O cuidado na Atenção Primária Cartografando limites e...
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Profa. Kathleen Tereza da Cruz Docente da Universidade Federal do Rio de Janeiro – Campus Macaé Coordenadora da área de Saúde
Coletiva - Curso de Medicina
Doutoranda e pesquisadora da Linha de Pesquisa “Micropolitica do Trabalho e do cuidado em Saúde” – Pos-Graduação em Clinica Médica – Faculdade de Medicina – UFRJ
O cuidado na Atenção Primária: Cartografando limites e possibilidades
Linha de Pesquisa Micropolítica do Trabalho e Cuidado em Saúde
Vinculada ao Programa de Clínica Médica da
UFRJ
Trabalha os campos de conhecimento no âmbito da área de Saúde Coletiva.
Universidade Federal Fluminense (UFF)
Universidade de São Paulo (USP), Universidade Federal do Espírito Santo (UFES)
Universidade Estadual do Ceará (UECE) Universidade Estadual de Feira de Santana
(UEFS) Universidade Estadual de Londrina (UEL-
Londrina/PR) Universidade Federal do Paraná (UFPR)
Universidade Cidade de São Paulo (UNICID-SP) Universidade Federal da Paraíba (UFP),
Universidade Estadual de Santa Cruz (UESC-Ilhéus/BA).’
Referencial: cartografia do trabalho vivo em ato na saúde e seus desdobramentos, nos seguintes núcleos temáticos:
Micropolítica do trabalho em saúde Produção do cuidado e arranjos tecnológicos Trabalho em saúde e a educação permanente Reestruturação produtiva e transição tecnológica Caixas de ferramentas dos gestores,
estabelecimentos de saúde e a produção da Saúde
Investigações: • Implantação da Atenção Domiciliar no Âmbito do SUS –
Modelagens a partir das experiências correntes • Implantação de Atenção Domiciliar no Âmbito da Saúde
Suplementar – Modelagem a partir das Experiências Correntes. • Incorporação tecnológica da Atenção Domiciliar em regime de
Internação Domiciliar por Equipamentos da Saúde Suplementar. • A Produção do Cuidado na Rede Básica de Atenção à Saúde • Acessibilidade em uma Complexa Rede Substitutiva De Cuidado Em
Saúde Mental – O Caso De Campinas • Política de Saúde Mental no estado do Rio de Janeiro: um estudo
sobre as metodologias de formação e qualificação das equipes de saúde mental.
• Rede de Avaliação Compartilhada de Redes em Cuidado em Saúde: avalia quem pede, quem faz e quem usa?
O que caracteriza o encontro entre o usuário(a) e o trabalhador de saúde?
Saber científico
Regimes de verdade da ciência
Saber sobre produção de sua própria vida
teorias
Seus Regimes de verdade
Suas próprias teorias
Valorados
O que caracteriza o encontro entre o usuário(a) e o trabalhador de saúde?
Saber científico
Regimes de verdade da ciência
Saber sobre produção de sua própria vida
teorias
Seus Regimes de verdade
Suas próprias teorias
Valorados
Profissional de saúde – o portador do discurso verdadeiro sobre o outro –
aquele que decodifica o sofrimento e o sobrecodifica como doença. (repetição)
Produzindo um efeito de verdade no qual o outro se torna o objeto da sua
intervenção.
O efeito: usuário(a) é produzido como aquele que apenas deve aderir aos
projetos terapêuticas, as prescrições.
O que caracteriza o encontro entre o usuário(a) e o trabalhador de saúde?
Saber científico
Regimes de verdade da ciência
Saber sobre produção de sua própria vida
teorias
Seus Regimes de verdade
Suas próprias teorias
Valorados
Usuário(a) - portador legitimo de desejos, expectativas, capacidades, produtoras
de seus próprios modos de existências, dos seus modos de produzir o sentido
pra si de sua vida. (diferença)
Profissional de saúde – o portador do discurso verdadeiro sobre o outro –
aquele que decodifica o sofrimento e o sobrecodifica como doença. (repetição)
Produzindo um efeito de verdade no qual o outro se torna o objeto da sua
intervenção.
O efeito: usuário(a) é produzido como aquele que apenas deve aderir aos
projetos terapêuticas, as prescrições.
O que poderíamos mapear como um comum neste encontro?
Melhorar e prolonga a vida do usuário(a).
Qual o entendimento de cada um sobre o que seria melhorar e prolongar
a vida? Que vida é essa que seria produzida? Que vida valeria a pena?
Olhar do(a) trabalhador(a)
Diminuir o risco. Mudar o estilo de vida Produzir adesão a tratamentos Todas estas formas de concebe são produzida a partir das teorias produzidas tanto no âmbito da clínica como da saúde coletiva que pretendem normalizar os corpos...
Olhar do(a) usuário(a)
Manter sua capacidade de realizar aquilo que lhe faça sentido na vida Manter sua autonomia sobre si e sobre seu corpo Realizar as coisas que lhe dão sentido para a vida, que lhe produzam satisfação. Produzir modos de existência singulares...
Cartografando tensões constitutivas dos encontros entre usuário(a)s e trabalhadores da saúde
O regime de verdade científico sufoca a expressão dos regimes de verdade do outro, provocando resistência e
rejeição de suas ofertas de cuidado...
Cartografando tensões constitutivas dos encontros entre usuário(a)s e trabalhadores da saúde
O regime de verdade científico sufoca a expressão dos regimes de verdade do outro, provocando resistência e
rejeição de suas ofertas de cuidado...
Aquilo que poderíamos julgar como evidência de potência de vida – a capacidade de resistir a verdade do outro em favor de sua verdade, ao invés de ser POSITIVADO como potência de vida, é NEGATIVADO como não adesão, como o ignorante, o que não entende, o que não obedece, o que não tem jeito...
Cartografando tensões constitutivas dos encontros entre usuário(a)s e trabalhadores da saúde
O regime de verdade científico sufoca a expressão dos regimes de verdade do outro, provocando resistência e
rejeição de suas ofertas de cuidado...
Aquilo que poderíamos julgar como evidência de potência de vida – a capacidade de resistir a verdade do outro em favor de sua verdade, ao invés de ser POSITIVADO como potência de vida, é NEGATIVADO como não adesão, como o ignorante, o que não entende, o que não obedece, o que não tem jeito...
Usuário(a) - rejeita as ofertas de cuidado da saúde – buscando outras forma de cuidado ou desiste (efeito descuidado)
Profissional – encontra resistência em aplicar
suas teorias e abandona o caso “CASO SEM
POSSIBILIDADE TERAPÊUTICA” –
frustação (efeito repetição)
Que vida estamos produzindo????
Que vida vale a pena ser vivida???
Quem decide se uma vida vale a pena?
Quem decide se uma vida vale a pena?
Quem decide se uma vida vale a pena?
Quais vidas serão validadas?
Que vida vale a pena ser vivida???
Que vida vale a pena ser vivida??? Que vida estamos produzindo????
Nós temos no Brasil um rede de saúde, isso incluindo a atenção básica, que
tem uma alta coerência e que compartilha intensamente processo de
medicalização das vidas e privatização.
(Merhy)
Papel de vigilante dos profissionais da saúde - “não se esqueça nunca: você é um doente, um has, e portanto vc será um dependente de nós e
vamos te lembrar a todo momento que vc é doente... “ (Merhy)
Processos de medicalização
Imputar um rótulo diagnóstico
Condena a uma prisão e dela não se sai nunca mais.
Produção do efeito “Medicalização”
Transtorno mental
DM ou HAS
Cronificação
Qual é o modelo de cuidado que mais usufrui da construção de diagnósticos e terapêuticas
condenatórias do ponto de vista da existência?
Modelos médicos de cuidado altamente centrados de grandes gastos no campo tecnológico
ALTA INCORPORAÇÃO TECNOLÓGICA
AUMENTO DOS FRACASSOS
TERAPÈUTICOS
SISTEMAS QUASE IMPOSSÍVEIS DE SER SUSTENTADOS
E qual é a solução que vem se tornando uma realidade no Brasil, e outros países do mundo?
Reforma Gerencial ou Gerencialismo
O que a saúde produz?
Os processos produtivos do campo da saúde não tem a mesma materialidade que outros campos de produção; O processo de trabalho está implicado em seu processo produtivo com o que o encontro “entre” vivos constrói de afectações e afetos. (Merhy)
O que a saúde produz?
A efetividade no campo da saúde depende do tipo de construção, da implicação e da aposta que equipe e trabalhadores tenham diante do outro que ele encontra, no sentido de apostar que a vida do outro vale a pena ou não vale a pena ser vividas... Esta implicação não é traduzida e nem capturada por nenhum mecanismo gerenciamento. (Merhy)
O que esta rede de compartilhamentos pede para a gestão?
A construção de redes que sejam completamente abertas e favoráveis aos encontros singulares que as existências exigem para serem produzidas... (Merhy)
Se os usuários e os trabalhadores não forem potencialmente assumidos no espaço da gestão como válidos e equivalentes
comunicativos, nós não construiremos mecanismos de encontro no qual a verdadeira aposta que o usuário(a) faz em si mesmo contamine positivamente o mundo da construção do trabalho em saúde e da construção do compartilhamento
das redes... (Merhy)