O CANTO E A EVOLUÇÃO LITÚRGICA Assessor: Pe . J osé M arcos de Medeiros Dantas

24
O CANTO E A EVOLUÇÃO LITÚRGICA Assessor: Pe. José Marcos de Medeiros Dantas

description

O CANTO E A EVOLUÇÃO LITÚRGICA Assessor: Pe . J osé M arcos de Medeiros Dantas. “Quanto eu chorei por teus hinos e cânticos, aos suaves acentos das vozes de tua Igreja, que me penetravam de vivas emoções” ( Santo Agostinho, Confissões ). - PowerPoint PPT Presentation

Transcript of O CANTO E A EVOLUÇÃO LITÚRGICA Assessor: Pe . J osé M arcos de Medeiros Dantas

Page 1: O CANTO E A EVOLUÇÃO  LITÚRGICA Assessor:   Pe .  J osé  M arcos de Medeiros Dantas

O CANTO E A EVOLUÇÃO LITÚRGICAAssessor: Pe. José Marcos de Medeiros Dantas

Page 2: O CANTO E A EVOLUÇÃO  LITÚRGICA Assessor:   Pe .  J osé  M arcos de Medeiros Dantas

“Quanto eu chorei por teus hinos e cânticos, aos suaves acentos das vozes de tua Igreja, que me penetravam de

vivas emoções” (Santo Agostinho, Confissões)

Page 3: O CANTO E A EVOLUÇÃO  LITÚRGICA Assessor:   Pe .  J osé  M arcos de Medeiros Dantas

A música, pela suavidade da melodia, pela harmonia dos acordes e dos arranjos

instrumentais, pela beleza dos solos, pelo empolgamento dos coros, encanta. (...)

Por força dos sons e do ritmo, ela provoca a participação, ao mesmo tempo, em termos

de emoção, de animação e de unanimidade, ajustando-nos e nos projetando na

imensidão do mistério de Deus, no seio da Trindade-comunhão, em Jesus Cristo, cuja

presença evoca com peculiar eficácia” (Doc. 43, sobre a animação da Música Litúrgica no

Brasil)

Page 4: O CANTO E A EVOLUÇÃO  LITÚRGICA Assessor:   Pe .  J osé  M arcos de Medeiros Dantas

O canto na história de Israel e na comunidade primitiva

De origem nômade o povo de Israel é resultado de uma encruzilhada de culturas e civilizações. Os

primeiros patriarcas conviveram desde a Babilônia – hoje região correspondente ao Iraque – ao Egito. Em

seguida experimentaram a terra prometida, pouco maior que o atual Estado de Israel, perpassando pelo

exílio de babilônico de Nabucodonosor até reingressar a terra atual.

Page 5: O CANTO E A EVOLUÇÃO  LITÚRGICA Assessor:   Pe .  J osé  M arcos de Medeiros Dantas

Neste longo espaço de tempo muitas culturas influenciaram o povo de Israel: babilônicos, assírios, egípcios, persas, fenícios, gregos e romanos. E foi em meio a esse entrelaçamento cultural que este povo teve

seu desenvolvimento litúrgico, formando uma identidade musical que tem nos Salmos e Cânticos a

maior representatividade.

Page 6: O CANTO E A EVOLUÇÃO  LITÚRGICA Assessor:   Pe .  J osé  M arcos de Medeiros Dantas

Na tradição litúrgica do povo de Israel, os músicos são

descendentes da tribo de Levi. Os levitas músicos eram

encarregados do canto e de tocar os instrumentos. Para serem

admitidos a esse ofício litúrgico, os candidatos passavam por uma

dupla prova acerca de suas aptidões musicais e sobre a

pureza de origem, embora, na prática, fossem considerados

como classe inferior. Os grupos eram tradicionalmente

constituídos por famílias. Tinham um primeiro chefe de música que

organizava o serviço de sua secção no culto e um mestre do

coro que dirigia a salmodia e dava a entrada aos instrumentos.

Page 7: O CANTO E A EVOLUÇÃO  LITÚRGICA Assessor:   Pe .  J osé  M arcos de Medeiros Dantas

Exemplo de Cânticos na Liturgia Judaica

Cântico de Moisés e Miriam (Ex 15);

o livro do Cântico dos Cânticos;

os Salmos de Davi e Salomão;Magnificat;

o Benedictus;Nunc Dimittis;

os hinos apostólicos cuja centralidade é o Cristo.

Page 8: O CANTO E A EVOLUÇÃO  LITÚRGICA Assessor:   Pe .  J osé  M arcos de Medeiros Dantas

O canto torna-se um instrumento que conduz uma intercomunicação

do fiel com o transcendente.

Page 9: O CANTO E A EVOLUÇÃO  LITÚRGICA Assessor:   Pe .  J osé  M arcos de Medeiros Dantas

O surgimento do canto litúrgico na época dos Santos Padres

Para os Santos Padres o canto contribui pedagogicamente tanto para o processo de conversão quanto à cura física e espiritual.

Page 10: O CANTO E A EVOLUÇÃO  LITÚRGICA Assessor:   Pe .  J osé  M arcos de Medeiros Dantas

Esta práxis pedagógica foi relevante para o surgimento do primeiro ensaio de pastoral da música litúrgica, efetuado já nos séculos IV-V

por Ambrósio de Milão e seu discípulo Agostinho de Hipona. O primeiro, após uma

rica experiência espiritual no Oriente, introduziu no Ocidente um novo estilo de

entoação dos salmos, mais vivo e dinâmico, feito alternadamente por versos entre os dois

coros da assembleia.

Page 11: O CANTO E A EVOLUÇÃO  LITÚRGICA Assessor:   Pe .  J osé  M arcos de Medeiros Dantas

Entretanto, foi o próprio Agostinho o

propagador do canto litúrgico popular. Ele

não apenas incentivou o povo a cantar, mas

também sabia escutar e apreciar, fazendo

inúmeros comentários a respeito dos Salmos nos quais enfatizava o canto como uma via para a edificação das

almas.

Page 12: O CANTO E A EVOLUÇÃO  LITÚRGICA Assessor:   Pe .  J osé  M arcos de Medeiros Dantas

Neste período em que viveu Agostinho (séc. IV e V) a comunidade cristã alcançou o ápice da organização ministerial em relação

às assembleias, brotando o chamado pluralismo litúrgico-musical e,

provavelmente, as Scholae Cantorum . Surgem ainda nesta diversidade os rituais dos Sacramentos, o Ofício Divino, o Ano

Litúrgico e, consequentemente, a introdução nos ritos de várias formas de canto.

Page 13: O CANTO E A EVOLUÇÃO  LITÚRGICA Assessor:   Pe .  J osé  M arcos de Medeiros Dantas

O que foi a Scholae Cantorum?Foi uma Escola inicialmente

formada por clérigos, incluindo em suas fileiras o

“cantor” e um ou mais solistas. Foi fundada por

Gregório Magno na Basílica de São Pedro, em Roma, no século VI. Além do canto e

da música, os cantores estudavam a gramática e outras artes necessárias à

compreensão do texto sagrado (CNBB, op. cit. , p. 162).

Page 14: O CANTO E A EVOLUÇÃO  LITÚRGICA Assessor:   Pe .  J osé  M arcos de Medeiros Dantas

O canto na época Medieval

A romanização da Igreja e da Liturgia trouxe grande organização

e aperfeiçoamento tanto no rito como no espaço litúrgico.

Page 15: O CANTO E A EVOLUÇÃO  LITÚRGICA Assessor:   Pe .  J osé  M arcos de Medeiros Dantas

Na época de Gregório Magno, as Scholae Cantorum tornaram-se mais aprimoradas,

alcançando o seu ápice. Situadas entre o povo e o presbitério eram formadas de mestres altamente capacitados na área do canto que executavam

melodias ricas e complexas. Era o surgimento do canto gregoriano ou “canto chão”, também

denominado de monódico. Este era o canto da Urbe, próprio dos ambientes romanos e seus

especialistas comumente eram monges e clérigos.

Page 16: O CANTO E A EVOLUÇÃO  LITÚRGICA Assessor:   Pe .  J osé  M arcos de Medeiros Dantas

Curiosamente, entre os séculos V-VIII onde o canto gregoriano adquiriu maior relevo, gradativamente os

demais estilos foram perdendo sua força, com

exceção do canto ambrosiano, que

permaneceu vivo na tradição. O canto chão

tornou-se oficial no âmbito eclesial, sendo considerado

o modelo supremo da música sacra, ou o mais

perfeito grau na expressão da Liturgia Romana .

Page 17: O CANTO E A EVOLUÇÃO  LITÚRGICA Assessor:   Pe .  J osé  M arcos de Medeiros Dantas

Posteriormente, surge a Polifonia ou canto polifônico. Ao contrário do canto chão,

esta “privilegia uma arte refinada na mistura dos

timbres e harmonias, tornando as músicas mais estéticas que litúrgicas”

(CNBB, 2002, p. 60). Foi neste contexto que no século XI

apareceu à figura do monge Guido d’Arezzo. Homem de espetacular inteligência, a

partir de um hino dedicado a São João Batista, elaborou as escalas, a tonalização e as pautas musicais, tais como

temos hoje.

Page 18: O CANTO E A EVOLUÇÃO  LITÚRGICA Assessor:   Pe .  J osé  M arcos de Medeiros Dantas

A música ritual no período moderno: do Concílio de

Trento ao Sínodo de Pistóia

O Concílio de Trento em detrimento do perigo da

Reforma Protestante buscou salvaguardar a tradição

litúrgica, fazendo as devidas reformas, especialmente, no que diz respeito à doutrina

dos Sacramentos.

Page 19: O CANTO E A EVOLUÇÃO  LITÚRGICA Assessor:   Pe .  J osé  M arcos de Medeiros Dantas

No campo da música ritual, constata-se uma forte influência da arte

barroca como uma atmosfera de triunfo e

de festa, com exuberância pontifical

de chefes de coro e organistas, destacando-se mais que o próprio

presidente da celebração. O órgão

torna-se um instrumento rei, sendo concorrente até mesmo

do altar (cf. CNBB, 2002, p. 61).

Page 20: O CANTO E A EVOLUÇÃO  LITÚRGICA Assessor:   Pe .  J osé  M arcos de Medeiros Dantas

no século XVIII a Igreja começa a sentir um anseio de maior participação comunitária. Grande era a insatisfação. Surge então o Sínodo de Pistóia (1786) com o propósito

de reformar alguns pontos, dentre os quais a participação dos fiéis e no referente a

música, melodias mais simples e adequadas à linguagem popular.

Page 21: O CANTO E A EVOLUÇÃO  LITÚRGICA Assessor:   Pe .  J osé  M arcos de Medeiros Dantas

O Movimento LitúrgicoA reforma de Guéranger na abadia beneditina

de Solesmes fez eclodir o Movimento Litúrgico, fundamentalmente importante para

uma abertura litúrgica mais eficaz e participativa, levando os fiéis a alimentarem

melhor a própria vida espiritual.

Page 22: O CANTO E A EVOLUÇÃO  LITÚRGICA Assessor:   Pe .  J osé  M arcos de Medeiros Dantas

No Brasil este movimento chegou através de grupos provenientes da Ação Católica em 1933. Contudo, não teve êxito

entre as camadas populares,

restringindo-se aos seminários,

mosteiros e à própria Ação

católica.

Page 23: O CANTO E A EVOLUÇÃO  LITÚRGICA Assessor:   Pe .  J osé  M arcos de Medeiros Dantas

A música litúrgica do Vaticano II aos dias de hoje

Se o movimento litúrgico foi a febre eclesial, o Vaticano II foi

a grande revolução. A constituição dogmática

Sacrossanctum Concílium não apenas renovou a liturgia, mas

também tornou dinâmica e participativa, especialmente em relação ao rito que ao ser

traduzido para a língua vernácula, fez da assembléia não uma mera espectadora,

mas também parte integrante e essencial da celebração do

Mistério Pascal.

Page 24: O CANTO E A EVOLUÇÃO  LITÚRGICA Assessor:   Pe .  J osé  M arcos de Medeiros Dantas

Outro aspecto relevante foi a compreensão do canto e da música como uma vivência simbólica da experiência da fé do Povo de Deus. Ambos são símbolos importantes do mistério de Cristo e da

Igreja e não meros ornamentos exteriores.