Movimentos Populares Na Idade Média - Resenha

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    AUTARQUIA BELEMITA DE CULTURA, DESPORTOS E EDUCAÇÃO - ABCDE

    CENTRO DE ENSINO SUPERIOR DO VALE DO SÃO FRANCISCO – CESVASF

    CURSO: LICENCIATURA EM HISTÓRIA

    ANTONIO PEREIRA DE QUEIROZ

    MOVIMENTOS POPULARES NA IDADE MÉDIA

    (RESENHA)

    Belém do São Francisco2014

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    ANTONIO PEREIRA DE QUEIROZ

    MOVIMENTOS POPULARES NA IDADE MÉDIA

    (RESENHA)

    Resenha apresentada como requisito parcialpara conclusão da disciplina de HistóriaMedievo cidental! do curso de "icenciaturaem História do #$S%&SF' So( orienta)ão da*ro+essora da disciplina &parecida S,'

    Belém do São Francisco2014

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    MOVIMENTOS POPULARES NA IDADE MÉDIA

    MACEDO, -osé Rivair! 1./2 Movimentos populares na dade Média -osé Rivair 

    Macedo' 333 2 $d São *aulo 5 Moderna! 2006' 3 7#ole)ão desa+ios8'

    7-osé Rivair Macedo licenciado em História pela 9niversidade de Mo:i das #ru;es 7S*8 e rande do Sul' ? sócio3correspondente da &cademia *ortu:uesa da História e pesquisador do

    #onselho @acional de

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    @a &nti:uidade elementos essenciais da estrutura sócio3econKmicas vinculavam3se

    ao campo'

     &través das :uerras or:ani;adas pelo $stado! e sustentadas pelo eDército! Roma

    canali;ava rique;as! tri(utos! sLditos e! principalmente! escravos'

    mpério Romano estava desmoronando' Sua eDpansão territorial deiDava de

    ocorrer' a(astecimento dos escravos +oi en+raquecido' peso da m,quina do

    $stado continuou o mesmo! sem encontrar apoio nas estruturas sócio3econKmicas!

    entrando num lento processo de en+raquecimento' valor dos impostos :erou

    :reves convulsEes sociais' eDército! mal pa:o! escapou do controle dos

    imperadores'

     &s re:iEes conquistadas ou re(eladas! eDi:iam constante vi:ilncia'$m meio N crise interna! outro pro(lema5 povos (,r(aros! em :eral mi:raram para

    dentro das +ronteiras romanas! paci+icamente com as popula)Ees do império ou!

    então! dominando3as depois de inc=ndios e pilha:ens'

    #om a queda de Roma em 4J/! o poder polAtico tornou3se descentrali;ado' &

    autoridade polAtica deiDou de ser eDercida apenas por um che+e 7o imperador8!

    passando para v,rios reis! cada um em seu próprio reino'

    Séculos mais tarde! no apo:eu do +eudalismo! a autoridade dos reis aca(oupassando Ns mãos de v,rios senhores de cada um dos reinos'

    @o inAcio do século O! um dos reinos (,r(aros :anhou importncia na $uropa5 o

    reino dos +rancos' @o :overno de #arlos Ma:no! na verdade! tornou3se um novo

    império5 mpério #arolAn:io'

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    #om a queda do império Romano! houve uma reviravolta muito :rande no cidente'

     &s rela)Ees comerciais e o artesanato ur(ano se en+raqueceram' &s cidades

    lentamente perderam parte consider,vel da popula)ão! pois um :rande nLmero de

    pessoas mi:rou para o campo' &s rela)Ees econKmicas tornaram 3 se quase que

    eDclusivamente rurais'

     &o lon:o na &lta dade Média! as atividades a:r,rias proporcionavam em :eral um

    (aiDo Andice de produtividade' &s pessoas plantavam e colhiam visando

    (asicamente ao necess,rio para a so(reviv=ncia' & terra representava o principal

    indicador de rique;a' & posi)ão social e econKmica de um indivAduo ou de uma

    +amAlia dependia da quantidade e da qualidade da terra possuAda'

    @uma época de :uerras constantes! di+iculdades econKmicas! e inse:uran)a :eral!inLmeros camponeses pre+eriram perder a propriedade Ns ve;es a própria

    li(erdade em troca de se:uran)a'

     & i:reCa! representante da reli:ião o+icial adotada na $uropa desde o século %! +oi a

    Lnica institui)ão que conse:uiu! (em ou mal! manter3se unida! adquirindo :rande

    independ=ncia em rela)ão aos reis' endo3se tornado uma :rande possuidora de

    terras'

     & :reCa acumulava! ao mesmo tempo! :rande autoridade reli:iosa e tam(ém umaautoridade polAtica! sendo a principal de+ensora dessa +orma de or:ani;a)ão social'

     N"1" !"#$%, %"1" $#."

    *or isso vamos o(servar que do século O em diante! o panorama da $uropa so+reu

    :randes trans+orma)Ees'

    A 10&+ %" 2+#."

    *odemos apontar aumento da popula)ão de toda a $uropa! de toda cristandade

    como um dos sinais dessa pro+unda trans+orma)ão'Mais pessoas! mais (ocas para comer! mais tra(alho! novas mudan)as'

    @a +ase da idade Média #entral! a popula)ão cristã duplicou'

    G'''o aumento populacional é um dado inquestion,vel' nLmero de ha(itantes da

    $uropa por volta do ano de 1000 com o de 1600 veremos que o acréscimo

    populacional che:ou a aproDimadamente 260P'

    utros indAcios da trans+orma)ão5 aper+ei)oamento das técnicas de cultivo e dos

    instrumentos a:rAcolas na +a(rica)ão de +erramentas como enDadas! rastelos e

    +orcados! ou de equipamentos como a charrua! o arado :rande com rodas e pontas

    de metal'

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    sistema trienal su(stituiu a +orma de cultivo anterior! chamada de rota)ão (ienal' &

    nova técnica era melhor! pois permitia um maior aproveitamento do solo! +acilitando

    a varia)ão das culturas5 poderia ser plantados cereais di+erentes ou! então! cereais e

    le:umes ao mesmo tempo'

    O R$%+20#$%" '3+%"

    Bene+iciadas pelo dinamismo econKmico rural! as cidades voltaram a atrair um

    nLmero cada ve; maior de pessoas! servindo novamente de ,reas de atra)ão

    populacional'

    @o sul! os mu)ulmanos! que desde o inAcio do século % ocupavam (oa parte da

    *enAnsula (érica! +oram vencidos! eDpulsos ou dominados pelos :uerreiros cristãos!

    a(rindo espa)o para o aparecimento dos reinos cristãos! como #astela! &ra:ão e*ortu:al'

     &s cru;adas! eDpedi)Ees armadas com o(Cetivo de com(ater os mu)ulmanos e

    li(ertar -erusalém no riente Médiop! +oram or:ani;adas por papas! imperadores ou

    reis' & primeira decretada por 9r(ano em 1.0Q! resultou na conquista de

    -erusalém! em 10..! e a Lltima liderada pelo rei +ranc=s São "uAs! terminou em

    12J0' =nova! na t,lia! mencionam no século O a palavra

    bancherius! 7o homem da (anca8 que desi:nava inicialmente um simples cam(ista!

    um trocador de dinheiro'

    S$ 2+#."%4 %+ E'".+ /$'&+*

     &o +alar das camadas populares medievais! pensamos lo:o nos camponeses'

     &pesar do renascimento ur(ano! a $uropa medieval continuou tendo uma popula)ão

    maior no campo do que nas cidades'

    s camponeses rece(iam v,rios nomes' @os documentos da época! eles apareciam

    desi:nados pela palavra ‘rústicos’, ‘vilãos’  porque viviam em :eral numa Villa! num

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    domAnio rural! so( a autoridade de um senhor'outras ve;es ao +alar do homem do

    campo! usavam simplesmente a palavra ‘pobre’ '

    D$.$%&4%20+ .$"+* $ $5.*"+6" $2"%7#02+

    $ra raro os camponeses possuAam plenamente a terra em que tra(alhavam' $m

    :eral deviam o(edi=ncia! o(ri:a)Ees e impostos ao senhor da tenência  em que

    moravam! plantavam e colhiam' Tenência! manso ou casal eram nomes dados N

    parte da propriedade senhorial entre:ue Ns +amAlias de tra(alhadores'

     & palavra servus provém do latim e si:ni+ica escravo' *orém escravo e servo não

    são a mesma coisa' *artindo do ponto de vista CurAdico! o escravo não possui

    li(erdade al:uma! sendo uma propriedade de al:uém' servo é uma pessoa

    semilivreT não possui li(erdade plena! mas tam(ém não é um mero instrumento detra(alho' &lém do servo! havia os camponeses livres! pequenos propriet,rios que!

    entre:ando suas terras a um senhor poderoso em troca de prote)ão! continuaram

    tra(alhando nas mesmas terras! na condi)ão de arrendat,rios'

    s camponeses dessa cate:oria são desi:nados como rendeiros ou foreiros! isto é!

    homens livres devedores de uma parte +iDa da popula)ão ao senhor'

    U" $ +3'" &" +3+*!" 2+#."%4

    @o perAodo +eudal! todos os camponeses que viviam dentro de um senhorio eram+or)ados a entre:ar parte do produto do seu tra(alho aos senhores'

    @o caso dos servos! além das o(ri:a)Ees devidas! eles prestavam periodicamente

    servi)os :ratuitos e o(ri:atórios na parte da propriedade so( controle direto do amo'

     & corveia! nome dessa espécie de o(ri:a)ão! consistia em tra(alhos diversos na

    reserva senhorial! como a colheita e o plantio! a derru(ada de ,rvores! o transporte

    de mercadorias! o conserto de estradas! pontes ou diques nas depend=ncias do

    +eudo' senhor +eudal era! ao mesmo tempo! o propriet,rio e o representante do poder 

    pL(lico' $le eDercia so(re todos os seus homens o direito de ban! isto é! de aplicar a

     Custi)a e de prote:=3los' $m troca! os ‘protegidos’  deviam uma série de o(ri:a)Ees

    ao protetor' *a:avam anualmente pela prote)ão pessoal! pela se:uran)a'

    s +uncion,rios a servi)o do senhor +iscali;avam a circula)ão de mercadorias!

    eDtraindo a parcela senhorial' &té mesmo a passa:em pelas pontes! controladas

    pelos +uncion,rios! devia ser pa:a 7o que lem(ra va:amente o ped,:io atual8'

    @o caso de prisão do senhor! deviam cola(orar no pa:amento do res:ate'

    $m :eral! quando o servo morria! o senhor tinha o direito de rece(er uma

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    importncia dos descendentes do +alecimento ou! então! +icar com o (em mais

    valioso da +amAlia'

    $nquanto o campon=s livre devia rendas +iDas em virtude do uso de terra alheia e da

    prote)ão rece(ida! o servo! além de estar suCeito a essas o(ri:a)Ees! devia pa:ar 

    muitas outras taDas pelo +alo de ser um ‘homem’  do senhor'

    @a n:laterra! quando a concu(inaT isto é! a companheira! de um servo +icava

    :r,vida! o senhor tinha o direito a uma taDa' *ortanto! antes mesmo de nascer! o

    +ilho do servo estava suCeito ao senhor pela condi)ão de não3livre'

    @a $spanha! quando a mulher de um servo cometia adultério! o senhor tinha direito

    a uma indeni;a)ão' Havia ainda o direito do amo N primeira noite com a mulher do

    servo' *ara não se suCeitar a isso! nova indeni;a)ão deveria ser pa:a'#omo podemos ver! a condi)ão dos camponeses no perAodo +eudal era desumana'

    peso das o(ri:a)Ees a que estavam su(metidos era muito :rande' @o caso dos

    não3livres! pior ainda' &s o(ri:a)Ees a(usivas e a marca ver:onhosa da servidão

    mantinha3nos numa situa)ão de in+erioridade total em rela)ão aos poderosos'

    O .$" $ " 1+*" &+ *03$&+&$

    @ão sa(emos muito a respeito dos movimentos camponeses! mas! durante a dade

    Média! não +altaram momentos de tensão entre os po(res do campo e os senhoresO .0#$0" *$1+%$ $10

     &s reivindica)Ees! protestos e levantes podem ser entendidos como +ormas de

    oposi)ão dos eDplorados contra as determina)Ees a(usivas da classe dominante'

    $ntre os séculos O e O! N medida que o sistema +eudal :anhava lentamente os

    seus contornos! a pressão dos senhores so(re os camponeses aumentava cada ve;

    mais' & cada nova eDi:=ncia! maior o la)o de depend=ncia e maior a eDplora)ão'

    s con+litos ocorriam em :eral quando os senhores determinavam o(ri:a)Ees queos homens do campo não estavam ha(ituados a cumprir' &s corveias ou servi)os

    pessoais despertaram constantemente a indi:na)ão dos camponeses' #ertamente

    eles lutaram muito contra isso! pois v,rias leis escritas no século O determinavam a

    o(ri:atoriedade desses servi)os' 9ma dessas leis! chamada Edito de Pitres! escrita

    em U/4! condenava qualquer colono que se ne:asse a +a;er tra(alhos manuais para

    os senhores das terras dos imperadores carolAn:ios ou da :reCa'

     & primeira :rande revolta camponesa que se conhece ocorreu na @ormandia! no

    norte da atual Fran)a' $m ../! so( o :overno do duque Ricardo ! os rLsticos

    resolveram eDplorar! por sua própria conta! as +lorestas e os rios' &contece que

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    essas ,reas invadidas +a;iam parte da reserva senhorial' s tra(alhadores não

    podiam entrar nelas sem o consentimento do amo ou sem pa:ar por isso'

     & :uerra contra os camponeses +oi então decretada' s revoltosos or:ani;aram3se

    em assem(léias locais e ele:eram representantes para uma assem(léia :eral'

    movimento se alastrou! mas aca(ou sendo ener:icamente reprimido'

    @o capAtulo 2 tratamos das mudan)as econKmicas e sociais ''' na $uropa a partir do

    século O5 aumento populacional! aper+ei)oamento das técnicas a:rAcolas! eDpansão

    das ,reas eDploradas! renova)ão das atividades ur(anas! importncia crescente da

    circula)ão monet,ria' $ssas modi+ica)Ees! ocorridas no momento do apo:eu do

    +eudalismo! implicaram trans+orma)Ees sociais que viriam a en+raquecer os

    +undamentos do próprio sistema' &cumulando dinheiro! uma parcela dos camponeses teve condi)Ees de adquirir 

    certas independ=ncias! comprando sua li(erdade pessoal'

    processo de monetari;a)ão! que condu;iria lentamente ao capitalismo!

    en+raqueceu as rela)Ees tipicamente +eudais e :erou novas desi:ualdades sociais

    com o aumento da quantidade de assalariados no campo'

    A &$0*'$ &+ 20&+&$

    #om o renascimento da vida ur(ana! ocorrido a partir do século O! uma parcelaconsider,vel da popula)ão trans+eriu3se para as cidades' $stas a(ri:aram! daA em

    diante! um nLmero consider,vel de oper,rios! artesãos! pequenos comerciantes!

    inte:rantes das camadas populares ur(anas'

    @o sistema +eudal criado num mundo rural! as rela)Ees sociais eram pessoais e

    ocorriam de cima para (aiDo5 senhores! vassalos! rendeiros! servos'

     &s primeiras reivindica)Ees ur(anas tiveram o o(Cetivo de diminuir os poderes

    senhoriais' &s comunidades lutaram muito para o(ter isen)Ees de impostos eli(erdade polAtico3administrativa'

    deseCo inicial das cidades era adquirir uma carta de +ranquia' & carta! portanto!

    :arantia maior independ=ncia aos inte:rantes das comunidades ur(anas! que

    poderiam desenvolver melhor suas atividades! livrando3se dos a(usos e da

    eDplora)ão dos senhores'

    s senhores em :eral! e principalmente os reli:iosos! se ne:avam a conceder carta

    de +ranquia' $m muitos casos! esse direito só +oi adquirido após con+litos

    san:rentos' $m 1111 os ha(itantes de #oim(ra revoltaram3se contra dom Henrique!

    conde de *ortu:al5 queriam que lhes :arantisse direitos administrativos' s

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    representantes do conde +oram eDpulsos pela popula)ão para +ora dos muros de

    #oim(ra'

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     &s di+iculdades naturais e a consequente diminui)ão da produ)ão trouDeram um

    cArculo de calamidades5 mortalidade! su(nutri)ão e +alta de resist=ncia dos

    so(reviventes'

    '''nas cidades de Vpres e Bru:es! da rica re:ião de Flandres 7atual Bél:ica8! morriam

    de 1Q0 a 1.0 pessoas por semana'

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    *ara entender os movimentos populares ocorridos nos séculos +inais da dade

    Média! ou seCa! na BaiDa dade Média! precisamos ter em mente mais uma questão5

    a época das revoltas coincidiu com o momento em que renascia a autoridade

    polAtica dos reis'

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    s mercen,rios! soldados pa:os! e os capitães de eDército não poupavam o povo'

     & pilha:em! o inc=ndio e o rou(o! assim como a viola)ão e o estupro! +oram atos

    costumeiros desses pro+issionais da morte'

    O 0#.""

     &s :uerras! o eDército e a centrali;a)ão mantidos pelas monarquias preCudicavam os

    po(res de uma outra +orma! talve; muito mais séria' $ram os sLditos que

    +inanciavam tudo isso' #omoI *a:ando impostosW

    #omo :rande senhor +eudal! o monarca :eralmente tinha rendas pessoais o(tidas

    das terras so( sua administra)ão direta' & partir do século O! além das rendas

    pessoais! os reis come)aram a impor taDas a todas as pessoas do reino! menos aos

    no(res e a al:uns importantes homens da :reCa'Sur:iram impostos diretos! isto é! tri(utos eDi:idos de todos os sLditos pela simples

    ra;ão de +a;erem parte do reino' &s aldeias ou cidades deveriam pa:ar essa taDa de

    acordo com o nLmero de casas eDistentes 7di;ia3se de acordo com o nLmero de

    +o:os! isto é! de lareiras8'

    $sses impostos! diretos! chamados de capita)ão! ou seCa! imposto por ca(e)a!

    poderiam ser o(tidos de duas +ormas5

    X valor total do imposto poderia ser dividido i:ualmente pelo nLmero de moradoresde uma comunidade' @esse caso! o valor a ser pa:o por +amAlia dependia do

    nLmero médio de pessoas por +o:o' sto é! a soma das costas dos +o:os resultaria

    no imposto :lo(al'

    X @um outro caso! o valor a ser pa:o por +o:o variava de acordo com a propor)ão

    de rique;a de cada +amAlia' s mais ricos pa:ariam uma cota superior em rela)ão

    aos mais po(res' &s pessoas eDtremamente po(res! nesse caso! poderiam

    simplesmente ser isentas'$m momentos de di+iculdade +inanceira! os :overnantes autori;avam a emissão de

    uma maior quantidade de dinheiro' &ssim! cunhavam3se novas moedas com o

    mesmo valor o+icial! mas com menor quantidade de ouro ou prata' #onsequ=ncia5

    desvalori;a)ão do dinheiroW

    Havia impostos em :rande quantidade! in+la)ão crescente! viol=ncias da :uerra!

    +ome e pestes'

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    $m 164. apareceram leis no reino de &ra)ão com o o(Cetivo de controlar sal,rios e

    pre)os'

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    $m *aris! uma espetacular eDplosão de iria tomou conta de pelo menos tre;e (airros

    da cidade! causando a morte de aproDimadamente trinta pessoas! entre as quais

    de;esseis Cudeus'

    Se:undo os escritores da época! um co(rador de impostos tentou tomar +rutas e

    le:umes de uma vendedora am(ulante como +orma de pa:amento da :a(ela' &

    mulher come)ou a :ritar &(aiDo os impostos! e +oi o (astantes' & popula)ão correu

    Ns casas dos co(radores! saqueando3as e matando3os'

    9savam paus! pedras e pequenos instrumentos de corte' *orém al:uns +oram

    levados até um arma;ém onde estavam :uardados 6'000 malhos de chum(o 7(olas

    de chum(o atadas a correntes8! armas utili;adas em :uerra'

    *or causa disso a mani+esta)ão +icou conhecida pelo nome de Maillotins! isto é!revolta dos malhos de chum(o'

     & multidão percorria as ruas de v,rios (airros! saqueando as propriedades de

    mercadores e Cudeus e matando3os! assim como aos o+iciais do rei'

    M"10#$%" .".'*+$ '3+%"

    @a dade Média não eDistiam +,(ricas! no sentido moderno do termo' & unidade

    +undamental de produ)ão era a o+icina' & di+eren)a entre a primeira e a se:unda é

    consider,vel! come)ando pela capacidade produtiva5 a +,(rica produ; muito mais' &o+icina assemelhava3se a uma empresa individual' che+e! o mestre artesão!

    possuAa as +erramentas utili;adas no tra(alho! mas nem sempre a matéria3prima!

    que era +ornecida pelo cliente! o comerciante' &ntepassados diretos dos oper,rios

    atuais! tra(alhavam como assalariados nas o+icinas! rece(endo parte do pa:amento

    em aloCamento! vestimenta e alimenta)ão'

     &ssim! em torno da produ)ão t=Dtil! sur:iram v,rias cate:orias pro+issionais de

    artesãos5 os des+iadores de lãT pisoeirosT penteadorasT +iandeirasT tintureiros etecelEes'

     &lém dos tra(alhadores t=Dteis! as cidades a(ri:avam outras cate:orias de artesãos5

    os a)ou:ueiros! sapateiros! +erreiros! pedreiros e tantos outros que se multiplicaram

    nos centros ur(anos! en:rossando a massa do povo miLdo! dos pequenos'

    @o século O! como C, vimos! as corpora)Ees de artesãos come)aram a aparecer 

    no cen,rio polAtico ur(ano' @os séculos se:uintes! essas associa)Ees passaram a

    disputar o poder na administra)ão das comunidades! controladas até então pelas

    +amAlias de :randes comerciantes'

    O +$6" &$ F*+%&$

    15

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    @as cidades da re:ião de Flandres! a ascensão polAtica dos mestres artesãos!

    através das corpora)Ees! ocasionou violentos con+litos' s artesãos deseCavam ter 

    representantes nos :overnos municipais que pudessem prote:er seus interesses' &s

    autoridades rea:iram prontamente! reprimindo as mani+esta)Ees ou! quando não

    podiam +a;=3los! solicitando a aCuda do conde de Flandres ou do rei da Fran)a'

    @o m=s de a:osto! os tecelEes atacaram os representantes do :overno da cidade de

    Vpres! num movimento conhecido pelo nome de YoZerulle' @o m=s se:uinte! a

    recusa ao pa:amento de um imposto deu ori:em a uma :rande su(leva)ão dos

    artesãos da cidade de Bru:es contra as autoridades municipais e contra o próprio

    conde de Flandres'

    O ".$;0" 0+*0+%"@a t,lia! se:undo centro artesanal de peso! a administra)ão municipal permaneceu!

    durante o século O%! so( o poder de indivAduos provenientes das poderosas

    corpora)Ees que dominavam o comércio e a produ)ão de tecidos' *orém essa

    administra)ão de tecidos' $ssa administra)ão não +oi tranquila'

    @o decurso de todo o século! os oper,rios italianos levantaram3se contra os

    :overnos aristocr,ticos'

    s con+litos tornaram3se pro+undamente violentos em meados do século O%'-ustamente nesse momento as epidemias e a +ome casti:avam assom(rosamente a

    popula)ão' &s consequ=ncias sociais desses males a+etaram imensamente as

    camadas populares! em particular na cidade de Floren)a'

    acontecimento mais espetacular ocorreu em 16JU' @esse ano! a ordem polAtica +oi

    colocada em questão pela massa dos tra(alhadores desquali+icados' $sses

    oper,rios miser,veis! chamados !iompi ! que si:ni+icava os descal)os! aca(aram

    conquistando a administra)ão municipal durante al:uns meses's !iompi  revoltaram3se e +ormou3se um novo :rupo de representantes do :overno'

     & nova administra)ão! ao contr,rio da anti:a! contou com inte:rantes de todas as

    corpora)Ees' Foram criadas corpora)Ees de artesãos e até mesmo uma corpora)ão

    para os #iompi'

    O +$6" $ 2"#.+%!$0" +*$#6$

     & outra ,rea de con+lito +oi a atual re:ião da &lemanha'

  • 8/18/2019 Movimentos Populares Na Idade Média - Resenha

    17/22

    $m 16JQ houve revoltas em @odhausen e em Ham(ur:o e os pequenos aca(aram

    vencidos' Mas em outras cidades! como #onstncia! %iena e #olKnia! a vitória cou(e

    aos artesãos'

    eral! podemos di;er que! por volta de 1400! as corpora)Ees de o+Acio

    des+rutavam de prestA:io polAtico na maior parte das cidades alemãs' o(Cetivo dos

    artesãos nunca +oi eliminar completamente os che+es tradicionais' Seu deseCo era

    :anhar espa)o nas decisEes municipais'

  • 8/18/2019 Movimentos Populares Na Idade Média - Resenha

    18/22

    s momentos mais comuns de revolta camponesa eram aqueles em que a car:a

    tri(ut,ria tendia a crescer'

    @ão devemos! portanto! considerar os movimentos camponeses como

    acontecimentos muito di+erentes daqueles ocorridos nas ,reas ur(anas'

    uando uma cidade se re(elava! as aldeias vi;inhas tam(ém entravam em estado

    de re(elião'

    A /

  • 8/18/2019 Movimentos Populares Na Idade Média - Resenha

    19/22

     & causa imediata da revolta esteve mais uma ve; li:ada aos impostos'

    *odemos di;er! então! que a co(ran)a de impostos serviu de causa imediata! mas

    outros motivos mais pro+undos estimularam os rLsticos in:leses a pe:ar em armas'

    @o século O%! na n:laterra! praticamente não havia mais servos' :rande

    movimento de re(eldia! en+im! havia surtido e+eitos'

    O $#$%+ $.+%!=0

    @a $spanha! não houve eDatamente levantes camponeses! mas estes se

    or:ani;avam para lutar pela li(erdade' s con+litos nem sempre +oram armados e

    san:rentos' & luta a(erta eDplodia apenas nos momentos em que a tensão entre

    senhores e camponeses tornava3se muito +orte'

    $m 16.1 havia entre 1Q mil e 20 il pessoas vivendo na condi)ão de remensas camponeses suCeitos ao pa:amento de uma indeni;a)ão em troca da li(erdade

    pessoal' *ortanto remensas era a palavra usada na $spanha para desi:nar a massa

    de servos dependentes' $sse imensos :rupos vivia so( a opressão das imposi)Ees

    a(usivas dos no(res! conhecidas como mau costumes! como vimos no capAtulo 6'

    s con+litos tornaram3se mais violentos de 14Q0 em diante' $m 14/2 os homens do

    campo decretaram :uerra contra os senhores'

    O #0

  • 8/18/2019 Movimentos Populares Na Idade Média - Resenha

    20/22

    composto pelos artesãos e oper,rios não quali+icados! chamados de peEes ou

    arraia3miLda! mantinha3se so( a domina)ão dos :randes'

    Realmente! após 16Q0 cresceu o nLmero de mi:rantes! mendi:os e va:a(undos no

    reino' &l:uns a(andonaram o campo para viver de esmolas em "is(oa ou no *orto'

    utros até se dis+ar)avam de reli:iosos para poder suplicar aCuda sem medo das

    autoridades' $m 16JQ! so( o :overno de dom Fernando! +oi criada a +amosa "ei das

    Sesmarias! nome dado Ns propriedades a:r,rias' #om essa lei! todos os vilEes que

    possuAssem (ens de valor in+erior a Q00 li(ras +icavam o(ri:ados a tra(alhar na

    a:ricultura'

    U# "1$%" 2"%'3+&"

     &s tensEes sociais :anharam intensidade durante o :overno de dom Fernando!Lltimo rei da dinastia de Bor:onha' & inimi;ade entre os portu:ueses e os

    castelhanos deu ori:em a v,rios con+litos armados! al:umas ve;es catastró+icos

    para todo o reino' &s a:ita)Ees tomaram conta do reino! eDplodindo revoltas nas

    cidades de &(rantes! "eiria! *ortel e Santarém! contidas com muito es+or)o pelos

    +uncion,rios da monarquia'

  • 8/18/2019 Movimentos Populares Na Idade Média - Resenha

    21/22

    @uno [lvares *ereira e Cunto a elas estavam os preCudicados pelo alvoro)o na

    popula)ão' @o(res e (ur:ueses +iéis ao novo rei voltaram a assumir o controle dos

    municApios'

     & +orma de co(ran)a de impostos so+reu modi+ica)ão5 a propor)ão dos impostos a

    serem pa:os come)ou a variar de acordo com a rique;a de cada um' s mais

    po(res +icaram isentos'

    @o campo! as reivindica)Ees dos camponeses não pararam de ocorrer' $m 16.1 o

    ta(elamento dos sal,rios! o(ri:atório de acordo com anti:as leis! deiDou de vi:orar'

    @a realidade! a atua)ão das camadas populares deu al:um resultado'

    A +'+*0&+&$ &" #"10#$%" .".'*+$

    (servando a história a partir do presente! é possAvel conhecer de antemão oresultado dos +atos ocorridos' $ntre as +or)as em con+lito! C, se sa(e quais levarão a

    melhor! distin:uindo antecipadamente os acontecimentos importantes! suas

    consequ=ncias e a quem sorrir, o +uturo'

    R$++%&" + $#$*!+%+ 2"# " .++&"

    @a história! não h, apenas vencedores' uando mais insistirmos na perspectiva dos

    dominantes! mais estaremos contri(uindo para re+or)ar as rela)Ees de poder em

    nosso presente' *or outro lado! não (asta sa(er da eDist=ncia dos dominados' ?preciso veri+icar as condi)Ees reais em que a domina)ão ocorreu ou ocorre e

    principalmente! insistir na perspectiva das mani+esta)Ees populares'

    @ão podemos! apesar de tudo! pensar a história como se +osse uma equa)ão

    matem,tica5 dominantes versus dominados é i:ual a revoltas' $studar a história!

    portanto! implica sempre a (usca de semelhan)as e di+eren)as' ? do

    questionamento do presente que sur:em questEes (,sicas a respeito do passado'

    *er:untar' @esse caso! é +undamental'uem pode se esquecer das mani+esta)Ees populares no +inal do século OO que

    culminaram com a queda do muro de Berlim e com supressão das ditadiuras

    socialistas no "este $uropeu'

    @ão é possAvel esquecer! da mesma +orma! a luta contAnua dos ne:ros da [+rica do

    Sul contra o re:ime se se:re:a)ão racial! denominado &partheid' @o Brasil! as

    mani+esta)Ees sociais contra o re:ime militar! que desem(ocaram no inAcio da

    década de U0 no movimento pelas

  • 8/18/2019 Movimentos Populares Na Idade Média - Resenha

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    conteDtos'

    R$/*$0%&" + &0/$$%+ 2"# " .$$%$

    @a dade Média! as revoltas ocorreram dentro do sistema +eudal! marcado pela

    pro+unda descentrali;a)ão polAtica' &s rela)Ees de poder! nesse caso! eram ainda

    de+inidas por la)os pessoais! o que di+icultava a percep)ão das identidades de

    classe e a or:ani;a)ão comum' s movimentos sociais atuais possuem

    or:ani;a)ão! planeCamento e o(Cetivos polAticos (em de+inidos' s oper,rios

    encontram3se or:ani;ados em sindicatos de cate:oria pro+issional e con+edera)Ees!

    isto é! a:rupamentos mais vastos! de representa)ão nacional e internacional'

    s movimentos populares medievais! ao contr,rio! raramente possuAam o(Cetivos

    polAticos claros' Salvo eDce)Ees! os revoltosos não apresentavam uma or:ani;a)ãoduramente o desencadeamento das mani+esta)Ees'

     & revolta de $st=vão Marcel e a -acquerie aconteceram quando o reino da +ran)a

    estava so( ocupa)ão in:lesa e com o rei aprisionado' & Harelle e a revolta dos

    Maillotins eDplodiram no inAcio do :overno de #arlos %! quando este ainda não

    havia se +irmado no poder' & :rande revolta componesa in:lesa ocorreu quando o

    monarca Ricardo tinha apenas cator;e anos'

     & aus=ncia de or:ani;a)ão e planeCamento! assim como a repressão! impedia o+ortalecimento e a continuidade' 9m eDemplo disso +oi a revolta dos oper,rios

    +lorentinos! os #impi! que controlaram o :overno da cidade por al:um tempo' & +alta

    de entendimento entre os che+es do movimento +acilitou a rea)ão da elite! que pouco

    antes havia sido a+astado do poder'

    s camponeses e os artesãos su(levaram3se contra os senhores ou contra a

    reale;a! sem perce(er a estrutura de poder que os envolvia5 o sistema +eudal'

    @ão podemos esquecer Camais que o homem é o a:ente trans+ormador da história'*ortanto é por meio de mani+esta)Ees! reivindica)Ees e participa)ão ativa que o

    povo! no eDercAcio da cidadania! assumir, o seu lu:ar na história'

    *alavras 3 chave5 Movimentos!#ampon=s!"i(erdade!*este!Fome! mpostos

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