O Amor Conjugal - Swedenborg

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O Amor Conjugal (As Delícias da Sabedoria sobre o Amor Conjugal; em seguida vem as Volúpias da Loucura do Amor Escortatório) Emanuel Swedenborg Publicado em latim, Amsterdã, 1768 Tradução para o francês por J.F.E. de Boys de Guays Tradução do francês para o português por João de Mendonça Lima, Livraria Freitas Bastos Rio de Janeiro 1963

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  • O AmorC on j u g a l

    (As Delcias da Sabedoria sobre o Amor Conjugal;em seguida vem as V olpias da Loucura do Amor

    Escortatrio)

    Emanuel Sw edenborg

    Publicado em latim, Amsterd, 1768

    T raduo para o francs por J.F.E. de Boys de G uays

    T raduo do francs para o portugus por Joo de M endona Lima,

    Livraria Freitas BastosR io de Janeiro

    1963

  • 2ndice

    Preliminares sobre as alegrias do cu e sobre as npcias no cu ........................................ 3Dos casamentos no cu................................................................................................... 28Do estado dos esposos depois da morte ........................................................................... 42Do amor verdadeiramente conjugal ................................................................................ 53Da origem do amor conjugal pelo casamento do bem e da verdade ................................. 79Do casamento do Senhor e da igreja e de sua correspondncia ........................................ 97Do casto e do no-casto ................................................................................................ 114Da conjuno das almas e das mentes pelo casamento, a qual entendida por estaspalavras do Senhor: eles no sao mais dois mas uma s carne....................................... 130Da mudana de estado da vida nos homens e nas mulheres pelo casamento .................. 149Universais concernentes aos casamentos....................................................................... 165Das causas das frieza, das separaes e dos divrcios nos casamentos........................... 183Das causas de amor aparente, de amizade aparente e de favor nos casamentos.............. 208Dos esponsais e das npcias ......................................................................................... 225Dos casamentos reiterados............................................................................................ 243Da poligamia................................................................................................................ 256Do cime...................................................................................................................... 274Da conjuno do amor conjugal com o amor dos filhos................................................. 291Da oposio do amor escortatrio e do amor conjugal................................................... 313Da fornicao............................................................................................................... 328Da concubinagem......................................................................................................... 341Dos adultrios, de seus gneros e de seus graus............................................................. 351Do prazer libidinoso da defloraao ............................................................................... 369Do desejo libidinoso de variedades ............................................................................... 373Do desejo libidinoso da violaao................................................................................... 376Do desejo libidinoso de seduzir inocentes ..................................................................... 378Da correspondncia das escortaes com a violaao do casamento espiritual................. 380Da imputaao de um e outro amor, o escortatrio e o conjugal...................................... 384

  • 3Preliminares sobre as alegrias docu e sobre as npcias no cu

    1 - "Prevejo que muitos dos que lero o que vai seguir, e os M emorveiscolocados em seguida aos Captulos, crero que so invenes da imaginao;todavia afirmo em verdade que no so coisas inventadas, mas que so coisasque verdadeiramente aconteceram e foram vistas, no em um certo estado damente entorpecida, mas em um estado de plena viglia, pois aprouve ao Senhormanifestar-Se a mim, e me enviar para ensinar as coisas que devem ser da N ovaIgreja, que entendida no Apocalipse pela N ova Jerusalm; para isso, Ele abriuos interiores da minha mente e do meu esprito; por isso me foi dado estar noM undo Espiritual com os Anjos, e ao mesmo tempo no M undo N atural comos H omens, e isto agora desde vinte e cinco anos".

    2 - U m dia vi sob o Cu O riental um Anjo que voava, tendo na mo e bocauma trombeta, e a tocava para o Setentrio, para o O cidente e para o M eio-dia;estava vestido com uma Clmide, que pelo vo flutuava para trs, e estavacintado com uma faixa que lanava como que chama e luz pelos carbnculos esafiras; voava com o corpo inclinado e descia lentamente para a terra perto dolugar onde eu estava; logo que tocou a terra endireitando-se sobre os ps, foipara c e para l, e ento me tendo visto, dirigiu seus passos para mim; euestava em esprito; e, nesse estado, permanecia sobre uma colina na PlagaM eridional; e quando chegou perto de mim, lhe dirigi a palavra, dizendo: "Oque h agora, ento? ouvi o som da trombeta, e te vi descer atravs dos ares". OAnjo respondeu: Fui enviado para convocar os mais clebres em erudio, osmais perspicazes em gnio, e os mais eminentes em reputao de sabedoria que,sados dos R einos do M undo Cristo, esto sobre a extenso desta terra, a fimde que se reunam sobre esta colina onde ests, e declarem do fundo do coraoo que no M undo pensaram, compreenderam e apreciaram a respeito da AlegriaCeleste e da Felicidade Eterna. Eis qual foi o motivo da minha misso: algunsrecm-vindos do M undo, tendo sido admitidos em nossa Sociedade Celeste,que est no O riente, contaram que, em todo o M undo Cristo, no h umnico homem que saiba o que a Alegria Celeste e a Felicidade Eterna, nempor conseqncia que o Cu. M eus irmos e consociados ficaramextremamente surpreendidos, e me disseram: Desce, chama e convoca os maissbios no M undo dos espritos onde so a princpio reunidos todos os M ortaisdepois de sua sada do M undo N atural, a fim de que, pelo que sair da boca deum grande nmero de sbios, fiquemos certos se uma verdade que h entre osCristos uma tal obscuridade ou uma tal ignorncia tenebrosa sobre a vidafutura. E disse: "Espera um pouco, e vers Coortes de sbios que se dirigempara aqui; o Senhor preparar para eles uma Sala de Assemblia". Esperei, e eis

  • 4que, depois de uma meia hora, vi duas companhias vindo do Setentrio, duasdo O cidente, e duas do M eio-dia, e medida que chegavam, eramintroduzidos pelo Anjo da trombeta em uma Sala preparada; e a tomavam oslugares que lhes eram designados segundo as plagas. H avia seis T ropas ouCoortes; tinha vindo do O riente uma stima que, por causa de sua luz, no eravista pelas outras. Q uando estavam reunidas, o Anjo exps o motivo daconvocao, e pediu que as Coortes, segundo sua colocao, manifestassem suasabedoria sobre o assunto da Alegria Celeste e da Felicidade Eterna; e entocada Coorte se formou em crculo; com as faces voltadas para as faces, para serelembrar este assunto segundo as idias recebidas no M undo precedente, eexamin-lo agora, e depois do exame e da deliberao declarar o seusentimento.

    3 - Depois da deliberao a Primeira Coorte, que era do Setentrio, disse "AAlegria Celeste e a Felicidade Eterna so um com a vida mesma do Cu, porisso que, quem quer que entre no Cu entra quanto sua vida nas alegrias doCu, absolutamente do mesmo modo que aquele que entra em uma sala denpcias, entra nas alegrias que a se desfrutam; o Cu diante de nossa vista, noest acima de ns, assim, em um lugar? e l, e no noutro lugar, que hfelicidade sobre felicidade e volpias sobre volpias; o homem introduzidonessas delcias quanto a toda percepo da mente e quanto a toda sensao docorpo segundo a plenitude das alegrias desse lugar, quando introduzido noCu; a felicidade celeste, que eterna tambm, no portanto outra cousaseno a admisso no Cu, e admisso pela G raa Divina". Depois que aPrimeira Coorte assim falou, a Segunda do Setentrio tirou de sua sabedoriaeste sentimento: "A Alegria Celeste e a Felicidade Eterna no so outra cousaseno R eunies muito alegres com os Anjos e Conversaes muito agradveiscom eles, pelas quais as fisionomias expandidas so mantidas na alegria, e todasas bocas em risos graciosos, excitadas por palavras agradveis e assuntosdivertidos; e que podero ser as alegrias celestes, seno as variedades destesprazeres durante a eternidade?" A T erceira Coorte, que era a Primeira dossbios da Plaga O cidental, se exprimiu assim segundo os pensamentos de suasafeies: O que a Alegria Celeste e a Felicidade Eterna, seno Banquetes comAbraho, Isaac e Jacob, em cujas mesas estaro M anjares delicados erebuscados, e V inhos generosos e excelentes; e, depois dos repastos, Jogos eCoros de jovens virgens e de homens jovens danando ao som de sinfonias e deflautas entrecortadas por cnticos, melodiosos; e enfim, noite, representaesteatrais; e, depois destas representaes, novos repastos, e assim cada dia,durante a eternidade". Depois a Q uarta Coorte, que era a Segunda da PlagaO cidental, enunciou seu sentimento, dizendo: "Examinamos vrias idias arespeito da Alegria Celeste e da Felicidade Eterna, e exploramos diversasalegrias e as comparamos entre si, e conclumos que as Alegrias Celestes soAlegrias Paradisacas; o Cu outra cousa mais do que um Paraso, que seestende do O riente ao O cidente, e do M eio-dia ao Setentrio? N o meio destas

  • 5rvores e destas flores est a magnfica Arvore da V ida, em torno da qual estoassentados os bem-aventurados, alimentando-se de frutas de um sabor delicado,e ornados com grinaldas de flores de um odor muito suave; estas rvores e estasflores sob a influncia de uma primavera perptua nascem e renascem cada diacom uma variedade infinita; e por este nascimento e esta florao perptuas, eao mesmo tempo por esta temperatura eternamente primaveril, os espritos(animi) continuamente renovados no podem deixar de aspirar e respirarAlegrias renovadas cada dia, e assim reentrar na flor da idade, e por isso noestado primitivo, em que Ado e sua esposa foram criados, e por conseqnciaser recolocados em seu Paraso, transferido da T erra para o Cu". A Q uintaCoorte, que era a Primeira dos mais perspicazes em gnio da Plaga M eridional,se exprimiu assim: "As Alegrias Celestes e a Felicidade Eterna no so outracousa seno Dominaes sobreeminentes e T esouros imensos, e porconseguinte uma magnificncia mais que real, e um esplendor acima de todobrilho; que as Alegrias do Cu, e o gozo dessas alegrias, que a felicidadeeterna, sejam tais, o que vimos claramente por aqueles que, no M undoprecedente, gozaram dessas vantagens; e, alm disso, pelo fato de que os bem-aventurados no Cu devem reinar com o Senhor, e ser reis e prncipes, porqueso filhos d'Aquele que o. R ei dos reis e o Senhor dos senhores, e pelo fato deque estaro sentados em tronos, e os Anjos os serviro. V imos claramente magnificncia do Cu, pelo fato de que a N ova Jerusalm, pela qual descrita aglria do Cu, ter portas, cada uma das quais ser uma Prola, e ter Praas deouro puro, e uma M uralha cuja fundao ser de pedras preciosas; que porconseqncia quem quer que tenha sido recebido no Cu tem um Palcioresplandecente de ouro e cousas de um grande preo, e que a Dominao apassa sucessivamente e em ordem de um a outro; e como sabemos que emsemelhantes cousas h alegrias inatas e uma felicidade inerente, e elas sopromessas irrevogveis de Deus, no podemos tirar de outra parte o estado maisfeliz da vida celeste". Depois desta Coorte, a Sexta, que, era a Segunda da PlagaM eridional, elevou a voz e disse: "A Alegria do Cu e a Felicidade Eterna noso outra cousa seno uma perptua glorificao de Deus, uma festa que duraeternamente, e um culto de grande beatitude com cantos e gritos de alegria; eassim uma constante elevao do corao para Deus, com plena confiana naaceitao das preces e dos louvores por esta Divina munificncia de beatitude.Alguns desta Coorte ajuntaram que esta G lorificao se far com magnficasiluminaes, com suaves perfumes e pomposas procisses testa das quaismarcharo, com uma grande T rombeta, o soberano Pontfice, seguido dosPrimazes e Porta-maas, grandes e pequenos, e atrs deles H omens levandopalmas e mulheres tendo estatuetas de ouro nas mos.

    4 - A Stima Coorte, que no era vista pelas outras por causa de sua luz, era doO riente do Cu; compunha-se de Anjos da mesma Sociedade a que pertencia oAnjo da trombeta; tendo sabido em seu Cu que, no M undo Cristo no haviaum nico homem que soubesse o que era a Alegria do Cu e a Felicidade

  • 6Eterna, estes Anjos tinham dito entre si: "Isso no pode ser verdadeabsolutamente; impossvel que haja entre os cristos uma to grandeobscuridade, e um tal embotamento das mentes; desamos ns tambm, esaibamos se verdade; e, se a verdade, certamente um prodgio". Entoestes Anjos disseram ao Anjo da trombeta: "T u sabes que todo homem quedesejou o Cu, e pensou alguma cousa de positivo a respeito das alegrias doCu, introduzido depois da morte nas alegrias de sua imaginao; e quedepois que aprendeu pela experincia o que so essas alegrias, isto , que sosegundo as vs idias de sua mente, e segundo os delrios de sua fantasia, afastado delas e instrudo; o que acontece no M undo dos Espritos maiorparte daqueles que, na vida precedente meditaram sobre o Cu, e que segundocertas idias assentadas a respeito das alegrias celestes, desejaram possu-las".Depois de ter ouvido estas palavras, o Anjo da trombeta disse s seis Coortes deSbios do M undo Cristo que ele tinha convocado: "Segui-me, e eu vosintroduzirei nas vossas Alegrias, por conseqncia no Cu". Depois depronunciar estas palavras, o Anjo seguiu em frente, e, em primeiro lugar, foiseguido pela Coorte daqueles que se tinham persuadido de que as AlegriasCelestes eram unicamente reunies muito alegres e conversaes muitoagradveis. O Anjo os introduziu em Assemblias da Plaga Setentrional, queno tinham tido, no mundo precedente, outras noes a respeito das Alegriasdo Cu. H avia l uma Casa espaosa na qual os que eram assim tinham sidoreunidos; esta Casa tinha mais de cinqenta salas, distinguidas segundo osdiversos gneros de palestras; em umas se falava do que se tinha visto e ouvidonas praas pblicas e nas ruas; em outras, se tratava de diversos assuntosagradveis sobre o belo sexo, entremeando-os com gracejos, multiplicados aoponto de espalhar o riso da alegria sobre todas as faces da Assemblia; em outrassalas, ocupavam-se de N ovidades das Cortes, dos M inistrios, do Estadopoltico, de diferentes cousas, que tinham transpirado dos Conselhos secretos, ese faziam raciocnios e conjeturas sobre os acontecimentos; em outras, se falavado comrcio; em outras, de literatura; em outras, do que se relaciona com aPrudncia civil e a V ida moral; em outras, de cousas Eclesisticas e de Seitas; eassim por diante. Foi-me dado fazer uma inspeo nesta Casa, e vi pessoas quecorriam de sala em sala, procurando companhia conforme suas afeies e porconseqncia conforme sua alegria; e, nas companhias, vi trs espcies depessoas; umas ansiosas por falar, outras desejosas de perguntar, e outras vidasde ouvir. H avia quatro portas na Casa, uma para cada Plaga, e notei quemuitos deixavam as companhias e se apressavam para sair; segui alguns deles at porta O riental, e vi alguns outros assentados com ar triste perto desta porta;aproximei-me, e lhes perguntei por que estavam sentados assim tristes, e elesme responderam: "As portas desta Casa so conservadas fechadas para os quequerem sair; e eis que agora o terceiro dia desde que entramos aqui; e queaqui temos vivido, conforme o nosso desejo, em companhias e emconversaes; e estas conversas contnuas nos fatigam de tal modo, que mal

  • 7podemos suportar ouvir o seu prprio burburinho; por isso que levados peloenfado, viemos para esta porta, e temos, batido; mas nos responderam: "Asportas desta Casa se abrem, no para os que querem sair, mas para os quequerem entrar; ficai e gozai as alegrias do Cu"! Por estas respostas, conclumosque ficaremos aqui eternamente; desde esse momento a tristeza se apoderou denossas mentes, e agora o nosso peito comea a se cerrar, e a ansiedade a seapoderar de ns". Ento o Anjo tomou a palavra e lhes disse: "Este estado amorte de vossas alegrias que acreditastes serem unicamente celestes, quandoentretanto no so mais do que acessrios das alegrias celestes". E eles disseramao Anjo: O que ento a Alegria Celeste?" E o Anjo respondeu em poucaspalavras: " o prazer de fazer alguma cousa que seja til a si mesmo e aosoutros; e o prazer do uso tira do Amor a sua essncia, e da Sabedoria a suaexistncia; o prazer do uso que tira sua origem do Amor pela Sabedoria aalma e a vida de todas as Alegrias Celestes. H nos Cus R eunies muitoagradveis, que alegram as mentes dos Anjos, divertem suas mentes exteriores(animi), deleitam seus coraes, e recreiam seus corpos; mas no as gozamseno depois de terem feito usos em suas funes e em suas obras, por isto halma e vida em todas as suas alegrias e em todos os seus divertimentos; mas quese tire esta alma ou esta vida, e as alegrias acessrias deixam progressivamentede ser alegrias, e se tornam a princpio indiferentes, e em seguida como nada, epor fim no so mais que tristezas e ansiedades". Depois que ele assim falou, aporta se abriu, e os que estavam sentados perto dela saram precipitadamente; efugiram para suas casas, indo cada um para sua funo e seu trabalho; e foramaliviados.

    6 - Em seguida o Anjo se dirigiu aos que se tinham formado da Alegria do Cue da Felicidade Eterna esta idia, que eram Banquetes com Abraho, Isaac eJacob; e, depois das refeies, jogos e espetculos, e de novo refeies, e assimdurante a eternidade; e lhes disse: "Segui-me e eu vos introduzirei nasfelicidades de vossas alegrias". E os fez entrar, atravs de um bosque, em umcampo coberto por um estrado, sobre o qual haviam colocado mesas, quinze deum lado e quinze do outro; e eles perguntaram: "Por que tantas mesas?" e oAnjo respondeu: "A primeira mesa a de Abraho; a segunda, a de Isaac; aterceira, a de Jacob; e perto destas esto em ordem as mesas dos doze Apstolos;do outro lado esto outras tantas mesas para suas esposas, as trs primeiras soas de Sarah esposa de Abraho, de R ebeca esposa de Isaac, e Leah e R achelesposas, de Jacob; e as outras doze, as das esposas dos doze apstolos". Algunsinstantes depois, todas as mesas apareceram cobertas de iguarias e os pequenosespaos, entre os pratos, ornados de pequenas pirmides carregadas de todaespcie de doces. O s que deviam tomar parte no banquete estavam em p, emtorno das mesas, na expectativa de verem chegar os seus Presidentes; depois dealguns momentos de espera, foram vistos entrar em ordem de marcha desdeAbraho at ao ltimo dos Apstolos; e em seguida cada um deles, seaproximou de sua mesa, colocando-se cabeceira sobre um leito; e da,

  • 8disseram aos que se mantinham em p em torno: T omai lugar tambmconosco". E eles tomaram lugar com estes Patriarcas, e as mulheres com suasesposas e comeram e beberam com alegria e com venerao. Depois do repasto,estes Patriarcas saram; e ento comearam jogos, danas de moas e rapazes;depois das danas, espetculos; terminados os espetculos, os assistentes foramconvidados de novo para Festins, mas com este regulamento, que no primeirodia comeriam com Abraho, no segundo com Isaac, no terceiro com Jacob, noquarto com Pedro, no quinto com T iago, no sexto com Joo, no stimo comPaulo, e com os outros seguindo a ordem at ao dcimo quinto dia, a partir doqual retornariam os festins na mesma ordem, variando de lugares, e assimdurante a eternidade. Em seguida o Anjo convocou os homens da Coorte, elhes disse: "T odos aqueles que vistes nas mesas tm estado em um pensamentoimaginrio semelhante ao vosso, sobre as Alegrias do Cu e sobre a FelicidadeEterna; e a fim de que vejam por si mesmos a fragilidade de suas idias e sejamafastados delas, tais cenas de mesas foram institudas, e permitidas pelo Senhor.O s Presidentes, que vistes cabeceira das mesas, eram Ancios desempenhandoum papel, a maior parte de origem rstica, que tendo muita barba, e sendoorgulhosos de uma certa opulncia acima dos outros, tinham tido a fantasia deque eram antigos Patriarcas. M as segui-me pelos caminhos que conduzem parafora deste recinto", E eles o seguiram, e viram cinqenta em um lugar, ecinqenta em um outro, que se tinham ingurgitado de alimento ao ponto desentir nuseas, e desejavam voltar para o interior de suas casas, uns a seusempregos, outros a seu comrcio, e outros a seu trabalho;, mas um grandenmero estava retido pelos guardas do bosque, e interrogados sobre os dias deseus repastos, se tinham comido tambm nas mesas de Pedro e de Paulo; e lhesdiziam que se sassem antes, como isso era contrrio decncia, eles seriamcobertos de vergonha. M as a maior parte respondia: "Estamos saciados denossas alegrias, as iguarias se nos tornaram inspidas, e o nosso paladar estressecado, o estmago as desdenha, no podemos mais toc-las; passamosalguns dias e algumas noites nesta festana; pedimos insistentemente que nosmandem embora". E tendo sido despedidos, fugiram ofegantes, correndoprecipitadamente para suas casas. Depois disso o Anjo chamou os homens daCoorte; e em caminho, eis o que lhes ensinou sobre o Cu: "N o Cu, domesmo modo que no M undo, h Alimentos e Bebidas, h Festins e Banquetes;e l entre os Principais, h M esas sobre as quais so servidas iguarias delicadas,cousas gostosas e rebuscadas, pelas quais as mentes exteriores (animi) soalegradas e recreadas; h tambm Jogos e Espetculos; h Concertos e Cnticos;e tudo isso na maior perfeio; estas coisas so tambm alegrias para os Anjos,mas no uma felicidade, esta deve estar nas alegrias, e por conseguinte provirdas alegrias; a felicidade nas alegrias faz com que sejam alegrias, as fertiliza e assustenta, a fim de que no se tornem nem banais nem fastidiosas; e estafelicidade, cada um a possui pelo uso em sua funo. N a afeio da vontade decada Anjo, h uma certa veia escondida; que atrai a mente para fazer alguma

  • 9cousa, a mente por isso se tranqiliza e se satisfaz; esta satisfao e estatranqilidade tornam o estado da mente suscetvel de receber do Senhor oamor do uso; desta recepo vem a Felicidade Celeste que a vida destasalegrias de que j se falou. A Alimentao celeste, em sua essncia, no outracousa mais do que o amor, a sabedoria e o uso juntos, isto , o uso pelasabedoria do amor; por isso que, no Cu, dado a cada um o alimento para ocorpo segundo o uso que ele tem, suntuoso aos que esto em usos eminentes,medocre, mas de sabor agradvel aos que esto em um uso de grau mdio, e vilaos que esto em um uso vil, mas no dado aos preguiosos.

    7 - O Anjo chamou em seguida para junto dele a Coorte dos pretensos sbios,que haviam colocado as Alegrias Celestes, e segundo estas Alegrias, a FelicidadeEterna, nas Dominaes sobreeminentes e nos T esouros imensos, e em umamagnificncia mais que real e em um esplendor acima de todo brilho; e issoporque se diz na Palavra que eles sero reis e prncipes, que reinaro comCristo eternamente e sero servidos pelos Anjos, alm de vrias outras coisas; oAnjo lhes disse: "Segui-me, e eu vos introduzirei nas vossas alegrias". E osintroduziu em um Prtico composto de colunas e de Pirmides; na frente haviaum trio pouco elevado pelo qual havia acesso ao Prtico; foi por esse trio queele os introduziu; e eis que foram vistos vinte de um lado e vinte de outro lado,e esperavam. E de repente apareceu algum desempenhando o papel de umAnjo, e lhes disse: "Por este Prtico passa o caminho que conduz ao Cu;espera! um pouco, e preparai-vos, porque os maiores dentre vs vo se tornarR eis e os menores sero Prncipes". A estas palavras, perto de cada Colunaapareceu um T rono, e sobre o T rono uma clmide de seda, e sobre a clmideum cetro e uma coroa; e perto de cada Pirmide apareceu um Assento elevadode trs cvados acima da terra, e sobre o assento uma cadeia de anis de ouro ecordes da ordem eqestre reunidos pelas pontas com pequenos crculos dediamantes. E ento gritou-se: "Ide, agora; revesti-vos, assentai-vos e esperai''. Eno mesmo instante os G randes correram para os tronos, e os M enores para osassentos, e se revestiram e se colocaram; mas ento apareceu um nevoeiroelevando-se dos infernos; os que estavam assentados nos tronos e nos assentostendo-o aspirado, as suas faces comearam a inchar, os seus coraes a estufar, eeles ficaram cheios de confiana de que eram agora reis e prncipes; estenevoeiro era a aura (atmosfera) da fantasia de que estavam inspirados; e derepente, acorreram, como vindos do Cu, mancebos; e se colocaram dois atrsde cada trono, e um por trs de cada assento, para servir; e ento, de temposem tempos, um arauto exclamava: "Sois reis e prncipes, esperai ainda umpouco, neste momento se preparam no Cu as vossas cortes; os vossos cortesosvo chegar em breve com os vossos guardas, e vos introduziro". Elesesperavam e esperavam, a ponto que seus espritos apenas respiravam e eramexcedidos por seu desejo. Depois de trs horas de espera, o Cu se abriu acimade suas cabeas, e os Anjos baixaram seus olhares sobre eles, e tiveram piedadedeles, e lhes disseram: "Por que estais assim sentados como loucos, a agir como

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    histries? Fizeram troa de vs, e de homens vos transformastes em dolos; eisso porque pusestes em vossos coraes que reinareis com o Cristo como reis eprncipes, e que ento sereis servidos pelos Anjos. Ser que esquecestes estaspalavras do Senhor: "Q ue aquele que quer ser grande no Cu torna-seservidor?" Aprendei pois o que entendido pelos reis e prncipes, e peloreinado com o Cristo; sabei que ser sbio e fazer usos; com efeito, o R eino doCristo, que o Cu, o R eino dos usos; pois o Senhor ama todos os homens, epor conseguinte, quer o bem a todos, e o bem o uso, e como o Senhor faz obem ou os usos mediatamente pelos Anjos, e no M undo pelos homens, porisso que queles que fazem fielmente os usos Ele d o amor do uso, e arecompensa do uso, que a beatitude interna, e esta a felicidade eterna. H nos Cus, como nas terras, Dominaes sobreeminentes e T esouros imensos,pois h governos, e formas de governo, e por conseqncia, h poderes maiorese menores, dignidades maiores e menores, e aqueles que esto no supremo graudos poderes e das dignidades, tm Palcios e Cortes, que ultrapassam emmagnificncia e em esplendor os palcios e as cortes; dos Imperadores e dosR eis na terra, e so cercados de honra e de glria por numerosos cortesos,ministros e guardas, e pelas vestimentas magnficas destes; mas aqueles que soassim elevados categoria suprema so escolhidos entre aqueles cujo corao pelo bem pblico e cujos sentidos do corpo esto unicamente na grandeza e namagnitude por causa da obedincia; e como do bem pblico que cada umesteja em algum uso na sociedade como corpo comum, e como todo uso vemdo Senhor, e feito pelos Anjos e pelos homens como por si mesmos, evidente que isso reinar com o Senhor". Depois de terem ouvido estaspalavras pronunciadas do Cu, estes pretensos reis e prncipes desceram dostronos e dos assentos, e lanaram para longe deles os cetros, as coroas e asclmides; e o nevoeiro em que estava a atmosfera da fantasia se afastou deles, eeles foram envolvidos por uma nuvem branca em que havia a atmosfera dasabedoria que restituiu a sade a suas mentes.

    8 - O Anjo voltou em seguida Casa da Assemblia dos sbios do M undoCristo e chamou a si aqueles que se tinham persuadido de que as Alegrias doCu e a Felicidade Eterna eram delcias paradisacas; e lhes disse: "Segui-me, evos introduzirei no Paraso, vosso Cu, a fim de que comeceis a gozar dasbeatitudes de vossa felicidade Eterna". E ele os introduziu por uma Portaelevada, construda com um entrelaamento de ramos e vergnteas de rvorespreciosas, depois que entraram, conduziu-os por caminhos sinuosos de regioem regio; era efetivamente um Paraso na primeira entrada do Cu, Paraso aque so enviados aqueles que, no M undo, acreditaram que o Cu inteiro umParaso nico porque chamado Paraso, e que tm impressa em si a idia deque depois da morte h inteira cessao do trabalho e que esse repousoconsistir unicamente em respirar delcias, em passear sobre rosas, em sedeleitar com o suco das uvas mais finas, em celebrar festas e festins; e que estavida no pode existir seno no Paraso Celeste. Conduzidos pelo Anjo, eles

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    viam uma grande multido tanto de velhos como de moos e crianas, etambm mulheres e mocinhas, de trs em trs, e de dez em dez, sentadas nosbosques de roseiras, entretecendo grinaldas com que ornavam as cabeas dosvelhos, os braos dos moos, e com ramalhetes os peitos das crianas; em outroslugares, colhendo frutas das rvores, e levando-as em cestas para seuscompanheiros; em outros lugares espremendo em taas o suco das uvas, dascerejas e das groselhas, e bebendo-o com prazer; em outros lugares, aspirandoos perfumes exalados pelas flores, pelas frutas e pelas folhas odorferas, eespalhadas por toda parte; em outros lugares, cantando odes melodiosas comque deliciavam os ouvidos dos que estavam presentes; em outros lugares,assentadas perto de fontes, e de guas que jorravam tomando formas diversas;em outros lugares, passeando, conversando e lanando exclamaes alegres; emoutros lugares, correndo, brincando, aqui aos pares, l em rodas; em outroslugares, retirando-se para caramanches no meio de jardins, para a repousarem leitos; sem falar de muitas outras alegrias paradisacas. Depois que viramtodos esses grupos, o Anjo conduziu seus companheiros por circuitos aqui e ali,e por fim para outros espritos que estavam sentados em um bosque de roseirasmuito bonito, cercado de oliveiras, de laranjeiras e de limoeiros, e que, com acabea inclinada e as mos sobre as faces, gemiam e derramavam lgrimas; osque acompanhavam o Anjo lhes dirigiram a palavra, e disseram: "Por que estaisassim sentados?" E eles responderam: "Faz hoje sete dias que chegamos a esteParaso, quando entramos, a nossa mente parecia ter sido elevada ao Cu emergulhado nas beatitudes ntimas de suas alegrias; mas, ao cabo de trs diasestas beatitudes comearam a diminuir e a se apagar em nossas mentes, e a setornarem insensveis, e por conseguinte nulas; e quando as nossas alegriasimaginrias assim se dissiparam, tememos a perda de todo atrativo de nossasvidas, e nos tornamos, em relao felicidade eterna, incertos quanto suaexistncia; desde esse momento temos andado errantes pelas alias e pelaspraas, procurando a porta pela qual entramos; mas temos andado em vo, decircuito em circuito; e temos interrogado os que encontramos e alguns nosdisseram: "N o se acha a porta, porque este Jardim Paradisaco um vastolabirinto, de tal natureza que aquele que quer sair dele, cada vez embrenha-semais; no podeis, portanto, fazer outra cousa que no seja permanecer aquieternamente; estais agora no meio, onde todas as delcias esto concentradas".Alm disso, disseram aos que acompanhavam o Anjo: "Faz agora um dia e meioque estamos aqui sentados, e como no temos esperana de encontrar umasada, nos recolhemos neste bosque de roseiras, e vemos com abundncia emtorno de ns olivas, uvas, laranjas e limes, mas quanto mais os olhamos, maisse cansa a vista vendo, o olfato cheirando, e o paladar provando; eis a causa datristeza, dos gemidos e das lgrimas que vedes em ns". O Anjo da Coorte,tendo ouvido estas palavras lhes disse: "Este Labirinto Paradisaco verdadeiramente uma entrada do Cu, conheo uma sada e vos farei sair". Aestas palavras os que estavam sentados se levantaram e abraaram o Anjo, e o

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    seguiram com sua Coorte; e no caminho o Anjo lhes ensinou o que a AlegriaCeleste e por conseguinte a Felicidade Eterna. "N o so as delcias paradisacasexternas, a no ser que haja ao mesmo tempo Delcias Paradisacas internas; asdelcias paradisacas externas so unicamente dos sentidos do corpo, mas asdelcias paradisacas internas so delcias, das afeies da alma; se estas no estonaquelas, no h vida celeste, porque no h alma nas delcias externas; e todadelcia sem sua alma correspondente definha e se entorpece pela continuidade,e fatiga, mais que o trabalho, a mente exterior (animus). N os Cus h por todaparte jardins paradisacos, e os Anjos ai encontram tambm alegrias, e quantomais a colocam a delcia da alma, tanto mais estas alegrias so para elesalegrias". A essas palavras todos perguntaram o que a delcia da alma, e dondevem; o Anjo respondeu: "A delcia da alma vem do amor e da sabedoriaprocedentes do Senhor, e como este amor que age, e age pela sabedoria, porisso que a sede de um e da outra est na ao, e a ao o uso; esta delciainflui do Senhor na alma, e desce pelos superiores e pelos inferiores da mente atodas as cousas do corpo, e a se completa; da a alegria tornar-se alegria, etorna-se eterna pelo Eterno de Q ue procede. V istes, Jardins Paradisacos, e euvos asseguro que neles no h a menor cousa, nem mesmo a menor folha, queno provenha do casamento do amor e da sabedoria no uso; se portanto, ohomem est neste casamento, est no Paraso Celeste, e assim no Cu.

    9 - Em seguida o Anjo condutor voltou Casa para junto dos que se tinhamfirmemente persuadido de que a Alegria Celeste e a Felicidade Eterna so umaperptua G lorificao de Deus e uma Festa que dura toda a eternidade; e issoporque no M undo tinham crido que ento veriam a Deus, e porque a vida doCu, por causa do culto a Deus, chamada um Sabbath perptuo. O Anjo lhesdisse: "Segui-me, e eu vos introduzirei em vossa alegria". E os fez entrar emuma cidadezinha, no meio da qual havia um T emplo, e cujas casas eram todasdenominadas casas sagradas. N esta cidade, viram uma afluncia de espritos detodos os quadrantes da regio circunvizinha, e entre eles um grande nmero dePadres que recebiam os que chegavam, saudavam-nos e lhes apertavam as mos,os conduziam s portas do T emplo, e de l para algumas moradas sagradas emtorno do T emplo, e os iniciavam no culto contnuo de Deus, dizendo: "EstaCidade o vestbulo do Cu, e o T emplo desta cidade a entrada para omagnfico e vastssimo T emplo, que est no Cu, onde Deus glorificadodurante a eternidade pelas preces e os louvores dos Anjos; as ordenanas, aqui eno Cu, so que preciso primeiro entrar no T emplo, e a permanecer trs diase trs noites; e depois desta iniciao, preciso entrar nas casas desta cidade,que so outras tantas moradas santificadas para ns, e passar de uma para aoutra; e a, em comunho com os que nelas esto reunidos, orar, exclamar emaltas vozes, e recitar oraes; tende muito cuidado de no pensar em vsmesmos e de no dizer aos vossos consociados seno cousas santas, piedosas ereligiosas". O Anjo introduziu portanto a sua coorte no T emplo; ele estavacheio com uma multido muito compacta, composta de muita gente que no

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    M undo tinha estado em grande dignidade, e tambm com muita gente do povomido; e tinham sido colocados guardas nas portas, a fim de que no fossepermitido a pessoa alguma sair antes de ter ficado a trs dias; e o Anjo disse:"Faz agora dois dias que estes entraram; examinai-os, e vereis como elesglorificam a Deus". E eles os examinaram e viram a maior parte dormindo, e osque estavam acordados no cessavam de bocejar; alguns tendo, por umacontnua elevao de seus pensamentos para Deus, sem nenhuma volta aocorpo, a face como que separada do corpo, pois apareciam assim a eles mesmose por conseguinte tambm aos outros; outros tendo olhares esgazeados forade volt-los continuamente para cima; em uma palavra, tendo todos o coraocerrado e o esprito abatido pelo tdio, e se afastavam do plpito e exclamavam:"O s nossos ouvidos esto aturdidos; acabai esses sermes, no ouvimos maisnenhuma palavra, e o som da vossa voz se nos tornou fastidioso". E ento selevantaram e correram em massa para as portas, forando-as e se lanaram sobreos guardas e os expulsaram. O s Padres vendo isso, os seguiram e se puseram aolado deles, pregando e pregando, orando, suspirando dizendo: "Celebrai aFesta, glorificai a Deus, santificai-vos; neste vestbulo do Cu, ns vosiniciaremos na G lorificao eterna de Deus no magnfico e vastssimo T emploque est no Cu, e assim no gozo da felicidade eterna". M as eles nocompreendiam estas palavras, e mal as ouviam, por causa do abatimento damente pela suspenso e pela cessao, durante dois dias de todas as atividadesdomsticas e pblicas. Entretanto, como eles se esforavam por escapar aospadres, os padres os agarravam pelos braos, e tambm pelas roupas, osempurravam para as moradas sagradas onde os sermes deviam ser pregados;mas era em vo, e gritavam: "Deixem-nos, sentimos no corpo como que umdesfalecimento". N esse instante, eis que apareceram quatro H omens vestidos debranco e com tiaras; um deles tinha sido Arcebispo no M undo, e os outros trstinham sido Bispos; tinham se tornado Anjos; chamaram os Padres; e,dirigindo-lhes a palavra, disseram: "N s vos vimos do Cu com estas ovelhas;como as apascentais? V s as apascentais at enlouquec-las; no sabeis o que entendido pela glorificao de Deus; entendido produzir frutos de amor, isto, fazer fielmente, sinceramente e cuidadosamente o trabalho de sua funo,pois isto pertence ao amor de Deus e ao amor do prximo, e isto o liame dasociedade e o bem da sociedade; por isto Deus glorificado, e o ento peloculto que se lhe presta em tempos determinados; no lestes estas palavras doSenhor: "N isto G lorificado meu Pai, que deis muito fruto, e que vos torneismeus discpulos? (Joo, XV , 8)". V s, Padres, podeis estar na glorificao doCulto, porque a vossa funo, e nela encontrais honra, glria e remunerao;mas vs, entretanto, no podereis estar, mais do que eles, nesta glorificao, seao mesmo tempo com vossa funo no houvesse honra, glria e remunerao".Depois de ter assim falado, os B ispos ordenaram aos guardas da porta quedeixassem cada um entrar e sair; h, com efeito, uma multido de homens queno pensou em uma alegria Celeste que no fosse o culto perptuo de Deus,

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    porque nada sabiam do estado do Cu.

    10 - O Anjo, com os que o haviam acompanhado, voltou em seguida sala daAssemblia, de onde as coortes de Sbios no se tinham ainda retirado; e l,chamou para junto dele aqueles que acreditavam que a alegria celeste e afelicidade eterna no so seno a admisso no Cu, e a admisso pela graaDivina; e que ento os que so admitidos tm a mesma alegria daqueles que, noM undo, entram nas Cortes dos R eis nos dias de regozijo, ou que convidadospara npcias entram na sala do festim. O Anjo lhes disse: "Esperai aqui umpouco, eu vou tocar a trombeta, e aqueles que tem uma grande reputao desabedoria nas cousas espirituais da Igreja viro aqui". Depois de algumas horasapareceram nove homens, coroados de louro em sinal de sua reputao; o Anjoos introduziu na sala da Assemblia, onde estavam presentes todos os quetinham sido precedentemente convocados; o Anjo, dirigindo em sua presena apalavra aos nove homens coroados de louro, disse: "Sei que, segundo vosso votoconforme vossa idia, vos foi dado subir ao Cu, e que voltastes a esta terrainferior ou subceleste, com um inteiro conhecimento do estado do Cu; contaiportanto como vos pareceu o Cu". E eles responderam, um aps outro; e oPrimeiro disse: "A minha idia sobre o Cu, desde minha infncia at ao fim deminha vida no M undo, tinha sido que era o lugar de todas as beatitudes, e detodas as diverses, prazeres, encantos e volpias, e que se eu fosse admitido l,eu me encontraria cercado pela atmosfera dessas' felicidades, e respiraria aplenos pulmes, como um noivo quando celebra suas npcias, e entra com suanoiva no leito nupcial; com esta idia eu subi ao Cu, e passei os primeirosguardas, e tambm os segundos, mas quando cheguei aos terceiros, o chefe dosguardas me dirigiu a palavra e me disse: "Q uem s amigo?" E eu respondi:"N o aqui o Cu?" Subi at aqui pelo voto do meu desejo; peo-te que medeixes entrar!" E ele me deixou entrar; e vi Anjos vestidos de branco, e eles mecercaram, e me examinaram, e disseram baixinho: "Eis um novo hspede queno tem a vestimenta do Cu", e eu ouvi estas palavras e tive este pensamento:"Parece-me que se d comigo como com aquele de quem o Senhor disse quetinha entrado no festim de npcias, sem uma vestimenta nupcial; e disse: Dai-me vestimentas do Cu, eles, porm, se puseram a rir; e ento acorreu um Anjoda Corte com esta ordem: Ponham-no completamente nu, expulsai-o, e jogaisuas roupas atrs dele''; e fui assim expulso. O Segundo em ordem disse: euacreditava, como ele, que se fosse apenas admitido no Cu, que est acima daminha cabea, as alegrias me cercariam e eu poderia goz-las eternamente;obtive assim o que havia desejado; mas vendo-me os Anjos fugiram, e disseramentre si: "Q ue prodgio este?'' Com efeito, senti uma mudana como se euno fosse mais homem, ainda que eu no tivesse mudado; isso provinha, emmim, da atrao da atmosfera celeste; mas em breve acorreu um Anjo da Cortecom esta ordem, que dois servidores me fizessem sair e retornar ao caminhopelo qual eu tinha subido para me reconduzir minha casa; e quando chegueiem casa, apareci aos outros e a mim mesmo como homem". O T erceiro disse:

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    "A idia do Cu era constantemente para mim uma idia de lugar e no doamor; por isso que, quando cheguei a este mundo, desejei com vivo ardor oCu; e vi espritos que subiam, e eu os segui, e fui admitido, mas no alm dealguns passos; ora, quando quis alegrar minha mente (animus) com a idia dasalegrias e das beatitudes celestes, pela luz do Cu, que era branca como a neve,e cuja essncia se diz ser a sabedoria, a minha mente foi tomada de estupor epor conseqncia os meus olhos foram cobertos de obscuridade, e eu comecei aficar insensato; e em breve, pelo calor do Cu, que correspondia brancuraresplandecente desta luz, e cuja essncia se diz ser o amor, meu coraopalpitou, a ansiedade se apoderou de mim, e fiquei atormentado por uma dorinterior, e me lancei por terra, estendido sobre o dorso; e, enquanto estavaassim deitado, um guarda veio da Corte com a ordem de me fazer transportardocemente para a minha luz e o meu calor; quando para a voltei, o meuesprito e o meu corao me voltaram". O Q uarto disse: "Eu tambm, arespeito do Cu, estava na idia do lugar e no da idia do amor, e desde quecheguei ao M undo espiritual, perguntei aos sbios se era permitido subir aoCu; eles me disseram que isso era permitido a cada um, que era preciso tomarcuidado para no ser expulso; esta resposta me fez rir, e eu subi, acreditando,eu como os outros, que todos no M undo inteiro podem receber as alegrias doCu em sua plenitude; mas com efeito desde que entrei me achei quase semvida, e no podendo suportar a dor e o tormento que sentia na cabea e nocorpo, me lancei por terra, e rolava como uma serpente aproximada do fogo, erastejei at a um precipcio e me lancei nele; e em seguida fui levantado pelosque estavam em baixo, e levado para uma hospedaria, onde a sade me foirestabelecida". O s cinco outros contaram tambm cousas admirveis que lhestinham acontecido quando subiram ao Cu; e comparavam as mudanas deestado de sua vida com o estado dos peixes tirados da gua para o ar, e com oestado dos pssaros no ter; e disseram que depois dessas duras provas notinham mais desejado o Cu, mas unicamente uma vida conforme dos seussemelhantes, em qualquer lugar que fosse; acrescentaram: "Sabemos que noM undo dos espritos, onde estamos, todos so preparados, primeiro, os bonspara o Cu e os maus para o Inferno; e que, quando esto preparados vem oscaminhos abertos para eles em direo s Sociedades de seus semelhantes, comos quais devem permanecer durante a eternidade; e que ento entram nessescaminhos com prazer, porque so os caminhos do seu amor". T odos os daprimeira Convocao, ouvindo estas declaraes, confessaram tambm que notinham tido igualmente outra idia do Cu seno como de um lugar, onde sesaboreia de boca cheia durante toda eternidade alegrias de que se inundado.Em seguida o Anjo da trombeta lhes disse: "V edes agora que as Alegrias do Cue a Felicidade eterna no pertencem ao lugar, mas pertencem ao estado de vidado homem; ora o estado da vida celeste vem do amor e da sabedoria; e como ouso o continente de um e da outra, o estado da vida celeste vem da conjunodo amor e da sabedoria no uso; o mesmo se se disser da Caridade, da F e da

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    Boa O bra, pois a Caridade o Amor, a F a V erdade donde procede aSabedoria, e a Boa O bra o U so; alm disso, em nosso M undo Espiritual hlugares como no M undo N atural, de outra forma no haveria habitaes nemmoradas distintas; todavia, o lugar no e um lugar, mas a aparncia de umlugar segundo o estado do amor e da sabedoria, ou da caridade e da f. Q uemse torna Anjo carrega interiormente em si o seu Cu, porque carregainteriormente em si o amor de seu Cu, pois o homem por criao umapequenina efgie, a imagem e o tipo do grande Cu; a forma humana no outra cousa; por isso que cada um vem sociedade do Cu, de que a formaem uma efgie singular; por isso que, quando entra nesta sociedade, entra emuma forma correspondente a si mesmo. Assim entra nesta sociedade como de siem si, e ela entra nele como dela nela, e tira a vida desta sociedade como sendodele, e tira a sua como sendo desta sociedade; cada sociedade como umComum, e os Anjos a esto como partes singulares pelas quais coexiste oComum. R esulta, portanto dai que os que esto nos males e por conseguintenos falsos formaram em si uma efgie do Inferno, e esta efgie atormentada noCu pelo influxo e a violncia da atividade do oposto contra o oposto, pois oamor infernal oposto ao amor celeste, e por conseguinte os prazeres destesdois amores combatem um contra o outro como inimigos, e se matam quandose encontram".

    11 - Estas diversas provas tendo terminado, ouviu-se do Cu uma voz, dizendoao Anjo da trombeta: "Escolhe dez dentre todos os que foram convocados, e osintroduz junto a ns; sabemos que o Senhor os preparar, a fim de que o calore a luz ou o amor e a sabedoria de nosso Cu, no os prejudique em nadadurante trs dias". E foram escolhidos dez deles, e seguiram o Anjo; e por umcaminho inclinado, subiram a uma colina, e da, a uma M ontanha, onde estavao Cu destes Anjos, o qual a princpio lhes tinha aparecido a uma certadistncia como uma Extenso nas nuvens; e as portas se abriram para eles; e,depois que passaram a terceira, o Anjo introdutor correu para o Prncipe destaSociedade ou deste Cu, e anunciou a sua chegada; e o Prncipe respondeu:"T oma alguns da minha guarda, e anuncia aos que se apresentam que a suavinda me agradvel, e os introduz em meu trio, e d a cada um seu quarto eseu gabinete; toma tambm alguns dos meus cortesos e de meus servidorespara lhes prestar bons ofcios, e servi-los ao menor sinal". E foi feito assim.M as, quando foram introduzidos pelo Anjo, perguntaram se era permitido seaproximar e ver o Prncipe; e o Anjo respondeu: " ainda de manh, e isso no permitido antes do meio-dia; todos, at esse momento, esto em suas funese em suas ocupaes; mas fostes convidados para jantar; e ento estareissentados mesa com nosso Prncipe; enquanto esperais, vou introduzir-vos emseu Palcio, onde vereis coisas magnficas e resplandecentes".

    12 - Q uando chegaram perto do Palcio, viram primeiro o seu exterior, eravasto, construdo em prfiro sobre fundaes de jaspe, diante da porta (havia)

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    seis altas colunas de pedra lazuli, o teto (era) de lminas de ouro, (tinha) altasjanelas de um cristal extremamente transparente, as suas esquadrias (eram)tambm de ouro. Em seguida, foram introduzidos no interior do Palcio, econduzidos de apartamento em apartamento; e viram ornamentos de umabeleza inefvel; nos tetos (havia) decoraes de uma cinzeladura inimitvel;perto das paredes, (havia) mesas de prata damasquinada de ouro, sobre as quaisestavam diversos utenslios de pedras preciosas e de prolas finas em formascelestes; e muitas outras cousas que ningum viu sobre a terra, e as quais, emconseqncia, ningum podia acreditar que existissem no Cu. Como a vistadestes objetos magnficos lhes produzia admirao, o Anjo lhes disse: "N o,fiqueis surpreendidos; os objetos que vistes no so feitos nem fabricados pelamo dos Anjos, mas so compostos pelo Artfice do U niverso, e dados depresente a nosso Prncipe; por isso que aqui a Arte arquitetnica est em suaarte mesma, e dela so derivadas todas as regras desta arte no M undo". O Anjoacrescentou: "Podereis presumir que tais cousas encantam os nossos olhos e osdeslumbram a ponto de nos fazer crer que esto nelas as alegrias do nosso Cu;mas como no pomos os nossos coraes unicamente nessas cousas, pois elasso acessrios para as alegrias de nossos coraes, resulta que quanto mais ascontemplamos como acessrios, e como obras de Deus, tanto maiscontemplamos nelas a Divina O nipotncia e a Divina Clemncia".

    13 - Em seguida o Anjo lhes disse: "Ainda no M eio-dia, vinde comigo aoJardim de nosso Prncipe, ele contguo a este Palcio". E eles foram, e naentrada ele lhes disse: "Eis um Jardim mais magnfico do que os outros jardinsdesta Sociedade Celeste". E eles responderam: "Q ue dizes? N o h aqui umjardim, ns s vemos uma nica Arvore, e em seus galhos e em seu cimo frutosde ouro e como que folhas de prata, e seus bordos ornados de esmeraldas; e sobesta Arvore crianas com suas amas". Ento o Anjo disse com uma vozinspirada: "Esta Arvore est no meio do Jardim, e chamada por ns a Arvorede nosso Cu, e por alguns a Arvore da vida. M as avanai e aproximai-vos, evossos olhos sero abertos, e vereis o Jardim". E fizeram assim; e seus olhosforam abertos, e eles viam Amores carregadas de frutos saborosos, cercadas devinhas com seus cachos, cujas extremidades se inclinavam com seus frutos paraa Arvore da vida que estava no meio. Estas rvores estavam plantadas em umasrie contnua, que partia e se prolongava em curvas ou voltas contnuas comoos de uma hlice sem fim; era uma H lice perfeita de rvores, na qual asespcies seguiam as espcies sem interrupo segundo a excelncia dos frutos; ocomeo da formao das voltas era separado da Arvore do meio por umintervalo considervel, e o intervalo brilhava com um claro de luz, pelo qual asrvores da volta resplandeciam com um esplendor sucessivo e contnuo desde asprimeiras s ltimas; as primeiras destas rvores eram as mais excelentes detodas, abundantemente carregadas dos melhores frutos; eram chamadas rvoresparadisacas; e no se viu delas em parte alguma, porque no h e no podehaver delas nas terras do M undo natural; e em seguida a estas rvores, estavam

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    oliveiras, depois destas cepas de vinhas, depois rvores odorferas, e enfimmadeiras de construo. Aqui e ali, nesta H lice de rvores ou nesta srie devoltas, havia Assentos, formados com ramos novos das rvores aproximadas eentrelaadas por trs, e enriquecidos e ornados com seus frutos. N esta curvacontinua de rvores havia portas que se abriam para canteiros, de onde sepassava para lugares de verduras distribudas em faixas e em leitos. O s queacompanhavam o Anjo exclamaram vendo isso: "Eis o Cu em forma! Paraqualquer lado que voltemos os olhos influi algum celeste paradisaco que inefvel". O Anjo ouvindo estas palavras, sentiu alegria, e disse: "T odos osJardins de nosso Cu so Formas representativas ou T ipos das beatitudescelestes em suas origens; e como o influxo dessas beatitudes elevou as vossasmentes, exclamastes: Eis o Cu em forma! mas os que no recebem este influxono encaram estes objetos paradisacos seno como objetos campestres; erecebem o influxo todos aqueles que esto no amor do uso; mas no o recebemaqueles que esto no amor da glria, e no do uso". Ele lhes explicou emseguida e lhes ensinou o que cada objeto deste jardim representava esignificava.

    14 - Enquanto recebiam estas instrues, veio um mensageiro da parte doPrncipe que os convidou para comer po com ele; e ao mesmo tempo doisguardas da corte trouxeram vestimentas de linho fino, e disseram: "R evesti-voscom elas, porque ningum admitido mesa do Prncipe a no ser que estejacom vestimenta do Cu". E eles se prepararam e acompanharam seu Anjo, eforam introduzidos no H ipetro, ptio de passeio do Palcio, e esperaram oPrncipe; e a, o Anjo os ps em relao com os G randes e os G overnadores queesperavam tambm o Prncipe; e eis que depois de algum tempo, as portas seabriram, e por uma porta mais larga do lado do O cidente eles viram a entradado Prncipe com a ordem e a pompa de um cortejo. Adiante dele marchavamos Conselheiros assistentes, depois destes os Conselheiros camaristas, e emseguida os Principais da corte; no meio destes estava o Prncipe, e depois deleos cortesos de diversas categorias, e por fim, os guardas, todos formavam umconjunto de cento e vinte. O Anjo se mantinha de p diante dos dez recmvindos, que por suas vestimentas pareciam ento como comensais, aproximou-se com eles do Prncipe, e lhos apresentou respeitosamente; o Prncipe semdiminuir sua marcha, lhes disse: "V inde comigo ao po". E eles o seguiram aSala de jantar, e viram uma mesa magnificamente servida, e no meio da mesauma alta Pirmide de ouro com pratos fundos em trplice ordem sobre seussuportes, contendo pes aucarados e gelias de vinho doce com outras cousasdelicadas preparadas com po e vinho; e do meio da Pirmide saa como queuma fonte que jorrava um vinho fino de nctar, e cuja veia se dividia no alto daPirmide e enchia as taas. Aos lados desta alta Pirmide estavam diferentesformas celestes em ouro, sobre as quais estavam travessas e pratos cobertos detoda sorte de iguarias; as formas celestes, sobre as quais estavam as travessas epratos, eram formas de arte segundo a sabedoria, que no podem, no M undo,

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    ser traadas por nenhuma arte, nem descritas por nenhuma expresso; astravessas e os pratos eram de prata, cinzelada em formas semelhantes nosbordos e nos fundos, com seus suportes; as taas eram pedras preciosastransparentes; tal era a coberta da mesa.

    15 - O ra, eis qual era a vestimenta do Prncipe e de seus M inistros: o Prncipeestava vestido com um hbito comprido cor de prpura, recamado de estrelasbordadas cor de prata; sob o hbito, trazia uma tnica de seda brilhante cor dejacinto; esta tnica era aberta no peito, onde se via a parte anterior de umaespcie de cinto com a Insgnia de sua Sociedade; a Insgnia era uma guiacobrindo seus filhotes no cimo de uma rvore; era de ouro brilhante, cercadade diamantes. O s Conselheiros Assistentes no estavam vestidos de outromodo, mas sem esta Insgnia, em lugar dela tinham safiras gravadas quependiam de um colar de ouro no seu pescoo. O s cortesos tinham hbitos decor castanho-claro, sobre os quais havia em relevo flores em torno de aguietas;as tnicas sob estes hbitos eram de seda cor de opala; da mesma eram tambmas vestes que cobriam as coxas e as pernas. T al era seu Costume.

    16 - O s Conselheiros Assistentes, os Conselheiros Camaristas e osG overnadores ficaram em p, em torno da mesa, e ordem do Prncipejuntaram as mos, e pronunciaram ao mesmo tempo em voz baixa um louvorvotivo ao Senhor; e em seguida, a um sinal do Prncipe, se puseram mesa emleitos; e o Prncipe disse aos recm-vindos: "Ponde-vos mesa tambm,comigo; eis, a esto os vossos lugares". E eles se puseram mesa; e oficiais dacorte, enviados de antemo pelo Prncipe para os servir, mantinham-se em patrs deles; e ento o Prncipe lhes disse: "T omai cada um o prato de cima deseu suporte, e em seguida cada um prato junto da Pirmide". E eles ostomaram; e eis que em seguida novos pratos e novos pratos fundos foram vistossubstituindo-os, e suas taas estavam cheias com o vinho da fonte que jorravada grande Pirmide; e comeram e beberam. Q uando estavam meio saciados, oPrncipe dirigiu a Palavra aos dez convidados, e disse: "Fui informado de quena terra, que est sob este Cu, fostes convocados para conhecer os vossospensamentos sobre as Alegrias do Cu, e sobre a Felicidade eterna que elasproduzem, e vs os haveis manifestado de diferentes maneiras, cada umsegundo os prazeres dos sentidos do seu corpo. M as, e o que so os prazeres dossentidos do corpo sem os prazeres da alma? a alma que faz que eles sejamprazeres; os prazeres da alma s , o em si mesmos beatitudes no perceptveis,mas se tornam cada vez mais perceptveis conforme descem nos pensamentosda mente, e por estes pensamentos nas sensaes do corpo; nos pensamentos damente, so percebidas como felicidade, nas sensaes do corpo comodivertimento, e no corpo mesmo como volpias; e outras tomadas em conjuntoconstituem a Felicidade eterna; mas esta Felicidade que no resulta seno dasltimas, ss, no eterna, uma felicidade temporria que acaba e passa, e quepor vezes se torna infelicidade. V istes agora que todas as vossas alegrias so

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    tambm alegrias do Cu, e muito acima do que jamais pudestes imaginar; masno obstante estas alegrias no afetam interiormente as nossas mentes (animi)H trs coisas que influem como uma s do Senhor em nossas almas; estas trscousas como uma s, ou este trino so o amor, a sabedoria e o uso; todavia, oamor, e a sabedoria no existem seno de uma maneira ideal, quando no estoseno na afeio e no pensamento da mente; mas no uso eles existem emrealidade, porque esto ao mesmo tempo no ato e na obra do corpo; e ondeexistem em realidade, a tambm subsistem; e pois que o amor e a sabedoriaexistem e subsistem no uso, o uso que nos afeta, e o uso consiste em executarfielmente, e, sinceramente, e cuidadosamente os trabalhos de sua funo; oamor do uso, e por conseguinte a aplicao do uso, impede a mente de seespalhar por aqui e por ali, de errar vagamente, e de se encher de todas ascobias que influem do corpo e do mundo pelos sentidos com atrativossedutores, e pelas quais os veros da R eligio e os veros da M oral com seus bensso dissipados a todos os ventos; mas a aplicao da mente ao uso contm e ligaem conjunto estes veros, e dispe a mente em uma forma susceptvel de recebera sabedoria por estes veros; e ento expulsa para os lados os brinquedos e osdivertimentos das falsidades e das vaidades. M as aprendereis mais sobre esteassunto com os sbios de nossa Sociedade, que vos enviarei esta tarde". OPrncipe tendo assim falado se levantou, e com ele todos os convivas, e disse:"Paz!" e deu ordem ao Anjo, seu condutor, que os levasse aos seusapartamentos, e lhes prestasse todas as honras da civilidade, e chamasse tambmhomens polidos e afveis para os entreter agradavelmente sobre diferentesalegrias desta sociedade.

    17 - Q uando entraram esta ordem foi executada; e os que tinham sidochamados da cidade, para os entreter agradavelmente sobre as diferentes alegriasda Sociedade, chegaram, e aps as saudaes, tiveram com eles agradveisconversaes, em quanto passeavam; mas o Anjo, seu condutor, disse: "Estesdez homens foram convidados ao nosso Cu, para ver as suas Alegrias, e porconseguinte receber uma nova idia da Felicidade eterna; falai-lhes portantosobre as alegrias deste Cu, alguma cousa que afete aos sentidos do corpo;depois viro Sbios que falaro do que faz com que estas alegrias produzamsatisfao e felicidade". A estas palavras, os que tinham sido chamados dacidade relataram as particularidades seguintes: "1. H aqui dias de festaindicados pelo Prncipe, a fim de que as mentes (animi) se refaam da fadigaque o ardor da emulao ter causado a alguns; nesses dias h nas praaspblicas Concertos de harmonia musical e de cantos, e fora da cidade jogos eespetculos; ento nas Praas pblicas so instaladas O rquestras cercadas degrades formadas; com cepas entrelaadas de que pendem cachos de uvas; nointerior dessas grades sobre trs ordens de elevao esto sentados os msicoscom instrumentos de cordas, e com instrumentos de sopro, de sons diversos,altos e baixos, fortes e suaves, e dos lados esto os Cantores e as Cantoras, erecreiam os cidados com rias e cantos muito agradveis, em coro e em solo,

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    variados por intervalos quanto s espcies; isto dura nestes dias de festa desde amanh at ao meio-dia, e continua depois do meio-dia at tarde. 2. Almdisso cada manh, das casas que cercam as Praas, ouve-se Cantos muito suavesde virgens e de meninos; toda a cidade vibra com eles; uma nica afeio doamor espiritual que cantado em cada manh, isto , que ressoa pelasmodificaes do som da voz ou pelas modulaes; e esta afeio no canto percebida como se fosse a afeio mesma; ela influi nas almas dos que a ouveme excita estas almas correspondncia, tal o canto celeste; as cantoras dizemque o som de seu canto parece se inspirar e se animar do interior, e se exaltaragradavelmente a medida que recebido por aqueles que o ouvem. Acabadoeste canto, as janelas das casas da Praa, e ao mesmo tempo as das casas dasruas, so fechadas, e as portas tambm; e ento toda a cidade fica em silncio, eem parte alguma ouve-se barulho, e no se v pessoa alguma indo de c para l;todos ento esto ocupados no desempenho das funes do seu estado. 3. M asao meio-dia as portas so abertas, e depois do meio-dia, em alguns lugares, asjanelas o so tambm; e se olha os brinquedos das crianas dos dois sexos nasruas, sob a direo de suas amas e de seus professores sentados sob os prticosdas casas. 4. Aos lados da cidade, nas suas extremidades, h diferentes jogos derapazes e de adolescentes, jogos de corridas, jogos de bola, jogos de raquetes,exerccios pblicos entre rapazes, a saber, quem ser mais veloz, e quem sermais lento, em falar em agir, e em perceber, e para os mais velozes algumasfolhas de louro como prmio, alm de vrios outros jogos prprios paraexercitar as aptides ocultas nas crianas. 5. Alm disso, fora da cidade, emteatros h espetculos de comediantes que representam diversos feitos dehonestidade e de virtude na vida moral; entre eles h tambm histries porcausa das relaes". E um dos dez perguntou o que significavam estas palavras:Por causa das relaes; e eles responderam: "N enhuma virtude pode serapresentada de maneira frisante com o que tem de honesto e de belo, seno por(meio de) relativos desde seus mxima at seus mnima; os histriesrepresentam seus mnima at que se tornem nulos; mas lhes proibido poruma lei, apresentar a no ser de uma maneira figurada e como de longe; algumacousa do oposto, que chamado desonesto e indecente; se isso foi proibido, porque nada de honesto e de bom de uma virtude qualquer passa por graussucessivos ao desonesto e ao mau; mas vai unicamente a seus mnima at queisso perea e quando isso perece o oposto comea; por isso que o Cu, ondetudo honesto e bom, nada tem de comum com o Inferno, onde tudo desonesto e mau".

    18 - Durante esta conversa acorreu um servidor e anunciou que oito Sbios seapresentavam por ordem do Prncipe e queriam entrar; a essa notcia o Anjosaiu, e os recebeu e os introduziu; e em seguida os Sbios, aps as frmulas decordialidade e polidez, falaram a princpio dos comeos e dos acrscimos dasabedoria, aos quais entremearam diversas cousas sobre sua durao, dizendoque nos anjos a sabedoria no tem fim e no descontinua, mas cresce e

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    aumenta durante a eternidade. Estas explicaes tendo sido dadas, o Anjo daCoorte lhes disse: O nosso Prncipe lhes falou, mesa, da sede da sabedoria elhes disse que ela est no uso; peo-vos que lhes falem, tambm, sobre esteassunto". E eles disseram: O homem, criado a princpio, foi imbudo com asabedoria e o amor da sabedoria, no para ele mesmo, mas para fazercomunicao dela aos outros por ele; por conseguinte, foi gravado na sabedoriados sbios que quem quer que seja no deve ser sbio nem viver para si, a noser que ao mesmo tempo viva para os outros; da a Sociedade, que de outromodo no existiria; viver para os outros, fazer usos; os usos so os laos dasociedade; h tantos desses laos quanto h de bons usos, e o nmero dos usos infinito; h usos espirituais que pertencem ao amor para com Deus e o amorem relao ao prximo; h os usos morais e civis que pertencem ao amor dasociedade e da cidade nas quais o homem est, e ao amor dos companheiros edos cidados com os quais ele mora; h os usos naturais que pertencem ao amordo mundo e de suas necessidades; h os usos corporais que pertencem ao amorde sua prpria conservao por causa dos usos superiores. T odos estes usosforam gravados no homem, e seguem-se em ordem, um aps outro, e quandoesto junto, um est no outro: aqueles que esto nos primeiros usos, isto , nosusos espirituais, esto tambm nos usos seguintes, e esses so sbios; mas os queno esto nos primeiros, e entretanto esto nos segundos, e da nos seguintes,no so sbios do mesmo modo, mas unicamente segundo a moralidade e acivilidade externas, aparecem como se o fossem; os que no esto nos primeirosnem nos segundos, mas esto nos terceiros e nos quartos, no so sbios demodo algum, pois so satanases; com efeito, amam unicamente o mundo, epelo mundo amam-se a si mesmos; mas os que no esto seno nos quartos soos menos sbios de todos, pois so diabos, porque vivem para si ss, e se vivempara os outros, unicamente por causa deles mesmos. Alm disso, cada amortem seu prazer, e o prazer do amor dos usos um prazer celeste, o qual entranos prazeres que seguem em ordem, e os exalta segundo a ordem de sucesso eos torna eternos". Em seguida fizeram a enumerao das Delcias celestes queprocedem do amor do uso, e disseram que h mirades de mirades e que osque entram no Cu entram nessas delcias; e, de mais, passaram com eles oresto do dia at tarde a tratar do amor do uso por sbias conversaes.

    19 - M as ao entardecer veio um correio vestido de brim aos dez recm-vindosque acompanhavam o Anjo, e os convidou s N pcias que deviam se celebrarno dia seguinte; e os recm-vindos se regozijaram muito porque iam vertambm npcias no Cu. Em seguida foram conduzidos casa de umConselheiro assistente, e cearam com ele, e depois da ceia, voltaram, eseparando-se, cada um se retirou para seu apartamento, e dormiram at demanh; e ento, tendo despertado, ouviram o Canto das virgens e das meninas,que partia das casas em torno da Praa pblica de que j se falou; cantava-seento a afeio do amor conjugal; profundamente afetados e comovidos pelasuavidade desse canto, percebiam, insinuado em suas alegrias um encanto

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    delicioso que os elevava e renovava. Q uando chegou a ocasio, o Anjo lhesdisse: "Preparai-vos; tomai as vestimentas do Cu que nosso Prncipe vosenviou". E eles se vestiram; e eis que as vestimentas resplandeciam como deuma luz inflamada; e eles perguntaram ao Anjo donde provinha isso, e elerespondeu: "Isto provm de que ides assistir a npcias; entre ns ento, asvestimentas resplandecem e se tornam npcias".

    20 - Em seguida o Anjo os conduziu Casa das npcias, e o porteiro abriu aporta; e apenas tinham chegado entrada quando foram recebidos e saudadospor um Anjo que o N oivo tinha enviado, e foram introduzidos e conduzidos apoltronas designadas para eles; e pouco depois foram convidados a entrar naSala que precedia o Q uarto nupcial; viram a, no meio, uma M esa sobre a qualtinha sido posto um magnfico Candelabro composto de sete braos e de setelmpadas de ouro, e nas paredes estavam suspensos lustres de prata, queestando acesos faziam parecer a atmosfera como de ouro; e viram aos lados doCandelabro duas M esas sobre as quais tinham sido colocados pes sobre trsfileiras; e nos quatro ngulos da Sala, M esas sobre as quais estavam T aas decristal. Enquanto examinavam esta distribuio, eis que a porta de umapartamento junto ao Q uarto N upcial se abriu, e eles viram sair seis V irgens, eaps elas, N oivo e a N oiva de mos dadas, e se dirigindo para um Assentoelevado, que tinha sido colocado defronte do Candelabro, e sobre o qual seassentaram, o N oivo esquerda e a N oiva sua direita, e as seis V irgens secolocaram ao lado do assento perto da N oiva. O N oivo estava vestido com umM anto de prpura brilhante, e com uma T nica de linho fino resplandecente,com um fode sobre o qual havia uma placa de ouro cercada de diamantes; esobre esta placa estava gravada uma aguileta, insgnia nupcial desta sociedadedo Cu; e a cabea do N oivo estava coberta com uma tiara. A N oiva estavacom uma Clmide escarlata, sob a qual trazia um vestido bordado, indo dopescoo aos ps; tinha abaixo do peito um cinto de ouro, e na cabea umacoroa de ouro guarnecida de rubis. Q uando se assentaram o N oivo se voltoupara a N oiva e lhe ps no dedo um anel de ouro, e tirou braceletes e um colarde prolas, e ps os braceletes no pulso da N oiva, e o colar em torno de seupescoo, e lhe disse: "R ecebe estes penhores". E logo que ela os recebeu, ele lhedeu um beijo e disse: "Agora tu s minha". E chamou-a de sua Esposa.Imediatamente os convidados exclamaram: "Q ue haja Bno!" Estas palavrasforam pronunciadas por cada um em particular, e em seguida por todos emconjunto; um Anjo enviado pelo Prncipe para o representar as pronuncioutambm; e nesse momento esta Sala, que precedia o Q uarto nupcial, encheu-secom uma fumaa aromtica, o que era um sinal de bno vinha do Cu; eento oficiais de servio tomaram os Pes sobre as duas mesas perto doCandelabro, e as T aas ento cheias de vinho sobre as mesas dos ngulos, ederam a cada convidado seu po e sua taa; e comeu-se e bebeu-se. Em seguidao M arido e sua Esposa se levantaram, as seis virgens tendo na mo lmpadas deprata, ento acesas, os seguiram at ao limiar da porta, e os Esposos entraram

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    no Q uarto nupcial, e a porta foi fechada.

    21 - O Anjo condutor falou em seguida de seus dez companheiros aosconvidados; e lhes disse que por ordem ele os havia introduzido, e os haviafeito ver a magnificncia do Palcio do Prncipe, e as cousas admirveis que eleencerrava, que eles tinham comido com o Prncipe em sua mesa; que emseguida tinham conversado com os Sbios da sociedade; e lhes pediu paraentreterem conversao com eles; e eles consentiram, e conversaram; e umsbio dentre os homens das npcias lhes disse: "Compreendeis o que significamas coisas que vistes?'' R esponderam que as compreendiam pouco; e ento lhefizeram esta pergunta: "Por que o N oivo, agora M arido, tinha uma talvestimenta?" Ele respondeu: "Porque o N oivo, agora M arido, representava oSenhor, e a N oiva, agora Esposa representava a Igreja, pela razo de que asN pcias no Cu, representam o casamento do Senhor com a Igreja; da vemque ele tinha sobre a Cabea uma T iara, e estava revestido com um manto,uma T nica e um fode, como Aro; e a N oiva, agora Esposa tinha sobre acabea uma Coroa, e estava vestida com uma Clmide como uma R ainha; masamanh eles estaro vestidos diferentemente, porque esta R epresentao apenas para hoje". Eles lhe fizeram ainda esta pergunta: "Pois que Elerepresentava o Senhor, e Ela a Igreja; por que Ela estava direita d'Ele?" OSbio respondeu "Porque h duas cousas que fazem o Casamento do Senhor eda Igreja, o Amor e a Sabedoria; ora, o Senhor o Amor, e a Igreja aSabedoria; e a Sabedoria est direita do Amor, pois o homem da Igreja sbiocomo por ele mesmo, e conforme sbio, recebe do Senhor, o amor; a direitatambm significa a fora, e o amor tem a fora, pela sabedoria; mas como acabade ser dito, aps as npcias, a representao mudada, pois ento o M aridorepresenta a Sabedoria, e a Esposa representa o Amor da sabedoria do marido;entretanto este Amor no o amor anterior, mas um amor secundrio, quevem do Senhor Esposa pela Sabedoria do marido; o amor do Senhor, que oamor anterior, o amor de ser sbio no marido, por isso que depois dasnpcias, os dois em conjunto, o marido e sua Esposa representam a Igreja".Eles fizeram ainda esta pergunta: "Por que vs, H omens, no estveis ao ladodo N oivo, agora M arido, como as seis V irgens estavam ao lado da N oiva, agoraEsposa? O sbio respondeu: " porque ns, hoje, somos contados entre asvirgens, e o nmero seis significa tudo e o completo". M as eles disseram: "Q ueentendeis por isso?" Ele respondeu: "As V irgens significam a Igreja, e a Igreja de um e outro sexo; por isso que ns tambm, quanto Igreja somos V irgens,que assim seja, v-se pelas palavras do Apocalipse: "So aqueles que com asmulheres no se contaminaram, pois virgens so". (Apoc. IXV , 4). E como asV irgens significam a Igreja, eis porque o Senhor comparou a Igreja a dezV irgens convidadas s npcias. (M ateus X XV , 4 e seguintes); e como a Igreja significada por Israel, por Sio e por Jerusalm, eis porque se diz tofreqentemente na Palavra, V irgem e Filha de Israel, de Sio e de Jerusalm; oSenhor descreve tambm Seu Casamento com a Igreja por estas palavras em

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    David: "A R ainha se mantm tua Direita no ouro excelente de O fir; tecido deouro seu vestido; em Bordados ela ser levada ao R ei, as V irgens suas amigaspara perto dela viro no palcio do R ei". (Sal. X LV , 10 a 16). Em seguidadisseram: "N o conveniente que um Sacerdote esteja presente, e desempenheum ministrio nestas cerimnias?". O sbio respondeu: "Isso conveniente nasterras, mas no nos cus, por causa da representao do Senhor M esmo e daIgreja; nas terras no se sabe isso; mas no obstante entre ns, um Sacerdotecelebra os Esponsais, e ouve, recebe, confirma e consagra o Consentimento; oConsentimento o essencial do casamento, e as outras cousas que seguem soas formais".

    22 - Depois disso, o Anjo condutor se aproximou das seis V irgens, e lhes faloutambm dos que o acompanhavam, e lhes pediu que se dignassem admiti-losem sua companhia; e elas se aproximaram, mas quando chegaram perto deles,se retiraram bruscamente e voltaram para o apartamento das mulheres, ondeestavam tambm virgens suas amigas. O Anjo condutor, tendo visto estemovimento brusco, seguiu-as, e lhes perguntou porque se tinham retirado toprontamente sem falar com eles; e elas responderam: "N o pudemos nosaproximar". E ele lhes disse: "Por que isso?" E elas responderam: "N o osabemos, mas percebemos alguma cousa que nos repeliu e nos fez voltar; queeles nos perdoem". E o Anjo voltou a seus companheiros; e lhes referiu aresposta; e acrescentou: "Presumo que no h em vs o amor casto do sexo; noCu ns amamos as virgens por sua beleza e pela elegncia de suas maneiras, eas amamos muito, mas castamente". Isto fez os seus companheiros sorrirem, eeles disseram: "T u presumes bem; quem pode ver de perto tais belezas, e noter algum desejo?".

    23 - Depois desta conversao amigvel, todos os convidados s npcias seretiraram e tambm estes dez homens com seu Anjo; a tarde estava adiantada, eeles foram se deitar. Ao clarear do dia, ouviram uma Proclamao: H oje oSabath; e se levantaram, e perguntaram ao Anjo o que era; e ele respondeu: "para o Culto de Deus; este Culto, revm em tempos marcados, e publicadopelos Sacerdotes; celebrado em nossos T emplos, e dura cerca de duas horas;por isso, se o desejardes, vinde comigo, e eu vos introduzirei". E eles seprepararam, e acompanharam o Anjo, e entraram; e eis que o T emplo eravasto, podendo conter cerca de trs mil pessoas, semicircular, os bancos ouassentos contnuos arranjados segundo a forma do T emplo em semicrculo, e osltimos mais elevados do que os primeiros; o plpito diante dos assentos, umpouco retirado atrs do centro; a porta atrs do plpito esquerda. O s dezhomens recm-vindos entraram com o Anjo seu condutor, e o Anjo lhesindicou os lugares onde deviam sentar-se, dizendo-lhes: "Q uem quer que entrano T emplo conhece seu lugar; o conhece pelo nsito, e no pode sentar-se emoutro lugar; se coloca em outro lugar, no ouve cousa alguma, e nada percebe,e ao mesmo tempo perturba a ordem e a ordem estando perturbada o Sacerdote

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    no inspirado.

    24 - Q uando estavam reunidos, o Sacerdote subiu em um plpito epronunciou um discurso cheio do esprito de sabedoria; esse discurso tratava daSantidade da Escritura Santa, e da conjuno do Senhor com um e outroM undo, o Espiritual e o N atural, por esta Escritura; na ilustrao em queestava, ele convenceu plenamente que este Livro Santo foi ditado por Jehovah,o Senhor, e que por conseqncia Ele M esmo est nesse Livro, de tal modo queEle M esmo a a Sabedoria, mas que a Sabedoria que o Senhor M esmo nesseLivro, fica escondida sob o sentido da letra, e no se manifesta seno aos queesto nos veros da doutrina e ao mesmo tempo nos bens da vida, e assim, queesto no Senhor e em quem o Senhor est; a esse discurso ele acrescentou umaprece votiva, e desceu. Enquanto os ouvintes saam, o Anjo pediu ao Sacerdotepara dizer algumas palavras de paz a seus dez companheiros; e este seaproximou deles, e conversaram durante uma meia hora; e lhes falou daT rindade Divina, dizendo-lhes que ela est em Jesus Cristo, em quem habitacorporalmente toda a Plenitude da Divindade, conforme declarao doApstolo Paulo; e em seguida lhes falou da U nio da Caridade e da F; disse,porm, "a U nio da Caridade e da V erdade" porque a F a V erdade.

    25 - Depois de ter agradecido, eles voltaram para casa; e o Anjo lhes disse:"H oje o terceiro dia depois que subistes a esta sociedade deste Cu, e fostespreparados pelo Senhor para ficar aqui trs dias, por conseguinte tempo denos separarmos; assim' tirai as vestimentas que vos foram enviadas peloPrncipe, e retomai as vossas". E quando as retomaram, foram inspirados com odesejo de se retirar, e se retiraram e desceram, acompanhados pelo Anjo, at aolugar da assemblia, e a, deram graas ao Senhor por se ter dignado torn-losfelizes, fazendo-os conhecer, e por conseguinte compreender, o que so asAlegrias do Cu e o que a Felicidade eterna.

    26 - "De novo afirmo em verdade, que estas cousas aconteceram e foram ditas,como acaba de ser relatado; as primeiras, no M undo dos Espritos, que fica nomeio entre o Cu e o Inferno, e as seguintes, na Sociedade do Cu, a quepertencia o Anjo da trombeta, que serviu de condutor. Q uem teria sabido noM undo Cristo alguma cousa sobre o Cu, e sobre as Alegrias e a Felicidadeque l esto, cuja cincia tambm a cincia da salvao, se no aprouvesse aoSenhor abrir algum a V ista de seu esprito, e lhe mostrar e ensinar? Q uecousas semelhantes existem no M undo espiritual, isso bem evidente pelas queforam vistas e ouvidas pelo Apstolo Joo, as quais foram descritas noApocalipse se; assim, ele viu o Filho do H omem no meio de sete Candelabros,um T abernculo, um T emplo, uma Arca, um Altar no Cu; um Livro seladocom sete selos, este livro aberto e Cavalos que saam dele; quatro animais emtorno de um T rono; doze mil eleitos de cada T ribo; gafanhotos que subiam doabismo; um Drago e seu combate contra M iguel; uma M ulher que deu luzum Filho homem, e que fugiu para o deserto por causa do Drago; duas bestas

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    subindo, uma do mar, a outra da terra; uma M ulher sentada sobre uma Bestaescarlate; o Drago lanado em um tanque de fogo e enxofre; um Cavalobranco, e uma grande Ceia; um N ovo Cu e uma N ova T erra, e a SantaJerusalm descendo do Cu, descrita quanto a suas portas, sua muralha e aosfundamentos de sua muralha; depois um R io de gua da vida, e Arvores de vidaque davam fruto cada ms; alm de vrias cousas que foram todas vistas porJoo, e vistas enquanto ele estava, quanto a seu esprito, no M undo espiritual eno Cu; alm das que foram vistas pelos Apstolos depois da ressurreio doSenhor, e das que foram vistas em seguida por Pedro (Atos dos Apst. X I);depois, as que foram vistas e ouvidas por Paulo. Alm disso, as que foram vistaspelos Profetas; por exemplo: Ezequiel viu quatro Animais, que eramQ uerubins, (Cap. I e X ); um N ovo T emplo e uma nova T erra, e um Anjo queos media, (Cap. XL-XLV III); ele foi transportado a Jerusalm, e viu aabominaes; e foi tambm transportado Caldia, no cativeiro, (Cap. V III eXI). A mesma cousa aconteceu a Z acarias; ele viu um H omem a cavalo entremurtas, (Cap. 1, 8 e seg.); viu quatro cornos, (Cap. I, 18); e em seguida umH omem com um cordel de medir mo, (Cap. II, 2); viu um Candelabro eduas oliveiras, (Cap. IV , 1 e seg.); viu um Rolo que voava e um fode, (V , 1 e6); viu quatro Carros saindo dentre duas montanhas, e Cavalos, (V I, 1 e seg.).Deu-se o mesmo com Daniel; viu quatro Bestas subindo do mar, (V II, 1 eseg.); depois, os combates, de um Carneiro e de um Bode, (V III, 11 e seg.); viuo Anjo G abriel, e teve com ele uma longa conversa, (IX) . O servo de Eliseuviu Carros e Cavalos de fogo em torno de Eliseu, e os viu quando seus olhosforam abertos, (II R eis V I, 17). Por estes exemplos e vrios outros que esto naPalavra, constante que as cousas que existem no M undo Espiritualapareceram a vrios antes e depois do advento do Senhor; que h portanto deadmirar que elas apaream ainda no presente quando a igreja comea, ou aN ova Jerusalm descendo do Senhor pelo cu.

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    Dos casamentos no cu

    27 - Q ue nos Cus haja Casamentos o que no pode entrar na f dos queimaginam que o homem depois da morte uma Alma ou um Esprito, e noconcebem uma Alma ou um Esprito seno como um ter ou sopro leve; queimaginam tambm que o homem no viver como homem seno depois doJulgamento Final; e que, em geral, nada sabem do M undo Espiritual, no qualesto os Anjos e os Espritos, assim, onde esto os Cus e os infernos; e comoeste M undo desconhecido, e se ignora completamente que os Anjos do Cuso H omens em uma forma perfeita, e semelhantemente os Espritos Infernais,mas em uma forma imperfeita, por isso que no pode ser revelada cousaalguma sobre os Casamentos no M undo Espiritual; com efeito, ter-se-ia dito:"Como uma alma pode ser conjunta com uma alma, ou um sopro com umsopro como um esposo com uma esposa sobre a terra?" Sem falar de vriasoutras objees que, no momento em que fossem feitas, tirariam e dissipariama crena nos Casamentos na outra vida. M as agora que vrias cousas foramreveladas sobre esse M undo, e que Ele, tambm, foi descrito tal qual , o quefoi feito no T ratado "do Cu e do Inferno e tambm no "ApocalipseR evelado, a afirmao de que h, l, Casamentos pode ser confirmada, mesmodiante da razo, pelas proposies seguintes: I. O H omem vive H omem depoisda morte. II. Ento o M asculino M asculino, e o Feminino Feminino. III. OAmor de cada um permanece depois da M orte. IV . E principalmente o Amordo sexo; e, nos que vo para o Cu, isto , nos que nas terras se tornaramespirituais, o Amor Conjugal. V . Estas cousas confirmadas por demonstraoocular. V I. Por conseqncia h casamentos nos Cus. V II. As N pciasEspirituais so entendidas por estas palavras do Senhor, que aps a ressurreiono se dado em casamento. Estas proposies vo ser agora explicadas em suaordem.

    28 - 1. O H omem vive H omem depois da morte. Q ue o homem vive homemdepois da morte, ignorou-se isso no M undo at ao presente, pelas razes de quese acaba de falar; e o que de admirar, ignorou-se mesmo no M undo Cristo,onde h a Palavra, e por conseqncia ilustrao a respeito da vida eterna, eonde o Senhor M esmo ensina que "todos os mortos ressuscitaro, e que Deusno Deus de mortos, mas de vivos". (M ateus X XII, 31 e 32; Lucas X X, 37 e38). Alm disso quanto s afeies e aos pensamentos de seu mental, o homemest no meio de anjos e de espritos e foi de tal modo consociado a eles, que nopode ser separado deles sem morrer imediatamente. E ainda mais de admirarque se ignore isso, quando entre tanto todo homem, que morreu desde a

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    primeira criao foi e vai depois de sua morte para os seus, ou, como se diz naPalavra, foi recolhido para os seus; e alm disso, o homem tem uma percepocomum, que a mesma cousa que o influxo do Cu nos interiores de suamente pelo qual percebe interiormente em si mesmo os veros e por assim dizeros v, principalmente este vero que o homem vive depois da morte, feliz sebem viveu, e infeliz se viveu mal. Com efeito, quem que no pensa assim, porpouco que eleve a mente acima do corpo e do pensamento mais prximo dossentidos do corpo, o que acontece quando est interiormente no Culto Divino,e quando est estendido moribundo em seu leito e espera o ltimo momento;semelhantemente quando ouve falar dos que esto mortos e de sua sorte?Contei sobre estes milhares de cousas; por exemplo, disse a certas pessoas qualera a sorte de seus irmos, de seus cnjuges, de seus amigos; escrevi tambmsobre a sorte dos Ingleses, dos H olandeses, dos Catlicos-romanos, dos judeus,dos gentios, e semelhantemente sobre a sorte de Lutero, de Calvino, e deM elanchton; e at ao presente jamais ouvi algum me dizer: "Como podem elester uma tal sorte, visto como ainda no saram de seus tmulos, por que ojulgamento final ainda no foi feito? Ser que, durante esse tempo, no so elesalmas que so sopros, e esto em Q ualquer parte, ou em um O nde no se sabe(in quodam Pu seu U bi)?" N o ouvi ainda pessoa alguma me falar nestalinguagem; da pude concluir que cada um em si mesmo percebe que vivehomem depois da morte. Q ual a pessoa que tendo amado seu cnjuge e seusfilhos, no diz em si mesmo, quando eles morrem ou esto mortos, se est emum pensamento elevado acima dos sensuais do corpo, que eles esto na mo deDeus, que os rever aps sua morte, e que ser de novo unida a eles em umavida de amor e de alegria?

    29 - Q uem que, segundo a razo, no pode ver, se quer ver, que o homemdepois da morte no um Sopro, do qual no se pode fazer idia seno comode um vapor, ou de um ar e de um ter, que isto ou contm em si a alma dohomem, a qual deseja e espera a conjuno com seu corpo a fim de poder gozardos sentidos e dos prazeres dos sentidos, como precedentemente no M undo?Q uem que no pode ver que, se acontecesse assim com o homem aps amorte, seu estado seria mais vil que o dos peixes, dos pssaros e dos animais daterra, cujas almas no vivem, e por conseqncia no esto em uma semelhanteansiedade de desejo e de espera? Se o homem aps a morte fosse um tal Sopro,e assim um vapor, ento ou ele esvoaaria no U niverso, ou segundo certastradies estaria reservado em uma Q ualquer porta (in Pu), ou com os Pais noslimbos at ao Julgamento final. Q uem que no pode, pela razo, concluir queos que viveram desde a primeira criao, que se acredita ter tido lugar h seismil anos, estariam ainda em um semelhante estado inquieto, eprogressivamente mais inquieto, porque toda espera proveniente de um desejoproduz a inquietao, e aumenta de um tempo a outro tempo; que porconseqncia esses, ou esvoaariam ainda no U niverso, ou estariam aindaencerrados na Q ualquer parte (in Pu), e assim, em uma extrema misria;

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    semelhantemente Ado e sua Esposa; semelhantemente Abraho, Isaac e Jacob,e semelhantemente todos os outros desde esse tempo? Segue-se da que nohaveria coisa alguma mais deplorvel do que nascer homem. M as d-seinteiramente ao contrrio; foi provido pelo Senhor, que Jehovah de todaeternidade, e o Criador do U niverso, para que o estado do homem, que seconjunta com ele pela vida segundo Seus preceitos, seja depois da morte maisfeliz e mais prspero que antes da morte no M undo, e esse estado mais feliz emais prspero, porque ento o homem espiritual, e o homem espiritual sentee percebe o prazer espiritual, que bem superior ao prazer natural, pois oultrapassa milhares de vezes.

    30 - Q ue os Anjos e os Espritos sejam homens, isso se torna evidente poraqueles que foram vistos por Abraho, G ideo, Daniel, e os Profetas,principalmente por Joo quando escreveu o Apocalipse, e tambm pelasM ulheres no Sepulcro do Senhor; mais ainda, o Senhor M esmo aps aressurreio se fez ver pelos Discpulos. Se foram vistos, porque ento osolhos do esprito daqueles que os viram tinham sido abertos; e quando soabertos, os Anjos aparecem em sua forma, que a forma humana; mas quandoos olhos do esprito esto fechados, isto , velados pela vista dos olhos que tiramdo M undo M aterial tudo o que lhes pertence, os Anjos no aparecem.

    31 - Entretanto preciso que se saiba que o homem depois da morte no homem natural, mas homem espiritual, e no obstante lhe parece que absolutamente semelhante, e de tal modo semelhante que no pode deixar decrer que est ainda no M undo natural; pois tem um corpo semelhante, umalinguagem semelhante e sentidos semelhantes, porque tem uma afeiosemelhante, ou uma vontade semelhante; verdade que na realidade ele no semelhante, porque espiritual, e por conseguinte homem interior; mas adiferena no se manifesta, a ele, porque no pode comparar seu estado comseu precedente estado natural, pois foi despojado deste, e est naquele; porisso que muito freqentemente ouvi Espritos dizerem que no sabem outracousa seno que esto no M undo precedente, com esta nica diferena que novem mais aqueles que deixaram nesse M undo, mas vem aqueles que saramdesse M undo ou que esto mortos, ora, se ento vem estes e no aqueles, porque no so homens naturais, mas homens espirituais ou substanciais, e ohomem espiritual ou substancial v o homem espiritual ou substancial, como ohomem natural ou material v o homem natural ou material, mas novice-versa, por causa da diferena entre o substancial e o material, que como adiferena entre o anterior e o posterior; ora, o anterior, sendo em si mesmomais puro, no pode aparecer ao posterior que em si mesmo mais grosseiro, eo posterior, sendo em si mesmo mais grosseiro, no pode tampouco aparecer aoanterior que em si mesmo mais, puro; por conseqncia o Anjo no podeaparecer ao homem deste M undo, nem o homem deste mundo ao Anjo. Se ohomem aps a morte homem espiritual ou substancial, porque este homem

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    espiritual estava interiormente escondido no homem natural ou material; esteera para ele como uma vestimenta, ou como um invlucro, o qual sendodespido, o homem espiritual ou substancial sai, assim mais puro, interior emais perfeito. Q ue o homem espiritual seja no obstante um homem perfeito,ainda que no seja visvel pelo homem natural, o que foi claramentemanifestado pelo Senhor, quando foi visto pelos Apstolos aps a ressurreio,em que apareceu e pouco depois desapareceu, e entretanto era homemsemelhante a Si M esmo quando foi visto e quando no foi mais visto; osApstolos disseram tambm que, quando O viram, seus olhos tinham sidoabertos.

    32 - II. Ento o M asculino M asculino, e o Feminino Feminino. Pois que ohomem vive homem aps a morte e o homem (homo) masculino e feminino,e que uma cousa o masculino, e' outra cousa o feminino, e de tal como outracousa que um no pode ser mudado no outro; segue-se que depois da morte omasculino vive masculino, e o feminino vive feminino, um e outro homemespiritual. Foi dito que o masculino no pode ser mudado em feminino, nem ofeminino em masculino, e que por isso que depo