MovimentAÇÃO #05

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1 MovimentAÇÃO Periódico do Movimento Champagnat da Família Marista Província Marista Brasil Centro-Norte Ano I – Nº 5 – Julho/2007 Movimento em Formação Construindo um Projeto de Vida Renata Vieira Conde Assessora de Formação e Comunicação Equipe de Coordenação do MChFM Frat. N. Sra. da Penha, Vila Velha/ES Você já se perguntou recentemente sobre como anda a sua vida? No lugar onde você mora, onde você desenvolve sua atividade profissional ou pastoral? No âmbito familiar ou afetivo pessoal? Já se questionou, por exemplo, sobre os seus compromissos atuais: o que tem feito e como os tem feito? Agora, seja honesto com você mesmo e responda: como se sente em relação às respostas que tem encontrado para essas perguntas? Se sente feliz e satisfeito? Ou tudo parece um pouco sem sentido, necessitando de mudanças urgentes? Questionamentos pessoais como esses são capazes de nos abrir os olhos para um mundo de possibilidades de decisões a serem tomadas sobre nossas próprias vidas. Mas, para que isso aconteça, é necessário que nós nos entreguemos a um processo verdadeiro de auto- conhecimento e de compromisso com a nossa própria felicidade. Segundo Daniel Seidel, pregador do Retiro Anual do Movimento Champagnat realizado no REMAR, em Ribeirão das Neves - MG, entre os dias 07 a 10 de junho de 2007, esse processo de encontro consigo mesmo e de reflexão sobre a situação atual de nossas vidas é o que nos permite construir um Projeto de Vida: pessoal, familiar ou comunitário. O primeiro passo para isso, portanto, é avaliar o momento presente: como é minha rotina de vida (em casa, no trabalho, na Igreja)? Como faço o uso diário do meu tempo? Como me relaciono com as pessoas ao meu redor? E, mais importante, como me sinto em relação a tudo isso? Diante desse cenário, isto é, meditando sobre minha própria vivência, poderia ser considerado da Família de Jesus? Será que meus pensamentos e ações têm sido pautados na vontade do Pai? Pois, assim nos diz o Evangelho: “Quem faz a vontade de Deus, esse é meu irmão, minha irmã e minha mãe.” (Mc 3, 35) E a sua história de vida como um todo, como tem sido? Como segundo passo para a construção do Projeto de Vida, anote numa folha de papel todos os momentos marcantes de sua vida ocorridos 1) do nascimento aos sete anos de idade; 2) dos oito aos 14 anos; 3) dos 15 aos 21 anos; 4) dos 22 aos 30 anos; 5) dos 31 aos 45 anos; 6) dos 46 aos 60 anos; 6) dos 60 anos em diante. Em seguida, reflita sobre a sua trajetória, tendo em mente também a trajetória de Jesus Cristo, e responda para si mesmo: Tem sido a Trindade – Pai, Filho e Espírito Santo – presença constante em sua vida? Ou ainda, tem sido a sua vida obra da ação de Deus? Sugestões de leitura: Mt 1, 18-25, Anúncio de José; Mt 2, 10-19, Fuga para o Egito; Mt 13, 53-58, Jesus rejeitado por sua origem. A resposta para essas duas perguntas não se encontram aleatoriamente, mas estão alicerçadas na crença e na compreensão maior que temos sobre o Projeto de Deus para a vida de cada pessoa humana, para a Igreja e para a

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MovimentAÇÃO - Ano I - Edição 05

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MovimentAÇÃO Periódico do Movimento Champagnat da Família Marista

Província Marista Brasil Centro-Norte Ano I – Nº 5 – Julho/2007

Movimento em Formação

Construindo um Projeto de Vida

Renata Vieira Conde Assessora de Formação e Comunicação

Equipe de Coordenação do MChFM Frat. N. Sra. da Penha, Vila Velha/ES

Você já se perguntou recentemente sobre

como anda a sua vida? No lugar onde você mora, onde você desenvolve sua atividade profissional ou pastoral? No âmbito familiar ou afetivo pessoal? Já se questionou, por exemplo, sobre os seus compromissos atuais: o que tem feito e como os tem feito?

Agora, seja honesto com você mesmo e responda: como se sente em relação às respostas que tem encontrado para essas perguntas? Se sente feliz e satisfeito? Ou tudo parece um pouco sem sentido, necessitando de mudanças urgentes?

Questionamentos pessoais como esses são capazes de nos abrir os olhos para um mundo de possibilidades de decisões a serem tomadas sobre nossas próprias vidas. Mas, para que isso aconteça, é necessário que nós nos entreguemos a um processo verdadeiro de auto-conhecimento e de compromisso com a nossa própria felicidade.

Segundo Daniel Seidel, pregador do Retiro Anual do Movimento Champagnat realizado no REMAR, em Ribeirão das Neves - MG, entre os dias 07 a 10 de junho de 2007, esse processo de encontro consigo mesmo e de reflexão sobre a situação atual de nossas vidas é o que nos permite construir um Projeto de Vida: pessoal, familiar ou comunitário.

O primeiro passo para isso, portanto, é avaliar o momento presente: como é minha rotina de vida (em casa, no trabalho, na Igreja)? Como faço o uso diário do meu tempo? Como me relaciono com as pessoas ao meu redor? E, mais importante, como me sinto em relação a tudo isso?

Diante desse cenário, isto é, meditando sobre minha própria vivência, poderia ser considerado da Família de Jesus? Será que meus pensamentos e ações têm sido pautados na vontade do Pai? Pois, assim nos diz o Evangelho:

“Quem faz a vontade de Deus, esse é meu irmão, minha irmã e minha mãe.” (Mc 3, 35)

E a sua história de vida como um todo, como tem sido? Como segundo passo

para a construção do Projeto de Vida, anote numa folha de papel todos os momentos marcantes de sua vida ocorridos 1) do

nascimento aos sete anos de idade; 2) dos oito aos 14 anos; 3) dos 15 aos 21 anos; 4) dos 22 aos 30 anos; 5) dos 31 aos 45 anos; 6) dos 46 aos 60 anos; 6)

dos 60 anos em diante. Em seguida, reflita sobre a sua trajetória, tendo em mente também a trajetória de Jesus Cristo, e responda para si mesmo: Tem sido a Trindade – Pai, Filho e

Espírito Santo – presença constante em sua vida? Ou ainda, tem sido a sua vida obra da ação de Deus?

Sugestões de leitura: Mt 1, 18-25, Anúncio de José; Mt 2, 10-19, Fuga para o Egito; Mt 13, 53-58, Jesus rejeitado por sua origem.

A resposta para essas duas perguntas não se encontram aleatoriamente, mas estão alicerçadas na crença e na compreensão maior que temos sobre o Projeto de Deus para a vida de cada pessoa humana, para a Igreja e para a

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sociedade como um todo. Por isso, no terceiro passo, devemos ter claro para quê e por que vamos agir na vida, respondendo, para isso, às perguntas: O que é o Reino de Deus para mim? Como deve agir um discípulo de Jesus?

Sugestões de leitura: Lc 1, 46-56, Magnificat;

Mc 6, 30-44, O milagre da partilha.

Após termos feito um retrospecto interior da nossa história de vida pessoal e das crenças que permearam as nossas escolhas e experiências, é chegada a hora de fazer um balanço de tudo isso, ponderando-se: 1) as conquistas de minha vida; 2) as dificuldades encontradas, superadas ou não; e 3) as necessidades presentes. De uma outra forma, seria como se nos perguntássemos, lembrando-nos das Bodas de Caná (Jo 2, 1-11): 1) Qual é o vinho que eu já tenho em casa? (conquistas); 2) O que me falta? (dificuldades); 3) Qual é o vinho novo que falta à minha vida e de minha família? (necessidades).

Tendo tudo isso anotado em uma folha de papel, leia e releia antes de seguir para o quinto e último passo para a construção do seu Projeto de Vida. Talvez, todo esse exercício de reflexão e auto-conhecimento venha a mexer muito com o seu coração, trazendo à superfície emoções e lembranças há tempo adormecidas. Sentimentos até com os quais você não quisesse mais se encontrar, mas que sem encará-los não seria possível ressignificá-los. Porque construir um Projeto de Vida é isso: é dar-se a oportunidade de ressignificar a própria vida! É permitir-se olhar para a sua própria existência humana com carinho e compaixão, vendo-se como filho amado de Deus, como um ser cuja vida tem sentido e valor.

Tudo aquilo que já ocorreu em nossas vidas foi Graça. Assim como tudo aquilo que ainda poderá acontecer será concessão e benção divina. É preciso, nesse sentido, que tenhamos nossos Projetos de Vida pessoal, familiar e comunitário, para que norteiem a nossa ação no mundo, mas que eles sejam flexíveis, sempre abertos à ação do Espírito Santo, conforme a vontade do Pai.

“As obras que eu faço em nome do meu Pai dão testemunho de mim”. (Jo, 10, 25)

É chegado, então, o momento de materializar o Projeto de Vida propriamente dito. Em uma simples folha de papel estarão condensadas a vida que você quer ter e a pessoa que você quer ser daqui para frente. Um simples papel com algumas coisas escritas que simbolizará o seu compromisso para com você mesmo e para com a sua felicidade, mas que refletirá na felicidade das pessoas que estão ao seu redor e na construção do Reino de Deus.

Na folha em branco, registre o que, a esta altura, já está em seu coração: O que pretende fazer da sua vida de agora em diante? Quais são as suas prioridades? Liste as três mais importantes e depois responda: Como colocá-las em prática?, definindo precisamente: 1) O que fazer? 2) Quando? 3) Como? 4) Onde? 5) Com quem? Por fim, escreva sobre quais mudanças irá promover em sua rotina para que possa se aproximar mais do ideal que busca para a sua própria vida e que vislumbra para toda pessoa humana, como filho de Deus.

Sugestões de leitura: Lc 1, 26-38, Sim de Maria; Lc 1, 39-45, Visitação; Jo 19, 25-27,

Maria, Mãe da Comunidade..

Construído o seu Projeto de Vida pessoal, você estará pronto para realizar os cinco passos novamente, só que agora com o seu companheiro ou companheira, para construir o projeto de vida do casal; com os seus filhos, para construir o projeto de vida da família; ou ainda, com os seus irmãos e irmãs em Cristo, para construir o projeto de vida de sua comunidade ou Fraternidade do Movimento Champagnat!

O importante é que, a partir desta experiência, você passe a manter em sua vida uma unidade de plano, para conseguir os seus objetivos, os de sua família, os de sua Igreja, de sua Fraternidade. “Pense num colar de pérolas: estão todas presas por um fio. Se este arrebentar, as pérolas se espalham. O que é fio para o colar de pérolas, é a unidade de plano em nossa vida. Não deixe que as pérolas de suas ações se percam, por lhes faltar o fio que lhes mantém a unidade.”

Fonte: Material elaborado por Daniel Seidel e entregue aos participantes do Retiro do MChFM no REMAR. Contato: [email protected]

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Movimento em Ação

Celebrando São Marcelino Champagnat Francisco Fontenele

Frat. Mater Dei, Rio de Janeiro/RJ

Neste ano, a Fraternidade Mater Dei-RJ, juntamente com a Pastoral do Colégio Marista São José, preparou e participou da Celebração em Ação de Graças ao Bom Deus por São Marcelino Cham-pagnat. A mesma aconteceu

no dia cinco de junho às 18h30 na Capela MOR do Colégio Marista São José/RJ. Todos os irmãos e irmãs da Fraternidade se sentiram muito felizes por terem sido, pela primeira vez, acolhidos e inseridos na organização desta Celebração tão especial em homenagem ao nosso Fundador.

Viva Santo Antônio, São João e São Pedro! Francisco Fontenele

Frat. Mater Dei, Rio de Janeiro/RJ

É isso aí, gente! A Fraternidade Mater Dei-RJ, mais uma vez, participou com total apoio da direção do Colégio Marista São José, da grande Festa Junina da Solidariedade que, há anos, tem o seu lugar reservado no calendário de atividades do mês de junho.

No último dia 23, pais, professores, alunos, funcionários, associações e, é claro, o MChFM, trabalharam em total sintonia. Cachorro-quente e Caldo Verde, nossas delícias... UM SUCESSO!!!

Muita animação, disponibilidade e cooperação dos membros da Fraternidade, viabilizaram, ao final da festa, o repasse de 50% do valor arrecadado para a Casa da Acolhida Marista do Rio de Janeiro/RJ que recebe, orienta, alimenta e cuida das crianças que ali chegam em busca de atenção, momentos de lazer, aprendizagem e de paz. Esta é a maior motivação para nós que temos uma MISSÃO a seguir, a realizar... Valeu!!!

Não podíamos deixar de partilhar com vocês a nossa alegria. Que São Champagnat e nossa Boa Mãe Maria nos iluminem a todos... SEMPRE!!!

Retiro do MChFM no REMAR Sueli Souza Veiga

Frat. N. Sra do Pilar, S. Vicente de Minas/MG

O Retiro Anual do MChFM realizado no REMAR, em Ribeirão das Neves – MG, entre os dias 07 a 10 de junho de 2007, reuniu 43 irmãos e irmãs das fraternidades de: São Vicente de Minas, Araçuaí, Montes Claros, Varginha e Belo Horizonte – todas de Minas Gerais – e de Vila Velha e Colatina, ambas do Espírito Santo.

O Retiro, que teve como tema “Maria no Coração Missionário da Igreja”, foi coordenado por Ir. Salatiel e pregado por Daniel Seidel, um leigo, profundamente identificado com o Carisma Marista.

Durante o Retiro, rezamos Maria como exemplo de missionária que assumiu com total adesão a proposta de Jesus Cristo. Acima de tudo, ela nos convida a sermos anunciadores da Boa Nova de Jesus àqueles que precisam de nós.

Daniel Seidel, de modo muito especial e dinâmico, nos fez refletir sobre o nosso Projeto de Vida Pessoal, sobre como temos desempenhado a missão de sermos cristãos e cristãs, construtores do Reino de Deus, e semeadores dos valores evangélicos, em nossa escolha pelos mais necessitados.

Nos chamou a atenção para a necessidade de cultivarmos a espiritualidade através da oração e da ação cotidiana que caracterize nossa razão de ser projeto de Deus.

Em todos os momentos de oração, celebração, estudo, confraternização e partilha que deram corpo e vida ao Retiro pode-se notar a alegria e o entrosamento entre os irmãos e irmãs presentes.

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Irmandade entre Fraternidades

Já envolvidos pelo espírito de comunhão e de família que sempre permeia os Retiros do MChFM, os irmãos e irmãs da Fraternidade Nossa Senhora da Penha, de Vila Velha-ES, efetuaram a doação de passagens de ônibus para que três irmãs da Fraternidade Boa Mãe Maria, de Montes Claros-MG, estivessem presentes e participassem do Retiro Anual do Movimento realizado no Remar, em Ribeirão das Neves-MG, no período de 07 a 10 de junho.

Esta foi mais uma experiência modelo de ajuda mútua e solidariedade que tivemos em nossa Província. Que possamos a cada ano fazer mais uns pelos outros!

Retiro do MChFM em Brazlândia Sandra Maria Silva Nogueira

Frat. Boa Mãe Maria, Uberlândia/MG

Entre os dias 07 a 10 de junho, ocorreu na Vila Champagnat em Brazlândia-DF, o maravilhoso Retiro Anual do MChFM que contou com a presença das Fraternidades de: Taguatinga-DF, Silvânia e Aruanã-GO, Patos de Minas, Uberaba e Uberlândia-MG. Ao todo, éramos 48 irmãos e irmãs reunidos. Tivemos a graça da presença do Pe. André Vital Felix que pregou para nós sobre o tema "Maria no coração missionário da Igreja" e que também nos presenteou com quatro celebrações Eucarísticas marcadas por muita unidade e espiritualidade, cada qual preparada por uma das Fraternidades participantes.

No sábado à noite, tivemos a nossa con-fraternização com muita alegria e descontra-ção, na qual todos nos sentimos uma família. Para ainda mais alegrar a nossa festa, tivemos a presença do nosso querido Irmão Claudino.

Foram quatro dias de muito aprendizado e estímulo para que continuemos nossa cami-nhada seguindo o exemplo de São Marcelino

Champagnat e da Boa Mãe Maria, sendo extensão do Instituto e da Família Marista, tornando Jesus Cristo conhecido e amado.

Definitivamente, foram dias inesquecíveis que jamais apagaremos da memória.

Testemunho do Pregador Pe. André Vital Felix

Mais uma vez o Senhor me concedeu a grande graça de acompanhar algumas Fra-ternidades do MChFM no seu Retiro Anual. Encontrei vários irmãos e irmãs das fraternidades em Belém-PA,

Salvador-BA e Brazlândia-DF. Foram momentos de partilha, oração e

muita fraternidade. Na simplicidade, alegria e muita disposição em crescer, como irmãos e irmãs, vivenciamos o retiro à luz da Palavra de Deus, tendo como exemplo diante de nós aquela que não apenas meditava a Palavra, mas a colocava em prática.

Portanto, Maria, à luz da Sagrada Escritura, é a grande mestra para os seguidores de seu filho Jesus. Mesmo reconhecendo que o evangelho tem como centro a pessoa de Jesus – seu ensinamento, vida, morte e ressurreição – o pouco que encontramos sobre Maria na Sagrada Escritura já é o suficiente para percebermos o seu papel e importância na vida de seu Filho e na vida da Igreja.

O retiro procurou nos ajudar a entender qual é essa relação tão próxima entre o Filho e a Mãe, e, consequentemente, entre a Mãe e os filhos. Que Maria, a Boa Mãe, nos ajude a sermos verdadeiramente filhos seus, irmãos de Jesus, amando-o e tornando-o conhecido, através do nosso testemunho de vida.

Em agosto, Ir. Salatiel iniciará suas visitas às Fraternidades! Alegremo-nos e nos preparemos para recebê-lo!

Veja na próxima edição: informações sobre a I Assembléia Geral do MChFM em nossa Província!

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Movimento na Igreja

Discípulos e Missionários Dom Geraldo M. Agnelo

O evangelho, na narração de Lucas 10, 1-12, nos conta: “Depois desses fatos, o Senhor designou outros setenta e dois discípulos e os enviou dois a dois a toda cidade e lugar onde devia chegar”. Jesus enviou setenta e dois discípulos porque tantos eram os que haviam abraçado a fé na sua palavra e o seguiam com certa continuidade e se fizeram disponíveis para tal missão. Antes havia posto em destaque a missão dada aos doze apóstolos e, hoje, aos seus sucessores, bispos e sacerdotes, a serem enviados para evangelizar. A missão da Igreja é evangelizar. Jesus Cristo continua presente nos discípulos missionários, filhos de Deus pelo batismo. Esses são chamados ao seguimento de Jesus Cristo, configurados com o Mestre, enviados a anunciar o Evangelho do Reino da vida, animados pelo Espírito Santo.

A 5ª Conferência Geral do Episcopado Latino Americano e Caribenho, depois de ter nas precedentes reuniões tratado da evan-gelização, na realizada em Aparecida, achou por bem colocar em evidência que a fina-lidade de toda evangelização é fazer discípulos seguidores de Jesus. Esses ao se tornarem cristãos, outros cristos, têm a missão de anunciarem a boa nova.

A alegria de ser discípulos missionários de Jesus inclui: anunciar a boa nova da dignidade humana, a boa nova da vida, a boa nova da família, a boa nova da atividade humana: o trabalho, a ciência e a tecnologia, o destino universal dos bens e a ecologia. A esse propósito escreve o Documento: “A doutrina social da Igreja constitui inestimável riqueza, e animou o testemunho e a ação solidária de leigos e leigas que se interessam cada vez mais por sua formação teológica como verdadeiros missionários da caridade, e para transformação efetiva do mundo segundo Cristo. Inumeráveis iniciativas de leigos no âmbito social, cultural, econômico e político, hoje se deixam inspirar nos princípios per-manentes, nos critérios de juízo e nas dire-trizes de ação provenientes da Doutrina Social da Igreja. Avalia-se o desenvolvimento que

teve a pastoral social, como também a ação da Cáritas, em seus vários níveis, e a riqueza do voluntariado, nos mais diversos apostolados com incidência social. Desenvolveu-se a pastoral da comunicação social e da cultura.

Já havia afirmado com clareza o Concílio Vaticano II, no decreto sobre o apostolado dos leigos: “A vocação cristã é, por sua natureza, vocação ao apostolado”, vocação missionária. O Evangelho de Jesus Cristo pode contribuir eficazmente para renovar a esperança de construir um mundo melhor para todos os seres humanos.

Sabendo que o discurso de Jesus é dirigido a todos os batizados, podemos co-nhecer também as diretrizes que o Senhor dá a seus mensageiros, portanto a todos nós. Não mostra o que dizer, mas como devem ser. “Eis que vos envio como cordeiros entre lobos. Onde entrardes, primeiro dizei: A paz esteja nesta casa. Se aí houver um filho da paz, a vossa paz descerá sobre ele”.

Temos um belo exemplo: Francisco de Assis. Jesus não pede indistintamente a todos radicalidade como essa. Certamente o que exige de todos é, fazer seu, o espírito de suas recomendações. Andar com a mansidão, não com a força e a arrogância. Jesus condena toda tentativa de impor o evangelho com a espada e a violência. Como lembra São João Crisóstomo, são prometidas aos discípulos enquanto permanecerem cordeiros; apenas se transformam em lobos, tornam-se perdedores. O poder é mais obstáculo que ajuda à difusão do evangelho, a menos que seja o poder ou a potência do Espírito Santo.

Outra exigência é o desapego: não deixar-se tentar penosamente pelo dinheiro. Os san-tos, os profetas, os reformadores, no momento oportuno, levantaram a voz contra os abusos, para fazerem as contas com o Evangelho. O perigo está em certas novas formações religiosas, onde tudo se atribui ao fundador, que não responde a ninguém pelo que faz, onde ninguém pode manifestar-se. Nascem verdadeiros impérios financeiros, com o nome de Jesus. O conteúdo mesmo do evangelho é desfigurado: exalta-se o sucesso e a riqueza; o evangelho da pobreza torna-se o “evangelho da prosperidade”. Finalmente, Jesus fala o que os “missionários” devem anunciar: “Dizei-lhes: O reino de Deus está próximo”.

Fonte: www.cnbb.com.br

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Movimento na Sociedade

Reforma política ou cosmética? Frei Betto

A quem interessa a reforma política ora debatida no Congresso Nacional? Em primeiro lugar, aos atuais políticos, ciosos em cultivar suas ambições eleitorais. Primeiro eu, depois o nós e, quem sabe, o vós... Salvo honrosas exceções, eleger-se a uma função pública virou, neste país, meio de vida. Adquire-se status, posa-se de autoridade, reveste-se de imunidade, amplia-se o patrimônio pessoal, cerca-se de bajuladores...

Há quem procure escapar das malhas da Justiça elegendo-se deputado ou senador, que injustamente tem direito a foro privilegiado quando sob acusação. E não se conhece um único caso de condenação pelo Supremo Tribunal Federal. Tivesse o nosso Direito vergonha na cara, investidos de mandato popular os políticos deveriam ser julgados por júri popular e sujeitos a penalidades mais rigorosas. Primeiro, porque a autoridade não reside neles. Reside no povo que os elegeu. Este o fundamento da democracia, que se perverte quando o político se apropria de uma legitimidade que, de fato, pertence aos elei-tores. Político é servidor público e tem obrigação de prestar contas a quem o elege, emprega e paga seus salários: o povo.

Quem ocupa uma função pública tem o dever de dar exemplo aos cidadãos. Como falar em ética e bem comum, na família e na escola, se há políticos que se destacam pela corrupção, o nepotismo e repetem na vida pública o que fazem na privada?... Agora sabemos que a agropolítica é bem mais lucrativa que o agronegócio.

A reforma política corre o risco de se reduzir a mero arranjo cosmético em nosso sistema eleitoral. Mudam-se as regras de postulação e escolha de candidatos, sem mexer no mais importante: democratizar nossas instituições; criar condições para que as maiorias sociais se tornem maiorias políticas; regulamentar e ampliar mecanismos de participação direta da população no poder público; agilizar a prática freqüente de refe-rendos e plebiscitos; instituir a revogabilidade

de mandatos; reverter o processo de privatização de nossa democracia formal; desfinanceirizar as disputas eleitorais etc.

Julgam muitos eleitores que o Congresso é composto de parlamentares identificados com os programas de seus respectivos partidos. Acontece, mas é raro. A maioria dos parlamentares, ao contrário de Vargas que saiu da vida para entrar na história, prefere sair da história para cair na vida...

De fato, quase sempre os partidos servem de biombos para encobrir as verdadeiras le-gendas políticas fortemente representadas ali: empreiteiras e donos do capital, especuladores e investidores estrangeiros, latifúndios e usi-nas, fábricas de armas, tabaco e bebidas al-coólicas etc. Por isso, o Brasil continua como o único país das três Américas que jamais promoveu reforma agrária, vital para arrancá-lo do atraso e torná-lo gigante não apenas pela própria natureza... Basta lembrar que, até hoje, não avançou no Congresso a proposta de expropriação sumária das terras em que se comprova a existência de trabalho escravo.

Por que a sociedade civil organizada não lota as galerias do Congresso enquanto se debate a reforma política? De que adianta reclamar se nos omitimos em participar? A educação política de uma nação passa necessariamente pela qualidade do voto. Ano que vem o eleitor será convocado a escolher novos vereadores e prefeitos. Quais os critérios da sua escolha? Como não escolher rato por pato?

Eis o debate a ser iniciado agora. Caso contrário, corre-se o risco de repudiar a poli-tica e os políticos, e clamar pelo fim do voto obrigatório. Isso só teria sentido se não favo-recesse os políticos safados e os partidos de aluguel, que preferem a população indiferente à política. Para eles, quanto menos controle do eleitor, melhor.

Quanto ao voto facultativo, sou a favor desde que pagar impostos também o seja. Se me dão o direito de me omitir na esfera política, por que me obrigam a sustentar a poderosa máquina do Estado? Como não existe poder sem depender dos tributos da população, quero sim que a política dependa cada vez mais da participação dos cidadãos, ainda que o façam como dever, e não como prazer.

Fonte: www.amaivos.com.br