O Arcadismo e o Realismo

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O Arcadismo O arcadismo é uma escola literária surgida na Europa no século XVIII. O nome dessa escola é uma referência à Arcádia, região do Peloponeso, na Grécia, tida como ideal de inspiração poética. No Brasil, o movimento árcade toma forma a partir da segunda metade do século XVIII. A principal característica desta escola é a exaltação da natureza e de tudo que lhe diz respeito. É por isto que muitos poetas ligados ao arcadismo adotaram pseudônimos de pastores gregos ou latinos (pois o ideal de vida válido era o de uma vida bucólica). O arcadismo, também chamado de setecentismo (do século XVIII, ou os "anos de 1700") ou neoclassicismo é o período que caracteriza principalmente a segunda metade do século XVIII, tingindo as artes de uma nova tonalidade burguesa. A primeira metade do século XVIII marcou a decadência do pensamento barroco, para a qual colaboraram vários fatores: a burguesia ascendente, voltadas para as questões mundanas, passou a deixar em segundo plano a religiosidade que permeava o pensamento barroco; além disso, o exagero da expressão barroca havia cansado o público, e a chamada arte cortesã, que se desenvolvera desde a Renascença, atingia um estágio estacionário e apresentava sinais de declínio, perdendo terreno para a arte burguesa, marcada pelo subjetivismo. Surgiram, então, as primeiras arcádias, que procuravam a pureza e a simplicidade das formas clássicas. No Brasil e em Portugal, a experiência neoclássica na literatura se deu em torno dos modelos do Arcadismo italiano, com a fundação de academias literárias, simulação pastoral, ambiente campestre etc. Esses ideais de vida simples e natural vêm ao encontro dos anseios de um novo público consumidor em formação, a burguesia, que historicamente lutava pelo poder e denunciava a vida luxuosa da nobreza nas cortes. O desejo da natureza, a realização da poesia pastoril, a reverência ao bucolismo são traços marcantes da literatura arcádica, disposta a fazer valer a simplicidade perdida no Barroco. A transição do barroco para o Arcadismo se dá com a publicação, em 1768, do livro Obras Poéticas, de Cláudio Manuel da Costa (1729-1789), um dos integrantes da Inconfidência Mineira. Entre os árcades se destacam ainda o português que viveu no Brasil e participou da Inconfidência Mineira, Tomás Antônio Gonzaga (1744-1810), autor de Marília de Dirceu e Cartas Chilenas; Basílio da Gama (1741-1795), autor do poema épico O

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O Arcadismo

O arcadismo é uma escola literária surgida na Europa no século XVIII. O nome dessa escola é uma referência à Arcádia, região do Peloponeso, na Grécia, tida como ideal de inspiração poética. No Brasil, o movimento árcade toma forma a partir da segunda metade do século XVIII. A principal característica desta escola é a exaltação da natureza e de tudo que lhe diz respeito. É por isto que muitos poetas ligados ao arcadismo adotaram pseudônimos de pastores gregos ou latinos (pois o ideal de vida válido era o de uma vida bucólica). O arcadismo, também chamado de setecentismo (do século XVIII, ou os "anos de 1700") ou neoclassicismo é o período que caracteriza principalmente a segunda metade do século XVIII, tingindo as artes de uma nova tonalidade burguesa. A primeira metade do século XVIII marcou a decadência do pensamento barroco, para a qual colaboraram vários fatores: a burguesia ascendente, voltadas para as questões mundanas, passou a deixar em segundo plano a religiosidade que permeava o pensamento barroco; além disso, o exagero da expressão barroca havia cansado o público, e a chamada arte cortesã, que se desenvolvera desde a Renascença, atingia um estágio estacionário e apresentava sinais de declínio, perdendo terreno para a arte burguesa, marcada pelo subjetivismo. Surgiram, então, as primeiras arcádias, que procuravam a pureza e a simplicidade das formas clássicas. No Brasil e em Portugal, a experiência neoclássica na literatura se deu em torno dos modelos do Arcadismo italiano, com a fundação de academias literárias, simulação pastoral, ambiente campestre etc. Esses ideais de vida simples e natural vêm ao encontro dos anseios de um novo público consumidor em formação, a burguesia, que historicamente lutava pelo poder e denunciava a vida luxuosa da nobreza nas cortes. O desejo da natureza, a realização da poesia pastoril, a reverência ao bucolismo são traços marcantes da literatura arcádica, disposta a fazer valer a simplicidade perdida no Barroco. A transição do barroco para o Arcadismo se dá com a publicação, em 1768, do livro Obras Poéticas, de Cláudio Manuel da Costa (1729-1789), um dos integrantes da Inconfidência Mineira. Entre os árcades se destacam ainda o português que viveu no Brasil e participou da Inconfidência Mineira, Tomás Antônio Gonzaga (1744-1810), autor de Marília de Dirceu e Cartas Chilenas; Basílio da Gama (1741-1795), autor do poema épico O Uraguai; Silva Alvarenga (1749-1814), autor de Glaura; e Frei Santa Rita Durão (1722-1784), autor do poema épico Caramuru. A escola predomina até o início do século XIX, quando surge o Romantismo.

Momento Histórico:

1. No mundo:

-Séc. XVII – o “Século das Luzes”; O Iluminismo.

2. No Brasil:

-A expulsão dos Jesuítas do Brasil (1759); Ciclo da Mineração; Minas Gerais como centro econômico e político; A Inconfidência Mineira (1789);

I- Início: 1768 com “Obras Poéticas” de Cláudio Manuel da Costa

II- Etimologia: Arcádia = região pastoril da Grécia

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III- Definição: restabelecimento da simplicidade e do equilíbrio

IV- Local: MG = ciclo da mineração

V- Aspectos Centrais:

-racionalismo – superação dos conflitos espirituais do período Barroco; retomada dos valores clássicos – o belo, o bem, a verdade, a perfeição; pastoralismo – utilização de pseudônimos pastoris; valorização das convenções clássicas e da mitologia greco-romana; bucolismo – vida no campo; predomínio da razão – ênfase aos estatutos da razão, do conhecimento e da ciência; a beleza e o racional caminham lado a lado; idealização do amor e da mulher; objetivismo; sátira política; linguagem simples.

Realismo

Motivados pelas teorias científicas e filosóficas da época, os escritores realistas desejavam retratar o homem e a sociedade em sua totalidade. Não bastava mostrar a face sonhadora e idealizada da vida como fizeram os românticos; era preciso mostrar a face nunca antes revelada: a do cotidiano massacrante, do amor adúltero, da falsidade e do egoísmo humano, da impotência do homem comum diante dos poderosos. Uma característica comum ao Realismo é o seu forte poder de crítica, adotando uma objetividade que faltou ao romantismo. Grandes escritores realistas descrevem o que está errado de forma natural. Se um autor desejasse criticar a postura da Igreja católica, não escreveria um soneto anticristão, porém escreveria histórias que envolvessem-na de forma a inserir nessas histórias o que eles julgam ser a Igreja Católica e como as pessoas reagem a ela. Em lugar do egocentrismo romântico, verifica-se um enorme interesse de descrever, analisar e até em criticar a realidade. A visão subjetiva e parcial da realidade é substituída pela visão que procura ser objetiva, fiel, sem distorções. Dessa forma os realistas procuram apontar falhas talvez como modo de estimular a mudança das instituições e dos comportamentos humanos. Em lugar de heróis, surgem pessoas comuns, cheias de problemas e limitações. Na Europa, o realismo teve início com a publicação do romance realista “Madame Bovary” (1857) de Gustave Flaubert. O contexto social propiciado pelo Realismo, aliado a leitura de grandes mestres realistas europeus como Stendhal, Balzac, Dickens e Victor Hugo, propiciarão o surgimento do mesmo movimento literário no Brasil. Assim, em 1881 Aluísio Azevedo publica “O Mulato” (primeiro romance naturalista brasileiro) e Machado de Assis publica “Memórias Póstumas de Brás Cubas” (primeiro romance realista do Brasil). O aparecimento do Realismo em Portugal deu-se na Questão Coimbrã. Polêmica esta que significou, nas palavras de Teófilo Braga, “a dissolução do Romantismo”, nela se manifestaram pela primeira vez as novas ideias e o novo gosto de uma geração que reagia contra o marasmo do Romantismo. O segundo episódio do aparecimento do Realismo verificou-se em 1871 nas Conferências do Casino (ou Conferências Democráticas do Casino). A implantação efetiva do Realismo dá-se com a publicação de “O Crime do Padre Amaro”, seguida dois anos mais tarde pelo “Primo Basílio”, obras de Eça de Queiroz, que são caracterizadas por métodos de narração e descrição baseados numa minuciosa observação e análise dos tipos sociais, físicos e psicológicos, aparecendo os fatores como o meio, a educação e a hereditariedade a determinarem o caráter moral das personagens. Embora por vezes

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doutrinariamente fraco e/ou confuso o Realismo em Portugal apresenta-se por isso mesmo, mais do que um movimento consistente, como uma tendência estética, um sentir novo, que se opôs ao Idealismo e ao Romantismo. A sua consequência mais importante foi a introdução em Portugal das influências estrangeiras nos vários domínios do saber. Alargando as escolhas literárias e renovando um meio literário que estava muito fechado sobre si mesmo.

Principais correntes da época:

-Positivismo; Determinismo; Darwinismo.

Alguns expoentes do realismo europeu: Gustave Flaubert, Honoré de Balzac, Eça de Queiroz, Charles Dickens.

Alguns expoentes do realismo brasileiro: Machado de Assis, Raul Pompéia, Artur Azevedo.

Aspectos centrais: distanciamento do narrador; valoriza o que se é; crítica direta; objetividade; textos, às vezes, sem censura; imagens sem fantasias, reais; aversão ao amor platônico; mistura de épico e lírico nos textos; cosmopolita.