Número dois • mensário newsletter Vinhos: com ou sem...

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Número dois • mensário newsletter nº2 Janeiro a Abril 2011 APRESENTAÇÃO 1. Correio dos Vinhos &.....é uma publicação nacional bilingue com carácter global e in- ternacional, que implicitamente trata de vinhos e produtos certificados, sem perder evidentemente o seu leit-motiv, o vinho, essa bebida nobre que já se fazia na Pérsia há 6 mil anos, de onde veio exactamente o tipo Syrah. 2. Correio dos Vinhos &… pretende ser um espaço de reflexão e debate dos produtores portugueses em geral, especialmente aque- les ligados às empresas de menor escala, de carácter familiar, que de algum modo lograram implantar-se no circuito comer- cial português; e se preparam agora para os mercados externos, ou seja a exportação -- China, Índia, Brasil, Rússia e Angola estão aí receptivos aos bons vinhos portugueses; tudo depende de factores qualidade e preço e, naturalmente da promoção e marketing das entidades e das diligências que vitivini- cultores desenvolvam. Dado o contexto global em que se integra o sector - é normal ver um bom vinho chileno na prateleira de hipermercados a menos de 2 euros a garrafa -- refira-se que a qualidade e preço (mesmo sem a quantidade) são a pe- dra de toque nas exportações portuguesas, aliadas a um terceiro factor... honestidade! Por outro lado, os vinhos ganham qualidade com a viagem de navio até África (Cabo Verde, Guiné-Bissau, Angola e Moçambique), Brasil, China ou Índia…semanas de mar melhoram muito os vinhos…passe o fol- clore literário! 3. A publicação pressupõe uma periodici- dade mensal em formato digital, que a mé- dio prazo será complementada com news- letters impressas oportunamente, visando outros produtos certificados, tais como azeite, queijos, frutas, carnes, entroncando- se na perspectiva da geografia corográfica tradicional, ou seja, naquilo que as regiões podem oferecer a todos os níveis, incluindo a gastronomia e os circuitos turísticos. 4. Ser objectivamente um forum de debate sério e lúdico sobre a reabilitação de quintas e patrimónios abandonados e estimular a organização do território de forma equili- brada e racional, gerindo-se pelo rigor e pela diversidade de opinião e os elementares princípios de um Estado de Direito. Portugal: a mística do azeite em 4 regiões Cientistas portugueses fazem em Elvas o apuramento da oliveira galega, cruzando genes com outras variedades, mediante a chamada tecnologia do cresci- mento rápido de 24 horas, no Instituto Nacional de Investiga- ção Agrária (INIA), cujas funções incluem informações e consel- hos preventivos a agricultores e viveiristas, e tentar obter novas variedades de oliveiras, a partir das existentes. 06 01 Hoje em dia a produção de vinho tornou-se também um negócio de requinte, a que a elegância, o bom gosto e o empenho das herdeiras dão um toque de prestígio, der- rubando fantasmas e barreiras impostas por um mundo masculino e, contribuindo para uma visão mais cosmo- polita e humanista do sector. Por todo o mundo é assim, mas com muito mais inten- sidade em Itália, onde a Associação Nacional de Mulheres do Vinho tem quase 800 filiadas. Em França há apenas 80 empresárias e em Portugal uma meia dúzia... o que não obsta ao dinamismo existente. Nesta edição apresentamos alguns casos paradigmáticos de empresárias vitivinícolas na Itália, Portugal e no Chile 11 Empresárias no rasto de Madame Cliquot e D. Antónia Ferreirinha. Vinhos: com ou sem sulfitos? Entrevista com Mário Louro, director do Concurso Nacional de Vinhos e figura de referência do sector vitivinícola. O enólogo exige formação séria de profissionais dos restaurantes como “um imperativo para bem do mercado interno” 02 Três vinhos portugueses entre os 100 mais da Wine Spectator: Carm Douro (9º), Dow Porto(14º) e Quinta do Vallado (22º). A produção mundial de vinho continua a baixar, prevendo-se 259 milhões de hectolitros para 2010 direitos reservados Azeite em Angola num futuro Região do Douro com 10 excelências pela Revista de Vinhos 04 Veja a relação entre as oliveiras da província do Namibe e a corrente fria de Benguela, e como os agrónomos portugueses plantaram 500 hectares de oliveiras nos Anos 60 do século XX. 08

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APRESENTAÇÃO1. Correio dos Vinhos &.....é uma publicação nacional bilingue com carácter global e in-ternacional, que implicitamente trata de vinhos e produtos certificados, sem perder evidentemente o seu leit-motiv, o vinho, essa bebida nobre que já se fazia na Pérsia há 6 mil anos, de onde veio exactamente o tipo Syrah.2. Correio dos Vinhos &… pretende ser um espaço de reflexão e debate dos produtores portugueses em geral, especialmente aque-les ligados às empresas de menor escala, de carácter familiar, que de algum modo lograram implantar-se no circuito comer-cial português; e se preparam agora para os mercados externos, ou seja a exportação -- China, Índia, Brasil, Rússia e Angola estão aí receptivos aos bons vinhos portugueses; tudo depende de factores qualidade e preço e, naturalmente da promoção e marketing das entidades e das diligências que vitivini-cultores desenvolvam.Dado o contexto global em que se integra o sector - é normal ver um bom vinho chileno na prateleira de hipermercados a menos de 2 euros a garrafa -- refira-se que a qualidade e preço (mesmo sem a quantidade) são a pe-dra de toque nas exportações portuguesas, aliadas a um terceiro factor... honestidade! Por outro lado, os vinhos ganham qualidade com a viagem de navio até África (Cabo Verde, Guiné-Bissau, Angola e Moçambique), Brasil, China ou Índia…semanas de mar melhoram muito os vinhos…passe o fol-clore literário!3. A publicação pressupõe uma periodici-dade mensal em formato digital, que a mé-dio prazo será complementada com news-letters impressas oportunamente, visando outros produtos certificados, tais como azeite, queijos, frutas, carnes, entroncando-se na perspectiva da geografia corográfica tradicional, ou seja, naquilo que as regiões podem oferecer a todos os níveis, incluindo a gastronomia e os circuitos turísticos. 4. Ser objectivamente um forum de debate sério e lúdico sobre a reabilitação de quintas e patrimónios abandonados e estimular a organização do território de forma equili-brada e racional, gerindo-se pelo rigor e pela diversidade de opinião e os elementares princípios de um Estado de Direito.

Portugal: a mística do azeite em 4 regiõesCientistas portugueses fazem em Elvas o apuramento da oliveira galega, cruzando genes com outras variedades, mediante a chamada tecnologia do cresci-mento rápido de 24 horas, no Instituto Nacional de Investiga-ção Agrária (INIA), cujas funções incluem informações e consel-hos preventivos a agricultores e viveiristas, e tentar obter novas variedades de oliveiras, a partir das existentes. 06

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Hoje em dia a produção de vinho tornou-se também um negócio de requinte, a que a elegância, o bom gosto e o empenho das herdeiras dão um toque de prestígio, der-rubando fantasmas e barreiras impostas por um mundo masculino e, contribuindo para uma visão mais cosmo-polita e humanista do sector.Por todo o mundo é assim, mas com muito mais inten-sidade em Itália, onde a Associação Nacional de Mulheres do Vinho tem quase 800 filiadas. Em França há apenas 80 empresárias e em Portugal uma meia dúzia... o que não obsta ao dinamismo existente.Nesta edição apresentamos alguns casos paradigmáticos de empresárias vitivinícolas na Itália, Portugal e no Chile 11

Empresárias no rasto de Madame Cliquot e D. Antónia Ferreirinha.

Vinhos: com ou sem sulfitos?Entrevista com Mário Louro, director do Concurso Nacional de Vinhos e figura de referência do sector vitivinícola. O enólogo exige formação séria de profissionais dos restaurantes como “um imperativo para bem do mercado interno” 02

Três vinhos portugueses entre os 100 mais da Wine Spectator: Carm Douro (9º), Dow Porto(14º) e Quinta do Vallado (22º).

A produção mundial de vinho continua a baixar, prevendo-se 259 milhões de hectolitros para 2010

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osAzeite em Angola num futuro

Região do Douro com 10 excelências pela Revista de Vinhos 04

Veja a relação entre as oliveiras da província do Namibe e a corrente fria de Benguela, e como os agrónomos portugueses plantaram 500 hectares de oliveiras nos Anos 60 do século XX. 08

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Vinhos com ou sem sulfitos é uma questão irrelevante para o engenheiro Mário Louro, figura incontornável do sector vitivinícola português e director do Concurso Nacional dos Vinhos que se realiza todos os anos em Santarém.Os sulfitos começaram a ser usados há 20 anos pelos americanos como “exigência”, e a União Europeia só re-centemente obrigou a essa introdução”. Quanto ao dito vinho biológico, sem sulfitos, os franceses e os espanhóis são os que mais produzem, tendo como principal mercado os países escandina-vos , nomeadamente a Suécia.Para o enólogo, afinal, o grande prob-lema do lobby português do vinho é que “anda distraído há muito tempo”, e “só podemos vender vinho no mer-cado interno se tivermos profissionais formados. Há que exigir do Estado essa formação nas escolas de hotelaria !...nos restaurantes existem umas pessoas que empurram os pratos e de certa forma expõem o vinho à mesa, pessoas sem noções de vinhos e sem qualquer formação adequada”, comenta. “Não posso vender vinho se não tiver um bom profissional no restaurante para o fazer...e tal requer formação...mas as cadeiras ou disciplinas especí-ficas de sommeliers (escanções) não são leccionadas nas escolas hoteleiras”, sublinha. “Em termos de negócio, estamos com todo este trabalho específico especial-mente para os estrangeiros; e se eu lhes perguntar o que é um escanção não sa-bem, mas se for sommelier conhecem o termo !, adianta.Mário Louro, que leccionou Enologia entre outras cadeiras durante 22 anos na Escola de Hotelaria do Estoril, diz que actualmente tais escolas não dão cursos para sommeliers, nem cursos de restaurantes ou cursos de cozinha ou tão pouco disciplinas específicas de vinho... “Portanto, no futuro não há quem nos sirva o vinho.!.. tudo isto é mau, acima de tudo para os produ-tores..mas as condições têm de ser cria-das pelo Estado..”, reitera ..Outro problema, é o preço excessivo dos vinhos portugueses no mercado interno, “mas estamos a caminhar para servirmos vinho a copo e podermos

Vinhos: Com ou sem sulfitos? ... uma questão “irrelevante” para Mário Louro

A grande questão do lobby português do vinho é “a falta de profissionais no mercado interno que saibam vender os vinhos nos restaurantes”, diz o enólogo em entrevista ao “Correio dos Vinhos & ...”, realçando também a China, Brasil e India como mercados a não perder de vista pelos produtores-exportadores portugueses.

beber um copo a preço aceitável... com-batendo preconceitos de que o vinho não é rentável ..embora no mundo in-teiro se sirva vinho a copo ou a taça “Para o efeito a ViniPortugal lançou neste momento uma campanha promocional de vinho a copo, com o site www.vin-hoacopo.com

Brasil lança sites para vinhos lusitanosSobre apetência global pelo vinho e os novos produtores, nomeadamente os países emergentes BRIC, como o Brasil, índia e China ( este o 7º maior produ-tor mundial) Mário Louro é categórico : “por muito que eles produzam… nós temos espaço para vender ... note-se que Brasil e China também exportam.E no caso da India, tem “60 milhões de consumidores de vinho” (perten-centes a uma classe média de 300 mil-hões), entre uma população de quase 1.000 milhões de pessoas. Trata-se de “um mercado com muito interesse para os produtores portugueses. Ou veja-se caso dos EUA, grande produtor…que se calhar é o maior importador de vinhos… Ora faz todo o sentido que sejamos agressivos e tenhamos capacidade para enfrentar as feiras e os locais de venda.“O Brasil é um grande mercado para nós … os brasileiros gostam dos vinhos por-tugueses, só têm um inconveniente as taxas altas que o Brasil aplica aos vinhos portugueses, porque eles só protegem os países do Mercosul, apesar de termos protocolos assinados com o Brasil.. E ainda que haja vinhos bons…. Chile, Ar-gentina e Uruguai, mas isso não obsta à entrada dos nossos vinhos no mercado brasileiro”, regista.Aconselho a visitarem um site que se chama canal do boi e há outro adega atlântico … é o novo sistema brasileiro de venda de vinhos portugueses. O Canal do Boi vai em 20 milhões de casas, e com a Adega Atlântico estão a fazer uma promoção dos vinhos portu-gueses directamente ao consumidor ; são vendidos directamente na internet e, neste momento as coisas correm fran-camente bem. Neste canal estão 30 a 40 vinhos de 10 produtores portugueses, adianta o enólogo.

Em matéria brasileira, Mário Louro, regis-ta ainda o Estado do Rio Grande do Sul, zona produtora por excelência, essen-cialmente mais brancos que tintos, mas há várias zonas do Nordeste a produz-irem vinhos por portugueses, tais como a Quinta do Cabriz, o engenheiro Paulo Laureano e mais dois ou três outros produtores portugueses.Concorda que o vinho é um negócio global como o petróleo, em que as grandes empresas vinícolas investem em todos os continentes como as petrolíferas?“Há uma diferença, porque o petróleo não precisa do terroir, e o terroir é sem dúvida a grande ciência do vinho. Quan-do temos terroir (que vem do latim, da mesma palavra território) temos um puzzle de quatro peças interligadas. E se o homem estiver em cima delas, naturalmente vamos perceber que o clima, o sol, a casta e a técnica devida-mente articulados conseguem fazer um grande vinho.Mas isto tem de ser um puzzle e as peças encaixarem todas. Ora o petró-leo só tem humanidade, falta-lhe o resto, está dependente de uma série de coisas nas zonas onde é produzido ou extraído… não tem vida… enquanto o vinho tem… é um ser vivo! Tem a sua evolução, nasce vivo e morre tal e qual uma pessoa”. Mas naturalmente, a gente precisa que essas condições do terroir sejam criadas para esse efeito”, explica o enólogo.

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O anidrido sulfuroso é um anti-bacteriano, um anti-oxidante e con-servante e, a Organização Mundial de Saúde (OMS) “estabelece limites muito baixos à introdução do com-posto”. “E até ao momento não temos outro substituto que possa alterar a forma de fazer vinho “, esclarece Mário Louro.Em relação ao vinho biológico, sem sulfitos, a “capacidade de conservação é diminuta e os caracteres dos vinhos biológicos não são assim tão evident-es; mas se tiver qualidade tudo bem, não ponho em dúvida” ! Por outro lado, lembra algumas van-tagens do vinho, como sendo, “ um anti-oxidante das células, um co-ad-juvante da nossa saúde em termos da circulação sanguínea”, e “muito mais prejudicial quanto consumido em excesso… Um copo ou dois de vinho por dia é positivo”!...Os sulfitos começaram a ser usados no vinho no século XX; antes usava-se o metabissulfito de potássio, substân-cia que também libertava anidrido sulfuroso. Mas só o anidrido sulfuroso visando a eliminação das bactérias e a conservação do vinho …é a única substância química com função tri-partida, embora se possa usar outros químicos com funções parcelares, ex-plica o enólogo.Os americanos começaram usar o an-idrido sulfuroso há 20 anos, e todos os vinhos que importam devem declarar se têm ou não… A Comunidade Euro-peia só recentemente obrigou a essa introdução pelos vitivinicultores. E os americanos obrigavam também que nessa informação as mulheres grávi-das não podiam beber vinhos com sulfitos...isto há´20 anos… porque se verificou um grande evolução, diz Mário Louro..Os pioneiros dos vinhos biológicos são os franceses, mas os espanhóis vão em frente com muitas marcas di-tas biológicas, não usando o anidrido sulfuroso, mas outras substâncias per-mitidas. Em Portugal há meia dúzia de produtores com esse cuidado… acho interessante, mas não é mercado para nós. O grande mercado é a Suécia, que necessita de grandes quantidades e to-dos os países escandinavos são muito exigentes nessa matéria”, conclui.

“Preocupo-me com a formação das pessoas, que acho muito importante , sejam elas consumidores ou profis-sionais, de modo a serem esclarecidas, porque somos um país produtor que vive disto…Antigamente Salazar dizia que um milhão de pessoas vivia do vinho, e eu hoje digo que vivem dois milhões e 500 mil, e há muita gente a precisar de apoio e de mecanismos”, sublinha Mário Louro“Outra coisa importante é a nova gera-ção de enólogos, que vai permitir que tenhamos cada vez melhores vinhos; mas vamos ter que saber vendê-los, para bem dos enólogos, já que eles são a grande força desta mudança”, adianta, reportando-se a outros tem-pos em que “havia pouca gente dedi-cada ao vinho em exclusivo, fazendo outras actividades”.“No tempo do meu pai (que era enól-ogo), havia meia dúzia de enólogos e também meia dúzia de produtores, e houvesse muita gente a fazer vinho em casa sem qualquer assistência…”, regista Mário Louro, que sempre se dedicou à sua actividade, de tal forma que aos 16 anos já frequentava os laboratórios da Junta Nacional dos Vinhos. Foi técnico da mesma junta, do IVV e da firma Carvalho Ribeiro & Ferreira, vindo a formar-se em Eno-logia na Université du Vin de Suze La Rousse, França. Nascido a 6 de Agosto de 1945, no dia da destruição de Hiroshima, Mário Louro é um homem do mundo, sem-pre solicitado para todo o lado, como técnico, como professor( deu aulas na Escola de Hotelaria do Estoril durante 22 anos e mais três anos em Macau e Hong Kong), como consultor da CAP, ou inclusive na qualidade de director do Concurso Nacional dos Vinhos, sempre disponível para esclarecer ou explicar de forma didáctica as dúvidas dos que o procuram, sendo um grande exemplo do exercício da cidadania.

...”Porque há uma série de produ-tores portugueses que pretendem instalar-se em Angola, isto na Huíla, na

zona da antiga Sá da Bandeira (hoje Lubango), que muito bem conheço, com condições para produzir vinho como nos outros países..e azeite tam-bém… E não nos vão tirar mercado, porque em Angola há a noção de que os vinhos portugueses ao bons”, afirma Mário Louro, lembrando que naquele mercado estão o Chile e o Brasil, mas os vinhos portugueses ainda são os mais aceites”.Porquê 2014 ? Porque, segundo o enólogo, “decorrem negociações e ao fim de três anos temos vinha”!Uma deixa que nos leva a reflectir so-bre o facto de o antigo regime não autorizar que se produzisse vinho e azeite em Angola para proteger a produção portuguesa. Ainda hoje, a caminho do Namibe, se vêm zonas com grandes oliveiras, constatam empresários portugueses que ali têm negócios.O engenheiro Mário Louro tem con-tudo, uma explicação mais plausível e mais técnica: “havia um sentido de que o vinho e o azeite só se podiam produzir em determinados paralelos (geográficos) e esses paralelos estão ficar agora mais largos, e é natural que num futuro Angola venha ser um bom produtor de vinhos”.“ Não devemos ter medo e temos de procurar mais mercados, e quanto mais parceiros africanos tivermos melhor… os vinhos do mercado an-golano não serão já de imediato de garrafeira ou de reserva. Mas vai ser preciso mais uma geração para Ango-la se transformar num colosso como o Brasil”, considera.

Suécia principal mercado

dos sem sulfitos

Angola vai produzir em 2014

Vinho hoje é sustento de 2,5 milhões de portugueses

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entrevista

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Douro arrebata dez excelências

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Pela 14ª vez a Revista de Vinhos dis-tinguiu os melhores vinhos nacionais, personalidades e empresas ligadas ao sector, tendo a região do Douro ar-rebatado dez prémios de Excelência. A distinção foi atribuída no espaço da Alfândega do Porto, tendo a revista seleccionado 150 vinhos considera-dos de “qualidade absoluta muito boa”. Posteriormente o júri seleccionou 34 a quem atribuiu o Prémio Excelência. Assim, a a região do Douro aver-baria dez prémios, com destaque para Abandonado Douro tinto 2007, Charme Douro tinto 2008 e Curricu-lum Vitae Douro tinto 2008. O Alente-

jo foi a segunda região mais premiada, com cinco Excelências, destacando-se o Esporão Private Selection tinto 2007; Marias da Malhadinha tinto 2007 e Mouchão Tonel tinto 2005.O Dão seria a terceira mais premiada com quatro Excelências, destacando-se o Cabriz branco 2009, Paço das Cun-has de Santar branco 2009 e Condessa de Santar branco 2009.Ainda em Excelência, o único da Bairra-da foi Sidónio de Sousa tinto 2005; nas Beiras também o único, foi para Quinta da Foz de Arounce Vinhas Velhas de Santa Maria tinto 2007, enquanto que o único da região de Lisboa foi para Ex-

Aequo Reg. tinto 2006. Da península de Setúbal - Periquita Superior tinto 2008; no Vinho de Mesa Doda tinto 2007; no Vinho do Porto - Andresen colheita 1980; no Vinho da Madeira - Barbeito Malvasia 20 anos lote 7199 e nas Aguardentes : Magistra Lourinhã Vínica Velha.No Vinho Verde Alvarinho - Anselmo Mendes Parcela Única branco 2009 e nos Espumantes Murganheira Pinot-Blanc 2005.Foram ainda atribuídos Prémio dos Melhores Vinhos a 116 vinhos de várias regiões, incluindo generosos Porto, Madeira e Moscatel.Também foram distinguidas as per-sonalidades e empresas 2010 do sec-tor vitivinícola : Produtor revelação – Monte da Raposinha; Adega Coop-erativa – Carmim; Empresa – Sogrape e J.H. Andresen (Vinhos Generosos); Produtor – Anselmo Mendes; Enólogo – Francisco Olázábel e Ricardo Barbe-ito (Vinhos generosos); Viticultura – J. Portugal Ramos ; Organização vitiviní-cola – Wines of Portugal; Enoturismo – Palácio da Brejoeira ; Restaurante – Panorama; restaurante (Cozinha tradicional portuguesa) – Solar dos Presuntos; Escanção – Inácio Loureiro; Prémio Especial Gastronomia – Vasco Mourão e Senhor do Vinho 2010 – António Dias Cardoso.

Nos três dias do

17º Festival do Pão, Queijo & Vinhos da Quinta do Anjo estiveram cerca de15 mil visitantes, que este ano pa-garam simbolicamente a um euro na entrada para cobrir as despesas da Associação dos Criadores de Ovinos e Produtores de Queijo de Azeitão; numa zona , onde a excelente fruta também se junta aos produtos desta autêntica zona de excepção situada no coração da península de Setúbal . A escassos quilómetros do mar e a 30 quilómetros da capital, sente-se con-tudo, a ausência de um verdadeiro turismo e de uma estrutura organi-zativa que existe por exemplo em Óbidos, Mafra ou Sintra, razão pela qual ainda se pode condescender às grandes nuvens de poeira levantada dos caminhos de brita que delimitam o recinto da feira e exposições, como se estivéssemos no século XIX. Os produtos eram excelentes e cre-dores da melhor certificação, pelo que nas próximas edições a questão

da poeira deverá es-tar resolvida pela As-sociação de produ-tores de queijo e

pelas autarquias e, merecendo uma reflexão da Rota dos Vinhos da Penín-sula de Setúbal, um dos organizadores do evento. Conhecemos algumas feiras idênti-cas com exposição e venda de gado, que se realizam em Inglaterra, onde todo o espaço é organizado, inclusive com tendas atraindo visitantes dos vários condados em redor, apesar do rigoroso clima temperado marítimo, mesmo no Verão.Com efeito, a península de Setúbal é uma região já bafejada com o pré-mio do melhor vinho tinto do mundo atribuído em 2007 à casa Ermelinda de

Freitas (Terras do Pó), que tem ainda muito para preservar, não obstante o modelo de desenvolvimento perverso decorrente da especulação fundiária, onde antigas quintas e pinhais deram lugar a cidades-dormitórios que mar-cam a Margem Sul do Tejo, com custos sociais acrescidos.Na Quinta do Anjo estiveram os con-celhos representativos das activi-dades agrícolas (incluindo o tipo das casas tradicionais ou pequena casa de lavoura) que alguns especialistas con-sideram pertencente à Cultura Saloia, já que para o géografo Jorge Gaspar ou para o antropólogo Albano Matos, esse espaço físico “saloio” vai desde a bacia do rio Liz (Leiria) até à foz do rio Sado.O pão caseiro, o queijo, o vinho, o mel, alguma doçaria destacam-se num espa-ço territorial já relativamente pequeno, situado desde a Azóia, perto do Cabo Espichel, até às Terras do Pó, passando pelos vales de Azeitão protegidos dos ventos e do mar por três pequenas ser-ras a lembrar: Louro, Barris e Arrábida, que funcionam como moderadores dos microclimas ideais para os pastos, a produção de vinho e a variedade de pomares existentes até há 30 anos.

15.000 pessoas no Festival

do Queijo, Pão e Vinhoem Palmela

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Vinho do Pico: queda de 80%

As vindimas na Ilha do Pico sofreram uma baixa de 80%, mas no geral em todo o país, houve um aumento de 13 % nas colheitas de uvas

As vindimas de 2010 na Ilha do Pico registaram uma queda de 80 % nas colheitas face a 2009, enquanto que nas ilhas Terceira e Graciosa a baixa foi de 40 % conforme os cálculos das cooperativas locais, muito embora as previsões no final de Agosto da ViniPortugal baseadas nos enólogos apontassem uma baixa média de apenas 30 % para os Açores.As razões apontadas para esta forte descida nas colheitas das uvas nos Açores deveu-se às fortes chuvas na Primavera e em Agosto, deixando os vitivinicultores apreensivos. Recorde-se que o vinho do Pico é famoso, e nos séculos XVIII e XIX a maioria da produção era exportada para Ingla-terra, norte da Europa e para a corte do czar da Rússia.Na Madeira, as colheitas para a campanha deste ano registaram uma baixa entre 10 a 15 por cento, ou seja 400 a 600 toneladas de uvas

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A produção mundial de vinho continua a baixar, prevendo-se 259 milhões de hectolitros para 2010, (após um pico de 300 M

hl em 2004), anunciou em Novembro a Organização Internacional da Vinha do Vinho (OIV).

Em 2009 a produção fora de 268,7 milhões de hectolitros. Para esta baixa em 2010 contribuiu a redução de 70 mil hectares de vinha na União

Europeia e também a redução das áreas de cultivo no Hemisfério Sul (excepto na América do Sul) e nos EUA, adiantou a OIV.

Entre os três grandes produtores de vinho europeus, apenas a Espanha manteve-se estável, enquanto que a Itália teve um baixa de 11 % face a

2009, a França menos 2% , Alemanha e Áustria e Suíça, países mais afastados do paralelo mediterrânico, registaram quedas respectivas de 5 %,

13 % e 15% face a 2009. (continua na pag.7)

Já na Península de Setúbal verificou-se uma descida de 16% e no Algarve também uma baixa de 12 % na recolha das uvas face a 2009.No total, as uvas colhidas representam 6,347 milhões de hectolitros contra 5,868 milhões em 2009, e uma varia-ção de menos 2% face à média dos últimos cinco anos...

a menos face a 2009, segundo Paula Cabaço,presidente do IVBAM (Instituto do Vinho, do Bordado e Artesanato da Madeira).Contudo, no geral em todo o país, as vindimas apresentaram uma subida média de 13% face a 2009., sendo as maiores subidas nas regiões Tejo (15%) , Beira Interior (14%) e Douro (13%).

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Portugal: a mística do azeite em 4 regiões olivícolas…e muitos microclimas

Fica o registo da estória pacata de três investigadores junto à raia espanhola, no INIA, antiga Estação de Olivicultura de El-vas, construída em 1962 pelo Estado Novo, na Herdade do Reguengo.Quem vem da estrada de Elvas para Campo Maior, julga que pelo edifício estilo pas-tiche modernista-clássico, se trata de uma agradável pousada no meio de um amplo vale, ladeado de duas colinas cobertas de oliveiras; mas à medida que avançamos, percebemos que nenhum cientista poderia trabalhar nos meros armazéns que surgem no primeiro plano, até porque existem labo-ratórios, cromatógrafos e outras tecnolo-gias e salas de prova.Só mais tarde nos apercebemos da es-trutura do edifício - tem um pátio interior estilo conventual ou de inspiração andalu-za, com claustros… Um trabalho notável de arquitectura , inacabado.. . já que ficou por fazer a ala nascente, remetida para segundas núpcias, isto em 1962, segundo ano da guerra colonial assinale-se, quando muitas das sinergias do país começavam a ser transferidas para o esforço de guerra e algum desenvolvimento do então Ultramar.

da Estação Olivícola de Elvas A produção de azeitona exige um clima mediterrânico, e as temperaturas médias não devem descer muito abaixo dos 7 graus… Tudo isto sustentado por muitos microclimas, uma característica do ter-ritório nacional “, destaca António Manuel Cordeiro, especialista em Ecofisiologia. Temos de seleccionar e optimizar os re-cursos que temos, ou seja , “as variedades de oliveira” existentes no país, “ das quais a Galega, a Cobrançosa, a Cordovil, a Car-rasquenha e a Verdeal são as mais impor-tantes. “O objectivo é investigar sobre “o compor-tamento agronómico e sanitário delas. Há que comparar umas com as outras, todo um conjunto de variedades que conhec-emos bastante bem. E tanto aCobrançosa como a Galega são variedades

portuguesas, distribuídas por quatro prin-cipais regiões olivícolas - Trás-os-Montes, Beira Interior, Ribatejo e Alentejo”, explica. Cada região tem cultivares (ou variedades) diferentes..... e a produção de azeitonas e regularidade da produção são os objecti-vos de fundo do Instituto, a fim de fornecer indicações e conselhos aos produtores. Existem oliveiras noutras zonas, fora das quatro áreas tradicionais, mas cuja produção pode ser intermitente devido a factores climáticos, como a norte de Coim-bra, que menos favorável à olivicultura por influência marítima e do vento de noroeste : mas na mesma região pode haver alguns montes e servirem de protecção e por isso também podemos encontrar olival. De todas estas, a melhor e maior variedade do olival português, é pequena galega pre-ta, uma azeitona muito boa e que dá um dos melhores azeites (muito fino), apesar de ser uma variedade mal-amada pelos in-dustriais, que põem alguns entraves… Isto porque a galega tem uma produção alter-nada, não regular, nem todos os anos tem boa safra, além de ser atreita a doenças.Então, no INIA, para melhoramento da var-

Onde a variedade galega, a humilde azeitona preta e pequena é consid-erada pelos investigadores portugueses como uma das melhores varie-dades de oliveira do país, que dá um excelente azeite, finíssimo. ..Só que a produção da galega é intermitente, sendo atreita a doenças, o que faz dela a azeitona mal-amada dos industriais.Para inverter a situação, cientistas portugueses fazem o apuramento da galega, cruzando os genes desta com outras variedades, mediante a chamada tecnologia do crescimento rápido de 24 horas, no Instituto Na-cional de Investigação Agrária (INIA), em Elvas, cujas funções incluem in-formações e conselhos preventivos a agricultores e viveiristas, e tentar obter novas variedades de oliveiras, a partir das existentes.

iedade, juntaram-se os genes da galega aos genes de outras variedades. Depois provoca-se na estufa o crescimento rápi-do laboratorial, aquilo a que os cientistas designam por crescimento 24 horas por dia… com luz artificialAs luzes são acesas ao final da tarde e des-ligadas ao início da manhã, permitindo assim a fotossíntese ou função clorofilina (mesmo sem sol) para acelerar o crescimento das oliveiras, que demorariam 10anos, em vez de um ano em entrar em

produção! Isto com vista ao programa de melhoramento científico.Esta tecnologia foi descoberta há 18 anos em Israel pelo cientista Lavee, e posteriormente trabalhada em Espanha, na Univer-sidade de Valência e, optimizada na Uni-versidade de Córdova pelo Prof. Rallo.“Se não houvesse esta tecnologia era im-possível a investigação nesta área. São pro-cedimentos experimentais para encurtar o período juvenil”, sublinha António Manuel Cordeiro.O novo Plano Nacional de Olivicultura pas-sou de um aparente argumento político para uma importante realidade, de tal for-ma que atraiu os produtores espanhóis. E o Instituto prosseguiu a sua tarefa científica, paciente e metódica. António Manuel Cordeiro tem um dou-toramento feito na Universidade de Cór-dova (Andaluzia), onde viveu alguns anos, naquela que é considerada um santuário agronómico , onde existe uma numerosa equipa de professores-investigadores a trabalhar nesta cultura. No Instituto em Elvas, António Manuel Cordeiro é co-ad-juvado por duas colegas investigadoras,

Teresa Carvalho, António Manuel Cordeiro e Leonilde Santos fazem ciência com boa disposição.

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agrónomas de formação Leonilde Santos e Teresa Carvalho.“A nossa intervenção é ao nível do material vegetal. E nos últimos sete anos a área do olival aumentou substancialmente, com o programa de plantação de 30.000 novos hectares, aprovado pela União Europeia, iniciado em 2002 e terminado em 2008, no âmbito do 3º quadro comunitário de apoio, e distribuídos pelas quatro regiões, com maior incidência no Alentejo por ser a maior região olivícola do país”, lembra..“Para além do programa houve subsídios, sublinha a engenheira Teresa Carvalho, re-portando-se também “à vinda de muitos produtores espanhóis para Portugal, por as quotas espanholas de olivicultura já es-tarem preenchidas”.Antes disso, o estado de apatia e um certo abandono do olival por parte dos portu-gueses deveu-se ao facto de os “lagares serem muito arcaicos, e precisarem de muita mão-de-obra: os antigos lagares não davam vazão”, considera Teresa Carvalho. Antigamente era tudo manual, e podia-se voltar duas ou três vezes ao olival, o que hoje é impensável. A azeitona quando é apanhada deve ser imediatamente labo-rada para se obter alta qualidade, não de-vendo ficar mais de 24 horas à espera de ser trabalhada”, realça“A nova dinâmica tornou a olivicul-tura atractiva para os agricultores, de tal forma que se estão a implementar olivais sem subsídios, o que antes era completamente impossível”, sublinha.O nosso trabalho passa por conhecer mel-hor a susceptibilidade das cultivares à pra-gas e doenças a fim de podermos aconsel-har os agricultores na instalação de novos olivais e seu manuseamento.A praga mais importante mais impor-tantes é a mosca. Esta ambienta-se a temperaturas muito elevadas de 32 ou 33 graus. A mosca pica azeitona, deposita um ovo e após um certo tempo aparece uma lagarta que vai comer a polpa da azeitona, fazendo posteriormente cair os frutos. Mas doença mais relevante da oliveira é conhecida em Portugal por “Gafa” e tem como agente causal um fungo. Ataca es-sencialmente o fruto, provocando perdas tanto na produção (queda da azeitona) como na qualidade do azeite e afectando negativamente muitos parâmetros quími-cos do azeite”.O Instituto não concebe antídotos, porque “não é sua missão trabalhar moléculas, mas dá pareceres preventivos sobre o assunto”, adianta por seu turno Leonilde Santos.

Civilizações antigas trouxeram para a Península Ibérica A oliveira tem a sua origem na Ásia Menor e “as civilizações antigas desempenharam

um papel muito importante para fazer chegar este material vegetal à Península Ibérica e outros países fora do continente eu-ropeu”. A oliveira e o azeite são indissociáveis da cultura e dieta mediterrânicas, sendo o azeite considerado a melhor gordura natural, ajudandoa reduzir o mau colesterol (LDL), combatendo as oxidações biológicas e combatendo os radicais livres.

Apenas 1 a 3% da flor pro-duz azeitona “Apenas 1 a 3 por cento da flor da oliveira pro-duz fruto, o que já é muito bom. E se a ciência optimizasse para mais 1 por cento seria fan-tástico”, explica António Manuel Cordeiro.Mas tal tarefa não é nada fácil e tem impli-cação nos genes da oliveira, nas condições climáticas, na quantidade de água, e nos nu-trientes -- potássio (macro) , boro (micro) os mais importantes para efeitos de floração.Embora outros macro e micronutrientes, como o azoto e o manganês, respectiva-mente , sejam igualmente importantes .“Em química agrícola dá-se muita im-portância à Lei do Mínimo, ou seja, um micronutriente em falta condiciona a as-similação/nutrição de todos os outros nu-trientes, com repercussões no crescimento e na produção”.

A título de comparação, diga-se que nas outras árvores de fruto normalmente o vingamento é acima dos 10 por cento.De resto, a floração abundante na oliveira é uma característica da espécie, porque é de uma zona semi-árida (mediterrânica), em que pode haver grandes alterações climáticas de uns anos para os outros : Pri-maveras mais chuvosas ou mais secas, mais frias ou mais quentes. E é a essa irregulari-dade climática a quem se adapta a grande abundância de flor.

Porque as oliveiras vivem tantos séculos e algumas chegam ao milénio ? “Tem a ver com a capacidade de adapta-ção e da regeneração. A oliveira tens folhas

xerófitas ( tipo cacto) que se adaptam às variações climáticas e às condições secas e quentes. Aos 32 graus, os estomas (que ficam na parte detrás da folha, e onde se fazem as trocas gasosas) fecham-se e vol-tam a abrir quando a temperatura desce. Com a sucessão dos dias quentes e secos, típicos do Verão, num olival em sequeiro as folhas podem ficar verde - amareladas ; mas quando começa a chover, as folhas adquirem muito rapidamente a normali-dade, o verde”.A palavra azeite vem do árabe Al-zait, que significa sumo de azeitona, e pensa-se que a as oliveiras mais antigas situam-se Por-tugal na zona de Tavira e no antigo Alque-va, com mais de mil anos. Quando da construção da barragem, que criou o maior lago artificial da Europa, parte dessa oliveiras foram compradas por espanhóis e, outras por portugueses , que as utilizaram para decoração de quin-tas e até autarquias como a de Oeiras, se empenharam em recuperar este legado natural.

Paladares lusitanos Cada olivei-ra pode produzir em média 20 quilos de azeitonas, sendo necessários cinco quilos para produzir um litro de azeite.Portugal tinha em 2009 uma área de olival na ordem dos 386.000 hectares, tendo produzido 681.850 hl de azeite...As quatro grandes regiões portuguesas pro-duzem azeite de paladares diferentes, que só os próprios naturais com o tempo e a idade sabem reconhecer. Um transmon-tano pode ter um paladar bem diferente de um alentejano ou vice-versa, o que indica que os portugueses têm na sua matriz uma grande diversidade cultural, o que só abona a favor do país.António Manuel Cordeiro conta que seus pais são de Trás-os-Montes, enquanto que familiares de sua mulher são de Ferreira do Alentejo.O cientista tem o hábito de quando visita os pais levar-lhes azeite do Alentejo, e o contrário quando vai a Ferreira.Os pais, transmontanos, ao provarem o azeite do sul, dizem, que não tem sabor a azeite; o mesmo é corroborado pelos outros famil-iares quando provam o azeite de Trás-os-Montes.

O INRB IP. / INIA para além do INIA Elvas, o principal centro de investigação olivícola do país, possui outros centros onde realiza investigação / experimentação olivícola; o INIA Tapada da Ajuda com os investiga-dores Encarnação Marcelo, Pedro Jordão e C. Sempiterno, na área da Fertilização; no INIA Oeiras com os investigadores Cidália Peres, Amélia Lopes, I. Calha, etc, na Tecnologia da Azeitona de Conserva e na Protecção de Plantas; e o INIA Lumiar com a investigadora Ana Partidário, na Tecnologia do Azeite.

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tempo colonial, onde os barcos apor-tavam, e grande parte da azeitona col-hida era consumida pelos pescadores, conta por sua vez António Manuel Cordeiro.A corrente fria de Benguela, que per-mite uma abundância de pes cado,naquela costa, vai colmatar o clima desértico do Namibe , citando um tra-balho feito pelos professores Carlos Portas e Jorge Araújo.De noite, o frio da brisa marítima com-pleta um conjunto de horas necessárias, que permite o crescimento de flores, ou seja a endormência das gemas. Esta melhoria do clima de Moçâ-medes, permite espécies tipicamente mediterrânicas , como a oliveira. E à se-melhança da África do Sul, Argentina e Brasil, também Angola pode vir a pro-duzir azeite.Inclusive, o olival na zona do Namibe tem água a pouco mais de dez met-ros de profundidade, porque aquela província fica junto à Serra da Leva (num dos extremos do planalto da Huíla), onde há níveis de precipita-ção muito elevados, sendo depois as águas das chuvas encaminhadas para

o oceano por via subterrânea. “Já no tempo colonial se aproveitava essa água para o olival, em pleno de-serto, com canais de rega”, comenta ainda António Manuel Cordeiro, re-portando-se aos benefícios que os microclimas podem suscitar para cer-tas produções.“Veja-se uma cerejeira em Elvas, nor-malmente, não dá cerejas, porque o nosso Inverno não dá a quantidade de horas suficientes de frio que per-mitam o aparecimento de flores e de-pois o fruto”.Mas na região da Serra da Gardunha, Fundão, Beira Baixa, com o seu micro-clima já é possível ter a produção de cerejas. Diga-se que nosso país é um conjunto de microclimas, e com essa diversidade podemos potenciar ecos-sistemas vantajosos”, conclui.

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os maiores consumidores os 27 países da União Europeia com 1,88 milhões de toneladas de azeite, seguindo-se EUA 260.000, Síria 125.000, e Turquia 115.000. Em termos de exportações mundiais de azeite para a campanha 2010/2011, estima-se em 707 mil toneladas, mais 5,05 % face ao ano transacto. Ao bloco de países produtores da União Europeia cabe a maior fatia com 438.000 toneladas, seguindo-se a Tunísia com 90.000, Síria 50.000, Marrocos 40.000 e Turquia 38.000.Quanto às importações de azeite que abarcam o período entre 1 de Outu-bro de 2010 e 1 de Setembro de 2011, poderão atingir as 684.000 toneladas, mais 2,93% face ao ano anterior.

Produção portuguesa auto-suficiente em 2016Portugal deverá alcançar a auto-suficiên-cia em azeite na campanha de 2015/2016, atingindo as 100mil toneladas, segundo a Casa do Azeite, organismo associativo que representa 95% de todo o azeite de marca embalado. Por outro lado, a produção de azeite em Portugal com vista à campanha de 20010/2011 atingiu as 70 mil tonela-

das, ou seja, o dobro face ao ano de 2006. Estes indicadores já reflectem os 30.000 hectares de oliveiras plantadas entre 2000 e 2006, que ao fim de 5 anos, começam a produzir azeitona. Também no mesmo período em estudo, as exportações portuguesas de azeite aumentaram 22, 5%, sendo os principais clientes os EUA, Brasil, Venezuela, Angola e Coreia do Sul. Em 2010, as exportações do sector atingiram 310 milhões de eu-ros, dos quais 130 milhões directamente da exportação de azeite.

Oliveira: área mundial 8,3 milhões hectaresA área mundial de oliveiras no mundo é de 8,3 milhões de hectares, maioritari-amente repartidos pela bacia mediter-rânica, para uma produção total de 16 milhões de toneladas de azeitonas (e quase 3 milhões de toneladas de azeite):Portugal tem uma área situada entre 335 mil hectares para algumas fontes e 525 mil hectares para outros, que incluem velhos olivais desactivados quase em estado de abandono, para 36 milhões de oliveiras plantadas.

Produção mundial de azeite baixa 2,5%Segundo dados do Conselho Oleícola Internacional (COI) a produção mundial de azeite terá uma baixa de 2,5% face à campanha de 2009/2010, atingindo 2,95 milhões de toneladas para o ano de 2010/2011. A maior fatia caberá aos países produ-tores da União Europeia (UE) com 2,1 milhões de toneladas, das quais 1,2 mil-hões cabem à Espanha, o maior produtor mundial de azeite; Espanha que regista uma baixa de 14,24% em relação à ante-rior campanha. A Itália, segundo produtor mundial, regista 480.000 toneladas, seguindo a Grécia com 336.000, Portugal 67.500, Chipre 6.500, França 6.000 e Eslovénia 600 toneladas.Fora da UE, estima-se para a Síria193.500 toneladas , Turquia 160.000, Marro-cos 150.000, Tunísia 120.000, Argélia 48.000, Palestina24.900, Jordânia 19.000, Austrália 18.000, Argentina 17.500 e Líbia15.000 toneladas de azeite. Estima-se que o consumo mundial subirá 3,65 % face ao ano anterior, sendo

Angola futuro produtor de azeite: Corrente fria de Benguela permite floração de oliveiras no Namibe Tudo se perspectiva para que An-gola se junte aos países produ-tores de azeite fora da tradicio-nal região mediterrânica - África do Sul, Chile , Argentina e Brasil, aproveitando as virtualidades da corrente fria de Benguela e muita abundância de água vinda da Serra da Leva.Como ponto de partida estão os 500 hectares de olival plantados nos Anos 60 anos, para além de outras peque-nas experiências anteriores e isoladas desenvolvidas por alguns portugueses.Numa faixa litoral de 150 kms, na província do Namibe (antiga Moçâ-medes) há condições climáticas se-melhantes às regiões mediterrâni-cas para o crescimento de oliveiras. A agrónoma e investigadora, Le-onilde Santos, recorda uma visita de estudo ao olival, quando as árvores ainda eram pequenas. Hoje, segundo muitos viajantes portugueses, as ol-iveiras estão enormes, em parte por não se apanhar as azeitonas.Moçâmedes, hoje Namibe, era um porto de pesca muito importante no

A célebre Serra da leva com a sua estrada com meandros.

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A um ano de boa colheita de vinhos na região Mediterrânica, não corresponde forçosamente o mesmo nas regiões vinícolas do hemisfério Sul, nomeadamente na África do Sul, Austrália, Chile ou Argentina, onde o fenómeno meteorológico El Niño pode comprometer uma boa vintage, afectar a qualidade e quantidade, seja por excesso de chuvas ou por acentuadas secas.Nessas regiões do hemisfério sul, pelo efeito intercontinental e com base nessas oscilações, especialistas sul-africanos, australianos e chilenos podem prever com antecedência se as produções vão ser piores ou melhores.

Para o especialista em Climatologia e Agro-meteorologia, professor José Paulo de Melo e Abreu (do Instituto Superior de Agrono-mia, ISA), “efectivamente não há grande relação entre os climas do hemisfério Norte e do hemisfério Sul, porque o clima do hemisfério Sul é mais marcado pelos anos em que surge El Nino e a El Niña, fenómeno inverso”.“Aqui no hemisfério Norte, nas nossas lati-tudes, - prossegue o especialista, temos a influência de um outro sistema, que é a os-cilação do Atlântico Norte, embora no nos-so hemisfério, existam pequenas zonas do continente americano, influenciadas pelo El Niño, designadamente o México e a Baixa Califórnia, onde se produz vinho”.Segundo o docente do ISA, o que já se está fazer em muitas regiões afectadas pelo El Niño, é incorporar essas oscilações climaté-ricas nos próprios modelos matemáticos e, com uma certa antecedência determina-se se as produções vão ser piores ou melhores em determinadas áreas do Globo, como na Nova Zelândia, Austrália, África do Sul, Chile.Já em Portugal, Espanha e sul da França, há a “oscilação do Atlântico Norte que tem alguma influência ao nível da precipitação, embora seja uma pouco obscura e menos marcada esta influência. Digamos, que não é tão forte nem tão claro, como o fenómeno do El Niño nas vastas áreas banhadas pelo Oceano Pacífico, no Sul. Portanto, uma boa colheita no hemisfério Norte (Portugal, França, Espanha, Marrocos, Itália), não quer dizer que seja o mesmo no hemisfério sul”, comenta Melo e Abreu.“Dado o desfasamento das culturas, pode-se saber com alguma antecedência se as colheitas ou produções vão ser favoráveis no hemisfério sul”, adianta. “Quando aqui é Inverno, lá é Verão, logo as colheitas fazem-se nessa altura e nós ficamos a saber mais cedo das colheitas no hemisfério Sul e, por consequência tirar conclusões ao nível do comércio mundial: África do Sul, Chile, Argentina , etc “..

O Chile, a Argentina que são grandes produ-tores de vinho, e o Brasil, que já produz bastante, são países também muito influen-ciados pelo El Niño, salienta Melo e Abreu.Quando há cheias no hemisfério Sul, a plu-viosidade é menor no hemisfério Norte ? La Niña têm influências muito diferentes: nuns sítios há pluviosidades muito intensas e noutros há secas. Isto é bastante conhecido, e se ocorre muita chuva ao nível do Perú, pode haver secas ao nível da Austrália, portanto, influências diferentes. Dentro da zona do El Niño, aquando da ocorrência do fenómeno, umas zonas tornam-se muito pluviosas, e outras pelo contrário têmtendência para se-cas muito pronunciadas. Isto é bastante con-hecido, e se ocorre muita chuva ao nível do Perú, pode haver secas ao nível da Austrália, portanto, influências diferentes. Que factores podem determinar uma boa ou má produção de vinho? “Há factores que influenciam o crescimento e a produção, nomeadamente se tivermos mais sol, mais temperatura, mais humidade, maior disponibilidade de água na fase de crescimento das plantas. Tudo isso vai influ-enciar no desenvolvimento e crescimento, porque as plantas precisam de sol e água. Mas por outro lado, há influências sobre pra-gas e doenças da vinha ao longo do ano. Há anos em que as principais doenças que ata-cam a vinha, por exemplo o míldio e o oídio, que necessitam de humidade e de água líqui-da para proliferarem, são mais importantes. Então, nos anos de maior pluviosidade, o número de tratamentos (curas) necessários aumenta muito. E, havendo muita chuva concentrada por altura da floração, pode resultar mesmo em vingamentos deficientes, que tem a ver com a formação dos bagos das uvas;ou seja, a pas-sagem da flor para fruto - dá-se a polinização da parte feminina e depois forma-se o fruto. Se houver muita precipitação por altura da floração, o pólen fica num estado pastoso e de difícil libertação, e também há o arrasta-mento de constituintes que estão no es-tigma, fazendo com que as flores não sejam

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Uma boa colheita no hemisfério Norte (França, Portugal, Espanha)…

... não significa o mesmo no hemis-fério Sul (África do Sul,

Austrália, Chile) !!!

polinizadas, resultando o escasso número de bagos de uva e, logicamente produções deficientes.Chuva abundante aquando da colheita difi-culta esta e pode dar lugar ao aparecimen-to de fungos nos bagos, o que faz baixar a qualidade do vinho. Também o excesso de chuva vai encharcar o solo, provocando doenças ao nível das raízes e declínio de al-gumas videiras. Outro factor importante é o oposto, as secas, que prolongadas tornam as produções baixas. Depois temos a tempera-tura. O excesso de calor já na fase em que há bagos, impede dos bagos de crescer conve-nientemente; em situações extremas dá-se o, dando-se o chamado escaldão da vinha, que ocorre quando o desenvolvimento dos bagos de uvas é são afectados pela temper-atura e radiações muito elevadas”. Sobre a pluviosidade nos diferentes países da Bacia Mediterrânica e suas re-percussões na vinha , existem realidades diferentes, que Melo e Abreu especifica:“Os sistemas frontais muitas vezes atraves-sam a Península Ibérica e depois é que atin-gem esses países.e essa influência vai-se diluindo à medida que nos afastamos da frente atlântica. No caso da Turquia e Grécia são outra realidade climática, com influên-cias de natureza continental”, conclui Melo e Abreu. Por outro lado, o agrónomo chama atenção para a possibilidade de se gerir previamente do ponto de vista empresarial a actividade, exemplo dos “australianos, que conseguem muitas vezes prever a produção dos seus vinhos com muitos meses de antecedência, por anteciparem se é ano de El Niño ou não!! E conseguem realmente grandes resulta-dos e obter ganhos em termos de compra e venda de determinados produtos agrícolas, metendo essa influência nos modelos de gestão”.

Melo e Abreu : “No hemisfério Norte os climas são marcados pela oscilação do Atlântico Norte, um sistema menos forte do que o El Ninño nas vastas zonas banhadas pelo Pacífico”

As cores amarelas, laranjas e vermelhas representam o aquecimento das águas do Pacílico que vão originar o fenómeno do El Niño, traduzindo-se por grandes pre-cipitações de chuva, tempestades tropicais ou secas, conforme os continentes.

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Índia aderiu à OIV...... e já exporta vinho para União Europeia

consumo de vinho.Nos vinhedos de Karnataka, já ex-istem nove adegas nos actuais 1.800 hectares de vinha cultivada nos Vales de Krishna e Nandi, exportando-se 30 por cento para o Reino Unido, França e EUA.Na região ficam situados 60 por cento da cordilheira dos Gates Ocidentais, que influenciam o clima de região, que é composta de uma grande.. biodiversidade e uma temperatura anual média de 15 graus…e onde existem 10% por cento dos elefan-tes da Índia, que são domesticados e usados para trabalhos.Registe-se que em Goa, antiga Índia portuguesa, e hoje um dos estados da União Indiana, existem ainda al-gumas adegas fundadas por portu-gueses, que levaram inclusivamente algum know-how de Portugal ao longo dos séculos, que se foi es-boroando.

A Índia apesar de só ter aderido há em Abril de 2010 à Organização Internacional da Vinha e do Vinho (OIVV), já está a exportar vinho dos quase 2.000 hectares de vinha cultivada na região de Bangalore, o grande centro internacional de investigação e formação de quadros da Índia

Sediada em Paris, a OIVV é o organ-ismo e que superintende os países produtores de vinhos. À partida havia alguma relutância na admis-são indiana, por o país não ter uma legislação específica e cuja produção de vinhos ser um autêntico Far West, segundo os observadoresQuando da entrada da Índia, esta anunciou a plantação de mais 400 hectares de vinha nos Estado de Maharashtra, mais concretamente em Karnataka, perto de Bangalore, a chamada Silicon Bay indiana ou a Harvard da Índia, onde se for-mam quadros indianos para todo o mundo - economistas, gestores, en-genheiros, médicos, físicos, e muitos outros investigadores das mais vari-adas áreas. Bangalore é, de resto, a capital da Informação tecnológica, isto é, da Inovação e das tecnologias mais sofisticadas, da India, um dos países BRIC.

Em Karnataka, a partir de progra-mas específicos estão-se a formar quadros especialistas( agrónomos) na produção de vinhos, bem como na apreciação (enologia) e no respec-tivo negócio, no qual a Wine Society of India tem um papel pioneiro para a futura indústria do vinho da Índia e negócio vitivinícola.Como cidade universitária volta-da para a inovação e investigação científica, Bangalore também é con-hecida pelos seus pubs e uma certa vida nocturna, já tendo alguns clubes de vinho, que os indianos fundaram na linha dos clubes britânicos, locais reservados e discretos.A Índia tem uma classe média de 300 milhões de pessoas, sendo por isso, à semelhança da China e Brasil, um dos mercados mais atractivos para os produtores ocidentais. A Índia de-verá integrar este ano o ranking dos dez países que mais cresceram no

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À VOLTA

DO

MUNDO

A área mundial de vinha plantada é de 7,66 milhões de hectares, tendo a Espanha a maior fracção de vinha culti-vada com 1,113 milhões de hectares, ou seja, 14,5% do total da vinha mundial, enquanto Portugal está no 8º lugar, com 243 mil hectares de vinha (3,2 %).Em 2º lugar vem a França com 840 hectares (11%), 3º Itália 818 mil há (10,7%), 4º Turquia, 5º China, 6º EUA, 7º Irão, 9º Argentina e 10 Roménia.

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Hoje em dia a produção de vin-ho tornou-se tam-bém um negócio de requinte, a que a elegância, o bom gosto e o empen-

ho das herdeiras dão um toque de prestígio, derrubando fantasmas e barreiras impostas por um mundo masculino e, contribuindo para uma visão mais cosmopolita e hu-manista do sector.Aliada ao bom gosto e até à defesa do património de velhas quintas, a produção de vinho passou a ser

vista para além de uma mera in-dústria agro-alimentar, tornando-se também um acto cultural e de al-gum status.Registe-se que a Itália, é o país com mais mulheres empresárias produtoras de vinhos, com 780 filiadas na Associazone Nazionale Le Donne del Vino, contra uns escas-sos 80 da sua congénere francesa Femmes du Vin…Em Portugal não há uma associa-ção específica das vitivinicultoras, mas podemos salientar três em-presárias de renome, todas herdeiras de família e que se distinguem pela inovação ou pelos prémios obtidos

no estrangeiro: são elas Luísa Amo-rim, na sua quinta de Douro, Teresa Cadaval e Leonor Freitas, esta uma socióloga que herdou a Casa Er-melinda Freitas (em Fernando Pó, Palmela) ,e que em 2008 viu uma casta Syrah obter em França o pré-mio do melhor vinho do mundo en-tre 3.000 concorrentes.Luísa Amorim, fez a recuperação da Quinta de Nossa Senhora do Car-mo, propriedade de família, onde adaptou um velho solar do século XVIII a hotel, lançando ao mesmo tempo sua própria marca de vin-hos.Teresa Álvares Pereira Schoen-born-Wiesentheid, mais conhe-cida por Teresa Cadaval, é neta da célebre marquesa Olga Cadaval, grande mecenas das artes e da cul-tura, estando desde 1998 à frente da casa agrícola da família, com 400 anos de existência, embora as raí-zes de família remontem por parte de sua mãe a D. João I e a D. Nuno Álvares Pereira.Foi seu pai, o conde alemão Karl von Schoenborg-Wiesentheid quem aconselhou sua mãe Graziela Ca-daval a plantar as castas cabernet sauvignon, pinot noir e trincadeiras em parcelas separadas, uma novi-dade na época numa parte da pro-

Teresa Cadaval é descendente de várias casas reais eu-ropeias, nomeadamente de Frederico II, da Prússia, e de D. João I e D. Nuno Álvares Pereira, e lidera a Casa Ca-daval, no Ribatejo, desde 1998.

Empresárias na esteira de Madame Cliquot e D. Antónia Ferreirinha. Mulheres empresárias vitivinícolas continuam os passos de duas célebres mulheres que ficaram nos anais da História do Vinho como grandes pilares das respectivas casas, e em épocas tão conturbadas como a Revolução Francesa e a ascensão de Bonaparte ao poder, na França; ou as lutas liberais, em Portugal. São elas Barbe-Nicole Ponsardin Cliquot, mais conhecida por Madame Veuve Cliquot, que na região de Reims construiu o império do champanhe da mesma marca, e D. Antónia Adelaide Ferreira, a Ferreirinha,no Douro, con-temporânea do marechal Saldanha e do romancista Camilo Castelo Branco, e que está na origem da famosa marca de vinho do Porto.

Quando faleceu em 1896, D.Antónia deixou apreciáv-el fortuna e cerca de 30 quintas.

Madame Clicquot e sua neta Anne. Nascida em 1777, a Senhora Clicquot liderou negócios bancários, comér-cio de lã, além da famosa produção de champanhe de Reims.

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marca de vinhos – Viña Casa Marin, numa quinta situada no Vale de Santo António, no litoral chileno, a escassos 5 kms do Oceano Pací-fico, fazendo jus à tradição da tal geografia por excelência.As castas principais de uvas culti-vada são: sauvignon blanc, sauvi-gnon gris, pinot noir e syrah, en-tre outras.Maria Luz Marin é a única chil-ena vitivinicultora, pelo que foi eleita para fazer parte das “200 Mulheres Protagonistas do Bicen-tenário” do início do processo de independência do Chile,.que se comemora este ano, e que hom-enageia mulheres que se desta-caram em todas as áreas da vida pública, desde as artes e cultura, passando pela política, ciências, desporto, sindicalismo, educação, jornalismo, entre muitas outras.

recepções... mas é na verdade uma empresária responsável pelo negó-cio de vinhos da família em Veneto desde os 29 anos… A família produz vinhos espumantes desde 1899 e Piera alargaria a produção aos vin-hos tintos, expandindo-se para a região vizinha de Friuli, contribuindo para a produção de 8 milhões de gar-rafas anuais daquela casa italiana.

Maria Luz Marin foi a primeira enóloga do Chile há 30 anos, quan-do esta engenheira agrónoma, es-pecializada em viticultura numa uni-versidade francesa, começou a fazer consultoria…para em 2000, aos 50 anos de dade lançar a sua própria

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priedade do Ribatejo, que totaliza 5.400 hectares, onde também fazem criação de cavalos de toureio.As principais castas da Casa Cadaval são:Touriga nacional, trincadeira, merlot cabernet e pinot nos vinhos tintos, enquanto que os brancos integram Fernão Pires, arinto e ries-ling.Em 2008, Teresa Cadaval foi distin-guida com o Prémio Internacional EVA, na versão “Mujer del Vino”, cri-ado pela Associação de Mulheres Empresárias de Navarra, e o único prémio internacional gastronómi-co feminino. Os Prémios Interna-cionais EVA são atribuídos a nível mundial e distinguem a “Cozinheira do Ano”, a “Jornalista gastronómi-ca”, a “Empresária gastronómica”, a “Mulher Tendências” e “Uma Vida Gastrónómica”, além da “Mulher do Vinho”.Piera Martellozzo podia ser, para quem não a conheça, mais uma aristocrata italiana, ou uma das mui-tas distintas damas que assistem a passarelles, ou que participam em

A chilena Maria Luz Marin decidiu fundar a sua própria casa vinícola no ano 2000 já com 50 anos de idade, tor-nando-se na primeira vitivinicultora do Chile

Portugal, Grécia e Bulgária tiveram pequenas subidas face ao ano anterior, mas no cômputo dos países produtores de vinho da UE, a produção total caiu 6 %. face a 2009.Nos EUA prevê-se uma descida de 9,3%, Austrália ( -7%) mantendo-se estável na África do Sul e no Chile. Já a Argentina apresenta uma subida de 33 % na produção de vinho face a 2009.Para 2010, os dados de produção vinícola, segundo a OIV são os seguintes: França 44 milhões de hectolitros, Itália 42 M hl, Espanha 35 M hl, EUA 19 M hl, Argentina 16 M hl, Austrália 10 M hl, África do Sul 9 M hl; Chile 9 M hl, Alemanha, 8 M hl, Portugal 6 M hl.Do total mundial, a Europa produz 67,8%, Américas 17,9 %, Ásia e Oceânia 5,1 % e África 4,1 %.

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osA italiana Piera Martellozzo é o charme e a elegância em pessoa, e desde os 29 anos que lidera a casa cen-tenária da família, no Veneto, Itália

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Teresa Cadaval numa das vinhas de Muge, Ribatejo

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Produção Vinícola Nacional (milhares de hectolitros)(1990/1991 a 2009/2010)

Produção 11,351 10,021 7,771 4,871 6,521 7,255 9,712 6,124 3,750 7,859 6,710 7,789 6,677 7,340 7,481 7,266 7,543 6,073 5,689 5,868

1990/91 1991/92 1992/93 1993/94 1994/95 1995/96 1996/97 1997/98 1998/99 1999/00 2000/01 2001/02 2002/03 2003/04 2004/05 2005/06 2006/07 2007/08 2008/09 2009/10

Em 20 anos, a produção nacional de vinho diminuiu em quantidade, mas em contrapartida o factor qualidade foi preponderante na primeira década do século XXI, num sector considerado o grande campeão da economia portuguesa no meio de tantas adversidades, na sequência da crise macro-económica desencadeada a partir do Verão de 2008.

A esta qualidade, não foi estranha a nova filosofia dos produtores, que ao investirem no vinho de origem prote-gida (DOP - denominação de origem protegida) puseram igualmente o esforço na imagem dos rótulos, em-balagens e novos modelos de garrafa...que invadiram supermercados e centros comerciais, por vezes para grande em-baraço e hesitação do consumidor.Os resultados têm animado os peque-nos e médios produtores, normalmente empresas familiares, cuja produção situa-se em média nos 300 mil litros por ano. Ainda assim, dizem os especialistas, ainda é “preciso queimar algumas eta-pas” no marketing e promoção dos vin-hos portugueses nos mercados exter-

nos. Angola e alguns países BRIC, como China, Índia e Rússia são alguns destinos a incidir as acções nesse sentido... e jogar forte e fundo tanto no preço como na qualidade.Na primeira década do século XXI, os vinhos de origem protegida represen-taram 47% da produção total, contra 37% na anterior, sendo de realçar as mel-hores condições atmosféricas (melhor repartição da chuvas para o desenvolvi-mento das vinhas temperatura elevada no mês certo para melhores produções). Segundo estudos do Instituto da Vinha e do Vinho (IVV) a primeira década do século XXI face à anterior caracterizou-se por uma diminuição da Produção Total (9%), motivada essencialmente por uma diminuição da área de vinha e por um aumento significativo da produção de Vinhos com Denominação de Origem Protegida (DOP) face aos outros vinhos (Vinho com IGP + Vinho).Por outro lado, a última década ficou marcada por valores de produção mais uniformes face à anterior, com uma varia-ção mínima 2,1 milhões de hectolitros (M hl), enquanto que nos anos 90 essa variação foi de 7,6 milhões de hectolitros de vinho.

Vinhos portugueses: um sector campeãoque pode ultrapassar crise macroeconómica

Na década de 80, os três maiores anos de produção foram 1990/1991, com 11,351 milhões de hectolitros, e logo o ano a seguir 1991/1882, com 10,021 M hl, seguindo-se 1996/1997 com 9,712 M hl.O ano de menor produção foi de 1998/1999, com 3,750 milhões de hl.Por seu turno, a primeira década do século XXI teve na campanha de2001/2002 a maior produção dos últimos dez anos, com 7,789 M hl, seguindo-se 2006/200/com 7,543 M hl e 2004/2005 com7,481 M hl.O célebre ano de 2003(campanha 2002/2003) , que metaforicamente foi considerado a maior vintage dos últi-mos 500 anos, registou uma produção total de 6,677 M hl, dos quais 2,934 M hl relativos a vinho DOP (44%) e 3,743 M hl de vinho com IGP + vinho (56 %): A propósito recorde-se o que se passou em França, nesse Verão quente de boa memória para os vitivinicultores. Nos vales do Garona e do Ródano, onde os “grands crus” ficaram famosos em 2003, as vindimas foram antecipadas em um mês, para Agosto, bem como em muitas produções em Portugal.

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Um sucesso em toda a escala a I Conferência In-ternacional sobre Vinhos Portugueses, iniciativa da ViniPortugal e realizada na Alfândega do Porto, a começar pelo relançamen-to da Touriga Nacional, uma casta de uvas portuguesas, que esteve quase extinta há 30 anos, e actualmente aconselhada para servir de catapulta aos vinhos portugueses. Durante três dias 450 participantes de

Portugal, EUA, Brasil, Reino Unido, Alemanha, Espanha, França, Áustria Noruega, China, Canadá, Rússia , Austrália debateram novas castas e no-vas regiões de vinhos, os vinhos na internet, alternando com prova de vin-hos e visitas a quintas vinhateiras da região

O Forum dos Enólogos foi a primeira parte deste encontro internacional, em que os técnicos e investigadores responsáveis pelo apuro dos nossos vinhos discutiram am-plamente em quatro mesas redondas as estratégias para fazer da Touriga Nacional a grande referência da vitivinicultura portuguesa; uma designação “talvez mais conhe-cida do que o próprio país em termos de vinhos””.Francisco Borba, presidente da ViniPortugal, nas conclusões finais do Forum dos Enó-logos sintetizou três items: é incontroverso que a touriga é adequada para Portugal; a falta de notoriedade de Portugal é um facto e o programa de 2011 visa comunicar e colocar Portugal como grande produtor de vinhos”..A Mesa nº 1 juntou os enólogos Nuno Cancela d’Abreu, João Paulo Martins, Francisco Campos, Sandra Tavares, Carlos Lucas, Joana Cunha e Tiago Alves de Sousa, sob o tema “Como se projecta a Touriga Nacional como casta importante “? tendo o porta-voz, João Paulo Martins referido (....) “para além do vinho do Porto, precisamos de uma bandeira que sirva de chapéu para os nossos vinhos, e a touriga nacional é uma cas-ta suficientemente personalizada e marca os vinhos mesmo produzidos em regiões diferentes ..Bragança .. Faro..é um risco que se corre, mas depende da forma como é trabalhada pelos enólogos”, comentou.”Ou fazemos 10 /11 toneladas para vendermos a 2 euros , ou então optamos por 6/7 toneladas para um preço mais ajustado. A casta touriga precisa de gente que trabalhe e investigue bem e que pense menos na questão financeira”, concluiu,A Mesa2 versando o tema Touriga nacional no ciclo das grandes castas mundiais, que falta fazer”? juntou José Maria Soares Franco, Luís Lopes, Rui Reguinga. Luís Pato, Álvaro de Castro, David Baverstock, António Graça e Maria João Almeida,. No final , J.M. Soares Franco apon-tou a casta como “âncora dos vinhos portugueses, faltando melhorar o carácter da casta em todas as regiões do país.É à volta da touriga nacio-nal que se pode promover as outras castas portuguesas”.A Mesa3, sob “Touriga nacional, diferentes perfis em diferentes terroirs?, juntou Domingos Soares Franco, Rui Falcão, Manuel Soares, Anselmo Mendes, Filipa Pato, Luís Duarte e Jorge Queiroz. No final. Do-mingos Soares Franco, reportou-se à casta, quase extinta nos Anos 70, variar de região para região, em função do cima e solos.“Ela é melhor em lotes, não podemos ter a massificação da casta como outros países. Trata-se de uma casta antiga, e enquanto no estrangeiro sabem par onde ir , nós ainda não sabemos o rumo. É preciso um tra-

ViniPortugal:

Conferência Internacional do Porto relança casta Touriga Nacional

balho mais conjunto com a produção. A touriga ajuda nos lotes e na exportação, então, tem-se de trabalhar mais nas vari-etais de região para região “ defendeu o enólogo.A Mesa4 incidiu o debate sobre Regras/regulamentação e rastreabilidade, juntando João Nicolau de Almeida, Luís Costa, Bento Amaral, Dora Simões, Tim Hogg, Paula Osório e António Luís Cerdeira. “A touriga representa 2 a 3% do vinho na-cional”, disse Nicolau de Almeida apontan-do a estratégia a tomar para “a afirmação das regiões e afirmação das castas”.“Depois vêm os rótulos, e mais tarde ou mais cedo o mercado vai exigir a touri-ga nacional. Ainda estamos numa fase primária e as nossas universidades estão aptas para estudar e resolver o problema”, reportando-se ao ISA que está a fazer “um estudo sobre as características básicas “. “As castas não aparecem de repente, foi as-sim em Bordeaux, na Borgonha.. por isso não vamos dar tiros no pé e pôr a carroça à frente dos bois. Vamos promover as nossas regiões, e com isso se verá a touriga nacio-nal”, acrescentou.

99 produtores e centenas de marcasA presença de 99 produtores, repre-sentando largas centenas de marcas por-tuguesas, assinalou os três dias de provas de vinhos na vasta sala do segundo andar do edifício da antiga Alfândega do Porto, à beira-Douro, alternando com interven-ções temáticas e visitas às quintas vin-hateiras da região.

A jornalista angolana Sofia Buco e o cameraman Carlos Gamboa, da TV Zimbro

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Enólogos, produtores, investigadores, empresários, jornalistas, especialmente da imprensa especializada estrangeira, bloguistas e outros profissionais e visi-tantes por lá circularam, contribuindo para o debate e sucesso desta I conferên-cia internacional de vinhos portugueses, que em termos de organização é tam-bém um ensaio preliminar para o XXIV Congresso Mundial da OIV, que se realizará no mesmo local, em Junho de 2011.Angola, um mercado em ascensão para os produtores-exportadores portu-gueses, enviou a esta conferência uma dezena de jornalistas, incluindo uma es-tação privada de televisão, a TV Zimbro, o que revela a atenção com que os angola-nos seguem os vinhos portugueses.Mas a expectativa para com os vinhos portugueses também paira no Reino Unido e nos EUA , onde os apreciadores querem provar castas de regiões menos conhecidas”, uma nova moda” segundo o jornalista britânico Charles Metcalfe e “da qual a Espanha já se está aproveitar”.

Jornalista britânico propõe uma Sala Ogival no AlgarvePortugal e Espanha são os países com os

vinhos de características mais distintas e, de 1.600 castas comercializadas no mundo Portugal é respon-sável por 10 % e “agora é o momento de arrancar…

A França tem Paris, a Itália tem Milão, a Espanha tem a tourada, o flamengo e as tapas , e Portugal ainda não projectou uma imagem... é discreto e a mensa-gem passa despercebida. Portugal é o próximo país vinhateiro a ser visitado, e o Douro é uma região como o Bordeaux”, enfatiza.“Portugal tem uma localização privilegia-da sobre vinhos e castas e agora é a altu-ra certa de se promover”, aconselha Met-calfe, um dos críticos britânico de maior renome mundial, autor de programas de TV, vice-presidente da International Wine Challenge, e consultor da City of London Corporation para os vinhos e banquetes oficiais do Estado.Para o especialista britânico a “casta Touriga Nacional é de topo”, e o constitui “o começo do renascimento de Portugal”, embora seja também “apenas o início, porque plantar uma casta é um projecto a longo prazo”.“É um património, e só a Itália se lhe pode comparar, porque tem muitos vinhos diferentes e castas, mas a Itália é muito

maior e mais conhecido”, comenta.“Os portugueses têm de ser criativos e imagi-nativos, porque não é só o golfe e a praia que têm para oferecer... precisam divulgar as suas aldeias, a arquitectura, os Desco-brimentos, por exemplo, apostar nas quintas e hotéis vínicos, especial-mente do Douro. E desta forma, haverá troca de ideias, vender-se-ão mais vinhos e os vossos livros também…Há excelentes unidades hoteleiras, grandes e pequenas que deveriam estar presentes em feiras e certames... e o pro-prietário do vinho não aparece... gostaria de ver uma sala ogival no Algarve, se-

melhante à do Terreiro do Paço”, rematou o jornalista inglês.A jornalista americana, da agência Bloomberg, Elin McCoy, autora especial-

izada em leilões e colecções de vinhos, reportou-se à importância da internet para o negócio e a divulgação dos vinhos “A net é algo global em qualquer parte do mundo, um caso paradigmático, e as pes-soas querem histórias atractivas que as façam escolher o vinho”.Por sua vez, o consultor chinês de vinhos, Simon Tam, mas que cresceu e estudou na Austrália, falou do mercado da China, onde de momento imperam os vinhos franceses”, embora “Portugal tenha tanto para oferecer, tantas regiões, devendo encontrar uma forma de abrir as portas e promover as suas marcas, além de ter uma cultura muito antiga”.Portugal tem uma área de vinha com 237.000 hectares, ou seja 6,3% da super-fície agrícola útil, estando os vinhos por-tugueses em crescimento na maioria dos mercados, com mais 11 % no primeiro semestre do ano face ao mesmo período de 2009.O ano de 2010 foi considerado excelente para os vinhos nacionais, e segundo o ministro da Agricultura, António Serrano, as exportações totais no sector do vinho deverão atingir os 600 milhões de euros.A revolução provocada pela Internet no negócio do vinho, designadamente na venda e promoção dos vinhos fora dos circuitos tradicionais, foi amplamente debatida durante quase três horas, com questões postas pela assistência, por ex-perts como Ryan Opaz (americano radica-do em Espanha e, chefe de cozinha e or-ganizador de workshops e conferências), Joe Roberts (EUA, jornalista e bloguista re-sponsável pelo1WineDude.com, eleito re-

centemente o melhor blogue de vinhos) , Robert Mcintosh ( embaixador ou agente de marcas de vinho no Reino Unido, rep-resentando produtores de Rioja, ) Louise Hurren (França) André Ribeirinho (Portu-gal, bloguista e fundador da Adega), Neal Martin (jornalista britânico e bloguista do wine-journal.com com 100.000 leitores) e Jancis Robinson, editora da secção de vin-hos do Financial Times. Sobre fenómeno da net e o impacto na indústria do vinho, “é importante interagir com as pessoas….imaginem a nosso vida sem telemóvel”, comentou Ryan Opaz, relembrando os 25 anos do telemóvel no Reino Unido.“As redes sociais para o negócio e pro-moção do vinho são como o telemóvel, temos de interagir, fazer parte desta rede social para nos afirmarmos. Há pes-soas que estão no Facebook por causa da Moda ou do Futebol, então temos de puxá-las para os vinhos”, sugeriu o espe-cialista americano, aludindo aos 500 mi-lhões de membros do Facebook em todo o mundo, com um ritmo de crescimento anual de 2 milhões e 700 mil milhões de minutos por gastos pelas pessoas que nele comunicam.Há marcas de vinhos que não têm essa expressão na Comunicação Social clás-sica, daí ser importante estarmos online para ficarmos na corrida, porque o grande desafio é afirmar a nossa opinião no meio da multidão”, sublinhou.“Cada empresa vinícola tem uma história fantástica para contar. Interessa por trás do rótulo passarmos a conhecer melhor o homem ou a mulher que produz o vinho”.A registar também a presença nos tra-balhos de José A. Salvador, do Expresso, Rui Falcão, da revista Wine Essência do Vinho, colunista do Público e, autor do Guia dos Vinhos; Tom Marthinsen (Norue-ga, ligado ao diário económico Dagens Naeringsliv e editor do Vinguiden, o maior site internet de enologia da Escandinávia; Tom Lam, de Hong Kong, e considerado a maior autoridade chinesa sobre Enolo-gia., com um MBA; Kristine Baeder, editora –chefe da revista alemã German Somme-lier Magazin.

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Elin McCoy

C. Metcalfe

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Sines e Tanger Med à espera dos navios Pós-Panamax, de 400 metros… carregados de mercadorias do Extremo Oriente!Os grandes navios pós-Panamax vão revolucionar o transporte marítimo de contentores a grande distância e, por inerência, o negó-cio dos fretes marítimos e das operações portuárias. Isto, na sequên-cia do alargamento do Canal do Panamá para navios com 50 metros de boca (chamados Pós-Panamax, com 400 metros de comprimento), e que estão a ser construídos nos estaleiros da China e Coreia do Sul.A esta revolução no shipping de longa distância estão associadas as economias emergentes da China, India e Brasil. Estes países têm novas classes médias com novas exigências e novos hábitos de con-sumo, nomeadamente nos vinhos europeus de qualidade, na gastro-nomia, entre outros aspectos.

Quando o Canal do Panamá abrir em 2104 aos grandes navios, es-tes virão da China carregados de mercadorias destinadas à Europa e Américas, rumando pelo Pacífico com uma única escala no Panamá. Aqui, descarregam os contentores destinados à América do Norte, América do Sul e Antilhas, servidas por transhipment ou cabotagem. Depois seguem para a Europa com o resto da carga, sendo Tanger Med (o novo porto a 20 kms ao norte daque-la cidade marroquina, e só para carga) e Sines os portos mais bem posicio-nados para receberem este tipo de navios vindos da China..via Panamá.Com os Pós-Panamax, os armadores poupam duas semanas de viagem na rota para a Europa --- uma na ida e outra no regresso. Segundo o comandante Joaquim Ferreira da Silva (antigo director e ex-professor da Escola Náutica), a partir de 2014, os navios Pós-Panamax vão sair à média de 40 navios diários do Oriente para a Europa. “Trata-se de um novo tráfego, que implica a “rent-abilização do transhipment”, ou seja, dos navios que no Panamá fazem a cabotagem das mercadorias para os EUA (Costas Leste e Oeste), Canadá, Caraíbas, Antilhas, Brasil, Argentina, Chile, Perú; e também a partir de Tanger ou Sines para os portos eu-ropeus do Norte da Europa e Medi-terrâneo. “Os armadores da China estão à espera da oportunidade, e dos 40 navios diários a zarparem da China, Sines terá possibilidade de receber 10 por cento”, adianta o especialista.Por outro lado, até 2015 os tráfegos de transhipment terão 42 linhas reg-ulares, e o futuro dos porta-conten-tores será só de grandes navios (20 a 25 tripulantes ) e navios pequenos (7 a 8 tripulantes), sendo abatidos os navios médios, à semelhança do que sucedeu aos petroleiros.A China “passou a ter um papel crucial em termos intercontinentais”, com o crescimento do PIB para 5,877 triliões de USD em 2010 (e 14,62 triliões USD dos EUA), que já é o segundo maior PIB mundial, China

que só utiliza 300 a 400 milhões de habitantes no seu desenvolvimento “, disse o economista José Augusto Felício, professor do ISEG, numa con-ferência na Sociedade de Geografia “Estamos a assistir a um momento ex-traordinário de uma revolução global de que a China é o grande propulsor. E o fenómeno da globalização tem a ver com a possibilidade de todos os países poderem interagir entre si na exportação e na importação, o que se reflecte no crescimento do tráfego de contentores, traduzindo-se em duas lógicas : os grandes armadores mundiais e os grandes operadores portuários mundiais”.No final de 2010, o movimento total de contentores ascendia a mais de 200 milhões de TEUs (uma baixa face aos 400 milhões de TEUs em 2009 devido à crise global que parou muitos navios). E, dos maiores vinte terminais de contentores, a nível mundial, onze situam-se na ChinaPara esta nova realidade dos Pós-Pan-amax vindos da China, e que envolve

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Palavras-chave: China/ PIB/ portos /Economia /contentores /armadores /operadores /Panamá /Europa / Tanger/ Sines/ Algeciras/ vinhos/ azeites /Rota da Seda /sucata /siderurgias /estaleiros

export & import

armadores e operadores, os gover-nos português e marroquino terão de formular as melhores condições quer logísticas, quer de preços e as melhores garantias, para competirem entre si… faltando ainda a palavra dos espanhóis em relação a Algeciras, uma equação de três portos colocada pelo professor do ISEG. Para o desfecho e êxito desta autên-tica “nova Rota da Seda” --- China/Panamá/Europa (ou Oriente/Oci-dente via Panamá) “que mercadorias levam os navios na sua viagem de retorno para a China?”, interroga-se o director de operações de Sines, comandante Carlos Oliveira.Entre as possibilidades, além dos bons vinhos e azeites -- que serão apenas uma gota num grande navio de 400 metros (com 11.000 TEUs), mais de 50 metros de boca e 18 metros de calado, -- podemos aventar algumas varie-dades de rochas, inclusive ornamentais e, com certeza alguma sucata devida-mente acondicionada para as siderurg-ias e estaleiros navais chineses.

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aviação comercial

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Beja / Ilha do Fogo primeiro voo internacionalO aeroporto de Beja teve o seu primeiro voo internacional da aviação comercial no dia 14 de Abril, com destino à Ilha do Fogo, com escala pela Cidade da Praia, capital de Cabo Verde, e no âmbito da geminação de Ferreira do Alentejo com São Filipe.Este primeiro voo internacional civil a partir de Beja pertenceu à companhia cabo-verdiana TACV, que utilizou um boeing 757-200ER para a Praia, na Ilha de Santiago, onde os passageiros tomaram outro avião para o aeródromo de São Fil-ipe, na Ilha do Fogo, o mesmo sucedeu no regresso.A certificação da pista para voos comerci-ais está a ser preparada pelo Instituto Na-cional de Aviação Civil (INAC) juntamente com a Força Aérea, devendo estar con-cluída por toda a segunda metade do ano, não impedindo que se realizem os voos já programados entre Maio e Outubro.Ali funciona base aérea militar nº11, sendo os voos civis perfeitamente com-patíveis, um hábito que já vem desde os anos 70 e 80, altura em que pilotos da TAP iam de vez em quando treinar para Beja subidas e descidas com os “Jumbos” Boeings - 747.Assim, treze anos após conversações ar-rastadas, Beja tornou-se finalmente op-eracional ao tráfego civil, uma operacio-nalidade em muito incipiente, segundo os especialistas, que fica muito aquém das capacidades da antiga base aérea alemã, que tem as duas melhores pistas do país com cerca de 4.000 metros de comprimento e paralelas., capazes de receberem os maiores aviões da indús-tria aeronáutica como o Antonov ou o Airbus 380 ou A- 400 de carga.Daí se ter estudado a possibilidade de criar um grande cluster aeronáutico em Beja, para reparação de aviões, aventan-do-se a hipótese de transferência das OGMA para lá por motivos de espaço logístico e segurança. Mas tal nunca pas-sou de conversações. Tudo ficaria muito aquém do projecto de uma Plane’s Sta-tion da empresa inglesa Wiggins que em 1998 propôs um cluster aeronáutico para Beja, onde inclusivamente os Airbus viriam pintar , além de outras assistên-cias técnicas. O plano da Wiggins incluía uma nova cidade para 20.000 pessoas com todos os equipamentos sociais e uma escola técnica especializada…em Aeronáutica, a partir do 9º ano de escolaridade.para formação de quadros.O projecto previa um entrosamento

com o Porto de Sines e ao complexo do Alqueva e. mais tarde o reaproveitamento turístico do antigo complexo das Minas de São Domingos ( Aljustrel) e o Porto do Pomarão.A Wiggins, grande consórcio britânico, que já construiu mais de 200 aeroportos em todo o mundo , também ligada a fun-dos de pensões e ao turismo, propunha-se fazer todas as infra-estruturas a troco de uma concessão por 25 anos..Alguns observadores viam no projecto a melhor forma de repovoar o Alentejo e fixar as populações.

Em Julho início de voos para MindeloMindelo, na Ilha de São Vicente e, capital cultural de Cabo Verde, é o 13º destino da transportadora portuguesa em África e o terceiro para aquele arquipélago, depois de Santiago e Ilha do Sal.São Vicente é a segunda ilha mais popu-losa de Cabo Verde, e a nova ligação da TAP servirá também a ilha vizinha de San-to Antão, que não dispõe de aeroporto.Os voos iniciam-se a 1 de Julho, com duas ligações semanais às terças e sextas-fei-ras, com duração de quatro horas, sendo os voos de regresso no mesmo dia.

A maior encomenda da avia-ção comercialA Indigo Air, a maior companhia aérea da Índia de voos low-cost (Médio Oriente, Dubai, Singapura, Bangkok) assinou com a EADS (proprietária da fabricante Airbus) a maior encomenda de sempre na história da aviação comercial -180 aviões Airbus, dos quais 150 da nova versão A-320 , que entrará ao serviço em 2016, uma versão que permite uma poupança de 15% de combustível, ou seja menos 3,6 tonela-das de emissões de CO2 por ano.O negócio assinado no início do ano, as-cende a 15,6 mil milhões de USD (10,79 mil milhões de euros)A encomenda vai de encontro ao boom económico da Índia, uma dos três países BRIC, que à semelhança do Brasil e da Chi-na, viu a crise global passar ao lado.

Outra razão é o aumento na procura nos voos domésticos da Índia ou nos países onde existem fortes contingentes de em-igrantes indianos, seja a Malásia, o Golfo Pérsico ou o Médio Oriente, o que deter-

mina também a continuação na política dos voos de baixo custo (low-cost).Na Ín-dia existe uma dúzia de transportadoras aéreas.Registe-se que a Airbus atingiu em Janei-ro último um total de 10 mil encomen-das no cômputo dos seu modelos. As primeiras 5 mil encomendas haviam sido atingidas em Agosto de 2004.

TAP interessa a Taiwan e à IbériaDepois do Qatar e de Taiwan, surge ago-ra um terceiro interessado à privatização da transportadora portuguesa, a Ibéria, que após a fusão de há alguns anos com a British Airways ficou a deter o mercado da América Latina, só lhe faltando juntar mercado brasileiro liderado pela TAP. Já em Março, empresas de Taiwan liga-das ao sector energético estavam in-teressadas no capital da TAP, segundo declarações do representante comercial daquele país, Diego Lin Chou.Há mais de dez anos que se fala na priva-tização da TAP, e já em tempos o então min-istro socialista Jorge Coelho defendera da necessidade de se avançar nesse sentido.Em Janeiro o primeiro-ministro em gestão e os ministros dos Estrangeiros e Obras Públicas estiveram em visita ofi-cial ao Qatar apara apresentar o plano de privatizações e reforçar a presença de empresas portuguesas naquele país do Golfo Pérsico.A privatização da TAP poderá raciona-lizar recursos humanos e rever tarifas demasiado caras em rotas africanas, es-pecialmente nos voos para Cabo Verde.

Microalgas dão bicombus-tível para aviaçãoO Laboratório Nacional de Energia e Geologia (LNEG) está a desenvolver jun-tamente com a Associação portuguesa de transporte e trabalho aéreo (APTTA) um projecto de investigação com vista à produção de bicombustível destinado à aviação comercial.Em 2012 o transporte aéreo será in-cluído no Comércio Europeu de Licen-ças de Emissão (CELE), um objectivo definido pela Comissão Europeia para uma redução efectiva de 3% nas emis-sões de CO2 da aviação comercial no espaço europeu para obviar os efeitos de estufa.O LNEG prevê que complementar-mente à microalgas se possa utilizar qualquer outra fonte de biomassa para a produção de combustíveis, incluindo lixo de qualquer proveniência.

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concelho.Ao longo de 2011, Viana do castelo será palco de grandes eventos, tais como Gala da Cidade do Vinho, Dia de Reis, os Fins-de-Semana Gastronómicos, Gala da Eleição da Rainha das Vindimas, Conver-sas à Volta do Vinho, Jornadas Europeias do património, Dia Europeu do Enotur-ismo, variados cursos de formação e pro-moções de vinhos no Mercado Municipal.

Novo produtor lança vinho “Cultural” em EstremozArtur Ferro, um novo produtor de vinhos no concelho de Estremoz, acaba de lançar a marca “Cultural”, da responsabilidade do enólogo Joachim Roque, começando a nova marca de vinhos com13.500 gar-rafas destinadas ao Alentejo e Algarve, embora os proprietários já tenham con-tactos para a exportação.Com uma pequena propriedade de 6,5 hectares, o casal Artur e Luísa Ferro, cultivam uvas das castas tintas Aragonez e Cabernet Sauvignon,, na Quinta D. Joaquim.

No restaurante Res Publica ao Bairro Alto, em Lisboa, prosseguem as tertúlias mensais, cujo início foi a 31 de Janeiro passado, com o tema “ Revolta republicana do Porto de 1890”, que teve como principal orador Artur Santos Silva.A Guerra Colonial foi o segundo debate, que juntou no restaurante os coronéis Carlos de Matos Gomes e Aniceto Simões, sendo mod-erador o actor-declamador Luís Machado.As iniciativas incluem também almoços às quartas-feiras com políticos convidados e, concertos clássicos e jazz todas as sextas-feiras com alunos e professores do Conser-vatório Nacional. O Res Publica situa-se na Rua da Misericórdia, na sede da Associação 25 de Abril, tendo novos concessionários desde Novembro de 2010.

Prova dos Sentidos nas Caldas da RainhaChama-se Prova dos Sentidos, um res-taurante a não perder pelos verdadeiros gourmets que visitam as Caldas da Rain-ha, junto à Praça da Fruta, e a dois passos do Parque e do Museu José Malhoa.Os donos, dois jovens amigos, Ricardo Leitão e Sara Couto, decidiram há um ano pôr mãos à obra, e arrancarem com um espaço de decoração minimalista, onde além da boa comida, é também ponto de tertúlias e de provas de vinhos.No cardá-pio da casa há a considerar os....petiscos e entradas, que só por si enchem um comensal menos precavido, sobretudo perante a excelente Morcela com ananaz, as Migas de broa de mel e legumes ou as Tostas de Chèvre (queijo de cabra) com tomate seco ou ainda a Farinheira com

ovos mexidos, optando pelos pratos Francesinha à Porto e a clássica Picanha argentina..Nos vinhos, pode ouvir os conselhos argutos de Ricardo, que desempenha o papel de um verdadeiro sommelier e provar as colheitas da Herdade das Servas (Alentejo), toda a gama da Casa Santar (Dão Sul) ou da Quinta de São Francisco (Óbi-dos); Vale Zias, cujo produtor é natural das Caldas, embora as vinhas situam-se no sopé da Serra do Montejunto, dando origem a uma óptima monocasta Syrah.Nas provas de vinhos efectuadas an prova dos sentidos, destacam-se as seguintes : Casa de Santar, Murganheira e Raposeira, Casal d’ Além (branco.. arinto de Bucelas) e Herdade do Rocim (Alentejo, Vidigueira, do grupo Movi-Cortes)Prova dos Sentidos - Rua General Queiroz, nº 50...indo de carro ou a pé, a partir da estátua da Rainha D. Leonor, subindo em direcção à tal Praça da Fruta.

Café Luso vai explorar Ad-ega MachadoO mítico Café Luso, que nos Anos 30 foi pioneiro na divulgação do Fado, vai passar a explorar a Adega Machado, também situada no Bairro Alto, na Rua do Norte. Segundo apurou o “Correio dos Vinhos &” as obras de remodelação deverão prolongar-se até final do Verão. Fundado em 1927, Luso tem actualmente quatro sócios, João Pedro Ferreira Borges, último descendente dos antigos donos , e ainda João Ribeiro Fevereiro, Armando Fer-nandes e Belmiro Santos.Recorde-se que a sociedade, dona do Luso, é também proprietária de outra famosa casa de Lisboa ligada ao Fado, o Restaurante Timpa-nas , em Alcântara , adquirido ao Trio Odemira em finais dos Anos 60.No conjunto global das três casas de Fado, cerca de 80 pessoas trabalham, incluindo artistas.

Enoturismo:

Quintas e hotéis do Douro premiados com “Best of Wine Tourism 2011”

Um júri internacional de nove países produtores de vinho distinguiu com o Prémio “Best of Wine Tourism 2011 três projectos de hotelaria e gastronomia no Vale do Douro --a Quinta da Avessada (Alijó) na categoria Inovação; a Quinta do pego (Tabuaço) na categoria Aloja-mento e, o Restaurante DOC (Armamar) na versão Restaurante Vínico.O concurso, que visa desenvolver o enoturismo, é instituído pela Great Wine Capitals Global Network, rede que inte-gra as nove cidades e regiões vinhateiras mais importantes do mundo--Bordeaux (França), Bilbao-Rioja (Espanha), Cidade do Cabo (África do Sul), Christchurcg (Nova Zelândia), Florença (Itália), Mendoz (Argentina), Meinz-Reinhessen (Alemenaha), São Francisco - Napa Valley (EUA) e Porto.A Quinta da Avessada em Favaios, Alijó, desenvolveu um projecto de Enoteca in-teractiva, ou seja, um museu que recorre à multimedia, dando uma retrospectiva da cultura da vinha e do vinho no Alto Douro.O Restaurante DOC situa-se no Cais da Folgosa, entre o Pinhão e a Régua e constitui um marco na gastronomia da região, tendo sido eleito em 2008 como o melhor “Novo Projecto Privado”, Prémio Turismo de Portugal, e também distinguido com o “Garfo de Ouro pelo anuário “Boa Cama / Boa Mesa”. do se-manário Expresso.Já o Hotel Rural Quinta do Pego nasceu da criatividade do dinamarquês Karsten Sondergaard, grande apaixonado da geografia duriense, onde adquiriu uma propriedade. A partir de então foi con-struído uma unidade topo de estrelas com 10 quartos, 30 hectares de vinha e piscina sobranceira ao Douro..

Viana do Castelo Cidade do Vinho 2011Fundamental para esta eleição de Viana do Castelo foi o trabalho desenvolvido pelo município local à volta da marca “Vinhos das Terras do Gerez”, tendo em vista a criação de riqueza económica no

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Poetas do facebookno Martinho da Arcada

São os chamados poetas do Face-book, oriundos de variadas profissões : economistas, juristas, professores ou até ligados às artes plásticas e outras ac-tividades, que por iniciativa de Rogério Martins Simões, antigo economista da Alfândega, se reuniram no café-restau-rante Martinho da Arcada, ao Terreiro do Paço, precisamente no Dia Mundial da Poesia e da Floresta. No programa, com um vulgar e frugal jantar - interessava mais a jornada de poesia - caldo verde, bacalhau espiritual acompanhado de um vinho tinto Pan-cas, - 70 comensais encheram o mítico Martinho, frequentado nos Anos 30 por Fernando Pessoa, também para hom-enagearem o poeta e seus heterónimos e, divulgarem poemas próprios ou dec-lamarem outros notáveis como Bocage, Cesário Verde, Florbela Espanca.José Baião, jurista da alfândega, e nas horas livres músico, cantor, poeta, crítico literário e, atleta na juventude, acabaria por se cruzar volvidas décadas com Joaquim Monteiro, poeta amador, in-vestigador e declamador de Bocage, tal como Rogério Simões e o autor destas linhas que ainda arrebataram alguns saudosos títulos de circunstância. Uma mão-cheia de anos passados quase num ápice que a poesia juntou em tertúlia. Baião referiu-se à poesia como um dos instrumentos propícios a certas surpre-sas... quando as palavras brotam”, tendo declamado o Dia do Meu Aniversário, de Pessoa, “No Tempo em que festejava o dia dos meus anos “, saudade de uma infância feliz.Armando Figueiredo, professor e poeta com o pseudónimo Daniel Cristal, veio expressamente do Porto para a tertúlia, reportou-se ao Martinho da Arcada como “local mítico”, cuja “ambiência pre-sente se torna mítica (...) uma homena-gem também aos artistas que por aqui passam, incluindo o canto, a declama-ção, a pintura e a música”. “O Martinho é um templo destinado

ao culto do convívio, sublinhou. Depois aludiu à personalidade de Fernando Pessoa e aos seus 72 pseudónimos ou heterónimos, também “encarado como um medium e de certeza também como um romancista que cria personagens de uma narrativa que nos dá vida “.As intervenções sucederam-se em cadeia ,João Veríssimo, António Martins La-borinho, a escritora Julieta Pereira, Dalila Moura, a escritora brasileiraIsabel Lemos, que elaborou um livro baseado em personagens do facebook, Alice Ruivo e João Raimundo, terminando com Joana Duarte, professora em Évora, que leu o poema “Cobri de Rosas” (de Rogério Simões), e declamando a Nau Catrineta.Martins Simões tem o blogue “Poemas de amor e dor, com mais de três milhões de visitas, com predominância de Portugal, Brasil e Argentina.

Nicolau Santos e Costa Silva em incursão poética

“Aroma de pitangas num país que não existe” é um livro de poemas (da edito-ra Babel) feito por um jornalista de eco-nomia em co-autoria com um engen-heiro de minas e professor do Técnico, revelando a fina cultura humanística de ambos - Nicolau Santos e António Costa Silva.

Nicolau Santos, economista de formação académica e jornalista de longo percurso até chegar ao Expresso, onde é director-adjunto, não nos surpreendeu por este novo livro de poemas, habituados que estamos a uma saudação corporativa de tempos a tempos, numa ida a concertos clássicos ou de jazz, alternados com ses-sões de poesia organizadas pelo próprio, como sucede na Feira do Livro. Natural de Luanda e, um dos rostos do Expresso ou da Sic, diz com ênfase poético “tiraram-nos Angola, mas não nos tiraram Angola dentro de nós… hoje em dia somos uma espécie de “joint-venture, e quando escrevemos trazemos esta dico-tomia de dois países separados por 7.000 quilómetros,,. mas ligados por lianas”.

E depois ao som de Jazz pelo Quarteto de Manuel Lourenço, os dois autores, quais diseurs, declamaram os próprios poemas num momento de tertúlia in-olvidável para quem acorreu ao auditório da Biblioteca Nacional de Lisboa. “Eu nasci num país que já não existe. Agora tenho dois países. O país onde vivo e o país onde nasci. É outro país embora tenha o mesmo nome do país onde nasci. E o país onde vivo é agora o meu país. O país onde vivo não me faz esquecer o país onde nasci. Mas o país onde nasci é agora outro país. E por isso no país onde vivo procuro o país onde nasci”, abre as-sim Nicolau o seu turno de poemas. Mas António Costa Silva, -- o presidente da Partex (empresa da Gulbenkian para os interesses petrolíferos da Fundação do Senhor cinco por cento, como chamavam a Calouste Gulbenkian) aparentemente circunspecto, mas sempre didáctico e profundo nos debates televisivos sobre o mercado de combustíveis, a macroeco-nomia e a temática das relações interna-cionais) - foi uma agradável surpresa que revelou a grande cultura humanística deste engenheiro de minas e professor universitário do Técnico…O agora Costa Silva, homem da poesia, convém lembrar, foi um activista na Universidade de Luanda, ao tempo do regime marcelista, tendo fundado o cine clube universitário local. Mas viria pagar o seu humanismo, o seu ecletismo cul-tural e a sua coerência com alguns anos de prisão entre 1977 e 1980 em Luanda.Na sua alocução declamatória reportou-se às “conquistas da civilização” como “dados não adquiridos… os sinais da bar-bárie são reversíveis e é preciso repudiar os ideólogos das verdades absolutas. A essência da política é o amor pela liber-dade, e isso distingue-nos das mentes totalitárias (…)” “O Nicolau tem um grande amor pela literatura e a poesia. E este livro ilustra que nossa maior profissão é viver a vida; é também um livro de alerta, acordem estamos vivos (citando Heidegger), a poesia reabilita a palavra e escrevemos para nos decifrarmo-nos a nós próprios”, diz Costa Silva.Aroma de pitangas num país que não existe, António Costa Silva // Nicolau Santos (prefá-cio de António Dornelas, ilustrações Amílcar Soares) Lisboa, editorial Babel, 2011

Provas de vinhos portu-gueses no Brasil e AngolaCom vista a novas oportunidades de negócio, a ViniPortugal realiiza de novo provas anuais de vinhos portugueses no Brasil, em São Paulo e Curitiba a 7 e 9 de Junho, respectivamente.Também em Angola e no âmbito de no-vos mercados para os agentes económi-cos portugueses, a ViniPortugal leva a efeito provas de vinhos em Luanda, a 5 de Julho próximo.

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FICHA TÉCNICA - proprietário: A . Henriques do Vale; nº de contrib.:149010877; registado na ERC com o nº 125946; sede da redacção:Rua Gonçalves Crespo nº36 /3º 1.200-Lisboa. direcção e redacção: Álvaro Vale; publicidade: Júlia Andrade; grafismo: Celina Botelho; site: José Pereirinha. www.correiodosvinhos.com; www.correiodos.vinhosepetiscos.com

Carm Douro em 9º nos 100 mundiais da Wine SpectatorO vinho Carm Douro (Reserva 2007) da casa agrícola Reboredo Madeira alcan-çou o 9º lugar no top dos 100 melhores vinhos do mundo da revista americana Wine Spectator, a mais prestigiada pub-licação mundial do sector vitivinícola.A família Madeira está instalada no Douro desde o ano de 1600, e para grande surpresa de muitos está mais associada à produção de azeite e olivi-cultura. So mente em 1999 começou a produzir vinho. As castas do vinho premiado são touriga nacional, touriga francesa e tinto roriz.O primeiro lugar desta edição (referente a vinhos produzidos até 2009) da Wine Spectator foi atribuído ao tinto Saxum (2007) da Califórnia, das castas grenache, mouvedre e syrah,.O 2º,lugar coube ao syrah australiano Two Hands (2008), enquanto que até ao sexto lugar destacar-am-se novamente os vinhos da Califórnia. Um desses, o 4º lugar, o tinto Revana (2007) das castas cabernet e sauvigon, foi produzido pelo médico cardiololo-gista de Houston, o indiano Madaiah Revana, que imigrou de uma zona rural da India para os EUA:O 7º lugar foi para um syrah da Austrália, o Schild (2008), enquanto que o 8º foi para o tinto da Toscana, Itália, da família Flacianello. Em décimo, o branco francês Clos des Papes (2009).Desde 1988, que a revista elege os mel-hores vinhos do mundo durante a tradi-cional avaliação que realiza anualmente na segunda quinzena de Novembro. Para este ano, a revista recebeu (para avaliar os vinhos até 2009) 15.800 con-correntes de 14 países. dos quais 3.400 mereceram a pontuação entre 90 a 100 na escala da WS.Segundo a revista a qualidade manteve-se alta, acima dos 93 pontos, e o preço médio por garrafa dos vinhos a con-curso foi 48 dólares (35,5 euros).Registe-se que a Wine Spectator tam-bém já distinguiu os 100 melhores quei-jos do mundo relacionados com o vinho, entre os quais o português de Nisa, entre queijos de 11 países concorrentes. Na altura do concurso, em Setembro de

2008, dos onzes países, os EUA lidera-ram com a apresentação de 32 tipos de queijo e a França com 29 a concurso.O queijo de denominação de origem protegida (DOP) de Nisa baseia-se em leite somente leite de ovelha, e a sua produção estende-se aos concelhos de Castelo de Vide, Marvão, Crato, Alter do Chão, Portalegre, Monforte e Arronches.Também a Vanity Fair distinguiu em Ou-tubro de 2008 o queijo Amarelo da Beira Baixa, no Fundão, como dos melhores do mundo, e que se baseia em leite cru de ovelha e de cabra.

Monte das Servas medalha de ouro em FrançaO vinho tinto Monte das Servas colheita seleccionada 2008 , do produtor Luís Serrano Mira, Sociedade Vinícola Her-dade das Servas (Estremoz, Alentejo), foi premiado em França com a medalha de ouro da 35ª edição do Challenge Interna-tional du Vin (2011).No certame estiveram a concurso 5.000 vinhos de 35 países e a distinção surge após o mesmo tinto Monte das Servas ter sido seleccionado entre 834 vinhos num concurso de distribuição da Liquor Control Board of Ontario, Canadá. O Monte das Servas 2008 foi elaborado a partir de quatro castas em percentagens diferentes : 40% de Touriga Nacional, 25% de Alicante Bouschet, 20% de Aragonez e 15 % de Trincadeira.

Esporão lança novas castasA Herdade do Esporão (Alentejo) do Grupo José Roquette lançou os novos vinhos da renovada gama de monocas-tas - Touriga Nacional, Syrah, Petit Verdot e Alicante Bouschet.Estes vinhos distinguem-se pela superior qualidade demonstrada por estas castas no ano de 2008, e caracterizam-se pela

baixa produção, na ordem dos 5.000 litros cada variedade, em que o Syrah e o Petit Verdot são estreias nesta gama.

No fecho da ediçãoNa Era da produção global de vinho, alguém me fala que o Chile, na sua longa faixa lito-ral junto ao Pacífico, de 4.300 kms por 300 kms de largura ((fronteiras políticas delineadas na primeira vintena do século XIX , quando as relações internacionais, a geoestratégia e a economia eram já um paradigma tripartido...entendido por profissionais e políticos)) tem os melhores terrenos do mundo e as condições naturais por excelência para a produção de vinho, que protegem a vinha das doenças endémicas, sem ser necessário recorrer a tratamentos de pragas, aliado à rega natural, com a abundância das águas provenientes do degelo da cordil-heira dos Andes.....uma geografia inteligente que fez dos vinhos chilenos autênticas vedetas da excelência, tornando-os concorrentes dos Bordeaux e outros afamados. Estas virtudes das terras chilenas foram bem compreendidas logo no primeiro terço do século XIX, quer por franceses, espanhóis, nomeadamente bascos; e posteriormente americanos. Esta-vam lançados os dados para grandes vinhas e produção de qualidade, um processo que levaria à primeira cotação de uma empresa vitivinícola na Bolsa de Nova Iorque em 1994. Falta no entanto ao Chile, a longa História e a tradição do Mediterrâneo, neste caso o oci-dente latino de Portugal, cruzado e erguido por gregos, fenícios, romanos, judeus, árabes, que nos moldaram, o pensamento, o paladar.... o nosso modus vivendis com uma variedade de produtos que fez a matriz da dieta mediterrânica. O mar, elemento moderador das amplitudes térmicas-- frio e calor, além de influenciar os sab-ores dos frutos e legumes, é por isso uma marca portuguesa a não esquecer, face à qualidade do que se produz em terra. Os vinhos portugueses, -- de escassa produção, comparada com as extensas áreas australianas, chilenas ou sul-africanas, - têm no entanto a grande carga da cultura mediterrânica, ou seja, a marca das civilizações greco-romana, judaico-cristã e árabe, que andaram por aqui e nos moldaram os sabores, e também aos franceses, espanhóis ou italianos, estes últimos referenciados pelos Gregos, que chamaram à Península Itálica “Oenotria”, a terra do (bom) vinho.

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Seminário Vitivinicul-tura dos Açores, Madeira e CanáriasOs vinhos dos arquipélagos dos Açores, Madeira e Canárias vão estar em debate no Semináio e Vitivinicultura Atlântica, que decorre de 10 a 11 de Junho na Madalena, Ilha do Pico, Açores. O evento integra-se nas comemorações dos 50 anos da Adega Cooperativa da Ilha do Pico.Entre os temas abordar está a promoção dos vinhos atlânticos, património vitiv-inícola das ilhas atlânticas; História e tradições na produção de vinho; viticul-tura e sanidade da videira; vinhos atlânti-cos, enoturismo e gastronomia. Para as conferências são esperados especialistas dos três arquipélagos e internacionais, estando previstas activi-dades paralelas, designadamente visitas à paisagem da Ilha do Pico, classificada-património mundial pela Unesco, ao Museu do Pico ( vinho e indústria da ba-leia) e à montanha do Pico, uma das Sete Maravilhas de Portugal e, participação nas festividades do Divino Espírito Santo, além de provas de vinhos e eventos gastronómicos.

Importadora brasileira pro-cura exclusividade portu-guesaA empresa de distribuição Vila de Arouca, com sede no Rio de Janeiro, procura vin-hos portugueses para trabalhar em ex-clusividade e e estabelcer parcerias com empresas portuguesas, tendo em vista um portefólio de vinhos do Alentejo, Douro, Dão~e também do Minho, em matéria de vinhos verdes.