MovimentAÇÃO #07

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MovimentAÇÃO - Ano I - Edição 07

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MovimentAÇÃO Periódico do Movimento Champagnat da Família Marista

Província Marista Brasil Centro-Norte Ano I – Nº 7 – Setembro/2007

Movimento em Formação

Algumas reflexões, já em Roma DEPOIS DE MENDES

AMEstaún

A celebração da Assembléia internacional da missão marista é uma fonte que traz, à superfície, águas profundas, descobertas no Concílio Vaticano II.

Houve quem falasse de um novo Pentecostes. Creio que vivemos também e com intensidade uma Anunciação, um novo Belém e um reiterado Magníficat.

Pentecostes? Sem dúvida. Não apenas irmãos e leigos juntos, mas unidos e em verdadeira comunhão. A diversidade de línguas pôs em relevo a unidade de espírito, a universalidade do carisma e da missão marista. Foi uma bela expressão de comunhão do "laos", dos simples, irmãos e leigos em igualdade.

O hino da Assembléia repetiu-se mais vezes como um “mantra”, vivido em contemplação e proclamando “um coração, uma missão”. A vivência da comunhão somente pode ser um presente do Espírito. Por isso, o Magníficat foi entoado espontaneamente, em várias ocasiões, para dar graças a Deus, como Maria, pelo que sucedia.

Vivemos também um nova Anunciação. O anjo institucional aproximou-se de muitos corações para pedir um “sim” generoso para o Senhor.

E um novo Belém. Hoje, a missão marista implica em gerar Jesus, em torno a nós, com a

mesma ternura e entrega que teve Maria. Gerar e dar à luz a vida de Deus, em tantos “Montagne” que encontramos em nosso caminho. A presença das mulheres na Assembléia ressaltou essa dimensão marista e feminina. O carisma Marista, nascido junto a Maria, encerra uma proposta feminina para ser vivida num Instituto de homens.

Algo de novo, em Mendes? Destaco três novidades. A primeira é a

celebração de uma Assembléia centrada na missão, fato inédito, no Instituto. Irmãos e leigos falaram de “santidade”, isto é, de excelência de vida espiritual. Propor a santidade de vida, como meta comum para irmãos e leigos, é compartilhar uma aventura

de fidelidade. Propor santidade de vida, em nossos ambientes educativos de hoje, é fazer propostas que vão contra a corrente. Mas, sinaliza para o essencial de nossa missão, a conversão do coração. Foi uma reflexão feita em linguagem nova para o modo habitual de falar dos irmãos e leigos.

A segunda novidade foi a proposta de uma pastoral vocacional, em que irmãos e leigos são corresponsáveis. Tomamos consciência de que necessitamos de irmãos e leigos que perpetuem o carisma de Champagnat. Isso terá repercussão no modo de viver em família, em comunidade e nos processos de iniciação, vivência e compromisso da fé, para irmãos e leigos.

A terceira novidade é a defesa e promoção dos direitos da criança, como uma irradiação da missão marista. Constitui um chamado nascido no Conselho geral, e que, mediante a Assembléia, adquiriu uma ressonância mundial.

Fonte: www.champagnat.org

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Movimento em Ação

Mensagem aos participantes da Assembléia Internacional da Missão Marista

Estimados irmãos e irmãs na Missão, É com muita alegria que o Movimento

Champagnat da Família Marista da Província Brasil Centro-Norte felicita a cada um e a cada uma pela participação nesta Assembléia Internacional da Missão Marista.

Unidos em oração pelo bom êxito dos trabalhos, desejamos que o Espírito Santo sopre sobre Mendes, durante todos esses dias, para que as reflexões e decisões tomadas sejam obras da ação Dele.

O Movimento Champagnat entende esta Assembléia como um grande marco na história do Instituto por fazer convergir as vocações e experiências de Irmãos e leigos maristas num só coração e em torno de uma mesma missão: “Tornar Jesus Cristo conhecido e amado”.

Imbuídos de um espírito semelhante de comunhão e de compromisso com a missão e com a espiritualidade marista, estivemos também reunidos em Assembléia nos últimos dias (7 a 9 de setembro, em Brazlândia-DF).

Tratou-se da I Assembléia Geral do Movimento Champagnat em nossa Província: um marco na história das 37 fraternidades ho-je existentes, fruto de uma longa caminhada.

Na esteira de um processo de estruturação e organização interna, hoje nos vemos fortalecidos em nossa identidade e mais comprometidos com a vivência cotidiana da espiritualidade de São Marcelino.

Por tudo isso, queremos externar a nossa alegria com esta Assembléia Internacional. Temos certeza de que também estamos aí, presentes com vocês, representados em cada leigo(a) marista, de todo o mundo, que se sente atraído pelo carisma e está engajado na missão.

Cientes, também, de que a Assembléia Internacional não encerra, mas inicia um processo de maior diálogo entre Irmãos e leigos, cada qual com o seu modo de viver o carisma e a vocação marista, colocamo-nos à disposição para o desafio da concretização, no

plano local, de novos projetos e apelos que, certamente, surgirão, frutos desta Assembléia.

Muito sucesso, e que Maria, nossa Boa Mãe, ilumine a todos!

Fraternalmente, Irmãos e irmãs do MChFM.

Notícias da Fraternidade Nossa Senhora da Lapa

No dia 15 de agosto, os membros da Fraternidade N. Sra. da Lapa, de Araçuaí-MG, deslocaram-se para a cidade vizinha de Virgem da Lapa (Santuário religioso da padroeira da diocese de Araçuaí), onde há mais de cem anos acontece a celebração especial em homenagem à padroeira da diocese.

Os membros da Fraternidade realizaram um momento espiritual no salão da casa paroquial das 08h20min às 09h40min, antes da missa fes-tiva. Todos participaram também da celebra-ção eucarística. O momento foi avaliado pelos membros como enriquecedor e fortalecedor para cada um. Dele participaram: Admínio, Bispo, dos Anjos, Margarete e Neide.

Valeu Mozart!

Todos os irmãos e irmãs do Movimento Champagnat agradecem imensamente a dedicação e eficiência de Mozart na condução dos trabalhos da Secretaria do Movimento durante o período de licença maternidade de nossa secretária, Mari. Pedimos a Deus e à Boa Mãe para que estejam à sua frente, guiando os seus passos nesta nova etapa de sua vida!

Não percam no próximo MovimentAÇÃO, edição especial sobre a I Assembléia Geral do Movimento Champagnat da Família Marista na Província Brasil Centro-Norte!

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Movimento na Igreja

A Bíblia como DIZER de Deus Irmão Natalino, fms

Facilmente classificamos a Bíblia como o livro que contém a Palavra de Deus. Esta afirmação está parcialmente correta. Na verdade, Bíblia, etimologicamente, é o plural da palavra grega bíblion (= “livro”). Assim, pode-se dizer que a Bíblia se parece a uma biblioteca. Um acervo com diversos livros que narram os encontros – e desencontros – do povo com Deus. Cada um a seu modo e com características muito próprias.

A pergunta, então, é: por que tal biblioteca foi constituída e assumida, no conjunto, como Palavra de Deus?

Para responder a esta pergunta é preciso partir de um pressuposto, ou seja, de que a Bíblia é um escrito de fé para quem tem fé. Sua leitura exige as lentes da fé. Isso não significa que se trata de leitura ingênua, acrítica.

Os diversos textos bíblicos refletem a vida com tudo o que ela produz. São, portanto, como que o espelho da vida da gente. Têm coisas interessantes e profundas e outras de menor importância.

Outro dia uma agente de pastoral afirmou: “Pessoal, vamos ler mais a Bíblia, porque a Palavra de Deus fala com a gente!” De fato, a afirmação não poderia ser mais acertada. A agente de pastoral entendeu, a nosso ver, a diferença que há entre dito e dizer no tocante à Palavra de Deus.

Dito lembra coisa do passado, empoeirada e fixa. Dizer é algo vivo, que ainda pulsa no momento em que se fala. É a palavra em movimento. É o caso da Bíblia.

Sem a consciência dessa diferença, podemos entender o texto bíblico como um dito já antigo, que diz pouco para nós, hoje. Não é bem assim. Até porque os escritores da Bíblia não se preocuparam em narrar história somente. Fizeram teologia, isto é, interpretaram os acontecimentos históricos à luz da relação que o povo tecia com Deus. Daí o fato de serem palavras tão atuais. Revelam

quem é Deus e quem somos nós na relação com Ele.

Por isso mesmo, ao falar de leitura bíblica, seria melhor empregar o termo encontro. Trata-se de encontro com o Deus da Palavra. Palavra viva e dinâmica. “Água viva”, no dizer de Jesus (cf. Jo 4,10).

Como um baú sem chave, os textos aninham em si as riquezas e desafios de uma relação assimétrica. De um lado, Deus amante incansável, apaixonado e sempre pronto a acolher. Do outro, a criatura amada e inquieta, cujo coração entrega-se gradativamente àquele que a chama pelo nome.

O encontro com o Deus Bíblico – o Deus do dizer – retrata a aventura humana na descoberta quotidiana do que constitui o fundamento último da sua existência: o amor.

A “Palavra de Deus fala com a gente”, certamente. Fala no amor exagerado do Filho, que faz “arder” o coração na estrada da nossa vida (cf. Lc 24,32). Que nos faz ousar na afirmação da dignidade que recebemos: filhos e filhas de Deus.

Atentos ao dizer de Deus, fica fácil não só entender, mas participar ativamente da história desse povo. Ou, na afirmação belíssima de são Paulo, descobrir que Deus escreveu suas palavras nas “tábuas de carne do nosso coração” (cf. 2Cor 3,3). É história nossa, portanto.

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Movimento na Sociedade

A beleza de ir ao encontro do outro Pe. João Batista Libanio*

A solidariedade concretiza-se em projetos amplos que envolvem continentes, nações, grupos humanos em extrema necessidade. Bento XVI, ao escrever à chanceler da República Federal da Alemanha, doutora Ângela Merkel, por ocasião do Encontro do G-8, felicita-a por o tema da pobreza no mundo constar da ordem do dia com referência explícita ao continente africano. Tal temática merece “a máxima atenção e prioridade, tanto em vantagem dos Estados pobres como também dos ricos”, acrescenta o Papa. Não se trata de mera generosidade solidária, mas de real “dever moral grave e incondicionado”, prossegue Bento XVI, “assente na pertença comum à família humana, assim como na dignidade e destino conjuntos dos países pobres e dos países ricos, que, mediante o processo de globalização, se desenvolvem de modo cada vez mais estreitamente interligado”. A carta do Sumo Pontífice desce a medidas concretas de solidariedade e justiça no referente a “condições comerciais favoráveis”, à “anulação completa e incondicionada da dívida externa dos países pobres fortemente endividados”, a investimentos médicos e farmacêuticos para solucionar o problema da saúde dos países pobres e a outras medidas coercitivas, a fim de evitar a evasão de riquezas daquelas regiões para o mundo rico.

Assim se configura a grande solidariedade. Existem, porém, as formas pequenas do cotidiano. Não exibem o esplendor dos milhões de dólares. Revelam, no entanto, a mesma beleza humana de ir ao encontro do necessitado. Em quantas creches e asilos, hospitais e favelas, periferia urbana e rural, milhares de pessoas gastam energia e tempo ao sanar o corpo e espírito de doentes e carentes, ao redignificar pessoas aviltadas por miséria indigna do ser humano. Só o olhar divino recolhe todos esses gestos e guarda-os na infinita memória de sua misericórdia. Vai recitá-los no dia do juízo, como o maravilhoso sermão escatológico que Mateus 25 nos recorda.

Encanta-nos quando já se transmite às crianças, desde cedo, tal sentimento de solidariedade. Elas crescem em clima sadio de preocupação com o outro em frontal reação à ideologia dominante do consumismo, do narcisismo, do individualismo levado ao extremo. O coração infantil, massa mole, grava fundo as primeiras experiências. Pais e educadores carregam pesada responsabilidade de incisar nele as letras do amor e da solidariedade, antes que os programas de televisão, as conversas fúteis o sequem no fechamento egoísta.

Solidariedade transforma-se em cultura lá onde os gestos, os sinais ordinários, as imagens veiculadas, os atos narrados e engrandecidos a refletem de modo que ser solidário torna-se regra de gramática e o contrário cataloga-se como solecismo.

* Professor do CES da Companhia de Jesus, em Belo Horizonte/MG e autor de várias obras.

Fonte: Jornal Opinião, de Belo Horizonte/MG