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N9 95 MARÇO/ABRIL 1987 no nORDCSTC QUEM ACOLHE O MENOR A MIM ACOLHE

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N9 95 MARÇO/ABRIL 1987

no nORDCSTC

QUEM ACOLHE O MENOR A MIM ACOLHE

ORITO^ CSTC- Marco/Abril

CARTA AOS AMIGOS

Na última reunião da E- quipe Central, refletimos so- bre o papel do leigo na Igre- ja e no mundo. Hoje a hie- rarquia da Igreja, (Padres e Bispos) está refletindo sobre o nosso papel. Para isso es- tão sendo feitos encontros e assembléias.

Nós, trabalhadores do campo e da cidade, quere- mos participar mais das de- cisões da hierarquia, pois to- dos juntos formamos a Igre- ja povo de Deus. Temos o nosso papel ea nossa missão. Queremos caminhar juntos sendo respeitados e valori- zados.

A Equipe vem refletindo e analisando a conjuntura. A Constituinte, as questões econômica e agrária, mere- cem muita atenção.

Com esta preocupação, apresentamos algumas suges- tões para ostrabalhos do ano.

PLANO INTERNO I. Favorecer o fortalecimen- to e surgimento de mais e- quipes de base. II. Realizar treinamento de formação:

a) • Na fé — Confrontan- do com a vida

b) Política c) Sindical.

III. Favorecer e acompanhar o trabalho dos jovens.

PLANO EXTERNO 1. Luta sindical

a) Novas eleições (opo- sições)

b) Acompanhar direto- rias novas

c) Trabalhar mais nas áreas de assalariados

II.Eleições e Constituinte a) Avaliação do ano elei-

toral 86

b) Exigir e cobrar dos Constituintes eleitos

c) Preparar com a base as eleições de 88. III. Continuar a luta pela terra.

RELACIONAMENTO COM A IGREJA

(Hierarquia)

I. Favorecer a articulação do movimento com a Hierar- quia da Igreja, levando em conta os desafios da conjun- tura eclesial.

Neste sentido, o GRITO NO NORDESTE, com suas matérias, quer contribuir sempre mais nesta caminha- da.

A Equipe Central da ACR

o«o

ALAGOAS Prezados Companheiros,

O ano de 86, para mim, vogou como o meu IP ano de movimento, porque me engajei com muito entusias- mo e fé, e com mais ação. As coisas são difíceis, quan- do a gente não quer, não é mesmo? Na política, lutei tanto para ver um rural na assembléia. Não foi possível. Mas, nossa luta vai bem. Pa- ra mim, o maior choque é quando a gente fica parado. Vamos lutar com mais fé. Neste ano de 87, temos um plano novo: — incentivar os trabalhado- res sobre o sindicato, para que um dia, ele seja mesmo dos trabalhadores.

Aqui, na minha região, a invasão de cana acabou com muitas frutas e todos os co- queiros das mães de família que fazem vassouras. Os pe- quenos plantadores de cana já estão começando sofrer, porque a cana fica cortada com mais de 8 dias na palha. Alguns estão dizendo que vão arrancar a cepa da cana, para plantar feijão, abacaxi, etc.

Eu confio nessas palavras: "o patrão não é maior do

que o empregado, nem o em- pregado mais do que o pa- trão..."

Odete Maria (Feira Nova - AL)

Nós também confiamos nestas palavras, Odete. Va- mos lutar para que elas se- jam uma realidade viva em nosso meio.

• Prezado companheiro,

Arnaldo:

Recebi sua carta que me ajudou muito, pois eu cansei demais nestes últimos meses e me desanimou bastante. Eu comecei a refletir que de- pois de tanta luta os compa- nheiros ainda não assumiram alguns passos da caminhada. Isto me deu um desânimo que me abalou por dentro e por fora, e me questionava: 0 que é mesmo a luta pela Libertação? Por um lado, queria parar tudo e me iso- lar, por outro, sentia vergo- nha de agir assim, porque na vida fiz opção pela ACR, dei.- xando tudo que poderia me dar mais conforto na vida. Esta briga dentro de mim, ora me esfriava como gelo, ora me esquentava como fogo...

Mas agora Arnaldo, graças a Deus, estou me recuperan- do. Já marquei umas poucas atividades e os companheiros estão se animando para lutar.

Abraço do companheiro, às vezes desanimado.

Jovino (Junqueiro-AL)

"Porque tu. Senhor, não abandonares minha alma no mundo dos mortos, nem dei- xarás que o teu dedicado ser- vo seja destruído" (Atos, 2,27)

BAHIA Faço votos que esta en-

contre todos com a mais per- feita saúde e coragem de fa- zer o Grito chegar em todos os cantos do Brasil e do mundo. Eu, Jovelina e os meninos ficamos sem alte- ração, graças ao Criador.

Amigos, fiz minha trans- ferência de residência, por alguns dias. Diante da seca terrível que estamos viven- do em quase todo o estado, desde o ano passado, fui o-

brigado a fazer esta saída, não por muito tempo. Ve- jo que há necessidade de se fazer um trabalho de ACR aqui. 0 lugar é de muitas fa- mílias pobres e carentes de uma nova estrela do Natal do Senhor Jesus brilharaqui, no meio dos pobres.

Um forte abraço para to- dos daí! Disponham do me- nor na luta.

José da Cruz Lima FAZENDA ASA BRANCA 44.840-TAPI RAMUTÁ-BA

Zé, é grande a alegria de saber que você, em qualquer lugar, procura ser fermento e luz. Continue firme, com- panheiro!

CEARÁ Caros companheiros,

meu abraço.

Aproveito esta oportuni- dade para comunicar aos companheiros que estou um pouco calado, mas não es- tou omisso, estou sobrecar- regado de responsabilidade. Assumi a coordenação do Movimento de Educação de Base (MEB). Esta coordena- ção exige muito da gente.

Sinto necessida- de è saudade das reuniões e das pessoas que em muitas ocasiões participamos jun- tas de encontros no Recife e em outras paragens.

Germano Maia (Limoeiro do Norte - CE) Desejamos tudo de bom

na nova tarefa que você. Germano, assumiu. Com certeza, nos encontraremos em outras "paragens".

CRITOno Realizado pela Equipe

Central da A.C.R. Animação dos Cristãos

no Meio Rural

REDAÇÃO E EDIÇÃO:

Judite, Luciene, Pe. Arnaldo, Pe. Marcílio, Auxiliadora, Degislando, Pe. Servat,

João Rufino, Domingos, Maria José e Sofia.

PRODUÇÃO GRÁFICA:

MOVIMENTO Assessoria de Comunicação

Popular

ENDEREÇO DA A.C.R.

Rua do Giriquiti, 48 CEP 50.070

_ Recife-PE Fone:(08t) 231-3177

Marco/Abril GRimw

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Z^ PARAÍBA

Prezados companheiros da ACR e Equipe do Grito,

A paz do Senhor esteja com vocês!

Aqui está tudo em paz, mas a luta continua, temos que ir animando os nossos amigos das comunidades. Temos um presidente de Sindicato que sempre luta pelo trabalhador. Aqui, o Projeto São Vicente foi a- provado em duas comuni- dades: Campo Comprido e Grossos. Tem outras comu- nidades encaminhando os projetos.

Meu abraço para todos os companheiros da ACR e os que fazem o Grito no Nor- deste.

Severino Socorro dos Santos (Cuité-PB)

Ê boa a idéia de aprovei- tar o que tem de bom no Projeto São Vicente, sem deixar de refletir com os companheiros.

PERNAMBUCO Caros irmãos,

A PAZ DE CRISTO este- ja com todos vocês. Estamos escrevendo para comunicar a nossa situação. Pedimos a FUNAI que demarque nossa terra e ajude nossos irmãos XOKÕ-KARIRI, pedimos também que demarque as terras dos nossos irmãos TAPEBA. Eles não podem viver sem a MÃE TERRA, que nós índios fomos e con- tinuamos sendo os legítimos donos e agora o branco quer tormar. Mas nós vai lutar pela nossa terrinha que nós trabalha.

Nós índios KAPINAWA, pedimos às autoridades competentes que reconhe- çam os direitos dos nossos

e^ y/ft irmãos de raça que sofrem igual a nós. Pedimos para nossos irmãos XOCO ~ KA- RIRI, TAPEBA e KIRIRI DA BAHIA.

Escrevam também! A- gradecem,

OS ÍNDIOS KAPINAWA (Buíque - PE)

Caros irmãos KAPINA- WA, com certeza, a MÃE TERRA vos pertence! Con- tinuemos firmes na luta pa- ra reconquistá-la.

É imensa a riqueza cultu- ral dos trabalhadores rurais. Com uma maneira nova de enxergar a vida, eles falam da realidade que nos cerca. O GRITO todo não daria prá colocar o que chega.

O CAPITALISMO

1, Veja o capitalismo Invadindo nosso chão

• Expulsando os índios E matando nosso irmão

2. Olhenossoscamposverdes Que de luto está vestido Porque os pobres e índios Pouco a pouco vão sumindo

"Mocinha" -• Kspinavá

CANÇÃO DOS LAVRADORES

ACAMPADOS

1. A Terra foi Deus que deu pro pobre nela plantar É crime um grupo de ricos a nós de fome matar.

2. O nosso Deus no Egito o seu povo libertou Em busca da Terra boa o seu povo caminhou.

3. O povo oprimido, sem terra que não tem onde plantar Vamos lutar por Justiça para a miséria acabar.

João Carlos (São Bento do Una-PE)

Prezados Amigos do GRITO NO NORDESTE:

Neste ano de 87, há mui- ta esperança no governo que se instala a -15 de março e uma Nova Constituição que começa a ser elaborada. Mas esta esperança não deve ser alimentada. £ preciso estar- mos organizados e fazer pressão, para que na Nova Constituição sejam atendi- dos os anseios dos trabalha- dores.

Companheiros, estamos na luta para que este mun- do, onde há tanta injustiça, torne-se no Reino de Deus, onde não há menores aban- donados, nem agricultores sem terra.

Na certeza de que um dia tudo isto será alcançado, nos reunimos no dia 7 de março para avaliar nossa ca- minhada e ver os novos pas- sos para 87. Fizemos um pe- queno planejamento de visi- tas e acompanhamento aos grupos que existem, no sen- tido de encorajar e dar mais força aos companheiros.

Damião - pela Equipe de Jovens Rurais (Palmares-PE)

Damião, é bom saber que vocês também estão preocu- pados com os grandes acon- tecimentos do país e a orga- nização dos jovens trabalha- dores rurais.

MARANHÃO Prezada Equipe do GRITO NO NORDESTE:

O fim desta é para lem- brar uma data que eu não posso deixar passar em bran- co. 1? de março de 1987, vai fazer 3 anos que JOSÉ MACHADO faleceu. Eu lembro muito quando eu di-

zia, que ele ia me deixar so- zinha. Ele dizia que não, que ele tinha muitos amigos e eu ia conhecer todos.

Morreu falando nos ami- gos. José, na hora da sua morte, me dizia que não ia morrer. Na última hora sen- tiu fome e sede. Eu lhe dei coragem. Eu ensopei algo- dão na água e botava na bo- ca ceie, dizendo as palavras que JESUS CRISTO falava quando estava cruscificado. Esta morte foi muito pesada para mim que não estava es- perando. Ele falava muito nos amigos, por isto é que eu estou escrevendo para to- dos os amigos, para que não esqueçam desta data, é mui- to importante.

José Machado morreu e deixou um filho, este filho é o Machadinho. O José Ma- chado Filho, no dia 15 de março de 1987, vai fazer 4 anos de vida, uma data mui- to importante para mim. Eu gostaria que saisse no GRI- TO. Meu filho é o fruto do meu amor. É uma cruz mui- to pesada criar um filho sem pai, mas DEUS está do meu lado. É difícil de se viver quando tudo falta, não é mesmo? Mas graças a DEUS não falta a esperança. Eu a- credito que o José está me ajudando nas minhas dificul- dades.

Abraços para toda a Equi- pe do Jornal. Um abraço pa- ra todos que lêem este Jor-

Rosa Machado (Pio XXII-MA)

Rosa! Você, com sua co- ragem, sua fé e esperança, fortalece o nosso compro- misso e nos aproxima da RESSUREIÇÃO DE CRIS- TO.

Rosa e o Machadinho, re- presentam para nós, todas as viúvas e órfãos, vítimas do latifúndio injusto e do- minador.

Publicações que podem ajudar no trabalho dos grupos:

Caderno de Metodologia 0 Jeito de Trabalhar da A.C.R. Cz$ 10,00

Relatório da Assembléia Geral da A.C.R.

"A Constituição Que Nós Trabalhadores Queremos Fazer"

Leia, Assine e Divulgue o Grito no Nordeste.

GRITO no Marco/Abril

NORDESTE BRASILEIRO- SEDE DO MIJARC

Participantes do encontro

"Gostei muito do entrosamento entre as pessoas. Eram pessoas de países diferentes, mas camponeses como nós. Gente simples. Nos compreendemos muito bem. No final parecíamos irmãos".

Esta é a opinião da companheira Jocélia, da Paraíba, sobre o Encontro Latino — Americano do MIJARC que, desta vez, teve como País — Sede o Brasil.

O Encontro realizou-se em Olinda- ,PE, de 21 a 27 de janeiro de 1987.

Participaram 23 delegados de 9 países da America Latina (Chile, Peru, Bolívia, Equador, Paraguai, Venezuela, Colômbia, Brasil e Haiti) mais um representante da Equipe Mundial do MIJARC.

Do Brasil, participaram 4 jovens nordestinos mais 1 do Rio Grande do Sul que representava a Pastoral de Jovens da Roça.

Durante todo o encontro seguimos um roteiro que nos ajudou a partilhar tudo: o que vivemos, o que sofremos e o que fazemos: — Partilhamos as visitas realizadas; — Partilhamos a situação e a caminhada dos vários países presentes; — Partilhamos as experiências de participação dos Jovens Rurais nas organizações camponesas. Para isso, seguimos o método VER-JULGAR- AGIR. — Afinal, traçamos novas linhas de ação, e concluímos com uma séria avaliação e uma celebração muito bonita.

. AS VISITAS • PONTO DE PARTIDA

Antes do Encontro tivemos um período preparatório que foi fundamental para todo o desenrolar do Encontro. Foram 4 dias de visitas que funcionaram como um ponto de partida para todo o estudo que realizamos.

Foram visitadas 12 dioceses de 5 estados do Nordeste: Maranhão, Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco e Alagoas.

Quando os companheiros voltaram das visitas, a gente percebia a preocupação e a felicidade estampadas na cara deles. — PREOCUPAÇÃO pela situação de extrema pobreza em que vivem os jovens rurais da nossa região. Pela vida mal vivida de todo o povo nordestino, a quem tudo falta: terra, casa, trabalho, transporte... — FELICIDADE por terem sido bem acolhidos nas comunidades que visitaram. Por perceberem que, apesar das dificuldades, os jovens rurais não se rendem, não cruzam os braços nem desanimam. — FELICIDADE pelo jeito como os jovens rurais nordestinos estão se organizando e lutando por melhores condições de vida. — FELIZES afinal, pela ativa participação dos jovens rurais nas organizações que existem no campo e que lutam pela construção de uma sociedade justa, como: Sindicatos, partidos políticos, cooperativa de trabalhadores e grupos comunitários.

Uma coisa que muito impressionou aos nossos visitantes, foi o fato de que, Os jovens rurais nordestinos se juntam e formam grupos, criando o seu próprio espaço de discussão e organização.

UM MOMENTO DE GRANDE PARTILHA

OcampanheiroEliano, do Maranhão, diz que gostou do Encontro, porque:

"Conheci um pouco da realidade dos outros países. Vi que os jovens rurais da América-Latina têm as mesmas lutas".

0 Eliano tem razão! De fato, o Encontro nos ajudou a termos uma visão mais ampla sobre a situação dos Jovens Rurais da América-Latina e sobre as lutas que eles vêm fazendo

para construir a Nova Sociedade que todos nós sonhamos. — "Nós visitamos as comunidades de Serra Bonita e São João das Neves, na Diocesp de Bacabal-MA. 0 povo nos acolheu com muita alegria. Esta região está cheia de coqueiros que produzem um pequeno coco. Os componeses pobres vivem deste coco, vendendo àsfábricasque fazem azeite de coco. Os latifundiários expulsam à força os camponeses de suas terras para destruir os coqueiros e plantar arroz. Há muitas situações de perseguição e tortura praticadas contra os camponesesquequeremse organizar"

(Celso do Chile e Pepe do Equador) — "A visita que fizemos à Diocese de Nazaré-PE, foi boa. Vimos que na América Latina, temos os mesmos problemas: não temos terra, água... Temos muita injustiça, analfabetismo, desemprego e migração. Vendemos nossa força de trabalho. Pensamos que temos de lutar para chegar ao que chamamos Nova Sociedade. Para isso devemos nos unir, porque temos problemas comuns".

(Fênix e Claudele do Haiti) É isso aí, companheiros! Vamos

levar adiante a nossa caminhada e vamos também aproveitar as oportunidades que aparecem para trocar experiências com os companheiros pobres de outros países. Assim estaremos contribuindo com a construção de uma América Latina mais feliz, onde todos seremos irmãos de verdade.

PARA REFLETIR NOS GRUPOS

1. Quais são os países da América Latina? 2. O que a gente sabe sobre esses países? OBSERVAÇÃO: Uma boa pesquisa pode ajudar a encontrar as respostas. Veja os GRITOS do ano passado.

Marco/Abril GRITO no nOWDClTC-

QUARESMA: CAMINHO PARA A PÁSCOA A Igreja do Brasil com a preocupação e a missão de ajudar as pessoas e a sociedade a compreenderem

o eápírito da QUARESMA, a cada ano sugere um tema a ser estudado, refletido e vivido.

A Campanha da Fraternidade deste ano denuncia que, no Brasil, vivem hoje 36 milhões de menores abandonados.

1.0 MENOR ABANDONADO

1.1 — As Causas

"A riqueza do Brasil é uma das mais mal distribuídas do mundo". Do ponto de vista econômico, o Brasil é o 8? no mundo. E na questão social, como emprego, salário, terra, saúde, alimentação e escola, está no 52? lugar no mundo. Ê uma diferença muito grande entre o que o país produz e o que investe em benefício do povo.

1.2 — As Conseqüências

Expulsos das terras, pais e filhos enchem mais ainda as favelas, as pontes e as ruas das cidades. Os meninos e as meninas são obrigados aentrarem nojogo:trabalhar, roubar e se prostituir.

a) A Deficiência

A população brasileira é de 130 (cento e trinta) milhões de pessoas. Destas, 13 (treze) milhões de crianças são deficientes. 0 maior númeroéde deficiente mental. São 6.500.000. O que será de uma população demente?

b) A Desnutrição

A criança fica desnutrida por falta de alimentação. Principalmente por falta de leite da mãe nos primeiros meses, a alimentação mais importante para a criança é o leite de peito. A criança que mama muito é sempre sadia. Acontece que as mães têm pouco leite porque não comem b m. Para a criança ser realmente sadia, a mãe teria que se alimentar bem desde a gravidez.

c) A Mortalidade Infantil

No Brasil, em 1985 nasceramS.887.999 crianças e morreram 320 mil, todas com menos de 4 (quatro) anos de idade. Sendo que 84,4% morreram antes de completar um ano. E a

Menor Deficiente Mental— FEBEM - Pacas - Vitória de Santo Antão-PE

metade (50%) das que morrem em todo o Brasil, é aqui do Nordeste.

1.3—0 menor no campo

Cresce cada vez mais o número de menor que trabalha na indústria e no campo. Acontece que o menor não ganha nem o salário mínimo.

No campo, a criança é assalariada na cana-de açúcar, nas plantações e colheitas do fumo, da laranja, na quebra do coco babaçu, nas derrubas das fazendas do Norte e outros. Em 1980, os menores trabalhando no campo correspondiam a uma faixa de 25% (vinte e cinco por cento).

Nas regiões de pequenas propriedades, os menores ainda estudam. Nas regiões de assalariados não estudam.

Como o salário dos pais é muito baixo, eles têm que trabalhar também. São os pequenos bóias-frias.

Acinza da cana queimada e a fome, faz com que não tenham uma cor. São pálidas e sem brilho. A opressão e violência dos vigias e dos jagunços, faz com que sejam tímidase inseguras. Revelam o medo e a tristeza no olhar. Quase todos não têm capacidade de raciocinar, são deficientes.

O que será de um povo que se cria no medo e na demência? Que consciência terá um povo analfabeto, traumatizado e deficiente mental?

II.A QUARESMA

A Quaresma é o caminho que leva a gente a PÁSCOA

de JESUS CRISTO. São 40 dias de preparação através da penitência, do jejum, oração e doação. Faz relembrar os 40 anos de caminhada dos nossos irmãos, em busca da Terra Prometida. Nos lembra também os 40 dias de jejum oração e penitência de JESUS.

A Campanha da Fraternidade deste ano denuncia as péssimas condições de vida em que vivem os menores pobres. Esta situação é uma exigência para uma mudança no nosso jeito de ser e do jeito de ser da sociedade.

III.A PÁSCOA

A Páscoa é a expressão mais profunda de liberdade. É a celebração da libertação. O povo de Deus quando se libertou da escravidão no Egito celebrou a Páscoa. Jesus antes de ser morto celebrou a Páscoa da NOVA E ETERNA ALIANÇA. Esta custou o seu próprio sangue.

Os homens que tinham as riquezas e o poder naquele tempo, pensavam como pensam os ricos e poderosos de hoje. Para eles, matando os pobres e aqueles que defendem os seus direitos, ficam tranqüilos. Aí eles se enganam. Eles não conhecem a bondade de Deus. Deus contrariou os seus planos e ressuscitou a Jesus.

A Ressurreição de Jesus nos dá coragem para lutarmos pela vida, pois já temos a certeza de que Deus vence a morte. É preciso encontrar meios para que ■jrupos e mais grupos, comunidades e mais comunidades percebam a missão e o compromisso que temos com os menores. Os menores precisam ter consciência do valor e da força que eles têm. Eles precisam saber do carinho que o RESSUSCITADO tem por eles. Foi Ele mesmo que disse. "QUEM ACOLHE O MENOR,A MIM ACOLHE".

Março/Abri GRITO no Março/Abril

1? Capítulo:

De março de 1985 até fevereiro

de 1986

A inflação sobe sempre mais, até chegar a 234 por cento! Todos estão in- satisfeitos, sobretudo a classe trabalha- dora. 0 salário não acompanha o custo de vida. Muitos trabalhadores fazem gre- ves: metalúrgicos, professores, canaviei- ros, bancários e outros. A Central Única dos Trabalhadores (CUT) começa a pre- parar uma Greve Geral, para reivinidcar o aumento dos salários de três em três meses, congelamento dos preços das coi- sas de maior necessidade (feijão, arroz, carne, leite, transporte etc). Reforma Agrária, a jornada de trabalho de 40 ho- ras semanais, o não pagamento da dívi- da externa, etc.

Os dois partidos do Governo (PMDB e PFL) brigam entre si. Cada um dos dois quer uma fatia maior do poder.

Os banqueiros internacionais fazem pressão sobre o governo do Brasil para que este pague sua dívida.

O governo se vê apertado de todos os lados. O que fazer?

2? Capítulo:

De 28 de fevereiro de 1986

até julho de 1986

O Presidente José Sarney anuncia o Plano Cruzado: é inventada uma nova moeda, o cruzado, no lugar do cruzeiro; são congelados os preços e os salários, o gatilho vai disparar, isto é, o salário será reajustado, somente quando a inflação chegar novamente a 20 por cento; fica proibido ao trabalhador recuperar aque- la parte do salário que foi perdida du- rante os anos de arrocho da ditadura militar. A inflação volta à estaca zero.

O povo fica contente. A tevê Globo convida todos a se tornarem fiscais de Sarney. O presidente ganha grande apoio da massa. O PMDB e PFL deixam de brigar entre si e passam a apoiar Sarney, para ganharem o mesmo apoio do presi- dente.

O Movimento Sindical se divide mais uma vez, pois uma parte dele apoia to-

talmente o Plano Cruzado, e a outra não.

Somente a CUT, o PT e o PDT criti- cam fortemente o Plano Cruzado, di- zem que é uma arapuca para o Gover- no ganhar as eleições no próximo dia 15 de novembro; dizem que os salários estão congelados e que será difícil segu- rar o congelamento dos preços; criticam o Plano porque nada resolve quanto à Reforma Agrária e à Dívida Externa.

Aos poucos a alegria de todos dimi- nui, porque o congelamento de preços não existe mais, os comerciantes pas- sam a cobrar o ÁGIO, isto é, uma taxa a mais além do preço da tabela; indus- triais mudam a aparência de certos pro- dutos, para fugir ao congelamento; em- presários e industriais escondem a mer- cadoria para conseguir um novo aumen- to de preços. Muita gente tira o dinhei- ro das cadernetas de poupança e prefe- re comprar logo no mercado, por medo que os preços voltem a aumentar.

Os industriais pressionam o governo para que faça o descongelamento de to- dos os preços, mas o Governo tenta se- gurar a situação até 15 de novembro, para não oerder as eleições.

3° Capítulo:

De julho de 1986 até

novembro de 1986

A campanna eleitoral começa a es- quentar. O PMDB e o PFL transformam o PLANO CRUZADO no seu principal cabo eleitoral: nos comícios dizem que o PLANO CRUZADO é a salvação da economia brasileira.

O Governo manipula o cálculo da in- flação: ele se baseia sobre o preço tabe- lado e não sobre o preço verdadeiro, que é acompanhado pelo ágio. Deste jei- to, atraza o disparo do gatilho salarial.

Além disso, o governo não tem cora- gem de obrigar os pecuaristas a matar os bois pra ter carne suficiente no mer- cado. Prefere importar do exterior a car- ne e outros produtos que estão faltando. Para isso é obrigado a usar o dinheiro da reserva, que está destinado a pagar a Dívida Externa.

O Governo faz uns remendos ao Pla- no Cruzado: passa a cobrar taxas sobre a gasolina, álcool, carros e viagens inter- nacionais. Os trabalhadores, sobretudo aqueles de classe média, ficam descon- tentes. O Presidente Sarney começa a perder o apoio do povo.

O Governo tenta segurar o consumo e fazer reaparecer as mercadorias que faltam, mas não consegue.

A NOVELA DA ECONOMIA

BRASILEIRA

4? Capítulo: De novembro de

1986 até fevereiro de 1987

As eleições acabaram. O PMDB é o grande vitorioso. O PFL só fez um go- vernador, mas elegeu muitos deputados constituintes.

Aí o Governo anuncia o Plano Cru- zado 2: descongela preços; aumenta im- postos com a finalidade de arrecadar 176 bilhões de cruzados; faz a proposta de mudar o cálculo da inflação, para evi- tar um novo aumento dos salários. O Governo diz que tudo isto é necessário para criar um Fundo Nacional de De- senvolvimento, para equilibrar as des- pesas do País e para pagara Dívida Ex- terna.

Todos os setores da sociedade brasi- leira se sentem prejudicados, sobretudo a classe trabalhadora.

No dia 27 de novembro, em Brasília, acontece uma manifestação de 5 mil

pessoas, que protestam contra o Gover- no. Está claro, agora, que as críticas da CUT, do PT e do PDT ao Plano Cruza- do, eram justas; acabada as eleições, o Governo tirou a máscara e mostrou sua verdadeira face. Todo mundo grita: "O povo não esquece Sarney é PDS". No meio da multidão há uns penetras que de maneira organizada incendiam car- ros da polícia, assaltam várias agências de banco e depredam a rodoviária. Eles querem que o Governo bote a culpa de tudo na CUT e no PT. São pessoas liga- das aos militares e aos grandes fazendei- ros da UDR.

O descontentamento diante do Cru- zado 2 é geral. As três Centrais Sindi- cais (CUT — Central Única dos Traba- lhadores, CGT — Central Geral dos Tra- balhadores e a USI - União Sindical Independente) se unem e organizam uma GREVE GERAL no dia 12 de de- zembro. Muitos trabalhadores das gran- des cidades cruzam os braços. Sarney perde todo o apoio popular que tinha ganho com o Plano Cruzado.

Vendo que a situação está difícil, o Governo muda de tática; propõe um grande Acordo (PACTO SOCIAL) en- tre patrões, trabalhadores e Governo; "Vamos nos sentar na mesma mesa e vamos ver como repartir os sacrifícios para enfrentar a situação!". A CUT não aceita sentar à mesa, porque acha que os trabalhadores já se sacrificaram de- mais. A CGT e a USI aceitam mas não dá em nada, pois não chegam a nenhum acordo.

Assim o Governo decide fazer as coi- sas sozinho: aumenta os preços das mer- cadorias até 40, 50, 60, 70 e 80% (por cento), enquanto o salário é reajustado de apenas 20% (por cento)! Todo mun- do fica revoltado.

5U Capítulo:

Fevereiro de 1987

Poucos dias antes do carnaval, o Pre- sidente Sarney volta a aparecer à Tele- visão para anunciar sua decisão de sus- pender o pagamento de juros da Dívi- da Externa do Brasil. Ele disse: "Essa decisão é um ato de coragem e de fé no Brasil". No seu discurso ele lembra que a dívida com os banqueiros inter- nacionais é de 109 bilhões de dólares;, diz que o Brasil pretende negociar e que não vai deixar de pagar. Por enquanto vai parar de pagar, porque não temos mais reservas suficiente de dinheiro. Es-

sas reservas foram gastas para importar os produtos que estavam faltando.

Os grandes industriais e empresários apoiam a decisão do Presidente, mas exigem que os preços continuem sendo descongelados e reajustados.

A CUT critica a decisão, porque acha que o Brasil vai ser obrigado a recorrer novamente ao Fundo Monetário Inter- nacional (FMI). E o FMI vai impor du- ras condições: diminuir a produção, au- mentar o desemprego, baixar os salários, etc. A CUT defende o não pagamento da Dívida Externa, junto com outras medidas para garantir mais empregos, estoques de mercadorias, controle do comércio exterior, etc.

A CGT considera positiva a decisão e pede que sejam adotadas outras medi- das: aumentar os salários, fazer a Refor- ma Agrária, etc.

A USI apoia totalmente a decisão do Presidente.

As Centrais Sindicais — CUT, CGT — prevendo que o Governo vai decretar novas medidas que prejudi- cam a classe trabalhadora, estão se pre- parando para realizar um nova GREVE GERAL

CENAS DOS PRÓXIMOS

CAPÍTULOS DA NOVELA

De um lado o Governo, os grandes in- dustriais e banqueirosvãotentar arrochar mais o salário do trabalhador e aumen- tar os preços das mercadorias.

Do outro lado os trabalhadores vão realizar outra Greve Geral, para arran- car um salário mais justo e outras reivin- dicações.

Muitos trabalhadores — da cidade e do campo -^ estão entendendo que de- vem confiar em sua organização de clas- se e não nos grandes. Mas será que a Greve Geral vai dar certo? Será que o povo vai crescer na sua organização? Pa- ra saber a resposta, não perca os próxi- mos capítulos da novela...

VAMOS DISCUTIR EM GRUPO:

I.Por que o Plano Cruzado não deu certo e o Governo voltou atrás? 2. Por que o Governo passou a importar carne, leite e outros produtos, quando o Brasil é um dos maiores produtores destas mercadorias? 3. O que você acha sobre a decisão do Governo em suspender o pagamento dos juros da Dívida Externa? Você é a favor do pagamento da Dívidfou é contra? Por quê? 4. O que tem a ver tudo isso com a situação do lugar onde você mora e tra- balha?

GRITO no Março/Abril

VIOLÊNCIA DO LATIFÚNDIO MATA ADVOGADO

No dia 21 de fevereiro/87, foi barbaramente assassinado, com 8 tiros, o Doutor Evandro Caval- canti. Na ocasJac estavam com ele sua esposa, e uma filha que foi atingida pelas balas dos cri- minosos.

Evandro era advogado dos Sindicatos dos Trabalhadores Rurais dos municípios de Oro- bo e Surubim, e era assessor ju- rídico do Pólo Sindical de Suru- bim, que reúne 15 sindicatos.

"POR QUE MATARAM O NOSSO DOUTOR?"

Essa era a pergunta feita pelos trabalhadores, no entanto eles mesmos respondiam:

MARÇO 06 a 08:

Parada da Equipe Esta- dual do MA-Bacabal 12 a 15:

Retiro de Espiritualida- de para Agentes de Pasto- ral - Bacabal - MA. 20 a 22:

Reunião da Comissão Regional de Jovens Rurais NE IV-Bacabal-MA. 20 a 29:

Visita de Pe. Arnaldo à Paraíba.

ABRIL

03 a 05: Encontro das áreas de

conflito do RN-Ponta Ne- gra - Natal 10 a 12:

Encontro da Região de Trairi - Lagoa Salgada - RN 24 a 26:

Encontro de Jovens Ru- rais-PB

Parada da Equipe Esta- dual da ACR do PI - Tere- sina

— Doutor Evandro sempre lutou para que os sindicatos do Pólo fossem, de fato, o órgão de defe- sa e de organização dos trabalha- dores. — Desde 1980 vinha apoiando, animando e assessorando a luta pela terra na região: Fazenda Ta- bu, Cruzeiro da Caiana, Catolé e Amari de Casinhas (Surubim). Fazendas Caiçaras e Jundiaí (Orobó); Fazenda Recreio (Sal- gadinho); Fazenda Paquivira (Bom-Jardim). — No momento, Evandro estava acompanhando os conflitos de Catolé e Amari de Casinhas. Es- > sas fazendas foram compradas, há 3 anos, pelos fazendeiros Charles Farias e José Neto. Lo-

go começaram a soltar o gado dentro da lavoura dos trabalha- dores que há 40 anos tinham a posse daquelas terras. A questão já havia sido encaminhada do INCRA e estava sendo estudada para uma possível desapropria- ção. Então: "Por que mataram o nosso doutor?"

E O POVO FOI ÀS RUAS

Uma grande multidão de tra- balhadores rurais e urbanos par- ticipou da missa de corpo pre- sente e acompanhou Evandro na sua última caminhada. Na missa de 7? dia se redobrou o número

de participantes. Apesar de toda dor e tristeza,

■) NOTÍCIAS BREVES \ Parada da Equipe Esta-

dual de PE - Belmonte

25: Reunião da Equipe Dio-

cesana - João Pessoa-PB

26: Reunião da Equipe Dio-

cesana - Campina Grande- PB

MAIO 2e3:

Encontro na casa do Sr. José Pedro, Sítio Colônia -Jupi - PE 12 a 14:

Encontro Regional NE II deCEBs (Zona da Mata) - Jaboatão - PE

Tema: CEBs e Movimen- tos na área canavieira. 14 a 16:

Parada da Equipe Dio- cesana da ACR - Bacabal - MA 16 a 18:

Encontro da Região de Mato Grande - João Câma- ra - RN

25 a 29:

Semana Teológica - Ba- cabal - MA.

ANIVERSÁRIOS

Com grande alegria lem- bramos dos aniversários dos nossos queridos com- panheiros e companheiras: 14/03 - Janduy M. Lemos 15/03 - Pe. Raimundo 05/04 - Ir. Adriana 13/04 - Geraldo Santos 14/04 - Gorete Liberato 29/04 - Eliane Maranhão

Queremos lembrar que Janduy e Eliane fazem par- te do Secretariado da ACR e têm se dedicado com muito carinho a este servi- ço que é muito importan- te na nossa caminhada. Gorete também por muito tempo esteve conosco, com esta mesma dedicação. Parabéns queridaslll

Desejamos à Ir. Adriana e Pe. Raimundo, fidelidade

foi bonito ver o povo na rua. Foi bonito ver a solidariedade dos amigos, dos movimentos e enti- dades populares. Foi significanti- va a presença de vários padres da diocese e do bispo Dom Jorge Tobias, bem como dos padres que vieram de fora representan- do os movimentos.

As manifestações do dia do enterro e da missa de 7? dia, foram um grande sinal da união dos pequenos. Foram um sinal de que a morte de Evandro sur- tiu o efeito contrário do que "eles" esperavam: ao invés de amedrontar e fazer o povo se es- conder, fez o povo vir às ruas de- nunciar a violência e reafirmar o seu compromisso de continuar firme na luta.

noserviçoaopovode Deus. A você Geraldo, muita

firmeza na luta da classe trabalhadora.

Nos alegramos, junto com vocês, por suas vidas.

Ainda em março, com- pletou mais um ano de vi- da, o Machadinho. Fruto do amor de Rosa e José Machado. Ele representa para nós uma grande espe- rança.

UMA GRANDE ALEGRIA!

Nasceu no dia 22/02 o André, filho de Manoel Santos e Zezê.

No dia 12/03 também chegou esta mesma felici- dade na casa de Adelson e Leda.

Com vocês, queremos celebrar estas vidas como sinal da presença do Reino de Deus em nosso meio.

Parabéns!

Março/Abril GRITO no ^' —no» not?DC5TC -

19:

POLICIA PRENDE LAVRADORES

NO PIAUÍ No Piauí, como em todos os estados do Brasil, os la-

tifundiários continuam na sua corrida louca em busca das terras dos lavradores.

Nas comunidades de Olho D'Âgua e Corgo, municí- pio de Campo Maiof, a repressão policial vem tirando o sossego dos trabalhadores. Dois lavradores foram presos quando preparavam o terreno para o plantio. Por-trás dessas prissões está a ganância de "dona" Marta, grande latifundiária, conhecida em todo o estado do Piauí. Insa- tisfeita com a grande quantidade de terra que já possui, "dona" Marta quer agora apropriar-se destas terras que são públicas e que vêm servindo como meio de vida dos lavradores.

O Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Campo Maior já tomou as providências. Libertou da prissão os lavradores e continua apoiando a luta pela terra.

POSSEIROS AMEAÇADOS, EXIGEM

DESAPROPRIAÇÃO Há dois anos que os pos-

seiros da Capoema, em San- ta Luzia—Maranhão, ocupa- ram uma área de 255 alquei- res, que era -improdutiva. São aproximadamente 600 (seiscentas) famílias que plantam lavoura branca, plantas de raiz e criam ani- mais de pequeno porte. Es- tas famílias desejam viver livres e não trabalhar mais sujeitas aos latifundiários. Exigem a desapropriação desta área, acompanhada

de recursos que dê condi- ção ao trabalho da agricul- tura, como: financiamentos, armazenamento em coopera- tivas, assistência médica e es- cola, etc.

0 clima é de forte tensão. Os posseiros são constante- mente ameaçados de despe- jo reprimidos pelos pistolei- ros e pela polícia, a mando dos fazendeiros. Desarmados, os posseiros não têm como se defender dessas ameaças.

Trabalhadores Rurais — Vareio de Cima

CONFLITO NA FAZENDA VARELO DE CIMA

A Fazenda Vareio de Cima fica no município de Araruna, já no limite do RN e tem 164 hectares. Moram ali 16 famílias, umas já há 30 anos.

Na semana santa de 1985, o dono mandou plantar capim den- tro da lavoura dos posseiros. O antigo proprietário vendeu a fazenda a Rogério e Anísio do Carmo de Oliveira e Renato e Carlos Macedo de Oliveira que começaram agir com violência contra os trabalhado- res soltando o gado dentro da lavoura e com pistoleiros armados para amedrontar os posseiros.

A violência continuou no ano de 86. Ameças aos agentes de pas- toral, e aos trabalhadores — tiros durante à noite, lavouras arrancadas, animais roubados e caminhos fechados. Um dos proprietários monta- do a cavalo pisou uma criança filha de um morador. E ainda armados, com tratores e capangas aterraram o barreiro da comunidade. Nessa ocasião uma mulher sofreu um aborto e por causa da tamanha vio- lência chegou até a vomitar sangue.

Os posseiros acompanhados pelos grupos de apoio, foram várias vezes ao INCRA e à FETAG. Eles conseguiram que o processo de de- sapropriação fosse aprovado pela Comissão Estadual e levada para Brasília.

No sábado dia 14/02 a situação se agravou durante a celebração da missa por D. Marcelo, bispo de Guarabira. Nessa ocasião chegou ao local um carro com 3 homens armados. Um deles, bem vestido, gritava palavrões e ameaças contra o bispo e o pessoal que estava na celebração. Criou-se um pânico. E como o agressor continuasse ame- açando atirar, um grupo de homensque participava da celebração diri- giu-se a ele, munidos de pau e pedras para desarmá-lo, tentando pro- teger a comunidade e o bispo. O agressor disparou um tiro que atin- giu a cabeça do agricultor José Freire de Avelar, provocando forte sangramento. Os homens conseguiram derrubar por terra o agressor que fugiu logo em seguida deixando o carro no local da celebração.

Os posseiros da fazenda Vareio de Cima continuam unidos e es- peram a desapropriação da terra.

NA TERRA, A VIOLÊNCIA DOS LATIFUNDIÁRIOS O A região de Touros e Pureza-RN, tem sido uma das mais afetadas por questões de terra, de 8 anos para cá. Os traba- lhadores contam com a vitória de 6 conflitos, porque resis- tiram e permaneceram na terra. Ainda contam com mais 5 conflitos nas seguintes propriedades: Reduto de Tábua, Serra Verde, Lagoa de Coelho, Lagoa do Sal e Baixa Gran- de.

A Fazenda Lagoa do Sal, município de Touros, foi ocu- pada por 28 famílias há mais de 14 anos. O proprietário, Joaquim Viturino Filho, usou a polícia para prender os tra- balhadores, ameaçando-os de morte.

Por conta desta pressão, 14 famílias foram obrigadas a deixar suas terras.

O antigo proprietário vendeu a fazenda ao Dr. Ronaldo, grande latifundiário, que junto com a polícia e o Juiz da Comarca espancaram os trabalhadores. Por fim, o Juiz de- cretou uma ação de despejo.

Após tentativas inúteis no tribunal, o Sindicato e a Fe- deração dos Trabalhadores na Agricultura-RN, entraram com uma Ação de Desapropriação por Interesse Social. Conseguiram uma área de 299 hectares. Por cpnta do decre- to de desapropriação, o proprietário ficou desesperado. A- meaçou de morte, Manoel Edmilson de França, Damião de França e mais 4 trabalhadores. No dia 20 de dezembro/86, Edmilson foi agredido barbaramente pelos capangas Expe- dito Tomás e outro. Os capangas, armados, atiraram em Edmilson deixando-o morto. Na ocasião, mais três trabalha- dores ficaram feridos. Entre eles, o pai de Edmilson.

Na Missa de 7° dia celebrada por D. Costa, e no Ato Público, os trabalhadores reafirmaram o compromisso na luta pela terra. "Continuamos na lutai Na fé, vamos vencer, pois não há vitória sem luta".

10 CRITQ lOROC noRDClTC- Março/Abril

DIA INTERNACIONAL DA MULHER

No domingo 8 de março, 200 mulheres, trabalhadoras rurais, foram às ruas de Bom-Jardim para protestar contra o desemprego, a falta de terra, o salário miserável que é pa- go às professoras (200 cruzados para as formadas e 100 pa- ra as leigas), a violência praticada contra a mulher.

A manifestação começou com a celebração da missa se- guida de uma passeata pelas ruas da cidade e terminou com um ato público. No ato público muitas mulheres fizeram oiscursos sobre os Direitos da Mulher; a Assistência Social às mulheres do campo; os problemas de saúde e Assistência Médica.

A manifestação foi organizada por uma comissão de mulheres junto com a Diretoria Sindical dos trabalhadores rurais.

As mulheres entregaram ao prefeito um documento com as seguintes reivindicações: — Construção de uma fábrica de doces(na região tem mui-

tas frutas). — Cursos de corte e costura, artesanato e bordado;

— Funcionamento do hospital que foi construído há mais de 20 anos e jamais funcionou;

— Transporte para as comunidades rurais.

ENTIDADES DO CAMPO SE ARTICULAM

NO PIAUÍ Aconteceu nos dias 09,

10 e 11 de fevereiro de 87 em Teresina, o Encontro das Entidades e Movimen- tos Populares do Estado do Piauí.

"Neste encontro fizemos um levantamento dos traba- lhos realizados em 86, e as perspectivas para 87. Cons- tatamos que neste encontro estavam presentes muitos Movimentos e Entidades do Piauí como: CEPAC,CPT, CÁRITAS, ACR, MEB-Te- resina, MEB-Picos, MST, CUT, CAMP, CEPES e CE- PAVA.

No final do encontro vi- mos que este é um avanço grande na caminhada das Entidades e Movimentos po- pulares no Brasil. Quando acontece um encontro des- ta natureza com o objetivo de avaliar e planejar juntos é porque os interesses são comuns".

Destacou-se nesfe encon- tro o empenho muito gran- de de todas as Entidades e

Movimentos presentes, em centralizar forças numa aju- da para que a CUT-Piauí, Rural e Urbana seja mais autônoma, mais forte e pos- sa ser uma Entidade de Clas- se que tenha condições de lutar pelos interesses desta classe. Dentre os planos, fi- caram propostas como: . Estruturação da Secreta-

ria . EstruturaçãodaAssessoria

Jurídica . Estruturação da Asses-

soria Contábil . Estruturação de CUTs

Regionais. Destacou-se também a no-

tícia da criação do Secreta- riado Estadual da ACR no Piauí. Uma decisão do Regio- nal NE IV da ACR que fa- voreceu uma articulação e reconhecimento maior do Movimento no Estado. Foi bonito quando as Entidades e Movimentos prometeram de repassar contatos existen- tes na região de Água Bran- ca para a ACR.

XUKURU- KARIRI - AL Valorize o índio pela sua tradição e iuta pela sobrevivência

SEMANA DO ÍNDIO Todos os anos o Cl Ml (Conselho Indigenista Mis-

sionário), órgão ligado a igreja que trabalha com a questão indígena, juntamente com a CNBB promo- vem a Semana do índio, com o objetivo de divulgar e refletir sobre a problemática do índio, de forma mais intensa.

Este ano a Semana do índio acontece de 19 a 26 de abril e o seu tema está relacionado com a Consti- tuição, na esperança de que junto com os lavradores, os sem-terra e os operários, os índios tenham seus di-1

reitos garantidos e respeitados. O Movimento Indíge- na através da UNÍ-União das Nações Indígenas, elabo- rou um "Programa Mínimo" que deverá ser abordado na Nova Constituição, com os seguintes pontos: 1. Reconhecimento dos direitos territoriais dos povos indígenas, como primeiros habitantes do Brasil.. 2. Demarcação e garantia das terras indígenas. 3. Usufruto exclusivo pelos povos indígenas das rique- zas naturais existentes no solo e subsolo dos seus ter- ritórios. 4. Reassentamentq, em condições dignas e justas, dos posseiros pobres que se encontram em terras indígenas. 5. Reconhecimento e respeito às organizações sociais e culturais dos povos indígenas, com seus projetos de futuro, além das garantias de plena cidadania.

Os povos indígenas do Nordeste foram os primei- ros a terem suas_ terras invadidas pelo colonizador branco, tendo como conseqüência disso milhares de mortes e uma destruição de grande parte de sua cultu- ra. Apesar da grande força do colonizador encontra- mos hoje 23 nações indígenas no Nordeste que conti- nuam resistindo e lutando pela preservação de sua cul- tura, auto-determinação e posse de suas terras.

Das 23 nações indígenas existente no Nordeste apenas 6 têm suas terras demarcadas e os conflitos com fazendeiros e posseiros continuam a existir. Além disso a extensão da área indígena é pequena em rela- ção a sua população. O Governo Federai adota uma postura de total desrespeito para com os direitos e cultura do índio, querendo descaracterizá-lo e ingres- sá-ío no seu mundo capitalista.

Caixa Postal 11-1159 mgasam 70.084 - Brasil ia-DF

CM DEFESA DA CAUSA INDlCtNA

Marco/Abril CRiTOa, toic- 11

LEIGOS DO BRASIL Fala-se muito em leigos

na Igreja hoje. Dioceses, Assembléias Regionais e Nacionais fazem encontros e estudos sobre esse assunto. Em outubro de 1987, será realizado em Roma um sínodo dos bispos sobre "vçcaçao e missão dos leigos na Igreja e no mundo, vinte anos depois do Concilio Vaticano II. Sínodo significa encontro e reunião de pessoas que caminham em comum. 0 sínodo que está se preparando, vai reunir com o papa representantes dos bispos do mundo inteiro. Juntos vão conhece/ e estudar melhor o assunto da participação dos cristãos e dos leigos, em particular na missão da Igreja no mundo de hoje.

Armando, esposo, pai de família, pequeno agricultor, vive na Paraíba onde cultiva- um sítio. Ele é animador da comunidade cristã do município, ajudando nas celebrações e preparação dos sacramentos. Mas a consciência que adquiriu nas reuniões da A.C.R., lhe fez descobrir a necessidade de viver comprometido com as situações e as lutas que o povo do lugar está enfrentando para sobreviver. Como cristão, quer sempre mais se engajar no sindicato, nos partidos políticos, nas greves e combates dos trabalhadores, em vista de condições de vida e de terra.

É nessa realidade que, com ajuda dos companheiros e do Movimento descobre os apelos de Deus no mundo de hoje... São muitos, em todos os estados que se- encontram em reuniões de comunidades ou movimento de Evangelização para viver melhor o serviço dos irmãos animados e mantidos pela fé em Jesus Cristo no mundo de hoje.

Partindo desse exemplo, podemos definir o que caracteriza os leigos, em particular em nosso meio rural. O Concilio Vaticano 11 nos lembra que antes de tudo a Igreja é o Povo de

Família do Engenho Tapírama de Baixo — Goiana-PE

Deus inserido no mundo de hoje, povo constituído por todas as pessoas que conhecem e aceitam Jesus Cristo e o Evangelho. Por essa razão querem fazer aparecer o Reino de Deus nas situações de vida e constituir o Corpo de Cristo. O fato de ser batizado e confirmado torna todo cristão responsável dessa missão de Jesus Cristo. Para realizar isso, homens e mulheres que constituem o povo de Deus devem descobrir neles os dons (ou carismas) que o Espírito Santo coloca neles para que participem da construção da Comunidade Cristã que é o corpo de Cristo. Alguns desses ministérios (ou serviços) têm mais importância e merecem uma delegaçãoeum compromisso especial, marcados por uma ordenação. Assim são escolhidos e enviados em nome das comunidades cristãs bispos, padres e diáconos. Mas todos os cristãos recebem dons que devem descobrir e viver para o melhor serviço das comunidades e dos homens de hoje.

A palavra "leigo" tem origem numa outra da língua grega: "laos" que significa POVO. São chamados leigos os fiéis da Igreja que vivem

a missão do cristão na vida comum de todos os dias:

família, comunidade, trabalho, classe social, compromissos com os homens que hoje lutam por

mais justiça, reconhecimento dos direitos de todos nos movimentos populares, sindicatos e partidos políticos. Nos textos da Igreja como os do Concilio ou do papa e bispos essa vida comum no mundo é chamada secular. "O caráter secular é o caráter próprio e particular dos leigos (Lumen Gentium") de Vaticano 11. Isso não impede o leigode dedicar-se também, à animação da comunidade cristã como nas comunidades de base, na catequese ou na liturgia. Da mesma maneira, o padre consagrado ao serviço dos fiéis na vida da Igreja, tem que assumir as suas responsabilidades de

BC

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cidadão e de membro do mundo onde vive. Mas tem que fazer isso respeitando a sua missão de serviço a todo o povo de Deus. O leigo, vive plenamente sua vida onde vivem os homens de seu meio ou de sua classe. É nesse serviço, nesse encontro, na caminhada libertadora com todos os outros, que ele vive a sua vida e é, ao mesmo tempo, testemunho do Cristo vivo que o anima.

Emoutros artigos veremos os aspectos diversos e essenciais da Missão do leigo hoje e a necessidade de adquirir com os companheiros uma formação humana e cristã adaptada ao mundo de hoje. Para isso vai precisarde uma ajuda sempre maior do ministério do padre e do bispo para se manter fiel à realidade da vida e a missão de evangelização nessa realidade.

12 ÇRü^w Março/Abri

Como anda a Constituinte? Muita coisa já foi dita e discutida

sobre CONSTITUINTE. Não podemos esquecerque a "ASSEMBLÉIACONS- TITUINTE" já nasceu defeituosa. Na verdade, é um CONGRESSO. É bom lembrar que são 559 Congressistas— Constituintes. Eles representam, lá dentro, os diferentes grupos políticos (leia o GRITO nP 93 - página Central).

Mas, como anda mesmo a Consti- tuinte? Precisamos entender os últi- mos acontecimentos. Desde a abertura dos trabalhos no Congrosso Constituin- te que a discussão maior se deu em ci- ma da aprovação do Regimento Inter- no. Cozinhou muito! Ora, porque to- da esta discussão? O que está por trás de tudo isto? O que está, de fato, a- contecendo dentro do Congresso Cons- tituinte?

As maiores discussões aconteceram em volta das seguintes questões: 1.A ELEIÇÃO DO PRESIDENTE

DA CONSTITUINTE - Foi eleito ULISSES GUIMA-

RÃES, mesmo contra a atual Constitui- ção. Se a atual Constituição fosse respeitada, Ulisses Guimarães não poderia ser eleito. Ele recebeu apoio do PDS, PFL, PTB e PMDB. - Perderam FERNANDO LYRA

(que fez alianças mais à esquerda) e o candidato do PDT (LYSANEAS MACIEL — lançado de última hora).

2.0 DIREITO DO VOTO DOS SE- NADORES BIÔNICOS ELEITOS EM 1982 Os senadores biônicos são aqueles

que estão participando de forma ile- gítima, isto é, não foram eleitos para participar da Constituinte. Por isso, constituintes de vários partidos levan- taram a questão de que eles não deve- riam ter direito a voto. Houve muita brigai Foi colocado em votação: 126 constituintes votaram contra o di- reito de voto destes senadores. No entanto, venceram os conservadores: o direito de voto foi assegurado. Mas foi uma grande vitória ter colocado em votação. Com isso, Sarney se sen- tiu "Traído". _ 3. APROVAÇÃO DO REGIMENTO

INTERNO DA CONSTITUINTE O Regimento Interno é um conjun-

to de regras que determinam a manei- ra de se trabalhar. O senador (PMDB- SP), FERNANDO HENRIQUE CAR- DOSO, foi encarregado de apresen- tar uma proposta de Regimento In- terno. Muita coisa foi logo discutida e aprovada. Por outro lado, pontos importantes como a Soberania da

Constituinte e outros só foram resol- vidos no dia 11 de março.

3.1 A Questão da Soberania da Consti- tuinte

Esta foi uma das questões mais dis- cutidas. Afinal, a CONSTITUINTE es- tá ou não acima da atual CONSTITUI- ÇÃO? O parágrafo 7° do Artigo 57 do Projeto Original, garantia ao Congres- so Constituinte, soberania (todo poder) para modificar qualquer artigo da atual Constituição. Com o Congresso Cons- tituinte soberano, a ALA ESQUERDA (mais avançada) pretendia eliminar de imediato o "Lixoda Ditadura Militar". Por exemplo: Lei de Segurança Nacio- nal, Decretos Lei, Lei de Greve, etc. Mas, a emenda aprovada, dá aos Cons- tituintes poderes apenas para reagir diante de alguma ameaça aõs seus tra- balhos. Esta emenda foi aprovada por 394 votos contra 78 do PT, PCB, PDT, PC do B e poucos do PMDB. 3.2 Outros Pontos Aprovados

. A Câmara e o Senado funcionarão às segundas-feiras e, sempre que neces- sário. Isto atrapalha os trabalhos da Constituinte.

. Venceu a proposta dos Constituin- tes mais progressistas: formação de 8

comissões de trabalho. Cada comissão vai discutir um tema e depois colocar na grande plenária (discussão maior).

. O Movimento Popular poderá apre- sentar emendas à Constituição, desde que o documento seja assinado por 30 (trinta) mil eleitores. 4- AS INTERFERÊNCIAS DE

SARNEY NA CONSTITUINTE Sarney não é constituinte. Não po-

de entrar pela porta e tenta entrar pela janela:

— Ele está articulando os setores mais conservadores, contra a ala mais avançada do Congresso.

— Ameaçou fazer alianças (que já existe) com os militares se o PMDB não controlasse a tentativa que a es- querda está fazendo para remover o "Lixo da Ditadura Militar".

— Passou a escolher o líder do go- verno, sem a indicação do PMDB e contrariando a opinião de Ulisses Gui- marães. 0 líder foi Carlos SanfAnna (Deputado Federal-BA) com a missão de articular um bloco partidário gover- nista supra-partidário dentro da Cons- tituinte;

— Está tentando dividir o PMDB e articular o PFL, PTB, PL e setores do PMDB para formar um novo partido, que dê apoio a ele.

— Teve forte interferência na deci- são do funcionamento da Câmara e Senado Federal.

Como podemos ver, não devemos alimentar ilusões. Lá dentro, contamos com um pequeno grupo que está lutan- do para que as reivindicações dos tra- balhadores sejam ouvidas. Só a força do Movimento Popular organizado po- de fazer pressão, no sentido de que sejam elaboradas Leis mais favoráveis à classe trabalhadora.

PARA REFLETIR COM OS COMPANHEIROS

1. Você está acompanhando as discus- sões do Congresso Constituinte?

O que você sabe sobre isso?

2. Será que esta Constituinte terá realmente força para acabar com o "lixo da ditadura"?

3. Será que podemos concentrar todas as nossas esperanças para dentro da Constituinte?

4. O que a gente não está entendendo? Vamos conversar mais com os compa- nheiros e ver o que ainda podemos fa- zer?