Monografia Ivonice Pedagogia Itiúba 2012

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UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA – UNEB DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO – CAMPUS VII PROGRAMA REDE UNEB 2000 CURSO DE PEDAGOGIA Ivonice Josefa dos Santos Renildo Lopes dos Santos MANIFESTAÇÕES CULTURAIS TRADICIONAIS DO POVOADO BELA VISTA DE COVAS 1

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Pedagogia Itiúba 2012

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UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA – UNEBDEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO – CAMPUS VII

PROGRAMA REDE UNEB 2000CURSO DE PEDAGOGIA

Ivonice Josefa dos Santos Renildo Lopes dos Santos

MANIFESTAÇÕES CULTURAIS TRADICIONAIS DO POVOADO BELA VISTA DE COVAS

 

 

Itiúba - Bahia2012

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IVONICE JOSEFA DOS SANTOSRENILDO LOPES DOS SANTOS

MANIFESTAÇÕES CULTURAIS TRADICIONAIS DO POVOADO BELA VISTA DE COVAS

 

Monografia apresentada ao Departamento de Educação / Campus VII – Senhor do Bonfim, da Universidade do Estado da Bahia, como parte dos requisitos para obtenção de graduação no Curso de Pedagogia com Habilitação em Séries Iniciais.

Linha de Pesquisa: Cultura

Orientadora: Profª Drª Maria Glória da Paz 

 

Itiúba - Bahia2012

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IVONICE JOSEFA DOS SANTOSRENILDO LOPES DOS SANTOS

  

 MANIFESTAÇÕES CULTURAIS TRADICIONAIS DO POVOADO BELA

VISTA DE COVAS 

Monografia apresentada ao Departamento de Educação / Campus VII – Senhor do Bonfim, da Universidade do Estado da Bahia, como parte dos requisitos para obtenção de graduação no Curso de Pedagogia com Habilitação em Séries Iniciais.

 Aprovada em ____ de ________________ de 2012.

  

BANCA EXAMINADORA

 _______________________________________________________________

Profª Drª Maria Glória da Paz Universidade do Estado da Bahia –UNEB

Orientadora

  

 _____________________________________________________________

Profª..................................................................................................

Examinadora

 

 _____________________________________________________

Profª..................................................................................................

Examinadora

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“A Memória é a Imaginação do Povo, mantida comunicável pela Tradição, movimentando as Culturas, convergidas para o Uso, através do Tempo. Essas Culturas constituem quase a Civilização nos grupos humanos”. (Luís da Câmara Cascudo)

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Dedicamos este trabalho aos nossos familiares, em especial, pais, mães, filhos e

esposa, pelo apoio e incentivo nos estudos, assim desenvolvidos, para nossa

formação no curso.

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AGRADECIMENTOS

A Deus, pelo dom da vida, pela garra e determinação que nos tem concedido. Toda

a honra, toda glória e todo louvor sejam dados a Ele, por nos permitir chegar até

aqui;

Aos mestres, pela paciência e dedicação com a turma e seus ensinamentos

concedidos a nós;

À coordenadora da turma Alayde Ferreira, pela determinação em dar rumos aos

trabalhos dos professores e dos acadêmicos em torno do curso no município;

Às professoras orientadoras da turma Roseane Cíntia e Normaci Oliveira, pelo

carinho e dedicação com os acadêmicos, em nos apoiar nos trabalhos em classe e

extraclasse;

À professora orientadora da Monografia, Profª Drª Maria Glória da Paz, por nos

auxiliar e orientar nos trabalhos de conclusão do curso;

Aos colegas de caminhada, pelo companheirismo, apoio e incentivo para

realização dos estudos em prol do curso;

Aos colegas de trabalho, que, direta ou indiretamente, participaram e apoiaram a

nossa formação;

À comunidade pesquisada, que nos apoiou, sobretudo com as entrevistas,

requisitos essenciais para finalização dos trabalhos e conclusão do curso;

À prefeita municipal, Drª. Cecília Petrina de Carvalho, não só pela renovação do

curso no município, mas também pelo apoio dado aos acadêmicos em seus estudos,

principalmente por disponibilizar o transporte para muitos alunos deste povoado.

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RESUMO

O presente trabalho de conclusão de curso tem a finalidade de promover uma reflexão sobre a cultura popular, especificamente as festividades católicas, do povoado Bela Vista de Covas, no município de Itiúba-Bahia. Estudar esse tema nos impulsiona a investigar um pequeno recorte da cultura popular deste povoado, uma vez que a sua história cultural é marcada por diversas manifestações tradicionais, entre elas, a Festa de Santo Antônio, uma das festividades do catolicismo, prioritariamente voltada para a formação religiosa do povo. Para tanto, usamos alguns conhecimentos de: Cascudo (2004), Burke (2008), Tinhorão (2001), Chartier (1990), Fonseca (2009), Ortiz (2006) e muitos outros, em artigos, que nos auxiliaram na fundamentação de tal estudo. O processo metodológico foi desenvolvido a partir de estudos etnográficos, pesquisa de campo com entrevista participante e semiestruturada. A partir desses instrumentos trabalhados, foi possível obter resultados bastante significativos e reveladores quanto ao festejo do padroeiro Santo Antônio e os aspectos memoriais da vivência popular, bem como a atuação das escolas no processo cultural da comunidade em foco.

Palavras – chave: História cultural; Manifestações culturais; Festas religiosas.

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LISTA DE ABREVIATURAS

LDBEN – Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional

PCNs – Parâmetros Curriculares Nacionais

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO...........................................................................................................11

CAPÍTULO I...............................................................................................................13

1.1. História Cultural: um campo de estudos das atividades humanas.......13

1.2. Manifestações Culturais: um aprendizado sociocultural.......................19

1.3. Festas Religiosas: um acontecimento de fé e congraçamento............24

CAPÍTULO II..............................................................................................................30

PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS...................................................................30

2.1. A pesquisa............................................................................................30

2.2. Os instrumentos....................................................................................30

2.2.1. Entrevista semiestruturada........................................................30

2.2.1.1. A organização da entrevista......................................30

2.3. Carta cessão.........................................................................................38

2.4. As fontes de pesquisa...........................................................................39

2.4.1. Fontes orais...............................................................................39

2.4.2. Fontes escritas...........................................................................39

2.4.3. Fontes iconográficas: fotografias...............................................40

2.4.4. O local da pesquisa....................................................................40

CAPÍTULO III.............................................................................................................41

3.1. A FESTA DE SANTO ANTÔNIO NA VISÃO DOS

ORGANIZADORES...............................................................................41

3.1.1. A Organização da festa na Igreja...............................................41

3.1.2. A mobilização da comunidade para realização das festas........41

3.1.3. O planejamento, as despesas e o financiamento da festa.........42

3.1.4. A programação da festa.............................................................44

3.1.5. Os festejos e a participação dos moradores da comunidade e

adjacências................................................................................45

3.2. A FESTA DE SANTO ANTÔNIO NA VISÃO DOS PARTICIPANTES..46

3.2.1. A realização das festas religiosas..............................................46

3.2.2. A participação das pessoas nos festejos religiosos e na festa

dançante.....................................................................................48

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3.2.3. A importância dos festejos do padroeiro Santo Antônio para o

povoado......................................................................................50

3.2.4. As festas com bandas organizadas pelo poder público e sua

importância para a comunidade.................................................51

3.2.5. O turismo e a participação das pessoas da comunidade: muitos

vêm pela boniteza da rua...........................................................53

3.2.6. A participação da escola na festa..............................................54

CONSIDERAÇÕES FINAIS.......................................................................................56

REFERÊNCIAS..........................................................................................................58

ANEXOS....................................................................................................................61

ANEXO I – FOTOGRAFIAS.......................................................................................62

ANEXO II – DOCUMENTOS......................................................................................70

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INTRODUÇÃO

Esse trabalho de conclusão de curso propõe uma reflexão sobre Cultura

Popular: as festividades católicas do povoado Bela Vista de Covas, no município de

Itiúba-Bahia. Estudar essa temática nos impulsiona a investigar a cultura popular

deste povoado, já que a sua história cultural é marcada por diversas manifestações

tradicionais; entre elas, algumas festividades que prioritariamente estão voltadas

para religiosidade e sob a orientação da Igreja Católica.

A maioria das festas do povoado desenvolveu-se a partir de atividades da

Igreja Católica, que, ao longo da história do povoado, foram se tornando tradição,

produzindo a cultura local. Das festas ali existentes, a que mais se destacou foi a

Festa de Santo Antônio, padroeiro do povoado, que é comemorado no dia 13 de

junho. No passado, tal festejo era promovido em 13 dias, com a realização das

trezenas, as quais eram denominadas pela população de trezenas de Santo Antônio,

estas rezas aconteciam à noite, sendo que cada uma delas homenageava um

segmento da comunidade: a noite dos lavradores, a noite dos oleiros, a noite dos

comerciantes, a noite dos casados, a noite dos jovens, a noite dos estudantes, entre

outros.

O dia 13 de junho, na localidade, foi sempre esperado com bastante

entusiasmo pelos moradores da comunidade e região, era uma festa que começava

ao amanhecer e só terminava no dia seguinte, nesse período, ocorria uma variedade

de atividades: as festas dançantes nos bares e na praça, as atividades religiosas, os

forrós pé-de-serra e folguedos.

O povoado era contemplado também com outras festas tradicionais, como

o reisado, uma comemoração que se realizava na virada de ano, outra manifestação

acontecia no Sábado de Aleluia, com a queima de Judas. Assim como a festa de

Santo Antônio, tais manifestações culturais tradicionais vêm deixando de ser

realizadas, o que acaba descaracterizando a história cultural do povoado.

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Atualmente, observa-se que outras festividades vêm ganhando força e

espaço na comunidade, percebe-se, com isso, a migração de público para estes

novos eventos, provocando um esvaziamento das antigas festas, manifestações que

tradicionalmente representam a memória cultural da população e que estão

desaparecendo em virtude da ausência de valorização, do desconhecimento da sua

importância para a história cultural do povoado e seus habitantes.

Esses são alguns dos motivos pelos quais pretendemos investigar as

festividades católicas do povoado de Bela Vista de Covas, localizado no município

de Itiúba-Bahia, bem como as suas origens e seus significados para a população.

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CAPÍTULO I

1.1. História Cultural: um campo de estudos das atividades humanas

A denominação história cultural tem sido abordada para diversas ações

do homem no tempo e no espaço em que esse está inserido. Desse modo, o tema

em pauta aborda as atividades humanas, revelando e até formando as

características de um determinado povo ou sociedade, conceituando os aspectos

sociais expostos ou produzidos pelo homem, enquanto espécie de razão e ação,

tanto que história cultural pode ser, muitas vezes, interpretada como história social,

política, econômica, habitacional, etc. Nesse sentido, deve ser considerado que

existe um campo de estudo muito grande para os escritores e acadêmicos no

mundo.

Os fatos que marcam ou criam a história cultural são geralmente aqueles

que, através do sentido obtido em suas ações periódicas ou anuais, enfatizados por

uma infinidade de realizações, a exemplo de festas, feiras, jogos, entre outros, quer

sejam em atividades coletivas, quer sejam pessoais. Conforme Burke (2008), a

história cultural já foi reconhecida em diversos países há mais de 200 anos, a

princípio na Alemanha. “A descoberta da história da cultura popular, na década de

1960 e a nova história cultural” (BURKE, 2008, p.15-16), propõe que os historiadores

e escritores, busquem uma compreensão maior a respeito da relação entre elas, já

que as demonstrações referidas eram da vivência da época.

Em se tratando de história cultural popular, há uma percepção para as

ações desenvolvidas pelo homem em qualquer que seja os pressupostos

intelectuais ou até artísticos. Foi entre os anos 1800 – 1950, que os historiadores

conceituaram tal período, na história da humanidade, como “história cultural

clássica”, para Burke (2008) foi um período que desenvolveu, em diversos países,

abordagens intelectuais das atividades humanas, principalmente na Europa com os

ideais artísticos e literários de intelectuais, comovidos pelas revoluções sociais,

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culturais e artísticas de todos os tempos, como o Renascimento e, por outro lado, os

ideais franceses, que tiveram grande repercussão nas sociedades ocidentais.

Os estudos até então realizados sobre a história cultural e popular têm

grande relevância para o conhecimento e sua compreensão no meio acadêmico e

educacional, diante da aceitação da mesma ou comparação entre diversas nações,

assimila-se significados diferentes do que seja história cultural de uma nação para

outra. Observa-se, dessa forma, que não há homogeneidade no conhecimento ou

conceitos abordados pelos historiadores de sociedades distintas, mas que tais

estudos foram e são promovidos em épocas semelhantes, principalmente a partir da

década de 1960, em muitas nações.

O trabalho dos escritores, com a história cultural e popular, possibilita

perceber que a cultura, difundida nas sociedades, não tem distinção de classe, ou

seja, abrange toda a população. Assim, muitas vezes, o estudo dos acadêmicos em

conceituar as elites dentro ou fora da cultura popular – já que essa é comum à

grande massa da população – não inclui, menos ainda exclui o direto do indivíduo,

pois todos vivem a cultura numa mesma sociedade. A esse respeito, Burke (2008)

afirma:

O que torna a exclusão problemática é o fato de que as pessoas de status elevado, grande riqueza ou poder substancial não são necessariamente diferentes, no que diz respeito à cultura, das pessoas comuns. Na França do século XVII os leitores dos livrinhos baratos tradicionalmente descritos como exemplos de cultura popular incluíam mulheres, nobres e até mesmo uma duquesa. Isso não é de surpreender, já que na época as oportunidades educacionais das mulheres eram muito limitadas. (BURKE, 2008, p. 42).

Como assevera o referido autor, o fato de as pessoas estarem inseridas

na sociedade “de status elevado”, não é essa posição social que determina o

processo cultural que devam fazer parte ou vivenciá-la, a cultura é a atividade

essencial do homem e abrange toda a população, independentemente de condições

sociais, econômicas e até mesmo educacionais, uma vez que todos são indivíduos

substancialmente comuns.

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No Brasil, foi entre os anos de 1960 e 1980 que as produções dos

intelectuais, abordando tematicamente a “cultura”, generalizando ou simplificando,

mas, criticando a atuação social vigente, que o termo “cultura” sofreu alteração e

pôde ser conceituado como cultura popular. Conforme Abib (s/d, p. 2): “algumas

poucas produções recentes envolvendo a temática, a noção de Cultura Popular

sofreu um esvaziamento, em parte talvez, em função de um predomínio de

abordagens que desestabilizaram as noções de identidade e cultura”.

Marilena Chauí (1989), com referência a tal assunto, observa que:

A perspectiva Romântica supõe a autonomia da Cultura Popular, a idéia de que, para além da cultura ilustrada dominante, existiria uma outra cultura, "autêntica", sem contaminação e sem contato com a cultura oficial e suscetível de ser resgatada por um Estado novo e por uma Nação nova. A perspectiva Ilustrada, por seu turno, vê a cultura como resíduo morto, como museu e arquivo, como o "tradicional" que será desfeito pela "modernidade", sem interferir no próprio processo de "modernização". Românticos e Ilustrados pensam a Cultura Popular como totalidade orgânica, fechada sobre si mesma, e perdem o essencial: as diferenças culturais postas pelo movimento histórico-social de uma sociedade de classes. (p. 23, apud ABIB, s/d, p. 6).

De acordo com o postulado pela autora, a cultura popular seria

proveniente de conhecimentos e ações ou realizações independentes da cultura

oficial, isto é, a cultura popular sofre tendência a partir de indivíduos, grupos ou

classes sociais. Assim, conforme Abib (s/d, p. 6) interpretando Marilena Chauí:

A cultura popular seria aquela produzida por artistas e intelectuais que "optaram por ser povo" e se dedicam à "conscientização do povo". Existiam então, segundo a autora, dois povos ou duas culturas populares: o povo atrasado, inconsciente, e sua cultura trivial e inculta; e o "bom povo", consciente, culto, avançado, e a cultura vanguardista que o fará realizar as "leis objetivas da história”. (ABIB, s/d, p. 6).

O Brasil, como sendo um país grande e complexo com uma diversidade

cultural considerável, é importuno dizer que teria hegemonia entre as classes sociais

no que diz respeito à ideologia política, social ou mesmo cultural. No tocante a essa

afirmação, Abib ( s/d, p.8) postula:

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Não se trata de negar as relações de poder e hegemonia entre as classes sociais, nem a ideologia que determina e sustenta essa dominação, a partir de uma leitura sociológica desse processo, mas entendemos que ao recuperarmos a discussão sobre cultura popular no Brasil, necessitamos de um instrumental de análise mais amplo que possa ter condições de estabelecer o diálogo e a comunicação entre os vários campos do saber, a partir de uma elaboração conceitual que possa abranger tanto o referencial teórico advindo da Sociologia, como aquele proveniente da Antropologia e da Filosofia.

Em se tratando do contexto cultural da sociedade brasileira e aqui das

revitalizações tradicionais das manifestações culturais, mais uma vez Abib (s/d, p.

10) argumenta que:

No contexto atual da sociedade brasileira, ao analisarmos no âmbito da cultura popular, o significado da revitalização de diversas tradições, manifestações e ritmos, podemos reconhecer nesse processo, possibilidades concretas de surgimento de uma nova relação a ser estabelecida entre os segmentos da sociedade brasileira - que ainda buscam construir um projeto histórico social com esse saber dinâmico, contraditório, ambíguo e extremamente rico que vem das tradições de nosso povo. (ABIB, s/d, p. 10).

A colocação do citado autor chama a atenção para a necessidade de se

resgatar a cultura do povo, manifestada a partir dos processos culturais tradicionais

da sociedade, que por si só, refletem na população, na comunidade e no próprio

povo, que por si, vive sem a mínima atenção para com o passado e sem uma

perspectiva de futuro. (ABIB, s/d, p. 12). Talvez, esse seja um assunto que esteja

relacionado ao povoado de Bela Vista de Covas, onde a cultura local ou história

cultural do povo, ali existente, bem como a memória da população e suas festas

tradicionais, estejam deixando de ser realizadas, mesmo tendo na escola um

incentivador do ressurgimento das suas manifestações através de suas

apresentações culturais.

A abordagem sobre cultura ou história cultural vem se tornando

importante, cada vez mais, dentro do campo educacional, onde há uma

preocupação das instituições de ensino em reconhecer o ser como indivíduo passivo

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de determinada cultura ou inserido numa comunidade naturalmente cultural. Burke

(2008) afirma que, a partir das décadas de 1980-90, vem crescendo a importância

dada a tais estudos, os quais são significativos, porém distintos entre as disciplinas e

seus estudiosos: os antropólogos, os historiadores e os sociólogos.

Duarte (2008) interpretando Bakhtin (2008) acerca da “Cultura Popular na

Idade Média e no Renascimento”, afirma que estas áreas de estudo prestam um

suporte relevante para os estudantes de diversas disciplinas, entre elas, história e

literatura, “transcendendo as influências estritamente literárias que uma exerce

sobre outras, a obra de Bakhtin nos leva a repensar a literatura como elemento

dinâmico da cultura como um todo” (p. 7). Para ele, a cultura popular e história

cultural estão direcionadas não apenas a um campo de estudo, mas também a uma

totalidade, dependendo do objeto de estudo a ser realizado.

Para Bogdan Suchodolski, conforme Wojnar (2010, p. 24) “a cultura

constitui, ao mesmo tempo, o conteúdo e o resultado da educação; além disso, se a

educação é o veículo da cultura, em compensação, a cultura constitui sua

inspiração, o sentido e o método da atividade educativa”. Essa é mais uma

afirmação que dar a entender que a cultura está acima das limitações do homem,

pois ele a produz e ele próprio a transmite caracterizando a sociedade da qual faz

parte, formando a identidade social do grupo. A esse respeito, Ortiz (2006) pontua:

Toda identidade é uma construção simbólica […] o que elimina portanto as dúvidas sobre a veracidade ou falsidade do que é produzido. Dito de outra forma, não existe uma identidade autêntica, mas uma pluralidade de identidades, construídas por diferentes grupos sociais em diferentes momentos históricos. (ORTIZ, 2006, p. 8).

As mudanças ideológicas e políticas na constituição do Estado,

principalmente com o Golpe Militar de 1964, reprimiram a divulgação de muitos

eventos artísticos e culturais, por outro lado, os artistas desempenharam um papel

fundamental em transmitir culturalmente o sentimento ideológico, forjado pela

autoridade estatal. Depois desse acontecimento, o país buscou reparar ou recuperar

a repreensão cultural dos velhos tempos, enfatizando as novas, criando ministérios e

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secretarias de valorização ao meio cultural, usando para isso o sistema educacional

como espaço divulgador da cultura nacional. Para Ortiz (2006, p. 117): “[...] vários

documentos oficiais insistem na necessidade de se vincular o sistema de ensino ao

desenvolvimento cultural; a escola é vista como um espaço importante de formação

de hábitos e de experiências culturais, o que possibilita uma extensão de consumo”.

Conforme a citação de Ortiz sobre a preocupação que o Estado tem em

divulgar a cultura nacional, observa-se que há supremacia de autoridade, quando se

esquece que a cultural nacional é construída pelo povo, em sua diversidade social e

cultural, o que constitui a história popular ou história cultural do país. Para Chartier

(1990) a história cultural é a historicidade de como se cria esta realidade. “A história

cultural, tal como entendemos, tem por principal objeto identificar o modo como em

diferentes lugares e momentos uma determinada realidade social é construída,

pensada, dada a ler” (p. 16-17).

A cultura de um povo é construída a partir da interiorização de conceitos e

valores, juntando-se à memória histórica e a produção de eventos históricos e

artísticos, esta, formalizando a história popular de uma determinada sociedade ou

comunidade, abrange supostamente a vida social de um povo. Para Burke (2008, p.

167), “A história cultural das nações é um exemplo do que poderia ser chamado de

“história cultural das idéias”. A história intelectual e a história cultural desenvolveram-

se em direções bastante diferentes, mas a fronteira entre elas é cada vez mais

violada”. Afirma o autor, que dentro de uma determinada sociedade, o que venha a

ser defendido pelo Estado, esteve primeiro idealizado e produzido pelos membros

da sociedade, independentemente de sua classe social, assim, a história cultural ou

intelectual tem caminhos diferentes, no entanto, ambas são promovedoras das

manifestações culturais na sociedade.

1.2. Manifestações Culturais: um aprendizado sociocultural

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O Brasil é um país da diversidade quando se trata das manifestações

culturais, todavia, assegurado pela Constituição Federal de 1988, capítulo III que

trata da educação, da cultura e do desporto, seção II da cultura, conforme o Art. 215

– “o Estado garantirá a todos o pleno exercício dos direitos culturais e acesso às

fontes da cultura nacional, e apoiará e incentivará a valorização e a difusão das

manifestações culturais” – assim, assegurados pela Lei, todos os brasileiros têm o

direito de praticar sua cultura, seja esta, de vínculo intelectual, religiosa ou social.

Um dos veículos de propagação da cultura está centrado na escola, nela

a criança, o adolescente ou o estudante em geral pode praticar ou triunfar sua

cultura. A Lei 9394/96 LDBEN (Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional)

assegura à instituição educacional o compromisso de promover o desenvolvimento

socioeducativo e cultural. Segundo esta Lei, em seu Art. 1º – “a educação abrange

os processos formativos que se desenvolvem na vida familiar, na convivência

humana, no trabalho, nas instituições de ensino e pesquisa, nos movimentos sociais

e organizações da sociedade civil e nas manifestações culturais”.

Há que se ressaltar também que os PCNs – Parâmetros Curriculares

Nacionais abordam, de certa forma, metodologias para o trabalho da escola no que

tange à questão das manifestações culturais. Assim, conforme esses parâmetros:

É fundamental que a escola assuma a valorização da cultura de seu próprio grupo e, ao mesmo tempo, busque ultrapassar seus limites, propiciando às crianças e aos jovens pertencentes aos diferentes grupos sociais o acesso ao saber, tanto no que diz respeito aos conhecimentos socialmente relevantes da cultura brasileira no âmbito nacional e regional como no que faz parte do patrimônio universal da humanidade, (BRASIL, 1998, p. 44).

Diante do exposto, os documentos oficiais asseguram ao cidadão

brasileiro à prática de sua cultura e a educação cria possibilidades para tal

realizações, cabem à escola e a comunidade promover meios de festejar e resgatar

a cultura local, a qual, representa a identidade e a memória de sua civilização.

As manifestações culturais tradicionais do povoado Bela Vista de Covas

ocorrem, principalmente, com os festejos ligados à religião Católica, como a Festa

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do padroeiro Santo Antônio, que se tornou o centro dos eventos anuais, o mais

conhecido e apreciado pelos moradores e comunidades regionais. Com referência a

isso, é válido destacar a colocação de Trigueiro (2005):

O homem comemora há centenas de anos os seus ritos de passagem, relembra as suas datas festivas sagradas, profanas e de agradecimento. São essas evoluções e evocações que chegam até os dias atuais, que já estão incorporadas aos nossos calendários de tradição religiosa e festiva. Ao longo do tempo essas práticas sempre fizeram parte dos processos das transformações culturais e religiosas da sociedade humana e das suas relações simbólicas entre a realidade e a ficção, dando origem aos diversos protagonistas e suas performances nos festejos populares. (2005, p. 1).

Como afirma o autor, a cultura popular vivencia épocas, muitas vezes,

impregnadas pelas comemorações festivas, a partir das divindades religiosas, que

são transmitidas, assim, de geração para geração.

O desenvolvimento cultural tradicional de uma determinada localidade

não ocorre por acaso. O processo de cultura popular é produzido a partir da

coletividade ou individualidade, outorgada de fatos pelas analogias intelectuais dos

que ali estão inseridos (GOMIDE, 2011). Esse é um processo bastante elementar

para a luta em prol da manutenção das culturas populares locais e tradicionais, que,

para a localidade e o conceito de cultura, significa um estabelecimento folclórico da

comunidade, na qual luta para que não se acabe.

A posição popular, diante de sua tradição, é sempre lutar por sua

manutenção ou resgate. Assim, na preservação e resgate é preciso manter as

origens da cultura nas diversas formas possíveis, através dos tempos e no espaço,

mantendo sua origem e identidade pelos grupos humanos que a criaram (GOMIDE,

2011). Nessa luta perpétua, pela preservação e valorização das festividades

tradicionais, é preciso que haja política pública em consonância com a população,

que se propõe a interagir na tradição cultural das manifestações festivas locais,

instituídas, muitas vezes, como folclóricas. No que se refere a tal registro, cabe

ressaltar o que assegura Ferreira (2001):

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A área de atuação e de estudos de folclore e cultura popular no Brasil estruturou-se há algumas décadas, como resultado de ampla movimentação nacional e internacional. Um impulso decisivo foi a recomendação da Unesco, no pós-guerra, no sentido de que seus países membros criassem organismos voltados para o conhecimento das culturas populares. Foi instituída então, em 1947, a Comissão Nacional de Folclore, ligada ao Instituto Brasileiro de Educação Ciência e Cultura – Ibecc – do Ministério das Relações Exteriores. A partir dos trabalhos dessa Comissão Nacional e das comissões estaduais, bem como da mobilização decorrente dos congressos realizados em todo o país, foi criada, em 1958, a Campanha de Defesa do Folclore Brasileiro, subordinada ao Ministério da Educação e Cultura. (FERREIRA, 2001, p. 1).

Retornando ao comentado pela autora, há muito tempo, foram fundados

órgãos responsáveis na esfera política administrativa, que tratam da manutenção e

preservação cultural do país, seja nas grandes ou pequenas localidades, tais

órgãos, ligados diretamente à instituição escolar, colocando a escola como meio

viável para divulgação dos patrimônios culturais locais, enfatizados principalmente

dentro do estudo da História, na qual há pressupostos definidos para essa produção

e transmissão cultural em seu campo de conhecimento. Como cita Fonseca (2009),

a cultura é a memória do povo e constitui nossa história, deve ser passada para as

novas gerações, e a escola tem esse papel fundamental no que tange ao

conhecimento cultural e sua transmissão. A autora ainda afirma:

[...] o ensino e a aprendizagem de História estão voltados, inicialmente, para atividades em que os alunos possam compreender as semelhanças e as diferenças, as permanências e as transformações no modo de vida social, cultural e econômico de sua localidade, no presente e no passado, mediante a leitura de diferentes obras humanas. (PCNs, 1997, p. 49 apud FONSECA, 2009, p. 30).

Conforme o postulado e os estudos realizados, nos regimentos que visam

o trabalho da educação, com referência às manifestações culturais de um povo,

comunidade ou nação, observa-se um grande estímulo em lidar com tais aspectos

culturais, sociais e humanos.

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No Brasil, em especial na região Nordeste, há diversas festas ou

festanças populares, que dão origem ao que está se chamando de manifestações

culturais, muitas delas tradicionais, o que acaba se tornando folclóricas, dessa

forma, muitas comunidades, por toda a Região, realizam festejos à base dos

folguedos, em que o público participativo deixa de ser apenas a comunidade local,

mas abrange um público maior, o que caracteriza o turismo nas cidades ou

comunidades produtoras dos eventos.

Ortiz (2006) afirma que folclore é uma denominação dada às

manifestações culturais, que ocorrem nas localidades numa perspectiva tradicional,

o que difere da cultura popular, que é entendida pela transformação e inovação que

sofre. Esse é um aspecto um tanto observável no povoado Bela Vista de Covas,

onde, com o surgimento de alguns eventos festivos, profanos, à base de som

eletrônico, as festas tradicionais do povoado, que representam a cultura local,

perdem público ou até mesmo deixaram de existir. “O folclore precisa ser preservado

da contaminação profana do mundo moderno” (ORTIZ, 2006, p. 105).

As manifestações culturais existentes no povoado de Bela Vista de Covas

também sobrevivem, na base, de certa forma do turismo regional ou de época assim

chamado, por receber visitantes, além das comunidades adjacentes, de algumas

cidades de nossa região e do Brasil, nos meses de junho e dezembro, muitos

desses, descendentes da comunidade. Assim, tais festejos trazem consigo os

pressupostos folclóricos, por suas realizações tradicionais, fato esse muito

observado, sobretudo nas pequenas cidades.

As festas tradicionais existentes nas cidades ou em pequenas

comunidades, que trazem intrínseco o caráter folclórico por suas peculiares

realizações e significações para os habitantes locais, no mundo atual, movido de

tanta tecnologia, tendem a estimular inovações em suas comemorações, como diz

Castro (2009, p. 2): “as festas populares se constituem em uma importante

manifestação cultural que pode ter sua origem em um evento sagrado, social,

econômico ou mesmo político do passado e que constantemente passam por

processos de recriações e atualizações”. Como disse o autor, seja qual for a origem

cultural das manifestações sociais, na sociedade atual, imbuída de tanta tecnologia,

22

Page 23: Monografia Ivonice Pedagogia Itiúba 2012

essas festas tendem a passar por intervenções na sua forma de realização, no

entanto, o que deve ser levado em conta é a valorização dos festejos culturais e sua

importância para a comunidade local.

A manifestação cultural, como sendo as expressões populares em suas

realizações, trazem assim a identificação e a memória de uma comunidade ou até a

sociedade tem sua revelação, na maioria das vezes, nos festejos locais e

principalmente aqueles tradicionais, os quais se caracterizam por folguedos

essencialmente folclóricos.

Os festejos culturais, em muitas localidades, têm por objetivo festejar uma

cultura tradicional, entretanto deve também considerar que a cultura ali existente faz

parte da identidade e memória de um povo. No tocante a essa afirmação, Batista

(2005) assevera:

A identidade cultural e a memória reforçam-se mutuamente. Conhecemos as nossas raízes, distinguimos o que nos une e o que nos divide. Estamos aptos a entender que a cultura e a memória são faces de uma mesma moeda e que a atitude cultural por excelência e com o que nos rodeia, desde os testemunhos construídos ou das expressões da natureza aos testemunhos vivos aos quais são imprescindíveis para a construção desta identidade. (BATISTA, 2005, p. 3).

Como base no ponto de vista citado, pode-se sustentar que a identidade e

a memória de uma população são os meios pelos quais sobrevive historicamente

uma determinada comunidade em seus aspectos culturais. As localidades, que

trazem como identidade as comemorações tradicionais, sejam essas de caráter

religioso ou não, dando ênfase à memória histórica de sua gente, propiciam o

turismo regional, que vai garantir a preservação da cultura local. “A memória é

essencial para uma cultura que deseja preservar suas características e como ela é

intimamente ligada a identidade, fornece subsídios para que a identidade se

construa e se fortaleça a partir de elos comuns”(BATISTA, 2005, p. 5).

Dessa forma, tudo o que já foi expresso, anteriormente, traz algumas

características que ocorrem em muitas localidades onde se festejam não só a

23

Page 24: Monografia Ivonice Pedagogia Itiúba 2012

história tradicional de sua comunidade, como também a de seus habitantes

principalmente, em especial aqueles que primeiro construíram e participaram de tais

manifestações culturais, seja de caráter religioso ou histórico, cultural e social, como

foi já salientado.

1.3. Festas Religiosas: um acontecimento de fé e congraçamento

O Brasil é um país tipicamente católico, onde se verifica que a maioria de

suas festas tradicionais é de cunho religioso, o que constitui a cultura popular da

sociedade, principalmente quando se trata das pequenas cidades e seus povoados.

Toda essa estrutura religiosa do país se deu sobretudo durante a colonização

portuguesa, contando, antes de tudo, com o trabalho dos padres jesuítas. Assim, as

pequenas ou grandes comunidades, centralizadas pela religião católica, tem um

padroeiro que representa não somente a religião, mas, há em torno desse, um

período de comemoração e festa, constituindo a cultura local e tradicional, que se

realiza anualmente.

As festas tradicionais do povoado de Bela Vista de Covas se manifestam

também, a maioria delas, a partir das atividades religiosas da Igreja Católica, como

já foi mencionado. Tais festejos se caracterizam pela demonstração da fé que os

moradores da comunidade e adjacências demonstram em participar das

comemorações ali promovidas pela igreja, os quais buscam, no período de festa,

momentos de reverência aos Santos como também de diversão e descanso.

Para D’Abadia & Almeida (2010), o Brasil tem em suas festas tradicionais

um cunho religioso herdado do período colonial, inserido no território pelos

colonizadores portugueses.

De maneira geral, as festas religiosas são concebidas como forma de celebrações, ritos religiosos, renovação dos compromissos com a divindade homenageada. Para alguns, elas são um momento de contrição, seriedade, respeito; para outros, um momento de alegria, prazer, risos, desvirtuadas da idéia de

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Page 25: Monografia Ivonice Pedagogia Itiúba 2012

ruptura. No que diz respeito à festa religiosa, ela reforça e mantém a tradição, embora em alguns casos seja levada a uma (re)significação. (D’ABADIA & ALMEIDA, 2010, p. 75).

Como afirmaram as autoras, nas festas de cunho religioso, as pessoas ali

se encontram na situação de festejar com reverências, outras, no entanto, buscam

além de praticar a religião o sentido comemorativo de diversão e prazer, tornando-se

efervescente ao acontecimento tradicional proposto enquanto festa. Ainda a esse

respeito Durkheim (1996) afirma que:

Toda festa, mesmo quando puramente laica em suas origens, tem certas características de cerimônias religiosas, pois, em todos os casos ela tem por efeito aproximar os indivíduos, colocar em movimento as massas e suscitar assim um estado de efervescência, às vezes mesmo de delírio, que não é desprovido de parentesco com o estado religioso. [...] pode-se observar, também, tanto num caso como no outro, as mesmas manifestações: gritos, cantos, música, movimentos violentos, danças, procura de excitantes que elevem o nível vital, etc. enfatiza-se freqüentemente que as festas populares conduzem ao excesso, fazem perder de vista o limite que separa o lícito do ilícito. [...] Mas é preciso observar que talvez não exista divertimento onde a vida séria não tenha qualquer eco. No fundo a diferença está mais na proporção desigual segundo a qual esses dois elementos estão combinados. (DURKHEIM, 1996, p. 417/8, apud D’ABADIA & ALMEIDA, 2010, p. 62).

Diante do que foi afirmado, observa-se que o autor aponta que as festas

de caráter religioso ou não, criam espaço para o indivíduo se auto-promover ao

usufruir da diversidade proveniente dos estabelecimentos das festas, criando para si

o estado de transgressão, direcionando-se ao ilícito em detrimento do lícito.

As festas religiosas do povoado Bela Vista de Covas propiciam não só as

atividades da crença, como também há, em seu entorno, uma difusão de lazer e

humanização, também estimulam o desenvolvimento econômico do povoado. Dessa

forma, as festas caracterizam-se por cultura popular da comunidade, em que:

Exprimem-se, ao mesmo tempo e de uma só vez, toda espécie de instituições: religiosas, jurídicas e morais - estas políticas e famílias ao mesmo tempo; econômicas - supondo formas particulares de produção e de consumo, ou antes, de prestação e

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Page 26: Monografia Ivonice Pedagogia Itiúba 2012

de distribuição, sem contar os fenômenos estéticos nos quais desembocam tais fatos e os fenômenos morfológicos que manifestam essas instituições. (MAUSS, 1974, p. 41, apud FERRETTI, 2009, p. 7).

O autor trata das festas como uma formalidade proposta a partir de

diversas instituições sociais, nas quais se estruturam nas produções coletivas em

torno delas, no entanto, para Bakhtin (1987 apud FERRETI, 2009):

As festividades (qualquer que seja o seu tipo) são uma forma primordial, marcante, da civilização humana. Não é preciso considerá-las nem explicá-las como um produto das condições e finalidades práticas do trabalho coletivo nem, interpretação mais vulgar ainda, da necessidade biológica (fisiológica) de descanso periódico. As festividades tiveram sempre um conteúdo essencial, um sentido profundo, exprimem sempre uma concepção do mundo... (BAKHTIN, 1987, p.7-8, apud FERRETTI, 2009, p.7).

Com isso, para Ferreira (2001), manifestação cultural, como sendo o

conjunto característico das produções artísticas e intelectuais inativas ou criadas

coletivamente dentro da sociedade, assim demonstradas e transmitidas entre os

indivíduos acena para a perspectiva de preservá-las. No povoado de Bela Vista de

Covas é percebido a preocupação das pessoas, aquelas devotas da religião

católica, pela manutenção das festas tradicionais ligadas à religião, principalmente a

festa de Santo Antônio, padroeiro da comunidade, as quais dão importância e

reconhecimento da tradição ali existente. Para D’Abadia & Almeida (2010, p. 61)

interpretando Brandão (1989), “a festa está intimamente relacionada às únicas, raras

e repetidas situações da vida”. Contudo, as autoras afirmam que:

As comemorações são enfatizadas pelas sociedades em menor ou maior grau dependendo das situações. Nas cidades médias e grandes as comemorações ou festas cívicas, históricas e profanas são mais relevantes, enquanto, no interior, ou seja, nos povoados e pequenas cidades, as festas locais e religiosas são as mais importantes. (2010, p. 61).

Conforme o grifo anterior, são nas comunidades urbanas menores que as

festas religiosas tradicionais, as quais caracterizam e identificam a memória e a

cultura local, têm uma maior atuação das pessoas como fiéis ou participantes, no

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Page 27: Monografia Ivonice Pedagogia Itiúba 2012

entanto, tais festejos, a princípio de caráter religioso, acabam lado a lado com o

caráter profano, o que é impulsionado pela dimensão festiva e coletiva que

assumem, atraindo um público grande proveniente do turismo regional. Diante do

exposto, Ribeiro (2004) pontua:

O interesse de exploração turística de determinada manifestação cultural se deve a fatores como o potencial, a originalidade do evento e de uma divulgação consistente da mesma através da imagem que se queira projetar. No caso das festas religiosas a sua concepção está centrada nos devotos e nos grupos de atores sociais que permeiam o universo sacro e ao mesmo tempo profano de tais manifestações. (RIBEIRO, 2004, p. 48).

Como é citado pelo autor, o turismo propício das festas religiosas é

característico dos eventos de todo ensejo ali existente, não somente das atividades

sacras desenvolvidas pela igreja. Esse fato também se observa no povoado Bela

Vista de Covas, onde o público maior se acentua nas atividades derivadas da

festividade profana, ou seja, a parte efervescente da rua, que é caracterizado

através de bailes, bandas, bebidas, entre outros.

Ribeiro (2010, p. 48) interpretando Paiva Moura (2001) afirma que: “as

manifestações populares, sejam de cunho religioso ou não, possuem um caráter

ideológico uma vez que comemorar é, antes de tudo, conservar algo que ficou na

memória coletiva”. Para o autor, esse é um pressuposto característico e de

coexistência das festas, por muitos anos, o público participativo era sempre assíduo

ao evento, que pelo seu desenvolvimento tradicional, mantinha a tradição intangível

e caracteristicamente religiosa. Atualmente, entretanto, muitas das festas populares

de cunho religioso estão sofrendo modificações, ou melhor, inovações, sofrendo

assédio ou mudanças, principalmente com a inserção das tecnologias, o que resulta

em comemorações profanas, as quais invadem o espaço religioso das festas

populares na comunidade. Com referência ao fato em alusão, para Tinhorão (2001):

Apesar da solenidade da celebração da missa de festa e da eucaristia e da pregação do eloqüente sermão, a festa gastronômica, com a ingestão de manjares próprios e abundante vinho, por entre toques de músicas, cantares, dichotes, e brincadeiras, é de longe muito mais participada, até porque se

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Page 28: Monografia Ivonice Pedagogia Itiúba 2012

prolonga na antecipação do arraial do fim do dia e da noite. (TINHORÃO, 2001, p. 19).

Do que foi abordado anteriormente, pode-se observar que a população

participa das festas religiosas, porém a grande massa da população festeja não a

atividade sacra, e sim a festança da rua, com músicas, bailes, bebidas, etc., mas,

nem por isso, deixa de representar a cultura tradicional de uma comunidade. Para

Saraiva (2010, p. 151): “O momento da festa religiosa é efetivamente um espaço

religioso que não separa o mundo em sagrado e profano, nela tudo é potencialmente

sagrado, ainda que não seja equitativamente”. Esse é também um fato característico

do povoado Bela Vista de Covas em suas Festas tradicionais religiosas, na verdade,

hoje, tais festas resumem-se, praticamente, ao festejo do padroeiro Santo Antônio,

comemorado no dia 13 de junho.

As festas tradicionais, religiosas ou não, representam a identidade e a

memória de um povo, como já citamos anteriormente, essas proporcionam

momentos de diversão, crença ou humanização, também criam elementos

importantíssimos para comunidade, quando se trata de comemoração, e marcam na

vida social da comunidade. Outra vez, Tinhorão (2001) argumenta:

Um dos aspectos da vida que mais tem interessado aos estudiosos da cultura popular nos últimos anos, é o problema da participação dos moradores das cidades nos eventos, que coberta pela palavra “festa”, os dicionários definem como “o conjunto das cerimônias com que se celebra qualquer acontecimento, solenidade, comemoração”. (TINHORÃO, 2001, p. 17).

Tomando como referência essa citação, por se tratar de participação,

comemoração e festa, deve ser lembrado que os festejos culturais e religiosos do

povoado Bela Vista de Covas tem boa participação do público local(moradores da

comunidade e adjacência), porém, é percebido um processo de mudança ou de

aculturação, por assim dizer, vivenciado em tais festejos, as atividades religiosas

acontecem bem, no entanto, o que chamam a atenção do público mesmo são outros

elementos que caracterizam ou contemplam os dias de festa do padroeiro local,

como show de bandas, blocos, bebidas, etc., como já foi observado anteriormente.

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Page 29: Monografia Ivonice Pedagogia Itiúba 2012

Para Ferretti (2009, p. 8): “as festas da cultura popular geralmente são

organizadas como forma de reciprocidade, de retribuição ou de agradecimento por

uma graça alcançada e que necessita ser retribuída”. Como afirma o autor, essas

características conduzem o ser humano ao elemento fundamental de uma festa

religiosa, que tradicionalmente representa a identidade moral e cultural de uma

determinada comunidade. Assim, festejar é manifestar culturalmente aquilo que

caracteriza a vivência humana dentro da sociedade na qual o indivíduo está inserido.

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Page 30: Monografia Ivonice Pedagogia Itiúba 2012

CAPÍTULO II

PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

2.1. A pesquisa

A pesquisa utilizada para construção de estudo foi a abordagem de

caráter etnográfico, escolhida por se tratar da cultura de uma comunidade, herdada

socialmente através da religião e que mantém a memória da comunidade local.

Como salienta Cascudo (2004, p. 18): “a etnografia é realmente o estudo da origem,

desenvolvimento e permanência social das culturas”. Desse modo, este trabalho

visa estudar como é que acontecem as atividades culturais em torno da festa do

padroeiro Santo Antônio, no povoado de bela Vista de Covas.

2.2. Os instrumentos

2.2.1. Entrevista semiestruturada

Os instrumentos de pesquisas são os meios que propiciam elementos

para a realização de estudos sobre um tema escolhido; tal proposta desenvolverá

partindo da entrevista semiestruturada. Como diz Triviños (1987), a entrevista semi

estruturada é [...] aquela que parte de certos questionamentos básicos, apoiados em

teorias e hipóteses, que interessam à pesquisa, [...] (TRIVIÑOS, 1987, p. 146).

2.2.1.1. A organização da entrevista:

Bloco I – identificação dos entrevistados

Por: Ivonice Josefa dos Santos e Renildo Lopes dos Santos

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Page 31: Monografia Ivonice Pedagogia Itiúba 2012

ORIENTADORA: Maria Glória da Paz

Assunto: Manifestações culturais tradicionais do povoado Bela Vista de Covas

1° BLOCO: Identificação do (a) entrevistado (a)

Data:.............de …................................ de ...................... horário: ….................horas

Local: ….........................................................................................................................

Nome: …........................................................................................................................

Cor..................................................................................................................................

Idade: ….......................ou data de nascimento: ….......................................................

Posição no grupo familiar:..............................................................................................

Filiação: …......................................... e ….....................................................................

Local de nascimento:......................................................................................................

Estado Civil:....................................................................................................................

N° de filhos: …............ (feminino) …................ (masculino) …......................................

Religião: ….....................................................................................................................

Escolaridade:..................................................................................................................

Ocupação: …..................................................................................................................

Tempo de docência na Educação................................................................................

Carga horária ( ) 20 horas ( ) 40 horas ( ) 60 horas

Renda salarial: até um salário mínimo ( ) até dois salários mínimos ( )

mais de dois salários mínimos ( )

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Page 32: Monografia Ivonice Pedagogia Itiúba 2012

Bloco II – Roteiro da entrevista

Por: Ivonice Josefa dos Santos e Renildo Lopes dos Santos

ORIENTADORA: Maria Glória da Paz

Assunto: Manifestações culturais tradicionais do povoado Bela Vista de Covas

Questões para o (a) organizador (a) da festa no passado/presente, responsável

pela administração da Igreja Católica local.

Introdução: Sabemos que o povoado Bela Vista de Covas festeja o padroeiro Santo

Antônio a mais de meio século.

1 – Para o (a) senhor (a), como é participar, estando à frente da organização dos

festejos na Igreja?

2 – Como se dar a mobilização da comunidade para realização das festas?

3 – Como é elaborado o planejamento das despesas para realizar a festa?

4 – Como se divide o período de programação?

5 – A população local ou os fiéis contribuem de alguma forma com a programação

da festa?

6 – De que maneira o poder público contribui para realização da festa?

7 – Como é a participação dos moradores da comunidade e adjacências nos festejos

da Igreja?

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Page 33: Monografia Ivonice Pedagogia Itiúba 2012

Bloco II – Roteiro da entrevista

Por: Ivonice Josefa dos Santos e Renildo Lopes dos Santos

ORIENTADORA: Maria Glória da Paz

Assunto: Manifestações culturais tradicionais do povoado Bela Vista de Covas

Questões para os adultos que participam da festa

Introdução: O povoado Bela Vista de Covas tem em suas festas tradicionais como

principal, o festejo do padroeiro Santo Antônio.

1 – Como o (a) senhor (a) analisa a realização das festas religiosas?

2 – Como é a participação do (a) senhor (a) nos festejos pela Igreja?

3 – Qual é a importância dos festejos tradicionais do padroeiro Santo Antônio para o

(a) senhor (a) e para o povoado?

4 – O que o senhor (a) acha das festas com bandas organizadas pelo poder

público?

5 – Qual a importância destas festas para a comunidade?

6 – O senhor (a) participa das festas dançantes?

7 – Como é que o (a) senhor (a) analisa a atuação das pessoas da comunidade nas

festas?

8 – O que atrai o turismo para localidade: a festa religiosa ou a festa dançante?

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Page 34: Monografia Ivonice Pedagogia Itiúba 2012

Bloco II – Roteiro da entrevista

Por: Ivonice Josefa dos Santos e Renildo Lopes dos Santos

ORIENTADORA: Maria Glória da Paz

Assunto: Manifestações culturais tradicionais do povoado Bela Vista de Covas

Questões para os professores que participam da festa

Introdução: O povoado Bela Vista de Covas tem em suas festas tradicionais como

principal, o festejo do padroeiro Santo Antônio.

1 – Como o (a) senhor (a) analisa a realização das festas religiosas?

2 – Como é a participação do (a) senhor (a) nos festejos pela Igreja?

3 – Qual é a importância dos festejos tradicionais do padroeiro Santo Antônio para o

(a) senhor (a) e para o povoado?

4 – O que o senhor (a) acha das festas com bandas organizadas pelo poder

público?

5 – Qual a importância destas festas para a comunidade?

6 – O senhor (a) participa das festas dançantes?

7 – Como é que o (a) senhor (a) analisa a atuação das pessoas da comunidade nas

festas?

8 – O que atrai o turismo para localidade: a festa religiosa ou a festa dançante?

9 – Como é a participação da escola nas festas da comunidade?

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Page 35: Monografia Ivonice Pedagogia Itiúba 2012

Bloco II – Roteiro da entrevista

Por: Ivonice Josefa dos Santos e Renildo Lopes dos Santos

ORIENTADORA: Maria Glória da Paz

Assunto: Manifestações culturais tradicionais do povoado Bela Vista de Covas

Questões para os (as) adolescentes participantes

Introdução: O povoado Bela Vista de Covas tem, em suas festas tradicionais, como

principal o festejo do padroeiro Santo Antônio.

1 – Como você analisa a realização das festas religiosas?

2 – Como é a participação sua nos festejos pela Igreja?

3 – Qual é a importância dos festejos tradicionais do padroeiro Santo Antônio para o

você e para o povoado?

4 – O que o você acha das festas com bandas organizadas pelo poder público?

5 – Qual a importância destas festas para a comunidade?

6 – Você participa das festas dançantes?

7 – Como é que você analisa a atuação das pessoas da comunidade nas festas?

8 – O que atrai o turismo para localidade: a festa religiosa ou a festa dançante?

9 – Como é a participação da escola nas festas da comunidade?

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Page 36: Monografia Ivonice Pedagogia Itiúba 2012

Bloco II – Roteiro da entrevista

Por: Ivonice Josefa dos Santos e Renildo Lopes dos Santos

ORIENTADORA: Maria Glória da Paz

Assunto: Manifestações culturais tradicionais do povoado Bela Vista de Covas

Questões para os (as) idosos (as) participantes da festa

Introdução: O povoado Bela Vista de Covas tem, em suas festas tradicionais, como

principal o festejo do padroeiro Santo Antônio.

1 – Como o (a) senhor (a) analisa a realização das festas religiosas?

2 – Como é a participação do (a) senhor (a) nos festejos pela Igreja?

3 – Qual é a importância dos festejos tradicionais do padroeiro Santo Antônio para o

(a) senhor (a) e para o povoado?

4 – O que o senhor (a) acha das festas com bandas organizadas pelo poder

público?

5 – Qual a importância destas festas para a comunidade?

6 – O senhor (a) participa das festas dançantes?

7 – Como é que o (a) senhor (a) analisa a atuação das pessoas da comunidade nas

festas?

8 – O que atrai o turismo para localidade: a festa religiosa ou a festa dançante?

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Page 37: Monografia Ivonice Pedagogia Itiúba 2012

Bloco II – Roteiro da entrevista

Por: Ivonice Josefa dos Santos e Renildo Lopes dos Santos

ORIENTADORA: Maria Glória da Paz

Assunto: Manifestações culturais tradicionais do povoado Bela Vista de Covas

Questões para as crianças participantes da festa

Introdução: O povoado Bela Vista de Covas tem, em suas festas tradicionais, como

principal o festejo do padroeiro Santo Antônio.

1 – Como você analisa a realização das festas religiosas?

2 – Como é sua participação nos festejos pela Igreja?

3 – Qual é a importância dos festejos tradicionais do padroeiro Santo Antônio para o

você e para o povoado?

4 – O que você acha das festas com bandas organizadas pelo poder público?

5 – Qual a importância destas festas para a comunidade?

6 – Você participa das festas dançantes?

7 – Como é que você analisa a atuação das pessoas da comunidade nas festas?

8 – O que atrai o turismo para localidade: a festa religiosa ou a festa dançante?

9 – Como é que a escola participa da festa?

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Page 38: Monografia Ivonice Pedagogia Itiúba 2012

2.3. Carta cessão

CESSÃO DE DIREITOS SOBRE DEPOIMENTO ORAL PARA UNEB

1 – Pelo presente documento..................................................................... brasileira,

estado civil) ...................... (profissão) ................ carteira de identidade nº..................,

emitida por.................................... CPF nº ....................., residente e domiciliada

em ................................................., Município .................... cede e transfere nesse

ato, gratuitamente, em caráter universal e definitivo ao Campus VII da Universidade

Estadual da Bahia (UNEB) a totalidade dos seus direitos patrimoniais de autor sobre

o depoimento prestado no dia ............. de ....................... de ................., perante o

pesquisador ................................................................................................................

2 – Na forma preconizada pela legislação nacional e pelas convenções

internacionais de que o Brasil é signatário, o DEPOENTE, proprietário originário do

depoimento de que trata este termo, terá, indefinidamente, o direito ao exercício

pleno dos seus direitos morais sobre o referido depoimento, de sorte que sempre

terá seu nome citado por ocasião de qualquer utilização.

3 – Fica pois o Campus VII da Universidade do Estado da Bahia (UNEB) plenamente

autorizado a utilizar o referido depoimento, no todo ou em parte, editado ou integral,

inclusive cedendo seus direitos a terceiros, Brasil e/ou no exterior.

Sendo esta forma legitima e eficaz que representa legalmente os nossos interesses,

assinam o presente documento em 02 (duas) vias de igual teor e para um só efeito.

...............[ assinatura do (a) entrevistado (a) ]............

TESTEMUNHAS:

_____________________________________

_____________________________________

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Page 39: Monografia Ivonice Pedagogia Itiúba 2012

2.4. As fontes de pesquisa

2.4.1. Fontes orais

Para a realização do nosso trabalho, foram colhidas informações junto

aos moradores e moradoras do povoado, crianças, adolescentes, professores,

idosos e aqueles que estiveram e estão à frente da Igreja Católica e promovem os

festejos do padroeiro Santo Antônio.

2.4.2. Fontes escritas

Para este estudo, obras de alguns autores foram pesquisadas, entre

outros, podem ser destacados:

– Peter Burke (2008) que faz um estudo sobre a compreensão do processo cultural

historicamente vivido e produzido pelos povos de diversas sociedades.

– Luiz da Câmara Cascudo (2004), em seu livro Civilização e cultura: pesquisa e

notas de etnografia geral: – aborda aspectos brasileiros da cultura popular.

– Convites, ofícios e copias de contratos...

Foram utilizadas fontes, como: convites e cartazes, que através de

imagens e cores convidam as pessoas a participarem do evento. Também foram

enviados ofícios aos poderes públicos, judiciais e de segurança publica; esse

procedimento é comum, quando se realiza algum tipo de festa, com ou sem vínculo

da igreja, pedindo autorização para tal feito. Do mesmo modo, os contratos,

documentos que estabelecem um acordo entre duas ou mais pessoas para locação

de imóveis no período da festa, como garantia de atuação dos comerciantes, que

vêm ao povoado, para usufruir dos movimentos comerciais em torno da festa,

regulamentando o pagamento de taxa à prefeitura municipal, para colocar seu trailer

ou barracas durante o período das festas.

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Page 40: Monografia Ivonice Pedagogia Itiúba 2012

2.4.3. Fontes iconográficas: fotografias

As fontes iconográficas são os registros da festa através de fotografias

que destacam geralmente os momentos mais importantes, como as novenas, a

Santa Missa, a procissão e os leilões, também as festas dançantes, que

caracterizam e contemplam a cultura da festa e do povoado.

2.4.4. O local da pesquisa

Nosso lócus da pesquisa é um povoado denominado Bela Vista de

Covas, localizado a 30 km da sede do município de Itiúba-Ba. Tem

aproximadamente uma população de 1000 (um mil) moradores. Boa parte da

população vive das atividades de olarias (da produção de tijolos “alvenaria”, blocos e

telhas), localizadas na várzea, próximo ao rio Itapicuru Açu; outros têm suas fontes

de renda nas atividades agropecuárias, comércio e serviço público.

O povoado teve seu desenvolvimento urbano no início do século XX,

conforme o conhecimento transmitido pela população local. A princípio, seu nome

era apenas Covas, nome que tem origem, devido aos buracos feitos para as

plantações de cana-de-açúcar, na várzea da antiga fazenda de D. Florinda Maria do

Amor Divino, a primeira moradora da localidade, local que propicia o acesso ao rio,

onde se encontra o limite entre o território itiubense e o município de Queimadas.

Na década de 1980, o desenvolvimento urbano da localidade, levou os

políticos da época a elaborarem um projeto de lei que mudava o nome do povoado

de Covas para Bela Vista de Santo Antônio, o que fora aprovado pela então Câmara

Municipal. A alteração do nome se justifica pelo desejo de relacionar o nome ao

padroeiro da comunidade, e a festa mais tradicional da região adjacente, no entanto,

o nome que se firmou, popularmente, a partir dessa época foi Bela Vista de Covas,

assim, observado nas diversas correspondências que circulam no país e na região,

no entanto a popular “Covas”, ainda hoje é nome da linguagem do povo, é também o

nome identificado no mapa da Bahia, por ser um dos maiores povoados do

município de Itiúba, e de fato o nome Bela Vista de Covas tem mais haver com a

história de sua fundação.

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Page 41: Monografia Ivonice Pedagogia Itiúba 2012

CAPITULO III

3.1. A FESTA DE SANTO ANTONIO NA VISÃO DOS ORGANIZADORES

3.1.1. A organização da festa na Igreja

Os depoimentos dos organizadores da festa estão naturalmente divididos

em dois discursos, um mais preocupado com a gestão da festa e o outro mais

voltado para a contemplação. Na primeira vertente encontram-se os que observam

alguns problemas no momento da divisão das tarefas para a arrumação da festa; a

causa encontrada para justificar os entraves, é a diversidade de opiniões por parte

da administração, como fala um entrevistado “[...] Foi preocupante, acarretado... tem

sido difícil para dividir os trabalhos no interior da igreja, devido as opiniões diferentes

na administração.”, outros dizem que a causa é a participação certamente de muitas

pessoas neste momento inicial “Muito bom, porém complicado, devido a participação

das pessoas em ajudar a organizar os festejos.”

A vertente contemplativa se detém nas práticas litúrgicas, na organização

do será lido, do que servirá como ponto de reflexão para os fiéis durante os festejos

religiosos. “Ficar à frente da organização é fazer as leituras bíblicas e reflexões das

palavras sagradas”. Certamente esta vertente cuida das orações, cânticos e leituras

que servirão de conteúdos para as trezenas – treze dias de louvor e orações ao

santo padroeiro festejado.

3.1.2. A mobilização da comunidade para realização das festas

A mobilização da comunidade para realizar os festejos do padroeiro Santo

Antônio ao longo do tempo aconteceu de maneiras diferentes. No passado, o povo

da comunidade se reunia em uma espécie de assembléia para opinar sobre a festa,

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Page 42: Monografia Ivonice Pedagogia Itiúba 2012

como demonstra o discurso de um (a) entrevistado (a). “Era feito uma assembléia na

comunidade e o povo dava opiniões para a organização das festas, não havia uma

administração própria da igreja para tomar decisões”.

Na atualidade, os dirigentes da igreja são os responsáveis pela

mobilização em pró da festa, como foi dito por um colaborador, “o grupo religioso à

frente da igreja se senta para planejar dando opiniões, ouvindo as pessoas sobre os

eventos” e a partir deste levantamento de idéias o planejamento toma corpo, a

organização do evento vai se delineando com a divisão de grupos como lembra um

entrevistado: “se divide por grupos e cada grupo fica responsável pela administração

de parte dos eventos festivos”.

Diante do exposto, observa-se que houve uma mudança no aspecto

administrativo da igreja, principalmente no que diz respeito à organização dos

festejos do padroeiro Santo Antônio, no passado uma assembléia constituída pela

comunidade era o elemento propulsor, provavelmente esse coletivo se sentia mais

próximo e responsável para que tudo corresse como o que fora planejado; quando

se trata da organização atual, os discursos deixam transparecer que a comunidade

está afastada da construção do evento, está perdendo a oportunidade de participar e

opinar, o que causa certa indiferença sobre a realização das festas religiosas.

3.1.3. O planejamento, as despesas e o financiamento da festa

Para realizar os festejos de Santo Antônio, há despesas de grande porte

com a infra estrutura do evento, como, por exemplo, pintura da igreja,

ornamentações, fogos entre outros, para tais despesas observa-se entre os

depoimentos que há uma estreita relação com o povo da comunidade no que tange

a contribuição financeira para que aconteça a festa, isto fica registrado nos

depoimentos que se seguem: a) “O povo da comunidade faziam doações, o poder

público também contribuía e arrecadavam também através de bingos, feira-chique e

no comércio”; b) “Através de leilões ou até bingos e também as ofertas das novenas

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Page 43: Monografia Ivonice Pedagogia Itiúba 2012

e cultos”; c) “O grupo organizador pede contribuição aos comerciantes e realiza

bingos e sorteios para os gastos com os festejos”.

Entre os três depoimentos destaca-se o discurso da letra “a”, quando se

refere ao passado, nele o colaborador observa que o poder público era quem

contribuía para realização da festa, enquanto que na atualidade, os depoimentos “b”

e “c”, revelam que não há contribuição por parte de órgãos públicos, tornando-se

mais freqüente as doações através de populares, das ofertas e dos bingos.

O festejo de Santo Antônio no povoado de Bela Veja de Covas Itiúba-Ba,

no mês de junho, ocorre de 01 a 13, dia do padroeiro, em tal comemoração, há

diversos gastos e uma diversidade de acontecimentos. Para realizar essa festa,

busca-se assim, por contribuições ao comércio local, ao povo da comunidade

católica e devotos do santo. Como afirma os depoimentos: a) “Sim, com doações de

fogos e bens para os leilões além de prêmios para bingos”. Trata aqui da

contribuição dos fiéis para os eventos que acontecem dentro da festa. Outros dois

depoimentos confirmam a versão do primeiro; b) “Algumas pessoas, principalmente

os fiéis devotos do padroeiro Santo Antônio” e c) “Contribuem com doações”.

É nesse aspecto que a festa religiosa acontece com o apoio da

comunidade em participação e contribuição, como já salientamos anteriormente,

realizar a festa no povoado sempre foi dispendioso, como se pôde observar nos

depoimentos anteriormente lidos, daí a participação econômica do poder público.

Quanto ao apoio dado pelo poder público para a festa religiosa, observa-

se uma modificação de atitude; na administração passada, segundo afirmação de

um (a) entrevistado (a) a prefeitura “Contribuía com a banda Filarmônica ou

Bolachinha para tocar na procissão, pintura da igreja, além de bandas para festa

dançante na rua”. Nesse depoimento, percebe-se que há uma preocupação com a

contribuição do poder público, no sentido de preservação da cultural tradicional. Na

atualidade, conforme um segundo depoimento o depoente aponta a participação do

poder publico somente na parte profana do evento, “O poder público não contribui

para a festa religiosa, apenas para a festa dançante de rua com bandas”, esta

posição se fortalece ainda mais pelo terceiro depoimento quando afirma: “Em minha

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Page 44: Monografia Ivonice Pedagogia Itiúba 2012

administração, o poder público não contribuiu, porém, certamente foi falta de pedido,

observo que em anos anteriores já havia contribuído”.

A partir dos depoimentos descritos nas vertentes, afirma-se que a

preocupação do poder público é em realizar a festa dançante, uma vez que, a igreja

juntamente com a comunidade cuida dos festejos religiosos, mantendo em conjunto

a tradição cultural do povoado.

3.1.4. A programação da festa

A programação da festa do padroeiro Santo Antônio é dividida entre dois

tempos, um período preparatório que antecede o dia da festa chamado de trezenas,

que compreende treze dias de orações e uma segunda parte que compreende o

evento principal o dia do padroeiro, bastante relevante para os entrevistados, como

revelam os depoimentos: “Se dividia em trezenas (treze novenas) o dia do padroeiro

com alvorada, missa com batizados e casamentos, procissão, reza do terço de

Santo Antônio à noite e concluía com os leilões”. Um segundo depoimento revela a

participação dos fiéis e as atividades oferecidas pelo evento, “O grupo a frente da

igreja se divide para participar das novenas, da procissão, dos leilões. A festa se

divide em trezenas, Santa Missa, procissão e reza com leilões”, e o terceiro

entrevistado divide a o evento em algumas partes (a): “A gente divide pelo terço, que

são as trezenas, e, no dia do padroeiro ocorre a Santa Missa, procissão, reza

noturna e leilões”.

Há de fato, o primeiro depoimento, é mais elucidativo do que representou

esta festa no passado, trata-se de uma festa religiosa completa, mais participativa,

levada em conta atribuições dentro e no ocorrer dos festejos, como os batizados e

os casamentos, por exemplo, trazendo assim, o sinal da fé religiosa e devoção ao

santo padroeiro. Já o segundo e terceiro depoimentos, relatam apenas a

preocupação com as tarefas a serem divididas entre os organizadores pelas fases

da festa.

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Page 45: Monografia Ivonice Pedagogia Itiúba 2012

De qualquer modo observamos que a festa ainda envolve boa parte da

comunidade, apenas tomou outros rumos, seguindo os acontecimentos da

modernização.

3.1.5. Os festejos e a participação dos moradores da comunidade e

adjacências

O ofício dos moradores do povoado e região em promover os festejos

tradicionais do padroeiro Santo Antônio, é bastante convincente entre os

depoimentos prestados, porém, um destes observa algumas alterações, sobre a

participação mais consistente dos moradores e adjacência. Segundo um (a)

entrevistado (a), “No passado, todos os povos, tanto da localidade como das

comunidades vizinhas participavam de todos os festejos de Santo Antônio, hoje,

observo que o povo se preocupa mais em participar das festas dançantes da rua

que da igreja”.

Conforme o depoimento acima há uma mudança de foco do que seja

tradicional para o povo de hoje que não apenas o festejo religioso, o que não é

confirmado no depoimento do segundo entrevistado (a) “O povo local e adjacente

tem boa participação nos eventos religiosos, desde as trezenas, até o dia do

padroeiro com as fases da festa de Santo Antônio”. Para ele, uma demonstração de

fé e religiosidade fortalecida.

Outro entrevistado destaca a participação efetiva da comunidade em

todos os momentos da festa, ele diz que os moradores: “São bem participativos, a

comunidade local participa de todos os eventos, desde as trezenas até o dia do

padroeiro Santo Antônio [...]” e ressalta a participação dos moradores do entorno

como algo mais específico ao dia principal “[...] já as comunidades vizinhas sempre

participam, principalmente no dia de Santo Antônio”. Com isso percebemos que o

festejo do padroeiro Santo Antônio ainda se mantém resistente no povoado, o que

demonstra a força da participação da Igreja no processo formativo da comunidade,

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Page 46: Monografia Ivonice Pedagogia Itiúba 2012

pois, embora tenha avançado muito no que diz respeito á parte profana, o evento

religioso ainda se encontra pleno.

3.2. A FESTA DE SANTO ANTONIO NA VISÃO DOS PARTICIPANTES

3.2.1. A realização das festas religiosas

Os participantes da festa também observam que há um envolvimento

muito grande por parte dos visitantes, não importando a idade ou sexo, eles se

integram ao evento “vejo o povo rezando, gritando leilão, o povo se anima nos

encontros das festas”, tal colocação aponta a fé das pessoas com relação ao

momento religioso. Para outro entrevistado a festa já foi melhor: “já foram melhores,

o povo anos anteriores se prontificavam para esperar os festejos”. Há dois tempos

nas versões, um passado cheio de atividades como leilões, encontros e orações e

um tempo presente, que apresenta uma redução nas atividades religiosas e uma

expansão do lado profano da festa.

Os professores em suas versões sobre a festa relatam pontos que os

deixam incomodados em alguns momentos: “[...] as realizações das festas

religiosas, seus horários, não são convenientes para a participação de todos da

comunidade”, o professor “A” ressalta a questão do horário dos festejos; para ele a

festa está acontecendo em horários inoportunos para as pessoas, já o professor B,

trata da participação das pessoas num passado recente “eu vejo que a cada dia que

passa a festa vem caindo sua popularidade, o gosto da população de participar, em

meus tempos de criança, as pessoas eram mais participativas em respeito à

religião”.

Os adolescentes fazem uma observação interessante quanto à realização

das festas religiosas e as suas participações. Para o adolescente A, as festas são

“Boas, são bem organizadas e é tradição na comunidade”; outro ressalta o incentivo

a preservação religiosa e cultural da festa: “Muito bom, pelo incentivo à religião e à

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Page 47: Monografia Ivonice Pedagogia Itiúba 2012

tradição no povoado”. Um adolescente entrevistado destaca o empenho da

comunidade para realização da festa “Vejo que o povo da comunidade se empenha

para fazer e acontecer essa festa”; na verdade esta é uma das características das

comunidades rurais, haja vista que as festas que celebram os padroeiros são as

únicas manifestações festivas destas localidades, o que provavelmente sejam

originárias dos festejos de colheita.

Outras opiniões entre os jovens também se manifestam, “Acho meia

fraca, as pessoas que mais freqüentam são as pessoas da comunidade...”. Neste

caso percebe-se que o jovem vê a participação de pessoas de fora, ainda muito

tímida ou inexistente e isto justificaria a inexpressividade da festa; uma visão

condizente com a faixa etária, e com as suas vivencias no presente.

Para os idosos, as festas religiosas não são mais como as de

antigamente, ”Vejo [as festas] como boas, porque é tradicional, porém mudada. No

passado era mais religiosa, enquanto hoje, há um povão, mas pela festa dançante

da rua”. Nesta fala observamos que o entrevistado chama atenção para o

enfraquecimento do culto religioso em detrimento da festa profana, do mesmo modo,

em outro depoimento, o entrevistado deixa bem claro o seu sentimento de

desagrado quanto ao novo formato da festa. “Vejo diferente em sentido negativo, no

passado, o povo era mais participativo e acreditava mais na religião, hoje as

pessoas são mais voltadas para a vaidade e festa dançante, um tanto sem respeito

às festas religiosas”.

Na opinião do entrevistado C, as modificações começam a aparecer a

partir dos anos 60.

A igreja vem mantendo os festejos, porém, dos anos 60 para cá, mudou muita coisa, várias novenas mudaram, como por exemplo, a noite mais bonita era a noite do Sr. Domingos, também não existe mais todas da trezena de Santo Antônio, como dos casados, dos solteiros, etc. Antigamente também não tinha protestantes (evangélicos) na comunidade, assim, reduziu o número de participantes na igreja.

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Page 48: Monografia Ivonice Pedagogia Itiúba 2012

Para este entrevistado o aparecimento de outras congregações religiosas

também contribuíram para o enfraquecimento da festa, ressalta ainda as

modificações na estrutura religiosa, se referindo ao novenário modificado; para ele, a

festa religiosa caiu no descrédito, “[...] o povo mais jovem, somente busca a

diversão, a vaidade e as inovações que o mundo atual oferece além da divisão da

comunidade em religiões diversas”.

Diante de tantos comentários que mostram aspectos mais negativos que

positivos, aparecem algumas crianças filhos de católicos, que colocam tudo de bom

e positivo nos festejos. “Boa, porque é animado e todo mundo curte os festejos”.

Outro depoimento dá mais ênfase a questão religiosa: “[...] com muita animação

pelas pessoas que participam dos festejos, elas vão para a igreja durante as festas e

participam com muito gosto nos cantos e alegria”.

Diante de tantos comentários e análise feitos pelos entrevistados,

observa-se que realmente os festejos por parte da igreja na festa do santo padroeiro

do povoado, já não tem mais o mesmo publico, ao longo dos anos, alguns aspectos

foram se modificando alavancados pela dinâmica da vida das pessoas e pelas

modificações sociais, na administração religiosa, no comportamento das pessoas,

na estrutura organizacional da festa, possivelmente todas estas coisas têm

interferido no pensamento e na participação do povo.

3.2.2. A participação das pessoas nos festejos religiosos e na festa dançante

Para os entrevistados a participação das pessoas nos festejos religiosos,

difere uma das outras, em virtude de ser levado em conta, a idade, o tempo

disponível, a religião e a própria fé.

Um dos adultos relata que participa dos eventos que ocorrem no período

dos festejos, e observa o clima dos fiéis durante estas atividades “vou para a igreja

rezar nas novenas, na missa, na procissão e assim vê a animação do povo nos

festejos”. Outros participam com menos intensidade, pois os afazeres com o

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Page 49: Monografia Ivonice Pedagogia Itiúba 2012

trabalho os deixam com pouco tempo: “[participo] pouco, devido à função de

trabalho”. Observamos que mesmo os católicos e adultos, não se entregam aos

festejos intensamente, participam de maneira mais restrita, pois não querem deixar

as coisas pessoais para outro momento.

Para os professores, a sua participação na igreja, depende dos fatores

tempo e trabalho, como afirma um dos entrevistados: “não participo, devido aos

horários e ao trabalho”, enquanto que outro professor assiste parcialmente a todos

os eventos realizados na igreja, como relata. “Minha participação não é em todas as

festas da igreja, mas sempre participo nas novenas e na Santa Missa”.

A participação da juventude ainda reafirma a preferência pelas

comemorações religiosas; o adolescente A diz que participa “[...], ajudando nos

cantos e assistindo a Santa Missa”; já o adolescente B e C, somente participam da

missa, e somente um deles prefere a festa da rua, como afirma em seu depoimento

“Não participo, pouca vontade, à noite estou na festa da rua”.

O grupo que tem uma participação mais efetiva nos eventos religiosos

desta festa são os idosos, como demonstram em seus depoimentos: “Minha

participação sempre foi presente. No passado, participava de todos os eventos

religiosos, desde as novenas até o dia do padroeiro com a missa, procissão e

leilões, hoje participo basicamente da missa e da procissão”.

Outro depoimento demonstra que no passado havia mais efetividade:

“Participo sempre, mas no passado, eu participava de tudo, até porque, era

responsável pela organização dos festejos, hoje participo, mas não à frente da

organização dos eventos”; outro entrevistado reafirma a sua participação efetiva nos

festejos. “Sempre acompanhei ajudando em alguma coisa, o necessário, nas rezas

do padroeiro, desde as trezenas até a missa e os festejos do dia 13 de junho, dia do

padroeiro Santo Antônio”.

Os idosos relembram que viveram e participaram da festa desde a

juventude, no entanto, demonstram algumas restrições, “[...] hoje participo

basicamente da missa e da procissão”. Esse depoimento mostra não a perda da fé,

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Page 50: Monografia Ivonice Pedagogia Itiúba 2012

mas os limites impostos pela idade. De qualquer forma, são os que mais se

importam com a cultura festiva e religiosa do padroeiro Santo Antônio no povoado.

As crianças assim como os jovens, também têm a sua participação nas

atividades religiosas da festa, umas participam somente da missa, outras participam

intensamente como mostra este relato: “Eu participo nas festas religiosas cantando

hinos, no coral das crianças, na hora da missa fazendo as leituras litúrgicas e

também no novenário”. A participação das pessoas nos festejos de Santo Antonio,

ainda demonstra vigor, algumas mudanças são observadas, provavelmente deve-se

à dinâmica da vida com seus novos hábitos, o que certamente termina influenciando,

mas nada que comprometa a questão da fé.

3.2.3. A importância dos festejos do padroeiro Santo Antônio para o povoado

A festa do padroeiro para o povoado, é vista pela maioria dos

entrevistados como elemento de preservação da cultura religiosa do lugar e como

impulsionador da geração de renda.

O depoimento dos adultos traz pontos comuns, quando trata sobre o

divertimento e a geração de renda. “A importância para mim é porque é um tempo

animado e para o povoado a importância é o desenvolvimento comercial e traz a

diversão pra a comunidade”; em outro relato são afirmados estes dois pontos “É

ótimo, pois gera renda para o povoado e traz divertimento para as pessoas”.

Para os professores a tradição da festa tem perdido a força, há pouca

integração entre a Igreja e a comunidade no que tange a preservação dos festejos,

mesmo assim eles apontam a festa como algo importante para a comunidade, “Acho

importante, porém, vejo que está perdendo a tradição, tanto para mim como para o

povoado, faltando assim, integração entre igreja e comunidade local e adjacente”;

para o outro entrevistado há um ponto positivo para o catolicismo “[...] ponto positivo

para o católico, por ser uma tradição e para a comunidade há importância tanto no

ponto religioso, cultural como meio de geração de renda”.

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Page 51: Monografia Ivonice Pedagogia Itiúba 2012

Para o público mais jovem, a importância da festa encontra-se no

fortalecimento da religião. E mesmo não participando intensamente das atividades

religiosas os adolescentes, observam que a festa de Santo Antônio tem pontos

positivos, para a religião e para a cultura do lugar. “Por que incentiva a cultura do

povoado que está se perdendo, para o povoado a importância é para as pessoas

que seguem a religião e a geração de renda para os comerciantes”.

Os idosos evidenciam a alegria vivida durante os festejos, “As festas são

[...] o meio em que as pessoas tanto dos festejos da igreja como da festa dançante

da rua, tem o prazer de participar, [...]”; em outro depoimento o entrevistado registra

a como momentos alegres “[...] os leilões, o zabumba, a Bolachinha que animava

muito, [...]”, outros acham que a festa anualmente traz alegria para a comunidade:

“Acho bom, porque todo ano tem e é mais uma alegria e divertimento para o lugar”;

há também os saudosistas que lembram de um tempo em que as festas eram

melhores: “Bom, mas já foram melhores”. São opiniões que também incidem sobre a

organização da festa por parte do poder público.

3.2.4. As festas com bandas organizadas pelo poder público e sua importância

para a comunidade

A festa de rua de certa maneira está mais voltada para um publico jovem,

que vê nas bandas um espaço de diversão, alegria e socialização. E, se tratando de

festa dançante, os adolescentes revelam as suas impressões sobre o lado profano

da festa, até porque é deste evento que mais participam.

Alguns depoimentos enfatizam a organização e outros o fluxo de turistas

que acorrem ao lugar a fim da participar da festa dançante. Nos primeiros

encontramos algumas opiniões que tratam diretamente da organização da festa e da

diversão para a comunidade; “[...] também são bem organizadas, além, da diversão

para o povo”; outro depoimento faz lembrar a interação dos vizinhos, “Traz muitas

pessoas para a festa, reúne encontro de pessoas no povoado”; outros apontam a

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Page 52: Monografia Ivonice Pedagogia Itiúba 2012

festa como o único momento de diversão para o povoado; “É o principal divertimento

da população local e regional, a festa do padroeiro Santo Antônio”; e mesmo sendo

um evento que está sob a organização de duas instituições a Igreja e o Município,

somente a parte que toca a organização da rua recebe criticas: “Acho um pouco mal

organizadas em termos das bandas, poderiam ser melhores, mas é importante para

que não fique sem festa dançante e manter a tradição”.

O público idoso, apesar de sua idade não menospreza o evento de rua,

para o povo, como relata o idoso A. “Muito bom, porque no passado, a gente tinha

que pagar a festa, assim, não era para todos, hoje com as bandas pagas pelo poder

público, a festa é de todos, ganha o povo e a comunidade”. O entrevistado, em seu

depoimento evidencia o debate sobre a inclusão social, lembra que a festa dançante

no passado era exclusiva para quem tinha algum poder aquisitivo. ”[...] a gente tinha

que pagar a festa”. Outro entrevistado acrescenta a geração de renda como fruto da

festa de rua, daí a concordar com a participação da prefeitura como órgão

financiador dos festejos.

O entrevistado C em seu depoimento faz uma reivindicação quanto à

participação dos idosos na festa dançante:

“acho importante pela festa para a juventude, porém, que nelas tenha o forró para os idosos, no passado, eram festas com sanfonas pé-de-bode (harmônicas) sendo a melhor festa dançante na escola da comunidade, paga pelas pessoas e outras nos bares, chegando até oito bailes”.

Este depoimento revela que no passado a festa dançante era bem mais

animada tanto em números como em participações, ele diz que mesmo a festa

sendo paga pela população, não deixava a desejar em número, “[...] paga pelas

pessoas e outras nos bares, chegando até oito bailes”. Razão pela qual reivindica

que se faça um baile para os idosos, [...] que nelas tenha o forró para os idosos, no

passado, eram festas com sanfonas pé-de-bode (harmônicas) [...]”. Observamos que

a tradição da festa dançante permanece na memória das pessoas, mesmo sofrendo

algumas modificações em virtude da dinâmica social, o que anseiam os mais velhos

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Page 53: Monografia Ivonice Pedagogia Itiúba 2012

é que se faça também algo para eles, pensando talvez em sair da atitude

contemplativa, para algo mais participativo, dançante e alegre.

O festejo de Santo Antônio seja pela festa religiosa ou festa dançante na

rua, tem as suas peculiaridades, além da importância econômica e social para o

povoado, é também um momento em que há efervescência no lugar, a festa

dançante impulsiona a comercialização de produtos alimentícios, roupas, calçados e

bebidas, e o povo ”[...] é mais participativo nas festas da rua”.

Para os professores, o sentido cultural dos festejos para o povoado, tem a

capacidade de “conservar a cultura local”, mantém preservada a tradição da

visitação dos parentes, pois os moradores da comunidade esperam o período das

festas, de ano em ano, para vir ao povoado e reencontrar seus familiares. “Preservar

a cultura da comunidade, é o momento das famílias se reunir principalmente aqueles

que moram longe, que usam essa data como momento de reencontro entre si”.

3.2.5. O turismo e a participação das pessoas da comunidade: muitos vem pela

boniteza da rua

O festejo de Santo Antônio no povoado Bela Vista de Covas é bem

frequentado, em parte pela festa de rua, a parte cultural da festa fica por conta da

tradição religiosa que mesmo sofrendo algumas interferências continua se

mantendo, com o apoio e a fé dos moradores da comunidade e região desde sua

fundação participam das rezas – trezenas, da missa e de todo ritual católico.

“O turismo para a localidade é atraído principalmente pelas festas

dançantes que do padroeiro... festas religiosas, por conta das mudanças das datas e

horários”. O comentário do depoente revela que para ele a festa religiosa não é mais

um atrativo suficiente para manter a tradição da comemoração; o advento das

bandas com shows nas praças é o que move esse tipo de comemoração, além de

atrair inúmeras pessoas que vão em busca da diversão.

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Page 54: Monografia Ivonice Pedagogia Itiúba 2012

A festa dançante é o que na versão deste entrevistado faz com que o

povoado receba um contingente grande de pessoas das outras regiões e outras

cidades, “[...] as duas festas atraem o turismo para a localidade, porém, quem vem

para as festas como meio de diversão, o que atrai o turismo de fato, são as festas

dançantes na rua”. Para os adolescentes, o evento dançante é responsável pela

vinda de tanta gente para a festa: “[...] a festa dançante traz o maior público”. O

outro reforça dizendo que o aumento de publico se deve “A festa dançante, por

causa das bandas famosas e por ser a festa tradicional e culturalmente esperada

todo ano”.

O entrevistado D, levanta a questão da ausência de atração na igreja pra

que esta mantenha as pessoas interessadas em seu ritual religioso: “[...] as atrações

já atraem as pessoas de fora, na igreja como é apenas as rezas, não atraem tanta

gente assim”, além de observarem que a festa é esperada o ano todo. Confirmando

o que já foi dito, e observando a transmissão dos novos costumes, uma criança em

sua análise reafirma dizendo que “a festa dançante atrai mais o turismo do que as

festas religiosas e principalmente se a banda for famosa vem mais gente”.

3.2.6. A participação da escola na festa

Os festejos de Santo Antônio, no povoado Bela Vista de Covas

caracterizado como festa cultural e tradicional da comunidade, contam com uma

parcial presença da escola nos eventos religiosos, segundo um professor

entrevistado “hoje, a participação da escola é praticamente nada, mas, anos

anteriores, havia a participação na trezena específica de professores e alunos e a

festinha dançante na escola, antecedendo os festejos, tais ocorridos atualmente,

certamente não acontecem por conta da religião da diretora atual da escola”.

Conforme a versão do professor A, se percebe que a escola perdeu o

costume de participar deste festejo, o que provavelmente tenha acontecido em

virtude de não se ter um trabalho realizado em volta da temática da cultura local,

bem como a diversidade de religiões entre alunos e professores. De certa forma o

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Page 55: Monografia Ivonice Pedagogia Itiúba 2012

depoimento de outro professor corrobora as afirmações anteriores: “a escola

participa com a atuação na novena religiosa, como o dia do professor e aluno e/ou

alguma festinha ligada à data, mas que não é frequente”.

As vertentes assimilam que a escola não se preocupa e nem põe em

prática, trabalhos voltados para as manifestações culturais tradicionais do povoado,

o que de fato, é um prejuízo para a preservação memorial da cultura local. As

afirmações dos estudantes em seus depoimentos deixam claro que a participação

da escola atualmente é mais logística do que formativa, eles dizem que a escola

“Participa na trezena específica de professores e alunos e alguma festinha

antecedendo a festa do padroeiro”; ou ainda cedendo os espaços para a

organização: “Muito pouco, apenas algum espaço cedido para fazer arrumação da

festa, como por exemplo, a cozinha da escola, os organizadores da igreja usam para

fazer o almoço de Santo Antônio para vender após a missa”; outro afirma que no

passado a participação era mais efetiva: “No momento a escola não participa dos

eventos festivos da comunidade, no passado, participava do dia dos alunos e

professores na novena específica (trezena de Santo Antônio).

Para as crianças, a participação da escola nos eventos festivos do Santo

Antonio, se resumem na realização de atividades relacionadas com as festas juninas

e o recesso escolar: “Realizando a quadrilha e barraca de comida típica, forró,

fogueira e participando nas rezas das noites”; ou ainda “Comemorando o dia do

padroeiro, fazendo desenho e até mesmo fazendo festinha e participando dos

festejos da igreja durante o período de novenas”. Embora haja pequenas

contradições entre os depoimentos, fica registrado que o trabalho da escola em

abordar em suas aulas as atividades da festa do padroeiro Santo Antônio, como

uma manifestação cultural do povoado deixa a desejar, é ainda uma prática

individualizada de alguns professores.

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Page 56: Monografia Ivonice Pedagogia Itiúba 2012

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Esse estudo teve objeto as manifestações culturais do povoado Bela Vista

de Covas, no município de Itiúba, Bahia. O nosso objetivo foi tentar compreender o

significado dos festejos do padroeiro Santo Antônio, para os moradores do lugar. Já

que tal festa, compreende a cultura tradicional e memorial da comunidade,

vivenciada ao longo dos tempos.

Ao interpretar os discursos das pessoas que entrevistamos observamos

que para eles esta festa ainda é parte da cultura e tradição da comunidade, uma

atividade que é esperada durante um ano pela população, cercada de muita

expectativa, especialmente a festa dançante na rua, organizada e financiada pelo

Município.

Os entrevistados demonstram em seus discursos, que conhecem

praticamente todos os aspectos desta festa, apontam como enfraquecidas ou em

expansão as participações nos dois espaços, na Igreja pela não modernização dos

ritos, a fim de atrair para si um maior número de fiéis e a festa de rua como um dos

momentos mais marcantes dos festejos.

Observa-se também nos depoimentos que não há uma participação mais

efetiva da escola nos festejos, houve um distanciamento e isto é percebido nos

discursos do mais velhos, dos adolescentes e das crianças, o que nos faz perceber

que a escola não dá muita atenção para o estudo da cultura local e que este

patrimônio tende a ir modificando-se até chegar a desaparecer.

Que este trabalho venha despertar, ser significativo para a população

local, que a produção de conhecimento nele proferido, seja do conhecimento de

todos, o qual pretendemos publicá-lo a partir da escola e que os professores da rede

municipal de ensino e da comunidade, sejam capazes de abordar em suas aulas

trabalhos educativos e incentivadoras para o processo cultural em destaque, ainda,

possam ampliar este estudo ou se integrar a tais conhecimentos.

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Assim, esperamos que este estudo possa contribuir para chamar atenção

da escola e dos agentes envolvidos nesta manifestação, sobre a sua importância

para a cultura e para o fortalecimento da economia local, além de contribuir para o

fortalecimento dos laços afetivos do povoado com outras comunidades.

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Page 58: Monografia Ivonice Pedagogia Itiúba 2012

REFERÊNCIAS

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Page 59: Monografia Ivonice Pedagogia Itiúba 2012

Disponível: <http://www.campusitabaiana.ufs.br/npgeo/geonordeste/20092/FESTAS%20RELIGIOSAS%20E%20P%C3%93S-MODERNIDADE.pdf>. Acesso em: 07/10/2011.

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Page 60: Monografia Ivonice Pedagogia Itiúba 2012

SARAIVA, Adriano Lopes. Religiosidade popular e festejos religiosos: aspectos da espacialidade de comunidades ribeirinhas de Porto Velho, Rondônia. – Revista Brasileira de História das Religiões. ANPUH, Ano III, n. 7, págs. 147-164. Mai. 2010. Disponível em: <http://www.dhi.uem.br/gtreligiao/pdf6/7Adriano.pdf>. Acesso em: 10/10/2011.

TINHORÃO, José Ramos. Cultura popular: temas e questões / José Ramos Tinhorão.– São Paulo: Ed. 34, 2001. Disponível em: <http://books.google.com.br/books?id=7tLGfv_zQd0C&pg=PA167&dq=cultura+popular+livros+gratuitos&hl=ptBR&ei=1YB4TpDSDtShtweI9P33Aw&sa=X&oi=book_result&ct=result&resnum=1&ved=0CD8Q6AEwAA#v=onepage&q&f=false>. Acesso em: 30 de setembro de 2011.

TRIGUEIRO, Osvaldo Meira. A espetacularização das culturas populares ou produtos culturais folkmidiáticos / publicado em 29/04/2005. Disponível em: <http://bocc.ubi.pt/pag/trigueiro-osvaldo-espetacularizacao-culturas-populares.html>. Acesso em: 14 de agosto de 2011.

TRIVIÑOS, Augusto Nibaldo Silva. Introdução à pesquisa em ciências sociais: a pesquisa qualitativa em educação / Augusto Nibaldo Silva Triviños. – São Paulo: Atlas, 1987.

WOJNAR, Irena. Bogdan suchodolski / Irena Wojnar; Jason Ferreira Mafra (org.). – Recife: Fundação Joaquim Nabuco, Editora Massangana, 2010.

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ANEXOS

ANEXO I

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FOTOGRAFIAS

Figura 01: Foto da procissão de Santo Antônio da década de 1980, acompanhada pela banda “Filarmônica” da cidade de Itiúba-Ba. (Foto: álbum, Ivonice Josefa)

Figura 02: Foto da procissão do padroeiro Santo Antônio do final dos anos de 1980, povoado Bela Vista de Covas, chegando na igreja basicamente à noite. (Foto: álbum, Ivonice Josefa)

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Figura 03: Foto de barraca da festa de rua do padroeiro Santo Antônio em Bela Vista de Covas dos anos 1990, na época as barracas eram feitas de palha e flecha de sisal. (Foto: álbum, Zilmar P. Barbosa)

Figura 04: Foto de festa de largo da praça de Bela Vista de Covas, padroeiro Santo Antônio dos anos 1990, a foto mostra entre outras coisas, desfiles dos blocos. (Foto: álbum, Zilmar P. Barbosa)

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Figura 05: Foto de foliões do bloco “Deu na Telha” do ano de 2004, festa de Santo Antônio padroeiro do povoado Bela Vista de Covas. (Foto: álbum, Zilmar P. Barbosa)

Figura 06: Foto da Alvorada da festa de Santo Antônio do ano de 2006, realizada pelos foliões e grupo do bloco “Deu na Telha”. (Foto: álbum, Zilmar P. Barbosa)

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Figura 07: Foto da Missa de Santo Antônio do ano de 2010 no povoado Bela Vista de Covas. (Foto: Renildo Lopes)

Figura 08: Foto da procissão do padroeiro Santo Antônio do povoado Bela Vista de Covas do ano de 2010, pela manhã. (Foto: Renildo Lopes)

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Figura 09: Foto de festa dançante na rua com banda, festejo do padroeiro Santo Antônio do ano de 2010 no povoado Bela Vista de Covas. (Foto: Renildo Lopes)

Figura 10: Foto do shou de “Acisão” cantor nordestino de forró, festejo de Santo Antônio do ano de 2010 no povoado Bela Vista de Covas. Festa de rua promovida pela prefeitura municipal Itiúba-Ba. (Foto: Renildo Lopes)

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Figura 11: Foto da prefeita municipal de Itiúba, Dra. Cecília Petrina de Carvalho acompanhando os festejos e dançando na festa de rua do padroeiro Santo Antônio no ano de 2010 em Bela Vista de Covas. (Foto: Janaína Rocha)

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Figura 12: Foto de vendedor ambulante na festa de rua do padroeiro Santo Antônio do povoado Bela Vista de Covas no ano de 2010, os alimentos são típicos do festejo junino. (Foto: Renildo Lopes)

Figura 13: Foto de tocadores de pifes do terço de Santo Antônio da festa à noite pela igreja do ano de 2011. (Foto: Renildo Lopes)

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Figura 14: Foto de leilões do festejo de Santo Antônio do povoado Bela Vista de Covas do ano de 2011. (Foto: Renildo Lopes)

Figura 15: Foto de leilões e tocadores de pifes do terço de Santo Antônio do festejo do ano de 2011. (Foto: Renildo Lopes)

ANEXO II

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ALGUNS DOCUMENTOS

Figura 16: Página do jornal regional “Diário da Região” anunciando os ocorridos do festejo tradicional do padroeiro Santo Antônio do povoado Bela Vista de Covas do ano de 2002.

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Figura 17: Página de jornal regional (2002), anuncia a festa de Santo Antônio em Bela Vista de Covas, prefeito municipal de Itiúba-Ba e diretora da escola local destacam-se na reportagem falando da festa e do bloco “Deu na Telha” organizado pela diretora.

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Figura 18: Página de jornal regional (2002), anunciando o festejo de Santo Antônio pela igreja.

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Figura 19: Adesivo do bloco “Deu na Telha” do ano de 2005, festa de Santo Antônio do povoado Bela Vista de Covas.

Figura 20: Adesivo do bloco “Deu na Telha” do ano de 2006, festa de Santo Antônio do povoado Bela Vista de Covas, período da Copa do Mundo.

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Page 74: Monografia Ivonice Pedagogia Itiúba 2012

Figura 21: Cartaz de festa dançante em bloco “festa do padroeiro Santo Antônio 2010, povoado Bela Vista de Covas.

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Page 75: Monografia Ivonice Pedagogia Itiúba 2012

Figura 22: Desenho da blusa do bloco “VEM K” da festa de Santo Antônio de Bela Vista de Covas do ano de 2010.

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Page 76: Monografia Ivonice Pedagogia Itiúba 2012

Figura 23: Cartaz da festa de Santo Antônio do ano de 2010, feito pelos administradores da igreja.

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Page 77: Monografia Ivonice Pedagogia Itiúba 2012

Figura 24: Convite da festa de Santo Antônio do ano de 2010, feito pelos administradores da igreja.

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Figura 25: Desenho da blusa do bloco “VEM K” da festa de Santo Antônio de Bela Vista de Covas do ano de 2011.

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Figura 26: Esboço de projeto 2011 da Prefeitura Municipal de Itiúba para com os eventos festivos do mês de junho no município, (p.01).

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Figura 27: Esboço do projeto 2011 da Prefeitura Municipal de Itiúba, tratando das festas do município, inclusive do povoado Bela Vista de Covas, aqui informando seu nome oficial. (p. 04).

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Figura 28: Ofício enviado pela prefeita municipal de Itiúba-Ba, Dra. Cecília Petrina de Carvalho ao Sargento Celson Gomes Pereira da Polícia Militar para segurança em pró do padroeiro Santo Antônio no povoado Bela Vista de Covas nos dias 11 e 12 de junho de 2011.

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