente ligada ao desporto. Se esta obtiver

uma posição de destaque, na lecionação da Educação Física e no contexto do

Desporto Escolar, pode-se tornar num ponto de fusão entre o desporto, a

estética do corpo e a arte (Lacerda & Gonçalves, 2009).

O professor deve ser consciente relativamente à pluralidade não só

de personalidades, mas também de imagens corporais presentes em cada

turma. Resultante da diversidade do ser humano, cada um, neste caso os

alunos, percecionam o seu corpo de diferentes formas, atribuindo níveis de

satisfação para com este.

Conforme o pensamento de Fux (1983), é na fase da adolescência

que de uma forma imprescindível, o movimento e a dança se tornam parte de

uma necessidade motriz e espiritual, promovendo um conflito na hipótese de

uma ligação positiva entre o adolescente e o seu próprio corpo. A dança

permite que o corpo se expresse, podendo desta forma findar com esse conflito.

Vieira (2007), a dança adquire um lugar nuclear e obrigatório no

Programa Nacional de Educação Física no Ensino do 2.º e 3.ºciclo, mas um

lugar de conteúdo opcional, no Ensino Secundário. Desta forma, o conteúdo

dança encontra-se pouco explorado nas aulas de EF, pois segundo Moura

(2007) apenas um número reduzido de professores se sente confiante ao nível

do conhecimento específico para fazer da dança um conteúdo programático.

Esta perspetiva vai de encontro a um estudo de Pizzatto (2007) onde a maioria

dos professores de Educação Física do Ensino Fundamental, no Brasil, que

80

foram submetidos a uma entrevista, cerca de 90% (18), optavam por não

lecionar o conteúdo de Atividades Rítmicas e Expressivas (dança) oferecendo

múltiplas justificações, entre elas, a falta de conhecimento conjugado ao

preconceito por parte dos alunos, professores e comunidade. O mesmo autor

afirma que as justificações apresentadas pelos professores não podem e não

devem ser o motivo para a ausência do ensino da dança nas escolas.

Segundo as autoras Sousa et al. (2004), o aparecimento da dança

surge na era primitiva quando os primeiros movimentos eram procurados pelos

homens, através da natureza, que de forma embrionária já expressava

sentimentos e emoções. A dança sendo uma forma de arte multicultural

consegue atrair uma panóplia de pessoas advindas de diversas classes sociais

expressando-se ao longo dos anos de forma cativante, transmitindo emoções,

ambições, benefícios e sonhos oferecendo assim, a possibilidade a quem a

interpreta de se exprimir conforme as suas intenções, utilizando como

intermediário o movimento dos seus corpos.

Para Mendo (2007), o universo da dança em Portugal tem tido uma

crescente evolução da relação que ocorre entre a socialização e a sua prática.

Cada dança ou momento coreográfico contem vários tipos de conhecimento,

tradições, práticas, contos e estilos expressos por quem dá movimento ao seu

corpo para transmitir sensações a quem observa (Vargas, 2007).

A autora Vargas (2007), ao citar Robinson no ano de 1992,

transparece a sua ideia de que o ensino da dança, tanto para o professor como

para o aluno, torna-se numa interação exigente e ao mesmo tempo

entusiasmante levando a que as emoções transpareçam e a dança surja

através da condição humana.

Em contexto escolar, o ensino da dança através da Educação Física,

funde-se em três finalidades: desenvolver as capacidades motoras e

expressivas; adquirir através da prática as competências e conhecimentos

específicos; obter conhecimento sobre a organização e manutenção da forma

física (Pérez, 2008; Silva, 2007).

O ensino da dança escolar não deve focar-se na formação de

potenciais bailarinos profissionais, mas sim preocupar-se diretamente com a

81

vida das crianças e adolescentes, relacionando as áreas física, mental e

espiritual procurando com isso, que os alunos consigam explorar e conhecer os

seus próprios corpos (Vargas, 2007).

Existem múltiplas definições de imagem corporal na literatura,

tornando difícil apresentar uma que seja válida para todos os autores. Segundo

Cash (2004) o conceito imagem corporal engloba as auto percepções e

atitudes corporais, ou relacionados com o seu corpo, inclui também os

pensamentos, crenças, sentimentos e comportamentos sobre ele. Pode-se

incluir nesta definição a estimativa do tamanho corporal e a avaliação do grau

de atratividade e a forma corporal (Burgess et al., 2006) . Sendo que as nossas

auto percepções são um aspeto importante da nossa identidade (Daley &

Buchanan, 1999).

Para Fowler cit. por Vasconcelos (1998), a imagem corporal é uma

estrutura mental do próprio corpo, que se sustenta sobre o resultado das

percepções do foro consciente e inconsciente que o indivíduo, através das

suas atitudes e emoções, cria sobre o seu próprio corpo ao longe de todo o seu

desenvolvimento.

A imagem corporal estabelecida pelas crianças, jovens e adultos

forma-se e modifica-se através do tempo, amadurecimento e a

consciencialização dos seus corpos e de que forma se vão alterando. A dança

fornece novas experiências e sensações a quem a interpreta, levando-o a que

a sua tomada de consciência corporal possa sofrer modificações. Desta forma,

surge a importância da dança e a exploração do movimento e comportamento

motor, para uma reorganização da imagem corporal (Nanni, 2008).

A satisfação com a imagem corporal pode ser interpretada com uma

conotação de elevada importância, surgindo com uma função equilibradora

entre os fatores externos e internos que levam o indivíduo a concretizar uma

opinião sobre si próprio. É na fase da adolescência que as preocupações com

a estética e beleza corporal se tornam mais intensas e as experiências vividas

tomam uma proporção mais influenciadora sobre as imagens corporais e a

correspondente satisfação (Vasconcelos, 1998).

82

Nas jovens adolescentes, de acordo com Vasconcelos (1998), o

impacto com o ideal de beleza vigente na sociedade atual relaciona-se com a

magreza, fornecendo indícios de que ao passar por uma maior

consciencialização do seu corpo a sua satisfação com a imagem corporal vai

decrescendo. Davis & Furnham; Çok e Folk et al. (cit por Vasconcelos 1998, p.

405) indicam que à medida que a idade vai aumentando o gosto pelo próprio

corpo vai diminuindo aumentando assim a insatisfação ou por alguma parte do

corpo ou mesmo insatisfação da imagem corporal total.

Rodrigues (2000) estudou a importância da dança moderna no

processo de melhoria da autoimagem e autoestima em alunas da 8ª série do

ensino fundamental e 1ª série do ensino médio num colégio do Brasil. Os

resultados do estudo revelaram que os alunos através da prática da dança

moderna, melhoraram as capacidades motoras e os seus conceitos de

autoimagem e autoestima também sofreram alterações positivas. Também o

estudo de Kleinubing (2000) obteve resultados de melhoria da autoimagem

através da influência da lecionação de dança em crianças.

Também num estudo de Winck (2000), realizado em academias no

Brasil, onde se procurava estudar de que forma a prática de aulas de dança

contribui para a auto-estima. Os resultados obtidos revelaram que a

participação neste tipo de aula aumenta a perceção da auto-estima corporal.

Assim com base na literatura anteriormente apresentada, torna-se

pertinente estudar a relação da satisfação corporal com a dança investigando

de que forma a sua lecionação pode influenciar na melhoria da satisfação

corporal dos alunos do Ensino Secundário e desta forma contribuir para uma

maior relevância da dança enquanto conteúdo fundamental nas aulas de EF e

desporto escolar em Portugal.

A inclusão da matéria de Dança, segundo o Programa Nacional de

Educação Física surge sobre a forma de matéria alternativa no Ensino

Secundário, podendo ou não ser colocada em prática durante as aulas de EF.

Como a Dança é uma área que envolve não só a movimentação do corpo

como a possibilidade de contactos com outros corpos, parece-me ser

pertinente a pesquisa sobre uma interligação da perceção que cada aluno tem

83

sobre o seu próprio corpo e de que forma a Dança pode contribuir

beneficamente para a sua alteração. Desta forma, os objetivos gerais do

presente estudo consistem em verificar a:

Influência da aplicação de uma UD de dança, na Satisfação da

imagem corporal nas aulas curriculares de EF do 10.º ano ;

Influência da aplicação de aulas/treinos, na Satisfação da

imagem corporal, num núcleo de atividades rítmicas e

expressivas.

Nos objetivos específicos, procura-se efetuar uma recolha

informativa a todos os alunos implicados no estudo em duas fases distintas,

antes (primeiro momento) e após (segundo momento) à aplicação da UD/aulas

abordadas anteriormente e que serão aprofundadas posteriormente. Em

concordância com os objetivos gerais, defini os seguintes objetivos específicos:

1: Apurar se ocorrem alterações dos valores de satisfação com a

Imagem Corporal, do primeiro para o segundo momento, na turma do 10.ºD;

2: Apurar se ocorrem alterações dos valores de satisfação com a

Imagem Corporal, do primeiro para o segundo momento, no núcleo de

Atividades Rítmicas e Expressivas;

3: Investigar as opiniões e atitudes dos alunos da turma do 10.ºD

acerca da Dança na Escola, nos dois momentos de aplicação do inquérito;

4: Investigar as opiniões e atitudes dos alunos do núcleo de

Atividades Rítmicas e Expressivas, nos dois momentos de aplicação do

inquérito;

4.3.4. Material e métodos/ metodologia

Caraterização da Amostra

Consideramos neste estudo conter dois grupos: no primeiro

encontram-se 10 indivíduos que revelam não ter experiência com dança

(grupo_A), no segundo amostra encontram-se outros 10 indivíduos que

revelam já ter tido contacto com aulas de dança (grupo_B).

84

Em ambas os grupos, todos os alunos pertencem à ESL, sendo que

no grupo_A todos os alunos encontram-se na mesma turma e no grupo_B, os

alunos encontram-se em anos escolares diferentes, desde o 9.º ano ao 12.º.

No grupo_A, todos os alunos estiveram presentes em todas as aulas

de EF correspondentes à temporada de aplicação da UD de Dança, que contou

com a duração de 7 semanas, correspondente a um total de 14 aulas de EF de

45 minutos). É de salientar que em 10 alunos, apenas 3 eram do sexo

masculino, sendo uma das razões para que as diferenças entre sexos não

sejam estudadas. Atendendo às idades, a média desta amostra é de

16,00±0,816.

No grupo_B, também todos os alunos estiveram presentes em todas

as aulas/treinos de EF correspondentes à temporada de aplicação de

aulas/treinos livres de Dança, que contou com a duração de 9 meses com

sessões de aulas de 3 vezes por semana, sendo que cada uma delas contou

com 1 hora de duração. É de salientar que todos os indivíduos pertencentes

são do sexo feminino. Atendendo às idades, a média desta amostra é de

17,10±1,287.

Instrumentos de Recolha de dados

1) Questionário de satisfação com a Imagem Corporal

Para que fosse possível recorrer a uma avaliação da Satisfação com

a Imagem Corporal, ambos os grupos efetuaram o preenchimento do

questionário Body Image Satisfaction Questionnaire (BIS) que foi desenvolvido

por Lutter et al. (1986, cit.Lutter et al., 1990). (ver anexo 1)

Segundo Correia (2008) o questionário encontra-se constituído por

22 itens originais que correspondem ou a partes do corpo ou a factores

relacionados. Optei por incluir o item 14, nádegas, assim como Abrantes (1998)

e por Correia (2008) por considerar ser uma parte de elevado valor apreciativo

por parte dos jovens, fazendo com que sejam considerados 23 itens de

avaliação.

Os índices de satisfação corporal serão mais elevados, quanto maior

for o valor final obtido.

85

O questionário é respondido pelos alunos através de uma escala de

Lickert, que consiste numa variação entre 1 a 5 pontos, sendo que: 1 ponto –

não gosto nada e desejaria ser diferente; 2 pontos - não gosto mas tolero; 3

pontos – é indiferente; 4 pontos – estou satisfeito (a); 5 ponto - considero-me

favorecido (a).

Abrantes (1998) traduziu e adaptou o BIS para a população

portuguesa. Este instrumento já foi validado por Luther et al. (cit. por Lutter et

al., 1990) em diversas populações e utilizado na população Portuguesa por

Batista (1995), Araújo (2001) e Festas (2002), afirmando que o instrumento

adquire um bom nível de fiabilidade.

2) Questionário de opiniões e atitudes acerca da Dança nas aulas de

Educação Física

Para que fosse possível observar com maior precisão as alterações

ocorridas do primeiro para o segundo momento, dos alunos da grupo_A e da

grupo_B, especificamente sobre os seus hábitos de dançar, adaptei o

questionário elaborado por Correia (2008) e recreei-o com apenas 6 questões,

focando as minhas atenções especificamente para as questões diretamente

relacionadas com a Dança e a EF(ver anexo 2).

Para que o estudo conseguisse ter uma maior consistência e

profundidade, também à semelhança de Correia (2008) adaptei um guião de

uma entrevista semiestruturada para cada um dos grupos. Esta entrevista foi

realizada por meio de um gravador e transcritos posteriormente para o

computador (ver anexo 3).

As entrevistas foram realizadas no último dia de aulas a ambos os

grupos e de forma aleatória foram selecionados 3 indivíduos de cada grupo

para que pudessem responder de forma séria e individual na sala dos

professores da ESL. As entrevistas foram gravadas com autorização dos

indivíduos, não excedendo os 15 minutos de entrevista.

Procedimentos Estatísticos

86

Para que após os dados recolhidos, fosse possível proceder ao seu

tratamento estatístico, construí uma base de dados no programa estatístico

IBM SPSS Statistics, versão 20.0 e o Microsoft Excel versão 10, que me

ajudou a fazer uma análise descritiva e análise inferencial dos dados.

Foi utilizada a estatística descritiva:

Média: é o quociente entre a soma de todos os valores observados e o

número total de observações.;

Desvio-padrão: é a raiz quadrada da variância, sendo esta o desvio em

torno da média de um conjunto de dados;

Representação das frequências absolutas (representa o número de

ocorrências de um valor ou categoria na amostra) e frequências relativas

(é o quociente entre a frequência absoluta do valor da variável e o

número total de observações). As frequências relativas foram expressas

em percentagem.

Para a estatística inferencial baseamo-nos num teste não

paramétrico para dados emparelhados (utiliza-se o mesmo grupo de indivíduos

para comparar o efeito de uma propriedade em estudo, antes e após o

“tratamento”) e um teste paramétrico para dados emparelhados:

Teste de Wilcoxon, adequado para comparação de 2 grupos

emparelhados de variáveis qualitativas ordinais. Este teste usa a

informação da magnitude da diferença entre dois nºs de um par, que se

designa por rank. Depois há uma separação entre o nº de ranks

positivos e negativos, indicando-nos qual a tendência da amostra.

A hipótese nula (Ho) afirma que a mediana de respostas para a

variável em estudo é igual entre os dois membros de um par. A hipótese

alternativa (H1) afirma que a mediana de respostas para a variável em estudo

é diferente entre os dois membros de um par. Se o valor de prova p(bilateral)

for inferior a 0,05, então rejeita-se a hipótese nula da igualdade. Neste caso, se

considerarmos o valor de prova p(unilateral) e caso haja também rejeição de

Ho, fica provada a tendência verificada na amostra.

Definiram-se duas novas variáveis: Satisfação Total no primeiro e

segundo momentos através da soma de todas a variáveis que constituem o

87

teste BIS. De seguida para comparar a média da diferença da Satisfação Total

nos dois momentos, apliquei o teste t para duas amostras emparelhadas, cujas

hipóteses a testar são:

Ho: A diferença de médias na ST é igual nos dois momentos;

H1: A diferença de médias na ST é diferente nos dois momentos.

A decisão de rejeição de Ho é feita se o valor de prova p (bilateral)

for inferior a 0,05 e a tendência da amostra ficará provada se o valor de prova

p(unilateral) for inferior a 0,05.

Recorri também ao teste de Shapiro wilk (adequado para n<30) para

averiguar a normalidade dos dados nas duas novas variáveis. No grupo_A, a

decisão do teste é de rejeição da normalidade, pois o valor de prova para ST1

é p=0,29>0,05 e para ST2 o p=0,022<0,05. Mas no grupo_B a decisão do teste

é de não rejeição da normalidade, pois o valor de prova para ST1 é

p=0,24>0,05 e para ST2 o p=0,86>0,05.

4.3.5. Apresentação dos resultados

Durante este tópico realizaremos a apresentação, análise e

discussão dos resultados obtidos pelo estudo, relativamente ao nível da

Satisfação com a Imagem Corporal, das opiniões e atitudes acerca da Dança e

dos comentários acerca da Dança como modalidade abordada nas aulas de EF.

Satisfação com a Imagem Corporal

Atendendo à satisfação relativamente à Imagem Corporal, numa

primeira parte serão apresentados e analisados os resultados e apenas por

último serão debatidos todos os resultados.

1) Dois momentos de observação relativamente à Satisfação da

Imagem Corporal do grupo_A (Turma 10.ºD).

No Quadro 1, é possível observar os valores de Satisfação com a Imagem

Corporal, relativamente à comparação do primeiro momento (1.ºmom.) com o

segundo momento (2.ºmom.).

88

Quadro 1: Turma 10.ºD. Satisfação com a Imagem Corporal. Primeiro momento e segundo momento. Média, desvio padrão, valores de mean rank, de z e p.

1.º mom 2.º mom Mean Rank Z P

1. Cabelo 3,70±1,42 4,10±0,57 (2,00*;2,67**) -1,134 0,257

2. Dentes 3,40±1,78 3,40±1,08 (2,00*;4,00**) -0,378 0,705

3. Olhos 4,10±0,88 4,10±0,57 (3,50*;3,50**) 0,000 1,000

4. Orelhas 3,30±0,68 3,70±0,82 (0,00*;2,50**) -2,000 0,046

5. Nariz 3,50±0,71 3,50±0,71 (1,50*;1,50**) 0,000 1,000

6. Pele 3,40±0,97 3,70±0,68 (3,00*;3,00**) -1,342 0,180

7. Aspecto geral da face 3,50±0,97 3,60±0,84 (2,00*;3,00**) -0,378 0,705

8. Braços 3,50±0,97 3,40±0,70 (2,00*;2,00**) -0,577 0,564

9. Peitorais/seios 3,40±0,70 3,50±0,71 (0,00*;1,00**) -1,000 0,317

10. Ombros 4,00±0,67 3,70±0,48 (3,00*;3,00**) -1,342 0,180

11. Barriga 3,00±1,25 3,20±1,14 (0,00*;1,50**) -1,414 0,157

12. Ancas 3,30±1,06 3,30±0,95 (2,50*;2,50**) 0,000 1,000

13. Cintura 3,30±0,95 3,50±0,85 (2,50*;2,50**) -1,000 0,317

14. Nádegas 3,20±0,79 3,30±0,82 (2,00*;2,00**) -0,577 0,564

15. Coxas 3,40±1,70 3,40±0,85 (1,50*;1,50**) 0,000 1,000

16. Pernas 3,60±0,84 3,60±0,84 (2,50*;3,75**) 0,000 1,000

17. Forma do corpo 3,20±1,03 3,20±1,14 (2,50*;2,50**) 0,000 1,000

18. Atitude/porte 3,30±0,68 3,40±0,70 (3,00*;3,00**) -0,447 0,655

19. Peso 3,10±1,37 3,20±1,14 (2,00*;2,00**) -0,577 0,564

20. Altura 3,20±1,23 3,60±0,70 (2,50*;4,00**) -1,190 0,234

21. Condição Física 2,70±1,25 3,00±1,16 (0,00*;1,50**) -1,342 0,180

22. Energia 3,40±1,08 3,60±1,08 (2,75*;3,17**) -0,552 0,581

23. Em geral, qual é o grau de satisfação com a tua aparência?

3,80±0,42 3,60±0,97 (2,25*;1,50**) -0,816 0,414

*valor negativo; **valor positivo

Ao analisar-se atentamente cada um dos itens em avaliação, pelo

Quadro 1, verifica-se que existem diferenças estatisticamente significativas em

apenas um item referente às Orelhas (Z=-2, p= 0,046 <0,05). Esta diferença

significativa indica que ocorreu um aumento de satisfação por parte dos alunos,

relativamente ao item em questão.

Em relação à satisfação total, conclui-se que em média a satisfação

total no 2.º momento não adquire uma diferença significante quando

89

comparado com o 1.º momento (t=-1,033, 9gl2., p=0,329/2>0,05, ver anexo 4 -

Quadro 1a).

2) Dois momentos de observação relativamente à Satisfação da

Imagem Corporal do grupo_B (Núcleo de Atividades Rítmicas e

Expressivas

No Quadro 2, é possível observar os valores de Satisfação com a

Imagem Corporal, relativamente à comparação do primeiro momento com o

segundo momento.

Quadro 2: Núcleo de Atividades Rítmicas e Expressivas. Satisfação com a Imagem Corporal. Primeiro momento e segundo momento. Média, desvio-padrão, valores de mean rank, de z e de p.

1.º mom 2.º mom Mean Rank Z P

1. Cabelo 3,50±1,18 4,00±1,05 (2,50*;4,00**) -1,186 0,236

2. Dentes 2,50±1,18 3,30±1,16 (0,00*;3,00**) -2,060 0,039

3. Olhos 4,10±0,99 4,30±0,48 (1,50*;2,25**) -0,816 0,414

4. Orelhas 3,50±0,97 4,00±0,94 (2,50*;4,00**) -1,186 0,236

5. Nariz 2,80±1,32 3,60±0,84 (2,50*;5,70**) -1,496 0,135

6. Pele 3,90±1,28 4,10±0,99 (2,50*;3,75**) 0,000 1,000

7. Aspecto geral da face 3,20±0,92 3,50±1,27 (3,00*;3,75**) -1,000 0,317

8. Braços 3,20±0,92 3,50±1,08 (4,67*;4,40**) -0,586 0,558

9. Peitorais/seios 3,20±1,32 3,20±1,14 (2,00*;4,00**) -0,368 0,713

10. Ombros 3,20±1,40 3,90±0,99 (3,00*;4,40**) -1,406 0,160

11. Barriga 3,30±0,82 3,60±1,07 (2,50*;4,50**) -0,647 0,518

12. Ancas 3,20±1,23 4,10±0,74 (3,00*;4,17**) -1,930 0,054

13. Cintura 3,20±1,14 4,00±0,82 (2,50*;3,70**) -1,725 0,084

14. Nádegas 3,00±1,63 3,70±0,82 (2,50*;4,00**) -1,186 0,236

15. Coxas 3,30±1,25 3,70±0,82 (2,50*;3,33**) -0,707 0,480

16. Pernas 2,90±1,29 3,70±1,16 (2,50*;3,70**) -1,725 0,084

17. Forma do corpo 3,30±1,06 4,00±0,67 (1,50*;3,38**) -1,633 0,102

18. Atitude/porte 3,00±1,16 3,80±0,92 (2,50*;4,60**) -1,552 0,121

19. Peso 2,70±1,06 3,70±0,95 (2,00*;3,80**) -1,802 0,072

20. Altura 2,70±1,16 3,90±0,88 (2,00*;4,33**) -2,047 0,041

21. Condição Física 2,80±1,03 3,50±0,71 (1,50*;3,38**) -1,633 0,102

2 gl= Graus de liberdade

90

22. Energia 3,70±1,06 4,20±0,79 (3,50*;2,88**) -1,089 0,276

23. Em geral, qual é o grau de satisfação com a tua aparência?

3,50±1,27 3,90±0,99 (0,00*;3,00**) -2,121 0,034

*valor negativo; **valor positivo

Através a análise do Quadro 2., é possível observar que dos itens em

avaliação, verificam-se diferenças estatisticamente significativas em apenas

três itens: Dentes (z=-2,06, p= 0,039<0,05); Altura (z=-2,05, p= 0,041); Grau de

satisfação geral com a aparência (z=-2,12, p= 0,034).

Torna-se possível ainda de verificar que nos itens relativos aos dentes,

altura e grau de satisfação geral com a aparência, ocorre um aumento do

primeiro para o segundo momento.

Em relação à satisfação total, conclui-se que em média a satisfação

total no 2º momento aumenta significativamente quando comparado com o 1º

momento (t=-1,95, 9gl, p=0,083/2=0,0415<0,05, ver anexo 4 - Quadro 2b).

Opiniões e Atitudes acerca da Dança

O questionário de Opiniões e Atitudes da Dança nas aulas de EF,

surge neste estudo com o objetivo complementar ao inquérito BIS e às

entrevistas, por esse motivo serão analisados os resultados de cada questão e

posteriormente será feita a sua discussão.

Gostam ou não gostam de dançar, no primeiro e no segundo momento

No Quadro 3 (ver anexo 5) será possível observar a frequência e a

percentagem de alunos que gostam ou não de dançar, no primeiro e segundo

momento de observação.

Através da análise executada ao Quadro 3 é possível verificar que no

primeiro momento, metade da turma afirma gostar de dançar e outra metade

não (50,0%,5 vs 50,0%,5). Por outro lado, no segundo momento apenas dois

alunos afirmaram não gostar de dançar (80,0%,8 vs. 20,0%,2).

91

No Quadro 4 (ver anexo 5) será possível observar a frequência e a

percentagem de alunos do núcleo de Atividades Rítmicas e Expressivas que

gostam ou não de dançar, no primeiro e segundo momento de avaliação.

Através da análise executada ao Quadro 4 é possível verificar que

todos os elementos do núcleo de atividades rítmicas e expressivas afirmam

gostar de dançar em ambos os momentos, sendo que não existe nenhum

elemento que se encontre no núcleo que não goste de dançar (100,0%,10 vs

00,0%,0).

Motivos para não gostarem de dançar, no primeiro e no segundo

momento

No Quadro 5 (ver anexo 5) será possível observar a frequência e a

percentagem dos motivos para os alunos da turma 10.ºD não gostarem de

dançar, no primeiro e segundo momento de avaliação.

Através da análise executada ao Quadro 5 é possível verificar no

primeiro momento que dos 5 alunos que afirmaram não gostar de dançar, parte

(80,0%, 4) fundamentam como principal motivo o facto de não saberem dançar

e apenas 1 aluno (20%) fundamenta que a timidez é a sua principal barreira.

No segundo momento, dos dois alunos (100%) que indicam não gostar de

dançar, persistem em fundamentar a sua opinião pelo facto de não saberem

dançar.

Atendendo ao que foi observado no Quadro 4, o núcleo de atividades

rítmicas e expressivas, afirmou na sua plenitude (100%, 10) gostar de dançar,

por esse motivo a criação de tabela deixa de ser um elemento necessário para

este estudo, pois nenhum elemento do grupo afirmou não gostar de dançar.

Primeiro e segundo momentos sobre os hábitos de dançar

No Quadro 6 (ver anexo 5), é possível observar a frequência e a

percentagem de alunos que têm ou não o hábito de dançar no quotidiano, no

primeiro e no segundo momento de avaliação.

Através da análise do Quadro 6, é possível verificar, no primeiro

momento, que de uma forma geral o número dos alunos da turma do 10.ºD

que não adquiriam o hábito de dançar (60,0%,6) é superior ao número de

92

alunos que afirmam ter esse hábito (40,0%,4). Em contrapartida, no segundo

momento, o número de alunos que afirmam não ter o hábito de dançar tornou-

se bastante inferior (20,0 %,2) ao número de alunos que afirmam conter o

hábito de dançar (80,0%,8).

No Quadro 7 (ver anexo 5), é possível observar a frequência e a

percentagem de alunos do núcleo de Atividades Rítmicas e Expressivas que

têm ou não o hábito de dançar no quotidiano, no primeiro e no segundo

momento de avaliação.

Através da análise do Quadro 7, é possível verificar que tanto no

primeiro como no segundo momento, a globalidade das alunas pertencentes ao

núcleo de Atividade Rítmica e Expressiva afirmam adquirir o hábito de dançar

no seu quotidiano (100%,10), sendo que nenhuma aluna afirmou não conter

esse hábito.

Local escolhido pelos alunos que têm o hábito de dançar, no primeiro e

segundo momento

No Quadro 8 (ver anexo 5) é possível observar a frequência e

percentagem do local onde os alunos da turma do 10.ºD que têm o hábito de

dançar, dançam, no primeiro e no segundo momento.

Através da análise do Quadro 8 é possível verificar, que no primeiro

momento, o local escolhido para dançar pela maioria dos alunos (50%,2) é em

discotecas, bares e festas, sendo que os locais casa (25%,1) e grupo de dança

(25%,1) são os segundos mais escolhidos. No segundo momento de avaliação,

verifica-se que a maioria dos alunos (62,5%,5) afirmam ser a casa o local mais

escolhido para dançar, seguindo-se a discoteca/bares/festas com (25%,2) e a

Escola com (12,5%,1). O grupo de dança passa a deixar de fazer parte dos

locais onde os alunos costumam dançar.

No Quadro 9 (ver anexo 5) é possível observar a frequência e

percentagem do local onde as alunas do núcleo de Atividades Rítmicas e

Expressivas que têm o hábito de dançar, o fazem, no primeiro e no segundo

momento.

Através da análise do Quadro 9 é possível verificar , que no primeiro

momento, o local escolhido para dançar pela maioria das alunas do grupo_B

93

(90%,9) é em casa, seguindo-se as discotecas/bares/festas com (10%,1). No

segundo momento, o local mais escolhido para dançar é o grupo de dança

(70%,7), seguindo-se a casa com (20%,2) e a escola com (70%,7). Destaca-se

o local discotecas/bares/festas que passaram a deixar de ser os locais

habituais para as alunas dançarem.

Primeiro e segundo momento de avaliação apurando saber com

quem costuma dançar os alunos que responderam à questão anterior que

têm o hábito de dançar

No Quadro 10 (ver anexo 5) é possível observar a frequência e

percentagem das respostas dos alunos da turma do 10.ºD à questão

„Costumas dançar? Se sim, com quem?

Através da análise do Quadro 10 é possível verificar, que no primeiro

momento, dos alunos que afirmaram que dançar pertencia aos seus hábitos

comuns, a maioria diz que o faz com os amigos (75%,3) e a minoria afirma que

o faz sozinho (25%,1). Em contrapartida, os alunos que afirmam ter o hábito

comum de dançar no segundo momento, na sua totalidade indicam que o

fazem com os amigos (100%,8). Destaca-se assim, que no segundo momento

nenhum dos alunos afirma dançar sozinho.

No Quadro 11 (ver anexo 5) é possível observar a frequência e

percentagem das respostas das alunas do núcleo de atividades rítmicas e

expressivas à questão „Costumas dançar? Se sim, com quem?‟

Através da análise do Quadro 11 é possível verificar , que no primeiro

momento, das alunas que afirmaram que dançar pertencia aos seus hábitos

comuns, a maioria diz que o faz com sozinha (90%, 9) e apenas uma afirma

que o faz com os amigos. Em contrapartida, as alunas que afirmam ter o hábito

comum de dançar no segundo momento, na sua maioria indicam que o fazem

com os amigos (80%, 8) e apenas uma aluna (10%) afirma que o faz sozinha e

outra (10%) afirma que o faz com os professores. Destaca-se assim, que no

segundo momento apenas uma aluna (10%) afirma dançar sozinha.

94

A importância atribuída à dança enquanto matéria integrante nas

aulas de EF

No Quadro 12 (ver anexo 5) é possível observar a frequência e

percentagem das respostas dos alunos da turma do 10.ºD à questão

„Consideras importante que a dança seja abordada nas aulas de EF?‟, no

primeiro e no segundo momento.

Através da análise do Quadro 12 é possível verificar que no primeiro

momento, a maioria dos alunos (60%, 6) afirmou não considerar importante a

abordagem da matéria de dança nas aulas de EF e a minoria dos mesmos

(40%, 4) afirmou o contrário. Em contrapartida, no segundo momento, a

maioria dos alunos (90%, 9) afirmaram de forma positiva à presença da matéria

de dança nas aulas de EF e apenas um inquirido (10%) afirmou que esta não

deveria fazer parte das aulas de EF. Destaca-se que a mudança de opiniões

dos alunos que no primeiro momento responderam de forma negativa,

alteraram quase na sua totalidade, no segundo momento.

No Quadro 13 (ver anexo 5) é possível observar a frequência e

percentagem das respostas das alunas do núcleo de atividades rítmicas e

expressivas à questão „Consideras importante que a dança seja abordada nas

aulas de EF?‟, no primeiro e no segundo momento.

Através da análise do Quadro 13 é possível verificar, que tanto no

primeiro momento como no segundo, a maioria absoluta das alunas (100%,10)

pertencentes ao núcleo de atividades rítmicas e expressivas afirma de forma

positiva que a matéria de dança é importante ser abordada nas aulas de EF.

4.3.6. Discussão

Os dados obtidos através dos resultados do questionário BIS,

indicam-nos que na turma do 10.ºD, não ocorreu uma melhoria

estatisticamente significativa do 1ºmomento de aplicação do questionário para

o 2.ºmomento no que concerne à Satisfação Total. A informação adquirida é

que não se verificou uma evolução ao nível da Satisfação total da imagem

corporal dos alunos com a aplicação da UD de dança durante sete semanas.

Este resultado pode ser explicado através do fator de duração da aplicação da

95

UD, pois foi demasiado curta impedindo que o trabalho sobre a exploração

corporal fosse mais alargado. Em concordância com esta justificação, Lewis &

Scannell (1995), no seu estudo que tinha como objetivo de estudar a relação

entre a imagem corporal e a dança criativa numa amostra com jovens e adultos

do sexo feminino, os autores afirmaram que para ocorrer alteração na perceção

corporal é necessário que o tempo de contato com as aulas de dança seja

significativo, dando tempo para que a exploração corporal seja mais profunda

ao nível cognitivo e sensorial.

Apesar destes resultados evidenciados na turma do 10.ºD, é possível

destacar através das entrevistas realizadas no final da UD (ver anexo 6) que

ocorreram mudanças ao nível da satisfação da imagem corporal, na pergunta:

“O que pensas quando vês o teu reflexo?” um dos entrevistados respondeu “Eu

vejo uma pessoa introvertida, de baixa estatura, mas eu sou orgulhoso disso,

não gostava de ser muito alto. Foi graças às aulas de dança que isto melhorou

muito.” (entrevistado 1). E à pergunta: Qual o contributo que as aulas de dança

para a forma como vês a tua vida?” a resposta foi a seguinte: “Deu mais

autoconfiança, pelo menos a mim. Deu-me mais confiança, no inicio nos

pensávamos que não tínhamos jeito para a dança, por causa do corpo ou

qualquer coisa assim, acho que as aulas de dança melhoraram a forma como

nos vemos ao espelho, melhorou a imagem.” (entrevistado 1) Sobre estas

respostas é possível especular que caso a extensão das aulas lecionadas

fosse mais alargada, poderia ocorrer uma melhoria geral relativamente à

satisfação corporal total, do 1º momento para o 2º momento de aplicação do

questionário.

Relativamente aos resultados obtidos no Questionário de Opiniões e

Atitudes acerca da dança nas aulas de Educação Física, os aspetos que mais

ressaltaram centraram-se na percentagem de alunos que alteraram de forma

positiva a sua opinião relativamente ao gosto pela dança e a importância da

mesma nas aulas de EF. É possível que este aumento positivo possa ser

justificado através dos próprios depoimentos dos alunos (ver anexo 7) onde na

sua maioria afirma que as aulas de dança contribuíram para que a relação

entre a turma melhorasse, dando como exemplos o contacto e os movimentos

96

corporais que teriam de realizar à frente dos colegas, assim como as próprias

expetativas que tinham no início das aulas, afirmando que não gostavam e que

achavam que as suas opiniões se iriam manter até ao fim, o que acabou por

não se verificar, “aprendi a ver a vida com mais ritmo e que posso comunicar

com os outros não só as palavras que facilitam…” (entrevistado 3). Estes

resultados vão de encontro ao estudo realizado por de Castro et al. (2012)

onde estes procuraram estudar a opinião de alunos relativamente ao papel da

socialização da dança na escola e obtiveram como resultados a concordância

de que a prática de dança nas escolas é um meio conveniente para o

desenvolvimento motor, cognitivo e afetivo-social. Também Kleinubing (2000)

conseguiu apurar resultados semelhantes no seu estudo sobre a importância

da dança criativa no processo de melhoria da autoimagem e autoestima em

alunos numa escola do Brasil.

Relativamente ao núcleo de Atividades Rítmicas e Expressivas, os

resultados evidenciados através do questionário BIS revelam que do primeiro

para o segundo momento, ocorreu uma melhoria estatisticamente significativa

relativamente à média de satisfação com a imagem corporal total. Este

resultado pode ser justificado também através do estudo de Lewis & Scannell

(1995), referenciado anteriormente, onde o fator tempo pode ser uma das

causas para esta melhoria, pois a duração das aulas/treinos de dança com esta

amostra foi de apenas nove meses. Tempo que foi valioso para que ocorresse

tanto um aprofundamento sobre a relação com o próprio corpo como o contacto

estabelecido com as colegas do núcleo. É possível complementar estes

resultados utilizando as entrevistas efectuadas no último dia de aulas (ver anexo

7), onde respostas como “Senti que evolui muito, não só na dança, mas sempre

que tinha problemas, conseguia descarrega-los nas aulas de dança e desta

forma ajudavam-me” (entrevistado 1_B), “Tudo, para mim a dança é tudo. Estas

aulas ajudaram a manter-me firme nas minhas aulas de escola, quando estava

mal disposta ou num dia mau, eram estas aulas que me salvavam.” (entrevistado

2_B) e “Acho que evolui, ao nível da forma como dançava, e também a minha

personalidade mudou, ganhei mais confiança.” (entrevistado 3_B). Estes excertos

encontram-se de acordo com os resultados observados e dando enfâse à

97

importância que as aulas de dança tiveram para este núcleo, e também para

estes alunos.

Relativamente aos resultados obtidos no Questionário de Opiniões e

Atitudes acerca da dança nas aulas de Educação Física, as respostas que

mais destaque obtiveram do primeiro para o segundo momento relacionaram-

se com o local onde costumavam dançar e com quem, observou-se que a

maioria das alunas passou a dançar na escola e com amigos, este resultado

pode ser justificado pela componente de socialização que está sempre patente

nas aulas/treinos de dança, através das quais os alunos formam laços de

amizade entre si (Alpert, 2011; de Castro et al., 2012) . Também os pais dos

alunos denotam os benefícios das aulas de dança na vida dos seus filhos num

estudo de Ferreira et al. (2011) onde procurou o contributo da dança na

promoção da saúde em adolescentes, conduzindo entrevistas aos pais dos

alunos. Estes referenciam que um dos aspetos que mais observavam era uma

maior socialização dos seus filhos com os seus colegas e um aumento de

motivação para irem para a escola.

No computo geral, obtém-se um valor positivo quando relacionamos a

dança com a EF, é uma matéria com benefícios tanto para o crescimento de

quem pratica, trabalhando no conhecimento do seu próprio corpo, mas também

no fator de socialização que lhe pode ser empregue. Recordo também que se o

contacto com a dança for mínimo, os efeitos positivos podem não ser visíveis,

mas quando devidamente trabalhados marcam uma componente valiosa para o

ensino.

4.3.7. Conclusão

Dentro dos objetivos específicos definidos para este estudo e tendo

em consideração os resultados apresentados, é possível concluir que:

- não ocorreram alterações estatisticamente significativas

relativamente aos valores de satisfação com a Imagem Corporal, do primeiro

para o segundo momento, na turma do 10.ºD. No entanto, no núcleo de

atividades rítmicas e expressivas, já se verificaram alterações estatisticamente

significas de forma positiva do primeiro para o segundo momento. Desta forma,

98

é possível conjeturar que a dança, de facto, influência positivamente a

satisfação com a imagem corporal. Apesar disso, para que estas alterações se

tornem visíveis, ocorre a necessidade de prolongar consideravelmente a

duração das UD/treinos.

Relativamente às opiniões e atitudes dos alunos da turma do 10.ºD

acerca da Dança na Escola, nos dois momentos de aplicação do inquérito,

torna-se possível ressaltar que a maioria dos alunos passou a gostar de dança

e a considerá-la importante enquanto conteúdo nas aulas de EF. Nas opiniões

e atitudes das alunas do núcleo de Atividades Rítmicas e Expressivas, nos dois

momentos de aplicação do inquérito, é possível frisar que as alunas passaram

a dançar na escola e com os amigos, dando a informação que as aulas de

dança contribuíram para a melhoria da socialização das mesmas.

No decorrer da lecionação das aulas de dança, durante o ano letivo

e perante os resultados deste estudo e opiniões dos alunos, não posso deixar

de referir que vejo a dança como peça fundamental para um correto

desenvolvimento da identidade dos jovens, em especial da satisfação com o

seu corpo. Assim sendo, tomo como minha sugestão que no futuro seja

possível aplicar de forma prática um projeto semelhante a este, onde os alunos,

referenciados com problemas ao nível da satisfação corporal ou de livre e

espontânea vontade, participem em aulas onde possam explorar os

movimentos do seu corpo através da dança, procurando desta forma

experienciar novas sensações com os seus corpos contribuindo assim para a

melhoria da satisfação corporal.

4.3.8. Referências bibliográficas

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103

4.4. QUANDO A INTERVENÇÃO DO PROFESSOR PASSA PARA FORA DA

SALA DE AULA

Segundo as Normas Orientadoras do EP da FADEUP (Matos, 2012a, p.

6) podemos perceber que estas áreas envolvem todas as atividades de caráter

não letivo realizadas pelo estudante estagiário em prol da sua integração na

comunidade escolar e que paralelamente possam contribuir para um

conhecimento sobre as relações educativas e a exploração da ligação

realizada entre a escola e o seu meio.

No contexto do Estágio, esta área serve para uma maior promoção do

sucesso educativo, reforçando o papel do professor de Educação Física tanto

na escola e comunidade local como na disciplina de Educação Física.

Ao longo dos próximos temas irei aprofundar a minha experiência

enquanto aprendiz de todas as componentes envolventes em torno de um

Professor da Educação Física.

4.4.1. Direção de Turma

“…ao Diretor de Turma compete favorecer a

articulação entre os professores, alunos, pais e

encarregados de educação, buscando promover o

trabalho cooperativo, especificamente entre

professores e alunos no sentido de adequar

estratégias e 2 métodos de trabalho, com caráter

curricular e avaliativo, além de compreender as

especificidades de cada aluno.”

(Leite, s/d, p.1-2)

Segundo nos indica (Roldão, 1995) o diretor de turma abarca com a

dupla função de coordenação de um grupo de docentes e de gestor do

conselho de turma que preside.

Enquanto futura professora de Educação Física e presente estudante

estagiária gostaria de perceber em que contexto se inserem os docentes,

104

sabendo previamente que a função de professor não se limita unicamente à

lecionação em sala de aula.

Na primeira semana, o professor cooperante apresentou-me à Diretora

de Turma do 10.ºD com o intuito de aprender um pouco da sua mestria e desta

forma conseguir inteirar-me de mais uma função adjacente à profissão de

Professor.

Em reuniões semanais com a Diretora de Turma (DT) pudemos

trabalhar sobre a caraterização da turma e desta forma conhecer mais

aprofundadamente os meus alunos. Ao conhecermos o historial, torna-se mais

fácil conseguimos compreender certas atitudes e comportamentos. A

caraterização foi por diversas vezes atualizada e reformulada com novos

índices fornecidos ou pelos alunos ou seus familiares. Durante essas mesmas

reuniões semanais, vários foram os atendimentos realizados aos familiares que

traziam uma panóplia de questões para que o DT conseguisse encontrar

solução. Numa primeira fase participei nessas mesmas reuniões adotando uma

postura passiva que ao longo do ano passou a ser mais ativa, acabando por ter

oportunidade de abordar os pais sobre os assuntos relacionados com os seus

filhos ou familiares.

Em Paralelo com a caraterização e as reuniões, o DT tem um papel

importante no funcionamento e relação com os docentes da turma em questão,

realizando um elo de ligação entre o aluno, professor e pai ou Encarregado de

Educação. (Roldão, 1995) Este intermediário serve fundamentalmente para

resolver questões relacionadas com assuntos académicos ou que o docente

considere pertinente, como o caso de comportamentos inadequados.

Através da DT, tomei conhecimento sobre a plataforma informática da

ESL utilizada para que os Encarregados de Educação(EE) consigam saber no

exato momento vários aspetos relacionados com os alunos, como o controle da

entrada na escola, registos diários realizados pelos docentes de cada disciplina

relativamente a algum atraso, falta de comportamento ou disciplinar. Toda a

explicação deste processo informático faz parte também, nesta escola, das

funções do DT para os EE.

105

Ao fim de um ano letivo, o meu conhecimento relativo a tudo o que

envolve as funções do DT desenvolveu-se, pois torna-se simples perceber que

para além de professor, este tem de ser conselheiro, orientador, compreensivo

e que deve ser capaz de encarar uma posição intermediária entre a Escola e

os Encarregados de Educação.

4.4.2. Desporto Escolar: Atividades Desportivas Escolares

“…o Desporto Escolar é o único serviço do

Ministério da Educação que desenvolve

actividades pedagógicas num domínio educativo

predominantemente relacionado com a

motricidade humana e que organiza actividades

inter-escolas com um carácter sistemático, em

todo o território nacional.”

(Sousa & Magalhães, 2006, p. 7)

Segundo o Projeto Educativo da Escola Secundária das Laranjeiras, o

respeito, a justiça, a solidariedade e a responsabilidade são valores essenciais

para o desenvolvimento integral do indivíduo enquanto cidadão ativo e

participante na sociedade que deve ajudar a construir, o aluno. Sendo assim, a

Escola desempenha um papel fundamental na vida do aluno e deve promover

a sua ocupação positiva de tempos livres, para que consiga adquirir hábitos de

vida saudáveis e desenvolver os valores fundamentais tanto de espírito de

grupo, como solidariedade e tolerância. (Laranjeiras, 2010)

As Atividades Desportivas Escolares constituem-se como “o primeiro

nível do Desporto Escolar” e têm enquadramento legal na Portaria nº 60/2012

de 29 de maio, DLR n.º35/2006/A, de 6 de setembro e DLR n.º17/2010/A, de

13 de Abril (Laranjeiras, 2010).

O projeto de desporto escolar deverá ser concebido a quatro anos, e ser

coincidente com o concurso o provimento de professores, de modo a

consolidar a sua afirmação e continuidade, contribuindo para a criação de uma

cultura desportiva de escola e para o desenvolvimento do seu projeto de

desporto escolar (Escolar, 2009).

106

Como é referenciado no programa de desporto escolar para 2009 a 2013,

a missão reverte-se em proporcionar a todos os alunos um acesso à prática de

atividade física e desportiva como contributo essencial para a formação integral

dos jovens e para o desenvolvimento desportivo nacional. Será então uma

forma de promover o bem estar físico e psicossocial de forma gratuita e que

leve os alunos à aquisição de hábitos de vida saudáveis.

4.4.2.1 Taça 3D

O Desporto Escolar é uma peça essencial para a promoção de atividade

física na vida de qualquer adolescente. De forma gratuita e apelativa, o

Departamento de Desporto e Educação Física, promoveu durante o ano letivo

2012/2013, no âmbito das Atividades Desportivas Escolares, uma competição

incluindo três modalidades com o objetivo base da prática de exercício para

todos os gostos e géneros. Para que a competição se tornasse ainda mais

apelativa, um dos critérios selecionados centrava-se na inscrição de equipas

mistas com número mínimo de dez elementos podendo abranger uma ou no

máximo duas turmas. Este torneio dividiu-se em dois níveis de competição: 3.º

ciclo e secundário.

Taça 3D, assim designada, surgiu pela iniciativa do grupo de

professores selecionados para a coordenação das Atividades Desportivas

Escolares com auxilio dos estudantes estagiários. Várias foram as sessões

realizadas antes da competição se tornar pública no âmbito da comunidade

escolar. Inicialmente deparámo-nos com o dilema vivido em anos letivos

anteriores relativamente à adesão, esta era essencialmente realizada pelo

género masculino, sendo que a presença do género feminino era considerada

insuficiente. Este aspeto exigiu ponderação e consciencialização sobre a

criação desta competição. Focaram-se os aspetos que poderiam ter levado à

participação exclusiva dos rapazes e procuraram-se soluções. Foi com este

intuito que a Taça 3D abraçou 3 modalidades que poderiam agradar a todos os

alunos da Escola Secundária das Laranjeiras: Futebol, Voleibol e Badminton.

A escolha destas 3 modalidade, foi fundamentada e suportada por um

107

questionário aplicado aos alunos no ano lectivo anterior, onde era focado a

preferência desportiva de cada um.

Para iniciar este que seria um torneio que iria ocupar todo o ano letivo,

procurou-se definir diferentes regulamentos para cada tipo de modalidade e

para cada nível de competição, para tal, adequou-se os mesmos às

caraterísticas físicas, psicológicas e faixas etárias dos participantes. Esta

medida surge com o intuito de não ocorrer nenhuma falha regulamentar que

não possa ser justificada ou comparada durante o decorrer de cada jogo,

colocando todos no mesmo patamar de igualdade e de forma a que todo o

desenrolar da atividade resulta-se de forma imparcial.

Durante o desenrolar dos jogos deparámo-nos com duas visões: a

afluência aos mesmos era maioritariamente composta por rapazes, mesmo que

nas inscrições as raparigas tivessem obrigatoriamente de fazer parte das

equipas; a modalidade individual, o Badminton, acabou por ser a que teve mais

adesão por parte de ambos os sexos. Um dos aspetos negativos centrou-se

nas diversas faltas de comparência, resultando num elevado número de jogos

cancelados. Desta forma torna-se difícil que o empenho dos professores seja

valorizado, pois é objetivo das Atividades Desportivas Escolares nesta Escola

fazer com que os alunos procurem hábitos de vida saudáveis, sentindo

necessidade de Atividade Física e alterarem um pouco as suas visões sobre a

sua importância no dia-a-dia. O problema da adesão imprime uma

contrariedade ao que se tenta implementar e leva a que os professores reflitam

na forma como tentam motivar os seus alunos, pois sem eles e sem a sua

vontade nada é possível.

A taça 3D terminou com uma reflexão de todo o corpo envolvente neste

projeto sobre as estratégias a adotar para o combate às adversidades sentidas

e descritas anteriormente. Foi com esse intuito que se destacou a não inclusão

de uma competição com duração de todo o ano letivo, mas que se procure dar

destaque a modalidades que não são tão reconhecidas pela Escola e pelos

próprios alunos, para que desta forma eles possam aderir espontaneamente,

sem inscrição prévia e que os seus leques de conhecimento pelo desporto

108

consigam também alargar em paralelo com as suas motivações. Desta forma

será possível ir de encontro a diversas modalidades e gostos.

Dando acesso a um parêntesis pessoal, todo este processo de decisão,

organização e implementação suscitou em mim a vontade de no futuro tentar

impulsionar nas escolas que não o fazem, a tentativa de encontrar desde cedo

o factor impeditivo da fraca participação dos alunos no Desporto Escolar. Acho

fulcral para o ensino nas Escolas a procura pela saúde e o bem estar

psicossocial alunos de forma a que eles consigam no futuro tornar-se

autónomos desportivamente com a consciência do bem geral que a prática de

exercício regular faz para cada um dos indivíduos. Os professores investigam e

trabalham em prol dos seus alunos, da evolução dos mesmos e para que estes

se tornem cada vez mais conscientes. Na minha opinião o desporto deve fazer

parte da preocupação não só dos professores de educação física, mas de

todas as áreas, pelos seus benefícios transversais que exercem na vida

pessoal e escolar dos alunos.

Enquanto Estudante Estagiária posso afirmar que tive um papel e

contribuição ativos, onde consegui estar presente em todos os momentos,

desde reuniões à arbitragem de jogos, como também na parte logística

adjacente a todo o torneio, desde divulgação e promoção do torneio,

regulamentos das competições, recolha de dados e afixação de classificações.

Todo o meu envolvimento positivo principalmente para mim, dando-me bases e

desvendando as minhas curiosidades sobre a gestão, organização e orientação

das Atividades Desportivas Escolares envolvidas no contexto do Desporto

Escolar.

4.4.2.2 Organização do XII Corta-Mato Escolar

“Os Corta-Matos são um dos eventos desportivos

com maior tradição e significado no Desporto

Escolar.”

(Sousa & Magalhães, 2006, p. 38)

A atividade número trinta e um do Plano Anual de Atividades da Escola

Secundária das Laranjeiras denominada como “corta-mato Escolar Jovem” é já

109

uma atividade realizada há treze anos letivos, tendo sempre o adjetivo

“sucesso” associado (Desporto, 2012). Durante este ano, definiu-se que a

coordenação da atividade ficaria a meu encargo e de um colega do outro

núcleo de estágio juntamente com o professor cooperante do núcleo onde me

encontro inserida.

Receosa, era a caraterística que me definia na fase inicial por não ter

conhecimento de tudo o que era necessário realizar prévia, durante e após a

atividade do Corta mato Escolar. Era uma responsabilidade que teria de ser

levada com máxima seriedade para que tudo corresse da forma positiva e que

se mantivesse no patamar de qualidade das edições anteriores. Para que nos

pudéssemos enquadrar com toda a envolvência da atividade, reunimo-nos com

o professor que se encontrava na coordenação, para nos orientar. Após a

primeira reunião, senti-me esclarecida e confiante em assumir este cargo,

surgindo assim um primeiro problema: como realizar a promoção do evento?

Sabíamos que a adesão teria de ser massiva e para tal teríamos de encontrar

uma forma que pudesse cativar, principalmente os alunos. Pelo meio de

cartazes, placares portáteis usados em momentos fotográficos e com o auxílio

do blog do Departamento de Educação Física, a promoção do evento tornou-se

num objetivo cumprido (ver anexo 8).

Toda a estruturação para a concretização do Corta mato Escolar Jovem

passa também pela escolha e planeamento do percurso, a divisão de tarefas

pelos professores e estudantes do curso de Desporto, a estratégia de

classificação das diferentes camadas em competição e a contabilização de

todo o material necessário. Tendo em conta todas estas tarefas, foram-se

realizando pequenas reuniões, onde foram focados todos os pontos. O que

mais me intrigava era o sistema de classificação, mas tratando-se de um

método já usado em edições anteriores com provas dadas tornou-se mais

simples de se voltar a utilizar. Um dos grandes dilemas de qualquer atividade

que se realize pelo Departamento, julgo ser abrangente a todas as escolas, é a

necessidade da envolvência de todos os professores nas atividades, pois são

eles que de uma forma mais direta irão informar e motivar os seus próprios

alunos à participação nas diferentes atividades. Deste modo, a atividade do

110

Corta mato não foi exceção, tendo todos os professores um papel ativo nas

inscrições dos seus alunos, onde eram cedidos vários cartões de cores

diferentes consoante a faixa etária dos alunos, onde estes teriam de escrever

os seus nomes, ano e turma para que no final das suas provas, pudessem

colocar os mesmos num espeto por ordem de chegada. Este método, pareceu-

me bastante eficiente e prático, pois no momento da contabilização das

classificações, a ordem de chegada já estava consumada e era apenas

necessário colocar os dados no computador ordenado por cores, ou seja, por

escalões.

Na divisão de tarefas, propusemos aproveitar uma das ideias utilizadas

no Mega Sprinter, a mascote do evento. Ao recordarmos o desenrolar do

mesmo e ao refletirmos sobre o impacto que teve na comunidade escolar

estávamos certos que a presença de uma nova mascote apenas poderia trazer

benefícios. Para tal, só nos faltava definir qual seria a mascote e sendo que o

CM iria marcar presença na última semana de aulas do primeiro período, quem

melhor do que o “Pai Natal” para incentivar todos os alunos à prática do

exercício físico.

Com os cartazes e fotografias promocionais afixadas no blog, com o

percurso definido, com a divisão de tarefas feita, todo o material necessário

reservado e com as inscrições a decorrer, só faltava mesmo o dia da

competição. Foi pelas oito e meia da manhã que todos os colaboradores se

reuniram para organização do percurso e divisão dos mesmos pelos postos de

trabalho. Tudo ficou pronto à hora prevista, eu e o meu colega assumíamos o

cargo de coordenadores da prova onde a nossa principal preocupação era se o

desenrolar da mesma sem percalços.

Durante o evento escolar, tínhamos fotógrafos e repórteres para

capturarem os melhores momentos e opiniões do dia, ficando tudo registado e

mais tarde ser recordado.

Senti-me tranquila durante toda a manhã, pois o professor coordenador

do Corta Mato encontrava-se sempre perto de nós para nos orientar e auxiliar.

A escolha da presença do Pai Natal foi sem dúvida alguma um marco para a

boa disposição entre todos os participantes, muitos alunos, atendendo à época

111

Natalícia quiseram realizar as provas com um gorro adequado à época, toda

esta envolvência fez com que a atividade do Corta Mato Escolar, não se

tornasse apenas uma prova de competição mas também um momento de

grande festividade.

A colaboração da maioria dos professores foi essencial para o sucesso

do evento, mas atendendo ao número total que a Escola Secundária das

Laranjeiras alberga, os participantes ativos ficaram bastante aquém do número

que poderia ter sido. Esta situação, faz-me pensar mais uma vez na

importância e na influência que um professor tem sobre a sua turma, não digo

isto para afirmar que um professor deve obrigar os seus alunos a participar nas

atividades escolares, apenas sou da opinião que um professor, pode e deve,

guiar/auxiliar nas escolhas e opções dos seus alunos, e desta forma que vou

tentando construir a minha conceção sobre o professor ideal.

Após o término do momento competitivo do Corta Mato Escolar,

procedeu-se à hierarquização das classificações de cada escalão e entrega de

prémios que apenas foi realizada no início do segundo período.

De forma a aproveitar os melhores momentos fotográficos e vídeo

reportagens, realizámos um pequeno vídeo que desse à comunidade escolar

uma visão global do papel e importância destas atividades nas Escolas.

A próxima etapa centrava-se na fase Ilha do Corta Mato Escolar, onde

apenas os melhores atletas iriam representar a ESL. O nosso papel na

preparação da prova, apenas se relacionou com uma parcela logística relativa

a toda a documentação necessária para a inscrição dos nossos alunos e na

orientação dos mesmos no dia da prova, realizando o reconhecimento do

percurso e divisão pelos diferentes escalões.

De todos os alunos que participaram, recebemos um primeiro prémio no

escalão sénior feminino, mas nunca descurando a importância de todas as

participações.

Posso revelar que todo o meu envolvimento no Corta Mato Escolar

Jovem mostrou-me a importância de uma organização eficiente em qualquer

atividade realizada na Escola, é necessário uma preparação ponderada e

antecipação sobre os cenários que podem surgir num evento deste carácter,

112

ter tudo bem planeado e estruturado para que no dia tudo se desenrole de

forma natural e, sem contratempos. Deste modo, considero-me capaz de voltar

a coordenar uma atividade deste caráter desportivo no futuro.

4.4.2.3 Mega Sprinter e Mega Salto

Após o Corta-Mato Escolar, seguiram-se as fases de Mega Sprinter e

Mega Salto, onde mais uma vez os alunos tiveram a oportunidade de explorar

as suas capacidades máximas e viver momentos de puro convívio.

Desempenhei diferentes funções em cada uma das atividades, sendo que

numa delas e também para adicionar um pouco à festividade aplicada nas

nossas aulas, fui a mascote do evento em representação do tão veloz atleta

“Usain Bolt”. Confesso que à partida hesitei vestir a pele do velocista pelo

medo que tinha de não conseguir o respeito dos alunos após o evento, mas

ponderei que perderia um pouco o divertimento se dele uma mascote não

resultasse. Apesar de ninguém me conseguir reconhecer, penso que realmente

o evento ganhou uma outra dimensão com a mascote, assim como na Corta

Mato Escolar. Penso que se existirem inovações desta espécie irá refletir-se na

adesão por parte dos alunos, pois estas atividades também precisam de

pessoas a assistir, assim como o futebol precisa de adeptos para ganhar outra

magia. Na escola ter adesão a este tipo de eventos significa que existem não

só mais alunos em competição, mas também alunos a apoiar e observar.

Sendo que a observação pode também ser um meio estratégico para que no

ano seguinte também os observadores passem a participantes e desta forma

conseguirem cativar mais alunos, funcionários e professores.

Ainda assim, a comunidade escolar poderia juntar-se mais neste tipo de

atividades e desta forma conseguirem transmitir para os alunos que o desporto

para além de fazer bem à saúde, quando regular, pode ser divertido. Pondero

ainda que se os docentes de educação física pudessem também eles participar

neste tipo de eventos como participantes ativos, seria uma forma de essa

mensagem ser mais facilmente transmitida.

Para além da minha função, mantive uma participação ativa na

organização, montagem e desmontagem do evento, sendo que se todos os

113

docentes tiverem essa predisposição em ajudar nestas atividades que são

concebidas para os alunos, tanto a sua gestão como qualidade será sem

dúvida bem superior. É este um dos ensinamentos que pretendo levar para o

futuro, sendo que o pensamento do professor devem ser os seus alunos.

4.4.2.4 Supertaça Escolar

Apraz-me explicar uma das atividades mais emblemáticas na ESL: a

Supertaça Escolar. De caráter não letivo, é uma atividade que conta já com

sete épocas letivas onde, todos os anos se encontram na ESL várias Escolas

Secundárias da Região de Ponta Delgada onde disputam de forma oficial 5

modalidades entre si, apurando-se no final os vencedores de cada modalidade.

Supertaça Escolar foi uma das atividades que mais me surpreendeu, por

cativar não só a maioria dos alunos, docentes como toda a comunidade escolar.

Relativamente ao meu papel nesta atividade, repartiu-se em duas funções:

responsável pela promoção do evento e do seu desenlace com base na criação

de vídeos digitais e função de treinadora da equipa feminina da ESL. Funções

distintas mas que contribuíram para que mais uma vez tivesse um papel ativo

na construção de todo o evento.

Numa primeira fase, os titulares de cada turma inscrevem os seus

melhores alunos nas diversas modalidades, após esse momento é realizada

uma seriação com objetivo à seleção dos melhores. Todo este procedimento

leva o meu pensamento para dois polos diferentes, pois por um lado, para um

aluno o facto de pertencer à equipa que ficará em competição pode ser uma

motivação extra para o seu empenho durante as aulas de EF, por outro lado,

revoga-se a oportunidade a alunos que à partida se tornam excluídos e desta

forma a possibilidade de se criar uma situação inversa à descrita. Talvez no

futuro o Departamento de Educação Física possa pensar em realizar duas

competições, onde todos os alunos inscritos possam participar.

Também neste evento, o núcleo de atividades rítmicas expressivas, pelo

qual eu fui responsável durante todo o ano letivo e que será alvo abordado com

um teor mais profundo num dos tópicos seguintes, teve a sua oportunidade de

114

apresentar os seus pequenos talentos a todas as escolas presentes no

desfecho do evento.

Como culminar deste tópico, saliento a grandiosidade desta atividade mas

reforço a minha ideia de um desporto para todos.

4.4.2.5 Segunda Edição School Volei

“School Volei” surge através da Associação de Voleibol de São Miguel

(AVSM) com o intuito de promover a modalidade entre os mais jovens. Este

projeto consiste num torneio de voleibol 4x4 disputado entre as Escolas dos 2º

e 3º ciclos da região de Ponta Delgada. A competição contou com duas fases

de apuramento: fase de grupos e fase final, sendo a melhor equipa de cada

grupo apurada para a fase final, onde irá disputar pelos primeiros lugares.

De forma a selecionar quais os jovens que iriam representar a ESL

nesta competição, foi por nós organizado, através do Departamento de

Educação Física e Desporto (DEFD), um treino de captação a todos os alunos

com idade compreendidas entre os 13 e os 15 anos de idade, contando com o

respetivo cartaz promocional (ver anexo 9). Sendo que existia um limite máximo

de atletas a serem selecionados, a ESL levou consigo 8 alunos, uma equipa

com 4 elementos femininos e outra com 4 elementos masculinos.

Durante esta atividade, pude ter a experiência de vivenciar um dos

objetivos que, na minha opinião, deve fazer parte de todos os clubes que

promovem a prática desportiva. O desenvolvimento pelo gosto da prática

desportiva, deve ser baseado em atividades deste tipo, que liguem o desporto

ao convívio. Sendo que as Escolas têm um papel fundamental de proporcionar

tais atividades e assim contribuir para que os mais jovens sejam autónomos na

decisão pela prática desportiva como meio facilitador a uma melhor qualidade

de vida.

Durante esta atividade, estivemos presentes todos os elementos do

núcleo 2 da ESL em representação do DEFD e a nosso encargo encontravam-

se as funções de orientação e transporte de ambas as equipas, que acabou

também por envolver a comunicação com os Encarregados de Educação.

115

Tratou-se de mais uma hipótese de contacto com um escalão etário diferente

daquele que corresponde diretamente com a nossa ação pedagógica e

também uma forma de promoção e inclusão da ESL em mais um projeto

desportivo.

Os alunos apreciaram a participação e tentaram ir o mais longe

possível na competição, trazendo assim para “casa” um troféu com 3.º lugar no

escalão feminino.

Desta forma, temos a certeza que no próximo ano letivo, a ESL tornará

a ser uma presença ativa numa nova edição, deixando-me orgulhosa por ter

participado neste projeto.

4.4.2.6 Orientação do Núcleo de Atividades Rítmicas e Expressivas

Outro desafio colocado no início do ano baseava-se na possibilidade

da criação de algum tipo de núcleo desportivo que pudesse acolher todos os

alunos da ESL e não só que estivessem interessados. Para tal e atendendo à

minha íntima relação com a dança e expressão corporal, sugeri a criação de

um núcleo de Atividades Rítmicas e Expressivas, onde pudesse explorar várias

componentes da dança e desta forma conseguir cativar mais alguns alunos

para a prática de atividade física. Após a minha proposta ter sido aceite, iniciei-

me pela abertura de inscrições com um cartaz promocional (ver anexo 10).

Numa fase inicial não foi fácil encontrar alunos que quisessem arriscar

numa nova atividade, para tal, desloquei-me diretamente a eles, abordei alguns

alunos e expliquei-lhes de que se tratava a criação deste grupo. Alguns

mostraram-se interessados, outros não, mas sabia que quem mostrasse

interesse iria cativar outros alunos pelo menos para poderem presenciar uma

aluna experimental.

O núcleo avançou pelo mês de Outubro, contando com três aulas por

semana com duração de 1 hora cada uma. O grupo foi constituído por dez

elementos femininos que assumiram o compromisso de forma exemplar até à

última aula do ano. Sinto um misto de emoções quando penso no grupo, por

um lado uma grande tristeza por ser um grupo com tão poucos elementos e

nenhum do sexo masculino, mas por outro lado sinto-me contente porque sei

116

que os dez elementos que compuseram este grupo foram felizes e fizeram o

que realmente gostavam durante todo o seu decorrer.

Enquanto estudante estagiária deparei-me com uma situação paralela

ao meu estágio pedagógico, apesar de existir uma incidência sobre o ato de

ensinar, a relação que se estabelece acabou por ser ligeiramente diferente,

mais ampla, pois as alunas sentiram-se mais à-vontade para falar sobre os

seus problemas nunca faltando ao respeito nem à minha “autoridade” durante

as aulas. Talvez tenha sentido esta diferença, pela faixa etária das alunas, que

na sua generalidade era superior à turma da minha prática pedagógica.

O funcionamento dos trabalhos estabelecidos para cada aula era

regulado através dos objetivos específicos de curto prazo, ou seja, os

conteúdos abordados em cada aula regulavam-se conforme as apresentações

e atuações previamente marcadas, onde as alunas colocaram à prova as suas

capacidades rítmicas e corporais. Foram programadas também algumas aulas

livres, onde foi possível experienciar diferentes estilos de dança desde a dança

criativa às danças de salão.

Confesso que esta foi uma das experiências que mais me cativou, pois

senti que de alguma forma consegui contribuir para a felicidade deste grupo tão

especial de meninas. Recordo-me de ser abordada por uma das docentes de

Educação Física que me direcionou as seguintes palavras: “O núcleo de

atividades rítmicas e expressivas devolveu o gosto pela escola à minha aluna,

que bom que é ter projetos novos na escola acessíveis a todos os alunos de

forma gratuita.” Estas palavras conseguiram fazer com que toda a dedicação

que empreguei neste projeto valesse a pena. E concordando com o que foi

citado, este projeto deu-me mais uma certeza de algo que tenho falado ao

longo do documento, pois se os alunos tiverem um incentivo, algo diferente e

que os ajude a compreender que desporto não é apenas futebol, talvez seja

mais fácil captar mais alunos à prática de atividade física, pois quantas mais

atividades eles conhecerem, mais hipóteses desportivas vão ter.

117

4.4.2.6.1 As demonstrações coreográficas

As apresentações em público faziam parte dos objetivos específicos do

núcleo de atividades rítmicas expressivas, nesse intuito foram desenvolvidos

diferentes trabalhos coreográficos para serem apresentados em cada

apresentação. Especificamente, as coreografias eram desenvolvidas através

do estilo “MTV dance”, onde as alunas poderiam explorar conceitos

relacionados desde a dança criativa ao hip hop.

Os momentos de demonstração sempre inquietaram o grupo, julgo ser

algo comum de quem está disposto a dar o seu melhor e efetivamente mostrar

tudo aquilo que aprendeu e trabalhou até aí. Procurei nesses momentos

acalmá-las e que interpretassem as suas atuações como mais um treino ou

uma aula, o meu objetivo era transmitir-lhes confiança e que acreditassem

nelas próprias, no seu trabalho e também no seu talento.

Ao longo dos tempos, apercebi-me que esse nervoso geral por parte do

grupo revertia-se também pelo facto de se sentirem muito avaliadas e

julgadas pelos colegas de escola. Este aspeto não poderia encontrar-se fora

das minhas atenções, porque acabava por afetar o foro íntimo de cada uma,

com medo que uma falha ou um esquecimento pudesse torná-las objeto

central de críticas. Esta situação levou-me a refletir sobre a forma como

poderia motivá-las para que pudessem transformar essas críticas em

vontade de fazer mais e melhor, procurei faze-las entender que um simples

“passo esquecido” não é motivo de derrota, mas sim de sucesso porque não

baixaram os braços e continuaram as coreografias com grande brilhantismo.

Ao lhes atribuir as minhas perceções sobre as suas atuações, de certa forma

resultava, pois nunca recusaram os desafios e de uma coreografia para outra

as evoluções eram claramente visíveis. Lembro-me que elas próprias me

diziam “o que nós evoluímos!” ao observarem as gravações das suas

atuações deixando-me orgulhosa tanto das suas evoluções como da forma

como se sentiam.

118

O trabalho desenvolvido com as “Epic Orange Crew” como assim

ficaram conhecidas, irá fazer sempre parte dos meus níveis de

enriquecimento ao nível pessoal e cognitivo e muito satisfeita por o ter

desenvolvido durante este ano de estágio.

4.4.2.7 Organização do Concurso Flash Desportivo

“Este desafio torna-se interessante na perspetiva

de que poderia cativar qualquer interessado em

fotografia, fazendo uma ponte entre a arte e o desporto.”

Proposta Flash Desportivo para PAA

O concurso Flash Desportivo surge por iniciativa de ambos os núcleos

presentes na ESL como proposta para o PAA do DEFD. Com o intuito de levar

o Desporto a todos, procurámos encontrar um concurso que pudesse satisfazer

o interesse de toda a comunidade escolar. Com arte e engenho, este concurso

encontrou-se aberto a todos os interessados com o objetivo de captar

momentos desportivos da forma que mais lhes suscitasse interesse contando

com uma legenda alusiva às suas interpretações dos seus trabalhos.

Flash Desportivo foi promovido, assim como o seu regulamento (ver

anexo 11), através de cartazes afixados (ver anexo 11) nos locais de estilo da ESL,

no blog do DEFD, na página electrónica da ESL e por intermédio de todos os

docentes de EF nas suas aulas.

Para avaliação dos trabalhos: o Presidente do Conselho Executivo, a

Coordenadora do DEFD, os Estudantes Estagiários e o Presidente da

Associação de Estudantes (AE) fizeram parte do comité de jurados, atribuindo

uma classificação a todos os trabalhos que se encontrassem com todos os

requisitos necessários.

A mancha mais participativa, foi do Ensino Secundário, contando-se com

um total de 23 trabalhos, todos eles alvo de avaliação. Não foi tarefa fácil a

atribuição de pontuação, pois a maioria dos trabalhos eram criativos e originais,

119

ainda assim foi possível apurar os 3 primeiros classificados, sendo-lhes

oferecido um troféu representativo do concurso e ao primeiro lugar um

“minibook fotográfico” editado pelos Estudantes Estagiários.

Para que o prémio do primeiro lugar fosse também ele original, as

fotografias captadas por nós contaram como pano de fundo a ESL e um jardim

bastante procurado por todos os alunos da Escola. A premiada encontrava-se

no 12º ano e com o desejo de envergar o Ensino Superior em Artes

Performativas, mostrou-se bastante entusiasmada com o prémio, informando-

nos no final que foi uma experiência bastante divertida para ela.

Fiquei bastante radiante por ter feito parte desta iniciativa, porque

considero importante que a ponte entre a arte e o desporto se inicie nas

escolas e que os alunos tenham atividades que os incentivem a alargar os seus

horizontes.

4.4.3 Colaboração nas Atividades da Escola

A colaboração com atividades que não eram exclusivas do DEFD

também fez parte deste meu percurso enquanto aprendiz da arte da docência.

Cada uma trouxe um novo ensinamento para mim e o trabalho com outros

Departamentos da ESL fez com que as minhas interações com a comunidade

escolar pudessem ser mais diversificadas, contribuindo para uma maior

inclusão no contexto escolar.

4.4.3.1. Jornadas da Adolescência

Jornadas da Adolescência é um projeto que conta com sete anos de

existência na ESL, onde o lema é promover bons hábitos e estilos de vida. Este

ano, o tema do evento centrou-se nos “Projetos de Vida”, para tal e como já é

comum todos os anos, o DEFD esteve completamente envolvido em todo o seu

processo de planeamento, conceção e execução.

120

O evento teve duração de 3 dias consecutivos e contou com a

participação da maioria dos Departamentos da ESL, que montaram os seus

stands com matérias expositivas, materiais e atividades diversificadas e

interligadas com o tema geral. A sua divulgação foi realizada por meio de

cartazes e panfletos informativos (ver anexo 12).

O DEFD teve direito a um stand onde o promoveu com diversas

atividades físicas, como: insufláveis, tiro ao arco, aula de zumba, circuito de

jogos (matraquilhos e ténis de mesa) e golf. Para além das atividades, o stand

apresentava um placar de fotografias de todas as atividades realizadas pelos

núcleos desportivos como forma de promoção dos mesmos e para a conhecer

a toda a comunidade escolar o trabalho que tinha sido desenvolvido até então.

Toda a temática envolvente sobre este stand tinha como objetivo dar a

possibilidade a todos, mas principalmente aos alunos da ESL uma panóplia e

atividades que podem ser praticadas nos tempos livres e também de que

formas se podem divertir convivendo entre si. Este stand e toda a sua

envolvência encontrou-se diretamente entregue à responsabilidade dos

estudantes estagiários e a nossa pretensão era que juntamente com os stands

de saúde alimentar a nossa mensagem conseguisse passar para os nossos

alunos e jovens, a luta contra o sedentarismo teve presente em todas as

atividades assim como a “troca” dos jogos de computador pela atividade física

ao ar livre.

Durante todo este processo, encontrei-me na organização do stand do

DEFD e também na promoção de momentos musicais, onde vários alunos se

encontraram a dançar e a experimentar as sensações dos movimentos

corporais interligados com o ritmo.

No computo final, penso que o objetivo foi conseguido, existiu uma forte

adesão não só por parte dos alunos mas como de toda a comunidade escolar e

a experiência de ter participado num evento com este intuito faz-me acreditar

que é possível lutar contra as tecnologias que fazem os jovens de hoje em dia

permanecerem agarrados aos sofás. Assim como estudante e como futura

profissional, acredito na força da palavra da Escola e na influência que pode

fazer na vida dos seus alunos e é essa influência positiva que deve ser

121

implementada em todo o lado para que seja possível contrariar o destino que

enverga a nossa sociedade.

4.4.3.2. Visitas de Estudo com a turma do 10.ºD

Duas foram as visitas de estudo realizadas com a minha turma do 10.ºD,

ambas incentivadas pelo Departamento de Ciências Naturais. Foi através da

docente correspondente que surgiu a proposta de acompanhar a turma em

ambas as visitas. A primeira ocorreu no Observatório Vulcanológico e

Geotérmico dos Açores (OVGA) no início do primeiro semestre, confesso que

estava nervosa, por muitos fatores, entre eles presidia o medo de que a turma

não aprecia-se o facto de os acompanhar devido à relação professor-aluno

ainda não se encontrar aprofundada. Esta visita provou-me o contrário e arrisco

a afirmar que poderá ter auxiliado nessa mesma relação, o facto de nos

encontrarmos fora do contexto de aula, permitiu que os alunos pudessem estar

mais descontraídos proporcionando para além de momentos de conhecimentos,

momentos de convívio também.

A segunda visita de estudo deu-se na Gruta do Carvão e o convite

surgiu através da mesma docente, nesta saída de campo como a minha

relação com os alunos já se encontrava num patamar equilibrado, apercebi-me

que a turma encontrou-se bastante satisfeita por voltarem a ter a minha

presença, foi gratificante constatar que a minha presença para eles não era

indiferente, mesmo nos encontrando num contexto totalmente diferente das

aulas de EF.

Consigo aperceber-me que talvez estas convivências com a turma

tenham sido fatores positivos tanto para a união da turma como para a relação

com o professor e desta forma ter alguns contributos para a aula,

nomeadamente ao nível do espírito de equipa e cooperação.

122

4.4.3.3 Participação da turma 10.ºD em “Poesias de Sophia de Mello Breyner” e

“Dia Mundial da Criança”

Através do Departamento de Línguas Românicas , foi proposto o

desafio à turma do 10.ºD de apresentarem duas coreografias criativas em dois

eventos promovidos pelo próprio Departamento na ESL. Estes desafios foram

acolhidos por mim e apresentados à turma durante a Unidade Didática de

dança, para minha admiração a turma aceitou ambos sem pensar duas vezes,

deixando-me bastante motivada para tentar realizar um bom trabalho com a

turma.

Para a construção das coreografias e a sua exercitação foi necessário

envolver aulas extra com os alunos, mas que facilmente aconteceram, pois a

turma apresentou-se bastante empenhada. Apenas numa das coreografias, um

aluno não compareceu nas aulas extra ficando de fora da coreografia,

apercebi-me que não tinha comparecido por vergonha de atuar em público.

Esta situação levou a que nas aulas após a primeira apresentação, debruçasse

as minhas atenções mais sobre este aluno e tentasse de todas as formas

motiva-lo para que ele próprio se sentisse confiante para se juntar à turma para

a segunda apresentação e assim foi, a primeira apresentação sobre o meu

olhar, correu bastante bem, mas a segunda ganhou um brilho especial por ter

conseguido reunir toda a turma e todos juntos mostrarem todo o trabalho e

empenho para a construção das coreografias.

Torna-se realmente gratificante trabalhar com uma turma de alunos

tão aplicada e que encara todos os desafios com muito empenho e dedicação.

Uma das coreografias acabou por receber lugar numa noticia no Jornal Vital de

Ponta Delgada (ver anexo 13) levando-me a pensar que tudo isto contribui de

uma forma inexplicável para a minha felicidade a nível pessoal e enquanto

estudante estagiária, dando-me sempre e cada vez mais certezas de querer

seguir a área da docência e ter a oportunidade de trabalhar com crianças e

jovens.

123

4.4.3.4 Participação na VIII Maratona de Dança organizada pela Associação de

Estudantes da Escola Secundária das Laranjeiras

Maratona de Dança é um evento que durante 7 anos foi organizado pelo

DEFD, mas que este ano letivo foi retirado do PAA. Para entristecimento da

globalidade dos alunos ao tomarem conhecimento que não iria existir a oitava

maratona de dança, a Associação de Estudantes (AE) prometeu a todos os

alunos que este ano se iria realizar mas que a sua coordenação iria ser da

própria AE .

O evento é caracterizado por envolver muita alegria, cor, fantasias

originais e boa disposição misturado com música, durante a época festiva do

Carnaval. Durante este evento é disputado uma competição, onde todos os

alunos são participantes e apenas têm de dançar durante 2 horas sem parar,

enquanto que o júri avalia as suas prestações e classifica os melhores para

que possam durante mais meia hora competir entre si até ser possível apurar

os verdadeiros três vencedores.

A AE foi capaz então, com grande esforço envolver diversas entidades

para conseguir realizar este evento, contando com a presença de um DJ

conceituado entre os Estudantes e também o jornal da região.

O meu papel durante este evento foi fazer parte do painel de jurados,

através de um convite endereçado pela AE. Quando recebi o convite, senti-me

certamente elogiada, pois é sinal de algum reconhecimento por parte dos

alunos. Acompanhada de mais um docente da ESL, do Presidente do

Conselho Executivo e do Vice-Presidente da AE, acompanhámos atentamente

o empenho, o ritmo e os movimentos dos alunos chegando assim a apurar os

vencedores de mais uma maratona.

Também para abertura e fecho da Maratona de dança, as Epic Orange

Crew tiveram um papel de destaque, deixando-me mais uma vez orgulhosa do

trabalho que elas começaram a desenvolver. Como forma de enaltecer o

trabalho da AE, um artigo (ver anexo 14) surgiu deste evento.

Penso que estes eventos que acabam por ser tão apreciados pelos

jovens estudantes, devem ser apoiados, pois poderá ser esta mais uma forma

124

de os cativar à realização de atividades físicas sem exigência de uma

componente teórica.

4.4.4. O contributo do Ensino específico de Natação fora da Escola para a

Unidade Didática de Natação

Paralelamente à prática pedagógica, iniciei-me também no inicio do ano

letivo na lecionação de Natação para adultos e para crianças do nível 4. O

contributo e a transferência de aprendizagem destas aulas para a minha prática

pedagógica na ESL foi importante para o meu crescimento pessoal e cognitivo.

Encontrei situações semelhantes em ambas as aulas e a minha

observação relativamente às incorreções técnicas tornou-se mais específica e

atenta.

A turma de adultos era na sua globalidade heterogénea com alunos cuja

suas técnicas de nado encontravam-se num patamar elevado, mas também

com alunos onde tive de desenvolver um trabalho de adaptação ao meio

aquático.

A turma de crianças do nível 4, encontravam-se a desenvolver a

aprendizagem das técnicas de crol e costas, as aulas decorriam 2 vezes por

semana, sendo que num dos dias encontrava-me acompanhada pelo Diretor

Técnico do clube pelo simples facto da turma ter um elevado número de alunos.

Este trabalho em parceria deu-me um auxílio extra para melhorar as minhas

capacidades cognitivas relativamente ao ensino da natação.

Considerei adequado introduzir este tópico no meu Relatório de Estágio,

por ter sido uma parte integrante da minha formação durante este ano letivo.

125

4.5. CRESCER E EVOLUIR NA PROFISSÃO

4.5.1. O meu entender sobre o “Bom professor” de Educação Física

“Os professores de Educação Física surgem, … ,

através da relação estabelecida com os seus

alunos, com uma competência deveras relevante,

pois a importância da sua ação e função resulta

no contributo para que os alunos se vejam como

pessoas autónomas e responsáveis. Deste modo,

os professores estão longe de ser meros

coordenadores das actividades escolares. Exige-

se mesmo que o professor seja, cada vez mais,

um meio de influência do desenvolvimento dos

seus alunos.”

(Mota, 1997, p.77)

Inicio-me pela minha opinião sobre a construção de um professor, que

deve fundamentar-se com bases na ciência, na sua história de vida

completando-se com a forma como observa e encara as diversidades da vida.

Antes da docência vem o homem em si, a pessoa que se candidata a tal

profissão que fará parte de si e do resto da sua vida. A visão que o professor

tem sobre a realidade que o rodeia irá refletir-se nas suas ações, sendo que

desta forma surgem e crescem os seres humanos que o irão sempre observar

como uma fonte de orientação, respeito e lealdade. Esta observação sobre a

imagem do professor encontra-se de acordo com a minha visão, acredito que

um aluno consiga encontrar num professor um exemplo a seguir e

principalmente alguém em quem pode confiar. Esta visão vai-se consolidando

através da postura que o professor adquire perante a turma, os alunos e as

situações. Sei que estas minhas crenças podem não ser as reais, mas trata-se

da forma como para mim sempre simbolizou uma imagem de professor.

“O educador profissional (professor) defronta-se, na sua prática

pedagógica, com situações complexas, instáveis e únicas, que se definem,

entre outros aspetos, pela especificidade dos locais, dos agentes interventivos

126

e das culturas. Esta diversidade e complexidade exige do professor um

conhecimento científico, técnico, rigoroso, profundo e uma capacidade de

questionamento, de análise, de reflexão e de resolução de problemas,

impondo-se, necessariamente, um novo conceito de professor – o professor

reflexivo.” (Cunha, 2008, p. 74).

Segundo o autor, um bom professor é alguém que procura

constantemente refletir sobre os diversos problemas que lhe surgem. Sendo

que a área da docência envolve contacto com seres humanos, falamos então

sobre algo altamente complexo, onde será sempre posta à prova a capacidade

do professor na resolução de problemas. Esta visão vai de encontro ao meu

entendimento de que a capacidade de reflexão é fulcral para a nossa evolução,

enquanto profissionais de docência, sem esta capacidade, nunca iremos ser

capazes de renovar as nossas ações, nem a consciencialização do erro para a

procurar a sua correção. Iremos ser apenas a massa cinzenta não trabalhada e

a atitude que iremos mostrar será de um profissional que não pretende nem

melhora as suas ações com a ideia de que tudo o que executa é o correto e

não necessita de ser alterado.

Surge assim a necessidade de aprender com os mais experientes, onde

a coletânea de vivências profissionais é visivelmente mais alargada que de um

professor principiante. Devemos estar cientes que o erro faz parte da ação mas

que é preciso compreender o porquê da sua existência e conseguir encontrar

formas de superá-la, que pode tornar-se mais simples ao estarmos abertos a

outras perspetivas. Desta forma um profissional pode evoluir, principalmente o

que lida diariamente com crianças e jovens. O professor pode e deve ser esse

fio que conduz os seus alunos, os encaminha e encoraja na procura e

necessidade de querer aprender sempre mais, seja qual for a matéria ou

disciplina em que se encontra.

Para Machado (cit. por Galvão, 2002) o professor pode marcar o

desenvolvimento dos seus alunos, auxiliando-os na construção das suas

personalidades. Estas marcas podem ter influências tanto positivas como

negativas, pois para se poder ser “bom professor” deve-se estar provido de

127

conhecimentos em múltiplas áreas interventivas desde as habilidades motoras,

às componentes sociais, culturais e psicológicas.

Acredito que exista todo o tipo de professores, mas que todos nós

podemos ser “bons” se lutarmos principalmente pelo crescimento dos nossos

alunos, não só a nível cognitivo e motor, mas principalmente a nível pessoal.

Desporto não é apenas uma atividade física, como também uma atividade

humana. A metodologia a empregar no Desporto é específica das ciências

humanas, porque para saber de Desporto é preciso saber muito mais que

desporto (Sérgio, 2012).

5. E AGORA? COMO SERÁ O FUTURO?

131

5. E AGORA? COMO SERÁ O FUTURO?

“Tu és mais forte e sei que no fim vais vencer

Sim, acredita num novo amanhecer”

Boss AC – Tu és mais forte3

Dizem que o sonho comanda a vida, que devemos ser fortes para

encarar de frente os desafios e não desistir ao primeiro obstáculo.

Completando este pensamento com as palavras do ilustre poeta Fernando

Pessoa “Pedras no caminho? Guardo todas, um dia vou construir um castelo…”

percorri em busca do meu sonho, como indica o título do meu Relatório de

Estágio, e procurei aprender em cada situação e em cada momento. Passei por

ocasiões onde a frustração e o erro teimavam em não me largar, mas a minha

persistência e vontade em superá-los falava sempre num tom mais forte. Não

foi um caminho fácil, mas acredito que se o tivesse sido o sabor do seu término

não teria sido o mesmo.

Viajar para um novo local, com outra cultura deu um gosto especial a

este culminar tão ansiado. Não posso esquecer também dos anos que

antecederam a este, que me deram as bases da ciência e que me prepararam

para um mundo onde a comunhão entre a ciência e a pedagogia, não só é

necessária como é fundamental para que todos os objetivos lançados durante

um ano letivo consigam ser alcançados.

Várias foram as funções que desempenhei, através delas tomei a real

consciência que o professor é muito mais do que aquilo que a sociedade

fomenta e que o valor que lhe é empregue é tão insignificante que me leva a

crer que a maioria das pessoas não percebe que é através do ensino que

surgem todas as outras profissões que sustentam a nossa sociedade.

Estabeleci contacto com outros docentes que me aconselharam em

múltiplos momentos, dando-me a sua perspetiva e sapiência sobre cada

3 Single do álbum AC para os amigos Editado em 2012

132

dificuldade ou cada estratégia a implementar. Aprendi que as minhas ações

influenciam o modo como os meus alunos vão interpretar as suas próprias

ações e que o que eu tento ensinar pode muitas vezes não ser aquilo que os

meus alunos vão aprender. Desta forma eu tenho o dever de procurar, estudar

e aprofundar cada estratégia, cada exercício e cada matéria para conseguir

aquilo que me irá fazer levantar todos os dias da cama, a aprendizagem correta

para uma evolução eficaz.

Foi sem dúvida um ano cheio de desafios no mundo da docência, onde

o professor e os alunos fazem parte de um ciclo de ensino e aprendizagem,

onde a turma se torna a principal preocupação do professor e é através dela

que o seu saber pedagógico é aprofundado. Transmissão de valores fazem

parte do cômputo individual de cada docente, mas que devem conseguir

chegar à turma como forma de aprendizagem. Com os valores surge a ética

que deve estar associada a quem lida com jovens que se encontram em fase

de construção da própria identidade, sendo que, como nos diz Bento (2008, p.

62) “A renovação da coragem e do orgulho de ser professor passa por aqui.

Passa por reacendermos a centelha da razão e incendiarmos a vontade de

respeitar os imperativos éticos.”

O meu EP quebrou a barreira da sala de aula e mergulhou nos vários

campos inerentes ao docente de EF, passando pela coordenação de atividades

desportivas à liderança de um núcleo de Atividades Rítmicas e Expressivas.

Tudo valeu a pena, cada segundo gasto deu-me mais vontade de fazer desta

profissão parte da minha vida.

O Futuro é incerto, eu não o sei e tenho a certeza que também

ninguém o saberá, o que é uma realidade hoje, amanhã pode ser um mito

temporal. Apenas sei, conheço e cresci com o meu passado e consigo

descrever o meu presente, mas a ansiedade por um futuro no mundo do ensino

irá estar sempre nos meus objetivos de vida, apenas posso prometer-me a mim

mesma que não vou desistir de lutar pelo meu futuro, quero mais do que poder

dizer que sou professora de EF, ter a possibilidade de contribuir para uma

aprendizagem significativa na vida das crianças e jovens que poderão passar

por mim.

133

Apenas sei, o que todos sabemos, que uma vida na docência é cada

vez mais uma visão irreal, mas a verdade é que eu vou lutar sempre por

conseguir alcançar este meu sonho profissional e de vida.

De forma conclusiva, gostaria de frisar o meu entendimento sobre o

que para mim é o EP. Uma linha que separa o saber do fazer, a ciência da

prática. Um período em que nos apercebemos que o conhecimento sozinho é

pouco e que apenas a sua transmissão é nada. Momentos de responsabilidade,

consciência, ética, valores, de sonho e de ver crescer um aluno através das

nossas mãos.

Porque se sonhamos é porque conseguimos realizar os nossos sonhos

e porque nem sempre iremos acordar com um sol a brilhar pela janela:

“Tu mereces muito mais

És forte, abanas mas não cais

Mesmo que sintas o mundo a ruir

Quando as nuvens passarem vais ver o sol a sorrir

A estrada não é perfeita

Apenas uma vida, aproveita

Só perdes se não tentares

E não desistas se falhares

O que não mata engorda

Torna o teu sonho real, acorda

Limpa as lágrimas e luta

Segue o teu caminho e escuta

A voz dentro de ti

As respostas que procuras, dentro de ti

Acredita em ti que tu és

Mais forte e tens o mundo a teus pés

Tu és mais forte e sei que no fim vais vencer

Sim, acredita num novo amanhecer

134

Um dia tudo fará sentido

E vais ver que terás o prémio merecido

És o que és, não és o que tens

A tua essência não se define pelos teus bens

Às vezes as pessoas desiludem

Mas não fiques em casa parado à espera que mudem

Muda tu rapaz

Muda a tua atitude, vais ver que és capaz

E nada te pode parar

Os cães vão ladrar e a caravana a passar

O teu sorriso de vitória no rosto

Nem tudo é fácil mas assim dá mais gosto

Quando acreditas a força nunca se esgota

Só a reconheces a vitória se souberes o que é a derrota

Vais ver que no fim acaba tudo bem”

Boss AC

6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

137

6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

Alarcão, I. (1996a). Reflexão crítica sobre o pensamento de D.Chön e os

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Vickers, J. N. (1990). Instructional design for teaching physical activities a

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7. ANEXOS

iii

Anexo 1: Body Image Satisfation Questionnaire (BIS)

O presente questionário é anónimo e confidencial. Os dados recolhidos serão utilizados para um estudo, no âmbito da licenciatura em Desporto e Educação Física, na Faculdade de Desporto, da Universidade do Porto.

Sexo (F ou M) Data de nascimento / /

Para cada item marca um (X) sobre o número que corresponde ao tipo de satisfação que sentes em relação ao teu corpo:

1 – Não gosto nada e desejaria ser diferente 2 – Não gosto mas tolero 3 – É-me indiferente 4 – Estou satisfeito(a) 5 – Considero-me favorecido(a)

1. Cabelo 1 2 3 4 5

2. Dentes 1 2 3 4 5

3. Olhos 1 2 3 4 5

4. Orelhas 1 2 3 4 5

5. Nariz 1 2 3 4 5

6. Pele 1 2 3 4 5

7. Aspecto geral da face 1 2 3 4 5

8. Braços 1 2 3 4 5

9. Peitorais/seios 1 2 3 4 5

10. Ombros 1 2 3 4 5

11. Barriga 1 2 3 4 5

12. Ancas 1 2 3 4 5

13. Cintura 1 2 3 4 5

14. Nádegas 1 2 3 4 5

15. Coxas 1 2 3 4 5

16. Pernas 1 2 3 4 5

17. Forma do corpo 1 2 3 4 5

18. Atitude/porte 1 2 3 4 5

19. Peso 1 2 3 4 5

20. Altura 1 2 3 4 5

21. Condição Física 1 2 3 4 5

22. Energia 1 2 3 4 5

23. Em geral, qual é o grau de satisfação com a tua aparência?

1 2 3 4 5

Muito obrigada pela tua colaboração!

iv

Anexo 2: Questionário das opiniões e atitudes acerca da dança nas aulas de educação física

Este presente questionário é anónimo e confidencial.

Sexo (F ou M)

Data de nascimento / /

Para cada item faz um (X) na opção com a qual te identificas mais: Gostas de dançar? Sim Não

Se não, porquê?

Tenho vergonha

Não sei dançar

Podem gozar comigo

É só para meninas

Sou tímido(a)

Costumas dançar? Sim Não

Se sim, onde?

Em casa

Discotec as/bares/ festas

Escola: EF/ Desporto Escolar/ Urban 2

Escola de dança/ ginásio

Grupo de dança

Se sim, com quem?

Sozinha

Amigos

Família Professor es

Desconh ecidos

Consideras importante que a dança seja abordada nas aulas de Educação Física?

Sim

Não

Muito obrigada pela sua colaboração!

v

Anexo 3: Entrevistas semiestruturadas

Objetivo: Saber de que forma as aulas de dança influenciaram na auto

perceção e no gosto pela atividade rítmica corporal expressiva

Bloco 1 – Relação com o próprio corpo e com o dos colegas:

1 – O que pensas quando vês o teu reflexo?

2 – Quando observas o corpo dos teus colegas, o que pensas?

3 – O que sentes quando danças?

4 – Que dificuldades sentiste nas danças a pares/grupo com contacto físico?

5 – Qual é o papel do corpo na Dança?

6 – As aulas de danças afetaram a tua relação com a turma/grupo? Justifica.

Bloco 2 – Questões de género e estereótipos acerca da dança:

7 – O que pensas acerca da participação dos rapazes na Dança? Quais as

diferenças entre a participação dos rapazes e das raparigas?

8 – O que sentes quando danças com alguém do sexo oposto? E com alguém

do mesmo sexo?

9 - Que evolução sentiste na tua opinião acerca da dança, desde o início até

ao final das aulas de Educação Física?

10 – Até que ponto a abordagem da dança correspondeu às tuas expetativas

iniciais?

11 – Qual o contributo que as aulas de dança para a forma como vês a tua vida?

Adaptado de Correia (2008)

vi

Anexo 4: Apresentação do quadro 1b e quadro 2b

Quadro 1b – Média da Satisfação Total do 1º momento para o 2º momento. Amostra_A

Quadro 2b – Média da Satisfação Total do 1º momento para o 2º momento. Amostra_B

vii

Anexo 5: Apresentação dos Quadros 3, 4, 5, 6, 7 e 8

Quadro 3 – Frequência e percentagem de alunos da Amostra_A

que gostam ou não de dançar. Primeiro e segundo momento de avaliação.

Valores de frequência e percentagem geral.

Quadro 4 – Frequência e percentagem de alunos da Amostra_B

que gostam ou não de dançar. Primeiro e segundo momento de avaliação.

Valores de frequência e percentagem geral.

Quadro 5 – Frequência e percentagem dos motivos para os indivíduos da Amostra_A não gostarem de dançar. Primeiro e segundo momento de avaliação. Valores de frequência e percentagem geral.

1.ºmom. 2.ºmom.

n % n %

SIM 5 50,0 9 80,0

NÃO 5 50,0 1 20,0

TOTAL 10 100,0 10 100,0

1.ºmom. 2.ºmom.

n % n %

SIM 10 100 10 100

NÃO 0 0 0 0

TOTAL 10 100 10 100

1.ºmom. 2.ºmom.

n % n %

TENHO VERGONHA

NÃO SEI DANÇAR 4 80,0 2 100,0

PODEM GOZAR COMIGO

É SÓ PARA MENINAS

SOU TÍMIDO 1 20,0

TOTAL 5 100,0 2 100,0

viii

Quadro 6 – Frequência e percentagem de alunos da Amostra_A que

têm ou não o hábito de dançar. Primeiro e segundo momento de avaliação. Valores de frequência e percentagem geral.

Quadro 7 – Frequência e percentagem de alunos da Amostra_B que têm ou não o hábito de dançar. Primeiro e segundo momento de avaliação. Valores de frequência e percentagem geral.

1.ºmom. 2.ºmom.

n % n %

SIM 10 100,0 10 100,0

NÃO 0 0,0 0 0,0

TOTAL 10 100,0 10 100,0

Quadro 8 – Frequência e percentagem do local onde os alunos da Amostra_A

têm o hábito de dançar. Primeiro e segundo momento de avaliação. Valores de

frequência e percentagem geral.

1.ºmom. 2.ºmom.

n % n %

EM CASA 1 25,0 5 62,5

DISCOTECAS/BARES/FESTAS 2 50,0 2 25,0

ESCOLA: EF/ DESPORTO ESCOLAR - - 1 12,5

ESCOLA DE DANÇA/ GINÁSIO - - - -

GRUPO DE DANÇA 1 25,0 - -

TOTAL 4 100,0 8 100,0

1.ºmom. 2.ºmom.

n % n %

SIM 4 40,0 8 80,0

NÃO 6 60,0 2 20,0

TOTAL 10 100,0 10 100,0

ix

Anexo 6: Unidade Didática de Dança

Data 9.ja 16.ja 23.ja 22.abr 29.abr 15.mai 23.mai Espaço Judo Judo Judo Judo Judo Judo Judo

Aula Nº 1 e 2

3 e 4

5 e 6 7 e 8 9 e 10 11 e 12

13 e 14

Duração 90' 90' 90' 90' 90' 90' 90'

Sessão Conteúdo

55 e 56

59 e 60

63 e 64

101 e 102

105 e 106

111 e 112

113 e 114

Caraterísticas Simbologia/Terminologia

AD

I

História História da Dança I E

E

Hab

ilid

ad

es

Mo

tora

s

Noção do Corpo

Ações, partes e formas

I/E E E E E/C

Ava

liaçã

o S

um

ati

va a

travé

s d

e C

ore

og

rafi

as

Expressão corporal

I/E E E E E/C

Tempo Ritmo/estrutura

I/E E E/C

Ritmo/cadência

I/E

E/C

Noção de Espaço

I/E E

Relação

Corpo I/E E E E E

Colegas I/E E E E E

Meio I/E E E E E

Energia

I/E E E E/C

Criatividade Improvisação I/E E E E E/C

Composição

Danças tradicionais de roda

I/E E E E/C

Dança de Salão Chácháchá

AD

I/E E E/C

Dança de Salão Merengue

Dança Criativa I/E E E E E/C

Coreografia I/E E E E E/C

Fisi

olo

gia

do

Tre

ino

e C

on

diç

ão

sica

Cap

aci

dad

es

Co

ord

en

ati

vas Orientação Espacial

Estes conteúdos estarão presentes em todas as aulas, sendo exercitados em exercícios critério e na coreografia.

Será dada especial atenção à orientação espacial, diferenciação cenestésica e ao ritmo, devido às

características específicas da modalidade em questão.

Diferenciação cenestésica

Reação/Ritmo

Equilíbrio

Cap

aci

dad

es

Co

nd

icio

nais

Resistência Estes conteúdos estão presentes nas aulas de 90 minutos.

Contudo a força será trabalhada em todas as aulas através da composição corporal.

Força

Velocidade

Flexibilidade Dinâmica

Co

nce

ito

s P

sico

sso

ciais

Autonomia

Devido à natureza individual desta modalidade, os conceitos mais incitados serão a autonomia, superação,

empenho e cooperação. Deverão estar presentes em todos os exercícios realizados ao longo das várias aulas.

Superação

Empenho

Respeito

Cooperação

x

Anexo 7: Levantamento das entrevistas semiestruturadas

TURMA 10.ºD

Objetivo: Saber de que forma as aulas de dança influenciaram na auto

perceção e no gosto pela atividade rítmica corporal expressiva

Bloco 1 – Relação com o próprio corpo e com o dos colegas:

1 – O que pensas quando vês o teu reflexo?

(Entrevistado 1) Eu vejo uma pessoa introvertida, de baixa estatura, eu sou

orgulhoso disso, não gostava de ser muito alto. E foi graças às aulas de dança

que isto melhorou muito.

(Entrevistado 2) Sinto-me à vontade.

(Entrevistado 3) Penso que estou feliz com a minha imagem, penso bem.

2 – Quando observas o corpo dos teus colegas, o que pensas?

(Entrevistado 1) Reparo mais nas qualidades do que nos defeitos, mas eu nunca

faço comparações do corpo dos meus colegas com o meu.

(Entrevistado 2) Tal como vejo o meu, aceito e respeito.

(Entrevistado 3) Penso bem, sou uma pessoa que aceita as diferenças e cada

qual é como é e só temos de respeitar.

3 – O que sentes quando danças?

(Entrevistado 1) Energia, eu não sei explicar, é algo inconsciente, é como um fogo

que vem dentro de nós.

(Entrevistado 2) Antes não gostava da dança, mas agora sinto-me confortável e

gosto de me exprimir.

(Entrevistado 3) Sinto-me bem, mas não gosto muito de dançar.

4 – Que dificuldades sentiste nas danças a pares com contacto físico?

(Entrevistado 1) Foi mais o constrangimento, que eu não sei até que ponto a

pessoa confia em mim, se acha aquilo correto ou não.

(Entrevistado 2) Não senti dificuldades, porque eu já conhecia os meus pares.

xi

(Entrevistado 3) Em acompanhar os movimentos da outra pessoa. No contacto

físico senti-me bem.

5 – Qual é o papel do corpo na Dança?

(Entrevistado 1) Qualquer tipo de pessoa pode dançar.

(Entrevistado 2) Muito importante, porque sem o corpo não conseguimos dançar.

(Entrevistado 3) Exprimir a nossa emoção em relação ao ritmo da música.

6 – As aulas de danças afetaram a tua relação com a turma/grupo? Justifica.

(Entrevistado 1) Proporcionou uma maior união.

(Entrevistado 2) Foi muito positivo, porque fui capaz de mostrar outra parte de

mim e eles também.

(Entrevistado 3) Melhoraram a relação com a turma, pois quando eles se

exprimem também nós o podemos fazer.

Bloco 2 – Questões de género e estereótipos acerca da dança:

7 – O que pensas acerca da participação dos rapazes na Dança? Quais as

diferenças entre a participação dos rapazes e das raparigas?

(Entrevistado 1) Eu não sei qual é a diferença, todas as pessoas são iguais. Acho

que não há diferenças, os rapazes não vão fazer os movimentos de raparigas.

(Entrevistado 2) Na nossa turma, não se vê muito, porque acho que os rapazes

gostam tanto de dançar como as raparigas, mas também acho que eles se

sentiam confortáveis para dançarem à nossa frente. Mas de uma forma geral,

penso que não existem diferenças.

(Entrevistado 3) Eu acho que os rapazes deviam participar mais na dança, é um

facto que as raparigas participam muito mais que os rapazes, e acho que as

raparigas têm mais facilidade em se exprimirem.

8 – O que sentes quando danças com alguém do sexo oposto? E com alguém

do mesmo sexo?

(Entrevistado 1) É sempre constrangedor, se for com um amigo mais próximo,

levávamos aquilo mais no gozo, não havia problemas.

(Entrevistado 2) Acho que é a mesma coisa, sinto-me perfeitamente à vontade.

xii

(Entrevistado 3) É igual, tenho é de conhecer a pessoa, não consigo dançar com

desconhecidos, primeiro tenho de ganhar confiança com a pessoa em questão.

9 - Que evolução sentiste na tua opinião acerca da dança, desde o início até

ao final das aulas de Educação Física?

(Entrevistado 1) Aprendi muito mais sobre o ritmo, a dança, os passos e a sua

sincronização. A dança é muito mais do que eu pensava. É como se fosse uma

pauta de música e o corpo as suas notas.

(Entrevistado 2) Foi uma grande evolução, até porque eu não gostava de dançar,

mas acabei por ganhar esse gosto.

(Entrevistado 3) Evolui, porque senti no fim mais facilidades do que no inicio,

passando assim a gostar um bocadinho mais de dança.

10 – Até que ponto a abordagem da dança correspondeu às tuas expetativas

iniciais?

(Entrevistado 1) Eu não tinha grandes expetativas pois eu não sei dançar muito

bem. Eu sou também introvertido, tinha a certa impressão que não ia correr

muito bem, mas foi o contrário…. Eu adorei as aulas de dança.

(Entrevistado 2) Eu tinha umas expetativas um bocado negativas, não gostava de

dança, mas acabei por me divertir e comecei a conhecer aspetos dos meus

colegas que desconhecia.

(Entrevistado 3) Superou as minhas expetativas, porque no inicio não gostava e

passei a gostar, mas fundamentalmente melhorou a maneira como eu me

expressava em relação à música.

11 – Qual o contributo que as aulas de dança para a forma como vês a tua vida?

(Entrevistado 1) Deu me mais autoconfiança, pelo menos a mim. Deu me mais

confiança, no inicio nos pensávamos que não tínhamos jeito para a dança, por

causa do corpo ou qualquer coisa assim, acho que as aulas de dança melhorou

a forma como nos vemos ao espelho, melhorou a imagem.

(Entrevistado 2) Isso é um pouco relativo, mas penso que me ajudou a estar mais

descontraída e não ter tantas inseguranças.

(Entrevistado 3) Vejo a vida com mais ritmo e que posso comunicar com os

outros não só as palavras que facilitam a comunicação.

xiii

NÚCLEO DE ATIVIDADES RÍTMICAS E EXPRESSIVAS

Objetivo: Saber de que forma as aulas de dança influenciaram na auto

perceção e no gosto pela atividade rítmica corporal expressiva

Bloco 1 – Relação com o próprio corpo e com o dos colegas:

1 – O que pensas quando vês o teu reflexo?

(Entrevistado 1_B) Não gosto, porque me acho magra, feia, essas coisas assim.

(Entrevistado 2_B) Não gosto, porque não me sinto bem.

(Entrevistado 3_B) Auto estima elevada.

2 – Quando observas o corpo dos teus colegas, o que pensas?

(Entrevistado 1_B) Queria ser como eles

(Entrevistado 2_B) Não costumo apreciar o corpo das minhas colegas

(Entrevistado 3_B) Depende dos corpos dos meus colegas, há uns que desejava

ter outros que não.

3 – O que sentes quando danças?

(Entrevistado 1_B) Que faz bem, me dá energia, quando estou triste, dançar faz-

me bem

(Entrevistado 2_B) Sinto-me livre, sinto que é o meu refúgio, o local onde ninguém

me critica.

(Entrevistado 3_B) Emoção, alegria, paixão…

4 – Que dificuldades sentiste nas danças a pares/grupo com contacto físico?

(Entrevistado 1_B) Conviver com elas.

(Entrevistado 2_B) Sentia as dificuldades das outras pessoas, dificuldade em

interagir, elas comigo.

(Entrevistado 3_B) Nível de dificuldade, talvez apanhar os passos…

5 – Qual é o papel do corpo na Dança?

(Entrevistado 1_B) Não sei… é importante…

xiv

(Entrevistado 2_B) Cada movimento é cada sentimento.

(Entrevistado 3_B) Viver a vida, ser livre…

6 – As aulas de danças afetaram a tua relação com a turma/grupo? Justifica.

(Entrevistado 1_B) Fizeram-me bem, tive que me relacionar com elas todas.

(Entrevistado 2_B) Fez-me criar novas amizades.

(Entrevistado 3_B) Tivemos momentos de dificuldade, mas tornei-me amiga de

pessoas com quem não falava, conheci mais pessoas, foi bom.

Bloco 2 – Questões de género e estereótipos acerca da dança:

7 – O que pensas acerca da participação dos rapazes na Dança? Quais as

diferenças entre a participação dos rapazes e das raparigas?

(Entrevistado 1_B) Era bom que mais rapazes participassem, os rapazes têm

mais dificuldades em dançar que as raparigas, talvez por isso participem

menos

(Entrevistado 2_B) Eu penso que a participação dos rapazes é importante,

porque a dança não é só para raparigas também é para rapazes. E a interação

entre o corpo feminino e o corpo masculino é tipo uma fusão.. As diferenças,

as raparigas têm mais facilidades que os rapazes

(Entrevistado 3_B) Acho que a Dança não é só para raparigas, mas as raparigas

são sempre mais femininas a dançar.

8 – O que sentes quando danças com alguém do sexo oposto? E com alguém

do mesmo sexo?

(Entrevistado 1_B) Com alguém do mesmo sexo, é mais fácil, estou mais à

vontade. Com os rapazes não sei, nunca dancei.

(Entrevistado 2_B) Sinto-me mais à vontade com alguém do mesmo sexo.

(Entrevistado 3_B) Do sexo oposto, talvez vergonha. Do mesmo sexo, não sei,

talvez o nível de concorrência.

9 - Que evolução sentiste na tua opinião acerca da dança, desde o início até

ao final da sua abordagem nas aulas de Educação Física?

(Entrevistado 1_B) Senti que evolui muito, não só na dança, sempre que tinha

problemas as aulas de dança ajudavam a descarregar esses problemas

xv

(Entrevistado 2_B) Fez-me estar mais à vontade em palco e senti-me mais

valorizada neste grupo.

(Entrevistado 3_B) Acho que evolui, na forma como dançava, como também a

minha personalidade que mudou … ganhei mais confiança.

10 – Até que ponto a abordagem da dança correspondeu às tuas expectativas

iniciais?

(Entrevistado 1_B) Sempre gostei de dançar, por isso as minhas expetativas eram

elevadas, mas pensava que não me ia dar bem com os colegas.

(Entrevistado 2_B) Esperava que fosse uma seca, que era mais baseado nas

danças sociais. Foi muito melhor que eu estava a espera

(Entrevistado 3_B) No início não estava muito segura, mas não quero que isto

acabe!

11 – Qual o contributo que as aulas de dança para a forma como vês a tua vida?

(Entrevistado 1_B) Ajuda-me a pensar nos meus problemas.

(Entrevistado 2_B)Tudo, para mim a dança é tudo. Estas aulas ajudaram-me a

manter firme nas minhas aulas de escola, quando estava mal disposta ou num

dia mau eram estas aulas que me salvavam.

(Entrevistado 3_B) Como existem várias tipos de dança, existem vários tipos de

viver a vida, acho que devemos viver um dia de cada vez. Foi esse o contributo

da dança, viver o dia de cada vez.

xvi

Anexo 8: Cartaz Promocional do 13º Corta Mato Escolas e respetivos placares portáteis

xvii

xviii

Anexo 9: Cartaz de Captação para Torneio “School Volei”

xix

Anexo 10: Cartaz promocional do Núcleo de Atividades Rítmicas e Expressivas

xx

Anexo 11: Regulamento do Concurso de Fotografia “Flash Desportivo” e

respetivo Cartaz Promocional

Concurso de Fotografia

Regulamento

Preâmbulo

O concurso de fotografia é realizado no âmbito do Departamento de Educação Física e

Desporto, aberto a toda a comunidade da escola, intitulado: “FLASH DESPORTIVO”.

I – Objetivos

Captar fotograficamente momentos, pessoas ou objetos ligados ao desporto em geral,

considerados marcantes, representativos ou significativos do que é o desporto. Relatar

o seu olhar sobre o desporto e tendo presente que "uma boa fotografia vale mais que

mil palavras";

II – Concorrentes

Concurso abrangido a toda a comunidade escolar desde estudantes, docentes, pais,

encarregados de educação e funcionários.

III – Especificações importantes

3.1 Os trabalhos deverão ser enviados em formato digital e numa folha A4.

3.2 Deverão ter uma resolução mínima de cinco megapixels.

3.3 Cada concorrente poderá apresentar a concurso até cinco fotografias – só será, no

entanto, premiada uma fotografia por concorrente.

3.5 Todos os trabalhos terão de ser inéditos e atuais.

3.6 Cada fotografia deve ser acompanhada de uma pequena descrição da intenção.

xxi

3.7 Obrigatoriedade da fotografia ter como pano de fundo qualquer espaço da Escola

Secundária das Laranjeiras.

IV – Entrega dos trabalhos

4.1 Os trabalhos devem ser enviados até ao dia 22 de março para o seguinte endereço

eletrónico: [email protected] e entregues aos professores de

Educação Física, até à mesma data.

4.2 Os trabalhos serão avaliados anonimamente pelo júri indicado abaixo. Será

atribuído um número a cada fotografia rececionada.

4.3 O autor deverá indicar juntamente com o trabalho: o nome, o número

mecanográfico (no caso de estudantes, funcionários e docentes inscritos), um

endereço de e-mail e um número de telefone; a descrição da intenção, referida no

ponto 3.6, deve ser inserida neste e-mail, uma descrição por fotografia.

4.4 Os direitos de autor dos trabalhos entregues à guarda da ESL serão por ela

preservados.

V – Júri

5.1 O júri será constituído pelo Presidente do Conselho Executivo Segismundo Martins,

pela Coordenadora do Departamento de Educação Física Gabriela Porto, pelos

Professores Estagiários de Educação Física do núcleo 1 e 2 e pelo presidente da

Associação de Estudantes Alexandre Raposo.

5.2 O júri reserva o direito de não atribuir prémios se a falta de qualidade dos

trabalhos o justificar.

5.3 Cada membro do júri selecionará as três fotografias para os três primeiros lugares,

atribuindo cinco pontos à primeira, três à segunda e um à terceira. Em caso de

empate, vencerá a fotografia que tiver mais escolhas como primeiro lugar, se se

mantiver o empate, mais segundos ou mais terceiros lugares. Se, ainda assim, se

mantiver o empate, o júri reunirá para decidir o desempate.

5.4 Das decisões do júri não haverá recurso, cabendo-lhes a resolução de casos

omissos neste regulamento.

xxii

5.5 Os elementos do júri e da organização do concurso não podem concorrer.

VI – Prémios

6.1 Os melhores trabalhos serão expostos.

6.2 Os prémios serão:

1º Prémio – Troféu representativo da atividade e uma sessão fotográfica;

2º Prémio – Troféu representativo da atividade;

3º Prémio – Troféu representativo da atividade.

6.3 Todos os concorrentes premiados receberão um certificado de participação.

6.4 Os trabalhos serão selecionados e expostos no final do ano letivo.

6.5 Os trabalhos premiados serão publicados no blogue do Departamento de Educação

Física e Desporto e no site oficial da Escola.

VII – Critérios de Avaliação e Cotação

7.1 O trabalho contém todos os dados de identificação necessários: nome da escola

(1 ponto), logótipo (1 ponto), departamento e disciplina (1 ponto); nome(s) do(s)

participante(s) (1 ponto); data de realização (1 ponto);

7.2 A frase escolhida está de acordo com o tema (10 pontos);

7.3 A fotografia, está adequada ao sentido da frase escolhida (10 pontos);

7.4 Na fotografia, as personagens estão vestidas/equipadas de acordo com a

legenda escolhida (5 pontos);

7.5 É possível reconhecer o(s) aluno(s) na fotografia (5 pontos);

7.6 No trabalho, o(s) participante(s) demonstra(m) criatividade (10 pontos) e

sentido estético (10 pontos);

7.7 O trabalho não apresenta erros (5 pontos) ou rasuras (5 pontos);

7.7.1 O trabalho é entregue até ao dia 22 de março (5 pontos).

VIII – Disposições gerais

8.1 Serão admitidos a concurso os trabalhos que respeitem o presente regulamento.

xxiii

8.2 A organização reserva-se o direito de cancelar o concurso, caso o número de

participantes seja inferior a cinco.

8.3 O envio das fotografias implica a aceitação do presente regulamento.

8.4 A organização não se responsabiliza por eventuais extravios.

8.5 Os casos omissos neste regulamento serão resolvidos por deliberação do júri do

concurso.

xxiv

Anexo 12: Cartaz promocional da Atividade “Jornadas da Adolescência” e respetivos panfletos informativos

xxv

xxvi

Anexo 13: Reportagem “Ler a nossa verdade Escondida”

xxvii

Anexo 14: Reportagem “mais de duas centenas de alunos a dançar em simultâneo na secundária das laranjeiras”