LIT. BRAS. ARCADISMO

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Literatura Brasileira Literatura: refere-se à arte, à estética. Brasileira: refere-se a um recorte espacial (no caso, um país).

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Arcadismo no Brasil. Apresentação criada por Fábio Elionar.

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Literatura Brasileira

• Literatura: refere-se à arte, à estética.• Brasileira: refere-se a um recorte espacial (no

caso, um país).

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Arcadismo & NeoclassicismoCONTEXTO HISTÓRICO (1768):

• Iluminismo: a apropriação do mundo pelo conhecimento.

• Ascensão da burguesia.

• Desenvolvimento das cidades.

CARACTERÍSTICAS:

• Imitação, natureza e razão.

• Normas e modelos da tradição.

• “Inutilia truncat”.

• “Aurea mediocritas”.

• “Fugere urbem”.

Antigüidade Idade Média Idade Moderna Idade Contemporânea

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Arcadismo & NeoclassicismoAUTORES & OBRAS:

• Tomás Antônio Gonzaga – Dirceu (1744-1810): Marília de Dirceu; Cartas Chilenas.

• Cláudio Manuel da Costa - Glauceste Satúrnio (1729-1789): Obras poéticas/1768; Vila Rica.

• Frei Santa Rita Durão (1722-1784): Caramuru.

• Basílio da Gama (1741-1795): O Uraguai.

• Alvarenga Peixoto.

• Silva Alvarenga.

• Souza Caldas.

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Jean-Antoine Watteau (10 de Outubro de 1684, Valenciennes – 18 de Julho de 1721, Nogent-sur-Marne) foi um pintor francês do movimento rococó. Tendo sido uma das principais figuras deste período artístico, destacou-se pelas suas pinturas de temas galantes e pastorais.

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XIV  Quem deixa o trato pastoril amado Pela ingrata, civil correspondência, Ou desconhece o rosto da violência, Ou do retiro a paz não tem provado.

Que bem é ver nos campos transladado No gênio do pastor, o da inocência! E que mal é no trato, e na aparência Ver sempre o cortesão dissimulado!

Ali respira amor sinceridade; Aqui sempre a traição seu rosto encobre; Um só trata a mentira, outro a verdade. Ali não há fortuna que soçobre; Aqui quanto se observa, é variedade: Oh ventura do rico! Oh bem do pobre!  

(Cláudio Manuel da Costa)

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CANDIDO, Antonio. Razão, Natureza, Verdade. In: Formação da Literatura Brasileira. 1º vol. São Paulo: Itatiaia, 1997.

O momento decisivo em que as manifestações literárias vão adquirir, no Brasil, características orgânicas de um sistema, é marcado por três correntes principais de gosto e pensamento: o Neoclas¬sicismo, a Ilustração, o Arcadismo. (p. 41)

Neoclassicismo é termo relativamente novo em nossa crítica, nesse contexto, e nos veio dos portugueses, que por sua vez o tomaram aos espanhóis. Estes e os ingleses costumam designar assim a imitação do Classicismo francês, verificada em toda a Europa no século XVIII. Na literatura comum (brasileira e portuguesa) o seu emprego é útil, se levarmos em conta que o movimento da Arcádia Lusitana a partir da doutrinação de Verney, teve por idéia-força o combate ao Cultismo. Nessa empresa, os reformadores (...) procuraram redefinir a imitação direta dos gregos e romanos, (...) e tentaram restabelecer vários padrões do período por excelência clássico na literatura portuguesa, o século XVI, promovendo, sob muitos aspectos, um verdadeiro Neoquinhentismo. E aí estão três derivações capazes de justificar a etiqueta neoclássica, que tem a vantagem de marcar a ligação com o movimento afim da literatura espanhola.

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Arcadismo = Classicismo francês + herança greco-latina + tendências setecentistas.

O verdadeiro é o natural, o natural é o racional.Conceitos-chave: razão, natureza, verdade.

Por Ilustração, entende-se o conjunto das tendências ideológicas do século XVIII, de fonte inglesa e francesa na maior parte: exaltação da natureza, divulgação apaixonada do saber, crença na melhoria da sociedade por seu intermédio, confiança na ação governamental para promover a civilização e bem-estar coletivo.

A designação Arcadismo é menos rica e significativa. (...) Ela engloba os traços ilustrados, e se tivermos a preocupação de não restringi-la à convenção pastoral, que evoca imediatamente, ainda é melhor que as outras, dado o seu sentido histórico, pois, como se sabe, o movimento renovador partiu, em Portugal, da Arcádia Lusitana (p. 42).

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CANDIDO, Antonio. Letras e idéias no período colonial. In: _____ . Literatura e Sociedade. São Paulo: T. A. Queiroz, 2000.

A confiança na força da “razão” acabava por funcionar “tanto como instrumento de ordenação do mundo, quanto como modelo de uma certa arte clássica, abstrata e universal”.

Este fato é ainda acrescido por outras características que surgem então:• “o culto da natureza” (nacional, obviamente) => “naturalidade de expressão e sinceridade de emoção”.• “o desejo de investigar o mundo”;• a “aspiração à verdade, como descoberta intelectual” (p. 97).

Este estado de coisas gera um sentimento de diferenciação por parte de nossos intelectuais em relação ao homem europeu, surgindo de forma inevitável o “desejo de mostrar que também nós tínhamos capacidade para criar uma expressão racional da natureza, generalizando o nosso particular mediante as disciplinas intelectuais aprendidas com a Europa” (p. 97).

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Dois grupos importantes, neste período, são:

1) A Academia dos Renascidos (Bahia, 1759), “assinala um instante capital na formação da nossa literatura, ao congregar homens de letras de várias partes da colônia, num primeiro lampejo de integração nacional”.

2) A Academia Científica (Rio de Janeiro, 1771) – depois, Sociedade Literária -, de tendência emancipadora, que “acabou criticando a situação da colônia”.

Nos escritores deste período encontramos os seguintes aspectos inovadores:• a passagem estética do Barroco para o Arcadismo;• diferentes manifestações do nativismo (agora, mais nacionalista);• preferência pela clareza da expressão, em oposição ao cultismo barroco;• a mudança da visão da terra transfigurada pela visão de progresso.

OS AUTORES:• Cláudio Manuel da Costa• Alvarenga Peixoto• Tomás Antônio Gonzaga• Basílio da Gama (a influência sobre os românticos)• Silva Alvarenga• Santa Rita Durão

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O poeta Tomás Antônio Gonzaga, patrono da cadeira nº 37 da Academia Brasileira de Letras, nasceu na cidade do Porto, em Portugal, a 11 de agosto de 1744 e faleceu na Ilha de

Moçambique, onde cumprira pena de degredo, em fevereiro de 1810. Era filho do brasileiro Dr. João Bernardo Gonzaga e de D. Tomásia Isabel Clark. Passou alguns anos da infância no Recife e na Bahia onde o pai servia na magistratura e, adolescente, retornou a Portugal a fim de completar os estudos, matriculando-se na Universidade de Coimbra na qual concluiu o curso de Direito aos 24 anos. Depois de formado exerceu Gonzaga alguns cargos de natureza jurídica, já tendo advogado em várias causas na cidade do Porto. Candidatou-se a uma Cadeira na Universidade de Coimbra, apresentando uma tese intitulada "Tratado de Direito Natural". Em 1778 foi nomeado juiz-de-fora na cidade de Beja, com exercício até 1781. No ano seguinte (1782) é indicado para ocupar o cargo de Ouvidor Geral na comarca de Vila Rica (Ouro Preto), na Capitania de Minas Gerais. A permanência em Vila Rica estendeu-se até o ano de 1789, quando foi envolvido na famosa Inconfidência Mineira. Em maio do referido ano, acusado de participação na conspiração é detido e, sem maiores formalidades, remetido preso para o Rio de Janeiro.

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Casa em que nasceu T.A.G., no Porto, Portugal.

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Nessa ocasião estava o poeta noivo de Maria Dorotéia Joaquina de Seixas, jovem pertencente a uma das principais famílias da capital mineira, e a quem dedicava poesias do mais requintado sabor clássico, que iriam fazer parte do livro intitulado "Marília de Dirceu" cuja primeira parte foi publicada em Lisboa, pela Impressão Régia, no ano de 1792. A obra poética de Tomás Antônio Gonzaga é relativamente pequena mas suas liras tiveram dezenas de edições. Segundo as mais abalizadas pesquisas de natureza estilística e histórica, deve-se ao infortunado Ouvidor de Vila Rica a autoria da famosa sátira "Cartas Chilenas", só editadas, em forma impressa, no Segundo Reinado. Continham elas uma coleção notável de versos cáusticos, em que era posto em ridículo Luís da Cunha Meneses, Governador e Capitão-General de Minas Gerais, na década de 1780. Na Ilha de Moçambique, para onde foi levado Gonzaga, em virtude de sua condição no processo da Conjuração mineira, casou-se o desventurado vate com Juliana de Sousa Mascarenhas, de quem houve um casal de filhos, cujos descendentes remotos ainda vivem na antiga colônia portuguesa. Quanto ao "Tratado de Direito Natural", já teve edição a cargo do Instituto Nacional do Livro.

(Biografia do autor extraída do saite BibVirt)

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Chafariz em Ouro Preto

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Estrutura do poema

MARÍLIA DE DIRCEU

1ª parte: 1792

2ª parte: 1799

3ª parte: 1812

• PARTE UM: 33 LIRAS

• PARTE DOIS: 38 LIRAS

• PARTE TRÊS: 9 LIRAS

(metros diversos)

Marília de DirceuPARTE I / Lira I

1. Eu, Marília, não sou algum vaqueiro,Que viva de guardar alheio gado;De tosco trato, d' expressões grosseiro, Dos frios gelos, e dos sóis queimado.Tenho próprio casal, e nele assisto;Dá-me vinho, legume, fruta, azeite;Das brancas ovelhinhas tiro o leite,E mais as finas lãs, de que me visto.Graças, Marília bela,Graças à minha Estrela!

2. Eu vi o meu semblante numa fonte,Dos anos inda não está cortado:Os pastores, que habitam este monte,Com tal destreza toco a sanfoninha,Que inveja até me tem o próprio Alceste:Ao som dela concerto a voz celeste;Nem canto letra, que não seja minha,Graças, Marília bela,Graças à minha Estrela!

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3. Mas tendo tantos dotes da ventura,Só apreço lhes dou, gentil Pastora,Depois que teu afeto me segura,Que queres do que tenho ser senhora.É bom, minha Marília, é bom ser donoDe um rebanho, que cubra monte, e prado;Porém, gentil Pastora, o teu agradoVale mais q'um rebanho, e mais q'um trono.Graças, Marília bela,Graças à minha Estrela!

(...)

5. Leve-me a sementeira muito emboraO rio sobre os campos levantado:Acabe, acabe a peste matadora,Sem deixar uma rês, o nédio gado.Já destes bens, Marília, não preciso:Nem me cega a paixão, que o mundo arrasta;Para viver feliz, Marília, bastaQue os olhos movas, e me dês um riso.Graças, Marília bela,Graças à minha Estrela!

6. Irás a divertir-te na floresta,Sustentada, Marília, no meu braço;Ali descansarei a quente sesta,Dormindo um leve sono em teu regaço:Enquanto a luta jogam os Pastores,E emparelhados correm nas campinas,Toucarei teus cabelos de boninas,Nos troncos gravarei os teus louvores.Graças, Marília bela,Graças à minha Estrela!

7. Depois de nos ferir a mão da morte,Ou seja neste monte, ou noutra serra,Nossos corpos terão, terão a sorteDe consumir os dois a mesma terra.Na campa, rodeada de ciprestes,Lerão estas palavras os Pastores:"Quem quiser ser feliz nos seus amores,Siga os exemplos, que nos deram estes."Graças, Marília bela,Graças à minha Estrela!

(Tomás Antônio Gonzaga)

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Parte I - Lira II

1. Pintam, Marília, os PoetasA um menino vendado,Com uma aljava de setas,Arco empunhado na mão;Ligeiras asas nos ombros,O tenro corpo despido,E de Amor, ou de CupidoSão os nomes, que lhe dão.

2. Porém eu, Marília, nego, Que assim seja Amor; pois eleNem é moço, nem é cego,Nem setas, nem asas tem.Ora pois, eu vou formar-lheUm retrato mais perfeito,Que ele já feriu meu peito;Por isso o conheço bem.

3. Os seus compridos cabelos,Que sobre as costas ondeiam,São que os de Apolo mais belos;Mas de loura cor não são.Têm a cor da negra noite;E com o branco do rostoFazem, Marília, um compostoDa mais formosa união.

4. Tem redonda, e lisa testa,Arqueadas sobrancelhas;A voz meiga, a vista honesta,E seus olhos são uns sóis.Aqui vence Amor ao Céu,Que no dia luminosoO Céu tem um Sol formoso,E o travesso Amor tem dois.

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6. Mal vi seu rosto perfeitoDei logo um suspiro, e eleConheceu haver-me feitoEstrago no coração.Punha em mim os olhos, quandoEntendia eu não olhava:Vendo o que via, baixavaA modesta vista ao chão.

7. Chamei-lhe um dia formoso:Ele, ouvindo os seus louvores,Com um gesto desdenhosoSe sorriu, e não falou.Pintei-lhe outra vez o estado,Em que estava esta alma posta;Não me deu também resposta,Constrangeu-se, e suspirou.

8. Conheço os sinais, e logoAnimado de esperança,Busco dar um desafogoAo cansado coração.Pego em teus dedos nevados,E querendo dar-lhe um beijo,Cobriu-se todo de pejo,E fugiu-me com a mão.

9. Tu, Marília, agora vendoDe Amor o lindo retrato,Contigo estarás dizendo,Que é este o retrato teu.Sim, Marília, a cópia é tua,Que Cupido é Deus suposto:Se há Cupido, é só teu rosto, Que ele foi quem me venceu.

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REFERÊNCIAS

AGUIAR E SILVA, Vítor Manuel. Teoria da Literatura. Coimbra: Livraria Almedina, 1970.

BOSI, Alfredo. História Concisa da Literatura Brasileira. São Paulo: Cultrix, 1997.

PROENÇA FILHO, Domício. Estilos de Época na Literatura. São Paulo: Ática, 1995.

Site Virtual Books On Line. Em http://virtualbooks.terra.com.br . Acesso em 10 de janeiro de 2007.

Saite BibVirt. Em: http://www.bibvirt.futuro.usp.br/textos/biografias/autores/tomas_antonio_gonzaga . Acesso em 22 julho de 2008.

FOTOS:Foto da casa de T. A. G. http://farm3.static.flickr.com/2146/1881053992_13a99b4bfa_o.jpgFoto do chafariz em Ouro Pretohttp://farm3.static.flickr.com/2012/2303235458_8434b2cd59.jpg?v=0