Monografia Espinheira Santa

72
Faculdade Delta-Unime Salvador Camila Santos de Sousa Luz FARMACOGNOSIA III Espinheira Santa

Transcript of Monografia Espinheira Santa

Faculdade Delta-Unime Salvador

Camila Santos de Sousa Luz

FARMACOGNOSIA III

Espinheira Santa

Salvador

2013

Faculdade Delta-Unime Salvador

Curso de Graduaccedilatildeo em Farmaacutecia

Espinheira Santa

Trabalho em Farmacognosia III sala

especial apresentado ao curso de

Farmaacutecia da UNIME-SALVADOR

solicitado pelo professor e orientador

Joseacute Fernando

Docente Joseacute Fernando

Discente Camila Santos de Sousa Luz

Salvador

2013

SUMARIO

1 INTRODUCcedilAtildeO2 Propriedades medicinais de espinheira santa uso popular e

estudos cientiacuteficos3 Caracteriacutesticas morfoanatocircmicas e fenoloacutegicas4 Aspectos quiacutemico-bioloacutegicos5 Aspectos silviculturais6 Os produtores de espinheira-santa e seu contexto

socioeconocircmico7 Processamento da espinheira-santa8 Mercado e comercializaccedilatildeo9 Poliacuteticas relacionadas com a exploraccedilatildeo e comercializaccedilatildeo10 Influecircncia do ambiente na produccedilatildeo de compostos bioativos e

perspectivas para o melhoramento geneacutetico de espinheira-santa11Etapas do processo de secagem por aspersatildeo111 Ilustraccedilatildeo da Planta Espinheira- Santa

12Fatores que influenciam o processo121 Influecircncia do material de entrada

13Atividades farmacoloacutegicas da espinheira-santa 131Atividade gaacutestrica

132 Atividade antiulcerogecircnica

133 Atividade antimicrobiana

134Atividade sobre o Sistema Nervoso Central

135Atividades abortiva e sobre a espermatogecircnese

136Atividades antimutagecircnica e anticanceriacutegena

137Atividade antioxidante e otoprotetora

138Atividades antinociceptiva e anti-inflamatoacuteria

14Toxicidade efeitos adversos e contraindicaccedilatildeo da espinheira-santa

15Farmacocineacutetica16Forma Medicamento Fitoteraacutepico- Caacutepsula17Referencias Bibliograacuteficas

INTRODUCcedilAtildeO

A Maytenus ilicifolia Mart ex Reissek eacute conhecida popularmente como

ldquoespinheira-santardquo ldquocancerosardquo ldquocancorosa-de-sete-espinhosrdquo e ldquomaitenordquo

dentre outros nomes (Lorenzi amp Matos 2002 Brandatildeo et al 2006) Pertence agrave

famiacutelia Celastraceae possuindo 55 gecircneros e 850 espeacutecies espalhadas nas

regiotildees troacutepicas e subtroacutepicas do mundo No contexto brasileiro onde seu

crescimento eacute nativo a espeacutecie M ilicifolia eacute largamente utilizada na medicina

popular (Mossi et al 2004) O uso medicinal de M ilicifolia eacute datado da deacutecada

de 20 desde quando se tem algum registro escrito de sua utilizaccedilatildeo (Cunha et

al 2003)

A praacutetica da substituiccedilatildeo de plantas medicinais seja ela intencional ou natildeo eacute

muito comum no Brasil o que leva muitas vezes as drogas de origem nativa

ao descreacutedito (OLIVEIRA et al 2005) Aliados a essa praacutetica fatores como a

baixa qualidade e padronizaccedilatildeo de produtos comercializados o uso errocircneo de

espeacutecies as adulteraccedilotildees os contaminantes toacutexicos o uso indevido as

interaccedilotildees medicamentosas e as super dosagens motivaram uma preocupaccedilatildeo

por parte das autoridades sanitaacuterias em relaccedilatildeo agrave seguranccedila eficaacutecia e

qualidade da droga vegetal (MELO et al 2004)

O objetivo deste trabalho eacute relatar as atividades farmacoloacutegicas toxicoloacutegicas e

dos constituintes quiacutemicos da espinheira

1 Espinheira Santa

A M ilicifolia eacute uma espeacutecie da famiacutelia Celastraceae conhecida popularmente

como ldquoespinheira-santardquo ldquoespinheira-divinardquo ldquocancorosardquo ldquocancerosardquo e

ldquocancrosardquo (BRASIL 2011) Eacute uma espeacutecie nativa da Regiatildeo Sul do Brasil

tendo ocorrecircncia tambeacutem na Argentina na Boliacutevia no Paraguai e no Uruguai

(ALICE et al 1995)

De acordo com Cirio et al (2003) a espinheira-santa (M ilicifolia) tem sua

obtenccedilatildeo para fins comerciais a partir do extrativismo ou de plantas cultivadas

das quais satildeo coletados os ramos e as folhas do terccedilo superior em podas

anuais Essa espeacutecie estaacute ameaccedilada de extinccedilatildeo no Brasil por ser explorada

em regime basicamente extrativista (BATALHA et al 2002) Seu nome popular

deve-se ao fato de suas folhas possuiacuterem bordas com espinhos e por possuir

propriedades medicinais (MAGALHAtildeES 2002) As folhas secas satildeo inodoras e

com sabor suave levemente adstringente (BRASIL 2011)

As plantas da espeacutecie espinheira-santa (M ilicifolia) ocorrem naturalmente e se

desenvolvem em ambiente sombreado em solos ricos em mateacuteria orgacircnica

dispersa nas matas e com umidade de meacutedia a alta (CIRIO et al 2003) O

estudo fitoquiacutemico da espinheira-santa determinou nas folhas a presenccedila de

flavonoides e taninos e a maior parte dos flavonoides dessa planta se encontra

na forma de heterosiacutedeos (NEGRI 2007)

De acordo com Cirio et al (2003) as folhas de espinheira-santa (M ilicifolia)

possuem grande interesse farmacecircutico Isso ocorre em razatildeo de essa planta

apresentar comprovados efeitos sobre acidez e ulceraccedilotildees do estocircmago

Essas duas atividades medicinais satildeo comprovadas por pesquisas

coordenadas pela Central de Medicamentos (Ceme) do Ministeacuterio da Sauacutede do

Brasil (DI STASI 2004)

2 Propriedades medicinais de espinheira santa uso popular e estudos cientiacuteficos

A espinheira-santa eacute empregada no tratamento de problemas estomacais

(gastrites e uacutelceras) (Lorenzi amp Matos 2002) As pesquisas com as espeacutecies de

espinheira-santa ndash M ilicifolia e M aquifolium ndash foram iniciadas na deacutecada de

60 estimuladas pela sua eficaacutecia no tratamento de uacutelceras e ateacute mesmo do

cacircncer Estudos iniciais revelaram que elas contecircm compostos bioativos que

mostraram potente accedilatildeo anti-tumoral e antileucecircmica em doses muito baixas

Na medicina tradicional o emplastro de suas folhas eacute usado no tratamento do

cacircncer de pele O decocto das folhas eacute usado em lavagens para o mesmo

tratamento M ilicifolia tem sido usada popularmente no Brasil para tratamento

de cacircncer (Fox 1991) Entretanto seu uso mais popular eacute no tratamento de

uacutelceras indigestatildeo gastrites crocircnicas e dispepsia conforme mostrado em

trabalho desenvolvido por Carlini (1988)

Jorge et al (2004) observaram que extratos hexano e etilacetato de M ilicifolia

que promovem um aumento do volume gaacutestrico e do pH no estocircmago

apresentam accedilatildeo antiulcerogecircnica e anti-inflamatoacuteria Foi observado por

Ferreira et al (2004) que o extrato de folhas de M ilicifolia reduz a secreccedilatildeo

aacutecida na mucosa gaacutestrica de ratildes com efeito semelhante ao medicamento

cimetidina M ilicifolia tem se tornado conhecida e usada na medicina

herbaliacutestica dos EUA onde o extrato de suas folhas vem sendo empregado

para uacutelceras para recomposiccedilatildeo da flora intestinal e inibiccedilatildeo de bacteacuterias

patogecircnicas como laxante para eliminar toxinas atraveacutes dos rins e pele e para

regular a produccedilatildeo do aacutecido cloriacutedrico do estocircmago (Lorenzi amp Matos 2002

Melo et al 2001)

Extratos do caule de M ilicifolia mostraram atividade anti-fuacutengica contra

Microsporum gypseum e Trichophyton mentagrophytes mas as folhas natildeo

mostraram o mesmo efeito (Portillo et al 2001) Esta espeacutecie eacute utilizada como

contraceptivo por populaccedilotildees indiacutegenas e do meio rural no Paraguai e como

abortivo por mulheres do nordeste da Argentina (Montanari et al 1998) Os

autores estudaram o efeito do extrato etanoacutelico de folhas de M ilicifolia sobre a

espermatogecircnese em ratos natildeo tendo sido mostrado efeito significativo sobre

a formaccedilatildeo dos espermatozoacuteides Foi observado por Montanari amp Bevilacqua

(2002) que o extrato de folhas desta espeacutecie causou uma perda na preacute-

implantaccedilatildeo embriocircnica em ratos mas sem efeito sobre a implantaccedilatildeo ou

organogecircnese A atividade estrogecircnica do extrato sugere que ele pode estar

interferindo com a receptividade uterina ao embriatildeo Entretanto os efeitos natildeo

foram uniformes entre os animais sendo que em alguns nenhuma alteraccedilatildeo

foi observada nem mesmo na fase de preacute-implantaccedilatildeo do embriatildeo Isto

significa que no caso das mulheres o aborto poderia ocorrer em algumas e em

outras natildeo Existem vaacuterias espeacutecies medicinais do gecircnero Maytenus ndash aleacutem de

M ilicifolia e M aquifolium ndash que vecircm sendo amplamente estudadas como M

senegalensi M macrocarpa e M canariensis (Di Stasi 2004) O autor cita

alguns trabalhos com estas espeacutecies M senegalensis apresenta atividade

antimalaacuterica leishmanicida e inibitoacuteria sobre a replicaccedilatildeo do viacuterus HIV-1

(atraveacutes da accedilatildeo da pristimerina) M canariensis apresenta atividade

antibacteriana antifuacutengica e inseticida M macrocarpa apresenta compostos

com accedilatildeo citotoacutexica e leishmanicida Foi evidenciada por Kennedy et al (2001)

a accedilatildeo leishmanicida de M magellanica e M chubutensis

3 Caracteriacutesticas morfoanatocircmicas e fenoloacutegicasA espinheira-santa (Maytenus ilicifolia) foi descrita por Carvalho-Okano (1992)

como um sub-arbusto ou aacutervore ramificado desde a base podendo atingir uma

estatura de ateacute 5 m com ramos novos glabros angulosos tetra ou

multicarenados

As folhas satildeo congestas coriaacuteceas glabras com estiacutepulas incospiacutecuas limbo

com 22 a 89 cm de comprimento e 11 a 30 cm de largura nervuras

proeminentes na face abaxial de forma eliacuteptica com a margem inteira ou com

espinhos em nuacutemero de um a vaacuterios distribuiacutedos regular ou irregularmente no

bordo geralmente concentrados na metade apical de um ou de ambos os

semilimbos As inflorescecircncias ocorrem em fasciacuteculos multifloros As flores

possuem seacutepalas semicirculares e ciliadas com peacutetalas ovais e inteiras

estames com filetes achatados na base estigma capitado seacutessil ou com

estilete distinto ovaacuterio saliente ou totalmente imerso no disco carnoso

As flores satildeo monoacuteclinas poreacutem haacute evidecircncias fortes de que muitas de suas

flores sejam funcionalmente diclinas O fruto eacute uma caacutepsula bivalvar orbicular

com pericarpo maduro de coloraccedilatildeo vermelho-alaranjada

As sementes satildeo eretas suborbiculares elipsoides ou obovais agraves vezes

angulosas em nuacutemero variaacutevel de 1 a 4 por fruto envoltas inteiramente pelo

arilo A testa eacute rija lisa e brilhante em geral com coloraccedilatildeo castanha ou negra

O endosperma eacute abundante o embriatildeo eacute axial com cotileacutedones planos

membranaacuteceos e eixo hipocoacutetilo-raizinha reta e curta O arilo eacute suculento de

coloraccedilatildeo branca cobrindo toda a semente Um estudo morfoanatocircmico desta

espeacutecies foi ainda realizado por Lula et al (2001) Segundo os autores M

ilicifolia apresenta epiderme adaxial e abaxial glabras com ceacutelulas poligonais

de paredes levemente espessadas retas e cutiacutecula de aspecto granulado Foi

observada a presenccedila de cristais prismaacuteticos nas ceacutelulas epideacutermicas e

tambeacutem de raacutefides Os estocircmatos estatildeo restritos agrave epiderme abaxial e com

frequumlecircncia apresentam cinco ceacutelulas subsidiaacuterias muito pouco diferenciadas

das ceacutelulas epideacutermicas comuns Em corte transversal as epidermes se

apresentam uniestratificadas com ceacutelulas baixas e tabulares e cutiacutecula

relativamente espessa O mesoacutefilo eacute dorsiventral com duas camadas de

parecircnquima paliccedilaacutedico O parecircnquima lacunoso eacute relativamente compacto com

cerca de seis a sete camadas de ceacutelulas As nervuras menores e as

terminaccedilotildees vasculares apresentam uma bainha de fibras esclerenquimaacuteticas

As sementes de M ilicifolia podem ser classificadas como ortodoxas e

estocadas a -20ordmC por um longo periacuteodo em cacircmara fria (Eira et al 1995) M

aquifolium tambeacutem conhecida como espinheira-santa eacute descrita por Carvalho-

Okano (1992) como um arbusto ou aacutervore medindo cerca de 15-12 m de

altura Apresenta ramos novos glabros ciliacutendrico-achatados folhas cartaacuteceas

glabras peciacuteolo com 05-10 cm de comprimento estiacutepulas inconspiacutecuas limbo

com 60-190 cm de comprimento e 20-60 cm de largura nervura primaacuteria

proeminente em ambas as faces nervuras secundaacuterias subsalientes forma

eliacuteptica ou mais comumente oblongo-eliacuteptica base aguda ou obtusa aacutepice

agudo a obtuso com mucron margem com muitos espinhos serrada A

Inflorescecircncia eacute em fasciacuteculos multifloros apresentando pedicelos florais com

04-07 cm de comprimento As seacutepalas satildeo ovais com cerca de 04 cm de

comprimento e 03 cm de largura Os estames apresentam filetes achatados na

base O estigma eacute seacutessil ou com estilete distinto ovaacuterio saliente ou imerso

totalmente no disco carnoso O fruto eacute uma caacutepsula bivalvar orbicular o

pericarpo maduro apresenta coloraccedilatildeo castanho-avemelhada O florescimento

de espinheira-santa ocorre entre os meses de setembro a dezembro e a

frutificaccedilatildeo de outubro a fevereiro (Carvalho-Okano 1992) A frutificaccedilatildeo ocorre

durante um periacuteodo relativamente longo iniciando no Estado do Rio

Grande do Sul seguido por Santa Catarina e por uacuteltimo o Paranaacute (Scheffer amp

Arauacutejo1998) As espeacutecies de espinheira-santa satildeo aloacutegamas Os estudos da

accedilatildeo farmacoloacutegica da espinheira-santa tecircm sido realizados utilizando

principalmente as folhas pois eacute a parte da planta que normalmente eacute utilizada

pela populaccedilatildeo nas infusotildees ou pela induacutestria farmacecircutica para elaboraccedilatildeo de

medicamentos Alguns estudos foram feitos com a raiz pois existem relatos do

uso esporaacutedico desta parte da planta por algumas pessoas para o tratamento

de doenccedilas Em um levantamento do uso da espinheira-santa pelas

comunidades rurais Mariot (2005) identificou um agricultor que utiliza o chaacute

das raiacutezes da espinheirasanta para o tratamento de diabetes Com relaccedilatildeo agrave

localizaccedilatildeo da produccedilatildeo de metaboacutelitos secundaacuterios nas plantas de

espinheirasanta Corsino et al (2000) ao estudarem a biossiacutentese de

triterpenoacuteides em M aquifolium identificaram que as folhas produzem 3b-

friedelanol e friedelina (friedelano) e raiacutezes acumulam maitenina e pristimerina

(quinonametiacutedicos) Os triterpenos derivados de friedelano uma vez

biossintetizados nas folhas satildeo translocados para as raiacutezes e posteriormente

transformados nos triterpenoacuteides quinonametiacutedicos que apresentam accedilatildeo

antitumor Estes triterpenoacuteides natildeo foram encontrados em folhas somente em

raiacutezes Os flavonoacuteides satildeo encontrados em todos os oacutergatildeos das plantas

(Zuanazzi 2001) Existem flavonoacuteides que satildeo encontrados em um oacutergatildeo e em

outros natildeo ou quando existe o mesmo composto em mais de um oacutergatildeo este

pode apresentar diferentes concentraccedilotildees Estes compostos estatildeo localizados

nos vacuacuteolos cloroplastos e cromoplastos (Cardoso et al 2001) Os taninos

ocorrem nos vacuacuteolos e plastiacutedios (Salisbuty amp Ross 1992)

Figura A - Folhas de espinheira-santa (a uacuteltima eacute M aquifolium e as demais

satildeo M ilicifolia) B - flores de espinheira-santa C - ramo com frutos e sementes

de Maytenus ilicifolia

4 Aspectos quiacutemico-bioloacutegicosOs compostos com accedilatildeo bioativa de importacircncia na farmacologia satildeo

produzidos atraveacutes da biossiacutentese dos metaboacutelitos secundaacuterios que estaacute

esquematizado na Figura 1 Nesta figura pode ser observada a formaccedilatildeo dos

principais metaboacutelitos identificados na espinheira-santa como os taninos

flavonoacuteides e terpenos grupo em que estatildeo inseridos os triterpenos

O gecircnero Maytenus eacute rico em espeacutecies com potencial medicinal tendo sido

identificados vaacuterios compostos com accedilatildeo farmacoloacutegica Di Stasi (2004) em

uma revisatildeo sobre compostos bioativos em espeacutecies de Maytenus relata a

presenccedila de pristimerina um triterpeno do tipo friedelano com accedilatildeo

antimalaacuterica e compostos fenoacutelicos com atividade inibitoacuteria sobre a replicaccedilatildeo

do viacuterus HIV-1 em M senegalensis Em M canariensis foram isoladas

nortriterpenos com atividade antibioacutetica e sesquiterpenos com atividade

inseticida M macrocarpa apresenta nortriterpenos denominados

macrocarpinas os quais satildeo citotoacutexicos sesquiterpenos com atividade

leishmanicida e triterpenos do tipo friedelano Triterpenoacuteides do tipo friedelano

tambeacutem foram isolados desta espeacutecie por Chavez et al (1998) Foi evidenciado

por Kennedy et al (2001) a accedilatildeo leishmanicida de sesquiterpenos isolados de

M magellanica e M chubutensis

FIGURA 1 Representaccedilatildeo simplificada do ciclo biossinteacutetico dos metaboacutelitos

secundaacuterios terpenoacuteides flavonoacuteides e taninos condensados que ocorrem em

espinheira-santa (adaptado de Santos 2001)

Entre os compostos bioativos em espinheirasanta (M ilicifolia e M aquifolium)

que podem ter accedilatildeo antiulcerogecircnica e anti-gaacutestrica destacam-se os

triterpenos Os triterpenoacuteides satildeo compostos constituiacutedos basicamente de trinta

unidades de carbono ndash seis isoprenos (Cardoso et al 2001) A maioria possui

em sua constituiccedilatildeo hidroxilas que podem ser glicosiladas produzindo os

heterosiacutedeos cardiotocircnicos importantes agentes terapecircuticos para doenccedilas

cardiovasculares e as saponinas Biossinteticamente satildeo derivados de

condensaccedilatildeo de duas moleacuteculas de farnesilpirofosfato (FPP) unidas cauda-

cauda produzindo o esqualeno precursor aciacuteclico desta classe de compostos

(Figura 2) A provaacutevel ciclizaccedilatildeo da moleacutecula de esqualeno leva agrave formaccedilatildeo da

estrutura baacutesica dos triterpenoacuteides o ciclopentanohidrofenantreno importante

precursor dos esteroacuteides vegetais e animais e das saponinas triterpecircnicas As

saponinas triterpenoacuteides apresentam trecircs tipos de estruturas baacutesicas oleanos

ursanos e lupanos Os triterpenos denominados cangoronina e ilicifolina foram

identificados por Itokawa et al (1991) em M ilicifolia Eles satildeo do tipo

friedelano e foram fracionados junto com outros sete triterpenos jaacute conhecidos

FIGURA 2 Biossiacutentese de triterpenoacuteides (adaptado de Cardoso et al 2001)

Os autores mostraram que alguns destes compostos tecircm accedilatildeo citotoacutexica

como por exemplo a pristimerina ndash que foi a mais eficiente ndash indicando que

podem ser uacuteteis no tratamento de tumores Trabalho semelhante foi

desenvolvido por Shirota et al (1994) que elucidaram a estrutura de alguns

triterpenos aromaacuteticos Estes compostos mostraram atividade citotoacutexica

moderada contra um nuacutemero de linhagens de ceacutelulas de tumor cultivadas As

estruturas de outros dois triterpenos diacutemeros denominados cangorosina A e

cangorosina B foram elucidadas por Shirota et al (1997) em extrato de raiacutezes

de M ilicifolia Quatro novos triterpenoacuteides ndash maytefolina A-C (1-3) e uvaol-3-

caffeate (4) ndash aleacutem de outros triterpenos foram isolados de folhas de M

ilicifolia por Ohsaki et al (2004) Os autores identificaram a accedilatildeo citotoacutexica do

triterpenoacuteide eritrodiol

Apesar de a literatura destacar os triterpenos como os principais compostos

bioativos em espinheira-santa Corsino et al (1998b) destacaram que a famiacutelia

Celastraceae eacute uma fonte rica de sesquiterpenos Os autores isolaram e

elucidaram a estrutura quiacutemica de dois sesquiterpenos a aquifoliulina E-I e a

aquifoliulina EII Ao verificarem a accedilatildeo citotoacutexica do extrato de M aquifolium

em mutantes de Saccharomyces cerevisiae eles sugeriram que os

sesquiterpenos podem ser os principais responsaacuteveis por causar pequenos

danos no DNA Em outro trabalho Corsino et al (1998c) isolaram e elucidaram

a estrutura de outros dois sesquiterpenos a aquifoliulina E-III e a aquifoliulina

E-IV Os triterpenos maitenina e 22- hidroximaitenina satildeo membros de um

pequeno grupo de produtos naturais peculiares agraves espeacutecies das famiacutelias

Celastraceae e Hippocrateaceae com potencial anti-cacircncer (Corsino et al

1998a) A ligaccedilatildeo da maitenina ao DNA sugere uma interaccedilatildeo celular que pode

elucidar a atividade antitumor Os autores mostraram que estes compostos satildeo

efetivos contra carcinoma epidermoacuteide Foi identificada a accedilatildeo antiuacutelcera

gaacutestrica da espinheira-santa em ratos com accedilatildeo semelhante ao medicamento

cimetidina Dois triterpenos jaacute relatados na literatura o friedelan-3-ol e o

friedelan-3-on foram identificados em extrato de M ilicifolia sendo sugeridos

como substacircncias bioativas no tratamento das enfermidades estomacais

Os autores acima citados isolaram e identificaram maitenina e 22

hidroximaitenina a partir de calos oriundos de explantes de folhas de M

aquifolium ndash atraveacutes de HPLC ndash cultivados em dois meios de cultura com

diferentes concentraccedilotildees de cinetina O rendimento dos triterpenos no meio

com menor concentraccedilatildeo de cinetina foram maiores do que no outro A cultura

de tecidos parece entatildeo ser uma fonte contiacutenua e estaacutevel de compostos de

espeacutecies de Maytenus conforme proposto por Pereira et al (1993)

Os autores estabeleceram um protocolo para organogecircnese total de placircntulas

de M ilicifolia de matrizes selecionadas para produccedilatildeo de compostos para

estudos fitoquiacutemicos utilizando como explante gemas axilares

Derivados dos triterpenos friedelano satildeo tiacutepicos das famiacutelias Celastraceae e

Hippocrateaceae (Buffa Filho et al 2002) Estes autores atraveacutes do

desenvolvimento de um meacutetodo HPLC (High Performance Liquid

Chromatography) fase-reversa para a quantificaccedilatildeo de triterpenos em cinco

tipos morfoloacutegicos de Maytenus ilicifolia identificaram os compostos 20 1048576-

hidroximaitenina e 22 hidroximaitenina em baixa concentraccedilatildeo aleacutem de

maitenina celastrol e pristimerina em alta concentraccedilatildeo

Os triterpenos friedelan-3-ol friedelina (Figura 3) e compostos polifenoacutelicos

presentes em M ilicifolia e M aquifolium satildeo citados por Cordeiro et al (1999)

como componentes eficientes no tratamento de uacutelceras e gastrites estomacais

Os autores caracterizaram triterpenos de extratos ndash obtidos por extraccedilatildeo direta

com etilacetato ndash de folhas destas duas espeacutecies atraveacutes de HRGC-MS

(cromatografia gasosa de alta resoluccedilatildeo e espectrometria de massas) O perfil

cromatograacutefico foi semelhante para ambas as espeacutecies diferindo na

concentraccedilatildeo relativa de alguns compostos Estes dois triterpenos foram

tambeacutem destacados por Vilegas et al (1995) e Lanccedilas et al (1997) como os

mais importantes nas duas espeacutecies de espinheira-santa para o tratamento de

uacutelcera gaacutestrica Os primeiros propuseram uma teacutecnica raacutepida para identificar

friedelan-3-ol e friedelina ndash atraveacutes de cromatografia gasosa com alta

temperatura de capilaridade em coluna polar ndash o que permite a distinccedilatildeo entre

extratos alcooacutelicos aquosos de espinheira-santa autecircnticos e falsos (quando

satildeo misturadas folhas de outras espeacutecies como de Sorocea bomplandii) Os

uacuteltimos desenvolveram um meacutetodo para extraccedilatildeo de princiacutepios ativos em

espinheira-santa atraveacutes de uma adaptaccedilatildeo do SFE (extraccedilatildeo com fluido

supercriacutetico) com baixo custo Atraveacutes da utilizaccedilatildeo do CO2 e etanol 10

como fluido extrator conseguiram resultados satisfatoacuterios na obtenccedilatildeo dos

triterpenos O sistema SFE desenvolvido pelos autores foi mais eficiente sendo

uma alternativa aos outros meacutetodos por ser mais raacutepido aleacutem de permitir uma

flexibilidade de escolha do fluido extrator entre gases ou solventes liacutequidos a

condiccedilotildees ambientes Mossi et al (2004) ao caracterizarem quimicamente

extratos de M ilicifolia ndash obtidos atraveacutes da utilizaccedilatildeo de CO2 em alta pressatildeo

ndash observaram que a temperatura de extraccedilatildeo e a densidade do solvente

exerceram um efeito importante sobre o rendimento liacutequido do extrato e a

distribuiccedilatildeo quiacutemica dos compostos volaacuteteis ao contraacuterio do tamanho de

partiacutecula e da taxa de fluxo de CO2 Apesar dos triterpenos friedelan-3-ol e

friedelina terem sido destacados como sendo compostos eficientes no

tratamento anti-uacutelcera gaacutestrica Queiroga et al (2000) em pesquisa realizada

com ratos mostraram que estes triterpenos natildeo apresentam esta accedilatildeo

farmacoloacutegica

FIGURA 3 Estrutura molecular dos triterpenos friedelan-3-ol e friedelina (Mossi 2003) dos flavonoacuteides canferol e quercetina e do tanino condensado (Cardoso et al 2001) encontrados em espinheira-santa

Os taninos e flavonoacuteides satildeo compostos fenoacutelicos presentes em espinheira-

santa que tambeacutem podem ter accedilatildeo em doenccedilas estomacais (Gonzales et al

2001) Os taninos satildeo compostos de sabor adstringente derivados de

fenilpropanos capazes de formar complexos com proteiacutenas accediluacutecares e

alcaloacuteides indoacutelicos (Cardoso et al 2001) Dividem se em duas categorias

derivados de esqueletos (C6-C1)n chamados de taninos hidrosoluacuteveis e

derivados de esqueletos (C6-C3-C6)n chamados de taninos condensados

(Figura 3) ou proantocianidinas Os taninos hidrolizaacuteveis possuem rotas

biossinteacuteticas ainda desconhecidas Sabe-se que seu precursor eacute o aacutecido

gaacutelico ou seu diacutemero de condensaccedilatildeo o aacutecido elaacutegico Os taninos

condensados satildeo biossintetizados pelas condensaccedilotildees de derivados de aacutecido

chiquiacutemico e unidades de malonil-CoA levando agrave formaccedilatildeo das catequinas

Estas satildeo importantes precursoras das proantocianidinas (taninos

condensados) e antocianidinas Caracterizam-se por serem oligocircmeros e

poliacutemeros formados pela policondensaccedilatildeo de duas unidades flavonoiacutedicas

(flavan-3-ol e flavan-34-diol) portanto tambeacutem satildeo considerados compostos

flavonoacuteides sendo tambeacutem denominados de flavolanas diferenciando-se dos

taninos hidrolisaacuteveis por natildeo possuiacuterem resiacuteduos glicosiacutedeos em sua estrutura

Segundo o autor entre as atividades farmacoloacutegicas que os taninos

condensados apresentam ndash quando complexados com proteiacutenas ndash destacam-

se a proteccedilatildeo da mucosa do estocircmago em tratamento de uacutelcera peacuteptica as

propriedades anti-inflamatoacuterias e cicatrizantes e o bloqueio da formaccedilatildeo da

placa dental atraveacutes da inibiccedilatildeo da glicosiltransferase produzida por bacteacuterias

bucais

Atraveacutes de estudo fitoquiacutemico em extrato de M aquifolium Gonzales et al

(2001) identificaram triterpenos taninos e flavonoacuteides Em testes de

laboratoacuterio os autores mostraram a accedilatildeo antiulcerogecircnica e analgeacutesica do

extrato desta espeacutecie Eles destacaram que os triterpenos apresentam

habilidade na estimulaccedilatildeo da siacutentese de muco ou manutenccedilatildeo do conteuacutedo de

prostaglandina ndash componente com atividade antiulcerogecircnica ndash da mucosa

gaacutestrica em altos niacuteveis Foi sugerido ainda que componentes antioxidantes

como os taninos e os flavonoacuteides podem ter accedilatildeo contra lesotildees gaacutestricas

Os flavonoacuteides existem em abundacircncia no reino vegetal encontrados em sua

maioria nas angiospermas (Cardoso et al 2001) Caracterizam se

estruturalmente por serem polifenoacutelicos derivados de C6-C3-C6 ligados na

orientaccedilatildeo cabeccedila-cauda e que podem conter como substituintes hidroxilas

ou seus derivados funcionais tais como eacutesteres metoxilas aleacutem de

glicosiacutedeos isoprecircnicos presos em posiccedilotildees especiacuteficas dos aneacuteis Os

flavonoacuteides tecircm como precursores a fenilalanina e a acetil-CoA

Satildeo originados de reaccedilotildees de derivados do aacutecido chiquiacutemico e derivados do

acetato Os flavonoacuteides satildeo divididos nas seguintes classes flavonas

flavonoacuteis antocianinas e isoflavonoacuteides esta uacuteltima restrita agrave famiacutelia Fabaceae

Os compostos mais importantes encontrados nos vegetais para cada uma das

trecircs primeiras classes satildeo flavonas ndash apigenina e luteolina flavonoacuteis ndash

canferol quercetina miricetina e galangina antocianinas ndash cianidina e

malvidina

Ao analisarem quantitativamente por HPLC flavonoacuteides em infusatildeo aquosa de

folhas de M ilicifolia e M aquifolium Leite et al (2001) identificaram um novo

composto deste grupo na primeira espeacutecie Os autores destacaram que os

flavonoacuteides podem mediar uma variaccedilatildeo de mecanismos relacionados agrave

atividade anti-cacircncer anti-tumor e anti-oxidante esta uacuteltima relacionada agrave

caracteriacutestica anti-uacutelcera Os flavonoacuteides tetra-glicosilados satildeo uacuteteis como

marcadores quiacutemicos para o controle de qualidade em Maytenus

Dois novos tetraglicosiacutedeos ndash pertencentes aos grupos dos 3-O-glicosiacutedeos de

quercetina e canferol que satildeo os mais importantes entre os flavonoacuteides ndash

foram isolados por Vilegas et al (1999) a partir da infusatildeo de folhas de M

aquifolium Os flavonoacuteides quercetina e canferol estatildeo representados na Figura

3 com indicaccedilatildeo dos grupos hidroxila (3) que satildeo glicosilados para formar os

3-O-glicosiacutedeos de quercetina e canferol Os autores identificaram a accedilatildeo anti-

uacutelcera da infusatildeo de espinheira-santa em que o aumento da dose levou ao

decreacutescimo do nuacutemero de uacutelceras em ratos sendo a dose de 800 mg kg-1 a

mais eficiente A maior atividade foi verificada em uacutelceras do tipo III que satildeo as

mais severas Foi ainda destacado que o isolamento de flavonoacuteides

poliglicosilados da infusatildeo de M aquifolium seraacute uacutetil para validaccedilatildeo destes

componentes como marcadores quiacutemicos como jaacute anteriormente descrito por

Vilegas et al (1998) ndash que distinguiram atraveacutes da teacutecnica HPTLC (High

Performance Thin Layer Chromatographic) amostras autecircnticas de M ilicifolia

e M aquifolium e amostras alteradas com Sorocea bomplandii uma espeacutecie

muitas vezes confundida com a espinheirasanta devido agrave morfologia similar da

folha

5 Aspectos silviculturais

Os coletores tradicionais possuem noccedilotildees empiacutericas sobre o manejo das

espeacutecies em seu ambiente natural (eacutepoca e frequecircncia de coleta suportada

pela espeacutecie ambientes em que ocorrem cuidados com os indiviacuteduos no

momento da coleta para que possam rebrotar) Por exemplo ensinam que a

espinheira-santa deve ser coletada quebrando os ramos e natildeo cortando-os

Alguns coletores dizem que isto eacute necessaacuterio para que a planta tenha efeito

medicinal outros que se os ramos forem cortados a aacutervore natildeo rebrota Fato

eacute que os ramos que satildeo quebrados satildeo mais finos do que se for utilizado um

instrumento cortante e isto certamente tem influecircncia sobre a regeneraccedilatildeo dos

indiviacuteduos Outra informaccedilatildeo dos coletores tradicionais eacute que as folhas de uma

determinada aacutervore devem ser colhidas com intervalos de dois anos Dizem

que eacute o tempo necessaacuterio para a aacutervore se recuperar Poreacutem nos plantios

verifica-se que a regeneraccedilatildeo ocorre em um ano Entretanto como os frutos

satildeo formados em ramos do ano anterior esta recomendaccedilatildeo pode estar ligada

ao manejo da espeacutecie garantindo o tempo miacutenimo necessaacuterio para que se

reproduza Com o mesmo objetivo os produtores deixam algumas aacutervores sem

colher para que produzam sementes garantindo assim regeneraccedilatildeo

natural e mais recentemente como fonte de sementes para plantios

Conhecem a forma de distribuiccedilatildeo da espinheira-santa e percorrem grandes

distacircncias para localizar boas aacutereas de coleta com um nuacutemero significativo de

aacutervores Costumam dar intervalos de um ou mais anos entre as coletas num

mesmo local ou coletam as folhas somente de um lado da planta e no ano

seguinte do outro lado

Haacute ainda os curiosos pessoas sem tradiccedilatildeo em coleta de plantas que por

necessidade econocircmica e por residirem proacuteximo a aacutereas em que a espeacutecie

ocorre satildeo contratadas por coletores tradicionais ou por compradores de

plantas para realizarem a coleta da espinheira-santa e outras espeacutecies

medicinais que ocorrem nas proximidades de sua residecircncia

6 Os produtores de espinheira-santa e seu contexto socioeconocircmico

A populaccedilatildeo da Regiatildeo Metropolitana de Curitiba eacute formada por descendentes

de europeus que integraram as diversas correntes migratoacuterias estimuladas no

seacuteculo XIX Tecircm-se assim principalmente descendentes de alematildees

italianos atividade agropecuaacuteria agrave qual incorporaram praacuteticas extrativistas que

jaacute eram atividade agropecuaacuteria agrave qual incorporaram praacuteticas extrativistas que jaacute

eram exercidas pelos caboclos descendentes dos antigos colonizadores

portugueses e iacutendios da regiatildeo No municiacutepio de Campo Largo haacute 1469

estabelecimentos rurais dos quais 1164 exercem atividades ligadas agrave

agricultura ou silvicultura

Segundo o Censo realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica

IBGE em 2000 a populaccedilatildeo rural era de 15580 pessoas (IPARDES 2001)

Destas cerca de 50 estatildeo envolvidas na produccedilatildeo no processamento e na

comercializaccedilatildeo da espinheira-santa

Haacute vaacuterios tipos de produtores de mateacuteria-prima

(a) coletores tradicionais cuja uacutenica atividade econocircmica eacute a coleta de plantas

medicinais inclusive espinheira-santa

(b) coletores de plantas medicinais que tambeacutem cultivam espeacutecies alimentiacutecias

Neste caso a coleta de plantas medicinais visa agrave complementaccedilatildeo da renda

(c) agricultores que cultivam e coletam plantas medicinais

(d) agricultores natildeo coletores que soacute cultivam plantas medicinais

A coleta eou o cultivo de espinheira-santa eacute de uma estrateacutegia de obtenccedilatildeo de

renda diversificada e natildeo passa em meacutedia de 17 da renda familiar Os

coletores recebem em geral R$040kg de planta fresca (folhas com ramos

finos) Apoacutes secagem satildeo comercializadas por R$250 a 350kg As folhas de

plantas cultivadas podem alcanccedilar entre R$800 e 1200kg (soacute folha seca)

7 Processamento da espinheira-santa

Apoacutes a coleta os ramos com folhas satildeo levados ateacute a propriedade do coletor

onde as folhas satildeo selecionadas e secas ou entregues diretamente ao

comprador A secagem pode ser feita agrave sombra ou em secador com fluxo de ar

aquecido Quando o coletor natildeo dispotildee de secador proacuteprio ele costuma secar

as folhas no secador de algum vizinho que recebe como pagamento parte da

produccedilatildeo Para a secagem satildeo utilizados vaacuterios modelos de secadores O

combustiacutevel utilizado pode ser lenha gaacutes ou serragem Alguns secadores

contam com controle de temperatura Dependendo das especificaccedilotildees feitas

pelo comprador depois de secas as folhas satildeo separadas dos ramos e

rasuradas Depois o produto eacute embalado em sacos de malha de juta ou de

polipropileno com ou sem revestimento de papel Depois eacute armazenado ou

enviado diretamente para o mercado (comercializado) A venda pode ser feita

para atacadistas laboratoacuterios de fitoteraacutepicos ou induacutestrias alimentiacutecias Nas

induacutestrias o material eacute submetida a uma nova seleccedilatildeo de acordo com o

controle de qualidade da empresa Geralmente verifica-se a contaminaccedilatildeo

microbioloacutegica e macroscoacutepica No caso dos laboratoacuterios de fitoteraacutepicos

tambeacutem satildeo analisados os constituintes quiacutemicos

Nas induacutestrias de alimentos as folhas rasuradas sofrem nova fragmentaccedilatildeo e

satildeo envasadas em embalagens de 10 a 30 g eou na forma de saches teabag

e embaladas em caixas de papelatildeo sendo comercializadas de forma

semelhante a outros chaacutes Ao chegar ao consumidor final na forma de folhas

rasuradas e embaladas o preccedilo varia entre R$3000 a 5000kg em

embalagens de 05 a 1 kg e entre R$8000 a R$10000Kg em embalagens de

10 a 30 g

Nos laboratoacuterios de fitoteraacutepicos as formas de apresentaccedilatildeo da espinheira-

santas satildeo (a) em saches ou a granel misturadas a ervas para problemas

digestivos numa composiccedilatildeo preacute-definida (b) em caacutepsulas gelatinosas

contendo 350 a 400 mg de folhas moiacutedas (c) em tintura de espinheira-santa

para cuja obtenccedilatildeo as folhas satildeo submetidas agrave extraccedilatildeo geralmente

hidroalcooacutelica (d) em comprimidos para o que se utiliza o extrato seco das

folhas

8 Mercado e comercializaccedilatildeo

Geralmente a venda eacute feita pelo proprietaacuterio do secador em grandes

quantidades para intermediaacuterios laboratoacuterios de fitoteraacutepicos ou induacutestrias

alimentiacutecias (Figura 3) Alguns produtores para agregar valor fazem

embalagens com pequenas quantidades (10 a 30 g) que comercializam em

feiras e mercados como alimento Esta forma de comercializaccedilatildeo eacute feita por

produtores que tecircm faacutecil acesso a um mercado consumidor significativo como

Figura 3 Fluxograma de produccedilatildeo e comercializaccedilatildeo de espinheira-santa (Maytenus ilicifolia)

por exemplo supermercados farmaacutecias ou feiras Entretanto haacute muitas

exigecircncias impostas pela legislaccedilatildeo de vigilacircncia sanitaacuteria para

comercializaccedilatildeo diretamente ao consumidor final Os atacadistas situados em

sua grande maioria no estado de Satildeo Paulo adquirem o produto no Paranaacute e

distribuem para as demais regiotildees do Brasil e tambeacutem para o exterior Eacute

comum que empresas do Paranaacute adquiram folhas de espinheira-santa

originaacuterias do proacuteprio Estado dos atacadistas de Satildeo Paulo Isto reflete a

falta de organizaccedilatildeo dos produtores que natildeo conseguiram ainda divulgar a

regiatildeo como centro produtor de plantas medicinais

As induacutestrias alimentiacutecias apoacutes embalar o produto revendem-no para os

supermercados Os laboratoacuterios de fitoteraacutepicos apoacutes fabricar o medicamento

normalmente realizam a comercializaccedilatildeo por meio de distribuidores de

produtos farmacecircuticos ou diretamente para grandes redes de farmaacutecias que

realizam a distribuiccedilatildeo internamente

9 Poliacuteticas relacionadas com a exploraccedilatildeo e comercializaccedilatildeo

A produccedilatildeo e comercializaccedilatildeo da espinheira-santa estaacute sujeita agrave legislaccedilatildeo

ambiental e agrave de vigilacircncia sanitaacuteria A primeira estabelece as normas para

registro de pessoas fiacutesicas ou juriacutedicas que consomem exploram ou

comercializam mateacuteria-prima florestal inclusive produtos florestais natildeo

madeireiros (Brasil 1985 Brasil 1995 Brasil 2000) Os coletores sabem que

devem obter registro de coletor e comerciante de plantas nativas junto aos

oacutergatildeos de fiscalizaccedilatildeo ambiental estadual e federal (respectivamente Instituto

Ambiental do Paranaacute IAP e Instituto Brasileiro de Meio Ambiente IBAMA) A

legislaccedilatildeo prevecirc ainda que ao realizar a coleta de uma planta os coletores e

produtores devem ter uma autorizaccedilatildeo fornecida com base num plano de

manejo Este plano deve apresentar as teacutecnicas e estrateacutegias que seratildeo

adotadas para garantir a sustentabilidade da exploraccedilatildeo

Na delegacia do IBAMA do Paranaacute haacute somente dois coletores de plantas

medicinais registrados poreacutem eles natildeo apresentam regularmente pedidos de

autorizaccedilatildeo de coleta acompanhados dos respectivos planos de manejo No

periacuteodo em que efetuamos esta pesquisa o oacutergatildeo estadual ainda natildeo havia

definido as normas que devem ser seguidas pelos interessados na obtenccedilatildeo

das autorizaccedilotildees de coleta de plantas

Uma das razotildees eacute que natildeo se dispotildee ainda de todas as informaccedilotildees teacutecnicas

necessaacuterias para a elaboraccedilatildeo do plano Apesar de oacutergatildeos de pesquisa e de

extensatildeo e das universidades estarem realizando estudos com o objetivo de

estabelecer os criteacuterios teacutecnicos natildeo existia ateacute 2002 nenhum plano de

manejo efetivamente implantado

Outro problema eacute a falta de integraccedilatildeo na atuaccedilatildeo dos oacutergatildeos de fiscalizaccedilatildeo

federal estadual e municipal o que torna a regularizaccedilatildeo junto a estes oacutergatildeos

muito complexa e cara para os produtores

Para que o produtor possa comercializar seu produto no varejo ele deve

atender agraves exigecircncias da legislaccedilatildeo sanitaacuteria que estatildeo muito acima da

capacidade econocircmica da maioria dos coletores e agricultores O produto

deve ainda estar dento dos limites estabelecidos de contaminaccedilatildeo por

microorganismos Quando o produto eacute apresentado como fitoteraacutepico as

exigecircncias aumentam ainda mais envolvendo seu registro com comprovaccedilatildeo

dos constituintes quiacutemicos marcadores e da atividade farmacoloacutegica e a

padronizaccedilatildeo do produto Ateacute mesmo os laboratoacuterios tecircm dificuldade em

atender as exigecircncias da legislaccedilatildeo atual Natildeo obstante o produto chega ao

mercado nas mais variadas formas envasado em sachecircs em caacutepsulas como

tintura misturado a ervas para problemas gaacutestricos entre outras

10 Influecircncia do ambiente na produccedilatildeo de compostos bioativos e perspectivas para o melhoramento geneacutetico de espinheira-santa

A influecircncia do ambiente na produccedilatildeo de polifenoacuteis totais polifenoacuteis natildeo

tanantes e taninos em M ilicifolia foram estudados por Radomski (1998) tendo

sido observado que a luminosidade eacute o principal fator que influencia na

produccedilatildeo destes compostos Plantas que se encontram em pleno sol

apresentam maior concentraccedilatildeo destas substacircncias As correlaccedilotildees entre

luminosidade e polifenoacuteis totais (083) polifenoacuteis natildeo tanantes (092) e taninos

(078) foram altas e significativas

Foram observadas diferenccedilas na morfologia foliar e na concentraccedilatildeo de taninos

em folhas de M ilicifolia de diferentes procedecircncias no Rio Grande do Sul

(Bernardi amp Wasicki 1959) Folhas de plantas desenvolvidas a pleno sol eram

menores com espinhos nas margens em nuacutemero reduzido e apresentavam

maior concentraccedilatildeo de taninos Em plantas de espinheira-santa desenvolvidas

em ambiente com alta luminosidade Radomski (1998) observou que as folhas

das plantas eram mais amareladas mais espessas e com espinhos mais

pronunciados caracterizando formas tiacutepicas de adaptaccedilatildeo de plantas de

sombra expostas agrave luz solar total A autora avaliou a aacuterea foliar o peso de

folhas e o peso especiacutefico de folhas em ambientes com diferentes intensidades

luminosas A aacuterea foliar foi menor e o peso especiacutefico das folhas foi maior nas

plantas desenvolvidas a pleno sol quando comparadas agraves dos outros

ambientes com menor luminosidade O peso especiacutefico de folhas apresentou

altas correlaccedilotildees para concentraccedilatildeo de polifenoacuteis totais (087) polifenoacuteis natildeo

tanantes (082) e taninos (083) Estes compostos contribuem para o

incremento da biomassa foliar Radomski et al (2004) relata a grande

influecircncia do ambiente sobre a composiccedilatildeo fitoquiacutemica da espinheira-santa

como concentraccedilotildees diferenciadas de taninos e polifenoacuteis totais em plantas

coletadas em ambientes diferentes

A autora destaca tambeacutem que os ramos de M ilicifolia podem contribuir com

uma parcela significativa na produccedilatildeo de compostos fitoteraacutepicos como

taninos e polifenoacuteis totais

Em trabalho envolvendo a anaacutelise fitoquiacutemica em populaccedilotildees de M ilicifolia do

Mato Grosso do Sul Paranaacute Santa Catarina e Rio Grande do Sul Mossi

(2003) observou uma grande variabilidade ndash que foi maior dentro das

populaccedilotildees ndash para concentraccedilatildeo dos metaboacutelitos secundaacuterios limoneno geranil

acetato aacutecido palmiacutetico fitol esqualeno vitamina E stigmasterol friedelan-3-

ol friedelin friedelan-3-one Atraveacutes de anaacutelise de agrupamentos (UPGMA) o

autor natildeo identificou uma relaccedilatildeo entre os grupos formados e as caracteriacutesticas

ambientais dos locais de coleta o que pode indicar uma maior influecircncia das

variaacuteveis locais como microclima insolaccedilatildeo condiccedilotildees nutricionais do solo

idade da planta entre outros sobre a concentraccedilatildeo dos compostos analisados

do que as condiccedilotildees macro ambientais

Foram observadas por Buffa Filho et al(2002) diferenccedilas nas concentraccedilotildees

de triterpenos entre plantas com morfologia de folha diferentes sendo que os

compostos 22 hidroximaitenina e celastrol foram encontrados em plantas de

dois tipos morfoloacutegicos

O melhoramento geneacutetico em plantas medicinais visa produzir variedades que

possuam alto rendimento de substacircncias desejadas e que as mantenham em

niacuteveis conhecidos para padronizar a dosagem quando da aplicaccedilatildeo

farmacoloacutegica (Oliveira et al 2003) Eacute importante o aumento da massa seca

eou fresca ou ainda o aumento do teor de princiacutepios ativos em determinado

oacutergatildeo vegetal de modo que estas caracteriacutesticas sejam mantidas nas geraccedilotildees

seguintes O produto do melhoramento de plantas medicinais eacute o princiacutepio ativo

ou o fitocomplexo Outros objetivos satildeo resistecircncia a pragas e doenccedilas e

toleracircncia a condiccedilotildees adversas de ambiente

Como o ambiente tem grande influecircncia na produccedilatildeo de metaboacutelitos

secundaacuterios a interaccedilatildeo genoacutetipo x ambiente eacute um fator importante para ser

analisado no melhoramento de plantas medicinais A possibilidade do melhor

genoacutetipo em um ambiente natildeo o ser em outro influencia o ganho de seleccedilatildeo e

dificulta a recomendaccedilatildeo de cultivares com ampla adaptabilidade (Cruz amp

Regazzi 2001) O conhecimento da herdabilidade dos caracteres de interesse

tambeacutem eacute fundamental para que a seleccedilatildeo seja aplicada com sucesso de

forma que o valor fenotiacutepico de um caraacuteter possa servir como guia para o valor

geneacutetico (aditividade) (Carvalho et al 2001)

Em teste de progecircnies realizado com espinheira-santa Mariot (2005)

identificou uma alta herdabilidade para todos os caracteres (velocidade de

emergecircncia estatura de planta diacircmetro agrave base do caule taxa de crescimento

tamanho de folha e nuacutemero de espinhosfolha) o que evidencia o forte controle

do fator geneacutetico sobre o fenoacutetipo O autor observou ainda altos valores para os

coeficientes de variaccedilatildeo geneacuteticos (CVG) que aliado aos baixos valores para

os coeficientes de variaccedilatildeo devido ao erro experimental (CVE) proporcionaram

iacutendices maiores que 10 para o quociente (relaccedilatildeo CVGVE) em todas as

variaacuteveis analisadas o que eacute um bom indicador para seleccedilatildeo em programas de

melhoramento Este resultado eacute importante para a seleccedilatildeo com base em

caracteres relacionados com o crescimento pois a espinheira-santa eacute

considerada de crescimento lento O tamanho de folha em espinheira-santa

caso apresente relaccedilatildeo com o aumento da biomassa e maior concentraccedilatildeo de

metaboacutelitos secundaacuterios que tenham accedilatildeo farmacoloacutegica pode ser um caraacuteter

importante de se considerar na seleccedilatildeo em programas de melhoramento Os

altos iacutendices dos paracircmetros geneacuteticos evidenciados em trabalho desenvolvido

por Mariot (2005) mostram a eficiecircncia na seleccedilatildeo para estes caracteres

Considerando a necessidade de uniformidade nos teores de princiacutepios ativos

exigidos pelas induacutestrias farmacecircuticas e o fato da espinheira santa ser de

fecundaccedilatildeo cruzada os programas de melhoramento desta espeacutecie que vise

atender estas exigecircncias deve utilizar a propagaccedilatildeo vegetativa

Estudos relacionados agrave cultura de tecidos de M ilicifolia e M aquifolium

tornam-se portanto fundamentais Na aacuterea de biotecnologia foi citado por

Corsino et al (1998a) o uso de Agrobacterium como vetor para aumentar a

produccedilatildeo de triterpenos em programa de melhoramento geneacutetico de espinheira

santa

O conhecimento da associaccedilatildeo entre caracteres eacute de grande importacircncia nos

trabalhos de melhoramento principalmente se a seleccedilatildeo em um deles

apresenta dificuldades em razatildeo da baixa herdabilidade eou tenha problemas

de mediccedilatildeo e identificaccedilatildeo (Cruz amp Regazzi 2001) Para tanto o melhorista

pode estimar as correlaccedilotildees fenotiacutepicas e genotiacutepicas o que pode contribuir no

processo de seleccedilatildeo No caso das espeacutecies medicinais esta ferramenta eacute

muito importante devido ao alto custo das anaacutelises para determinar e

quantificar metaboacutelitos secundaacuterios com potencial farmacoloacutegico como as que

envolvem cromatografia Em espinheira-santa a morfologia foliar estaacute

relacionada com os tipos e a concentraccedilatildeo de triterpenos (Buffa Filho et al

2002) portanto se for identificada correlaccedilatildeo entre estes caracteres a seleccedilatildeo

indireta atraveacutes da morfologia foliar pode vir a ser uma boa estrateacutegia de

seleccedilatildeo

11 Etapas do processo de secagem por aspersatildeoO processo de secagem por aspersatildeo consiste de trecircs etapas fundamentais

Na primeira fase o fluiacutedo eacute disperso como gotiacuteculas produzindo uma grande

aacuterea superficial Na segunda ocorre contato destas com uma corrente de ar

aquecido havendo transferecircncia de calor

Na terceira etapa acontece a evaporaccedilatildeo do solvente e a formaccedilatildeo da partiacutecula soacutelida

121 Ilustraccedilatildeo da Planta Espinheira- Santa

Com a transferecircncia de calor do ar aquecido agraves gotiacuteculas o liacutequido da

superfiacutecie evapora-se rapidamente As partiacuteculas solidificadas geralmente

apresentam o mesmo tamanho e forma da gotiacutecula que as originou Na uacuteltima

etapa o produto de secagem eacute transportado por uma corrente de ar sendo

posteriormente coletado (Broadhead et al 1992 Shaw 1997 Rankell et al

2001) A evaporaccedilatildeo superficial da gotiacutecula conduz agrave formaccedilatildeo de uma

camada de material seco externa Atraveacutes desta camada o liacutequido situado no

interior da gotiacutecula propaga-se para o exterior Dependendo da elasticidade e

da permeabilidade da crosta seratildeo produzidos distintos materiais secos como

esferas intactas com superfiacutecie imperfeita ou fragmentada soacutelidas ou ocas

(Rankell et al 2001) A Figura 2 apresenta foto micrografias de dois extratos

diferentes de Maytenus ilicifolia secos por spray drying com disco giratoacuterio em

torre de secagem por aspersatildeo Os extratos foram produzidos da mesma

maneira utilizando temperatura de entrada de 180 degC velocidade do aspersor

de 9500 rpm e 30 de Aerosil (Oliveira 2008)

12 Fatores que influenciam o processoUm das respostas mais relevantes afetada pelas condiccedilotildees de operaccedilatildeo do

processo eacute a qualidade do produto resultante As variaacuteveis devem ser

controladas visando agrave obtenccedilatildeo de rendimento e de teor de umidade

adequados estabilidade quiacutemica minimizaccedilatildeo da aderecircncia de partiacuteculas na

cacircmara de secagem (sticking) e caracteriacutesticas tecnoloacutegicas especiacuteficas As

propriedades do produto satildeo normalmente determinadas pelos fatores

relacionados agraves caracteriacutesticas do material de entrada e do processamento

isto eacute paracircmetros de operaccedilatildeo e equipamento (Quadro 1)

131 Influecircncia do material de entradaEntre os fatores relacionados agraves caracteriacutesticas do material de entrada o uso

de adjuvantes na teacutecnica de secagem por aspersatildeo eacute uma praacutetica muito

comum Satildeo utilizados como adjuvantes neste processo amido ciclodextrinas

dioacutexido de siliacutecio coloidal fosfato tricaacutelcico gelatina goma araacutebica lactose

maltodextrina entre outros (Vasconcelos et al 2005 Silva Juacutenior et al 2006)

Para a secagem de extratos derivados de plantas a seleccedilatildeo e o uso adequado

de adjuvantes no processo de spray drying eacute uma fase de fundamental

importacircncia visto que determina a estabilidade e a qualidade dos mesmos

podendo inclusive afetar as caracteriacutesticas de biodisponibilidade

13 Atividades farmacoloacutegicas da espinheira-santa A espinheira-santa (M ilicifolia) eacute uma planta que possui atividades

farmacoloacutegicas comprovadas entre elas a atividade antiulcerogecircnica Essas

atividades estatildeo ligadas a substacircncias quiacutemicas que satildeo os polifenoacuteis

(flavonoides e taninos) e os triterpenos Haacute fatores como a composiccedilatildeo quiacutemica

do solo onde essa planta estaacute sendo cultivado o local de plantio a teacutecnica de

colheita a secagem da planta e o processamento poacutes-colheita que influenciam

diretamente nos teores de princiacutepio ativo da planta podendo assim gerar

variaccedilotildees das atividades farmacoloacutegicas (NEGRI 2007)

141 Atividade gaacutestricaDe acordo com alguns estudos (Carlini amp Frochtengerten 1988 Ming et al

1998 Coulaud- Cunha et al 2004 Carvalho et al 2008) a M ilicifolia

apresenta accedilatildeo contra uacutelcera peacuteptica e gastrite Coulaud- Cunha et al (2004)

relatam que a accedilatildeo da M ilicifolia na uacutelcera peacuteptica e gastrite envolve mais de

um mecanismo de accedilatildeo ainda natildeo conclusivamente elucidados e natildeo se deve

somente a um principio ativo especifico mas a diferentes fitocomplexos Foi

demonstrado por Pereira et al (1993) e por Ming et al (1998) que tanto os

taninos principalmente a epigalocatequina quanto os oacuteleos essenciais em

especial o fridenelol satildeo responsaacuteveis por parte dos efeitos gastroprotetores

Carlini amp Frochtengarten (1988) por sua vez em estudos realizados com o

abafado da M ilicifolia relatam que quanto maior o tempo do tratamento maior

seraacute a gastroproteccedilatildeo sem entretanto haver alteraccedilotildees no pH Tal observaccedilatildeo

pode ser confirmada por Ferreira et al (2004) que em estudos com extrato

aquoso liofilizado das folhas de M ilicifolia em sapos comprovou que esse

possui efeito inibitoacuterio sobre os mediadores H2 da histamina nas ceacutelulas

parietais esses segundo Gilman (1989) quando estimulados causam a

ativaccedilatildeo da adenililciclase iniciando uma seacuterie de alteraccedilotildees morfoloacutegicas e

bioquiacutemicas complexas que leva ao aumento da secreccedilatildeo gaacutestrica

funcionando como um antagonista H2 aleacutem de inibir o efeito da gastrina Foi

demonstrado ainda que tanto a epigalocatequina (tanino) quanto o fridenelol

(oacuteleo essencial) satildeo responsaacuteveis por parte do efeito protetor da mucosa

gaacutestrica (Pereira et al 1993 Ming et al 1998)

142 Atividade antiulcerogecircnicaSegundo Sousa-Formigoni et al (1991) foi comprovada a atividade

antiulcerogecircnica da espinheira-santa (M ilicifolia) por experimentos feitos em

ratos nos quais os animais foram induzidos a terem uacutelceras gaacutestricas por meio

de indometacina e por estresse quando estes foram submetidos a baixas

temperaturas e por serem imobilizados Apoacutes a aplicaccedilatildeo de um extrato

liofilizado de espinheira-santa houve uma reduccedilatildeo do nuacutemero de uacutelceras e um

aumento do volume e pH da secreccedilatildeo gaacutestrica

Em estudos de mecanismos celulares e moleculares da accedilatildeo de produtos

naturais com o isolamento de substacircncias bioativas da M ilicifolia

responsaacuteveis pela accedilatildeo antissecretora aacutecida gaacutestrica os resultados obtidos

confirmam essas accedilotildees Foram utilizados nesses experimentos extratos

aquosos das partes aeacutereas da planta e os princiacutepios ativos tecircm funccedilatildeo de

inibidores da bomba de proacutetons etapa final comum das vias reguladoras da

secreccedilatildeo aacutecida gaacutestrica (BOSSOLANI 2000)

143 Atividade antimicrobianaEstudos pioneiros como o de Lima et al (1969) jaacute demonstravam que a

maitenina exibe forte atividade antimicrobiana contra vaacuterias bacteacuterias Gram

positivas Tais efeitos foram corroborados com a demonstraccedilatildeo que os extratos

das folhas e raiacutezes tecircm efeito antimicrobiano para vaacuterios patoacutegenos dentre

eles Staphylococcus aureus e Streptococcus sp

144 Atividade sobre o Sistema Nervoso CentralSegundo Alonso (1998) o extrato de M ilicifolia possui atividade sedativa que

potencializa (efeito sineacutergico) o sono por barbituacutericos em camundongos

145 Atividades abortiva e sobre a espermatogecircnese

De acordo com Montanari et al (1998) o extrato etanoacutelico de M Ilicifolia

quando administrado em altas doses em camundongos suiacuteccedilos apesar de

causar leves alteraccedilotildees como ceacutelulas germinativas imaturas esfoliadas mortes

celulares ocasionais aumento de gotiacuteculas lipiacutedicas em ceacutelulas de Sertoli e

inchamento de acrossomas entre outras natildeo foi suficiente para acarretar

danos agrave espermatogecircnese

Jaacute em testes realizados em camundongos (fecircmeas e graacutevidas) administrando-

se oralmente extrato hidroalcooacutelico (70) de folhas de espinheira-santa (M

ilicifolia) observou-se um decreacutescimo significativo do nuacutemero de embriotildees

indicando uma perda embrionaacuteria antes do periacuteodo de implantaccedilatildeo Poreacutem

natildeo houve maacute-formaccedilatildeo ou mortes fetais depois do periacuteodo de implantaccedilatildeo

Esse extrato possui atividade estrogecircnica que pode interferir na receptividade

uterina ao embriatildeo (MONTANARI BEVILAQUA 2002)

146 Atividades antimutagecircnica e anticanceriacutegenaConforme Horn e Vargas (2003) o extrato aquoso de M ilicifolia foi eficaz em

aproximadamente 75 das doses testadas exibindo boas respostas

antimutagecircnicas ou um decreacutescimo sugestivo Em estudos realizados por

Queiroga et al (2007) foi avaliada a fraccedilatildeo ativa antiulcerogecircnica da M

ilicifolia na atividade anticanceriacutegena apresentando resultados citostaacuteticos

satisfatoacuterios De acordo com Itokawa et al (1993) o composto pristimerina foi o

mais eficiente na accedilatildeo citotoacutexica podendo ser uacutetil no tratamento de tumores

147 Atividade antioxidante e otoprotetoraDe acordo com Mattei e Carlini (1998) um extrato aquoso liofilizado de

espinheira-santa (M ilicifolia) foi testado in vitro em homogenato de ceacuterebro de

ratos e exerceu uma importante atividade antioxidante inibindo o processo de

lipoperoxidaccedilatildeo

Usando-se extrato etanoacutelico de M ilicifolia foi confirmado que a casca da raiz

tem um poder antioxidante pelo fato de possuir em sua base compostos com a

capacidade sequestradora de radicais livres (VELLOSA et al 2006)

Conforme Santos et al (2010) foram comprovadas propriedades antioxidantes

dos extratos brutos e de componentes individuais de M Ilicifolia por possiacuteveis

associaccedilotildees sineacutergicas de substacircncias fenoacutelicas e triterpenos

quinonametiacutedeos comparados agrave rutina como composto fenoacutelico modelo

De acordo Kasse et al (2008) foi realizado um estudo com ratos (fecircmeas) em

que esses animais foram submetidos agrave substacircncia cisplatina e posteriormente

tratados com extrato de M ilicifolia para avaliar a atividade otoprotetora da

planta Foram realizados e avaliados os exames de emissotildees otoacuacutesticas por

produtos de distorccedilatildeo por potencial de tronco encefaacutelico antes e depois de

administraccedilatildeo de cisplatina e por fim por microscopia eletrocircnica de varredura

Os resultados mostraram que apesar de apresentar atividades antioxidantes a

M ilicifolia foi incapaz de bloquear o efeito citotoacutexico do composto quiacutemico

administrado nas cobaias

Segundo Negri et al (2009) a atividade antioxidante do extrato etanoacutelico de M

ilicifolia estaacute intimamente ligada agrave sua temperatura de secagem Testes

realizados para avaliaccedilatildeo do poder antioxidante os quais foram os meacutetodos de

formaccedilatildeo de complexo com fosfomolibdecircnio e atividade antioxidante em

relaccedilatildeo agrave reduccedilatildeo de um radical utilizando-se o DPPH (22-difenil-1-

picnilhidrazila) em que foram levadas em consideraccedilatildeo diferentes

temperaturas usualmente utilizadas para secagem (40 50 60 70 e 80˚C)

demostraram melhor atividade antioxidante na temperatura de 40˚C e

gradativamente quanto maior a temperatura realizada nos testes menor o

poder antioxidante Por fim o estudo mostrou a importacircncia do controle de

temperatura para a melhor efetividade nesse quesito da planta

Em estudos de Pessuto et al (2009) foram avaliados extratos e compostos

isolados de M Ilicifolia em relaccedilatildeo agrave capacidade antioxidante Os extratos

brutos e semipurificados foram estudados por meio de ensaios de

fosfomolibdecircnio (complexo) e de DPPH (22-difenil-1-picnilhidrazila) nos quais

os resultados mostraram que a fraccedilatildeo com acetato de etila teve melhor

capacidade antioxidante em relaccedilatildeo ao extrato bruto e fraccedilatildeo aquosa

possivelmente por conter maior nuacutemero de hidroxilas fenoacutelicas (pela

capacidade de sequestro dos radicais livres) e tambeacutem em relaccedilatildeo agraves

substacircncias trolox e vitamina C

148 Atividades antinociceptiva e anti-inflamatoacuteria De acordo com Nakamura et al (1994) o extrato etanoacutelico de folhas de M

ilicifolia conteacutem uma fraccedilatildeo de quercetina-3-O-glicosiacutedeo e essa substacircncia

quiacutemica foi avaliada pelo teste de aacutecido aceacutetico e formalina em ratos obtendo-

se resultados satisfatoacuterios para atividades analgeacutesicas e anti-inflamatoacuterias

Por meio de testes realizados em camundongos e ratos foi provocado um

edema nas patas desses animais por meio de injeccedilatildeo de 002 ml de

formaldeiacutedo (soluccedilatildeo a 092) utilizando-se como controle soluccedilatildeo salino

Apoacutes 120 minutos foi aplicado extrato hexacircnico e acetato de etila das folhas

(M ilicifolia) administrados por via oral nas doses de 80 160 320 e 340 mgkg

Os animais foram sacrificados apoacutes 4 horas Em um segundo ensaio foi

administrada por injeccedilatildeo soluccedilatildeo de carragenina a 1 e os extratos da planta

foram dados por via oral nas doses de 80 160 320 e 340 mgkg Os resultados

obtidos mostraram uma atividade antinociceptiva para os dois extratos

principalmente nas doses de 320 e 340 mgkg sendo esse teste importante

para uma alternativa cliacutenica na terapecircutica anti-inflamatoacuteria e antiulcerogecircnica

(JORGE et al 2004)

14 Toxicidade efeitos adversos e contraindicaccedilatildeo da espinheira-santa

Foi realizado um estudo toxicoloacutegico com 24 voluntaacuterios sendo 12 homens e

12 mulheres de 20 a 40 anos de idade selecionados previamente por meio de

avaliaccedilatildeo cliacutenica exames hematoloacutegicos e bioquiacutemicos e avaliaccedilatildeo

psicomotora com o objetivo de estabelecer um intervalo maacuteximo de seguranccedila

no uso de M ilicifolia As doses foram administradas de maneira crescente e

natildeo houve um grupo controle pois os exames iniciais foram considerados

como valores basais para efeito comparativo A dose inicial foi fixada em 100

mg por adulto sendo administradas doses subsequentes de 200 500 1000

1500 e 2000 mg com intervalos de uma semana para cada dose A anaacutelise dos

resultados revelou que natildeo houve efeitos significativos nos valores dos

principais paracircmetros hematoloacutegicos e bioquiacutemicos e tambeacutem natildeo foram

observadas alteraccedilotildees nas funccedilotildees hepaacuteticas pancreaacuteticas e renais

Hormocircnios lipiacutedeos glicose soacutedio potaacutessio caacutelcio e foacutesforo tambeacutem

mantiveram valores considerados normais (TABACH et al 2002)

Em relaccedilatildeo aos efeitos adversos a M ilicifolia natildeo possui algum que justifica a

interrupccedilatildeo do tratamento Entre os mais comuns destacam-se cefaleia

sonolecircncia boca seca naacuteuseas dor articular nas matildeos gosto estranho na

boca tremor nas matildeos cistite e poliuacuteria (TABACH et al 2002) Poreacutem

segundo Amaral et al (2005) natildeo eacute recomendado o uso pediaacutetrico pela

ausecircncia de testes Ensaios realizados em ratos mostraram perda embrionaacuteria

antes do periacuteodo de implantaccedilatildeo portanto essa planta natildeo eacute recomendada em

casos de gravidez (MONTANARI BIVILACQUA 2002)

De acordo com estudos realizados em camundongos o abafado de M ilicifolia

foi administrado nesses animais em doses ateacute 360 vezes maiores que a

utilizada pelo homem durante um periacuteodo de dois a trecircs meses Como

resultados natildeo houve mudanccedilas no peso comportamento temperatura

paracircmetros bioquiacutemicos e hematoloacutegicos desses animais (OLIVEIRA CARLINI

1988)

15 FarmacocineacuteticaO modelo da farmacocineacutetica da espinheira-santa eacute estudado por meio de seus

taninos natildeo condensados Epigalocatequina marcada foi administrada por via

oral sendo os picos plasmaacuteticos observados 60 min apoacutes a ingestatildeo Apoacutes

uma dose de 500 mgkg foram detectadas concentraccedilotildees tissulares de 123

mmol no plasma 484 mmol no fiacutegado e 565 mmol no intestino delgado

(Nakagawa amp Miyazawa 1997) Depois da administraccedilatildeo oral de

epigalocatequina-3-galato marcada com triacutetio a ratos cerca de 6 da dose eacute

eliminada na urina e 24 nas fezes nas primeiras 24 horas Uma segunda

dose dada duas horas apoacutes a primeira eleva em cerca de 4 a 6 vezes a

concentraccedilatildeo no plasma e em alguns tecidos Esses dados sugerem uma

meia-vida longa e eliminaccedilatildeo lenta da epigalocatequina-3-galato No final das

24 horas os animais foram sacrificados e essa substacircncia pocircde ser encontrada

no rim ceacuterebro fiacutegado pacircncreas intestino e ossos (Suganuma et al 1998)

Num outro estudo foi avaliada a afinidade da epigalocatequina-3-galato agraves

proteiacutenas do soro Apoacutes uma dose oral a ratos mais de 50 da

epigalocatequina-3-galato absorvida ligou-se agrave proteiacutena do plasma

especialmente a fibronectina o fibrinogecircnio e a HRGP( Histidin Rich

Glicoprotein) proteiacutena plasmaacutetica com 74 kdaltons cuja funccedilatildeo ainda eacute pouco

conhecida (Sazuka et al 1996)

16 PreparaccedilatildeoTendo sido reconhecida a espeacutecie com que se vai trabalhar torna-se

necessaacuterio que se disponha desta espeacutecie em quantidade suficiente para

atender a demanda relacionada a produccedilatildeo do fitoteraacutepico replicaccedilatildeo da

espeacutecie e respectivo controle de qualidade Par a atingir este objetivo a

espeacutecie deve ser cultivada na extensatildeo adequada ao fim que se propotildee tendo-

se aleacutem dos cuidados inerentes ao cultivo de qualquer espeacutecie vegetal a

precauccedilatildeo de nunca utilizar pesticidas ou agrotoacutexicos na aacuterea de cultivo Nos

parece claro que a opccedilatildeo pelo fitoteraacutepico deve vir acompanhada do desejo de

seguranccedila o que natildeo seria conseguido se fossem deixados resiacuteduos de

agrotoacutexicos ou de pesticidas na espeacutecie que iraacute ser usada como mateacuteria-prima

para a produccedilatildeo de medicamento Veja no item 24 os ensaios que devem ser

efetuados no sentido de identificar e quantificar a presenccedila destes e de outros

contaminantes

Dispondo-se entatildeo da espeacutecie vegetal botanicamente selecionada cultivada

sem o uso de agentes quiacutemicos contaminantes iremos seguir tantos passos

quantos sejam necessaacuterios para preparar a espeacutecie vegetal numa droga capaz

de ser armazenada e processada para resultar num preparado intermediaacuterio uacutetil

na preparaccedilatildeo de fitoteraacutepicos Estes passos podem ser enumerados como

sendo Coleta Monda Estabilizaccedilatildeo Secagem Trituraccedilatildeo e Armazenamento

A execuccedilatildeo e finalidade de cada um se acham descrito a seguir

A Coleta eacute realizada atraveacutes da retirada da parte usada da planta procurando

sempre o material mais saudaacutevel em completo desenvolvimento (a menos que

especificado em (contraacuterio como ocorre com a gema terminal de Psidium

guajava) e com o miacutenimo de contaminantes (poeira poluiccedilatildeo adubo insetos

colocircnia de microrganismos etc) A distribuiccedilatildeo de substacircncias

farmacologicamente ativas nas plantas medicinais natildeo se daacute de maneira

homogecircnea em toda a extensatildeo da planta Portanto eacute de se esperar que

apenas alguma parte de uma dada espeacutecie podem ser utilizadas com finalidade

terapecircutica

Atraveacutes de consulta agraves diversas farmacopeias e tratados sobre plantas

medicinais encontramos descriccedilotildees sobre a parte a ser usada de cada espeacutecie

medicinal Pode-se em alguns casos observar que diferentes partes de uma

mesma planta apresentam propriedades inteiramente diferentes como por

exemplo a Punica granam (romatildezeira) cujas cascas do caule satildeo teniacutefugas e

as cascas dos frutos tecircm propriedades anti-inflamatoacuteria e antibioacutetica Em outros

casos toda a planta pode ser utilizada com a mesma finalidade como a

Phylanthus niruri (quebra-pedra) Torna-se imperioso portanto que antes de

qualquer outra etapa da preparaccedilatildeo de uma forma farmacecircutica fitoteraacutepica se

conheccedila qual ou quais partes da espeacutecie escolhida pode ser utilizada

A coleta deve respeitar para cada espeacutecie o melhor periacuteodo correspondente

agravequele onde a espeacutecie apresenta maior teor em substacircncias ativas Tendo isto

em mente relacionamos a seguir orientaccedilotildees geneacutericas quanto ao periacuteodo de

coleta

Formas farmacecircuticas de fitoteraacutepicosPoacute

Eacute a forma farmacecircutica obtida apoacutes a secagem trituraccedilatildeo e tamisaccedilatildeo da

droga Segundo a sua finalidade devem apresentar a tenuidade adequada

conforme a tabela a seguir Pode ser dispensado para uso na preparaccedilatildeo de

chaacutes ou adicionado agrave alimentaccedilatildeo (leite sucos mel etc) O envase deve cuidar

para que natildeo haja absorccedilatildeo de umidade

Formas soacutelidas

Caacutepsulas

Eacute a forma farmacecircutica obtida pela deposiccedilatildeo ordenada da droga seca

triturada e tamisada em caacutepsulas gelatinosas duras ou pelo encapsulamento

de liacutequidos ou semissoacutelidos de natureza lipofiacutelica em caacutepsulas gelatinosas

moles O invoacutelucro rosa utilizado eacute geralmente de natureza proteica e satildeo

portanto incompatiacuteveis com drogas tacircnicas por exemplo Cuidado especial

deve ser tomado com a umidade temperatura e pressatildeo exercida sobre as

caacutepsulas durante o armazenamento e transporte Estes fatores podem levar a

desidrataccedilatildeo ou hidrataccedilatildeo das caacutepsulas que as tornam quebradiccedilas ou

deformadas e coladas Durante a preparaccedilatildeo das caacutepsulas deve-se cuidar para

que o peso das caacutepsulas obtidas seja o mais uniforme possiacutevel podendo-se

garantir isso pela pesagem da quantidade de poacute necessaacuteria para o enchimento

de um nuacutemero determinado de caacutepsulas

O enchimento das caacutepsulas ocorre na oficina farmacecircutica em tabuleiros

especiais constituiacutedos em acriacutelico PVC ou outro poliacutemero apresentando-se no

modelo mais simples apenas como uma base fixa que se encaixa a uma outra

moacutevel e perfurada que recebe o corpo das caacutepsulas sem as tampas A seguir

se distribui de forma homogecircnea a quantidade estipulada de poacute em todas as

caacutepsulas valendo-se de uma espaacutetula plaacutestica e de um dispositivo especial

para prensar o conteuacutedo no interior das caacutepsulas Finalizado o enchimento as

partes super oires (tampas) das caacutepsulas satildeo recolocadas fechando-as e

determina-se o peso meacutedio das mesmas embalando-as imediatamente

A capacidade das caacutepsulas eacute proporcional agrave densidade do poacute e ao tamanho

das caacutepsulas que eacute padronizado em 08 (oito) diferentes tipos listados a seguir

com as respectivas dimensotildees e capacidades em mililitros

Controle de Qualidade

Todas as etapas utilizadas durante o processamento da droga devem ser

monitoradas atraveacutes de ensaios que possam atestar a qualidade da mateacuteria-

prima dos produtos intermediaacuterios e do produto final acabado O objetivo final

tanto do processamento adequado quanto agrave avaliaccedilatildeo da qualidade eacute a

garantia de que o que estaacute sendo produzido na forma como ocorre o processo

produtivo estaacute conduzindo agrave obtenccedilatildeo de um produto com as caracteriacutesticas

necessaacuterias agrave utilizaccedilatildeo para o tratamento de doenccedilas

Droga

A avaliaccedilatildeo da qualidade da droga utilizada na obtenccedilatildeo de fitoteraacutepicos no

Programa Farmaacutecias-Vivas onde o cultivo das espeacutecies vegetais eacute efetuado

pelo laboratoacuterio fabricante do produto deve ser realizada sob os seguintes

aspectos

- Considerando que a droga a ser utilizada corresponde agrave espeacutecie vegetal

esperada conhece-se suas caracteriacutesticas macromorfoloacutegicas aleacutem das suas

caracteriacutesticas sensoriais constituindo a primeira avaliaccedilatildeo que eacute a identidade

da droga

- Determinaccedilatildeo da umidade da droga fresca que deve ser diferenciada de

perda por dessecaccedilatildeo pois outras substacircncias volaacuteteis aleacutem da aacutegua satildeo

evaporadas Pode ser determinada atraveacutes do ensaio volumeacutetrico de Karl

Fischer ou pelo ensaio gravimeacutetrico submetendo a droga a dessecaccedilatildeo em

temperatura ambiente em dessecador com siacutelica ou aacutecido sulfuacuterico

- Mesmo a droga morfologicamente normal pode natildeo apresentar seus

constituintes ativos na quantidade desejada sendo necessaacuterio que sejam

realizados ensaios de identificaccedilatildeo e quantificaccedilatildeo de ativos ou de marcadores

atraveacutes das mais diversas teacutecnicas gravimeacutetrica volumeacutetrica

espectrofotomeacutetrica cromatograacutefica etc

- Avaliaccedilatildeo da contaminaccedilatildeo microbiana da droga principalmente se a mesma

tiver de ser utilizada sem qualquer processamento posterior As drogas que

seratildeo transformadas em uma forma extrativa em soluccedilatildeo hidro-alcooacutelica pode

ter sua carga microbiana reduzida pelo efeito antisseacuteptico do solvente

Preparado Intermediaacuterio

As formas extrativas satildeo obtidas em condiccedilotildees que nem sempre conseguem

retirar a totalidade das substacircncias ativas soluacuteveis no solvente escolhido devido

a diversos fator ES como o tempo e temperatura de maceraccedilatildeo pH do

solvente distribuiccedilatildeo granulomeacutetrica da droga sua umidade residual teor de

substacircncias ativas e velocidade de percolaccedilatildeo Justifica-se entatildeo a

necessidade da realizaccedilatildeo de ensaios de avaliaccedilatildeo da qualidade das formas

extrativas incluindo avaliaccedilotildees fiacutesico-quiacutemicas como aparecircncia cor odor

solubilidade densidade pH e viscosidade avaliaccedilotildees quiacutemicas como o perfil

cromatograacutefico e dosagem das substacircncias ativas ou marcador e avaliaccedilatildeo

microbioloacutegica da quantidade de microrganismos viaacuteveis

Fitoteraacutepico

Independente da forma farmacecircutica final eacute necessaacuterio que sejam realizadas

avaliaccedilotildees na qualidade do produto final da mesma forma que eacute exigido para

os demais tipos de medicamentos Listamos a seguir os ensaios realizados

para cada forma farmacecircutica lembrando que devem ser acrescentados os

ensaios quiacutemicos e microbioloacutegicos

Prazo de Validade

Considerando a jaacute difiacutecil realizaccedilatildeo da avaliaccedilatildeo da qualidade das drogas

utilizadas na obtenccedilatildeo de fitoteraacutepicos pode-se compreender que o

acompanhamento do processo cineacutetico de degradaccedilatildeo dos constituintes do

medicamento natildeo eacute uma estar efe faacutecil No entanto esta avaliaccedilatildeo pode se dar

em diversos niacuteveis

- Avaliaccedilatildeo da estabilidade fiacutesica

Para cada tipo de forma farmacecircutica satildeo descritas as caracteriacutesticas tiacutepicas

como cor odor limpidez densidade viscosidade pH etc que observadas

para um mesmo lote ao longo do tempo de armazenamento forneceratildeo

informaccedilotildees sobre a integridade fiacutesica da formulaccedilatildeo

- Avaliaccedilatildeo da estabilidade quiacutemica

A utilizaccedilatildeo de recursos laboratoriais desde os mais simples ateacute os mais

sofisticados permitem o acompanhamento qualitativo eou quantitativo dos

princiacutepios ativos contidos no produto fitoteraacutepico Por exemplo atraveacutes do

ensaio limite de taninos por diluiccedilotildees sucessivas e adiccedilatildeo de cloreto feacuterrico

pode-se ter uma medida semi-quantitativa do teor destas substacircncias nas

preparaccedilotildees que o contenham Evoluindo a utilizaccedilatildeo de teacutecnica

cromatograacutefica em camada delgada sobre papel ou siacutelica permite a

determinaccedilatildeo do perfil cromatograacutefico para o produto de modo que possa ser

comparado com o obtido em lotes posteriores ou com o mesmo lote ao longo do

tempo de armazenamento

- Avaliaccedilatildeo da estabilidade microbioloacutegica

A verificaccedilatildeo do niacutevel de contaminaccedilatildeo microbiana numa preparaccedilatildeo

medicamentosa fornece informaccedilotildees sobre o niacutevel de higienizaccedilatildeo empregado

durante o processamento da droga ateacute a obtenccedilatildeo do medicamento A

observaccedilatildeo deste mesmo paracircmetro ao longo do tempo fornece informaccedilotildees

sobre a composiccedilatildeo conservante utilizada no produto e a forma de

armazenamento

Teacutecnicas Gerais

Os ensaios laboratoriais de avaliaccedilatildeo da qualidade da droga compreendem

basicamente

- Observaccedilatildeo macroscoacutepica e microscoacutepica da droga fresca e seca inteira e

triturada comparando com o descrito em farmacopeias ou com modelos

botanicamente certificados

- Determinaccedilatildeo de umidade na droga fresca e naquela seca e triturada

evidenciando a quantidade de aacutegua contida na droga receacutem-coletada na droga

s eca e a efetividade do processo de secagem utilizada

- Identificaccedilatildeo e dosagem de substacircncias ativas ou marcadores realizada na

droga seca e triturada onde atraveacutes do acompanhamento da evoluccedilatildeo ao

longo do tempo e o cruzamento dos dados entre os locais e condiccedilotildees de

cultivo seraacute possiacutevel a determinaccedilatildeo das condiccedilotildees ideais para a manutenccedilatildeo

da qualidade das espeacutecies vegetais

- Determinaccedilatildeo da quantidade de mateacuteria orgacircnica estranha na droga seca

triturada grosseiramente demonstrando se a coleta monda secagem e

trituraccedilatildeo foram realizadas a contento sem o risco de contaminaccedilatildeo com outras

espeacutecies

- Determinaccedilatildeo de resiacuteduos de pesticidas para monitorar a forma de realizaccedilatildeo

do controle de pestes atraveacutes da identificaccedilatildeo e dosagem de pesticidas

- Determinaccedilatildeo da presenccedila de arsecircnio e metais pesados como componentes

que satildeo responsaacuteveis por intoxicaccedilotildees e por incompatibilidades nas

preparaccedilotildees liacutequidas de fitoteraacutepicos

- Determinaccedilatildeo da quantidade de microrganismos viaacuteveis atraveacutes da contagem

em placa a de diluiccedilotildees obtidas a partir do liacutequido de lavagem das drogas

evidenciando o grau de contaminaccedilatildeo e a possiacutevel e indesejaacutevel presenccedila de

microrganismos potencialmente patogecircnicos

Garantia de Qualidade

Na produccedilatildeo de fitoteraacutepicos do mesmo modo como ocorre com qualquer outro

medicamento natildeo pode negligenciar qualquer procedimento que possa conduzir

a diminuiccedilatildeo da qualidade do produto final A qualidade se reflete na

reprodutibilidade da qualidade do produto avaliada em laboratoacuterio e no

acompanhamento da sua eficaacutecia terapecircutica e seguranccedila Isto soacute pode ser

conseguido quando para cada forma farmacecircutica de fitoteraacutepico forem

registradas as operaccedilotildees farmacecircuticas que devem ser seguidas agrave risca suas

medidas de controle e definiccedilatildeo das responsabilidades para cada uma das

etapas do processamento

Apenas como ilustraccedilatildeo tomemos como exemplo a produccedilatildeo da tintura de

Alecrim-pimenta (Lippia sidoides Cham) O iniacutecio da preocupaccedilatildeo com a

qualidade se daacute com a seguranccedila de que a espeacutecie cultivada seja realmente

aquela que se deve coletar e em seguida em coletar a parte que realmente

deve ser utilizada e de plantas com aspecto saudaacutevel de desenvolvimento para

a qual as condiccedilotildees de cultivo tenham se apresentado como satisfatoacuterias A

monda que se segue agrave coleta retirando as partes improacuteprias agrave preparaccedilatildeo do

fitoteraacutepico daacute continuidade ao passo anterior na busca de alcanccedilar a qualidade

desejada O processo de dessecaccedilatildeo ocorrendo agrave sombra e agrave temperatura

ambiente preservando os constituintes quiacutemicos ativos e diminuindo a

influecircncia da umidade da planta sobre a sua qualidade e a da soluccedilatildeo extrativa

a ser obtida faz com que a droga obtida possa ser utilizada como mateacuteria-prima

para a obtenccedilatildeo de medicamento O cuidadoso processo de trituraccedilatildeo sem

elevar a temperatura durante o processo e reduzindo a perda de poacute para o

ambiente tambeacutem representa um processo que deve ser realizado com a

devida atenccedilatildeo Depois disso a droga seca e triturada deve ser armazenada

em condiccedilotildees que preservem sua qualidade pelo tempo necessaacuterio ateacute sua

utilizaccedilatildeo com as devidas inscriccedilotildees que atestem sua fonte data de coleta e de

processamento e respectivos responsaacuteveis

A preparaccedilatildeo da soluccedilatildeo hidro-alcooacutelica que seraacute utilizada no processo extrativo

tambeacutem deve ser realizada com bastante cuidado pois a mateacuteria-prima deve

apresentar a qualidade compatiacutevel com sua utilizaccedilatildeo para a produccedilatildeo de

medicamentos aacutegua purificada e aacutelcool farmacecircutico Deve-se observar a

legislaccedilatildeo atual sobre aacutelcool que exige a desnaturaccedilatildeo do aacutelcool

comercializado em farmaacutecias e supermercados e assim natildeo deve servir como

excipiente farmacecircutico Enfim todos os processos interferem com a qualidade

do produto final a ser obtido e devem ser realizados corretamente e as

operaccedilotildees registradas em documento proacuteprio buscando a rastreabilidade de

cada lote de cada produto

Outra etapa da garantia da qualidade essencial para sua implantaccedilatildeo eacute a

validaccedilatildeo de equipamentos e de processos que busca uma evidecircncia

documentada de que os mesmos cumprem satisfatoriamente sua finalidade

quando utilizados ou realizados corretamente

Estas evidecircncias devem ser conseguidas antes mesmo de se iniciar a utilizaccedilatildeo

das instalaccedilotildees para produccedilatildeo de medicamentos Naqueles jaacute em

funcionamento a validaccedilatildeo pode ser realizada atraveacutes da documentaccedilatildeo da

produccedilatildeo passada ou seja uma validaccedilatildeo retrospectiva

Para a produccedilatildeo de medicamentos em pequena escala que natildeo venha a

caracterizar uma produccedilatildeo industrial deve-se buscar a adequaccedilatildeo das

condiccedilotildees de produccedilatildeo armazenamento e dispensaccedilatildeo do produto atraveacutes da

Resoluccedilatildeo RDC ndeg 33 de abril de 2000 que descreve os criteacuterios de Boas

Praacuteticas de Manipulaccedilatildeo

Para a produccedilatildeo industrial de medicamentos a legislaccedilatildeo que trata das Boas

Praacuteticas de Fabricaccedilatildeo e Garantia de Qualidade eacute a Resoluccedilatildeo RDC ndeg 210 de

04 de agosto de 2003 As especificaccedilotildees legais da legislaccedilatildeo sanitaacuteria

brasileira e de outros paiacuteses para materiais vegetais devem incluir tanto quanto

possiacutevel o seguinte

- Nome botacircnico c om referecircncia aos autores

- Detalhes da fonte da planta (paiacutes ou regiatildeo de origem cultivo eacutepoca da

colheita procedimentos de colheita possiacuteveis pesticidas utilizados etc)

- Descriccedilatildeo do material vegetal inspeccedilatildeo visual macro eou microscoacutepica

- Testes de identificaccedilatildeo apropriados incluindo quando convenientes testes de

identificaccedilatildeo para ingredientes ativos conhecidos ou marcadores

- Ensaios quando convenientes dos constituintes de atividade terapecircutica ou

marcadores

- Meacutetodos apropriados para determinaccedilatildeo de possiacuteveis contaminaccedilotildees por

pesticidas e os limites aceitos

- Testes para metais pesados e contaminantes semelhantes materiais

estranhos e adulterantes

- Testes para radiaccedilatildeo aflatoxinas e contaminaccedilatildeo microbiana

Qualquer tratamento usado para reduzir contaminaccedilotildees focircnicas e microbianas

ou outras infestaccedilotildees devem ser documentadas Instrumentos para tais

procedimentos devem ser acessiacuteveis e devem incluir detalhes dos processos

testes e limites residuais

Para a realidade do programa Farmaacutecias-Vivas onde natildeo satildeo utilizados

pesticidas as plantas satildeo cultivadas no local proacuteximo de onde ocorre a

produccedilatildeo do medicamento ou satildeo de origem na mesma regiatildeo e satildeo

processadas logo apoacutes a coleta satildeo feitas exigecircncias menores que as

estabelecidas para maiores escalas de produccedilatildeo Nem assim devemos deixar

de registrar todas as operaccedilotildees realizadas com a droga desde o seu cultivo ateacute

a dispensaccedilatildeo do produto fitoteraacutepico

Dispensaccedilatildeo

Estivemos sempre discorrendo sobre qualidade do produto a ser obtido desde

o cultivo da espeacutecie correta da coleta da parte usada e o seu processamento

mantendo intactos os princiacutepios ativos Conhecemos os motivos que levam a

toda esta preocupaccedilatildeo com a qualidade a responsabilidade do profissional que

o produz e a eficaacutecia e a seguranccedila necessaacuterias para o paciente que o utiliza

Portanto resta-nos dispensar o fitoteraacutepico para que este apresente estas

caracteriacutesticas trans formando o paciente num parceiro consciente do seu

papel no uso cor reto deste recurso terapecircutico

O resgate das praacuteticas populares agora respaldadas pelos estudos cientiacuteficos

seacuterios que atestam a eficaacutecia e seguranccedila das espeacutecies utilizadas no programa

Farmaacutecias-Vivas pode ser abordado no momento da dispensaccedilatildeo do

medicamento ou atraveacutes de apresentaccedilotildees coletivas organizadas e realizadas

pelo Farmacecircutico Alguns cuidados merecem ser observados para natildeo se

incorrer em riscos desnecessaacuterios

- Natildeo referendar o uso de plantas cujo estudo cientiacutefico natildeo tenha apresentado

dados sobre sua eficaacutecia e seguranccedila

- Natildeo recomendar o uso de qualquer planta medicinal para o tratamento de

doenccedilas sem a devida recomendaccedilatildeo meacutedica especializada ou natildeo

- Natildeo recomendar a utilizaccedilatildeo de planta que nos seja desconhecida tanto no

aspecto teoacuterico quanto praacutetico

- Natildeo sugerir a utilizaccedilatildeo de quaisquer praacuteticas com ou sem uso de plantas

medicinais que possa representar um risco potencial ou real de dano fetal

Para nos resguardarmos de quaisquer erros precisamos nos manter atualizados

quanto aos benefiacutecios e riscos da utilizaccedilatildeo das espeacutecies medicinais com as

quais trabalhamos dada agrave impossibilidade de conhecer todas as demais Os

dados obtidos durante a dispensaccedilatildeo e acompanhamento dos pacientes aleacutem

daqueles obtidos durante os ensaios controlados de toxicologia e farmacologia

cliacutenica forneceratildeo a necessaacuteria seguranccedila para realizarmos a dispensaccedilatildeo e

cada vez mais desfazermos o mito do natural ser inoacutecuo

Como exemplo da relaccedilatildeo risco x benefiacutecio de uma preparaccedilatildeo fitoteraacutepica

apresentamos as seguintes informaccedilotildees sobre o Elixir de Aroeira que em

muitos aspectos natildeo houve a quantificaccedilatildeo da intensidade dos efeitos beneacuteficos

nem adversos nem de interaccedilotildees

Forma Medicamento Fitoteraacutepico- Caacutepsula ESPINHEIRA SANTA Maytenus ilicifolia Celastraceae

Medicamento fitoteraacutepico

Parte utilizada Folhas

Nomenclatura popularEspinheira santa cancerosa cancorosa-de-sete-espinhos cancrosa

espinheira-divina espinho-de-Deus maiteno erva-cancrosa erva-santa

ApresentaccedilotildeesCaacutepsula dura - Extrato seco das folhas de Maytenus ilicifolia 380 mg -

Embalagem com 3 bliacutesters contendo 15 caacutepsulas cada

Via oral

Uso adulto

Composiccedilatildeo

Cada caacutepsula conteacutem

Extrato seco de Maytenus ilicifolia380 mg

Excipiente qsp 1 caacutepsula (amido)

equivalente a 133 mg de taninos totais

Informaccedilotildees ao pacientePara que este medicamento eacute indicado

Espinheira Santa eacute indicada para o tratamento da maacute digestatildeo e como

coadjuvante no tratamento de uacutelcera do estocircmago e duodeno

Como este medicamento funciona

Espinheira Santa atua como regulador das funccedilotildees estomacais e promove a

proteccedilatildeo da mucosa gaacutestrica

Quando natildeo devo usar este medicamentobull O medicamento deve ser evitado por menores de 12 anos de idade devido agrave

falta de estudos disponiacuteveis

bull Lactaccedilatildeo e gravidez visto que pode diminuir a secreccedilatildeo de leite e pode

provocar contraccedilotildees uterinas

bull Hipersensibilidade (alergia) a qualquer um dos componentes da foacutermula ou a

outras plantas da famiacutelia Celastraceae

O que devo saber antes de usar este medicamentoPrecauccedilotildees e advertecircncias

bull De acordo com a categoria de risco de faacutermacos destinados agraves mulheres

graacutevidas este medicamento apresenta categoria de risco C Este medicamento

natildeo deve ser utilizado por mulheres graacutevidas sem orientaccedilatildeo meacutedica ou do

cirurgiatildeo dentista

Interaccedilotildees medicamentosas

bull A administraccedilatildeo concomitante de M ilicifolia com bebidas alcooacutelicas e outros

medicamentos natildeo eacute recomendada pois natildeo existem estudos disponiacuteveis

sobre as interaccedilotildees medicamentosas deste fitoteraacutepico

Informe seu meacutedico ou cirurgiatildeo-dentista se vocecirc estaacute fazendo uso de algum

outro medicamento

Onde como e por quanto tempo posso guardar este medicamentoCuidados de conservaccedilatildeo

Espinheira Santa deve ser conservada em temperatura ambiente (entre 15 e

30ordmC) em sua embalagem original Proteger da luz e da umidade

Prazo de validade24 meses apoacutes a data de fabricaccedilatildeo impressa no cartucho

Nuacutemero de lote e datas de fabricaccedilatildeo e validade vide embalagem

Natildeo use medicamento com o prazo de validade vencido

Guarde-o em sua embalagem original

Caracteriacutesticas fiacutesicasCaacutepsulas gelatinosas duras de cor creme

Caracteriacutesticas organoleacutepticas

Cheiro (odor) caracteriacutestico e praticamente natildeo apresenta sabor

Antes de usar observe o aspecto do medicamento Caso ele esteja no prazo

de validade e vocecirc observe alguma mudanccedila no aspecto consulte o

farmacecircutico para saber se poderaacute utilizaacute-lo

Todo medicamento deve ser mantido fora do alcance das crianccedilas

Como devo usar este medicamentoModo de usar

As caacutepsulas devem ser ingeridas inteiras e com uma quantidade suficiente de

aacutegua para que possam ser deglutidas

Posologia

Ingerir duas caacutepsulas via oral trecircs vezes ao dia de oito em oito horas

Siga corretamente o modo de usar Em caso de duacutevidas sobre este

medicamento procure orientaccedilatildeo do farmacecircutico Natildeo desaparecendo os

sintomas procure orientaccedilatildeo de seu meacutedico ou cirurgiatildeo-dentista

Este medicamento natildeo deve ser partido aberto ou mastigado

O que devo fazer quando eu me esquecer de usar este medicamentoCaso haja esquecimento da ingestatildeo de uma dose deste medicamento

retomar a posologia prescrita sem a necessidade de suplementaccedilatildeo

Em caso de duacutevidas procure orientaccedilatildeo do farmacecircutico ou de seu meacutedico ou

do cirurgiatildeo-dentista

Que males este medicamento pode causarReaccedilotildees adversas

Ateacute o momento natildeo foram relatadas reaccedilotildees adversas graves ou que coloquem

em risco a sauacutede dos pacientes

Raramente podem ocorrer casos de hipersensibilidade Neste caso suspender

o uso e procurar orientaccedilatildeo meacutedica

Informe seu meacutedico cirurgiatildeo-dentista ou farmacecircutico do aparecimento de

reaccedilotildees indesejaacuteveis pelo uso do medicamento

Induacutestria Brasileira

Esta bula foi atualizada conforme Bula Padratildeo aprovada pela Anvisa em

12012011

Farmacecircutica resp Dra (Nome )

CRF-PR nordm XXXX Coacuted XXXXX - 012011

Informe tambeacutem agrave empresa atraveacutes do seu Serviccedilo de

Atendimento ao Consumidor

O que fazer se algueacutem usar uma quantidade maior do que a indicada deste medicamentoPlantas ricas em taninos como a M ilicifolia quando usadas em doses

excessivas podem causar irritaccedilatildeo da mucosa gaacutestrica e intestinal gerando

vocircmitos coacutelicas intestinais e diarreia

Em caso de super dosagem suspender o uso e procurar orientaccedilatildeo meacutedica de

imediato Em caso de uso de grande quantidade deste medicamento procure

rapidamente socorro meacutedico e leve a embalagem ou bula do medicamento se

possiacutevel Siga corretamente o modo de usar natildeo desaparecendo os sintomas

procure orientaccedilatildeo meacutedica

Conclusatildeo

A espinheira-santa (M ilicifolia) eacute um fitoteraacutepico de relevante accedilatildeo terapecircutica

principalmente antiulcerogecircnica dada sua eficaacutecia farmacoloacutegica e seguranccedila

Vale lembrar que por ausecircncia de estudos ela natildeo eacute recomenda para crianccedilas

e natildeo deve ser usada por gestantes pois estudos em camundongos (fecircmeas e

graacutevidas) indicaram um decreacutescimo significativo do nuacutemero de embriotildees aleacutem

de possuir atividade estrogecircnica que pode interferir na receptividade uterina do

embriatildeo Entre suas atividades farmacoloacutegicas destaca-se a atividade

antiulcerogecircnica que pode ser comparada agrave accedilatildeo da ranitidina e da cimetidina

Por ser morfologicamente parecida com as espeacutecies S bonplandii e Z ilicifolia

ela eacute comumente confundida e ateacute mesmo trocada intencionalmente

A utilizaccedilatildeo de maneira errocircnea das espeacutecies botacircnicas que natildeo satildeo a

verdadeira espinheira-santa (M ilicifolia) pode acarretar danos agrave sauacutede dos

pacientes Assim conclui-se que essas espeacutecies conhecidas como

adulterantes podem trazer malefiacutecios pois ainda faltam estudos que

comprovem suas atividades farmacoloacutegicas e principalmente a seguranccedila

terapecircutica Poreacutem natildeo se deve descartar o uso dessas espeacutecies e sim

realizar estudos mais concretos para que essas plantas assim como a

verdadeira espinheira-santa possam auxiliar no tratamento farmacoloacutegico da

populaccedilatildeo

Referecircncias Bibliograacuteficas

Ralph Santos-Oliveira Simone Coulaud-Cunha Waldeciro Colaccedilo

Revisatildeo da Maytenus ilicifolia Mart ex Reissek Celastraceae

Contribuiccedilatildeo ao estudo das propriedades farmacoloacutegicas Rev Bras

Farmacogn Braz J Pharmacogn 19(2B) AbrJun 2009

Wilker Marlon de Moraes Jesus Tarciacutesio Neves da Cunha Estudo das

propriedades farmacoloacutegicas da espinheira-santa (Maytenus ilicifolia

Mart ex Reissek) e de duas espeacutecies adulterantes Revista Sauacutede e

Desenvolvimento vol ndash nordm 1 Jan ndash Jun 2012

MARIOT MP1 BARBIERI RL2 Engenheiro Agrocircnomo Dr prof do

Conjunto Agroteacutecnico ldquoVisconde da GraccedilardquoUniversidade Federal de

Pelotas (mariotufpeltchebr) ndash Av Ildefonso Simotildees Lopes 2791

Pelotas-RS CEP 96060-290 2Bioacuteloga Dr pesquisadora da Embrapa

Clima Temperado (barbiericpactembrapabr) ndash BR 392 km 78 caixa

postal 403 Pelotas-RS CEP 96001-970 (endereccedilo para

correspondecircncia) Metaboacutelitos secundaacuterios e propriedades medicinais da

espinheira-santa (Maytenus ilicifolia Mart ex Reiss e M aquifolium

Mart)

CARLINI EA Braz S Efeito protetor do liofilizado obtido do abafado de

Maytenus Sp (espinheira-santa) contra uacutelcera gaacutestrica experimental em

ratos In Estudo da accedilatildeo antiuacutelcera gaacutestrica de plantas brasileiras

(Maytenus ilicifolia) Espinheira santa e outras Brasiacutelia CEMEAFIP

1988 p21-35MACAUBAS CIP et al Estudo da eventual accedilatildeo

antiuacutelcera gaacutestrica do baacutelsamo (Sedum sp) folha da fortuna

(Bryophyllum calcium) couve (Brassica oleraceae) e da Espinheira

santa (Maytenus ilicifolia) em ratos In Estudo da accedilatildeo antiuacutelcera

gaacutestrica de plantas brasileiras (Maytenus ilicifolia) Espinheira santa e

outras Brasiacutelia CEMEAFIP 1988 p 5-20

Olivia Werner Oliveira Pedro Ros Petrovick Secagem por aspersatildeo

(spray drying) de extratos vegetais bases e aplicaccedilotildees Revista

Brasileira de Farmacognosia Brazilian Journal of Pharmacognosy 20(4)

641-650 AgoSet 2010

Marianne Christina Scheffer Capitulo 17 Produccedilatildeo de espinheira-santa

(Maytenus ilicifolia Mart ex Reiss) na regiatildeo metropolitana de Curitiba

Paranaacute Brasil

Said gonccedilalves da cruz fonsacircca Farmacoteacutecnica de Fitoteraacutepicos2005

Faculdade Delta-Unime Salvador

Curso de Graduaccedilatildeo em Farmaacutecia

Espinheira Santa

Trabalho em Farmacognosia III sala

especial apresentado ao curso de

Farmaacutecia da UNIME-SALVADOR

solicitado pelo professor e orientador

Joseacute Fernando

Docente Joseacute Fernando

Discente Camila Santos de Sousa Luz

Salvador

2013

SUMARIO

1 INTRODUCcedilAtildeO2 Propriedades medicinais de espinheira santa uso popular e

estudos cientiacuteficos3 Caracteriacutesticas morfoanatocircmicas e fenoloacutegicas4 Aspectos quiacutemico-bioloacutegicos5 Aspectos silviculturais6 Os produtores de espinheira-santa e seu contexto

socioeconocircmico7 Processamento da espinheira-santa8 Mercado e comercializaccedilatildeo9 Poliacuteticas relacionadas com a exploraccedilatildeo e comercializaccedilatildeo10 Influecircncia do ambiente na produccedilatildeo de compostos bioativos e

perspectivas para o melhoramento geneacutetico de espinheira-santa11Etapas do processo de secagem por aspersatildeo111 Ilustraccedilatildeo da Planta Espinheira- Santa

12Fatores que influenciam o processo121 Influecircncia do material de entrada

13Atividades farmacoloacutegicas da espinheira-santa 131Atividade gaacutestrica

132 Atividade antiulcerogecircnica

133 Atividade antimicrobiana

134Atividade sobre o Sistema Nervoso Central

135Atividades abortiva e sobre a espermatogecircnese

136Atividades antimutagecircnica e anticanceriacutegena

137Atividade antioxidante e otoprotetora

138Atividades antinociceptiva e anti-inflamatoacuteria

14Toxicidade efeitos adversos e contraindicaccedilatildeo da espinheira-santa

15Farmacocineacutetica16Forma Medicamento Fitoteraacutepico- Caacutepsula17Referencias Bibliograacuteficas

INTRODUCcedilAtildeO

A Maytenus ilicifolia Mart ex Reissek eacute conhecida popularmente como

ldquoespinheira-santardquo ldquocancerosardquo ldquocancorosa-de-sete-espinhosrdquo e ldquomaitenordquo

dentre outros nomes (Lorenzi amp Matos 2002 Brandatildeo et al 2006) Pertence agrave

famiacutelia Celastraceae possuindo 55 gecircneros e 850 espeacutecies espalhadas nas

regiotildees troacutepicas e subtroacutepicas do mundo No contexto brasileiro onde seu

crescimento eacute nativo a espeacutecie M ilicifolia eacute largamente utilizada na medicina

popular (Mossi et al 2004) O uso medicinal de M ilicifolia eacute datado da deacutecada

de 20 desde quando se tem algum registro escrito de sua utilizaccedilatildeo (Cunha et

al 2003)

A praacutetica da substituiccedilatildeo de plantas medicinais seja ela intencional ou natildeo eacute

muito comum no Brasil o que leva muitas vezes as drogas de origem nativa

ao descreacutedito (OLIVEIRA et al 2005) Aliados a essa praacutetica fatores como a

baixa qualidade e padronizaccedilatildeo de produtos comercializados o uso errocircneo de

espeacutecies as adulteraccedilotildees os contaminantes toacutexicos o uso indevido as

interaccedilotildees medicamentosas e as super dosagens motivaram uma preocupaccedilatildeo

por parte das autoridades sanitaacuterias em relaccedilatildeo agrave seguranccedila eficaacutecia e

qualidade da droga vegetal (MELO et al 2004)

O objetivo deste trabalho eacute relatar as atividades farmacoloacutegicas toxicoloacutegicas e

dos constituintes quiacutemicos da espinheira

1 Espinheira Santa

A M ilicifolia eacute uma espeacutecie da famiacutelia Celastraceae conhecida popularmente

como ldquoespinheira-santardquo ldquoespinheira-divinardquo ldquocancorosardquo ldquocancerosardquo e

ldquocancrosardquo (BRASIL 2011) Eacute uma espeacutecie nativa da Regiatildeo Sul do Brasil

tendo ocorrecircncia tambeacutem na Argentina na Boliacutevia no Paraguai e no Uruguai

(ALICE et al 1995)

De acordo com Cirio et al (2003) a espinheira-santa (M ilicifolia) tem sua

obtenccedilatildeo para fins comerciais a partir do extrativismo ou de plantas cultivadas

das quais satildeo coletados os ramos e as folhas do terccedilo superior em podas

anuais Essa espeacutecie estaacute ameaccedilada de extinccedilatildeo no Brasil por ser explorada

em regime basicamente extrativista (BATALHA et al 2002) Seu nome popular

deve-se ao fato de suas folhas possuiacuterem bordas com espinhos e por possuir

propriedades medicinais (MAGALHAtildeES 2002) As folhas secas satildeo inodoras e

com sabor suave levemente adstringente (BRASIL 2011)

As plantas da espeacutecie espinheira-santa (M ilicifolia) ocorrem naturalmente e se

desenvolvem em ambiente sombreado em solos ricos em mateacuteria orgacircnica

dispersa nas matas e com umidade de meacutedia a alta (CIRIO et al 2003) O

estudo fitoquiacutemico da espinheira-santa determinou nas folhas a presenccedila de

flavonoides e taninos e a maior parte dos flavonoides dessa planta se encontra

na forma de heterosiacutedeos (NEGRI 2007)

De acordo com Cirio et al (2003) as folhas de espinheira-santa (M ilicifolia)

possuem grande interesse farmacecircutico Isso ocorre em razatildeo de essa planta

apresentar comprovados efeitos sobre acidez e ulceraccedilotildees do estocircmago

Essas duas atividades medicinais satildeo comprovadas por pesquisas

coordenadas pela Central de Medicamentos (Ceme) do Ministeacuterio da Sauacutede do

Brasil (DI STASI 2004)

2 Propriedades medicinais de espinheira santa uso popular e estudos cientiacuteficos

A espinheira-santa eacute empregada no tratamento de problemas estomacais

(gastrites e uacutelceras) (Lorenzi amp Matos 2002) As pesquisas com as espeacutecies de

espinheira-santa ndash M ilicifolia e M aquifolium ndash foram iniciadas na deacutecada de

60 estimuladas pela sua eficaacutecia no tratamento de uacutelceras e ateacute mesmo do

cacircncer Estudos iniciais revelaram que elas contecircm compostos bioativos que

mostraram potente accedilatildeo anti-tumoral e antileucecircmica em doses muito baixas

Na medicina tradicional o emplastro de suas folhas eacute usado no tratamento do

cacircncer de pele O decocto das folhas eacute usado em lavagens para o mesmo

tratamento M ilicifolia tem sido usada popularmente no Brasil para tratamento

de cacircncer (Fox 1991) Entretanto seu uso mais popular eacute no tratamento de

uacutelceras indigestatildeo gastrites crocircnicas e dispepsia conforme mostrado em

trabalho desenvolvido por Carlini (1988)

Jorge et al (2004) observaram que extratos hexano e etilacetato de M ilicifolia

que promovem um aumento do volume gaacutestrico e do pH no estocircmago

apresentam accedilatildeo antiulcerogecircnica e anti-inflamatoacuteria Foi observado por

Ferreira et al (2004) que o extrato de folhas de M ilicifolia reduz a secreccedilatildeo

aacutecida na mucosa gaacutestrica de ratildes com efeito semelhante ao medicamento

cimetidina M ilicifolia tem se tornado conhecida e usada na medicina

herbaliacutestica dos EUA onde o extrato de suas folhas vem sendo empregado

para uacutelceras para recomposiccedilatildeo da flora intestinal e inibiccedilatildeo de bacteacuterias

patogecircnicas como laxante para eliminar toxinas atraveacutes dos rins e pele e para

regular a produccedilatildeo do aacutecido cloriacutedrico do estocircmago (Lorenzi amp Matos 2002

Melo et al 2001)

Extratos do caule de M ilicifolia mostraram atividade anti-fuacutengica contra

Microsporum gypseum e Trichophyton mentagrophytes mas as folhas natildeo

mostraram o mesmo efeito (Portillo et al 2001) Esta espeacutecie eacute utilizada como

contraceptivo por populaccedilotildees indiacutegenas e do meio rural no Paraguai e como

abortivo por mulheres do nordeste da Argentina (Montanari et al 1998) Os

autores estudaram o efeito do extrato etanoacutelico de folhas de M ilicifolia sobre a

espermatogecircnese em ratos natildeo tendo sido mostrado efeito significativo sobre

a formaccedilatildeo dos espermatozoacuteides Foi observado por Montanari amp Bevilacqua

(2002) que o extrato de folhas desta espeacutecie causou uma perda na preacute-

implantaccedilatildeo embriocircnica em ratos mas sem efeito sobre a implantaccedilatildeo ou

organogecircnese A atividade estrogecircnica do extrato sugere que ele pode estar

interferindo com a receptividade uterina ao embriatildeo Entretanto os efeitos natildeo

foram uniformes entre os animais sendo que em alguns nenhuma alteraccedilatildeo

foi observada nem mesmo na fase de preacute-implantaccedilatildeo do embriatildeo Isto

significa que no caso das mulheres o aborto poderia ocorrer em algumas e em

outras natildeo Existem vaacuterias espeacutecies medicinais do gecircnero Maytenus ndash aleacutem de

M ilicifolia e M aquifolium ndash que vecircm sendo amplamente estudadas como M

senegalensi M macrocarpa e M canariensis (Di Stasi 2004) O autor cita

alguns trabalhos com estas espeacutecies M senegalensis apresenta atividade

antimalaacuterica leishmanicida e inibitoacuteria sobre a replicaccedilatildeo do viacuterus HIV-1

(atraveacutes da accedilatildeo da pristimerina) M canariensis apresenta atividade

antibacteriana antifuacutengica e inseticida M macrocarpa apresenta compostos

com accedilatildeo citotoacutexica e leishmanicida Foi evidenciada por Kennedy et al (2001)

a accedilatildeo leishmanicida de M magellanica e M chubutensis

3 Caracteriacutesticas morfoanatocircmicas e fenoloacutegicasA espinheira-santa (Maytenus ilicifolia) foi descrita por Carvalho-Okano (1992)

como um sub-arbusto ou aacutervore ramificado desde a base podendo atingir uma

estatura de ateacute 5 m com ramos novos glabros angulosos tetra ou

multicarenados

As folhas satildeo congestas coriaacuteceas glabras com estiacutepulas incospiacutecuas limbo

com 22 a 89 cm de comprimento e 11 a 30 cm de largura nervuras

proeminentes na face abaxial de forma eliacuteptica com a margem inteira ou com

espinhos em nuacutemero de um a vaacuterios distribuiacutedos regular ou irregularmente no

bordo geralmente concentrados na metade apical de um ou de ambos os

semilimbos As inflorescecircncias ocorrem em fasciacuteculos multifloros As flores

possuem seacutepalas semicirculares e ciliadas com peacutetalas ovais e inteiras

estames com filetes achatados na base estigma capitado seacutessil ou com

estilete distinto ovaacuterio saliente ou totalmente imerso no disco carnoso

As flores satildeo monoacuteclinas poreacutem haacute evidecircncias fortes de que muitas de suas

flores sejam funcionalmente diclinas O fruto eacute uma caacutepsula bivalvar orbicular

com pericarpo maduro de coloraccedilatildeo vermelho-alaranjada

As sementes satildeo eretas suborbiculares elipsoides ou obovais agraves vezes

angulosas em nuacutemero variaacutevel de 1 a 4 por fruto envoltas inteiramente pelo

arilo A testa eacute rija lisa e brilhante em geral com coloraccedilatildeo castanha ou negra

O endosperma eacute abundante o embriatildeo eacute axial com cotileacutedones planos

membranaacuteceos e eixo hipocoacutetilo-raizinha reta e curta O arilo eacute suculento de

coloraccedilatildeo branca cobrindo toda a semente Um estudo morfoanatocircmico desta

espeacutecies foi ainda realizado por Lula et al (2001) Segundo os autores M

ilicifolia apresenta epiderme adaxial e abaxial glabras com ceacutelulas poligonais

de paredes levemente espessadas retas e cutiacutecula de aspecto granulado Foi

observada a presenccedila de cristais prismaacuteticos nas ceacutelulas epideacutermicas e

tambeacutem de raacutefides Os estocircmatos estatildeo restritos agrave epiderme abaxial e com

frequumlecircncia apresentam cinco ceacutelulas subsidiaacuterias muito pouco diferenciadas

das ceacutelulas epideacutermicas comuns Em corte transversal as epidermes se

apresentam uniestratificadas com ceacutelulas baixas e tabulares e cutiacutecula

relativamente espessa O mesoacutefilo eacute dorsiventral com duas camadas de

parecircnquima paliccedilaacutedico O parecircnquima lacunoso eacute relativamente compacto com

cerca de seis a sete camadas de ceacutelulas As nervuras menores e as

terminaccedilotildees vasculares apresentam uma bainha de fibras esclerenquimaacuteticas

As sementes de M ilicifolia podem ser classificadas como ortodoxas e

estocadas a -20ordmC por um longo periacuteodo em cacircmara fria (Eira et al 1995) M

aquifolium tambeacutem conhecida como espinheira-santa eacute descrita por Carvalho-

Okano (1992) como um arbusto ou aacutervore medindo cerca de 15-12 m de

altura Apresenta ramos novos glabros ciliacutendrico-achatados folhas cartaacuteceas

glabras peciacuteolo com 05-10 cm de comprimento estiacutepulas inconspiacutecuas limbo

com 60-190 cm de comprimento e 20-60 cm de largura nervura primaacuteria

proeminente em ambas as faces nervuras secundaacuterias subsalientes forma

eliacuteptica ou mais comumente oblongo-eliacuteptica base aguda ou obtusa aacutepice

agudo a obtuso com mucron margem com muitos espinhos serrada A

Inflorescecircncia eacute em fasciacuteculos multifloros apresentando pedicelos florais com

04-07 cm de comprimento As seacutepalas satildeo ovais com cerca de 04 cm de

comprimento e 03 cm de largura Os estames apresentam filetes achatados na

base O estigma eacute seacutessil ou com estilete distinto ovaacuterio saliente ou imerso

totalmente no disco carnoso O fruto eacute uma caacutepsula bivalvar orbicular o

pericarpo maduro apresenta coloraccedilatildeo castanho-avemelhada O florescimento

de espinheira-santa ocorre entre os meses de setembro a dezembro e a

frutificaccedilatildeo de outubro a fevereiro (Carvalho-Okano 1992) A frutificaccedilatildeo ocorre

durante um periacuteodo relativamente longo iniciando no Estado do Rio

Grande do Sul seguido por Santa Catarina e por uacuteltimo o Paranaacute (Scheffer amp

Arauacutejo1998) As espeacutecies de espinheira-santa satildeo aloacutegamas Os estudos da

accedilatildeo farmacoloacutegica da espinheira-santa tecircm sido realizados utilizando

principalmente as folhas pois eacute a parte da planta que normalmente eacute utilizada

pela populaccedilatildeo nas infusotildees ou pela induacutestria farmacecircutica para elaboraccedilatildeo de

medicamentos Alguns estudos foram feitos com a raiz pois existem relatos do

uso esporaacutedico desta parte da planta por algumas pessoas para o tratamento

de doenccedilas Em um levantamento do uso da espinheira-santa pelas

comunidades rurais Mariot (2005) identificou um agricultor que utiliza o chaacute

das raiacutezes da espinheirasanta para o tratamento de diabetes Com relaccedilatildeo agrave

localizaccedilatildeo da produccedilatildeo de metaboacutelitos secundaacuterios nas plantas de

espinheirasanta Corsino et al (2000) ao estudarem a biossiacutentese de

triterpenoacuteides em M aquifolium identificaram que as folhas produzem 3b-

friedelanol e friedelina (friedelano) e raiacutezes acumulam maitenina e pristimerina

(quinonametiacutedicos) Os triterpenos derivados de friedelano uma vez

biossintetizados nas folhas satildeo translocados para as raiacutezes e posteriormente

transformados nos triterpenoacuteides quinonametiacutedicos que apresentam accedilatildeo

antitumor Estes triterpenoacuteides natildeo foram encontrados em folhas somente em

raiacutezes Os flavonoacuteides satildeo encontrados em todos os oacutergatildeos das plantas

(Zuanazzi 2001) Existem flavonoacuteides que satildeo encontrados em um oacutergatildeo e em

outros natildeo ou quando existe o mesmo composto em mais de um oacutergatildeo este

pode apresentar diferentes concentraccedilotildees Estes compostos estatildeo localizados

nos vacuacuteolos cloroplastos e cromoplastos (Cardoso et al 2001) Os taninos

ocorrem nos vacuacuteolos e plastiacutedios (Salisbuty amp Ross 1992)

Figura A - Folhas de espinheira-santa (a uacuteltima eacute M aquifolium e as demais

satildeo M ilicifolia) B - flores de espinheira-santa C - ramo com frutos e sementes

de Maytenus ilicifolia

4 Aspectos quiacutemico-bioloacutegicosOs compostos com accedilatildeo bioativa de importacircncia na farmacologia satildeo

produzidos atraveacutes da biossiacutentese dos metaboacutelitos secundaacuterios que estaacute

esquematizado na Figura 1 Nesta figura pode ser observada a formaccedilatildeo dos

principais metaboacutelitos identificados na espinheira-santa como os taninos

flavonoacuteides e terpenos grupo em que estatildeo inseridos os triterpenos

O gecircnero Maytenus eacute rico em espeacutecies com potencial medicinal tendo sido

identificados vaacuterios compostos com accedilatildeo farmacoloacutegica Di Stasi (2004) em

uma revisatildeo sobre compostos bioativos em espeacutecies de Maytenus relata a

presenccedila de pristimerina um triterpeno do tipo friedelano com accedilatildeo

antimalaacuterica e compostos fenoacutelicos com atividade inibitoacuteria sobre a replicaccedilatildeo

do viacuterus HIV-1 em M senegalensis Em M canariensis foram isoladas

nortriterpenos com atividade antibioacutetica e sesquiterpenos com atividade

inseticida M macrocarpa apresenta nortriterpenos denominados

macrocarpinas os quais satildeo citotoacutexicos sesquiterpenos com atividade

leishmanicida e triterpenos do tipo friedelano Triterpenoacuteides do tipo friedelano

tambeacutem foram isolados desta espeacutecie por Chavez et al (1998) Foi evidenciado

por Kennedy et al (2001) a accedilatildeo leishmanicida de sesquiterpenos isolados de

M magellanica e M chubutensis

FIGURA 1 Representaccedilatildeo simplificada do ciclo biossinteacutetico dos metaboacutelitos

secundaacuterios terpenoacuteides flavonoacuteides e taninos condensados que ocorrem em

espinheira-santa (adaptado de Santos 2001)

Entre os compostos bioativos em espinheirasanta (M ilicifolia e M aquifolium)

que podem ter accedilatildeo antiulcerogecircnica e anti-gaacutestrica destacam-se os

triterpenos Os triterpenoacuteides satildeo compostos constituiacutedos basicamente de trinta

unidades de carbono ndash seis isoprenos (Cardoso et al 2001) A maioria possui

em sua constituiccedilatildeo hidroxilas que podem ser glicosiladas produzindo os

heterosiacutedeos cardiotocircnicos importantes agentes terapecircuticos para doenccedilas

cardiovasculares e as saponinas Biossinteticamente satildeo derivados de

condensaccedilatildeo de duas moleacuteculas de farnesilpirofosfato (FPP) unidas cauda-

cauda produzindo o esqualeno precursor aciacuteclico desta classe de compostos

(Figura 2) A provaacutevel ciclizaccedilatildeo da moleacutecula de esqualeno leva agrave formaccedilatildeo da

estrutura baacutesica dos triterpenoacuteides o ciclopentanohidrofenantreno importante

precursor dos esteroacuteides vegetais e animais e das saponinas triterpecircnicas As

saponinas triterpenoacuteides apresentam trecircs tipos de estruturas baacutesicas oleanos

ursanos e lupanos Os triterpenos denominados cangoronina e ilicifolina foram

identificados por Itokawa et al (1991) em M ilicifolia Eles satildeo do tipo

friedelano e foram fracionados junto com outros sete triterpenos jaacute conhecidos

FIGURA 2 Biossiacutentese de triterpenoacuteides (adaptado de Cardoso et al 2001)

Os autores mostraram que alguns destes compostos tecircm accedilatildeo citotoacutexica

como por exemplo a pristimerina ndash que foi a mais eficiente ndash indicando que

podem ser uacuteteis no tratamento de tumores Trabalho semelhante foi

desenvolvido por Shirota et al (1994) que elucidaram a estrutura de alguns

triterpenos aromaacuteticos Estes compostos mostraram atividade citotoacutexica

moderada contra um nuacutemero de linhagens de ceacutelulas de tumor cultivadas As

estruturas de outros dois triterpenos diacutemeros denominados cangorosina A e

cangorosina B foram elucidadas por Shirota et al (1997) em extrato de raiacutezes

de M ilicifolia Quatro novos triterpenoacuteides ndash maytefolina A-C (1-3) e uvaol-3-

caffeate (4) ndash aleacutem de outros triterpenos foram isolados de folhas de M

ilicifolia por Ohsaki et al (2004) Os autores identificaram a accedilatildeo citotoacutexica do

triterpenoacuteide eritrodiol

Apesar de a literatura destacar os triterpenos como os principais compostos

bioativos em espinheira-santa Corsino et al (1998b) destacaram que a famiacutelia

Celastraceae eacute uma fonte rica de sesquiterpenos Os autores isolaram e

elucidaram a estrutura quiacutemica de dois sesquiterpenos a aquifoliulina E-I e a

aquifoliulina EII Ao verificarem a accedilatildeo citotoacutexica do extrato de M aquifolium

em mutantes de Saccharomyces cerevisiae eles sugeriram que os

sesquiterpenos podem ser os principais responsaacuteveis por causar pequenos

danos no DNA Em outro trabalho Corsino et al (1998c) isolaram e elucidaram

a estrutura de outros dois sesquiterpenos a aquifoliulina E-III e a aquifoliulina

E-IV Os triterpenos maitenina e 22- hidroximaitenina satildeo membros de um

pequeno grupo de produtos naturais peculiares agraves espeacutecies das famiacutelias

Celastraceae e Hippocrateaceae com potencial anti-cacircncer (Corsino et al

1998a) A ligaccedilatildeo da maitenina ao DNA sugere uma interaccedilatildeo celular que pode

elucidar a atividade antitumor Os autores mostraram que estes compostos satildeo

efetivos contra carcinoma epidermoacuteide Foi identificada a accedilatildeo antiuacutelcera

gaacutestrica da espinheira-santa em ratos com accedilatildeo semelhante ao medicamento

cimetidina Dois triterpenos jaacute relatados na literatura o friedelan-3-ol e o

friedelan-3-on foram identificados em extrato de M ilicifolia sendo sugeridos

como substacircncias bioativas no tratamento das enfermidades estomacais

Os autores acima citados isolaram e identificaram maitenina e 22

hidroximaitenina a partir de calos oriundos de explantes de folhas de M

aquifolium ndash atraveacutes de HPLC ndash cultivados em dois meios de cultura com

diferentes concentraccedilotildees de cinetina O rendimento dos triterpenos no meio

com menor concentraccedilatildeo de cinetina foram maiores do que no outro A cultura

de tecidos parece entatildeo ser uma fonte contiacutenua e estaacutevel de compostos de

espeacutecies de Maytenus conforme proposto por Pereira et al (1993)

Os autores estabeleceram um protocolo para organogecircnese total de placircntulas

de M ilicifolia de matrizes selecionadas para produccedilatildeo de compostos para

estudos fitoquiacutemicos utilizando como explante gemas axilares

Derivados dos triterpenos friedelano satildeo tiacutepicos das famiacutelias Celastraceae e

Hippocrateaceae (Buffa Filho et al 2002) Estes autores atraveacutes do

desenvolvimento de um meacutetodo HPLC (High Performance Liquid

Chromatography) fase-reversa para a quantificaccedilatildeo de triterpenos em cinco

tipos morfoloacutegicos de Maytenus ilicifolia identificaram os compostos 20 1048576-

hidroximaitenina e 22 hidroximaitenina em baixa concentraccedilatildeo aleacutem de

maitenina celastrol e pristimerina em alta concentraccedilatildeo

Os triterpenos friedelan-3-ol friedelina (Figura 3) e compostos polifenoacutelicos

presentes em M ilicifolia e M aquifolium satildeo citados por Cordeiro et al (1999)

como componentes eficientes no tratamento de uacutelceras e gastrites estomacais

Os autores caracterizaram triterpenos de extratos ndash obtidos por extraccedilatildeo direta

com etilacetato ndash de folhas destas duas espeacutecies atraveacutes de HRGC-MS

(cromatografia gasosa de alta resoluccedilatildeo e espectrometria de massas) O perfil

cromatograacutefico foi semelhante para ambas as espeacutecies diferindo na

concentraccedilatildeo relativa de alguns compostos Estes dois triterpenos foram

tambeacutem destacados por Vilegas et al (1995) e Lanccedilas et al (1997) como os

mais importantes nas duas espeacutecies de espinheira-santa para o tratamento de

uacutelcera gaacutestrica Os primeiros propuseram uma teacutecnica raacutepida para identificar

friedelan-3-ol e friedelina ndash atraveacutes de cromatografia gasosa com alta

temperatura de capilaridade em coluna polar ndash o que permite a distinccedilatildeo entre

extratos alcooacutelicos aquosos de espinheira-santa autecircnticos e falsos (quando

satildeo misturadas folhas de outras espeacutecies como de Sorocea bomplandii) Os

uacuteltimos desenvolveram um meacutetodo para extraccedilatildeo de princiacutepios ativos em

espinheira-santa atraveacutes de uma adaptaccedilatildeo do SFE (extraccedilatildeo com fluido

supercriacutetico) com baixo custo Atraveacutes da utilizaccedilatildeo do CO2 e etanol 10

como fluido extrator conseguiram resultados satisfatoacuterios na obtenccedilatildeo dos

triterpenos O sistema SFE desenvolvido pelos autores foi mais eficiente sendo

uma alternativa aos outros meacutetodos por ser mais raacutepido aleacutem de permitir uma

flexibilidade de escolha do fluido extrator entre gases ou solventes liacutequidos a

condiccedilotildees ambientes Mossi et al (2004) ao caracterizarem quimicamente

extratos de M ilicifolia ndash obtidos atraveacutes da utilizaccedilatildeo de CO2 em alta pressatildeo

ndash observaram que a temperatura de extraccedilatildeo e a densidade do solvente

exerceram um efeito importante sobre o rendimento liacutequido do extrato e a

distribuiccedilatildeo quiacutemica dos compostos volaacuteteis ao contraacuterio do tamanho de

partiacutecula e da taxa de fluxo de CO2 Apesar dos triterpenos friedelan-3-ol e

friedelina terem sido destacados como sendo compostos eficientes no

tratamento anti-uacutelcera gaacutestrica Queiroga et al (2000) em pesquisa realizada

com ratos mostraram que estes triterpenos natildeo apresentam esta accedilatildeo

farmacoloacutegica

FIGURA 3 Estrutura molecular dos triterpenos friedelan-3-ol e friedelina (Mossi 2003) dos flavonoacuteides canferol e quercetina e do tanino condensado (Cardoso et al 2001) encontrados em espinheira-santa

Os taninos e flavonoacuteides satildeo compostos fenoacutelicos presentes em espinheira-

santa que tambeacutem podem ter accedilatildeo em doenccedilas estomacais (Gonzales et al

2001) Os taninos satildeo compostos de sabor adstringente derivados de

fenilpropanos capazes de formar complexos com proteiacutenas accediluacutecares e

alcaloacuteides indoacutelicos (Cardoso et al 2001) Dividem se em duas categorias

derivados de esqueletos (C6-C1)n chamados de taninos hidrosoluacuteveis e

derivados de esqueletos (C6-C3-C6)n chamados de taninos condensados

(Figura 3) ou proantocianidinas Os taninos hidrolizaacuteveis possuem rotas

biossinteacuteticas ainda desconhecidas Sabe-se que seu precursor eacute o aacutecido

gaacutelico ou seu diacutemero de condensaccedilatildeo o aacutecido elaacutegico Os taninos

condensados satildeo biossintetizados pelas condensaccedilotildees de derivados de aacutecido

chiquiacutemico e unidades de malonil-CoA levando agrave formaccedilatildeo das catequinas

Estas satildeo importantes precursoras das proantocianidinas (taninos

condensados) e antocianidinas Caracterizam-se por serem oligocircmeros e

poliacutemeros formados pela policondensaccedilatildeo de duas unidades flavonoiacutedicas

(flavan-3-ol e flavan-34-diol) portanto tambeacutem satildeo considerados compostos

flavonoacuteides sendo tambeacutem denominados de flavolanas diferenciando-se dos

taninos hidrolisaacuteveis por natildeo possuiacuterem resiacuteduos glicosiacutedeos em sua estrutura

Segundo o autor entre as atividades farmacoloacutegicas que os taninos

condensados apresentam ndash quando complexados com proteiacutenas ndash destacam-

se a proteccedilatildeo da mucosa do estocircmago em tratamento de uacutelcera peacuteptica as

propriedades anti-inflamatoacuterias e cicatrizantes e o bloqueio da formaccedilatildeo da

placa dental atraveacutes da inibiccedilatildeo da glicosiltransferase produzida por bacteacuterias

bucais

Atraveacutes de estudo fitoquiacutemico em extrato de M aquifolium Gonzales et al

(2001) identificaram triterpenos taninos e flavonoacuteides Em testes de

laboratoacuterio os autores mostraram a accedilatildeo antiulcerogecircnica e analgeacutesica do

extrato desta espeacutecie Eles destacaram que os triterpenos apresentam

habilidade na estimulaccedilatildeo da siacutentese de muco ou manutenccedilatildeo do conteuacutedo de

prostaglandina ndash componente com atividade antiulcerogecircnica ndash da mucosa

gaacutestrica em altos niacuteveis Foi sugerido ainda que componentes antioxidantes

como os taninos e os flavonoacuteides podem ter accedilatildeo contra lesotildees gaacutestricas

Os flavonoacuteides existem em abundacircncia no reino vegetal encontrados em sua

maioria nas angiospermas (Cardoso et al 2001) Caracterizam se

estruturalmente por serem polifenoacutelicos derivados de C6-C3-C6 ligados na

orientaccedilatildeo cabeccedila-cauda e que podem conter como substituintes hidroxilas

ou seus derivados funcionais tais como eacutesteres metoxilas aleacutem de

glicosiacutedeos isoprecircnicos presos em posiccedilotildees especiacuteficas dos aneacuteis Os

flavonoacuteides tecircm como precursores a fenilalanina e a acetil-CoA

Satildeo originados de reaccedilotildees de derivados do aacutecido chiquiacutemico e derivados do

acetato Os flavonoacuteides satildeo divididos nas seguintes classes flavonas

flavonoacuteis antocianinas e isoflavonoacuteides esta uacuteltima restrita agrave famiacutelia Fabaceae

Os compostos mais importantes encontrados nos vegetais para cada uma das

trecircs primeiras classes satildeo flavonas ndash apigenina e luteolina flavonoacuteis ndash

canferol quercetina miricetina e galangina antocianinas ndash cianidina e

malvidina

Ao analisarem quantitativamente por HPLC flavonoacuteides em infusatildeo aquosa de

folhas de M ilicifolia e M aquifolium Leite et al (2001) identificaram um novo

composto deste grupo na primeira espeacutecie Os autores destacaram que os

flavonoacuteides podem mediar uma variaccedilatildeo de mecanismos relacionados agrave

atividade anti-cacircncer anti-tumor e anti-oxidante esta uacuteltima relacionada agrave

caracteriacutestica anti-uacutelcera Os flavonoacuteides tetra-glicosilados satildeo uacuteteis como

marcadores quiacutemicos para o controle de qualidade em Maytenus

Dois novos tetraglicosiacutedeos ndash pertencentes aos grupos dos 3-O-glicosiacutedeos de

quercetina e canferol que satildeo os mais importantes entre os flavonoacuteides ndash

foram isolados por Vilegas et al (1999) a partir da infusatildeo de folhas de M

aquifolium Os flavonoacuteides quercetina e canferol estatildeo representados na Figura

3 com indicaccedilatildeo dos grupos hidroxila (3) que satildeo glicosilados para formar os

3-O-glicosiacutedeos de quercetina e canferol Os autores identificaram a accedilatildeo anti-

uacutelcera da infusatildeo de espinheira-santa em que o aumento da dose levou ao

decreacutescimo do nuacutemero de uacutelceras em ratos sendo a dose de 800 mg kg-1 a

mais eficiente A maior atividade foi verificada em uacutelceras do tipo III que satildeo as

mais severas Foi ainda destacado que o isolamento de flavonoacuteides

poliglicosilados da infusatildeo de M aquifolium seraacute uacutetil para validaccedilatildeo destes

componentes como marcadores quiacutemicos como jaacute anteriormente descrito por

Vilegas et al (1998) ndash que distinguiram atraveacutes da teacutecnica HPTLC (High

Performance Thin Layer Chromatographic) amostras autecircnticas de M ilicifolia

e M aquifolium e amostras alteradas com Sorocea bomplandii uma espeacutecie

muitas vezes confundida com a espinheirasanta devido agrave morfologia similar da

folha

5 Aspectos silviculturais

Os coletores tradicionais possuem noccedilotildees empiacutericas sobre o manejo das

espeacutecies em seu ambiente natural (eacutepoca e frequecircncia de coleta suportada

pela espeacutecie ambientes em que ocorrem cuidados com os indiviacuteduos no

momento da coleta para que possam rebrotar) Por exemplo ensinam que a

espinheira-santa deve ser coletada quebrando os ramos e natildeo cortando-os

Alguns coletores dizem que isto eacute necessaacuterio para que a planta tenha efeito

medicinal outros que se os ramos forem cortados a aacutervore natildeo rebrota Fato

eacute que os ramos que satildeo quebrados satildeo mais finos do que se for utilizado um

instrumento cortante e isto certamente tem influecircncia sobre a regeneraccedilatildeo dos

indiviacuteduos Outra informaccedilatildeo dos coletores tradicionais eacute que as folhas de uma

determinada aacutervore devem ser colhidas com intervalos de dois anos Dizem

que eacute o tempo necessaacuterio para a aacutervore se recuperar Poreacutem nos plantios

verifica-se que a regeneraccedilatildeo ocorre em um ano Entretanto como os frutos

satildeo formados em ramos do ano anterior esta recomendaccedilatildeo pode estar ligada

ao manejo da espeacutecie garantindo o tempo miacutenimo necessaacuterio para que se

reproduza Com o mesmo objetivo os produtores deixam algumas aacutervores sem

colher para que produzam sementes garantindo assim regeneraccedilatildeo

natural e mais recentemente como fonte de sementes para plantios

Conhecem a forma de distribuiccedilatildeo da espinheira-santa e percorrem grandes

distacircncias para localizar boas aacutereas de coleta com um nuacutemero significativo de

aacutervores Costumam dar intervalos de um ou mais anos entre as coletas num

mesmo local ou coletam as folhas somente de um lado da planta e no ano

seguinte do outro lado

Haacute ainda os curiosos pessoas sem tradiccedilatildeo em coleta de plantas que por

necessidade econocircmica e por residirem proacuteximo a aacutereas em que a espeacutecie

ocorre satildeo contratadas por coletores tradicionais ou por compradores de

plantas para realizarem a coleta da espinheira-santa e outras espeacutecies

medicinais que ocorrem nas proximidades de sua residecircncia

6 Os produtores de espinheira-santa e seu contexto socioeconocircmico

A populaccedilatildeo da Regiatildeo Metropolitana de Curitiba eacute formada por descendentes

de europeus que integraram as diversas correntes migratoacuterias estimuladas no

seacuteculo XIX Tecircm-se assim principalmente descendentes de alematildees

italianos atividade agropecuaacuteria agrave qual incorporaram praacuteticas extrativistas que

jaacute eram atividade agropecuaacuteria agrave qual incorporaram praacuteticas extrativistas que jaacute

eram exercidas pelos caboclos descendentes dos antigos colonizadores

portugueses e iacutendios da regiatildeo No municiacutepio de Campo Largo haacute 1469

estabelecimentos rurais dos quais 1164 exercem atividades ligadas agrave

agricultura ou silvicultura

Segundo o Censo realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica

IBGE em 2000 a populaccedilatildeo rural era de 15580 pessoas (IPARDES 2001)

Destas cerca de 50 estatildeo envolvidas na produccedilatildeo no processamento e na

comercializaccedilatildeo da espinheira-santa

Haacute vaacuterios tipos de produtores de mateacuteria-prima

(a) coletores tradicionais cuja uacutenica atividade econocircmica eacute a coleta de plantas

medicinais inclusive espinheira-santa

(b) coletores de plantas medicinais que tambeacutem cultivam espeacutecies alimentiacutecias

Neste caso a coleta de plantas medicinais visa agrave complementaccedilatildeo da renda

(c) agricultores que cultivam e coletam plantas medicinais

(d) agricultores natildeo coletores que soacute cultivam plantas medicinais

A coleta eou o cultivo de espinheira-santa eacute de uma estrateacutegia de obtenccedilatildeo de

renda diversificada e natildeo passa em meacutedia de 17 da renda familiar Os

coletores recebem em geral R$040kg de planta fresca (folhas com ramos

finos) Apoacutes secagem satildeo comercializadas por R$250 a 350kg As folhas de

plantas cultivadas podem alcanccedilar entre R$800 e 1200kg (soacute folha seca)

7 Processamento da espinheira-santa

Apoacutes a coleta os ramos com folhas satildeo levados ateacute a propriedade do coletor

onde as folhas satildeo selecionadas e secas ou entregues diretamente ao

comprador A secagem pode ser feita agrave sombra ou em secador com fluxo de ar

aquecido Quando o coletor natildeo dispotildee de secador proacuteprio ele costuma secar

as folhas no secador de algum vizinho que recebe como pagamento parte da

produccedilatildeo Para a secagem satildeo utilizados vaacuterios modelos de secadores O

combustiacutevel utilizado pode ser lenha gaacutes ou serragem Alguns secadores

contam com controle de temperatura Dependendo das especificaccedilotildees feitas

pelo comprador depois de secas as folhas satildeo separadas dos ramos e

rasuradas Depois o produto eacute embalado em sacos de malha de juta ou de

polipropileno com ou sem revestimento de papel Depois eacute armazenado ou

enviado diretamente para o mercado (comercializado) A venda pode ser feita

para atacadistas laboratoacuterios de fitoteraacutepicos ou induacutestrias alimentiacutecias Nas

induacutestrias o material eacute submetida a uma nova seleccedilatildeo de acordo com o

controle de qualidade da empresa Geralmente verifica-se a contaminaccedilatildeo

microbioloacutegica e macroscoacutepica No caso dos laboratoacuterios de fitoteraacutepicos

tambeacutem satildeo analisados os constituintes quiacutemicos

Nas induacutestrias de alimentos as folhas rasuradas sofrem nova fragmentaccedilatildeo e

satildeo envasadas em embalagens de 10 a 30 g eou na forma de saches teabag

e embaladas em caixas de papelatildeo sendo comercializadas de forma

semelhante a outros chaacutes Ao chegar ao consumidor final na forma de folhas

rasuradas e embaladas o preccedilo varia entre R$3000 a 5000kg em

embalagens de 05 a 1 kg e entre R$8000 a R$10000Kg em embalagens de

10 a 30 g

Nos laboratoacuterios de fitoteraacutepicos as formas de apresentaccedilatildeo da espinheira-

santas satildeo (a) em saches ou a granel misturadas a ervas para problemas

digestivos numa composiccedilatildeo preacute-definida (b) em caacutepsulas gelatinosas

contendo 350 a 400 mg de folhas moiacutedas (c) em tintura de espinheira-santa

para cuja obtenccedilatildeo as folhas satildeo submetidas agrave extraccedilatildeo geralmente

hidroalcooacutelica (d) em comprimidos para o que se utiliza o extrato seco das

folhas

8 Mercado e comercializaccedilatildeo

Geralmente a venda eacute feita pelo proprietaacuterio do secador em grandes

quantidades para intermediaacuterios laboratoacuterios de fitoteraacutepicos ou induacutestrias

alimentiacutecias (Figura 3) Alguns produtores para agregar valor fazem

embalagens com pequenas quantidades (10 a 30 g) que comercializam em

feiras e mercados como alimento Esta forma de comercializaccedilatildeo eacute feita por

produtores que tecircm faacutecil acesso a um mercado consumidor significativo como

Figura 3 Fluxograma de produccedilatildeo e comercializaccedilatildeo de espinheira-santa (Maytenus ilicifolia)

por exemplo supermercados farmaacutecias ou feiras Entretanto haacute muitas

exigecircncias impostas pela legislaccedilatildeo de vigilacircncia sanitaacuteria para

comercializaccedilatildeo diretamente ao consumidor final Os atacadistas situados em

sua grande maioria no estado de Satildeo Paulo adquirem o produto no Paranaacute e

distribuem para as demais regiotildees do Brasil e tambeacutem para o exterior Eacute

comum que empresas do Paranaacute adquiram folhas de espinheira-santa

originaacuterias do proacuteprio Estado dos atacadistas de Satildeo Paulo Isto reflete a

falta de organizaccedilatildeo dos produtores que natildeo conseguiram ainda divulgar a

regiatildeo como centro produtor de plantas medicinais

As induacutestrias alimentiacutecias apoacutes embalar o produto revendem-no para os

supermercados Os laboratoacuterios de fitoteraacutepicos apoacutes fabricar o medicamento

normalmente realizam a comercializaccedilatildeo por meio de distribuidores de

produtos farmacecircuticos ou diretamente para grandes redes de farmaacutecias que

realizam a distribuiccedilatildeo internamente

9 Poliacuteticas relacionadas com a exploraccedilatildeo e comercializaccedilatildeo

A produccedilatildeo e comercializaccedilatildeo da espinheira-santa estaacute sujeita agrave legislaccedilatildeo

ambiental e agrave de vigilacircncia sanitaacuteria A primeira estabelece as normas para

registro de pessoas fiacutesicas ou juriacutedicas que consomem exploram ou

comercializam mateacuteria-prima florestal inclusive produtos florestais natildeo

madeireiros (Brasil 1985 Brasil 1995 Brasil 2000) Os coletores sabem que

devem obter registro de coletor e comerciante de plantas nativas junto aos

oacutergatildeos de fiscalizaccedilatildeo ambiental estadual e federal (respectivamente Instituto

Ambiental do Paranaacute IAP e Instituto Brasileiro de Meio Ambiente IBAMA) A

legislaccedilatildeo prevecirc ainda que ao realizar a coleta de uma planta os coletores e

produtores devem ter uma autorizaccedilatildeo fornecida com base num plano de

manejo Este plano deve apresentar as teacutecnicas e estrateacutegias que seratildeo

adotadas para garantir a sustentabilidade da exploraccedilatildeo

Na delegacia do IBAMA do Paranaacute haacute somente dois coletores de plantas

medicinais registrados poreacutem eles natildeo apresentam regularmente pedidos de

autorizaccedilatildeo de coleta acompanhados dos respectivos planos de manejo No

periacuteodo em que efetuamos esta pesquisa o oacutergatildeo estadual ainda natildeo havia

definido as normas que devem ser seguidas pelos interessados na obtenccedilatildeo

das autorizaccedilotildees de coleta de plantas

Uma das razotildees eacute que natildeo se dispotildee ainda de todas as informaccedilotildees teacutecnicas

necessaacuterias para a elaboraccedilatildeo do plano Apesar de oacutergatildeos de pesquisa e de

extensatildeo e das universidades estarem realizando estudos com o objetivo de

estabelecer os criteacuterios teacutecnicos natildeo existia ateacute 2002 nenhum plano de

manejo efetivamente implantado

Outro problema eacute a falta de integraccedilatildeo na atuaccedilatildeo dos oacutergatildeos de fiscalizaccedilatildeo

federal estadual e municipal o que torna a regularizaccedilatildeo junto a estes oacutergatildeos

muito complexa e cara para os produtores

Para que o produtor possa comercializar seu produto no varejo ele deve

atender agraves exigecircncias da legislaccedilatildeo sanitaacuteria que estatildeo muito acima da

capacidade econocircmica da maioria dos coletores e agricultores O produto

deve ainda estar dento dos limites estabelecidos de contaminaccedilatildeo por

microorganismos Quando o produto eacute apresentado como fitoteraacutepico as

exigecircncias aumentam ainda mais envolvendo seu registro com comprovaccedilatildeo

dos constituintes quiacutemicos marcadores e da atividade farmacoloacutegica e a

padronizaccedilatildeo do produto Ateacute mesmo os laboratoacuterios tecircm dificuldade em

atender as exigecircncias da legislaccedilatildeo atual Natildeo obstante o produto chega ao

mercado nas mais variadas formas envasado em sachecircs em caacutepsulas como

tintura misturado a ervas para problemas gaacutestricos entre outras

10 Influecircncia do ambiente na produccedilatildeo de compostos bioativos e perspectivas para o melhoramento geneacutetico de espinheira-santa

A influecircncia do ambiente na produccedilatildeo de polifenoacuteis totais polifenoacuteis natildeo

tanantes e taninos em M ilicifolia foram estudados por Radomski (1998) tendo

sido observado que a luminosidade eacute o principal fator que influencia na

produccedilatildeo destes compostos Plantas que se encontram em pleno sol

apresentam maior concentraccedilatildeo destas substacircncias As correlaccedilotildees entre

luminosidade e polifenoacuteis totais (083) polifenoacuteis natildeo tanantes (092) e taninos

(078) foram altas e significativas

Foram observadas diferenccedilas na morfologia foliar e na concentraccedilatildeo de taninos

em folhas de M ilicifolia de diferentes procedecircncias no Rio Grande do Sul

(Bernardi amp Wasicki 1959) Folhas de plantas desenvolvidas a pleno sol eram

menores com espinhos nas margens em nuacutemero reduzido e apresentavam

maior concentraccedilatildeo de taninos Em plantas de espinheira-santa desenvolvidas

em ambiente com alta luminosidade Radomski (1998) observou que as folhas

das plantas eram mais amareladas mais espessas e com espinhos mais

pronunciados caracterizando formas tiacutepicas de adaptaccedilatildeo de plantas de

sombra expostas agrave luz solar total A autora avaliou a aacuterea foliar o peso de

folhas e o peso especiacutefico de folhas em ambientes com diferentes intensidades

luminosas A aacuterea foliar foi menor e o peso especiacutefico das folhas foi maior nas

plantas desenvolvidas a pleno sol quando comparadas agraves dos outros

ambientes com menor luminosidade O peso especiacutefico de folhas apresentou

altas correlaccedilotildees para concentraccedilatildeo de polifenoacuteis totais (087) polifenoacuteis natildeo

tanantes (082) e taninos (083) Estes compostos contribuem para o

incremento da biomassa foliar Radomski et al (2004) relata a grande

influecircncia do ambiente sobre a composiccedilatildeo fitoquiacutemica da espinheira-santa

como concentraccedilotildees diferenciadas de taninos e polifenoacuteis totais em plantas

coletadas em ambientes diferentes

A autora destaca tambeacutem que os ramos de M ilicifolia podem contribuir com

uma parcela significativa na produccedilatildeo de compostos fitoteraacutepicos como

taninos e polifenoacuteis totais

Em trabalho envolvendo a anaacutelise fitoquiacutemica em populaccedilotildees de M ilicifolia do

Mato Grosso do Sul Paranaacute Santa Catarina e Rio Grande do Sul Mossi

(2003) observou uma grande variabilidade ndash que foi maior dentro das

populaccedilotildees ndash para concentraccedilatildeo dos metaboacutelitos secundaacuterios limoneno geranil

acetato aacutecido palmiacutetico fitol esqualeno vitamina E stigmasterol friedelan-3-

ol friedelin friedelan-3-one Atraveacutes de anaacutelise de agrupamentos (UPGMA) o

autor natildeo identificou uma relaccedilatildeo entre os grupos formados e as caracteriacutesticas

ambientais dos locais de coleta o que pode indicar uma maior influecircncia das

variaacuteveis locais como microclima insolaccedilatildeo condiccedilotildees nutricionais do solo

idade da planta entre outros sobre a concentraccedilatildeo dos compostos analisados

do que as condiccedilotildees macro ambientais

Foram observadas por Buffa Filho et al(2002) diferenccedilas nas concentraccedilotildees

de triterpenos entre plantas com morfologia de folha diferentes sendo que os

compostos 22 hidroximaitenina e celastrol foram encontrados em plantas de

dois tipos morfoloacutegicos

O melhoramento geneacutetico em plantas medicinais visa produzir variedades que

possuam alto rendimento de substacircncias desejadas e que as mantenham em

niacuteveis conhecidos para padronizar a dosagem quando da aplicaccedilatildeo

farmacoloacutegica (Oliveira et al 2003) Eacute importante o aumento da massa seca

eou fresca ou ainda o aumento do teor de princiacutepios ativos em determinado

oacutergatildeo vegetal de modo que estas caracteriacutesticas sejam mantidas nas geraccedilotildees

seguintes O produto do melhoramento de plantas medicinais eacute o princiacutepio ativo

ou o fitocomplexo Outros objetivos satildeo resistecircncia a pragas e doenccedilas e

toleracircncia a condiccedilotildees adversas de ambiente

Como o ambiente tem grande influecircncia na produccedilatildeo de metaboacutelitos

secundaacuterios a interaccedilatildeo genoacutetipo x ambiente eacute um fator importante para ser

analisado no melhoramento de plantas medicinais A possibilidade do melhor

genoacutetipo em um ambiente natildeo o ser em outro influencia o ganho de seleccedilatildeo e

dificulta a recomendaccedilatildeo de cultivares com ampla adaptabilidade (Cruz amp

Regazzi 2001) O conhecimento da herdabilidade dos caracteres de interesse

tambeacutem eacute fundamental para que a seleccedilatildeo seja aplicada com sucesso de

forma que o valor fenotiacutepico de um caraacuteter possa servir como guia para o valor

geneacutetico (aditividade) (Carvalho et al 2001)

Em teste de progecircnies realizado com espinheira-santa Mariot (2005)

identificou uma alta herdabilidade para todos os caracteres (velocidade de

emergecircncia estatura de planta diacircmetro agrave base do caule taxa de crescimento

tamanho de folha e nuacutemero de espinhosfolha) o que evidencia o forte controle

do fator geneacutetico sobre o fenoacutetipo O autor observou ainda altos valores para os

coeficientes de variaccedilatildeo geneacuteticos (CVG) que aliado aos baixos valores para

os coeficientes de variaccedilatildeo devido ao erro experimental (CVE) proporcionaram

iacutendices maiores que 10 para o quociente (relaccedilatildeo CVGVE) em todas as

variaacuteveis analisadas o que eacute um bom indicador para seleccedilatildeo em programas de

melhoramento Este resultado eacute importante para a seleccedilatildeo com base em

caracteres relacionados com o crescimento pois a espinheira-santa eacute

considerada de crescimento lento O tamanho de folha em espinheira-santa

caso apresente relaccedilatildeo com o aumento da biomassa e maior concentraccedilatildeo de

metaboacutelitos secundaacuterios que tenham accedilatildeo farmacoloacutegica pode ser um caraacuteter

importante de se considerar na seleccedilatildeo em programas de melhoramento Os

altos iacutendices dos paracircmetros geneacuteticos evidenciados em trabalho desenvolvido

por Mariot (2005) mostram a eficiecircncia na seleccedilatildeo para estes caracteres

Considerando a necessidade de uniformidade nos teores de princiacutepios ativos

exigidos pelas induacutestrias farmacecircuticas e o fato da espinheira santa ser de

fecundaccedilatildeo cruzada os programas de melhoramento desta espeacutecie que vise

atender estas exigecircncias deve utilizar a propagaccedilatildeo vegetativa

Estudos relacionados agrave cultura de tecidos de M ilicifolia e M aquifolium

tornam-se portanto fundamentais Na aacuterea de biotecnologia foi citado por

Corsino et al (1998a) o uso de Agrobacterium como vetor para aumentar a

produccedilatildeo de triterpenos em programa de melhoramento geneacutetico de espinheira

santa

O conhecimento da associaccedilatildeo entre caracteres eacute de grande importacircncia nos

trabalhos de melhoramento principalmente se a seleccedilatildeo em um deles

apresenta dificuldades em razatildeo da baixa herdabilidade eou tenha problemas

de mediccedilatildeo e identificaccedilatildeo (Cruz amp Regazzi 2001) Para tanto o melhorista

pode estimar as correlaccedilotildees fenotiacutepicas e genotiacutepicas o que pode contribuir no

processo de seleccedilatildeo No caso das espeacutecies medicinais esta ferramenta eacute

muito importante devido ao alto custo das anaacutelises para determinar e

quantificar metaboacutelitos secundaacuterios com potencial farmacoloacutegico como as que

envolvem cromatografia Em espinheira-santa a morfologia foliar estaacute

relacionada com os tipos e a concentraccedilatildeo de triterpenos (Buffa Filho et al

2002) portanto se for identificada correlaccedilatildeo entre estes caracteres a seleccedilatildeo

indireta atraveacutes da morfologia foliar pode vir a ser uma boa estrateacutegia de

seleccedilatildeo

11 Etapas do processo de secagem por aspersatildeoO processo de secagem por aspersatildeo consiste de trecircs etapas fundamentais

Na primeira fase o fluiacutedo eacute disperso como gotiacuteculas produzindo uma grande

aacuterea superficial Na segunda ocorre contato destas com uma corrente de ar

aquecido havendo transferecircncia de calor

Na terceira etapa acontece a evaporaccedilatildeo do solvente e a formaccedilatildeo da partiacutecula soacutelida

121 Ilustraccedilatildeo da Planta Espinheira- Santa

Com a transferecircncia de calor do ar aquecido agraves gotiacuteculas o liacutequido da

superfiacutecie evapora-se rapidamente As partiacuteculas solidificadas geralmente

apresentam o mesmo tamanho e forma da gotiacutecula que as originou Na uacuteltima

etapa o produto de secagem eacute transportado por uma corrente de ar sendo

posteriormente coletado (Broadhead et al 1992 Shaw 1997 Rankell et al

2001) A evaporaccedilatildeo superficial da gotiacutecula conduz agrave formaccedilatildeo de uma

camada de material seco externa Atraveacutes desta camada o liacutequido situado no

interior da gotiacutecula propaga-se para o exterior Dependendo da elasticidade e

da permeabilidade da crosta seratildeo produzidos distintos materiais secos como

esferas intactas com superfiacutecie imperfeita ou fragmentada soacutelidas ou ocas

(Rankell et al 2001) A Figura 2 apresenta foto micrografias de dois extratos

diferentes de Maytenus ilicifolia secos por spray drying com disco giratoacuterio em

torre de secagem por aspersatildeo Os extratos foram produzidos da mesma

maneira utilizando temperatura de entrada de 180 degC velocidade do aspersor

de 9500 rpm e 30 de Aerosil (Oliveira 2008)

12 Fatores que influenciam o processoUm das respostas mais relevantes afetada pelas condiccedilotildees de operaccedilatildeo do

processo eacute a qualidade do produto resultante As variaacuteveis devem ser

controladas visando agrave obtenccedilatildeo de rendimento e de teor de umidade

adequados estabilidade quiacutemica minimizaccedilatildeo da aderecircncia de partiacuteculas na

cacircmara de secagem (sticking) e caracteriacutesticas tecnoloacutegicas especiacuteficas As

propriedades do produto satildeo normalmente determinadas pelos fatores

relacionados agraves caracteriacutesticas do material de entrada e do processamento

isto eacute paracircmetros de operaccedilatildeo e equipamento (Quadro 1)

131 Influecircncia do material de entradaEntre os fatores relacionados agraves caracteriacutesticas do material de entrada o uso

de adjuvantes na teacutecnica de secagem por aspersatildeo eacute uma praacutetica muito

comum Satildeo utilizados como adjuvantes neste processo amido ciclodextrinas

dioacutexido de siliacutecio coloidal fosfato tricaacutelcico gelatina goma araacutebica lactose

maltodextrina entre outros (Vasconcelos et al 2005 Silva Juacutenior et al 2006)

Para a secagem de extratos derivados de plantas a seleccedilatildeo e o uso adequado

de adjuvantes no processo de spray drying eacute uma fase de fundamental

importacircncia visto que determina a estabilidade e a qualidade dos mesmos

podendo inclusive afetar as caracteriacutesticas de biodisponibilidade

13 Atividades farmacoloacutegicas da espinheira-santa A espinheira-santa (M ilicifolia) eacute uma planta que possui atividades

farmacoloacutegicas comprovadas entre elas a atividade antiulcerogecircnica Essas

atividades estatildeo ligadas a substacircncias quiacutemicas que satildeo os polifenoacuteis

(flavonoides e taninos) e os triterpenos Haacute fatores como a composiccedilatildeo quiacutemica

do solo onde essa planta estaacute sendo cultivado o local de plantio a teacutecnica de

colheita a secagem da planta e o processamento poacutes-colheita que influenciam

diretamente nos teores de princiacutepio ativo da planta podendo assim gerar

variaccedilotildees das atividades farmacoloacutegicas (NEGRI 2007)

141 Atividade gaacutestricaDe acordo com alguns estudos (Carlini amp Frochtengerten 1988 Ming et al

1998 Coulaud- Cunha et al 2004 Carvalho et al 2008) a M ilicifolia

apresenta accedilatildeo contra uacutelcera peacuteptica e gastrite Coulaud- Cunha et al (2004)

relatam que a accedilatildeo da M ilicifolia na uacutelcera peacuteptica e gastrite envolve mais de

um mecanismo de accedilatildeo ainda natildeo conclusivamente elucidados e natildeo se deve

somente a um principio ativo especifico mas a diferentes fitocomplexos Foi

demonstrado por Pereira et al (1993) e por Ming et al (1998) que tanto os

taninos principalmente a epigalocatequina quanto os oacuteleos essenciais em

especial o fridenelol satildeo responsaacuteveis por parte dos efeitos gastroprotetores

Carlini amp Frochtengarten (1988) por sua vez em estudos realizados com o

abafado da M ilicifolia relatam que quanto maior o tempo do tratamento maior

seraacute a gastroproteccedilatildeo sem entretanto haver alteraccedilotildees no pH Tal observaccedilatildeo

pode ser confirmada por Ferreira et al (2004) que em estudos com extrato

aquoso liofilizado das folhas de M ilicifolia em sapos comprovou que esse

possui efeito inibitoacuterio sobre os mediadores H2 da histamina nas ceacutelulas

parietais esses segundo Gilman (1989) quando estimulados causam a

ativaccedilatildeo da adenililciclase iniciando uma seacuterie de alteraccedilotildees morfoloacutegicas e

bioquiacutemicas complexas que leva ao aumento da secreccedilatildeo gaacutestrica

funcionando como um antagonista H2 aleacutem de inibir o efeito da gastrina Foi

demonstrado ainda que tanto a epigalocatequina (tanino) quanto o fridenelol

(oacuteleo essencial) satildeo responsaacuteveis por parte do efeito protetor da mucosa

gaacutestrica (Pereira et al 1993 Ming et al 1998)

142 Atividade antiulcerogecircnicaSegundo Sousa-Formigoni et al (1991) foi comprovada a atividade

antiulcerogecircnica da espinheira-santa (M ilicifolia) por experimentos feitos em

ratos nos quais os animais foram induzidos a terem uacutelceras gaacutestricas por meio

de indometacina e por estresse quando estes foram submetidos a baixas

temperaturas e por serem imobilizados Apoacutes a aplicaccedilatildeo de um extrato

liofilizado de espinheira-santa houve uma reduccedilatildeo do nuacutemero de uacutelceras e um

aumento do volume e pH da secreccedilatildeo gaacutestrica

Em estudos de mecanismos celulares e moleculares da accedilatildeo de produtos

naturais com o isolamento de substacircncias bioativas da M ilicifolia

responsaacuteveis pela accedilatildeo antissecretora aacutecida gaacutestrica os resultados obtidos

confirmam essas accedilotildees Foram utilizados nesses experimentos extratos

aquosos das partes aeacutereas da planta e os princiacutepios ativos tecircm funccedilatildeo de

inibidores da bomba de proacutetons etapa final comum das vias reguladoras da

secreccedilatildeo aacutecida gaacutestrica (BOSSOLANI 2000)

143 Atividade antimicrobianaEstudos pioneiros como o de Lima et al (1969) jaacute demonstravam que a

maitenina exibe forte atividade antimicrobiana contra vaacuterias bacteacuterias Gram

positivas Tais efeitos foram corroborados com a demonstraccedilatildeo que os extratos

das folhas e raiacutezes tecircm efeito antimicrobiano para vaacuterios patoacutegenos dentre

eles Staphylococcus aureus e Streptococcus sp

144 Atividade sobre o Sistema Nervoso CentralSegundo Alonso (1998) o extrato de M ilicifolia possui atividade sedativa que

potencializa (efeito sineacutergico) o sono por barbituacutericos em camundongos

145 Atividades abortiva e sobre a espermatogecircnese

De acordo com Montanari et al (1998) o extrato etanoacutelico de M Ilicifolia

quando administrado em altas doses em camundongos suiacuteccedilos apesar de

causar leves alteraccedilotildees como ceacutelulas germinativas imaturas esfoliadas mortes

celulares ocasionais aumento de gotiacuteculas lipiacutedicas em ceacutelulas de Sertoli e

inchamento de acrossomas entre outras natildeo foi suficiente para acarretar

danos agrave espermatogecircnese

Jaacute em testes realizados em camundongos (fecircmeas e graacutevidas) administrando-

se oralmente extrato hidroalcooacutelico (70) de folhas de espinheira-santa (M

ilicifolia) observou-se um decreacutescimo significativo do nuacutemero de embriotildees

indicando uma perda embrionaacuteria antes do periacuteodo de implantaccedilatildeo Poreacutem

natildeo houve maacute-formaccedilatildeo ou mortes fetais depois do periacuteodo de implantaccedilatildeo

Esse extrato possui atividade estrogecircnica que pode interferir na receptividade

uterina ao embriatildeo (MONTANARI BEVILAQUA 2002)

146 Atividades antimutagecircnica e anticanceriacutegenaConforme Horn e Vargas (2003) o extrato aquoso de M ilicifolia foi eficaz em

aproximadamente 75 das doses testadas exibindo boas respostas

antimutagecircnicas ou um decreacutescimo sugestivo Em estudos realizados por

Queiroga et al (2007) foi avaliada a fraccedilatildeo ativa antiulcerogecircnica da M

ilicifolia na atividade anticanceriacutegena apresentando resultados citostaacuteticos

satisfatoacuterios De acordo com Itokawa et al (1993) o composto pristimerina foi o

mais eficiente na accedilatildeo citotoacutexica podendo ser uacutetil no tratamento de tumores

147 Atividade antioxidante e otoprotetoraDe acordo com Mattei e Carlini (1998) um extrato aquoso liofilizado de

espinheira-santa (M ilicifolia) foi testado in vitro em homogenato de ceacuterebro de

ratos e exerceu uma importante atividade antioxidante inibindo o processo de

lipoperoxidaccedilatildeo

Usando-se extrato etanoacutelico de M ilicifolia foi confirmado que a casca da raiz

tem um poder antioxidante pelo fato de possuir em sua base compostos com a

capacidade sequestradora de radicais livres (VELLOSA et al 2006)

Conforme Santos et al (2010) foram comprovadas propriedades antioxidantes

dos extratos brutos e de componentes individuais de M Ilicifolia por possiacuteveis

associaccedilotildees sineacutergicas de substacircncias fenoacutelicas e triterpenos

quinonametiacutedeos comparados agrave rutina como composto fenoacutelico modelo

De acordo Kasse et al (2008) foi realizado um estudo com ratos (fecircmeas) em

que esses animais foram submetidos agrave substacircncia cisplatina e posteriormente

tratados com extrato de M ilicifolia para avaliar a atividade otoprotetora da

planta Foram realizados e avaliados os exames de emissotildees otoacuacutesticas por

produtos de distorccedilatildeo por potencial de tronco encefaacutelico antes e depois de

administraccedilatildeo de cisplatina e por fim por microscopia eletrocircnica de varredura

Os resultados mostraram que apesar de apresentar atividades antioxidantes a

M ilicifolia foi incapaz de bloquear o efeito citotoacutexico do composto quiacutemico

administrado nas cobaias

Segundo Negri et al (2009) a atividade antioxidante do extrato etanoacutelico de M

ilicifolia estaacute intimamente ligada agrave sua temperatura de secagem Testes

realizados para avaliaccedilatildeo do poder antioxidante os quais foram os meacutetodos de

formaccedilatildeo de complexo com fosfomolibdecircnio e atividade antioxidante em

relaccedilatildeo agrave reduccedilatildeo de um radical utilizando-se o DPPH (22-difenil-1-

picnilhidrazila) em que foram levadas em consideraccedilatildeo diferentes

temperaturas usualmente utilizadas para secagem (40 50 60 70 e 80˚C)

demostraram melhor atividade antioxidante na temperatura de 40˚C e

gradativamente quanto maior a temperatura realizada nos testes menor o

poder antioxidante Por fim o estudo mostrou a importacircncia do controle de

temperatura para a melhor efetividade nesse quesito da planta

Em estudos de Pessuto et al (2009) foram avaliados extratos e compostos

isolados de M Ilicifolia em relaccedilatildeo agrave capacidade antioxidante Os extratos

brutos e semipurificados foram estudados por meio de ensaios de

fosfomolibdecircnio (complexo) e de DPPH (22-difenil-1-picnilhidrazila) nos quais

os resultados mostraram que a fraccedilatildeo com acetato de etila teve melhor

capacidade antioxidante em relaccedilatildeo ao extrato bruto e fraccedilatildeo aquosa

possivelmente por conter maior nuacutemero de hidroxilas fenoacutelicas (pela

capacidade de sequestro dos radicais livres) e tambeacutem em relaccedilatildeo agraves

substacircncias trolox e vitamina C

148 Atividades antinociceptiva e anti-inflamatoacuteria De acordo com Nakamura et al (1994) o extrato etanoacutelico de folhas de M

ilicifolia conteacutem uma fraccedilatildeo de quercetina-3-O-glicosiacutedeo e essa substacircncia

quiacutemica foi avaliada pelo teste de aacutecido aceacutetico e formalina em ratos obtendo-

se resultados satisfatoacuterios para atividades analgeacutesicas e anti-inflamatoacuterias

Por meio de testes realizados em camundongos e ratos foi provocado um

edema nas patas desses animais por meio de injeccedilatildeo de 002 ml de

formaldeiacutedo (soluccedilatildeo a 092) utilizando-se como controle soluccedilatildeo salino

Apoacutes 120 minutos foi aplicado extrato hexacircnico e acetato de etila das folhas

(M ilicifolia) administrados por via oral nas doses de 80 160 320 e 340 mgkg

Os animais foram sacrificados apoacutes 4 horas Em um segundo ensaio foi

administrada por injeccedilatildeo soluccedilatildeo de carragenina a 1 e os extratos da planta

foram dados por via oral nas doses de 80 160 320 e 340 mgkg Os resultados

obtidos mostraram uma atividade antinociceptiva para os dois extratos

principalmente nas doses de 320 e 340 mgkg sendo esse teste importante

para uma alternativa cliacutenica na terapecircutica anti-inflamatoacuteria e antiulcerogecircnica

(JORGE et al 2004)

14 Toxicidade efeitos adversos e contraindicaccedilatildeo da espinheira-santa

Foi realizado um estudo toxicoloacutegico com 24 voluntaacuterios sendo 12 homens e

12 mulheres de 20 a 40 anos de idade selecionados previamente por meio de

avaliaccedilatildeo cliacutenica exames hematoloacutegicos e bioquiacutemicos e avaliaccedilatildeo

psicomotora com o objetivo de estabelecer um intervalo maacuteximo de seguranccedila

no uso de M ilicifolia As doses foram administradas de maneira crescente e

natildeo houve um grupo controle pois os exames iniciais foram considerados

como valores basais para efeito comparativo A dose inicial foi fixada em 100

mg por adulto sendo administradas doses subsequentes de 200 500 1000

1500 e 2000 mg com intervalos de uma semana para cada dose A anaacutelise dos

resultados revelou que natildeo houve efeitos significativos nos valores dos

principais paracircmetros hematoloacutegicos e bioquiacutemicos e tambeacutem natildeo foram

observadas alteraccedilotildees nas funccedilotildees hepaacuteticas pancreaacuteticas e renais

Hormocircnios lipiacutedeos glicose soacutedio potaacutessio caacutelcio e foacutesforo tambeacutem

mantiveram valores considerados normais (TABACH et al 2002)

Em relaccedilatildeo aos efeitos adversos a M ilicifolia natildeo possui algum que justifica a

interrupccedilatildeo do tratamento Entre os mais comuns destacam-se cefaleia

sonolecircncia boca seca naacuteuseas dor articular nas matildeos gosto estranho na

boca tremor nas matildeos cistite e poliuacuteria (TABACH et al 2002) Poreacutem

segundo Amaral et al (2005) natildeo eacute recomendado o uso pediaacutetrico pela

ausecircncia de testes Ensaios realizados em ratos mostraram perda embrionaacuteria

antes do periacuteodo de implantaccedilatildeo portanto essa planta natildeo eacute recomendada em

casos de gravidez (MONTANARI BIVILACQUA 2002)

De acordo com estudos realizados em camundongos o abafado de M ilicifolia

foi administrado nesses animais em doses ateacute 360 vezes maiores que a

utilizada pelo homem durante um periacuteodo de dois a trecircs meses Como

resultados natildeo houve mudanccedilas no peso comportamento temperatura

paracircmetros bioquiacutemicos e hematoloacutegicos desses animais (OLIVEIRA CARLINI

1988)

15 FarmacocineacuteticaO modelo da farmacocineacutetica da espinheira-santa eacute estudado por meio de seus

taninos natildeo condensados Epigalocatequina marcada foi administrada por via

oral sendo os picos plasmaacuteticos observados 60 min apoacutes a ingestatildeo Apoacutes

uma dose de 500 mgkg foram detectadas concentraccedilotildees tissulares de 123

mmol no plasma 484 mmol no fiacutegado e 565 mmol no intestino delgado

(Nakagawa amp Miyazawa 1997) Depois da administraccedilatildeo oral de

epigalocatequina-3-galato marcada com triacutetio a ratos cerca de 6 da dose eacute

eliminada na urina e 24 nas fezes nas primeiras 24 horas Uma segunda

dose dada duas horas apoacutes a primeira eleva em cerca de 4 a 6 vezes a

concentraccedilatildeo no plasma e em alguns tecidos Esses dados sugerem uma

meia-vida longa e eliminaccedilatildeo lenta da epigalocatequina-3-galato No final das

24 horas os animais foram sacrificados e essa substacircncia pocircde ser encontrada

no rim ceacuterebro fiacutegado pacircncreas intestino e ossos (Suganuma et al 1998)

Num outro estudo foi avaliada a afinidade da epigalocatequina-3-galato agraves

proteiacutenas do soro Apoacutes uma dose oral a ratos mais de 50 da

epigalocatequina-3-galato absorvida ligou-se agrave proteiacutena do plasma

especialmente a fibronectina o fibrinogecircnio e a HRGP( Histidin Rich

Glicoprotein) proteiacutena plasmaacutetica com 74 kdaltons cuja funccedilatildeo ainda eacute pouco

conhecida (Sazuka et al 1996)

16 PreparaccedilatildeoTendo sido reconhecida a espeacutecie com que se vai trabalhar torna-se

necessaacuterio que se disponha desta espeacutecie em quantidade suficiente para

atender a demanda relacionada a produccedilatildeo do fitoteraacutepico replicaccedilatildeo da

espeacutecie e respectivo controle de qualidade Par a atingir este objetivo a

espeacutecie deve ser cultivada na extensatildeo adequada ao fim que se propotildee tendo-

se aleacutem dos cuidados inerentes ao cultivo de qualquer espeacutecie vegetal a

precauccedilatildeo de nunca utilizar pesticidas ou agrotoacutexicos na aacuterea de cultivo Nos

parece claro que a opccedilatildeo pelo fitoteraacutepico deve vir acompanhada do desejo de

seguranccedila o que natildeo seria conseguido se fossem deixados resiacuteduos de

agrotoacutexicos ou de pesticidas na espeacutecie que iraacute ser usada como mateacuteria-prima

para a produccedilatildeo de medicamento Veja no item 24 os ensaios que devem ser

efetuados no sentido de identificar e quantificar a presenccedila destes e de outros

contaminantes

Dispondo-se entatildeo da espeacutecie vegetal botanicamente selecionada cultivada

sem o uso de agentes quiacutemicos contaminantes iremos seguir tantos passos

quantos sejam necessaacuterios para preparar a espeacutecie vegetal numa droga capaz

de ser armazenada e processada para resultar num preparado intermediaacuterio uacutetil

na preparaccedilatildeo de fitoteraacutepicos Estes passos podem ser enumerados como

sendo Coleta Monda Estabilizaccedilatildeo Secagem Trituraccedilatildeo e Armazenamento

A execuccedilatildeo e finalidade de cada um se acham descrito a seguir

A Coleta eacute realizada atraveacutes da retirada da parte usada da planta procurando

sempre o material mais saudaacutevel em completo desenvolvimento (a menos que

especificado em (contraacuterio como ocorre com a gema terminal de Psidium

guajava) e com o miacutenimo de contaminantes (poeira poluiccedilatildeo adubo insetos

colocircnia de microrganismos etc) A distribuiccedilatildeo de substacircncias

farmacologicamente ativas nas plantas medicinais natildeo se daacute de maneira

homogecircnea em toda a extensatildeo da planta Portanto eacute de se esperar que

apenas alguma parte de uma dada espeacutecie podem ser utilizadas com finalidade

terapecircutica

Atraveacutes de consulta agraves diversas farmacopeias e tratados sobre plantas

medicinais encontramos descriccedilotildees sobre a parte a ser usada de cada espeacutecie

medicinal Pode-se em alguns casos observar que diferentes partes de uma

mesma planta apresentam propriedades inteiramente diferentes como por

exemplo a Punica granam (romatildezeira) cujas cascas do caule satildeo teniacutefugas e

as cascas dos frutos tecircm propriedades anti-inflamatoacuteria e antibioacutetica Em outros

casos toda a planta pode ser utilizada com a mesma finalidade como a

Phylanthus niruri (quebra-pedra) Torna-se imperioso portanto que antes de

qualquer outra etapa da preparaccedilatildeo de uma forma farmacecircutica fitoteraacutepica se

conheccedila qual ou quais partes da espeacutecie escolhida pode ser utilizada

A coleta deve respeitar para cada espeacutecie o melhor periacuteodo correspondente

agravequele onde a espeacutecie apresenta maior teor em substacircncias ativas Tendo isto

em mente relacionamos a seguir orientaccedilotildees geneacutericas quanto ao periacuteodo de

coleta

Formas farmacecircuticas de fitoteraacutepicosPoacute

Eacute a forma farmacecircutica obtida apoacutes a secagem trituraccedilatildeo e tamisaccedilatildeo da

droga Segundo a sua finalidade devem apresentar a tenuidade adequada

conforme a tabela a seguir Pode ser dispensado para uso na preparaccedilatildeo de

chaacutes ou adicionado agrave alimentaccedilatildeo (leite sucos mel etc) O envase deve cuidar

para que natildeo haja absorccedilatildeo de umidade

Formas soacutelidas

Caacutepsulas

Eacute a forma farmacecircutica obtida pela deposiccedilatildeo ordenada da droga seca

triturada e tamisada em caacutepsulas gelatinosas duras ou pelo encapsulamento

de liacutequidos ou semissoacutelidos de natureza lipofiacutelica em caacutepsulas gelatinosas

moles O invoacutelucro rosa utilizado eacute geralmente de natureza proteica e satildeo

portanto incompatiacuteveis com drogas tacircnicas por exemplo Cuidado especial

deve ser tomado com a umidade temperatura e pressatildeo exercida sobre as

caacutepsulas durante o armazenamento e transporte Estes fatores podem levar a

desidrataccedilatildeo ou hidrataccedilatildeo das caacutepsulas que as tornam quebradiccedilas ou

deformadas e coladas Durante a preparaccedilatildeo das caacutepsulas deve-se cuidar para

que o peso das caacutepsulas obtidas seja o mais uniforme possiacutevel podendo-se

garantir isso pela pesagem da quantidade de poacute necessaacuteria para o enchimento

de um nuacutemero determinado de caacutepsulas

O enchimento das caacutepsulas ocorre na oficina farmacecircutica em tabuleiros

especiais constituiacutedos em acriacutelico PVC ou outro poliacutemero apresentando-se no

modelo mais simples apenas como uma base fixa que se encaixa a uma outra

moacutevel e perfurada que recebe o corpo das caacutepsulas sem as tampas A seguir

se distribui de forma homogecircnea a quantidade estipulada de poacute em todas as

caacutepsulas valendo-se de uma espaacutetula plaacutestica e de um dispositivo especial

para prensar o conteuacutedo no interior das caacutepsulas Finalizado o enchimento as

partes super oires (tampas) das caacutepsulas satildeo recolocadas fechando-as e

determina-se o peso meacutedio das mesmas embalando-as imediatamente

A capacidade das caacutepsulas eacute proporcional agrave densidade do poacute e ao tamanho

das caacutepsulas que eacute padronizado em 08 (oito) diferentes tipos listados a seguir

com as respectivas dimensotildees e capacidades em mililitros

Controle de Qualidade

Todas as etapas utilizadas durante o processamento da droga devem ser

monitoradas atraveacutes de ensaios que possam atestar a qualidade da mateacuteria-

prima dos produtos intermediaacuterios e do produto final acabado O objetivo final

tanto do processamento adequado quanto agrave avaliaccedilatildeo da qualidade eacute a

garantia de que o que estaacute sendo produzido na forma como ocorre o processo

produtivo estaacute conduzindo agrave obtenccedilatildeo de um produto com as caracteriacutesticas

necessaacuterias agrave utilizaccedilatildeo para o tratamento de doenccedilas

Droga

A avaliaccedilatildeo da qualidade da droga utilizada na obtenccedilatildeo de fitoteraacutepicos no

Programa Farmaacutecias-Vivas onde o cultivo das espeacutecies vegetais eacute efetuado

pelo laboratoacuterio fabricante do produto deve ser realizada sob os seguintes

aspectos

- Considerando que a droga a ser utilizada corresponde agrave espeacutecie vegetal

esperada conhece-se suas caracteriacutesticas macromorfoloacutegicas aleacutem das suas

caracteriacutesticas sensoriais constituindo a primeira avaliaccedilatildeo que eacute a identidade

da droga

- Determinaccedilatildeo da umidade da droga fresca que deve ser diferenciada de

perda por dessecaccedilatildeo pois outras substacircncias volaacuteteis aleacutem da aacutegua satildeo

evaporadas Pode ser determinada atraveacutes do ensaio volumeacutetrico de Karl

Fischer ou pelo ensaio gravimeacutetrico submetendo a droga a dessecaccedilatildeo em

temperatura ambiente em dessecador com siacutelica ou aacutecido sulfuacuterico

- Mesmo a droga morfologicamente normal pode natildeo apresentar seus

constituintes ativos na quantidade desejada sendo necessaacuterio que sejam

realizados ensaios de identificaccedilatildeo e quantificaccedilatildeo de ativos ou de marcadores

atraveacutes das mais diversas teacutecnicas gravimeacutetrica volumeacutetrica

espectrofotomeacutetrica cromatograacutefica etc

- Avaliaccedilatildeo da contaminaccedilatildeo microbiana da droga principalmente se a mesma

tiver de ser utilizada sem qualquer processamento posterior As drogas que

seratildeo transformadas em uma forma extrativa em soluccedilatildeo hidro-alcooacutelica pode

ter sua carga microbiana reduzida pelo efeito antisseacuteptico do solvente

Preparado Intermediaacuterio

As formas extrativas satildeo obtidas em condiccedilotildees que nem sempre conseguem

retirar a totalidade das substacircncias ativas soluacuteveis no solvente escolhido devido

a diversos fator ES como o tempo e temperatura de maceraccedilatildeo pH do

solvente distribuiccedilatildeo granulomeacutetrica da droga sua umidade residual teor de

substacircncias ativas e velocidade de percolaccedilatildeo Justifica-se entatildeo a

necessidade da realizaccedilatildeo de ensaios de avaliaccedilatildeo da qualidade das formas

extrativas incluindo avaliaccedilotildees fiacutesico-quiacutemicas como aparecircncia cor odor

solubilidade densidade pH e viscosidade avaliaccedilotildees quiacutemicas como o perfil

cromatograacutefico e dosagem das substacircncias ativas ou marcador e avaliaccedilatildeo

microbioloacutegica da quantidade de microrganismos viaacuteveis

Fitoteraacutepico

Independente da forma farmacecircutica final eacute necessaacuterio que sejam realizadas

avaliaccedilotildees na qualidade do produto final da mesma forma que eacute exigido para

os demais tipos de medicamentos Listamos a seguir os ensaios realizados

para cada forma farmacecircutica lembrando que devem ser acrescentados os

ensaios quiacutemicos e microbioloacutegicos

Prazo de Validade

Considerando a jaacute difiacutecil realizaccedilatildeo da avaliaccedilatildeo da qualidade das drogas

utilizadas na obtenccedilatildeo de fitoteraacutepicos pode-se compreender que o

acompanhamento do processo cineacutetico de degradaccedilatildeo dos constituintes do

medicamento natildeo eacute uma estar efe faacutecil No entanto esta avaliaccedilatildeo pode se dar

em diversos niacuteveis

- Avaliaccedilatildeo da estabilidade fiacutesica

Para cada tipo de forma farmacecircutica satildeo descritas as caracteriacutesticas tiacutepicas

como cor odor limpidez densidade viscosidade pH etc que observadas

para um mesmo lote ao longo do tempo de armazenamento forneceratildeo

informaccedilotildees sobre a integridade fiacutesica da formulaccedilatildeo

- Avaliaccedilatildeo da estabilidade quiacutemica

A utilizaccedilatildeo de recursos laboratoriais desde os mais simples ateacute os mais

sofisticados permitem o acompanhamento qualitativo eou quantitativo dos

princiacutepios ativos contidos no produto fitoteraacutepico Por exemplo atraveacutes do

ensaio limite de taninos por diluiccedilotildees sucessivas e adiccedilatildeo de cloreto feacuterrico

pode-se ter uma medida semi-quantitativa do teor destas substacircncias nas

preparaccedilotildees que o contenham Evoluindo a utilizaccedilatildeo de teacutecnica

cromatograacutefica em camada delgada sobre papel ou siacutelica permite a

determinaccedilatildeo do perfil cromatograacutefico para o produto de modo que possa ser

comparado com o obtido em lotes posteriores ou com o mesmo lote ao longo do

tempo de armazenamento

- Avaliaccedilatildeo da estabilidade microbioloacutegica

A verificaccedilatildeo do niacutevel de contaminaccedilatildeo microbiana numa preparaccedilatildeo

medicamentosa fornece informaccedilotildees sobre o niacutevel de higienizaccedilatildeo empregado

durante o processamento da droga ateacute a obtenccedilatildeo do medicamento A

observaccedilatildeo deste mesmo paracircmetro ao longo do tempo fornece informaccedilotildees

sobre a composiccedilatildeo conservante utilizada no produto e a forma de

armazenamento

Teacutecnicas Gerais

Os ensaios laboratoriais de avaliaccedilatildeo da qualidade da droga compreendem

basicamente

- Observaccedilatildeo macroscoacutepica e microscoacutepica da droga fresca e seca inteira e

triturada comparando com o descrito em farmacopeias ou com modelos

botanicamente certificados

- Determinaccedilatildeo de umidade na droga fresca e naquela seca e triturada

evidenciando a quantidade de aacutegua contida na droga receacutem-coletada na droga

s eca e a efetividade do processo de secagem utilizada

- Identificaccedilatildeo e dosagem de substacircncias ativas ou marcadores realizada na

droga seca e triturada onde atraveacutes do acompanhamento da evoluccedilatildeo ao

longo do tempo e o cruzamento dos dados entre os locais e condiccedilotildees de

cultivo seraacute possiacutevel a determinaccedilatildeo das condiccedilotildees ideais para a manutenccedilatildeo

da qualidade das espeacutecies vegetais

- Determinaccedilatildeo da quantidade de mateacuteria orgacircnica estranha na droga seca

triturada grosseiramente demonstrando se a coleta monda secagem e

trituraccedilatildeo foram realizadas a contento sem o risco de contaminaccedilatildeo com outras

espeacutecies

- Determinaccedilatildeo de resiacuteduos de pesticidas para monitorar a forma de realizaccedilatildeo

do controle de pestes atraveacutes da identificaccedilatildeo e dosagem de pesticidas

- Determinaccedilatildeo da presenccedila de arsecircnio e metais pesados como componentes

que satildeo responsaacuteveis por intoxicaccedilotildees e por incompatibilidades nas

preparaccedilotildees liacutequidas de fitoteraacutepicos

- Determinaccedilatildeo da quantidade de microrganismos viaacuteveis atraveacutes da contagem

em placa a de diluiccedilotildees obtidas a partir do liacutequido de lavagem das drogas

evidenciando o grau de contaminaccedilatildeo e a possiacutevel e indesejaacutevel presenccedila de

microrganismos potencialmente patogecircnicos

Garantia de Qualidade

Na produccedilatildeo de fitoteraacutepicos do mesmo modo como ocorre com qualquer outro

medicamento natildeo pode negligenciar qualquer procedimento que possa conduzir

a diminuiccedilatildeo da qualidade do produto final A qualidade se reflete na

reprodutibilidade da qualidade do produto avaliada em laboratoacuterio e no

acompanhamento da sua eficaacutecia terapecircutica e seguranccedila Isto soacute pode ser

conseguido quando para cada forma farmacecircutica de fitoteraacutepico forem

registradas as operaccedilotildees farmacecircuticas que devem ser seguidas agrave risca suas

medidas de controle e definiccedilatildeo das responsabilidades para cada uma das

etapas do processamento

Apenas como ilustraccedilatildeo tomemos como exemplo a produccedilatildeo da tintura de

Alecrim-pimenta (Lippia sidoides Cham) O iniacutecio da preocupaccedilatildeo com a

qualidade se daacute com a seguranccedila de que a espeacutecie cultivada seja realmente

aquela que se deve coletar e em seguida em coletar a parte que realmente

deve ser utilizada e de plantas com aspecto saudaacutevel de desenvolvimento para

a qual as condiccedilotildees de cultivo tenham se apresentado como satisfatoacuterias A

monda que se segue agrave coleta retirando as partes improacuteprias agrave preparaccedilatildeo do

fitoteraacutepico daacute continuidade ao passo anterior na busca de alcanccedilar a qualidade

desejada O processo de dessecaccedilatildeo ocorrendo agrave sombra e agrave temperatura

ambiente preservando os constituintes quiacutemicos ativos e diminuindo a

influecircncia da umidade da planta sobre a sua qualidade e a da soluccedilatildeo extrativa

a ser obtida faz com que a droga obtida possa ser utilizada como mateacuteria-prima

para a obtenccedilatildeo de medicamento O cuidadoso processo de trituraccedilatildeo sem

elevar a temperatura durante o processo e reduzindo a perda de poacute para o

ambiente tambeacutem representa um processo que deve ser realizado com a

devida atenccedilatildeo Depois disso a droga seca e triturada deve ser armazenada

em condiccedilotildees que preservem sua qualidade pelo tempo necessaacuterio ateacute sua

utilizaccedilatildeo com as devidas inscriccedilotildees que atestem sua fonte data de coleta e de

processamento e respectivos responsaacuteveis

A preparaccedilatildeo da soluccedilatildeo hidro-alcooacutelica que seraacute utilizada no processo extrativo

tambeacutem deve ser realizada com bastante cuidado pois a mateacuteria-prima deve

apresentar a qualidade compatiacutevel com sua utilizaccedilatildeo para a produccedilatildeo de

medicamentos aacutegua purificada e aacutelcool farmacecircutico Deve-se observar a

legislaccedilatildeo atual sobre aacutelcool que exige a desnaturaccedilatildeo do aacutelcool

comercializado em farmaacutecias e supermercados e assim natildeo deve servir como

excipiente farmacecircutico Enfim todos os processos interferem com a qualidade

do produto final a ser obtido e devem ser realizados corretamente e as

operaccedilotildees registradas em documento proacuteprio buscando a rastreabilidade de

cada lote de cada produto

Outra etapa da garantia da qualidade essencial para sua implantaccedilatildeo eacute a

validaccedilatildeo de equipamentos e de processos que busca uma evidecircncia

documentada de que os mesmos cumprem satisfatoriamente sua finalidade

quando utilizados ou realizados corretamente

Estas evidecircncias devem ser conseguidas antes mesmo de se iniciar a utilizaccedilatildeo

das instalaccedilotildees para produccedilatildeo de medicamentos Naqueles jaacute em

funcionamento a validaccedilatildeo pode ser realizada atraveacutes da documentaccedilatildeo da

produccedilatildeo passada ou seja uma validaccedilatildeo retrospectiva

Para a produccedilatildeo de medicamentos em pequena escala que natildeo venha a

caracterizar uma produccedilatildeo industrial deve-se buscar a adequaccedilatildeo das

condiccedilotildees de produccedilatildeo armazenamento e dispensaccedilatildeo do produto atraveacutes da

Resoluccedilatildeo RDC ndeg 33 de abril de 2000 que descreve os criteacuterios de Boas

Praacuteticas de Manipulaccedilatildeo

Para a produccedilatildeo industrial de medicamentos a legislaccedilatildeo que trata das Boas

Praacuteticas de Fabricaccedilatildeo e Garantia de Qualidade eacute a Resoluccedilatildeo RDC ndeg 210 de

04 de agosto de 2003 As especificaccedilotildees legais da legislaccedilatildeo sanitaacuteria

brasileira e de outros paiacuteses para materiais vegetais devem incluir tanto quanto

possiacutevel o seguinte

- Nome botacircnico c om referecircncia aos autores

- Detalhes da fonte da planta (paiacutes ou regiatildeo de origem cultivo eacutepoca da

colheita procedimentos de colheita possiacuteveis pesticidas utilizados etc)

- Descriccedilatildeo do material vegetal inspeccedilatildeo visual macro eou microscoacutepica

- Testes de identificaccedilatildeo apropriados incluindo quando convenientes testes de

identificaccedilatildeo para ingredientes ativos conhecidos ou marcadores

- Ensaios quando convenientes dos constituintes de atividade terapecircutica ou

marcadores

- Meacutetodos apropriados para determinaccedilatildeo de possiacuteveis contaminaccedilotildees por

pesticidas e os limites aceitos

- Testes para metais pesados e contaminantes semelhantes materiais

estranhos e adulterantes

- Testes para radiaccedilatildeo aflatoxinas e contaminaccedilatildeo microbiana

Qualquer tratamento usado para reduzir contaminaccedilotildees focircnicas e microbianas

ou outras infestaccedilotildees devem ser documentadas Instrumentos para tais

procedimentos devem ser acessiacuteveis e devem incluir detalhes dos processos

testes e limites residuais

Para a realidade do programa Farmaacutecias-Vivas onde natildeo satildeo utilizados

pesticidas as plantas satildeo cultivadas no local proacuteximo de onde ocorre a

produccedilatildeo do medicamento ou satildeo de origem na mesma regiatildeo e satildeo

processadas logo apoacutes a coleta satildeo feitas exigecircncias menores que as

estabelecidas para maiores escalas de produccedilatildeo Nem assim devemos deixar

de registrar todas as operaccedilotildees realizadas com a droga desde o seu cultivo ateacute

a dispensaccedilatildeo do produto fitoteraacutepico

Dispensaccedilatildeo

Estivemos sempre discorrendo sobre qualidade do produto a ser obtido desde

o cultivo da espeacutecie correta da coleta da parte usada e o seu processamento

mantendo intactos os princiacutepios ativos Conhecemos os motivos que levam a

toda esta preocupaccedilatildeo com a qualidade a responsabilidade do profissional que

o produz e a eficaacutecia e a seguranccedila necessaacuterias para o paciente que o utiliza

Portanto resta-nos dispensar o fitoteraacutepico para que este apresente estas

caracteriacutesticas trans formando o paciente num parceiro consciente do seu

papel no uso cor reto deste recurso terapecircutico

O resgate das praacuteticas populares agora respaldadas pelos estudos cientiacuteficos

seacuterios que atestam a eficaacutecia e seguranccedila das espeacutecies utilizadas no programa

Farmaacutecias-Vivas pode ser abordado no momento da dispensaccedilatildeo do

medicamento ou atraveacutes de apresentaccedilotildees coletivas organizadas e realizadas

pelo Farmacecircutico Alguns cuidados merecem ser observados para natildeo se

incorrer em riscos desnecessaacuterios

- Natildeo referendar o uso de plantas cujo estudo cientiacutefico natildeo tenha apresentado

dados sobre sua eficaacutecia e seguranccedila

- Natildeo recomendar o uso de qualquer planta medicinal para o tratamento de

doenccedilas sem a devida recomendaccedilatildeo meacutedica especializada ou natildeo

- Natildeo recomendar a utilizaccedilatildeo de planta que nos seja desconhecida tanto no

aspecto teoacuterico quanto praacutetico

- Natildeo sugerir a utilizaccedilatildeo de quaisquer praacuteticas com ou sem uso de plantas

medicinais que possa representar um risco potencial ou real de dano fetal

Para nos resguardarmos de quaisquer erros precisamos nos manter atualizados

quanto aos benefiacutecios e riscos da utilizaccedilatildeo das espeacutecies medicinais com as

quais trabalhamos dada agrave impossibilidade de conhecer todas as demais Os

dados obtidos durante a dispensaccedilatildeo e acompanhamento dos pacientes aleacutem

daqueles obtidos durante os ensaios controlados de toxicologia e farmacologia

cliacutenica forneceratildeo a necessaacuteria seguranccedila para realizarmos a dispensaccedilatildeo e

cada vez mais desfazermos o mito do natural ser inoacutecuo

Como exemplo da relaccedilatildeo risco x benefiacutecio de uma preparaccedilatildeo fitoteraacutepica

apresentamos as seguintes informaccedilotildees sobre o Elixir de Aroeira que em

muitos aspectos natildeo houve a quantificaccedilatildeo da intensidade dos efeitos beneacuteficos

nem adversos nem de interaccedilotildees

Forma Medicamento Fitoteraacutepico- Caacutepsula ESPINHEIRA SANTA Maytenus ilicifolia Celastraceae

Medicamento fitoteraacutepico

Parte utilizada Folhas

Nomenclatura popularEspinheira santa cancerosa cancorosa-de-sete-espinhos cancrosa

espinheira-divina espinho-de-Deus maiteno erva-cancrosa erva-santa

ApresentaccedilotildeesCaacutepsula dura - Extrato seco das folhas de Maytenus ilicifolia 380 mg -

Embalagem com 3 bliacutesters contendo 15 caacutepsulas cada

Via oral

Uso adulto

Composiccedilatildeo

Cada caacutepsula conteacutem

Extrato seco de Maytenus ilicifolia380 mg

Excipiente qsp 1 caacutepsula (amido)

equivalente a 133 mg de taninos totais

Informaccedilotildees ao pacientePara que este medicamento eacute indicado

Espinheira Santa eacute indicada para o tratamento da maacute digestatildeo e como

coadjuvante no tratamento de uacutelcera do estocircmago e duodeno

Como este medicamento funciona

Espinheira Santa atua como regulador das funccedilotildees estomacais e promove a

proteccedilatildeo da mucosa gaacutestrica

Quando natildeo devo usar este medicamentobull O medicamento deve ser evitado por menores de 12 anos de idade devido agrave

falta de estudos disponiacuteveis

bull Lactaccedilatildeo e gravidez visto que pode diminuir a secreccedilatildeo de leite e pode

provocar contraccedilotildees uterinas

bull Hipersensibilidade (alergia) a qualquer um dos componentes da foacutermula ou a

outras plantas da famiacutelia Celastraceae

O que devo saber antes de usar este medicamentoPrecauccedilotildees e advertecircncias

bull De acordo com a categoria de risco de faacutermacos destinados agraves mulheres

graacutevidas este medicamento apresenta categoria de risco C Este medicamento

natildeo deve ser utilizado por mulheres graacutevidas sem orientaccedilatildeo meacutedica ou do

cirurgiatildeo dentista

Interaccedilotildees medicamentosas

bull A administraccedilatildeo concomitante de M ilicifolia com bebidas alcooacutelicas e outros

medicamentos natildeo eacute recomendada pois natildeo existem estudos disponiacuteveis

sobre as interaccedilotildees medicamentosas deste fitoteraacutepico

Informe seu meacutedico ou cirurgiatildeo-dentista se vocecirc estaacute fazendo uso de algum

outro medicamento

Onde como e por quanto tempo posso guardar este medicamentoCuidados de conservaccedilatildeo

Espinheira Santa deve ser conservada em temperatura ambiente (entre 15 e

30ordmC) em sua embalagem original Proteger da luz e da umidade

Prazo de validade24 meses apoacutes a data de fabricaccedilatildeo impressa no cartucho

Nuacutemero de lote e datas de fabricaccedilatildeo e validade vide embalagem

Natildeo use medicamento com o prazo de validade vencido

Guarde-o em sua embalagem original

Caracteriacutesticas fiacutesicasCaacutepsulas gelatinosas duras de cor creme

Caracteriacutesticas organoleacutepticas

Cheiro (odor) caracteriacutestico e praticamente natildeo apresenta sabor

Antes de usar observe o aspecto do medicamento Caso ele esteja no prazo

de validade e vocecirc observe alguma mudanccedila no aspecto consulte o

farmacecircutico para saber se poderaacute utilizaacute-lo

Todo medicamento deve ser mantido fora do alcance das crianccedilas

Como devo usar este medicamentoModo de usar

As caacutepsulas devem ser ingeridas inteiras e com uma quantidade suficiente de

aacutegua para que possam ser deglutidas

Posologia

Ingerir duas caacutepsulas via oral trecircs vezes ao dia de oito em oito horas

Siga corretamente o modo de usar Em caso de duacutevidas sobre este

medicamento procure orientaccedilatildeo do farmacecircutico Natildeo desaparecendo os

sintomas procure orientaccedilatildeo de seu meacutedico ou cirurgiatildeo-dentista

Este medicamento natildeo deve ser partido aberto ou mastigado

O que devo fazer quando eu me esquecer de usar este medicamentoCaso haja esquecimento da ingestatildeo de uma dose deste medicamento

retomar a posologia prescrita sem a necessidade de suplementaccedilatildeo

Em caso de duacutevidas procure orientaccedilatildeo do farmacecircutico ou de seu meacutedico ou

do cirurgiatildeo-dentista

Que males este medicamento pode causarReaccedilotildees adversas

Ateacute o momento natildeo foram relatadas reaccedilotildees adversas graves ou que coloquem

em risco a sauacutede dos pacientes

Raramente podem ocorrer casos de hipersensibilidade Neste caso suspender

o uso e procurar orientaccedilatildeo meacutedica

Informe seu meacutedico cirurgiatildeo-dentista ou farmacecircutico do aparecimento de

reaccedilotildees indesejaacuteveis pelo uso do medicamento

Induacutestria Brasileira

Esta bula foi atualizada conforme Bula Padratildeo aprovada pela Anvisa em

12012011

Farmacecircutica resp Dra (Nome )

CRF-PR nordm XXXX Coacuted XXXXX - 012011

Informe tambeacutem agrave empresa atraveacutes do seu Serviccedilo de

Atendimento ao Consumidor

O que fazer se algueacutem usar uma quantidade maior do que a indicada deste medicamentoPlantas ricas em taninos como a M ilicifolia quando usadas em doses

excessivas podem causar irritaccedilatildeo da mucosa gaacutestrica e intestinal gerando

vocircmitos coacutelicas intestinais e diarreia

Em caso de super dosagem suspender o uso e procurar orientaccedilatildeo meacutedica de

imediato Em caso de uso de grande quantidade deste medicamento procure

rapidamente socorro meacutedico e leve a embalagem ou bula do medicamento se

possiacutevel Siga corretamente o modo de usar natildeo desaparecendo os sintomas

procure orientaccedilatildeo meacutedica

Conclusatildeo

A espinheira-santa (M ilicifolia) eacute um fitoteraacutepico de relevante accedilatildeo terapecircutica

principalmente antiulcerogecircnica dada sua eficaacutecia farmacoloacutegica e seguranccedila

Vale lembrar que por ausecircncia de estudos ela natildeo eacute recomenda para crianccedilas

e natildeo deve ser usada por gestantes pois estudos em camundongos (fecircmeas e

graacutevidas) indicaram um decreacutescimo significativo do nuacutemero de embriotildees aleacutem

de possuir atividade estrogecircnica que pode interferir na receptividade uterina do

embriatildeo Entre suas atividades farmacoloacutegicas destaca-se a atividade

antiulcerogecircnica que pode ser comparada agrave accedilatildeo da ranitidina e da cimetidina

Por ser morfologicamente parecida com as espeacutecies S bonplandii e Z ilicifolia

ela eacute comumente confundida e ateacute mesmo trocada intencionalmente

A utilizaccedilatildeo de maneira errocircnea das espeacutecies botacircnicas que natildeo satildeo a

verdadeira espinheira-santa (M ilicifolia) pode acarretar danos agrave sauacutede dos

pacientes Assim conclui-se que essas espeacutecies conhecidas como

adulterantes podem trazer malefiacutecios pois ainda faltam estudos que

comprovem suas atividades farmacoloacutegicas e principalmente a seguranccedila

terapecircutica Poreacutem natildeo se deve descartar o uso dessas espeacutecies e sim

realizar estudos mais concretos para que essas plantas assim como a

verdadeira espinheira-santa possam auxiliar no tratamento farmacoloacutegico da

populaccedilatildeo

Referecircncias Bibliograacuteficas

Ralph Santos-Oliveira Simone Coulaud-Cunha Waldeciro Colaccedilo

Revisatildeo da Maytenus ilicifolia Mart ex Reissek Celastraceae

Contribuiccedilatildeo ao estudo das propriedades farmacoloacutegicas Rev Bras

Farmacogn Braz J Pharmacogn 19(2B) AbrJun 2009

Wilker Marlon de Moraes Jesus Tarciacutesio Neves da Cunha Estudo das

propriedades farmacoloacutegicas da espinheira-santa (Maytenus ilicifolia

Mart ex Reissek) e de duas espeacutecies adulterantes Revista Sauacutede e

Desenvolvimento vol ndash nordm 1 Jan ndash Jun 2012

MARIOT MP1 BARBIERI RL2 Engenheiro Agrocircnomo Dr prof do

Conjunto Agroteacutecnico ldquoVisconde da GraccedilardquoUniversidade Federal de

Pelotas (mariotufpeltchebr) ndash Av Ildefonso Simotildees Lopes 2791

Pelotas-RS CEP 96060-290 2Bioacuteloga Dr pesquisadora da Embrapa

Clima Temperado (barbiericpactembrapabr) ndash BR 392 km 78 caixa

postal 403 Pelotas-RS CEP 96001-970 (endereccedilo para

correspondecircncia) Metaboacutelitos secundaacuterios e propriedades medicinais da

espinheira-santa (Maytenus ilicifolia Mart ex Reiss e M aquifolium

Mart)

CARLINI EA Braz S Efeito protetor do liofilizado obtido do abafado de

Maytenus Sp (espinheira-santa) contra uacutelcera gaacutestrica experimental em

ratos In Estudo da accedilatildeo antiuacutelcera gaacutestrica de plantas brasileiras

(Maytenus ilicifolia) Espinheira santa e outras Brasiacutelia CEMEAFIP

1988 p21-35MACAUBAS CIP et al Estudo da eventual accedilatildeo

antiuacutelcera gaacutestrica do baacutelsamo (Sedum sp) folha da fortuna

(Bryophyllum calcium) couve (Brassica oleraceae) e da Espinheira

santa (Maytenus ilicifolia) em ratos In Estudo da accedilatildeo antiuacutelcera

gaacutestrica de plantas brasileiras (Maytenus ilicifolia) Espinheira santa e

outras Brasiacutelia CEMEAFIP 1988 p 5-20

Olivia Werner Oliveira Pedro Ros Petrovick Secagem por aspersatildeo

(spray drying) de extratos vegetais bases e aplicaccedilotildees Revista

Brasileira de Farmacognosia Brazilian Journal of Pharmacognosy 20(4)

641-650 AgoSet 2010

Marianne Christina Scheffer Capitulo 17 Produccedilatildeo de espinheira-santa

(Maytenus ilicifolia Mart ex Reiss) na regiatildeo metropolitana de Curitiba

Paranaacute Brasil

Said gonccedilalves da cruz fonsacircca Farmacoteacutecnica de Fitoteraacutepicos2005

SUMARIO

1 INTRODUCcedilAtildeO2 Propriedades medicinais de espinheira santa uso popular e

estudos cientiacuteficos3 Caracteriacutesticas morfoanatocircmicas e fenoloacutegicas4 Aspectos quiacutemico-bioloacutegicos5 Aspectos silviculturais6 Os produtores de espinheira-santa e seu contexto

socioeconocircmico7 Processamento da espinheira-santa8 Mercado e comercializaccedilatildeo9 Poliacuteticas relacionadas com a exploraccedilatildeo e comercializaccedilatildeo10 Influecircncia do ambiente na produccedilatildeo de compostos bioativos e

perspectivas para o melhoramento geneacutetico de espinheira-santa11Etapas do processo de secagem por aspersatildeo111 Ilustraccedilatildeo da Planta Espinheira- Santa

12Fatores que influenciam o processo121 Influecircncia do material de entrada

13Atividades farmacoloacutegicas da espinheira-santa 131Atividade gaacutestrica

132 Atividade antiulcerogecircnica

133 Atividade antimicrobiana

134Atividade sobre o Sistema Nervoso Central

135Atividades abortiva e sobre a espermatogecircnese

136Atividades antimutagecircnica e anticanceriacutegena

137Atividade antioxidante e otoprotetora

138Atividades antinociceptiva e anti-inflamatoacuteria

14Toxicidade efeitos adversos e contraindicaccedilatildeo da espinheira-santa

15Farmacocineacutetica16Forma Medicamento Fitoteraacutepico- Caacutepsula17Referencias Bibliograacuteficas

INTRODUCcedilAtildeO

A Maytenus ilicifolia Mart ex Reissek eacute conhecida popularmente como

ldquoespinheira-santardquo ldquocancerosardquo ldquocancorosa-de-sete-espinhosrdquo e ldquomaitenordquo

dentre outros nomes (Lorenzi amp Matos 2002 Brandatildeo et al 2006) Pertence agrave

famiacutelia Celastraceae possuindo 55 gecircneros e 850 espeacutecies espalhadas nas

regiotildees troacutepicas e subtroacutepicas do mundo No contexto brasileiro onde seu

crescimento eacute nativo a espeacutecie M ilicifolia eacute largamente utilizada na medicina

popular (Mossi et al 2004) O uso medicinal de M ilicifolia eacute datado da deacutecada

de 20 desde quando se tem algum registro escrito de sua utilizaccedilatildeo (Cunha et

al 2003)

A praacutetica da substituiccedilatildeo de plantas medicinais seja ela intencional ou natildeo eacute

muito comum no Brasil o que leva muitas vezes as drogas de origem nativa

ao descreacutedito (OLIVEIRA et al 2005) Aliados a essa praacutetica fatores como a

baixa qualidade e padronizaccedilatildeo de produtos comercializados o uso errocircneo de

espeacutecies as adulteraccedilotildees os contaminantes toacutexicos o uso indevido as

interaccedilotildees medicamentosas e as super dosagens motivaram uma preocupaccedilatildeo

por parte das autoridades sanitaacuterias em relaccedilatildeo agrave seguranccedila eficaacutecia e

qualidade da droga vegetal (MELO et al 2004)

O objetivo deste trabalho eacute relatar as atividades farmacoloacutegicas toxicoloacutegicas e

dos constituintes quiacutemicos da espinheira

1 Espinheira Santa

A M ilicifolia eacute uma espeacutecie da famiacutelia Celastraceae conhecida popularmente

como ldquoespinheira-santardquo ldquoespinheira-divinardquo ldquocancorosardquo ldquocancerosardquo e

ldquocancrosardquo (BRASIL 2011) Eacute uma espeacutecie nativa da Regiatildeo Sul do Brasil

tendo ocorrecircncia tambeacutem na Argentina na Boliacutevia no Paraguai e no Uruguai

(ALICE et al 1995)

De acordo com Cirio et al (2003) a espinheira-santa (M ilicifolia) tem sua

obtenccedilatildeo para fins comerciais a partir do extrativismo ou de plantas cultivadas

das quais satildeo coletados os ramos e as folhas do terccedilo superior em podas

anuais Essa espeacutecie estaacute ameaccedilada de extinccedilatildeo no Brasil por ser explorada

em regime basicamente extrativista (BATALHA et al 2002) Seu nome popular

deve-se ao fato de suas folhas possuiacuterem bordas com espinhos e por possuir

propriedades medicinais (MAGALHAtildeES 2002) As folhas secas satildeo inodoras e

com sabor suave levemente adstringente (BRASIL 2011)

As plantas da espeacutecie espinheira-santa (M ilicifolia) ocorrem naturalmente e se

desenvolvem em ambiente sombreado em solos ricos em mateacuteria orgacircnica

dispersa nas matas e com umidade de meacutedia a alta (CIRIO et al 2003) O

estudo fitoquiacutemico da espinheira-santa determinou nas folhas a presenccedila de

flavonoides e taninos e a maior parte dos flavonoides dessa planta se encontra

na forma de heterosiacutedeos (NEGRI 2007)

De acordo com Cirio et al (2003) as folhas de espinheira-santa (M ilicifolia)

possuem grande interesse farmacecircutico Isso ocorre em razatildeo de essa planta

apresentar comprovados efeitos sobre acidez e ulceraccedilotildees do estocircmago

Essas duas atividades medicinais satildeo comprovadas por pesquisas

coordenadas pela Central de Medicamentos (Ceme) do Ministeacuterio da Sauacutede do

Brasil (DI STASI 2004)

2 Propriedades medicinais de espinheira santa uso popular e estudos cientiacuteficos

A espinheira-santa eacute empregada no tratamento de problemas estomacais

(gastrites e uacutelceras) (Lorenzi amp Matos 2002) As pesquisas com as espeacutecies de

espinheira-santa ndash M ilicifolia e M aquifolium ndash foram iniciadas na deacutecada de

60 estimuladas pela sua eficaacutecia no tratamento de uacutelceras e ateacute mesmo do

cacircncer Estudos iniciais revelaram que elas contecircm compostos bioativos que

mostraram potente accedilatildeo anti-tumoral e antileucecircmica em doses muito baixas

Na medicina tradicional o emplastro de suas folhas eacute usado no tratamento do

cacircncer de pele O decocto das folhas eacute usado em lavagens para o mesmo

tratamento M ilicifolia tem sido usada popularmente no Brasil para tratamento

de cacircncer (Fox 1991) Entretanto seu uso mais popular eacute no tratamento de

uacutelceras indigestatildeo gastrites crocircnicas e dispepsia conforme mostrado em

trabalho desenvolvido por Carlini (1988)

Jorge et al (2004) observaram que extratos hexano e etilacetato de M ilicifolia

que promovem um aumento do volume gaacutestrico e do pH no estocircmago

apresentam accedilatildeo antiulcerogecircnica e anti-inflamatoacuteria Foi observado por

Ferreira et al (2004) que o extrato de folhas de M ilicifolia reduz a secreccedilatildeo

aacutecida na mucosa gaacutestrica de ratildes com efeito semelhante ao medicamento

cimetidina M ilicifolia tem se tornado conhecida e usada na medicina

herbaliacutestica dos EUA onde o extrato de suas folhas vem sendo empregado

para uacutelceras para recomposiccedilatildeo da flora intestinal e inibiccedilatildeo de bacteacuterias

patogecircnicas como laxante para eliminar toxinas atraveacutes dos rins e pele e para

regular a produccedilatildeo do aacutecido cloriacutedrico do estocircmago (Lorenzi amp Matos 2002

Melo et al 2001)

Extratos do caule de M ilicifolia mostraram atividade anti-fuacutengica contra

Microsporum gypseum e Trichophyton mentagrophytes mas as folhas natildeo

mostraram o mesmo efeito (Portillo et al 2001) Esta espeacutecie eacute utilizada como

contraceptivo por populaccedilotildees indiacutegenas e do meio rural no Paraguai e como

abortivo por mulheres do nordeste da Argentina (Montanari et al 1998) Os

autores estudaram o efeito do extrato etanoacutelico de folhas de M ilicifolia sobre a

espermatogecircnese em ratos natildeo tendo sido mostrado efeito significativo sobre

a formaccedilatildeo dos espermatozoacuteides Foi observado por Montanari amp Bevilacqua

(2002) que o extrato de folhas desta espeacutecie causou uma perda na preacute-

implantaccedilatildeo embriocircnica em ratos mas sem efeito sobre a implantaccedilatildeo ou

organogecircnese A atividade estrogecircnica do extrato sugere que ele pode estar

interferindo com a receptividade uterina ao embriatildeo Entretanto os efeitos natildeo

foram uniformes entre os animais sendo que em alguns nenhuma alteraccedilatildeo

foi observada nem mesmo na fase de preacute-implantaccedilatildeo do embriatildeo Isto

significa que no caso das mulheres o aborto poderia ocorrer em algumas e em

outras natildeo Existem vaacuterias espeacutecies medicinais do gecircnero Maytenus ndash aleacutem de

M ilicifolia e M aquifolium ndash que vecircm sendo amplamente estudadas como M

senegalensi M macrocarpa e M canariensis (Di Stasi 2004) O autor cita

alguns trabalhos com estas espeacutecies M senegalensis apresenta atividade

antimalaacuterica leishmanicida e inibitoacuteria sobre a replicaccedilatildeo do viacuterus HIV-1

(atraveacutes da accedilatildeo da pristimerina) M canariensis apresenta atividade

antibacteriana antifuacutengica e inseticida M macrocarpa apresenta compostos

com accedilatildeo citotoacutexica e leishmanicida Foi evidenciada por Kennedy et al (2001)

a accedilatildeo leishmanicida de M magellanica e M chubutensis

3 Caracteriacutesticas morfoanatocircmicas e fenoloacutegicasA espinheira-santa (Maytenus ilicifolia) foi descrita por Carvalho-Okano (1992)

como um sub-arbusto ou aacutervore ramificado desde a base podendo atingir uma

estatura de ateacute 5 m com ramos novos glabros angulosos tetra ou

multicarenados

As folhas satildeo congestas coriaacuteceas glabras com estiacutepulas incospiacutecuas limbo

com 22 a 89 cm de comprimento e 11 a 30 cm de largura nervuras

proeminentes na face abaxial de forma eliacuteptica com a margem inteira ou com

espinhos em nuacutemero de um a vaacuterios distribuiacutedos regular ou irregularmente no

bordo geralmente concentrados na metade apical de um ou de ambos os

semilimbos As inflorescecircncias ocorrem em fasciacuteculos multifloros As flores

possuem seacutepalas semicirculares e ciliadas com peacutetalas ovais e inteiras

estames com filetes achatados na base estigma capitado seacutessil ou com

estilete distinto ovaacuterio saliente ou totalmente imerso no disco carnoso

As flores satildeo monoacuteclinas poreacutem haacute evidecircncias fortes de que muitas de suas

flores sejam funcionalmente diclinas O fruto eacute uma caacutepsula bivalvar orbicular

com pericarpo maduro de coloraccedilatildeo vermelho-alaranjada

As sementes satildeo eretas suborbiculares elipsoides ou obovais agraves vezes

angulosas em nuacutemero variaacutevel de 1 a 4 por fruto envoltas inteiramente pelo

arilo A testa eacute rija lisa e brilhante em geral com coloraccedilatildeo castanha ou negra

O endosperma eacute abundante o embriatildeo eacute axial com cotileacutedones planos

membranaacuteceos e eixo hipocoacutetilo-raizinha reta e curta O arilo eacute suculento de

coloraccedilatildeo branca cobrindo toda a semente Um estudo morfoanatocircmico desta

espeacutecies foi ainda realizado por Lula et al (2001) Segundo os autores M

ilicifolia apresenta epiderme adaxial e abaxial glabras com ceacutelulas poligonais

de paredes levemente espessadas retas e cutiacutecula de aspecto granulado Foi

observada a presenccedila de cristais prismaacuteticos nas ceacutelulas epideacutermicas e

tambeacutem de raacutefides Os estocircmatos estatildeo restritos agrave epiderme abaxial e com

frequumlecircncia apresentam cinco ceacutelulas subsidiaacuterias muito pouco diferenciadas

das ceacutelulas epideacutermicas comuns Em corte transversal as epidermes se

apresentam uniestratificadas com ceacutelulas baixas e tabulares e cutiacutecula

relativamente espessa O mesoacutefilo eacute dorsiventral com duas camadas de

parecircnquima paliccedilaacutedico O parecircnquima lacunoso eacute relativamente compacto com

cerca de seis a sete camadas de ceacutelulas As nervuras menores e as

terminaccedilotildees vasculares apresentam uma bainha de fibras esclerenquimaacuteticas

As sementes de M ilicifolia podem ser classificadas como ortodoxas e

estocadas a -20ordmC por um longo periacuteodo em cacircmara fria (Eira et al 1995) M

aquifolium tambeacutem conhecida como espinheira-santa eacute descrita por Carvalho-

Okano (1992) como um arbusto ou aacutervore medindo cerca de 15-12 m de

altura Apresenta ramos novos glabros ciliacutendrico-achatados folhas cartaacuteceas

glabras peciacuteolo com 05-10 cm de comprimento estiacutepulas inconspiacutecuas limbo

com 60-190 cm de comprimento e 20-60 cm de largura nervura primaacuteria

proeminente em ambas as faces nervuras secundaacuterias subsalientes forma

eliacuteptica ou mais comumente oblongo-eliacuteptica base aguda ou obtusa aacutepice

agudo a obtuso com mucron margem com muitos espinhos serrada A

Inflorescecircncia eacute em fasciacuteculos multifloros apresentando pedicelos florais com

04-07 cm de comprimento As seacutepalas satildeo ovais com cerca de 04 cm de

comprimento e 03 cm de largura Os estames apresentam filetes achatados na

base O estigma eacute seacutessil ou com estilete distinto ovaacuterio saliente ou imerso

totalmente no disco carnoso O fruto eacute uma caacutepsula bivalvar orbicular o

pericarpo maduro apresenta coloraccedilatildeo castanho-avemelhada O florescimento

de espinheira-santa ocorre entre os meses de setembro a dezembro e a

frutificaccedilatildeo de outubro a fevereiro (Carvalho-Okano 1992) A frutificaccedilatildeo ocorre

durante um periacuteodo relativamente longo iniciando no Estado do Rio

Grande do Sul seguido por Santa Catarina e por uacuteltimo o Paranaacute (Scheffer amp

Arauacutejo1998) As espeacutecies de espinheira-santa satildeo aloacutegamas Os estudos da

accedilatildeo farmacoloacutegica da espinheira-santa tecircm sido realizados utilizando

principalmente as folhas pois eacute a parte da planta que normalmente eacute utilizada

pela populaccedilatildeo nas infusotildees ou pela induacutestria farmacecircutica para elaboraccedilatildeo de

medicamentos Alguns estudos foram feitos com a raiz pois existem relatos do

uso esporaacutedico desta parte da planta por algumas pessoas para o tratamento

de doenccedilas Em um levantamento do uso da espinheira-santa pelas

comunidades rurais Mariot (2005) identificou um agricultor que utiliza o chaacute

das raiacutezes da espinheirasanta para o tratamento de diabetes Com relaccedilatildeo agrave

localizaccedilatildeo da produccedilatildeo de metaboacutelitos secundaacuterios nas plantas de

espinheirasanta Corsino et al (2000) ao estudarem a biossiacutentese de

triterpenoacuteides em M aquifolium identificaram que as folhas produzem 3b-

friedelanol e friedelina (friedelano) e raiacutezes acumulam maitenina e pristimerina

(quinonametiacutedicos) Os triterpenos derivados de friedelano uma vez

biossintetizados nas folhas satildeo translocados para as raiacutezes e posteriormente

transformados nos triterpenoacuteides quinonametiacutedicos que apresentam accedilatildeo

antitumor Estes triterpenoacuteides natildeo foram encontrados em folhas somente em

raiacutezes Os flavonoacuteides satildeo encontrados em todos os oacutergatildeos das plantas

(Zuanazzi 2001) Existem flavonoacuteides que satildeo encontrados em um oacutergatildeo e em

outros natildeo ou quando existe o mesmo composto em mais de um oacutergatildeo este

pode apresentar diferentes concentraccedilotildees Estes compostos estatildeo localizados

nos vacuacuteolos cloroplastos e cromoplastos (Cardoso et al 2001) Os taninos

ocorrem nos vacuacuteolos e plastiacutedios (Salisbuty amp Ross 1992)

Figura A - Folhas de espinheira-santa (a uacuteltima eacute M aquifolium e as demais

satildeo M ilicifolia) B - flores de espinheira-santa C - ramo com frutos e sementes

de Maytenus ilicifolia

4 Aspectos quiacutemico-bioloacutegicosOs compostos com accedilatildeo bioativa de importacircncia na farmacologia satildeo

produzidos atraveacutes da biossiacutentese dos metaboacutelitos secundaacuterios que estaacute

esquematizado na Figura 1 Nesta figura pode ser observada a formaccedilatildeo dos

principais metaboacutelitos identificados na espinheira-santa como os taninos

flavonoacuteides e terpenos grupo em que estatildeo inseridos os triterpenos

O gecircnero Maytenus eacute rico em espeacutecies com potencial medicinal tendo sido

identificados vaacuterios compostos com accedilatildeo farmacoloacutegica Di Stasi (2004) em

uma revisatildeo sobre compostos bioativos em espeacutecies de Maytenus relata a

presenccedila de pristimerina um triterpeno do tipo friedelano com accedilatildeo

antimalaacuterica e compostos fenoacutelicos com atividade inibitoacuteria sobre a replicaccedilatildeo

do viacuterus HIV-1 em M senegalensis Em M canariensis foram isoladas

nortriterpenos com atividade antibioacutetica e sesquiterpenos com atividade

inseticida M macrocarpa apresenta nortriterpenos denominados

macrocarpinas os quais satildeo citotoacutexicos sesquiterpenos com atividade

leishmanicida e triterpenos do tipo friedelano Triterpenoacuteides do tipo friedelano

tambeacutem foram isolados desta espeacutecie por Chavez et al (1998) Foi evidenciado

por Kennedy et al (2001) a accedilatildeo leishmanicida de sesquiterpenos isolados de

M magellanica e M chubutensis

FIGURA 1 Representaccedilatildeo simplificada do ciclo biossinteacutetico dos metaboacutelitos

secundaacuterios terpenoacuteides flavonoacuteides e taninos condensados que ocorrem em

espinheira-santa (adaptado de Santos 2001)

Entre os compostos bioativos em espinheirasanta (M ilicifolia e M aquifolium)

que podem ter accedilatildeo antiulcerogecircnica e anti-gaacutestrica destacam-se os

triterpenos Os triterpenoacuteides satildeo compostos constituiacutedos basicamente de trinta

unidades de carbono ndash seis isoprenos (Cardoso et al 2001) A maioria possui

em sua constituiccedilatildeo hidroxilas que podem ser glicosiladas produzindo os

heterosiacutedeos cardiotocircnicos importantes agentes terapecircuticos para doenccedilas

cardiovasculares e as saponinas Biossinteticamente satildeo derivados de

condensaccedilatildeo de duas moleacuteculas de farnesilpirofosfato (FPP) unidas cauda-

cauda produzindo o esqualeno precursor aciacuteclico desta classe de compostos

(Figura 2) A provaacutevel ciclizaccedilatildeo da moleacutecula de esqualeno leva agrave formaccedilatildeo da

estrutura baacutesica dos triterpenoacuteides o ciclopentanohidrofenantreno importante

precursor dos esteroacuteides vegetais e animais e das saponinas triterpecircnicas As

saponinas triterpenoacuteides apresentam trecircs tipos de estruturas baacutesicas oleanos

ursanos e lupanos Os triterpenos denominados cangoronina e ilicifolina foram

identificados por Itokawa et al (1991) em M ilicifolia Eles satildeo do tipo

friedelano e foram fracionados junto com outros sete triterpenos jaacute conhecidos

FIGURA 2 Biossiacutentese de triterpenoacuteides (adaptado de Cardoso et al 2001)

Os autores mostraram que alguns destes compostos tecircm accedilatildeo citotoacutexica

como por exemplo a pristimerina ndash que foi a mais eficiente ndash indicando que

podem ser uacuteteis no tratamento de tumores Trabalho semelhante foi

desenvolvido por Shirota et al (1994) que elucidaram a estrutura de alguns

triterpenos aromaacuteticos Estes compostos mostraram atividade citotoacutexica

moderada contra um nuacutemero de linhagens de ceacutelulas de tumor cultivadas As

estruturas de outros dois triterpenos diacutemeros denominados cangorosina A e

cangorosina B foram elucidadas por Shirota et al (1997) em extrato de raiacutezes

de M ilicifolia Quatro novos triterpenoacuteides ndash maytefolina A-C (1-3) e uvaol-3-

caffeate (4) ndash aleacutem de outros triterpenos foram isolados de folhas de M

ilicifolia por Ohsaki et al (2004) Os autores identificaram a accedilatildeo citotoacutexica do

triterpenoacuteide eritrodiol

Apesar de a literatura destacar os triterpenos como os principais compostos

bioativos em espinheira-santa Corsino et al (1998b) destacaram que a famiacutelia

Celastraceae eacute uma fonte rica de sesquiterpenos Os autores isolaram e

elucidaram a estrutura quiacutemica de dois sesquiterpenos a aquifoliulina E-I e a

aquifoliulina EII Ao verificarem a accedilatildeo citotoacutexica do extrato de M aquifolium

em mutantes de Saccharomyces cerevisiae eles sugeriram que os

sesquiterpenos podem ser os principais responsaacuteveis por causar pequenos

danos no DNA Em outro trabalho Corsino et al (1998c) isolaram e elucidaram

a estrutura de outros dois sesquiterpenos a aquifoliulina E-III e a aquifoliulina

E-IV Os triterpenos maitenina e 22- hidroximaitenina satildeo membros de um

pequeno grupo de produtos naturais peculiares agraves espeacutecies das famiacutelias

Celastraceae e Hippocrateaceae com potencial anti-cacircncer (Corsino et al

1998a) A ligaccedilatildeo da maitenina ao DNA sugere uma interaccedilatildeo celular que pode

elucidar a atividade antitumor Os autores mostraram que estes compostos satildeo

efetivos contra carcinoma epidermoacuteide Foi identificada a accedilatildeo antiuacutelcera

gaacutestrica da espinheira-santa em ratos com accedilatildeo semelhante ao medicamento

cimetidina Dois triterpenos jaacute relatados na literatura o friedelan-3-ol e o

friedelan-3-on foram identificados em extrato de M ilicifolia sendo sugeridos

como substacircncias bioativas no tratamento das enfermidades estomacais

Os autores acima citados isolaram e identificaram maitenina e 22

hidroximaitenina a partir de calos oriundos de explantes de folhas de M

aquifolium ndash atraveacutes de HPLC ndash cultivados em dois meios de cultura com

diferentes concentraccedilotildees de cinetina O rendimento dos triterpenos no meio

com menor concentraccedilatildeo de cinetina foram maiores do que no outro A cultura

de tecidos parece entatildeo ser uma fonte contiacutenua e estaacutevel de compostos de

espeacutecies de Maytenus conforme proposto por Pereira et al (1993)

Os autores estabeleceram um protocolo para organogecircnese total de placircntulas

de M ilicifolia de matrizes selecionadas para produccedilatildeo de compostos para

estudos fitoquiacutemicos utilizando como explante gemas axilares

Derivados dos triterpenos friedelano satildeo tiacutepicos das famiacutelias Celastraceae e

Hippocrateaceae (Buffa Filho et al 2002) Estes autores atraveacutes do

desenvolvimento de um meacutetodo HPLC (High Performance Liquid

Chromatography) fase-reversa para a quantificaccedilatildeo de triterpenos em cinco

tipos morfoloacutegicos de Maytenus ilicifolia identificaram os compostos 20 1048576-

hidroximaitenina e 22 hidroximaitenina em baixa concentraccedilatildeo aleacutem de

maitenina celastrol e pristimerina em alta concentraccedilatildeo

Os triterpenos friedelan-3-ol friedelina (Figura 3) e compostos polifenoacutelicos

presentes em M ilicifolia e M aquifolium satildeo citados por Cordeiro et al (1999)

como componentes eficientes no tratamento de uacutelceras e gastrites estomacais

Os autores caracterizaram triterpenos de extratos ndash obtidos por extraccedilatildeo direta

com etilacetato ndash de folhas destas duas espeacutecies atraveacutes de HRGC-MS

(cromatografia gasosa de alta resoluccedilatildeo e espectrometria de massas) O perfil

cromatograacutefico foi semelhante para ambas as espeacutecies diferindo na

concentraccedilatildeo relativa de alguns compostos Estes dois triterpenos foram

tambeacutem destacados por Vilegas et al (1995) e Lanccedilas et al (1997) como os

mais importantes nas duas espeacutecies de espinheira-santa para o tratamento de

uacutelcera gaacutestrica Os primeiros propuseram uma teacutecnica raacutepida para identificar

friedelan-3-ol e friedelina ndash atraveacutes de cromatografia gasosa com alta

temperatura de capilaridade em coluna polar ndash o que permite a distinccedilatildeo entre

extratos alcooacutelicos aquosos de espinheira-santa autecircnticos e falsos (quando

satildeo misturadas folhas de outras espeacutecies como de Sorocea bomplandii) Os

uacuteltimos desenvolveram um meacutetodo para extraccedilatildeo de princiacutepios ativos em

espinheira-santa atraveacutes de uma adaptaccedilatildeo do SFE (extraccedilatildeo com fluido

supercriacutetico) com baixo custo Atraveacutes da utilizaccedilatildeo do CO2 e etanol 10

como fluido extrator conseguiram resultados satisfatoacuterios na obtenccedilatildeo dos

triterpenos O sistema SFE desenvolvido pelos autores foi mais eficiente sendo

uma alternativa aos outros meacutetodos por ser mais raacutepido aleacutem de permitir uma

flexibilidade de escolha do fluido extrator entre gases ou solventes liacutequidos a

condiccedilotildees ambientes Mossi et al (2004) ao caracterizarem quimicamente

extratos de M ilicifolia ndash obtidos atraveacutes da utilizaccedilatildeo de CO2 em alta pressatildeo

ndash observaram que a temperatura de extraccedilatildeo e a densidade do solvente

exerceram um efeito importante sobre o rendimento liacutequido do extrato e a

distribuiccedilatildeo quiacutemica dos compostos volaacuteteis ao contraacuterio do tamanho de

partiacutecula e da taxa de fluxo de CO2 Apesar dos triterpenos friedelan-3-ol e

friedelina terem sido destacados como sendo compostos eficientes no

tratamento anti-uacutelcera gaacutestrica Queiroga et al (2000) em pesquisa realizada

com ratos mostraram que estes triterpenos natildeo apresentam esta accedilatildeo

farmacoloacutegica

FIGURA 3 Estrutura molecular dos triterpenos friedelan-3-ol e friedelina (Mossi 2003) dos flavonoacuteides canferol e quercetina e do tanino condensado (Cardoso et al 2001) encontrados em espinheira-santa

Os taninos e flavonoacuteides satildeo compostos fenoacutelicos presentes em espinheira-

santa que tambeacutem podem ter accedilatildeo em doenccedilas estomacais (Gonzales et al

2001) Os taninos satildeo compostos de sabor adstringente derivados de

fenilpropanos capazes de formar complexos com proteiacutenas accediluacutecares e

alcaloacuteides indoacutelicos (Cardoso et al 2001) Dividem se em duas categorias

derivados de esqueletos (C6-C1)n chamados de taninos hidrosoluacuteveis e

derivados de esqueletos (C6-C3-C6)n chamados de taninos condensados

(Figura 3) ou proantocianidinas Os taninos hidrolizaacuteveis possuem rotas

biossinteacuteticas ainda desconhecidas Sabe-se que seu precursor eacute o aacutecido

gaacutelico ou seu diacutemero de condensaccedilatildeo o aacutecido elaacutegico Os taninos

condensados satildeo biossintetizados pelas condensaccedilotildees de derivados de aacutecido

chiquiacutemico e unidades de malonil-CoA levando agrave formaccedilatildeo das catequinas

Estas satildeo importantes precursoras das proantocianidinas (taninos

condensados) e antocianidinas Caracterizam-se por serem oligocircmeros e

poliacutemeros formados pela policondensaccedilatildeo de duas unidades flavonoiacutedicas

(flavan-3-ol e flavan-34-diol) portanto tambeacutem satildeo considerados compostos

flavonoacuteides sendo tambeacutem denominados de flavolanas diferenciando-se dos

taninos hidrolisaacuteveis por natildeo possuiacuterem resiacuteduos glicosiacutedeos em sua estrutura

Segundo o autor entre as atividades farmacoloacutegicas que os taninos

condensados apresentam ndash quando complexados com proteiacutenas ndash destacam-

se a proteccedilatildeo da mucosa do estocircmago em tratamento de uacutelcera peacuteptica as

propriedades anti-inflamatoacuterias e cicatrizantes e o bloqueio da formaccedilatildeo da

placa dental atraveacutes da inibiccedilatildeo da glicosiltransferase produzida por bacteacuterias

bucais

Atraveacutes de estudo fitoquiacutemico em extrato de M aquifolium Gonzales et al

(2001) identificaram triterpenos taninos e flavonoacuteides Em testes de

laboratoacuterio os autores mostraram a accedilatildeo antiulcerogecircnica e analgeacutesica do

extrato desta espeacutecie Eles destacaram que os triterpenos apresentam

habilidade na estimulaccedilatildeo da siacutentese de muco ou manutenccedilatildeo do conteuacutedo de

prostaglandina ndash componente com atividade antiulcerogecircnica ndash da mucosa

gaacutestrica em altos niacuteveis Foi sugerido ainda que componentes antioxidantes

como os taninos e os flavonoacuteides podem ter accedilatildeo contra lesotildees gaacutestricas

Os flavonoacuteides existem em abundacircncia no reino vegetal encontrados em sua

maioria nas angiospermas (Cardoso et al 2001) Caracterizam se

estruturalmente por serem polifenoacutelicos derivados de C6-C3-C6 ligados na

orientaccedilatildeo cabeccedila-cauda e que podem conter como substituintes hidroxilas

ou seus derivados funcionais tais como eacutesteres metoxilas aleacutem de

glicosiacutedeos isoprecircnicos presos em posiccedilotildees especiacuteficas dos aneacuteis Os

flavonoacuteides tecircm como precursores a fenilalanina e a acetil-CoA

Satildeo originados de reaccedilotildees de derivados do aacutecido chiquiacutemico e derivados do

acetato Os flavonoacuteides satildeo divididos nas seguintes classes flavonas

flavonoacuteis antocianinas e isoflavonoacuteides esta uacuteltima restrita agrave famiacutelia Fabaceae

Os compostos mais importantes encontrados nos vegetais para cada uma das

trecircs primeiras classes satildeo flavonas ndash apigenina e luteolina flavonoacuteis ndash

canferol quercetina miricetina e galangina antocianinas ndash cianidina e

malvidina

Ao analisarem quantitativamente por HPLC flavonoacuteides em infusatildeo aquosa de

folhas de M ilicifolia e M aquifolium Leite et al (2001) identificaram um novo

composto deste grupo na primeira espeacutecie Os autores destacaram que os

flavonoacuteides podem mediar uma variaccedilatildeo de mecanismos relacionados agrave

atividade anti-cacircncer anti-tumor e anti-oxidante esta uacuteltima relacionada agrave

caracteriacutestica anti-uacutelcera Os flavonoacuteides tetra-glicosilados satildeo uacuteteis como

marcadores quiacutemicos para o controle de qualidade em Maytenus

Dois novos tetraglicosiacutedeos ndash pertencentes aos grupos dos 3-O-glicosiacutedeos de

quercetina e canferol que satildeo os mais importantes entre os flavonoacuteides ndash

foram isolados por Vilegas et al (1999) a partir da infusatildeo de folhas de M

aquifolium Os flavonoacuteides quercetina e canferol estatildeo representados na Figura

3 com indicaccedilatildeo dos grupos hidroxila (3) que satildeo glicosilados para formar os

3-O-glicosiacutedeos de quercetina e canferol Os autores identificaram a accedilatildeo anti-

uacutelcera da infusatildeo de espinheira-santa em que o aumento da dose levou ao

decreacutescimo do nuacutemero de uacutelceras em ratos sendo a dose de 800 mg kg-1 a

mais eficiente A maior atividade foi verificada em uacutelceras do tipo III que satildeo as

mais severas Foi ainda destacado que o isolamento de flavonoacuteides

poliglicosilados da infusatildeo de M aquifolium seraacute uacutetil para validaccedilatildeo destes

componentes como marcadores quiacutemicos como jaacute anteriormente descrito por

Vilegas et al (1998) ndash que distinguiram atraveacutes da teacutecnica HPTLC (High

Performance Thin Layer Chromatographic) amostras autecircnticas de M ilicifolia

e M aquifolium e amostras alteradas com Sorocea bomplandii uma espeacutecie

muitas vezes confundida com a espinheirasanta devido agrave morfologia similar da

folha

5 Aspectos silviculturais

Os coletores tradicionais possuem noccedilotildees empiacutericas sobre o manejo das

espeacutecies em seu ambiente natural (eacutepoca e frequecircncia de coleta suportada

pela espeacutecie ambientes em que ocorrem cuidados com os indiviacuteduos no

momento da coleta para que possam rebrotar) Por exemplo ensinam que a

espinheira-santa deve ser coletada quebrando os ramos e natildeo cortando-os

Alguns coletores dizem que isto eacute necessaacuterio para que a planta tenha efeito

medicinal outros que se os ramos forem cortados a aacutervore natildeo rebrota Fato

eacute que os ramos que satildeo quebrados satildeo mais finos do que se for utilizado um

instrumento cortante e isto certamente tem influecircncia sobre a regeneraccedilatildeo dos

indiviacuteduos Outra informaccedilatildeo dos coletores tradicionais eacute que as folhas de uma

determinada aacutervore devem ser colhidas com intervalos de dois anos Dizem

que eacute o tempo necessaacuterio para a aacutervore se recuperar Poreacutem nos plantios

verifica-se que a regeneraccedilatildeo ocorre em um ano Entretanto como os frutos

satildeo formados em ramos do ano anterior esta recomendaccedilatildeo pode estar ligada

ao manejo da espeacutecie garantindo o tempo miacutenimo necessaacuterio para que se

reproduza Com o mesmo objetivo os produtores deixam algumas aacutervores sem

colher para que produzam sementes garantindo assim regeneraccedilatildeo

natural e mais recentemente como fonte de sementes para plantios

Conhecem a forma de distribuiccedilatildeo da espinheira-santa e percorrem grandes

distacircncias para localizar boas aacutereas de coleta com um nuacutemero significativo de

aacutervores Costumam dar intervalos de um ou mais anos entre as coletas num

mesmo local ou coletam as folhas somente de um lado da planta e no ano

seguinte do outro lado

Haacute ainda os curiosos pessoas sem tradiccedilatildeo em coleta de plantas que por

necessidade econocircmica e por residirem proacuteximo a aacutereas em que a espeacutecie

ocorre satildeo contratadas por coletores tradicionais ou por compradores de

plantas para realizarem a coleta da espinheira-santa e outras espeacutecies

medicinais que ocorrem nas proximidades de sua residecircncia

6 Os produtores de espinheira-santa e seu contexto socioeconocircmico

A populaccedilatildeo da Regiatildeo Metropolitana de Curitiba eacute formada por descendentes

de europeus que integraram as diversas correntes migratoacuterias estimuladas no

seacuteculo XIX Tecircm-se assim principalmente descendentes de alematildees

italianos atividade agropecuaacuteria agrave qual incorporaram praacuteticas extrativistas que

jaacute eram atividade agropecuaacuteria agrave qual incorporaram praacuteticas extrativistas que jaacute

eram exercidas pelos caboclos descendentes dos antigos colonizadores

portugueses e iacutendios da regiatildeo No municiacutepio de Campo Largo haacute 1469

estabelecimentos rurais dos quais 1164 exercem atividades ligadas agrave

agricultura ou silvicultura

Segundo o Censo realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica

IBGE em 2000 a populaccedilatildeo rural era de 15580 pessoas (IPARDES 2001)

Destas cerca de 50 estatildeo envolvidas na produccedilatildeo no processamento e na

comercializaccedilatildeo da espinheira-santa

Haacute vaacuterios tipos de produtores de mateacuteria-prima

(a) coletores tradicionais cuja uacutenica atividade econocircmica eacute a coleta de plantas

medicinais inclusive espinheira-santa

(b) coletores de plantas medicinais que tambeacutem cultivam espeacutecies alimentiacutecias

Neste caso a coleta de plantas medicinais visa agrave complementaccedilatildeo da renda

(c) agricultores que cultivam e coletam plantas medicinais

(d) agricultores natildeo coletores que soacute cultivam plantas medicinais

A coleta eou o cultivo de espinheira-santa eacute de uma estrateacutegia de obtenccedilatildeo de

renda diversificada e natildeo passa em meacutedia de 17 da renda familiar Os

coletores recebem em geral R$040kg de planta fresca (folhas com ramos

finos) Apoacutes secagem satildeo comercializadas por R$250 a 350kg As folhas de

plantas cultivadas podem alcanccedilar entre R$800 e 1200kg (soacute folha seca)

7 Processamento da espinheira-santa

Apoacutes a coleta os ramos com folhas satildeo levados ateacute a propriedade do coletor

onde as folhas satildeo selecionadas e secas ou entregues diretamente ao

comprador A secagem pode ser feita agrave sombra ou em secador com fluxo de ar

aquecido Quando o coletor natildeo dispotildee de secador proacuteprio ele costuma secar

as folhas no secador de algum vizinho que recebe como pagamento parte da

produccedilatildeo Para a secagem satildeo utilizados vaacuterios modelos de secadores O

combustiacutevel utilizado pode ser lenha gaacutes ou serragem Alguns secadores

contam com controle de temperatura Dependendo das especificaccedilotildees feitas

pelo comprador depois de secas as folhas satildeo separadas dos ramos e

rasuradas Depois o produto eacute embalado em sacos de malha de juta ou de

polipropileno com ou sem revestimento de papel Depois eacute armazenado ou

enviado diretamente para o mercado (comercializado) A venda pode ser feita

para atacadistas laboratoacuterios de fitoteraacutepicos ou induacutestrias alimentiacutecias Nas

induacutestrias o material eacute submetida a uma nova seleccedilatildeo de acordo com o

controle de qualidade da empresa Geralmente verifica-se a contaminaccedilatildeo

microbioloacutegica e macroscoacutepica No caso dos laboratoacuterios de fitoteraacutepicos

tambeacutem satildeo analisados os constituintes quiacutemicos

Nas induacutestrias de alimentos as folhas rasuradas sofrem nova fragmentaccedilatildeo e

satildeo envasadas em embalagens de 10 a 30 g eou na forma de saches teabag

e embaladas em caixas de papelatildeo sendo comercializadas de forma

semelhante a outros chaacutes Ao chegar ao consumidor final na forma de folhas

rasuradas e embaladas o preccedilo varia entre R$3000 a 5000kg em

embalagens de 05 a 1 kg e entre R$8000 a R$10000Kg em embalagens de

10 a 30 g

Nos laboratoacuterios de fitoteraacutepicos as formas de apresentaccedilatildeo da espinheira-

santas satildeo (a) em saches ou a granel misturadas a ervas para problemas

digestivos numa composiccedilatildeo preacute-definida (b) em caacutepsulas gelatinosas

contendo 350 a 400 mg de folhas moiacutedas (c) em tintura de espinheira-santa

para cuja obtenccedilatildeo as folhas satildeo submetidas agrave extraccedilatildeo geralmente

hidroalcooacutelica (d) em comprimidos para o que se utiliza o extrato seco das

folhas

8 Mercado e comercializaccedilatildeo

Geralmente a venda eacute feita pelo proprietaacuterio do secador em grandes

quantidades para intermediaacuterios laboratoacuterios de fitoteraacutepicos ou induacutestrias

alimentiacutecias (Figura 3) Alguns produtores para agregar valor fazem

embalagens com pequenas quantidades (10 a 30 g) que comercializam em

feiras e mercados como alimento Esta forma de comercializaccedilatildeo eacute feita por

produtores que tecircm faacutecil acesso a um mercado consumidor significativo como

Figura 3 Fluxograma de produccedilatildeo e comercializaccedilatildeo de espinheira-santa (Maytenus ilicifolia)

por exemplo supermercados farmaacutecias ou feiras Entretanto haacute muitas

exigecircncias impostas pela legislaccedilatildeo de vigilacircncia sanitaacuteria para

comercializaccedilatildeo diretamente ao consumidor final Os atacadistas situados em

sua grande maioria no estado de Satildeo Paulo adquirem o produto no Paranaacute e

distribuem para as demais regiotildees do Brasil e tambeacutem para o exterior Eacute

comum que empresas do Paranaacute adquiram folhas de espinheira-santa

originaacuterias do proacuteprio Estado dos atacadistas de Satildeo Paulo Isto reflete a

falta de organizaccedilatildeo dos produtores que natildeo conseguiram ainda divulgar a

regiatildeo como centro produtor de plantas medicinais

As induacutestrias alimentiacutecias apoacutes embalar o produto revendem-no para os

supermercados Os laboratoacuterios de fitoteraacutepicos apoacutes fabricar o medicamento

normalmente realizam a comercializaccedilatildeo por meio de distribuidores de

produtos farmacecircuticos ou diretamente para grandes redes de farmaacutecias que

realizam a distribuiccedilatildeo internamente

9 Poliacuteticas relacionadas com a exploraccedilatildeo e comercializaccedilatildeo

A produccedilatildeo e comercializaccedilatildeo da espinheira-santa estaacute sujeita agrave legislaccedilatildeo

ambiental e agrave de vigilacircncia sanitaacuteria A primeira estabelece as normas para

registro de pessoas fiacutesicas ou juriacutedicas que consomem exploram ou

comercializam mateacuteria-prima florestal inclusive produtos florestais natildeo

madeireiros (Brasil 1985 Brasil 1995 Brasil 2000) Os coletores sabem que

devem obter registro de coletor e comerciante de plantas nativas junto aos

oacutergatildeos de fiscalizaccedilatildeo ambiental estadual e federal (respectivamente Instituto

Ambiental do Paranaacute IAP e Instituto Brasileiro de Meio Ambiente IBAMA) A

legislaccedilatildeo prevecirc ainda que ao realizar a coleta de uma planta os coletores e

produtores devem ter uma autorizaccedilatildeo fornecida com base num plano de

manejo Este plano deve apresentar as teacutecnicas e estrateacutegias que seratildeo

adotadas para garantir a sustentabilidade da exploraccedilatildeo

Na delegacia do IBAMA do Paranaacute haacute somente dois coletores de plantas

medicinais registrados poreacutem eles natildeo apresentam regularmente pedidos de

autorizaccedilatildeo de coleta acompanhados dos respectivos planos de manejo No

periacuteodo em que efetuamos esta pesquisa o oacutergatildeo estadual ainda natildeo havia

definido as normas que devem ser seguidas pelos interessados na obtenccedilatildeo

das autorizaccedilotildees de coleta de plantas

Uma das razotildees eacute que natildeo se dispotildee ainda de todas as informaccedilotildees teacutecnicas

necessaacuterias para a elaboraccedilatildeo do plano Apesar de oacutergatildeos de pesquisa e de

extensatildeo e das universidades estarem realizando estudos com o objetivo de

estabelecer os criteacuterios teacutecnicos natildeo existia ateacute 2002 nenhum plano de

manejo efetivamente implantado

Outro problema eacute a falta de integraccedilatildeo na atuaccedilatildeo dos oacutergatildeos de fiscalizaccedilatildeo

federal estadual e municipal o que torna a regularizaccedilatildeo junto a estes oacutergatildeos

muito complexa e cara para os produtores

Para que o produtor possa comercializar seu produto no varejo ele deve

atender agraves exigecircncias da legislaccedilatildeo sanitaacuteria que estatildeo muito acima da

capacidade econocircmica da maioria dos coletores e agricultores O produto

deve ainda estar dento dos limites estabelecidos de contaminaccedilatildeo por

microorganismos Quando o produto eacute apresentado como fitoteraacutepico as

exigecircncias aumentam ainda mais envolvendo seu registro com comprovaccedilatildeo

dos constituintes quiacutemicos marcadores e da atividade farmacoloacutegica e a

padronizaccedilatildeo do produto Ateacute mesmo os laboratoacuterios tecircm dificuldade em

atender as exigecircncias da legislaccedilatildeo atual Natildeo obstante o produto chega ao

mercado nas mais variadas formas envasado em sachecircs em caacutepsulas como

tintura misturado a ervas para problemas gaacutestricos entre outras

10 Influecircncia do ambiente na produccedilatildeo de compostos bioativos e perspectivas para o melhoramento geneacutetico de espinheira-santa

A influecircncia do ambiente na produccedilatildeo de polifenoacuteis totais polifenoacuteis natildeo

tanantes e taninos em M ilicifolia foram estudados por Radomski (1998) tendo

sido observado que a luminosidade eacute o principal fator que influencia na

produccedilatildeo destes compostos Plantas que se encontram em pleno sol

apresentam maior concentraccedilatildeo destas substacircncias As correlaccedilotildees entre

luminosidade e polifenoacuteis totais (083) polifenoacuteis natildeo tanantes (092) e taninos

(078) foram altas e significativas

Foram observadas diferenccedilas na morfologia foliar e na concentraccedilatildeo de taninos

em folhas de M ilicifolia de diferentes procedecircncias no Rio Grande do Sul

(Bernardi amp Wasicki 1959) Folhas de plantas desenvolvidas a pleno sol eram

menores com espinhos nas margens em nuacutemero reduzido e apresentavam

maior concentraccedilatildeo de taninos Em plantas de espinheira-santa desenvolvidas

em ambiente com alta luminosidade Radomski (1998) observou que as folhas

das plantas eram mais amareladas mais espessas e com espinhos mais

pronunciados caracterizando formas tiacutepicas de adaptaccedilatildeo de plantas de

sombra expostas agrave luz solar total A autora avaliou a aacuterea foliar o peso de

folhas e o peso especiacutefico de folhas em ambientes com diferentes intensidades

luminosas A aacuterea foliar foi menor e o peso especiacutefico das folhas foi maior nas

plantas desenvolvidas a pleno sol quando comparadas agraves dos outros

ambientes com menor luminosidade O peso especiacutefico de folhas apresentou

altas correlaccedilotildees para concentraccedilatildeo de polifenoacuteis totais (087) polifenoacuteis natildeo

tanantes (082) e taninos (083) Estes compostos contribuem para o

incremento da biomassa foliar Radomski et al (2004) relata a grande

influecircncia do ambiente sobre a composiccedilatildeo fitoquiacutemica da espinheira-santa

como concentraccedilotildees diferenciadas de taninos e polifenoacuteis totais em plantas

coletadas em ambientes diferentes

A autora destaca tambeacutem que os ramos de M ilicifolia podem contribuir com

uma parcela significativa na produccedilatildeo de compostos fitoteraacutepicos como

taninos e polifenoacuteis totais

Em trabalho envolvendo a anaacutelise fitoquiacutemica em populaccedilotildees de M ilicifolia do

Mato Grosso do Sul Paranaacute Santa Catarina e Rio Grande do Sul Mossi

(2003) observou uma grande variabilidade ndash que foi maior dentro das

populaccedilotildees ndash para concentraccedilatildeo dos metaboacutelitos secundaacuterios limoneno geranil

acetato aacutecido palmiacutetico fitol esqualeno vitamina E stigmasterol friedelan-3-

ol friedelin friedelan-3-one Atraveacutes de anaacutelise de agrupamentos (UPGMA) o

autor natildeo identificou uma relaccedilatildeo entre os grupos formados e as caracteriacutesticas

ambientais dos locais de coleta o que pode indicar uma maior influecircncia das

variaacuteveis locais como microclima insolaccedilatildeo condiccedilotildees nutricionais do solo

idade da planta entre outros sobre a concentraccedilatildeo dos compostos analisados

do que as condiccedilotildees macro ambientais

Foram observadas por Buffa Filho et al(2002) diferenccedilas nas concentraccedilotildees

de triterpenos entre plantas com morfologia de folha diferentes sendo que os

compostos 22 hidroximaitenina e celastrol foram encontrados em plantas de

dois tipos morfoloacutegicos

O melhoramento geneacutetico em plantas medicinais visa produzir variedades que

possuam alto rendimento de substacircncias desejadas e que as mantenham em

niacuteveis conhecidos para padronizar a dosagem quando da aplicaccedilatildeo

farmacoloacutegica (Oliveira et al 2003) Eacute importante o aumento da massa seca

eou fresca ou ainda o aumento do teor de princiacutepios ativos em determinado

oacutergatildeo vegetal de modo que estas caracteriacutesticas sejam mantidas nas geraccedilotildees

seguintes O produto do melhoramento de plantas medicinais eacute o princiacutepio ativo

ou o fitocomplexo Outros objetivos satildeo resistecircncia a pragas e doenccedilas e

toleracircncia a condiccedilotildees adversas de ambiente

Como o ambiente tem grande influecircncia na produccedilatildeo de metaboacutelitos

secundaacuterios a interaccedilatildeo genoacutetipo x ambiente eacute um fator importante para ser

analisado no melhoramento de plantas medicinais A possibilidade do melhor

genoacutetipo em um ambiente natildeo o ser em outro influencia o ganho de seleccedilatildeo e

dificulta a recomendaccedilatildeo de cultivares com ampla adaptabilidade (Cruz amp

Regazzi 2001) O conhecimento da herdabilidade dos caracteres de interesse

tambeacutem eacute fundamental para que a seleccedilatildeo seja aplicada com sucesso de

forma que o valor fenotiacutepico de um caraacuteter possa servir como guia para o valor

geneacutetico (aditividade) (Carvalho et al 2001)

Em teste de progecircnies realizado com espinheira-santa Mariot (2005)

identificou uma alta herdabilidade para todos os caracteres (velocidade de

emergecircncia estatura de planta diacircmetro agrave base do caule taxa de crescimento

tamanho de folha e nuacutemero de espinhosfolha) o que evidencia o forte controle

do fator geneacutetico sobre o fenoacutetipo O autor observou ainda altos valores para os

coeficientes de variaccedilatildeo geneacuteticos (CVG) que aliado aos baixos valores para

os coeficientes de variaccedilatildeo devido ao erro experimental (CVE) proporcionaram

iacutendices maiores que 10 para o quociente (relaccedilatildeo CVGVE) em todas as

variaacuteveis analisadas o que eacute um bom indicador para seleccedilatildeo em programas de

melhoramento Este resultado eacute importante para a seleccedilatildeo com base em

caracteres relacionados com o crescimento pois a espinheira-santa eacute

considerada de crescimento lento O tamanho de folha em espinheira-santa

caso apresente relaccedilatildeo com o aumento da biomassa e maior concentraccedilatildeo de

metaboacutelitos secundaacuterios que tenham accedilatildeo farmacoloacutegica pode ser um caraacuteter

importante de se considerar na seleccedilatildeo em programas de melhoramento Os

altos iacutendices dos paracircmetros geneacuteticos evidenciados em trabalho desenvolvido

por Mariot (2005) mostram a eficiecircncia na seleccedilatildeo para estes caracteres

Considerando a necessidade de uniformidade nos teores de princiacutepios ativos

exigidos pelas induacutestrias farmacecircuticas e o fato da espinheira santa ser de

fecundaccedilatildeo cruzada os programas de melhoramento desta espeacutecie que vise

atender estas exigecircncias deve utilizar a propagaccedilatildeo vegetativa

Estudos relacionados agrave cultura de tecidos de M ilicifolia e M aquifolium

tornam-se portanto fundamentais Na aacuterea de biotecnologia foi citado por

Corsino et al (1998a) o uso de Agrobacterium como vetor para aumentar a

produccedilatildeo de triterpenos em programa de melhoramento geneacutetico de espinheira

santa

O conhecimento da associaccedilatildeo entre caracteres eacute de grande importacircncia nos

trabalhos de melhoramento principalmente se a seleccedilatildeo em um deles

apresenta dificuldades em razatildeo da baixa herdabilidade eou tenha problemas

de mediccedilatildeo e identificaccedilatildeo (Cruz amp Regazzi 2001) Para tanto o melhorista

pode estimar as correlaccedilotildees fenotiacutepicas e genotiacutepicas o que pode contribuir no

processo de seleccedilatildeo No caso das espeacutecies medicinais esta ferramenta eacute

muito importante devido ao alto custo das anaacutelises para determinar e

quantificar metaboacutelitos secundaacuterios com potencial farmacoloacutegico como as que

envolvem cromatografia Em espinheira-santa a morfologia foliar estaacute

relacionada com os tipos e a concentraccedilatildeo de triterpenos (Buffa Filho et al

2002) portanto se for identificada correlaccedilatildeo entre estes caracteres a seleccedilatildeo

indireta atraveacutes da morfologia foliar pode vir a ser uma boa estrateacutegia de

seleccedilatildeo

11 Etapas do processo de secagem por aspersatildeoO processo de secagem por aspersatildeo consiste de trecircs etapas fundamentais

Na primeira fase o fluiacutedo eacute disperso como gotiacuteculas produzindo uma grande

aacuterea superficial Na segunda ocorre contato destas com uma corrente de ar

aquecido havendo transferecircncia de calor

Na terceira etapa acontece a evaporaccedilatildeo do solvente e a formaccedilatildeo da partiacutecula soacutelida

121 Ilustraccedilatildeo da Planta Espinheira- Santa

Com a transferecircncia de calor do ar aquecido agraves gotiacuteculas o liacutequido da

superfiacutecie evapora-se rapidamente As partiacuteculas solidificadas geralmente

apresentam o mesmo tamanho e forma da gotiacutecula que as originou Na uacuteltima

etapa o produto de secagem eacute transportado por uma corrente de ar sendo

posteriormente coletado (Broadhead et al 1992 Shaw 1997 Rankell et al

2001) A evaporaccedilatildeo superficial da gotiacutecula conduz agrave formaccedilatildeo de uma

camada de material seco externa Atraveacutes desta camada o liacutequido situado no

interior da gotiacutecula propaga-se para o exterior Dependendo da elasticidade e

da permeabilidade da crosta seratildeo produzidos distintos materiais secos como

esferas intactas com superfiacutecie imperfeita ou fragmentada soacutelidas ou ocas

(Rankell et al 2001) A Figura 2 apresenta foto micrografias de dois extratos

diferentes de Maytenus ilicifolia secos por spray drying com disco giratoacuterio em

torre de secagem por aspersatildeo Os extratos foram produzidos da mesma

maneira utilizando temperatura de entrada de 180 degC velocidade do aspersor

de 9500 rpm e 30 de Aerosil (Oliveira 2008)

12 Fatores que influenciam o processoUm das respostas mais relevantes afetada pelas condiccedilotildees de operaccedilatildeo do

processo eacute a qualidade do produto resultante As variaacuteveis devem ser

controladas visando agrave obtenccedilatildeo de rendimento e de teor de umidade

adequados estabilidade quiacutemica minimizaccedilatildeo da aderecircncia de partiacuteculas na

cacircmara de secagem (sticking) e caracteriacutesticas tecnoloacutegicas especiacuteficas As

propriedades do produto satildeo normalmente determinadas pelos fatores

relacionados agraves caracteriacutesticas do material de entrada e do processamento

isto eacute paracircmetros de operaccedilatildeo e equipamento (Quadro 1)

131 Influecircncia do material de entradaEntre os fatores relacionados agraves caracteriacutesticas do material de entrada o uso

de adjuvantes na teacutecnica de secagem por aspersatildeo eacute uma praacutetica muito

comum Satildeo utilizados como adjuvantes neste processo amido ciclodextrinas

dioacutexido de siliacutecio coloidal fosfato tricaacutelcico gelatina goma araacutebica lactose

maltodextrina entre outros (Vasconcelos et al 2005 Silva Juacutenior et al 2006)

Para a secagem de extratos derivados de plantas a seleccedilatildeo e o uso adequado

de adjuvantes no processo de spray drying eacute uma fase de fundamental

importacircncia visto que determina a estabilidade e a qualidade dos mesmos

podendo inclusive afetar as caracteriacutesticas de biodisponibilidade

13 Atividades farmacoloacutegicas da espinheira-santa A espinheira-santa (M ilicifolia) eacute uma planta que possui atividades

farmacoloacutegicas comprovadas entre elas a atividade antiulcerogecircnica Essas

atividades estatildeo ligadas a substacircncias quiacutemicas que satildeo os polifenoacuteis

(flavonoides e taninos) e os triterpenos Haacute fatores como a composiccedilatildeo quiacutemica

do solo onde essa planta estaacute sendo cultivado o local de plantio a teacutecnica de

colheita a secagem da planta e o processamento poacutes-colheita que influenciam

diretamente nos teores de princiacutepio ativo da planta podendo assim gerar

variaccedilotildees das atividades farmacoloacutegicas (NEGRI 2007)

141 Atividade gaacutestricaDe acordo com alguns estudos (Carlini amp Frochtengerten 1988 Ming et al

1998 Coulaud- Cunha et al 2004 Carvalho et al 2008) a M ilicifolia

apresenta accedilatildeo contra uacutelcera peacuteptica e gastrite Coulaud- Cunha et al (2004)

relatam que a accedilatildeo da M ilicifolia na uacutelcera peacuteptica e gastrite envolve mais de

um mecanismo de accedilatildeo ainda natildeo conclusivamente elucidados e natildeo se deve

somente a um principio ativo especifico mas a diferentes fitocomplexos Foi

demonstrado por Pereira et al (1993) e por Ming et al (1998) que tanto os

taninos principalmente a epigalocatequina quanto os oacuteleos essenciais em

especial o fridenelol satildeo responsaacuteveis por parte dos efeitos gastroprotetores

Carlini amp Frochtengarten (1988) por sua vez em estudos realizados com o

abafado da M ilicifolia relatam que quanto maior o tempo do tratamento maior

seraacute a gastroproteccedilatildeo sem entretanto haver alteraccedilotildees no pH Tal observaccedilatildeo

pode ser confirmada por Ferreira et al (2004) que em estudos com extrato

aquoso liofilizado das folhas de M ilicifolia em sapos comprovou que esse

possui efeito inibitoacuterio sobre os mediadores H2 da histamina nas ceacutelulas

parietais esses segundo Gilman (1989) quando estimulados causam a

ativaccedilatildeo da adenililciclase iniciando uma seacuterie de alteraccedilotildees morfoloacutegicas e

bioquiacutemicas complexas que leva ao aumento da secreccedilatildeo gaacutestrica

funcionando como um antagonista H2 aleacutem de inibir o efeito da gastrina Foi

demonstrado ainda que tanto a epigalocatequina (tanino) quanto o fridenelol

(oacuteleo essencial) satildeo responsaacuteveis por parte do efeito protetor da mucosa

gaacutestrica (Pereira et al 1993 Ming et al 1998)

142 Atividade antiulcerogecircnicaSegundo Sousa-Formigoni et al (1991) foi comprovada a atividade

antiulcerogecircnica da espinheira-santa (M ilicifolia) por experimentos feitos em

ratos nos quais os animais foram induzidos a terem uacutelceras gaacutestricas por meio

de indometacina e por estresse quando estes foram submetidos a baixas

temperaturas e por serem imobilizados Apoacutes a aplicaccedilatildeo de um extrato

liofilizado de espinheira-santa houve uma reduccedilatildeo do nuacutemero de uacutelceras e um

aumento do volume e pH da secreccedilatildeo gaacutestrica

Em estudos de mecanismos celulares e moleculares da accedilatildeo de produtos

naturais com o isolamento de substacircncias bioativas da M ilicifolia

responsaacuteveis pela accedilatildeo antissecretora aacutecida gaacutestrica os resultados obtidos

confirmam essas accedilotildees Foram utilizados nesses experimentos extratos

aquosos das partes aeacutereas da planta e os princiacutepios ativos tecircm funccedilatildeo de

inibidores da bomba de proacutetons etapa final comum das vias reguladoras da

secreccedilatildeo aacutecida gaacutestrica (BOSSOLANI 2000)

143 Atividade antimicrobianaEstudos pioneiros como o de Lima et al (1969) jaacute demonstravam que a

maitenina exibe forte atividade antimicrobiana contra vaacuterias bacteacuterias Gram

positivas Tais efeitos foram corroborados com a demonstraccedilatildeo que os extratos

das folhas e raiacutezes tecircm efeito antimicrobiano para vaacuterios patoacutegenos dentre

eles Staphylococcus aureus e Streptococcus sp

144 Atividade sobre o Sistema Nervoso CentralSegundo Alonso (1998) o extrato de M ilicifolia possui atividade sedativa que

potencializa (efeito sineacutergico) o sono por barbituacutericos em camundongos

145 Atividades abortiva e sobre a espermatogecircnese

De acordo com Montanari et al (1998) o extrato etanoacutelico de M Ilicifolia

quando administrado em altas doses em camundongos suiacuteccedilos apesar de

causar leves alteraccedilotildees como ceacutelulas germinativas imaturas esfoliadas mortes

celulares ocasionais aumento de gotiacuteculas lipiacutedicas em ceacutelulas de Sertoli e

inchamento de acrossomas entre outras natildeo foi suficiente para acarretar

danos agrave espermatogecircnese

Jaacute em testes realizados em camundongos (fecircmeas e graacutevidas) administrando-

se oralmente extrato hidroalcooacutelico (70) de folhas de espinheira-santa (M

ilicifolia) observou-se um decreacutescimo significativo do nuacutemero de embriotildees

indicando uma perda embrionaacuteria antes do periacuteodo de implantaccedilatildeo Poreacutem

natildeo houve maacute-formaccedilatildeo ou mortes fetais depois do periacuteodo de implantaccedilatildeo

Esse extrato possui atividade estrogecircnica que pode interferir na receptividade

uterina ao embriatildeo (MONTANARI BEVILAQUA 2002)

146 Atividades antimutagecircnica e anticanceriacutegenaConforme Horn e Vargas (2003) o extrato aquoso de M ilicifolia foi eficaz em

aproximadamente 75 das doses testadas exibindo boas respostas

antimutagecircnicas ou um decreacutescimo sugestivo Em estudos realizados por

Queiroga et al (2007) foi avaliada a fraccedilatildeo ativa antiulcerogecircnica da M

ilicifolia na atividade anticanceriacutegena apresentando resultados citostaacuteticos

satisfatoacuterios De acordo com Itokawa et al (1993) o composto pristimerina foi o

mais eficiente na accedilatildeo citotoacutexica podendo ser uacutetil no tratamento de tumores

147 Atividade antioxidante e otoprotetoraDe acordo com Mattei e Carlini (1998) um extrato aquoso liofilizado de

espinheira-santa (M ilicifolia) foi testado in vitro em homogenato de ceacuterebro de

ratos e exerceu uma importante atividade antioxidante inibindo o processo de

lipoperoxidaccedilatildeo

Usando-se extrato etanoacutelico de M ilicifolia foi confirmado que a casca da raiz

tem um poder antioxidante pelo fato de possuir em sua base compostos com a

capacidade sequestradora de radicais livres (VELLOSA et al 2006)

Conforme Santos et al (2010) foram comprovadas propriedades antioxidantes

dos extratos brutos e de componentes individuais de M Ilicifolia por possiacuteveis

associaccedilotildees sineacutergicas de substacircncias fenoacutelicas e triterpenos

quinonametiacutedeos comparados agrave rutina como composto fenoacutelico modelo

De acordo Kasse et al (2008) foi realizado um estudo com ratos (fecircmeas) em

que esses animais foram submetidos agrave substacircncia cisplatina e posteriormente

tratados com extrato de M ilicifolia para avaliar a atividade otoprotetora da

planta Foram realizados e avaliados os exames de emissotildees otoacuacutesticas por

produtos de distorccedilatildeo por potencial de tronco encefaacutelico antes e depois de

administraccedilatildeo de cisplatina e por fim por microscopia eletrocircnica de varredura

Os resultados mostraram que apesar de apresentar atividades antioxidantes a

M ilicifolia foi incapaz de bloquear o efeito citotoacutexico do composto quiacutemico

administrado nas cobaias

Segundo Negri et al (2009) a atividade antioxidante do extrato etanoacutelico de M

ilicifolia estaacute intimamente ligada agrave sua temperatura de secagem Testes

realizados para avaliaccedilatildeo do poder antioxidante os quais foram os meacutetodos de

formaccedilatildeo de complexo com fosfomolibdecircnio e atividade antioxidante em

relaccedilatildeo agrave reduccedilatildeo de um radical utilizando-se o DPPH (22-difenil-1-

picnilhidrazila) em que foram levadas em consideraccedilatildeo diferentes

temperaturas usualmente utilizadas para secagem (40 50 60 70 e 80˚C)

demostraram melhor atividade antioxidante na temperatura de 40˚C e

gradativamente quanto maior a temperatura realizada nos testes menor o

poder antioxidante Por fim o estudo mostrou a importacircncia do controle de

temperatura para a melhor efetividade nesse quesito da planta

Em estudos de Pessuto et al (2009) foram avaliados extratos e compostos

isolados de M Ilicifolia em relaccedilatildeo agrave capacidade antioxidante Os extratos

brutos e semipurificados foram estudados por meio de ensaios de

fosfomolibdecircnio (complexo) e de DPPH (22-difenil-1-picnilhidrazila) nos quais

os resultados mostraram que a fraccedilatildeo com acetato de etila teve melhor

capacidade antioxidante em relaccedilatildeo ao extrato bruto e fraccedilatildeo aquosa

possivelmente por conter maior nuacutemero de hidroxilas fenoacutelicas (pela

capacidade de sequestro dos radicais livres) e tambeacutem em relaccedilatildeo agraves

substacircncias trolox e vitamina C

148 Atividades antinociceptiva e anti-inflamatoacuteria De acordo com Nakamura et al (1994) o extrato etanoacutelico de folhas de M

ilicifolia conteacutem uma fraccedilatildeo de quercetina-3-O-glicosiacutedeo e essa substacircncia

quiacutemica foi avaliada pelo teste de aacutecido aceacutetico e formalina em ratos obtendo-

se resultados satisfatoacuterios para atividades analgeacutesicas e anti-inflamatoacuterias

Por meio de testes realizados em camundongos e ratos foi provocado um

edema nas patas desses animais por meio de injeccedilatildeo de 002 ml de

formaldeiacutedo (soluccedilatildeo a 092) utilizando-se como controle soluccedilatildeo salino

Apoacutes 120 minutos foi aplicado extrato hexacircnico e acetato de etila das folhas

(M ilicifolia) administrados por via oral nas doses de 80 160 320 e 340 mgkg

Os animais foram sacrificados apoacutes 4 horas Em um segundo ensaio foi

administrada por injeccedilatildeo soluccedilatildeo de carragenina a 1 e os extratos da planta

foram dados por via oral nas doses de 80 160 320 e 340 mgkg Os resultados

obtidos mostraram uma atividade antinociceptiva para os dois extratos

principalmente nas doses de 320 e 340 mgkg sendo esse teste importante

para uma alternativa cliacutenica na terapecircutica anti-inflamatoacuteria e antiulcerogecircnica

(JORGE et al 2004)

14 Toxicidade efeitos adversos e contraindicaccedilatildeo da espinheira-santa

Foi realizado um estudo toxicoloacutegico com 24 voluntaacuterios sendo 12 homens e

12 mulheres de 20 a 40 anos de idade selecionados previamente por meio de

avaliaccedilatildeo cliacutenica exames hematoloacutegicos e bioquiacutemicos e avaliaccedilatildeo

psicomotora com o objetivo de estabelecer um intervalo maacuteximo de seguranccedila

no uso de M ilicifolia As doses foram administradas de maneira crescente e

natildeo houve um grupo controle pois os exames iniciais foram considerados

como valores basais para efeito comparativo A dose inicial foi fixada em 100

mg por adulto sendo administradas doses subsequentes de 200 500 1000

1500 e 2000 mg com intervalos de uma semana para cada dose A anaacutelise dos

resultados revelou que natildeo houve efeitos significativos nos valores dos

principais paracircmetros hematoloacutegicos e bioquiacutemicos e tambeacutem natildeo foram

observadas alteraccedilotildees nas funccedilotildees hepaacuteticas pancreaacuteticas e renais

Hormocircnios lipiacutedeos glicose soacutedio potaacutessio caacutelcio e foacutesforo tambeacutem

mantiveram valores considerados normais (TABACH et al 2002)

Em relaccedilatildeo aos efeitos adversos a M ilicifolia natildeo possui algum que justifica a

interrupccedilatildeo do tratamento Entre os mais comuns destacam-se cefaleia

sonolecircncia boca seca naacuteuseas dor articular nas matildeos gosto estranho na

boca tremor nas matildeos cistite e poliuacuteria (TABACH et al 2002) Poreacutem

segundo Amaral et al (2005) natildeo eacute recomendado o uso pediaacutetrico pela

ausecircncia de testes Ensaios realizados em ratos mostraram perda embrionaacuteria

antes do periacuteodo de implantaccedilatildeo portanto essa planta natildeo eacute recomendada em

casos de gravidez (MONTANARI BIVILACQUA 2002)

De acordo com estudos realizados em camundongos o abafado de M ilicifolia

foi administrado nesses animais em doses ateacute 360 vezes maiores que a

utilizada pelo homem durante um periacuteodo de dois a trecircs meses Como

resultados natildeo houve mudanccedilas no peso comportamento temperatura

paracircmetros bioquiacutemicos e hematoloacutegicos desses animais (OLIVEIRA CARLINI

1988)

15 FarmacocineacuteticaO modelo da farmacocineacutetica da espinheira-santa eacute estudado por meio de seus

taninos natildeo condensados Epigalocatequina marcada foi administrada por via

oral sendo os picos plasmaacuteticos observados 60 min apoacutes a ingestatildeo Apoacutes

uma dose de 500 mgkg foram detectadas concentraccedilotildees tissulares de 123

mmol no plasma 484 mmol no fiacutegado e 565 mmol no intestino delgado

(Nakagawa amp Miyazawa 1997) Depois da administraccedilatildeo oral de

epigalocatequina-3-galato marcada com triacutetio a ratos cerca de 6 da dose eacute

eliminada na urina e 24 nas fezes nas primeiras 24 horas Uma segunda

dose dada duas horas apoacutes a primeira eleva em cerca de 4 a 6 vezes a

concentraccedilatildeo no plasma e em alguns tecidos Esses dados sugerem uma

meia-vida longa e eliminaccedilatildeo lenta da epigalocatequina-3-galato No final das

24 horas os animais foram sacrificados e essa substacircncia pocircde ser encontrada

no rim ceacuterebro fiacutegado pacircncreas intestino e ossos (Suganuma et al 1998)

Num outro estudo foi avaliada a afinidade da epigalocatequina-3-galato agraves

proteiacutenas do soro Apoacutes uma dose oral a ratos mais de 50 da

epigalocatequina-3-galato absorvida ligou-se agrave proteiacutena do plasma

especialmente a fibronectina o fibrinogecircnio e a HRGP( Histidin Rich

Glicoprotein) proteiacutena plasmaacutetica com 74 kdaltons cuja funccedilatildeo ainda eacute pouco

conhecida (Sazuka et al 1996)

16 PreparaccedilatildeoTendo sido reconhecida a espeacutecie com que se vai trabalhar torna-se

necessaacuterio que se disponha desta espeacutecie em quantidade suficiente para

atender a demanda relacionada a produccedilatildeo do fitoteraacutepico replicaccedilatildeo da

espeacutecie e respectivo controle de qualidade Par a atingir este objetivo a

espeacutecie deve ser cultivada na extensatildeo adequada ao fim que se propotildee tendo-

se aleacutem dos cuidados inerentes ao cultivo de qualquer espeacutecie vegetal a

precauccedilatildeo de nunca utilizar pesticidas ou agrotoacutexicos na aacuterea de cultivo Nos

parece claro que a opccedilatildeo pelo fitoteraacutepico deve vir acompanhada do desejo de

seguranccedila o que natildeo seria conseguido se fossem deixados resiacuteduos de

agrotoacutexicos ou de pesticidas na espeacutecie que iraacute ser usada como mateacuteria-prima

para a produccedilatildeo de medicamento Veja no item 24 os ensaios que devem ser

efetuados no sentido de identificar e quantificar a presenccedila destes e de outros

contaminantes

Dispondo-se entatildeo da espeacutecie vegetal botanicamente selecionada cultivada

sem o uso de agentes quiacutemicos contaminantes iremos seguir tantos passos

quantos sejam necessaacuterios para preparar a espeacutecie vegetal numa droga capaz

de ser armazenada e processada para resultar num preparado intermediaacuterio uacutetil

na preparaccedilatildeo de fitoteraacutepicos Estes passos podem ser enumerados como

sendo Coleta Monda Estabilizaccedilatildeo Secagem Trituraccedilatildeo e Armazenamento

A execuccedilatildeo e finalidade de cada um se acham descrito a seguir

A Coleta eacute realizada atraveacutes da retirada da parte usada da planta procurando

sempre o material mais saudaacutevel em completo desenvolvimento (a menos que

especificado em (contraacuterio como ocorre com a gema terminal de Psidium

guajava) e com o miacutenimo de contaminantes (poeira poluiccedilatildeo adubo insetos

colocircnia de microrganismos etc) A distribuiccedilatildeo de substacircncias

farmacologicamente ativas nas plantas medicinais natildeo se daacute de maneira

homogecircnea em toda a extensatildeo da planta Portanto eacute de se esperar que

apenas alguma parte de uma dada espeacutecie podem ser utilizadas com finalidade

terapecircutica

Atraveacutes de consulta agraves diversas farmacopeias e tratados sobre plantas

medicinais encontramos descriccedilotildees sobre a parte a ser usada de cada espeacutecie

medicinal Pode-se em alguns casos observar que diferentes partes de uma

mesma planta apresentam propriedades inteiramente diferentes como por

exemplo a Punica granam (romatildezeira) cujas cascas do caule satildeo teniacutefugas e

as cascas dos frutos tecircm propriedades anti-inflamatoacuteria e antibioacutetica Em outros

casos toda a planta pode ser utilizada com a mesma finalidade como a

Phylanthus niruri (quebra-pedra) Torna-se imperioso portanto que antes de

qualquer outra etapa da preparaccedilatildeo de uma forma farmacecircutica fitoteraacutepica se

conheccedila qual ou quais partes da espeacutecie escolhida pode ser utilizada

A coleta deve respeitar para cada espeacutecie o melhor periacuteodo correspondente

agravequele onde a espeacutecie apresenta maior teor em substacircncias ativas Tendo isto

em mente relacionamos a seguir orientaccedilotildees geneacutericas quanto ao periacuteodo de

coleta

Formas farmacecircuticas de fitoteraacutepicosPoacute

Eacute a forma farmacecircutica obtida apoacutes a secagem trituraccedilatildeo e tamisaccedilatildeo da

droga Segundo a sua finalidade devem apresentar a tenuidade adequada

conforme a tabela a seguir Pode ser dispensado para uso na preparaccedilatildeo de

chaacutes ou adicionado agrave alimentaccedilatildeo (leite sucos mel etc) O envase deve cuidar

para que natildeo haja absorccedilatildeo de umidade

Formas soacutelidas

Caacutepsulas

Eacute a forma farmacecircutica obtida pela deposiccedilatildeo ordenada da droga seca

triturada e tamisada em caacutepsulas gelatinosas duras ou pelo encapsulamento

de liacutequidos ou semissoacutelidos de natureza lipofiacutelica em caacutepsulas gelatinosas

moles O invoacutelucro rosa utilizado eacute geralmente de natureza proteica e satildeo

portanto incompatiacuteveis com drogas tacircnicas por exemplo Cuidado especial

deve ser tomado com a umidade temperatura e pressatildeo exercida sobre as

caacutepsulas durante o armazenamento e transporte Estes fatores podem levar a

desidrataccedilatildeo ou hidrataccedilatildeo das caacutepsulas que as tornam quebradiccedilas ou

deformadas e coladas Durante a preparaccedilatildeo das caacutepsulas deve-se cuidar para

que o peso das caacutepsulas obtidas seja o mais uniforme possiacutevel podendo-se

garantir isso pela pesagem da quantidade de poacute necessaacuteria para o enchimento

de um nuacutemero determinado de caacutepsulas

O enchimento das caacutepsulas ocorre na oficina farmacecircutica em tabuleiros

especiais constituiacutedos em acriacutelico PVC ou outro poliacutemero apresentando-se no

modelo mais simples apenas como uma base fixa que se encaixa a uma outra

moacutevel e perfurada que recebe o corpo das caacutepsulas sem as tampas A seguir

se distribui de forma homogecircnea a quantidade estipulada de poacute em todas as

caacutepsulas valendo-se de uma espaacutetula plaacutestica e de um dispositivo especial

para prensar o conteuacutedo no interior das caacutepsulas Finalizado o enchimento as

partes super oires (tampas) das caacutepsulas satildeo recolocadas fechando-as e

determina-se o peso meacutedio das mesmas embalando-as imediatamente

A capacidade das caacutepsulas eacute proporcional agrave densidade do poacute e ao tamanho

das caacutepsulas que eacute padronizado em 08 (oito) diferentes tipos listados a seguir

com as respectivas dimensotildees e capacidades em mililitros

Controle de Qualidade

Todas as etapas utilizadas durante o processamento da droga devem ser

monitoradas atraveacutes de ensaios que possam atestar a qualidade da mateacuteria-

prima dos produtos intermediaacuterios e do produto final acabado O objetivo final

tanto do processamento adequado quanto agrave avaliaccedilatildeo da qualidade eacute a

garantia de que o que estaacute sendo produzido na forma como ocorre o processo

produtivo estaacute conduzindo agrave obtenccedilatildeo de um produto com as caracteriacutesticas

necessaacuterias agrave utilizaccedilatildeo para o tratamento de doenccedilas

Droga

A avaliaccedilatildeo da qualidade da droga utilizada na obtenccedilatildeo de fitoteraacutepicos no

Programa Farmaacutecias-Vivas onde o cultivo das espeacutecies vegetais eacute efetuado

pelo laboratoacuterio fabricante do produto deve ser realizada sob os seguintes

aspectos

- Considerando que a droga a ser utilizada corresponde agrave espeacutecie vegetal

esperada conhece-se suas caracteriacutesticas macromorfoloacutegicas aleacutem das suas

caracteriacutesticas sensoriais constituindo a primeira avaliaccedilatildeo que eacute a identidade

da droga

- Determinaccedilatildeo da umidade da droga fresca que deve ser diferenciada de

perda por dessecaccedilatildeo pois outras substacircncias volaacuteteis aleacutem da aacutegua satildeo

evaporadas Pode ser determinada atraveacutes do ensaio volumeacutetrico de Karl

Fischer ou pelo ensaio gravimeacutetrico submetendo a droga a dessecaccedilatildeo em

temperatura ambiente em dessecador com siacutelica ou aacutecido sulfuacuterico

- Mesmo a droga morfologicamente normal pode natildeo apresentar seus

constituintes ativos na quantidade desejada sendo necessaacuterio que sejam

realizados ensaios de identificaccedilatildeo e quantificaccedilatildeo de ativos ou de marcadores

atraveacutes das mais diversas teacutecnicas gravimeacutetrica volumeacutetrica

espectrofotomeacutetrica cromatograacutefica etc

- Avaliaccedilatildeo da contaminaccedilatildeo microbiana da droga principalmente se a mesma

tiver de ser utilizada sem qualquer processamento posterior As drogas que

seratildeo transformadas em uma forma extrativa em soluccedilatildeo hidro-alcooacutelica pode

ter sua carga microbiana reduzida pelo efeito antisseacuteptico do solvente

Preparado Intermediaacuterio

As formas extrativas satildeo obtidas em condiccedilotildees que nem sempre conseguem

retirar a totalidade das substacircncias ativas soluacuteveis no solvente escolhido devido

a diversos fator ES como o tempo e temperatura de maceraccedilatildeo pH do

solvente distribuiccedilatildeo granulomeacutetrica da droga sua umidade residual teor de

substacircncias ativas e velocidade de percolaccedilatildeo Justifica-se entatildeo a

necessidade da realizaccedilatildeo de ensaios de avaliaccedilatildeo da qualidade das formas

extrativas incluindo avaliaccedilotildees fiacutesico-quiacutemicas como aparecircncia cor odor

solubilidade densidade pH e viscosidade avaliaccedilotildees quiacutemicas como o perfil

cromatograacutefico e dosagem das substacircncias ativas ou marcador e avaliaccedilatildeo

microbioloacutegica da quantidade de microrganismos viaacuteveis

Fitoteraacutepico

Independente da forma farmacecircutica final eacute necessaacuterio que sejam realizadas

avaliaccedilotildees na qualidade do produto final da mesma forma que eacute exigido para

os demais tipos de medicamentos Listamos a seguir os ensaios realizados

para cada forma farmacecircutica lembrando que devem ser acrescentados os

ensaios quiacutemicos e microbioloacutegicos

Prazo de Validade

Considerando a jaacute difiacutecil realizaccedilatildeo da avaliaccedilatildeo da qualidade das drogas

utilizadas na obtenccedilatildeo de fitoteraacutepicos pode-se compreender que o

acompanhamento do processo cineacutetico de degradaccedilatildeo dos constituintes do

medicamento natildeo eacute uma estar efe faacutecil No entanto esta avaliaccedilatildeo pode se dar

em diversos niacuteveis

- Avaliaccedilatildeo da estabilidade fiacutesica

Para cada tipo de forma farmacecircutica satildeo descritas as caracteriacutesticas tiacutepicas

como cor odor limpidez densidade viscosidade pH etc que observadas

para um mesmo lote ao longo do tempo de armazenamento forneceratildeo

informaccedilotildees sobre a integridade fiacutesica da formulaccedilatildeo

- Avaliaccedilatildeo da estabilidade quiacutemica

A utilizaccedilatildeo de recursos laboratoriais desde os mais simples ateacute os mais

sofisticados permitem o acompanhamento qualitativo eou quantitativo dos

princiacutepios ativos contidos no produto fitoteraacutepico Por exemplo atraveacutes do

ensaio limite de taninos por diluiccedilotildees sucessivas e adiccedilatildeo de cloreto feacuterrico

pode-se ter uma medida semi-quantitativa do teor destas substacircncias nas

preparaccedilotildees que o contenham Evoluindo a utilizaccedilatildeo de teacutecnica

cromatograacutefica em camada delgada sobre papel ou siacutelica permite a

determinaccedilatildeo do perfil cromatograacutefico para o produto de modo que possa ser

comparado com o obtido em lotes posteriores ou com o mesmo lote ao longo do

tempo de armazenamento

- Avaliaccedilatildeo da estabilidade microbioloacutegica

A verificaccedilatildeo do niacutevel de contaminaccedilatildeo microbiana numa preparaccedilatildeo

medicamentosa fornece informaccedilotildees sobre o niacutevel de higienizaccedilatildeo empregado

durante o processamento da droga ateacute a obtenccedilatildeo do medicamento A

observaccedilatildeo deste mesmo paracircmetro ao longo do tempo fornece informaccedilotildees

sobre a composiccedilatildeo conservante utilizada no produto e a forma de

armazenamento

Teacutecnicas Gerais

Os ensaios laboratoriais de avaliaccedilatildeo da qualidade da droga compreendem

basicamente

- Observaccedilatildeo macroscoacutepica e microscoacutepica da droga fresca e seca inteira e

triturada comparando com o descrito em farmacopeias ou com modelos

botanicamente certificados

- Determinaccedilatildeo de umidade na droga fresca e naquela seca e triturada

evidenciando a quantidade de aacutegua contida na droga receacutem-coletada na droga

s eca e a efetividade do processo de secagem utilizada

- Identificaccedilatildeo e dosagem de substacircncias ativas ou marcadores realizada na

droga seca e triturada onde atraveacutes do acompanhamento da evoluccedilatildeo ao

longo do tempo e o cruzamento dos dados entre os locais e condiccedilotildees de

cultivo seraacute possiacutevel a determinaccedilatildeo das condiccedilotildees ideais para a manutenccedilatildeo

da qualidade das espeacutecies vegetais

- Determinaccedilatildeo da quantidade de mateacuteria orgacircnica estranha na droga seca

triturada grosseiramente demonstrando se a coleta monda secagem e

trituraccedilatildeo foram realizadas a contento sem o risco de contaminaccedilatildeo com outras

espeacutecies

- Determinaccedilatildeo de resiacuteduos de pesticidas para monitorar a forma de realizaccedilatildeo

do controle de pestes atraveacutes da identificaccedilatildeo e dosagem de pesticidas

- Determinaccedilatildeo da presenccedila de arsecircnio e metais pesados como componentes

que satildeo responsaacuteveis por intoxicaccedilotildees e por incompatibilidades nas

preparaccedilotildees liacutequidas de fitoteraacutepicos

- Determinaccedilatildeo da quantidade de microrganismos viaacuteveis atraveacutes da contagem

em placa a de diluiccedilotildees obtidas a partir do liacutequido de lavagem das drogas

evidenciando o grau de contaminaccedilatildeo e a possiacutevel e indesejaacutevel presenccedila de

microrganismos potencialmente patogecircnicos

Garantia de Qualidade

Na produccedilatildeo de fitoteraacutepicos do mesmo modo como ocorre com qualquer outro

medicamento natildeo pode negligenciar qualquer procedimento que possa conduzir

a diminuiccedilatildeo da qualidade do produto final A qualidade se reflete na

reprodutibilidade da qualidade do produto avaliada em laboratoacuterio e no

acompanhamento da sua eficaacutecia terapecircutica e seguranccedila Isto soacute pode ser

conseguido quando para cada forma farmacecircutica de fitoteraacutepico forem

registradas as operaccedilotildees farmacecircuticas que devem ser seguidas agrave risca suas

medidas de controle e definiccedilatildeo das responsabilidades para cada uma das

etapas do processamento

Apenas como ilustraccedilatildeo tomemos como exemplo a produccedilatildeo da tintura de

Alecrim-pimenta (Lippia sidoides Cham) O iniacutecio da preocupaccedilatildeo com a

qualidade se daacute com a seguranccedila de que a espeacutecie cultivada seja realmente

aquela que se deve coletar e em seguida em coletar a parte que realmente

deve ser utilizada e de plantas com aspecto saudaacutevel de desenvolvimento para

a qual as condiccedilotildees de cultivo tenham se apresentado como satisfatoacuterias A

monda que se segue agrave coleta retirando as partes improacuteprias agrave preparaccedilatildeo do

fitoteraacutepico daacute continuidade ao passo anterior na busca de alcanccedilar a qualidade

desejada O processo de dessecaccedilatildeo ocorrendo agrave sombra e agrave temperatura

ambiente preservando os constituintes quiacutemicos ativos e diminuindo a

influecircncia da umidade da planta sobre a sua qualidade e a da soluccedilatildeo extrativa

a ser obtida faz com que a droga obtida possa ser utilizada como mateacuteria-prima

para a obtenccedilatildeo de medicamento O cuidadoso processo de trituraccedilatildeo sem

elevar a temperatura durante o processo e reduzindo a perda de poacute para o

ambiente tambeacutem representa um processo que deve ser realizado com a

devida atenccedilatildeo Depois disso a droga seca e triturada deve ser armazenada

em condiccedilotildees que preservem sua qualidade pelo tempo necessaacuterio ateacute sua

utilizaccedilatildeo com as devidas inscriccedilotildees que atestem sua fonte data de coleta e de

processamento e respectivos responsaacuteveis

A preparaccedilatildeo da soluccedilatildeo hidro-alcooacutelica que seraacute utilizada no processo extrativo

tambeacutem deve ser realizada com bastante cuidado pois a mateacuteria-prima deve

apresentar a qualidade compatiacutevel com sua utilizaccedilatildeo para a produccedilatildeo de

medicamentos aacutegua purificada e aacutelcool farmacecircutico Deve-se observar a

legislaccedilatildeo atual sobre aacutelcool que exige a desnaturaccedilatildeo do aacutelcool

comercializado em farmaacutecias e supermercados e assim natildeo deve servir como

excipiente farmacecircutico Enfim todos os processos interferem com a qualidade

do produto final a ser obtido e devem ser realizados corretamente e as

operaccedilotildees registradas em documento proacuteprio buscando a rastreabilidade de

cada lote de cada produto

Outra etapa da garantia da qualidade essencial para sua implantaccedilatildeo eacute a

validaccedilatildeo de equipamentos e de processos que busca uma evidecircncia

documentada de que os mesmos cumprem satisfatoriamente sua finalidade

quando utilizados ou realizados corretamente

Estas evidecircncias devem ser conseguidas antes mesmo de se iniciar a utilizaccedilatildeo

das instalaccedilotildees para produccedilatildeo de medicamentos Naqueles jaacute em

funcionamento a validaccedilatildeo pode ser realizada atraveacutes da documentaccedilatildeo da

produccedilatildeo passada ou seja uma validaccedilatildeo retrospectiva

Para a produccedilatildeo de medicamentos em pequena escala que natildeo venha a

caracterizar uma produccedilatildeo industrial deve-se buscar a adequaccedilatildeo das

condiccedilotildees de produccedilatildeo armazenamento e dispensaccedilatildeo do produto atraveacutes da

Resoluccedilatildeo RDC ndeg 33 de abril de 2000 que descreve os criteacuterios de Boas

Praacuteticas de Manipulaccedilatildeo

Para a produccedilatildeo industrial de medicamentos a legislaccedilatildeo que trata das Boas

Praacuteticas de Fabricaccedilatildeo e Garantia de Qualidade eacute a Resoluccedilatildeo RDC ndeg 210 de

04 de agosto de 2003 As especificaccedilotildees legais da legislaccedilatildeo sanitaacuteria

brasileira e de outros paiacuteses para materiais vegetais devem incluir tanto quanto

possiacutevel o seguinte

- Nome botacircnico c om referecircncia aos autores

- Detalhes da fonte da planta (paiacutes ou regiatildeo de origem cultivo eacutepoca da

colheita procedimentos de colheita possiacuteveis pesticidas utilizados etc)

- Descriccedilatildeo do material vegetal inspeccedilatildeo visual macro eou microscoacutepica

- Testes de identificaccedilatildeo apropriados incluindo quando convenientes testes de

identificaccedilatildeo para ingredientes ativos conhecidos ou marcadores

- Ensaios quando convenientes dos constituintes de atividade terapecircutica ou

marcadores

- Meacutetodos apropriados para determinaccedilatildeo de possiacuteveis contaminaccedilotildees por

pesticidas e os limites aceitos

- Testes para metais pesados e contaminantes semelhantes materiais

estranhos e adulterantes

- Testes para radiaccedilatildeo aflatoxinas e contaminaccedilatildeo microbiana

Qualquer tratamento usado para reduzir contaminaccedilotildees focircnicas e microbianas

ou outras infestaccedilotildees devem ser documentadas Instrumentos para tais

procedimentos devem ser acessiacuteveis e devem incluir detalhes dos processos

testes e limites residuais

Para a realidade do programa Farmaacutecias-Vivas onde natildeo satildeo utilizados

pesticidas as plantas satildeo cultivadas no local proacuteximo de onde ocorre a

produccedilatildeo do medicamento ou satildeo de origem na mesma regiatildeo e satildeo

processadas logo apoacutes a coleta satildeo feitas exigecircncias menores que as

estabelecidas para maiores escalas de produccedilatildeo Nem assim devemos deixar

de registrar todas as operaccedilotildees realizadas com a droga desde o seu cultivo ateacute

a dispensaccedilatildeo do produto fitoteraacutepico

Dispensaccedilatildeo

Estivemos sempre discorrendo sobre qualidade do produto a ser obtido desde

o cultivo da espeacutecie correta da coleta da parte usada e o seu processamento

mantendo intactos os princiacutepios ativos Conhecemos os motivos que levam a

toda esta preocupaccedilatildeo com a qualidade a responsabilidade do profissional que

o produz e a eficaacutecia e a seguranccedila necessaacuterias para o paciente que o utiliza

Portanto resta-nos dispensar o fitoteraacutepico para que este apresente estas

caracteriacutesticas trans formando o paciente num parceiro consciente do seu

papel no uso cor reto deste recurso terapecircutico

O resgate das praacuteticas populares agora respaldadas pelos estudos cientiacuteficos

seacuterios que atestam a eficaacutecia e seguranccedila das espeacutecies utilizadas no programa

Farmaacutecias-Vivas pode ser abordado no momento da dispensaccedilatildeo do

medicamento ou atraveacutes de apresentaccedilotildees coletivas organizadas e realizadas

pelo Farmacecircutico Alguns cuidados merecem ser observados para natildeo se

incorrer em riscos desnecessaacuterios

- Natildeo referendar o uso de plantas cujo estudo cientiacutefico natildeo tenha apresentado

dados sobre sua eficaacutecia e seguranccedila

- Natildeo recomendar o uso de qualquer planta medicinal para o tratamento de

doenccedilas sem a devida recomendaccedilatildeo meacutedica especializada ou natildeo

- Natildeo recomendar a utilizaccedilatildeo de planta que nos seja desconhecida tanto no

aspecto teoacuterico quanto praacutetico

- Natildeo sugerir a utilizaccedilatildeo de quaisquer praacuteticas com ou sem uso de plantas

medicinais que possa representar um risco potencial ou real de dano fetal

Para nos resguardarmos de quaisquer erros precisamos nos manter atualizados

quanto aos benefiacutecios e riscos da utilizaccedilatildeo das espeacutecies medicinais com as

quais trabalhamos dada agrave impossibilidade de conhecer todas as demais Os

dados obtidos durante a dispensaccedilatildeo e acompanhamento dos pacientes aleacutem

daqueles obtidos durante os ensaios controlados de toxicologia e farmacologia

cliacutenica forneceratildeo a necessaacuteria seguranccedila para realizarmos a dispensaccedilatildeo e

cada vez mais desfazermos o mito do natural ser inoacutecuo

Como exemplo da relaccedilatildeo risco x benefiacutecio de uma preparaccedilatildeo fitoteraacutepica

apresentamos as seguintes informaccedilotildees sobre o Elixir de Aroeira que em

muitos aspectos natildeo houve a quantificaccedilatildeo da intensidade dos efeitos beneacuteficos

nem adversos nem de interaccedilotildees

Forma Medicamento Fitoteraacutepico- Caacutepsula ESPINHEIRA SANTA Maytenus ilicifolia Celastraceae

Medicamento fitoteraacutepico

Parte utilizada Folhas

Nomenclatura popularEspinheira santa cancerosa cancorosa-de-sete-espinhos cancrosa

espinheira-divina espinho-de-Deus maiteno erva-cancrosa erva-santa

ApresentaccedilotildeesCaacutepsula dura - Extrato seco das folhas de Maytenus ilicifolia 380 mg -

Embalagem com 3 bliacutesters contendo 15 caacutepsulas cada

Via oral

Uso adulto

Composiccedilatildeo

Cada caacutepsula conteacutem

Extrato seco de Maytenus ilicifolia380 mg

Excipiente qsp 1 caacutepsula (amido)

equivalente a 133 mg de taninos totais

Informaccedilotildees ao pacientePara que este medicamento eacute indicado

Espinheira Santa eacute indicada para o tratamento da maacute digestatildeo e como

coadjuvante no tratamento de uacutelcera do estocircmago e duodeno

Como este medicamento funciona

Espinheira Santa atua como regulador das funccedilotildees estomacais e promove a

proteccedilatildeo da mucosa gaacutestrica

Quando natildeo devo usar este medicamentobull O medicamento deve ser evitado por menores de 12 anos de idade devido agrave

falta de estudos disponiacuteveis

bull Lactaccedilatildeo e gravidez visto que pode diminuir a secreccedilatildeo de leite e pode

provocar contraccedilotildees uterinas

bull Hipersensibilidade (alergia) a qualquer um dos componentes da foacutermula ou a

outras plantas da famiacutelia Celastraceae

O que devo saber antes de usar este medicamentoPrecauccedilotildees e advertecircncias

bull De acordo com a categoria de risco de faacutermacos destinados agraves mulheres

graacutevidas este medicamento apresenta categoria de risco C Este medicamento

natildeo deve ser utilizado por mulheres graacutevidas sem orientaccedilatildeo meacutedica ou do

cirurgiatildeo dentista

Interaccedilotildees medicamentosas

bull A administraccedilatildeo concomitante de M ilicifolia com bebidas alcooacutelicas e outros

medicamentos natildeo eacute recomendada pois natildeo existem estudos disponiacuteveis

sobre as interaccedilotildees medicamentosas deste fitoteraacutepico

Informe seu meacutedico ou cirurgiatildeo-dentista se vocecirc estaacute fazendo uso de algum

outro medicamento

Onde como e por quanto tempo posso guardar este medicamentoCuidados de conservaccedilatildeo

Espinheira Santa deve ser conservada em temperatura ambiente (entre 15 e

30ordmC) em sua embalagem original Proteger da luz e da umidade

Prazo de validade24 meses apoacutes a data de fabricaccedilatildeo impressa no cartucho

Nuacutemero de lote e datas de fabricaccedilatildeo e validade vide embalagem

Natildeo use medicamento com o prazo de validade vencido

Guarde-o em sua embalagem original

Caracteriacutesticas fiacutesicasCaacutepsulas gelatinosas duras de cor creme

Caracteriacutesticas organoleacutepticas

Cheiro (odor) caracteriacutestico e praticamente natildeo apresenta sabor

Antes de usar observe o aspecto do medicamento Caso ele esteja no prazo

de validade e vocecirc observe alguma mudanccedila no aspecto consulte o

farmacecircutico para saber se poderaacute utilizaacute-lo

Todo medicamento deve ser mantido fora do alcance das crianccedilas

Como devo usar este medicamentoModo de usar

As caacutepsulas devem ser ingeridas inteiras e com uma quantidade suficiente de

aacutegua para que possam ser deglutidas

Posologia

Ingerir duas caacutepsulas via oral trecircs vezes ao dia de oito em oito horas

Siga corretamente o modo de usar Em caso de duacutevidas sobre este

medicamento procure orientaccedilatildeo do farmacecircutico Natildeo desaparecendo os

sintomas procure orientaccedilatildeo de seu meacutedico ou cirurgiatildeo-dentista

Este medicamento natildeo deve ser partido aberto ou mastigado

O que devo fazer quando eu me esquecer de usar este medicamentoCaso haja esquecimento da ingestatildeo de uma dose deste medicamento

retomar a posologia prescrita sem a necessidade de suplementaccedilatildeo

Em caso de duacutevidas procure orientaccedilatildeo do farmacecircutico ou de seu meacutedico ou

do cirurgiatildeo-dentista

Que males este medicamento pode causarReaccedilotildees adversas

Ateacute o momento natildeo foram relatadas reaccedilotildees adversas graves ou que coloquem

em risco a sauacutede dos pacientes

Raramente podem ocorrer casos de hipersensibilidade Neste caso suspender

o uso e procurar orientaccedilatildeo meacutedica

Informe seu meacutedico cirurgiatildeo-dentista ou farmacecircutico do aparecimento de

reaccedilotildees indesejaacuteveis pelo uso do medicamento

Induacutestria Brasileira

Esta bula foi atualizada conforme Bula Padratildeo aprovada pela Anvisa em

12012011

Farmacecircutica resp Dra (Nome )

CRF-PR nordm XXXX Coacuted XXXXX - 012011

Informe tambeacutem agrave empresa atraveacutes do seu Serviccedilo de

Atendimento ao Consumidor

O que fazer se algueacutem usar uma quantidade maior do que a indicada deste medicamentoPlantas ricas em taninos como a M ilicifolia quando usadas em doses

excessivas podem causar irritaccedilatildeo da mucosa gaacutestrica e intestinal gerando

vocircmitos coacutelicas intestinais e diarreia

Em caso de super dosagem suspender o uso e procurar orientaccedilatildeo meacutedica de

imediato Em caso de uso de grande quantidade deste medicamento procure

rapidamente socorro meacutedico e leve a embalagem ou bula do medicamento se

possiacutevel Siga corretamente o modo de usar natildeo desaparecendo os sintomas

procure orientaccedilatildeo meacutedica

Conclusatildeo

A espinheira-santa (M ilicifolia) eacute um fitoteraacutepico de relevante accedilatildeo terapecircutica

principalmente antiulcerogecircnica dada sua eficaacutecia farmacoloacutegica e seguranccedila

Vale lembrar que por ausecircncia de estudos ela natildeo eacute recomenda para crianccedilas

e natildeo deve ser usada por gestantes pois estudos em camundongos (fecircmeas e

graacutevidas) indicaram um decreacutescimo significativo do nuacutemero de embriotildees aleacutem

de possuir atividade estrogecircnica que pode interferir na receptividade uterina do

embriatildeo Entre suas atividades farmacoloacutegicas destaca-se a atividade

antiulcerogecircnica que pode ser comparada agrave accedilatildeo da ranitidina e da cimetidina

Por ser morfologicamente parecida com as espeacutecies S bonplandii e Z ilicifolia

ela eacute comumente confundida e ateacute mesmo trocada intencionalmente

A utilizaccedilatildeo de maneira errocircnea das espeacutecies botacircnicas que natildeo satildeo a

verdadeira espinheira-santa (M ilicifolia) pode acarretar danos agrave sauacutede dos

pacientes Assim conclui-se que essas espeacutecies conhecidas como

adulterantes podem trazer malefiacutecios pois ainda faltam estudos que

comprovem suas atividades farmacoloacutegicas e principalmente a seguranccedila

terapecircutica Poreacutem natildeo se deve descartar o uso dessas espeacutecies e sim

realizar estudos mais concretos para que essas plantas assim como a

verdadeira espinheira-santa possam auxiliar no tratamento farmacoloacutegico da

populaccedilatildeo

Referecircncias Bibliograacuteficas

Ralph Santos-Oliveira Simone Coulaud-Cunha Waldeciro Colaccedilo

Revisatildeo da Maytenus ilicifolia Mart ex Reissek Celastraceae

Contribuiccedilatildeo ao estudo das propriedades farmacoloacutegicas Rev Bras

Farmacogn Braz J Pharmacogn 19(2B) AbrJun 2009

Wilker Marlon de Moraes Jesus Tarciacutesio Neves da Cunha Estudo das

propriedades farmacoloacutegicas da espinheira-santa (Maytenus ilicifolia

Mart ex Reissek) e de duas espeacutecies adulterantes Revista Sauacutede e

Desenvolvimento vol ndash nordm 1 Jan ndash Jun 2012

MARIOT MP1 BARBIERI RL2 Engenheiro Agrocircnomo Dr prof do

Conjunto Agroteacutecnico ldquoVisconde da GraccedilardquoUniversidade Federal de

Pelotas (mariotufpeltchebr) ndash Av Ildefonso Simotildees Lopes 2791

Pelotas-RS CEP 96060-290 2Bioacuteloga Dr pesquisadora da Embrapa

Clima Temperado (barbiericpactembrapabr) ndash BR 392 km 78 caixa

postal 403 Pelotas-RS CEP 96001-970 (endereccedilo para

correspondecircncia) Metaboacutelitos secundaacuterios e propriedades medicinais da

espinheira-santa (Maytenus ilicifolia Mart ex Reiss e M aquifolium

Mart)

CARLINI EA Braz S Efeito protetor do liofilizado obtido do abafado de

Maytenus Sp (espinheira-santa) contra uacutelcera gaacutestrica experimental em

ratos In Estudo da accedilatildeo antiuacutelcera gaacutestrica de plantas brasileiras

(Maytenus ilicifolia) Espinheira santa e outras Brasiacutelia CEMEAFIP

1988 p21-35MACAUBAS CIP et al Estudo da eventual accedilatildeo

antiuacutelcera gaacutestrica do baacutelsamo (Sedum sp) folha da fortuna

(Bryophyllum calcium) couve (Brassica oleraceae) e da Espinheira

santa (Maytenus ilicifolia) em ratos In Estudo da accedilatildeo antiuacutelcera

gaacutestrica de plantas brasileiras (Maytenus ilicifolia) Espinheira santa e

outras Brasiacutelia CEMEAFIP 1988 p 5-20

Olivia Werner Oliveira Pedro Ros Petrovick Secagem por aspersatildeo

(spray drying) de extratos vegetais bases e aplicaccedilotildees Revista

Brasileira de Farmacognosia Brazilian Journal of Pharmacognosy 20(4)

641-650 AgoSet 2010

Marianne Christina Scheffer Capitulo 17 Produccedilatildeo de espinheira-santa

(Maytenus ilicifolia Mart ex Reiss) na regiatildeo metropolitana de Curitiba

Paranaacute Brasil

Said gonccedilalves da cruz fonsacircca Farmacoteacutecnica de Fitoteraacutepicos2005

INTRODUCcedilAtildeO

A Maytenus ilicifolia Mart ex Reissek eacute conhecida popularmente como

ldquoespinheira-santardquo ldquocancerosardquo ldquocancorosa-de-sete-espinhosrdquo e ldquomaitenordquo

dentre outros nomes (Lorenzi amp Matos 2002 Brandatildeo et al 2006) Pertence agrave

famiacutelia Celastraceae possuindo 55 gecircneros e 850 espeacutecies espalhadas nas

regiotildees troacutepicas e subtroacutepicas do mundo No contexto brasileiro onde seu

crescimento eacute nativo a espeacutecie M ilicifolia eacute largamente utilizada na medicina

popular (Mossi et al 2004) O uso medicinal de M ilicifolia eacute datado da deacutecada

de 20 desde quando se tem algum registro escrito de sua utilizaccedilatildeo (Cunha et

al 2003)

A praacutetica da substituiccedilatildeo de plantas medicinais seja ela intencional ou natildeo eacute

muito comum no Brasil o que leva muitas vezes as drogas de origem nativa

ao descreacutedito (OLIVEIRA et al 2005) Aliados a essa praacutetica fatores como a

baixa qualidade e padronizaccedilatildeo de produtos comercializados o uso errocircneo de

espeacutecies as adulteraccedilotildees os contaminantes toacutexicos o uso indevido as

interaccedilotildees medicamentosas e as super dosagens motivaram uma preocupaccedilatildeo

por parte das autoridades sanitaacuterias em relaccedilatildeo agrave seguranccedila eficaacutecia e

qualidade da droga vegetal (MELO et al 2004)

O objetivo deste trabalho eacute relatar as atividades farmacoloacutegicas toxicoloacutegicas e

dos constituintes quiacutemicos da espinheira

1 Espinheira Santa

A M ilicifolia eacute uma espeacutecie da famiacutelia Celastraceae conhecida popularmente

como ldquoespinheira-santardquo ldquoespinheira-divinardquo ldquocancorosardquo ldquocancerosardquo e

ldquocancrosardquo (BRASIL 2011) Eacute uma espeacutecie nativa da Regiatildeo Sul do Brasil

tendo ocorrecircncia tambeacutem na Argentina na Boliacutevia no Paraguai e no Uruguai

(ALICE et al 1995)

De acordo com Cirio et al (2003) a espinheira-santa (M ilicifolia) tem sua

obtenccedilatildeo para fins comerciais a partir do extrativismo ou de plantas cultivadas

das quais satildeo coletados os ramos e as folhas do terccedilo superior em podas

anuais Essa espeacutecie estaacute ameaccedilada de extinccedilatildeo no Brasil por ser explorada

em regime basicamente extrativista (BATALHA et al 2002) Seu nome popular

deve-se ao fato de suas folhas possuiacuterem bordas com espinhos e por possuir

propriedades medicinais (MAGALHAtildeES 2002) As folhas secas satildeo inodoras e

com sabor suave levemente adstringente (BRASIL 2011)

As plantas da espeacutecie espinheira-santa (M ilicifolia) ocorrem naturalmente e se

desenvolvem em ambiente sombreado em solos ricos em mateacuteria orgacircnica

dispersa nas matas e com umidade de meacutedia a alta (CIRIO et al 2003) O

estudo fitoquiacutemico da espinheira-santa determinou nas folhas a presenccedila de

flavonoides e taninos e a maior parte dos flavonoides dessa planta se encontra

na forma de heterosiacutedeos (NEGRI 2007)

De acordo com Cirio et al (2003) as folhas de espinheira-santa (M ilicifolia)

possuem grande interesse farmacecircutico Isso ocorre em razatildeo de essa planta

apresentar comprovados efeitos sobre acidez e ulceraccedilotildees do estocircmago

Essas duas atividades medicinais satildeo comprovadas por pesquisas

coordenadas pela Central de Medicamentos (Ceme) do Ministeacuterio da Sauacutede do

Brasil (DI STASI 2004)

2 Propriedades medicinais de espinheira santa uso popular e estudos cientiacuteficos

A espinheira-santa eacute empregada no tratamento de problemas estomacais

(gastrites e uacutelceras) (Lorenzi amp Matos 2002) As pesquisas com as espeacutecies de

espinheira-santa ndash M ilicifolia e M aquifolium ndash foram iniciadas na deacutecada de

60 estimuladas pela sua eficaacutecia no tratamento de uacutelceras e ateacute mesmo do

cacircncer Estudos iniciais revelaram que elas contecircm compostos bioativos que

mostraram potente accedilatildeo anti-tumoral e antileucecircmica em doses muito baixas

Na medicina tradicional o emplastro de suas folhas eacute usado no tratamento do

cacircncer de pele O decocto das folhas eacute usado em lavagens para o mesmo

tratamento M ilicifolia tem sido usada popularmente no Brasil para tratamento

de cacircncer (Fox 1991) Entretanto seu uso mais popular eacute no tratamento de

uacutelceras indigestatildeo gastrites crocircnicas e dispepsia conforme mostrado em

trabalho desenvolvido por Carlini (1988)

Jorge et al (2004) observaram que extratos hexano e etilacetato de M ilicifolia

que promovem um aumento do volume gaacutestrico e do pH no estocircmago

apresentam accedilatildeo antiulcerogecircnica e anti-inflamatoacuteria Foi observado por

Ferreira et al (2004) que o extrato de folhas de M ilicifolia reduz a secreccedilatildeo

aacutecida na mucosa gaacutestrica de ratildes com efeito semelhante ao medicamento

cimetidina M ilicifolia tem se tornado conhecida e usada na medicina

herbaliacutestica dos EUA onde o extrato de suas folhas vem sendo empregado

para uacutelceras para recomposiccedilatildeo da flora intestinal e inibiccedilatildeo de bacteacuterias

patogecircnicas como laxante para eliminar toxinas atraveacutes dos rins e pele e para

regular a produccedilatildeo do aacutecido cloriacutedrico do estocircmago (Lorenzi amp Matos 2002

Melo et al 2001)

Extratos do caule de M ilicifolia mostraram atividade anti-fuacutengica contra

Microsporum gypseum e Trichophyton mentagrophytes mas as folhas natildeo

mostraram o mesmo efeito (Portillo et al 2001) Esta espeacutecie eacute utilizada como

contraceptivo por populaccedilotildees indiacutegenas e do meio rural no Paraguai e como

abortivo por mulheres do nordeste da Argentina (Montanari et al 1998) Os

autores estudaram o efeito do extrato etanoacutelico de folhas de M ilicifolia sobre a

espermatogecircnese em ratos natildeo tendo sido mostrado efeito significativo sobre

a formaccedilatildeo dos espermatozoacuteides Foi observado por Montanari amp Bevilacqua

(2002) que o extrato de folhas desta espeacutecie causou uma perda na preacute-

implantaccedilatildeo embriocircnica em ratos mas sem efeito sobre a implantaccedilatildeo ou

organogecircnese A atividade estrogecircnica do extrato sugere que ele pode estar

interferindo com a receptividade uterina ao embriatildeo Entretanto os efeitos natildeo

foram uniformes entre os animais sendo que em alguns nenhuma alteraccedilatildeo

foi observada nem mesmo na fase de preacute-implantaccedilatildeo do embriatildeo Isto

significa que no caso das mulheres o aborto poderia ocorrer em algumas e em

outras natildeo Existem vaacuterias espeacutecies medicinais do gecircnero Maytenus ndash aleacutem de

M ilicifolia e M aquifolium ndash que vecircm sendo amplamente estudadas como M

senegalensi M macrocarpa e M canariensis (Di Stasi 2004) O autor cita

alguns trabalhos com estas espeacutecies M senegalensis apresenta atividade

antimalaacuterica leishmanicida e inibitoacuteria sobre a replicaccedilatildeo do viacuterus HIV-1

(atraveacutes da accedilatildeo da pristimerina) M canariensis apresenta atividade

antibacteriana antifuacutengica e inseticida M macrocarpa apresenta compostos

com accedilatildeo citotoacutexica e leishmanicida Foi evidenciada por Kennedy et al (2001)

a accedilatildeo leishmanicida de M magellanica e M chubutensis

3 Caracteriacutesticas morfoanatocircmicas e fenoloacutegicasA espinheira-santa (Maytenus ilicifolia) foi descrita por Carvalho-Okano (1992)

como um sub-arbusto ou aacutervore ramificado desde a base podendo atingir uma

estatura de ateacute 5 m com ramos novos glabros angulosos tetra ou

multicarenados

As folhas satildeo congestas coriaacuteceas glabras com estiacutepulas incospiacutecuas limbo

com 22 a 89 cm de comprimento e 11 a 30 cm de largura nervuras

proeminentes na face abaxial de forma eliacuteptica com a margem inteira ou com

espinhos em nuacutemero de um a vaacuterios distribuiacutedos regular ou irregularmente no

bordo geralmente concentrados na metade apical de um ou de ambos os

semilimbos As inflorescecircncias ocorrem em fasciacuteculos multifloros As flores

possuem seacutepalas semicirculares e ciliadas com peacutetalas ovais e inteiras

estames com filetes achatados na base estigma capitado seacutessil ou com

estilete distinto ovaacuterio saliente ou totalmente imerso no disco carnoso

As flores satildeo monoacuteclinas poreacutem haacute evidecircncias fortes de que muitas de suas

flores sejam funcionalmente diclinas O fruto eacute uma caacutepsula bivalvar orbicular

com pericarpo maduro de coloraccedilatildeo vermelho-alaranjada

As sementes satildeo eretas suborbiculares elipsoides ou obovais agraves vezes

angulosas em nuacutemero variaacutevel de 1 a 4 por fruto envoltas inteiramente pelo

arilo A testa eacute rija lisa e brilhante em geral com coloraccedilatildeo castanha ou negra

O endosperma eacute abundante o embriatildeo eacute axial com cotileacutedones planos

membranaacuteceos e eixo hipocoacutetilo-raizinha reta e curta O arilo eacute suculento de

coloraccedilatildeo branca cobrindo toda a semente Um estudo morfoanatocircmico desta

espeacutecies foi ainda realizado por Lula et al (2001) Segundo os autores M

ilicifolia apresenta epiderme adaxial e abaxial glabras com ceacutelulas poligonais

de paredes levemente espessadas retas e cutiacutecula de aspecto granulado Foi

observada a presenccedila de cristais prismaacuteticos nas ceacutelulas epideacutermicas e

tambeacutem de raacutefides Os estocircmatos estatildeo restritos agrave epiderme abaxial e com

frequumlecircncia apresentam cinco ceacutelulas subsidiaacuterias muito pouco diferenciadas

das ceacutelulas epideacutermicas comuns Em corte transversal as epidermes se

apresentam uniestratificadas com ceacutelulas baixas e tabulares e cutiacutecula

relativamente espessa O mesoacutefilo eacute dorsiventral com duas camadas de

parecircnquima paliccedilaacutedico O parecircnquima lacunoso eacute relativamente compacto com

cerca de seis a sete camadas de ceacutelulas As nervuras menores e as

terminaccedilotildees vasculares apresentam uma bainha de fibras esclerenquimaacuteticas

As sementes de M ilicifolia podem ser classificadas como ortodoxas e

estocadas a -20ordmC por um longo periacuteodo em cacircmara fria (Eira et al 1995) M

aquifolium tambeacutem conhecida como espinheira-santa eacute descrita por Carvalho-

Okano (1992) como um arbusto ou aacutervore medindo cerca de 15-12 m de

altura Apresenta ramos novos glabros ciliacutendrico-achatados folhas cartaacuteceas

glabras peciacuteolo com 05-10 cm de comprimento estiacutepulas inconspiacutecuas limbo

com 60-190 cm de comprimento e 20-60 cm de largura nervura primaacuteria

proeminente em ambas as faces nervuras secundaacuterias subsalientes forma

eliacuteptica ou mais comumente oblongo-eliacuteptica base aguda ou obtusa aacutepice

agudo a obtuso com mucron margem com muitos espinhos serrada A

Inflorescecircncia eacute em fasciacuteculos multifloros apresentando pedicelos florais com

04-07 cm de comprimento As seacutepalas satildeo ovais com cerca de 04 cm de

comprimento e 03 cm de largura Os estames apresentam filetes achatados na

base O estigma eacute seacutessil ou com estilete distinto ovaacuterio saliente ou imerso

totalmente no disco carnoso O fruto eacute uma caacutepsula bivalvar orbicular o

pericarpo maduro apresenta coloraccedilatildeo castanho-avemelhada O florescimento

de espinheira-santa ocorre entre os meses de setembro a dezembro e a

frutificaccedilatildeo de outubro a fevereiro (Carvalho-Okano 1992) A frutificaccedilatildeo ocorre

durante um periacuteodo relativamente longo iniciando no Estado do Rio

Grande do Sul seguido por Santa Catarina e por uacuteltimo o Paranaacute (Scheffer amp

Arauacutejo1998) As espeacutecies de espinheira-santa satildeo aloacutegamas Os estudos da

accedilatildeo farmacoloacutegica da espinheira-santa tecircm sido realizados utilizando

principalmente as folhas pois eacute a parte da planta que normalmente eacute utilizada

pela populaccedilatildeo nas infusotildees ou pela induacutestria farmacecircutica para elaboraccedilatildeo de

medicamentos Alguns estudos foram feitos com a raiz pois existem relatos do

uso esporaacutedico desta parte da planta por algumas pessoas para o tratamento

de doenccedilas Em um levantamento do uso da espinheira-santa pelas

comunidades rurais Mariot (2005) identificou um agricultor que utiliza o chaacute

das raiacutezes da espinheirasanta para o tratamento de diabetes Com relaccedilatildeo agrave

localizaccedilatildeo da produccedilatildeo de metaboacutelitos secundaacuterios nas plantas de

espinheirasanta Corsino et al (2000) ao estudarem a biossiacutentese de

triterpenoacuteides em M aquifolium identificaram que as folhas produzem 3b-

friedelanol e friedelina (friedelano) e raiacutezes acumulam maitenina e pristimerina

(quinonametiacutedicos) Os triterpenos derivados de friedelano uma vez

biossintetizados nas folhas satildeo translocados para as raiacutezes e posteriormente

transformados nos triterpenoacuteides quinonametiacutedicos que apresentam accedilatildeo

antitumor Estes triterpenoacuteides natildeo foram encontrados em folhas somente em

raiacutezes Os flavonoacuteides satildeo encontrados em todos os oacutergatildeos das plantas

(Zuanazzi 2001) Existem flavonoacuteides que satildeo encontrados em um oacutergatildeo e em

outros natildeo ou quando existe o mesmo composto em mais de um oacutergatildeo este

pode apresentar diferentes concentraccedilotildees Estes compostos estatildeo localizados

nos vacuacuteolos cloroplastos e cromoplastos (Cardoso et al 2001) Os taninos

ocorrem nos vacuacuteolos e plastiacutedios (Salisbuty amp Ross 1992)

Figura A - Folhas de espinheira-santa (a uacuteltima eacute M aquifolium e as demais

satildeo M ilicifolia) B - flores de espinheira-santa C - ramo com frutos e sementes

de Maytenus ilicifolia

4 Aspectos quiacutemico-bioloacutegicosOs compostos com accedilatildeo bioativa de importacircncia na farmacologia satildeo

produzidos atraveacutes da biossiacutentese dos metaboacutelitos secundaacuterios que estaacute

esquematizado na Figura 1 Nesta figura pode ser observada a formaccedilatildeo dos

principais metaboacutelitos identificados na espinheira-santa como os taninos

flavonoacuteides e terpenos grupo em que estatildeo inseridos os triterpenos

O gecircnero Maytenus eacute rico em espeacutecies com potencial medicinal tendo sido

identificados vaacuterios compostos com accedilatildeo farmacoloacutegica Di Stasi (2004) em

uma revisatildeo sobre compostos bioativos em espeacutecies de Maytenus relata a

presenccedila de pristimerina um triterpeno do tipo friedelano com accedilatildeo

antimalaacuterica e compostos fenoacutelicos com atividade inibitoacuteria sobre a replicaccedilatildeo

do viacuterus HIV-1 em M senegalensis Em M canariensis foram isoladas

nortriterpenos com atividade antibioacutetica e sesquiterpenos com atividade

inseticida M macrocarpa apresenta nortriterpenos denominados

macrocarpinas os quais satildeo citotoacutexicos sesquiterpenos com atividade

leishmanicida e triterpenos do tipo friedelano Triterpenoacuteides do tipo friedelano

tambeacutem foram isolados desta espeacutecie por Chavez et al (1998) Foi evidenciado

por Kennedy et al (2001) a accedilatildeo leishmanicida de sesquiterpenos isolados de

M magellanica e M chubutensis

FIGURA 1 Representaccedilatildeo simplificada do ciclo biossinteacutetico dos metaboacutelitos

secundaacuterios terpenoacuteides flavonoacuteides e taninos condensados que ocorrem em

espinheira-santa (adaptado de Santos 2001)

Entre os compostos bioativos em espinheirasanta (M ilicifolia e M aquifolium)

que podem ter accedilatildeo antiulcerogecircnica e anti-gaacutestrica destacam-se os

triterpenos Os triterpenoacuteides satildeo compostos constituiacutedos basicamente de trinta

unidades de carbono ndash seis isoprenos (Cardoso et al 2001) A maioria possui

em sua constituiccedilatildeo hidroxilas que podem ser glicosiladas produzindo os

heterosiacutedeos cardiotocircnicos importantes agentes terapecircuticos para doenccedilas

cardiovasculares e as saponinas Biossinteticamente satildeo derivados de

condensaccedilatildeo de duas moleacuteculas de farnesilpirofosfato (FPP) unidas cauda-

cauda produzindo o esqualeno precursor aciacuteclico desta classe de compostos

(Figura 2) A provaacutevel ciclizaccedilatildeo da moleacutecula de esqualeno leva agrave formaccedilatildeo da

estrutura baacutesica dos triterpenoacuteides o ciclopentanohidrofenantreno importante

precursor dos esteroacuteides vegetais e animais e das saponinas triterpecircnicas As

saponinas triterpenoacuteides apresentam trecircs tipos de estruturas baacutesicas oleanos

ursanos e lupanos Os triterpenos denominados cangoronina e ilicifolina foram

identificados por Itokawa et al (1991) em M ilicifolia Eles satildeo do tipo

friedelano e foram fracionados junto com outros sete triterpenos jaacute conhecidos

FIGURA 2 Biossiacutentese de triterpenoacuteides (adaptado de Cardoso et al 2001)

Os autores mostraram que alguns destes compostos tecircm accedilatildeo citotoacutexica

como por exemplo a pristimerina ndash que foi a mais eficiente ndash indicando que

podem ser uacuteteis no tratamento de tumores Trabalho semelhante foi

desenvolvido por Shirota et al (1994) que elucidaram a estrutura de alguns

triterpenos aromaacuteticos Estes compostos mostraram atividade citotoacutexica

moderada contra um nuacutemero de linhagens de ceacutelulas de tumor cultivadas As

estruturas de outros dois triterpenos diacutemeros denominados cangorosina A e

cangorosina B foram elucidadas por Shirota et al (1997) em extrato de raiacutezes

de M ilicifolia Quatro novos triterpenoacuteides ndash maytefolina A-C (1-3) e uvaol-3-

caffeate (4) ndash aleacutem de outros triterpenos foram isolados de folhas de M

ilicifolia por Ohsaki et al (2004) Os autores identificaram a accedilatildeo citotoacutexica do

triterpenoacuteide eritrodiol

Apesar de a literatura destacar os triterpenos como os principais compostos

bioativos em espinheira-santa Corsino et al (1998b) destacaram que a famiacutelia

Celastraceae eacute uma fonte rica de sesquiterpenos Os autores isolaram e

elucidaram a estrutura quiacutemica de dois sesquiterpenos a aquifoliulina E-I e a

aquifoliulina EII Ao verificarem a accedilatildeo citotoacutexica do extrato de M aquifolium

em mutantes de Saccharomyces cerevisiae eles sugeriram que os

sesquiterpenos podem ser os principais responsaacuteveis por causar pequenos

danos no DNA Em outro trabalho Corsino et al (1998c) isolaram e elucidaram

a estrutura de outros dois sesquiterpenos a aquifoliulina E-III e a aquifoliulina

E-IV Os triterpenos maitenina e 22- hidroximaitenina satildeo membros de um

pequeno grupo de produtos naturais peculiares agraves espeacutecies das famiacutelias

Celastraceae e Hippocrateaceae com potencial anti-cacircncer (Corsino et al

1998a) A ligaccedilatildeo da maitenina ao DNA sugere uma interaccedilatildeo celular que pode

elucidar a atividade antitumor Os autores mostraram que estes compostos satildeo

efetivos contra carcinoma epidermoacuteide Foi identificada a accedilatildeo antiuacutelcera

gaacutestrica da espinheira-santa em ratos com accedilatildeo semelhante ao medicamento

cimetidina Dois triterpenos jaacute relatados na literatura o friedelan-3-ol e o

friedelan-3-on foram identificados em extrato de M ilicifolia sendo sugeridos

como substacircncias bioativas no tratamento das enfermidades estomacais

Os autores acima citados isolaram e identificaram maitenina e 22

hidroximaitenina a partir de calos oriundos de explantes de folhas de M

aquifolium ndash atraveacutes de HPLC ndash cultivados em dois meios de cultura com

diferentes concentraccedilotildees de cinetina O rendimento dos triterpenos no meio

com menor concentraccedilatildeo de cinetina foram maiores do que no outro A cultura

de tecidos parece entatildeo ser uma fonte contiacutenua e estaacutevel de compostos de

espeacutecies de Maytenus conforme proposto por Pereira et al (1993)

Os autores estabeleceram um protocolo para organogecircnese total de placircntulas

de M ilicifolia de matrizes selecionadas para produccedilatildeo de compostos para

estudos fitoquiacutemicos utilizando como explante gemas axilares

Derivados dos triterpenos friedelano satildeo tiacutepicos das famiacutelias Celastraceae e

Hippocrateaceae (Buffa Filho et al 2002) Estes autores atraveacutes do

desenvolvimento de um meacutetodo HPLC (High Performance Liquid

Chromatography) fase-reversa para a quantificaccedilatildeo de triterpenos em cinco

tipos morfoloacutegicos de Maytenus ilicifolia identificaram os compostos 20 1048576-

hidroximaitenina e 22 hidroximaitenina em baixa concentraccedilatildeo aleacutem de

maitenina celastrol e pristimerina em alta concentraccedilatildeo

Os triterpenos friedelan-3-ol friedelina (Figura 3) e compostos polifenoacutelicos

presentes em M ilicifolia e M aquifolium satildeo citados por Cordeiro et al (1999)

como componentes eficientes no tratamento de uacutelceras e gastrites estomacais

Os autores caracterizaram triterpenos de extratos ndash obtidos por extraccedilatildeo direta

com etilacetato ndash de folhas destas duas espeacutecies atraveacutes de HRGC-MS

(cromatografia gasosa de alta resoluccedilatildeo e espectrometria de massas) O perfil

cromatograacutefico foi semelhante para ambas as espeacutecies diferindo na

concentraccedilatildeo relativa de alguns compostos Estes dois triterpenos foram

tambeacutem destacados por Vilegas et al (1995) e Lanccedilas et al (1997) como os

mais importantes nas duas espeacutecies de espinheira-santa para o tratamento de

uacutelcera gaacutestrica Os primeiros propuseram uma teacutecnica raacutepida para identificar

friedelan-3-ol e friedelina ndash atraveacutes de cromatografia gasosa com alta

temperatura de capilaridade em coluna polar ndash o que permite a distinccedilatildeo entre

extratos alcooacutelicos aquosos de espinheira-santa autecircnticos e falsos (quando

satildeo misturadas folhas de outras espeacutecies como de Sorocea bomplandii) Os

uacuteltimos desenvolveram um meacutetodo para extraccedilatildeo de princiacutepios ativos em

espinheira-santa atraveacutes de uma adaptaccedilatildeo do SFE (extraccedilatildeo com fluido

supercriacutetico) com baixo custo Atraveacutes da utilizaccedilatildeo do CO2 e etanol 10

como fluido extrator conseguiram resultados satisfatoacuterios na obtenccedilatildeo dos

triterpenos O sistema SFE desenvolvido pelos autores foi mais eficiente sendo

uma alternativa aos outros meacutetodos por ser mais raacutepido aleacutem de permitir uma

flexibilidade de escolha do fluido extrator entre gases ou solventes liacutequidos a

condiccedilotildees ambientes Mossi et al (2004) ao caracterizarem quimicamente

extratos de M ilicifolia ndash obtidos atraveacutes da utilizaccedilatildeo de CO2 em alta pressatildeo

ndash observaram que a temperatura de extraccedilatildeo e a densidade do solvente

exerceram um efeito importante sobre o rendimento liacutequido do extrato e a

distribuiccedilatildeo quiacutemica dos compostos volaacuteteis ao contraacuterio do tamanho de

partiacutecula e da taxa de fluxo de CO2 Apesar dos triterpenos friedelan-3-ol e

friedelina terem sido destacados como sendo compostos eficientes no

tratamento anti-uacutelcera gaacutestrica Queiroga et al (2000) em pesquisa realizada

com ratos mostraram que estes triterpenos natildeo apresentam esta accedilatildeo

farmacoloacutegica

FIGURA 3 Estrutura molecular dos triterpenos friedelan-3-ol e friedelina (Mossi 2003) dos flavonoacuteides canferol e quercetina e do tanino condensado (Cardoso et al 2001) encontrados em espinheira-santa

Os taninos e flavonoacuteides satildeo compostos fenoacutelicos presentes em espinheira-

santa que tambeacutem podem ter accedilatildeo em doenccedilas estomacais (Gonzales et al

2001) Os taninos satildeo compostos de sabor adstringente derivados de

fenilpropanos capazes de formar complexos com proteiacutenas accediluacutecares e

alcaloacuteides indoacutelicos (Cardoso et al 2001) Dividem se em duas categorias

derivados de esqueletos (C6-C1)n chamados de taninos hidrosoluacuteveis e

derivados de esqueletos (C6-C3-C6)n chamados de taninos condensados

(Figura 3) ou proantocianidinas Os taninos hidrolizaacuteveis possuem rotas

biossinteacuteticas ainda desconhecidas Sabe-se que seu precursor eacute o aacutecido

gaacutelico ou seu diacutemero de condensaccedilatildeo o aacutecido elaacutegico Os taninos

condensados satildeo biossintetizados pelas condensaccedilotildees de derivados de aacutecido

chiquiacutemico e unidades de malonil-CoA levando agrave formaccedilatildeo das catequinas

Estas satildeo importantes precursoras das proantocianidinas (taninos

condensados) e antocianidinas Caracterizam-se por serem oligocircmeros e

poliacutemeros formados pela policondensaccedilatildeo de duas unidades flavonoiacutedicas

(flavan-3-ol e flavan-34-diol) portanto tambeacutem satildeo considerados compostos

flavonoacuteides sendo tambeacutem denominados de flavolanas diferenciando-se dos

taninos hidrolisaacuteveis por natildeo possuiacuterem resiacuteduos glicosiacutedeos em sua estrutura

Segundo o autor entre as atividades farmacoloacutegicas que os taninos

condensados apresentam ndash quando complexados com proteiacutenas ndash destacam-

se a proteccedilatildeo da mucosa do estocircmago em tratamento de uacutelcera peacuteptica as

propriedades anti-inflamatoacuterias e cicatrizantes e o bloqueio da formaccedilatildeo da

placa dental atraveacutes da inibiccedilatildeo da glicosiltransferase produzida por bacteacuterias

bucais

Atraveacutes de estudo fitoquiacutemico em extrato de M aquifolium Gonzales et al

(2001) identificaram triterpenos taninos e flavonoacuteides Em testes de

laboratoacuterio os autores mostraram a accedilatildeo antiulcerogecircnica e analgeacutesica do

extrato desta espeacutecie Eles destacaram que os triterpenos apresentam

habilidade na estimulaccedilatildeo da siacutentese de muco ou manutenccedilatildeo do conteuacutedo de

prostaglandina ndash componente com atividade antiulcerogecircnica ndash da mucosa

gaacutestrica em altos niacuteveis Foi sugerido ainda que componentes antioxidantes

como os taninos e os flavonoacuteides podem ter accedilatildeo contra lesotildees gaacutestricas

Os flavonoacuteides existem em abundacircncia no reino vegetal encontrados em sua

maioria nas angiospermas (Cardoso et al 2001) Caracterizam se

estruturalmente por serem polifenoacutelicos derivados de C6-C3-C6 ligados na

orientaccedilatildeo cabeccedila-cauda e que podem conter como substituintes hidroxilas

ou seus derivados funcionais tais como eacutesteres metoxilas aleacutem de

glicosiacutedeos isoprecircnicos presos em posiccedilotildees especiacuteficas dos aneacuteis Os

flavonoacuteides tecircm como precursores a fenilalanina e a acetil-CoA

Satildeo originados de reaccedilotildees de derivados do aacutecido chiquiacutemico e derivados do

acetato Os flavonoacuteides satildeo divididos nas seguintes classes flavonas

flavonoacuteis antocianinas e isoflavonoacuteides esta uacuteltima restrita agrave famiacutelia Fabaceae

Os compostos mais importantes encontrados nos vegetais para cada uma das

trecircs primeiras classes satildeo flavonas ndash apigenina e luteolina flavonoacuteis ndash

canferol quercetina miricetina e galangina antocianinas ndash cianidina e

malvidina

Ao analisarem quantitativamente por HPLC flavonoacuteides em infusatildeo aquosa de

folhas de M ilicifolia e M aquifolium Leite et al (2001) identificaram um novo

composto deste grupo na primeira espeacutecie Os autores destacaram que os

flavonoacuteides podem mediar uma variaccedilatildeo de mecanismos relacionados agrave

atividade anti-cacircncer anti-tumor e anti-oxidante esta uacuteltima relacionada agrave

caracteriacutestica anti-uacutelcera Os flavonoacuteides tetra-glicosilados satildeo uacuteteis como

marcadores quiacutemicos para o controle de qualidade em Maytenus

Dois novos tetraglicosiacutedeos ndash pertencentes aos grupos dos 3-O-glicosiacutedeos de

quercetina e canferol que satildeo os mais importantes entre os flavonoacuteides ndash

foram isolados por Vilegas et al (1999) a partir da infusatildeo de folhas de M

aquifolium Os flavonoacuteides quercetina e canferol estatildeo representados na Figura

3 com indicaccedilatildeo dos grupos hidroxila (3) que satildeo glicosilados para formar os

3-O-glicosiacutedeos de quercetina e canferol Os autores identificaram a accedilatildeo anti-

uacutelcera da infusatildeo de espinheira-santa em que o aumento da dose levou ao

decreacutescimo do nuacutemero de uacutelceras em ratos sendo a dose de 800 mg kg-1 a

mais eficiente A maior atividade foi verificada em uacutelceras do tipo III que satildeo as

mais severas Foi ainda destacado que o isolamento de flavonoacuteides

poliglicosilados da infusatildeo de M aquifolium seraacute uacutetil para validaccedilatildeo destes

componentes como marcadores quiacutemicos como jaacute anteriormente descrito por

Vilegas et al (1998) ndash que distinguiram atraveacutes da teacutecnica HPTLC (High

Performance Thin Layer Chromatographic) amostras autecircnticas de M ilicifolia

e M aquifolium e amostras alteradas com Sorocea bomplandii uma espeacutecie

muitas vezes confundida com a espinheirasanta devido agrave morfologia similar da

folha

5 Aspectos silviculturais

Os coletores tradicionais possuem noccedilotildees empiacutericas sobre o manejo das

espeacutecies em seu ambiente natural (eacutepoca e frequecircncia de coleta suportada

pela espeacutecie ambientes em que ocorrem cuidados com os indiviacuteduos no

momento da coleta para que possam rebrotar) Por exemplo ensinam que a

espinheira-santa deve ser coletada quebrando os ramos e natildeo cortando-os

Alguns coletores dizem que isto eacute necessaacuterio para que a planta tenha efeito

medicinal outros que se os ramos forem cortados a aacutervore natildeo rebrota Fato

eacute que os ramos que satildeo quebrados satildeo mais finos do que se for utilizado um

instrumento cortante e isto certamente tem influecircncia sobre a regeneraccedilatildeo dos

indiviacuteduos Outra informaccedilatildeo dos coletores tradicionais eacute que as folhas de uma

determinada aacutervore devem ser colhidas com intervalos de dois anos Dizem

que eacute o tempo necessaacuterio para a aacutervore se recuperar Poreacutem nos plantios

verifica-se que a regeneraccedilatildeo ocorre em um ano Entretanto como os frutos

satildeo formados em ramos do ano anterior esta recomendaccedilatildeo pode estar ligada

ao manejo da espeacutecie garantindo o tempo miacutenimo necessaacuterio para que se

reproduza Com o mesmo objetivo os produtores deixam algumas aacutervores sem

colher para que produzam sementes garantindo assim regeneraccedilatildeo

natural e mais recentemente como fonte de sementes para plantios

Conhecem a forma de distribuiccedilatildeo da espinheira-santa e percorrem grandes

distacircncias para localizar boas aacutereas de coleta com um nuacutemero significativo de

aacutervores Costumam dar intervalos de um ou mais anos entre as coletas num

mesmo local ou coletam as folhas somente de um lado da planta e no ano

seguinte do outro lado

Haacute ainda os curiosos pessoas sem tradiccedilatildeo em coleta de plantas que por

necessidade econocircmica e por residirem proacuteximo a aacutereas em que a espeacutecie

ocorre satildeo contratadas por coletores tradicionais ou por compradores de

plantas para realizarem a coleta da espinheira-santa e outras espeacutecies

medicinais que ocorrem nas proximidades de sua residecircncia

6 Os produtores de espinheira-santa e seu contexto socioeconocircmico

A populaccedilatildeo da Regiatildeo Metropolitana de Curitiba eacute formada por descendentes

de europeus que integraram as diversas correntes migratoacuterias estimuladas no

seacuteculo XIX Tecircm-se assim principalmente descendentes de alematildees

italianos atividade agropecuaacuteria agrave qual incorporaram praacuteticas extrativistas que

jaacute eram atividade agropecuaacuteria agrave qual incorporaram praacuteticas extrativistas que jaacute

eram exercidas pelos caboclos descendentes dos antigos colonizadores

portugueses e iacutendios da regiatildeo No municiacutepio de Campo Largo haacute 1469

estabelecimentos rurais dos quais 1164 exercem atividades ligadas agrave

agricultura ou silvicultura

Segundo o Censo realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica

IBGE em 2000 a populaccedilatildeo rural era de 15580 pessoas (IPARDES 2001)

Destas cerca de 50 estatildeo envolvidas na produccedilatildeo no processamento e na

comercializaccedilatildeo da espinheira-santa

Haacute vaacuterios tipos de produtores de mateacuteria-prima

(a) coletores tradicionais cuja uacutenica atividade econocircmica eacute a coleta de plantas

medicinais inclusive espinheira-santa

(b) coletores de plantas medicinais que tambeacutem cultivam espeacutecies alimentiacutecias

Neste caso a coleta de plantas medicinais visa agrave complementaccedilatildeo da renda

(c) agricultores que cultivam e coletam plantas medicinais

(d) agricultores natildeo coletores que soacute cultivam plantas medicinais

A coleta eou o cultivo de espinheira-santa eacute de uma estrateacutegia de obtenccedilatildeo de

renda diversificada e natildeo passa em meacutedia de 17 da renda familiar Os

coletores recebem em geral R$040kg de planta fresca (folhas com ramos

finos) Apoacutes secagem satildeo comercializadas por R$250 a 350kg As folhas de

plantas cultivadas podem alcanccedilar entre R$800 e 1200kg (soacute folha seca)

7 Processamento da espinheira-santa

Apoacutes a coleta os ramos com folhas satildeo levados ateacute a propriedade do coletor

onde as folhas satildeo selecionadas e secas ou entregues diretamente ao

comprador A secagem pode ser feita agrave sombra ou em secador com fluxo de ar

aquecido Quando o coletor natildeo dispotildee de secador proacuteprio ele costuma secar

as folhas no secador de algum vizinho que recebe como pagamento parte da

produccedilatildeo Para a secagem satildeo utilizados vaacuterios modelos de secadores O

combustiacutevel utilizado pode ser lenha gaacutes ou serragem Alguns secadores

contam com controle de temperatura Dependendo das especificaccedilotildees feitas

pelo comprador depois de secas as folhas satildeo separadas dos ramos e

rasuradas Depois o produto eacute embalado em sacos de malha de juta ou de

polipropileno com ou sem revestimento de papel Depois eacute armazenado ou

enviado diretamente para o mercado (comercializado) A venda pode ser feita

para atacadistas laboratoacuterios de fitoteraacutepicos ou induacutestrias alimentiacutecias Nas

induacutestrias o material eacute submetida a uma nova seleccedilatildeo de acordo com o

controle de qualidade da empresa Geralmente verifica-se a contaminaccedilatildeo

microbioloacutegica e macroscoacutepica No caso dos laboratoacuterios de fitoteraacutepicos

tambeacutem satildeo analisados os constituintes quiacutemicos

Nas induacutestrias de alimentos as folhas rasuradas sofrem nova fragmentaccedilatildeo e

satildeo envasadas em embalagens de 10 a 30 g eou na forma de saches teabag

e embaladas em caixas de papelatildeo sendo comercializadas de forma

semelhante a outros chaacutes Ao chegar ao consumidor final na forma de folhas

rasuradas e embaladas o preccedilo varia entre R$3000 a 5000kg em

embalagens de 05 a 1 kg e entre R$8000 a R$10000Kg em embalagens de

10 a 30 g

Nos laboratoacuterios de fitoteraacutepicos as formas de apresentaccedilatildeo da espinheira-

santas satildeo (a) em saches ou a granel misturadas a ervas para problemas

digestivos numa composiccedilatildeo preacute-definida (b) em caacutepsulas gelatinosas

contendo 350 a 400 mg de folhas moiacutedas (c) em tintura de espinheira-santa

para cuja obtenccedilatildeo as folhas satildeo submetidas agrave extraccedilatildeo geralmente

hidroalcooacutelica (d) em comprimidos para o que se utiliza o extrato seco das

folhas

8 Mercado e comercializaccedilatildeo

Geralmente a venda eacute feita pelo proprietaacuterio do secador em grandes

quantidades para intermediaacuterios laboratoacuterios de fitoteraacutepicos ou induacutestrias

alimentiacutecias (Figura 3) Alguns produtores para agregar valor fazem

embalagens com pequenas quantidades (10 a 30 g) que comercializam em

feiras e mercados como alimento Esta forma de comercializaccedilatildeo eacute feita por

produtores que tecircm faacutecil acesso a um mercado consumidor significativo como

Figura 3 Fluxograma de produccedilatildeo e comercializaccedilatildeo de espinheira-santa (Maytenus ilicifolia)

por exemplo supermercados farmaacutecias ou feiras Entretanto haacute muitas

exigecircncias impostas pela legislaccedilatildeo de vigilacircncia sanitaacuteria para

comercializaccedilatildeo diretamente ao consumidor final Os atacadistas situados em

sua grande maioria no estado de Satildeo Paulo adquirem o produto no Paranaacute e

distribuem para as demais regiotildees do Brasil e tambeacutem para o exterior Eacute

comum que empresas do Paranaacute adquiram folhas de espinheira-santa

originaacuterias do proacuteprio Estado dos atacadistas de Satildeo Paulo Isto reflete a

falta de organizaccedilatildeo dos produtores que natildeo conseguiram ainda divulgar a

regiatildeo como centro produtor de plantas medicinais

As induacutestrias alimentiacutecias apoacutes embalar o produto revendem-no para os

supermercados Os laboratoacuterios de fitoteraacutepicos apoacutes fabricar o medicamento

normalmente realizam a comercializaccedilatildeo por meio de distribuidores de

produtos farmacecircuticos ou diretamente para grandes redes de farmaacutecias que

realizam a distribuiccedilatildeo internamente

9 Poliacuteticas relacionadas com a exploraccedilatildeo e comercializaccedilatildeo

A produccedilatildeo e comercializaccedilatildeo da espinheira-santa estaacute sujeita agrave legislaccedilatildeo

ambiental e agrave de vigilacircncia sanitaacuteria A primeira estabelece as normas para

registro de pessoas fiacutesicas ou juriacutedicas que consomem exploram ou

comercializam mateacuteria-prima florestal inclusive produtos florestais natildeo

madeireiros (Brasil 1985 Brasil 1995 Brasil 2000) Os coletores sabem que

devem obter registro de coletor e comerciante de plantas nativas junto aos

oacutergatildeos de fiscalizaccedilatildeo ambiental estadual e federal (respectivamente Instituto

Ambiental do Paranaacute IAP e Instituto Brasileiro de Meio Ambiente IBAMA) A

legislaccedilatildeo prevecirc ainda que ao realizar a coleta de uma planta os coletores e

produtores devem ter uma autorizaccedilatildeo fornecida com base num plano de

manejo Este plano deve apresentar as teacutecnicas e estrateacutegias que seratildeo

adotadas para garantir a sustentabilidade da exploraccedilatildeo

Na delegacia do IBAMA do Paranaacute haacute somente dois coletores de plantas

medicinais registrados poreacutem eles natildeo apresentam regularmente pedidos de

autorizaccedilatildeo de coleta acompanhados dos respectivos planos de manejo No

periacuteodo em que efetuamos esta pesquisa o oacutergatildeo estadual ainda natildeo havia

definido as normas que devem ser seguidas pelos interessados na obtenccedilatildeo

das autorizaccedilotildees de coleta de plantas

Uma das razotildees eacute que natildeo se dispotildee ainda de todas as informaccedilotildees teacutecnicas

necessaacuterias para a elaboraccedilatildeo do plano Apesar de oacutergatildeos de pesquisa e de

extensatildeo e das universidades estarem realizando estudos com o objetivo de

estabelecer os criteacuterios teacutecnicos natildeo existia ateacute 2002 nenhum plano de

manejo efetivamente implantado

Outro problema eacute a falta de integraccedilatildeo na atuaccedilatildeo dos oacutergatildeos de fiscalizaccedilatildeo

federal estadual e municipal o que torna a regularizaccedilatildeo junto a estes oacutergatildeos

muito complexa e cara para os produtores

Para que o produtor possa comercializar seu produto no varejo ele deve

atender agraves exigecircncias da legislaccedilatildeo sanitaacuteria que estatildeo muito acima da

capacidade econocircmica da maioria dos coletores e agricultores O produto

deve ainda estar dento dos limites estabelecidos de contaminaccedilatildeo por

microorganismos Quando o produto eacute apresentado como fitoteraacutepico as

exigecircncias aumentam ainda mais envolvendo seu registro com comprovaccedilatildeo

dos constituintes quiacutemicos marcadores e da atividade farmacoloacutegica e a

padronizaccedilatildeo do produto Ateacute mesmo os laboratoacuterios tecircm dificuldade em

atender as exigecircncias da legislaccedilatildeo atual Natildeo obstante o produto chega ao

mercado nas mais variadas formas envasado em sachecircs em caacutepsulas como

tintura misturado a ervas para problemas gaacutestricos entre outras

10 Influecircncia do ambiente na produccedilatildeo de compostos bioativos e perspectivas para o melhoramento geneacutetico de espinheira-santa

A influecircncia do ambiente na produccedilatildeo de polifenoacuteis totais polifenoacuteis natildeo

tanantes e taninos em M ilicifolia foram estudados por Radomski (1998) tendo

sido observado que a luminosidade eacute o principal fator que influencia na

produccedilatildeo destes compostos Plantas que se encontram em pleno sol

apresentam maior concentraccedilatildeo destas substacircncias As correlaccedilotildees entre

luminosidade e polifenoacuteis totais (083) polifenoacuteis natildeo tanantes (092) e taninos

(078) foram altas e significativas

Foram observadas diferenccedilas na morfologia foliar e na concentraccedilatildeo de taninos

em folhas de M ilicifolia de diferentes procedecircncias no Rio Grande do Sul

(Bernardi amp Wasicki 1959) Folhas de plantas desenvolvidas a pleno sol eram

menores com espinhos nas margens em nuacutemero reduzido e apresentavam

maior concentraccedilatildeo de taninos Em plantas de espinheira-santa desenvolvidas

em ambiente com alta luminosidade Radomski (1998) observou que as folhas

das plantas eram mais amareladas mais espessas e com espinhos mais

pronunciados caracterizando formas tiacutepicas de adaptaccedilatildeo de plantas de

sombra expostas agrave luz solar total A autora avaliou a aacuterea foliar o peso de

folhas e o peso especiacutefico de folhas em ambientes com diferentes intensidades

luminosas A aacuterea foliar foi menor e o peso especiacutefico das folhas foi maior nas

plantas desenvolvidas a pleno sol quando comparadas agraves dos outros

ambientes com menor luminosidade O peso especiacutefico de folhas apresentou

altas correlaccedilotildees para concentraccedilatildeo de polifenoacuteis totais (087) polifenoacuteis natildeo

tanantes (082) e taninos (083) Estes compostos contribuem para o

incremento da biomassa foliar Radomski et al (2004) relata a grande

influecircncia do ambiente sobre a composiccedilatildeo fitoquiacutemica da espinheira-santa

como concentraccedilotildees diferenciadas de taninos e polifenoacuteis totais em plantas

coletadas em ambientes diferentes

A autora destaca tambeacutem que os ramos de M ilicifolia podem contribuir com

uma parcela significativa na produccedilatildeo de compostos fitoteraacutepicos como

taninos e polifenoacuteis totais

Em trabalho envolvendo a anaacutelise fitoquiacutemica em populaccedilotildees de M ilicifolia do

Mato Grosso do Sul Paranaacute Santa Catarina e Rio Grande do Sul Mossi

(2003) observou uma grande variabilidade ndash que foi maior dentro das

populaccedilotildees ndash para concentraccedilatildeo dos metaboacutelitos secundaacuterios limoneno geranil

acetato aacutecido palmiacutetico fitol esqualeno vitamina E stigmasterol friedelan-3-

ol friedelin friedelan-3-one Atraveacutes de anaacutelise de agrupamentos (UPGMA) o

autor natildeo identificou uma relaccedilatildeo entre os grupos formados e as caracteriacutesticas

ambientais dos locais de coleta o que pode indicar uma maior influecircncia das

variaacuteveis locais como microclima insolaccedilatildeo condiccedilotildees nutricionais do solo

idade da planta entre outros sobre a concentraccedilatildeo dos compostos analisados

do que as condiccedilotildees macro ambientais

Foram observadas por Buffa Filho et al(2002) diferenccedilas nas concentraccedilotildees

de triterpenos entre plantas com morfologia de folha diferentes sendo que os

compostos 22 hidroximaitenina e celastrol foram encontrados em plantas de

dois tipos morfoloacutegicos

O melhoramento geneacutetico em plantas medicinais visa produzir variedades que

possuam alto rendimento de substacircncias desejadas e que as mantenham em

niacuteveis conhecidos para padronizar a dosagem quando da aplicaccedilatildeo

farmacoloacutegica (Oliveira et al 2003) Eacute importante o aumento da massa seca

eou fresca ou ainda o aumento do teor de princiacutepios ativos em determinado

oacutergatildeo vegetal de modo que estas caracteriacutesticas sejam mantidas nas geraccedilotildees

seguintes O produto do melhoramento de plantas medicinais eacute o princiacutepio ativo

ou o fitocomplexo Outros objetivos satildeo resistecircncia a pragas e doenccedilas e

toleracircncia a condiccedilotildees adversas de ambiente

Como o ambiente tem grande influecircncia na produccedilatildeo de metaboacutelitos

secundaacuterios a interaccedilatildeo genoacutetipo x ambiente eacute um fator importante para ser

analisado no melhoramento de plantas medicinais A possibilidade do melhor

genoacutetipo em um ambiente natildeo o ser em outro influencia o ganho de seleccedilatildeo e

dificulta a recomendaccedilatildeo de cultivares com ampla adaptabilidade (Cruz amp

Regazzi 2001) O conhecimento da herdabilidade dos caracteres de interesse

tambeacutem eacute fundamental para que a seleccedilatildeo seja aplicada com sucesso de

forma que o valor fenotiacutepico de um caraacuteter possa servir como guia para o valor

geneacutetico (aditividade) (Carvalho et al 2001)

Em teste de progecircnies realizado com espinheira-santa Mariot (2005)

identificou uma alta herdabilidade para todos os caracteres (velocidade de

emergecircncia estatura de planta diacircmetro agrave base do caule taxa de crescimento

tamanho de folha e nuacutemero de espinhosfolha) o que evidencia o forte controle

do fator geneacutetico sobre o fenoacutetipo O autor observou ainda altos valores para os

coeficientes de variaccedilatildeo geneacuteticos (CVG) que aliado aos baixos valores para

os coeficientes de variaccedilatildeo devido ao erro experimental (CVE) proporcionaram

iacutendices maiores que 10 para o quociente (relaccedilatildeo CVGVE) em todas as

variaacuteveis analisadas o que eacute um bom indicador para seleccedilatildeo em programas de

melhoramento Este resultado eacute importante para a seleccedilatildeo com base em

caracteres relacionados com o crescimento pois a espinheira-santa eacute

considerada de crescimento lento O tamanho de folha em espinheira-santa

caso apresente relaccedilatildeo com o aumento da biomassa e maior concentraccedilatildeo de

metaboacutelitos secundaacuterios que tenham accedilatildeo farmacoloacutegica pode ser um caraacuteter

importante de se considerar na seleccedilatildeo em programas de melhoramento Os

altos iacutendices dos paracircmetros geneacuteticos evidenciados em trabalho desenvolvido

por Mariot (2005) mostram a eficiecircncia na seleccedilatildeo para estes caracteres

Considerando a necessidade de uniformidade nos teores de princiacutepios ativos

exigidos pelas induacutestrias farmacecircuticas e o fato da espinheira santa ser de

fecundaccedilatildeo cruzada os programas de melhoramento desta espeacutecie que vise

atender estas exigecircncias deve utilizar a propagaccedilatildeo vegetativa

Estudos relacionados agrave cultura de tecidos de M ilicifolia e M aquifolium

tornam-se portanto fundamentais Na aacuterea de biotecnologia foi citado por

Corsino et al (1998a) o uso de Agrobacterium como vetor para aumentar a

produccedilatildeo de triterpenos em programa de melhoramento geneacutetico de espinheira

santa

O conhecimento da associaccedilatildeo entre caracteres eacute de grande importacircncia nos

trabalhos de melhoramento principalmente se a seleccedilatildeo em um deles

apresenta dificuldades em razatildeo da baixa herdabilidade eou tenha problemas

de mediccedilatildeo e identificaccedilatildeo (Cruz amp Regazzi 2001) Para tanto o melhorista

pode estimar as correlaccedilotildees fenotiacutepicas e genotiacutepicas o que pode contribuir no

processo de seleccedilatildeo No caso das espeacutecies medicinais esta ferramenta eacute

muito importante devido ao alto custo das anaacutelises para determinar e

quantificar metaboacutelitos secundaacuterios com potencial farmacoloacutegico como as que

envolvem cromatografia Em espinheira-santa a morfologia foliar estaacute

relacionada com os tipos e a concentraccedilatildeo de triterpenos (Buffa Filho et al

2002) portanto se for identificada correlaccedilatildeo entre estes caracteres a seleccedilatildeo

indireta atraveacutes da morfologia foliar pode vir a ser uma boa estrateacutegia de

seleccedilatildeo

11 Etapas do processo de secagem por aspersatildeoO processo de secagem por aspersatildeo consiste de trecircs etapas fundamentais

Na primeira fase o fluiacutedo eacute disperso como gotiacuteculas produzindo uma grande

aacuterea superficial Na segunda ocorre contato destas com uma corrente de ar

aquecido havendo transferecircncia de calor

Na terceira etapa acontece a evaporaccedilatildeo do solvente e a formaccedilatildeo da partiacutecula soacutelida

121 Ilustraccedilatildeo da Planta Espinheira- Santa

Com a transferecircncia de calor do ar aquecido agraves gotiacuteculas o liacutequido da

superfiacutecie evapora-se rapidamente As partiacuteculas solidificadas geralmente

apresentam o mesmo tamanho e forma da gotiacutecula que as originou Na uacuteltima

etapa o produto de secagem eacute transportado por uma corrente de ar sendo

posteriormente coletado (Broadhead et al 1992 Shaw 1997 Rankell et al

2001) A evaporaccedilatildeo superficial da gotiacutecula conduz agrave formaccedilatildeo de uma

camada de material seco externa Atraveacutes desta camada o liacutequido situado no

interior da gotiacutecula propaga-se para o exterior Dependendo da elasticidade e

da permeabilidade da crosta seratildeo produzidos distintos materiais secos como

esferas intactas com superfiacutecie imperfeita ou fragmentada soacutelidas ou ocas

(Rankell et al 2001) A Figura 2 apresenta foto micrografias de dois extratos

diferentes de Maytenus ilicifolia secos por spray drying com disco giratoacuterio em

torre de secagem por aspersatildeo Os extratos foram produzidos da mesma

maneira utilizando temperatura de entrada de 180 degC velocidade do aspersor

de 9500 rpm e 30 de Aerosil (Oliveira 2008)

12 Fatores que influenciam o processoUm das respostas mais relevantes afetada pelas condiccedilotildees de operaccedilatildeo do

processo eacute a qualidade do produto resultante As variaacuteveis devem ser

controladas visando agrave obtenccedilatildeo de rendimento e de teor de umidade

adequados estabilidade quiacutemica minimizaccedilatildeo da aderecircncia de partiacuteculas na

cacircmara de secagem (sticking) e caracteriacutesticas tecnoloacutegicas especiacuteficas As

propriedades do produto satildeo normalmente determinadas pelos fatores

relacionados agraves caracteriacutesticas do material de entrada e do processamento

isto eacute paracircmetros de operaccedilatildeo e equipamento (Quadro 1)

131 Influecircncia do material de entradaEntre os fatores relacionados agraves caracteriacutesticas do material de entrada o uso

de adjuvantes na teacutecnica de secagem por aspersatildeo eacute uma praacutetica muito

comum Satildeo utilizados como adjuvantes neste processo amido ciclodextrinas

dioacutexido de siliacutecio coloidal fosfato tricaacutelcico gelatina goma araacutebica lactose

maltodextrina entre outros (Vasconcelos et al 2005 Silva Juacutenior et al 2006)

Para a secagem de extratos derivados de plantas a seleccedilatildeo e o uso adequado

de adjuvantes no processo de spray drying eacute uma fase de fundamental

importacircncia visto que determina a estabilidade e a qualidade dos mesmos

podendo inclusive afetar as caracteriacutesticas de biodisponibilidade

13 Atividades farmacoloacutegicas da espinheira-santa A espinheira-santa (M ilicifolia) eacute uma planta que possui atividades

farmacoloacutegicas comprovadas entre elas a atividade antiulcerogecircnica Essas

atividades estatildeo ligadas a substacircncias quiacutemicas que satildeo os polifenoacuteis

(flavonoides e taninos) e os triterpenos Haacute fatores como a composiccedilatildeo quiacutemica

do solo onde essa planta estaacute sendo cultivado o local de plantio a teacutecnica de

colheita a secagem da planta e o processamento poacutes-colheita que influenciam

diretamente nos teores de princiacutepio ativo da planta podendo assim gerar

variaccedilotildees das atividades farmacoloacutegicas (NEGRI 2007)

141 Atividade gaacutestricaDe acordo com alguns estudos (Carlini amp Frochtengerten 1988 Ming et al

1998 Coulaud- Cunha et al 2004 Carvalho et al 2008) a M ilicifolia

apresenta accedilatildeo contra uacutelcera peacuteptica e gastrite Coulaud- Cunha et al (2004)

relatam que a accedilatildeo da M ilicifolia na uacutelcera peacuteptica e gastrite envolve mais de

um mecanismo de accedilatildeo ainda natildeo conclusivamente elucidados e natildeo se deve

somente a um principio ativo especifico mas a diferentes fitocomplexos Foi

demonstrado por Pereira et al (1993) e por Ming et al (1998) que tanto os

taninos principalmente a epigalocatequina quanto os oacuteleos essenciais em

especial o fridenelol satildeo responsaacuteveis por parte dos efeitos gastroprotetores

Carlini amp Frochtengarten (1988) por sua vez em estudos realizados com o

abafado da M ilicifolia relatam que quanto maior o tempo do tratamento maior

seraacute a gastroproteccedilatildeo sem entretanto haver alteraccedilotildees no pH Tal observaccedilatildeo

pode ser confirmada por Ferreira et al (2004) que em estudos com extrato

aquoso liofilizado das folhas de M ilicifolia em sapos comprovou que esse

possui efeito inibitoacuterio sobre os mediadores H2 da histamina nas ceacutelulas

parietais esses segundo Gilman (1989) quando estimulados causam a

ativaccedilatildeo da adenililciclase iniciando uma seacuterie de alteraccedilotildees morfoloacutegicas e

bioquiacutemicas complexas que leva ao aumento da secreccedilatildeo gaacutestrica

funcionando como um antagonista H2 aleacutem de inibir o efeito da gastrina Foi

demonstrado ainda que tanto a epigalocatequina (tanino) quanto o fridenelol

(oacuteleo essencial) satildeo responsaacuteveis por parte do efeito protetor da mucosa

gaacutestrica (Pereira et al 1993 Ming et al 1998)

142 Atividade antiulcerogecircnicaSegundo Sousa-Formigoni et al (1991) foi comprovada a atividade

antiulcerogecircnica da espinheira-santa (M ilicifolia) por experimentos feitos em

ratos nos quais os animais foram induzidos a terem uacutelceras gaacutestricas por meio

de indometacina e por estresse quando estes foram submetidos a baixas

temperaturas e por serem imobilizados Apoacutes a aplicaccedilatildeo de um extrato

liofilizado de espinheira-santa houve uma reduccedilatildeo do nuacutemero de uacutelceras e um

aumento do volume e pH da secreccedilatildeo gaacutestrica

Em estudos de mecanismos celulares e moleculares da accedilatildeo de produtos

naturais com o isolamento de substacircncias bioativas da M ilicifolia

responsaacuteveis pela accedilatildeo antissecretora aacutecida gaacutestrica os resultados obtidos

confirmam essas accedilotildees Foram utilizados nesses experimentos extratos

aquosos das partes aeacutereas da planta e os princiacutepios ativos tecircm funccedilatildeo de

inibidores da bomba de proacutetons etapa final comum das vias reguladoras da

secreccedilatildeo aacutecida gaacutestrica (BOSSOLANI 2000)

143 Atividade antimicrobianaEstudos pioneiros como o de Lima et al (1969) jaacute demonstravam que a

maitenina exibe forte atividade antimicrobiana contra vaacuterias bacteacuterias Gram

positivas Tais efeitos foram corroborados com a demonstraccedilatildeo que os extratos

das folhas e raiacutezes tecircm efeito antimicrobiano para vaacuterios patoacutegenos dentre

eles Staphylococcus aureus e Streptococcus sp

144 Atividade sobre o Sistema Nervoso CentralSegundo Alonso (1998) o extrato de M ilicifolia possui atividade sedativa que

potencializa (efeito sineacutergico) o sono por barbituacutericos em camundongos

145 Atividades abortiva e sobre a espermatogecircnese

De acordo com Montanari et al (1998) o extrato etanoacutelico de M Ilicifolia

quando administrado em altas doses em camundongos suiacuteccedilos apesar de

causar leves alteraccedilotildees como ceacutelulas germinativas imaturas esfoliadas mortes

celulares ocasionais aumento de gotiacuteculas lipiacutedicas em ceacutelulas de Sertoli e

inchamento de acrossomas entre outras natildeo foi suficiente para acarretar

danos agrave espermatogecircnese

Jaacute em testes realizados em camundongos (fecircmeas e graacutevidas) administrando-

se oralmente extrato hidroalcooacutelico (70) de folhas de espinheira-santa (M

ilicifolia) observou-se um decreacutescimo significativo do nuacutemero de embriotildees

indicando uma perda embrionaacuteria antes do periacuteodo de implantaccedilatildeo Poreacutem

natildeo houve maacute-formaccedilatildeo ou mortes fetais depois do periacuteodo de implantaccedilatildeo

Esse extrato possui atividade estrogecircnica que pode interferir na receptividade

uterina ao embriatildeo (MONTANARI BEVILAQUA 2002)

146 Atividades antimutagecircnica e anticanceriacutegenaConforme Horn e Vargas (2003) o extrato aquoso de M ilicifolia foi eficaz em

aproximadamente 75 das doses testadas exibindo boas respostas

antimutagecircnicas ou um decreacutescimo sugestivo Em estudos realizados por

Queiroga et al (2007) foi avaliada a fraccedilatildeo ativa antiulcerogecircnica da M

ilicifolia na atividade anticanceriacutegena apresentando resultados citostaacuteticos

satisfatoacuterios De acordo com Itokawa et al (1993) o composto pristimerina foi o

mais eficiente na accedilatildeo citotoacutexica podendo ser uacutetil no tratamento de tumores

147 Atividade antioxidante e otoprotetoraDe acordo com Mattei e Carlini (1998) um extrato aquoso liofilizado de

espinheira-santa (M ilicifolia) foi testado in vitro em homogenato de ceacuterebro de

ratos e exerceu uma importante atividade antioxidante inibindo o processo de

lipoperoxidaccedilatildeo

Usando-se extrato etanoacutelico de M ilicifolia foi confirmado que a casca da raiz

tem um poder antioxidante pelo fato de possuir em sua base compostos com a

capacidade sequestradora de radicais livres (VELLOSA et al 2006)

Conforme Santos et al (2010) foram comprovadas propriedades antioxidantes

dos extratos brutos e de componentes individuais de M Ilicifolia por possiacuteveis

associaccedilotildees sineacutergicas de substacircncias fenoacutelicas e triterpenos

quinonametiacutedeos comparados agrave rutina como composto fenoacutelico modelo

De acordo Kasse et al (2008) foi realizado um estudo com ratos (fecircmeas) em

que esses animais foram submetidos agrave substacircncia cisplatina e posteriormente

tratados com extrato de M ilicifolia para avaliar a atividade otoprotetora da

planta Foram realizados e avaliados os exames de emissotildees otoacuacutesticas por

produtos de distorccedilatildeo por potencial de tronco encefaacutelico antes e depois de

administraccedilatildeo de cisplatina e por fim por microscopia eletrocircnica de varredura

Os resultados mostraram que apesar de apresentar atividades antioxidantes a

M ilicifolia foi incapaz de bloquear o efeito citotoacutexico do composto quiacutemico

administrado nas cobaias

Segundo Negri et al (2009) a atividade antioxidante do extrato etanoacutelico de M

ilicifolia estaacute intimamente ligada agrave sua temperatura de secagem Testes

realizados para avaliaccedilatildeo do poder antioxidante os quais foram os meacutetodos de

formaccedilatildeo de complexo com fosfomolibdecircnio e atividade antioxidante em

relaccedilatildeo agrave reduccedilatildeo de um radical utilizando-se o DPPH (22-difenil-1-

picnilhidrazila) em que foram levadas em consideraccedilatildeo diferentes

temperaturas usualmente utilizadas para secagem (40 50 60 70 e 80˚C)

demostraram melhor atividade antioxidante na temperatura de 40˚C e

gradativamente quanto maior a temperatura realizada nos testes menor o

poder antioxidante Por fim o estudo mostrou a importacircncia do controle de

temperatura para a melhor efetividade nesse quesito da planta

Em estudos de Pessuto et al (2009) foram avaliados extratos e compostos

isolados de M Ilicifolia em relaccedilatildeo agrave capacidade antioxidante Os extratos

brutos e semipurificados foram estudados por meio de ensaios de

fosfomolibdecircnio (complexo) e de DPPH (22-difenil-1-picnilhidrazila) nos quais

os resultados mostraram que a fraccedilatildeo com acetato de etila teve melhor

capacidade antioxidante em relaccedilatildeo ao extrato bruto e fraccedilatildeo aquosa

possivelmente por conter maior nuacutemero de hidroxilas fenoacutelicas (pela

capacidade de sequestro dos radicais livres) e tambeacutem em relaccedilatildeo agraves

substacircncias trolox e vitamina C

148 Atividades antinociceptiva e anti-inflamatoacuteria De acordo com Nakamura et al (1994) o extrato etanoacutelico de folhas de M

ilicifolia conteacutem uma fraccedilatildeo de quercetina-3-O-glicosiacutedeo e essa substacircncia

quiacutemica foi avaliada pelo teste de aacutecido aceacutetico e formalina em ratos obtendo-

se resultados satisfatoacuterios para atividades analgeacutesicas e anti-inflamatoacuterias

Por meio de testes realizados em camundongos e ratos foi provocado um

edema nas patas desses animais por meio de injeccedilatildeo de 002 ml de

formaldeiacutedo (soluccedilatildeo a 092) utilizando-se como controle soluccedilatildeo salino

Apoacutes 120 minutos foi aplicado extrato hexacircnico e acetato de etila das folhas

(M ilicifolia) administrados por via oral nas doses de 80 160 320 e 340 mgkg

Os animais foram sacrificados apoacutes 4 horas Em um segundo ensaio foi

administrada por injeccedilatildeo soluccedilatildeo de carragenina a 1 e os extratos da planta

foram dados por via oral nas doses de 80 160 320 e 340 mgkg Os resultados

obtidos mostraram uma atividade antinociceptiva para os dois extratos

principalmente nas doses de 320 e 340 mgkg sendo esse teste importante

para uma alternativa cliacutenica na terapecircutica anti-inflamatoacuteria e antiulcerogecircnica

(JORGE et al 2004)

14 Toxicidade efeitos adversos e contraindicaccedilatildeo da espinheira-santa

Foi realizado um estudo toxicoloacutegico com 24 voluntaacuterios sendo 12 homens e

12 mulheres de 20 a 40 anos de idade selecionados previamente por meio de

avaliaccedilatildeo cliacutenica exames hematoloacutegicos e bioquiacutemicos e avaliaccedilatildeo

psicomotora com o objetivo de estabelecer um intervalo maacuteximo de seguranccedila

no uso de M ilicifolia As doses foram administradas de maneira crescente e

natildeo houve um grupo controle pois os exames iniciais foram considerados

como valores basais para efeito comparativo A dose inicial foi fixada em 100

mg por adulto sendo administradas doses subsequentes de 200 500 1000

1500 e 2000 mg com intervalos de uma semana para cada dose A anaacutelise dos

resultados revelou que natildeo houve efeitos significativos nos valores dos

principais paracircmetros hematoloacutegicos e bioquiacutemicos e tambeacutem natildeo foram

observadas alteraccedilotildees nas funccedilotildees hepaacuteticas pancreaacuteticas e renais

Hormocircnios lipiacutedeos glicose soacutedio potaacutessio caacutelcio e foacutesforo tambeacutem

mantiveram valores considerados normais (TABACH et al 2002)

Em relaccedilatildeo aos efeitos adversos a M ilicifolia natildeo possui algum que justifica a

interrupccedilatildeo do tratamento Entre os mais comuns destacam-se cefaleia

sonolecircncia boca seca naacuteuseas dor articular nas matildeos gosto estranho na

boca tremor nas matildeos cistite e poliuacuteria (TABACH et al 2002) Poreacutem

segundo Amaral et al (2005) natildeo eacute recomendado o uso pediaacutetrico pela

ausecircncia de testes Ensaios realizados em ratos mostraram perda embrionaacuteria

antes do periacuteodo de implantaccedilatildeo portanto essa planta natildeo eacute recomendada em

casos de gravidez (MONTANARI BIVILACQUA 2002)

De acordo com estudos realizados em camundongos o abafado de M ilicifolia

foi administrado nesses animais em doses ateacute 360 vezes maiores que a

utilizada pelo homem durante um periacuteodo de dois a trecircs meses Como

resultados natildeo houve mudanccedilas no peso comportamento temperatura

paracircmetros bioquiacutemicos e hematoloacutegicos desses animais (OLIVEIRA CARLINI

1988)

15 FarmacocineacuteticaO modelo da farmacocineacutetica da espinheira-santa eacute estudado por meio de seus

taninos natildeo condensados Epigalocatequina marcada foi administrada por via

oral sendo os picos plasmaacuteticos observados 60 min apoacutes a ingestatildeo Apoacutes

uma dose de 500 mgkg foram detectadas concentraccedilotildees tissulares de 123

mmol no plasma 484 mmol no fiacutegado e 565 mmol no intestino delgado

(Nakagawa amp Miyazawa 1997) Depois da administraccedilatildeo oral de

epigalocatequina-3-galato marcada com triacutetio a ratos cerca de 6 da dose eacute

eliminada na urina e 24 nas fezes nas primeiras 24 horas Uma segunda

dose dada duas horas apoacutes a primeira eleva em cerca de 4 a 6 vezes a

concentraccedilatildeo no plasma e em alguns tecidos Esses dados sugerem uma

meia-vida longa e eliminaccedilatildeo lenta da epigalocatequina-3-galato No final das

24 horas os animais foram sacrificados e essa substacircncia pocircde ser encontrada

no rim ceacuterebro fiacutegado pacircncreas intestino e ossos (Suganuma et al 1998)

Num outro estudo foi avaliada a afinidade da epigalocatequina-3-galato agraves

proteiacutenas do soro Apoacutes uma dose oral a ratos mais de 50 da

epigalocatequina-3-galato absorvida ligou-se agrave proteiacutena do plasma

especialmente a fibronectina o fibrinogecircnio e a HRGP( Histidin Rich

Glicoprotein) proteiacutena plasmaacutetica com 74 kdaltons cuja funccedilatildeo ainda eacute pouco

conhecida (Sazuka et al 1996)

16 PreparaccedilatildeoTendo sido reconhecida a espeacutecie com que se vai trabalhar torna-se

necessaacuterio que se disponha desta espeacutecie em quantidade suficiente para

atender a demanda relacionada a produccedilatildeo do fitoteraacutepico replicaccedilatildeo da

espeacutecie e respectivo controle de qualidade Par a atingir este objetivo a

espeacutecie deve ser cultivada na extensatildeo adequada ao fim que se propotildee tendo-

se aleacutem dos cuidados inerentes ao cultivo de qualquer espeacutecie vegetal a

precauccedilatildeo de nunca utilizar pesticidas ou agrotoacutexicos na aacuterea de cultivo Nos

parece claro que a opccedilatildeo pelo fitoteraacutepico deve vir acompanhada do desejo de

seguranccedila o que natildeo seria conseguido se fossem deixados resiacuteduos de

agrotoacutexicos ou de pesticidas na espeacutecie que iraacute ser usada como mateacuteria-prima

para a produccedilatildeo de medicamento Veja no item 24 os ensaios que devem ser

efetuados no sentido de identificar e quantificar a presenccedila destes e de outros

contaminantes

Dispondo-se entatildeo da espeacutecie vegetal botanicamente selecionada cultivada

sem o uso de agentes quiacutemicos contaminantes iremos seguir tantos passos

quantos sejam necessaacuterios para preparar a espeacutecie vegetal numa droga capaz

de ser armazenada e processada para resultar num preparado intermediaacuterio uacutetil

na preparaccedilatildeo de fitoteraacutepicos Estes passos podem ser enumerados como

sendo Coleta Monda Estabilizaccedilatildeo Secagem Trituraccedilatildeo e Armazenamento

A execuccedilatildeo e finalidade de cada um se acham descrito a seguir

A Coleta eacute realizada atraveacutes da retirada da parte usada da planta procurando

sempre o material mais saudaacutevel em completo desenvolvimento (a menos que

especificado em (contraacuterio como ocorre com a gema terminal de Psidium

guajava) e com o miacutenimo de contaminantes (poeira poluiccedilatildeo adubo insetos

colocircnia de microrganismos etc) A distribuiccedilatildeo de substacircncias

farmacologicamente ativas nas plantas medicinais natildeo se daacute de maneira

homogecircnea em toda a extensatildeo da planta Portanto eacute de se esperar que

apenas alguma parte de uma dada espeacutecie podem ser utilizadas com finalidade

terapecircutica

Atraveacutes de consulta agraves diversas farmacopeias e tratados sobre plantas

medicinais encontramos descriccedilotildees sobre a parte a ser usada de cada espeacutecie

medicinal Pode-se em alguns casos observar que diferentes partes de uma

mesma planta apresentam propriedades inteiramente diferentes como por

exemplo a Punica granam (romatildezeira) cujas cascas do caule satildeo teniacutefugas e

as cascas dos frutos tecircm propriedades anti-inflamatoacuteria e antibioacutetica Em outros

casos toda a planta pode ser utilizada com a mesma finalidade como a

Phylanthus niruri (quebra-pedra) Torna-se imperioso portanto que antes de

qualquer outra etapa da preparaccedilatildeo de uma forma farmacecircutica fitoteraacutepica se

conheccedila qual ou quais partes da espeacutecie escolhida pode ser utilizada

A coleta deve respeitar para cada espeacutecie o melhor periacuteodo correspondente

agravequele onde a espeacutecie apresenta maior teor em substacircncias ativas Tendo isto

em mente relacionamos a seguir orientaccedilotildees geneacutericas quanto ao periacuteodo de

coleta

Formas farmacecircuticas de fitoteraacutepicosPoacute

Eacute a forma farmacecircutica obtida apoacutes a secagem trituraccedilatildeo e tamisaccedilatildeo da

droga Segundo a sua finalidade devem apresentar a tenuidade adequada

conforme a tabela a seguir Pode ser dispensado para uso na preparaccedilatildeo de

chaacutes ou adicionado agrave alimentaccedilatildeo (leite sucos mel etc) O envase deve cuidar

para que natildeo haja absorccedilatildeo de umidade

Formas soacutelidas

Caacutepsulas

Eacute a forma farmacecircutica obtida pela deposiccedilatildeo ordenada da droga seca

triturada e tamisada em caacutepsulas gelatinosas duras ou pelo encapsulamento

de liacutequidos ou semissoacutelidos de natureza lipofiacutelica em caacutepsulas gelatinosas

moles O invoacutelucro rosa utilizado eacute geralmente de natureza proteica e satildeo

portanto incompatiacuteveis com drogas tacircnicas por exemplo Cuidado especial

deve ser tomado com a umidade temperatura e pressatildeo exercida sobre as

caacutepsulas durante o armazenamento e transporte Estes fatores podem levar a

desidrataccedilatildeo ou hidrataccedilatildeo das caacutepsulas que as tornam quebradiccedilas ou

deformadas e coladas Durante a preparaccedilatildeo das caacutepsulas deve-se cuidar para

que o peso das caacutepsulas obtidas seja o mais uniforme possiacutevel podendo-se

garantir isso pela pesagem da quantidade de poacute necessaacuteria para o enchimento

de um nuacutemero determinado de caacutepsulas

O enchimento das caacutepsulas ocorre na oficina farmacecircutica em tabuleiros

especiais constituiacutedos em acriacutelico PVC ou outro poliacutemero apresentando-se no

modelo mais simples apenas como uma base fixa que se encaixa a uma outra

moacutevel e perfurada que recebe o corpo das caacutepsulas sem as tampas A seguir

se distribui de forma homogecircnea a quantidade estipulada de poacute em todas as

caacutepsulas valendo-se de uma espaacutetula plaacutestica e de um dispositivo especial

para prensar o conteuacutedo no interior das caacutepsulas Finalizado o enchimento as

partes super oires (tampas) das caacutepsulas satildeo recolocadas fechando-as e

determina-se o peso meacutedio das mesmas embalando-as imediatamente

A capacidade das caacutepsulas eacute proporcional agrave densidade do poacute e ao tamanho

das caacutepsulas que eacute padronizado em 08 (oito) diferentes tipos listados a seguir

com as respectivas dimensotildees e capacidades em mililitros

Controle de Qualidade

Todas as etapas utilizadas durante o processamento da droga devem ser

monitoradas atraveacutes de ensaios que possam atestar a qualidade da mateacuteria-

prima dos produtos intermediaacuterios e do produto final acabado O objetivo final

tanto do processamento adequado quanto agrave avaliaccedilatildeo da qualidade eacute a

garantia de que o que estaacute sendo produzido na forma como ocorre o processo

produtivo estaacute conduzindo agrave obtenccedilatildeo de um produto com as caracteriacutesticas

necessaacuterias agrave utilizaccedilatildeo para o tratamento de doenccedilas

Droga

A avaliaccedilatildeo da qualidade da droga utilizada na obtenccedilatildeo de fitoteraacutepicos no

Programa Farmaacutecias-Vivas onde o cultivo das espeacutecies vegetais eacute efetuado

pelo laboratoacuterio fabricante do produto deve ser realizada sob os seguintes

aspectos

- Considerando que a droga a ser utilizada corresponde agrave espeacutecie vegetal

esperada conhece-se suas caracteriacutesticas macromorfoloacutegicas aleacutem das suas

caracteriacutesticas sensoriais constituindo a primeira avaliaccedilatildeo que eacute a identidade

da droga

- Determinaccedilatildeo da umidade da droga fresca que deve ser diferenciada de

perda por dessecaccedilatildeo pois outras substacircncias volaacuteteis aleacutem da aacutegua satildeo

evaporadas Pode ser determinada atraveacutes do ensaio volumeacutetrico de Karl

Fischer ou pelo ensaio gravimeacutetrico submetendo a droga a dessecaccedilatildeo em

temperatura ambiente em dessecador com siacutelica ou aacutecido sulfuacuterico

- Mesmo a droga morfologicamente normal pode natildeo apresentar seus

constituintes ativos na quantidade desejada sendo necessaacuterio que sejam

realizados ensaios de identificaccedilatildeo e quantificaccedilatildeo de ativos ou de marcadores

atraveacutes das mais diversas teacutecnicas gravimeacutetrica volumeacutetrica

espectrofotomeacutetrica cromatograacutefica etc

- Avaliaccedilatildeo da contaminaccedilatildeo microbiana da droga principalmente se a mesma

tiver de ser utilizada sem qualquer processamento posterior As drogas que

seratildeo transformadas em uma forma extrativa em soluccedilatildeo hidro-alcooacutelica pode

ter sua carga microbiana reduzida pelo efeito antisseacuteptico do solvente

Preparado Intermediaacuterio

As formas extrativas satildeo obtidas em condiccedilotildees que nem sempre conseguem

retirar a totalidade das substacircncias ativas soluacuteveis no solvente escolhido devido

a diversos fator ES como o tempo e temperatura de maceraccedilatildeo pH do

solvente distribuiccedilatildeo granulomeacutetrica da droga sua umidade residual teor de

substacircncias ativas e velocidade de percolaccedilatildeo Justifica-se entatildeo a

necessidade da realizaccedilatildeo de ensaios de avaliaccedilatildeo da qualidade das formas

extrativas incluindo avaliaccedilotildees fiacutesico-quiacutemicas como aparecircncia cor odor

solubilidade densidade pH e viscosidade avaliaccedilotildees quiacutemicas como o perfil

cromatograacutefico e dosagem das substacircncias ativas ou marcador e avaliaccedilatildeo

microbioloacutegica da quantidade de microrganismos viaacuteveis

Fitoteraacutepico

Independente da forma farmacecircutica final eacute necessaacuterio que sejam realizadas

avaliaccedilotildees na qualidade do produto final da mesma forma que eacute exigido para

os demais tipos de medicamentos Listamos a seguir os ensaios realizados

para cada forma farmacecircutica lembrando que devem ser acrescentados os

ensaios quiacutemicos e microbioloacutegicos

Prazo de Validade

Considerando a jaacute difiacutecil realizaccedilatildeo da avaliaccedilatildeo da qualidade das drogas

utilizadas na obtenccedilatildeo de fitoteraacutepicos pode-se compreender que o

acompanhamento do processo cineacutetico de degradaccedilatildeo dos constituintes do

medicamento natildeo eacute uma estar efe faacutecil No entanto esta avaliaccedilatildeo pode se dar

em diversos niacuteveis

- Avaliaccedilatildeo da estabilidade fiacutesica

Para cada tipo de forma farmacecircutica satildeo descritas as caracteriacutesticas tiacutepicas

como cor odor limpidez densidade viscosidade pH etc que observadas

para um mesmo lote ao longo do tempo de armazenamento forneceratildeo

informaccedilotildees sobre a integridade fiacutesica da formulaccedilatildeo

- Avaliaccedilatildeo da estabilidade quiacutemica

A utilizaccedilatildeo de recursos laboratoriais desde os mais simples ateacute os mais

sofisticados permitem o acompanhamento qualitativo eou quantitativo dos

princiacutepios ativos contidos no produto fitoteraacutepico Por exemplo atraveacutes do

ensaio limite de taninos por diluiccedilotildees sucessivas e adiccedilatildeo de cloreto feacuterrico

pode-se ter uma medida semi-quantitativa do teor destas substacircncias nas

preparaccedilotildees que o contenham Evoluindo a utilizaccedilatildeo de teacutecnica

cromatograacutefica em camada delgada sobre papel ou siacutelica permite a

determinaccedilatildeo do perfil cromatograacutefico para o produto de modo que possa ser

comparado com o obtido em lotes posteriores ou com o mesmo lote ao longo do

tempo de armazenamento

- Avaliaccedilatildeo da estabilidade microbioloacutegica

A verificaccedilatildeo do niacutevel de contaminaccedilatildeo microbiana numa preparaccedilatildeo

medicamentosa fornece informaccedilotildees sobre o niacutevel de higienizaccedilatildeo empregado

durante o processamento da droga ateacute a obtenccedilatildeo do medicamento A

observaccedilatildeo deste mesmo paracircmetro ao longo do tempo fornece informaccedilotildees

sobre a composiccedilatildeo conservante utilizada no produto e a forma de

armazenamento

Teacutecnicas Gerais

Os ensaios laboratoriais de avaliaccedilatildeo da qualidade da droga compreendem

basicamente

- Observaccedilatildeo macroscoacutepica e microscoacutepica da droga fresca e seca inteira e

triturada comparando com o descrito em farmacopeias ou com modelos

botanicamente certificados

- Determinaccedilatildeo de umidade na droga fresca e naquela seca e triturada

evidenciando a quantidade de aacutegua contida na droga receacutem-coletada na droga

s eca e a efetividade do processo de secagem utilizada

- Identificaccedilatildeo e dosagem de substacircncias ativas ou marcadores realizada na

droga seca e triturada onde atraveacutes do acompanhamento da evoluccedilatildeo ao

longo do tempo e o cruzamento dos dados entre os locais e condiccedilotildees de

cultivo seraacute possiacutevel a determinaccedilatildeo das condiccedilotildees ideais para a manutenccedilatildeo

da qualidade das espeacutecies vegetais

- Determinaccedilatildeo da quantidade de mateacuteria orgacircnica estranha na droga seca

triturada grosseiramente demonstrando se a coleta monda secagem e

trituraccedilatildeo foram realizadas a contento sem o risco de contaminaccedilatildeo com outras

espeacutecies

- Determinaccedilatildeo de resiacuteduos de pesticidas para monitorar a forma de realizaccedilatildeo

do controle de pestes atraveacutes da identificaccedilatildeo e dosagem de pesticidas

- Determinaccedilatildeo da presenccedila de arsecircnio e metais pesados como componentes

que satildeo responsaacuteveis por intoxicaccedilotildees e por incompatibilidades nas

preparaccedilotildees liacutequidas de fitoteraacutepicos

- Determinaccedilatildeo da quantidade de microrganismos viaacuteveis atraveacutes da contagem

em placa a de diluiccedilotildees obtidas a partir do liacutequido de lavagem das drogas

evidenciando o grau de contaminaccedilatildeo e a possiacutevel e indesejaacutevel presenccedila de

microrganismos potencialmente patogecircnicos

Garantia de Qualidade

Na produccedilatildeo de fitoteraacutepicos do mesmo modo como ocorre com qualquer outro

medicamento natildeo pode negligenciar qualquer procedimento que possa conduzir

a diminuiccedilatildeo da qualidade do produto final A qualidade se reflete na

reprodutibilidade da qualidade do produto avaliada em laboratoacuterio e no

acompanhamento da sua eficaacutecia terapecircutica e seguranccedila Isto soacute pode ser

conseguido quando para cada forma farmacecircutica de fitoteraacutepico forem

registradas as operaccedilotildees farmacecircuticas que devem ser seguidas agrave risca suas

medidas de controle e definiccedilatildeo das responsabilidades para cada uma das

etapas do processamento

Apenas como ilustraccedilatildeo tomemos como exemplo a produccedilatildeo da tintura de

Alecrim-pimenta (Lippia sidoides Cham) O iniacutecio da preocupaccedilatildeo com a

qualidade se daacute com a seguranccedila de que a espeacutecie cultivada seja realmente

aquela que se deve coletar e em seguida em coletar a parte que realmente

deve ser utilizada e de plantas com aspecto saudaacutevel de desenvolvimento para

a qual as condiccedilotildees de cultivo tenham se apresentado como satisfatoacuterias A

monda que se segue agrave coleta retirando as partes improacuteprias agrave preparaccedilatildeo do

fitoteraacutepico daacute continuidade ao passo anterior na busca de alcanccedilar a qualidade

desejada O processo de dessecaccedilatildeo ocorrendo agrave sombra e agrave temperatura

ambiente preservando os constituintes quiacutemicos ativos e diminuindo a

influecircncia da umidade da planta sobre a sua qualidade e a da soluccedilatildeo extrativa

a ser obtida faz com que a droga obtida possa ser utilizada como mateacuteria-prima

para a obtenccedilatildeo de medicamento O cuidadoso processo de trituraccedilatildeo sem

elevar a temperatura durante o processo e reduzindo a perda de poacute para o

ambiente tambeacutem representa um processo que deve ser realizado com a

devida atenccedilatildeo Depois disso a droga seca e triturada deve ser armazenada

em condiccedilotildees que preservem sua qualidade pelo tempo necessaacuterio ateacute sua

utilizaccedilatildeo com as devidas inscriccedilotildees que atestem sua fonte data de coleta e de

processamento e respectivos responsaacuteveis

A preparaccedilatildeo da soluccedilatildeo hidro-alcooacutelica que seraacute utilizada no processo extrativo

tambeacutem deve ser realizada com bastante cuidado pois a mateacuteria-prima deve

apresentar a qualidade compatiacutevel com sua utilizaccedilatildeo para a produccedilatildeo de

medicamentos aacutegua purificada e aacutelcool farmacecircutico Deve-se observar a

legislaccedilatildeo atual sobre aacutelcool que exige a desnaturaccedilatildeo do aacutelcool

comercializado em farmaacutecias e supermercados e assim natildeo deve servir como

excipiente farmacecircutico Enfim todos os processos interferem com a qualidade

do produto final a ser obtido e devem ser realizados corretamente e as

operaccedilotildees registradas em documento proacuteprio buscando a rastreabilidade de

cada lote de cada produto

Outra etapa da garantia da qualidade essencial para sua implantaccedilatildeo eacute a

validaccedilatildeo de equipamentos e de processos que busca uma evidecircncia

documentada de que os mesmos cumprem satisfatoriamente sua finalidade

quando utilizados ou realizados corretamente

Estas evidecircncias devem ser conseguidas antes mesmo de se iniciar a utilizaccedilatildeo

das instalaccedilotildees para produccedilatildeo de medicamentos Naqueles jaacute em

funcionamento a validaccedilatildeo pode ser realizada atraveacutes da documentaccedilatildeo da

produccedilatildeo passada ou seja uma validaccedilatildeo retrospectiva

Para a produccedilatildeo de medicamentos em pequena escala que natildeo venha a

caracterizar uma produccedilatildeo industrial deve-se buscar a adequaccedilatildeo das

condiccedilotildees de produccedilatildeo armazenamento e dispensaccedilatildeo do produto atraveacutes da

Resoluccedilatildeo RDC ndeg 33 de abril de 2000 que descreve os criteacuterios de Boas

Praacuteticas de Manipulaccedilatildeo

Para a produccedilatildeo industrial de medicamentos a legislaccedilatildeo que trata das Boas

Praacuteticas de Fabricaccedilatildeo e Garantia de Qualidade eacute a Resoluccedilatildeo RDC ndeg 210 de

04 de agosto de 2003 As especificaccedilotildees legais da legislaccedilatildeo sanitaacuteria

brasileira e de outros paiacuteses para materiais vegetais devem incluir tanto quanto

possiacutevel o seguinte

- Nome botacircnico c om referecircncia aos autores

- Detalhes da fonte da planta (paiacutes ou regiatildeo de origem cultivo eacutepoca da

colheita procedimentos de colheita possiacuteveis pesticidas utilizados etc)

- Descriccedilatildeo do material vegetal inspeccedilatildeo visual macro eou microscoacutepica

- Testes de identificaccedilatildeo apropriados incluindo quando convenientes testes de

identificaccedilatildeo para ingredientes ativos conhecidos ou marcadores

- Ensaios quando convenientes dos constituintes de atividade terapecircutica ou

marcadores

- Meacutetodos apropriados para determinaccedilatildeo de possiacuteveis contaminaccedilotildees por

pesticidas e os limites aceitos

- Testes para metais pesados e contaminantes semelhantes materiais

estranhos e adulterantes

- Testes para radiaccedilatildeo aflatoxinas e contaminaccedilatildeo microbiana

Qualquer tratamento usado para reduzir contaminaccedilotildees focircnicas e microbianas

ou outras infestaccedilotildees devem ser documentadas Instrumentos para tais

procedimentos devem ser acessiacuteveis e devem incluir detalhes dos processos

testes e limites residuais

Para a realidade do programa Farmaacutecias-Vivas onde natildeo satildeo utilizados

pesticidas as plantas satildeo cultivadas no local proacuteximo de onde ocorre a

produccedilatildeo do medicamento ou satildeo de origem na mesma regiatildeo e satildeo

processadas logo apoacutes a coleta satildeo feitas exigecircncias menores que as

estabelecidas para maiores escalas de produccedilatildeo Nem assim devemos deixar

de registrar todas as operaccedilotildees realizadas com a droga desde o seu cultivo ateacute

a dispensaccedilatildeo do produto fitoteraacutepico

Dispensaccedilatildeo

Estivemos sempre discorrendo sobre qualidade do produto a ser obtido desde

o cultivo da espeacutecie correta da coleta da parte usada e o seu processamento

mantendo intactos os princiacutepios ativos Conhecemos os motivos que levam a

toda esta preocupaccedilatildeo com a qualidade a responsabilidade do profissional que

o produz e a eficaacutecia e a seguranccedila necessaacuterias para o paciente que o utiliza

Portanto resta-nos dispensar o fitoteraacutepico para que este apresente estas

caracteriacutesticas trans formando o paciente num parceiro consciente do seu

papel no uso cor reto deste recurso terapecircutico

O resgate das praacuteticas populares agora respaldadas pelos estudos cientiacuteficos

seacuterios que atestam a eficaacutecia e seguranccedila das espeacutecies utilizadas no programa

Farmaacutecias-Vivas pode ser abordado no momento da dispensaccedilatildeo do

medicamento ou atraveacutes de apresentaccedilotildees coletivas organizadas e realizadas

pelo Farmacecircutico Alguns cuidados merecem ser observados para natildeo se

incorrer em riscos desnecessaacuterios

- Natildeo referendar o uso de plantas cujo estudo cientiacutefico natildeo tenha apresentado

dados sobre sua eficaacutecia e seguranccedila

- Natildeo recomendar o uso de qualquer planta medicinal para o tratamento de

doenccedilas sem a devida recomendaccedilatildeo meacutedica especializada ou natildeo

- Natildeo recomendar a utilizaccedilatildeo de planta que nos seja desconhecida tanto no

aspecto teoacuterico quanto praacutetico

- Natildeo sugerir a utilizaccedilatildeo de quaisquer praacuteticas com ou sem uso de plantas

medicinais que possa representar um risco potencial ou real de dano fetal

Para nos resguardarmos de quaisquer erros precisamos nos manter atualizados

quanto aos benefiacutecios e riscos da utilizaccedilatildeo das espeacutecies medicinais com as

quais trabalhamos dada agrave impossibilidade de conhecer todas as demais Os

dados obtidos durante a dispensaccedilatildeo e acompanhamento dos pacientes aleacutem

daqueles obtidos durante os ensaios controlados de toxicologia e farmacologia

cliacutenica forneceratildeo a necessaacuteria seguranccedila para realizarmos a dispensaccedilatildeo e

cada vez mais desfazermos o mito do natural ser inoacutecuo

Como exemplo da relaccedilatildeo risco x benefiacutecio de uma preparaccedilatildeo fitoteraacutepica

apresentamos as seguintes informaccedilotildees sobre o Elixir de Aroeira que em

muitos aspectos natildeo houve a quantificaccedilatildeo da intensidade dos efeitos beneacuteficos

nem adversos nem de interaccedilotildees

Forma Medicamento Fitoteraacutepico- Caacutepsula ESPINHEIRA SANTA Maytenus ilicifolia Celastraceae

Medicamento fitoteraacutepico

Parte utilizada Folhas

Nomenclatura popularEspinheira santa cancerosa cancorosa-de-sete-espinhos cancrosa

espinheira-divina espinho-de-Deus maiteno erva-cancrosa erva-santa

ApresentaccedilotildeesCaacutepsula dura - Extrato seco das folhas de Maytenus ilicifolia 380 mg -

Embalagem com 3 bliacutesters contendo 15 caacutepsulas cada

Via oral

Uso adulto

Composiccedilatildeo

Cada caacutepsula conteacutem

Extrato seco de Maytenus ilicifolia380 mg

Excipiente qsp 1 caacutepsula (amido)

equivalente a 133 mg de taninos totais

Informaccedilotildees ao pacientePara que este medicamento eacute indicado

Espinheira Santa eacute indicada para o tratamento da maacute digestatildeo e como

coadjuvante no tratamento de uacutelcera do estocircmago e duodeno

Como este medicamento funciona

Espinheira Santa atua como regulador das funccedilotildees estomacais e promove a

proteccedilatildeo da mucosa gaacutestrica

Quando natildeo devo usar este medicamentobull O medicamento deve ser evitado por menores de 12 anos de idade devido agrave

falta de estudos disponiacuteveis

bull Lactaccedilatildeo e gravidez visto que pode diminuir a secreccedilatildeo de leite e pode

provocar contraccedilotildees uterinas

bull Hipersensibilidade (alergia) a qualquer um dos componentes da foacutermula ou a

outras plantas da famiacutelia Celastraceae

O que devo saber antes de usar este medicamentoPrecauccedilotildees e advertecircncias

bull De acordo com a categoria de risco de faacutermacos destinados agraves mulheres

graacutevidas este medicamento apresenta categoria de risco C Este medicamento

natildeo deve ser utilizado por mulheres graacutevidas sem orientaccedilatildeo meacutedica ou do

cirurgiatildeo dentista

Interaccedilotildees medicamentosas

bull A administraccedilatildeo concomitante de M ilicifolia com bebidas alcooacutelicas e outros

medicamentos natildeo eacute recomendada pois natildeo existem estudos disponiacuteveis

sobre as interaccedilotildees medicamentosas deste fitoteraacutepico

Informe seu meacutedico ou cirurgiatildeo-dentista se vocecirc estaacute fazendo uso de algum

outro medicamento

Onde como e por quanto tempo posso guardar este medicamentoCuidados de conservaccedilatildeo

Espinheira Santa deve ser conservada em temperatura ambiente (entre 15 e

30ordmC) em sua embalagem original Proteger da luz e da umidade

Prazo de validade24 meses apoacutes a data de fabricaccedilatildeo impressa no cartucho

Nuacutemero de lote e datas de fabricaccedilatildeo e validade vide embalagem

Natildeo use medicamento com o prazo de validade vencido

Guarde-o em sua embalagem original

Caracteriacutesticas fiacutesicasCaacutepsulas gelatinosas duras de cor creme

Caracteriacutesticas organoleacutepticas

Cheiro (odor) caracteriacutestico e praticamente natildeo apresenta sabor

Antes de usar observe o aspecto do medicamento Caso ele esteja no prazo

de validade e vocecirc observe alguma mudanccedila no aspecto consulte o

farmacecircutico para saber se poderaacute utilizaacute-lo

Todo medicamento deve ser mantido fora do alcance das crianccedilas

Como devo usar este medicamentoModo de usar

As caacutepsulas devem ser ingeridas inteiras e com uma quantidade suficiente de

aacutegua para que possam ser deglutidas

Posologia

Ingerir duas caacutepsulas via oral trecircs vezes ao dia de oito em oito horas

Siga corretamente o modo de usar Em caso de duacutevidas sobre este

medicamento procure orientaccedilatildeo do farmacecircutico Natildeo desaparecendo os

sintomas procure orientaccedilatildeo de seu meacutedico ou cirurgiatildeo-dentista

Este medicamento natildeo deve ser partido aberto ou mastigado

O que devo fazer quando eu me esquecer de usar este medicamentoCaso haja esquecimento da ingestatildeo de uma dose deste medicamento

retomar a posologia prescrita sem a necessidade de suplementaccedilatildeo

Em caso de duacutevidas procure orientaccedilatildeo do farmacecircutico ou de seu meacutedico ou

do cirurgiatildeo-dentista

Que males este medicamento pode causarReaccedilotildees adversas

Ateacute o momento natildeo foram relatadas reaccedilotildees adversas graves ou que coloquem

em risco a sauacutede dos pacientes

Raramente podem ocorrer casos de hipersensibilidade Neste caso suspender

o uso e procurar orientaccedilatildeo meacutedica

Informe seu meacutedico cirurgiatildeo-dentista ou farmacecircutico do aparecimento de

reaccedilotildees indesejaacuteveis pelo uso do medicamento

Induacutestria Brasileira

Esta bula foi atualizada conforme Bula Padratildeo aprovada pela Anvisa em

12012011

Farmacecircutica resp Dra (Nome )

CRF-PR nordm XXXX Coacuted XXXXX - 012011

Informe tambeacutem agrave empresa atraveacutes do seu Serviccedilo de

Atendimento ao Consumidor

O que fazer se algueacutem usar uma quantidade maior do que a indicada deste medicamentoPlantas ricas em taninos como a M ilicifolia quando usadas em doses

excessivas podem causar irritaccedilatildeo da mucosa gaacutestrica e intestinal gerando

vocircmitos coacutelicas intestinais e diarreia

Em caso de super dosagem suspender o uso e procurar orientaccedilatildeo meacutedica de

imediato Em caso de uso de grande quantidade deste medicamento procure

rapidamente socorro meacutedico e leve a embalagem ou bula do medicamento se

possiacutevel Siga corretamente o modo de usar natildeo desaparecendo os sintomas

procure orientaccedilatildeo meacutedica

Conclusatildeo

A espinheira-santa (M ilicifolia) eacute um fitoteraacutepico de relevante accedilatildeo terapecircutica

principalmente antiulcerogecircnica dada sua eficaacutecia farmacoloacutegica e seguranccedila

Vale lembrar que por ausecircncia de estudos ela natildeo eacute recomenda para crianccedilas

e natildeo deve ser usada por gestantes pois estudos em camundongos (fecircmeas e

graacutevidas) indicaram um decreacutescimo significativo do nuacutemero de embriotildees aleacutem

de possuir atividade estrogecircnica que pode interferir na receptividade uterina do

embriatildeo Entre suas atividades farmacoloacutegicas destaca-se a atividade

antiulcerogecircnica que pode ser comparada agrave accedilatildeo da ranitidina e da cimetidina

Por ser morfologicamente parecida com as espeacutecies S bonplandii e Z ilicifolia

ela eacute comumente confundida e ateacute mesmo trocada intencionalmente

A utilizaccedilatildeo de maneira errocircnea das espeacutecies botacircnicas que natildeo satildeo a

verdadeira espinheira-santa (M ilicifolia) pode acarretar danos agrave sauacutede dos

pacientes Assim conclui-se que essas espeacutecies conhecidas como

adulterantes podem trazer malefiacutecios pois ainda faltam estudos que

comprovem suas atividades farmacoloacutegicas e principalmente a seguranccedila

terapecircutica Poreacutem natildeo se deve descartar o uso dessas espeacutecies e sim

realizar estudos mais concretos para que essas plantas assim como a

verdadeira espinheira-santa possam auxiliar no tratamento farmacoloacutegico da

populaccedilatildeo

Referecircncias Bibliograacuteficas

Ralph Santos-Oliveira Simone Coulaud-Cunha Waldeciro Colaccedilo

Revisatildeo da Maytenus ilicifolia Mart ex Reissek Celastraceae

Contribuiccedilatildeo ao estudo das propriedades farmacoloacutegicas Rev Bras

Farmacogn Braz J Pharmacogn 19(2B) AbrJun 2009

Wilker Marlon de Moraes Jesus Tarciacutesio Neves da Cunha Estudo das

propriedades farmacoloacutegicas da espinheira-santa (Maytenus ilicifolia

Mart ex Reissek) e de duas espeacutecies adulterantes Revista Sauacutede e

Desenvolvimento vol ndash nordm 1 Jan ndash Jun 2012

MARIOT MP1 BARBIERI RL2 Engenheiro Agrocircnomo Dr prof do

Conjunto Agroteacutecnico ldquoVisconde da GraccedilardquoUniversidade Federal de

Pelotas (mariotufpeltchebr) ndash Av Ildefonso Simotildees Lopes 2791

Pelotas-RS CEP 96060-290 2Bioacuteloga Dr pesquisadora da Embrapa

Clima Temperado (barbiericpactembrapabr) ndash BR 392 km 78 caixa

postal 403 Pelotas-RS CEP 96001-970 (endereccedilo para

correspondecircncia) Metaboacutelitos secundaacuterios e propriedades medicinais da

espinheira-santa (Maytenus ilicifolia Mart ex Reiss e M aquifolium

Mart)

CARLINI EA Braz S Efeito protetor do liofilizado obtido do abafado de

Maytenus Sp (espinheira-santa) contra uacutelcera gaacutestrica experimental em

ratos In Estudo da accedilatildeo antiuacutelcera gaacutestrica de plantas brasileiras

(Maytenus ilicifolia) Espinheira santa e outras Brasiacutelia CEMEAFIP

1988 p21-35MACAUBAS CIP et al Estudo da eventual accedilatildeo

antiuacutelcera gaacutestrica do baacutelsamo (Sedum sp) folha da fortuna

(Bryophyllum calcium) couve (Brassica oleraceae) e da Espinheira

santa (Maytenus ilicifolia) em ratos In Estudo da accedilatildeo antiuacutelcera

gaacutestrica de plantas brasileiras (Maytenus ilicifolia) Espinheira santa e

outras Brasiacutelia CEMEAFIP 1988 p 5-20

Olivia Werner Oliveira Pedro Ros Petrovick Secagem por aspersatildeo

(spray drying) de extratos vegetais bases e aplicaccedilotildees Revista

Brasileira de Farmacognosia Brazilian Journal of Pharmacognosy 20(4)

641-650 AgoSet 2010

Marianne Christina Scheffer Capitulo 17 Produccedilatildeo de espinheira-santa

(Maytenus ilicifolia Mart ex Reiss) na regiatildeo metropolitana de Curitiba

Paranaacute Brasil

Said gonccedilalves da cruz fonsacircca Farmacoteacutecnica de Fitoteraacutepicos2005

1 Espinheira Santa

A M ilicifolia eacute uma espeacutecie da famiacutelia Celastraceae conhecida popularmente

como ldquoespinheira-santardquo ldquoespinheira-divinardquo ldquocancorosardquo ldquocancerosardquo e

ldquocancrosardquo (BRASIL 2011) Eacute uma espeacutecie nativa da Regiatildeo Sul do Brasil

tendo ocorrecircncia tambeacutem na Argentina na Boliacutevia no Paraguai e no Uruguai

(ALICE et al 1995)

De acordo com Cirio et al (2003) a espinheira-santa (M ilicifolia) tem sua

obtenccedilatildeo para fins comerciais a partir do extrativismo ou de plantas cultivadas

das quais satildeo coletados os ramos e as folhas do terccedilo superior em podas

anuais Essa espeacutecie estaacute ameaccedilada de extinccedilatildeo no Brasil por ser explorada

em regime basicamente extrativista (BATALHA et al 2002) Seu nome popular

deve-se ao fato de suas folhas possuiacuterem bordas com espinhos e por possuir

propriedades medicinais (MAGALHAtildeES 2002) As folhas secas satildeo inodoras e

com sabor suave levemente adstringente (BRASIL 2011)

As plantas da espeacutecie espinheira-santa (M ilicifolia) ocorrem naturalmente e se

desenvolvem em ambiente sombreado em solos ricos em mateacuteria orgacircnica

dispersa nas matas e com umidade de meacutedia a alta (CIRIO et al 2003) O

estudo fitoquiacutemico da espinheira-santa determinou nas folhas a presenccedila de

flavonoides e taninos e a maior parte dos flavonoides dessa planta se encontra

na forma de heterosiacutedeos (NEGRI 2007)

De acordo com Cirio et al (2003) as folhas de espinheira-santa (M ilicifolia)

possuem grande interesse farmacecircutico Isso ocorre em razatildeo de essa planta

apresentar comprovados efeitos sobre acidez e ulceraccedilotildees do estocircmago

Essas duas atividades medicinais satildeo comprovadas por pesquisas

coordenadas pela Central de Medicamentos (Ceme) do Ministeacuterio da Sauacutede do

Brasil (DI STASI 2004)

2 Propriedades medicinais de espinheira santa uso popular e estudos cientiacuteficos

A espinheira-santa eacute empregada no tratamento de problemas estomacais

(gastrites e uacutelceras) (Lorenzi amp Matos 2002) As pesquisas com as espeacutecies de

espinheira-santa ndash M ilicifolia e M aquifolium ndash foram iniciadas na deacutecada de

60 estimuladas pela sua eficaacutecia no tratamento de uacutelceras e ateacute mesmo do

cacircncer Estudos iniciais revelaram que elas contecircm compostos bioativos que

mostraram potente accedilatildeo anti-tumoral e antileucecircmica em doses muito baixas

Na medicina tradicional o emplastro de suas folhas eacute usado no tratamento do

cacircncer de pele O decocto das folhas eacute usado em lavagens para o mesmo

tratamento M ilicifolia tem sido usada popularmente no Brasil para tratamento

de cacircncer (Fox 1991) Entretanto seu uso mais popular eacute no tratamento de

uacutelceras indigestatildeo gastrites crocircnicas e dispepsia conforme mostrado em

trabalho desenvolvido por Carlini (1988)

Jorge et al (2004) observaram que extratos hexano e etilacetato de M ilicifolia

que promovem um aumento do volume gaacutestrico e do pH no estocircmago

apresentam accedilatildeo antiulcerogecircnica e anti-inflamatoacuteria Foi observado por

Ferreira et al (2004) que o extrato de folhas de M ilicifolia reduz a secreccedilatildeo

aacutecida na mucosa gaacutestrica de ratildes com efeito semelhante ao medicamento

cimetidina M ilicifolia tem se tornado conhecida e usada na medicina

herbaliacutestica dos EUA onde o extrato de suas folhas vem sendo empregado

para uacutelceras para recomposiccedilatildeo da flora intestinal e inibiccedilatildeo de bacteacuterias

patogecircnicas como laxante para eliminar toxinas atraveacutes dos rins e pele e para

regular a produccedilatildeo do aacutecido cloriacutedrico do estocircmago (Lorenzi amp Matos 2002

Melo et al 2001)

Extratos do caule de M ilicifolia mostraram atividade anti-fuacutengica contra

Microsporum gypseum e Trichophyton mentagrophytes mas as folhas natildeo

mostraram o mesmo efeito (Portillo et al 2001) Esta espeacutecie eacute utilizada como

contraceptivo por populaccedilotildees indiacutegenas e do meio rural no Paraguai e como

abortivo por mulheres do nordeste da Argentina (Montanari et al 1998) Os

autores estudaram o efeito do extrato etanoacutelico de folhas de M ilicifolia sobre a

espermatogecircnese em ratos natildeo tendo sido mostrado efeito significativo sobre

a formaccedilatildeo dos espermatozoacuteides Foi observado por Montanari amp Bevilacqua

(2002) que o extrato de folhas desta espeacutecie causou uma perda na preacute-

implantaccedilatildeo embriocircnica em ratos mas sem efeito sobre a implantaccedilatildeo ou

organogecircnese A atividade estrogecircnica do extrato sugere que ele pode estar

interferindo com a receptividade uterina ao embriatildeo Entretanto os efeitos natildeo

foram uniformes entre os animais sendo que em alguns nenhuma alteraccedilatildeo

foi observada nem mesmo na fase de preacute-implantaccedilatildeo do embriatildeo Isto

significa que no caso das mulheres o aborto poderia ocorrer em algumas e em

outras natildeo Existem vaacuterias espeacutecies medicinais do gecircnero Maytenus ndash aleacutem de

M ilicifolia e M aquifolium ndash que vecircm sendo amplamente estudadas como M

senegalensi M macrocarpa e M canariensis (Di Stasi 2004) O autor cita

alguns trabalhos com estas espeacutecies M senegalensis apresenta atividade

antimalaacuterica leishmanicida e inibitoacuteria sobre a replicaccedilatildeo do viacuterus HIV-1

(atraveacutes da accedilatildeo da pristimerina) M canariensis apresenta atividade

antibacteriana antifuacutengica e inseticida M macrocarpa apresenta compostos

com accedilatildeo citotoacutexica e leishmanicida Foi evidenciada por Kennedy et al (2001)

a accedilatildeo leishmanicida de M magellanica e M chubutensis

3 Caracteriacutesticas morfoanatocircmicas e fenoloacutegicasA espinheira-santa (Maytenus ilicifolia) foi descrita por Carvalho-Okano (1992)

como um sub-arbusto ou aacutervore ramificado desde a base podendo atingir uma

estatura de ateacute 5 m com ramos novos glabros angulosos tetra ou

multicarenados

As folhas satildeo congestas coriaacuteceas glabras com estiacutepulas incospiacutecuas limbo

com 22 a 89 cm de comprimento e 11 a 30 cm de largura nervuras

proeminentes na face abaxial de forma eliacuteptica com a margem inteira ou com

espinhos em nuacutemero de um a vaacuterios distribuiacutedos regular ou irregularmente no

bordo geralmente concentrados na metade apical de um ou de ambos os

semilimbos As inflorescecircncias ocorrem em fasciacuteculos multifloros As flores

possuem seacutepalas semicirculares e ciliadas com peacutetalas ovais e inteiras

estames com filetes achatados na base estigma capitado seacutessil ou com

estilete distinto ovaacuterio saliente ou totalmente imerso no disco carnoso

As flores satildeo monoacuteclinas poreacutem haacute evidecircncias fortes de que muitas de suas

flores sejam funcionalmente diclinas O fruto eacute uma caacutepsula bivalvar orbicular

com pericarpo maduro de coloraccedilatildeo vermelho-alaranjada

As sementes satildeo eretas suborbiculares elipsoides ou obovais agraves vezes

angulosas em nuacutemero variaacutevel de 1 a 4 por fruto envoltas inteiramente pelo

arilo A testa eacute rija lisa e brilhante em geral com coloraccedilatildeo castanha ou negra

O endosperma eacute abundante o embriatildeo eacute axial com cotileacutedones planos

membranaacuteceos e eixo hipocoacutetilo-raizinha reta e curta O arilo eacute suculento de

coloraccedilatildeo branca cobrindo toda a semente Um estudo morfoanatocircmico desta

espeacutecies foi ainda realizado por Lula et al (2001) Segundo os autores M

ilicifolia apresenta epiderme adaxial e abaxial glabras com ceacutelulas poligonais

de paredes levemente espessadas retas e cutiacutecula de aspecto granulado Foi

observada a presenccedila de cristais prismaacuteticos nas ceacutelulas epideacutermicas e

tambeacutem de raacutefides Os estocircmatos estatildeo restritos agrave epiderme abaxial e com

frequumlecircncia apresentam cinco ceacutelulas subsidiaacuterias muito pouco diferenciadas

das ceacutelulas epideacutermicas comuns Em corte transversal as epidermes se

apresentam uniestratificadas com ceacutelulas baixas e tabulares e cutiacutecula

relativamente espessa O mesoacutefilo eacute dorsiventral com duas camadas de

parecircnquima paliccedilaacutedico O parecircnquima lacunoso eacute relativamente compacto com

cerca de seis a sete camadas de ceacutelulas As nervuras menores e as

terminaccedilotildees vasculares apresentam uma bainha de fibras esclerenquimaacuteticas

As sementes de M ilicifolia podem ser classificadas como ortodoxas e

estocadas a -20ordmC por um longo periacuteodo em cacircmara fria (Eira et al 1995) M

aquifolium tambeacutem conhecida como espinheira-santa eacute descrita por Carvalho-

Okano (1992) como um arbusto ou aacutervore medindo cerca de 15-12 m de

altura Apresenta ramos novos glabros ciliacutendrico-achatados folhas cartaacuteceas

glabras peciacuteolo com 05-10 cm de comprimento estiacutepulas inconspiacutecuas limbo

com 60-190 cm de comprimento e 20-60 cm de largura nervura primaacuteria

proeminente em ambas as faces nervuras secundaacuterias subsalientes forma

eliacuteptica ou mais comumente oblongo-eliacuteptica base aguda ou obtusa aacutepice

agudo a obtuso com mucron margem com muitos espinhos serrada A

Inflorescecircncia eacute em fasciacuteculos multifloros apresentando pedicelos florais com

04-07 cm de comprimento As seacutepalas satildeo ovais com cerca de 04 cm de

comprimento e 03 cm de largura Os estames apresentam filetes achatados na

base O estigma eacute seacutessil ou com estilete distinto ovaacuterio saliente ou imerso

totalmente no disco carnoso O fruto eacute uma caacutepsula bivalvar orbicular o

pericarpo maduro apresenta coloraccedilatildeo castanho-avemelhada O florescimento

de espinheira-santa ocorre entre os meses de setembro a dezembro e a

frutificaccedilatildeo de outubro a fevereiro (Carvalho-Okano 1992) A frutificaccedilatildeo ocorre

durante um periacuteodo relativamente longo iniciando no Estado do Rio

Grande do Sul seguido por Santa Catarina e por uacuteltimo o Paranaacute (Scheffer amp

Arauacutejo1998) As espeacutecies de espinheira-santa satildeo aloacutegamas Os estudos da

accedilatildeo farmacoloacutegica da espinheira-santa tecircm sido realizados utilizando

principalmente as folhas pois eacute a parte da planta que normalmente eacute utilizada

pela populaccedilatildeo nas infusotildees ou pela induacutestria farmacecircutica para elaboraccedilatildeo de

medicamentos Alguns estudos foram feitos com a raiz pois existem relatos do

uso esporaacutedico desta parte da planta por algumas pessoas para o tratamento

de doenccedilas Em um levantamento do uso da espinheira-santa pelas

comunidades rurais Mariot (2005) identificou um agricultor que utiliza o chaacute

das raiacutezes da espinheirasanta para o tratamento de diabetes Com relaccedilatildeo agrave

localizaccedilatildeo da produccedilatildeo de metaboacutelitos secundaacuterios nas plantas de

espinheirasanta Corsino et al (2000) ao estudarem a biossiacutentese de

triterpenoacuteides em M aquifolium identificaram que as folhas produzem 3b-

friedelanol e friedelina (friedelano) e raiacutezes acumulam maitenina e pristimerina

(quinonametiacutedicos) Os triterpenos derivados de friedelano uma vez

biossintetizados nas folhas satildeo translocados para as raiacutezes e posteriormente

transformados nos triterpenoacuteides quinonametiacutedicos que apresentam accedilatildeo

antitumor Estes triterpenoacuteides natildeo foram encontrados em folhas somente em

raiacutezes Os flavonoacuteides satildeo encontrados em todos os oacutergatildeos das plantas

(Zuanazzi 2001) Existem flavonoacuteides que satildeo encontrados em um oacutergatildeo e em

outros natildeo ou quando existe o mesmo composto em mais de um oacutergatildeo este

pode apresentar diferentes concentraccedilotildees Estes compostos estatildeo localizados

nos vacuacuteolos cloroplastos e cromoplastos (Cardoso et al 2001) Os taninos

ocorrem nos vacuacuteolos e plastiacutedios (Salisbuty amp Ross 1992)

Figura A - Folhas de espinheira-santa (a uacuteltima eacute M aquifolium e as demais

satildeo M ilicifolia) B - flores de espinheira-santa C - ramo com frutos e sementes

de Maytenus ilicifolia

4 Aspectos quiacutemico-bioloacutegicosOs compostos com accedilatildeo bioativa de importacircncia na farmacologia satildeo

produzidos atraveacutes da biossiacutentese dos metaboacutelitos secundaacuterios que estaacute

esquematizado na Figura 1 Nesta figura pode ser observada a formaccedilatildeo dos

principais metaboacutelitos identificados na espinheira-santa como os taninos

flavonoacuteides e terpenos grupo em que estatildeo inseridos os triterpenos

O gecircnero Maytenus eacute rico em espeacutecies com potencial medicinal tendo sido

identificados vaacuterios compostos com accedilatildeo farmacoloacutegica Di Stasi (2004) em

uma revisatildeo sobre compostos bioativos em espeacutecies de Maytenus relata a

presenccedila de pristimerina um triterpeno do tipo friedelano com accedilatildeo

antimalaacuterica e compostos fenoacutelicos com atividade inibitoacuteria sobre a replicaccedilatildeo

do viacuterus HIV-1 em M senegalensis Em M canariensis foram isoladas

nortriterpenos com atividade antibioacutetica e sesquiterpenos com atividade

inseticida M macrocarpa apresenta nortriterpenos denominados

macrocarpinas os quais satildeo citotoacutexicos sesquiterpenos com atividade

leishmanicida e triterpenos do tipo friedelano Triterpenoacuteides do tipo friedelano

tambeacutem foram isolados desta espeacutecie por Chavez et al (1998) Foi evidenciado

por Kennedy et al (2001) a accedilatildeo leishmanicida de sesquiterpenos isolados de

M magellanica e M chubutensis

FIGURA 1 Representaccedilatildeo simplificada do ciclo biossinteacutetico dos metaboacutelitos

secundaacuterios terpenoacuteides flavonoacuteides e taninos condensados que ocorrem em

espinheira-santa (adaptado de Santos 2001)

Entre os compostos bioativos em espinheirasanta (M ilicifolia e M aquifolium)

que podem ter accedilatildeo antiulcerogecircnica e anti-gaacutestrica destacam-se os

triterpenos Os triterpenoacuteides satildeo compostos constituiacutedos basicamente de trinta

unidades de carbono ndash seis isoprenos (Cardoso et al 2001) A maioria possui

em sua constituiccedilatildeo hidroxilas que podem ser glicosiladas produzindo os

heterosiacutedeos cardiotocircnicos importantes agentes terapecircuticos para doenccedilas

cardiovasculares e as saponinas Biossinteticamente satildeo derivados de

condensaccedilatildeo de duas moleacuteculas de farnesilpirofosfato (FPP) unidas cauda-

cauda produzindo o esqualeno precursor aciacuteclico desta classe de compostos

(Figura 2) A provaacutevel ciclizaccedilatildeo da moleacutecula de esqualeno leva agrave formaccedilatildeo da

estrutura baacutesica dos triterpenoacuteides o ciclopentanohidrofenantreno importante

precursor dos esteroacuteides vegetais e animais e das saponinas triterpecircnicas As

saponinas triterpenoacuteides apresentam trecircs tipos de estruturas baacutesicas oleanos

ursanos e lupanos Os triterpenos denominados cangoronina e ilicifolina foram

identificados por Itokawa et al (1991) em M ilicifolia Eles satildeo do tipo

friedelano e foram fracionados junto com outros sete triterpenos jaacute conhecidos

FIGURA 2 Biossiacutentese de triterpenoacuteides (adaptado de Cardoso et al 2001)

Os autores mostraram que alguns destes compostos tecircm accedilatildeo citotoacutexica

como por exemplo a pristimerina ndash que foi a mais eficiente ndash indicando que

podem ser uacuteteis no tratamento de tumores Trabalho semelhante foi

desenvolvido por Shirota et al (1994) que elucidaram a estrutura de alguns

triterpenos aromaacuteticos Estes compostos mostraram atividade citotoacutexica

moderada contra um nuacutemero de linhagens de ceacutelulas de tumor cultivadas As

estruturas de outros dois triterpenos diacutemeros denominados cangorosina A e

cangorosina B foram elucidadas por Shirota et al (1997) em extrato de raiacutezes

de M ilicifolia Quatro novos triterpenoacuteides ndash maytefolina A-C (1-3) e uvaol-3-

caffeate (4) ndash aleacutem de outros triterpenos foram isolados de folhas de M

ilicifolia por Ohsaki et al (2004) Os autores identificaram a accedilatildeo citotoacutexica do

triterpenoacuteide eritrodiol

Apesar de a literatura destacar os triterpenos como os principais compostos

bioativos em espinheira-santa Corsino et al (1998b) destacaram que a famiacutelia

Celastraceae eacute uma fonte rica de sesquiterpenos Os autores isolaram e

elucidaram a estrutura quiacutemica de dois sesquiterpenos a aquifoliulina E-I e a

aquifoliulina EII Ao verificarem a accedilatildeo citotoacutexica do extrato de M aquifolium

em mutantes de Saccharomyces cerevisiae eles sugeriram que os

sesquiterpenos podem ser os principais responsaacuteveis por causar pequenos

danos no DNA Em outro trabalho Corsino et al (1998c) isolaram e elucidaram

a estrutura de outros dois sesquiterpenos a aquifoliulina E-III e a aquifoliulina

E-IV Os triterpenos maitenina e 22- hidroximaitenina satildeo membros de um

pequeno grupo de produtos naturais peculiares agraves espeacutecies das famiacutelias

Celastraceae e Hippocrateaceae com potencial anti-cacircncer (Corsino et al

1998a) A ligaccedilatildeo da maitenina ao DNA sugere uma interaccedilatildeo celular que pode

elucidar a atividade antitumor Os autores mostraram que estes compostos satildeo

efetivos contra carcinoma epidermoacuteide Foi identificada a accedilatildeo antiuacutelcera

gaacutestrica da espinheira-santa em ratos com accedilatildeo semelhante ao medicamento

cimetidina Dois triterpenos jaacute relatados na literatura o friedelan-3-ol e o

friedelan-3-on foram identificados em extrato de M ilicifolia sendo sugeridos

como substacircncias bioativas no tratamento das enfermidades estomacais

Os autores acima citados isolaram e identificaram maitenina e 22

hidroximaitenina a partir de calos oriundos de explantes de folhas de M

aquifolium ndash atraveacutes de HPLC ndash cultivados em dois meios de cultura com

diferentes concentraccedilotildees de cinetina O rendimento dos triterpenos no meio

com menor concentraccedilatildeo de cinetina foram maiores do que no outro A cultura

de tecidos parece entatildeo ser uma fonte contiacutenua e estaacutevel de compostos de

espeacutecies de Maytenus conforme proposto por Pereira et al (1993)

Os autores estabeleceram um protocolo para organogecircnese total de placircntulas

de M ilicifolia de matrizes selecionadas para produccedilatildeo de compostos para

estudos fitoquiacutemicos utilizando como explante gemas axilares

Derivados dos triterpenos friedelano satildeo tiacutepicos das famiacutelias Celastraceae e

Hippocrateaceae (Buffa Filho et al 2002) Estes autores atraveacutes do

desenvolvimento de um meacutetodo HPLC (High Performance Liquid

Chromatography) fase-reversa para a quantificaccedilatildeo de triterpenos em cinco

tipos morfoloacutegicos de Maytenus ilicifolia identificaram os compostos 20 1048576-

hidroximaitenina e 22 hidroximaitenina em baixa concentraccedilatildeo aleacutem de

maitenina celastrol e pristimerina em alta concentraccedilatildeo

Os triterpenos friedelan-3-ol friedelina (Figura 3) e compostos polifenoacutelicos

presentes em M ilicifolia e M aquifolium satildeo citados por Cordeiro et al (1999)

como componentes eficientes no tratamento de uacutelceras e gastrites estomacais

Os autores caracterizaram triterpenos de extratos ndash obtidos por extraccedilatildeo direta

com etilacetato ndash de folhas destas duas espeacutecies atraveacutes de HRGC-MS

(cromatografia gasosa de alta resoluccedilatildeo e espectrometria de massas) O perfil

cromatograacutefico foi semelhante para ambas as espeacutecies diferindo na

concentraccedilatildeo relativa de alguns compostos Estes dois triterpenos foram

tambeacutem destacados por Vilegas et al (1995) e Lanccedilas et al (1997) como os

mais importantes nas duas espeacutecies de espinheira-santa para o tratamento de

uacutelcera gaacutestrica Os primeiros propuseram uma teacutecnica raacutepida para identificar

friedelan-3-ol e friedelina ndash atraveacutes de cromatografia gasosa com alta

temperatura de capilaridade em coluna polar ndash o que permite a distinccedilatildeo entre

extratos alcooacutelicos aquosos de espinheira-santa autecircnticos e falsos (quando

satildeo misturadas folhas de outras espeacutecies como de Sorocea bomplandii) Os

uacuteltimos desenvolveram um meacutetodo para extraccedilatildeo de princiacutepios ativos em

espinheira-santa atraveacutes de uma adaptaccedilatildeo do SFE (extraccedilatildeo com fluido

supercriacutetico) com baixo custo Atraveacutes da utilizaccedilatildeo do CO2 e etanol 10

como fluido extrator conseguiram resultados satisfatoacuterios na obtenccedilatildeo dos

triterpenos O sistema SFE desenvolvido pelos autores foi mais eficiente sendo

uma alternativa aos outros meacutetodos por ser mais raacutepido aleacutem de permitir uma

flexibilidade de escolha do fluido extrator entre gases ou solventes liacutequidos a

condiccedilotildees ambientes Mossi et al (2004) ao caracterizarem quimicamente

extratos de M ilicifolia ndash obtidos atraveacutes da utilizaccedilatildeo de CO2 em alta pressatildeo

ndash observaram que a temperatura de extraccedilatildeo e a densidade do solvente

exerceram um efeito importante sobre o rendimento liacutequido do extrato e a

distribuiccedilatildeo quiacutemica dos compostos volaacuteteis ao contraacuterio do tamanho de

partiacutecula e da taxa de fluxo de CO2 Apesar dos triterpenos friedelan-3-ol e

friedelina terem sido destacados como sendo compostos eficientes no

tratamento anti-uacutelcera gaacutestrica Queiroga et al (2000) em pesquisa realizada

com ratos mostraram que estes triterpenos natildeo apresentam esta accedilatildeo

farmacoloacutegica

FIGURA 3 Estrutura molecular dos triterpenos friedelan-3-ol e friedelina (Mossi 2003) dos flavonoacuteides canferol e quercetina e do tanino condensado (Cardoso et al 2001) encontrados em espinheira-santa

Os taninos e flavonoacuteides satildeo compostos fenoacutelicos presentes em espinheira-

santa que tambeacutem podem ter accedilatildeo em doenccedilas estomacais (Gonzales et al

2001) Os taninos satildeo compostos de sabor adstringente derivados de

fenilpropanos capazes de formar complexos com proteiacutenas accediluacutecares e

alcaloacuteides indoacutelicos (Cardoso et al 2001) Dividem se em duas categorias

derivados de esqueletos (C6-C1)n chamados de taninos hidrosoluacuteveis e

derivados de esqueletos (C6-C3-C6)n chamados de taninos condensados

(Figura 3) ou proantocianidinas Os taninos hidrolizaacuteveis possuem rotas

biossinteacuteticas ainda desconhecidas Sabe-se que seu precursor eacute o aacutecido

gaacutelico ou seu diacutemero de condensaccedilatildeo o aacutecido elaacutegico Os taninos

condensados satildeo biossintetizados pelas condensaccedilotildees de derivados de aacutecido

chiquiacutemico e unidades de malonil-CoA levando agrave formaccedilatildeo das catequinas

Estas satildeo importantes precursoras das proantocianidinas (taninos

condensados) e antocianidinas Caracterizam-se por serem oligocircmeros e

poliacutemeros formados pela policondensaccedilatildeo de duas unidades flavonoiacutedicas

(flavan-3-ol e flavan-34-diol) portanto tambeacutem satildeo considerados compostos

flavonoacuteides sendo tambeacutem denominados de flavolanas diferenciando-se dos

taninos hidrolisaacuteveis por natildeo possuiacuterem resiacuteduos glicosiacutedeos em sua estrutura

Segundo o autor entre as atividades farmacoloacutegicas que os taninos

condensados apresentam ndash quando complexados com proteiacutenas ndash destacam-

se a proteccedilatildeo da mucosa do estocircmago em tratamento de uacutelcera peacuteptica as

propriedades anti-inflamatoacuterias e cicatrizantes e o bloqueio da formaccedilatildeo da

placa dental atraveacutes da inibiccedilatildeo da glicosiltransferase produzida por bacteacuterias

bucais

Atraveacutes de estudo fitoquiacutemico em extrato de M aquifolium Gonzales et al

(2001) identificaram triterpenos taninos e flavonoacuteides Em testes de

laboratoacuterio os autores mostraram a accedilatildeo antiulcerogecircnica e analgeacutesica do

extrato desta espeacutecie Eles destacaram que os triterpenos apresentam

habilidade na estimulaccedilatildeo da siacutentese de muco ou manutenccedilatildeo do conteuacutedo de

prostaglandina ndash componente com atividade antiulcerogecircnica ndash da mucosa

gaacutestrica em altos niacuteveis Foi sugerido ainda que componentes antioxidantes

como os taninos e os flavonoacuteides podem ter accedilatildeo contra lesotildees gaacutestricas

Os flavonoacuteides existem em abundacircncia no reino vegetal encontrados em sua

maioria nas angiospermas (Cardoso et al 2001) Caracterizam se

estruturalmente por serem polifenoacutelicos derivados de C6-C3-C6 ligados na

orientaccedilatildeo cabeccedila-cauda e que podem conter como substituintes hidroxilas

ou seus derivados funcionais tais como eacutesteres metoxilas aleacutem de

glicosiacutedeos isoprecircnicos presos em posiccedilotildees especiacuteficas dos aneacuteis Os

flavonoacuteides tecircm como precursores a fenilalanina e a acetil-CoA

Satildeo originados de reaccedilotildees de derivados do aacutecido chiquiacutemico e derivados do

acetato Os flavonoacuteides satildeo divididos nas seguintes classes flavonas

flavonoacuteis antocianinas e isoflavonoacuteides esta uacuteltima restrita agrave famiacutelia Fabaceae

Os compostos mais importantes encontrados nos vegetais para cada uma das

trecircs primeiras classes satildeo flavonas ndash apigenina e luteolina flavonoacuteis ndash

canferol quercetina miricetina e galangina antocianinas ndash cianidina e

malvidina

Ao analisarem quantitativamente por HPLC flavonoacuteides em infusatildeo aquosa de

folhas de M ilicifolia e M aquifolium Leite et al (2001) identificaram um novo

composto deste grupo na primeira espeacutecie Os autores destacaram que os

flavonoacuteides podem mediar uma variaccedilatildeo de mecanismos relacionados agrave

atividade anti-cacircncer anti-tumor e anti-oxidante esta uacuteltima relacionada agrave

caracteriacutestica anti-uacutelcera Os flavonoacuteides tetra-glicosilados satildeo uacuteteis como

marcadores quiacutemicos para o controle de qualidade em Maytenus

Dois novos tetraglicosiacutedeos ndash pertencentes aos grupos dos 3-O-glicosiacutedeos de

quercetina e canferol que satildeo os mais importantes entre os flavonoacuteides ndash

foram isolados por Vilegas et al (1999) a partir da infusatildeo de folhas de M

aquifolium Os flavonoacuteides quercetina e canferol estatildeo representados na Figura

3 com indicaccedilatildeo dos grupos hidroxila (3) que satildeo glicosilados para formar os

3-O-glicosiacutedeos de quercetina e canferol Os autores identificaram a accedilatildeo anti-

uacutelcera da infusatildeo de espinheira-santa em que o aumento da dose levou ao

decreacutescimo do nuacutemero de uacutelceras em ratos sendo a dose de 800 mg kg-1 a

mais eficiente A maior atividade foi verificada em uacutelceras do tipo III que satildeo as

mais severas Foi ainda destacado que o isolamento de flavonoacuteides

poliglicosilados da infusatildeo de M aquifolium seraacute uacutetil para validaccedilatildeo destes

componentes como marcadores quiacutemicos como jaacute anteriormente descrito por

Vilegas et al (1998) ndash que distinguiram atraveacutes da teacutecnica HPTLC (High

Performance Thin Layer Chromatographic) amostras autecircnticas de M ilicifolia

e M aquifolium e amostras alteradas com Sorocea bomplandii uma espeacutecie

muitas vezes confundida com a espinheirasanta devido agrave morfologia similar da

folha

5 Aspectos silviculturais

Os coletores tradicionais possuem noccedilotildees empiacutericas sobre o manejo das

espeacutecies em seu ambiente natural (eacutepoca e frequecircncia de coleta suportada

pela espeacutecie ambientes em que ocorrem cuidados com os indiviacuteduos no

momento da coleta para que possam rebrotar) Por exemplo ensinam que a

espinheira-santa deve ser coletada quebrando os ramos e natildeo cortando-os

Alguns coletores dizem que isto eacute necessaacuterio para que a planta tenha efeito

medicinal outros que se os ramos forem cortados a aacutervore natildeo rebrota Fato

eacute que os ramos que satildeo quebrados satildeo mais finos do que se for utilizado um

instrumento cortante e isto certamente tem influecircncia sobre a regeneraccedilatildeo dos

indiviacuteduos Outra informaccedilatildeo dos coletores tradicionais eacute que as folhas de uma

determinada aacutervore devem ser colhidas com intervalos de dois anos Dizem

que eacute o tempo necessaacuterio para a aacutervore se recuperar Poreacutem nos plantios

verifica-se que a regeneraccedilatildeo ocorre em um ano Entretanto como os frutos

satildeo formados em ramos do ano anterior esta recomendaccedilatildeo pode estar ligada

ao manejo da espeacutecie garantindo o tempo miacutenimo necessaacuterio para que se

reproduza Com o mesmo objetivo os produtores deixam algumas aacutervores sem

colher para que produzam sementes garantindo assim regeneraccedilatildeo

natural e mais recentemente como fonte de sementes para plantios

Conhecem a forma de distribuiccedilatildeo da espinheira-santa e percorrem grandes

distacircncias para localizar boas aacutereas de coleta com um nuacutemero significativo de

aacutervores Costumam dar intervalos de um ou mais anos entre as coletas num

mesmo local ou coletam as folhas somente de um lado da planta e no ano

seguinte do outro lado

Haacute ainda os curiosos pessoas sem tradiccedilatildeo em coleta de plantas que por

necessidade econocircmica e por residirem proacuteximo a aacutereas em que a espeacutecie

ocorre satildeo contratadas por coletores tradicionais ou por compradores de

plantas para realizarem a coleta da espinheira-santa e outras espeacutecies

medicinais que ocorrem nas proximidades de sua residecircncia

6 Os produtores de espinheira-santa e seu contexto socioeconocircmico

A populaccedilatildeo da Regiatildeo Metropolitana de Curitiba eacute formada por descendentes

de europeus que integraram as diversas correntes migratoacuterias estimuladas no

seacuteculo XIX Tecircm-se assim principalmente descendentes de alematildees

italianos atividade agropecuaacuteria agrave qual incorporaram praacuteticas extrativistas que

jaacute eram atividade agropecuaacuteria agrave qual incorporaram praacuteticas extrativistas que jaacute

eram exercidas pelos caboclos descendentes dos antigos colonizadores

portugueses e iacutendios da regiatildeo No municiacutepio de Campo Largo haacute 1469

estabelecimentos rurais dos quais 1164 exercem atividades ligadas agrave

agricultura ou silvicultura

Segundo o Censo realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica

IBGE em 2000 a populaccedilatildeo rural era de 15580 pessoas (IPARDES 2001)

Destas cerca de 50 estatildeo envolvidas na produccedilatildeo no processamento e na

comercializaccedilatildeo da espinheira-santa

Haacute vaacuterios tipos de produtores de mateacuteria-prima

(a) coletores tradicionais cuja uacutenica atividade econocircmica eacute a coleta de plantas

medicinais inclusive espinheira-santa

(b) coletores de plantas medicinais que tambeacutem cultivam espeacutecies alimentiacutecias

Neste caso a coleta de plantas medicinais visa agrave complementaccedilatildeo da renda

(c) agricultores que cultivam e coletam plantas medicinais

(d) agricultores natildeo coletores que soacute cultivam plantas medicinais

A coleta eou o cultivo de espinheira-santa eacute de uma estrateacutegia de obtenccedilatildeo de

renda diversificada e natildeo passa em meacutedia de 17 da renda familiar Os

coletores recebem em geral R$040kg de planta fresca (folhas com ramos

finos) Apoacutes secagem satildeo comercializadas por R$250 a 350kg As folhas de

plantas cultivadas podem alcanccedilar entre R$800 e 1200kg (soacute folha seca)

7 Processamento da espinheira-santa

Apoacutes a coleta os ramos com folhas satildeo levados ateacute a propriedade do coletor

onde as folhas satildeo selecionadas e secas ou entregues diretamente ao

comprador A secagem pode ser feita agrave sombra ou em secador com fluxo de ar

aquecido Quando o coletor natildeo dispotildee de secador proacuteprio ele costuma secar

as folhas no secador de algum vizinho que recebe como pagamento parte da

produccedilatildeo Para a secagem satildeo utilizados vaacuterios modelos de secadores O

combustiacutevel utilizado pode ser lenha gaacutes ou serragem Alguns secadores

contam com controle de temperatura Dependendo das especificaccedilotildees feitas

pelo comprador depois de secas as folhas satildeo separadas dos ramos e

rasuradas Depois o produto eacute embalado em sacos de malha de juta ou de

polipropileno com ou sem revestimento de papel Depois eacute armazenado ou

enviado diretamente para o mercado (comercializado) A venda pode ser feita

para atacadistas laboratoacuterios de fitoteraacutepicos ou induacutestrias alimentiacutecias Nas

induacutestrias o material eacute submetida a uma nova seleccedilatildeo de acordo com o

controle de qualidade da empresa Geralmente verifica-se a contaminaccedilatildeo

microbioloacutegica e macroscoacutepica No caso dos laboratoacuterios de fitoteraacutepicos

tambeacutem satildeo analisados os constituintes quiacutemicos

Nas induacutestrias de alimentos as folhas rasuradas sofrem nova fragmentaccedilatildeo e

satildeo envasadas em embalagens de 10 a 30 g eou na forma de saches teabag

e embaladas em caixas de papelatildeo sendo comercializadas de forma

semelhante a outros chaacutes Ao chegar ao consumidor final na forma de folhas

rasuradas e embaladas o preccedilo varia entre R$3000 a 5000kg em

embalagens de 05 a 1 kg e entre R$8000 a R$10000Kg em embalagens de

10 a 30 g

Nos laboratoacuterios de fitoteraacutepicos as formas de apresentaccedilatildeo da espinheira-

santas satildeo (a) em saches ou a granel misturadas a ervas para problemas

digestivos numa composiccedilatildeo preacute-definida (b) em caacutepsulas gelatinosas

contendo 350 a 400 mg de folhas moiacutedas (c) em tintura de espinheira-santa

para cuja obtenccedilatildeo as folhas satildeo submetidas agrave extraccedilatildeo geralmente

hidroalcooacutelica (d) em comprimidos para o que se utiliza o extrato seco das

folhas

8 Mercado e comercializaccedilatildeo

Geralmente a venda eacute feita pelo proprietaacuterio do secador em grandes

quantidades para intermediaacuterios laboratoacuterios de fitoteraacutepicos ou induacutestrias

alimentiacutecias (Figura 3) Alguns produtores para agregar valor fazem

embalagens com pequenas quantidades (10 a 30 g) que comercializam em

feiras e mercados como alimento Esta forma de comercializaccedilatildeo eacute feita por

produtores que tecircm faacutecil acesso a um mercado consumidor significativo como

Figura 3 Fluxograma de produccedilatildeo e comercializaccedilatildeo de espinheira-santa (Maytenus ilicifolia)

por exemplo supermercados farmaacutecias ou feiras Entretanto haacute muitas

exigecircncias impostas pela legislaccedilatildeo de vigilacircncia sanitaacuteria para

comercializaccedilatildeo diretamente ao consumidor final Os atacadistas situados em

sua grande maioria no estado de Satildeo Paulo adquirem o produto no Paranaacute e

distribuem para as demais regiotildees do Brasil e tambeacutem para o exterior Eacute

comum que empresas do Paranaacute adquiram folhas de espinheira-santa

originaacuterias do proacuteprio Estado dos atacadistas de Satildeo Paulo Isto reflete a

falta de organizaccedilatildeo dos produtores que natildeo conseguiram ainda divulgar a

regiatildeo como centro produtor de plantas medicinais

As induacutestrias alimentiacutecias apoacutes embalar o produto revendem-no para os

supermercados Os laboratoacuterios de fitoteraacutepicos apoacutes fabricar o medicamento

normalmente realizam a comercializaccedilatildeo por meio de distribuidores de

produtos farmacecircuticos ou diretamente para grandes redes de farmaacutecias que

realizam a distribuiccedilatildeo internamente

9 Poliacuteticas relacionadas com a exploraccedilatildeo e comercializaccedilatildeo

A produccedilatildeo e comercializaccedilatildeo da espinheira-santa estaacute sujeita agrave legislaccedilatildeo

ambiental e agrave de vigilacircncia sanitaacuteria A primeira estabelece as normas para

registro de pessoas fiacutesicas ou juriacutedicas que consomem exploram ou

comercializam mateacuteria-prima florestal inclusive produtos florestais natildeo

madeireiros (Brasil 1985 Brasil 1995 Brasil 2000) Os coletores sabem que

devem obter registro de coletor e comerciante de plantas nativas junto aos

oacutergatildeos de fiscalizaccedilatildeo ambiental estadual e federal (respectivamente Instituto

Ambiental do Paranaacute IAP e Instituto Brasileiro de Meio Ambiente IBAMA) A

legislaccedilatildeo prevecirc ainda que ao realizar a coleta de uma planta os coletores e

produtores devem ter uma autorizaccedilatildeo fornecida com base num plano de

manejo Este plano deve apresentar as teacutecnicas e estrateacutegias que seratildeo

adotadas para garantir a sustentabilidade da exploraccedilatildeo

Na delegacia do IBAMA do Paranaacute haacute somente dois coletores de plantas

medicinais registrados poreacutem eles natildeo apresentam regularmente pedidos de

autorizaccedilatildeo de coleta acompanhados dos respectivos planos de manejo No

periacuteodo em que efetuamos esta pesquisa o oacutergatildeo estadual ainda natildeo havia

definido as normas que devem ser seguidas pelos interessados na obtenccedilatildeo

das autorizaccedilotildees de coleta de plantas

Uma das razotildees eacute que natildeo se dispotildee ainda de todas as informaccedilotildees teacutecnicas

necessaacuterias para a elaboraccedilatildeo do plano Apesar de oacutergatildeos de pesquisa e de

extensatildeo e das universidades estarem realizando estudos com o objetivo de

estabelecer os criteacuterios teacutecnicos natildeo existia ateacute 2002 nenhum plano de

manejo efetivamente implantado

Outro problema eacute a falta de integraccedilatildeo na atuaccedilatildeo dos oacutergatildeos de fiscalizaccedilatildeo

federal estadual e municipal o que torna a regularizaccedilatildeo junto a estes oacutergatildeos

muito complexa e cara para os produtores

Para que o produtor possa comercializar seu produto no varejo ele deve

atender agraves exigecircncias da legislaccedilatildeo sanitaacuteria que estatildeo muito acima da

capacidade econocircmica da maioria dos coletores e agricultores O produto

deve ainda estar dento dos limites estabelecidos de contaminaccedilatildeo por

microorganismos Quando o produto eacute apresentado como fitoteraacutepico as

exigecircncias aumentam ainda mais envolvendo seu registro com comprovaccedilatildeo

dos constituintes quiacutemicos marcadores e da atividade farmacoloacutegica e a

padronizaccedilatildeo do produto Ateacute mesmo os laboratoacuterios tecircm dificuldade em

atender as exigecircncias da legislaccedilatildeo atual Natildeo obstante o produto chega ao

mercado nas mais variadas formas envasado em sachecircs em caacutepsulas como

tintura misturado a ervas para problemas gaacutestricos entre outras

10 Influecircncia do ambiente na produccedilatildeo de compostos bioativos e perspectivas para o melhoramento geneacutetico de espinheira-santa

A influecircncia do ambiente na produccedilatildeo de polifenoacuteis totais polifenoacuteis natildeo

tanantes e taninos em M ilicifolia foram estudados por Radomski (1998) tendo

sido observado que a luminosidade eacute o principal fator que influencia na

produccedilatildeo destes compostos Plantas que se encontram em pleno sol

apresentam maior concentraccedilatildeo destas substacircncias As correlaccedilotildees entre

luminosidade e polifenoacuteis totais (083) polifenoacuteis natildeo tanantes (092) e taninos

(078) foram altas e significativas

Foram observadas diferenccedilas na morfologia foliar e na concentraccedilatildeo de taninos

em folhas de M ilicifolia de diferentes procedecircncias no Rio Grande do Sul

(Bernardi amp Wasicki 1959) Folhas de plantas desenvolvidas a pleno sol eram

menores com espinhos nas margens em nuacutemero reduzido e apresentavam

maior concentraccedilatildeo de taninos Em plantas de espinheira-santa desenvolvidas

em ambiente com alta luminosidade Radomski (1998) observou que as folhas

das plantas eram mais amareladas mais espessas e com espinhos mais

pronunciados caracterizando formas tiacutepicas de adaptaccedilatildeo de plantas de

sombra expostas agrave luz solar total A autora avaliou a aacuterea foliar o peso de

folhas e o peso especiacutefico de folhas em ambientes com diferentes intensidades

luminosas A aacuterea foliar foi menor e o peso especiacutefico das folhas foi maior nas

plantas desenvolvidas a pleno sol quando comparadas agraves dos outros

ambientes com menor luminosidade O peso especiacutefico de folhas apresentou

altas correlaccedilotildees para concentraccedilatildeo de polifenoacuteis totais (087) polifenoacuteis natildeo

tanantes (082) e taninos (083) Estes compostos contribuem para o

incremento da biomassa foliar Radomski et al (2004) relata a grande

influecircncia do ambiente sobre a composiccedilatildeo fitoquiacutemica da espinheira-santa

como concentraccedilotildees diferenciadas de taninos e polifenoacuteis totais em plantas

coletadas em ambientes diferentes

A autora destaca tambeacutem que os ramos de M ilicifolia podem contribuir com

uma parcela significativa na produccedilatildeo de compostos fitoteraacutepicos como

taninos e polifenoacuteis totais

Em trabalho envolvendo a anaacutelise fitoquiacutemica em populaccedilotildees de M ilicifolia do

Mato Grosso do Sul Paranaacute Santa Catarina e Rio Grande do Sul Mossi

(2003) observou uma grande variabilidade ndash que foi maior dentro das

populaccedilotildees ndash para concentraccedilatildeo dos metaboacutelitos secundaacuterios limoneno geranil

acetato aacutecido palmiacutetico fitol esqualeno vitamina E stigmasterol friedelan-3-

ol friedelin friedelan-3-one Atraveacutes de anaacutelise de agrupamentos (UPGMA) o

autor natildeo identificou uma relaccedilatildeo entre os grupos formados e as caracteriacutesticas

ambientais dos locais de coleta o que pode indicar uma maior influecircncia das

variaacuteveis locais como microclima insolaccedilatildeo condiccedilotildees nutricionais do solo

idade da planta entre outros sobre a concentraccedilatildeo dos compostos analisados

do que as condiccedilotildees macro ambientais

Foram observadas por Buffa Filho et al(2002) diferenccedilas nas concentraccedilotildees

de triterpenos entre plantas com morfologia de folha diferentes sendo que os

compostos 22 hidroximaitenina e celastrol foram encontrados em plantas de

dois tipos morfoloacutegicos

O melhoramento geneacutetico em plantas medicinais visa produzir variedades que

possuam alto rendimento de substacircncias desejadas e que as mantenham em

niacuteveis conhecidos para padronizar a dosagem quando da aplicaccedilatildeo

farmacoloacutegica (Oliveira et al 2003) Eacute importante o aumento da massa seca

eou fresca ou ainda o aumento do teor de princiacutepios ativos em determinado

oacutergatildeo vegetal de modo que estas caracteriacutesticas sejam mantidas nas geraccedilotildees

seguintes O produto do melhoramento de plantas medicinais eacute o princiacutepio ativo

ou o fitocomplexo Outros objetivos satildeo resistecircncia a pragas e doenccedilas e

toleracircncia a condiccedilotildees adversas de ambiente

Como o ambiente tem grande influecircncia na produccedilatildeo de metaboacutelitos

secundaacuterios a interaccedilatildeo genoacutetipo x ambiente eacute um fator importante para ser

analisado no melhoramento de plantas medicinais A possibilidade do melhor

genoacutetipo em um ambiente natildeo o ser em outro influencia o ganho de seleccedilatildeo e

dificulta a recomendaccedilatildeo de cultivares com ampla adaptabilidade (Cruz amp

Regazzi 2001) O conhecimento da herdabilidade dos caracteres de interesse

tambeacutem eacute fundamental para que a seleccedilatildeo seja aplicada com sucesso de

forma que o valor fenotiacutepico de um caraacuteter possa servir como guia para o valor

geneacutetico (aditividade) (Carvalho et al 2001)

Em teste de progecircnies realizado com espinheira-santa Mariot (2005)

identificou uma alta herdabilidade para todos os caracteres (velocidade de

emergecircncia estatura de planta diacircmetro agrave base do caule taxa de crescimento

tamanho de folha e nuacutemero de espinhosfolha) o que evidencia o forte controle

do fator geneacutetico sobre o fenoacutetipo O autor observou ainda altos valores para os

coeficientes de variaccedilatildeo geneacuteticos (CVG) que aliado aos baixos valores para

os coeficientes de variaccedilatildeo devido ao erro experimental (CVE) proporcionaram

iacutendices maiores que 10 para o quociente (relaccedilatildeo CVGVE) em todas as

variaacuteveis analisadas o que eacute um bom indicador para seleccedilatildeo em programas de

melhoramento Este resultado eacute importante para a seleccedilatildeo com base em

caracteres relacionados com o crescimento pois a espinheira-santa eacute

considerada de crescimento lento O tamanho de folha em espinheira-santa

caso apresente relaccedilatildeo com o aumento da biomassa e maior concentraccedilatildeo de

metaboacutelitos secundaacuterios que tenham accedilatildeo farmacoloacutegica pode ser um caraacuteter

importante de se considerar na seleccedilatildeo em programas de melhoramento Os

altos iacutendices dos paracircmetros geneacuteticos evidenciados em trabalho desenvolvido

por Mariot (2005) mostram a eficiecircncia na seleccedilatildeo para estes caracteres

Considerando a necessidade de uniformidade nos teores de princiacutepios ativos

exigidos pelas induacutestrias farmacecircuticas e o fato da espinheira santa ser de

fecundaccedilatildeo cruzada os programas de melhoramento desta espeacutecie que vise

atender estas exigecircncias deve utilizar a propagaccedilatildeo vegetativa

Estudos relacionados agrave cultura de tecidos de M ilicifolia e M aquifolium

tornam-se portanto fundamentais Na aacuterea de biotecnologia foi citado por

Corsino et al (1998a) o uso de Agrobacterium como vetor para aumentar a

produccedilatildeo de triterpenos em programa de melhoramento geneacutetico de espinheira

santa

O conhecimento da associaccedilatildeo entre caracteres eacute de grande importacircncia nos

trabalhos de melhoramento principalmente se a seleccedilatildeo em um deles

apresenta dificuldades em razatildeo da baixa herdabilidade eou tenha problemas

de mediccedilatildeo e identificaccedilatildeo (Cruz amp Regazzi 2001) Para tanto o melhorista

pode estimar as correlaccedilotildees fenotiacutepicas e genotiacutepicas o que pode contribuir no

processo de seleccedilatildeo No caso das espeacutecies medicinais esta ferramenta eacute

muito importante devido ao alto custo das anaacutelises para determinar e

quantificar metaboacutelitos secundaacuterios com potencial farmacoloacutegico como as que

envolvem cromatografia Em espinheira-santa a morfologia foliar estaacute

relacionada com os tipos e a concentraccedilatildeo de triterpenos (Buffa Filho et al

2002) portanto se for identificada correlaccedilatildeo entre estes caracteres a seleccedilatildeo

indireta atraveacutes da morfologia foliar pode vir a ser uma boa estrateacutegia de

seleccedilatildeo

11 Etapas do processo de secagem por aspersatildeoO processo de secagem por aspersatildeo consiste de trecircs etapas fundamentais

Na primeira fase o fluiacutedo eacute disperso como gotiacuteculas produzindo uma grande

aacuterea superficial Na segunda ocorre contato destas com uma corrente de ar

aquecido havendo transferecircncia de calor

Na terceira etapa acontece a evaporaccedilatildeo do solvente e a formaccedilatildeo da partiacutecula soacutelida

121 Ilustraccedilatildeo da Planta Espinheira- Santa

Com a transferecircncia de calor do ar aquecido agraves gotiacuteculas o liacutequido da

superfiacutecie evapora-se rapidamente As partiacuteculas solidificadas geralmente

apresentam o mesmo tamanho e forma da gotiacutecula que as originou Na uacuteltima

etapa o produto de secagem eacute transportado por uma corrente de ar sendo

posteriormente coletado (Broadhead et al 1992 Shaw 1997 Rankell et al

2001) A evaporaccedilatildeo superficial da gotiacutecula conduz agrave formaccedilatildeo de uma

camada de material seco externa Atraveacutes desta camada o liacutequido situado no

interior da gotiacutecula propaga-se para o exterior Dependendo da elasticidade e

da permeabilidade da crosta seratildeo produzidos distintos materiais secos como

esferas intactas com superfiacutecie imperfeita ou fragmentada soacutelidas ou ocas

(Rankell et al 2001) A Figura 2 apresenta foto micrografias de dois extratos

diferentes de Maytenus ilicifolia secos por spray drying com disco giratoacuterio em

torre de secagem por aspersatildeo Os extratos foram produzidos da mesma

maneira utilizando temperatura de entrada de 180 degC velocidade do aspersor

de 9500 rpm e 30 de Aerosil (Oliveira 2008)

12 Fatores que influenciam o processoUm das respostas mais relevantes afetada pelas condiccedilotildees de operaccedilatildeo do

processo eacute a qualidade do produto resultante As variaacuteveis devem ser

controladas visando agrave obtenccedilatildeo de rendimento e de teor de umidade

adequados estabilidade quiacutemica minimizaccedilatildeo da aderecircncia de partiacuteculas na

cacircmara de secagem (sticking) e caracteriacutesticas tecnoloacutegicas especiacuteficas As

propriedades do produto satildeo normalmente determinadas pelos fatores

relacionados agraves caracteriacutesticas do material de entrada e do processamento

isto eacute paracircmetros de operaccedilatildeo e equipamento (Quadro 1)

131 Influecircncia do material de entradaEntre os fatores relacionados agraves caracteriacutesticas do material de entrada o uso

de adjuvantes na teacutecnica de secagem por aspersatildeo eacute uma praacutetica muito

comum Satildeo utilizados como adjuvantes neste processo amido ciclodextrinas

dioacutexido de siliacutecio coloidal fosfato tricaacutelcico gelatina goma araacutebica lactose

maltodextrina entre outros (Vasconcelos et al 2005 Silva Juacutenior et al 2006)

Para a secagem de extratos derivados de plantas a seleccedilatildeo e o uso adequado

de adjuvantes no processo de spray drying eacute uma fase de fundamental

importacircncia visto que determina a estabilidade e a qualidade dos mesmos

podendo inclusive afetar as caracteriacutesticas de biodisponibilidade

13 Atividades farmacoloacutegicas da espinheira-santa A espinheira-santa (M ilicifolia) eacute uma planta que possui atividades

farmacoloacutegicas comprovadas entre elas a atividade antiulcerogecircnica Essas

atividades estatildeo ligadas a substacircncias quiacutemicas que satildeo os polifenoacuteis

(flavonoides e taninos) e os triterpenos Haacute fatores como a composiccedilatildeo quiacutemica

do solo onde essa planta estaacute sendo cultivado o local de plantio a teacutecnica de

colheita a secagem da planta e o processamento poacutes-colheita que influenciam

diretamente nos teores de princiacutepio ativo da planta podendo assim gerar

variaccedilotildees das atividades farmacoloacutegicas (NEGRI 2007)

141 Atividade gaacutestricaDe acordo com alguns estudos (Carlini amp Frochtengerten 1988 Ming et al

1998 Coulaud- Cunha et al 2004 Carvalho et al 2008) a M ilicifolia

apresenta accedilatildeo contra uacutelcera peacuteptica e gastrite Coulaud- Cunha et al (2004)

relatam que a accedilatildeo da M ilicifolia na uacutelcera peacuteptica e gastrite envolve mais de

um mecanismo de accedilatildeo ainda natildeo conclusivamente elucidados e natildeo se deve

somente a um principio ativo especifico mas a diferentes fitocomplexos Foi

demonstrado por Pereira et al (1993) e por Ming et al (1998) que tanto os

taninos principalmente a epigalocatequina quanto os oacuteleos essenciais em

especial o fridenelol satildeo responsaacuteveis por parte dos efeitos gastroprotetores

Carlini amp Frochtengarten (1988) por sua vez em estudos realizados com o

abafado da M ilicifolia relatam que quanto maior o tempo do tratamento maior

seraacute a gastroproteccedilatildeo sem entretanto haver alteraccedilotildees no pH Tal observaccedilatildeo

pode ser confirmada por Ferreira et al (2004) que em estudos com extrato

aquoso liofilizado das folhas de M ilicifolia em sapos comprovou que esse

possui efeito inibitoacuterio sobre os mediadores H2 da histamina nas ceacutelulas

parietais esses segundo Gilman (1989) quando estimulados causam a

ativaccedilatildeo da adenililciclase iniciando uma seacuterie de alteraccedilotildees morfoloacutegicas e

bioquiacutemicas complexas que leva ao aumento da secreccedilatildeo gaacutestrica

funcionando como um antagonista H2 aleacutem de inibir o efeito da gastrina Foi

demonstrado ainda que tanto a epigalocatequina (tanino) quanto o fridenelol

(oacuteleo essencial) satildeo responsaacuteveis por parte do efeito protetor da mucosa

gaacutestrica (Pereira et al 1993 Ming et al 1998)

142 Atividade antiulcerogecircnicaSegundo Sousa-Formigoni et al (1991) foi comprovada a atividade

antiulcerogecircnica da espinheira-santa (M ilicifolia) por experimentos feitos em

ratos nos quais os animais foram induzidos a terem uacutelceras gaacutestricas por meio

de indometacina e por estresse quando estes foram submetidos a baixas

temperaturas e por serem imobilizados Apoacutes a aplicaccedilatildeo de um extrato

liofilizado de espinheira-santa houve uma reduccedilatildeo do nuacutemero de uacutelceras e um

aumento do volume e pH da secreccedilatildeo gaacutestrica

Em estudos de mecanismos celulares e moleculares da accedilatildeo de produtos

naturais com o isolamento de substacircncias bioativas da M ilicifolia

responsaacuteveis pela accedilatildeo antissecretora aacutecida gaacutestrica os resultados obtidos

confirmam essas accedilotildees Foram utilizados nesses experimentos extratos

aquosos das partes aeacutereas da planta e os princiacutepios ativos tecircm funccedilatildeo de

inibidores da bomba de proacutetons etapa final comum das vias reguladoras da

secreccedilatildeo aacutecida gaacutestrica (BOSSOLANI 2000)

143 Atividade antimicrobianaEstudos pioneiros como o de Lima et al (1969) jaacute demonstravam que a

maitenina exibe forte atividade antimicrobiana contra vaacuterias bacteacuterias Gram

positivas Tais efeitos foram corroborados com a demonstraccedilatildeo que os extratos

das folhas e raiacutezes tecircm efeito antimicrobiano para vaacuterios patoacutegenos dentre

eles Staphylococcus aureus e Streptococcus sp

144 Atividade sobre o Sistema Nervoso CentralSegundo Alonso (1998) o extrato de M ilicifolia possui atividade sedativa que

potencializa (efeito sineacutergico) o sono por barbituacutericos em camundongos

145 Atividades abortiva e sobre a espermatogecircnese

De acordo com Montanari et al (1998) o extrato etanoacutelico de M Ilicifolia

quando administrado em altas doses em camundongos suiacuteccedilos apesar de

causar leves alteraccedilotildees como ceacutelulas germinativas imaturas esfoliadas mortes

celulares ocasionais aumento de gotiacuteculas lipiacutedicas em ceacutelulas de Sertoli e

inchamento de acrossomas entre outras natildeo foi suficiente para acarretar

danos agrave espermatogecircnese

Jaacute em testes realizados em camundongos (fecircmeas e graacutevidas) administrando-

se oralmente extrato hidroalcooacutelico (70) de folhas de espinheira-santa (M

ilicifolia) observou-se um decreacutescimo significativo do nuacutemero de embriotildees

indicando uma perda embrionaacuteria antes do periacuteodo de implantaccedilatildeo Poreacutem

natildeo houve maacute-formaccedilatildeo ou mortes fetais depois do periacuteodo de implantaccedilatildeo

Esse extrato possui atividade estrogecircnica que pode interferir na receptividade

uterina ao embriatildeo (MONTANARI BEVILAQUA 2002)

146 Atividades antimutagecircnica e anticanceriacutegenaConforme Horn e Vargas (2003) o extrato aquoso de M ilicifolia foi eficaz em

aproximadamente 75 das doses testadas exibindo boas respostas

antimutagecircnicas ou um decreacutescimo sugestivo Em estudos realizados por

Queiroga et al (2007) foi avaliada a fraccedilatildeo ativa antiulcerogecircnica da M

ilicifolia na atividade anticanceriacutegena apresentando resultados citostaacuteticos

satisfatoacuterios De acordo com Itokawa et al (1993) o composto pristimerina foi o

mais eficiente na accedilatildeo citotoacutexica podendo ser uacutetil no tratamento de tumores

147 Atividade antioxidante e otoprotetoraDe acordo com Mattei e Carlini (1998) um extrato aquoso liofilizado de

espinheira-santa (M ilicifolia) foi testado in vitro em homogenato de ceacuterebro de

ratos e exerceu uma importante atividade antioxidante inibindo o processo de

lipoperoxidaccedilatildeo

Usando-se extrato etanoacutelico de M ilicifolia foi confirmado que a casca da raiz

tem um poder antioxidante pelo fato de possuir em sua base compostos com a

capacidade sequestradora de radicais livres (VELLOSA et al 2006)

Conforme Santos et al (2010) foram comprovadas propriedades antioxidantes

dos extratos brutos e de componentes individuais de M Ilicifolia por possiacuteveis

associaccedilotildees sineacutergicas de substacircncias fenoacutelicas e triterpenos

quinonametiacutedeos comparados agrave rutina como composto fenoacutelico modelo

De acordo Kasse et al (2008) foi realizado um estudo com ratos (fecircmeas) em

que esses animais foram submetidos agrave substacircncia cisplatina e posteriormente

tratados com extrato de M ilicifolia para avaliar a atividade otoprotetora da

planta Foram realizados e avaliados os exames de emissotildees otoacuacutesticas por

produtos de distorccedilatildeo por potencial de tronco encefaacutelico antes e depois de

administraccedilatildeo de cisplatina e por fim por microscopia eletrocircnica de varredura

Os resultados mostraram que apesar de apresentar atividades antioxidantes a

M ilicifolia foi incapaz de bloquear o efeito citotoacutexico do composto quiacutemico

administrado nas cobaias

Segundo Negri et al (2009) a atividade antioxidante do extrato etanoacutelico de M

ilicifolia estaacute intimamente ligada agrave sua temperatura de secagem Testes

realizados para avaliaccedilatildeo do poder antioxidante os quais foram os meacutetodos de

formaccedilatildeo de complexo com fosfomolibdecircnio e atividade antioxidante em

relaccedilatildeo agrave reduccedilatildeo de um radical utilizando-se o DPPH (22-difenil-1-

picnilhidrazila) em que foram levadas em consideraccedilatildeo diferentes

temperaturas usualmente utilizadas para secagem (40 50 60 70 e 80˚C)

demostraram melhor atividade antioxidante na temperatura de 40˚C e

gradativamente quanto maior a temperatura realizada nos testes menor o

poder antioxidante Por fim o estudo mostrou a importacircncia do controle de

temperatura para a melhor efetividade nesse quesito da planta

Em estudos de Pessuto et al (2009) foram avaliados extratos e compostos

isolados de M Ilicifolia em relaccedilatildeo agrave capacidade antioxidante Os extratos

brutos e semipurificados foram estudados por meio de ensaios de

fosfomolibdecircnio (complexo) e de DPPH (22-difenil-1-picnilhidrazila) nos quais

os resultados mostraram que a fraccedilatildeo com acetato de etila teve melhor

capacidade antioxidante em relaccedilatildeo ao extrato bruto e fraccedilatildeo aquosa

possivelmente por conter maior nuacutemero de hidroxilas fenoacutelicas (pela

capacidade de sequestro dos radicais livres) e tambeacutem em relaccedilatildeo agraves

substacircncias trolox e vitamina C

148 Atividades antinociceptiva e anti-inflamatoacuteria De acordo com Nakamura et al (1994) o extrato etanoacutelico de folhas de M

ilicifolia conteacutem uma fraccedilatildeo de quercetina-3-O-glicosiacutedeo e essa substacircncia

quiacutemica foi avaliada pelo teste de aacutecido aceacutetico e formalina em ratos obtendo-

se resultados satisfatoacuterios para atividades analgeacutesicas e anti-inflamatoacuterias

Por meio de testes realizados em camundongos e ratos foi provocado um

edema nas patas desses animais por meio de injeccedilatildeo de 002 ml de

formaldeiacutedo (soluccedilatildeo a 092) utilizando-se como controle soluccedilatildeo salino

Apoacutes 120 minutos foi aplicado extrato hexacircnico e acetato de etila das folhas

(M ilicifolia) administrados por via oral nas doses de 80 160 320 e 340 mgkg

Os animais foram sacrificados apoacutes 4 horas Em um segundo ensaio foi

administrada por injeccedilatildeo soluccedilatildeo de carragenina a 1 e os extratos da planta

foram dados por via oral nas doses de 80 160 320 e 340 mgkg Os resultados

obtidos mostraram uma atividade antinociceptiva para os dois extratos

principalmente nas doses de 320 e 340 mgkg sendo esse teste importante

para uma alternativa cliacutenica na terapecircutica anti-inflamatoacuteria e antiulcerogecircnica

(JORGE et al 2004)

14 Toxicidade efeitos adversos e contraindicaccedilatildeo da espinheira-santa

Foi realizado um estudo toxicoloacutegico com 24 voluntaacuterios sendo 12 homens e

12 mulheres de 20 a 40 anos de idade selecionados previamente por meio de

avaliaccedilatildeo cliacutenica exames hematoloacutegicos e bioquiacutemicos e avaliaccedilatildeo

psicomotora com o objetivo de estabelecer um intervalo maacuteximo de seguranccedila

no uso de M ilicifolia As doses foram administradas de maneira crescente e

natildeo houve um grupo controle pois os exames iniciais foram considerados

como valores basais para efeito comparativo A dose inicial foi fixada em 100

mg por adulto sendo administradas doses subsequentes de 200 500 1000

1500 e 2000 mg com intervalos de uma semana para cada dose A anaacutelise dos

resultados revelou que natildeo houve efeitos significativos nos valores dos

principais paracircmetros hematoloacutegicos e bioquiacutemicos e tambeacutem natildeo foram

observadas alteraccedilotildees nas funccedilotildees hepaacuteticas pancreaacuteticas e renais

Hormocircnios lipiacutedeos glicose soacutedio potaacutessio caacutelcio e foacutesforo tambeacutem

mantiveram valores considerados normais (TABACH et al 2002)

Em relaccedilatildeo aos efeitos adversos a M ilicifolia natildeo possui algum que justifica a

interrupccedilatildeo do tratamento Entre os mais comuns destacam-se cefaleia

sonolecircncia boca seca naacuteuseas dor articular nas matildeos gosto estranho na

boca tremor nas matildeos cistite e poliuacuteria (TABACH et al 2002) Poreacutem

segundo Amaral et al (2005) natildeo eacute recomendado o uso pediaacutetrico pela

ausecircncia de testes Ensaios realizados em ratos mostraram perda embrionaacuteria

antes do periacuteodo de implantaccedilatildeo portanto essa planta natildeo eacute recomendada em

casos de gravidez (MONTANARI BIVILACQUA 2002)

De acordo com estudos realizados em camundongos o abafado de M ilicifolia

foi administrado nesses animais em doses ateacute 360 vezes maiores que a

utilizada pelo homem durante um periacuteodo de dois a trecircs meses Como

resultados natildeo houve mudanccedilas no peso comportamento temperatura

paracircmetros bioquiacutemicos e hematoloacutegicos desses animais (OLIVEIRA CARLINI

1988)

15 FarmacocineacuteticaO modelo da farmacocineacutetica da espinheira-santa eacute estudado por meio de seus

taninos natildeo condensados Epigalocatequina marcada foi administrada por via

oral sendo os picos plasmaacuteticos observados 60 min apoacutes a ingestatildeo Apoacutes

uma dose de 500 mgkg foram detectadas concentraccedilotildees tissulares de 123

mmol no plasma 484 mmol no fiacutegado e 565 mmol no intestino delgado

(Nakagawa amp Miyazawa 1997) Depois da administraccedilatildeo oral de

epigalocatequina-3-galato marcada com triacutetio a ratos cerca de 6 da dose eacute

eliminada na urina e 24 nas fezes nas primeiras 24 horas Uma segunda

dose dada duas horas apoacutes a primeira eleva em cerca de 4 a 6 vezes a

concentraccedilatildeo no plasma e em alguns tecidos Esses dados sugerem uma

meia-vida longa e eliminaccedilatildeo lenta da epigalocatequina-3-galato No final das

24 horas os animais foram sacrificados e essa substacircncia pocircde ser encontrada

no rim ceacuterebro fiacutegado pacircncreas intestino e ossos (Suganuma et al 1998)

Num outro estudo foi avaliada a afinidade da epigalocatequina-3-galato agraves

proteiacutenas do soro Apoacutes uma dose oral a ratos mais de 50 da

epigalocatequina-3-galato absorvida ligou-se agrave proteiacutena do plasma

especialmente a fibronectina o fibrinogecircnio e a HRGP( Histidin Rich

Glicoprotein) proteiacutena plasmaacutetica com 74 kdaltons cuja funccedilatildeo ainda eacute pouco

conhecida (Sazuka et al 1996)

16 PreparaccedilatildeoTendo sido reconhecida a espeacutecie com que se vai trabalhar torna-se

necessaacuterio que se disponha desta espeacutecie em quantidade suficiente para

atender a demanda relacionada a produccedilatildeo do fitoteraacutepico replicaccedilatildeo da

espeacutecie e respectivo controle de qualidade Par a atingir este objetivo a

espeacutecie deve ser cultivada na extensatildeo adequada ao fim que se propotildee tendo-

se aleacutem dos cuidados inerentes ao cultivo de qualquer espeacutecie vegetal a

precauccedilatildeo de nunca utilizar pesticidas ou agrotoacutexicos na aacuterea de cultivo Nos

parece claro que a opccedilatildeo pelo fitoteraacutepico deve vir acompanhada do desejo de

seguranccedila o que natildeo seria conseguido se fossem deixados resiacuteduos de

agrotoacutexicos ou de pesticidas na espeacutecie que iraacute ser usada como mateacuteria-prima

para a produccedilatildeo de medicamento Veja no item 24 os ensaios que devem ser

efetuados no sentido de identificar e quantificar a presenccedila destes e de outros

contaminantes

Dispondo-se entatildeo da espeacutecie vegetal botanicamente selecionada cultivada

sem o uso de agentes quiacutemicos contaminantes iremos seguir tantos passos

quantos sejam necessaacuterios para preparar a espeacutecie vegetal numa droga capaz

de ser armazenada e processada para resultar num preparado intermediaacuterio uacutetil

na preparaccedilatildeo de fitoteraacutepicos Estes passos podem ser enumerados como

sendo Coleta Monda Estabilizaccedilatildeo Secagem Trituraccedilatildeo e Armazenamento

A execuccedilatildeo e finalidade de cada um se acham descrito a seguir

A Coleta eacute realizada atraveacutes da retirada da parte usada da planta procurando

sempre o material mais saudaacutevel em completo desenvolvimento (a menos que

especificado em (contraacuterio como ocorre com a gema terminal de Psidium

guajava) e com o miacutenimo de contaminantes (poeira poluiccedilatildeo adubo insetos

colocircnia de microrganismos etc) A distribuiccedilatildeo de substacircncias

farmacologicamente ativas nas plantas medicinais natildeo se daacute de maneira

homogecircnea em toda a extensatildeo da planta Portanto eacute de se esperar que

apenas alguma parte de uma dada espeacutecie podem ser utilizadas com finalidade

terapecircutica

Atraveacutes de consulta agraves diversas farmacopeias e tratados sobre plantas

medicinais encontramos descriccedilotildees sobre a parte a ser usada de cada espeacutecie

medicinal Pode-se em alguns casos observar que diferentes partes de uma

mesma planta apresentam propriedades inteiramente diferentes como por

exemplo a Punica granam (romatildezeira) cujas cascas do caule satildeo teniacutefugas e

as cascas dos frutos tecircm propriedades anti-inflamatoacuteria e antibioacutetica Em outros

casos toda a planta pode ser utilizada com a mesma finalidade como a

Phylanthus niruri (quebra-pedra) Torna-se imperioso portanto que antes de

qualquer outra etapa da preparaccedilatildeo de uma forma farmacecircutica fitoteraacutepica se

conheccedila qual ou quais partes da espeacutecie escolhida pode ser utilizada

A coleta deve respeitar para cada espeacutecie o melhor periacuteodo correspondente

agravequele onde a espeacutecie apresenta maior teor em substacircncias ativas Tendo isto

em mente relacionamos a seguir orientaccedilotildees geneacutericas quanto ao periacuteodo de

coleta

Formas farmacecircuticas de fitoteraacutepicosPoacute

Eacute a forma farmacecircutica obtida apoacutes a secagem trituraccedilatildeo e tamisaccedilatildeo da

droga Segundo a sua finalidade devem apresentar a tenuidade adequada

conforme a tabela a seguir Pode ser dispensado para uso na preparaccedilatildeo de

chaacutes ou adicionado agrave alimentaccedilatildeo (leite sucos mel etc) O envase deve cuidar

para que natildeo haja absorccedilatildeo de umidade

Formas soacutelidas

Caacutepsulas

Eacute a forma farmacecircutica obtida pela deposiccedilatildeo ordenada da droga seca

triturada e tamisada em caacutepsulas gelatinosas duras ou pelo encapsulamento

de liacutequidos ou semissoacutelidos de natureza lipofiacutelica em caacutepsulas gelatinosas

moles O invoacutelucro rosa utilizado eacute geralmente de natureza proteica e satildeo

portanto incompatiacuteveis com drogas tacircnicas por exemplo Cuidado especial

deve ser tomado com a umidade temperatura e pressatildeo exercida sobre as

caacutepsulas durante o armazenamento e transporte Estes fatores podem levar a

desidrataccedilatildeo ou hidrataccedilatildeo das caacutepsulas que as tornam quebradiccedilas ou

deformadas e coladas Durante a preparaccedilatildeo das caacutepsulas deve-se cuidar para

que o peso das caacutepsulas obtidas seja o mais uniforme possiacutevel podendo-se

garantir isso pela pesagem da quantidade de poacute necessaacuteria para o enchimento

de um nuacutemero determinado de caacutepsulas

O enchimento das caacutepsulas ocorre na oficina farmacecircutica em tabuleiros

especiais constituiacutedos em acriacutelico PVC ou outro poliacutemero apresentando-se no

modelo mais simples apenas como uma base fixa que se encaixa a uma outra

moacutevel e perfurada que recebe o corpo das caacutepsulas sem as tampas A seguir

se distribui de forma homogecircnea a quantidade estipulada de poacute em todas as

caacutepsulas valendo-se de uma espaacutetula plaacutestica e de um dispositivo especial

para prensar o conteuacutedo no interior das caacutepsulas Finalizado o enchimento as

partes super oires (tampas) das caacutepsulas satildeo recolocadas fechando-as e

determina-se o peso meacutedio das mesmas embalando-as imediatamente

A capacidade das caacutepsulas eacute proporcional agrave densidade do poacute e ao tamanho

das caacutepsulas que eacute padronizado em 08 (oito) diferentes tipos listados a seguir

com as respectivas dimensotildees e capacidades em mililitros

Controle de Qualidade

Todas as etapas utilizadas durante o processamento da droga devem ser

monitoradas atraveacutes de ensaios que possam atestar a qualidade da mateacuteria-

prima dos produtos intermediaacuterios e do produto final acabado O objetivo final

tanto do processamento adequado quanto agrave avaliaccedilatildeo da qualidade eacute a

garantia de que o que estaacute sendo produzido na forma como ocorre o processo

produtivo estaacute conduzindo agrave obtenccedilatildeo de um produto com as caracteriacutesticas

necessaacuterias agrave utilizaccedilatildeo para o tratamento de doenccedilas

Droga

A avaliaccedilatildeo da qualidade da droga utilizada na obtenccedilatildeo de fitoteraacutepicos no

Programa Farmaacutecias-Vivas onde o cultivo das espeacutecies vegetais eacute efetuado

pelo laboratoacuterio fabricante do produto deve ser realizada sob os seguintes

aspectos

- Considerando que a droga a ser utilizada corresponde agrave espeacutecie vegetal

esperada conhece-se suas caracteriacutesticas macromorfoloacutegicas aleacutem das suas

caracteriacutesticas sensoriais constituindo a primeira avaliaccedilatildeo que eacute a identidade

da droga

- Determinaccedilatildeo da umidade da droga fresca que deve ser diferenciada de

perda por dessecaccedilatildeo pois outras substacircncias volaacuteteis aleacutem da aacutegua satildeo

evaporadas Pode ser determinada atraveacutes do ensaio volumeacutetrico de Karl

Fischer ou pelo ensaio gravimeacutetrico submetendo a droga a dessecaccedilatildeo em

temperatura ambiente em dessecador com siacutelica ou aacutecido sulfuacuterico

- Mesmo a droga morfologicamente normal pode natildeo apresentar seus

constituintes ativos na quantidade desejada sendo necessaacuterio que sejam

realizados ensaios de identificaccedilatildeo e quantificaccedilatildeo de ativos ou de marcadores

atraveacutes das mais diversas teacutecnicas gravimeacutetrica volumeacutetrica

espectrofotomeacutetrica cromatograacutefica etc

- Avaliaccedilatildeo da contaminaccedilatildeo microbiana da droga principalmente se a mesma

tiver de ser utilizada sem qualquer processamento posterior As drogas que

seratildeo transformadas em uma forma extrativa em soluccedilatildeo hidro-alcooacutelica pode

ter sua carga microbiana reduzida pelo efeito antisseacuteptico do solvente

Preparado Intermediaacuterio

As formas extrativas satildeo obtidas em condiccedilotildees que nem sempre conseguem

retirar a totalidade das substacircncias ativas soluacuteveis no solvente escolhido devido

a diversos fator ES como o tempo e temperatura de maceraccedilatildeo pH do

solvente distribuiccedilatildeo granulomeacutetrica da droga sua umidade residual teor de

substacircncias ativas e velocidade de percolaccedilatildeo Justifica-se entatildeo a

necessidade da realizaccedilatildeo de ensaios de avaliaccedilatildeo da qualidade das formas

extrativas incluindo avaliaccedilotildees fiacutesico-quiacutemicas como aparecircncia cor odor

solubilidade densidade pH e viscosidade avaliaccedilotildees quiacutemicas como o perfil

cromatograacutefico e dosagem das substacircncias ativas ou marcador e avaliaccedilatildeo

microbioloacutegica da quantidade de microrganismos viaacuteveis

Fitoteraacutepico

Independente da forma farmacecircutica final eacute necessaacuterio que sejam realizadas

avaliaccedilotildees na qualidade do produto final da mesma forma que eacute exigido para

os demais tipos de medicamentos Listamos a seguir os ensaios realizados

para cada forma farmacecircutica lembrando que devem ser acrescentados os

ensaios quiacutemicos e microbioloacutegicos

Prazo de Validade

Considerando a jaacute difiacutecil realizaccedilatildeo da avaliaccedilatildeo da qualidade das drogas

utilizadas na obtenccedilatildeo de fitoteraacutepicos pode-se compreender que o

acompanhamento do processo cineacutetico de degradaccedilatildeo dos constituintes do

medicamento natildeo eacute uma estar efe faacutecil No entanto esta avaliaccedilatildeo pode se dar

em diversos niacuteveis

- Avaliaccedilatildeo da estabilidade fiacutesica

Para cada tipo de forma farmacecircutica satildeo descritas as caracteriacutesticas tiacutepicas

como cor odor limpidez densidade viscosidade pH etc que observadas

para um mesmo lote ao longo do tempo de armazenamento forneceratildeo

informaccedilotildees sobre a integridade fiacutesica da formulaccedilatildeo

- Avaliaccedilatildeo da estabilidade quiacutemica

A utilizaccedilatildeo de recursos laboratoriais desde os mais simples ateacute os mais

sofisticados permitem o acompanhamento qualitativo eou quantitativo dos

princiacutepios ativos contidos no produto fitoteraacutepico Por exemplo atraveacutes do

ensaio limite de taninos por diluiccedilotildees sucessivas e adiccedilatildeo de cloreto feacuterrico

pode-se ter uma medida semi-quantitativa do teor destas substacircncias nas

preparaccedilotildees que o contenham Evoluindo a utilizaccedilatildeo de teacutecnica

cromatograacutefica em camada delgada sobre papel ou siacutelica permite a

determinaccedilatildeo do perfil cromatograacutefico para o produto de modo que possa ser

comparado com o obtido em lotes posteriores ou com o mesmo lote ao longo do

tempo de armazenamento

- Avaliaccedilatildeo da estabilidade microbioloacutegica

A verificaccedilatildeo do niacutevel de contaminaccedilatildeo microbiana numa preparaccedilatildeo

medicamentosa fornece informaccedilotildees sobre o niacutevel de higienizaccedilatildeo empregado

durante o processamento da droga ateacute a obtenccedilatildeo do medicamento A

observaccedilatildeo deste mesmo paracircmetro ao longo do tempo fornece informaccedilotildees

sobre a composiccedilatildeo conservante utilizada no produto e a forma de

armazenamento

Teacutecnicas Gerais

Os ensaios laboratoriais de avaliaccedilatildeo da qualidade da droga compreendem

basicamente

- Observaccedilatildeo macroscoacutepica e microscoacutepica da droga fresca e seca inteira e

triturada comparando com o descrito em farmacopeias ou com modelos

botanicamente certificados

- Determinaccedilatildeo de umidade na droga fresca e naquela seca e triturada

evidenciando a quantidade de aacutegua contida na droga receacutem-coletada na droga

s eca e a efetividade do processo de secagem utilizada

- Identificaccedilatildeo e dosagem de substacircncias ativas ou marcadores realizada na

droga seca e triturada onde atraveacutes do acompanhamento da evoluccedilatildeo ao

longo do tempo e o cruzamento dos dados entre os locais e condiccedilotildees de

cultivo seraacute possiacutevel a determinaccedilatildeo das condiccedilotildees ideais para a manutenccedilatildeo

da qualidade das espeacutecies vegetais

- Determinaccedilatildeo da quantidade de mateacuteria orgacircnica estranha na droga seca

triturada grosseiramente demonstrando se a coleta monda secagem e

trituraccedilatildeo foram realizadas a contento sem o risco de contaminaccedilatildeo com outras

espeacutecies

- Determinaccedilatildeo de resiacuteduos de pesticidas para monitorar a forma de realizaccedilatildeo

do controle de pestes atraveacutes da identificaccedilatildeo e dosagem de pesticidas

- Determinaccedilatildeo da presenccedila de arsecircnio e metais pesados como componentes

que satildeo responsaacuteveis por intoxicaccedilotildees e por incompatibilidades nas

preparaccedilotildees liacutequidas de fitoteraacutepicos

- Determinaccedilatildeo da quantidade de microrganismos viaacuteveis atraveacutes da contagem

em placa a de diluiccedilotildees obtidas a partir do liacutequido de lavagem das drogas

evidenciando o grau de contaminaccedilatildeo e a possiacutevel e indesejaacutevel presenccedila de

microrganismos potencialmente patogecircnicos

Garantia de Qualidade

Na produccedilatildeo de fitoteraacutepicos do mesmo modo como ocorre com qualquer outro

medicamento natildeo pode negligenciar qualquer procedimento que possa conduzir

a diminuiccedilatildeo da qualidade do produto final A qualidade se reflete na

reprodutibilidade da qualidade do produto avaliada em laboratoacuterio e no

acompanhamento da sua eficaacutecia terapecircutica e seguranccedila Isto soacute pode ser

conseguido quando para cada forma farmacecircutica de fitoteraacutepico forem

registradas as operaccedilotildees farmacecircuticas que devem ser seguidas agrave risca suas

medidas de controle e definiccedilatildeo das responsabilidades para cada uma das

etapas do processamento

Apenas como ilustraccedilatildeo tomemos como exemplo a produccedilatildeo da tintura de

Alecrim-pimenta (Lippia sidoides Cham) O iniacutecio da preocupaccedilatildeo com a

qualidade se daacute com a seguranccedila de que a espeacutecie cultivada seja realmente

aquela que se deve coletar e em seguida em coletar a parte que realmente

deve ser utilizada e de plantas com aspecto saudaacutevel de desenvolvimento para

a qual as condiccedilotildees de cultivo tenham se apresentado como satisfatoacuterias A

monda que se segue agrave coleta retirando as partes improacuteprias agrave preparaccedilatildeo do

fitoteraacutepico daacute continuidade ao passo anterior na busca de alcanccedilar a qualidade

desejada O processo de dessecaccedilatildeo ocorrendo agrave sombra e agrave temperatura

ambiente preservando os constituintes quiacutemicos ativos e diminuindo a

influecircncia da umidade da planta sobre a sua qualidade e a da soluccedilatildeo extrativa

a ser obtida faz com que a droga obtida possa ser utilizada como mateacuteria-prima

para a obtenccedilatildeo de medicamento O cuidadoso processo de trituraccedilatildeo sem

elevar a temperatura durante o processo e reduzindo a perda de poacute para o

ambiente tambeacutem representa um processo que deve ser realizado com a

devida atenccedilatildeo Depois disso a droga seca e triturada deve ser armazenada

em condiccedilotildees que preservem sua qualidade pelo tempo necessaacuterio ateacute sua

utilizaccedilatildeo com as devidas inscriccedilotildees que atestem sua fonte data de coleta e de

processamento e respectivos responsaacuteveis

A preparaccedilatildeo da soluccedilatildeo hidro-alcooacutelica que seraacute utilizada no processo extrativo

tambeacutem deve ser realizada com bastante cuidado pois a mateacuteria-prima deve

apresentar a qualidade compatiacutevel com sua utilizaccedilatildeo para a produccedilatildeo de

medicamentos aacutegua purificada e aacutelcool farmacecircutico Deve-se observar a

legislaccedilatildeo atual sobre aacutelcool que exige a desnaturaccedilatildeo do aacutelcool

comercializado em farmaacutecias e supermercados e assim natildeo deve servir como

excipiente farmacecircutico Enfim todos os processos interferem com a qualidade

do produto final a ser obtido e devem ser realizados corretamente e as

operaccedilotildees registradas em documento proacuteprio buscando a rastreabilidade de

cada lote de cada produto

Outra etapa da garantia da qualidade essencial para sua implantaccedilatildeo eacute a

validaccedilatildeo de equipamentos e de processos que busca uma evidecircncia

documentada de que os mesmos cumprem satisfatoriamente sua finalidade

quando utilizados ou realizados corretamente

Estas evidecircncias devem ser conseguidas antes mesmo de se iniciar a utilizaccedilatildeo

das instalaccedilotildees para produccedilatildeo de medicamentos Naqueles jaacute em

funcionamento a validaccedilatildeo pode ser realizada atraveacutes da documentaccedilatildeo da

produccedilatildeo passada ou seja uma validaccedilatildeo retrospectiva

Para a produccedilatildeo de medicamentos em pequena escala que natildeo venha a

caracterizar uma produccedilatildeo industrial deve-se buscar a adequaccedilatildeo das

condiccedilotildees de produccedilatildeo armazenamento e dispensaccedilatildeo do produto atraveacutes da

Resoluccedilatildeo RDC ndeg 33 de abril de 2000 que descreve os criteacuterios de Boas

Praacuteticas de Manipulaccedilatildeo

Para a produccedilatildeo industrial de medicamentos a legislaccedilatildeo que trata das Boas

Praacuteticas de Fabricaccedilatildeo e Garantia de Qualidade eacute a Resoluccedilatildeo RDC ndeg 210 de

04 de agosto de 2003 As especificaccedilotildees legais da legislaccedilatildeo sanitaacuteria

brasileira e de outros paiacuteses para materiais vegetais devem incluir tanto quanto

possiacutevel o seguinte

- Nome botacircnico c om referecircncia aos autores

- Detalhes da fonte da planta (paiacutes ou regiatildeo de origem cultivo eacutepoca da

colheita procedimentos de colheita possiacuteveis pesticidas utilizados etc)

- Descriccedilatildeo do material vegetal inspeccedilatildeo visual macro eou microscoacutepica

- Testes de identificaccedilatildeo apropriados incluindo quando convenientes testes de

identificaccedilatildeo para ingredientes ativos conhecidos ou marcadores

- Ensaios quando convenientes dos constituintes de atividade terapecircutica ou

marcadores

- Meacutetodos apropriados para determinaccedilatildeo de possiacuteveis contaminaccedilotildees por

pesticidas e os limites aceitos

- Testes para metais pesados e contaminantes semelhantes materiais

estranhos e adulterantes

- Testes para radiaccedilatildeo aflatoxinas e contaminaccedilatildeo microbiana

Qualquer tratamento usado para reduzir contaminaccedilotildees focircnicas e microbianas

ou outras infestaccedilotildees devem ser documentadas Instrumentos para tais

procedimentos devem ser acessiacuteveis e devem incluir detalhes dos processos

testes e limites residuais

Para a realidade do programa Farmaacutecias-Vivas onde natildeo satildeo utilizados

pesticidas as plantas satildeo cultivadas no local proacuteximo de onde ocorre a

produccedilatildeo do medicamento ou satildeo de origem na mesma regiatildeo e satildeo

processadas logo apoacutes a coleta satildeo feitas exigecircncias menores que as

estabelecidas para maiores escalas de produccedilatildeo Nem assim devemos deixar

de registrar todas as operaccedilotildees realizadas com a droga desde o seu cultivo ateacute

a dispensaccedilatildeo do produto fitoteraacutepico

Dispensaccedilatildeo

Estivemos sempre discorrendo sobre qualidade do produto a ser obtido desde

o cultivo da espeacutecie correta da coleta da parte usada e o seu processamento

mantendo intactos os princiacutepios ativos Conhecemos os motivos que levam a

toda esta preocupaccedilatildeo com a qualidade a responsabilidade do profissional que

o produz e a eficaacutecia e a seguranccedila necessaacuterias para o paciente que o utiliza

Portanto resta-nos dispensar o fitoteraacutepico para que este apresente estas

caracteriacutesticas trans formando o paciente num parceiro consciente do seu

papel no uso cor reto deste recurso terapecircutico

O resgate das praacuteticas populares agora respaldadas pelos estudos cientiacuteficos

seacuterios que atestam a eficaacutecia e seguranccedila das espeacutecies utilizadas no programa

Farmaacutecias-Vivas pode ser abordado no momento da dispensaccedilatildeo do

medicamento ou atraveacutes de apresentaccedilotildees coletivas organizadas e realizadas

pelo Farmacecircutico Alguns cuidados merecem ser observados para natildeo se

incorrer em riscos desnecessaacuterios

- Natildeo referendar o uso de plantas cujo estudo cientiacutefico natildeo tenha apresentado

dados sobre sua eficaacutecia e seguranccedila

- Natildeo recomendar o uso de qualquer planta medicinal para o tratamento de

doenccedilas sem a devida recomendaccedilatildeo meacutedica especializada ou natildeo

- Natildeo recomendar a utilizaccedilatildeo de planta que nos seja desconhecida tanto no

aspecto teoacuterico quanto praacutetico

- Natildeo sugerir a utilizaccedilatildeo de quaisquer praacuteticas com ou sem uso de plantas

medicinais que possa representar um risco potencial ou real de dano fetal

Para nos resguardarmos de quaisquer erros precisamos nos manter atualizados

quanto aos benefiacutecios e riscos da utilizaccedilatildeo das espeacutecies medicinais com as

quais trabalhamos dada agrave impossibilidade de conhecer todas as demais Os

dados obtidos durante a dispensaccedilatildeo e acompanhamento dos pacientes aleacutem

daqueles obtidos durante os ensaios controlados de toxicologia e farmacologia

cliacutenica forneceratildeo a necessaacuteria seguranccedila para realizarmos a dispensaccedilatildeo e

cada vez mais desfazermos o mito do natural ser inoacutecuo

Como exemplo da relaccedilatildeo risco x benefiacutecio de uma preparaccedilatildeo fitoteraacutepica

apresentamos as seguintes informaccedilotildees sobre o Elixir de Aroeira que em

muitos aspectos natildeo houve a quantificaccedilatildeo da intensidade dos efeitos beneacuteficos

nem adversos nem de interaccedilotildees

Forma Medicamento Fitoteraacutepico- Caacutepsula ESPINHEIRA SANTA Maytenus ilicifolia Celastraceae

Medicamento fitoteraacutepico

Parte utilizada Folhas

Nomenclatura popularEspinheira santa cancerosa cancorosa-de-sete-espinhos cancrosa

espinheira-divina espinho-de-Deus maiteno erva-cancrosa erva-santa

ApresentaccedilotildeesCaacutepsula dura - Extrato seco das folhas de Maytenus ilicifolia 380 mg -

Embalagem com 3 bliacutesters contendo 15 caacutepsulas cada

Via oral

Uso adulto

Composiccedilatildeo

Cada caacutepsula conteacutem

Extrato seco de Maytenus ilicifolia380 mg

Excipiente qsp 1 caacutepsula (amido)

equivalente a 133 mg de taninos totais

Informaccedilotildees ao pacientePara que este medicamento eacute indicado

Espinheira Santa eacute indicada para o tratamento da maacute digestatildeo e como

coadjuvante no tratamento de uacutelcera do estocircmago e duodeno

Como este medicamento funciona

Espinheira Santa atua como regulador das funccedilotildees estomacais e promove a

proteccedilatildeo da mucosa gaacutestrica

Quando natildeo devo usar este medicamentobull O medicamento deve ser evitado por menores de 12 anos de idade devido agrave

falta de estudos disponiacuteveis

bull Lactaccedilatildeo e gravidez visto que pode diminuir a secreccedilatildeo de leite e pode

provocar contraccedilotildees uterinas

bull Hipersensibilidade (alergia) a qualquer um dos componentes da foacutermula ou a

outras plantas da famiacutelia Celastraceae

O que devo saber antes de usar este medicamentoPrecauccedilotildees e advertecircncias

bull De acordo com a categoria de risco de faacutermacos destinados agraves mulheres

graacutevidas este medicamento apresenta categoria de risco C Este medicamento

natildeo deve ser utilizado por mulheres graacutevidas sem orientaccedilatildeo meacutedica ou do

cirurgiatildeo dentista

Interaccedilotildees medicamentosas

bull A administraccedilatildeo concomitante de M ilicifolia com bebidas alcooacutelicas e outros

medicamentos natildeo eacute recomendada pois natildeo existem estudos disponiacuteveis

sobre as interaccedilotildees medicamentosas deste fitoteraacutepico

Informe seu meacutedico ou cirurgiatildeo-dentista se vocecirc estaacute fazendo uso de algum

outro medicamento

Onde como e por quanto tempo posso guardar este medicamentoCuidados de conservaccedilatildeo

Espinheira Santa deve ser conservada em temperatura ambiente (entre 15 e

30ordmC) em sua embalagem original Proteger da luz e da umidade

Prazo de validade24 meses apoacutes a data de fabricaccedilatildeo impressa no cartucho

Nuacutemero de lote e datas de fabricaccedilatildeo e validade vide embalagem

Natildeo use medicamento com o prazo de validade vencido

Guarde-o em sua embalagem original

Caracteriacutesticas fiacutesicasCaacutepsulas gelatinosas duras de cor creme

Caracteriacutesticas organoleacutepticas

Cheiro (odor) caracteriacutestico e praticamente natildeo apresenta sabor

Antes de usar observe o aspecto do medicamento Caso ele esteja no prazo

de validade e vocecirc observe alguma mudanccedila no aspecto consulte o

farmacecircutico para saber se poderaacute utilizaacute-lo

Todo medicamento deve ser mantido fora do alcance das crianccedilas

Como devo usar este medicamentoModo de usar

As caacutepsulas devem ser ingeridas inteiras e com uma quantidade suficiente de

aacutegua para que possam ser deglutidas

Posologia

Ingerir duas caacutepsulas via oral trecircs vezes ao dia de oito em oito horas

Siga corretamente o modo de usar Em caso de duacutevidas sobre este

medicamento procure orientaccedilatildeo do farmacecircutico Natildeo desaparecendo os

sintomas procure orientaccedilatildeo de seu meacutedico ou cirurgiatildeo-dentista

Este medicamento natildeo deve ser partido aberto ou mastigado

O que devo fazer quando eu me esquecer de usar este medicamentoCaso haja esquecimento da ingestatildeo de uma dose deste medicamento

retomar a posologia prescrita sem a necessidade de suplementaccedilatildeo

Em caso de duacutevidas procure orientaccedilatildeo do farmacecircutico ou de seu meacutedico ou

do cirurgiatildeo-dentista

Que males este medicamento pode causarReaccedilotildees adversas

Ateacute o momento natildeo foram relatadas reaccedilotildees adversas graves ou que coloquem

em risco a sauacutede dos pacientes

Raramente podem ocorrer casos de hipersensibilidade Neste caso suspender

o uso e procurar orientaccedilatildeo meacutedica

Informe seu meacutedico cirurgiatildeo-dentista ou farmacecircutico do aparecimento de

reaccedilotildees indesejaacuteveis pelo uso do medicamento

Induacutestria Brasileira

Esta bula foi atualizada conforme Bula Padratildeo aprovada pela Anvisa em

12012011

Farmacecircutica resp Dra (Nome )

CRF-PR nordm XXXX Coacuted XXXXX - 012011

Informe tambeacutem agrave empresa atraveacutes do seu Serviccedilo de

Atendimento ao Consumidor

O que fazer se algueacutem usar uma quantidade maior do que a indicada deste medicamentoPlantas ricas em taninos como a M ilicifolia quando usadas em doses

excessivas podem causar irritaccedilatildeo da mucosa gaacutestrica e intestinal gerando

vocircmitos coacutelicas intestinais e diarreia

Em caso de super dosagem suspender o uso e procurar orientaccedilatildeo meacutedica de

imediato Em caso de uso de grande quantidade deste medicamento procure

rapidamente socorro meacutedico e leve a embalagem ou bula do medicamento se

possiacutevel Siga corretamente o modo de usar natildeo desaparecendo os sintomas

procure orientaccedilatildeo meacutedica

Conclusatildeo

A espinheira-santa (M ilicifolia) eacute um fitoteraacutepico de relevante accedilatildeo terapecircutica

principalmente antiulcerogecircnica dada sua eficaacutecia farmacoloacutegica e seguranccedila

Vale lembrar que por ausecircncia de estudos ela natildeo eacute recomenda para crianccedilas

e natildeo deve ser usada por gestantes pois estudos em camundongos (fecircmeas e

graacutevidas) indicaram um decreacutescimo significativo do nuacutemero de embriotildees aleacutem

de possuir atividade estrogecircnica que pode interferir na receptividade uterina do

embriatildeo Entre suas atividades farmacoloacutegicas destaca-se a atividade

antiulcerogecircnica que pode ser comparada agrave accedilatildeo da ranitidina e da cimetidina

Por ser morfologicamente parecida com as espeacutecies S bonplandii e Z ilicifolia

ela eacute comumente confundida e ateacute mesmo trocada intencionalmente

A utilizaccedilatildeo de maneira errocircnea das espeacutecies botacircnicas que natildeo satildeo a

verdadeira espinheira-santa (M ilicifolia) pode acarretar danos agrave sauacutede dos

pacientes Assim conclui-se que essas espeacutecies conhecidas como

adulterantes podem trazer malefiacutecios pois ainda faltam estudos que

comprovem suas atividades farmacoloacutegicas e principalmente a seguranccedila

terapecircutica Poreacutem natildeo se deve descartar o uso dessas espeacutecies e sim

realizar estudos mais concretos para que essas plantas assim como a

verdadeira espinheira-santa possam auxiliar no tratamento farmacoloacutegico da

populaccedilatildeo

Referecircncias Bibliograacuteficas

Ralph Santos-Oliveira Simone Coulaud-Cunha Waldeciro Colaccedilo

Revisatildeo da Maytenus ilicifolia Mart ex Reissek Celastraceae

Contribuiccedilatildeo ao estudo das propriedades farmacoloacutegicas Rev Bras

Farmacogn Braz J Pharmacogn 19(2B) AbrJun 2009

Wilker Marlon de Moraes Jesus Tarciacutesio Neves da Cunha Estudo das

propriedades farmacoloacutegicas da espinheira-santa (Maytenus ilicifolia

Mart ex Reissek) e de duas espeacutecies adulterantes Revista Sauacutede e

Desenvolvimento vol ndash nordm 1 Jan ndash Jun 2012

MARIOT MP1 BARBIERI RL2 Engenheiro Agrocircnomo Dr prof do

Conjunto Agroteacutecnico ldquoVisconde da GraccedilardquoUniversidade Federal de

Pelotas (mariotufpeltchebr) ndash Av Ildefonso Simotildees Lopes 2791

Pelotas-RS CEP 96060-290 2Bioacuteloga Dr pesquisadora da Embrapa

Clima Temperado (barbiericpactembrapabr) ndash BR 392 km 78 caixa

postal 403 Pelotas-RS CEP 96001-970 (endereccedilo para

correspondecircncia) Metaboacutelitos secundaacuterios e propriedades medicinais da

espinheira-santa (Maytenus ilicifolia Mart ex Reiss e M aquifolium

Mart)

CARLINI EA Braz S Efeito protetor do liofilizado obtido do abafado de

Maytenus Sp (espinheira-santa) contra uacutelcera gaacutestrica experimental em

ratos In Estudo da accedilatildeo antiuacutelcera gaacutestrica de plantas brasileiras

(Maytenus ilicifolia) Espinheira santa e outras Brasiacutelia CEMEAFIP

1988 p21-35MACAUBAS CIP et al Estudo da eventual accedilatildeo

antiuacutelcera gaacutestrica do baacutelsamo (Sedum sp) folha da fortuna

(Bryophyllum calcium) couve (Brassica oleraceae) e da Espinheira

santa (Maytenus ilicifolia) em ratos In Estudo da accedilatildeo antiuacutelcera

gaacutestrica de plantas brasileiras (Maytenus ilicifolia) Espinheira santa e

outras Brasiacutelia CEMEAFIP 1988 p 5-20

Olivia Werner Oliveira Pedro Ros Petrovick Secagem por aspersatildeo

(spray drying) de extratos vegetais bases e aplicaccedilotildees Revista

Brasileira de Farmacognosia Brazilian Journal of Pharmacognosy 20(4)

641-650 AgoSet 2010

Marianne Christina Scheffer Capitulo 17 Produccedilatildeo de espinheira-santa

(Maytenus ilicifolia Mart ex Reiss) na regiatildeo metropolitana de Curitiba

Paranaacute Brasil

Said gonccedilalves da cruz fonsacircca Farmacoteacutecnica de Fitoteraacutepicos2005

cacircncer Estudos iniciais revelaram que elas contecircm compostos bioativos que

mostraram potente accedilatildeo anti-tumoral e antileucecircmica em doses muito baixas

Na medicina tradicional o emplastro de suas folhas eacute usado no tratamento do

cacircncer de pele O decocto das folhas eacute usado em lavagens para o mesmo

tratamento M ilicifolia tem sido usada popularmente no Brasil para tratamento

de cacircncer (Fox 1991) Entretanto seu uso mais popular eacute no tratamento de

uacutelceras indigestatildeo gastrites crocircnicas e dispepsia conforme mostrado em

trabalho desenvolvido por Carlini (1988)

Jorge et al (2004) observaram que extratos hexano e etilacetato de M ilicifolia

que promovem um aumento do volume gaacutestrico e do pH no estocircmago

apresentam accedilatildeo antiulcerogecircnica e anti-inflamatoacuteria Foi observado por

Ferreira et al (2004) que o extrato de folhas de M ilicifolia reduz a secreccedilatildeo

aacutecida na mucosa gaacutestrica de ratildes com efeito semelhante ao medicamento

cimetidina M ilicifolia tem se tornado conhecida e usada na medicina

herbaliacutestica dos EUA onde o extrato de suas folhas vem sendo empregado

para uacutelceras para recomposiccedilatildeo da flora intestinal e inibiccedilatildeo de bacteacuterias

patogecircnicas como laxante para eliminar toxinas atraveacutes dos rins e pele e para

regular a produccedilatildeo do aacutecido cloriacutedrico do estocircmago (Lorenzi amp Matos 2002

Melo et al 2001)

Extratos do caule de M ilicifolia mostraram atividade anti-fuacutengica contra

Microsporum gypseum e Trichophyton mentagrophytes mas as folhas natildeo

mostraram o mesmo efeito (Portillo et al 2001) Esta espeacutecie eacute utilizada como

contraceptivo por populaccedilotildees indiacutegenas e do meio rural no Paraguai e como

abortivo por mulheres do nordeste da Argentina (Montanari et al 1998) Os

autores estudaram o efeito do extrato etanoacutelico de folhas de M ilicifolia sobre a

espermatogecircnese em ratos natildeo tendo sido mostrado efeito significativo sobre

a formaccedilatildeo dos espermatozoacuteides Foi observado por Montanari amp Bevilacqua

(2002) que o extrato de folhas desta espeacutecie causou uma perda na preacute-

implantaccedilatildeo embriocircnica em ratos mas sem efeito sobre a implantaccedilatildeo ou

organogecircnese A atividade estrogecircnica do extrato sugere que ele pode estar

interferindo com a receptividade uterina ao embriatildeo Entretanto os efeitos natildeo

foram uniformes entre os animais sendo que em alguns nenhuma alteraccedilatildeo

foi observada nem mesmo na fase de preacute-implantaccedilatildeo do embriatildeo Isto

significa que no caso das mulheres o aborto poderia ocorrer em algumas e em

outras natildeo Existem vaacuterias espeacutecies medicinais do gecircnero Maytenus ndash aleacutem de

M ilicifolia e M aquifolium ndash que vecircm sendo amplamente estudadas como M

senegalensi M macrocarpa e M canariensis (Di Stasi 2004) O autor cita

alguns trabalhos com estas espeacutecies M senegalensis apresenta atividade

antimalaacuterica leishmanicida e inibitoacuteria sobre a replicaccedilatildeo do viacuterus HIV-1

(atraveacutes da accedilatildeo da pristimerina) M canariensis apresenta atividade

antibacteriana antifuacutengica e inseticida M macrocarpa apresenta compostos

com accedilatildeo citotoacutexica e leishmanicida Foi evidenciada por Kennedy et al (2001)

a accedilatildeo leishmanicida de M magellanica e M chubutensis

3 Caracteriacutesticas morfoanatocircmicas e fenoloacutegicasA espinheira-santa (Maytenus ilicifolia) foi descrita por Carvalho-Okano (1992)

como um sub-arbusto ou aacutervore ramificado desde a base podendo atingir uma

estatura de ateacute 5 m com ramos novos glabros angulosos tetra ou

multicarenados

As folhas satildeo congestas coriaacuteceas glabras com estiacutepulas incospiacutecuas limbo

com 22 a 89 cm de comprimento e 11 a 30 cm de largura nervuras

proeminentes na face abaxial de forma eliacuteptica com a margem inteira ou com

espinhos em nuacutemero de um a vaacuterios distribuiacutedos regular ou irregularmente no

bordo geralmente concentrados na metade apical de um ou de ambos os

semilimbos As inflorescecircncias ocorrem em fasciacuteculos multifloros As flores

possuem seacutepalas semicirculares e ciliadas com peacutetalas ovais e inteiras

estames com filetes achatados na base estigma capitado seacutessil ou com

estilete distinto ovaacuterio saliente ou totalmente imerso no disco carnoso

As flores satildeo monoacuteclinas poreacutem haacute evidecircncias fortes de que muitas de suas

flores sejam funcionalmente diclinas O fruto eacute uma caacutepsula bivalvar orbicular

com pericarpo maduro de coloraccedilatildeo vermelho-alaranjada

As sementes satildeo eretas suborbiculares elipsoides ou obovais agraves vezes

angulosas em nuacutemero variaacutevel de 1 a 4 por fruto envoltas inteiramente pelo

arilo A testa eacute rija lisa e brilhante em geral com coloraccedilatildeo castanha ou negra

O endosperma eacute abundante o embriatildeo eacute axial com cotileacutedones planos

membranaacuteceos e eixo hipocoacutetilo-raizinha reta e curta O arilo eacute suculento de

coloraccedilatildeo branca cobrindo toda a semente Um estudo morfoanatocircmico desta

espeacutecies foi ainda realizado por Lula et al (2001) Segundo os autores M

ilicifolia apresenta epiderme adaxial e abaxial glabras com ceacutelulas poligonais

de paredes levemente espessadas retas e cutiacutecula de aspecto granulado Foi

observada a presenccedila de cristais prismaacuteticos nas ceacutelulas epideacutermicas e

tambeacutem de raacutefides Os estocircmatos estatildeo restritos agrave epiderme abaxial e com

frequumlecircncia apresentam cinco ceacutelulas subsidiaacuterias muito pouco diferenciadas

das ceacutelulas epideacutermicas comuns Em corte transversal as epidermes se

apresentam uniestratificadas com ceacutelulas baixas e tabulares e cutiacutecula

relativamente espessa O mesoacutefilo eacute dorsiventral com duas camadas de

parecircnquima paliccedilaacutedico O parecircnquima lacunoso eacute relativamente compacto com

cerca de seis a sete camadas de ceacutelulas As nervuras menores e as

terminaccedilotildees vasculares apresentam uma bainha de fibras esclerenquimaacuteticas

As sementes de M ilicifolia podem ser classificadas como ortodoxas e

estocadas a -20ordmC por um longo periacuteodo em cacircmara fria (Eira et al 1995) M

aquifolium tambeacutem conhecida como espinheira-santa eacute descrita por Carvalho-

Okano (1992) como um arbusto ou aacutervore medindo cerca de 15-12 m de

altura Apresenta ramos novos glabros ciliacutendrico-achatados folhas cartaacuteceas

glabras peciacuteolo com 05-10 cm de comprimento estiacutepulas inconspiacutecuas limbo

com 60-190 cm de comprimento e 20-60 cm de largura nervura primaacuteria

proeminente em ambas as faces nervuras secundaacuterias subsalientes forma

eliacuteptica ou mais comumente oblongo-eliacuteptica base aguda ou obtusa aacutepice

agudo a obtuso com mucron margem com muitos espinhos serrada A

Inflorescecircncia eacute em fasciacuteculos multifloros apresentando pedicelos florais com

04-07 cm de comprimento As seacutepalas satildeo ovais com cerca de 04 cm de

comprimento e 03 cm de largura Os estames apresentam filetes achatados na

base O estigma eacute seacutessil ou com estilete distinto ovaacuterio saliente ou imerso

totalmente no disco carnoso O fruto eacute uma caacutepsula bivalvar orbicular o

pericarpo maduro apresenta coloraccedilatildeo castanho-avemelhada O florescimento

de espinheira-santa ocorre entre os meses de setembro a dezembro e a

frutificaccedilatildeo de outubro a fevereiro (Carvalho-Okano 1992) A frutificaccedilatildeo ocorre

durante um periacuteodo relativamente longo iniciando no Estado do Rio

Grande do Sul seguido por Santa Catarina e por uacuteltimo o Paranaacute (Scheffer amp

Arauacutejo1998) As espeacutecies de espinheira-santa satildeo aloacutegamas Os estudos da

accedilatildeo farmacoloacutegica da espinheira-santa tecircm sido realizados utilizando

principalmente as folhas pois eacute a parte da planta que normalmente eacute utilizada

pela populaccedilatildeo nas infusotildees ou pela induacutestria farmacecircutica para elaboraccedilatildeo de

medicamentos Alguns estudos foram feitos com a raiz pois existem relatos do

uso esporaacutedico desta parte da planta por algumas pessoas para o tratamento

de doenccedilas Em um levantamento do uso da espinheira-santa pelas

comunidades rurais Mariot (2005) identificou um agricultor que utiliza o chaacute

das raiacutezes da espinheirasanta para o tratamento de diabetes Com relaccedilatildeo agrave

localizaccedilatildeo da produccedilatildeo de metaboacutelitos secundaacuterios nas plantas de

espinheirasanta Corsino et al (2000) ao estudarem a biossiacutentese de

triterpenoacuteides em M aquifolium identificaram que as folhas produzem 3b-

friedelanol e friedelina (friedelano) e raiacutezes acumulam maitenina e pristimerina

(quinonametiacutedicos) Os triterpenos derivados de friedelano uma vez

biossintetizados nas folhas satildeo translocados para as raiacutezes e posteriormente

transformados nos triterpenoacuteides quinonametiacutedicos que apresentam accedilatildeo

antitumor Estes triterpenoacuteides natildeo foram encontrados em folhas somente em

raiacutezes Os flavonoacuteides satildeo encontrados em todos os oacutergatildeos das plantas

(Zuanazzi 2001) Existem flavonoacuteides que satildeo encontrados em um oacutergatildeo e em

outros natildeo ou quando existe o mesmo composto em mais de um oacutergatildeo este

pode apresentar diferentes concentraccedilotildees Estes compostos estatildeo localizados

nos vacuacuteolos cloroplastos e cromoplastos (Cardoso et al 2001) Os taninos

ocorrem nos vacuacuteolos e plastiacutedios (Salisbuty amp Ross 1992)

Figura A - Folhas de espinheira-santa (a uacuteltima eacute M aquifolium e as demais

satildeo M ilicifolia) B - flores de espinheira-santa C - ramo com frutos e sementes

de Maytenus ilicifolia

4 Aspectos quiacutemico-bioloacutegicosOs compostos com accedilatildeo bioativa de importacircncia na farmacologia satildeo

produzidos atraveacutes da biossiacutentese dos metaboacutelitos secundaacuterios que estaacute

esquematizado na Figura 1 Nesta figura pode ser observada a formaccedilatildeo dos

principais metaboacutelitos identificados na espinheira-santa como os taninos

flavonoacuteides e terpenos grupo em que estatildeo inseridos os triterpenos

O gecircnero Maytenus eacute rico em espeacutecies com potencial medicinal tendo sido

identificados vaacuterios compostos com accedilatildeo farmacoloacutegica Di Stasi (2004) em

uma revisatildeo sobre compostos bioativos em espeacutecies de Maytenus relata a

presenccedila de pristimerina um triterpeno do tipo friedelano com accedilatildeo

antimalaacuterica e compostos fenoacutelicos com atividade inibitoacuteria sobre a replicaccedilatildeo

do viacuterus HIV-1 em M senegalensis Em M canariensis foram isoladas

nortriterpenos com atividade antibioacutetica e sesquiterpenos com atividade

inseticida M macrocarpa apresenta nortriterpenos denominados

macrocarpinas os quais satildeo citotoacutexicos sesquiterpenos com atividade

leishmanicida e triterpenos do tipo friedelano Triterpenoacuteides do tipo friedelano

tambeacutem foram isolados desta espeacutecie por Chavez et al (1998) Foi evidenciado

por Kennedy et al (2001) a accedilatildeo leishmanicida de sesquiterpenos isolados de

M magellanica e M chubutensis

FIGURA 1 Representaccedilatildeo simplificada do ciclo biossinteacutetico dos metaboacutelitos

secundaacuterios terpenoacuteides flavonoacuteides e taninos condensados que ocorrem em

espinheira-santa (adaptado de Santos 2001)

Entre os compostos bioativos em espinheirasanta (M ilicifolia e M aquifolium)

que podem ter accedilatildeo antiulcerogecircnica e anti-gaacutestrica destacam-se os

triterpenos Os triterpenoacuteides satildeo compostos constituiacutedos basicamente de trinta

unidades de carbono ndash seis isoprenos (Cardoso et al 2001) A maioria possui

em sua constituiccedilatildeo hidroxilas que podem ser glicosiladas produzindo os

heterosiacutedeos cardiotocircnicos importantes agentes terapecircuticos para doenccedilas

cardiovasculares e as saponinas Biossinteticamente satildeo derivados de

condensaccedilatildeo de duas moleacuteculas de farnesilpirofosfato (FPP) unidas cauda-

cauda produzindo o esqualeno precursor aciacuteclico desta classe de compostos

(Figura 2) A provaacutevel ciclizaccedilatildeo da moleacutecula de esqualeno leva agrave formaccedilatildeo da

estrutura baacutesica dos triterpenoacuteides o ciclopentanohidrofenantreno importante

precursor dos esteroacuteides vegetais e animais e das saponinas triterpecircnicas As

saponinas triterpenoacuteides apresentam trecircs tipos de estruturas baacutesicas oleanos

ursanos e lupanos Os triterpenos denominados cangoronina e ilicifolina foram

identificados por Itokawa et al (1991) em M ilicifolia Eles satildeo do tipo

friedelano e foram fracionados junto com outros sete triterpenos jaacute conhecidos

FIGURA 2 Biossiacutentese de triterpenoacuteides (adaptado de Cardoso et al 2001)

Os autores mostraram que alguns destes compostos tecircm accedilatildeo citotoacutexica

como por exemplo a pristimerina ndash que foi a mais eficiente ndash indicando que

podem ser uacuteteis no tratamento de tumores Trabalho semelhante foi

desenvolvido por Shirota et al (1994) que elucidaram a estrutura de alguns

triterpenos aromaacuteticos Estes compostos mostraram atividade citotoacutexica

moderada contra um nuacutemero de linhagens de ceacutelulas de tumor cultivadas As

estruturas de outros dois triterpenos diacutemeros denominados cangorosina A e

cangorosina B foram elucidadas por Shirota et al (1997) em extrato de raiacutezes

de M ilicifolia Quatro novos triterpenoacuteides ndash maytefolina A-C (1-3) e uvaol-3-

caffeate (4) ndash aleacutem de outros triterpenos foram isolados de folhas de M

ilicifolia por Ohsaki et al (2004) Os autores identificaram a accedilatildeo citotoacutexica do

triterpenoacuteide eritrodiol

Apesar de a literatura destacar os triterpenos como os principais compostos

bioativos em espinheira-santa Corsino et al (1998b) destacaram que a famiacutelia

Celastraceae eacute uma fonte rica de sesquiterpenos Os autores isolaram e

elucidaram a estrutura quiacutemica de dois sesquiterpenos a aquifoliulina E-I e a

aquifoliulina EII Ao verificarem a accedilatildeo citotoacutexica do extrato de M aquifolium

em mutantes de Saccharomyces cerevisiae eles sugeriram que os

sesquiterpenos podem ser os principais responsaacuteveis por causar pequenos

danos no DNA Em outro trabalho Corsino et al (1998c) isolaram e elucidaram

a estrutura de outros dois sesquiterpenos a aquifoliulina E-III e a aquifoliulina

E-IV Os triterpenos maitenina e 22- hidroximaitenina satildeo membros de um

pequeno grupo de produtos naturais peculiares agraves espeacutecies das famiacutelias

Celastraceae e Hippocrateaceae com potencial anti-cacircncer (Corsino et al

1998a) A ligaccedilatildeo da maitenina ao DNA sugere uma interaccedilatildeo celular que pode

elucidar a atividade antitumor Os autores mostraram que estes compostos satildeo

efetivos contra carcinoma epidermoacuteide Foi identificada a accedilatildeo antiuacutelcera

gaacutestrica da espinheira-santa em ratos com accedilatildeo semelhante ao medicamento

cimetidina Dois triterpenos jaacute relatados na literatura o friedelan-3-ol e o

friedelan-3-on foram identificados em extrato de M ilicifolia sendo sugeridos

como substacircncias bioativas no tratamento das enfermidades estomacais

Os autores acima citados isolaram e identificaram maitenina e 22

hidroximaitenina a partir de calos oriundos de explantes de folhas de M

aquifolium ndash atraveacutes de HPLC ndash cultivados em dois meios de cultura com

diferentes concentraccedilotildees de cinetina O rendimento dos triterpenos no meio

com menor concentraccedilatildeo de cinetina foram maiores do que no outro A cultura

de tecidos parece entatildeo ser uma fonte contiacutenua e estaacutevel de compostos de

espeacutecies de Maytenus conforme proposto por Pereira et al (1993)

Os autores estabeleceram um protocolo para organogecircnese total de placircntulas

de M ilicifolia de matrizes selecionadas para produccedilatildeo de compostos para

estudos fitoquiacutemicos utilizando como explante gemas axilares

Derivados dos triterpenos friedelano satildeo tiacutepicos das famiacutelias Celastraceae e

Hippocrateaceae (Buffa Filho et al 2002) Estes autores atraveacutes do

desenvolvimento de um meacutetodo HPLC (High Performance Liquid

Chromatography) fase-reversa para a quantificaccedilatildeo de triterpenos em cinco

tipos morfoloacutegicos de Maytenus ilicifolia identificaram os compostos 20 1048576-

hidroximaitenina e 22 hidroximaitenina em baixa concentraccedilatildeo aleacutem de

maitenina celastrol e pristimerina em alta concentraccedilatildeo

Os triterpenos friedelan-3-ol friedelina (Figura 3) e compostos polifenoacutelicos

presentes em M ilicifolia e M aquifolium satildeo citados por Cordeiro et al (1999)

como componentes eficientes no tratamento de uacutelceras e gastrites estomacais

Os autores caracterizaram triterpenos de extratos ndash obtidos por extraccedilatildeo direta

com etilacetato ndash de folhas destas duas espeacutecies atraveacutes de HRGC-MS

(cromatografia gasosa de alta resoluccedilatildeo e espectrometria de massas) O perfil

cromatograacutefico foi semelhante para ambas as espeacutecies diferindo na

concentraccedilatildeo relativa de alguns compostos Estes dois triterpenos foram

tambeacutem destacados por Vilegas et al (1995) e Lanccedilas et al (1997) como os

mais importantes nas duas espeacutecies de espinheira-santa para o tratamento de

uacutelcera gaacutestrica Os primeiros propuseram uma teacutecnica raacutepida para identificar

friedelan-3-ol e friedelina ndash atraveacutes de cromatografia gasosa com alta

temperatura de capilaridade em coluna polar ndash o que permite a distinccedilatildeo entre

extratos alcooacutelicos aquosos de espinheira-santa autecircnticos e falsos (quando

satildeo misturadas folhas de outras espeacutecies como de Sorocea bomplandii) Os

uacuteltimos desenvolveram um meacutetodo para extraccedilatildeo de princiacutepios ativos em

espinheira-santa atraveacutes de uma adaptaccedilatildeo do SFE (extraccedilatildeo com fluido

supercriacutetico) com baixo custo Atraveacutes da utilizaccedilatildeo do CO2 e etanol 10

como fluido extrator conseguiram resultados satisfatoacuterios na obtenccedilatildeo dos

triterpenos O sistema SFE desenvolvido pelos autores foi mais eficiente sendo

uma alternativa aos outros meacutetodos por ser mais raacutepido aleacutem de permitir uma

flexibilidade de escolha do fluido extrator entre gases ou solventes liacutequidos a

condiccedilotildees ambientes Mossi et al (2004) ao caracterizarem quimicamente

extratos de M ilicifolia ndash obtidos atraveacutes da utilizaccedilatildeo de CO2 em alta pressatildeo

ndash observaram que a temperatura de extraccedilatildeo e a densidade do solvente

exerceram um efeito importante sobre o rendimento liacutequido do extrato e a

distribuiccedilatildeo quiacutemica dos compostos volaacuteteis ao contraacuterio do tamanho de

partiacutecula e da taxa de fluxo de CO2 Apesar dos triterpenos friedelan-3-ol e

friedelina terem sido destacados como sendo compostos eficientes no

tratamento anti-uacutelcera gaacutestrica Queiroga et al (2000) em pesquisa realizada

com ratos mostraram que estes triterpenos natildeo apresentam esta accedilatildeo

farmacoloacutegica

FIGURA 3 Estrutura molecular dos triterpenos friedelan-3-ol e friedelina (Mossi 2003) dos flavonoacuteides canferol e quercetina e do tanino condensado (Cardoso et al 2001) encontrados em espinheira-santa

Os taninos e flavonoacuteides satildeo compostos fenoacutelicos presentes em espinheira-

santa que tambeacutem podem ter accedilatildeo em doenccedilas estomacais (Gonzales et al

2001) Os taninos satildeo compostos de sabor adstringente derivados de

fenilpropanos capazes de formar complexos com proteiacutenas accediluacutecares e

alcaloacuteides indoacutelicos (Cardoso et al 2001) Dividem se em duas categorias

derivados de esqueletos (C6-C1)n chamados de taninos hidrosoluacuteveis e

derivados de esqueletos (C6-C3-C6)n chamados de taninos condensados

(Figura 3) ou proantocianidinas Os taninos hidrolizaacuteveis possuem rotas

biossinteacuteticas ainda desconhecidas Sabe-se que seu precursor eacute o aacutecido

gaacutelico ou seu diacutemero de condensaccedilatildeo o aacutecido elaacutegico Os taninos

condensados satildeo biossintetizados pelas condensaccedilotildees de derivados de aacutecido

chiquiacutemico e unidades de malonil-CoA levando agrave formaccedilatildeo das catequinas

Estas satildeo importantes precursoras das proantocianidinas (taninos

condensados) e antocianidinas Caracterizam-se por serem oligocircmeros e

poliacutemeros formados pela policondensaccedilatildeo de duas unidades flavonoiacutedicas

(flavan-3-ol e flavan-34-diol) portanto tambeacutem satildeo considerados compostos

flavonoacuteides sendo tambeacutem denominados de flavolanas diferenciando-se dos

taninos hidrolisaacuteveis por natildeo possuiacuterem resiacuteduos glicosiacutedeos em sua estrutura

Segundo o autor entre as atividades farmacoloacutegicas que os taninos

condensados apresentam ndash quando complexados com proteiacutenas ndash destacam-

se a proteccedilatildeo da mucosa do estocircmago em tratamento de uacutelcera peacuteptica as

propriedades anti-inflamatoacuterias e cicatrizantes e o bloqueio da formaccedilatildeo da

placa dental atraveacutes da inibiccedilatildeo da glicosiltransferase produzida por bacteacuterias

bucais

Atraveacutes de estudo fitoquiacutemico em extrato de M aquifolium Gonzales et al

(2001) identificaram triterpenos taninos e flavonoacuteides Em testes de

laboratoacuterio os autores mostraram a accedilatildeo antiulcerogecircnica e analgeacutesica do

extrato desta espeacutecie Eles destacaram que os triterpenos apresentam

habilidade na estimulaccedilatildeo da siacutentese de muco ou manutenccedilatildeo do conteuacutedo de

prostaglandina ndash componente com atividade antiulcerogecircnica ndash da mucosa

gaacutestrica em altos niacuteveis Foi sugerido ainda que componentes antioxidantes

como os taninos e os flavonoacuteides podem ter accedilatildeo contra lesotildees gaacutestricas

Os flavonoacuteides existem em abundacircncia no reino vegetal encontrados em sua

maioria nas angiospermas (Cardoso et al 2001) Caracterizam se

estruturalmente por serem polifenoacutelicos derivados de C6-C3-C6 ligados na

orientaccedilatildeo cabeccedila-cauda e que podem conter como substituintes hidroxilas

ou seus derivados funcionais tais como eacutesteres metoxilas aleacutem de

glicosiacutedeos isoprecircnicos presos em posiccedilotildees especiacuteficas dos aneacuteis Os

flavonoacuteides tecircm como precursores a fenilalanina e a acetil-CoA

Satildeo originados de reaccedilotildees de derivados do aacutecido chiquiacutemico e derivados do

acetato Os flavonoacuteides satildeo divididos nas seguintes classes flavonas

flavonoacuteis antocianinas e isoflavonoacuteides esta uacuteltima restrita agrave famiacutelia Fabaceae

Os compostos mais importantes encontrados nos vegetais para cada uma das

trecircs primeiras classes satildeo flavonas ndash apigenina e luteolina flavonoacuteis ndash

canferol quercetina miricetina e galangina antocianinas ndash cianidina e

malvidina

Ao analisarem quantitativamente por HPLC flavonoacuteides em infusatildeo aquosa de

folhas de M ilicifolia e M aquifolium Leite et al (2001) identificaram um novo

composto deste grupo na primeira espeacutecie Os autores destacaram que os

flavonoacuteides podem mediar uma variaccedilatildeo de mecanismos relacionados agrave

atividade anti-cacircncer anti-tumor e anti-oxidante esta uacuteltima relacionada agrave

caracteriacutestica anti-uacutelcera Os flavonoacuteides tetra-glicosilados satildeo uacuteteis como

marcadores quiacutemicos para o controle de qualidade em Maytenus

Dois novos tetraglicosiacutedeos ndash pertencentes aos grupos dos 3-O-glicosiacutedeos de

quercetina e canferol que satildeo os mais importantes entre os flavonoacuteides ndash

foram isolados por Vilegas et al (1999) a partir da infusatildeo de folhas de M

aquifolium Os flavonoacuteides quercetina e canferol estatildeo representados na Figura

3 com indicaccedilatildeo dos grupos hidroxila (3) que satildeo glicosilados para formar os

3-O-glicosiacutedeos de quercetina e canferol Os autores identificaram a accedilatildeo anti-

uacutelcera da infusatildeo de espinheira-santa em que o aumento da dose levou ao

decreacutescimo do nuacutemero de uacutelceras em ratos sendo a dose de 800 mg kg-1 a

mais eficiente A maior atividade foi verificada em uacutelceras do tipo III que satildeo as

mais severas Foi ainda destacado que o isolamento de flavonoacuteides

poliglicosilados da infusatildeo de M aquifolium seraacute uacutetil para validaccedilatildeo destes

componentes como marcadores quiacutemicos como jaacute anteriormente descrito por

Vilegas et al (1998) ndash que distinguiram atraveacutes da teacutecnica HPTLC (High

Performance Thin Layer Chromatographic) amostras autecircnticas de M ilicifolia

e M aquifolium e amostras alteradas com Sorocea bomplandii uma espeacutecie

muitas vezes confundida com a espinheirasanta devido agrave morfologia similar da

folha

5 Aspectos silviculturais

Os coletores tradicionais possuem noccedilotildees empiacutericas sobre o manejo das

espeacutecies em seu ambiente natural (eacutepoca e frequecircncia de coleta suportada

pela espeacutecie ambientes em que ocorrem cuidados com os indiviacuteduos no

momento da coleta para que possam rebrotar) Por exemplo ensinam que a

espinheira-santa deve ser coletada quebrando os ramos e natildeo cortando-os

Alguns coletores dizem que isto eacute necessaacuterio para que a planta tenha efeito

medicinal outros que se os ramos forem cortados a aacutervore natildeo rebrota Fato

eacute que os ramos que satildeo quebrados satildeo mais finos do que se for utilizado um

instrumento cortante e isto certamente tem influecircncia sobre a regeneraccedilatildeo dos

indiviacuteduos Outra informaccedilatildeo dos coletores tradicionais eacute que as folhas de uma

determinada aacutervore devem ser colhidas com intervalos de dois anos Dizem

que eacute o tempo necessaacuterio para a aacutervore se recuperar Poreacutem nos plantios

verifica-se que a regeneraccedilatildeo ocorre em um ano Entretanto como os frutos

satildeo formados em ramos do ano anterior esta recomendaccedilatildeo pode estar ligada

ao manejo da espeacutecie garantindo o tempo miacutenimo necessaacuterio para que se

reproduza Com o mesmo objetivo os produtores deixam algumas aacutervores sem

colher para que produzam sementes garantindo assim regeneraccedilatildeo

natural e mais recentemente como fonte de sementes para plantios

Conhecem a forma de distribuiccedilatildeo da espinheira-santa e percorrem grandes

distacircncias para localizar boas aacutereas de coleta com um nuacutemero significativo de

aacutervores Costumam dar intervalos de um ou mais anos entre as coletas num

mesmo local ou coletam as folhas somente de um lado da planta e no ano

seguinte do outro lado

Haacute ainda os curiosos pessoas sem tradiccedilatildeo em coleta de plantas que por

necessidade econocircmica e por residirem proacuteximo a aacutereas em que a espeacutecie

ocorre satildeo contratadas por coletores tradicionais ou por compradores de

plantas para realizarem a coleta da espinheira-santa e outras espeacutecies

medicinais que ocorrem nas proximidades de sua residecircncia

6 Os produtores de espinheira-santa e seu contexto socioeconocircmico

A populaccedilatildeo da Regiatildeo Metropolitana de Curitiba eacute formada por descendentes

de europeus que integraram as diversas correntes migratoacuterias estimuladas no

seacuteculo XIX Tecircm-se assim principalmente descendentes de alematildees

italianos atividade agropecuaacuteria agrave qual incorporaram praacuteticas extrativistas que

jaacute eram atividade agropecuaacuteria agrave qual incorporaram praacuteticas extrativistas que jaacute

eram exercidas pelos caboclos descendentes dos antigos colonizadores

portugueses e iacutendios da regiatildeo No municiacutepio de Campo Largo haacute 1469

estabelecimentos rurais dos quais 1164 exercem atividades ligadas agrave

agricultura ou silvicultura

Segundo o Censo realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica

IBGE em 2000 a populaccedilatildeo rural era de 15580 pessoas (IPARDES 2001)

Destas cerca de 50 estatildeo envolvidas na produccedilatildeo no processamento e na

comercializaccedilatildeo da espinheira-santa

Haacute vaacuterios tipos de produtores de mateacuteria-prima

(a) coletores tradicionais cuja uacutenica atividade econocircmica eacute a coleta de plantas

medicinais inclusive espinheira-santa

(b) coletores de plantas medicinais que tambeacutem cultivam espeacutecies alimentiacutecias

Neste caso a coleta de plantas medicinais visa agrave complementaccedilatildeo da renda

(c) agricultores que cultivam e coletam plantas medicinais

(d) agricultores natildeo coletores que soacute cultivam plantas medicinais

A coleta eou o cultivo de espinheira-santa eacute de uma estrateacutegia de obtenccedilatildeo de

renda diversificada e natildeo passa em meacutedia de 17 da renda familiar Os

coletores recebem em geral R$040kg de planta fresca (folhas com ramos

finos) Apoacutes secagem satildeo comercializadas por R$250 a 350kg As folhas de

plantas cultivadas podem alcanccedilar entre R$800 e 1200kg (soacute folha seca)

7 Processamento da espinheira-santa

Apoacutes a coleta os ramos com folhas satildeo levados ateacute a propriedade do coletor

onde as folhas satildeo selecionadas e secas ou entregues diretamente ao

comprador A secagem pode ser feita agrave sombra ou em secador com fluxo de ar

aquecido Quando o coletor natildeo dispotildee de secador proacuteprio ele costuma secar

as folhas no secador de algum vizinho que recebe como pagamento parte da

produccedilatildeo Para a secagem satildeo utilizados vaacuterios modelos de secadores O

combustiacutevel utilizado pode ser lenha gaacutes ou serragem Alguns secadores

contam com controle de temperatura Dependendo das especificaccedilotildees feitas

pelo comprador depois de secas as folhas satildeo separadas dos ramos e

rasuradas Depois o produto eacute embalado em sacos de malha de juta ou de

polipropileno com ou sem revestimento de papel Depois eacute armazenado ou

enviado diretamente para o mercado (comercializado) A venda pode ser feita

para atacadistas laboratoacuterios de fitoteraacutepicos ou induacutestrias alimentiacutecias Nas

induacutestrias o material eacute submetida a uma nova seleccedilatildeo de acordo com o

controle de qualidade da empresa Geralmente verifica-se a contaminaccedilatildeo

microbioloacutegica e macroscoacutepica No caso dos laboratoacuterios de fitoteraacutepicos

tambeacutem satildeo analisados os constituintes quiacutemicos

Nas induacutestrias de alimentos as folhas rasuradas sofrem nova fragmentaccedilatildeo e

satildeo envasadas em embalagens de 10 a 30 g eou na forma de saches teabag

e embaladas em caixas de papelatildeo sendo comercializadas de forma

semelhante a outros chaacutes Ao chegar ao consumidor final na forma de folhas

rasuradas e embaladas o preccedilo varia entre R$3000 a 5000kg em

embalagens de 05 a 1 kg e entre R$8000 a R$10000Kg em embalagens de

10 a 30 g

Nos laboratoacuterios de fitoteraacutepicos as formas de apresentaccedilatildeo da espinheira-

santas satildeo (a) em saches ou a granel misturadas a ervas para problemas

digestivos numa composiccedilatildeo preacute-definida (b) em caacutepsulas gelatinosas

contendo 350 a 400 mg de folhas moiacutedas (c) em tintura de espinheira-santa

para cuja obtenccedilatildeo as folhas satildeo submetidas agrave extraccedilatildeo geralmente

hidroalcooacutelica (d) em comprimidos para o que se utiliza o extrato seco das

folhas

8 Mercado e comercializaccedilatildeo

Geralmente a venda eacute feita pelo proprietaacuterio do secador em grandes

quantidades para intermediaacuterios laboratoacuterios de fitoteraacutepicos ou induacutestrias

alimentiacutecias (Figura 3) Alguns produtores para agregar valor fazem

embalagens com pequenas quantidades (10 a 30 g) que comercializam em

feiras e mercados como alimento Esta forma de comercializaccedilatildeo eacute feita por

produtores que tecircm faacutecil acesso a um mercado consumidor significativo como

Figura 3 Fluxograma de produccedilatildeo e comercializaccedilatildeo de espinheira-santa (Maytenus ilicifolia)

por exemplo supermercados farmaacutecias ou feiras Entretanto haacute muitas

exigecircncias impostas pela legislaccedilatildeo de vigilacircncia sanitaacuteria para

comercializaccedilatildeo diretamente ao consumidor final Os atacadistas situados em

sua grande maioria no estado de Satildeo Paulo adquirem o produto no Paranaacute e

distribuem para as demais regiotildees do Brasil e tambeacutem para o exterior Eacute

comum que empresas do Paranaacute adquiram folhas de espinheira-santa

originaacuterias do proacuteprio Estado dos atacadistas de Satildeo Paulo Isto reflete a

falta de organizaccedilatildeo dos produtores que natildeo conseguiram ainda divulgar a

regiatildeo como centro produtor de plantas medicinais

As induacutestrias alimentiacutecias apoacutes embalar o produto revendem-no para os

supermercados Os laboratoacuterios de fitoteraacutepicos apoacutes fabricar o medicamento

normalmente realizam a comercializaccedilatildeo por meio de distribuidores de

produtos farmacecircuticos ou diretamente para grandes redes de farmaacutecias que

realizam a distribuiccedilatildeo internamente

9 Poliacuteticas relacionadas com a exploraccedilatildeo e comercializaccedilatildeo

A produccedilatildeo e comercializaccedilatildeo da espinheira-santa estaacute sujeita agrave legislaccedilatildeo

ambiental e agrave de vigilacircncia sanitaacuteria A primeira estabelece as normas para

registro de pessoas fiacutesicas ou juriacutedicas que consomem exploram ou

comercializam mateacuteria-prima florestal inclusive produtos florestais natildeo

madeireiros (Brasil 1985 Brasil 1995 Brasil 2000) Os coletores sabem que

devem obter registro de coletor e comerciante de plantas nativas junto aos

oacutergatildeos de fiscalizaccedilatildeo ambiental estadual e federal (respectivamente Instituto

Ambiental do Paranaacute IAP e Instituto Brasileiro de Meio Ambiente IBAMA) A

legislaccedilatildeo prevecirc ainda que ao realizar a coleta de uma planta os coletores e

produtores devem ter uma autorizaccedilatildeo fornecida com base num plano de

manejo Este plano deve apresentar as teacutecnicas e estrateacutegias que seratildeo

adotadas para garantir a sustentabilidade da exploraccedilatildeo

Na delegacia do IBAMA do Paranaacute haacute somente dois coletores de plantas

medicinais registrados poreacutem eles natildeo apresentam regularmente pedidos de

autorizaccedilatildeo de coleta acompanhados dos respectivos planos de manejo No

periacuteodo em que efetuamos esta pesquisa o oacutergatildeo estadual ainda natildeo havia

definido as normas que devem ser seguidas pelos interessados na obtenccedilatildeo

das autorizaccedilotildees de coleta de plantas

Uma das razotildees eacute que natildeo se dispotildee ainda de todas as informaccedilotildees teacutecnicas

necessaacuterias para a elaboraccedilatildeo do plano Apesar de oacutergatildeos de pesquisa e de

extensatildeo e das universidades estarem realizando estudos com o objetivo de

estabelecer os criteacuterios teacutecnicos natildeo existia ateacute 2002 nenhum plano de

manejo efetivamente implantado

Outro problema eacute a falta de integraccedilatildeo na atuaccedilatildeo dos oacutergatildeos de fiscalizaccedilatildeo

federal estadual e municipal o que torna a regularizaccedilatildeo junto a estes oacutergatildeos

muito complexa e cara para os produtores

Para que o produtor possa comercializar seu produto no varejo ele deve

atender agraves exigecircncias da legislaccedilatildeo sanitaacuteria que estatildeo muito acima da

capacidade econocircmica da maioria dos coletores e agricultores O produto

deve ainda estar dento dos limites estabelecidos de contaminaccedilatildeo por

microorganismos Quando o produto eacute apresentado como fitoteraacutepico as

exigecircncias aumentam ainda mais envolvendo seu registro com comprovaccedilatildeo

dos constituintes quiacutemicos marcadores e da atividade farmacoloacutegica e a

padronizaccedilatildeo do produto Ateacute mesmo os laboratoacuterios tecircm dificuldade em

atender as exigecircncias da legislaccedilatildeo atual Natildeo obstante o produto chega ao

mercado nas mais variadas formas envasado em sachecircs em caacutepsulas como

tintura misturado a ervas para problemas gaacutestricos entre outras

10 Influecircncia do ambiente na produccedilatildeo de compostos bioativos e perspectivas para o melhoramento geneacutetico de espinheira-santa

A influecircncia do ambiente na produccedilatildeo de polifenoacuteis totais polifenoacuteis natildeo

tanantes e taninos em M ilicifolia foram estudados por Radomski (1998) tendo

sido observado que a luminosidade eacute o principal fator que influencia na

produccedilatildeo destes compostos Plantas que se encontram em pleno sol

apresentam maior concentraccedilatildeo destas substacircncias As correlaccedilotildees entre

luminosidade e polifenoacuteis totais (083) polifenoacuteis natildeo tanantes (092) e taninos

(078) foram altas e significativas

Foram observadas diferenccedilas na morfologia foliar e na concentraccedilatildeo de taninos

em folhas de M ilicifolia de diferentes procedecircncias no Rio Grande do Sul

(Bernardi amp Wasicki 1959) Folhas de plantas desenvolvidas a pleno sol eram

menores com espinhos nas margens em nuacutemero reduzido e apresentavam

maior concentraccedilatildeo de taninos Em plantas de espinheira-santa desenvolvidas

em ambiente com alta luminosidade Radomski (1998) observou que as folhas

das plantas eram mais amareladas mais espessas e com espinhos mais

pronunciados caracterizando formas tiacutepicas de adaptaccedilatildeo de plantas de

sombra expostas agrave luz solar total A autora avaliou a aacuterea foliar o peso de

folhas e o peso especiacutefico de folhas em ambientes com diferentes intensidades

luminosas A aacuterea foliar foi menor e o peso especiacutefico das folhas foi maior nas

plantas desenvolvidas a pleno sol quando comparadas agraves dos outros

ambientes com menor luminosidade O peso especiacutefico de folhas apresentou

altas correlaccedilotildees para concentraccedilatildeo de polifenoacuteis totais (087) polifenoacuteis natildeo

tanantes (082) e taninos (083) Estes compostos contribuem para o

incremento da biomassa foliar Radomski et al (2004) relata a grande

influecircncia do ambiente sobre a composiccedilatildeo fitoquiacutemica da espinheira-santa

como concentraccedilotildees diferenciadas de taninos e polifenoacuteis totais em plantas

coletadas em ambientes diferentes

A autora destaca tambeacutem que os ramos de M ilicifolia podem contribuir com

uma parcela significativa na produccedilatildeo de compostos fitoteraacutepicos como

taninos e polifenoacuteis totais

Em trabalho envolvendo a anaacutelise fitoquiacutemica em populaccedilotildees de M ilicifolia do

Mato Grosso do Sul Paranaacute Santa Catarina e Rio Grande do Sul Mossi

(2003) observou uma grande variabilidade ndash que foi maior dentro das

populaccedilotildees ndash para concentraccedilatildeo dos metaboacutelitos secundaacuterios limoneno geranil

acetato aacutecido palmiacutetico fitol esqualeno vitamina E stigmasterol friedelan-3-

ol friedelin friedelan-3-one Atraveacutes de anaacutelise de agrupamentos (UPGMA) o

autor natildeo identificou uma relaccedilatildeo entre os grupos formados e as caracteriacutesticas

ambientais dos locais de coleta o que pode indicar uma maior influecircncia das

variaacuteveis locais como microclima insolaccedilatildeo condiccedilotildees nutricionais do solo

idade da planta entre outros sobre a concentraccedilatildeo dos compostos analisados

do que as condiccedilotildees macro ambientais

Foram observadas por Buffa Filho et al(2002) diferenccedilas nas concentraccedilotildees

de triterpenos entre plantas com morfologia de folha diferentes sendo que os

compostos 22 hidroximaitenina e celastrol foram encontrados em plantas de

dois tipos morfoloacutegicos

O melhoramento geneacutetico em plantas medicinais visa produzir variedades que

possuam alto rendimento de substacircncias desejadas e que as mantenham em

niacuteveis conhecidos para padronizar a dosagem quando da aplicaccedilatildeo

farmacoloacutegica (Oliveira et al 2003) Eacute importante o aumento da massa seca

eou fresca ou ainda o aumento do teor de princiacutepios ativos em determinado

oacutergatildeo vegetal de modo que estas caracteriacutesticas sejam mantidas nas geraccedilotildees

seguintes O produto do melhoramento de plantas medicinais eacute o princiacutepio ativo

ou o fitocomplexo Outros objetivos satildeo resistecircncia a pragas e doenccedilas e

toleracircncia a condiccedilotildees adversas de ambiente

Como o ambiente tem grande influecircncia na produccedilatildeo de metaboacutelitos

secundaacuterios a interaccedilatildeo genoacutetipo x ambiente eacute um fator importante para ser

analisado no melhoramento de plantas medicinais A possibilidade do melhor

genoacutetipo em um ambiente natildeo o ser em outro influencia o ganho de seleccedilatildeo e

dificulta a recomendaccedilatildeo de cultivares com ampla adaptabilidade (Cruz amp

Regazzi 2001) O conhecimento da herdabilidade dos caracteres de interesse

tambeacutem eacute fundamental para que a seleccedilatildeo seja aplicada com sucesso de

forma que o valor fenotiacutepico de um caraacuteter possa servir como guia para o valor

geneacutetico (aditividade) (Carvalho et al 2001)

Em teste de progecircnies realizado com espinheira-santa Mariot (2005)

identificou uma alta herdabilidade para todos os caracteres (velocidade de

emergecircncia estatura de planta diacircmetro agrave base do caule taxa de crescimento

tamanho de folha e nuacutemero de espinhosfolha) o que evidencia o forte controle

do fator geneacutetico sobre o fenoacutetipo O autor observou ainda altos valores para os

coeficientes de variaccedilatildeo geneacuteticos (CVG) que aliado aos baixos valores para

os coeficientes de variaccedilatildeo devido ao erro experimental (CVE) proporcionaram

iacutendices maiores que 10 para o quociente (relaccedilatildeo CVGVE) em todas as

variaacuteveis analisadas o que eacute um bom indicador para seleccedilatildeo em programas de

melhoramento Este resultado eacute importante para a seleccedilatildeo com base em

caracteres relacionados com o crescimento pois a espinheira-santa eacute

considerada de crescimento lento O tamanho de folha em espinheira-santa

caso apresente relaccedilatildeo com o aumento da biomassa e maior concentraccedilatildeo de

metaboacutelitos secundaacuterios que tenham accedilatildeo farmacoloacutegica pode ser um caraacuteter

importante de se considerar na seleccedilatildeo em programas de melhoramento Os

altos iacutendices dos paracircmetros geneacuteticos evidenciados em trabalho desenvolvido

por Mariot (2005) mostram a eficiecircncia na seleccedilatildeo para estes caracteres

Considerando a necessidade de uniformidade nos teores de princiacutepios ativos

exigidos pelas induacutestrias farmacecircuticas e o fato da espinheira santa ser de

fecundaccedilatildeo cruzada os programas de melhoramento desta espeacutecie que vise

atender estas exigecircncias deve utilizar a propagaccedilatildeo vegetativa

Estudos relacionados agrave cultura de tecidos de M ilicifolia e M aquifolium

tornam-se portanto fundamentais Na aacuterea de biotecnologia foi citado por

Corsino et al (1998a) o uso de Agrobacterium como vetor para aumentar a

produccedilatildeo de triterpenos em programa de melhoramento geneacutetico de espinheira

santa

O conhecimento da associaccedilatildeo entre caracteres eacute de grande importacircncia nos

trabalhos de melhoramento principalmente se a seleccedilatildeo em um deles

apresenta dificuldades em razatildeo da baixa herdabilidade eou tenha problemas

de mediccedilatildeo e identificaccedilatildeo (Cruz amp Regazzi 2001) Para tanto o melhorista

pode estimar as correlaccedilotildees fenotiacutepicas e genotiacutepicas o que pode contribuir no

processo de seleccedilatildeo No caso das espeacutecies medicinais esta ferramenta eacute

muito importante devido ao alto custo das anaacutelises para determinar e

quantificar metaboacutelitos secundaacuterios com potencial farmacoloacutegico como as que

envolvem cromatografia Em espinheira-santa a morfologia foliar estaacute

relacionada com os tipos e a concentraccedilatildeo de triterpenos (Buffa Filho et al

2002) portanto se for identificada correlaccedilatildeo entre estes caracteres a seleccedilatildeo

indireta atraveacutes da morfologia foliar pode vir a ser uma boa estrateacutegia de

seleccedilatildeo

11 Etapas do processo de secagem por aspersatildeoO processo de secagem por aspersatildeo consiste de trecircs etapas fundamentais

Na primeira fase o fluiacutedo eacute disperso como gotiacuteculas produzindo uma grande

aacuterea superficial Na segunda ocorre contato destas com uma corrente de ar

aquecido havendo transferecircncia de calor

Na terceira etapa acontece a evaporaccedilatildeo do solvente e a formaccedilatildeo da partiacutecula soacutelida

121 Ilustraccedilatildeo da Planta Espinheira- Santa

Com a transferecircncia de calor do ar aquecido agraves gotiacuteculas o liacutequido da

superfiacutecie evapora-se rapidamente As partiacuteculas solidificadas geralmente

apresentam o mesmo tamanho e forma da gotiacutecula que as originou Na uacuteltima

etapa o produto de secagem eacute transportado por uma corrente de ar sendo

posteriormente coletado (Broadhead et al 1992 Shaw 1997 Rankell et al

2001) A evaporaccedilatildeo superficial da gotiacutecula conduz agrave formaccedilatildeo de uma

camada de material seco externa Atraveacutes desta camada o liacutequido situado no

interior da gotiacutecula propaga-se para o exterior Dependendo da elasticidade e

da permeabilidade da crosta seratildeo produzidos distintos materiais secos como

esferas intactas com superfiacutecie imperfeita ou fragmentada soacutelidas ou ocas

(Rankell et al 2001) A Figura 2 apresenta foto micrografias de dois extratos

diferentes de Maytenus ilicifolia secos por spray drying com disco giratoacuterio em

torre de secagem por aspersatildeo Os extratos foram produzidos da mesma

maneira utilizando temperatura de entrada de 180 degC velocidade do aspersor

de 9500 rpm e 30 de Aerosil (Oliveira 2008)

12 Fatores que influenciam o processoUm das respostas mais relevantes afetada pelas condiccedilotildees de operaccedilatildeo do

processo eacute a qualidade do produto resultante As variaacuteveis devem ser

controladas visando agrave obtenccedilatildeo de rendimento e de teor de umidade

adequados estabilidade quiacutemica minimizaccedilatildeo da aderecircncia de partiacuteculas na

cacircmara de secagem (sticking) e caracteriacutesticas tecnoloacutegicas especiacuteficas As

propriedades do produto satildeo normalmente determinadas pelos fatores

relacionados agraves caracteriacutesticas do material de entrada e do processamento

isto eacute paracircmetros de operaccedilatildeo e equipamento (Quadro 1)

131 Influecircncia do material de entradaEntre os fatores relacionados agraves caracteriacutesticas do material de entrada o uso

de adjuvantes na teacutecnica de secagem por aspersatildeo eacute uma praacutetica muito

comum Satildeo utilizados como adjuvantes neste processo amido ciclodextrinas

dioacutexido de siliacutecio coloidal fosfato tricaacutelcico gelatina goma araacutebica lactose

maltodextrina entre outros (Vasconcelos et al 2005 Silva Juacutenior et al 2006)

Para a secagem de extratos derivados de plantas a seleccedilatildeo e o uso adequado

de adjuvantes no processo de spray drying eacute uma fase de fundamental

importacircncia visto que determina a estabilidade e a qualidade dos mesmos

podendo inclusive afetar as caracteriacutesticas de biodisponibilidade

13 Atividades farmacoloacutegicas da espinheira-santa A espinheira-santa (M ilicifolia) eacute uma planta que possui atividades

farmacoloacutegicas comprovadas entre elas a atividade antiulcerogecircnica Essas

atividades estatildeo ligadas a substacircncias quiacutemicas que satildeo os polifenoacuteis

(flavonoides e taninos) e os triterpenos Haacute fatores como a composiccedilatildeo quiacutemica

do solo onde essa planta estaacute sendo cultivado o local de plantio a teacutecnica de

colheita a secagem da planta e o processamento poacutes-colheita que influenciam

diretamente nos teores de princiacutepio ativo da planta podendo assim gerar

variaccedilotildees das atividades farmacoloacutegicas (NEGRI 2007)

141 Atividade gaacutestricaDe acordo com alguns estudos (Carlini amp Frochtengerten 1988 Ming et al

1998 Coulaud- Cunha et al 2004 Carvalho et al 2008) a M ilicifolia

apresenta accedilatildeo contra uacutelcera peacuteptica e gastrite Coulaud- Cunha et al (2004)

relatam que a accedilatildeo da M ilicifolia na uacutelcera peacuteptica e gastrite envolve mais de

um mecanismo de accedilatildeo ainda natildeo conclusivamente elucidados e natildeo se deve

somente a um principio ativo especifico mas a diferentes fitocomplexos Foi

demonstrado por Pereira et al (1993) e por Ming et al (1998) que tanto os

taninos principalmente a epigalocatequina quanto os oacuteleos essenciais em

especial o fridenelol satildeo responsaacuteveis por parte dos efeitos gastroprotetores

Carlini amp Frochtengarten (1988) por sua vez em estudos realizados com o

abafado da M ilicifolia relatam que quanto maior o tempo do tratamento maior

seraacute a gastroproteccedilatildeo sem entretanto haver alteraccedilotildees no pH Tal observaccedilatildeo

pode ser confirmada por Ferreira et al (2004) que em estudos com extrato

aquoso liofilizado das folhas de M ilicifolia em sapos comprovou que esse

possui efeito inibitoacuterio sobre os mediadores H2 da histamina nas ceacutelulas

parietais esses segundo Gilman (1989) quando estimulados causam a

ativaccedilatildeo da adenililciclase iniciando uma seacuterie de alteraccedilotildees morfoloacutegicas e

bioquiacutemicas complexas que leva ao aumento da secreccedilatildeo gaacutestrica

funcionando como um antagonista H2 aleacutem de inibir o efeito da gastrina Foi

demonstrado ainda que tanto a epigalocatequina (tanino) quanto o fridenelol

(oacuteleo essencial) satildeo responsaacuteveis por parte do efeito protetor da mucosa

gaacutestrica (Pereira et al 1993 Ming et al 1998)

142 Atividade antiulcerogecircnicaSegundo Sousa-Formigoni et al (1991) foi comprovada a atividade

antiulcerogecircnica da espinheira-santa (M ilicifolia) por experimentos feitos em

ratos nos quais os animais foram induzidos a terem uacutelceras gaacutestricas por meio

de indometacina e por estresse quando estes foram submetidos a baixas

temperaturas e por serem imobilizados Apoacutes a aplicaccedilatildeo de um extrato

liofilizado de espinheira-santa houve uma reduccedilatildeo do nuacutemero de uacutelceras e um

aumento do volume e pH da secreccedilatildeo gaacutestrica

Em estudos de mecanismos celulares e moleculares da accedilatildeo de produtos

naturais com o isolamento de substacircncias bioativas da M ilicifolia

responsaacuteveis pela accedilatildeo antissecretora aacutecida gaacutestrica os resultados obtidos

confirmam essas accedilotildees Foram utilizados nesses experimentos extratos

aquosos das partes aeacutereas da planta e os princiacutepios ativos tecircm funccedilatildeo de

inibidores da bomba de proacutetons etapa final comum das vias reguladoras da

secreccedilatildeo aacutecida gaacutestrica (BOSSOLANI 2000)

143 Atividade antimicrobianaEstudos pioneiros como o de Lima et al (1969) jaacute demonstravam que a

maitenina exibe forte atividade antimicrobiana contra vaacuterias bacteacuterias Gram

positivas Tais efeitos foram corroborados com a demonstraccedilatildeo que os extratos

das folhas e raiacutezes tecircm efeito antimicrobiano para vaacuterios patoacutegenos dentre

eles Staphylococcus aureus e Streptococcus sp

144 Atividade sobre o Sistema Nervoso CentralSegundo Alonso (1998) o extrato de M ilicifolia possui atividade sedativa que

potencializa (efeito sineacutergico) o sono por barbituacutericos em camundongos

145 Atividades abortiva e sobre a espermatogecircnese

De acordo com Montanari et al (1998) o extrato etanoacutelico de M Ilicifolia

quando administrado em altas doses em camundongos suiacuteccedilos apesar de

causar leves alteraccedilotildees como ceacutelulas germinativas imaturas esfoliadas mortes

celulares ocasionais aumento de gotiacuteculas lipiacutedicas em ceacutelulas de Sertoli e

inchamento de acrossomas entre outras natildeo foi suficiente para acarretar

danos agrave espermatogecircnese

Jaacute em testes realizados em camundongos (fecircmeas e graacutevidas) administrando-

se oralmente extrato hidroalcooacutelico (70) de folhas de espinheira-santa (M

ilicifolia) observou-se um decreacutescimo significativo do nuacutemero de embriotildees

indicando uma perda embrionaacuteria antes do periacuteodo de implantaccedilatildeo Poreacutem

natildeo houve maacute-formaccedilatildeo ou mortes fetais depois do periacuteodo de implantaccedilatildeo

Esse extrato possui atividade estrogecircnica que pode interferir na receptividade

uterina ao embriatildeo (MONTANARI BEVILAQUA 2002)

146 Atividades antimutagecircnica e anticanceriacutegenaConforme Horn e Vargas (2003) o extrato aquoso de M ilicifolia foi eficaz em

aproximadamente 75 das doses testadas exibindo boas respostas

antimutagecircnicas ou um decreacutescimo sugestivo Em estudos realizados por

Queiroga et al (2007) foi avaliada a fraccedilatildeo ativa antiulcerogecircnica da M

ilicifolia na atividade anticanceriacutegena apresentando resultados citostaacuteticos

satisfatoacuterios De acordo com Itokawa et al (1993) o composto pristimerina foi o

mais eficiente na accedilatildeo citotoacutexica podendo ser uacutetil no tratamento de tumores

147 Atividade antioxidante e otoprotetoraDe acordo com Mattei e Carlini (1998) um extrato aquoso liofilizado de

espinheira-santa (M ilicifolia) foi testado in vitro em homogenato de ceacuterebro de

ratos e exerceu uma importante atividade antioxidante inibindo o processo de

lipoperoxidaccedilatildeo

Usando-se extrato etanoacutelico de M ilicifolia foi confirmado que a casca da raiz

tem um poder antioxidante pelo fato de possuir em sua base compostos com a

capacidade sequestradora de radicais livres (VELLOSA et al 2006)

Conforme Santos et al (2010) foram comprovadas propriedades antioxidantes

dos extratos brutos e de componentes individuais de M Ilicifolia por possiacuteveis

associaccedilotildees sineacutergicas de substacircncias fenoacutelicas e triterpenos

quinonametiacutedeos comparados agrave rutina como composto fenoacutelico modelo

De acordo Kasse et al (2008) foi realizado um estudo com ratos (fecircmeas) em

que esses animais foram submetidos agrave substacircncia cisplatina e posteriormente

tratados com extrato de M ilicifolia para avaliar a atividade otoprotetora da

planta Foram realizados e avaliados os exames de emissotildees otoacuacutesticas por

produtos de distorccedilatildeo por potencial de tronco encefaacutelico antes e depois de

administraccedilatildeo de cisplatina e por fim por microscopia eletrocircnica de varredura

Os resultados mostraram que apesar de apresentar atividades antioxidantes a

M ilicifolia foi incapaz de bloquear o efeito citotoacutexico do composto quiacutemico

administrado nas cobaias

Segundo Negri et al (2009) a atividade antioxidante do extrato etanoacutelico de M

ilicifolia estaacute intimamente ligada agrave sua temperatura de secagem Testes

realizados para avaliaccedilatildeo do poder antioxidante os quais foram os meacutetodos de

formaccedilatildeo de complexo com fosfomolibdecircnio e atividade antioxidante em

relaccedilatildeo agrave reduccedilatildeo de um radical utilizando-se o DPPH (22-difenil-1-

picnilhidrazila) em que foram levadas em consideraccedilatildeo diferentes

temperaturas usualmente utilizadas para secagem (40 50 60 70 e 80˚C)

demostraram melhor atividade antioxidante na temperatura de 40˚C e

gradativamente quanto maior a temperatura realizada nos testes menor o

poder antioxidante Por fim o estudo mostrou a importacircncia do controle de

temperatura para a melhor efetividade nesse quesito da planta

Em estudos de Pessuto et al (2009) foram avaliados extratos e compostos

isolados de M Ilicifolia em relaccedilatildeo agrave capacidade antioxidante Os extratos

brutos e semipurificados foram estudados por meio de ensaios de

fosfomolibdecircnio (complexo) e de DPPH (22-difenil-1-picnilhidrazila) nos quais

os resultados mostraram que a fraccedilatildeo com acetato de etila teve melhor

capacidade antioxidante em relaccedilatildeo ao extrato bruto e fraccedilatildeo aquosa

possivelmente por conter maior nuacutemero de hidroxilas fenoacutelicas (pela

capacidade de sequestro dos radicais livres) e tambeacutem em relaccedilatildeo agraves

substacircncias trolox e vitamina C

148 Atividades antinociceptiva e anti-inflamatoacuteria De acordo com Nakamura et al (1994) o extrato etanoacutelico de folhas de M

ilicifolia conteacutem uma fraccedilatildeo de quercetina-3-O-glicosiacutedeo e essa substacircncia

quiacutemica foi avaliada pelo teste de aacutecido aceacutetico e formalina em ratos obtendo-

se resultados satisfatoacuterios para atividades analgeacutesicas e anti-inflamatoacuterias

Por meio de testes realizados em camundongos e ratos foi provocado um

edema nas patas desses animais por meio de injeccedilatildeo de 002 ml de

formaldeiacutedo (soluccedilatildeo a 092) utilizando-se como controle soluccedilatildeo salino

Apoacutes 120 minutos foi aplicado extrato hexacircnico e acetato de etila das folhas

(M ilicifolia) administrados por via oral nas doses de 80 160 320 e 340 mgkg

Os animais foram sacrificados apoacutes 4 horas Em um segundo ensaio foi

administrada por injeccedilatildeo soluccedilatildeo de carragenina a 1 e os extratos da planta

foram dados por via oral nas doses de 80 160 320 e 340 mgkg Os resultados

obtidos mostraram uma atividade antinociceptiva para os dois extratos

principalmente nas doses de 320 e 340 mgkg sendo esse teste importante

para uma alternativa cliacutenica na terapecircutica anti-inflamatoacuteria e antiulcerogecircnica

(JORGE et al 2004)

14 Toxicidade efeitos adversos e contraindicaccedilatildeo da espinheira-santa

Foi realizado um estudo toxicoloacutegico com 24 voluntaacuterios sendo 12 homens e

12 mulheres de 20 a 40 anos de idade selecionados previamente por meio de

avaliaccedilatildeo cliacutenica exames hematoloacutegicos e bioquiacutemicos e avaliaccedilatildeo

psicomotora com o objetivo de estabelecer um intervalo maacuteximo de seguranccedila

no uso de M ilicifolia As doses foram administradas de maneira crescente e

natildeo houve um grupo controle pois os exames iniciais foram considerados

como valores basais para efeito comparativo A dose inicial foi fixada em 100

mg por adulto sendo administradas doses subsequentes de 200 500 1000

1500 e 2000 mg com intervalos de uma semana para cada dose A anaacutelise dos

resultados revelou que natildeo houve efeitos significativos nos valores dos

principais paracircmetros hematoloacutegicos e bioquiacutemicos e tambeacutem natildeo foram

observadas alteraccedilotildees nas funccedilotildees hepaacuteticas pancreaacuteticas e renais

Hormocircnios lipiacutedeos glicose soacutedio potaacutessio caacutelcio e foacutesforo tambeacutem

mantiveram valores considerados normais (TABACH et al 2002)

Em relaccedilatildeo aos efeitos adversos a M ilicifolia natildeo possui algum que justifica a

interrupccedilatildeo do tratamento Entre os mais comuns destacam-se cefaleia

sonolecircncia boca seca naacuteuseas dor articular nas matildeos gosto estranho na

boca tremor nas matildeos cistite e poliuacuteria (TABACH et al 2002) Poreacutem

segundo Amaral et al (2005) natildeo eacute recomendado o uso pediaacutetrico pela

ausecircncia de testes Ensaios realizados em ratos mostraram perda embrionaacuteria

antes do periacuteodo de implantaccedilatildeo portanto essa planta natildeo eacute recomendada em

casos de gravidez (MONTANARI BIVILACQUA 2002)

De acordo com estudos realizados em camundongos o abafado de M ilicifolia

foi administrado nesses animais em doses ateacute 360 vezes maiores que a

utilizada pelo homem durante um periacuteodo de dois a trecircs meses Como

resultados natildeo houve mudanccedilas no peso comportamento temperatura

paracircmetros bioquiacutemicos e hematoloacutegicos desses animais (OLIVEIRA CARLINI

1988)

15 FarmacocineacuteticaO modelo da farmacocineacutetica da espinheira-santa eacute estudado por meio de seus

taninos natildeo condensados Epigalocatequina marcada foi administrada por via

oral sendo os picos plasmaacuteticos observados 60 min apoacutes a ingestatildeo Apoacutes

uma dose de 500 mgkg foram detectadas concentraccedilotildees tissulares de 123

mmol no plasma 484 mmol no fiacutegado e 565 mmol no intestino delgado

(Nakagawa amp Miyazawa 1997) Depois da administraccedilatildeo oral de

epigalocatequina-3-galato marcada com triacutetio a ratos cerca de 6 da dose eacute

eliminada na urina e 24 nas fezes nas primeiras 24 horas Uma segunda

dose dada duas horas apoacutes a primeira eleva em cerca de 4 a 6 vezes a

concentraccedilatildeo no plasma e em alguns tecidos Esses dados sugerem uma

meia-vida longa e eliminaccedilatildeo lenta da epigalocatequina-3-galato No final das

24 horas os animais foram sacrificados e essa substacircncia pocircde ser encontrada

no rim ceacuterebro fiacutegado pacircncreas intestino e ossos (Suganuma et al 1998)

Num outro estudo foi avaliada a afinidade da epigalocatequina-3-galato agraves

proteiacutenas do soro Apoacutes uma dose oral a ratos mais de 50 da

epigalocatequina-3-galato absorvida ligou-se agrave proteiacutena do plasma

especialmente a fibronectina o fibrinogecircnio e a HRGP( Histidin Rich

Glicoprotein) proteiacutena plasmaacutetica com 74 kdaltons cuja funccedilatildeo ainda eacute pouco

conhecida (Sazuka et al 1996)

16 PreparaccedilatildeoTendo sido reconhecida a espeacutecie com que se vai trabalhar torna-se

necessaacuterio que se disponha desta espeacutecie em quantidade suficiente para

atender a demanda relacionada a produccedilatildeo do fitoteraacutepico replicaccedilatildeo da

espeacutecie e respectivo controle de qualidade Par a atingir este objetivo a

espeacutecie deve ser cultivada na extensatildeo adequada ao fim que se propotildee tendo-

se aleacutem dos cuidados inerentes ao cultivo de qualquer espeacutecie vegetal a

precauccedilatildeo de nunca utilizar pesticidas ou agrotoacutexicos na aacuterea de cultivo Nos

parece claro que a opccedilatildeo pelo fitoteraacutepico deve vir acompanhada do desejo de

seguranccedila o que natildeo seria conseguido se fossem deixados resiacuteduos de

agrotoacutexicos ou de pesticidas na espeacutecie que iraacute ser usada como mateacuteria-prima

para a produccedilatildeo de medicamento Veja no item 24 os ensaios que devem ser

efetuados no sentido de identificar e quantificar a presenccedila destes e de outros

contaminantes

Dispondo-se entatildeo da espeacutecie vegetal botanicamente selecionada cultivada

sem o uso de agentes quiacutemicos contaminantes iremos seguir tantos passos

quantos sejam necessaacuterios para preparar a espeacutecie vegetal numa droga capaz

de ser armazenada e processada para resultar num preparado intermediaacuterio uacutetil

na preparaccedilatildeo de fitoteraacutepicos Estes passos podem ser enumerados como

sendo Coleta Monda Estabilizaccedilatildeo Secagem Trituraccedilatildeo e Armazenamento

A execuccedilatildeo e finalidade de cada um se acham descrito a seguir

A Coleta eacute realizada atraveacutes da retirada da parte usada da planta procurando

sempre o material mais saudaacutevel em completo desenvolvimento (a menos que

especificado em (contraacuterio como ocorre com a gema terminal de Psidium

guajava) e com o miacutenimo de contaminantes (poeira poluiccedilatildeo adubo insetos

colocircnia de microrganismos etc) A distribuiccedilatildeo de substacircncias

farmacologicamente ativas nas plantas medicinais natildeo se daacute de maneira

homogecircnea em toda a extensatildeo da planta Portanto eacute de se esperar que

apenas alguma parte de uma dada espeacutecie podem ser utilizadas com finalidade

terapecircutica

Atraveacutes de consulta agraves diversas farmacopeias e tratados sobre plantas

medicinais encontramos descriccedilotildees sobre a parte a ser usada de cada espeacutecie

medicinal Pode-se em alguns casos observar que diferentes partes de uma

mesma planta apresentam propriedades inteiramente diferentes como por

exemplo a Punica granam (romatildezeira) cujas cascas do caule satildeo teniacutefugas e

as cascas dos frutos tecircm propriedades anti-inflamatoacuteria e antibioacutetica Em outros

casos toda a planta pode ser utilizada com a mesma finalidade como a

Phylanthus niruri (quebra-pedra) Torna-se imperioso portanto que antes de

qualquer outra etapa da preparaccedilatildeo de uma forma farmacecircutica fitoteraacutepica se

conheccedila qual ou quais partes da espeacutecie escolhida pode ser utilizada

A coleta deve respeitar para cada espeacutecie o melhor periacuteodo correspondente

agravequele onde a espeacutecie apresenta maior teor em substacircncias ativas Tendo isto

em mente relacionamos a seguir orientaccedilotildees geneacutericas quanto ao periacuteodo de

coleta

Formas farmacecircuticas de fitoteraacutepicosPoacute

Eacute a forma farmacecircutica obtida apoacutes a secagem trituraccedilatildeo e tamisaccedilatildeo da

droga Segundo a sua finalidade devem apresentar a tenuidade adequada

conforme a tabela a seguir Pode ser dispensado para uso na preparaccedilatildeo de

chaacutes ou adicionado agrave alimentaccedilatildeo (leite sucos mel etc) O envase deve cuidar

para que natildeo haja absorccedilatildeo de umidade

Formas soacutelidas

Caacutepsulas

Eacute a forma farmacecircutica obtida pela deposiccedilatildeo ordenada da droga seca

triturada e tamisada em caacutepsulas gelatinosas duras ou pelo encapsulamento

de liacutequidos ou semissoacutelidos de natureza lipofiacutelica em caacutepsulas gelatinosas

moles O invoacutelucro rosa utilizado eacute geralmente de natureza proteica e satildeo

portanto incompatiacuteveis com drogas tacircnicas por exemplo Cuidado especial

deve ser tomado com a umidade temperatura e pressatildeo exercida sobre as

caacutepsulas durante o armazenamento e transporte Estes fatores podem levar a

desidrataccedilatildeo ou hidrataccedilatildeo das caacutepsulas que as tornam quebradiccedilas ou

deformadas e coladas Durante a preparaccedilatildeo das caacutepsulas deve-se cuidar para

que o peso das caacutepsulas obtidas seja o mais uniforme possiacutevel podendo-se

garantir isso pela pesagem da quantidade de poacute necessaacuteria para o enchimento

de um nuacutemero determinado de caacutepsulas

O enchimento das caacutepsulas ocorre na oficina farmacecircutica em tabuleiros

especiais constituiacutedos em acriacutelico PVC ou outro poliacutemero apresentando-se no

modelo mais simples apenas como uma base fixa que se encaixa a uma outra

moacutevel e perfurada que recebe o corpo das caacutepsulas sem as tampas A seguir

se distribui de forma homogecircnea a quantidade estipulada de poacute em todas as

caacutepsulas valendo-se de uma espaacutetula plaacutestica e de um dispositivo especial

para prensar o conteuacutedo no interior das caacutepsulas Finalizado o enchimento as

partes super oires (tampas) das caacutepsulas satildeo recolocadas fechando-as e

determina-se o peso meacutedio das mesmas embalando-as imediatamente

A capacidade das caacutepsulas eacute proporcional agrave densidade do poacute e ao tamanho

das caacutepsulas que eacute padronizado em 08 (oito) diferentes tipos listados a seguir

com as respectivas dimensotildees e capacidades em mililitros

Controle de Qualidade

Todas as etapas utilizadas durante o processamento da droga devem ser

monitoradas atraveacutes de ensaios que possam atestar a qualidade da mateacuteria-

prima dos produtos intermediaacuterios e do produto final acabado O objetivo final

tanto do processamento adequado quanto agrave avaliaccedilatildeo da qualidade eacute a

garantia de que o que estaacute sendo produzido na forma como ocorre o processo

produtivo estaacute conduzindo agrave obtenccedilatildeo de um produto com as caracteriacutesticas

necessaacuterias agrave utilizaccedilatildeo para o tratamento de doenccedilas

Droga

A avaliaccedilatildeo da qualidade da droga utilizada na obtenccedilatildeo de fitoteraacutepicos no

Programa Farmaacutecias-Vivas onde o cultivo das espeacutecies vegetais eacute efetuado

pelo laboratoacuterio fabricante do produto deve ser realizada sob os seguintes

aspectos

- Considerando que a droga a ser utilizada corresponde agrave espeacutecie vegetal

esperada conhece-se suas caracteriacutesticas macromorfoloacutegicas aleacutem das suas

caracteriacutesticas sensoriais constituindo a primeira avaliaccedilatildeo que eacute a identidade

da droga

- Determinaccedilatildeo da umidade da droga fresca que deve ser diferenciada de

perda por dessecaccedilatildeo pois outras substacircncias volaacuteteis aleacutem da aacutegua satildeo

evaporadas Pode ser determinada atraveacutes do ensaio volumeacutetrico de Karl

Fischer ou pelo ensaio gravimeacutetrico submetendo a droga a dessecaccedilatildeo em

temperatura ambiente em dessecador com siacutelica ou aacutecido sulfuacuterico

- Mesmo a droga morfologicamente normal pode natildeo apresentar seus

constituintes ativos na quantidade desejada sendo necessaacuterio que sejam

realizados ensaios de identificaccedilatildeo e quantificaccedilatildeo de ativos ou de marcadores

atraveacutes das mais diversas teacutecnicas gravimeacutetrica volumeacutetrica

espectrofotomeacutetrica cromatograacutefica etc

- Avaliaccedilatildeo da contaminaccedilatildeo microbiana da droga principalmente se a mesma

tiver de ser utilizada sem qualquer processamento posterior As drogas que

seratildeo transformadas em uma forma extrativa em soluccedilatildeo hidro-alcooacutelica pode

ter sua carga microbiana reduzida pelo efeito antisseacuteptico do solvente

Preparado Intermediaacuterio

As formas extrativas satildeo obtidas em condiccedilotildees que nem sempre conseguem

retirar a totalidade das substacircncias ativas soluacuteveis no solvente escolhido devido

a diversos fator ES como o tempo e temperatura de maceraccedilatildeo pH do

solvente distribuiccedilatildeo granulomeacutetrica da droga sua umidade residual teor de

substacircncias ativas e velocidade de percolaccedilatildeo Justifica-se entatildeo a

necessidade da realizaccedilatildeo de ensaios de avaliaccedilatildeo da qualidade das formas

extrativas incluindo avaliaccedilotildees fiacutesico-quiacutemicas como aparecircncia cor odor

solubilidade densidade pH e viscosidade avaliaccedilotildees quiacutemicas como o perfil

cromatograacutefico e dosagem das substacircncias ativas ou marcador e avaliaccedilatildeo

microbioloacutegica da quantidade de microrganismos viaacuteveis

Fitoteraacutepico

Independente da forma farmacecircutica final eacute necessaacuterio que sejam realizadas

avaliaccedilotildees na qualidade do produto final da mesma forma que eacute exigido para

os demais tipos de medicamentos Listamos a seguir os ensaios realizados

para cada forma farmacecircutica lembrando que devem ser acrescentados os

ensaios quiacutemicos e microbioloacutegicos

Prazo de Validade

Considerando a jaacute difiacutecil realizaccedilatildeo da avaliaccedilatildeo da qualidade das drogas

utilizadas na obtenccedilatildeo de fitoteraacutepicos pode-se compreender que o

acompanhamento do processo cineacutetico de degradaccedilatildeo dos constituintes do

medicamento natildeo eacute uma estar efe faacutecil No entanto esta avaliaccedilatildeo pode se dar

em diversos niacuteveis

- Avaliaccedilatildeo da estabilidade fiacutesica

Para cada tipo de forma farmacecircutica satildeo descritas as caracteriacutesticas tiacutepicas

como cor odor limpidez densidade viscosidade pH etc que observadas

para um mesmo lote ao longo do tempo de armazenamento forneceratildeo

informaccedilotildees sobre a integridade fiacutesica da formulaccedilatildeo

- Avaliaccedilatildeo da estabilidade quiacutemica

A utilizaccedilatildeo de recursos laboratoriais desde os mais simples ateacute os mais

sofisticados permitem o acompanhamento qualitativo eou quantitativo dos

princiacutepios ativos contidos no produto fitoteraacutepico Por exemplo atraveacutes do

ensaio limite de taninos por diluiccedilotildees sucessivas e adiccedilatildeo de cloreto feacuterrico

pode-se ter uma medida semi-quantitativa do teor destas substacircncias nas

preparaccedilotildees que o contenham Evoluindo a utilizaccedilatildeo de teacutecnica

cromatograacutefica em camada delgada sobre papel ou siacutelica permite a

determinaccedilatildeo do perfil cromatograacutefico para o produto de modo que possa ser

comparado com o obtido em lotes posteriores ou com o mesmo lote ao longo do

tempo de armazenamento

- Avaliaccedilatildeo da estabilidade microbioloacutegica

A verificaccedilatildeo do niacutevel de contaminaccedilatildeo microbiana numa preparaccedilatildeo

medicamentosa fornece informaccedilotildees sobre o niacutevel de higienizaccedilatildeo empregado

durante o processamento da droga ateacute a obtenccedilatildeo do medicamento A

observaccedilatildeo deste mesmo paracircmetro ao longo do tempo fornece informaccedilotildees

sobre a composiccedilatildeo conservante utilizada no produto e a forma de

armazenamento

Teacutecnicas Gerais

Os ensaios laboratoriais de avaliaccedilatildeo da qualidade da droga compreendem

basicamente

- Observaccedilatildeo macroscoacutepica e microscoacutepica da droga fresca e seca inteira e

triturada comparando com o descrito em farmacopeias ou com modelos

botanicamente certificados

- Determinaccedilatildeo de umidade na droga fresca e naquela seca e triturada

evidenciando a quantidade de aacutegua contida na droga receacutem-coletada na droga

s eca e a efetividade do processo de secagem utilizada

- Identificaccedilatildeo e dosagem de substacircncias ativas ou marcadores realizada na

droga seca e triturada onde atraveacutes do acompanhamento da evoluccedilatildeo ao

longo do tempo e o cruzamento dos dados entre os locais e condiccedilotildees de

cultivo seraacute possiacutevel a determinaccedilatildeo das condiccedilotildees ideais para a manutenccedilatildeo

da qualidade das espeacutecies vegetais

- Determinaccedilatildeo da quantidade de mateacuteria orgacircnica estranha na droga seca

triturada grosseiramente demonstrando se a coleta monda secagem e

trituraccedilatildeo foram realizadas a contento sem o risco de contaminaccedilatildeo com outras

espeacutecies

- Determinaccedilatildeo de resiacuteduos de pesticidas para monitorar a forma de realizaccedilatildeo

do controle de pestes atraveacutes da identificaccedilatildeo e dosagem de pesticidas

- Determinaccedilatildeo da presenccedila de arsecircnio e metais pesados como componentes

que satildeo responsaacuteveis por intoxicaccedilotildees e por incompatibilidades nas

preparaccedilotildees liacutequidas de fitoteraacutepicos

- Determinaccedilatildeo da quantidade de microrganismos viaacuteveis atraveacutes da contagem

em placa a de diluiccedilotildees obtidas a partir do liacutequido de lavagem das drogas

evidenciando o grau de contaminaccedilatildeo e a possiacutevel e indesejaacutevel presenccedila de

microrganismos potencialmente patogecircnicos

Garantia de Qualidade

Na produccedilatildeo de fitoteraacutepicos do mesmo modo como ocorre com qualquer outro

medicamento natildeo pode negligenciar qualquer procedimento que possa conduzir

a diminuiccedilatildeo da qualidade do produto final A qualidade se reflete na

reprodutibilidade da qualidade do produto avaliada em laboratoacuterio e no

acompanhamento da sua eficaacutecia terapecircutica e seguranccedila Isto soacute pode ser

conseguido quando para cada forma farmacecircutica de fitoteraacutepico forem

registradas as operaccedilotildees farmacecircuticas que devem ser seguidas agrave risca suas

medidas de controle e definiccedilatildeo das responsabilidades para cada uma das

etapas do processamento

Apenas como ilustraccedilatildeo tomemos como exemplo a produccedilatildeo da tintura de

Alecrim-pimenta (Lippia sidoides Cham) O iniacutecio da preocupaccedilatildeo com a

qualidade se daacute com a seguranccedila de que a espeacutecie cultivada seja realmente

aquela que se deve coletar e em seguida em coletar a parte que realmente

deve ser utilizada e de plantas com aspecto saudaacutevel de desenvolvimento para

a qual as condiccedilotildees de cultivo tenham se apresentado como satisfatoacuterias A

monda que se segue agrave coleta retirando as partes improacuteprias agrave preparaccedilatildeo do

fitoteraacutepico daacute continuidade ao passo anterior na busca de alcanccedilar a qualidade

desejada O processo de dessecaccedilatildeo ocorrendo agrave sombra e agrave temperatura

ambiente preservando os constituintes quiacutemicos ativos e diminuindo a

influecircncia da umidade da planta sobre a sua qualidade e a da soluccedilatildeo extrativa

a ser obtida faz com que a droga obtida possa ser utilizada como mateacuteria-prima

para a obtenccedilatildeo de medicamento O cuidadoso processo de trituraccedilatildeo sem

elevar a temperatura durante o processo e reduzindo a perda de poacute para o

ambiente tambeacutem representa um processo que deve ser realizado com a

devida atenccedilatildeo Depois disso a droga seca e triturada deve ser armazenada

em condiccedilotildees que preservem sua qualidade pelo tempo necessaacuterio ateacute sua

utilizaccedilatildeo com as devidas inscriccedilotildees que atestem sua fonte data de coleta e de

processamento e respectivos responsaacuteveis

A preparaccedilatildeo da soluccedilatildeo hidro-alcooacutelica que seraacute utilizada no processo extrativo

tambeacutem deve ser realizada com bastante cuidado pois a mateacuteria-prima deve

apresentar a qualidade compatiacutevel com sua utilizaccedilatildeo para a produccedilatildeo de

medicamentos aacutegua purificada e aacutelcool farmacecircutico Deve-se observar a

legislaccedilatildeo atual sobre aacutelcool que exige a desnaturaccedilatildeo do aacutelcool

comercializado em farmaacutecias e supermercados e assim natildeo deve servir como

excipiente farmacecircutico Enfim todos os processos interferem com a qualidade

do produto final a ser obtido e devem ser realizados corretamente e as

operaccedilotildees registradas em documento proacuteprio buscando a rastreabilidade de

cada lote de cada produto

Outra etapa da garantia da qualidade essencial para sua implantaccedilatildeo eacute a

validaccedilatildeo de equipamentos e de processos que busca uma evidecircncia

documentada de que os mesmos cumprem satisfatoriamente sua finalidade

quando utilizados ou realizados corretamente

Estas evidecircncias devem ser conseguidas antes mesmo de se iniciar a utilizaccedilatildeo

das instalaccedilotildees para produccedilatildeo de medicamentos Naqueles jaacute em

funcionamento a validaccedilatildeo pode ser realizada atraveacutes da documentaccedilatildeo da

produccedilatildeo passada ou seja uma validaccedilatildeo retrospectiva

Para a produccedilatildeo de medicamentos em pequena escala que natildeo venha a

caracterizar uma produccedilatildeo industrial deve-se buscar a adequaccedilatildeo das

condiccedilotildees de produccedilatildeo armazenamento e dispensaccedilatildeo do produto atraveacutes da

Resoluccedilatildeo RDC ndeg 33 de abril de 2000 que descreve os criteacuterios de Boas

Praacuteticas de Manipulaccedilatildeo

Para a produccedilatildeo industrial de medicamentos a legislaccedilatildeo que trata das Boas

Praacuteticas de Fabricaccedilatildeo e Garantia de Qualidade eacute a Resoluccedilatildeo RDC ndeg 210 de

04 de agosto de 2003 As especificaccedilotildees legais da legislaccedilatildeo sanitaacuteria

brasileira e de outros paiacuteses para materiais vegetais devem incluir tanto quanto

possiacutevel o seguinte

- Nome botacircnico c om referecircncia aos autores

- Detalhes da fonte da planta (paiacutes ou regiatildeo de origem cultivo eacutepoca da

colheita procedimentos de colheita possiacuteveis pesticidas utilizados etc)

- Descriccedilatildeo do material vegetal inspeccedilatildeo visual macro eou microscoacutepica

- Testes de identificaccedilatildeo apropriados incluindo quando convenientes testes de

identificaccedilatildeo para ingredientes ativos conhecidos ou marcadores

- Ensaios quando convenientes dos constituintes de atividade terapecircutica ou

marcadores

- Meacutetodos apropriados para determinaccedilatildeo de possiacuteveis contaminaccedilotildees por

pesticidas e os limites aceitos

- Testes para metais pesados e contaminantes semelhantes materiais

estranhos e adulterantes

- Testes para radiaccedilatildeo aflatoxinas e contaminaccedilatildeo microbiana

Qualquer tratamento usado para reduzir contaminaccedilotildees focircnicas e microbianas

ou outras infestaccedilotildees devem ser documentadas Instrumentos para tais

procedimentos devem ser acessiacuteveis e devem incluir detalhes dos processos

testes e limites residuais

Para a realidade do programa Farmaacutecias-Vivas onde natildeo satildeo utilizados

pesticidas as plantas satildeo cultivadas no local proacuteximo de onde ocorre a

produccedilatildeo do medicamento ou satildeo de origem na mesma regiatildeo e satildeo

processadas logo apoacutes a coleta satildeo feitas exigecircncias menores que as

estabelecidas para maiores escalas de produccedilatildeo Nem assim devemos deixar

de registrar todas as operaccedilotildees realizadas com a droga desde o seu cultivo ateacute

a dispensaccedilatildeo do produto fitoteraacutepico

Dispensaccedilatildeo

Estivemos sempre discorrendo sobre qualidade do produto a ser obtido desde

o cultivo da espeacutecie correta da coleta da parte usada e o seu processamento

mantendo intactos os princiacutepios ativos Conhecemos os motivos que levam a

toda esta preocupaccedilatildeo com a qualidade a responsabilidade do profissional que

o produz e a eficaacutecia e a seguranccedila necessaacuterias para o paciente que o utiliza

Portanto resta-nos dispensar o fitoteraacutepico para que este apresente estas

caracteriacutesticas trans formando o paciente num parceiro consciente do seu

papel no uso cor reto deste recurso terapecircutico

O resgate das praacuteticas populares agora respaldadas pelos estudos cientiacuteficos

seacuterios que atestam a eficaacutecia e seguranccedila das espeacutecies utilizadas no programa

Farmaacutecias-Vivas pode ser abordado no momento da dispensaccedilatildeo do

medicamento ou atraveacutes de apresentaccedilotildees coletivas organizadas e realizadas

pelo Farmacecircutico Alguns cuidados merecem ser observados para natildeo se

incorrer em riscos desnecessaacuterios

- Natildeo referendar o uso de plantas cujo estudo cientiacutefico natildeo tenha apresentado

dados sobre sua eficaacutecia e seguranccedila

- Natildeo recomendar o uso de qualquer planta medicinal para o tratamento de

doenccedilas sem a devida recomendaccedilatildeo meacutedica especializada ou natildeo

- Natildeo recomendar a utilizaccedilatildeo de planta que nos seja desconhecida tanto no

aspecto teoacuterico quanto praacutetico

- Natildeo sugerir a utilizaccedilatildeo de quaisquer praacuteticas com ou sem uso de plantas

medicinais que possa representar um risco potencial ou real de dano fetal

Para nos resguardarmos de quaisquer erros precisamos nos manter atualizados

quanto aos benefiacutecios e riscos da utilizaccedilatildeo das espeacutecies medicinais com as

quais trabalhamos dada agrave impossibilidade de conhecer todas as demais Os

dados obtidos durante a dispensaccedilatildeo e acompanhamento dos pacientes aleacutem

daqueles obtidos durante os ensaios controlados de toxicologia e farmacologia

cliacutenica forneceratildeo a necessaacuteria seguranccedila para realizarmos a dispensaccedilatildeo e

cada vez mais desfazermos o mito do natural ser inoacutecuo

Como exemplo da relaccedilatildeo risco x benefiacutecio de uma preparaccedilatildeo fitoteraacutepica

apresentamos as seguintes informaccedilotildees sobre o Elixir de Aroeira que em

muitos aspectos natildeo houve a quantificaccedilatildeo da intensidade dos efeitos beneacuteficos

nem adversos nem de interaccedilotildees

Forma Medicamento Fitoteraacutepico- Caacutepsula ESPINHEIRA SANTA Maytenus ilicifolia Celastraceae

Medicamento fitoteraacutepico

Parte utilizada Folhas

Nomenclatura popularEspinheira santa cancerosa cancorosa-de-sete-espinhos cancrosa

espinheira-divina espinho-de-Deus maiteno erva-cancrosa erva-santa

ApresentaccedilotildeesCaacutepsula dura - Extrato seco das folhas de Maytenus ilicifolia 380 mg -

Embalagem com 3 bliacutesters contendo 15 caacutepsulas cada

Via oral

Uso adulto

Composiccedilatildeo

Cada caacutepsula conteacutem

Extrato seco de Maytenus ilicifolia380 mg

Excipiente qsp 1 caacutepsula (amido)

equivalente a 133 mg de taninos totais

Informaccedilotildees ao pacientePara que este medicamento eacute indicado

Espinheira Santa eacute indicada para o tratamento da maacute digestatildeo e como

coadjuvante no tratamento de uacutelcera do estocircmago e duodeno

Como este medicamento funciona

Espinheira Santa atua como regulador das funccedilotildees estomacais e promove a

proteccedilatildeo da mucosa gaacutestrica

Quando natildeo devo usar este medicamentobull O medicamento deve ser evitado por menores de 12 anos de idade devido agrave

falta de estudos disponiacuteveis

bull Lactaccedilatildeo e gravidez visto que pode diminuir a secreccedilatildeo de leite e pode

provocar contraccedilotildees uterinas

bull Hipersensibilidade (alergia) a qualquer um dos componentes da foacutermula ou a

outras plantas da famiacutelia Celastraceae

O que devo saber antes de usar este medicamentoPrecauccedilotildees e advertecircncias

bull De acordo com a categoria de risco de faacutermacos destinados agraves mulheres

graacutevidas este medicamento apresenta categoria de risco C Este medicamento

natildeo deve ser utilizado por mulheres graacutevidas sem orientaccedilatildeo meacutedica ou do

cirurgiatildeo dentista

Interaccedilotildees medicamentosas

bull A administraccedilatildeo concomitante de M ilicifolia com bebidas alcooacutelicas e outros

medicamentos natildeo eacute recomendada pois natildeo existem estudos disponiacuteveis

sobre as interaccedilotildees medicamentosas deste fitoteraacutepico

Informe seu meacutedico ou cirurgiatildeo-dentista se vocecirc estaacute fazendo uso de algum

outro medicamento

Onde como e por quanto tempo posso guardar este medicamentoCuidados de conservaccedilatildeo

Espinheira Santa deve ser conservada em temperatura ambiente (entre 15 e

30ordmC) em sua embalagem original Proteger da luz e da umidade

Prazo de validade24 meses apoacutes a data de fabricaccedilatildeo impressa no cartucho

Nuacutemero de lote e datas de fabricaccedilatildeo e validade vide embalagem

Natildeo use medicamento com o prazo de validade vencido

Guarde-o em sua embalagem original

Caracteriacutesticas fiacutesicasCaacutepsulas gelatinosas duras de cor creme

Caracteriacutesticas organoleacutepticas

Cheiro (odor) caracteriacutestico e praticamente natildeo apresenta sabor

Antes de usar observe o aspecto do medicamento Caso ele esteja no prazo

de validade e vocecirc observe alguma mudanccedila no aspecto consulte o

farmacecircutico para saber se poderaacute utilizaacute-lo

Todo medicamento deve ser mantido fora do alcance das crianccedilas

Como devo usar este medicamentoModo de usar

As caacutepsulas devem ser ingeridas inteiras e com uma quantidade suficiente de

aacutegua para que possam ser deglutidas

Posologia

Ingerir duas caacutepsulas via oral trecircs vezes ao dia de oito em oito horas

Siga corretamente o modo de usar Em caso de duacutevidas sobre este

medicamento procure orientaccedilatildeo do farmacecircutico Natildeo desaparecendo os

sintomas procure orientaccedilatildeo de seu meacutedico ou cirurgiatildeo-dentista

Este medicamento natildeo deve ser partido aberto ou mastigado

O que devo fazer quando eu me esquecer de usar este medicamentoCaso haja esquecimento da ingestatildeo de uma dose deste medicamento

retomar a posologia prescrita sem a necessidade de suplementaccedilatildeo

Em caso de duacutevidas procure orientaccedilatildeo do farmacecircutico ou de seu meacutedico ou

do cirurgiatildeo-dentista

Que males este medicamento pode causarReaccedilotildees adversas

Ateacute o momento natildeo foram relatadas reaccedilotildees adversas graves ou que coloquem

em risco a sauacutede dos pacientes

Raramente podem ocorrer casos de hipersensibilidade Neste caso suspender

o uso e procurar orientaccedilatildeo meacutedica

Informe seu meacutedico cirurgiatildeo-dentista ou farmacecircutico do aparecimento de

reaccedilotildees indesejaacuteveis pelo uso do medicamento

Induacutestria Brasileira

Esta bula foi atualizada conforme Bula Padratildeo aprovada pela Anvisa em

12012011

Farmacecircutica resp Dra (Nome )

CRF-PR nordm XXXX Coacuted XXXXX - 012011

Informe tambeacutem agrave empresa atraveacutes do seu Serviccedilo de

Atendimento ao Consumidor

O que fazer se algueacutem usar uma quantidade maior do que a indicada deste medicamentoPlantas ricas em taninos como a M ilicifolia quando usadas em doses

excessivas podem causar irritaccedilatildeo da mucosa gaacutestrica e intestinal gerando

vocircmitos coacutelicas intestinais e diarreia

Em caso de super dosagem suspender o uso e procurar orientaccedilatildeo meacutedica de

imediato Em caso de uso de grande quantidade deste medicamento procure

rapidamente socorro meacutedico e leve a embalagem ou bula do medicamento se

possiacutevel Siga corretamente o modo de usar natildeo desaparecendo os sintomas

procure orientaccedilatildeo meacutedica

Conclusatildeo

A espinheira-santa (M ilicifolia) eacute um fitoteraacutepico de relevante accedilatildeo terapecircutica

principalmente antiulcerogecircnica dada sua eficaacutecia farmacoloacutegica e seguranccedila

Vale lembrar que por ausecircncia de estudos ela natildeo eacute recomenda para crianccedilas

e natildeo deve ser usada por gestantes pois estudos em camundongos (fecircmeas e

graacutevidas) indicaram um decreacutescimo significativo do nuacutemero de embriotildees aleacutem

de possuir atividade estrogecircnica que pode interferir na receptividade uterina do

embriatildeo Entre suas atividades farmacoloacutegicas destaca-se a atividade

antiulcerogecircnica que pode ser comparada agrave accedilatildeo da ranitidina e da cimetidina

Por ser morfologicamente parecida com as espeacutecies S bonplandii e Z ilicifolia

ela eacute comumente confundida e ateacute mesmo trocada intencionalmente

A utilizaccedilatildeo de maneira errocircnea das espeacutecies botacircnicas que natildeo satildeo a

verdadeira espinheira-santa (M ilicifolia) pode acarretar danos agrave sauacutede dos

pacientes Assim conclui-se que essas espeacutecies conhecidas como

adulterantes podem trazer malefiacutecios pois ainda faltam estudos que

comprovem suas atividades farmacoloacutegicas e principalmente a seguranccedila

terapecircutica Poreacutem natildeo se deve descartar o uso dessas espeacutecies e sim

realizar estudos mais concretos para que essas plantas assim como a

verdadeira espinheira-santa possam auxiliar no tratamento farmacoloacutegico da

populaccedilatildeo

Referecircncias Bibliograacuteficas

Ralph Santos-Oliveira Simone Coulaud-Cunha Waldeciro Colaccedilo

Revisatildeo da Maytenus ilicifolia Mart ex Reissek Celastraceae

Contribuiccedilatildeo ao estudo das propriedades farmacoloacutegicas Rev Bras

Farmacogn Braz J Pharmacogn 19(2B) AbrJun 2009

Wilker Marlon de Moraes Jesus Tarciacutesio Neves da Cunha Estudo das

propriedades farmacoloacutegicas da espinheira-santa (Maytenus ilicifolia

Mart ex Reissek) e de duas espeacutecies adulterantes Revista Sauacutede e

Desenvolvimento vol ndash nordm 1 Jan ndash Jun 2012

MARIOT MP1 BARBIERI RL2 Engenheiro Agrocircnomo Dr prof do

Conjunto Agroteacutecnico ldquoVisconde da GraccedilardquoUniversidade Federal de

Pelotas (mariotufpeltchebr) ndash Av Ildefonso Simotildees Lopes 2791

Pelotas-RS CEP 96060-290 2Bioacuteloga Dr pesquisadora da Embrapa

Clima Temperado (barbiericpactembrapabr) ndash BR 392 km 78 caixa

postal 403 Pelotas-RS CEP 96001-970 (endereccedilo para

correspondecircncia) Metaboacutelitos secundaacuterios e propriedades medicinais da

espinheira-santa (Maytenus ilicifolia Mart ex Reiss e M aquifolium

Mart)

CARLINI EA Braz S Efeito protetor do liofilizado obtido do abafado de

Maytenus Sp (espinheira-santa) contra uacutelcera gaacutestrica experimental em

ratos In Estudo da accedilatildeo antiuacutelcera gaacutestrica de plantas brasileiras

(Maytenus ilicifolia) Espinheira santa e outras Brasiacutelia CEMEAFIP

1988 p21-35MACAUBAS CIP et al Estudo da eventual accedilatildeo

antiuacutelcera gaacutestrica do baacutelsamo (Sedum sp) folha da fortuna

(Bryophyllum calcium) couve (Brassica oleraceae) e da Espinheira

santa (Maytenus ilicifolia) em ratos In Estudo da accedilatildeo antiuacutelcera

gaacutestrica de plantas brasileiras (Maytenus ilicifolia) Espinheira santa e

outras Brasiacutelia CEMEAFIP 1988 p 5-20

Olivia Werner Oliveira Pedro Ros Petrovick Secagem por aspersatildeo

(spray drying) de extratos vegetais bases e aplicaccedilotildees Revista

Brasileira de Farmacognosia Brazilian Journal of Pharmacognosy 20(4)

641-650 AgoSet 2010

Marianne Christina Scheffer Capitulo 17 Produccedilatildeo de espinheira-santa

(Maytenus ilicifolia Mart ex Reiss) na regiatildeo metropolitana de Curitiba

Paranaacute Brasil

Said gonccedilalves da cruz fonsacircca Farmacoteacutecnica de Fitoteraacutepicos2005

outras natildeo Existem vaacuterias espeacutecies medicinais do gecircnero Maytenus ndash aleacutem de

M ilicifolia e M aquifolium ndash que vecircm sendo amplamente estudadas como M

senegalensi M macrocarpa e M canariensis (Di Stasi 2004) O autor cita

alguns trabalhos com estas espeacutecies M senegalensis apresenta atividade

antimalaacuterica leishmanicida e inibitoacuteria sobre a replicaccedilatildeo do viacuterus HIV-1

(atraveacutes da accedilatildeo da pristimerina) M canariensis apresenta atividade

antibacteriana antifuacutengica e inseticida M macrocarpa apresenta compostos

com accedilatildeo citotoacutexica e leishmanicida Foi evidenciada por Kennedy et al (2001)

a accedilatildeo leishmanicida de M magellanica e M chubutensis

3 Caracteriacutesticas morfoanatocircmicas e fenoloacutegicasA espinheira-santa (Maytenus ilicifolia) foi descrita por Carvalho-Okano (1992)

como um sub-arbusto ou aacutervore ramificado desde a base podendo atingir uma

estatura de ateacute 5 m com ramos novos glabros angulosos tetra ou

multicarenados

As folhas satildeo congestas coriaacuteceas glabras com estiacutepulas incospiacutecuas limbo

com 22 a 89 cm de comprimento e 11 a 30 cm de largura nervuras

proeminentes na face abaxial de forma eliacuteptica com a margem inteira ou com

espinhos em nuacutemero de um a vaacuterios distribuiacutedos regular ou irregularmente no

bordo geralmente concentrados na metade apical de um ou de ambos os

semilimbos As inflorescecircncias ocorrem em fasciacuteculos multifloros As flores

possuem seacutepalas semicirculares e ciliadas com peacutetalas ovais e inteiras

estames com filetes achatados na base estigma capitado seacutessil ou com

estilete distinto ovaacuterio saliente ou totalmente imerso no disco carnoso

As flores satildeo monoacuteclinas poreacutem haacute evidecircncias fortes de que muitas de suas

flores sejam funcionalmente diclinas O fruto eacute uma caacutepsula bivalvar orbicular

com pericarpo maduro de coloraccedilatildeo vermelho-alaranjada

As sementes satildeo eretas suborbiculares elipsoides ou obovais agraves vezes

angulosas em nuacutemero variaacutevel de 1 a 4 por fruto envoltas inteiramente pelo

arilo A testa eacute rija lisa e brilhante em geral com coloraccedilatildeo castanha ou negra

O endosperma eacute abundante o embriatildeo eacute axial com cotileacutedones planos

membranaacuteceos e eixo hipocoacutetilo-raizinha reta e curta O arilo eacute suculento de

coloraccedilatildeo branca cobrindo toda a semente Um estudo morfoanatocircmico desta

espeacutecies foi ainda realizado por Lula et al (2001) Segundo os autores M

ilicifolia apresenta epiderme adaxial e abaxial glabras com ceacutelulas poligonais

de paredes levemente espessadas retas e cutiacutecula de aspecto granulado Foi

observada a presenccedila de cristais prismaacuteticos nas ceacutelulas epideacutermicas e

tambeacutem de raacutefides Os estocircmatos estatildeo restritos agrave epiderme abaxial e com

frequumlecircncia apresentam cinco ceacutelulas subsidiaacuterias muito pouco diferenciadas

das ceacutelulas epideacutermicas comuns Em corte transversal as epidermes se

apresentam uniestratificadas com ceacutelulas baixas e tabulares e cutiacutecula

relativamente espessa O mesoacutefilo eacute dorsiventral com duas camadas de

parecircnquima paliccedilaacutedico O parecircnquima lacunoso eacute relativamente compacto com

cerca de seis a sete camadas de ceacutelulas As nervuras menores e as

terminaccedilotildees vasculares apresentam uma bainha de fibras esclerenquimaacuteticas

As sementes de M ilicifolia podem ser classificadas como ortodoxas e

estocadas a -20ordmC por um longo periacuteodo em cacircmara fria (Eira et al 1995) M

aquifolium tambeacutem conhecida como espinheira-santa eacute descrita por Carvalho-

Okano (1992) como um arbusto ou aacutervore medindo cerca de 15-12 m de

altura Apresenta ramos novos glabros ciliacutendrico-achatados folhas cartaacuteceas

glabras peciacuteolo com 05-10 cm de comprimento estiacutepulas inconspiacutecuas limbo

com 60-190 cm de comprimento e 20-60 cm de largura nervura primaacuteria

proeminente em ambas as faces nervuras secundaacuterias subsalientes forma

eliacuteptica ou mais comumente oblongo-eliacuteptica base aguda ou obtusa aacutepice

agudo a obtuso com mucron margem com muitos espinhos serrada A

Inflorescecircncia eacute em fasciacuteculos multifloros apresentando pedicelos florais com

04-07 cm de comprimento As seacutepalas satildeo ovais com cerca de 04 cm de

comprimento e 03 cm de largura Os estames apresentam filetes achatados na

base O estigma eacute seacutessil ou com estilete distinto ovaacuterio saliente ou imerso

totalmente no disco carnoso O fruto eacute uma caacutepsula bivalvar orbicular o

pericarpo maduro apresenta coloraccedilatildeo castanho-avemelhada O florescimento

de espinheira-santa ocorre entre os meses de setembro a dezembro e a

frutificaccedilatildeo de outubro a fevereiro (Carvalho-Okano 1992) A frutificaccedilatildeo ocorre

durante um periacuteodo relativamente longo iniciando no Estado do Rio

Grande do Sul seguido por Santa Catarina e por uacuteltimo o Paranaacute (Scheffer amp

Arauacutejo1998) As espeacutecies de espinheira-santa satildeo aloacutegamas Os estudos da

accedilatildeo farmacoloacutegica da espinheira-santa tecircm sido realizados utilizando

principalmente as folhas pois eacute a parte da planta que normalmente eacute utilizada

pela populaccedilatildeo nas infusotildees ou pela induacutestria farmacecircutica para elaboraccedilatildeo de

medicamentos Alguns estudos foram feitos com a raiz pois existem relatos do

uso esporaacutedico desta parte da planta por algumas pessoas para o tratamento

de doenccedilas Em um levantamento do uso da espinheira-santa pelas

comunidades rurais Mariot (2005) identificou um agricultor que utiliza o chaacute

das raiacutezes da espinheirasanta para o tratamento de diabetes Com relaccedilatildeo agrave

localizaccedilatildeo da produccedilatildeo de metaboacutelitos secundaacuterios nas plantas de

espinheirasanta Corsino et al (2000) ao estudarem a biossiacutentese de

triterpenoacuteides em M aquifolium identificaram que as folhas produzem 3b-

friedelanol e friedelina (friedelano) e raiacutezes acumulam maitenina e pristimerina

(quinonametiacutedicos) Os triterpenos derivados de friedelano uma vez

biossintetizados nas folhas satildeo translocados para as raiacutezes e posteriormente

transformados nos triterpenoacuteides quinonametiacutedicos que apresentam accedilatildeo

antitumor Estes triterpenoacuteides natildeo foram encontrados em folhas somente em

raiacutezes Os flavonoacuteides satildeo encontrados em todos os oacutergatildeos das plantas

(Zuanazzi 2001) Existem flavonoacuteides que satildeo encontrados em um oacutergatildeo e em

outros natildeo ou quando existe o mesmo composto em mais de um oacutergatildeo este

pode apresentar diferentes concentraccedilotildees Estes compostos estatildeo localizados

nos vacuacuteolos cloroplastos e cromoplastos (Cardoso et al 2001) Os taninos

ocorrem nos vacuacuteolos e plastiacutedios (Salisbuty amp Ross 1992)

Figura A - Folhas de espinheira-santa (a uacuteltima eacute M aquifolium e as demais

satildeo M ilicifolia) B - flores de espinheira-santa C - ramo com frutos e sementes

de Maytenus ilicifolia

4 Aspectos quiacutemico-bioloacutegicosOs compostos com accedilatildeo bioativa de importacircncia na farmacologia satildeo

produzidos atraveacutes da biossiacutentese dos metaboacutelitos secundaacuterios que estaacute

esquematizado na Figura 1 Nesta figura pode ser observada a formaccedilatildeo dos

principais metaboacutelitos identificados na espinheira-santa como os taninos

flavonoacuteides e terpenos grupo em que estatildeo inseridos os triterpenos

O gecircnero Maytenus eacute rico em espeacutecies com potencial medicinal tendo sido

identificados vaacuterios compostos com accedilatildeo farmacoloacutegica Di Stasi (2004) em

uma revisatildeo sobre compostos bioativos em espeacutecies de Maytenus relata a

presenccedila de pristimerina um triterpeno do tipo friedelano com accedilatildeo

antimalaacuterica e compostos fenoacutelicos com atividade inibitoacuteria sobre a replicaccedilatildeo

do viacuterus HIV-1 em M senegalensis Em M canariensis foram isoladas

nortriterpenos com atividade antibioacutetica e sesquiterpenos com atividade

inseticida M macrocarpa apresenta nortriterpenos denominados

macrocarpinas os quais satildeo citotoacutexicos sesquiterpenos com atividade

leishmanicida e triterpenos do tipo friedelano Triterpenoacuteides do tipo friedelano

tambeacutem foram isolados desta espeacutecie por Chavez et al (1998) Foi evidenciado

por Kennedy et al (2001) a accedilatildeo leishmanicida de sesquiterpenos isolados de

M magellanica e M chubutensis

FIGURA 1 Representaccedilatildeo simplificada do ciclo biossinteacutetico dos metaboacutelitos

secundaacuterios terpenoacuteides flavonoacuteides e taninos condensados que ocorrem em

espinheira-santa (adaptado de Santos 2001)

Entre os compostos bioativos em espinheirasanta (M ilicifolia e M aquifolium)

que podem ter accedilatildeo antiulcerogecircnica e anti-gaacutestrica destacam-se os

triterpenos Os triterpenoacuteides satildeo compostos constituiacutedos basicamente de trinta

unidades de carbono ndash seis isoprenos (Cardoso et al 2001) A maioria possui

em sua constituiccedilatildeo hidroxilas que podem ser glicosiladas produzindo os

heterosiacutedeos cardiotocircnicos importantes agentes terapecircuticos para doenccedilas

cardiovasculares e as saponinas Biossinteticamente satildeo derivados de

condensaccedilatildeo de duas moleacuteculas de farnesilpirofosfato (FPP) unidas cauda-

cauda produzindo o esqualeno precursor aciacuteclico desta classe de compostos

(Figura 2) A provaacutevel ciclizaccedilatildeo da moleacutecula de esqualeno leva agrave formaccedilatildeo da

estrutura baacutesica dos triterpenoacuteides o ciclopentanohidrofenantreno importante

precursor dos esteroacuteides vegetais e animais e das saponinas triterpecircnicas As

saponinas triterpenoacuteides apresentam trecircs tipos de estruturas baacutesicas oleanos

ursanos e lupanos Os triterpenos denominados cangoronina e ilicifolina foram

identificados por Itokawa et al (1991) em M ilicifolia Eles satildeo do tipo

friedelano e foram fracionados junto com outros sete triterpenos jaacute conhecidos

FIGURA 2 Biossiacutentese de triterpenoacuteides (adaptado de Cardoso et al 2001)

Os autores mostraram que alguns destes compostos tecircm accedilatildeo citotoacutexica

como por exemplo a pristimerina ndash que foi a mais eficiente ndash indicando que

podem ser uacuteteis no tratamento de tumores Trabalho semelhante foi

desenvolvido por Shirota et al (1994) que elucidaram a estrutura de alguns

triterpenos aromaacuteticos Estes compostos mostraram atividade citotoacutexica

moderada contra um nuacutemero de linhagens de ceacutelulas de tumor cultivadas As

estruturas de outros dois triterpenos diacutemeros denominados cangorosina A e

cangorosina B foram elucidadas por Shirota et al (1997) em extrato de raiacutezes

de M ilicifolia Quatro novos triterpenoacuteides ndash maytefolina A-C (1-3) e uvaol-3-

caffeate (4) ndash aleacutem de outros triterpenos foram isolados de folhas de M

ilicifolia por Ohsaki et al (2004) Os autores identificaram a accedilatildeo citotoacutexica do

triterpenoacuteide eritrodiol

Apesar de a literatura destacar os triterpenos como os principais compostos

bioativos em espinheira-santa Corsino et al (1998b) destacaram que a famiacutelia

Celastraceae eacute uma fonte rica de sesquiterpenos Os autores isolaram e

elucidaram a estrutura quiacutemica de dois sesquiterpenos a aquifoliulina E-I e a

aquifoliulina EII Ao verificarem a accedilatildeo citotoacutexica do extrato de M aquifolium

em mutantes de Saccharomyces cerevisiae eles sugeriram que os

sesquiterpenos podem ser os principais responsaacuteveis por causar pequenos

danos no DNA Em outro trabalho Corsino et al (1998c) isolaram e elucidaram

a estrutura de outros dois sesquiterpenos a aquifoliulina E-III e a aquifoliulina

E-IV Os triterpenos maitenina e 22- hidroximaitenina satildeo membros de um

pequeno grupo de produtos naturais peculiares agraves espeacutecies das famiacutelias

Celastraceae e Hippocrateaceae com potencial anti-cacircncer (Corsino et al

1998a) A ligaccedilatildeo da maitenina ao DNA sugere uma interaccedilatildeo celular que pode

elucidar a atividade antitumor Os autores mostraram que estes compostos satildeo

efetivos contra carcinoma epidermoacuteide Foi identificada a accedilatildeo antiuacutelcera

gaacutestrica da espinheira-santa em ratos com accedilatildeo semelhante ao medicamento

cimetidina Dois triterpenos jaacute relatados na literatura o friedelan-3-ol e o

friedelan-3-on foram identificados em extrato de M ilicifolia sendo sugeridos

como substacircncias bioativas no tratamento das enfermidades estomacais

Os autores acima citados isolaram e identificaram maitenina e 22

hidroximaitenina a partir de calos oriundos de explantes de folhas de M

aquifolium ndash atraveacutes de HPLC ndash cultivados em dois meios de cultura com

diferentes concentraccedilotildees de cinetina O rendimento dos triterpenos no meio

com menor concentraccedilatildeo de cinetina foram maiores do que no outro A cultura

de tecidos parece entatildeo ser uma fonte contiacutenua e estaacutevel de compostos de

espeacutecies de Maytenus conforme proposto por Pereira et al (1993)

Os autores estabeleceram um protocolo para organogecircnese total de placircntulas

de M ilicifolia de matrizes selecionadas para produccedilatildeo de compostos para

estudos fitoquiacutemicos utilizando como explante gemas axilares

Derivados dos triterpenos friedelano satildeo tiacutepicos das famiacutelias Celastraceae e

Hippocrateaceae (Buffa Filho et al 2002) Estes autores atraveacutes do

desenvolvimento de um meacutetodo HPLC (High Performance Liquid

Chromatography) fase-reversa para a quantificaccedilatildeo de triterpenos em cinco

tipos morfoloacutegicos de Maytenus ilicifolia identificaram os compostos 20 1048576-

hidroximaitenina e 22 hidroximaitenina em baixa concentraccedilatildeo aleacutem de

maitenina celastrol e pristimerina em alta concentraccedilatildeo

Os triterpenos friedelan-3-ol friedelina (Figura 3) e compostos polifenoacutelicos

presentes em M ilicifolia e M aquifolium satildeo citados por Cordeiro et al (1999)

como componentes eficientes no tratamento de uacutelceras e gastrites estomacais

Os autores caracterizaram triterpenos de extratos ndash obtidos por extraccedilatildeo direta

com etilacetato ndash de folhas destas duas espeacutecies atraveacutes de HRGC-MS

(cromatografia gasosa de alta resoluccedilatildeo e espectrometria de massas) O perfil

cromatograacutefico foi semelhante para ambas as espeacutecies diferindo na

concentraccedilatildeo relativa de alguns compostos Estes dois triterpenos foram

tambeacutem destacados por Vilegas et al (1995) e Lanccedilas et al (1997) como os

mais importantes nas duas espeacutecies de espinheira-santa para o tratamento de

uacutelcera gaacutestrica Os primeiros propuseram uma teacutecnica raacutepida para identificar

friedelan-3-ol e friedelina ndash atraveacutes de cromatografia gasosa com alta

temperatura de capilaridade em coluna polar ndash o que permite a distinccedilatildeo entre

extratos alcooacutelicos aquosos de espinheira-santa autecircnticos e falsos (quando

satildeo misturadas folhas de outras espeacutecies como de Sorocea bomplandii) Os

uacuteltimos desenvolveram um meacutetodo para extraccedilatildeo de princiacutepios ativos em

espinheira-santa atraveacutes de uma adaptaccedilatildeo do SFE (extraccedilatildeo com fluido

supercriacutetico) com baixo custo Atraveacutes da utilizaccedilatildeo do CO2 e etanol 10

como fluido extrator conseguiram resultados satisfatoacuterios na obtenccedilatildeo dos

triterpenos O sistema SFE desenvolvido pelos autores foi mais eficiente sendo

uma alternativa aos outros meacutetodos por ser mais raacutepido aleacutem de permitir uma

flexibilidade de escolha do fluido extrator entre gases ou solventes liacutequidos a

condiccedilotildees ambientes Mossi et al (2004) ao caracterizarem quimicamente

extratos de M ilicifolia ndash obtidos atraveacutes da utilizaccedilatildeo de CO2 em alta pressatildeo

ndash observaram que a temperatura de extraccedilatildeo e a densidade do solvente

exerceram um efeito importante sobre o rendimento liacutequido do extrato e a

distribuiccedilatildeo quiacutemica dos compostos volaacuteteis ao contraacuterio do tamanho de

partiacutecula e da taxa de fluxo de CO2 Apesar dos triterpenos friedelan-3-ol e

friedelina terem sido destacados como sendo compostos eficientes no

tratamento anti-uacutelcera gaacutestrica Queiroga et al (2000) em pesquisa realizada

com ratos mostraram que estes triterpenos natildeo apresentam esta accedilatildeo

farmacoloacutegica

FIGURA 3 Estrutura molecular dos triterpenos friedelan-3-ol e friedelina (Mossi 2003) dos flavonoacuteides canferol e quercetina e do tanino condensado (Cardoso et al 2001) encontrados em espinheira-santa

Os taninos e flavonoacuteides satildeo compostos fenoacutelicos presentes em espinheira-

santa que tambeacutem podem ter accedilatildeo em doenccedilas estomacais (Gonzales et al

2001) Os taninos satildeo compostos de sabor adstringente derivados de

fenilpropanos capazes de formar complexos com proteiacutenas accediluacutecares e

alcaloacuteides indoacutelicos (Cardoso et al 2001) Dividem se em duas categorias

derivados de esqueletos (C6-C1)n chamados de taninos hidrosoluacuteveis e

derivados de esqueletos (C6-C3-C6)n chamados de taninos condensados

(Figura 3) ou proantocianidinas Os taninos hidrolizaacuteveis possuem rotas

biossinteacuteticas ainda desconhecidas Sabe-se que seu precursor eacute o aacutecido

gaacutelico ou seu diacutemero de condensaccedilatildeo o aacutecido elaacutegico Os taninos

condensados satildeo biossintetizados pelas condensaccedilotildees de derivados de aacutecido

chiquiacutemico e unidades de malonil-CoA levando agrave formaccedilatildeo das catequinas

Estas satildeo importantes precursoras das proantocianidinas (taninos

condensados) e antocianidinas Caracterizam-se por serem oligocircmeros e

poliacutemeros formados pela policondensaccedilatildeo de duas unidades flavonoiacutedicas

(flavan-3-ol e flavan-34-diol) portanto tambeacutem satildeo considerados compostos

flavonoacuteides sendo tambeacutem denominados de flavolanas diferenciando-se dos

taninos hidrolisaacuteveis por natildeo possuiacuterem resiacuteduos glicosiacutedeos em sua estrutura

Segundo o autor entre as atividades farmacoloacutegicas que os taninos

condensados apresentam ndash quando complexados com proteiacutenas ndash destacam-

se a proteccedilatildeo da mucosa do estocircmago em tratamento de uacutelcera peacuteptica as

propriedades anti-inflamatoacuterias e cicatrizantes e o bloqueio da formaccedilatildeo da

placa dental atraveacutes da inibiccedilatildeo da glicosiltransferase produzida por bacteacuterias

bucais

Atraveacutes de estudo fitoquiacutemico em extrato de M aquifolium Gonzales et al

(2001) identificaram triterpenos taninos e flavonoacuteides Em testes de

laboratoacuterio os autores mostraram a accedilatildeo antiulcerogecircnica e analgeacutesica do

extrato desta espeacutecie Eles destacaram que os triterpenos apresentam

habilidade na estimulaccedilatildeo da siacutentese de muco ou manutenccedilatildeo do conteuacutedo de

prostaglandina ndash componente com atividade antiulcerogecircnica ndash da mucosa

gaacutestrica em altos niacuteveis Foi sugerido ainda que componentes antioxidantes

como os taninos e os flavonoacuteides podem ter accedilatildeo contra lesotildees gaacutestricas

Os flavonoacuteides existem em abundacircncia no reino vegetal encontrados em sua

maioria nas angiospermas (Cardoso et al 2001) Caracterizam se

estruturalmente por serem polifenoacutelicos derivados de C6-C3-C6 ligados na

orientaccedilatildeo cabeccedila-cauda e que podem conter como substituintes hidroxilas

ou seus derivados funcionais tais como eacutesteres metoxilas aleacutem de

glicosiacutedeos isoprecircnicos presos em posiccedilotildees especiacuteficas dos aneacuteis Os

flavonoacuteides tecircm como precursores a fenilalanina e a acetil-CoA

Satildeo originados de reaccedilotildees de derivados do aacutecido chiquiacutemico e derivados do

acetato Os flavonoacuteides satildeo divididos nas seguintes classes flavonas

flavonoacuteis antocianinas e isoflavonoacuteides esta uacuteltima restrita agrave famiacutelia Fabaceae

Os compostos mais importantes encontrados nos vegetais para cada uma das

trecircs primeiras classes satildeo flavonas ndash apigenina e luteolina flavonoacuteis ndash

canferol quercetina miricetina e galangina antocianinas ndash cianidina e

malvidina

Ao analisarem quantitativamente por HPLC flavonoacuteides em infusatildeo aquosa de

folhas de M ilicifolia e M aquifolium Leite et al (2001) identificaram um novo

composto deste grupo na primeira espeacutecie Os autores destacaram que os

flavonoacuteides podem mediar uma variaccedilatildeo de mecanismos relacionados agrave

atividade anti-cacircncer anti-tumor e anti-oxidante esta uacuteltima relacionada agrave

caracteriacutestica anti-uacutelcera Os flavonoacuteides tetra-glicosilados satildeo uacuteteis como

marcadores quiacutemicos para o controle de qualidade em Maytenus

Dois novos tetraglicosiacutedeos ndash pertencentes aos grupos dos 3-O-glicosiacutedeos de

quercetina e canferol que satildeo os mais importantes entre os flavonoacuteides ndash

foram isolados por Vilegas et al (1999) a partir da infusatildeo de folhas de M

aquifolium Os flavonoacuteides quercetina e canferol estatildeo representados na Figura

3 com indicaccedilatildeo dos grupos hidroxila (3) que satildeo glicosilados para formar os

3-O-glicosiacutedeos de quercetina e canferol Os autores identificaram a accedilatildeo anti-

uacutelcera da infusatildeo de espinheira-santa em que o aumento da dose levou ao

decreacutescimo do nuacutemero de uacutelceras em ratos sendo a dose de 800 mg kg-1 a

mais eficiente A maior atividade foi verificada em uacutelceras do tipo III que satildeo as

mais severas Foi ainda destacado que o isolamento de flavonoacuteides

poliglicosilados da infusatildeo de M aquifolium seraacute uacutetil para validaccedilatildeo destes

componentes como marcadores quiacutemicos como jaacute anteriormente descrito por

Vilegas et al (1998) ndash que distinguiram atraveacutes da teacutecnica HPTLC (High

Performance Thin Layer Chromatographic) amostras autecircnticas de M ilicifolia

e M aquifolium e amostras alteradas com Sorocea bomplandii uma espeacutecie

muitas vezes confundida com a espinheirasanta devido agrave morfologia similar da

folha

5 Aspectos silviculturais

Os coletores tradicionais possuem noccedilotildees empiacutericas sobre o manejo das

espeacutecies em seu ambiente natural (eacutepoca e frequecircncia de coleta suportada

pela espeacutecie ambientes em que ocorrem cuidados com os indiviacuteduos no

momento da coleta para que possam rebrotar) Por exemplo ensinam que a

espinheira-santa deve ser coletada quebrando os ramos e natildeo cortando-os

Alguns coletores dizem que isto eacute necessaacuterio para que a planta tenha efeito

medicinal outros que se os ramos forem cortados a aacutervore natildeo rebrota Fato

eacute que os ramos que satildeo quebrados satildeo mais finos do que se for utilizado um

instrumento cortante e isto certamente tem influecircncia sobre a regeneraccedilatildeo dos

indiviacuteduos Outra informaccedilatildeo dos coletores tradicionais eacute que as folhas de uma

determinada aacutervore devem ser colhidas com intervalos de dois anos Dizem

que eacute o tempo necessaacuterio para a aacutervore se recuperar Poreacutem nos plantios

verifica-se que a regeneraccedilatildeo ocorre em um ano Entretanto como os frutos

satildeo formados em ramos do ano anterior esta recomendaccedilatildeo pode estar ligada

ao manejo da espeacutecie garantindo o tempo miacutenimo necessaacuterio para que se

reproduza Com o mesmo objetivo os produtores deixam algumas aacutervores sem

colher para que produzam sementes garantindo assim regeneraccedilatildeo

natural e mais recentemente como fonte de sementes para plantios

Conhecem a forma de distribuiccedilatildeo da espinheira-santa e percorrem grandes

distacircncias para localizar boas aacutereas de coleta com um nuacutemero significativo de

aacutervores Costumam dar intervalos de um ou mais anos entre as coletas num

mesmo local ou coletam as folhas somente de um lado da planta e no ano

seguinte do outro lado

Haacute ainda os curiosos pessoas sem tradiccedilatildeo em coleta de plantas que por

necessidade econocircmica e por residirem proacuteximo a aacutereas em que a espeacutecie

ocorre satildeo contratadas por coletores tradicionais ou por compradores de

plantas para realizarem a coleta da espinheira-santa e outras espeacutecies

medicinais que ocorrem nas proximidades de sua residecircncia

6 Os produtores de espinheira-santa e seu contexto socioeconocircmico

A populaccedilatildeo da Regiatildeo Metropolitana de Curitiba eacute formada por descendentes

de europeus que integraram as diversas correntes migratoacuterias estimuladas no

seacuteculo XIX Tecircm-se assim principalmente descendentes de alematildees

italianos atividade agropecuaacuteria agrave qual incorporaram praacuteticas extrativistas que

jaacute eram atividade agropecuaacuteria agrave qual incorporaram praacuteticas extrativistas que jaacute

eram exercidas pelos caboclos descendentes dos antigos colonizadores

portugueses e iacutendios da regiatildeo No municiacutepio de Campo Largo haacute 1469

estabelecimentos rurais dos quais 1164 exercem atividades ligadas agrave

agricultura ou silvicultura

Segundo o Censo realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica

IBGE em 2000 a populaccedilatildeo rural era de 15580 pessoas (IPARDES 2001)

Destas cerca de 50 estatildeo envolvidas na produccedilatildeo no processamento e na

comercializaccedilatildeo da espinheira-santa

Haacute vaacuterios tipos de produtores de mateacuteria-prima

(a) coletores tradicionais cuja uacutenica atividade econocircmica eacute a coleta de plantas

medicinais inclusive espinheira-santa

(b) coletores de plantas medicinais que tambeacutem cultivam espeacutecies alimentiacutecias

Neste caso a coleta de plantas medicinais visa agrave complementaccedilatildeo da renda

(c) agricultores que cultivam e coletam plantas medicinais

(d) agricultores natildeo coletores que soacute cultivam plantas medicinais

A coleta eou o cultivo de espinheira-santa eacute de uma estrateacutegia de obtenccedilatildeo de

renda diversificada e natildeo passa em meacutedia de 17 da renda familiar Os

coletores recebem em geral R$040kg de planta fresca (folhas com ramos

finos) Apoacutes secagem satildeo comercializadas por R$250 a 350kg As folhas de

plantas cultivadas podem alcanccedilar entre R$800 e 1200kg (soacute folha seca)

7 Processamento da espinheira-santa

Apoacutes a coleta os ramos com folhas satildeo levados ateacute a propriedade do coletor

onde as folhas satildeo selecionadas e secas ou entregues diretamente ao

comprador A secagem pode ser feita agrave sombra ou em secador com fluxo de ar

aquecido Quando o coletor natildeo dispotildee de secador proacuteprio ele costuma secar

as folhas no secador de algum vizinho que recebe como pagamento parte da

produccedilatildeo Para a secagem satildeo utilizados vaacuterios modelos de secadores O

combustiacutevel utilizado pode ser lenha gaacutes ou serragem Alguns secadores

contam com controle de temperatura Dependendo das especificaccedilotildees feitas

pelo comprador depois de secas as folhas satildeo separadas dos ramos e

rasuradas Depois o produto eacute embalado em sacos de malha de juta ou de

polipropileno com ou sem revestimento de papel Depois eacute armazenado ou

enviado diretamente para o mercado (comercializado) A venda pode ser feita

para atacadistas laboratoacuterios de fitoteraacutepicos ou induacutestrias alimentiacutecias Nas

induacutestrias o material eacute submetida a uma nova seleccedilatildeo de acordo com o

controle de qualidade da empresa Geralmente verifica-se a contaminaccedilatildeo

microbioloacutegica e macroscoacutepica No caso dos laboratoacuterios de fitoteraacutepicos

tambeacutem satildeo analisados os constituintes quiacutemicos

Nas induacutestrias de alimentos as folhas rasuradas sofrem nova fragmentaccedilatildeo e

satildeo envasadas em embalagens de 10 a 30 g eou na forma de saches teabag

e embaladas em caixas de papelatildeo sendo comercializadas de forma

semelhante a outros chaacutes Ao chegar ao consumidor final na forma de folhas

rasuradas e embaladas o preccedilo varia entre R$3000 a 5000kg em

embalagens de 05 a 1 kg e entre R$8000 a R$10000Kg em embalagens de

10 a 30 g

Nos laboratoacuterios de fitoteraacutepicos as formas de apresentaccedilatildeo da espinheira-

santas satildeo (a) em saches ou a granel misturadas a ervas para problemas

digestivos numa composiccedilatildeo preacute-definida (b) em caacutepsulas gelatinosas

contendo 350 a 400 mg de folhas moiacutedas (c) em tintura de espinheira-santa

para cuja obtenccedilatildeo as folhas satildeo submetidas agrave extraccedilatildeo geralmente

hidroalcooacutelica (d) em comprimidos para o que se utiliza o extrato seco das

folhas

8 Mercado e comercializaccedilatildeo

Geralmente a venda eacute feita pelo proprietaacuterio do secador em grandes

quantidades para intermediaacuterios laboratoacuterios de fitoteraacutepicos ou induacutestrias

alimentiacutecias (Figura 3) Alguns produtores para agregar valor fazem

embalagens com pequenas quantidades (10 a 30 g) que comercializam em

feiras e mercados como alimento Esta forma de comercializaccedilatildeo eacute feita por

produtores que tecircm faacutecil acesso a um mercado consumidor significativo como

Figura 3 Fluxograma de produccedilatildeo e comercializaccedilatildeo de espinheira-santa (Maytenus ilicifolia)

por exemplo supermercados farmaacutecias ou feiras Entretanto haacute muitas

exigecircncias impostas pela legislaccedilatildeo de vigilacircncia sanitaacuteria para

comercializaccedilatildeo diretamente ao consumidor final Os atacadistas situados em

sua grande maioria no estado de Satildeo Paulo adquirem o produto no Paranaacute e

distribuem para as demais regiotildees do Brasil e tambeacutem para o exterior Eacute

comum que empresas do Paranaacute adquiram folhas de espinheira-santa

originaacuterias do proacuteprio Estado dos atacadistas de Satildeo Paulo Isto reflete a

falta de organizaccedilatildeo dos produtores que natildeo conseguiram ainda divulgar a

regiatildeo como centro produtor de plantas medicinais

As induacutestrias alimentiacutecias apoacutes embalar o produto revendem-no para os

supermercados Os laboratoacuterios de fitoteraacutepicos apoacutes fabricar o medicamento

normalmente realizam a comercializaccedilatildeo por meio de distribuidores de

produtos farmacecircuticos ou diretamente para grandes redes de farmaacutecias que

realizam a distribuiccedilatildeo internamente

9 Poliacuteticas relacionadas com a exploraccedilatildeo e comercializaccedilatildeo

A produccedilatildeo e comercializaccedilatildeo da espinheira-santa estaacute sujeita agrave legislaccedilatildeo

ambiental e agrave de vigilacircncia sanitaacuteria A primeira estabelece as normas para

registro de pessoas fiacutesicas ou juriacutedicas que consomem exploram ou

comercializam mateacuteria-prima florestal inclusive produtos florestais natildeo

madeireiros (Brasil 1985 Brasil 1995 Brasil 2000) Os coletores sabem que

devem obter registro de coletor e comerciante de plantas nativas junto aos

oacutergatildeos de fiscalizaccedilatildeo ambiental estadual e federal (respectivamente Instituto

Ambiental do Paranaacute IAP e Instituto Brasileiro de Meio Ambiente IBAMA) A

legislaccedilatildeo prevecirc ainda que ao realizar a coleta de uma planta os coletores e

produtores devem ter uma autorizaccedilatildeo fornecida com base num plano de

manejo Este plano deve apresentar as teacutecnicas e estrateacutegias que seratildeo

adotadas para garantir a sustentabilidade da exploraccedilatildeo

Na delegacia do IBAMA do Paranaacute haacute somente dois coletores de plantas

medicinais registrados poreacutem eles natildeo apresentam regularmente pedidos de

autorizaccedilatildeo de coleta acompanhados dos respectivos planos de manejo No

periacuteodo em que efetuamos esta pesquisa o oacutergatildeo estadual ainda natildeo havia

definido as normas que devem ser seguidas pelos interessados na obtenccedilatildeo

das autorizaccedilotildees de coleta de plantas

Uma das razotildees eacute que natildeo se dispotildee ainda de todas as informaccedilotildees teacutecnicas

necessaacuterias para a elaboraccedilatildeo do plano Apesar de oacutergatildeos de pesquisa e de

extensatildeo e das universidades estarem realizando estudos com o objetivo de

estabelecer os criteacuterios teacutecnicos natildeo existia ateacute 2002 nenhum plano de

manejo efetivamente implantado

Outro problema eacute a falta de integraccedilatildeo na atuaccedilatildeo dos oacutergatildeos de fiscalizaccedilatildeo

federal estadual e municipal o que torna a regularizaccedilatildeo junto a estes oacutergatildeos

muito complexa e cara para os produtores

Para que o produtor possa comercializar seu produto no varejo ele deve

atender agraves exigecircncias da legislaccedilatildeo sanitaacuteria que estatildeo muito acima da

capacidade econocircmica da maioria dos coletores e agricultores O produto

deve ainda estar dento dos limites estabelecidos de contaminaccedilatildeo por

microorganismos Quando o produto eacute apresentado como fitoteraacutepico as

exigecircncias aumentam ainda mais envolvendo seu registro com comprovaccedilatildeo

dos constituintes quiacutemicos marcadores e da atividade farmacoloacutegica e a

padronizaccedilatildeo do produto Ateacute mesmo os laboratoacuterios tecircm dificuldade em

atender as exigecircncias da legislaccedilatildeo atual Natildeo obstante o produto chega ao

mercado nas mais variadas formas envasado em sachecircs em caacutepsulas como

tintura misturado a ervas para problemas gaacutestricos entre outras

10 Influecircncia do ambiente na produccedilatildeo de compostos bioativos e perspectivas para o melhoramento geneacutetico de espinheira-santa

A influecircncia do ambiente na produccedilatildeo de polifenoacuteis totais polifenoacuteis natildeo

tanantes e taninos em M ilicifolia foram estudados por Radomski (1998) tendo

sido observado que a luminosidade eacute o principal fator que influencia na

produccedilatildeo destes compostos Plantas que se encontram em pleno sol

apresentam maior concentraccedilatildeo destas substacircncias As correlaccedilotildees entre

luminosidade e polifenoacuteis totais (083) polifenoacuteis natildeo tanantes (092) e taninos

(078) foram altas e significativas

Foram observadas diferenccedilas na morfologia foliar e na concentraccedilatildeo de taninos

em folhas de M ilicifolia de diferentes procedecircncias no Rio Grande do Sul

(Bernardi amp Wasicki 1959) Folhas de plantas desenvolvidas a pleno sol eram

menores com espinhos nas margens em nuacutemero reduzido e apresentavam

maior concentraccedilatildeo de taninos Em plantas de espinheira-santa desenvolvidas

em ambiente com alta luminosidade Radomski (1998) observou que as folhas

das plantas eram mais amareladas mais espessas e com espinhos mais

pronunciados caracterizando formas tiacutepicas de adaptaccedilatildeo de plantas de

sombra expostas agrave luz solar total A autora avaliou a aacuterea foliar o peso de

folhas e o peso especiacutefico de folhas em ambientes com diferentes intensidades

luminosas A aacuterea foliar foi menor e o peso especiacutefico das folhas foi maior nas

plantas desenvolvidas a pleno sol quando comparadas agraves dos outros

ambientes com menor luminosidade O peso especiacutefico de folhas apresentou

altas correlaccedilotildees para concentraccedilatildeo de polifenoacuteis totais (087) polifenoacuteis natildeo

tanantes (082) e taninos (083) Estes compostos contribuem para o

incremento da biomassa foliar Radomski et al (2004) relata a grande

influecircncia do ambiente sobre a composiccedilatildeo fitoquiacutemica da espinheira-santa

como concentraccedilotildees diferenciadas de taninos e polifenoacuteis totais em plantas

coletadas em ambientes diferentes

A autora destaca tambeacutem que os ramos de M ilicifolia podem contribuir com

uma parcela significativa na produccedilatildeo de compostos fitoteraacutepicos como

taninos e polifenoacuteis totais

Em trabalho envolvendo a anaacutelise fitoquiacutemica em populaccedilotildees de M ilicifolia do

Mato Grosso do Sul Paranaacute Santa Catarina e Rio Grande do Sul Mossi

(2003) observou uma grande variabilidade ndash que foi maior dentro das

populaccedilotildees ndash para concentraccedilatildeo dos metaboacutelitos secundaacuterios limoneno geranil

acetato aacutecido palmiacutetico fitol esqualeno vitamina E stigmasterol friedelan-3-

ol friedelin friedelan-3-one Atraveacutes de anaacutelise de agrupamentos (UPGMA) o

autor natildeo identificou uma relaccedilatildeo entre os grupos formados e as caracteriacutesticas

ambientais dos locais de coleta o que pode indicar uma maior influecircncia das

variaacuteveis locais como microclima insolaccedilatildeo condiccedilotildees nutricionais do solo

idade da planta entre outros sobre a concentraccedilatildeo dos compostos analisados

do que as condiccedilotildees macro ambientais

Foram observadas por Buffa Filho et al(2002) diferenccedilas nas concentraccedilotildees

de triterpenos entre plantas com morfologia de folha diferentes sendo que os

compostos 22 hidroximaitenina e celastrol foram encontrados em plantas de

dois tipos morfoloacutegicos

O melhoramento geneacutetico em plantas medicinais visa produzir variedades que

possuam alto rendimento de substacircncias desejadas e que as mantenham em

niacuteveis conhecidos para padronizar a dosagem quando da aplicaccedilatildeo

farmacoloacutegica (Oliveira et al 2003) Eacute importante o aumento da massa seca

eou fresca ou ainda o aumento do teor de princiacutepios ativos em determinado

oacutergatildeo vegetal de modo que estas caracteriacutesticas sejam mantidas nas geraccedilotildees

seguintes O produto do melhoramento de plantas medicinais eacute o princiacutepio ativo

ou o fitocomplexo Outros objetivos satildeo resistecircncia a pragas e doenccedilas e

toleracircncia a condiccedilotildees adversas de ambiente

Como o ambiente tem grande influecircncia na produccedilatildeo de metaboacutelitos

secundaacuterios a interaccedilatildeo genoacutetipo x ambiente eacute um fator importante para ser

analisado no melhoramento de plantas medicinais A possibilidade do melhor

genoacutetipo em um ambiente natildeo o ser em outro influencia o ganho de seleccedilatildeo e

dificulta a recomendaccedilatildeo de cultivares com ampla adaptabilidade (Cruz amp

Regazzi 2001) O conhecimento da herdabilidade dos caracteres de interesse

tambeacutem eacute fundamental para que a seleccedilatildeo seja aplicada com sucesso de

forma que o valor fenotiacutepico de um caraacuteter possa servir como guia para o valor

geneacutetico (aditividade) (Carvalho et al 2001)

Em teste de progecircnies realizado com espinheira-santa Mariot (2005)

identificou uma alta herdabilidade para todos os caracteres (velocidade de

emergecircncia estatura de planta diacircmetro agrave base do caule taxa de crescimento

tamanho de folha e nuacutemero de espinhosfolha) o que evidencia o forte controle

do fator geneacutetico sobre o fenoacutetipo O autor observou ainda altos valores para os

coeficientes de variaccedilatildeo geneacuteticos (CVG) que aliado aos baixos valores para

os coeficientes de variaccedilatildeo devido ao erro experimental (CVE) proporcionaram

iacutendices maiores que 10 para o quociente (relaccedilatildeo CVGVE) em todas as

variaacuteveis analisadas o que eacute um bom indicador para seleccedilatildeo em programas de

melhoramento Este resultado eacute importante para a seleccedilatildeo com base em

caracteres relacionados com o crescimento pois a espinheira-santa eacute

considerada de crescimento lento O tamanho de folha em espinheira-santa

caso apresente relaccedilatildeo com o aumento da biomassa e maior concentraccedilatildeo de

metaboacutelitos secundaacuterios que tenham accedilatildeo farmacoloacutegica pode ser um caraacuteter

importante de se considerar na seleccedilatildeo em programas de melhoramento Os

altos iacutendices dos paracircmetros geneacuteticos evidenciados em trabalho desenvolvido

por Mariot (2005) mostram a eficiecircncia na seleccedilatildeo para estes caracteres

Considerando a necessidade de uniformidade nos teores de princiacutepios ativos

exigidos pelas induacutestrias farmacecircuticas e o fato da espinheira santa ser de

fecundaccedilatildeo cruzada os programas de melhoramento desta espeacutecie que vise

atender estas exigecircncias deve utilizar a propagaccedilatildeo vegetativa

Estudos relacionados agrave cultura de tecidos de M ilicifolia e M aquifolium

tornam-se portanto fundamentais Na aacuterea de biotecnologia foi citado por

Corsino et al (1998a) o uso de Agrobacterium como vetor para aumentar a

produccedilatildeo de triterpenos em programa de melhoramento geneacutetico de espinheira

santa

O conhecimento da associaccedilatildeo entre caracteres eacute de grande importacircncia nos

trabalhos de melhoramento principalmente se a seleccedilatildeo em um deles

apresenta dificuldades em razatildeo da baixa herdabilidade eou tenha problemas

de mediccedilatildeo e identificaccedilatildeo (Cruz amp Regazzi 2001) Para tanto o melhorista

pode estimar as correlaccedilotildees fenotiacutepicas e genotiacutepicas o que pode contribuir no

processo de seleccedilatildeo No caso das espeacutecies medicinais esta ferramenta eacute

muito importante devido ao alto custo das anaacutelises para determinar e

quantificar metaboacutelitos secundaacuterios com potencial farmacoloacutegico como as que

envolvem cromatografia Em espinheira-santa a morfologia foliar estaacute

relacionada com os tipos e a concentraccedilatildeo de triterpenos (Buffa Filho et al

2002) portanto se for identificada correlaccedilatildeo entre estes caracteres a seleccedilatildeo

indireta atraveacutes da morfologia foliar pode vir a ser uma boa estrateacutegia de

seleccedilatildeo

11 Etapas do processo de secagem por aspersatildeoO processo de secagem por aspersatildeo consiste de trecircs etapas fundamentais

Na primeira fase o fluiacutedo eacute disperso como gotiacuteculas produzindo uma grande

aacuterea superficial Na segunda ocorre contato destas com uma corrente de ar

aquecido havendo transferecircncia de calor

Na terceira etapa acontece a evaporaccedilatildeo do solvente e a formaccedilatildeo da partiacutecula soacutelida

121 Ilustraccedilatildeo da Planta Espinheira- Santa

Com a transferecircncia de calor do ar aquecido agraves gotiacuteculas o liacutequido da

superfiacutecie evapora-se rapidamente As partiacuteculas solidificadas geralmente

apresentam o mesmo tamanho e forma da gotiacutecula que as originou Na uacuteltima

etapa o produto de secagem eacute transportado por uma corrente de ar sendo

posteriormente coletado (Broadhead et al 1992 Shaw 1997 Rankell et al

2001) A evaporaccedilatildeo superficial da gotiacutecula conduz agrave formaccedilatildeo de uma

camada de material seco externa Atraveacutes desta camada o liacutequido situado no

interior da gotiacutecula propaga-se para o exterior Dependendo da elasticidade e

da permeabilidade da crosta seratildeo produzidos distintos materiais secos como

esferas intactas com superfiacutecie imperfeita ou fragmentada soacutelidas ou ocas

(Rankell et al 2001) A Figura 2 apresenta foto micrografias de dois extratos

diferentes de Maytenus ilicifolia secos por spray drying com disco giratoacuterio em

torre de secagem por aspersatildeo Os extratos foram produzidos da mesma

maneira utilizando temperatura de entrada de 180 degC velocidade do aspersor

de 9500 rpm e 30 de Aerosil (Oliveira 2008)

12 Fatores que influenciam o processoUm das respostas mais relevantes afetada pelas condiccedilotildees de operaccedilatildeo do

processo eacute a qualidade do produto resultante As variaacuteveis devem ser

controladas visando agrave obtenccedilatildeo de rendimento e de teor de umidade

adequados estabilidade quiacutemica minimizaccedilatildeo da aderecircncia de partiacuteculas na

cacircmara de secagem (sticking) e caracteriacutesticas tecnoloacutegicas especiacuteficas As

propriedades do produto satildeo normalmente determinadas pelos fatores

relacionados agraves caracteriacutesticas do material de entrada e do processamento

isto eacute paracircmetros de operaccedilatildeo e equipamento (Quadro 1)

131 Influecircncia do material de entradaEntre os fatores relacionados agraves caracteriacutesticas do material de entrada o uso

de adjuvantes na teacutecnica de secagem por aspersatildeo eacute uma praacutetica muito

comum Satildeo utilizados como adjuvantes neste processo amido ciclodextrinas

dioacutexido de siliacutecio coloidal fosfato tricaacutelcico gelatina goma araacutebica lactose

maltodextrina entre outros (Vasconcelos et al 2005 Silva Juacutenior et al 2006)

Para a secagem de extratos derivados de plantas a seleccedilatildeo e o uso adequado

de adjuvantes no processo de spray drying eacute uma fase de fundamental

importacircncia visto que determina a estabilidade e a qualidade dos mesmos

podendo inclusive afetar as caracteriacutesticas de biodisponibilidade

13 Atividades farmacoloacutegicas da espinheira-santa A espinheira-santa (M ilicifolia) eacute uma planta que possui atividades

farmacoloacutegicas comprovadas entre elas a atividade antiulcerogecircnica Essas

atividades estatildeo ligadas a substacircncias quiacutemicas que satildeo os polifenoacuteis

(flavonoides e taninos) e os triterpenos Haacute fatores como a composiccedilatildeo quiacutemica

do solo onde essa planta estaacute sendo cultivado o local de plantio a teacutecnica de

colheita a secagem da planta e o processamento poacutes-colheita que influenciam

diretamente nos teores de princiacutepio ativo da planta podendo assim gerar

variaccedilotildees das atividades farmacoloacutegicas (NEGRI 2007)

141 Atividade gaacutestricaDe acordo com alguns estudos (Carlini amp Frochtengerten 1988 Ming et al

1998 Coulaud- Cunha et al 2004 Carvalho et al 2008) a M ilicifolia

apresenta accedilatildeo contra uacutelcera peacuteptica e gastrite Coulaud- Cunha et al (2004)

relatam que a accedilatildeo da M ilicifolia na uacutelcera peacuteptica e gastrite envolve mais de

um mecanismo de accedilatildeo ainda natildeo conclusivamente elucidados e natildeo se deve

somente a um principio ativo especifico mas a diferentes fitocomplexos Foi

demonstrado por Pereira et al (1993) e por Ming et al (1998) que tanto os

taninos principalmente a epigalocatequina quanto os oacuteleos essenciais em

especial o fridenelol satildeo responsaacuteveis por parte dos efeitos gastroprotetores

Carlini amp Frochtengarten (1988) por sua vez em estudos realizados com o

abafado da M ilicifolia relatam que quanto maior o tempo do tratamento maior

seraacute a gastroproteccedilatildeo sem entretanto haver alteraccedilotildees no pH Tal observaccedilatildeo

pode ser confirmada por Ferreira et al (2004) que em estudos com extrato

aquoso liofilizado das folhas de M ilicifolia em sapos comprovou que esse

possui efeito inibitoacuterio sobre os mediadores H2 da histamina nas ceacutelulas

parietais esses segundo Gilman (1989) quando estimulados causam a

ativaccedilatildeo da adenililciclase iniciando uma seacuterie de alteraccedilotildees morfoloacutegicas e

bioquiacutemicas complexas que leva ao aumento da secreccedilatildeo gaacutestrica

funcionando como um antagonista H2 aleacutem de inibir o efeito da gastrina Foi

demonstrado ainda que tanto a epigalocatequina (tanino) quanto o fridenelol

(oacuteleo essencial) satildeo responsaacuteveis por parte do efeito protetor da mucosa

gaacutestrica (Pereira et al 1993 Ming et al 1998)

142 Atividade antiulcerogecircnicaSegundo Sousa-Formigoni et al (1991) foi comprovada a atividade

antiulcerogecircnica da espinheira-santa (M ilicifolia) por experimentos feitos em

ratos nos quais os animais foram induzidos a terem uacutelceras gaacutestricas por meio

de indometacina e por estresse quando estes foram submetidos a baixas

temperaturas e por serem imobilizados Apoacutes a aplicaccedilatildeo de um extrato

liofilizado de espinheira-santa houve uma reduccedilatildeo do nuacutemero de uacutelceras e um

aumento do volume e pH da secreccedilatildeo gaacutestrica

Em estudos de mecanismos celulares e moleculares da accedilatildeo de produtos

naturais com o isolamento de substacircncias bioativas da M ilicifolia

responsaacuteveis pela accedilatildeo antissecretora aacutecida gaacutestrica os resultados obtidos

confirmam essas accedilotildees Foram utilizados nesses experimentos extratos

aquosos das partes aeacutereas da planta e os princiacutepios ativos tecircm funccedilatildeo de

inibidores da bomba de proacutetons etapa final comum das vias reguladoras da

secreccedilatildeo aacutecida gaacutestrica (BOSSOLANI 2000)

143 Atividade antimicrobianaEstudos pioneiros como o de Lima et al (1969) jaacute demonstravam que a

maitenina exibe forte atividade antimicrobiana contra vaacuterias bacteacuterias Gram

positivas Tais efeitos foram corroborados com a demonstraccedilatildeo que os extratos

das folhas e raiacutezes tecircm efeito antimicrobiano para vaacuterios patoacutegenos dentre

eles Staphylococcus aureus e Streptococcus sp

144 Atividade sobre o Sistema Nervoso CentralSegundo Alonso (1998) o extrato de M ilicifolia possui atividade sedativa que

potencializa (efeito sineacutergico) o sono por barbituacutericos em camundongos

145 Atividades abortiva e sobre a espermatogecircnese

De acordo com Montanari et al (1998) o extrato etanoacutelico de M Ilicifolia

quando administrado em altas doses em camundongos suiacuteccedilos apesar de

causar leves alteraccedilotildees como ceacutelulas germinativas imaturas esfoliadas mortes

celulares ocasionais aumento de gotiacuteculas lipiacutedicas em ceacutelulas de Sertoli e

inchamento de acrossomas entre outras natildeo foi suficiente para acarretar

danos agrave espermatogecircnese

Jaacute em testes realizados em camundongos (fecircmeas e graacutevidas) administrando-

se oralmente extrato hidroalcooacutelico (70) de folhas de espinheira-santa (M

ilicifolia) observou-se um decreacutescimo significativo do nuacutemero de embriotildees

indicando uma perda embrionaacuteria antes do periacuteodo de implantaccedilatildeo Poreacutem

natildeo houve maacute-formaccedilatildeo ou mortes fetais depois do periacuteodo de implantaccedilatildeo

Esse extrato possui atividade estrogecircnica que pode interferir na receptividade

uterina ao embriatildeo (MONTANARI BEVILAQUA 2002)

146 Atividades antimutagecircnica e anticanceriacutegenaConforme Horn e Vargas (2003) o extrato aquoso de M ilicifolia foi eficaz em

aproximadamente 75 das doses testadas exibindo boas respostas

antimutagecircnicas ou um decreacutescimo sugestivo Em estudos realizados por

Queiroga et al (2007) foi avaliada a fraccedilatildeo ativa antiulcerogecircnica da M

ilicifolia na atividade anticanceriacutegena apresentando resultados citostaacuteticos

satisfatoacuterios De acordo com Itokawa et al (1993) o composto pristimerina foi o

mais eficiente na accedilatildeo citotoacutexica podendo ser uacutetil no tratamento de tumores

147 Atividade antioxidante e otoprotetoraDe acordo com Mattei e Carlini (1998) um extrato aquoso liofilizado de

espinheira-santa (M ilicifolia) foi testado in vitro em homogenato de ceacuterebro de

ratos e exerceu uma importante atividade antioxidante inibindo o processo de

lipoperoxidaccedilatildeo

Usando-se extrato etanoacutelico de M ilicifolia foi confirmado que a casca da raiz

tem um poder antioxidante pelo fato de possuir em sua base compostos com a

capacidade sequestradora de radicais livres (VELLOSA et al 2006)

Conforme Santos et al (2010) foram comprovadas propriedades antioxidantes

dos extratos brutos e de componentes individuais de M Ilicifolia por possiacuteveis

associaccedilotildees sineacutergicas de substacircncias fenoacutelicas e triterpenos

quinonametiacutedeos comparados agrave rutina como composto fenoacutelico modelo

De acordo Kasse et al (2008) foi realizado um estudo com ratos (fecircmeas) em

que esses animais foram submetidos agrave substacircncia cisplatina e posteriormente

tratados com extrato de M ilicifolia para avaliar a atividade otoprotetora da

planta Foram realizados e avaliados os exames de emissotildees otoacuacutesticas por

produtos de distorccedilatildeo por potencial de tronco encefaacutelico antes e depois de

administraccedilatildeo de cisplatina e por fim por microscopia eletrocircnica de varredura

Os resultados mostraram que apesar de apresentar atividades antioxidantes a

M ilicifolia foi incapaz de bloquear o efeito citotoacutexico do composto quiacutemico

administrado nas cobaias

Segundo Negri et al (2009) a atividade antioxidante do extrato etanoacutelico de M

ilicifolia estaacute intimamente ligada agrave sua temperatura de secagem Testes

realizados para avaliaccedilatildeo do poder antioxidante os quais foram os meacutetodos de

formaccedilatildeo de complexo com fosfomolibdecircnio e atividade antioxidante em

relaccedilatildeo agrave reduccedilatildeo de um radical utilizando-se o DPPH (22-difenil-1-

picnilhidrazila) em que foram levadas em consideraccedilatildeo diferentes

temperaturas usualmente utilizadas para secagem (40 50 60 70 e 80˚C)

demostraram melhor atividade antioxidante na temperatura de 40˚C e

gradativamente quanto maior a temperatura realizada nos testes menor o

poder antioxidante Por fim o estudo mostrou a importacircncia do controle de

temperatura para a melhor efetividade nesse quesito da planta

Em estudos de Pessuto et al (2009) foram avaliados extratos e compostos

isolados de M Ilicifolia em relaccedilatildeo agrave capacidade antioxidante Os extratos

brutos e semipurificados foram estudados por meio de ensaios de

fosfomolibdecircnio (complexo) e de DPPH (22-difenil-1-picnilhidrazila) nos quais

os resultados mostraram que a fraccedilatildeo com acetato de etila teve melhor

capacidade antioxidante em relaccedilatildeo ao extrato bruto e fraccedilatildeo aquosa

possivelmente por conter maior nuacutemero de hidroxilas fenoacutelicas (pela

capacidade de sequestro dos radicais livres) e tambeacutem em relaccedilatildeo agraves

substacircncias trolox e vitamina C

148 Atividades antinociceptiva e anti-inflamatoacuteria De acordo com Nakamura et al (1994) o extrato etanoacutelico de folhas de M

ilicifolia conteacutem uma fraccedilatildeo de quercetina-3-O-glicosiacutedeo e essa substacircncia

quiacutemica foi avaliada pelo teste de aacutecido aceacutetico e formalina em ratos obtendo-

se resultados satisfatoacuterios para atividades analgeacutesicas e anti-inflamatoacuterias

Por meio de testes realizados em camundongos e ratos foi provocado um

edema nas patas desses animais por meio de injeccedilatildeo de 002 ml de

formaldeiacutedo (soluccedilatildeo a 092) utilizando-se como controle soluccedilatildeo salino

Apoacutes 120 minutos foi aplicado extrato hexacircnico e acetato de etila das folhas

(M ilicifolia) administrados por via oral nas doses de 80 160 320 e 340 mgkg

Os animais foram sacrificados apoacutes 4 horas Em um segundo ensaio foi

administrada por injeccedilatildeo soluccedilatildeo de carragenina a 1 e os extratos da planta

foram dados por via oral nas doses de 80 160 320 e 340 mgkg Os resultados

obtidos mostraram uma atividade antinociceptiva para os dois extratos

principalmente nas doses de 320 e 340 mgkg sendo esse teste importante

para uma alternativa cliacutenica na terapecircutica anti-inflamatoacuteria e antiulcerogecircnica

(JORGE et al 2004)

14 Toxicidade efeitos adversos e contraindicaccedilatildeo da espinheira-santa

Foi realizado um estudo toxicoloacutegico com 24 voluntaacuterios sendo 12 homens e

12 mulheres de 20 a 40 anos de idade selecionados previamente por meio de

avaliaccedilatildeo cliacutenica exames hematoloacutegicos e bioquiacutemicos e avaliaccedilatildeo

psicomotora com o objetivo de estabelecer um intervalo maacuteximo de seguranccedila

no uso de M ilicifolia As doses foram administradas de maneira crescente e

natildeo houve um grupo controle pois os exames iniciais foram considerados

como valores basais para efeito comparativo A dose inicial foi fixada em 100

mg por adulto sendo administradas doses subsequentes de 200 500 1000

1500 e 2000 mg com intervalos de uma semana para cada dose A anaacutelise dos

resultados revelou que natildeo houve efeitos significativos nos valores dos

principais paracircmetros hematoloacutegicos e bioquiacutemicos e tambeacutem natildeo foram

observadas alteraccedilotildees nas funccedilotildees hepaacuteticas pancreaacuteticas e renais

Hormocircnios lipiacutedeos glicose soacutedio potaacutessio caacutelcio e foacutesforo tambeacutem

mantiveram valores considerados normais (TABACH et al 2002)

Em relaccedilatildeo aos efeitos adversos a M ilicifolia natildeo possui algum que justifica a

interrupccedilatildeo do tratamento Entre os mais comuns destacam-se cefaleia

sonolecircncia boca seca naacuteuseas dor articular nas matildeos gosto estranho na

boca tremor nas matildeos cistite e poliuacuteria (TABACH et al 2002) Poreacutem

segundo Amaral et al (2005) natildeo eacute recomendado o uso pediaacutetrico pela

ausecircncia de testes Ensaios realizados em ratos mostraram perda embrionaacuteria

antes do periacuteodo de implantaccedilatildeo portanto essa planta natildeo eacute recomendada em

casos de gravidez (MONTANARI BIVILACQUA 2002)

De acordo com estudos realizados em camundongos o abafado de M ilicifolia

foi administrado nesses animais em doses ateacute 360 vezes maiores que a

utilizada pelo homem durante um periacuteodo de dois a trecircs meses Como

resultados natildeo houve mudanccedilas no peso comportamento temperatura

paracircmetros bioquiacutemicos e hematoloacutegicos desses animais (OLIVEIRA CARLINI

1988)

15 FarmacocineacuteticaO modelo da farmacocineacutetica da espinheira-santa eacute estudado por meio de seus

taninos natildeo condensados Epigalocatequina marcada foi administrada por via

oral sendo os picos plasmaacuteticos observados 60 min apoacutes a ingestatildeo Apoacutes

uma dose de 500 mgkg foram detectadas concentraccedilotildees tissulares de 123

mmol no plasma 484 mmol no fiacutegado e 565 mmol no intestino delgado

(Nakagawa amp Miyazawa 1997) Depois da administraccedilatildeo oral de

epigalocatequina-3-galato marcada com triacutetio a ratos cerca de 6 da dose eacute

eliminada na urina e 24 nas fezes nas primeiras 24 horas Uma segunda

dose dada duas horas apoacutes a primeira eleva em cerca de 4 a 6 vezes a

concentraccedilatildeo no plasma e em alguns tecidos Esses dados sugerem uma

meia-vida longa e eliminaccedilatildeo lenta da epigalocatequina-3-galato No final das

24 horas os animais foram sacrificados e essa substacircncia pocircde ser encontrada

no rim ceacuterebro fiacutegado pacircncreas intestino e ossos (Suganuma et al 1998)

Num outro estudo foi avaliada a afinidade da epigalocatequina-3-galato agraves

proteiacutenas do soro Apoacutes uma dose oral a ratos mais de 50 da

epigalocatequina-3-galato absorvida ligou-se agrave proteiacutena do plasma

especialmente a fibronectina o fibrinogecircnio e a HRGP( Histidin Rich

Glicoprotein) proteiacutena plasmaacutetica com 74 kdaltons cuja funccedilatildeo ainda eacute pouco

conhecida (Sazuka et al 1996)

16 PreparaccedilatildeoTendo sido reconhecida a espeacutecie com que se vai trabalhar torna-se

necessaacuterio que se disponha desta espeacutecie em quantidade suficiente para

atender a demanda relacionada a produccedilatildeo do fitoteraacutepico replicaccedilatildeo da

espeacutecie e respectivo controle de qualidade Par a atingir este objetivo a

espeacutecie deve ser cultivada na extensatildeo adequada ao fim que se propotildee tendo-

se aleacutem dos cuidados inerentes ao cultivo de qualquer espeacutecie vegetal a

precauccedilatildeo de nunca utilizar pesticidas ou agrotoacutexicos na aacuterea de cultivo Nos

parece claro que a opccedilatildeo pelo fitoteraacutepico deve vir acompanhada do desejo de

seguranccedila o que natildeo seria conseguido se fossem deixados resiacuteduos de

agrotoacutexicos ou de pesticidas na espeacutecie que iraacute ser usada como mateacuteria-prima

para a produccedilatildeo de medicamento Veja no item 24 os ensaios que devem ser

efetuados no sentido de identificar e quantificar a presenccedila destes e de outros

contaminantes

Dispondo-se entatildeo da espeacutecie vegetal botanicamente selecionada cultivada

sem o uso de agentes quiacutemicos contaminantes iremos seguir tantos passos

quantos sejam necessaacuterios para preparar a espeacutecie vegetal numa droga capaz

de ser armazenada e processada para resultar num preparado intermediaacuterio uacutetil

na preparaccedilatildeo de fitoteraacutepicos Estes passos podem ser enumerados como

sendo Coleta Monda Estabilizaccedilatildeo Secagem Trituraccedilatildeo e Armazenamento

A execuccedilatildeo e finalidade de cada um se acham descrito a seguir

A Coleta eacute realizada atraveacutes da retirada da parte usada da planta procurando

sempre o material mais saudaacutevel em completo desenvolvimento (a menos que

especificado em (contraacuterio como ocorre com a gema terminal de Psidium

guajava) e com o miacutenimo de contaminantes (poeira poluiccedilatildeo adubo insetos

colocircnia de microrganismos etc) A distribuiccedilatildeo de substacircncias

farmacologicamente ativas nas plantas medicinais natildeo se daacute de maneira

homogecircnea em toda a extensatildeo da planta Portanto eacute de se esperar que

apenas alguma parte de uma dada espeacutecie podem ser utilizadas com finalidade

terapecircutica

Atraveacutes de consulta agraves diversas farmacopeias e tratados sobre plantas

medicinais encontramos descriccedilotildees sobre a parte a ser usada de cada espeacutecie

medicinal Pode-se em alguns casos observar que diferentes partes de uma

mesma planta apresentam propriedades inteiramente diferentes como por

exemplo a Punica granam (romatildezeira) cujas cascas do caule satildeo teniacutefugas e

as cascas dos frutos tecircm propriedades anti-inflamatoacuteria e antibioacutetica Em outros

casos toda a planta pode ser utilizada com a mesma finalidade como a

Phylanthus niruri (quebra-pedra) Torna-se imperioso portanto que antes de

qualquer outra etapa da preparaccedilatildeo de uma forma farmacecircutica fitoteraacutepica se

conheccedila qual ou quais partes da espeacutecie escolhida pode ser utilizada

A coleta deve respeitar para cada espeacutecie o melhor periacuteodo correspondente

agravequele onde a espeacutecie apresenta maior teor em substacircncias ativas Tendo isto

em mente relacionamos a seguir orientaccedilotildees geneacutericas quanto ao periacuteodo de

coleta

Formas farmacecircuticas de fitoteraacutepicosPoacute

Eacute a forma farmacecircutica obtida apoacutes a secagem trituraccedilatildeo e tamisaccedilatildeo da

droga Segundo a sua finalidade devem apresentar a tenuidade adequada

conforme a tabela a seguir Pode ser dispensado para uso na preparaccedilatildeo de

chaacutes ou adicionado agrave alimentaccedilatildeo (leite sucos mel etc) O envase deve cuidar

para que natildeo haja absorccedilatildeo de umidade

Formas soacutelidas

Caacutepsulas

Eacute a forma farmacecircutica obtida pela deposiccedilatildeo ordenada da droga seca

triturada e tamisada em caacutepsulas gelatinosas duras ou pelo encapsulamento

de liacutequidos ou semissoacutelidos de natureza lipofiacutelica em caacutepsulas gelatinosas

moles O invoacutelucro rosa utilizado eacute geralmente de natureza proteica e satildeo

portanto incompatiacuteveis com drogas tacircnicas por exemplo Cuidado especial

deve ser tomado com a umidade temperatura e pressatildeo exercida sobre as

caacutepsulas durante o armazenamento e transporte Estes fatores podem levar a

desidrataccedilatildeo ou hidrataccedilatildeo das caacutepsulas que as tornam quebradiccedilas ou

deformadas e coladas Durante a preparaccedilatildeo das caacutepsulas deve-se cuidar para

que o peso das caacutepsulas obtidas seja o mais uniforme possiacutevel podendo-se

garantir isso pela pesagem da quantidade de poacute necessaacuteria para o enchimento

de um nuacutemero determinado de caacutepsulas

O enchimento das caacutepsulas ocorre na oficina farmacecircutica em tabuleiros

especiais constituiacutedos em acriacutelico PVC ou outro poliacutemero apresentando-se no

modelo mais simples apenas como uma base fixa que se encaixa a uma outra

moacutevel e perfurada que recebe o corpo das caacutepsulas sem as tampas A seguir

se distribui de forma homogecircnea a quantidade estipulada de poacute em todas as

caacutepsulas valendo-se de uma espaacutetula plaacutestica e de um dispositivo especial

para prensar o conteuacutedo no interior das caacutepsulas Finalizado o enchimento as

partes super oires (tampas) das caacutepsulas satildeo recolocadas fechando-as e

determina-se o peso meacutedio das mesmas embalando-as imediatamente

A capacidade das caacutepsulas eacute proporcional agrave densidade do poacute e ao tamanho

das caacutepsulas que eacute padronizado em 08 (oito) diferentes tipos listados a seguir

com as respectivas dimensotildees e capacidades em mililitros

Controle de Qualidade

Todas as etapas utilizadas durante o processamento da droga devem ser

monitoradas atraveacutes de ensaios que possam atestar a qualidade da mateacuteria-

prima dos produtos intermediaacuterios e do produto final acabado O objetivo final

tanto do processamento adequado quanto agrave avaliaccedilatildeo da qualidade eacute a

garantia de que o que estaacute sendo produzido na forma como ocorre o processo

produtivo estaacute conduzindo agrave obtenccedilatildeo de um produto com as caracteriacutesticas

necessaacuterias agrave utilizaccedilatildeo para o tratamento de doenccedilas

Droga

A avaliaccedilatildeo da qualidade da droga utilizada na obtenccedilatildeo de fitoteraacutepicos no

Programa Farmaacutecias-Vivas onde o cultivo das espeacutecies vegetais eacute efetuado

pelo laboratoacuterio fabricante do produto deve ser realizada sob os seguintes

aspectos

- Considerando que a droga a ser utilizada corresponde agrave espeacutecie vegetal

esperada conhece-se suas caracteriacutesticas macromorfoloacutegicas aleacutem das suas

caracteriacutesticas sensoriais constituindo a primeira avaliaccedilatildeo que eacute a identidade

da droga

- Determinaccedilatildeo da umidade da droga fresca que deve ser diferenciada de

perda por dessecaccedilatildeo pois outras substacircncias volaacuteteis aleacutem da aacutegua satildeo

evaporadas Pode ser determinada atraveacutes do ensaio volumeacutetrico de Karl

Fischer ou pelo ensaio gravimeacutetrico submetendo a droga a dessecaccedilatildeo em

temperatura ambiente em dessecador com siacutelica ou aacutecido sulfuacuterico

- Mesmo a droga morfologicamente normal pode natildeo apresentar seus

constituintes ativos na quantidade desejada sendo necessaacuterio que sejam

realizados ensaios de identificaccedilatildeo e quantificaccedilatildeo de ativos ou de marcadores

atraveacutes das mais diversas teacutecnicas gravimeacutetrica volumeacutetrica

espectrofotomeacutetrica cromatograacutefica etc

- Avaliaccedilatildeo da contaminaccedilatildeo microbiana da droga principalmente se a mesma

tiver de ser utilizada sem qualquer processamento posterior As drogas que

seratildeo transformadas em uma forma extrativa em soluccedilatildeo hidro-alcooacutelica pode

ter sua carga microbiana reduzida pelo efeito antisseacuteptico do solvente

Preparado Intermediaacuterio

As formas extrativas satildeo obtidas em condiccedilotildees que nem sempre conseguem

retirar a totalidade das substacircncias ativas soluacuteveis no solvente escolhido devido

a diversos fator ES como o tempo e temperatura de maceraccedilatildeo pH do

solvente distribuiccedilatildeo granulomeacutetrica da droga sua umidade residual teor de

substacircncias ativas e velocidade de percolaccedilatildeo Justifica-se entatildeo a

necessidade da realizaccedilatildeo de ensaios de avaliaccedilatildeo da qualidade das formas

extrativas incluindo avaliaccedilotildees fiacutesico-quiacutemicas como aparecircncia cor odor

solubilidade densidade pH e viscosidade avaliaccedilotildees quiacutemicas como o perfil

cromatograacutefico e dosagem das substacircncias ativas ou marcador e avaliaccedilatildeo

microbioloacutegica da quantidade de microrganismos viaacuteveis

Fitoteraacutepico

Independente da forma farmacecircutica final eacute necessaacuterio que sejam realizadas

avaliaccedilotildees na qualidade do produto final da mesma forma que eacute exigido para

os demais tipos de medicamentos Listamos a seguir os ensaios realizados

para cada forma farmacecircutica lembrando que devem ser acrescentados os

ensaios quiacutemicos e microbioloacutegicos

Prazo de Validade

Considerando a jaacute difiacutecil realizaccedilatildeo da avaliaccedilatildeo da qualidade das drogas

utilizadas na obtenccedilatildeo de fitoteraacutepicos pode-se compreender que o

acompanhamento do processo cineacutetico de degradaccedilatildeo dos constituintes do

medicamento natildeo eacute uma estar efe faacutecil No entanto esta avaliaccedilatildeo pode se dar

em diversos niacuteveis

- Avaliaccedilatildeo da estabilidade fiacutesica

Para cada tipo de forma farmacecircutica satildeo descritas as caracteriacutesticas tiacutepicas

como cor odor limpidez densidade viscosidade pH etc que observadas

para um mesmo lote ao longo do tempo de armazenamento forneceratildeo

informaccedilotildees sobre a integridade fiacutesica da formulaccedilatildeo

- Avaliaccedilatildeo da estabilidade quiacutemica

A utilizaccedilatildeo de recursos laboratoriais desde os mais simples ateacute os mais

sofisticados permitem o acompanhamento qualitativo eou quantitativo dos

princiacutepios ativos contidos no produto fitoteraacutepico Por exemplo atraveacutes do

ensaio limite de taninos por diluiccedilotildees sucessivas e adiccedilatildeo de cloreto feacuterrico

pode-se ter uma medida semi-quantitativa do teor destas substacircncias nas

preparaccedilotildees que o contenham Evoluindo a utilizaccedilatildeo de teacutecnica

cromatograacutefica em camada delgada sobre papel ou siacutelica permite a

determinaccedilatildeo do perfil cromatograacutefico para o produto de modo que possa ser

comparado com o obtido em lotes posteriores ou com o mesmo lote ao longo do

tempo de armazenamento

- Avaliaccedilatildeo da estabilidade microbioloacutegica

A verificaccedilatildeo do niacutevel de contaminaccedilatildeo microbiana numa preparaccedilatildeo

medicamentosa fornece informaccedilotildees sobre o niacutevel de higienizaccedilatildeo empregado

durante o processamento da droga ateacute a obtenccedilatildeo do medicamento A

observaccedilatildeo deste mesmo paracircmetro ao longo do tempo fornece informaccedilotildees

sobre a composiccedilatildeo conservante utilizada no produto e a forma de

armazenamento

Teacutecnicas Gerais

Os ensaios laboratoriais de avaliaccedilatildeo da qualidade da droga compreendem

basicamente

- Observaccedilatildeo macroscoacutepica e microscoacutepica da droga fresca e seca inteira e

triturada comparando com o descrito em farmacopeias ou com modelos

botanicamente certificados

- Determinaccedilatildeo de umidade na droga fresca e naquela seca e triturada

evidenciando a quantidade de aacutegua contida na droga receacutem-coletada na droga

s eca e a efetividade do processo de secagem utilizada

- Identificaccedilatildeo e dosagem de substacircncias ativas ou marcadores realizada na

droga seca e triturada onde atraveacutes do acompanhamento da evoluccedilatildeo ao

longo do tempo e o cruzamento dos dados entre os locais e condiccedilotildees de

cultivo seraacute possiacutevel a determinaccedilatildeo das condiccedilotildees ideais para a manutenccedilatildeo

da qualidade das espeacutecies vegetais

- Determinaccedilatildeo da quantidade de mateacuteria orgacircnica estranha na droga seca

triturada grosseiramente demonstrando se a coleta monda secagem e

trituraccedilatildeo foram realizadas a contento sem o risco de contaminaccedilatildeo com outras

espeacutecies

- Determinaccedilatildeo de resiacuteduos de pesticidas para monitorar a forma de realizaccedilatildeo

do controle de pestes atraveacutes da identificaccedilatildeo e dosagem de pesticidas

- Determinaccedilatildeo da presenccedila de arsecircnio e metais pesados como componentes

que satildeo responsaacuteveis por intoxicaccedilotildees e por incompatibilidades nas

preparaccedilotildees liacutequidas de fitoteraacutepicos

- Determinaccedilatildeo da quantidade de microrganismos viaacuteveis atraveacutes da contagem

em placa a de diluiccedilotildees obtidas a partir do liacutequido de lavagem das drogas

evidenciando o grau de contaminaccedilatildeo e a possiacutevel e indesejaacutevel presenccedila de

microrganismos potencialmente patogecircnicos

Garantia de Qualidade

Na produccedilatildeo de fitoteraacutepicos do mesmo modo como ocorre com qualquer outro

medicamento natildeo pode negligenciar qualquer procedimento que possa conduzir

a diminuiccedilatildeo da qualidade do produto final A qualidade se reflete na

reprodutibilidade da qualidade do produto avaliada em laboratoacuterio e no

acompanhamento da sua eficaacutecia terapecircutica e seguranccedila Isto soacute pode ser

conseguido quando para cada forma farmacecircutica de fitoteraacutepico forem

registradas as operaccedilotildees farmacecircuticas que devem ser seguidas agrave risca suas

medidas de controle e definiccedilatildeo das responsabilidades para cada uma das

etapas do processamento

Apenas como ilustraccedilatildeo tomemos como exemplo a produccedilatildeo da tintura de

Alecrim-pimenta (Lippia sidoides Cham) O iniacutecio da preocupaccedilatildeo com a

qualidade se daacute com a seguranccedila de que a espeacutecie cultivada seja realmente

aquela que se deve coletar e em seguida em coletar a parte que realmente

deve ser utilizada e de plantas com aspecto saudaacutevel de desenvolvimento para

a qual as condiccedilotildees de cultivo tenham se apresentado como satisfatoacuterias A

monda que se segue agrave coleta retirando as partes improacuteprias agrave preparaccedilatildeo do

fitoteraacutepico daacute continuidade ao passo anterior na busca de alcanccedilar a qualidade

desejada O processo de dessecaccedilatildeo ocorrendo agrave sombra e agrave temperatura

ambiente preservando os constituintes quiacutemicos ativos e diminuindo a

influecircncia da umidade da planta sobre a sua qualidade e a da soluccedilatildeo extrativa

a ser obtida faz com que a droga obtida possa ser utilizada como mateacuteria-prima

para a obtenccedilatildeo de medicamento O cuidadoso processo de trituraccedilatildeo sem

elevar a temperatura durante o processo e reduzindo a perda de poacute para o

ambiente tambeacutem representa um processo que deve ser realizado com a

devida atenccedilatildeo Depois disso a droga seca e triturada deve ser armazenada

em condiccedilotildees que preservem sua qualidade pelo tempo necessaacuterio ateacute sua

utilizaccedilatildeo com as devidas inscriccedilotildees que atestem sua fonte data de coleta e de

processamento e respectivos responsaacuteveis

A preparaccedilatildeo da soluccedilatildeo hidro-alcooacutelica que seraacute utilizada no processo extrativo

tambeacutem deve ser realizada com bastante cuidado pois a mateacuteria-prima deve

apresentar a qualidade compatiacutevel com sua utilizaccedilatildeo para a produccedilatildeo de

medicamentos aacutegua purificada e aacutelcool farmacecircutico Deve-se observar a

legislaccedilatildeo atual sobre aacutelcool que exige a desnaturaccedilatildeo do aacutelcool

comercializado em farmaacutecias e supermercados e assim natildeo deve servir como

excipiente farmacecircutico Enfim todos os processos interferem com a qualidade

do produto final a ser obtido e devem ser realizados corretamente e as

operaccedilotildees registradas em documento proacuteprio buscando a rastreabilidade de

cada lote de cada produto

Outra etapa da garantia da qualidade essencial para sua implantaccedilatildeo eacute a

validaccedilatildeo de equipamentos e de processos que busca uma evidecircncia

documentada de que os mesmos cumprem satisfatoriamente sua finalidade

quando utilizados ou realizados corretamente

Estas evidecircncias devem ser conseguidas antes mesmo de se iniciar a utilizaccedilatildeo

das instalaccedilotildees para produccedilatildeo de medicamentos Naqueles jaacute em

funcionamento a validaccedilatildeo pode ser realizada atraveacutes da documentaccedilatildeo da

produccedilatildeo passada ou seja uma validaccedilatildeo retrospectiva

Para a produccedilatildeo de medicamentos em pequena escala que natildeo venha a

caracterizar uma produccedilatildeo industrial deve-se buscar a adequaccedilatildeo das

condiccedilotildees de produccedilatildeo armazenamento e dispensaccedilatildeo do produto atraveacutes da

Resoluccedilatildeo RDC ndeg 33 de abril de 2000 que descreve os criteacuterios de Boas

Praacuteticas de Manipulaccedilatildeo

Para a produccedilatildeo industrial de medicamentos a legislaccedilatildeo que trata das Boas

Praacuteticas de Fabricaccedilatildeo e Garantia de Qualidade eacute a Resoluccedilatildeo RDC ndeg 210 de

04 de agosto de 2003 As especificaccedilotildees legais da legislaccedilatildeo sanitaacuteria

brasileira e de outros paiacuteses para materiais vegetais devem incluir tanto quanto

possiacutevel o seguinte

- Nome botacircnico c om referecircncia aos autores

- Detalhes da fonte da planta (paiacutes ou regiatildeo de origem cultivo eacutepoca da

colheita procedimentos de colheita possiacuteveis pesticidas utilizados etc)

- Descriccedilatildeo do material vegetal inspeccedilatildeo visual macro eou microscoacutepica

- Testes de identificaccedilatildeo apropriados incluindo quando convenientes testes de

identificaccedilatildeo para ingredientes ativos conhecidos ou marcadores

- Ensaios quando convenientes dos constituintes de atividade terapecircutica ou

marcadores

- Meacutetodos apropriados para determinaccedilatildeo de possiacuteveis contaminaccedilotildees por

pesticidas e os limites aceitos

- Testes para metais pesados e contaminantes semelhantes materiais

estranhos e adulterantes

- Testes para radiaccedilatildeo aflatoxinas e contaminaccedilatildeo microbiana

Qualquer tratamento usado para reduzir contaminaccedilotildees focircnicas e microbianas

ou outras infestaccedilotildees devem ser documentadas Instrumentos para tais

procedimentos devem ser acessiacuteveis e devem incluir detalhes dos processos

testes e limites residuais

Para a realidade do programa Farmaacutecias-Vivas onde natildeo satildeo utilizados

pesticidas as plantas satildeo cultivadas no local proacuteximo de onde ocorre a

produccedilatildeo do medicamento ou satildeo de origem na mesma regiatildeo e satildeo

processadas logo apoacutes a coleta satildeo feitas exigecircncias menores que as

estabelecidas para maiores escalas de produccedilatildeo Nem assim devemos deixar

de registrar todas as operaccedilotildees realizadas com a droga desde o seu cultivo ateacute

a dispensaccedilatildeo do produto fitoteraacutepico

Dispensaccedilatildeo

Estivemos sempre discorrendo sobre qualidade do produto a ser obtido desde

o cultivo da espeacutecie correta da coleta da parte usada e o seu processamento

mantendo intactos os princiacutepios ativos Conhecemos os motivos que levam a

toda esta preocupaccedilatildeo com a qualidade a responsabilidade do profissional que

o produz e a eficaacutecia e a seguranccedila necessaacuterias para o paciente que o utiliza

Portanto resta-nos dispensar o fitoteraacutepico para que este apresente estas

caracteriacutesticas trans formando o paciente num parceiro consciente do seu

papel no uso cor reto deste recurso terapecircutico

O resgate das praacuteticas populares agora respaldadas pelos estudos cientiacuteficos

seacuterios que atestam a eficaacutecia e seguranccedila das espeacutecies utilizadas no programa

Farmaacutecias-Vivas pode ser abordado no momento da dispensaccedilatildeo do

medicamento ou atraveacutes de apresentaccedilotildees coletivas organizadas e realizadas

pelo Farmacecircutico Alguns cuidados merecem ser observados para natildeo se

incorrer em riscos desnecessaacuterios

- Natildeo referendar o uso de plantas cujo estudo cientiacutefico natildeo tenha apresentado

dados sobre sua eficaacutecia e seguranccedila

- Natildeo recomendar o uso de qualquer planta medicinal para o tratamento de

doenccedilas sem a devida recomendaccedilatildeo meacutedica especializada ou natildeo

- Natildeo recomendar a utilizaccedilatildeo de planta que nos seja desconhecida tanto no

aspecto teoacuterico quanto praacutetico

- Natildeo sugerir a utilizaccedilatildeo de quaisquer praacuteticas com ou sem uso de plantas

medicinais que possa representar um risco potencial ou real de dano fetal

Para nos resguardarmos de quaisquer erros precisamos nos manter atualizados

quanto aos benefiacutecios e riscos da utilizaccedilatildeo das espeacutecies medicinais com as

quais trabalhamos dada agrave impossibilidade de conhecer todas as demais Os

dados obtidos durante a dispensaccedilatildeo e acompanhamento dos pacientes aleacutem

daqueles obtidos durante os ensaios controlados de toxicologia e farmacologia

cliacutenica forneceratildeo a necessaacuteria seguranccedila para realizarmos a dispensaccedilatildeo e

cada vez mais desfazermos o mito do natural ser inoacutecuo

Como exemplo da relaccedilatildeo risco x benefiacutecio de uma preparaccedilatildeo fitoteraacutepica

apresentamos as seguintes informaccedilotildees sobre o Elixir de Aroeira que em

muitos aspectos natildeo houve a quantificaccedilatildeo da intensidade dos efeitos beneacuteficos

nem adversos nem de interaccedilotildees

Forma Medicamento Fitoteraacutepico- Caacutepsula ESPINHEIRA SANTA Maytenus ilicifolia Celastraceae

Medicamento fitoteraacutepico

Parte utilizada Folhas

Nomenclatura popularEspinheira santa cancerosa cancorosa-de-sete-espinhos cancrosa

espinheira-divina espinho-de-Deus maiteno erva-cancrosa erva-santa

ApresentaccedilotildeesCaacutepsula dura - Extrato seco das folhas de Maytenus ilicifolia 380 mg -

Embalagem com 3 bliacutesters contendo 15 caacutepsulas cada

Via oral

Uso adulto

Composiccedilatildeo

Cada caacutepsula conteacutem

Extrato seco de Maytenus ilicifolia380 mg

Excipiente qsp 1 caacutepsula (amido)

equivalente a 133 mg de taninos totais

Informaccedilotildees ao pacientePara que este medicamento eacute indicado

Espinheira Santa eacute indicada para o tratamento da maacute digestatildeo e como

coadjuvante no tratamento de uacutelcera do estocircmago e duodeno

Como este medicamento funciona

Espinheira Santa atua como regulador das funccedilotildees estomacais e promove a

proteccedilatildeo da mucosa gaacutestrica

Quando natildeo devo usar este medicamentobull O medicamento deve ser evitado por menores de 12 anos de idade devido agrave

falta de estudos disponiacuteveis

bull Lactaccedilatildeo e gravidez visto que pode diminuir a secreccedilatildeo de leite e pode

provocar contraccedilotildees uterinas

bull Hipersensibilidade (alergia) a qualquer um dos componentes da foacutermula ou a

outras plantas da famiacutelia Celastraceae

O que devo saber antes de usar este medicamentoPrecauccedilotildees e advertecircncias

bull De acordo com a categoria de risco de faacutermacos destinados agraves mulheres

graacutevidas este medicamento apresenta categoria de risco C Este medicamento

natildeo deve ser utilizado por mulheres graacutevidas sem orientaccedilatildeo meacutedica ou do

cirurgiatildeo dentista

Interaccedilotildees medicamentosas

bull A administraccedilatildeo concomitante de M ilicifolia com bebidas alcooacutelicas e outros

medicamentos natildeo eacute recomendada pois natildeo existem estudos disponiacuteveis

sobre as interaccedilotildees medicamentosas deste fitoteraacutepico

Informe seu meacutedico ou cirurgiatildeo-dentista se vocecirc estaacute fazendo uso de algum

outro medicamento

Onde como e por quanto tempo posso guardar este medicamentoCuidados de conservaccedilatildeo

Espinheira Santa deve ser conservada em temperatura ambiente (entre 15 e

30ordmC) em sua embalagem original Proteger da luz e da umidade

Prazo de validade24 meses apoacutes a data de fabricaccedilatildeo impressa no cartucho

Nuacutemero de lote e datas de fabricaccedilatildeo e validade vide embalagem

Natildeo use medicamento com o prazo de validade vencido

Guarde-o em sua embalagem original

Caracteriacutesticas fiacutesicasCaacutepsulas gelatinosas duras de cor creme

Caracteriacutesticas organoleacutepticas

Cheiro (odor) caracteriacutestico e praticamente natildeo apresenta sabor

Antes de usar observe o aspecto do medicamento Caso ele esteja no prazo

de validade e vocecirc observe alguma mudanccedila no aspecto consulte o

farmacecircutico para saber se poderaacute utilizaacute-lo

Todo medicamento deve ser mantido fora do alcance das crianccedilas

Como devo usar este medicamentoModo de usar

As caacutepsulas devem ser ingeridas inteiras e com uma quantidade suficiente de

aacutegua para que possam ser deglutidas

Posologia

Ingerir duas caacutepsulas via oral trecircs vezes ao dia de oito em oito horas

Siga corretamente o modo de usar Em caso de duacutevidas sobre este

medicamento procure orientaccedilatildeo do farmacecircutico Natildeo desaparecendo os

sintomas procure orientaccedilatildeo de seu meacutedico ou cirurgiatildeo-dentista

Este medicamento natildeo deve ser partido aberto ou mastigado

O que devo fazer quando eu me esquecer de usar este medicamentoCaso haja esquecimento da ingestatildeo de uma dose deste medicamento

retomar a posologia prescrita sem a necessidade de suplementaccedilatildeo

Em caso de duacutevidas procure orientaccedilatildeo do farmacecircutico ou de seu meacutedico ou

do cirurgiatildeo-dentista

Que males este medicamento pode causarReaccedilotildees adversas

Ateacute o momento natildeo foram relatadas reaccedilotildees adversas graves ou que coloquem

em risco a sauacutede dos pacientes

Raramente podem ocorrer casos de hipersensibilidade Neste caso suspender

o uso e procurar orientaccedilatildeo meacutedica

Informe seu meacutedico cirurgiatildeo-dentista ou farmacecircutico do aparecimento de

reaccedilotildees indesejaacuteveis pelo uso do medicamento

Induacutestria Brasileira

Esta bula foi atualizada conforme Bula Padratildeo aprovada pela Anvisa em

12012011

Farmacecircutica resp Dra (Nome )

CRF-PR nordm XXXX Coacuted XXXXX - 012011

Informe tambeacutem agrave empresa atraveacutes do seu Serviccedilo de

Atendimento ao Consumidor

O que fazer se algueacutem usar uma quantidade maior do que a indicada deste medicamentoPlantas ricas em taninos como a M ilicifolia quando usadas em doses

excessivas podem causar irritaccedilatildeo da mucosa gaacutestrica e intestinal gerando

vocircmitos coacutelicas intestinais e diarreia

Em caso de super dosagem suspender o uso e procurar orientaccedilatildeo meacutedica de

imediato Em caso de uso de grande quantidade deste medicamento procure

rapidamente socorro meacutedico e leve a embalagem ou bula do medicamento se

possiacutevel Siga corretamente o modo de usar natildeo desaparecendo os sintomas

procure orientaccedilatildeo meacutedica

Conclusatildeo

A espinheira-santa (M ilicifolia) eacute um fitoteraacutepico de relevante accedilatildeo terapecircutica

principalmente antiulcerogecircnica dada sua eficaacutecia farmacoloacutegica e seguranccedila

Vale lembrar que por ausecircncia de estudos ela natildeo eacute recomenda para crianccedilas

e natildeo deve ser usada por gestantes pois estudos em camundongos (fecircmeas e

graacutevidas) indicaram um decreacutescimo significativo do nuacutemero de embriotildees aleacutem

de possuir atividade estrogecircnica que pode interferir na receptividade uterina do

embriatildeo Entre suas atividades farmacoloacutegicas destaca-se a atividade

antiulcerogecircnica que pode ser comparada agrave accedilatildeo da ranitidina e da cimetidina

Por ser morfologicamente parecida com as espeacutecies S bonplandii e Z ilicifolia

ela eacute comumente confundida e ateacute mesmo trocada intencionalmente

A utilizaccedilatildeo de maneira errocircnea das espeacutecies botacircnicas que natildeo satildeo a

verdadeira espinheira-santa (M ilicifolia) pode acarretar danos agrave sauacutede dos

pacientes Assim conclui-se que essas espeacutecies conhecidas como

adulterantes podem trazer malefiacutecios pois ainda faltam estudos que

comprovem suas atividades farmacoloacutegicas e principalmente a seguranccedila

terapecircutica Poreacutem natildeo se deve descartar o uso dessas espeacutecies e sim

realizar estudos mais concretos para que essas plantas assim como a

verdadeira espinheira-santa possam auxiliar no tratamento farmacoloacutegico da

populaccedilatildeo

Referecircncias Bibliograacuteficas

Ralph Santos-Oliveira Simone Coulaud-Cunha Waldeciro Colaccedilo

Revisatildeo da Maytenus ilicifolia Mart ex Reissek Celastraceae

Contribuiccedilatildeo ao estudo das propriedades farmacoloacutegicas Rev Bras

Farmacogn Braz J Pharmacogn 19(2B) AbrJun 2009

Wilker Marlon de Moraes Jesus Tarciacutesio Neves da Cunha Estudo das

propriedades farmacoloacutegicas da espinheira-santa (Maytenus ilicifolia

Mart ex Reissek) e de duas espeacutecies adulterantes Revista Sauacutede e

Desenvolvimento vol ndash nordm 1 Jan ndash Jun 2012

MARIOT MP1 BARBIERI RL2 Engenheiro Agrocircnomo Dr prof do

Conjunto Agroteacutecnico ldquoVisconde da GraccedilardquoUniversidade Federal de

Pelotas (mariotufpeltchebr) ndash Av Ildefonso Simotildees Lopes 2791

Pelotas-RS CEP 96060-290 2Bioacuteloga Dr pesquisadora da Embrapa

Clima Temperado (barbiericpactembrapabr) ndash BR 392 km 78 caixa

postal 403 Pelotas-RS CEP 96001-970 (endereccedilo para

correspondecircncia) Metaboacutelitos secundaacuterios e propriedades medicinais da

espinheira-santa (Maytenus ilicifolia Mart ex Reiss e M aquifolium

Mart)

CARLINI EA Braz S Efeito protetor do liofilizado obtido do abafado de

Maytenus Sp (espinheira-santa) contra uacutelcera gaacutestrica experimental em

ratos In Estudo da accedilatildeo antiuacutelcera gaacutestrica de plantas brasileiras

(Maytenus ilicifolia) Espinheira santa e outras Brasiacutelia CEMEAFIP

1988 p21-35MACAUBAS CIP et al Estudo da eventual accedilatildeo

antiuacutelcera gaacutestrica do baacutelsamo (Sedum sp) folha da fortuna

(Bryophyllum calcium) couve (Brassica oleraceae) e da Espinheira

santa (Maytenus ilicifolia) em ratos In Estudo da accedilatildeo antiuacutelcera

gaacutestrica de plantas brasileiras (Maytenus ilicifolia) Espinheira santa e

outras Brasiacutelia CEMEAFIP 1988 p 5-20

Olivia Werner Oliveira Pedro Ros Petrovick Secagem por aspersatildeo

(spray drying) de extratos vegetais bases e aplicaccedilotildees Revista

Brasileira de Farmacognosia Brazilian Journal of Pharmacognosy 20(4)

641-650 AgoSet 2010

Marianne Christina Scheffer Capitulo 17 Produccedilatildeo de espinheira-santa

(Maytenus ilicifolia Mart ex Reiss) na regiatildeo metropolitana de Curitiba

Paranaacute Brasil

Said gonccedilalves da cruz fonsacircca Farmacoteacutecnica de Fitoteraacutepicos2005

ilicifolia apresenta epiderme adaxial e abaxial glabras com ceacutelulas poligonais

de paredes levemente espessadas retas e cutiacutecula de aspecto granulado Foi

observada a presenccedila de cristais prismaacuteticos nas ceacutelulas epideacutermicas e

tambeacutem de raacutefides Os estocircmatos estatildeo restritos agrave epiderme abaxial e com

frequumlecircncia apresentam cinco ceacutelulas subsidiaacuterias muito pouco diferenciadas

das ceacutelulas epideacutermicas comuns Em corte transversal as epidermes se

apresentam uniestratificadas com ceacutelulas baixas e tabulares e cutiacutecula

relativamente espessa O mesoacutefilo eacute dorsiventral com duas camadas de

parecircnquima paliccedilaacutedico O parecircnquima lacunoso eacute relativamente compacto com

cerca de seis a sete camadas de ceacutelulas As nervuras menores e as

terminaccedilotildees vasculares apresentam uma bainha de fibras esclerenquimaacuteticas

As sementes de M ilicifolia podem ser classificadas como ortodoxas e

estocadas a -20ordmC por um longo periacuteodo em cacircmara fria (Eira et al 1995) M

aquifolium tambeacutem conhecida como espinheira-santa eacute descrita por Carvalho-

Okano (1992) como um arbusto ou aacutervore medindo cerca de 15-12 m de

altura Apresenta ramos novos glabros ciliacutendrico-achatados folhas cartaacuteceas

glabras peciacuteolo com 05-10 cm de comprimento estiacutepulas inconspiacutecuas limbo

com 60-190 cm de comprimento e 20-60 cm de largura nervura primaacuteria

proeminente em ambas as faces nervuras secundaacuterias subsalientes forma

eliacuteptica ou mais comumente oblongo-eliacuteptica base aguda ou obtusa aacutepice

agudo a obtuso com mucron margem com muitos espinhos serrada A

Inflorescecircncia eacute em fasciacuteculos multifloros apresentando pedicelos florais com

04-07 cm de comprimento As seacutepalas satildeo ovais com cerca de 04 cm de

comprimento e 03 cm de largura Os estames apresentam filetes achatados na

base O estigma eacute seacutessil ou com estilete distinto ovaacuterio saliente ou imerso

totalmente no disco carnoso O fruto eacute uma caacutepsula bivalvar orbicular o

pericarpo maduro apresenta coloraccedilatildeo castanho-avemelhada O florescimento

de espinheira-santa ocorre entre os meses de setembro a dezembro e a

frutificaccedilatildeo de outubro a fevereiro (Carvalho-Okano 1992) A frutificaccedilatildeo ocorre

durante um periacuteodo relativamente longo iniciando no Estado do Rio

Grande do Sul seguido por Santa Catarina e por uacuteltimo o Paranaacute (Scheffer amp

Arauacutejo1998) As espeacutecies de espinheira-santa satildeo aloacutegamas Os estudos da

accedilatildeo farmacoloacutegica da espinheira-santa tecircm sido realizados utilizando

principalmente as folhas pois eacute a parte da planta que normalmente eacute utilizada

pela populaccedilatildeo nas infusotildees ou pela induacutestria farmacecircutica para elaboraccedilatildeo de

medicamentos Alguns estudos foram feitos com a raiz pois existem relatos do

uso esporaacutedico desta parte da planta por algumas pessoas para o tratamento

de doenccedilas Em um levantamento do uso da espinheira-santa pelas

comunidades rurais Mariot (2005) identificou um agricultor que utiliza o chaacute

das raiacutezes da espinheirasanta para o tratamento de diabetes Com relaccedilatildeo agrave

localizaccedilatildeo da produccedilatildeo de metaboacutelitos secundaacuterios nas plantas de

espinheirasanta Corsino et al (2000) ao estudarem a biossiacutentese de

triterpenoacuteides em M aquifolium identificaram que as folhas produzem 3b-

friedelanol e friedelina (friedelano) e raiacutezes acumulam maitenina e pristimerina

(quinonametiacutedicos) Os triterpenos derivados de friedelano uma vez

biossintetizados nas folhas satildeo translocados para as raiacutezes e posteriormente

transformados nos triterpenoacuteides quinonametiacutedicos que apresentam accedilatildeo

antitumor Estes triterpenoacuteides natildeo foram encontrados em folhas somente em

raiacutezes Os flavonoacuteides satildeo encontrados em todos os oacutergatildeos das plantas

(Zuanazzi 2001) Existem flavonoacuteides que satildeo encontrados em um oacutergatildeo e em

outros natildeo ou quando existe o mesmo composto em mais de um oacutergatildeo este

pode apresentar diferentes concentraccedilotildees Estes compostos estatildeo localizados

nos vacuacuteolos cloroplastos e cromoplastos (Cardoso et al 2001) Os taninos

ocorrem nos vacuacuteolos e plastiacutedios (Salisbuty amp Ross 1992)

Figura A - Folhas de espinheira-santa (a uacuteltima eacute M aquifolium e as demais

satildeo M ilicifolia) B - flores de espinheira-santa C - ramo com frutos e sementes

de Maytenus ilicifolia

4 Aspectos quiacutemico-bioloacutegicosOs compostos com accedilatildeo bioativa de importacircncia na farmacologia satildeo

produzidos atraveacutes da biossiacutentese dos metaboacutelitos secundaacuterios que estaacute

esquematizado na Figura 1 Nesta figura pode ser observada a formaccedilatildeo dos

principais metaboacutelitos identificados na espinheira-santa como os taninos

flavonoacuteides e terpenos grupo em que estatildeo inseridos os triterpenos

O gecircnero Maytenus eacute rico em espeacutecies com potencial medicinal tendo sido

identificados vaacuterios compostos com accedilatildeo farmacoloacutegica Di Stasi (2004) em

uma revisatildeo sobre compostos bioativos em espeacutecies de Maytenus relata a

presenccedila de pristimerina um triterpeno do tipo friedelano com accedilatildeo

antimalaacuterica e compostos fenoacutelicos com atividade inibitoacuteria sobre a replicaccedilatildeo

do viacuterus HIV-1 em M senegalensis Em M canariensis foram isoladas

nortriterpenos com atividade antibioacutetica e sesquiterpenos com atividade

inseticida M macrocarpa apresenta nortriterpenos denominados

macrocarpinas os quais satildeo citotoacutexicos sesquiterpenos com atividade

leishmanicida e triterpenos do tipo friedelano Triterpenoacuteides do tipo friedelano

tambeacutem foram isolados desta espeacutecie por Chavez et al (1998) Foi evidenciado

por Kennedy et al (2001) a accedilatildeo leishmanicida de sesquiterpenos isolados de

M magellanica e M chubutensis

FIGURA 1 Representaccedilatildeo simplificada do ciclo biossinteacutetico dos metaboacutelitos

secundaacuterios terpenoacuteides flavonoacuteides e taninos condensados que ocorrem em

espinheira-santa (adaptado de Santos 2001)

Entre os compostos bioativos em espinheirasanta (M ilicifolia e M aquifolium)

que podem ter accedilatildeo antiulcerogecircnica e anti-gaacutestrica destacam-se os

triterpenos Os triterpenoacuteides satildeo compostos constituiacutedos basicamente de trinta

unidades de carbono ndash seis isoprenos (Cardoso et al 2001) A maioria possui

em sua constituiccedilatildeo hidroxilas que podem ser glicosiladas produzindo os

heterosiacutedeos cardiotocircnicos importantes agentes terapecircuticos para doenccedilas

cardiovasculares e as saponinas Biossinteticamente satildeo derivados de

condensaccedilatildeo de duas moleacuteculas de farnesilpirofosfato (FPP) unidas cauda-

cauda produzindo o esqualeno precursor aciacuteclico desta classe de compostos

(Figura 2) A provaacutevel ciclizaccedilatildeo da moleacutecula de esqualeno leva agrave formaccedilatildeo da

estrutura baacutesica dos triterpenoacuteides o ciclopentanohidrofenantreno importante

precursor dos esteroacuteides vegetais e animais e das saponinas triterpecircnicas As

saponinas triterpenoacuteides apresentam trecircs tipos de estruturas baacutesicas oleanos

ursanos e lupanos Os triterpenos denominados cangoronina e ilicifolina foram

identificados por Itokawa et al (1991) em M ilicifolia Eles satildeo do tipo

friedelano e foram fracionados junto com outros sete triterpenos jaacute conhecidos

FIGURA 2 Biossiacutentese de triterpenoacuteides (adaptado de Cardoso et al 2001)

Os autores mostraram que alguns destes compostos tecircm accedilatildeo citotoacutexica

como por exemplo a pristimerina ndash que foi a mais eficiente ndash indicando que

podem ser uacuteteis no tratamento de tumores Trabalho semelhante foi

desenvolvido por Shirota et al (1994) que elucidaram a estrutura de alguns

triterpenos aromaacuteticos Estes compostos mostraram atividade citotoacutexica

moderada contra um nuacutemero de linhagens de ceacutelulas de tumor cultivadas As

estruturas de outros dois triterpenos diacutemeros denominados cangorosina A e

cangorosina B foram elucidadas por Shirota et al (1997) em extrato de raiacutezes

de M ilicifolia Quatro novos triterpenoacuteides ndash maytefolina A-C (1-3) e uvaol-3-

caffeate (4) ndash aleacutem de outros triterpenos foram isolados de folhas de M

ilicifolia por Ohsaki et al (2004) Os autores identificaram a accedilatildeo citotoacutexica do

triterpenoacuteide eritrodiol

Apesar de a literatura destacar os triterpenos como os principais compostos

bioativos em espinheira-santa Corsino et al (1998b) destacaram que a famiacutelia

Celastraceae eacute uma fonte rica de sesquiterpenos Os autores isolaram e

elucidaram a estrutura quiacutemica de dois sesquiterpenos a aquifoliulina E-I e a

aquifoliulina EII Ao verificarem a accedilatildeo citotoacutexica do extrato de M aquifolium

em mutantes de Saccharomyces cerevisiae eles sugeriram que os

sesquiterpenos podem ser os principais responsaacuteveis por causar pequenos

danos no DNA Em outro trabalho Corsino et al (1998c) isolaram e elucidaram

a estrutura de outros dois sesquiterpenos a aquifoliulina E-III e a aquifoliulina

E-IV Os triterpenos maitenina e 22- hidroximaitenina satildeo membros de um

pequeno grupo de produtos naturais peculiares agraves espeacutecies das famiacutelias

Celastraceae e Hippocrateaceae com potencial anti-cacircncer (Corsino et al

1998a) A ligaccedilatildeo da maitenina ao DNA sugere uma interaccedilatildeo celular que pode

elucidar a atividade antitumor Os autores mostraram que estes compostos satildeo

efetivos contra carcinoma epidermoacuteide Foi identificada a accedilatildeo antiuacutelcera

gaacutestrica da espinheira-santa em ratos com accedilatildeo semelhante ao medicamento

cimetidina Dois triterpenos jaacute relatados na literatura o friedelan-3-ol e o

friedelan-3-on foram identificados em extrato de M ilicifolia sendo sugeridos

como substacircncias bioativas no tratamento das enfermidades estomacais

Os autores acima citados isolaram e identificaram maitenina e 22

hidroximaitenina a partir de calos oriundos de explantes de folhas de M

aquifolium ndash atraveacutes de HPLC ndash cultivados em dois meios de cultura com

diferentes concentraccedilotildees de cinetina O rendimento dos triterpenos no meio

com menor concentraccedilatildeo de cinetina foram maiores do que no outro A cultura

de tecidos parece entatildeo ser uma fonte contiacutenua e estaacutevel de compostos de

espeacutecies de Maytenus conforme proposto por Pereira et al (1993)

Os autores estabeleceram um protocolo para organogecircnese total de placircntulas

de M ilicifolia de matrizes selecionadas para produccedilatildeo de compostos para

estudos fitoquiacutemicos utilizando como explante gemas axilares

Derivados dos triterpenos friedelano satildeo tiacutepicos das famiacutelias Celastraceae e

Hippocrateaceae (Buffa Filho et al 2002) Estes autores atraveacutes do

desenvolvimento de um meacutetodo HPLC (High Performance Liquid

Chromatography) fase-reversa para a quantificaccedilatildeo de triterpenos em cinco

tipos morfoloacutegicos de Maytenus ilicifolia identificaram os compostos 20 1048576-

hidroximaitenina e 22 hidroximaitenina em baixa concentraccedilatildeo aleacutem de

maitenina celastrol e pristimerina em alta concentraccedilatildeo

Os triterpenos friedelan-3-ol friedelina (Figura 3) e compostos polifenoacutelicos

presentes em M ilicifolia e M aquifolium satildeo citados por Cordeiro et al (1999)

como componentes eficientes no tratamento de uacutelceras e gastrites estomacais

Os autores caracterizaram triterpenos de extratos ndash obtidos por extraccedilatildeo direta

com etilacetato ndash de folhas destas duas espeacutecies atraveacutes de HRGC-MS

(cromatografia gasosa de alta resoluccedilatildeo e espectrometria de massas) O perfil

cromatograacutefico foi semelhante para ambas as espeacutecies diferindo na

concentraccedilatildeo relativa de alguns compostos Estes dois triterpenos foram

tambeacutem destacados por Vilegas et al (1995) e Lanccedilas et al (1997) como os

mais importantes nas duas espeacutecies de espinheira-santa para o tratamento de

uacutelcera gaacutestrica Os primeiros propuseram uma teacutecnica raacutepida para identificar

friedelan-3-ol e friedelina ndash atraveacutes de cromatografia gasosa com alta

temperatura de capilaridade em coluna polar ndash o que permite a distinccedilatildeo entre

extratos alcooacutelicos aquosos de espinheira-santa autecircnticos e falsos (quando

satildeo misturadas folhas de outras espeacutecies como de Sorocea bomplandii) Os

uacuteltimos desenvolveram um meacutetodo para extraccedilatildeo de princiacutepios ativos em

espinheira-santa atraveacutes de uma adaptaccedilatildeo do SFE (extraccedilatildeo com fluido

supercriacutetico) com baixo custo Atraveacutes da utilizaccedilatildeo do CO2 e etanol 10

como fluido extrator conseguiram resultados satisfatoacuterios na obtenccedilatildeo dos

triterpenos O sistema SFE desenvolvido pelos autores foi mais eficiente sendo

uma alternativa aos outros meacutetodos por ser mais raacutepido aleacutem de permitir uma

flexibilidade de escolha do fluido extrator entre gases ou solventes liacutequidos a

condiccedilotildees ambientes Mossi et al (2004) ao caracterizarem quimicamente

extratos de M ilicifolia ndash obtidos atraveacutes da utilizaccedilatildeo de CO2 em alta pressatildeo

ndash observaram que a temperatura de extraccedilatildeo e a densidade do solvente

exerceram um efeito importante sobre o rendimento liacutequido do extrato e a

distribuiccedilatildeo quiacutemica dos compostos volaacuteteis ao contraacuterio do tamanho de

partiacutecula e da taxa de fluxo de CO2 Apesar dos triterpenos friedelan-3-ol e

friedelina terem sido destacados como sendo compostos eficientes no

tratamento anti-uacutelcera gaacutestrica Queiroga et al (2000) em pesquisa realizada

com ratos mostraram que estes triterpenos natildeo apresentam esta accedilatildeo

farmacoloacutegica

FIGURA 3 Estrutura molecular dos triterpenos friedelan-3-ol e friedelina (Mossi 2003) dos flavonoacuteides canferol e quercetina e do tanino condensado (Cardoso et al 2001) encontrados em espinheira-santa

Os taninos e flavonoacuteides satildeo compostos fenoacutelicos presentes em espinheira-

santa que tambeacutem podem ter accedilatildeo em doenccedilas estomacais (Gonzales et al

2001) Os taninos satildeo compostos de sabor adstringente derivados de

fenilpropanos capazes de formar complexos com proteiacutenas accediluacutecares e

alcaloacuteides indoacutelicos (Cardoso et al 2001) Dividem se em duas categorias

derivados de esqueletos (C6-C1)n chamados de taninos hidrosoluacuteveis e

derivados de esqueletos (C6-C3-C6)n chamados de taninos condensados

(Figura 3) ou proantocianidinas Os taninos hidrolizaacuteveis possuem rotas

biossinteacuteticas ainda desconhecidas Sabe-se que seu precursor eacute o aacutecido

gaacutelico ou seu diacutemero de condensaccedilatildeo o aacutecido elaacutegico Os taninos

condensados satildeo biossintetizados pelas condensaccedilotildees de derivados de aacutecido

chiquiacutemico e unidades de malonil-CoA levando agrave formaccedilatildeo das catequinas

Estas satildeo importantes precursoras das proantocianidinas (taninos

condensados) e antocianidinas Caracterizam-se por serem oligocircmeros e

poliacutemeros formados pela policondensaccedilatildeo de duas unidades flavonoiacutedicas

(flavan-3-ol e flavan-34-diol) portanto tambeacutem satildeo considerados compostos

flavonoacuteides sendo tambeacutem denominados de flavolanas diferenciando-se dos

taninos hidrolisaacuteveis por natildeo possuiacuterem resiacuteduos glicosiacutedeos em sua estrutura

Segundo o autor entre as atividades farmacoloacutegicas que os taninos

condensados apresentam ndash quando complexados com proteiacutenas ndash destacam-

se a proteccedilatildeo da mucosa do estocircmago em tratamento de uacutelcera peacuteptica as

propriedades anti-inflamatoacuterias e cicatrizantes e o bloqueio da formaccedilatildeo da

placa dental atraveacutes da inibiccedilatildeo da glicosiltransferase produzida por bacteacuterias

bucais

Atraveacutes de estudo fitoquiacutemico em extrato de M aquifolium Gonzales et al

(2001) identificaram triterpenos taninos e flavonoacuteides Em testes de

laboratoacuterio os autores mostraram a accedilatildeo antiulcerogecircnica e analgeacutesica do

extrato desta espeacutecie Eles destacaram que os triterpenos apresentam

habilidade na estimulaccedilatildeo da siacutentese de muco ou manutenccedilatildeo do conteuacutedo de

prostaglandina ndash componente com atividade antiulcerogecircnica ndash da mucosa

gaacutestrica em altos niacuteveis Foi sugerido ainda que componentes antioxidantes

como os taninos e os flavonoacuteides podem ter accedilatildeo contra lesotildees gaacutestricas

Os flavonoacuteides existem em abundacircncia no reino vegetal encontrados em sua

maioria nas angiospermas (Cardoso et al 2001) Caracterizam se

estruturalmente por serem polifenoacutelicos derivados de C6-C3-C6 ligados na

orientaccedilatildeo cabeccedila-cauda e que podem conter como substituintes hidroxilas

ou seus derivados funcionais tais como eacutesteres metoxilas aleacutem de

glicosiacutedeos isoprecircnicos presos em posiccedilotildees especiacuteficas dos aneacuteis Os

flavonoacuteides tecircm como precursores a fenilalanina e a acetil-CoA

Satildeo originados de reaccedilotildees de derivados do aacutecido chiquiacutemico e derivados do

acetato Os flavonoacuteides satildeo divididos nas seguintes classes flavonas

flavonoacuteis antocianinas e isoflavonoacuteides esta uacuteltima restrita agrave famiacutelia Fabaceae

Os compostos mais importantes encontrados nos vegetais para cada uma das

trecircs primeiras classes satildeo flavonas ndash apigenina e luteolina flavonoacuteis ndash

canferol quercetina miricetina e galangina antocianinas ndash cianidina e

malvidina

Ao analisarem quantitativamente por HPLC flavonoacuteides em infusatildeo aquosa de

folhas de M ilicifolia e M aquifolium Leite et al (2001) identificaram um novo

composto deste grupo na primeira espeacutecie Os autores destacaram que os

flavonoacuteides podem mediar uma variaccedilatildeo de mecanismos relacionados agrave

atividade anti-cacircncer anti-tumor e anti-oxidante esta uacuteltima relacionada agrave

caracteriacutestica anti-uacutelcera Os flavonoacuteides tetra-glicosilados satildeo uacuteteis como

marcadores quiacutemicos para o controle de qualidade em Maytenus

Dois novos tetraglicosiacutedeos ndash pertencentes aos grupos dos 3-O-glicosiacutedeos de

quercetina e canferol que satildeo os mais importantes entre os flavonoacuteides ndash

foram isolados por Vilegas et al (1999) a partir da infusatildeo de folhas de M

aquifolium Os flavonoacuteides quercetina e canferol estatildeo representados na Figura

3 com indicaccedilatildeo dos grupos hidroxila (3) que satildeo glicosilados para formar os

3-O-glicosiacutedeos de quercetina e canferol Os autores identificaram a accedilatildeo anti-

uacutelcera da infusatildeo de espinheira-santa em que o aumento da dose levou ao

decreacutescimo do nuacutemero de uacutelceras em ratos sendo a dose de 800 mg kg-1 a

mais eficiente A maior atividade foi verificada em uacutelceras do tipo III que satildeo as

mais severas Foi ainda destacado que o isolamento de flavonoacuteides

poliglicosilados da infusatildeo de M aquifolium seraacute uacutetil para validaccedilatildeo destes

componentes como marcadores quiacutemicos como jaacute anteriormente descrito por

Vilegas et al (1998) ndash que distinguiram atraveacutes da teacutecnica HPTLC (High

Performance Thin Layer Chromatographic) amostras autecircnticas de M ilicifolia

e M aquifolium e amostras alteradas com Sorocea bomplandii uma espeacutecie

muitas vezes confundida com a espinheirasanta devido agrave morfologia similar da

folha

5 Aspectos silviculturais

Os coletores tradicionais possuem noccedilotildees empiacutericas sobre o manejo das

espeacutecies em seu ambiente natural (eacutepoca e frequecircncia de coleta suportada

pela espeacutecie ambientes em que ocorrem cuidados com os indiviacuteduos no

momento da coleta para que possam rebrotar) Por exemplo ensinam que a

espinheira-santa deve ser coletada quebrando os ramos e natildeo cortando-os

Alguns coletores dizem que isto eacute necessaacuterio para que a planta tenha efeito

medicinal outros que se os ramos forem cortados a aacutervore natildeo rebrota Fato

eacute que os ramos que satildeo quebrados satildeo mais finos do que se for utilizado um

instrumento cortante e isto certamente tem influecircncia sobre a regeneraccedilatildeo dos

indiviacuteduos Outra informaccedilatildeo dos coletores tradicionais eacute que as folhas de uma

determinada aacutervore devem ser colhidas com intervalos de dois anos Dizem

que eacute o tempo necessaacuterio para a aacutervore se recuperar Poreacutem nos plantios

verifica-se que a regeneraccedilatildeo ocorre em um ano Entretanto como os frutos

satildeo formados em ramos do ano anterior esta recomendaccedilatildeo pode estar ligada

ao manejo da espeacutecie garantindo o tempo miacutenimo necessaacuterio para que se

reproduza Com o mesmo objetivo os produtores deixam algumas aacutervores sem

colher para que produzam sementes garantindo assim regeneraccedilatildeo

natural e mais recentemente como fonte de sementes para plantios

Conhecem a forma de distribuiccedilatildeo da espinheira-santa e percorrem grandes

distacircncias para localizar boas aacutereas de coleta com um nuacutemero significativo de

aacutervores Costumam dar intervalos de um ou mais anos entre as coletas num

mesmo local ou coletam as folhas somente de um lado da planta e no ano

seguinte do outro lado

Haacute ainda os curiosos pessoas sem tradiccedilatildeo em coleta de plantas que por

necessidade econocircmica e por residirem proacuteximo a aacutereas em que a espeacutecie

ocorre satildeo contratadas por coletores tradicionais ou por compradores de

plantas para realizarem a coleta da espinheira-santa e outras espeacutecies

medicinais que ocorrem nas proximidades de sua residecircncia

6 Os produtores de espinheira-santa e seu contexto socioeconocircmico

A populaccedilatildeo da Regiatildeo Metropolitana de Curitiba eacute formada por descendentes

de europeus que integraram as diversas correntes migratoacuterias estimuladas no

seacuteculo XIX Tecircm-se assim principalmente descendentes de alematildees

italianos atividade agropecuaacuteria agrave qual incorporaram praacuteticas extrativistas que

jaacute eram atividade agropecuaacuteria agrave qual incorporaram praacuteticas extrativistas que jaacute

eram exercidas pelos caboclos descendentes dos antigos colonizadores

portugueses e iacutendios da regiatildeo No municiacutepio de Campo Largo haacute 1469

estabelecimentos rurais dos quais 1164 exercem atividades ligadas agrave

agricultura ou silvicultura

Segundo o Censo realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica

IBGE em 2000 a populaccedilatildeo rural era de 15580 pessoas (IPARDES 2001)

Destas cerca de 50 estatildeo envolvidas na produccedilatildeo no processamento e na

comercializaccedilatildeo da espinheira-santa

Haacute vaacuterios tipos de produtores de mateacuteria-prima

(a) coletores tradicionais cuja uacutenica atividade econocircmica eacute a coleta de plantas

medicinais inclusive espinheira-santa

(b) coletores de plantas medicinais que tambeacutem cultivam espeacutecies alimentiacutecias

Neste caso a coleta de plantas medicinais visa agrave complementaccedilatildeo da renda

(c) agricultores que cultivam e coletam plantas medicinais

(d) agricultores natildeo coletores que soacute cultivam plantas medicinais

A coleta eou o cultivo de espinheira-santa eacute de uma estrateacutegia de obtenccedilatildeo de

renda diversificada e natildeo passa em meacutedia de 17 da renda familiar Os

coletores recebem em geral R$040kg de planta fresca (folhas com ramos

finos) Apoacutes secagem satildeo comercializadas por R$250 a 350kg As folhas de

plantas cultivadas podem alcanccedilar entre R$800 e 1200kg (soacute folha seca)

7 Processamento da espinheira-santa

Apoacutes a coleta os ramos com folhas satildeo levados ateacute a propriedade do coletor

onde as folhas satildeo selecionadas e secas ou entregues diretamente ao

comprador A secagem pode ser feita agrave sombra ou em secador com fluxo de ar

aquecido Quando o coletor natildeo dispotildee de secador proacuteprio ele costuma secar

as folhas no secador de algum vizinho que recebe como pagamento parte da

produccedilatildeo Para a secagem satildeo utilizados vaacuterios modelos de secadores O

combustiacutevel utilizado pode ser lenha gaacutes ou serragem Alguns secadores

contam com controle de temperatura Dependendo das especificaccedilotildees feitas

pelo comprador depois de secas as folhas satildeo separadas dos ramos e

rasuradas Depois o produto eacute embalado em sacos de malha de juta ou de

polipropileno com ou sem revestimento de papel Depois eacute armazenado ou

enviado diretamente para o mercado (comercializado) A venda pode ser feita

para atacadistas laboratoacuterios de fitoteraacutepicos ou induacutestrias alimentiacutecias Nas

induacutestrias o material eacute submetida a uma nova seleccedilatildeo de acordo com o

controle de qualidade da empresa Geralmente verifica-se a contaminaccedilatildeo

microbioloacutegica e macroscoacutepica No caso dos laboratoacuterios de fitoteraacutepicos

tambeacutem satildeo analisados os constituintes quiacutemicos

Nas induacutestrias de alimentos as folhas rasuradas sofrem nova fragmentaccedilatildeo e

satildeo envasadas em embalagens de 10 a 30 g eou na forma de saches teabag

e embaladas em caixas de papelatildeo sendo comercializadas de forma

semelhante a outros chaacutes Ao chegar ao consumidor final na forma de folhas

rasuradas e embaladas o preccedilo varia entre R$3000 a 5000kg em

embalagens de 05 a 1 kg e entre R$8000 a R$10000Kg em embalagens de

10 a 30 g

Nos laboratoacuterios de fitoteraacutepicos as formas de apresentaccedilatildeo da espinheira-

santas satildeo (a) em saches ou a granel misturadas a ervas para problemas

digestivos numa composiccedilatildeo preacute-definida (b) em caacutepsulas gelatinosas

contendo 350 a 400 mg de folhas moiacutedas (c) em tintura de espinheira-santa

para cuja obtenccedilatildeo as folhas satildeo submetidas agrave extraccedilatildeo geralmente

hidroalcooacutelica (d) em comprimidos para o que se utiliza o extrato seco das

folhas

8 Mercado e comercializaccedilatildeo

Geralmente a venda eacute feita pelo proprietaacuterio do secador em grandes

quantidades para intermediaacuterios laboratoacuterios de fitoteraacutepicos ou induacutestrias

alimentiacutecias (Figura 3) Alguns produtores para agregar valor fazem

embalagens com pequenas quantidades (10 a 30 g) que comercializam em

feiras e mercados como alimento Esta forma de comercializaccedilatildeo eacute feita por

produtores que tecircm faacutecil acesso a um mercado consumidor significativo como

Figura 3 Fluxograma de produccedilatildeo e comercializaccedilatildeo de espinheira-santa (Maytenus ilicifolia)

por exemplo supermercados farmaacutecias ou feiras Entretanto haacute muitas

exigecircncias impostas pela legislaccedilatildeo de vigilacircncia sanitaacuteria para

comercializaccedilatildeo diretamente ao consumidor final Os atacadistas situados em

sua grande maioria no estado de Satildeo Paulo adquirem o produto no Paranaacute e

distribuem para as demais regiotildees do Brasil e tambeacutem para o exterior Eacute

comum que empresas do Paranaacute adquiram folhas de espinheira-santa

originaacuterias do proacuteprio Estado dos atacadistas de Satildeo Paulo Isto reflete a

falta de organizaccedilatildeo dos produtores que natildeo conseguiram ainda divulgar a

regiatildeo como centro produtor de plantas medicinais

As induacutestrias alimentiacutecias apoacutes embalar o produto revendem-no para os

supermercados Os laboratoacuterios de fitoteraacutepicos apoacutes fabricar o medicamento

normalmente realizam a comercializaccedilatildeo por meio de distribuidores de

produtos farmacecircuticos ou diretamente para grandes redes de farmaacutecias que

realizam a distribuiccedilatildeo internamente

9 Poliacuteticas relacionadas com a exploraccedilatildeo e comercializaccedilatildeo

A produccedilatildeo e comercializaccedilatildeo da espinheira-santa estaacute sujeita agrave legislaccedilatildeo

ambiental e agrave de vigilacircncia sanitaacuteria A primeira estabelece as normas para

registro de pessoas fiacutesicas ou juriacutedicas que consomem exploram ou

comercializam mateacuteria-prima florestal inclusive produtos florestais natildeo

madeireiros (Brasil 1985 Brasil 1995 Brasil 2000) Os coletores sabem que

devem obter registro de coletor e comerciante de plantas nativas junto aos

oacutergatildeos de fiscalizaccedilatildeo ambiental estadual e federal (respectivamente Instituto

Ambiental do Paranaacute IAP e Instituto Brasileiro de Meio Ambiente IBAMA) A

legislaccedilatildeo prevecirc ainda que ao realizar a coleta de uma planta os coletores e

produtores devem ter uma autorizaccedilatildeo fornecida com base num plano de

manejo Este plano deve apresentar as teacutecnicas e estrateacutegias que seratildeo

adotadas para garantir a sustentabilidade da exploraccedilatildeo

Na delegacia do IBAMA do Paranaacute haacute somente dois coletores de plantas

medicinais registrados poreacutem eles natildeo apresentam regularmente pedidos de

autorizaccedilatildeo de coleta acompanhados dos respectivos planos de manejo No

periacuteodo em que efetuamos esta pesquisa o oacutergatildeo estadual ainda natildeo havia

definido as normas que devem ser seguidas pelos interessados na obtenccedilatildeo

das autorizaccedilotildees de coleta de plantas

Uma das razotildees eacute que natildeo se dispotildee ainda de todas as informaccedilotildees teacutecnicas

necessaacuterias para a elaboraccedilatildeo do plano Apesar de oacutergatildeos de pesquisa e de

extensatildeo e das universidades estarem realizando estudos com o objetivo de

estabelecer os criteacuterios teacutecnicos natildeo existia ateacute 2002 nenhum plano de

manejo efetivamente implantado

Outro problema eacute a falta de integraccedilatildeo na atuaccedilatildeo dos oacutergatildeos de fiscalizaccedilatildeo

federal estadual e municipal o que torna a regularizaccedilatildeo junto a estes oacutergatildeos

muito complexa e cara para os produtores

Para que o produtor possa comercializar seu produto no varejo ele deve

atender agraves exigecircncias da legislaccedilatildeo sanitaacuteria que estatildeo muito acima da

capacidade econocircmica da maioria dos coletores e agricultores O produto

deve ainda estar dento dos limites estabelecidos de contaminaccedilatildeo por

microorganismos Quando o produto eacute apresentado como fitoteraacutepico as

exigecircncias aumentam ainda mais envolvendo seu registro com comprovaccedilatildeo

dos constituintes quiacutemicos marcadores e da atividade farmacoloacutegica e a

padronizaccedilatildeo do produto Ateacute mesmo os laboratoacuterios tecircm dificuldade em

atender as exigecircncias da legislaccedilatildeo atual Natildeo obstante o produto chega ao

mercado nas mais variadas formas envasado em sachecircs em caacutepsulas como

tintura misturado a ervas para problemas gaacutestricos entre outras

10 Influecircncia do ambiente na produccedilatildeo de compostos bioativos e perspectivas para o melhoramento geneacutetico de espinheira-santa

A influecircncia do ambiente na produccedilatildeo de polifenoacuteis totais polifenoacuteis natildeo

tanantes e taninos em M ilicifolia foram estudados por Radomski (1998) tendo

sido observado que a luminosidade eacute o principal fator que influencia na

produccedilatildeo destes compostos Plantas que se encontram em pleno sol

apresentam maior concentraccedilatildeo destas substacircncias As correlaccedilotildees entre

luminosidade e polifenoacuteis totais (083) polifenoacuteis natildeo tanantes (092) e taninos

(078) foram altas e significativas

Foram observadas diferenccedilas na morfologia foliar e na concentraccedilatildeo de taninos

em folhas de M ilicifolia de diferentes procedecircncias no Rio Grande do Sul

(Bernardi amp Wasicki 1959) Folhas de plantas desenvolvidas a pleno sol eram

menores com espinhos nas margens em nuacutemero reduzido e apresentavam

maior concentraccedilatildeo de taninos Em plantas de espinheira-santa desenvolvidas

em ambiente com alta luminosidade Radomski (1998) observou que as folhas

das plantas eram mais amareladas mais espessas e com espinhos mais

pronunciados caracterizando formas tiacutepicas de adaptaccedilatildeo de plantas de

sombra expostas agrave luz solar total A autora avaliou a aacuterea foliar o peso de

folhas e o peso especiacutefico de folhas em ambientes com diferentes intensidades

luminosas A aacuterea foliar foi menor e o peso especiacutefico das folhas foi maior nas

plantas desenvolvidas a pleno sol quando comparadas agraves dos outros

ambientes com menor luminosidade O peso especiacutefico de folhas apresentou

altas correlaccedilotildees para concentraccedilatildeo de polifenoacuteis totais (087) polifenoacuteis natildeo

tanantes (082) e taninos (083) Estes compostos contribuem para o

incremento da biomassa foliar Radomski et al (2004) relata a grande

influecircncia do ambiente sobre a composiccedilatildeo fitoquiacutemica da espinheira-santa

como concentraccedilotildees diferenciadas de taninos e polifenoacuteis totais em plantas

coletadas em ambientes diferentes

A autora destaca tambeacutem que os ramos de M ilicifolia podem contribuir com

uma parcela significativa na produccedilatildeo de compostos fitoteraacutepicos como

taninos e polifenoacuteis totais

Em trabalho envolvendo a anaacutelise fitoquiacutemica em populaccedilotildees de M ilicifolia do

Mato Grosso do Sul Paranaacute Santa Catarina e Rio Grande do Sul Mossi

(2003) observou uma grande variabilidade ndash que foi maior dentro das

populaccedilotildees ndash para concentraccedilatildeo dos metaboacutelitos secundaacuterios limoneno geranil

acetato aacutecido palmiacutetico fitol esqualeno vitamina E stigmasterol friedelan-3-

ol friedelin friedelan-3-one Atraveacutes de anaacutelise de agrupamentos (UPGMA) o

autor natildeo identificou uma relaccedilatildeo entre os grupos formados e as caracteriacutesticas

ambientais dos locais de coleta o que pode indicar uma maior influecircncia das

variaacuteveis locais como microclima insolaccedilatildeo condiccedilotildees nutricionais do solo

idade da planta entre outros sobre a concentraccedilatildeo dos compostos analisados

do que as condiccedilotildees macro ambientais

Foram observadas por Buffa Filho et al(2002) diferenccedilas nas concentraccedilotildees

de triterpenos entre plantas com morfologia de folha diferentes sendo que os

compostos 22 hidroximaitenina e celastrol foram encontrados em plantas de

dois tipos morfoloacutegicos

O melhoramento geneacutetico em plantas medicinais visa produzir variedades que

possuam alto rendimento de substacircncias desejadas e que as mantenham em

niacuteveis conhecidos para padronizar a dosagem quando da aplicaccedilatildeo

farmacoloacutegica (Oliveira et al 2003) Eacute importante o aumento da massa seca

eou fresca ou ainda o aumento do teor de princiacutepios ativos em determinado

oacutergatildeo vegetal de modo que estas caracteriacutesticas sejam mantidas nas geraccedilotildees

seguintes O produto do melhoramento de plantas medicinais eacute o princiacutepio ativo

ou o fitocomplexo Outros objetivos satildeo resistecircncia a pragas e doenccedilas e

toleracircncia a condiccedilotildees adversas de ambiente

Como o ambiente tem grande influecircncia na produccedilatildeo de metaboacutelitos

secundaacuterios a interaccedilatildeo genoacutetipo x ambiente eacute um fator importante para ser

analisado no melhoramento de plantas medicinais A possibilidade do melhor

genoacutetipo em um ambiente natildeo o ser em outro influencia o ganho de seleccedilatildeo e

dificulta a recomendaccedilatildeo de cultivares com ampla adaptabilidade (Cruz amp

Regazzi 2001) O conhecimento da herdabilidade dos caracteres de interesse

tambeacutem eacute fundamental para que a seleccedilatildeo seja aplicada com sucesso de

forma que o valor fenotiacutepico de um caraacuteter possa servir como guia para o valor

geneacutetico (aditividade) (Carvalho et al 2001)

Em teste de progecircnies realizado com espinheira-santa Mariot (2005)

identificou uma alta herdabilidade para todos os caracteres (velocidade de

emergecircncia estatura de planta diacircmetro agrave base do caule taxa de crescimento

tamanho de folha e nuacutemero de espinhosfolha) o que evidencia o forte controle

do fator geneacutetico sobre o fenoacutetipo O autor observou ainda altos valores para os

coeficientes de variaccedilatildeo geneacuteticos (CVG) que aliado aos baixos valores para

os coeficientes de variaccedilatildeo devido ao erro experimental (CVE) proporcionaram

iacutendices maiores que 10 para o quociente (relaccedilatildeo CVGVE) em todas as

variaacuteveis analisadas o que eacute um bom indicador para seleccedilatildeo em programas de

melhoramento Este resultado eacute importante para a seleccedilatildeo com base em

caracteres relacionados com o crescimento pois a espinheira-santa eacute

considerada de crescimento lento O tamanho de folha em espinheira-santa

caso apresente relaccedilatildeo com o aumento da biomassa e maior concentraccedilatildeo de

metaboacutelitos secundaacuterios que tenham accedilatildeo farmacoloacutegica pode ser um caraacuteter

importante de se considerar na seleccedilatildeo em programas de melhoramento Os

altos iacutendices dos paracircmetros geneacuteticos evidenciados em trabalho desenvolvido

por Mariot (2005) mostram a eficiecircncia na seleccedilatildeo para estes caracteres

Considerando a necessidade de uniformidade nos teores de princiacutepios ativos

exigidos pelas induacutestrias farmacecircuticas e o fato da espinheira santa ser de

fecundaccedilatildeo cruzada os programas de melhoramento desta espeacutecie que vise

atender estas exigecircncias deve utilizar a propagaccedilatildeo vegetativa

Estudos relacionados agrave cultura de tecidos de M ilicifolia e M aquifolium

tornam-se portanto fundamentais Na aacuterea de biotecnologia foi citado por

Corsino et al (1998a) o uso de Agrobacterium como vetor para aumentar a

produccedilatildeo de triterpenos em programa de melhoramento geneacutetico de espinheira

santa

O conhecimento da associaccedilatildeo entre caracteres eacute de grande importacircncia nos

trabalhos de melhoramento principalmente se a seleccedilatildeo em um deles

apresenta dificuldades em razatildeo da baixa herdabilidade eou tenha problemas

de mediccedilatildeo e identificaccedilatildeo (Cruz amp Regazzi 2001) Para tanto o melhorista

pode estimar as correlaccedilotildees fenotiacutepicas e genotiacutepicas o que pode contribuir no

processo de seleccedilatildeo No caso das espeacutecies medicinais esta ferramenta eacute

muito importante devido ao alto custo das anaacutelises para determinar e

quantificar metaboacutelitos secundaacuterios com potencial farmacoloacutegico como as que

envolvem cromatografia Em espinheira-santa a morfologia foliar estaacute

relacionada com os tipos e a concentraccedilatildeo de triterpenos (Buffa Filho et al

2002) portanto se for identificada correlaccedilatildeo entre estes caracteres a seleccedilatildeo

indireta atraveacutes da morfologia foliar pode vir a ser uma boa estrateacutegia de

seleccedilatildeo

11 Etapas do processo de secagem por aspersatildeoO processo de secagem por aspersatildeo consiste de trecircs etapas fundamentais

Na primeira fase o fluiacutedo eacute disperso como gotiacuteculas produzindo uma grande

aacuterea superficial Na segunda ocorre contato destas com uma corrente de ar

aquecido havendo transferecircncia de calor

Na terceira etapa acontece a evaporaccedilatildeo do solvente e a formaccedilatildeo da partiacutecula soacutelida

121 Ilustraccedilatildeo da Planta Espinheira- Santa

Com a transferecircncia de calor do ar aquecido agraves gotiacuteculas o liacutequido da

superfiacutecie evapora-se rapidamente As partiacuteculas solidificadas geralmente

apresentam o mesmo tamanho e forma da gotiacutecula que as originou Na uacuteltima

etapa o produto de secagem eacute transportado por uma corrente de ar sendo

posteriormente coletado (Broadhead et al 1992 Shaw 1997 Rankell et al

2001) A evaporaccedilatildeo superficial da gotiacutecula conduz agrave formaccedilatildeo de uma

camada de material seco externa Atraveacutes desta camada o liacutequido situado no

interior da gotiacutecula propaga-se para o exterior Dependendo da elasticidade e

da permeabilidade da crosta seratildeo produzidos distintos materiais secos como

esferas intactas com superfiacutecie imperfeita ou fragmentada soacutelidas ou ocas

(Rankell et al 2001) A Figura 2 apresenta foto micrografias de dois extratos

diferentes de Maytenus ilicifolia secos por spray drying com disco giratoacuterio em

torre de secagem por aspersatildeo Os extratos foram produzidos da mesma

maneira utilizando temperatura de entrada de 180 degC velocidade do aspersor

de 9500 rpm e 30 de Aerosil (Oliveira 2008)

12 Fatores que influenciam o processoUm das respostas mais relevantes afetada pelas condiccedilotildees de operaccedilatildeo do

processo eacute a qualidade do produto resultante As variaacuteveis devem ser

controladas visando agrave obtenccedilatildeo de rendimento e de teor de umidade

adequados estabilidade quiacutemica minimizaccedilatildeo da aderecircncia de partiacuteculas na

cacircmara de secagem (sticking) e caracteriacutesticas tecnoloacutegicas especiacuteficas As

propriedades do produto satildeo normalmente determinadas pelos fatores

relacionados agraves caracteriacutesticas do material de entrada e do processamento

isto eacute paracircmetros de operaccedilatildeo e equipamento (Quadro 1)

131 Influecircncia do material de entradaEntre os fatores relacionados agraves caracteriacutesticas do material de entrada o uso

de adjuvantes na teacutecnica de secagem por aspersatildeo eacute uma praacutetica muito

comum Satildeo utilizados como adjuvantes neste processo amido ciclodextrinas

dioacutexido de siliacutecio coloidal fosfato tricaacutelcico gelatina goma araacutebica lactose

maltodextrina entre outros (Vasconcelos et al 2005 Silva Juacutenior et al 2006)

Para a secagem de extratos derivados de plantas a seleccedilatildeo e o uso adequado

de adjuvantes no processo de spray drying eacute uma fase de fundamental

importacircncia visto que determina a estabilidade e a qualidade dos mesmos

podendo inclusive afetar as caracteriacutesticas de biodisponibilidade

13 Atividades farmacoloacutegicas da espinheira-santa A espinheira-santa (M ilicifolia) eacute uma planta que possui atividades

farmacoloacutegicas comprovadas entre elas a atividade antiulcerogecircnica Essas

atividades estatildeo ligadas a substacircncias quiacutemicas que satildeo os polifenoacuteis

(flavonoides e taninos) e os triterpenos Haacute fatores como a composiccedilatildeo quiacutemica

do solo onde essa planta estaacute sendo cultivado o local de plantio a teacutecnica de

colheita a secagem da planta e o processamento poacutes-colheita que influenciam

diretamente nos teores de princiacutepio ativo da planta podendo assim gerar

variaccedilotildees das atividades farmacoloacutegicas (NEGRI 2007)

141 Atividade gaacutestricaDe acordo com alguns estudos (Carlini amp Frochtengerten 1988 Ming et al

1998 Coulaud- Cunha et al 2004 Carvalho et al 2008) a M ilicifolia

apresenta accedilatildeo contra uacutelcera peacuteptica e gastrite Coulaud- Cunha et al (2004)

relatam que a accedilatildeo da M ilicifolia na uacutelcera peacuteptica e gastrite envolve mais de

um mecanismo de accedilatildeo ainda natildeo conclusivamente elucidados e natildeo se deve

somente a um principio ativo especifico mas a diferentes fitocomplexos Foi

demonstrado por Pereira et al (1993) e por Ming et al (1998) que tanto os

taninos principalmente a epigalocatequina quanto os oacuteleos essenciais em

especial o fridenelol satildeo responsaacuteveis por parte dos efeitos gastroprotetores

Carlini amp Frochtengarten (1988) por sua vez em estudos realizados com o

abafado da M ilicifolia relatam que quanto maior o tempo do tratamento maior

seraacute a gastroproteccedilatildeo sem entretanto haver alteraccedilotildees no pH Tal observaccedilatildeo

pode ser confirmada por Ferreira et al (2004) que em estudos com extrato

aquoso liofilizado das folhas de M ilicifolia em sapos comprovou que esse

possui efeito inibitoacuterio sobre os mediadores H2 da histamina nas ceacutelulas

parietais esses segundo Gilman (1989) quando estimulados causam a

ativaccedilatildeo da adenililciclase iniciando uma seacuterie de alteraccedilotildees morfoloacutegicas e

bioquiacutemicas complexas que leva ao aumento da secreccedilatildeo gaacutestrica

funcionando como um antagonista H2 aleacutem de inibir o efeito da gastrina Foi

demonstrado ainda que tanto a epigalocatequina (tanino) quanto o fridenelol

(oacuteleo essencial) satildeo responsaacuteveis por parte do efeito protetor da mucosa

gaacutestrica (Pereira et al 1993 Ming et al 1998)

142 Atividade antiulcerogecircnicaSegundo Sousa-Formigoni et al (1991) foi comprovada a atividade

antiulcerogecircnica da espinheira-santa (M ilicifolia) por experimentos feitos em

ratos nos quais os animais foram induzidos a terem uacutelceras gaacutestricas por meio

de indometacina e por estresse quando estes foram submetidos a baixas

temperaturas e por serem imobilizados Apoacutes a aplicaccedilatildeo de um extrato

liofilizado de espinheira-santa houve uma reduccedilatildeo do nuacutemero de uacutelceras e um

aumento do volume e pH da secreccedilatildeo gaacutestrica

Em estudos de mecanismos celulares e moleculares da accedilatildeo de produtos

naturais com o isolamento de substacircncias bioativas da M ilicifolia

responsaacuteveis pela accedilatildeo antissecretora aacutecida gaacutestrica os resultados obtidos

confirmam essas accedilotildees Foram utilizados nesses experimentos extratos

aquosos das partes aeacutereas da planta e os princiacutepios ativos tecircm funccedilatildeo de

inibidores da bomba de proacutetons etapa final comum das vias reguladoras da

secreccedilatildeo aacutecida gaacutestrica (BOSSOLANI 2000)

143 Atividade antimicrobianaEstudos pioneiros como o de Lima et al (1969) jaacute demonstravam que a

maitenina exibe forte atividade antimicrobiana contra vaacuterias bacteacuterias Gram

positivas Tais efeitos foram corroborados com a demonstraccedilatildeo que os extratos

das folhas e raiacutezes tecircm efeito antimicrobiano para vaacuterios patoacutegenos dentre

eles Staphylococcus aureus e Streptococcus sp

144 Atividade sobre o Sistema Nervoso CentralSegundo Alonso (1998) o extrato de M ilicifolia possui atividade sedativa que

potencializa (efeito sineacutergico) o sono por barbituacutericos em camundongos

145 Atividades abortiva e sobre a espermatogecircnese

De acordo com Montanari et al (1998) o extrato etanoacutelico de M Ilicifolia

quando administrado em altas doses em camundongos suiacuteccedilos apesar de

causar leves alteraccedilotildees como ceacutelulas germinativas imaturas esfoliadas mortes

celulares ocasionais aumento de gotiacuteculas lipiacutedicas em ceacutelulas de Sertoli e

inchamento de acrossomas entre outras natildeo foi suficiente para acarretar

danos agrave espermatogecircnese

Jaacute em testes realizados em camundongos (fecircmeas e graacutevidas) administrando-

se oralmente extrato hidroalcooacutelico (70) de folhas de espinheira-santa (M

ilicifolia) observou-se um decreacutescimo significativo do nuacutemero de embriotildees

indicando uma perda embrionaacuteria antes do periacuteodo de implantaccedilatildeo Poreacutem

natildeo houve maacute-formaccedilatildeo ou mortes fetais depois do periacuteodo de implantaccedilatildeo

Esse extrato possui atividade estrogecircnica que pode interferir na receptividade

uterina ao embriatildeo (MONTANARI BEVILAQUA 2002)

146 Atividades antimutagecircnica e anticanceriacutegenaConforme Horn e Vargas (2003) o extrato aquoso de M ilicifolia foi eficaz em

aproximadamente 75 das doses testadas exibindo boas respostas

antimutagecircnicas ou um decreacutescimo sugestivo Em estudos realizados por

Queiroga et al (2007) foi avaliada a fraccedilatildeo ativa antiulcerogecircnica da M

ilicifolia na atividade anticanceriacutegena apresentando resultados citostaacuteticos

satisfatoacuterios De acordo com Itokawa et al (1993) o composto pristimerina foi o

mais eficiente na accedilatildeo citotoacutexica podendo ser uacutetil no tratamento de tumores

147 Atividade antioxidante e otoprotetoraDe acordo com Mattei e Carlini (1998) um extrato aquoso liofilizado de

espinheira-santa (M ilicifolia) foi testado in vitro em homogenato de ceacuterebro de

ratos e exerceu uma importante atividade antioxidante inibindo o processo de

lipoperoxidaccedilatildeo

Usando-se extrato etanoacutelico de M ilicifolia foi confirmado que a casca da raiz

tem um poder antioxidante pelo fato de possuir em sua base compostos com a

capacidade sequestradora de radicais livres (VELLOSA et al 2006)

Conforme Santos et al (2010) foram comprovadas propriedades antioxidantes

dos extratos brutos e de componentes individuais de M Ilicifolia por possiacuteveis

associaccedilotildees sineacutergicas de substacircncias fenoacutelicas e triterpenos

quinonametiacutedeos comparados agrave rutina como composto fenoacutelico modelo

De acordo Kasse et al (2008) foi realizado um estudo com ratos (fecircmeas) em

que esses animais foram submetidos agrave substacircncia cisplatina e posteriormente

tratados com extrato de M ilicifolia para avaliar a atividade otoprotetora da

planta Foram realizados e avaliados os exames de emissotildees otoacuacutesticas por

produtos de distorccedilatildeo por potencial de tronco encefaacutelico antes e depois de

administraccedilatildeo de cisplatina e por fim por microscopia eletrocircnica de varredura

Os resultados mostraram que apesar de apresentar atividades antioxidantes a

M ilicifolia foi incapaz de bloquear o efeito citotoacutexico do composto quiacutemico

administrado nas cobaias

Segundo Negri et al (2009) a atividade antioxidante do extrato etanoacutelico de M

ilicifolia estaacute intimamente ligada agrave sua temperatura de secagem Testes

realizados para avaliaccedilatildeo do poder antioxidante os quais foram os meacutetodos de

formaccedilatildeo de complexo com fosfomolibdecircnio e atividade antioxidante em

relaccedilatildeo agrave reduccedilatildeo de um radical utilizando-se o DPPH (22-difenil-1-

picnilhidrazila) em que foram levadas em consideraccedilatildeo diferentes

temperaturas usualmente utilizadas para secagem (40 50 60 70 e 80˚C)

demostraram melhor atividade antioxidante na temperatura de 40˚C e

gradativamente quanto maior a temperatura realizada nos testes menor o

poder antioxidante Por fim o estudo mostrou a importacircncia do controle de

temperatura para a melhor efetividade nesse quesito da planta

Em estudos de Pessuto et al (2009) foram avaliados extratos e compostos

isolados de M Ilicifolia em relaccedilatildeo agrave capacidade antioxidante Os extratos

brutos e semipurificados foram estudados por meio de ensaios de

fosfomolibdecircnio (complexo) e de DPPH (22-difenil-1-picnilhidrazila) nos quais

os resultados mostraram que a fraccedilatildeo com acetato de etila teve melhor

capacidade antioxidante em relaccedilatildeo ao extrato bruto e fraccedilatildeo aquosa

possivelmente por conter maior nuacutemero de hidroxilas fenoacutelicas (pela

capacidade de sequestro dos radicais livres) e tambeacutem em relaccedilatildeo agraves

substacircncias trolox e vitamina C

148 Atividades antinociceptiva e anti-inflamatoacuteria De acordo com Nakamura et al (1994) o extrato etanoacutelico de folhas de M

ilicifolia conteacutem uma fraccedilatildeo de quercetina-3-O-glicosiacutedeo e essa substacircncia

quiacutemica foi avaliada pelo teste de aacutecido aceacutetico e formalina em ratos obtendo-

se resultados satisfatoacuterios para atividades analgeacutesicas e anti-inflamatoacuterias

Por meio de testes realizados em camundongos e ratos foi provocado um

edema nas patas desses animais por meio de injeccedilatildeo de 002 ml de

formaldeiacutedo (soluccedilatildeo a 092) utilizando-se como controle soluccedilatildeo salino

Apoacutes 120 minutos foi aplicado extrato hexacircnico e acetato de etila das folhas

(M ilicifolia) administrados por via oral nas doses de 80 160 320 e 340 mgkg

Os animais foram sacrificados apoacutes 4 horas Em um segundo ensaio foi

administrada por injeccedilatildeo soluccedilatildeo de carragenina a 1 e os extratos da planta

foram dados por via oral nas doses de 80 160 320 e 340 mgkg Os resultados

obtidos mostraram uma atividade antinociceptiva para os dois extratos

principalmente nas doses de 320 e 340 mgkg sendo esse teste importante

para uma alternativa cliacutenica na terapecircutica anti-inflamatoacuteria e antiulcerogecircnica

(JORGE et al 2004)

14 Toxicidade efeitos adversos e contraindicaccedilatildeo da espinheira-santa

Foi realizado um estudo toxicoloacutegico com 24 voluntaacuterios sendo 12 homens e

12 mulheres de 20 a 40 anos de idade selecionados previamente por meio de

avaliaccedilatildeo cliacutenica exames hematoloacutegicos e bioquiacutemicos e avaliaccedilatildeo

psicomotora com o objetivo de estabelecer um intervalo maacuteximo de seguranccedila

no uso de M ilicifolia As doses foram administradas de maneira crescente e

natildeo houve um grupo controle pois os exames iniciais foram considerados

como valores basais para efeito comparativo A dose inicial foi fixada em 100

mg por adulto sendo administradas doses subsequentes de 200 500 1000

1500 e 2000 mg com intervalos de uma semana para cada dose A anaacutelise dos

resultados revelou que natildeo houve efeitos significativos nos valores dos

principais paracircmetros hematoloacutegicos e bioquiacutemicos e tambeacutem natildeo foram

observadas alteraccedilotildees nas funccedilotildees hepaacuteticas pancreaacuteticas e renais

Hormocircnios lipiacutedeos glicose soacutedio potaacutessio caacutelcio e foacutesforo tambeacutem

mantiveram valores considerados normais (TABACH et al 2002)

Em relaccedilatildeo aos efeitos adversos a M ilicifolia natildeo possui algum que justifica a

interrupccedilatildeo do tratamento Entre os mais comuns destacam-se cefaleia

sonolecircncia boca seca naacuteuseas dor articular nas matildeos gosto estranho na

boca tremor nas matildeos cistite e poliuacuteria (TABACH et al 2002) Poreacutem

segundo Amaral et al (2005) natildeo eacute recomendado o uso pediaacutetrico pela

ausecircncia de testes Ensaios realizados em ratos mostraram perda embrionaacuteria

antes do periacuteodo de implantaccedilatildeo portanto essa planta natildeo eacute recomendada em

casos de gravidez (MONTANARI BIVILACQUA 2002)

De acordo com estudos realizados em camundongos o abafado de M ilicifolia

foi administrado nesses animais em doses ateacute 360 vezes maiores que a

utilizada pelo homem durante um periacuteodo de dois a trecircs meses Como

resultados natildeo houve mudanccedilas no peso comportamento temperatura

paracircmetros bioquiacutemicos e hematoloacutegicos desses animais (OLIVEIRA CARLINI

1988)

15 FarmacocineacuteticaO modelo da farmacocineacutetica da espinheira-santa eacute estudado por meio de seus

taninos natildeo condensados Epigalocatequina marcada foi administrada por via

oral sendo os picos plasmaacuteticos observados 60 min apoacutes a ingestatildeo Apoacutes

uma dose de 500 mgkg foram detectadas concentraccedilotildees tissulares de 123

mmol no plasma 484 mmol no fiacutegado e 565 mmol no intestino delgado

(Nakagawa amp Miyazawa 1997) Depois da administraccedilatildeo oral de

epigalocatequina-3-galato marcada com triacutetio a ratos cerca de 6 da dose eacute

eliminada na urina e 24 nas fezes nas primeiras 24 horas Uma segunda

dose dada duas horas apoacutes a primeira eleva em cerca de 4 a 6 vezes a

concentraccedilatildeo no plasma e em alguns tecidos Esses dados sugerem uma

meia-vida longa e eliminaccedilatildeo lenta da epigalocatequina-3-galato No final das

24 horas os animais foram sacrificados e essa substacircncia pocircde ser encontrada

no rim ceacuterebro fiacutegado pacircncreas intestino e ossos (Suganuma et al 1998)

Num outro estudo foi avaliada a afinidade da epigalocatequina-3-galato agraves

proteiacutenas do soro Apoacutes uma dose oral a ratos mais de 50 da

epigalocatequina-3-galato absorvida ligou-se agrave proteiacutena do plasma

especialmente a fibronectina o fibrinogecircnio e a HRGP( Histidin Rich

Glicoprotein) proteiacutena plasmaacutetica com 74 kdaltons cuja funccedilatildeo ainda eacute pouco

conhecida (Sazuka et al 1996)

16 PreparaccedilatildeoTendo sido reconhecida a espeacutecie com que se vai trabalhar torna-se

necessaacuterio que se disponha desta espeacutecie em quantidade suficiente para

atender a demanda relacionada a produccedilatildeo do fitoteraacutepico replicaccedilatildeo da

espeacutecie e respectivo controle de qualidade Par a atingir este objetivo a

espeacutecie deve ser cultivada na extensatildeo adequada ao fim que se propotildee tendo-

se aleacutem dos cuidados inerentes ao cultivo de qualquer espeacutecie vegetal a

precauccedilatildeo de nunca utilizar pesticidas ou agrotoacutexicos na aacuterea de cultivo Nos

parece claro que a opccedilatildeo pelo fitoteraacutepico deve vir acompanhada do desejo de

seguranccedila o que natildeo seria conseguido se fossem deixados resiacuteduos de

agrotoacutexicos ou de pesticidas na espeacutecie que iraacute ser usada como mateacuteria-prima

para a produccedilatildeo de medicamento Veja no item 24 os ensaios que devem ser

efetuados no sentido de identificar e quantificar a presenccedila destes e de outros

contaminantes

Dispondo-se entatildeo da espeacutecie vegetal botanicamente selecionada cultivada

sem o uso de agentes quiacutemicos contaminantes iremos seguir tantos passos

quantos sejam necessaacuterios para preparar a espeacutecie vegetal numa droga capaz

de ser armazenada e processada para resultar num preparado intermediaacuterio uacutetil

na preparaccedilatildeo de fitoteraacutepicos Estes passos podem ser enumerados como

sendo Coleta Monda Estabilizaccedilatildeo Secagem Trituraccedilatildeo e Armazenamento

A execuccedilatildeo e finalidade de cada um se acham descrito a seguir

A Coleta eacute realizada atraveacutes da retirada da parte usada da planta procurando

sempre o material mais saudaacutevel em completo desenvolvimento (a menos que

especificado em (contraacuterio como ocorre com a gema terminal de Psidium

guajava) e com o miacutenimo de contaminantes (poeira poluiccedilatildeo adubo insetos

colocircnia de microrganismos etc) A distribuiccedilatildeo de substacircncias

farmacologicamente ativas nas plantas medicinais natildeo se daacute de maneira

homogecircnea em toda a extensatildeo da planta Portanto eacute de se esperar que

apenas alguma parte de uma dada espeacutecie podem ser utilizadas com finalidade

terapecircutica

Atraveacutes de consulta agraves diversas farmacopeias e tratados sobre plantas

medicinais encontramos descriccedilotildees sobre a parte a ser usada de cada espeacutecie

medicinal Pode-se em alguns casos observar que diferentes partes de uma

mesma planta apresentam propriedades inteiramente diferentes como por

exemplo a Punica granam (romatildezeira) cujas cascas do caule satildeo teniacutefugas e

as cascas dos frutos tecircm propriedades anti-inflamatoacuteria e antibioacutetica Em outros

casos toda a planta pode ser utilizada com a mesma finalidade como a

Phylanthus niruri (quebra-pedra) Torna-se imperioso portanto que antes de

qualquer outra etapa da preparaccedilatildeo de uma forma farmacecircutica fitoteraacutepica se

conheccedila qual ou quais partes da espeacutecie escolhida pode ser utilizada

A coleta deve respeitar para cada espeacutecie o melhor periacuteodo correspondente

agravequele onde a espeacutecie apresenta maior teor em substacircncias ativas Tendo isto

em mente relacionamos a seguir orientaccedilotildees geneacutericas quanto ao periacuteodo de

coleta

Formas farmacecircuticas de fitoteraacutepicosPoacute

Eacute a forma farmacecircutica obtida apoacutes a secagem trituraccedilatildeo e tamisaccedilatildeo da

droga Segundo a sua finalidade devem apresentar a tenuidade adequada

conforme a tabela a seguir Pode ser dispensado para uso na preparaccedilatildeo de

chaacutes ou adicionado agrave alimentaccedilatildeo (leite sucos mel etc) O envase deve cuidar

para que natildeo haja absorccedilatildeo de umidade

Formas soacutelidas

Caacutepsulas

Eacute a forma farmacecircutica obtida pela deposiccedilatildeo ordenada da droga seca

triturada e tamisada em caacutepsulas gelatinosas duras ou pelo encapsulamento

de liacutequidos ou semissoacutelidos de natureza lipofiacutelica em caacutepsulas gelatinosas

moles O invoacutelucro rosa utilizado eacute geralmente de natureza proteica e satildeo

portanto incompatiacuteveis com drogas tacircnicas por exemplo Cuidado especial

deve ser tomado com a umidade temperatura e pressatildeo exercida sobre as

caacutepsulas durante o armazenamento e transporte Estes fatores podem levar a

desidrataccedilatildeo ou hidrataccedilatildeo das caacutepsulas que as tornam quebradiccedilas ou

deformadas e coladas Durante a preparaccedilatildeo das caacutepsulas deve-se cuidar para

que o peso das caacutepsulas obtidas seja o mais uniforme possiacutevel podendo-se

garantir isso pela pesagem da quantidade de poacute necessaacuteria para o enchimento

de um nuacutemero determinado de caacutepsulas

O enchimento das caacutepsulas ocorre na oficina farmacecircutica em tabuleiros

especiais constituiacutedos em acriacutelico PVC ou outro poliacutemero apresentando-se no

modelo mais simples apenas como uma base fixa que se encaixa a uma outra

moacutevel e perfurada que recebe o corpo das caacutepsulas sem as tampas A seguir

se distribui de forma homogecircnea a quantidade estipulada de poacute em todas as

caacutepsulas valendo-se de uma espaacutetula plaacutestica e de um dispositivo especial

para prensar o conteuacutedo no interior das caacutepsulas Finalizado o enchimento as

partes super oires (tampas) das caacutepsulas satildeo recolocadas fechando-as e

determina-se o peso meacutedio das mesmas embalando-as imediatamente

A capacidade das caacutepsulas eacute proporcional agrave densidade do poacute e ao tamanho

das caacutepsulas que eacute padronizado em 08 (oito) diferentes tipos listados a seguir

com as respectivas dimensotildees e capacidades em mililitros

Controle de Qualidade

Todas as etapas utilizadas durante o processamento da droga devem ser

monitoradas atraveacutes de ensaios que possam atestar a qualidade da mateacuteria-

prima dos produtos intermediaacuterios e do produto final acabado O objetivo final

tanto do processamento adequado quanto agrave avaliaccedilatildeo da qualidade eacute a

garantia de que o que estaacute sendo produzido na forma como ocorre o processo

produtivo estaacute conduzindo agrave obtenccedilatildeo de um produto com as caracteriacutesticas

necessaacuterias agrave utilizaccedilatildeo para o tratamento de doenccedilas

Droga

A avaliaccedilatildeo da qualidade da droga utilizada na obtenccedilatildeo de fitoteraacutepicos no

Programa Farmaacutecias-Vivas onde o cultivo das espeacutecies vegetais eacute efetuado

pelo laboratoacuterio fabricante do produto deve ser realizada sob os seguintes

aspectos

- Considerando que a droga a ser utilizada corresponde agrave espeacutecie vegetal

esperada conhece-se suas caracteriacutesticas macromorfoloacutegicas aleacutem das suas

caracteriacutesticas sensoriais constituindo a primeira avaliaccedilatildeo que eacute a identidade

da droga

- Determinaccedilatildeo da umidade da droga fresca que deve ser diferenciada de

perda por dessecaccedilatildeo pois outras substacircncias volaacuteteis aleacutem da aacutegua satildeo

evaporadas Pode ser determinada atraveacutes do ensaio volumeacutetrico de Karl

Fischer ou pelo ensaio gravimeacutetrico submetendo a droga a dessecaccedilatildeo em

temperatura ambiente em dessecador com siacutelica ou aacutecido sulfuacuterico

- Mesmo a droga morfologicamente normal pode natildeo apresentar seus

constituintes ativos na quantidade desejada sendo necessaacuterio que sejam

realizados ensaios de identificaccedilatildeo e quantificaccedilatildeo de ativos ou de marcadores

atraveacutes das mais diversas teacutecnicas gravimeacutetrica volumeacutetrica

espectrofotomeacutetrica cromatograacutefica etc

- Avaliaccedilatildeo da contaminaccedilatildeo microbiana da droga principalmente se a mesma

tiver de ser utilizada sem qualquer processamento posterior As drogas que

seratildeo transformadas em uma forma extrativa em soluccedilatildeo hidro-alcooacutelica pode

ter sua carga microbiana reduzida pelo efeito antisseacuteptico do solvente

Preparado Intermediaacuterio

As formas extrativas satildeo obtidas em condiccedilotildees que nem sempre conseguem

retirar a totalidade das substacircncias ativas soluacuteveis no solvente escolhido devido

a diversos fator ES como o tempo e temperatura de maceraccedilatildeo pH do

solvente distribuiccedilatildeo granulomeacutetrica da droga sua umidade residual teor de

substacircncias ativas e velocidade de percolaccedilatildeo Justifica-se entatildeo a

necessidade da realizaccedilatildeo de ensaios de avaliaccedilatildeo da qualidade das formas

extrativas incluindo avaliaccedilotildees fiacutesico-quiacutemicas como aparecircncia cor odor

solubilidade densidade pH e viscosidade avaliaccedilotildees quiacutemicas como o perfil

cromatograacutefico e dosagem das substacircncias ativas ou marcador e avaliaccedilatildeo

microbioloacutegica da quantidade de microrganismos viaacuteveis

Fitoteraacutepico

Independente da forma farmacecircutica final eacute necessaacuterio que sejam realizadas

avaliaccedilotildees na qualidade do produto final da mesma forma que eacute exigido para

os demais tipos de medicamentos Listamos a seguir os ensaios realizados

para cada forma farmacecircutica lembrando que devem ser acrescentados os

ensaios quiacutemicos e microbioloacutegicos

Prazo de Validade

Considerando a jaacute difiacutecil realizaccedilatildeo da avaliaccedilatildeo da qualidade das drogas

utilizadas na obtenccedilatildeo de fitoteraacutepicos pode-se compreender que o

acompanhamento do processo cineacutetico de degradaccedilatildeo dos constituintes do

medicamento natildeo eacute uma estar efe faacutecil No entanto esta avaliaccedilatildeo pode se dar

em diversos niacuteveis

- Avaliaccedilatildeo da estabilidade fiacutesica

Para cada tipo de forma farmacecircutica satildeo descritas as caracteriacutesticas tiacutepicas

como cor odor limpidez densidade viscosidade pH etc que observadas

para um mesmo lote ao longo do tempo de armazenamento forneceratildeo

informaccedilotildees sobre a integridade fiacutesica da formulaccedilatildeo

- Avaliaccedilatildeo da estabilidade quiacutemica

A utilizaccedilatildeo de recursos laboratoriais desde os mais simples ateacute os mais

sofisticados permitem o acompanhamento qualitativo eou quantitativo dos

princiacutepios ativos contidos no produto fitoteraacutepico Por exemplo atraveacutes do

ensaio limite de taninos por diluiccedilotildees sucessivas e adiccedilatildeo de cloreto feacuterrico

pode-se ter uma medida semi-quantitativa do teor destas substacircncias nas

preparaccedilotildees que o contenham Evoluindo a utilizaccedilatildeo de teacutecnica

cromatograacutefica em camada delgada sobre papel ou siacutelica permite a

determinaccedilatildeo do perfil cromatograacutefico para o produto de modo que possa ser

comparado com o obtido em lotes posteriores ou com o mesmo lote ao longo do

tempo de armazenamento

- Avaliaccedilatildeo da estabilidade microbioloacutegica

A verificaccedilatildeo do niacutevel de contaminaccedilatildeo microbiana numa preparaccedilatildeo

medicamentosa fornece informaccedilotildees sobre o niacutevel de higienizaccedilatildeo empregado

durante o processamento da droga ateacute a obtenccedilatildeo do medicamento A

observaccedilatildeo deste mesmo paracircmetro ao longo do tempo fornece informaccedilotildees

sobre a composiccedilatildeo conservante utilizada no produto e a forma de

armazenamento

Teacutecnicas Gerais

Os ensaios laboratoriais de avaliaccedilatildeo da qualidade da droga compreendem

basicamente

- Observaccedilatildeo macroscoacutepica e microscoacutepica da droga fresca e seca inteira e

triturada comparando com o descrito em farmacopeias ou com modelos

botanicamente certificados

- Determinaccedilatildeo de umidade na droga fresca e naquela seca e triturada

evidenciando a quantidade de aacutegua contida na droga receacutem-coletada na droga

s eca e a efetividade do processo de secagem utilizada

- Identificaccedilatildeo e dosagem de substacircncias ativas ou marcadores realizada na

droga seca e triturada onde atraveacutes do acompanhamento da evoluccedilatildeo ao

longo do tempo e o cruzamento dos dados entre os locais e condiccedilotildees de

cultivo seraacute possiacutevel a determinaccedilatildeo das condiccedilotildees ideais para a manutenccedilatildeo

da qualidade das espeacutecies vegetais

- Determinaccedilatildeo da quantidade de mateacuteria orgacircnica estranha na droga seca

triturada grosseiramente demonstrando se a coleta monda secagem e

trituraccedilatildeo foram realizadas a contento sem o risco de contaminaccedilatildeo com outras

espeacutecies

- Determinaccedilatildeo de resiacuteduos de pesticidas para monitorar a forma de realizaccedilatildeo

do controle de pestes atraveacutes da identificaccedilatildeo e dosagem de pesticidas

- Determinaccedilatildeo da presenccedila de arsecircnio e metais pesados como componentes

que satildeo responsaacuteveis por intoxicaccedilotildees e por incompatibilidades nas

preparaccedilotildees liacutequidas de fitoteraacutepicos

- Determinaccedilatildeo da quantidade de microrganismos viaacuteveis atraveacutes da contagem

em placa a de diluiccedilotildees obtidas a partir do liacutequido de lavagem das drogas

evidenciando o grau de contaminaccedilatildeo e a possiacutevel e indesejaacutevel presenccedila de

microrganismos potencialmente patogecircnicos

Garantia de Qualidade

Na produccedilatildeo de fitoteraacutepicos do mesmo modo como ocorre com qualquer outro

medicamento natildeo pode negligenciar qualquer procedimento que possa conduzir

a diminuiccedilatildeo da qualidade do produto final A qualidade se reflete na

reprodutibilidade da qualidade do produto avaliada em laboratoacuterio e no

acompanhamento da sua eficaacutecia terapecircutica e seguranccedila Isto soacute pode ser

conseguido quando para cada forma farmacecircutica de fitoteraacutepico forem

registradas as operaccedilotildees farmacecircuticas que devem ser seguidas agrave risca suas

medidas de controle e definiccedilatildeo das responsabilidades para cada uma das

etapas do processamento

Apenas como ilustraccedilatildeo tomemos como exemplo a produccedilatildeo da tintura de

Alecrim-pimenta (Lippia sidoides Cham) O iniacutecio da preocupaccedilatildeo com a

qualidade se daacute com a seguranccedila de que a espeacutecie cultivada seja realmente

aquela que se deve coletar e em seguida em coletar a parte que realmente

deve ser utilizada e de plantas com aspecto saudaacutevel de desenvolvimento para

a qual as condiccedilotildees de cultivo tenham se apresentado como satisfatoacuterias A

monda que se segue agrave coleta retirando as partes improacuteprias agrave preparaccedilatildeo do

fitoteraacutepico daacute continuidade ao passo anterior na busca de alcanccedilar a qualidade

desejada O processo de dessecaccedilatildeo ocorrendo agrave sombra e agrave temperatura

ambiente preservando os constituintes quiacutemicos ativos e diminuindo a

influecircncia da umidade da planta sobre a sua qualidade e a da soluccedilatildeo extrativa

a ser obtida faz com que a droga obtida possa ser utilizada como mateacuteria-prima

para a obtenccedilatildeo de medicamento O cuidadoso processo de trituraccedilatildeo sem

elevar a temperatura durante o processo e reduzindo a perda de poacute para o

ambiente tambeacutem representa um processo que deve ser realizado com a

devida atenccedilatildeo Depois disso a droga seca e triturada deve ser armazenada

em condiccedilotildees que preservem sua qualidade pelo tempo necessaacuterio ateacute sua

utilizaccedilatildeo com as devidas inscriccedilotildees que atestem sua fonte data de coleta e de

processamento e respectivos responsaacuteveis

A preparaccedilatildeo da soluccedilatildeo hidro-alcooacutelica que seraacute utilizada no processo extrativo

tambeacutem deve ser realizada com bastante cuidado pois a mateacuteria-prima deve

apresentar a qualidade compatiacutevel com sua utilizaccedilatildeo para a produccedilatildeo de

medicamentos aacutegua purificada e aacutelcool farmacecircutico Deve-se observar a

legislaccedilatildeo atual sobre aacutelcool que exige a desnaturaccedilatildeo do aacutelcool

comercializado em farmaacutecias e supermercados e assim natildeo deve servir como

excipiente farmacecircutico Enfim todos os processos interferem com a qualidade

do produto final a ser obtido e devem ser realizados corretamente e as

operaccedilotildees registradas em documento proacuteprio buscando a rastreabilidade de

cada lote de cada produto

Outra etapa da garantia da qualidade essencial para sua implantaccedilatildeo eacute a

validaccedilatildeo de equipamentos e de processos que busca uma evidecircncia

documentada de que os mesmos cumprem satisfatoriamente sua finalidade

quando utilizados ou realizados corretamente

Estas evidecircncias devem ser conseguidas antes mesmo de se iniciar a utilizaccedilatildeo

das instalaccedilotildees para produccedilatildeo de medicamentos Naqueles jaacute em

funcionamento a validaccedilatildeo pode ser realizada atraveacutes da documentaccedilatildeo da

produccedilatildeo passada ou seja uma validaccedilatildeo retrospectiva

Para a produccedilatildeo de medicamentos em pequena escala que natildeo venha a

caracterizar uma produccedilatildeo industrial deve-se buscar a adequaccedilatildeo das

condiccedilotildees de produccedilatildeo armazenamento e dispensaccedilatildeo do produto atraveacutes da

Resoluccedilatildeo RDC ndeg 33 de abril de 2000 que descreve os criteacuterios de Boas

Praacuteticas de Manipulaccedilatildeo

Para a produccedilatildeo industrial de medicamentos a legislaccedilatildeo que trata das Boas

Praacuteticas de Fabricaccedilatildeo e Garantia de Qualidade eacute a Resoluccedilatildeo RDC ndeg 210 de

04 de agosto de 2003 As especificaccedilotildees legais da legislaccedilatildeo sanitaacuteria

brasileira e de outros paiacuteses para materiais vegetais devem incluir tanto quanto

possiacutevel o seguinte

- Nome botacircnico c om referecircncia aos autores

- Detalhes da fonte da planta (paiacutes ou regiatildeo de origem cultivo eacutepoca da

colheita procedimentos de colheita possiacuteveis pesticidas utilizados etc)

- Descriccedilatildeo do material vegetal inspeccedilatildeo visual macro eou microscoacutepica

- Testes de identificaccedilatildeo apropriados incluindo quando convenientes testes de

identificaccedilatildeo para ingredientes ativos conhecidos ou marcadores

- Ensaios quando convenientes dos constituintes de atividade terapecircutica ou

marcadores

- Meacutetodos apropriados para determinaccedilatildeo de possiacuteveis contaminaccedilotildees por

pesticidas e os limites aceitos

- Testes para metais pesados e contaminantes semelhantes materiais

estranhos e adulterantes

- Testes para radiaccedilatildeo aflatoxinas e contaminaccedilatildeo microbiana

Qualquer tratamento usado para reduzir contaminaccedilotildees focircnicas e microbianas

ou outras infestaccedilotildees devem ser documentadas Instrumentos para tais

procedimentos devem ser acessiacuteveis e devem incluir detalhes dos processos

testes e limites residuais

Para a realidade do programa Farmaacutecias-Vivas onde natildeo satildeo utilizados

pesticidas as plantas satildeo cultivadas no local proacuteximo de onde ocorre a

produccedilatildeo do medicamento ou satildeo de origem na mesma regiatildeo e satildeo

processadas logo apoacutes a coleta satildeo feitas exigecircncias menores que as

estabelecidas para maiores escalas de produccedilatildeo Nem assim devemos deixar

de registrar todas as operaccedilotildees realizadas com a droga desde o seu cultivo ateacute

a dispensaccedilatildeo do produto fitoteraacutepico

Dispensaccedilatildeo

Estivemos sempre discorrendo sobre qualidade do produto a ser obtido desde

o cultivo da espeacutecie correta da coleta da parte usada e o seu processamento

mantendo intactos os princiacutepios ativos Conhecemos os motivos que levam a

toda esta preocupaccedilatildeo com a qualidade a responsabilidade do profissional que

o produz e a eficaacutecia e a seguranccedila necessaacuterias para o paciente que o utiliza

Portanto resta-nos dispensar o fitoteraacutepico para que este apresente estas

caracteriacutesticas trans formando o paciente num parceiro consciente do seu

papel no uso cor reto deste recurso terapecircutico

O resgate das praacuteticas populares agora respaldadas pelos estudos cientiacuteficos

seacuterios que atestam a eficaacutecia e seguranccedila das espeacutecies utilizadas no programa

Farmaacutecias-Vivas pode ser abordado no momento da dispensaccedilatildeo do

medicamento ou atraveacutes de apresentaccedilotildees coletivas organizadas e realizadas

pelo Farmacecircutico Alguns cuidados merecem ser observados para natildeo se

incorrer em riscos desnecessaacuterios

- Natildeo referendar o uso de plantas cujo estudo cientiacutefico natildeo tenha apresentado

dados sobre sua eficaacutecia e seguranccedila

- Natildeo recomendar o uso de qualquer planta medicinal para o tratamento de

doenccedilas sem a devida recomendaccedilatildeo meacutedica especializada ou natildeo

- Natildeo recomendar a utilizaccedilatildeo de planta que nos seja desconhecida tanto no

aspecto teoacuterico quanto praacutetico

- Natildeo sugerir a utilizaccedilatildeo de quaisquer praacuteticas com ou sem uso de plantas

medicinais que possa representar um risco potencial ou real de dano fetal

Para nos resguardarmos de quaisquer erros precisamos nos manter atualizados

quanto aos benefiacutecios e riscos da utilizaccedilatildeo das espeacutecies medicinais com as

quais trabalhamos dada agrave impossibilidade de conhecer todas as demais Os

dados obtidos durante a dispensaccedilatildeo e acompanhamento dos pacientes aleacutem

daqueles obtidos durante os ensaios controlados de toxicologia e farmacologia

cliacutenica forneceratildeo a necessaacuteria seguranccedila para realizarmos a dispensaccedilatildeo e

cada vez mais desfazermos o mito do natural ser inoacutecuo

Como exemplo da relaccedilatildeo risco x benefiacutecio de uma preparaccedilatildeo fitoteraacutepica

apresentamos as seguintes informaccedilotildees sobre o Elixir de Aroeira que em

muitos aspectos natildeo houve a quantificaccedilatildeo da intensidade dos efeitos beneacuteficos

nem adversos nem de interaccedilotildees

Forma Medicamento Fitoteraacutepico- Caacutepsula ESPINHEIRA SANTA Maytenus ilicifolia Celastraceae

Medicamento fitoteraacutepico

Parte utilizada Folhas

Nomenclatura popularEspinheira santa cancerosa cancorosa-de-sete-espinhos cancrosa

espinheira-divina espinho-de-Deus maiteno erva-cancrosa erva-santa

ApresentaccedilotildeesCaacutepsula dura - Extrato seco das folhas de Maytenus ilicifolia 380 mg -

Embalagem com 3 bliacutesters contendo 15 caacutepsulas cada

Via oral

Uso adulto

Composiccedilatildeo

Cada caacutepsula conteacutem

Extrato seco de Maytenus ilicifolia380 mg

Excipiente qsp 1 caacutepsula (amido)

equivalente a 133 mg de taninos totais

Informaccedilotildees ao pacientePara que este medicamento eacute indicado

Espinheira Santa eacute indicada para o tratamento da maacute digestatildeo e como

coadjuvante no tratamento de uacutelcera do estocircmago e duodeno

Como este medicamento funciona

Espinheira Santa atua como regulador das funccedilotildees estomacais e promove a

proteccedilatildeo da mucosa gaacutestrica

Quando natildeo devo usar este medicamentobull O medicamento deve ser evitado por menores de 12 anos de idade devido agrave

falta de estudos disponiacuteveis

bull Lactaccedilatildeo e gravidez visto que pode diminuir a secreccedilatildeo de leite e pode

provocar contraccedilotildees uterinas

bull Hipersensibilidade (alergia) a qualquer um dos componentes da foacutermula ou a

outras plantas da famiacutelia Celastraceae

O que devo saber antes de usar este medicamentoPrecauccedilotildees e advertecircncias

bull De acordo com a categoria de risco de faacutermacos destinados agraves mulheres

graacutevidas este medicamento apresenta categoria de risco C Este medicamento

natildeo deve ser utilizado por mulheres graacutevidas sem orientaccedilatildeo meacutedica ou do

cirurgiatildeo dentista

Interaccedilotildees medicamentosas

bull A administraccedilatildeo concomitante de M ilicifolia com bebidas alcooacutelicas e outros

medicamentos natildeo eacute recomendada pois natildeo existem estudos disponiacuteveis

sobre as interaccedilotildees medicamentosas deste fitoteraacutepico

Informe seu meacutedico ou cirurgiatildeo-dentista se vocecirc estaacute fazendo uso de algum

outro medicamento

Onde como e por quanto tempo posso guardar este medicamentoCuidados de conservaccedilatildeo

Espinheira Santa deve ser conservada em temperatura ambiente (entre 15 e

30ordmC) em sua embalagem original Proteger da luz e da umidade

Prazo de validade24 meses apoacutes a data de fabricaccedilatildeo impressa no cartucho

Nuacutemero de lote e datas de fabricaccedilatildeo e validade vide embalagem

Natildeo use medicamento com o prazo de validade vencido

Guarde-o em sua embalagem original

Caracteriacutesticas fiacutesicasCaacutepsulas gelatinosas duras de cor creme

Caracteriacutesticas organoleacutepticas

Cheiro (odor) caracteriacutestico e praticamente natildeo apresenta sabor

Antes de usar observe o aspecto do medicamento Caso ele esteja no prazo

de validade e vocecirc observe alguma mudanccedila no aspecto consulte o

farmacecircutico para saber se poderaacute utilizaacute-lo

Todo medicamento deve ser mantido fora do alcance das crianccedilas

Como devo usar este medicamentoModo de usar

As caacutepsulas devem ser ingeridas inteiras e com uma quantidade suficiente de

aacutegua para que possam ser deglutidas

Posologia

Ingerir duas caacutepsulas via oral trecircs vezes ao dia de oito em oito horas

Siga corretamente o modo de usar Em caso de duacutevidas sobre este

medicamento procure orientaccedilatildeo do farmacecircutico Natildeo desaparecendo os

sintomas procure orientaccedilatildeo de seu meacutedico ou cirurgiatildeo-dentista

Este medicamento natildeo deve ser partido aberto ou mastigado

O que devo fazer quando eu me esquecer de usar este medicamentoCaso haja esquecimento da ingestatildeo de uma dose deste medicamento

retomar a posologia prescrita sem a necessidade de suplementaccedilatildeo

Em caso de duacutevidas procure orientaccedilatildeo do farmacecircutico ou de seu meacutedico ou

do cirurgiatildeo-dentista

Que males este medicamento pode causarReaccedilotildees adversas

Ateacute o momento natildeo foram relatadas reaccedilotildees adversas graves ou que coloquem

em risco a sauacutede dos pacientes

Raramente podem ocorrer casos de hipersensibilidade Neste caso suspender

o uso e procurar orientaccedilatildeo meacutedica

Informe seu meacutedico cirurgiatildeo-dentista ou farmacecircutico do aparecimento de

reaccedilotildees indesejaacuteveis pelo uso do medicamento

Induacutestria Brasileira

Esta bula foi atualizada conforme Bula Padratildeo aprovada pela Anvisa em

12012011

Farmacecircutica resp Dra (Nome )

CRF-PR nordm XXXX Coacuted XXXXX - 012011

Informe tambeacutem agrave empresa atraveacutes do seu Serviccedilo de

Atendimento ao Consumidor

O que fazer se algueacutem usar uma quantidade maior do que a indicada deste medicamentoPlantas ricas em taninos como a M ilicifolia quando usadas em doses

excessivas podem causar irritaccedilatildeo da mucosa gaacutestrica e intestinal gerando

vocircmitos coacutelicas intestinais e diarreia

Em caso de super dosagem suspender o uso e procurar orientaccedilatildeo meacutedica de

imediato Em caso de uso de grande quantidade deste medicamento procure

rapidamente socorro meacutedico e leve a embalagem ou bula do medicamento se

possiacutevel Siga corretamente o modo de usar natildeo desaparecendo os sintomas

procure orientaccedilatildeo meacutedica

Conclusatildeo

A espinheira-santa (M ilicifolia) eacute um fitoteraacutepico de relevante accedilatildeo terapecircutica

principalmente antiulcerogecircnica dada sua eficaacutecia farmacoloacutegica e seguranccedila

Vale lembrar que por ausecircncia de estudos ela natildeo eacute recomenda para crianccedilas

e natildeo deve ser usada por gestantes pois estudos em camundongos (fecircmeas e

graacutevidas) indicaram um decreacutescimo significativo do nuacutemero de embriotildees aleacutem

de possuir atividade estrogecircnica que pode interferir na receptividade uterina do

embriatildeo Entre suas atividades farmacoloacutegicas destaca-se a atividade

antiulcerogecircnica que pode ser comparada agrave accedilatildeo da ranitidina e da cimetidina

Por ser morfologicamente parecida com as espeacutecies S bonplandii e Z ilicifolia

ela eacute comumente confundida e ateacute mesmo trocada intencionalmente

A utilizaccedilatildeo de maneira errocircnea das espeacutecies botacircnicas que natildeo satildeo a

verdadeira espinheira-santa (M ilicifolia) pode acarretar danos agrave sauacutede dos

pacientes Assim conclui-se que essas espeacutecies conhecidas como

adulterantes podem trazer malefiacutecios pois ainda faltam estudos que

comprovem suas atividades farmacoloacutegicas e principalmente a seguranccedila

terapecircutica Poreacutem natildeo se deve descartar o uso dessas espeacutecies e sim

realizar estudos mais concretos para que essas plantas assim como a

verdadeira espinheira-santa possam auxiliar no tratamento farmacoloacutegico da

populaccedilatildeo

Referecircncias Bibliograacuteficas

Ralph Santos-Oliveira Simone Coulaud-Cunha Waldeciro Colaccedilo

Revisatildeo da Maytenus ilicifolia Mart ex Reissek Celastraceae

Contribuiccedilatildeo ao estudo das propriedades farmacoloacutegicas Rev Bras

Farmacogn Braz J Pharmacogn 19(2B) AbrJun 2009

Wilker Marlon de Moraes Jesus Tarciacutesio Neves da Cunha Estudo das

propriedades farmacoloacutegicas da espinheira-santa (Maytenus ilicifolia

Mart ex Reissek) e de duas espeacutecies adulterantes Revista Sauacutede e

Desenvolvimento vol ndash nordm 1 Jan ndash Jun 2012

MARIOT MP1 BARBIERI RL2 Engenheiro Agrocircnomo Dr prof do

Conjunto Agroteacutecnico ldquoVisconde da GraccedilardquoUniversidade Federal de

Pelotas (mariotufpeltchebr) ndash Av Ildefonso Simotildees Lopes 2791

Pelotas-RS CEP 96060-290 2Bioacuteloga Dr pesquisadora da Embrapa

Clima Temperado (barbiericpactembrapabr) ndash BR 392 km 78 caixa

postal 403 Pelotas-RS CEP 96001-970 (endereccedilo para

correspondecircncia) Metaboacutelitos secundaacuterios e propriedades medicinais da

espinheira-santa (Maytenus ilicifolia Mart ex Reiss e M aquifolium

Mart)

CARLINI EA Braz S Efeito protetor do liofilizado obtido do abafado de

Maytenus Sp (espinheira-santa) contra uacutelcera gaacutestrica experimental em

ratos In Estudo da accedilatildeo antiuacutelcera gaacutestrica de plantas brasileiras

(Maytenus ilicifolia) Espinheira santa e outras Brasiacutelia CEMEAFIP

1988 p21-35MACAUBAS CIP et al Estudo da eventual accedilatildeo

antiuacutelcera gaacutestrica do baacutelsamo (Sedum sp) folha da fortuna

(Bryophyllum calcium) couve (Brassica oleraceae) e da Espinheira

santa (Maytenus ilicifolia) em ratos In Estudo da accedilatildeo antiuacutelcera

gaacutestrica de plantas brasileiras (Maytenus ilicifolia) Espinheira santa e

outras Brasiacutelia CEMEAFIP 1988 p 5-20

Olivia Werner Oliveira Pedro Ros Petrovick Secagem por aspersatildeo

(spray drying) de extratos vegetais bases e aplicaccedilotildees Revista

Brasileira de Farmacognosia Brazilian Journal of Pharmacognosy 20(4)

641-650 AgoSet 2010

Marianne Christina Scheffer Capitulo 17 Produccedilatildeo de espinheira-santa

(Maytenus ilicifolia Mart ex Reiss) na regiatildeo metropolitana de Curitiba

Paranaacute Brasil

Said gonccedilalves da cruz fonsacircca Farmacoteacutecnica de Fitoteraacutepicos2005

pela populaccedilatildeo nas infusotildees ou pela induacutestria farmacecircutica para elaboraccedilatildeo de

medicamentos Alguns estudos foram feitos com a raiz pois existem relatos do

uso esporaacutedico desta parte da planta por algumas pessoas para o tratamento

de doenccedilas Em um levantamento do uso da espinheira-santa pelas

comunidades rurais Mariot (2005) identificou um agricultor que utiliza o chaacute

das raiacutezes da espinheirasanta para o tratamento de diabetes Com relaccedilatildeo agrave

localizaccedilatildeo da produccedilatildeo de metaboacutelitos secundaacuterios nas plantas de

espinheirasanta Corsino et al (2000) ao estudarem a biossiacutentese de

triterpenoacuteides em M aquifolium identificaram que as folhas produzem 3b-

friedelanol e friedelina (friedelano) e raiacutezes acumulam maitenina e pristimerina

(quinonametiacutedicos) Os triterpenos derivados de friedelano uma vez

biossintetizados nas folhas satildeo translocados para as raiacutezes e posteriormente

transformados nos triterpenoacuteides quinonametiacutedicos que apresentam accedilatildeo

antitumor Estes triterpenoacuteides natildeo foram encontrados em folhas somente em

raiacutezes Os flavonoacuteides satildeo encontrados em todos os oacutergatildeos das plantas

(Zuanazzi 2001) Existem flavonoacuteides que satildeo encontrados em um oacutergatildeo e em

outros natildeo ou quando existe o mesmo composto em mais de um oacutergatildeo este

pode apresentar diferentes concentraccedilotildees Estes compostos estatildeo localizados

nos vacuacuteolos cloroplastos e cromoplastos (Cardoso et al 2001) Os taninos

ocorrem nos vacuacuteolos e plastiacutedios (Salisbuty amp Ross 1992)

Figura A - Folhas de espinheira-santa (a uacuteltima eacute M aquifolium e as demais

satildeo M ilicifolia) B - flores de espinheira-santa C - ramo com frutos e sementes

de Maytenus ilicifolia

4 Aspectos quiacutemico-bioloacutegicosOs compostos com accedilatildeo bioativa de importacircncia na farmacologia satildeo

produzidos atraveacutes da biossiacutentese dos metaboacutelitos secundaacuterios que estaacute

esquematizado na Figura 1 Nesta figura pode ser observada a formaccedilatildeo dos

principais metaboacutelitos identificados na espinheira-santa como os taninos

flavonoacuteides e terpenos grupo em que estatildeo inseridos os triterpenos

O gecircnero Maytenus eacute rico em espeacutecies com potencial medicinal tendo sido

identificados vaacuterios compostos com accedilatildeo farmacoloacutegica Di Stasi (2004) em

uma revisatildeo sobre compostos bioativos em espeacutecies de Maytenus relata a

presenccedila de pristimerina um triterpeno do tipo friedelano com accedilatildeo

antimalaacuterica e compostos fenoacutelicos com atividade inibitoacuteria sobre a replicaccedilatildeo

do viacuterus HIV-1 em M senegalensis Em M canariensis foram isoladas

nortriterpenos com atividade antibioacutetica e sesquiterpenos com atividade

inseticida M macrocarpa apresenta nortriterpenos denominados

macrocarpinas os quais satildeo citotoacutexicos sesquiterpenos com atividade

leishmanicida e triterpenos do tipo friedelano Triterpenoacuteides do tipo friedelano

tambeacutem foram isolados desta espeacutecie por Chavez et al (1998) Foi evidenciado

por Kennedy et al (2001) a accedilatildeo leishmanicida de sesquiterpenos isolados de

M magellanica e M chubutensis

FIGURA 1 Representaccedilatildeo simplificada do ciclo biossinteacutetico dos metaboacutelitos

secundaacuterios terpenoacuteides flavonoacuteides e taninos condensados que ocorrem em

espinheira-santa (adaptado de Santos 2001)

Entre os compostos bioativos em espinheirasanta (M ilicifolia e M aquifolium)

que podem ter accedilatildeo antiulcerogecircnica e anti-gaacutestrica destacam-se os

triterpenos Os triterpenoacuteides satildeo compostos constituiacutedos basicamente de trinta

unidades de carbono ndash seis isoprenos (Cardoso et al 2001) A maioria possui

em sua constituiccedilatildeo hidroxilas que podem ser glicosiladas produzindo os

heterosiacutedeos cardiotocircnicos importantes agentes terapecircuticos para doenccedilas

cardiovasculares e as saponinas Biossinteticamente satildeo derivados de

condensaccedilatildeo de duas moleacuteculas de farnesilpirofosfato (FPP) unidas cauda-

cauda produzindo o esqualeno precursor aciacuteclico desta classe de compostos

(Figura 2) A provaacutevel ciclizaccedilatildeo da moleacutecula de esqualeno leva agrave formaccedilatildeo da

estrutura baacutesica dos triterpenoacuteides o ciclopentanohidrofenantreno importante

precursor dos esteroacuteides vegetais e animais e das saponinas triterpecircnicas As

saponinas triterpenoacuteides apresentam trecircs tipos de estruturas baacutesicas oleanos

ursanos e lupanos Os triterpenos denominados cangoronina e ilicifolina foram

identificados por Itokawa et al (1991) em M ilicifolia Eles satildeo do tipo

friedelano e foram fracionados junto com outros sete triterpenos jaacute conhecidos

FIGURA 2 Biossiacutentese de triterpenoacuteides (adaptado de Cardoso et al 2001)

Os autores mostraram que alguns destes compostos tecircm accedilatildeo citotoacutexica

como por exemplo a pristimerina ndash que foi a mais eficiente ndash indicando que

podem ser uacuteteis no tratamento de tumores Trabalho semelhante foi

desenvolvido por Shirota et al (1994) que elucidaram a estrutura de alguns

triterpenos aromaacuteticos Estes compostos mostraram atividade citotoacutexica

moderada contra um nuacutemero de linhagens de ceacutelulas de tumor cultivadas As

estruturas de outros dois triterpenos diacutemeros denominados cangorosina A e

cangorosina B foram elucidadas por Shirota et al (1997) em extrato de raiacutezes

de M ilicifolia Quatro novos triterpenoacuteides ndash maytefolina A-C (1-3) e uvaol-3-

caffeate (4) ndash aleacutem de outros triterpenos foram isolados de folhas de M

ilicifolia por Ohsaki et al (2004) Os autores identificaram a accedilatildeo citotoacutexica do

triterpenoacuteide eritrodiol

Apesar de a literatura destacar os triterpenos como os principais compostos

bioativos em espinheira-santa Corsino et al (1998b) destacaram que a famiacutelia

Celastraceae eacute uma fonte rica de sesquiterpenos Os autores isolaram e

elucidaram a estrutura quiacutemica de dois sesquiterpenos a aquifoliulina E-I e a

aquifoliulina EII Ao verificarem a accedilatildeo citotoacutexica do extrato de M aquifolium

em mutantes de Saccharomyces cerevisiae eles sugeriram que os

sesquiterpenos podem ser os principais responsaacuteveis por causar pequenos

danos no DNA Em outro trabalho Corsino et al (1998c) isolaram e elucidaram

a estrutura de outros dois sesquiterpenos a aquifoliulina E-III e a aquifoliulina

E-IV Os triterpenos maitenina e 22- hidroximaitenina satildeo membros de um

pequeno grupo de produtos naturais peculiares agraves espeacutecies das famiacutelias

Celastraceae e Hippocrateaceae com potencial anti-cacircncer (Corsino et al

1998a) A ligaccedilatildeo da maitenina ao DNA sugere uma interaccedilatildeo celular que pode

elucidar a atividade antitumor Os autores mostraram que estes compostos satildeo

efetivos contra carcinoma epidermoacuteide Foi identificada a accedilatildeo antiuacutelcera

gaacutestrica da espinheira-santa em ratos com accedilatildeo semelhante ao medicamento

cimetidina Dois triterpenos jaacute relatados na literatura o friedelan-3-ol e o

friedelan-3-on foram identificados em extrato de M ilicifolia sendo sugeridos

como substacircncias bioativas no tratamento das enfermidades estomacais

Os autores acima citados isolaram e identificaram maitenina e 22

hidroximaitenina a partir de calos oriundos de explantes de folhas de M

aquifolium ndash atraveacutes de HPLC ndash cultivados em dois meios de cultura com

diferentes concentraccedilotildees de cinetina O rendimento dos triterpenos no meio

com menor concentraccedilatildeo de cinetina foram maiores do que no outro A cultura

de tecidos parece entatildeo ser uma fonte contiacutenua e estaacutevel de compostos de

espeacutecies de Maytenus conforme proposto por Pereira et al (1993)

Os autores estabeleceram um protocolo para organogecircnese total de placircntulas

de M ilicifolia de matrizes selecionadas para produccedilatildeo de compostos para

estudos fitoquiacutemicos utilizando como explante gemas axilares

Derivados dos triterpenos friedelano satildeo tiacutepicos das famiacutelias Celastraceae e

Hippocrateaceae (Buffa Filho et al 2002) Estes autores atraveacutes do

desenvolvimento de um meacutetodo HPLC (High Performance Liquid

Chromatography) fase-reversa para a quantificaccedilatildeo de triterpenos em cinco

tipos morfoloacutegicos de Maytenus ilicifolia identificaram os compostos 20 1048576-

hidroximaitenina e 22 hidroximaitenina em baixa concentraccedilatildeo aleacutem de

maitenina celastrol e pristimerina em alta concentraccedilatildeo

Os triterpenos friedelan-3-ol friedelina (Figura 3) e compostos polifenoacutelicos

presentes em M ilicifolia e M aquifolium satildeo citados por Cordeiro et al (1999)

como componentes eficientes no tratamento de uacutelceras e gastrites estomacais

Os autores caracterizaram triterpenos de extratos ndash obtidos por extraccedilatildeo direta

com etilacetato ndash de folhas destas duas espeacutecies atraveacutes de HRGC-MS

(cromatografia gasosa de alta resoluccedilatildeo e espectrometria de massas) O perfil

cromatograacutefico foi semelhante para ambas as espeacutecies diferindo na

concentraccedilatildeo relativa de alguns compostos Estes dois triterpenos foram

tambeacutem destacados por Vilegas et al (1995) e Lanccedilas et al (1997) como os

mais importantes nas duas espeacutecies de espinheira-santa para o tratamento de

uacutelcera gaacutestrica Os primeiros propuseram uma teacutecnica raacutepida para identificar

friedelan-3-ol e friedelina ndash atraveacutes de cromatografia gasosa com alta

temperatura de capilaridade em coluna polar ndash o que permite a distinccedilatildeo entre

extratos alcooacutelicos aquosos de espinheira-santa autecircnticos e falsos (quando

satildeo misturadas folhas de outras espeacutecies como de Sorocea bomplandii) Os

uacuteltimos desenvolveram um meacutetodo para extraccedilatildeo de princiacutepios ativos em

espinheira-santa atraveacutes de uma adaptaccedilatildeo do SFE (extraccedilatildeo com fluido

supercriacutetico) com baixo custo Atraveacutes da utilizaccedilatildeo do CO2 e etanol 10

como fluido extrator conseguiram resultados satisfatoacuterios na obtenccedilatildeo dos

triterpenos O sistema SFE desenvolvido pelos autores foi mais eficiente sendo

uma alternativa aos outros meacutetodos por ser mais raacutepido aleacutem de permitir uma

flexibilidade de escolha do fluido extrator entre gases ou solventes liacutequidos a

condiccedilotildees ambientes Mossi et al (2004) ao caracterizarem quimicamente

extratos de M ilicifolia ndash obtidos atraveacutes da utilizaccedilatildeo de CO2 em alta pressatildeo

ndash observaram que a temperatura de extraccedilatildeo e a densidade do solvente

exerceram um efeito importante sobre o rendimento liacutequido do extrato e a

distribuiccedilatildeo quiacutemica dos compostos volaacuteteis ao contraacuterio do tamanho de

partiacutecula e da taxa de fluxo de CO2 Apesar dos triterpenos friedelan-3-ol e

friedelina terem sido destacados como sendo compostos eficientes no

tratamento anti-uacutelcera gaacutestrica Queiroga et al (2000) em pesquisa realizada

com ratos mostraram que estes triterpenos natildeo apresentam esta accedilatildeo

farmacoloacutegica

FIGURA 3 Estrutura molecular dos triterpenos friedelan-3-ol e friedelina (Mossi 2003) dos flavonoacuteides canferol e quercetina e do tanino condensado (Cardoso et al 2001) encontrados em espinheira-santa

Os taninos e flavonoacuteides satildeo compostos fenoacutelicos presentes em espinheira-

santa que tambeacutem podem ter accedilatildeo em doenccedilas estomacais (Gonzales et al

2001) Os taninos satildeo compostos de sabor adstringente derivados de

fenilpropanos capazes de formar complexos com proteiacutenas accediluacutecares e

alcaloacuteides indoacutelicos (Cardoso et al 2001) Dividem se em duas categorias

derivados de esqueletos (C6-C1)n chamados de taninos hidrosoluacuteveis e

derivados de esqueletos (C6-C3-C6)n chamados de taninos condensados

(Figura 3) ou proantocianidinas Os taninos hidrolizaacuteveis possuem rotas

biossinteacuteticas ainda desconhecidas Sabe-se que seu precursor eacute o aacutecido

gaacutelico ou seu diacutemero de condensaccedilatildeo o aacutecido elaacutegico Os taninos

condensados satildeo biossintetizados pelas condensaccedilotildees de derivados de aacutecido

chiquiacutemico e unidades de malonil-CoA levando agrave formaccedilatildeo das catequinas

Estas satildeo importantes precursoras das proantocianidinas (taninos

condensados) e antocianidinas Caracterizam-se por serem oligocircmeros e

poliacutemeros formados pela policondensaccedilatildeo de duas unidades flavonoiacutedicas

(flavan-3-ol e flavan-34-diol) portanto tambeacutem satildeo considerados compostos

flavonoacuteides sendo tambeacutem denominados de flavolanas diferenciando-se dos

taninos hidrolisaacuteveis por natildeo possuiacuterem resiacuteduos glicosiacutedeos em sua estrutura

Segundo o autor entre as atividades farmacoloacutegicas que os taninos

condensados apresentam ndash quando complexados com proteiacutenas ndash destacam-

se a proteccedilatildeo da mucosa do estocircmago em tratamento de uacutelcera peacuteptica as

propriedades anti-inflamatoacuterias e cicatrizantes e o bloqueio da formaccedilatildeo da

placa dental atraveacutes da inibiccedilatildeo da glicosiltransferase produzida por bacteacuterias

bucais

Atraveacutes de estudo fitoquiacutemico em extrato de M aquifolium Gonzales et al

(2001) identificaram triterpenos taninos e flavonoacuteides Em testes de

laboratoacuterio os autores mostraram a accedilatildeo antiulcerogecircnica e analgeacutesica do

extrato desta espeacutecie Eles destacaram que os triterpenos apresentam

habilidade na estimulaccedilatildeo da siacutentese de muco ou manutenccedilatildeo do conteuacutedo de

prostaglandina ndash componente com atividade antiulcerogecircnica ndash da mucosa

gaacutestrica em altos niacuteveis Foi sugerido ainda que componentes antioxidantes

como os taninos e os flavonoacuteides podem ter accedilatildeo contra lesotildees gaacutestricas

Os flavonoacuteides existem em abundacircncia no reino vegetal encontrados em sua

maioria nas angiospermas (Cardoso et al 2001) Caracterizam se

estruturalmente por serem polifenoacutelicos derivados de C6-C3-C6 ligados na

orientaccedilatildeo cabeccedila-cauda e que podem conter como substituintes hidroxilas

ou seus derivados funcionais tais como eacutesteres metoxilas aleacutem de

glicosiacutedeos isoprecircnicos presos em posiccedilotildees especiacuteficas dos aneacuteis Os

flavonoacuteides tecircm como precursores a fenilalanina e a acetil-CoA

Satildeo originados de reaccedilotildees de derivados do aacutecido chiquiacutemico e derivados do

acetato Os flavonoacuteides satildeo divididos nas seguintes classes flavonas

flavonoacuteis antocianinas e isoflavonoacuteides esta uacuteltima restrita agrave famiacutelia Fabaceae

Os compostos mais importantes encontrados nos vegetais para cada uma das

trecircs primeiras classes satildeo flavonas ndash apigenina e luteolina flavonoacuteis ndash

canferol quercetina miricetina e galangina antocianinas ndash cianidina e

malvidina

Ao analisarem quantitativamente por HPLC flavonoacuteides em infusatildeo aquosa de

folhas de M ilicifolia e M aquifolium Leite et al (2001) identificaram um novo

composto deste grupo na primeira espeacutecie Os autores destacaram que os

flavonoacuteides podem mediar uma variaccedilatildeo de mecanismos relacionados agrave

atividade anti-cacircncer anti-tumor e anti-oxidante esta uacuteltima relacionada agrave

caracteriacutestica anti-uacutelcera Os flavonoacuteides tetra-glicosilados satildeo uacuteteis como

marcadores quiacutemicos para o controle de qualidade em Maytenus

Dois novos tetraglicosiacutedeos ndash pertencentes aos grupos dos 3-O-glicosiacutedeos de

quercetina e canferol que satildeo os mais importantes entre os flavonoacuteides ndash

foram isolados por Vilegas et al (1999) a partir da infusatildeo de folhas de M

aquifolium Os flavonoacuteides quercetina e canferol estatildeo representados na Figura

3 com indicaccedilatildeo dos grupos hidroxila (3) que satildeo glicosilados para formar os

3-O-glicosiacutedeos de quercetina e canferol Os autores identificaram a accedilatildeo anti-

uacutelcera da infusatildeo de espinheira-santa em que o aumento da dose levou ao

decreacutescimo do nuacutemero de uacutelceras em ratos sendo a dose de 800 mg kg-1 a

mais eficiente A maior atividade foi verificada em uacutelceras do tipo III que satildeo as

mais severas Foi ainda destacado que o isolamento de flavonoacuteides

poliglicosilados da infusatildeo de M aquifolium seraacute uacutetil para validaccedilatildeo destes

componentes como marcadores quiacutemicos como jaacute anteriormente descrito por

Vilegas et al (1998) ndash que distinguiram atraveacutes da teacutecnica HPTLC (High

Performance Thin Layer Chromatographic) amostras autecircnticas de M ilicifolia

e M aquifolium e amostras alteradas com Sorocea bomplandii uma espeacutecie

muitas vezes confundida com a espinheirasanta devido agrave morfologia similar da

folha

5 Aspectos silviculturais

Os coletores tradicionais possuem noccedilotildees empiacutericas sobre o manejo das

espeacutecies em seu ambiente natural (eacutepoca e frequecircncia de coleta suportada

pela espeacutecie ambientes em que ocorrem cuidados com os indiviacuteduos no

momento da coleta para que possam rebrotar) Por exemplo ensinam que a

espinheira-santa deve ser coletada quebrando os ramos e natildeo cortando-os

Alguns coletores dizem que isto eacute necessaacuterio para que a planta tenha efeito

medicinal outros que se os ramos forem cortados a aacutervore natildeo rebrota Fato

eacute que os ramos que satildeo quebrados satildeo mais finos do que se for utilizado um

instrumento cortante e isto certamente tem influecircncia sobre a regeneraccedilatildeo dos

indiviacuteduos Outra informaccedilatildeo dos coletores tradicionais eacute que as folhas de uma

determinada aacutervore devem ser colhidas com intervalos de dois anos Dizem

que eacute o tempo necessaacuterio para a aacutervore se recuperar Poreacutem nos plantios

verifica-se que a regeneraccedilatildeo ocorre em um ano Entretanto como os frutos

satildeo formados em ramos do ano anterior esta recomendaccedilatildeo pode estar ligada

ao manejo da espeacutecie garantindo o tempo miacutenimo necessaacuterio para que se

reproduza Com o mesmo objetivo os produtores deixam algumas aacutervores sem

colher para que produzam sementes garantindo assim regeneraccedilatildeo

natural e mais recentemente como fonte de sementes para plantios

Conhecem a forma de distribuiccedilatildeo da espinheira-santa e percorrem grandes

distacircncias para localizar boas aacutereas de coleta com um nuacutemero significativo de

aacutervores Costumam dar intervalos de um ou mais anos entre as coletas num

mesmo local ou coletam as folhas somente de um lado da planta e no ano

seguinte do outro lado

Haacute ainda os curiosos pessoas sem tradiccedilatildeo em coleta de plantas que por

necessidade econocircmica e por residirem proacuteximo a aacutereas em que a espeacutecie

ocorre satildeo contratadas por coletores tradicionais ou por compradores de

plantas para realizarem a coleta da espinheira-santa e outras espeacutecies

medicinais que ocorrem nas proximidades de sua residecircncia

6 Os produtores de espinheira-santa e seu contexto socioeconocircmico

A populaccedilatildeo da Regiatildeo Metropolitana de Curitiba eacute formada por descendentes

de europeus que integraram as diversas correntes migratoacuterias estimuladas no

seacuteculo XIX Tecircm-se assim principalmente descendentes de alematildees

italianos atividade agropecuaacuteria agrave qual incorporaram praacuteticas extrativistas que

jaacute eram atividade agropecuaacuteria agrave qual incorporaram praacuteticas extrativistas que jaacute

eram exercidas pelos caboclos descendentes dos antigos colonizadores

portugueses e iacutendios da regiatildeo No municiacutepio de Campo Largo haacute 1469

estabelecimentos rurais dos quais 1164 exercem atividades ligadas agrave

agricultura ou silvicultura

Segundo o Censo realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica

IBGE em 2000 a populaccedilatildeo rural era de 15580 pessoas (IPARDES 2001)

Destas cerca de 50 estatildeo envolvidas na produccedilatildeo no processamento e na

comercializaccedilatildeo da espinheira-santa

Haacute vaacuterios tipos de produtores de mateacuteria-prima

(a) coletores tradicionais cuja uacutenica atividade econocircmica eacute a coleta de plantas

medicinais inclusive espinheira-santa

(b) coletores de plantas medicinais que tambeacutem cultivam espeacutecies alimentiacutecias

Neste caso a coleta de plantas medicinais visa agrave complementaccedilatildeo da renda

(c) agricultores que cultivam e coletam plantas medicinais

(d) agricultores natildeo coletores que soacute cultivam plantas medicinais

A coleta eou o cultivo de espinheira-santa eacute de uma estrateacutegia de obtenccedilatildeo de

renda diversificada e natildeo passa em meacutedia de 17 da renda familiar Os

coletores recebem em geral R$040kg de planta fresca (folhas com ramos

finos) Apoacutes secagem satildeo comercializadas por R$250 a 350kg As folhas de

plantas cultivadas podem alcanccedilar entre R$800 e 1200kg (soacute folha seca)

7 Processamento da espinheira-santa

Apoacutes a coleta os ramos com folhas satildeo levados ateacute a propriedade do coletor

onde as folhas satildeo selecionadas e secas ou entregues diretamente ao

comprador A secagem pode ser feita agrave sombra ou em secador com fluxo de ar

aquecido Quando o coletor natildeo dispotildee de secador proacuteprio ele costuma secar

as folhas no secador de algum vizinho que recebe como pagamento parte da

produccedilatildeo Para a secagem satildeo utilizados vaacuterios modelos de secadores O

combustiacutevel utilizado pode ser lenha gaacutes ou serragem Alguns secadores

contam com controle de temperatura Dependendo das especificaccedilotildees feitas

pelo comprador depois de secas as folhas satildeo separadas dos ramos e

rasuradas Depois o produto eacute embalado em sacos de malha de juta ou de

polipropileno com ou sem revestimento de papel Depois eacute armazenado ou

enviado diretamente para o mercado (comercializado) A venda pode ser feita

para atacadistas laboratoacuterios de fitoteraacutepicos ou induacutestrias alimentiacutecias Nas

induacutestrias o material eacute submetida a uma nova seleccedilatildeo de acordo com o

controle de qualidade da empresa Geralmente verifica-se a contaminaccedilatildeo

microbioloacutegica e macroscoacutepica No caso dos laboratoacuterios de fitoteraacutepicos

tambeacutem satildeo analisados os constituintes quiacutemicos

Nas induacutestrias de alimentos as folhas rasuradas sofrem nova fragmentaccedilatildeo e

satildeo envasadas em embalagens de 10 a 30 g eou na forma de saches teabag

e embaladas em caixas de papelatildeo sendo comercializadas de forma

semelhante a outros chaacutes Ao chegar ao consumidor final na forma de folhas

rasuradas e embaladas o preccedilo varia entre R$3000 a 5000kg em

embalagens de 05 a 1 kg e entre R$8000 a R$10000Kg em embalagens de

10 a 30 g

Nos laboratoacuterios de fitoteraacutepicos as formas de apresentaccedilatildeo da espinheira-

santas satildeo (a) em saches ou a granel misturadas a ervas para problemas

digestivos numa composiccedilatildeo preacute-definida (b) em caacutepsulas gelatinosas

contendo 350 a 400 mg de folhas moiacutedas (c) em tintura de espinheira-santa

para cuja obtenccedilatildeo as folhas satildeo submetidas agrave extraccedilatildeo geralmente

hidroalcooacutelica (d) em comprimidos para o que se utiliza o extrato seco das

folhas

8 Mercado e comercializaccedilatildeo

Geralmente a venda eacute feita pelo proprietaacuterio do secador em grandes

quantidades para intermediaacuterios laboratoacuterios de fitoteraacutepicos ou induacutestrias

alimentiacutecias (Figura 3) Alguns produtores para agregar valor fazem

embalagens com pequenas quantidades (10 a 30 g) que comercializam em

feiras e mercados como alimento Esta forma de comercializaccedilatildeo eacute feita por

produtores que tecircm faacutecil acesso a um mercado consumidor significativo como

Figura 3 Fluxograma de produccedilatildeo e comercializaccedilatildeo de espinheira-santa (Maytenus ilicifolia)

por exemplo supermercados farmaacutecias ou feiras Entretanto haacute muitas

exigecircncias impostas pela legislaccedilatildeo de vigilacircncia sanitaacuteria para

comercializaccedilatildeo diretamente ao consumidor final Os atacadistas situados em

sua grande maioria no estado de Satildeo Paulo adquirem o produto no Paranaacute e

distribuem para as demais regiotildees do Brasil e tambeacutem para o exterior Eacute

comum que empresas do Paranaacute adquiram folhas de espinheira-santa

originaacuterias do proacuteprio Estado dos atacadistas de Satildeo Paulo Isto reflete a

falta de organizaccedilatildeo dos produtores que natildeo conseguiram ainda divulgar a

regiatildeo como centro produtor de plantas medicinais

As induacutestrias alimentiacutecias apoacutes embalar o produto revendem-no para os

supermercados Os laboratoacuterios de fitoteraacutepicos apoacutes fabricar o medicamento

normalmente realizam a comercializaccedilatildeo por meio de distribuidores de

produtos farmacecircuticos ou diretamente para grandes redes de farmaacutecias que

realizam a distribuiccedilatildeo internamente

9 Poliacuteticas relacionadas com a exploraccedilatildeo e comercializaccedilatildeo

A produccedilatildeo e comercializaccedilatildeo da espinheira-santa estaacute sujeita agrave legislaccedilatildeo

ambiental e agrave de vigilacircncia sanitaacuteria A primeira estabelece as normas para

registro de pessoas fiacutesicas ou juriacutedicas que consomem exploram ou

comercializam mateacuteria-prima florestal inclusive produtos florestais natildeo

madeireiros (Brasil 1985 Brasil 1995 Brasil 2000) Os coletores sabem que

devem obter registro de coletor e comerciante de plantas nativas junto aos

oacutergatildeos de fiscalizaccedilatildeo ambiental estadual e federal (respectivamente Instituto

Ambiental do Paranaacute IAP e Instituto Brasileiro de Meio Ambiente IBAMA) A

legislaccedilatildeo prevecirc ainda que ao realizar a coleta de uma planta os coletores e

produtores devem ter uma autorizaccedilatildeo fornecida com base num plano de

manejo Este plano deve apresentar as teacutecnicas e estrateacutegias que seratildeo

adotadas para garantir a sustentabilidade da exploraccedilatildeo

Na delegacia do IBAMA do Paranaacute haacute somente dois coletores de plantas

medicinais registrados poreacutem eles natildeo apresentam regularmente pedidos de

autorizaccedilatildeo de coleta acompanhados dos respectivos planos de manejo No

periacuteodo em que efetuamos esta pesquisa o oacutergatildeo estadual ainda natildeo havia

definido as normas que devem ser seguidas pelos interessados na obtenccedilatildeo

das autorizaccedilotildees de coleta de plantas

Uma das razotildees eacute que natildeo se dispotildee ainda de todas as informaccedilotildees teacutecnicas

necessaacuterias para a elaboraccedilatildeo do plano Apesar de oacutergatildeos de pesquisa e de

extensatildeo e das universidades estarem realizando estudos com o objetivo de

estabelecer os criteacuterios teacutecnicos natildeo existia ateacute 2002 nenhum plano de

manejo efetivamente implantado

Outro problema eacute a falta de integraccedilatildeo na atuaccedilatildeo dos oacutergatildeos de fiscalizaccedilatildeo

federal estadual e municipal o que torna a regularizaccedilatildeo junto a estes oacutergatildeos

muito complexa e cara para os produtores

Para que o produtor possa comercializar seu produto no varejo ele deve

atender agraves exigecircncias da legislaccedilatildeo sanitaacuteria que estatildeo muito acima da

capacidade econocircmica da maioria dos coletores e agricultores O produto

deve ainda estar dento dos limites estabelecidos de contaminaccedilatildeo por

microorganismos Quando o produto eacute apresentado como fitoteraacutepico as

exigecircncias aumentam ainda mais envolvendo seu registro com comprovaccedilatildeo

dos constituintes quiacutemicos marcadores e da atividade farmacoloacutegica e a

padronizaccedilatildeo do produto Ateacute mesmo os laboratoacuterios tecircm dificuldade em

atender as exigecircncias da legislaccedilatildeo atual Natildeo obstante o produto chega ao

mercado nas mais variadas formas envasado em sachecircs em caacutepsulas como

tintura misturado a ervas para problemas gaacutestricos entre outras

10 Influecircncia do ambiente na produccedilatildeo de compostos bioativos e perspectivas para o melhoramento geneacutetico de espinheira-santa

A influecircncia do ambiente na produccedilatildeo de polifenoacuteis totais polifenoacuteis natildeo

tanantes e taninos em M ilicifolia foram estudados por Radomski (1998) tendo

sido observado que a luminosidade eacute o principal fator que influencia na

produccedilatildeo destes compostos Plantas que se encontram em pleno sol

apresentam maior concentraccedilatildeo destas substacircncias As correlaccedilotildees entre

luminosidade e polifenoacuteis totais (083) polifenoacuteis natildeo tanantes (092) e taninos

(078) foram altas e significativas

Foram observadas diferenccedilas na morfologia foliar e na concentraccedilatildeo de taninos

em folhas de M ilicifolia de diferentes procedecircncias no Rio Grande do Sul

(Bernardi amp Wasicki 1959) Folhas de plantas desenvolvidas a pleno sol eram

menores com espinhos nas margens em nuacutemero reduzido e apresentavam

maior concentraccedilatildeo de taninos Em plantas de espinheira-santa desenvolvidas

em ambiente com alta luminosidade Radomski (1998) observou que as folhas

das plantas eram mais amareladas mais espessas e com espinhos mais

pronunciados caracterizando formas tiacutepicas de adaptaccedilatildeo de plantas de

sombra expostas agrave luz solar total A autora avaliou a aacuterea foliar o peso de

folhas e o peso especiacutefico de folhas em ambientes com diferentes intensidades

luminosas A aacuterea foliar foi menor e o peso especiacutefico das folhas foi maior nas

plantas desenvolvidas a pleno sol quando comparadas agraves dos outros

ambientes com menor luminosidade O peso especiacutefico de folhas apresentou

altas correlaccedilotildees para concentraccedilatildeo de polifenoacuteis totais (087) polifenoacuteis natildeo

tanantes (082) e taninos (083) Estes compostos contribuem para o

incremento da biomassa foliar Radomski et al (2004) relata a grande

influecircncia do ambiente sobre a composiccedilatildeo fitoquiacutemica da espinheira-santa

como concentraccedilotildees diferenciadas de taninos e polifenoacuteis totais em plantas

coletadas em ambientes diferentes

A autora destaca tambeacutem que os ramos de M ilicifolia podem contribuir com

uma parcela significativa na produccedilatildeo de compostos fitoteraacutepicos como

taninos e polifenoacuteis totais

Em trabalho envolvendo a anaacutelise fitoquiacutemica em populaccedilotildees de M ilicifolia do

Mato Grosso do Sul Paranaacute Santa Catarina e Rio Grande do Sul Mossi

(2003) observou uma grande variabilidade ndash que foi maior dentro das

populaccedilotildees ndash para concentraccedilatildeo dos metaboacutelitos secundaacuterios limoneno geranil

acetato aacutecido palmiacutetico fitol esqualeno vitamina E stigmasterol friedelan-3-

ol friedelin friedelan-3-one Atraveacutes de anaacutelise de agrupamentos (UPGMA) o

autor natildeo identificou uma relaccedilatildeo entre os grupos formados e as caracteriacutesticas

ambientais dos locais de coleta o que pode indicar uma maior influecircncia das

variaacuteveis locais como microclima insolaccedilatildeo condiccedilotildees nutricionais do solo

idade da planta entre outros sobre a concentraccedilatildeo dos compostos analisados

do que as condiccedilotildees macro ambientais

Foram observadas por Buffa Filho et al(2002) diferenccedilas nas concentraccedilotildees

de triterpenos entre plantas com morfologia de folha diferentes sendo que os

compostos 22 hidroximaitenina e celastrol foram encontrados em plantas de

dois tipos morfoloacutegicos

O melhoramento geneacutetico em plantas medicinais visa produzir variedades que

possuam alto rendimento de substacircncias desejadas e que as mantenham em

niacuteveis conhecidos para padronizar a dosagem quando da aplicaccedilatildeo

farmacoloacutegica (Oliveira et al 2003) Eacute importante o aumento da massa seca

eou fresca ou ainda o aumento do teor de princiacutepios ativos em determinado

oacutergatildeo vegetal de modo que estas caracteriacutesticas sejam mantidas nas geraccedilotildees

seguintes O produto do melhoramento de plantas medicinais eacute o princiacutepio ativo

ou o fitocomplexo Outros objetivos satildeo resistecircncia a pragas e doenccedilas e

toleracircncia a condiccedilotildees adversas de ambiente

Como o ambiente tem grande influecircncia na produccedilatildeo de metaboacutelitos

secundaacuterios a interaccedilatildeo genoacutetipo x ambiente eacute um fator importante para ser

analisado no melhoramento de plantas medicinais A possibilidade do melhor

genoacutetipo em um ambiente natildeo o ser em outro influencia o ganho de seleccedilatildeo e

dificulta a recomendaccedilatildeo de cultivares com ampla adaptabilidade (Cruz amp

Regazzi 2001) O conhecimento da herdabilidade dos caracteres de interesse

tambeacutem eacute fundamental para que a seleccedilatildeo seja aplicada com sucesso de

forma que o valor fenotiacutepico de um caraacuteter possa servir como guia para o valor

geneacutetico (aditividade) (Carvalho et al 2001)

Em teste de progecircnies realizado com espinheira-santa Mariot (2005)

identificou uma alta herdabilidade para todos os caracteres (velocidade de

emergecircncia estatura de planta diacircmetro agrave base do caule taxa de crescimento

tamanho de folha e nuacutemero de espinhosfolha) o que evidencia o forte controle

do fator geneacutetico sobre o fenoacutetipo O autor observou ainda altos valores para os

coeficientes de variaccedilatildeo geneacuteticos (CVG) que aliado aos baixos valores para

os coeficientes de variaccedilatildeo devido ao erro experimental (CVE) proporcionaram

iacutendices maiores que 10 para o quociente (relaccedilatildeo CVGVE) em todas as

variaacuteveis analisadas o que eacute um bom indicador para seleccedilatildeo em programas de

melhoramento Este resultado eacute importante para a seleccedilatildeo com base em

caracteres relacionados com o crescimento pois a espinheira-santa eacute

considerada de crescimento lento O tamanho de folha em espinheira-santa

caso apresente relaccedilatildeo com o aumento da biomassa e maior concentraccedilatildeo de

metaboacutelitos secundaacuterios que tenham accedilatildeo farmacoloacutegica pode ser um caraacuteter

importante de se considerar na seleccedilatildeo em programas de melhoramento Os

altos iacutendices dos paracircmetros geneacuteticos evidenciados em trabalho desenvolvido

por Mariot (2005) mostram a eficiecircncia na seleccedilatildeo para estes caracteres

Considerando a necessidade de uniformidade nos teores de princiacutepios ativos

exigidos pelas induacutestrias farmacecircuticas e o fato da espinheira santa ser de

fecundaccedilatildeo cruzada os programas de melhoramento desta espeacutecie que vise

atender estas exigecircncias deve utilizar a propagaccedilatildeo vegetativa

Estudos relacionados agrave cultura de tecidos de M ilicifolia e M aquifolium

tornam-se portanto fundamentais Na aacuterea de biotecnologia foi citado por

Corsino et al (1998a) o uso de Agrobacterium como vetor para aumentar a

produccedilatildeo de triterpenos em programa de melhoramento geneacutetico de espinheira

santa

O conhecimento da associaccedilatildeo entre caracteres eacute de grande importacircncia nos

trabalhos de melhoramento principalmente se a seleccedilatildeo em um deles

apresenta dificuldades em razatildeo da baixa herdabilidade eou tenha problemas

de mediccedilatildeo e identificaccedilatildeo (Cruz amp Regazzi 2001) Para tanto o melhorista

pode estimar as correlaccedilotildees fenotiacutepicas e genotiacutepicas o que pode contribuir no

processo de seleccedilatildeo No caso das espeacutecies medicinais esta ferramenta eacute

muito importante devido ao alto custo das anaacutelises para determinar e

quantificar metaboacutelitos secundaacuterios com potencial farmacoloacutegico como as que

envolvem cromatografia Em espinheira-santa a morfologia foliar estaacute

relacionada com os tipos e a concentraccedilatildeo de triterpenos (Buffa Filho et al

2002) portanto se for identificada correlaccedilatildeo entre estes caracteres a seleccedilatildeo

indireta atraveacutes da morfologia foliar pode vir a ser uma boa estrateacutegia de

seleccedilatildeo

11 Etapas do processo de secagem por aspersatildeoO processo de secagem por aspersatildeo consiste de trecircs etapas fundamentais

Na primeira fase o fluiacutedo eacute disperso como gotiacuteculas produzindo uma grande

aacuterea superficial Na segunda ocorre contato destas com uma corrente de ar

aquecido havendo transferecircncia de calor

Na terceira etapa acontece a evaporaccedilatildeo do solvente e a formaccedilatildeo da partiacutecula soacutelida

121 Ilustraccedilatildeo da Planta Espinheira- Santa

Com a transferecircncia de calor do ar aquecido agraves gotiacuteculas o liacutequido da

superfiacutecie evapora-se rapidamente As partiacuteculas solidificadas geralmente

apresentam o mesmo tamanho e forma da gotiacutecula que as originou Na uacuteltima

etapa o produto de secagem eacute transportado por uma corrente de ar sendo

posteriormente coletado (Broadhead et al 1992 Shaw 1997 Rankell et al

2001) A evaporaccedilatildeo superficial da gotiacutecula conduz agrave formaccedilatildeo de uma

camada de material seco externa Atraveacutes desta camada o liacutequido situado no

interior da gotiacutecula propaga-se para o exterior Dependendo da elasticidade e

da permeabilidade da crosta seratildeo produzidos distintos materiais secos como

esferas intactas com superfiacutecie imperfeita ou fragmentada soacutelidas ou ocas

(Rankell et al 2001) A Figura 2 apresenta foto micrografias de dois extratos

diferentes de Maytenus ilicifolia secos por spray drying com disco giratoacuterio em

torre de secagem por aspersatildeo Os extratos foram produzidos da mesma

maneira utilizando temperatura de entrada de 180 degC velocidade do aspersor

de 9500 rpm e 30 de Aerosil (Oliveira 2008)

12 Fatores que influenciam o processoUm das respostas mais relevantes afetada pelas condiccedilotildees de operaccedilatildeo do

processo eacute a qualidade do produto resultante As variaacuteveis devem ser

controladas visando agrave obtenccedilatildeo de rendimento e de teor de umidade

adequados estabilidade quiacutemica minimizaccedilatildeo da aderecircncia de partiacuteculas na

cacircmara de secagem (sticking) e caracteriacutesticas tecnoloacutegicas especiacuteficas As

propriedades do produto satildeo normalmente determinadas pelos fatores

relacionados agraves caracteriacutesticas do material de entrada e do processamento

isto eacute paracircmetros de operaccedilatildeo e equipamento (Quadro 1)

131 Influecircncia do material de entradaEntre os fatores relacionados agraves caracteriacutesticas do material de entrada o uso

de adjuvantes na teacutecnica de secagem por aspersatildeo eacute uma praacutetica muito

comum Satildeo utilizados como adjuvantes neste processo amido ciclodextrinas

dioacutexido de siliacutecio coloidal fosfato tricaacutelcico gelatina goma araacutebica lactose

maltodextrina entre outros (Vasconcelos et al 2005 Silva Juacutenior et al 2006)

Para a secagem de extratos derivados de plantas a seleccedilatildeo e o uso adequado

de adjuvantes no processo de spray drying eacute uma fase de fundamental

importacircncia visto que determina a estabilidade e a qualidade dos mesmos

podendo inclusive afetar as caracteriacutesticas de biodisponibilidade

13 Atividades farmacoloacutegicas da espinheira-santa A espinheira-santa (M ilicifolia) eacute uma planta que possui atividades

farmacoloacutegicas comprovadas entre elas a atividade antiulcerogecircnica Essas

atividades estatildeo ligadas a substacircncias quiacutemicas que satildeo os polifenoacuteis

(flavonoides e taninos) e os triterpenos Haacute fatores como a composiccedilatildeo quiacutemica

do solo onde essa planta estaacute sendo cultivado o local de plantio a teacutecnica de

colheita a secagem da planta e o processamento poacutes-colheita que influenciam

diretamente nos teores de princiacutepio ativo da planta podendo assim gerar

variaccedilotildees das atividades farmacoloacutegicas (NEGRI 2007)

141 Atividade gaacutestricaDe acordo com alguns estudos (Carlini amp Frochtengerten 1988 Ming et al

1998 Coulaud- Cunha et al 2004 Carvalho et al 2008) a M ilicifolia

apresenta accedilatildeo contra uacutelcera peacuteptica e gastrite Coulaud- Cunha et al (2004)

relatam que a accedilatildeo da M ilicifolia na uacutelcera peacuteptica e gastrite envolve mais de

um mecanismo de accedilatildeo ainda natildeo conclusivamente elucidados e natildeo se deve

somente a um principio ativo especifico mas a diferentes fitocomplexos Foi

demonstrado por Pereira et al (1993) e por Ming et al (1998) que tanto os

taninos principalmente a epigalocatequina quanto os oacuteleos essenciais em

especial o fridenelol satildeo responsaacuteveis por parte dos efeitos gastroprotetores

Carlini amp Frochtengarten (1988) por sua vez em estudos realizados com o

abafado da M ilicifolia relatam que quanto maior o tempo do tratamento maior

seraacute a gastroproteccedilatildeo sem entretanto haver alteraccedilotildees no pH Tal observaccedilatildeo

pode ser confirmada por Ferreira et al (2004) que em estudos com extrato

aquoso liofilizado das folhas de M ilicifolia em sapos comprovou que esse

possui efeito inibitoacuterio sobre os mediadores H2 da histamina nas ceacutelulas

parietais esses segundo Gilman (1989) quando estimulados causam a

ativaccedilatildeo da adenililciclase iniciando uma seacuterie de alteraccedilotildees morfoloacutegicas e

bioquiacutemicas complexas que leva ao aumento da secreccedilatildeo gaacutestrica

funcionando como um antagonista H2 aleacutem de inibir o efeito da gastrina Foi

demonstrado ainda que tanto a epigalocatequina (tanino) quanto o fridenelol

(oacuteleo essencial) satildeo responsaacuteveis por parte do efeito protetor da mucosa

gaacutestrica (Pereira et al 1993 Ming et al 1998)

142 Atividade antiulcerogecircnicaSegundo Sousa-Formigoni et al (1991) foi comprovada a atividade

antiulcerogecircnica da espinheira-santa (M ilicifolia) por experimentos feitos em

ratos nos quais os animais foram induzidos a terem uacutelceras gaacutestricas por meio

de indometacina e por estresse quando estes foram submetidos a baixas

temperaturas e por serem imobilizados Apoacutes a aplicaccedilatildeo de um extrato

liofilizado de espinheira-santa houve uma reduccedilatildeo do nuacutemero de uacutelceras e um

aumento do volume e pH da secreccedilatildeo gaacutestrica

Em estudos de mecanismos celulares e moleculares da accedilatildeo de produtos

naturais com o isolamento de substacircncias bioativas da M ilicifolia

responsaacuteveis pela accedilatildeo antissecretora aacutecida gaacutestrica os resultados obtidos

confirmam essas accedilotildees Foram utilizados nesses experimentos extratos

aquosos das partes aeacutereas da planta e os princiacutepios ativos tecircm funccedilatildeo de

inibidores da bomba de proacutetons etapa final comum das vias reguladoras da

secreccedilatildeo aacutecida gaacutestrica (BOSSOLANI 2000)

143 Atividade antimicrobianaEstudos pioneiros como o de Lima et al (1969) jaacute demonstravam que a

maitenina exibe forte atividade antimicrobiana contra vaacuterias bacteacuterias Gram

positivas Tais efeitos foram corroborados com a demonstraccedilatildeo que os extratos

das folhas e raiacutezes tecircm efeito antimicrobiano para vaacuterios patoacutegenos dentre

eles Staphylococcus aureus e Streptococcus sp

144 Atividade sobre o Sistema Nervoso CentralSegundo Alonso (1998) o extrato de M ilicifolia possui atividade sedativa que

potencializa (efeito sineacutergico) o sono por barbituacutericos em camundongos

145 Atividades abortiva e sobre a espermatogecircnese

De acordo com Montanari et al (1998) o extrato etanoacutelico de M Ilicifolia

quando administrado em altas doses em camundongos suiacuteccedilos apesar de

causar leves alteraccedilotildees como ceacutelulas germinativas imaturas esfoliadas mortes

celulares ocasionais aumento de gotiacuteculas lipiacutedicas em ceacutelulas de Sertoli e

inchamento de acrossomas entre outras natildeo foi suficiente para acarretar

danos agrave espermatogecircnese

Jaacute em testes realizados em camundongos (fecircmeas e graacutevidas) administrando-

se oralmente extrato hidroalcooacutelico (70) de folhas de espinheira-santa (M

ilicifolia) observou-se um decreacutescimo significativo do nuacutemero de embriotildees

indicando uma perda embrionaacuteria antes do periacuteodo de implantaccedilatildeo Poreacutem

natildeo houve maacute-formaccedilatildeo ou mortes fetais depois do periacuteodo de implantaccedilatildeo

Esse extrato possui atividade estrogecircnica que pode interferir na receptividade

uterina ao embriatildeo (MONTANARI BEVILAQUA 2002)

146 Atividades antimutagecircnica e anticanceriacutegenaConforme Horn e Vargas (2003) o extrato aquoso de M ilicifolia foi eficaz em

aproximadamente 75 das doses testadas exibindo boas respostas

antimutagecircnicas ou um decreacutescimo sugestivo Em estudos realizados por

Queiroga et al (2007) foi avaliada a fraccedilatildeo ativa antiulcerogecircnica da M

ilicifolia na atividade anticanceriacutegena apresentando resultados citostaacuteticos

satisfatoacuterios De acordo com Itokawa et al (1993) o composto pristimerina foi o

mais eficiente na accedilatildeo citotoacutexica podendo ser uacutetil no tratamento de tumores

147 Atividade antioxidante e otoprotetoraDe acordo com Mattei e Carlini (1998) um extrato aquoso liofilizado de

espinheira-santa (M ilicifolia) foi testado in vitro em homogenato de ceacuterebro de

ratos e exerceu uma importante atividade antioxidante inibindo o processo de

lipoperoxidaccedilatildeo

Usando-se extrato etanoacutelico de M ilicifolia foi confirmado que a casca da raiz

tem um poder antioxidante pelo fato de possuir em sua base compostos com a

capacidade sequestradora de radicais livres (VELLOSA et al 2006)

Conforme Santos et al (2010) foram comprovadas propriedades antioxidantes

dos extratos brutos e de componentes individuais de M Ilicifolia por possiacuteveis

associaccedilotildees sineacutergicas de substacircncias fenoacutelicas e triterpenos

quinonametiacutedeos comparados agrave rutina como composto fenoacutelico modelo

De acordo Kasse et al (2008) foi realizado um estudo com ratos (fecircmeas) em

que esses animais foram submetidos agrave substacircncia cisplatina e posteriormente

tratados com extrato de M ilicifolia para avaliar a atividade otoprotetora da

planta Foram realizados e avaliados os exames de emissotildees otoacuacutesticas por

produtos de distorccedilatildeo por potencial de tronco encefaacutelico antes e depois de

administraccedilatildeo de cisplatina e por fim por microscopia eletrocircnica de varredura

Os resultados mostraram que apesar de apresentar atividades antioxidantes a

M ilicifolia foi incapaz de bloquear o efeito citotoacutexico do composto quiacutemico

administrado nas cobaias

Segundo Negri et al (2009) a atividade antioxidante do extrato etanoacutelico de M

ilicifolia estaacute intimamente ligada agrave sua temperatura de secagem Testes

realizados para avaliaccedilatildeo do poder antioxidante os quais foram os meacutetodos de

formaccedilatildeo de complexo com fosfomolibdecircnio e atividade antioxidante em

relaccedilatildeo agrave reduccedilatildeo de um radical utilizando-se o DPPH (22-difenil-1-

picnilhidrazila) em que foram levadas em consideraccedilatildeo diferentes

temperaturas usualmente utilizadas para secagem (40 50 60 70 e 80˚C)

demostraram melhor atividade antioxidante na temperatura de 40˚C e

gradativamente quanto maior a temperatura realizada nos testes menor o

poder antioxidante Por fim o estudo mostrou a importacircncia do controle de

temperatura para a melhor efetividade nesse quesito da planta

Em estudos de Pessuto et al (2009) foram avaliados extratos e compostos

isolados de M Ilicifolia em relaccedilatildeo agrave capacidade antioxidante Os extratos

brutos e semipurificados foram estudados por meio de ensaios de

fosfomolibdecircnio (complexo) e de DPPH (22-difenil-1-picnilhidrazila) nos quais

os resultados mostraram que a fraccedilatildeo com acetato de etila teve melhor

capacidade antioxidante em relaccedilatildeo ao extrato bruto e fraccedilatildeo aquosa

possivelmente por conter maior nuacutemero de hidroxilas fenoacutelicas (pela

capacidade de sequestro dos radicais livres) e tambeacutem em relaccedilatildeo agraves

substacircncias trolox e vitamina C

148 Atividades antinociceptiva e anti-inflamatoacuteria De acordo com Nakamura et al (1994) o extrato etanoacutelico de folhas de M

ilicifolia conteacutem uma fraccedilatildeo de quercetina-3-O-glicosiacutedeo e essa substacircncia

quiacutemica foi avaliada pelo teste de aacutecido aceacutetico e formalina em ratos obtendo-

se resultados satisfatoacuterios para atividades analgeacutesicas e anti-inflamatoacuterias

Por meio de testes realizados em camundongos e ratos foi provocado um

edema nas patas desses animais por meio de injeccedilatildeo de 002 ml de

formaldeiacutedo (soluccedilatildeo a 092) utilizando-se como controle soluccedilatildeo salino

Apoacutes 120 minutos foi aplicado extrato hexacircnico e acetato de etila das folhas

(M ilicifolia) administrados por via oral nas doses de 80 160 320 e 340 mgkg

Os animais foram sacrificados apoacutes 4 horas Em um segundo ensaio foi

administrada por injeccedilatildeo soluccedilatildeo de carragenina a 1 e os extratos da planta

foram dados por via oral nas doses de 80 160 320 e 340 mgkg Os resultados

obtidos mostraram uma atividade antinociceptiva para os dois extratos

principalmente nas doses de 320 e 340 mgkg sendo esse teste importante

para uma alternativa cliacutenica na terapecircutica anti-inflamatoacuteria e antiulcerogecircnica

(JORGE et al 2004)

14 Toxicidade efeitos adversos e contraindicaccedilatildeo da espinheira-santa

Foi realizado um estudo toxicoloacutegico com 24 voluntaacuterios sendo 12 homens e

12 mulheres de 20 a 40 anos de idade selecionados previamente por meio de

avaliaccedilatildeo cliacutenica exames hematoloacutegicos e bioquiacutemicos e avaliaccedilatildeo

psicomotora com o objetivo de estabelecer um intervalo maacuteximo de seguranccedila

no uso de M ilicifolia As doses foram administradas de maneira crescente e

natildeo houve um grupo controle pois os exames iniciais foram considerados

como valores basais para efeito comparativo A dose inicial foi fixada em 100

mg por adulto sendo administradas doses subsequentes de 200 500 1000

1500 e 2000 mg com intervalos de uma semana para cada dose A anaacutelise dos

resultados revelou que natildeo houve efeitos significativos nos valores dos

principais paracircmetros hematoloacutegicos e bioquiacutemicos e tambeacutem natildeo foram

observadas alteraccedilotildees nas funccedilotildees hepaacuteticas pancreaacuteticas e renais

Hormocircnios lipiacutedeos glicose soacutedio potaacutessio caacutelcio e foacutesforo tambeacutem

mantiveram valores considerados normais (TABACH et al 2002)

Em relaccedilatildeo aos efeitos adversos a M ilicifolia natildeo possui algum que justifica a

interrupccedilatildeo do tratamento Entre os mais comuns destacam-se cefaleia

sonolecircncia boca seca naacuteuseas dor articular nas matildeos gosto estranho na

boca tremor nas matildeos cistite e poliuacuteria (TABACH et al 2002) Poreacutem

segundo Amaral et al (2005) natildeo eacute recomendado o uso pediaacutetrico pela

ausecircncia de testes Ensaios realizados em ratos mostraram perda embrionaacuteria

antes do periacuteodo de implantaccedilatildeo portanto essa planta natildeo eacute recomendada em

casos de gravidez (MONTANARI BIVILACQUA 2002)

De acordo com estudos realizados em camundongos o abafado de M ilicifolia

foi administrado nesses animais em doses ateacute 360 vezes maiores que a

utilizada pelo homem durante um periacuteodo de dois a trecircs meses Como

resultados natildeo houve mudanccedilas no peso comportamento temperatura

paracircmetros bioquiacutemicos e hematoloacutegicos desses animais (OLIVEIRA CARLINI

1988)

15 FarmacocineacuteticaO modelo da farmacocineacutetica da espinheira-santa eacute estudado por meio de seus

taninos natildeo condensados Epigalocatequina marcada foi administrada por via

oral sendo os picos plasmaacuteticos observados 60 min apoacutes a ingestatildeo Apoacutes

uma dose de 500 mgkg foram detectadas concentraccedilotildees tissulares de 123

mmol no plasma 484 mmol no fiacutegado e 565 mmol no intestino delgado

(Nakagawa amp Miyazawa 1997) Depois da administraccedilatildeo oral de

epigalocatequina-3-galato marcada com triacutetio a ratos cerca de 6 da dose eacute

eliminada na urina e 24 nas fezes nas primeiras 24 horas Uma segunda

dose dada duas horas apoacutes a primeira eleva em cerca de 4 a 6 vezes a

concentraccedilatildeo no plasma e em alguns tecidos Esses dados sugerem uma

meia-vida longa e eliminaccedilatildeo lenta da epigalocatequina-3-galato No final das

24 horas os animais foram sacrificados e essa substacircncia pocircde ser encontrada

no rim ceacuterebro fiacutegado pacircncreas intestino e ossos (Suganuma et al 1998)

Num outro estudo foi avaliada a afinidade da epigalocatequina-3-galato agraves

proteiacutenas do soro Apoacutes uma dose oral a ratos mais de 50 da

epigalocatequina-3-galato absorvida ligou-se agrave proteiacutena do plasma

especialmente a fibronectina o fibrinogecircnio e a HRGP( Histidin Rich

Glicoprotein) proteiacutena plasmaacutetica com 74 kdaltons cuja funccedilatildeo ainda eacute pouco

conhecida (Sazuka et al 1996)

16 PreparaccedilatildeoTendo sido reconhecida a espeacutecie com que se vai trabalhar torna-se

necessaacuterio que se disponha desta espeacutecie em quantidade suficiente para

atender a demanda relacionada a produccedilatildeo do fitoteraacutepico replicaccedilatildeo da

espeacutecie e respectivo controle de qualidade Par a atingir este objetivo a

espeacutecie deve ser cultivada na extensatildeo adequada ao fim que se propotildee tendo-

se aleacutem dos cuidados inerentes ao cultivo de qualquer espeacutecie vegetal a

precauccedilatildeo de nunca utilizar pesticidas ou agrotoacutexicos na aacuterea de cultivo Nos

parece claro que a opccedilatildeo pelo fitoteraacutepico deve vir acompanhada do desejo de

seguranccedila o que natildeo seria conseguido se fossem deixados resiacuteduos de

agrotoacutexicos ou de pesticidas na espeacutecie que iraacute ser usada como mateacuteria-prima

para a produccedilatildeo de medicamento Veja no item 24 os ensaios que devem ser

efetuados no sentido de identificar e quantificar a presenccedila destes e de outros

contaminantes

Dispondo-se entatildeo da espeacutecie vegetal botanicamente selecionada cultivada

sem o uso de agentes quiacutemicos contaminantes iremos seguir tantos passos

quantos sejam necessaacuterios para preparar a espeacutecie vegetal numa droga capaz

de ser armazenada e processada para resultar num preparado intermediaacuterio uacutetil

na preparaccedilatildeo de fitoteraacutepicos Estes passos podem ser enumerados como

sendo Coleta Monda Estabilizaccedilatildeo Secagem Trituraccedilatildeo e Armazenamento

A execuccedilatildeo e finalidade de cada um se acham descrito a seguir

A Coleta eacute realizada atraveacutes da retirada da parte usada da planta procurando

sempre o material mais saudaacutevel em completo desenvolvimento (a menos que

especificado em (contraacuterio como ocorre com a gema terminal de Psidium

guajava) e com o miacutenimo de contaminantes (poeira poluiccedilatildeo adubo insetos

colocircnia de microrganismos etc) A distribuiccedilatildeo de substacircncias

farmacologicamente ativas nas plantas medicinais natildeo se daacute de maneira

homogecircnea em toda a extensatildeo da planta Portanto eacute de se esperar que

apenas alguma parte de uma dada espeacutecie podem ser utilizadas com finalidade

terapecircutica

Atraveacutes de consulta agraves diversas farmacopeias e tratados sobre plantas

medicinais encontramos descriccedilotildees sobre a parte a ser usada de cada espeacutecie

medicinal Pode-se em alguns casos observar que diferentes partes de uma

mesma planta apresentam propriedades inteiramente diferentes como por

exemplo a Punica granam (romatildezeira) cujas cascas do caule satildeo teniacutefugas e

as cascas dos frutos tecircm propriedades anti-inflamatoacuteria e antibioacutetica Em outros

casos toda a planta pode ser utilizada com a mesma finalidade como a

Phylanthus niruri (quebra-pedra) Torna-se imperioso portanto que antes de

qualquer outra etapa da preparaccedilatildeo de uma forma farmacecircutica fitoteraacutepica se

conheccedila qual ou quais partes da espeacutecie escolhida pode ser utilizada

A coleta deve respeitar para cada espeacutecie o melhor periacuteodo correspondente

agravequele onde a espeacutecie apresenta maior teor em substacircncias ativas Tendo isto

em mente relacionamos a seguir orientaccedilotildees geneacutericas quanto ao periacuteodo de

coleta

Formas farmacecircuticas de fitoteraacutepicosPoacute

Eacute a forma farmacecircutica obtida apoacutes a secagem trituraccedilatildeo e tamisaccedilatildeo da

droga Segundo a sua finalidade devem apresentar a tenuidade adequada

conforme a tabela a seguir Pode ser dispensado para uso na preparaccedilatildeo de

chaacutes ou adicionado agrave alimentaccedilatildeo (leite sucos mel etc) O envase deve cuidar

para que natildeo haja absorccedilatildeo de umidade

Formas soacutelidas

Caacutepsulas

Eacute a forma farmacecircutica obtida pela deposiccedilatildeo ordenada da droga seca

triturada e tamisada em caacutepsulas gelatinosas duras ou pelo encapsulamento

de liacutequidos ou semissoacutelidos de natureza lipofiacutelica em caacutepsulas gelatinosas

moles O invoacutelucro rosa utilizado eacute geralmente de natureza proteica e satildeo

portanto incompatiacuteveis com drogas tacircnicas por exemplo Cuidado especial

deve ser tomado com a umidade temperatura e pressatildeo exercida sobre as

caacutepsulas durante o armazenamento e transporte Estes fatores podem levar a

desidrataccedilatildeo ou hidrataccedilatildeo das caacutepsulas que as tornam quebradiccedilas ou

deformadas e coladas Durante a preparaccedilatildeo das caacutepsulas deve-se cuidar para

que o peso das caacutepsulas obtidas seja o mais uniforme possiacutevel podendo-se

garantir isso pela pesagem da quantidade de poacute necessaacuteria para o enchimento

de um nuacutemero determinado de caacutepsulas

O enchimento das caacutepsulas ocorre na oficina farmacecircutica em tabuleiros

especiais constituiacutedos em acriacutelico PVC ou outro poliacutemero apresentando-se no

modelo mais simples apenas como uma base fixa que se encaixa a uma outra

moacutevel e perfurada que recebe o corpo das caacutepsulas sem as tampas A seguir

se distribui de forma homogecircnea a quantidade estipulada de poacute em todas as

caacutepsulas valendo-se de uma espaacutetula plaacutestica e de um dispositivo especial

para prensar o conteuacutedo no interior das caacutepsulas Finalizado o enchimento as

partes super oires (tampas) das caacutepsulas satildeo recolocadas fechando-as e

determina-se o peso meacutedio das mesmas embalando-as imediatamente

A capacidade das caacutepsulas eacute proporcional agrave densidade do poacute e ao tamanho

das caacutepsulas que eacute padronizado em 08 (oito) diferentes tipos listados a seguir

com as respectivas dimensotildees e capacidades em mililitros

Controle de Qualidade

Todas as etapas utilizadas durante o processamento da droga devem ser

monitoradas atraveacutes de ensaios que possam atestar a qualidade da mateacuteria-

prima dos produtos intermediaacuterios e do produto final acabado O objetivo final

tanto do processamento adequado quanto agrave avaliaccedilatildeo da qualidade eacute a

garantia de que o que estaacute sendo produzido na forma como ocorre o processo

produtivo estaacute conduzindo agrave obtenccedilatildeo de um produto com as caracteriacutesticas

necessaacuterias agrave utilizaccedilatildeo para o tratamento de doenccedilas

Droga

A avaliaccedilatildeo da qualidade da droga utilizada na obtenccedilatildeo de fitoteraacutepicos no

Programa Farmaacutecias-Vivas onde o cultivo das espeacutecies vegetais eacute efetuado

pelo laboratoacuterio fabricante do produto deve ser realizada sob os seguintes

aspectos

- Considerando que a droga a ser utilizada corresponde agrave espeacutecie vegetal

esperada conhece-se suas caracteriacutesticas macromorfoloacutegicas aleacutem das suas

caracteriacutesticas sensoriais constituindo a primeira avaliaccedilatildeo que eacute a identidade

da droga

- Determinaccedilatildeo da umidade da droga fresca que deve ser diferenciada de

perda por dessecaccedilatildeo pois outras substacircncias volaacuteteis aleacutem da aacutegua satildeo

evaporadas Pode ser determinada atraveacutes do ensaio volumeacutetrico de Karl

Fischer ou pelo ensaio gravimeacutetrico submetendo a droga a dessecaccedilatildeo em

temperatura ambiente em dessecador com siacutelica ou aacutecido sulfuacuterico

- Mesmo a droga morfologicamente normal pode natildeo apresentar seus

constituintes ativos na quantidade desejada sendo necessaacuterio que sejam

realizados ensaios de identificaccedilatildeo e quantificaccedilatildeo de ativos ou de marcadores

atraveacutes das mais diversas teacutecnicas gravimeacutetrica volumeacutetrica

espectrofotomeacutetrica cromatograacutefica etc

- Avaliaccedilatildeo da contaminaccedilatildeo microbiana da droga principalmente se a mesma

tiver de ser utilizada sem qualquer processamento posterior As drogas que

seratildeo transformadas em uma forma extrativa em soluccedilatildeo hidro-alcooacutelica pode

ter sua carga microbiana reduzida pelo efeito antisseacuteptico do solvente

Preparado Intermediaacuterio

As formas extrativas satildeo obtidas em condiccedilotildees que nem sempre conseguem

retirar a totalidade das substacircncias ativas soluacuteveis no solvente escolhido devido

a diversos fator ES como o tempo e temperatura de maceraccedilatildeo pH do

solvente distribuiccedilatildeo granulomeacutetrica da droga sua umidade residual teor de

substacircncias ativas e velocidade de percolaccedilatildeo Justifica-se entatildeo a

necessidade da realizaccedilatildeo de ensaios de avaliaccedilatildeo da qualidade das formas

extrativas incluindo avaliaccedilotildees fiacutesico-quiacutemicas como aparecircncia cor odor

solubilidade densidade pH e viscosidade avaliaccedilotildees quiacutemicas como o perfil

cromatograacutefico e dosagem das substacircncias ativas ou marcador e avaliaccedilatildeo

microbioloacutegica da quantidade de microrganismos viaacuteveis

Fitoteraacutepico

Independente da forma farmacecircutica final eacute necessaacuterio que sejam realizadas

avaliaccedilotildees na qualidade do produto final da mesma forma que eacute exigido para

os demais tipos de medicamentos Listamos a seguir os ensaios realizados

para cada forma farmacecircutica lembrando que devem ser acrescentados os

ensaios quiacutemicos e microbioloacutegicos

Prazo de Validade

Considerando a jaacute difiacutecil realizaccedilatildeo da avaliaccedilatildeo da qualidade das drogas

utilizadas na obtenccedilatildeo de fitoteraacutepicos pode-se compreender que o

acompanhamento do processo cineacutetico de degradaccedilatildeo dos constituintes do

medicamento natildeo eacute uma estar efe faacutecil No entanto esta avaliaccedilatildeo pode se dar

em diversos niacuteveis

- Avaliaccedilatildeo da estabilidade fiacutesica

Para cada tipo de forma farmacecircutica satildeo descritas as caracteriacutesticas tiacutepicas

como cor odor limpidez densidade viscosidade pH etc que observadas

para um mesmo lote ao longo do tempo de armazenamento forneceratildeo

informaccedilotildees sobre a integridade fiacutesica da formulaccedilatildeo

- Avaliaccedilatildeo da estabilidade quiacutemica

A utilizaccedilatildeo de recursos laboratoriais desde os mais simples ateacute os mais

sofisticados permitem o acompanhamento qualitativo eou quantitativo dos

princiacutepios ativos contidos no produto fitoteraacutepico Por exemplo atraveacutes do

ensaio limite de taninos por diluiccedilotildees sucessivas e adiccedilatildeo de cloreto feacuterrico

pode-se ter uma medida semi-quantitativa do teor destas substacircncias nas

preparaccedilotildees que o contenham Evoluindo a utilizaccedilatildeo de teacutecnica

cromatograacutefica em camada delgada sobre papel ou siacutelica permite a

determinaccedilatildeo do perfil cromatograacutefico para o produto de modo que possa ser

comparado com o obtido em lotes posteriores ou com o mesmo lote ao longo do

tempo de armazenamento

- Avaliaccedilatildeo da estabilidade microbioloacutegica

A verificaccedilatildeo do niacutevel de contaminaccedilatildeo microbiana numa preparaccedilatildeo

medicamentosa fornece informaccedilotildees sobre o niacutevel de higienizaccedilatildeo empregado

durante o processamento da droga ateacute a obtenccedilatildeo do medicamento A

observaccedilatildeo deste mesmo paracircmetro ao longo do tempo fornece informaccedilotildees

sobre a composiccedilatildeo conservante utilizada no produto e a forma de

armazenamento

Teacutecnicas Gerais

Os ensaios laboratoriais de avaliaccedilatildeo da qualidade da droga compreendem

basicamente

- Observaccedilatildeo macroscoacutepica e microscoacutepica da droga fresca e seca inteira e

triturada comparando com o descrito em farmacopeias ou com modelos

botanicamente certificados

- Determinaccedilatildeo de umidade na droga fresca e naquela seca e triturada

evidenciando a quantidade de aacutegua contida na droga receacutem-coletada na droga

s eca e a efetividade do processo de secagem utilizada

- Identificaccedilatildeo e dosagem de substacircncias ativas ou marcadores realizada na

droga seca e triturada onde atraveacutes do acompanhamento da evoluccedilatildeo ao

longo do tempo e o cruzamento dos dados entre os locais e condiccedilotildees de

cultivo seraacute possiacutevel a determinaccedilatildeo das condiccedilotildees ideais para a manutenccedilatildeo

da qualidade das espeacutecies vegetais

- Determinaccedilatildeo da quantidade de mateacuteria orgacircnica estranha na droga seca

triturada grosseiramente demonstrando se a coleta monda secagem e

trituraccedilatildeo foram realizadas a contento sem o risco de contaminaccedilatildeo com outras

espeacutecies

- Determinaccedilatildeo de resiacuteduos de pesticidas para monitorar a forma de realizaccedilatildeo

do controle de pestes atraveacutes da identificaccedilatildeo e dosagem de pesticidas

- Determinaccedilatildeo da presenccedila de arsecircnio e metais pesados como componentes

que satildeo responsaacuteveis por intoxicaccedilotildees e por incompatibilidades nas

preparaccedilotildees liacutequidas de fitoteraacutepicos

- Determinaccedilatildeo da quantidade de microrganismos viaacuteveis atraveacutes da contagem

em placa a de diluiccedilotildees obtidas a partir do liacutequido de lavagem das drogas

evidenciando o grau de contaminaccedilatildeo e a possiacutevel e indesejaacutevel presenccedila de

microrganismos potencialmente patogecircnicos

Garantia de Qualidade

Na produccedilatildeo de fitoteraacutepicos do mesmo modo como ocorre com qualquer outro

medicamento natildeo pode negligenciar qualquer procedimento que possa conduzir

a diminuiccedilatildeo da qualidade do produto final A qualidade se reflete na

reprodutibilidade da qualidade do produto avaliada em laboratoacuterio e no

acompanhamento da sua eficaacutecia terapecircutica e seguranccedila Isto soacute pode ser

conseguido quando para cada forma farmacecircutica de fitoteraacutepico forem

registradas as operaccedilotildees farmacecircuticas que devem ser seguidas agrave risca suas

medidas de controle e definiccedilatildeo das responsabilidades para cada uma das

etapas do processamento

Apenas como ilustraccedilatildeo tomemos como exemplo a produccedilatildeo da tintura de

Alecrim-pimenta (Lippia sidoides Cham) O iniacutecio da preocupaccedilatildeo com a

qualidade se daacute com a seguranccedila de que a espeacutecie cultivada seja realmente

aquela que se deve coletar e em seguida em coletar a parte que realmente

deve ser utilizada e de plantas com aspecto saudaacutevel de desenvolvimento para

a qual as condiccedilotildees de cultivo tenham se apresentado como satisfatoacuterias A

monda que se segue agrave coleta retirando as partes improacuteprias agrave preparaccedilatildeo do

fitoteraacutepico daacute continuidade ao passo anterior na busca de alcanccedilar a qualidade

desejada O processo de dessecaccedilatildeo ocorrendo agrave sombra e agrave temperatura

ambiente preservando os constituintes quiacutemicos ativos e diminuindo a

influecircncia da umidade da planta sobre a sua qualidade e a da soluccedilatildeo extrativa

a ser obtida faz com que a droga obtida possa ser utilizada como mateacuteria-prima

para a obtenccedilatildeo de medicamento O cuidadoso processo de trituraccedilatildeo sem

elevar a temperatura durante o processo e reduzindo a perda de poacute para o

ambiente tambeacutem representa um processo que deve ser realizado com a

devida atenccedilatildeo Depois disso a droga seca e triturada deve ser armazenada

em condiccedilotildees que preservem sua qualidade pelo tempo necessaacuterio ateacute sua

utilizaccedilatildeo com as devidas inscriccedilotildees que atestem sua fonte data de coleta e de

processamento e respectivos responsaacuteveis

A preparaccedilatildeo da soluccedilatildeo hidro-alcooacutelica que seraacute utilizada no processo extrativo

tambeacutem deve ser realizada com bastante cuidado pois a mateacuteria-prima deve

apresentar a qualidade compatiacutevel com sua utilizaccedilatildeo para a produccedilatildeo de

medicamentos aacutegua purificada e aacutelcool farmacecircutico Deve-se observar a

legislaccedilatildeo atual sobre aacutelcool que exige a desnaturaccedilatildeo do aacutelcool

comercializado em farmaacutecias e supermercados e assim natildeo deve servir como

excipiente farmacecircutico Enfim todos os processos interferem com a qualidade

do produto final a ser obtido e devem ser realizados corretamente e as

operaccedilotildees registradas em documento proacuteprio buscando a rastreabilidade de

cada lote de cada produto

Outra etapa da garantia da qualidade essencial para sua implantaccedilatildeo eacute a

validaccedilatildeo de equipamentos e de processos que busca uma evidecircncia

documentada de que os mesmos cumprem satisfatoriamente sua finalidade

quando utilizados ou realizados corretamente

Estas evidecircncias devem ser conseguidas antes mesmo de se iniciar a utilizaccedilatildeo

das instalaccedilotildees para produccedilatildeo de medicamentos Naqueles jaacute em

funcionamento a validaccedilatildeo pode ser realizada atraveacutes da documentaccedilatildeo da

produccedilatildeo passada ou seja uma validaccedilatildeo retrospectiva

Para a produccedilatildeo de medicamentos em pequena escala que natildeo venha a

caracterizar uma produccedilatildeo industrial deve-se buscar a adequaccedilatildeo das

condiccedilotildees de produccedilatildeo armazenamento e dispensaccedilatildeo do produto atraveacutes da

Resoluccedilatildeo RDC ndeg 33 de abril de 2000 que descreve os criteacuterios de Boas

Praacuteticas de Manipulaccedilatildeo

Para a produccedilatildeo industrial de medicamentos a legislaccedilatildeo que trata das Boas

Praacuteticas de Fabricaccedilatildeo e Garantia de Qualidade eacute a Resoluccedilatildeo RDC ndeg 210 de

04 de agosto de 2003 As especificaccedilotildees legais da legislaccedilatildeo sanitaacuteria

brasileira e de outros paiacuteses para materiais vegetais devem incluir tanto quanto

possiacutevel o seguinte

- Nome botacircnico c om referecircncia aos autores

- Detalhes da fonte da planta (paiacutes ou regiatildeo de origem cultivo eacutepoca da

colheita procedimentos de colheita possiacuteveis pesticidas utilizados etc)

- Descriccedilatildeo do material vegetal inspeccedilatildeo visual macro eou microscoacutepica

- Testes de identificaccedilatildeo apropriados incluindo quando convenientes testes de

identificaccedilatildeo para ingredientes ativos conhecidos ou marcadores

- Ensaios quando convenientes dos constituintes de atividade terapecircutica ou

marcadores

- Meacutetodos apropriados para determinaccedilatildeo de possiacuteveis contaminaccedilotildees por

pesticidas e os limites aceitos

- Testes para metais pesados e contaminantes semelhantes materiais

estranhos e adulterantes

- Testes para radiaccedilatildeo aflatoxinas e contaminaccedilatildeo microbiana

Qualquer tratamento usado para reduzir contaminaccedilotildees focircnicas e microbianas

ou outras infestaccedilotildees devem ser documentadas Instrumentos para tais

procedimentos devem ser acessiacuteveis e devem incluir detalhes dos processos

testes e limites residuais

Para a realidade do programa Farmaacutecias-Vivas onde natildeo satildeo utilizados

pesticidas as plantas satildeo cultivadas no local proacuteximo de onde ocorre a

produccedilatildeo do medicamento ou satildeo de origem na mesma regiatildeo e satildeo

processadas logo apoacutes a coleta satildeo feitas exigecircncias menores que as

estabelecidas para maiores escalas de produccedilatildeo Nem assim devemos deixar

de registrar todas as operaccedilotildees realizadas com a droga desde o seu cultivo ateacute

a dispensaccedilatildeo do produto fitoteraacutepico

Dispensaccedilatildeo

Estivemos sempre discorrendo sobre qualidade do produto a ser obtido desde

o cultivo da espeacutecie correta da coleta da parte usada e o seu processamento

mantendo intactos os princiacutepios ativos Conhecemos os motivos que levam a

toda esta preocupaccedilatildeo com a qualidade a responsabilidade do profissional que

o produz e a eficaacutecia e a seguranccedila necessaacuterias para o paciente que o utiliza

Portanto resta-nos dispensar o fitoteraacutepico para que este apresente estas

caracteriacutesticas trans formando o paciente num parceiro consciente do seu

papel no uso cor reto deste recurso terapecircutico

O resgate das praacuteticas populares agora respaldadas pelos estudos cientiacuteficos

seacuterios que atestam a eficaacutecia e seguranccedila das espeacutecies utilizadas no programa

Farmaacutecias-Vivas pode ser abordado no momento da dispensaccedilatildeo do

medicamento ou atraveacutes de apresentaccedilotildees coletivas organizadas e realizadas

pelo Farmacecircutico Alguns cuidados merecem ser observados para natildeo se

incorrer em riscos desnecessaacuterios

- Natildeo referendar o uso de plantas cujo estudo cientiacutefico natildeo tenha apresentado

dados sobre sua eficaacutecia e seguranccedila

- Natildeo recomendar o uso de qualquer planta medicinal para o tratamento de

doenccedilas sem a devida recomendaccedilatildeo meacutedica especializada ou natildeo

- Natildeo recomendar a utilizaccedilatildeo de planta que nos seja desconhecida tanto no

aspecto teoacuterico quanto praacutetico

- Natildeo sugerir a utilizaccedilatildeo de quaisquer praacuteticas com ou sem uso de plantas

medicinais que possa representar um risco potencial ou real de dano fetal

Para nos resguardarmos de quaisquer erros precisamos nos manter atualizados

quanto aos benefiacutecios e riscos da utilizaccedilatildeo das espeacutecies medicinais com as

quais trabalhamos dada agrave impossibilidade de conhecer todas as demais Os

dados obtidos durante a dispensaccedilatildeo e acompanhamento dos pacientes aleacutem

daqueles obtidos durante os ensaios controlados de toxicologia e farmacologia

cliacutenica forneceratildeo a necessaacuteria seguranccedila para realizarmos a dispensaccedilatildeo e

cada vez mais desfazermos o mito do natural ser inoacutecuo

Como exemplo da relaccedilatildeo risco x benefiacutecio de uma preparaccedilatildeo fitoteraacutepica

apresentamos as seguintes informaccedilotildees sobre o Elixir de Aroeira que em

muitos aspectos natildeo houve a quantificaccedilatildeo da intensidade dos efeitos beneacuteficos

nem adversos nem de interaccedilotildees

Forma Medicamento Fitoteraacutepico- Caacutepsula ESPINHEIRA SANTA Maytenus ilicifolia Celastraceae

Medicamento fitoteraacutepico

Parte utilizada Folhas

Nomenclatura popularEspinheira santa cancerosa cancorosa-de-sete-espinhos cancrosa

espinheira-divina espinho-de-Deus maiteno erva-cancrosa erva-santa

ApresentaccedilotildeesCaacutepsula dura - Extrato seco das folhas de Maytenus ilicifolia 380 mg -

Embalagem com 3 bliacutesters contendo 15 caacutepsulas cada

Via oral

Uso adulto

Composiccedilatildeo

Cada caacutepsula conteacutem

Extrato seco de Maytenus ilicifolia380 mg

Excipiente qsp 1 caacutepsula (amido)

equivalente a 133 mg de taninos totais

Informaccedilotildees ao pacientePara que este medicamento eacute indicado

Espinheira Santa eacute indicada para o tratamento da maacute digestatildeo e como

coadjuvante no tratamento de uacutelcera do estocircmago e duodeno

Como este medicamento funciona

Espinheira Santa atua como regulador das funccedilotildees estomacais e promove a

proteccedilatildeo da mucosa gaacutestrica

Quando natildeo devo usar este medicamentobull O medicamento deve ser evitado por menores de 12 anos de idade devido agrave

falta de estudos disponiacuteveis

bull Lactaccedilatildeo e gravidez visto que pode diminuir a secreccedilatildeo de leite e pode

provocar contraccedilotildees uterinas

bull Hipersensibilidade (alergia) a qualquer um dos componentes da foacutermula ou a

outras plantas da famiacutelia Celastraceae

O que devo saber antes de usar este medicamentoPrecauccedilotildees e advertecircncias

bull De acordo com a categoria de risco de faacutermacos destinados agraves mulheres

graacutevidas este medicamento apresenta categoria de risco C Este medicamento

natildeo deve ser utilizado por mulheres graacutevidas sem orientaccedilatildeo meacutedica ou do

cirurgiatildeo dentista

Interaccedilotildees medicamentosas

bull A administraccedilatildeo concomitante de M ilicifolia com bebidas alcooacutelicas e outros

medicamentos natildeo eacute recomendada pois natildeo existem estudos disponiacuteveis

sobre as interaccedilotildees medicamentosas deste fitoteraacutepico

Informe seu meacutedico ou cirurgiatildeo-dentista se vocecirc estaacute fazendo uso de algum

outro medicamento

Onde como e por quanto tempo posso guardar este medicamentoCuidados de conservaccedilatildeo

Espinheira Santa deve ser conservada em temperatura ambiente (entre 15 e

30ordmC) em sua embalagem original Proteger da luz e da umidade

Prazo de validade24 meses apoacutes a data de fabricaccedilatildeo impressa no cartucho

Nuacutemero de lote e datas de fabricaccedilatildeo e validade vide embalagem

Natildeo use medicamento com o prazo de validade vencido

Guarde-o em sua embalagem original

Caracteriacutesticas fiacutesicasCaacutepsulas gelatinosas duras de cor creme

Caracteriacutesticas organoleacutepticas

Cheiro (odor) caracteriacutestico e praticamente natildeo apresenta sabor

Antes de usar observe o aspecto do medicamento Caso ele esteja no prazo

de validade e vocecirc observe alguma mudanccedila no aspecto consulte o

farmacecircutico para saber se poderaacute utilizaacute-lo

Todo medicamento deve ser mantido fora do alcance das crianccedilas

Como devo usar este medicamentoModo de usar

As caacutepsulas devem ser ingeridas inteiras e com uma quantidade suficiente de

aacutegua para que possam ser deglutidas

Posologia

Ingerir duas caacutepsulas via oral trecircs vezes ao dia de oito em oito horas

Siga corretamente o modo de usar Em caso de duacutevidas sobre este

medicamento procure orientaccedilatildeo do farmacecircutico Natildeo desaparecendo os

sintomas procure orientaccedilatildeo de seu meacutedico ou cirurgiatildeo-dentista

Este medicamento natildeo deve ser partido aberto ou mastigado

O que devo fazer quando eu me esquecer de usar este medicamentoCaso haja esquecimento da ingestatildeo de uma dose deste medicamento

retomar a posologia prescrita sem a necessidade de suplementaccedilatildeo

Em caso de duacutevidas procure orientaccedilatildeo do farmacecircutico ou de seu meacutedico ou

do cirurgiatildeo-dentista

Que males este medicamento pode causarReaccedilotildees adversas

Ateacute o momento natildeo foram relatadas reaccedilotildees adversas graves ou que coloquem

em risco a sauacutede dos pacientes

Raramente podem ocorrer casos de hipersensibilidade Neste caso suspender

o uso e procurar orientaccedilatildeo meacutedica

Informe seu meacutedico cirurgiatildeo-dentista ou farmacecircutico do aparecimento de

reaccedilotildees indesejaacuteveis pelo uso do medicamento

Induacutestria Brasileira

Esta bula foi atualizada conforme Bula Padratildeo aprovada pela Anvisa em

12012011

Farmacecircutica resp Dra (Nome )

CRF-PR nordm XXXX Coacuted XXXXX - 012011

Informe tambeacutem agrave empresa atraveacutes do seu Serviccedilo de

Atendimento ao Consumidor

O que fazer se algueacutem usar uma quantidade maior do que a indicada deste medicamentoPlantas ricas em taninos como a M ilicifolia quando usadas em doses

excessivas podem causar irritaccedilatildeo da mucosa gaacutestrica e intestinal gerando

vocircmitos coacutelicas intestinais e diarreia

Em caso de super dosagem suspender o uso e procurar orientaccedilatildeo meacutedica de

imediato Em caso de uso de grande quantidade deste medicamento procure

rapidamente socorro meacutedico e leve a embalagem ou bula do medicamento se

possiacutevel Siga corretamente o modo de usar natildeo desaparecendo os sintomas

procure orientaccedilatildeo meacutedica

Conclusatildeo

A espinheira-santa (M ilicifolia) eacute um fitoteraacutepico de relevante accedilatildeo terapecircutica

principalmente antiulcerogecircnica dada sua eficaacutecia farmacoloacutegica e seguranccedila

Vale lembrar que por ausecircncia de estudos ela natildeo eacute recomenda para crianccedilas

e natildeo deve ser usada por gestantes pois estudos em camundongos (fecircmeas e

graacutevidas) indicaram um decreacutescimo significativo do nuacutemero de embriotildees aleacutem

de possuir atividade estrogecircnica que pode interferir na receptividade uterina do

embriatildeo Entre suas atividades farmacoloacutegicas destaca-se a atividade

antiulcerogecircnica que pode ser comparada agrave accedilatildeo da ranitidina e da cimetidina

Por ser morfologicamente parecida com as espeacutecies S bonplandii e Z ilicifolia

ela eacute comumente confundida e ateacute mesmo trocada intencionalmente

A utilizaccedilatildeo de maneira errocircnea das espeacutecies botacircnicas que natildeo satildeo a

verdadeira espinheira-santa (M ilicifolia) pode acarretar danos agrave sauacutede dos

pacientes Assim conclui-se que essas espeacutecies conhecidas como

adulterantes podem trazer malefiacutecios pois ainda faltam estudos que

comprovem suas atividades farmacoloacutegicas e principalmente a seguranccedila

terapecircutica Poreacutem natildeo se deve descartar o uso dessas espeacutecies e sim

realizar estudos mais concretos para que essas plantas assim como a

verdadeira espinheira-santa possam auxiliar no tratamento farmacoloacutegico da

populaccedilatildeo

Referecircncias Bibliograacuteficas

Ralph Santos-Oliveira Simone Coulaud-Cunha Waldeciro Colaccedilo

Revisatildeo da Maytenus ilicifolia Mart ex Reissek Celastraceae

Contribuiccedilatildeo ao estudo das propriedades farmacoloacutegicas Rev Bras

Farmacogn Braz J Pharmacogn 19(2B) AbrJun 2009

Wilker Marlon de Moraes Jesus Tarciacutesio Neves da Cunha Estudo das

propriedades farmacoloacutegicas da espinheira-santa (Maytenus ilicifolia

Mart ex Reissek) e de duas espeacutecies adulterantes Revista Sauacutede e

Desenvolvimento vol ndash nordm 1 Jan ndash Jun 2012

MARIOT MP1 BARBIERI RL2 Engenheiro Agrocircnomo Dr prof do

Conjunto Agroteacutecnico ldquoVisconde da GraccedilardquoUniversidade Federal de

Pelotas (mariotufpeltchebr) ndash Av Ildefonso Simotildees Lopes 2791

Pelotas-RS CEP 96060-290 2Bioacuteloga Dr pesquisadora da Embrapa

Clima Temperado (barbiericpactembrapabr) ndash BR 392 km 78 caixa

postal 403 Pelotas-RS CEP 96001-970 (endereccedilo para

correspondecircncia) Metaboacutelitos secundaacuterios e propriedades medicinais da

espinheira-santa (Maytenus ilicifolia Mart ex Reiss e M aquifolium

Mart)

CARLINI EA Braz S Efeito protetor do liofilizado obtido do abafado de

Maytenus Sp (espinheira-santa) contra uacutelcera gaacutestrica experimental em

ratos In Estudo da accedilatildeo antiuacutelcera gaacutestrica de plantas brasileiras

(Maytenus ilicifolia) Espinheira santa e outras Brasiacutelia CEMEAFIP

1988 p21-35MACAUBAS CIP et al Estudo da eventual accedilatildeo

antiuacutelcera gaacutestrica do baacutelsamo (Sedum sp) folha da fortuna

(Bryophyllum calcium) couve (Brassica oleraceae) e da Espinheira

santa (Maytenus ilicifolia) em ratos In Estudo da accedilatildeo antiuacutelcera

gaacutestrica de plantas brasileiras (Maytenus ilicifolia) Espinheira santa e

outras Brasiacutelia CEMEAFIP 1988 p 5-20

Olivia Werner Oliveira Pedro Ros Petrovick Secagem por aspersatildeo

(spray drying) de extratos vegetais bases e aplicaccedilotildees Revista

Brasileira de Farmacognosia Brazilian Journal of Pharmacognosy 20(4)

641-650 AgoSet 2010

Marianne Christina Scheffer Capitulo 17 Produccedilatildeo de espinheira-santa

(Maytenus ilicifolia Mart ex Reiss) na regiatildeo metropolitana de Curitiba

Paranaacute Brasil

Said gonccedilalves da cruz fonsacircca Farmacoteacutecnica de Fitoteraacutepicos2005

Figura A - Folhas de espinheira-santa (a uacuteltima eacute M aquifolium e as demais

satildeo M ilicifolia) B - flores de espinheira-santa C - ramo com frutos e sementes

de Maytenus ilicifolia

4 Aspectos quiacutemico-bioloacutegicosOs compostos com accedilatildeo bioativa de importacircncia na farmacologia satildeo

produzidos atraveacutes da biossiacutentese dos metaboacutelitos secundaacuterios que estaacute

esquematizado na Figura 1 Nesta figura pode ser observada a formaccedilatildeo dos

principais metaboacutelitos identificados na espinheira-santa como os taninos

flavonoacuteides e terpenos grupo em que estatildeo inseridos os triterpenos

O gecircnero Maytenus eacute rico em espeacutecies com potencial medicinal tendo sido

identificados vaacuterios compostos com accedilatildeo farmacoloacutegica Di Stasi (2004) em

uma revisatildeo sobre compostos bioativos em espeacutecies de Maytenus relata a

presenccedila de pristimerina um triterpeno do tipo friedelano com accedilatildeo

antimalaacuterica e compostos fenoacutelicos com atividade inibitoacuteria sobre a replicaccedilatildeo

do viacuterus HIV-1 em M senegalensis Em M canariensis foram isoladas

nortriterpenos com atividade antibioacutetica e sesquiterpenos com atividade

inseticida M macrocarpa apresenta nortriterpenos denominados

macrocarpinas os quais satildeo citotoacutexicos sesquiterpenos com atividade

leishmanicida e triterpenos do tipo friedelano Triterpenoacuteides do tipo friedelano

tambeacutem foram isolados desta espeacutecie por Chavez et al (1998) Foi evidenciado

por Kennedy et al (2001) a accedilatildeo leishmanicida de sesquiterpenos isolados de

M magellanica e M chubutensis

FIGURA 1 Representaccedilatildeo simplificada do ciclo biossinteacutetico dos metaboacutelitos

secundaacuterios terpenoacuteides flavonoacuteides e taninos condensados que ocorrem em

espinheira-santa (adaptado de Santos 2001)

Entre os compostos bioativos em espinheirasanta (M ilicifolia e M aquifolium)

que podem ter accedilatildeo antiulcerogecircnica e anti-gaacutestrica destacam-se os

triterpenos Os triterpenoacuteides satildeo compostos constituiacutedos basicamente de trinta

unidades de carbono ndash seis isoprenos (Cardoso et al 2001) A maioria possui

em sua constituiccedilatildeo hidroxilas que podem ser glicosiladas produzindo os

heterosiacutedeos cardiotocircnicos importantes agentes terapecircuticos para doenccedilas

cardiovasculares e as saponinas Biossinteticamente satildeo derivados de

condensaccedilatildeo de duas moleacuteculas de farnesilpirofosfato (FPP) unidas cauda-

cauda produzindo o esqualeno precursor aciacuteclico desta classe de compostos

(Figura 2) A provaacutevel ciclizaccedilatildeo da moleacutecula de esqualeno leva agrave formaccedilatildeo da

estrutura baacutesica dos triterpenoacuteides o ciclopentanohidrofenantreno importante

precursor dos esteroacuteides vegetais e animais e das saponinas triterpecircnicas As

saponinas triterpenoacuteides apresentam trecircs tipos de estruturas baacutesicas oleanos

ursanos e lupanos Os triterpenos denominados cangoronina e ilicifolina foram

identificados por Itokawa et al (1991) em M ilicifolia Eles satildeo do tipo

friedelano e foram fracionados junto com outros sete triterpenos jaacute conhecidos

FIGURA 2 Biossiacutentese de triterpenoacuteides (adaptado de Cardoso et al 2001)

Os autores mostraram que alguns destes compostos tecircm accedilatildeo citotoacutexica

como por exemplo a pristimerina ndash que foi a mais eficiente ndash indicando que

podem ser uacuteteis no tratamento de tumores Trabalho semelhante foi

desenvolvido por Shirota et al (1994) que elucidaram a estrutura de alguns

triterpenos aromaacuteticos Estes compostos mostraram atividade citotoacutexica

moderada contra um nuacutemero de linhagens de ceacutelulas de tumor cultivadas As

estruturas de outros dois triterpenos diacutemeros denominados cangorosina A e

cangorosina B foram elucidadas por Shirota et al (1997) em extrato de raiacutezes

de M ilicifolia Quatro novos triterpenoacuteides ndash maytefolina A-C (1-3) e uvaol-3-

caffeate (4) ndash aleacutem de outros triterpenos foram isolados de folhas de M

ilicifolia por Ohsaki et al (2004) Os autores identificaram a accedilatildeo citotoacutexica do

triterpenoacuteide eritrodiol

Apesar de a literatura destacar os triterpenos como os principais compostos

bioativos em espinheira-santa Corsino et al (1998b) destacaram que a famiacutelia

Celastraceae eacute uma fonte rica de sesquiterpenos Os autores isolaram e

elucidaram a estrutura quiacutemica de dois sesquiterpenos a aquifoliulina E-I e a

aquifoliulina EII Ao verificarem a accedilatildeo citotoacutexica do extrato de M aquifolium

em mutantes de Saccharomyces cerevisiae eles sugeriram que os

sesquiterpenos podem ser os principais responsaacuteveis por causar pequenos

danos no DNA Em outro trabalho Corsino et al (1998c) isolaram e elucidaram

a estrutura de outros dois sesquiterpenos a aquifoliulina E-III e a aquifoliulina

E-IV Os triterpenos maitenina e 22- hidroximaitenina satildeo membros de um

pequeno grupo de produtos naturais peculiares agraves espeacutecies das famiacutelias

Celastraceae e Hippocrateaceae com potencial anti-cacircncer (Corsino et al

1998a) A ligaccedilatildeo da maitenina ao DNA sugere uma interaccedilatildeo celular que pode

elucidar a atividade antitumor Os autores mostraram que estes compostos satildeo

efetivos contra carcinoma epidermoacuteide Foi identificada a accedilatildeo antiuacutelcera

gaacutestrica da espinheira-santa em ratos com accedilatildeo semelhante ao medicamento

cimetidina Dois triterpenos jaacute relatados na literatura o friedelan-3-ol e o

friedelan-3-on foram identificados em extrato de M ilicifolia sendo sugeridos

como substacircncias bioativas no tratamento das enfermidades estomacais

Os autores acima citados isolaram e identificaram maitenina e 22

hidroximaitenina a partir de calos oriundos de explantes de folhas de M

aquifolium ndash atraveacutes de HPLC ndash cultivados em dois meios de cultura com

diferentes concentraccedilotildees de cinetina O rendimento dos triterpenos no meio

com menor concentraccedilatildeo de cinetina foram maiores do que no outro A cultura

de tecidos parece entatildeo ser uma fonte contiacutenua e estaacutevel de compostos de

espeacutecies de Maytenus conforme proposto por Pereira et al (1993)

Os autores estabeleceram um protocolo para organogecircnese total de placircntulas

de M ilicifolia de matrizes selecionadas para produccedilatildeo de compostos para

estudos fitoquiacutemicos utilizando como explante gemas axilares

Derivados dos triterpenos friedelano satildeo tiacutepicos das famiacutelias Celastraceae e

Hippocrateaceae (Buffa Filho et al 2002) Estes autores atraveacutes do

desenvolvimento de um meacutetodo HPLC (High Performance Liquid

Chromatography) fase-reversa para a quantificaccedilatildeo de triterpenos em cinco

tipos morfoloacutegicos de Maytenus ilicifolia identificaram os compostos 20 1048576-

hidroximaitenina e 22 hidroximaitenina em baixa concentraccedilatildeo aleacutem de

maitenina celastrol e pristimerina em alta concentraccedilatildeo

Os triterpenos friedelan-3-ol friedelina (Figura 3) e compostos polifenoacutelicos

presentes em M ilicifolia e M aquifolium satildeo citados por Cordeiro et al (1999)

como componentes eficientes no tratamento de uacutelceras e gastrites estomacais

Os autores caracterizaram triterpenos de extratos ndash obtidos por extraccedilatildeo direta

com etilacetato ndash de folhas destas duas espeacutecies atraveacutes de HRGC-MS

(cromatografia gasosa de alta resoluccedilatildeo e espectrometria de massas) O perfil

cromatograacutefico foi semelhante para ambas as espeacutecies diferindo na

concentraccedilatildeo relativa de alguns compostos Estes dois triterpenos foram

tambeacutem destacados por Vilegas et al (1995) e Lanccedilas et al (1997) como os

mais importantes nas duas espeacutecies de espinheira-santa para o tratamento de

uacutelcera gaacutestrica Os primeiros propuseram uma teacutecnica raacutepida para identificar

friedelan-3-ol e friedelina ndash atraveacutes de cromatografia gasosa com alta

temperatura de capilaridade em coluna polar ndash o que permite a distinccedilatildeo entre

extratos alcooacutelicos aquosos de espinheira-santa autecircnticos e falsos (quando

satildeo misturadas folhas de outras espeacutecies como de Sorocea bomplandii) Os

uacuteltimos desenvolveram um meacutetodo para extraccedilatildeo de princiacutepios ativos em

espinheira-santa atraveacutes de uma adaptaccedilatildeo do SFE (extraccedilatildeo com fluido

supercriacutetico) com baixo custo Atraveacutes da utilizaccedilatildeo do CO2 e etanol 10

como fluido extrator conseguiram resultados satisfatoacuterios na obtenccedilatildeo dos

triterpenos O sistema SFE desenvolvido pelos autores foi mais eficiente sendo

uma alternativa aos outros meacutetodos por ser mais raacutepido aleacutem de permitir uma

flexibilidade de escolha do fluido extrator entre gases ou solventes liacutequidos a

condiccedilotildees ambientes Mossi et al (2004) ao caracterizarem quimicamente

extratos de M ilicifolia ndash obtidos atraveacutes da utilizaccedilatildeo de CO2 em alta pressatildeo

ndash observaram que a temperatura de extraccedilatildeo e a densidade do solvente

exerceram um efeito importante sobre o rendimento liacutequido do extrato e a

distribuiccedilatildeo quiacutemica dos compostos volaacuteteis ao contraacuterio do tamanho de

partiacutecula e da taxa de fluxo de CO2 Apesar dos triterpenos friedelan-3-ol e

friedelina terem sido destacados como sendo compostos eficientes no

tratamento anti-uacutelcera gaacutestrica Queiroga et al (2000) em pesquisa realizada

com ratos mostraram que estes triterpenos natildeo apresentam esta accedilatildeo

farmacoloacutegica

FIGURA 3 Estrutura molecular dos triterpenos friedelan-3-ol e friedelina (Mossi 2003) dos flavonoacuteides canferol e quercetina e do tanino condensado (Cardoso et al 2001) encontrados em espinheira-santa

Os taninos e flavonoacuteides satildeo compostos fenoacutelicos presentes em espinheira-

santa que tambeacutem podem ter accedilatildeo em doenccedilas estomacais (Gonzales et al

2001) Os taninos satildeo compostos de sabor adstringente derivados de

fenilpropanos capazes de formar complexos com proteiacutenas accediluacutecares e

alcaloacuteides indoacutelicos (Cardoso et al 2001) Dividem se em duas categorias

derivados de esqueletos (C6-C1)n chamados de taninos hidrosoluacuteveis e

derivados de esqueletos (C6-C3-C6)n chamados de taninos condensados

(Figura 3) ou proantocianidinas Os taninos hidrolizaacuteveis possuem rotas

biossinteacuteticas ainda desconhecidas Sabe-se que seu precursor eacute o aacutecido

gaacutelico ou seu diacutemero de condensaccedilatildeo o aacutecido elaacutegico Os taninos

condensados satildeo biossintetizados pelas condensaccedilotildees de derivados de aacutecido

chiquiacutemico e unidades de malonil-CoA levando agrave formaccedilatildeo das catequinas

Estas satildeo importantes precursoras das proantocianidinas (taninos

condensados) e antocianidinas Caracterizam-se por serem oligocircmeros e

poliacutemeros formados pela policondensaccedilatildeo de duas unidades flavonoiacutedicas

(flavan-3-ol e flavan-34-diol) portanto tambeacutem satildeo considerados compostos

flavonoacuteides sendo tambeacutem denominados de flavolanas diferenciando-se dos

taninos hidrolisaacuteveis por natildeo possuiacuterem resiacuteduos glicosiacutedeos em sua estrutura

Segundo o autor entre as atividades farmacoloacutegicas que os taninos

condensados apresentam ndash quando complexados com proteiacutenas ndash destacam-

se a proteccedilatildeo da mucosa do estocircmago em tratamento de uacutelcera peacuteptica as

propriedades anti-inflamatoacuterias e cicatrizantes e o bloqueio da formaccedilatildeo da

placa dental atraveacutes da inibiccedilatildeo da glicosiltransferase produzida por bacteacuterias

bucais

Atraveacutes de estudo fitoquiacutemico em extrato de M aquifolium Gonzales et al

(2001) identificaram triterpenos taninos e flavonoacuteides Em testes de

laboratoacuterio os autores mostraram a accedilatildeo antiulcerogecircnica e analgeacutesica do

extrato desta espeacutecie Eles destacaram que os triterpenos apresentam

habilidade na estimulaccedilatildeo da siacutentese de muco ou manutenccedilatildeo do conteuacutedo de

prostaglandina ndash componente com atividade antiulcerogecircnica ndash da mucosa

gaacutestrica em altos niacuteveis Foi sugerido ainda que componentes antioxidantes

como os taninos e os flavonoacuteides podem ter accedilatildeo contra lesotildees gaacutestricas

Os flavonoacuteides existem em abundacircncia no reino vegetal encontrados em sua

maioria nas angiospermas (Cardoso et al 2001) Caracterizam se

estruturalmente por serem polifenoacutelicos derivados de C6-C3-C6 ligados na

orientaccedilatildeo cabeccedila-cauda e que podem conter como substituintes hidroxilas

ou seus derivados funcionais tais como eacutesteres metoxilas aleacutem de

glicosiacutedeos isoprecircnicos presos em posiccedilotildees especiacuteficas dos aneacuteis Os

flavonoacuteides tecircm como precursores a fenilalanina e a acetil-CoA

Satildeo originados de reaccedilotildees de derivados do aacutecido chiquiacutemico e derivados do

acetato Os flavonoacuteides satildeo divididos nas seguintes classes flavonas

flavonoacuteis antocianinas e isoflavonoacuteides esta uacuteltima restrita agrave famiacutelia Fabaceae

Os compostos mais importantes encontrados nos vegetais para cada uma das

trecircs primeiras classes satildeo flavonas ndash apigenina e luteolina flavonoacuteis ndash

canferol quercetina miricetina e galangina antocianinas ndash cianidina e

malvidina

Ao analisarem quantitativamente por HPLC flavonoacuteides em infusatildeo aquosa de

folhas de M ilicifolia e M aquifolium Leite et al (2001) identificaram um novo

composto deste grupo na primeira espeacutecie Os autores destacaram que os

flavonoacuteides podem mediar uma variaccedilatildeo de mecanismos relacionados agrave

atividade anti-cacircncer anti-tumor e anti-oxidante esta uacuteltima relacionada agrave

caracteriacutestica anti-uacutelcera Os flavonoacuteides tetra-glicosilados satildeo uacuteteis como

marcadores quiacutemicos para o controle de qualidade em Maytenus

Dois novos tetraglicosiacutedeos ndash pertencentes aos grupos dos 3-O-glicosiacutedeos de

quercetina e canferol que satildeo os mais importantes entre os flavonoacuteides ndash

foram isolados por Vilegas et al (1999) a partir da infusatildeo de folhas de M

aquifolium Os flavonoacuteides quercetina e canferol estatildeo representados na Figura

3 com indicaccedilatildeo dos grupos hidroxila (3) que satildeo glicosilados para formar os

3-O-glicosiacutedeos de quercetina e canferol Os autores identificaram a accedilatildeo anti-

uacutelcera da infusatildeo de espinheira-santa em que o aumento da dose levou ao

decreacutescimo do nuacutemero de uacutelceras em ratos sendo a dose de 800 mg kg-1 a

mais eficiente A maior atividade foi verificada em uacutelceras do tipo III que satildeo as

mais severas Foi ainda destacado que o isolamento de flavonoacuteides

poliglicosilados da infusatildeo de M aquifolium seraacute uacutetil para validaccedilatildeo destes

componentes como marcadores quiacutemicos como jaacute anteriormente descrito por

Vilegas et al (1998) ndash que distinguiram atraveacutes da teacutecnica HPTLC (High

Performance Thin Layer Chromatographic) amostras autecircnticas de M ilicifolia

e M aquifolium e amostras alteradas com Sorocea bomplandii uma espeacutecie

muitas vezes confundida com a espinheirasanta devido agrave morfologia similar da

folha

5 Aspectos silviculturais

Os coletores tradicionais possuem noccedilotildees empiacutericas sobre o manejo das

espeacutecies em seu ambiente natural (eacutepoca e frequecircncia de coleta suportada

pela espeacutecie ambientes em que ocorrem cuidados com os indiviacuteduos no

momento da coleta para que possam rebrotar) Por exemplo ensinam que a

espinheira-santa deve ser coletada quebrando os ramos e natildeo cortando-os

Alguns coletores dizem que isto eacute necessaacuterio para que a planta tenha efeito

medicinal outros que se os ramos forem cortados a aacutervore natildeo rebrota Fato

eacute que os ramos que satildeo quebrados satildeo mais finos do que se for utilizado um

instrumento cortante e isto certamente tem influecircncia sobre a regeneraccedilatildeo dos

indiviacuteduos Outra informaccedilatildeo dos coletores tradicionais eacute que as folhas de uma

determinada aacutervore devem ser colhidas com intervalos de dois anos Dizem

que eacute o tempo necessaacuterio para a aacutervore se recuperar Poreacutem nos plantios

verifica-se que a regeneraccedilatildeo ocorre em um ano Entretanto como os frutos

satildeo formados em ramos do ano anterior esta recomendaccedilatildeo pode estar ligada

ao manejo da espeacutecie garantindo o tempo miacutenimo necessaacuterio para que se

reproduza Com o mesmo objetivo os produtores deixam algumas aacutervores sem

colher para que produzam sementes garantindo assim regeneraccedilatildeo

natural e mais recentemente como fonte de sementes para plantios

Conhecem a forma de distribuiccedilatildeo da espinheira-santa e percorrem grandes

distacircncias para localizar boas aacutereas de coleta com um nuacutemero significativo de

aacutervores Costumam dar intervalos de um ou mais anos entre as coletas num

mesmo local ou coletam as folhas somente de um lado da planta e no ano

seguinte do outro lado

Haacute ainda os curiosos pessoas sem tradiccedilatildeo em coleta de plantas que por

necessidade econocircmica e por residirem proacuteximo a aacutereas em que a espeacutecie

ocorre satildeo contratadas por coletores tradicionais ou por compradores de

plantas para realizarem a coleta da espinheira-santa e outras espeacutecies

medicinais que ocorrem nas proximidades de sua residecircncia

6 Os produtores de espinheira-santa e seu contexto socioeconocircmico

A populaccedilatildeo da Regiatildeo Metropolitana de Curitiba eacute formada por descendentes

de europeus que integraram as diversas correntes migratoacuterias estimuladas no

seacuteculo XIX Tecircm-se assim principalmente descendentes de alematildees

italianos atividade agropecuaacuteria agrave qual incorporaram praacuteticas extrativistas que

jaacute eram atividade agropecuaacuteria agrave qual incorporaram praacuteticas extrativistas que jaacute

eram exercidas pelos caboclos descendentes dos antigos colonizadores

portugueses e iacutendios da regiatildeo No municiacutepio de Campo Largo haacute 1469

estabelecimentos rurais dos quais 1164 exercem atividades ligadas agrave

agricultura ou silvicultura

Segundo o Censo realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica

IBGE em 2000 a populaccedilatildeo rural era de 15580 pessoas (IPARDES 2001)

Destas cerca de 50 estatildeo envolvidas na produccedilatildeo no processamento e na

comercializaccedilatildeo da espinheira-santa

Haacute vaacuterios tipos de produtores de mateacuteria-prima

(a) coletores tradicionais cuja uacutenica atividade econocircmica eacute a coleta de plantas

medicinais inclusive espinheira-santa

(b) coletores de plantas medicinais que tambeacutem cultivam espeacutecies alimentiacutecias

Neste caso a coleta de plantas medicinais visa agrave complementaccedilatildeo da renda

(c) agricultores que cultivam e coletam plantas medicinais

(d) agricultores natildeo coletores que soacute cultivam plantas medicinais

A coleta eou o cultivo de espinheira-santa eacute de uma estrateacutegia de obtenccedilatildeo de

renda diversificada e natildeo passa em meacutedia de 17 da renda familiar Os

coletores recebem em geral R$040kg de planta fresca (folhas com ramos

finos) Apoacutes secagem satildeo comercializadas por R$250 a 350kg As folhas de

plantas cultivadas podem alcanccedilar entre R$800 e 1200kg (soacute folha seca)

7 Processamento da espinheira-santa

Apoacutes a coleta os ramos com folhas satildeo levados ateacute a propriedade do coletor

onde as folhas satildeo selecionadas e secas ou entregues diretamente ao

comprador A secagem pode ser feita agrave sombra ou em secador com fluxo de ar

aquecido Quando o coletor natildeo dispotildee de secador proacuteprio ele costuma secar

as folhas no secador de algum vizinho que recebe como pagamento parte da

produccedilatildeo Para a secagem satildeo utilizados vaacuterios modelos de secadores O

combustiacutevel utilizado pode ser lenha gaacutes ou serragem Alguns secadores

contam com controle de temperatura Dependendo das especificaccedilotildees feitas

pelo comprador depois de secas as folhas satildeo separadas dos ramos e

rasuradas Depois o produto eacute embalado em sacos de malha de juta ou de

polipropileno com ou sem revestimento de papel Depois eacute armazenado ou

enviado diretamente para o mercado (comercializado) A venda pode ser feita

para atacadistas laboratoacuterios de fitoteraacutepicos ou induacutestrias alimentiacutecias Nas

induacutestrias o material eacute submetida a uma nova seleccedilatildeo de acordo com o

controle de qualidade da empresa Geralmente verifica-se a contaminaccedilatildeo

microbioloacutegica e macroscoacutepica No caso dos laboratoacuterios de fitoteraacutepicos

tambeacutem satildeo analisados os constituintes quiacutemicos

Nas induacutestrias de alimentos as folhas rasuradas sofrem nova fragmentaccedilatildeo e

satildeo envasadas em embalagens de 10 a 30 g eou na forma de saches teabag

e embaladas em caixas de papelatildeo sendo comercializadas de forma

semelhante a outros chaacutes Ao chegar ao consumidor final na forma de folhas

rasuradas e embaladas o preccedilo varia entre R$3000 a 5000kg em

embalagens de 05 a 1 kg e entre R$8000 a R$10000Kg em embalagens de

10 a 30 g

Nos laboratoacuterios de fitoteraacutepicos as formas de apresentaccedilatildeo da espinheira-

santas satildeo (a) em saches ou a granel misturadas a ervas para problemas

digestivos numa composiccedilatildeo preacute-definida (b) em caacutepsulas gelatinosas

contendo 350 a 400 mg de folhas moiacutedas (c) em tintura de espinheira-santa

para cuja obtenccedilatildeo as folhas satildeo submetidas agrave extraccedilatildeo geralmente

hidroalcooacutelica (d) em comprimidos para o que se utiliza o extrato seco das

folhas

8 Mercado e comercializaccedilatildeo

Geralmente a venda eacute feita pelo proprietaacuterio do secador em grandes

quantidades para intermediaacuterios laboratoacuterios de fitoteraacutepicos ou induacutestrias

alimentiacutecias (Figura 3) Alguns produtores para agregar valor fazem

embalagens com pequenas quantidades (10 a 30 g) que comercializam em

feiras e mercados como alimento Esta forma de comercializaccedilatildeo eacute feita por

produtores que tecircm faacutecil acesso a um mercado consumidor significativo como

Figura 3 Fluxograma de produccedilatildeo e comercializaccedilatildeo de espinheira-santa (Maytenus ilicifolia)

por exemplo supermercados farmaacutecias ou feiras Entretanto haacute muitas

exigecircncias impostas pela legislaccedilatildeo de vigilacircncia sanitaacuteria para

comercializaccedilatildeo diretamente ao consumidor final Os atacadistas situados em

sua grande maioria no estado de Satildeo Paulo adquirem o produto no Paranaacute e

distribuem para as demais regiotildees do Brasil e tambeacutem para o exterior Eacute

comum que empresas do Paranaacute adquiram folhas de espinheira-santa

originaacuterias do proacuteprio Estado dos atacadistas de Satildeo Paulo Isto reflete a

falta de organizaccedilatildeo dos produtores que natildeo conseguiram ainda divulgar a

regiatildeo como centro produtor de plantas medicinais

As induacutestrias alimentiacutecias apoacutes embalar o produto revendem-no para os

supermercados Os laboratoacuterios de fitoteraacutepicos apoacutes fabricar o medicamento

normalmente realizam a comercializaccedilatildeo por meio de distribuidores de

produtos farmacecircuticos ou diretamente para grandes redes de farmaacutecias que

realizam a distribuiccedilatildeo internamente

9 Poliacuteticas relacionadas com a exploraccedilatildeo e comercializaccedilatildeo

A produccedilatildeo e comercializaccedilatildeo da espinheira-santa estaacute sujeita agrave legislaccedilatildeo

ambiental e agrave de vigilacircncia sanitaacuteria A primeira estabelece as normas para

registro de pessoas fiacutesicas ou juriacutedicas que consomem exploram ou

comercializam mateacuteria-prima florestal inclusive produtos florestais natildeo

madeireiros (Brasil 1985 Brasil 1995 Brasil 2000) Os coletores sabem que

devem obter registro de coletor e comerciante de plantas nativas junto aos

oacutergatildeos de fiscalizaccedilatildeo ambiental estadual e federal (respectivamente Instituto

Ambiental do Paranaacute IAP e Instituto Brasileiro de Meio Ambiente IBAMA) A

legislaccedilatildeo prevecirc ainda que ao realizar a coleta de uma planta os coletores e

produtores devem ter uma autorizaccedilatildeo fornecida com base num plano de

manejo Este plano deve apresentar as teacutecnicas e estrateacutegias que seratildeo

adotadas para garantir a sustentabilidade da exploraccedilatildeo

Na delegacia do IBAMA do Paranaacute haacute somente dois coletores de plantas

medicinais registrados poreacutem eles natildeo apresentam regularmente pedidos de

autorizaccedilatildeo de coleta acompanhados dos respectivos planos de manejo No

periacuteodo em que efetuamos esta pesquisa o oacutergatildeo estadual ainda natildeo havia

definido as normas que devem ser seguidas pelos interessados na obtenccedilatildeo

das autorizaccedilotildees de coleta de plantas

Uma das razotildees eacute que natildeo se dispotildee ainda de todas as informaccedilotildees teacutecnicas

necessaacuterias para a elaboraccedilatildeo do plano Apesar de oacutergatildeos de pesquisa e de

extensatildeo e das universidades estarem realizando estudos com o objetivo de

estabelecer os criteacuterios teacutecnicos natildeo existia ateacute 2002 nenhum plano de

manejo efetivamente implantado

Outro problema eacute a falta de integraccedilatildeo na atuaccedilatildeo dos oacutergatildeos de fiscalizaccedilatildeo

federal estadual e municipal o que torna a regularizaccedilatildeo junto a estes oacutergatildeos

muito complexa e cara para os produtores

Para que o produtor possa comercializar seu produto no varejo ele deve

atender agraves exigecircncias da legislaccedilatildeo sanitaacuteria que estatildeo muito acima da

capacidade econocircmica da maioria dos coletores e agricultores O produto

deve ainda estar dento dos limites estabelecidos de contaminaccedilatildeo por

microorganismos Quando o produto eacute apresentado como fitoteraacutepico as

exigecircncias aumentam ainda mais envolvendo seu registro com comprovaccedilatildeo

dos constituintes quiacutemicos marcadores e da atividade farmacoloacutegica e a

padronizaccedilatildeo do produto Ateacute mesmo os laboratoacuterios tecircm dificuldade em

atender as exigecircncias da legislaccedilatildeo atual Natildeo obstante o produto chega ao

mercado nas mais variadas formas envasado em sachecircs em caacutepsulas como

tintura misturado a ervas para problemas gaacutestricos entre outras

10 Influecircncia do ambiente na produccedilatildeo de compostos bioativos e perspectivas para o melhoramento geneacutetico de espinheira-santa

A influecircncia do ambiente na produccedilatildeo de polifenoacuteis totais polifenoacuteis natildeo

tanantes e taninos em M ilicifolia foram estudados por Radomski (1998) tendo

sido observado que a luminosidade eacute o principal fator que influencia na

produccedilatildeo destes compostos Plantas que se encontram em pleno sol

apresentam maior concentraccedilatildeo destas substacircncias As correlaccedilotildees entre

luminosidade e polifenoacuteis totais (083) polifenoacuteis natildeo tanantes (092) e taninos

(078) foram altas e significativas

Foram observadas diferenccedilas na morfologia foliar e na concentraccedilatildeo de taninos

em folhas de M ilicifolia de diferentes procedecircncias no Rio Grande do Sul

(Bernardi amp Wasicki 1959) Folhas de plantas desenvolvidas a pleno sol eram

menores com espinhos nas margens em nuacutemero reduzido e apresentavam

maior concentraccedilatildeo de taninos Em plantas de espinheira-santa desenvolvidas

em ambiente com alta luminosidade Radomski (1998) observou que as folhas

das plantas eram mais amareladas mais espessas e com espinhos mais

pronunciados caracterizando formas tiacutepicas de adaptaccedilatildeo de plantas de

sombra expostas agrave luz solar total A autora avaliou a aacuterea foliar o peso de

folhas e o peso especiacutefico de folhas em ambientes com diferentes intensidades

luminosas A aacuterea foliar foi menor e o peso especiacutefico das folhas foi maior nas

plantas desenvolvidas a pleno sol quando comparadas agraves dos outros

ambientes com menor luminosidade O peso especiacutefico de folhas apresentou

altas correlaccedilotildees para concentraccedilatildeo de polifenoacuteis totais (087) polifenoacuteis natildeo

tanantes (082) e taninos (083) Estes compostos contribuem para o

incremento da biomassa foliar Radomski et al (2004) relata a grande

influecircncia do ambiente sobre a composiccedilatildeo fitoquiacutemica da espinheira-santa

como concentraccedilotildees diferenciadas de taninos e polifenoacuteis totais em plantas

coletadas em ambientes diferentes

A autora destaca tambeacutem que os ramos de M ilicifolia podem contribuir com

uma parcela significativa na produccedilatildeo de compostos fitoteraacutepicos como

taninos e polifenoacuteis totais

Em trabalho envolvendo a anaacutelise fitoquiacutemica em populaccedilotildees de M ilicifolia do

Mato Grosso do Sul Paranaacute Santa Catarina e Rio Grande do Sul Mossi

(2003) observou uma grande variabilidade ndash que foi maior dentro das

populaccedilotildees ndash para concentraccedilatildeo dos metaboacutelitos secundaacuterios limoneno geranil

acetato aacutecido palmiacutetico fitol esqualeno vitamina E stigmasterol friedelan-3-

ol friedelin friedelan-3-one Atraveacutes de anaacutelise de agrupamentos (UPGMA) o

autor natildeo identificou uma relaccedilatildeo entre os grupos formados e as caracteriacutesticas

ambientais dos locais de coleta o que pode indicar uma maior influecircncia das

variaacuteveis locais como microclima insolaccedilatildeo condiccedilotildees nutricionais do solo

idade da planta entre outros sobre a concentraccedilatildeo dos compostos analisados

do que as condiccedilotildees macro ambientais

Foram observadas por Buffa Filho et al(2002) diferenccedilas nas concentraccedilotildees

de triterpenos entre plantas com morfologia de folha diferentes sendo que os

compostos 22 hidroximaitenina e celastrol foram encontrados em plantas de

dois tipos morfoloacutegicos

O melhoramento geneacutetico em plantas medicinais visa produzir variedades que

possuam alto rendimento de substacircncias desejadas e que as mantenham em

niacuteveis conhecidos para padronizar a dosagem quando da aplicaccedilatildeo

farmacoloacutegica (Oliveira et al 2003) Eacute importante o aumento da massa seca

eou fresca ou ainda o aumento do teor de princiacutepios ativos em determinado

oacutergatildeo vegetal de modo que estas caracteriacutesticas sejam mantidas nas geraccedilotildees

seguintes O produto do melhoramento de plantas medicinais eacute o princiacutepio ativo

ou o fitocomplexo Outros objetivos satildeo resistecircncia a pragas e doenccedilas e

toleracircncia a condiccedilotildees adversas de ambiente

Como o ambiente tem grande influecircncia na produccedilatildeo de metaboacutelitos

secundaacuterios a interaccedilatildeo genoacutetipo x ambiente eacute um fator importante para ser

analisado no melhoramento de plantas medicinais A possibilidade do melhor

genoacutetipo em um ambiente natildeo o ser em outro influencia o ganho de seleccedilatildeo e

dificulta a recomendaccedilatildeo de cultivares com ampla adaptabilidade (Cruz amp

Regazzi 2001) O conhecimento da herdabilidade dos caracteres de interesse

tambeacutem eacute fundamental para que a seleccedilatildeo seja aplicada com sucesso de

forma que o valor fenotiacutepico de um caraacuteter possa servir como guia para o valor

geneacutetico (aditividade) (Carvalho et al 2001)

Em teste de progecircnies realizado com espinheira-santa Mariot (2005)

identificou uma alta herdabilidade para todos os caracteres (velocidade de

emergecircncia estatura de planta diacircmetro agrave base do caule taxa de crescimento

tamanho de folha e nuacutemero de espinhosfolha) o que evidencia o forte controle

do fator geneacutetico sobre o fenoacutetipo O autor observou ainda altos valores para os

coeficientes de variaccedilatildeo geneacuteticos (CVG) que aliado aos baixos valores para

os coeficientes de variaccedilatildeo devido ao erro experimental (CVE) proporcionaram

iacutendices maiores que 10 para o quociente (relaccedilatildeo CVGVE) em todas as

variaacuteveis analisadas o que eacute um bom indicador para seleccedilatildeo em programas de

melhoramento Este resultado eacute importante para a seleccedilatildeo com base em

caracteres relacionados com o crescimento pois a espinheira-santa eacute

considerada de crescimento lento O tamanho de folha em espinheira-santa

caso apresente relaccedilatildeo com o aumento da biomassa e maior concentraccedilatildeo de

metaboacutelitos secundaacuterios que tenham accedilatildeo farmacoloacutegica pode ser um caraacuteter

importante de se considerar na seleccedilatildeo em programas de melhoramento Os

altos iacutendices dos paracircmetros geneacuteticos evidenciados em trabalho desenvolvido

por Mariot (2005) mostram a eficiecircncia na seleccedilatildeo para estes caracteres

Considerando a necessidade de uniformidade nos teores de princiacutepios ativos

exigidos pelas induacutestrias farmacecircuticas e o fato da espinheira santa ser de

fecundaccedilatildeo cruzada os programas de melhoramento desta espeacutecie que vise

atender estas exigecircncias deve utilizar a propagaccedilatildeo vegetativa

Estudos relacionados agrave cultura de tecidos de M ilicifolia e M aquifolium

tornam-se portanto fundamentais Na aacuterea de biotecnologia foi citado por

Corsino et al (1998a) o uso de Agrobacterium como vetor para aumentar a

produccedilatildeo de triterpenos em programa de melhoramento geneacutetico de espinheira

santa

O conhecimento da associaccedilatildeo entre caracteres eacute de grande importacircncia nos

trabalhos de melhoramento principalmente se a seleccedilatildeo em um deles

apresenta dificuldades em razatildeo da baixa herdabilidade eou tenha problemas

de mediccedilatildeo e identificaccedilatildeo (Cruz amp Regazzi 2001) Para tanto o melhorista

pode estimar as correlaccedilotildees fenotiacutepicas e genotiacutepicas o que pode contribuir no

processo de seleccedilatildeo No caso das espeacutecies medicinais esta ferramenta eacute

muito importante devido ao alto custo das anaacutelises para determinar e

quantificar metaboacutelitos secundaacuterios com potencial farmacoloacutegico como as que

envolvem cromatografia Em espinheira-santa a morfologia foliar estaacute

relacionada com os tipos e a concentraccedilatildeo de triterpenos (Buffa Filho et al

2002) portanto se for identificada correlaccedilatildeo entre estes caracteres a seleccedilatildeo

indireta atraveacutes da morfologia foliar pode vir a ser uma boa estrateacutegia de

seleccedilatildeo

11 Etapas do processo de secagem por aspersatildeoO processo de secagem por aspersatildeo consiste de trecircs etapas fundamentais

Na primeira fase o fluiacutedo eacute disperso como gotiacuteculas produzindo uma grande

aacuterea superficial Na segunda ocorre contato destas com uma corrente de ar

aquecido havendo transferecircncia de calor

Na terceira etapa acontece a evaporaccedilatildeo do solvente e a formaccedilatildeo da partiacutecula soacutelida

121 Ilustraccedilatildeo da Planta Espinheira- Santa

Com a transferecircncia de calor do ar aquecido agraves gotiacuteculas o liacutequido da

superfiacutecie evapora-se rapidamente As partiacuteculas solidificadas geralmente

apresentam o mesmo tamanho e forma da gotiacutecula que as originou Na uacuteltima

etapa o produto de secagem eacute transportado por uma corrente de ar sendo

posteriormente coletado (Broadhead et al 1992 Shaw 1997 Rankell et al

2001) A evaporaccedilatildeo superficial da gotiacutecula conduz agrave formaccedilatildeo de uma

camada de material seco externa Atraveacutes desta camada o liacutequido situado no

interior da gotiacutecula propaga-se para o exterior Dependendo da elasticidade e

da permeabilidade da crosta seratildeo produzidos distintos materiais secos como

esferas intactas com superfiacutecie imperfeita ou fragmentada soacutelidas ou ocas

(Rankell et al 2001) A Figura 2 apresenta foto micrografias de dois extratos

diferentes de Maytenus ilicifolia secos por spray drying com disco giratoacuterio em

torre de secagem por aspersatildeo Os extratos foram produzidos da mesma

maneira utilizando temperatura de entrada de 180 degC velocidade do aspersor

de 9500 rpm e 30 de Aerosil (Oliveira 2008)

12 Fatores que influenciam o processoUm das respostas mais relevantes afetada pelas condiccedilotildees de operaccedilatildeo do

processo eacute a qualidade do produto resultante As variaacuteveis devem ser

controladas visando agrave obtenccedilatildeo de rendimento e de teor de umidade

adequados estabilidade quiacutemica minimizaccedilatildeo da aderecircncia de partiacuteculas na

cacircmara de secagem (sticking) e caracteriacutesticas tecnoloacutegicas especiacuteficas As

propriedades do produto satildeo normalmente determinadas pelos fatores

relacionados agraves caracteriacutesticas do material de entrada e do processamento

isto eacute paracircmetros de operaccedilatildeo e equipamento (Quadro 1)

131 Influecircncia do material de entradaEntre os fatores relacionados agraves caracteriacutesticas do material de entrada o uso

de adjuvantes na teacutecnica de secagem por aspersatildeo eacute uma praacutetica muito

comum Satildeo utilizados como adjuvantes neste processo amido ciclodextrinas

dioacutexido de siliacutecio coloidal fosfato tricaacutelcico gelatina goma araacutebica lactose

maltodextrina entre outros (Vasconcelos et al 2005 Silva Juacutenior et al 2006)

Para a secagem de extratos derivados de plantas a seleccedilatildeo e o uso adequado

de adjuvantes no processo de spray drying eacute uma fase de fundamental

importacircncia visto que determina a estabilidade e a qualidade dos mesmos

podendo inclusive afetar as caracteriacutesticas de biodisponibilidade

13 Atividades farmacoloacutegicas da espinheira-santa A espinheira-santa (M ilicifolia) eacute uma planta que possui atividades

farmacoloacutegicas comprovadas entre elas a atividade antiulcerogecircnica Essas

atividades estatildeo ligadas a substacircncias quiacutemicas que satildeo os polifenoacuteis

(flavonoides e taninos) e os triterpenos Haacute fatores como a composiccedilatildeo quiacutemica

do solo onde essa planta estaacute sendo cultivado o local de plantio a teacutecnica de

colheita a secagem da planta e o processamento poacutes-colheita que influenciam

diretamente nos teores de princiacutepio ativo da planta podendo assim gerar

variaccedilotildees das atividades farmacoloacutegicas (NEGRI 2007)

141 Atividade gaacutestricaDe acordo com alguns estudos (Carlini amp Frochtengerten 1988 Ming et al

1998 Coulaud- Cunha et al 2004 Carvalho et al 2008) a M ilicifolia

apresenta accedilatildeo contra uacutelcera peacuteptica e gastrite Coulaud- Cunha et al (2004)

relatam que a accedilatildeo da M ilicifolia na uacutelcera peacuteptica e gastrite envolve mais de

um mecanismo de accedilatildeo ainda natildeo conclusivamente elucidados e natildeo se deve

somente a um principio ativo especifico mas a diferentes fitocomplexos Foi

demonstrado por Pereira et al (1993) e por Ming et al (1998) que tanto os

taninos principalmente a epigalocatequina quanto os oacuteleos essenciais em

especial o fridenelol satildeo responsaacuteveis por parte dos efeitos gastroprotetores

Carlini amp Frochtengarten (1988) por sua vez em estudos realizados com o

abafado da M ilicifolia relatam que quanto maior o tempo do tratamento maior

seraacute a gastroproteccedilatildeo sem entretanto haver alteraccedilotildees no pH Tal observaccedilatildeo

pode ser confirmada por Ferreira et al (2004) que em estudos com extrato

aquoso liofilizado das folhas de M ilicifolia em sapos comprovou que esse

possui efeito inibitoacuterio sobre os mediadores H2 da histamina nas ceacutelulas

parietais esses segundo Gilman (1989) quando estimulados causam a

ativaccedilatildeo da adenililciclase iniciando uma seacuterie de alteraccedilotildees morfoloacutegicas e

bioquiacutemicas complexas que leva ao aumento da secreccedilatildeo gaacutestrica

funcionando como um antagonista H2 aleacutem de inibir o efeito da gastrina Foi

demonstrado ainda que tanto a epigalocatequina (tanino) quanto o fridenelol

(oacuteleo essencial) satildeo responsaacuteveis por parte do efeito protetor da mucosa

gaacutestrica (Pereira et al 1993 Ming et al 1998)

142 Atividade antiulcerogecircnicaSegundo Sousa-Formigoni et al (1991) foi comprovada a atividade

antiulcerogecircnica da espinheira-santa (M ilicifolia) por experimentos feitos em

ratos nos quais os animais foram induzidos a terem uacutelceras gaacutestricas por meio

de indometacina e por estresse quando estes foram submetidos a baixas

temperaturas e por serem imobilizados Apoacutes a aplicaccedilatildeo de um extrato

liofilizado de espinheira-santa houve uma reduccedilatildeo do nuacutemero de uacutelceras e um

aumento do volume e pH da secreccedilatildeo gaacutestrica

Em estudos de mecanismos celulares e moleculares da accedilatildeo de produtos

naturais com o isolamento de substacircncias bioativas da M ilicifolia

responsaacuteveis pela accedilatildeo antissecretora aacutecida gaacutestrica os resultados obtidos

confirmam essas accedilotildees Foram utilizados nesses experimentos extratos

aquosos das partes aeacutereas da planta e os princiacutepios ativos tecircm funccedilatildeo de

inibidores da bomba de proacutetons etapa final comum das vias reguladoras da

secreccedilatildeo aacutecida gaacutestrica (BOSSOLANI 2000)

143 Atividade antimicrobianaEstudos pioneiros como o de Lima et al (1969) jaacute demonstravam que a

maitenina exibe forte atividade antimicrobiana contra vaacuterias bacteacuterias Gram

positivas Tais efeitos foram corroborados com a demonstraccedilatildeo que os extratos

das folhas e raiacutezes tecircm efeito antimicrobiano para vaacuterios patoacutegenos dentre

eles Staphylococcus aureus e Streptococcus sp

144 Atividade sobre o Sistema Nervoso CentralSegundo Alonso (1998) o extrato de M ilicifolia possui atividade sedativa que

potencializa (efeito sineacutergico) o sono por barbituacutericos em camundongos

145 Atividades abortiva e sobre a espermatogecircnese

De acordo com Montanari et al (1998) o extrato etanoacutelico de M Ilicifolia

quando administrado em altas doses em camundongos suiacuteccedilos apesar de

causar leves alteraccedilotildees como ceacutelulas germinativas imaturas esfoliadas mortes

celulares ocasionais aumento de gotiacuteculas lipiacutedicas em ceacutelulas de Sertoli e

inchamento de acrossomas entre outras natildeo foi suficiente para acarretar

danos agrave espermatogecircnese

Jaacute em testes realizados em camundongos (fecircmeas e graacutevidas) administrando-

se oralmente extrato hidroalcooacutelico (70) de folhas de espinheira-santa (M

ilicifolia) observou-se um decreacutescimo significativo do nuacutemero de embriotildees

indicando uma perda embrionaacuteria antes do periacuteodo de implantaccedilatildeo Poreacutem

natildeo houve maacute-formaccedilatildeo ou mortes fetais depois do periacuteodo de implantaccedilatildeo

Esse extrato possui atividade estrogecircnica que pode interferir na receptividade

uterina ao embriatildeo (MONTANARI BEVILAQUA 2002)

146 Atividades antimutagecircnica e anticanceriacutegenaConforme Horn e Vargas (2003) o extrato aquoso de M ilicifolia foi eficaz em

aproximadamente 75 das doses testadas exibindo boas respostas

antimutagecircnicas ou um decreacutescimo sugestivo Em estudos realizados por

Queiroga et al (2007) foi avaliada a fraccedilatildeo ativa antiulcerogecircnica da M

ilicifolia na atividade anticanceriacutegena apresentando resultados citostaacuteticos

satisfatoacuterios De acordo com Itokawa et al (1993) o composto pristimerina foi o

mais eficiente na accedilatildeo citotoacutexica podendo ser uacutetil no tratamento de tumores

147 Atividade antioxidante e otoprotetoraDe acordo com Mattei e Carlini (1998) um extrato aquoso liofilizado de

espinheira-santa (M ilicifolia) foi testado in vitro em homogenato de ceacuterebro de

ratos e exerceu uma importante atividade antioxidante inibindo o processo de

lipoperoxidaccedilatildeo

Usando-se extrato etanoacutelico de M ilicifolia foi confirmado que a casca da raiz

tem um poder antioxidante pelo fato de possuir em sua base compostos com a

capacidade sequestradora de radicais livres (VELLOSA et al 2006)

Conforme Santos et al (2010) foram comprovadas propriedades antioxidantes

dos extratos brutos e de componentes individuais de M Ilicifolia por possiacuteveis

associaccedilotildees sineacutergicas de substacircncias fenoacutelicas e triterpenos

quinonametiacutedeos comparados agrave rutina como composto fenoacutelico modelo

De acordo Kasse et al (2008) foi realizado um estudo com ratos (fecircmeas) em

que esses animais foram submetidos agrave substacircncia cisplatina e posteriormente

tratados com extrato de M ilicifolia para avaliar a atividade otoprotetora da

planta Foram realizados e avaliados os exames de emissotildees otoacuacutesticas por

produtos de distorccedilatildeo por potencial de tronco encefaacutelico antes e depois de

administraccedilatildeo de cisplatina e por fim por microscopia eletrocircnica de varredura

Os resultados mostraram que apesar de apresentar atividades antioxidantes a

M ilicifolia foi incapaz de bloquear o efeito citotoacutexico do composto quiacutemico

administrado nas cobaias

Segundo Negri et al (2009) a atividade antioxidante do extrato etanoacutelico de M

ilicifolia estaacute intimamente ligada agrave sua temperatura de secagem Testes

realizados para avaliaccedilatildeo do poder antioxidante os quais foram os meacutetodos de

formaccedilatildeo de complexo com fosfomolibdecircnio e atividade antioxidante em

relaccedilatildeo agrave reduccedilatildeo de um radical utilizando-se o DPPH (22-difenil-1-

picnilhidrazila) em que foram levadas em consideraccedilatildeo diferentes

temperaturas usualmente utilizadas para secagem (40 50 60 70 e 80˚C)

demostraram melhor atividade antioxidante na temperatura de 40˚C e

gradativamente quanto maior a temperatura realizada nos testes menor o

poder antioxidante Por fim o estudo mostrou a importacircncia do controle de

temperatura para a melhor efetividade nesse quesito da planta

Em estudos de Pessuto et al (2009) foram avaliados extratos e compostos

isolados de M Ilicifolia em relaccedilatildeo agrave capacidade antioxidante Os extratos

brutos e semipurificados foram estudados por meio de ensaios de

fosfomolibdecircnio (complexo) e de DPPH (22-difenil-1-picnilhidrazila) nos quais

os resultados mostraram que a fraccedilatildeo com acetato de etila teve melhor

capacidade antioxidante em relaccedilatildeo ao extrato bruto e fraccedilatildeo aquosa

possivelmente por conter maior nuacutemero de hidroxilas fenoacutelicas (pela

capacidade de sequestro dos radicais livres) e tambeacutem em relaccedilatildeo agraves

substacircncias trolox e vitamina C

148 Atividades antinociceptiva e anti-inflamatoacuteria De acordo com Nakamura et al (1994) o extrato etanoacutelico de folhas de M

ilicifolia conteacutem uma fraccedilatildeo de quercetina-3-O-glicosiacutedeo e essa substacircncia

quiacutemica foi avaliada pelo teste de aacutecido aceacutetico e formalina em ratos obtendo-

se resultados satisfatoacuterios para atividades analgeacutesicas e anti-inflamatoacuterias

Por meio de testes realizados em camundongos e ratos foi provocado um

edema nas patas desses animais por meio de injeccedilatildeo de 002 ml de

formaldeiacutedo (soluccedilatildeo a 092) utilizando-se como controle soluccedilatildeo salino

Apoacutes 120 minutos foi aplicado extrato hexacircnico e acetato de etila das folhas

(M ilicifolia) administrados por via oral nas doses de 80 160 320 e 340 mgkg

Os animais foram sacrificados apoacutes 4 horas Em um segundo ensaio foi

administrada por injeccedilatildeo soluccedilatildeo de carragenina a 1 e os extratos da planta

foram dados por via oral nas doses de 80 160 320 e 340 mgkg Os resultados

obtidos mostraram uma atividade antinociceptiva para os dois extratos

principalmente nas doses de 320 e 340 mgkg sendo esse teste importante

para uma alternativa cliacutenica na terapecircutica anti-inflamatoacuteria e antiulcerogecircnica

(JORGE et al 2004)

14 Toxicidade efeitos adversos e contraindicaccedilatildeo da espinheira-santa

Foi realizado um estudo toxicoloacutegico com 24 voluntaacuterios sendo 12 homens e

12 mulheres de 20 a 40 anos de idade selecionados previamente por meio de

avaliaccedilatildeo cliacutenica exames hematoloacutegicos e bioquiacutemicos e avaliaccedilatildeo

psicomotora com o objetivo de estabelecer um intervalo maacuteximo de seguranccedila

no uso de M ilicifolia As doses foram administradas de maneira crescente e

natildeo houve um grupo controle pois os exames iniciais foram considerados

como valores basais para efeito comparativo A dose inicial foi fixada em 100

mg por adulto sendo administradas doses subsequentes de 200 500 1000

1500 e 2000 mg com intervalos de uma semana para cada dose A anaacutelise dos

resultados revelou que natildeo houve efeitos significativos nos valores dos

principais paracircmetros hematoloacutegicos e bioquiacutemicos e tambeacutem natildeo foram

observadas alteraccedilotildees nas funccedilotildees hepaacuteticas pancreaacuteticas e renais

Hormocircnios lipiacutedeos glicose soacutedio potaacutessio caacutelcio e foacutesforo tambeacutem

mantiveram valores considerados normais (TABACH et al 2002)

Em relaccedilatildeo aos efeitos adversos a M ilicifolia natildeo possui algum que justifica a

interrupccedilatildeo do tratamento Entre os mais comuns destacam-se cefaleia

sonolecircncia boca seca naacuteuseas dor articular nas matildeos gosto estranho na

boca tremor nas matildeos cistite e poliuacuteria (TABACH et al 2002) Poreacutem

segundo Amaral et al (2005) natildeo eacute recomendado o uso pediaacutetrico pela

ausecircncia de testes Ensaios realizados em ratos mostraram perda embrionaacuteria

antes do periacuteodo de implantaccedilatildeo portanto essa planta natildeo eacute recomendada em

casos de gravidez (MONTANARI BIVILACQUA 2002)

De acordo com estudos realizados em camundongos o abafado de M ilicifolia

foi administrado nesses animais em doses ateacute 360 vezes maiores que a

utilizada pelo homem durante um periacuteodo de dois a trecircs meses Como

resultados natildeo houve mudanccedilas no peso comportamento temperatura

paracircmetros bioquiacutemicos e hematoloacutegicos desses animais (OLIVEIRA CARLINI

1988)

15 FarmacocineacuteticaO modelo da farmacocineacutetica da espinheira-santa eacute estudado por meio de seus

taninos natildeo condensados Epigalocatequina marcada foi administrada por via

oral sendo os picos plasmaacuteticos observados 60 min apoacutes a ingestatildeo Apoacutes

uma dose de 500 mgkg foram detectadas concentraccedilotildees tissulares de 123

mmol no plasma 484 mmol no fiacutegado e 565 mmol no intestino delgado

(Nakagawa amp Miyazawa 1997) Depois da administraccedilatildeo oral de

epigalocatequina-3-galato marcada com triacutetio a ratos cerca de 6 da dose eacute

eliminada na urina e 24 nas fezes nas primeiras 24 horas Uma segunda

dose dada duas horas apoacutes a primeira eleva em cerca de 4 a 6 vezes a

concentraccedilatildeo no plasma e em alguns tecidos Esses dados sugerem uma

meia-vida longa e eliminaccedilatildeo lenta da epigalocatequina-3-galato No final das

24 horas os animais foram sacrificados e essa substacircncia pocircde ser encontrada

no rim ceacuterebro fiacutegado pacircncreas intestino e ossos (Suganuma et al 1998)

Num outro estudo foi avaliada a afinidade da epigalocatequina-3-galato agraves

proteiacutenas do soro Apoacutes uma dose oral a ratos mais de 50 da

epigalocatequina-3-galato absorvida ligou-se agrave proteiacutena do plasma

especialmente a fibronectina o fibrinogecircnio e a HRGP( Histidin Rich

Glicoprotein) proteiacutena plasmaacutetica com 74 kdaltons cuja funccedilatildeo ainda eacute pouco

conhecida (Sazuka et al 1996)

16 PreparaccedilatildeoTendo sido reconhecida a espeacutecie com que se vai trabalhar torna-se

necessaacuterio que se disponha desta espeacutecie em quantidade suficiente para

atender a demanda relacionada a produccedilatildeo do fitoteraacutepico replicaccedilatildeo da

espeacutecie e respectivo controle de qualidade Par a atingir este objetivo a

espeacutecie deve ser cultivada na extensatildeo adequada ao fim que se propotildee tendo-

se aleacutem dos cuidados inerentes ao cultivo de qualquer espeacutecie vegetal a

precauccedilatildeo de nunca utilizar pesticidas ou agrotoacutexicos na aacuterea de cultivo Nos

parece claro que a opccedilatildeo pelo fitoteraacutepico deve vir acompanhada do desejo de

seguranccedila o que natildeo seria conseguido se fossem deixados resiacuteduos de

agrotoacutexicos ou de pesticidas na espeacutecie que iraacute ser usada como mateacuteria-prima

para a produccedilatildeo de medicamento Veja no item 24 os ensaios que devem ser

efetuados no sentido de identificar e quantificar a presenccedila destes e de outros

contaminantes

Dispondo-se entatildeo da espeacutecie vegetal botanicamente selecionada cultivada

sem o uso de agentes quiacutemicos contaminantes iremos seguir tantos passos

quantos sejam necessaacuterios para preparar a espeacutecie vegetal numa droga capaz

de ser armazenada e processada para resultar num preparado intermediaacuterio uacutetil

na preparaccedilatildeo de fitoteraacutepicos Estes passos podem ser enumerados como

sendo Coleta Monda Estabilizaccedilatildeo Secagem Trituraccedilatildeo e Armazenamento

A execuccedilatildeo e finalidade de cada um se acham descrito a seguir

A Coleta eacute realizada atraveacutes da retirada da parte usada da planta procurando

sempre o material mais saudaacutevel em completo desenvolvimento (a menos que

especificado em (contraacuterio como ocorre com a gema terminal de Psidium

guajava) e com o miacutenimo de contaminantes (poeira poluiccedilatildeo adubo insetos

colocircnia de microrganismos etc) A distribuiccedilatildeo de substacircncias

farmacologicamente ativas nas plantas medicinais natildeo se daacute de maneira

homogecircnea em toda a extensatildeo da planta Portanto eacute de se esperar que

apenas alguma parte de uma dada espeacutecie podem ser utilizadas com finalidade

terapecircutica

Atraveacutes de consulta agraves diversas farmacopeias e tratados sobre plantas

medicinais encontramos descriccedilotildees sobre a parte a ser usada de cada espeacutecie

medicinal Pode-se em alguns casos observar que diferentes partes de uma

mesma planta apresentam propriedades inteiramente diferentes como por

exemplo a Punica granam (romatildezeira) cujas cascas do caule satildeo teniacutefugas e

as cascas dos frutos tecircm propriedades anti-inflamatoacuteria e antibioacutetica Em outros

casos toda a planta pode ser utilizada com a mesma finalidade como a

Phylanthus niruri (quebra-pedra) Torna-se imperioso portanto que antes de

qualquer outra etapa da preparaccedilatildeo de uma forma farmacecircutica fitoteraacutepica se

conheccedila qual ou quais partes da espeacutecie escolhida pode ser utilizada

A coleta deve respeitar para cada espeacutecie o melhor periacuteodo correspondente

agravequele onde a espeacutecie apresenta maior teor em substacircncias ativas Tendo isto

em mente relacionamos a seguir orientaccedilotildees geneacutericas quanto ao periacuteodo de

coleta

Formas farmacecircuticas de fitoteraacutepicosPoacute

Eacute a forma farmacecircutica obtida apoacutes a secagem trituraccedilatildeo e tamisaccedilatildeo da

droga Segundo a sua finalidade devem apresentar a tenuidade adequada

conforme a tabela a seguir Pode ser dispensado para uso na preparaccedilatildeo de

chaacutes ou adicionado agrave alimentaccedilatildeo (leite sucos mel etc) O envase deve cuidar

para que natildeo haja absorccedilatildeo de umidade

Formas soacutelidas

Caacutepsulas

Eacute a forma farmacecircutica obtida pela deposiccedilatildeo ordenada da droga seca

triturada e tamisada em caacutepsulas gelatinosas duras ou pelo encapsulamento

de liacutequidos ou semissoacutelidos de natureza lipofiacutelica em caacutepsulas gelatinosas

moles O invoacutelucro rosa utilizado eacute geralmente de natureza proteica e satildeo

portanto incompatiacuteveis com drogas tacircnicas por exemplo Cuidado especial

deve ser tomado com a umidade temperatura e pressatildeo exercida sobre as

caacutepsulas durante o armazenamento e transporte Estes fatores podem levar a

desidrataccedilatildeo ou hidrataccedilatildeo das caacutepsulas que as tornam quebradiccedilas ou

deformadas e coladas Durante a preparaccedilatildeo das caacutepsulas deve-se cuidar para

que o peso das caacutepsulas obtidas seja o mais uniforme possiacutevel podendo-se

garantir isso pela pesagem da quantidade de poacute necessaacuteria para o enchimento

de um nuacutemero determinado de caacutepsulas

O enchimento das caacutepsulas ocorre na oficina farmacecircutica em tabuleiros

especiais constituiacutedos em acriacutelico PVC ou outro poliacutemero apresentando-se no

modelo mais simples apenas como uma base fixa que se encaixa a uma outra

moacutevel e perfurada que recebe o corpo das caacutepsulas sem as tampas A seguir

se distribui de forma homogecircnea a quantidade estipulada de poacute em todas as

caacutepsulas valendo-se de uma espaacutetula plaacutestica e de um dispositivo especial

para prensar o conteuacutedo no interior das caacutepsulas Finalizado o enchimento as

partes super oires (tampas) das caacutepsulas satildeo recolocadas fechando-as e

determina-se o peso meacutedio das mesmas embalando-as imediatamente

A capacidade das caacutepsulas eacute proporcional agrave densidade do poacute e ao tamanho

das caacutepsulas que eacute padronizado em 08 (oito) diferentes tipos listados a seguir

com as respectivas dimensotildees e capacidades em mililitros

Controle de Qualidade

Todas as etapas utilizadas durante o processamento da droga devem ser

monitoradas atraveacutes de ensaios que possam atestar a qualidade da mateacuteria-

prima dos produtos intermediaacuterios e do produto final acabado O objetivo final

tanto do processamento adequado quanto agrave avaliaccedilatildeo da qualidade eacute a

garantia de que o que estaacute sendo produzido na forma como ocorre o processo

produtivo estaacute conduzindo agrave obtenccedilatildeo de um produto com as caracteriacutesticas

necessaacuterias agrave utilizaccedilatildeo para o tratamento de doenccedilas

Droga

A avaliaccedilatildeo da qualidade da droga utilizada na obtenccedilatildeo de fitoteraacutepicos no

Programa Farmaacutecias-Vivas onde o cultivo das espeacutecies vegetais eacute efetuado

pelo laboratoacuterio fabricante do produto deve ser realizada sob os seguintes

aspectos

- Considerando que a droga a ser utilizada corresponde agrave espeacutecie vegetal

esperada conhece-se suas caracteriacutesticas macromorfoloacutegicas aleacutem das suas

caracteriacutesticas sensoriais constituindo a primeira avaliaccedilatildeo que eacute a identidade

da droga

- Determinaccedilatildeo da umidade da droga fresca que deve ser diferenciada de

perda por dessecaccedilatildeo pois outras substacircncias volaacuteteis aleacutem da aacutegua satildeo

evaporadas Pode ser determinada atraveacutes do ensaio volumeacutetrico de Karl

Fischer ou pelo ensaio gravimeacutetrico submetendo a droga a dessecaccedilatildeo em

temperatura ambiente em dessecador com siacutelica ou aacutecido sulfuacuterico

- Mesmo a droga morfologicamente normal pode natildeo apresentar seus

constituintes ativos na quantidade desejada sendo necessaacuterio que sejam

realizados ensaios de identificaccedilatildeo e quantificaccedilatildeo de ativos ou de marcadores

atraveacutes das mais diversas teacutecnicas gravimeacutetrica volumeacutetrica

espectrofotomeacutetrica cromatograacutefica etc

- Avaliaccedilatildeo da contaminaccedilatildeo microbiana da droga principalmente se a mesma

tiver de ser utilizada sem qualquer processamento posterior As drogas que

seratildeo transformadas em uma forma extrativa em soluccedilatildeo hidro-alcooacutelica pode

ter sua carga microbiana reduzida pelo efeito antisseacuteptico do solvente

Preparado Intermediaacuterio

As formas extrativas satildeo obtidas em condiccedilotildees que nem sempre conseguem

retirar a totalidade das substacircncias ativas soluacuteveis no solvente escolhido devido

a diversos fator ES como o tempo e temperatura de maceraccedilatildeo pH do

solvente distribuiccedilatildeo granulomeacutetrica da droga sua umidade residual teor de

substacircncias ativas e velocidade de percolaccedilatildeo Justifica-se entatildeo a

necessidade da realizaccedilatildeo de ensaios de avaliaccedilatildeo da qualidade das formas

extrativas incluindo avaliaccedilotildees fiacutesico-quiacutemicas como aparecircncia cor odor

solubilidade densidade pH e viscosidade avaliaccedilotildees quiacutemicas como o perfil

cromatograacutefico e dosagem das substacircncias ativas ou marcador e avaliaccedilatildeo

microbioloacutegica da quantidade de microrganismos viaacuteveis

Fitoteraacutepico

Independente da forma farmacecircutica final eacute necessaacuterio que sejam realizadas

avaliaccedilotildees na qualidade do produto final da mesma forma que eacute exigido para

os demais tipos de medicamentos Listamos a seguir os ensaios realizados

para cada forma farmacecircutica lembrando que devem ser acrescentados os

ensaios quiacutemicos e microbioloacutegicos

Prazo de Validade

Considerando a jaacute difiacutecil realizaccedilatildeo da avaliaccedilatildeo da qualidade das drogas

utilizadas na obtenccedilatildeo de fitoteraacutepicos pode-se compreender que o

acompanhamento do processo cineacutetico de degradaccedilatildeo dos constituintes do

medicamento natildeo eacute uma estar efe faacutecil No entanto esta avaliaccedilatildeo pode se dar

em diversos niacuteveis

- Avaliaccedilatildeo da estabilidade fiacutesica

Para cada tipo de forma farmacecircutica satildeo descritas as caracteriacutesticas tiacutepicas

como cor odor limpidez densidade viscosidade pH etc que observadas

para um mesmo lote ao longo do tempo de armazenamento forneceratildeo

informaccedilotildees sobre a integridade fiacutesica da formulaccedilatildeo

- Avaliaccedilatildeo da estabilidade quiacutemica

A utilizaccedilatildeo de recursos laboratoriais desde os mais simples ateacute os mais

sofisticados permitem o acompanhamento qualitativo eou quantitativo dos

princiacutepios ativos contidos no produto fitoteraacutepico Por exemplo atraveacutes do

ensaio limite de taninos por diluiccedilotildees sucessivas e adiccedilatildeo de cloreto feacuterrico

pode-se ter uma medida semi-quantitativa do teor destas substacircncias nas

preparaccedilotildees que o contenham Evoluindo a utilizaccedilatildeo de teacutecnica

cromatograacutefica em camada delgada sobre papel ou siacutelica permite a

determinaccedilatildeo do perfil cromatograacutefico para o produto de modo que possa ser

comparado com o obtido em lotes posteriores ou com o mesmo lote ao longo do

tempo de armazenamento

- Avaliaccedilatildeo da estabilidade microbioloacutegica

A verificaccedilatildeo do niacutevel de contaminaccedilatildeo microbiana numa preparaccedilatildeo

medicamentosa fornece informaccedilotildees sobre o niacutevel de higienizaccedilatildeo empregado

durante o processamento da droga ateacute a obtenccedilatildeo do medicamento A

observaccedilatildeo deste mesmo paracircmetro ao longo do tempo fornece informaccedilotildees

sobre a composiccedilatildeo conservante utilizada no produto e a forma de

armazenamento

Teacutecnicas Gerais

Os ensaios laboratoriais de avaliaccedilatildeo da qualidade da droga compreendem

basicamente

- Observaccedilatildeo macroscoacutepica e microscoacutepica da droga fresca e seca inteira e

triturada comparando com o descrito em farmacopeias ou com modelos

botanicamente certificados

- Determinaccedilatildeo de umidade na droga fresca e naquela seca e triturada

evidenciando a quantidade de aacutegua contida na droga receacutem-coletada na droga

s eca e a efetividade do processo de secagem utilizada

- Identificaccedilatildeo e dosagem de substacircncias ativas ou marcadores realizada na

droga seca e triturada onde atraveacutes do acompanhamento da evoluccedilatildeo ao

longo do tempo e o cruzamento dos dados entre os locais e condiccedilotildees de

cultivo seraacute possiacutevel a determinaccedilatildeo das condiccedilotildees ideais para a manutenccedilatildeo

da qualidade das espeacutecies vegetais

- Determinaccedilatildeo da quantidade de mateacuteria orgacircnica estranha na droga seca

triturada grosseiramente demonstrando se a coleta monda secagem e

trituraccedilatildeo foram realizadas a contento sem o risco de contaminaccedilatildeo com outras

espeacutecies

- Determinaccedilatildeo de resiacuteduos de pesticidas para monitorar a forma de realizaccedilatildeo

do controle de pestes atraveacutes da identificaccedilatildeo e dosagem de pesticidas

- Determinaccedilatildeo da presenccedila de arsecircnio e metais pesados como componentes

que satildeo responsaacuteveis por intoxicaccedilotildees e por incompatibilidades nas

preparaccedilotildees liacutequidas de fitoteraacutepicos

- Determinaccedilatildeo da quantidade de microrganismos viaacuteveis atraveacutes da contagem

em placa a de diluiccedilotildees obtidas a partir do liacutequido de lavagem das drogas

evidenciando o grau de contaminaccedilatildeo e a possiacutevel e indesejaacutevel presenccedila de

microrganismos potencialmente patogecircnicos

Garantia de Qualidade

Na produccedilatildeo de fitoteraacutepicos do mesmo modo como ocorre com qualquer outro

medicamento natildeo pode negligenciar qualquer procedimento que possa conduzir

a diminuiccedilatildeo da qualidade do produto final A qualidade se reflete na

reprodutibilidade da qualidade do produto avaliada em laboratoacuterio e no

acompanhamento da sua eficaacutecia terapecircutica e seguranccedila Isto soacute pode ser

conseguido quando para cada forma farmacecircutica de fitoteraacutepico forem

registradas as operaccedilotildees farmacecircuticas que devem ser seguidas agrave risca suas

medidas de controle e definiccedilatildeo das responsabilidades para cada uma das

etapas do processamento

Apenas como ilustraccedilatildeo tomemos como exemplo a produccedilatildeo da tintura de

Alecrim-pimenta (Lippia sidoides Cham) O iniacutecio da preocupaccedilatildeo com a

qualidade se daacute com a seguranccedila de que a espeacutecie cultivada seja realmente

aquela que se deve coletar e em seguida em coletar a parte que realmente

deve ser utilizada e de plantas com aspecto saudaacutevel de desenvolvimento para

a qual as condiccedilotildees de cultivo tenham se apresentado como satisfatoacuterias A

monda que se segue agrave coleta retirando as partes improacuteprias agrave preparaccedilatildeo do

fitoteraacutepico daacute continuidade ao passo anterior na busca de alcanccedilar a qualidade

desejada O processo de dessecaccedilatildeo ocorrendo agrave sombra e agrave temperatura

ambiente preservando os constituintes quiacutemicos ativos e diminuindo a

influecircncia da umidade da planta sobre a sua qualidade e a da soluccedilatildeo extrativa

a ser obtida faz com que a droga obtida possa ser utilizada como mateacuteria-prima

para a obtenccedilatildeo de medicamento O cuidadoso processo de trituraccedilatildeo sem

elevar a temperatura durante o processo e reduzindo a perda de poacute para o

ambiente tambeacutem representa um processo que deve ser realizado com a

devida atenccedilatildeo Depois disso a droga seca e triturada deve ser armazenada

em condiccedilotildees que preservem sua qualidade pelo tempo necessaacuterio ateacute sua

utilizaccedilatildeo com as devidas inscriccedilotildees que atestem sua fonte data de coleta e de

processamento e respectivos responsaacuteveis

A preparaccedilatildeo da soluccedilatildeo hidro-alcooacutelica que seraacute utilizada no processo extrativo

tambeacutem deve ser realizada com bastante cuidado pois a mateacuteria-prima deve

apresentar a qualidade compatiacutevel com sua utilizaccedilatildeo para a produccedilatildeo de

medicamentos aacutegua purificada e aacutelcool farmacecircutico Deve-se observar a

legislaccedilatildeo atual sobre aacutelcool que exige a desnaturaccedilatildeo do aacutelcool

comercializado em farmaacutecias e supermercados e assim natildeo deve servir como

excipiente farmacecircutico Enfim todos os processos interferem com a qualidade

do produto final a ser obtido e devem ser realizados corretamente e as

operaccedilotildees registradas em documento proacuteprio buscando a rastreabilidade de

cada lote de cada produto

Outra etapa da garantia da qualidade essencial para sua implantaccedilatildeo eacute a

validaccedilatildeo de equipamentos e de processos que busca uma evidecircncia

documentada de que os mesmos cumprem satisfatoriamente sua finalidade

quando utilizados ou realizados corretamente

Estas evidecircncias devem ser conseguidas antes mesmo de se iniciar a utilizaccedilatildeo

das instalaccedilotildees para produccedilatildeo de medicamentos Naqueles jaacute em

funcionamento a validaccedilatildeo pode ser realizada atraveacutes da documentaccedilatildeo da

produccedilatildeo passada ou seja uma validaccedilatildeo retrospectiva

Para a produccedilatildeo de medicamentos em pequena escala que natildeo venha a

caracterizar uma produccedilatildeo industrial deve-se buscar a adequaccedilatildeo das

condiccedilotildees de produccedilatildeo armazenamento e dispensaccedilatildeo do produto atraveacutes da

Resoluccedilatildeo RDC ndeg 33 de abril de 2000 que descreve os criteacuterios de Boas

Praacuteticas de Manipulaccedilatildeo

Para a produccedilatildeo industrial de medicamentos a legislaccedilatildeo que trata das Boas

Praacuteticas de Fabricaccedilatildeo e Garantia de Qualidade eacute a Resoluccedilatildeo RDC ndeg 210 de

04 de agosto de 2003 As especificaccedilotildees legais da legislaccedilatildeo sanitaacuteria

brasileira e de outros paiacuteses para materiais vegetais devem incluir tanto quanto

possiacutevel o seguinte

- Nome botacircnico c om referecircncia aos autores

- Detalhes da fonte da planta (paiacutes ou regiatildeo de origem cultivo eacutepoca da

colheita procedimentos de colheita possiacuteveis pesticidas utilizados etc)

- Descriccedilatildeo do material vegetal inspeccedilatildeo visual macro eou microscoacutepica

- Testes de identificaccedilatildeo apropriados incluindo quando convenientes testes de

identificaccedilatildeo para ingredientes ativos conhecidos ou marcadores

- Ensaios quando convenientes dos constituintes de atividade terapecircutica ou

marcadores

- Meacutetodos apropriados para determinaccedilatildeo de possiacuteveis contaminaccedilotildees por

pesticidas e os limites aceitos

- Testes para metais pesados e contaminantes semelhantes materiais

estranhos e adulterantes

- Testes para radiaccedilatildeo aflatoxinas e contaminaccedilatildeo microbiana

Qualquer tratamento usado para reduzir contaminaccedilotildees focircnicas e microbianas

ou outras infestaccedilotildees devem ser documentadas Instrumentos para tais

procedimentos devem ser acessiacuteveis e devem incluir detalhes dos processos

testes e limites residuais

Para a realidade do programa Farmaacutecias-Vivas onde natildeo satildeo utilizados

pesticidas as plantas satildeo cultivadas no local proacuteximo de onde ocorre a

produccedilatildeo do medicamento ou satildeo de origem na mesma regiatildeo e satildeo

processadas logo apoacutes a coleta satildeo feitas exigecircncias menores que as

estabelecidas para maiores escalas de produccedilatildeo Nem assim devemos deixar

de registrar todas as operaccedilotildees realizadas com a droga desde o seu cultivo ateacute

a dispensaccedilatildeo do produto fitoteraacutepico

Dispensaccedilatildeo

Estivemos sempre discorrendo sobre qualidade do produto a ser obtido desde

o cultivo da espeacutecie correta da coleta da parte usada e o seu processamento

mantendo intactos os princiacutepios ativos Conhecemos os motivos que levam a

toda esta preocupaccedilatildeo com a qualidade a responsabilidade do profissional que

o produz e a eficaacutecia e a seguranccedila necessaacuterias para o paciente que o utiliza

Portanto resta-nos dispensar o fitoteraacutepico para que este apresente estas

caracteriacutesticas trans formando o paciente num parceiro consciente do seu

papel no uso cor reto deste recurso terapecircutico

O resgate das praacuteticas populares agora respaldadas pelos estudos cientiacuteficos

seacuterios que atestam a eficaacutecia e seguranccedila das espeacutecies utilizadas no programa

Farmaacutecias-Vivas pode ser abordado no momento da dispensaccedilatildeo do

medicamento ou atraveacutes de apresentaccedilotildees coletivas organizadas e realizadas

pelo Farmacecircutico Alguns cuidados merecem ser observados para natildeo se

incorrer em riscos desnecessaacuterios

- Natildeo referendar o uso de plantas cujo estudo cientiacutefico natildeo tenha apresentado

dados sobre sua eficaacutecia e seguranccedila

- Natildeo recomendar o uso de qualquer planta medicinal para o tratamento de

doenccedilas sem a devida recomendaccedilatildeo meacutedica especializada ou natildeo

- Natildeo recomendar a utilizaccedilatildeo de planta que nos seja desconhecida tanto no

aspecto teoacuterico quanto praacutetico

- Natildeo sugerir a utilizaccedilatildeo de quaisquer praacuteticas com ou sem uso de plantas

medicinais que possa representar um risco potencial ou real de dano fetal

Para nos resguardarmos de quaisquer erros precisamos nos manter atualizados

quanto aos benefiacutecios e riscos da utilizaccedilatildeo das espeacutecies medicinais com as

quais trabalhamos dada agrave impossibilidade de conhecer todas as demais Os

dados obtidos durante a dispensaccedilatildeo e acompanhamento dos pacientes aleacutem

daqueles obtidos durante os ensaios controlados de toxicologia e farmacologia

cliacutenica forneceratildeo a necessaacuteria seguranccedila para realizarmos a dispensaccedilatildeo e

cada vez mais desfazermos o mito do natural ser inoacutecuo

Como exemplo da relaccedilatildeo risco x benefiacutecio de uma preparaccedilatildeo fitoteraacutepica

apresentamos as seguintes informaccedilotildees sobre o Elixir de Aroeira que em

muitos aspectos natildeo houve a quantificaccedilatildeo da intensidade dos efeitos beneacuteficos

nem adversos nem de interaccedilotildees

Forma Medicamento Fitoteraacutepico- Caacutepsula ESPINHEIRA SANTA Maytenus ilicifolia Celastraceae

Medicamento fitoteraacutepico

Parte utilizada Folhas

Nomenclatura popularEspinheira santa cancerosa cancorosa-de-sete-espinhos cancrosa

espinheira-divina espinho-de-Deus maiteno erva-cancrosa erva-santa

ApresentaccedilotildeesCaacutepsula dura - Extrato seco das folhas de Maytenus ilicifolia 380 mg -

Embalagem com 3 bliacutesters contendo 15 caacutepsulas cada

Via oral

Uso adulto

Composiccedilatildeo

Cada caacutepsula conteacutem

Extrato seco de Maytenus ilicifolia380 mg

Excipiente qsp 1 caacutepsula (amido)

equivalente a 133 mg de taninos totais

Informaccedilotildees ao pacientePara que este medicamento eacute indicado

Espinheira Santa eacute indicada para o tratamento da maacute digestatildeo e como

coadjuvante no tratamento de uacutelcera do estocircmago e duodeno

Como este medicamento funciona

Espinheira Santa atua como regulador das funccedilotildees estomacais e promove a

proteccedilatildeo da mucosa gaacutestrica

Quando natildeo devo usar este medicamentobull O medicamento deve ser evitado por menores de 12 anos de idade devido agrave

falta de estudos disponiacuteveis

bull Lactaccedilatildeo e gravidez visto que pode diminuir a secreccedilatildeo de leite e pode

provocar contraccedilotildees uterinas

bull Hipersensibilidade (alergia) a qualquer um dos componentes da foacutermula ou a

outras plantas da famiacutelia Celastraceae

O que devo saber antes de usar este medicamentoPrecauccedilotildees e advertecircncias

bull De acordo com a categoria de risco de faacutermacos destinados agraves mulheres

graacutevidas este medicamento apresenta categoria de risco C Este medicamento

natildeo deve ser utilizado por mulheres graacutevidas sem orientaccedilatildeo meacutedica ou do

cirurgiatildeo dentista

Interaccedilotildees medicamentosas

bull A administraccedilatildeo concomitante de M ilicifolia com bebidas alcooacutelicas e outros

medicamentos natildeo eacute recomendada pois natildeo existem estudos disponiacuteveis

sobre as interaccedilotildees medicamentosas deste fitoteraacutepico

Informe seu meacutedico ou cirurgiatildeo-dentista se vocecirc estaacute fazendo uso de algum

outro medicamento

Onde como e por quanto tempo posso guardar este medicamentoCuidados de conservaccedilatildeo

Espinheira Santa deve ser conservada em temperatura ambiente (entre 15 e

30ordmC) em sua embalagem original Proteger da luz e da umidade

Prazo de validade24 meses apoacutes a data de fabricaccedilatildeo impressa no cartucho

Nuacutemero de lote e datas de fabricaccedilatildeo e validade vide embalagem

Natildeo use medicamento com o prazo de validade vencido

Guarde-o em sua embalagem original

Caracteriacutesticas fiacutesicasCaacutepsulas gelatinosas duras de cor creme

Caracteriacutesticas organoleacutepticas

Cheiro (odor) caracteriacutestico e praticamente natildeo apresenta sabor

Antes de usar observe o aspecto do medicamento Caso ele esteja no prazo

de validade e vocecirc observe alguma mudanccedila no aspecto consulte o

farmacecircutico para saber se poderaacute utilizaacute-lo

Todo medicamento deve ser mantido fora do alcance das crianccedilas

Como devo usar este medicamentoModo de usar

As caacutepsulas devem ser ingeridas inteiras e com uma quantidade suficiente de

aacutegua para que possam ser deglutidas

Posologia

Ingerir duas caacutepsulas via oral trecircs vezes ao dia de oito em oito horas

Siga corretamente o modo de usar Em caso de duacutevidas sobre este

medicamento procure orientaccedilatildeo do farmacecircutico Natildeo desaparecendo os

sintomas procure orientaccedilatildeo de seu meacutedico ou cirurgiatildeo-dentista

Este medicamento natildeo deve ser partido aberto ou mastigado

O que devo fazer quando eu me esquecer de usar este medicamentoCaso haja esquecimento da ingestatildeo de uma dose deste medicamento

retomar a posologia prescrita sem a necessidade de suplementaccedilatildeo

Em caso de duacutevidas procure orientaccedilatildeo do farmacecircutico ou de seu meacutedico ou

do cirurgiatildeo-dentista

Que males este medicamento pode causarReaccedilotildees adversas

Ateacute o momento natildeo foram relatadas reaccedilotildees adversas graves ou que coloquem

em risco a sauacutede dos pacientes

Raramente podem ocorrer casos de hipersensibilidade Neste caso suspender

o uso e procurar orientaccedilatildeo meacutedica

Informe seu meacutedico cirurgiatildeo-dentista ou farmacecircutico do aparecimento de

reaccedilotildees indesejaacuteveis pelo uso do medicamento

Induacutestria Brasileira

Esta bula foi atualizada conforme Bula Padratildeo aprovada pela Anvisa em

12012011

Farmacecircutica resp Dra (Nome )

CRF-PR nordm XXXX Coacuted XXXXX - 012011

Informe tambeacutem agrave empresa atraveacutes do seu Serviccedilo de

Atendimento ao Consumidor

O que fazer se algueacutem usar uma quantidade maior do que a indicada deste medicamentoPlantas ricas em taninos como a M ilicifolia quando usadas em doses

excessivas podem causar irritaccedilatildeo da mucosa gaacutestrica e intestinal gerando

vocircmitos coacutelicas intestinais e diarreia

Em caso de super dosagem suspender o uso e procurar orientaccedilatildeo meacutedica de

imediato Em caso de uso de grande quantidade deste medicamento procure

rapidamente socorro meacutedico e leve a embalagem ou bula do medicamento se

possiacutevel Siga corretamente o modo de usar natildeo desaparecendo os sintomas

procure orientaccedilatildeo meacutedica

Conclusatildeo

A espinheira-santa (M ilicifolia) eacute um fitoteraacutepico de relevante accedilatildeo terapecircutica

principalmente antiulcerogecircnica dada sua eficaacutecia farmacoloacutegica e seguranccedila

Vale lembrar que por ausecircncia de estudos ela natildeo eacute recomenda para crianccedilas

e natildeo deve ser usada por gestantes pois estudos em camundongos (fecircmeas e

graacutevidas) indicaram um decreacutescimo significativo do nuacutemero de embriotildees aleacutem

de possuir atividade estrogecircnica que pode interferir na receptividade uterina do

embriatildeo Entre suas atividades farmacoloacutegicas destaca-se a atividade

antiulcerogecircnica que pode ser comparada agrave accedilatildeo da ranitidina e da cimetidina

Por ser morfologicamente parecida com as espeacutecies S bonplandii e Z ilicifolia

ela eacute comumente confundida e ateacute mesmo trocada intencionalmente

A utilizaccedilatildeo de maneira errocircnea das espeacutecies botacircnicas que natildeo satildeo a

verdadeira espinheira-santa (M ilicifolia) pode acarretar danos agrave sauacutede dos

pacientes Assim conclui-se que essas espeacutecies conhecidas como

adulterantes podem trazer malefiacutecios pois ainda faltam estudos que

comprovem suas atividades farmacoloacutegicas e principalmente a seguranccedila

terapecircutica Poreacutem natildeo se deve descartar o uso dessas espeacutecies e sim

realizar estudos mais concretos para que essas plantas assim como a

verdadeira espinheira-santa possam auxiliar no tratamento farmacoloacutegico da

populaccedilatildeo

Referecircncias Bibliograacuteficas

Ralph Santos-Oliveira Simone Coulaud-Cunha Waldeciro Colaccedilo

Revisatildeo da Maytenus ilicifolia Mart ex Reissek Celastraceae

Contribuiccedilatildeo ao estudo das propriedades farmacoloacutegicas Rev Bras

Farmacogn Braz J Pharmacogn 19(2B) AbrJun 2009

Wilker Marlon de Moraes Jesus Tarciacutesio Neves da Cunha Estudo das

propriedades farmacoloacutegicas da espinheira-santa (Maytenus ilicifolia

Mart ex Reissek) e de duas espeacutecies adulterantes Revista Sauacutede e

Desenvolvimento vol ndash nordm 1 Jan ndash Jun 2012

MARIOT MP1 BARBIERI RL2 Engenheiro Agrocircnomo Dr prof do

Conjunto Agroteacutecnico ldquoVisconde da GraccedilardquoUniversidade Federal de

Pelotas (mariotufpeltchebr) ndash Av Ildefonso Simotildees Lopes 2791

Pelotas-RS CEP 96060-290 2Bioacuteloga Dr pesquisadora da Embrapa

Clima Temperado (barbiericpactembrapabr) ndash BR 392 km 78 caixa

postal 403 Pelotas-RS CEP 96001-970 (endereccedilo para

correspondecircncia) Metaboacutelitos secundaacuterios e propriedades medicinais da

espinheira-santa (Maytenus ilicifolia Mart ex Reiss e M aquifolium

Mart)

CARLINI EA Braz S Efeito protetor do liofilizado obtido do abafado de

Maytenus Sp (espinheira-santa) contra uacutelcera gaacutestrica experimental em

ratos In Estudo da accedilatildeo antiuacutelcera gaacutestrica de plantas brasileiras

(Maytenus ilicifolia) Espinheira santa e outras Brasiacutelia CEMEAFIP

1988 p21-35MACAUBAS CIP et al Estudo da eventual accedilatildeo

antiuacutelcera gaacutestrica do baacutelsamo (Sedum sp) folha da fortuna

(Bryophyllum calcium) couve (Brassica oleraceae) e da Espinheira

santa (Maytenus ilicifolia) em ratos In Estudo da accedilatildeo antiuacutelcera

gaacutestrica de plantas brasileiras (Maytenus ilicifolia) Espinheira santa e

outras Brasiacutelia CEMEAFIP 1988 p 5-20

Olivia Werner Oliveira Pedro Ros Petrovick Secagem por aspersatildeo

(spray drying) de extratos vegetais bases e aplicaccedilotildees Revista

Brasileira de Farmacognosia Brazilian Journal of Pharmacognosy 20(4)

641-650 AgoSet 2010

Marianne Christina Scheffer Capitulo 17 Produccedilatildeo de espinheira-santa

(Maytenus ilicifolia Mart ex Reiss) na regiatildeo metropolitana de Curitiba

Paranaacute Brasil

Said gonccedilalves da cruz fonsacircca Farmacoteacutecnica de Fitoteraacutepicos2005

uma revisatildeo sobre compostos bioativos em espeacutecies de Maytenus relata a

presenccedila de pristimerina um triterpeno do tipo friedelano com accedilatildeo

antimalaacuterica e compostos fenoacutelicos com atividade inibitoacuteria sobre a replicaccedilatildeo

do viacuterus HIV-1 em M senegalensis Em M canariensis foram isoladas

nortriterpenos com atividade antibioacutetica e sesquiterpenos com atividade

inseticida M macrocarpa apresenta nortriterpenos denominados

macrocarpinas os quais satildeo citotoacutexicos sesquiterpenos com atividade

leishmanicida e triterpenos do tipo friedelano Triterpenoacuteides do tipo friedelano

tambeacutem foram isolados desta espeacutecie por Chavez et al (1998) Foi evidenciado

por Kennedy et al (2001) a accedilatildeo leishmanicida de sesquiterpenos isolados de

M magellanica e M chubutensis

FIGURA 1 Representaccedilatildeo simplificada do ciclo biossinteacutetico dos metaboacutelitos

secundaacuterios terpenoacuteides flavonoacuteides e taninos condensados que ocorrem em

espinheira-santa (adaptado de Santos 2001)

Entre os compostos bioativos em espinheirasanta (M ilicifolia e M aquifolium)

que podem ter accedilatildeo antiulcerogecircnica e anti-gaacutestrica destacam-se os

triterpenos Os triterpenoacuteides satildeo compostos constituiacutedos basicamente de trinta

unidades de carbono ndash seis isoprenos (Cardoso et al 2001) A maioria possui

em sua constituiccedilatildeo hidroxilas que podem ser glicosiladas produzindo os

heterosiacutedeos cardiotocircnicos importantes agentes terapecircuticos para doenccedilas

cardiovasculares e as saponinas Biossinteticamente satildeo derivados de

condensaccedilatildeo de duas moleacuteculas de farnesilpirofosfato (FPP) unidas cauda-

cauda produzindo o esqualeno precursor aciacuteclico desta classe de compostos

(Figura 2) A provaacutevel ciclizaccedilatildeo da moleacutecula de esqualeno leva agrave formaccedilatildeo da

estrutura baacutesica dos triterpenoacuteides o ciclopentanohidrofenantreno importante

precursor dos esteroacuteides vegetais e animais e das saponinas triterpecircnicas As

saponinas triterpenoacuteides apresentam trecircs tipos de estruturas baacutesicas oleanos

ursanos e lupanos Os triterpenos denominados cangoronina e ilicifolina foram

identificados por Itokawa et al (1991) em M ilicifolia Eles satildeo do tipo

friedelano e foram fracionados junto com outros sete triterpenos jaacute conhecidos

FIGURA 2 Biossiacutentese de triterpenoacuteides (adaptado de Cardoso et al 2001)

Os autores mostraram que alguns destes compostos tecircm accedilatildeo citotoacutexica

como por exemplo a pristimerina ndash que foi a mais eficiente ndash indicando que

podem ser uacuteteis no tratamento de tumores Trabalho semelhante foi

desenvolvido por Shirota et al (1994) que elucidaram a estrutura de alguns

triterpenos aromaacuteticos Estes compostos mostraram atividade citotoacutexica

moderada contra um nuacutemero de linhagens de ceacutelulas de tumor cultivadas As

estruturas de outros dois triterpenos diacutemeros denominados cangorosina A e

cangorosina B foram elucidadas por Shirota et al (1997) em extrato de raiacutezes

de M ilicifolia Quatro novos triterpenoacuteides ndash maytefolina A-C (1-3) e uvaol-3-

caffeate (4) ndash aleacutem de outros triterpenos foram isolados de folhas de M

ilicifolia por Ohsaki et al (2004) Os autores identificaram a accedilatildeo citotoacutexica do

triterpenoacuteide eritrodiol

Apesar de a literatura destacar os triterpenos como os principais compostos

bioativos em espinheira-santa Corsino et al (1998b) destacaram que a famiacutelia

Celastraceae eacute uma fonte rica de sesquiterpenos Os autores isolaram e

elucidaram a estrutura quiacutemica de dois sesquiterpenos a aquifoliulina E-I e a

aquifoliulina EII Ao verificarem a accedilatildeo citotoacutexica do extrato de M aquifolium

em mutantes de Saccharomyces cerevisiae eles sugeriram que os

sesquiterpenos podem ser os principais responsaacuteveis por causar pequenos

danos no DNA Em outro trabalho Corsino et al (1998c) isolaram e elucidaram

a estrutura de outros dois sesquiterpenos a aquifoliulina E-III e a aquifoliulina

E-IV Os triterpenos maitenina e 22- hidroximaitenina satildeo membros de um

pequeno grupo de produtos naturais peculiares agraves espeacutecies das famiacutelias

Celastraceae e Hippocrateaceae com potencial anti-cacircncer (Corsino et al

1998a) A ligaccedilatildeo da maitenina ao DNA sugere uma interaccedilatildeo celular que pode

elucidar a atividade antitumor Os autores mostraram que estes compostos satildeo

efetivos contra carcinoma epidermoacuteide Foi identificada a accedilatildeo antiuacutelcera

gaacutestrica da espinheira-santa em ratos com accedilatildeo semelhante ao medicamento

cimetidina Dois triterpenos jaacute relatados na literatura o friedelan-3-ol e o

friedelan-3-on foram identificados em extrato de M ilicifolia sendo sugeridos

como substacircncias bioativas no tratamento das enfermidades estomacais

Os autores acima citados isolaram e identificaram maitenina e 22

hidroximaitenina a partir de calos oriundos de explantes de folhas de M

aquifolium ndash atraveacutes de HPLC ndash cultivados em dois meios de cultura com

diferentes concentraccedilotildees de cinetina O rendimento dos triterpenos no meio

com menor concentraccedilatildeo de cinetina foram maiores do que no outro A cultura

de tecidos parece entatildeo ser uma fonte contiacutenua e estaacutevel de compostos de

espeacutecies de Maytenus conforme proposto por Pereira et al (1993)

Os autores estabeleceram um protocolo para organogecircnese total de placircntulas

de M ilicifolia de matrizes selecionadas para produccedilatildeo de compostos para

estudos fitoquiacutemicos utilizando como explante gemas axilares

Derivados dos triterpenos friedelano satildeo tiacutepicos das famiacutelias Celastraceae e

Hippocrateaceae (Buffa Filho et al 2002) Estes autores atraveacutes do

desenvolvimento de um meacutetodo HPLC (High Performance Liquid

Chromatography) fase-reversa para a quantificaccedilatildeo de triterpenos em cinco

tipos morfoloacutegicos de Maytenus ilicifolia identificaram os compostos 20 1048576-

hidroximaitenina e 22 hidroximaitenina em baixa concentraccedilatildeo aleacutem de

maitenina celastrol e pristimerina em alta concentraccedilatildeo

Os triterpenos friedelan-3-ol friedelina (Figura 3) e compostos polifenoacutelicos

presentes em M ilicifolia e M aquifolium satildeo citados por Cordeiro et al (1999)

como componentes eficientes no tratamento de uacutelceras e gastrites estomacais

Os autores caracterizaram triterpenos de extratos ndash obtidos por extraccedilatildeo direta

com etilacetato ndash de folhas destas duas espeacutecies atraveacutes de HRGC-MS

(cromatografia gasosa de alta resoluccedilatildeo e espectrometria de massas) O perfil

cromatograacutefico foi semelhante para ambas as espeacutecies diferindo na

concentraccedilatildeo relativa de alguns compostos Estes dois triterpenos foram

tambeacutem destacados por Vilegas et al (1995) e Lanccedilas et al (1997) como os

mais importantes nas duas espeacutecies de espinheira-santa para o tratamento de

uacutelcera gaacutestrica Os primeiros propuseram uma teacutecnica raacutepida para identificar

friedelan-3-ol e friedelina ndash atraveacutes de cromatografia gasosa com alta

temperatura de capilaridade em coluna polar ndash o que permite a distinccedilatildeo entre

extratos alcooacutelicos aquosos de espinheira-santa autecircnticos e falsos (quando

satildeo misturadas folhas de outras espeacutecies como de Sorocea bomplandii) Os

uacuteltimos desenvolveram um meacutetodo para extraccedilatildeo de princiacutepios ativos em

espinheira-santa atraveacutes de uma adaptaccedilatildeo do SFE (extraccedilatildeo com fluido

supercriacutetico) com baixo custo Atraveacutes da utilizaccedilatildeo do CO2 e etanol 10

como fluido extrator conseguiram resultados satisfatoacuterios na obtenccedilatildeo dos

triterpenos O sistema SFE desenvolvido pelos autores foi mais eficiente sendo

uma alternativa aos outros meacutetodos por ser mais raacutepido aleacutem de permitir uma

flexibilidade de escolha do fluido extrator entre gases ou solventes liacutequidos a

condiccedilotildees ambientes Mossi et al (2004) ao caracterizarem quimicamente

extratos de M ilicifolia ndash obtidos atraveacutes da utilizaccedilatildeo de CO2 em alta pressatildeo

ndash observaram que a temperatura de extraccedilatildeo e a densidade do solvente

exerceram um efeito importante sobre o rendimento liacutequido do extrato e a

distribuiccedilatildeo quiacutemica dos compostos volaacuteteis ao contraacuterio do tamanho de

partiacutecula e da taxa de fluxo de CO2 Apesar dos triterpenos friedelan-3-ol e

friedelina terem sido destacados como sendo compostos eficientes no

tratamento anti-uacutelcera gaacutestrica Queiroga et al (2000) em pesquisa realizada

com ratos mostraram que estes triterpenos natildeo apresentam esta accedilatildeo

farmacoloacutegica

FIGURA 3 Estrutura molecular dos triterpenos friedelan-3-ol e friedelina (Mossi 2003) dos flavonoacuteides canferol e quercetina e do tanino condensado (Cardoso et al 2001) encontrados em espinheira-santa

Os taninos e flavonoacuteides satildeo compostos fenoacutelicos presentes em espinheira-

santa que tambeacutem podem ter accedilatildeo em doenccedilas estomacais (Gonzales et al

2001) Os taninos satildeo compostos de sabor adstringente derivados de

fenilpropanos capazes de formar complexos com proteiacutenas accediluacutecares e

alcaloacuteides indoacutelicos (Cardoso et al 2001) Dividem se em duas categorias

derivados de esqueletos (C6-C1)n chamados de taninos hidrosoluacuteveis e

derivados de esqueletos (C6-C3-C6)n chamados de taninos condensados

(Figura 3) ou proantocianidinas Os taninos hidrolizaacuteveis possuem rotas

biossinteacuteticas ainda desconhecidas Sabe-se que seu precursor eacute o aacutecido

gaacutelico ou seu diacutemero de condensaccedilatildeo o aacutecido elaacutegico Os taninos

condensados satildeo biossintetizados pelas condensaccedilotildees de derivados de aacutecido

chiquiacutemico e unidades de malonil-CoA levando agrave formaccedilatildeo das catequinas

Estas satildeo importantes precursoras das proantocianidinas (taninos

condensados) e antocianidinas Caracterizam-se por serem oligocircmeros e

poliacutemeros formados pela policondensaccedilatildeo de duas unidades flavonoiacutedicas

(flavan-3-ol e flavan-34-diol) portanto tambeacutem satildeo considerados compostos

flavonoacuteides sendo tambeacutem denominados de flavolanas diferenciando-se dos

taninos hidrolisaacuteveis por natildeo possuiacuterem resiacuteduos glicosiacutedeos em sua estrutura

Segundo o autor entre as atividades farmacoloacutegicas que os taninos

condensados apresentam ndash quando complexados com proteiacutenas ndash destacam-

se a proteccedilatildeo da mucosa do estocircmago em tratamento de uacutelcera peacuteptica as

propriedades anti-inflamatoacuterias e cicatrizantes e o bloqueio da formaccedilatildeo da

placa dental atraveacutes da inibiccedilatildeo da glicosiltransferase produzida por bacteacuterias

bucais

Atraveacutes de estudo fitoquiacutemico em extrato de M aquifolium Gonzales et al

(2001) identificaram triterpenos taninos e flavonoacuteides Em testes de

laboratoacuterio os autores mostraram a accedilatildeo antiulcerogecircnica e analgeacutesica do

extrato desta espeacutecie Eles destacaram que os triterpenos apresentam

habilidade na estimulaccedilatildeo da siacutentese de muco ou manutenccedilatildeo do conteuacutedo de

prostaglandina ndash componente com atividade antiulcerogecircnica ndash da mucosa

gaacutestrica em altos niacuteveis Foi sugerido ainda que componentes antioxidantes

como os taninos e os flavonoacuteides podem ter accedilatildeo contra lesotildees gaacutestricas

Os flavonoacuteides existem em abundacircncia no reino vegetal encontrados em sua

maioria nas angiospermas (Cardoso et al 2001) Caracterizam se

estruturalmente por serem polifenoacutelicos derivados de C6-C3-C6 ligados na

orientaccedilatildeo cabeccedila-cauda e que podem conter como substituintes hidroxilas

ou seus derivados funcionais tais como eacutesteres metoxilas aleacutem de

glicosiacutedeos isoprecircnicos presos em posiccedilotildees especiacuteficas dos aneacuteis Os

flavonoacuteides tecircm como precursores a fenilalanina e a acetil-CoA

Satildeo originados de reaccedilotildees de derivados do aacutecido chiquiacutemico e derivados do

acetato Os flavonoacuteides satildeo divididos nas seguintes classes flavonas

flavonoacuteis antocianinas e isoflavonoacuteides esta uacuteltima restrita agrave famiacutelia Fabaceae

Os compostos mais importantes encontrados nos vegetais para cada uma das

trecircs primeiras classes satildeo flavonas ndash apigenina e luteolina flavonoacuteis ndash

canferol quercetina miricetina e galangina antocianinas ndash cianidina e

malvidina

Ao analisarem quantitativamente por HPLC flavonoacuteides em infusatildeo aquosa de

folhas de M ilicifolia e M aquifolium Leite et al (2001) identificaram um novo

composto deste grupo na primeira espeacutecie Os autores destacaram que os

flavonoacuteides podem mediar uma variaccedilatildeo de mecanismos relacionados agrave

atividade anti-cacircncer anti-tumor e anti-oxidante esta uacuteltima relacionada agrave

caracteriacutestica anti-uacutelcera Os flavonoacuteides tetra-glicosilados satildeo uacuteteis como

marcadores quiacutemicos para o controle de qualidade em Maytenus

Dois novos tetraglicosiacutedeos ndash pertencentes aos grupos dos 3-O-glicosiacutedeos de

quercetina e canferol que satildeo os mais importantes entre os flavonoacuteides ndash

foram isolados por Vilegas et al (1999) a partir da infusatildeo de folhas de M

aquifolium Os flavonoacuteides quercetina e canferol estatildeo representados na Figura

3 com indicaccedilatildeo dos grupos hidroxila (3) que satildeo glicosilados para formar os

3-O-glicosiacutedeos de quercetina e canferol Os autores identificaram a accedilatildeo anti-

uacutelcera da infusatildeo de espinheira-santa em que o aumento da dose levou ao

decreacutescimo do nuacutemero de uacutelceras em ratos sendo a dose de 800 mg kg-1 a

mais eficiente A maior atividade foi verificada em uacutelceras do tipo III que satildeo as

mais severas Foi ainda destacado que o isolamento de flavonoacuteides

poliglicosilados da infusatildeo de M aquifolium seraacute uacutetil para validaccedilatildeo destes

componentes como marcadores quiacutemicos como jaacute anteriormente descrito por

Vilegas et al (1998) ndash que distinguiram atraveacutes da teacutecnica HPTLC (High

Performance Thin Layer Chromatographic) amostras autecircnticas de M ilicifolia

e M aquifolium e amostras alteradas com Sorocea bomplandii uma espeacutecie

muitas vezes confundida com a espinheirasanta devido agrave morfologia similar da

folha

5 Aspectos silviculturais

Os coletores tradicionais possuem noccedilotildees empiacutericas sobre o manejo das

espeacutecies em seu ambiente natural (eacutepoca e frequecircncia de coleta suportada

pela espeacutecie ambientes em que ocorrem cuidados com os indiviacuteduos no

momento da coleta para que possam rebrotar) Por exemplo ensinam que a

espinheira-santa deve ser coletada quebrando os ramos e natildeo cortando-os

Alguns coletores dizem que isto eacute necessaacuterio para que a planta tenha efeito

medicinal outros que se os ramos forem cortados a aacutervore natildeo rebrota Fato

eacute que os ramos que satildeo quebrados satildeo mais finos do que se for utilizado um

instrumento cortante e isto certamente tem influecircncia sobre a regeneraccedilatildeo dos

indiviacuteduos Outra informaccedilatildeo dos coletores tradicionais eacute que as folhas de uma

determinada aacutervore devem ser colhidas com intervalos de dois anos Dizem

que eacute o tempo necessaacuterio para a aacutervore se recuperar Poreacutem nos plantios

verifica-se que a regeneraccedilatildeo ocorre em um ano Entretanto como os frutos

satildeo formados em ramos do ano anterior esta recomendaccedilatildeo pode estar ligada

ao manejo da espeacutecie garantindo o tempo miacutenimo necessaacuterio para que se

reproduza Com o mesmo objetivo os produtores deixam algumas aacutervores sem

colher para que produzam sementes garantindo assim regeneraccedilatildeo

natural e mais recentemente como fonte de sementes para plantios

Conhecem a forma de distribuiccedilatildeo da espinheira-santa e percorrem grandes

distacircncias para localizar boas aacutereas de coleta com um nuacutemero significativo de

aacutervores Costumam dar intervalos de um ou mais anos entre as coletas num

mesmo local ou coletam as folhas somente de um lado da planta e no ano

seguinte do outro lado

Haacute ainda os curiosos pessoas sem tradiccedilatildeo em coleta de plantas que por

necessidade econocircmica e por residirem proacuteximo a aacutereas em que a espeacutecie

ocorre satildeo contratadas por coletores tradicionais ou por compradores de

plantas para realizarem a coleta da espinheira-santa e outras espeacutecies

medicinais que ocorrem nas proximidades de sua residecircncia

6 Os produtores de espinheira-santa e seu contexto socioeconocircmico

A populaccedilatildeo da Regiatildeo Metropolitana de Curitiba eacute formada por descendentes

de europeus que integraram as diversas correntes migratoacuterias estimuladas no

seacuteculo XIX Tecircm-se assim principalmente descendentes de alematildees

italianos atividade agropecuaacuteria agrave qual incorporaram praacuteticas extrativistas que

jaacute eram atividade agropecuaacuteria agrave qual incorporaram praacuteticas extrativistas que jaacute

eram exercidas pelos caboclos descendentes dos antigos colonizadores

portugueses e iacutendios da regiatildeo No municiacutepio de Campo Largo haacute 1469

estabelecimentos rurais dos quais 1164 exercem atividades ligadas agrave

agricultura ou silvicultura

Segundo o Censo realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica

IBGE em 2000 a populaccedilatildeo rural era de 15580 pessoas (IPARDES 2001)

Destas cerca de 50 estatildeo envolvidas na produccedilatildeo no processamento e na

comercializaccedilatildeo da espinheira-santa

Haacute vaacuterios tipos de produtores de mateacuteria-prima

(a) coletores tradicionais cuja uacutenica atividade econocircmica eacute a coleta de plantas

medicinais inclusive espinheira-santa

(b) coletores de plantas medicinais que tambeacutem cultivam espeacutecies alimentiacutecias

Neste caso a coleta de plantas medicinais visa agrave complementaccedilatildeo da renda

(c) agricultores que cultivam e coletam plantas medicinais

(d) agricultores natildeo coletores que soacute cultivam plantas medicinais

A coleta eou o cultivo de espinheira-santa eacute de uma estrateacutegia de obtenccedilatildeo de

renda diversificada e natildeo passa em meacutedia de 17 da renda familiar Os

coletores recebem em geral R$040kg de planta fresca (folhas com ramos

finos) Apoacutes secagem satildeo comercializadas por R$250 a 350kg As folhas de

plantas cultivadas podem alcanccedilar entre R$800 e 1200kg (soacute folha seca)

7 Processamento da espinheira-santa

Apoacutes a coleta os ramos com folhas satildeo levados ateacute a propriedade do coletor

onde as folhas satildeo selecionadas e secas ou entregues diretamente ao

comprador A secagem pode ser feita agrave sombra ou em secador com fluxo de ar

aquecido Quando o coletor natildeo dispotildee de secador proacuteprio ele costuma secar

as folhas no secador de algum vizinho que recebe como pagamento parte da

produccedilatildeo Para a secagem satildeo utilizados vaacuterios modelos de secadores O

combustiacutevel utilizado pode ser lenha gaacutes ou serragem Alguns secadores

contam com controle de temperatura Dependendo das especificaccedilotildees feitas

pelo comprador depois de secas as folhas satildeo separadas dos ramos e

rasuradas Depois o produto eacute embalado em sacos de malha de juta ou de

polipropileno com ou sem revestimento de papel Depois eacute armazenado ou

enviado diretamente para o mercado (comercializado) A venda pode ser feita

para atacadistas laboratoacuterios de fitoteraacutepicos ou induacutestrias alimentiacutecias Nas

induacutestrias o material eacute submetida a uma nova seleccedilatildeo de acordo com o

controle de qualidade da empresa Geralmente verifica-se a contaminaccedilatildeo

microbioloacutegica e macroscoacutepica No caso dos laboratoacuterios de fitoteraacutepicos

tambeacutem satildeo analisados os constituintes quiacutemicos

Nas induacutestrias de alimentos as folhas rasuradas sofrem nova fragmentaccedilatildeo e

satildeo envasadas em embalagens de 10 a 30 g eou na forma de saches teabag

e embaladas em caixas de papelatildeo sendo comercializadas de forma

semelhante a outros chaacutes Ao chegar ao consumidor final na forma de folhas

rasuradas e embaladas o preccedilo varia entre R$3000 a 5000kg em

embalagens de 05 a 1 kg e entre R$8000 a R$10000Kg em embalagens de

10 a 30 g

Nos laboratoacuterios de fitoteraacutepicos as formas de apresentaccedilatildeo da espinheira-

santas satildeo (a) em saches ou a granel misturadas a ervas para problemas

digestivos numa composiccedilatildeo preacute-definida (b) em caacutepsulas gelatinosas

contendo 350 a 400 mg de folhas moiacutedas (c) em tintura de espinheira-santa

para cuja obtenccedilatildeo as folhas satildeo submetidas agrave extraccedilatildeo geralmente

hidroalcooacutelica (d) em comprimidos para o que se utiliza o extrato seco das

folhas

8 Mercado e comercializaccedilatildeo

Geralmente a venda eacute feita pelo proprietaacuterio do secador em grandes

quantidades para intermediaacuterios laboratoacuterios de fitoteraacutepicos ou induacutestrias

alimentiacutecias (Figura 3) Alguns produtores para agregar valor fazem

embalagens com pequenas quantidades (10 a 30 g) que comercializam em

feiras e mercados como alimento Esta forma de comercializaccedilatildeo eacute feita por

produtores que tecircm faacutecil acesso a um mercado consumidor significativo como

Figura 3 Fluxograma de produccedilatildeo e comercializaccedilatildeo de espinheira-santa (Maytenus ilicifolia)

por exemplo supermercados farmaacutecias ou feiras Entretanto haacute muitas

exigecircncias impostas pela legislaccedilatildeo de vigilacircncia sanitaacuteria para

comercializaccedilatildeo diretamente ao consumidor final Os atacadistas situados em

sua grande maioria no estado de Satildeo Paulo adquirem o produto no Paranaacute e

distribuem para as demais regiotildees do Brasil e tambeacutem para o exterior Eacute

comum que empresas do Paranaacute adquiram folhas de espinheira-santa

originaacuterias do proacuteprio Estado dos atacadistas de Satildeo Paulo Isto reflete a

falta de organizaccedilatildeo dos produtores que natildeo conseguiram ainda divulgar a

regiatildeo como centro produtor de plantas medicinais

As induacutestrias alimentiacutecias apoacutes embalar o produto revendem-no para os

supermercados Os laboratoacuterios de fitoteraacutepicos apoacutes fabricar o medicamento

normalmente realizam a comercializaccedilatildeo por meio de distribuidores de

produtos farmacecircuticos ou diretamente para grandes redes de farmaacutecias que

realizam a distribuiccedilatildeo internamente

9 Poliacuteticas relacionadas com a exploraccedilatildeo e comercializaccedilatildeo

A produccedilatildeo e comercializaccedilatildeo da espinheira-santa estaacute sujeita agrave legislaccedilatildeo

ambiental e agrave de vigilacircncia sanitaacuteria A primeira estabelece as normas para

registro de pessoas fiacutesicas ou juriacutedicas que consomem exploram ou

comercializam mateacuteria-prima florestal inclusive produtos florestais natildeo

madeireiros (Brasil 1985 Brasil 1995 Brasil 2000) Os coletores sabem que

devem obter registro de coletor e comerciante de plantas nativas junto aos

oacutergatildeos de fiscalizaccedilatildeo ambiental estadual e federal (respectivamente Instituto

Ambiental do Paranaacute IAP e Instituto Brasileiro de Meio Ambiente IBAMA) A

legislaccedilatildeo prevecirc ainda que ao realizar a coleta de uma planta os coletores e

produtores devem ter uma autorizaccedilatildeo fornecida com base num plano de

manejo Este plano deve apresentar as teacutecnicas e estrateacutegias que seratildeo

adotadas para garantir a sustentabilidade da exploraccedilatildeo

Na delegacia do IBAMA do Paranaacute haacute somente dois coletores de plantas

medicinais registrados poreacutem eles natildeo apresentam regularmente pedidos de

autorizaccedilatildeo de coleta acompanhados dos respectivos planos de manejo No

periacuteodo em que efetuamos esta pesquisa o oacutergatildeo estadual ainda natildeo havia

definido as normas que devem ser seguidas pelos interessados na obtenccedilatildeo

das autorizaccedilotildees de coleta de plantas

Uma das razotildees eacute que natildeo se dispotildee ainda de todas as informaccedilotildees teacutecnicas

necessaacuterias para a elaboraccedilatildeo do plano Apesar de oacutergatildeos de pesquisa e de

extensatildeo e das universidades estarem realizando estudos com o objetivo de

estabelecer os criteacuterios teacutecnicos natildeo existia ateacute 2002 nenhum plano de

manejo efetivamente implantado

Outro problema eacute a falta de integraccedilatildeo na atuaccedilatildeo dos oacutergatildeos de fiscalizaccedilatildeo

federal estadual e municipal o que torna a regularizaccedilatildeo junto a estes oacutergatildeos

muito complexa e cara para os produtores

Para que o produtor possa comercializar seu produto no varejo ele deve

atender agraves exigecircncias da legislaccedilatildeo sanitaacuteria que estatildeo muito acima da

capacidade econocircmica da maioria dos coletores e agricultores O produto

deve ainda estar dento dos limites estabelecidos de contaminaccedilatildeo por

microorganismos Quando o produto eacute apresentado como fitoteraacutepico as

exigecircncias aumentam ainda mais envolvendo seu registro com comprovaccedilatildeo

dos constituintes quiacutemicos marcadores e da atividade farmacoloacutegica e a

padronizaccedilatildeo do produto Ateacute mesmo os laboratoacuterios tecircm dificuldade em

atender as exigecircncias da legislaccedilatildeo atual Natildeo obstante o produto chega ao

mercado nas mais variadas formas envasado em sachecircs em caacutepsulas como

tintura misturado a ervas para problemas gaacutestricos entre outras

10 Influecircncia do ambiente na produccedilatildeo de compostos bioativos e perspectivas para o melhoramento geneacutetico de espinheira-santa

A influecircncia do ambiente na produccedilatildeo de polifenoacuteis totais polifenoacuteis natildeo

tanantes e taninos em M ilicifolia foram estudados por Radomski (1998) tendo

sido observado que a luminosidade eacute o principal fator que influencia na

produccedilatildeo destes compostos Plantas que se encontram em pleno sol

apresentam maior concentraccedilatildeo destas substacircncias As correlaccedilotildees entre

luminosidade e polifenoacuteis totais (083) polifenoacuteis natildeo tanantes (092) e taninos

(078) foram altas e significativas

Foram observadas diferenccedilas na morfologia foliar e na concentraccedilatildeo de taninos

em folhas de M ilicifolia de diferentes procedecircncias no Rio Grande do Sul

(Bernardi amp Wasicki 1959) Folhas de plantas desenvolvidas a pleno sol eram

menores com espinhos nas margens em nuacutemero reduzido e apresentavam

maior concentraccedilatildeo de taninos Em plantas de espinheira-santa desenvolvidas

em ambiente com alta luminosidade Radomski (1998) observou que as folhas

das plantas eram mais amareladas mais espessas e com espinhos mais

pronunciados caracterizando formas tiacutepicas de adaptaccedilatildeo de plantas de

sombra expostas agrave luz solar total A autora avaliou a aacuterea foliar o peso de

folhas e o peso especiacutefico de folhas em ambientes com diferentes intensidades

luminosas A aacuterea foliar foi menor e o peso especiacutefico das folhas foi maior nas

plantas desenvolvidas a pleno sol quando comparadas agraves dos outros

ambientes com menor luminosidade O peso especiacutefico de folhas apresentou

altas correlaccedilotildees para concentraccedilatildeo de polifenoacuteis totais (087) polifenoacuteis natildeo

tanantes (082) e taninos (083) Estes compostos contribuem para o

incremento da biomassa foliar Radomski et al (2004) relata a grande

influecircncia do ambiente sobre a composiccedilatildeo fitoquiacutemica da espinheira-santa

como concentraccedilotildees diferenciadas de taninos e polifenoacuteis totais em plantas

coletadas em ambientes diferentes

A autora destaca tambeacutem que os ramos de M ilicifolia podem contribuir com

uma parcela significativa na produccedilatildeo de compostos fitoteraacutepicos como

taninos e polifenoacuteis totais

Em trabalho envolvendo a anaacutelise fitoquiacutemica em populaccedilotildees de M ilicifolia do

Mato Grosso do Sul Paranaacute Santa Catarina e Rio Grande do Sul Mossi

(2003) observou uma grande variabilidade ndash que foi maior dentro das

populaccedilotildees ndash para concentraccedilatildeo dos metaboacutelitos secundaacuterios limoneno geranil

acetato aacutecido palmiacutetico fitol esqualeno vitamina E stigmasterol friedelan-3-

ol friedelin friedelan-3-one Atraveacutes de anaacutelise de agrupamentos (UPGMA) o

autor natildeo identificou uma relaccedilatildeo entre os grupos formados e as caracteriacutesticas

ambientais dos locais de coleta o que pode indicar uma maior influecircncia das

variaacuteveis locais como microclima insolaccedilatildeo condiccedilotildees nutricionais do solo

idade da planta entre outros sobre a concentraccedilatildeo dos compostos analisados

do que as condiccedilotildees macro ambientais

Foram observadas por Buffa Filho et al(2002) diferenccedilas nas concentraccedilotildees

de triterpenos entre plantas com morfologia de folha diferentes sendo que os

compostos 22 hidroximaitenina e celastrol foram encontrados em plantas de

dois tipos morfoloacutegicos

O melhoramento geneacutetico em plantas medicinais visa produzir variedades que

possuam alto rendimento de substacircncias desejadas e que as mantenham em

niacuteveis conhecidos para padronizar a dosagem quando da aplicaccedilatildeo

farmacoloacutegica (Oliveira et al 2003) Eacute importante o aumento da massa seca

eou fresca ou ainda o aumento do teor de princiacutepios ativos em determinado

oacutergatildeo vegetal de modo que estas caracteriacutesticas sejam mantidas nas geraccedilotildees

seguintes O produto do melhoramento de plantas medicinais eacute o princiacutepio ativo

ou o fitocomplexo Outros objetivos satildeo resistecircncia a pragas e doenccedilas e

toleracircncia a condiccedilotildees adversas de ambiente

Como o ambiente tem grande influecircncia na produccedilatildeo de metaboacutelitos

secundaacuterios a interaccedilatildeo genoacutetipo x ambiente eacute um fator importante para ser

analisado no melhoramento de plantas medicinais A possibilidade do melhor

genoacutetipo em um ambiente natildeo o ser em outro influencia o ganho de seleccedilatildeo e

dificulta a recomendaccedilatildeo de cultivares com ampla adaptabilidade (Cruz amp

Regazzi 2001) O conhecimento da herdabilidade dos caracteres de interesse

tambeacutem eacute fundamental para que a seleccedilatildeo seja aplicada com sucesso de

forma que o valor fenotiacutepico de um caraacuteter possa servir como guia para o valor

geneacutetico (aditividade) (Carvalho et al 2001)

Em teste de progecircnies realizado com espinheira-santa Mariot (2005)

identificou uma alta herdabilidade para todos os caracteres (velocidade de

emergecircncia estatura de planta diacircmetro agrave base do caule taxa de crescimento

tamanho de folha e nuacutemero de espinhosfolha) o que evidencia o forte controle

do fator geneacutetico sobre o fenoacutetipo O autor observou ainda altos valores para os

coeficientes de variaccedilatildeo geneacuteticos (CVG) que aliado aos baixos valores para

os coeficientes de variaccedilatildeo devido ao erro experimental (CVE) proporcionaram

iacutendices maiores que 10 para o quociente (relaccedilatildeo CVGVE) em todas as

variaacuteveis analisadas o que eacute um bom indicador para seleccedilatildeo em programas de

melhoramento Este resultado eacute importante para a seleccedilatildeo com base em

caracteres relacionados com o crescimento pois a espinheira-santa eacute

considerada de crescimento lento O tamanho de folha em espinheira-santa

caso apresente relaccedilatildeo com o aumento da biomassa e maior concentraccedilatildeo de

metaboacutelitos secundaacuterios que tenham accedilatildeo farmacoloacutegica pode ser um caraacuteter

importante de se considerar na seleccedilatildeo em programas de melhoramento Os

altos iacutendices dos paracircmetros geneacuteticos evidenciados em trabalho desenvolvido

por Mariot (2005) mostram a eficiecircncia na seleccedilatildeo para estes caracteres

Considerando a necessidade de uniformidade nos teores de princiacutepios ativos

exigidos pelas induacutestrias farmacecircuticas e o fato da espinheira santa ser de

fecundaccedilatildeo cruzada os programas de melhoramento desta espeacutecie que vise

atender estas exigecircncias deve utilizar a propagaccedilatildeo vegetativa

Estudos relacionados agrave cultura de tecidos de M ilicifolia e M aquifolium

tornam-se portanto fundamentais Na aacuterea de biotecnologia foi citado por

Corsino et al (1998a) o uso de Agrobacterium como vetor para aumentar a

produccedilatildeo de triterpenos em programa de melhoramento geneacutetico de espinheira

santa

O conhecimento da associaccedilatildeo entre caracteres eacute de grande importacircncia nos

trabalhos de melhoramento principalmente se a seleccedilatildeo em um deles

apresenta dificuldades em razatildeo da baixa herdabilidade eou tenha problemas

de mediccedilatildeo e identificaccedilatildeo (Cruz amp Regazzi 2001) Para tanto o melhorista

pode estimar as correlaccedilotildees fenotiacutepicas e genotiacutepicas o que pode contribuir no

processo de seleccedilatildeo No caso das espeacutecies medicinais esta ferramenta eacute

muito importante devido ao alto custo das anaacutelises para determinar e

quantificar metaboacutelitos secundaacuterios com potencial farmacoloacutegico como as que

envolvem cromatografia Em espinheira-santa a morfologia foliar estaacute

relacionada com os tipos e a concentraccedilatildeo de triterpenos (Buffa Filho et al

2002) portanto se for identificada correlaccedilatildeo entre estes caracteres a seleccedilatildeo

indireta atraveacutes da morfologia foliar pode vir a ser uma boa estrateacutegia de

seleccedilatildeo

11 Etapas do processo de secagem por aspersatildeoO processo de secagem por aspersatildeo consiste de trecircs etapas fundamentais

Na primeira fase o fluiacutedo eacute disperso como gotiacuteculas produzindo uma grande

aacuterea superficial Na segunda ocorre contato destas com uma corrente de ar

aquecido havendo transferecircncia de calor

Na terceira etapa acontece a evaporaccedilatildeo do solvente e a formaccedilatildeo da partiacutecula soacutelida

121 Ilustraccedilatildeo da Planta Espinheira- Santa

Com a transferecircncia de calor do ar aquecido agraves gotiacuteculas o liacutequido da

superfiacutecie evapora-se rapidamente As partiacuteculas solidificadas geralmente

apresentam o mesmo tamanho e forma da gotiacutecula que as originou Na uacuteltima

etapa o produto de secagem eacute transportado por uma corrente de ar sendo

posteriormente coletado (Broadhead et al 1992 Shaw 1997 Rankell et al

2001) A evaporaccedilatildeo superficial da gotiacutecula conduz agrave formaccedilatildeo de uma

camada de material seco externa Atraveacutes desta camada o liacutequido situado no

interior da gotiacutecula propaga-se para o exterior Dependendo da elasticidade e

da permeabilidade da crosta seratildeo produzidos distintos materiais secos como

esferas intactas com superfiacutecie imperfeita ou fragmentada soacutelidas ou ocas

(Rankell et al 2001) A Figura 2 apresenta foto micrografias de dois extratos

diferentes de Maytenus ilicifolia secos por spray drying com disco giratoacuterio em

torre de secagem por aspersatildeo Os extratos foram produzidos da mesma

maneira utilizando temperatura de entrada de 180 degC velocidade do aspersor

de 9500 rpm e 30 de Aerosil (Oliveira 2008)

12 Fatores que influenciam o processoUm das respostas mais relevantes afetada pelas condiccedilotildees de operaccedilatildeo do

processo eacute a qualidade do produto resultante As variaacuteveis devem ser

controladas visando agrave obtenccedilatildeo de rendimento e de teor de umidade

adequados estabilidade quiacutemica minimizaccedilatildeo da aderecircncia de partiacuteculas na

cacircmara de secagem (sticking) e caracteriacutesticas tecnoloacutegicas especiacuteficas As

propriedades do produto satildeo normalmente determinadas pelos fatores

relacionados agraves caracteriacutesticas do material de entrada e do processamento

isto eacute paracircmetros de operaccedilatildeo e equipamento (Quadro 1)

131 Influecircncia do material de entradaEntre os fatores relacionados agraves caracteriacutesticas do material de entrada o uso

de adjuvantes na teacutecnica de secagem por aspersatildeo eacute uma praacutetica muito

comum Satildeo utilizados como adjuvantes neste processo amido ciclodextrinas

dioacutexido de siliacutecio coloidal fosfato tricaacutelcico gelatina goma araacutebica lactose

maltodextrina entre outros (Vasconcelos et al 2005 Silva Juacutenior et al 2006)

Para a secagem de extratos derivados de plantas a seleccedilatildeo e o uso adequado

de adjuvantes no processo de spray drying eacute uma fase de fundamental

importacircncia visto que determina a estabilidade e a qualidade dos mesmos

podendo inclusive afetar as caracteriacutesticas de biodisponibilidade

13 Atividades farmacoloacutegicas da espinheira-santa A espinheira-santa (M ilicifolia) eacute uma planta que possui atividades

farmacoloacutegicas comprovadas entre elas a atividade antiulcerogecircnica Essas

atividades estatildeo ligadas a substacircncias quiacutemicas que satildeo os polifenoacuteis

(flavonoides e taninos) e os triterpenos Haacute fatores como a composiccedilatildeo quiacutemica

do solo onde essa planta estaacute sendo cultivado o local de plantio a teacutecnica de

colheita a secagem da planta e o processamento poacutes-colheita que influenciam

diretamente nos teores de princiacutepio ativo da planta podendo assim gerar

variaccedilotildees das atividades farmacoloacutegicas (NEGRI 2007)

141 Atividade gaacutestricaDe acordo com alguns estudos (Carlini amp Frochtengerten 1988 Ming et al

1998 Coulaud- Cunha et al 2004 Carvalho et al 2008) a M ilicifolia

apresenta accedilatildeo contra uacutelcera peacuteptica e gastrite Coulaud- Cunha et al (2004)

relatam que a accedilatildeo da M ilicifolia na uacutelcera peacuteptica e gastrite envolve mais de

um mecanismo de accedilatildeo ainda natildeo conclusivamente elucidados e natildeo se deve

somente a um principio ativo especifico mas a diferentes fitocomplexos Foi

demonstrado por Pereira et al (1993) e por Ming et al (1998) que tanto os

taninos principalmente a epigalocatequina quanto os oacuteleos essenciais em

especial o fridenelol satildeo responsaacuteveis por parte dos efeitos gastroprotetores

Carlini amp Frochtengarten (1988) por sua vez em estudos realizados com o

abafado da M ilicifolia relatam que quanto maior o tempo do tratamento maior

seraacute a gastroproteccedilatildeo sem entretanto haver alteraccedilotildees no pH Tal observaccedilatildeo

pode ser confirmada por Ferreira et al (2004) que em estudos com extrato

aquoso liofilizado das folhas de M ilicifolia em sapos comprovou que esse

possui efeito inibitoacuterio sobre os mediadores H2 da histamina nas ceacutelulas

parietais esses segundo Gilman (1989) quando estimulados causam a

ativaccedilatildeo da adenililciclase iniciando uma seacuterie de alteraccedilotildees morfoloacutegicas e

bioquiacutemicas complexas que leva ao aumento da secreccedilatildeo gaacutestrica

funcionando como um antagonista H2 aleacutem de inibir o efeito da gastrina Foi

demonstrado ainda que tanto a epigalocatequina (tanino) quanto o fridenelol

(oacuteleo essencial) satildeo responsaacuteveis por parte do efeito protetor da mucosa

gaacutestrica (Pereira et al 1993 Ming et al 1998)

142 Atividade antiulcerogecircnicaSegundo Sousa-Formigoni et al (1991) foi comprovada a atividade

antiulcerogecircnica da espinheira-santa (M ilicifolia) por experimentos feitos em

ratos nos quais os animais foram induzidos a terem uacutelceras gaacutestricas por meio

de indometacina e por estresse quando estes foram submetidos a baixas

temperaturas e por serem imobilizados Apoacutes a aplicaccedilatildeo de um extrato

liofilizado de espinheira-santa houve uma reduccedilatildeo do nuacutemero de uacutelceras e um

aumento do volume e pH da secreccedilatildeo gaacutestrica

Em estudos de mecanismos celulares e moleculares da accedilatildeo de produtos

naturais com o isolamento de substacircncias bioativas da M ilicifolia

responsaacuteveis pela accedilatildeo antissecretora aacutecida gaacutestrica os resultados obtidos

confirmam essas accedilotildees Foram utilizados nesses experimentos extratos

aquosos das partes aeacutereas da planta e os princiacutepios ativos tecircm funccedilatildeo de

inibidores da bomba de proacutetons etapa final comum das vias reguladoras da

secreccedilatildeo aacutecida gaacutestrica (BOSSOLANI 2000)

143 Atividade antimicrobianaEstudos pioneiros como o de Lima et al (1969) jaacute demonstravam que a

maitenina exibe forte atividade antimicrobiana contra vaacuterias bacteacuterias Gram

positivas Tais efeitos foram corroborados com a demonstraccedilatildeo que os extratos

das folhas e raiacutezes tecircm efeito antimicrobiano para vaacuterios patoacutegenos dentre

eles Staphylococcus aureus e Streptococcus sp

144 Atividade sobre o Sistema Nervoso CentralSegundo Alonso (1998) o extrato de M ilicifolia possui atividade sedativa que

potencializa (efeito sineacutergico) o sono por barbituacutericos em camundongos

145 Atividades abortiva e sobre a espermatogecircnese

De acordo com Montanari et al (1998) o extrato etanoacutelico de M Ilicifolia

quando administrado em altas doses em camundongos suiacuteccedilos apesar de

causar leves alteraccedilotildees como ceacutelulas germinativas imaturas esfoliadas mortes

celulares ocasionais aumento de gotiacuteculas lipiacutedicas em ceacutelulas de Sertoli e

inchamento de acrossomas entre outras natildeo foi suficiente para acarretar

danos agrave espermatogecircnese

Jaacute em testes realizados em camundongos (fecircmeas e graacutevidas) administrando-

se oralmente extrato hidroalcooacutelico (70) de folhas de espinheira-santa (M

ilicifolia) observou-se um decreacutescimo significativo do nuacutemero de embriotildees

indicando uma perda embrionaacuteria antes do periacuteodo de implantaccedilatildeo Poreacutem

natildeo houve maacute-formaccedilatildeo ou mortes fetais depois do periacuteodo de implantaccedilatildeo

Esse extrato possui atividade estrogecircnica que pode interferir na receptividade

uterina ao embriatildeo (MONTANARI BEVILAQUA 2002)

146 Atividades antimutagecircnica e anticanceriacutegenaConforme Horn e Vargas (2003) o extrato aquoso de M ilicifolia foi eficaz em

aproximadamente 75 das doses testadas exibindo boas respostas

antimutagecircnicas ou um decreacutescimo sugestivo Em estudos realizados por

Queiroga et al (2007) foi avaliada a fraccedilatildeo ativa antiulcerogecircnica da M

ilicifolia na atividade anticanceriacutegena apresentando resultados citostaacuteticos

satisfatoacuterios De acordo com Itokawa et al (1993) o composto pristimerina foi o

mais eficiente na accedilatildeo citotoacutexica podendo ser uacutetil no tratamento de tumores

147 Atividade antioxidante e otoprotetoraDe acordo com Mattei e Carlini (1998) um extrato aquoso liofilizado de

espinheira-santa (M ilicifolia) foi testado in vitro em homogenato de ceacuterebro de

ratos e exerceu uma importante atividade antioxidante inibindo o processo de

lipoperoxidaccedilatildeo

Usando-se extrato etanoacutelico de M ilicifolia foi confirmado que a casca da raiz

tem um poder antioxidante pelo fato de possuir em sua base compostos com a

capacidade sequestradora de radicais livres (VELLOSA et al 2006)

Conforme Santos et al (2010) foram comprovadas propriedades antioxidantes

dos extratos brutos e de componentes individuais de M Ilicifolia por possiacuteveis

associaccedilotildees sineacutergicas de substacircncias fenoacutelicas e triterpenos

quinonametiacutedeos comparados agrave rutina como composto fenoacutelico modelo

De acordo Kasse et al (2008) foi realizado um estudo com ratos (fecircmeas) em

que esses animais foram submetidos agrave substacircncia cisplatina e posteriormente

tratados com extrato de M ilicifolia para avaliar a atividade otoprotetora da

planta Foram realizados e avaliados os exames de emissotildees otoacuacutesticas por

produtos de distorccedilatildeo por potencial de tronco encefaacutelico antes e depois de

administraccedilatildeo de cisplatina e por fim por microscopia eletrocircnica de varredura

Os resultados mostraram que apesar de apresentar atividades antioxidantes a

M ilicifolia foi incapaz de bloquear o efeito citotoacutexico do composto quiacutemico

administrado nas cobaias

Segundo Negri et al (2009) a atividade antioxidante do extrato etanoacutelico de M

ilicifolia estaacute intimamente ligada agrave sua temperatura de secagem Testes

realizados para avaliaccedilatildeo do poder antioxidante os quais foram os meacutetodos de

formaccedilatildeo de complexo com fosfomolibdecircnio e atividade antioxidante em

relaccedilatildeo agrave reduccedilatildeo de um radical utilizando-se o DPPH (22-difenil-1-

picnilhidrazila) em que foram levadas em consideraccedilatildeo diferentes

temperaturas usualmente utilizadas para secagem (40 50 60 70 e 80˚C)

demostraram melhor atividade antioxidante na temperatura de 40˚C e

gradativamente quanto maior a temperatura realizada nos testes menor o

poder antioxidante Por fim o estudo mostrou a importacircncia do controle de

temperatura para a melhor efetividade nesse quesito da planta

Em estudos de Pessuto et al (2009) foram avaliados extratos e compostos

isolados de M Ilicifolia em relaccedilatildeo agrave capacidade antioxidante Os extratos

brutos e semipurificados foram estudados por meio de ensaios de

fosfomolibdecircnio (complexo) e de DPPH (22-difenil-1-picnilhidrazila) nos quais

os resultados mostraram que a fraccedilatildeo com acetato de etila teve melhor

capacidade antioxidante em relaccedilatildeo ao extrato bruto e fraccedilatildeo aquosa

possivelmente por conter maior nuacutemero de hidroxilas fenoacutelicas (pela

capacidade de sequestro dos radicais livres) e tambeacutem em relaccedilatildeo agraves

substacircncias trolox e vitamina C

148 Atividades antinociceptiva e anti-inflamatoacuteria De acordo com Nakamura et al (1994) o extrato etanoacutelico de folhas de M

ilicifolia conteacutem uma fraccedilatildeo de quercetina-3-O-glicosiacutedeo e essa substacircncia

quiacutemica foi avaliada pelo teste de aacutecido aceacutetico e formalina em ratos obtendo-

se resultados satisfatoacuterios para atividades analgeacutesicas e anti-inflamatoacuterias

Por meio de testes realizados em camundongos e ratos foi provocado um

edema nas patas desses animais por meio de injeccedilatildeo de 002 ml de

formaldeiacutedo (soluccedilatildeo a 092) utilizando-se como controle soluccedilatildeo salino

Apoacutes 120 minutos foi aplicado extrato hexacircnico e acetato de etila das folhas

(M ilicifolia) administrados por via oral nas doses de 80 160 320 e 340 mgkg

Os animais foram sacrificados apoacutes 4 horas Em um segundo ensaio foi

administrada por injeccedilatildeo soluccedilatildeo de carragenina a 1 e os extratos da planta

foram dados por via oral nas doses de 80 160 320 e 340 mgkg Os resultados

obtidos mostraram uma atividade antinociceptiva para os dois extratos

principalmente nas doses de 320 e 340 mgkg sendo esse teste importante

para uma alternativa cliacutenica na terapecircutica anti-inflamatoacuteria e antiulcerogecircnica

(JORGE et al 2004)

14 Toxicidade efeitos adversos e contraindicaccedilatildeo da espinheira-santa

Foi realizado um estudo toxicoloacutegico com 24 voluntaacuterios sendo 12 homens e

12 mulheres de 20 a 40 anos de idade selecionados previamente por meio de

avaliaccedilatildeo cliacutenica exames hematoloacutegicos e bioquiacutemicos e avaliaccedilatildeo

psicomotora com o objetivo de estabelecer um intervalo maacuteximo de seguranccedila

no uso de M ilicifolia As doses foram administradas de maneira crescente e

natildeo houve um grupo controle pois os exames iniciais foram considerados

como valores basais para efeito comparativo A dose inicial foi fixada em 100

mg por adulto sendo administradas doses subsequentes de 200 500 1000

1500 e 2000 mg com intervalos de uma semana para cada dose A anaacutelise dos

resultados revelou que natildeo houve efeitos significativos nos valores dos

principais paracircmetros hematoloacutegicos e bioquiacutemicos e tambeacutem natildeo foram

observadas alteraccedilotildees nas funccedilotildees hepaacuteticas pancreaacuteticas e renais

Hormocircnios lipiacutedeos glicose soacutedio potaacutessio caacutelcio e foacutesforo tambeacutem

mantiveram valores considerados normais (TABACH et al 2002)

Em relaccedilatildeo aos efeitos adversos a M ilicifolia natildeo possui algum que justifica a

interrupccedilatildeo do tratamento Entre os mais comuns destacam-se cefaleia

sonolecircncia boca seca naacuteuseas dor articular nas matildeos gosto estranho na

boca tremor nas matildeos cistite e poliuacuteria (TABACH et al 2002) Poreacutem

segundo Amaral et al (2005) natildeo eacute recomendado o uso pediaacutetrico pela

ausecircncia de testes Ensaios realizados em ratos mostraram perda embrionaacuteria

antes do periacuteodo de implantaccedilatildeo portanto essa planta natildeo eacute recomendada em

casos de gravidez (MONTANARI BIVILACQUA 2002)

De acordo com estudos realizados em camundongos o abafado de M ilicifolia

foi administrado nesses animais em doses ateacute 360 vezes maiores que a

utilizada pelo homem durante um periacuteodo de dois a trecircs meses Como

resultados natildeo houve mudanccedilas no peso comportamento temperatura

paracircmetros bioquiacutemicos e hematoloacutegicos desses animais (OLIVEIRA CARLINI

1988)

15 FarmacocineacuteticaO modelo da farmacocineacutetica da espinheira-santa eacute estudado por meio de seus

taninos natildeo condensados Epigalocatequina marcada foi administrada por via

oral sendo os picos plasmaacuteticos observados 60 min apoacutes a ingestatildeo Apoacutes

uma dose de 500 mgkg foram detectadas concentraccedilotildees tissulares de 123

mmol no plasma 484 mmol no fiacutegado e 565 mmol no intestino delgado

(Nakagawa amp Miyazawa 1997) Depois da administraccedilatildeo oral de

epigalocatequina-3-galato marcada com triacutetio a ratos cerca de 6 da dose eacute

eliminada na urina e 24 nas fezes nas primeiras 24 horas Uma segunda

dose dada duas horas apoacutes a primeira eleva em cerca de 4 a 6 vezes a

concentraccedilatildeo no plasma e em alguns tecidos Esses dados sugerem uma

meia-vida longa e eliminaccedilatildeo lenta da epigalocatequina-3-galato No final das

24 horas os animais foram sacrificados e essa substacircncia pocircde ser encontrada

no rim ceacuterebro fiacutegado pacircncreas intestino e ossos (Suganuma et al 1998)

Num outro estudo foi avaliada a afinidade da epigalocatequina-3-galato agraves

proteiacutenas do soro Apoacutes uma dose oral a ratos mais de 50 da

epigalocatequina-3-galato absorvida ligou-se agrave proteiacutena do plasma

especialmente a fibronectina o fibrinogecircnio e a HRGP( Histidin Rich

Glicoprotein) proteiacutena plasmaacutetica com 74 kdaltons cuja funccedilatildeo ainda eacute pouco

conhecida (Sazuka et al 1996)

16 PreparaccedilatildeoTendo sido reconhecida a espeacutecie com que se vai trabalhar torna-se

necessaacuterio que se disponha desta espeacutecie em quantidade suficiente para

atender a demanda relacionada a produccedilatildeo do fitoteraacutepico replicaccedilatildeo da

espeacutecie e respectivo controle de qualidade Par a atingir este objetivo a

espeacutecie deve ser cultivada na extensatildeo adequada ao fim que se propotildee tendo-

se aleacutem dos cuidados inerentes ao cultivo de qualquer espeacutecie vegetal a

precauccedilatildeo de nunca utilizar pesticidas ou agrotoacutexicos na aacuterea de cultivo Nos

parece claro que a opccedilatildeo pelo fitoteraacutepico deve vir acompanhada do desejo de

seguranccedila o que natildeo seria conseguido se fossem deixados resiacuteduos de

agrotoacutexicos ou de pesticidas na espeacutecie que iraacute ser usada como mateacuteria-prima

para a produccedilatildeo de medicamento Veja no item 24 os ensaios que devem ser

efetuados no sentido de identificar e quantificar a presenccedila destes e de outros

contaminantes

Dispondo-se entatildeo da espeacutecie vegetal botanicamente selecionada cultivada

sem o uso de agentes quiacutemicos contaminantes iremos seguir tantos passos

quantos sejam necessaacuterios para preparar a espeacutecie vegetal numa droga capaz

de ser armazenada e processada para resultar num preparado intermediaacuterio uacutetil

na preparaccedilatildeo de fitoteraacutepicos Estes passos podem ser enumerados como

sendo Coleta Monda Estabilizaccedilatildeo Secagem Trituraccedilatildeo e Armazenamento

A execuccedilatildeo e finalidade de cada um se acham descrito a seguir

A Coleta eacute realizada atraveacutes da retirada da parte usada da planta procurando

sempre o material mais saudaacutevel em completo desenvolvimento (a menos que

especificado em (contraacuterio como ocorre com a gema terminal de Psidium

guajava) e com o miacutenimo de contaminantes (poeira poluiccedilatildeo adubo insetos

colocircnia de microrganismos etc) A distribuiccedilatildeo de substacircncias

farmacologicamente ativas nas plantas medicinais natildeo se daacute de maneira

homogecircnea em toda a extensatildeo da planta Portanto eacute de se esperar que

apenas alguma parte de uma dada espeacutecie podem ser utilizadas com finalidade

terapecircutica

Atraveacutes de consulta agraves diversas farmacopeias e tratados sobre plantas

medicinais encontramos descriccedilotildees sobre a parte a ser usada de cada espeacutecie

medicinal Pode-se em alguns casos observar que diferentes partes de uma

mesma planta apresentam propriedades inteiramente diferentes como por

exemplo a Punica granam (romatildezeira) cujas cascas do caule satildeo teniacutefugas e

as cascas dos frutos tecircm propriedades anti-inflamatoacuteria e antibioacutetica Em outros

casos toda a planta pode ser utilizada com a mesma finalidade como a

Phylanthus niruri (quebra-pedra) Torna-se imperioso portanto que antes de

qualquer outra etapa da preparaccedilatildeo de uma forma farmacecircutica fitoteraacutepica se

conheccedila qual ou quais partes da espeacutecie escolhida pode ser utilizada

A coleta deve respeitar para cada espeacutecie o melhor periacuteodo correspondente

agravequele onde a espeacutecie apresenta maior teor em substacircncias ativas Tendo isto

em mente relacionamos a seguir orientaccedilotildees geneacutericas quanto ao periacuteodo de

coleta

Formas farmacecircuticas de fitoteraacutepicosPoacute

Eacute a forma farmacecircutica obtida apoacutes a secagem trituraccedilatildeo e tamisaccedilatildeo da

droga Segundo a sua finalidade devem apresentar a tenuidade adequada

conforme a tabela a seguir Pode ser dispensado para uso na preparaccedilatildeo de

chaacutes ou adicionado agrave alimentaccedilatildeo (leite sucos mel etc) O envase deve cuidar

para que natildeo haja absorccedilatildeo de umidade

Formas soacutelidas

Caacutepsulas

Eacute a forma farmacecircutica obtida pela deposiccedilatildeo ordenada da droga seca

triturada e tamisada em caacutepsulas gelatinosas duras ou pelo encapsulamento

de liacutequidos ou semissoacutelidos de natureza lipofiacutelica em caacutepsulas gelatinosas

moles O invoacutelucro rosa utilizado eacute geralmente de natureza proteica e satildeo

portanto incompatiacuteveis com drogas tacircnicas por exemplo Cuidado especial

deve ser tomado com a umidade temperatura e pressatildeo exercida sobre as

caacutepsulas durante o armazenamento e transporte Estes fatores podem levar a

desidrataccedilatildeo ou hidrataccedilatildeo das caacutepsulas que as tornam quebradiccedilas ou

deformadas e coladas Durante a preparaccedilatildeo das caacutepsulas deve-se cuidar para

que o peso das caacutepsulas obtidas seja o mais uniforme possiacutevel podendo-se

garantir isso pela pesagem da quantidade de poacute necessaacuteria para o enchimento

de um nuacutemero determinado de caacutepsulas

O enchimento das caacutepsulas ocorre na oficina farmacecircutica em tabuleiros

especiais constituiacutedos em acriacutelico PVC ou outro poliacutemero apresentando-se no

modelo mais simples apenas como uma base fixa que se encaixa a uma outra

moacutevel e perfurada que recebe o corpo das caacutepsulas sem as tampas A seguir

se distribui de forma homogecircnea a quantidade estipulada de poacute em todas as

caacutepsulas valendo-se de uma espaacutetula plaacutestica e de um dispositivo especial

para prensar o conteuacutedo no interior das caacutepsulas Finalizado o enchimento as

partes super oires (tampas) das caacutepsulas satildeo recolocadas fechando-as e

determina-se o peso meacutedio das mesmas embalando-as imediatamente

A capacidade das caacutepsulas eacute proporcional agrave densidade do poacute e ao tamanho

das caacutepsulas que eacute padronizado em 08 (oito) diferentes tipos listados a seguir

com as respectivas dimensotildees e capacidades em mililitros

Controle de Qualidade

Todas as etapas utilizadas durante o processamento da droga devem ser

monitoradas atraveacutes de ensaios que possam atestar a qualidade da mateacuteria-

prima dos produtos intermediaacuterios e do produto final acabado O objetivo final

tanto do processamento adequado quanto agrave avaliaccedilatildeo da qualidade eacute a

garantia de que o que estaacute sendo produzido na forma como ocorre o processo

produtivo estaacute conduzindo agrave obtenccedilatildeo de um produto com as caracteriacutesticas

necessaacuterias agrave utilizaccedilatildeo para o tratamento de doenccedilas

Droga

A avaliaccedilatildeo da qualidade da droga utilizada na obtenccedilatildeo de fitoteraacutepicos no

Programa Farmaacutecias-Vivas onde o cultivo das espeacutecies vegetais eacute efetuado

pelo laboratoacuterio fabricante do produto deve ser realizada sob os seguintes

aspectos

- Considerando que a droga a ser utilizada corresponde agrave espeacutecie vegetal

esperada conhece-se suas caracteriacutesticas macromorfoloacutegicas aleacutem das suas

caracteriacutesticas sensoriais constituindo a primeira avaliaccedilatildeo que eacute a identidade

da droga

- Determinaccedilatildeo da umidade da droga fresca que deve ser diferenciada de

perda por dessecaccedilatildeo pois outras substacircncias volaacuteteis aleacutem da aacutegua satildeo

evaporadas Pode ser determinada atraveacutes do ensaio volumeacutetrico de Karl

Fischer ou pelo ensaio gravimeacutetrico submetendo a droga a dessecaccedilatildeo em

temperatura ambiente em dessecador com siacutelica ou aacutecido sulfuacuterico

- Mesmo a droga morfologicamente normal pode natildeo apresentar seus

constituintes ativos na quantidade desejada sendo necessaacuterio que sejam

realizados ensaios de identificaccedilatildeo e quantificaccedilatildeo de ativos ou de marcadores

atraveacutes das mais diversas teacutecnicas gravimeacutetrica volumeacutetrica

espectrofotomeacutetrica cromatograacutefica etc

- Avaliaccedilatildeo da contaminaccedilatildeo microbiana da droga principalmente se a mesma

tiver de ser utilizada sem qualquer processamento posterior As drogas que

seratildeo transformadas em uma forma extrativa em soluccedilatildeo hidro-alcooacutelica pode

ter sua carga microbiana reduzida pelo efeito antisseacuteptico do solvente

Preparado Intermediaacuterio

As formas extrativas satildeo obtidas em condiccedilotildees que nem sempre conseguem

retirar a totalidade das substacircncias ativas soluacuteveis no solvente escolhido devido

a diversos fator ES como o tempo e temperatura de maceraccedilatildeo pH do

solvente distribuiccedilatildeo granulomeacutetrica da droga sua umidade residual teor de

substacircncias ativas e velocidade de percolaccedilatildeo Justifica-se entatildeo a

necessidade da realizaccedilatildeo de ensaios de avaliaccedilatildeo da qualidade das formas

extrativas incluindo avaliaccedilotildees fiacutesico-quiacutemicas como aparecircncia cor odor

solubilidade densidade pH e viscosidade avaliaccedilotildees quiacutemicas como o perfil

cromatograacutefico e dosagem das substacircncias ativas ou marcador e avaliaccedilatildeo

microbioloacutegica da quantidade de microrganismos viaacuteveis

Fitoteraacutepico

Independente da forma farmacecircutica final eacute necessaacuterio que sejam realizadas

avaliaccedilotildees na qualidade do produto final da mesma forma que eacute exigido para

os demais tipos de medicamentos Listamos a seguir os ensaios realizados

para cada forma farmacecircutica lembrando que devem ser acrescentados os

ensaios quiacutemicos e microbioloacutegicos

Prazo de Validade

Considerando a jaacute difiacutecil realizaccedilatildeo da avaliaccedilatildeo da qualidade das drogas

utilizadas na obtenccedilatildeo de fitoteraacutepicos pode-se compreender que o

acompanhamento do processo cineacutetico de degradaccedilatildeo dos constituintes do

medicamento natildeo eacute uma estar efe faacutecil No entanto esta avaliaccedilatildeo pode se dar

em diversos niacuteveis

- Avaliaccedilatildeo da estabilidade fiacutesica

Para cada tipo de forma farmacecircutica satildeo descritas as caracteriacutesticas tiacutepicas

como cor odor limpidez densidade viscosidade pH etc que observadas

para um mesmo lote ao longo do tempo de armazenamento forneceratildeo

informaccedilotildees sobre a integridade fiacutesica da formulaccedilatildeo

- Avaliaccedilatildeo da estabilidade quiacutemica

A utilizaccedilatildeo de recursos laboratoriais desde os mais simples ateacute os mais

sofisticados permitem o acompanhamento qualitativo eou quantitativo dos

princiacutepios ativos contidos no produto fitoteraacutepico Por exemplo atraveacutes do

ensaio limite de taninos por diluiccedilotildees sucessivas e adiccedilatildeo de cloreto feacuterrico

pode-se ter uma medida semi-quantitativa do teor destas substacircncias nas

preparaccedilotildees que o contenham Evoluindo a utilizaccedilatildeo de teacutecnica

cromatograacutefica em camada delgada sobre papel ou siacutelica permite a

determinaccedilatildeo do perfil cromatograacutefico para o produto de modo que possa ser

comparado com o obtido em lotes posteriores ou com o mesmo lote ao longo do

tempo de armazenamento

- Avaliaccedilatildeo da estabilidade microbioloacutegica

A verificaccedilatildeo do niacutevel de contaminaccedilatildeo microbiana numa preparaccedilatildeo

medicamentosa fornece informaccedilotildees sobre o niacutevel de higienizaccedilatildeo empregado

durante o processamento da droga ateacute a obtenccedilatildeo do medicamento A

observaccedilatildeo deste mesmo paracircmetro ao longo do tempo fornece informaccedilotildees

sobre a composiccedilatildeo conservante utilizada no produto e a forma de

armazenamento

Teacutecnicas Gerais

Os ensaios laboratoriais de avaliaccedilatildeo da qualidade da droga compreendem

basicamente

- Observaccedilatildeo macroscoacutepica e microscoacutepica da droga fresca e seca inteira e

triturada comparando com o descrito em farmacopeias ou com modelos

botanicamente certificados

- Determinaccedilatildeo de umidade na droga fresca e naquela seca e triturada

evidenciando a quantidade de aacutegua contida na droga receacutem-coletada na droga

s eca e a efetividade do processo de secagem utilizada

- Identificaccedilatildeo e dosagem de substacircncias ativas ou marcadores realizada na

droga seca e triturada onde atraveacutes do acompanhamento da evoluccedilatildeo ao

longo do tempo e o cruzamento dos dados entre os locais e condiccedilotildees de

cultivo seraacute possiacutevel a determinaccedilatildeo das condiccedilotildees ideais para a manutenccedilatildeo

da qualidade das espeacutecies vegetais

- Determinaccedilatildeo da quantidade de mateacuteria orgacircnica estranha na droga seca

triturada grosseiramente demonstrando se a coleta monda secagem e

trituraccedilatildeo foram realizadas a contento sem o risco de contaminaccedilatildeo com outras

espeacutecies

- Determinaccedilatildeo de resiacuteduos de pesticidas para monitorar a forma de realizaccedilatildeo

do controle de pestes atraveacutes da identificaccedilatildeo e dosagem de pesticidas

- Determinaccedilatildeo da presenccedila de arsecircnio e metais pesados como componentes

que satildeo responsaacuteveis por intoxicaccedilotildees e por incompatibilidades nas

preparaccedilotildees liacutequidas de fitoteraacutepicos

- Determinaccedilatildeo da quantidade de microrganismos viaacuteveis atraveacutes da contagem

em placa a de diluiccedilotildees obtidas a partir do liacutequido de lavagem das drogas

evidenciando o grau de contaminaccedilatildeo e a possiacutevel e indesejaacutevel presenccedila de

microrganismos potencialmente patogecircnicos

Garantia de Qualidade

Na produccedilatildeo de fitoteraacutepicos do mesmo modo como ocorre com qualquer outro

medicamento natildeo pode negligenciar qualquer procedimento que possa conduzir

a diminuiccedilatildeo da qualidade do produto final A qualidade se reflete na

reprodutibilidade da qualidade do produto avaliada em laboratoacuterio e no

acompanhamento da sua eficaacutecia terapecircutica e seguranccedila Isto soacute pode ser

conseguido quando para cada forma farmacecircutica de fitoteraacutepico forem

registradas as operaccedilotildees farmacecircuticas que devem ser seguidas agrave risca suas

medidas de controle e definiccedilatildeo das responsabilidades para cada uma das

etapas do processamento

Apenas como ilustraccedilatildeo tomemos como exemplo a produccedilatildeo da tintura de

Alecrim-pimenta (Lippia sidoides Cham) O iniacutecio da preocupaccedilatildeo com a

qualidade se daacute com a seguranccedila de que a espeacutecie cultivada seja realmente

aquela que se deve coletar e em seguida em coletar a parte que realmente

deve ser utilizada e de plantas com aspecto saudaacutevel de desenvolvimento para

a qual as condiccedilotildees de cultivo tenham se apresentado como satisfatoacuterias A

monda que se segue agrave coleta retirando as partes improacuteprias agrave preparaccedilatildeo do

fitoteraacutepico daacute continuidade ao passo anterior na busca de alcanccedilar a qualidade

desejada O processo de dessecaccedilatildeo ocorrendo agrave sombra e agrave temperatura

ambiente preservando os constituintes quiacutemicos ativos e diminuindo a

influecircncia da umidade da planta sobre a sua qualidade e a da soluccedilatildeo extrativa

a ser obtida faz com que a droga obtida possa ser utilizada como mateacuteria-prima

para a obtenccedilatildeo de medicamento O cuidadoso processo de trituraccedilatildeo sem

elevar a temperatura durante o processo e reduzindo a perda de poacute para o

ambiente tambeacutem representa um processo que deve ser realizado com a

devida atenccedilatildeo Depois disso a droga seca e triturada deve ser armazenada

em condiccedilotildees que preservem sua qualidade pelo tempo necessaacuterio ateacute sua

utilizaccedilatildeo com as devidas inscriccedilotildees que atestem sua fonte data de coleta e de

processamento e respectivos responsaacuteveis

A preparaccedilatildeo da soluccedilatildeo hidro-alcooacutelica que seraacute utilizada no processo extrativo

tambeacutem deve ser realizada com bastante cuidado pois a mateacuteria-prima deve

apresentar a qualidade compatiacutevel com sua utilizaccedilatildeo para a produccedilatildeo de

medicamentos aacutegua purificada e aacutelcool farmacecircutico Deve-se observar a

legislaccedilatildeo atual sobre aacutelcool que exige a desnaturaccedilatildeo do aacutelcool

comercializado em farmaacutecias e supermercados e assim natildeo deve servir como

excipiente farmacecircutico Enfim todos os processos interferem com a qualidade

do produto final a ser obtido e devem ser realizados corretamente e as

operaccedilotildees registradas em documento proacuteprio buscando a rastreabilidade de

cada lote de cada produto

Outra etapa da garantia da qualidade essencial para sua implantaccedilatildeo eacute a

validaccedilatildeo de equipamentos e de processos que busca uma evidecircncia

documentada de que os mesmos cumprem satisfatoriamente sua finalidade

quando utilizados ou realizados corretamente

Estas evidecircncias devem ser conseguidas antes mesmo de se iniciar a utilizaccedilatildeo

das instalaccedilotildees para produccedilatildeo de medicamentos Naqueles jaacute em

funcionamento a validaccedilatildeo pode ser realizada atraveacutes da documentaccedilatildeo da

produccedilatildeo passada ou seja uma validaccedilatildeo retrospectiva

Para a produccedilatildeo de medicamentos em pequena escala que natildeo venha a

caracterizar uma produccedilatildeo industrial deve-se buscar a adequaccedilatildeo das

condiccedilotildees de produccedilatildeo armazenamento e dispensaccedilatildeo do produto atraveacutes da

Resoluccedilatildeo RDC ndeg 33 de abril de 2000 que descreve os criteacuterios de Boas

Praacuteticas de Manipulaccedilatildeo

Para a produccedilatildeo industrial de medicamentos a legislaccedilatildeo que trata das Boas

Praacuteticas de Fabricaccedilatildeo e Garantia de Qualidade eacute a Resoluccedilatildeo RDC ndeg 210 de

04 de agosto de 2003 As especificaccedilotildees legais da legislaccedilatildeo sanitaacuteria

brasileira e de outros paiacuteses para materiais vegetais devem incluir tanto quanto

possiacutevel o seguinte

- Nome botacircnico c om referecircncia aos autores

- Detalhes da fonte da planta (paiacutes ou regiatildeo de origem cultivo eacutepoca da

colheita procedimentos de colheita possiacuteveis pesticidas utilizados etc)

- Descriccedilatildeo do material vegetal inspeccedilatildeo visual macro eou microscoacutepica

- Testes de identificaccedilatildeo apropriados incluindo quando convenientes testes de

identificaccedilatildeo para ingredientes ativos conhecidos ou marcadores

- Ensaios quando convenientes dos constituintes de atividade terapecircutica ou

marcadores

- Meacutetodos apropriados para determinaccedilatildeo de possiacuteveis contaminaccedilotildees por

pesticidas e os limites aceitos

- Testes para metais pesados e contaminantes semelhantes materiais

estranhos e adulterantes

- Testes para radiaccedilatildeo aflatoxinas e contaminaccedilatildeo microbiana

Qualquer tratamento usado para reduzir contaminaccedilotildees focircnicas e microbianas

ou outras infestaccedilotildees devem ser documentadas Instrumentos para tais

procedimentos devem ser acessiacuteveis e devem incluir detalhes dos processos

testes e limites residuais

Para a realidade do programa Farmaacutecias-Vivas onde natildeo satildeo utilizados

pesticidas as plantas satildeo cultivadas no local proacuteximo de onde ocorre a

produccedilatildeo do medicamento ou satildeo de origem na mesma regiatildeo e satildeo

processadas logo apoacutes a coleta satildeo feitas exigecircncias menores que as

estabelecidas para maiores escalas de produccedilatildeo Nem assim devemos deixar

de registrar todas as operaccedilotildees realizadas com a droga desde o seu cultivo ateacute

a dispensaccedilatildeo do produto fitoteraacutepico

Dispensaccedilatildeo

Estivemos sempre discorrendo sobre qualidade do produto a ser obtido desde

o cultivo da espeacutecie correta da coleta da parte usada e o seu processamento

mantendo intactos os princiacutepios ativos Conhecemos os motivos que levam a

toda esta preocupaccedilatildeo com a qualidade a responsabilidade do profissional que

o produz e a eficaacutecia e a seguranccedila necessaacuterias para o paciente que o utiliza

Portanto resta-nos dispensar o fitoteraacutepico para que este apresente estas

caracteriacutesticas trans formando o paciente num parceiro consciente do seu

papel no uso cor reto deste recurso terapecircutico

O resgate das praacuteticas populares agora respaldadas pelos estudos cientiacuteficos

seacuterios que atestam a eficaacutecia e seguranccedila das espeacutecies utilizadas no programa

Farmaacutecias-Vivas pode ser abordado no momento da dispensaccedilatildeo do

medicamento ou atraveacutes de apresentaccedilotildees coletivas organizadas e realizadas

pelo Farmacecircutico Alguns cuidados merecem ser observados para natildeo se

incorrer em riscos desnecessaacuterios

- Natildeo referendar o uso de plantas cujo estudo cientiacutefico natildeo tenha apresentado

dados sobre sua eficaacutecia e seguranccedila

- Natildeo recomendar o uso de qualquer planta medicinal para o tratamento de

doenccedilas sem a devida recomendaccedilatildeo meacutedica especializada ou natildeo

- Natildeo recomendar a utilizaccedilatildeo de planta que nos seja desconhecida tanto no

aspecto teoacuterico quanto praacutetico

- Natildeo sugerir a utilizaccedilatildeo de quaisquer praacuteticas com ou sem uso de plantas

medicinais que possa representar um risco potencial ou real de dano fetal

Para nos resguardarmos de quaisquer erros precisamos nos manter atualizados

quanto aos benefiacutecios e riscos da utilizaccedilatildeo das espeacutecies medicinais com as

quais trabalhamos dada agrave impossibilidade de conhecer todas as demais Os

dados obtidos durante a dispensaccedilatildeo e acompanhamento dos pacientes aleacutem

daqueles obtidos durante os ensaios controlados de toxicologia e farmacologia

cliacutenica forneceratildeo a necessaacuteria seguranccedila para realizarmos a dispensaccedilatildeo e

cada vez mais desfazermos o mito do natural ser inoacutecuo

Como exemplo da relaccedilatildeo risco x benefiacutecio de uma preparaccedilatildeo fitoteraacutepica

apresentamos as seguintes informaccedilotildees sobre o Elixir de Aroeira que em

muitos aspectos natildeo houve a quantificaccedilatildeo da intensidade dos efeitos beneacuteficos

nem adversos nem de interaccedilotildees

Forma Medicamento Fitoteraacutepico- Caacutepsula ESPINHEIRA SANTA Maytenus ilicifolia Celastraceae

Medicamento fitoteraacutepico

Parte utilizada Folhas

Nomenclatura popularEspinheira santa cancerosa cancorosa-de-sete-espinhos cancrosa

espinheira-divina espinho-de-Deus maiteno erva-cancrosa erva-santa

ApresentaccedilotildeesCaacutepsula dura - Extrato seco das folhas de Maytenus ilicifolia 380 mg -

Embalagem com 3 bliacutesters contendo 15 caacutepsulas cada

Via oral

Uso adulto

Composiccedilatildeo

Cada caacutepsula conteacutem

Extrato seco de Maytenus ilicifolia380 mg

Excipiente qsp 1 caacutepsula (amido)

equivalente a 133 mg de taninos totais

Informaccedilotildees ao pacientePara que este medicamento eacute indicado

Espinheira Santa eacute indicada para o tratamento da maacute digestatildeo e como

coadjuvante no tratamento de uacutelcera do estocircmago e duodeno

Como este medicamento funciona

Espinheira Santa atua como regulador das funccedilotildees estomacais e promove a

proteccedilatildeo da mucosa gaacutestrica

Quando natildeo devo usar este medicamentobull O medicamento deve ser evitado por menores de 12 anos de idade devido agrave

falta de estudos disponiacuteveis

bull Lactaccedilatildeo e gravidez visto que pode diminuir a secreccedilatildeo de leite e pode

provocar contraccedilotildees uterinas

bull Hipersensibilidade (alergia) a qualquer um dos componentes da foacutermula ou a

outras plantas da famiacutelia Celastraceae

O que devo saber antes de usar este medicamentoPrecauccedilotildees e advertecircncias

bull De acordo com a categoria de risco de faacutermacos destinados agraves mulheres

graacutevidas este medicamento apresenta categoria de risco C Este medicamento

natildeo deve ser utilizado por mulheres graacutevidas sem orientaccedilatildeo meacutedica ou do

cirurgiatildeo dentista

Interaccedilotildees medicamentosas

bull A administraccedilatildeo concomitante de M ilicifolia com bebidas alcooacutelicas e outros

medicamentos natildeo eacute recomendada pois natildeo existem estudos disponiacuteveis

sobre as interaccedilotildees medicamentosas deste fitoteraacutepico

Informe seu meacutedico ou cirurgiatildeo-dentista se vocecirc estaacute fazendo uso de algum

outro medicamento

Onde como e por quanto tempo posso guardar este medicamentoCuidados de conservaccedilatildeo

Espinheira Santa deve ser conservada em temperatura ambiente (entre 15 e

30ordmC) em sua embalagem original Proteger da luz e da umidade

Prazo de validade24 meses apoacutes a data de fabricaccedilatildeo impressa no cartucho

Nuacutemero de lote e datas de fabricaccedilatildeo e validade vide embalagem

Natildeo use medicamento com o prazo de validade vencido

Guarde-o em sua embalagem original

Caracteriacutesticas fiacutesicasCaacutepsulas gelatinosas duras de cor creme

Caracteriacutesticas organoleacutepticas

Cheiro (odor) caracteriacutestico e praticamente natildeo apresenta sabor

Antes de usar observe o aspecto do medicamento Caso ele esteja no prazo

de validade e vocecirc observe alguma mudanccedila no aspecto consulte o

farmacecircutico para saber se poderaacute utilizaacute-lo

Todo medicamento deve ser mantido fora do alcance das crianccedilas

Como devo usar este medicamentoModo de usar

As caacutepsulas devem ser ingeridas inteiras e com uma quantidade suficiente de

aacutegua para que possam ser deglutidas

Posologia

Ingerir duas caacutepsulas via oral trecircs vezes ao dia de oito em oito horas

Siga corretamente o modo de usar Em caso de duacutevidas sobre este

medicamento procure orientaccedilatildeo do farmacecircutico Natildeo desaparecendo os

sintomas procure orientaccedilatildeo de seu meacutedico ou cirurgiatildeo-dentista

Este medicamento natildeo deve ser partido aberto ou mastigado

O que devo fazer quando eu me esquecer de usar este medicamentoCaso haja esquecimento da ingestatildeo de uma dose deste medicamento

retomar a posologia prescrita sem a necessidade de suplementaccedilatildeo

Em caso de duacutevidas procure orientaccedilatildeo do farmacecircutico ou de seu meacutedico ou

do cirurgiatildeo-dentista

Que males este medicamento pode causarReaccedilotildees adversas

Ateacute o momento natildeo foram relatadas reaccedilotildees adversas graves ou que coloquem

em risco a sauacutede dos pacientes

Raramente podem ocorrer casos de hipersensibilidade Neste caso suspender

o uso e procurar orientaccedilatildeo meacutedica

Informe seu meacutedico cirurgiatildeo-dentista ou farmacecircutico do aparecimento de

reaccedilotildees indesejaacuteveis pelo uso do medicamento

Induacutestria Brasileira

Esta bula foi atualizada conforme Bula Padratildeo aprovada pela Anvisa em

12012011

Farmacecircutica resp Dra (Nome )

CRF-PR nordm XXXX Coacuted XXXXX - 012011

Informe tambeacutem agrave empresa atraveacutes do seu Serviccedilo de

Atendimento ao Consumidor

O que fazer se algueacutem usar uma quantidade maior do que a indicada deste medicamentoPlantas ricas em taninos como a M ilicifolia quando usadas em doses

excessivas podem causar irritaccedilatildeo da mucosa gaacutestrica e intestinal gerando

vocircmitos coacutelicas intestinais e diarreia

Em caso de super dosagem suspender o uso e procurar orientaccedilatildeo meacutedica de

imediato Em caso de uso de grande quantidade deste medicamento procure

rapidamente socorro meacutedico e leve a embalagem ou bula do medicamento se

possiacutevel Siga corretamente o modo de usar natildeo desaparecendo os sintomas

procure orientaccedilatildeo meacutedica

Conclusatildeo

A espinheira-santa (M ilicifolia) eacute um fitoteraacutepico de relevante accedilatildeo terapecircutica

principalmente antiulcerogecircnica dada sua eficaacutecia farmacoloacutegica e seguranccedila

Vale lembrar que por ausecircncia de estudos ela natildeo eacute recomenda para crianccedilas

e natildeo deve ser usada por gestantes pois estudos em camundongos (fecircmeas e

graacutevidas) indicaram um decreacutescimo significativo do nuacutemero de embriotildees aleacutem

de possuir atividade estrogecircnica que pode interferir na receptividade uterina do

embriatildeo Entre suas atividades farmacoloacutegicas destaca-se a atividade

antiulcerogecircnica que pode ser comparada agrave accedilatildeo da ranitidina e da cimetidina

Por ser morfologicamente parecida com as espeacutecies S bonplandii e Z ilicifolia

ela eacute comumente confundida e ateacute mesmo trocada intencionalmente

A utilizaccedilatildeo de maneira errocircnea das espeacutecies botacircnicas que natildeo satildeo a

verdadeira espinheira-santa (M ilicifolia) pode acarretar danos agrave sauacutede dos

pacientes Assim conclui-se que essas espeacutecies conhecidas como

adulterantes podem trazer malefiacutecios pois ainda faltam estudos que

comprovem suas atividades farmacoloacutegicas e principalmente a seguranccedila

terapecircutica Poreacutem natildeo se deve descartar o uso dessas espeacutecies e sim

realizar estudos mais concretos para que essas plantas assim como a

verdadeira espinheira-santa possam auxiliar no tratamento farmacoloacutegico da

populaccedilatildeo

Referecircncias Bibliograacuteficas

Ralph Santos-Oliveira Simone Coulaud-Cunha Waldeciro Colaccedilo

Revisatildeo da Maytenus ilicifolia Mart ex Reissek Celastraceae

Contribuiccedilatildeo ao estudo das propriedades farmacoloacutegicas Rev Bras

Farmacogn Braz J Pharmacogn 19(2B) AbrJun 2009

Wilker Marlon de Moraes Jesus Tarciacutesio Neves da Cunha Estudo das

propriedades farmacoloacutegicas da espinheira-santa (Maytenus ilicifolia

Mart ex Reissek) e de duas espeacutecies adulterantes Revista Sauacutede e

Desenvolvimento vol ndash nordm 1 Jan ndash Jun 2012

MARIOT MP1 BARBIERI RL2 Engenheiro Agrocircnomo Dr prof do

Conjunto Agroteacutecnico ldquoVisconde da GraccedilardquoUniversidade Federal de

Pelotas (mariotufpeltchebr) ndash Av Ildefonso Simotildees Lopes 2791

Pelotas-RS CEP 96060-290 2Bioacuteloga Dr pesquisadora da Embrapa

Clima Temperado (barbiericpactembrapabr) ndash BR 392 km 78 caixa

postal 403 Pelotas-RS CEP 96001-970 (endereccedilo para

correspondecircncia) Metaboacutelitos secundaacuterios e propriedades medicinais da

espinheira-santa (Maytenus ilicifolia Mart ex Reiss e M aquifolium

Mart)

CARLINI EA Braz S Efeito protetor do liofilizado obtido do abafado de

Maytenus Sp (espinheira-santa) contra uacutelcera gaacutestrica experimental em

ratos In Estudo da accedilatildeo antiuacutelcera gaacutestrica de plantas brasileiras

(Maytenus ilicifolia) Espinheira santa e outras Brasiacutelia CEMEAFIP

1988 p21-35MACAUBAS CIP et al Estudo da eventual accedilatildeo

antiuacutelcera gaacutestrica do baacutelsamo (Sedum sp) folha da fortuna

(Bryophyllum calcium) couve (Brassica oleraceae) e da Espinheira

santa (Maytenus ilicifolia) em ratos In Estudo da accedilatildeo antiuacutelcera

gaacutestrica de plantas brasileiras (Maytenus ilicifolia) Espinheira santa e

outras Brasiacutelia CEMEAFIP 1988 p 5-20

Olivia Werner Oliveira Pedro Ros Petrovick Secagem por aspersatildeo

(spray drying) de extratos vegetais bases e aplicaccedilotildees Revista

Brasileira de Farmacognosia Brazilian Journal of Pharmacognosy 20(4)

641-650 AgoSet 2010

Marianne Christina Scheffer Capitulo 17 Produccedilatildeo de espinheira-santa

(Maytenus ilicifolia Mart ex Reiss) na regiatildeo metropolitana de Curitiba

Paranaacute Brasil

Said gonccedilalves da cruz fonsacircca Farmacoteacutecnica de Fitoteraacutepicos2005

em sua constituiccedilatildeo hidroxilas que podem ser glicosiladas produzindo os

heterosiacutedeos cardiotocircnicos importantes agentes terapecircuticos para doenccedilas

cardiovasculares e as saponinas Biossinteticamente satildeo derivados de

condensaccedilatildeo de duas moleacuteculas de farnesilpirofosfato (FPP) unidas cauda-

cauda produzindo o esqualeno precursor aciacuteclico desta classe de compostos

(Figura 2) A provaacutevel ciclizaccedilatildeo da moleacutecula de esqualeno leva agrave formaccedilatildeo da

estrutura baacutesica dos triterpenoacuteides o ciclopentanohidrofenantreno importante

precursor dos esteroacuteides vegetais e animais e das saponinas triterpecircnicas As

saponinas triterpenoacuteides apresentam trecircs tipos de estruturas baacutesicas oleanos

ursanos e lupanos Os triterpenos denominados cangoronina e ilicifolina foram

identificados por Itokawa et al (1991) em M ilicifolia Eles satildeo do tipo

friedelano e foram fracionados junto com outros sete triterpenos jaacute conhecidos

FIGURA 2 Biossiacutentese de triterpenoacuteides (adaptado de Cardoso et al 2001)

Os autores mostraram que alguns destes compostos tecircm accedilatildeo citotoacutexica

como por exemplo a pristimerina ndash que foi a mais eficiente ndash indicando que

podem ser uacuteteis no tratamento de tumores Trabalho semelhante foi

desenvolvido por Shirota et al (1994) que elucidaram a estrutura de alguns

triterpenos aromaacuteticos Estes compostos mostraram atividade citotoacutexica

moderada contra um nuacutemero de linhagens de ceacutelulas de tumor cultivadas As

estruturas de outros dois triterpenos diacutemeros denominados cangorosina A e

cangorosina B foram elucidadas por Shirota et al (1997) em extrato de raiacutezes

de M ilicifolia Quatro novos triterpenoacuteides ndash maytefolina A-C (1-3) e uvaol-3-

caffeate (4) ndash aleacutem de outros triterpenos foram isolados de folhas de M

ilicifolia por Ohsaki et al (2004) Os autores identificaram a accedilatildeo citotoacutexica do

triterpenoacuteide eritrodiol

Apesar de a literatura destacar os triterpenos como os principais compostos

bioativos em espinheira-santa Corsino et al (1998b) destacaram que a famiacutelia

Celastraceae eacute uma fonte rica de sesquiterpenos Os autores isolaram e

elucidaram a estrutura quiacutemica de dois sesquiterpenos a aquifoliulina E-I e a

aquifoliulina EII Ao verificarem a accedilatildeo citotoacutexica do extrato de M aquifolium

em mutantes de Saccharomyces cerevisiae eles sugeriram que os

sesquiterpenos podem ser os principais responsaacuteveis por causar pequenos

danos no DNA Em outro trabalho Corsino et al (1998c) isolaram e elucidaram

a estrutura de outros dois sesquiterpenos a aquifoliulina E-III e a aquifoliulina

E-IV Os triterpenos maitenina e 22- hidroximaitenina satildeo membros de um

pequeno grupo de produtos naturais peculiares agraves espeacutecies das famiacutelias

Celastraceae e Hippocrateaceae com potencial anti-cacircncer (Corsino et al

1998a) A ligaccedilatildeo da maitenina ao DNA sugere uma interaccedilatildeo celular que pode

elucidar a atividade antitumor Os autores mostraram que estes compostos satildeo

efetivos contra carcinoma epidermoacuteide Foi identificada a accedilatildeo antiuacutelcera

gaacutestrica da espinheira-santa em ratos com accedilatildeo semelhante ao medicamento

cimetidina Dois triterpenos jaacute relatados na literatura o friedelan-3-ol e o

friedelan-3-on foram identificados em extrato de M ilicifolia sendo sugeridos

como substacircncias bioativas no tratamento das enfermidades estomacais

Os autores acima citados isolaram e identificaram maitenina e 22

hidroximaitenina a partir de calos oriundos de explantes de folhas de M

aquifolium ndash atraveacutes de HPLC ndash cultivados em dois meios de cultura com

diferentes concentraccedilotildees de cinetina O rendimento dos triterpenos no meio

com menor concentraccedilatildeo de cinetina foram maiores do que no outro A cultura

de tecidos parece entatildeo ser uma fonte contiacutenua e estaacutevel de compostos de

espeacutecies de Maytenus conforme proposto por Pereira et al (1993)

Os autores estabeleceram um protocolo para organogecircnese total de placircntulas

de M ilicifolia de matrizes selecionadas para produccedilatildeo de compostos para

estudos fitoquiacutemicos utilizando como explante gemas axilares

Derivados dos triterpenos friedelano satildeo tiacutepicos das famiacutelias Celastraceae e

Hippocrateaceae (Buffa Filho et al 2002) Estes autores atraveacutes do

desenvolvimento de um meacutetodo HPLC (High Performance Liquid

Chromatography) fase-reversa para a quantificaccedilatildeo de triterpenos em cinco

tipos morfoloacutegicos de Maytenus ilicifolia identificaram os compostos 20 1048576-

hidroximaitenina e 22 hidroximaitenina em baixa concentraccedilatildeo aleacutem de

maitenina celastrol e pristimerina em alta concentraccedilatildeo

Os triterpenos friedelan-3-ol friedelina (Figura 3) e compostos polifenoacutelicos

presentes em M ilicifolia e M aquifolium satildeo citados por Cordeiro et al (1999)

como componentes eficientes no tratamento de uacutelceras e gastrites estomacais

Os autores caracterizaram triterpenos de extratos ndash obtidos por extraccedilatildeo direta

com etilacetato ndash de folhas destas duas espeacutecies atraveacutes de HRGC-MS

(cromatografia gasosa de alta resoluccedilatildeo e espectrometria de massas) O perfil

cromatograacutefico foi semelhante para ambas as espeacutecies diferindo na

concentraccedilatildeo relativa de alguns compostos Estes dois triterpenos foram

tambeacutem destacados por Vilegas et al (1995) e Lanccedilas et al (1997) como os

mais importantes nas duas espeacutecies de espinheira-santa para o tratamento de

uacutelcera gaacutestrica Os primeiros propuseram uma teacutecnica raacutepida para identificar

friedelan-3-ol e friedelina ndash atraveacutes de cromatografia gasosa com alta

temperatura de capilaridade em coluna polar ndash o que permite a distinccedilatildeo entre

extratos alcooacutelicos aquosos de espinheira-santa autecircnticos e falsos (quando

satildeo misturadas folhas de outras espeacutecies como de Sorocea bomplandii) Os

uacuteltimos desenvolveram um meacutetodo para extraccedilatildeo de princiacutepios ativos em

espinheira-santa atraveacutes de uma adaptaccedilatildeo do SFE (extraccedilatildeo com fluido

supercriacutetico) com baixo custo Atraveacutes da utilizaccedilatildeo do CO2 e etanol 10

como fluido extrator conseguiram resultados satisfatoacuterios na obtenccedilatildeo dos

triterpenos O sistema SFE desenvolvido pelos autores foi mais eficiente sendo

uma alternativa aos outros meacutetodos por ser mais raacutepido aleacutem de permitir uma

flexibilidade de escolha do fluido extrator entre gases ou solventes liacutequidos a

condiccedilotildees ambientes Mossi et al (2004) ao caracterizarem quimicamente

extratos de M ilicifolia ndash obtidos atraveacutes da utilizaccedilatildeo de CO2 em alta pressatildeo

ndash observaram que a temperatura de extraccedilatildeo e a densidade do solvente

exerceram um efeito importante sobre o rendimento liacutequido do extrato e a

distribuiccedilatildeo quiacutemica dos compostos volaacuteteis ao contraacuterio do tamanho de

partiacutecula e da taxa de fluxo de CO2 Apesar dos triterpenos friedelan-3-ol e

friedelina terem sido destacados como sendo compostos eficientes no

tratamento anti-uacutelcera gaacutestrica Queiroga et al (2000) em pesquisa realizada

com ratos mostraram que estes triterpenos natildeo apresentam esta accedilatildeo

farmacoloacutegica

FIGURA 3 Estrutura molecular dos triterpenos friedelan-3-ol e friedelina (Mossi 2003) dos flavonoacuteides canferol e quercetina e do tanino condensado (Cardoso et al 2001) encontrados em espinheira-santa

Os taninos e flavonoacuteides satildeo compostos fenoacutelicos presentes em espinheira-

santa que tambeacutem podem ter accedilatildeo em doenccedilas estomacais (Gonzales et al

2001) Os taninos satildeo compostos de sabor adstringente derivados de

fenilpropanos capazes de formar complexos com proteiacutenas accediluacutecares e

alcaloacuteides indoacutelicos (Cardoso et al 2001) Dividem se em duas categorias

derivados de esqueletos (C6-C1)n chamados de taninos hidrosoluacuteveis e

derivados de esqueletos (C6-C3-C6)n chamados de taninos condensados

(Figura 3) ou proantocianidinas Os taninos hidrolizaacuteveis possuem rotas

biossinteacuteticas ainda desconhecidas Sabe-se que seu precursor eacute o aacutecido

gaacutelico ou seu diacutemero de condensaccedilatildeo o aacutecido elaacutegico Os taninos

condensados satildeo biossintetizados pelas condensaccedilotildees de derivados de aacutecido

chiquiacutemico e unidades de malonil-CoA levando agrave formaccedilatildeo das catequinas

Estas satildeo importantes precursoras das proantocianidinas (taninos

condensados) e antocianidinas Caracterizam-se por serem oligocircmeros e

poliacutemeros formados pela policondensaccedilatildeo de duas unidades flavonoiacutedicas

(flavan-3-ol e flavan-34-diol) portanto tambeacutem satildeo considerados compostos

flavonoacuteides sendo tambeacutem denominados de flavolanas diferenciando-se dos

taninos hidrolisaacuteveis por natildeo possuiacuterem resiacuteduos glicosiacutedeos em sua estrutura

Segundo o autor entre as atividades farmacoloacutegicas que os taninos

condensados apresentam ndash quando complexados com proteiacutenas ndash destacam-

se a proteccedilatildeo da mucosa do estocircmago em tratamento de uacutelcera peacuteptica as

propriedades anti-inflamatoacuterias e cicatrizantes e o bloqueio da formaccedilatildeo da

placa dental atraveacutes da inibiccedilatildeo da glicosiltransferase produzida por bacteacuterias

bucais

Atraveacutes de estudo fitoquiacutemico em extrato de M aquifolium Gonzales et al

(2001) identificaram triterpenos taninos e flavonoacuteides Em testes de

laboratoacuterio os autores mostraram a accedilatildeo antiulcerogecircnica e analgeacutesica do

extrato desta espeacutecie Eles destacaram que os triterpenos apresentam

habilidade na estimulaccedilatildeo da siacutentese de muco ou manutenccedilatildeo do conteuacutedo de

prostaglandina ndash componente com atividade antiulcerogecircnica ndash da mucosa

gaacutestrica em altos niacuteveis Foi sugerido ainda que componentes antioxidantes

como os taninos e os flavonoacuteides podem ter accedilatildeo contra lesotildees gaacutestricas

Os flavonoacuteides existem em abundacircncia no reino vegetal encontrados em sua

maioria nas angiospermas (Cardoso et al 2001) Caracterizam se

estruturalmente por serem polifenoacutelicos derivados de C6-C3-C6 ligados na

orientaccedilatildeo cabeccedila-cauda e que podem conter como substituintes hidroxilas

ou seus derivados funcionais tais como eacutesteres metoxilas aleacutem de

glicosiacutedeos isoprecircnicos presos em posiccedilotildees especiacuteficas dos aneacuteis Os

flavonoacuteides tecircm como precursores a fenilalanina e a acetil-CoA

Satildeo originados de reaccedilotildees de derivados do aacutecido chiquiacutemico e derivados do

acetato Os flavonoacuteides satildeo divididos nas seguintes classes flavonas

flavonoacuteis antocianinas e isoflavonoacuteides esta uacuteltima restrita agrave famiacutelia Fabaceae

Os compostos mais importantes encontrados nos vegetais para cada uma das

trecircs primeiras classes satildeo flavonas ndash apigenina e luteolina flavonoacuteis ndash

canferol quercetina miricetina e galangina antocianinas ndash cianidina e

malvidina

Ao analisarem quantitativamente por HPLC flavonoacuteides em infusatildeo aquosa de

folhas de M ilicifolia e M aquifolium Leite et al (2001) identificaram um novo

composto deste grupo na primeira espeacutecie Os autores destacaram que os

flavonoacuteides podem mediar uma variaccedilatildeo de mecanismos relacionados agrave

atividade anti-cacircncer anti-tumor e anti-oxidante esta uacuteltima relacionada agrave

caracteriacutestica anti-uacutelcera Os flavonoacuteides tetra-glicosilados satildeo uacuteteis como

marcadores quiacutemicos para o controle de qualidade em Maytenus

Dois novos tetraglicosiacutedeos ndash pertencentes aos grupos dos 3-O-glicosiacutedeos de

quercetina e canferol que satildeo os mais importantes entre os flavonoacuteides ndash

foram isolados por Vilegas et al (1999) a partir da infusatildeo de folhas de M

aquifolium Os flavonoacuteides quercetina e canferol estatildeo representados na Figura

3 com indicaccedilatildeo dos grupos hidroxila (3) que satildeo glicosilados para formar os

3-O-glicosiacutedeos de quercetina e canferol Os autores identificaram a accedilatildeo anti-

uacutelcera da infusatildeo de espinheira-santa em que o aumento da dose levou ao

decreacutescimo do nuacutemero de uacutelceras em ratos sendo a dose de 800 mg kg-1 a

mais eficiente A maior atividade foi verificada em uacutelceras do tipo III que satildeo as

mais severas Foi ainda destacado que o isolamento de flavonoacuteides

poliglicosilados da infusatildeo de M aquifolium seraacute uacutetil para validaccedilatildeo destes

componentes como marcadores quiacutemicos como jaacute anteriormente descrito por

Vilegas et al (1998) ndash que distinguiram atraveacutes da teacutecnica HPTLC (High

Performance Thin Layer Chromatographic) amostras autecircnticas de M ilicifolia

e M aquifolium e amostras alteradas com Sorocea bomplandii uma espeacutecie

muitas vezes confundida com a espinheirasanta devido agrave morfologia similar da

folha

5 Aspectos silviculturais

Os coletores tradicionais possuem noccedilotildees empiacutericas sobre o manejo das

espeacutecies em seu ambiente natural (eacutepoca e frequecircncia de coleta suportada

pela espeacutecie ambientes em que ocorrem cuidados com os indiviacuteduos no

momento da coleta para que possam rebrotar) Por exemplo ensinam que a

espinheira-santa deve ser coletada quebrando os ramos e natildeo cortando-os

Alguns coletores dizem que isto eacute necessaacuterio para que a planta tenha efeito

medicinal outros que se os ramos forem cortados a aacutervore natildeo rebrota Fato

eacute que os ramos que satildeo quebrados satildeo mais finos do que se for utilizado um

instrumento cortante e isto certamente tem influecircncia sobre a regeneraccedilatildeo dos

indiviacuteduos Outra informaccedilatildeo dos coletores tradicionais eacute que as folhas de uma

determinada aacutervore devem ser colhidas com intervalos de dois anos Dizem

que eacute o tempo necessaacuterio para a aacutervore se recuperar Poreacutem nos plantios

verifica-se que a regeneraccedilatildeo ocorre em um ano Entretanto como os frutos

satildeo formados em ramos do ano anterior esta recomendaccedilatildeo pode estar ligada

ao manejo da espeacutecie garantindo o tempo miacutenimo necessaacuterio para que se

reproduza Com o mesmo objetivo os produtores deixam algumas aacutervores sem

colher para que produzam sementes garantindo assim regeneraccedilatildeo

natural e mais recentemente como fonte de sementes para plantios

Conhecem a forma de distribuiccedilatildeo da espinheira-santa e percorrem grandes

distacircncias para localizar boas aacutereas de coleta com um nuacutemero significativo de

aacutervores Costumam dar intervalos de um ou mais anos entre as coletas num

mesmo local ou coletam as folhas somente de um lado da planta e no ano

seguinte do outro lado

Haacute ainda os curiosos pessoas sem tradiccedilatildeo em coleta de plantas que por

necessidade econocircmica e por residirem proacuteximo a aacutereas em que a espeacutecie

ocorre satildeo contratadas por coletores tradicionais ou por compradores de

plantas para realizarem a coleta da espinheira-santa e outras espeacutecies

medicinais que ocorrem nas proximidades de sua residecircncia

6 Os produtores de espinheira-santa e seu contexto socioeconocircmico

A populaccedilatildeo da Regiatildeo Metropolitana de Curitiba eacute formada por descendentes

de europeus que integraram as diversas correntes migratoacuterias estimuladas no

seacuteculo XIX Tecircm-se assim principalmente descendentes de alematildees

italianos atividade agropecuaacuteria agrave qual incorporaram praacuteticas extrativistas que

jaacute eram atividade agropecuaacuteria agrave qual incorporaram praacuteticas extrativistas que jaacute

eram exercidas pelos caboclos descendentes dos antigos colonizadores

portugueses e iacutendios da regiatildeo No municiacutepio de Campo Largo haacute 1469

estabelecimentos rurais dos quais 1164 exercem atividades ligadas agrave

agricultura ou silvicultura

Segundo o Censo realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica

IBGE em 2000 a populaccedilatildeo rural era de 15580 pessoas (IPARDES 2001)

Destas cerca de 50 estatildeo envolvidas na produccedilatildeo no processamento e na

comercializaccedilatildeo da espinheira-santa

Haacute vaacuterios tipos de produtores de mateacuteria-prima

(a) coletores tradicionais cuja uacutenica atividade econocircmica eacute a coleta de plantas

medicinais inclusive espinheira-santa

(b) coletores de plantas medicinais que tambeacutem cultivam espeacutecies alimentiacutecias

Neste caso a coleta de plantas medicinais visa agrave complementaccedilatildeo da renda

(c) agricultores que cultivam e coletam plantas medicinais

(d) agricultores natildeo coletores que soacute cultivam plantas medicinais

A coleta eou o cultivo de espinheira-santa eacute de uma estrateacutegia de obtenccedilatildeo de

renda diversificada e natildeo passa em meacutedia de 17 da renda familiar Os

coletores recebem em geral R$040kg de planta fresca (folhas com ramos

finos) Apoacutes secagem satildeo comercializadas por R$250 a 350kg As folhas de

plantas cultivadas podem alcanccedilar entre R$800 e 1200kg (soacute folha seca)

7 Processamento da espinheira-santa

Apoacutes a coleta os ramos com folhas satildeo levados ateacute a propriedade do coletor

onde as folhas satildeo selecionadas e secas ou entregues diretamente ao

comprador A secagem pode ser feita agrave sombra ou em secador com fluxo de ar

aquecido Quando o coletor natildeo dispotildee de secador proacuteprio ele costuma secar

as folhas no secador de algum vizinho que recebe como pagamento parte da

produccedilatildeo Para a secagem satildeo utilizados vaacuterios modelos de secadores O

combustiacutevel utilizado pode ser lenha gaacutes ou serragem Alguns secadores

contam com controle de temperatura Dependendo das especificaccedilotildees feitas

pelo comprador depois de secas as folhas satildeo separadas dos ramos e

rasuradas Depois o produto eacute embalado em sacos de malha de juta ou de

polipropileno com ou sem revestimento de papel Depois eacute armazenado ou

enviado diretamente para o mercado (comercializado) A venda pode ser feita

para atacadistas laboratoacuterios de fitoteraacutepicos ou induacutestrias alimentiacutecias Nas

induacutestrias o material eacute submetida a uma nova seleccedilatildeo de acordo com o

controle de qualidade da empresa Geralmente verifica-se a contaminaccedilatildeo

microbioloacutegica e macroscoacutepica No caso dos laboratoacuterios de fitoteraacutepicos

tambeacutem satildeo analisados os constituintes quiacutemicos

Nas induacutestrias de alimentos as folhas rasuradas sofrem nova fragmentaccedilatildeo e

satildeo envasadas em embalagens de 10 a 30 g eou na forma de saches teabag

e embaladas em caixas de papelatildeo sendo comercializadas de forma

semelhante a outros chaacutes Ao chegar ao consumidor final na forma de folhas

rasuradas e embaladas o preccedilo varia entre R$3000 a 5000kg em

embalagens de 05 a 1 kg e entre R$8000 a R$10000Kg em embalagens de

10 a 30 g

Nos laboratoacuterios de fitoteraacutepicos as formas de apresentaccedilatildeo da espinheira-

santas satildeo (a) em saches ou a granel misturadas a ervas para problemas

digestivos numa composiccedilatildeo preacute-definida (b) em caacutepsulas gelatinosas

contendo 350 a 400 mg de folhas moiacutedas (c) em tintura de espinheira-santa

para cuja obtenccedilatildeo as folhas satildeo submetidas agrave extraccedilatildeo geralmente

hidroalcooacutelica (d) em comprimidos para o que se utiliza o extrato seco das

folhas

8 Mercado e comercializaccedilatildeo

Geralmente a venda eacute feita pelo proprietaacuterio do secador em grandes

quantidades para intermediaacuterios laboratoacuterios de fitoteraacutepicos ou induacutestrias

alimentiacutecias (Figura 3) Alguns produtores para agregar valor fazem

embalagens com pequenas quantidades (10 a 30 g) que comercializam em

feiras e mercados como alimento Esta forma de comercializaccedilatildeo eacute feita por

produtores que tecircm faacutecil acesso a um mercado consumidor significativo como

Figura 3 Fluxograma de produccedilatildeo e comercializaccedilatildeo de espinheira-santa (Maytenus ilicifolia)

por exemplo supermercados farmaacutecias ou feiras Entretanto haacute muitas

exigecircncias impostas pela legislaccedilatildeo de vigilacircncia sanitaacuteria para

comercializaccedilatildeo diretamente ao consumidor final Os atacadistas situados em

sua grande maioria no estado de Satildeo Paulo adquirem o produto no Paranaacute e

distribuem para as demais regiotildees do Brasil e tambeacutem para o exterior Eacute

comum que empresas do Paranaacute adquiram folhas de espinheira-santa

originaacuterias do proacuteprio Estado dos atacadistas de Satildeo Paulo Isto reflete a

falta de organizaccedilatildeo dos produtores que natildeo conseguiram ainda divulgar a

regiatildeo como centro produtor de plantas medicinais

As induacutestrias alimentiacutecias apoacutes embalar o produto revendem-no para os

supermercados Os laboratoacuterios de fitoteraacutepicos apoacutes fabricar o medicamento

normalmente realizam a comercializaccedilatildeo por meio de distribuidores de

produtos farmacecircuticos ou diretamente para grandes redes de farmaacutecias que

realizam a distribuiccedilatildeo internamente

9 Poliacuteticas relacionadas com a exploraccedilatildeo e comercializaccedilatildeo

A produccedilatildeo e comercializaccedilatildeo da espinheira-santa estaacute sujeita agrave legislaccedilatildeo

ambiental e agrave de vigilacircncia sanitaacuteria A primeira estabelece as normas para

registro de pessoas fiacutesicas ou juriacutedicas que consomem exploram ou

comercializam mateacuteria-prima florestal inclusive produtos florestais natildeo

madeireiros (Brasil 1985 Brasil 1995 Brasil 2000) Os coletores sabem que

devem obter registro de coletor e comerciante de plantas nativas junto aos

oacutergatildeos de fiscalizaccedilatildeo ambiental estadual e federal (respectivamente Instituto

Ambiental do Paranaacute IAP e Instituto Brasileiro de Meio Ambiente IBAMA) A

legislaccedilatildeo prevecirc ainda que ao realizar a coleta de uma planta os coletores e

produtores devem ter uma autorizaccedilatildeo fornecida com base num plano de

manejo Este plano deve apresentar as teacutecnicas e estrateacutegias que seratildeo

adotadas para garantir a sustentabilidade da exploraccedilatildeo

Na delegacia do IBAMA do Paranaacute haacute somente dois coletores de plantas

medicinais registrados poreacutem eles natildeo apresentam regularmente pedidos de

autorizaccedilatildeo de coleta acompanhados dos respectivos planos de manejo No

periacuteodo em que efetuamos esta pesquisa o oacutergatildeo estadual ainda natildeo havia

definido as normas que devem ser seguidas pelos interessados na obtenccedilatildeo

das autorizaccedilotildees de coleta de plantas

Uma das razotildees eacute que natildeo se dispotildee ainda de todas as informaccedilotildees teacutecnicas

necessaacuterias para a elaboraccedilatildeo do plano Apesar de oacutergatildeos de pesquisa e de

extensatildeo e das universidades estarem realizando estudos com o objetivo de

estabelecer os criteacuterios teacutecnicos natildeo existia ateacute 2002 nenhum plano de

manejo efetivamente implantado

Outro problema eacute a falta de integraccedilatildeo na atuaccedilatildeo dos oacutergatildeos de fiscalizaccedilatildeo

federal estadual e municipal o que torna a regularizaccedilatildeo junto a estes oacutergatildeos

muito complexa e cara para os produtores

Para que o produtor possa comercializar seu produto no varejo ele deve

atender agraves exigecircncias da legislaccedilatildeo sanitaacuteria que estatildeo muito acima da

capacidade econocircmica da maioria dos coletores e agricultores O produto

deve ainda estar dento dos limites estabelecidos de contaminaccedilatildeo por

microorganismos Quando o produto eacute apresentado como fitoteraacutepico as

exigecircncias aumentam ainda mais envolvendo seu registro com comprovaccedilatildeo

dos constituintes quiacutemicos marcadores e da atividade farmacoloacutegica e a

padronizaccedilatildeo do produto Ateacute mesmo os laboratoacuterios tecircm dificuldade em

atender as exigecircncias da legislaccedilatildeo atual Natildeo obstante o produto chega ao

mercado nas mais variadas formas envasado em sachecircs em caacutepsulas como

tintura misturado a ervas para problemas gaacutestricos entre outras

10 Influecircncia do ambiente na produccedilatildeo de compostos bioativos e perspectivas para o melhoramento geneacutetico de espinheira-santa

A influecircncia do ambiente na produccedilatildeo de polifenoacuteis totais polifenoacuteis natildeo

tanantes e taninos em M ilicifolia foram estudados por Radomski (1998) tendo

sido observado que a luminosidade eacute o principal fator que influencia na

produccedilatildeo destes compostos Plantas que se encontram em pleno sol

apresentam maior concentraccedilatildeo destas substacircncias As correlaccedilotildees entre

luminosidade e polifenoacuteis totais (083) polifenoacuteis natildeo tanantes (092) e taninos

(078) foram altas e significativas

Foram observadas diferenccedilas na morfologia foliar e na concentraccedilatildeo de taninos

em folhas de M ilicifolia de diferentes procedecircncias no Rio Grande do Sul

(Bernardi amp Wasicki 1959) Folhas de plantas desenvolvidas a pleno sol eram

menores com espinhos nas margens em nuacutemero reduzido e apresentavam

maior concentraccedilatildeo de taninos Em plantas de espinheira-santa desenvolvidas

em ambiente com alta luminosidade Radomski (1998) observou que as folhas

das plantas eram mais amareladas mais espessas e com espinhos mais

pronunciados caracterizando formas tiacutepicas de adaptaccedilatildeo de plantas de

sombra expostas agrave luz solar total A autora avaliou a aacuterea foliar o peso de

folhas e o peso especiacutefico de folhas em ambientes com diferentes intensidades

luminosas A aacuterea foliar foi menor e o peso especiacutefico das folhas foi maior nas

plantas desenvolvidas a pleno sol quando comparadas agraves dos outros

ambientes com menor luminosidade O peso especiacutefico de folhas apresentou

altas correlaccedilotildees para concentraccedilatildeo de polifenoacuteis totais (087) polifenoacuteis natildeo

tanantes (082) e taninos (083) Estes compostos contribuem para o

incremento da biomassa foliar Radomski et al (2004) relata a grande

influecircncia do ambiente sobre a composiccedilatildeo fitoquiacutemica da espinheira-santa

como concentraccedilotildees diferenciadas de taninos e polifenoacuteis totais em plantas

coletadas em ambientes diferentes

A autora destaca tambeacutem que os ramos de M ilicifolia podem contribuir com

uma parcela significativa na produccedilatildeo de compostos fitoteraacutepicos como

taninos e polifenoacuteis totais

Em trabalho envolvendo a anaacutelise fitoquiacutemica em populaccedilotildees de M ilicifolia do

Mato Grosso do Sul Paranaacute Santa Catarina e Rio Grande do Sul Mossi

(2003) observou uma grande variabilidade ndash que foi maior dentro das

populaccedilotildees ndash para concentraccedilatildeo dos metaboacutelitos secundaacuterios limoneno geranil

acetato aacutecido palmiacutetico fitol esqualeno vitamina E stigmasterol friedelan-3-

ol friedelin friedelan-3-one Atraveacutes de anaacutelise de agrupamentos (UPGMA) o

autor natildeo identificou uma relaccedilatildeo entre os grupos formados e as caracteriacutesticas

ambientais dos locais de coleta o que pode indicar uma maior influecircncia das

variaacuteveis locais como microclima insolaccedilatildeo condiccedilotildees nutricionais do solo

idade da planta entre outros sobre a concentraccedilatildeo dos compostos analisados

do que as condiccedilotildees macro ambientais

Foram observadas por Buffa Filho et al(2002) diferenccedilas nas concentraccedilotildees

de triterpenos entre plantas com morfologia de folha diferentes sendo que os

compostos 22 hidroximaitenina e celastrol foram encontrados em plantas de

dois tipos morfoloacutegicos

O melhoramento geneacutetico em plantas medicinais visa produzir variedades que

possuam alto rendimento de substacircncias desejadas e que as mantenham em

niacuteveis conhecidos para padronizar a dosagem quando da aplicaccedilatildeo

farmacoloacutegica (Oliveira et al 2003) Eacute importante o aumento da massa seca

eou fresca ou ainda o aumento do teor de princiacutepios ativos em determinado

oacutergatildeo vegetal de modo que estas caracteriacutesticas sejam mantidas nas geraccedilotildees

seguintes O produto do melhoramento de plantas medicinais eacute o princiacutepio ativo

ou o fitocomplexo Outros objetivos satildeo resistecircncia a pragas e doenccedilas e

toleracircncia a condiccedilotildees adversas de ambiente

Como o ambiente tem grande influecircncia na produccedilatildeo de metaboacutelitos

secundaacuterios a interaccedilatildeo genoacutetipo x ambiente eacute um fator importante para ser

analisado no melhoramento de plantas medicinais A possibilidade do melhor

genoacutetipo em um ambiente natildeo o ser em outro influencia o ganho de seleccedilatildeo e

dificulta a recomendaccedilatildeo de cultivares com ampla adaptabilidade (Cruz amp

Regazzi 2001) O conhecimento da herdabilidade dos caracteres de interesse

tambeacutem eacute fundamental para que a seleccedilatildeo seja aplicada com sucesso de

forma que o valor fenotiacutepico de um caraacuteter possa servir como guia para o valor

geneacutetico (aditividade) (Carvalho et al 2001)

Em teste de progecircnies realizado com espinheira-santa Mariot (2005)

identificou uma alta herdabilidade para todos os caracteres (velocidade de

emergecircncia estatura de planta diacircmetro agrave base do caule taxa de crescimento

tamanho de folha e nuacutemero de espinhosfolha) o que evidencia o forte controle

do fator geneacutetico sobre o fenoacutetipo O autor observou ainda altos valores para os

coeficientes de variaccedilatildeo geneacuteticos (CVG) que aliado aos baixos valores para

os coeficientes de variaccedilatildeo devido ao erro experimental (CVE) proporcionaram

iacutendices maiores que 10 para o quociente (relaccedilatildeo CVGVE) em todas as

variaacuteveis analisadas o que eacute um bom indicador para seleccedilatildeo em programas de

melhoramento Este resultado eacute importante para a seleccedilatildeo com base em

caracteres relacionados com o crescimento pois a espinheira-santa eacute

considerada de crescimento lento O tamanho de folha em espinheira-santa

caso apresente relaccedilatildeo com o aumento da biomassa e maior concentraccedilatildeo de

metaboacutelitos secundaacuterios que tenham accedilatildeo farmacoloacutegica pode ser um caraacuteter

importante de se considerar na seleccedilatildeo em programas de melhoramento Os

altos iacutendices dos paracircmetros geneacuteticos evidenciados em trabalho desenvolvido

por Mariot (2005) mostram a eficiecircncia na seleccedilatildeo para estes caracteres

Considerando a necessidade de uniformidade nos teores de princiacutepios ativos

exigidos pelas induacutestrias farmacecircuticas e o fato da espinheira santa ser de

fecundaccedilatildeo cruzada os programas de melhoramento desta espeacutecie que vise

atender estas exigecircncias deve utilizar a propagaccedilatildeo vegetativa

Estudos relacionados agrave cultura de tecidos de M ilicifolia e M aquifolium

tornam-se portanto fundamentais Na aacuterea de biotecnologia foi citado por

Corsino et al (1998a) o uso de Agrobacterium como vetor para aumentar a

produccedilatildeo de triterpenos em programa de melhoramento geneacutetico de espinheira

santa

O conhecimento da associaccedilatildeo entre caracteres eacute de grande importacircncia nos

trabalhos de melhoramento principalmente se a seleccedilatildeo em um deles

apresenta dificuldades em razatildeo da baixa herdabilidade eou tenha problemas

de mediccedilatildeo e identificaccedilatildeo (Cruz amp Regazzi 2001) Para tanto o melhorista

pode estimar as correlaccedilotildees fenotiacutepicas e genotiacutepicas o que pode contribuir no

processo de seleccedilatildeo No caso das espeacutecies medicinais esta ferramenta eacute

muito importante devido ao alto custo das anaacutelises para determinar e

quantificar metaboacutelitos secundaacuterios com potencial farmacoloacutegico como as que

envolvem cromatografia Em espinheira-santa a morfologia foliar estaacute

relacionada com os tipos e a concentraccedilatildeo de triterpenos (Buffa Filho et al

2002) portanto se for identificada correlaccedilatildeo entre estes caracteres a seleccedilatildeo

indireta atraveacutes da morfologia foliar pode vir a ser uma boa estrateacutegia de

seleccedilatildeo

11 Etapas do processo de secagem por aspersatildeoO processo de secagem por aspersatildeo consiste de trecircs etapas fundamentais

Na primeira fase o fluiacutedo eacute disperso como gotiacuteculas produzindo uma grande

aacuterea superficial Na segunda ocorre contato destas com uma corrente de ar

aquecido havendo transferecircncia de calor

Na terceira etapa acontece a evaporaccedilatildeo do solvente e a formaccedilatildeo da partiacutecula soacutelida

121 Ilustraccedilatildeo da Planta Espinheira- Santa

Com a transferecircncia de calor do ar aquecido agraves gotiacuteculas o liacutequido da

superfiacutecie evapora-se rapidamente As partiacuteculas solidificadas geralmente

apresentam o mesmo tamanho e forma da gotiacutecula que as originou Na uacuteltima

etapa o produto de secagem eacute transportado por uma corrente de ar sendo

posteriormente coletado (Broadhead et al 1992 Shaw 1997 Rankell et al

2001) A evaporaccedilatildeo superficial da gotiacutecula conduz agrave formaccedilatildeo de uma

camada de material seco externa Atraveacutes desta camada o liacutequido situado no

interior da gotiacutecula propaga-se para o exterior Dependendo da elasticidade e

da permeabilidade da crosta seratildeo produzidos distintos materiais secos como

esferas intactas com superfiacutecie imperfeita ou fragmentada soacutelidas ou ocas

(Rankell et al 2001) A Figura 2 apresenta foto micrografias de dois extratos

diferentes de Maytenus ilicifolia secos por spray drying com disco giratoacuterio em

torre de secagem por aspersatildeo Os extratos foram produzidos da mesma

maneira utilizando temperatura de entrada de 180 degC velocidade do aspersor

de 9500 rpm e 30 de Aerosil (Oliveira 2008)

12 Fatores que influenciam o processoUm das respostas mais relevantes afetada pelas condiccedilotildees de operaccedilatildeo do

processo eacute a qualidade do produto resultante As variaacuteveis devem ser

controladas visando agrave obtenccedilatildeo de rendimento e de teor de umidade

adequados estabilidade quiacutemica minimizaccedilatildeo da aderecircncia de partiacuteculas na

cacircmara de secagem (sticking) e caracteriacutesticas tecnoloacutegicas especiacuteficas As

propriedades do produto satildeo normalmente determinadas pelos fatores

relacionados agraves caracteriacutesticas do material de entrada e do processamento

isto eacute paracircmetros de operaccedilatildeo e equipamento (Quadro 1)

131 Influecircncia do material de entradaEntre os fatores relacionados agraves caracteriacutesticas do material de entrada o uso

de adjuvantes na teacutecnica de secagem por aspersatildeo eacute uma praacutetica muito

comum Satildeo utilizados como adjuvantes neste processo amido ciclodextrinas

dioacutexido de siliacutecio coloidal fosfato tricaacutelcico gelatina goma araacutebica lactose

maltodextrina entre outros (Vasconcelos et al 2005 Silva Juacutenior et al 2006)

Para a secagem de extratos derivados de plantas a seleccedilatildeo e o uso adequado

de adjuvantes no processo de spray drying eacute uma fase de fundamental

importacircncia visto que determina a estabilidade e a qualidade dos mesmos

podendo inclusive afetar as caracteriacutesticas de biodisponibilidade

13 Atividades farmacoloacutegicas da espinheira-santa A espinheira-santa (M ilicifolia) eacute uma planta que possui atividades

farmacoloacutegicas comprovadas entre elas a atividade antiulcerogecircnica Essas

atividades estatildeo ligadas a substacircncias quiacutemicas que satildeo os polifenoacuteis

(flavonoides e taninos) e os triterpenos Haacute fatores como a composiccedilatildeo quiacutemica

do solo onde essa planta estaacute sendo cultivado o local de plantio a teacutecnica de

colheita a secagem da planta e o processamento poacutes-colheita que influenciam

diretamente nos teores de princiacutepio ativo da planta podendo assim gerar

variaccedilotildees das atividades farmacoloacutegicas (NEGRI 2007)

141 Atividade gaacutestricaDe acordo com alguns estudos (Carlini amp Frochtengerten 1988 Ming et al

1998 Coulaud- Cunha et al 2004 Carvalho et al 2008) a M ilicifolia

apresenta accedilatildeo contra uacutelcera peacuteptica e gastrite Coulaud- Cunha et al (2004)

relatam que a accedilatildeo da M ilicifolia na uacutelcera peacuteptica e gastrite envolve mais de

um mecanismo de accedilatildeo ainda natildeo conclusivamente elucidados e natildeo se deve

somente a um principio ativo especifico mas a diferentes fitocomplexos Foi

demonstrado por Pereira et al (1993) e por Ming et al (1998) que tanto os

taninos principalmente a epigalocatequina quanto os oacuteleos essenciais em

especial o fridenelol satildeo responsaacuteveis por parte dos efeitos gastroprotetores

Carlini amp Frochtengarten (1988) por sua vez em estudos realizados com o

abafado da M ilicifolia relatam que quanto maior o tempo do tratamento maior

seraacute a gastroproteccedilatildeo sem entretanto haver alteraccedilotildees no pH Tal observaccedilatildeo

pode ser confirmada por Ferreira et al (2004) que em estudos com extrato

aquoso liofilizado das folhas de M ilicifolia em sapos comprovou que esse

possui efeito inibitoacuterio sobre os mediadores H2 da histamina nas ceacutelulas

parietais esses segundo Gilman (1989) quando estimulados causam a

ativaccedilatildeo da adenililciclase iniciando uma seacuterie de alteraccedilotildees morfoloacutegicas e

bioquiacutemicas complexas que leva ao aumento da secreccedilatildeo gaacutestrica

funcionando como um antagonista H2 aleacutem de inibir o efeito da gastrina Foi

demonstrado ainda que tanto a epigalocatequina (tanino) quanto o fridenelol

(oacuteleo essencial) satildeo responsaacuteveis por parte do efeito protetor da mucosa

gaacutestrica (Pereira et al 1993 Ming et al 1998)

142 Atividade antiulcerogecircnicaSegundo Sousa-Formigoni et al (1991) foi comprovada a atividade

antiulcerogecircnica da espinheira-santa (M ilicifolia) por experimentos feitos em

ratos nos quais os animais foram induzidos a terem uacutelceras gaacutestricas por meio

de indometacina e por estresse quando estes foram submetidos a baixas

temperaturas e por serem imobilizados Apoacutes a aplicaccedilatildeo de um extrato

liofilizado de espinheira-santa houve uma reduccedilatildeo do nuacutemero de uacutelceras e um

aumento do volume e pH da secreccedilatildeo gaacutestrica

Em estudos de mecanismos celulares e moleculares da accedilatildeo de produtos

naturais com o isolamento de substacircncias bioativas da M ilicifolia

responsaacuteveis pela accedilatildeo antissecretora aacutecida gaacutestrica os resultados obtidos

confirmam essas accedilotildees Foram utilizados nesses experimentos extratos

aquosos das partes aeacutereas da planta e os princiacutepios ativos tecircm funccedilatildeo de

inibidores da bomba de proacutetons etapa final comum das vias reguladoras da

secreccedilatildeo aacutecida gaacutestrica (BOSSOLANI 2000)

143 Atividade antimicrobianaEstudos pioneiros como o de Lima et al (1969) jaacute demonstravam que a

maitenina exibe forte atividade antimicrobiana contra vaacuterias bacteacuterias Gram

positivas Tais efeitos foram corroborados com a demonstraccedilatildeo que os extratos

das folhas e raiacutezes tecircm efeito antimicrobiano para vaacuterios patoacutegenos dentre

eles Staphylococcus aureus e Streptococcus sp

144 Atividade sobre o Sistema Nervoso CentralSegundo Alonso (1998) o extrato de M ilicifolia possui atividade sedativa que

potencializa (efeito sineacutergico) o sono por barbituacutericos em camundongos

145 Atividades abortiva e sobre a espermatogecircnese

De acordo com Montanari et al (1998) o extrato etanoacutelico de M Ilicifolia

quando administrado em altas doses em camundongos suiacuteccedilos apesar de

causar leves alteraccedilotildees como ceacutelulas germinativas imaturas esfoliadas mortes

celulares ocasionais aumento de gotiacuteculas lipiacutedicas em ceacutelulas de Sertoli e

inchamento de acrossomas entre outras natildeo foi suficiente para acarretar

danos agrave espermatogecircnese

Jaacute em testes realizados em camundongos (fecircmeas e graacutevidas) administrando-

se oralmente extrato hidroalcooacutelico (70) de folhas de espinheira-santa (M

ilicifolia) observou-se um decreacutescimo significativo do nuacutemero de embriotildees

indicando uma perda embrionaacuteria antes do periacuteodo de implantaccedilatildeo Poreacutem

natildeo houve maacute-formaccedilatildeo ou mortes fetais depois do periacuteodo de implantaccedilatildeo

Esse extrato possui atividade estrogecircnica que pode interferir na receptividade

uterina ao embriatildeo (MONTANARI BEVILAQUA 2002)

146 Atividades antimutagecircnica e anticanceriacutegenaConforme Horn e Vargas (2003) o extrato aquoso de M ilicifolia foi eficaz em

aproximadamente 75 das doses testadas exibindo boas respostas

antimutagecircnicas ou um decreacutescimo sugestivo Em estudos realizados por

Queiroga et al (2007) foi avaliada a fraccedilatildeo ativa antiulcerogecircnica da M

ilicifolia na atividade anticanceriacutegena apresentando resultados citostaacuteticos

satisfatoacuterios De acordo com Itokawa et al (1993) o composto pristimerina foi o

mais eficiente na accedilatildeo citotoacutexica podendo ser uacutetil no tratamento de tumores

147 Atividade antioxidante e otoprotetoraDe acordo com Mattei e Carlini (1998) um extrato aquoso liofilizado de

espinheira-santa (M ilicifolia) foi testado in vitro em homogenato de ceacuterebro de

ratos e exerceu uma importante atividade antioxidante inibindo o processo de

lipoperoxidaccedilatildeo

Usando-se extrato etanoacutelico de M ilicifolia foi confirmado que a casca da raiz

tem um poder antioxidante pelo fato de possuir em sua base compostos com a

capacidade sequestradora de radicais livres (VELLOSA et al 2006)

Conforme Santos et al (2010) foram comprovadas propriedades antioxidantes

dos extratos brutos e de componentes individuais de M Ilicifolia por possiacuteveis

associaccedilotildees sineacutergicas de substacircncias fenoacutelicas e triterpenos

quinonametiacutedeos comparados agrave rutina como composto fenoacutelico modelo

De acordo Kasse et al (2008) foi realizado um estudo com ratos (fecircmeas) em

que esses animais foram submetidos agrave substacircncia cisplatina e posteriormente

tratados com extrato de M ilicifolia para avaliar a atividade otoprotetora da

planta Foram realizados e avaliados os exames de emissotildees otoacuacutesticas por

produtos de distorccedilatildeo por potencial de tronco encefaacutelico antes e depois de

administraccedilatildeo de cisplatina e por fim por microscopia eletrocircnica de varredura

Os resultados mostraram que apesar de apresentar atividades antioxidantes a

M ilicifolia foi incapaz de bloquear o efeito citotoacutexico do composto quiacutemico

administrado nas cobaias

Segundo Negri et al (2009) a atividade antioxidante do extrato etanoacutelico de M

ilicifolia estaacute intimamente ligada agrave sua temperatura de secagem Testes

realizados para avaliaccedilatildeo do poder antioxidante os quais foram os meacutetodos de

formaccedilatildeo de complexo com fosfomolibdecircnio e atividade antioxidante em

relaccedilatildeo agrave reduccedilatildeo de um radical utilizando-se o DPPH (22-difenil-1-

picnilhidrazila) em que foram levadas em consideraccedilatildeo diferentes

temperaturas usualmente utilizadas para secagem (40 50 60 70 e 80˚C)

demostraram melhor atividade antioxidante na temperatura de 40˚C e

gradativamente quanto maior a temperatura realizada nos testes menor o

poder antioxidante Por fim o estudo mostrou a importacircncia do controle de

temperatura para a melhor efetividade nesse quesito da planta

Em estudos de Pessuto et al (2009) foram avaliados extratos e compostos

isolados de M Ilicifolia em relaccedilatildeo agrave capacidade antioxidante Os extratos

brutos e semipurificados foram estudados por meio de ensaios de

fosfomolibdecircnio (complexo) e de DPPH (22-difenil-1-picnilhidrazila) nos quais

os resultados mostraram que a fraccedilatildeo com acetato de etila teve melhor

capacidade antioxidante em relaccedilatildeo ao extrato bruto e fraccedilatildeo aquosa

possivelmente por conter maior nuacutemero de hidroxilas fenoacutelicas (pela

capacidade de sequestro dos radicais livres) e tambeacutem em relaccedilatildeo agraves

substacircncias trolox e vitamina C

148 Atividades antinociceptiva e anti-inflamatoacuteria De acordo com Nakamura et al (1994) o extrato etanoacutelico de folhas de M

ilicifolia conteacutem uma fraccedilatildeo de quercetina-3-O-glicosiacutedeo e essa substacircncia

quiacutemica foi avaliada pelo teste de aacutecido aceacutetico e formalina em ratos obtendo-

se resultados satisfatoacuterios para atividades analgeacutesicas e anti-inflamatoacuterias

Por meio de testes realizados em camundongos e ratos foi provocado um

edema nas patas desses animais por meio de injeccedilatildeo de 002 ml de

formaldeiacutedo (soluccedilatildeo a 092) utilizando-se como controle soluccedilatildeo salino

Apoacutes 120 minutos foi aplicado extrato hexacircnico e acetato de etila das folhas

(M ilicifolia) administrados por via oral nas doses de 80 160 320 e 340 mgkg

Os animais foram sacrificados apoacutes 4 horas Em um segundo ensaio foi

administrada por injeccedilatildeo soluccedilatildeo de carragenina a 1 e os extratos da planta

foram dados por via oral nas doses de 80 160 320 e 340 mgkg Os resultados

obtidos mostraram uma atividade antinociceptiva para os dois extratos

principalmente nas doses de 320 e 340 mgkg sendo esse teste importante

para uma alternativa cliacutenica na terapecircutica anti-inflamatoacuteria e antiulcerogecircnica

(JORGE et al 2004)

14 Toxicidade efeitos adversos e contraindicaccedilatildeo da espinheira-santa

Foi realizado um estudo toxicoloacutegico com 24 voluntaacuterios sendo 12 homens e

12 mulheres de 20 a 40 anos de idade selecionados previamente por meio de

avaliaccedilatildeo cliacutenica exames hematoloacutegicos e bioquiacutemicos e avaliaccedilatildeo

psicomotora com o objetivo de estabelecer um intervalo maacuteximo de seguranccedila

no uso de M ilicifolia As doses foram administradas de maneira crescente e

natildeo houve um grupo controle pois os exames iniciais foram considerados

como valores basais para efeito comparativo A dose inicial foi fixada em 100

mg por adulto sendo administradas doses subsequentes de 200 500 1000

1500 e 2000 mg com intervalos de uma semana para cada dose A anaacutelise dos

resultados revelou que natildeo houve efeitos significativos nos valores dos

principais paracircmetros hematoloacutegicos e bioquiacutemicos e tambeacutem natildeo foram

observadas alteraccedilotildees nas funccedilotildees hepaacuteticas pancreaacuteticas e renais

Hormocircnios lipiacutedeos glicose soacutedio potaacutessio caacutelcio e foacutesforo tambeacutem

mantiveram valores considerados normais (TABACH et al 2002)

Em relaccedilatildeo aos efeitos adversos a M ilicifolia natildeo possui algum que justifica a

interrupccedilatildeo do tratamento Entre os mais comuns destacam-se cefaleia

sonolecircncia boca seca naacuteuseas dor articular nas matildeos gosto estranho na

boca tremor nas matildeos cistite e poliuacuteria (TABACH et al 2002) Poreacutem

segundo Amaral et al (2005) natildeo eacute recomendado o uso pediaacutetrico pela

ausecircncia de testes Ensaios realizados em ratos mostraram perda embrionaacuteria

antes do periacuteodo de implantaccedilatildeo portanto essa planta natildeo eacute recomendada em

casos de gravidez (MONTANARI BIVILACQUA 2002)

De acordo com estudos realizados em camundongos o abafado de M ilicifolia

foi administrado nesses animais em doses ateacute 360 vezes maiores que a

utilizada pelo homem durante um periacuteodo de dois a trecircs meses Como

resultados natildeo houve mudanccedilas no peso comportamento temperatura

paracircmetros bioquiacutemicos e hematoloacutegicos desses animais (OLIVEIRA CARLINI

1988)

15 FarmacocineacuteticaO modelo da farmacocineacutetica da espinheira-santa eacute estudado por meio de seus

taninos natildeo condensados Epigalocatequina marcada foi administrada por via

oral sendo os picos plasmaacuteticos observados 60 min apoacutes a ingestatildeo Apoacutes

uma dose de 500 mgkg foram detectadas concentraccedilotildees tissulares de 123

mmol no plasma 484 mmol no fiacutegado e 565 mmol no intestino delgado

(Nakagawa amp Miyazawa 1997) Depois da administraccedilatildeo oral de

epigalocatequina-3-galato marcada com triacutetio a ratos cerca de 6 da dose eacute

eliminada na urina e 24 nas fezes nas primeiras 24 horas Uma segunda

dose dada duas horas apoacutes a primeira eleva em cerca de 4 a 6 vezes a

concentraccedilatildeo no plasma e em alguns tecidos Esses dados sugerem uma

meia-vida longa e eliminaccedilatildeo lenta da epigalocatequina-3-galato No final das

24 horas os animais foram sacrificados e essa substacircncia pocircde ser encontrada

no rim ceacuterebro fiacutegado pacircncreas intestino e ossos (Suganuma et al 1998)

Num outro estudo foi avaliada a afinidade da epigalocatequina-3-galato agraves

proteiacutenas do soro Apoacutes uma dose oral a ratos mais de 50 da

epigalocatequina-3-galato absorvida ligou-se agrave proteiacutena do plasma

especialmente a fibronectina o fibrinogecircnio e a HRGP( Histidin Rich

Glicoprotein) proteiacutena plasmaacutetica com 74 kdaltons cuja funccedilatildeo ainda eacute pouco

conhecida (Sazuka et al 1996)

16 PreparaccedilatildeoTendo sido reconhecida a espeacutecie com que se vai trabalhar torna-se

necessaacuterio que se disponha desta espeacutecie em quantidade suficiente para

atender a demanda relacionada a produccedilatildeo do fitoteraacutepico replicaccedilatildeo da

espeacutecie e respectivo controle de qualidade Par a atingir este objetivo a

espeacutecie deve ser cultivada na extensatildeo adequada ao fim que se propotildee tendo-

se aleacutem dos cuidados inerentes ao cultivo de qualquer espeacutecie vegetal a

precauccedilatildeo de nunca utilizar pesticidas ou agrotoacutexicos na aacuterea de cultivo Nos

parece claro que a opccedilatildeo pelo fitoteraacutepico deve vir acompanhada do desejo de

seguranccedila o que natildeo seria conseguido se fossem deixados resiacuteduos de

agrotoacutexicos ou de pesticidas na espeacutecie que iraacute ser usada como mateacuteria-prima

para a produccedilatildeo de medicamento Veja no item 24 os ensaios que devem ser

efetuados no sentido de identificar e quantificar a presenccedila destes e de outros

contaminantes

Dispondo-se entatildeo da espeacutecie vegetal botanicamente selecionada cultivada

sem o uso de agentes quiacutemicos contaminantes iremos seguir tantos passos

quantos sejam necessaacuterios para preparar a espeacutecie vegetal numa droga capaz

de ser armazenada e processada para resultar num preparado intermediaacuterio uacutetil

na preparaccedilatildeo de fitoteraacutepicos Estes passos podem ser enumerados como

sendo Coleta Monda Estabilizaccedilatildeo Secagem Trituraccedilatildeo e Armazenamento

A execuccedilatildeo e finalidade de cada um se acham descrito a seguir

A Coleta eacute realizada atraveacutes da retirada da parte usada da planta procurando

sempre o material mais saudaacutevel em completo desenvolvimento (a menos que

especificado em (contraacuterio como ocorre com a gema terminal de Psidium

guajava) e com o miacutenimo de contaminantes (poeira poluiccedilatildeo adubo insetos

colocircnia de microrganismos etc) A distribuiccedilatildeo de substacircncias

farmacologicamente ativas nas plantas medicinais natildeo se daacute de maneira

homogecircnea em toda a extensatildeo da planta Portanto eacute de se esperar que

apenas alguma parte de uma dada espeacutecie podem ser utilizadas com finalidade

terapecircutica

Atraveacutes de consulta agraves diversas farmacopeias e tratados sobre plantas

medicinais encontramos descriccedilotildees sobre a parte a ser usada de cada espeacutecie

medicinal Pode-se em alguns casos observar que diferentes partes de uma

mesma planta apresentam propriedades inteiramente diferentes como por

exemplo a Punica granam (romatildezeira) cujas cascas do caule satildeo teniacutefugas e

as cascas dos frutos tecircm propriedades anti-inflamatoacuteria e antibioacutetica Em outros

casos toda a planta pode ser utilizada com a mesma finalidade como a

Phylanthus niruri (quebra-pedra) Torna-se imperioso portanto que antes de

qualquer outra etapa da preparaccedilatildeo de uma forma farmacecircutica fitoteraacutepica se

conheccedila qual ou quais partes da espeacutecie escolhida pode ser utilizada

A coleta deve respeitar para cada espeacutecie o melhor periacuteodo correspondente

agravequele onde a espeacutecie apresenta maior teor em substacircncias ativas Tendo isto

em mente relacionamos a seguir orientaccedilotildees geneacutericas quanto ao periacuteodo de

coleta

Formas farmacecircuticas de fitoteraacutepicosPoacute

Eacute a forma farmacecircutica obtida apoacutes a secagem trituraccedilatildeo e tamisaccedilatildeo da

droga Segundo a sua finalidade devem apresentar a tenuidade adequada

conforme a tabela a seguir Pode ser dispensado para uso na preparaccedilatildeo de

chaacutes ou adicionado agrave alimentaccedilatildeo (leite sucos mel etc) O envase deve cuidar

para que natildeo haja absorccedilatildeo de umidade

Formas soacutelidas

Caacutepsulas

Eacute a forma farmacecircutica obtida pela deposiccedilatildeo ordenada da droga seca

triturada e tamisada em caacutepsulas gelatinosas duras ou pelo encapsulamento

de liacutequidos ou semissoacutelidos de natureza lipofiacutelica em caacutepsulas gelatinosas

moles O invoacutelucro rosa utilizado eacute geralmente de natureza proteica e satildeo

portanto incompatiacuteveis com drogas tacircnicas por exemplo Cuidado especial

deve ser tomado com a umidade temperatura e pressatildeo exercida sobre as

caacutepsulas durante o armazenamento e transporte Estes fatores podem levar a

desidrataccedilatildeo ou hidrataccedilatildeo das caacutepsulas que as tornam quebradiccedilas ou

deformadas e coladas Durante a preparaccedilatildeo das caacutepsulas deve-se cuidar para

que o peso das caacutepsulas obtidas seja o mais uniforme possiacutevel podendo-se

garantir isso pela pesagem da quantidade de poacute necessaacuteria para o enchimento

de um nuacutemero determinado de caacutepsulas

O enchimento das caacutepsulas ocorre na oficina farmacecircutica em tabuleiros

especiais constituiacutedos em acriacutelico PVC ou outro poliacutemero apresentando-se no

modelo mais simples apenas como uma base fixa que se encaixa a uma outra

moacutevel e perfurada que recebe o corpo das caacutepsulas sem as tampas A seguir

se distribui de forma homogecircnea a quantidade estipulada de poacute em todas as

caacutepsulas valendo-se de uma espaacutetula plaacutestica e de um dispositivo especial

para prensar o conteuacutedo no interior das caacutepsulas Finalizado o enchimento as

partes super oires (tampas) das caacutepsulas satildeo recolocadas fechando-as e

determina-se o peso meacutedio das mesmas embalando-as imediatamente

A capacidade das caacutepsulas eacute proporcional agrave densidade do poacute e ao tamanho

das caacutepsulas que eacute padronizado em 08 (oito) diferentes tipos listados a seguir

com as respectivas dimensotildees e capacidades em mililitros

Controle de Qualidade

Todas as etapas utilizadas durante o processamento da droga devem ser

monitoradas atraveacutes de ensaios que possam atestar a qualidade da mateacuteria-

prima dos produtos intermediaacuterios e do produto final acabado O objetivo final

tanto do processamento adequado quanto agrave avaliaccedilatildeo da qualidade eacute a

garantia de que o que estaacute sendo produzido na forma como ocorre o processo

produtivo estaacute conduzindo agrave obtenccedilatildeo de um produto com as caracteriacutesticas

necessaacuterias agrave utilizaccedilatildeo para o tratamento de doenccedilas

Droga

A avaliaccedilatildeo da qualidade da droga utilizada na obtenccedilatildeo de fitoteraacutepicos no

Programa Farmaacutecias-Vivas onde o cultivo das espeacutecies vegetais eacute efetuado

pelo laboratoacuterio fabricante do produto deve ser realizada sob os seguintes

aspectos

- Considerando que a droga a ser utilizada corresponde agrave espeacutecie vegetal

esperada conhece-se suas caracteriacutesticas macromorfoloacutegicas aleacutem das suas

caracteriacutesticas sensoriais constituindo a primeira avaliaccedilatildeo que eacute a identidade

da droga

- Determinaccedilatildeo da umidade da droga fresca que deve ser diferenciada de

perda por dessecaccedilatildeo pois outras substacircncias volaacuteteis aleacutem da aacutegua satildeo

evaporadas Pode ser determinada atraveacutes do ensaio volumeacutetrico de Karl

Fischer ou pelo ensaio gravimeacutetrico submetendo a droga a dessecaccedilatildeo em

temperatura ambiente em dessecador com siacutelica ou aacutecido sulfuacuterico

- Mesmo a droga morfologicamente normal pode natildeo apresentar seus

constituintes ativos na quantidade desejada sendo necessaacuterio que sejam

realizados ensaios de identificaccedilatildeo e quantificaccedilatildeo de ativos ou de marcadores

atraveacutes das mais diversas teacutecnicas gravimeacutetrica volumeacutetrica

espectrofotomeacutetrica cromatograacutefica etc

- Avaliaccedilatildeo da contaminaccedilatildeo microbiana da droga principalmente se a mesma

tiver de ser utilizada sem qualquer processamento posterior As drogas que

seratildeo transformadas em uma forma extrativa em soluccedilatildeo hidro-alcooacutelica pode

ter sua carga microbiana reduzida pelo efeito antisseacuteptico do solvente

Preparado Intermediaacuterio

As formas extrativas satildeo obtidas em condiccedilotildees que nem sempre conseguem

retirar a totalidade das substacircncias ativas soluacuteveis no solvente escolhido devido

a diversos fator ES como o tempo e temperatura de maceraccedilatildeo pH do

solvente distribuiccedilatildeo granulomeacutetrica da droga sua umidade residual teor de

substacircncias ativas e velocidade de percolaccedilatildeo Justifica-se entatildeo a

necessidade da realizaccedilatildeo de ensaios de avaliaccedilatildeo da qualidade das formas

extrativas incluindo avaliaccedilotildees fiacutesico-quiacutemicas como aparecircncia cor odor

solubilidade densidade pH e viscosidade avaliaccedilotildees quiacutemicas como o perfil

cromatograacutefico e dosagem das substacircncias ativas ou marcador e avaliaccedilatildeo

microbioloacutegica da quantidade de microrganismos viaacuteveis

Fitoteraacutepico

Independente da forma farmacecircutica final eacute necessaacuterio que sejam realizadas

avaliaccedilotildees na qualidade do produto final da mesma forma que eacute exigido para

os demais tipos de medicamentos Listamos a seguir os ensaios realizados

para cada forma farmacecircutica lembrando que devem ser acrescentados os

ensaios quiacutemicos e microbioloacutegicos

Prazo de Validade

Considerando a jaacute difiacutecil realizaccedilatildeo da avaliaccedilatildeo da qualidade das drogas

utilizadas na obtenccedilatildeo de fitoteraacutepicos pode-se compreender que o

acompanhamento do processo cineacutetico de degradaccedilatildeo dos constituintes do

medicamento natildeo eacute uma estar efe faacutecil No entanto esta avaliaccedilatildeo pode se dar

em diversos niacuteveis

- Avaliaccedilatildeo da estabilidade fiacutesica

Para cada tipo de forma farmacecircutica satildeo descritas as caracteriacutesticas tiacutepicas

como cor odor limpidez densidade viscosidade pH etc que observadas

para um mesmo lote ao longo do tempo de armazenamento forneceratildeo

informaccedilotildees sobre a integridade fiacutesica da formulaccedilatildeo

- Avaliaccedilatildeo da estabilidade quiacutemica

A utilizaccedilatildeo de recursos laboratoriais desde os mais simples ateacute os mais

sofisticados permitem o acompanhamento qualitativo eou quantitativo dos

princiacutepios ativos contidos no produto fitoteraacutepico Por exemplo atraveacutes do

ensaio limite de taninos por diluiccedilotildees sucessivas e adiccedilatildeo de cloreto feacuterrico

pode-se ter uma medida semi-quantitativa do teor destas substacircncias nas

preparaccedilotildees que o contenham Evoluindo a utilizaccedilatildeo de teacutecnica

cromatograacutefica em camada delgada sobre papel ou siacutelica permite a

determinaccedilatildeo do perfil cromatograacutefico para o produto de modo que possa ser

comparado com o obtido em lotes posteriores ou com o mesmo lote ao longo do

tempo de armazenamento

- Avaliaccedilatildeo da estabilidade microbioloacutegica

A verificaccedilatildeo do niacutevel de contaminaccedilatildeo microbiana numa preparaccedilatildeo

medicamentosa fornece informaccedilotildees sobre o niacutevel de higienizaccedilatildeo empregado

durante o processamento da droga ateacute a obtenccedilatildeo do medicamento A

observaccedilatildeo deste mesmo paracircmetro ao longo do tempo fornece informaccedilotildees

sobre a composiccedilatildeo conservante utilizada no produto e a forma de

armazenamento

Teacutecnicas Gerais

Os ensaios laboratoriais de avaliaccedilatildeo da qualidade da droga compreendem

basicamente

- Observaccedilatildeo macroscoacutepica e microscoacutepica da droga fresca e seca inteira e

triturada comparando com o descrito em farmacopeias ou com modelos

botanicamente certificados

- Determinaccedilatildeo de umidade na droga fresca e naquela seca e triturada

evidenciando a quantidade de aacutegua contida na droga receacutem-coletada na droga

s eca e a efetividade do processo de secagem utilizada

- Identificaccedilatildeo e dosagem de substacircncias ativas ou marcadores realizada na

droga seca e triturada onde atraveacutes do acompanhamento da evoluccedilatildeo ao

longo do tempo e o cruzamento dos dados entre os locais e condiccedilotildees de

cultivo seraacute possiacutevel a determinaccedilatildeo das condiccedilotildees ideais para a manutenccedilatildeo

da qualidade das espeacutecies vegetais

- Determinaccedilatildeo da quantidade de mateacuteria orgacircnica estranha na droga seca

triturada grosseiramente demonstrando se a coleta monda secagem e

trituraccedilatildeo foram realizadas a contento sem o risco de contaminaccedilatildeo com outras

espeacutecies

- Determinaccedilatildeo de resiacuteduos de pesticidas para monitorar a forma de realizaccedilatildeo

do controle de pestes atraveacutes da identificaccedilatildeo e dosagem de pesticidas

- Determinaccedilatildeo da presenccedila de arsecircnio e metais pesados como componentes

que satildeo responsaacuteveis por intoxicaccedilotildees e por incompatibilidades nas

preparaccedilotildees liacutequidas de fitoteraacutepicos

- Determinaccedilatildeo da quantidade de microrganismos viaacuteveis atraveacutes da contagem

em placa a de diluiccedilotildees obtidas a partir do liacutequido de lavagem das drogas

evidenciando o grau de contaminaccedilatildeo e a possiacutevel e indesejaacutevel presenccedila de

microrganismos potencialmente patogecircnicos

Garantia de Qualidade

Na produccedilatildeo de fitoteraacutepicos do mesmo modo como ocorre com qualquer outro

medicamento natildeo pode negligenciar qualquer procedimento que possa conduzir

a diminuiccedilatildeo da qualidade do produto final A qualidade se reflete na

reprodutibilidade da qualidade do produto avaliada em laboratoacuterio e no

acompanhamento da sua eficaacutecia terapecircutica e seguranccedila Isto soacute pode ser

conseguido quando para cada forma farmacecircutica de fitoteraacutepico forem

registradas as operaccedilotildees farmacecircuticas que devem ser seguidas agrave risca suas

medidas de controle e definiccedilatildeo das responsabilidades para cada uma das

etapas do processamento

Apenas como ilustraccedilatildeo tomemos como exemplo a produccedilatildeo da tintura de

Alecrim-pimenta (Lippia sidoides Cham) O iniacutecio da preocupaccedilatildeo com a

qualidade se daacute com a seguranccedila de que a espeacutecie cultivada seja realmente

aquela que se deve coletar e em seguida em coletar a parte que realmente

deve ser utilizada e de plantas com aspecto saudaacutevel de desenvolvimento para

a qual as condiccedilotildees de cultivo tenham se apresentado como satisfatoacuterias A

monda que se segue agrave coleta retirando as partes improacuteprias agrave preparaccedilatildeo do

fitoteraacutepico daacute continuidade ao passo anterior na busca de alcanccedilar a qualidade

desejada O processo de dessecaccedilatildeo ocorrendo agrave sombra e agrave temperatura

ambiente preservando os constituintes quiacutemicos ativos e diminuindo a

influecircncia da umidade da planta sobre a sua qualidade e a da soluccedilatildeo extrativa

a ser obtida faz com que a droga obtida possa ser utilizada como mateacuteria-prima

para a obtenccedilatildeo de medicamento O cuidadoso processo de trituraccedilatildeo sem

elevar a temperatura durante o processo e reduzindo a perda de poacute para o

ambiente tambeacutem representa um processo que deve ser realizado com a

devida atenccedilatildeo Depois disso a droga seca e triturada deve ser armazenada

em condiccedilotildees que preservem sua qualidade pelo tempo necessaacuterio ateacute sua

utilizaccedilatildeo com as devidas inscriccedilotildees que atestem sua fonte data de coleta e de

processamento e respectivos responsaacuteveis

A preparaccedilatildeo da soluccedilatildeo hidro-alcooacutelica que seraacute utilizada no processo extrativo

tambeacutem deve ser realizada com bastante cuidado pois a mateacuteria-prima deve

apresentar a qualidade compatiacutevel com sua utilizaccedilatildeo para a produccedilatildeo de

medicamentos aacutegua purificada e aacutelcool farmacecircutico Deve-se observar a

legislaccedilatildeo atual sobre aacutelcool que exige a desnaturaccedilatildeo do aacutelcool

comercializado em farmaacutecias e supermercados e assim natildeo deve servir como

excipiente farmacecircutico Enfim todos os processos interferem com a qualidade

do produto final a ser obtido e devem ser realizados corretamente e as

operaccedilotildees registradas em documento proacuteprio buscando a rastreabilidade de

cada lote de cada produto

Outra etapa da garantia da qualidade essencial para sua implantaccedilatildeo eacute a

validaccedilatildeo de equipamentos e de processos que busca uma evidecircncia

documentada de que os mesmos cumprem satisfatoriamente sua finalidade

quando utilizados ou realizados corretamente

Estas evidecircncias devem ser conseguidas antes mesmo de se iniciar a utilizaccedilatildeo

das instalaccedilotildees para produccedilatildeo de medicamentos Naqueles jaacute em

funcionamento a validaccedilatildeo pode ser realizada atraveacutes da documentaccedilatildeo da

produccedilatildeo passada ou seja uma validaccedilatildeo retrospectiva

Para a produccedilatildeo de medicamentos em pequena escala que natildeo venha a

caracterizar uma produccedilatildeo industrial deve-se buscar a adequaccedilatildeo das

condiccedilotildees de produccedilatildeo armazenamento e dispensaccedilatildeo do produto atraveacutes da

Resoluccedilatildeo RDC ndeg 33 de abril de 2000 que descreve os criteacuterios de Boas

Praacuteticas de Manipulaccedilatildeo

Para a produccedilatildeo industrial de medicamentos a legislaccedilatildeo que trata das Boas

Praacuteticas de Fabricaccedilatildeo e Garantia de Qualidade eacute a Resoluccedilatildeo RDC ndeg 210 de

04 de agosto de 2003 As especificaccedilotildees legais da legislaccedilatildeo sanitaacuteria

brasileira e de outros paiacuteses para materiais vegetais devem incluir tanto quanto

possiacutevel o seguinte

- Nome botacircnico c om referecircncia aos autores

- Detalhes da fonte da planta (paiacutes ou regiatildeo de origem cultivo eacutepoca da

colheita procedimentos de colheita possiacuteveis pesticidas utilizados etc)

- Descriccedilatildeo do material vegetal inspeccedilatildeo visual macro eou microscoacutepica

- Testes de identificaccedilatildeo apropriados incluindo quando convenientes testes de

identificaccedilatildeo para ingredientes ativos conhecidos ou marcadores

- Ensaios quando convenientes dos constituintes de atividade terapecircutica ou

marcadores

- Meacutetodos apropriados para determinaccedilatildeo de possiacuteveis contaminaccedilotildees por

pesticidas e os limites aceitos

- Testes para metais pesados e contaminantes semelhantes materiais

estranhos e adulterantes

- Testes para radiaccedilatildeo aflatoxinas e contaminaccedilatildeo microbiana

Qualquer tratamento usado para reduzir contaminaccedilotildees focircnicas e microbianas

ou outras infestaccedilotildees devem ser documentadas Instrumentos para tais

procedimentos devem ser acessiacuteveis e devem incluir detalhes dos processos

testes e limites residuais

Para a realidade do programa Farmaacutecias-Vivas onde natildeo satildeo utilizados

pesticidas as plantas satildeo cultivadas no local proacuteximo de onde ocorre a

produccedilatildeo do medicamento ou satildeo de origem na mesma regiatildeo e satildeo

processadas logo apoacutes a coleta satildeo feitas exigecircncias menores que as

estabelecidas para maiores escalas de produccedilatildeo Nem assim devemos deixar

de registrar todas as operaccedilotildees realizadas com a droga desde o seu cultivo ateacute

a dispensaccedilatildeo do produto fitoteraacutepico

Dispensaccedilatildeo

Estivemos sempre discorrendo sobre qualidade do produto a ser obtido desde

o cultivo da espeacutecie correta da coleta da parte usada e o seu processamento

mantendo intactos os princiacutepios ativos Conhecemos os motivos que levam a

toda esta preocupaccedilatildeo com a qualidade a responsabilidade do profissional que

o produz e a eficaacutecia e a seguranccedila necessaacuterias para o paciente que o utiliza

Portanto resta-nos dispensar o fitoteraacutepico para que este apresente estas

caracteriacutesticas trans formando o paciente num parceiro consciente do seu

papel no uso cor reto deste recurso terapecircutico

O resgate das praacuteticas populares agora respaldadas pelos estudos cientiacuteficos

seacuterios que atestam a eficaacutecia e seguranccedila das espeacutecies utilizadas no programa

Farmaacutecias-Vivas pode ser abordado no momento da dispensaccedilatildeo do

medicamento ou atraveacutes de apresentaccedilotildees coletivas organizadas e realizadas

pelo Farmacecircutico Alguns cuidados merecem ser observados para natildeo se

incorrer em riscos desnecessaacuterios

- Natildeo referendar o uso de plantas cujo estudo cientiacutefico natildeo tenha apresentado

dados sobre sua eficaacutecia e seguranccedila

- Natildeo recomendar o uso de qualquer planta medicinal para o tratamento de

doenccedilas sem a devida recomendaccedilatildeo meacutedica especializada ou natildeo

- Natildeo recomendar a utilizaccedilatildeo de planta que nos seja desconhecida tanto no

aspecto teoacuterico quanto praacutetico

- Natildeo sugerir a utilizaccedilatildeo de quaisquer praacuteticas com ou sem uso de plantas

medicinais que possa representar um risco potencial ou real de dano fetal

Para nos resguardarmos de quaisquer erros precisamos nos manter atualizados

quanto aos benefiacutecios e riscos da utilizaccedilatildeo das espeacutecies medicinais com as

quais trabalhamos dada agrave impossibilidade de conhecer todas as demais Os

dados obtidos durante a dispensaccedilatildeo e acompanhamento dos pacientes aleacutem

daqueles obtidos durante os ensaios controlados de toxicologia e farmacologia

cliacutenica forneceratildeo a necessaacuteria seguranccedila para realizarmos a dispensaccedilatildeo e

cada vez mais desfazermos o mito do natural ser inoacutecuo

Como exemplo da relaccedilatildeo risco x benefiacutecio de uma preparaccedilatildeo fitoteraacutepica

apresentamos as seguintes informaccedilotildees sobre o Elixir de Aroeira que em

muitos aspectos natildeo houve a quantificaccedilatildeo da intensidade dos efeitos beneacuteficos

nem adversos nem de interaccedilotildees

Forma Medicamento Fitoteraacutepico- Caacutepsula ESPINHEIRA SANTA Maytenus ilicifolia Celastraceae

Medicamento fitoteraacutepico

Parte utilizada Folhas

Nomenclatura popularEspinheira santa cancerosa cancorosa-de-sete-espinhos cancrosa

espinheira-divina espinho-de-Deus maiteno erva-cancrosa erva-santa

ApresentaccedilotildeesCaacutepsula dura - Extrato seco das folhas de Maytenus ilicifolia 380 mg -

Embalagem com 3 bliacutesters contendo 15 caacutepsulas cada

Via oral

Uso adulto

Composiccedilatildeo

Cada caacutepsula conteacutem

Extrato seco de Maytenus ilicifolia380 mg

Excipiente qsp 1 caacutepsula (amido)

equivalente a 133 mg de taninos totais

Informaccedilotildees ao pacientePara que este medicamento eacute indicado

Espinheira Santa eacute indicada para o tratamento da maacute digestatildeo e como

coadjuvante no tratamento de uacutelcera do estocircmago e duodeno

Como este medicamento funciona

Espinheira Santa atua como regulador das funccedilotildees estomacais e promove a

proteccedilatildeo da mucosa gaacutestrica

Quando natildeo devo usar este medicamentobull O medicamento deve ser evitado por menores de 12 anos de idade devido agrave

falta de estudos disponiacuteveis

bull Lactaccedilatildeo e gravidez visto que pode diminuir a secreccedilatildeo de leite e pode

provocar contraccedilotildees uterinas

bull Hipersensibilidade (alergia) a qualquer um dos componentes da foacutermula ou a

outras plantas da famiacutelia Celastraceae

O que devo saber antes de usar este medicamentoPrecauccedilotildees e advertecircncias

bull De acordo com a categoria de risco de faacutermacos destinados agraves mulheres

graacutevidas este medicamento apresenta categoria de risco C Este medicamento

natildeo deve ser utilizado por mulheres graacutevidas sem orientaccedilatildeo meacutedica ou do

cirurgiatildeo dentista

Interaccedilotildees medicamentosas

bull A administraccedilatildeo concomitante de M ilicifolia com bebidas alcooacutelicas e outros

medicamentos natildeo eacute recomendada pois natildeo existem estudos disponiacuteveis

sobre as interaccedilotildees medicamentosas deste fitoteraacutepico

Informe seu meacutedico ou cirurgiatildeo-dentista se vocecirc estaacute fazendo uso de algum

outro medicamento

Onde como e por quanto tempo posso guardar este medicamentoCuidados de conservaccedilatildeo

Espinheira Santa deve ser conservada em temperatura ambiente (entre 15 e

30ordmC) em sua embalagem original Proteger da luz e da umidade

Prazo de validade24 meses apoacutes a data de fabricaccedilatildeo impressa no cartucho

Nuacutemero de lote e datas de fabricaccedilatildeo e validade vide embalagem

Natildeo use medicamento com o prazo de validade vencido

Guarde-o em sua embalagem original

Caracteriacutesticas fiacutesicasCaacutepsulas gelatinosas duras de cor creme

Caracteriacutesticas organoleacutepticas

Cheiro (odor) caracteriacutestico e praticamente natildeo apresenta sabor

Antes de usar observe o aspecto do medicamento Caso ele esteja no prazo

de validade e vocecirc observe alguma mudanccedila no aspecto consulte o

farmacecircutico para saber se poderaacute utilizaacute-lo

Todo medicamento deve ser mantido fora do alcance das crianccedilas

Como devo usar este medicamentoModo de usar

As caacutepsulas devem ser ingeridas inteiras e com uma quantidade suficiente de

aacutegua para que possam ser deglutidas

Posologia

Ingerir duas caacutepsulas via oral trecircs vezes ao dia de oito em oito horas

Siga corretamente o modo de usar Em caso de duacutevidas sobre este

medicamento procure orientaccedilatildeo do farmacecircutico Natildeo desaparecendo os

sintomas procure orientaccedilatildeo de seu meacutedico ou cirurgiatildeo-dentista

Este medicamento natildeo deve ser partido aberto ou mastigado

O que devo fazer quando eu me esquecer de usar este medicamentoCaso haja esquecimento da ingestatildeo de uma dose deste medicamento

retomar a posologia prescrita sem a necessidade de suplementaccedilatildeo

Em caso de duacutevidas procure orientaccedilatildeo do farmacecircutico ou de seu meacutedico ou

do cirurgiatildeo-dentista

Que males este medicamento pode causarReaccedilotildees adversas

Ateacute o momento natildeo foram relatadas reaccedilotildees adversas graves ou que coloquem

em risco a sauacutede dos pacientes

Raramente podem ocorrer casos de hipersensibilidade Neste caso suspender

o uso e procurar orientaccedilatildeo meacutedica

Informe seu meacutedico cirurgiatildeo-dentista ou farmacecircutico do aparecimento de

reaccedilotildees indesejaacuteveis pelo uso do medicamento

Induacutestria Brasileira

Esta bula foi atualizada conforme Bula Padratildeo aprovada pela Anvisa em

12012011

Farmacecircutica resp Dra (Nome )

CRF-PR nordm XXXX Coacuted XXXXX - 012011

Informe tambeacutem agrave empresa atraveacutes do seu Serviccedilo de

Atendimento ao Consumidor

O que fazer se algueacutem usar uma quantidade maior do que a indicada deste medicamentoPlantas ricas em taninos como a M ilicifolia quando usadas em doses

excessivas podem causar irritaccedilatildeo da mucosa gaacutestrica e intestinal gerando

vocircmitos coacutelicas intestinais e diarreia

Em caso de super dosagem suspender o uso e procurar orientaccedilatildeo meacutedica de

imediato Em caso de uso de grande quantidade deste medicamento procure

rapidamente socorro meacutedico e leve a embalagem ou bula do medicamento se

possiacutevel Siga corretamente o modo de usar natildeo desaparecendo os sintomas

procure orientaccedilatildeo meacutedica

Conclusatildeo

A espinheira-santa (M ilicifolia) eacute um fitoteraacutepico de relevante accedilatildeo terapecircutica

principalmente antiulcerogecircnica dada sua eficaacutecia farmacoloacutegica e seguranccedila

Vale lembrar que por ausecircncia de estudos ela natildeo eacute recomenda para crianccedilas

e natildeo deve ser usada por gestantes pois estudos em camundongos (fecircmeas e

graacutevidas) indicaram um decreacutescimo significativo do nuacutemero de embriotildees aleacutem

de possuir atividade estrogecircnica que pode interferir na receptividade uterina do

embriatildeo Entre suas atividades farmacoloacutegicas destaca-se a atividade

antiulcerogecircnica que pode ser comparada agrave accedilatildeo da ranitidina e da cimetidina

Por ser morfologicamente parecida com as espeacutecies S bonplandii e Z ilicifolia

ela eacute comumente confundida e ateacute mesmo trocada intencionalmente

A utilizaccedilatildeo de maneira errocircnea das espeacutecies botacircnicas que natildeo satildeo a

verdadeira espinheira-santa (M ilicifolia) pode acarretar danos agrave sauacutede dos

pacientes Assim conclui-se que essas espeacutecies conhecidas como

adulterantes podem trazer malefiacutecios pois ainda faltam estudos que

comprovem suas atividades farmacoloacutegicas e principalmente a seguranccedila

terapecircutica Poreacutem natildeo se deve descartar o uso dessas espeacutecies e sim

realizar estudos mais concretos para que essas plantas assim como a

verdadeira espinheira-santa possam auxiliar no tratamento farmacoloacutegico da

populaccedilatildeo

Referecircncias Bibliograacuteficas

Ralph Santos-Oliveira Simone Coulaud-Cunha Waldeciro Colaccedilo

Revisatildeo da Maytenus ilicifolia Mart ex Reissek Celastraceae

Contribuiccedilatildeo ao estudo das propriedades farmacoloacutegicas Rev Bras

Farmacogn Braz J Pharmacogn 19(2B) AbrJun 2009

Wilker Marlon de Moraes Jesus Tarciacutesio Neves da Cunha Estudo das

propriedades farmacoloacutegicas da espinheira-santa (Maytenus ilicifolia

Mart ex Reissek) e de duas espeacutecies adulterantes Revista Sauacutede e

Desenvolvimento vol ndash nordm 1 Jan ndash Jun 2012

MARIOT MP1 BARBIERI RL2 Engenheiro Agrocircnomo Dr prof do

Conjunto Agroteacutecnico ldquoVisconde da GraccedilardquoUniversidade Federal de

Pelotas (mariotufpeltchebr) ndash Av Ildefonso Simotildees Lopes 2791

Pelotas-RS CEP 96060-290 2Bioacuteloga Dr pesquisadora da Embrapa

Clima Temperado (barbiericpactembrapabr) ndash BR 392 km 78 caixa

postal 403 Pelotas-RS CEP 96001-970 (endereccedilo para

correspondecircncia) Metaboacutelitos secundaacuterios e propriedades medicinais da

espinheira-santa (Maytenus ilicifolia Mart ex Reiss e M aquifolium

Mart)

CARLINI EA Braz S Efeito protetor do liofilizado obtido do abafado de

Maytenus Sp (espinheira-santa) contra uacutelcera gaacutestrica experimental em

ratos In Estudo da accedilatildeo antiuacutelcera gaacutestrica de plantas brasileiras

(Maytenus ilicifolia) Espinheira santa e outras Brasiacutelia CEMEAFIP

1988 p21-35MACAUBAS CIP et al Estudo da eventual accedilatildeo

antiuacutelcera gaacutestrica do baacutelsamo (Sedum sp) folha da fortuna

(Bryophyllum calcium) couve (Brassica oleraceae) e da Espinheira

santa (Maytenus ilicifolia) em ratos In Estudo da accedilatildeo antiuacutelcera

gaacutestrica de plantas brasileiras (Maytenus ilicifolia) Espinheira santa e

outras Brasiacutelia CEMEAFIP 1988 p 5-20

Olivia Werner Oliveira Pedro Ros Petrovick Secagem por aspersatildeo

(spray drying) de extratos vegetais bases e aplicaccedilotildees Revista

Brasileira de Farmacognosia Brazilian Journal of Pharmacognosy 20(4)

641-650 AgoSet 2010

Marianne Christina Scheffer Capitulo 17 Produccedilatildeo de espinheira-santa

(Maytenus ilicifolia Mart ex Reiss) na regiatildeo metropolitana de Curitiba

Paranaacute Brasil

Said gonccedilalves da cruz fonsacircca Farmacoteacutecnica de Fitoteraacutepicos2005

triterpenos aromaacuteticos Estes compostos mostraram atividade citotoacutexica

moderada contra um nuacutemero de linhagens de ceacutelulas de tumor cultivadas As

estruturas de outros dois triterpenos diacutemeros denominados cangorosina A e

cangorosina B foram elucidadas por Shirota et al (1997) em extrato de raiacutezes

de M ilicifolia Quatro novos triterpenoacuteides ndash maytefolina A-C (1-3) e uvaol-3-

caffeate (4) ndash aleacutem de outros triterpenos foram isolados de folhas de M

ilicifolia por Ohsaki et al (2004) Os autores identificaram a accedilatildeo citotoacutexica do

triterpenoacuteide eritrodiol

Apesar de a literatura destacar os triterpenos como os principais compostos

bioativos em espinheira-santa Corsino et al (1998b) destacaram que a famiacutelia

Celastraceae eacute uma fonte rica de sesquiterpenos Os autores isolaram e

elucidaram a estrutura quiacutemica de dois sesquiterpenos a aquifoliulina E-I e a

aquifoliulina EII Ao verificarem a accedilatildeo citotoacutexica do extrato de M aquifolium

em mutantes de Saccharomyces cerevisiae eles sugeriram que os

sesquiterpenos podem ser os principais responsaacuteveis por causar pequenos

danos no DNA Em outro trabalho Corsino et al (1998c) isolaram e elucidaram

a estrutura de outros dois sesquiterpenos a aquifoliulina E-III e a aquifoliulina

E-IV Os triterpenos maitenina e 22- hidroximaitenina satildeo membros de um

pequeno grupo de produtos naturais peculiares agraves espeacutecies das famiacutelias

Celastraceae e Hippocrateaceae com potencial anti-cacircncer (Corsino et al

1998a) A ligaccedilatildeo da maitenina ao DNA sugere uma interaccedilatildeo celular que pode

elucidar a atividade antitumor Os autores mostraram que estes compostos satildeo

efetivos contra carcinoma epidermoacuteide Foi identificada a accedilatildeo antiuacutelcera

gaacutestrica da espinheira-santa em ratos com accedilatildeo semelhante ao medicamento

cimetidina Dois triterpenos jaacute relatados na literatura o friedelan-3-ol e o

friedelan-3-on foram identificados em extrato de M ilicifolia sendo sugeridos

como substacircncias bioativas no tratamento das enfermidades estomacais

Os autores acima citados isolaram e identificaram maitenina e 22

hidroximaitenina a partir de calos oriundos de explantes de folhas de M

aquifolium ndash atraveacutes de HPLC ndash cultivados em dois meios de cultura com

diferentes concentraccedilotildees de cinetina O rendimento dos triterpenos no meio

com menor concentraccedilatildeo de cinetina foram maiores do que no outro A cultura

de tecidos parece entatildeo ser uma fonte contiacutenua e estaacutevel de compostos de

espeacutecies de Maytenus conforme proposto por Pereira et al (1993)

Os autores estabeleceram um protocolo para organogecircnese total de placircntulas

de M ilicifolia de matrizes selecionadas para produccedilatildeo de compostos para

estudos fitoquiacutemicos utilizando como explante gemas axilares

Derivados dos triterpenos friedelano satildeo tiacutepicos das famiacutelias Celastraceae e

Hippocrateaceae (Buffa Filho et al 2002) Estes autores atraveacutes do

desenvolvimento de um meacutetodo HPLC (High Performance Liquid

Chromatography) fase-reversa para a quantificaccedilatildeo de triterpenos em cinco

tipos morfoloacutegicos de Maytenus ilicifolia identificaram os compostos 20 1048576-

hidroximaitenina e 22 hidroximaitenina em baixa concentraccedilatildeo aleacutem de

maitenina celastrol e pristimerina em alta concentraccedilatildeo

Os triterpenos friedelan-3-ol friedelina (Figura 3) e compostos polifenoacutelicos

presentes em M ilicifolia e M aquifolium satildeo citados por Cordeiro et al (1999)

como componentes eficientes no tratamento de uacutelceras e gastrites estomacais

Os autores caracterizaram triterpenos de extratos ndash obtidos por extraccedilatildeo direta

com etilacetato ndash de folhas destas duas espeacutecies atraveacutes de HRGC-MS

(cromatografia gasosa de alta resoluccedilatildeo e espectrometria de massas) O perfil

cromatograacutefico foi semelhante para ambas as espeacutecies diferindo na

concentraccedilatildeo relativa de alguns compostos Estes dois triterpenos foram

tambeacutem destacados por Vilegas et al (1995) e Lanccedilas et al (1997) como os

mais importantes nas duas espeacutecies de espinheira-santa para o tratamento de

uacutelcera gaacutestrica Os primeiros propuseram uma teacutecnica raacutepida para identificar

friedelan-3-ol e friedelina ndash atraveacutes de cromatografia gasosa com alta

temperatura de capilaridade em coluna polar ndash o que permite a distinccedilatildeo entre

extratos alcooacutelicos aquosos de espinheira-santa autecircnticos e falsos (quando

satildeo misturadas folhas de outras espeacutecies como de Sorocea bomplandii) Os

uacuteltimos desenvolveram um meacutetodo para extraccedilatildeo de princiacutepios ativos em

espinheira-santa atraveacutes de uma adaptaccedilatildeo do SFE (extraccedilatildeo com fluido

supercriacutetico) com baixo custo Atraveacutes da utilizaccedilatildeo do CO2 e etanol 10

como fluido extrator conseguiram resultados satisfatoacuterios na obtenccedilatildeo dos

triterpenos O sistema SFE desenvolvido pelos autores foi mais eficiente sendo

uma alternativa aos outros meacutetodos por ser mais raacutepido aleacutem de permitir uma

flexibilidade de escolha do fluido extrator entre gases ou solventes liacutequidos a

condiccedilotildees ambientes Mossi et al (2004) ao caracterizarem quimicamente

extratos de M ilicifolia ndash obtidos atraveacutes da utilizaccedilatildeo de CO2 em alta pressatildeo

ndash observaram que a temperatura de extraccedilatildeo e a densidade do solvente

exerceram um efeito importante sobre o rendimento liacutequido do extrato e a

distribuiccedilatildeo quiacutemica dos compostos volaacuteteis ao contraacuterio do tamanho de

partiacutecula e da taxa de fluxo de CO2 Apesar dos triterpenos friedelan-3-ol e

friedelina terem sido destacados como sendo compostos eficientes no

tratamento anti-uacutelcera gaacutestrica Queiroga et al (2000) em pesquisa realizada

com ratos mostraram que estes triterpenos natildeo apresentam esta accedilatildeo

farmacoloacutegica

FIGURA 3 Estrutura molecular dos triterpenos friedelan-3-ol e friedelina (Mossi 2003) dos flavonoacuteides canferol e quercetina e do tanino condensado (Cardoso et al 2001) encontrados em espinheira-santa

Os taninos e flavonoacuteides satildeo compostos fenoacutelicos presentes em espinheira-

santa que tambeacutem podem ter accedilatildeo em doenccedilas estomacais (Gonzales et al

2001) Os taninos satildeo compostos de sabor adstringente derivados de

fenilpropanos capazes de formar complexos com proteiacutenas accediluacutecares e

alcaloacuteides indoacutelicos (Cardoso et al 2001) Dividem se em duas categorias

derivados de esqueletos (C6-C1)n chamados de taninos hidrosoluacuteveis e

derivados de esqueletos (C6-C3-C6)n chamados de taninos condensados

(Figura 3) ou proantocianidinas Os taninos hidrolizaacuteveis possuem rotas

biossinteacuteticas ainda desconhecidas Sabe-se que seu precursor eacute o aacutecido

gaacutelico ou seu diacutemero de condensaccedilatildeo o aacutecido elaacutegico Os taninos

condensados satildeo biossintetizados pelas condensaccedilotildees de derivados de aacutecido

chiquiacutemico e unidades de malonil-CoA levando agrave formaccedilatildeo das catequinas

Estas satildeo importantes precursoras das proantocianidinas (taninos

condensados) e antocianidinas Caracterizam-se por serem oligocircmeros e

poliacutemeros formados pela policondensaccedilatildeo de duas unidades flavonoiacutedicas

(flavan-3-ol e flavan-34-diol) portanto tambeacutem satildeo considerados compostos

flavonoacuteides sendo tambeacutem denominados de flavolanas diferenciando-se dos

taninos hidrolisaacuteveis por natildeo possuiacuterem resiacuteduos glicosiacutedeos em sua estrutura

Segundo o autor entre as atividades farmacoloacutegicas que os taninos

condensados apresentam ndash quando complexados com proteiacutenas ndash destacam-

se a proteccedilatildeo da mucosa do estocircmago em tratamento de uacutelcera peacuteptica as

propriedades anti-inflamatoacuterias e cicatrizantes e o bloqueio da formaccedilatildeo da

placa dental atraveacutes da inibiccedilatildeo da glicosiltransferase produzida por bacteacuterias

bucais

Atraveacutes de estudo fitoquiacutemico em extrato de M aquifolium Gonzales et al

(2001) identificaram triterpenos taninos e flavonoacuteides Em testes de

laboratoacuterio os autores mostraram a accedilatildeo antiulcerogecircnica e analgeacutesica do

extrato desta espeacutecie Eles destacaram que os triterpenos apresentam

habilidade na estimulaccedilatildeo da siacutentese de muco ou manutenccedilatildeo do conteuacutedo de

prostaglandina ndash componente com atividade antiulcerogecircnica ndash da mucosa

gaacutestrica em altos niacuteveis Foi sugerido ainda que componentes antioxidantes

como os taninos e os flavonoacuteides podem ter accedilatildeo contra lesotildees gaacutestricas

Os flavonoacuteides existem em abundacircncia no reino vegetal encontrados em sua

maioria nas angiospermas (Cardoso et al 2001) Caracterizam se

estruturalmente por serem polifenoacutelicos derivados de C6-C3-C6 ligados na

orientaccedilatildeo cabeccedila-cauda e que podem conter como substituintes hidroxilas

ou seus derivados funcionais tais como eacutesteres metoxilas aleacutem de

glicosiacutedeos isoprecircnicos presos em posiccedilotildees especiacuteficas dos aneacuteis Os

flavonoacuteides tecircm como precursores a fenilalanina e a acetil-CoA

Satildeo originados de reaccedilotildees de derivados do aacutecido chiquiacutemico e derivados do

acetato Os flavonoacuteides satildeo divididos nas seguintes classes flavonas

flavonoacuteis antocianinas e isoflavonoacuteides esta uacuteltima restrita agrave famiacutelia Fabaceae

Os compostos mais importantes encontrados nos vegetais para cada uma das

trecircs primeiras classes satildeo flavonas ndash apigenina e luteolina flavonoacuteis ndash

canferol quercetina miricetina e galangina antocianinas ndash cianidina e

malvidina

Ao analisarem quantitativamente por HPLC flavonoacuteides em infusatildeo aquosa de

folhas de M ilicifolia e M aquifolium Leite et al (2001) identificaram um novo

composto deste grupo na primeira espeacutecie Os autores destacaram que os

flavonoacuteides podem mediar uma variaccedilatildeo de mecanismos relacionados agrave

atividade anti-cacircncer anti-tumor e anti-oxidante esta uacuteltima relacionada agrave

caracteriacutestica anti-uacutelcera Os flavonoacuteides tetra-glicosilados satildeo uacuteteis como

marcadores quiacutemicos para o controle de qualidade em Maytenus

Dois novos tetraglicosiacutedeos ndash pertencentes aos grupos dos 3-O-glicosiacutedeos de

quercetina e canferol que satildeo os mais importantes entre os flavonoacuteides ndash

foram isolados por Vilegas et al (1999) a partir da infusatildeo de folhas de M

aquifolium Os flavonoacuteides quercetina e canferol estatildeo representados na Figura

3 com indicaccedilatildeo dos grupos hidroxila (3) que satildeo glicosilados para formar os

3-O-glicosiacutedeos de quercetina e canferol Os autores identificaram a accedilatildeo anti-

uacutelcera da infusatildeo de espinheira-santa em que o aumento da dose levou ao

decreacutescimo do nuacutemero de uacutelceras em ratos sendo a dose de 800 mg kg-1 a

mais eficiente A maior atividade foi verificada em uacutelceras do tipo III que satildeo as

mais severas Foi ainda destacado que o isolamento de flavonoacuteides

poliglicosilados da infusatildeo de M aquifolium seraacute uacutetil para validaccedilatildeo destes

componentes como marcadores quiacutemicos como jaacute anteriormente descrito por

Vilegas et al (1998) ndash que distinguiram atraveacutes da teacutecnica HPTLC (High

Performance Thin Layer Chromatographic) amostras autecircnticas de M ilicifolia

e M aquifolium e amostras alteradas com Sorocea bomplandii uma espeacutecie

muitas vezes confundida com a espinheirasanta devido agrave morfologia similar da

folha

5 Aspectos silviculturais

Os coletores tradicionais possuem noccedilotildees empiacutericas sobre o manejo das

espeacutecies em seu ambiente natural (eacutepoca e frequecircncia de coleta suportada

pela espeacutecie ambientes em que ocorrem cuidados com os indiviacuteduos no

momento da coleta para que possam rebrotar) Por exemplo ensinam que a

espinheira-santa deve ser coletada quebrando os ramos e natildeo cortando-os

Alguns coletores dizem que isto eacute necessaacuterio para que a planta tenha efeito

medicinal outros que se os ramos forem cortados a aacutervore natildeo rebrota Fato

eacute que os ramos que satildeo quebrados satildeo mais finos do que se for utilizado um

instrumento cortante e isto certamente tem influecircncia sobre a regeneraccedilatildeo dos

indiviacuteduos Outra informaccedilatildeo dos coletores tradicionais eacute que as folhas de uma

determinada aacutervore devem ser colhidas com intervalos de dois anos Dizem

que eacute o tempo necessaacuterio para a aacutervore se recuperar Poreacutem nos plantios

verifica-se que a regeneraccedilatildeo ocorre em um ano Entretanto como os frutos

satildeo formados em ramos do ano anterior esta recomendaccedilatildeo pode estar ligada

ao manejo da espeacutecie garantindo o tempo miacutenimo necessaacuterio para que se

reproduza Com o mesmo objetivo os produtores deixam algumas aacutervores sem

colher para que produzam sementes garantindo assim regeneraccedilatildeo

natural e mais recentemente como fonte de sementes para plantios

Conhecem a forma de distribuiccedilatildeo da espinheira-santa e percorrem grandes

distacircncias para localizar boas aacutereas de coleta com um nuacutemero significativo de

aacutervores Costumam dar intervalos de um ou mais anos entre as coletas num

mesmo local ou coletam as folhas somente de um lado da planta e no ano

seguinte do outro lado

Haacute ainda os curiosos pessoas sem tradiccedilatildeo em coleta de plantas que por

necessidade econocircmica e por residirem proacuteximo a aacutereas em que a espeacutecie

ocorre satildeo contratadas por coletores tradicionais ou por compradores de

plantas para realizarem a coleta da espinheira-santa e outras espeacutecies

medicinais que ocorrem nas proximidades de sua residecircncia

6 Os produtores de espinheira-santa e seu contexto socioeconocircmico

A populaccedilatildeo da Regiatildeo Metropolitana de Curitiba eacute formada por descendentes

de europeus que integraram as diversas correntes migratoacuterias estimuladas no

seacuteculo XIX Tecircm-se assim principalmente descendentes de alematildees

italianos atividade agropecuaacuteria agrave qual incorporaram praacuteticas extrativistas que

jaacute eram atividade agropecuaacuteria agrave qual incorporaram praacuteticas extrativistas que jaacute

eram exercidas pelos caboclos descendentes dos antigos colonizadores

portugueses e iacutendios da regiatildeo No municiacutepio de Campo Largo haacute 1469

estabelecimentos rurais dos quais 1164 exercem atividades ligadas agrave

agricultura ou silvicultura

Segundo o Censo realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica

IBGE em 2000 a populaccedilatildeo rural era de 15580 pessoas (IPARDES 2001)

Destas cerca de 50 estatildeo envolvidas na produccedilatildeo no processamento e na

comercializaccedilatildeo da espinheira-santa

Haacute vaacuterios tipos de produtores de mateacuteria-prima

(a) coletores tradicionais cuja uacutenica atividade econocircmica eacute a coleta de plantas

medicinais inclusive espinheira-santa

(b) coletores de plantas medicinais que tambeacutem cultivam espeacutecies alimentiacutecias

Neste caso a coleta de plantas medicinais visa agrave complementaccedilatildeo da renda

(c) agricultores que cultivam e coletam plantas medicinais

(d) agricultores natildeo coletores que soacute cultivam plantas medicinais

A coleta eou o cultivo de espinheira-santa eacute de uma estrateacutegia de obtenccedilatildeo de

renda diversificada e natildeo passa em meacutedia de 17 da renda familiar Os

coletores recebem em geral R$040kg de planta fresca (folhas com ramos

finos) Apoacutes secagem satildeo comercializadas por R$250 a 350kg As folhas de

plantas cultivadas podem alcanccedilar entre R$800 e 1200kg (soacute folha seca)

7 Processamento da espinheira-santa

Apoacutes a coleta os ramos com folhas satildeo levados ateacute a propriedade do coletor

onde as folhas satildeo selecionadas e secas ou entregues diretamente ao

comprador A secagem pode ser feita agrave sombra ou em secador com fluxo de ar

aquecido Quando o coletor natildeo dispotildee de secador proacuteprio ele costuma secar

as folhas no secador de algum vizinho que recebe como pagamento parte da

produccedilatildeo Para a secagem satildeo utilizados vaacuterios modelos de secadores O

combustiacutevel utilizado pode ser lenha gaacutes ou serragem Alguns secadores

contam com controle de temperatura Dependendo das especificaccedilotildees feitas

pelo comprador depois de secas as folhas satildeo separadas dos ramos e

rasuradas Depois o produto eacute embalado em sacos de malha de juta ou de

polipropileno com ou sem revestimento de papel Depois eacute armazenado ou

enviado diretamente para o mercado (comercializado) A venda pode ser feita

para atacadistas laboratoacuterios de fitoteraacutepicos ou induacutestrias alimentiacutecias Nas

induacutestrias o material eacute submetida a uma nova seleccedilatildeo de acordo com o

controle de qualidade da empresa Geralmente verifica-se a contaminaccedilatildeo

microbioloacutegica e macroscoacutepica No caso dos laboratoacuterios de fitoteraacutepicos

tambeacutem satildeo analisados os constituintes quiacutemicos

Nas induacutestrias de alimentos as folhas rasuradas sofrem nova fragmentaccedilatildeo e

satildeo envasadas em embalagens de 10 a 30 g eou na forma de saches teabag

e embaladas em caixas de papelatildeo sendo comercializadas de forma

semelhante a outros chaacutes Ao chegar ao consumidor final na forma de folhas

rasuradas e embaladas o preccedilo varia entre R$3000 a 5000kg em

embalagens de 05 a 1 kg e entre R$8000 a R$10000Kg em embalagens de

10 a 30 g

Nos laboratoacuterios de fitoteraacutepicos as formas de apresentaccedilatildeo da espinheira-

santas satildeo (a) em saches ou a granel misturadas a ervas para problemas

digestivos numa composiccedilatildeo preacute-definida (b) em caacutepsulas gelatinosas

contendo 350 a 400 mg de folhas moiacutedas (c) em tintura de espinheira-santa

para cuja obtenccedilatildeo as folhas satildeo submetidas agrave extraccedilatildeo geralmente

hidroalcooacutelica (d) em comprimidos para o que se utiliza o extrato seco das

folhas

8 Mercado e comercializaccedilatildeo

Geralmente a venda eacute feita pelo proprietaacuterio do secador em grandes

quantidades para intermediaacuterios laboratoacuterios de fitoteraacutepicos ou induacutestrias

alimentiacutecias (Figura 3) Alguns produtores para agregar valor fazem

embalagens com pequenas quantidades (10 a 30 g) que comercializam em

feiras e mercados como alimento Esta forma de comercializaccedilatildeo eacute feita por

produtores que tecircm faacutecil acesso a um mercado consumidor significativo como

Figura 3 Fluxograma de produccedilatildeo e comercializaccedilatildeo de espinheira-santa (Maytenus ilicifolia)

por exemplo supermercados farmaacutecias ou feiras Entretanto haacute muitas

exigecircncias impostas pela legislaccedilatildeo de vigilacircncia sanitaacuteria para

comercializaccedilatildeo diretamente ao consumidor final Os atacadistas situados em

sua grande maioria no estado de Satildeo Paulo adquirem o produto no Paranaacute e

distribuem para as demais regiotildees do Brasil e tambeacutem para o exterior Eacute

comum que empresas do Paranaacute adquiram folhas de espinheira-santa

originaacuterias do proacuteprio Estado dos atacadistas de Satildeo Paulo Isto reflete a

falta de organizaccedilatildeo dos produtores que natildeo conseguiram ainda divulgar a

regiatildeo como centro produtor de plantas medicinais

As induacutestrias alimentiacutecias apoacutes embalar o produto revendem-no para os

supermercados Os laboratoacuterios de fitoteraacutepicos apoacutes fabricar o medicamento

normalmente realizam a comercializaccedilatildeo por meio de distribuidores de

produtos farmacecircuticos ou diretamente para grandes redes de farmaacutecias que

realizam a distribuiccedilatildeo internamente

9 Poliacuteticas relacionadas com a exploraccedilatildeo e comercializaccedilatildeo

A produccedilatildeo e comercializaccedilatildeo da espinheira-santa estaacute sujeita agrave legislaccedilatildeo

ambiental e agrave de vigilacircncia sanitaacuteria A primeira estabelece as normas para

registro de pessoas fiacutesicas ou juriacutedicas que consomem exploram ou

comercializam mateacuteria-prima florestal inclusive produtos florestais natildeo

madeireiros (Brasil 1985 Brasil 1995 Brasil 2000) Os coletores sabem que

devem obter registro de coletor e comerciante de plantas nativas junto aos

oacutergatildeos de fiscalizaccedilatildeo ambiental estadual e federal (respectivamente Instituto

Ambiental do Paranaacute IAP e Instituto Brasileiro de Meio Ambiente IBAMA) A

legislaccedilatildeo prevecirc ainda que ao realizar a coleta de uma planta os coletores e

produtores devem ter uma autorizaccedilatildeo fornecida com base num plano de

manejo Este plano deve apresentar as teacutecnicas e estrateacutegias que seratildeo

adotadas para garantir a sustentabilidade da exploraccedilatildeo

Na delegacia do IBAMA do Paranaacute haacute somente dois coletores de plantas

medicinais registrados poreacutem eles natildeo apresentam regularmente pedidos de

autorizaccedilatildeo de coleta acompanhados dos respectivos planos de manejo No

periacuteodo em que efetuamos esta pesquisa o oacutergatildeo estadual ainda natildeo havia

definido as normas que devem ser seguidas pelos interessados na obtenccedilatildeo

das autorizaccedilotildees de coleta de plantas

Uma das razotildees eacute que natildeo se dispotildee ainda de todas as informaccedilotildees teacutecnicas

necessaacuterias para a elaboraccedilatildeo do plano Apesar de oacutergatildeos de pesquisa e de

extensatildeo e das universidades estarem realizando estudos com o objetivo de

estabelecer os criteacuterios teacutecnicos natildeo existia ateacute 2002 nenhum plano de

manejo efetivamente implantado

Outro problema eacute a falta de integraccedilatildeo na atuaccedilatildeo dos oacutergatildeos de fiscalizaccedilatildeo

federal estadual e municipal o que torna a regularizaccedilatildeo junto a estes oacutergatildeos

muito complexa e cara para os produtores

Para que o produtor possa comercializar seu produto no varejo ele deve

atender agraves exigecircncias da legislaccedilatildeo sanitaacuteria que estatildeo muito acima da

capacidade econocircmica da maioria dos coletores e agricultores O produto

deve ainda estar dento dos limites estabelecidos de contaminaccedilatildeo por

microorganismos Quando o produto eacute apresentado como fitoteraacutepico as

exigecircncias aumentam ainda mais envolvendo seu registro com comprovaccedilatildeo

dos constituintes quiacutemicos marcadores e da atividade farmacoloacutegica e a

padronizaccedilatildeo do produto Ateacute mesmo os laboratoacuterios tecircm dificuldade em

atender as exigecircncias da legislaccedilatildeo atual Natildeo obstante o produto chega ao

mercado nas mais variadas formas envasado em sachecircs em caacutepsulas como

tintura misturado a ervas para problemas gaacutestricos entre outras

10 Influecircncia do ambiente na produccedilatildeo de compostos bioativos e perspectivas para o melhoramento geneacutetico de espinheira-santa

A influecircncia do ambiente na produccedilatildeo de polifenoacuteis totais polifenoacuteis natildeo

tanantes e taninos em M ilicifolia foram estudados por Radomski (1998) tendo

sido observado que a luminosidade eacute o principal fator que influencia na

produccedilatildeo destes compostos Plantas que se encontram em pleno sol

apresentam maior concentraccedilatildeo destas substacircncias As correlaccedilotildees entre

luminosidade e polifenoacuteis totais (083) polifenoacuteis natildeo tanantes (092) e taninos

(078) foram altas e significativas

Foram observadas diferenccedilas na morfologia foliar e na concentraccedilatildeo de taninos

em folhas de M ilicifolia de diferentes procedecircncias no Rio Grande do Sul

(Bernardi amp Wasicki 1959) Folhas de plantas desenvolvidas a pleno sol eram

menores com espinhos nas margens em nuacutemero reduzido e apresentavam

maior concentraccedilatildeo de taninos Em plantas de espinheira-santa desenvolvidas

em ambiente com alta luminosidade Radomski (1998) observou que as folhas

das plantas eram mais amareladas mais espessas e com espinhos mais

pronunciados caracterizando formas tiacutepicas de adaptaccedilatildeo de plantas de

sombra expostas agrave luz solar total A autora avaliou a aacuterea foliar o peso de

folhas e o peso especiacutefico de folhas em ambientes com diferentes intensidades

luminosas A aacuterea foliar foi menor e o peso especiacutefico das folhas foi maior nas

plantas desenvolvidas a pleno sol quando comparadas agraves dos outros

ambientes com menor luminosidade O peso especiacutefico de folhas apresentou

altas correlaccedilotildees para concentraccedilatildeo de polifenoacuteis totais (087) polifenoacuteis natildeo

tanantes (082) e taninos (083) Estes compostos contribuem para o

incremento da biomassa foliar Radomski et al (2004) relata a grande

influecircncia do ambiente sobre a composiccedilatildeo fitoquiacutemica da espinheira-santa

como concentraccedilotildees diferenciadas de taninos e polifenoacuteis totais em plantas

coletadas em ambientes diferentes

A autora destaca tambeacutem que os ramos de M ilicifolia podem contribuir com

uma parcela significativa na produccedilatildeo de compostos fitoteraacutepicos como

taninos e polifenoacuteis totais

Em trabalho envolvendo a anaacutelise fitoquiacutemica em populaccedilotildees de M ilicifolia do

Mato Grosso do Sul Paranaacute Santa Catarina e Rio Grande do Sul Mossi

(2003) observou uma grande variabilidade ndash que foi maior dentro das

populaccedilotildees ndash para concentraccedilatildeo dos metaboacutelitos secundaacuterios limoneno geranil

acetato aacutecido palmiacutetico fitol esqualeno vitamina E stigmasterol friedelan-3-

ol friedelin friedelan-3-one Atraveacutes de anaacutelise de agrupamentos (UPGMA) o

autor natildeo identificou uma relaccedilatildeo entre os grupos formados e as caracteriacutesticas

ambientais dos locais de coleta o que pode indicar uma maior influecircncia das

variaacuteveis locais como microclima insolaccedilatildeo condiccedilotildees nutricionais do solo

idade da planta entre outros sobre a concentraccedilatildeo dos compostos analisados

do que as condiccedilotildees macro ambientais

Foram observadas por Buffa Filho et al(2002) diferenccedilas nas concentraccedilotildees

de triterpenos entre plantas com morfologia de folha diferentes sendo que os

compostos 22 hidroximaitenina e celastrol foram encontrados em plantas de

dois tipos morfoloacutegicos

O melhoramento geneacutetico em plantas medicinais visa produzir variedades que

possuam alto rendimento de substacircncias desejadas e que as mantenham em

niacuteveis conhecidos para padronizar a dosagem quando da aplicaccedilatildeo

farmacoloacutegica (Oliveira et al 2003) Eacute importante o aumento da massa seca

eou fresca ou ainda o aumento do teor de princiacutepios ativos em determinado

oacutergatildeo vegetal de modo que estas caracteriacutesticas sejam mantidas nas geraccedilotildees

seguintes O produto do melhoramento de plantas medicinais eacute o princiacutepio ativo

ou o fitocomplexo Outros objetivos satildeo resistecircncia a pragas e doenccedilas e

toleracircncia a condiccedilotildees adversas de ambiente

Como o ambiente tem grande influecircncia na produccedilatildeo de metaboacutelitos

secundaacuterios a interaccedilatildeo genoacutetipo x ambiente eacute um fator importante para ser

analisado no melhoramento de plantas medicinais A possibilidade do melhor

genoacutetipo em um ambiente natildeo o ser em outro influencia o ganho de seleccedilatildeo e

dificulta a recomendaccedilatildeo de cultivares com ampla adaptabilidade (Cruz amp

Regazzi 2001) O conhecimento da herdabilidade dos caracteres de interesse

tambeacutem eacute fundamental para que a seleccedilatildeo seja aplicada com sucesso de

forma que o valor fenotiacutepico de um caraacuteter possa servir como guia para o valor

geneacutetico (aditividade) (Carvalho et al 2001)

Em teste de progecircnies realizado com espinheira-santa Mariot (2005)

identificou uma alta herdabilidade para todos os caracteres (velocidade de

emergecircncia estatura de planta diacircmetro agrave base do caule taxa de crescimento

tamanho de folha e nuacutemero de espinhosfolha) o que evidencia o forte controle

do fator geneacutetico sobre o fenoacutetipo O autor observou ainda altos valores para os

coeficientes de variaccedilatildeo geneacuteticos (CVG) que aliado aos baixos valores para

os coeficientes de variaccedilatildeo devido ao erro experimental (CVE) proporcionaram

iacutendices maiores que 10 para o quociente (relaccedilatildeo CVGVE) em todas as

variaacuteveis analisadas o que eacute um bom indicador para seleccedilatildeo em programas de

melhoramento Este resultado eacute importante para a seleccedilatildeo com base em

caracteres relacionados com o crescimento pois a espinheira-santa eacute

considerada de crescimento lento O tamanho de folha em espinheira-santa

caso apresente relaccedilatildeo com o aumento da biomassa e maior concentraccedilatildeo de

metaboacutelitos secundaacuterios que tenham accedilatildeo farmacoloacutegica pode ser um caraacuteter

importante de se considerar na seleccedilatildeo em programas de melhoramento Os

altos iacutendices dos paracircmetros geneacuteticos evidenciados em trabalho desenvolvido

por Mariot (2005) mostram a eficiecircncia na seleccedilatildeo para estes caracteres

Considerando a necessidade de uniformidade nos teores de princiacutepios ativos

exigidos pelas induacutestrias farmacecircuticas e o fato da espinheira santa ser de

fecundaccedilatildeo cruzada os programas de melhoramento desta espeacutecie que vise

atender estas exigecircncias deve utilizar a propagaccedilatildeo vegetativa

Estudos relacionados agrave cultura de tecidos de M ilicifolia e M aquifolium

tornam-se portanto fundamentais Na aacuterea de biotecnologia foi citado por

Corsino et al (1998a) o uso de Agrobacterium como vetor para aumentar a

produccedilatildeo de triterpenos em programa de melhoramento geneacutetico de espinheira

santa

O conhecimento da associaccedilatildeo entre caracteres eacute de grande importacircncia nos

trabalhos de melhoramento principalmente se a seleccedilatildeo em um deles

apresenta dificuldades em razatildeo da baixa herdabilidade eou tenha problemas

de mediccedilatildeo e identificaccedilatildeo (Cruz amp Regazzi 2001) Para tanto o melhorista

pode estimar as correlaccedilotildees fenotiacutepicas e genotiacutepicas o que pode contribuir no

processo de seleccedilatildeo No caso das espeacutecies medicinais esta ferramenta eacute

muito importante devido ao alto custo das anaacutelises para determinar e

quantificar metaboacutelitos secundaacuterios com potencial farmacoloacutegico como as que

envolvem cromatografia Em espinheira-santa a morfologia foliar estaacute

relacionada com os tipos e a concentraccedilatildeo de triterpenos (Buffa Filho et al

2002) portanto se for identificada correlaccedilatildeo entre estes caracteres a seleccedilatildeo

indireta atraveacutes da morfologia foliar pode vir a ser uma boa estrateacutegia de

seleccedilatildeo

11 Etapas do processo de secagem por aspersatildeoO processo de secagem por aspersatildeo consiste de trecircs etapas fundamentais

Na primeira fase o fluiacutedo eacute disperso como gotiacuteculas produzindo uma grande

aacuterea superficial Na segunda ocorre contato destas com uma corrente de ar

aquecido havendo transferecircncia de calor

Na terceira etapa acontece a evaporaccedilatildeo do solvente e a formaccedilatildeo da partiacutecula soacutelida

121 Ilustraccedilatildeo da Planta Espinheira- Santa

Com a transferecircncia de calor do ar aquecido agraves gotiacuteculas o liacutequido da

superfiacutecie evapora-se rapidamente As partiacuteculas solidificadas geralmente

apresentam o mesmo tamanho e forma da gotiacutecula que as originou Na uacuteltima

etapa o produto de secagem eacute transportado por uma corrente de ar sendo

posteriormente coletado (Broadhead et al 1992 Shaw 1997 Rankell et al

2001) A evaporaccedilatildeo superficial da gotiacutecula conduz agrave formaccedilatildeo de uma

camada de material seco externa Atraveacutes desta camada o liacutequido situado no

interior da gotiacutecula propaga-se para o exterior Dependendo da elasticidade e

da permeabilidade da crosta seratildeo produzidos distintos materiais secos como

esferas intactas com superfiacutecie imperfeita ou fragmentada soacutelidas ou ocas

(Rankell et al 2001) A Figura 2 apresenta foto micrografias de dois extratos

diferentes de Maytenus ilicifolia secos por spray drying com disco giratoacuterio em

torre de secagem por aspersatildeo Os extratos foram produzidos da mesma

maneira utilizando temperatura de entrada de 180 degC velocidade do aspersor

de 9500 rpm e 30 de Aerosil (Oliveira 2008)

12 Fatores que influenciam o processoUm das respostas mais relevantes afetada pelas condiccedilotildees de operaccedilatildeo do

processo eacute a qualidade do produto resultante As variaacuteveis devem ser

controladas visando agrave obtenccedilatildeo de rendimento e de teor de umidade

adequados estabilidade quiacutemica minimizaccedilatildeo da aderecircncia de partiacuteculas na

cacircmara de secagem (sticking) e caracteriacutesticas tecnoloacutegicas especiacuteficas As

propriedades do produto satildeo normalmente determinadas pelos fatores

relacionados agraves caracteriacutesticas do material de entrada e do processamento

isto eacute paracircmetros de operaccedilatildeo e equipamento (Quadro 1)

131 Influecircncia do material de entradaEntre os fatores relacionados agraves caracteriacutesticas do material de entrada o uso

de adjuvantes na teacutecnica de secagem por aspersatildeo eacute uma praacutetica muito

comum Satildeo utilizados como adjuvantes neste processo amido ciclodextrinas

dioacutexido de siliacutecio coloidal fosfato tricaacutelcico gelatina goma araacutebica lactose

maltodextrina entre outros (Vasconcelos et al 2005 Silva Juacutenior et al 2006)

Para a secagem de extratos derivados de plantas a seleccedilatildeo e o uso adequado

de adjuvantes no processo de spray drying eacute uma fase de fundamental

importacircncia visto que determina a estabilidade e a qualidade dos mesmos

podendo inclusive afetar as caracteriacutesticas de biodisponibilidade

13 Atividades farmacoloacutegicas da espinheira-santa A espinheira-santa (M ilicifolia) eacute uma planta que possui atividades

farmacoloacutegicas comprovadas entre elas a atividade antiulcerogecircnica Essas

atividades estatildeo ligadas a substacircncias quiacutemicas que satildeo os polifenoacuteis

(flavonoides e taninos) e os triterpenos Haacute fatores como a composiccedilatildeo quiacutemica

do solo onde essa planta estaacute sendo cultivado o local de plantio a teacutecnica de

colheita a secagem da planta e o processamento poacutes-colheita que influenciam

diretamente nos teores de princiacutepio ativo da planta podendo assim gerar

variaccedilotildees das atividades farmacoloacutegicas (NEGRI 2007)

141 Atividade gaacutestricaDe acordo com alguns estudos (Carlini amp Frochtengerten 1988 Ming et al

1998 Coulaud- Cunha et al 2004 Carvalho et al 2008) a M ilicifolia

apresenta accedilatildeo contra uacutelcera peacuteptica e gastrite Coulaud- Cunha et al (2004)

relatam que a accedilatildeo da M ilicifolia na uacutelcera peacuteptica e gastrite envolve mais de

um mecanismo de accedilatildeo ainda natildeo conclusivamente elucidados e natildeo se deve

somente a um principio ativo especifico mas a diferentes fitocomplexos Foi

demonstrado por Pereira et al (1993) e por Ming et al (1998) que tanto os

taninos principalmente a epigalocatequina quanto os oacuteleos essenciais em

especial o fridenelol satildeo responsaacuteveis por parte dos efeitos gastroprotetores

Carlini amp Frochtengarten (1988) por sua vez em estudos realizados com o

abafado da M ilicifolia relatam que quanto maior o tempo do tratamento maior

seraacute a gastroproteccedilatildeo sem entretanto haver alteraccedilotildees no pH Tal observaccedilatildeo

pode ser confirmada por Ferreira et al (2004) que em estudos com extrato

aquoso liofilizado das folhas de M ilicifolia em sapos comprovou que esse

possui efeito inibitoacuterio sobre os mediadores H2 da histamina nas ceacutelulas

parietais esses segundo Gilman (1989) quando estimulados causam a

ativaccedilatildeo da adenililciclase iniciando uma seacuterie de alteraccedilotildees morfoloacutegicas e

bioquiacutemicas complexas que leva ao aumento da secreccedilatildeo gaacutestrica

funcionando como um antagonista H2 aleacutem de inibir o efeito da gastrina Foi

demonstrado ainda que tanto a epigalocatequina (tanino) quanto o fridenelol

(oacuteleo essencial) satildeo responsaacuteveis por parte do efeito protetor da mucosa

gaacutestrica (Pereira et al 1993 Ming et al 1998)

142 Atividade antiulcerogecircnicaSegundo Sousa-Formigoni et al (1991) foi comprovada a atividade

antiulcerogecircnica da espinheira-santa (M ilicifolia) por experimentos feitos em

ratos nos quais os animais foram induzidos a terem uacutelceras gaacutestricas por meio

de indometacina e por estresse quando estes foram submetidos a baixas

temperaturas e por serem imobilizados Apoacutes a aplicaccedilatildeo de um extrato

liofilizado de espinheira-santa houve uma reduccedilatildeo do nuacutemero de uacutelceras e um

aumento do volume e pH da secreccedilatildeo gaacutestrica

Em estudos de mecanismos celulares e moleculares da accedilatildeo de produtos

naturais com o isolamento de substacircncias bioativas da M ilicifolia

responsaacuteveis pela accedilatildeo antissecretora aacutecida gaacutestrica os resultados obtidos

confirmam essas accedilotildees Foram utilizados nesses experimentos extratos

aquosos das partes aeacutereas da planta e os princiacutepios ativos tecircm funccedilatildeo de

inibidores da bomba de proacutetons etapa final comum das vias reguladoras da

secreccedilatildeo aacutecida gaacutestrica (BOSSOLANI 2000)

143 Atividade antimicrobianaEstudos pioneiros como o de Lima et al (1969) jaacute demonstravam que a

maitenina exibe forte atividade antimicrobiana contra vaacuterias bacteacuterias Gram

positivas Tais efeitos foram corroborados com a demonstraccedilatildeo que os extratos

das folhas e raiacutezes tecircm efeito antimicrobiano para vaacuterios patoacutegenos dentre

eles Staphylococcus aureus e Streptococcus sp

144 Atividade sobre o Sistema Nervoso CentralSegundo Alonso (1998) o extrato de M ilicifolia possui atividade sedativa que

potencializa (efeito sineacutergico) o sono por barbituacutericos em camundongos

145 Atividades abortiva e sobre a espermatogecircnese

De acordo com Montanari et al (1998) o extrato etanoacutelico de M Ilicifolia

quando administrado em altas doses em camundongos suiacuteccedilos apesar de

causar leves alteraccedilotildees como ceacutelulas germinativas imaturas esfoliadas mortes

celulares ocasionais aumento de gotiacuteculas lipiacutedicas em ceacutelulas de Sertoli e

inchamento de acrossomas entre outras natildeo foi suficiente para acarretar

danos agrave espermatogecircnese

Jaacute em testes realizados em camundongos (fecircmeas e graacutevidas) administrando-

se oralmente extrato hidroalcooacutelico (70) de folhas de espinheira-santa (M

ilicifolia) observou-se um decreacutescimo significativo do nuacutemero de embriotildees

indicando uma perda embrionaacuteria antes do periacuteodo de implantaccedilatildeo Poreacutem

natildeo houve maacute-formaccedilatildeo ou mortes fetais depois do periacuteodo de implantaccedilatildeo

Esse extrato possui atividade estrogecircnica que pode interferir na receptividade

uterina ao embriatildeo (MONTANARI BEVILAQUA 2002)

146 Atividades antimutagecircnica e anticanceriacutegenaConforme Horn e Vargas (2003) o extrato aquoso de M ilicifolia foi eficaz em

aproximadamente 75 das doses testadas exibindo boas respostas

antimutagecircnicas ou um decreacutescimo sugestivo Em estudos realizados por

Queiroga et al (2007) foi avaliada a fraccedilatildeo ativa antiulcerogecircnica da M

ilicifolia na atividade anticanceriacutegena apresentando resultados citostaacuteticos

satisfatoacuterios De acordo com Itokawa et al (1993) o composto pristimerina foi o

mais eficiente na accedilatildeo citotoacutexica podendo ser uacutetil no tratamento de tumores

147 Atividade antioxidante e otoprotetoraDe acordo com Mattei e Carlini (1998) um extrato aquoso liofilizado de

espinheira-santa (M ilicifolia) foi testado in vitro em homogenato de ceacuterebro de

ratos e exerceu uma importante atividade antioxidante inibindo o processo de

lipoperoxidaccedilatildeo

Usando-se extrato etanoacutelico de M ilicifolia foi confirmado que a casca da raiz

tem um poder antioxidante pelo fato de possuir em sua base compostos com a

capacidade sequestradora de radicais livres (VELLOSA et al 2006)

Conforme Santos et al (2010) foram comprovadas propriedades antioxidantes

dos extratos brutos e de componentes individuais de M Ilicifolia por possiacuteveis

associaccedilotildees sineacutergicas de substacircncias fenoacutelicas e triterpenos

quinonametiacutedeos comparados agrave rutina como composto fenoacutelico modelo

De acordo Kasse et al (2008) foi realizado um estudo com ratos (fecircmeas) em

que esses animais foram submetidos agrave substacircncia cisplatina e posteriormente

tratados com extrato de M ilicifolia para avaliar a atividade otoprotetora da

planta Foram realizados e avaliados os exames de emissotildees otoacuacutesticas por

produtos de distorccedilatildeo por potencial de tronco encefaacutelico antes e depois de

administraccedilatildeo de cisplatina e por fim por microscopia eletrocircnica de varredura

Os resultados mostraram que apesar de apresentar atividades antioxidantes a

M ilicifolia foi incapaz de bloquear o efeito citotoacutexico do composto quiacutemico

administrado nas cobaias

Segundo Negri et al (2009) a atividade antioxidante do extrato etanoacutelico de M

ilicifolia estaacute intimamente ligada agrave sua temperatura de secagem Testes

realizados para avaliaccedilatildeo do poder antioxidante os quais foram os meacutetodos de

formaccedilatildeo de complexo com fosfomolibdecircnio e atividade antioxidante em

relaccedilatildeo agrave reduccedilatildeo de um radical utilizando-se o DPPH (22-difenil-1-

picnilhidrazila) em que foram levadas em consideraccedilatildeo diferentes

temperaturas usualmente utilizadas para secagem (40 50 60 70 e 80˚C)

demostraram melhor atividade antioxidante na temperatura de 40˚C e

gradativamente quanto maior a temperatura realizada nos testes menor o

poder antioxidante Por fim o estudo mostrou a importacircncia do controle de

temperatura para a melhor efetividade nesse quesito da planta

Em estudos de Pessuto et al (2009) foram avaliados extratos e compostos

isolados de M Ilicifolia em relaccedilatildeo agrave capacidade antioxidante Os extratos

brutos e semipurificados foram estudados por meio de ensaios de

fosfomolibdecircnio (complexo) e de DPPH (22-difenil-1-picnilhidrazila) nos quais

os resultados mostraram que a fraccedilatildeo com acetato de etila teve melhor

capacidade antioxidante em relaccedilatildeo ao extrato bruto e fraccedilatildeo aquosa

possivelmente por conter maior nuacutemero de hidroxilas fenoacutelicas (pela

capacidade de sequestro dos radicais livres) e tambeacutem em relaccedilatildeo agraves

substacircncias trolox e vitamina C

148 Atividades antinociceptiva e anti-inflamatoacuteria De acordo com Nakamura et al (1994) o extrato etanoacutelico de folhas de M

ilicifolia conteacutem uma fraccedilatildeo de quercetina-3-O-glicosiacutedeo e essa substacircncia

quiacutemica foi avaliada pelo teste de aacutecido aceacutetico e formalina em ratos obtendo-

se resultados satisfatoacuterios para atividades analgeacutesicas e anti-inflamatoacuterias

Por meio de testes realizados em camundongos e ratos foi provocado um

edema nas patas desses animais por meio de injeccedilatildeo de 002 ml de

formaldeiacutedo (soluccedilatildeo a 092) utilizando-se como controle soluccedilatildeo salino

Apoacutes 120 minutos foi aplicado extrato hexacircnico e acetato de etila das folhas

(M ilicifolia) administrados por via oral nas doses de 80 160 320 e 340 mgkg

Os animais foram sacrificados apoacutes 4 horas Em um segundo ensaio foi

administrada por injeccedilatildeo soluccedilatildeo de carragenina a 1 e os extratos da planta

foram dados por via oral nas doses de 80 160 320 e 340 mgkg Os resultados

obtidos mostraram uma atividade antinociceptiva para os dois extratos

principalmente nas doses de 320 e 340 mgkg sendo esse teste importante

para uma alternativa cliacutenica na terapecircutica anti-inflamatoacuteria e antiulcerogecircnica

(JORGE et al 2004)

14 Toxicidade efeitos adversos e contraindicaccedilatildeo da espinheira-santa

Foi realizado um estudo toxicoloacutegico com 24 voluntaacuterios sendo 12 homens e

12 mulheres de 20 a 40 anos de idade selecionados previamente por meio de

avaliaccedilatildeo cliacutenica exames hematoloacutegicos e bioquiacutemicos e avaliaccedilatildeo

psicomotora com o objetivo de estabelecer um intervalo maacuteximo de seguranccedila

no uso de M ilicifolia As doses foram administradas de maneira crescente e

natildeo houve um grupo controle pois os exames iniciais foram considerados

como valores basais para efeito comparativo A dose inicial foi fixada em 100

mg por adulto sendo administradas doses subsequentes de 200 500 1000

1500 e 2000 mg com intervalos de uma semana para cada dose A anaacutelise dos

resultados revelou que natildeo houve efeitos significativos nos valores dos

principais paracircmetros hematoloacutegicos e bioquiacutemicos e tambeacutem natildeo foram

observadas alteraccedilotildees nas funccedilotildees hepaacuteticas pancreaacuteticas e renais

Hormocircnios lipiacutedeos glicose soacutedio potaacutessio caacutelcio e foacutesforo tambeacutem

mantiveram valores considerados normais (TABACH et al 2002)

Em relaccedilatildeo aos efeitos adversos a M ilicifolia natildeo possui algum que justifica a

interrupccedilatildeo do tratamento Entre os mais comuns destacam-se cefaleia

sonolecircncia boca seca naacuteuseas dor articular nas matildeos gosto estranho na

boca tremor nas matildeos cistite e poliuacuteria (TABACH et al 2002) Poreacutem

segundo Amaral et al (2005) natildeo eacute recomendado o uso pediaacutetrico pela

ausecircncia de testes Ensaios realizados em ratos mostraram perda embrionaacuteria

antes do periacuteodo de implantaccedilatildeo portanto essa planta natildeo eacute recomendada em

casos de gravidez (MONTANARI BIVILACQUA 2002)

De acordo com estudos realizados em camundongos o abafado de M ilicifolia

foi administrado nesses animais em doses ateacute 360 vezes maiores que a

utilizada pelo homem durante um periacuteodo de dois a trecircs meses Como

resultados natildeo houve mudanccedilas no peso comportamento temperatura

paracircmetros bioquiacutemicos e hematoloacutegicos desses animais (OLIVEIRA CARLINI

1988)

15 FarmacocineacuteticaO modelo da farmacocineacutetica da espinheira-santa eacute estudado por meio de seus

taninos natildeo condensados Epigalocatequina marcada foi administrada por via

oral sendo os picos plasmaacuteticos observados 60 min apoacutes a ingestatildeo Apoacutes

uma dose de 500 mgkg foram detectadas concentraccedilotildees tissulares de 123

mmol no plasma 484 mmol no fiacutegado e 565 mmol no intestino delgado

(Nakagawa amp Miyazawa 1997) Depois da administraccedilatildeo oral de

epigalocatequina-3-galato marcada com triacutetio a ratos cerca de 6 da dose eacute

eliminada na urina e 24 nas fezes nas primeiras 24 horas Uma segunda

dose dada duas horas apoacutes a primeira eleva em cerca de 4 a 6 vezes a

concentraccedilatildeo no plasma e em alguns tecidos Esses dados sugerem uma

meia-vida longa e eliminaccedilatildeo lenta da epigalocatequina-3-galato No final das

24 horas os animais foram sacrificados e essa substacircncia pocircde ser encontrada

no rim ceacuterebro fiacutegado pacircncreas intestino e ossos (Suganuma et al 1998)

Num outro estudo foi avaliada a afinidade da epigalocatequina-3-galato agraves

proteiacutenas do soro Apoacutes uma dose oral a ratos mais de 50 da

epigalocatequina-3-galato absorvida ligou-se agrave proteiacutena do plasma

especialmente a fibronectina o fibrinogecircnio e a HRGP( Histidin Rich

Glicoprotein) proteiacutena plasmaacutetica com 74 kdaltons cuja funccedilatildeo ainda eacute pouco

conhecida (Sazuka et al 1996)

16 PreparaccedilatildeoTendo sido reconhecida a espeacutecie com que se vai trabalhar torna-se

necessaacuterio que se disponha desta espeacutecie em quantidade suficiente para

atender a demanda relacionada a produccedilatildeo do fitoteraacutepico replicaccedilatildeo da

espeacutecie e respectivo controle de qualidade Par a atingir este objetivo a

espeacutecie deve ser cultivada na extensatildeo adequada ao fim que se propotildee tendo-

se aleacutem dos cuidados inerentes ao cultivo de qualquer espeacutecie vegetal a

precauccedilatildeo de nunca utilizar pesticidas ou agrotoacutexicos na aacuterea de cultivo Nos

parece claro que a opccedilatildeo pelo fitoteraacutepico deve vir acompanhada do desejo de

seguranccedila o que natildeo seria conseguido se fossem deixados resiacuteduos de

agrotoacutexicos ou de pesticidas na espeacutecie que iraacute ser usada como mateacuteria-prima

para a produccedilatildeo de medicamento Veja no item 24 os ensaios que devem ser

efetuados no sentido de identificar e quantificar a presenccedila destes e de outros

contaminantes

Dispondo-se entatildeo da espeacutecie vegetal botanicamente selecionada cultivada

sem o uso de agentes quiacutemicos contaminantes iremos seguir tantos passos

quantos sejam necessaacuterios para preparar a espeacutecie vegetal numa droga capaz

de ser armazenada e processada para resultar num preparado intermediaacuterio uacutetil

na preparaccedilatildeo de fitoteraacutepicos Estes passos podem ser enumerados como

sendo Coleta Monda Estabilizaccedilatildeo Secagem Trituraccedilatildeo e Armazenamento

A execuccedilatildeo e finalidade de cada um se acham descrito a seguir

A Coleta eacute realizada atraveacutes da retirada da parte usada da planta procurando

sempre o material mais saudaacutevel em completo desenvolvimento (a menos que

especificado em (contraacuterio como ocorre com a gema terminal de Psidium

guajava) e com o miacutenimo de contaminantes (poeira poluiccedilatildeo adubo insetos

colocircnia de microrganismos etc) A distribuiccedilatildeo de substacircncias

farmacologicamente ativas nas plantas medicinais natildeo se daacute de maneira

homogecircnea em toda a extensatildeo da planta Portanto eacute de se esperar que

apenas alguma parte de uma dada espeacutecie podem ser utilizadas com finalidade

terapecircutica

Atraveacutes de consulta agraves diversas farmacopeias e tratados sobre plantas

medicinais encontramos descriccedilotildees sobre a parte a ser usada de cada espeacutecie

medicinal Pode-se em alguns casos observar que diferentes partes de uma

mesma planta apresentam propriedades inteiramente diferentes como por

exemplo a Punica granam (romatildezeira) cujas cascas do caule satildeo teniacutefugas e

as cascas dos frutos tecircm propriedades anti-inflamatoacuteria e antibioacutetica Em outros

casos toda a planta pode ser utilizada com a mesma finalidade como a

Phylanthus niruri (quebra-pedra) Torna-se imperioso portanto que antes de

qualquer outra etapa da preparaccedilatildeo de uma forma farmacecircutica fitoteraacutepica se

conheccedila qual ou quais partes da espeacutecie escolhida pode ser utilizada

A coleta deve respeitar para cada espeacutecie o melhor periacuteodo correspondente

agravequele onde a espeacutecie apresenta maior teor em substacircncias ativas Tendo isto

em mente relacionamos a seguir orientaccedilotildees geneacutericas quanto ao periacuteodo de

coleta

Formas farmacecircuticas de fitoteraacutepicosPoacute

Eacute a forma farmacecircutica obtida apoacutes a secagem trituraccedilatildeo e tamisaccedilatildeo da

droga Segundo a sua finalidade devem apresentar a tenuidade adequada

conforme a tabela a seguir Pode ser dispensado para uso na preparaccedilatildeo de

chaacutes ou adicionado agrave alimentaccedilatildeo (leite sucos mel etc) O envase deve cuidar

para que natildeo haja absorccedilatildeo de umidade

Formas soacutelidas

Caacutepsulas

Eacute a forma farmacecircutica obtida pela deposiccedilatildeo ordenada da droga seca

triturada e tamisada em caacutepsulas gelatinosas duras ou pelo encapsulamento

de liacutequidos ou semissoacutelidos de natureza lipofiacutelica em caacutepsulas gelatinosas

moles O invoacutelucro rosa utilizado eacute geralmente de natureza proteica e satildeo

portanto incompatiacuteveis com drogas tacircnicas por exemplo Cuidado especial

deve ser tomado com a umidade temperatura e pressatildeo exercida sobre as

caacutepsulas durante o armazenamento e transporte Estes fatores podem levar a

desidrataccedilatildeo ou hidrataccedilatildeo das caacutepsulas que as tornam quebradiccedilas ou

deformadas e coladas Durante a preparaccedilatildeo das caacutepsulas deve-se cuidar para

que o peso das caacutepsulas obtidas seja o mais uniforme possiacutevel podendo-se

garantir isso pela pesagem da quantidade de poacute necessaacuteria para o enchimento

de um nuacutemero determinado de caacutepsulas

O enchimento das caacutepsulas ocorre na oficina farmacecircutica em tabuleiros

especiais constituiacutedos em acriacutelico PVC ou outro poliacutemero apresentando-se no

modelo mais simples apenas como uma base fixa que se encaixa a uma outra

moacutevel e perfurada que recebe o corpo das caacutepsulas sem as tampas A seguir

se distribui de forma homogecircnea a quantidade estipulada de poacute em todas as

caacutepsulas valendo-se de uma espaacutetula plaacutestica e de um dispositivo especial

para prensar o conteuacutedo no interior das caacutepsulas Finalizado o enchimento as

partes super oires (tampas) das caacutepsulas satildeo recolocadas fechando-as e

determina-se o peso meacutedio das mesmas embalando-as imediatamente

A capacidade das caacutepsulas eacute proporcional agrave densidade do poacute e ao tamanho

das caacutepsulas que eacute padronizado em 08 (oito) diferentes tipos listados a seguir

com as respectivas dimensotildees e capacidades em mililitros

Controle de Qualidade

Todas as etapas utilizadas durante o processamento da droga devem ser

monitoradas atraveacutes de ensaios que possam atestar a qualidade da mateacuteria-

prima dos produtos intermediaacuterios e do produto final acabado O objetivo final

tanto do processamento adequado quanto agrave avaliaccedilatildeo da qualidade eacute a

garantia de que o que estaacute sendo produzido na forma como ocorre o processo

produtivo estaacute conduzindo agrave obtenccedilatildeo de um produto com as caracteriacutesticas

necessaacuterias agrave utilizaccedilatildeo para o tratamento de doenccedilas

Droga

A avaliaccedilatildeo da qualidade da droga utilizada na obtenccedilatildeo de fitoteraacutepicos no

Programa Farmaacutecias-Vivas onde o cultivo das espeacutecies vegetais eacute efetuado

pelo laboratoacuterio fabricante do produto deve ser realizada sob os seguintes

aspectos

- Considerando que a droga a ser utilizada corresponde agrave espeacutecie vegetal

esperada conhece-se suas caracteriacutesticas macromorfoloacutegicas aleacutem das suas

caracteriacutesticas sensoriais constituindo a primeira avaliaccedilatildeo que eacute a identidade

da droga

- Determinaccedilatildeo da umidade da droga fresca que deve ser diferenciada de

perda por dessecaccedilatildeo pois outras substacircncias volaacuteteis aleacutem da aacutegua satildeo

evaporadas Pode ser determinada atraveacutes do ensaio volumeacutetrico de Karl

Fischer ou pelo ensaio gravimeacutetrico submetendo a droga a dessecaccedilatildeo em

temperatura ambiente em dessecador com siacutelica ou aacutecido sulfuacuterico

- Mesmo a droga morfologicamente normal pode natildeo apresentar seus

constituintes ativos na quantidade desejada sendo necessaacuterio que sejam

realizados ensaios de identificaccedilatildeo e quantificaccedilatildeo de ativos ou de marcadores

atraveacutes das mais diversas teacutecnicas gravimeacutetrica volumeacutetrica

espectrofotomeacutetrica cromatograacutefica etc

- Avaliaccedilatildeo da contaminaccedilatildeo microbiana da droga principalmente se a mesma

tiver de ser utilizada sem qualquer processamento posterior As drogas que

seratildeo transformadas em uma forma extrativa em soluccedilatildeo hidro-alcooacutelica pode

ter sua carga microbiana reduzida pelo efeito antisseacuteptico do solvente

Preparado Intermediaacuterio

As formas extrativas satildeo obtidas em condiccedilotildees que nem sempre conseguem

retirar a totalidade das substacircncias ativas soluacuteveis no solvente escolhido devido

a diversos fator ES como o tempo e temperatura de maceraccedilatildeo pH do

solvente distribuiccedilatildeo granulomeacutetrica da droga sua umidade residual teor de

substacircncias ativas e velocidade de percolaccedilatildeo Justifica-se entatildeo a

necessidade da realizaccedilatildeo de ensaios de avaliaccedilatildeo da qualidade das formas

extrativas incluindo avaliaccedilotildees fiacutesico-quiacutemicas como aparecircncia cor odor

solubilidade densidade pH e viscosidade avaliaccedilotildees quiacutemicas como o perfil

cromatograacutefico e dosagem das substacircncias ativas ou marcador e avaliaccedilatildeo

microbioloacutegica da quantidade de microrganismos viaacuteveis

Fitoteraacutepico

Independente da forma farmacecircutica final eacute necessaacuterio que sejam realizadas

avaliaccedilotildees na qualidade do produto final da mesma forma que eacute exigido para

os demais tipos de medicamentos Listamos a seguir os ensaios realizados

para cada forma farmacecircutica lembrando que devem ser acrescentados os

ensaios quiacutemicos e microbioloacutegicos

Prazo de Validade

Considerando a jaacute difiacutecil realizaccedilatildeo da avaliaccedilatildeo da qualidade das drogas

utilizadas na obtenccedilatildeo de fitoteraacutepicos pode-se compreender que o

acompanhamento do processo cineacutetico de degradaccedilatildeo dos constituintes do

medicamento natildeo eacute uma estar efe faacutecil No entanto esta avaliaccedilatildeo pode se dar

em diversos niacuteveis

- Avaliaccedilatildeo da estabilidade fiacutesica

Para cada tipo de forma farmacecircutica satildeo descritas as caracteriacutesticas tiacutepicas

como cor odor limpidez densidade viscosidade pH etc que observadas

para um mesmo lote ao longo do tempo de armazenamento forneceratildeo

informaccedilotildees sobre a integridade fiacutesica da formulaccedilatildeo

- Avaliaccedilatildeo da estabilidade quiacutemica

A utilizaccedilatildeo de recursos laboratoriais desde os mais simples ateacute os mais

sofisticados permitem o acompanhamento qualitativo eou quantitativo dos

princiacutepios ativos contidos no produto fitoteraacutepico Por exemplo atraveacutes do

ensaio limite de taninos por diluiccedilotildees sucessivas e adiccedilatildeo de cloreto feacuterrico

pode-se ter uma medida semi-quantitativa do teor destas substacircncias nas

preparaccedilotildees que o contenham Evoluindo a utilizaccedilatildeo de teacutecnica

cromatograacutefica em camada delgada sobre papel ou siacutelica permite a

determinaccedilatildeo do perfil cromatograacutefico para o produto de modo que possa ser

comparado com o obtido em lotes posteriores ou com o mesmo lote ao longo do

tempo de armazenamento

- Avaliaccedilatildeo da estabilidade microbioloacutegica

A verificaccedilatildeo do niacutevel de contaminaccedilatildeo microbiana numa preparaccedilatildeo

medicamentosa fornece informaccedilotildees sobre o niacutevel de higienizaccedilatildeo empregado

durante o processamento da droga ateacute a obtenccedilatildeo do medicamento A

observaccedilatildeo deste mesmo paracircmetro ao longo do tempo fornece informaccedilotildees

sobre a composiccedilatildeo conservante utilizada no produto e a forma de

armazenamento

Teacutecnicas Gerais

Os ensaios laboratoriais de avaliaccedilatildeo da qualidade da droga compreendem

basicamente

- Observaccedilatildeo macroscoacutepica e microscoacutepica da droga fresca e seca inteira e

triturada comparando com o descrito em farmacopeias ou com modelos

botanicamente certificados

- Determinaccedilatildeo de umidade na droga fresca e naquela seca e triturada

evidenciando a quantidade de aacutegua contida na droga receacutem-coletada na droga

s eca e a efetividade do processo de secagem utilizada

- Identificaccedilatildeo e dosagem de substacircncias ativas ou marcadores realizada na

droga seca e triturada onde atraveacutes do acompanhamento da evoluccedilatildeo ao

longo do tempo e o cruzamento dos dados entre os locais e condiccedilotildees de

cultivo seraacute possiacutevel a determinaccedilatildeo das condiccedilotildees ideais para a manutenccedilatildeo

da qualidade das espeacutecies vegetais

- Determinaccedilatildeo da quantidade de mateacuteria orgacircnica estranha na droga seca

triturada grosseiramente demonstrando se a coleta monda secagem e

trituraccedilatildeo foram realizadas a contento sem o risco de contaminaccedilatildeo com outras

espeacutecies

- Determinaccedilatildeo de resiacuteduos de pesticidas para monitorar a forma de realizaccedilatildeo

do controle de pestes atraveacutes da identificaccedilatildeo e dosagem de pesticidas

- Determinaccedilatildeo da presenccedila de arsecircnio e metais pesados como componentes

que satildeo responsaacuteveis por intoxicaccedilotildees e por incompatibilidades nas

preparaccedilotildees liacutequidas de fitoteraacutepicos

- Determinaccedilatildeo da quantidade de microrganismos viaacuteveis atraveacutes da contagem

em placa a de diluiccedilotildees obtidas a partir do liacutequido de lavagem das drogas

evidenciando o grau de contaminaccedilatildeo e a possiacutevel e indesejaacutevel presenccedila de

microrganismos potencialmente patogecircnicos

Garantia de Qualidade

Na produccedilatildeo de fitoteraacutepicos do mesmo modo como ocorre com qualquer outro

medicamento natildeo pode negligenciar qualquer procedimento que possa conduzir

a diminuiccedilatildeo da qualidade do produto final A qualidade se reflete na

reprodutibilidade da qualidade do produto avaliada em laboratoacuterio e no

acompanhamento da sua eficaacutecia terapecircutica e seguranccedila Isto soacute pode ser

conseguido quando para cada forma farmacecircutica de fitoteraacutepico forem

registradas as operaccedilotildees farmacecircuticas que devem ser seguidas agrave risca suas

medidas de controle e definiccedilatildeo das responsabilidades para cada uma das

etapas do processamento

Apenas como ilustraccedilatildeo tomemos como exemplo a produccedilatildeo da tintura de

Alecrim-pimenta (Lippia sidoides Cham) O iniacutecio da preocupaccedilatildeo com a

qualidade se daacute com a seguranccedila de que a espeacutecie cultivada seja realmente

aquela que se deve coletar e em seguida em coletar a parte que realmente

deve ser utilizada e de plantas com aspecto saudaacutevel de desenvolvimento para

a qual as condiccedilotildees de cultivo tenham se apresentado como satisfatoacuterias A

monda que se segue agrave coleta retirando as partes improacuteprias agrave preparaccedilatildeo do

fitoteraacutepico daacute continuidade ao passo anterior na busca de alcanccedilar a qualidade

desejada O processo de dessecaccedilatildeo ocorrendo agrave sombra e agrave temperatura

ambiente preservando os constituintes quiacutemicos ativos e diminuindo a

influecircncia da umidade da planta sobre a sua qualidade e a da soluccedilatildeo extrativa

a ser obtida faz com que a droga obtida possa ser utilizada como mateacuteria-prima

para a obtenccedilatildeo de medicamento O cuidadoso processo de trituraccedilatildeo sem

elevar a temperatura durante o processo e reduzindo a perda de poacute para o

ambiente tambeacutem representa um processo que deve ser realizado com a

devida atenccedilatildeo Depois disso a droga seca e triturada deve ser armazenada

em condiccedilotildees que preservem sua qualidade pelo tempo necessaacuterio ateacute sua

utilizaccedilatildeo com as devidas inscriccedilotildees que atestem sua fonte data de coleta e de

processamento e respectivos responsaacuteveis

A preparaccedilatildeo da soluccedilatildeo hidro-alcooacutelica que seraacute utilizada no processo extrativo

tambeacutem deve ser realizada com bastante cuidado pois a mateacuteria-prima deve

apresentar a qualidade compatiacutevel com sua utilizaccedilatildeo para a produccedilatildeo de

medicamentos aacutegua purificada e aacutelcool farmacecircutico Deve-se observar a

legislaccedilatildeo atual sobre aacutelcool que exige a desnaturaccedilatildeo do aacutelcool

comercializado em farmaacutecias e supermercados e assim natildeo deve servir como

excipiente farmacecircutico Enfim todos os processos interferem com a qualidade

do produto final a ser obtido e devem ser realizados corretamente e as

operaccedilotildees registradas em documento proacuteprio buscando a rastreabilidade de

cada lote de cada produto

Outra etapa da garantia da qualidade essencial para sua implantaccedilatildeo eacute a

validaccedilatildeo de equipamentos e de processos que busca uma evidecircncia

documentada de que os mesmos cumprem satisfatoriamente sua finalidade

quando utilizados ou realizados corretamente

Estas evidecircncias devem ser conseguidas antes mesmo de se iniciar a utilizaccedilatildeo

das instalaccedilotildees para produccedilatildeo de medicamentos Naqueles jaacute em

funcionamento a validaccedilatildeo pode ser realizada atraveacutes da documentaccedilatildeo da

produccedilatildeo passada ou seja uma validaccedilatildeo retrospectiva

Para a produccedilatildeo de medicamentos em pequena escala que natildeo venha a

caracterizar uma produccedilatildeo industrial deve-se buscar a adequaccedilatildeo das

condiccedilotildees de produccedilatildeo armazenamento e dispensaccedilatildeo do produto atraveacutes da

Resoluccedilatildeo RDC ndeg 33 de abril de 2000 que descreve os criteacuterios de Boas

Praacuteticas de Manipulaccedilatildeo

Para a produccedilatildeo industrial de medicamentos a legislaccedilatildeo que trata das Boas

Praacuteticas de Fabricaccedilatildeo e Garantia de Qualidade eacute a Resoluccedilatildeo RDC ndeg 210 de

04 de agosto de 2003 As especificaccedilotildees legais da legislaccedilatildeo sanitaacuteria

brasileira e de outros paiacuteses para materiais vegetais devem incluir tanto quanto

possiacutevel o seguinte

- Nome botacircnico c om referecircncia aos autores

- Detalhes da fonte da planta (paiacutes ou regiatildeo de origem cultivo eacutepoca da

colheita procedimentos de colheita possiacuteveis pesticidas utilizados etc)

- Descriccedilatildeo do material vegetal inspeccedilatildeo visual macro eou microscoacutepica

- Testes de identificaccedilatildeo apropriados incluindo quando convenientes testes de

identificaccedilatildeo para ingredientes ativos conhecidos ou marcadores

- Ensaios quando convenientes dos constituintes de atividade terapecircutica ou

marcadores

- Meacutetodos apropriados para determinaccedilatildeo de possiacuteveis contaminaccedilotildees por

pesticidas e os limites aceitos

- Testes para metais pesados e contaminantes semelhantes materiais

estranhos e adulterantes

- Testes para radiaccedilatildeo aflatoxinas e contaminaccedilatildeo microbiana

Qualquer tratamento usado para reduzir contaminaccedilotildees focircnicas e microbianas

ou outras infestaccedilotildees devem ser documentadas Instrumentos para tais

procedimentos devem ser acessiacuteveis e devem incluir detalhes dos processos

testes e limites residuais

Para a realidade do programa Farmaacutecias-Vivas onde natildeo satildeo utilizados

pesticidas as plantas satildeo cultivadas no local proacuteximo de onde ocorre a

produccedilatildeo do medicamento ou satildeo de origem na mesma regiatildeo e satildeo

processadas logo apoacutes a coleta satildeo feitas exigecircncias menores que as

estabelecidas para maiores escalas de produccedilatildeo Nem assim devemos deixar

de registrar todas as operaccedilotildees realizadas com a droga desde o seu cultivo ateacute

a dispensaccedilatildeo do produto fitoteraacutepico

Dispensaccedilatildeo

Estivemos sempre discorrendo sobre qualidade do produto a ser obtido desde

o cultivo da espeacutecie correta da coleta da parte usada e o seu processamento

mantendo intactos os princiacutepios ativos Conhecemos os motivos que levam a

toda esta preocupaccedilatildeo com a qualidade a responsabilidade do profissional que

o produz e a eficaacutecia e a seguranccedila necessaacuterias para o paciente que o utiliza

Portanto resta-nos dispensar o fitoteraacutepico para que este apresente estas

caracteriacutesticas trans formando o paciente num parceiro consciente do seu

papel no uso cor reto deste recurso terapecircutico

O resgate das praacuteticas populares agora respaldadas pelos estudos cientiacuteficos

seacuterios que atestam a eficaacutecia e seguranccedila das espeacutecies utilizadas no programa

Farmaacutecias-Vivas pode ser abordado no momento da dispensaccedilatildeo do

medicamento ou atraveacutes de apresentaccedilotildees coletivas organizadas e realizadas

pelo Farmacecircutico Alguns cuidados merecem ser observados para natildeo se

incorrer em riscos desnecessaacuterios

- Natildeo referendar o uso de plantas cujo estudo cientiacutefico natildeo tenha apresentado

dados sobre sua eficaacutecia e seguranccedila

- Natildeo recomendar o uso de qualquer planta medicinal para o tratamento de

doenccedilas sem a devida recomendaccedilatildeo meacutedica especializada ou natildeo

- Natildeo recomendar a utilizaccedilatildeo de planta que nos seja desconhecida tanto no

aspecto teoacuterico quanto praacutetico

- Natildeo sugerir a utilizaccedilatildeo de quaisquer praacuteticas com ou sem uso de plantas

medicinais que possa representar um risco potencial ou real de dano fetal

Para nos resguardarmos de quaisquer erros precisamos nos manter atualizados

quanto aos benefiacutecios e riscos da utilizaccedilatildeo das espeacutecies medicinais com as

quais trabalhamos dada agrave impossibilidade de conhecer todas as demais Os

dados obtidos durante a dispensaccedilatildeo e acompanhamento dos pacientes aleacutem

daqueles obtidos durante os ensaios controlados de toxicologia e farmacologia

cliacutenica forneceratildeo a necessaacuteria seguranccedila para realizarmos a dispensaccedilatildeo e

cada vez mais desfazermos o mito do natural ser inoacutecuo

Como exemplo da relaccedilatildeo risco x benefiacutecio de uma preparaccedilatildeo fitoteraacutepica

apresentamos as seguintes informaccedilotildees sobre o Elixir de Aroeira que em

muitos aspectos natildeo houve a quantificaccedilatildeo da intensidade dos efeitos beneacuteficos

nem adversos nem de interaccedilotildees

Forma Medicamento Fitoteraacutepico- Caacutepsula ESPINHEIRA SANTA Maytenus ilicifolia Celastraceae

Medicamento fitoteraacutepico

Parte utilizada Folhas

Nomenclatura popularEspinheira santa cancerosa cancorosa-de-sete-espinhos cancrosa

espinheira-divina espinho-de-Deus maiteno erva-cancrosa erva-santa

ApresentaccedilotildeesCaacutepsula dura - Extrato seco das folhas de Maytenus ilicifolia 380 mg -

Embalagem com 3 bliacutesters contendo 15 caacutepsulas cada

Via oral

Uso adulto

Composiccedilatildeo

Cada caacutepsula conteacutem

Extrato seco de Maytenus ilicifolia380 mg

Excipiente qsp 1 caacutepsula (amido)

equivalente a 133 mg de taninos totais

Informaccedilotildees ao pacientePara que este medicamento eacute indicado

Espinheira Santa eacute indicada para o tratamento da maacute digestatildeo e como

coadjuvante no tratamento de uacutelcera do estocircmago e duodeno

Como este medicamento funciona

Espinheira Santa atua como regulador das funccedilotildees estomacais e promove a

proteccedilatildeo da mucosa gaacutestrica

Quando natildeo devo usar este medicamentobull O medicamento deve ser evitado por menores de 12 anos de idade devido agrave

falta de estudos disponiacuteveis

bull Lactaccedilatildeo e gravidez visto que pode diminuir a secreccedilatildeo de leite e pode

provocar contraccedilotildees uterinas

bull Hipersensibilidade (alergia) a qualquer um dos componentes da foacutermula ou a

outras plantas da famiacutelia Celastraceae

O que devo saber antes de usar este medicamentoPrecauccedilotildees e advertecircncias

bull De acordo com a categoria de risco de faacutermacos destinados agraves mulheres

graacutevidas este medicamento apresenta categoria de risco C Este medicamento

natildeo deve ser utilizado por mulheres graacutevidas sem orientaccedilatildeo meacutedica ou do

cirurgiatildeo dentista

Interaccedilotildees medicamentosas

bull A administraccedilatildeo concomitante de M ilicifolia com bebidas alcooacutelicas e outros

medicamentos natildeo eacute recomendada pois natildeo existem estudos disponiacuteveis

sobre as interaccedilotildees medicamentosas deste fitoteraacutepico

Informe seu meacutedico ou cirurgiatildeo-dentista se vocecirc estaacute fazendo uso de algum

outro medicamento

Onde como e por quanto tempo posso guardar este medicamentoCuidados de conservaccedilatildeo

Espinheira Santa deve ser conservada em temperatura ambiente (entre 15 e

30ordmC) em sua embalagem original Proteger da luz e da umidade

Prazo de validade24 meses apoacutes a data de fabricaccedilatildeo impressa no cartucho

Nuacutemero de lote e datas de fabricaccedilatildeo e validade vide embalagem

Natildeo use medicamento com o prazo de validade vencido

Guarde-o em sua embalagem original

Caracteriacutesticas fiacutesicasCaacutepsulas gelatinosas duras de cor creme

Caracteriacutesticas organoleacutepticas

Cheiro (odor) caracteriacutestico e praticamente natildeo apresenta sabor

Antes de usar observe o aspecto do medicamento Caso ele esteja no prazo

de validade e vocecirc observe alguma mudanccedila no aspecto consulte o

farmacecircutico para saber se poderaacute utilizaacute-lo

Todo medicamento deve ser mantido fora do alcance das crianccedilas

Como devo usar este medicamentoModo de usar

As caacutepsulas devem ser ingeridas inteiras e com uma quantidade suficiente de

aacutegua para que possam ser deglutidas

Posologia

Ingerir duas caacutepsulas via oral trecircs vezes ao dia de oito em oito horas

Siga corretamente o modo de usar Em caso de duacutevidas sobre este

medicamento procure orientaccedilatildeo do farmacecircutico Natildeo desaparecendo os

sintomas procure orientaccedilatildeo de seu meacutedico ou cirurgiatildeo-dentista

Este medicamento natildeo deve ser partido aberto ou mastigado

O que devo fazer quando eu me esquecer de usar este medicamentoCaso haja esquecimento da ingestatildeo de uma dose deste medicamento

retomar a posologia prescrita sem a necessidade de suplementaccedilatildeo

Em caso de duacutevidas procure orientaccedilatildeo do farmacecircutico ou de seu meacutedico ou

do cirurgiatildeo-dentista

Que males este medicamento pode causarReaccedilotildees adversas

Ateacute o momento natildeo foram relatadas reaccedilotildees adversas graves ou que coloquem

em risco a sauacutede dos pacientes

Raramente podem ocorrer casos de hipersensibilidade Neste caso suspender

o uso e procurar orientaccedilatildeo meacutedica

Informe seu meacutedico cirurgiatildeo-dentista ou farmacecircutico do aparecimento de

reaccedilotildees indesejaacuteveis pelo uso do medicamento

Induacutestria Brasileira

Esta bula foi atualizada conforme Bula Padratildeo aprovada pela Anvisa em

12012011

Farmacecircutica resp Dra (Nome )

CRF-PR nordm XXXX Coacuted XXXXX - 012011

Informe tambeacutem agrave empresa atraveacutes do seu Serviccedilo de

Atendimento ao Consumidor

O que fazer se algueacutem usar uma quantidade maior do que a indicada deste medicamentoPlantas ricas em taninos como a M ilicifolia quando usadas em doses

excessivas podem causar irritaccedilatildeo da mucosa gaacutestrica e intestinal gerando

vocircmitos coacutelicas intestinais e diarreia

Em caso de super dosagem suspender o uso e procurar orientaccedilatildeo meacutedica de

imediato Em caso de uso de grande quantidade deste medicamento procure

rapidamente socorro meacutedico e leve a embalagem ou bula do medicamento se

possiacutevel Siga corretamente o modo de usar natildeo desaparecendo os sintomas

procure orientaccedilatildeo meacutedica

Conclusatildeo

A espinheira-santa (M ilicifolia) eacute um fitoteraacutepico de relevante accedilatildeo terapecircutica

principalmente antiulcerogecircnica dada sua eficaacutecia farmacoloacutegica e seguranccedila

Vale lembrar que por ausecircncia de estudos ela natildeo eacute recomenda para crianccedilas

e natildeo deve ser usada por gestantes pois estudos em camundongos (fecircmeas e

graacutevidas) indicaram um decreacutescimo significativo do nuacutemero de embriotildees aleacutem

de possuir atividade estrogecircnica que pode interferir na receptividade uterina do

embriatildeo Entre suas atividades farmacoloacutegicas destaca-se a atividade

antiulcerogecircnica que pode ser comparada agrave accedilatildeo da ranitidina e da cimetidina

Por ser morfologicamente parecida com as espeacutecies S bonplandii e Z ilicifolia

ela eacute comumente confundida e ateacute mesmo trocada intencionalmente

A utilizaccedilatildeo de maneira errocircnea das espeacutecies botacircnicas que natildeo satildeo a

verdadeira espinheira-santa (M ilicifolia) pode acarretar danos agrave sauacutede dos

pacientes Assim conclui-se que essas espeacutecies conhecidas como

adulterantes podem trazer malefiacutecios pois ainda faltam estudos que

comprovem suas atividades farmacoloacutegicas e principalmente a seguranccedila

terapecircutica Poreacutem natildeo se deve descartar o uso dessas espeacutecies e sim

realizar estudos mais concretos para que essas plantas assim como a

verdadeira espinheira-santa possam auxiliar no tratamento farmacoloacutegico da

populaccedilatildeo

Referecircncias Bibliograacuteficas

Ralph Santos-Oliveira Simone Coulaud-Cunha Waldeciro Colaccedilo

Revisatildeo da Maytenus ilicifolia Mart ex Reissek Celastraceae

Contribuiccedilatildeo ao estudo das propriedades farmacoloacutegicas Rev Bras

Farmacogn Braz J Pharmacogn 19(2B) AbrJun 2009

Wilker Marlon de Moraes Jesus Tarciacutesio Neves da Cunha Estudo das

propriedades farmacoloacutegicas da espinheira-santa (Maytenus ilicifolia

Mart ex Reissek) e de duas espeacutecies adulterantes Revista Sauacutede e

Desenvolvimento vol ndash nordm 1 Jan ndash Jun 2012

MARIOT MP1 BARBIERI RL2 Engenheiro Agrocircnomo Dr prof do

Conjunto Agroteacutecnico ldquoVisconde da GraccedilardquoUniversidade Federal de

Pelotas (mariotufpeltchebr) ndash Av Ildefonso Simotildees Lopes 2791

Pelotas-RS CEP 96060-290 2Bioacuteloga Dr pesquisadora da Embrapa

Clima Temperado (barbiericpactembrapabr) ndash BR 392 km 78 caixa

postal 403 Pelotas-RS CEP 96001-970 (endereccedilo para

correspondecircncia) Metaboacutelitos secundaacuterios e propriedades medicinais da

espinheira-santa (Maytenus ilicifolia Mart ex Reiss e M aquifolium

Mart)

CARLINI EA Braz S Efeito protetor do liofilizado obtido do abafado de

Maytenus Sp (espinheira-santa) contra uacutelcera gaacutestrica experimental em

ratos In Estudo da accedilatildeo antiuacutelcera gaacutestrica de plantas brasileiras

(Maytenus ilicifolia) Espinheira santa e outras Brasiacutelia CEMEAFIP

1988 p21-35MACAUBAS CIP et al Estudo da eventual accedilatildeo

antiuacutelcera gaacutestrica do baacutelsamo (Sedum sp) folha da fortuna

(Bryophyllum calcium) couve (Brassica oleraceae) e da Espinheira

santa (Maytenus ilicifolia) em ratos In Estudo da accedilatildeo antiuacutelcera

gaacutestrica de plantas brasileiras (Maytenus ilicifolia) Espinheira santa e

outras Brasiacutelia CEMEAFIP 1988 p 5-20

Olivia Werner Oliveira Pedro Ros Petrovick Secagem por aspersatildeo

(spray drying) de extratos vegetais bases e aplicaccedilotildees Revista

Brasileira de Farmacognosia Brazilian Journal of Pharmacognosy 20(4)

641-650 AgoSet 2010

Marianne Christina Scheffer Capitulo 17 Produccedilatildeo de espinheira-santa

(Maytenus ilicifolia Mart ex Reiss) na regiatildeo metropolitana de Curitiba

Paranaacute Brasil

Said gonccedilalves da cruz fonsacircca Farmacoteacutecnica de Fitoteraacutepicos2005

Os autores estabeleceram um protocolo para organogecircnese total de placircntulas

de M ilicifolia de matrizes selecionadas para produccedilatildeo de compostos para

estudos fitoquiacutemicos utilizando como explante gemas axilares

Derivados dos triterpenos friedelano satildeo tiacutepicos das famiacutelias Celastraceae e

Hippocrateaceae (Buffa Filho et al 2002) Estes autores atraveacutes do

desenvolvimento de um meacutetodo HPLC (High Performance Liquid

Chromatography) fase-reversa para a quantificaccedilatildeo de triterpenos em cinco

tipos morfoloacutegicos de Maytenus ilicifolia identificaram os compostos 20 1048576-

hidroximaitenina e 22 hidroximaitenina em baixa concentraccedilatildeo aleacutem de

maitenina celastrol e pristimerina em alta concentraccedilatildeo

Os triterpenos friedelan-3-ol friedelina (Figura 3) e compostos polifenoacutelicos

presentes em M ilicifolia e M aquifolium satildeo citados por Cordeiro et al (1999)

como componentes eficientes no tratamento de uacutelceras e gastrites estomacais

Os autores caracterizaram triterpenos de extratos ndash obtidos por extraccedilatildeo direta

com etilacetato ndash de folhas destas duas espeacutecies atraveacutes de HRGC-MS

(cromatografia gasosa de alta resoluccedilatildeo e espectrometria de massas) O perfil

cromatograacutefico foi semelhante para ambas as espeacutecies diferindo na

concentraccedilatildeo relativa de alguns compostos Estes dois triterpenos foram

tambeacutem destacados por Vilegas et al (1995) e Lanccedilas et al (1997) como os

mais importantes nas duas espeacutecies de espinheira-santa para o tratamento de

uacutelcera gaacutestrica Os primeiros propuseram uma teacutecnica raacutepida para identificar

friedelan-3-ol e friedelina ndash atraveacutes de cromatografia gasosa com alta

temperatura de capilaridade em coluna polar ndash o que permite a distinccedilatildeo entre

extratos alcooacutelicos aquosos de espinheira-santa autecircnticos e falsos (quando

satildeo misturadas folhas de outras espeacutecies como de Sorocea bomplandii) Os

uacuteltimos desenvolveram um meacutetodo para extraccedilatildeo de princiacutepios ativos em

espinheira-santa atraveacutes de uma adaptaccedilatildeo do SFE (extraccedilatildeo com fluido

supercriacutetico) com baixo custo Atraveacutes da utilizaccedilatildeo do CO2 e etanol 10

como fluido extrator conseguiram resultados satisfatoacuterios na obtenccedilatildeo dos

triterpenos O sistema SFE desenvolvido pelos autores foi mais eficiente sendo

uma alternativa aos outros meacutetodos por ser mais raacutepido aleacutem de permitir uma

flexibilidade de escolha do fluido extrator entre gases ou solventes liacutequidos a

condiccedilotildees ambientes Mossi et al (2004) ao caracterizarem quimicamente

extratos de M ilicifolia ndash obtidos atraveacutes da utilizaccedilatildeo de CO2 em alta pressatildeo

ndash observaram que a temperatura de extraccedilatildeo e a densidade do solvente

exerceram um efeito importante sobre o rendimento liacutequido do extrato e a

distribuiccedilatildeo quiacutemica dos compostos volaacuteteis ao contraacuterio do tamanho de

partiacutecula e da taxa de fluxo de CO2 Apesar dos triterpenos friedelan-3-ol e

friedelina terem sido destacados como sendo compostos eficientes no

tratamento anti-uacutelcera gaacutestrica Queiroga et al (2000) em pesquisa realizada

com ratos mostraram que estes triterpenos natildeo apresentam esta accedilatildeo

farmacoloacutegica

FIGURA 3 Estrutura molecular dos triterpenos friedelan-3-ol e friedelina (Mossi 2003) dos flavonoacuteides canferol e quercetina e do tanino condensado (Cardoso et al 2001) encontrados em espinheira-santa

Os taninos e flavonoacuteides satildeo compostos fenoacutelicos presentes em espinheira-

santa que tambeacutem podem ter accedilatildeo em doenccedilas estomacais (Gonzales et al

2001) Os taninos satildeo compostos de sabor adstringente derivados de

fenilpropanos capazes de formar complexos com proteiacutenas accediluacutecares e

alcaloacuteides indoacutelicos (Cardoso et al 2001) Dividem se em duas categorias

derivados de esqueletos (C6-C1)n chamados de taninos hidrosoluacuteveis e

derivados de esqueletos (C6-C3-C6)n chamados de taninos condensados

(Figura 3) ou proantocianidinas Os taninos hidrolizaacuteveis possuem rotas

biossinteacuteticas ainda desconhecidas Sabe-se que seu precursor eacute o aacutecido

gaacutelico ou seu diacutemero de condensaccedilatildeo o aacutecido elaacutegico Os taninos

condensados satildeo biossintetizados pelas condensaccedilotildees de derivados de aacutecido

chiquiacutemico e unidades de malonil-CoA levando agrave formaccedilatildeo das catequinas

Estas satildeo importantes precursoras das proantocianidinas (taninos

condensados) e antocianidinas Caracterizam-se por serem oligocircmeros e

poliacutemeros formados pela policondensaccedilatildeo de duas unidades flavonoiacutedicas

(flavan-3-ol e flavan-34-diol) portanto tambeacutem satildeo considerados compostos

flavonoacuteides sendo tambeacutem denominados de flavolanas diferenciando-se dos

taninos hidrolisaacuteveis por natildeo possuiacuterem resiacuteduos glicosiacutedeos em sua estrutura

Segundo o autor entre as atividades farmacoloacutegicas que os taninos

condensados apresentam ndash quando complexados com proteiacutenas ndash destacam-

se a proteccedilatildeo da mucosa do estocircmago em tratamento de uacutelcera peacuteptica as

propriedades anti-inflamatoacuterias e cicatrizantes e o bloqueio da formaccedilatildeo da

placa dental atraveacutes da inibiccedilatildeo da glicosiltransferase produzida por bacteacuterias

bucais

Atraveacutes de estudo fitoquiacutemico em extrato de M aquifolium Gonzales et al

(2001) identificaram triterpenos taninos e flavonoacuteides Em testes de

laboratoacuterio os autores mostraram a accedilatildeo antiulcerogecircnica e analgeacutesica do

extrato desta espeacutecie Eles destacaram que os triterpenos apresentam

habilidade na estimulaccedilatildeo da siacutentese de muco ou manutenccedilatildeo do conteuacutedo de

prostaglandina ndash componente com atividade antiulcerogecircnica ndash da mucosa

gaacutestrica em altos niacuteveis Foi sugerido ainda que componentes antioxidantes

como os taninos e os flavonoacuteides podem ter accedilatildeo contra lesotildees gaacutestricas

Os flavonoacuteides existem em abundacircncia no reino vegetal encontrados em sua

maioria nas angiospermas (Cardoso et al 2001) Caracterizam se

estruturalmente por serem polifenoacutelicos derivados de C6-C3-C6 ligados na

orientaccedilatildeo cabeccedila-cauda e que podem conter como substituintes hidroxilas

ou seus derivados funcionais tais como eacutesteres metoxilas aleacutem de

glicosiacutedeos isoprecircnicos presos em posiccedilotildees especiacuteficas dos aneacuteis Os

flavonoacuteides tecircm como precursores a fenilalanina e a acetil-CoA

Satildeo originados de reaccedilotildees de derivados do aacutecido chiquiacutemico e derivados do

acetato Os flavonoacuteides satildeo divididos nas seguintes classes flavonas

flavonoacuteis antocianinas e isoflavonoacuteides esta uacuteltima restrita agrave famiacutelia Fabaceae

Os compostos mais importantes encontrados nos vegetais para cada uma das

trecircs primeiras classes satildeo flavonas ndash apigenina e luteolina flavonoacuteis ndash

canferol quercetina miricetina e galangina antocianinas ndash cianidina e

malvidina

Ao analisarem quantitativamente por HPLC flavonoacuteides em infusatildeo aquosa de

folhas de M ilicifolia e M aquifolium Leite et al (2001) identificaram um novo

composto deste grupo na primeira espeacutecie Os autores destacaram que os

flavonoacuteides podem mediar uma variaccedilatildeo de mecanismos relacionados agrave

atividade anti-cacircncer anti-tumor e anti-oxidante esta uacuteltima relacionada agrave

caracteriacutestica anti-uacutelcera Os flavonoacuteides tetra-glicosilados satildeo uacuteteis como

marcadores quiacutemicos para o controle de qualidade em Maytenus

Dois novos tetraglicosiacutedeos ndash pertencentes aos grupos dos 3-O-glicosiacutedeos de

quercetina e canferol que satildeo os mais importantes entre os flavonoacuteides ndash

foram isolados por Vilegas et al (1999) a partir da infusatildeo de folhas de M

aquifolium Os flavonoacuteides quercetina e canferol estatildeo representados na Figura

3 com indicaccedilatildeo dos grupos hidroxila (3) que satildeo glicosilados para formar os

3-O-glicosiacutedeos de quercetina e canferol Os autores identificaram a accedilatildeo anti-

uacutelcera da infusatildeo de espinheira-santa em que o aumento da dose levou ao

decreacutescimo do nuacutemero de uacutelceras em ratos sendo a dose de 800 mg kg-1 a

mais eficiente A maior atividade foi verificada em uacutelceras do tipo III que satildeo as

mais severas Foi ainda destacado que o isolamento de flavonoacuteides

poliglicosilados da infusatildeo de M aquifolium seraacute uacutetil para validaccedilatildeo destes

componentes como marcadores quiacutemicos como jaacute anteriormente descrito por

Vilegas et al (1998) ndash que distinguiram atraveacutes da teacutecnica HPTLC (High

Performance Thin Layer Chromatographic) amostras autecircnticas de M ilicifolia

e M aquifolium e amostras alteradas com Sorocea bomplandii uma espeacutecie

muitas vezes confundida com a espinheirasanta devido agrave morfologia similar da

folha

5 Aspectos silviculturais

Os coletores tradicionais possuem noccedilotildees empiacutericas sobre o manejo das

espeacutecies em seu ambiente natural (eacutepoca e frequecircncia de coleta suportada

pela espeacutecie ambientes em que ocorrem cuidados com os indiviacuteduos no

momento da coleta para que possam rebrotar) Por exemplo ensinam que a

espinheira-santa deve ser coletada quebrando os ramos e natildeo cortando-os

Alguns coletores dizem que isto eacute necessaacuterio para que a planta tenha efeito

medicinal outros que se os ramos forem cortados a aacutervore natildeo rebrota Fato

eacute que os ramos que satildeo quebrados satildeo mais finos do que se for utilizado um

instrumento cortante e isto certamente tem influecircncia sobre a regeneraccedilatildeo dos

indiviacuteduos Outra informaccedilatildeo dos coletores tradicionais eacute que as folhas de uma

determinada aacutervore devem ser colhidas com intervalos de dois anos Dizem

que eacute o tempo necessaacuterio para a aacutervore se recuperar Poreacutem nos plantios

verifica-se que a regeneraccedilatildeo ocorre em um ano Entretanto como os frutos

satildeo formados em ramos do ano anterior esta recomendaccedilatildeo pode estar ligada

ao manejo da espeacutecie garantindo o tempo miacutenimo necessaacuterio para que se

reproduza Com o mesmo objetivo os produtores deixam algumas aacutervores sem

colher para que produzam sementes garantindo assim regeneraccedilatildeo

natural e mais recentemente como fonte de sementes para plantios

Conhecem a forma de distribuiccedilatildeo da espinheira-santa e percorrem grandes

distacircncias para localizar boas aacutereas de coleta com um nuacutemero significativo de

aacutervores Costumam dar intervalos de um ou mais anos entre as coletas num

mesmo local ou coletam as folhas somente de um lado da planta e no ano

seguinte do outro lado

Haacute ainda os curiosos pessoas sem tradiccedilatildeo em coleta de plantas que por

necessidade econocircmica e por residirem proacuteximo a aacutereas em que a espeacutecie

ocorre satildeo contratadas por coletores tradicionais ou por compradores de

plantas para realizarem a coleta da espinheira-santa e outras espeacutecies

medicinais que ocorrem nas proximidades de sua residecircncia

6 Os produtores de espinheira-santa e seu contexto socioeconocircmico

A populaccedilatildeo da Regiatildeo Metropolitana de Curitiba eacute formada por descendentes

de europeus que integraram as diversas correntes migratoacuterias estimuladas no

seacuteculo XIX Tecircm-se assim principalmente descendentes de alematildees

italianos atividade agropecuaacuteria agrave qual incorporaram praacuteticas extrativistas que

jaacute eram atividade agropecuaacuteria agrave qual incorporaram praacuteticas extrativistas que jaacute

eram exercidas pelos caboclos descendentes dos antigos colonizadores

portugueses e iacutendios da regiatildeo No municiacutepio de Campo Largo haacute 1469

estabelecimentos rurais dos quais 1164 exercem atividades ligadas agrave

agricultura ou silvicultura

Segundo o Censo realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica

IBGE em 2000 a populaccedilatildeo rural era de 15580 pessoas (IPARDES 2001)

Destas cerca de 50 estatildeo envolvidas na produccedilatildeo no processamento e na

comercializaccedilatildeo da espinheira-santa

Haacute vaacuterios tipos de produtores de mateacuteria-prima

(a) coletores tradicionais cuja uacutenica atividade econocircmica eacute a coleta de plantas

medicinais inclusive espinheira-santa

(b) coletores de plantas medicinais que tambeacutem cultivam espeacutecies alimentiacutecias

Neste caso a coleta de plantas medicinais visa agrave complementaccedilatildeo da renda

(c) agricultores que cultivam e coletam plantas medicinais

(d) agricultores natildeo coletores que soacute cultivam plantas medicinais

A coleta eou o cultivo de espinheira-santa eacute de uma estrateacutegia de obtenccedilatildeo de

renda diversificada e natildeo passa em meacutedia de 17 da renda familiar Os

coletores recebem em geral R$040kg de planta fresca (folhas com ramos

finos) Apoacutes secagem satildeo comercializadas por R$250 a 350kg As folhas de

plantas cultivadas podem alcanccedilar entre R$800 e 1200kg (soacute folha seca)

7 Processamento da espinheira-santa

Apoacutes a coleta os ramos com folhas satildeo levados ateacute a propriedade do coletor

onde as folhas satildeo selecionadas e secas ou entregues diretamente ao

comprador A secagem pode ser feita agrave sombra ou em secador com fluxo de ar

aquecido Quando o coletor natildeo dispotildee de secador proacuteprio ele costuma secar

as folhas no secador de algum vizinho que recebe como pagamento parte da

produccedilatildeo Para a secagem satildeo utilizados vaacuterios modelos de secadores O

combustiacutevel utilizado pode ser lenha gaacutes ou serragem Alguns secadores

contam com controle de temperatura Dependendo das especificaccedilotildees feitas

pelo comprador depois de secas as folhas satildeo separadas dos ramos e

rasuradas Depois o produto eacute embalado em sacos de malha de juta ou de

polipropileno com ou sem revestimento de papel Depois eacute armazenado ou

enviado diretamente para o mercado (comercializado) A venda pode ser feita

para atacadistas laboratoacuterios de fitoteraacutepicos ou induacutestrias alimentiacutecias Nas

induacutestrias o material eacute submetida a uma nova seleccedilatildeo de acordo com o

controle de qualidade da empresa Geralmente verifica-se a contaminaccedilatildeo

microbioloacutegica e macroscoacutepica No caso dos laboratoacuterios de fitoteraacutepicos

tambeacutem satildeo analisados os constituintes quiacutemicos

Nas induacutestrias de alimentos as folhas rasuradas sofrem nova fragmentaccedilatildeo e

satildeo envasadas em embalagens de 10 a 30 g eou na forma de saches teabag

e embaladas em caixas de papelatildeo sendo comercializadas de forma

semelhante a outros chaacutes Ao chegar ao consumidor final na forma de folhas

rasuradas e embaladas o preccedilo varia entre R$3000 a 5000kg em

embalagens de 05 a 1 kg e entre R$8000 a R$10000Kg em embalagens de

10 a 30 g

Nos laboratoacuterios de fitoteraacutepicos as formas de apresentaccedilatildeo da espinheira-

santas satildeo (a) em saches ou a granel misturadas a ervas para problemas

digestivos numa composiccedilatildeo preacute-definida (b) em caacutepsulas gelatinosas

contendo 350 a 400 mg de folhas moiacutedas (c) em tintura de espinheira-santa

para cuja obtenccedilatildeo as folhas satildeo submetidas agrave extraccedilatildeo geralmente

hidroalcooacutelica (d) em comprimidos para o que se utiliza o extrato seco das

folhas

8 Mercado e comercializaccedilatildeo

Geralmente a venda eacute feita pelo proprietaacuterio do secador em grandes

quantidades para intermediaacuterios laboratoacuterios de fitoteraacutepicos ou induacutestrias

alimentiacutecias (Figura 3) Alguns produtores para agregar valor fazem

embalagens com pequenas quantidades (10 a 30 g) que comercializam em

feiras e mercados como alimento Esta forma de comercializaccedilatildeo eacute feita por

produtores que tecircm faacutecil acesso a um mercado consumidor significativo como

Figura 3 Fluxograma de produccedilatildeo e comercializaccedilatildeo de espinheira-santa (Maytenus ilicifolia)

por exemplo supermercados farmaacutecias ou feiras Entretanto haacute muitas

exigecircncias impostas pela legislaccedilatildeo de vigilacircncia sanitaacuteria para

comercializaccedilatildeo diretamente ao consumidor final Os atacadistas situados em

sua grande maioria no estado de Satildeo Paulo adquirem o produto no Paranaacute e

distribuem para as demais regiotildees do Brasil e tambeacutem para o exterior Eacute

comum que empresas do Paranaacute adquiram folhas de espinheira-santa

originaacuterias do proacuteprio Estado dos atacadistas de Satildeo Paulo Isto reflete a

falta de organizaccedilatildeo dos produtores que natildeo conseguiram ainda divulgar a

regiatildeo como centro produtor de plantas medicinais

As induacutestrias alimentiacutecias apoacutes embalar o produto revendem-no para os

supermercados Os laboratoacuterios de fitoteraacutepicos apoacutes fabricar o medicamento

normalmente realizam a comercializaccedilatildeo por meio de distribuidores de

produtos farmacecircuticos ou diretamente para grandes redes de farmaacutecias que

realizam a distribuiccedilatildeo internamente

9 Poliacuteticas relacionadas com a exploraccedilatildeo e comercializaccedilatildeo

A produccedilatildeo e comercializaccedilatildeo da espinheira-santa estaacute sujeita agrave legislaccedilatildeo

ambiental e agrave de vigilacircncia sanitaacuteria A primeira estabelece as normas para

registro de pessoas fiacutesicas ou juriacutedicas que consomem exploram ou

comercializam mateacuteria-prima florestal inclusive produtos florestais natildeo

madeireiros (Brasil 1985 Brasil 1995 Brasil 2000) Os coletores sabem que

devem obter registro de coletor e comerciante de plantas nativas junto aos

oacutergatildeos de fiscalizaccedilatildeo ambiental estadual e federal (respectivamente Instituto

Ambiental do Paranaacute IAP e Instituto Brasileiro de Meio Ambiente IBAMA) A

legislaccedilatildeo prevecirc ainda que ao realizar a coleta de uma planta os coletores e

produtores devem ter uma autorizaccedilatildeo fornecida com base num plano de

manejo Este plano deve apresentar as teacutecnicas e estrateacutegias que seratildeo

adotadas para garantir a sustentabilidade da exploraccedilatildeo

Na delegacia do IBAMA do Paranaacute haacute somente dois coletores de plantas

medicinais registrados poreacutem eles natildeo apresentam regularmente pedidos de

autorizaccedilatildeo de coleta acompanhados dos respectivos planos de manejo No

periacuteodo em que efetuamos esta pesquisa o oacutergatildeo estadual ainda natildeo havia

definido as normas que devem ser seguidas pelos interessados na obtenccedilatildeo

das autorizaccedilotildees de coleta de plantas

Uma das razotildees eacute que natildeo se dispotildee ainda de todas as informaccedilotildees teacutecnicas

necessaacuterias para a elaboraccedilatildeo do plano Apesar de oacutergatildeos de pesquisa e de

extensatildeo e das universidades estarem realizando estudos com o objetivo de

estabelecer os criteacuterios teacutecnicos natildeo existia ateacute 2002 nenhum plano de

manejo efetivamente implantado

Outro problema eacute a falta de integraccedilatildeo na atuaccedilatildeo dos oacutergatildeos de fiscalizaccedilatildeo

federal estadual e municipal o que torna a regularizaccedilatildeo junto a estes oacutergatildeos

muito complexa e cara para os produtores

Para que o produtor possa comercializar seu produto no varejo ele deve

atender agraves exigecircncias da legislaccedilatildeo sanitaacuteria que estatildeo muito acima da

capacidade econocircmica da maioria dos coletores e agricultores O produto

deve ainda estar dento dos limites estabelecidos de contaminaccedilatildeo por

microorganismos Quando o produto eacute apresentado como fitoteraacutepico as

exigecircncias aumentam ainda mais envolvendo seu registro com comprovaccedilatildeo

dos constituintes quiacutemicos marcadores e da atividade farmacoloacutegica e a

padronizaccedilatildeo do produto Ateacute mesmo os laboratoacuterios tecircm dificuldade em

atender as exigecircncias da legislaccedilatildeo atual Natildeo obstante o produto chega ao

mercado nas mais variadas formas envasado em sachecircs em caacutepsulas como

tintura misturado a ervas para problemas gaacutestricos entre outras

10 Influecircncia do ambiente na produccedilatildeo de compostos bioativos e perspectivas para o melhoramento geneacutetico de espinheira-santa

A influecircncia do ambiente na produccedilatildeo de polifenoacuteis totais polifenoacuteis natildeo

tanantes e taninos em M ilicifolia foram estudados por Radomski (1998) tendo

sido observado que a luminosidade eacute o principal fator que influencia na

produccedilatildeo destes compostos Plantas que se encontram em pleno sol

apresentam maior concentraccedilatildeo destas substacircncias As correlaccedilotildees entre

luminosidade e polifenoacuteis totais (083) polifenoacuteis natildeo tanantes (092) e taninos

(078) foram altas e significativas

Foram observadas diferenccedilas na morfologia foliar e na concentraccedilatildeo de taninos

em folhas de M ilicifolia de diferentes procedecircncias no Rio Grande do Sul

(Bernardi amp Wasicki 1959) Folhas de plantas desenvolvidas a pleno sol eram

menores com espinhos nas margens em nuacutemero reduzido e apresentavam

maior concentraccedilatildeo de taninos Em plantas de espinheira-santa desenvolvidas

em ambiente com alta luminosidade Radomski (1998) observou que as folhas

das plantas eram mais amareladas mais espessas e com espinhos mais

pronunciados caracterizando formas tiacutepicas de adaptaccedilatildeo de plantas de

sombra expostas agrave luz solar total A autora avaliou a aacuterea foliar o peso de

folhas e o peso especiacutefico de folhas em ambientes com diferentes intensidades

luminosas A aacuterea foliar foi menor e o peso especiacutefico das folhas foi maior nas

plantas desenvolvidas a pleno sol quando comparadas agraves dos outros

ambientes com menor luminosidade O peso especiacutefico de folhas apresentou

altas correlaccedilotildees para concentraccedilatildeo de polifenoacuteis totais (087) polifenoacuteis natildeo

tanantes (082) e taninos (083) Estes compostos contribuem para o

incremento da biomassa foliar Radomski et al (2004) relata a grande

influecircncia do ambiente sobre a composiccedilatildeo fitoquiacutemica da espinheira-santa

como concentraccedilotildees diferenciadas de taninos e polifenoacuteis totais em plantas

coletadas em ambientes diferentes

A autora destaca tambeacutem que os ramos de M ilicifolia podem contribuir com

uma parcela significativa na produccedilatildeo de compostos fitoteraacutepicos como

taninos e polifenoacuteis totais

Em trabalho envolvendo a anaacutelise fitoquiacutemica em populaccedilotildees de M ilicifolia do

Mato Grosso do Sul Paranaacute Santa Catarina e Rio Grande do Sul Mossi

(2003) observou uma grande variabilidade ndash que foi maior dentro das

populaccedilotildees ndash para concentraccedilatildeo dos metaboacutelitos secundaacuterios limoneno geranil

acetato aacutecido palmiacutetico fitol esqualeno vitamina E stigmasterol friedelan-3-

ol friedelin friedelan-3-one Atraveacutes de anaacutelise de agrupamentos (UPGMA) o

autor natildeo identificou uma relaccedilatildeo entre os grupos formados e as caracteriacutesticas

ambientais dos locais de coleta o que pode indicar uma maior influecircncia das

variaacuteveis locais como microclima insolaccedilatildeo condiccedilotildees nutricionais do solo

idade da planta entre outros sobre a concentraccedilatildeo dos compostos analisados

do que as condiccedilotildees macro ambientais

Foram observadas por Buffa Filho et al(2002) diferenccedilas nas concentraccedilotildees

de triterpenos entre plantas com morfologia de folha diferentes sendo que os

compostos 22 hidroximaitenina e celastrol foram encontrados em plantas de

dois tipos morfoloacutegicos

O melhoramento geneacutetico em plantas medicinais visa produzir variedades que

possuam alto rendimento de substacircncias desejadas e que as mantenham em

niacuteveis conhecidos para padronizar a dosagem quando da aplicaccedilatildeo

farmacoloacutegica (Oliveira et al 2003) Eacute importante o aumento da massa seca

eou fresca ou ainda o aumento do teor de princiacutepios ativos em determinado

oacutergatildeo vegetal de modo que estas caracteriacutesticas sejam mantidas nas geraccedilotildees

seguintes O produto do melhoramento de plantas medicinais eacute o princiacutepio ativo

ou o fitocomplexo Outros objetivos satildeo resistecircncia a pragas e doenccedilas e

toleracircncia a condiccedilotildees adversas de ambiente

Como o ambiente tem grande influecircncia na produccedilatildeo de metaboacutelitos

secundaacuterios a interaccedilatildeo genoacutetipo x ambiente eacute um fator importante para ser

analisado no melhoramento de plantas medicinais A possibilidade do melhor

genoacutetipo em um ambiente natildeo o ser em outro influencia o ganho de seleccedilatildeo e

dificulta a recomendaccedilatildeo de cultivares com ampla adaptabilidade (Cruz amp

Regazzi 2001) O conhecimento da herdabilidade dos caracteres de interesse

tambeacutem eacute fundamental para que a seleccedilatildeo seja aplicada com sucesso de

forma que o valor fenotiacutepico de um caraacuteter possa servir como guia para o valor

geneacutetico (aditividade) (Carvalho et al 2001)

Em teste de progecircnies realizado com espinheira-santa Mariot (2005)

identificou uma alta herdabilidade para todos os caracteres (velocidade de

emergecircncia estatura de planta diacircmetro agrave base do caule taxa de crescimento

tamanho de folha e nuacutemero de espinhosfolha) o que evidencia o forte controle

do fator geneacutetico sobre o fenoacutetipo O autor observou ainda altos valores para os

coeficientes de variaccedilatildeo geneacuteticos (CVG) que aliado aos baixos valores para

os coeficientes de variaccedilatildeo devido ao erro experimental (CVE) proporcionaram

iacutendices maiores que 10 para o quociente (relaccedilatildeo CVGVE) em todas as

variaacuteveis analisadas o que eacute um bom indicador para seleccedilatildeo em programas de

melhoramento Este resultado eacute importante para a seleccedilatildeo com base em

caracteres relacionados com o crescimento pois a espinheira-santa eacute

considerada de crescimento lento O tamanho de folha em espinheira-santa

caso apresente relaccedilatildeo com o aumento da biomassa e maior concentraccedilatildeo de

metaboacutelitos secundaacuterios que tenham accedilatildeo farmacoloacutegica pode ser um caraacuteter

importante de se considerar na seleccedilatildeo em programas de melhoramento Os

altos iacutendices dos paracircmetros geneacuteticos evidenciados em trabalho desenvolvido

por Mariot (2005) mostram a eficiecircncia na seleccedilatildeo para estes caracteres

Considerando a necessidade de uniformidade nos teores de princiacutepios ativos

exigidos pelas induacutestrias farmacecircuticas e o fato da espinheira santa ser de

fecundaccedilatildeo cruzada os programas de melhoramento desta espeacutecie que vise

atender estas exigecircncias deve utilizar a propagaccedilatildeo vegetativa

Estudos relacionados agrave cultura de tecidos de M ilicifolia e M aquifolium

tornam-se portanto fundamentais Na aacuterea de biotecnologia foi citado por

Corsino et al (1998a) o uso de Agrobacterium como vetor para aumentar a

produccedilatildeo de triterpenos em programa de melhoramento geneacutetico de espinheira

santa

O conhecimento da associaccedilatildeo entre caracteres eacute de grande importacircncia nos

trabalhos de melhoramento principalmente se a seleccedilatildeo em um deles

apresenta dificuldades em razatildeo da baixa herdabilidade eou tenha problemas

de mediccedilatildeo e identificaccedilatildeo (Cruz amp Regazzi 2001) Para tanto o melhorista

pode estimar as correlaccedilotildees fenotiacutepicas e genotiacutepicas o que pode contribuir no

processo de seleccedilatildeo No caso das espeacutecies medicinais esta ferramenta eacute

muito importante devido ao alto custo das anaacutelises para determinar e

quantificar metaboacutelitos secundaacuterios com potencial farmacoloacutegico como as que

envolvem cromatografia Em espinheira-santa a morfologia foliar estaacute

relacionada com os tipos e a concentraccedilatildeo de triterpenos (Buffa Filho et al

2002) portanto se for identificada correlaccedilatildeo entre estes caracteres a seleccedilatildeo

indireta atraveacutes da morfologia foliar pode vir a ser uma boa estrateacutegia de

seleccedilatildeo

11 Etapas do processo de secagem por aspersatildeoO processo de secagem por aspersatildeo consiste de trecircs etapas fundamentais

Na primeira fase o fluiacutedo eacute disperso como gotiacuteculas produzindo uma grande

aacuterea superficial Na segunda ocorre contato destas com uma corrente de ar

aquecido havendo transferecircncia de calor

Na terceira etapa acontece a evaporaccedilatildeo do solvente e a formaccedilatildeo da partiacutecula soacutelida

121 Ilustraccedilatildeo da Planta Espinheira- Santa

Com a transferecircncia de calor do ar aquecido agraves gotiacuteculas o liacutequido da

superfiacutecie evapora-se rapidamente As partiacuteculas solidificadas geralmente

apresentam o mesmo tamanho e forma da gotiacutecula que as originou Na uacuteltima

etapa o produto de secagem eacute transportado por uma corrente de ar sendo

posteriormente coletado (Broadhead et al 1992 Shaw 1997 Rankell et al

2001) A evaporaccedilatildeo superficial da gotiacutecula conduz agrave formaccedilatildeo de uma

camada de material seco externa Atraveacutes desta camada o liacutequido situado no

interior da gotiacutecula propaga-se para o exterior Dependendo da elasticidade e

da permeabilidade da crosta seratildeo produzidos distintos materiais secos como

esferas intactas com superfiacutecie imperfeita ou fragmentada soacutelidas ou ocas

(Rankell et al 2001) A Figura 2 apresenta foto micrografias de dois extratos

diferentes de Maytenus ilicifolia secos por spray drying com disco giratoacuterio em

torre de secagem por aspersatildeo Os extratos foram produzidos da mesma

maneira utilizando temperatura de entrada de 180 degC velocidade do aspersor

de 9500 rpm e 30 de Aerosil (Oliveira 2008)

12 Fatores que influenciam o processoUm das respostas mais relevantes afetada pelas condiccedilotildees de operaccedilatildeo do

processo eacute a qualidade do produto resultante As variaacuteveis devem ser

controladas visando agrave obtenccedilatildeo de rendimento e de teor de umidade

adequados estabilidade quiacutemica minimizaccedilatildeo da aderecircncia de partiacuteculas na

cacircmara de secagem (sticking) e caracteriacutesticas tecnoloacutegicas especiacuteficas As

propriedades do produto satildeo normalmente determinadas pelos fatores

relacionados agraves caracteriacutesticas do material de entrada e do processamento

isto eacute paracircmetros de operaccedilatildeo e equipamento (Quadro 1)

131 Influecircncia do material de entradaEntre os fatores relacionados agraves caracteriacutesticas do material de entrada o uso

de adjuvantes na teacutecnica de secagem por aspersatildeo eacute uma praacutetica muito

comum Satildeo utilizados como adjuvantes neste processo amido ciclodextrinas

dioacutexido de siliacutecio coloidal fosfato tricaacutelcico gelatina goma araacutebica lactose

maltodextrina entre outros (Vasconcelos et al 2005 Silva Juacutenior et al 2006)

Para a secagem de extratos derivados de plantas a seleccedilatildeo e o uso adequado

de adjuvantes no processo de spray drying eacute uma fase de fundamental

importacircncia visto que determina a estabilidade e a qualidade dos mesmos

podendo inclusive afetar as caracteriacutesticas de biodisponibilidade

13 Atividades farmacoloacutegicas da espinheira-santa A espinheira-santa (M ilicifolia) eacute uma planta que possui atividades

farmacoloacutegicas comprovadas entre elas a atividade antiulcerogecircnica Essas

atividades estatildeo ligadas a substacircncias quiacutemicas que satildeo os polifenoacuteis

(flavonoides e taninos) e os triterpenos Haacute fatores como a composiccedilatildeo quiacutemica

do solo onde essa planta estaacute sendo cultivado o local de plantio a teacutecnica de

colheita a secagem da planta e o processamento poacutes-colheita que influenciam

diretamente nos teores de princiacutepio ativo da planta podendo assim gerar

variaccedilotildees das atividades farmacoloacutegicas (NEGRI 2007)

141 Atividade gaacutestricaDe acordo com alguns estudos (Carlini amp Frochtengerten 1988 Ming et al

1998 Coulaud- Cunha et al 2004 Carvalho et al 2008) a M ilicifolia

apresenta accedilatildeo contra uacutelcera peacuteptica e gastrite Coulaud- Cunha et al (2004)

relatam que a accedilatildeo da M ilicifolia na uacutelcera peacuteptica e gastrite envolve mais de

um mecanismo de accedilatildeo ainda natildeo conclusivamente elucidados e natildeo se deve

somente a um principio ativo especifico mas a diferentes fitocomplexos Foi

demonstrado por Pereira et al (1993) e por Ming et al (1998) que tanto os

taninos principalmente a epigalocatequina quanto os oacuteleos essenciais em

especial o fridenelol satildeo responsaacuteveis por parte dos efeitos gastroprotetores

Carlini amp Frochtengarten (1988) por sua vez em estudos realizados com o

abafado da M ilicifolia relatam que quanto maior o tempo do tratamento maior

seraacute a gastroproteccedilatildeo sem entretanto haver alteraccedilotildees no pH Tal observaccedilatildeo

pode ser confirmada por Ferreira et al (2004) que em estudos com extrato

aquoso liofilizado das folhas de M ilicifolia em sapos comprovou que esse

possui efeito inibitoacuterio sobre os mediadores H2 da histamina nas ceacutelulas

parietais esses segundo Gilman (1989) quando estimulados causam a

ativaccedilatildeo da adenililciclase iniciando uma seacuterie de alteraccedilotildees morfoloacutegicas e

bioquiacutemicas complexas que leva ao aumento da secreccedilatildeo gaacutestrica

funcionando como um antagonista H2 aleacutem de inibir o efeito da gastrina Foi

demonstrado ainda que tanto a epigalocatequina (tanino) quanto o fridenelol

(oacuteleo essencial) satildeo responsaacuteveis por parte do efeito protetor da mucosa

gaacutestrica (Pereira et al 1993 Ming et al 1998)

142 Atividade antiulcerogecircnicaSegundo Sousa-Formigoni et al (1991) foi comprovada a atividade

antiulcerogecircnica da espinheira-santa (M ilicifolia) por experimentos feitos em

ratos nos quais os animais foram induzidos a terem uacutelceras gaacutestricas por meio

de indometacina e por estresse quando estes foram submetidos a baixas

temperaturas e por serem imobilizados Apoacutes a aplicaccedilatildeo de um extrato

liofilizado de espinheira-santa houve uma reduccedilatildeo do nuacutemero de uacutelceras e um

aumento do volume e pH da secreccedilatildeo gaacutestrica

Em estudos de mecanismos celulares e moleculares da accedilatildeo de produtos

naturais com o isolamento de substacircncias bioativas da M ilicifolia

responsaacuteveis pela accedilatildeo antissecretora aacutecida gaacutestrica os resultados obtidos

confirmam essas accedilotildees Foram utilizados nesses experimentos extratos

aquosos das partes aeacutereas da planta e os princiacutepios ativos tecircm funccedilatildeo de

inibidores da bomba de proacutetons etapa final comum das vias reguladoras da

secreccedilatildeo aacutecida gaacutestrica (BOSSOLANI 2000)

143 Atividade antimicrobianaEstudos pioneiros como o de Lima et al (1969) jaacute demonstravam que a

maitenina exibe forte atividade antimicrobiana contra vaacuterias bacteacuterias Gram

positivas Tais efeitos foram corroborados com a demonstraccedilatildeo que os extratos

das folhas e raiacutezes tecircm efeito antimicrobiano para vaacuterios patoacutegenos dentre

eles Staphylococcus aureus e Streptococcus sp

144 Atividade sobre o Sistema Nervoso CentralSegundo Alonso (1998) o extrato de M ilicifolia possui atividade sedativa que

potencializa (efeito sineacutergico) o sono por barbituacutericos em camundongos

145 Atividades abortiva e sobre a espermatogecircnese

De acordo com Montanari et al (1998) o extrato etanoacutelico de M Ilicifolia

quando administrado em altas doses em camundongos suiacuteccedilos apesar de

causar leves alteraccedilotildees como ceacutelulas germinativas imaturas esfoliadas mortes

celulares ocasionais aumento de gotiacuteculas lipiacutedicas em ceacutelulas de Sertoli e

inchamento de acrossomas entre outras natildeo foi suficiente para acarretar

danos agrave espermatogecircnese

Jaacute em testes realizados em camundongos (fecircmeas e graacutevidas) administrando-

se oralmente extrato hidroalcooacutelico (70) de folhas de espinheira-santa (M

ilicifolia) observou-se um decreacutescimo significativo do nuacutemero de embriotildees

indicando uma perda embrionaacuteria antes do periacuteodo de implantaccedilatildeo Poreacutem

natildeo houve maacute-formaccedilatildeo ou mortes fetais depois do periacuteodo de implantaccedilatildeo

Esse extrato possui atividade estrogecircnica que pode interferir na receptividade

uterina ao embriatildeo (MONTANARI BEVILAQUA 2002)

146 Atividades antimutagecircnica e anticanceriacutegenaConforme Horn e Vargas (2003) o extrato aquoso de M ilicifolia foi eficaz em

aproximadamente 75 das doses testadas exibindo boas respostas

antimutagecircnicas ou um decreacutescimo sugestivo Em estudos realizados por

Queiroga et al (2007) foi avaliada a fraccedilatildeo ativa antiulcerogecircnica da M

ilicifolia na atividade anticanceriacutegena apresentando resultados citostaacuteticos

satisfatoacuterios De acordo com Itokawa et al (1993) o composto pristimerina foi o

mais eficiente na accedilatildeo citotoacutexica podendo ser uacutetil no tratamento de tumores

147 Atividade antioxidante e otoprotetoraDe acordo com Mattei e Carlini (1998) um extrato aquoso liofilizado de

espinheira-santa (M ilicifolia) foi testado in vitro em homogenato de ceacuterebro de

ratos e exerceu uma importante atividade antioxidante inibindo o processo de

lipoperoxidaccedilatildeo

Usando-se extrato etanoacutelico de M ilicifolia foi confirmado que a casca da raiz

tem um poder antioxidante pelo fato de possuir em sua base compostos com a

capacidade sequestradora de radicais livres (VELLOSA et al 2006)

Conforme Santos et al (2010) foram comprovadas propriedades antioxidantes

dos extratos brutos e de componentes individuais de M Ilicifolia por possiacuteveis

associaccedilotildees sineacutergicas de substacircncias fenoacutelicas e triterpenos

quinonametiacutedeos comparados agrave rutina como composto fenoacutelico modelo

De acordo Kasse et al (2008) foi realizado um estudo com ratos (fecircmeas) em

que esses animais foram submetidos agrave substacircncia cisplatina e posteriormente

tratados com extrato de M ilicifolia para avaliar a atividade otoprotetora da

planta Foram realizados e avaliados os exames de emissotildees otoacuacutesticas por

produtos de distorccedilatildeo por potencial de tronco encefaacutelico antes e depois de

administraccedilatildeo de cisplatina e por fim por microscopia eletrocircnica de varredura

Os resultados mostraram que apesar de apresentar atividades antioxidantes a

M ilicifolia foi incapaz de bloquear o efeito citotoacutexico do composto quiacutemico

administrado nas cobaias

Segundo Negri et al (2009) a atividade antioxidante do extrato etanoacutelico de M

ilicifolia estaacute intimamente ligada agrave sua temperatura de secagem Testes

realizados para avaliaccedilatildeo do poder antioxidante os quais foram os meacutetodos de

formaccedilatildeo de complexo com fosfomolibdecircnio e atividade antioxidante em

relaccedilatildeo agrave reduccedilatildeo de um radical utilizando-se o DPPH (22-difenil-1-

picnilhidrazila) em que foram levadas em consideraccedilatildeo diferentes

temperaturas usualmente utilizadas para secagem (40 50 60 70 e 80˚C)

demostraram melhor atividade antioxidante na temperatura de 40˚C e

gradativamente quanto maior a temperatura realizada nos testes menor o

poder antioxidante Por fim o estudo mostrou a importacircncia do controle de

temperatura para a melhor efetividade nesse quesito da planta

Em estudos de Pessuto et al (2009) foram avaliados extratos e compostos

isolados de M Ilicifolia em relaccedilatildeo agrave capacidade antioxidante Os extratos

brutos e semipurificados foram estudados por meio de ensaios de

fosfomolibdecircnio (complexo) e de DPPH (22-difenil-1-picnilhidrazila) nos quais

os resultados mostraram que a fraccedilatildeo com acetato de etila teve melhor

capacidade antioxidante em relaccedilatildeo ao extrato bruto e fraccedilatildeo aquosa

possivelmente por conter maior nuacutemero de hidroxilas fenoacutelicas (pela

capacidade de sequestro dos radicais livres) e tambeacutem em relaccedilatildeo agraves

substacircncias trolox e vitamina C

148 Atividades antinociceptiva e anti-inflamatoacuteria De acordo com Nakamura et al (1994) o extrato etanoacutelico de folhas de M

ilicifolia conteacutem uma fraccedilatildeo de quercetina-3-O-glicosiacutedeo e essa substacircncia

quiacutemica foi avaliada pelo teste de aacutecido aceacutetico e formalina em ratos obtendo-

se resultados satisfatoacuterios para atividades analgeacutesicas e anti-inflamatoacuterias

Por meio de testes realizados em camundongos e ratos foi provocado um

edema nas patas desses animais por meio de injeccedilatildeo de 002 ml de

formaldeiacutedo (soluccedilatildeo a 092) utilizando-se como controle soluccedilatildeo salino

Apoacutes 120 minutos foi aplicado extrato hexacircnico e acetato de etila das folhas

(M ilicifolia) administrados por via oral nas doses de 80 160 320 e 340 mgkg

Os animais foram sacrificados apoacutes 4 horas Em um segundo ensaio foi

administrada por injeccedilatildeo soluccedilatildeo de carragenina a 1 e os extratos da planta

foram dados por via oral nas doses de 80 160 320 e 340 mgkg Os resultados

obtidos mostraram uma atividade antinociceptiva para os dois extratos

principalmente nas doses de 320 e 340 mgkg sendo esse teste importante

para uma alternativa cliacutenica na terapecircutica anti-inflamatoacuteria e antiulcerogecircnica

(JORGE et al 2004)

14 Toxicidade efeitos adversos e contraindicaccedilatildeo da espinheira-santa

Foi realizado um estudo toxicoloacutegico com 24 voluntaacuterios sendo 12 homens e

12 mulheres de 20 a 40 anos de idade selecionados previamente por meio de

avaliaccedilatildeo cliacutenica exames hematoloacutegicos e bioquiacutemicos e avaliaccedilatildeo

psicomotora com o objetivo de estabelecer um intervalo maacuteximo de seguranccedila

no uso de M ilicifolia As doses foram administradas de maneira crescente e

natildeo houve um grupo controle pois os exames iniciais foram considerados

como valores basais para efeito comparativo A dose inicial foi fixada em 100

mg por adulto sendo administradas doses subsequentes de 200 500 1000

1500 e 2000 mg com intervalos de uma semana para cada dose A anaacutelise dos

resultados revelou que natildeo houve efeitos significativos nos valores dos

principais paracircmetros hematoloacutegicos e bioquiacutemicos e tambeacutem natildeo foram

observadas alteraccedilotildees nas funccedilotildees hepaacuteticas pancreaacuteticas e renais

Hormocircnios lipiacutedeos glicose soacutedio potaacutessio caacutelcio e foacutesforo tambeacutem

mantiveram valores considerados normais (TABACH et al 2002)

Em relaccedilatildeo aos efeitos adversos a M ilicifolia natildeo possui algum que justifica a

interrupccedilatildeo do tratamento Entre os mais comuns destacam-se cefaleia

sonolecircncia boca seca naacuteuseas dor articular nas matildeos gosto estranho na

boca tremor nas matildeos cistite e poliuacuteria (TABACH et al 2002) Poreacutem

segundo Amaral et al (2005) natildeo eacute recomendado o uso pediaacutetrico pela

ausecircncia de testes Ensaios realizados em ratos mostraram perda embrionaacuteria

antes do periacuteodo de implantaccedilatildeo portanto essa planta natildeo eacute recomendada em

casos de gravidez (MONTANARI BIVILACQUA 2002)

De acordo com estudos realizados em camundongos o abafado de M ilicifolia

foi administrado nesses animais em doses ateacute 360 vezes maiores que a

utilizada pelo homem durante um periacuteodo de dois a trecircs meses Como

resultados natildeo houve mudanccedilas no peso comportamento temperatura

paracircmetros bioquiacutemicos e hematoloacutegicos desses animais (OLIVEIRA CARLINI

1988)

15 FarmacocineacuteticaO modelo da farmacocineacutetica da espinheira-santa eacute estudado por meio de seus

taninos natildeo condensados Epigalocatequina marcada foi administrada por via

oral sendo os picos plasmaacuteticos observados 60 min apoacutes a ingestatildeo Apoacutes

uma dose de 500 mgkg foram detectadas concentraccedilotildees tissulares de 123

mmol no plasma 484 mmol no fiacutegado e 565 mmol no intestino delgado

(Nakagawa amp Miyazawa 1997) Depois da administraccedilatildeo oral de

epigalocatequina-3-galato marcada com triacutetio a ratos cerca de 6 da dose eacute

eliminada na urina e 24 nas fezes nas primeiras 24 horas Uma segunda

dose dada duas horas apoacutes a primeira eleva em cerca de 4 a 6 vezes a

concentraccedilatildeo no plasma e em alguns tecidos Esses dados sugerem uma

meia-vida longa e eliminaccedilatildeo lenta da epigalocatequina-3-galato No final das

24 horas os animais foram sacrificados e essa substacircncia pocircde ser encontrada

no rim ceacuterebro fiacutegado pacircncreas intestino e ossos (Suganuma et al 1998)

Num outro estudo foi avaliada a afinidade da epigalocatequina-3-galato agraves

proteiacutenas do soro Apoacutes uma dose oral a ratos mais de 50 da

epigalocatequina-3-galato absorvida ligou-se agrave proteiacutena do plasma

especialmente a fibronectina o fibrinogecircnio e a HRGP( Histidin Rich

Glicoprotein) proteiacutena plasmaacutetica com 74 kdaltons cuja funccedilatildeo ainda eacute pouco

conhecida (Sazuka et al 1996)

16 PreparaccedilatildeoTendo sido reconhecida a espeacutecie com que se vai trabalhar torna-se

necessaacuterio que se disponha desta espeacutecie em quantidade suficiente para

atender a demanda relacionada a produccedilatildeo do fitoteraacutepico replicaccedilatildeo da

espeacutecie e respectivo controle de qualidade Par a atingir este objetivo a

espeacutecie deve ser cultivada na extensatildeo adequada ao fim que se propotildee tendo-

se aleacutem dos cuidados inerentes ao cultivo de qualquer espeacutecie vegetal a

precauccedilatildeo de nunca utilizar pesticidas ou agrotoacutexicos na aacuterea de cultivo Nos

parece claro que a opccedilatildeo pelo fitoteraacutepico deve vir acompanhada do desejo de

seguranccedila o que natildeo seria conseguido se fossem deixados resiacuteduos de

agrotoacutexicos ou de pesticidas na espeacutecie que iraacute ser usada como mateacuteria-prima

para a produccedilatildeo de medicamento Veja no item 24 os ensaios que devem ser

efetuados no sentido de identificar e quantificar a presenccedila destes e de outros

contaminantes

Dispondo-se entatildeo da espeacutecie vegetal botanicamente selecionada cultivada

sem o uso de agentes quiacutemicos contaminantes iremos seguir tantos passos

quantos sejam necessaacuterios para preparar a espeacutecie vegetal numa droga capaz

de ser armazenada e processada para resultar num preparado intermediaacuterio uacutetil

na preparaccedilatildeo de fitoteraacutepicos Estes passos podem ser enumerados como

sendo Coleta Monda Estabilizaccedilatildeo Secagem Trituraccedilatildeo e Armazenamento

A execuccedilatildeo e finalidade de cada um se acham descrito a seguir

A Coleta eacute realizada atraveacutes da retirada da parte usada da planta procurando

sempre o material mais saudaacutevel em completo desenvolvimento (a menos que

especificado em (contraacuterio como ocorre com a gema terminal de Psidium

guajava) e com o miacutenimo de contaminantes (poeira poluiccedilatildeo adubo insetos

colocircnia de microrganismos etc) A distribuiccedilatildeo de substacircncias

farmacologicamente ativas nas plantas medicinais natildeo se daacute de maneira

homogecircnea em toda a extensatildeo da planta Portanto eacute de se esperar que

apenas alguma parte de uma dada espeacutecie podem ser utilizadas com finalidade

terapecircutica

Atraveacutes de consulta agraves diversas farmacopeias e tratados sobre plantas

medicinais encontramos descriccedilotildees sobre a parte a ser usada de cada espeacutecie

medicinal Pode-se em alguns casos observar que diferentes partes de uma

mesma planta apresentam propriedades inteiramente diferentes como por

exemplo a Punica granam (romatildezeira) cujas cascas do caule satildeo teniacutefugas e

as cascas dos frutos tecircm propriedades anti-inflamatoacuteria e antibioacutetica Em outros

casos toda a planta pode ser utilizada com a mesma finalidade como a

Phylanthus niruri (quebra-pedra) Torna-se imperioso portanto que antes de

qualquer outra etapa da preparaccedilatildeo de uma forma farmacecircutica fitoteraacutepica se

conheccedila qual ou quais partes da espeacutecie escolhida pode ser utilizada

A coleta deve respeitar para cada espeacutecie o melhor periacuteodo correspondente

agravequele onde a espeacutecie apresenta maior teor em substacircncias ativas Tendo isto

em mente relacionamos a seguir orientaccedilotildees geneacutericas quanto ao periacuteodo de

coleta

Formas farmacecircuticas de fitoteraacutepicosPoacute

Eacute a forma farmacecircutica obtida apoacutes a secagem trituraccedilatildeo e tamisaccedilatildeo da

droga Segundo a sua finalidade devem apresentar a tenuidade adequada

conforme a tabela a seguir Pode ser dispensado para uso na preparaccedilatildeo de

chaacutes ou adicionado agrave alimentaccedilatildeo (leite sucos mel etc) O envase deve cuidar

para que natildeo haja absorccedilatildeo de umidade

Formas soacutelidas

Caacutepsulas

Eacute a forma farmacecircutica obtida pela deposiccedilatildeo ordenada da droga seca

triturada e tamisada em caacutepsulas gelatinosas duras ou pelo encapsulamento

de liacutequidos ou semissoacutelidos de natureza lipofiacutelica em caacutepsulas gelatinosas

moles O invoacutelucro rosa utilizado eacute geralmente de natureza proteica e satildeo

portanto incompatiacuteveis com drogas tacircnicas por exemplo Cuidado especial

deve ser tomado com a umidade temperatura e pressatildeo exercida sobre as

caacutepsulas durante o armazenamento e transporte Estes fatores podem levar a

desidrataccedilatildeo ou hidrataccedilatildeo das caacutepsulas que as tornam quebradiccedilas ou

deformadas e coladas Durante a preparaccedilatildeo das caacutepsulas deve-se cuidar para

que o peso das caacutepsulas obtidas seja o mais uniforme possiacutevel podendo-se

garantir isso pela pesagem da quantidade de poacute necessaacuteria para o enchimento

de um nuacutemero determinado de caacutepsulas

O enchimento das caacutepsulas ocorre na oficina farmacecircutica em tabuleiros

especiais constituiacutedos em acriacutelico PVC ou outro poliacutemero apresentando-se no

modelo mais simples apenas como uma base fixa que se encaixa a uma outra

moacutevel e perfurada que recebe o corpo das caacutepsulas sem as tampas A seguir

se distribui de forma homogecircnea a quantidade estipulada de poacute em todas as

caacutepsulas valendo-se de uma espaacutetula plaacutestica e de um dispositivo especial

para prensar o conteuacutedo no interior das caacutepsulas Finalizado o enchimento as

partes super oires (tampas) das caacutepsulas satildeo recolocadas fechando-as e

determina-se o peso meacutedio das mesmas embalando-as imediatamente

A capacidade das caacutepsulas eacute proporcional agrave densidade do poacute e ao tamanho

das caacutepsulas que eacute padronizado em 08 (oito) diferentes tipos listados a seguir

com as respectivas dimensotildees e capacidades em mililitros

Controle de Qualidade

Todas as etapas utilizadas durante o processamento da droga devem ser

monitoradas atraveacutes de ensaios que possam atestar a qualidade da mateacuteria-

prima dos produtos intermediaacuterios e do produto final acabado O objetivo final

tanto do processamento adequado quanto agrave avaliaccedilatildeo da qualidade eacute a

garantia de que o que estaacute sendo produzido na forma como ocorre o processo

produtivo estaacute conduzindo agrave obtenccedilatildeo de um produto com as caracteriacutesticas

necessaacuterias agrave utilizaccedilatildeo para o tratamento de doenccedilas

Droga

A avaliaccedilatildeo da qualidade da droga utilizada na obtenccedilatildeo de fitoteraacutepicos no

Programa Farmaacutecias-Vivas onde o cultivo das espeacutecies vegetais eacute efetuado

pelo laboratoacuterio fabricante do produto deve ser realizada sob os seguintes

aspectos

- Considerando que a droga a ser utilizada corresponde agrave espeacutecie vegetal

esperada conhece-se suas caracteriacutesticas macromorfoloacutegicas aleacutem das suas

caracteriacutesticas sensoriais constituindo a primeira avaliaccedilatildeo que eacute a identidade

da droga

- Determinaccedilatildeo da umidade da droga fresca que deve ser diferenciada de

perda por dessecaccedilatildeo pois outras substacircncias volaacuteteis aleacutem da aacutegua satildeo

evaporadas Pode ser determinada atraveacutes do ensaio volumeacutetrico de Karl

Fischer ou pelo ensaio gravimeacutetrico submetendo a droga a dessecaccedilatildeo em

temperatura ambiente em dessecador com siacutelica ou aacutecido sulfuacuterico

- Mesmo a droga morfologicamente normal pode natildeo apresentar seus

constituintes ativos na quantidade desejada sendo necessaacuterio que sejam

realizados ensaios de identificaccedilatildeo e quantificaccedilatildeo de ativos ou de marcadores

atraveacutes das mais diversas teacutecnicas gravimeacutetrica volumeacutetrica

espectrofotomeacutetrica cromatograacutefica etc

- Avaliaccedilatildeo da contaminaccedilatildeo microbiana da droga principalmente se a mesma

tiver de ser utilizada sem qualquer processamento posterior As drogas que

seratildeo transformadas em uma forma extrativa em soluccedilatildeo hidro-alcooacutelica pode

ter sua carga microbiana reduzida pelo efeito antisseacuteptico do solvente

Preparado Intermediaacuterio

As formas extrativas satildeo obtidas em condiccedilotildees que nem sempre conseguem

retirar a totalidade das substacircncias ativas soluacuteveis no solvente escolhido devido

a diversos fator ES como o tempo e temperatura de maceraccedilatildeo pH do

solvente distribuiccedilatildeo granulomeacutetrica da droga sua umidade residual teor de

substacircncias ativas e velocidade de percolaccedilatildeo Justifica-se entatildeo a

necessidade da realizaccedilatildeo de ensaios de avaliaccedilatildeo da qualidade das formas

extrativas incluindo avaliaccedilotildees fiacutesico-quiacutemicas como aparecircncia cor odor

solubilidade densidade pH e viscosidade avaliaccedilotildees quiacutemicas como o perfil

cromatograacutefico e dosagem das substacircncias ativas ou marcador e avaliaccedilatildeo

microbioloacutegica da quantidade de microrganismos viaacuteveis

Fitoteraacutepico

Independente da forma farmacecircutica final eacute necessaacuterio que sejam realizadas

avaliaccedilotildees na qualidade do produto final da mesma forma que eacute exigido para

os demais tipos de medicamentos Listamos a seguir os ensaios realizados

para cada forma farmacecircutica lembrando que devem ser acrescentados os

ensaios quiacutemicos e microbioloacutegicos

Prazo de Validade

Considerando a jaacute difiacutecil realizaccedilatildeo da avaliaccedilatildeo da qualidade das drogas

utilizadas na obtenccedilatildeo de fitoteraacutepicos pode-se compreender que o

acompanhamento do processo cineacutetico de degradaccedilatildeo dos constituintes do

medicamento natildeo eacute uma estar efe faacutecil No entanto esta avaliaccedilatildeo pode se dar

em diversos niacuteveis

- Avaliaccedilatildeo da estabilidade fiacutesica

Para cada tipo de forma farmacecircutica satildeo descritas as caracteriacutesticas tiacutepicas

como cor odor limpidez densidade viscosidade pH etc que observadas

para um mesmo lote ao longo do tempo de armazenamento forneceratildeo

informaccedilotildees sobre a integridade fiacutesica da formulaccedilatildeo

- Avaliaccedilatildeo da estabilidade quiacutemica

A utilizaccedilatildeo de recursos laboratoriais desde os mais simples ateacute os mais

sofisticados permitem o acompanhamento qualitativo eou quantitativo dos

princiacutepios ativos contidos no produto fitoteraacutepico Por exemplo atraveacutes do

ensaio limite de taninos por diluiccedilotildees sucessivas e adiccedilatildeo de cloreto feacuterrico

pode-se ter uma medida semi-quantitativa do teor destas substacircncias nas

preparaccedilotildees que o contenham Evoluindo a utilizaccedilatildeo de teacutecnica

cromatograacutefica em camada delgada sobre papel ou siacutelica permite a

determinaccedilatildeo do perfil cromatograacutefico para o produto de modo que possa ser

comparado com o obtido em lotes posteriores ou com o mesmo lote ao longo do

tempo de armazenamento

- Avaliaccedilatildeo da estabilidade microbioloacutegica

A verificaccedilatildeo do niacutevel de contaminaccedilatildeo microbiana numa preparaccedilatildeo

medicamentosa fornece informaccedilotildees sobre o niacutevel de higienizaccedilatildeo empregado

durante o processamento da droga ateacute a obtenccedilatildeo do medicamento A

observaccedilatildeo deste mesmo paracircmetro ao longo do tempo fornece informaccedilotildees

sobre a composiccedilatildeo conservante utilizada no produto e a forma de

armazenamento

Teacutecnicas Gerais

Os ensaios laboratoriais de avaliaccedilatildeo da qualidade da droga compreendem

basicamente

- Observaccedilatildeo macroscoacutepica e microscoacutepica da droga fresca e seca inteira e

triturada comparando com o descrito em farmacopeias ou com modelos

botanicamente certificados

- Determinaccedilatildeo de umidade na droga fresca e naquela seca e triturada

evidenciando a quantidade de aacutegua contida na droga receacutem-coletada na droga

s eca e a efetividade do processo de secagem utilizada

- Identificaccedilatildeo e dosagem de substacircncias ativas ou marcadores realizada na

droga seca e triturada onde atraveacutes do acompanhamento da evoluccedilatildeo ao

longo do tempo e o cruzamento dos dados entre os locais e condiccedilotildees de

cultivo seraacute possiacutevel a determinaccedilatildeo das condiccedilotildees ideais para a manutenccedilatildeo

da qualidade das espeacutecies vegetais

- Determinaccedilatildeo da quantidade de mateacuteria orgacircnica estranha na droga seca

triturada grosseiramente demonstrando se a coleta monda secagem e

trituraccedilatildeo foram realizadas a contento sem o risco de contaminaccedilatildeo com outras

espeacutecies

- Determinaccedilatildeo de resiacuteduos de pesticidas para monitorar a forma de realizaccedilatildeo

do controle de pestes atraveacutes da identificaccedilatildeo e dosagem de pesticidas

- Determinaccedilatildeo da presenccedila de arsecircnio e metais pesados como componentes

que satildeo responsaacuteveis por intoxicaccedilotildees e por incompatibilidades nas

preparaccedilotildees liacutequidas de fitoteraacutepicos

- Determinaccedilatildeo da quantidade de microrganismos viaacuteveis atraveacutes da contagem

em placa a de diluiccedilotildees obtidas a partir do liacutequido de lavagem das drogas

evidenciando o grau de contaminaccedilatildeo e a possiacutevel e indesejaacutevel presenccedila de

microrganismos potencialmente patogecircnicos

Garantia de Qualidade

Na produccedilatildeo de fitoteraacutepicos do mesmo modo como ocorre com qualquer outro

medicamento natildeo pode negligenciar qualquer procedimento que possa conduzir

a diminuiccedilatildeo da qualidade do produto final A qualidade se reflete na

reprodutibilidade da qualidade do produto avaliada em laboratoacuterio e no

acompanhamento da sua eficaacutecia terapecircutica e seguranccedila Isto soacute pode ser

conseguido quando para cada forma farmacecircutica de fitoteraacutepico forem

registradas as operaccedilotildees farmacecircuticas que devem ser seguidas agrave risca suas

medidas de controle e definiccedilatildeo das responsabilidades para cada uma das

etapas do processamento

Apenas como ilustraccedilatildeo tomemos como exemplo a produccedilatildeo da tintura de

Alecrim-pimenta (Lippia sidoides Cham) O iniacutecio da preocupaccedilatildeo com a

qualidade se daacute com a seguranccedila de que a espeacutecie cultivada seja realmente

aquela que se deve coletar e em seguida em coletar a parte que realmente

deve ser utilizada e de plantas com aspecto saudaacutevel de desenvolvimento para

a qual as condiccedilotildees de cultivo tenham se apresentado como satisfatoacuterias A

monda que se segue agrave coleta retirando as partes improacuteprias agrave preparaccedilatildeo do

fitoteraacutepico daacute continuidade ao passo anterior na busca de alcanccedilar a qualidade

desejada O processo de dessecaccedilatildeo ocorrendo agrave sombra e agrave temperatura

ambiente preservando os constituintes quiacutemicos ativos e diminuindo a

influecircncia da umidade da planta sobre a sua qualidade e a da soluccedilatildeo extrativa

a ser obtida faz com que a droga obtida possa ser utilizada como mateacuteria-prima

para a obtenccedilatildeo de medicamento O cuidadoso processo de trituraccedilatildeo sem

elevar a temperatura durante o processo e reduzindo a perda de poacute para o

ambiente tambeacutem representa um processo que deve ser realizado com a

devida atenccedilatildeo Depois disso a droga seca e triturada deve ser armazenada

em condiccedilotildees que preservem sua qualidade pelo tempo necessaacuterio ateacute sua

utilizaccedilatildeo com as devidas inscriccedilotildees que atestem sua fonte data de coleta e de

processamento e respectivos responsaacuteveis

A preparaccedilatildeo da soluccedilatildeo hidro-alcooacutelica que seraacute utilizada no processo extrativo

tambeacutem deve ser realizada com bastante cuidado pois a mateacuteria-prima deve

apresentar a qualidade compatiacutevel com sua utilizaccedilatildeo para a produccedilatildeo de

medicamentos aacutegua purificada e aacutelcool farmacecircutico Deve-se observar a

legislaccedilatildeo atual sobre aacutelcool que exige a desnaturaccedilatildeo do aacutelcool

comercializado em farmaacutecias e supermercados e assim natildeo deve servir como

excipiente farmacecircutico Enfim todos os processos interferem com a qualidade

do produto final a ser obtido e devem ser realizados corretamente e as

operaccedilotildees registradas em documento proacuteprio buscando a rastreabilidade de

cada lote de cada produto

Outra etapa da garantia da qualidade essencial para sua implantaccedilatildeo eacute a

validaccedilatildeo de equipamentos e de processos que busca uma evidecircncia

documentada de que os mesmos cumprem satisfatoriamente sua finalidade

quando utilizados ou realizados corretamente

Estas evidecircncias devem ser conseguidas antes mesmo de se iniciar a utilizaccedilatildeo

das instalaccedilotildees para produccedilatildeo de medicamentos Naqueles jaacute em

funcionamento a validaccedilatildeo pode ser realizada atraveacutes da documentaccedilatildeo da

produccedilatildeo passada ou seja uma validaccedilatildeo retrospectiva

Para a produccedilatildeo de medicamentos em pequena escala que natildeo venha a

caracterizar uma produccedilatildeo industrial deve-se buscar a adequaccedilatildeo das

condiccedilotildees de produccedilatildeo armazenamento e dispensaccedilatildeo do produto atraveacutes da

Resoluccedilatildeo RDC ndeg 33 de abril de 2000 que descreve os criteacuterios de Boas

Praacuteticas de Manipulaccedilatildeo

Para a produccedilatildeo industrial de medicamentos a legislaccedilatildeo que trata das Boas

Praacuteticas de Fabricaccedilatildeo e Garantia de Qualidade eacute a Resoluccedilatildeo RDC ndeg 210 de

04 de agosto de 2003 As especificaccedilotildees legais da legislaccedilatildeo sanitaacuteria

brasileira e de outros paiacuteses para materiais vegetais devem incluir tanto quanto

possiacutevel o seguinte

- Nome botacircnico c om referecircncia aos autores

- Detalhes da fonte da planta (paiacutes ou regiatildeo de origem cultivo eacutepoca da

colheita procedimentos de colheita possiacuteveis pesticidas utilizados etc)

- Descriccedilatildeo do material vegetal inspeccedilatildeo visual macro eou microscoacutepica

- Testes de identificaccedilatildeo apropriados incluindo quando convenientes testes de

identificaccedilatildeo para ingredientes ativos conhecidos ou marcadores

- Ensaios quando convenientes dos constituintes de atividade terapecircutica ou

marcadores

- Meacutetodos apropriados para determinaccedilatildeo de possiacuteveis contaminaccedilotildees por

pesticidas e os limites aceitos

- Testes para metais pesados e contaminantes semelhantes materiais

estranhos e adulterantes

- Testes para radiaccedilatildeo aflatoxinas e contaminaccedilatildeo microbiana

Qualquer tratamento usado para reduzir contaminaccedilotildees focircnicas e microbianas

ou outras infestaccedilotildees devem ser documentadas Instrumentos para tais

procedimentos devem ser acessiacuteveis e devem incluir detalhes dos processos

testes e limites residuais

Para a realidade do programa Farmaacutecias-Vivas onde natildeo satildeo utilizados

pesticidas as plantas satildeo cultivadas no local proacuteximo de onde ocorre a

produccedilatildeo do medicamento ou satildeo de origem na mesma regiatildeo e satildeo

processadas logo apoacutes a coleta satildeo feitas exigecircncias menores que as

estabelecidas para maiores escalas de produccedilatildeo Nem assim devemos deixar

de registrar todas as operaccedilotildees realizadas com a droga desde o seu cultivo ateacute

a dispensaccedilatildeo do produto fitoteraacutepico

Dispensaccedilatildeo

Estivemos sempre discorrendo sobre qualidade do produto a ser obtido desde

o cultivo da espeacutecie correta da coleta da parte usada e o seu processamento

mantendo intactos os princiacutepios ativos Conhecemos os motivos que levam a

toda esta preocupaccedilatildeo com a qualidade a responsabilidade do profissional que

o produz e a eficaacutecia e a seguranccedila necessaacuterias para o paciente que o utiliza

Portanto resta-nos dispensar o fitoteraacutepico para que este apresente estas

caracteriacutesticas trans formando o paciente num parceiro consciente do seu

papel no uso cor reto deste recurso terapecircutico

O resgate das praacuteticas populares agora respaldadas pelos estudos cientiacuteficos

seacuterios que atestam a eficaacutecia e seguranccedila das espeacutecies utilizadas no programa

Farmaacutecias-Vivas pode ser abordado no momento da dispensaccedilatildeo do

medicamento ou atraveacutes de apresentaccedilotildees coletivas organizadas e realizadas

pelo Farmacecircutico Alguns cuidados merecem ser observados para natildeo se

incorrer em riscos desnecessaacuterios

- Natildeo referendar o uso de plantas cujo estudo cientiacutefico natildeo tenha apresentado

dados sobre sua eficaacutecia e seguranccedila

- Natildeo recomendar o uso de qualquer planta medicinal para o tratamento de

doenccedilas sem a devida recomendaccedilatildeo meacutedica especializada ou natildeo

- Natildeo recomendar a utilizaccedilatildeo de planta que nos seja desconhecida tanto no

aspecto teoacuterico quanto praacutetico

- Natildeo sugerir a utilizaccedilatildeo de quaisquer praacuteticas com ou sem uso de plantas

medicinais que possa representar um risco potencial ou real de dano fetal

Para nos resguardarmos de quaisquer erros precisamos nos manter atualizados

quanto aos benefiacutecios e riscos da utilizaccedilatildeo das espeacutecies medicinais com as

quais trabalhamos dada agrave impossibilidade de conhecer todas as demais Os

dados obtidos durante a dispensaccedilatildeo e acompanhamento dos pacientes aleacutem

daqueles obtidos durante os ensaios controlados de toxicologia e farmacologia

cliacutenica forneceratildeo a necessaacuteria seguranccedila para realizarmos a dispensaccedilatildeo e

cada vez mais desfazermos o mito do natural ser inoacutecuo

Como exemplo da relaccedilatildeo risco x benefiacutecio de uma preparaccedilatildeo fitoteraacutepica

apresentamos as seguintes informaccedilotildees sobre o Elixir de Aroeira que em

muitos aspectos natildeo houve a quantificaccedilatildeo da intensidade dos efeitos beneacuteficos

nem adversos nem de interaccedilotildees

Forma Medicamento Fitoteraacutepico- Caacutepsula ESPINHEIRA SANTA Maytenus ilicifolia Celastraceae

Medicamento fitoteraacutepico

Parte utilizada Folhas

Nomenclatura popularEspinheira santa cancerosa cancorosa-de-sete-espinhos cancrosa

espinheira-divina espinho-de-Deus maiteno erva-cancrosa erva-santa

ApresentaccedilotildeesCaacutepsula dura - Extrato seco das folhas de Maytenus ilicifolia 380 mg -

Embalagem com 3 bliacutesters contendo 15 caacutepsulas cada

Via oral

Uso adulto

Composiccedilatildeo

Cada caacutepsula conteacutem

Extrato seco de Maytenus ilicifolia380 mg

Excipiente qsp 1 caacutepsula (amido)

equivalente a 133 mg de taninos totais

Informaccedilotildees ao pacientePara que este medicamento eacute indicado

Espinheira Santa eacute indicada para o tratamento da maacute digestatildeo e como

coadjuvante no tratamento de uacutelcera do estocircmago e duodeno

Como este medicamento funciona

Espinheira Santa atua como regulador das funccedilotildees estomacais e promove a

proteccedilatildeo da mucosa gaacutestrica

Quando natildeo devo usar este medicamentobull O medicamento deve ser evitado por menores de 12 anos de idade devido agrave

falta de estudos disponiacuteveis

bull Lactaccedilatildeo e gravidez visto que pode diminuir a secreccedilatildeo de leite e pode

provocar contraccedilotildees uterinas

bull Hipersensibilidade (alergia) a qualquer um dos componentes da foacutermula ou a

outras plantas da famiacutelia Celastraceae

O que devo saber antes de usar este medicamentoPrecauccedilotildees e advertecircncias

bull De acordo com a categoria de risco de faacutermacos destinados agraves mulheres

graacutevidas este medicamento apresenta categoria de risco C Este medicamento

natildeo deve ser utilizado por mulheres graacutevidas sem orientaccedilatildeo meacutedica ou do

cirurgiatildeo dentista

Interaccedilotildees medicamentosas

bull A administraccedilatildeo concomitante de M ilicifolia com bebidas alcooacutelicas e outros

medicamentos natildeo eacute recomendada pois natildeo existem estudos disponiacuteveis

sobre as interaccedilotildees medicamentosas deste fitoteraacutepico

Informe seu meacutedico ou cirurgiatildeo-dentista se vocecirc estaacute fazendo uso de algum

outro medicamento

Onde como e por quanto tempo posso guardar este medicamentoCuidados de conservaccedilatildeo

Espinheira Santa deve ser conservada em temperatura ambiente (entre 15 e

30ordmC) em sua embalagem original Proteger da luz e da umidade

Prazo de validade24 meses apoacutes a data de fabricaccedilatildeo impressa no cartucho

Nuacutemero de lote e datas de fabricaccedilatildeo e validade vide embalagem

Natildeo use medicamento com o prazo de validade vencido

Guarde-o em sua embalagem original

Caracteriacutesticas fiacutesicasCaacutepsulas gelatinosas duras de cor creme

Caracteriacutesticas organoleacutepticas

Cheiro (odor) caracteriacutestico e praticamente natildeo apresenta sabor

Antes de usar observe o aspecto do medicamento Caso ele esteja no prazo

de validade e vocecirc observe alguma mudanccedila no aspecto consulte o

farmacecircutico para saber se poderaacute utilizaacute-lo

Todo medicamento deve ser mantido fora do alcance das crianccedilas

Como devo usar este medicamentoModo de usar

As caacutepsulas devem ser ingeridas inteiras e com uma quantidade suficiente de

aacutegua para que possam ser deglutidas

Posologia

Ingerir duas caacutepsulas via oral trecircs vezes ao dia de oito em oito horas

Siga corretamente o modo de usar Em caso de duacutevidas sobre este

medicamento procure orientaccedilatildeo do farmacecircutico Natildeo desaparecendo os

sintomas procure orientaccedilatildeo de seu meacutedico ou cirurgiatildeo-dentista

Este medicamento natildeo deve ser partido aberto ou mastigado

O que devo fazer quando eu me esquecer de usar este medicamentoCaso haja esquecimento da ingestatildeo de uma dose deste medicamento

retomar a posologia prescrita sem a necessidade de suplementaccedilatildeo

Em caso de duacutevidas procure orientaccedilatildeo do farmacecircutico ou de seu meacutedico ou

do cirurgiatildeo-dentista

Que males este medicamento pode causarReaccedilotildees adversas

Ateacute o momento natildeo foram relatadas reaccedilotildees adversas graves ou que coloquem

em risco a sauacutede dos pacientes

Raramente podem ocorrer casos de hipersensibilidade Neste caso suspender

o uso e procurar orientaccedilatildeo meacutedica

Informe seu meacutedico cirurgiatildeo-dentista ou farmacecircutico do aparecimento de

reaccedilotildees indesejaacuteveis pelo uso do medicamento

Induacutestria Brasileira

Esta bula foi atualizada conforme Bula Padratildeo aprovada pela Anvisa em

12012011

Farmacecircutica resp Dra (Nome )

CRF-PR nordm XXXX Coacuted XXXXX - 012011

Informe tambeacutem agrave empresa atraveacutes do seu Serviccedilo de

Atendimento ao Consumidor

O que fazer se algueacutem usar uma quantidade maior do que a indicada deste medicamentoPlantas ricas em taninos como a M ilicifolia quando usadas em doses

excessivas podem causar irritaccedilatildeo da mucosa gaacutestrica e intestinal gerando

vocircmitos coacutelicas intestinais e diarreia

Em caso de super dosagem suspender o uso e procurar orientaccedilatildeo meacutedica de

imediato Em caso de uso de grande quantidade deste medicamento procure

rapidamente socorro meacutedico e leve a embalagem ou bula do medicamento se

possiacutevel Siga corretamente o modo de usar natildeo desaparecendo os sintomas

procure orientaccedilatildeo meacutedica

Conclusatildeo

A espinheira-santa (M ilicifolia) eacute um fitoteraacutepico de relevante accedilatildeo terapecircutica

principalmente antiulcerogecircnica dada sua eficaacutecia farmacoloacutegica e seguranccedila

Vale lembrar que por ausecircncia de estudos ela natildeo eacute recomenda para crianccedilas

e natildeo deve ser usada por gestantes pois estudos em camundongos (fecircmeas e

graacutevidas) indicaram um decreacutescimo significativo do nuacutemero de embriotildees aleacutem

de possuir atividade estrogecircnica que pode interferir na receptividade uterina do

embriatildeo Entre suas atividades farmacoloacutegicas destaca-se a atividade

antiulcerogecircnica que pode ser comparada agrave accedilatildeo da ranitidina e da cimetidina

Por ser morfologicamente parecida com as espeacutecies S bonplandii e Z ilicifolia

ela eacute comumente confundida e ateacute mesmo trocada intencionalmente

A utilizaccedilatildeo de maneira errocircnea das espeacutecies botacircnicas que natildeo satildeo a

verdadeira espinheira-santa (M ilicifolia) pode acarretar danos agrave sauacutede dos

pacientes Assim conclui-se que essas espeacutecies conhecidas como

adulterantes podem trazer malefiacutecios pois ainda faltam estudos que

comprovem suas atividades farmacoloacutegicas e principalmente a seguranccedila

terapecircutica Poreacutem natildeo se deve descartar o uso dessas espeacutecies e sim

realizar estudos mais concretos para que essas plantas assim como a

verdadeira espinheira-santa possam auxiliar no tratamento farmacoloacutegico da

populaccedilatildeo

Referecircncias Bibliograacuteficas

Ralph Santos-Oliveira Simone Coulaud-Cunha Waldeciro Colaccedilo

Revisatildeo da Maytenus ilicifolia Mart ex Reissek Celastraceae

Contribuiccedilatildeo ao estudo das propriedades farmacoloacutegicas Rev Bras

Farmacogn Braz J Pharmacogn 19(2B) AbrJun 2009

Wilker Marlon de Moraes Jesus Tarciacutesio Neves da Cunha Estudo das

propriedades farmacoloacutegicas da espinheira-santa (Maytenus ilicifolia

Mart ex Reissek) e de duas espeacutecies adulterantes Revista Sauacutede e

Desenvolvimento vol ndash nordm 1 Jan ndash Jun 2012

MARIOT MP1 BARBIERI RL2 Engenheiro Agrocircnomo Dr prof do

Conjunto Agroteacutecnico ldquoVisconde da GraccedilardquoUniversidade Federal de

Pelotas (mariotufpeltchebr) ndash Av Ildefonso Simotildees Lopes 2791

Pelotas-RS CEP 96060-290 2Bioacuteloga Dr pesquisadora da Embrapa

Clima Temperado (barbiericpactembrapabr) ndash BR 392 km 78 caixa

postal 403 Pelotas-RS CEP 96001-970 (endereccedilo para

correspondecircncia) Metaboacutelitos secundaacuterios e propriedades medicinais da

espinheira-santa (Maytenus ilicifolia Mart ex Reiss e M aquifolium

Mart)

CARLINI EA Braz S Efeito protetor do liofilizado obtido do abafado de

Maytenus Sp (espinheira-santa) contra uacutelcera gaacutestrica experimental em

ratos In Estudo da accedilatildeo antiuacutelcera gaacutestrica de plantas brasileiras

(Maytenus ilicifolia) Espinheira santa e outras Brasiacutelia CEMEAFIP

1988 p21-35MACAUBAS CIP et al Estudo da eventual accedilatildeo

antiuacutelcera gaacutestrica do baacutelsamo (Sedum sp) folha da fortuna

(Bryophyllum calcium) couve (Brassica oleraceae) e da Espinheira

santa (Maytenus ilicifolia) em ratos In Estudo da accedilatildeo antiuacutelcera

gaacutestrica de plantas brasileiras (Maytenus ilicifolia) Espinheira santa e

outras Brasiacutelia CEMEAFIP 1988 p 5-20

Olivia Werner Oliveira Pedro Ros Petrovick Secagem por aspersatildeo

(spray drying) de extratos vegetais bases e aplicaccedilotildees Revista

Brasileira de Farmacognosia Brazilian Journal of Pharmacognosy 20(4)

641-650 AgoSet 2010

Marianne Christina Scheffer Capitulo 17 Produccedilatildeo de espinheira-santa

(Maytenus ilicifolia Mart ex Reiss) na regiatildeo metropolitana de Curitiba

Paranaacute Brasil

Said gonccedilalves da cruz fonsacircca Farmacoteacutecnica de Fitoteraacutepicos2005

ndash observaram que a temperatura de extraccedilatildeo e a densidade do solvente

exerceram um efeito importante sobre o rendimento liacutequido do extrato e a

distribuiccedilatildeo quiacutemica dos compostos volaacuteteis ao contraacuterio do tamanho de

partiacutecula e da taxa de fluxo de CO2 Apesar dos triterpenos friedelan-3-ol e

friedelina terem sido destacados como sendo compostos eficientes no

tratamento anti-uacutelcera gaacutestrica Queiroga et al (2000) em pesquisa realizada

com ratos mostraram que estes triterpenos natildeo apresentam esta accedilatildeo

farmacoloacutegica

FIGURA 3 Estrutura molecular dos triterpenos friedelan-3-ol e friedelina (Mossi 2003) dos flavonoacuteides canferol e quercetina e do tanino condensado (Cardoso et al 2001) encontrados em espinheira-santa

Os taninos e flavonoacuteides satildeo compostos fenoacutelicos presentes em espinheira-

santa que tambeacutem podem ter accedilatildeo em doenccedilas estomacais (Gonzales et al

2001) Os taninos satildeo compostos de sabor adstringente derivados de

fenilpropanos capazes de formar complexos com proteiacutenas accediluacutecares e

alcaloacuteides indoacutelicos (Cardoso et al 2001) Dividem se em duas categorias

derivados de esqueletos (C6-C1)n chamados de taninos hidrosoluacuteveis e

derivados de esqueletos (C6-C3-C6)n chamados de taninos condensados

(Figura 3) ou proantocianidinas Os taninos hidrolizaacuteveis possuem rotas

biossinteacuteticas ainda desconhecidas Sabe-se que seu precursor eacute o aacutecido

gaacutelico ou seu diacutemero de condensaccedilatildeo o aacutecido elaacutegico Os taninos

condensados satildeo biossintetizados pelas condensaccedilotildees de derivados de aacutecido

chiquiacutemico e unidades de malonil-CoA levando agrave formaccedilatildeo das catequinas

Estas satildeo importantes precursoras das proantocianidinas (taninos

condensados) e antocianidinas Caracterizam-se por serem oligocircmeros e

poliacutemeros formados pela policondensaccedilatildeo de duas unidades flavonoiacutedicas

(flavan-3-ol e flavan-34-diol) portanto tambeacutem satildeo considerados compostos

flavonoacuteides sendo tambeacutem denominados de flavolanas diferenciando-se dos

taninos hidrolisaacuteveis por natildeo possuiacuterem resiacuteduos glicosiacutedeos em sua estrutura

Segundo o autor entre as atividades farmacoloacutegicas que os taninos

condensados apresentam ndash quando complexados com proteiacutenas ndash destacam-

se a proteccedilatildeo da mucosa do estocircmago em tratamento de uacutelcera peacuteptica as

propriedades anti-inflamatoacuterias e cicatrizantes e o bloqueio da formaccedilatildeo da

placa dental atraveacutes da inibiccedilatildeo da glicosiltransferase produzida por bacteacuterias

bucais

Atraveacutes de estudo fitoquiacutemico em extrato de M aquifolium Gonzales et al

(2001) identificaram triterpenos taninos e flavonoacuteides Em testes de

laboratoacuterio os autores mostraram a accedilatildeo antiulcerogecircnica e analgeacutesica do

extrato desta espeacutecie Eles destacaram que os triterpenos apresentam

habilidade na estimulaccedilatildeo da siacutentese de muco ou manutenccedilatildeo do conteuacutedo de

prostaglandina ndash componente com atividade antiulcerogecircnica ndash da mucosa

gaacutestrica em altos niacuteveis Foi sugerido ainda que componentes antioxidantes

como os taninos e os flavonoacuteides podem ter accedilatildeo contra lesotildees gaacutestricas

Os flavonoacuteides existem em abundacircncia no reino vegetal encontrados em sua

maioria nas angiospermas (Cardoso et al 2001) Caracterizam se

estruturalmente por serem polifenoacutelicos derivados de C6-C3-C6 ligados na

orientaccedilatildeo cabeccedila-cauda e que podem conter como substituintes hidroxilas

ou seus derivados funcionais tais como eacutesteres metoxilas aleacutem de

glicosiacutedeos isoprecircnicos presos em posiccedilotildees especiacuteficas dos aneacuteis Os

flavonoacuteides tecircm como precursores a fenilalanina e a acetil-CoA

Satildeo originados de reaccedilotildees de derivados do aacutecido chiquiacutemico e derivados do

acetato Os flavonoacuteides satildeo divididos nas seguintes classes flavonas

flavonoacuteis antocianinas e isoflavonoacuteides esta uacuteltima restrita agrave famiacutelia Fabaceae

Os compostos mais importantes encontrados nos vegetais para cada uma das

trecircs primeiras classes satildeo flavonas ndash apigenina e luteolina flavonoacuteis ndash

canferol quercetina miricetina e galangina antocianinas ndash cianidina e

malvidina

Ao analisarem quantitativamente por HPLC flavonoacuteides em infusatildeo aquosa de

folhas de M ilicifolia e M aquifolium Leite et al (2001) identificaram um novo

composto deste grupo na primeira espeacutecie Os autores destacaram que os

flavonoacuteides podem mediar uma variaccedilatildeo de mecanismos relacionados agrave

atividade anti-cacircncer anti-tumor e anti-oxidante esta uacuteltima relacionada agrave

caracteriacutestica anti-uacutelcera Os flavonoacuteides tetra-glicosilados satildeo uacuteteis como

marcadores quiacutemicos para o controle de qualidade em Maytenus

Dois novos tetraglicosiacutedeos ndash pertencentes aos grupos dos 3-O-glicosiacutedeos de

quercetina e canferol que satildeo os mais importantes entre os flavonoacuteides ndash

foram isolados por Vilegas et al (1999) a partir da infusatildeo de folhas de M

aquifolium Os flavonoacuteides quercetina e canferol estatildeo representados na Figura

3 com indicaccedilatildeo dos grupos hidroxila (3) que satildeo glicosilados para formar os

3-O-glicosiacutedeos de quercetina e canferol Os autores identificaram a accedilatildeo anti-

uacutelcera da infusatildeo de espinheira-santa em que o aumento da dose levou ao

decreacutescimo do nuacutemero de uacutelceras em ratos sendo a dose de 800 mg kg-1 a

mais eficiente A maior atividade foi verificada em uacutelceras do tipo III que satildeo as

mais severas Foi ainda destacado que o isolamento de flavonoacuteides

poliglicosilados da infusatildeo de M aquifolium seraacute uacutetil para validaccedilatildeo destes

componentes como marcadores quiacutemicos como jaacute anteriormente descrito por

Vilegas et al (1998) ndash que distinguiram atraveacutes da teacutecnica HPTLC (High

Performance Thin Layer Chromatographic) amostras autecircnticas de M ilicifolia

e M aquifolium e amostras alteradas com Sorocea bomplandii uma espeacutecie

muitas vezes confundida com a espinheirasanta devido agrave morfologia similar da

folha

5 Aspectos silviculturais

Os coletores tradicionais possuem noccedilotildees empiacutericas sobre o manejo das

espeacutecies em seu ambiente natural (eacutepoca e frequecircncia de coleta suportada

pela espeacutecie ambientes em que ocorrem cuidados com os indiviacuteduos no

momento da coleta para que possam rebrotar) Por exemplo ensinam que a

espinheira-santa deve ser coletada quebrando os ramos e natildeo cortando-os

Alguns coletores dizem que isto eacute necessaacuterio para que a planta tenha efeito

medicinal outros que se os ramos forem cortados a aacutervore natildeo rebrota Fato

eacute que os ramos que satildeo quebrados satildeo mais finos do que se for utilizado um

instrumento cortante e isto certamente tem influecircncia sobre a regeneraccedilatildeo dos

indiviacuteduos Outra informaccedilatildeo dos coletores tradicionais eacute que as folhas de uma

determinada aacutervore devem ser colhidas com intervalos de dois anos Dizem

que eacute o tempo necessaacuterio para a aacutervore se recuperar Poreacutem nos plantios

verifica-se que a regeneraccedilatildeo ocorre em um ano Entretanto como os frutos

satildeo formados em ramos do ano anterior esta recomendaccedilatildeo pode estar ligada

ao manejo da espeacutecie garantindo o tempo miacutenimo necessaacuterio para que se

reproduza Com o mesmo objetivo os produtores deixam algumas aacutervores sem

colher para que produzam sementes garantindo assim regeneraccedilatildeo

natural e mais recentemente como fonte de sementes para plantios

Conhecem a forma de distribuiccedilatildeo da espinheira-santa e percorrem grandes

distacircncias para localizar boas aacutereas de coleta com um nuacutemero significativo de

aacutervores Costumam dar intervalos de um ou mais anos entre as coletas num

mesmo local ou coletam as folhas somente de um lado da planta e no ano

seguinte do outro lado

Haacute ainda os curiosos pessoas sem tradiccedilatildeo em coleta de plantas que por

necessidade econocircmica e por residirem proacuteximo a aacutereas em que a espeacutecie

ocorre satildeo contratadas por coletores tradicionais ou por compradores de

plantas para realizarem a coleta da espinheira-santa e outras espeacutecies

medicinais que ocorrem nas proximidades de sua residecircncia

6 Os produtores de espinheira-santa e seu contexto socioeconocircmico

A populaccedilatildeo da Regiatildeo Metropolitana de Curitiba eacute formada por descendentes

de europeus que integraram as diversas correntes migratoacuterias estimuladas no

seacuteculo XIX Tecircm-se assim principalmente descendentes de alematildees

italianos atividade agropecuaacuteria agrave qual incorporaram praacuteticas extrativistas que

jaacute eram atividade agropecuaacuteria agrave qual incorporaram praacuteticas extrativistas que jaacute

eram exercidas pelos caboclos descendentes dos antigos colonizadores

portugueses e iacutendios da regiatildeo No municiacutepio de Campo Largo haacute 1469

estabelecimentos rurais dos quais 1164 exercem atividades ligadas agrave

agricultura ou silvicultura

Segundo o Censo realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica

IBGE em 2000 a populaccedilatildeo rural era de 15580 pessoas (IPARDES 2001)

Destas cerca de 50 estatildeo envolvidas na produccedilatildeo no processamento e na

comercializaccedilatildeo da espinheira-santa

Haacute vaacuterios tipos de produtores de mateacuteria-prima

(a) coletores tradicionais cuja uacutenica atividade econocircmica eacute a coleta de plantas

medicinais inclusive espinheira-santa

(b) coletores de plantas medicinais que tambeacutem cultivam espeacutecies alimentiacutecias

Neste caso a coleta de plantas medicinais visa agrave complementaccedilatildeo da renda

(c) agricultores que cultivam e coletam plantas medicinais

(d) agricultores natildeo coletores que soacute cultivam plantas medicinais

A coleta eou o cultivo de espinheira-santa eacute de uma estrateacutegia de obtenccedilatildeo de

renda diversificada e natildeo passa em meacutedia de 17 da renda familiar Os

coletores recebem em geral R$040kg de planta fresca (folhas com ramos

finos) Apoacutes secagem satildeo comercializadas por R$250 a 350kg As folhas de

plantas cultivadas podem alcanccedilar entre R$800 e 1200kg (soacute folha seca)

7 Processamento da espinheira-santa

Apoacutes a coleta os ramos com folhas satildeo levados ateacute a propriedade do coletor

onde as folhas satildeo selecionadas e secas ou entregues diretamente ao

comprador A secagem pode ser feita agrave sombra ou em secador com fluxo de ar

aquecido Quando o coletor natildeo dispotildee de secador proacuteprio ele costuma secar

as folhas no secador de algum vizinho que recebe como pagamento parte da

produccedilatildeo Para a secagem satildeo utilizados vaacuterios modelos de secadores O

combustiacutevel utilizado pode ser lenha gaacutes ou serragem Alguns secadores

contam com controle de temperatura Dependendo das especificaccedilotildees feitas

pelo comprador depois de secas as folhas satildeo separadas dos ramos e

rasuradas Depois o produto eacute embalado em sacos de malha de juta ou de

polipropileno com ou sem revestimento de papel Depois eacute armazenado ou

enviado diretamente para o mercado (comercializado) A venda pode ser feita

para atacadistas laboratoacuterios de fitoteraacutepicos ou induacutestrias alimentiacutecias Nas

induacutestrias o material eacute submetida a uma nova seleccedilatildeo de acordo com o

controle de qualidade da empresa Geralmente verifica-se a contaminaccedilatildeo

microbioloacutegica e macroscoacutepica No caso dos laboratoacuterios de fitoteraacutepicos

tambeacutem satildeo analisados os constituintes quiacutemicos

Nas induacutestrias de alimentos as folhas rasuradas sofrem nova fragmentaccedilatildeo e

satildeo envasadas em embalagens de 10 a 30 g eou na forma de saches teabag

e embaladas em caixas de papelatildeo sendo comercializadas de forma

semelhante a outros chaacutes Ao chegar ao consumidor final na forma de folhas

rasuradas e embaladas o preccedilo varia entre R$3000 a 5000kg em

embalagens de 05 a 1 kg e entre R$8000 a R$10000Kg em embalagens de

10 a 30 g

Nos laboratoacuterios de fitoteraacutepicos as formas de apresentaccedilatildeo da espinheira-

santas satildeo (a) em saches ou a granel misturadas a ervas para problemas

digestivos numa composiccedilatildeo preacute-definida (b) em caacutepsulas gelatinosas

contendo 350 a 400 mg de folhas moiacutedas (c) em tintura de espinheira-santa

para cuja obtenccedilatildeo as folhas satildeo submetidas agrave extraccedilatildeo geralmente

hidroalcooacutelica (d) em comprimidos para o que se utiliza o extrato seco das

folhas

8 Mercado e comercializaccedilatildeo

Geralmente a venda eacute feita pelo proprietaacuterio do secador em grandes

quantidades para intermediaacuterios laboratoacuterios de fitoteraacutepicos ou induacutestrias

alimentiacutecias (Figura 3) Alguns produtores para agregar valor fazem

embalagens com pequenas quantidades (10 a 30 g) que comercializam em

feiras e mercados como alimento Esta forma de comercializaccedilatildeo eacute feita por

produtores que tecircm faacutecil acesso a um mercado consumidor significativo como

Figura 3 Fluxograma de produccedilatildeo e comercializaccedilatildeo de espinheira-santa (Maytenus ilicifolia)

por exemplo supermercados farmaacutecias ou feiras Entretanto haacute muitas

exigecircncias impostas pela legislaccedilatildeo de vigilacircncia sanitaacuteria para

comercializaccedilatildeo diretamente ao consumidor final Os atacadistas situados em

sua grande maioria no estado de Satildeo Paulo adquirem o produto no Paranaacute e

distribuem para as demais regiotildees do Brasil e tambeacutem para o exterior Eacute

comum que empresas do Paranaacute adquiram folhas de espinheira-santa

originaacuterias do proacuteprio Estado dos atacadistas de Satildeo Paulo Isto reflete a

falta de organizaccedilatildeo dos produtores que natildeo conseguiram ainda divulgar a

regiatildeo como centro produtor de plantas medicinais

As induacutestrias alimentiacutecias apoacutes embalar o produto revendem-no para os

supermercados Os laboratoacuterios de fitoteraacutepicos apoacutes fabricar o medicamento

normalmente realizam a comercializaccedilatildeo por meio de distribuidores de

produtos farmacecircuticos ou diretamente para grandes redes de farmaacutecias que

realizam a distribuiccedilatildeo internamente

9 Poliacuteticas relacionadas com a exploraccedilatildeo e comercializaccedilatildeo

A produccedilatildeo e comercializaccedilatildeo da espinheira-santa estaacute sujeita agrave legislaccedilatildeo

ambiental e agrave de vigilacircncia sanitaacuteria A primeira estabelece as normas para

registro de pessoas fiacutesicas ou juriacutedicas que consomem exploram ou

comercializam mateacuteria-prima florestal inclusive produtos florestais natildeo

madeireiros (Brasil 1985 Brasil 1995 Brasil 2000) Os coletores sabem que

devem obter registro de coletor e comerciante de plantas nativas junto aos

oacutergatildeos de fiscalizaccedilatildeo ambiental estadual e federal (respectivamente Instituto

Ambiental do Paranaacute IAP e Instituto Brasileiro de Meio Ambiente IBAMA) A

legislaccedilatildeo prevecirc ainda que ao realizar a coleta de uma planta os coletores e

produtores devem ter uma autorizaccedilatildeo fornecida com base num plano de

manejo Este plano deve apresentar as teacutecnicas e estrateacutegias que seratildeo

adotadas para garantir a sustentabilidade da exploraccedilatildeo

Na delegacia do IBAMA do Paranaacute haacute somente dois coletores de plantas

medicinais registrados poreacutem eles natildeo apresentam regularmente pedidos de

autorizaccedilatildeo de coleta acompanhados dos respectivos planos de manejo No

periacuteodo em que efetuamos esta pesquisa o oacutergatildeo estadual ainda natildeo havia

definido as normas que devem ser seguidas pelos interessados na obtenccedilatildeo

das autorizaccedilotildees de coleta de plantas

Uma das razotildees eacute que natildeo se dispotildee ainda de todas as informaccedilotildees teacutecnicas

necessaacuterias para a elaboraccedilatildeo do plano Apesar de oacutergatildeos de pesquisa e de

extensatildeo e das universidades estarem realizando estudos com o objetivo de

estabelecer os criteacuterios teacutecnicos natildeo existia ateacute 2002 nenhum plano de

manejo efetivamente implantado

Outro problema eacute a falta de integraccedilatildeo na atuaccedilatildeo dos oacutergatildeos de fiscalizaccedilatildeo

federal estadual e municipal o que torna a regularizaccedilatildeo junto a estes oacutergatildeos

muito complexa e cara para os produtores

Para que o produtor possa comercializar seu produto no varejo ele deve

atender agraves exigecircncias da legislaccedilatildeo sanitaacuteria que estatildeo muito acima da

capacidade econocircmica da maioria dos coletores e agricultores O produto

deve ainda estar dento dos limites estabelecidos de contaminaccedilatildeo por

microorganismos Quando o produto eacute apresentado como fitoteraacutepico as

exigecircncias aumentam ainda mais envolvendo seu registro com comprovaccedilatildeo

dos constituintes quiacutemicos marcadores e da atividade farmacoloacutegica e a

padronizaccedilatildeo do produto Ateacute mesmo os laboratoacuterios tecircm dificuldade em

atender as exigecircncias da legislaccedilatildeo atual Natildeo obstante o produto chega ao

mercado nas mais variadas formas envasado em sachecircs em caacutepsulas como

tintura misturado a ervas para problemas gaacutestricos entre outras

10 Influecircncia do ambiente na produccedilatildeo de compostos bioativos e perspectivas para o melhoramento geneacutetico de espinheira-santa

A influecircncia do ambiente na produccedilatildeo de polifenoacuteis totais polifenoacuteis natildeo

tanantes e taninos em M ilicifolia foram estudados por Radomski (1998) tendo

sido observado que a luminosidade eacute o principal fator que influencia na

produccedilatildeo destes compostos Plantas que se encontram em pleno sol

apresentam maior concentraccedilatildeo destas substacircncias As correlaccedilotildees entre

luminosidade e polifenoacuteis totais (083) polifenoacuteis natildeo tanantes (092) e taninos

(078) foram altas e significativas

Foram observadas diferenccedilas na morfologia foliar e na concentraccedilatildeo de taninos

em folhas de M ilicifolia de diferentes procedecircncias no Rio Grande do Sul

(Bernardi amp Wasicki 1959) Folhas de plantas desenvolvidas a pleno sol eram

menores com espinhos nas margens em nuacutemero reduzido e apresentavam

maior concentraccedilatildeo de taninos Em plantas de espinheira-santa desenvolvidas

em ambiente com alta luminosidade Radomski (1998) observou que as folhas

das plantas eram mais amareladas mais espessas e com espinhos mais

pronunciados caracterizando formas tiacutepicas de adaptaccedilatildeo de plantas de

sombra expostas agrave luz solar total A autora avaliou a aacuterea foliar o peso de

folhas e o peso especiacutefico de folhas em ambientes com diferentes intensidades

luminosas A aacuterea foliar foi menor e o peso especiacutefico das folhas foi maior nas

plantas desenvolvidas a pleno sol quando comparadas agraves dos outros

ambientes com menor luminosidade O peso especiacutefico de folhas apresentou

altas correlaccedilotildees para concentraccedilatildeo de polifenoacuteis totais (087) polifenoacuteis natildeo

tanantes (082) e taninos (083) Estes compostos contribuem para o

incremento da biomassa foliar Radomski et al (2004) relata a grande

influecircncia do ambiente sobre a composiccedilatildeo fitoquiacutemica da espinheira-santa

como concentraccedilotildees diferenciadas de taninos e polifenoacuteis totais em plantas

coletadas em ambientes diferentes

A autora destaca tambeacutem que os ramos de M ilicifolia podem contribuir com

uma parcela significativa na produccedilatildeo de compostos fitoteraacutepicos como

taninos e polifenoacuteis totais

Em trabalho envolvendo a anaacutelise fitoquiacutemica em populaccedilotildees de M ilicifolia do

Mato Grosso do Sul Paranaacute Santa Catarina e Rio Grande do Sul Mossi

(2003) observou uma grande variabilidade ndash que foi maior dentro das

populaccedilotildees ndash para concentraccedilatildeo dos metaboacutelitos secundaacuterios limoneno geranil

acetato aacutecido palmiacutetico fitol esqualeno vitamina E stigmasterol friedelan-3-

ol friedelin friedelan-3-one Atraveacutes de anaacutelise de agrupamentos (UPGMA) o

autor natildeo identificou uma relaccedilatildeo entre os grupos formados e as caracteriacutesticas

ambientais dos locais de coleta o que pode indicar uma maior influecircncia das

variaacuteveis locais como microclima insolaccedilatildeo condiccedilotildees nutricionais do solo

idade da planta entre outros sobre a concentraccedilatildeo dos compostos analisados

do que as condiccedilotildees macro ambientais

Foram observadas por Buffa Filho et al(2002) diferenccedilas nas concentraccedilotildees

de triterpenos entre plantas com morfologia de folha diferentes sendo que os

compostos 22 hidroximaitenina e celastrol foram encontrados em plantas de

dois tipos morfoloacutegicos

O melhoramento geneacutetico em plantas medicinais visa produzir variedades que

possuam alto rendimento de substacircncias desejadas e que as mantenham em

niacuteveis conhecidos para padronizar a dosagem quando da aplicaccedilatildeo

farmacoloacutegica (Oliveira et al 2003) Eacute importante o aumento da massa seca

eou fresca ou ainda o aumento do teor de princiacutepios ativos em determinado

oacutergatildeo vegetal de modo que estas caracteriacutesticas sejam mantidas nas geraccedilotildees

seguintes O produto do melhoramento de plantas medicinais eacute o princiacutepio ativo

ou o fitocomplexo Outros objetivos satildeo resistecircncia a pragas e doenccedilas e

toleracircncia a condiccedilotildees adversas de ambiente

Como o ambiente tem grande influecircncia na produccedilatildeo de metaboacutelitos

secundaacuterios a interaccedilatildeo genoacutetipo x ambiente eacute um fator importante para ser

analisado no melhoramento de plantas medicinais A possibilidade do melhor

genoacutetipo em um ambiente natildeo o ser em outro influencia o ganho de seleccedilatildeo e

dificulta a recomendaccedilatildeo de cultivares com ampla adaptabilidade (Cruz amp

Regazzi 2001) O conhecimento da herdabilidade dos caracteres de interesse

tambeacutem eacute fundamental para que a seleccedilatildeo seja aplicada com sucesso de

forma que o valor fenotiacutepico de um caraacuteter possa servir como guia para o valor

geneacutetico (aditividade) (Carvalho et al 2001)

Em teste de progecircnies realizado com espinheira-santa Mariot (2005)

identificou uma alta herdabilidade para todos os caracteres (velocidade de

emergecircncia estatura de planta diacircmetro agrave base do caule taxa de crescimento

tamanho de folha e nuacutemero de espinhosfolha) o que evidencia o forte controle

do fator geneacutetico sobre o fenoacutetipo O autor observou ainda altos valores para os

coeficientes de variaccedilatildeo geneacuteticos (CVG) que aliado aos baixos valores para

os coeficientes de variaccedilatildeo devido ao erro experimental (CVE) proporcionaram

iacutendices maiores que 10 para o quociente (relaccedilatildeo CVGVE) em todas as

variaacuteveis analisadas o que eacute um bom indicador para seleccedilatildeo em programas de

melhoramento Este resultado eacute importante para a seleccedilatildeo com base em

caracteres relacionados com o crescimento pois a espinheira-santa eacute

considerada de crescimento lento O tamanho de folha em espinheira-santa

caso apresente relaccedilatildeo com o aumento da biomassa e maior concentraccedilatildeo de

metaboacutelitos secundaacuterios que tenham accedilatildeo farmacoloacutegica pode ser um caraacuteter

importante de se considerar na seleccedilatildeo em programas de melhoramento Os

altos iacutendices dos paracircmetros geneacuteticos evidenciados em trabalho desenvolvido

por Mariot (2005) mostram a eficiecircncia na seleccedilatildeo para estes caracteres

Considerando a necessidade de uniformidade nos teores de princiacutepios ativos

exigidos pelas induacutestrias farmacecircuticas e o fato da espinheira santa ser de

fecundaccedilatildeo cruzada os programas de melhoramento desta espeacutecie que vise

atender estas exigecircncias deve utilizar a propagaccedilatildeo vegetativa

Estudos relacionados agrave cultura de tecidos de M ilicifolia e M aquifolium

tornam-se portanto fundamentais Na aacuterea de biotecnologia foi citado por

Corsino et al (1998a) o uso de Agrobacterium como vetor para aumentar a

produccedilatildeo de triterpenos em programa de melhoramento geneacutetico de espinheira

santa

O conhecimento da associaccedilatildeo entre caracteres eacute de grande importacircncia nos

trabalhos de melhoramento principalmente se a seleccedilatildeo em um deles

apresenta dificuldades em razatildeo da baixa herdabilidade eou tenha problemas

de mediccedilatildeo e identificaccedilatildeo (Cruz amp Regazzi 2001) Para tanto o melhorista

pode estimar as correlaccedilotildees fenotiacutepicas e genotiacutepicas o que pode contribuir no

processo de seleccedilatildeo No caso das espeacutecies medicinais esta ferramenta eacute

muito importante devido ao alto custo das anaacutelises para determinar e

quantificar metaboacutelitos secundaacuterios com potencial farmacoloacutegico como as que

envolvem cromatografia Em espinheira-santa a morfologia foliar estaacute

relacionada com os tipos e a concentraccedilatildeo de triterpenos (Buffa Filho et al

2002) portanto se for identificada correlaccedilatildeo entre estes caracteres a seleccedilatildeo

indireta atraveacutes da morfologia foliar pode vir a ser uma boa estrateacutegia de

seleccedilatildeo

11 Etapas do processo de secagem por aspersatildeoO processo de secagem por aspersatildeo consiste de trecircs etapas fundamentais

Na primeira fase o fluiacutedo eacute disperso como gotiacuteculas produzindo uma grande

aacuterea superficial Na segunda ocorre contato destas com uma corrente de ar

aquecido havendo transferecircncia de calor

Na terceira etapa acontece a evaporaccedilatildeo do solvente e a formaccedilatildeo da partiacutecula soacutelida

121 Ilustraccedilatildeo da Planta Espinheira- Santa

Com a transferecircncia de calor do ar aquecido agraves gotiacuteculas o liacutequido da

superfiacutecie evapora-se rapidamente As partiacuteculas solidificadas geralmente

apresentam o mesmo tamanho e forma da gotiacutecula que as originou Na uacuteltima

etapa o produto de secagem eacute transportado por uma corrente de ar sendo

posteriormente coletado (Broadhead et al 1992 Shaw 1997 Rankell et al

2001) A evaporaccedilatildeo superficial da gotiacutecula conduz agrave formaccedilatildeo de uma

camada de material seco externa Atraveacutes desta camada o liacutequido situado no

interior da gotiacutecula propaga-se para o exterior Dependendo da elasticidade e

da permeabilidade da crosta seratildeo produzidos distintos materiais secos como

esferas intactas com superfiacutecie imperfeita ou fragmentada soacutelidas ou ocas

(Rankell et al 2001) A Figura 2 apresenta foto micrografias de dois extratos

diferentes de Maytenus ilicifolia secos por spray drying com disco giratoacuterio em

torre de secagem por aspersatildeo Os extratos foram produzidos da mesma

maneira utilizando temperatura de entrada de 180 degC velocidade do aspersor

de 9500 rpm e 30 de Aerosil (Oliveira 2008)

12 Fatores que influenciam o processoUm das respostas mais relevantes afetada pelas condiccedilotildees de operaccedilatildeo do

processo eacute a qualidade do produto resultante As variaacuteveis devem ser

controladas visando agrave obtenccedilatildeo de rendimento e de teor de umidade

adequados estabilidade quiacutemica minimizaccedilatildeo da aderecircncia de partiacuteculas na

cacircmara de secagem (sticking) e caracteriacutesticas tecnoloacutegicas especiacuteficas As

propriedades do produto satildeo normalmente determinadas pelos fatores

relacionados agraves caracteriacutesticas do material de entrada e do processamento

isto eacute paracircmetros de operaccedilatildeo e equipamento (Quadro 1)

131 Influecircncia do material de entradaEntre os fatores relacionados agraves caracteriacutesticas do material de entrada o uso

de adjuvantes na teacutecnica de secagem por aspersatildeo eacute uma praacutetica muito

comum Satildeo utilizados como adjuvantes neste processo amido ciclodextrinas

dioacutexido de siliacutecio coloidal fosfato tricaacutelcico gelatina goma araacutebica lactose

maltodextrina entre outros (Vasconcelos et al 2005 Silva Juacutenior et al 2006)

Para a secagem de extratos derivados de plantas a seleccedilatildeo e o uso adequado

de adjuvantes no processo de spray drying eacute uma fase de fundamental

importacircncia visto que determina a estabilidade e a qualidade dos mesmos

podendo inclusive afetar as caracteriacutesticas de biodisponibilidade

13 Atividades farmacoloacutegicas da espinheira-santa A espinheira-santa (M ilicifolia) eacute uma planta que possui atividades

farmacoloacutegicas comprovadas entre elas a atividade antiulcerogecircnica Essas

atividades estatildeo ligadas a substacircncias quiacutemicas que satildeo os polifenoacuteis

(flavonoides e taninos) e os triterpenos Haacute fatores como a composiccedilatildeo quiacutemica

do solo onde essa planta estaacute sendo cultivado o local de plantio a teacutecnica de

colheita a secagem da planta e o processamento poacutes-colheita que influenciam

diretamente nos teores de princiacutepio ativo da planta podendo assim gerar

variaccedilotildees das atividades farmacoloacutegicas (NEGRI 2007)

141 Atividade gaacutestricaDe acordo com alguns estudos (Carlini amp Frochtengerten 1988 Ming et al

1998 Coulaud- Cunha et al 2004 Carvalho et al 2008) a M ilicifolia

apresenta accedilatildeo contra uacutelcera peacuteptica e gastrite Coulaud- Cunha et al (2004)

relatam que a accedilatildeo da M ilicifolia na uacutelcera peacuteptica e gastrite envolve mais de

um mecanismo de accedilatildeo ainda natildeo conclusivamente elucidados e natildeo se deve

somente a um principio ativo especifico mas a diferentes fitocomplexos Foi

demonstrado por Pereira et al (1993) e por Ming et al (1998) que tanto os

taninos principalmente a epigalocatequina quanto os oacuteleos essenciais em

especial o fridenelol satildeo responsaacuteveis por parte dos efeitos gastroprotetores

Carlini amp Frochtengarten (1988) por sua vez em estudos realizados com o

abafado da M ilicifolia relatam que quanto maior o tempo do tratamento maior

seraacute a gastroproteccedilatildeo sem entretanto haver alteraccedilotildees no pH Tal observaccedilatildeo

pode ser confirmada por Ferreira et al (2004) que em estudos com extrato

aquoso liofilizado das folhas de M ilicifolia em sapos comprovou que esse

possui efeito inibitoacuterio sobre os mediadores H2 da histamina nas ceacutelulas

parietais esses segundo Gilman (1989) quando estimulados causam a

ativaccedilatildeo da adenililciclase iniciando uma seacuterie de alteraccedilotildees morfoloacutegicas e

bioquiacutemicas complexas que leva ao aumento da secreccedilatildeo gaacutestrica

funcionando como um antagonista H2 aleacutem de inibir o efeito da gastrina Foi

demonstrado ainda que tanto a epigalocatequina (tanino) quanto o fridenelol

(oacuteleo essencial) satildeo responsaacuteveis por parte do efeito protetor da mucosa

gaacutestrica (Pereira et al 1993 Ming et al 1998)

142 Atividade antiulcerogecircnicaSegundo Sousa-Formigoni et al (1991) foi comprovada a atividade

antiulcerogecircnica da espinheira-santa (M ilicifolia) por experimentos feitos em

ratos nos quais os animais foram induzidos a terem uacutelceras gaacutestricas por meio

de indometacina e por estresse quando estes foram submetidos a baixas

temperaturas e por serem imobilizados Apoacutes a aplicaccedilatildeo de um extrato

liofilizado de espinheira-santa houve uma reduccedilatildeo do nuacutemero de uacutelceras e um

aumento do volume e pH da secreccedilatildeo gaacutestrica

Em estudos de mecanismos celulares e moleculares da accedilatildeo de produtos

naturais com o isolamento de substacircncias bioativas da M ilicifolia

responsaacuteveis pela accedilatildeo antissecretora aacutecida gaacutestrica os resultados obtidos

confirmam essas accedilotildees Foram utilizados nesses experimentos extratos

aquosos das partes aeacutereas da planta e os princiacutepios ativos tecircm funccedilatildeo de

inibidores da bomba de proacutetons etapa final comum das vias reguladoras da

secreccedilatildeo aacutecida gaacutestrica (BOSSOLANI 2000)

143 Atividade antimicrobianaEstudos pioneiros como o de Lima et al (1969) jaacute demonstravam que a

maitenina exibe forte atividade antimicrobiana contra vaacuterias bacteacuterias Gram

positivas Tais efeitos foram corroborados com a demonstraccedilatildeo que os extratos

das folhas e raiacutezes tecircm efeito antimicrobiano para vaacuterios patoacutegenos dentre

eles Staphylococcus aureus e Streptococcus sp

144 Atividade sobre o Sistema Nervoso CentralSegundo Alonso (1998) o extrato de M ilicifolia possui atividade sedativa que

potencializa (efeito sineacutergico) o sono por barbituacutericos em camundongos

145 Atividades abortiva e sobre a espermatogecircnese

De acordo com Montanari et al (1998) o extrato etanoacutelico de M Ilicifolia

quando administrado em altas doses em camundongos suiacuteccedilos apesar de

causar leves alteraccedilotildees como ceacutelulas germinativas imaturas esfoliadas mortes

celulares ocasionais aumento de gotiacuteculas lipiacutedicas em ceacutelulas de Sertoli e

inchamento de acrossomas entre outras natildeo foi suficiente para acarretar

danos agrave espermatogecircnese

Jaacute em testes realizados em camundongos (fecircmeas e graacutevidas) administrando-

se oralmente extrato hidroalcooacutelico (70) de folhas de espinheira-santa (M

ilicifolia) observou-se um decreacutescimo significativo do nuacutemero de embriotildees

indicando uma perda embrionaacuteria antes do periacuteodo de implantaccedilatildeo Poreacutem

natildeo houve maacute-formaccedilatildeo ou mortes fetais depois do periacuteodo de implantaccedilatildeo

Esse extrato possui atividade estrogecircnica que pode interferir na receptividade

uterina ao embriatildeo (MONTANARI BEVILAQUA 2002)

146 Atividades antimutagecircnica e anticanceriacutegenaConforme Horn e Vargas (2003) o extrato aquoso de M ilicifolia foi eficaz em

aproximadamente 75 das doses testadas exibindo boas respostas

antimutagecircnicas ou um decreacutescimo sugestivo Em estudos realizados por

Queiroga et al (2007) foi avaliada a fraccedilatildeo ativa antiulcerogecircnica da M

ilicifolia na atividade anticanceriacutegena apresentando resultados citostaacuteticos

satisfatoacuterios De acordo com Itokawa et al (1993) o composto pristimerina foi o

mais eficiente na accedilatildeo citotoacutexica podendo ser uacutetil no tratamento de tumores

147 Atividade antioxidante e otoprotetoraDe acordo com Mattei e Carlini (1998) um extrato aquoso liofilizado de

espinheira-santa (M ilicifolia) foi testado in vitro em homogenato de ceacuterebro de

ratos e exerceu uma importante atividade antioxidante inibindo o processo de

lipoperoxidaccedilatildeo

Usando-se extrato etanoacutelico de M ilicifolia foi confirmado que a casca da raiz

tem um poder antioxidante pelo fato de possuir em sua base compostos com a

capacidade sequestradora de radicais livres (VELLOSA et al 2006)

Conforme Santos et al (2010) foram comprovadas propriedades antioxidantes

dos extratos brutos e de componentes individuais de M Ilicifolia por possiacuteveis

associaccedilotildees sineacutergicas de substacircncias fenoacutelicas e triterpenos

quinonametiacutedeos comparados agrave rutina como composto fenoacutelico modelo

De acordo Kasse et al (2008) foi realizado um estudo com ratos (fecircmeas) em

que esses animais foram submetidos agrave substacircncia cisplatina e posteriormente

tratados com extrato de M ilicifolia para avaliar a atividade otoprotetora da

planta Foram realizados e avaliados os exames de emissotildees otoacuacutesticas por

produtos de distorccedilatildeo por potencial de tronco encefaacutelico antes e depois de

administraccedilatildeo de cisplatina e por fim por microscopia eletrocircnica de varredura

Os resultados mostraram que apesar de apresentar atividades antioxidantes a

M ilicifolia foi incapaz de bloquear o efeito citotoacutexico do composto quiacutemico

administrado nas cobaias

Segundo Negri et al (2009) a atividade antioxidante do extrato etanoacutelico de M

ilicifolia estaacute intimamente ligada agrave sua temperatura de secagem Testes

realizados para avaliaccedilatildeo do poder antioxidante os quais foram os meacutetodos de

formaccedilatildeo de complexo com fosfomolibdecircnio e atividade antioxidante em

relaccedilatildeo agrave reduccedilatildeo de um radical utilizando-se o DPPH (22-difenil-1-

picnilhidrazila) em que foram levadas em consideraccedilatildeo diferentes

temperaturas usualmente utilizadas para secagem (40 50 60 70 e 80˚C)

demostraram melhor atividade antioxidante na temperatura de 40˚C e

gradativamente quanto maior a temperatura realizada nos testes menor o

poder antioxidante Por fim o estudo mostrou a importacircncia do controle de

temperatura para a melhor efetividade nesse quesito da planta

Em estudos de Pessuto et al (2009) foram avaliados extratos e compostos

isolados de M Ilicifolia em relaccedilatildeo agrave capacidade antioxidante Os extratos

brutos e semipurificados foram estudados por meio de ensaios de

fosfomolibdecircnio (complexo) e de DPPH (22-difenil-1-picnilhidrazila) nos quais

os resultados mostraram que a fraccedilatildeo com acetato de etila teve melhor

capacidade antioxidante em relaccedilatildeo ao extrato bruto e fraccedilatildeo aquosa

possivelmente por conter maior nuacutemero de hidroxilas fenoacutelicas (pela

capacidade de sequestro dos radicais livres) e tambeacutem em relaccedilatildeo agraves

substacircncias trolox e vitamina C

148 Atividades antinociceptiva e anti-inflamatoacuteria De acordo com Nakamura et al (1994) o extrato etanoacutelico de folhas de M

ilicifolia conteacutem uma fraccedilatildeo de quercetina-3-O-glicosiacutedeo e essa substacircncia

quiacutemica foi avaliada pelo teste de aacutecido aceacutetico e formalina em ratos obtendo-

se resultados satisfatoacuterios para atividades analgeacutesicas e anti-inflamatoacuterias

Por meio de testes realizados em camundongos e ratos foi provocado um

edema nas patas desses animais por meio de injeccedilatildeo de 002 ml de

formaldeiacutedo (soluccedilatildeo a 092) utilizando-se como controle soluccedilatildeo salino

Apoacutes 120 minutos foi aplicado extrato hexacircnico e acetato de etila das folhas

(M ilicifolia) administrados por via oral nas doses de 80 160 320 e 340 mgkg

Os animais foram sacrificados apoacutes 4 horas Em um segundo ensaio foi

administrada por injeccedilatildeo soluccedilatildeo de carragenina a 1 e os extratos da planta

foram dados por via oral nas doses de 80 160 320 e 340 mgkg Os resultados

obtidos mostraram uma atividade antinociceptiva para os dois extratos

principalmente nas doses de 320 e 340 mgkg sendo esse teste importante

para uma alternativa cliacutenica na terapecircutica anti-inflamatoacuteria e antiulcerogecircnica

(JORGE et al 2004)

14 Toxicidade efeitos adversos e contraindicaccedilatildeo da espinheira-santa

Foi realizado um estudo toxicoloacutegico com 24 voluntaacuterios sendo 12 homens e

12 mulheres de 20 a 40 anos de idade selecionados previamente por meio de

avaliaccedilatildeo cliacutenica exames hematoloacutegicos e bioquiacutemicos e avaliaccedilatildeo

psicomotora com o objetivo de estabelecer um intervalo maacuteximo de seguranccedila

no uso de M ilicifolia As doses foram administradas de maneira crescente e

natildeo houve um grupo controle pois os exames iniciais foram considerados

como valores basais para efeito comparativo A dose inicial foi fixada em 100

mg por adulto sendo administradas doses subsequentes de 200 500 1000

1500 e 2000 mg com intervalos de uma semana para cada dose A anaacutelise dos

resultados revelou que natildeo houve efeitos significativos nos valores dos

principais paracircmetros hematoloacutegicos e bioquiacutemicos e tambeacutem natildeo foram

observadas alteraccedilotildees nas funccedilotildees hepaacuteticas pancreaacuteticas e renais

Hormocircnios lipiacutedeos glicose soacutedio potaacutessio caacutelcio e foacutesforo tambeacutem

mantiveram valores considerados normais (TABACH et al 2002)

Em relaccedilatildeo aos efeitos adversos a M ilicifolia natildeo possui algum que justifica a

interrupccedilatildeo do tratamento Entre os mais comuns destacam-se cefaleia

sonolecircncia boca seca naacuteuseas dor articular nas matildeos gosto estranho na

boca tremor nas matildeos cistite e poliuacuteria (TABACH et al 2002) Poreacutem

segundo Amaral et al (2005) natildeo eacute recomendado o uso pediaacutetrico pela

ausecircncia de testes Ensaios realizados em ratos mostraram perda embrionaacuteria

antes do periacuteodo de implantaccedilatildeo portanto essa planta natildeo eacute recomendada em

casos de gravidez (MONTANARI BIVILACQUA 2002)

De acordo com estudos realizados em camundongos o abafado de M ilicifolia

foi administrado nesses animais em doses ateacute 360 vezes maiores que a

utilizada pelo homem durante um periacuteodo de dois a trecircs meses Como

resultados natildeo houve mudanccedilas no peso comportamento temperatura

paracircmetros bioquiacutemicos e hematoloacutegicos desses animais (OLIVEIRA CARLINI

1988)

15 FarmacocineacuteticaO modelo da farmacocineacutetica da espinheira-santa eacute estudado por meio de seus

taninos natildeo condensados Epigalocatequina marcada foi administrada por via

oral sendo os picos plasmaacuteticos observados 60 min apoacutes a ingestatildeo Apoacutes

uma dose de 500 mgkg foram detectadas concentraccedilotildees tissulares de 123

mmol no plasma 484 mmol no fiacutegado e 565 mmol no intestino delgado

(Nakagawa amp Miyazawa 1997) Depois da administraccedilatildeo oral de

epigalocatequina-3-galato marcada com triacutetio a ratos cerca de 6 da dose eacute

eliminada na urina e 24 nas fezes nas primeiras 24 horas Uma segunda

dose dada duas horas apoacutes a primeira eleva em cerca de 4 a 6 vezes a

concentraccedilatildeo no plasma e em alguns tecidos Esses dados sugerem uma

meia-vida longa e eliminaccedilatildeo lenta da epigalocatequina-3-galato No final das

24 horas os animais foram sacrificados e essa substacircncia pocircde ser encontrada

no rim ceacuterebro fiacutegado pacircncreas intestino e ossos (Suganuma et al 1998)

Num outro estudo foi avaliada a afinidade da epigalocatequina-3-galato agraves

proteiacutenas do soro Apoacutes uma dose oral a ratos mais de 50 da

epigalocatequina-3-galato absorvida ligou-se agrave proteiacutena do plasma

especialmente a fibronectina o fibrinogecircnio e a HRGP( Histidin Rich

Glicoprotein) proteiacutena plasmaacutetica com 74 kdaltons cuja funccedilatildeo ainda eacute pouco

conhecida (Sazuka et al 1996)

16 PreparaccedilatildeoTendo sido reconhecida a espeacutecie com que se vai trabalhar torna-se

necessaacuterio que se disponha desta espeacutecie em quantidade suficiente para

atender a demanda relacionada a produccedilatildeo do fitoteraacutepico replicaccedilatildeo da

espeacutecie e respectivo controle de qualidade Par a atingir este objetivo a

espeacutecie deve ser cultivada na extensatildeo adequada ao fim que se propotildee tendo-

se aleacutem dos cuidados inerentes ao cultivo de qualquer espeacutecie vegetal a

precauccedilatildeo de nunca utilizar pesticidas ou agrotoacutexicos na aacuterea de cultivo Nos

parece claro que a opccedilatildeo pelo fitoteraacutepico deve vir acompanhada do desejo de

seguranccedila o que natildeo seria conseguido se fossem deixados resiacuteduos de

agrotoacutexicos ou de pesticidas na espeacutecie que iraacute ser usada como mateacuteria-prima

para a produccedilatildeo de medicamento Veja no item 24 os ensaios que devem ser

efetuados no sentido de identificar e quantificar a presenccedila destes e de outros

contaminantes

Dispondo-se entatildeo da espeacutecie vegetal botanicamente selecionada cultivada

sem o uso de agentes quiacutemicos contaminantes iremos seguir tantos passos

quantos sejam necessaacuterios para preparar a espeacutecie vegetal numa droga capaz

de ser armazenada e processada para resultar num preparado intermediaacuterio uacutetil

na preparaccedilatildeo de fitoteraacutepicos Estes passos podem ser enumerados como

sendo Coleta Monda Estabilizaccedilatildeo Secagem Trituraccedilatildeo e Armazenamento

A execuccedilatildeo e finalidade de cada um se acham descrito a seguir

A Coleta eacute realizada atraveacutes da retirada da parte usada da planta procurando

sempre o material mais saudaacutevel em completo desenvolvimento (a menos que

especificado em (contraacuterio como ocorre com a gema terminal de Psidium

guajava) e com o miacutenimo de contaminantes (poeira poluiccedilatildeo adubo insetos

colocircnia de microrganismos etc) A distribuiccedilatildeo de substacircncias

farmacologicamente ativas nas plantas medicinais natildeo se daacute de maneira

homogecircnea em toda a extensatildeo da planta Portanto eacute de se esperar que

apenas alguma parte de uma dada espeacutecie podem ser utilizadas com finalidade

terapecircutica

Atraveacutes de consulta agraves diversas farmacopeias e tratados sobre plantas

medicinais encontramos descriccedilotildees sobre a parte a ser usada de cada espeacutecie

medicinal Pode-se em alguns casos observar que diferentes partes de uma

mesma planta apresentam propriedades inteiramente diferentes como por

exemplo a Punica granam (romatildezeira) cujas cascas do caule satildeo teniacutefugas e

as cascas dos frutos tecircm propriedades anti-inflamatoacuteria e antibioacutetica Em outros

casos toda a planta pode ser utilizada com a mesma finalidade como a

Phylanthus niruri (quebra-pedra) Torna-se imperioso portanto que antes de

qualquer outra etapa da preparaccedilatildeo de uma forma farmacecircutica fitoteraacutepica se

conheccedila qual ou quais partes da espeacutecie escolhida pode ser utilizada

A coleta deve respeitar para cada espeacutecie o melhor periacuteodo correspondente

agravequele onde a espeacutecie apresenta maior teor em substacircncias ativas Tendo isto

em mente relacionamos a seguir orientaccedilotildees geneacutericas quanto ao periacuteodo de

coleta

Formas farmacecircuticas de fitoteraacutepicosPoacute

Eacute a forma farmacecircutica obtida apoacutes a secagem trituraccedilatildeo e tamisaccedilatildeo da

droga Segundo a sua finalidade devem apresentar a tenuidade adequada

conforme a tabela a seguir Pode ser dispensado para uso na preparaccedilatildeo de

chaacutes ou adicionado agrave alimentaccedilatildeo (leite sucos mel etc) O envase deve cuidar

para que natildeo haja absorccedilatildeo de umidade

Formas soacutelidas

Caacutepsulas

Eacute a forma farmacecircutica obtida pela deposiccedilatildeo ordenada da droga seca

triturada e tamisada em caacutepsulas gelatinosas duras ou pelo encapsulamento

de liacutequidos ou semissoacutelidos de natureza lipofiacutelica em caacutepsulas gelatinosas

moles O invoacutelucro rosa utilizado eacute geralmente de natureza proteica e satildeo

portanto incompatiacuteveis com drogas tacircnicas por exemplo Cuidado especial

deve ser tomado com a umidade temperatura e pressatildeo exercida sobre as

caacutepsulas durante o armazenamento e transporte Estes fatores podem levar a

desidrataccedilatildeo ou hidrataccedilatildeo das caacutepsulas que as tornam quebradiccedilas ou

deformadas e coladas Durante a preparaccedilatildeo das caacutepsulas deve-se cuidar para

que o peso das caacutepsulas obtidas seja o mais uniforme possiacutevel podendo-se

garantir isso pela pesagem da quantidade de poacute necessaacuteria para o enchimento

de um nuacutemero determinado de caacutepsulas

O enchimento das caacutepsulas ocorre na oficina farmacecircutica em tabuleiros

especiais constituiacutedos em acriacutelico PVC ou outro poliacutemero apresentando-se no

modelo mais simples apenas como uma base fixa que se encaixa a uma outra

moacutevel e perfurada que recebe o corpo das caacutepsulas sem as tampas A seguir

se distribui de forma homogecircnea a quantidade estipulada de poacute em todas as

caacutepsulas valendo-se de uma espaacutetula plaacutestica e de um dispositivo especial

para prensar o conteuacutedo no interior das caacutepsulas Finalizado o enchimento as

partes super oires (tampas) das caacutepsulas satildeo recolocadas fechando-as e

determina-se o peso meacutedio das mesmas embalando-as imediatamente

A capacidade das caacutepsulas eacute proporcional agrave densidade do poacute e ao tamanho

das caacutepsulas que eacute padronizado em 08 (oito) diferentes tipos listados a seguir

com as respectivas dimensotildees e capacidades em mililitros

Controle de Qualidade

Todas as etapas utilizadas durante o processamento da droga devem ser

monitoradas atraveacutes de ensaios que possam atestar a qualidade da mateacuteria-

prima dos produtos intermediaacuterios e do produto final acabado O objetivo final

tanto do processamento adequado quanto agrave avaliaccedilatildeo da qualidade eacute a

garantia de que o que estaacute sendo produzido na forma como ocorre o processo

produtivo estaacute conduzindo agrave obtenccedilatildeo de um produto com as caracteriacutesticas

necessaacuterias agrave utilizaccedilatildeo para o tratamento de doenccedilas

Droga

A avaliaccedilatildeo da qualidade da droga utilizada na obtenccedilatildeo de fitoteraacutepicos no

Programa Farmaacutecias-Vivas onde o cultivo das espeacutecies vegetais eacute efetuado

pelo laboratoacuterio fabricante do produto deve ser realizada sob os seguintes

aspectos

- Considerando que a droga a ser utilizada corresponde agrave espeacutecie vegetal

esperada conhece-se suas caracteriacutesticas macromorfoloacutegicas aleacutem das suas

caracteriacutesticas sensoriais constituindo a primeira avaliaccedilatildeo que eacute a identidade

da droga

- Determinaccedilatildeo da umidade da droga fresca que deve ser diferenciada de

perda por dessecaccedilatildeo pois outras substacircncias volaacuteteis aleacutem da aacutegua satildeo

evaporadas Pode ser determinada atraveacutes do ensaio volumeacutetrico de Karl

Fischer ou pelo ensaio gravimeacutetrico submetendo a droga a dessecaccedilatildeo em

temperatura ambiente em dessecador com siacutelica ou aacutecido sulfuacuterico

- Mesmo a droga morfologicamente normal pode natildeo apresentar seus

constituintes ativos na quantidade desejada sendo necessaacuterio que sejam

realizados ensaios de identificaccedilatildeo e quantificaccedilatildeo de ativos ou de marcadores

atraveacutes das mais diversas teacutecnicas gravimeacutetrica volumeacutetrica

espectrofotomeacutetrica cromatograacutefica etc

- Avaliaccedilatildeo da contaminaccedilatildeo microbiana da droga principalmente se a mesma

tiver de ser utilizada sem qualquer processamento posterior As drogas que

seratildeo transformadas em uma forma extrativa em soluccedilatildeo hidro-alcooacutelica pode

ter sua carga microbiana reduzida pelo efeito antisseacuteptico do solvente

Preparado Intermediaacuterio

As formas extrativas satildeo obtidas em condiccedilotildees que nem sempre conseguem

retirar a totalidade das substacircncias ativas soluacuteveis no solvente escolhido devido

a diversos fator ES como o tempo e temperatura de maceraccedilatildeo pH do

solvente distribuiccedilatildeo granulomeacutetrica da droga sua umidade residual teor de

substacircncias ativas e velocidade de percolaccedilatildeo Justifica-se entatildeo a

necessidade da realizaccedilatildeo de ensaios de avaliaccedilatildeo da qualidade das formas

extrativas incluindo avaliaccedilotildees fiacutesico-quiacutemicas como aparecircncia cor odor

solubilidade densidade pH e viscosidade avaliaccedilotildees quiacutemicas como o perfil

cromatograacutefico e dosagem das substacircncias ativas ou marcador e avaliaccedilatildeo

microbioloacutegica da quantidade de microrganismos viaacuteveis

Fitoteraacutepico

Independente da forma farmacecircutica final eacute necessaacuterio que sejam realizadas

avaliaccedilotildees na qualidade do produto final da mesma forma que eacute exigido para

os demais tipos de medicamentos Listamos a seguir os ensaios realizados

para cada forma farmacecircutica lembrando que devem ser acrescentados os

ensaios quiacutemicos e microbioloacutegicos

Prazo de Validade

Considerando a jaacute difiacutecil realizaccedilatildeo da avaliaccedilatildeo da qualidade das drogas

utilizadas na obtenccedilatildeo de fitoteraacutepicos pode-se compreender que o

acompanhamento do processo cineacutetico de degradaccedilatildeo dos constituintes do

medicamento natildeo eacute uma estar efe faacutecil No entanto esta avaliaccedilatildeo pode se dar

em diversos niacuteveis

- Avaliaccedilatildeo da estabilidade fiacutesica

Para cada tipo de forma farmacecircutica satildeo descritas as caracteriacutesticas tiacutepicas

como cor odor limpidez densidade viscosidade pH etc que observadas

para um mesmo lote ao longo do tempo de armazenamento forneceratildeo

informaccedilotildees sobre a integridade fiacutesica da formulaccedilatildeo

- Avaliaccedilatildeo da estabilidade quiacutemica

A utilizaccedilatildeo de recursos laboratoriais desde os mais simples ateacute os mais

sofisticados permitem o acompanhamento qualitativo eou quantitativo dos

princiacutepios ativos contidos no produto fitoteraacutepico Por exemplo atraveacutes do

ensaio limite de taninos por diluiccedilotildees sucessivas e adiccedilatildeo de cloreto feacuterrico

pode-se ter uma medida semi-quantitativa do teor destas substacircncias nas

preparaccedilotildees que o contenham Evoluindo a utilizaccedilatildeo de teacutecnica

cromatograacutefica em camada delgada sobre papel ou siacutelica permite a

determinaccedilatildeo do perfil cromatograacutefico para o produto de modo que possa ser

comparado com o obtido em lotes posteriores ou com o mesmo lote ao longo do

tempo de armazenamento

- Avaliaccedilatildeo da estabilidade microbioloacutegica

A verificaccedilatildeo do niacutevel de contaminaccedilatildeo microbiana numa preparaccedilatildeo

medicamentosa fornece informaccedilotildees sobre o niacutevel de higienizaccedilatildeo empregado

durante o processamento da droga ateacute a obtenccedilatildeo do medicamento A

observaccedilatildeo deste mesmo paracircmetro ao longo do tempo fornece informaccedilotildees

sobre a composiccedilatildeo conservante utilizada no produto e a forma de

armazenamento

Teacutecnicas Gerais

Os ensaios laboratoriais de avaliaccedilatildeo da qualidade da droga compreendem

basicamente

- Observaccedilatildeo macroscoacutepica e microscoacutepica da droga fresca e seca inteira e

triturada comparando com o descrito em farmacopeias ou com modelos

botanicamente certificados

- Determinaccedilatildeo de umidade na droga fresca e naquela seca e triturada

evidenciando a quantidade de aacutegua contida na droga receacutem-coletada na droga

s eca e a efetividade do processo de secagem utilizada

- Identificaccedilatildeo e dosagem de substacircncias ativas ou marcadores realizada na

droga seca e triturada onde atraveacutes do acompanhamento da evoluccedilatildeo ao

longo do tempo e o cruzamento dos dados entre os locais e condiccedilotildees de

cultivo seraacute possiacutevel a determinaccedilatildeo das condiccedilotildees ideais para a manutenccedilatildeo

da qualidade das espeacutecies vegetais

- Determinaccedilatildeo da quantidade de mateacuteria orgacircnica estranha na droga seca

triturada grosseiramente demonstrando se a coleta monda secagem e

trituraccedilatildeo foram realizadas a contento sem o risco de contaminaccedilatildeo com outras

espeacutecies

- Determinaccedilatildeo de resiacuteduos de pesticidas para monitorar a forma de realizaccedilatildeo

do controle de pestes atraveacutes da identificaccedilatildeo e dosagem de pesticidas

- Determinaccedilatildeo da presenccedila de arsecircnio e metais pesados como componentes

que satildeo responsaacuteveis por intoxicaccedilotildees e por incompatibilidades nas

preparaccedilotildees liacutequidas de fitoteraacutepicos

- Determinaccedilatildeo da quantidade de microrganismos viaacuteveis atraveacutes da contagem

em placa a de diluiccedilotildees obtidas a partir do liacutequido de lavagem das drogas

evidenciando o grau de contaminaccedilatildeo e a possiacutevel e indesejaacutevel presenccedila de

microrganismos potencialmente patogecircnicos

Garantia de Qualidade

Na produccedilatildeo de fitoteraacutepicos do mesmo modo como ocorre com qualquer outro

medicamento natildeo pode negligenciar qualquer procedimento que possa conduzir

a diminuiccedilatildeo da qualidade do produto final A qualidade se reflete na

reprodutibilidade da qualidade do produto avaliada em laboratoacuterio e no

acompanhamento da sua eficaacutecia terapecircutica e seguranccedila Isto soacute pode ser

conseguido quando para cada forma farmacecircutica de fitoteraacutepico forem

registradas as operaccedilotildees farmacecircuticas que devem ser seguidas agrave risca suas

medidas de controle e definiccedilatildeo das responsabilidades para cada uma das

etapas do processamento

Apenas como ilustraccedilatildeo tomemos como exemplo a produccedilatildeo da tintura de

Alecrim-pimenta (Lippia sidoides Cham) O iniacutecio da preocupaccedilatildeo com a

qualidade se daacute com a seguranccedila de que a espeacutecie cultivada seja realmente

aquela que se deve coletar e em seguida em coletar a parte que realmente

deve ser utilizada e de plantas com aspecto saudaacutevel de desenvolvimento para

a qual as condiccedilotildees de cultivo tenham se apresentado como satisfatoacuterias A

monda que se segue agrave coleta retirando as partes improacuteprias agrave preparaccedilatildeo do

fitoteraacutepico daacute continuidade ao passo anterior na busca de alcanccedilar a qualidade

desejada O processo de dessecaccedilatildeo ocorrendo agrave sombra e agrave temperatura

ambiente preservando os constituintes quiacutemicos ativos e diminuindo a

influecircncia da umidade da planta sobre a sua qualidade e a da soluccedilatildeo extrativa

a ser obtida faz com que a droga obtida possa ser utilizada como mateacuteria-prima

para a obtenccedilatildeo de medicamento O cuidadoso processo de trituraccedilatildeo sem

elevar a temperatura durante o processo e reduzindo a perda de poacute para o

ambiente tambeacutem representa um processo que deve ser realizado com a

devida atenccedilatildeo Depois disso a droga seca e triturada deve ser armazenada

em condiccedilotildees que preservem sua qualidade pelo tempo necessaacuterio ateacute sua

utilizaccedilatildeo com as devidas inscriccedilotildees que atestem sua fonte data de coleta e de

processamento e respectivos responsaacuteveis

A preparaccedilatildeo da soluccedilatildeo hidro-alcooacutelica que seraacute utilizada no processo extrativo

tambeacutem deve ser realizada com bastante cuidado pois a mateacuteria-prima deve

apresentar a qualidade compatiacutevel com sua utilizaccedilatildeo para a produccedilatildeo de

medicamentos aacutegua purificada e aacutelcool farmacecircutico Deve-se observar a

legislaccedilatildeo atual sobre aacutelcool que exige a desnaturaccedilatildeo do aacutelcool

comercializado em farmaacutecias e supermercados e assim natildeo deve servir como

excipiente farmacecircutico Enfim todos os processos interferem com a qualidade

do produto final a ser obtido e devem ser realizados corretamente e as

operaccedilotildees registradas em documento proacuteprio buscando a rastreabilidade de

cada lote de cada produto

Outra etapa da garantia da qualidade essencial para sua implantaccedilatildeo eacute a

validaccedilatildeo de equipamentos e de processos que busca uma evidecircncia

documentada de que os mesmos cumprem satisfatoriamente sua finalidade

quando utilizados ou realizados corretamente

Estas evidecircncias devem ser conseguidas antes mesmo de se iniciar a utilizaccedilatildeo

das instalaccedilotildees para produccedilatildeo de medicamentos Naqueles jaacute em

funcionamento a validaccedilatildeo pode ser realizada atraveacutes da documentaccedilatildeo da

produccedilatildeo passada ou seja uma validaccedilatildeo retrospectiva

Para a produccedilatildeo de medicamentos em pequena escala que natildeo venha a

caracterizar uma produccedilatildeo industrial deve-se buscar a adequaccedilatildeo das

condiccedilotildees de produccedilatildeo armazenamento e dispensaccedilatildeo do produto atraveacutes da

Resoluccedilatildeo RDC ndeg 33 de abril de 2000 que descreve os criteacuterios de Boas

Praacuteticas de Manipulaccedilatildeo

Para a produccedilatildeo industrial de medicamentos a legislaccedilatildeo que trata das Boas

Praacuteticas de Fabricaccedilatildeo e Garantia de Qualidade eacute a Resoluccedilatildeo RDC ndeg 210 de

04 de agosto de 2003 As especificaccedilotildees legais da legislaccedilatildeo sanitaacuteria

brasileira e de outros paiacuteses para materiais vegetais devem incluir tanto quanto

possiacutevel o seguinte

- Nome botacircnico c om referecircncia aos autores

- Detalhes da fonte da planta (paiacutes ou regiatildeo de origem cultivo eacutepoca da

colheita procedimentos de colheita possiacuteveis pesticidas utilizados etc)

- Descriccedilatildeo do material vegetal inspeccedilatildeo visual macro eou microscoacutepica

- Testes de identificaccedilatildeo apropriados incluindo quando convenientes testes de

identificaccedilatildeo para ingredientes ativos conhecidos ou marcadores

- Ensaios quando convenientes dos constituintes de atividade terapecircutica ou

marcadores

- Meacutetodos apropriados para determinaccedilatildeo de possiacuteveis contaminaccedilotildees por

pesticidas e os limites aceitos

- Testes para metais pesados e contaminantes semelhantes materiais

estranhos e adulterantes

- Testes para radiaccedilatildeo aflatoxinas e contaminaccedilatildeo microbiana

Qualquer tratamento usado para reduzir contaminaccedilotildees focircnicas e microbianas

ou outras infestaccedilotildees devem ser documentadas Instrumentos para tais

procedimentos devem ser acessiacuteveis e devem incluir detalhes dos processos

testes e limites residuais

Para a realidade do programa Farmaacutecias-Vivas onde natildeo satildeo utilizados

pesticidas as plantas satildeo cultivadas no local proacuteximo de onde ocorre a

produccedilatildeo do medicamento ou satildeo de origem na mesma regiatildeo e satildeo

processadas logo apoacutes a coleta satildeo feitas exigecircncias menores que as

estabelecidas para maiores escalas de produccedilatildeo Nem assim devemos deixar

de registrar todas as operaccedilotildees realizadas com a droga desde o seu cultivo ateacute

a dispensaccedilatildeo do produto fitoteraacutepico

Dispensaccedilatildeo

Estivemos sempre discorrendo sobre qualidade do produto a ser obtido desde

o cultivo da espeacutecie correta da coleta da parte usada e o seu processamento

mantendo intactos os princiacutepios ativos Conhecemos os motivos que levam a

toda esta preocupaccedilatildeo com a qualidade a responsabilidade do profissional que

o produz e a eficaacutecia e a seguranccedila necessaacuterias para o paciente que o utiliza

Portanto resta-nos dispensar o fitoteraacutepico para que este apresente estas

caracteriacutesticas trans formando o paciente num parceiro consciente do seu

papel no uso cor reto deste recurso terapecircutico

O resgate das praacuteticas populares agora respaldadas pelos estudos cientiacuteficos

seacuterios que atestam a eficaacutecia e seguranccedila das espeacutecies utilizadas no programa

Farmaacutecias-Vivas pode ser abordado no momento da dispensaccedilatildeo do

medicamento ou atraveacutes de apresentaccedilotildees coletivas organizadas e realizadas

pelo Farmacecircutico Alguns cuidados merecem ser observados para natildeo se

incorrer em riscos desnecessaacuterios

- Natildeo referendar o uso de plantas cujo estudo cientiacutefico natildeo tenha apresentado

dados sobre sua eficaacutecia e seguranccedila

- Natildeo recomendar o uso de qualquer planta medicinal para o tratamento de

doenccedilas sem a devida recomendaccedilatildeo meacutedica especializada ou natildeo

- Natildeo recomendar a utilizaccedilatildeo de planta que nos seja desconhecida tanto no

aspecto teoacuterico quanto praacutetico

- Natildeo sugerir a utilizaccedilatildeo de quaisquer praacuteticas com ou sem uso de plantas

medicinais que possa representar um risco potencial ou real de dano fetal

Para nos resguardarmos de quaisquer erros precisamos nos manter atualizados

quanto aos benefiacutecios e riscos da utilizaccedilatildeo das espeacutecies medicinais com as

quais trabalhamos dada agrave impossibilidade de conhecer todas as demais Os

dados obtidos durante a dispensaccedilatildeo e acompanhamento dos pacientes aleacutem

daqueles obtidos durante os ensaios controlados de toxicologia e farmacologia

cliacutenica forneceratildeo a necessaacuteria seguranccedila para realizarmos a dispensaccedilatildeo e

cada vez mais desfazermos o mito do natural ser inoacutecuo

Como exemplo da relaccedilatildeo risco x benefiacutecio de uma preparaccedilatildeo fitoteraacutepica

apresentamos as seguintes informaccedilotildees sobre o Elixir de Aroeira que em

muitos aspectos natildeo houve a quantificaccedilatildeo da intensidade dos efeitos beneacuteficos

nem adversos nem de interaccedilotildees

Forma Medicamento Fitoteraacutepico- Caacutepsula ESPINHEIRA SANTA Maytenus ilicifolia Celastraceae

Medicamento fitoteraacutepico

Parte utilizada Folhas

Nomenclatura popularEspinheira santa cancerosa cancorosa-de-sete-espinhos cancrosa

espinheira-divina espinho-de-Deus maiteno erva-cancrosa erva-santa

ApresentaccedilotildeesCaacutepsula dura - Extrato seco das folhas de Maytenus ilicifolia 380 mg -

Embalagem com 3 bliacutesters contendo 15 caacutepsulas cada

Via oral

Uso adulto

Composiccedilatildeo

Cada caacutepsula conteacutem

Extrato seco de Maytenus ilicifolia380 mg

Excipiente qsp 1 caacutepsula (amido)

equivalente a 133 mg de taninos totais

Informaccedilotildees ao pacientePara que este medicamento eacute indicado

Espinheira Santa eacute indicada para o tratamento da maacute digestatildeo e como

coadjuvante no tratamento de uacutelcera do estocircmago e duodeno

Como este medicamento funciona

Espinheira Santa atua como regulador das funccedilotildees estomacais e promove a

proteccedilatildeo da mucosa gaacutestrica

Quando natildeo devo usar este medicamentobull O medicamento deve ser evitado por menores de 12 anos de idade devido agrave

falta de estudos disponiacuteveis

bull Lactaccedilatildeo e gravidez visto que pode diminuir a secreccedilatildeo de leite e pode

provocar contraccedilotildees uterinas

bull Hipersensibilidade (alergia) a qualquer um dos componentes da foacutermula ou a

outras plantas da famiacutelia Celastraceae

O que devo saber antes de usar este medicamentoPrecauccedilotildees e advertecircncias

bull De acordo com a categoria de risco de faacutermacos destinados agraves mulheres

graacutevidas este medicamento apresenta categoria de risco C Este medicamento

natildeo deve ser utilizado por mulheres graacutevidas sem orientaccedilatildeo meacutedica ou do

cirurgiatildeo dentista

Interaccedilotildees medicamentosas

bull A administraccedilatildeo concomitante de M ilicifolia com bebidas alcooacutelicas e outros

medicamentos natildeo eacute recomendada pois natildeo existem estudos disponiacuteveis

sobre as interaccedilotildees medicamentosas deste fitoteraacutepico

Informe seu meacutedico ou cirurgiatildeo-dentista se vocecirc estaacute fazendo uso de algum

outro medicamento

Onde como e por quanto tempo posso guardar este medicamentoCuidados de conservaccedilatildeo

Espinheira Santa deve ser conservada em temperatura ambiente (entre 15 e

30ordmC) em sua embalagem original Proteger da luz e da umidade

Prazo de validade24 meses apoacutes a data de fabricaccedilatildeo impressa no cartucho

Nuacutemero de lote e datas de fabricaccedilatildeo e validade vide embalagem

Natildeo use medicamento com o prazo de validade vencido

Guarde-o em sua embalagem original

Caracteriacutesticas fiacutesicasCaacutepsulas gelatinosas duras de cor creme

Caracteriacutesticas organoleacutepticas

Cheiro (odor) caracteriacutestico e praticamente natildeo apresenta sabor

Antes de usar observe o aspecto do medicamento Caso ele esteja no prazo

de validade e vocecirc observe alguma mudanccedila no aspecto consulte o

farmacecircutico para saber se poderaacute utilizaacute-lo

Todo medicamento deve ser mantido fora do alcance das crianccedilas

Como devo usar este medicamentoModo de usar

As caacutepsulas devem ser ingeridas inteiras e com uma quantidade suficiente de

aacutegua para que possam ser deglutidas

Posologia

Ingerir duas caacutepsulas via oral trecircs vezes ao dia de oito em oito horas

Siga corretamente o modo de usar Em caso de duacutevidas sobre este

medicamento procure orientaccedilatildeo do farmacecircutico Natildeo desaparecendo os

sintomas procure orientaccedilatildeo de seu meacutedico ou cirurgiatildeo-dentista

Este medicamento natildeo deve ser partido aberto ou mastigado

O que devo fazer quando eu me esquecer de usar este medicamentoCaso haja esquecimento da ingestatildeo de uma dose deste medicamento

retomar a posologia prescrita sem a necessidade de suplementaccedilatildeo

Em caso de duacutevidas procure orientaccedilatildeo do farmacecircutico ou de seu meacutedico ou

do cirurgiatildeo-dentista

Que males este medicamento pode causarReaccedilotildees adversas

Ateacute o momento natildeo foram relatadas reaccedilotildees adversas graves ou que coloquem

em risco a sauacutede dos pacientes

Raramente podem ocorrer casos de hipersensibilidade Neste caso suspender

o uso e procurar orientaccedilatildeo meacutedica

Informe seu meacutedico cirurgiatildeo-dentista ou farmacecircutico do aparecimento de

reaccedilotildees indesejaacuteveis pelo uso do medicamento

Induacutestria Brasileira

Esta bula foi atualizada conforme Bula Padratildeo aprovada pela Anvisa em

12012011

Farmacecircutica resp Dra (Nome )

CRF-PR nordm XXXX Coacuted XXXXX - 012011

Informe tambeacutem agrave empresa atraveacutes do seu Serviccedilo de

Atendimento ao Consumidor

O que fazer se algueacutem usar uma quantidade maior do que a indicada deste medicamentoPlantas ricas em taninos como a M ilicifolia quando usadas em doses

excessivas podem causar irritaccedilatildeo da mucosa gaacutestrica e intestinal gerando

vocircmitos coacutelicas intestinais e diarreia

Em caso de super dosagem suspender o uso e procurar orientaccedilatildeo meacutedica de

imediato Em caso de uso de grande quantidade deste medicamento procure

rapidamente socorro meacutedico e leve a embalagem ou bula do medicamento se

possiacutevel Siga corretamente o modo de usar natildeo desaparecendo os sintomas

procure orientaccedilatildeo meacutedica

Conclusatildeo

A espinheira-santa (M ilicifolia) eacute um fitoteraacutepico de relevante accedilatildeo terapecircutica

principalmente antiulcerogecircnica dada sua eficaacutecia farmacoloacutegica e seguranccedila

Vale lembrar que por ausecircncia de estudos ela natildeo eacute recomenda para crianccedilas

e natildeo deve ser usada por gestantes pois estudos em camundongos (fecircmeas e

graacutevidas) indicaram um decreacutescimo significativo do nuacutemero de embriotildees aleacutem

de possuir atividade estrogecircnica que pode interferir na receptividade uterina do

embriatildeo Entre suas atividades farmacoloacutegicas destaca-se a atividade

antiulcerogecircnica que pode ser comparada agrave accedilatildeo da ranitidina e da cimetidina

Por ser morfologicamente parecida com as espeacutecies S bonplandii e Z ilicifolia

ela eacute comumente confundida e ateacute mesmo trocada intencionalmente

A utilizaccedilatildeo de maneira errocircnea das espeacutecies botacircnicas que natildeo satildeo a

verdadeira espinheira-santa (M ilicifolia) pode acarretar danos agrave sauacutede dos

pacientes Assim conclui-se que essas espeacutecies conhecidas como

adulterantes podem trazer malefiacutecios pois ainda faltam estudos que

comprovem suas atividades farmacoloacutegicas e principalmente a seguranccedila

terapecircutica Poreacutem natildeo se deve descartar o uso dessas espeacutecies e sim

realizar estudos mais concretos para que essas plantas assim como a

verdadeira espinheira-santa possam auxiliar no tratamento farmacoloacutegico da

populaccedilatildeo

Referecircncias Bibliograacuteficas

Ralph Santos-Oliveira Simone Coulaud-Cunha Waldeciro Colaccedilo

Revisatildeo da Maytenus ilicifolia Mart ex Reissek Celastraceae

Contribuiccedilatildeo ao estudo das propriedades farmacoloacutegicas Rev Bras

Farmacogn Braz J Pharmacogn 19(2B) AbrJun 2009

Wilker Marlon de Moraes Jesus Tarciacutesio Neves da Cunha Estudo das

propriedades farmacoloacutegicas da espinheira-santa (Maytenus ilicifolia

Mart ex Reissek) e de duas espeacutecies adulterantes Revista Sauacutede e

Desenvolvimento vol ndash nordm 1 Jan ndash Jun 2012

MARIOT MP1 BARBIERI RL2 Engenheiro Agrocircnomo Dr prof do

Conjunto Agroteacutecnico ldquoVisconde da GraccedilardquoUniversidade Federal de

Pelotas (mariotufpeltchebr) ndash Av Ildefonso Simotildees Lopes 2791

Pelotas-RS CEP 96060-290 2Bioacuteloga Dr pesquisadora da Embrapa

Clima Temperado (barbiericpactembrapabr) ndash BR 392 km 78 caixa

postal 403 Pelotas-RS CEP 96001-970 (endereccedilo para

correspondecircncia) Metaboacutelitos secundaacuterios e propriedades medicinais da

espinheira-santa (Maytenus ilicifolia Mart ex Reiss e M aquifolium

Mart)

CARLINI EA Braz S Efeito protetor do liofilizado obtido do abafado de

Maytenus Sp (espinheira-santa) contra uacutelcera gaacutestrica experimental em

ratos In Estudo da accedilatildeo antiuacutelcera gaacutestrica de plantas brasileiras

(Maytenus ilicifolia) Espinheira santa e outras Brasiacutelia CEMEAFIP

1988 p21-35MACAUBAS CIP et al Estudo da eventual accedilatildeo

antiuacutelcera gaacutestrica do baacutelsamo (Sedum sp) folha da fortuna

(Bryophyllum calcium) couve (Brassica oleraceae) e da Espinheira

santa (Maytenus ilicifolia) em ratos In Estudo da accedilatildeo antiuacutelcera

gaacutestrica de plantas brasileiras (Maytenus ilicifolia) Espinheira santa e

outras Brasiacutelia CEMEAFIP 1988 p 5-20

Olivia Werner Oliveira Pedro Ros Petrovick Secagem por aspersatildeo

(spray drying) de extratos vegetais bases e aplicaccedilotildees Revista

Brasileira de Farmacognosia Brazilian Journal of Pharmacognosy 20(4)

641-650 AgoSet 2010

Marianne Christina Scheffer Capitulo 17 Produccedilatildeo de espinheira-santa

(Maytenus ilicifolia Mart ex Reiss) na regiatildeo metropolitana de Curitiba

Paranaacute Brasil

Said gonccedilalves da cruz fonsacircca Farmacoteacutecnica de Fitoteraacutepicos2005

chiquiacutemico e unidades de malonil-CoA levando agrave formaccedilatildeo das catequinas

Estas satildeo importantes precursoras das proantocianidinas (taninos

condensados) e antocianidinas Caracterizam-se por serem oligocircmeros e

poliacutemeros formados pela policondensaccedilatildeo de duas unidades flavonoiacutedicas

(flavan-3-ol e flavan-34-diol) portanto tambeacutem satildeo considerados compostos

flavonoacuteides sendo tambeacutem denominados de flavolanas diferenciando-se dos

taninos hidrolisaacuteveis por natildeo possuiacuterem resiacuteduos glicosiacutedeos em sua estrutura

Segundo o autor entre as atividades farmacoloacutegicas que os taninos

condensados apresentam ndash quando complexados com proteiacutenas ndash destacam-

se a proteccedilatildeo da mucosa do estocircmago em tratamento de uacutelcera peacuteptica as

propriedades anti-inflamatoacuterias e cicatrizantes e o bloqueio da formaccedilatildeo da

placa dental atraveacutes da inibiccedilatildeo da glicosiltransferase produzida por bacteacuterias

bucais

Atraveacutes de estudo fitoquiacutemico em extrato de M aquifolium Gonzales et al

(2001) identificaram triterpenos taninos e flavonoacuteides Em testes de

laboratoacuterio os autores mostraram a accedilatildeo antiulcerogecircnica e analgeacutesica do

extrato desta espeacutecie Eles destacaram que os triterpenos apresentam

habilidade na estimulaccedilatildeo da siacutentese de muco ou manutenccedilatildeo do conteuacutedo de

prostaglandina ndash componente com atividade antiulcerogecircnica ndash da mucosa

gaacutestrica em altos niacuteveis Foi sugerido ainda que componentes antioxidantes

como os taninos e os flavonoacuteides podem ter accedilatildeo contra lesotildees gaacutestricas

Os flavonoacuteides existem em abundacircncia no reino vegetal encontrados em sua

maioria nas angiospermas (Cardoso et al 2001) Caracterizam se

estruturalmente por serem polifenoacutelicos derivados de C6-C3-C6 ligados na

orientaccedilatildeo cabeccedila-cauda e que podem conter como substituintes hidroxilas

ou seus derivados funcionais tais como eacutesteres metoxilas aleacutem de

glicosiacutedeos isoprecircnicos presos em posiccedilotildees especiacuteficas dos aneacuteis Os

flavonoacuteides tecircm como precursores a fenilalanina e a acetil-CoA

Satildeo originados de reaccedilotildees de derivados do aacutecido chiquiacutemico e derivados do

acetato Os flavonoacuteides satildeo divididos nas seguintes classes flavonas

flavonoacuteis antocianinas e isoflavonoacuteides esta uacuteltima restrita agrave famiacutelia Fabaceae

Os compostos mais importantes encontrados nos vegetais para cada uma das

trecircs primeiras classes satildeo flavonas ndash apigenina e luteolina flavonoacuteis ndash

canferol quercetina miricetina e galangina antocianinas ndash cianidina e

malvidina

Ao analisarem quantitativamente por HPLC flavonoacuteides em infusatildeo aquosa de

folhas de M ilicifolia e M aquifolium Leite et al (2001) identificaram um novo

composto deste grupo na primeira espeacutecie Os autores destacaram que os

flavonoacuteides podem mediar uma variaccedilatildeo de mecanismos relacionados agrave

atividade anti-cacircncer anti-tumor e anti-oxidante esta uacuteltima relacionada agrave

caracteriacutestica anti-uacutelcera Os flavonoacuteides tetra-glicosilados satildeo uacuteteis como

marcadores quiacutemicos para o controle de qualidade em Maytenus

Dois novos tetraglicosiacutedeos ndash pertencentes aos grupos dos 3-O-glicosiacutedeos de

quercetina e canferol que satildeo os mais importantes entre os flavonoacuteides ndash

foram isolados por Vilegas et al (1999) a partir da infusatildeo de folhas de M

aquifolium Os flavonoacuteides quercetina e canferol estatildeo representados na Figura

3 com indicaccedilatildeo dos grupos hidroxila (3) que satildeo glicosilados para formar os

3-O-glicosiacutedeos de quercetina e canferol Os autores identificaram a accedilatildeo anti-

uacutelcera da infusatildeo de espinheira-santa em que o aumento da dose levou ao

decreacutescimo do nuacutemero de uacutelceras em ratos sendo a dose de 800 mg kg-1 a

mais eficiente A maior atividade foi verificada em uacutelceras do tipo III que satildeo as

mais severas Foi ainda destacado que o isolamento de flavonoacuteides

poliglicosilados da infusatildeo de M aquifolium seraacute uacutetil para validaccedilatildeo destes

componentes como marcadores quiacutemicos como jaacute anteriormente descrito por

Vilegas et al (1998) ndash que distinguiram atraveacutes da teacutecnica HPTLC (High

Performance Thin Layer Chromatographic) amostras autecircnticas de M ilicifolia

e M aquifolium e amostras alteradas com Sorocea bomplandii uma espeacutecie

muitas vezes confundida com a espinheirasanta devido agrave morfologia similar da

folha

5 Aspectos silviculturais

Os coletores tradicionais possuem noccedilotildees empiacutericas sobre o manejo das

espeacutecies em seu ambiente natural (eacutepoca e frequecircncia de coleta suportada

pela espeacutecie ambientes em que ocorrem cuidados com os indiviacuteduos no

momento da coleta para que possam rebrotar) Por exemplo ensinam que a

espinheira-santa deve ser coletada quebrando os ramos e natildeo cortando-os

Alguns coletores dizem que isto eacute necessaacuterio para que a planta tenha efeito

medicinal outros que se os ramos forem cortados a aacutervore natildeo rebrota Fato

eacute que os ramos que satildeo quebrados satildeo mais finos do que se for utilizado um

instrumento cortante e isto certamente tem influecircncia sobre a regeneraccedilatildeo dos

indiviacuteduos Outra informaccedilatildeo dos coletores tradicionais eacute que as folhas de uma

determinada aacutervore devem ser colhidas com intervalos de dois anos Dizem

que eacute o tempo necessaacuterio para a aacutervore se recuperar Poreacutem nos plantios

verifica-se que a regeneraccedilatildeo ocorre em um ano Entretanto como os frutos

satildeo formados em ramos do ano anterior esta recomendaccedilatildeo pode estar ligada

ao manejo da espeacutecie garantindo o tempo miacutenimo necessaacuterio para que se

reproduza Com o mesmo objetivo os produtores deixam algumas aacutervores sem

colher para que produzam sementes garantindo assim regeneraccedilatildeo

natural e mais recentemente como fonte de sementes para plantios

Conhecem a forma de distribuiccedilatildeo da espinheira-santa e percorrem grandes

distacircncias para localizar boas aacutereas de coleta com um nuacutemero significativo de

aacutervores Costumam dar intervalos de um ou mais anos entre as coletas num

mesmo local ou coletam as folhas somente de um lado da planta e no ano

seguinte do outro lado

Haacute ainda os curiosos pessoas sem tradiccedilatildeo em coleta de plantas que por

necessidade econocircmica e por residirem proacuteximo a aacutereas em que a espeacutecie

ocorre satildeo contratadas por coletores tradicionais ou por compradores de

plantas para realizarem a coleta da espinheira-santa e outras espeacutecies

medicinais que ocorrem nas proximidades de sua residecircncia

6 Os produtores de espinheira-santa e seu contexto socioeconocircmico

A populaccedilatildeo da Regiatildeo Metropolitana de Curitiba eacute formada por descendentes

de europeus que integraram as diversas correntes migratoacuterias estimuladas no

seacuteculo XIX Tecircm-se assim principalmente descendentes de alematildees

italianos atividade agropecuaacuteria agrave qual incorporaram praacuteticas extrativistas que

jaacute eram atividade agropecuaacuteria agrave qual incorporaram praacuteticas extrativistas que jaacute

eram exercidas pelos caboclos descendentes dos antigos colonizadores

portugueses e iacutendios da regiatildeo No municiacutepio de Campo Largo haacute 1469

estabelecimentos rurais dos quais 1164 exercem atividades ligadas agrave

agricultura ou silvicultura

Segundo o Censo realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica

IBGE em 2000 a populaccedilatildeo rural era de 15580 pessoas (IPARDES 2001)

Destas cerca de 50 estatildeo envolvidas na produccedilatildeo no processamento e na

comercializaccedilatildeo da espinheira-santa

Haacute vaacuterios tipos de produtores de mateacuteria-prima

(a) coletores tradicionais cuja uacutenica atividade econocircmica eacute a coleta de plantas

medicinais inclusive espinheira-santa

(b) coletores de plantas medicinais que tambeacutem cultivam espeacutecies alimentiacutecias

Neste caso a coleta de plantas medicinais visa agrave complementaccedilatildeo da renda

(c) agricultores que cultivam e coletam plantas medicinais

(d) agricultores natildeo coletores que soacute cultivam plantas medicinais

A coleta eou o cultivo de espinheira-santa eacute de uma estrateacutegia de obtenccedilatildeo de

renda diversificada e natildeo passa em meacutedia de 17 da renda familiar Os

coletores recebem em geral R$040kg de planta fresca (folhas com ramos

finos) Apoacutes secagem satildeo comercializadas por R$250 a 350kg As folhas de

plantas cultivadas podem alcanccedilar entre R$800 e 1200kg (soacute folha seca)

7 Processamento da espinheira-santa

Apoacutes a coleta os ramos com folhas satildeo levados ateacute a propriedade do coletor

onde as folhas satildeo selecionadas e secas ou entregues diretamente ao

comprador A secagem pode ser feita agrave sombra ou em secador com fluxo de ar

aquecido Quando o coletor natildeo dispotildee de secador proacuteprio ele costuma secar

as folhas no secador de algum vizinho que recebe como pagamento parte da

produccedilatildeo Para a secagem satildeo utilizados vaacuterios modelos de secadores O

combustiacutevel utilizado pode ser lenha gaacutes ou serragem Alguns secadores

contam com controle de temperatura Dependendo das especificaccedilotildees feitas

pelo comprador depois de secas as folhas satildeo separadas dos ramos e

rasuradas Depois o produto eacute embalado em sacos de malha de juta ou de

polipropileno com ou sem revestimento de papel Depois eacute armazenado ou

enviado diretamente para o mercado (comercializado) A venda pode ser feita

para atacadistas laboratoacuterios de fitoteraacutepicos ou induacutestrias alimentiacutecias Nas

induacutestrias o material eacute submetida a uma nova seleccedilatildeo de acordo com o

controle de qualidade da empresa Geralmente verifica-se a contaminaccedilatildeo

microbioloacutegica e macroscoacutepica No caso dos laboratoacuterios de fitoteraacutepicos

tambeacutem satildeo analisados os constituintes quiacutemicos

Nas induacutestrias de alimentos as folhas rasuradas sofrem nova fragmentaccedilatildeo e

satildeo envasadas em embalagens de 10 a 30 g eou na forma de saches teabag

e embaladas em caixas de papelatildeo sendo comercializadas de forma

semelhante a outros chaacutes Ao chegar ao consumidor final na forma de folhas

rasuradas e embaladas o preccedilo varia entre R$3000 a 5000kg em

embalagens de 05 a 1 kg e entre R$8000 a R$10000Kg em embalagens de

10 a 30 g

Nos laboratoacuterios de fitoteraacutepicos as formas de apresentaccedilatildeo da espinheira-

santas satildeo (a) em saches ou a granel misturadas a ervas para problemas

digestivos numa composiccedilatildeo preacute-definida (b) em caacutepsulas gelatinosas

contendo 350 a 400 mg de folhas moiacutedas (c) em tintura de espinheira-santa

para cuja obtenccedilatildeo as folhas satildeo submetidas agrave extraccedilatildeo geralmente

hidroalcooacutelica (d) em comprimidos para o que se utiliza o extrato seco das

folhas

8 Mercado e comercializaccedilatildeo

Geralmente a venda eacute feita pelo proprietaacuterio do secador em grandes

quantidades para intermediaacuterios laboratoacuterios de fitoteraacutepicos ou induacutestrias

alimentiacutecias (Figura 3) Alguns produtores para agregar valor fazem

embalagens com pequenas quantidades (10 a 30 g) que comercializam em

feiras e mercados como alimento Esta forma de comercializaccedilatildeo eacute feita por

produtores que tecircm faacutecil acesso a um mercado consumidor significativo como

Figura 3 Fluxograma de produccedilatildeo e comercializaccedilatildeo de espinheira-santa (Maytenus ilicifolia)

por exemplo supermercados farmaacutecias ou feiras Entretanto haacute muitas

exigecircncias impostas pela legislaccedilatildeo de vigilacircncia sanitaacuteria para

comercializaccedilatildeo diretamente ao consumidor final Os atacadistas situados em

sua grande maioria no estado de Satildeo Paulo adquirem o produto no Paranaacute e

distribuem para as demais regiotildees do Brasil e tambeacutem para o exterior Eacute

comum que empresas do Paranaacute adquiram folhas de espinheira-santa

originaacuterias do proacuteprio Estado dos atacadistas de Satildeo Paulo Isto reflete a

falta de organizaccedilatildeo dos produtores que natildeo conseguiram ainda divulgar a

regiatildeo como centro produtor de plantas medicinais

As induacutestrias alimentiacutecias apoacutes embalar o produto revendem-no para os

supermercados Os laboratoacuterios de fitoteraacutepicos apoacutes fabricar o medicamento

normalmente realizam a comercializaccedilatildeo por meio de distribuidores de

produtos farmacecircuticos ou diretamente para grandes redes de farmaacutecias que

realizam a distribuiccedilatildeo internamente

9 Poliacuteticas relacionadas com a exploraccedilatildeo e comercializaccedilatildeo

A produccedilatildeo e comercializaccedilatildeo da espinheira-santa estaacute sujeita agrave legislaccedilatildeo

ambiental e agrave de vigilacircncia sanitaacuteria A primeira estabelece as normas para

registro de pessoas fiacutesicas ou juriacutedicas que consomem exploram ou

comercializam mateacuteria-prima florestal inclusive produtos florestais natildeo

madeireiros (Brasil 1985 Brasil 1995 Brasil 2000) Os coletores sabem que

devem obter registro de coletor e comerciante de plantas nativas junto aos

oacutergatildeos de fiscalizaccedilatildeo ambiental estadual e federal (respectivamente Instituto

Ambiental do Paranaacute IAP e Instituto Brasileiro de Meio Ambiente IBAMA) A

legislaccedilatildeo prevecirc ainda que ao realizar a coleta de uma planta os coletores e

produtores devem ter uma autorizaccedilatildeo fornecida com base num plano de

manejo Este plano deve apresentar as teacutecnicas e estrateacutegias que seratildeo

adotadas para garantir a sustentabilidade da exploraccedilatildeo

Na delegacia do IBAMA do Paranaacute haacute somente dois coletores de plantas

medicinais registrados poreacutem eles natildeo apresentam regularmente pedidos de

autorizaccedilatildeo de coleta acompanhados dos respectivos planos de manejo No

periacuteodo em que efetuamos esta pesquisa o oacutergatildeo estadual ainda natildeo havia

definido as normas que devem ser seguidas pelos interessados na obtenccedilatildeo

das autorizaccedilotildees de coleta de plantas

Uma das razotildees eacute que natildeo se dispotildee ainda de todas as informaccedilotildees teacutecnicas

necessaacuterias para a elaboraccedilatildeo do plano Apesar de oacutergatildeos de pesquisa e de

extensatildeo e das universidades estarem realizando estudos com o objetivo de

estabelecer os criteacuterios teacutecnicos natildeo existia ateacute 2002 nenhum plano de

manejo efetivamente implantado

Outro problema eacute a falta de integraccedilatildeo na atuaccedilatildeo dos oacutergatildeos de fiscalizaccedilatildeo

federal estadual e municipal o que torna a regularizaccedilatildeo junto a estes oacutergatildeos

muito complexa e cara para os produtores

Para que o produtor possa comercializar seu produto no varejo ele deve

atender agraves exigecircncias da legislaccedilatildeo sanitaacuteria que estatildeo muito acima da

capacidade econocircmica da maioria dos coletores e agricultores O produto

deve ainda estar dento dos limites estabelecidos de contaminaccedilatildeo por

microorganismos Quando o produto eacute apresentado como fitoteraacutepico as

exigecircncias aumentam ainda mais envolvendo seu registro com comprovaccedilatildeo

dos constituintes quiacutemicos marcadores e da atividade farmacoloacutegica e a

padronizaccedilatildeo do produto Ateacute mesmo os laboratoacuterios tecircm dificuldade em

atender as exigecircncias da legislaccedilatildeo atual Natildeo obstante o produto chega ao

mercado nas mais variadas formas envasado em sachecircs em caacutepsulas como

tintura misturado a ervas para problemas gaacutestricos entre outras

10 Influecircncia do ambiente na produccedilatildeo de compostos bioativos e perspectivas para o melhoramento geneacutetico de espinheira-santa

A influecircncia do ambiente na produccedilatildeo de polifenoacuteis totais polifenoacuteis natildeo

tanantes e taninos em M ilicifolia foram estudados por Radomski (1998) tendo

sido observado que a luminosidade eacute o principal fator que influencia na

produccedilatildeo destes compostos Plantas que se encontram em pleno sol

apresentam maior concentraccedilatildeo destas substacircncias As correlaccedilotildees entre

luminosidade e polifenoacuteis totais (083) polifenoacuteis natildeo tanantes (092) e taninos

(078) foram altas e significativas

Foram observadas diferenccedilas na morfologia foliar e na concentraccedilatildeo de taninos

em folhas de M ilicifolia de diferentes procedecircncias no Rio Grande do Sul

(Bernardi amp Wasicki 1959) Folhas de plantas desenvolvidas a pleno sol eram

menores com espinhos nas margens em nuacutemero reduzido e apresentavam

maior concentraccedilatildeo de taninos Em plantas de espinheira-santa desenvolvidas

em ambiente com alta luminosidade Radomski (1998) observou que as folhas

das plantas eram mais amareladas mais espessas e com espinhos mais

pronunciados caracterizando formas tiacutepicas de adaptaccedilatildeo de plantas de

sombra expostas agrave luz solar total A autora avaliou a aacuterea foliar o peso de

folhas e o peso especiacutefico de folhas em ambientes com diferentes intensidades

luminosas A aacuterea foliar foi menor e o peso especiacutefico das folhas foi maior nas

plantas desenvolvidas a pleno sol quando comparadas agraves dos outros

ambientes com menor luminosidade O peso especiacutefico de folhas apresentou

altas correlaccedilotildees para concentraccedilatildeo de polifenoacuteis totais (087) polifenoacuteis natildeo

tanantes (082) e taninos (083) Estes compostos contribuem para o

incremento da biomassa foliar Radomski et al (2004) relata a grande

influecircncia do ambiente sobre a composiccedilatildeo fitoquiacutemica da espinheira-santa

como concentraccedilotildees diferenciadas de taninos e polifenoacuteis totais em plantas

coletadas em ambientes diferentes

A autora destaca tambeacutem que os ramos de M ilicifolia podem contribuir com

uma parcela significativa na produccedilatildeo de compostos fitoteraacutepicos como

taninos e polifenoacuteis totais

Em trabalho envolvendo a anaacutelise fitoquiacutemica em populaccedilotildees de M ilicifolia do

Mato Grosso do Sul Paranaacute Santa Catarina e Rio Grande do Sul Mossi

(2003) observou uma grande variabilidade ndash que foi maior dentro das

populaccedilotildees ndash para concentraccedilatildeo dos metaboacutelitos secundaacuterios limoneno geranil

acetato aacutecido palmiacutetico fitol esqualeno vitamina E stigmasterol friedelan-3-

ol friedelin friedelan-3-one Atraveacutes de anaacutelise de agrupamentos (UPGMA) o

autor natildeo identificou uma relaccedilatildeo entre os grupos formados e as caracteriacutesticas

ambientais dos locais de coleta o que pode indicar uma maior influecircncia das

variaacuteveis locais como microclima insolaccedilatildeo condiccedilotildees nutricionais do solo

idade da planta entre outros sobre a concentraccedilatildeo dos compostos analisados

do que as condiccedilotildees macro ambientais

Foram observadas por Buffa Filho et al(2002) diferenccedilas nas concentraccedilotildees

de triterpenos entre plantas com morfologia de folha diferentes sendo que os

compostos 22 hidroximaitenina e celastrol foram encontrados em plantas de

dois tipos morfoloacutegicos

O melhoramento geneacutetico em plantas medicinais visa produzir variedades que

possuam alto rendimento de substacircncias desejadas e que as mantenham em

niacuteveis conhecidos para padronizar a dosagem quando da aplicaccedilatildeo

farmacoloacutegica (Oliveira et al 2003) Eacute importante o aumento da massa seca

eou fresca ou ainda o aumento do teor de princiacutepios ativos em determinado

oacutergatildeo vegetal de modo que estas caracteriacutesticas sejam mantidas nas geraccedilotildees

seguintes O produto do melhoramento de plantas medicinais eacute o princiacutepio ativo

ou o fitocomplexo Outros objetivos satildeo resistecircncia a pragas e doenccedilas e

toleracircncia a condiccedilotildees adversas de ambiente

Como o ambiente tem grande influecircncia na produccedilatildeo de metaboacutelitos

secundaacuterios a interaccedilatildeo genoacutetipo x ambiente eacute um fator importante para ser

analisado no melhoramento de plantas medicinais A possibilidade do melhor

genoacutetipo em um ambiente natildeo o ser em outro influencia o ganho de seleccedilatildeo e

dificulta a recomendaccedilatildeo de cultivares com ampla adaptabilidade (Cruz amp

Regazzi 2001) O conhecimento da herdabilidade dos caracteres de interesse

tambeacutem eacute fundamental para que a seleccedilatildeo seja aplicada com sucesso de

forma que o valor fenotiacutepico de um caraacuteter possa servir como guia para o valor

geneacutetico (aditividade) (Carvalho et al 2001)

Em teste de progecircnies realizado com espinheira-santa Mariot (2005)

identificou uma alta herdabilidade para todos os caracteres (velocidade de

emergecircncia estatura de planta diacircmetro agrave base do caule taxa de crescimento

tamanho de folha e nuacutemero de espinhosfolha) o que evidencia o forte controle

do fator geneacutetico sobre o fenoacutetipo O autor observou ainda altos valores para os

coeficientes de variaccedilatildeo geneacuteticos (CVG) que aliado aos baixos valores para

os coeficientes de variaccedilatildeo devido ao erro experimental (CVE) proporcionaram

iacutendices maiores que 10 para o quociente (relaccedilatildeo CVGVE) em todas as

variaacuteveis analisadas o que eacute um bom indicador para seleccedilatildeo em programas de

melhoramento Este resultado eacute importante para a seleccedilatildeo com base em

caracteres relacionados com o crescimento pois a espinheira-santa eacute

considerada de crescimento lento O tamanho de folha em espinheira-santa

caso apresente relaccedilatildeo com o aumento da biomassa e maior concentraccedilatildeo de

metaboacutelitos secundaacuterios que tenham accedilatildeo farmacoloacutegica pode ser um caraacuteter

importante de se considerar na seleccedilatildeo em programas de melhoramento Os

altos iacutendices dos paracircmetros geneacuteticos evidenciados em trabalho desenvolvido

por Mariot (2005) mostram a eficiecircncia na seleccedilatildeo para estes caracteres

Considerando a necessidade de uniformidade nos teores de princiacutepios ativos

exigidos pelas induacutestrias farmacecircuticas e o fato da espinheira santa ser de

fecundaccedilatildeo cruzada os programas de melhoramento desta espeacutecie que vise

atender estas exigecircncias deve utilizar a propagaccedilatildeo vegetativa

Estudos relacionados agrave cultura de tecidos de M ilicifolia e M aquifolium

tornam-se portanto fundamentais Na aacuterea de biotecnologia foi citado por

Corsino et al (1998a) o uso de Agrobacterium como vetor para aumentar a

produccedilatildeo de triterpenos em programa de melhoramento geneacutetico de espinheira

santa

O conhecimento da associaccedilatildeo entre caracteres eacute de grande importacircncia nos

trabalhos de melhoramento principalmente se a seleccedilatildeo em um deles

apresenta dificuldades em razatildeo da baixa herdabilidade eou tenha problemas

de mediccedilatildeo e identificaccedilatildeo (Cruz amp Regazzi 2001) Para tanto o melhorista

pode estimar as correlaccedilotildees fenotiacutepicas e genotiacutepicas o que pode contribuir no

processo de seleccedilatildeo No caso das espeacutecies medicinais esta ferramenta eacute

muito importante devido ao alto custo das anaacutelises para determinar e

quantificar metaboacutelitos secundaacuterios com potencial farmacoloacutegico como as que

envolvem cromatografia Em espinheira-santa a morfologia foliar estaacute

relacionada com os tipos e a concentraccedilatildeo de triterpenos (Buffa Filho et al

2002) portanto se for identificada correlaccedilatildeo entre estes caracteres a seleccedilatildeo

indireta atraveacutes da morfologia foliar pode vir a ser uma boa estrateacutegia de

seleccedilatildeo

11 Etapas do processo de secagem por aspersatildeoO processo de secagem por aspersatildeo consiste de trecircs etapas fundamentais

Na primeira fase o fluiacutedo eacute disperso como gotiacuteculas produzindo uma grande

aacuterea superficial Na segunda ocorre contato destas com uma corrente de ar

aquecido havendo transferecircncia de calor

Na terceira etapa acontece a evaporaccedilatildeo do solvente e a formaccedilatildeo da partiacutecula soacutelida

121 Ilustraccedilatildeo da Planta Espinheira- Santa

Com a transferecircncia de calor do ar aquecido agraves gotiacuteculas o liacutequido da

superfiacutecie evapora-se rapidamente As partiacuteculas solidificadas geralmente

apresentam o mesmo tamanho e forma da gotiacutecula que as originou Na uacuteltima

etapa o produto de secagem eacute transportado por uma corrente de ar sendo

posteriormente coletado (Broadhead et al 1992 Shaw 1997 Rankell et al

2001) A evaporaccedilatildeo superficial da gotiacutecula conduz agrave formaccedilatildeo de uma

camada de material seco externa Atraveacutes desta camada o liacutequido situado no

interior da gotiacutecula propaga-se para o exterior Dependendo da elasticidade e

da permeabilidade da crosta seratildeo produzidos distintos materiais secos como

esferas intactas com superfiacutecie imperfeita ou fragmentada soacutelidas ou ocas

(Rankell et al 2001) A Figura 2 apresenta foto micrografias de dois extratos

diferentes de Maytenus ilicifolia secos por spray drying com disco giratoacuterio em

torre de secagem por aspersatildeo Os extratos foram produzidos da mesma

maneira utilizando temperatura de entrada de 180 degC velocidade do aspersor

de 9500 rpm e 30 de Aerosil (Oliveira 2008)

12 Fatores que influenciam o processoUm das respostas mais relevantes afetada pelas condiccedilotildees de operaccedilatildeo do

processo eacute a qualidade do produto resultante As variaacuteveis devem ser

controladas visando agrave obtenccedilatildeo de rendimento e de teor de umidade

adequados estabilidade quiacutemica minimizaccedilatildeo da aderecircncia de partiacuteculas na

cacircmara de secagem (sticking) e caracteriacutesticas tecnoloacutegicas especiacuteficas As

propriedades do produto satildeo normalmente determinadas pelos fatores

relacionados agraves caracteriacutesticas do material de entrada e do processamento

isto eacute paracircmetros de operaccedilatildeo e equipamento (Quadro 1)

131 Influecircncia do material de entradaEntre os fatores relacionados agraves caracteriacutesticas do material de entrada o uso

de adjuvantes na teacutecnica de secagem por aspersatildeo eacute uma praacutetica muito

comum Satildeo utilizados como adjuvantes neste processo amido ciclodextrinas

dioacutexido de siliacutecio coloidal fosfato tricaacutelcico gelatina goma araacutebica lactose

maltodextrina entre outros (Vasconcelos et al 2005 Silva Juacutenior et al 2006)

Para a secagem de extratos derivados de plantas a seleccedilatildeo e o uso adequado

de adjuvantes no processo de spray drying eacute uma fase de fundamental

importacircncia visto que determina a estabilidade e a qualidade dos mesmos

podendo inclusive afetar as caracteriacutesticas de biodisponibilidade

13 Atividades farmacoloacutegicas da espinheira-santa A espinheira-santa (M ilicifolia) eacute uma planta que possui atividades

farmacoloacutegicas comprovadas entre elas a atividade antiulcerogecircnica Essas

atividades estatildeo ligadas a substacircncias quiacutemicas que satildeo os polifenoacuteis

(flavonoides e taninos) e os triterpenos Haacute fatores como a composiccedilatildeo quiacutemica

do solo onde essa planta estaacute sendo cultivado o local de plantio a teacutecnica de

colheita a secagem da planta e o processamento poacutes-colheita que influenciam

diretamente nos teores de princiacutepio ativo da planta podendo assim gerar

variaccedilotildees das atividades farmacoloacutegicas (NEGRI 2007)

141 Atividade gaacutestricaDe acordo com alguns estudos (Carlini amp Frochtengerten 1988 Ming et al

1998 Coulaud- Cunha et al 2004 Carvalho et al 2008) a M ilicifolia

apresenta accedilatildeo contra uacutelcera peacuteptica e gastrite Coulaud- Cunha et al (2004)

relatam que a accedilatildeo da M ilicifolia na uacutelcera peacuteptica e gastrite envolve mais de

um mecanismo de accedilatildeo ainda natildeo conclusivamente elucidados e natildeo se deve

somente a um principio ativo especifico mas a diferentes fitocomplexos Foi

demonstrado por Pereira et al (1993) e por Ming et al (1998) que tanto os

taninos principalmente a epigalocatequina quanto os oacuteleos essenciais em

especial o fridenelol satildeo responsaacuteveis por parte dos efeitos gastroprotetores

Carlini amp Frochtengarten (1988) por sua vez em estudos realizados com o

abafado da M ilicifolia relatam que quanto maior o tempo do tratamento maior

seraacute a gastroproteccedilatildeo sem entretanto haver alteraccedilotildees no pH Tal observaccedilatildeo

pode ser confirmada por Ferreira et al (2004) que em estudos com extrato

aquoso liofilizado das folhas de M ilicifolia em sapos comprovou que esse

possui efeito inibitoacuterio sobre os mediadores H2 da histamina nas ceacutelulas

parietais esses segundo Gilman (1989) quando estimulados causam a

ativaccedilatildeo da adenililciclase iniciando uma seacuterie de alteraccedilotildees morfoloacutegicas e

bioquiacutemicas complexas que leva ao aumento da secreccedilatildeo gaacutestrica

funcionando como um antagonista H2 aleacutem de inibir o efeito da gastrina Foi

demonstrado ainda que tanto a epigalocatequina (tanino) quanto o fridenelol

(oacuteleo essencial) satildeo responsaacuteveis por parte do efeito protetor da mucosa

gaacutestrica (Pereira et al 1993 Ming et al 1998)

142 Atividade antiulcerogecircnicaSegundo Sousa-Formigoni et al (1991) foi comprovada a atividade

antiulcerogecircnica da espinheira-santa (M ilicifolia) por experimentos feitos em

ratos nos quais os animais foram induzidos a terem uacutelceras gaacutestricas por meio

de indometacina e por estresse quando estes foram submetidos a baixas

temperaturas e por serem imobilizados Apoacutes a aplicaccedilatildeo de um extrato

liofilizado de espinheira-santa houve uma reduccedilatildeo do nuacutemero de uacutelceras e um

aumento do volume e pH da secreccedilatildeo gaacutestrica

Em estudos de mecanismos celulares e moleculares da accedilatildeo de produtos

naturais com o isolamento de substacircncias bioativas da M ilicifolia

responsaacuteveis pela accedilatildeo antissecretora aacutecida gaacutestrica os resultados obtidos

confirmam essas accedilotildees Foram utilizados nesses experimentos extratos

aquosos das partes aeacutereas da planta e os princiacutepios ativos tecircm funccedilatildeo de

inibidores da bomba de proacutetons etapa final comum das vias reguladoras da

secreccedilatildeo aacutecida gaacutestrica (BOSSOLANI 2000)

143 Atividade antimicrobianaEstudos pioneiros como o de Lima et al (1969) jaacute demonstravam que a

maitenina exibe forte atividade antimicrobiana contra vaacuterias bacteacuterias Gram

positivas Tais efeitos foram corroborados com a demonstraccedilatildeo que os extratos

das folhas e raiacutezes tecircm efeito antimicrobiano para vaacuterios patoacutegenos dentre

eles Staphylococcus aureus e Streptococcus sp

144 Atividade sobre o Sistema Nervoso CentralSegundo Alonso (1998) o extrato de M ilicifolia possui atividade sedativa que

potencializa (efeito sineacutergico) o sono por barbituacutericos em camundongos

145 Atividades abortiva e sobre a espermatogecircnese

De acordo com Montanari et al (1998) o extrato etanoacutelico de M Ilicifolia

quando administrado em altas doses em camundongos suiacuteccedilos apesar de

causar leves alteraccedilotildees como ceacutelulas germinativas imaturas esfoliadas mortes

celulares ocasionais aumento de gotiacuteculas lipiacutedicas em ceacutelulas de Sertoli e

inchamento de acrossomas entre outras natildeo foi suficiente para acarretar

danos agrave espermatogecircnese

Jaacute em testes realizados em camundongos (fecircmeas e graacutevidas) administrando-

se oralmente extrato hidroalcooacutelico (70) de folhas de espinheira-santa (M

ilicifolia) observou-se um decreacutescimo significativo do nuacutemero de embriotildees

indicando uma perda embrionaacuteria antes do periacuteodo de implantaccedilatildeo Poreacutem

natildeo houve maacute-formaccedilatildeo ou mortes fetais depois do periacuteodo de implantaccedilatildeo

Esse extrato possui atividade estrogecircnica que pode interferir na receptividade

uterina ao embriatildeo (MONTANARI BEVILAQUA 2002)

146 Atividades antimutagecircnica e anticanceriacutegenaConforme Horn e Vargas (2003) o extrato aquoso de M ilicifolia foi eficaz em

aproximadamente 75 das doses testadas exibindo boas respostas

antimutagecircnicas ou um decreacutescimo sugestivo Em estudos realizados por

Queiroga et al (2007) foi avaliada a fraccedilatildeo ativa antiulcerogecircnica da M

ilicifolia na atividade anticanceriacutegena apresentando resultados citostaacuteticos

satisfatoacuterios De acordo com Itokawa et al (1993) o composto pristimerina foi o

mais eficiente na accedilatildeo citotoacutexica podendo ser uacutetil no tratamento de tumores

147 Atividade antioxidante e otoprotetoraDe acordo com Mattei e Carlini (1998) um extrato aquoso liofilizado de

espinheira-santa (M ilicifolia) foi testado in vitro em homogenato de ceacuterebro de

ratos e exerceu uma importante atividade antioxidante inibindo o processo de

lipoperoxidaccedilatildeo

Usando-se extrato etanoacutelico de M ilicifolia foi confirmado que a casca da raiz

tem um poder antioxidante pelo fato de possuir em sua base compostos com a

capacidade sequestradora de radicais livres (VELLOSA et al 2006)

Conforme Santos et al (2010) foram comprovadas propriedades antioxidantes

dos extratos brutos e de componentes individuais de M Ilicifolia por possiacuteveis

associaccedilotildees sineacutergicas de substacircncias fenoacutelicas e triterpenos

quinonametiacutedeos comparados agrave rutina como composto fenoacutelico modelo

De acordo Kasse et al (2008) foi realizado um estudo com ratos (fecircmeas) em

que esses animais foram submetidos agrave substacircncia cisplatina e posteriormente

tratados com extrato de M ilicifolia para avaliar a atividade otoprotetora da

planta Foram realizados e avaliados os exames de emissotildees otoacuacutesticas por

produtos de distorccedilatildeo por potencial de tronco encefaacutelico antes e depois de

administraccedilatildeo de cisplatina e por fim por microscopia eletrocircnica de varredura

Os resultados mostraram que apesar de apresentar atividades antioxidantes a

M ilicifolia foi incapaz de bloquear o efeito citotoacutexico do composto quiacutemico

administrado nas cobaias

Segundo Negri et al (2009) a atividade antioxidante do extrato etanoacutelico de M

ilicifolia estaacute intimamente ligada agrave sua temperatura de secagem Testes

realizados para avaliaccedilatildeo do poder antioxidante os quais foram os meacutetodos de

formaccedilatildeo de complexo com fosfomolibdecircnio e atividade antioxidante em

relaccedilatildeo agrave reduccedilatildeo de um radical utilizando-se o DPPH (22-difenil-1-

picnilhidrazila) em que foram levadas em consideraccedilatildeo diferentes

temperaturas usualmente utilizadas para secagem (40 50 60 70 e 80˚C)

demostraram melhor atividade antioxidante na temperatura de 40˚C e

gradativamente quanto maior a temperatura realizada nos testes menor o

poder antioxidante Por fim o estudo mostrou a importacircncia do controle de

temperatura para a melhor efetividade nesse quesito da planta

Em estudos de Pessuto et al (2009) foram avaliados extratos e compostos

isolados de M Ilicifolia em relaccedilatildeo agrave capacidade antioxidante Os extratos

brutos e semipurificados foram estudados por meio de ensaios de

fosfomolibdecircnio (complexo) e de DPPH (22-difenil-1-picnilhidrazila) nos quais

os resultados mostraram que a fraccedilatildeo com acetato de etila teve melhor

capacidade antioxidante em relaccedilatildeo ao extrato bruto e fraccedilatildeo aquosa

possivelmente por conter maior nuacutemero de hidroxilas fenoacutelicas (pela

capacidade de sequestro dos radicais livres) e tambeacutem em relaccedilatildeo agraves

substacircncias trolox e vitamina C

148 Atividades antinociceptiva e anti-inflamatoacuteria De acordo com Nakamura et al (1994) o extrato etanoacutelico de folhas de M

ilicifolia conteacutem uma fraccedilatildeo de quercetina-3-O-glicosiacutedeo e essa substacircncia

quiacutemica foi avaliada pelo teste de aacutecido aceacutetico e formalina em ratos obtendo-

se resultados satisfatoacuterios para atividades analgeacutesicas e anti-inflamatoacuterias

Por meio de testes realizados em camundongos e ratos foi provocado um

edema nas patas desses animais por meio de injeccedilatildeo de 002 ml de

formaldeiacutedo (soluccedilatildeo a 092) utilizando-se como controle soluccedilatildeo salino

Apoacutes 120 minutos foi aplicado extrato hexacircnico e acetato de etila das folhas

(M ilicifolia) administrados por via oral nas doses de 80 160 320 e 340 mgkg

Os animais foram sacrificados apoacutes 4 horas Em um segundo ensaio foi

administrada por injeccedilatildeo soluccedilatildeo de carragenina a 1 e os extratos da planta

foram dados por via oral nas doses de 80 160 320 e 340 mgkg Os resultados

obtidos mostraram uma atividade antinociceptiva para os dois extratos

principalmente nas doses de 320 e 340 mgkg sendo esse teste importante

para uma alternativa cliacutenica na terapecircutica anti-inflamatoacuteria e antiulcerogecircnica

(JORGE et al 2004)

14 Toxicidade efeitos adversos e contraindicaccedilatildeo da espinheira-santa

Foi realizado um estudo toxicoloacutegico com 24 voluntaacuterios sendo 12 homens e

12 mulheres de 20 a 40 anos de idade selecionados previamente por meio de

avaliaccedilatildeo cliacutenica exames hematoloacutegicos e bioquiacutemicos e avaliaccedilatildeo

psicomotora com o objetivo de estabelecer um intervalo maacuteximo de seguranccedila

no uso de M ilicifolia As doses foram administradas de maneira crescente e

natildeo houve um grupo controle pois os exames iniciais foram considerados

como valores basais para efeito comparativo A dose inicial foi fixada em 100

mg por adulto sendo administradas doses subsequentes de 200 500 1000

1500 e 2000 mg com intervalos de uma semana para cada dose A anaacutelise dos

resultados revelou que natildeo houve efeitos significativos nos valores dos

principais paracircmetros hematoloacutegicos e bioquiacutemicos e tambeacutem natildeo foram

observadas alteraccedilotildees nas funccedilotildees hepaacuteticas pancreaacuteticas e renais

Hormocircnios lipiacutedeos glicose soacutedio potaacutessio caacutelcio e foacutesforo tambeacutem

mantiveram valores considerados normais (TABACH et al 2002)

Em relaccedilatildeo aos efeitos adversos a M ilicifolia natildeo possui algum que justifica a

interrupccedilatildeo do tratamento Entre os mais comuns destacam-se cefaleia

sonolecircncia boca seca naacuteuseas dor articular nas matildeos gosto estranho na

boca tremor nas matildeos cistite e poliuacuteria (TABACH et al 2002) Poreacutem

segundo Amaral et al (2005) natildeo eacute recomendado o uso pediaacutetrico pela

ausecircncia de testes Ensaios realizados em ratos mostraram perda embrionaacuteria

antes do periacuteodo de implantaccedilatildeo portanto essa planta natildeo eacute recomendada em

casos de gravidez (MONTANARI BIVILACQUA 2002)

De acordo com estudos realizados em camundongos o abafado de M ilicifolia

foi administrado nesses animais em doses ateacute 360 vezes maiores que a

utilizada pelo homem durante um periacuteodo de dois a trecircs meses Como

resultados natildeo houve mudanccedilas no peso comportamento temperatura

paracircmetros bioquiacutemicos e hematoloacutegicos desses animais (OLIVEIRA CARLINI

1988)

15 FarmacocineacuteticaO modelo da farmacocineacutetica da espinheira-santa eacute estudado por meio de seus

taninos natildeo condensados Epigalocatequina marcada foi administrada por via

oral sendo os picos plasmaacuteticos observados 60 min apoacutes a ingestatildeo Apoacutes

uma dose de 500 mgkg foram detectadas concentraccedilotildees tissulares de 123

mmol no plasma 484 mmol no fiacutegado e 565 mmol no intestino delgado

(Nakagawa amp Miyazawa 1997) Depois da administraccedilatildeo oral de

epigalocatequina-3-galato marcada com triacutetio a ratos cerca de 6 da dose eacute

eliminada na urina e 24 nas fezes nas primeiras 24 horas Uma segunda

dose dada duas horas apoacutes a primeira eleva em cerca de 4 a 6 vezes a

concentraccedilatildeo no plasma e em alguns tecidos Esses dados sugerem uma

meia-vida longa e eliminaccedilatildeo lenta da epigalocatequina-3-galato No final das

24 horas os animais foram sacrificados e essa substacircncia pocircde ser encontrada

no rim ceacuterebro fiacutegado pacircncreas intestino e ossos (Suganuma et al 1998)

Num outro estudo foi avaliada a afinidade da epigalocatequina-3-galato agraves

proteiacutenas do soro Apoacutes uma dose oral a ratos mais de 50 da

epigalocatequina-3-galato absorvida ligou-se agrave proteiacutena do plasma

especialmente a fibronectina o fibrinogecircnio e a HRGP( Histidin Rich

Glicoprotein) proteiacutena plasmaacutetica com 74 kdaltons cuja funccedilatildeo ainda eacute pouco

conhecida (Sazuka et al 1996)

16 PreparaccedilatildeoTendo sido reconhecida a espeacutecie com que se vai trabalhar torna-se

necessaacuterio que se disponha desta espeacutecie em quantidade suficiente para

atender a demanda relacionada a produccedilatildeo do fitoteraacutepico replicaccedilatildeo da

espeacutecie e respectivo controle de qualidade Par a atingir este objetivo a

espeacutecie deve ser cultivada na extensatildeo adequada ao fim que se propotildee tendo-

se aleacutem dos cuidados inerentes ao cultivo de qualquer espeacutecie vegetal a

precauccedilatildeo de nunca utilizar pesticidas ou agrotoacutexicos na aacuterea de cultivo Nos

parece claro que a opccedilatildeo pelo fitoteraacutepico deve vir acompanhada do desejo de

seguranccedila o que natildeo seria conseguido se fossem deixados resiacuteduos de

agrotoacutexicos ou de pesticidas na espeacutecie que iraacute ser usada como mateacuteria-prima

para a produccedilatildeo de medicamento Veja no item 24 os ensaios que devem ser

efetuados no sentido de identificar e quantificar a presenccedila destes e de outros

contaminantes

Dispondo-se entatildeo da espeacutecie vegetal botanicamente selecionada cultivada

sem o uso de agentes quiacutemicos contaminantes iremos seguir tantos passos

quantos sejam necessaacuterios para preparar a espeacutecie vegetal numa droga capaz

de ser armazenada e processada para resultar num preparado intermediaacuterio uacutetil

na preparaccedilatildeo de fitoteraacutepicos Estes passos podem ser enumerados como

sendo Coleta Monda Estabilizaccedilatildeo Secagem Trituraccedilatildeo e Armazenamento

A execuccedilatildeo e finalidade de cada um se acham descrito a seguir

A Coleta eacute realizada atraveacutes da retirada da parte usada da planta procurando

sempre o material mais saudaacutevel em completo desenvolvimento (a menos que

especificado em (contraacuterio como ocorre com a gema terminal de Psidium

guajava) e com o miacutenimo de contaminantes (poeira poluiccedilatildeo adubo insetos

colocircnia de microrganismos etc) A distribuiccedilatildeo de substacircncias

farmacologicamente ativas nas plantas medicinais natildeo se daacute de maneira

homogecircnea em toda a extensatildeo da planta Portanto eacute de se esperar que

apenas alguma parte de uma dada espeacutecie podem ser utilizadas com finalidade

terapecircutica

Atraveacutes de consulta agraves diversas farmacopeias e tratados sobre plantas

medicinais encontramos descriccedilotildees sobre a parte a ser usada de cada espeacutecie

medicinal Pode-se em alguns casos observar que diferentes partes de uma

mesma planta apresentam propriedades inteiramente diferentes como por

exemplo a Punica granam (romatildezeira) cujas cascas do caule satildeo teniacutefugas e

as cascas dos frutos tecircm propriedades anti-inflamatoacuteria e antibioacutetica Em outros

casos toda a planta pode ser utilizada com a mesma finalidade como a

Phylanthus niruri (quebra-pedra) Torna-se imperioso portanto que antes de

qualquer outra etapa da preparaccedilatildeo de uma forma farmacecircutica fitoteraacutepica se

conheccedila qual ou quais partes da espeacutecie escolhida pode ser utilizada

A coleta deve respeitar para cada espeacutecie o melhor periacuteodo correspondente

agravequele onde a espeacutecie apresenta maior teor em substacircncias ativas Tendo isto

em mente relacionamos a seguir orientaccedilotildees geneacutericas quanto ao periacuteodo de

coleta

Formas farmacecircuticas de fitoteraacutepicosPoacute

Eacute a forma farmacecircutica obtida apoacutes a secagem trituraccedilatildeo e tamisaccedilatildeo da

droga Segundo a sua finalidade devem apresentar a tenuidade adequada

conforme a tabela a seguir Pode ser dispensado para uso na preparaccedilatildeo de

chaacutes ou adicionado agrave alimentaccedilatildeo (leite sucos mel etc) O envase deve cuidar

para que natildeo haja absorccedilatildeo de umidade

Formas soacutelidas

Caacutepsulas

Eacute a forma farmacecircutica obtida pela deposiccedilatildeo ordenada da droga seca

triturada e tamisada em caacutepsulas gelatinosas duras ou pelo encapsulamento

de liacutequidos ou semissoacutelidos de natureza lipofiacutelica em caacutepsulas gelatinosas

moles O invoacutelucro rosa utilizado eacute geralmente de natureza proteica e satildeo

portanto incompatiacuteveis com drogas tacircnicas por exemplo Cuidado especial

deve ser tomado com a umidade temperatura e pressatildeo exercida sobre as

caacutepsulas durante o armazenamento e transporte Estes fatores podem levar a

desidrataccedilatildeo ou hidrataccedilatildeo das caacutepsulas que as tornam quebradiccedilas ou

deformadas e coladas Durante a preparaccedilatildeo das caacutepsulas deve-se cuidar para

que o peso das caacutepsulas obtidas seja o mais uniforme possiacutevel podendo-se

garantir isso pela pesagem da quantidade de poacute necessaacuteria para o enchimento

de um nuacutemero determinado de caacutepsulas

O enchimento das caacutepsulas ocorre na oficina farmacecircutica em tabuleiros

especiais constituiacutedos em acriacutelico PVC ou outro poliacutemero apresentando-se no

modelo mais simples apenas como uma base fixa que se encaixa a uma outra

moacutevel e perfurada que recebe o corpo das caacutepsulas sem as tampas A seguir

se distribui de forma homogecircnea a quantidade estipulada de poacute em todas as

caacutepsulas valendo-se de uma espaacutetula plaacutestica e de um dispositivo especial

para prensar o conteuacutedo no interior das caacutepsulas Finalizado o enchimento as

partes super oires (tampas) das caacutepsulas satildeo recolocadas fechando-as e

determina-se o peso meacutedio das mesmas embalando-as imediatamente

A capacidade das caacutepsulas eacute proporcional agrave densidade do poacute e ao tamanho

das caacutepsulas que eacute padronizado em 08 (oito) diferentes tipos listados a seguir

com as respectivas dimensotildees e capacidades em mililitros

Controle de Qualidade

Todas as etapas utilizadas durante o processamento da droga devem ser

monitoradas atraveacutes de ensaios que possam atestar a qualidade da mateacuteria-

prima dos produtos intermediaacuterios e do produto final acabado O objetivo final

tanto do processamento adequado quanto agrave avaliaccedilatildeo da qualidade eacute a

garantia de que o que estaacute sendo produzido na forma como ocorre o processo

produtivo estaacute conduzindo agrave obtenccedilatildeo de um produto com as caracteriacutesticas

necessaacuterias agrave utilizaccedilatildeo para o tratamento de doenccedilas

Droga

A avaliaccedilatildeo da qualidade da droga utilizada na obtenccedilatildeo de fitoteraacutepicos no

Programa Farmaacutecias-Vivas onde o cultivo das espeacutecies vegetais eacute efetuado

pelo laboratoacuterio fabricante do produto deve ser realizada sob os seguintes

aspectos

- Considerando que a droga a ser utilizada corresponde agrave espeacutecie vegetal

esperada conhece-se suas caracteriacutesticas macromorfoloacutegicas aleacutem das suas

caracteriacutesticas sensoriais constituindo a primeira avaliaccedilatildeo que eacute a identidade

da droga

- Determinaccedilatildeo da umidade da droga fresca que deve ser diferenciada de

perda por dessecaccedilatildeo pois outras substacircncias volaacuteteis aleacutem da aacutegua satildeo

evaporadas Pode ser determinada atraveacutes do ensaio volumeacutetrico de Karl

Fischer ou pelo ensaio gravimeacutetrico submetendo a droga a dessecaccedilatildeo em

temperatura ambiente em dessecador com siacutelica ou aacutecido sulfuacuterico

- Mesmo a droga morfologicamente normal pode natildeo apresentar seus

constituintes ativos na quantidade desejada sendo necessaacuterio que sejam

realizados ensaios de identificaccedilatildeo e quantificaccedilatildeo de ativos ou de marcadores

atraveacutes das mais diversas teacutecnicas gravimeacutetrica volumeacutetrica

espectrofotomeacutetrica cromatograacutefica etc

- Avaliaccedilatildeo da contaminaccedilatildeo microbiana da droga principalmente se a mesma

tiver de ser utilizada sem qualquer processamento posterior As drogas que

seratildeo transformadas em uma forma extrativa em soluccedilatildeo hidro-alcooacutelica pode

ter sua carga microbiana reduzida pelo efeito antisseacuteptico do solvente

Preparado Intermediaacuterio

As formas extrativas satildeo obtidas em condiccedilotildees que nem sempre conseguem

retirar a totalidade das substacircncias ativas soluacuteveis no solvente escolhido devido

a diversos fator ES como o tempo e temperatura de maceraccedilatildeo pH do

solvente distribuiccedilatildeo granulomeacutetrica da droga sua umidade residual teor de

substacircncias ativas e velocidade de percolaccedilatildeo Justifica-se entatildeo a

necessidade da realizaccedilatildeo de ensaios de avaliaccedilatildeo da qualidade das formas

extrativas incluindo avaliaccedilotildees fiacutesico-quiacutemicas como aparecircncia cor odor

solubilidade densidade pH e viscosidade avaliaccedilotildees quiacutemicas como o perfil

cromatograacutefico e dosagem das substacircncias ativas ou marcador e avaliaccedilatildeo

microbioloacutegica da quantidade de microrganismos viaacuteveis

Fitoteraacutepico

Independente da forma farmacecircutica final eacute necessaacuterio que sejam realizadas

avaliaccedilotildees na qualidade do produto final da mesma forma que eacute exigido para

os demais tipos de medicamentos Listamos a seguir os ensaios realizados

para cada forma farmacecircutica lembrando que devem ser acrescentados os

ensaios quiacutemicos e microbioloacutegicos

Prazo de Validade

Considerando a jaacute difiacutecil realizaccedilatildeo da avaliaccedilatildeo da qualidade das drogas

utilizadas na obtenccedilatildeo de fitoteraacutepicos pode-se compreender que o

acompanhamento do processo cineacutetico de degradaccedilatildeo dos constituintes do

medicamento natildeo eacute uma estar efe faacutecil No entanto esta avaliaccedilatildeo pode se dar

em diversos niacuteveis

- Avaliaccedilatildeo da estabilidade fiacutesica

Para cada tipo de forma farmacecircutica satildeo descritas as caracteriacutesticas tiacutepicas

como cor odor limpidez densidade viscosidade pH etc que observadas

para um mesmo lote ao longo do tempo de armazenamento forneceratildeo

informaccedilotildees sobre a integridade fiacutesica da formulaccedilatildeo

- Avaliaccedilatildeo da estabilidade quiacutemica

A utilizaccedilatildeo de recursos laboratoriais desde os mais simples ateacute os mais

sofisticados permitem o acompanhamento qualitativo eou quantitativo dos

princiacutepios ativos contidos no produto fitoteraacutepico Por exemplo atraveacutes do

ensaio limite de taninos por diluiccedilotildees sucessivas e adiccedilatildeo de cloreto feacuterrico

pode-se ter uma medida semi-quantitativa do teor destas substacircncias nas

preparaccedilotildees que o contenham Evoluindo a utilizaccedilatildeo de teacutecnica

cromatograacutefica em camada delgada sobre papel ou siacutelica permite a

determinaccedilatildeo do perfil cromatograacutefico para o produto de modo que possa ser

comparado com o obtido em lotes posteriores ou com o mesmo lote ao longo do

tempo de armazenamento

- Avaliaccedilatildeo da estabilidade microbioloacutegica

A verificaccedilatildeo do niacutevel de contaminaccedilatildeo microbiana numa preparaccedilatildeo

medicamentosa fornece informaccedilotildees sobre o niacutevel de higienizaccedilatildeo empregado

durante o processamento da droga ateacute a obtenccedilatildeo do medicamento A

observaccedilatildeo deste mesmo paracircmetro ao longo do tempo fornece informaccedilotildees

sobre a composiccedilatildeo conservante utilizada no produto e a forma de

armazenamento

Teacutecnicas Gerais

Os ensaios laboratoriais de avaliaccedilatildeo da qualidade da droga compreendem

basicamente

- Observaccedilatildeo macroscoacutepica e microscoacutepica da droga fresca e seca inteira e

triturada comparando com o descrito em farmacopeias ou com modelos

botanicamente certificados

- Determinaccedilatildeo de umidade na droga fresca e naquela seca e triturada

evidenciando a quantidade de aacutegua contida na droga receacutem-coletada na droga

s eca e a efetividade do processo de secagem utilizada

- Identificaccedilatildeo e dosagem de substacircncias ativas ou marcadores realizada na

droga seca e triturada onde atraveacutes do acompanhamento da evoluccedilatildeo ao

longo do tempo e o cruzamento dos dados entre os locais e condiccedilotildees de

cultivo seraacute possiacutevel a determinaccedilatildeo das condiccedilotildees ideais para a manutenccedilatildeo

da qualidade das espeacutecies vegetais

- Determinaccedilatildeo da quantidade de mateacuteria orgacircnica estranha na droga seca

triturada grosseiramente demonstrando se a coleta monda secagem e

trituraccedilatildeo foram realizadas a contento sem o risco de contaminaccedilatildeo com outras

espeacutecies

- Determinaccedilatildeo de resiacuteduos de pesticidas para monitorar a forma de realizaccedilatildeo

do controle de pestes atraveacutes da identificaccedilatildeo e dosagem de pesticidas

- Determinaccedilatildeo da presenccedila de arsecircnio e metais pesados como componentes

que satildeo responsaacuteveis por intoxicaccedilotildees e por incompatibilidades nas

preparaccedilotildees liacutequidas de fitoteraacutepicos

- Determinaccedilatildeo da quantidade de microrganismos viaacuteveis atraveacutes da contagem

em placa a de diluiccedilotildees obtidas a partir do liacutequido de lavagem das drogas

evidenciando o grau de contaminaccedilatildeo e a possiacutevel e indesejaacutevel presenccedila de

microrganismos potencialmente patogecircnicos

Garantia de Qualidade

Na produccedilatildeo de fitoteraacutepicos do mesmo modo como ocorre com qualquer outro

medicamento natildeo pode negligenciar qualquer procedimento que possa conduzir

a diminuiccedilatildeo da qualidade do produto final A qualidade se reflete na

reprodutibilidade da qualidade do produto avaliada em laboratoacuterio e no

acompanhamento da sua eficaacutecia terapecircutica e seguranccedila Isto soacute pode ser

conseguido quando para cada forma farmacecircutica de fitoteraacutepico forem

registradas as operaccedilotildees farmacecircuticas que devem ser seguidas agrave risca suas

medidas de controle e definiccedilatildeo das responsabilidades para cada uma das

etapas do processamento

Apenas como ilustraccedilatildeo tomemos como exemplo a produccedilatildeo da tintura de

Alecrim-pimenta (Lippia sidoides Cham) O iniacutecio da preocupaccedilatildeo com a

qualidade se daacute com a seguranccedila de que a espeacutecie cultivada seja realmente

aquela que se deve coletar e em seguida em coletar a parte que realmente

deve ser utilizada e de plantas com aspecto saudaacutevel de desenvolvimento para

a qual as condiccedilotildees de cultivo tenham se apresentado como satisfatoacuterias A

monda que se segue agrave coleta retirando as partes improacuteprias agrave preparaccedilatildeo do

fitoteraacutepico daacute continuidade ao passo anterior na busca de alcanccedilar a qualidade

desejada O processo de dessecaccedilatildeo ocorrendo agrave sombra e agrave temperatura

ambiente preservando os constituintes quiacutemicos ativos e diminuindo a

influecircncia da umidade da planta sobre a sua qualidade e a da soluccedilatildeo extrativa

a ser obtida faz com que a droga obtida possa ser utilizada como mateacuteria-prima

para a obtenccedilatildeo de medicamento O cuidadoso processo de trituraccedilatildeo sem

elevar a temperatura durante o processo e reduzindo a perda de poacute para o

ambiente tambeacutem representa um processo que deve ser realizado com a

devida atenccedilatildeo Depois disso a droga seca e triturada deve ser armazenada

em condiccedilotildees que preservem sua qualidade pelo tempo necessaacuterio ateacute sua

utilizaccedilatildeo com as devidas inscriccedilotildees que atestem sua fonte data de coleta e de

processamento e respectivos responsaacuteveis

A preparaccedilatildeo da soluccedilatildeo hidro-alcooacutelica que seraacute utilizada no processo extrativo

tambeacutem deve ser realizada com bastante cuidado pois a mateacuteria-prima deve

apresentar a qualidade compatiacutevel com sua utilizaccedilatildeo para a produccedilatildeo de

medicamentos aacutegua purificada e aacutelcool farmacecircutico Deve-se observar a

legislaccedilatildeo atual sobre aacutelcool que exige a desnaturaccedilatildeo do aacutelcool

comercializado em farmaacutecias e supermercados e assim natildeo deve servir como

excipiente farmacecircutico Enfim todos os processos interferem com a qualidade

do produto final a ser obtido e devem ser realizados corretamente e as

operaccedilotildees registradas em documento proacuteprio buscando a rastreabilidade de

cada lote de cada produto

Outra etapa da garantia da qualidade essencial para sua implantaccedilatildeo eacute a

validaccedilatildeo de equipamentos e de processos que busca uma evidecircncia

documentada de que os mesmos cumprem satisfatoriamente sua finalidade

quando utilizados ou realizados corretamente

Estas evidecircncias devem ser conseguidas antes mesmo de se iniciar a utilizaccedilatildeo

das instalaccedilotildees para produccedilatildeo de medicamentos Naqueles jaacute em

funcionamento a validaccedilatildeo pode ser realizada atraveacutes da documentaccedilatildeo da

produccedilatildeo passada ou seja uma validaccedilatildeo retrospectiva

Para a produccedilatildeo de medicamentos em pequena escala que natildeo venha a

caracterizar uma produccedilatildeo industrial deve-se buscar a adequaccedilatildeo das

condiccedilotildees de produccedilatildeo armazenamento e dispensaccedilatildeo do produto atraveacutes da

Resoluccedilatildeo RDC ndeg 33 de abril de 2000 que descreve os criteacuterios de Boas

Praacuteticas de Manipulaccedilatildeo

Para a produccedilatildeo industrial de medicamentos a legislaccedilatildeo que trata das Boas

Praacuteticas de Fabricaccedilatildeo e Garantia de Qualidade eacute a Resoluccedilatildeo RDC ndeg 210 de

04 de agosto de 2003 As especificaccedilotildees legais da legislaccedilatildeo sanitaacuteria

brasileira e de outros paiacuteses para materiais vegetais devem incluir tanto quanto

possiacutevel o seguinte

- Nome botacircnico c om referecircncia aos autores

- Detalhes da fonte da planta (paiacutes ou regiatildeo de origem cultivo eacutepoca da

colheita procedimentos de colheita possiacuteveis pesticidas utilizados etc)

- Descriccedilatildeo do material vegetal inspeccedilatildeo visual macro eou microscoacutepica

- Testes de identificaccedilatildeo apropriados incluindo quando convenientes testes de

identificaccedilatildeo para ingredientes ativos conhecidos ou marcadores

- Ensaios quando convenientes dos constituintes de atividade terapecircutica ou

marcadores

- Meacutetodos apropriados para determinaccedilatildeo de possiacuteveis contaminaccedilotildees por

pesticidas e os limites aceitos

- Testes para metais pesados e contaminantes semelhantes materiais

estranhos e adulterantes

- Testes para radiaccedilatildeo aflatoxinas e contaminaccedilatildeo microbiana

Qualquer tratamento usado para reduzir contaminaccedilotildees focircnicas e microbianas

ou outras infestaccedilotildees devem ser documentadas Instrumentos para tais

procedimentos devem ser acessiacuteveis e devem incluir detalhes dos processos

testes e limites residuais

Para a realidade do programa Farmaacutecias-Vivas onde natildeo satildeo utilizados

pesticidas as plantas satildeo cultivadas no local proacuteximo de onde ocorre a

produccedilatildeo do medicamento ou satildeo de origem na mesma regiatildeo e satildeo

processadas logo apoacutes a coleta satildeo feitas exigecircncias menores que as

estabelecidas para maiores escalas de produccedilatildeo Nem assim devemos deixar

de registrar todas as operaccedilotildees realizadas com a droga desde o seu cultivo ateacute

a dispensaccedilatildeo do produto fitoteraacutepico

Dispensaccedilatildeo

Estivemos sempre discorrendo sobre qualidade do produto a ser obtido desde

o cultivo da espeacutecie correta da coleta da parte usada e o seu processamento

mantendo intactos os princiacutepios ativos Conhecemos os motivos que levam a

toda esta preocupaccedilatildeo com a qualidade a responsabilidade do profissional que

o produz e a eficaacutecia e a seguranccedila necessaacuterias para o paciente que o utiliza

Portanto resta-nos dispensar o fitoteraacutepico para que este apresente estas

caracteriacutesticas trans formando o paciente num parceiro consciente do seu

papel no uso cor reto deste recurso terapecircutico

O resgate das praacuteticas populares agora respaldadas pelos estudos cientiacuteficos

seacuterios que atestam a eficaacutecia e seguranccedila das espeacutecies utilizadas no programa

Farmaacutecias-Vivas pode ser abordado no momento da dispensaccedilatildeo do

medicamento ou atraveacutes de apresentaccedilotildees coletivas organizadas e realizadas

pelo Farmacecircutico Alguns cuidados merecem ser observados para natildeo se

incorrer em riscos desnecessaacuterios

- Natildeo referendar o uso de plantas cujo estudo cientiacutefico natildeo tenha apresentado

dados sobre sua eficaacutecia e seguranccedila

- Natildeo recomendar o uso de qualquer planta medicinal para o tratamento de

doenccedilas sem a devida recomendaccedilatildeo meacutedica especializada ou natildeo

- Natildeo recomendar a utilizaccedilatildeo de planta que nos seja desconhecida tanto no

aspecto teoacuterico quanto praacutetico

- Natildeo sugerir a utilizaccedilatildeo de quaisquer praacuteticas com ou sem uso de plantas

medicinais que possa representar um risco potencial ou real de dano fetal

Para nos resguardarmos de quaisquer erros precisamos nos manter atualizados

quanto aos benefiacutecios e riscos da utilizaccedilatildeo das espeacutecies medicinais com as

quais trabalhamos dada agrave impossibilidade de conhecer todas as demais Os

dados obtidos durante a dispensaccedilatildeo e acompanhamento dos pacientes aleacutem

daqueles obtidos durante os ensaios controlados de toxicologia e farmacologia

cliacutenica forneceratildeo a necessaacuteria seguranccedila para realizarmos a dispensaccedilatildeo e

cada vez mais desfazermos o mito do natural ser inoacutecuo

Como exemplo da relaccedilatildeo risco x benefiacutecio de uma preparaccedilatildeo fitoteraacutepica

apresentamos as seguintes informaccedilotildees sobre o Elixir de Aroeira que em

muitos aspectos natildeo houve a quantificaccedilatildeo da intensidade dos efeitos beneacuteficos

nem adversos nem de interaccedilotildees

Forma Medicamento Fitoteraacutepico- Caacutepsula ESPINHEIRA SANTA Maytenus ilicifolia Celastraceae

Medicamento fitoteraacutepico

Parte utilizada Folhas

Nomenclatura popularEspinheira santa cancerosa cancorosa-de-sete-espinhos cancrosa

espinheira-divina espinho-de-Deus maiteno erva-cancrosa erva-santa

ApresentaccedilotildeesCaacutepsula dura - Extrato seco das folhas de Maytenus ilicifolia 380 mg -

Embalagem com 3 bliacutesters contendo 15 caacutepsulas cada

Via oral

Uso adulto

Composiccedilatildeo

Cada caacutepsula conteacutem

Extrato seco de Maytenus ilicifolia380 mg

Excipiente qsp 1 caacutepsula (amido)

equivalente a 133 mg de taninos totais

Informaccedilotildees ao pacientePara que este medicamento eacute indicado

Espinheira Santa eacute indicada para o tratamento da maacute digestatildeo e como

coadjuvante no tratamento de uacutelcera do estocircmago e duodeno

Como este medicamento funciona

Espinheira Santa atua como regulador das funccedilotildees estomacais e promove a

proteccedilatildeo da mucosa gaacutestrica

Quando natildeo devo usar este medicamentobull O medicamento deve ser evitado por menores de 12 anos de idade devido agrave

falta de estudos disponiacuteveis

bull Lactaccedilatildeo e gravidez visto que pode diminuir a secreccedilatildeo de leite e pode

provocar contraccedilotildees uterinas

bull Hipersensibilidade (alergia) a qualquer um dos componentes da foacutermula ou a

outras plantas da famiacutelia Celastraceae

O que devo saber antes de usar este medicamentoPrecauccedilotildees e advertecircncias

bull De acordo com a categoria de risco de faacutermacos destinados agraves mulheres

graacutevidas este medicamento apresenta categoria de risco C Este medicamento

natildeo deve ser utilizado por mulheres graacutevidas sem orientaccedilatildeo meacutedica ou do

cirurgiatildeo dentista

Interaccedilotildees medicamentosas

bull A administraccedilatildeo concomitante de M ilicifolia com bebidas alcooacutelicas e outros

medicamentos natildeo eacute recomendada pois natildeo existem estudos disponiacuteveis

sobre as interaccedilotildees medicamentosas deste fitoteraacutepico

Informe seu meacutedico ou cirurgiatildeo-dentista se vocecirc estaacute fazendo uso de algum

outro medicamento

Onde como e por quanto tempo posso guardar este medicamentoCuidados de conservaccedilatildeo

Espinheira Santa deve ser conservada em temperatura ambiente (entre 15 e

30ordmC) em sua embalagem original Proteger da luz e da umidade

Prazo de validade24 meses apoacutes a data de fabricaccedilatildeo impressa no cartucho

Nuacutemero de lote e datas de fabricaccedilatildeo e validade vide embalagem

Natildeo use medicamento com o prazo de validade vencido

Guarde-o em sua embalagem original

Caracteriacutesticas fiacutesicasCaacutepsulas gelatinosas duras de cor creme

Caracteriacutesticas organoleacutepticas

Cheiro (odor) caracteriacutestico e praticamente natildeo apresenta sabor

Antes de usar observe o aspecto do medicamento Caso ele esteja no prazo

de validade e vocecirc observe alguma mudanccedila no aspecto consulte o

farmacecircutico para saber se poderaacute utilizaacute-lo

Todo medicamento deve ser mantido fora do alcance das crianccedilas

Como devo usar este medicamentoModo de usar

As caacutepsulas devem ser ingeridas inteiras e com uma quantidade suficiente de

aacutegua para que possam ser deglutidas

Posologia

Ingerir duas caacutepsulas via oral trecircs vezes ao dia de oito em oito horas

Siga corretamente o modo de usar Em caso de duacutevidas sobre este

medicamento procure orientaccedilatildeo do farmacecircutico Natildeo desaparecendo os

sintomas procure orientaccedilatildeo de seu meacutedico ou cirurgiatildeo-dentista

Este medicamento natildeo deve ser partido aberto ou mastigado

O que devo fazer quando eu me esquecer de usar este medicamentoCaso haja esquecimento da ingestatildeo de uma dose deste medicamento

retomar a posologia prescrita sem a necessidade de suplementaccedilatildeo

Em caso de duacutevidas procure orientaccedilatildeo do farmacecircutico ou de seu meacutedico ou

do cirurgiatildeo-dentista

Que males este medicamento pode causarReaccedilotildees adversas

Ateacute o momento natildeo foram relatadas reaccedilotildees adversas graves ou que coloquem

em risco a sauacutede dos pacientes

Raramente podem ocorrer casos de hipersensibilidade Neste caso suspender

o uso e procurar orientaccedilatildeo meacutedica

Informe seu meacutedico cirurgiatildeo-dentista ou farmacecircutico do aparecimento de

reaccedilotildees indesejaacuteveis pelo uso do medicamento

Induacutestria Brasileira

Esta bula foi atualizada conforme Bula Padratildeo aprovada pela Anvisa em

12012011

Farmacecircutica resp Dra (Nome )

CRF-PR nordm XXXX Coacuted XXXXX - 012011

Informe tambeacutem agrave empresa atraveacutes do seu Serviccedilo de

Atendimento ao Consumidor

O que fazer se algueacutem usar uma quantidade maior do que a indicada deste medicamentoPlantas ricas em taninos como a M ilicifolia quando usadas em doses

excessivas podem causar irritaccedilatildeo da mucosa gaacutestrica e intestinal gerando

vocircmitos coacutelicas intestinais e diarreia

Em caso de super dosagem suspender o uso e procurar orientaccedilatildeo meacutedica de

imediato Em caso de uso de grande quantidade deste medicamento procure

rapidamente socorro meacutedico e leve a embalagem ou bula do medicamento se

possiacutevel Siga corretamente o modo de usar natildeo desaparecendo os sintomas

procure orientaccedilatildeo meacutedica

Conclusatildeo

A espinheira-santa (M ilicifolia) eacute um fitoteraacutepico de relevante accedilatildeo terapecircutica

principalmente antiulcerogecircnica dada sua eficaacutecia farmacoloacutegica e seguranccedila

Vale lembrar que por ausecircncia de estudos ela natildeo eacute recomenda para crianccedilas

e natildeo deve ser usada por gestantes pois estudos em camundongos (fecircmeas e

graacutevidas) indicaram um decreacutescimo significativo do nuacutemero de embriotildees aleacutem

de possuir atividade estrogecircnica que pode interferir na receptividade uterina do

embriatildeo Entre suas atividades farmacoloacutegicas destaca-se a atividade

antiulcerogecircnica que pode ser comparada agrave accedilatildeo da ranitidina e da cimetidina

Por ser morfologicamente parecida com as espeacutecies S bonplandii e Z ilicifolia

ela eacute comumente confundida e ateacute mesmo trocada intencionalmente

A utilizaccedilatildeo de maneira errocircnea das espeacutecies botacircnicas que natildeo satildeo a

verdadeira espinheira-santa (M ilicifolia) pode acarretar danos agrave sauacutede dos

pacientes Assim conclui-se que essas espeacutecies conhecidas como

adulterantes podem trazer malefiacutecios pois ainda faltam estudos que

comprovem suas atividades farmacoloacutegicas e principalmente a seguranccedila

terapecircutica Poreacutem natildeo se deve descartar o uso dessas espeacutecies e sim

realizar estudos mais concretos para que essas plantas assim como a

verdadeira espinheira-santa possam auxiliar no tratamento farmacoloacutegico da

populaccedilatildeo

Referecircncias Bibliograacuteficas

Ralph Santos-Oliveira Simone Coulaud-Cunha Waldeciro Colaccedilo

Revisatildeo da Maytenus ilicifolia Mart ex Reissek Celastraceae

Contribuiccedilatildeo ao estudo das propriedades farmacoloacutegicas Rev Bras

Farmacogn Braz J Pharmacogn 19(2B) AbrJun 2009

Wilker Marlon de Moraes Jesus Tarciacutesio Neves da Cunha Estudo das

propriedades farmacoloacutegicas da espinheira-santa (Maytenus ilicifolia

Mart ex Reissek) e de duas espeacutecies adulterantes Revista Sauacutede e

Desenvolvimento vol ndash nordm 1 Jan ndash Jun 2012

MARIOT MP1 BARBIERI RL2 Engenheiro Agrocircnomo Dr prof do

Conjunto Agroteacutecnico ldquoVisconde da GraccedilardquoUniversidade Federal de

Pelotas (mariotufpeltchebr) ndash Av Ildefonso Simotildees Lopes 2791

Pelotas-RS CEP 96060-290 2Bioacuteloga Dr pesquisadora da Embrapa

Clima Temperado (barbiericpactembrapabr) ndash BR 392 km 78 caixa

postal 403 Pelotas-RS CEP 96001-970 (endereccedilo para

correspondecircncia) Metaboacutelitos secundaacuterios e propriedades medicinais da

espinheira-santa (Maytenus ilicifolia Mart ex Reiss e M aquifolium

Mart)

CARLINI EA Braz S Efeito protetor do liofilizado obtido do abafado de

Maytenus Sp (espinheira-santa) contra uacutelcera gaacutestrica experimental em

ratos In Estudo da accedilatildeo antiuacutelcera gaacutestrica de plantas brasileiras

(Maytenus ilicifolia) Espinheira santa e outras Brasiacutelia CEMEAFIP

1988 p21-35MACAUBAS CIP et al Estudo da eventual accedilatildeo

antiuacutelcera gaacutestrica do baacutelsamo (Sedum sp) folha da fortuna

(Bryophyllum calcium) couve (Brassica oleraceae) e da Espinheira

santa (Maytenus ilicifolia) em ratos In Estudo da accedilatildeo antiuacutelcera

gaacutestrica de plantas brasileiras (Maytenus ilicifolia) Espinheira santa e

outras Brasiacutelia CEMEAFIP 1988 p 5-20

Olivia Werner Oliveira Pedro Ros Petrovick Secagem por aspersatildeo

(spray drying) de extratos vegetais bases e aplicaccedilotildees Revista

Brasileira de Farmacognosia Brazilian Journal of Pharmacognosy 20(4)

641-650 AgoSet 2010

Marianne Christina Scheffer Capitulo 17 Produccedilatildeo de espinheira-santa

(Maytenus ilicifolia Mart ex Reiss) na regiatildeo metropolitana de Curitiba

Paranaacute Brasil

Said gonccedilalves da cruz fonsacircca Farmacoteacutecnica de Fitoteraacutepicos2005

canferol quercetina miricetina e galangina antocianinas ndash cianidina e

malvidina

Ao analisarem quantitativamente por HPLC flavonoacuteides em infusatildeo aquosa de

folhas de M ilicifolia e M aquifolium Leite et al (2001) identificaram um novo

composto deste grupo na primeira espeacutecie Os autores destacaram que os

flavonoacuteides podem mediar uma variaccedilatildeo de mecanismos relacionados agrave

atividade anti-cacircncer anti-tumor e anti-oxidante esta uacuteltima relacionada agrave

caracteriacutestica anti-uacutelcera Os flavonoacuteides tetra-glicosilados satildeo uacuteteis como

marcadores quiacutemicos para o controle de qualidade em Maytenus

Dois novos tetraglicosiacutedeos ndash pertencentes aos grupos dos 3-O-glicosiacutedeos de

quercetina e canferol que satildeo os mais importantes entre os flavonoacuteides ndash

foram isolados por Vilegas et al (1999) a partir da infusatildeo de folhas de M

aquifolium Os flavonoacuteides quercetina e canferol estatildeo representados na Figura

3 com indicaccedilatildeo dos grupos hidroxila (3) que satildeo glicosilados para formar os

3-O-glicosiacutedeos de quercetina e canferol Os autores identificaram a accedilatildeo anti-

uacutelcera da infusatildeo de espinheira-santa em que o aumento da dose levou ao

decreacutescimo do nuacutemero de uacutelceras em ratos sendo a dose de 800 mg kg-1 a

mais eficiente A maior atividade foi verificada em uacutelceras do tipo III que satildeo as

mais severas Foi ainda destacado que o isolamento de flavonoacuteides

poliglicosilados da infusatildeo de M aquifolium seraacute uacutetil para validaccedilatildeo destes

componentes como marcadores quiacutemicos como jaacute anteriormente descrito por

Vilegas et al (1998) ndash que distinguiram atraveacutes da teacutecnica HPTLC (High

Performance Thin Layer Chromatographic) amostras autecircnticas de M ilicifolia

e M aquifolium e amostras alteradas com Sorocea bomplandii uma espeacutecie

muitas vezes confundida com a espinheirasanta devido agrave morfologia similar da

folha

5 Aspectos silviculturais

Os coletores tradicionais possuem noccedilotildees empiacutericas sobre o manejo das

espeacutecies em seu ambiente natural (eacutepoca e frequecircncia de coleta suportada

pela espeacutecie ambientes em que ocorrem cuidados com os indiviacuteduos no

momento da coleta para que possam rebrotar) Por exemplo ensinam que a

espinheira-santa deve ser coletada quebrando os ramos e natildeo cortando-os

Alguns coletores dizem que isto eacute necessaacuterio para que a planta tenha efeito

medicinal outros que se os ramos forem cortados a aacutervore natildeo rebrota Fato

eacute que os ramos que satildeo quebrados satildeo mais finos do que se for utilizado um

instrumento cortante e isto certamente tem influecircncia sobre a regeneraccedilatildeo dos

indiviacuteduos Outra informaccedilatildeo dos coletores tradicionais eacute que as folhas de uma

determinada aacutervore devem ser colhidas com intervalos de dois anos Dizem

que eacute o tempo necessaacuterio para a aacutervore se recuperar Poreacutem nos plantios

verifica-se que a regeneraccedilatildeo ocorre em um ano Entretanto como os frutos

satildeo formados em ramos do ano anterior esta recomendaccedilatildeo pode estar ligada

ao manejo da espeacutecie garantindo o tempo miacutenimo necessaacuterio para que se

reproduza Com o mesmo objetivo os produtores deixam algumas aacutervores sem

colher para que produzam sementes garantindo assim regeneraccedilatildeo

natural e mais recentemente como fonte de sementes para plantios

Conhecem a forma de distribuiccedilatildeo da espinheira-santa e percorrem grandes

distacircncias para localizar boas aacutereas de coleta com um nuacutemero significativo de

aacutervores Costumam dar intervalos de um ou mais anos entre as coletas num

mesmo local ou coletam as folhas somente de um lado da planta e no ano

seguinte do outro lado

Haacute ainda os curiosos pessoas sem tradiccedilatildeo em coleta de plantas que por

necessidade econocircmica e por residirem proacuteximo a aacutereas em que a espeacutecie

ocorre satildeo contratadas por coletores tradicionais ou por compradores de

plantas para realizarem a coleta da espinheira-santa e outras espeacutecies

medicinais que ocorrem nas proximidades de sua residecircncia

6 Os produtores de espinheira-santa e seu contexto socioeconocircmico

A populaccedilatildeo da Regiatildeo Metropolitana de Curitiba eacute formada por descendentes

de europeus que integraram as diversas correntes migratoacuterias estimuladas no

seacuteculo XIX Tecircm-se assim principalmente descendentes de alematildees

italianos atividade agropecuaacuteria agrave qual incorporaram praacuteticas extrativistas que

jaacute eram atividade agropecuaacuteria agrave qual incorporaram praacuteticas extrativistas que jaacute

eram exercidas pelos caboclos descendentes dos antigos colonizadores

portugueses e iacutendios da regiatildeo No municiacutepio de Campo Largo haacute 1469

estabelecimentos rurais dos quais 1164 exercem atividades ligadas agrave

agricultura ou silvicultura

Segundo o Censo realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica

IBGE em 2000 a populaccedilatildeo rural era de 15580 pessoas (IPARDES 2001)

Destas cerca de 50 estatildeo envolvidas na produccedilatildeo no processamento e na

comercializaccedilatildeo da espinheira-santa

Haacute vaacuterios tipos de produtores de mateacuteria-prima

(a) coletores tradicionais cuja uacutenica atividade econocircmica eacute a coleta de plantas

medicinais inclusive espinheira-santa

(b) coletores de plantas medicinais que tambeacutem cultivam espeacutecies alimentiacutecias

Neste caso a coleta de plantas medicinais visa agrave complementaccedilatildeo da renda

(c) agricultores que cultivam e coletam plantas medicinais

(d) agricultores natildeo coletores que soacute cultivam plantas medicinais

A coleta eou o cultivo de espinheira-santa eacute de uma estrateacutegia de obtenccedilatildeo de

renda diversificada e natildeo passa em meacutedia de 17 da renda familiar Os

coletores recebem em geral R$040kg de planta fresca (folhas com ramos

finos) Apoacutes secagem satildeo comercializadas por R$250 a 350kg As folhas de

plantas cultivadas podem alcanccedilar entre R$800 e 1200kg (soacute folha seca)

7 Processamento da espinheira-santa

Apoacutes a coleta os ramos com folhas satildeo levados ateacute a propriedade do coletor

onde as folhas satildeo selecionadas e secas ou entregues diretamente ao

comprador A secagem pode ser feita agrave sombra ou em secador com fluxo de ar

aquecido Quando o coletor natildeo dispotildee de secador proacuteprio ele costuma secar

as folhas no secador de algum vizinho que recebe como pagamento parte da

produccedilatildeo Para a secagem satildeo utilizados vaacuterios modelos de secadores O

combustiacutevel utilizado pode ser lenha gaacutes ou serragem Alguns secadores

contam com controle de temperatura Dependendo das especificaccedilotildees feitas

pelo comprador depois de secas as folhas satildeo separadas dos ramos e

rasuradas Depois o produto eacute embalado em sacos de malha de juta ou de

polipropileno com ou sem revestimento de papel Depois eacute armazenado ou

enviado diretamente para o mercado (comercializado) A venda pode ser feita

para atacadistas laboratoacuterios de fitoteraacutepicos ou induacutestrias alimentiacutecias Nas

induacutestrias o material eacute submetida a uma nova seleccedilatildeo de acordo com o

controle de qualidade da empresa Geralmente verifica-se a contaminaccedilatildeo

microbioloacutegica e macroscoacutepica No caso dos laboratoacuterios de fitoteraacutepicos

tambeacutem satildeo analisados os constituintes quiacutemicos

Nas induacutestrias de alimentos as folhas rasuradas sofrem nova fragmentaccedilatildeo e

satildeo envasadas em embalagens de 10 a 30 g eou na forma de saches teabag

e embaladas em caixas de papelatildeo sendo comercializadas de forma

semelhante a outros chaacutes Ao chegar ao consumidor final na forma de folhas

rasuradas e embaladas o preccedilo varia entre R$3000 a 5000kg em

embalagens de 05 a 1 kg e entre R$8000 a R$10000Kg em embalagens de

10 a 30 g

Nos laboratoacuterios de fitoteraacutepicos as formas de apresentaccedilatildeo da espinheira-

santas satildeo (a) em saches ou a granel misturadas a ervas para problemas

digestivos numa composiccedilatildeo preacute-definida (b) em caacutepsulas gelatinosas

contendo 350 a 400 mg de folhas moiacutedas (c) em tintura de espinheira-santa

para cuja obtenccedilatildeo as folhas satildeo submetidas agrave extraccedilatildeo geralmente

hidroalcooacutelica (d) em comprimidos para o que se utiliza o extrato seco das

folhas

8 Mercado e comercializaccedilatildeo

Geralmente a venda eacute feita pelo proprietaacuterio do secador em grandes

quantidades para intermediaacuterios laboratoacuterios de fitoteraacutepicos ou induacutestrias

alimentiacutecias (Figura 3) Alguns produtores para agregar valor fazem

embalagens com pequenas quantidades (10 a 30 g) que comercializam em

feiras e mercados como alimento Esta forma de comercializaccedilatildeo eacute feita por

produtores que tecircm faacutecil acesso a um mercado consumidor significativo como

Figura 3 Fluxograma de produccedilatildeo e comercializaccedilatildeo de espinheira-santa (Maytenus ilicifolia)

por exemplo supermercados farmaacutecias ou feiras Entretanto haacute muitas

exigecircncias impostas pela legislaccedilatildeo de vigilacircncia sanitaacuteria para

comercializaccedilatildeo diretamente ao consumidor final Os atacadistas situados em

sua grande maioria no estado de Satildeo Paulo adquirem o produto no Paranaacute e

distribuem para as demais regiotildees do Brasil e tambeacutem para o exterior Eacute

comum que empresas do Paranaacute adquiram folhas de espinheira-santa

originaacuterias do proacuteprio Estado dos atacadistas de Satildeo Paulo Isto reflete a

falta de organizaccedilatildeo dos produtores que natildeo conseguiram ainda divulgar a

regiatildeo como centro produtor de plantas medicinais

As induacutestrias alimentiacutecias apoacutes embalar o produto revendem-no para os

supermercados Os laboratoacuterios de fitoteraacutepicos apoacutes fabricar o medicamento

normalmente realizam a comercializaccedilatildeo por meio de distribuidores de

produtos farmacecircuticos ou diretamente para grandes redes de farmaacutecias que

realizam a distribuiccedilatildeo internamente

9 Poliacuteticas relacionadas com a exploraccedilatildeo e comercializaccedilatildeo

A produccedilatildeo e comercializaccedilatildeo da espinheira-santa estaacute sujeita agrave legislaccedilatildeo

ambiental e agrave de vigilacircncia sanitaacuteria A primeira estabelece as normas para

registro de pessoas fiacutesicas ou juriacutedicas que consomem exploram ou

comercializam mateacuteria-prima florestal inclusive produtos florestais natildeo

madeireiros (Brasil 1985 Brasil 1995 Brasil 2000) Os coletores sabem que

devem obter registro de coletor e comerciante de plantas nativas junto aos

oacutergatildeos de fiscalizaccedilatildeo ambiental estadual e federal (respectivamente Instituto

Ambiental do Paranaacute IAP e Instituto Brasileiro de Meio Ambiente IBAMA) A

legislaccedilatildeo prevecirc ainda que ao realizar a coleta de uma planta os coletores e

produtores devem ter uma autorizaccedilatildeo fornecida com base num plano de

manejo Este plano deve apresentar as teacutecnicas e estrateacutegias que seratildeo

adotadas para garantir a sustentabilidade da exploraccedilatildeo

Na delegacia do IBAMA do Paranaacute haacute somente dois coletores de plantas

medicinais registrados poreacutem eles natildeo apresentam regularmente pedidos de

autorizaccedilatildeo de coleta acompanhados dos respectivos planos de manejo No

periacuteodo em que efetuamos esta pesquisa o oacutergatildeo estadual ainda natildeo havia

definido as normas que devem ser seguidas pelos interessados na obtenccedilatildeo

das autorizaccedilotildees de coleta de plantas

Uma das razotildees eacute que natildeo se dispotildee ainda de todas as informaccedilotildees teacutecnicas

necessaacuterias para a elaboraccedilatildeo do plano Apesar de oacutergatildeos de pesquisa e de

extensatildeo e das universidades estarem realizando estudos com o objetivo de

estabelecer os criteacuterios teacutecnicos natildeo existia ateacute 2002 nenhum plano de

manejo efetivamente implantado

Outro problema eacute a falta de integraccedilatildeo na atuaccedilatildeo dos oacutergatildeos de fiscalizaccedilatildeo

federal estadual e municipal o que torna a regularizaccedilatildeo junto a estes oacutergatildeos

muito complexa e cara para os produtores

Para que o produtor possa comercializar seu produto no varejo ele deve

atender agraves exigecircncias da legislaccedilatildeo sanitaacuteria que estatildeo muito acima da

capacidade econocircmica da maioria dos coletores e agricultores O produto

deve ainda estar dento dos limites estabelecidos de contaminaccedilatildeo por

microorganismos Quando o produto eacute apresentado como fitoteraacutepico as

exigecircncias aumentam ainda mais envolvendo seu registro com comprovaccedilatildeo

dos constituintes quiacutemicos marcadores e da atividade farmacoloacutegica e a

padronizaccedilatildeo do produto Ateacute mesmo os laboratoacuterios tecircm dificuldade em

atender as exigecircncias da legislaccedilatildeo atual Natildeo obstante o produto chega ao

mercado nas mais variadas formas envasado em sachecircs em caacutepsulas como

tintura misturado a ervas para problemas gaacutestricos entre outras

10 Influecircncia do ambiente na produccedilatildeo de compostos bioativos e perspectivas para o melhoramento geneacutetico de espinheira-santa

A influecircncia do ambiente na produccedilatildeo de polifenoacuteis totais polifenoacuteis natildeo

tanantes e taninos em M ilicifolia foram estudados por Radomski (1998) tendo

sido observado que a luminosidade eacute o principal fator que influencia na

produccedilatildeo destes compostos Plantas que se encontram em pleno sol

apresentam maior concentraccedilatildeo destas substacircncias As correlaccedilotildees entre

luminosidade e polifenoacuteis totais (083) polifenoacuteis natildeo tanantes (092) e taninos

(078) foram altas e significativas

Foram observadas diferenccedilas na morfologia foliar e na concentraccedilatildeo de taninos

em folhas de M ilicifolia de diferentes procedecircncias no Rio Grande do Sul

(Bernardi amp Wasicki 1959) Folhas de plantas desenvolvidas a pleno sol eram

menores com espinhos nas margens em nuacutemero reduzido e apresentavam

maior concentraccedilatildeo de taninos Em plantas de espinheira-santa desenvolvidas

em ambiente com alta luminosidade Radomski (1998) observou que as folhas

das plantas eram mais amareladas mais espessas e com espinhos mais

pronunciados caracterizando formas tiacutepicas de adaptaccedilatildeo de plantas de

sombra expostas agrave luz solar total A autora avaliou a aacuterea foliar o peso de

folhas e o peso especiacutefico de folhas em ambientes com diferentes intensidades

luminosas A aacuterea foliar foi menor e o peso especiacutefico das folhas foi maior nas

plantas desenvolvidas a pleno sol quando comparadas agraves dos outros

ambientes com menor luminosidade O peso especiacutefico de folhas apresentou

altas correlaccedilotildees para concentraccedilatildeo de polifenoacuteis totais (087) polifenoacuteis natildeo

tanantes (082) e taninos (083) Estes compostos contribuem para o

incremento da biomassa foliar Radomski et al (2004) relata a grande

influecircncia do ambiente sobre a composiccedilatildeo fitoquiacutemica da espinheira-santa

como concentraccedilotildees diferenciadas de taninos e polifenoacuteis totais em plantas

coletadas em ambientes diferentes

A autora destaca tambeacutem que os ramos de M ilicifolia podem contribuir com

uma parcela significativa na produccedilatildeo de compostos fitoteraacutepicos como

taninos e polifenoacuteis totais

Em trabalho envolvendo a anaacutelise fitoquiacutemica em populaccedilotildees de M ilicifolia do

Mato Grosso do Sul Paranaacute Santa Catarina e Rio Grande do Sul Mossi

(2003) observou uma grande variabilidade ndash que foi maior dentro das

populaccedilotildees ndash para concentraccedilatildeo dos metaboacutelitos secundaacuterios limoneno geranil

acetato aacutecido palmiacutetico fitol esqualeno vitamina E stigmasterol friedelan-3-

ol friedelin friedelan-3-one Atraveacutes de anaacutelise de agrupamentos (UPGMA) o

autor natildeo identificou uma relaccedilatildeo entre os grupos formados e as caracteriacutesticas

ambientais dos locais de coleta o que pode indicar uma maior influecircncia das

variaacuteveis locais como microclima insolaccedilatildeo condiccedilotildees nutricionais do solo

idade da planta entre outros sobre a concentraccedilatildeo dos compostos analisados

do que as condiccedilotildees macro ambientais

Foram observadas por Buffa Filho et al(2002) diferenccedilas nas concentraccedilotildees

de triterpenos entre plantas com morfologia de folha diferentes sendo que os

compostos 22 hidroximaitenina e celastrol foram encontrados em plantas de

dois tipos morfoloacutegicos

O melhoramento geneacutetico em plantas medicinais visa produzir variedades que

possuam alto rendimento de substacircncias desejadas e que as mantenham em

niacuteveis conhecidos para padronizar a dosagem quando da aplicaccedilatildeo

farmacoloacutegica (Oliveira et al 2003) Eacute importante o aumento da massa seca

eou fresca ou ainda o aumento do teor de princiacutepios ativos em determinado

oacutergatildeo vegetal de modo que estas caracteriacutesticas sejam mantidas nas geraccedilotildees

seguintes O produto do melhoramento de plantas medicinais eacute o princiacutepio ativo

ou o fitocomplexo Outros objetivos satildeo resistecircncia a pragas e doenccedilas e

toleracircncia a condiccedilotildees adversas de ambiente

Como o ambiente tem grande influecircncia na produccedilatildeo de metaboacutelitos

secundaacuterios a interaccedilatildeo genoacutetipo x ambiente eacute um fator importante para ser

analisado no melhoramento de plantas medicinais A possibilidade do melhor

genoacutetipo em um ambiente natildeo o ser em outro influencia o ganho de seleccedilatildeo e

dificulta a recomendaccedilatildeo de cultivares com ampla adaptabilidade (Cruz amp

Regazzi 2001) O conhecimento da herdabilidade dos caracteres de interesse

tambeacutem eacute fundamental para que a seleccedilatildeo seja aplicada com sucesso de

forma que o valor fenotiacutepico de um caraacuteter possa servir como guia para o valor

geneacutetico (aditividade) (Carvalho et al 2001)

Em teste de progecircnies realizado com espinheira-santa Mariot (2005)

identificou uma alta herdabilidade para todos os caracteres (velocidade de

emergecircncia estatura de planta diacircmetro agrave base do caule taxa de crescimento

tamanho de folha e nuacutemero de espinhosfolha) o que evidencia o forte controle

do fator geneacutetico sobre o fenoacutetipo O autor observou ainda altos valores para os

coeficientes de variaccedilatildeo geneacuteticos (CVG) que aliado aos baixos valores para

os coeficientes de variaccedilatildeo devido ao erro experimental (CVE) proporcionaram

iacutendices maiores que 10 para o quociente (relaccedilatildeo CVGVE) em todas as

variaacuteveis analisadas o que eacute um bom indicador para seleccedilatildeo em programas de

melhoramento Este resultado eacute importante para a seleccedilatildeo com base em

caracteres relacionados com o crescimento pois a espinheira-santa eacute

considerada de crescimento lento O tamanho de folha em espinheira-santa

caso apresente relaccedilatildeo com o aumento da biomassa e maior concentraccedilatildeo de

metaboacutelitos secundaacuterios que tenham accedilatildeo farmacoloacutegica pode ser um caraacuteter

importante de se considerar na seleccedilatildeo em programas de melhoramento Os

altos iacutendices dos paracircmetros geneacuteticos evidenciados em trabalho desenvolvido

por Mariot (2005) mostram a eficiecircncia na seleccedilatildeo para estes caracteres

Considerando a necessidade de uniformidade nos teores de princiacutepios ativos

exigidos pelas induacutestrias farmacecircuticas e o fato da espinheira santa ser de

fecundaccedilatildeo cruzada os programas de melhoramento desta espeacutecie que vise

atender estas exigecircncias deve utilizar a propagaccedilatildeo vegetativa

Estudos relacionados agrave cultura de tecidos de M ilicifolia e M aquifolium

tornam-se portanto fundamentais Na aacuterea de biotecnologia foi citado por

Corsino et al (1998a) o uso de Agrobacterium como vetor para aumentar a

produccedilatildeo de triterpenos em programa de melhoramento geneacutetico de espinheira

santa

O conhecimento da associaccedilatildeo entre caracteres eacute de grande importacircncia nos

trabalhos de melhoramento principalmente se a seleccedilatildeo em um deles

apresenta dificuldades em razatildeo da baixa herdabilidade eou tenha problemas

de mediccedilatildeo e identificaccedilatildeo (Cruz amp Regazzi 2001) Para tanto o melhorista

pode estimar as correlaccedilotildees fenotiacutepicas e genotiacutepicas o que pode contribuir no

processo de seleccedilatildeo No caso das espeacutecies medicinais esta ferramenta eacute

muito importante devido ao alto custo das anaacutelises para determinar e

quantificar metaboacutelitos secundaacuterios com potencial farmacoloacutegico como as que

envolvem cromatografia Em espinheira-santa a morfologia foliar estaacute

relacionada com os tipos e a concentraccedilatildeo de triterpenos (Buffa Filho et al

2002) portanto se for identificada correlaccedilatildeo entre estes caracteres a seleccedilatildeo

indireta atraveacutes da morfologia foliar pode vir a ser uma boa estrateacutegia de

seleccedilatildeo

11 Etapas do processo de secagem por aspersatildeoO processo de secagem por aspersatildeo consiste de trecircs etapas fundamentais

Na primeira fase o fluiacutedo eacute disperso como gotiacuteculas produzindo uma grande

aacuterea superficial Na segunda ocorre contato destas com uma corrente de ar

aquecido havendo transferecircncia de calor

Na terceira etapa acontece a evaporaccedilatildeo do solvente e a formaccedilatildeo da partiacutecula soacutelida

121 Ilustraccedilatildeo da Planta Espinheira- Santa

Com a transferecircncia de calor do ar aquecido agraves gotiacuteculas o liacutequido da

superfiacutecie evapora-se rapidamente As partiacuteculas solidificadas geralmente

apresentam o mesmo tamanho e forma da gotiacutecula que as originou Na uacuteltima

etapa o produto de secagem eacute transportado por uma corrente de ar sendo

posteriormente coletado (Broadhead et al 1992 Shaw 1997 Rankell et al

2001) A evaporaccedilatildeo superficial da gotiacutecula conduz agrave formaccedilatildeo de uma

camada de material seco externa Atraveacutes desta camada o liacutequido situado no

interior da gotiacutecula propaga-se para o exterior Dependendo da elasticidade e

da permeabilidade da crosta seratildeo produzidos distintos materiais secos como

esferas intactas com superfiacutecie imperfeita ou fragmentada soacutelidas ou ocas

(Rankell et al 2001) A Figura 2 apresenta foto micrografias de dois extratos

diferentes de Maytenus ilicifolia secos por spray drying com disco giratoacuterio em

torre de secagem por aspersatildeo Os extratos foram produzidos da mesma

maneira utilizando temperatura de entrada de 180 degC velocidade do aspersor

de 9500 rpm e 30 de Aerosil (Oliveira 2008)

12 Fatores que influenciam o processoUm das respostas mais relevantes afetada pelas condiccedilotildees de operaccedilatildeo do

processo eacute a qualidade do produto resultante As variaacuteveis devem ser

controladas visando agrave obtenccedilatildeo de rendimento e de teor de umidade

adequados estabilidade quiacutemica minimizaccedilatildeo da aderecircncia de partiacuteculas na

cacircmara de secagem (sticking) e caracteriacutesticas tecnoloacutegicas especiacuteficas As

propriedades do produto satildeo normalmente determinadas pelos fatores

relacionados agraves caracteriacutesticas do material de entrada e do processamento

isto eacute paracircmetros de operaccedilatildeo e equipamento (Quadro 1)

131 Influecircncia do material de entradaEntre os fatores relacionados agraves caracteriacutesticas do material de entrada o uso

de adjuvantes na teacutecnica de secagem por aspersatildeo eacute uma praacutetica muito

comum Satildeo utilizados como adjuvantes neste processo amido ciclodextrinas

dioacutexido de siliacutecio coloidal fosfato tricaacutelcico gelatina goma araacutebica lactose

maltodextrina entre outros (Vasconcelos et al 2005 Silva Juacutenior et al 2006)

Para a secagem de extratos derivados de plantas a seleccedilatildeo e o uso adequado

de adjuvantes no processo de spray drying eacute uma fase de fundamental

importacircncia visto que determina a estabilidade e a qualidade dos mesmos

podendo inclusive afetar as caracteriacutesticas de biodisponibilidade

13 Atividades farmacoloacutegicas da espinheira-santa A espinheira-santa (M ilicifolia) eacute uma planta que possui atividades

farmacoloacutegicas comprovadas entre elas a atividade antiulcerogecircnica Essas

atividades estatildeo ligadas a substacircncias quiacutemicas que satildeo os polifenoacuteis

(flavonoides e taninos) e os triterpenos Haacute fatores como a composiccedilatildeo quiacutemica

do solo onde essa planta estaacute sendo cultivado o local de plantio a teacutecnica de

colheita a secagem da planta e o processamento poacutes-colheita que influenciam

diretamente nos teores de princiacutepio ativo da planta podendo assim gerar

variaccedilotildees das atividades farmacoloacutegicas (NEGRI 2007)

141 Atividade gaacutestricaDe acordo com alguns estudos (Carlini amp Frochtengerten 1988 Ming et al

1998 Coulaud- Cunha et al 2004 Carvalho et al 2008) a M ilicifolia

apresenta accedilatildeo contra uacutelcera peacuteptica e gastrite Coulaud- Cunha et al (2004)

relatam que a accedilatildeo da M ilicifolia na uacutelcera peacuteptica e gastrite envolve mais de

um mecanismo de accedilatildeo ainda natildeo conclusivamente elucidados e natildeo se deve

somente a um principio ativo especifico mas a diferentes fitocomplexos Foi

demonstrado por Pereira et al (1993) e por Ming et al (1998) que tanto os

taninos principalmente a epigalocatequina quanto os oacuteleos essenciais em

especial o fridenelol satildeo responsaacuteveis por parte dos efeitos gastroprotetores

Carlini amp Frochtengarten (1988) por sua vez em estudos realizados com o

abafado da M ilicifolia relatam que quanto maior o tempo do tratamento maior

seraacute a gastroproteccedilatildeo sem entretanto haver alteraccedilotildees no pH Tal observaccedilatildeo

pode ser confirmada por Ferreira et al (2004) que em estudos com extrato

aquoso liofilizado das folhas de M ilicifolia em sapos comprovou que esse

possui efeito inibitoacuterio sobre os mediadores H2 da histamina nas ceacutelulas

parietais esses segundo Gilman (1989) quando estimulados causam a

ativaccedilatildeo da adenililciclase iniciando uma seacuterie de alteraccedilotildees morfoloacutegicas e

bioquiacutemicas complexas que leva ao aumento da secreccedilatildeo gaacutestrica

funcionando como um antagonista H2 aleacutem de inibir o efeito da gastrina Foi

demonstrado ainda que tanto a epigalocatequina (tanino) quanto o fridenelol

(oacuteleo essencial) satildeo responsaacuteveis por parte do efeito protetor da mucosa

gaacutestrica (Pereira et al 1993 Ming et al 1998)

142 Atividade antiulcerogecircnicaSegundo Sousa-Formigoni et al (1991) foi comprovada a atividade

antiulcerogecircnica da espinheira-santa (M ilicifolia) por experimentos feitos em

ratos nos quais os animais foram induzidos a terem uacutelceras gaacutestricas por meio

de indometacina e por estresse quando estes foram submetidos a baixas

temperaturas e por serem imobilizados Apoacutes a aplicaccedilatildeo de um extrato

liofilizado de espinheira-santa houve uma reduccedilatildeo do nuacutemero de uacutelceras e um

aumento do volume e pH da secreccedilatildeo gaacutestrica

Em estudos de mecanismos celulares e moleculares da accedilatildeo de produtos

naturais com o isolamento de substacircncias bioativas da M ilicifolia

responsaacuteveis pela accedilatildeo antissecretora aacutecida gaacutestrica os resultados obtidos

confirmam essas accedilotildees Foram utilizados nesses experimentos extratos

aquosos das partes aeacutereas da planta e os princiacutepios ativos tecircm funccedilatildeo de

inibidores da bomba de proacutetons etapa final comum das vias reguladoras da

secreccedilatildeo aacutecida gaacutestrica (BOSSOLANI 2000)

143 Atividade antimicrobianaEstudos pioneiros como o de Lima et al (1969) jaacute demonstravam que a

maitenina exibe forte atividade antimicrobiana contra vaacuterias bacteacuterias Gram

positivas Tais efeitos foram corroborados com a demonstraccedilatildeo que os extratos

das folhas e raiacutezes tecircm efeito antimicrobiano para vaacuterios patoacutegenos dentre

eles Staphylococcus aureus e Streptococcus sp

144 Atividade sobre o Sistema Nervoso CentralSegundo Alonso (1998) o extrato de M ilicifolia possui atividade sedativa que

potencializa (efeito sineacutergico) o sono por barbituacutericos em camundongos

145 Atividades abortiva e sobre a espermatogecircnese

De acordo com Montanari et al (1998) o extrato etanoacutelico de M Ilicifolia

quando administrado em altas doses em camundongos suiacuteccedilos apesar de

causar leves alteraccedilotildees como ceacutelulas germinativas imaturas esfoliadas mortes

celulares ocasionais aumento de gotiacuteculas lipiacutedicas em ceacutelulas de Sertoli e

inchamento de acrossomas entre outras natildeo foi suficiente para acarretar

danos agrave espermatogecircnese

Jaacute em testes realizados em camundongos (fecircmeas e graacutevidas) administrando-

se oralmente extrato hidroalcooacutelico (70) de folhas de espinheira-santa (M

ilicifolia) observou-se um decreacutescimo significativo do nuacutemero de embriotildees

indicando uma perda embrionaacuteria antes do periacuteodo de implantaccedilatildeo Poreacutem

natildeo houve maacute-formaccedilatildeo ou mortes fetais depois do periacuteodo de implantaccedilatildeo

Esse extrato possui atividade estrogecircnica que pode interferir na receptividade

uterina ao embriatildeo (MONTANARI BEVILAQUA 2002)

146 Atividades antimutagecircnica e anticanceriacutegenaConforme Horn e Vargas (2003) o extrato aquoso de M ilicifolia foi eficaz em

aproximadamente 75 das doses testadas exibindo boas respostas

antimutagecircnicas ou um decreacutescimo sugestivo Em estudos realizados por

Queiroga et al (2007) foi avaliada a fraccedilatildeo ativa antiulcerogecircnica da M

ilicifolia na atividade anticanceriacutegena apresentando resultados citostaacuteticos

satisfatoacuterios De acordo com Itokawa et al (1993) o composto pristimerina foi o

mais eficiente na accedilatildeo citotoacutexica podendo ser uacutetil no tratamento de tumores

147 Atividade antioxidante e otoprotetoraDe acordo com Mattei e Carlini (1998) um extrato aquoso liofilizado de

espinheira-santa (M ilicifolia) foi testado in vitro em homogenato de ceacuterebro de

ratos e exerceu uma importante atividade antioxidante inibindo o processo de

lipoperoxidaccedilatildeo

Usando-se extrato etanoacutelico de M ilicifolia foi confirmado que a casca da raiz

tem um poder antioxidante pelo fato de possuir em sua base compostos com a

capacidade sequestradora de radicais livres (VELLOSA et al 2006)

Conforme Santos et al (2010) foram comprovadas propriedades antioxidantes

dos extratos brutos e de componentes individuais de M Ilicifolia por possiacuteveis

associaccedilotildees sineacutergicas de substacircncias fenoacutelicas e triterpenos

quinonametiacutedeos comparados agrave rutina como composto fenoacutelico modelo

De acordo Kasse et al (2008) foi realizado um estudo com ratos (fecircmeas) em

que esses animais foram submetidos agrave substacircncia cisplatina e posteriormente

tratados com extrato de M ilicifolia para avaliar a atividade otoprotetora da

planta Foram realizados e avaliados os exames de emissotildees otoacuacutesticas por

produtos de distorccedilatildeo por potencial de tronco encefaacutelico antes e depois de

administraccedilatildeo de cisplatina e por fim por microscopia eletrocircnica de varredura

Os resultados mostraram que apesar de apresentar atividades antioxidantes a

M ilicifolia foi incapaz de bloquear o efeito citotoacutexico do composto quiacutemico

administrado nas cobaias

Segundo Negri et al (2009) a atividade antioxidante do extrato etanoacutelico de M

ilicifolia estaacute intimamente ligada agrave sua temperatura de secagem Testes

realizados para avaliaccedilatildeo do poder antioxidante os quais foram os meacutetodos de

formaccedilatildeo de complexo com fosfomolibdecircnio e atividade antioxidante em

relaccedilatildeo agrave reduccedilatildeo de um radical utilizando-se o DPPH (22-difenil-1-

picnilhidrazila) em que foram levadas em consideraccedilatildeo diferentes

temperaturas usualmente utilizadas para secagem (40 50 60 70 e 80˚C)

demostraram melhor atividade antioxidante na temperatura de 40˚C e

gradativamente quanto maior a temperatura realizada nos testes menor o

poder antioxidante Por fim o estudo mostrou a importacircncia do controle de

temperatura para a melhor efetividade nesse quesito da planta

Em estudos de Pessuto et al (2009) foram avaliados extratos e compostos

isolados de M Ilicifolia em relaccedilatildeo agrave capacidade antioxidante Os extratos

brutos e semipurificados foram estudados por meio de ensaios de

fosfomolibdecircnio (complexo) e de DPPH (22-difenil-1-picnilhidrazila) nos quais

os resultados mostraram que a fraccedilatildeo com acetato de etila teve melhor

capacidade antioxidante em relaccedilatildeo ao extrato bruto e fraccedilatildeo aquosa

possivelmente por conter maior nuacutemero de hidroxilas fenoacutelicas (pela

capacidade de sequestro dos radicais livres) e tambeacutem em relaccedilatildeo agraves

substacircncias trolox e vitamina C

148 Atividades antinociceptiva e anti-inflamatoacuteria De acordo com Nakamura et al (1994) o extrato etanoacutelico de folhas de M

ilicifolia conteacutem uma fraccedilatildeo de quercetina-3-O-glicosiacutedeo e essa substacircncia

quiacutemica foi avaliada pelo teste de aacutecido aceacutetico e formalina em ratos obtendo-

se resultados satisfatoacuterios para atividades analgeacutesicas e anti-inflamatoacuterias

Por meio de testes realizados em camundongos e ratos foi provocado um

edema nas patas desses animais por meio de injeccedilatildeo de 002 ml de

formaldeiacutedo (soluccedilatildeo a 092) utilizando-se como controle soluccedilatildeo salino

Apoacutes 120 minutos foi aplicado extrato hexacircnico e acetato de etila das folhas

(M ilicifolia) administrados por via oral nas doses de 80 160 320 e 340 mgkg

Os animais foram sacrificados apoacutes 4 horas Em um segundo ensaio foi

administrada por injeccedilatildeo soluccedilatildeo de carragenina a 1 e os extratos da planta

foram dados por via oral nas doses de 80 160 320 e 340 mgkg Os resultados

obtidos mostraram uma atividade antinociceptiva para os dois extratos

principalmente nas doses de 320 e 340 mgkg sendo esse teste importante

para uma alternativa cliacutenica na terapecircutica anti-inflamatoacuteria e antiulcerogecircnica

(JORGE et al 2004)

14 Toxicidade efeitos adversos e contraindicaccedilatildeo da espinheira-santa

Foi realizado um estudo toxicoloacutegico com 24 voluntaacuterios sendo 12 homens e

12 mulheres de 20 a 40 anos de idade selecionados previamente por meio de

avaliaccedilatildeo cliacutenica exames hematoloacutegicos e bioquiacutemicos e avaliaccedilatildeo

psicomotora com o objetivo de estabelecer um intervalo maacuteximo de seguranccedila

no uso de M ilicifolia As doses foram administradas de maneira crescente e

natildeo houve um grupo controle pois os exames iniciais foram considerados

como valores basais para efeito comparativo A dose inicial foi fixada em 100

mg por adulto sendo administradas doses subsequentes de 200 500 1000

1500 e 2000 mg com intervalos de uma semana para cada dose A anaacutelise dos

resultados revelou que natildeo houve efeitos significativos nos valores dos

principais paracircmetros hematoloacutegicos e bioquiacutemicos e tambeacutem natildeo foram

observadas alteraccedilotildees nas funccedilotildees hepaacuteticas pancreaacuteticas e renais

Hormocircnios lipiacutedeos glicose soacutedio potaacutessio caacutelcio e foacutesforo tambeacutem

mantiveram valores considerados normais (TABACH et al 2002)

Em relaccedilatildeo aos efeitos adversos a M ilicifolia natildeo possui algum que justifica a

interrupccedilatildeo do tratamento Entre os mais comuns destacam-se cefaleia

sonolecircncia boca seca naacuteuseas dor articular nas matildeos gosto estranho na

boca tremor nas matildeos cistite e poliuacuteria (TABACH et al 2002) Poreacutem

segundo Amaral et al (2005) natildeo eacute recomendado o uso pediaacutetrico pela

ausecircncia de testes Ensaios realizados em ratos mostraram perda embrionaacuteria

antes do periacuteodo de implantaccedilatildeo portanto essa planta natildeo eacute recomendada em

casos de gravidez (MONTANARI BIVILACQUA 2002)

De acordo com estudos realizados em camundongos o abafado de M ilicifolia

foi administrado nesses animais em doses ateacute 360 vezes maiores que a

utilizada pelo homem durante um periacuteodo de dois a trecircs meses Como

resultados natildeo houve mudanccedilas no peso comportamento temperatura

paracircmetros bioquiacutemicos e hematoloacutegicos desses animais (OLIVEIRA CARLINI

1988)

15 FarmacocineacuteticaO modelo da farmacocineacutetica da espinheira-santa eacute estudado por meio de seus

taninos natildeo condensados Epigalocatequina marcada foi administrada por via

oral sendo os picos plasmaacuteticos observados 60 min apoacutes a ingestatildeo Apoacutes

uma dose de 500 mgkg foram detectadas concentraccedilotildees tissulares de 123

mmol no plasma 484 mmol no fiacutegado e 565 mmol no intestino delgado

(Nakagawa amp Miyazawa 1997) Depois da administraccedilatildeo oral de

epigalocatequina-3-galato marcada com triacutetio a ratos cerca de 6 da dose eacute

eliminada na urina e 24 nas fezes nas primeiras 24 horas Uma segunda

dose dada duas horas apoacutes a primeira eleva em cerca de 4 a 6 vezes a

concentraccedilatildeo no plasma e em alguns tecidos Esses dados sugerem uma

meia-vida longa e eliminaccedilatildeo lenta da epigalocatequina-3-galato No final das

24 horas os animais foram sacrificados e essa substacircncia pocircde ser encontrada

no rim ceacuterebro fiacutegado pacircncreas intestino e ossos (Suganuma et al 1998)

Num outro estudo foi avaliada a afinidade da epigalocatequina-3-galato agraves

proteiacutenas do soro Apoacutes uma dose oral a ratos mais de 50 da

epigalocatequina-3-galato absorvida ligou-se agrave proteiacutena do plasma

especialmente a fibronectina o fibrinogecircnio e a HRGP( Histidin Rich

Glicoprotein) proteiacutena plasmaacutetica com 74 kdaltons cuja funccedilatildeo ainda eacute pouco

conhecida (Sazuka et al 1996)

16 PreparaccedilatildeoTendo sido reconhecida a espeacutecie com que se vai trabalhar torna-se

necessaacuterio que se disponha desta espeacutecie em quantidade suficiente para

atender a demanda relacionada a produccedilatildeo do fitoteraacutepico replicaccedilatildeo da

espeacutecie e respectivo controle de qualidade Par a atingir este objetivo a

espeacutecie deve ser cultivada na extensatildeo adequada ao fim que se propotildee tendo-

se aleacutem dos cuidados inerentes ao cultivo de qualquer espeacutecie vegetal a

precauccedilatildeo de nunca utilizar pesticidas ou agrotoacutexicos na aacuterea de cultivo Nos

parece claro que a opccedilatildeo pelo fitoteraacutepico deve vir acompanhada do desejo de

seguranccedila o que natildeo seria conseguido se fossem deixados resiacuteduos de

agrotoacutexicos ou de pesticidas na espeacutecie que iraacute ser usada como mateacuteria-prima

para a produccedilatildeo de medicamento Veja no item 24 os ensaios que devem ser

efetuados no sentido de identificar e quantificar a presenccedila destes e de outros

contaminantes

Dispondo-se entatildeo da espeacutecie vegetal botanicamente selecionada cultivada

sem o uso de agentes quiacutemicos contaminantes iremos seguir tantos passos

quantos sejam necessaacuterios para preparar a espeacutecie vegetal numa droga capaz

de ser armazenada e processada para resultar num preparado intermediaacuterio uacutetil

na preparaccedilatildeo de fitoteraacutepicos Estes passos podem ser enumerados como

sendo Coleta Monda Estabilizaccedilatildeo Secagem Trituraccedilatildeo e Armazenamento

A execuccedilatildeo e finalidade de cada um se acham descrito a seguir

A Coleta eacute realizada atraveacutes da retirada da parte usada da planta procurando

sempre o material mais saudaacutevel em completo desenvolvimento (a menos que

especificado em (contraacuterio como ocorre com a gema terminal de Psidium

guajava) e com o miacutenimo de contaminantes (poeira poluiccedilatildeo adubo insetos

colocircnia de microrganismos etc) A distribuiccedilatildeo de substacircncias

farmacologicamente ativas nas plantas medicinais natildeo se daacute de maneira

homogecircnea em toda a extensatildeo da planta Portanto eacute de se esperar que

apenas alguma parte de uma dada espeacutecie podem ser utilizadas com finalidade

terapecircutica

Atraveacutes de consulta agraves diversas farmacopeias e tratados sobre plantas

medicinais encontramos descriccedilotildees sobre a parte a ser usada de cada espeacutecie

medicinal Pode-se em alguns casos observar que diferentes partes de uma

mesma planta apresentam propriedades inteiramente diferentes como por

exemplo a Punica granam (romatildezeira) cujas cascas do caule satildeo teniacutefugas e

as cascas dos frutos tecircm propriedades anti-inflamatoacuteria e antibioacutetica Em outros

casos toda a planta pode ser utilizada com a mesma finalidade como a

Phylanthus niruri (quebra-pedra) Torna-se imperioso portanto que antes de

qualquer outra etapa da preparaccedilatildeo de uma forma farmacecircutica fitoteraacutepica se

conheccedila qual ou quais partes da espeacutecie escolhida pode ser utilizada

A coleta deve respeitar para cada espeacutecie o melhor periacuteodo correspondente

agravequele onde a espeacutecie apresenta maior teor em substacircncias ativas Tendo isto

em mente relacionamos a seguir orientaccedilotildees geneacutericas quanto ao periacuteodo de

coleta

Formas farmacecircuticas de fitoteraacutepicosPoacute

Eacute a forma farmacecircutica obtida apoacutes a secagem trituraccedilatildeo e tamisaccedilatildeo da

droga Segundo a sua finalidade devem apresentar a tenuidade adequada

conforme a tabela a seguir Pode ser dispensado para uso na preparaccedilatildeo de

chaacutes ou adicionado agrave alimentaccedilatildeo (leite sucos mel etc) O envase deve cuidar

para que natildeo haja absorccedilatildeo de umidade

Formas soacutelidas

Caacutepsulas

Eacute a forma farmacecircutica obtida pela deposiccedilatildeo ordenada da droga seca

triturada e tamisada em caacutepsulas gelatinosas duras ou pelo encapsulamento

de liacutequidos ou semissoacutelidos de natureza lipofiacutelica em caacutepsulas gelatinosas

moles O invoacutelucro rosa utilizado eacute geralmente de natureza proteica e satildeo

portanto incompatiacuteveis com drogas tacircnicas por exemplo Cuidado especial

deve ser tomado com a umidade temperatura e pressatildeo exercida sobre as

caacutepsulas durante o armazenamento e transporte Estes fatores podem levar a

desidrataccedilatildeo ou hidrataccedilatildeo das caacutepsulas que as tornam quebradiccedilas ou

deformadas e coladas Durante a preparaccedilatildeo das caacutepsulas deve-se cuidar para

que o peso das caacutepsulas obtidas seja o mais uniforme possiacutevel podendo-se

garantir isso pela pesagem da quantidade de poacute necessaacuteria para o enchimento

de um nuacutemero determinado de caacutepsulas

O enchimento das caacutepsulas ocorre na oficina farmacecircutica em tabuleiros

especiais constituiacutedos em acriacutelico PVC ou outro poliacutemero apresentando-se no

modelo mais simples apenas como uma base fixa que se encaixa a uma outra

moacutevel e perfurada que recebe o corpo das caacutepsulas sem as tampas A seguir

se distribui de forma homogecircnea a quantidade estipulada de poacute em todas as

caacutepsulas valendo-se de uma espaacutetula plaacutestica e de um dispositivo especial

para prensar o conteuacutedo no interior das caacutepsulas Finalizado o enchimento as

partes super oires (tampas) das caacutepsulas satildeo recolocadas fechando-as e

determina-se o peso meacutedio das mesmas embalando-as imediatamente

A capacidade das caacutepsulas eacute proporcional agrave densidade do poacute e ao tamanho

das caacutepsulas que eacute padronizado em 08 (oito) diferentes tipos listados a seguir

com as respectivas dimensotildees e capacidades em mililitros

Controle de Qualidade

Todas as etapas utilizadas durante o processamento da droga devem ser

monitoradas atraveacutes de ensaios que possam atestar a qualidade da mateacuteria-

prima dos produtos intermediaacuterios e do produto final acabado O objetivo final

tanto do processamento adequado quanto agrave avaliaccedilatildeo da qualidade eacute a

garantia de que o que estaacute sendo produzido na forma como ocorre o processo

produtivo estaacute conduzindo agrave obtenccedilatildeo de um produto com as caracteriacutesticas

necessaacuterias agrave utilizaccedilatildeo para o tratamento de doenccedilas

Droga

A avaliaccedilatildeo da qualidade da droga utilizada na obtenccedilatildeo de fitoteraacutepicos no

Programa Farmaacutecias-Vivas onde o cultivo das espeacutecies vegetais eacute efetuado

pelo laboratoacuterio fabricante do produto deve ser realizada sob os seguintes

aspectos

- Considerando que a droga a ser utilizada corresponde agrave espeacutecie vegetal

esperada conhece-se suas caracteriacutesticas macromorfoloacutegicas aleacutem das suas

caracteriacutesticas sensoriais constituindo a primeira avaliaccedilatildeo que eacute a identidade

da droga

- Determinaccedilatildeo da umidade da droga fresca que deve ser diferenciada de

perda por dessecaccedilatildeo pois outras substacircncias volaacuteteis aleacutem da aacutegua satildeo

evaporadas Pode ser determinada atraveacutes do ensaio volumeacutetrico de Karl

Fischer ou pelo ensaio gravimeacutetrico submetendo a droga a dessecaccedilatildeo em

temperatura ambiente em dessecador com siacutelica ou aacutecido sulfuacuterico

- Mesmo a droga morfologicamente normal pode natildeo apresentar seus

constituintes ativos na quantidade desejada sendo necessaacuterio que sejam

realizados ensaios de identificaccedilatildeo e quantificaccedilatildeo de ativos ou de marcadores

atraveacutes das mais diversas teacutecnicas gravimeacutetrica volumeacutetrica

espectrofotomeacutetrica cromatograacutefica etc

- Avaliaccedilatildeo da contaminaccedilatildeo microbiana da droga principalmente se a mesma

tiver de ser utilizada sem qualquer processamento posterior As drogas que

seratildeo transformadas em uma forma extrativa em soluccedilatildeo hidro-alcooacutelica pode

ter sua carga microbiana reduzida pelo efeito antisseacuteptico do solvente

Preparado Intermediaacuterio

As formas extrativas satildeo obtidas em condiccedilotildees que nem sempre conseguem

retirar a totalidade das substacircncias ativas soluacuteveis no solvente escolhido devido

a diversos fator ES como o tempo e temperatura de maceraccedilatildeo pH do

solvente distribuiccedilatildeo granulomeacutetrica da droga sua umidade residual teor de

substacircncias ativas e velocidade de percolaccedilatildeo Justifica-se entatildeo a

necessidade da realizaccedilatildeo de ensaios de avaliaccedilatildeo da qualidade das formas

extrativas incluindo avaliaccedilotildees fiacutesico-quiacutemicas como aparecircncia cor odor

solubilidade densidade pH e viscosidade avaliaccedilotildees quiacutemicas como o perfil

cromatograacutefico e dosagem das substacircncias ativas ou marcador e avaliaccedilatildeo

microbioloacutegica da quantidade de microrganismos viaacuteveis

Fitoteraacutepico

Independente da forma farmacecircutica final eacute necessaacuterio que sejam realizadas

avaliaccedilotildees na qualidade do produto final da mesma forma que eacute exigido para

os demais tipos de medicamentos Listamos a seguir os ensaios realizados

para cada forma farmacecircutica lembrando que devem ser acrescentados os

ensaios quiacutemicos e microbioloacutegicos

Prazo de Validade

Considerando a jaacute difiacutecil realizaccedilatildeo da avaliaccedilatildeo da qualidade das drogas

utilizadas na obtenccedilatildeo de fitoteraacutepicos pode-se compreender que o

acompanhamento do processo cineacutetico de degradaccedilatildeo dos constituintes do

medicamento natildeo eacute uma estar efe faacutecil No entanto esta avaliaccedilatildeo pode se dar

em diversos niacuteveis

- Avaliaccedilatildeo da estabilidade fiacutesica

Para cada tipo de forma farmacecircutica satildeo descritas as caracteriacutesticas tiacutepicas

como cor odor limpidez densidade viscosidade pH etc que observadas

para um mesmo lote ao longo do tempo de armazenamento forneceratildeo

informaccedilotildees sobre a integridade fiacutesica da formulaccedilatildeo

- Avaliaccedilatildeo da estabilidade quiacutemica

A utilizaccedilatildeo de recursos laboratoriais desde os mais simples ateacute os mais

sofisticados permitem o acompanhamento qualitativo eou quantitativo dos

princiacutepios ativos contidos no produto fitoteraacutepico Por exemplo atraveacutes do

ensaio limite de taninos por diluiccedilotildees sucessivas e adiccedilatildeo de cloreto feacuterrico

pode-se ter uma medida semi-quantitativa do teor destas substacircncias nas

preparaccedilotildees que o contenham Evoluindo a utilizaccedilatildeo de teacutecnica

cromatograacutefica em camada delgada sobre papel ou siacutelica permite a

determinaccedilatildeo do perfil cromatograacutefico para o produto de modo que possa ser

comparado com o obtido em lotes posteriores ou com o mesmo lote ao longo do

tempo de armazenamento

- Avaliaccedilatildeo da estabilidade microbioloacutegica

A verificaccedilatildeo do niacutevel de contaminaccedilatildeo microbiana numa preparaccedilatildeo

medicamentosa fornece informaccedilotildees sobre o niacutevel de higienizaccedilatildeo empregado

durante o processamento da droga ateacute a obtenccedilatildeo do medicamento A

observaccedilatildeo deste mesmo paracircmetro ao longo do tempo fornece informaccedilotildees

sobre a composiccedilatildeo conservante utilizada no produto e a forma de

armazenamento

Teacutecnicas Gerais

Os ensaios laboratoriais de avaliaccedilatildeo da qualidade da droga compreendem

basicamente

- Observaccedilatildeo macroscoacutepica e microscoacutepica da droga fresca e seca inteira e

triturada comparando com o descrito em farmacopeias ou com modelos

botanicamente certificados

- Determinaccedilatildeo de umidade na droga fresca e naquela seca e triturada

evidenciando a quantidade de aacutegua contida na droga receacutem-coletada na droga

s eca e a efetividade do processo de secagem utilizada

- Identificaccedilatildeo e dosagem de substacircncias ativas ou marcadores realizada na

droga seca e triturada onde atraveacutes do acompanhamento da evoluccedilatildeo ao

longo do tempo e o cruzamento dos dados entre os locais e condiccedilotildees de

cultivo seraacute possiacutevel a determinaccedilatildeo das condiccedilotildees ideais para a manutenccedilatildeo

da qualidade das espeacutecies vegetais

- Determinaccedilatildeo da quantidade de mateacuteria orgacircnica estranha na droga seca

triturada grosseiramente demonstrando se a coleta monda secagem e

trituraccedilatildeo foram realizadas a contento sem o risco de contaminaccedilatildeo com outras

espeacutecies

- Determinaccedilatildeo de resiacuteduos de pesticidas para monitorar a forma de realizaccedilatildeo

do controle de pestes atraveacutes da identificaccedilatildeo e dosagem de pesticidas

- Determinaccedilatildeo da presenccedila de arsecircnio e metais pesados como componentes

que satildeo responsaacuteveis por intoxicaccedilotildees e por incompatibilidades nas

preparaccedilotildees liacutequidas de fitoteraacutepicos

- Determinaccedilatildeo da quantidade de microrganismos viaacuteveis atraveacutes da contagem

em placa a de diluiccedilotildees obtidas a partir do liacutequido de lavagem das drogas

evidenciando o grau de contaminaccedilatildeo e a possiacutevel e indesejaacutevel presenccedila de

microrganismos potencialmente patogecircnicos

Garantia de Qualidade

Na produccedilatildeo de fitoteraacutepicos do mesmo modo como ocorre com qualquer outro

medicamento natildeo pode negligenciar qualquer procedimento que possa conduzir

a diminuiccedilatildeo da qualidade do produto final A qualidade se reflete na

reprodutibilidade da qualidade do produto avaliada em laboratoacuterio e no

acompanhamento da sua eficaacutecia terapecircutica e seguranccedila Isto soacute pode ser

conseguido quando para cada forma farmacecircutica de fitoteraacutepico forem

registradas as operaccedilotildees farmacecircuticas que devem ser seguidas agrave risca suas

medidas de controle e definiccedilatildeo das responsabilidades para cada uma das

etapas do processamento

Apenas como ilustraccedilatildeo tomemos como exemplo a produccedilatildeo da tintura de

Alecrim-pimenta (Lippia sidoides Cham) O iniacutecio da preocupaccedilatildeo com a

qualidade se daacute com a seguranccedila de que a espeacutecie cultivada seja realmente

aquela que se deve coletar e em seguida em coletar a parte que realmente

deve ser utilizada e de plantas com aspecto saudaacutevel de desenvolvimento para

a qual as condiccedilotildees de cultivo tenham se apresentado como satisfatoacuterias A

monda que se segue agrave coleta retirando as partes improacuteprias agrave preparaccedilatildeo do

fitoteraacutepico daacute continuidade ao passo anterior na busca de alcanccedilar a qualidade

desejada O processo de dessecaccedilatildeo ocorrendo agrave sombra e agrave temperatura

ambiente preservando os constituintes quiacutemicos ativos e diminuindo a

influecircncia da umidade da planta sobre a sua qualidade e a da soluccedilatildeo extrativa

a ser obtida faz com que a droga obtida possa ser utilizada como mateacuteria-prima

para a obtenccedilatildeo de medicamento O cuidadoso processo de trituraccedilatildeo sem

elevar a temperatura durante o processo e reduzindo a perda de poacute para o

ambiente tambeacutem representa um processo que deve ser realizado com a

devida atenccedilatildeo Depois disso a droga seca e triturada deve ser armazenada

em condiccedilotildees que preservem sua qualidade pelo tempo necessaacuterio ateacute sua

utilizaccedilatildeo com as devidas inscriccedilotildees que atestem sua fonte data de coleta e de

processamento e respectivos responsaacuteveis

A preparaccedilatildeo da soluccedilatildeo hidro-alcooacutelica que seraacute utilizada no processo extrativo

tambeacutem deve ser realizada com bastante cuidado pois a mateacuteria-prima deve

apresentar a qualidade compatiacutevel com sua utilizaccedilatildeo para a produccedilatildeo de

medicamentos aacutegua purificada e aacutelcool farmacecircutico Deve-se observar a

legislaccedilatildeo atual sobre aacutelcool que exige a desnaturaccedilatildeo do aacutelcool

comercializado em farmaacutecias e supermercados e assim natildeo deve servir como

excipiente farmacecircutico Enfim todos os processos interferem com a qualidade

do produto final a ser obtido e devem ser realizados corretamente e as

operaccedilotildees registradas em documento proacuteprio buscando a rastreabilidade de

cada lote de cada produto

Outra etapa da garantia da qualidade essencial para sua implantaccedilatildeo eacute a

validaccedilatildeo de equipamentos e de processos que busca uma evidecircncia

documentada de que os mesmos cumprem satisfatoriamente sua finalidade

quando utilizados ou realizados corretamente

Estas evidecircncias devem ser conseguidas antes mesmo de se iniciar a utilizaccedilatildeo

das instalaccedilotildees para produccedilatildeo de medicamentos Naqueles jaacute em

funcionamento a validaccedilatildeo pode ser realizada atraveacutes da documentaccedilatildeo da

produccedilatildeo passada ou seja uma validaccedilatildeo retrospectiva

Para a produccedilatildeo de medicamentos em pequena escala que natildeo venha a

caracterizar uma produccedilatildeo industrial deve-se buscar a adequaccedilatildeo das

condiccedilotildees de produccedilatildeo armazenamento e dispensaccedilatildeo do produto atraveacutes da

Resoluccedilatildeo RDC ndeg 33 de abril de 2000 que descreve os criteacuterios de Boas

Praacuteticas de Manipulaccedilatildeo

Para a produccedilatildeo industrial de medicamentos a legislaccedilatildeo que trata das Boas

Praacuteticas de Fabricaccedilatildeo e Garantia de Qualidade eacute a Resoluccedilatildeo RDC ndeg 210 de

04 de agosto de 2003 As especificaccedilotildees legais da legislaccedilatildeo sanitaacuteria

brasileira e de outros paiacuteses para materiais vegetais devem incluir tanto quanto

possiacutevel o seguinte

- Nome botacircnico c om referecircncia aos autores

- Detalhes da fonte da planta (paiacutes ou regiatildeo de origem cultivo eacutepoca da

colheita procedimentos de colheita possiacuteveis pesticidas utilizados etc)

- Descriccedilatildeo do material vegetal inspeccedilatildeo visual macro eou microscoacutepica

- Testes de identificaccedilatildeo apropriados incluindo quando convenientes testes de

identificaccedilatildeo para ingredientes ativos conhecidos ou marcadores

- Ensaios quando convenientes dos constituintes de atividade terapecircutica ou

marcadores

- Meacutetodos apropriados para determinaccedilatildeo de possiacuteveis contaminaccedilotildees por

pesticidas e os limites aceitos

- Testes para metais pesados e contaminantes semelhantes materiais

estranhos e adulterantes

- Testes para radiaccedilatildeo aflatoxinas e contaminaccedilatildeo microbiana

Qualquer tratamento usado para reduzir contaminaccedilotildees focircnicas e microbianas

ou outras infestaccedilotildees devem ser documentadas Instrumentos para tais

procedimentos devem ser acessiacuteveis e devem incluir detalhes dos processos

testes e limites residuais

Para a realidade do programa Farmaacutecias-Vivas onde natildeo satildeo utilizados

pesticidas as plantas satildeo cultivadas no local proacuteximo de onde ocorre a

produccedilatildeo do medicamento ou satildeo de origem na mesma regiatildeo e satildeo

processadas logo apoacutes a coleta satildeo feitas exigecircncias menores que as

estabelecidas para maiores escalas de produccedilatildeo Nem assim devemos deixar

de registrar todas as operaccedilotildees realizadas com a droga desde o seu cultivo ateacute

a dispensaccedilatildeo do produto fitoteraacutepico

Dispensaccedilatildeo

Estivemos sempre discorrendo sobre qualidade do produto a ser obtido desde

o cultivo da espeacutecie correta da coleta da parte usada e o seu processamento

mantendo intactos os princiacutepios ativos Conhecemos os motivos que levam a

toda esta preocupaccedilatildeo com a qualidade a responsabilidade do profissional que

o produz e a eficaacutecia e a seguranccedila necessaacuterias para o paciente que o utiliza

Portanto resta-nos dispensar o fitoteraacutepico para que este apresente estas

caracteriacutesticas trans formando o paciente num parceiro consciente do seu

papel no uso cor reto deste recurso terapecircutico

O resgate das praacuteticas populares agora respaldadas pelos estudos cientiacuteficos

seacuterios que atestam a eficaacutecia e seguranccedila das espeacutecies utilizadas no programa

Farmaacutecias-Vivas pode ser abordado no momento da dispensaccedilatildeo do

medicamento ou atraveacutes de apresentaccedilotildees coletivas organizadas e realizadas

pelo Farmacecircutico Alguns cuidados merecem ser observados para natildeo se

incorrer em riscos desnecessaacuterios

- Natildeo referendar o uso de plantas cujo estudo cientiacutefico natildeo tenha apresentado

dados sobre sua eficaacutecia e seguranccedila

- Natildeo recomendar o uso de qualquer planta medicinal para o tratamento de

doenccedilas sem a devida recomendaccedilatildeo meacutedica especializada ou natildeo

- Natildeo recomendar a utilizaccedilatildeo de planta que nos seja desconhecida tanto no

aspecto teoacuterico quanto praacutetico

- Natildeo sugerir a utilizaccedilatildeo de quaisquer praacuteticas com ou sem uso de plantas

medicinais que possa representar um risco potencial ou real de dano fetal

Para nos resguardarmos de quaisquer erros precisamos nos manter atualizados

quanto aos benefiacutecios e riscos da utilizaccedilatildeo das espeacutecies medicinais com as

quais trabalhamos dada agrave impossibilidade de conhecer todas as demais Os

dados obtidos durante a dispensaccedilatildeo e acompanhamento dos pacientes aleacutem

daqueles obtidos durante os ensaios controlados de toxicologia e farmacologia

cliacutenica forneceratildeo a necessaacuteria seguranccedila para realizarmos a dispensaccedilatildeo e

cada vez mais desfazermos o mito do natural ser inoacutecuo

Como exemplo da relaccedilatildeo risco x benefiacutecio de uma preparaccedilatildeo fitoteraacutepica

apresentamos as seguintes informaccedilotildees sobre o Elixir de Aroeira que em

muitos aspectos natildeo houve a quantificaccedilatildeo da intensidade dos efeitos beneacuteficos

nem adversos nem de interaccedilotildees

Forma Medicamento Fitoteraacutepico- Caacutepsula ESPINHEIRA SANTA Maytenus ilicifolia Celastraceae

Medicamento fitoteraacutepico

Parte utilizada Folhas

Nomenclatura popularEspinheira santa cancerosa cancorosa-de-sete-espinhos cancrosa

espinheira-divina espinho-de-Deus maiteno erva-cancrosa erva-santa

ApresentaccedilotildeesCaacutepsula dura - Extrato seco das folhas de Maytenus ilicifolia 380 mg -

Embalagem com 3 bliacutesters contendo 15 caacutepsulas cada

Via oral

Uso adulto

Composiccedilatildeo

Cada caacutepsula conteacutem

Extrato seco de Maytenus ilicifolia380 mg

Excipiente qsp 1 caacutepsula (amido)

equivalente a 133 mg de taninos totais

Informaccedilotildees ao pacientePara que este medicamento eacute indicado

Espinheira Santa eacute indicada para o tratamento da maacute digestatildeo e como

coadjuvante no tratamento de uacutelcera do estocircmago e duodeno

Como este medicamento funciona

Espinheira Santa atua como regulador das funccedilotildees estomacais e promove a

proteccedilatildeo da mucosa gaacutestrica

Quando natildeo devo usar este medicamentobull O medicamento deve ser evitado por menores de 12 anos de idade devido agrave

falta de estudos disponiacuteveis

bull Lactaccedilatildeo e gravidez visto que pode diminuir a secreccedilatildeo de leite e pode

provocar contraccedilotildees uterinas

bull Hipersensibilidade (alergia) a qualquer um dos componentes da foacutermula ou a

outras plantas da famiacutelia Celastraceae

O que devo saber antes de usar este medicamentoPrecauccedilotildees e advertecircncias

bull De acordo com a categoria de risco de faacutermacos destinados agraves mulheres

graacutevidas este medicamento apresenta categoria de risco C Este medicamento

natildeo deve ser utilizado por mulheres graacutevidas sem orientaccedilatildeo meacutedica ou do

cirurgiatildeo dentista

Interaccedilotildees medicamentosas

bull A administraccedilatildeo concomitante de M ilicifolia com bebidas alcooacutelicas e outros

medicamentos natildeo eacute recomendada pois natildeo existem estudos disponiacuteveis

sobre as interaccedilotildees medicamentosas deste fitoteraacutepico

Informe seu meacutedico ou cirurgiatildeo-dentista se vocecirc estaacute fazendo uso de algum

outro medicamento

Onde como e por quanto tempo posso guardar este medicamentoCuidados de conservaccedilatildeo

Espinheira Santa deve ser conservada em temperatura ambiente (entre 15 e

30ordmC) em sua embalagem original Proteger da luz e da umidade

Prazo de validade24 meses apoacutes a data de fabricaccedilatildeo impressa no cartucho

Nuacutemero de lote e datas de fabricaccedilatildeo e validade vide embalagem

Natildeo use medicamento com o prazo de validade vencido

Guarde-o em sua embalagem original

Caracteriacutesticas fiacutesicasCaacutepsulas gelatinosas duras de cor creme

Caracteriacutesticas organoleacutepticas

Cheiro (odor) caracteriacutestico e praticamente natildeo apresenta sabor

Antes de usar observe o aspecto do medicamento Caso ele esteja no prazo

de validade e vocecirc observe alguma mudanccedila no aspecto consulte o

farmacecircutico para saber se poderaacute utilizaacute-lo

Todo medicamento deve ser mantido fora do alcance das crianccedilas

Como devo usar este medicamentoModo de usar

As caacutepsulas devem ser ingeridas inteiras e com uma quantidade suficiente de

aacutegua para que possam ser deglutidas

Posologia

Ingerir duas caacutepsulas via oral trecircs vezes ao dia de oito em oito horas

Siga corretamente o modo de usar Em caso de duacutevidas sobre este

medicamento procure orientaccedilatildeo do farmacecircutico Natildeo desaparecendo os

sintomas procure orientaccedilatildeo de seu meacutedico ou cirurgiatildeo-dentista

Este medicamento natildeo deve ser partido aberto ou mastigado

O que devo fazer quando eu me esquecer de usar este medicamentoCaso haja esquecimento da ingestatildeo de uma dose deste medicamento

retomar a posologia prescrita sem a necessidade de suplementaccedilatildeo

Em caso de duacutevidas procure orientaccedilatildeo do farmacecircutico ou de seu meacutedico ou

do cirurgiatildeo-dentista

Que males este medicamento pode causarReaccedilotildees adversas

Ateacute o momento natildeo foram relatadas reaccedilotildees adversas graves ou que coloquem

em risco a sauacutede dos pacientes

Raramente podem ocorrer casos de hipersensibilidade Neste caso suspender

o uso e procurar orientaccedilatildeo meacutedica

Informe seu meacutedico cirurgiatildeo-dentista ou farmacecircutico do aparecimento de

reaccedilotildees indesejaacuteveis pelo uso do medicamento

Induacutestria Brasileira

Esta bula foi atualizada conforme Bula Padratildeo aprovada pela Anvisa em

12012011

Farmacecircutica resp Dra (Nome )

CRF-PR nordm XXXX Coacuted XXXXX - 012011

Informe tambeacutem agrave empresa atraveacutes do seu Serviccedilo de

Atendimento ao Consumidor

O que fazer se algueacutem usar uma quantidade maior do que a indicada deste medicamentoPlantas ricas em taninos como a M ilicifolia quando usadas em doses

excessivas podem causar irritaccedilatildeo da mucosa gaacutestrica e intestinal gerando

vocircmitos coacutelicas intestinais e diarreia

Em caso de super dosagem suspender o uso e procurar orientaccedilatildeo meacutedica de

imediato Em caso de uso de grande quantidade deste medicamento procure

rapidamente socorro meacutedico e leve a embalagem ou bula do medicamento se

possiacutevel Siga corretamente o modo de usar natildeo desaparecendo os sintomas

procure orientaccedilatildeo meacutedica

Conclusatildeo

A espinheira-santa (M ilicifolia) eacute um fitoteraacutepico de relevante accedilatildeo terapecircutica

principalmente antiulcerogecircnica dada sua eficaacutecia farmacoloacutegica e seguranccedila

Vale lembrar que por ausecircncia de estudos ela natildeo eacute recomenda para crianccedilas

e natildeo deve ser usada por gestantes pois estudos em camundongos (fecircmeas e

graacutevidas) indicaram um decreacutescimo significativo do nuacutemero de embriotildees aleacutem

de possuir atividade estrogecircnica que pode interferir na receptividade uterina do

embriatildeo Entre suas atividades farmacoloacutegicas destaca-se a atividade

antiulcerogecircnica que pode ser comparada agrave accedilatildeo da ranitidina e da cimetidina

Por ser morfologicamente parecida com as espeacutecies S bonplandii e Z ilicifolia

ela eacute comumente confundida e ateacute mesmo trocada intencionalmente

A utilizaccedilatildeo de maneira errocircnea das espeacutecies botacircnicas que natildeo satildeo a

verdadeira espinheira-santa (M ilicifolia) pode acarretar danos agrave sauacutede dos

pacientes Assim conclui-se que essas espeacutecies conhecidas como

adulterantes podem trazer malefiacutecios pois ainda faltam estudos que

comprovem suas atividades farmacoloacutegicas e principalmente a seguranccedila

terapecircutica Poreacutem natildeo se deve descartar o uso dessas espeacutecies e sim

realizar estudos mais concretos para que essas plantas assim como a

verdadeira espinheira-santa possam auxiliar no tratamento farmacoloacutegico da

populaccedilatildeo

Referecircncias Bibliograacuteficas

Ralph Santos-Oliveira Simone Coulaud-Cunha Waldeciro Colaccedilo

Revisatildeo da Maytenus ilicifolia Mart ex Reissek Celastraceae

Contribuiccedilatildeo ao estudo das propriedades farmacoloacutegicas Rev Bras

Farmacogn Braz J Pharmacogn 19(2B) AbrJun 2009

Wilker Marlon de Moraes Jesus Tarciacutesio Neves da Cunha Estudo das

propriedades farmacoloacutegicas da espinheira-santa (Maytenus ilicifolia

Mart ex Reissek) e de duas espeacutecies adulterantes Revista Sauacutede e

Desenvolvimento vol ndash nordm 1 Jan ndash Jun 2012

MARIOT MP1 BARBIERI RL2 Engenheiro Agrocircnomo Dr prof do

Conjunto Agroteacutecnico ldquoVisconde da GraccedilardquoUniversidade Federal de

Pelotas (mariotufpeltchebr) ndash Av Ildefonso Simotildees Lopes 2791

Pelotas-RS CEP 96060-290 2Bioacuteloga Dr pesquisadora da Embrapa

Clima Temperado (barbiericpactembrapabr) ndash BR 392 km 78 caixa

postal 403 Pelotas-RS CEP 96001-970 (endereccedilo para

correspondecircncia) Metaboacutelitos secundaacuterios e propriedades medicinais da

espinheira-santa (Maytenus ilicifolia Mart ex Reiss e M aquifolium

Mart)

CARLINI EA Braz S Efeito protetor do liofilizado obtido do abafado de

Maytenus Sp (espinheira-santa) contra uacutelcera gaacutestrica experimental em

ratos In Estudo da accedilatildeo antiuacutelcera gaacutestrica de plantas brasileiras

(Maytenus ilicifolia) Espinheira santa e outras Brasiacutelia CEMEAFIP

1988 p21-35MACAUBAS CIP et al Estudo da eventual accedilatildeo

antiuacutelcera gaacutestrica do baacutelsamo (Sedum sp) folha da fortuna

(Bryophyllum calcium) couve (Brassica oleraceae) e da Espinheira

santa (Maytenus ilicifolia) em ratos In Estudo da accedilatildeo antiuacutelcera

gaacutestrica de plantas brasileiras (Maytenus ilicifolia) Espinheira santa e

outras Brasiacutelia CEMEAFIP 1988 p 5-20

Olivia Werner Oliveira Pedro Ros Petrovick Secagem por aspersatildeo

(spray drying) de extratos vegetais bases e aplicaccedilotildees Revista

Brasileira de Farmacognosia Brazilian Journal of Pharmacognosy 20(4)

641-650 AgoSet 2010

Marianne Christina Scheffer Capitulo 17 Produccedilatildeo de espinheira-santa

(Maytenus ilicifolia Mart ex Reiss) na regiatildeo metropolitana de Curitiba

Paranaacute Brasil

Said gonccedilalves da cruz fonsacircca Farmacoteacutecnica de Fitoteraacutepicos2005

medicinal outros que se os ramos forem cortados a aacutervore natildeo rebrota Fato

eacute que os ramos que satildeo quebrados satildeo mais finos do que se for utilizado um

instrumento cortante e isto certamente tem influecircncia sobre a regeneraccedilatildeo dos

indiviacuteduos Outra informaccedilatildeo dos coletores tradicionais eacute que as folhas de uma

determinada aacutervore devem ser colhidas com intervalos de dois anos Dizem

que eacute o tempo necessaacuterio para a aacutervore se recuperar Poreacutem nos plantios

verifica-se que a regeneraccedilatildeo ocorre em um ano Entretanto como os frutos

satildeo formados em ramos do ano anterior esta recomendaccedilatildeo pode estar ligada

ao manejo da espeacutecie garantindo o tempo miacutenimo necessaacuterio para que se

reproduza Com o mesmo objetivo os produtores deixam algumas aacutervores sem

colher para que produzam sementes garantindo assim regeneraccedilatildeo

natural e mais recentemente como fonte de sementes para plantios

Conhecem a forma de distribuiccedilatildeo da espinheira-santa e percorrem grandes

distacircncias para localizar boas aacutereas de coleta com um nuacutemero significativo de

aacutervores Costumam dar intervalos de um ou mais anos entre as coletas num

mesmo local ou coletam as folhas somente de um lado da planta e no ano

seguinte do outro lado

Haacute ainda os curiosos pessoas sem tradiccedilatildeo em coleta de plantas que por

necessidade econocircmica e por residirem proacuteximo a aacutereas em que a espeacutecie

ocorre satildeo contratadas por coletores tradicionais ou por compradores de

plantas para realizarem a coleta da espinheira-santa e outras espeacutecies

medicinais que ocorrem nas proximidades de sua residecircncia

6 Os produtores de espinheira-santa e seu contexto socioeconocircmico

A populaccedilatildeo da Regiatildeo Metropolitana de Curitiba eacute formada por descendentes

de europeus que integraram as diversas correntes migratoacuterias estimuladas no

seacuteculo XIX Tecircm-se assim principalmente descendentes de alematildees

italianos atividade agropecuaacuteria agrave qual incorporaram praacuteticas extrativistas que

jaacute eram atividade agropecuaacuteria agrave qual incorporaram praacuteticas extrativistas que jaacute

eram exercidas pelos caboclos descendentes dos antigos colonizadores

portugueses e iacutendios da regiatildeo No municiacutepio de Campo Largo haacute 1469

estabelecimentos rurais dos quais 1164 exercem atividades ligadas agrave

agricultura ou silvicultura

Segundo o Censo realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica

IBGE em 2000 a populaccedilatildeo rural era de 15580 pessoas (IPARDES 2001)

Destas cerca de 50 estatildeo envolvidas na produccedilatildeo no processamento e na

comercializaccedilatildeo da espinheira-santa

Haacute vaacuterios tipos de produtores de mateacuteria-prima

(a) coletores tradicionais cuja uacutenica atividade econocircmica eacute a coleta de plantas

medicinais inclusive espinheira-santa

(b) coletores de plantas medicinais que tambeacutem cultivam espeacutecies alimentiacutecias

Neste caso a coleta de plantas medicinais visa agrave complementaccedilatildeo da renda

(c) agricultores que cultivam e coletam plantas medicinais

(d) agricultores natildeo coletores que soacute cultivam plantas medicinais

A coleta eou o cultivo de espinheira-santa eacute de uma estrateacutegia de obtenccedilatildeo de

renda diversificada e natildeo passa em meacutedia de 17 da renda familiar Os

coletores recebem em geral R$040kg de planta fresca (folhas com ramos

finos) Apoacutes secagem satildeo comercializadas por R$250 a 350kg As folhas de

plantas cultivadas podem alcanccedilar entre R$800 e 1200kg (soacute folha seca)

7 Processamento da espinheira-santa

Apoacutes a coleta os ramos com folhas satildeo levados ateacute a propriedade do coletor

onde as folhas satildeo selecionadas e secas ou entregues diretamente ao

comprador A secagem pode ser feita agrave sombra ou em secador com fluxo de ar

aquecido Quando o coletor natildeo dispotildee de secador proacuteprio ele costuma secar

as folhas no secador de algum vizinho que recebe como pagamento parte da

produccedilatildeo Para a secagem satildeo utilizados vaacuterios modelos de secadores O

combustiacutevel utilizado pode ser lenha gaacutes ou serragem Alguns secadores

contam com controle de temperatura Dependendo das especificaccedilotildees feitas

pelo comprador depois de secas as folhas satildeo separadas dos ramos e

rasuradas Depois o produto eacute embalado em sacos de malha de juta ou de

polipropileno com ou sem revestimento de papel Depois eacute armazenado ou

enviado diretamente para o mercado (comercializado) A venda pode ser feita

para atacadistas laboratoacuterios de fitoteraacutepicos ou induacutestrias alimentiacutecias Nas

induacutestrias o material eacute submetida a uma nova seleccedilatildeo de acordo com o

controle de qualidade da empresa Geralmente verifica-se a contaminaccedilatildeo

microbioloacutegica e macroscoacutepica No caso dos laboratoacuterios de fitoteraacutepicos

tambeacutem satildeo analisados os constituintes quiacutemicos

Nas induacutestrias de alimentos as folhas rasuradas sofrem nova fragmentaccedilatildeo e

satildeo envasadas em embalagens de 10 a 30 g eou na forma de saches teabag

e embaladas em caixas de papelatildeo sendo comercializadas de forma

semelhante a outros chaacutes Ao chegar ao consumidor final na forma de folhas

rasuradas e embaladas o preccedilo varia entre R$3000 a 5000kg em

embalagens de 05 a 1 kg e entre R$8000 a R$10000Kg em embalagens de

10 a 30 g

Nos laboratoacuterios de fitoteraacutepicos as formas de apresentaccedilatildeo da espinheira-

santas satildeo (a) em saches ou a granel misturadas a ervas para problemas

digestivos numa composiccedilatildeo preacute-definida (b) em caacutepsulas gelatinosas

contendo 350 a 400 mg de folhas moiacutedas (c) em tintura de espinheira-santa

para cuja obtenccedilatildeo as folhas satildeo submetidas agrave extraccedilatildeo geralmente

hidroalcooacutelica (d) em comprimidos para o que se utiliza o extrato seco das

folhas

8 Mercado e comercializaccedilatildeo

Geralmente a venda eacute feita pelo proprietaacuterio do secador em grandes

quantidades para intermediaacuterios laboratoacuterios de fitoteraacutepicos ou induacutestrias

alimentiacutecias (Figura 3) Alguns produtores para agregar valor fazem

embalagens com pequenas quantidades (10 a 30 g) que comercializam em

feiras e mercados como alimento Esta forma de comercializaccedilatildeo eacute feita por

produtores que tecircm faacutecil acesso a um mercado consumidor significativo como

Figura 3 Fluxograma de produccedilatildeo e comercializaccedilatildeo de espinheira-santa (Maytenus ilicifolia)

por exemplo supermercados farmaacutecias ou feiras Entretanto haacute muitas

exigecircncias impostas pela legislaccedilatildeo de vigilacircncia sanitaacuteria para

comercializaccedilatildeo diretamente ao consumidor final Os atacadistas situados em

sua grande maioria no estado de Satildeo Paulo adquirem o produto no Paranaacute e

distribuem para as demais regiotildees do Brasil e tambeacutem para o exterior Eacute

comum que empresas do Paranaacute adquiram folhas de espinheira-santa

originaacuterias do proacuteprio Estado dos atacadistas de Satildeo Paulo Isto reflete a

falta de organizaccedilatildeo dos produtores que natildeo conseguiram ainda divulgar a

regiatildeo como centro produtor de plantas medicinais

As induacutestrias alimentiacutecias apoacutes embalar o produto revendem-no para os

supermercados Os laboratoacuterios de fitoteraacutepicos apoacutes fabricar o medicamento

normalmente realizam a comercializaccedilatildeo por meio de distribuidores de

produtos farmacecircuticos ou diretamente para grandes redes de farmaacutecias que

realizam a distribuiccedilatildeo internamente

9 Poliacuteticas relacionadas com a exploraccedilatildeo e comercializaccedilatildeo

A produccedilatildeo e comercializaccedilatildeo da espinheira-santa estaacute sujeita agrave legislaccedilatildeo

ambiental e agrave de vigilacircncia sanitaacuteria A primeira estabelece as normas para

registro de pessoas fiacutesicas ou juriacutedicas que consomem exploram ou

comercializam mateacuteria-prima florestal inclusive produtos florestais natildeo

madeireiros (Brasil 1985 Brasil 1995 Brasil 2000) Os coletores sabem que

devem obter registro de coletor e comerciante de plantas nativas junto aos

oacutergatildeos de fiscalizaccedilatildeo ambiental estadual e federal (respectivamente Instituto

Ambiental do Paranaacute IAP e Instituto Brasileiro de Meio Ambiente IBAMA) A

legislaccedilatildeo prevecirc ainda que ao realizar a coleta de uma planta os coletores e

produtores devem ter uma autorizaccedilatildeo fornecida com base num plano de

manejo Este plano deve apresentar as teacutecnicas e estrateacutegias que seratildeo

adotadas para garantir a sustentabilidade da exploraccedilatildeo

Na delegacia do IBAMA do Paranaacute haacute somente dois coletores de plantas

medicinais registrados poreacutem eles natildeo apresentam regularmente pedidos de

autorizaccedilatildeo de coleta acompanhados dos respectivos planos de manejo No

periacuteodo em que efetuamos esta pesquisa o oacutergatildeo estadual ainda natildeo havia

definido as normas que devem ser seguidas pelos interessados na obtenccedilatildeo

das autorizaccedilotildees de coleta de plantas

Uma das razotildees eacute que natildeo se dispotildee ainda de todas as informaccedilotildees teacutecnicas

necessaacuterias para a elaboraccedilatildeo do plano Apesar de oacutergatildeos de pesquisa e de

extensatildeo e das universidades estarem realizando estudos com o objetivo de

estabelecer os criteacuterios teacutecnicos natildeo existia ateacute 2002 nenhum plano de

manejo efetivamente implantado

Outro problema eacute a falta de integraccedilatildeo na atuaccedilatildeo dos oacutergatildeos de fiscalizaccedilatildeo

federal estadual e municipal o que torna a regularizaccedilatildeo junto a estes oacutergatildeos

muito complexa e cara para os produtores

Para que o produtor possa comercializar seu produto no varejo ele deve

atender agraves exigecircncias da legislaccedilatildeo sanitaacuteria que estatildeo muito acima da

capacidade econocircmica da maioria dos coletores e agricultores O produto

deve ainda estar dento dos limites estabelecidos de contaminaccedilatildeo por

microorganismos Quando o produto eacute apresentado como fitoteraacutepico as

exigecircncias aumentam ainda mais envolvendo seu registro com comprovaccedilatildeo

dos constituintes quiacutemicos marcadores e da atividade farmacoloacutegica e a

padronizaccedilatildeo do produto Ateacute mesmo os laboratoacuterios tecircm dificuldade em

atender as exigecircncias da legislaccedilatildeo atual Natildeo obstante o produto chega ao

mercado nas mais variadas formas envasado em sachecircs em caacutepsulas como

tintura misturado a ervas para problemas gaacutestricos entre outras

10 Influecircncia do ambiente na produccedilatildeo de compostos bioativos e perspectivas para o melhoramento geneacutetico de espinheira-santa

A influecircncia do ambiente na produccedilatildeo de polifenoacuteis totais polifenoacuteis natildeo

tanantes e taninos em M ilicifolia foram estudados por Radomski (1998) tendo

sido observado que a luminosidade eacute o principal fator que influencia na

produccedilatildeo destes compostos Plantas que se encontram em pleno sol

apresentam maior concentraccedilatildeo destas substacircncias As correlaccedilotildees entre

luminosidade e polifenoacuteis totais (083) polifenoacuteis natildeo tanantes (092) e taninos

(078) foram altas e significativas

Foram observadas diferenccedilas na morfologia foliar e na concentraccedilatildeo de taninos

em folhas de M ilicifolia de diferentes procedecircncias no Rio Grande do Sul

(Bernardi amp Wasicki 1959) Folhas de plantas desenvolvidas a pleno sol eram

menores com espinhos nas margens em nuacutemero reduzido e apresentavam

maior concentraccedilatildeo de taninos Em plantas de espinheira-santa desenvolvidas

em ambiente com alta luminosidade Radomski (1998) observou que as folhas

das plantas eram mais amareladas mais espessas e com espinhos mais

pronunciados caracterizando formas tiacutepicas de adaptaccedilatildeo de plantas de

sombra expostas agrave luz solar total A autora avaliou a aacuterea foliar o peso de

folhas e o peso especiacutefico de folhas em ambientes com diferentes intensidades

luminosas A aacuterea foliar foi menor e o peso especiacutefico das folhas foi maior nas

plantas desenvolvidas a pleno sol quando comparadas agraves dos outros

ambientes com menor luminosidade O peso especiacutefico de folhas apresentou

altas correlaccedilotildees para concentraccedilatildeo de polifenoacuteis totais (087) polifenoacuteis natildeo

tanantes (082) e taninos (083) Estes compostos contribuem para o

incremento da biomassa foliar Radomski et al (2004) relata a grande

influecircncia do ambiente sobre a composiccedilatildeo fitoquiacutemica da espinheira-santa

como concentraccedilotildees diferenciadas de taninos e polifenoacuteis totais em plantas

coletadas em ambientes diferentes

A autora destaca tambeacutem que os ramos de M ilicifolia podem contribuir com

uma parcela significativa na produccedilatildeo de compostos fitoteraacutepicos como

taninos e polifenoacuteis totais

Em trabalho envolvendo a anaacutelise fitoquiacutemica em populaccedilotildees de M ilicifolia do

Mato Grosso do Sul Paranaacute Santa Catarina e Rio Grande do Sul Mossi

(2003) observou uma grande variabilidade ndash que foi maior dentro das

populaccedilotildees ndash para concentraccedilatildeo dos metaboacutelitos secundaacuterios limoneno geranil

acetato aacutecido palmiacutetico fitol esqualeno vitamina E stigmasterol friedelan-3-

ol friedelin friedelan-3-one Atraveacutes de anaacutelise de agrupamentos (UPGMA) o

autor natildeo identificou uma relaccedilatildeo entre os grupos formados e as caracteriacutesticas

ambientais dos locais de coleta o que pode indicar uma maior influecircncia das

variaacuteveis locais como microclima insolaccedilatildeo condiccedilotildees nutricionais do solo

idade da planta entre outros sobre a concentraccedilatildeo dos compostos analisados

do que as condiccedilotildees macro ambientais

Foram observadas por Buffa Filho et al(2002) diferenccedilas nas concentraccedilotildees

de triterpenos entre plantas com morfologia de folha diferentes sendo que os

compostos 22 hidroximaitenina e celastrol foram encontrados em plantas de

dois tipos morfoloacutegicos

O melhoramento geneacutetico em plantas medicinais visa produzir variedades que

possuam alto rendimento de substacircncias desejadas e que as mantenham em

niacuteveis conhecidos para padronizar a dosagem quando da aplicaccedilatildeo

farmacoloacutegica (Oliveira et al 2003) Eacute importante o aumento da massa seca

eou fresca ou ainda o aumento do teor de princiacutepios ativos em determinado

oacutergatildeo vegetal de modo que estas caracteriacutesticas sejam mantidas nas geraccedilotildees

seguintes O produto do melhoramento de plantas medicinais eacute o princiacutepio ativo

ou o fitocomplexo Outros objetivos satildeo resistecircncia a pragas e doenccedilas e

toleracircncia a condiccedilotildees adversas de ambiente

Como o ambiente tem grande influecircncia na produccedilatildeo de metaboacutelitos

secundaacuterios a interaccedilatildeo genoacutetipo x ambiente eacute um fator importante para ser

analisado no melhoramento de plantas medicinais A possibilidade do melhor

genoacutetipo em um ambiente natildeo o ser em outro influencia o ganho de seleccedilatildeo e

dificulta a recomendaccedilatildeo de cultivares com ampla adaptabilidade (Cruz amp

Regazzi 2001) O conhecimento da herdabilidade dos caracteres de interesse

tambeacutem eacute fundamental para que a seleccedilatildeo seja aplicada com sucesso de

forma que o valor fenotiacutepico de um caraacuteter possa servir como guia para o valor

geneacutetico (aditividade) (Carvalho et al 2001)

Em teste de progecircnies realizado com espinheira-santa Mariot (2005)

identificou uma alta herdabilidade para todos os caracteres (velocidade de

emergecircncia estatura de planta diacircmetro agrave base do caule taxa de crescimento

tamanho de folha e nuacutemero de espinhosfolha) o que evidencia o forte controle

do fator geneacutetico sobre o fenoacutetipo O autor observou ainda altos valores para os

coeficientes de variaccedilatildeo geneacuteticos (CVG) que aliado aos baixos valores para

os coeficientes de variaccedilatildeo devido ao erro experimental (CVE) proporcionaram

iacutendices maiores que 10 para o quociente (relaccedilatildeo CVGVE) em todas as

variaacuteveis analisadas o que eacute um bom indicador para seleccedilatildeo em programas de

melhoramento Este resultado eacute importante para a seleccedilatildeo com base em

caracteres relacionados com o crescimento pois a espinheira-santa eacute

considerada de crescimento lento O tamanho de folha em espinheira-santa

caso apresente relaccedilatildeo com o aumento da biomassa e maior concentraccedilatildeo de

metaboacutelitos secundaacuterios que tenham accedilatildeo farmacoloacutegica pode ser um caraacuteter

importante de se considerar na seleccedilatildeo em programas de melhoramento Os

altos iacutendices dos paracircmetros geneacuteticos evidenciados em trabalho desenvolvido

por Mariot (2005) mostram a eficiecircncia na seleccedilatildeo para estes caracteres

Considerando a necessidade de uniformidade nos teores de princiacutepios ativos

exigidos pelas induacutestrias farmacecircuticas e o fato da espinheira santa ser de

fecundaccedilatildeo cruzada os programas de melhoramento desta espeacutecie que vise

atender estas exigecircncias deve utilizar a propagaccedilatildeo vegetativa

Estudos relacionados agrave cultura de tecidos de M ilicifolia e M aquifolium

tornam-se portanto fundamentais Na aacuterea de biotecnologia foi citado por

Corsino et al (1998a) o uso de Agrobacterium como vetor para aumentar a

produccedilatildeo de triterpenos em programa de melhoramento geneacutetico de espinheira

santa

O conhecimento da associaccedilatildeo entre caracteres eacute de grande importacircncia nos

trabalhos de melhoramento principalmente se a seleccedilatildeo em um deles

apresenta dificuldades em razatildeo da baixa herdabilidade eou tenha problemas

de mediccedilatildeo e identificaccedilatildeo (Cruz amp Regazzi 2001) Para tanto o melhorista

pode estimar as correlaccedilotildees fenotiacutepicas e genotiacutepicas o que pode contribuir no

processo de seleccedilatildeo No caso das espeacutecies medicinais esta ferramenta eacute

muito importante devido ao alto custo das anaacutelises para determinar e

quantificar metaboacutelitos secundaacuterios com potencial farmacoloacutegico como as que

envolvem cromatografia Em espinheira-santa a morfologia foliar estaacute

relacionada com os tipos e a concentraccedilatildeo de triterpenos (Buffa Filho et al

2002) portanto se for identificada correlaccedilatildeo entre estes caracteres a seleccedilatildeo

indireta atraveacutes da morfologia foliar pode vir a ser uma boa estrateacutegia de

seleccedilatildeo

11 Etapas do processo de secagem por aspersatildeoO processo de secagem por aspersatildeo consiste de trecircs etapas fundamentais

Na primeira fase o fluiacutedo eacute disperso como gotiacuteculas produzindo uma grande

aacuterea superficial Na segunda ocorre contato destas com uma corrente de ar

aquecido havendo transferecircncia de calor

Na terceira etapa acontece a evaporaccedilatildeo do solvente e a formaccedilatildeo da partiacutecula soacutelida

121 Ilustraccedilatildeo da Planta Espinheira- Santa

Com a transferecircncia de calor do ar aquecido agraves gotiacuteculas o liacutequido da

superfiacutecie evapora-se rapidamente As partiacuteculas solidificadas geralmente

apresentam o mesmo tamanho e forma da gotiacutecula que as originou Na uacuteltima

etapa o produto de secagem eacute transportado por uma corrente de ar sendo

posteriormente coletado (Broadhead et al 1992 Shaw 1997 Rankell et al

2001) A evaporaccedilatildeo superficial da gotiacutecula conduz agrave formaccedilatildeo de uma

camada de material seco externa Atraveacutes desta camada o liacutequido situado no

interior da gotiacutecula propaga-se para o exterior Dependendo da elasticidade e

da permeabilidade da crosta seratildeo produzidos distintos materiais secos como

esferas intactas com superfiacutecie imperfeita ou fragmentada soacutelidas ou ocas

(Rankell et al 2001) A Figura 2 apresenta foto micrografias de dois extratos

diferentes de Maytenus ilicifolia secos por spray drying com disco giratoacuterio em

torre de secagem por aspersatildeo Os extratos foram produzidos da mesma

maneira utilizando temperatura de entrada de 180 degC velocidade do aspersor

de 9500 rpm e 30 de Aerosil (Oliveira 2008)

12 Fatores que influenciam o processoUm das respostas mais relevantes afetada pelas condiccedilotildees de operaccedilatildeo do

processo eacute a qualidade do produto resultante As variaacuteveis devem ser

controladas visando agrave obtenccedilatildeo de rendimento e de teor de umidade

adequados estabilidade quiacutemica minimizaccedilatildeo da aderecircncia de partiacuteculas na

cacircmara de secagem (sticking) e caracteriacutesticas tecnoloacutegicas especiacuteficas As

propriedades do produto satildeo normalmente determinadas pelos fatores

relacionados agraves caracteriacutesticas do material de entrada e do processamento

isto eacute paracircmetros de operaccedilatildeo e equipamento (Quadro 1)

131 Influecircncia do material de entradaEntre os fatores relacionados agraves caracteriacutesticas do material de entrada o uso

de adjuvantes na teacutecnica de secagem por aspersatildeo eacute uma praacutetica muito

comum Satildeo utilizados como adjuvantes neste processo amido ciclodextrinas

dioacutexido de siliacutecio coloidal fosfato tricaacutelcico gelatina goma araacutebica lactose

maltodextrina entre outros (Vasconcelos et al 2005 Silva Juacutenior et al 2006)

Para a secagem de extratos derivados de plantas a seleccedilatildeo e o uso adequado

de adjuvantes no processo de spray drying eacute uma fase de fundamental

importacircncia visto que determina a estabilidade e a qualidade dos mesmos

podendo inclusive afetar as caracteriacutesticas de biodisponibilidade

13 Atividades farmacoloacutegicas da espinheira-santa A espinheira-santa (M ilicifolia) eacute uma planta que possui atividades

farmacoloacutegicas comprovadas entre elas a atividade antiulcerogecircnica Essas

atividades estatildeo ligadas a substacircncias quiacutemicas que satildeo os polifenoacuteis

(flavonoides e taninos) e os triterpenos Haacute fatores como a composiccedilatildeo quiacutemica

do solo onde essa planta estaacute sendo cultivado o local de plantio a teacutecnica de

colheita a secagem da planta e o processamento poacutes-colheita que influenciam

diretamente nos teores de princiacutepio ativo da planta podendo assim gerar

variaccedilotildees das atividades farmacoloacutegicas (NEGRI 2007)

141 Atividade gaacutestricaDe acordo com alguns estudos (Carlini amp Frochtengerten 1988 Ming et al

1998 Coulaud- Cunha et al 2004 Carvalho et al 2008) a M ilicifolia

apresenta accedilatildeo contra uacutelcera peacuteptica e gastrite Coulaud- Cunha et al (2004)

relatam que a accedilatildeo da M ilicifolia na uacutelcera peacuteptica e gastrite envolve mais de

um mecanismo de accedilatildeo ainda natildeo conclusivamente elucidados e natildeo se deve

somente a um principio ativo especifico mas a diferentes fitocomplexos Foi

demonstrado por Pereira et al (1993) e por Ming et al (1998) que tanto os

taninos principalmente a epigalocatequina quanto os oacuteleos essenciais em

especial o fridenelol satildeo responsaacuteveis por parte dos efeitos gastroprotetores

Carlini amp Frochtengarten (1988) por sua vez em estudos realizados com o

abafado da M ilicifolia relatam que quanto maior o tempo do tratamento maior

seraacute a gastroproteccedilatildeo sem entretanto haver alteraccedilotildees no pH Tal observaccedilatildeo

pode ser confirmada por Ferreira et al (2004) que em estudos com extrato

aquoso liofilizado das folhas de M ilicifolia em sapos comprovou que esse

possui efeito inibitoacuterio sobre os mediadores H2 da histamina nas ceacutelulas

parietais esses segundo Gilman (1989) quando estimulados causam a

ativaccedilatildeo da adenililciclase iniciando uma seacuterie de alteraccedilotildees morfoloacutegicas e

bioquiacutemicas complexas que leva ao aumento da secreccedilatildeo gaacutestrica

funcionando como um antagonista H2 aleacutem de inibir o efeito da gastrina Foi

demonstrado ainda que tanto a epigalocatequina (tanino) quanto o fridenelol

(oacuteleo essencial) satildeo responsaacuteveis por parte do efeito protetor da mucosa

gaacutestrica (Pereira et al 1993 Ming et al 1998)

142 Atividade antiulcerogecircnicaSegundo Sousa-Formigoni et al (1991) foi comprovada a atividade

antiulcerogecircnica da espinheira-santa (M ilicifolia) por experimentos feitos em

ratos nos quais os animais foram induzidos a terem uacutelceras gaacutestricas por meio

de indometacina e por estresse quando estes foram submetidos a baixas

temperaturas e por serem imobilizados Apoacutes a aplicaccedilatildeo de um extrato

liofilizado de espinheira-santa houve uma reduccedilatildeo do nuacutemero de uacutelceras e um

aumento do volume e pH da secreccedilatildeo gaacutestrica

Em estudos de mecanismos celulares e moleculares da accedilatildeo de produtos

naturais com o isolamento de substacircncias bioativas da M ilicifolia

responsaacuteveis pela accedilatildeo antissecretora aacutecida gaacutestrica os resultados obtidos

confirmam essas accedilotildees Foram utilizados nesses experimentos extratos

aquosos das partes aeacutereas da planta e os princiacutepios ativos tecircm funccedilatildeo de

inibidores da bomba de proacutetons etapa final comum das vias reguladoras da

secreccedilatildeo aacutecida gaacutestrica (BOSSOLANI 2000)

143 Atividade antimicrobianaEstudos pioneiros como o de Lima et al (1969) jaacute demonstravam que a

maitenina exibe forte atividade antimicrobiana contra vaacuterias bacteacuterias Gram

positivas Tais efeitos foram corroborados com a demonstraccedilatildeo que os extratos

das folhas e raiacutezes tecircm efeito antimicrobiano para vaacuterios patoacutegenos dentre

eles Staphylococcus aureus e Streptococcus sp

144 Atividade sobre o Sistema Nervoso CentralSegundo Alonso (1998) o extrato de M ilicifolia possui atividade sedativa que

potencializa (efeito sineacutergico) o sono por barbituacutericos em camundongos

145 Atividades abortiva e sobre a espermatogecircnese

De acordo com Montanari et al (1998) o extrato etanoacutelico de M Ilicifolia

quando administrado em altas doses em camundongos suiacuteccedilos apesar de

causar leves alteraccedilotildees como ceacutelulas germinativas imaturas esfoliadas mortes

celulares ocasionais aumento de gotiacuteculas lipiacutedicas em ceacutelulas de Sertoli e

inchamento de acrossomas entre outras natildeo foi suficiente para acarretar

danos agrave espermatogecircnese

Jaacute em testes realizados em camundongos (fecircmeas e graacutevidas) administrando-

se oralmente extrato hidroalcooacutelico (70) de folhas de espinheira-santa (M

ilicifolia) observou-se um decreacutescimo significativo do nuacutemero de embriotildees

indicando uma perda embrionaacuteria antes do periacuteodo de implantaccedilatildeo Poreacutem

natildeo houve maacute-formaccedilatildeo ou mortes fetais depois do periacuteodo de implantaccedilatildeo

Esse extrato possui atividade estrogecircnica que pode interferir na receptividade

uterina ao embriatildeo (MONTANARI BEVILAQUA 2002)

146 Atividades antimutagecircnica e anticanceriacutegenaConforme Horn e Vargas (2003) o extrato aquoso de M ilicifolia foi eficaz em

aproximadamente 75 das doses testadas exibindo boas respostas

antimutagecircnicas ou um decreacutescimo sugestivo Em estudos realizados por

Queiroga et al (2007) foi avaliada a fraccedilatildeo ativa antiulcerogecircnica da M

ilicifolia na atividade anticanceriacutegena apresentando resultados citostaacuteticos

satisfatoacuterios De acordo com Itokawa et al (1993) o composto pristimerina foi o

mais eficiente na accedilatildeo citotoacutexica podendo ser uacutetil no tratamento de tumores

147 Atividade antioxidante e otoprotetoraDe acordo com Mattei e Carlini (1998) um extrato aquoso liofilizado de

espinheira-santa (M ilicifolia) foi testado in vitro em homogenato de ceacuterebro de

ratos e exerceu uma importante atividade antioxidante inibindo o processo de

lipoperoxidaccedilatildeo

Usando-se extrato etanoacutelico de M ilicifolia foi confirmado que a casca da raiz

tem um poder antioxidante pelo fato de possuir em sua base compostos com a

capacidade sequestradora de radicais livres (VELLOSA et al 2006)

Conforme Santos et al (2010) foram comprovadas propriedades antioxidantes

dos extratos brutos e de componentes individuais de M Ilicifolia por possiacuteveis

associaccedilotildees sineacutergicas de substacircncias fenoacutelicas e triterpenos

quinonametiacutedeos comparados agrave rutina como composto fenoacutelico modelo

De acordo Kasse et al (2008) foi realizado um estudo com ratos (fecircmeas) em

que esses animais foram submetidos agrave substacircncia cisplatina e posteriormente

tratados com extrato de M ilicifolia para avaliar a atividade otoprotetora da

planta Foram realizados e avaliados os exames de emissotildees otoacuacutesticas por

produtos de distorccedilatildeo por potencial de tronco encefaacutelico antes e depois de

administraccedilatildeo de cisplatina e por fim por microscopia eletrocircnica de varredura

Os resultados mostraram que apesar de apresentar atividades antioxidantes a

M ilicifolia foi incapaz de bloquear o efeito citotoacutexico do composto quiacutemico

administrado nas cobaias

Segundo Negri et al (2009) a atividade antioxidante do extrato etanoacutelico de M

ilicifolia estaacute intimamente ligada agrave sua temperatura de secagem Testes

realizados para avaliaccedilatildeo do poder antioxidante os quais foram os meacutetodos de

formaccedilatildeo de complexo com fosfomolibdecircnio e atividade antioxidante em

relaccedilatildeo agrave reduccedilatildeo de um radical utilizando-se o DPPH (22-difenil-1-

picnilhidrazila) em que foram levadas em consideraccedilatildeo diferentes

temperaturas usualmente utilizadas para secagem (40 50 60 70 e 80˚C)

demostraram melhor atividade antioxidante na temperatura de 40˚C e

gradativamente quanto maior a temperatura realizada nos testes menor o

poder antioxidante Por fim o estudo mostrou a importacircncia do controle de

temperatura para a melhor efetividade nesse quesito da planta

Em estudos de Pessuto et al (2009) foram avaliados extratos e compostos

isolados de M Ilicifolia em relaccedilatildeo agrave capacidade antioxidante Os extratos

brutos e semipurificados foram estudados por meio de ensaios de

fosfomolibdecircnio (complexo) e de DPPH (22-difenil-1-picnilhidrazila) nos quais

os resultados mostraram que a fraccedilatildeo com acetato de etila teve melhor

capacidade antioxidante em relaccedilatildeo ao extrato bruto e fraccedilatildeo aquosa

possivelmente por conter maior nuacutemero de hidroxilas fenoacutelicas (pela

capacidade de sequestro dos radicais livres) e tambeacutem em relaccedilatildeo agraves

substacircncias trolox e vitamina C

148 Atividades antinociceptiva e anti-inflamatoacuteria De acordo com Nakamura et al (1994) o extrato etanoacutelico de folhas de M

ilicifolia conteacutem uma fraccedilatildeo de quercetina-3-O-glicosiacutedeo e essa substacircncia

quiacutemica foi avaliada pelo teste de aacutecido aceacutetico e formalina em ratos obtendo-

se resultados satisfatoacuterios para atividades analgeacutesicas e anti-inflamatoacuterias

Por meio de testes realizados em camundongos e ratos foi provocado um

edema nas patas desses animais por meio de injeccedilatildeo de 002 ml de

formaldeiacutedo (soluccedilatildeo a 092) utilizando-se como controle soluccedilatildeo salino

Apoacutes 120 minutos foi aplicado extrato hexacircnico e acetato de etila das folhas

(M ilicifolia) administrados por via oral nas doses de 80 160 320 e 340 mgkg

Os animais foram sacrificados apoacutes 4 horas Em um segundo ensaio foi

administrada por injeccedilatildeo soluccedilatildeo de carragenina a 1 e os extratos da planta

foram dados por via oral nas doses de 80 160 320 e 340 mgkg Os resultados

obtidos mostraram uma atividade antinociceptiva para os dois extratos

principalmente nas doses de 320 e 340 mgkg sendo esse teste importante

para uma alternativa cliacutenica na terapecircutica anti-inflamatoacuteria e antiulcerogecircnica

(JORGE et al 2004)

14 Toxicidade efeitos adversos e contraindicaccedilatildeo da espinheira-santa

Foi realizado um estudo toxicoloacutegico com 24 voluntaacuterios sendo 12 homens e

12 mulheres de 20 a 40 anos de idade selecionados previamente por meio de

avaliaccedilatildeo cliacutenica exames hematoloacutegicos e bioquiacutemicos e avaliaccedilatildeo

psicomotora com o objetivo de estabelecer um intervalo maacuteximo de seguranccedila

no uso de M ilicifolia As doses foram administradas de maneira crescente e

natildeo houve um grupo controle pois os exames iniciais foram considerados

como valores basais para efeito comparativo A dose inicial foi fixada em 100

mg por adulto sendo administradas doses subsequentes de 200 500 1000

1500 e 2000 mg com intervalos de uma semana para cada dose A anaacutelise dos

resultados revelou que natildeo houve efeitos significativos nos valores dos

principais paracircmetros hematoloacutegicos e bioquiacutemicos e tambeacutem natildeo foram

observadas alteraccedilotildees nas funccedilotildees hepaacuteticas pancreaacuteticas e renais

Hormocircnios lipiacutedeos glicose soacutedio potaacutessio caacutelcio e foacutesforo tambeacutem

mantiveram valores considerados normais (TABACH et al 2002)

Em relaccedilatildeo aos efeitos adversos a M ilicifolia natildeo possui algum que justifica a

interrupccedilatildeo do tratamento Entre os mais comuns destacam-se cefaleia

sonolecircncia boca seca naacuteuseas dor articular nas matildeos gosto estranho na

boca tremor nas matildeos cistite e poliuacuteria (TABACH et al 2002) Poreacutem

segundo Amaral et al (2005) natildeo eacute recomendado o uso pediaacutetrico pela

ausecircncia de testes Ensaios realizados em ratos mostraram perda embrionaacuteria

antes do periacuteodo de implantaccedilatildeo portanto essa planta natildeo eacute recomendada em

casos de gravidez (MONTANARI BIVILACQUA 2002)

De acordo com estudos realizados em camundongos o abafado de M ilicifolia

foi administrado nesses animais em doses ateacute 360 vezes maiores que a

utilizada pelo homem durante um periacuteodo de dois a trecircs meses Como

resultados natildeo houve mudanccedilas no peso comportamento temperatura

paracircmetros bioquiacutemicos e hematoloacutegicos desses animais (OLIVEIRA CARLINI

1988)

15 FarmacocineacuteticaO modelo da farmacocineacutetica da espinheira-santa eacute estudado por meio de seus

taninos natildeo condensados Epigalocatequina marcada foi administrada por via

oral sendo os picos plasmaacuteticos observados 60 min apoacutes a ingestatildeo Apoacutes

uma dose de 500 mgkg foram detectadas concentraccedilotildees tissulares de 123

mmol no plasma 484 mmol no fiacutegado e 565 mmol no intestino delgado

(Nakagawa amp Miyazawa 1997) Depois da administraccedilatildeo oral de

epigalocatequina-3-galato marcada com triacutetio a ratos cerca de 6 da dose eacute

eliminada na urina e 24 nas fezes nas primeiras 24 horas Uma segunda

dose dada duas horas apoacutes a primeira eleva em cerca de 4 a 6 vezes a

concentraccedilatildeo no plasma e em alguns tecidos Esses dados sugerem uma

meia-vida longa e eliminaccedilatildeo lenta da epigalocatequina-3-galato No final das

24 horas os animais foram sacrificados e essa substacircncia pocircde ser encontrada

no rim ceacuterebro fiacutegado pacircncreas intestino e ossos (Suganuma et al 1998)

Num outro estudo foi avaliada a afinidade da epigalocatequina-3-galato agraves

proteiacutenas do soro Apoacutes uma dose oral a ratos mais de 50 da

epigalocatequina-3-galato absorvida ligou-se agrave proteiacutena do plasma

especialmente a fibronectina o fibrinogecircnio e a HRGP( Histidin Rich

Glicoprotein) proteiacutena plasmaacutetica com 74 kdaltons cuja funccedilatildeo ainda eacute pouco

conhecida (Sazuka et al 1996)

16 PreparaccedilatildeoTendo sido reconhecida a espeacutecie com que se vai trabalhar torna-se

necessaacuterio que se disponha desta espeacutecie em quantidade suficiente para

atender a demanda relacionada a produccedilatildeo do fitoteraacutepico replicaccedilatildeo da

espeacutecie e respectivo controle de qualidade Par a atingir este objetivo a

espeacutecie deve ser cultivada na extensatildeo adequada ao fim que se propotildee tendo-

se aleacutem dos cuidados inerentes ao cultivo de qualquer espeacutecie vegetal a

precauccedilatildeo de nunca utilizar pesticidas ou agrotoacutexicos na aacuterea de cultivo Nos

parece claro que a opccedilatildeo pelo fitoteraacutepico deve vir acompanhada do desejo de

seguranccedila o que natildeo seria conseguido se fossem deixados resiacuteduos de

agrotoacutexicos ou de pesticidas na espeacutecie que iraacute ser usada como mateacuteria-prima

para a produccedilatildeo de medicamento Veja no item 24 os ensaios que devem ser

efetuados no sentido de identificar e quantificar a presenccedila destes e de outros

contaminantes

Dispondo-se entatildeo da espeacutecie vegetal botanicamente selecionada cultivada

sem o uso de agentes quiacutemicos contaminantes iremos seguir tantos passos

quantos sejam necessaacuterios para preparar a espeacutecie vegetal numa droga capaz

de ser armazenada e processada para resultar num preparado intermediaacuterio uacutetil

na preparaccedilatildeo de fitoteraacutepicos Estes passos podem ser enumerados como

sendo Coleta Monda Estabilizaccedilatildeo Secagem Trituraccedilatildeo e Armazenamento

A execuccedilatildeo e finalidade de cada um se acham descrito a seguir

A Coleta eacute realizada atraveacutes da retirada da parte usada da planta procurando

sempre o material mais saudaacutevel em completo desenvolvimento (a menos que

especificado em (contraacuterio como ocorre com a gema terminal de Psidium

guajava) e com o miacutenimo de contaminantes (poeira poluiccedilatildeo adubo insetos

colocircnia de microrganismos etc) A distribuiccedilatildeo de substacircncias

farmacologicamente ativas nas plantas medicinais natildeo se daacute de maneira

homogecircnea em toda a extensatildeo da planta Portanto eacute de se esperar que

apenas alguma parte de uma dada espeacutecie podem ser utilizadas com finalidade

terapecircutica

Atraveacutes de consulta agraves diversas farmacopeias e tratados sobre plantas

medicinais encontramos descriccedilotildees sobre a parte a ser usada de cada espeacutecie

medicinal Pode-se em alguns casos observar que diferentes partes de uma

mesma planta apresentam propriedades inteiramente diferentes como por

exemplo a Punica granam (romatildezeira) cujas cascas do caule satildeo teniacutefugas e

as cascas dos frutos tecircm propriedades anti-inflamatoacuteria e antibioacutetica Em outros

casos toda a planta pode ser utilizada com a mesma finalidade como a

Phylanthus niruri (quebra-pedra) Torna-se imperioso portanto que antes de

qualquer outra etapa da preparaccedilatildeo de uma forma farmacecircutica fitoteraacutepica se

conheccedila qual ou quais partes da espeacutecie escolhida pode ser utilizada

A coleta deve respeitar para cada espeacutecie o melhor periacuteodo correspondente

agravequele onde a espeacutecie apresenta maior teor em substacircncias ativas Tendo isto

em mente relacionamos a seguir orientaccedilotildees geneacutericas quanto ao periacuteodo de

coleta

Formas farmacecircuticas de fitoteraacutepicosPoacute

Eacute a forma farmacecircutica obtida apoacutes a secagem trituraccedilatildeo e tamisaccedilatildeo da

droga Segundo a sua finalidade devem apresentar a tenuidade adequada

conforme a tabela a seguir Pode ser dispensado para uso na preparaccedilatildeo de

chaacutes ou adicionado agrave alimentaccedilatildeo (leite sucos mel etc) O envase deve cuidar

para que natildeo haja absorccedilatildeo de umidade

Formas soacutelidas

Caacutepsulas

Eacute a forma farmacecircutica obtida pela deposiccedilatildeo ordenada da droga seca

triturada e tamisada em caacutepsulas gelatinosas duras ou pelo encapsulamento

de liacutequidos ou semissoacutelidos de natureza lipofiacutelica em caacutepsulas gelatinosas

moles O invoacutelucro rosa utilizado eacute geralmente de natureza proteica e satildeo

portanto incompatiacuteveis com drogas tacircnicas por exemplo Cuidado especial

deve ser tomado com a umidade temperatura e pressatildeo exercida sobre as

caacutepsulas durante o armazenamento e transporte Estes fatores podem levar a

desidrataccedilatildeo ou hidrataccedilatildeo das caacutepsulas que as tornam quebradiccedilas ou

deformadas e coladas Durante a preparaccedilatildeo das caacutepsulas deve-se cuidar para

que o peso das caacutepsulas obtidas seja o mais uniforme possiacutevel podendo-se

garantir isso pela pesagem da quantidade de poacute necessaacuteria para o enchimento

de um nuacutemero determinado de caacutepsulas

O enchimento das caacutepsulas ocorre na oficina farmacecircutica em tabuleiros

especiais constituiacutedos em acriacutelico PVC ou outro poliacutemero apresentando-se no

modelo mais simples apenas como uma base fixa que se encaixa a uma outra

moacutevel e perfurada que recebe o corpo das caacutepsulas sem as tampas A seguir

se distribui de forma homogecircnea a quantidade estipulada de poacute em todas as

caacutepsulas valendo-se de uma espaacutetula plaacutestica e de um dispositivo especial

para prensar o conteuacutedo no interior das caacutepsulas Finalizado o enchimento as

partes super oires (tampas) das caacutepsulas satildeo recolocadas fechando-as e

determina-se o peso meacutedio das mesmas embalando-as imediatamente

A capacidade das caacutepsulas eacute proporcional agrave densidade do poacute e ao tamanho

das caacutepsulas que eacute padronizado em 08 (oito) diferentes tipos listados a seguir

com as respectivas dimensotildees e capacidades em mililitros

Controle de Qualidade

Todas as etapas utilizadas durante o processamento da droga devem ser

monitoradas atraveacutes de ensaios que possam atestar a qualidade da mateacuteria-

prima dos produtos intermediaacuterios e do produto final acabado O objetivo final

tanto do processamento adequado quanto agrave avaliaccedilatildeo da qualidade eacute a

garantia de que o que estaacute sendo produzido na forma como ocorre o processo

produtivo estaacute conduzindo agrave obtenccedilatildeo de um produto com as caracteriacutesticas

necessaacuterias agrave utilizaccedilatildeo para o tratamento de doenccedilas

Droga

A avaliaccedilatildeo da qualidade da droga utilizada na obtenccedilatildeo de fitoteraacutepicos no

Programa Farmaacutecias-Vivas onde o cultivo das espeacutecies vegetais eacute efetuado

pelo laboratoacuterio fabricante do produto deve ser realizada sob os seguintes

aspectos

- Considerando que a droga a ser utilizada corresponde agrave espeacutecie vegetal

esperada conhece-se suas caracteriacutesticas macromorfoloacutegicas aleacutem das suas

caracteriacutesticas sensoriais constituindo a primeira avaliaccedilatildeo que eacute a identidade

da droga

- Determinaccedilatildeo da umidade da droga fresca que deve ser diferenciada de

perda por dessecaccedilatildeo pois outras substacircncias volaacuteteis aleacutem da aacutegua satildeo

evaporadas Pode ser determinada atraveacutes do ensaio volumeacutetrico de Karl

Fischer ou pelo ensaio gravimeacutetrico submetendo a droga a dessecaccedilatildeo em

temperatura ambiente em dessecador com siacutelica ou aacutecido sulfuacuterico

- Mesmo a droga morfologicamente normal pode natildeo apresentar seus

constituintes ativos na quantidade desejada sendo necessaacuterio que sejam

realizados ensaios de identificaccedilatildeo e quantificaccedilatildeo de ativos ou de marcadores

atraveacutes das mais diversas teacutecnicas gravimeacutetrica volumeacutetrica

espectrofotomeacutetrica cromatograacutefica etc

- Avaliaccedilatildeo da contaminaccedilatildeo microbiana da droga principalmente se a mesma

tiver de ser utilizada sem qualquer processamento posterior As drogas que

seratildeo transformadas em uma forma extrativa em soluccedilatildeo hidro-alcooacutelica pode

ter sua carga microbiana reduzida pelo efeito antisseacuteptico do solvente

Preparado Intermediaacuterio

As formas extrativas satildeo obtidas em condiccedilotildees que nem sempre conseguem

retirar a totalidade das substacircncias ativas soluacuteveis no solvente escolhido devido

a diversos fator ES como o tempo e temperatura de maceraccedilatildeo pH do

solvente distribuiccedilatildeo granulomeacutetrica da droga sua umidade residual teor de

substacircncias ativas e velocidade de percolaccedilatildeo Justifica-se entatildeo a

necessidade da realizaccedilatildeo de ensaios de avaliaccedilatildeo da qualidade das formas

extrativas incluindo avaliaccedilotildees fiacutesico-quiacutemicas como aparecircncia cor odor

solubilidade densidade pH e viscosidade avaliaccedilotildees quiacutemicas como o perfil

cromatograacutefico e dosagem das substacircncias ativas ou marcador e avaliaccedilatildeo

microbioloacutegica da quantidade de microrganismos viaacuteveis

Fitoteraacutepico

Independente da forma farmacecircutica final eacute necessaacuterio que sejam realizadas

avaliaccedilotildees na qualidade do produto final da mesma forma que eacute exigido para

os demais tipos de medicamentos Listamos a seguir os ensaios realizados

para cada forma farmacecircutica lembrando que devem ser acrescentados os

ensaios quiacutemicos e microbioloacutegicos

Prazo de Validade

Considerando a jaacute difiacutecil realizaccedilatildeo da avaliaccedilatildeo da qualidade das drogas

utilizadas na obtenccedilatildeo de fitoteraacutepicos pode-se compreender que o

acompanhamento do processo cineacutetico de degradaccedilatildeo dos constituintes do

medicamento natildeo eacute uma estar efe faacutecil No entanto esta avaliaccedilatildeo pode se dar

em diversos niacuteveis

- Avaliaccedilatildeo da estabilidade fiacutesica

Para cada tipo de forma farmacecircutica satildeo descritas as caracteriacutesticas tiacutepicas

como cor odor limpidez densidade viscosidade pH etc que observadas

para um mesmo lote ao longo do tempo de armazenamento forneceratildeo

informaccedilotildees sobre a integridade fiacutesica da formulaccedilatildeo

- Avaliaccedilatildeo da estabilidade quiacutemica

A utilizaccedilatildeo de recursos laboratoriais desde os mais simples ateacute os mais

sofisticados permitem o acompanhamento qualitativo eou quantitativo dos

princiacutepios ativos contidos no produto fitoteraacutepico Por exemplo atraveacutes do

ensaio limite de taninos por diluiccedilotildees sucessivas e adiccedilatildeo de cloreto feacuterrico

pode-se ter uma medida semi-quantitativa do teor destas substacircncias nas

preparaccedilotildees que o contenham Evoluindo a utilizaccedilatildeo de teacutecnica

cromatograacutefica em camada delgada sobre papel ou siacutelica permite a

determinaccedilatildeo do perfil cromatograacutefico para o produto de modo que possa ser

comparado com o obtido em lotes posteriores ou com o mesmo lote ao longo do

tempo de armazenamento

- Avaliaccedilatildeo da estabilidade microbioloacutegica

A verificaccedilatildeo do niacutevel de contaminaccedilatildeo microbiana numa preparaccedilatildeo

medicamentosa fornece informaccedilotildees sobre o niacutevel de higienizaccedilatildeo empregado

durante o processamento da droga ateacute a obtenccedilatildeo do medicamento A

observaccedilatildeo deste mesmo paracircmetro ao longo do tempo fornece informaccedilotildees

sobre a composiccedilatildeo conservante utilizada no produto e a forma de

armazenamento

Teacutecnicas Gerais

Os ensaios laboratoriais de avaliaccedilatildeo da qualidade da droga compreendem

basicamente

- Observaccedilatildeo macroscoacutepica e microscoacutepica da droga fresca e seca inteira e

triturada comparando com o descrito em farmacopeias ou com modelos

botanicamente certificados

- Determinaccedilatildeo de umidade na droga fresca e naquela seca e triturada

evidenciando a quantidade de aacutegua contida na droga receacutem-coletada na droga

s eca e a efetividade do processo de secagem utilizada

- Identificaccedilatildeo e dosagem de substacircncias ativas ou marcadores realizada na

droga seca e triturada onde atraveacutes do acompanhamento da evoluccedilatildeo ao

longo do tempo e o cruzamento dos dados entre os locais e condiccedilotildees de

cultivo seraacute possiacutevel a determinaccedilatildeo das condiccedilotildees ideais para a manutenccedilatildeo

da qualidade das espeacutecies vegetais

- Determinaccedilatildeo da quantidade de mateacuteria orgacircnica estranha na droga seca

triturada grosseiramente demonstrando se a coleta monda secagem e

trituraccedilatildeo foram realizadas a contento sem o risco de contaminaccedilatildeo com outras

espeacutecies

- Determinaccedilatildeo de resiacuteduos de pesticidas para monitorar a forma de realizaccedilatildeo

do controle de pestes atraveacutes da identificaccedilatildeo e dosagem de pesticidas

- Determinaccedilatildeo da presenccedila de arsecircnio e metais pesados como componentes

que satildeo responsaacuteveis por intoxicaccedilotildees e por incompatibilidades nas

preparaccedilotildees liacutequidas de fitoteraacutepicos

- Determinaccedilatildeo da quantidade de microrganismos viaacuteveis atraveacutes da contagem

em placa a de diluiccedilotildees obtidas a partir do liacutequido de lavagem das drogas

evidenciando o grau de contaminaccedilatildeo e a possiacutevel e indesejaacutevel presenccedila de

microrganismos potencialmente patogecircnicos

Garantia de Qualidade

Na produccedilatildeo de fitoteraacutepicos do mesmo modo como ocorre com qualquer outro

medicamento natildeo pode negligenciar qualquer procedimento que possa conduzir

a diminuiccedilatildeo da qualidade do produto final A qualidade se reflete na

reprodutibilidade da qualidade do produto avaliada em laboratoacuterio e no

acompanhamento da sua eficaacutecia terapecircutica e seguranccedila Isto soacute pode ser

conseguido quando para cada forma farmacecircutica de fitoteraacutepico forem

registradas as operaccedilotildees farmacecircuticas que devem ser seguidas agrave risca suas

medidas de controle e definiccedilatildeo das responsabilidades para cada uma das

etapas do processamento

Apenas como ilustraccedilatildeo tomemos como exemplo a produccedilatildeo da tintura de

Alecrim-pimenta (Lippia sidoides Cham) O iniacutecio da preocupaccedilatildeo com a

qualidade se daacute com a seguranccedila de que a espeacutecie cultivada seja realmente

aquela que se deve coletar e em seguida em coletar a parte que realmente

deve ser utilizada e de plantas com aspecto saudaacutevel de desenvolvimento para

a qual as condiccedilotildees de cultivo tenham se apresentado como satisfatoacuterias A

monda que se segue agrave coleta retirando as partes improacuteprias agrave preparaccedilatildeo do

fitoteraacutepico daacute continuidade ao passo anterior na busca de alcanccedilar a qualidade

desejada O processo de dessecaccedilatildeo ocorrendo agrave sombra e agrave temperatura

ambiente preservando os constituintes quiacutemicos ativos e diminuindo a

influecircncia da umidade da planta sobre a sua qualidade e a da soluccedilatildeo extrativa

a ser obtida faz com que a droga obtida possa ser utilizada como mateacuteria-prima

para a obtenccedilatildeo de medicamento O cuidadoso processo de trituraccedilatildeo sem

elevar a temperatura durante o processo e reduzindo a perda de poacute para o

ambiente tambeacutem representa um processo que deve ser realizado com a

devida atenccedilatildeo Depois disso a droga seca e triturada deve ser armazenada

em condiccedilotildees que preservem sua qualidade pelo tempo necessaacuterio ateacute sua

utilizaccedilatildeo com as devidas inscriccedilotildees que atestem sua fonte data de coleta e de

processamento e respectivos responsaacuteveis

A preparaccedilatildeo da soluccedilatildeo hidro-alcooacutelica que seraacute utilizada no processo extrativo

tambeacutem deve ser realizada com bastante cuidado pois a mateacuteria-prima deve

apresentar a qualidade compatiacutevel com sua utilizaccedilatildeo para a produccedilatildeo de

medicamentos aacutegua purificada e aacutelcool farmacecircutico Deve-se observar a

legislaccedilatildeo atual sobre aacutelcool que exige a desnaturaccedilatildeo do aacutelcool

comercializado em farmaacutecias e supermercados e assim natildeo deve servir como

excipiente farmacecircutico Enfim todos os processos interferem com a qualidade

do produto final a ser obtido e devem ser realizados corretamente e as

operaccedilotildees registradas em documento proacuteprio buscando a rastreabilidade de

cada lote de cada produto

Outra etapa da garantia da qualidade essencial para sua implantaccedilatildeo eacute a

validaccedilatildeo de equipamentos e de processos que busca uma evidecircncia

documentada de que os mesmos cumprem satisfatoriamente sua finalidade

quando utilizados ou realizados corretamente

Estas evidecircncias devem ser conseguidas antes mesmo de se iniciar a utilizaccedilatildeo

das instalaccedilotildees para produccedilatildeo de medicamentos Naqueles jaacute em

funcionamento a validaccedilatildeo pode ser realizada atraveacutes da documentaccedilatildeo da

produccedilatildeo passada ou seja uma validaccedilatildeo retrospectiva

Para a produccedilatildeo de medicamentos em pequena escala que natildeo venha a

caracterizar uma produccedilatildeo industrial deve-se buscar a adequaccedilatildeo das

condiccedilotildees de produccedilatildeo armazenamento e dispensaccedilatildeo do produto atraveacutes da

Resoluccedilatildeo RDC ndeg 33 de abril de 2000 que descreve os criteacuterios de Boas

Praacuteticas de Manipulaccedilatildeo

Para a produccedilatildeo industrial de medicamentos a legislaccedilatildeo que trata das Boas

Praacuteticas de Fabricaccedilatildeo e Garantia de Qualidade eacute a Resoluccedilatildeo RDC ndeg 210 de

04 de agosto de 2003 As especificaccedilotildees legais da legislaccedilatildeo sanitaacuteria

brasileira e de outros paiacuteses para materiais vegetais devem incluir tanto quanto

possiacutevel o seguinte

- Nome botacircnico c om referecircncia aos autores

- Detalhes da fonte da planta (paiacutes ou regiatildeo de origem cultivo eacutepoca da

colheita procedimentos de colheita possiacuteveis pesticidas utilizados etc)

- Descriccedilatildeo do material vegetal inspeccedilatildeo visual macro eou microscoacutepica

- Testes de identificaccedilatildeo apropriados incluindo quando convenientes testes de

identificaccedilatildeo para ingredientes ativos conhecidos ou marcadores

- Ensaios quando convenientes dos constituintes de atividade terapecircutica ou

marcadores

- Meacutetodos apropriados para determinaccedilatildeo de possiacuteveis contaminaccedilotildees por

pesticidas e os limites aceitos

- Testes para metais pesados e contaminantes semelhantes materiais

estranhos e adulterantes

- Testes para radiaccedilatildeo aflatoxinas e contaminaccedilatildeo microbiana

Qualquer tratamento usado para reduzir contaminaccedilotildees focircnicas e microbianas

ou outras infestaccedilotildees devem ser documentadas Instrumentos para tais

procedimentos devem ser acessiacuteveis e devem incluir detalhes dos processos

testes e limites residuais

Para a realidade do programa Farmaacutecias-Vivas onde natildeo satildeo utilizados

pesticidas as plantas satildeo cultivadas no local proacuteximo de onde ocorre a

produccedilatildeo do medicamento ou satildeo de origem na mesma regiatildeo e satildeo

processadas logo apoacutes a coleta satildeo feitas exigecircncias menores que as

estabelecidas para maiores escalas de produccedilatildeo Nem assim devemos deixar

de registrar todas as operaccedilotildees realizadas com a droga desde o seu cultivo ateacute

a dispensaccedilatildeo do produto fitoteraacutepico

Dispensaccedilatildeo

Estivemos sempre discorrendo sobre qualidade do produto a ser obtido desde

o cultivo da espeacutecie correta da coleta da parte usada e o seu processamento

mantendo intactos os princiacutepios ativos Conhecemos os motivos que levam a

toda esta preocupaccedilatildeo com a qualidade a responsabilidade do profissional que

o produz e a eficaacutecia e a seguranccedila necessaacuterias para o paciente que o utiliza

Portanto resta-nos dispensar o fitoteraacutepico para que este apresente estas

caracteriacutesticas trans formando o paciente num parceiro consciente do seu

papel no uso cor reto deste recurso terapecircutico

O resgate das praacuteticas populares agora respaldadas pelos estudos cientiacuteficos

seacuterios que atestam a eficaacutecia e seguranccedila das espeacutecies utilizadas no programa

Farmaacutecias-Vivas pode ser abordado no momento da dispensaccedilatildeo do

medicamento ou atraveacutes de apresentaccedilotildees coletivas organizadas e realizadas

pelo Farmacecircutico Alguns cuidados merecem ser observados para natildeo se

incorrer em riscos desnecessaacuterios

- Natildeo referendar o uso de plantas cujo estudo cientiacutefico natildeo tenha apresentado

dados sobre sua eficaacutecia e seguranccedila

- Natildeo recomendar o uso de qualquer planta medicinal para o tratamento de

doenccedilas sem a devida recomendaccedilatildeo meacutedica especializada ou natildeo

- Natildeo recomendar a utilizaccedilatildeo de planta que nos seja desconhecida tanto no

aspecto teoacuterico quanto praacutetico

- Natildeo sugerir a utilizaccedilatildeo de quaisquer praacuteticas com ou sem uso de plantas

medicinais que possa representar um risco potencial ou real de dano fetal

Para nos resguardarmos de quaisquer erros precisamos nos manter atualizados

quanto aos benefiacutecios e riscos da utilizaccedilatildeo das espeacutecies medicinais com as

quais trabalhamos dada agrave impossibilidade de conhecer todas as demais Os

dados obtidos durante a dispensaccedilatildeo e acompanhamento dos pacientes aleacutem

daqueles obtidos durante os ensaios controlados de toxicologia e farmacologia

cliacutenica forneceratildeo a necessaacuteria seguranccedila para realizarmos a dispensaccedilatildeo e

cada vez mais desfazermos o mito do natural ser inoacutecuo

Como exemplo da relaccedilatildeo risco x benefiacutecio de uma preparaccedilatildeo fitoteraacutepica

apresentamos as seguintes informaccedilotildees sobre o Elixir de Aroeira que em

muitos aspectos natildeo houve a quantificaccedilatildeo da intensidade dos efeitos beneacuteficos

nem adversos nem de interaccedilotildees

Forma Medicamento Fitoteraacutepico- Caacutepsula ESPINHEIRA SANTA Maytenus ilicifolia Celastraceae

Medicamento fitoteraacutepico

Parte utilizada Folhas

Nomenclatura popularEspinheira santa cancerosa cancorosa-de-sete-espinhos cancrosa

espinheira-divina espinho-de-Deus maiteno erva-cancrosa erva-santa

ApresentaccedilotildeesCaacutepsula dura - Extrato seco das folhas de Maytenus ilicifolia 380 mg -

Embalagem com 3 bliacutesters contendo 15 caacutepsulas cada

Via oral

Uso adulto

Composiccedilatildeo

Cada caacutepsula conteacutem

Extrato seco de Maytenus ilicifolia380 mg

Excipiente qsp 1 caacutepsula (amido)

equivalente a 133 mg de taninos totais

Informaccedilotildees ao pacientePara que este medicamento eacute indicado

Espinheira Santa eacute indicada para o tratamento da maacute digestatildeo e como

coadjuvante no tratamento de uacutelcera do estocircmago e duodeno

Como este medicamento funciona

Espinheira Santa atua como regulador das funccedilotildees estomacais e promove a

proteccedilatildeo da mucosa gaacutestrica

Quando natildeo devo usar este medicamentobull O medicamento deve ser evitado por menores de 12 anos de idade devido agrave

falta de estudos disponiacuteveis

bull Lactaccedilatildeo e gravidez visto que pode diminuir a secreccedilatildeo de leite e pode

provocar contraccedilotildees uterinas

bull Hipersensibilidade (alergia) a qualquer um dos componentes da foacutermula ou a

outras plantas da famiacutelia Celastraceae

O que devo saber antes de usar este medicamentoPrecauccedilotildees e advertecircncias

bull De acordo com a categoria de risco de faacutermacos destinados agraves mulheres

graacutevidas este medicamento apresenta categoria de risco C Este medicamento

natildeo deve ser utilizado por mulheres graacutevidas sem orientaccedilatildeo meacutedica ou do

cirurgiatildeo dentista

Interaccedilotildees medicamentosas

bull A administraccedilatildeo concomitante de M ilicifolia com bebidas alcooacutelicas e outros

medicamentos natildeo eacute recomendada pois natildeo existem estudos disponiacuteveis

sobre as interaccedilotildees medicamentosas deste fitoteraacutepico

Informe seu meacutedico ou cirurgiatildeo-dentista se vocecirc estaacute fazendo uso de algum

outro medicamento

Onde como e por quanto tempo posso guardar este medicamentoCuidados de conservaccedilatildeo

Espinheira Santa deve ser conservada em temperatura ambiente (entre 15 e

30ordmC) em sua embalagem original Proteger da luz e da umidade

Prazo de validade24 meses apoacutes a data de fabricaccedilatildeo impressa no cartucho

Nuacutemero de lote e datas de fabricaccedilatildeo e validade vide embalagem

Natildeo use medicamento com o prazo de validade vencido

Guarde-o em sua embalagem original

Caracteriacutesticas fiacutesicasCaacutepsulas gelatinosas duras de cor creme

Caracteriacutesticas organoleacutepticas

Cheiro (odor) caracteriacutestico e praticamente natildeo apresenta sabor

Antes de usar observe o aspecto do medicamento Caso ele esteja no prazo

de validade e vocecirc observe alguma mudanccedila no aspecto consulte o

farmacecircutico para saber se poderaacute utilizaacute-lo

Todo medicamento deve ser mantido fora do alcance das crianccedilas

Como devo usar este medicamentoModo de usar

As caacutepsulas devem ser ingeridas inteiras e com uma quantidade suficiente de

aacutegua para que possam ser deglutidas

Posologia

Ingerir duas caacutepsulas via oral trecircs vezes ao dia de oito em oito horas

Siga corretamente o modo de usar Em caso de duacutevidas sobre este

medicamento procure orientaccedilatildeo do farmacecircutico Natildeo desaparecendo os

sintomas procure orientaccedilatildeo de seu meacutedico ou cirurgiatildeo-dentista

Este medicamento natildeo deve ser partido aberto ou mastigado

O que devo fazer quando eu me esquecer de usar este medicamentoCaso haja esquecimento da ingestatildeo de uma dose deste medicamento

retomar a posologia prescrita sem a necessidade de suplementaccedilatildeo

Em caso de duacutevidas procure orientaccedilatildeo do farmacecircutico ou de seu meacutedico ou

do cirurgiatildeo-dentista

Que males este medicamento pode causarReaccedilotildees adversas

Ateacute o momento natildeo foram relatadas reaccedilotildees adversas graves ou que coloquem

em risco a sauacutede dos pacientes

Raramente podem ocorrer casos de hipersensibilidade Neste caso suspender

o uso e procurar orientaccedilatildeo meacutedica

Informe seu meacutedico cirurgiatildeo-dentista ou farmacecircutico do aparecimento de

reaccedilotildees indesejaacuteveis pelo uso do medicamento

Induacutestria Brasileira

Esta bula foi atualizada conforme Bula Padratildeo aprovada pela Anvisa em

12012011

Farmacecircutica resp Dra (Nome )

CRF-PR nordm XXXX Coacuted XXXXX - 012011

Informe tambeacutem agrave empresa atraveacutes do seu Serviccedilo de

Atendimento ao Consumidor

O que fazer se algueacutem usar uma quantidade maior do que a indicada deste medicamentoPlantas ricas em taninos como a M ilicifolia quando usadas em doses

excessivas podem causar irritaccedilatildeo da mucosa gaacutestrica e intestinal gerando

vocircmitos coacutelicas intestinais e diarreia

Em caso de super dosagem suspender o uso e procurar orientaccedilatildeo meacutedica de

imediato Em caso de uso de grande quantidade deste medicamento procure

rapidamente socorro meacutedico e leve a embalagem ou bula do medicamento se

possiacutevel Siga corretamente o modo de usar natildeo desaparecendo os sintomas

procure orientaccedilatildeo meacutedica

Conclusatildeo

A espinheira-santa (M ilicifolia) eacute um fitoteraacutepico de relevante accedilatildeo terapecircutica

principalmente antiulcerogecircnica dada sua eficaacutecia farmacoloacutegica e seguranccedila

Vale lembrar que por ausecircncia de estudos ela natildeo eacute recomenda para crianccedilas

e natildeo deve ser usada por gestantes pois estudos em camundongos (fecircmeas e

graacutevidas) indicaram um decreacutescimo significativo do nuacutemero de embriotildees aleacutem

de possuir atividade estrogecircnica que pode interferir na receptividade uterina do

embriatildeo Entre suas atividades farmacoloacutegicas destaca-se a atividade

antiulcerogecircnica que pode ser comparada agrave accedilatildeo da ranitidina e da cimetidina

Por ser morfologicamente parecida com as espeacutecies S bonplandii e Z ilicifolia

ela eacute comumente confundida e ateacute mesmo trocada intencionalmente

A utilizaccedilatildeo de maneira errocircnea das espeacutecies botacircnicas que natildeo satildeo a

verdadeira espinheira-santa (M ilicifolia) pode acarretar danos agrave sauacutede dos

pacientes Assim conclui-se que essas espeacutecies conhecidas como

adulterantes podem trazer malefiacutecios pois ainda faltam estudos que

comprovem suas atividades farmacoloacutegicas e principalmente a seguranccedila

terapecircutica Poreacutem natildeo se deve descartar o uso dessas espeacutecies e sim

realizar estudos mais concretos para que essas plantas assim como a

verdadeira espinheira-santa possam auxiliar no tratamento farmacoloacutegico da

populaccedilatildeo

Referecircncias Bibliograacuteficas

Ralph Santos-Oliveira Simone Coulaud-Cunha Waldeciro Colaccedilo

Revisatildeo da Maytenus ilicifolia Mart ex Reissek Celastraceae

Contribuiccedilatildeo ao estudo das propriedades farmacoloacutegicas Rev Bras

Farmacogn Braz J Pharmacogn 19(2B) AbrJun 2009

Wilker Marlon de Moraes Jesus Tarciacutesio Neves da Cunha Estudo das

propriedades farmacoloacutegicas da espinheira-santa (Maytenus ilicifolia

Mart ex Reissek) e de duas espeacutecies adulterantes Revista Sauacutede e

Desenvolvimento vol ndash nordm 1 Jan ndash Jun 2012

MARIOT MP1 BARBIERI RL2 Engenheiro Agrocircnomo Dr prof do

Conjunto Agroteacutecnico ldquoVisconde da GraccedilardquoUniversidade Federal de

Pelotas (mariotufpeltchebr) ndash Av Ildefonso Simotildees Lopes 2791

Pelotas-RS CEP 96060-290 2Bioacuteloga Dr pesquisadora da Embrapa

Clima Temperado (barbiericpactembrapabr) ndash BR 392 km 78 caixa

postal 403 Pelotas-RS CEP 96001-970 (endereccedilo para

correspondecircncia) Metaboacutelitos secundaacuterios e propriedades medicinais da

espinheira-santa (Maytenus ilicifolia Mart ex Reiss e M aquifolium

Mart)

CARLINI EA Braz S Efeito protetor do liofilizado obtido do abafado de

Maytenus Sp (espinheira-santa) contra uacutelcera gaacutestrica experimental em

ratos In Estudo da accedilatildeo antiuacutelcera gaacutestrica de plantas brasileiras

(Maytenus ilicifolia) Espinheira santa e outras Brasiacutelia CEMEAFIP

1988 p21-35MACAUBAS CIP et al Estudo da eventual accedilatildeo

antiuacutelcera gaacutestrica do baacutelsamo (Sedum sp) folha da fortuna

(Bryophyllum calcium) couve (Brassica oleraceae) e da Espinheira

santa (Maytenus ilicifolia) em ratos In Estudo da accedilatildeo antiuacutelcera

gaacutestrica de plantas brasileiras (Maytenus ilicifolia) Espinheira santa e

outras Brasiacutelia CEMEAFIP 1988 p 5-20

Olivia Werner Oliveira Pedro Ros Petrovick Secagem por aspersatildeo

(spray drying) de extratos vegetais bases e aplicaccedilotildees Revista

Brasileira de Farmacognosia Brazilian Journal of Pharmacognosy 20(4)

641-650 AgoSet 2010

Marianne Christina Scheffer Capitulo 17 Produccedilatildeo de espinheira-santa

(Maytenus ilicifolia Mart ex Reiss) na regiatildeo metropolitana de Curitiba

Paranaacute Brasil

Said gonccedilalves da cruz fonsacircca Farmacoteacutecnica de Fitoteraacutepicos2005

Segundo o Censo realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica

IBGE em 2000 a populaccedilatildeo rural era de 15580 pessoas (IPARDES 2001)

Destas cerca de 50 estatildeo envolvidas na produccedilatildeo no processamento e na

comercializaccedilatildeo da espinheira-santa

Haacute vaacuterios tipos de produtores de mateacuteria-prima

(a) coletores tradicionais cuja uacutenica atividade econocircmica eacute a coleta de plantas

medicinais inclusive espinheira-santa

(b) coletores de plantas medicinais que tambeacutem cultivam espeacutecies alimentiacutecias

Neste caso a coleta de plantas medicinais visa agrave complementaccedilatildeo da renda

(c) agricultores que cultivam e coletam plantas medicinais

(d) agricultores natildeo coletores que soacute cultivam plantas medicinais

A coleta eou o cultivo de espinheira-santa eacute de uma estrateacutegia de obtenccedilatildeo de

renda diversificada e natildeo passa em meacutedia de 17 da renda familiar Os

coletores recebem em geral R$040kg de planta fresca (folhas com ramos

finos) Apoacutes secagem satildeo comercializadas por R$250 a 350kg As folhas de

plantas cultivadas podem alcanccedilar entre R$800 e 1200kg (soacute folha seca)

7 Processamento da espinheira-santa

Apoacutes a coleta os ramos com folhas satildeo levados ateacute a propriedade do coletor

onde as folhas satildeo selecionadas e secas ou entregues diretamente ao

comprador A secagem pode ser feita agrave sombra ou em secador com fluxo de ar

aquecido Quando o coletor natildeo dispotildee de secador proacuteprio ele costuma secar

as folhas no secador de algum vizinho que recebe como pagamento parte da

produccedilatildeo Para a secagem satildeo utilizados vaacuterios modelos de secadores O

combustiacutevel utilizado pode ser lenha gaacutes ou serragem Alguns secadores

contam com controle de temperatura Dependendo das especificaccedilotildees feitas

pelo comprador depois de secas as folhas satildeo separadas dos ramos e

rasuradas Depois o produto eacute embalado em sacos de malha de juta ou de

polipropileno com ou sem revestimento de papel Depois eacute armazenado ou

enviado diretamente para o mercado (comercializado) A venda pode ser feita

para atacadistas laboratoacuterios de fitoteraacutepicos ou induacutestrias alimentiacutecias Nas

induacutestrias o material eacute submetida a uma nova seleccedilatildeo de acordo com o

controle de qualidade da empresa Geralmente verifica-se a contaminaccedilatildeo

microbioloacutegica e macroscoacutepica No caso dos laboratoacuterios de fitoteraacutepicos

tambeacutem satildeo analisados os constituintes quiacutemicos

Nas induacutestrias de alimentos as folhas rasuradas sofrem nova fragmentaccedilatildeo e

satildeo envasadas em embalagens de 10 a 30 g eou na forma de saches teabag

e embaladas em caixas de papelatildeo sendo comercializadas de forma

semelhante a outros chaacutes Ao chegar ao consumidor final na forma de folhas

rasuradas e embaladas o preccedilo varia entre R$3000 a 5000kg em

embalagens de 05 a 1 kg e entre R$8000 a R$10000Kg em embalagens de

10 a 30 g

Nos laboratoacuterios de fitoteraacutepicos as formas de apresentaccedilatildeo da espinheira-

santas satildeo (a) em saches ou a granel misturadas a ervas para problemas

digestivos numa composiccedilatildeo preacute-definida (b) em caacutepsulas gelatinosas

contendo 350 a 400 mg de folhas moiacutedas (c) em tintura de espinheira-santa

para cuja obtenccedilatildeo as folhas satildeo submetidas agrave extraccedilatildeo geralmente

hidroalcooacutelica (d) em comprimidos para o que se utiliza o extrato seco das

folhas

8 Mercado e comercializaccedilatildeo

Geralmente a venda eacute feita pelo proprietaacuterio do secador em grandes

quantidades para intermediaacuterios laboratoacuterios de fitoteraacutepicos ou induacutestrias

alimentiacutecias (Figura 3) Alguns produtores para agregar valor fazem

embalagens com pequenas quantidades (10 a 30 g) que comercializam em

feiras e mercados como alimento Esta forma de comercializaccedilatildeo eacute feita por

produtores que tecircm faacutecil acesso a um mercado consumidor significativo como

Figura 3 Fluxograma de produccedilatildeo e comercializaccedilatildeo de espinheira-santa (Maytenus ilicifolia)

por exemplo supermercados farmaacutecias ou feiras Entretanto haacute muitas

exigecircncias impostas pela legislaccedilatildeo de vigilacircncia sanitaacuteria para

comercializaccedilatildeo diretamente ao consumidor final Os atacadistas situados em

sua grande maioria no estado de Satildeo Paulo adquirem o produto no Paranaacute e

distribuem para as demais regiotildees do Brasil e tambeacutem para o exterior Eacute

comum que empresas do Paranaacute adquiram folhas de espinheira-santa

originaacuterias do proacuteprio Estado dos atacadistas de Satildeo Paulo Isto reflete a

falta de organizaccedilatildeo dos produtores que natildeo conseguiram ainda divulgar a

regiatildeo como centro produtor de plantas medicinais

As induacutestrias alimentiacutecias apoacutes embalar o produto revendem-no para os

supermercados Os laboratoacuterios de fitoteraacutepicos apoacutes fabricar o medicamento

normalmente realizam a comercializaccedilatildeo por meio de distribuidores de

produtos farmacecircuticos ou diretamente para grandes redes de farmaacutecias que

realizam a distribuiccedilatildeo internamente

9 Poliacuteticas relacionadas com a exploraccedilatildeo e comercializaccedilatildeo

A produccedilatildeo e comercializaccedilatildeo da espinheira-santa estaacute sujeita agrave legislaccedilatildeo

ambiental e agrave de vigilacircncia sanitaacuteria A primeira estabelece as normas para

registro de pessoas fiacutesicas ou juriacutedicas que consomem exploram ou

comercializam mateacuteria-prima florestal inclusive produtos florestais natildeo

madeireiros (Brasil 1985 Brasil 1995 Brasil 2000) Os coletores sabem que

devem obter registro de coletor e comerciante de plantas nativas junto aos

oacutergatildeos de fiscalizaccedilatildeo ambiental estadual e federal (respectivamente Instituto

Ambiental do Paranaacute IAP e Instituto Brasileiro de Meio Ambiente IBAMA) A

legislaccedilatildeo prevecirc ainda que ao realizar a coleta de uma planta os coletores e

produtores devem ter uma autorizaccedilatildeo fornecida com base num plano de

manejo Este plano deve apresentar as teacutecnicas e estrateacutegias que seratildeo

adotadas para garantir a sustentabilidade da exploraccedilatildeo

Na delegacia do IBAMA do Paranaacute haacute somente dois coletores de plantas

medicinais registrados poreacutem eles natildeo apresentam regularmente pedidos de

autorizaccedilatildeo de coleta acompanhados dos respectivos planos de manejo No

periacuteodo em que efetuamos esta pesquisa o oacutergatildeo estadual ainda natildeo havia

definido as normas que devem ser seguidas pelos interessados na obtenccedilatildeo

das autorizaccedilotildees de coleta de plantas

Uma das razotildees eacute que natildeo se dispotildee ainda de todas as informaccedilotildees teacutecnicas

necessaacuterias para a elaboraccedilatildeo do plano Apesar de oacutergatildeos de pesquisa e de

extensatildeo e das universidades estarem realizando estudos com o objetivo de

estabelecer os criteacuterios teacutecnicos natildeo existia ateacute 2002 nenhum plano de

manejo efetivamente implantado

Outro problema eacute a falta de integraccedilatildeo na atuaccedilatildeo dos oacutergatildeos de fiscalizaccedilatildeo

federal estadual e municipal o que torna a regularizaccedilatildeo junto a estes oacutergatildeos

muito complexa e cara para os produtores

Para que o produtor possa comercializar seu produto no varejo ele deve

atender agraves exigecircncias da legislaccedilatildeo sanitaacuteria que estatildeo muito acima da

capacidade econocircmica da maioria dos coletores e agricultores O produto

deve ainda estar dento dos limites estabelecidos de contaminaccedilatildeo por

microorganismos Quando o produto eacute apresentado como fitoteraacutepico as

exigecircncias aumentam ainda mais envolvendo seu registro com comprovaccedilatildeo

dos constituintes quiacutemicos marcadores e da atividade farmacoloacutegica e a

padronizaccedilatildeo do produto Ateacute mesmo os laboratoacuterios tecircm dificuldade em

atender as exigecircncias da legislaccedilatildeo atual Natildeo obstante o produto chega ao

mercado nas mais variadas formas envasado em sachecircs em caacutepsulas como

tintura misturado a ervas para problemas gaacutestricos entre outras

10 Influecircncia do ambiente na produccedilatildeo de compostos bioativos e perspectivas para o melhoramento geneacutetico de espinheira-santa

A influecircncia do ambiente na produccedilatildeo de polifenoacuteis totais polifenoacuteis natildeo

tanantes e taninos em M ilicifolia foram estudados por Radomski (1998) tendo

sido observado que a luminosidade eacute o principal fator que influencia na

produccedilatildeo destes compostos Plantas que se encontram em pleno sol

apresentam maior concentraccedilatildeo destas substacircncias As correlaccedilotildees entre

luminosidade e polifenoacuteis totais (083) polifenoacuteis natildeo tanantes (092) e taninos

(078) foram altas e significativas

Foram observadas diferenccedilas na morfologia foliar e na concentraccedilatildeo de taninos

em folhas de M ilicifolia de diferentes procedecircncias no Rio Grande do Sul

(Bernardi amp Wasicki 1959) Folhas de plantas desenvolvidas a pleno sol eram

menores com espinhos nas margens em nuacutemero reduzido e apresentavam

maior concentraccedilatildeo de taninos Em plantas de espinheira-santa desenvolvidas

em ambiente com alta luminosidade Radomski (1998) observou que as folhas

das plantas eram mais amareladas mais espessas e com espinhos mais

pronunciados caracterizando formas tiacutepicas de adaptaccedilatildeo de plantas de

sombra expostas agrave luz solar total A autora avaliou a aacuterea foliar o peso de

folhas e o peso especiacutefico de folhas em ambientes com diferentes intensidades

luminosas A aacuterea foliar foi menor e o peso especiacutefico das folhas foi maior nas

plantas desenvolvidas a pleno sol quando comparadas agraves dos outros

ambientes com menor luminosidade O peso especiacutefico de folhas apresentou

altas correlaccedilotildees para concentraccedilatildeo de polifenoacuteis totais (087) polifenoacuteis natildeo

tanantes (082) e taninos (083) Estes compostos contribuem para o

incremento da biomassa foliar Radomski et al (2004) relata a grande

influecircncia do ambiente sobre a composiccedilatildeo fitoquiacutemica da espinheira-santa

como concentraccedilotildees diferenciadas de taninos e polifenoacuteis totais em plantas

coletadas em ambientes diferentes

A autora destaca tambeacutem que os ramos de M ilicifolia podem contribuir com

uma parcela significativa na produccedilatildeo de compostos fitoteraacutepicos como

taninos e polifenoacuteis totais

Em trabalho envolvendo a anaacutelise fitoquiacutemica em populaccedilotildees de M ilicifolia do

Mato Grosso do Sul Paranaacute Santa Catarina e Rio Grande do Sul Mossi

(2003) observou uma grande variabilidade ndash que foi maior dentro das

populaccedilotildees ndash para concentraccedilatildeo dos metaboacutelitos secundaacuterios limoneno geranil

acetato aacutecido palmiacutetico fitol esqualeno vitamina E stigmasterol friedelan-3-

ol friedelin friedelan-3-one Atraveacutes de anaacutelise de agrupamentos (UPGMA) o

autor natildeo identificou uma relaccedilatildeo entre os grupos formados e as caracteriacutesticas

ambientais dos locais de coleta o que pode indicar uma maior influecircncia das

variaacuteveis locais como microclima insolaccedilatildeo condiccedilotildees nutricionais do solo

idade da planta entre outros sobre a concentraccedilatildeo dos compostos analisados

do que as condiccedilotildees macro ambientais

Foram observadas por Buffa Filho et al(2002) diferenccedilas nas concentraccedilotildees

de triterpenos entre plantas com morfologia de folha diferentes sendo que os

compostos 22 hidroximaitenina e celastrol foram encontrados em plantas de

dois tipos morfoloacutegicos

O melhoramento geneacutetico em plantas medicinais visa produzir variedades que

possuam alto rendimento de substacircncias desejadas e que as mantenham em

niacuteveis conhecidos para padronizar a dosagem quando da aplicaccedilatildeo

farmacoloacutegica (Oliveira et al 2003) Eacute importante o aumento da massa seca

eou fresca ou ainda o aumento do teor de princiacutepios ativos em determinado

oacutergatildeo vegetal de modo que estas caracteriacutesticas sejam mantidas nas geraccedilotildees

seguintes O produto do melhoramento de plantas medicinais eacute o princiacutepio ativo

ou o fitocomplexo Outros objetivos satildeo resistecircncia a pragas e doenccedilas e

toleracircncia a condiccedilotildees adversas de ambiente

Como o ambiente tem grande influecircncia na produccedilatildeo de metaboacutelitos

secundaacuterios a interaccedilatildeo genoacutetipo x ambiente eacute um fator importante para ser

analisado no melhoramento de plantas medicinais A possibilidade do melhor

genoacutetipo em um ambiente natildeo o ser em outro influencia o ganho de seleccedilatildeo e

dificulta a recomendaccedilatildeo de cultivares com ampla adaptabilidade (Cruz amp

Regazzi 2001) O conhecimento da herdabilidade dos caracteres de interesse

tambeacutem eacute fundamental para que a seleccedilatildeo seja aplicada com sucesso de

forma que o valor fenotiacutepico de um caraacuteter possa servir como guia para o valor

geneacutetico (aditividade) (Carvalho et al 2001)

Em teste de progecircnies realizado com espinheira-santa Mariot (2005)

identificou uma alta herdabilidade para todos os caracteres (velocidade de

emergecircncia estatura de planta diacircmetro agrave base do caule taxa de crescimento

tamanho de folha e nuacutemero de espinhosfolha) o que evidencia o forte controle

do fator geneacutetico sobre o fenoacutetipo O autor observou ainda altos valores para os

coeficientes de variaccedilatildeo geneacuteticos (CVG) que aliado aos baixos valores para

os coeficientes de variaccedilatildeo devido ao erro experimental (CVE) proporcionaram

iacutendices maiores que 10 para o quociente (relaccedilatildeo CVGVE) em todas as

variaacuteveis analisadas o que eacute um bom indicador para seleccedilatildeo em programas de

melhoramento Este resultado eacute importante para a seleccedilatildeo com base em

caracteres relacionados com o crescimento pois a espinheira-santa eacute

considerada de crescimento lento O tamanho de folha em espinheira-santa

caso apresente relaccedilatildeo com o aumento da biomassa e maior concentraccedilatildeo de

metaboacutelitos secundaacuterios que tenham accedilatildeo farmacoloacutegica pode ser um caraacuteter

importante de se considerar na seleccedilatildeo em programas de melhoramento Os

altos iacutendices dos paracircmetros geneacuteticos evidenciados em trabalho desenvolvido

por Mariot (2005) mostram a eficiecircncia na seleccedilatildeo para estes caracteres

Considerando a necessidade de uniformidade nos teores de princiacutepios ativos

exigidos pelas induacutestrias farmacecircuticas e o fato da espinheira santa ser de

fecundaccedilatildeo cruzada os programas de melhoramento desta espeacutecie que vise

atender estas exigecircncias deve utilizar a propagaccedilatildeo vegetativa

Estudos relacionados agrave cultura de tecidos de M ilicifolia e M aquifolium

tornam-se portanto fundamentais Na aacuterea de biotecnologia foi citado por

Corsino et al (1998a) o uso de Agrobacterium como vetor para aumentar a

produccedilatildeo de triterpenos em programa de melhoramento geneacutetico de espinheira

santa

O conhecimento da associaccedilatildeo entre caracteres eacute de grande importacircncia nos

trabalhos de melhoramento principalmente se a seleccedilatildeo em um deles

apresenta dificuldades em razatildeo da baixa herdabilidade eou tenha problemas

de mediccedilatildeo e identificaccedilatildeo (Cruz amp Regazzi 2001) Para tanto o melhorista

pode estimar as correlaccedilotildees fenotiacutepicas e genotiacutepicas o que pode contribuir no

processo de seleccedilatildeo No caso das espeacutecies medicinais esta ferramenta eacute

muito importante devido ao alto custo das anaacutelises para determinar e

quantificar metaboacutelitos secundaacuterios com potencial farmacoloacutegico como as que

envolvem cromatografia Em espinheira-santa a morfologia foliar estaacute

relacionada com os tipos e a concentraccedilatildeo de triterpenos (Buffa Filho et al

2002) portanto se for identificada correlaccedilatildeo entre estes caracteres a seleccedilatildeo

indireta atraveacutes da morfologia foliar pode vir a ser uma boa estrateacutegia de

seleccedilatildeo

11 Etapas do processo de secagem por aspersatildeoO processo de secagem por aspersatildeo consiste de trecircs etapas fundamentais

Na primeira fase o fluiacutedo eacute disperso como gotiacuteculas produzindo uma grande

aacuterea superficial Na segunda ocorre contato destas com uma corrente de ar

aquecido havendo transferecircncia de calor

Na terceira etapa acontece a evaporaccedilatildeo do solvente e a formaccedilatildeo da partiacutecula soacutelida

121 Ilustraccedilatildeo da Planta Espinheira- Santa

Com a transferecircncia de calor do ar aquecido agraves gotiacuteculas o liacutequido da

superfiacutecie evapora-se rapidamente As partiacuteculas solidificadas geralmente

apresentam o mesmo tamanho e forma da gotiacutecula que as originou Na uacuteltima

etapa o produto de secagem eacute transportado por uma corrente de ar sendo

posteriormente coletado (Broadhead et al 1992 Shaw 1997 Rankell et al

2001) A evaporaccedilatildeo superficial da gotiacutecula conduz agrave formaccedilatildeo de uma

camada de material seco externa Atraveacutes desta camada o liacutequido situado no

interior da gotiacutecula propaga-se para o exterior Dependendo da elasticidade e

da permeabilidade da crosta seratildeo produzidos distintos materiais secos como

esferas intactas com superfiacutecie imperfeita ou fragmentada soacutelidas ou ocas

(Rankell et al 2001) A Figura 2 apresenta foto micrografias de dois extratos

diferentes de Maytenus ilicifolia secos por spray drying com disco giratoacuterio em

torre de secagem por aspersatildeo Os extratos foram produzidos da mesma

maneira utilizando temperatura de entrada de 180 degC velocidade do aspersor

de 9500 rpm e 30 de Aerosil (Oliveira 2008)

12 Fatores que influenciam o processoUm das respostas mais relevantes afetada pelas condiccedilotildees de operaccedilatildeo do

processo eacute a qualidade do produto resultante As variaacuteveis devem ser

controladas visando agrave obtenccedilatildeo de rendimento e de teor de umidade

adequados estabilidade quiacutemica minimizaccedilatildeo da aderecircncia de partiacuteculas na

cacircmara de secagem (sticking) e caracteriacutesticas tecnoloacutegicas especiacuteficas As

propriedades do produto satildeo normalmente determinadas pelos fatores

relacionados agraves caracteriacutesticas do material de entrada e do processamento

isto eacute paracircmetros de operaccedilatildeo e equipamento (Quadro 1)

131 Influecircncia do material de entradaEntre os fatores relacionados agraves caracteriacutesticas do material de entrada o uso

de adjuvantes na teacutecnica de secagem por aspersatildeo eacute uma praacutetica muito

comum Satildeo utilizados como adjuvantes neste processo amido ciclodextrinas

dioacutexido de siliacutecio coloidal fosfato tricaacutelcico gelatina goma araacutebica lactose

maltodextrina entre outros (Vasconcelos et al 2005 Silva Juacutenior et al 2006)

Para a secagem de extratos derivados de plantas a seleccedilatildeo e o uso adequado

de adjuvantes no processo de spray drying eacute uma fase de fundamental

importacircncia visto que determina a estabilidade e a qualidade dos mesmos

podendo inclusive afetar as caracteriacutesticas de biodisponibilidade

13 Atividades farmacoloacutegicas da espinheira-santa A espinheira-santa (M ilicifolia) eacute uma planta que possui atividades

farmacoloacutegicas comprovadas entre elas a atividade antiulcerogecircnica Essas

atividades estatildeo ligadas a substacircncias quiacutemicas que satildeo os polifenoacuteis

(flavonoides e taninos) e os triterpenos Haacute fatores como a composiccedilatildeo quiacutemica

do solo onde essa planta estaacute sendo cultivado o local de plantio a teacutecnica de

colheita a secagem da planta e o processamento poacutes-colheita que influenciam

diretamente nos teores de princiacutepio ativo da planta podendo assim gerar

variaccedilotildees das atividades farmacoloacutegicas (NEGRI 2007)

141 Atividade gaacutestricaDe acordo com alguns estudos (Carlini amp Frochtengerten 1988 Ming et al

1998 Coulaud- Cunha et al 2004 Carvalho et al 2008) a M ilicifolia

apresenta accedilatildeo contra uacutelcera peacuteptica e gastrite Coulaud- Cunha et al (2004)

relatam que a accedilatildeo da M ilicifolia na uacutelcera peacuteptica e gastrite envolve mais de

um mecanismo de accedilatildeo ainda natildeo conclusivamente elucidados e natildeo se deve

somente a um principio ativo especifico mas a diferentes fitocomplexos Foi

demonstrado por Pereira et al (1993) e por Ming et al (1998) que tanto os

taninos principalmente a epigalocatequina quanto os oacuteleos essenciais em

especial o fridenelol satildeo responsaacuteveis por parte dos efeitos gastroprotetores

Carlini amp Frochtengarten (1988) por sua vez em estudos realizados com o

abafado da M ilicifolia relatam que quanto maior o tempo do tratamento maior

seraacute a gastroproteccedilatildeo sem entretanto haver alteraccedilotildees no pH Tal observaccedilatildeo

pode ser confirmada por Ferreira et al (2004) que em estudos com extrato

aquoso liofilizado das folhas de M ilicifolia em sapos comprovou que esse

possui efeito inibitoacuterio sobre os mediadores H2 da histamina nas ceacutelulas

parietais esses segundo Gilman (1989) quando estimulados causam a

ativaccedilatildeo da adenililciclase iniciando uma seacuterie de alteraccedilotildees morfoloacutegicas e

bioquiacutemicas complexas que leva ao aumento da secreccedilatildeo gaacutestrica

funcionando como um antagonista H2 aleacutem de inibir o efeito da gastrina Foi

demonstrado ainda que tanto a epigalocatequina (tanino) quanto o fridenelol

(oacuteleo essencial) satildeo responsaacuteveis por parte do efeito protetor da mucosa

gaacutestrica (Pereira et al 1993 Ming et al 1998)

142 Atividade antiulcerogecircnicaSegundo Sousa-Formigoni et al (1991) foi comprovada a atividade

antiulcerogecircnica da espinheira-santa (M ilicifolia) por experimentos feitos em

ratos nos quais os animais foram induzidos a terem uacutelceras gaacutestricas por meio

de indometacina e por estresse quando estes foram submetidos a baixas

temperaturas e por serem imobilizados Apoacutes a aplicaccedilatildeo de um extrato

liofilizado de espinheira-santa houve uma reduccedilatildeo do nuacutemero de uacutelceras e um

aumento do volume e pH da secreccedilatildeo gaacutestrica

Em estudos de mecanismos celulares e moleculares da accedilatildeo de produtos

naturais com o isolamento de substacircncias bioativas da M ilicifolia

responsaacuteveis pela accedilatildeo antissecretora aacutecida gaacutestrica os resultados obtidos

confirmam essas accedilotildees Foram utilizados nesses experimentos extratos

aquosos das partes aeacutereas da planta e os princiacutepios ativos tecircm funccedilatildeo de

inibidores da bomba de proacutetons etapa final comum das vias reguladoras da

secreccedilatildeo aacutecida gaacutestrica (BOSSOLANI 2000)

143 Atividade antimicrobianaEstudos pioneiros como o de Lima et al (1969) jaacute demonstravam que a

maitenina exibe forte atividade antimicrobiana contra vaacuterias bacteacuterias Gram

positivas Tais efeitos foram corroborados com a demonstraccedilatildeo que os extratos

das folhas e raiacutezes tecircm efeito antimicrobiano para vaacuterios patoacutegenos dentre

eles Staphylococcus aureus e Streptococcus sp

144 Atividade sobre o Sistema Nervoso CentralSegundo Alonso (1998) o extrato de M ilicifolia possui atividade sedativa que

potencializa (efeito sineacutergico) o sono por barbituacutericos em camundongos

145 Atividades abortiva e sobre a espermatogecircnese

De acordo com Montanari et al (1998) o extrato etanoacutelico de M Ilicifolia

quando administrado em altas doses em camundongos suiacuteccedilos apesar de

causar leves alteraccedilotildees como ceacutelulas germinativas imaturas esfoliadas mortes

celulares ocasionais aumento de gotiacuteculas lipiacutedicas em ceacutelulas de Sertoli e

inchamento de acrossomas entre outras natildeo foi suficiente para acarretar

danos agrave espermatogecircnese

Jaacute em testes realizados em camundongos (fecircmeas e graacutevidas) administrando-

se oralmente extrato hidroalcooacutelico (70) de folhas de espinheira-santa (M

ilicifolia) observou-se um decreacutescimo significativo do nuacutemero de embriotildees

indicando uma perda embrionaacuteria antes do periacuteodo de implantaccedilatildeo Poreacutem

natildeo houve maacute-formaccedilatildeo ou mortes fetais depois do periacuteodo de implantaccedilatildeo

Esse extrato possui atividade estrogecircnica que pode interferir na receptividade

uterina ao embriatildeo (MONTANARI BEVILAQUA 2002)

146 Atividades antimutagecircnica e anticanceriacutegenaConforme Horn e Vargas (2003) o extrato aquoso de M ilicifolia foi eficaz em

aproximadamente 75 das doses testadas exibindo boas respostas

antimutagecircnicas ou um decreacutescimo sugestivo Em estudos realizados por

Queiroga et al (2007) foi avaliada a fraccedilatildeo ativa antiulcerogecircnica da M

ilicifolia na atividade anticanceriacutegena apresentando resultados citostaacuteticos

satisfatoacuterios De acordo com Itokawa et al (1993) o composto pristimerina foi o

mais eficiente na accedilatildeo citotoacutexica podendo ser uacutetil no tratamento de tumores

147 Atividade antioxidante e otoprotetoraDe acordo com Mattei e Carlini (1998) um extrato aquoso liofilizado de

espinheira-santa (M ilicifolia) foi testado in vitro em homogenato de ceacuterebro de

ratos e exerceu uma importante atividade antioxidante inibindo o processo de

lipoperoxidaccedilatildeo

Usando-se extrato etanoacutelico de M ilicifolia foi confirmado que a casca da raiz

tem um poder antioxidante pelo fato de possuir em sua base compostos com a

capacidade sequestradora de radicais livres (VELLOSA et al 2006)

Conforme Santos et al (2010) foram comprovadas propriedades antioxidantes

dos extratos brutos e de componentes individuais de M Ilicifolia por possiacuteveis

associaccedilotildees sineacutergicas de substacircncias fenoacutelicas e triterpenos

quinonametiacutedeos comparados agrave rutina como composto fenoacutelico modelo

De acordo Kasse et al (2008) foi realizado um estudo com ratos (fecircmeas) em

que esses animais foram submetidos agrave substacircncia cisplatina e posteriormente

tratados com extrato de M ilicifolia para avaliar a atividade otoprotetora da

planta Foram realizados e avaliados os exames de emissotildees otoacuacutesticas por

produtos de distorccedilatildeo por potencial de tronco encefaacutelico antes e depois de

administraccedilatildeo de cisplatina e por fim por microscopia eletrocircnica de varredura

Os resultados mostraram que apesar de apresentar atividades antioxidantes a

M ilicifolia foi incapaz de bloquear o efeito citotoacutexico do composto quiacutemico

administrado nas cobaias

Segundo Negri et al (2009) a atividade antioxidante do extrato etanoacutelico de M

ilicifolia estaacute intimamente ligada agrave sua temperatura de secagem Testes

realizados para avaliaccedilatildeo do poder antioxidante os quais foram os meacutetodos de

formaccedilatildeo de complexo com fosfomolibdecircnio e atividade antioxidante em

relaccedilatildeo agrave reduccedilatildeo de um radical utilizando-se o DPPH (22-difenil-1-

picnilhidrazila) em que foram levadas em consideraccedilatildeo diferentes

temperaturas usualmente utilizadas para secagem (40 50 60 70 e 80˚C)

demostraram melhor atividade antioxidante na temperatura de 40˚C e

gradativamente quanto maior a temperatura realizada nos testes menor o

poder antioxidante Por fim o estudo mostrou a importacircncia do controle de

temperatura para a melhor efetividade nesse quesito da planta

Em estudos de Pessuto et al (2009) foram avaliados extratos e compostos

isolados de M Ilicifolia em relaccedilatildeo agrave capacidade antioxidante Os extratos

brutos e semipurificados foram estudados por meio de ensaios de

fosfomolibdecircnio (complexo) e de DPPH (22-difenil-1-picnilhidrazila) nos quais

os resultados mostraram que a fraccedilatildeo com acetato de etila teve melhor

capacidade antioxidante em relaccedilatildeo ao extrato bruto e fraccedilatildeo aquosa

possivelmente por conter maior nuacutemero de hidroxilas fenoacutelicas (pela

capacidade de sequestro dos radicais livres) e tambeacutem em relaccedilatildeo agraves

substacircncias trolox e vitamina C

148 Atividades antinociceptiva e anti-inflamatoacuteria De acordo com Nakamura et al (1994) o extrato etanoacutelico de folhas de M

ilicifolia conteacutem uma fraccedilatildeo de quercetina-3-O-glicosiacutedeo e essa substacircncia

quiacutemica foi avaliada pelo teste de aacutecido aceacutetico e formalina em ratos obtendo-

se resultados satisfatoacuterios para atividades analgeacutesicas e anti-inflamatoacuterias

Por meio de testes realizados em camundongos e ratos foi provocado um

edema nas patas desses animais por meio de injeccedilatildeo de 002 ml de

formaldeiacutedo (soluccedilatildeo a 092) utilizando-se como controle soluccedilatildeo salino

Apoacutes 120 minutos foi aplicado extrato hexacircnico e acetato de etila das folhas

(M ilicifolia) administrados por via oral nas doses de 80 160 320 e 340 mgkg

Os animais foram sacrificados apoacutes 4 horas Em um segundo ensaio foi

administrada por injeccedilatildeo soluccedilatildeo de carragenina a 1 e os extratos da planta

foram dados por via oral nas doses de 80 160 320 e 340 mgkg Os resultados

obtidos mostraram uma atividade antinociceptiva para os dois extratos

principalmente nas doses de 320 e 340 mgkg sendo esse teste importante

para uma alternativa cliacutenica na terapecircutica anti-inflamatoacuteria e antiulcerogecircnica

(JORGE et al 2004)

14 Toxicidade efeitos adversos e contraindicaccedilatildeo da espinheira-santa

Foi realizado um estudo toxicoloacutegico com 24 voluntaacuterios sendo 12 homens e

12 mulheres de 20 a 40 anos de idade selecionados previamente por meio de

avaliaccedilatildeo cliacutenica exames hematoloacutegicos e bioquiacutemicos e avaliaccedilatildeo

psicomotora com o objetivo de estabelecer um intervalo maacuteximo de seguranccedila

no uso de M ilicifolia As doses foram administradas de maneira crescente e

natildeo houve um grupo controle pois os exames iniciais foram considerados

como valores basais para efeito comparativo A dose inicial foi fixada em 100

mg por adulto sendo administradas doses subsequentes de 200 500 1000

1500 e 2000 mg com intervalos de uma semana para cada dose A anaacutelise dos

resultados revelou que natildeo houve efeitos significativos nos valores dos

principais paracircmetros hematoloacutegicos e bioquiacutemicos e tambeacutem natildeo foram

observadas alteraccedilotildees nas funccedilotildees hepaacuteticas pancreaacuteticas e renais

Hormocircnios lipiacutedeos glicose soacutedio potaacutessio caacutelcio e foacutesforo tambeacutem

mantiveram valores considerados normais (TABACH et al 2002)

Em relaccedilatildeo aos efeitos adversos a M ilicifolia natildeo possui algum que justifica a

interrupccedilatildeo do tratamento Entre os mais comuns destacam-se cefaleia

sonolecircncia boca seca naacuteuseas dor articular nas matildeos gosto estranho na

boca tremor nas matildeos cistite e poliuacuteria (TABACH et al 2002) Poreacutem

segundo Amaral et al (2005) natildeo eacute recomendado o uso pediaacutetrico pela

ausecircncia de testes Ensaios realizados em ratos mostraram perda embrionaacuteria

antes do periacuteodo de implantaccedilatildeo portanto essa planta natildeo eacute recomendada em

casos de gravidez (MONTANARI BIVILACQUA 2002)

De acordo com estudos realizados em camundongos o abafado de M ilicifolia

foi administrado nesses animais em doses ateacute 360 vezes maiores que a

utilizada pelo homem durante um periacuteodo de dois a trecircs meses Como

resultados natildeo houve mudanccedilas no peso comportamento temperatura

paracircmetros bioquiacutemicos e hematoloacutegicos desses animais (OLIVEIRA CARLINI

1988)

15 FarmacocineacuteticaO modelo da farmacocineacutetica da espinheira-santa eacute estudado por meio de seus

taninos natildeo condensados Epigalocatequina marcada foi administrada por via

oral sendo os picos plasmaacuteticos observados 60 min apoacutes a ingestatildeo Apoacutes

uma dose de 500 mgkg foram detectadas concentraccedilotildees tissulares de 123

mmol no plasma 484 mmol no fiacutegado e 565 mmol no intestino delgado

(Nakagawa amp Miyazawa 1997) Depois da administraccedilatildeo oral de

epigalocatequina-3-galato marcada com triacutetio a ratos cerca de 6 da dose eacute

eliminada na urina e 24 nas fezes nas primeiras 24 horas Uma segunda

dose dada duas horas apoacutes a primeira eleva em cerca de 4 a 6 vezes a

concentraccedilatildeo no plasma e em alguns tecidos Esses dados sugerem uma

meia-vida longa e eliminaccedilatildeo lenta da epigalocatequina-3-galato No final das

24 horas os animais foram sacrificados e essa substacircncia pocircde ser encontrada

no rim ceacuterebro fiacutegado pacircncreas intestino e ossos (Suganuma et al 1998)

Num outro estudo foi avaliada a afinidade da epigalocatequina-3-galato agraves

proteiacutenas do soro Apoacutes uma dose oral a ratos mais de 50 da

epigalocatequina-3-galato absorvida ligou-se agrave proteiacutena do plasma

especialmente a fibronectina o fibrinogecircnio e a HRGP( Histidin Rich

Glicoprotein) proteiacutena plasmaacutetica com 74 kdaltons cuja funccedilatildeo ainda eacute pouco

conhecida (Sazuka et al 1996)

16 PreparaccedilatildeoTendo sido reconhecida a espeacutecie com que se vai trabalhar torna-se

necessaacuterio que se disponha desta espeacutecie em quantidade suficiente para

atender a demanda relacionada a produccedilatildeo do fitoteraacutepico replicaccedilatildeo da

espeacutecie e respectivo controle de qualidade Par a atingir este objetivo a

espeacutecie deve ser cultivada na extensatildeo adequada ao fim que se propotildee tendo-

se aleacutem dos cuidados inerentes ao cultivo de qualquer espeacutecie vegetal a

precauccedilatildeo de nunca utilizar pesticidas ou agrotoacutexicos na aacuterea de cultivo Nos

parece claro que a opccedilatildeo pelo fitoteraacutepico deve vir acompanhada do desejo de

seguranccedila o que natildeo seria conseguido se fossem deixados resiacuteduos de

agrotoacutexicos ou de pesticidas na espeacutecie que iraacute ser usada como mateacuteria-prima

para a produccedilatildeo de medicamento Veja no item 24 os ensaios que devem ser

efetuados no sentido de identificar e quantificar a presenccedila destes e de outros

contaminantes

Dispondo-se entatildeo da espeacutecie vegetal botanicamente selecionada cultivada

sem o uso de agentes quiacutemicos contaminantes iremos seguir tantos passos

quantos sejam necessaacuterios para preparar a espeacutecie vegetal numa droga capaz

de ser armazenada e processada para resultar num preparado intermediaacuterio uacutetil

na preparaccedilatildeo de fitoteraacutepicos Estes passos podem ser enumerados como

sendo Coleta Monda Estabilizaccedilatildeo Secagem Trituraccedilatildeo e Armazenamento

A execuccedilatildeo e finalidade de cada um se acham descrito a seguir

A Coleta eacute realizada atraveacutes da retirada da parte usada da planta procurando

sempre o material mais saudaacutevel em completo desenvolvimento (a menos que

especificado em (contraacuterio como ocorre com a gema terminal de Psidium

guajava) e com o miacutenimo de contaminantes (poeira poluiccedilatildeo adubo insetos

colocircnia de microrganismos etc) A distribuiccedilatildeo de substacircncias

farmacologicamente ativas nas plantas medicinais natildeo se daacute de maneira

homogecircnea em toda a extensatildeo da planta Portanto eacute de se esperar que

apenas alguma parte de uma dada espeacutecie podem ser utilizadas com finalidade

terapecircutica

Atraveacutes de consulta agraves diversas farmacopeias e tratados sobre plantas

medicinais encontramos descriccedilotildees sobre a parte a ser usada de cada espeacutecie

medicinal Pode-se em alguns casos observar que diferentes partes de uma

mesma planta apresentam propriedades inteiramente diferentes como por

exemplo a Punica granam (romatildezeira) cujas cascas do caule satildeo teniacutefugas e

as cascas dos frutos tecircm propriedades anti-inflamatoacuteria e antibioacutetica Em outros

casos toda a planta pode ser utilizada com a mesma finalidade como a

Phylanthus niruri (quebra-pedra) Torna-se imperioso portanto que antes de

qualquer outra etapa da preparaccedilatildeo de uma forma farmacecircutica fitoteraacutepica se

conheccedila qual ou quais partes da espeacutecie escolhida pode ser utilizada

A coleta deve respeitar para cada espeacutecie o melhor periacuteodo correspondente

agravequele onde a espeacutecie apresenta maior teor em substacircncias ativas Tendo isto

em mente relacionamos a seguir orientaccedilotildees geneacutericas quanto ao periacuteodo de

coleta

Formas farmacecircuticas de fitoteraacutepicosPoacute

Eacute a forma farmacecircutica obtida apoacutes a secagem trituraccedilatildeo e tamisaccedilatildeo da

droga Segundo a sua finalidade devem apresentar a tenuidade adequada

conforme a tabela a seguir Pode ser dispensado para uso na preparaccedilatildeo de

chaacutes ou adicionado agrave alimentaccedilatildeo (leite sucos mel etc) O envase deve cuidar

para que natildeo haja absorccedilatildeo de umidade

Formas soacutelidas

Caacutepsulas

Eacute a forma farmacecircutica obtida pela deposiccedilatildeo ordenada da droga seca

triturada e tamisada em caacutepsulas gelatinosas duras ou pelo encapsulamento

de liacutequidos ou semissoacutelidos de natureza lipofiacutelica em caacutepsulas gelatinosas

moles O invoacutelucro rosa utilizado eacute geralmente de natureza proteica e satildeo

portanto incompatiacuteveis com drogas tacircnicas por exemplo Cuidado especial

deve ser tomado com a umidade temperatura e pressatildeo exercida sobre as

caacutepsulas durante o armazenamento e transporte Estes fatores podem levar a

desidrataccedilatildeo ou hidrataccedilatildeo das caacutepsulas que as tornam quebradiccedilas ou

deformadas e coladas Durante a preparaccedilatildeo das caacutepsulas deve-se cuidar para

que o peso das caacutepsulas obtidas seja o mais uniforme possiacutevel podendo-se

garantir isso pela pesagem da quantidade de poacute necessaacuteria para o enchimento

de um nuacutemero determinado de caacutepsulas

O enchimento das caacutepsulas ocorre na oficina farmacecircutica em tabuleiros

especiais constituiacutedos em acriacutelico PVC ou outro poliacutemero apresentando-se no

modelo mais simples apenas como uma base fixa que se encaixa a uma outra

moacutevel e perfurada que recebe o corpo das caacutepsulas sem as tampas A seguir

se distribui de forma homogecircnea a quantidade estipulada de poacute em todas as

caacutepsulas valendo-se de uma espaacutetula plaacutestica e de um dispositivo especial

para prensar o conteuacutedo no interior das caacutepsulas Finalizado o enchimento as

partes super oires (tampas) das caacutepsulas satildeo recolocadas fechando-as e

determina-se o peso meacutedio das mesmas embalando-as imediatamente

A capacidade das caacutepsulas eacute proporcional agrave densidade do poacute e ao tamanho

das caacutepsulas que eacute padronizado em 08 (oito) diferentes tipos listados a seguir

com as respectivas dimensotildees e capacidades em mililitros

Controle de Qualidade

Todas as etapas utilizadas durante o processamento da droga devem ser

monitoradas atraveacutes de ensaios que possam atestar a qualidade da mateacuteria-

prima dos produtos intermediaacuterios e do produto final acabado O objetivo final

tanto do processamento adequado quanto agrave avaliaccedilatildeo da qualidade eacute a

garantia de que o que estaacute sendo produzido na forma como ocorre o processo

produtivo estaacute conduzindo agrave obtenccedilatildeo de um produto com as caracteriacutesticas

necessaacuterias agrave utilizaccedilatildeo para o tratamento de doenccedilas

Droga

A avaliaccedilatildeo da qualidade da droga utilizada na obtenccedilatildeo de fitoteraacutepicos no

Programa Farmaacutecias-Vivas onde o cultivo das espeacutecies vegetais eacute efetuado

pelo laboratoacuterio fabricante do produto deve ser realizada sob os seguintes

aspectos

- Considerando que a droga a ser utilizada corresponde agrave espeacutecie vegetal

esperada conhece-se suas caracteriacutesticas macromorfoloacutegicas aleacutem das suas

caracteriacutesticas sensoriais constituindo a primeira avaliaccedilatildeo que eacute a identidade

da droga

- Determinaccedilatildeo da umidade da droga fresca que deve ser diferenciada de

perda por dessecaccedilatildeo pois outras substacircncias volaacuteteis aleacutem da aacutegua satildeo

evaporadas Pode ser determinada atraveacutes do ensaio volumeacutetrico de Karl

Fischer ou pelo ensaio gravimeacutetrico submetendo a droga a dessecaccedilatildeo em

temperatura ambiente em dessecador com siacutelica ou aacutecido sulfuacuterico

- Mesmo a droga morfologicamente normal pode natildeo apresentar seus

constituintes ativos na quantidade desejada sendo necessaacuterio que sejam

realizados ensaios de identificaccedilatildeo e quantificaccedilatildeo de ativos ou de marcadores

atraveacutes das mais diversas teacutecnicas gravimeacutetrica volumeacutetrica

espectrofotomeacutetrica cromatograacutefica etc

- Avaliaccedilatildeo da contaminaccedilatildeo microbiana da droga principalmente se a mesma

tiver de ser utilizada sem qualquer processamento posterior As drogas que

seratildeo transformadas em uma forma extrativa em soluccedilatildeo hidro-alcooacutelica pode

ter sua carga microbiana reduzida pelo efeito antisseacuteptico do solvente

Preparado Intermediaacuterio

As formas extrativas satildeo obtidas em condiccedilotildees que nem sempre conseguem

retirar a totalidade das substacircncias ativas soluacuteveis no solvente escolhido devido

a diversos fator ES como o tempo e temperatura de maceraccedilatildeo pH do

solvente distribuiccedilatildeo granulomeacutetrica da droga sua umidade residual teor de

substacircncias ativas e velocidade de percolaccedilatildeo Justifica-se entatildeo a

necessidade da realizaccedilatildeo de ensaios de avaliaccedilatildeo da qualidade das formas

extrativas incluindo avaliaccedilotildees fiacutesico-quiacutemicas como aparecircncia cor odor

solubilidade densidade pH e viscosidade avaliaccedilotildees quiacutemicas como o perfil

cromatograacutefico e dosagem das substacircncias ativas ou marcador e avaliaccedilatildeo

microbioloacutegica da quantidade de microrganismos viaacuteveis

Fitoteraacutepico

Independente da forma farmacecircutica final eacute necessaacuterio que sejam realizadas

avaliaccedilotildees na qualidade do produto final da mesma forma que eacute exigido para

os demais tipos de medicamentos Listamos a seguir os ensaios realizados

para cada forma farmacecircutica lembrando que devem ser acrescentados os

ensaios quiacutemicos e microbioloacutegicos

Prazo de Validade

Considerando a jaacute difiacutecil realizaccedilatildeo da avaliaccedilatildeo da qualidade das drogas

utilizadas na obtenccedilatildeo de fitoteraacutepicos pode-se compreender que o

acompanhamento do processo cineacutetico de degradaccedilatildeo dos constituintes do

medicamento natildeo eacute uma estar efe faacutecil No entanto esta avaliaccedilatildeo pode se dar

em diversos niacuteveis

- Avaliaccedilatildeo da estabilidade fiacutesica

Para cada tipo de forma farmacecircutica satildeo descritas as caracteriacutesticas tiacutepicas

como cor odor limpidez densidade viscosidade pH etc que observadas

para um mesmo lote ao longo do tempo de armazenamento forneceratildeo

informaccedilotildees sobre a integridade fiacutesica da formulaccedilatildeo

- Avaliaccedilatildeo da estabilidade quiacutemica

A utilizaccedilatildeo de recursos laboratoriais desde os mais simples ateacute os mais

sofisticados permitem o acompanhamento qualitativo eou quantitativo dos

princiacutepios ativos contidos no produto fitoteraacutepico Por exemplo atraveacutes do

ensaio limite de taninos por diluiccedilotildees sucessivas e adiccedilatildeo de cloreto feacuterrico

pode-se ter uma medida semi-quantitativa do teor destas substacircncias nas

preparaccedilotildees que o contenham Evoluindo a utilizaccedilatildeo de teacutecnica

cromatograacutefica em camada delgada sobre papel ou siacutelica permite a

determinaccedilatildeo do perfil cromatograacutefico para o produto de modo que possa ser

comparado com o obtido em lotes posteriores ou com o mesmo lote ao longo do

tempo de armazenamento

- Avaliaccedilatildeo da estabilidade microbioloacutegica

A verificaccedilatildeo do niacutevel de contaminaccedilatildeo microbiana numa preparaccedilatildeo

medicamentosa fornece informaccedilotildees sobre o niacutevel de higienizaccedilatildeo empregado

durante o processamento da droga ateacute a obtenccedilatildeo do medicamento A

observaccedilatildeo deste mesmo paracircmetro ao longo do tempo fornece informaccedilotildees

sobre a composiccedilatildeo conservante utilizada no produto e a forma de

armazenamento

Teacutecnicas Gerais

Os ensaios laboratoriais de avaliaccedilatildeo da qualidade da droga compreendem

basicamente

- Observaccedilatildeo macroscoacutepica e microscoacutepica da droga fresca e seca inteira e

triturada comparando com o descrito em farmacopeias ou com modelos

botanicamente certificados

- Determinaccedilatildeo de umidade na droga fresca e naquela seca e triturada

evidenciando a quantidade de aacutegua contida na droga receacutem-coletada na droga

s eca e a efetividade do processo de secagem utilizada

- Identificaccedilatildeo e dosagem de substacircncias ativas ou marcadores realizada na

droga seca e triturada onde atraveacutes do acompanhamento da evoluccedilatildeo ao

longo do tempo e o cruzamento dos dados entre os locais e condiccedilotildees de

cultivo seraacute possiacutevel a determinaccedilatildeo das condiccedilotildees ideais para a manutenccedilatildeo

da qualidade das espeacutecies vegetais

- Determinaccedilatildeo da quantidade de mateacuteria orgacircnica estranha na droga seca

triturada grosseiramente demonstrando se a coleta monda secagem e

trituraccedilatildeo foram realizadas a contento sem o risco de contaminaccedilatildeo com outras

espeacutecies

- Determinaccedilatildeo de resiacuteduos de pesticidas para monitorar a forma de realizaccedilatildeo

do controle de pestes atraveacutes da identificaccedilatildeo e dosagem de pesticidas

- Determinaccedilatildeo da presenccedila de arsecircnio e metais pesados como componentes

que satildeo responsaacuteveis por intoxicaccedilotildees e por incompatibilidades nas

preparaccedilotildees liacutequidas de fitoteraacutepicos

- Determinaccedilatildeo da quantidade de microrganismos viaacuteveis atraveacutes da contagem

em placa a de diluiccedilotildees obtidas a partir do liacutequido de lavagem das drogas

evidenciando o grau de contaminaccedilatildeo e a possiacutevel e indesejaacutevel presenccedila de

microrganismos potencialmente patogecircnicos

Garantia de Qualidade

Na produccedilatildeo de fitoteraacutepicos do mesmo modo como ocorre com qualquer outro

medicamento natildeo pode negligenciar qualquer procedimento que possa conduzir

a diminuiccedilatildeo da qualidade do produto final A qualidade se reflete na

reprodutibilidade da qualidade do produto avaliada em laboratoacuterio e no

acompanhamento da sua eficaacutecia terapecircutica e seguranccedila Isto soacute pode ser

conseguido quando para cada forma farmacecircutica de fitoteraacutepico forem

registradas as operaccedilotildees farmacecircuticas que devem ser seguidas agrave risca suas

medidas de controle e definiccedilatildeo das responsabilidades para cada uma das

etapas do processamento

Apenas como ilustraccedilatildeo tomemos como exemplo a produccedilatildeo da tintura de

Alecrim-pimenta (Lippia sidoides Cham) O iniacutecio da preocupaccedilatildeo com a

qualidade se daacute com a seguranccedila de que a espeacutecie cultivada seja realmente

aquela que se deve coletar e em seguida em coletar a parte que realmente

deve ser utilizada e de plantas com aspecto saudaacutevel de desenvolvimento para

a qual as condiccedilotildees de cultivo tenham se apresentado como satisfatoacuterias A

monda que se segue agrave coleta retirando as partes improacuteprias agrave preparaccedilatildeo do

fitoteraacutepico daacute continuidade ao passo anterior na busca de alcanccedilar a qualidade

desejada O processo de dessecaccedilatildeo ocorrendo agrave sombra e agrave temperatura

ambiente preservando os constituintes quiacutemicos ativos e diminuindo a

influecircncia da umidade da planta sobre a sua qualidade e a da soluccedilatildeo extrativa

a ser obtida faz com que a droga obtida possa ser utilizada como mateacuteria-prima

para a obtenccedilatildeo de medicamento O cuidadoso processo de trituraccedilatildeo sem

elevar a temperatura durante o processo e reduzindo a perda de poacute para o

ambiente tambeacutem representa um processo que deve ser realizado com a

devida atenccedilatildeo Depois disso a droga seca e triturada deve ser armazenada

em condiccedilotildees que preservem sua qualidade pelo tempo necessaacuterio ateacute sua

utilizaccedilatildeo com as devidas inscriccedilotildees que atestem sua fonte data de coleta e de

processamento e respectivos responsaacuteveis

A preparaccedilatildeo da soluccedilatildeo hidro-alcooacutelica que seraacute utilizada no processo extrativo

tambeacutem deve ser realizada com bastante cuidado pois a mateacuteria-prima deve

apresentar a qualidade compatiacutevel com sua utilizaccedilatildeo para a produccedilatildeo de

medicamentos aacutegua purificada e aacutelcool farmacecircutico Deve-se observar a

legislaccedilatildeo atual sobre aacutelcool que exige a desnaturaccedilatildeo do aacutelcool

comercializado em farmaacutecias e supermercados e assim natildeo deve servir como

excipiente farmacecircutico Enfim todos os processos interferem com a qualidade

do produto final a ser obtido e devem ser realizados corretamente e as

operaccedilotildees registradas em documento proacuteprio buscando a rastreabilidade de

cada lote de cada produto

Outra etapa da garantia da qualidade essencial para sua implantaccedilatildeo eacute a

validaccedilatildeo de equipamentos e de processos que busca uma evidecircncia

documentada de que os mesmos cumprem satisfatoriamente sua finalidade

quando utilizados ou realizados corretamente

Estas evidecircncias devem ser conseguidas antes mesmo de se iniciar a utilizaccedilatildeo

das instalaccedilotildees para produccedilatildeo de medicamentos Naqueles jaacute em

funcionamento a validaccedilatildeo pode ser realizada atraveacutes da documentaccedilatildeo da

produccedilatildeo passada ou seja uma validaccedilatildeo retrospectiva

Para a produccedilatildeo de medicamentos em pequena escala que natildeo venha a

caracterizar uma produccedilatildeo industrial deve-se buscar a adequaccedilatildeo das

condiccedilotildees de produccedilatildeo armazenamento e dispensaccedilatildeo do produto atraveacutes da

Resoluccedilatildeo RDC ndeg 33 de abril de 2000 que descreve os criteacuterios de Boas

Praacuteticas de Manipulaccedilatildeo

Para a produccedilatildeo industrial de medicamentos a legislaccedilatildeo que trata das Boas

Praacuteticas de Fabricaccedilatildeo e Garantia de Qualidade eacute a Resoluccedilatildeo RDC ndeg 210 de

04 de agosto de 2003 As especificaccedilotildees legais da legislaccedilatildeo sanitaacuteria

brasileira e de outros paiacuteses para materiais vegetais devem incluir tanto quanto

possiacutevel o seguinte

- Nome botacircnico c om referecircncia aos autores

- Detalhes da fonte da planta (paiacutes ou regiatildeo de origem cultivo eacutepoca da

colheita procedimentos de colheita possiacuteveis pesticidas utilizados etc)

- Descriccedilatildeo do material vegetal inspeccedilatildeo visual macro eou microscoacutepica

- Testes de identificaccedilatildeo apropriados incluindo quando convenientes testes de

identificaccedilatildeo para ingredientes ativos conhecidos ou marcadores

- Ensaios quando convenientes dos constituintes de atividade terapecircutica ou

marcadores

- Meacutetodos apropriados para determinaccedilatildeo de possiacuteveis contaminaccedilotildees por

pesticidas e os limites aceitos

- Testes para metais pesados e contaminantes semelhantes materiais

estranhos e adulterantes

- Testes para radiaccedilatildeo aflatoxinas e contaminaccedilatildeo microbiana

Qualquer tratamento usado para reduzir contaminaccedilotildees focircnicas e microbianas

ou outras infestaccedilotildees devem ser documentadas Instrumentos para tais

procedimentos devem ser acessiacuteveis e devem incluir detalhes dos processos

testes e limites residuais

Para a realidade do programa Farmaacutecias-Vivas onde natildeo satildeo utilizados

pesticidas as plantas satildeo cultivadas no local proacuteximo de onde ocorre a

produccedilatildeo do medicamento ou satildeo de origem na mesma regiatildeo e satildeo

processadas logo apoacutes a coleta satildeo feitas exigecircncias menores que as

estabelecidas para maiores escalas de produccedilatildeo Nem assim devemos deixar

de registrar todas as operaccedilotildees realizadas com a droga desde o seu cultivo ateacute

a dispensaccedilatildeo do produto fitoteraacutepico

Dispensaccedilatildeo

Estivemos sempre discorrendo sobre qualidade do produto a ser obtido desde

o cultivo da espeacutecie correta da coleta da parte usada e o seu processamento

mantendo intactos os princiacutepios ativos Conhecemos os motivos que levam a

toda esta preocupaccedilatildeo com a qualidade a responsabilidade do profissional que

o produz e a eficaacutecia e a seguranccedila necessaacuterias para o paciente que o utiliza

Portanto resta-nos dispensar o fitoteraacutepico para que este apresente estas

caracteriacutesticas trans formando o paciente num parceiro consciente do seu

papel no uso cor reto deste recurso terapecircutico

O resgate das praacuteticas populares agora respaldadas pelos estudos cientiacuteficos

seacuterios que atestam a eficaacutecia e seguranccedila das espeacutecies utilizadas no programa

Farmaacutecias-Vivas pode ser abordado no momento da dispensaccedilatildeo do

medicamento ou atraveacutes de apresentaccedilotildees coletivas organizadas e realizadas

pelo Farmacecircutico Alguns cuidados merecem ser observados para natildeo se

incorrer em riscos desnecessaacuterios

- Natildeo referendar o uso de plantas cujo estudo cientiacutefico natildeo tenha apresentado

dados sobre sua eficaacutecia e seguranccedila

- Natildeo recomendar o uso de qualquer planta medicinal para o tratamento de

doenccedilas sem a devida recomendaccedilatildeo meacutedica especializada ou natildeo

- Natildeo recomendar a utilizaccedilatildeo de planta que nos seja desconhecida tanto no

aspecto teoacuterico quanto praacutetico

- Natildeo sugerir a utilizaccedilatildeo de quaisquer praacuteticas com ou sem uso de plantas

medicinais que possa representar um risco potencial ou real de dano fetal

Para nos resguardarmos de quaisquer erros precisamos nos manter atualizados

quanto aos benefiacutecios e riscos da utilizaccedilatildeo das espeacutecies medicinais com as

quais trabalhamos dada agrave impossibilidade de conhecer todas as demais Os

dados obtidos durante a dispensaccedilatildeo e acompanhamento dos pacientes aleacutem

daqueles obtidos durante os ensaios controlados de toxicologia e farmacologia

cliacutenica forneceratildeo a necessaacuteria seguranccedila para realizarmos a dispensaccedilatildeo e

cada vez mais desfazermos o mito do natural ser inoacutecuo

Como exemplo da relaccedilatildeo risco x benefiacutecio de uma preparaccedilatildeo fitoteraacutepica

apresentamos as seguintes informaccedilotildees sobre o Elixir de Aroeira que em

muitos aspectos natildeo houve a quantificaccedilatildeo da intensidade dos efeitos beneacuteficos

nem adversos nem de interaccedilotildees

Forma Medicamento Fitoteraacutepico- Caacutepsula ESPINHEIRA SANTA Maytenus ilicifolia Celastraceae

Medicamento fitoteraacutepico

Parte utilizada Folhas

Nomenclatura popularEspinheira santa cancerosa cancorosa-de-sete-espinhos cancrosa

espinheira-divina espinho-de-Deus maiteno erva-cancrosa erva-santa

ApresentaccedilotildeesCaacutepsula dura - Extrato seco das folhas de Maytenus ilicifolia 380 mg -

Embalagem com 3 bliacutesters contendo 15 caacutepsulas cada

Via oral

Uso adulto

Composiccedilatildeo

Cada caacutepsula conteacutem

Extrato seco de Maytenus ilicifolia380 mg

Excipiente qsp 1 caacutepsula (amido)

equivalente a 133 mg de taninos totais

Informaccedilotildees ao pacientePara que este medicamento eacute indicado

Espinheira Santa eacute indicada para o tratamento da maacute digestatildeo e como

coadjuvante no tratamento de uacutelcera do estocircmago e duodeno

Como este medicamento funciona

Espinheira Santa atua como regulador das funccedilotildees estomacais e promove a

proteccedilatildeo da mucosa gaacutestrica

Quando natildeo devo usar este medicamentobull O medicamento deve ser evitado por menores de 12 anos de idade devido agrave

falta de estudos disponiacuteveis

bull Lactaccedilatildeo e gravidez visto que pode diminuir a secreccedilatildeo de leite e pode

provocar contraccedilotildees uterinas

bull Hipersensibilidade (alergia) a qualquer um dos componentes da foacutermula ou a

outras plantas da famiacutelia Celastraceae

O que devo saber antes de usar este medicamentoPrecauccedilotildees e advertecircncias

bull De acordo com a categoria de risco de faacutermacos destinados agraves mulheres

graacutevidas este medicamento apresenta categoria de risco C Este medicamento

natildeo deve ser utilizado por mulheres graacutevidas sem orientaccedilatildeo meacutedica ou do

cirurgiatildeo dentista

Interaccedilotildees medicamentosas

bull A administraccedilatildeo concomitante de M ilicifolia com bebidas alcooacutelicas e outros

medicamentos natildeo eacute recomendada pois natildeo existem estudos disponiacuteveis

sobre as interaccedilotildees medicamentosas deste fitoteraacutepico

Informe seu meacutedico ou cirurgiatildeo-dentista se vocecirc estaacute fazendo uso de algum

outro medicamento

Onde como e por quanto tempo posso guardar este medicamentoCuidados de conservaccedilatildeo

Espinheira Santa deve ser conservada em temperatura ambiente (entre 15 e

30ordmC) em sua embalagem original Proteger da luz e da umidade

Prazo de validade24 meses apoacutes a data de fabricaccedilatildeo impressa no cartucho

Nuacutemero de lote e datas de fabricaccedilatildeo e validade vide embalagem

Natildeo use medicamento com o prazo de validade vencido

Guarde-o em sua embalagem original

Caracteriacutesticas fiacutesicasCaacutepsulas gelatinosas duras de cor creme

Caracteriacutesticas organoleacutepticas

Cheiro (odor) caracteriacutestico e praticamente natildeo apresenta sabor

Antes de usar observe o aspecto do medicamento Caso ele esteja no prazo

de validade e vocecirc observe alguma mudanccedila no aspecto consulte o

farmacecircutico para saber se poderaacute utilizaacute-lo

Todo medicamento deve ser mantido fora do alcance das crianccedilas

Como devo usar este medicamentoModo de usar

As caacutepsulas devem ser ingeridas inteiras e com uma quantidade suficiente de

aacutegua para que possam ser deglutidas

Posologia

Ingerir duas caacutepsulas via oral trecircs vezes ao dia de oito em oito horas

Siga corretamente o modo de usar Em caso de duacutevidas sobre este

medicamento procure orientaccedilatildeo do farmacecircutico Natildeo desaparecendo os

sintomas procure orientaccedilatildeo de seu meacutedico ou cirurgiatildeo-dentista

Este medicamento natildeo deve ser partido aberto ou mastigado

O que devo fazer quando eu me esquecer de usar este medicamentoCaso haja esquecimento da ingestatildeo de uma dose deste medicamento

retomar a posologia prescrita sem a necessidade de suplementaccedilatildeo

Em caso de duacutevidas procure orientaccedilatildeo do farmacecircutico ou de seu meacutedico ou

do cirurgiatildeo-dentista

Que males este medicamento pode causarReaccedilotildees adversas

Ateacute o momento natildeo foram relatadas reaccedilotildees adversas graves ou que coloquem

em risco a sauacutede dos pacientes

Raramente podem ocorrer casos de hipersensibilidade Neste caso suspender

o uso e procurar orientaccedilatildeo meacutedica

Informe seu meacutedico cirurgiatildeo-dentista ou farmacecircutico do aparecimento de

reaccedilotildees indesejaacuteveis pelo uso do medicamento

Induacutestria Brasileira

Esta bula foi atualizada conforme Bula Padratildeo aprovada pela Anvisa em

12012011

Farmacecircutica resp Dra (Nome )

CRF-PR nordm XXXX Coacuted XXXXX - 012011

Informe tambeacutem agrave empresa atraveacutes do seu Serviccedilo de

Atendimento ao Consumidor

O que fazer se algueacutem usar uma quantidade maior do que a indicada deste medicamentoPlantas ricas em taninos como a M ilicifolia quando usadas em doses

excessivas podem causar irritaccedilatildeo da mucosa gaacutestrica e intestinal gerando

vocircmitos coacutelicas intestinais e diarreia

Em caso de super dosagem suspender o uso e procurar orientaccedilatildeo meacutedica de

imediato Em caso de uso de grande quantidade deste medicamento procure

rapidamente socorro meacutedico e leve a embalagem ou bula do medicamento se

possiacutevel Siga corretamente o modo de usar natildeo desaparecendo os sintomas

procure orientaccedilatildeo meacutedica

Conclusatildeo

A espinheira-santa (M ilicifolia) eacute um fitoteraacutepico de relevante accedilatildeo terapecircutica

principalmente antiulcerogecircnica dada sua eficaacutecia farmacoloacutegica e seguranccedila

Vale lembrar que por ausecircncia de estudos ela natildeo eacute recomenda para crianccedilas

e natildeo deve ser usada por gestantes pois estudos em camundongos (fecircmeas e

graacutevidas) indicaram um decreacutescimo significativo do nuacutemero de embriotildees aleacutem

de possuir atividade estrogecircnica que pode interferir na receptividade uterina do

embriatildeo Entre suas atividades farmacoloacutegicas destaca-se a atividade

antiulcerogecircnica que pode ser comparada agrave accedilatildeo da ranitidina e da cimetidina

Por ser morfologicamente parecida com as espeacutecies S bonplandii e Z ilicifolia

ela eacute comumente confundida e ateacute mesmo trocada intencionalmente

A utilizaccedilatildeo de maneira errocircnea das espeacutecies botacircnicas que natildeo satildeo a

verdadeira espinheira-santa (M ilicifolia) pode acarretar danos agrave sauacutede dos

pacientes Assim conclui-se que essas espeacutecies conhecidas como

adulterantes podem trazer malefiacutecios pois ainda faltam estudos que

comprovem suas atividades farmacoloacutegicas e principalmente a seguranccedila

terapecircutica Poreacutem natildeo se deve descartar o uso dessas espeacutecies e sim

realizar estudos mais concretos para que essas plantas assim como a

verdadeira espinheira-santa possam auxiliar no tratamento farmacoloacutegico da

populaccedilatildeo

Referecircncias Bibliograacuteficas

Ralph Santos-Oliveira Simone Coulaud-Cunha Waldeciro Colaccedilo

Revisatildeo da Maytenus ilicifolia Mart ex Reissek Celastraceae

Contribuiccedilatildeo ao estudo das propriedades farmacoloacutegicas Rev Bras

Farmacogn Braz J Pharmacogn 19(2B) AbrJun 2009

Wilker Marlon de Moraes Jesus Tarciacutesio Neves da Cunha Estudo das

propriedades farmacoloacutegicas da espinheira-santa (Maytenus ilicifolia

Mart ex Reissek) e de duas espeacutecies adulterantes Revista Sauacutede e

Desenvolvimento vol ndash nordm 1 Jan ndash Jun 2012

MARIOT MP1 BARBIERI RL2 Engenheiro Agrocircnomo Dr prof do

Conjunto Agroteacutecnico ldquoVisconde da GraccedilardquoUniversidade Federal de

Pelotas (mariotufpeltchebr) ndash Av Ildefonso Simotildees Lopes 2791

Pelotas-RS CEP 96060-290 2Bioacuteloga Dr pesquisadora da Embrapa

Clima Temperado (barbiericpactembrapabr) ndash BR 392 km 78 caixa

postal 403 Pelotas-RS CEP 96001-970 (endereccedilo para

correspondecircncia) Metaboacutelitos secundaacuterios e propriedades medicinais da

espinheira-santa (Maytenus ilicifolia Mart ex Reiss e M aquifolium

Mart)

CARLINI EA Braz S Efeito protetor do liofilizado obtido do abafado de

Maytenus Sp (espinheira-santa) contra uacutelcera gaacutestrica experimental em

ratos In Estudo da accedilatildeo antiuacutelcera gaacutestrica de plantas brasileiras

(Maytenus ilicifolia) Espinheira santa e outras Brasiacutelia CEMEAFIP

1988 p21-35MACAUBAS CIP et al Estudo da eventual accedilatildeo

antiuacutelcera gaacutestrica do baacutelsamo (Sedum sp) folha da fortuna

(Bryophyllum calcium) couve (Brassica oleraceae) e da Espinheira

santa (Maytenus ilicifolia) em ratos In Estudo da accedilatildeo antiuacutelcera

gaacutestrica de plantas brasileiras (Maytenus ilicifolia) Espinheira santa e

outras Brasiacutelia CEMEAFIP 1988 p 5-20

Olivia Werner Oliveira Pedro Ros Petrovick Secagem por aspersatildeo

(spray drying) de extratos vegetais bases e aplicaccedilotildees Revista

Brasileira de Farmacognosia Brazilian Journal of Pharmacognosy 20(4)

641-650 AgoSet 2010

Marianne Christina Scheffer Capitulo 17 Produccedilatildeo de espinheira-santa

(Maytenus ilicifolia Mart ex Reiss) na regiatildeo metropolitana de Curitiba

Paranaacute Brasil

Said gonccedilalves da cruz fonsacircca Farmacoteacutecnica de Fitoteraacutepicos2005

induacutestrias o material eacute submetida a uma nova seleccedilatildeo de acordo com o

controle de qualidade da empresa Geralmente verifica-se a contaminaccedilatildeo

microbioloacutegica e macroscoacutepica No caso dos laboratoacuterios de fitoteraacutepicos

tambeacutem satildeo analisados os constituintes quiacutemicos

Nas induacutestrias de alimentos as folhas rasuradas sofrem nova fragmentaccedilatildeo e

satildeo envasadas em embalagens de 10 a 30 g eou na forma de saches teabag

e embaladas em caixas de papelatildeo sendo comercializadas de forma

semelhante a outros chaacutes Ao chegar ao consumidor final na forma de folhas

rasuradas e embaladas o preccedilo varia entre R$3000 a 5000kg em

embalagens de 05 a 1 kg e entre R$8000 a R$10000Kg em embalagens de

10 a 30 g

Nos laboratoacuterios de fitoteraacutepicos as formas de apresentaccedilatildeo da espinheira-

santas satildeo (a) em saches ou a granel misturadas a ervas para problemas

digestivos numa composiccedilatildeo preacute-definida (b) em caacutepsulas gelatinosas

contendo 350 a 400 mg de folhas moiacutedas (c) em tintura de espinheira-santa

para cuja obtenccedilatildeo as folhas satildeo submetidas agrave extraccedilatildeo geralmente

hidroalcooacutelica (d) em comprimidos para o que se utiliza o extrato seco das

folhas

8 Mercado e comercializaccedilatildeo

Geralmente a venda eacute feita pelo proprietaacuterio do secador em grandes

quantidades para intermediaacuterios laboratoacuterios de fitoteraacutepicos ou induacutestrias

alimentiacutecias (Figura 3) Alguns produtores para agregar valor fazem

embalagens com pequenas quantidades (10 a 30 g) que comercializam em

feiras e mercados como alimento Esta forma de comercializaccedilatildeo eacute feita por

produtores que tecircm faacutecil acesso a um mercado consumidor significativo como

Figura 3 Fluxograma de produccedilatildeo e comercializaccedilatildeo de espinheira-santa (Maytenus ilicifolia)

por exemplo supermercados farmaacutecias ou feiras Entretanto haacute muitas

exigecircncias impostas pela legislaccedilatildeo de vigilacircncia sanitaacuteria para

comercializaccedilatildeo diretamente ao consumidor final Os atacadistas situados em

sua grande maioria no estado de Satildeo Paulo adquirem o produto no Paranaacute e

distribuem para as demais regiotildees do Brasil e tambeacutem para o exterior Eacute

comum que empresas do Paranaacute adquiram folhas de espinheira-santa

originaacuterias do proacuteprio Estado dos atacadistas de Satildeo Paulo Isto reflete a

falta de organizaccedilatildeo dos produtores que natildeo conseguiram ainda divulgar a

regiatildeo como centro produtor de plantas medicinais

As induacutestrias alimentiacutecias apoacutes embalar o produto revendem-no para os

supermercados Os laboratoacuterios de fitoteraacutepicos apoacutes fabricar o medicamento

normalmente realizam a comercializaccedilatildeo por meio de distribuidores de

produtos farmacecircuticos ou diretamente para grandes redes de farmaacutecias que

realizam a distribuiccedilatildeo internamente

9 Poliacuteticas relacionadas com a exploraccedilatildeo e comercializaccedilatildeo

A produccedilatildeo e comercializaccedilatildeo da espinheira-santa estaacute sujeita agrave legislaccedilatildeo

ambiental e agrave de vigilacircncia sanitaacuteria A primeira estabelece as normas para

registro de pessoas fiacutesicas ou juriacutedicas que consomem exploram ou

comercializam mateacuteria-prima florestal inclusive produtos florestais natildeo

madeireiros (Brasil 1985 Brasil 1995 Brasil 2000) Os coletores sabem que

devem obter registro de coletor e comerciante de plantas nativas junto aos

oacutergatildeos de fiscalizaccedilatildeo ambiental estadual e federal (respectivamente Instituto

Ambiental do Paranaacute IAP e Instituto Brasileiro de Meio Ambiente IBAMA) A

legislaccedilatildeo prevecirc ainda que ao realizar a coleta de uma planta os coletores e

produtores devem ter uma autorizaccedilatildeo fornecida com base num plano de

manejo Este plano deve apresentar as teacutecnicas e estrateacutegias que seratildeo

adotadas para garantir a sustentabilidade da exploraccedilatildeo

Na delegacia do IBAMA do Paranaacute haacute somente dois coletores de plantas

medicinais registrados poreacutem eles natildeo apresentam regularmente pedidos de

autorizaccedilatildeo de coleta acompanhados dos respectivos planos de manejo No

periacuteodo em que efetuamos esta pesquisa o oacutergatildeo estadual ainda natildeo havia

definido as normas que devem ser seguidas pelos interessados na obtenccedilatildeo

das autorizaccedilotildees de coleta de plantas

Uma das razotildees eacute que natildeo se dispotildee ainda de todas as informaccedilotildees teacutecnicas

necessaacuterias para a elaboraccedilatildeo do plano Apesar de oacutergatildeos de pesquisa e de

extensatildeo e das universidades estarem realizando estudos com o objetivo de

estabelecer os criteacuterios teacutecnicos natildeo existia ateacute 2002 nenhum plano de

manejo efetivamente implantado

Outro problema eacute a falta de integraccedilatildeo na atuaccedilatildeo dos oacutergatildeos de fiscalizaccedilatildeo

federal estadual e municipal o que torna a regularizaccedilatildeo junto a estes oacutergatildeos

muito complexa e cara para os produtores

Para que o produtor possa comercializar seu produto no varejo ele deve

atender agraves exigecircncias da legislaccedilatildeo sanitaacuteria que estatildeo muito acima da

capacidade econocircmica da maioria dos coletores e agricultores O produto

deve ainda estar dento dos limites estabelecidos de contaminaccedilatildeo por

microorganismos Quando o produto eacute apresentado como fitoteraacutepico as

exigecircncias aumentam ainda mais envolvendo seu registro com comprovaccedilatildeo

dos constituintes quiacutemicos marcadores e da atividade farmacoloacutegica e a

padronizaccedilatildeo do produto Ateacute mesmo os laboratoacuterios tecircm dificuldade em

atender as exigecircncias da legislaccedilatildeo atual Natildeo obstante o produto chega ao

mercado nas mais variadas formas envasado em sachecircs em caacutepsulas como

tintura misturado a ervas para problemas gaacutestricos entre outras

10 Influecircncia do ambiente na produccedilatildeo de compostos bioativos e perspectivas para o melhoramento geneacutetico de espinheira-santa

A influecircncia do ambiente na produccedilatildeo de polifenoacuteis totais polifenoacuteis natildeo

tanantes e taninos em M ilicifolia foram estudados por Radomski (1998) tendo

sido observado que a luminosidade eacute o principal fator que influencia na

produccedilatildeo destes compostos Plantas que se encontram em pleno sol

apresentam maior concentraccedilatildeo destas substacircncias As correlaccedilotildees entre

luminosidade e polifenoacuteis totais (083) polifenoacuteis natildeo tanantes (092) e taninos

(078) foram altas e significativas

Foram observadas diferenccedilas na morfologia foliar e na concentraccedilatildeo de taninos

em folhas de M ilicifolia de diferentes procedecircncias no Rio Grande do Sul

(Bernardi amp Wasicki 1959) Folhas de plantas desenvolvidas a pleno sol eram

menores com espinhos nas margens em nuacutemero reduzido e apresentavam

maior concentraccedilatildeo de taninos Em plantas de espinheira-santa desenvolvidas

em ambiente com alta luminosidade Radomski (1998) observou que as folhas

das plantas eram mais amareladas mais espessas e com espinhos mais

pronunciados caracterizando formas tiacutepicas de adaptaccedilatildeo de plantas de

sombra expostas agrave luz solar total A autora avaliou a aacuterea foliar o peso de

folhas e o peso especiacutefico de folhas em ambientes com diferentes intensidades

luminosas A aacuterea foliar foi menor e o peso especiacutefico das folhas foi maior nas

plantas desenvolvidas a pleno sol quando comparadas agraves dos outros

ambientes com menor luminosidade O peso especiacutefico de folhas apresentou

altas correlaccedilotildees para concentraccedilatildeo de polifenoacuteis totais (087) polifenoacuteis natildeo

tanantes (082) e taninos (083) Estes compostos contribuem para o

incremento da biomassa foliar Radomski et al (2004) relata a grande

influecircncia do ambiente sobre a composiccedilatildeo fitoquiacutemica da espinheira-santa

como concentraccedilotildees diferenciadas de taninos e polifenoacuteis totais em plantas

coletadas em ambientes diferentes

A autora destaca tambeacutem que os ramos de M ilicifolia podem contribuir com

uma parcela significativa na produccedilatildeo de compostos fitoteraacutepicos como

taninos e polifenoacuteis totais

Em trabalho envolvendo a anaacutelise fitoquiacutemica em populaccedilotildees de M ilicifolia do

Mato Grosso do Sul Paranaacute Santa Catarina e Rio Grande do Sul Mossi

(2003) observou uma grande variabilidade ndash que foi maior dentro das

populaccedilotildees ndash para concentraccedilatildeo dos metaboacutelitos secundaacuterios limoneno geranil

acetato aacutecido palmiacutetico fitol esqualeno vitamina E stigmasterol friedelan-3-

ol friedelin friedelan-3-one Atraveacutes de anaacutelise de agrupamentos (UPGMA) o

autor natildeo identificou uma relaccedilatildeo entre os grupos formados e as caracteriacutesticas

ambientais dos locais de coleta o que pode indicar uma maior influecircncia das

variaacuteveis locais como microclima insolaccedilatildeo condiccedilotildees nutricionais do solo

idade da planta entre outros sobre a concentraccedilatildeo dos compostos analisados

do que as condiccedilotildees macro ambientais

Foram observadas por Buffa Filho et al(2002) diferenccedilas nas concentraccedilotildees

de triterpenos entre plantas com morfologia de folha diferentes sendo que os

compostos 22 hidroximaitenina e celastrol foram encontrados em plantas de

dois tipos morfoloacutegicos

O melhoramento geneacutetico em plantas medicinais visa produzir variedades que

possuam alto rendimento de substacircncias desejadas e que as mantenham em

niacuteveis conhecidos para padronizar a dosagem quando da aplicaccedilatildeo

farmacoloacutegica (Oliveira et al 2003) Eacute importante o aumento da massa seca

eou fresca ou ainda o aumento do teor de princiacutepios ativos em determinado

oacutergatildeo vegetal de modo que estas caracteriacutesticas sejam mantidas nas geraccedilotildees

seguintes O produto do melhoramento de plantas medicinais eacute o princiacutepio ativo

ou o fitocomplexo Outros objetivos satildeo resistecircncia a pragas e doenccedilas e

toleracircncia a condiccedilotildees adversas de ambiente

Como o ambiente tem grande influecircncia na produccedilatildeo de metaboacutelitos

secundaacuterios a interaccedilatildeo genoacutetipo x ambiente eacute um fator importante para ser

analisado no melhoramento de plantas medicinais A possibilidade do melhor

genoacutetipo em um ambiente natildeo o ser em outro influencia o ganho de seleccedilatildeo e

dificulta a recomendaccedilatildeo de cultivares com ampla adaptabilidade (Cruz amp

Regazzi 2001) O conhecimento da herdabilidade dos caracteres de interesse

tambeacutem eacute fundamental para que a seleccedilatildeo seja aplicada com sucesso de

forma que o valor fenotiacutepico de um caraacuteter possa servir como guia para o valor

geneacutetico (aditividade) (Carvalho et al 2001)

Em teste de progecircnies realizado com espinheira-santa Mariot (2005)

identificou uma alta herdabilidade para todos os caracteres (velocidade de

emergecircncia estatura de planta diacircmetro agrave base do caule taxa de crescimento

tamanho de folha e nuacutemero de espinhosfolha) o que evidencia o forte controle

do fator geneacutetico sobre o fenoacutetipo O autor observou ainda altos valores para os

coeficientes de variaccedilatildeo geneacuteticos (CVG) que aliado aos baixos valores para

os coeficientes de variaccedilatildeo devido ao erro experimental (CVE) proporcionaram

iacutendices maiores que 10 para o quociente (relaccedilatildeo CVGVE) em todas as

variaacuteveis analisadas o que eacute um bom indicador para seleccedilatildeo em programas de

melhoramento Este resultado eacute importante para a seleccedilatildeo com base em

caracteres relacionados com o crescimento pois a espinheira-santa eacute

considerada de crescimento lento O tamanho de folha em espinheira-santa

caso apresente relaccedilatildeo com o aumento da biomassa e maior concentraccedilatildeo de

metaboacutelitos secundaacuterios que tenham accedilatildeo farmacoloacutegica pode ser um caraacuteter

importante de se considerar na seleccedilatildeo em programas de melhoramento Os

altos iacutendices dos paracircmetros geneacuteticos evidenciados em trabalho desenvolvido

por Mariot (2005) mostram a eficiecircncia na seleccedilatildeo para estes caracteres

Considerando a necessidade de uniformidade nos teores de princiacutepios ativos

exigidos pelas induacutestrias farmacecircuticas e o fato da espinheira santa ser de

fecundaccedilatildeo cruzada os programas de melhoramento desta espeacutecie que vise

atender estas exigecircncias deve utilizar a propagaccedilatildeo vegetativa

Estudos relacionados agrave cultura de tecidos de M ilicifolia e M aquifolium

tornam-se portanto fundamentais Na aacuterea de biotecnologia foi citado por

Corsino et al (1998a) o uso de Agrobacterium como vetor para aumentar a

produccedilatildeo de triterpenos em programa de melhoramento geneacutetico de espinheira

santa

O conhecimento da associaccedilatildeo entre caracteres eacute de grande importacircncia nos

trabalhos de melhoramento principalmente se a seleccedilatildeo em um deles

apresenta dificuldades em razatildeo da baixa herdabilidade eou tenha problemas

de mediccedilatildeo e identificaccedilatildeo (Cruz amp Regazzi 2001) Para tanto o melhorista

pode estimar as correlaccedilotildees fenotiacutepicas e genotiacutepicas o que pode contribuir no

processo de seleccedilatildeo No caso das espeacutecies medicinais esta ferramenta eacute

muito importante devido ao alto custo das anaacutelises para determinar e

quantificar metaboacutelitos secundaacuterios com potencial farmacoloacutegico como as que

envolvem cromatografia Em espinheira-santa a morfologia foliar estaacute

relacionada com os tipos e a concentraccedilatildeo de triterpenos (Buffa Filho et al

2002) portanto se for identificada correlaccedilatildeo entre estes caracteres a seleccedilatildeo

indireta atraveacutes da morfologia foliar pode vir a ser uma boa estrateacutegia de

seleccedilatildeo

11 Etapas do processo de secagem por aspersatildeoO processo de secagem por aspersatildeo consiste de trecircs etapas fundamentais

Na primeira fase o fluiacutedo eacute disperso como gotiacuteculas produzindo uma grande

aacuterea superficial Na segunda ocorre contato destas com uma corrente de ar

aquecido havendo transferecircncia de calor

Na terceira etapa acontece a evaporaccedilatildeo do solvente e a formaccedilatildeo da partiacutecula soacutelida

121 Ilustraccedilatildeo da Planta Espinheira- Santa

Com a transferecircncia de calor do ar aquecido agraves gotiacuteculas o liacutequido da

superfiacutecie evapora-se rapidamente As partiacuteculas solidificadas geralmente

apresentam o mesmo tamanho e forma da gotiacutecula que as originou Na uacuteltima

etapa o produto de secagem eacute transportado por uma corrente de ar sendo

posteriormente coletado (Broadhead et al 1992 Shaw 1997 Rankell et al

2001) A evaporaccedilatildeo superficial da gotiacutecula conduz agrave formaccedilatildeo de uma

camada de material seco externa Atraveacutes desta camada o liacutequido situado no

interior da gotiacutecula propaga-se para o exterior Dependendo da elasticidade e

da permeabilidade da crosta seratildeo produzidos distintos materiais secos como

esferas intactas com superfiacutecie imperfeita ou fragmentada soacutelidas ou ocas

(Rankell et al 2001) A Figura 2 apresenta foto micrografias de dois extratos

diferentes de Maytenus ilicifolia secos por spray drying com disco giratoacuterio em

torre de secagem por aspersatildeo Os extratos foram produzidos da mesma

maneira utilizando temperatura de entrada de 180 degC velocidade do aspersor

de 9500 rpm e 30 de Aerosil (Oliveira 2008)

12 Fatores que influenciam o processoUm das respostas mais relevantes afetada pelas condiccedilotildees de operaccedilatildeo do

processo eacute a qualidade do produto resultante As variaacuteveis devem ser

controladas visando agrave obtenccedilatildeo de rendimento e de teor de umidade

adequados estabilidade quiacutemica minimizaccedilatildeo da aderecircncia de partiacuteculas na

cacircmara de secagem (sticking) e caracteriacutesticas tecnoloacutegicas especiacuteficas As

propriedades do produto satildeo normalmente determinadas pelos fatores

relacionados agraves caracteriacutesticas do material de entrada e do processamento

isto eacute paracircmetros de operaccedilatildeo e equipamento (Quadro 1)

131 Influecircncia do material de entradaEntre os fatores relacionados agraves caracteriacutesticas do material de entrada o uso

de adjuvantes na teacutecnica de secagem por aspersatildeo eacute uma praacutetica muito

comum Satildeo utilizados como adjuvantes neste processo amido ciclodextrinas

dioacutexido de siliacutecio coloidal fosfato tricaacutelcico gelatina goma araacutebica lactose

maltodextrina entre outros (Vasconcelos et al 2005 Silva Juacutenior et al 2006)

Para a secagem de extratos derivados de plantas a seleccedilatildeo e o uso adequado

de adjuvantes no processo de spray drying eacute uma fase de fundamental

importacircncia visto que determina a estabilidade e a qualidade dos mesmos

podendo inclusive afetar as caracteriacutesticas de biodisponibilidade

13 Atividades farmacoloacutegicas da espinheira-santa A espinheira-santa (M ilicifolia) eacute uma planta que possui atividades

farmacoloacutegicas comprovadas entre elas a atividade antiulcerogecircnica Essas

atividades estatildeo ligadas a substacircncias quiacutemicas que satildeo os polifenoacuteis

(flavonoides e taninos) e os triterpenos Haacute fatores como a composiccedilatildeo quiacutemica

do solo onde essa planta estaacute sendo cultivado o local de plantio a teacutecnica de

colheita a secagem da planta e o processamento poacutes-colheita que influenciam

diretamente nos teores de princiacutepio ativo da planta podendo assim gerar

variaccedilotildees das atividades farmacoloacutegicas (NEGRI 2007)

141 Atividade gaacutestricaDe acordo com alguns estudos (Carlini amp Frochtengerten 1988 Ming et al

1998 Coulaud- Cunha et al 2004 Carvalho et al 2008) a M ilicifolia

apresenta accedilatildeo contra uacutelcera peacuteptica e gastrite Coulaud- Cunha et al (2004)

relatam que a accedilatildeo da M ilicifolia na uacutelcera peacuteptica e gastrite envolve mais de

um mecanismo de accedilatildeo ainda natildeo conclusivamente elucidados e natildeo se deve

somente a um principio ativo especifico mas a diferentes fitocomplexos Foi

demonstrado por Pereira et al (1993) e por Ming et al (1998) que tanto os

taninos principalmente a epigalocatequina quanto os oacuteleos essenciais em

especial o fridenelol satildeo responsaacuteveis por parte dos efeitos gastroprotetores

Carlini amp Frochtengarten (1988) por sua vez em estudos realizados com o

abafado da M ilicifolia relatam que quanto maior o tempo do tratamento maior

seraacute a gastroproteccedilatildeo sem entretanto haver alteraccedilotildees no pH Tal observaccedilatildeo

pode ser confirmada por Ferreira et al (2004) que em estudos com extrato

aquoso liofilizado das folhas de M ilicifolia em sapos comprovou que esse

possui efeito inibitoacuterio sobre os mediadores H2 da histamina nas ceacutelulas

parietais esses segundo Gilman (1989) quando estimulados causam a

ativaccedilatildeo da adenililciclase iniciando uma seacuterie de alteraccedilotildees morfoloacutegicas e

bioquiacutemicas complexas que leva ao aumento da secreccedilatildeo gaacutestrica

funcionando como um antagonista H2 aleacutem de inibir o efeito da gastrina Foi

demonstrado ainda que tanto a epigalocatequina (tanino) quanto o fridenelol

(oacuteleo essencial) satildeo responsaacuteveis por parte do efeito protetor da mucosa

gaacutestrica (Pereira et al 1993 Ming et al 1998)

142 Atividade antiulcerogecircnicaSegundo Sousa-Formigoni et al (1991) foi comprovada a atividade

antiulcerogecircnica da espinheira-santa (M ilicifolia) por experimentos feitos em

ratos nos quais os animais foram induzidos a terem uacutelceras gaacutestricas por meio

de indometacina e por estresse quando estes foram submetidos a baixas

temperaturas e por serem imobilizados Apoacutes a aplicaccedilatildeo de um extrato

liofilizado de espinheira-santa houve uma reduccedilatildeo do nuacutemero de uacutelceras e um

aumento do volume e pH da secreccedilatildeo gaacutestrica

Em estudos de mecanismos celulares e moleculares da accedilatildeo de produtos

naturais com o isolamento de substacircncias bioativas da M ilicifolia

responsaacuteveis pela accedilatildeo antissecretora aacutecida gaacutestrica os resultados obtidos

confirmam essas accedilotildees Foram utilizados nesses experimentos extratos

aquosos das partes aeacutereas da planta e os princiacutepios ativos tecircm funccedilatildeo de

inibidores da bomba de proacutetons etapa final comum das vias reguladoras da

secreccedilatildeo aacutecida gaacutestrica (BOSSOLANI 2000)

143 Atividade antimicrobianaEstudos pioneiros como o de Lima et al (1969) jaacute demonstravam que a

maitenina exibe forte atividade antimicrobiana contra vaacuterias bacteacuterias Gram

positivas Tais efeitos foram corroborados com a demonstraccedilatildeo que os extratos

das folhas e raiacutezes tecircm efeito antimicrobiano para vaacuterios patoacutegenos dentre

eles Staphylococcus aureus e Streptococcus sp

144 Atividade sobre o Sistema Nervoso CentralSegundo Alonso (1998) o extrato de M ilicifolia possui atividade sedativa que

potencializa (efeito sineacutergico) o sono por barbituacutericos em camundongos

145 Atividades abortiva e sobre a espermatogecircnese

De acordo com Montanari et al (1998) o extrato etanoacutelico de M Ilicifolia

quando administrado em altas doses em camundongos suiacuteccedilos apesar de

causar leves alteraccedilotildees como ceacutelulas germinativas imaturas esfoliadas mortes

celulares ocasionais aumento de gotiacuteculas lipiacutedicas em ceacutelulas de Sertoli e

inchamento de acrossomas entre outras natildeo foi suficiente para acarretar

danos agrave espermatogecircnese

Jaacute em testes realizados em camundongos (fecircmeas e graacutevidas) administrando-

se oralmente extrato hidroalcooacutelico (70) de folhas de espinheira-santa (M

ilicifolia) observou-se um decreacutescimo significativo do nuacutemero de embriotildees

indicando uma perda embrionaacuteria antes do periacuteodo de implantaccedilatildeo Poreacutem

natildeo houve maacute-formaccedilatildeo ou mortes fetais depois do periacuteodo de implantaccedilatildeo

Esse extrato possui atividade estrogecircnica que pode interferir na receptividade

uterina ao embriatildeo (MONTANARI BEVILAQUA 2002)

146 Atividades antimutagecircnica e anticanceriacutegenaConforme Horn e Vargas (2003) o extrato aquoso de M ilicifolia foi eficaz em

aproximadamente 75 das doses testadas exibindo boas respostas

antimutagecircnicas ou um decreacutescimo sugestivo Em estudos realizados por

Queiroga et al (2007) foi avaliada a fraccedilatildeo ativa antiulcerogecircnica da M

ilicifolia na atividade anticanceriacutegena apresentando resultados citostaacuteticos

satisfatoacuterios De acordo com Itokawa et al (1993) o composto pristimerina foi o

mais eficiente na accedilatildeo citotoacutexica podendo ser uacutetil no tratamento de tumores

147 Atividade antioxidante e otoprotetoraDe acordo com Mattei e Carlini (1998) um extrato aquoso liofilizado de

espinheira-santa (M ilicifolia) foi testado in vitro em homogenato de ceacuterebro de

ratos e exerceu uma importante atividade antioxidante inibindo o processo de

lipoperoxidaccedilatildeo

Usando-se extrato etanoacutelico de M ilicifolia foi confirmado que a casca da raiz

tem um poder antioxidante pelo fato de possuir em sua base compostos com a

capacidade sequestradora de radicais livres (VELLOSA et al 2006)

Conforme Santos et al (2010) foram comprovadas propriedades antioxidantes

dos extratos brutos e de componentes individuais de M Ilicifolia por possiacuteveis

associaccedilotildees sineacutergicas de substacircncias fenoacutelicas e triterpenos

quinonametiacutedeos comparados agrave rutina como composto fenoacutelico modelo

De acordo Kasse et al (2008) foi realizado um estudo com ratos (fecircmeas) em

que esses animais foram submetidos agrave substacircncia cisplatina e posteriormente

tratados com extrato de M ilicifolia para avaliar a atividade otoprotetora da

planta Foram realizados e avaliados os exames de emissotildees otoacuacutesticas por

produtos de distorccedilatildeo por potencial de tronco encefaacutelico antes e depois de

administraccedilatildeo de cisplatina e por fim por microscopia eletrocircnica de varredura

Os resultados mostraram que apesar de apresentar atividades antioxidantes a

M ilicifolia foi incapaz de bloquear o efeito citotoacutexico do composto quiacutemico

administrado nas cobaias

Segundo Negri et al (2009) a atividade antioxidante do extrato etanoacutelico de M

ilicifolia estaacute intimamente ligada agrave sua temperatura de secagem Testes

realizados para avaliaccedilatildeo do poder antioxidante os quais foram os meacutetodos de

formaccedilatildeo de complexo com fosfomolibdecircnio e atividade antioxidante em

relaccedilatildeo agrave reduccedilatildeo de um radical utilizando-se o DPPH (22-difenil-1-

picnilhidrazila) em que foram levadas em consideraccedilatildeo diferentes

temperaturas usualmente utilizadas para secagem (40 50 60 70 e 80˚C)

demostraram melhor atividade antioxidante na temperatura de 40˚C e

gradativamente quanto maior a temperatura realizada nos testes menor o

poder antioxidante Por fim o estudo mostrou a importacircncia do controle de

temperatura para a melhor efetividade nesse quesito da planta

Em estudos de Pessuto et al (2009) foram avaliados extratos e compostos

isolados de M Ilicifolia em relaccedilatildeo agrave capacidade antioxidante Os extratos

brutos e semipurificados foram estudados por meio de ensaios de

fosfomolibdecircnio (complexo) e de DPPH (22-difenil-1-picnilhidrazila) nos quais

os resultados mostraram que a fraccedilatildeo com acetato de etila teve melhor

capacidade antioxidante em relaccedilatildeo ao extrato bruto e fraccedilatildeo aquosa

possivelmente por conter maior nuacutemero de hidroxilas fenoacutelicas (pela

capacidade de sequestro dos radicais livres) e tambeacutem em relaccedilatildeo agraves

substacircncias trolox e vitamina C

148 Atividades antinociceptiva e anti-inflamatoacuteria De acordo com Nakamura et al (1994) o extrato etanoacutelico de folhas de M

ilicifolia conteacutem uma fraccedilatildeo de quercetina-3-O-glicosiacutedeo e essa substacircncia

quiacutemica foi avaliada pelo teste de aacutecido aceacutetico e formalina em ratos obtendo-

se resultados satisfatoacuterios para atividades analgeacutesicas e anti-inflamatoacuterias

Por meio de testes realizados em camundongos e ratos foi provocado um

edema nas patas desses animais por meio de injeccedilatildeo de 002 ml de

formaldeiacutedo (soluccedilatildeo a 092) utilizando-se como controle soluccedilatildeo salino

Apoacutes 120 minutos foi aplicado extrato hexacircnico e acetato de etila das folhas

(M ilicifolia) administrados por via oral nas doses de 80 160 320 e 340 mgkg

Os animais foram sacrificados apoacutes 4 horas Em um segundo ensaio foi

administrada por injeccedilatildeo soluccedilatildeo de carragenina a 1 e os extratos da planta

foram dados por via oral nas doses de 80 160 320 e 340 mgkg Os resultados

obtidos mostraram uma atividade antinociceptiva para os dois extratos

principalmente nas doses de 320 e 340 mgkg sendo esse teste importante

para uma alternativa cliacutenica na terapecircutica anti-inflamatoacuteria e antiulcerogecircnica

(JORGE et al 2004)

14 Toxicidade efeitos adversos e contraindicaccedilatildeo da espinheira-santa

Foi realizado um estudo toxicoloacutegico com 24 voluntaacuterios sendo 12 homens e

12 mulheres de 20 a 40 anos de idade selecionados previamente por meio de

avaliaccedilatildeo cliacutenica exames hematoloacutegicos e bioquiacutemicos e avaliaccedilatildeo

psicomotora com o objetivo de estabelecer um intervalo maacuteximo de seguranccedila

no uso de M ilicifolia As doses foram administradas de maneira crescente e

natildeo houve um grupo controle pois os exames iniciais foram considerados

como valores basais para efeito comparativo A dose inicial foi fixada em 100

mg por adulto sendo administradas doses subsequentes de 200 500 1000

1500 e 2000 mg com intervalos de uma semana para cada dose A anaacutelise dos

resultados revelou que natildeo houve efeitos significativos nos valores dos

principais paracircmetros hematoloacutegicos e bioquiacutemicos e tambeacutem natildeo foram

observadas alteraccedilotildees nas funccedilotildees hepaacuteticas pancreaacuteticas e renais

Hormocircnios lipiacutedeos glicose soacutedio potaacutessio caacutelcio e foacutesforo tambeacutem

mantiveram valores considerados normais (TABACH et al 2002)

Em relaccedilatildeo aos efeitos adversos a M ilicifolia natildeo possui algum que justifica a

interrupccedilatildeo do tratamento Entre os mais comuns destacam-se cefaleia

sonolecircncia boca seca naacuteuseas dor articular nas matildeos gosto estranho na

boca tremor nas matildeos cistite e poliuacuteria (TABACH et al 2002) Poreacutem

segundo Amaral et al (2005) natildeo eacute recomendado o uso pediaacutetrico pela

ausecircncia de testes Ensaios realizados em ratos mostraram perda embrionaacuteria

antes do periacuteodo de implantaccedilatildeo portanto essa planta natildeo eacute recomendada em

casos de gravidez (MONTANARI BIVILACQUA 2002)

De acordo com estudos realizados em camundongos o abafado de M ilicifolia

foi administrado nesses animais em doses ateacute 360 vezes maiores que a

utilizada pelo homem durante um periacuteodo de dois a trecircs meses Como

resultados natildeo houve mudanccedilas no peso comportamento temperatura

paracircmetros bioquiacutemicos e hematoloacutegicos desses animais (OLIVEIRA CARLINI

1988)

15 FarmacocineacuteticaO modelo da farmacocineacutetica da espinheira-santa eacute estudado por meio de seus

taninos natildeo condensados Epigalocatequina marcada foi administrada por via

oral sendo os picos plasmaacuteticos observados 60 min apoacutes a ingestatildeo Apoacutes

uma dose de 500 mgkg foram detectadas concentraccedilotildees tissulares de 123

mmol no plasma 484 mmol no fiacutegado e 565 mmol no intestino delgado

(Nakagawa amp Miyazawa 1997) Depois da administraccedilatildeo oral de

epigalocatequina-3-galato marcada com triacutetio a ratos cerca de 6 da dose eacute

eliminada na urina e 24 nas fezes nas primeiras 24 horas Uma segunda

dose dada duas horas apoacutes a primeira eleva em cerca de 4 a 6 vezes a

concentraccedilatildeo no plasma e em alguns tecidos Esses dados sugerem uma

meia-vida longa e eliminaccedilatildeo lenta da epigalocatequina-3-galato No final das

24 horas os animais foram sacrificados e essa substacircncia pocircde ser encontrada

no rim ceacuterebro fiacutegado pacircncreas intestino e ossos (Suganuma et al 1998)

Num outro estudo foi avaliada a afinidade da epigalocatequina-3-galato agraves

proteiacutenas do soro Apoacutes uma dose oral a ratos mais de 50 da

epigalocatequina-3-galato absorvida ligou-se agrave proteiacutena do plasma

especialmente a fibronectina o fibrinogecircnio e a HRGP( Histidin Rich

Glicoprotein) proteiacutena plasmaacutetica com 74 kdaltons cuja funccedilatildeo ainda eacute pouco

conhecida (Sazuka et al 1996)

16 PreparaccedilatildeoTendo sido reconhecida a espeacutecie com que se vai trabalhar torna-se

necessaacuterio que se disponha desta espeacutecie em quantidade suficiente para

atender a demanda relacionada a produccedilatildeo do fitoteraacutepico replicaccedilatildeo da

espeacutecie e respectivo controle de qualidade Par a atingir este objetivo a

espeacutecie deve ser cultivada na extensatildeo adequada ao fim que se propotildee tendo-

se aleacutem dos cuidados inerentes ao cultivo de qualquer espeacutecie vegetal a

precauccedilatildeo de nunca utilizar pesticidas ou agrotoacutexicos na aacuterea de cultivo Nos

parece claro que a opccedilatildeo pelo fitoteraacutepico deve vir acompanhada do desejo de

seguranccedila o que natildeo seria conseguido se fossem deixados resiacuteduos de

agrotoacutexicos ou de pesticidas na espeacutecie que iraacute ser usada como mateacuteria-prima

para a produccedilatildeo de medicamento Veja no item 24 os ensaios que devem ser

efetuados no sentido de identificar e quantificar a presenccedila destes e de outros

contaminantes

Dispondo-se entatildeo da espeacutecie vegetal botanicamente selecionada cultivada

sem o uso de agentes quiacutemicos contaminantes iremos seguir tantos passos

quantos sejam necessaacuterios para preparar a espeacutecie vegetal numa droga capaz

de ser armazenada e processada para resultar num preparado intermediaacuterio uacutetil

na preparaccedilatildeo de fitoteraacutepicos Estes passos podem ser enumerados como

sendo Coleta Monda Estabilizaccedilatildeo Secagem Trituraccedilatildeo e Armazenamento

A execuccedilatildeo e finalidade de cada um se acham descrito a seguir

A Coleta eacute realizada atraveacutes da retirada da parte usada da planta procurando

sempre o material mais saudaacutevel em completo desenvolvimento (a menos que

especificado em (contraacuterio como ocorre com a gema terminal de Psidium

guajava) e com o miacutenimo de contaminantes (poeira poluiccedilatildeo adubo insetos

colocircnia de microrganismos etc) A distribuiccedilatildeo de substacircncias

farmacologicamente ativas nas plantas medicinais natildeo se daacute de maneira

homogecircnea em toda a extensatildeo da planta Portanto eacute de se esperar que

apenas alguma parte de uma dada espeacutecie podem ser utilizadas com finalidade

terapecircutica

Atraveacutes de consulta agraves diversas farmacopeias e tratados sobre plantas

medicinais encontramos descriccedilotildees sobre a parte a ser usada de cada espeacutecie

medicinal Pode-se em alguns casos observar que diferentes partes de uma

mesma planta apresentam propriedades inteiramente diferentes como por

exemplo a Punica granam (romatildezeira) cujas cascas do caule satildeo teniacutefugas e

as cascas dos frutos tecircm propriedades anti-inflamatoacuteria e antibioacutetica Em outros

casos toda a planta pode ser utilizada com a mesma finalidade como a

Phylanthus niruri (quebra-pedra) Torna-se imperioso portanto que antes de

qualquer outra etapa da preparaccedilatildeo de uma forma farmacecircutica fitoteraacutepica se

conheccedila qual ou quais partes da espeacutecie escolhida pode ser utilizada

A coleta deve respeitar para cada espeacutecie o melhor periacuteodo correspondente

agravequele onde a espeacutecie apresenta maior teor em substacircncias ativas Tendo isto

em mente relacionamos a seguir orientaccedilotildees geneacutericas quanto ao periacuteodo de

coleta

Formas farmacecircuticas de fitoteraacutepicosPoacute

Eacute a forma farmacecircutica obtida apoacutes a secagem trituraccedilatildeo e tamisaccedilatildeo da

droga Segundo a sua finalidade devem apresentar a tenuidade adequada

conforme a tabela a seguir Pode ser dispensado para uso na preparaccedilatildeo de

chaacutes ou adicionado agrave alimentaccedilatildeo (leite sucos mel etc) O envase deve cuidar

para que natildeo haja absorccedilatildeo de umidade

Formas soacutelidas

Caacutepsulas

Eacute a forma farmacecircutica obtida pela deposiccedilatildeo ordenada da droga seca

triturada e tamisada em caacutepsulas gelatinosas duras ou pelo encapsulamento

de liacutequidos ou semissoacutelidos de natureza lipofiacutelica em caacutepsulas gelatinosas

moles O invoacutelucro rosa utilizado eacute geralmente de natureza proteica e satildeo

portanto incompatiacuteveis com drogas tacircnicas por exemplo Cuidado especial

deve ser tomado com a umidade temperatura e pressatildeo exercida sobre as

caacutepsulas durante o armazenamento e transporte Estes fatores podem levar a

desidrataccedilatildeo ou hidrataccedilatildeo das caacutepsulas que as tornam quebradiccedilas ou

deformadas e coladas Durante a preparaccedilatildeo das caacutepsulas deve-se cuidar para

que o peso das caacutepsulas obtidas seja o mais uniforme possiacutevel podendo-se

garantir isso pela pesagem da quantidade de poacute necessaacuteria para o enchimento

de um nuacutemero determinado de caacutepsulas

O enchimento das caacutepsulas ocorre na oficina farmacecircutica em tabuleiros

especiais constituiacutedos em acriacutelico PVC ou outro poliacutemero apresentando-se no

modelo mais simples apenas como uma base fixa que se encaixa a uma outra

moacutevel e perfurada que recebe o corpo das caacutepsulas sem as tampas A seguir

se distribui de forma homogecircnea a quantidade estipulada de poacute em todas as

caacutepsulas valendo-se de uma espaacutetula plaacutestica e de um dispositivo especial

para prensar o conteuacutedo no interior das caacutepsulas Finalizado o enchimento as

partes super oires (tampas) das caacutepsulas satildeo recolocadas fechando-as e

determina-se o peso meacutedio das mesmas embalando-as imediatamente

A capacidade das caacutepsulas eacute proporcional agrave densidade do poacute e ao tamanho

das caacutepsulas que eacute padronizado em 08 (oito) diferentes tipos listados a seguir

com as respectivas dimensotildees e capacidades em mililitros

Controle de Qualidade

Todas as etapas utilizadas durante o processamento da droga devem ser

monitoradas atraveacutes de ensaios que possam atestar a qualidade da mateacuteria-

prima dos produtos intermediaacuterios e do produto final acabado O objetivo final

tanto do processamento adequado quanto agrave avaliaccedilatildeo da qualidade eacute a

garantia de que o que estaacute sendo produzido na forma como ocorre o processo

produtivo estaacute conduzindo agrave obtenccedilatildeo de um produto com as caracteriacutesticas

necessaacuterias agrave utilizaccedilatildeo para o tratamento de doenccedilas

Droga

A avaliaccedilatildeo da qualidade da droga utilizada na obtenccedilatildeo de fitoteraacutepicos no

Programa Farmaacutecias-Vivas onde o cultivo das espeacutecies vegetais eacute efetuado

pelo laboratoacuterio fabricante do produto deve ser realizada sob os seguintes

aspectos

- Considerando que a droga a ser utilizada corresponde agrave espeacutecie vegetal

esperada conhece-se suas caracteriacutesticas macromorfoloacutegicas aleacutem das suas

caracteriacutesticas sensoriais constituindo a primeira avaliaccedilatildeo que eacute a identidade

da droga

- Determinaccedilatildeo da umidade da droga fresca que deve ser diferenciada de

perda por dessecaccedilatildeo pois outras substacircncias volaacuteteis aleacutem da aacutegua satildeo

evaporadas Pode ser determinada atraveacutes do ensaio volumeacutetrico de Karl

Fischer ou pelo ensaio gravimeacutetrico submetendo a droga a dessecaccedilatildeo em

temperatura ambiente em dessecador com siacutelica ou aacutecido sulfuacuterico

- Mesmo a droga morfologicamente normal pode natildeo apresentar seus

constituintes ativos na quantidade desejada sendo necessaacuterio que sejam

realizados ensaios de identificaccedilatildeo e quantificaccedilatildeo de ativos ou de marcadores

atraveacutes das mais diversas teacutecnicas gravimeacutetrica volumeacutetrica

espectrofotomeacutetrica cromatograacutefica etc

- Avaliaccedilatildeo da contaminaccedilatildeo microbiana da droga principalmente se a mesma

tiver de ser utilizada sem qualquer processamento posterior As drogas que

seratildeo transformadas em uma forma extrativa em soluccedilatildeo hidro-alcooacutelica pode

ter sua carga microbiana reduzida pelo efeito antisseacuteptico do solvente

Preparado Intermediaacuterio

As formas extrativas satildeo obtidas em condiccedilotildees que nem sempre conseguem

retirar a totalidade das substacircncias ativas soluacuteveis no solvente escolhido devido

a diversos fator ES como o tempo e temperatura de maceraccedilatildeo pH do

solvente distribuiccedilatildeo granulomeacutetrica da droga sua umidade residual teor de

substacircncias ativas e velocidade de percolaccedilatildeo Justifica-se entatildeo a

necessidade da realizaccedilatildeo de ensaios de avaliaccedilatildeo da qualidade das formas

extrativas incluindo avaliaccedilotildees fiacutesico-quiacutemicas como aparecircncia cor odor

solubilidade densidade pH e viscosidade avaliaccedilotildees quiacutemicas como o perfil

cromatograacutefico e dosagem das substacircncias ativas ou marcador e avaliaccedilatildeo

microbioloacutegica da quantidade de microrganismos viaacuteveis

Fitoteraacutepico

Independente da forma farmacecircutica final eacute necessaacuterio que sejam realizadas

avaliaccedilotildees na qualidade do produto final da mesma forma que eacute exigido para

os demais tipos de medicamentos Listamos a seguir os ensaios realizados

para cada forma farmacecircutica lembrando que devem ser acrescentados os

ensaios quiacutemicos e microbioloacutegicos

Prazo de Validade

Considerando a jaacute difiacutecil realizaccedilatildeo da avaliaccedilatildeo da qualidade das drogas

utilizadas na obtenccedilatildeo de fitoteraacutepicos pode-se compreender que o

acompanhamento do processo cineacutetico de degradaccedilatildeo dos constituintes do

medicamento natildeo eacute uma estar efe faacutecil No entanto esta avaliaccedilatildeo pode se dar

em diversos niacuteveis

- Avaliaccedilatildeo da estabilidade fiacutesica

Para cada tipo de forma farmacecircutica satildeo descritas as caracteriacutesticas tiacutepicas

como cor odor limpidez densidade viscosidade pH etc que observadas

para um mesmo lote ao longo do tempo de armazenamento forneceratildeo

informaccedilotildees sobre a integridade fiacutesica da formulaccedilatildeo

- Avaliaccedilatildeo da estabilidade quiacutemica

A utilizaccedilatildeo de recursos laboratoriais desde os mais simples ateacute os mais

sofisticados permitem o acompanhamento qualitativo eou quantitativo dos

princiacutepios ativos contidos no produto fitoteraacutepico Por exemplo atraveacutes do

ensaio limite de taninos por diluiccedilotildees sucessivas e adiccedilatildeo de cloreto feacuterrico

pode-se ter uma medida semi-quantitativa do teor destas substacircncias nas

preparaccedilotildees que o contenham Evoluindo a utilizaccedilatildeo de teacutecnica

cromatograacutefica em camada delgada sobre papel ou siacutelica permite a

determinaccedilatildeo do perfil cromatograacutefico para o produto de modo que possa ser

comparado com o obtido em lotes posteriores ou com o mesmo lote ao longo do

tempo de armazenamento

- Avaliaccedilatildeo da estabilidade microbioloacutegica

A verificaccedilatildeo do niacutevel de contaminaccedilatildeo microbiana numa preparaccedilatildeo

medicamentosa fornece informaccedilotildees sobre o niacutevel de higienizaccedilatildeo empregado

durante o processamento da droga ateacute a obtenccedilatildeo do medicamento A

observaccedilatildeo deste mesmo paracircmetro ao longo do tempo fornece informaccedilotildees

sobre a composiccedilatildeo conservante utilizada no produto e a forma de

armazenamento

Teacutecnicas Gerais

Os ensaios laboratoriais de avaliaccedilatildeo da qualidade da droga compreendem

basicamente

- Observaccedilatildeo macroscoacutepica e microscoacutepica da droga fresca e seca inteira e

triturada comparando com o descrito em farmacopeias ou com modelos

botanicamente certificados

- Determinaccedilatildeo de umidade na droga fresca e naquela seca e triturada

evidenciando a quantidade de aacutegua contida na droga receacutem-coletada na droga

s eca e a efetividade do processo de secagem utilizada

- Identificaccedilatildeo e dosagem de substacircncias ativas ou marcadores realizada na

droga seca e triturada onde atraveacutes do acompanhamento da evoluccedilatildeo ao

longo do tempo e o cruzamento dos dados entre os locais e condiccedilotildees de

cultivo seraacute possiacutevel a determinaccedilatildeo das condiccedilotildees ideais para a manutenccedilatildeo

da qualidade das espeacutecies vegetais

- Determinaccedilatildeo da quantidade de mateacuteria orgacircnica estranha na droga seca

triturada grosseiramente demonstrando se a coleta monda secagem e

trituraccedilatildeo foram realizadas a contento sem o risco de contaminaccedilatildeo com outras

espeacutecies

- Determinaccedilatildeo de resiacuteduos de pesticidas para monitorar a forma de realizaccedilatildeo

do controle de pestes atraveacutes da identificaccedilatildeo e dosagem de pesticidas

- Determinaccedilatildeo da presenccedila de arsecircnio e metais pesados como componentes

que satildeo responsaacuteveis por intoxicaccedilotildees e por incompatibilidades nas

preparaccedilotildees liacutequidas de fitoteraacutepicos

- Determinaccedilatildeo da quantidade de microrganismos viaacuteveis atraveacutes da contagem

em placa a de diluiccedilotildees obtidas a partir do liacutequido de lavagem das drogas

evidenciando o grau de contaminaccedilatildeo e a possiacutevel e indesejaacutevel presenccedila de

microrganismos potencialmente patogecircnicos

Garantia de Qualidade

Na produccedilatildeo de fitoteraacutepicos do mesmo modo como ocorre com qualquer outro

medicamento natildeo pode negligenciar qualquer procedimento que possa conduzir

a diminuiccedilatildeo da qualidade do produto final A qualidade se reflete na

reprodutibilidade da qualidade do produto avaliada em laboratoacuterio e no

acompanhamento da sua eficaacutecia terapecircutica e seguranccedila Isto soacute pode ser

conseguido quando para cada forma farmacecircutica de fitoteraacutepico forem

registradas as operaccedilotildees farmacecircuticas que devem ser seguidas agrave risca suas

medidas de controle e definiccedilatildeo das responsabilidades para cada uma das

etapas do processamento

Apenas como ilustraccedilatildeo tomemos como exemplo a produccedilatildeo da tintura de

Alecrim-pimenta (Lippia sidoides Cham) O iniacutecio da preocupaccedilatildeo com a

qualidade se daacute com a seguranccedila de que a espeacutecie cultivada seja realmente

aquela que se deve coletar e em seguida em coletar a parte que realmente

deve ser utilizada e de plantas com aspecto saudaacutevel de desenvolvimento para

a qual as condiccedilotildees de cultivo tenham se apresentado como satisfatoacuterias A

monda que se segue agrave coleta retirando as partes improacuteprias agrave preparaccedilatildeo do

fitoteraacutepico daacute continuidade ao passo anterior na busca de alcanccedilar a qualidade

desejada O processo de dessecaccedilatildeo ocorrendo agrave sombra e agrave temperatura

ambiente preservando os constituintes quiacutemicos ativos e diminuindo a

influecircncia da umidade da planta sobre a sua qualidade e a da soluccedilatildeo extrativa

a ser obtida faz com que a droga obtida possa ser utilizada como mateacuteria-prima

para a obtenccedilatildeo de medicamento O cuidadoso processo de trituraccedilatildeo sem

elevar a temperatura durante o processo e reduzindo a perda de poacute para o

ambiente tambeacutem representa um processo que deve ser realizado com a

devida atenccedilatildeo Depois disso a droga seca e triturada deve ser armazenada

em condiccedilotildees que preservem sua qualidade pelo tempo necessaacuterio ateacute sua

utilizaccedilatildeo com as devidas inscriccedilotildees que atestem sua fonte data de coleta e de

processamento e respectivos responsaacuteveis

A preparaccedilatildeo da soluccedilatildeo hidro-alcooacutelica que seraacute utilizada no processo extrativo

tambeacutem deve ser realizada com bastante cuidado pois a mateacuteria-prima deve

apresentar a qualidade compatiacutevel com sua utilizaccedilatildeo para a produccedilatildeo de

medicamentos aacutegua purificada e aacutelcool farmacecircutico Deve-se observar a

legislaccedilatildeo atual sobre aacutelcool que exige a desnaturaccedilatildeo do aacutelcool

comercializado em farmaacutecias e supermercados e assim natildeo deve servir como

excipiente farmacecircutico Enfim todos os processos interferem com a qualidade

do produto final a ser obtido e devem ser realizados corretamente e as

operaccedilotildees registradas em documento proacuteprio buscando a rastreabilidade de

cada lote de cada produto

Outra etapa da garantia da qualidade essencial para sua implantaccedilatildeo eacute a

validaccedilatildeo de equipamentos e de processos que busca uma evidecircncia

documentada de que os mesmos cumprem satisfatoriamente sua finalidade

quando utilizados ou realizados corretamente

Estas evidecircncias devem ser conseguidas antes mesmo de se iniciar a utilizaccedilatildeo

das instalaccedilotildees para produccedilatildeo de medicamentos Naqueles jaacute em

funcionamento a validaccedilatildeo pode ser realizada atraveacutes da documentaccedilatildeo da

produccedilatildeo passada ou seja uma validaccedilatildeo retrospectiva

Para a produccedilatildeo de medicamentos em pequena escala que natildeo venha a

caracterizar uma produccedilatildeo industrial deve-se buscar a adequaccedilatildeo das

condiccedilotildees de produccedilatildeo armazenamento e dispensaccedilatildeo do produto atraveacutes da

Resoluccedilatildeo RDC ndeg 33 de abril de 2000 que descreve os criteacuterios de Boas

Praacuteticas de Manipulaccedilatildeo

Para a produccedilatildeo industrial de medicamentos a legislaccedilatildeo que trata das Boas

Praacuteticas de Fabricaccedilatildeo e Garantia de Qualidade eacute a Resoluccedilatildeo RDC ndeg 210 de

04 de agosto de 2003 As especificaccedilotildees legais da legislaccedilatildeo sanitaacuteria

brasileira e de outros paiacuteses para materiais vegetais devem incluir tanto quanto

possiacutevel o seguinte

- Nome botacircnico c om referecircncia aos autores

- Detalhes da fonte da planta (paiacutes ou regiatildeo de origem cultivo eacutepoca da

colheita procedimentos de colheita possiacuteveis pesticidas utilizados etc)

- Descriccedilatildeo do material vegetal inspeccedilatildeo visual macro eou microscoacutepica

- Testes de identificaccedilatildeo apropriados incluindo quando convenientes testes de

identificaccedilatildeo para ingredientes ativos conhecidos ou marcadores

- Ensaios quando convenientes dos constituintes de atividade terapecircutica ou

marcadores

- Meacutetodos apropriados para determinaccedilatildeo de possiacuteveis contaminaccedilotildees por

pesticidas e os limites aceitos

- Testes para metais pesados e contaminantes semelhantes materiais

estranhos e adulterantes

- Testes para radiaccedilatildeo aflatoxinas e contaminaccedilatildeo microbiana

Qualquer tratamento usado para reduzir contaminaccedilotildees focircnicas e microbianas

ou outras infestaccedilotildees devem ser documentadas Instrumentos para tais

procedimentos devem ser acessiacuteveis e devem incluir detalhes dos processos

testes e limites residuais

Para a realidade do programa Farmaacutecias-Vivas onde natildeo satildeo utilizados

pesticidas as plantas satildeo cultivadas no local proacuteximo de onde ocorre a

produccedilatildeo do medicamento ou satildeo de origem na mesma regiatildeo e satildeo

processadas logo apoacutes a coleta satildeo feitas exigecircncias menores que as

estabelecidas para maiores escalas de produccedilatildeo Nem assim devemos deixar

de registrar todas as operaccedilotildees realizadas com a droga desde o seu cultivo ateacute

a dispensaccedilatildeo do produto fitoteraacutepico

Dispensaccedilatildeo

Estivemos sempre discorrendo sobre qualidade do produto a ser obtido desde

o cultivo da espeacutecie correta da coleta da parte usada e o seu processamento

mantendo intactos os princiacutepios ativos Conhecemos os motivos que levam a

toda esta preocupaccedilatildeo com a qualidade a responsabilidade do profissional que

o produz e a eficaacutecia e a seguranccedila necessaacuterias para o paciente que o utiliza

Portanto resta-nos dispensar o fitoteraacutepico para que este apresente estas

caracteriacutesticas trans formando o paciente num parceiro consciente do seu

papel no uso cor reto deste recurso terapecircutico

O resgate das praacuteticas populares agora respaldadas pelos estudos cientiacuteficos

seacuterios que atestam a eficaacutecia e seguranccedila das espeacutecies utilizadas no programa

Farmaacutecias-Vivas pode ser abordado no momento da dispensaccedilatildeo do

medicamento ou atraveacutes de apresentaccedilotildees coletivas organizadas e realizadas

pelo Farmacecircutico Alguns cuidados merecem ser observados para natildeo se

incorrer em riscos desnecessaacuterios

- Natildeo referendar o uso de plantas cujo estudo cientiacutefico natildeo tenha apresentado

dados sobre sua eficaacutecia e seguranccedila

- Natildeo recomendar o uso de qualquer planta medicinal para o tratamento de

doenccedilas sem a devida recomendaccedilatildeo meacutedica especializada ou natildeo

- Natildeo recomendar a utilizaccedilatildeo de planta que nos seja desconhecida tanto no

aspecto teoacuterico quanto praacutetico

- Natildeo sugerir a utilizaccedilatildeo de quaisquer praacuteticas com ou sem uso de plantas

medicinais que possa representar um risco potencial ou real de dano fetal

Para nos resguardarmos de quaisquer erros precisamos nos manter atualizados

quanto aos benefiacutecios e riscos da utilizaccedilatildeo das espeacutecies medicinais com as

quais trabalhamos dada agrave impossibilidade de conhecer todas as demais Os

dados obtidos durante a dispensaccedilatildeo e acompanhamento dos pacientes aleacutem

daqueles obtidos durante os ensaios controlados de toxicologia e farmacologia

cliacutenica forneceratildeo a necessaacuteria seguranccedila para realizarmos a dispensaccedilatildeo e

cada vez mais desfazermos o mito do natural ser inoacutecuo

Como exemplo da relaccedilatildeo risco x benefiacutecio de uma preparaccedilatildeo fitoteraacutepica

apresentamos as seguintes informaccedilotildees sobre o Elixir de Aroeira que em

muitos aspectos natildeo houve a quantificaccedilatildeo da intensidade dos efeitos beneacuteficos

nem adversos nem de interaccedilotildees

Forma Medicamento Fitoteraacutepico- Caacutepsula ESPINHEIRA SANTA Maytenus ilicifolia Celastraceae

Medicamento fitoteraacutepico

Parte utilizada Folhas

Nomenclatura popularEspinheira santa cancerosa cancorosa-de-sete-espinhos cancrosa

espinheira-divina espinho-de-Deus maiteno erva-cancrosa erva-santa

ApresentaccedilotildeesCaacutepsula dura - Extrato seco das folhas de Maytenus ilicifolia 380 mg -

Embalagem com 3 bliacutesters contendo 15 caacutepsulas cada

Via oral

Uso adulto

Composiccedilatildeo

Cada caacutepsula conteacutem

Extrato seco de Maytenus ilicifolia380 mg

Excipiente qsp 1 caacutepsula (amido)

equivalente a 133 mg de taninos totais

Informaccedilotildees ao pacientePara que este medicamento eacute indicado

Espinheira Santa eacute indicada para o tratamento da maacute digestatildeo e como

coadjuvante no tratamento de uacutelcera do estocircmago e duodeno

Como este medicamento funciona

Espinheira Santa atua como regulador das funccedilotildees estomacais e promove a

proteccedilatildeo da mucosa gaacutestrica

Quando natildeo devo usar este medicamentobull O medicamento deve ser evitado por menores de 12 anos de idade devido agrave

falta de estudos disponiacuteveis

bull Lactaccedilatildeo e gravidez visto que pode diminuir a secreccedilatildeo de leite e pode

provocar contraccedilotildees uterinas

bull Hipersensibilidade (alergia) a qualquer um dos componentes da foacutermula ou a

outras plantas da famiacutelia Celastraceae

O que devo saber antes de usar este medicamentoPrecauccedilotildees e advertecircncias

bull De acordo com a categoria de risco de faacutermacos destinados agraves mulheres

graacutevidas este medicamento apresenta categoria de risco C Este medicamento

natildeo deve ser utilizado por mulheres graacutevidas sem orientaccedilatildeo meacutedica ou do

cirurgiatildeo dentista

Interaccedilotildees medicamentosas

bull A administraccedilatildeo concomitante de M ilicifolia com bebidas alcooacutelicas e outros

medicamentos natildeo eacute recomendada pois natildeo existem estudos disponiacuteveis

sobre as interaccedilotildees medicamentosas deste fitoteraacutepico

Informe seu meacutedico ou cirurgiatildeo-dentista se vocecirc estaacute fazendo uso de algum

outro medicamento

Onde como e por quanto tempo posso guardar este medicamentoCuidados de conservaccedilatildeo

Espinheira Santa deve ser conservada em temperatura ambiente (entre 15 e

30ordmC) em sua embalagem original Proteger da luz e da umidade

Prazo de validade24 meses apoacutes a data de fabricaccedilatildeo impressa no cartucho

Nuacutemero de lote e datas de fabricaccedilatildeo e validade vide embalagem

Natildeo use medicamento com o prazo de validade vencido

Guarde-o em sua embalagem original

Caracteriacutesticas fiacutesicasCaacutepsulas gelatinosas duras de cor creme

Caracteriacutesticas organoleacutepticas

Cheiro (odor) caracteriacutestico e praticamente natildeo apresenta sabor

Antes de usar observe o aspecto do medicamento Caso ele esteja no prazo

de validade e vocecirc observe alguma mudanccedila no aspecto consulte o

farmacecircutico para saber se poderaacute utilizaacute-lo

Todo medicamento deve ser mantido fora do alcance das crianccedilas

Como devo usar este medicamentoModo de usar

As caacutepsulas devem ser ingeridas inteiras e com uma quantidade suficiente de

aacutegua para que possam ser deglutidas

Posologia

Ingerir duas caacutepsulas via oral trecircs vezes ao dia de oito em oito horas

Siga corretamente o modo de usar Em caso de duacutevidas sobre este

medicamento procure orientaccedilatildeo do farmacecircutico Natildeo desaparecendo os

sintomas procure orientaccedilatildeo de seu meacutedico ou cirurgiatildeo-dentista

Este medicamento natildeo deve ser partido aberto ou mastigado

O que devo fazer quando eu me esquecer de usar este medicamentoCaso haja esquecimento da ingestatildeo de uma dose deste medicamento

retomar a posologia prescrita sem a necessidade de suplementaccedilatildeo

Em caso de duacutevidas procure orientaccedilatildeo do farmacecircutico ou de seu meacutedico ou

do cirurgiatildeo-dentista

Que males este medicamento pode causarReaccedilotildees adversas

Ateacute o momento natildeo foram relatadas reaccedilotildees adversas graves ou que coloquem

em risco a sauacutede dos pacientes

Raramente podem ocorrer casos de hipersensibilidade Neste caso suspender

o uso e procurar orientaccedilatildeo meacutedica

Informe seu meacutedico cirurgiatildeo-dentista ou farmacecircutico do aparecimento de

reaccedilotildees indesejaacuteveis pelo uso do medicamento

Induacutestria Brasileira

Esta bula foi atualizada conforme Bula Padratildeo aprovada pela Anvisa em

12012011

Farmacecircutica resp Dra (Nome )

CRF-PR nordm XXXX Coacuted XXXXX - 012011

Informe tambeacutem agrave empresa atraveacutes do seu Serviccedilo de

Atendimento ao Consumidor

O que fazer se algueacutem usar uma quantidade maior do que a indicada deste medicamentoPlantas ricas em taninos como a M ilicifolia quando usadas em doses

excessivas podem causar irritaccedilatildeo da mucosa gaacutestrica e intestinal gerando

vocircmitos coacutelicas intestinais e diarreia

Em caso de super dosagem suspender o uso e procurar orientaccedilatildeo meacutedica de

imediato Em caso de uso de grande quantidade deste medicamento procure

rapidamente socorro meacutedico e leve a embalagem ou bula do medicamento se

possiacutevel Siga corretamente o modo de usar natildeo desaparecendo os sintomas

procure orientaccedilatildeo meacutedica

Conclusatildeo

A espinheira-santa (M ilicifolia) eacute um fitoteraacutepico de relevante accedilatildeo terapecircutica

principalmente antiulcerogecircnica dada sua eficaacutecia farmacoloacutegica e seguranccedila

Vale lembrar que por ausecircncia de estudos ela natildeo eacute recomenda para crianccedilas

e natildeo deve ser usada por gestantes pois estudos em camundongos (fecircmeas e

graacutevidas) indicaram um decreacutescimo significativo do nuacutemero de embriotildees aleacutem

de possuir atividade estrogecircnica que pode interferir na receptividade uterina do

embriatildeo Entre suas atividades farmacoloacutegicas destaca-se a atividade

antiulcerogecircnica que pode ser comparada agrave accedilatildeo da ranitidina e da cimetidina

Por ser morfologicamente parecida com as espeacutecies S bonplandii e Z ilicifolia

ela eacute comumente confundida e ateacute mesmo trocada intencionalmente

A utilizaccedilatildeo de maneira errocircnea das espeacutecies botacircnicas que natildeo satildeo a

verdadeira espinheira-santa (M ilicifolia) pode acarretar danos agrave sauacutede dos

pacientes Assim conclui-se que essas espeacutecies conhecidas como

adulterantes podem trazer malefiacutecios pois ainda faltam estudos que

comprovem suas atividades farmacoloacutegicas e principalmente a seguranccedila

terapecircutica Poreacutem natildeo se deve descartar o uso dessas espeacutecies e sim

realizar estudos mais concretos para que essas plantas assim como a

verdadeira espinheira-santa possam auxiliar no tratamento farmacoloacutegico da

populaccedilatildeo

Referecircncias Bibliograacuteficas

Ralph Santos-Oliveira Simone Coulaud-Cunha Waldeciro Colaccedilo

Revisatildeo da Maytenus ilicifolia Mart ex Reissek Celastraceae

Contribuiccedilatildeo ao estudo das propriedades farmacoloacutegicas Rev Bras

Farmacogn Braz J Pharmacogn 19(2B) AbrJun 2009

Wilker Marlon de Moraes Jesus Tarciacutesio Neves da Cunha Estudo das

propriedades farmacoloacutegicas da espinheira-santa (Maytenus ilicifolia

Mart ex Reissek) e de duas espeacutecies adulterantes Revista Sauacutede e

Desenvolvimento vol ndash nordm 1 Jan ndash Jun 2012

MARIOT MP1 BARBIERI RL2 Engenheiro Agrocircnomo Dr prof do

Conjunto Agroteacutecnico ldquoVisconde da GraccedilardquoUniversidade Federal de

Pelotas (mariotufpeltchebr) ndash Av Ildefonso Simotildees Lopes 2791

Pelotas-RS CEP 96060-290 2Bioacuteloga Dr pesquisadora da Embrapa

Clima Temperado (barbiericpactembrapabr) ndash BR 392 km 78 caixa

postal 403 Pelotas-RS CEP 96001-970 (endereccedilo para

correspondecircncia) Metaboacutelitos secundaacuterios e propriedades medicinais da

espinheira-santa (Maytenus ilicifolia Mart ex Reiss e M aquifolium

Mart)

CARLINI EA Braz S Efeito protetor do liofilizado obtido do abafado de

Maytenus Sp (espinheira-santa) contra uacutelcera gaacutestrica experimental em

ratos In Estudo da accedilatildeo antiuacutelcera gaacutestrica de plantas brasileiras

(Maytenus ilicifolia) Espinheira santa e outras Brasiacutelia CEMEAFIP

1988 p21-35MACAUBAS CIP et al Estudo da eventual accedilatildeo

antiuacutelcera gaacutestrica do baacutelsamo (Sedum sp) folha da fortuna

(Bryophyllum calcium) couve (Brassica oleraceae) e da Espinheira

santa (Maytenus ilicifolia) em ratos In Estudo da accedilatildeo antiuacutelcera

gaacutestrica de plantas brasileiras (Maytenus ilicifolia) Espinheira santa e

outras Brasiacutelia CEMEAFIP 1988 p 5-20

Olivia Werner Oliveira Pedro Ros Petrovick Secagem por aspersatildeo

(spray drying) de extratos vegetais bases e aplicaccedilotildees Revista

Brasileira de Farmacognosia Brazilian Journal of Pharmacognosy 20(4)

641-650 AgoSet 2010

Marianne Christina Scheffer Capitulo 17 Produccedilatildeo de espinheira-santa

(Maytenus ilicifolia Mart ex Reiss) na regiatildeo metropolitana de Curitiba

Paranaacute Brasil

Said gonccedilalves da cruz fonsacircca Farmacoteacutecnica de Fitoteraacutepicos2005

por exemplo supermercados farmaacutecias ou feiras Entretanto haacute muitas

exigecircncias impostas pela legislaccedilatildeo de vigilacircncia sanitaacuteria para

comercializaccedilatildeo diretamente ao consumidor final Os atacadistas situados em

sua grande maioria no estado de Satildeo Paulo adquirem o produto no Paranaacute e

distribuem para as demais regiotildees do Brasil e tambeacutem para o exterior Eacute

comum que empresas do Paranaacute adquiram folhas de espinheira-santa

originaacuterias do proacuteprio Estado dos atacadistas de Satildeo Paulo Isto reflete a

falta de organizaccedilatildeo dos produtores que natildeo conseguiram ainda divulgar a

regiatildeo como centro produtor de plantas medicinais

As induacutestrias alimentiacutecias apoacutes embalar o produto revendem-no para os

supermercados Os laboratoacuterios de fitoteraacutepicos apoacutes fabricar o medicamento

normalmente realizam a comercializaccedilatildeo por meio de distribuidores de

produtos farmacecircuticos ou diretamente para grandes redes de farmaacutecias que

realizam a distribuiccedilatildeo internamente

9 Poliacuteticas relacionadas com a exploraccedilatildeo e comercializaccedilatildeo

A produccedilatildeo e comercializaccedilatildeo da espinheira-santa estaacute sujeita agrave legislaccedilatildeo

ambiental e agrave de vigilacircncia sanitaacuteria A primeira estabelece as normas para

registro de pessoas fiacutesicas ou juriacutedicas que consomem exploram ou

comercializam mateacuteria-prima florestal inclusive produtos florestais natildeo

madeireiros (Brasil 1985 Brasil 1995 Brasil 2000) Os coletores sabem que

devem obter registro de coletor e comerciante de plantas nativas junto aos

oacutergatildeos de fiscalizaccedilatildeo ambiental estadual e federal (respectivamente Instituto

Ambiental do Paranaacute IAP e Instituto Brasileiro de Meio Ambiente IBAMA) A

legislaccedilatildeo prevecirc ainda que ao realizar a coleta de uma planta os coletores e

produtores devem ter uma autorizaccedilatildeo fornecida com base num plano de

manejo Este plano deve apresentar as teacutecnicas e estrateacutegias que seratildeo

adotadas para garantir a sustentabilidade da exploraccedilatildeo

Na delegacia do IBAMA do Paranaacute haacute somente dois coletores de plantas

medicinais registrados poreacutem eles natildeo apresentam regularmente pedidos de

autorizaccedilatildeo de coleta acompanhados dos respectivos planos de manejo No

periacuteodo em que efetuamos esta pesquisa o oacutergatildeo estadual ainda natildeo havia

definido as normas que devem ser seguidas pelos interessados na obtenccedilatildeo

das autorizaccedilotildees de coleta de plantas

Uma das razotildees eacute que natildeo se dispotildee ainda de todas as informaccedilotildees teacutecnicas

necessaacuterias para a elaboraccedilatildeo do plano Apesar de oacutergatildeos de pesquisa e de

extensatildeo e das universidades estarem realizando estudos com o objetivo de

estabelecer os criteacuterios teacutecnicos natildeo existia ateacute 2002 nenhum plano de

manejo efetivamente implantado

Outro problema eacute a falta de integraccedilatildeo na atuaccedilatildeo dos oacutergatildeos de fiscalizaccedilatildeo

federal estadual e municipal o que torna a regularizaccedilatildeo junto a estes oacutergatildeos

muito complexa e cara para os produtores

Para que o produtor possa comercializar seu produto no varejo ele deve

atender agraves exigecircncias da legislaccedilatildeo sanitaacuteria que estatildeo muito acima da

capacidade econocircmica da maioria dos coletores e agricultores O produto

deve ainda estar dento dos limites estabelecidos de contaminaccedilatildeo por

microorganismos Quando o produto eacute apresentado como fitoteraacutepico as

exigecircncias aumentam ainda mais envolvendo seu registro com comprovaccedilatildeo

dos constituintes quiacutemicos marcadores e da atividade farmacoloacutegica e a

padronizaccedilatildeo do produto Ateacute mesmo os laboratoacuterios tecircm dificuldade em

atender as exigecircncias da legislaccedilatildeo atual Natildeo obstante o produto chega ao

mercado nas mais variadas formas envasado em sachecircs em caacutepsulas como

tintura misturado a ervas para problemas gaacutestricos entre outras

10 Influecircncia do ambiente na produccedilatildeo de compostos bioativos e perspectivas para o melhoramento geneacutetico de espinheira-santa

A influecircncia do ambiente na produccedilatildeo de polifenoacuteis totais polifenoacuteis natildeo

tanantes e taninos em M ilicifolia foram estudados por Radomski (1998) tendo

sido observado que a luminosidade eacute o principal fator que influencia na

produccedilatildeo destes compostos Plantas que se encontram em pleno sol

apresentam maior concentraccedilatildeo destas substacircncias As correlaccedilotildees entre

luminosidade e polifenoacuteis totais (083) polifenoacuteis natildeo tanantes (092) e taninos

(078) foram altas e significativas

Foram observadas diferenccedilas na morfologia foliar e na concentraccedilatildeo de taninos

em folhas de M ilicifolia de diferentes procedecircncias no Rio Grande do Sul

(Bernardi amp Wasicki 1959) Folhas de plantas desenvolvidas a pleno sol eram

menores com espinhos nas margens em nuacutemero reduzido e apresentavam

maior concentraccedilatildeo de taninos Em plantas de espinheira-santa desenvolvidas

em ambiente com alta luminosidade Radomski (1998) observou que as folhas

das plantas eram mais amareladas mais espessas e com espinhos mais

pronunciados caracterizando formas tiacutepicas de adaptaccedilatildeo de plantas de

sombra expostas agrave luz solar total A autora avaliou a aacuterea foliar o peso de

folhas e o peso especiacutefico de folhas em ambientes com diferentes intensidades

luminosas A aacuterea foliar foi menor e o peso especiacutefico das folhas foi maior nas

plantas desenvolvidas a pleno sol quando comparadas agraves dos outros

ambientes com menor luminosidade O peso especiacutefico de folhas apresentou

altas correlaccedilotildees para concentraccedilatildeo de polifenoacuteis totais (087) polifenoacuteis natildeo

tanantes (082) e taninos (083) Estes compostos contribuem para o

incremento da biomassa foliar Radomski et al (2004) relata a grande

influecircncia do ambiente sobre a composiccedilatildeo fitoquiacutemica da espinheira-santa

como concentraccedilotildees diferenciadas de taninos e polifenoacuteis totais em plantas

coletadas em ambientes diferentes

A autora destaca tambeacutem que os ramos de M ilicifolia podem contribuir com

uma parcela significativa na produccedilatildeo de compostos fitoteraacutepicos como

taninos e polifenoacuteis totais

Em trabalho envolvendo a anaacutelise fitoquiacutemica em populaccedilotildees de M ilicifolia do

Mato Grosso do Sul Paranaacute Santa Catarina e Rio Grande do Sul Mossi

(2003) observou uma grande variabilidade ndash que foi maior dentro das

populaccedilotildees ndash para concentraccedilatildeo dos metaboacutelitos secundaacuterios limoneno geranil

acetato aacutecido palmiacutetico fitol esqualeno vitamina E stigmasterol friedelan-3-

ol friedelin friedelan-3-one Atraveacutes de anaacutelise de agrupamentos (UPGMA) o

autor natildeo identificou uma relaccedilatildeo entre os grupos formados e as caracteriacutesticas

ambientais dos locais de coleta o que pode indicar uma maior influecircncia das

variaacuteveis locais como microclima insolaccedilatildeo condiccedilotildees nutricionais do solo

idade da planta entre outros sobre a concentraccedilatildeo dos compostos analisados

do que as condiccedilotildees macro ambientais

Foram observadas por Buffa Filho et al(2002) diferenccedilas nas concentraccedilotildees

de triterpenos entre plantas com morfologia de folha diferentes sendo que os

compostos 22 hidroximaitenina e celastrol foram encontrados em plantas de

dois tipos morfoloacutegicos

O melhoramento geneacutetico em plantas medicinais visa produzir variedades que

possuam alto rendimento de substacircncias desejadas e que as mantenham em

niacuteveis conhecidos para padronizar a dosagem quando da aplicaccedilatildeo

farmacoloacutegica (Oliveira et al 2003) Eacute importante o aumento da massa seca

eou fresca ou ainda o aumento do teor de princiacutepios ativos em determinado

oacutergatildeo vegetal de modo que estas caracteriacutesticas sejam mantidas nas geraccedilotildees

seguintes O produto do melhoramento de plantas medicinais eacute o princiacutepio ativo

ou o fitocomplexo Outros objetivos satildeo resistecircncia a pragas e doenccedilas e

toleracircncia a condiccedilotildees adversas de ambiente

Como o ambiente tem grande influecircncia na produccedilatildeo de metaboacutelitos

secundaacuterios a interaccedilatildeo genoacutetipo x ambiente eacute um fator importante para ser

analisado no melhoramento de plantas medicinais A possibilidade do melhor

genoacutetipo em um ambiente natildeo o ser em outro influencia o ganho de seleccedilatildeo e

dificulta a recomendaccedilatildeo de cultivares com ampla adaptabilidade (Cruz amp

Regazzi 2001) O conhecimento da herdabilidade dos caracteres de interesse

tambeacutem eacute fundamental para que a seleccedilatildeo seja aplicada com sucesso de

forma que o valor fenotiacutepico de um caraacuteter possa servir como guia para o valor

geneacutetico (aditividade) (Carvalho et al 2001)

Em teste de progecircnies realizado com espinheira-santa Mariot (2005)

identificou uma alta herdabilidade para todos os caracteres (velocidade de

emergecircncia estatura de planta diacircmetro agrave base do caule taxa de crescimento

tamanho de folha e nuacutemero de espinhosfolha) o que evidencia o forte controle

do fator geneacutetico sobre o fenoacutetipo O autor observou ainda altos valores para os

coeficientes de variaccedilatildeo geneacuteticos (CVG) que aliado aos baixos valores para

os coeficientes de variaccedilatildeo devido ao erro experimental (CVE) proporcionaram

iacutendices maiores que 10 para o quociente (relaccedilatildeo CVGVE) em todas as

variaacuteveis analisadas o que eacute um bom indicador para seleccedilatildeo em programas de

melhoramento Este resultado eacute importante para a seleccedilatildeo com base em

caracteres relacionados com o crescimento pois a espinheira-santa eacute

considerada de crescimento lento O tamanho de folha em espinheira-santa

caso apresente relaccedilatildeo com o aumento da biomassa e maior concentraccedilatildeo de

metaboacutelitos secundaacuterios que tenham accedilatildeo farmacoloacutegica pode ser um caraacuteter

importante de se considerar na seleccedilatildeo em programas de melhoramento Os

altos iacutendices dos paracircmetros geneacuteticos evidenciados em trabalho desenvolvido

por Mariot (2005) mostram a eficiecircncia na seleccedilatildeo para estes caracteres

Considerando a necessidade de uniformidade nos teores de princiacutepios ativos

exigidos pelas induacutestrias farmacecircuticas e o fato da espinheira santa ser de

fecundaccedilatildeo cruzada os programas de melhoramento desta espeacutecie que vise

atender estas exigecircncias deve utilizar a propagaccedilatildeo vegetativa

Estudos relacionados agrave cultura de tecidos de M ilicifolia e M aquifolium

tornam-se portanto fundamentais Na aacuterea de biotecnologia foi citado por

Corsino et al (1998a) o uso de Agrobacterium como vetor para aumentar a

produccedilatildeo de triterpenos em programa de melhoramento geneacutetico de espinheira

santa

O conhecimento da associaccedilatildeo entre caracteres eacute de grande importacircncia nos

trabalhos de melhoramento principalmente se a seleccedilatildeo em um deles

apresenta dificuldades em razatildeo da baixa herdabilidade eou tenha problemas

de mediccedilatildeo e identificaccedilatildeo (Cruz amp Regazzi 2001) Para tanto o melhorista

pode estimar as correlaccedilotildees fenotiacutepicas e genotiacutepicas o que pode contribuir no

processo de seleccedilatildeo No caso das espeacutecies medicinais esta ferramenta eacute

muito importante devido ao alto custo das anaacutelises para determinar e

quantificar metaboacutelitos secundaacuterios com potencial farmacoloacutegico como as que

envolvem cromatografia Em espinheira-santa a morfologia foliar estaacute

relacionada com os tipos e a concentraccedilatildeo de triterpenos (Buffa Filho et al

2002) portanto se for identificada correlaccedilatildeo entre estes caracteres a seleccedilatildeo

indireta atraveacutes da morfologia foliar pode vir a ser uma boa estrateacutegia de

seleccedilatildeo

11 Etapas do processo de secagem por aspersatildeoO processo de secagem por aspersatildeo consiste de trecircs etapas fundamentais

Na primeira fase o fluiacutedo eacute disperso como gotiacuteculas produzindo uma grande

aacuterea superficial Na segunda ocorre contato destas com uma corrente de ar

aquecido havendo transferecircncia de calor

Na terceira etapa acontece a evaporaccedilatildeo do solvente e a formaccedilatildeo da partiacutecula soacutelida

121 Ilustraccedilatildeo da Planta Espinheira- Santa

Com a transferecircncia de calor do ar aquecido agraves gotiacuteculas o liacutequido da

superfiacutecie evapora-se rapidamente As partiacuteculas solidificadas geralmente

apresentam o mesmo tamanho e forma da gotiacutecula que as originou Na uacuteltima

etapa o produto de secagem eacute transportado por uma corrente de ar sendo

posteriormente coletado (Broadhead et al 1992 Shaw 1997 Rankell et al

2001) A evaporaccedilatildeo superficial da gotiacutecula conduz agrave formaccedilatildeo de uma

camada de material seco externa Atraveacutes desta camada o liacutequido situado no

interior da gotiacutecula propaga-se para o exterior Dependendo da elasticidade e

da permeabilidade da crosta seratildeo produzidos distintos materiais secos como

esferas intactas com superfiacutecie imperfeita ou fragmentada soacutelidas ou ocas

(Rankell et al 2001) A Figura 2 apresenta foto micrografias de dois extratos

diferentes de Maytenus ilicifolia secos por spray drying com disco giratoacuterio em

torre de secagem por aspersatildeo Os extratos foram produzidos da mesma

maneira utilizando temperatura de entrada de 180 degC velocidade do aspersor

de 9500 rpm e 30 de Aerosil (Oliveira 2008)

12 Fatores que influenciam o processoUm das respostas mais relevantes afetada pelas condiccedilotildees de operaccedilatildeo do

processo eacute a qualidade do produto resultante As variaacuteveis devem ser

controladas visando agrave obtenccedilatildeo de rendimento e de teor de umidade

adequados estabilidade quiacutemica minimizaccedilatildeo da aderecircncia de partiacuteculas na

cacircmara de secagem (sticking) e caracteriacutesticas tecnoloacutegicas especiacuteficas As

propriedades do produto satildeo normalmente determinadas pelos fatores

relacionados agraves caracteriacutesticas do material de entrada e do processamento

isto eacute paracircmetros de operaccedilatildeo e equipamento (Quadro 1)

131 Influecircncia do material de entradaEntre os fatores relacionados agraves caracteriacutesticas do material de entrada o uso

de adjuvantes na teacutecnica de secagem por aspersatildeo eacute uma praacutetica muito

comum Satildeo utilizados como adjuvantes neste processo amido ciclodextrinas

dioacutexido de siliacutecio coloidal fosfato tricaacutelcico gelatina goma araacutebica lactose

maltodextrina entre outros (Vasconcelos et al 2005 Silva Juacutenior et al 2006)

Para a secagem de extratos derivados de plantas a seleccedilatildeo e o uso adequado

de adjuvantes no processo de spray drying eacute uma fase de fundamental

importacircncia visto que determina a estabilidade e a qualidade dos mesmos

podendo inclusive afetar as caracteriacutesticas de biodisponibilidade

13 Atividades farmacoloacutegicas da espinheira-santa A espinheira-santa (M ilicifolia) eacute uma planta que possui atividades

farmacoloacutegicas comprovadas entre elas a atividade antiulcerogecircnica Essas

atividades estatildeo ligadas a substacircncias quiacutemicas que satildeo os polifenoacuteis

(flavonoides e taninos) e os triterpenos Haacute fatores como a composiccedilatildeo quiacutemica

do solo onde essa planta estaacute sendo cultivado o local de plantio a teacutecnica de

colheita a secagem da planta e o processamento poacutes-colheita que influenciam

diretamente nos teores de princiacutepio ativo da planta podendo assim gerar

variaccedilotildees das atividades farmacoloacutegicas (NEGRI 2007)

141 Atividade gaacutestricaDe acordo com alguns estudos (Carlini amp Frochtengerten 1988 Ming et al

1998 Coulaud- Cunha et al 2004 Carvalho et al 2008) a M ilicifolia

apresenta accedilatildeo contra uacutelcera peacuteptica e gastrite Coulaud- Cunha et al (2004)

relatam que a accedilatildeo da M ilicifolia na uacutelcera peacuteptica e gastrite envolve mais de

um mecanismo de accedilatildeo ainda natildeo conclusivamente elucidados e natildeo se deve

somente a um principio ativo especifico mas a diferentes fitocomplexos Foi

demonstrado por Pereira et al (1993) e por Ming et al (1998) que tanto os

taninos principalmente a epigalocatequina quanto os oacuteleos essenciais em

especial o fridenelol satildeo responsaacuteveis por parte dos efeitos gastroprotetores

Carlini amp Frochtengarten (1988) por sua vez em estudos realizados com o

abafado da M ilicifolia relatam que quanto maior o tempo do tratamento maior

seraacute a gastroproteccedilatildeo sem entretanto haver alteraccedilotildees no pH Tal observaccedilatildeo

pode ser confirmada por Ferreira et al (2004) que em estudos com extrato

aquoso liofilizado das folhas de M ilicifolia em sapos comprovou que esse

possui efeito inibitoacuterio sobre os mediadores H2 da histamina nas ceacutelulas

parietais esses segundo Gilman (1989) quando estimulados causam a

ativaccedilatildeo da adenililciclase iniciando uma seacuterie de alteraccedilotildees morfoloacutegicas e

bioquiacutemicas complexas que leva ao aumento da secreccedilatildeo gaacutestrica

funcionando como um antagonista H2 aleacutem de inibir o efeito da gastrina Foi

demonstrado ainda que tanto a epigalocatequina (tanino) quanto o fridenelol

(oacuteleo essencial) satildeo responsaacuteveis por parte do efeito protetor da mucosa

gaacutestrica (Pereira et al 1993 Ming et al 1998)

142 Atividade antiulcerogecircnicaSegundo Sousa-Formigoni et al (1991) foi comprovada a atividade

antiulcerogecircnica da espinheira-santa (M ilicifolia) por experimentos feitos em

ratos nos quais os animais foram induzidos a terem uacutelceras gaacutestricas por meio

de indometacina e por estresse quando estes foram submetidos a baixas

temperaturas e por serem imobilizados Apoacutes a aplicaccedilatildeo de um extrato

liofilizado de espinheira-santa houve uma reduccedilatildeo do nuacutemero de uacutelceras e um

aumento do volume e pH da secreccedilatildeo gaacutestrica

Em estudos de mecanismos celulares e moleculares da accedilatildeo de produtos

naturais com o isolamento de substacircncias bioativas da M ilicifolia

responsaacuteveis pela accedilatildeo antissecretora aacutecida gaacutestrica os resultados obtidos

confirmam essas accedilotildees Foram utilizados nesses experimentos extratos

aquosos das partes aeacutereas da planta e os princiacutepios ativos tecircm funccedilatildeo de

inibidores da bomba de proacutetons etapa final comum das vias reguladoras da

secreccedilatildeo aacutecida gaacutestrica (BOSSOLANI 2000)

143 Atividade antimicrobianaEstudos pioneiros como o de Lima et al (1969) jaacute demonstravam que a

maitenina exibe forte atividade antimicrobiana contra vaacuterias bacteacuterias Gram

positivas Tais efeitos foram corroborados com a demonstraccedilatildeo que os extratos

das folhas e raiacutezes tecircm efeito antimicrobiano para vaacuterios patoacutegenos dentre

eles Staphylococcus aureus e Streptococcus sp

144 Atividade sobre o Sistema Nervoso CentralSegundo Alonso (1998) o extrato de M ilicifolia possui atividade sedativa que

potencializa (efeito sineacutergico) o sono por barbituacutericos em camundongos

145 Atividades abortiva e sobre a espermatogecircnese

De acordo com Montanari et al (1998) o extrato etanoacutelico de M Ilicifolia

quando administrado em altas doses em camundongos suiacuteccedilos apesar de

causar leves alteraccedilotildees como ceacutelulas germinativas imaturas esfoliadas mortes

celulares ocasionais aumento de gotiacuteculas lipiacutedicas em ceacutelulas de Sertoli e

inchamento de acrossomas entre outras natildeo foi suficiente para acarretar

danos agrave espermatogecircnese

Jaacute em testes realizados em camundongos (fecircmeas e graacutevidas) administrando-

se oralmente extrato hidroalcooacutelico (70) de folhas de espinheira-santa (M

ilicifolia) observou-se um decreacutescimo significativo do nuacutemero de embriotildees

indicando uma perda embrionaacuteria antes do periacuteodo de implantaccedilatildeo Poreacutem

natildeo houve maacute-formaccedilatildeo ou mortes fetais depois do periacuteodo de implantaccedilatildeo

Esse extrato possui atividade estrogecircnica que pode interferir na receptividade

uterina ao embriatildeo (MONTANARI BEVILAQUA 2002)

146 Atividades antimutagecircnica e anticanceriacutegenaConforme Horn e Vargas (2003) o extrato aquoso de M ilicifolia foi eficaz em

aproximadamente 75 das doses testadas exibindo boas respostas

antimutagecircnicas ou um decreacutescimo sugestivo Em estudos realizados por

Queiroga et al (2007) foi avaliada a fraccedilatildeo ativa antiulcerogecircnica da M

ilicifolia na atividade anticanceriacutegena apresentando resultados citostaacuteticos

satisfatoacuterios De acordo com Itokawa et al (1993) o composto pristimerina foi o

mais eficiente na accedilatildeo citotoacutexica podendo ser uacutetil no tratamento de tumores

147 Atividade antioxidante e otoprotetoraDe acordo com Mattei e Carlini (1998) um extrato aquoso liofilizado de

espinheira-santa (M ilicifolia) foi testado in vitro em homogenato de ceacuterebro de

ratos e exerceu uma importante atividade antioxidante inibindo o processo de

lipoperoxidaccedilatildeo

Usando-se extrato etanoacutelico de M ilicifolia foi confirmado que a casca da raiz

tem um poder antioxidante pelo fato de possuir em sua base compostos com a

capacidade sequestradora de radicais livres (VELLOSA et al 2006)

Conforme Santos et al (2010) foram comprovadas propriedades antioxidantes

dos extratos brutos e de componentes individuais de M Ilicifolia por possiacuteveis

associaccedilotildees sineacutergicas de substacircncias fenoacutelicas e triterpenos

quinonametiacutedeos comparados agrave rutina como composto fenoacutelico modelo

De acordo Kasse et al (2008) foi realizado um estudo com ratos (fecircmeas) em

que esses animais foram submetidos agrave substacircncia cisplatina e posteriormente

tratados com extrato de M ilicifolia para avaliar a atividade otoprotetora da

planta Foram realizados e avaliados os exames de emissotildees otoacuacutesticas por

produtos de distorccedilatildeo por potencial de tronco encefaacutelico antes e depois de

administraccedilatildeo de cisplatina e por fim por microscopia eletrocircnica de varredura

Os resultados mostraram que apesar de apresentar atividades antioxidantes a

M ilicifolia foi incapaz de bloquear o efeito citotoacutexico do composto quiacutemico

administrado nas cobaias

Segundo Negri et al (2009) a atividade antioxidante do extrato etanoacutelico de M

ilicifolia estaacute intimamente ligada agrave sua temperatura de secagem Testes

realizados para avaliaccedilatildeo do poder antioxidante os quais foram os meacutetodos de

formaccedilatildeo de complexo com fosfomolibdecircnio e atividade antioxidante em

relaccedilatildeo agrave reduccedilatildeo de um radical utilizando-se o DPPH (22-difenil-1-

picnilhidrazila) em que foram levadas em consideraccedilatildeo diferentes

temperaturas usualmente utilizadas para secagem (40 50 60 70 e 80˚C)

demostraram melhor atividade antioxidante na temperatura de 40˚C e

gradativamente quanto maior a temperatura realizada nos testes menor o

poder antioxidante Por fim o estudo mostrou a importacircncia do controle de

temperatura para a melhor efetividade nesse quesito da planta

Em estudos de Pessuto et al (2009) foram avaliados extratos e compostos

isolados de M Ilicifolia em relaccedilatildeo agrave capacidade antioxidante Os extratos

brutos e semipurificados foram estudados por meio de ensaios de

fosfomolibdecircnio (complexo) e de DPPH (22-difenil-1-picnilhidrazila) nos quais

os resultados mostraram que a fraccedilatildeo com acetato de etila teve melhor

capacidade antioxidante em relaccedilatildeo ao extrato bruto e fraccedilatildeo aquosa

possivelmente por conter maior nuacutemero de hidroxilas fenoacutelicas (pela

capacidade de sequestro dos radicais livres) e tambeacutem em relaccedilatildeo agraves

substacircncias trolox e vitamina C

148 Atividades antinociceptiva e anti-inflamatoacuteria De acordo com Nakamura et al (1994) o extrato etanoacutelico de folhas de M

ilicifolia conteacutem uma fraccedilatildeo de quercetina-3-O-glicosiacutedeo e essa substacircncia

quiacutemica foi avaliada pelo teste de aacutecido aceacutetico e formalina em ratos obtendo-

se resultados satisfatoacuterios para atividades analgeacutesicas e anti-inflamatoacuterias

Por meio de testes realizados em camundongos e ratos foi provocado um

edema nas patas desses animais por meio de injeccedilatildeo de 002 ml de

formaldeiacutedo (soluccedilatildeo a 092) utilizando-se como controle soluccedilatildeo salino

Apoacutes 120 minutos foi aplicado extrato hexacircnico e acetato de etila das folhas

(M ilicifolia) administrados por via oral nas doses de 80 160 320 e 340 mgkg

Os animais foram sacrificados apoacutes 4 horas Em um segundo ensaio foi

administrada por injeccedilatildeo soluccedilatildeo de carragenina a 1 e os extratos da planta

foram dados por via oral nas doses de 80 160 320 e 340 mgkg Os resultados

obtidos mostraram uma atividade antinociceptiva para os dois extratos

principalmente nas doses de 320 e 340 mgkg sendo esse teste importante

para uma alternativa cliacutenica na terapecircutica anti-inflamatoacuteria e antiulcerogecircnica

(JORGE et al 2004)

14 Toxicidade efeitos adversos e contraindicaccedilatildeo da espinheira-santa

Foi realizado um estudo toxicoloacutegico com 24 voluntaacuterios sendo 12 homens e

12 mulheres de 20 a 40 anos de idade selecionados previamente por meio de

avaliaccedilatildeo cliacutenica exames hematoloacutegicos e bioquiacutemicos e avaliaccedilatildeo

psicomotora com o objetivo de estabelecer um intervalo maacuteximo de seguranccedila

no uso de M ilicifolia As doses foram administradas de maneira crescente e

natildeo houve um grupo controle pois os exames iniciais foram considerados

como valores basais para efeito comparativo A dose inicial foi fixada em 100

mg por adulto sendo administradas doses subsequentes de 200 500 1000

1500 e 2000 mg com intervalos de uma semana para cada dose A anaacutelise dos

resultados revelou que natildeo houve efeitos significativos nos valores dos

principais paracircmetros hematoloacutegicos e bioquiacutemicos e tambeacutem natildeo foram

observadas alteraccedilotildees nas funccedilotildees hepaacuteticas pancreaacuteticas e renais

Hormocircnios lipiacutedeos glicose soacutedio potaacutessio caacutelcio e foacutesforo tambeacutem

mantiveram valores considerados normais (TABACH et al 2002)

Em relaccedilatildeo aos efeitos adversos a M ilicifolia natildeo possui algum que justifica a

interrupccedilatildeo do tratamento Entre os mais comuns destacam-se cefaleia

sonolecircncia boca seca naacuteuseas dor articular nas matildeos gosto estranho na

boca tremor nas matildeos cistite e poliuacuteria (TABACH et al 2002) Poreacutem

segundo Amaral et al (2005) natildeo eacute recomendado o uso pediaacutetrico pela

ausecircncia de testes Ensaios realizados em ratos mostraram perda embrionaacuteria

antes do periacuteodo de implantaccedilatildeo portanto essa planta natildeo eacute recomendada em

casos de gravidez (MONTANARI BIVILACQUA 2002)

De acordo com estudos realizados em camundongos o abafado de M ilicifolia

foi administrado nesses animais em doses ateacute 360 vezes maiores que a

utilizada pelo homem durante um periacuteodo de dois a trecircs meses Como

resultados natildeo houve mudanccedilas no peso comportamento temperatura

paracircmetros bioquiacutemicos e hematoloacutegicos desses animais (OLIVEIRA CARLINI

1988)

15 FarmacocineacuteticaO modelo da farmacocineacutetica da espinheira-santa eacute estudado por meio de seus

taninos natildeo condensados Epigalocatequina marcada foi administrada por via

oral sendo os picos plasmaacuteticos observados 60 min apoacutes a ingestatildeo Apoacutes

uma dose de 500 mgkg foram detectadas concentraccedilotildees tissulares de 123

mmol no plasma 484 mmol no fiacutegado e 565 mmol no intestino delgado

(Nakagawa amp Miyazawa 1997) Depois da administraccedilatildeo oral de

epigalocatequina-3-galato marcada com triacutetio a ratos cerca de 6 da dose eacute

eliminada na urina e 24 nas fezes nas primeiras 24 horas Uma segunda

dose dada duas horas apoacutes a primeira eleva em cerca de 4 a 6 vezes a

concentraccedilatildeo no plasma e em alguns tecidos Esses dados sugerem uma

meia-vida longa e eliminaccedilatildeo lenta da epigalocatequina-3-galato No final das

24 horas os animais foram sacrificados e essa substacircncia pocircde ser encontrada

no rim ceacuterebro fiacutegado pacircncreas intestino e ossos (Suganuma et al 1998)

Num outro estudo foi avaliada a afinidade da epigalocatequina-3-galato agraves

proteiacutenas do soro Apoacutes uma dose oral a ratos mais de 50 da

epigalocatequina-3-galato absorvida ligou-se agrave proteiacutena do plasma

especialmente a fibronectina o fibrinogecircnio e a HRGP( Histidin Rich

Glicoprotein) proteiacutena plasmaacutetica com 74 kdaltons cuja funccedilatildeo ainda eacute pouco

conhecida (Sazuka et al 1996)

16 PreparaccedilatildeoTendo sido reconhecida a espeacutecie com que se vai trabalhar torna-se

necessaacuterio que se disponha desta espeacutecie em quantidade suficiente para

atender a demanda relacionada a produccedilatildeo do fitoteraacutepico replicaccedilatildeo da

espeacutecie e respectivo controle de qualidade Par a atingir este objetivo a

espeacutecie deve ser cultivada na extensatildeo adequada ao fim que se propotildee tendo-

se aleacutem dos cuidados inerentes ao cultivo de qualquer espeacutecie vegetal a

precauccedilatildeo de nunca utilizar pesticidas ou agrotoacutexicos na aacuterea de cultivo Nos

parece claro que a opccedilatildeo pelo fitoteraacutepico deve vir acompanhada do desejo de

seguranccedila o que natildeo seria conseguido se fossem deixados resiacuteduos de

agrotoacutexicos ou de pesticidas na espeacutecie que iraacute ser usada como mateacuteria-prima

para a produccedilatildeo de medicamento Veja no item 24 os ensaios que devem ser

efetuados no sentido de identificar e quantificar a presenccedila destes e de outros

contaminantes

Dispondo-se entatildeo da espeacutecie vegetal botanicamente selecionada cultivada

sem o uso de agentes quiacutemicos contaminantes iremos seguir tantos passos

quantos sejam necessaacuterios para preparar a espeacutecie vegetal numa droga capaz

de ser armazenada e processada para resultar num preparado intermediaacuterio uacutetil

na preparaccedilatildeo de fitoteraacutepicos Estes passos podem ser enumerados como

sendo Coleta Monda Estabilizaccedilatildeo Secagem Trituraccedilatildeo e Armazenamento

A execuccedilatildeo e finalidade de cada um se acham descrito a seguir

A Coleta eacute realizada atraveacutes da retirada da parte usada da planta procurando

sempre o material mais saudaacutevel em completo desenvolvimento (a menos que

especificado em (contraacuterio como ocorre com a gema terminal de Psidium

guajava) e com o miacutenimo de contaminantes (poeira poluiccedilatildeo adubo insetos

colocircnia de microrganismos etc) A distribuiccedilatildeo de substacircncias

farmacologicamente ativas nas plantas medicinais natildeo se daacute de maneira

homogecircnea em toda a extensatildeo da planta Portanto eacute de se esperar que

apenas alguma parte de uma dada espeacutecie podem ser utilizadas com finalidade

terapecircutica

Atraveacutes de consulta agraves diversas farmacopeias e tratados sobre plantas

medicinais encontramos descriccedilotildees sobre a parte a ser usada de cada espeacutecie

medicinal Pode-se em alguns casos observar que diferentes partes de uma

mesma planta apresentam propriedades inteiramente diferentes como por

exemplo a Punica granam (romatildezeira) cujas cascas do caule satildeo teniacutefugas e

as cascas dos frutos tecircm propriedades anti-inflamatoacuteria e antibioacutetica Em outros

casos toda a planta pode ser utilizada com a mesma finalidade como a

Phylanthus niruri (quebra-pedra) Torna-se imperioso portanto que antes de

qualquer outra etapa da preparaccedilatildeo de uma forma farmacecircutica fitoteraacutepica se

conheccedila qual ou quais partes da espeacutecie escolhida pode ser utilizada

A coleta deve respeitar para cada espeacutecie o melhor periacuteodo correspondente

agravequele onde a espeacutecie apresenta maior teor em substacircncias ativas Tendo isto

em mente relacionamos a seguir orientaccedilotildees geneacutericas quanto ao periacuteodo de

coleta

Formas farmacecircuticas de fitoteraacutepicosPoacute

Eacute a forma farmacecircutica obtida apoacutes a secagem trituraccedilatildeo e tamisaccedilatildeo da

droga Segundo a sua finalidade devem apresentar a tenuidade adequada

conforme a tabela a seguir Pode ser dispensado para uso na preparaccedilatildeo de

chaacutes ou adicionado agrave alimentaccedilatildeo (leite sucos mel etc) O envase deve cuidar

para que natildeo haja absorccedilatildeo de umidade

Formas soacutelidas

Caacutepsulas

Eacute a forma farmacecircutica obtida pela deposiccedilatildeo ordenada da droga seca

triturada e tamisada em caacutepsulas gelatinosas duras ou pelo encapsulamento

de liacutequidos ou semissoacutelidos de natureza lipofiacutelica em caacutepsulas gelatinosas

moles O invoacutelucro rosa utilizado eacute geralmente de natureza proteica e satildeo

portanto incompatiacuteveis com drogas tacircnicas por exemplo Cuidado especial

deve ser tomado com a umidade temperatura e pressatildeo exercida sobre as

caacutepsulas durante o armazenamento e transporte Estes fatores podem levar a

desidrataccedilatildeo ou hidrataccedilatildeo das caacutepsulas que as tornam quebradiccedilas ou

deformadas e coladas Durante a preparaccedilatildeo das caacutepsulas deve-se cuidar para

que o peso das caacutepsulas obtidas seja o mais uniforme possiacutevel podendo-se

garantir isso pela pesagem da quantidade de poacute necessaacuteria para o enchimento

de um nuacutemero determinado de caacutepsulas

O enchimento das caacutepsulas ocorre na oficina farmacecircutica em tabuleiros

especiais constituiacutedos em acriacutelico PVC ou outro poliacutemero apresentando-se no

modelo mais simples apenas como uma base fixa que se encaixa a uma outra

moacutevel e perfurada que recebe o corpo das caacutepsulas sem as tampas A seguir

se distribui de forma homogecircnea a quantidade estipulada de poacute em todas as

caacutepsulas valendo-se de uma espaacutetula plaacutestica e de um dispositivo especial

para prensar o conteuacutedo no interior das caacutepsulas Finalizado o enchimento as

partes super oires (tampas) das caacutepsulas satildeo recolocadas fechando-as e

determina-se o peso meacutedio das mesmas embalando-as imediatamente

A capacidade das caacutepsulas eacute proporcional agrave densidade do poacute e ao tamanho

das caacutepsulas que eacute padronizado em 08 (oito) diferentes tipos listados a seguir

com as respectivas dimensotildees e capacidades em mililitros

Controle de Qualidade

Todas as etapas utilizadas durante o processamento da droga devem ser

monitoradas atraveacutes de ensaios que possam atestar a qualidade da mateacuteria-

prima dos produtos intermediaacuterios e do produto final acabado O objetivo final

tanto do processamento adequado quanto agrave avaliaccedilatildeo da qualidade eacute a

garantia de que o que estaacute sendo produzido na forma como ocorre o processo

produtivo estaacute conduzindo agrave obtenccedilatildeo de um produto com as caracteriacutesticas

necessaacuterias agrave utilizaccedilatildeo para o tratamento de doenccedilas

Droga

A avaliaccedilatildeo da qualidade da droga utilizada na obtenccedilatildeo de fitoteraacutepicos no

Programa Farmaacutecias-Vivas onde o cultivo das espeacutecies vegetais eacute efetuado

pelo laboratoacuterio fabricante do produto deve ser realizada sob os seguintes

aspectos

- Considerando que a droga a ser utilizada corresponde agrave espeacutecie vegetal

esperada conhece-se suas caracteriacutesticas macromorfoloacutegicas aleacutem das suas

caracteriacutesticas sensoriais constituindo a primeira avaliaccedilatildeo que eacute a identidade

da droga

- Determinaccedilatildeo da umidade da droga fresca que deve ser diferenciada de

perda por dessecaccedilatildeo pois outras substacircncias volaacuteteis aleacutem da aacutegua satildeo

evaporadas Pode ser determinada atraveacutes do ensaio volumeacutetrico de Karl

Fischer ou pelo ensaio gravimeacutetrico submetendo a droga a dessecaccedilatildeo em

temperatura ambiente em dessecador com siacutelica ou aacutecido sulfuacuterico

- Mesmo a droga morfologicamente normal pode natildeo apresentar seus

constituintes ativos na quantidade desejada sendo necessaacuterio que sejam

realizados ensaios de identificaccedilatildeo e quantificaccedilatildeo de ativos ou de marcadores

atraveacutes das mais diversas teacutecnicas gravimeacutetrica volumeacutetrica

espectrofotomeacutetrica cromatograacutefica etc

- Avaliaccedilatildeo da contaminaccedilatildeo microbiana da droga principalmente se a mesma

tiver de ser utilizada sem qualquer processamento posterior As drogas que

seratildeo transformadas em uma forma extrativa em soluccedilatildeo hidro-alcooacutelica pode

ter sua carga microbiana reduzida pelo efeito antisseacuteptico do solvente

Preparado Intermediaacuterio

As formas extrativas satildeo obtidas em condiccedilotildees que nem sempre conseguem

retirar a totalidade das substacircncias ativas soluacuteveis no solvente escolhido devido

a diversos fator ES como o tempo e temperatura de maceraccedilatildeo pH do

solvente distribuiccedilatildeo granulomeacutetrica da droga sua umidade residual teor de

substacircncias ativas e velocidade de percolaccedilatildeo Justifica-se entatildeo a

necessidade da realizaccedilatildeo de ensaios de avaliaccedilatildeo da qualidade das formas

extrativas incluindo avaliaccedilotildees fiacutesico-quiacutemicas como aparecircncia cor odor

solubilidade densidade pH e viscosidade avaliaccedilotildees quiacutemicas como o perfil

cromatograacutefico e dosagem das substacircncias ativas ou marcador e avaliaccedilatildeo

microbioloacutegica da quantidade de microrganismos viaacuteveis

Fitoteraacutepico

Independente da forma farmacecircutica final eacute necessaacuterio que sejam realizadas

avaliaccedilotildees na qualidade do produto final da mesma forma que eacute exigido para

os demais tipos de medicamentos Listamos a seguir os ensaios realizados

para cada forma farmacecircutica lembrando que devem ser acrescentados os

ensaios quiacutemicos e microbioloacutegicos

Prazo de Validade

Considerando a jaacute difiacutecil realizaccedilatildeo da avaliaccedilatildeo da qualidade das drogas

utilizadas na obtenccedilatildeo de fitoteraacutepicos pode-se compreender que o

acompanhamento do processo cineacutetico de degradaccedilatildeo dos constituintes do

medicamento natildeo eacute uma estar efe faacutecil No entanto esta avaliaccedilatildeo pode se dar

em diversos niacuteveis

- Avaliaccedilatildeo da estabilidade fiacutesica

Para cada tipo de forma farmacecircutica satildeo descritas as caracteriacutesticas tiacutepicas

como cor odor limpidez densidade viscosidade pH etc que observadas

para um mesmo lote ao longo do tempo de armazenamento forneceratildeo

informaccedilotildees sobre a integridade fiacutesica da formulaccedilatildeo

- Avaliaccedilatildeo da estabilidade quiacutemica

A utilizaccedilatildeo de recursos laboratoriais desde os mais simples ateacute os mais

sofisticados permitem o acompanhamento qualitativo eou quantitativo dos

princiacutepios ativos contidos no produto fitoteraacutepico Por exemplo atraveacutes do

ensaio limite de taninos por diluiccedilotildees sucessivas e adiccedilatildeo de cloreto feacuterrico

pode-se ter uma medida semi-quantitativa do teor destas substacircncias nas

preparaccedilotildees que o contenham Evoluindo a utilizaccedilatildeo de teacutecnica

cromatograacutefica em camada delgada sobre papel ou siacutelica permite a

determinaccedilatildeo do perfil cromatograacutefico para o produto de modo que possa ser

comparado com o obtido em lotes posteriores ou com o mesmo lote ao longo do

tempo de armazenamento

- Avaliaccedilatildeo da estabilidade microbioloacutegica

A verificaccedilatildeo do niacutevel de contaminaccedilatildeo microbiana numa preparaccedilatildeo

medicamentosa fornece informaccedilotildees sobre o niacutevel de higienizaccedilatildeo empregado

durante o processamento da droga ateacute a obtenccedilatildeo do medicamento A

observaccedilatildeo deste mesmo paracircmetro ao longo do tempo fornece informaccedilotildees

sobre a composiccedilatildeo conservante utilizada no produto e a forma de

armazenamento

Teacutecnicas Gerais

Os ensaios laboratoriais de avaliaccedilatildeo da qualidade da droga compreendem

basicamente

- Observaccedilatildeo macroscoacutepica e microscoacutepica da droga fresca e seca inteira e

triturada comparando com o descrito em farmacopeias ou com modelos

botanicamente certificados

- Determinaccedilatildeo de umidade na droga fresca e naquela seca e triturada

evidenciando a quantidade de aacutegua contida na droga receacutem-coletada na droga

s eca e a efetividade do processo de secagem utilizada

- Identificaccedilatildeo e dosagem de substacircncias ativas ou marcadores realizada na

droga seca e triturada onde atraveacutes do acompanhamento da evoluccedilatildeo ao

longo do tempo e o cruzamento dos dados entre os locais e condiccedilotildees de

cultivo seraacute possiacutevel a determinaccedilatildeo das condiccedilotildees ideais para a manutenccedilatildeo

da qualidade das espeacutecies vegetais

- Determinaccedilatildeo da quantidade de mateacuteria orgacircnica estranha na droga seca

triturada grosseiramente demonstrando se a coleta monda secagem e

trituraccedilatildeo foram realizadas a contento sem o risco de contaminaccedilatildeo com outras

espeacutecies

- Determinaccedilatildeo de resiacuteduos de pesticidas para monitorar a forma de realizaccedilatildeo

do controle de pestes atraveacutes da identificaccedilatildeo e dosagem de pesticidas

- Determinaccedilatildeo da presenccedila de arsecircnio e metais pesados como componentes

que satildeo responsaacuteveis por intoxicaccedilotildees e por incompatibilidades nas

preparaccedilotildees liacutequidas de fitoteraacutepicos

- Determinaccedilatildeo da quantidade de microrganismos viaacuteveis atraveacutes da contagem

em placa a de diluiccedilotildees obtidas a partir do liacutequido de lavagem das drogas

evidenciando o grau de contaminaccedilatildeo e a possiacutevel e indesejaacutevel presenccedila de

microrganismos potencialmente patogecircnicos

Garantia de Qualidade

Na produccedilatildeo de fitoteraacutepicos do mesmo modo como ocorre com qualquer outro

medicamento natildeo pode negligenciar qualquer procedimento que possa conduzir

a diminuiccedilatildeo da qualidade do produto final A qualidade se reflete na

reprodutibilidade da qualidade do produto avaliada em laboratoacuterio e no

acompanhamento da sua eficaacutecia terapecircutica e seguranccedila Isto soacute pode ser

conseguido quando para cada forma farmacecircutica de fitoteraacutepico forem

registradas as operaccedilotildees farmacecircuticas que devem ser seguidas agrave risca suas

medidas de controle e definiccedilatildeo das responsabilidades para cada uma das

etapas do processamento

Apenas como ilustraccedilatildeo tomemos como exemplo a produccedilatildeo da tintura de

Alecrim-pimenta (Lippia sidoides Cham) O iniacutecio da preocupaccedilatildeo com a

qualidade se daacute com a seguranccedila de que a espeacutecie cultivada seja realmente

aquela que se deve coletar e em seguida em coletar a parte que realmente

deve ser utilizada e de plantas com aspecto saudaacutevel de desenvolvimento para

a qual as condiccedilotildees de cultivo tenham se apresentado como satisfatoacuterias A

monda que se segue agrave coleta retirando as partes improacuteprias agrave preparaccedilatildeo do

fitoteraacutepico daacute continuidade ao passo anterior na busca de alcanccedilar a qualidade

desejada O processo de dessecaccedilatildeo ocorrendo agrave sombra e agrave temperatura

ambiente preservando os constituintes quiacutemicos ativos e diminuindo a

influecircncia da umidade da planta sobre a sua qualidade e a da soluccedilatildeo extrativa

a ser obtida faz com que a droga obtida possa ser utilizada como mateacuteria-prima

para a obtenccedilatildeo de medicamento O cuidadoso processo de trituraccedilatildeo sem

elevar a temperatura durante o processo e reduzindo a perda de poacute para o

ambiente tambeacutem representa um processo que deve ser realizado com a

devida atenccedilatildeo Depois disso a droga seca e triturada deve ser armazenada

em condiccedilotildees que preservem sua qualidade pelo tempo necessaacuterio ateacute sua

utilizaccedilatildeo com as devidas inscriccedilotildees que atestem sua fonte data de coleta e de

processamento e respectivos responsaacuteveis

A preparaccedilatildeo da soluccedilatildeo hidro-alcooacutelica que seraacute utilizada no processo extrativo

tambeacutem deve ser realizada com bastante cuidado pois a mateacuteria-prima deve

apresentar a qualidade compatiacutevel com sua utilizaccedilatildeo para a produccedilatildeo de

medicamentos aacutegua purificada e aacutelcool farmacecircutico Deve-se observar a

legislaccedilatildeo atual sobre aacutelcool que exige a desnaturaccedilatildeo do aacutelcool

comercializado em farmaacutecias e supermercados e assim natildeo deve servir como

excipiente farmacecircutico Enfim todos os processos interferem com a qualidade

do produto final a ser obtido e devem ser realizados corretamente e as

operaccedilotildees registradas em documento proacuteprio buscando a rastreabilidade de

cada lote de cada produto

Outra etapa da garantia da qualidade essencial para sua implantaccedilatildeo eacute a

validaccedilatildeo de equipamentos e de processos que busca uma evidecircncia

documentada de que os mesmos cumprem satisfatoriamente sua finalidade

quando utilizados ou realizados corretamente

Estas evidecircncias devem ser conseguidas antes mesmo de se iniciar a utilizaccedilatildeo

das instalaccedilotildees para produccedilatildeo de medicamentos Naqueles jaacute em

funcionamento a validaccedilatildeo pode ser realizada atraveacutes da documentaccedilatildeo da

produccedilatildeo passada ou seja uma validaccedilatildeo retrospectiva

Para a produccedilatildeo de medicamentos em pequena escala que natildeo venha a

caracterizar uma produccedilatildeo industrial deve-se buscar a adequaccedilatildeo das

condiccedilotildees de produccedilatildeo armazenamento e dispensaccedilatildeo do produto atraveacutes da

Resoluccedilatildeo RDC ndeg 33 de abril de 2000 que descreve os criteacuterios de Boas

Praacuteticas de Manipulaccedilatildeo

Para a produccedilatildeo industrial de medicamentos a legislaccedilatildeo que trata das Boas

Praacuteticas de Fabricaccedilatildeo e Garantia de Qualidade eacute a Resoluccedilatildeo RDC ndeg 210 de

04 de agosto de 2003 As especificaccedilotildees legais da legislaccedilatildeo sanitaacuteria

brasileira e de outros paiacuteses para materiais vegetais devem incluir tanto quanto

possiacutevel o seguinte

- Nome botacircnico c om referecircncia aos autores

- Detalhes da fonte da planta (paiacutes ou regiatildeo de origem cultivo eacutepoca da

colheita procedimentos de colheita possiacuteveis pesticidas utilizados etc)

- Descriccedilatildeo do material vegetal inspeccedilatildeo visual macro eou microscoacutepica

- Testes de identificaccedilatildeo apropriados incluindo quando convenientes testes de

identificaccedilatildeo para ingredientes ativos conhecidos ou marcadores

- Ensaios quando convenientes dos constituintes de atividade terapecircutica ou

marcadores

- Meacutetodos apropriados para determinaccedilatildeo de possiacuteveis contaminaccedilotildees por

pesticidas e os limites aceitos

- Testes para metais pesados e contaminantes semelhantes materiais

estranhos e adulterantes

- Testes para radiaccedilatildeo aflatoxinas e contaminaccedilatildeo microbiana

Qualquer tratamento usado para reduzir contaminaccedilotildees focircnicas e microbianas

ou outras infestaccedilotildees devem ser documentadas Instrumentos para tais

procedimentos devem ser acessiacuteveis e devem incluir detalhes dos processos

testes e limites residuais

Para a realidade do programa Farmaacutecias-Vivas onde natildeo satildeo utilizados

pesticidas as plantas satildeo cultivadas no local proacuteximo de onde ocorre a

produccedilatildeo do medicamento ou satildeo de origem na mesma regiatildeo e satildeo

processadas logo apoacutes a coleta satildeo feitas exigecircncias menores que as

estabelecidas para maiores escalas de produccedilatildeo Nem assim devemos deixar

de registrar todas as operaccedilotildees realizadas com a droga desde o seu cultivo ateacute

a dispensaccedilatildeo do produto fitoteraacutepico

Dispensaccedilatildeo

Estivemos sempre discorrendo sobre qualidade do produto a ser obtido desde

o cultivo da espeacutecie correta da coleta da parte usada e o seu processamento

mantendo intactos os princiacutepios ativos Conhecemos os motivos que levam a

toda esta preocupaccedilatildeo com a qualidade a responsabilidade do profissional que

o produz e a eficaacutecia e a seguranccedila necessaacuterias para o paciente que o utiliza

Portanto resta-nos dispensar o fitoteraacutepico para que este apresente estas

caracteriacutesticas trans formando o paciente num parceiro consciente do seu

papel no uso cor reto deste recurso terapecircutico

O resgate das praacuteticas populares agora respaldadas pelos estudos cientiacuteficos

seacuterios que atestam a eficaacutecia e seguranccedila das espeacutecies utilizadas no programa

Farmaacutecias-Vivas pode ser abordado no momento da dispensaccedilatildeo do

medicamento ou atraveacutes de apresentaccedilotildees coletivas organizadas e realizadas

pelo Farmacecircutico Alguns cuidados merecem ser observados para natildeo se

incorrer em riscos desnecessaacuterios

- Natildeo referendar o uso de plantas cujo estudo cientiacutefico natildeo tenha apresentado

dados sobre sua eficaacutecia e seguranccedila

- Natildeo recomendar o uso de qualquer planta medicinal para o tratamento de

doenccedilas sem a devida recomendaccedilatildeo meacutedica especializada ou natildeo

- Natildeo recomendar a utilizaccedilatildeo de planta que nos seja desconhecida tanto no

aspecto teoacuterico quanto praacutetico

- Natildeo sugerir a utilizaccedilatildeo de quaisquer praacuteticas com ou sem uso de plantas

medicinais que possa representar um risco potencial ou real de dano fetal

Para nos resguardarmos de quaisquer erros precisamos nos manter atualizados

quanto aos benefiacutecios e riscos da utilizaccedilatildeo das espeacutecies medicinais com as

quais trabalhamos dada agrave impossibilidade de conhecer todas as demais Os

dados obtidos durante a dispensaccedilatildeo e acompanhamento dos pacientes aleacutem

daqueles obtidos durante os ensaios controlados de toxicologia e farmacologia

cliacutenica forneceratildeo a necessaacuteria seguranccedila para realizarmos a dispensaccedilatildeo e

cada vez mais desfazermos o mito do natural ser inoacutecuo

Como exemplo da relaccedilatildeo risco x benefiacutecio de uma preparaccedilatildeo fitoteraacutepica

apresentamos as seguintes informaccedilotildees sobre o Elixir de Aroeira que em

muitos aspectos natildeo houve a quantificaccedilatildeo da intensidade dos efeitos beneacuteficos

nem adversos nem de interaccedilotildees

Forma Medicamento Fitoteraacutepico- Caacutepsula ESPINHEIRA SANTA Maytenus ilicifolia Celastraceae

Medicamento fitoteraacutepico

Parte utilizada Folhas

Nomenclatura popularEspinheira santa cancerosa cancorosa-de-sete-espinhos cancrosa

espinheira-divina espinho-de-Deus maiteno erva-cancrosa erva-santa

ApresentaccedilotildeesCaacutepsula dura - Extrato seco das folhas de Maytenus ilicifolia 380 mg -

Embalagem com 3 bliacutesters contendo 15 caacutepsulas cada

Via oral

Uso adulto

Composiccedilatildeo

Cada caacutepsula conteacutem

Extrato seco de Maytenus ilicifolia380 mg

Excipiente qsp 1 caacutepsula (amido)

equivalente a 133 mg de taninos totais

Informaccedilotildees ao pacientePara que este medicamento eacute indicado

Espinheira Santa eacute indicada para o tratamento da maacute digestatildeo e como

coadjuvante no tratamento de uacutelcera do estocircmago e duodeno

Como este medicamento funciona

Espinheira Santa atua como regulador das funccedilotildees estomacais e promove a

proteccedilatildeo da mucosa gaacutestrica

Quando natildeo devo usar este medicamentobull O medicamento deve ser evitado por menores de 12 anos de idade devido agrave

falta de estudos disponiacuteveis

bull Lactaccedilatildeo e gravidez visto que pode diminuir a secreccedilatildeo de leite e pode

provocar contraccedilotildees uterinas

bull Hipersensibilidade (alergia) a qualquer um dos componentes da foacutermula ou a

outras plantas da famiacutelia Celastraceae

O que devo saber antes de usar este medicamentoPrecauccedilotildees e advertecircncias

bull De acordo com a categoria de risco de faacutermacos destinados agraves mulheres

graacutevidas este medicamento apresenta categoria de risco C Este medicamento

natildeo deve ser utilizado por mulheres graacutevidas sem orientaccedilatildeo meacutedica ou do

cirurgiatildeo dentista

Interaccedilotildees medicamentosas

bull A administraccedilatildeo concomitante de M ilicifolia com bebidas alcooacutelicas e outros

medicamentos natildeo eacute recomendada pois natildeo existem estudos disponiacuteveis

sobre as interaccedilotildees medicamentosas deste fitoteraacutepico

Informe seu meacutedico ou cirurgiatildeo-dentista se vocecirc estaacute fazendo uso de algum

outro medicamento

Onde como e por quanto tempo posso guardar este medicamentoCuidados de conservaccedilatildeo

Espinheira Santa deve ser conservada em temperatura ambiente (entre 15 e

30ordmC) em sua embalagem original Proteger da luz e da umidade

Prazo de validade24 meses apoacutes a data de fabricaccedilatildeo impressa no cartucho

Nuacutemero de lote e datas de fabricaccedilatildeo e validade vide embalagem

Natildeo use medicamento com o prazo de validade vencido

Guarde-o em sua embalagem original

Caracteriacutesticas fiacutesicasCaacutepsulas gelatinosas duras de cor creme

Caracteriacutesticas organoleacutepticas

Cheiro (odor) caracteriacutestico e praticamente natildeo apresenta sabor

Antes de usar observe o aspecto do medicamento Caso ele esteja no prazo

de validade e vocecirc observe alguma mudanccedila no aspecto consulte o

farmacecircutico para saber se poderaacute utilizaacute-lo

Todo medicamento deve ser mantido fora do alcance das crianccedilas

Como devo usar este medicamentoModo de usar

As caacutepsulas devem ser ingeridas inteiras e com uma quantidade suficiente de

aacutegua para que possam ser deglutidas

Posologia

Ingerir duas caacutepsulas via oral trecircs vezes ao dia de oito em oito horas

Siga corretamente o modo de usar Em caso de duacutevidas sobre este

medicamento procure orientaccedilatildeo do farmacecircutico Natildeo desaparecendo os

sintomas procure orientaccedilatildeo de seu meacutedico ou cirurgiatildeo-dentista

Este medicamento natildeo deve ser partido aberto ou mastigado

O que devo fazer quando eu me esquecer de usar este medicamentoCaso haja esquecimento da ingestatildeo de uma dose deste medicamento

retomar a posologia prescrita sem a necessidade de suplementaccedilatildeo

Em caso de duacutevidas procure orientaccedilatildeo do farmacecircutico ou de seu meacutedico ou

do cirurgiatildeo-dentista

Que males este medicamento pode causarReaccedilotildees adversas

Ateacute o momento natildeo foram relatadas reaccedilotildees adversas graves ou que coloquem

em risco a sauacutede dos pacientes

Raramente podem ocorrer casos de hipersensibilidade Neste caso suspender

o uso e procurar orientaccedilatildeo meacutedica

Informe seu meacutedico cirurgiatildeo-dentista ou farmacecircutico do aparecimento de

reaccedilotildees indesejaacuteveis pelo uso do medicamento

Induacutestria Brasileira

Esta bula foi atualizada conforme Bula Padratildeo aprovada pela Anvisa em

12012011

Farmacecircutica resp Dra (Nome )

CRF-PR nordm XXXX Coacuted XXXXX - 012011

Informe tambeacutem agrave empresa atraveacutes do seu Serviccedilo de

Atendimento ao Consumidor

O que fazer se algueacutem usar uma quantidade maior do que a indicada deste medicamentoPlantas ricas em taninos como a M ilicifolia quando usadas em doses

excessivas podem causar irritaccedilatildeo da mucosa gaacutestrica e intestinal gerando

vocircmitos coacutelicas intestinais e diarreia

Em caso de super dosagem suspender o uso e procurar orientaccedilatildeo meacutedica de

imediato Em caso de uso de grande quantidade deste medicamento procure

rapidamente socorro meacutedico e leve a embalagem ou bula do medicamento se

possiacutevel Siga corretamente o modo de usar natildeo desaparecendo os sintomas

procure orientaccedilatildeo meacutedica

Conclusatildeo

A espinheira-santa (M ilicifolia) eacute um fitoteraacutepico de relevante accedilatildeo terapecircutica

principalmente antiulcerogecircnica dada sua eficaacutecia farmacoloacutegica e seguranccedila

Vale lembrar que por ausecircncia de estudos ela natildeo eacute recomenda para crianccedilas

e natildeo deve ser usada por gestantes pois estudos em camundongos (fecircmeas e

graacutevidas) indicaram um decreacutescimo significativo do nuacutemero de embriotildees aleacutem

de possuir atividade estrogecircnica que pode interferir na receptividade uterina do

embriatildeo Entre suas atividades farmacoloacutegicas destaca-se a atividade

antiulcerogecircnica que pode ser comparada agrave accedilatildeo da ranitidina e da cimetidina

Por ser morfologicamente parecida com as espeacutecies S bonplandii e Z ilicifolia

ela eacute comumente confundida e ateacute mesmo trocada intencionalmente

A utilizaccedilatildeo de maneira errocircnea das espeacutecies botacircnicas que natildeo satildeo a

verdadeira espinheira-santa (M ilicifolia) pode acarretar danos agrave sauacutede dos

pacientes Assim conclui-se que essas espeacutecies conhecidas como

adulterantes podem trazer malefiacutecios pois ainda faltam estudos que

comprovem suas atividades farmacoloacutegicas e principalmente a seguranccedila

terapecircutica Poreacutem natildeo se deve descartar o uso dessas espeacutecies e sim

realizar estudos mais concretos para que essas plantas assim como a

verdadeira espinheira-santa possam auxiliar no tratamento farmacoloacutegico da

populaccedilatildeo

Referecircncias Bibliograacuteficas

Ralph Santos-Oliveira Simone Coulaud-Cunha Waldeciro Colaccedilo

Revisatildeo da Maytenus ilicifolia Mart ex Reissek Celastraceae

Contribuiccedilatildeo ao estudo das propriedades farmacoloacutegicas Rev Bras

Farmacogn Braz J Pharmacogn 19(2B) AbrJun 2009

Wilker Marlon de Moraes Jesus Tarciacutesio Neves da Cunha Estudo das

propriedades farmacoloacutegicas da espinheira-santa (Maytenus ilicifolia

Mart ex Reissek) e de duas espeacutecies adulterantes Revista Sauacutede e

Desenvolvimento vol ndash nordm 1 Jan ndash Jun 2012

MARIOT MP1 BARBIERI RL2 Engenheiro Agrocircnomo Dr prof do

Conjunto Agroteacutecnico ldquoVisconde da GraccedilardquoUniversidade Federal de

Pelotas (mariotufpeltchebr) ndash Av Ildefonso Simotildees Lopes 2791

Pelotas-RS CEP 96060-290 2Bioacuteloga Dr pesquisadora da Embrapa

Clima Temperado (barbiericpactembrapabr) ndash BR 392 km 78 caixa

postal 403 Pelotas-RS CEP 96001-970 (endereccedilo para

correspondecircncia) Metaboacutelitos secundaacuterios e propriedades medicinais da

espinheira-santa (Maytenus ilicifolia Mart ex Reiss e M aquifolium

Mart)

CARLINI EA Braz S Efeito protetor do liofilizado obtido do abafado de

Maytenus Sp (espinheira-santa) contra uacutelcera gaacutestrica experimental em

ratos In Estudo da accedilatildeo antiuacutelcera gaacutestrica de plantas brasileiras

(Maytenus ilicifolia) Espinheira santa e outras Brasiacutelia CEMEAFIP

1988 p21-35MACAUBAS CIP et al Estudo da eventual accedilatildeo

antiuacutelcera gaacutestrica do baacutelsamo (Sedum sp) folha da fortuna

(Bryophyllum calcium) couve (Brassica oleraceae) e da Espinheira

santa (Maytenus ilicifolia) em ratos In Estudo da accedilatildeo antiuacutelcera

gaacutestrica de plantas brasileiras (Maytenus ilicifolia) Espinheira santa e

outras Brasiacutelia CEMEAFIP 1988 p 5-20

Olivia Werner Oliveira Pedro Ros Petrovick Secagem por aspersatildeo

(spray drying) de extratos vegetais bases e aplicaccedilotildees Revista

Brasileira de Farmacognosia Brazilian Journal of Pharmacognosy 20(4)

641-650 AgoSet 2010

Marianne Christina Scheffer Capitulo 17 Produccedilatildeo de espinheira-santa

(Maytenus ilicifolia Mart ex Reiss) na regiatildeo metropolitana de Curitiba

Paranaacute Brasil

Said gonccedilalves da cruz fonsacircca Farmacoteacutecnica de Fitoteraacutepicos2005

registro de pessoas fiacutesicas ou juriacutedicas que consomem exploram ou

comercializam mateacuteria-prima florestal inclusive produtos florestais natildeo

madeireiros (Brasil 1985 Brasil 1995 Brasil 2000) Os coletores sabem que

devem obter registro de coletor e comerciante de plantas nativas junto aos

oacutergatildeos de fiscalizaccedilatildeo ambiental estadual e federal (respectivamente Instituto

Ambiental do Paranaacute IAP e Instituto Brasileiro de Meio Ambiente IBAMA) A

legislaccedilatildeo prevecirc ainda que ao realizar a coleta de uma planta os coletores e

produtores devem ter uma autorizaccedilatildeo fornecida com base num plano de

manejo Este plano deve apresentar as teacutecnicas e estrateacutegias que seratildeo

adotadas para garantir a sustentabilidade da exploraccedilatildeo

Na delegacia do IBAMA do Paranaacute haacute somente dois coletores de plantas

medicinais registrados poreacutem eles natildeo apresentam regularmente pedidos de

autorizaccedilatildeo de coleta acompanhados dos respectivos planos de manejo No

periacuteodo em que efetuamos esta pesquisa o oacutergatildeo estadual ainda natildeo havia

definido as normas que devem ser seguidas pelos interessados na obtenccedilatildeo

das autorizaccedilotildees de coleta de plantas

Uma das razotildees eacute que natildeo se dispotildee ainda de todas as informaccedilotildees teacutecnicas

necessaacuterias para a elaboraccedilatildeo do plano Apesar de oacutergatildeos de pesquisa e de

extensatildeo e das universidades estarem realizando estudos com o objetivo de

estabelecer os criteacuterios teacutecnicos natildeo existia ateacute 2002 nenhum plano de

manejo efetivamente implantado

Outro problema eacute a falta de integraccedilatildeo na atuaccedilatildeo dos oacutergatildeos de fiscalizaccedilatildeo

federal estadual e municipal o que torna a regularizaccedilatildeo junto a estes oacutergatildeos

muito complexa e cara para os produtores

Para que o produtor possa comercializar seu produto no varejo ele deve

atender agraves exigecircncias da legislaccedilatildeo sanitaacuteria que estatildeo muito acima da

capacidade econocircmica da maioria dos coletores e agricultores O produto

deve ainda estar dento dos limites estabelecidos de contaminaccedilatildeo por

microorganismos Quando o produto eacute apresentado como fitoteraacutepico as

exigecircncias aumentam ainda mais envolvendo seu registro com comprovaccedilatildeo

dos constituintes quiacutemicos marcadores e da atividade farmacoloacutegica e a

padronizaccedilatildeo do produto Ateacute mesmo os laboratoacuterios tecircm dificuldade em

atender as exigecircncias da legislaccedilatildeo atual Natildeo obstante o produto chega ao

mercado nas mais variadas formas envasado em sachecircs em caacutepsulas como

tintura misturado a ervas para problemas gaacutestricos entre outras

10 Influecircncia do ambiente na produccedilatildeo de compostos bioativos e perspectivas para o melhoramento geneacutetico de espinheira-santa

A influecircncia do ambiente na produccedilatildeo de polifenoacuteis totais polifenoacuteis natildeo

tanantes e taninos em M ilicifolia foram estudados por Radomski (1998) tendo

sido observado que a luminosidade eacute o principal fator que influencia na

produccedilatildeo destes compostos Plantas que se encontram em pleno sol

apresentam maior concentraccedilatildeo destas substacircncias As correlaccedilotildees entre

luminosidade e polifenoacuteis totais (083) polifenoacuteis natildeo tanantes (092) e taninos

(078) foram altas e significativas

Foram observadas diferenccedilas na morfologia foliar e na concentraccedilatildeo de taninos

em folhas de M ilicifolia de diferentes procedecircncias no Rio Grande do Sul

(Bernardi amp Wasicki 1959) Folhas de plantas desenvolvidas a pleno sol eram

menores com espinhos nas margens em nuacutemero reduzido e apresentavam

maior concentraccedilatildeo de taninos Em plantas de espinheira-santa desenvolvidas

em ambiente com alta luminosidade Radomski (1998) observou que as folhas

das plantas eram mais amareladas mais espessas e com espinhos mais

pronunciados caracterizando formas tiacutepicas de adaptaccedilatildeo de plantas de

sombra expostas agrave luz solar total A autora avaliou a aacuterea foliar o peso de

folhas e o peso especiacutefico de folhas em ambientes com diferentes intensidades

luminosas A aacuterea foliar foi menor e o peso especiacutefico das folhas foi maior nas

plantas desenvolvidas a pleno sol quando comparadas agraves dos outros

ambientes com menor luminosidade O peso especiacutefico de folhas apresentou

altas correlaccedilotildees para concentraccedilatildeo de polifenoacuteis totais (087) polifenoacuteis natildeo

tanantes (082) e taninos (083) Estes compostos contribuem para o

incremento da biomassa foliar Radomski et al (2004) relata a grande

influecircncia do ambiente sobre a composiccedilatildeo fitoquiacutemica da espinheira-santa

como concentraccedilotildees diferenciadas de taninos e polifenoacuteis totais em plantas

coletadas em ambientes diferentes

A autora destaca tambeacutem que os ramos de M ilicifolia podem contribuir com

uma parcela significativa na produccedilatildeo de compostos fitoteraacutepicos como

taninos e polifenoacuteis totais

Em trabalho envolvendo a anaacutelise fitoquiacutemica em populaccedilotildees de M ilicifolia do

Mato Grosso do Sul Paranaacute Santa Catarina e Rio Grande do Sul Mossi

(2003) observou uma grande variabilidade ndash que foi maior dentro das

populaccedilotildees ndash para concentraccedilatildeo dos metaboacutelitos secundaacuterios limoneno geranil

acetato aacutecido palmiacutetico fitol esqualeno vitamina E stigmasterol friedelan-3-

ol friedelin friedelan-3-one Atraveacutes de anaacutelise de agrupamentos (UPGMA) o

autor natildeo identificou uma relaccedilatildeo entre os grupos formados e as caracteriacutesticas

ambientais dos locais de coleta o que pode indicar uma maior influecircncia das

variaacuteveis locais como microclima insolaccedilatildeo condiccedilotildees nutricionais do solo

idade da planta entre outros sobre a concentraccedilatildeo dos compostos analisados

do que as condiccedilotildees macro ambientais

Foram observadas por Buffa Filho et al(2002) diferenccedilas nas concentraccedilotildees

de triterpenos entre plantas com morfologia de folha diferentes sendo que os

compostos 22 hidroximaitenina e celastrol foram encontrados em plantas de

dois tipos morfoloacutegicos

O melhoramento geneacutetico em plantas medicinais visa produzir variedades que

possuam alto rendimento de substacircncias desejadas e que as mantenham em

niacuteveis conhecidos para padronizar a dosagem quando da aplicaccedilatildeo

farmacoloacutegica (Oliveira et al 2003) Eacute importante o aumento da massa seca

eou fresca ou ainda o aumento do teor de princiacutepios ativos em determinado

oacutergatildeo vegetal de modo que estas caracteriacutesticas sejam mantidas nas geraccedilotildees

seguintes O produto do melhoramento de plantas medicinais eacute o princiacutepio ativo

ou o fitocomplexo Outros objetivos satildeo resistecircncia a pragas e doenccedilas e

toleracircncia a condiccedilotildees adversas de ambiente

Como o ambiente tem grande influecircncia na produccedilatildeo de metaboacutelitos

secundaacuterios a interaccedilatildeo genoacutetipo x ambiente eacute um fator importante para ser

analisado no melhoramento de plantas medicinais A possibilidade do melhor

genoacutetipo em um ambiente natildeo o ser em outro influencia o ganho de seleccedilatildeo e

dificulta a recomendaccedilatildeo de cultivares com ampla adaptabilidade (Cruz amp

Regazzi 2001) O conhecimento da herdabilidade dos caracteres de interesse

tambeacutem eacute fundamental para que a seleccedilatildeo seja aplicada com sucesso de

forma que o valor fenotiacutepico de um caraacuteter possa servir como guia para o valor

geneacutetico (aditividade) (Carvalho et al 2001)

Em teste de progecircnies realizado com espinheira-santa Mariot (2005)

identificou uma alta herdabilidade para todos os caracteres (velocidade de

emergecircncia estatura de planta diacircmetro agrave base do caule taxa de crescimento

tamanho de folha e nuacutemero de espinhosfolha) o que evidencia o forte controle

do fator geneacutetico sobre o fenoacutetipo O autor observou ainda altos valores para os

coeficientes de variaccedilatildeo geneacuteticos (CVG) que aliado aos baixos valores para

os coeficientes de variaccedilatildeo devido ao erro experimental (CVE) proporcionaram

iacutendices maiores que 10 para o quociente (relaccedilatildeo CVGVE) em todas as

variaacuteveis analisadas o que eacute um bom indicador para seleccedilatildeo em programas de

melhoramento Este resultado eacute importante para a seleccedilatildeo com base em

caracteres relacionados com o crescimento pois a espinheira-santa eacute

considerada de crescimento lento O tamanho de folha em espinheira-santa

caso apresente relaccedilatildeo com o aumento da biomassa e maior concentraccedilatildeo de

metaboacutelitos secundaacuterios que tenham accedilatildeo farmacoloacutegica pode ser um caraacuteter

importante de se considerar na seleccedilatildeo em programas de melhoramento Os

altos iacutendices dos paracircmetros geneacuteticos evidenciados em trabalho desenvolvido

por Mariot (2005) mostram a eficiecircncia na seleccedilatildeo para estes caracteres

Considerando a necessidade de uniformidade nos teores de princiacutepios ativos

exigidos pelas induacutestrias farmacecircuticas e o fato da espinheira santa ser de

fecundaccedilatildeo cruzada os programas de melhoramento desta espeacutecie que vise

atender estas exigecircncias deve utilizar a propagaccedilatildeo vegetativa

Estudos relacionados agrave cultura de tecidos de M ilicifolia e M aquifolium

tornam-se portanto fundamentais Na aacuterea de biotecnologia foi citado por

Corsino et al (1998a) o uso de Agrobacterium como vetor para aumentar a

produccedilatildeo de triterpenos em programa de melhoramento geneacutetico de espinheira

santa

O conhecimento da associaccedilatildeo entre caracteres eacute de grande importacircncia nos

trabalhos de melhoramento principalmente se a seleccedilatildeo em um deles

apresenta dificuldades em razatildeo da baixa herdabilidade eou tenha problemas

de mediccedilatildeo e identificaccedilatildeo (Cruz amp Regazzi 2001) Para tanto o melhorista

pode estimar as correlaccedilotildees fenotiacutepicas e genotiacutepicas o que pode contribuir no

processo de seleccedilatildeo No caso das espeacutecies medicinais esta ferramenta eacute

muito importante devido ao alto custo das anaacutelises para determinar e

quantificar metaboacutelitos secundaacuterios com potencial farmacoloacutegico como as que

envolvem cromatografia Em espinheira-santa a morfologia foliar estaacute

relacionada com os tipos e a concentraccedilatildeo de triterpenos (Buffa Filho et al

2002) portanto se for identificada correlaccedilatildeo entre estes caracteres a seleccedilatildeo

indireta atraveacutes da morfologia foliar pode vir a ser uma boa estrateacutegia de

seleccedilatildeo

11 Etapas do processo de secagem por aspersatildeoO processo de secagem por aspersatildeo consiste de trecircs etapas fundamentais

Na primeira fase o fluiacutedo eacute disperso como gotiacuteculas produzindo uma grande

aacuterea superficial Na segunda ocorre contato destas com uma corrente de ar

aquecido havendo transferecircncia de calor

Na terceira etapa acontece a evaporaccedilatildeo do solvente e a formaccedilatildeo da partiacutecula soacutelida

121 Ilustraccedilatildeo da Planta Espinheira- Santa

Com a transferecircncia de calor do ar aquecido agraves gotiacuteculas o liacutequido da

superfiacutecie evapora-se rapidamente As partiacuteculas solidificadas geralmente

apresentam o mesmo tamanho e forma da gotiacutecula que as originou Na uacuteltima

etapa o produto de secagem eacute transportado por uma corrente de ar sendo

posteriormente coletado (Broadhead et al 1992 Shaw 1997 Rankell et al

2001) A evaporaccedilatildeo superficial da gotiacutecula conduz agrave formaccedilatildeo de uma

camada de material seco externa Atraveacutes desta camada o liacutequido situado no

interior da gotiacutecula propaga-se para o exterior Dependendo da elasticidade e

da permeabilidade da crosta seratildeo produzidos distintos materiais secos como

esferas intactas com superfiacutecie imperfeita ou fragmentada soacutelidas ou ocas

(Rankell et al 2001) A Figura 2 apresenta foto micrografias de dois extratos

diferentes de Maytenus ilicifolia secos por spray drying com disco giratoacuterio em

torre de secagem por aspersatildeo Os extratos foram produzidos da mesma

maneira utilizando temperatura de entrada de 180 degC velocidade do aspersor

de 9500 rpm e 30 de Aerosil (Oliveira 2008)

12 Fatores que influenciam o processoUm das respostas mais relevantes afetada pelas condiccedilotildees de operaccedilatildeo do

processo eacute a qualidade do produto resultante As variaacuteveis devem ser

controladas visando agrave obtenccedilatildeo de rendimento e de teor de umidade

adequados estabilidade quiacutemica minimizaccedilatildeo da aderecircncia de partiacuteculas na

cacircmara de secagem (sticking) e caracteriacutesticas tecnoloacutegicas especiacuteficas As

propriedades do produto satildeo normalmente determinadas pelos fatores

relacionados agraves caracteriacutesticas do material de entrada e do processamento

isto eacute paracircmetros de operaccedilatildeo e equipamento (Quadro 1)

131 Influecircncia do material de entradaEntre os fatores relacionados agraves caracteriacutesticas do material de entrada o uso

de adjuvantes na teacutecnica de secagem por aspersatildeo eacute uma praacutetica muito

comum Satildeo utilizados como adjuvantes neste processo amido ciclodextrinas

dioacutexido de siliacutecio coloidal fosfato tricaacutelcico gelatina goma araacutebica lactose

maltodextrina entre outros (Vasconcelos et al 2005 Silva Juacutenior et al 2006)

Para a secagem de extratos derivados de plantas a seleccedilatildeo e o uso adequado

de adjuvantes no processo de spray drying eacute uma fase de fundamental

importacircncia visto que determina a estabilidade e a qualidade dos mesmos

podendo inclusive afetar as caracteriacutesticas de biodisponibilidade

13 Atividades farmacoloacutegicas da espinheira-santa A espinheira-santa (M ilicifolia) eacute uma planta que possui atividades

farmacoloacutegicas comprovadas entre elas a atividade antiulcerogecircnica Essas

atividades estatildeo ligadas a substacircncias quiacutemicas que satildeo os polifenoacuteis

(flavonoides e taninos) e os triterpenos Haacute fatores como a composiccedilatildeo quiacutemica

do solo onde essa planta estaacute sendo cultivado o local de plantio a teacutecnica de

colheita a secagem da planta e o processamento poacutes-colheita que influenciam

diretamente nos teores de princiacutepio ativo da planta podendo assim gerar

variaccedilotildees das atividades farmacoloacutegicas (NEGRI 2007)

141 Atividade gaacutestricaDe acordo com alguns estudos (Carlini amp Frochtengerten 1988 Ming et al

1998 Coulaud- Cunha et al 2004 Carvalho et al 2008) a M ilicifolia

apresenta accedilatildeo contra uacutelcera peacuteptica e gastrite Coulaud- Cunha et al (2004)

relatam que a accedilatildeo da M ilicifolia na uacutelcera peacuteptica e gastrite envolve mais de

um mecanismo de accedilatildeo ainda natildeo conclusivamente elucidados e natildeo se deve

somente a um principio ativo especifico mas a diferentes fitocomplexos Foi

demonstrado por Pereira et al (1993) e por Ming et al (1998) que tanto os

taninos principalmente a epigalocatequina quanto os oacuteleos essenciais em

especial o fridenelol satildeo responsaacuteveis por parte dos efeitos gastroprotetores

Carlini amp Frochtengarten (1988) por sua vez em estudos realizados com o

abafado da M ilicifolia relatam que quanto maior o tempo do tratamento maior

seraacute a gastroproteccedilatildeo sem entretanto haver alteraccedilotildees no pH Tal observaccedilatildeo

pode ser confirmada por Ferreira et al (2004) que em estudos com extrato

aquoso liofilizado das folhas de M ilicifolia em sapos comprovou que esse

possui efeito inibitoacuterio sobre os mediadores H2 da histamina nas ceacutelulas

parietais esses segundo Gilman (1989) quando estimulados causam a

ativaccedilatildeo da adenililciclase iniciando uma seacuterie de alteraccedilotildees morfoloacutegicas e

bioquiacutemicas complexas que leva ao aumento da secreccedilatildeo gaacutestrica

funcionando como um antagonista H2 aleacutem de inibir o efeito da gastrina Foi

demonstrado ainda que tanto a epigalocatequina (tanino) quanto o fridenelol

(oacuteleo essencial) satildeo responsaacuteveis por parte do efeito protetor da mucosa

gaacutestrica (Pereira et al 1993 Ming et al 1998)

142 Atividade antiulcerogecircnicaSegundo Sousa-Formigoni et al (1991) foi comprovada a atividade

antiulcerogecircnica da espinheira-santa (M ilicifolia) por experimentos feitos em

ratos nos quais os animais foram induzidos a terem uacutelceras gaacutestricas por meio

de indometacina e por estresse quando estes foram submetidos a baixas

temperaturas e por serem imobilizados Apoacutes a aplicaccedilatildeo de um extrato

liofilizado de espinheira-santa houve uma reduccedilatildeo do nuacutemero de uacutelceras e um

aumento do volume e pH da secreccedilatildeo gaacutestrica

Em estudos de mecanismos celulares e moleculares da accedilatildeo de produtos

naturais com o isolamento de substacircncias bioativas da M ilicifolia

responsaacuteveis pela accedilatildeo antissecretora aacutecida gaacutestrica os resultados obtidos

confirmam essas accedilotildees Foram utilizados nesses experimentos extratos

aquosos das partes aeacutereas da planta e os princiacutepios ativos tecircm funccedilatildeo de

inibidores da bomba de proacutetons etapa final comum das vias reguladoras da

secreccedilatildeo aacutecida gaacutestrica (BOSSOLANI 2000)

143 Atividade antimicrobianaEstudos pioneiros como o de Lima et al (1969) jaacute demonstravam que a

maitenina exibe forte atividade antimicrobiana contra vaacuterias bacteacuterias Gram

positivas Tais efeitos foram corroborados com a demonstraccedilatildeo que os extratos

das folhas e raiacutezes tecircm efeito antimicrobiano para vaacuterios patoacutegenos dentre

eles Staphylococcus aureus e Streptococcus sp

144 Atividade sobre o Sistema Nervoso CentralSegundo Alonso (1998) o extrato de M ilicifolia possui atividade sedativa que

potencializa (efeito sineacutergico) o sono por barbituacutericos em camundongos

145 Atividades abortiva e sobre a espermatogecircnese

De acordo com Montanari et al (1998) o extrato etanoacutelico de M Ilicifolia

quando administrado em altas doses em camundongos suiacuteccedilos apesar de

causar leves alteraccedilotildees como ceacutelulas germinativas imaturas esfoliadas mortes

celulares ocasionais aumento de gotiacuteculas lipiacutedicas em ceacutelulas de Sertoli e

inchamento de acrossomas entre outras natildeo foi suficiente para acarretar

danos agrave espermatogecircnese

Jaacute em testes realizados em camundongos (fecircmeas e graacutevidas) administrando-

se oralmente extrato hidroalcooacutelico (70) de folhas de espinheira-santa (M

ilicifolia) observou-se um decreacutescimo significativo do nuacutemero de embriotildees

indicando uma perda embrionaacuteria antes do periacuteodo de implantaccedilatildeo Poreacutem

natildeo houve maacute-formaccedilatildeo ou mortes fetais depois do periacuteodo de implantaccedilatildeo

Esse extrato possui atividade estrogecircnica que pode interferir na receptividade

uterina ao embriatildeo (MONTANARI BEVILAQUA 2002)

146 Atividades antimutagecircnica e anticanceriacutegenaConforme Horn e Vargas (2003) o extrato aquoso de M ilicifolia foi eficaz em

aproximadamente 75 das doses testadas exibindo boas respostas

antimutagecircnicas ou um decreacutescimo sugestivo Em estudos realizados por

Queiroga et al (2007) foi avaliada a fraccedilatildeo ativa antiulcerogecircnica da M

ilicifolia na atividade anticanceriacutegena apresentando resultados citostaacuteticos

satisfatoacuterios De acordo com Itokawa et al (1993) o composto pristimerina foi o

mais eficiente na accedilatildeo citotoacutexica podendo ser uacutetil no tratamento de tumores

147 Atividade antioxidante e otoprotetoraDe acordo com Mattei e Carlini (1998) um extrato aquoso liofilizado de

espinheira-santa (M ilicifolia) foi testado in vitro em homogenato de ceacuterebro de

ratos e exerceu uma importante atividade antioxidante inibindo o processo de

lipoperoxidaccedilatildeo

Usando-se extrato etanoacutelico de M ilicifolia foi confirmado que a casca da raiz

tem um poder antioxidante pelo fato de possuir em sua base compostos com a

capacidade sequestradora de radicais livres (VELLOSA et al 2006)

Conforme Santos et al (2010) foram comprovadas propriedades antioxidantes

dos extratos brutos e de componentes individuais de M Ilicifolia por possiacuteveis

associaccedilotildees sineacutergicas de substacircncias fenoacutelicas e triterpenos

quinonametiacutedeos comparados agrave rutina como composto fenoacutelico modelo

De acordo Kasse et al (2008) foi realizado um estudo com ratos (fecircmeas) em

que esses animais foram submetidos agrave substacircncia cisplatina e posteriormente

tratados com extrato de M ilicifolia para avaliar a atividade otoprotetora da

planta Foram realizados e avaliados os exames de emissotildees otoacuacutesticas por

produtos de distorccedilatildeo por potencial de tronco encefaacutelico antes e depois de

administraccedilatildeo de cisplatina e por fim por microscopia eletrocircnica de varredura

Os resultados mostraram que apesar de apresentar atividades antioxidantes a

M ilicifolia foi incapaz de bloquear o efeito citotoacutexico do composto quiacutemico

administrado nas cobaias

Segundo Negri et al (2009) a atividade antioxidante do extrato etanoacutelico de M

ilicifolia estaacute intimamente ligada agrave sua temperatura de secagem Testes

realizados para avaliaccedilatildeo do poder antioxidante os quais foram os meacutetodos de

formaccedilatildeo de complexo com fosfomolibdecircnio e atividade antioxidante em

relaccedilatildeo agrave reduccedilatildeo de um radical utilizando-se o DPPH (22-difenil-1-

picnilhidrazila) em que foram levadas em consideraccedilatildeo diferentes

temperaturas usualmente utilizadas para secagem (40 50 60 70 e 80˚C)

demostraram melhor atividade antioxidante na temperatura de 40˚C e

gradativamente quanto maior a temperatura realizada nos testes menor o

poder antioxidante Por fim o estudo mostrou a importacircncia do controle de

temperatura para a melhor efetividade nesse quesito da planta

Em estudos de Pessuto et al (2009) foram avaliados extratos e compostos

isolados de M Ilicifolia em relaccedilatildeo agrave capacidade antioxidante Os extratos

brutos e semipurificados foram estudados por meio de ensaios de

fosfomolibdecircnio (complexo) e de DPPH (22-difenil-1-picnilhidrazila) nos quais

os resultados mostraram que a fraccedilatildeo com acetato de etila teve melhor

capacidade antioxidante em relaccedilatildeo ao extrato bruto e fraccedilatildeo aquosa

possivelmente por conter maior nuacutemero de hidroxilas fenoacutelicas (pela

capacidade de sequestro dos radicais livres) e tambeacutem em relaccedilatildeo agraves

substacircncias trolox e vitamina C

148 Atividades antinociceptiva e anti-inflamatoacuteria De acordo com Nakamura et al (1994) o extrato etanoacutelico de folhas de M

ilicifolia conteacutem uma fraccedilatildeo de quercetina-3-O-glicosiacutedeo e essa substacircncia

quiacutemica foi avaliada pelo teste de aacutecido aceacutetico e formalina em ratos obtendo-

se resultados satisfatoacuterios para atividades analgeacutesicas e anti-inflamatoacuterias

Por meio de testes realizados em camundongos e ratos foi provocado um

edema nas patas desses animais por meio de injeccedilatildeo de 002 ml de

formaldeiacutedo (soluccedilatildeo a 092) utilizando-se como controle soluccedilatildeo salino

Apoacutes 120 minutos foi aplicado extrato hexacircnico e acetato de etila das folhas

(M ilicifolia) administrados por via oral nas doses de 80 160 320 e 340 mgkg

Os animais foram sacrificados apoacutes 4 horas Em um segundo ensaio foi

administrada por injeccedilatildeo soluccedilatildeo de carragenina a 1 e os extratos da planta

foram dados por via oral nas doses de 80 160 320 e 340 mgkg Os resultados

obtidos mostraram uma atividade antinociceptiva para os dois extratos

principalmente nas doses de 320 e 340 mgkg sendo esse teste importante

para uma alternativa cliacutenica na terapecircutica anti-inflamatoacuteria e antiulcerogecircnica

(JORGE et al 2004)

14 Toxicidade efeitos adversos e contraindicaccedilatildeo da espinheira-santa

Foi realizado um estudo toxicoloacutegico com 24 voluntaacuterios sendo 12 homens e

12 mulheres de 20 a 40 anos de idade selecionados previamente por meio de

avaliaccedilatildeo cliacutenica exames hematoloacutegicos e bioquiacutemicos e avaliaccedilatildeo

psicomotora com o objetivo de estabelecer um intervalo maacuteximo de seguranccedila

no uso de M ilicifolia As doses foram administradas de maneira crescente e

natildeo houve um grupo controle pois os exames iniciais foram considerados

como valores basais para efeito comparativo A dose inicial foi fixada em 100

mg por adulto sendo administradas doses subsequentes de 200 500 1000

1500 e 2000 mg com intervalos de uma semana para cada dose A anaacutelise dos

resultados revelou que natildeo houve efeitos significativos nos valores dos

principais paracircmetros hematoloacutegicos e bioquiacutemicos e tambeacutem natildeo foram

observadas alteraccedilotildees nas funccedilotildees hepaacuteticas pancreaacuteticas e renais

Hormocircnios lipiacutedeos glicose soacutedio potaacutessio caacutelcio e foacutesforo tambeacutem

mantiveram valores considerados normais (TABACH et al 2002)

Em relaccedilatildeo aos efeitos adversos a M ilicifolia natildeo possui algum que justifica a

interrupccedilatildeo do tratamento Entre os mais comuns destacam-se cefaleia

sonolecircncia boca seca naacuteuseas dor articular nas matildeos gosto estranho na

boca tremor nas matildeos cistite e poliuacuteria (TABACH et al 2002) Poreacutem

segundo Amaral et al (2005) natildeo eacute recomendado o uso pediaacutetrico pela

ausecircncia de testes Ensaios realizados em ratos mostraram perda embrionaacuteria

antes do periacuteodo de implantaccedilatildeo portanto essa planta natildeo eacute recomendada em

casos de gravidez (MONTANARI BIVILACQUA 2002)

De acordo com estudos realizados em camundongos o abafado de M ilicifolia

foi administrado nesses animais em doses ateacute 360 vezes maiores que a

utilizada pelo homem durante um periacuteodo de dois a trecircs meses Como

resultados natildeo houve mudanccedilas no peso comportamento temperatura

paracircmetros bioquiacutemicos e hematoloacutegicos desses animais (OLIVEIRA CARLINI

1988)

15 FarmacocineacuteticaO modelo da farmacocineacutetica da espinheira-santa eacute estudado por meio de seus

taninos natildeo condensados Epigalocatequina marcada foi administrada por via

oral sendo os picos plasmaacuteticos observados 60 min apoacutes a ingestatildeo Apoacutes

uma dose de 500 mgkg foram detectadas concentraccedilotildees tissulares de 123

mmol no plasma 484 mmol no fiacutegado e 565 mmol no intestino delgado

(Nakagawa amp Miyazawa 1997) Depois da administraccedilatildeo oral de

epigalocatequina-3-galato marcada com triacutetio a ratos cerca de 6 da dose eacute

eliminada na urina e 24 nas fezes nas primeiras 24 horas Uma segunda

dose dada duas horas apoacutes a primeira eleva em cerca de 4 a 6 vezes a

concentraccedilatildeo no plasma e em alguns tecidos Esses dados sugerem uma

meia-vida longa e eliminaccedilatildeo lenta da epigalocatequina-3-galato No final das

24 horas os animais foram sacrificados e essa substacircncia pocircde ser encontrada

no rim ceacuterebro fiacutegado pacircncreas intestino e ossos (Suganuma et al 1998)

Num outro estudo foi avaliada a afinidade da epigalocatequina-3-galato agraves

proteiacutenas do soro Apoacutes uma dose oral a ratos mais de 50 da

epigalocatequina-3-galato absorvida ligou-se agrave proteiacutena do plasma

especialmente a fibronectina o fibrinogecircnio e a HRGP( Histidin Rich

Glicoprotein) proteiacutena plasmaacutetica com 74 kdaltons cuja funccedilatildeo ainda eacute pouco

conhecida (Sazuka et al 1996)

16 PreparaccedilatildeoTendo sido reconhecida a espeacutecie com que se vai trabalhar torna-se

necessaacuterio que se disponha desta espeacutecie em quantidade suficiente para

atender a demanda relacionada a produccedilatildeo do fitoteraacutepico replicaccedilatildeo da

espeacutecie e respectivo controle de qualidade Par a atingir este objetivo a

espeacutecie deve ser cultivada na extensatildeo adequada ao fim que se propotildee tendo-

se aleacutem dos cuidados inerentes ao cultivo de qualquer espeacutecie vegetal a

precauccedilatildeo de nunca utilizar pesticidas ou agrotoacutexicos na aacuterea de cultivo Nos

parece claro que a opccedilatildeo pelo fitoteraacutepico deve vir acompanhada do desejo de

seguranccedila o que natildeo seria conseguido se fossem deixados resiacuteduos de

agrotoacutexicos ou de pesticidas na espeacutecie que iraacute ser usada como mateacuteria-prima

para a produccedilatildeo de medicamento Veja no item 24 os ensaios que devem ser

efetuados no sentido de identificar e quantificar a presenccedila destes e de outros

contaminantes

Dispondo-se entatildeo da espeacutecie vegetal botanicamente selecionada cultivada

sem o uso de agentes quiacutemicos contaminantes iremos seguir tantos passos

quantos sejam necessaacuterios para preparar a espeacutecie vegetal numa droga capaz

de ser armazenada e processada para resultar num preparado intermediaacuterio uacutetil

na preparaccedilatildeo de fitoteraacutepicos Estes passos podem ser enumerados como

sendo Coleta Monda Estabilizaccedilatildeo Secagem Trituraccedilatildeo e Armazenamento

A execuccedilatildeo e finalidade de cada um se acham descrito a seguir

A Coleta eacute realizada atraveacutes da retirada da parte usada da planta procurando

sempre o material mais saudaacutevel em completo desenvolvimento (a menos que

especificado em (contraacuterio como ocorre com a gema terminal de Psidium

guajava) e com o miacutenimo de contaminantes (poeira poluiccedilatildeo adubo insetos

colocircnia de microrganismos etc) A distribuiccedilatildeo de substacircncias

farmacologicamente ativas nas plantas medicinais natildeo se daacute de maneira

homogecircnea em toda a extensatildeo da planta Portanto eacute de se esperar que

apenas alguma parte de uma dada espeacutecie podem ser utilizadas com finalidade

terapecircutica

Atraveacutes de consulta agraves diversas farmacopeias e tratados sobre plantas

medicinais encontramos descriccedilotildees sobre a parte a ser usada de cada espeacutecie

medicinal Pode-se em alguns casos observar que diferentes partes de uma

mesma planta apresentam propriedades inteiramente diferentes como por

exemplo a Punica granam (romatildezeira) cujas cascas do caule satildeo teniacutefugas e

as cascas dos frutos tecircm propriedades anti-inflamatoacuteria e antibioacutetica Em outros

casos toda a planta pode ser utilizada com a mesma finalidade como a

Phylanthus niruri (quebra-pedra) Torna-se imperioso portanto que antes de

qualquer outra etapa da preparaccedilatildeo de uma forma farmacecircutica fitoteraacutepica se

conheccedila qual ou quais partes da espeacutecie escolhida pode ser utilizada

A coleta deve respeitar para cada espeacutecie o melhor periacuteodo correspondente

agravequele onde a espeacutecie apresenta maior teor em substacircncias ativas Tendo isto

em mente relacionamos a seguir orientaccedilotildees geneacutericas quanto ao periacuteodo de

coleta

Formas farmacecircuticas de fitoteraacutepicosPoacute

Eacute a forma farmacecircutica obtida apoacutes a secagem trituraccedilatildeo e tamisaccedilatildeo da

droga Segundo a sua finalidade devem apresentar a tenuidade adequada

conforme a tabela a seguir Pode ser dispensado para uso na preparaccedilatildeo de

chaacutes ou adicionado agrave alimentaccedilatildeo (leite sucos mel etc) O envase deve cuidar

para que natildeo haja absorccedilatildeo de umidade

Formas soacutelidas

Caacutepsulas

Eacute a forma farmacecircutica obtida pela deposiccedilatildeo ordenada da droga seca

triturada e tamisada em caacutepsulas gelatinosas duras ou pelo encapsulamento

de liacutequidos ou semissoacutelidos de natureza lipofiacutelica em caacutepsulas gelatinosas

moles O invoacutelucro rosa utilizado eacute geralmente de natureza proteica e satildeo

portanto incompatiacuteveis com drogas tacircnicas por exemplo Cuidado especial

deve ser tomado com a umidade temperatura e pressatildeo exercida sobre as

caacutepsulas durante o armazenamento e transporte Estes fatores podem levar a

desidrataccedilatildeo ou hidrataccedilatildeo das caacutepsulas que as tornam quebradiccedilas ou

deformadas e coladas Durante a preparaccedilatildeo das caacutepsulas deve-se cuidar para

que o peso das caacutepsulas obtidas seja o mais uniforme possiacutevel podendo-se

garantir isso pela pesagem da quantidade de poacute necessaacuteria para o enchimento

de um nuacutemero determinado de caacutepsulas

O enchimento das caacutepsulas ocorre na oficina farmacecircutica em tabuleiros

especiais constituiacutedos em acriacutelico PVC ou outro poliacutemero apresentando-se no

modelo mais simples apenas como uma base fixa que se encaixa a uma outra

moacutevel e perfurada que recebe o corpo das caacutepsulas sem as tampas A seguir

se distribui de forma homogecircnea a quantidade estipulada de poacute em todas as

caacutepsulas valendo-se de uma espaacutetula plaacutestica e de um dispositivo especial

para prensar o conteuacutedo no interior das caacutepsulas Finalizado o enchimento as

partes super oires (tampas) das caacutepsulas satildeo recolocadas fechando-as e

determina-se o peso meacutedio das mesmas embalando-as imediatamente

A capacidade das caacutepsulas eacute proporcional agrave densidade do poacute e ao tamanho

das caacutepsulas que eacute padronizado em 08 (oito) diferentes tipos listados a seguir

com as respectivas dimensotildees e capacidades em mililitros

Controle de Qualidade

Todas as etapas utilizadas durante o processamento da droga devem ser

monitoradas atraveacutes de ensaios que possam atestar a qualidade da mateacuteria-

prima dos produtos intermediaacuterios e do produto final acabado O objetivo final

tanto do processamento adequado quanto agrave avaliaccedilatildeo da qualidade eacute a

garantia de que o que estaacute sendo produzido na forma como ocorre o processo

produtivo estaacute conduzindo agrave obtenccedilatildeo de um produto com as caracteriacutesticas

necessaacuterias agrave utilizaccedilatildeo para o tratamento de doenccedilas

Droga

A avaliaccedilatildeo da qualidade da droga utilizada na obtenccedilatildeo de fitoteraacutepicos no

Programa Farmaacutecias-Vivas onde o cultivo das espeacutecies vegetais eacute efetuado

pelo laboratoacuterio fabricante do produto deve ser realizada sob os seguintes

aspectos

- Considerando que a droga a ser utilizada corresponde agrave espeacutecie vegetal

esperada conhece-se suas caracteriacutesticas macromorfoloacutegicas aleacutem das suas

caracteriacutesticas sensoriais constituindo a primeira avaliaccedilatildeo que eacute a identidade

da droga

- Determinaccedilatildeo da umidade da droga fresca que deve ser diferenciada de

perda por dessecaccedilatildeo pois outras substacircncias volaacuteteis aleacutem da aacutegua satildeo

evaporadas Pode ser determinada atraveacutes do ensaio volumeacutetrico de Karl

Fischer ou pelo ensaio gravimeacutetrico submetendo a droga a dessecaccedilatildeo em

temperatura ambiente em dessecador com siacutelica ou aacutecido sulfuacuterico

- Mesmo a droga morfologicamente normal pode natildeo apresentar seus

constituintes ativos na quantidade desejada sendo necessaacuterio que sejam

realizados ensaios de identificaccedilatildeo e quantificaccedilatildeo de ativos ou de marcadores

atraveacutes das mais diversas teacutecnicas gravimeacutetrica volumeacutetrica

espectrofotomeacutetrica cromatograacutefica etc

- Avaliaccedilatildeo da contaminaccedilatildeo microbiana da droga principalmente se a mesma

tiver de ser utilizada sem qualquer processamento posterior As drogas que

seratildeo transformadas em uma forma extrativa em soluccedilatildeo hidro-alcooacutelica pode

ter sua carga microbiana reduzida pelo efeito antisseacuteptico do solvente

Preparado Intermediaacuterio

As formas extrativas satildeo obtidas em condiccedilotildees que nem sempre conseguem

retirar a totalidade das substacircncias ativas soluacuteveis no solvente escolhido devido

a diversos fator ES como o tempo e temperatura de maceraccedilatildeo pH do

solvente distribuiccedilatildeo granulomeacutetrica da droga sua umidade residual teor de

substacircncias ativas e velocidade de percolaccedilatildeo Justifica-se entatildeo a

necessidade da realizaccedilatildeo de ensaios de avaliaccedilatildeo da qualidade das formas

extrativas incluindo avaliaccedilotildees fiacutesico-quiacutemicas como aparecircncia cor odor

solubilidade densidade pH e viscosidade avaliaccedilotildees quiacutemicas como o perfil

cromatograacutefico e dosagem das substacircncias ativas ou marcador e avaliaccedilatildeo

microbioloacutegica da quantidade de microrganismos viaacuteveis

Fitoteraacutepico

Independente da forma farmacecircutica final eacute necessaacuterio que sejam realizadas

avaliaccedilotildees na qualidade do produto final da mesma forma que eacute exigido para

os demais tipos de medicamentos Listamos a seguir os ensaios realizados

para cada forma farmacecircutica lembrando que devem ser acrescentados os

ensaios quiacutemicos e microbioloacutegicos

Prazo de Validade

Considerando a jaacute difiacutecil realizaccedilatildeo da avaliaccedilatildeo da qualidade das drogas

utilizadas na obtenccedilatildeo de fitoteraacutepicos pode-se compreender que o

acompanhamento do processo cineacutetico de degradaccedilatildeo dos constituintes do

medicamento natildeo eacute uma estar efe faacutecil No entanto esta avaliaccedilatildeo pode se dar

em diversos niacuteveis

- Avaliaccedilatildeo da estabilidade fiacutesica

Para cada tipo de forma farmacecircutica satildeo descritas as caracteriacutesticas tiacutepicas

como cor odor limpidez densidade viscosidade pH etc que observadas

para um mesmo lote ao longo do tempo de armazenamento forneceratildeo

informaccedilotildees sobre a integridade fiacutesica da formulaccedilatildeo

- Avaliaccedilatildeo da estabilidade quiacutemica

A utilizaccedilatildeo de recursos laboratoriais desde os mais simples ateacute os mais

sofisticados permitem o acompanhamento qualitativo eou quantitativo dos

princiacutepios ativos contidos no produto fitoteraacutepico Por exemplo atraveacutes do

ensaio limite de taninos por diluiccedilotildees sucessivas e adiccedilatildeo de cloreto feacuterrico

pode-se ter uma medida semi-quantitativa do teor destas substacircncias nas

preparaccedilotildees que o contenham Evoluindo a utilizaccedilatildeo de teacutecnica

cromatograacutefica em camada delgada sobre papel ou siacutelica permite a

determinaccedilatildeo do perfil cromatograacutefico para o produto de modo que possa ser

comparado com o obtido em lotes posteriores ou com o mesmo lote ao longo do

tempo de armazenamento

- Avaliaccedilatildeo da estabilidade microbioloacutegica

A verificaccedilatildeo do niacutevel de contaminaccedilatildeo microbiana numa preparaccedilatildeo

medicamentosa fornece informaccedilotildees sobre o niacutevel de higienizaccedilatildeo empregado

durante o processamento da droga ateacute a obtenccedilatildeo do medicamento A

observaccedilatildeo deste mesmo paracircmetro ao longo do tempo fornece informaccedilotildees

sobre a composiccedilatildeo conservante utilizada no produto e a forma de

armazenamento

Teacutecnicas Gerais

Os ensaios laboratoriais de avaliaccedilatildeo da qualidade da droga compreendem

basicamente

- Observaccedilatildeo macroscoacutepica e microscoacutepica da droga fresca e seca inteira e

triturada comparando com o descrito em farmacopeias ou com modelos

botanicamente certificados

- Determinaccedilatildeo de umidade na droga fresca e naquela seca e triturada

evidenciando a quantidade de aacutegua contida na droga receacutem-coletada na droga

s eca e a efetividade do processo de secagem utilizada

- Identificaccedilatildeo e dosagem de substacircncias ativas ou marcadores realizada na

droga seca e triturada onde atraveacutes do acompanhamento da evoluccedilatildeo ao

longo do tempo e o cruzamento dos dados entre os locais e condiccedilotildees de

cultivo seraacute possiacutevel a determinaccedilatildeo das condiccedilotildees ideais para a manutenccedilatildeo

da qualidade das espeacutecies vegetais

- Determinaccedilatildeo da quantidade de mateacuteria orgacircnica estranha na droga seca

triturada grosseiramente demonstrando se a coleta monda secagem e

trituraccedilatildeo foram realizadas a contento sem o risco de contaminaccedilatildeo com outras

espeacutecies

- Determinaccedilatildeo de resiacuteduos de pesticidas para monitorar a forma de realizaccedilatildeo

do controle de pestes atraveacutes da identificaccedilatildeo e dosagem de pesticidas

- Determinaccedilatildeo da presenccedila de arsecircnio e metais pesados como componentes

que satildeo responsaacuteveis por intoxicaccedilotildees e por incompatibilidades nas

preparaccedilotildees liacutequidas de fitoteraacutepicos

- Determinaccedilatildeo da quantidade de microrganismos viaacuteveis atraveacutes da contagem

em placa a de diluiccedilotildees obtidas a partir do liacutequido de lavagem das drogas

evidenciando o grau de contaminaccedilatildeo e a possiacutevel e indesejaacutevel presenccedila de

microrganismos potencialmente patogecircnicos

Garantia de Qualidade

Na produccedilatildeo de fitoteraacutepicos do mesmo modo como ocorre com qualquer outro

medicamento natildeo pode negligenciar qualquer procedimento que possa conduzir

a diminuiccedilatildeo da qualidade do produto final A qualidade se reflete na

reprodutibilidade da qualidade do produto avaliada em laboratoacuterio e no

acompanhamento da sua eficaacutecia terapecircutica e seguranccedila Isto soacute pode ser

conseguido quando para cada forma farmacecircutica de fitoteraacutepico forem

registradas as operaccedilotildees farmacecircuticas que devem ser seguidas agrave risca suas

medidas de controle e definiccedilatildeo das responsabilidades para cada uma das

etapas do processamento

Apenas como ilustraccedilatildeo tomemos como exemplo a produccedilatildeo da tintura de

Alecrim-pimenta (Lippia sidoides Cham) O iniacutecio da preocupaccedilatildeo com a

qualidade se daacute com a seguranccedila de que a espeacutecie cultivada seja realmente

aquela que se deve coletar e em seguida em coletar a parte que realmente

deve ser utilizada e de plantas com aspecto saudaacutevel de desenvolvimento para

a qual as condiccedilotildees de cultivo tenham se apresentado como satisfatoacuterias A

monda que se segue agrave coleta retirando as partes improacuteprias agrave preparaccedilatildeo do

fitoteraacutepico daacute continuidade ao passo anterior na busca de alcanccedilar a qualidade

desejada O processo de dessecaccedilatildeo ocorrendo agrave sombra e agrave temperatura

ambiente preservando os constituintes quiacutemicos ativos e diminuindo a

influecircncia da umidade da planta sobre a sua qualidade e a da soluccedilatildeo extrativa

a ser obtida faz com que a droga obtida possa ser utilizada como mateacuteria-prima

para a obtenccedilatildeo de medicamento O cuidadoso processo de trituraccedilatildeo sem

elevar a temperatura durante o processo e reduzindo a perda de poacute para o

ambiente tambeacutem representa um processo que deve ser realizado com a

devida atenccedilatildeo Depois disso a droga seca e triturada deve ser armazenada

em condiccedilotildees que preservem sua qualidade pelo tempo necessaacuterio ateacute sua

utilizaccedilatildeo com as devidas inscriccedilotildees que atestem sua fonte data de coleta e de

processamento e respectivos responsaacuteveis

A preparaccedilatildeo da soluccedilatildeo hidro-alcooacutelica que seraacute utilizada no processo extrativo

tambeacutem deve ser realizada com bastante cuidado pois a mateacuteria-prima deve

apresentar a qualidade compatiacutevel com sua utilizaccedilatildeo para a produccedilatildeo de

medicamentos aacutegua purificada e aacutelcool farmacecircutico Deve-se observar a

legislaccedilatildeo atual sobre aacutelcool que exige a desnaturaccedilatildeo do aacutelcool

comercializado em farmaacutecias e supermercados e assim natildeo deve servir como

excipiente farmacecircutico Enfim todos os processos interferem com a qualidade

do produto final a ser obtido e devem ser realizados corretamente e as

operaccedilotildees registradas em documento proacuteprio buscando a rastreabilidade de

cada lote de cada produto

Outra etapa da garantia da qualidade essencial para sua implantaccedilatildeo eacute a

validaccedilatildeo de equipamentos e de processos que busca uma evidecircncia

documentada de que os mesmos cumprem satisfatoriamente sua finalidade

quando utilizados ou realizados corretamente

Estas evidecircncias devem ser conseguidas antes mesmo de se iniciar a utilizaccedilatildeo

das instalaccedilotildees para produccedilatildeo de medicamentos Naqueles jaacute em

funcionamento a validaccedilatildeo pode ser realizada atraveacutes da documentaccedilatildeo da

produccedilatildeo passada ou seja uma validaccedilatildeo retrospectiva

Para a produccedilatildeo de medicamentos em pequena escala que natildeo venha a

caracterizar uma produccedilatildeo industrial deve-se buscar a adequaccedilatildeo das

condiccedilotildees de produccedilatildeo armazenamento e dispensaccedilatildeo do produto atraveacutes da

Resoluccedilatildeo RDC ndeg 33 de abril de 2000 que descreve os criteacuterios de Boas

Praacuteticas de Manipulaccedilatildeo

Para a produccedilatildeo industrial de medicamentos a legislaccedilatildeo que trata das Boas

Praacuteticas de Fabricaccedilatildeo e Garantia de Qualidade eacute a Resoluccedilatildeo RDC ndeg 210 de

04 de agosto de 2003 As especificaccedilotildees legais da legislaccedilatildeo sanitaacuteria

brasileira e de outros paiacuteses para materiais vegetais devem incluir tanto quanto

possiacutevel o seguinte

- Nome botacircnico c om referecircncia aos autores

- Detalhes da fonte da planta (paiacutes ou regiatildeo de origem cultivo eacutepoca da

colheita procedimentos de colheita possiacuteveis pesticidas utilizados etc)

- Descriccedilatildeo do material vegetal inspeccedilatildeo visual macro eou microscoacutepica

- Testes de identificaccedilatildeo apropriados incluindo quando convenientes testes de

identificaccedilatildeo para ingredientes ativos conhecidos ou marcadores

- Ensaios quando convenientes dos constituintes de atividade terapecircutica ou

marcadores

- Meacutetodos apropriados para determinaccedilatildeo de possiacuteveis contaminaccedilotildees por

pesticidas e os limites aceitos

- Testes para metais pesados e contaminantes semelhantes materiais

estranhos e adulterantes

- Testes para radiaccedilatildeo aflatoxinas e contaminaccedilatildeo microbiana

Qualquer tratamento usado para reduzir contaminaccedilotildees focircnicas e microbianas

ou outras infestaccedilotildees devem ser documentadas Instrumentos para tais

procedimentos devem ser acessiacuteveis e devem incluir detalhes dos processos

testes e limites residuais

Para a realidade do programa Farmaacutecias-Vivas onde natildeo satildeo utilizados

pesticidas as plantas satildeo cultivadas no local proacuteximo de onde ocorre a

produccedilatildeo do medicamento ou satildeo de origem na mesma regiatildeo e satildeo

processadas logo apoacutes a coleta satildeo feitas exigecircncias menores que as

estabelecidas para maiores escalas de produccedilatildeo Nem assim devemos deixar

de registrar todas as operaccedilotildees realizadas com a droga desde o seu cultivo ateacute

a dispensaccedilatildeo do produto fitoteraacutepico

Dispensaccedilatildeo

Estivemos sempre discorrendo sobre qualidade do produto a ser obtido desde

o cultivo da espeacutecie correta da coleta da parte usada e o seu processamento

mantendo intactos os princiacutepios ativos Conhecemos os motivos que levam a

toda esta preocupaccedilatildeo com a qualidade a responsabilidade do profissional que

o produz e a eficaacutecia e a seguranccedila necessaacuterias para o paciente que o utiliza

Portanto resta-nos dispensar o fitoteraacutepico para que este apresente estas

caracteriacutesticas trans formando o paciente num parceiro consciente do seu

papel no uso cor reto deste recurso terapecircutico

O resgate das praacuteticas populares agora respaldadas pelos estudos cientiacuteficos

seacuterios que atestam a eficaacutecia e seguranccedila das espeacutecies utilizadas no programa

Farmaacutecias-Vivas pode ser abordado no momento da dispensaccedilatildeo do

medicamento ou atraveacutes de apresentaccedilotildees coletivas organizadas e realizadas

pelo Farmacecircutico Alguns cuidados merecem ser observados para natildeo se

incorrer em riscos desnecessaacuterios

- Natildeo referendar o uso de plantas cujo estudo cientiacutefico natildeo tenha apresentado

dados sobre sua eficaacutecia e seguranccedila

- Natildeo recomendar o uso de qualquer planta medicinal para o tratamento de

doenccedilas sem a devida recomendaccedilatildeo meacutedica especializada ou natildeo

- Natildeo recomendar a utilizaccedilatildeo de planta que nos seja desconhecida tanto no

aspecto teoacuterico quanto praacutetico

- Natildeo sugerir a utilizaccedilatildeo de quaisquer praacuteticas com ou sem uso de plantas

medicinais que possa representar um risco potencial ou real de dano fetal

Para nos resguardarmos de quaisquer erros precisamos nos manter atualizados

quanto aos benefiacutecios e riscos da utilizaccedilatildeo das espeacutecies medicinais com as

quais trabalhamos dada agrave impossibilidade de conhecer todas as demais Os

dados obtidos durante a dispensaccedilatildeo e acompanhamento dos pacientes aleacutem

daqueles obtidos durante os ensaios controlados de toxicologia e farmacologia

cliacutenica forneceratildeo a necessaacuteria seguranccedila para realizarmos a dispensaccedilatildeo e

cada vez mais desfazermos o mito do natural ser inoacutecuo

Como exemplo da relaccedilatildeo risco x benefiacutecio de uma preparaccedilatildeo fitoteraacutepica

apresentamos as seguintes informaccedilotildees sobre o Elixir de Aroeira que em

muitos aspectos natildeo houve a quantificaccedilatildeo da intensidade dos efeitos beneacuteficos

nem adversos nem de interaccedilotildees

Forma Medicamento Fitoteraacutepico- Caacutepsula ESPINHEIRA SANTA Maytenus ilicifolia Celastraceae

Medicamento fitoteraacutepico

Parte utilizada Folhas

Nomenclatura popularEspinheira santa cancerosa cancorosa-de-sete-espinhos cancrosa

espinheira-divina espinho-de-Deus maiteno erva-cancrosa erva-santa

ApresentaccedilotildeesCaacutepsula dura - Extrato seco das folhas de Maytenus ilicifolia 380 mg -

Embalagem com 3 bliacutesters contendo 15 caacutepsulas cada

Via oral

Uso adulto

Composiccedilatildeo

Cada caacutepsula conteacutem

Extrato seco de Maytenus ilicifolia380 mg

Excipiente qsp 1 caacutepsula (amido)

equivalente a 133 mg de taninos totais

Informaccedilotildees ao pacientePara que este medicamento eacute indicado

Espinheira Santa eacute indicada para o tratamento da maacute digestatildeo e como

coadjuvante no tratamento de uacutelcera do estocircmago e duodeno

Como este medicamento funciona

Espinheira Santa atua como regulador das funccedilotildees estomacais e promove a

proteccedilatildeo da mucosa gaacutestrica

Quando natildeo devo usar este medicamentobull O medicamento deve ser evitado por menores de 12 anos de idade devido agrave

falta de estudos disponiacuteveis

bull Lactaccedilatildeo e gravidez visto que pode diminuir a secreccedilatildeo de leite e pode

provocar contraccedilotildees uterinas

bull Hipersensibilidade (alergia) a qualquer um dos componentes da foacutermula ou a

outras plantas da famiacutelia Celastraceae

O que devo saber antes de usar este medicamentoPrecauccedilotildees e advertecircncias

bull De acordo com a categoria de risco de faacutermacos destinados agraves mulheres

graacutevidas este medicamento apresenta categoria de risco C Este medicamento

natildeo deve ser utilizado por mulheres graacutevidas sem orientaccedilatildeo meacutedica ou do

cirurgiatildeo dentista

Interaccedilotildees medicamentosas

bull A administraccedilatildeo concomitante de M ilicifolia com bebidas alcooacutelicas e outros

medicamentos natildeo eacute recomendada pois natildeo existem estudos disponiacuteveis

sobre as interaccedilotildees medicamentosas deste fitoteraacutepico

Informe seu meacutedico ou cirurgiatildeo-dentista se vocecirc estaacute fazendo uso de algum

outro medicamento

Onde como e por quanto tempo posso guardar este medicamentoCuidados de conservaccedilatildeo

Espinheira Santa deve ser conservada em temperatura ambiente (entre 15 e

30ordmC) em sua embalagem original Proteger da luz e da umidade

Prazo de validade24 meses apoacutes a data de fabricaccedilatildeo impressa no cartucho

Nuacutemero de lote e datas de fabricaccedilatildeo e validade vide embalagem

Natildeo use medicamento com o prazo de validade vencido

Guarde-o em sua embalagem original

Caracteriacutesticas fiacutesicasCaacutepsulas gelatinosas duras de cor creme

Caracteriacutesticas organoleacutepticas

Cheiro (odor) caracteriacutestico e praticamente natildeo apresenta sabor

Antes de usar observe o aspecto do medicamento Caso ele esteja no prazo

de validade e vocecirc observe alguma mudanccedila no aspecto consulte o

farmacecircutico para saber se poderaacute utilizaacute-lo

Todo medicamento deve ser mantido fora do alcance das crianccedilas

Como devo usar este medicamentoModo de usar

As caacutepsulas devem ser ingeridas inteiras e com uma quantidade suficiente de

aacutegua para que possam ser deglutidas

Posologia

Ingerir duas caacutepsulas via oral trecircs vezes ao dia de oito em oito horas

Siga corretamente o modo de usar Em caso de duacutevidas sobre este

medicamento procure orientaccedilatildeo do farmacecircutico Natildeo desaparecendo os

sintomas procure orientaccedilatildeo de seu meacutedico ou cirurgiatildeo-dentista

Este medicamento natildeo deve ser partido aberto ou mastigado

O que devo fazer quando eu me esquecer de usar este medicamentoCaso haja esquecimento da ingestatildeo de uma dose deste medicamento

retomar a posologia prescrita sem a necessidade de suplementaccedilatildeo

Em caso de duacutevidas procure orientaccedilatildeo do farmacecircutico ou de seu meacutedico ou

do cirurgiatildeo-dentista

Que males este medicamento pode causarReaccedilotildees adversas

Ateacute o momento natildeo foram relatadas reaccedilotildees adversas graves ou que coloquem

em risco a sauacutede dos pacientes

Raramente podem ocorrer casos de hipersensibilidade Neste caso suspender

o uso e procurar orientaccedilatildeo meacutedica

Informe seu meacutedico cirurgiatildeo-dentista ou farmacecircutico do aparecimento de

reaccedilotildees indesejaacuteveis pelo uso do medicamento

Induacutestria Brasileira

Esta bula foi atualizada conforme Bula Padratildeo aprovada pela Anvisa em

12012011

Farmacecircutica resp Dra (Nome )

CRF-PR nordm XXXX Coacuted XXXXX - 012011

Informe tambeacutem agrave empresa atraveacutes do seu Serviccedilo de

Atendimento ao Consumidor

O que fazer se algueacutem usar uma quantidade maior do que a indicada deste medicamentoPlantas ricas em taninos como a M ilicifolia quando usadas em doses

excessivas podem causar irritaccedilatildeo da mucosa gaacutestrica e intestinal gerando

vocircmitos coacutelicas intestinais e diarreia

Em caso de super dosagem suspender o uso e procurar orientaccedilatildeo meacutedica de

imediato Em caso de uso de grande quantidade deste medicamento procure

rapidamente socorro meacutedico e leve a embalagem ou bula do medicamento se

possiacutevel Siga corretamente o modo de usar natildeo desaparecendo os sintomas

procure orientaccedilatildeo meacutedica

Conclusatildeo

A espinheira-santa (M ilicifolia) eacute um fitoteraacutepico de relevante accedilatildeo terapecircutica

principalmente antiulcerogecircnica dada sua eficaacutecia farmacoloacutegica e seguranccedila

Vale lembrar que por ausecircncia de estudos ela natildeo eacute recomenda para crianccedilas

e natildeo deve ser usada por gestantes pois estudos em camundongos (fecircmeas e

graacutevidas) indicaram um decreacutescimo significativo do nuacutemero de embriotildees aleacutem

de possuir atividade estrogecircnica que pode interferir na receptividade uterina do

embriatildeo Entre suas atividades farmacoloacutegicas destaca-se a atividade

antiulcerogecircnica que pode ser comparada agrave accedilatildeo da ranitidina e da cimetidina

Por ser morfologicamente parecida com as espeacutecies S bonplandii e Z ilicifolia

ela eacute comumente confundida e ateacute mesmo trocada intencionalmente

A utilizaccedilatildeo de maneira errocircnea das espeacutecies botacircnicas que natildeo satildeo a

verdadeira espinheira-santa (M ilicifolia) pode acarretar danos agrave sauacutede dos

pacientes Assim conclui-se que essas espeacutecies conhecidas como

adulterantes podem trazer malefiacutecios pois ainda faltam estudos que

comprovem suas atividades farmacoloacutegicas e principalmente a seguranccedila

terapecircutica Poreacutem natildeo se deve descartar o uso dessas espeacutecies e sim

realizar estudos mais concretos para que essas plantas assim como a

verdadeira espinheira-santa possam auxiliar no tratamento farmacoloacutegico da

populaccedilatildeo

Referecircncias Bibliograacuteficas

Ralph Santos-Oliveira Simone Coulaud-Cunha Waldeciro Colaccedilo

Revisatildeo da Maytenus ilicifolia Mart ex Reissek Celastraceae

Contribuiccedilatildeo ao estudo das propriedades farmacoloacutegicas Rev Bras

Farmacogn Braz J Pharmacogn 19(2B) AbrJun 2009

Wilker Marlon de Moraes Jesus Tarciacutesio Neves da Cunha Estudo das

propriedades farmacoloacutegicas da espinheira-santa (Maytenus ilicifolia

Mart ex Reissek) e de duas espeacutecies adulterantes Revista Sauacutede e

Desenvolvimento vol ndash nordm 1 Jan ndash Jun 2012

MARIOT MP1 BARBIERI RL2 Engenheiro Agrocircnomo Dr prof do

Conjunto Agroteacutecnico ldquoVisconde da GraccedilardquoUniversidade Federal de

Pelotas (mariotufpeltchebr) ndash Av Ildefonso Simotildees Lopes 2791

Pelotas-RS CEP 96060-290 2Bioacuteloga Dr pesquisadora da Embrapa

Clima Temperado (barbiericpactembrapabr) ndash BR 392 km 78 caixa

postal 403 Pelotas-RS CEP 96001-970 (endereccedilo para

correspondecircncia) Metaboacutelitos secundaacuterios e propriedades medicinais da

espinheira-santa (Maytenus ilicifolia Mart ex Reiss e M aquifolium

Mart)

CARLINI EA Braz S Efeito protetor do liofilizado obtido do abafado de

Maytenus Sp (espinheira-santa) contra uacutelcera gaacutestrica experimental em

ratos In Estudo da accedilatildeo antiuacutelcera gaacutestrica de plantas brasileiras

(Maytenus ilicifolia) Espinheira santa e outras Brasiacutelia CEMEAFIP

1988 p21-35MACAUBAS CIP et al Estudo da eventual accedilatildeo

antiuacutelcera gaacutestrica do baacutelsamo (Sedum sp) folha da fortuna

(Bryophyllum calcium) couve (Brassica oleraceae) e da Espinheira

santa (Maytenus ilicifolia) em ratos In Estudo da accedilatildeo antiuacutelcera

gaacutestrica de plantas brasileiras (Maytenus ilicifolia) Espinheira santa e

outras Brasiacutelia CEMEAFIP 1988 p 5-20

Olivia Werner Oliveira Pedro Ros Petrovick Secagem por aspersatildeo

(spray drying) de extratos vegetais bases e aplicaccedilotildees Revista

Brasileira de Farmacognosia Brazilian Journal of Pharmacognosy 20(4)

641-650 AgoSet 2010

Marianne Christina Scheffer Capitulo 17 Produccedilatildeo de espinheira-santa

(Maytenus ilicifolia Mart ex Reiss) na regiatildeo metropolitana de Curitiba

Paranaacute Brasil

Said gonccedilalves da cruz fonsacircca Farmacoteacutecnica de Fitoteraacutepicos2005

atender as exigecircncias da legislaccedilatildeo atual Natildeo obstante o produto chega ao

mercado nas mais variadas formas envasado em sachecircs em caacutepsulas como

tintura misturado a ervas para problemas gaacutestricos entre outras

10 Influecircncia do ambiente na produccedilatildeo de compostos bioativos e perspectivas para o melhoramento geneacutetico de espinheira-santa

A influecircncia do ambiente na produccedilatildeo de polifenoacuteis totais polifenoacuteis natildeo

tanantes e taninos em M ilicifolia foram estudados por Radomski (1998) tendo

sido observado que a luminosidade eacute o principal fator que influencia na

produccedilatildeo destes compostos Plantas que se encontram em pleno sol

apresentam maior concentraccedilatildeo destas substacircncias As correlaccedilotildees entre

luminosidade e polifenoacuteis totais (083) polifenoacuteis natildeo tanantes (092) e taninos

(078) foram altas e significativas

Foram observadas diferenccedilas na morfologia foliar e na concentraccedilatildeo de taninos

em folhas de M ilicifolia de diferentes procedecircncias no Rio Grande do Sul

(Bernardi amp Wasicki 1959) Folhas de plantas desenvolvidas a pleno sol eram

menores com espinhos nas margens em nuacutemero reduzido e apresentavam

maior concentraccedilatildeo de taninos Em plantas de espinheira-santa desenvolvidas

em ambiente com alta luminosidade Radomski (1998) observou que as folhas

das plantas eram mais amareladas mais espessas e com espinhos mais

pronunciados caracterizando formas tiacutepicas de adaptaccedilatildeo de plantas de

sombra expostas agrave luz solar total A autora avaliou a aacuterea foliar o peso de

folhas e o peso especiacutefico de folhas em ambientes com diferentes intensidades

luminosas A aacuterea foliar foi menor e o peso especiacutefico das folhas foi maior nas

plantas desenvolvidas a pleno sol quando comparadas agraves dos outros

ambientes com menor luminosidade O peso especiacutefico de folhas apresentou

altas correlaccedilotildees para concentraccedilatildeo de polifenoacuteis totais (087) polifenoacuteis natildeo

tanantes (082) e taninos (083) Estes compostos contribuem para o

incremento da biomassa foliar Radomski et al (2004) relata a grande

influecircncia do ambiente sobre a composiccedilatildeo fitoquiacutemica da espinheira-santa

como concentraccedilotildees diferenciadas de taninos e polifenoacuteis totais em plantas

coletadas em ambientes diferentes

A autora destaca tambeacutem que os ramos de M ilicifolia podem contribuir com

uma parcela significativa na produccedilatildeo de compostos fitoteraacutepicos como

taninos e polifenoacuteis totais

Em trabalho envolvendo a anaacutelise fitoquiacutemica em populaccedilotildees de M ilicifolia do

Mato Grosso do Sul Paranaacute Santa Catarina e Rio Grande do Sul Mossi

(2003) observou uma grande variabilidade ndash que foi maior dentro das

populaccedilotildees ndash para concentraccedilatildeo dos metaboacutelitos secundaacuterios limoneno geranil

acetato aacutecido palmiacutetico fitol esqualeno vitamina E stigmasterol friedelan-3-

ol friedelin friedelan-3-one Atraveacutes de anaacutelise de agrupamentos (UPGMA) o

autor natildeo identificou uma relaccedilatildeo entre os grupos formados e as caracteriacutesticas

ambientais dos locais de coleta o que pode indicar uma maior influecircncia das

variaacuteveis locais como microclima insolaccedilatildeo condiccedilotildees nutricionais do solo

idade da planta entre outros sobre a concentraccedilatildeo dos compostos analisados

do que as condiccedilotildees macro ambientais

Foram observadas por Buffa Filho et al(2002) diferenccedilas nas concentraccedilotildees

de triterpenos entre plantas com morfologia de folha diferentes sendo que os

compostos 22 hidroximaitenina e celastrol foram encontrados em plantas de

dois tipos morfoloacutegicos

O melhoramento geneacutetico em plantas medicinais visa produzir variedades que

possuam alto rendimento de substacircncias desejadas e que as mantenham em

niacuteveis conhecidos para padronizar a dosagem quando da aplicaccedilatildeo

farmacoloacutegica (Oliveira et al 2003) Eacute importante o aumento da massa seca

eou fresca ou ainda o aumento do teor de princiacutepios ativos em determinado

oacutergatildeo vegetal de modo que estas caracteriacutesticas sejam mantidas nas geraccedilotildees

seguintes O produto do melhoramento de plantas medicinais eacute o princiacutepio ativo

ou o fitocomplexo Outros objetivos satildeo resistecircncia a pragas e doenccedilas e

toleracircncia a condiccedilotildees adversas de ambiente

Como o ambiente tem grande influecircncia na produccedilatildeo de metaboacutelitos

secundaacuterios a interaccedilatildeo genoacutetipo x ambiente eacute um fator importante para ser

analisado no melhoramento de plantas medicinais A possibilidade do melhor

genoacutetipo em um ambiente natildeo o ser em outro influencia o ganho de seleccedilatildeo e

dificulta a recomendaccedilatildeo de cultivares com ampla adaptabilidade (Cruz amp

Regazzi 2001) O conhecimento da herdabilidade dos caracteres de interesse

tambeacutem eacute fundamental para que a seleccedilatildeo seja aplicada com sucesso de

forma que o valor fenotiacutepico de um caraacuteter possa servir como guia para o valor

geneacutetico (aditividade) (Carvalho et al 2001)

Em teste de progecircnies realizado com espinheira-santa Mariot (2005)

identificou uma alta herdabilidade para todos os caracteres (velocidade de

emergecircncia estatura de planta diacircmetro agrave base do caule taxa de crescimento

tamanho de folha e nuacutemero de espinhosfolha) o que evidencia o forte controle

do fator geneacutetico sobre o fenoacutetipo O autor observou ainda altos valores para os

coeficientes de variaccedilatildeo geneacuteticos (CVG) que aliado aos baixos valores para

os coeficientes de variaccedilatildeo devido ao erro experimental (CVE) proporcionaram

iacutendices maiores que 10 para o quociente (relaccedilatildeo CVGVE) em todas as

variaacuteveis analisadas o que eacute um bom indicador para seleccedilatildeo em programas de

melhoramento Este resultado eacute importante para a seleccedilatildeo com base em

caracteres relacionados com o crescimento pois a espinheira-santa eacute

considerada de crescimento lento O tamanho de folha em espinheira-santa

caso apresente relaccedilatildeo com o aumento da biomassa e maior concentraccedilatildeo de

metaboacutelitos secundaacuterios que tenham accedilatildeo farmacoloacutegica pode ser um caraacuteter

importante de se considerar na seleccedilatildeo em programas de melhoramento Os

altos iacutendices dos paracircmetros geneacuteticos evidenciados em trabalho desenvolvido

por Mariot (2005) mostram a eficiecircncia na seleccedilatildeo para estes caracteres

Considerando a necessidade de uniformidade nos teores de princiacutepios ativos

exigidos pelas induacutestrias farmacecircuticas e o fato da espinheira santa ser de

fecundaccedilatildeo cruzada os programas de melhoramento desta espeacutecie que vise

atender estas exigecircncias deve utilizar a propagaccedilatildeo vegetativa

Estudos relacionados agrave cultura de tecidos de M ilicifolia e M aquifolium

tornam-se portanto fundamentais Na aacuterea de biotecnologia foi citado por

Corsino et al (1998a) o uso de Agrobacterium como vetor para aumentar a

produccedilatildeo de triterpenos em programa de melhoramento geneacutetico de espinheira

santa

O conhecimento da associaccedilatildeo entre caracteres eacute de grande importacircncia nos

trabalhos de melhoramento principalmente se a seleccedilatildeo em um deles

apresenta dificuldades em razatildeo da baixa herdabilidade eou tenha problemas

de mediccedilatildeo e identificaccedilatildeo (Cruz amp Regazzi 2001) Para tanto o melhorista

pode estimar as correlaccedilotildees fenotiacutepicas e genotiacutepicas o que pode contribuir no

processo de seleccedilatildeo No caso das espeacutecies medicinais esta ferramenta eacute

muito importante devido ao alto custo das anaacutelises para determinar e

quantificar metaboacutelitos secundaacuterios com potencial farmacoloacutegico como as que

envolvem cromatografia Em espinheira-santa a morfologia foliar estaacute

relacionada com os tipos e a concentraccedilatildeo de triterpenos (Buffa Filho et al

2002) portanto se for identificada correlaccedilatildeo entre estes caracteres a seleccedilatildeo

indireta atraveacutes da morfologia foliar pode vir a ser uma boa estrateacutegia de

seleccedilatildeo

11 Etapas do processo de secagem por aspersatildeoO processo de secagem por aspersatildeo consiste de trecircs etapas fundamentais

Na primeira fase o fluiacutedo eacute disperso como gotiacuteculas produzindo uma grande

aacuterea superficial Na segunda ocorre contato destas com uma corrente de ar

aquecido havendo transferecircncia de calor

Na terceira etapa acontece a evaporaccedilatildeo do solvente e a formaccedilatildeo da partiacutecula soacutelida

121 Ilustraccedilatildeo da Planta Espinheira- Santa

Com a transferecircncia de calor do ar aquecido agraves gotiacuteculas o liacutequido da

superfiacutecie evapora-se rapidamente As partiacuteculas solidificadas geralmente

apresentam o mesmo tamanho e forma da gotiacutecula que as originou Na uacuteltima

etapa o produto de secagem eacute transportado por uma corrente de ar sendo

posteriormente coletado (Broadhead et al 1992 Shaw 1997 Rankell et al

2001) A evaporaccedilatildeo superficial da gotiacutecula conduz agrave formaccedilatildeo de uma

camada de material seco externa Atraveacutes desta camada o liacutequido situado no

interior da gotiacutecula propaga-se para o exterior Dependendo da elasticidade e

da permeabilidade da crosta seratildeo produzidos distintos materiais secos como

esferas intactas com superfiacutecie imperfeita ou fragmentada soacutelidas ou ocas

(Rankell et al 2001) A Figura 2 apresenta foto micrografias de dois extratos

diferentes de Maytenus ilicifolia secos por spray drying com disco giratoacuterio em

torre de secagem por aspersatildeo Os extratos foram produzidos da mesma

maneira utilizando temperatura de entrada de 180 degC velocidade do aspersor

de 9500 rpm e 30 de Aerosil (Oliveira 2008)

12 Fatores que influenciam o processoUm das respostas mais relevantes afetada pelas condiccedilotildees de operaccedilatildeo do

processo eacute a qualidade do produto resultante As variaacuteveis devem ser

controladas visando agrave obtenccedilatildeo de rendimento e de teor de umidade

adequados estabilidade quiacutemica minimizaccedilatildeo da aderecircncia de partiacuteculas na

cacircmara de secagem (sticking) e caracteriacutesticas tecnoloacutegicas especiacuteficas As

propriedades do produto satildeo normalmente determinadas pelos fatores

relacionados agraves caracteriacutesticas do material de entrada e do processamento

isto eacute paracircmetros de operaccedilatildeo e equipamento (Quadro 1)

131 Influecircncia do material de entradaEntre os fatores relacionados agraves caracteriacutesticas do material de entrada o uso

de adjuvantes na teacutecnica de secagem por aspersatildeo eacute uma praacutetica muito

comum Satildeo utilizados como adjuvantes neste processo amido ciclodextrinas

dioacutexido de siliacutecio coloidal fosfato tricaacutelcico gelatina goma araacutebica lactose

maltodextrina entre outros (Vasconcelos et al 2005 Silva Juacutenior et al 2006)

Para a secagem de extratos derivados de plantas a seleccedilatildeo e o uso adequado

de adjuvantes no processo de spray drying eacute uma fase de fundamental

importacircncia visto que determina a estabilidade e a qualidade dos mesmos

podendo inclusive afetar as caracteriacutesticas de biodisponibilidade

13 Atividades farmacoloacutegicas da espinheira-santa A espinheira-santa (M ilicifolia) eacute uma planta que possui atividades

farmacoloacutegicas comprovadas entre elas a atividade antiulcerogecircnica Essas

atividades estatildeo ligadas a substacircncias quiacutemicas que satildeo os polifenoacuteis

(flavonoides e taninos) e os triterpenos Haacute fatores como a composiccedilatildeo quiacutemica

do solo onde essa planta estaacute sendo cultivado o local de plantio a teacutecnica de

colheita a secagem da planta e o processamento poacutes-colheita que influenciam

diretamente nos teores de princiacutepio ativo da planta podendo assim gerar

variaccedilotildees das atividades farmacoloacutegicas (NEGRI 2007)

141 Atividade gaacutestricaDe acordo com alguns estudos (Carlini amp Frochtengerten 1988 Ming et al

1998 Coulaud- Cunha et al 2004 Carvalho et al 2008) a M ilicifolia

apresenta accedilatildeo contra uacutelcera peacuteptica e gastrite Coulaud- Cunha et al (2004)

relatam que a accedilatildeo da M ilicifolia na uacutelcera peacuteptica e gastrite envolve mais de

um mecanismo de accedilatildeo ainda natildeo conclusivamente elucidados e natildeo se deve

somente a um principio ativo especifico mas a diferentes fitocomplexos Foi

demonstrado por Pereira et al (1993) e por Ming et al (1998) que tanto os

taninos principalmente a epigalocatequina quanto os oacuteleos essenciais em

especial o fridenelol satildeo responsaacuteveis por parte dos efeitos gastroprotetores

Carlini amp Frochtengarten (1988) por sua vez em estudos realizados com o

abafado da M ilicifolia relatam que quanto maior o tempo do tratamento maior

seraacute a gastroproteccedilatildeo sem entretanto haver alteraccedilotildees no pH Tal observaccedilatildeo

pode ser confirmada por Ferreira et al (2004) que em estudos com extrato

aquoso liofilizado das folhas de M ilicifolia em sapos comprovou que esse

possui efeito inibitoacuterio sobre os mediadores H2 da histamina nas ceacutelulas

parietais esses segundo Gilman (1989) quando estimulados causam a

ativaccedilatildeo da adenililciclase iniciando uma seacuterie de alteraccedilotildees morfoloacutegicas e

bioquiacutemicas complexas que leva ao aumento da secreccedilatildeo gaacutestrica

funcionando como um antagonista H2 aleacutem de inibir o efeito da gastrina Foi

demonstrado ainda que tanto a epigalocatequina (tanino) quanto o fridenelol

(oacuteleo essencial) satildeo responsaacuteveis por parte do efeito protetor da mucosa

gaacutestrica (Pereira et al 1993 Ming et al 1998)

142 Atividade antiulcerogecircnicaSegundo Sousa-Formigoni et al (1991) foi comprovada a atividade

antiulcerogecircnica da espinheira-santa (M ilicifolia) por experimentos feitos em

ratos nos quais os animais foram induzidos a terem uacutelceras gaacutestricas por meio

de indometacina e por estresse quando estes foram submetidos a baixas

temperaturas e por serem imobilizados Apoacutes a aplicaccedilatildeo de um extrato

liofilizado de espinheira-santa houve uma reduccedilatildeo do nuacutemero de uacutelceras e um

aumento do volume e pH da secreccedilatildeo gaacutestrica

Em estudos de mecanismos celulares e moleculares da accedilatildeo de produtos

naturais com o isolamento de substacircncias bioativas da M ilicifolia

responsaacuteveis pela accedilatildeo antissecretora aacutecida gaacutestrica os resultados obtidos

confirmam essas accedilotildees Foram utilizados nesses experimentos extratos

aquosos das partes aeacutereas da planta e os princiacutepios ativos tecircm funccedilatildeo de

inibidores da bomba de proacutetons etapa final comum das vias reguladoras da

secreccedilatildeo aacutecida gaacutestrica (BOSSOLANI 2000)

143 Atividade antimicrobianaEstudos pioneiros como o de Lima et al (1969) jaacute demonstravam que a

maitenina exibe forte atividade antimicrobiana contra vaacuterias bacteacuterias Gram

positivas Tais efeitos foram corroborados com a demonstraccedilatildeo que os extratos

das folhas e raiacutezes tecircm efeito antimicrobiano para vaacuterios patoacutegenos dentre

eles Staphylococcus aureus e Streptococcus sp

144 Atividade sobre o Sistema Nervoso CentralSegundo Alonso (1998) o extrato de M ilicifolia possui atividade sedativa que

potencializa (efeito sineacutergico) o sono por barbituacutericos em camundongos

145 Atividades abortiva e sobre a espermatogecircnese

De acordo com Montanari et al (1998) o extrato etanoacutelico de M Ilicifolia

quando administrado em altas doses em camundongos suiacuteccedilos apesar de

causar leves alteraccedilotildees como ceacutelulas germinativas imaturas esfoliadas mortes

celulares ocasionais aumento de gotiacuteculas lipiacutedicas em ceacutelulas de Sertoli e

inchamento de acrossomas entre outras natildeo foi suficiente para acarretar

danos agrave espermatogecircnese

Jaacute em testes realizados em camundongos (fecircmeas e graacutevidas) administrando-

se oralmente extrato hidroalcooacutelico (70) de folhas de espinheira-santa (M

ilicifolia) observou-se um decreacutescimo significativo do nuacutemero de embriotildees

indicando uma perda embrionaacuteria antes do periacuteodo de implantaccedilatildeo Poreacutem

natildeo houve maacute-formaccedilatildeo ou mortes fetais depois do periacuteodo de implantaccedilatildeo

Esse extrato possui atividade estrogecircnica que pode interferir na receptividade

uterina ao embriatildeo (MONTANARI BEVILAQUA 2002)

146 Atividades antimutagecircnica e anticanceriacutegenaConforme Horn e Vargas (2003) o extrato aquoso de M ilicifolia foi eficaz em

aproximadamente 75 das doses testadas exibindo boas respostas

antimutagecircnicas ou um decreacutescimo sugestivo Em estudos realizados por

Queiroga et al (2007) foi avaliada a fraccedilatildeo ativa antiulcerogecircnica da M

ilicifolia na atividade anticanceriacutegena apresentando resultados citostaacuteticos

satisfatoacuterios De acordo com Itokawa et al (1993) o composto pristimerina foi o

mais eficiente na accedilatildeo citotoacutexica podendo ser uacutetil no tratamento de tumores

147 Atividade antioxidante e otoprotetoraDe acordo com Mattei e Carlini (1998) um extrato aquoso liofilizado de

espinheira-santa (M ilicifolia) foi testado in vitro em homogenato de ceacuterebro de

ratos e exerceu uma importante atividade antioxidante inibindo o processo de

lipoperoxidaccedilatildeo

Usando-se extrato etanoacutelico de M ilicifolia foi confirmado que a casca da raiz

tem um poder antioxidante pelo fato de possuir em sua base compostos com a

capacidade sequestradora de radicais livres (VELLOSA et al 2006)

Conforme Santos et al (2010) foram comprovadas propriedades antioxidantes

dos extratos brutos e de componentes individuais de M Ilicifolia por possiacuteveis

associaccedilotildees sineacutergicas de substacircncias fenoacutelicas e triterpenos

quinonametiacutedeos comparados agrave rutina como composto fenoacutelico modelo

De acordo Kasse et al (2008) foi realizado um estudo com ratos (fecircmeas) em

que esses animais foram submetidos agrave substacircncia cisplatina e posteriormente

tratados com extrato de M ilicifolia para avaliar a atividade otoprotetora da

planta Foram realizados e avaliados os exames de emissotildees otoacuacutesticas por

produtos de distorccedilatildeo por potencial de tronco encefaacutelico antes e depois de

administraccedilatildeo de cisplatina e por fim por microscopia eletrocircnica de varredura

Os resultados mostraram que apesar de apresentar atividades antioxidantes a

M ilicifolia foi incapaz de bloquear o efeito citotoacutexico do composto quiacutemico

administrado nas cobaias

Segundo Negri et al (2009) a atividade antioxidante do extrato etanoacutelico de M

ilicifolia estaacute intimamente ligada agrave sua temperatura de secagem Testes

realizados para avaliaccedilatildeo do poder antioxidante os quais foram os meacutetodos de

formaccedilatildeo de complexo com fosfomolibdecircnio e atividade antioxidante em

relaccedilatildeo agrave reduccedilatildeo de um radical utilizando-se o DPPH (22-difenil-1-

picnilhidrazila) em que foram levadas em consideraccedilatildeo diferentes

temperaturas usualmente utilizadas para secagem (40 50 60 70 e 80˚C)

demostraram melhor atividade antioxidante na temperatura de 40˚C e

gradativamente quanto maior a temperatura realizada nos testes menor o

poder antioxidante Por fim o estudo mostrou a importacircncia do controle de

temperatura para a melhor efetividade nesse quesito da planta

Em estudos de Pessuto et al (2009) foram avaliados extratos e compostos

isolados de M Ilicifolia em relaccedilatildeo agrave capacidade antioxidante Os extratos

brutos e semipurificados foram estudados por meio de ensaios de

fosfomolibdecircnio (complexo) e de DPPH (22-difenil-1-picnilhidrazila) nos quais

os resultados mostraram que a fraccedilatildeo com acetato de etila teve melhor

capacidade antioxidante em relaccedilatildeo ao extrato bruto e fraccedilatildeo aquosa

possivelmente por conter maior nuacutemero de hidroxilas fenoacutelicas (pela

capacidade de sequestro dos radicais livres) e tambeacutem em relaccedilatildeo agraves

substacircncias trolox e vitamina C

148 Atividades antinociceptiva e anti-inflamatoacuteria De acordo com Nakamura et al (1994) o extrato etanoacutelico de folhas de M

ilicifolia conteacutem uma fraccedilatildeo de quercetina-3-O-glicosiacutedeo e essa substacircncia

quiacutemica foi avaliada pelo teste de aacutecido aceacutetico e formalina em ratos obtendo-

se resultados satisfatoacuterios para atividades analgeacutesicas e anti-inflamatoacuterias

Por meio de testes realizados em camundongos e ratos foi provocado um

edema nas patas desses animais por meio de injeccedilatildeo de 002 ml de

formaldeiacutedo (soluccedilatildeo a 092) utilizando-se como controle soluccedilatildeo salino

Apoacutes 120 minutos foi aplicado extrato hexacircnico e acetato de etila das folhas

(M ilicifolia) administrados por via oral nas doses de 80 160 320 e 340 mgkg

Os animais foram sacrificados apoacutes 4 horas Em um segundo ensaio foi

administrada por injeccedilatildeo soluccedilatildeo de carragenina a 1 e os extratos da planta

foram dados por via oral nas doses de 80 160 320 e 340 mgkg Os resultados

obtidos mostraram uma atividade antinociceptiva para os dois extratos

principalmente nas doses de 320 e 340 mgkg sendo esse teste importante

para uma alternativa cliacutenica na terapecircutica anti-inflamatoacuteria e antiulcerogecircnica

(JORGE et al 2004)

14 Toxicidade efeitos adversos e contraindicaccedilatildeo da espinheira-santa

Foi realizado um estudo toxicoloacutegico com 24 voluntaacuterios sendo 12 homens e

12 mulheres de 20 a 40 anos de idade selecionados previamente por meio de

avaliaccedilatildeo cliacutenica exames hematoloacutegicos e bioquiacutemicos e avaliaccedilatildeo

psicomotora com o objetivo de estabelecer um intervalo maacuteximo de seguranccedila

no uso de M ilicifolia As doses foram administradas de maneira crescente e

natildeo houve um grupo controle pois os exames iniciais foram considerados

como valores basais para efeito comparativo A dose inicial foi fixada em 100

mg por adulto sendo administradas doses subsequentes de 200 500 1000

1500 e 2000 mg com intervalos de uma semana para cada dose A anaacutelise dos

resultados revelou que natildeo houve efeitos significativos nos valores dos

principais paracircmetros hematoloacutegicos e bioquiacutemicos e tambeacutem natildeo foram

observadas alteraccedilotildees nas funccedilotildees hepaacuteticas pancreaacuteticas e renais

Hormocircnios lipiacutedeos glicose soacutedio potaacutessio caacutelcio e foacutesforo tambeacutem

mantiveram valores considerados normais (TABACH et al 2002)

Em relaccedilatildeo aos efeitos adversos a M ilicifolia natildeo possui algum que justifica a

interrupccedilatildeo do tratamento Entre os mais comuns destacam-se cefaleia

sonolecircncia boca seca naacuteuseas dor articular nas matildeos gosto estranho na

boca tremor nas matildeos cistite e poliuacuteria (TABACH et al 2002) Poreacutem

segundo Amaral et al (2005) natildeo eacute recomendado o uso pediaacutetrico pela

ausecircncia de testes Ensaios realizados em ratos mostraram perda embrionaacuteria

antes do periacuteodo de implantaccedilatildeo portanto essa planta natildeo eacute recomendada em

casos de gravidez (MONTANARI BIVILACQUA 2002)

De acordo com estudos realizados em camundongos o abafado de M ilicifolia

foi administrado nesses animais em doses ateacute 360 vezes maiores que a

utilizada pelo homem durante um periacuteodo de dois a trecircs meses Como

resultados natildeo houve mudanccedilas no peso comportamento temperatura

paracircmetros bioquiacutemicos e hematoloacutegicos desses animais (OLIVEIRA CARLINI

1988)

15 FarmacocineacuteticaO modelo da farmacocineacutetica da espinheira-santa eacute estudado por meio de seus

taninos natildeo condensados Epigalocatequina marcada foi administrada por via

oral sendo os picos plasmaacuteticos observados 60 min apoacutes a ingestatildeo Apoacutes

uma dose de 500 mgkg foram detectadas concentraccedilotildees tissulares de 123

mmol no plasma 484 mmol no fiacutegado e 565 mmol no intestino delgado

(Nakagawa amp Miyazawa 1997) Depois da administraccedilatildeo oral de

epigalocatequina-3-galato marcada com triacutetio a ratos cerca de 6 da dose eacute

eliminada na urina e 24 nas fezes nas primeiras 24 horas Uma segunda

dose dada duas horas apoacutes a primeira eleva em cerca de 4 a 6 vezes a

concentraccedilatildeo no plasma e em alguns tecidos Esses dados sugerem uma

meia-vida longa e eliminaccedilatildeo lenta da epigalocatequina-3-galato No final das

24 horas os animais foram sacrificados e essa substacircncia pocircde ser encontrada

no rim ceacuterebro fiacutegado pacircncreas intestino e ossos (Suganuma et al 1998)

Num outro estudo foi avaliada a afinidade da epigalocatequina-3-galato agraves

proteiacutenas do soro Apoacutes uma dose oral a ratos mais de 50 da

epigalocatequina-3-galato absorvida ligou-se agrave proteiacutena do plasma

especialmente a fibronectina o fibrinogecircnio e a HRGP( Histidin Rich

Glicoprotein) proteiacutena plasmaacutetica com 74 kdaltons cuja funccedilatildeo ainda eacute pouco

conhecida (Sazuka et al 1996)

16 PreparaccedilatildeoTendo sido reconhecida a espeacutecie com que se vai trabalhar torna-se

necessaacuterio que se disponha desta espeacutecie em quantidade suficiente para

atender a demanda relacionada a produccedilatildeo do fitoteraacutepico replicaccedilatildeo da

espeacutecie e respectivo controle de qualidade Par a atingir este objetivo a

espeacutecie deve ser cultivada na extensatildeo adequada ao fim que se propotildee tendo-

se aleacutem dos cuidados inerentes ao cultivo de qualquer espeacutecie vegetal a

precauccedilatildeo de nunca utilizar pesticidas ou agrotoacutexicos na aacuterea de cultivo Nos

parece claro que a opccedilatildeo pelo fitoteraacutepico deve vir acompanhada do desejo de

seguranccedila o que natildeo seria conseguido se fossem deixados resiacuteduos de

agrotoacutexicos ou de pesticidas na espeacutecie que iraacute ser usada como mateacuteria-prima

para a produccedilatildeo de medicamento Veja no item 24 os ensaios que devem ser

efetuados no sentido de identificar e quantificar a presenccedila destes e de outros

contaminantes

Dispondo-se entatildeo da espeacutecie vegetal botanicamente selecionada cultivada

sem o uso de agentes quiacutemicos contaminantes iremos seguir tantos passos

quantos sejam necessaacuterios para preparar a espeacutecie vegetal numa droga capaz

de ser armazenada e processada para resultar num preparado intermediaacuterio uacutetil

na preparaccedilatildeo de fitoteraacutepicos Estes passos podem ser enumerados como

sendo Coleta Monda Estabilizaccedilatildeo Secagem Trituraccedilatildeo e Armazenamento

A execuccedilatildeo e finalidade de cada um se acham descrito a seguir

A Coleta eacute realizada atraveacutes da retirada da parte usada da planta procurando

sempre o material mais saudaacutevel em completo desenvolvimento (a menos que

especificado em (contraacuterio como ocorre com a gema terminal de Psidium

guajava) e com o miacutenimo de contaminantes (poeira poluiccedilatildeo adubo insetos

colocircnia de microrganismos etc) A distribuiccedilatildeo de substacircncias

farmacologicamente ativas nas plantas medicinais natildeo se daacute de maneira

homogecircnea em toda a extensatildeo da planta Portanto eacute de se esperar que

apenas alguma parte de uma dada espeacutecie podem ser utilizadas com finalidade

terapecircutica

Atraveacutes de consulta agraves diversas farmacopeias e tratados sobre plantas

medicinais encontramos descriccedilotildees sobre a parte a ser usada de cada espeacutecie

medicinal Pode-se em alguns casos observar que diferentes partes de uma

mesma planta apresentam propriedades inteiramente diferentes como por

exemplo a Punica granam (romatildezeira) cujas cascas do caule satildeo teniacutefugas e

as cascas dos frutos tecircm propriedades anti-inflamatoacuteria e antibioacutetica Em outros

casos toda a planta pode ser utilizada com a mesma finalidade como a

Phylanthus niruri (quebra-pedra) Torna-se imperioso portanto que antes de

qualquer outra etapa da preparaccedilatildeo de uma forma farmacecircutica fitoteraacutepica se

conheccedila qual ou quais partes da espeacutecie escolhida pode ser utilizada

A coleta deve respeitar para cada espeacutecie o melhor periacuteodo correspondente

agravequele onde a espeacutecie apresenta maior teor em substacircncias ativas Tendo isto

em mente relacionamos a seguir orientaccedilotildees geneacutericas quanto ao periacuteodo de

coleta

Formas farmacecircuticas de fitoteraacutepicosPoacute

Eacute a forma farmacecircutica obtida apoacutes a secagem trituraccedilatildeo e tamisaccedilatildeo da

droga Segundo a sua finalidade devem apresentar a tenuidade adequada

conforme a tabela a seguir Pode ser dispensado para uso na preparaccedilatildeo de

chaacutes ou adicionado agrave alimentaccedilatildeo (leite sucos mel etc) O envase deve cuidar

para que natildeo haja absorccedilatildeo de umidade

Formas soacutelidas

Caacutepsulas

Eacute a forma farmacecircutica obtida pela deposiccedilatildeo ordenada da droga seca

triturada e tamisada em caacutepsulas gelatinosas duras ou pelo encapsulamento

de liacutequidos ou semissoacutelidos de natureza lipofiacutelica em caacutepsulas gelatinosas

moles O invoacutelucro rosa utilizado eacute geralmente de natureza proteica e satildeo

portanto incompatiacuteveis com drogas tacircnicas por exemplo Cuidado especial

deve ser tomado com a umidade temperatura e pressatildeo exercida sobre as

caacutepsulas durante o armazenamento e transporte Estes fatores podem levar a

desidrataccedilatildeo ou hidrataccedilatildeo das caacutepsulas que as tornam quebradiccedilas ou

deformadas e coladas Durante a preparaccedilatildeo das caacutepsulas deve-se cuidar para

que o peso das caacutepsulas obtidas seja o mais uniforme possiacutevel podendo-se

garantir isso pela pesagem da quantidade de poacute necessaacuteria para o enchimento

de um nuacutemero determinado de caacutepsulas

O enchimento das caacutepsulas ocorre na oficina farmacecircutica em tabuleiros

especiais constituiacutedos em acriacutelico PVC ou outro poliacutemero apresentando-se no

modelo mais simples apenas como uma base fixa que se encaixa a uma outra

moacutevel e perfurada que recebe o corpo das caacutepsulas sem as tampas A seguir

se distribui de forma homogecircnea a quantidade estipulada de poacute em todas as

caacutepsulas valendo-se de uma espaacutetula plaacutestica e de um dispositivo especial

para prensar o conteuacutedo no interior das caacutepsulas Finalizado o enchimento as

partes super oires (tampas) das caacutepsulas satildeo recolocadas fechando-as e

determina-se o peso meacutedio das mesmas embalando-as imediatamente

A capacidade das caacutepsulas eacute proporcional agrave densidade do poacute e ao tamanho

das caacutepsulas que eacute padronizado em 08 (oito) diferentes tipos listados a seguir

com as respectivas dimensotildees e capacidades em mililitros

Controle de Qualidade

Todas as etapas utilizadas durante o processamento da droga devem ser

monitoradas atraveacutes de ensaios que possam atestar a qualidade da mateacuteria-

prima dos produtos intermediaacuterios e do produto final acabado O objetivo final

tanto do processamento adequado quanto agrave avaliaccedilatildeo da qualidade eacute a

garantia de que o que estaacute sendo produzido na forma como ocorre o processo

produtivo estaacute conduzindo agrave obtenccedilatildeo de um produto com as caracteriacutesticas

necessaacuterias agrave utilizaccedilatildeo para o tratamento de doenccedilas

Droga

A avaliaccedilatildeo da qualidade da droga utilizada na obtenccedilatildeo de fitoteraacutepicos no

Programa Farmaacutecias-Vivas onde o cultivo das espeacutecies vegetais eacute efetuado

pelo laboratoacuterio fabricante do produto deve ser realizada sob os seguintes

aspectos

- Considerando que a droga a ser utilizada corresponde agrave espeacutecie vegetal

esperada conhece-se suas caracteriacutesticas macromorfoloacutegicas aleacutem das suas

caracteriacutesticas sensoriais constituindo a primeira avaliaccedilatildeo que eacute a identidade

da droga

- Determinaccedilatildeo da umidade da droga fresca que deve ser diferenciada de

perda por dessecaccedilatildeo pois outras substacircncias volaacuteteis aleacutem da aacutegua satildeo

evaporadas Pode ser determinada atraveacutes do ensaio volumeacutetrico de Karl

Fischer ou pelo ensaio gravimeacutetrico submetendo a droga a dessecaccedilatildeo em

temperatura ambiente em dessecador com siacutelica ou aacutecido sulfuacuterico

- Mesmo a droga morfologicamente normal pode natildeo apresentar seus

constituintes ativos na quantidade desejada sendo necessaacuterio que sejam

realizados ensaios de identificaccedilatildeo e quantificaccedilatildeo de ativos ou de marcadores

atraveacutes das mais diversas teacutecnicas gravimeacutetrica volumeacutetrica

espectrofotomeacutetrica cromatograacutefica etc

- Avaliaccedilatildeo da contaminaccedilatildeo microbiana da droga principalmente se a mesma

tiver de ser utilizada sem qualquer processamento posterior As drogas que

seratildeo transformadas em uma forma extrativa em soluccedilatildeo hidro-alcooacutelica pode

ter sua carga microbiana reduzida pelo efeito antisseacuteptico do solvente

Preparado Intermediaacuterio

As formas extrativas satildeo obtidas em condiccedilotildees que nem sempre conseguem

retirar a totalidade das substacircncias ativas soluacuteveis no solvente escolhido devido

a diversos fator ES como o tempo e temperatura de maceraccedilatildeo pH do

solvente distribuiccedilatildeo granulomeacutetrica da droga sua umidade residual teor de

substacircncias ativas e velocidade de percolaccedilatildeo Justifica-se entatildeo a

necessidade da realizaccedilatildeo de ensaios de avaliaccedilatildeo da qualidade das formas

extrativas incluindo avaliaccedilotildees fiacutesico-quiacutemicas como aparecircncia cor odor

solubilidade densidade pH e viscosidade avaliaccedilotildees quiacutemicas como o perfil

cromatograacutefico e dosagem das substacircncias ativas ou marcador e avaliaccedilatildeo

microbioloacutegica da quantidade de microrganismos viaacuteveis

Fitoteraacutepico

Independente da forma farmacecircutica final eacute necessaacuterio que sejam realizadas

avaliaccedilotildees na qualidade do produto final da mesma forma que eacute exigido para

os demais tipos de medicamentos Listamos a seguir os ensaios realizados

para cada forma farmacecircutica lembrando que devem ser acrescentados os

ensaios quiacutemicos e microbioloacutegicos

Prazo de Validade

Considerando a jaacute difiacutecil realizaccedilatildeo da avaliaccedilatildeo da qualidade das drogas

utilizadas na obtenccedilatildeo de fitoteraacutepicos pode-se compreender que o

acompanhamento do processo cineacutetico de degradaccedilatildeo dos constituintes do

medicamento natildeo eacute uma estar efe faacutecil No entanto esta avaliaccedilatildeo pode se dar

em diversos niacuteveis

- Avaliaccedilatildeo da estabilidade fiacutesica

Para cada tipo de forma farmacecircutica satildeo descritas as caracteriacutesticas tiacutepicas

como cor odor limpidez densidade viscosidade pH etc que observadas

para um mesmo lote ao longo do tempo de armazenamento forneceratildeo

informaccedilotildees sobre a integridade fiacutesica da formulaccedilatildeo

- Avaliaccedilatildeo da estabilidade quiacutemica

A utilizaccedilatildeo de recursos laboratoriais desde os mais simples ateacute os mais

sofisticados permitem o acompanhamento qualitativo eou quantitativo dos

princiacutepios ativos contidos no produto fitoteraacutepico Por exemplo atraveacutes do

ensaio limite de taninos por diluiccedilotildees sucessivas e adiccedilatildeo de cloreto feacuterrico

pode-se ter uma medida semi-quantitativa do teor destas substacircncias nas

preparaccedilotildees que o contenham Evoluindo a utilizaccedilatildeo de teacutecnica

cromatograacutefica em camada delgada sobre papel ou siacutelica permite a

determinaccedilatildeo do perfil cromatograacutefico para o produto de modo que possa ser

comparado com o obtido em lotes posteriores ou com o mesmo lote ao longo do

tempo de armazenamento

- Avaliaccedilatildeo da estabilidade microbioloacutegica

A verificaccedilatildeo do niacutevel de contaminaccedilatildeo microbiana numa preparaccedilatildeo

medicamentosa fornece informaccedilotildees sobre o niacutevel de higienizaccedilatildeo empregado

durante o processamento da droga ateacute a obtenccedilatildeo do medicamento A

observaccedilatildeo deste mesmo paracircmetro ao longo do tempo fornece informaccedilotildees

sobre a composiccedilatildeo conservante utilizada no produto e a forma de

armazenamento

Teacutecnicas Gerais

Os ensaios laboratoriais de avaliaccedilatildeo da qualidade da droga compreendem

basicamente

- Observaccedilatildeo macroscoacutepica e microscoacutepica da droga fresca e seca inteira e

triturada comparando com o descrito em farmacopeias ou com modelos

botanicamente certificados

- Determinaccedilatildeo de umidade na droga fresca e naquela seca e triturada

evidenciando a quantidade de aacutegua contida na droga receacutem-coletada na droga

s eca e a efetividade do processo de secagem utilizada

- Identificaccedilatildeo e dosagem de substacircncias ativas ou marcadores realizada na

droga seca e triturada onde atraveacutes do acompanhamento da evoluccedilatildeo ao

longo do tempo e o cruzamento dos dados entre os locais e condiccedilotildees de

cultivo seraacute possiacutevel a determinaccedilatildeo das condiccedilotildees ideais para a manutenccedilatildeo

da qualidade das espeacutecies vegetais

- Determinaccedilatildeo da quantidade de mateacuteria orgacircnica estranha na droga seca

triturada grosseiramente demonstrando se a coleta monda secagem e

trituraccedilatildeo foram realizadas a contento sem o risco de contaminaccedilatildeo com outras

espeacutecies

- Determinaccedilatildeo de resiacuteduos de pesticidas para monitorar a forma de realizaccedilatildeo

do controle de pestes atraveacutes da identificaccedilatildeo e dosagem de pesticidas

- Determinaccedilatildeo da presenccedila de arsecircnio e metais pesados como componentes

que satildeo responsaacuteveis por intoxicaccedilotildees e por incompatibilidades nas

preparaccedilotildees liacutequidas de fitoteraacutepicos

- Determinaccedilatildeo da quantidade de microrganismos viaacuteveis atraveacutes da contagem

em placa a de diluiccedilotildees obtidas a partir do liacutequido de lavagem das drogas

evidenciando o grau de contaminaccedilatildeo e a possiacutevel e indesejaacutevel presenccedila de

microrganismos potencialmente patogecircnicos

Garantia de Qualidade

Na produccedilatildeo de fitoteraacutepicos do mesmo modo como ocorre com qualquer outro

medicamento natildeo pode negligenciar qualquer procedimento que possa conduzir

a diminuiccedilatildeo da qualidade do produto final A qualidade se reflete na

reprodutibilidade da qualidade do produto avaliada em laboratoacuterio e no

acompanhamento da sua eficaacutecia terapecircutica e seguranccedila Isto soacute pode ser

conseguido quando para cada forma farmacecircutica de fitoteraacutepico forem

registradas as operaccedilotildees farmacecircuticas que devem ser seguidas agrave risca suas

medidas de controle e definiccedilatildeo das responsabilidades para cada uma das

etapas do processamento

Apenas como ilustraccedilatildeo tomemos como exemplo a produccedilatildeo da tintura de

Alecrim-pimenta (Lippia sidoides Cham) O iniacutecio da preocupaccedilatildeo com a

qualidade se daacute com a seguranccedila de que a espeacutecie cultivada seja realmente

aquela que se deve coletar e em seguida em coletar a parte que realmente

deve ser utilizada e de plantas com aspecto saudaacutevel de desenvolvimento para

a qual as condiccedilotildees de cultivo tenham se apresentado como satisfatoacuterias A

monda que se segue agrave coleta retirando as partes improacuteprias agrave preparaccedilatildeo do

fitoteraacutepico daacute continuidade ao passo anterior na busca de alcanccedilar a qualidade

desejada O processo de dessecaccedilatildeo ocorrendo agrave sombra e agrave temperatura

ambiente preservando os constituintes quiacutemicos ativos e diminuindo a

influecircncia da umidade da planta sobre a sua qualidade e a da soluccedilatildeo extrativa

a ser obtida faz com que a droga obtida possa ser utilizada como mateacuteria-prima

para a obtenccedilatildeo de medicamento O cuidadoso processo de trituraccedilatildeo sem

elevar a temperatura durante o processo e reduzindo a perda de poacute para o

ambiente tambeacutem representa um processo que deve ser realizado com a

devida atenccedilatildeo Depois disso a droga seca e triturada deve ser armazenada

em condiccedilotildees que preservem sua qualidade pelo tempo necessaacuterio ateacute sua

utilizaccedilatildeo com as devidas inscriccedilotildees que atestem sua fonte data de coleta e de

processamento e respectivos responsaacuteveis

A preparaccedilatildeo da soluccedilatildeo hidro-alcooacutelica que seraacute utilizada no processo extrativo

tambeacutem deve ser realizada com bastante cuidado pois a mateacuteria-prima deve

apresentar a qualidade compatiacutevel com sua utilizaccedilatildeo para a produccedilatildeo de

medicamentos aacutegua purificada e aacutelcool farmacecircutico Deve-se observar a

legislaccedilatildeo atual sobre aacutelcool que exige a desnaturaccedilatildeo do aacutelcool

comercializado em farmaacutecias e supermercados e assim natildeo deve servir como

excipiente farmacecircutico Enfim todos os processos interferem com a qualidade

do produto final a ser obtido e devem ser realizados corretamente e as

operaccedilotildees registradas em documento proacuteprio buscando a rastreabilidade de

cada lote de cada produto

Outra etapa da garantia da qualidade essencial para sua implantaccedilatildeo eacute a

validaccedilatildeo de equipamentos e de processos que busca uma evidecircncia

documentada de que os mesmos cumprem satisfatoriamente sua finalidade

quando utilizados ou realizados corretamente

Estas evidecircncias devem ser conseguidas antes mesmo de se iniciar a utilizaccedilatildeo

das instalaccedilotildees para produccedilatildeo de medicamentos Naqueles jaacute em

funcionamento a validaccedilatildeo pode ser realizada atraveacutes da documentaccedilatildeo da

produccedilatildeo passada ou seja uma validaccedilatildeo retrospectiva

Para a produccedilatildeo de medicamentos em pequena escala que natildeo venha a

caracterizar uma produccedilatildeo industrial deve-se buscar a adequaccedilatildeo das

condiccedilotildees de produccedilatildeo armazenamento e dispensaccedilatildeo do produto atraveacutes da

Resoluccedilatildeo RDC ndeg 33 de abril de 2000 que descreve os criteacuterios de Boas

Praacuteticas de Manipulaccedilatildeo

Para a produccedilatildeo industrial de medicamentos a legislaccedilatildeo que trata das Boas

Praacuteticas de Fabricaccedilatildeo e Garantia de Qualidade eacute a Resoluccedilatildeo RDC ndeg 210 de

04 de agosto de 2003 As especificaccedilotildees legais da legislaccedilatildeo sanitaacuteria

brasileira e de outros paiacuteses para materiais vegetais devem incluir tanto quanto

possiacutevel o seguinte

- Nome botacircnico c om referecircncia aos autores

- Detalhes da fonte da planta (paiacutes ou regiatildeo de origem cultivo eacutepoca da

colheita procedimentos de colheita possiacuteveis pesticidas utilizados etc)

- Descriccedilatildeo do material vegetal inspeccedilatildeo visual macro eou microscoacutepica

- Testes de identificaccedilatildeo apropriados incluindo quando convenientes testes de

identificaccedilatildeo para ingredientes ativos conhecidos ou marcadores

- Ensaios quando convenientes dos constituintes de atividade terapecircutica ou

marcadores

- Meacutetodos apropriados para determinaccedilatildeo de possiacuteveis contaminaccedilotildees por

pesticidas e os limites aceitos

- Testes para metais pesados e contaminantes semelhantes materiais

estranhos e adulterantes

- Testes para radiaccedilatildeo aflatoxinas e contaminaccedilatildeo microbiana

Qualquer tratamento usado para reduzir contaminaccedilotildees focircnicas e microbianas

ou outras infestaccedilotildees devem ser documentadas Instrumentos para tais

procedimentos devem ser acessiacuteveis e devem incluir detalhes dos processos

testes e limites residuais

Para a realidade do programa Farmaacutecias-Vivas onde natildeo satildeo utilizados

pesticidas as plantas satildeo cultivadas no local proacuteximo de onde ocorre a

produccedilatildeo do medicamento ou satildeo de origem na mesma regiatildeo e satildeo

processadas logo apoacutes a coleta satildeo feitas exigecircncias menores que as

estabelecidas para maiores escalas de produccedilatildeo Nem assim devemos deixar

de registrar todas as operaccedilotildees realizadas com a droga desde o seu cultivo ateacute

a dispensaccedilatildeo do produto fitoteraacutepico

Dispensaccedilatildeo

Estivemos sempre discorrendo sobre qualidade do produto a ser obtido desde

o cultivo da espeacutecie correta da coleta da parte usada e o seu processamento

mantendo intactos os princiacutepios ativos Conhecemos os motivos que levam a

toda esta preocupaccedilatildeo com a qualidade a responsabilidade do profissional que

o produz e a eficaacutecia e a seguranccedila necessaacuterias para o paciente que o utiliza

Portanto resta-nos dispensar o fitoteraacutepico para que este apresente estas

caracteriacutesticas trans formando o paciente num parceiro consciente do seu

papel no uso cor reto deste recurso terapecircutico

O resgate das praacuteticas populares agora respaldadas pelos estudos cientiacuteficos

seacuterios que atestam a eficaacutecia e seguranccedila das espeacutecies utilizadas no programa

Farmaacutecias-Vivas pode ser abordado no momento da dispensaccedilatildeo do

medicamento ou atraveacutes de apresentaccedilotildees coletivas organizadas e realizadas

pelo Farmacecircutico Alguns cuidados merecem ser observados para natildeo se

incorrer em riscos desnecessaacuterios

- Natildeo referendar o uso de plantas cujo estudo cientiacutefico natildeo tenha apresentado

dados sobre sua eficaacutecia e seguranccedila

- Natildeo recomendar o uso de qualquer planta medicinal para o tratamento de

doenccedilas sem a devida recomendaccedilatildeo meacutedica especializada ou natildeo

- Natildeo recomendar a utilizaccedilatildeo de planta que nos seja desconhecida tanto no

aspecto teoacuterico quanto praacutetico

- Natildeo sugerir a utilizaccedilatildeo de quaisquer praacuteticas com ou sem uso de plantas

medicinais que possa representar um risco potencial ou real de dano fetal

Para nos resguardarmos de quaisquer erros precisamos nos manter atualizados

quanto aos benefiacutecios e riscos da utilizaccedilatildeo das espeacutecies medicinais com as

quais trabalhamos dada agrave impossibilidade de conhecer todas as demais Os

dados obtidos durante a dispensaccedilatildeo e acompanhamento dos pacientes aleacutem

daqueles obtidos durante os ensaios controlados de toxicologia e farmacologia

cliacutenica forneceratildeo a necessaacuteria seguranccedila para realizarmos a dispensaccedilatildeo e

cada vez mais desfazermos o mito do natural ser inoacutecuo

Como exemplo da relaccedilatildeo risco x benefiacutecio de uma preparaccedilatildeo fitoteraacutepica

apresentamos as seguintes informaccedilotildees sobre o Elixir de Aroeira que em

muitos aspectos natildeo houve a quantificaccedilatildeo da intensidade dos efeitos beneacuteficos

nem adversos nem de interaccedilotildees

Forma Medicamento Fitoteraacutepico- Caacutepsula ESPINHEIRA SANTA Maytenus ilicifolia Celastraceae

Medicamento fitoteraacutepico

Parte utilizada Folhas

Nomenclatura popularEspinheira santa cancerosa cancorosa-de-sete-espinhos cancrosa

espinheira-divina espinho-de-Deus maiteno erva-cancrosa erva-santa

ApresentaccedilotildeesCaacutepsula dura - Extrato seco das folhas de Maytenus ilicifolia 380 mg -

Embalagem com 3 bliacutesters contendo 15 caacutepsulas cada

Via oral

Uso adulto

Composiccedilatildeo

Cada caacutepsula conteacutem

Extrato seco de Maytenus ilicifolia380 mg

Excipiente qsp 1 caacutepsula (amido)

equivalente a 133 mg de taninos totais

Informaccedilotildees ao pacientePara que este medicamento eacute indicado

Espinheira Santa eacute indicada para o tratamento da maacute digestatildeo e como

coadjuvante no tratamento de uacutelcera do estocircmago e duodeno

Como este medicamento funciona

Espinheira Santa atua como regulador das funccedilotildees estomacais e promove a

proteccedilatildeo da mucosa gaacutestrica

Quando natildeo devo usar este medicamentobull O medicamento deve ser evitado por menores de 12 anos de idade devido agrave

falta de estudos disponiacuteveis

bull Lactaccedilatildeo e gravidez visto que pode diminuir a secreccedilatildeo de leite e pode

provocar contraccedilotildees uterinas

bull Hipersensibilidade (alergia) a qualquer um dos componentes da foacutermula ou a

outras plantas da famiacutelia Celastraceae

O que devo saber antes de usar este medicamentoPrecauccedilotildees e advertecircncias

bull De acordo com a categoria de risco de faacutermacos destinados agraves mulheres

graacutevidas este medicamento apresenta categoria de risco C Este medicamento

natildeo deve ser utilizado por mulheres graacutevidas sem orientaccedilatildeo meacutedica ou do

cirurgiatildeo dentista

Interaccedilotildees medicamentosas

bull A administraccedilatildeo concomitante de M ilicifolia com bebidas alcooacutelicas e outros

medicamentos natildeo eacute recomendada pois natildeo existem estudos disponiacuteveis

sobre as interaccedilotildees medicamentosas deste fitoteraacutepico

Informe seu meacutedico ou cirurgiatildeo-dentista se vocecirc estaacute fazendo uso de algum

outro medicamento

Onde como e por quanto tempo posso guardar este medicamentoCuidados de conservaccedilatildeo

Espinheira Santa deve ser conservada em temperatura ambiente (entre 15 e

30ordmC) em sua embalagem original Proteger da luz e da umidade

Prazo de validade24 meses apoacutes a data de fabricaccedilatildeo impressa no cartucho

Nuacutemero de lote e datas de fabricaccedilatildeo e validade vide embalagem

Natildeo use medicamento com o prazo de validade vencido

Guarde-o em sua embalagem original

Caracteriacutesticas fiacutesicasCaacutepsulas gelatinosas duras de cor creme

Caracteriacutesticas organoleacutepticas

Cheiro (odor) caracteriacutestico e praticamente natildeo apresenta sabor

Antes de usar observe o aspecto do medicamento Caso ele esteja no prazo

de validade e vocecirc observe alguma mudanccedila no aspecto consulte o

farmacecircutico para saber se poderaacute utilizaacute-lo

Todo medicamento deve ser mantido fora do alcance das crianccedilas

Como devo usar este medicamentoModo de usar

As caacutepsulas devem ser ingeridas inteiras e com uma quantidade suficiente de

aacutegua para que possam ser deglutidas

Posologia

Ingerir duas caacutepsulas via oral trecircs vezes ao dia de oito em oito horas

Siga corretamente o modo de usar Em caso de duacutevidas sobre este

medicamento procure orientaccedilatildeo do farmacecircutico Natildeo desaparecendo os

sintomas procure orientaccedilatildeo de seu meacutedico ou cirurgiatildeo-dentista

Este medicamento natildeo deve ser partido aberto ou mastigado

O que devo fazer quando eu me esquecer de usar este medicamentoCaso haja esquecimento da ingestatildeo de uma dose deste medicamento

retomar a posologia prescrita sem a necessidade de suplementaccedilatildeo

Em caso de duacutevidas procure orientaccedilatildeo do farmacecircutico ou de seu meacutedico ou

do cirurgiatildeo-dentista

Que males este medicamento pode causarReaccedilotildees adversas

Ateacute o momento natildeo foram relatadas reaccedilotildees adversas graves ou que coloquem

em risco a sauacutede dos pacientes

Raramente podem ocorrer casos de hipersensibilidade Neste caso suspender

o uso e procurar orientaccedilatildeo meacutedica

Informe seu meacutedico cirurgiatildeo-dentista ou farmacecircutico do aparecimento de

reaccedilotildees indesejaacuteveis pelo uso do medicamento

Induacutestria Brasileira

Esta bula foi atualizada conforme Bula Padratildeo aprovada pela Anvisa em

12012011

Farmacecircutica resp Dra (Nome )

CRF-PR nordm XXXX Coacuted XXXXX - 012011

Informe tambeacutem agrave empresa atraveacutes do seu Serviccedilo de

Atendimento ao Consumidor

O que fazer se algueacutem usar uma quantidade maior do que a indicada deste medicamentoPlantas ricas em taninos como a M ilicifolia quando usadas em doses

excessivas podem causar irritaccedilatildeo da mucosa gaacutestrica e intestinal gerando

vocircmitos coacutelicas intestinais e diarreia

Em caso de super dosagem suspender o uso e procurar orientaccedilatildeo meacutedica de

imediato Em caso de uso de grande quantidade deste medicamento procure

rapidamente socorro meacutedico e leve a embalagem ou bula do medicamento se

possiacutevel Siga corretamente o modo de usar natildeo desaparecendo os sintomas

procure orientaccedilatildeo meacutedica

Conclusatildeo

A espinheira-santa (M ilicifolia) eacute um fitoteraacutepico de relevante accedilatildeo terapecircutica

principalmente antiulcerogecircnica dada sua eficaacutecia farmacoloacutegica e seguranccedila

Vale lembrar que por ausecircncia de estudos ela natildeo eacute recomenda para crianccedilas

e natildeo deve ser usada por gestantes pois estudos em camundongos (fecircmeas e

graacutevidas) indicaram um decreacutescimo significativo do nuacutemero de embriotildees aleacutem

de possuir atividade estrogecircnica que pode interferir na receptividade uterina do

embriatildeo Entre suas atividades farmacoloacutegicas destaca-se a atividade

antiulcerogecircnica que pode ser comparada agrave accedilatildeo da ranitidina e da cimetidina

Por ser morfologicamente parecida com as espeacutecies S bonplandii e Z ilicifolia

ela eacute comumente confundida e ateacute mesmo trocada intencionalmente

A utilizaccedilatildeo de maneira errocircnea das espeacutecies botacircnicas que natildeo satildeo a

verdadeira espinheira-santa (M ilicifolia) pode acarretar danos agrave sauacutede dos

pacientes Assim conclui-se que essas espeacutecies conhecidas como

adulterantes podem trazer malefiacutecios pois ainda faltam estudos que

comprovem suas atividades farmacoloacutegicas e principalmente a seguranccedila

terapecircutica Poreacutem natildeo se deve descartar o uso dessas espeacutecies e sim

realizar estudos mais concretos para que essas plantas assim como a

verdadeira espinheira-santa possam auxiliar no tratamento farmacoloacutegico da

populaccedilatildeo

Referecircncias Bibliograacuteficas

Ralph Santos-Oliveira Simone Coulaud-Cunha Waldeciro Colaccedilo

Revisatildeo da Maytenus ilicifolia Mart ex Reissek Celastraceae

Contribuiccedilatildeo ao estudo das propriedades farmacoloacutegicas Rev Bras

Farmacogn Braz J Pharmacogn 19(2B) AbrJun 2009

Wilker Marlon de Moraes Jesus Tarciacutesio Neves da Cunha Estudo das

propriedades farmacoloacutegicas da espinheira-santa (Maytenus ilicifolia

Mart ex Reissek) e de duas espeacutecies adulterantes Revista Sauacutede e

Desenvolvimento vol ndash nordm 1 Jan ndash Jun 2012

MARIOT MP1 BARBIERI RL2 Engenheiro Agrocircnomo Dr prof do

Conjunto Agroteacutecnico ldquoVisconde da GraccedilardquoUniversidade Federal de

Pelotas (mariotufpeltchebr) ndash Av Ildefonso Simotildees Lopes 2791

Pelotas-RS CEP 96060-290 2Bioacuteloga Dr pesquisadora da Embrapa

Clima Temperado (barbiericpactembrapabr) ndash BR 392 km 78 caixa

postal 403 Pelotas-RS CEP 96001-970 (endereccedilo para

correspondecircncia) Metaboacutelitos secundaacuterios e propriedades medicinais da

espinheira-santa (Maytenus ilicifolia Mart ex Reiss e M aquifolium

Mart)

CARLINI EA Braz S Efeito protetor do liofilizado obtido do abafado de

Maytenus Sp (espinheira-santa) contra uacutelcera gaacutestrica experimental em

ratos In Estudo da accedilatildeo antiuacutelcera gaacutestrica de plantas brasileiras

(Maytenus ilicifolia) Espinheira santa e outras Brasiacutelia CEMEAFIP

1988 p21-35MACAUBAS CIP et al Estudo da eventual accedilatildeo

antiuacutelcera gaacutestrica do baacutelsamo (Sedum sp) folha da fortuna

(Bryophyllum calcium) couve (Brassica oleraceae) e da Espinheira

santa (Maytenus ilicifolia) em ratos In Estudo da accedilatildeo antiuacutelcera

gaacutestrica de plantas brasileiras (Maytenus ilicifolia) Espinheira santa e

outras Brasiacutelia CEMEAFIP 1988 p 5-20

Olivia Werner Oliveira Pedro Ros Petrovick Secagem por aspersatildeo

(spray drying) de extratos vegetais bases e aplicaccedilotildees Revista

Brasileira de Farmacognosia Brazilian Journal of Pharmacognosy 20(4)

641-650 AgoSet 2010

Marianne Christina Scheffer Capitulo 17 Produccedilatildeo de espinheira-santa

(Maytenus ilicifolia Mart ex Reiss) na regiatildeo metropolitana de Curitiba

Paranaacute Brasil

Said gonccedilalves da cruz fonsacircca Farmacoteacutecnica de Fitoteraacutepicos2005

A autora destaca tambeacutem que os ramos de M ilicifolia podem contribuir com

uma parcela significativa na produccedilatildeo de compostos fitoteraacutepicos como

taninos e polifenoacuteis totais

Em trabalho envolvendo a anaacutelise fitoquiacutemica em populaccedilotildees de M ilicifolia do

Mato Grosso do Sul Paranaacute Santa Catarina e Rio Grande do Sul Mossi

(2003) observou uma grande variabilidade ndash que foi maior dentro das

populaccedilotildees ndash para concentraccedilatildeo dos metaboacutelitos secundaacuterios limoneno geranil

acetato aacutecido palmiacutetico fitol esqualeno vitamina E stigmasterol friedelan-3-

ol friedelin friedelan-3-one Atraveacutes de anaacutelise de agrupamentos (UPGMA) o

autor natildeo identificou uma relaccedilatildeo entre os grupos formados e as caracteriacutesticas

ambientais dos locais de coleta o que pode indicar uma maior influecircncia das

variaacuteveis locais como microclima insolaccedilatildeo condiccedilotildees nutricionais do solo

idade da planta entre outros sobre a concentraccedilatildeo dos compostos analisados

do que as condiccedilotildees macro ambientais

Foram observadas por Buffa Filho et al(2002) diferenccedilas nas concentraccedilotildees

de triterpenos entre plantas com morfologia de folha diferentes sendo que os

compostos 22 hidroximaitenina e celastrol foram encontrados em plantas de

dois tipos morfoloacutegicos

O melhoramento geneacutetico em plantas medicinais visa produzir variedades que

possuam alto rendimento de substacircncias desejadas e que as mantenham em

niacuteveis conhecidos para padronizar a dosagem quando da aplicaccedilatildeo

farmacoloacutegica (Oliveira et al 2003) Eacute importante o aumento da massa seca

eou fresca ou ainda o aumento do teor de princiacutepios ativos em determinado

oacutergatildeo vegetal de modo que estas caracteriacutesticas sejam mantidas nas geraccedilotildees

seguintes O produto do melhoramento de plantas medicinais eacute o princiacutepio ativo

ou o fitocomplexo Outros objetivos satildeo resistecircncia a pragas e doenccedilas e

toleracircncia a condiccedilotildees adversas de ambiente

Como o ambiente tem grande influecircncia na produccedilatildeo de metaboacutelitos

secundaacuterios a interaccedilatildeo genoacutetipo x ambiente eacute um fator importante para ser

analisado no melhoramento de plantas medicinais A possibilidade do melhor

genoacutetipo em um ambiente natildeo o ser em outro influencia o ganho de seleccedilatildeo e

dificulta a recomendaccedilatildeo de cultivares com ampla adaptabilidade (Cruz amp

Regazzi 2001) O conhecimento da herdabilidade dos caracteres de interesse

tambeacutem eacute fundamental para que a seleccedilatildeo seja aplicada com sucesso de

forma que o valor fenotiacutepico de um caraacuteter possa servir como guia para o valor

geneacutetico (aditividade) (Carvalho et al 2001)

Em teste de progecircnies realizado com espinheira-santa Mariot (2005)

identificou uma alta herdabilidade para todos os caracteres (velocidade de

emergecircncia estatura de planta diacircmetro agrave base do caule taxa de crescimento

tamanho de folha e nuacutemero de espinhosfolha) o que evidencia o forte controle

do fator geneacutetico sobre o fenoacutetipo O autor observou ainda altos valores para os

coeficientes de variaccedilatildeo geneacuteticos (CVG) que aliado aos baixos valores para

os coeficientes de variaccedilatildeo devido ao erro experimental (CVE) proporcionaram

iacutendices maiores que 10 para o quociente (relaccedilatildeo CVGVE) em todas as

variaacuteveis analisadas o que eacute um bom indicador para seleccedilatildeo em programas de

melhoramento Este resultado eacute importante para a seleccedilatildeo com base em

caracteres relacionados com o crescimento pois a espinheira-santa eacute

considerada de crescimento lento O tamanho de folha em espinheira-santa

caso apresente relaccedilatildeo com o aumento da biomassa e maior concentraccedilatildeo de

metaboacutelitos secundaacuterios que tenham accedilatildeo farmacoloacutegica pode ser um caraacuteter

importante de se considerar na seleccedilatildeo em programas de melhoramento Os

altos iacutendices dos paracircmetros geneacuteticos evidenciados em trabalho desenvolvido

por Mariot (2005) mostram a eficiecircncia na seleccedilatildeo para estes caracteres

Considerando a necessidade de uniformidade nos teores de princiacutepios ativos

exigidos pelas induacutestrias farmacecircuticas e o fato da espinheira santa ser de

fecundaccedilatildeo cruzada os programas de melhoramento desta espeacutecie que vise

atender estas exigecircncias deve utilizar a propagaccedilatildeo vegetativa

Estudos relacionados agrave cultura de tecidos de M ilicifolia e M aquifolium

tornam-se portanto fundamentais Na aacuterea de biotecnologia foi citado por

Corsino et al (1998a) o uso de Agrobacterium como vetor para aumentar a

produccedilatildeo de triterpenos em programa de melhoramento geneacutetico de espinheira

santa

O conhecimento da associaccedilatildeo entre caracteres eacute de grande importacircncia nos

trabalhos de melhoramento principalmente se a seleccedilatildeo em um deles

apresenta dificuldades em razatildeo da baixa herdabilidade eou tenha problemas

de mediccedilatildeo e identificaccedilatildeo (Cruz amp Regazzi 2001) Para tanto o melhorista

pode estimar as correlaccedilotildees fenotiacutepicas e genotiacutepicas o que pode contribuir no

processo de seleccedilatildeo No caso das espeacutecies medicinais esta ferramenta eacute

muito importante devido ao alto custo das anaacutelises para determinar e

quantificar metaboacutelitos secundaacuterios com potencial farmacoloacutegico como as que

envolvem cromatografia Em espinheira-santa a morfologia foliar estaacute

relacionada com os tipos e a concentraccedilatildeo de triterpenos (Buffa Filho et al

2002) portanto se for identificada correlaccedilatildeo entre estes caracteres a seleccedilatildeo

indireta atraveacutes da morfologia foliar pode vir a ser uma boa estrateacutegia de

seleccedilatildeo

11 Etapas do processo de secagem por aspersatildeoO processo de secagem por aspersatildeo consiste de trecircs etapas fundamentais

Na primeira fase o fluiacutedo eacute disperso como gotiacuteculas produzindo uma grande

aacuterea superficial Na segunda ocorre contato destas com uma corrente de ar

aquecido havendo transferecircncia de calor

Na terceira etapa acontece a evaporaccedilatildeo do solvente e a formaccedilatildeo da partiacutecula soacutelida

121 Ilustraccedilatildeo da Planta Espinheira- Santa

Com a transferecircncia de calor do ar aquecido agraves gotiacuteculas o liacutequido da

superfiacutecie evapora-se rapidamente As partiacuteculas solidificadas geralmente

apresentam o mesmo tamanho e forma da gotiacutecula que as originou Na uacuteltima

etapa o produto de secagem eacute transportado por uma corrente de ar sendo

posteriormente coletado (Broadhead et al 1992 Shaw 1997 Rankell et al

2001) A evaporaccedilatildeo superficial da gotiacutecula conduz agrave formaccedilatildeo de uma

camada de material seco externa Atraveacutes desta camada o liacutequido situado no

interior da gotiacutecula propaga-se para o exterior Dependendo da elasticidade e

da permeabilidade da crosta seratildeo produzidos distintos materiais secos como

esferas intactas com superfiacutecie imperfeita ou fragmentada soacutelidas ou ocas

(Rankell et al 2001) A Figura 2 apresenta foto micrografias de dois extratos

diferentes de Maytenus ilicifolia secos por spray drying com disco giratoacuterio em

torre de secagem por aspersatildeo Os extratos foram produzidos da mesma

maneira utilizando temperatura de entrada de 180 degC velocidade do aspersor

de 9500 rpm e 30 de Aerosil (Oliveira 2008)

12 Fatores que influenciam o processoUm das respostas mais relevantes afetada pelas condiccedilotildees de operaccedilatildeo do

processo eacute a qualidade do produto resultante As variaacuteveis devem ser

controladas visando agrave obtenccedilatildeo de rendimento e de teor de umidade

adequados estabilidade quiacutemica minimizaccedilatildeo da aderecircncia de partiacuteculas na

cacircmara de secagem (sticking) e caracteriacutesticas tecnoloacutegicas especiacuteficas As

propriedades do produto satildeo normalmente determinadas pelos fatores

relacionados agraves caracteriacutesticas do material de entrada e do processamento

isto eacute paracircmetros de operaccedilatildeo e equipamento (Quadro 1)

131 Influecircncia do material de entradaEntre os fatores relacionados agraves caracteriacutesticas do material de entrada o uso

de adjuvantes na teacutecnica de secagem por aspersatildeo eacute uma praacutetica muito

comum Satildeo utilizados como adjuvantes neste processo amido ciclodextrinas

dioacutexido de siliacutecio coloidal fosfato tricaacutelcico gelatina goma araacutebica lactose

maltodextrina entre outros (Vasconcelos et al 2005 Silva Juacutenior et al 2006)

Para a secagem de extratos derivados de plantas a seleccedilatildeo e o uso adequado

de adjuvantes no processo de spray drying eacute uma fase de fundamental

importacircncia visto que determina a estabilidade e a qualidade dos mesmos

podendo inclusive afetar as caracteriacutesticas de biodisponibilidade

13 Atividades farmacoloacutegicas da espinheira-santa A espinheira-santa (M ilicifolia) eacute uma planta que possui atividades

farmacoloacutegicas comprovadas entre elas a atividade antiulcerogecircnica Essas

atividades estatildeo ligadas a substacircncias quiacutemicas que satildeo os polifenoacuteis

(flavonoides e taninos) e os triterpenos Haacute fatores como a composiccedilatildeo quiacutemica

do solo onde essa planta estaacute sendo cultivado o local de plantio a teacutecnica de

colheita a secagem da planta e o processamento poacutes-colheita que influenciam

diretamente nos teores de princiacutepio ativo da planta podendo assim gerar

variaccedilotildees das atividades farmacoloacutegicas (NEGRI 2007)

141 Atividade gaacutestricaDe acordo com alguns estudos (Carlini amp Frochtengerten 1988 Ming et al

1998 Coulaud- Cunha et al 2004 Carvalho et al 2008) a M ilicifolia

apresenta accedilatildeo contra uacutelcera peacuteptica e gastrite Coulaud- Cunha et al (2004)

relatam que a accedilatildeo da M ilicifolia na uacutelcera peacuteptica e gastrite envolve mais de

um mecanismo de accedilatildeo ainda natildeo conclusivamente elucidados e natildeo se deve

somente a um principio ativo especifico mas a diferentes fitocomplexos Foi

demonstrado por Pereira et al (1993) e por Ming et al (1998) que tanto os

taninos principalmente a epigalocatequina quanto os oacuteleos essenciais em

especial o fridenelol satildeo responsaacuteveis por parte dos efeitos gastroprotetores

Carlini amp Frochtengarten (1988) por sua vez em estudos realizados com o

abafado da M ilicifolia relatam que quanto maior o tempo do tratamento maior

seraacute a gastroproteccedilatildeo sem entretanto haver alteraccedilotildees no pH Tal observaccedilatildeo

pode ser confirmada por Ferreira et al (2004) que em estudos com extrato

aquoso liofilizado das folhas de M ilicifolia em sapos comprovou que esse

possui efeito inibitoacuterio sobre os mediadores H2 da histamina nas ceacutelulas

parietais esses segundo Gilman (1989) quando estimulados causam a

ativaccedilatildeo da adenililciclase iniciando uma seacuterie de alteraccedilotildees morfoloacutegicas e

bioquiacutemicas complexas que leva ao aumento da secreccedilatildeo gaacutestrica

funcionando como um antagonista H2 aleacutem de inibir o efeito da gastrina Foi

demonstrado ainda que tanto a epigalocatequina (tanino) quanto o fridenelol

(oacuteleo essencial) satildeo responsaacuteveis por parte do efeito protetor da mucosa

gaacutestrica (Pereira et al 1993 Ming et al 1998)

142 Atividade antiulcerogecircnicaSegundo Sousa-Formigoni et al (1991) foi comprovada a atividade

antiulcerogecircnica da espinheira-santa (M ilicifolia) por experimentos feitos em

ratos nos quais os animais foram induzidos a terem uacutelceras gaacutestricas por meio

de indometacina e por estresse quando estes foram submetidos a baixas

temperaturas e por serem imobilizados Apoacutes a aplicaccedilatildeo de um extrato

liofilizado de espinheira-santa houve uma reduccedilatildeo do nuacutemero de uacutelceras e um

aumento do volume e pH da secreccedilatildeo gaacutestrica

Em estudos de mecanismos celulares e moleculares da accedilatildeo de produtos

naturais com o isolamento de substacircncias bioativas da M ilicifolia

responsaacuteveis pela accedilatildeo antissecretora aacutecida gaacutestrica os resultados obtidos

confirmam essas accedilotildees Foram utilizados nesses experimentos extratos

aquosos das partes aeacutereas da planta e os princiacutepios ativos tecircm funccedilatildeo de

inibidores da bomba de proacutetons etapa final comum das vias reguladoras da

secreccedilatildeo aacutecida gaacutestrica (BOSSOLANI 2000)

143 Atividade antimicrobianaEstudos pioneiros como o de Lima et al (1969) jaacute demonstravam que a

maitenina exibe forte atividade antimicrobiana contra vaacuterias bacteacuterias Gram

positivas Tais efeitos foram corroborados com a demonstraccedilatildeo que os extratos

das folhas e raiacutezes tecircm efeito antimicrobiano para vaacuterios patoacutegenos dentre

eles Staphylococcus aureus e Streptococcus sp

144 Atividade sobre o Sistema Nervoso CentralSegundo Alonso (1998) o extrato de M ilicifolia possui atividade sedativa que

potencializa (efeito sineacutergico) o sono por barbituacutericos em camundongos

145 Atividades abortiva e sobre a espermatogecircnese

De acordo com Montanari et al (1998) o extrato etanoacutelico de M Ilicifolia

quando administrado em altas doses em camundongos suiacuteccedilos apesar de

causar leves alteraccedilotildees como ceacutelulas germinativas imaturas esfoliadas mortes

celulares ocasionais aumento de gotiacuteculas lipiacutedicas em ceacutelulas de Sertoli e

inchamento de acrossomas entre outras natildeo foi suficiente para acarretar

danos agrave espermatogecircnese

Jaacute em testes realizados em camundongos (fecircmeas e graacutevidas) administrando-

se oralmente extrato hidroalcooacutelico (70) de folhas de espinheira-santa (M

ilicifolia) observou-se um decreacutescimo significativo do nuacutemero de embriotildees

indicando uma perda embrionaacuteria antes do periacuteodo de implantaccedilatildeo Poreacutem

natildeo houve maacute-formaccedilatildeo ou mortes fetais depois do periacuteodo de implantaccedilatildeo

Esse extrato possui atividade estrogecircnica que pode interferir na receptividade

uterina ao embriatildeo (MONTANARI BEVILAQUA 2002)

146 Atividades antimutagecircnica e anticanceriacutegenaConforme Horn e Vargas (2003) o extrato aquoso de M ilicifolia foi eficaz em

aproximadamente 75 das doses testadas exibindo boas respostas

antimutagecircnicas ou um decreacutescimo sugestivo Em estudos realizados por

Queiroga et al (2007) foi avaliada a fraccedilatildeo ativa antiulcerogecircnica da M

ilicifolia na atividade anticanceriacutegena apresentando resultados citostaacuteticos

satisfatoacuterios De acordo com Itokawa et al (1993) o composto pristimerina foi o

mais eficiente na accedilatildeo citotoacutexica podendo ser uacutetil no tratamento de tumores

147 Atividade antioxidante e otoprotetoraDe acordo com Mattei e Carlini (1998) um extrato aquoso liofilizado de

espinheira-santa (M ilicifolia) foi testado in vitro em homogenato de ceacuterebro de

ratos e exerceu uma importante atividade antioxidante inibindo o processo de

lipoperoxidaccedilatildeo

Usando-se extrato etanoacutelico de M ilicifolia foi confirmado que a casca da raiz

tem um poder antioxidante pelo fato de possuir em sua base compostos com a

capacidade sequestradora de radicais livres (VELLOSA et al 2006)

Conforme Santos et al (2010) foram comprovadas propriedades antioxidantes

dos extratos brutos e de componentes individuais de M Ilicifolia por possiacuteveis

associaccedilotildees sineacutergicas de substacircncias fenoacutelicas e triterpenos

quinonametiacutedeos comparados agrave rutina como composto fenoacutelico modelo

De acordo Kasse et al (2008) foi realizado um estudo com ratos (fecircmeas) em

que esses animais foram submetidos agrave substacircncia cisplatina e posteriormente

tratados com extrato de M ilicifolia para avaliar a atividade otoprotetora da

planta Foram realizados e avaliados os exames de emissotildees otoacuacutesticas por

produtos de distorccedilatildeo por potencial de tronco encefaacutelico antes e depois de

administraccedilatildeo de cisplatina e por fim por microscopia eletrocircnica de varredura

Os resultados mostraram que apesar de apresentar atividades antioxidantes a

M ilicifolia foi incapaz de bloquear o efeito citotoacutexico do composto quiacutemico

administrado nas cobaias

Segundo Negri et al (2009) a atividade antioxidante do extrato etanoacutelico de M

ilicifolia estaacute intimamente ligada agrave sua temperatura de secagem Testes

realizados para avaliaccedilatildeo do poder antioxidante os quais foram os meacutetodos de

formaccedilatildeo de complexo com fosfomolibdecircnio e atividade antioxidante em

relaccedilatildeo agrave reduccedilatildeo de um radical utilizando-se o DPPH (22-difenil-1-

picnilhidrazila) em que foram levadas em consideraccedilatildeo diferentes

temperaturas usualmente utilizadas para secagem (40 50 60 70 e 80˚C)

demostraram melhor atividade antioxidante na temperatura de 40˚C e

gradativamente quanto maior a temperatura realizada nos testes menor o

poder antioxidante Por fim o estudo mostrou a importacircncia do controle de

temperatura para a melhor efetividade nesse quesito da planta

Em estudos de Pessuto et al (2009) foram avaliados extratos e compostos

isolados de M Ilicifolia em relaccedilatildeo agrave capacidade antioxidante Os extratos

brutos e semipurificados foram estudados por meio de ensaios de

fosfomolibdecircnio (complexo) e de DPPH (22-difenil-1-picnilhidrazila) nos quais

os resultados mostraram que a fraccedilatildeo com acetato de etila teve melhor

capacidade antioxidante em relaccedilatildeo ao extrato bruto e fraccedilatildeo aquosa

possivelmente por conter maior nuacutemero de hidroxilas fenoacutelicas (pela

capacidade de sequestro dos radicais livres) e tambeacutem em relaccedilatildeo agraves

substacircncias trolox e vitamina C

148 Atividades antinociceptiva e anti-inflamatoacuteria De acordo com Nakamura et al (1994) o extrato etanoacutelico de folhas de M

ilicifolia conteacutem uma fraccedilatildeo de quercetina-3-O-glicosiacutedeo e essa substacircncia

quiacutemica foi avaliada pelo teste de aacutecido aceacutetico e formalina em ratos obtendo-

se resultados satisfatoacuterios para atividades analgeacutesicas e anti-inflamatoacuterias

Por meio de testes realizados em camundongos e ratos foi provocado um

edema nas patas desses animais por meio de injeccedilatildeo de 002 ml de

formaldeiacutedo (soluccedilatildeo a 092) utilizando-se como controle soluccedilatildeo salino

Apoacutes 120 minutos foi aplicado extrato hexacircnico e acetato de etila das folhas

(M ilicifolia) administrados por via oral nas doses de 80 160 320 e 340 mgkg

Os animais foram sacrificados apoacutes 4 horas Em um segundo ensaio foi

administrada por injeccedilatildeo soluccedilatildeo de carragenina a 1 e os extratos da planta

foram dados por via oral nas doses de 80 160 320 e 340 mgkg Os resultados

obtidos mostraram uma atividade antinociceptiva para os dois extratos

principalmente nas doses de 320 e 340 mgkg sendo esse teste importante

para uma alternativa cliacutenica na terapecircutica anti-inflamatoacuteria e antiulcerogecircnica

(JORGE et al 2004)

14 Toxicidade efeitos adversos e contraindicaccedilatildeo da espinheira-santa

Foi realizado um estudo toxicoloacutegico com 24 voluntaacuterios sendo 12 homens e

12 mulheres de 20 a 40 anos de idade selecionados previamente por meio de

avaliaccedilatildeo cliacutenica exames hematoloacutegicos e bioquiacutemicos e avaliaccedilatildeo

psicomotora com o objetivo de estabelecer um intervalo maacuteximo de seguranccedila

no uso de M ilicifolia As doses foram administradas de maneira crescente e

natildeo houve um grupo controle pois os exames iniciais foram considerados

como valores basais para efeito comparativo A dose inicial foi fixada em 100

mg por adulto sendo administradas doses subsequentes de 200 500 1000

1500 e 2000 mg com intervalos de uma semana para cada dose A anaacutelise dos

resultados revelou que natildeo houve efeitos significativos nos valores dos

principais paracircmetros hematoloacutegicos e bioquiacutemicos e tambeacutem natildeo foram

observadas alteraccedilotildees nas funccedilotildees hepaacuteticas pancreaacuteticas e renais

Hormocircnios lipiacutedeos glicose soacutedio potaacutessio caacutelcio e foacutesforo tambeacutem

mantiveram valores considerados normais (TABACH et al 2002)

Em relaccedilatildeo aos efeitos adversos a M ilicifolia natildeo possui algum que justifica a

interrupccedilatildeo do tratamento Entre os mais comuns destacam-se cefaleia

sonolecircncia boca seca naacuteuseas dor articular nas matildeos gosto estranho na

boca tremor nas matildeos cistite e poliuacuteria (TABACH et al 2002) Poreacutem

segundo Amaral et al (2005) natildeo eacute recomendado o uso pediaacutetrico pela

ausecircncia de testes Ensaios realizados em ratos mostraram perda embrionaacuteria

antes do periacuteodo de implantaccedilatildeo portanto essa planta natildeo eacute recomendada em

casos de gravidez (MONTANARI BIVILACQUA 2002)

De acordo com estudos realizados em camundongos o abafado de M ilicifolia

foi administrado nesses animais em doses ateacute 360 vezes maiores que a

utilizada pelo homem durante um periacuteodo de dois a trecircs meses Como

resultados natildeo houve mudanccedilas no peso comportamento temperatura

paracircmetros bioquiacutemicos e hematoloacutegicos desses animais (OLIVEIRA CARLINI

1988)

15 FarmacocineacuteticaO modelo da farmacocineacutetica da espinheira-santa eacute estudado por meio de seus

taninos natildeo condensados Epigalocatequina marcada foi administrada por via

oral sendo os picos plasmaacuteticos observados 60 min apoacutes a ingestatildeo Apoacutes

uma dose de 500 mgkg foram detectadas concentraccedilotildees tissulares de 123

mmol no plasma 484 mmol no fiacutegado e 565 mmol no intestino delgado

(Nakagawa amp Miyazawa 1997) Depois da administraccedilatildeo oral de

epigalocatequina-3-galato marcada com triacutetio a ratos cerca de 6 da dose eacute

eliminada na urina e 24 nas fezes nas primeiras 24 horas Uma segunda

dose dada duas horas apoacutes a primeira eleva em cerca de 4 a 6 vezes a

concentraccedilatildeo no plasma e em alguns tecidos Esses dados sugerem uma

meia-vida longa e eliminaccedilatildeo lenta da epigalocatequina-3-galato No final das

24 horas os animais foram sacrificados e essa substacircncia pocircde ser encontrada

no rim ceacuterebro fiacutegado pacircncreas intestino e ossos (Suganuma et al 1998)

Num outro estudo foi avaliada a afinidade da epigalocatequina-3-galato agraves

proteiacutenas do soro Apoacutes uma dose oral a ratos mais de 50 da

epigalocatequina-3-galato absorvida ligou-se agrave proteiacutena do plasma

especialmente a fibronectina o fibrinogecircnio e a HRGP( Histidin Rich

Glicoprotein) proteiacutena plasmaacutetica com 74 kdaltons cuja funccedilatildeo ainda eacute pouco

conhecida (Sazuka et al 1996)

16 PreparaccedilatildeoTendo sido reconhecida a espeacutecie com que se vai trabalhar torna-se

necessaacuterio que se disponha desta espeacutecie em quantidade suficiente para

atender a demanda relacionada a produccedilatildeo do fitoteraacutepico replicaccedilatildeo da

espeacutecie e respectivo controle de qualidade Par a atingir este objetivo a

espeacutecie deve ser cultivada na extensatildeo adequada ao fim que se propotildee tendo-

se aleacutem dos cuidados inerentes ao cultivo de qualquer espeacutecie vegetal a

precauccedilatildeo de nunca utilizar pesticidas ou agrotoacutexicos na aacuterea de cultivo Nos

parece claro que a opccedilatildeo pelo fitoteraacutepico deve vir acompanhada do desejo de

seguranccedila o que natildeo seria conseguido se fossem deixados resiacuteduos de

agrotoacutexicos ou de pesticidas na espeacutecie que iraacute ser usada como mateacuteria-prima

para a produccedilatildeo de medicamento Veja no item 24 os ensaios que devem ser

efetuados no sentido de identificar e quantificar a presenccedila destes e de outros

contaminantes

Dispondo-se entatildeo da espeacutecie vegetal botanicamente selecionada cultivada

sem o uso de agentes quiacutemicos contaminantes iremos seguir tantos passos

quantos sejam necessaacuterios para preparar a espeacutecie vegetal numa droga capaz

de ser armazenada e processada para resultar num preparado intermediaacuterio uacutetil

na preparaccedilatildeo de fitoteraacutepicos Estes passos podem ser enumerados como

sendo Coleta Monda Estabilizaccedilatildeo Secagem Trituraccedilatildeo e Armazenamento

A execuccedilatildeo e finalidade de cada um se acham descrito a seguir

A Coleta eacute realizada atraveacutes da retirada da parte usada da planta procurando

sempre o material mais saudaacutevel em completo desenvolvimento (a menos que

especificado em (contraacuterio como ocorre com a gema terminal de Psidium

guajava) e com o miacutenimo de contaminantes (poeira poluiccedilatildeo adubo insetos

colocircnia de microrganismos etc) A distribuiccedilatildeo de substacircncias

farmacologicamente ativas nas plantas medicinais natildeo se daacute de maneira

homogecircnea em toda a extensatildeo da planta Portanto eacute de se esperar que

apenas alguma parte de uma dada espeacutecie podem ser utilizadas com finalidade

terapecircutica

Atraveacutes de consulta agraves diversas farmacopeias e tratados sobre plantas

medicinais encontramos descriccedilotildees sobre a parte a ser usada de cada espeacutecie

medicinal Pode-se em alguns casos observar que diferentes partes de uma

mesma planta apresentam propriedades inteiramente diferentes como por

exemplo a Punica granam (romatildezeira) cujas cascas do caule satildeo teniacutefugas e

as cascas dos frutos tecircm propriedades anti-inflamatoacuteria e antibioacutetica Em outros

casos toda a planta pode ser utilizada com a mesma finalidade como a

Phylanthus niruri (quebra-pedra) Torna-se imperioso portanto que antes de

qualquer outra etapa da preparaccedilatildeo de uma forma farmacecircutica fitoteraacutepica se

conheccedila qual ou quais partes da espeacutecie escolhida pode ser utilizada

A coleta deve respeitar para cada espeacutecie o melhor periacuteodo correspondente

agravequele onde a espeacutecie apresenta maior teor em substacircncias ativas Tendo isto

em mente relacionamos a seguir orientaccedilotildees geneacutericas quanto ao periacuteodo de

coleta

Formas farmacecircuticas de fitoteraacutepicosPoacute

Eacute a forma farmacecircutica obtida apoacutes a secagem trituraccedilatildeo e tamisaccedilatildeo da

droga Segundo a sua finalidade devem apresentar a tenuidade adequada

conforme a tabela a seguir Pode ser dispensado para uso na preparaccedilatildeo de

chaacutes ou adicionado agrave alimentaccedilatildeo (leite sucos mel etc) O envase deve cuidar

para que natildeo haja absorccedilatildeo de umidade

Formas soacutelidas

Caacutepsulas

Eacute a forma farmacecircutica obtida pela deposiccedilatildeo ordenada da droga seca

triturada e tamisada em caacutepsulas gelatinosas duras ou pelo encapsulamento

de liacutequidos ou semissoacutelidos de natureza lipofiacutelica em caacutepsulas gelatinosas

moles O invoacutelucro rosa utilizado eacute geralmente de natureza proteica e satildeo

portanto incompatiacuteveis com drogas tacircnicas por exemplo Cuidado especial

deve ser tomado com a umidade temperatura e pressatildeo exercida sobre as

caacutepsulas durante o armazenamento e transporte Estes fatores podem levar a

desidrataccedilatildeo ou hidrataccedilatildeo das caacutepsulas que as tornam quebradiccedilas ou

deformadas e coladas Durante a preparaccedilatildeo das caacutepsulas deve-se cuidar para

que o peso das caacutepsulas obtidas seja o mais uniforme possiacutevel podendo-se

garantir isso pela pesagem da quantidade de poacute necessaacuteria para o enchimento

de um nuacutemero determinado de caacutepsulas

O enchimento das caacutepsulas ocorre na oficina farmacecircutica em tabuleiros

especiais constituiacutedos em acriacutelico PVC ou outro poliacutemero apresentando-se no

modelo mais simples apenas como uma base fixa que se encaixa a uma outra

moacutevel e perfurada que recebe o corpo das caacutepsulas sem as tampas A seguir

se distribui de forma homogecircnea a quantidade estipulada de poacute em todas as

caacutepsulas valendo-se de uma espaacutetula plaacutestica e de um dispositivo especial

para prensar o conteuacutedo no interior das caacutepsulas Finalizado o enchimento as

partes super oires (tampas) das caacutepsulas satildeo recolocadas fechando-as e

determina-se o peso meacutedio das mesmas embalando-as imediatamente

A capacidade das caacutepsulas eacute proporcional agrave densidade do poacute e ao tamanho

das caacutepsulas que eacute padronizado em 08 (oito) diferentes tipos listados a seguir

com as respectivas dimensotildees e capacidades em mililitros

Controle de Qualidade

Todas as etapas utilizadas durante o processamento da droga devem ser

monitoradas atraveacutes de ensaios que possam atestar a qualidade da mateacuteria-

prima dos produtos intermediaacuterios e do produto final acabado O objetivo final

tanto do processamento adequado quanto agrave avaliaccedilatildeo da qualidade eacute a

garantia de que o que estaacute sendo produzido na forma como ocorre o processo

produtivo estaacute conduzindo agrave obtenccedilatildeo de um produto com as caracteriacutesticas

necessaacuterias agrave utilizaccedilatildeo para o tratamento de doenccedilas

Droga

A avaliaccedilatildeo da qualidade da droga utilizada na obtenccedilatildeo de fitoteraacutepicos no

Programa Farmaacutecias-Vivas onde o cultivo das espeacutecies vegetais eacute efetuado

pelo laboratoacuterio fabricante do produto deve ser realizada sob os seguintes

aspectos

- Considerando que a droga a ser utilizada corresponde agrave espeacutecie vegetal

esperada conhece-se suas caracteriacutesticas macromorfoloacutegicas aleacutem das suas

caracteriacutesticas sensoriais constituindo a primeira avaliaccedilatildeo que eacute a identidade

da droga

- Determinaccedilatildeo da umidade da droga fresca que deve ser diferenciada de

perda por dessecaccedilatildeo pois outras substacircncias volaacuteteis aleacutem da aacutegua satildeo

evaporadas Pode ser determinada atraveacutes do ensaio volumeacutetrico de Karl

Fischer ou pelo ensaio gravimeacutetrico submetendo a droga a dessecaccedilatildeo em

temperatura ambiente em dessecador com siacutelica ou aacutecido sulfuacuterico

- Mesmo a droga morfologicamente normal pode natildeo apresentar seus

constituintes ativos na quantidade desejada sendo necessaacuterio que sejam

realizados ensaios de identificaccedilatildeo e quantificaccedilatildeo de ativos ou de marcadores

atraveacutes das mais diversas teacutecnicas gravimeacutetrica volumeacutetrica

espectrofotomeacutetrica cromatograacutefica etc

- Avaliaccedilatildeo da contaminaccedilatildeo microbiana da droga principalmente se a mesma

tiver de ser utilizada sem qualquer processamento posterior As drogas que

seratildeo transformadas em uma forma extrativa em soluccedilatildeo hidro-alcooacutelica pode

ter sua carga microbiana reduzida pelo efeito antisseacuteptico do solvente

Preparado Intermediaacuterio

As formas extrativas satildeo obtidas em condiccedilotildees que nem sempre conseguem

retirar a totalidade das substacircncias ativas soluacuteveis no solvente escolhido devido

a diversos fator ES como o tempo e temperatura de maceraccedilatildeo pH do

solvente distribuiccedilatildeo granulomeacutetrica da droga sua umidade residual teor de

substacircncias ativas e velocidade de percolaccedilatildeo Justifica-se entatildeo a

necessidade da realizaccedilatildeo de ensaios de avaliaccedilatildeo da qualidade das formas

extrativas incluindo avaliaccedilotildees fiacutesico-quiacutemicas como aparecircncia cor odor

solubilidade densidade pH e viscosidade avaliaccedilotildees quiacutemicas como o perfil

cromatograacutefico e dosagem das substacircncias ativas ou marcador e avaliaccedilatildeo

microbioloacutegica da quantidade de microrganismos viaacuteveis

Fitoteraacutepico

Independente da forma farmacecircutica final eacute necessaacuterio que sejam realizadas

avaliaccedilotildees na qualidade do produto final da mesma forma que eacute exigido para

os demais tipos de medicamentos Listamos a seguir os ensaios realizados

para cada forma farmacecircutica lembrando que devem ser acrescentados os

ensaios quiacutemicos e microbioloacutegicos

Prazo de Validade

Considerando a jaacute difiacutecil realizaccedilatildeo da avaliaccedilatildeo da qualidade das drogas

utilizadas na obtenccedilatildeo de fitoteraacutepicos pode-se compreender que o

acompanhamento do processo cineacutetico de degradaccedilatildeo dos constituintes do

medicamento natildeo eacute uma estar efe faacutecil No entanto esta avaliaccedilatildeo pode se dar

em diversos niacuteveis

- Avaliaccedilatildeo da estabilidade fiacutesica

Para cada tipo de forma farmacecircutica satildeo descritas as caracteriacutesticas tiacutepicas

como cor odor limpidez densidade viscosidade pH etc que observadas

para um mesmo lote ao longo do tempo de armazenamento forneceratildeo

informaccedilotildees sobre a integridade fiacutesica da formulaccedilatildeo

- Avaliaccedilatildeo da estabilidade quiacutemica

A utilizaccedilatildeo de recursos laboratoriais desde os mais simples ateacute os mais

sofisticados permitem o acompanhamento qualitativo eou quantitativo dos

princiacutepios ativos contidos no produto fitoteraacutepico Por exemplo atraveacutes do

ensaio limite de taninos por diluiccedilotildees sucessivas e adiccedilatildeo de cloreto feacuterrico

pode-se ter uma medida semi-quantitativa do teor destas substacircncias nas

preparaccedilotildees que o contenham Evoluindo a utilizaccedilatildeo de teacutecnica

cromatograacutefica em camada delgada sobre papel ou siacutelica permite a

determinaccedilatildeo do perfil cromatograacutefico para o produto de modo que possa ser

comparado com o obtido em lotes posteriores ou com o mesmo lote ao longo do

tempo de armazenamento

- Avaliaccedilatildeo da estabilidade microbioloacutegica

A verificaccedilatildeo do niacutevel de contaminaccedilatildeo microbiana numa preparaccedilatildeo

medicamentosa fornece informaccedilotildees sobre o niacutevel de higienizaccedilatildeo empregado

durante o processamento da droga ateacute a obtenccedilatildeo do medicamento A

observaccedilatildeo deste mesmo paracircmetro ao longo do tempo fornece informaccedilotildees

sobre a composiccedilatildeo conservante utilizada no produto e a forma de

armazenamento

Teacutecnicas Gerais

Os ensaios laboratoriais de avaliaccedilatildeo da qualidade da droga compreendem

basicamente

- Observaccedilatildeo macroscoacutepica e microscoacutepica da droga fresca e seca inteira e

triturada comparando com o descrito em farmacopeias ou com modelos

botanicamente certificados

- Determinaccedilatildeo de umidade na droga fresca e naquela seca e triturada

evidenciando a quantidade de aacutegua contida na droga receacutem-coletada na droga

s eca e a efetividade do processo de secagem utilizada

- Identificaccedilatildeo e dosagem de substacircncias ativas ou marcadores realizada na

droga seca e triturada onde atraveacutes do acompanhamento da evoluccedilatildeo ao

longo do tempo e o cruzamento dos dados entre os locais e condiccedilotildees de

cultivo seraacute possiacutevel a determinaccedilatildeo das condiccedilotildees ideais para a manutenccedilatildeo

da qualidade das espeacutecies vegetais

- Determinaccedilatildeo da quantidade de mateacuteria orgacircnica estranha na droga seca

triturada grosseiramente demonstrando se a coleta monda secagem e

trituraccedilatildeo foram realizadas a contento sem o risco de contaminaccedilatildeo com outras

espeacutecies

- Determinaccedilatildeo de resiacuteduos de pesticidas para monitorar a forma de realizaccedilatildeo

do controle de pestes atraveacutes da identificaccedilatildeo e dosagem de pesticidas

- Determinaccedilatildeo da presenccedila de arsecircnio e metais pesados como componentes

que satildeo responsaacuteveis por intoxicaccedilotildees e por incompatibilidades nas

preparaccedilotildees liacutequidas de fitoteraacutepicos

- Determinaccedilatildeo da quantidade de microrganismos viaacuteveis atraveacutes da contagem

em placa a de diluiccedilotildees obtidas a partir do liacutequido de lavagem das drogas

evidenciando o grau de contaminaccedilatildeo e a possiacutevel e indesejaacutevel presenccedila de

microrganismos potencialmente patogecircnicos

Garantia de Qualidade

Na produccedilatildeo de fitoteraacutepicos do mesmo modo como ocorre com qualquer outro

medicamento natildeo pode negligenciar qualquer procedimento que possa conduzir

a diminuiccedilatildeo da qualidade do produto final A qualidade se reflete na

reprodutibilidade da qualidade do produto avaliada em laboratoacuterio e no

acompanhamento da sua eficaacutecia terapecircutica e seguranccedila Isto soacute pode ser

conseguido quando para cada forma farmacecircutica de fitoteraacutepico forem

registradas as operaccedilotildees farmacecircuticas que devem ser seguidas agrave risca suas

medidas de controle e definiccedilatildeo das responsabilidades para cada uma das

etapas do processamento

Apenas como ilustraccedilatildeo tomemos como exemplo a produccedilatildeo da tintura de

Alecrim-pimenta (Lippia sidoides Cham) O iniacutecio da preocupaccedilatildeo com a

qualidade se daacute com a seguranccedila de que a espeacutecie cultivada seja realmente

aquela que se deve coletar e em seguida em coletar a parte que realmente

deve ser utilizada e de plantas com aspecto saudaacutevel de desenvolvimento para

a qual as condiccedilotildees de cultivo tenham se apresentado como satisfatoacuterias A

monda que se segue agrave coleta retirando as partes improacuteprias agrave preparaccedilatildeo do

fitoteraacutepico daacute continuidade ao passo anterior na busca de alcanccedilar a qualidade

desejada O processo de dessecaccedilatildeo ocorrendo agrave sombra e agrave temperatura

ambiente preservando os constituintes quiacutemicos ativos e diminuindo a

influecircncia da umidade da planta sobre a sua qualidade e a da soluccedilatildeo extrativa

a ser obtida faz com que a droga obtida possa ser utilizada como mateacuteria-prima

para a obtenccedilatildeo de medicamento O cuidadoso processo de trituraccedilatildeo sem

elevar a temperatura durante o processo e reduzindo a perda de poacute para o

ambiente tambeacutem representa um processo que deve ser realizado com a

devida atenccedilatildeo Depois disso a droga seca e triturada deve ser armazenada

em condiccedilotildees que preservem sua qualidade pelo tempo necessaacuterio ateacute sua

utilizaccedilatildeo com as devidas inscriccedilotildees que atestem sua fonte data de coleta e de

processamento e respectivos responsaacuteveis

A preparaccedilatildeo da soluccedilatildeo hidro-alcooacutelica que seraacute utilizada no processo extrativo

tambeacutem deve ser realizada com bastante cuidado pois a mateacuteria-prima deve

apresentar a qualidade compatiacutevel com sua utilizaccedilatildeo para a produccedilatildeo de

medicamentos aacutegua purificada e aacutelcool farmacecircutico Deve-se observar a

legislaccedilatildeo atual sobre aacutelcool que exige a desnaturaccedilatildeo do aacutelcool

comercializado em farmaacutecias e supermercados e assim natildeo deve servir como

excipiente farmacecircutico Enfim todos os processos interferem com a qualidade

do produto final a ser obtido e devem ser realizados corretamente e as

operaccedilotildees registradas em documento proacuteprio buscando a rastreabilidade de

cada lote de cada produto

Outra etapa da garantia da qualidade essencial para sua implantaccedilatildeo eacute a

validaccedilatildeo de equipamentos e de processos que busca uma evidecircncia

documentada de que os mesmos cumprem satisfatoriamente sua finalidade

quando utilizados ou realizados corretamente

Estas evidecircncias devem ser conseguidas antes mesmo de se iniciar a utilizaccedilatildeo

das instalaccedilotildees para produccedilatildeo de medicamentos Naqueles jaacute em

funcionamento a validaccedilatildeo pode ser realizada atraveacutes da documentaccedilatildeo da

produccedilatildeo passada ou seja uma validaccedilatildeo retrospectiva

Para a produccedilatildeo de medicamentos em pequena escala que natildeo venha a

caracterizar uma produccedilatildeo industrial deve-se buscar a adequaccedilatildeo das

condiccedilotildees de produccedilatildeo armazenamento e dispensaccedilatildeo do produto atraveacutes da

Resoluccedilatildeo RDC ndeg 33 de abril de 2000 que descreve os criteacuterios de Boas

Praacuteticas de Manipulaccedilatildeo

Para a produccedilatildeo industrial de medicamentos a legislaccedilatildeo que trata das Boas

Praacuteticas de Fabricaccedilatildeo e Garantia de Qualidade eacute a Resoluccedilatildeo RDC ndeg 210 de

04 de agosto de 2003 As especificaccedilotildees legais da legislaccedilatildeo sanitaacuteria

brasileira e de outros paiacuteses para materiais vegetais devem incluir tanto quanto

possiacutevel o seguinte

- Nome botacircnico c om referecircncia aos autores

- Detalhes da fonte da planta (paiacutes ou regiatildeo de origem cultivo eacutepoca da

colheita procedimentos de colheita possiacuteveis pesticidas utilizados etc)

- Descriccedilatildeo do material vegetal inspeccedilatildeo visual macro eou microscoacutepica

- Testes de identificaccedilatildeo apropriados incluindo quando convenientes testes de

identificaccedilatildeo para ingredientes ativos conhecidos ou marcadores

- Ensaios quando convenientes dos constituintes de atividade terapecircutica ou

marcadores

- Meacutetodos apropriados para determinaccedilatildeo de possiacuteveis contaminaccedilotildees por

pesticidas e os limites aceitos

- Testes para metais pesados e contaminantes semelhantes materiais

estranhos e adulterantes

- Testes para radiaccedilatildeo aflatoxinas e contaminaccedilatildeo microbiana

Qualquer tratamento usado para reduzir contaminaccedilotildees focircnicas e microbianas

ou outras infestaccedilotildees devem ser documentadas Instrumentos para tais

procedimentos devem ser acessiacuteveis e devem incluir detalhes dos processos

testes e limites residuais

Para a realidade do programa Farmaacutecias-Vivas onde natildeo satildeo utilizados

pesticidas as plantas satildeo cultivadas no local proacuteximo de onde ocorre a

produccedilatildeo do medicamento ou satildeo de origem na mesma regiatildeo e satildeo

processadas logo apoacutes a coleta satildeo feitas exigecircncias menores que as

estabelecidas para maiores escalas de produccedilatildeo Nem assim devemos deixar

de registrar todas as operaccedilotildees realizadas com a droga desde o seu cultivo ateacute

a dispensaccedilatildeo do produto fitoteraacutepico

Dispensaccedilatildeo

Estivemos sempre discorrendo sobre qualidade do produto a ser obtido desde

o cultivo da espeacutecie correta da coleta da parte usada e o seu processamento

mantendo intactos os princiacutepios ativos Conhecemos os motivos que levam a

toda esta preocupaccedilatildeo com a qualidade a responsabilidade do profissional que

o produz e a eficaacutecia e a seguranccedila necessaacuterias para o paciente que o utiliza

Portanto resta-nos dispensar o fitoteraacutepico para que este apresente estas

caracteriacutesticas trans formando o paciente num parceiro consciente do seu

papel no uso cor reto deste recurso terapecircutico

O resgate das praacuteticas populares agora respaldadas pelos estudos cientiacuteficos

seacuterios que atestam a eficaacutecia e seguranccedila das espeacutecies utilizadas no programa

Farmaacutecias-Vivas pode ser abordado no momento da dispensaccedilatildeo do

medicamento ou atraveacutes de apresentaccedilotildees coletivas organizadas e realizadas

pelo Farmacecircutico Alguns cuidados merecem ser observados para natildeo se

incorrer em riscos desnecessaacuterios

- Natildeo referendar o uso de plantas cujo estudo cientiacutefico natildeo tenha apresentado

dados sobre sua eficaacutecia e seguranccedila

- Natildeo recomendar o uso de qualquer planta medicinal para o tratamento de

doenccedilas sem a devida recomendaccedilatildeo meacutedica especializada ou natildeo

- Natildeo recomendar a utilizaccedilatildeo de planta que nos seja desconhecida tanto no

aspecto teoacuterico quanto praacutetico

- Natildeo sugerir a utilizaccedilatildeo de quaisquer praacuteticas com ou sem uso de plantas

medicinais que possa representar um risco potencial ou real de dano fetal

Para nos resguardarmos de quaisquer erros precisamos nos manter atualizados

quanto aos benefiacutecios e riscos da utilizaccedilatildeo das espeacutecies medicinais com as

quais trabalhamos dada agrave impossibilidade de conhecer todas as demais Os

dados obtidos durante a dispensaccedilatildeo e acompanhamento dos pacientes aleacutem

daqueles obtidos durante os ensaios controlados de toxicologia e farmacologia

cliacutenica forneceratildeo a necessaacuteria seguranccedila para realizarmos a dispensaccedilatildeo e

cada vez mais desfazermos o mito do natural ser inoacutecuo

Como exemplo da relaccedilatildeo risco x benefiacutecio de uma preparaccedilatildeo fitoteraacutepica

apresentamos as seguintes informaccedilotildees sobre o Elixir de Aroeira que em

muitos aspectos natildeo houve a quantificaccedilatildeo da intensidade dos efeitos beneacuteficos

nem adversos nem de interaccedilotildees

Forma Medicamento Fitoteraacutepico- Caacutepsula ESPINHEIRA SANTA Maytenus ilicifolia Celastraceae

Medicamento fitoteraacutepico

Parte utilizada Folhas

Nomenclatura popularEspinheira santa cancerosa cancorosa-de-sete-espinhos cancrosa

espinheira-divina espinho-de-Deus maiteno erva-cancrosa erva-santa

ApresentaccedilotildeesCaacutepsula dura - Extrato seco das folhas de Maytenus ilicifolia 380 mg -

Embalagem com 3 bliacutesters contendo 15 caacutepsulas cada

Via oral

Uso adulto

Composiccedilatildeo

Cada caacutepsula conteacutem

Extrato seco de Maytenus ilicifolia380 mg

Excipiente qsp 1 caacutepsula (amido)

equivalente a 133 mg de taninos totais

Informaccedilotildees ao pacientePara que este medicamento eacute indicado

Espinheira Santa eacute indicada para o tratamento da maacute digestatildeo e como

coadjuvante no tratamento de uacutelcera do estocircmago e duodeno

Como este medicamento funciona

Espinheira Santa atua como regulador das funccedilotildees estomacais e promove a

proteccedilatildeo da mucosa gaacutestrica

Quando natildeo devo usar este medicamentobull O medicamento deve ser evitado por menores de 12 anos de idade devido agrave

falta de estudos disponiacuteveis

bull Lactaccedilatildeo e gravidez visto que pode diminuir a secreccedilatildeo de leite e pode

provocar contraccedilotildees uterinas

bull Hipersensibilidade (alergia) a qualquer um dos componentes da foacutermula ou a

outras plantas da famiacutelia Celastraceae

O que devo saber antes de usar este medicamentoPrecauccedilotildees e advertecircncias

bull De acordo com a categoria de risco de faacutermacos destinados agraves mulheres

graacutevidas este medicamento apresenta categoria de risco C Este medicamento

natildeo deve ser utilizado por mulheres graacutevidas sem orientaccedilatildeo meacutedica ou do

cirurgiatildeo dentista

Interaccedilotildees medicamentosas

bull A administraccedilatildeo concomitante de M ilicifolia com bebidas alcooacutelicas e outros

medicamentos natildeo eacute recomendada pois natildeo existem estudos disponiacuteveis

sobre as interaccedilotildees medicamentosas deste fitoteraacutepico

Informe seu meacutedico ou cirurgiatildeo-dentista se vocecirc estaacute fazendo uso de algum

outro medicamento

Onde como e por quanto tempo posso guardar este medicamentoCuidados de conservaccedilatildeo

Espinheira Santa deve ser conservada em temperatura ambiente (entre 15 e

30ordmC) em sua embalagem original Proteger da luz e da umidade

Prazo de validade24 meses apoacutes a data de fabricaccedilatildeo impressa no cartucho

Nuacutemero de lote e datas de fabricaccedilatildeo e validade vide embalagem

Natildeo use medicamento com o prazo de validade vencido

Guarde-o em sua embalagem original

Caracteriacutesticas fiacutesicasCaacutepsulas gelatinosas duras de cor creme

Caracteriacutesticas organoleacutepticas

Cheiro (odor) caracteriacutestico e praticamente natildeo apresenta sabor

Antes de usar observe o aspecto do medicamento Caso ele esteja no prazo

de validade e vocecirc observe alguma mudanccedila no aspecto consulte o

farmacecircutico para saber se poderaacute utilizaacute-lo

Todo medicamento deve ser mantido fora do alcance das crianccedilas

Como devo usar este medicamentoModo de usar

As caacutepsulas devem ser ingeridas inteiras e com uma quantidade suficiente de

aacutegua para que possam ser deglutidas

Posologia

Ingerir duas caacutepsulas via oral trecircs vezes ao dia de oito em oito horas

Siga corretamente o modo de usar Em caso de duacutevidas sobre este

medicamento procure orientaccedilatildeo do farmacecircutico Natildeo desaparecendo os

sintomas procure orientaccedilatildeo de seu meacutedico ou cirurgiatildeo-dentista

Este medicamento natildeo deve ser partido aberto ou mastigado

O que devo fazer quando eu me esquecer de usar este medicamentoCaso haja esquecimento da ingestatildeo de uma dose deste medicamento

retomar a posologia prescrita sem a necessidade de suplementaccedilatildeo

Em caso de duacutevidas procure orientaccedilatildeo do farmacecircutico ou de seu meacutedico ou

do cirurgiatildeo-dentista

Que males este medicamento pode causarReaccedilotildees adversas

Ateacute o momento natildeo foram relatadas reaccedilotildees adversas graves ou que coloquem

em risco a sauacutede dos pacientes

Raramente podem ocorrer casos de hipersensibilidade Neste caso suspender

o uso e procurar orientaccedilatildeo meacutedica

Informe seu meacutedico cirurgiatildeo-dentista ou farmacecircutico do aparecimento de

reaccedilotildees indesejaacuteveis pelo uso do medicamento

Induacutestria Brasileira

Esta bula foi atualizada conforme Bula Padratildeo aprovada pela Anvisa em

12012011

Farmacecircutica resp Dra (Nome )

CRF-PR nordm XXXX Coacuted XXXXX - 012011

Informe tambeacutem agrave empresa atraveacutes do seu Serviccedilo de

Atendimento ao Consumidor

O que fazer se algueacutem usar uma quantidade maior do que a indicada deste medicamentoPlantas ricas em taninos como a M ilicifolia quando usadas em doses

excessivas podem causar irritaccedilatildeo da mucosa gaacutestrica e intestinal gerando

vocircmitos coacutelicas intestinais e diarreia

Em caso de super dosagem suspender o uso e procurar orientaccedilatildeo meacutedica de

imediato Em caso de uso de grande quantidade deste medicamento procure

rapidamente socorro meacutedico e leve a embalagem ou bula do medicamento se

possiacutevel Siga corretamente o modo de usar natildeo desaparecendo os sintomas

procure orientaccedilatildeo meacutedica

Conclusatildeo

A espinheira-santa (M ilicifolia) eacute um fitoteraacutepico de relevante accedilatildeo terapecircutica

principalmente antiulcerogecircnica dada sua eficaacutecia farmacoloacutegica e seguranccedila

Vale lembrar que por ausecircncia de estudos ela natildeo eacute recomenda para crianccedilas

e natildeo deve ser usada por gestantes pois estudos em camundongos (fecircmeas e

graacutevidas) indicaram um decreacutescimo significativo do nuacutemero de embriotildees aleacutem

de possuir atividade estrogecircnica que pode interferir na receptividade uterina do

embriatildeo Entre suas atividades farmacoloacutegicas destaca-se a atividade

antiulcerogecircnica que pode ser comparada agrave accedilatildeo da ranitidina e da cimetidina

Por ser morfologicamente parecida com as espeacutecies S bonplandii e Z ilicifolia

ela eacute comumente confundida e ateacute mesmo trocada intencionalmente

A utilizaccedilatildeo de maneira errocircnea das espeacutecies botacircnicas que natildeo satildeo a

verdadeira espinheira-santa (M ilicifolia) pode acarretar danos agrave sauacutede dos

pacientes Assim conclui-se que essas espeacutecies conhecidas como

adulterantes podem trazer malefiacutecios pois ainda faltam estudos que

comprovem suas atividades farmacoloacutegicas e principalmente a seguranccedila

terapecircutica Poreacutem natildeo se deve descartar o uso dessas espeacutecies e sim

realizar estudos mais concretos para que essas plantas assim como a

verdadeira espinheira-santa possam auxiliar no tratamento farmacoloacutegico da

populaccedilatildeo

Referecircncias Bibliograacuteficas

Ralph Santos-Oliveira Simone Coulaud-Cunha Waldeciro Colaccedilo

Revisatildeo da Maytenus ilicifolia Mart ex Reissek Celastraceae

Contribuiccedilatildeo ao estudo das propriedades farmacoloacutegicas Rev Bras

Farmacogn Braz J Pharmacogn 19(2B) AbrJun 2009

Wilker Marlon de Moraes Jesus Tarciacutesio Neves da Cunha Estudo das

propriedades farmacoloacutegicas da espinheira-santa (Maytenus ilicifolia

Mart ex Reissek) e de duas espeacutecies adulterantes Revista Sauacutede e

Desenvolvimento vol ndash nordm 1 Jan ndash Jun 2012

MARIOT MP1 BARBIERI RL2 Engenheiro Agrocircnomo Dr prof do

Conjunto Agroteacutecnico ldquoVisconde da GraccedilardquoUniversidade Federal de

Pelotas (mariotufpeltchebr) ndash Av Ildefonso Simotildees Lopes 2791

Pelotas-RS CEP 96060-290 2Bioacuteloga Dr pesquisadora da Embrapa

Clima Temperado (barbiericpactembrapabr) ndash BR 392 km 78 caixa

postal 403 Pelotas-RS CEP 96001-970 (endereccedilo para

correspondecircncia) Metaboacutelitos secundaacuterios e propriedades medicinais da

espinheira-santa (Maytenus ilicifolia Mart ex Reiss e M aquifolium

Mart)

CARLINI EA Braz S Efeito protetor do liofilizado obtido do abafado de

Maytenus Sp (espinheira-santa) contra uacutelcera gaacutestrica experimental em

ratos In Estudo da accedilatildeo antiuacutelcera gaacutestrica de plantas brasileiras

(Maytenus ilicifolia) Espinheira santa e outras Brasiacutelia CEMEAFIP

1988 p21-35MACAUBAS CIP et al Estudo da eventual accedilatildeo

antiuacutelcera gaacutestrica do baacutelsamo (Sedum sp) folha da fortuna

(Bryophyllum calcium) couve (Brassica oleraceae) e da Espinheira

santa (Maytenus ilicifolia) em ratos In Estudo da accedilatildeo antiuacutelcera

gaacutestrica de plantas brasileiras (Maytenus ilicifolia) Espinheira santa e

outras Brasiacutelia CEMEAFIP 1988 p 5-20

Olivia Werner Oliveira Pedro Ros Petrovick Secagem por aspersatildeo

(spray drying) de extratos vegetais bases e aplicaccedilotildees Revista

Brasileira de Farmacognosia Brazilian Journal of Pharmacognosy 20(4)

641-650 AgoSet 2010

Marianne Christina Scheffer Capitulo 17 Produccedilatildeo de espinheira-santa

(Maytenus ilicifolia Mart ex Reiss) na regiatildeo metropolitana de Curitiba

Paranaacute Brasil

Said gonccedilalves da cruz fonsacircca Farmacoteacutecnica de Fitoteraacutepicos2005

forma que o valor fenotiacutepico de um caraacuteter possa servir como guia para o valor

geneacutetico (aditividade) (Carvalho et al 2001)

Em teste de progecircnies realizado com espinheira-santa Mariot (2005)

identificou uma alta herdabilidade para todos os caracteres (velocidade de

emergecircncia estatura de planta diacircmetro agrave base do caule taxa de crescimento

tamanho de folha e nuacutemero de espinhosfolha) o que evidencia o forte controle

do fator geneacutetico sobre o fenoacutetipo O autor observou ainda altos valores para os

coeficientes de variaccedilatildeo geneacuteticos (CVG) que aliado aos baixos valores para

os coeficientes de variaccedilatildeo devido ao erro experimental (CVE) proporcionaram

iacutendices maiores que 10 para o quociente (relaccedilatildeo CVGVE) em todas as

variaacuteveis analisadas o que eacute um bom indicador para seleccedilatildeo em programas de

melhoramento Este resultado eacute importante para a seleccedilatildeo com base em

caracteres relacionados com o crescimento pois a espinheira-santa eacute

considerada de crescimento lento O tamanho de folha em espinheira-santa

caso apresente relaccedilatildeo com o aumento da biomassa e maior concentraccedilatildeo de

metaboacutelitos secundaacuterios que tenham accedilatildeo farmacoloacutegica pode ser um caraacuteter

importante de se considerar na seleccedilatildeo em programas de melhoramento Os

altos iacutendices dos paracircmetros geneacuteticos evidenciados em trabalho desenvolvido

por Mariot (2005) mostram a eficiecircncia na seleccedilatildeo para estes caracteres

Considerando a necessidade de uniformidade nos teores de princiacutepios ativos

exigidos pelas induacutestrias farmacecircuticas e o fato da espinheira santa ser de

fecundaccedilatildeo cruzada os programas de melhoramento desta espeacutecie que vise

atender estas exigecircncias deve utilizar a propagaccedilatildeo vegetativa

Estudos relacionados agrave cultura de tecidos de M ilicifolia e M aquifolium

tornam-se portanto fundamentais Na aacuterea de biotecnologia foi citado por

Corsino et al (1998a) o uso de Agrobacterium como vetor para aumentar a

produccedilatildeo de triterpenos em programa de melhoramento geneacutetico de espinheira

santa

O conhecimento da associaccedilatildeo entre caracteres eacute de grande importacircncia nos

trabalhos de melhoramento principalmente se a seleccedilatildeo em um deles

apresenta dificuldades em razatildeo da baixa herdabilidade eou tenha problemas

de mediccedilatildeo e identificaccedilatildeo (Cruz amp Regazzi 2001) Para tanto o melhorista

pode estimar as correlaccedilotildees fenotiacutepicas e genotiacutepicas o que pode contribuir no

processo de seleccedilatildeo No caso das espeacutecies medicinais esta ferramenta eacute

muito importante devido ao alto custo das anaacutelises para determinar e

quantificar metaboacutelitos secundaacuterios com potencial farmacoloacutegico como as que

envolvem cromatografia Em espinheira-santa a morfologia foliar estaacute

relacionada com os tipos e a concentraccedilatildeo de triterpenos (Buffa Filho et al

2002) portanto se for identificada correlaccedilatildeo entre estes caracteres a seleccedilatildeo

indireta atraveacutes da morfologia foliar pode vir a ser uma boa estrateacutegia de

seleccedilatildeo

11 Etapas do processo de secagem por aspersatildeoO processo de secagem por aspersatildeo consiste de trecircs etapas fundamentais

Na primeira fase o fluiacutedo eacute disperso como gotiacuteculas produzindo uma grande

aacuterea superficial Na segunda ocorre contato destas com uma corrente de ar

aquecido havendo transferecircncia de calor

Na terceira etapa acontece a evaporaccedilatildeo do solvente e a formaccedilatildeo da partiacutecula soacutelida

121 Ilustraccedilatildeo da Planta Espinheira- Santa

Com a transferecircncia de calor do ar aquecido agraves gotiacuteculas o liacutequido da

superfiacutecie evapora-se rapidamente As partiacuteculas solidificadas geralmente

apresentam o mesmo tamanho e forma da gotiacutecula que as originou Na uacuteltima

etapa o produto de secagem eacute transportado por uma corrente de ar sendo

posteriormente coletado (Broadhead et al 1992 Shaw 1997 Rankell et al

2001) A evaporaccedilatildeo superficial da gotiacutecula conduz agrave formaccedilatildeo de uma

camada de material seco externa Atraveacutes desta camada o liacutequido situado no

interior da gotiacutecula propaga-se para o exterior Dependendo da elasticidade e

da permeabilidade da crosta seratildeo produzidos distintos materiais secos como

esferas intactas com superfiacutecie imperfeita ou fragmentada soacutelidas ou ocas

(Rankell et al 2001) A Figura 2 apresenta foto micrografias de dois extratos

diferentes de Maytenus ilicifolia secos por spray drying com disco giratoacuterio em

torre de secagem por aspersatildeo Os extratos foram produzidos da mesma

maneira utilizando temperatura de entrada de 180 degC velocidade do aspersor

de 9500 rpm e 30 de Aerosil (Oliveira 2008)

12 Fatores que influenciam o processoUm das respostas mais relevantes afetada pelas condiccedilotildees de operaccedilatildeo do

processo eacute a qualidade do produto resultante As variaacuteveis devem ser

controladas visando agrave obtenccedilatildeo de rendimento e de teor de umidade

adequados estabilidade quiacutemica minimizaccedilatildeo da aderecircncia de partiacuteculas na

cacircmara de secagem (sticking) e caracteriacutesticas tecnoloacutegicas especiacuteficas As

propriedades do produto satildeo normalmente determinadas pelos fatores

relacionados agraves caracteriacutesticas do material de entrada e do processamento

isto eacute paracircmetros de operaccedilatildeo e equipamento (Quadro 1)

131 Influecircncia do material de entradaEntre os fatores relacionados agraves caracteriacutesticas do material de entrada o uso

de adjuvantes na teacutecnica de secagem por aspersatildeo eacute uma praacutetica muito

comum Satildeo utilizados como adjuvantes neste processo amido ciclodextrinas

dioacutexido de siliacutecio coloidal fosfato tricaacutelcico gelatina goma araacutebica lactose

maltodextrina entre outros (Vasconcelos et al 2005 Silva Juacutenior et al 2006)

Para a secagem de extratos derivados de plantas a seleccedilatildeo e o uso adequado

de adjuvantes no processo de spray drying eacute uma fase de fundamental

importacircncia visto que determina a estabilidade e a qualidade dos mesmos

podendo inclusive afetar as caracteriacutesticas de biodisponibilidade

13 Atividades farmacoloacutegicas da espinheira-santa A espinheira-santa (M ilicifolia) eacute uma planta que possui atividades

farmacoloacutegicas comprovadas entre elas a atividade antiulcerogecircnica Essas

atividades estatildeo ligadas a substacircncias quiacutemicas que satildeo os polifenoacuteis

(flavonoides e taninos) e os triterpenos Haacute fatores como a composiccedilatildeo quiacutemica

do solo onde essa planta estaacute sendo cultivado o local de plantio a teacutecnica de

colheita a secagem da planta e o processamento poacutes-colheita que influenciam

diretamente nos teores de princiacutepio ativo da planta podendo assim gerar

variaccedilotildees das atividades farmacoloacutegicas (NEGRI 2007)

141 Atividade gaacutestricaDe acordo com alguns estudos (Carlini amp Frochtengerten 1988 Ming et al

1998 Coulaud- Cunha et al 2004 Carvalho et al 2008) a M ilicifolia

apresenta accedilatildeo contra uacutelcera peacuteptica e gastrite Coulaud- Cunha et al (2004)

relatam que a accedilatildeo da M ilicifolia na uacutelcera peacuteptica e gastrite envolve mais de

um mecanismo de accedilatildeo ainda natildeo conclusivamente elucidados e natildeo se deve

somente a um principio ativo especifico mas a diferentes fitocomplexos Foi

demonstrado por Pereira et al (1993) e por Ming et al (1998) que tanto os

taninos principalmente a epigalocatequina quanto os oacuteleos essenciais em

especial o fridenelol satildeo responsaacuteveis por parte dos efeitos gastroprotetores

Carlini amp Frochtengarten (1988) por sua vez em estudos realizados com o

abafado da M ilicifolia relatam que quanto maior o tempo do tratamento maior

seraacute a gastroproteccedilatildeo sem entretanto haver alteraccedilotildees no pH Tal observaccedilatildeo

pode ser confirmada por Ferreira et al (2004) que em estudos com extrato

aquoso liofilizado das folhas de M ilicifolia em sapos comprovou que esse

possui efeito inibitoacuterio sobre os mediadores H2 da histamina nas ceacutelulas

parietais esses segundo Gilman (1989) quando estimulados causam a

ativaccedilatildeo da adenililciclase iniciando uma seacuterie de alteraccedilotildees morfoloacutegicas e

bioquiacutemicas complexas que leva ao aumento da secreccedilatildeo gaacutestrica

funcionando como um antagonista H2 aleacutem de inibir o efeito da gastrina Foi

demonstrado ainda que tanto a epigalocatequina (tanino) quanto o fridenelol

(oacuteleo essencial) satildeo responsaacuteveis por parte do efeito protetor da mucosa

gaacutestrica (Pereira et al 1993 Ming et al 1998)

142 Atividade antiulcerogecircnicaSegundo Sousa-Formigoni et al (1991) foi comprovada a atividade

antiulcerogecircnica da espinheira-santa (M ilicifolia) por experimentos feitos em

ratos nos quais os animais foram induzidos a terem uacutelceras gaacutestricas por meio

de indometacina e por estresse quando estes foram submetidos a baixas

temperaturas e por serem imobilizados Apoacutes a aplicaccedilatildeo de um extrato

liofilizado de espinheira-santa houve uma reduccedilatildeo do nuacutemero de uacutelceras e um

aumento do volume e pH da secreccedilatildeo gaacutestrica

Em estudos de mecanismos celulares e moleculares da accedilatildeo de produtos

naturais com o isolamento de substacircncias bioativas da M ilicifolia

responsaacuteveis pela accedilatildeo antissecretora aacutecida gaacutestrica os resultados obtidos

confirmam essas accedilotildees Foram utilizados nesses experimentos extratos

aquosos das partes aeacutereas da planta e os princiacutepios ativos tecircm funccedilatildeo de

inibidores da bomba de proacutetons etapa final comum das vias reguladoras da

secreccedilatildeo aacutecida gaacutestrica (BOSSOLANI 2000)

143 Atividade antimicrobianaEstudos pioneiros como o de Lima et al (1969) jaacute demonstravam que a

maitenina exibe forte atividade antimicrobiana contra vaacuterias bacteacuterias Gram

positivas Tais efeitos foram corroborados com a demonstraccedilatildeo que os extratos

das folhas e raiacutezes tecircm efeito antimicrobiano para vaacuterios patoacutegenos dentre

eles Staphylococcus aureus e Streptococcus sp

144 Atividade sobre o Sistema Nervoso CentralSegundo Alonso (1998) o extrato de M ilicifolia possui atividade sedativa que

potencializa (efeito sineacutergico) o sono por barbituacutericos em camundongos

145 Atividades abortiva e sobre a espermatogecircnese

De acordo com Montanari et al (1998) o extrato etanoacutelico de M Ilicifolia

quando administrado em altas doses em camundongos suiacuteccedilos apesar de

causar leves alteraccedilotildees como ceacutelulas germinativas imaturas esfoliadas mortes

celulares ocasionais aumento de gotiacuteculas lipiacutedicas em ceacutelulas de Sertoli e

inchamento de acrossomas entre outras natildeo foi suficiente para acarretar

danos agrave espermatogecircnese

Jaacute em testes realizados em camundongos (fecircmeas e graacutevidas) administrando-

se oralmente extrato hidroalcooacutelico (70) de folhas de espinheira-santa (M

ilicifolia) observou-se um decreacutescimo significativo do nuacutemero de embriotildees

indicando uma perda embrionaacuteria antes do periacuteodo de implantaccedilatildeo Poreacutem

natildeo houve maacute-formaccedilatildeo ou mortes fetais depois do periacuteodo de implantaccedilatildeo

Esse extrato possui atividade estrogecircnica que pode interferir na receptividade

uterina ao embriatildeo (MONTANARI BEVILAQUA 2002)

146 Atividades antimutagecircnica e anticanceriacutegenaConforme Horn e Vargas (2003) o extrato aquoso de M ilicifolia foi eficaz em

aproximadamente 75 das doses testadas exibindo boas respostas

antimutagecircnicas ou um decreacutescimo sugestivo Em estudos realizados por

Queiroga et al (2007) foi avaliada a fraccedilatildeo ativa antiulcerogecircnica da M

ilicifolia na atividade anticanceriacutegena apresentando resultados citostaacuteticos

satisfatoacuterios De acordo com Itokawa et al (1993) o composto pristimerina foi o

mais eficiente na accedilatildeo citotoacutexica podendo ser uacutetil no tratamento de tumores

147 Atividade antioxidante e otoprotetoraDe acordo com Mattei e Carlini (1998) um extrato aquoso liofilizado de

espinheira-santa (M ilicifolia) foi testado in vitro em homogenato de ceacuterebro de

ratos e exerceu uma importante atividade antioxidante inibindo o processo de

lipoperoxidaccedilatildeo

Usando-se extrato etanoacutelico de M ilicifolia foi confirmado que a casca da raiz

tem um poder antioxidante pelo fato de possuir em sua base compostos com a

capacidade sequestradora de radicais livres (VELLOSA et al 2006)

Conforme Santos et al (2010) foram comprovadas propriedades antioxidantes

dos extratos brutos e de componentes individuais de M Ilicifolia por possiacuteveis

associaccedilotildees sineacutergicas de substacircncias fenoacutelicas e triterpenos

quinonametiacutedeos comparados agrave rutina como composto fenoacutelico modelo

De acordo Kasse et al (2008) foi realizado um estudo com ratos (fecircmeas) em

que esses animais foram submetidos agrave substacircncia cisplatina e posteriormente

tratados com extrato de M ilicifolia para avaliar a atividade otoprotetora da

planta Foram realizados e avaliados os exames de emissotildees otoacuacutesticas por

produtos de distorccedilatildeo por potencial de tronco encefaacutelico antes e depois de

administraccedilatildeo de cisplatina e por fim por microscopia eletrocircnica de varredura

Os resultados mostraram que apesar de apresentar atividades antioxidantes a

M ilicifolia foi incapaz de bloquear o efeito citotoacutexico do composto quiacutemico

administrado nas cobaias

Segundo Negri et al (2009) a atividade antioxidante do extrato etanoacutelico de M

ilicifolia estaacute intimamente ligada agrave sua temperatura de secagem Testes

realizados para avaliaccedilatildeo do poder antioxidante os quais foram os meacutetodos de

formaccedilatildeo de complexo com fosfomolibdecircnio e atividade antioxidante em

relaccedilatildeo agrave reduccedilatildeo de um radical utilizando-se o DPPH (22-difenil-1-

picnilhidrazila) em que foram levadas em consideraccedilatildeo diferentes

temperaturas usualmente utilizadas para secagem (40 50 60 70 e 80˚C)

demostraram melhor atividade antioxidante na temperatura de 40˚C e

gradativamente quanto maior a temperatura realizada nos testes menor o

poder antioxidante Por fim o estudo mostrou a importacircncia do controle de

temperatura para a melhor efetividade nesse quesito da planta

Em estudos de Pessuto et al (2009) foram avaliados extratos e compostos

isolados de M Ilicifolia em relaccedilatildeo agrave capacidade antioxidante Os extratos

brutos e semipurificados foram estudados por meio de ensaios de

fosfomolibdecircnio (complexo) e de DPPH (22-difenil-1-picnilhidrazila) nos quais

os resultados mostraram que a fraccedilatildeo com acetato de etila teve melhor

capacidade antioxidante em relaccedilatildeo ao extrato bruto e fraccedilatildeo aquosa

possivelmente por conter maior nuacutemero de hidroxilas fenoacutelicas (pela

capacidade de sequestro dos radicais livres) e tambeacutem em relaccedilatildeo agraves

substacircncias trolox e vitamina C

148 Atividades antinociceptiva e anti-inflamatoacuteria De acordo com Nakamura et al (1994) o extrato etanoacutelico de folhas de M

ilicifolia conteacutem uma fraccedilatildeo de quercetina-3-O-glicosiacutedeo e essa substacircncia

quiacutemica foi avaliada pelo teste de aacutecido aceacutetico e formalina em ratos obtendo-

se resultados satisfatoacuterios para atividades analgeacutesicas e anti-inflamatoacuterias

Por meio de testes realizados em camundongos e ratos foi provocado um

edema nas patas desses animais por meio de injeccedilatildeo de 002 ml de

formaldeiacutedo (soluccedilatildeo a 092) utilizando-se como controle soluccedilatildeo salino

Apoacutes 120 minutos foi aplicado extrato hexacircnico e acetato de etila das folhas

(M ilicifolia) administrados por via oral nas doses de 80 160 320 e 340 mgkg

Os animais foram sacrificados apoacutes 4 horas Em um segundo ensaio foi

administrada por injeccedilatildeo soluccedilatildeo de carragenina a 1 e os extratos da planta

foram dados por via oral nas doses de 80 160 320 e 340 mgkg Os resultados

obtidos mostraram uma atividade antinociceptiva para os dois extratos

principalmente nas doses de 320 e 340 mgkg sendo esse teste importante

para uma alternativa cliacutenica na terapecircutica anti-inflamatoacuteria e antiulcerogecircnica

(JORGE et al 2004)

14 Toxicidade efeitos adversos e contraindicaccedilatildeo da espinheira-santa

Foi realizado um estudo toxicoloacutegico com 24 voluntaacuterios sendo 12 homens e

12 mulheres de 20 a 40 anos de idade selecionados previamente por meio de

avaliaccedilatildeo cliacutenica exames hematoloacutegicos e bioquiacutemicos e avaliaccedilatildeo

psicomotora com o objetivo de estabelecer um intervalo maacuteximo de seguranccedila

no uso de M ilicifolia As doses foram administradas de maneira crescente e

natildeo houve um grupo controle pois os exames iniciais foram considerados

como valores basais para efeito comparativo A dose inicial foi fixada em 100

mg por adulto sendo administradas doses subsequentes de 200 500 1000

1500 e 2000 mg com intervalos de uma semana para cada dose A anaacutelise dos

resultados revelou que natildeo houve efeitos significativos nos valores dos

principais paracircmetros hematoloacutegicos e bioquiacutemicos e tambeacutem natildeo foram

observadas alteraccedilotildees nas funccedilotildees hepaacuteticas pancreaacuteticas e renais

Hormocircnios lipiacutedeos glicose soacutedio potaacutessio caacutelcio e foacutesforo tambeacutem

mantiveram valores considerados normais (TABACH et al 2002)

Em relaccedilatildeo aos efeitos adversos a M ilicifolia natildeo possui algum que justifica a

interrupccedilatildeo do tratamento Entre os mais comuns destacam-se cefaleia

sonolecircncia boca seca naacuteuseas dor articular nas matildeos gosto estranho na

boca tremor nas matildeos cistite e poliuacuteria (TABACH et al 2002) Poreacutem

segundo Amaral et al (2005) natildeo eacute recomendado o uso pediaacutetrico pela

ausecircncia de testes Ensaios realizados em ratos mostraram perda embrionaacuteria

antes do periacuteodo de implantaccedilatildeo portanto essa planta natildeo eacute recomendada em

casos de gravidez (MONTANARI BIVILACQUA 2002)

De acordo com estudos realizados em camundongos o abafado de M ilicifolia

foi administrado nesses animais em doses ateacute 360 vezes maiores que a

utilizada pelo homem durante um periacuteodo de dois a trecircs meses Como

resultados natildeo houve mudanccedilas no peso comportamento temperatura

paracircmetros bioquiacutemicos e hematoloacutegicos desses animais (OLIVEIRA CARLINI

1988)

15 FarmacocineacuteticaO modelo da farmacocineacutetica da espinheira-santa eacute estudado por meio de seus

taninos natildeo condensados Epigalocatequina marcada foi administrada por via

oral sendo os picos plasmaacuteticos observados 60 min apoacutes a ingestatildeo Apoacutes

uma dose de 500 mgkg foram detectadas concentraccedilotildees tissulares de 123

mmol no plasma 484 mmol no fiacutegado e 565 mmol no intestino delgado

(Nakagawa amp Miyazawa 1997) Depois da administraccedilatildeo oral de

epigalocatequina-3-galato marcada com triacutetio a ratos cerca de 6 da dose eacute

eliminada na urina e 24 nas fezes nas primeiras 24 horas Uma segunda

dose dada duas horas apoacutes a primeira eleva em cerca de 4 a 6 vezes a

concentraccedilatildeo no plasma e em alguns tecidos Esses dados sugerem uma

meia-vida longa e eliminaccedilatildeo lenta da epigalocatequina-3-galato No final das

24 horas os animais foram sacrificados e essa substacircncia pocircde ser encontrada

no rim ceacuterebro fiacutegado pacircncreas intestino e ossos (Suganuma et al 1998)

Num outro estudo foi avaliada a afinidade da epigalocatequina-3-galato agraves

proteiacutenas do soro Apoacutes uma dose oral a ratos mais de 50 da

epigalocatequina-3-galato absorvida ligou-se agrave proteiacutena do plasma

especialmente a fibronectina o fibrinogecircnio e a HRGP( Histidin Rich

Glicoprotein) proteiacutena plasmaacutetica com 74 kdaltons cuja funccedilatildeo ainda eacute pouco

conhecida (Sazuka et al 1996)

16 PreparaccedilatildeoTendo sido reconhecida a espeacutecie com que se vai trabalhar torna-se

necessaacuterio que se disponha desta espeacutecie em quantidade suficiente para

atender a demanda relacionada a produccedilatildeo do fitoteraacutepico replicaccedilatildeo da

espeacutecie e respectivo controle de qualidade Par a atingir este objetivo a

espeacutecie deve ser cultivada na extensatildeo adequada ao fim que se propotildee tendo-

se aleacutem dos cuidados inerentes ao cultivo de qualquer espeacutecie vegetal a

precauccedilatildeo de nunca utilizar pesticidas ou agrotoacutexicos na aacuterea de cultivo Nos

parece claro que a opccedilatildeo pelo fitoteraacutepico deve vir acompanhada do desejo de

seguranccedila o que natildeo seria conseguido se fossem deixados resiacuteduos de

agrotoacutexicos ou de pesticidas na espeacutecie que iraacute ser usada como mateacuteria-prima

para a produccedilatildeo de medicamento Veja no item 24 os ensaios que devem ser

efetuados no sentido de identificar e quantificar a presenccedila destes e de outros

contaminantes

Dispondo-se entatildeo da espeacutecie vegetal botanicamente selecionada cultivada

sem o uso de agentes quiacutemicos contaminantes iremos seguir tantos passos

quantos sejam necessaacuterios para preparar a espeacutecie vegetal numa droga capaz

de ser armazenada e processada para resultar num preparado intermediaacuterio uacutetil

na preparaccedilatildeo de fitoteraacutepicos Estes passos podem ser enumerados como

sendo Coleta Monda Estabilizaccedilatildeo Secagem Trituraccedilatildeo e Armazenamento

A execuccedilatildeo e finalidade de cada um se acham descrito a seguir

A Coleta eacute realizada atraveacutes da retirada da parte usada da planta procurando

sempre o material mais saudaacutevel em completo desenvolvimento (a menos que

especificado em (contraacuterio como ocorre com a gema terminal de Psidium

guajava) e com o miacutenimo de contaminantes (poeira poluiccedilatildeo adubo insetos

colocircnia de microrganismos etc) A distribuiccedilatildeo de substacircncias

farmacologicamente ativas nas plantas medicinais natildeo se daacute de maneira

homogecircnea em toda a extensatildeo da planta Portanto eacute de se esperar que

apenas alguma parte de uma dada espeacutecie podem ser utilizadas com finalidade

terapecircutica

Atraveacutes de consulta agraves diversas farmacopeias e tratados sobre plantas

medicinais encontramos descriccedilotildees sobre a parte a ser usada de cada espeacutecie

medicinal Pode-se em alguns casos observar que diferentes partes de uma

mesma planta apresentam propriedades inteiramente diferentes como por

exemplo a Punica granam (romatildezeira) cujas cascas do caule satildeo teniacutefugas e

as cascas dos frutos tecircm propriedades anti-inflamatoacuteria e antibioacutetica Em outros

casos toda a planta pode ser utilizada com a mesma finalidade como a

Phylanthus niruri (quebra-pedra) Torna-se imperioso portanto que antes de

qualquer outra etapa da preparaccedilatildeo de uma forma farmacecircutica fitoteraacutepica se

conheccedila qual ou quais partes da espeacutecie escolhida pode ser utilizada

A coleta deve respeitar para cada espeacutecie o melhor periacuteodo correspondente

agravequele onde a espeacutecie apresenta maior teor em substacircncias ativas Tendo isto

em mente relacionamos a seguir orientaccedilotildees geneacutericas quanto ao periacuteodo de

coleta

Formas farmacecircuticas de fitoteraacutepicosPoacute

Eacute a forma farmacecircutica obtida apoacutes a secagem trituraccedilatildeo e tamisaccedilatildeo da

droga Segundo a sua finalidade devem apresentar a tenuidade adequada

conforme a tabela a seguir Pode ser dispensado para uso na preparaccedilatildeo de

chaacutes ou adicionado agrave alimentaccedilatildeo (leite sucos mel etc) O envase deve cuidar

para que natildeo haja absorccedilatildeo de umidade

Formas soacutelidas

Caacutepsulas

Eacute a forma farmacecircutica obtida pela deposiccedilatildeo ordenada da droga seca

triturada e tamisada em caacutepsulas gelatinosas duras ou pelo encapsulamento

de liacutequidos ou semissoacutelidos de natureza lipofiacutelica em caacutepsulas gelatinosas

moles O invoacutelucro rosa utilizado eacute geralmente de natureza proteica e satildeo

portanto incompatiacuteveis com drogas tacircnicas por exemplo Cuidado especial

deve ser tomado com a umidade temperatura e pressatildeo exercida sobre as

caacutepsulas durante o armazenamento e transporte Estes fatores podem levar a

desidrataccedilatildeo ou hidrataccedilatildeo das caacutepsulas que as tornam quebradiccedilas ou

deformadas e coladas Durante a preparaccedilatildeo das caacutepsulas deve-se cuidar para

que o peso das caacutepsulas obtidas seja o mais uniforme possiacutevel podendo-se

garantir isso pela pesagem da quantidade de poacute necessaacuteria para o enchimento

de um nuacutemero determinado de caacutepsulas

O enchimento das caacutepsulas ocorre na oficina farmacecircutica em tabuleiros

especiais constituiacutedos em acriacutelico PVC ou outro poliacutemero apresentando-se no

modelo mais simples apenas como uma base fixa que se encaixa a uma outra

moacutevel e perfurada que recebe o corpo das caacutepsulas sem as tampas A seguir

se distribui de forma homogecircnea a quantidade estipulada de poacute em todas as

caacutepsulas valendo-se de uma espaacutetula plaacutestica e de um dispositivo especial

para prensar o conteuacutedo no interior das caacutepsulas Finalizado o enchimento as

partes super oires (tampas) das caacutepsulas satildeo recolocadas fechando-as e

determina-se o peso meacutedio das mesmas embalando-as imediatamente

A capacidade das caacutepsulas eacute proporcional agrave densidade do poacute e ao tamanho

das caacutepsulas que eacute padronizado em 08 (oito) diferentes tipos listados a seguir

com as respectivas dimensotildees e capacidades em mililitros

Controle de Qualidade

Todas as etapas utilizadas durante o processamento da droga devem ser

monitoradas atraveacutes de ensaios que possam atestar a qualidade da mateacuteria-

prima dos produtos intermediaacuterios e do produto final acabado O objetivo final

tanto do processamento adequado quanto agrave avaliaccedilatildeo da qualidade eacute a

garantia de que o que estaacute sendo produzido na forma como ocorre o processo

produtivo estaacute conduzindo agrave obtenccedilatildeo de um produto com as caracteriacutesticas

necessaacuterias agrave utilizaccedilatildeo para o tratamento de doenccedilas

Droga

A avaliaccedilatildeo da qualidade da droga utilizada na obtenccedilatildeo de fitoteraacutepicos no

Programa Farmaacutecias-Vivas onde o cultivo das espeacutecies vegetais eacute efetuado

pelo laboratoacuterio fabricante do produto deve ser realizada sob os seguintes

aspectos

- Considerando que a droga a ser utilizada corresponde agrave espeacutecie vegetal

esperada conhece-se suas caracteriacutesticas macromorfoloacutegicas aleacutem das suas

caracteriacutesticas sensoriais constituindo a primeira avaliaccedilatildeo que eacute a identidade

da droga

- Determinaccedilatildeo da umidade da droga fresca que deve ser diferenciada de

perda por dessecaccedilatildeo pois outras substacircncias volaacuteteis aleacutem da aacutegua satildeo

evaporadas Pode ser determinada atraveacutes do ensaio volumeacutetrico de Karl

Fischer ou pelo ensaio gravimeacutetrico submetendo a droga a dessecaccedilatildeo em

temperatura ambiente em dessecador com siacutelica ou aacutecido sulfuacuterico

- Mesmo a droga morfologicamente normal pode natildeo apresentar seus

constituintes ativos na quantidade desejada sendo necessaacuterio que sejam

realizados ensaios de identificaccedilatildeo e quantificaccedilatildeo de ativos ou de marcadores

atraveacutes das mais diversas teacutecnicas gravimeacutetrica volumeacutetrica

espectrofotomeacutetrica cromatograacutefica etc

- Avaliaccedilatildeo da contaminaccedilatildeo microbiana da droga principalmente se a mesma

tiver de ser utilizada sem qualquer processamento posterior As drogas que

seratildeo transformadas em uma forma extrativa em soluccedilatildeo hidro-alcooacutelica pode

ter sua carga microbiana reduzida pelo efeito antisseacuteptico do solvente

Preparado Intermediaacuterio

As formas extrativas satildeo obtidas em condiccedilotildees que nem sempre conseguem

retirar a totalidade das substacircncias ativas soluacuteveis no solvente escolhido devido

a diversos fator ES como o tempo e temperatura de maceraccedilatildeo pH do

solvente distribuiccedilatildeo granulomeacutetrica da droga sua umidade residual teor de

substacircncias ativas e velocidade de percolaccedilatildeo Justifica-se entatildeo a

necessidade da realizaccedilatildeo de ensaios de avaliaccedilatildeo da qualidade das formas

extrativas incluindo avaliaccedilotildees fiacutesico-quiacutemicas como aparecircncia cor odor

solubilidade densidade pH e viscosidade avaliaccedilotildees quiacutemicas como o perfil

cromatograacutefico e dosagem das substacircncias ativas ou marcador e avaliaccedilatildeo

microbioloacutegica da quantidade de microrganismos viaacuteveis

Fitoteraacutepico

Independente da forma farmacecircutica final eacute necessaacuterio que sejam realizadas

avaliaccedilotildees na qualidade do produto final da mesma forma que eacute exigido para

os demais tipos de medicamentos Listamos a seguir os ensaios realizados

para cada forma farmacecircutica lembrando que devem ser acrescentados os

ensaios quiacutemicos e microbioloacutegicos

Prazo de Validade

Considerando a jaacute difiacutecil realizaccedilatildeo da avaliaccedilatildeo da qualidade das drogas

utilizadas na obtenccedilatildeo de fitoteraacutepicos pode-se compreender que o

acompanhamento do processo cineacutetico de degradaccedilatildeo dos constituintes do

medicamento natildeo eacute uma estar efe faacutecil No entanto esta avaliaccedilatildeo pode se dar

em diversos niacuteveis

- Avaliaccedilatildeo da estabilidade fiacutesica

Para cada tipo de forma farmacecircutica satildeo descritas as caracteriacutesticas tiacutepicas

como cor odor limpidez densidade viscosidade pH etc que observadas

para um mesmo lote ao longo do tempo de armazenamento forneceratildeo

informaccedilotildees sobre a integridade fiacutesica da formulaccedilatildeo

- Avaliaccedilatildeo da estabilidade quiacutemica

A utilizaccedilatildeo de recursos laboratoriais desde os mais simples ateacute os mais

sofisticados permitem o acompanhamento qualitativo eou quantitativo dos

princiacutepios ativos contidos no produto fitoteraacutepico Por exemplo atraveacutes do

ensaio limite de taninos por diluiccedilotildees sucessivas e adiccedilatildeo de cloreto feacuterrico

pode-se ter uma medida semi-quantitativa do teor destas substacircncias nas

preparaccedilotildees que o contenham Evoluindo a utilizaccedilatildeo de teacutecnica

cromatograacutefica em camada delgada sobre papel ou siacutelica permite a

determinaccedilatildeo do perfil cromatograacutefico para o produto de modo que possa ser

comparado com o obtido em lotes posteriores ou com o mesmo lote ao longo do

tempo de armazenamento

- Avaliaccedilatildeo da estabilidade microbioloacutegica

A verificaccedilatildeo do niacutevel de contaminaccedilatildeo microbiana numa preparaccedilatildeo

medicamentosa fornece informaccedilotildees sobre o niacutevel de higienizaccedilatildeo empregado

durante o processamento da droga ateacute a obtenccedilatildeo do medicamento A

observaccedilatildeo deste mesmo paracircmetro ao longo do tempo fornece informaccedilotildees

sobre a composiccedilatildeo conservante utilizada no produto e a forma de

armazenamento

Teacutecnicas Gerais

Os ensaios laboratoriais de avaliaccedilatildeo da qualidade da droga compreendem

basicamente

- Observaccedilatildeo macroscoacutepica e microscoacutepica da droga fresca e seca inteira e

triturada comparando com o descrito em farmacopeias ou com modelos

botanicamente certificados

- Determinaccedilatildeo de umidade na droga fresca e naquela seca e triturada

evidenciando a quantidade de aacutegua contida na droga receacutem-coletada na droga

s eca e a efetividade do processo de secagem utilizada

- Identificaccedilatildeo e dosagem de substacircncias ativas ou marcadores realizada na

droga seca e triturada onde atraveacutes do acompanhamento da evoluccedilatildeo ao

longo do tempo e o cruzamento dos dados entre os locais e condiccedilotildees de

cultivo seraacute possiacutevel a determinaccedilatildeo das condiccedilotildees ideais para a manutenccedilatildeo

da qualidade das espeacutecies vegetais

- Determinaccedilatildeo da quantidade de mateacuteria orgacircnica estranha na droga seca

triturada grosseiramente demonstrando se a coleta monda secagem e

trituraccedilatildeo foram realizadas a contento sem o risco de contaminaccedilatildeo com outras

espeacutecies

- Determinaccedilatildeo de resiacuteduos de pesticidas para monitorar a forma de realizaccedilatildeo

do controle de pestes atraveacutes da identificaccedilatildeo e dosagem de pesticidas

- Determinaccedilatildeo da presenccedila de arsecircnio e metais pesados como componentes

que satildeo responsaacuteveis por intoxicaccedilotildees e por incompatibilidades nas

preparaccedilotildees liacutequidas de fitoteraacutepicos

- Determinaccedilatildeo da quantidade de microrganismos viaacuteveis atraveacutes da contagem

em placa a de diluiccedilotildees obtidas a partir do liacutequido de lavagem das drogas

evidenciando o grau de contaminaccedilatildeo e a possiacutevel e indesejaacutevel presenccedila de

microrganismos potencialmente patogecircnicos

Garantia de Qualidade

Na produccedilatildeo de fitoteraacutepicos do mesmo modo como ocorre com qualquer outro

medicamento natildeo pode negligenciar qualquer procedimento que possa conduzir

a diminuiccedilatildeo da qualidade do produto final A qualidade se reflete na

reprodutibilidade da qualidade do produto avaliada em laboratoacuterio e no

acompanhamento da sua eficaacutecia terapecircutica e seguranccedila Isto soacute pode ser

conseguido quando para cada forma farmacecircutica de fitoteraacutepico forem

registradas as operaccedilotildees farmacecircuticas que devem ser seguidas agrave risca suas

medidas de controle e definiccedilatildeo das responsabilidades para cada uma das

etapas do processamento

Apenas como ilustraccedilatildeo tomemos como exemplo a produccedilatildeo da tintura de

Alecrim-pimenta (Lippia sidoides Cham) O iniacutecio da preocupaccedilatildeo com a

qualidade se daacute com a seguranccedila de que a espeacutecie cultivada seja realmente

aquela que se deve coletar e em seguida em coletar a parte que realmente

deve ser utilizada e de plantas com aspecto saudaacutevel de desenvolvimento para

a qual as condiccedilotildees de cultivo tenham se apresentado como satisfatoacuterias A

monda que se segue agrave coleta retirando as partes improacuteprias agrave preparaccedilatildeo do

fitoteraacutepico daacute continuidade ao passo anterior na busca de alcanccedilar a qualidade

desejada O processo de dessecaccedilatildeo ocorrendo agrave sombra e agrave temperatura

ambiente preservando os constituintes quiacutemicos ativos e diminuindo a

influecircncia da umidade da planta sobre a sua qualidade e a da soluccedilatildeo extrativa

a ser obtida faz com que a droga obtida possa ser utilizada como mateacuteria-prima

para a obtenccedilatildeo de medicamento O cuidadoso processo de trituraccedilatildeo sem

elevar a temperatura durante o processo e reduzindo a perda de poacute para o

ambiente tambeacutem representa um processo que deve ser realizado com a

devida atenccedilatildeo Depois disso a droga seca e triturada deve ser armazenada

em condiccedilotildees que preservem sua qualidade pelo tempo necessaacuterio ateacute sua

utilizaccedilatildeo com as devidas inscriccedilotildees que atestem sua fonte data de coleta e de

processamento e respectivos responsaacuteveis

A preparaccedilatildeo da soluccedilatildeo hidro-alcooacutelica que seraacute utilizada no processo extrativo

tambeacutem deve ser realizada com bastante cuidado pois a mateacuteria-prima deve

apresentar a qualidade compatiacutevel com sua utilizaccedilatildeo para a produccedilatildeo de

medicamentos aacutegua purificada e aacutelcool farmacecircutico Deve-se observar a

legislaccedilatildeo atual sobre aacutelcool que exige a desnaturaccedilatildeo do aacutelcool

comercializado em farmaacutecias e supermercados e assim natildeo deve servir como

excipiente farmacecircutico Enfim todos os processos interferem com a qualidade

do produto final a ser obtido e devem ser realizados corretamente e as

operaccedilotildees registradas em documento proacuteprio buscando a rastreabilidade de

cada lote de cada produto

Outra etapa da garantia da qualidade essencial para sua implantaccedilatildeo eacute a

validaccedilatildeo de equipamentos e de processos que busca uma evidecircncia

documentada de que os mesmos cumprem satisfatoriamente sua finalidade

quando utilizados ou realizados corretamente

Estas evidecircncias devem ser conseguidas antes mesmo de se iniciar a utilizaccedilatildeo

das instalaccedilotildees para produccedilatildeo de medicamentos Naqueles jaacute em

funcionamento a validaccedilatildeo pode ser realizada atraveacutes da documentaccedilatildeo da

produccedilatildeo passada ou seja uma validaccedilatildeo retrospectiva

Para a produccedilatildeo de medicamentos em pequena escala que natildeo venha a

caracterizar uma produccedilatildeo industrial deve-se buscar a adequaccedilatildeo das

condiccedilotildees de produccedilatildeo armazenamento e dispensaccedilatildeo do produto atraveacutes da

Resoluccedilatildeo RDC ndeg 33 de abril de 2000 que descreve os criteacuterios de Boas

Praacuteticas de Manipulaccedilatildeo

Para a produccedilatildeo industrial de medicamentos a legislaccedilatildeo que trata das Boas

Praacuteticas de Fabricaccedilatildeo e Garantia de Qualidade eacute a Resoluccedilatildeo RDC ndeg 210 de

04 de agosto de 2003 As especificaccedilotildees legais da legislaccedilatildeo sanitaacuteria

brasileira e de outros paiacuteses para materiais vegetais devem incluir tanto quanto

possiacutevel o seguinte

- Nome botacircnico c om referecircncia aos autores

- Detalhes da fonte da planta (paiacutes ou regiatildeo de origem cultivo eacutepoca da

colheita procedimentos de colheita possiacuteveis pesticidas utilizados etc)

- Descriccedilatildeo do material vegetal inspeccedilatildeo visual macro eou microscoacutepica

- Testes de identificaccedilatildeo apropriados incluindo quando convenientes testes de

identificaccedilatildeo para ingredientes ativos conhecidos ou marcadores

- Ensaios quando convenientes dos constituintes de atividade terapecircutica ou

marcadores

- Meacutetodos apropriados para determinaccedilatildeo de possiacuteveis contaminaccedilotildees por

pesticidas e os limites aceitos

- Testes para metais pesados e contaminantes semelhantes materiais

estranhos e adulterantes

- Testes para radiaccedilatildeo aflatoxinas e contaminaccedilatildeo microbiana

Qualquer tratamento usado para reduzir contaminaccedilotildees focircnicas e microbianas

ou outras infestaccedilotildees devem ser documentadas Instrumentos para tais

procedimentos devem ser acessiacuteveis e devem incluir detalhes dos processos

testes e limites residuais

Para a realidade do programa Farmaacutecias-Vivas onde natildeo satildeo utilizados

pesticidas as plantas satildeo cultivadas no local proacuteximo de onde ocorre a

produccedilatildeo do medicamento ou satildeo de origem na mesma regiatildeo e satildeo

processadas logo apoacutes a coleta satildeo feitas exigecircncias menores que as

estabelecidas para maiores escalas de produccedilatildeo Nem assim devemos deixar

de registrar todas as operaccedilotildees realizadas com a droga desde o seu cultivo ateacute

a dispensaccedilatildeo do produto fitoteraacutepico

Dispensaccedilatildeo

Estivemos sempre discorrendo sobre qualidade do produto a ser obtido desde

o cultivo da espeacutecie correta da coleta da parte usada e o seu processamento

mantendo intactos os princiacutepios ativos Conhecemos os motivos que levam a

toda esta preocupaccedilatildeo com a qualidade a responsabilidade do profissional que

o produz e a eficaacutecia e a seguranccedila necessaacuterias para o paciente que o utiliza

Portanto resta-nos dispensar o fitoteraacutepico para que este apresente estas

caracteriacutesticas trans formando o paciente num parceiro consciente do seu

papel no uso cor reto deste recurso terapecircutico

O resgate das praacuteticas populares agora respaldadas pelos estudos cientiacuteficos

seacuterios que atestam a eficaacutecia e seguranccedila das espeacutecies utilizadas no programa

Farmaacutecias-Vivas pode ser abordado no momento da dispensaccedilatildeo do

medicamento ou atraveacutes de apresentaccedilotildees coletivas organizadas e realizadas

pelo Farmacecircutico Alguns cuidados merecem ser observados para natildeo se

incorrer em riscos desnecessaacuterios

- Natildeo referendar o uso de plantas cujo estudo cientiacutefico natildeo tenha apresentado

dados sobre sua eficaacutecia e seguranccedila

- Natildeo recomendar o uso de qualquer planta medicinal para o tratamento de

doenccedilas sem a devida recomendaccedilatildeo meacutedica especializada ou natildeo

- Natildeo recomendar a utilizaccedilatildeo de planta que nos seja desconhecida tanto no

aspecto teoacuterico quanto praacutetico

- Natildeo sugerir a utilizaccedilatildeo de quaisquer praacuteticas com ou sem uso de plantas

medicinais que possa representar um risco potencial ou real de dano fetal

Para nos resguardarmos de quaisquer erros precisamos nos manter atualizados

quanto aos benefiacutecios e riscos da utilizaccedilatildeo das espeacutecies medicinais com as

quais trabalhamos dada agrave impossibilidade de conhecer todas as demais Os

dados obtidos durante a dispensaccedilatildeo e acompanhamento dos pacientes aleacutem

daqueles obtidos durante os ensaios controlados de toxicologia e farmacologia

cliacutenica forneceratildeo a necessaacuteria seguranccedila para realizarmos a dispensaccedilatildeo e

cada vez mais desfazermos o mito do natural ser inoacutecuo

Como exemplo da relaccedilatildeo risco x benefiacutecio de uma preparaccedilatildeo fitoteraacutepica

apresentamos as seguintes informaccedilotildees sobre o Elixir de Aroeira que em

muitos aspectos natildeo houve a quantificaccedilatildeo da intensidade dos efeitos beneacuteficos

nem adversos nem de interaccedilotildees

Forma Medicamento Fitoteraacutepico- Caacutepsula ESPINHEIRA SANTA Maytenus ilicifolia Celastraceae

Medicamento fitoteraacutepico

Parte utilizada Folhas

Nomenclatura popularEspinheira santa cancerosa cancorosa-de-sete-espinhos cancrosa

espinheira-divina espinho-de-Deus maiteno erva-cancrosa erva-santa

ApresentaccedilotildeesCaacutepsula dura - Extrato seco das folhas de Maytenus ilicifolia 380 mg -

Embalagem com 3 bliacutesters contendo 15 caacutepsulas cada

Via oral

Uso adulto

Composiccedilatildeo

Cada caacutepsula conteacutem

Extrato seco de Maytenus ilicifolia380 mg

Excipiente qsp 1 caacutepsula (amido)

equivalente a 133 mg de taninos totais

Informaccedilotildees ao pacientePara que este medicamento eacute indicado

Espinheira Santa eacute indicada para o tratamento da maacute digestatildeo e como

coadjuvante no tratamento de uacutelcera do estocircmago e duodeno

Como este medicamento funciona

Espinheira Santa atua como regulador das funccedilotildees estomacais e promove a

proteccedilatildeo da mucosa gaacutestrica

Quando natildeo devo usar este medicamentobull O medicamento deve ser evitado por menores de 12 anos de idade devido agrave

falta de estudos disponiacuteveis

bull Lactaccedilatildeo e gravidez visto que pode diminuir a secreccedilatildeo de leite e pode

provocar contraccedilotildees uterinas

bull Hipersensibilidade (alergia) a qualquer um dos componentes da foacutermula ou a

outras plantas da famiacutelia Celastraceae

O que devo saber antes de usar este medicamentoPrecauccedilotildees e advertecircncias

bull De acordo com a categoria de risco de faacutermacos destinados agraves mulheres

graacutevidas este medicamento apresenta categoria de risco C Este medicamento

natildeo deve ser utilizado por mulheres graacutevidas sem orientaccedilatildeo meacutedica ou do

cirurgiatildeo dentista

Interaccedilotildees medicamentosas

bull A administraccedilatildeo concomitante de M ilicifolia com bebidas alcooacutelicas e outros

medicamentos natildeo eacute recomendada pois natildeo existem estudos disponiacuteveis

sobre as interaccedilotildees medicamentosas deste fitoteraacutepico

Informe seu meacutedico ou cirurgiatildeo-dentista se vocecirc estaacute fazendo uso de algum

outro medicamento

Onde como e por quanto tempo posso guardar este medicamentoCuidados de conservaccedilatildeo

Espinheira Santa deve ser conservada em temperatura ambiente (entre 15 e

30ordmC) em sua embalagem original Proteger da luz e da umidade

Prazo de validade24 meses apoacutes a data de fabricaccedilatildeo impressa no cartucho

Nuacutemero de lote e datas de fabricaccedilatildeo e validade vide embalagem

Natildeo use medicamento com o prazo de validade vencido

Guarde-o em sua embalagem original

Caracteriacutesticas fiacutesicasCaacutepsulas gelatinosas duras de cor creme

Caracteriacutesticas organoleacutepticas

Cheiro (odor) caracteriacutestico e praticamente natildeo apresenta sabor

Antes de usar observe o aspecto do medicamento Caso ele esteja no prazo

de validade e vocecirc observe alguma mudanccedila no aspecto consulte o

farmacecircutico para saber se poderaacute utilizaacute-lo

Todo medicamento deve ser mantido fora do alcance das crianccedilas

Como devo usar este medicamentoModo de usar

As caacutepsulas devem ser ingeridas inteiras e com uma quantidade suficiente de

aacutegua para que possam ser deglutidas

Posologia

Ingerir duas caacutepsulas via oral trecircs vezes ao dia de oito em oito horas

Siga corretamente o modo de usar Em caso de duacutevidas sobre este

medicamento procure orientaccedilatildeo do farmacecircutico Natildeo desaparecendo os

sintomas procure orientaccedilatildeo de seu meacutedico ou cirurgiatildeo-dentista

Este medicamento natildeo deve ser partido aberto ou mastigado

O que devo fazer quando eu me esquecer de usar este medicamentoCaso haja esquecimento da ingestatildeo de uma dose deste medicamento

retomar a posologia prescrita sem a necessidade de suplementaccedilatildeo

Em caso de duacutevidas procure orientaccedilatildeo do farmacecircutico ou de seu meacutedico ou

do cirurgiatildeo-dentista

Que males este medicamento pode causarReaccedilotildees adversas

Ateacute o momento natildeo foram relatadas reaccedilotildees adversas graves ou que coloquem

em risco a sauacutede dos pacientes

Raramente podem ocorrer casos de hipersensibilidade Neste caso suspender

o uso e procurar orientaccedilatildeo meacutedica

Informe seu meacutedico cirurgiatildeo-dentista ou farmacecircutico do aparecimento de

reaccedilotildees indesejaacuteveis pelo uso do medicamento

Induacutestria Brasileira

Esta bula foi atualizada conforme Bula Padratildeo aprovada pela Anvisa em

12012011

Farmacecircutica resp Dra (Nome )

CRF-PR nordm XXXX Coacuted XXXXX - 012011

Informe tambeacutem agrave empresa atraveacutes do seu Serviccedilo de

Atendimento ao Consumidor

O que fazer se algueacutem usar uma quantidade maior do que a indicada deste medicamentoPlantas ricas em taninos como a M ilicifolia quando usadas em doses

excessivas podem causar irritaccedilatildeo da mucosa gaacutestrica e intestinal gerando

vocircmitos coacutelicas intestinais e diarreia

Em caso de super dosagem suspender o uso e procurar orientaccedilatildeo meacutedica de

imediato Em caso de uso de grande quantidade deste medicamento procure

rapidamente socorro meacutedico e leve a embalagem ou bula do medicamento se

possiacutevel Siga corretamente o modo de usar natildeo desaparecendo os sintomas

procure orientaccedilatildeo meacutedica

Conclusatildeo

A espinheira-santa (M ilicifolia) eacute um fitoteraacutepico de relevante accedilatildeo terapecircutica

principalmente antiulcerogecircnica dada sua eficaacutecia farmacoloacutegica e seguranccedila

Vale lembrar que por ausecircncia de estudos ela natildeo eacute recomenda para crianccedilas

e natildeo deve ser usada por gestantes pois estudos em camundongos (fecircmeas e

graacutevidas) indicaram um decreacutescimo significativo do nuacutemero de embriotildees aleacutem

de possuir atividade estrogecircnica que pode interferir na receptividade uterina do

embriatildeo Entre suas atividades farmacoloacutegicas destaca-se a atividade

antiulcerogecircnica que pode ser comparada agrave accedilatildeo da ranitidina e da cimetidina

Por ser morfologicamente parecida com as espeacutecies S bonplandii e Z ilicifolia

ela eacute comumente confundida e ateacute mesmo trocada intencionalmente

A utilizaccedilatildeo de maneira errocircnea das espeacutecies botacircnicas que natildeo satildeo a

verdadeira espinheira-santa (M ilicifolia) pode acarretar danos agrave sauacutede dos

pacientes Assim conclui-se que essas espeacutecies conhecidas como

adulterantes podem trazer malefiacutecios pois ainda faltam estudos que

comprovem suas atividades farmacoloacutegicas e principalmente a seguranccedila

terapecircutica Poreacutem natildeo se deve descartar o uso dessas espeacutecies e sim

realizar estudos mais concretos para que essas plantas assim como a

verdadeira espinheira-santa possam auxiliar no tratamento farmacoloacutegico da

populaccedilatildeo

Referecircncias Bibliograacuteficas

Ralph Santos-Oliveira Simone Coulaud-Cunha Waldeciro Colaccedilo

Revisatildeo da Maytenus ilicifolia Mart ex Reissek Celastraceae

Contribuiccedilatildeo ao estudo das propriedades farmacoloacutegicas Rev Bras

Farmacogn Braz J Pharmacogn 19(2B) AbrJun 2009

Wilker Marlon de Moraes Jesus Tarciacutesio Neves da Cunha Estudo das

propriedades farmacoloacutegicas da espinheira-santa (Maytenus ilicifolia

Mart ex Reissek) e de duas espeacutecies adulterantes Revista Sauacutede e

Desenvolvimento vol ndash nordm 1 Jan ndash Jun 2012

MARIOT MP1 BARBIERI RL2 Engenheiro Agrocircnomo Dr prof do

Conjunto Agroteacutecnico ldquoVisconde da GraccedilardquoUniversidade Federal de

Pelotas (mariotufpeltchebr) ndash Av Ildefonso Simotildees Lopes 2791

Pelotas-RS CEP 96060-290 2Bioacuteloga Dr pesquisadora da Embrapa

Clima Temperado (barbiericpactembrapabr) ndash BR 392 km 78 caixa

postal 403 Pelotas-RS CEP 96001-970 (endereccedilo para

correspondecircncia) Metaboacutelitos secundaacuterios e propriedades medicinais da

espinheira-santa (Maytenus ilicifolia Mart ex Reiss e M aquifolium

Mart)

CARLINI EA Braz S Efeito protetor do liofilizado obtido do abafado de

Maytenus Sp (espinheira-santa) contra uacutelcera gaacutestrica experimental em

ratos In Estudo da accedilatildeo antiuacutelcera gaacutestrica de plantas brasileiras

(Maytenus ilicifolia) Espinheira santa e outras Brasiacutelia CEMEAFIP

1988 p21-35MACAUBAS CIP et al Estudo da eventual accedilatildeo

antiuacutelcera gaacutestrica do baacutelsamo (Sedum sp) folha da fortuna

(Bryophyllum calcium) couve (Brassica oleraceae) e da Espinheira

santa (Maytenus ilicifolia) em ratos In Estudo da accedilatildeo antiuacutelcera

gaacutestrica de plantas brasileiras (Maytenus ilicifolia) Espinheira santa e

outras Brasiacutelia CEMEAFIP 1988 p 5-20

Olivia Werner Oliveira Pedro Ros Petrovick Secagem por aspersatildeo

(spray drying) de extratos vegetais bases e aplicaccedilotildees Revista

Brasileira de Farmacognosia Brazilian Journal of Pharmacognosy 20(4)

641-650 AgoSet 2010

Marianne Christina Scheffer Capitulo 17 Produccedilatildeo de espinheira-santa

(Maytenus ilicifolia Mart ex Reiss) na regiatildeo metropolitana de Curitiba

Paranaacute Brasil

Said gonccedilalves da cruz fonsacircca Farmacoteacutecnica de Fitoteraacutepicos2005

muito importante devido ao alto custo das anaacutelises para determinar e

quantificar metaboacutelitos secundaacuterios com potencial farmacoloacutegico como as que

envolvem cromatografia Em espinheira-santa a morfologia foliar estaacute

relacionada com os tipos e a concentraccedilatildeo de triterpenos (Buffa Filho et al

2002) portanto se for identificada correlaccedilatildeo entre estes caracteres a seleccedilatildeo

indireta atraveacutes da morfologia foliar pode vir a ser uma boa estrateacutegia de

seleccedilatildeo

11 Etapas do processo de secagem por aspersatildeoO processo de secagem por aspersatildeo consiste de trecircs etapas fundamentais

Na primeira fase o fluiacutedo eacute disperso como gotiacuteculas produzindo uma grande

aacuterea superficial Na segunda ocorre contato destas com uma corrente de ar

aquecido havendo transferecircncia de calor

Na terceira etapa acontece a evaporaccedilatildeo do solvente e a formaccedilatildeo da partiacutecula soacutelida

121 Ilustraccedilatildeo da Planta Espinheira- Santa

Com a transferecircncia de calor do ar aquecido agraves gotiacuteculas o liacutequido da

superfiacutecie evapora-se rapidamente As partiacuteculas solidificadas geralmente

apresentam o mesmo tamanho e forma da gotiacutecula que as originou Na uacuteltima

etapa o produto de secagem eacute transportado por uma corrente de ar sendo

posteriormente coletado (Broadhead et al 1992 Shaw 1997 Rankell et al

2001) A evaporaccedilatildeo superficial da gotiacutecula conduz agrave formaccedilatildeo de uma

camada de material seco externa Atraveacutes desta camada o liacutequido situado no

interior da gotiacutecula propaga-se para o exterior Dependendo da elasticidade e

da permeabilidade da crosta seratildeo produzidos distintos materiais secos como

esferas intactas com superfiacutecie imperfeita ou fragmentada soacutelidas ou ocas

(Rankell et al 2001) A Figura 2 apresenta foto micrografias de dois extratos

diferentes de Maytenus ilicifolia secos por spray drying com disco giratoacuterio em

torre de secagem por aspersatildeo Os extratos foram produzidos da mesma

maneira utilizando temperatura de entrada de 180 degC velocidade do aspersor

de 9500 rpm e 30 de Aerosil (Oliveira 2008)

12 Fatores que influenciam o processoUm das respostas mais relevantes afetada pelas condiccedilotildees de operaccedilatildeo do

processo eacute a qualidade do produto resultante As variaacuteveis devem ser

controladas visando agrave obtenccedilatildeo de rendimento e de teor de umidade

adequados estabilidade quiacutemica minimizaccedilatildeo da aderecircncia de partiacuteculas na

cacircmara de secagem (sticking) e caracteriacutesticas tecnoloacutegicas especiacuteficas As

propriedades do produto satildeo normalmente determinadas pelos fatores

relacionados agraves caracteriacutesticas do material de entrada e do processamento

isto eacute paracircmetros de operaccedilatildeo e equipamento (Quadro 1)

131 Influecircncia do material de entradaEntre os fatores relacionados agraves caracteriacutesticas do material de entrada o uso

de adjuvantes na teacutecnica de secagem por aspersatildeo eacute uma praacutetica muito

comum Satildeo utilizados como adjuvantes neste processo amido ciclodextrinas

dioacutexido de siliacutecio coloidal fosfato tricaacutelcico gelatina goma araacutebica lactose

maltodextrina entre outros (Vasconcelos et al 2005 Silva Juacutenior et al 2006)

Para a secagem de extratos derivados de plantas a seleccedilatildeo e o uso adequado

de adjuvantes no processo de spray drying eacute uma fase de fundamental

importacircncia visto que determina a estabilidade e a qualidade dos mesmos

podendo inclusive afetar as caracteriacutesticas de biodisponibilidade

13 Atividades farmacoloacutegicas da espinheira-santa A espinheira-santa (M ilicifolia) eacute uma planta que possui atividades

farmacoloacutegicas comprovadas entre elas a atividade antiulcerogecircnica Essas

atividades estatildeo ligadas a substacircncias quiacutemicas que satildeo os polifenoacuteis

(flavonoides e taninos) e os triterpenos Haacute fatores como a composiccedilatildeo quiacutemica

do solo onde essa planta estaacute sendo cultivado o local de plantio a teacutecnica de

colheita a secagem da planta e o processamento poacutes-colheita que influenciam

diretamente nos teores de princiacutepio ativo da planta podendo assim gerar

variaccedilotildees das atividades farmacoloacutegicas (NEGRI 2007)

141 Atividade gaacutestricaDe acordo com alguns estudos (Carlini amp Frochtengerten 1988 Ming et al

1998 Coulaud- Cunha et al 2004 Carvalho et al 2008) a M ilicifolia

apresenta accedilatildeo contra uacutelcera peacuteptica e gastrite Coulaud- Cunha et al (2004)

relatam que a accedilatildeo da M ilicifolia na uacutelcera peacuteptica e gastrite envolve mais de

um mecanismo de accedilatildeo ainda natildeo conclusivamente elucidados e natildeo se deve

somente a um principio ativo especifico mas a diferentes fitocomplexos Foi

demonstrado por Pereira et al (1993) e por Ming et al (1998) que tanto os

taninos principalmente a epigalocatequina quanto os oacuteleos essenciais em

especial o fridenelol satildeo responsaacuteveis por parte dos efeitos gastroprotetores

Carlini amp Frochtengarten (1988) por sua vez em estudos realizados com o

abafado da M ilicifolia relatam que quanto maior o tempo do tratamento maior

seraacute a gastroproteccedilatildeo sem entretanto haver alteraccedilotildees no pH Tal observaccedilatildeo

pode ser confirmada por Ferreira et al (2004) que em estudos com extrato

aquoso liofilizado das folhas de M ilicifolia em sapos comprovou que esse

possui efeito inibitoacuterio sobre os mediadores H2 da histamina nas ceacutelulas

parietais esses segundo Gilman (1989) quando estimulados causam a

ativaccedilatildeo da adenililciclase iniciando uma seacuterie de alteraccedilotildees morfoloacutegicas e

bioquiacutemicas complexas que leva ao aumento da secreccedilatildeo gaacutestrica

funcionando como um antagonista H2 aleacutem de inibir o efeito da gastrina Foi

demonstrado ainda que tanto a epigalocatequina (tanino) quanto o fridenelol

(oacuteleo essencial) satildeo responsaacuteveis por parte do efeito protetor da mucosa

gaacutestrica (Pereira et al 1993 Ming et al 1998)

142 Atividade antiulcerogecircnicaSegundo Sousa-Formigoni et al (1991) foi comprovada a atividade

antiulcerogecircnica da espinheira-santa (M ilicifolia) por experimentos feitos em

ratos nos quais os animais foram induzidos a terem uacutelceras gaacutestricas por meio

de indometacina e por estresse quando estes foram submetidos a baixas

temperaturas e por serem imobilizados Apoacutes a aplicaccedilatildeo de um extrato

liofilizado de espinheira-santa houve uma reduccedilatildeo do nuacutemero de uacutelceras e um

aumento do volume e pH da secreccedilatildeo gaacutestrica

Em estudos de mecanismos celulares e moleculares da accedilatildeo de produtos

naturais com o isolamento de substacircncias bioativas da M ilicifolia

responsaacuteveis pela accedilatildeo antissecretora aacutecida gaacutestrica os resultados obtidos

confirmam essas accedilotildees Foram utilizados nesses experimentos extratos

aquosos das partes aeacutereas da planta e os princiacutepios ativos tecircm funccedilatildeo de

inibidores da bomba de proacutetons etapa final comum das vias reguladoras da

secreccedilatildeo aacutecida gaacutestrica (BOSSOLANI 2000)

143 Atividade antimicrobianaEstudos pioneiros como o de Lima et al (1969) jaacute demonstravam que a

maitenina exibe forte atividade antimicrobiana contra vaacuterias bacteacuterias Gram

positivas Tais efeitos foram corroborados com a demonstraccedilatildeo que os extratos

das folhas e raiacutezes tecircm efeito antimicrobiano para vaacuterios patoacutegenos dentre

eles Staphylococcus aureus e Streptococcus sp

144 Atividade sobre o Sistema Nervoso CentralSegundo Alonso (1998) o extrato de M ilicifolia possui atividade sedativa que

potencializa (efeito sineacutergico) o sono por barbituacutericos em camundongos

145 Atividades abortiva e sobre a espermatogecircnese

De acordo com Montanari et al (1998) o extrato etanoacutelico de M Ilicifolia

quando administrado em altas doses em camundongos suiacuteccedilos apesar de

causar leves alteraccedilotildees como ceacutelulas germinativas imaturas esfoliadas mortes

celulares ocasionais aumento de gotiacuteculas lipiacutedicas em ceacutelulas de Sertoli e

inchamento de acrossomas entre outras natildeo foi suficiente para acarretar

danos agrave espermatogecircnese

Jaacute em testes realizados em camundongos (fecircmeas e graacutevidas) administrando-

se oralmente extrato hidroalcooacutelico (70) de folhas de espinheira-santa (M

ilicifolia) observou-se um decreacutescimo significativo do nuacutemero de embriotildees

indicando uma perda embrionaacuteria antes do periacuteodo de implantaccedilatildeo Poreacutem

natildeo houve maacute-formaccedilatildeo ou mortes fetais depois do periacuteodo de implantaccedilatildeo

Esse extrato possui atividade estrogecircnica que pode interferir na receptividade

uterina ao embriatildeo (MONTANARI BEVILAQUA 2002)

146 Atividades antimutagecircnica e anticanceriacutegenaConforme Horn e Vargas (2003) o extrato aquoso de M ilicifolia foi eficaz em

aproximadamente 75 das doses testadas exibindo boas respostas

antimutagecircnicas ou um decreacutescimo sugestivo Em estudos realizados por

Queiroga et al (2007) foi avaliada a fraccedilatildeo ativa antiulcerogecircnica da M

ilicifolia na atividade anticanceriacutegena apresentando resultados citostaacuteticos

satisfatoacuterios De acordo com Itokawa et al (1993) o composto pristimerina foi o

mais eficiente na accedilatildeo citotoacutexica podendo ser uacutetil no tratamento de tumores

147 Atividade antioxidante e otoprotetoraDe acordo com Mattei e Carlini (1998) um extrato aquoso liofilizado de

espinheira-santa (M ilicifolia) foi testado in vitro em homogenato de ceacuterebro de

ratos e exerceu uma importante atividade antioxidante inibindo o processo de

lipoperoxidaccedilatildeo

Usando-se extrato etanoacutelico de M ilicifolia foi confirmado que a casca da raiz

tem um poder antioxidante pelo fato de possuir em sua base compostos com a

capacidade sequestradora de radicais livres (VELLOSA et al 2006)

Conforme Santos et al (2010) foram comprovadas propriedades antioxidantes

dos extratos brutos e de componentes individuais de M Ilicifolia por possiacuteveis

associaccedilotildees sineacutergicas de substacircncias fenoacutelicas e triterpenos

quinonametiacutedeos comparados agrave rutina como composto fenoacutelico modelo

De acordo Kasse et al (2008) foi realizado um estudo com ratos (fecircmeas) em

que esses animais foram submetidos agrave substacircncia cisplatina e posteriormente

tratados com extrato de M ilicifolia para avaliar a atividade otoprotetora da

planta Foram realizados e avaliados os exames de emissotildees otoacuacutesticas por

produtos de distorccedilatildeo por potencial de tronco encefaacutelico antes e depois de

administraccedilatildeo de cisplatina e por fim por microscopia eletrocircnica de varredura

Os resultados mostraram que apesar de apresentar atividades antioxidantes a

M ilicifolia foi incapaz de bloquear o efeito citotoacutexico do composto quiacutemico

administrado nas cobaias

Segundo Negri et al (2009) a atividade antioxidante do extrato etanoacutelico de M

ilicifolia estaacute intimamente ligada agrave sua temperatura de secagem Testes

realizados para avaliaccedilatildeo do poder antioxidante os quais foram os meacutetodos de

formaccedilatildeo de complexo com fosfomolibdecircnio e atividade antioxidante em

relaccedilatildeo agrave reduccedilatildeo de um radical utilizando-se o DPPH (22-difenil-1-

picnilhidrazila) em que foram levadas em consideraccedilatildeo diferentes

temperaturas usualmente utilizadas para secagem (40 50 60 70 e 80˚C)

demostraram melhor atividade antioxidante na temperatura de 40˚C e

gradativamente quanto maior a temperatura realizada nos testes menor o

poder antioxidante Por fim o estudo mostrou a importacircncia do controle de

temperatura para a melhor efetividade nesse quesito da planta

Em estudos de Pessuto et al (2009) foram avaliados extratos e compostos

isolados de M Ilicifolia em relaccedilatildeo agrave capacidade antioxidante Os extratos

brutos e semipurificados foram estudados por meio de ensaios de

fosfomolibdecircnio (complexo) e de DPPH (22-difenil-1-picnilhidrazila) nos quais

os resultados mostraram que a fraccedilatildeo com acetato de etila teve melhor

capacidade antioxidante em relaccedilatildeo ao extrato bruto e fraccedilatildeo aquosa

possivelmente por conter maior nuacutemero de hidroxilas fenoacutelicas (pela

capacidade de sequestro dos radicais livres) e tambeacutem em relaccedilatildeo agraves

substacircncias trolox e vitamina C

148 Atividades antinociceptiva e anti-inflamatoacuteria De acordo com Nakamura et al (1994) o extrato etanoacutelico de folhas de M

ilicifolia conteacutem uma fraccedilatildeo de quercetina-3-O-glicosiacutedeo e essa substacircncia

quiacutemica foi avaliada pelo teste de aacutecido aceacutetico e formalina em ratos obtendo-

se resultados satisfatoacuterios para atividades analgeacutesicas e anti-inflamatoacuterias

Por meio de testes realizados em camundongos e ratos foi provocado um

edema nas patas desses animais por meio de injeccedilatildeo de 002 ml de

formaldeiacutedo (soluccedilatildeo a 092) utilizando-se como controle soluccedilatildeo salino

Apoacutes 120 minutos foi aplicado extrato hexacircnico e acetato de etila das folhas

(M ilicifolia) administrados por via oral nas doses de 80 160 320 e 340 mgkg

Os animais foram sacrificados apoacutes 4 horas Em um segundo ensaio foi

administrada por injeccedilatildeo soluccedilatildeo de carragenina a 1 e os extratos da planta

foram dados por via oral nas doses de 80 160 320 e 340 mgkg Os resultados

obtidos mostraram uma atividade antinociceptiva para os dois extratos

principalmente nas doses de 320 e 340 mgkg sendo esse teste importante

para uma alternativa cliacutenica na terapecircutica anti-inflamatoacuteria e antiulcerogecircnica

(JORGE et al 2004)

14 Toxicidade efeitos adversos e contraindicaccedilatildeo da espinheira-santa

Foi realizado um estudo toxicoloacutegico com 24 voluntaacuterios sendo 12 homens e

12 mulheres de 20 a 40 anos de idade selecionados previamente por meio de

avaliaccedilatildeo cliacutenica exames hematoloacutegicos e bioquiacutemicos e avaliaccedilatildeo

psicomotora com o objetivo de estabelecer um intervalo maacuteximo de seguranccedila

no uso de M ilicifolia As doses foram administradas de maneira crescente e

natildeo houve um grupo controle pois os exames iniciais foram considerados

como valores basais para efeito comparativo A dose inicial foi fixada em 100

mg por adulto sendo administradas doses subsequentes de 200 500 1000

1500 e 2000 mg com intervalos de uma semana para cada dose A anaacutelise dos

resultados revelou que natildeo houve efeitos significativos nos valores dos

principais paracircmetros hematoloacutegicos e bioquiacutemicos e tambeacutem natildeo foram

observadas alteraccedilotildees nas funccedilotildees hepaacuteticas pancreaacuteticas e renais

Hormocircnios lipiacutedeos glicose soacutedio potaacutessio caacutelcio e foacutesforo tambeacutem

mantiveram valores considerados normais (TABACH et al 2002)

Em relaccedilatildeo aos efeitos adversos a M ilicifolia natildeo possui algum que justifica a

interrupccedilatildeo do tratamento Entre os mais comuns destacam-se cefaleia

sonolecircncia boca seca naacuteuseas dor articular nas matildeos gosto estranho na

boca tremor nas matildeos cistite e poliuacuteria (TABACH et al 2002) Poreacutem

segundo Amaral et al (2005) natildeo eacute recomendado o uso pediaacutetrico pela

ausecircncia de testes Ensaios realizados em ratos mostraram perda embrionaacuteria

antes do periacuteodo de implantaccedilatildeo portanto essa planta natildeo eacute recomendada em

casos de gravidez (MONTANARI BIVILACQUA 2002)

De acordo com estudos realizados em camundongos o abafado de M ilicifolia

foi administrado nesses animais em doses ateacute 360 vezes maiores que a

utilizada pelo homem durante um periacuteodo de dois a trecircs meses Como

resultados natildeo houve mudanccedilas no peso comportamento temperatura

paracircmetros bioquiacutemicos e hematoloacutegicos desses animais (OLIVEIRA CARLINI

1988)

15 FarmacocineacuteticaO modelo da farmacocineacutetica da espinheira-santa eacute estudado por meio de seus

taninos natildeo condensados Epigalocatequina marcada foi administrada por via

oral sendo os picos plasmaacuteticos observados 60 min apoacutes a ingestatildeo Apoacutes

uma dose de 500 mgkg foram detectadas concentraccedilotildees tissulares de 123

mmol no plasma 484 mmol no fiacutegado e 565 mmol no intestino delgado

(Nakagawa amp Miyazawa 1997) Depois da administraccedilatildeo oral de

epigalocatequina-3-galato marcada com triacutetio a ratos cerca de 6 da dose eacute

eliminada na urina e 24 nas fezes nas primeiras 24 horas Uma segunda

dose dada duas horas apoacutes a primeira eleva em cerca de 4 a 6 vezes a

concentraccedilatildeo no plasma e em alguns tecidos Esses dados sugerem uma

meia-vida longa e eliminaccedilatildeo lenta da epigalocatequina-3-galato No final das

24 horas os animais foram sacrificados e essa substacircncia pocircde ser encontrada

no rim ceacuterebro fiacutegado pacircncreas intestino e ossos (Suganuma et al 1998)

Num outro estudo foi avaliada a afinidade da epigalocatequina-3-galato agraves

proteiacutenas do soro Apoacutes uma dose oral a ratos mais de 50 da

epigalocatequina-3-galato absorvida ligou-se agrave proteiacutena do plasma

especialmente a fibronectina o fibrinogecircnio e a HRGP( Histidin Rich

Glicoprotein) proteiacutena plasmaacutetica com 74 kdaltons cuja funccedilatildeo ainda eacute pouco

conhecida (Sazuka et al 1996)

16 PreparaccedilatildeoTendo sido reconhecida a espeacutecie com que se vai trabalhar torna-se

necessaacuterio que se disponha desta espeacutecie em quantidade suficiente para

atender a demanda relacionada a produccedilatildeo do fitoteraacutepico replicaccedilatildeo da

espeacutecie e respectivo controle de qualidade Par a atingir este objetivo a

espeacutecie deve ser cultivada na extensatildeo adequada ao fim que se propotildee tendo-

se aleacutem dos cuidados inerentes ao cultivo de qualquer espeacutecie vegetal a

precauccedilatildeo de nunca utilizar pesticidas ou agrotoacutexicos na aacuterea de cultivo Nos

parece claro que a opccedilatildeo pelo fitoteraacutepico deve vir acompanhada do desejo de

seguranccedila o que natildeo seria conseguido se fossem deixados resiacuteduos de

agrotoacutexicos ou de pesticidas na espeacutecie que iraacute ser usada como mateacuteria-prima

para a produccedilatildeo de medicamento Veja no item 24 os ensaios que devem ser

efetuados no sentido de identificar e quantificar a presenccedila destes e de outros

contaminantes

Dispondo-se entatildeo da espeacutecie vegetal botanicamente selecionada cultivada

sem o uso de agentes quiacutemicos contaminantes iremos seguir tantos passos

quantos sejam necessaacuterios para preparar a espeacutecie vegetal numa droga capaz

de ser armazenada e processada para resultar num preparado intermediaacuterio uacutetil

na preparaccedilatildeo de fitoteraacutepicos Estes passos podem ser enumerados como

sendo Coleta Monda Estabilizaccedilatildeo Secagem Trituraccedilatildeo e Armazenamento

A execuccedilatildeo e finalidade de cada um se acham descrito a seguir

A Coleta eacute realizada atraveacutes da retirada da parte usada da planta procurando

sempre o material mais saudaacutevel em completo desenvolvimento (a menos que

especificado em (contraacuterio como ocorre com a gema terminal de Psidium

guajava) e com o miacutenimo de contaminantes (poeira poluiccedilatildeo adubo insetos

colocircnia de microrganismos etc) A distribuiccedilatildeo de substacircncias

farmacologicamente ativas nas plantas medicinais natildeo se daacute de maneira

homogecircnea em toda a extensatildeo da planta Portanto eacute de se esperar que

apenas alguma parte de uma dada espeacutecie podem ser utilizadas com finalidade

terapecircutica

Atraveacutes de consulta agraves diversas farmacopeias e tratados sobre plantas

medicinais encontramos descriccedilotildees sobre a parte a ser usada de cada espeacutecie

medicinal Pode-se em alguns casos observar que diferentes partes de uma

mesma planta apresentam propriedades inteiramente diferentes como por

exemplo a Punica granam (romatildezeira) cujas cascas do caule satildeo teniacutefugas e

as cascas dos frutos tecircm propriedades anti-inflamatoacuteria e antibioacutetica Em outros

casos toda a planta pode ser utilizada com a mesma finalidade como a

Phylanthus niruri (quebra-pedra) Torna-se imperioso portanto que antes de

qualquer outra etapa da preparaccedilatildeo de uma forma farmacecircutica fitoteraacutepica se

conheccedila qual ou quais partes da espeacutecie escolhida pode ser utilizada

A coleta deve respeitar para cada espeacutecie o melhor periacuteodo correspondente

agravequele onde a espeacutecie apresenta maior teor em substacircncias ativas Tendo isto

em mente relacionamos a seguir orientaccedilotildees geneacutericas quanto ao periacuteodo de

coleta

Formas farmacecircuticas de fitoteraacutepicosPoacute

Eacute a forma farmacecircutica obtida apoacutes a secagem trituraccedilatildeo e tamisaccedilatildeo da

droga Segundo a sua finalidade devem apresentar a tenuidade adequada

conforme a tabela a seguir Pode ser dispensado para uso na preparaccedilatildeo de

chaacutes ou adicionado agrave alimentaccedilatildeo (leite sucos mel etc) O envase deve cuidar

para que natildeo haja absorccedilatildeo de umidade

Formas soacutelidas

Caacutepsulas

Eacute a forma farmacecircutica obtida pela deposiccedilatildeo ordenada da droga seca

triturada e tamisada em caacutepsulas gelatinosas duras ou pelo encapsulamento

de liacutequidos ou semissoacutelidos de natureza lipofiacutelica em caacutepsulas gelatinosas

moles O invoacutelucro rosa utilizado eacute geralmente de natureza proteica e satildeo

portanto incompatiacuteveis com drogas tacircnicas por exemplo Cuidado especial

deve ser tomado com a umidade temperatura e pressatildeo exercida sobre as

caacutepsulas durante o armazenamento e transporte Estes fatores podem levar a

desidrataccedilatildeo ou hidrataccedilatildeo das caacutepsulas que as tornam quebradiccedilas ou

deformadas e coladas Durante a preparaccedilatildeo das caacutepsulas deve-se cuidar para

que o peso das caacutepsulas obtidas seja o mais uniforme possiacutevel podendo-se

garantir isso pela pesagem da quantidade de poacute necessaacuteria para o enchimento

de um nuacutemero determinado de caacutepsulas

O enchimento das caacutepsulas ocorre na oficina farmacecircutica em tabuleiros

especiais constituiacutedos em acriacutelico PVC ou outro poliacutemero apresentando-se no

modelo mais simples apenas como uma base fixa que se encaixa a uma outra

moacutevel e perfurada que recebe o corpo das caacutepsulas sem as tampas A seguir

se distribui de forma homogecircnea a quantidade estipulada de poacute em todas as

caacutepsulas valendo-se de uma espaacutetula plaacutestica e de um dispositivo especial

para prensar o conteuacutedo no interior das caacutepsulas Finalizado o enchimento as

partes super oires (tampas) das caacutepsulas satildeo recolocadas fechando-as e

determina-se o peso meacutedio das mesmas embalando-as imediatamente

A capacidade das caacutepsulas eacute proporcional agrave densidade do poacute e ao tamanho

das caacutepsulas que eacute padronizado em 08 (oito) diferentes tipos listados a seguir

com as respectivas dimensotildees e capacidades em mililitros

Controle de Qualidade

Todas as etapas utilizadas durante o processamento da droga devem ser

monitoradas atraveacutes de ensaios que possam atestar a qualidade da mateacuteria-

prima dos produtos intermediaacuterios e do produto final acabado O objetivo final

tanto do processamento adequado quanto agrave avaliaccedilatildeo da qualidade eacute a

garantia de que o que estaacute sendo produzido na forma como ocorre o processo

produtivo estaacute conduzindo agrave obtenccedilatildeo de um produto com as caracteriacutesticas

necessaacuterias agrave utilizaccedilatildeo para o tratamento de doenccedilas

Droga

A avaliaccedilatildeo da qualidade da droga utilizada na obtenccedilatildeo de fitoteraacutepicos no

Programa Farmaacutecias-Vivas onde o cultivo das espeacutecies vegetais eacute efetuado

pelo laboratoacuterio fabricante do produto deve ser realizada sob os seguintes

aspectos

- Considerando que a droga a ser utilizada corresponde agrave espeacutecie vegetal

esperada conhece-se suas caracteriacutesticas macromorfoloacutegicas aleacutem das suas

caracteriacutesticas sensoriais constituindo a primeira avaliaccedilatildeo que eacute a identidade

da droga

- Determinaccedilatildeo da umidade da droga fresca que deve ser diferenciada de

perda por dessecaccedilatildeo pois outras substacircncias volaacuteteis aleacutem da aacutegua satildeo

evaporadas Pode ser determinada atraveacutes do ensaio volumeacutetrico de Karl

Fischer ou pelo ensaio gravimeacutetrico submetendo a droga a dessecaccedilatildeo em

temperatura ambiente em dessecador com siacutelica ou aacutecido sulfuacuterico

- Mesmo a droga morfologicamente normal pode natildeo apresentar seus

constituintes ativos na quantidade desejada sendo necessaacuterio que sejam

realizados ensaios de identificaccedilatildeo e quantificaccedilatildeo de ativos ou de marcadores

atraveacutes das mais diversas teacutecnicas gravimeacutetrica volumeacutetrica

espectrofotomeacutetrica cromatograacutefica etc

- Avaliaccedilatildeo da contaminaccedilatildeo microbiana da droga principalmente se a mesma

tiver de ser utilizada sem qualquer processamento posterior As drogas que

seratildeo transformadas em uma forma extrativa em soluccedilatildeo hidro-alcooacutelica pode

ter sua carga microbiana reduzida pelo efeito antisseacuteptico do solvente

Preparado Intermediaacuterio

As formas extrativas satildeo obtidas em condiccedilotildees que nem sempre conseguem

retirar a totalidade das substacircncias ativas soluacuteveis no solvente escolhido devido

a diversos fator ES como o tempo e temperatura de maceraccedilatildeo pH do

solvente distribuiccedilatildeo granulomeacutetrica da droga sua umidade residual teor de

substacircncias ativas e velocidade de percolaccedilatildeo Justifica-se entatildeo a

necessidade da realizaccedilatildeo de ensaios de avaliaccedilatildeo da qualidade das formas

extrativas incluindo avaliaccedilotildees fiacutesico-quiacutemicas como aparecircncia cor odor

solubilidade densidade pH e viscosidade avaliaccedilotildees quiacutemicas como o perfil

cromatograacutefico e dosagem das substacircncias ativas ou marcador e avaliaccedilatildeo

microbioloacutegica da quantidade de microrganismos viaacuteveis

Fitoteraacutepico

Independente da forma farmacecircutica final eacute necessaacuterio que sejam realizadas

avaliaccedilotildees na qualidade do produto final da mesma forma que eacute exigido para

os demais tipos de medicamentos Listamos a seguir os ensaios realizados

para cada forma farmacecircutica lembrando que devem ser acrescentados os

ensaios quiacutemicos e microbioloacutegicos

Prazo de Validade

Considerando a jaacute difiacutecil realizaccedilatildeo da avaliaccedilatildeo da qualidade das drogas

utilizadas na obtenccedilatildeo de fitoteraacutepicos pode-se compreender que o

acompanhamento do processo cineacutetico de degradaccedilatildeo dos constituintes do

medicamento natildeo eacute uma estar efe faacutecil No entanto esta avaliaccedilatildeo pode se dar

em diversos niacuteveis

- Avaliaccedilatildeo da estabilidade fiacutesica

Para cada tipo de forma farmacecircutica satildeo descritas as caracteriacutesticas tiacutepicas

como cor odor limpidez densidade viscosidade pH etc que observadas

para um mesmo lote ao longo do tempo de armazenamento forneceratildeo

informaccedilotildees sobre a integridade fiacutesica da formulaccedilatildeo

- Avaliaccedilatildeo da estabilidade quiacutemica

A utilizaccedilatildeo de recursos laboratoriais desde os mais simples ateacute os mais

sofisticados permitem o acompanhamento qualitativo eou quantitativo dos

princiacutepios ativos contidos no produto fitoteraacutepico Por exemplo atraveacutes do

ensaio limite de taninos por diluiccedilotildees sucessivas e adiccedilatildeo de cloreto feacuterrico

pode-se ter uma medida semi-quantitativa do teor destas substacircncias nas

preparaccedilotildees que o contenham Evoluindo a utilizaccedilatildeo de teacutecnica

cromatograacutefica em camada delgada sobre papel ou siacutelica permite a

determinaccedilatildeo do perfil cromatograacutefico para o produto de modo que possa ser

comparado com o obtido em lotes posteriores ou com o mesmo lote ao longo do

tempo de armazenamento

- Avaliaccedilatildeo da estabilidade microbioloacutegica

A verificaccedilatildeo do niacutevel de contaminaccedilatildeo microbiana numa preparaccedilatildeo

medicamentosa fornece informaccedilotildees sobre o niacutevel de higienizaccedilatildeo empregado

durante o processamento da droga ateacute a obtenccedilatildeo do medicamento A

observaccedilatildeo deste mesmo paracircmetro ao longo do tempo fornece informaccedilotildees

sobre a composiccedilatildeo conservante utilizada no produto e a forma de

armazenamento

Teacutecnicas Gerais

Os ensaios laboratoriais de avaliaccedilatildeo da qualidade da droga compreendem

basicamente

- Observaccedilatildeo macroscoacutepica e microscoacutepica da droga fresca e seca inteira e

triturada comparando com o descrito em farmacopeias ou com modelos

botanicamente certificados

- Determinaccedilatildeo de umidade na droga fresca e naquela seca e triturada

evidenciando a quantidade de aacutegua contida na droga receacutem-coletada na droga

s eca e a efetividade do processo de secagem utilizada

- Identificaccedilatildeo e dosagem de substacircncias ativas ou marcadores realizada na

droga seca e triturada onde atraveacutes do acompanhamento da evoluccedilatildeo ao

longo do tempo e o cruzamento dos dados entre os locais e condiccedilotildees de

cultivo seraacute possiacutevel a determinaccedilatildeo das condiccedilotildees ideais para a manutenccedilatildeo

da qualidade das espeacutecies vegetais

- Determinaccedilatildeo da quantidade de mateacuteria orgacircnica estranha na droga seca

triturada grosseiramente demonstrando se a coleta monda secagem e

trituraccedilatildeo foram realizadas a contento sem o risco de contaminaccedilatildeo com outras

espeacutecies

- Determinaccedilatildeo de resiacuteduos de pesticidas para monitorar a forma de realizaccedilatildeo

do controle de pestes atraveacutes da identificaccedilatildeo e dosagem de pesticidas

- Determinaccedilatildeo da presenccedila de arsecircnio e metais pesados como componentes

que satildeo responsaacuteveis por intoxicaccedilotildees e por incompatibilidades nas

preparaccedilotildees liacutequidas de fitoteraacutepicos

- Determinaccedilatildeo da quantidade de microrganismos viaacuteveis atraveacutes da contagem

em placa a de diluiccedilotildees obtidas a partir do liacutequido de lavagem das drogas

evidenciando o grau de contaminaccedilatildeo e a possiacutevel e indesejaacutevel presenccedila de

microrganismos potencialmente patogecircnicos

Garantia de Qualidade

Na produccedilatildeo de fitoteraacutepicos do mesmo modo como ocorre com qualquer outro

medicamento natildeo pode negligenciar qualquer procedimento que possa conduzir

a diminuiccedilatildeo da qualidade do produto final A qualidade se reflete na

reprodutibilidade da qualidade do produto avaliada em laboratoacuterio e no

acompanhamento da sua eficaacutecia terapecircutica e seguranccedila Isto soacute pode ser

conseguido quando para cada forma farmacecircutica de fitoteraacutepico forem

registradas as operaccedilotildees farmacecircuticas que devem ser seguidas agrave risca suas

medidas de controle e definiccedilatildeo das responsabilidades para cada uma das

etapas do processamento

Apenas como ilustraccedilatildeo tomemos como exemplo a produccedilatildeo da tintura de

Alecrim-pimenta (Lippia sidoides Cham) O iniacutecio da preocupaccedilatildeo com a

qualidade se daacute com a seguranccedila de que a espeacutecie cultivada seja realmente

aquela que se deve coletar e em seguida em coletar a parte que realmente

deve ser utilizada e de plantas com aspecto saudaacutevel de desenvolvimento para

a qual as condiccedilotildees de cultivo tenham se apresentado como satisfatoacuterias A

monda que se segue agrave coleta retirando as partes improacuteprias agrave preparaccedilatildeo do

fitoteraacutepico daacute continuidade ao passo anterior na busca de alcanccedilar a qualidade

desejada O processo de dessecaccedilatildeo ocorrendo agrave sombra e agrave temperatura

ambiente preservando os constituintes quiacutemicos ativos e diminuindo a

influecircncia da umidade da planta sobre a sua qualidade e a da soluccedilatildeo extrativa

a ser obtida faz com que a droga obtida possa ser utilizada como mateacuteria-prima

para a obtenccedilatildeo de medicamento O cuidadoso processo de trituraccedilatildeo sem

elevar a temperatura durante o processo e reduzindo a perda de poacute para o

ambiente tambeacutem representa um processo que deve ser realizado com a

devida atenccedilatildeo Depois disso a droga seca e triturada deve ser armazenada

em condiccedilotildees que preservem sua qualidade pelo tempo necessaacuterio ateacute sua

utilizaccedilatildeo com as devidas inscriccedilotildees que atestem sua fonte data de coleta e de

processamento e respectivos responsaacuteveis

A preparaccedilatildeo da soluccedilatildeo hidro-alcooacutelica que seraacute utilizada no processo extrativo

tambeacutem deve ser realizada com bastante cuidado pois a mateacuteria-prima deve

apresentar a qualidade compatiacutevel com sua utilizaccedilatildeo para a produccedilatildeo de

medicamentos aacutegua purificada e aacutelcool farmacecircutico Deve-se observar a

legislaccedilatildeo atual sobre aacutelcool que exige a desnaturaccedilatildeo do aacutelcool

comercializado em farmaacutecias e supermercados e assim natildeo deve servir como

excipiente farmacecircutico Enfim todos os processos interferem com a qualidade

do produto final a ser obtido e devem ser realizados corretamente e as

operaccedilotildees registradas em documento proacuteprio buscando a rastreabilidade de

cada lote de cada produto

Outra etapa da garantia da qualidade essencial para sua implantaccedilatildeo eacute a

validaccedilatildeo de equipamentos e de processos que busca uma evidecircncia

documentada de que os mesmos cumprem satisfatoriamente sua finalidade

quando utilizados ou realizados corretamente

Estas evidecircncias devem ser conseguidas antes mesmo de se iniciar a utilizaccedilatildeo

das instalaccedilotildees para produccedilatildeo de medicamentos Naqueles jaacute em

funcionamento a validaccedilatildeo pode ser realizada atraveacutes da documentaccedilatildeo da

produccedilatildeo passada ou seja uma validaccedilatildeo retrospectiva

Para a produccedilatildeo de medicamentos em pequena escala que natildeo venha a

caracterizar uma produccedilatildeo industrial deve-se buscar a adequaccedilatildeo das

condiccedilotildees de produccedilatildeo armazenamento e dispensaccedilatildeo do produto atraveacutes da

Resoluccedilatildeo RDC ndeg 33 de abril de 2000 que descreve os criteacuterios de Boas

Praacuteticas de Manipulaccedilatildeo

Para a produccedilatildeo industrial de medicamentos a legislaccedilatildeo que trata das Boas

Praacuteticas de Fabricaccedilatildeo e Garantia de Qualidade eacute a Resoluccedilatildeo RDC ndeg 210 de

04 de agosto de 2003 As especificaccedilotildees legais da legislaccedilatildeo sanitaacuteria

brasileira e de outros paiacuteses para materiais vegetais devem incluir tanto quanto

possiacutevel o seguinte

- Nome botacircnico c om referecircncia aos autores

- Detalhes da fonte da planta (paiacutes ou regiatildeo de origem cultivo eacutepoca da

colheita procedimentos de colheita possiacuteveis pesticidas utilizados etc)

- Descriccedilatildeo do material vegetal inspeccedilatildeo visual macro eou microscoacutepica

- Testes de identificaccedilatildeo apropriados incluindo quando convenientes testes de

identificaccedilatildeo para ingredientes ativos conhecidos ou marcadores

- Ensaios quando convenientes dos constituintes de atividade terapecircutica ou

marcadores

- Meacutetodos apropriados para determinaccedilatildeo de possiacuteveis contaminaccedilotildees por

pesticidas e os limites aceitos

- Testes para metais pesados e contaminantes semelhantes materiais

estranhos e adulterantes

- Testes para radiaccedilatildeo aflatoxinas e contaminaccedilatildeo microbiana

Qualquer tratamento usado para reduzir contaminaccedilotildees focircnicas e microbianas

ou outras infestaccedilotildees devem ser documentadas Instrumentos para tais

procedimentos devem ser acessiacuteveis e devem incluir detalhes dos processos

testes e limites residuais

Para a realidade do programa Farmaacutecias-Vivas onde natildeo satildeo utilizados

pesticidas as plantas satildeo cultivadas no local proacuteximo de onde ocorre a

produccedilatildeo do medicamento ou satildeo de origem na mesma regiatildeo e satildeo

processadas logo apoacutes a coleta satildeo feitas exigecircncias menores que as

estabelecidas para maiores escalas de produccedilatildeo Nem assim devemos deixar

de registrar todas as operaccedilotildees realizadas com a droga desde o seu cultivo ateacute

a dispensaccedilatildeo do produto fitoteraacutepico

Dispensaccedilatildeo

Estivemos sempre discorrendo sobre qualidade do produto a ser obtido desde

o cultivo da espeacutecie correta da coleta da parte usada e o seu processamento

mantendo intactos os princiacutepios ativos Conhecemos os motivos que levam a

toda esta preocupaccedilatildeo com a qualidade a responsabilidade do profissional que

o produz e a eficaacutecia e a seguranccedila necessaacuterias para o paciente que o utiliza

Portanto resta-nos dispensar o fitoteraacutepico para que este apresente estas

caracteriacutesticas trans formando o paciente num parceiro consciente do seu

papel no uso cor reto deste recurso terapecircutico

O resgate das praacuteticas populares agora respaldadas pelos estudos cientiacuteficos

seacuterios que atestam a eficaacutecia e seguranccedila das espeacutecies utilizadas no programa

Farmaacutecias-Vivas pode ser abordado no momento da dispensaccedilatildeo do

medicamento ou atraveacutes de apresentaccedilotildees coletivas organizadas e realizadas

pelo Farmacecircutico Alguns cuidados merecem ser observados para natildeo se

incorrer em riscos desnecessaacuterios

- Natildeo referendar o uso de plantas cujo estudo cientiacutefico natildeo tenha apresentado

dados sobre sua eficaacutecia e seguranccedila

- Natildeo recomendar o uso de qualquer planta medicinal para o tratamento de

doenccedilas sem a devida recomendaccedilatildeo meacutedica especializada ou natildeo

- Natildeo recomendar a utilizaccedilatildeo de planta que nos seja desconhecida tanto no

aspecto teoacuterico quanto praacutetico

- Natildeo sugerir a utilizaccedilatildeo de quaisquer praacuteticas com ou sem uso de plantas

medicinais que possa representar um risco potencial ou real de dano fetal

Para nos resguardarmos de quaisquer erros precisamos nos manter atualizados

quanto aos benefiacutecios e riscos da utilizaccedilatildeo das espeacutecies medicinais com as

quais trabalhamos dada agrave impossibilidade de conhecer todas as demais Os

dados obtidos durante a dispensaccedilatildeo e acompanhamento dos pacientes aleacutem

daqueles obtidos durante os ensaios controlados de toxicologia e farmacologia

cliacutenica forneceratildeo a necessaacuteria seguranccedila para realizarmos a dispensaccedilatildeo e

cada vez mais desfazermos o mito do natural ser inoacutecuo

Como exemplo da relaccedilatildeo risco x benefiacutecio de uma preparaccedilatildeo fitoteraacutepica

apresentamos as seguintes informaccedilotildees sobre o Elixir de Aroeira que em

muitos aspectos natildeo houve a quantificaccedilatildeo da intensidade dos efeitos beneacuteficos

nem adversos nem de interaccedilotildees

Forma Medicamento Fitoteraacutepico- Caacutepsula ESPINHEIRA SANTA Maytenus ilicifolia Celastraceae

Medicamento fitoteraacutepico

Parte utilizada Folhas

Nomenclatura popularEspinheira santa cancerosa cancorosa-de-sete-espinhos cancrosa

espinheira-divina espinho-de-Deus maiteno erva-cancrosa erva-santa

ApresentaccedilotildeesCaacutepsula dura - Extrato seco das folhas de Maytenus ilicifolia 380 mg -

Embalagem com 3 bliacutesters contendo 15 caacutepsulas cada

Via oral

Uso adulto

Composiccedilatildeo

Cada caacutepsula conteacutem

Extrato seco de Maytenus ilicifolia380 mg

Excipiente qsp 1 caacutepsula (amido)

equivalente a 133 mg de taninos totais

Informaccedilotildees ao pacientePara que este medicamento eacute indicado

Espinheira Santa eacute indicada para o tratamento da maacute digestatildeo e como

coadjuvante no tratamento de uacutelcera do estocircmago e duodeno

Como este medicamento funciona

Espinheira Santa atua como regulador das funccedilotildees estomacais e promove a

proteccedilatildeo da mucosa gaacutestrica

Quando natildeo devo usar este medicamentobull O medicamento deve ser evitado por menores de 12 anos de idade devido agrave

falta de estudos disponiacuteveis

bull Lactaccedilatildeo e gravidez visto que pode diminuir a secreccedilatildeo de leite e pode

provocar contraccedilotildees uterinas

bull Hipersensibilidade (alergia) a qualquer um dos componentes da foacutermula ou a

outras plantas da famiacutelia Celastraceae

O que devo saber antes de usar este medicamentoPrecauccedilotildees e advertecircncias

bull De acordo com a categoria de risco de faacutermacos destinados agraves mulheres

graacutevidas este medicamento apresenta categoria de risco C Este medicamento

natildeo deve ser utilizado por mulheres graacutevidas sem orientaccedilatildeo meacutedica ou do

cirurgiatildeo dentista

Interaccedilotildees medicamentosas

bull A administraccedilatildeo concomitante de M ilicifolia com bebidas alcooacutelicas e outros

medicamentos natildeo eacute recomendada pois natildeo existem estudos disponiacuteveis

sobre as interaccedilotildees medicamentosas deste fitoteraacutepico

Informe seu meacutedico ou cirurgiatildeo-dentista se vocecirc estaacute fazendo uso de algum

outro medicamento

Onde como e por quanto tempo posso guardar este medicamentoCuidados de conservaccedilatildeo

Espinheira Santa deve ser conservada em temperatura ambiente (entre 15 e

30ordmC) em sua embalagem original Proteger da luz e da umidade

Prazo de validade24 meses apoacutes a data de fabricaccedilatildeo impressa no cartucho

Nuacutemero de lote e datas de fabricaccedilatildeo e validade vide embalagem

Natildeo use medicamento com o prazo de validade vencido

Guarde-o em sua embalagem original

Caracteriacutesticas fiacutesicasCaacutepsulas gelatinosas duras de cor creme

Caracteriacutesticas organoleacutepticas

Cheiro (odor) caracteriacutestico e praticamente natildeo apresenta sabor

Antes de usar observe o aspecto do medicamento Caso ele esteja no prazo

de validade e vocecirc observe alguma mudanccedila no aspecto consulte o

farmacecircutico para saber se poderaacute utilizaacute-lo

Todo medicamento deve ser mantido fora do alcance das crianccedilas

Como devo usar este medicamentoModo de usar

As caacutepsulas devem ser ingeridas inteiras e com uma quantidade suficiente de

aacutegua para que possam ser deglutidas

Posologia

Ingerir duas caacutepsulas via oral trecircs vezes ao dia de oito em oito horas

Siga corretamente o modo de usar Em caso de duacutevidas sobre este

medicamento procure orientaccedilatildeo do farmacecircutico Natildeo desaparecendo os

sintomas procure orientaccedilatildeo de seu meacutedico ou cirurgiatildeo-dentista

Este medicamento natildeo deve ser partido aberto ou mastigado

O que devo fazer quando eu me esquecer de usar este medicamentoCaso haja esquecimento da ingestatildeo de uma dose deste medicamento

retomar a posologia prescrita sem a necessidade de suplementaccedilatildeo

Em caso de duacutevidas procure orientaccedilatildeo do farmacecircutico ou de seu meacutedico ou

do cirurgiatildeo-dentista

Que males este medicamento pode causarReaccedilotildees adversas

Ateacute o momento natildeo foram relatadas reaccedilotildees adversas graves ou que coloquem

em risco a sauacutede dos pacientes

Raramente podem ocorrer casos de hipersensibilidade Neste caso suspender

o uso e procurar orientaccedilatildeo meacutedica

Informe seu meacutedico cirurgiatildeo-dentista ou farmacecircutico do aparecimento de

reaccedilotildees indesejaacuteveis pelo uso do medicamento

Induacutestria Brasileira

Esta bula foi atualizada conforme Bula Padratildeo aprovada pela Anvisa em

12012011

Farmacecircutica resp Dra (Nome )

CRF-PR nordm XXXX Coacuted XXXXX - 012011

Informe tambeacutem agrave empresa atraveacutes do seu Serviccedilo de

Atendimento ao Consumidor

O que fazer se algueacutem usar uma quantidade maior do que a indicada deste medicamentoPlantas ricas em taninos como a M ilicifolia quando usadas em doses

excessivas podem causar irritaccedilatildeo da mucosa gaacutestrica e intestinal gerando

vocircmitos coacutelicas intestinais e diarreia

Em caso de super dosagem suspender o uso e procurar orientaccedilatildeo meacutedica de

imediato Em caso de uso de grande quantidade deste medicamento procure

rapidamente socorro meacutedico e leve a embalagem ou bula do medicamento se

possiacutevel Siga corretamente o modo de usar natildeo desaparecendo os sintomas

procure orientaccedilatildeo meacutedica

Conclusatildeo

A espinheira-santa (M ilicifolia) eacute um fitoteraacutepico de relevante accedilatildeo terapecircutica

principalmente antiulcerogecircnica dada sua eficaacutecia farmacoloacutegica e seguranccedila

Vale lembrar que por ausecircncia de estudos ela natildeo eacute recomenda para crianccedilas

e natildeo deve ser usada por gestantes pois estudos em camundongos (fecircmeas e

graacutevidas) indicaram um decreacutescimo significativo do nuacutemero de embriotildees aleacutem

de possuir atividade estrogecircnica que pode interferir na receptividade uterina do

embriatildeo Entre suas atividades farmacoloacutegicas destaca-se a atividade

antiulcerogecircnica que pode ser comparada agrave accedilatildeo da ranitidina e da cimetidina

Por ser morfologicamente parecida com as espeacutecies S bonplandii e Z ilicifolia

ela eacute comumente confundida e ateacute mesmo trocada intencionalmente

A utilizaccedilatildeo de maneira errocircnea das espeacutecies botacircnicas que natildeo satildeo a

verdadeira espinheira-santa (M ilicifolia) pode acarretar danos agrave sauacutede dos

pacientes Assim conclui-se que essas espeacutecies conhecidas como

adulterantes podem trazer malefiacutecios pois ainda faltam estudos que

comprovem suas atividades farmacoloacutegicas e principalmente a seguranccedila

terapecircutica Poreacutem natildeo se deve descartar o uso dessas espeacutecies e sim

realizar estudos mais concretos para que essas plantas assim como a

verdadeira espinheira-santa possam auxiliar no tratamento farmacoloacutegico da

populaccedilatildeo

Referecircncias Bibliograacuteficas

Ralph Santos-Oliveira Simone Coulaud-Cunha Waldeciro Colaccedilo

Revisatildeo da Maytenus ilicifolia Mart ex Reissek Celastraceae

Contribuiccedilatildeo ao estudo das propriedades farmacoloacutegicas Rev Bras

Farmacogn Braz J Pharmacogn 19(2B) AbrJun 2009

Wilker Marlon de Moraes Jesus Tarciacutesio Neves da Cunha Estudo das

propriedades farmacoloacutegicas da espinheira-santa (Maytenus ilicifolia

Mart ex Reissek) e de duas espeacutecies adulterantes Revista Sauacutede e

Desenvolvimento vol ndash nordm 1 Jan ndash Jun 2012

MARIOT MP1 BARBIERI RL2 Engenheiro Agrocircnomo Dr prof do

Conjunto Agroteacutecnico ldquoVisconde da GraccedilardquoUniversidade Federal de

Pelotas (mariotufpeltchebr) ndash Av Ildefonso Simotildees Lopes 2791

Pelotas-RS CEP 96060-290 2Bioacuteloga Dr pesquisadora da Embrapa

Clima Temperado (barbiericpactembrapabr) ndash BR 392 km 78 caixa

postal 403 Pelotas-RS CEP 96001-970 (endereccedilo para

correspondecircncia) Metaboacutelitos secundaacuterios e propriedades medicinais da

espinheira-santa (Maytenus ilicifolia Mart ex Reiss e M aquifolium

Mart)

CARLINI EA Braz S Efeito protetor do liofilizado obtido do abafado de

Maytenus Sp (espinheira-santa) contra uacutelcera gaacutestrica experimental em

ratos In Estudo da accedilatildeo antiuacutelcera gaacutestrica de plantas brasileiras

(Maytenus ilicifolia) Espinheira santa e outras Brasiacutelia CEMEAFIP

1988 p21-35MACAUBAS CIP et al Estudo da eventual accedilatildeo

antiuacutelcera gaacutestrica do baacutelsamo (Sedum sp) folha da fortuna

(Bryophyllum calcium) couve (Brassica oleraceae) e da Espinheira

santa (Maytenus ilicifolia) em ratos In Estudo da accedilatildeo antiuacutelcera

gaacutestrica de plantas brasileiras (Maytenus ilicifolia) Espinheira santa e

outras Brasiacutelia CEMEAFIP 1988 p 5-20

Olivia Werner Oliveira Pedro Ros Petrovick Secagem por aspersatildeo

(spray drying) de extratos vegetais bases e aplicaccedilotildees Revista

Brasileira de Farmacognosia Brazilian Journal of Pharmacognosy 20(4)

641-650 AgoSet 2010

Marianne Christina Scheffer Capitulo 17 Produccedilatildeo de espinheira-santa

(Maytenus ilicifolia Mart ex Reiss) na regiatildeo metropolitana de Curitiba

Paranaacute Brasil

Said gonccedilalves da cruz fonsacircca Farmacoteacutecnica de Fitoteraacutepicos2005

121 Ilustraccedilatildeo da Planta Espinheira- Santa

Com a transferecircncia de calor do ar aquecido agraves gotiacuteculas o liacutequido da

superfiacutecie evapora-se rapidamente As partiacuteculas solidificadas geralmente

apresentam o mesmo tamanho e forma da gotiacutecula que as originou Na uacuteltima

etapa o produto de secagem eacute transportado por uma corrente de ar sendo

posteriormente coletado (Broadhead et al 1992 Shaw 1997 Rankell et al

2001) A evaporaccedilatildeo superficial da gotiacutecula conduz agrave formaccedilatildeo de uma

camada de material seco externa Atraveacutes desta camada o liacutequido situado no

interior da gotiacutecula propaga-se para o exterior Dependendo da elasticidade e

da permeabilidade da crosta seratildeo produzidos distintos materiais secos como

esferas intactas com superfiacutecie imperfeita ou fragmentada soacutelidas ou ocas

(Rankell et al 2001) A Figura 2 apresenta foto micrografias de dois extratos

diferentes de Maytenus ilicifolia secos por spray drying com disco giratoacuterio em

torre de secagem por aspersatildeo Os extratos foram produzidos da mesma

maneira utilizando temperatura de entrada de 180 degC velocidade do aspersor

de 9500 rpm e 30 de Aerosil (Oliveira 2008)

12 Fatores que influenciam o processoUm das respostas mais relevantes afetada pelas condiccedilotildees de operaccedilatildeo do

processo eacute a qualidade do produto resultante As variaacuteveis devem ser

controladas visando agrave obtenccedilatildeo de rendimento e de teor de umidade

adequados estabilidade quiacutemica minimizaccedilatildeo da aderecircncia de partiacuteculas na

cacircmara de secagem (sticking) e caracteriacutesticas tecnoloacutegicas especiacuteficas As

propriedades do produto satildeo normalmente determinadas pelos fatores

relacionados agraves caracteriacutesticas do material de entrada e do processamento

isto eacute paracircmetros de operaccedilatildeo e equipamento (Quadro 1)

131 Influecircncia do material de entradaEntre os fatores relacionados agraves caracteriacutesticas do material de entrada o uso

de adjuvantes na teacutecnica de secagem por aspersatildeo eacute uma praacutetica muito

comum Satildeo utilizados como adjuvantes neste processo amido ciclodextrinas

dioacutexido de siliacutecio coloidal fosfato tricaacutelcico gelatina goma araacutebica lactose

maltodextrina entre outros (Vasconcelos et al 2005 Silva Juacutenior et al 2006)

Para a secagem de extratos derivados de plantas a seleccedilatildeo e o uso adequado

de adjuvantes no processo de spray drying eacute uma fase de fundamental

importacircncia visto que determina a estabilidade e a qualidade dos mesmos

podendo inclusive afetar as caracteriacutesticas de biodisponibilidade

13 Atividades farmacoloacutegicas da espinheira-santa A espinheira-santa (M ilicifolia) eacute uma planta que possui atividades

farmacoloacutegicas comprovadas entre elas a atividade antiulcerogecircnica Essas

atividades estatildeo ligadas a substacircncias quiacutemicas que satildeo os polifenoacuteis

(flavonoides e taninos) e os triterpenos Haacute fatores como a composiccedilatildeo quiacutemica

do solo onde essa planta estaacute sendo cultivado o local de plantio a teacutecnica de

colheita a secagem da planta e o processamento poacutes-colheita que influenciam

diretamente nos teores de princiacutepio ativo da planta podendo assim gerar

variaccedilotildees das atividades farmacoloacutegicas (NEGRI 2007)

141 Atividade gaacutestricaDe acordo com alguns estudos (Carlini amp Frochtengerten 1988 Ming et al

1998 Coulaud- Cunha et al 2004 Carvalho et al 2008) a M ilicifolia

apresenta accedilatildeo contra uacutelcera peacuteptica e gastrite Coulaud- Cunha et al (2004)

relatam que a accedilatildeo da M ilicifolia na uacutelcera peacuteptica e gastrite envolve mais de

um mecanismo de accedilatildeo ainda natildeo conclusivamente elucidados e natildeo se deve

somente a um principio ativo especifico mas a diferentes fitocomplexos Foi

demonstrado por Pereira et al (1993) e por Ming et al (1998) que tanto os

taninos principalmente a epigalocatequina quanto os oacuteleos essenciais em

especial o fridenelol satildeo responsaacuteveis por parte dos efeitos gastroprotetores

Carlini amp Frochtengarten (1988) por sua vez em estudos realizados com o

abafado da M ilicifolia relatam que quanto maior o tempo do tratamento maior

seraacute a gastroproteccedilatildeo sem entretanto haver alteraccedilotildees no pH Tal observaccedilatildeo

pode ser confirmada por Ferreira et al (2004) que em estudos com extrato

aquoso liofilizado das folhas de M ilicifolia em sapos comprovou que esse

possui efeito inibitoacuterio sobre os mediadores H2 da histamina nas ceacutelulas

parietais esses segundo Gilman (1989) quando estimulados causam a

ativaccedilatildeo da adenililciclase iniciando uma seacuterie de alteraccedilotildees morfoloacutegicas e

bioquiacutemicas complexas que leva ao aumento da secreccedilatildeo gaacutestrica

funcionando como um antagonista H2 aleacutem de inibir o efeito da gastrina Foi

demonstrado ainda que tanto a epigalocatequina (tanino) quanto o fridenelol

(oacuteleo essencial) satildeo responsaacuteveis por parte do efeito protetor da mucosa

gaacutestrica (Pereira et al 1993 Ming et al 1998)

142 Atividade antiulcerogecircnicaSegundo Sousa-Formigoni et al (1991) foi comprovada a atividade

antiulcerogecircnica da espinheira-santa (M ilicifolia) por experimentos feitos em

ratos nos quais os animais foram induzidos a terem uacutelceras gaacutestricas por meio

de indometacina e por estresse quando estes foram submetidos a baixas

temperaturas e por serem imobilizados Apoacutes a aplicaccedilatildeo de um extrato

liofilizado de espinheira-santa houve uma reduccedilatildeo do nuacutemero de uacutelceras e um

aumento do volume e pH da secreccedilatildeo gaacutestrica

Em estudos de mecanismos celulares e moleculares da accedilatildeo de produtos

naturais com o isolamento de substacircncias bioativas da M ilicifolia

responsaacuteveis pela accedilatildeo antissecretora aacutecida gaacutestrica os resultados obtidos

confirmam essas accedilotildees Foram utilizados nesses experimentos extratos

aquosos das partes aeacutereas da planta e os princiacutepios ativos tecircm funccedilatildeo de

inibidores da bomba de proacutetons etapa final comum das vias reguladoras da

secreccedilatildeo aacutecida gaacutestrica (BOSSOLANI 2000)

143 Atividade antimicrobianaEstudos pioneiros como o de Lima et al (1969) jaacute demonstravam que a

maitenina exibe forte atividade antimicrobiana contra vaacuterias bacteacuterias Gram

positivas Tais efeitos foram corroborados com a demonstraccedilatildeo que os extratos

das folhas e raiacutezes tecircm efeito antimicrobiano para vaacuterios patoacutegenos dentre

eles Staphylococcus aureus e Streptococcus sp

144 Atividade sobre o Sistema Nervoso CentralSegundo Alonso (1998) o extrato de M ilicifolia possui atividade sedativa que

potencializa (efeito sineacutergico) o sono por barbituacutericos em camundongos

145 Atividades abortiva e sobre a espermatogecircnese

De acordo com Montanari et al (1998) o extrato etanoacutelico de M Ilicifolia

quando administrado em altas doses em camundongos suiacuteccedilos apesar de

causar leves alteraccedilotildees como ceacutelulas germinativas imaturas esfoliadas mortes

celulares ocasionais aumento de gotiacuteculas lipiacutedicas em ceacutelulas de Sertoli e

inchamento de acrossomas entre outras natildeo foi suficiente para acarretar

danos agrave espermatogecircnese

Jaacute em testes realizados em camundongos (fecircmeas e graacutevidas) administrando-

se oralmente extrato hidroalcooacutelico (70) de folhas de espinheira-santa (M

ilicifolia) observou-se um decreacutescimo significativo do nuacutemero de embriotildees

indicando uma perda embrionaacuteria antes do periacuteodo de implantaccedilatildeo Poreacutem

natildeo houve maacute-formaccedilatildeo ou mortes fetais depois do periacuteodo de implantaccedilatildeo

Esse extrato possui atividade estrogecircnica que pode interferir na receptividade

uterina ao embriatildeo (MONTANARI BEVILAQUA 2002)

146 Atividades antimutagecircnica e anticanceriacutegenaConforme Horn e Vargas (2003) o extrato aquoso de M ilicifolia foi eficaz em

aproximadamente 75 das doses testadas exibindo boas respostas

antimutagecircnicas ou um decreacutescimo sugestivo Em estudos realizados por

Queiroga et al (2007) foi avaliada a fraccedilatildeo ativa antiulcerogecircnica da M

ilicifolia na atividade anticanceriacutegena apresentando resultados citostaacuteticos

satisfatoacuterios De acordo com Itokawa et al (1993) o composto pristimerina foi o

mais eficiente na accedilatildeo citotoacutexica podendo ser uacutetil no tratamento de tumores

147 Atividade antioxidante e otoprotetoraDe acordo com Mattei e Carlini (1998) um extrato aquoso liofilizado de

espinheira-santa (M ilicifolia) foi testado in vitro em homogenato de ceacuterebro de

ratos e exerceu uma importante atividade antioxidante inibindo o processo de

lipoperoxidaccedilatildeo

Usando-se extrato etanoacutelico de M ilicifolia foi confirmado que a casca da raiz

tem um poder antioxidante pelo fato de possuir em sua base compostos com a

capacidade sequestradora de radicais livres (VELLOSA et al 2006)

Conforme Santos et al (2010) foram comprovadas propriedades antioxidantes

dos extratos brutos e de componentes individuais de M Ilicifolia por possiacuteveis

associaccedilotildees sineacutergicas de substacircncias fenoacutelicas e triterpenos

quinonametiacutedeos comparados agrave rutina como composto fenoacutelico modelo

De acordo Kasse et al (2008) foi realizado um estudo com ratos (fecircmeas) em

que esses animais foram submetidos agrave substacircncia cisplatina e posteriormente

tratados com extrato de M ilicifolia para avaliar a atividade otoprotetora da

planta Foram realizados e avaliados os exames de emissotildees otoacuacutesticas por

produtos de distorccedilatildeo por potencial de tronco encefaacutelico antes e depois de

administraccedilatildeo de cisplatina e por fim por microscopia eletrocircnica de varredura

Os resultados mostraram que apesar de apresentar atividades antioxidantes a

M ilicifolia foi incapaz de bloquear o efeito citotoacutexico do composto quiacutemico

administrado nas cobaias

Segundo Negri et al (2009) a atividade antioxidante do extrato etanoacutelico de M

ilicifolia estaacute intimamente ligada agrave sua temperatura de secagem Testes

realizados para avaliaccedilatildeo do poder antioxidante os quais foram os meacutetodos de

formaccedilatildeo de complexo com fosfomolibdecircnio e atividade antioxidante em

relaccedilatildeo agrave reduccedilatildeo de um radical utilizando-se o DPPH (22-difenil-1-

picnilhidrazila) em que foram levadas em consideraccedilatildeo diferentes

temperaturas usualmente utilizadas para secagem (40 50 60 70 e 80˚C)

demostraram melhor atividade antioxidante na temperatura de 40˚C e

gradativamente quanto maior a temperatura realizada nos testes menor o

poder antioxidante Por fim o estudo mostrou a importacircncia do controle de

temperatura para a melhor efetividade nesse quesito da planta

Em estudos de Pessuto et al (2009) foram avaliados extratos e compostos

isolados de M Ilicifolia em relaccedilatildeo agrave capacidade antioxidante Os extratos

brutos e semipurificados foram estudados por meio de ensaios de

fosfomolibdecircnio (complexo) e de DPPH (22-difenil-1-picnilhidrazila) nos quais

os resultados mostraram que a fraccedilatildeo com acetato de etila teve melhor

capacidade antioxidante em relaccedilatildeo ao extrato bruto e fraccedilatildeo aquosa

possivelmente por conter maior nuacutemero de hidroxilas fenoacutelicas (pela

capacidade de sequestro dos radicais livres) e tambeacutem em relaccedilatildeo agraves

substacircncias trolox e vitamina C

148 Atividades antinociceptiva e anti-inflamatoacuteria De acordo com Nakamura et al (1994) o extrato etanoacutelico de folhas de M

ilicifolia conteacutem uma fraccedilatildeo de quercetina-3-O-glicosiacutedeo e essa substacircncia

quiacutemica foi avaliada pelo teste de aacutecido aceacutetico e formalina em ratos obtendo-

se resultados satisfatoacuterios para atividades analgeacutesicas e anti-inflamatoacuterias

Por meio de testes realizados em camundongos e ratos foi provocado um

edema nas patas desses animais por meio de injeccedilatildeo de 002 ml de

formaldeiacutedo (soluccedilatildeo a 092) utilizando-se como controle soluccedilatildeo salino

Apoacutes 120 minutos foi aplicado extrato hexacircnico e acetato de etila das folhas

(M ilicifolia) administrados por via oral nas doses de 80 160 320 e 340 mgkg

Os animais foram sacrificados apoacutes 4 horas Em um segundo ensaio foi

administrada por injeccedilatildeo soluccedilatildeo de carragenina a 1 e os extratos da planta

foram dados por via oral nas doses de 80 160 320 e 340 mgkg Os resultados

obtidos mostraram uma atividade antinociceptiva para os dois extratos

principalmente nas doses de 320 e 340 mgkg sendo esse teste importante

para uma alternativa cliacutenica na terapecircutica anti-inflamatoacuteria e antiulcerogecircnica

(JORGE et al 2004)

14 Toxicidade efeitos adversos e contraindicaccedilatildeo da espinheira-santa

Foi realizado um estudo toxicoloacutegico com 24 voluntaacuterios sendo 12 homens e

12 mulheres de 20 a 40 anos de idade selecionados previamente por meio de

avaliaccedilatildeo cliacutenica exames hematoloacutegicos e bioquiacutemicos e avaliaccedilatildeo

psicomotora com o objetivo de estabelecer um intervalo maacuteximo de seguranccedila

no uso de M ilicifolia As doses foram administradas de maneira crescente e

natildeo houve um grupo controle pois os exames iniciais foram considerados

como valores basais para efeito comparativo A dose inicial foi fixada em 100

mg por adulto sendo administradas doses subsequentes de 200 500 1000

1500 e 2000 mg com intervalos de uma semana para cada dose A anaacutelise dos

resultados revelou que natildeo houve efeitos significativos nos valores dos

principais paracircmetros hematoloacutegicos e bioquiacutemicos e tambeacutem natildeo foram

observadas alteraccedilotildees nas funccedilotildees hepaacuteticas pancreaacuteticas e renais

Hormocircnios lipiacutedeos glicose soacutedio potaacutessio caacutelcio e foacutesforo tambeacutem

mantiveram valores considerados normais (TABACH et al 2002)

Em relaccedilatildeo aos efeitos adversos a M ilicifolia natildeo possui algum que justifica a

interrupccedilatildeo do tratamento Entre os mais comuns destacam-se cefaleia

sonolecircncia boca seca naacuteuseas dor articular nas matildeos gosto estranho na

boca tremor nas matildeos cistite e poliuacuteria (TABACH et al 2002) Poreacutem

segundo Amaral et al (2005) natildeo eacute recomendado o uso pediaacutetrico pela

ausecircncia de testes Ensaios realizados em ratos mostraram perda embrionaacuteria

antes do periacuteodo de implantaccedilatildeo portanto essa planta natildeo eacute recomendada em

casos de gravidez (MONTANARI BIVILACQUA 2002)

De acordo com estudos realizados em camundongos o abafado de M ilicifolia

foi administrado nesses animais em doses ateacute 360 vezes maiores que a

utilizada pelo homem durante um periacuteodo de dois a trecircs meses Como

resultados natildeo houve mudanccedilas no peso comportamento temperatura

paracircmetros bioquiacutemicos e hematoloacutegicos desses animais (OLIVEIRA CARLINI

1988)

15 FarmacocineacuteticaO modelo da farmacocineacutetica da espinheira-santa eacute estudado por meio de seus

taninos natildeo condensados Epigalocatequina marcada foi administrada por via

oral sendo os picos plasmaacuteticos observados 60 min apoacutes a ingestatildeo Apoacutes

uma dose de 500 mgkg foram detectadas concentraccedilotildees tissulares de 123

mmol no plasma 484 mmol no fiacutegado e 565 mmol no intestino delgado

(Nakagawa amp Miyazawa 1997) Depois da administraccedilatildeo oral de

epigalocatequina-3-galato marcada com triacutetio a ratos cerca de 6 da dose eacute

eliminada na urina e 24 nas fezes nas primeiras 24 horas Uma segunda

dose dada duas horas apoacutes a primeira eleva em cerca de 4 a 6 vezes a

concentraccedilatildeo no plasma e em alguns tecidos Esses dados sugerem uma

meia-vida longa e eliminaccedilatildeo lenta da epigalocatequina-3-galato No final das

24 horas os animais foram sacrificados e essa substacircncia pocircde ser encontrada

no rim ceacuterebro fiacutegado pacircncreas intestino e ossos (Suganuma et al 1998)

Num outro estudo foi avaliada a afinidade da epigalocatequina-3-galato agraves

proteiacutenas do soro Apoacutes uma dose oral a ratos mais de 50 da

epigalocatequina-3-galato absorvida ligou-se agrave proteiacutena do plasma

especialmente a fibronectina o fibrinogecircnio e a HRGP( Histidin Rich

Glicoprotein) proteiacutena plasmaacutetica com 74 kdaltons cuja funccedilatildeo ainda eacute pouco

conhecida (Sazuka et al 1996)

16 PreparaccedilatildeoTendo sido reconhecida a espeacutecie com que se vai trabalhar torna-se

necessaacuterio que se disponha desta espeacutecie em quantidade suficiente para

atender a demanda relacionada a produccedilatildeo do fitoteraacutepico replicaccedilatildeo da

espeacutecie e respectivo controle de qualidade Par a atingir este objetivo a

espeacutecie deve ser cultivada na extensatildeo adequada ao fim que se propotildee tendo-

se aleacutem dos cuidados inerentes ao cultivo de qualquer espeacutecie vegetal a

precauccedilatildeo de nunca utilizar pesticidas ou agrotoacutexicos na aacuterea de cultivo Nos

parece claro que a opccedilatildeo pelo fitoteraacutepico deve vir acompanhada do desejo de

seguranccedila o que natildeo seria conseguido se fossem deixados resiacuteduos de

agrotoacutexicos ou de pesticidas na espeacutecie que iraacute ser usada como mateacuteria-prima

para a produccedilatildeo de medicamento Veja no item 24 os ensaios que devem ser

efetuados no sentido de identificar e quantificar a presenccedila destes e de outros

contaminantes

Dispondo-se entatildeo da espeacutecie vegetal botanicamente selecionada cultivada

sem o uso de agentes quiacutemicos contaminantes iremos seguir tantos passos

quantos sejam necessaacuterios para preparar a espeacutecie vegetal numa droga capaz

de ser armazenada e processada para resultar num preparado intermediaacuterio uacutetil

na preparaccedilatildeo de fitoteraacutepicos Estes passos podem ser enumerados como

sendo Coleta Monda Estabilizaccedilatildeo Secagem Trituraccedilatildeo e Armazenamento

A execuccedilatildeo e finalidade de cada um se acham descrito a seguir

A Coleta eacute realizada atraveacutes da retirada da parte usada da planta procurando

sempre o material mais saudaacutevel em completo desenvolvimento (a menos que

especificado em (contraacuterio como ocorre com a gema terminal de Psidium

guajava) e com o miacutenimo de contaminantes (poeira poluiccedilatildeo adubo insetos

colocircnia de microrganismos etc) A distribuiccedilatildeo de substacircncias

farmacologicamente ativas nas plantas medicinais natildeo se daacute de maneira

homogecircnea em toda a extensatildeo da planta Portanto eacute de se esperar que

apenas alguma parte de uma dada espeacutecie podem ser utilizadas com finalidade

terapecircutica

Atraveacutes de consulta agraves diversas farmacopeias e tratados sobre plantas

medicinais encontramos descriccedilotildees sobre a parte a ser usada de cada espeacutecie

medicinal Pode-se em alguns casos observar que diferentes partes de uma

mesma planta apresentam propriedades inteiramente diferentes como por

exemplo a Punica granam (romatildezeira) cujas cascas do caule satildeo teniacutefugas e

as cascas dos frutos tecircm propriedades anti-inflamatoacuteria e antibioacutetica Em outros

casos toda a planta pode ser utilizada com a mesma finalidade como a

Phylanthus niruri (quebra-pedra) Torna-se imperioso portanto que antes de

qualquer outra etapa da preparaccedilatildeo de uma forma farmacecircutica fitoteraacutepica se

conheccedila qual ou quais partes da espeacutecie escolhida pode ser utilizada

A coleta deve respeitar para cada espeacutecie o melhor periacuteodo correspondente

agravequele onde a espeacutecie apresenta maior teor em substacircncias ativas Tendo isto

em mente relacionamos a seguir orientaccedilotildees geneacutericas quanto ao periacuteodo de

coleta

Formas farmacecircuticas de fitoteraacutepicosPoacute

Eacute a forma farmacecircutica obtida apoacutes a secagem trituraccedilatildeo e tamisaccedilatildeo da

droga Segundo a sua finalidade devem apresentar a tenuidade adequada

conforme a tabela a seguir Pode ser dispensado para uso na preparaccedilatildeo de

chaacutes ou adicionado agrave alimentaccedilatildeo (leite sucos mel etc) O envase deve cuidar

para que natildeo haja absorccedilatildeo de umidade

Formas soacutelidas

Caacutepsulas

Eacute a forma farmacecircutica obtida pela deposiccedilatildeo ordenada da droga seca

triturada e tamisada em caacutepsulas gelatinosas duras ou pelo encapsulamento

de liacutequidos ou semissoacutelidos de natureza lipofiacutelica em caacutepsulas gelatinosas

moles O invoacutelucro rosa utilizado eacute geralmente de natureza proteica e satildeo

portanto incompatiacuteveis com drogas tacircnicas por exemplo Cuidado especial

deve ser tomado com a umidade temperatura e pressatildeo exercida sobre as

caacutepsulas durante o armazenamento e transporte Estes fatores podem levar a

desidrataccedilatildeo ou hidrataccedilatildeo das caacutepsulas que as tornam quebradiccedilas ou

deformadas e coladas Durante a preparaccedilatildeo das caacutepsulas deve-se cuidar para

que o peso das caacutepsulas obtidas seja o mais uniforme possiacutevel podendo-se

garantir isso pela pesagem da quantidade de poacute necessaacuteria para o enchimento

de um nuacutemero determinado de caacutepsulas

O enchimento das caacutepsulas ocorre na oficina farmacecircutica em tabuleiros

especiais constituiacutedos em acriacutelico PVC ou outro poliacutemero apresentando-se no

modelo mais simples apenas como uma base fixa que se encaixa a uma outra

moacutevel e perfurada que recebe o corpo das caacutepsulas sem as tampas A seguir

se distribui de forma homogecircnea a quantidade estipulada de poacute em todas as

caacutepsulas valendo-se de uma espaacutetula plaacutestica e de um dispositivo especial

para prensar o conteuacutedo no interior das caacutepsulas Finalizado o enchimento as

partes super oires (tampas) das caacutepsulas satildeo recolocadas fechando-as e

determina-se o peso meacutedio das mesmas embalando-as imediatamente

A capacidade das caacutepsulas eacute proporcional agrave densidade do poacute e ao tamanho

das caacutepsulas que eacute padronizado em 08 (oito) diferentes tipos listados a seguir

com as respectivas dimensotildees e capacidades em mililitros

Controle de Qualidade

Todas as etapas utilizadas durante o processamento da droga devem ser

monitoradas atraveacutes de ensaios que possam atestar a qualidade da mateacuteria-

prima dos produtos intermediaacuterios e do produto final acabado O objetivo final

tanto do processamento adequado quanto agrave avaliaccedilatildeo da qualidade eacute a

garantia de que o que estaacute sendo produzido na forma como ocorre o processo

produtivo estaacute conduzindo agrave obtenccedilatildeo de um produto com as caracteriacutesticas

necessaacuterias agrave utilizaccedilatildeo para o tratamento de doenccedilas

Droga

A avaliaccedilatildeo da qualidade da droga utilizada na obtenccedilatildeo de fitoteraacutepicos no

Programa Farmaacutecias-Vivas onde o cultivo das espeacutecies vegetais eacute efetuado

pelo laboratoacuterio fabricante do produto deve ser realizada sob os seguintes

aspectos

- Considerando que a droga a ser utilizada corresponde agrave espeacutecie vegetal

esperada conhece-se suas caracteriacutesticas macromorfoloacutegicas aleacutem das suas

caracteriacutesticas sensoriais constituindo a primeira avaliaccedilatildeo que eacute a identidade

da droga

- Determinaccedilatildeo da umidade da droga fresca que deve ser diferenciada de

perda por dessecaccedilatildeo pois outras substacircncias volaacuteteis aleacutem da aacutegua satildeo

evaporadas Pode ser determinada atraveacutes do ensaio volumeacutetrico de Karl

Fischer ou pelo ensaio gravimeacutetrico submetendo a droga a dessecaccedilatildeo em

temperatura ambiente em dessecador com siacutelica ou aacutecido sulfuacuterico

- Mesmo a droga morfologicamente normal pode natildeo apresentar seus

constituintes ativos na quantidade desejada sendo necessaacuterio que sejam

realizados ensaios de identificaccedilatildeo e quantificaccedilatildeo de ativos ou de marcadores

atraveacutes das mais diversas teacutecnicas gravimeacutetrica volumeacutetrica

espectrofotomeacutetrica cromatograacutefica etc

- Avaliaccedilatildeo da contaminaccedilatildeo microbiana da droga principalmente se a mesma

tiver de ser utilizada sem qualquer processamento posterior As drogas que

seratildeo transformadas em uma forma extrativa em soluccedilatildeo hidro-alcooacutelica pode

ter sua carga microbiana reduzida pelo efeito antisseacuteptico do solvente

Preparado Intermediaacuterio

As formas extrativas satildeo obtidas em condiccedilotildees que nem sempre conseguem

retirar a totalidade das substacircncias ativas soluacuteveis no solvente escolhido devido

a diversos fator ES como o tempo e temperatura de maceraccedilatildeo pH do

solvente distribuiccedilatildeo granulomeacutetrica da droga sua umidade residual teor de

substacircncias ativas e velocidade de percolaccedilatildeo Justifica-se entatildeo a

necessidade da realizaccedilatildeo de ensaios de avaliaccedilatildeo da qualidade das formas

extrativas incluindo avaliaccedilotildees fiacutesico-quiacutemicas como aparecircncia cor odor

solubilidade densidade pH e viscosidade avaliaccedilotildees quiacutemicas como o perfil

cromatograacutefico e dosagem das substacircncias ativas ou marcador e avaliaccedilatildeo

microbioloacutegica da quantidade de microrganismos viaacuteveis

Fitoteraacutepico

Independente da forma farmacecircutica final eacute necessaacuterio que sejam realizadas

avaliaccedilotildees na qualidade do produto final da mesma forma que eacute exigido para

os demais tipos de medicamentos Listamos a seguir os ensaios realizados

para cada forma farmacecircutica lembrando que devem ser acrescentados os

ensaios quiacutemicos e microbioloacutegicos

Prazo de Validade

Considerando a jaacute difiacutecil realizaccedilatildeo da avaliaccedilatildeo da qualidade das drogas

utilizadas na obtenccedilatildeo de fitoteraacutepicos pode-se compreender que o

acompanhamento do processo cineacutetico de degradaccedilatildeo dos constituintes do

medicamento natildeo eacute uma estar efe faacutecil No entanto esta avaliaccedilatildeo pode se dar

em diversos niacuteveis

- Avaliaccedilatildeo da estabilidade fiacutesica

Para cada tipo de forma farmacecircutica satildeo descritas as caracteriacutesticas tiacutepicas

como cor odor limpidez densidade viscosidade pH etc que observadas

para um mesmo lote ao longo do tempo de armazenamento forneceratildeo

informaccedilotildees sobre a integridade fiacutesica da formulaccedilatildeo

- Avaliaccedilatildeo da estabilidade quiacutemica

A utilizaccedilatildeo de recursos laboratoriais desde os mais simples ateacute os mais

sofisticados permitem o acompanhamento qualitativo eou quantitativo dos

princiacutepios ativos contidos no produto fitoteraacutepico Por exemplo atraveacutes do

ensaio limite de taninos por diluiccedilotildees sucessivas e adiccedilatildeo de cloreto feacuterrico

pode-se ter uma medida semi-quantitativa do teor destas substacircncias nas

preparaccedilotildees que o contenham Evoluindo a utilizaccedilatildeo de teacutecnica

cromatograacutefica em camada delgada sobre papel ou siacutelica permite a

determinaccedilatildeo do perfil cromatograacutefico para o produto de modo que possa ser

comparado com o obtido em lotes posteriores ou com o mesmo lote ao longo do

tempo de armazenamento

- Avaliaccedilatildeo da estabilidade microbioloacutegica

A verificaccedilatildeo do niacutevel de contaminaccedilatildeo microbiana numa preparaccedilatildeo

medicamentosa fornece informaccedilotildees sobre o niacutevel de higienizaccedilatildeo empregado

durante o processamento da droga ateacute a obtenccedilatildeo do medicamento A

observaccedilatildeo deste mesmo paracircmetro ao longo do tempo fornece informaccedilotildees

sobre a composiccedilatildeo conservante utilizada no produto e a forma de

armazenamento

Teacutecnicas Gerais

Os ensaios laboratoriais de avaliaccedilatildeo da qualidade da droga compreendem

basicamente

- Observaccedilatildeo macroscoacutepica e microscoacutepica da droga fresca e seca inteira e

triturada comparando com o descrito em farmacopeias ou com modelos

botanicamente certificados

- Determinaccedilatildeo de umidade na droga fresca e naquela seca e triturada

evidenciando a quantidade de aacutegua contida na droga receacutem-coletada na droga

s eca e a efetividade do processo de secagem utilizada

- Identificaccedilatildeo e dosagem de substacircncias ativas ou marcadores realizada na

droga seca e triturada onde atraveacutes do acompanhamento da evoluccedilatildeo ao

longo do tempo e o cruzamento dos dados entre os locais e condiccedilotildees de

cultivo seraacute possiacutevel a determinaccedilatildeo das condiccedilotildees ideais para a manutenccedilatildeo

da qualidade das espeacutecies vegetais

- Determinaccedilatildeo da quantidade de mateacuteria orgacircnica estranha na droga seca

triturada grosseiramente demonstrando se a coleta monda secagem e

trituraccedilatildeo foram realizadas a contento sem o risco de contaminaccedilatildeo com outras

espeacutecies

- Determinaccedilatildeo de resiacuteduos de pesticidas para monitorar a forma de realizaccedilatildeo

do controle de pestes atraveacutes da identificaccedilatildeo e dosagem de pesticidas

- Determinaccedilatildeo da presenccedila de arsecircnio e metais pesados como componentes

que satildeo responsaacuteveis por intoxicaccedilotildees e por incompatibilidades nas

preparaccedilotildees liacutequidas de fitoteraacutepicos

- Determinaccedilatildeo da quantidade de microrganismos viaacuteveis atraveacutes da contagem

em placa a de diluiccedilotildees obtidas a partir do liacutequido de lavagem das drogas

evidenciando o grau de contaminaccedilatildeo e a possiacutevel e indesejaacutevel presenccedila de

microrganismos potencialmente patogecircnicos

Garantia de Qualidade

Na produccedilatildeo de fitoteraacutepicos do mesmo modo como ocorre com qualquer outro

medicamento natildeo pode negligenciar qualquer procedimento que possa conduzir

a diminuiccedilatildeo da qualidade do produto final A qualidade se reflete na

reprodutibilidade da qualidade do produto avaliada em laboratoacuterio e no

acompanhamento da sua eficaacutecia terapecircutica e seguranccedila Isto soacute pode ser

conseguido quando para cada forma farmacecircutica de fitoteraacutepico forem

registradas as operaccedilotildees farmacecircuticas que devem ser seguidas agrave risca suas

medidas de controle e definiccedilatildeo das responsabilidades para cada uma das

etapas do processamento

Apenas como ilustraccedilatildeo tomemos como exemplo a produccedilatildeo da tintura de

Alecrim-pimenta (Lippia sidoides Cham) O iniacutecio da preocupaccedilatildeo com a

qualidade se daacute com a seguranccedila de que a espeacutecie cultivada seja realmente

aquela que se deve coletar e em seguida em coletar a parte que realmente

deve ser utilizada e de plantas com aspecto saudaacutevel de desenvolvimento para

a qual as condiccedilotildees de cultivo tenham se apresentado como satisfatoacuterias A

monda que se segue agrave coleta retirando as partes improacuteprias agrave preparaccedilatildeo do

fitoteraacutepico daacute continuidade ao passo anterior na busca de alcanccedilar a qualidade

desejada O processo de dessecaccedilatildeo ocorrendo agrave sombra e agrave temperatura

ambiente preservando os constituintes quiacutemicos ativos e diminuindo a

influecircncia da umidade da planta sobre a sua qualidade e a da soluccedilatildeo extrativa

a ser obtida faz com que a droga obtida possa ser utilizada como mateacuteria-prima

para a obtenccedilatildeo de medicamento O cuidadoso processo de trituraccedilatildeo sem

elevar a temperatura durante o processo e reduzindo a perda de poacute para o

ambiente tambeacutem representa um processo que deve ser realizado com a

devida atenccedilatildeo Depois disso a droga seca e triturada deve ser armazenada

em condiccedilotildees que preservem sua qualidade pelo tempo necessaacuterio ateacute sua

utilizaccedilatildeo com as devidas inscriccedilotildees que atestem sua fonte data de coleta e de

processamento e respectivos responsaacuteveis

A preparaccedilatildeo da soluccedilatildeo hidro-alcooacutelica que seraacute utilizada no processo extrativo

tambeacutem deve ser realizada com bastante cuidado pois a mateacuteria-prima deve

apresentar a qualidade compatiacutevel com sua utilizaccedilatildeo para a produccedilatildeo de

medicamentos aacutegua purificada e aacutelcool farmacecircutico Deve-se observar a

legislaccedilatildeo atual sobre aacutelcool que exige a desnaturaccedilatildeo do aacutelcool

comercializado em farmaacutecias e supermercados e assim natildeo deve servir como

excipiente farmacecircutico Enfim todos os processos interferem com a qualidade

do produto final a ser obtido e devem ser realizados corretamente e as

operaccedilotildees registradas em documento proacuteprio buscando a rastreabilidade de

cada lote de cada produto

Outra etapa da garantia da qualidade essencial para sua implantaccedilatildeo eacute a

validaccedilatildeo de equipamentos e de processos que busca uma evidecircncia

documentada de que os mesmos cumprem satisfatoriamente sua finalidade

quando utilizados ou realizados corretamente

Estas evidecircncias devem ser conseguidas antes mesmo de se iniciar a utilizaccedilatildeo

das instalaccedilotildees para produccedilatildeo de medicamentos Naqueles jaacute em

funcionamento a validaccedilatildeo pode ser realizada atraveacutes da documentaccedilatildeo da

produccedilatildeo passada ou seja uma validaccedilatildeo retrospectiva

Para a produccedilatildeo de medicamentos em pequena escala que natildeo venha a

caracterizar uma produccedilatildeo industrial deve-se buscar a adequaccedilatildeo das

condiccedilotildees de produccedilatildeo armazenamento e dispensaccedilatildeo do produto atraveacutes da

Resoluccedilatildeo RDC ndeg 33 de abril de 2000 que descreve os criteacuterios de Boas

Praacuteticas de Manipulaccedilatildeo

Para a produccedilatildeo industrial de medicamentos a legislaccedilatildeo que trata das Boas

Praacuteticas de Fabricaccedilatildeo e Garantia de Qualidade eacute a Resoluccedilatildeo RDC ndeg 210 de

04 de agosto de 2003 As especificaccedilotildees legais da legislaccedilatildeo sanitaacuteria

brasileira e de outros paiacuteses para materiais vegetais devem incluir tanto quanto

possiacutevel o seguinte

- Nome botacircnico c om referecircncia aos autores

- Detalhes da fonte da planta (paiacutes ou regiatildeo de origem cultivo eacutepoca da

colheita procedimentos de colheita possiacuteveis pesticidas utilizados etc)

- Descriccedilatildeo do material vegetal inspeccedilatildeo visual macro eou microscoacutepica

- Testes de identificaccedilatildeo apropriados incluindo quando convenientes testes de

identificaccedilatildeo para ingredientes ativos conhecidos ou marcadores

- Ensaios quando convenientes dos constituintes de atividade terapecircutica ou

marcadores

- Meacutetodos apropriados para determinaccedilatildeo de possiacuteveis contaminaccedilotildees por

pesticidas e os limites aceitos

- Testes para metais pesados e contaminantes semelhantes materiais

estranhos e adulterantes

- Testes para radiaccedilatildeo aflatoxinas e contaminaccedilatildeo microbiana

Qualquer tratamento usado para reduzir contaminaccedilotildees focircnicas e microbianas

ou outras infestaccedilotildees devem ser documentadas Instrumentos para tais

procedimentos devem ser acessiacuteveis e devem incluir detalhes dos processos

testes e limites residuais

Para a realidade do programa Farmaacutecias-Vivas onde natildeo satildeo utilizados

pesticidas as plantas satildeo cultivadas no local proacuteximo de onde ocorre a

produccedilatildeo do medicamento ou satildeo de origem na mesma regiatildeo e satildeo

processadas logo apoacutes a coleta satildeo feitas exigecircncias menores que as

estabelecidas para maiores escalas de produccedilatildeo Nem assim devemos deixar

de registrar todas as operaccedilotildees realizadas com a droga desde o seu cultivo ateacute

a dispensaccedilatildeo do produto fitoteraacutepico

Dispensaccedilatildeo

Estivemos sempre discorrendo sobre qualidade do produto a ser obtido desde

o cultivo da espeacutecie correta da coleta da parte usada e o seu processamento

mantendo intactos os princiacutepios ativos Conhecemos os motivos que levam a

toda esta preocupaccedilatildeo com a qualidade a responsabilidade do profissional que

o produz e a eficaacutecia e a seguranccedila necessaacuterias para o paciente que o utiliza

Portanto resta-nos dispensar o fitoteraacutepico para que este apresente estas

caracteriacutesticas trans formando o paciente num parceiro consciente do seu

papel no uso cor reto deste recurso terapecircutico

O resgate das praacuteticas populares agora respaldadas pelos estudos cientiacuteficos

seacuterios que atestam a eficaacutecia e seguranccedila das espeacutecies utilizadas no programa

Farmaacutecias-Vivas pode ser abordado no momento da dispensaccedilatildeo do

medicamento ou atraveacutes de apresentaccedilotildees coletivas organizadas e realizadas

pelo Farmacecircutico Alguns cuidados merecem ser observados para natildeo se

incorrer em riscos desnecessaacuterios

- Natildeo referendar o uso de plantas cujo estudo cientiacutefico natildeo tenha apresentado

dados sobre sua eficaacutecia e seguranccedila

- Natildeo recomendar o uso de qualquer planta medicinal para o tratamento de

doenccedilas sem a devida recomendaccedilatildeo meacutedica especializada ou natildeo

- Natildeo recomendar a utilizaccedilatildeo de planta que nos seja desconhecida tanto no

aspecto teoacuterico quanto praacutetico

- Natildeo sugerir a utilizaccedilatildeo de quaisquer praacuteticas com ou sem uso de plantas

medicinais que possa representar um risco potencial ou real de dano fetal

Para nos resguardarmos de quaisquer erros precisamos nos manter atualizados

quanto aos benefiacutecios e riscos da utilizaccedilatildeo das espeacutecies medicinais com as

quais trabalhamos dada agrave impossibilidade de conhecer todas as demais Os

dados obtidos durante a dispensaccedilatildeo e acompanhamento dos pacientes aleacutem

daqueles obtidos durante os ensaios controlados de toxicologia e farmacologia

cliacutenica forneceratildeo a necessaacuteria seguranccedila para realizarmos a dispensaccedilatildeo e

cada vez mais desfazermos o mito do natural ser inoacutecuo

Como exemplo da relaccedilatildeo risco x benefiacutecio de uma preparaccedilatildeo fitoteraacutepica

apresentamos as seguintes informaccedilotildees sobre o Elixir de Aroeira que em

muitos aspectos natildeo houve a quantificaccedilatildeo da intensidade dos efeitos beneacuteficos

nem adversos nem de interaccedilotildees

Forma Medicamento Fitoteraacutepico- Caacutepsula ESPINHEIRA SANTA Maytenus ilicifolia Celastraceae

Medicamento fitoteraacutepico

Parte utilizada Folhas

Nomenclatura popularEspinheira santa cancerosa cancorosa-de-sete-espinhos cancrosa

espinheira-divina espinho-de-Deus maiteno erva-cancrosa erva-santa

ApresentaccedilotildeesCaacutepsula dura - Extrato seco das folhas de Maytenus ilicifolia 380 mg -

Embalagem com 3 bliacutesters contendo 15 caacutepsulas cada

Via oral

Uso adulto

Composiccedilatildeo

Cada caacutepsula conteacutem

Extrato seco de Maytenus ilicifolia380 mg

Excipiente qsp 1 caacutepsula (amido)

equivalente a 133 mg de taninos totais

Informaccedilotildees ao pacientePara que este medicamento eacute indicado

Espinheira Santa eacute indicada para o tratamento da maacute digestatildeo e como

coadjuvante no tratamento de uacutelcera do estocircmago e duodeno

Como este medicamento funciona

Espinheira Santa atua como regulador das funccedilotildees estomacais e promove a

proteccedilatildeo da mucosa gaacutestrica

Quando natildeo devo usar este medicamentobull O medicamento deve ser evitado por menores de 12 anos de idade devido agrave

falta de estudos disponiacuteveis

bull Lactaccedilatildeo e gravidez visto que pode diminuir a secreccedilatildeo de leite e pode

provocar contraccedilotildees uterinas

bull Hipersensibilidade (alergia) a qualquer um dos componentes da foacutermula ou a

outras plantas da famiacutelia Celastraceae

O que devo saber antes de usar este medicamentoPrecauccedilotildees e advertecircncias

bull De acordo com a categoria de risco de faacutermacos destinados agraves mulheres

graacutevidas este medicamento apresenta categoria de risco C Este medicamento

natildeo deve ser utilizado por mulheres graacutevidas sem orientaccedilatildeo meacutedica ou do

cirurgiatildeo dentista

Interaccedilotildees medicamentosas

bull A administraccedilatildeo concomitante de M ilicifolia com bebidas alcooacutelicas e outros

medicamentos natildeo eacute recomendada pois natildeo existem estudos disponiacuteveis

sobre as interaccedilotildees medicamentosas deste fitoteraacutepico

Informe seu meacutedico ou cirurgiatildeo-dentista se vocecirc estaacute fazendo uso de algum

outro medicamento

Onde como e por quanto tempo posso guardar este medicamentoCuidados de conservaccedilatildeo

Espinheira Santa deve ser conservada em temperatura ambiente (entre 15 e

30ordmC) em sua embalagem original Proteger da luz e da umidade

Prazo de validade24 meses apoacutes a data de fabricaccedilatildeo impressa no cartucho

Nuacutemero de lote e datas de fabricaccedilatildeo e validade vide embalagem

Natildeo use medicamento com o prazo de validade vencido

Guarde-o em sua embalagem original

Caracteriacutesticas fiacutesicasCaacutepsulas gelatinosas duras de cor creme

Caracteriacutesticas organoleacutepticas

Cheiro (odor) caracteriacutestico e praticamente natildeo apresenta sabor

Antes de usar observe o aspecto do medicamento Caso ele esteja no prazo

de validade e vocecirc observe alguma mudanccedila no aspecto consulte o

farmacecircutico para saber se poderaacute utilizaacute-lo

Todo medicamento deve ser mantido fora do alcance das crianccedilas

Como devo usar este medicamentoModo de usar

As caacutepsulas devem ser ingeridas inteiras e com uma quantidade suficiente de

aacutegua para que possam ser deglutidas

Posologia

Ingerir duas caacutepsulas via oral trecircs vezes ao dia de oito em oito horas

Siga corretamente o modo de usar Em caso de duacutevidas sobre este

medicamento procure orientaccedilatildeo do farmacecircutico Natildeo desaparecendo os

sintomas procure orientaccedilatildeo de seu meacutedico ou cirurgiatildeo-dentista

Este medicamento natildeo deve ser partido aberto ou mastigado

O que devo fazer quando eu me esquecer de usar este medicamentoCaso haja esquecimento da ingestatildeo de uma dose deste medicamento

retomar a posologia prescrita sem a necessidade de suplementaccedilatildeo

Em caso de duacutevidas procure orientaccedilatildeo do farmacecircutico ou de seu meacutedico ou

do cirurgiatildeo-dentista

Que males este medicamento pode causarReaccedilotildees adversas

Ateacute o momento natildeo foram relatadas reaccedilotildees adversas graves ou que coloquem

em risco a sauacutede dos pacientes

Raramente podem ocorrer casos de hipersensibilidade Neste caso suspender

o uso e procurar orientaccedilatildeo meacutedica

Informe seu meacutedico cirurgiatildeo-dentista ou farmacecircutico do aparecimento de

reaccedilotildees indesejaacuteveis pelo uso do medicamento

Induacutestria Brasileira

Esta bula foi atualizada conforme Bula Padratildeo aprovada pela Anvisa em

12012011

Farmacecircutica resp Dra (Nome )

CRF-PR nordm XXXX Coacuted XXXXX - 012011

Informe tambeacutem agrave empresa atraveacutes do seu Serviccedilo de

Atendimento ao Consumidor

O que fazer se algueacutem usar uma quantidade maior do que a indicada deste medicamentoPlantas ricas em taninos como a M ilicifolia quando usadas em doses

excessivas podem causar irritaccedilatildeo da mucosa gaacutestrica e intestinal gerando

vocircmitos coacutelicas intestinais e diarreia

Em caso de super dosagem suspender o uso e procurar orientaccedilatildeo meacutedica de

imediato Em caso de uso de grande quantidade deste medicamento procure

rapidamente socorro meacutedico e leve a embalagem ou bula do medicamento se

possiacutevel Siga corretamente o modo de usar natildeo desaparecendo os sintomas

procure orientaccedilatildeo meacutedica

Conclusatildeo

A espinheira-santa (M ilicifolia) eacute um fitoteraacutepico de relevante accedilatildeo terapecircutica

principalmente antiulcerogecircnica dada sua eficaacutecia farmacoloacutegica e seguranccedila

Vale lembrar que por ausecircncia de estudos ela natildeo eacute recomenda para crianccedilas

e natildeo deve ser usada por gestantes pois estudos em camundongos (fecircmeas e

graacutevidas) indicaram um decreacutescimo significativo do nuacutemero de embriotildees aleacutem

de possuir atividade estrogecircnica que pode interferir na receptividade uterina do

embriatildeo Entre suas atividades farmacoloacutegicas destaca-se a atividade

antiulcerogecircnica que pode ser comparada agrave accedilatildeo da ranitidina e da cimetidina

Por ser morfologicamente parecida com as espeacutecies S bonplandii e Z ilicifolia

ela eacute comumente confundida e ateacute mesmo trocada intencionalmente

A utilizaccedilatildeo de maneira errocircnea das espeacutecies botacircnicas que natildeo satildeo a

verdadeira espinheira-santa (M ilicifolia) pode acarretar danos agrave sauacutede dos

pacientes Assim conclui-se que essas espeacutecies conhecidas como

adulterantes podem trazer malefiacutecios pois ainda faltam estudos que

comprovem suas atividades farmacoloacutegicas e principalmente a seguranccedila

terapecircutica Poreacutem natildeo se deve descartar o uso dessas espeacutecies e sim

realizar estudos mais concretos para que essas plantas assim como a

verdadeira espinheira-santa possam auxiliar no tratamento farmacoloacutegico da

populaccedilatildeo

Referecircncias Bibliograacuteficas

Ralph Santos-Oliveira Simone Coulaud-Cunha Waldeciro Colaccedilo

Revisatildeo da Maytenus ilicifolia Mart ex Reissek Celastraceae

Contribuiccedilatildeo ao estudo das propriedades farmacoloacutegicas Rev Bras

Farmacogn Braz J Pharmacogn 19(2B) AbrJun 2009

Wilker Marlon de Moraes Jesus Tarciacutesio Neves da Cunha Estudo das

propriedades farmacoloacutegicas da espinheira-santa (Maytenus ilicifolia

Mart ex Reissek) e de duas espeacutecies adulterantes Revista Sauacutede e

Desenvolvimento vol ndash nordm 1 Jan ndash Jun 2012

MARIOT MP1 BARBIERI RL2 Engenheiro Agrocircnomo Dr prof do

Conjunto Agroteacutecnico ldquoVisconde da GraccedilardquoUniversidade Federal de

Pelotas (mariotufpeltchebr) ndash Av Ildefonso Simotildees Lopes 2791

Pelotas-RS CEP 96060-290 2Bioacuteloga Dr pesquisadora da Embrapa

Clima Temperado (barbiericpactembrapabr) ndash BR 392 km 78 caixa

postal 403 Pelotas-RS CEP 96001-970 (endereccedilo para

correspondecircncia) Metaboacutelitos secundaacuterios e propriedades medicinais da

espinheira-santa (Maytenus ilicifolia Mart ex Reiss e M aquifolium

Mart)

CARLINI EA Braz S Efeito protetor do liofilizado obtido do abafado de

Maytenus Sp (espinheira-santa) contra uacutelcera gaacutestrica experimental em

ratos In Estudo da accedilatildeo antiuacutelcera gaacutestrica de plantas brasileiras

(Maytenus ilicifolia) Espinheira santa e outras Brasiacutelia CEMEAFIP

1988 p21-35MACAUBAS CIP et al Estudo da eventual accedilatildeo

antiuacutelcera gaacutestrica do baacutelsamo (Sedum sp) folha da fortuna

(Bryophyllum calcium) couve (Brassica oleraceae) e da Espinheira

santa (Maytenus ilicifolia) em ratos In Estudo da accedilatildeo antiuacutelcera

gaacutestrica de plantas brasileiras (Maytenus ilicifolia) Espinheira santa e

outras Brasiacutelia CEMEAFIP 1988 p 5-20

Olivia Werner Oliveira Pedro Ros Petrovick Secagem por aspersatildeo

(spray drying) de extratos vegetais bases e aplicaccedilotildees Revista

Brasileira de Farmacognosia Brazilian Journal of Pharmacognosy 20(4)

641-650 AgoSet 2010

Marianne Christina Scheffer Capitulo 17 Produccedilatildeo de espinheira-santa

(Maytenus ilicifolia Mart ex Reiss) na regiatildeo metropolitana de Curitiba

Paranaacute Brasil

Said gonccedilalves da cruz fonsacircca Farmacoteacutecnica de Fitoteraacutepicos2005

Para a secagem de extratos derivados de plantas a seleccedilatildeo e o uso adequado

de adjuvantes no processo de spray drying eacute uma fase de fundamental

importacircncia visto que determina a estabilidade e a qualidade dos mesmos

podendo inclusive afetar as caracteriacutesticas de biodisponibilidade

13 Atividades farmacoloacutegicas da espinheira-santa A espinheira-santa (M ilicifolia) eacute uma planta que possui atividades

farmacoloacutegicas comprovadas entre elas a atividade antiulcerogecircnica Essas

atividades estatildeo ligadas a substacircncias quiacutemicas que satildeo os polifenoacuteis

(flavonoides e taninos) e os triterpenos Haacute fatores como a composiccedilatildeo quiacutemica

do solo onde essa planta estaacute sendo cultivado o local de plantio a teacutecnica de

colheita a secagem da planta e o processamento poacutes-colheita que influenciam

diretamente nos teores de princiacutepio ativo da planta podendo assim gerar

variaccedilotildees das atividades farmacoloacutegicas (NEGRI 2007)

141 Atividade gaacutestricaDe acordo com alguns estudos (Carlini amp Frochtengerten 1988 Ming et al

1998 Coulaud- Cunha et al 2004 Carvalho et al 2008) a M ilicifolia

apresenta accedilatildeo contra uacutelcera peacuteptica e gastrite Coulaud- Cunha et al (2004)

relatam que a accedilatildeo da M ilicifolia na uacutelcera peacuteptica e gastrite envolve mais de

um mecanismo de accedilatildeo ainda natildeo conclusivamente elucidados e natildeo se deve

somente a um principio ativo especifico mas a diferentes fitocomplexos Foi

demonstrado por Pereira et al (1993) e por Ming et al (1998) que tanto os

taninos principalmente a epigalocatequina quanto os oacuteleos essenciais em

especial o fridenelol satildeo responsaacuteveis por parte dos efeitos gastroprotetores

Carlini amp Frochtengarten (1988) por sua vez em estudos realizados com o

abafado da M ilicifolia relatam que quanto maior o tempo do tratamento maior

seraacute a gastroproteccedilatildeo sem entretanto haver alteraccedilotildees no pH Tal observaccedilatildeo

pode ser confirmada por Ferreira et al (2004) que em estudos com extrato

aquoso liofilizado das folhas de M ilicifolia em sapos comprovou que esse

possui efeito inibitoacuterio sobre os mediadores H2 da histamina nas ceacutelulas

parietais esses segundo Gilman (1989) quando estimulados causam a

ativaccedilatildeo da adenililciclase iniciando uma seacuterie de alteraccedilotildees morfoloacutegicas e

bioquiacutemicas complexas que leva ao aumento da secreccedilatildeo gaacutestrica

funcionando como um antagonista H2 aleacutem de inibir o efeito da gastrina Foi

demonstrado ainda que tanto a epigalocatequina (tanino) quanto o fridenelol

(oacuteleo essencial) satildeo responsaacuteveis por parte do efeito protetor da mucosa

gaacutestrica (Pereira et al 1993 Ming et al 1998)

142 Atividade antiulcerogecircnicaSegundo Sousa-Formigoni et al (1991) foi comprovada a atividade

antiulcerogecircnica da espinheira-santa (M ilicifolia) por experimentos feitos em

ratos nos quais os animais foram induzidos a terem uacutelceras gaacutestricas por meio

de indometacina e por estresse quando estes foram submetidos a baixas

temperaturas e por serem imobilizados Apoacutes a aplicaccedilatildeo de um extrato

liofilizado de espinheira-santa houve uma reduccedilatildeo do nuacutemero de uacutelceras e um

aumento do volume e pH da secreccedilatildeo gaacutestrica

Em estudos de mecanismos celulares e moleculares da accedilatildeo de produtos

naturais com o isolamento de substacircncias bioativas da M ilicifolia

responsaacuteveis pela accedilatildeo antissecretora aacutecida gaacutestrica os resultados obtidos

confirmam essas accedilotildees Foram utilizados nesses experimentos extratos

aquosos das partes aeacutereas da planta e os princiacutepios ativos tecircm funccedilatildeo de

inibidores da bomba de proacutetons etapa final comum das vias reguladoras da

secreccedilatildeo aacutecida gaacutestrica (BOSSOLANI 2000)

143 Atividade antimicrobianaEstudos pioneiros como o de Lima et al (1969) jaacute demonstravam que a

maitenina exibe forte atividade antimicrobiana contra vaacuterias bacteacuterias Gram

positivas Tais efeitos foram corroborados com a demonstraccedilatildeo que os extratos

das folhas e raiacutezes tecircm efeito antimicrobiano para vaacuterios patoacutegenos dentre

eles Staphylococcus aureus e Streptococcus sp

144 Atividade sobre o Sistema Nervoso CentralSegundo Alonso (1998) o extrato de M ilicifolia possui atividade sedativa que

potencializa (efeito sineacutergico) o sono por barbituacutericos em camundongos

145 Atividades abortiva e sobre a espermatogecircnese

De acordo com Montanari et al (1998) o extrato etanoacutelico de M Ilicifolia

quando administrado em altas doses em camundongos suiacuteccedilos apesar de

causar leves alteraccedilotildees como ceacutelulas germinativas imaturas esfoliadas mortes

celulares ocasionais aumento de gotiacuteculas lipiacutedicas em ceacutelulas de Sertoli e

inchamento de acrossomas entre outras natildeo foi suficiente para acarretar

danos agrave espermatogecircnese

Jaacute em testes realizados em camundongos (fecircmeas e graacutevidas) administrando-

se oralmente extrato hidroalcooacutelico (70) de folhas de espinheira-santa (M

ilicifolia) observou-se um decreacutescimo significativo do nuacutemero de embriotildees

indicando uma perda embrionaacuteria antes do periacuteodo de implantaccedilatildeo Poreacutem

natildeo houve maacute-formaccedilatildeo ou mortes fetais depois do periacuteodo de implantaccedilatildeo

Esse extrato possui atividade estrogecircnica que pode interferir na receptividade

uterina ao embriatildeo (MONTANARI BEVILAQUA 2002)

146 Atividades antimutagecircnica e anticanceriacutegenaConforme Horn e Vargas (2003) o extrato aquoso de M ilicifolia foi eficaz em

aproximadamente 75 das doses testadas exibindo boas respostas

antimutagecircnicas ou um decreacutescimo sugestivo Em estudos realizados por

Queiroga et al (2007) foi avaliada a fraccedilatildeo ativa antiulcerogecircnica da M

ilicifolia na atividade anticanceriacutegena apresentando resultados citostaacuteticos

satisfatoacuterios De acordo com Itokawa et al (1993) o composto pristimerina foi o

mais eficiente na accedilatildeo citotoacutexica podendo ser uacutetil no tratamento de tumores

147 Atividade antioxidante e otoprotetoraDe acordo com Mattei e Carlini (1998) um extrato aquoso liofilizado de

espinheira-santa (M ilicifolia) foi testado in vitro em homogenato de ceacuterebro de

ratos e exerceu uma importante atividade antioxidante inibindo o processo de

lipoperoxidaccedilatildeo

Usando-se extrato etanoacutelico de M ilicifolia foi confirmado que a casca da raiz

tem um poder antioxidante pelo fato de possuir em sua base compostos com a

capacidade sequestradora de radicais livres (VELLOSA et al 2006)

Conforme Santos et al (2010) foram comprovadas propriedades antioxidantes

dos extratos brutos e de componentes individuais de M Ilicifolia por possiacuteveis

associaccedilotildees sineacutergicas de substacircncias fenoacutelicas e triterpenos

quinonametiacutedeos comparados agrave rutina como composto fenoacutelico modelo

De acordo Kasse et al (2008) foi realizado um estudo com ratos (fecircmeas) em

que esses animais foram submetidos agrave substacircncia cisplatina e posteriormente

tratados com extrato de M ilicifolia para avaliar a atividade otoprotetora da

planta Foram realizados e avaliados os exames de emissotildees otoacuacutesticas por

produtos de distorccedilatildeo por potencial de tronco encefaacutelico antes e depois de

administraccedilatildeo de cisplatina e por fim por microscopia eletrocircnica de varredura

Os resultados mostraram que apesar de apresentar atividades antioxidantes a

M ilicifolia foi incapaz de bloquear o efeito citotoacutexico do composto quiacutemico

administrado nas cobaias

Segundo Negri et al (2009) a atividade antioxidante do extrato etanoacutelico de M

ilicifolia estaacute intimamente ligada agrave sua temperatura de secagem Testes

realizados para avaliaccedilatildeo do poder antioxidante os quais foram os meacutetodos de

formaccedilatildeo de complexo com fosfomolibdecircnio e atividade antioxidante em

relaccedilatildeo agrave reduccedilatildeo de um radical utilizando-se o DPPH (22-difenil-1-

picnilhidrazila) em que foram levadas em consideraccedilatildeo diferentes

temperaturas usualmente utilizadas para secagem (40 50 60 70 e 80˚C)

demostraram melhor atividade antioxidante na temperatura de 40˚C e

gradativamente quanto maior a temperatura realizada nos testes menor o

poder antioxidante Por fim o estudo mostrou a importacircncia do controle de

temperatura para a melhor efetividade nesse quesito da planta

Em estudos de Pessuto et al (2009) foram avaliados extratos e compostos

isolados de M Ilicifolia em relaccedilatildeo agrave capacidade antioxidante Os extratos

brutos e semipurificados foram estudados por meio de ensaios de

fosfomolibdecircnio (complexo) e de DPPH (22-difenil-1-picnilhidrazila) nos quais

os resultados mostraram que a fraccedilatildeo com acetato de etila teve melhor

capacidade antioxidante em relaccedilatildeo ao extrato bruto e fraccedilatildeo aquosa

possivelmente por conter maior nuacutemero de hidroxilas fenoacutelicas (pela

capacidade de sequestro dos radicais livres) e tambeacutem em relaccedilatildeo agraves

substacircncias trolox e vitamina C

148 Atividades antinociceptiva e anti-inflamatoacuteria De acordo com Nakamura et al (1994) o extrato etanoacutelico de folhas de M

ilicifolia conteacutem uma fraccedilatildeo de quercetina-3-O-glicosiacutedeo e essa substacircncia

quiacutemica foi avaliada pelo teste de aacutecido aceacutetico e formalina em ratos obtendo-

se resultados satisfatoacuterios para atividades analgeacutesicas e anti-inflamatoacuterias

Por meio de testes realizados em camundongos e ratos foi provocado um

edema nas patas desses animais por meio de injeccedilatildeo de 002 ml de

formaldeiacutedo (soluccedilatildeo a 092) utilizando-se como controle soluccedilatildeo salino

Apoacutes 120 minutos foi aplicado extrato hexacircnico e acetato de etila das folhas

(M ilicifolia) administrados por via oral nas doses de 80 160 320 e 340 mgkg

Os animais foram sacrificados apoacutes 4 horas Em um segundo ensaio foi

administrada por injeccedilatildeo soluccedilatildeo de carragenina a 1 e os extratos da planta

foram dados por via oral nas doses de 80 160 320 e 340 mgkg Os resultados

obtidos mostraram uma atividade antinociceptiva para os dois extratos

principalmente nas doses de 320 e 340 mgkg sendo esse teste importante

para uma alternativa cliacutenica na terapecircutica anti-inflamatoacuteria e antiulcerogecircnica

(JORGE et al 2004)

14 Toxicidade efeitos adversos e contraindicaccedilatildeo da espinheira-santa

Foi realizado um estudo toxicoloacutegico com 24 voluntaacuterios sendo 12 homens e

12 mulheres de 20 a 40 anos de idade selecionados previamente por meio de

avaliaccedilatildeo cliacutenica exames hematoloacutegicos e bioquiacutemicos e avaliaccedilatildeo

psicomotora com o objetivo de estabelecer um intervalo maacuteximo de seguranccedila

no uso de M ilicifolia As doses foram administradas de maneira crescente e

natildeo houve um grupo controle pois os exames iniciais foram considerados

como valores basais para efeito comparativo A dose inicial foi fixada em 100

mg por adulto sendo administradas doses subsequentes de 200 500 1000

1500 e 2000 mg com intervalos de uma semana para cada dose A anaacutelise dos

resultados revelou que natildeo houve efeitos significativos nos valores dos

principais paracircmetros hematoloacutegicos e bioquiacutemicos e tambeacutem natildeo foram

observadas alteraccedilotildees nas funccedilotildees hepaacuteticas pancreaacuteticas e renais

Hormocircnios lipiacutedeos glicose soacutedio potaacutessio caacutelcio e foacutesforo tambeacutem

mantiveram valores considerados normais (TABACH et al 2002)

Em relaccedilatildeo aos efeitos adversos a M ilicifolia natildeo possui algum que justifica a

interrupccedilatildeo do tratamento Entre os mais comuns destacam-se cefaleia

sonolecircncia boca seca naacuteuseas dor articular nas matildeos gosto estranho na

boca tremor nas matildeos cistite e poliuacuteria (TABACH et al 2002) Poreacutem

segundo Amaral et al (2005) natildeo eacute recomendado o uso pediaacutetrico pela

ausecircncia de testes Ensaios realizados em ratos mostraram perda embrionaacuteria

antes do periacuteodo de implantaccedilatildeo portanto essa planta natildeo eacute recomendada em

casos de gravidez (MONTANARI BIVILACQUA 2002)

De acordo com estudos realizados em camundongos o abafado de M ilicifolia

foi administrado nesses animais em doses ateacute 360 vezes maiores que a

utilizada pelo homem durante um periacuteodo de dois a trecircs meses Como

resultados natildeo houve mudanccedilas no peso comportamento temperatura

paracircmetros bioquiacutemicos e hematoloacutegicos desses animais (OLIVEIRA CARLINI

1988)

15 FarmacocineacuteticaO modelo da farmacocineacutetica da espinheira-santa eacute estudado por meio de seus

taninos natildeo condensados Epigalocatequina marcada foi administrada por via

oral sendo os picos plasmaacuteticos observados 60 min apoacutes a ingestatildeo Apoacutes

uma dose de 500 mgkg foram detectadas concentraccedilotildees tissulares de 123

mmol no plasma 484 mmol no fiacutegado e 565 mmol no intestino delgado

(Nakagawa amp Miyazawa 1997) Depois da administraccedilatildeo oral de

epigalocatequina-3-galato marcada com triacutetio a ratos cerca de 6 da dose eacute

eliminada na urina e 24 nas fezes nas primeiras 24 horas Uma segunda

dose dada duas horas apoacutes a primeira eleva em cerca de 4 a 6 vezes a

concentraccedilatildeo no plasma e em alguns tecidos Esses dados sugerem uma

meia-vida longa e eliminaccedilatildeo lenta da epigalocatequina-3-galato No final das

24 horas os animais foram sacrificados e essa substacircncia pocircde ser encontrada

no rim ceacuterebro fiacutegado pacircncreas intestino e ossos (Suganuma et al 1998)

Num outro estudo foi avaliada a afinidade da epigalocatequina-3-galato agraves

proteiacutenas do soro Apoacutes uma dose oral a ratos mais de 50 da

epigalocatequina-3-galato absorvida ligou-se agrave proteiacutena do plasma

especialmente a fibronectina o fibrinogecircnio e a HRGP( Histidin Rich

Glicoprotein) proteiacutena plasmaacutetica com 74 kdaltons cuja funccedilatildeo ainda eacute pouco

conhecida (Sazuka et al 1996)

16 PreparaccedilatildeoTendo sido reconhecida a espeacutecie com que se vai trabalhar torna-se

necessaacuterio que se disponha desta espeacutecie em quantidade suficiente para

atender a demanda relacionada a produccedilatildeo do fitoteraacutepico replicaccedilatildeo da

espeacutecie e respectivo controle de qualidade Par a atingir este objetivo a

espeacutecie deve ser cultivada na extensatildeo adequada ao fim que se propotildee tendo-

se aleacutem dos cuidados inerentes ao cultivo de qualquer espeacutecie vegetal a

precauccedilatildeo de nunca utilizar pesticidas ou agrotoacutexicos na aacuterea de cultivo Nos

parece claro que a opccedilatildeo pelo fitoteraacutepico deve vir acompanhada do desejo de

seguranccedila o que natildeo seria conseguido se fossem deixados resiacuteduos de

agrotoacutexicos ou de pesticidas na espeacutecie que iraacute ser usada como mateacuteria-prima

para a produccedilatildeo de medicamento Veja no item 24 os ensaios que devem ser

efetuados no sentido de identificar e quantificar a presenccedila destes e de outros

contaminantes

Dispondo-se entatildeo da espeacutecie vegetal botanicamente selecionada cultivada

sem o uso de agentes quiacutemicos contaminantes iremos seguir tantos passos

quantos sejam necessaacuterios para preparar a espeacutecie vegetal numa droga capaz

de ser armazenada e processada para resultar num preparado intermediaacuterio uacutetil

na preparaccedilatildeo de fitoteraacutepicos Estes passos podem ser enumerados como

sendo Coleta Monda Estabilizaccedilatildeo Secagem Trituraccedilatildeo e Armazenamento

A execuccedilatildeo e finalidade de cada um se acham descrito a seguir

A Coleta eacute realizada atraveacutes da retirada da parte usada da planta procurando

sempre o material mais saudaacutevel em completo desenvolvimento (a menos que

especificado em (contraacuterio como ocorre com a gema terminal de Psidium

guajava) e com o miacutenimo de contaminantes (poeira poluiccedilatildeo adubo insetos

colocircnia de microrganismos etc) A distribuiccedilatildeo de substacircncias

farmacologicamente ativas nas plantas medicinais natildeo se daacute de maneira

homogecircnea em toda a extensatildeo da planta Portanto eacute de se esperar que

apenas alguma parte de uma dada espeacutecie podem ser utilizadas com finalidade

terapecircutica

Atraveacutes de consulta agraves diversas farmacopeias e tratados sobre plantas

medicinais encontramos descriccedilotildees sobre a parte a ser usada de cada espeacutecie

medicinal Pode-se em alguns casos observar que diferentes partes de uma

mesma planta apresentam propriedades inteiramente diferentes como por

exemplo a Punica granam (romatildezeira) cujas cascas do caule satildeo teniacutefugas e

as cascas dos frutos tecircm propriedades anti-inflamatoacuteria e antibioacutetica Em outros

casos toda a planta pode ser utilizada com a mesma finalidade como a

Phylanthus niruri (quebra-pedra) Torna-se imperioso portanto que antes de

qualquer outra etapa da preparaccedilatildeo de uma forma farmacecircutica fitoteraacutepica se

conheccedila qual ou quais partes da espeacutecie escolhida pode ser utilizada

A coleta deve respeitar para cada espeacutecie o melhor periacuteodo correspondente

agravequele onde a espeacutecie apresenta maior teor em substacircncias ativas Tendo isto

em mente relacionamos a seguir orientaccedilotildees geneacutericas quanto ao periacuteodo de

coleta

Formas farmacecircuticas de fitoteraacutepicosPoacute

Eacute a forma farmacecircutica obtida apoacutes a secagem trituraccedilatildeo e tamisaccedilatildeo da

droga Segundo a sua finalidade devem apresentar a tenuidade adequada

conforme a tabela a seguir Pode ser dispensado para uso na preparaccedilatildeo de

chaacutes ou adicionado agrave alimentaccedilatildeo (leite sucos mel etc) O envase deve cuidar

para que natildeo haja absorccedilatildeo de umidade

Formas soacutelidas

Caacutepsulas

Eacute a forma farmacecircutica obtida pela deposiccedilatildeo ordenada da droga seca

triturada e tamisada em caacutepsulas gelatinosas duras ou pelo encapsulamento

de liacutequidos ou semissoacutelidos de natureza lipofiacutelica em caacutepsulas gelatinosas

moles O invoacutelucro rosa utilizado eacute geralmente de natureza proteica e satildeo

portanto incompatiacuteveis com drogas tacircnicas por exemplo Cuidado especial

deve ser tomado com a umidade temperatura e pressatildeo exercida sobre as

caacutepsulas durante o armazenamento e transporte Estes fatores podem levar a

desidrataccedilatildeo ou hidrataccedilatildeo das caacutepsulas que as tornam quebradiccedilas ou

deformadas e coladas Durante a preparaccedilatildeo das caacutepsulas deve-se cuidar para

que o peso das caacutepsulas obtidas seja o mais uniforme possiacutevel podendo-se

garantir isso pela pesagem da quantidade de poacute necessaacuteria para o enchimento

de um nuacutemero determinado de caacutepsulas

O enchimento das caacutepsulas ocorre na oficina farmacecircutica em tabuleiros

especiais constituiacutedos em acriacutelico PVC ou outro poliacutemero apresentando-se no

modelo mais simples apenas como uma base fixa que se encaixa a uma outra

moacutevel e perfurada que recebe o corpo das caacutepsulas sem as tampas A seguir

se distribui de forma homogecircnea a quantidade estipulada de poacute em todas as

caacutepsulas valendo-se de uma espaacutetula plaacutestica e de um dispositivo especial

para prensar o conteuacutedo no interior das caacutepsulas Finalizado o enchimento as

partes super oires (tampas) das caacutepsulas satildeo recolocadas fechando-as e

determina-se o peso meacutedio das mesmas embalando-as imediatamente

A capacidade das caacutepsulas eacute proporcional agrave densidade do poacute e ao tamanho

das caacutepsulas que eacute padronizado em 08 (oito) diferentes tipos listados a seguir

com as respectivas dimensotildees e capacidades em mililitros

Controle de Qualidade

Todas as etapas utilizadas durante o processamento da droga devem ser

monitoradas atraveacutes de ensaios que possam atestar a qualidade da mateacuteria-

prima dos produtos intermediaacuterios e do produto final acabado O objetivo final

tanto do processamento adequado quanto agrave avaliaccedilatildeo da qualidade eacute a

garantia de que o que estaacute sendo produzido na forma como ocorre o processo

produtivo estaacute conduzindo agrave obtenccedilatildeo de um produto com as caracteriacutesticas

necessaacuterias agrave utilizaccedilatildeo para o tratamento de doenccedilas

Droga

A avaliaccedilatildeo da qualidade da droga utilizada na obtenccedilatildeo de fitoteraacutepicos no

Programa Farmaacutecias-Vivas onde o cultivo das espeacutecies vegetais eacute efetuado

pelo laboratoacuterio fabricante do produto deve ser realizada sob os seguintes

aspectos

- Considerando que a droga a ser utilizada corresponde agrave espeacutecie vegetal

esperada conhece-se suas caracteriacutesticas macromorfoloacutegicas aleacutem das suas

caracteriacutesticas sensoriais constituindo a primeira avaliaccedilatildeo que eacute a identidade

da droga

- Determinaccedilatildeo da umidade da droga fresca que deve ser diferenciada de

perda por dessecaccedilatildeo pois outras substacircncias volaacuteteis aleacutem da aacutegua satildeo

evaporadas Pode ser determinada atraveacutes do ensaio volumeacutetrico de Karl

Fischer ou pelo ensaio gravimeacutetrico submetendo a droga a dessecaccedilatildeo em

temperatura ambiente em dessecador com siacutelica ou aacutecido sulfuacuterico

- Mesmo a droga morfologicamente normal pode natildeo apresentar seus

constituintes ativos na quantidade desejada sendo necessaacuterio que sejam

realizados ensaios de identificaccedilatildeo e quantificaccedilatildeo de ativos ou de marcadores

atraveacutes das mais diversas teacutecnicas gravimeacutetrica volumeacutetrica

espectrofotomeacutetrica cromatograacutefica etc

- Avaliaccedilatildeo da contaminaccedilatildeo microbiana da droga principalmente se a mesma

tiver de ser utilizada sem qualquer processamento posterior As drogas que

seratildeo transformadas em uma forma extrativa em soluccedilatildeo hidro-alcooacutelica pode

ter sua carga microbiana reduzida pelo efeito antisseacuteptico do solvente

Preparado Intermediaacuterio

As formas extrativas satildeo obtidas em condiccedilotildees que nem sempre conseguem

retirar a totalidade das substacircncias ativas soluacuteveis no solvente escolhido devido

a diversos fator ES como o tempo e temperatura de maceraccedilatildeo pH do

solvente distribuiccedilatildeo granulomeacutetrica da droga sua umidade residual teor de

substacircncias ativas e velocidade de percolaccedilatildeo Justifica-se entatildeo a

necessidade da realizaccedilatildeo de ensaios de avaliaccedilatildeo da qualidade das formas

extrativas incluindo avaliaccedilotildees fiacutesico-quiacutemicas como aparecircncia cor odor

solubilidade densidade pH e viscosidade avaliaccedilotildees quiacutemicas como o perfil

cromatograacutefico e dosagem das substacircncias ativas ou marcador e avaliaccedilatildeo

microbioloacutegica da quantidade de microrganismos viaacuteveis

Fitoteraacutepico

Independente da forma farmacecircutica final eacute necessaacuterio que sejam realizadas

avaliaccedilotildees na qualidade do produto final da mesma forma que eacute exigido para

os demais tipos de medicamentos Listamos a seguir os ensaios realizados

para cada forma farmacecircutica lembrando que devem ser acrescentados os

ensaios quiacutemicos e microbioloacutegicos

Prazo de Validade

Considerando a jaacute difiacutecil realizaccedilatildeo da avaliaccedilatildeo da qualidade das drogas

utilizadas na obtenccedilatildeo de fitoteraacutepicos pode-se compreender que o

acompanhamento do processo cineacutetico de degradaccedilatildeo dos constituintes do

medicamento natildeo eacute uma estar efe faacutecil No entanto esta avaliaccedilatildeo pode se dar

em diversos niacuteveis

- Avaliaccedilatildeo da estabilidade fiacutesica

Para cada tipo de forma farmacecircutica satildeo descritas as caracteriacutesticas tiacutepicas

como cor odor limpidez densidade viscosidade pH etc que observadas

para um mesmo lote ao longo do tempo de armazenamento forneceratildeo

informaccedilotildees sobre a integridade fiacutesica da formulaccedilatildeo

- Avaliaccedilatildeo da estabilidade quiacutemica

A utilizaccedilatildeo de recursos laboratoriais desde os mais simples ateacute os mais

sofisticados permitem o acompanhamento qualitativo eou quantitativo dos

princiacutepios ativos contidos no produto fitoteraacutepico Por exemplo atraveacutes do

ensaio limite de taninos por diluiccedilotildees sucessivas e adiccedilatildeo de cloreto feacuterrico

pode-se ter uma medida semi-quantitativa do teor destas substacircncias nas

preparaccedilotildees que o contenham Evoluindo a utilizaccedilatildeo de teacutecnica

cromatograacutefica em camada delgada sobre papel ou siacutelica permite a

determinaccedilatildeo do perfil cromatograacutefico para o produto de modo que possa ser

comparado com o obtido em lotes posteriores ou com o mesmo lote ao longo do

tempo de armazenamento

- Avaliaccedilatildeo da estabilidade microbioloacutegica

A verificaccedilatildeo do niacutevel de contaminaccedilatildeo microbiana numa preparaccedilatildeo

medicamentosa fornece informaccedilotildees sobre o niacutevel de higienizaccedilatildeo empregado

durante o processamento da droga ateacute a obtenccedilatildeo do medicamento A

observaccedilatildeo deste mesmo paracircmetro ao longo do tempo fornece informaccedilotildees

sobre a composiccedilatildeo conservante utilizada no produto e a forma de

armazenamento

Teacutecnicas Gerais

Os ensaios laboratoriais de avaliaccedilatildeo da qualidade da droga compreendem

basicamente

- Observaccedilatildeo macroscoacutepica e microscoacutepica da droga fresca e seca inteira e

triturada comparando com o descrito em farmacopeias ou com modelos

botanicamente certificados

- Determinaccedilatildeo de umidade na droga fresca e naquela seca e triturada

evidenciando a quantidade de aacutegua contida na droga receacutem-coletada na droga

s eca e a efetividade do processo de secagem utilizada

- Identificaccedilatildeo e dosagem de substacircncias ativas ou marcadores realizada na

droga seca e triturada onde atraveacutes do acompanhamento da evoluccedilatildeo ao

longo do tempo e o cruzamento dos dados entre os locais e condiccedilotildees de

cultivo seraacute possiacutevel a determinaccedilatildeo das condiccedilotildees ideais para a manutenccedilatildeo

da qualidade das espeacutecies vegetais

- Determinaccedilatildeo da quantidade de mateacuteria orgacircnica estranha na droga seca

triturada grosseiramente demonstrando se a coleta monda secagem e

trituraccedilatildeo foram realizadas a contento sem o risco de contaminaccedilatildeo com outras

espeacutecies

- Determinaccedilatildeo de resiacuteduos de pesticidas para monitorar a forma de realizaccedilatildeo

do controle de pestes atraveacutes da identificaccedilatildeo e dosagem de pesticidas

- Determinaccedilatildeo da presenccedila de arsecircnio e metais pesados como componentes

que satildeo responsaacuteveis por intoxicaccedilotildees e por incompatibilidades nas

preparaccedilotildees liacutequidas de fitoteraacutepicos

- Determinaccedilatildeo da quantidade de microrganismos viaacuteveis atraveacutes da contagem

em placa a de diluiccedilotildees obtidas a partir do liacutequido de lavagem das drogas

evidenciando o grau de contaminaccedilatildeo e a possiacutevel e indesejaacutevel presenccedila de

microrganismos potencialmente patogecircnicos

Garantia de Qualidade

Na produccedilatildeo de fitoteraacutepicos do mesmo modo como ocorre com qualquer outro

medicamento natildeo pode negligenciar qualquer procedimento que possa conduzir

a diminuiccedilatildeo da qualidade do produto final A qualidade se reflete na

reprodutibilidade da qualidade do produto avaliada em laboratoacuterio e no

acompanhamento da sua eficaacutecia terapecircutica e seguranccedila Isto soacute pode ser

conseguido quando para cada forma farmacecircutica de fitoteraacutepico forem

registradas as operaccedilotildees farmacecircuticas que devem ser seguidas agrave risca suas

medidas de controle e definiccedilatildeo das responsabilidades para cada uma das

etapas do processamento

Apenas como ilustraccedilatildeo tomemos como exemplo a produccedilatildeo da tintura de

Alecrim-pimenta (Lippia sidoides Cham) O iniacutecio da preocupaccedilatildeo com a

qualidade se daacute com a seguranccedila de que a espeacutecie cultivada seja realmente

aquela que se deve coletar e em seguida em coletar a parte que realmente

deve ser utilizada e de plantas com aspecto saudaacutevel de desenvolvimento para

a qual as condiccedilotildees de cultivo tenham se apresentado como satisfatoacuterias A

monda que se segue agrave coleta retirando as partes improacuteprias agrave preparaccedilatildeo do

fitoteraacutepico daacute continuidade ao passo anterior na busca de alcanccedilar a qualidade

desejada O processo de dessecaccedilatildeo ocorrendo agrave sombra e agrave temperatura

ambiente preservando os constituintes quiacutemicos ativos e diminuindo a

influecircncia da umidade da planta sobre a sua qualidade e a da soluccedilatildeo extrativa

a ser obtida faz com que a droga obtida possa ser utilizada como mateacuteria-prima

para a obtenccedilatildeo de medicamento O cuidadoso processo de trituraccedilatildeo sem

elevar a temperatura durante o processo e reduzindo a perda de poacute para o

ambiente tambeacutem representa um processo que deve ser realizado com a

devida atenccedilatildeo Depois disso a droga seca e triturada deve ser armazenada

em condiccedilotildees que preservem sua qualidade pelo tempo necessaacuterio ateacute sua

utilizaccedilatildeo com as devidas inscriccedilotildees que atestem sua fonte data de coleta e de

processamento e respectivos responsaacuteveis

A preparaccedilatildeo da soluccedilatildeo hidro-alcooacutelica que seraacute utilizada no processo extrativo

tambeacutem deve ser realizada com bastante cuidado pois a mateacuteria-prima deve

apresentar a qualidade compatiacutevel com sua utilizaccedilatildeo para a produccedilatildeo de

medicamentos aacutegua purificada e aacutelcool farmacecircutico Deve-se observar a

legislaccedilatildeo atual sobre aacutelcool que exige a desnaturaccedilatildeo do aacutelcool

comercializado em farmaacutecias e supermercados e assim natildeo deve servir como

excipiente farmacecircutico Enfim todos os processos interferem com a qualidade

do produto final a ser obtido e devem ser realizados corretamente e as

operaccedilotildees registradas em documento proacuteprio buscando a rastreabilidade de

cada lote de cada produto

Outra etapa da garantia da qualidade essencial para sua implantaccedilatildeo eacute a

validaccedilatildeo de equipamentos e de processos que busca uma evidecircncia

documentada de que os mesmos cumprem satisfatoriamente sua finalidade

quando utilizados ou realizados corretamente

Estas evidecircncias devem ser conseguidas antes mesmo de se iniciar a utilizaccedilatildeo

das instalaccedilotildees para produccedilatildeo de medicamentos Naqueles jaacute em

funcionamento a validaccedilatildeo pode ser realizada atraveacutes da documentaccedilatildeo da

produccedilatildeo passada ou seja uma validaccedilatildeo retrospectiva

Para a produccedilatildeo de medicamentos em pequena escala que natildeo venha a

caracterizar uma produccedilatildeo industrial deve-se buscar a adequaccedilatildeo das

condiccedilotildees de produccedilatildeo armazenamento e dispensaccedilatildeo do produto atraveacutes da

Resoluccedilatildeo RDC ndeg 33 de abril de 2000 que descreve os criteacuterios de Boas

Praacuteticas de Manipulaccedilatildeo

Para a produccedilatildeo industrial de medicamentos a legislaccedilatildeo que trata das Boas

Praacuteticas de Fabricaccedilatildeo e Garantia de Qualidade eacute a Resoluccedilatildeo RDC ndeg 210 de

04 de agosto de 2003 As especificaccedilotildees legais da legislaccedilatildeo sanitaacuteria

brasileira e de outros paiacuteses para materiais vegetais devem incluir tanto quanto

possiacutevel o seguinte

- Nome botacircnico c om referecircncia aos autores

- Detalhes da fonte da planta (paiacutes ou regiatildeo de origem cultivo eacutepoca da

colheita procedimentos de colheita possiacuteveis pesticidas utilizados etc)

- Descriccedilatildeo do material vegetal inspeccedilatildeo visual macro eou microscoacutepica

- Testes de identificaccedilatildeo apropriados incluindo quando convenientes testes de

identificaccedilatildeo para ingredientes ativos conhecidos ou marcadores

- Ensaios quando convenientes dos constituintes de atividade terapecircutica ou

marcadores

- Meacutetodos apropriados para determinaccedilatildeo de possiacuteveis contaminaccedilotildees por

pesticidas e os limites aceitos

- Testes para metais pesados e contaminantes semelhantes materiais

estranhos e adulterantes

- Testes para radiaccedilatildeo aflatoxinas e contaminaccedilatildeo microbiana

Qualquer tratamento usado para reduzir contaminaccedilotildees focircnicas e microbianas

ou outras infestaccedilotildees devem ser documentadas Instrumentos para tais

procedimentos devem ser acessiacuteveis e devem incluir detalhes dos processos

testes e limites residuais

Para a realidade do programa Farmaacutecias-Vivas onde natildeo satildeo utilizados

pesticidas as plantas satildeo cultivadas no local proacuteximo de onde ocorre a

produccedilatildeo do medicamento ou satildeo de origem na mesma regiatildeo e satildeo

processadas logo apoacutes a coleta satildeo feitas exigecircncias menores que as

estabelecidas para maiores escalas de produccedilatildeo Nem assim devemos deixar

de registrar todas as operaccedilotildees realizadas com a droga desde o seu cultivo ateacute

a dispensaccedilatildeo do produto fitoteraacutepico

Dispensaccedilatildeo

Estivemos sempre discorrendo sobre qualidade do produto a ser obtido desde

o cultivo da espeacutecie correta da coleta da parte usada e o seu processamento

mantendo intactos os princiacutepios ativos Conhecemos os motivos que levam a

toda esta preocupaccedilatildeo com a qualidade a responsabilidade do profissional que

o produz e a eficaacutecia e a seguranccedila necessaacuterias para o paciente que o utiliza

Portanto resta-nos dispensar o fitoteraacutepico para que este apresente estas

caracteriacutesticas trans formando o paciente num parceiro consciente do seu

papel no uso cor reto deste recurso terapecircutico

O resgate das praacuteticas populares agora respaldadas pelos estudos cientiacuteficos

seacuterios que atestam a eficaacutecia e seguranccedila das espeacutecies utilizadas no programa

Farmaacutecias-Vivas pode ser abordado no momento da dispensaccedilatildeo do

medicamento ou atraveacutes de apresentaccedilotildees coletivas organizadas e realizadas

pelo Farmacecircutico Alguns cuidados merecem ser observados para natildeo se

incorrer em riscos desnecessaacuterios

- Natildeo referendar o uso de plantas cujo estudo cientiacutefico natildeo tenha apresentado

dados sobre sua eficaacutecia e seguranccedila

- Natildeo recomendar o uso de qualquer planta medicinal para o tratamento de

doenccedilas sem a devida recomendaccedilatildeo meacutedica especializada ou natildeo

- Natildeo recomendar a utilizaccedilatildeo de planta que nos seja desconhecida tanto no

aspecto teoacuterico quanto praacutetico

- Natildeo sugerir a utilizaccedilatildeo de quaisquer praacuteticas com ou sem uso de plantas

medicinais que possa representar um risco potencial ou real de dano fetal

Para nos resguardarmos de quaisquer erros precisamos nos manter atualizados

quanto aos benefiacutecios e riscos da utilizaccedilatildeo das espeacutecies medicinais com as

quais trabalhamos dada agrave impossibilidade de conhecer todas as demais Os

dados obtidos durante a dispensaccedilatildeo e acompanhamento dos pacientes aleacutem

daqueles obtidos durante os ensaios controlados de toxicologia e farmacologia

cliacutenica forneceratildeo a necessaacuteria seguranccedila para realizarmos a dispensaccedilatildeo e

cada vez mais desfazermos o mito do natural ser inoacutecuo

Como exemplo da relaccedilatildeo risco x benefiacutecio de uma preparaccedilatildeo fitoteraacutepica

apresentamos as seguintes informaccedilotildees sobre o Elixir de Aroeira que em

muitos aspectos natildeo houve a quantificaccedilatildeo da intensidade dos efeitos beneacuteficos

nem adversos nem de interaccedilotildees

Forma Medicamento Fitoteraacutepico- Caacutepsula ESPINHEIRA SANTA Maytenus ilicifolia Celastraceae

Medicamento fitoteraacutepico

Parte utilizada Folhas

Nomenclatura popularEspinheira santa cancerosa cancorosa-de-sete-espinhos cancrosa

espinheira-divina espinho-de-Deus maiteno erva-cancrosa erva-santa

ApresentaccedilotildeesCaacutepsula dura - Extrato seco das folhas de Maytenus ilicifolia 380 mg -

Embalagem com 3 bliacutesters contendo 15 caacutepsulas cada

Via oral

Uso adulto

Composiccedilatildeo

Cada caacutepsula conteacutem

Extrato seco de Maytenus ilicifolia380 mg

Excipiente qsp 1 caacutepsula (amido)

equivalente a 133 mg de taninos totais

Informaccedilotildees ao pacientePara que este medicamento eacute indicado

Espinheira Santa eacute indicada para o tratamento da maacute digestatildeo e como

coadjuvante no tratamento de uacutelcera do estocircmago e duodeno

Como este medicamento funciona

Espinheira Santa atua como regulador das funccedilotildees estomacais e promove a

proteccedilatildeo da mucosa gaacutestrica

Quando natildeo devo usar este medicamentobull O medicamento deve ser evitado por menores de 12 anos de idade devido agrave

falta de estudos disponiacuteveis

bull Lactaccedilatildeo e gravidez visto que pode diminuir a secreccedilatildeo de leite e pode

provocar contraccedilotildees uterinas

bull Hipersensibilidade (alergia) a qualquer um dos componentes da foacutermula ou a

outras plantas da famiacutelia Celastraceae

O que devo saber antes de usar este medicamentoPrecauccedilotildees e advertecircncias

bull De acordo com a categoria de risco de faacutermacos destinados agraves mulheres

graacutevidas este medicamento apresenta categoria de risco C Este medicamento

natildeo deve ser utilizado por mulheres graacutevidas sem orientaccedilatildeo meacutedica ou do

cirurgiatildeo dentista

Interaccedilotildees medicamentosas

bull A administraccedilatildeo concomitante de M ilicifolia com bebidas alcooacutelicas e outros

medicamentos natildeo eacute recomendada pois natildeo existem estudos disponiacuteveis

sobre as interaccedilotildees medicamentosas deste fitoteraacutepico

Informe seu meacutedico ou cirurgiatildeo-dentista se vocecirc estaacute fazendo uso de algum

outro medicamento

Onde como e por quanto tempo posso guardar este medicamentoCuidados de conservaccedilatildeo

Espinheira Santa deve ser conservada em temperatura ambiente (entre 15 e

30ordmC) em sua embalagem original Proteger da luz e da umidade

Prazo de validade24 meses apoacutes a data de fabricaccedilatildeo impressa no cartucho

Nuacutemero de lote e datas de fabricaccedilatildeo e validade vide embalagem

Natildeo use medicamento com o prazo de validade vencido

Guarde-o em sua embalagem original

Caracteriacutesticas fiacutesicasCaacutepsulas gelatinosas duras de cor creme

Caracteriacutesticas organoleacutepticas

Cheiro (odor) caracteriacutestico e praticamente natildeo apresenta sabor

Antes de usar observe o aspecto do medicamento Caso ele esteja no prazo

de validade e vocecirc observe alguma mudanccedila no aspecto consulte o

farmacecircutico para saber se poderaacute utilizaacute-lo

Todo medicamento deve ser mantido fora do alcance das crianccedilas

Como devo usar este medicamentoModo de usar

As caacutepsulas devem ser ingeridas inteiras e com uma quantidade suficiente de

aacutegua para que possam ser deglutidas

Posologia

Ingerir duas caacutepsulas via oral trecircs vezes ao dia de oito em oito horas

Siga corretamente o modo de usar Em caso de duacutevidas sobre este

medicamento procure orientaccedilatildeo do farmacecircutico Natildeo desaparecendo os

sintomas procure orientaccedilatildeo de seu meacutedico ou cirurgiatildeo-dentista

Este medicamento natildeo deve ser partido aberto ou mastigado

O que devo fazer quando eu me esquecer de usar este medicamentoCaso haja esquecimento da ingestatildeo de uma dose deste medicamento

retomar a posologia prescrita sem a necessidade de suplementaccedilatildeo

Em caso de duacutevidas procure orientaccedilatildeo do farmacecircutico ou de seu meacutedico ou

do cirurgiatildeo-dentista

Que males este medicamento pode causarReaccedilotildees adversas

Ateacute o momento natildeo foram relatadas reaccedilotildees adversas graves ou que coloquem

em risco a sauacutede dos pacientes

Raramente podem ocorrer casos de hipersensibilidade Neste caso suspender

o uso e procurar orientaccedilatildeo meacutedica

Informe seu meacutedico cirurgiatildeo-dentista ou farmacecircutico do aparecimento de

reaccedilotildees indesejaacuteveis pelo uso do medicamento

Induacutestria Brasileira

Esta bula foi atualizada conforme Bula Padratildeo aprovada pela Anvisa em

12012011

Farmacecircutica resp Dra (Nome )

CRF-PR nordm XXXX Coacuted XXXXX - 012011

Informe tambeacutem agrave empresa atraveacutes do seu Serviccedilo de

Atendimento ao Consumidor

O que fazer se algueacutem usar uma quantidade maior do que a indicada deste medicamentoPlantas ricas em taninos como a M ilicifolia quando usadas em doses

excessivas podem causar irritaccedilatildeo da mucosa gaacutestrica e intestinal gerando

vocircmitos coacutelicas intestinais e diarreia

Em caso de super dosagem suspender o uso e procurar orientaccedilatildeo meacutedica de

imediato Em caso de uso de grande quantidade deste medicamento procure

rapidamente socorro meacutedico e leve a embalagem ou bula do medicamento se

possiacutevel Siga corretamente o modo de usar natildeo desaparecendo os sintomas

procure orientaccedilatildeo meacutedica

Conclusatildeo

A espinheira-santa (M ilicifolia) eacute um fitoteraacutepico de relevante accedilatildeo terapecircutica

principalmente antiulcerogecircnica dada sua eficaacutecia farmacoloacutegica e seguranccedila

Vale lembrar que por ausecircncia de estudos ela natildeo eacute recomenda para crianccedilas

e natildeo deve ser usada por gestantes pois estudos em camundongos (fecircmeas e

graacutevidas) indicaram um decreacutescimo significativo do nuacutemero de embriotildees aleacutem

de possuir atividade estrogecircnica que pode interferir na receptividade uterina do

embriatildeo Entre suas atividades farmacoloacutegicas destaca-se a atividade

antiulcerogecircnica que pode ser comparada agrave accedilatildeo da ranitidina e da cimetidina

Por ser morfologicamente parecida com as espeacutecies S bonplandii e Z ilicifolia

ela eacute comumente confundida e ateacute mesmo trocada intencionalmente

A utilizaccedilatildeo de maneira errocircnea das espeacutecies botacircnicas que natildeo satildeo a

verdadeira espinheira-santa (M ilicifolia) pode acarretar danos agrave sauacutede dos

pacientes Assim conclui-se que essas espeacutecies conhecidas como

adulterantes podem trazer malefiacutecios pois ainda faltam estudos que

comprovem suas atividades farmacoloacutegicas e principalmente a seguranccedila

terapecircutica Poreacutem natildeo se deve descartar o uso dessas espeacutecies e sim

realizar estudos mais concretos para que essas plantas assim como a

verdadeira espinheira-santa possam auxiliar no tratamento farmacoloacutegico da

populaccedilatildeo

Referecircncias Bibliograacuteficas

Ralph Santos-Oliveira Simone Coulaud-Cunha Waldeciro Colaccedilo

Revisatildeo da Maytenus ilicifolia Mart ex Reissek Celastraceae

Contribuiccedilatildeo ao estudo das propriedades farmacoloacutegicas Rev Bras

Farmacogn Braz J Pharmacogn 19(2B) AbrJun 2009

Wilker Marlon de Moraes Jesus Tarciacutesio Neves da Cunha Estudo das

propriedades farmacoloacutegicas da espinheira-santa (Maytenus ilicifolia

Mart ex Reissek) e de duas espeacutecies adulterantes Revista Sauacutede e

Desenvolvimento vol ndash nordm 1 Jan ndash Jun 2012

MARIOT MP1 BARBIERI RL2 Engenheiro Agrocircnomo Dr prof do

Conjunto Agroteacutecnico ldquoVisconde da GraccedilardquoUniversidade Federal de

Pelotas (mariotufpeltchebr) ndash Av Ildefonso Simotildees Lopes 2791

Pelotas-RS CEP 96060-290 2Bioacuteloga Dr pesquisadora da Embrapa

Clima Temperado (barbiericpactembrapabr) ndash BR 392 km 78 caixa

postal 403 Pelotas-RS CEP 96001-970 (endereccedilo para

correspondecircncia) Metaboacutelitos secundaacuterios e propriedades medicinais da

espinheira-santa (Maytenus ilicifolia Mart ex Reiss e M aquifolium

Mart)

CARLINI EA Braz S Efeito protetor do liofilizado obtido do abafado de

Maytenus Sp (espinheira-santa) contra uacutelcera gaacutestrica experimental em

ratos In Estudo da accedilatildeo antiuacutelcera gaacutestrica de plantas brasileiras

(Maytenus ilicifolia) Espinheira santa e outras Brasiacutelia CEMEAFIP

1988 p21-35MACAUBAS CIP et al Estudo da eventual accedilatildeo

antiuacutelcera gaacutestrica do baacutelsamo (Sedum sp) folha da fortuna

(Bryophyllum calcium) couve (Brassica oleraceae) e da Espinheira

santa (Maytenus ilicifolia) em ratos In Estudo da accedilatildeo antiuacutelcera

gaacutestrica de plantas brasileiras (Maytenus ilicifolia) Espinheira santa e

outras Brasiacutelia CEMEAFIP 1988 p 5-20

Olivia Werner Oliveira Pedro Ros Petrovick Secagem por aspersatildeo

(spray drying) de extratos vegetais bases e aplicaccedilotildees Revista

Brasileira de Farmacognosia Brazilian Journal of Pharmacognosy 20(4)

641-650 AgoSet 2010

Marianne Christina Scheffer Capitulo 17 Produccedilatildeo de espinheira-santa

(Maytenus ilicifolia Mart ex Reiss) na regiatildeo metropolitana de Curitiba

Paranaacute Brasil

Said gonccedilalves da cruz fonsacircca Farmacoteacutecnica de Fitoteraacutepicos2005

funcionando como um antagonista H2 aleacutem de inibir o efeito da gastrina Foi

demonstrado ainda que tanto a epigalocatequina (tanino) quanto o fridenelol

(oacuteleo essencial) satildeo responsaacuteveis por parte do efeito protetor da mucosa

gaacutestrica (Pereira et al 1993 Ming et al 1998)

142 Atividade antiulcerogecircnicaSegundo Sousa-Formigoni et al (1991) foi comprovada a atividade

antiulcerogecircnica da espinheira-santa (M ilicifolia) por experimentos feitos em

ratos nos quais os animais foram induzidos a terem uacutelceras gaacutestricas por meio

de indometacina e por estresse quando estes foram submetidos a baixas

temperaturas e por serem imobilizados Apoacutes a aplicaccedilatildeo de um extrato

liofilizado de espinheira-santa houve uma reduccedilatildeo do nuacutemero de uacutelceras e um

aumento do volume e pH da secreccedilatildeo gaacutestrica

Em estudos de mecanismos celulares e moleculares da accedilatildeo de produtos

naturais com o isolamento de substacircncias bioativas da M ilicifolia

responsaacuteveis pela accedilatildeo antissecretora aacutecida gaacutestrica os resultados obtidos

confirmam essas accedilotildees Foram utilizados nesses experimentos extratos

aquosos das partes aeacutereas da planta e os princiacutepios ativos tecircm funccedilatildeo de

inibidores da bomba de proacutetons etapa final comum das vias reguladoras da

secreccedilatildeo aacutecida gaacutestrica (BOSSOLANI 2000)

143 Atividade antimicrobianaEstudos pioneiros como o de Lima et al (1969) jaacute demonstravam que a

maitenina exibe forte atividade antimicrobiana contra vaacuterias bacteacuterias Gram

positivas Tais efeitos foram corroborados com a demonstraccedilatildeo que os extratos

das folhas e raiacutezes tecircm efeito antimicrobiano para vaacuterios patoacutegenos dentre

eles Staphylococcus aureus e Streptococcus sp

144 Atividade sobre o Sistema Nervoso CentralSegundo Alonso (1998) o extrato de M ilicifolia possui atividade sedativa que

potencializa (efeito sineacutergico) o sono por barbituacutericos em camundongos

145 Atividades abortiva e sobre a espermatogecircnese

De acordo com Montanari et al (1998) o extrato etanoacutelico de M Ilicifolia

quando administrado em altas doses em camundongos suiacuteccedilos apesar de

causar leves alteraccedilotildees como ceacutelulas germinativas imaturas esfoliadas mortes

celulares ocasionais aumento de gotiacuteculas lipiacutedicas em ceacutelulas de Sertoli e

inchamento de acrossomas entre outras natildeo foi suficiente para acarretar

danos agrave espermatogecircnese

Jaacute em testes realizados em camundongos (fecircmeas e graacutevidas) administrando-

se oralmente extrato hidroalcooacutelico (70) de folhas de espinheira-santa (M

ilicifolia) observou-se um decreacutescimo significativo do nuacutemero de embriotildees

indicando uma perda embrionaacuteria antes do periacuteodo de implantaccedilatildeo Poreacutem

natildeo houve maacute-formaccedilatildeo ou mortes fetais depois do periacuteodo de implantaccedilatildeo

Esse extrato possui atividade estrogecircnica que pode interferir na receptividade

uterina ao embriatildeo (MONTANARI BEVILAQUA 2002)

146 Atividades antimutagecircnica e anticanceriacutegenaConforme Horn e Vargas (2003) o extrato aquoso de M ilicifolia foi eficaz em

aproximadamente 75 das doses testadas exibindo boas respostas

antimutagecircnicas ou um decreacutescimo sugestivo Em estudos realizados por

Queiroga et al (2007) foi avaliada a fraccedilatildeo ativa antiulcerogecircnica da M

ilicifolia na atividade anticanceriacutegena apresentando resultados citostaacuteticos

satisfatoacuterios De acordo com Itokawa et al (1993) o composto pristimerina foi o

mais eficiente na accedilatildeo citotoacutexica podendo ser uacutetil no tratamento de tumores

147 Atividade antioxidante e otoprotetoraDe acordo com Mattei e Carlini (1998) um extrato aquoso liofilizado de

espinheira-santa (M ilicifolia) foi testado in vitro em homogenato de ceacuterebro de

ratos e exerceu uma importante atividade antioxidante inibindo o processo de

lipoperoxidaccedilatildeo

Usando-se extrato etanoacutelico de M ilicifolia foi confirmado que a casca da raiz

tem um poder antioxidante pelo fato de possuir em sua base compostos com a

capacidade sequestradora de radicais livres (VELLOSA et al 2006)

Conforme Santos et al (2010) foram comprovadas propriedades antioxidantes

dos extratos brutos e de componentes individuais de M Ilicifolia por possiacuteveis

associaccedilotildees sineacutergicas de substacircncias fenoacutelicas e triterpenos

quinonametiacutedeos comparados agrave rutina como composto fenoacutelico modelo

De acordo Kasse et al (2008) foi realizado um estudo com ratos (fecircmeas) em

que esses animais foram submetidos agrave substacircncia cisplatina e posteriormente

tratados com extrato de M ilicifolia para avaliar a atividade otoprotetora da

planta Foram realizados e avaliados os exames de emissotildees otoacuacutesticas por

produtos de distorccedilatildeo por potencial de tronco encefaacutelico antes e depois de

administraccedilatildeo de cisplatina e por fim por microscopia eletrocircnica de varredura

Os resultados mostraram que apesar de apresentar atividades antioxidantes a

M ilicifolia foi incapaz de bloquear o efeito citotoacutexico do composto quiacutemico

administrado nas cobaias

Segundo Negri et al (2009) a atividade antioxidante do extrato etanoacutelico de M

ilicifolia estaacute intimamente ligada agrave sua temperatura de secagem Testes

realizados para avaliaccedilatildeo do poder antioxidante os quais foram os meacutetodos de

formaccedilatildeo de complexo com fosfomolibdecircnio e atividade antioxidante em

relaccedilatildeo agrave reduccedilatildeo de um radical utilizando-se o DPPH (22-difenil-1-

picnilhidrazila) em que foram levadas em consideraccedilatildeo diferentes

temperaturas usualmente utilizadas para secagem (40 50 60 70 e 80˚C)

demostraram melhor atividade antioxidante na temperatura de 40˚C e

gradativamente quanto maior a temperatura realizada nos testes menor o

poder antioxidante Por fim o estudo mostrou a importacircncia do controle de

temperatura para a melhor efetividade nesse quesito da planta

Em estudos de Pessuto et al (2009) foram avaliados extratos e compostos

isolados de M Ilicifolia em relaccedilatildeo agrave capacidade antioxidante Os extratos

brutos e semipurificados foram estudados por meio de ensaios de

fosfomolibdecircnio (complexo) e de DPPH (22-difenil-1-picnilhidrazila) nos quais

os resultados mostraram que a fraccedilatildeo com acetato de etila teve melhor

capacidade antioxidante em relaccedilatildeo ao extrato bruto e fraccedilatildeo aquosa

possivelmente por conter maior nuacutemero de hidroxilas fenoacutelicas (pela

capacidade de sequestro dos radicais livres) e tambeacutem em relaccedilatildeo agraves

substacircncias trolox e vitamina C

148 Atividades antinociceptiva e anti-inflamatoacuteria De acordo com Nakamura et al (1994) o extrato etanoacutelico de folhas de M

ilicifolia conteacutem uma fraccedilatildeo de quercetina-3-O-glicosiacutedeo e essa substacircncia

quiacutemica foi avaliada pelo teste de aacutecido aceacutetico e formalina em ratos obtendo-

se resultados satisfatoacuterios para atividades analgeacutesicas e anti-inflamatoacuterias

Por meio de testes realizados em camundongos e ratos foi provocado um

edema nas patas desses animais por meio de injeccedilatildeo de 002 ml de

formaldeiacutedo (soluccedilatildeo a 092) utilizando-se como controle soluccedilatildeo salino

Apoacutes 120 minutos foi aplicado extrato hexacircnico e acetato de etila das folhas

(M ilicifolia) administrados por via oral nas doses de 80 160 320 e 340 mgkg

Os animais foram sacrificados apoacutes 4 horas Em um segundo ensaio foi

administrada por injeccedilatildeo soluccedilatildeo de carragenina a 1 e os extratos da planta

foram dados por via oral nas doses de 80 160 320 e 340 mgkg Os resultados

obtidos mostraram uma atividade antinociceptiva para os dois extratos

principalmente nas doses de 320 e 340 mgkg sendo esse teste importante

para uma alternativa cliacutenica na terapecircutica anti-inflamatoacuteria e antiulcerogecircnica

(JORGE et al 2004)

14 Toxicidade efeitos adversos e contraindicaccedilatildeo da espinheira-santa

Foi realizado um estudo toxicoloacutegico com 24 voluntaacuterios sendo 12 homens e

12 mulheres de 20 a 40 anos de idade selecionados previamente por meio de

avaliaccedilatildeo cliacutenica exames hematoloacutegicos e bioquiacutemicos e avaliaccedilatildeo

psicomotora com o objetivo de estabelecer um intervalo maacuteximo de seguranccedila

no uso de M ilicifolia As doses foram administradas de maneira crescente e

natildeo houve um grupo controle pois os exames iniciais foram considerados

como valores basais para efeito comparativo A dose inicial foi fixada em 100

mg por adulto sendo administradas doses subsequentes de 200 500 1000

1500 e 2000 mg com intervalos de uma semana para cada dose A anaacutelise dos

resultados revelou que natildeo houve efeitos significativos nos valores dos

principais paracircmetros hematoloacutegicos e bioquiacutemicos e tambeacutem natildeo foram

observadas alteraccedilotildees nas funccedilotildees hepaacuteticas pancreaacuteticas e renais

Hormocircnios lipiacutedeos glicose soacutedio potaacutessio caacutelcio e foacutesforo tambeacutem

mantiveram valores considerados normais (TABACH et al 2002)

Em relaccedilatildeo aos efeitos adversos a M ilicifolia natildeo possui algum que justifica a

interrupccedilatildeo do tratamento Entre os mais comuns destacam-se cefaleia

sonolecircncia boca seca naacuteuseas dor articular nas matildeos gosto estranho na

boca tremor nas matildeos cistite e poliuacuteria (TABACH et al 2002) Poreacutem

segundo Amaral et al (2005) natildeo eacute recomendado o uso pediaacutetrico pela

ausecircncia de testes Ensaios realizados em ratos mostraram perda embrionaacuteria

antes do periacuteodo de implantaccedilatildeo portanto essa planta natildeo eacute recomendada em

casos de gravidez (MONTANARI BIVILACQUA 2002)

De acordo com estudos realizados em camundongos o abafado de M ilicifolia

foi administrado nesses animais em doses ateacute 360 vezes maiores que a

utilizada pelo homem durante um periacuteodo de dois a trecircs meses Como

resultados natildeo houve mudanccedilas no peso comportamento temperatura

paracircmetros bioquiacutemicos e hematoloacutegicos desses animais (OLIVEIRA CARLINI

1988)

15 FarmacocineacuteticaO modelo da farmacocineacutetica da espinheira-santa eacute estudado por meio de seus

taninos natildeo condensados Epigalocatequina marcada foi administrada por via

oral sendo os picos plasmaacuteticos observados 60 min apoacutes a ingestatildeo Apoacutes

uma dose de 500 mgkg foram detectadas concentraccedilotildees tissulares de 123

mmol no plasma 484 mmol no fiacutegado e 565 mmol no intestino delgado

(Nakagawa amp Miyazawa 1997) Depois da administraccedilatildeo oral de

epigalocatequina-3-galato marcada com triacutetio a ratos cerca de 6 da dose eacute

eliminada na urina e 24 nas fezes nas primeiras 24 horas Uma segunda

dose dada duas horas apoacutes a primeira eleva em cerca de 4 a 6 vezes a

concentraccedilatildeo no plasma e em alguns tecidos Esses dados sugerem uma

meia-vida longa e eliminaccedilatildeo lenta da epigalocatequina-3-galato No final das

24 horas os animais foram sacrificados e essa substacircncia pocircde ser encontrada

no rim ceacuterebro fiacutegado pacircncreas intestino e ossos (Suganuma et al 1998)

Num outro estudo foi avaliada a afinidade da epigalocatequina-3-galato agraves

proteiacutenas do soro Apoacutes uma dose oral a ratos mais de 50 da

epigalocatequina-3-galato absorvida ligou-se agrave proteiacutena do plasma

especialmente a fibronectina o fibrinogecircnio e a HRGP( Histidin Rich

Glicoprotein) proteiacutena plasmaacutetica com 74 kdaltons cuja funccedilatildeo ainda eacute pouco

conhecida (Sazuka et al 1996)

16 PreparaccedilatildeoTendo sido reconhecida a espeacutecie com que se vai trabalhar torna-se

necessaacuterio que se disponha desta espeacutecie em quantidade suficiente para

atender a demanda relacionada a produccedilatildeo do fitoteraacutepico replicaccedilatildeo da

espeacutecie e respectivo controle de qualidade Par a atingir este objetivo a

espeacutecie deve ser cultivada na extensatildeo adequada ao fim que se propotildee tendo-

se aleacutem dos cuidados inerentes ao cultivo de qualquer espeacutecie vegetal a

precauccedilatildeo de nunca utilizar pesticidas ou agrotoacutexicos na aacuterea de cultivo Nos

parece claro que a opccedilatildeo pelo fitoteraacutepico deve vir acompanhada do desejo de

seguranccedila o que natildeo seria conseguido se fossem deixados resiacuteduos de

agrotoacutexicos ou de pesticidas na espeacutecie que iraacute ser usada como mateacuteria-prima

para a produccedilatildeo de medicamento Veja no item 24 os ensaios que devem ser

efetuados no sentido de identificar e quantificar a presenccedila destes e de outros

contaminantes

Dispondo-se entatildeo da espeacutecie vegetal botanicamente selecionada cultivada

sem o uso de agentes quiacutemicos contaminantes iremos seguir tantos passos

quantos sejam necessaacuterios para preparar a espeacutecie vegetal numa droga capaz

de ser armazenada e processada para resultar num preparado intermediaacuterio uacutetil

na preparaccedilatildeo de fitoteraacutepicos Estes passos podem ser enumerados como

sendo Coleta Monda Estabilizaccedilatildeo Secagem Trituraccedilatildeo e Armazenamento

A execuccedilatildeo e finalidade de cada um se acham descrito a seguir

A Coleta eacute realizada atraveacutes da retirada da parte usada da planta procurando

sempre o material mais saudaacutevel em completo desenvolvimento (a menos que

especificado em (contraacuterio como ocorre com a gema terminal de Psidium

guajava) e com o miacutenimo de contaminantes (poeira poluiccedilatildeo adubo insetos

colocircnia de microrganismos etc) A distribuiccedilatildeo de substacircncias

farmacologicamente ativas nas plantas medicinais natildeo se daacute de maneira

homogecircnea em toda a extensatildeo da planta Portanto eacute de se esperar que

apenas alguma parte de uma dada espeacutecie podem ser utilizadas com finalidade

terapecircutica

Atraveacutes de consulta agraves diversas farmacopeias e tratados sobre plantas

medicinais encontramos descriccedilotildees sobre a parte a ser usada de cada espeacutecie

medicinal Pode-se em alguns casos observar que diferentes partes de uma

mesma planta apresentam propriedades inteiramente diferentes como por

exemplo a Punica granam (romatildezeira) cujas cascas do caule satildeo teniacutefugas e

as cascas dos frutos tecircm propriedades anti-inflamatoacuteria e antibioacutetica Em outros

casos toda a planta pode ser utilizada com a mesma finalidade como a

Phylanthus niruri (quebra-pedra) Torna-se imperioso portanto que antes de

qualquer outra etapa da preparaccedilatildeo de uma forma farmacecircutica fitoteraacutepica se

conheccedila qual ou quais partes da espeacutecie escolhida pode ser utilizada

A coleta deve respeitar para cada espeacutecie o melhor periacuteodo correspondente

agravequele onde a espeacutecie apresenta maior teor em substacircncias ativas Tendo isto

em mente relacionamos a seguir orientaccedilotildees geneacutericas quanto ao periacuteodo de

coleta

Formas farmacecircuticas de fitoteraacutepicosPoacute

Eacute a forma farmacecircutica obtida apoacutes a secagem trituraccedilatildeo e tamisaccedilatildeo da

droga Segundo a sua finalidade devem apresentar a tenuidade adequada

conforme a tabela a seguir Pode ser dispensado para uso na preparaccedilatildeo de

chaacutes ou adicionado agrave alimentaccedilatildeo (leite sucos mel etc) O envase deve cuidar

para que natildeo haja absorccedilatildeo de umidade

Formas soacutelidas

Caacutepsulas

Eacute a forma farmacecircutica obtida pela deposiccedilatildeo ordenada da droga seca

triturada e tamisada em caacutepsulas gelatinosas duras ou pelo encapsulamento

de liacutequidos ou semissoacutelidos de natureza lipofiacutelica em caacutepsulas gelatinosas

moles O invoacutelucro rosa utilizado eacute geralmente de natureza proteica e satildeo

portanto incompatiacuteveis com drogas tacircnicas por exemplo Cuidado especial

deve ser tomado com a umidade temperatura e pressatildeo exercida sobre as

caacutepsulas durante o armazenamento e transporte Estes fatores podem levar a

desidrataccedilatildeo ou hidrataccedilatildeo das caacutepsulas que as tornam quebradiccedilas ou

deformadas e coladas Durante a preparaccedilatildeo das caacutepsulas deve-se cuidar para

que o peso das caacutepsulas obtidas seja o mais uniforme possiacutevel podendo-se

garantir isso pela pesagem da quantidade de poacute necessaacuteria para o enchimento

de um nuacutemero determinado de caacutepsulas

O enchimento das caacutepsulas ocorre na oficina farmacecircutica em tabuleiros

especiais constituiacutedos em acriacutelico PVC ou outro poliacutemero apresentando-se no

modelo mais simples apenas como uma base fixa que se encaixa a uma outra

moacutevel e perfurada que recebe o corpo das caacutepsulas sem as tampas A seguir

se distribui de forma homogecircnea a quantidade estipulada de poacute em todas as

caacutepsulas valendo-se de uma espaacutetula plaacutestica e de um dispositivo especial

para prensar o conteuacutedo no interior das caacutepsulas Finalizado o enchimento as

partes super oires (tampas) das caacutepsulas satildeo recolocadas fechando-as e

determina-se o peso meacutedio das mesmas embalando-as imediatamente

A capacidade das caacutepsulas eacute proporcional agrave densidade do poacute e ao tamanho

das caacutepsulas que eacute padronizado em 08 (oito) diferentes tipos listados a seguir

com as respectivas dimensotildees e capacidades em mililitros

Controle de Qualidade

Todas as etapas utilizadas durante o processamento da droga devem ser

monitoradas atraveacutes de ensaios que possam atestar a qualidade da mateacuteria-

prima dos produtos intermediaacuterios e do produto final acabado O objetivo final

tanto do processamento adequado quanto agrave avaliaccedilatildeo da qualidade eacute a

garantia de que o que estaacute sendo produzido na forma como ocorre o processo

produtivo estaacute conduzindo agrave obtenccedilatildeo de um produto com as caracteriacutesticas

necessaacuterias agrave utilizaccedilatildeo para o tratamento de doenccedilas

Droga

A avaliaccedilatildeo da qualidade da droga utilizada na obtenccedilatildeo de fitoteraacutepicos no

Programa Farmaacutecias-Vivas onde o cultivo das espeacutecies vegetais eacute efetuado

pelo laboratoacuterio fabricante do produto deve ser realizada sob os seguintes

aspectos

- Considerando que a droga a ser utilizada corresponde agrave espeacutecie vegetal

esperada conhece-se suas caracteriacutesticas macromorfoloacutegicas aleacutem das suas

caracteriacutesticas sensoriais constituindo a primeira avaliaccedilatildeo que eacute a identidade

da droga

- Determinaccedilatildeo da umidade da droga fresca que deve ser diferenciada de

perda por dessecaccedilatildeo pois outras substacircncias volaacuteteis aleacutem da aacutegua satildeo

evaporadas Pode ser determinada atraveacutes do ensaio volumeacutetrico de Karl

Fischer ou pelo ensaio gravimeacutetrico submetendo a droga a dessecaccedilatildeo em

temperatura ambiente em dessecador com siacutelica ou aacutecido sulfuacuterico

- Mesmo a droga morfologicamente normal pode natildeo apresentar seus

constituintes ativos na quantidade desejada sendo necessaacuterio que sejam

realizados ensaios de identificaccedilatildeo e quantificaccedilatildeo de ativos ou de marcadores

atraveacutes das mais diversas teacutecnicas gravimeacutetrica volumeacutetrica

espectrofotomeacutetrica cromatograacutefica etc

- Avaliaccedilatildeo da contaminaccedilatildeo microbiana da droga principalmente se a mesma

tiver de ser utilizada sem qualquer processamento posterior As drogas que

seratildeo transformadas em uma forma extrativa em soluccedilatildeo hidro-alcooacutelica pode

ter sua carga microbiana reduzida pelo efeito antisseacuteptico do solvente

Preparado Intermediaacuterio

As formas extrativas satildeo obtidas em condiccedilotildees que nem sempre conseguem

retirar a totalidade das substacircncias ativas soluacuteveis no solvente escolhido devido

a diversos fator ES como o tempo e temperatura de maceraccedilatildeo pH do

solvente distribuiccedilatildeo granulomeacutetrica da droga sua umidade residual teor de

substacircncias ativas e velocidade de percolaccedilatildeo Justifica-se entatildeo a

necessidade da realizaccedilatildeo de ensaios de avaliaccedilatildeo da qualidade das formas

extrativas incluindo avaliaccedilotildees fiacutesico-quiacutemicas como aparecircncia cor odor

solubilidade densidade pH e viscosidade avaliaccedilotildees quiacutemicas como o perfil

cromatograacutefico e dosagem das substacircncias ativas ou marcador e avaliaccedilatildeo

microbioloacutegica da quantidade de microrganismos viaacuteveis

Fitoteraacutepico

Independente da forma farmacecircutica final eacute necessaacuterio que sejam realizadas

avaliaccedilotildees na qualidade do produto final da mesma forma que eacute exigido para

os demais tipos de medicamentos Listamos a seguir os ensaios realizados

para cada forma farmacecircutica lembrando que devem ser acrescentados os

ensaios quiacutemicos e microbioloacutegicos

Prazo de Validade

Considerando a jaacute difiacutecil realizaccedilatildeo da avaliaccedilatildeo da qualidade das drogas

utilizadas na obtenccedilatildeo de fitoteraacutepicos pode-se compreender que o

acompanhamento do processo cineacutetico de degradaccedilatildeo dos constituintes do

medicamento natildeo eacute uma estar efe faacutecil No entanto esta avaliaccedilatildeo pode se dar

em diversos niacuteveis

- Avaliaccedilatildeo da estabilidade fiacutesica

Para cada tipo de forma farmacecircutica satildeo descritas as caracteriacutesticas tiacutepicas

como cor odor limpidez densidade viscosidade pH etc que observadas

para um mesmo lote ao longo do tempo de armazenamento forneceratildeo

informaccedilotildees sobre a integridade fiacutesica da formulaccedilatildeo

- Avaliaccedilatildeo da estabilidade quiacutemica

A utilizaccedilatildeo de recursos laboratoriais desde os mais simples ateacute os mais

sofisticados permitem o acompanhamento qualitativo eou quantitativo dos

princiacutepios ativos contidos no produto fitoteraacutepico Por exemplo atraveacutes do

ensaio limite de taninos por diluiccedilotildees sucessivas e adiccedilatildeo de cloreto feacuterrico

pode-se ter uma medida semi-quantitativa do teor destas substacircncias nas

preparaccedilotildees que o contenham Evoluindo a utilizaccedilatildeo de teacutecnica

cromatograacutefica em camada delgada sobre papel ou siacutelica permite a

determinaccedilatildeo do perfil cromatograacutefico para o produto de modo que possa ser

comparado com o obtido em lotes posteriores ou com o mesmo lote ao longo do

tempo de armazenamento

- Avaliaccedilatildeo da estabilidade microbioloacutegica

A verificaccedilatildeo do niacutevel de contaminaccedilatildeo microbiana numa preparaccedilatildeo

medicamentosa fornece informaccedilotildees sobre o niacutevel de higienizaccedilatildeo empregado

durante o processamento da droga ateacute a obtenccedilatildeo do medicamento A

observaccedilatildeo deste mesmo paracircmetro ao longo do tempo fornece informaccedilotildees

sobre a composiccedilatildeo conservante utilizada no produto e a forma de

armazenamento

Teacutecnicas Gerais

Os ensaios laboratoriais de avaliaccedilatildeo da qualidade da droga compreendem

basicamente

- Observaccedilatildeo macroscoacutepica e microscoacutepica da droga fresca e seca inteira e

triturada comparando com o descrito em farmacopeias ou com modelos

botanicamente certificados

- Determinaccedilatildeo de umidade na droga fresca e naquela seca e triturada

evidenciando a quantidade de aacutegua contida na droga receacutem-coletada na droga

s eca e a efetividade do processo de secagem utilizada

- Identificaccedilatildeo e dosagem de substacircncias ativas ou marcadores realizada na

droga seca e triturada onde atraveacutes do acompanhamento da evoluccedilatildeo ao

longo do tempo e o cruzamento dos dados entre os locais e condiccedilotildees de

cultivo seraacute possiacutevel a determinaccedilatildeo das condiccedilotildees ideais para a manutenccedilatildeo

da qualidade das espeacutecies vegetais

- Determinaccedilatildeo da quantidade de mateacuteria orgacircnica estranha na droga seca

triturada grosseiramente demonstrando se a coleta monda secagem e

trituraccedilatildeo foram realizadas a contento sem o risco de contaminaccedilatildeo com outras

espeacutecies

- Determinaccedilatildeo de resiacuteduos de pesticidas para monitorar a forma de realizaccedilatildeo

do controle de pestes atraveacutes da identificaccedilatildeo e dosagem de pesticidas

- Determinaccedilatildeo da presenccedila de arsecircnio e metais pesados como componentes

que satildeo responsaacuteveis por intoxicaccedilotildees e por incompatibilidades nas

preparaccedilotildees liacutequidas de fitoteraacutepicos

- Determinaccedilatildeo da quantidade de microrganismos viaacuteveis atraveacutes da contagem

em placa a de diluiccedilotildees obtidas a partir do liacutequido de lavagem das drogas

evidenciando o grau de contaminaccedilatildeo e a possiacutevel e indesejaacutevel presenccedila de

microrganismos potencialmente patogecircnicos

Garantia de Qualidade

Na produccedilatildeo de fitoteraacutepicos do mesmo modo como ocorre com qualquer outro

medicamento natildeo pode negligenciar qualquer procedimento que possa conduzir

a diminuiccedilatildeo da qualidade do produto final A qualidade se reflete na

reprodutibilidade da qualidade do produto avaliada em laboratoacuterio e no

acompanhamento da sua eficaacutecia terapecircutica e seguranccedila Isto soacute pode ser

conseguido quando para cada forma farmacecircutica de fitoteraacutepico forem

registradas as operaccedilotildees farmacecircuticas que devem ser seguidas agrave risca suas

medidas de controle e definiccedilatildeo das responsabilidades para cada uma das

etapas do processamento

Apenas como ilustraccedilatildeo tomemos como exemplo a produccedilatildeo da tintura de

Alecrim-pimenta (Lippia sidoides Cham) O iniacutecio da preocupaccedilatildeo com a

qualidade se daacute com a seguranccedila de que a espeacutecie cultivada seja realmente

aquela que se deve coletar e em seguida em coletar a parte que realmente

deve ser utilizada e de plantas com aspecto saudaacutevel de desenvolvimento para

a qual as condiccedilotildees de cultivo tenham se apresentado como satisfatoacuterias A

monda que se segue agrave coleta retirando as partes improacuteprias agrave preparaccedilatildeo do

fitoteraacutepico daacute continuidade ao passo anterior na busca de alcanccedilar a qualidade

desejada O processo de dessecaccedilatildeo ocorrendo agrave sombra e agrave temperatura

ambiente preservando os constituintes quiacutemicos ativos e diminuindo a

influecircncia da umidade da planta sobre a sua qualidade e a da soluccedilatildeo extrativa

a ser obtida faz com que a droga obtida possa ser utilizada como mateacuteria-prima

para a obtenccedilatildeo de medicamento O cuidadoso processo de trituraccedilatildeo sem

elevar a temperatura durante o processo e reduzindo a perda de poacute para o

ambiente tambeacutem representa um processo que deve ser realizado com a

devida atenccedilatildeo Depois disso a droga seca e triturada deve ser armazenada

em condiccedilotildees que preservem sua qualidade pelo tempo necessaacuterio ateacute sua

utilizaccedilatildeo com as devidas inscriccedilotildees que atestem sua fonte data de coleta e de

processamento e respectivos responsaacuteveis

A preparaccedilatildeo da soluccedilatildeo hidro-alcooacutelica que seraacute utilizada no processo extrativo

tambeacutem deve ser realizada com bastante cuidado pois a mateacuteria-prima deve

apresentar a qualidade compatiacutevel com sua utilizaccedilatildeo para a produccedilatildeo de

medicamentos aacutegua purificada e aacutelcool farmacecircutico Deve-se observar a

legislaccedilatildeo atual sobre aacutelcool que exige a desnaturaccedilatildeo do aacutelcool

comercializado em farmaacutecias e supermercados e assim natildeo deve servir como

excipiente farmacecircutico Enfim todos os processos interferem com a qualidade

do produto final a ser obtido e devem ser realizados corretamente e as

operaccedilotildees registradas em documento proacuteprio buscando a rastreabilidade de

cada lote de cada produto

Outra etapa da garantia da qualidade essencial para sua implantaccedilatildeo eacute a

validaccedilatildeo de equipamentos e de processos que busca uma evidecircncia

documentada de que os mesmos cumprem satisfatoriamente sua finalidade

quando utilizados ou realizados corretamente

Estas evidecircncias devem ser conseguidas antes mesmo de se iniciar a utilizaccedilatildeo

das instalaccedilotildees para produccedilatildeo de medicamentos Naqueles jaacute em

funcionamento a validaccedilatildeo pode ser realizada atraveacutes da documentaccedilatildeo da

produccedilatildeo passada ou seja uma validaccedilatildeo retrospectiva

Para a produccedilatildeo de medicamentos em pequena escala que natildeo venha a

caracterizar uma produccedilatildeo industrial deve-se buscar a adequaccedilatildeo das

condiccedilotildees de produccedilatildeo armazenamento e dispensaccedilatildeo do produto atraveacutes da

Resoluccedilatildeo RDC ndeg 33 de abril de 2000 que descreve os criteacuterios de Boas

Praacuteticas de Manipulaccedilatildeo

Para a produccedilatildeo industrial de medicamentos a legislaccedilatildeo que trata das Boas

Praacuteticas de Fabricaccedilatildeo e Garantia de Qualidade eacute a Resoluccedilatildeo RDC ndeg 210 de

04 de agosto de 2003 As especificaccedilotildees legais da legislaccedilatildeo sanitaacuteria

brasileira e de outros paiacuteses para materiais vegetais devem incluir tanto quanto

possiacutevel o seguinte

- Nome botacircnico c om referecircncia aos autores

- Detalhes da fonte da planta (paiacutes ou regiatildeo de origem cultivo eacutepoca da

colheita procedimentos de colheita possiacuteveis pesticidas utilizados etc)

- Descriccedilatildeo do material vegetal inspeccedilatildeo visual macro eou microscoacutepica

- Testes de identificaccedilatildeo apropriados incluindo quando convenientes testes de

identificaccedilatildeo para ingredientes ativos conhecidos ou marcadores

- Ensaios quando convenientes dos constituintes de atividade terapecircutica ou

marcadores

- Meacutetodos apropriados para determinaccedilatildeo de possiacuteveis contaminaccedilotildees por

pesticidas e os limites aceitos

- Testes para metais pesados e contaminantes semelhantes materiais

estranhos e adulterantes

- Testes para radiaccedilatildeo aflatoxinas e contaminaccedilatildeo microbiana

Qualquer tratamento usado para reduzir contaminaccedilotildees focircnicas e microbianas

ou outras infestaccedilotildees devem ser documentadas Instrumentos para tais

procedimentos devem ser acessiacuteveis e devem incluir detalhes dos processos

testes e limites residuais

Para a realidade do programa Farmaacutecias-Vivas onde natildeo satildeo utilizados

pesticidas as plantas satildeo cultivadas no local proacuteximo de onde ocorre a

produccedilatildeo do medicamento ou satildeo de origem na mesma regiatildeo e satildeo

processadas logo apoacutes a coleta satildeo feitas exigecircncias menores que as

estabelecidas para maiores escalas de produccedilatildeo Nem assim devemos deixar

de registrar todas as operaccedilotildees realizadas com a droga desde o seu cultivo ateacute

a dispensaccedilatildeo do produto fitoteraacutepico

Dispensaccedilatildeo

Estivemos sempre discorrendo sobre qualidade do produto a ser obtido desde

o cultivo da espeacutecie correta da coleta da parte usada e o seu processamento

mantendo intactos os princiacutepios ativos Conhecemos os motivos que levam a

toda esta preocupaccedilatildeo com a qualidade a responsabilidade do profissional que

o produz e a eficaacutecia e a seguranccedila necessaacuterias para o paciente que o utiliza

Portanto resta-nos dispensar o fitoteraacutepico para que este apresente estas

caracteriacutesticas trans formando o paciente num parceiro consciente do seu

papel no uso cor reto deste recurso terapecircutico

O resgate das praacuteticas populares agora respaldadas pelos estudos cientiacuteficos

seacuterios que atestam a eficaacutecia e seguranccedila das espeacutecies utilizadas no programa

Farmaacutecias-Vivas pode ser abordado no momento da dispensaccedilatildeo do

medicamento ou atraveacutes de apresentaccedilotildees coletivas organizadas e realizadas

pelo Farmacecircutico Alguns cuidados merecem ser observados para natildeo se

incorrer em riscos desnecessaacuterios

- Natildeo referendar o uso de plantas cujo estudo cientiacutefico natildeo tenha apresentado

dados sobre sua eficaacutecia e seguranccedila

- Natildeo recomendar o uso de qualquer planta medicinal para o tratamento de

doenccedilas sem a devida recomendaccedilatildeo meacutedica especializada ou natildeo

- Natildeo recomendar a utilizaccedilatildeo de planta que nos seja desconhecida tanto no

aspecto teoacuterico quanto praacutetico

- Natildeo sugerir a utilizaccedilatildeo de quaisquer praacuteticas com ou sem uso de plantas

medicinais que possa representar um risco potencial ou real de dano fetal

Para nos resguardarmos de quaisquer erros precisamos nos manter atualizados

quanto aos benefiacutecios e riscos da utilizaccedilatildeo das espeacutecies medicinais com as

quais trabalhamos dada agrave impossibilidade de conhecer todas as demais Os

dados obtidos durante a dispensaccedilatildeo e acompanhamento dos pacientes aleacutem

daqueles obtidos durante os ensaios controlados de toxicologia e farmacologia

cliacutenica forneceratildeo a necessaacuteria seguranccedila para realizarmos a dispensaccedilatildeo e

cada vez mais desfazermos o mito do natural ser inoacutecuo

Como exemplo da relaccedilatildeo risco x benefiacutecio de uma preparaccedilatildeo fitoteraacutepica

apresentamos as seguintes informaccedilotildees sobre o Elixir de Aroeira que em

muitos aspectos natildeo houve a quantificaccedilatildeo da intensidade dos efeitos beneacuteficos

nem adversos nem de interaccedilotildees

Forma Medicamento Fitoteraacutepico- Caacutepsula ESPINHEIRA SANTA Maytenus ilicifolia Celastraceae

Medicamento fitoteraacutepico

Parte utilizada Folhas

Nomenclatura popularEspinheira santa cancerosa cancorosa-de-sete-espinhos cancrosa

espinheira-divina espinho-de-Deus maiteno erva-cancrosa erva-santa

ApresentaccedilotildeesCaacutepsula dura - Extrato seco das folhas de Maytenus ilicifolia 380 mg -

Embalagem com 3 bliacutesters contendo 15 caacutepsulas cada

Via oral

Uso adulto

Composiccedilatildeo

Cada caacutepsula conteacutem

Extrato seco de Maytenus ilicifolia380 mg

Excipiente qsp 1 caacutepsula (amido)

equivalente a 133 mg de taninos totais

Informaccedilotildees ao pacientePara que este medicamento eacute indicado

Espinheira Santa eacute indicada para o tratamento da maacute digestatildeo e como

coadjuvante no tratamento de uacutelcera do estocircmago e duodeno

Como este medicamento funciona

Espinheira Santa atua como regulador das funccedilotildees estomacais e promove a

proteccedilatildeo da mucosa gaacutestrica

Quando natildeo devo usar este medicamentobull O medicamento deve ser evitado por menores de 12 anos de idade devido agrave

falta de estudos disponiacuteveis

bull Lactaccedilatildeo e gravidez visto que pode diminuir a secreccedilatildeo de leite e pode

provocar contraccedilotildees uterinas

bull Hipersensibilidade (alergia) a qualquer um dos componentes da foacutermula ou a

outras plantas da famiacutelia Celastraceae

O que devo saber antes de usar este medicamentoPrecauccedilotildees e advertecircncias

bull De acordo com a categoria de risco de faacutermacos destinados agraves mulheres

graacutevidas este medicamento apresenta categoria de risco C Este medicamento

natildeo deve ser utilizado por mulheres graacutevidas sem orientaccedilatildeo meacutedica ou do

cirurgiatildeo dentista

Interaccedilotildees medicamentosas

bull A administraccedilatildeo concomitante de M ilicifolia com bebidas alcooacutelicas e outros

medicamentos natildeo eacute recomendada pois natildeo existem estudos disponiacuteveis

sobre as interaccedilotildees medicamentosas deste fitoteraacutepico

Informe seu meacutedico ou cirurgiatildeo-dentista se vocecirc estaacute fazendo uso de algum

outro medicamento

Onde como e por quanto tempo posso guardar este medicamentoCuidados de conservaccedilatildeo

Espinheira Santa deve ser conservada em temperatura ambiente (entre 15 e

30ordmC) em sua embalagem original Proteger da luz e da umidade

Prazo de validade24 meses apoacutes a data de fabricaccedilatildeo impressa no cartucho

Nuacutemero de lote e datas de fabricaccedilatildeo e validade vide embalagem

Natildeo use medicamento com o prazo de validade vencido

Guarde-o em sua embalagem original

Caracteriacutesticas fiacutesicasCaacutepsulas gelatinosas duras de cor creme

Caracteriacutesticas organoleacutepticas

Cheiro (odor) caracteriacutestico e praticamente natildeo apresenta sabor

Antes de usar observe o aspecto do medicamento Caso ele esteja no prazo

de validade e vocecirc observe alguma mudanccedila no aspecto consulte o

farmacecircutico para saber se poderaacute utilizaacute-lo

Todo medicamento deve ser mantido fora do alcance das crianccedilas

Como devo usar este medicamentoModo de usar

As caacutepsulas devem ser ingeridas inteiras e com uma quantidade suficiente de

aacutegua para que possam ser deglutidas

Posologia

Ingerir duas caacutepsulas via oral trecircs vezes ao dia de oito em oito horas

Siga corretamente o modo de usar Em caso de duacutevidas sobre este

medicamento procure orientaccedilatildeo do farmacecircutico Natildeo desaparecendo os

sintomas procure orientaccedilatildeo de seu meacutedico ou cirurgiatildeo-dentista

Este medicamento natildeo deve ser partido aberto ou mastigado

O que devo fazer quando eu me esquecer de usar este medicamentoCaso haja esquecimento da ingestatildeo de uma dose deste medicamento

retomar a posologia prescrita sem a necessidade de suplementaccedilatildeo

Em caso de duacutevidas procure orientaccedilatildeo do farmacecircutico ou de seu meacutedico ou

do cirurgiatildeo-dentista

Que males este medicamento pode causarReaccedilotildees adversas

Ateacute o momento natildeo foram relatadas reaccedilotildees adversas graves ou que coloquem

em risco a sauacutede dos pacientes

Raramente podem ocorrer casos de hipersensibilidade Neste caso suspender

o uso e procurar orientaccedilatildeo meacutedica

Informe seu meacutedico cirurgiatildeo-dentista ou farmacecircutico do aparecimento de

reaccedilotildees indesejaacuteveis pelo uso do medicamento

Induacutestria Brasileira

Esta bula foi atualizada conforme Bula Padratildeo aprovada pela Anvisa em

12012011

Farmacecircutica resp Dra (Nome )

CRF-PR nordm XXXX Coacuted XXXXX - 012011

Informe tambeacutem agrave empresa atraveacutes do seu Serviccedilo de

Atendimento ao Consumidor

O que fazer se algueacutem usar uma quantidade maior do que a indicada deste medicamentoPlantas ricas em taninos como a M ilicifolia quando usadas em doses

excessivas podem causar irritaccedilatildeo da mucosa gaacutestrica e intestinal gerando

vocircmitos coacutelicas intestinais e diarreia

Em caso de super dosagem suspender o uso e procurar orientaccedilatildeo meacutedica de

imediato Em caso de uso de grande quantidade deste medicamento procure

rapidamente socorro meacutedico e leve a embalagem ou bula do medicamento se

possiacutevel Siga corretamente o modo de usar natildeo desaparecendo os sintomas

procure orientaccedilatildeo meacutedica

Conclusatildeo

A espinheira-santa (M ilicifolia) eacute um fitoteraacutepico de relevante accedilatildeo terapecircutica

principalmente antiulcerogecircnica dada sua eficaacutecia farmacoloacutegica e seguranccedila

Vale lembrar que por ausecircncia de estudos ela natildeo eacute recomenda para crianccedilas

e natildeo deve ser usada por gestantes pois estudos em camundongos (fecircmeas e

graacutevidas) indicaram um decreacutescimo significativo do nuacutemero de embriotildees aleacutem

de possuir atividade estrogecircnica que pode interferir na receptividade uterina do

embriatildeo Entre suas atividades farmacoloacutegicas destaca-se a atividade

antiulcerogecircnica que pode ser comparada agrave accedilatildeo da ranitidina e da cimetidina

Por ser morfologicamente parecida com as espeacutecies S bonplandii e Z ilicifolia

ela eacute comumente confundida e ateacute mesmo trocada intencionalmente

A utilizaccedilatildeo de maneira errocircnea das espeacutecies botacircnicas que natildeo satildeo a

verdadeira espinheira-santa (M ilicifolia) pode acarretar danos agrave sauacutede dos

pacientes Assim conclui-se que essas espeacutecies conhecidas como

adulterantes podem trazer malefiacutecios pois ainda faltam estudos que

comprovem suas atividades farmacoloacutegicas e principalmente a seguranccedila

terapecircutica Poreacutem natildeo se deve descartar o uso dessas espeacutecies e sim

realizar estudos mais concretos para que essas plantas assim como a

verdadeira espinheira-santa possam auxiliar no tratamento farmacoloacutegico da

populaccedilatildeo

Referecircncias Bibliograacuteficas

Ralph Santos-Oliveira Simone Coulaud-Cunha Waldeciro Colaccedilo

Revisatildeo da Maytenus ilicifolia Mart ex Reissek Celastraceae

Contribuiccedilatildeo ao estudo das propriedades farmacoloacutegicas Rev Bras

Farmacogn Braz J Pharmacogn 19(2B) AbrJun 2009

Wilker Marlon de Moraes Jesus Tarciacutesio Neves da Cunha Estudo das

propriedades farmacoloacutegicas da espinheira-santa (Maytenus ilicifolia

Mart ex Reissek) e de duas espeacutecies adulterantes Revista Sauacutede e

Desenvolvimento vol ndash nordm 1 Jan ndash Jun 2012

MARIOT MP1 BARBIERI RL2 Engenheiro Agrocircnomo Dr prof do

Conjunto Agroteacutecnico ldquoVisconde da GraccedilardquoUniversidade Federal de

Pelotas (mariotufpeltchebr) ndash Av Ildefonso Simotildees Lopes 2791

Pelotas-RS CEP 96060-290 2Bioacuteloga Dr pesquisadora da Embrapa

Clima Temperado (barbiericpactembrapabr) ndash BR 392 km 78 caixa

postal 403 Pelotas-RS CEP 96001-970 (endereccedilo para

correspondecircncia) Metaboacutelitos secundaacuterios e propriedades medicinais da

espinheira-santa (Maytenus ilicifolia Mart ex Reiss e M aquifolium

Mart)

CARLINI EA Braz S Efeito protetor do liofilizado obtido do abafado de

Maytenus Sp (espinheira-santa) contra uacutelcera gaacutestrica experimental em

ratos In Estudo da accedilatildeo antiuacutelcera gaacutestrica de plantas brasileiras

(Maytenus ilicifolia) Espinheira santa e outras Brasiacutelia CEMEAFIP

1988 p21-35MACAUBAS CIP et al Estudo da eventual accedilatildeo

antiuacutelcera gaacutestrica do baacutelsamo (Sedum sp) folha da fortuna

(Bryophyllum calcium) couve (Brassica oleraceae) e da Espinheira

santa (Maytenus ilicifolia) em ratos In Estudo da accedilatildeo antiuacutelcera

gaacutestrica de plantas brasileiras (Maytenus ilicifolia) Espinheira santa e

outras Brasiacutelia CEMEAFIP 1988 p 5-20

Olivia Werner Oliveira Pedro Ros Petrovick Secagem por aspersatildeo

(spray drying) de extratos vegetais bases e aplicaccedilotildees Revista

Brasileira de Farmacognosia Brazilian Journal of Pharmacognosy 20(4)

641-650 AgoSet 2010

Marianne Christina Scheffer Capitulo 17 Produccedilatildeo de espinheira-santa

(Maytenus ilicifolia Mart ex Reiss) na regiatildeo metropolitana de Curitiba

Paranaacute Brasil

Said gonccedilalves da cruz fonsacircca Farmacoteacutecnica de Fitoteraacutepicos2005

De acordo com Montanari et al (1998) o extrato etanoacutelico de M Ilicifolia

quando administrado em altas doses em camundongos suiacuteccedilos apesar de

causar leves alteraccedilotildees como ceacutelulas germinativas imaturas esfoliadas mortes

celulares ocasionais aumento de gotiacuteculas lipiacutedicas em ceacutelulas de Sertoli e

inchamento de acrossomas entre outras natildeo foi suficiente para acarretar

danos agrave espermatogecircnese

Jaacute em testes realizados em camundongos (fecircmeas e graacutevidas) administrando-

se oralmente extrato hidroalcooacutelico (70) de folhas de espinheira-santa (M

ilicifolia) observou-se um decreacutescimo significativo do nuacutemero de embriotildees

indicando uma perda embrionaacuteria antes do periacuteodo de implantaccedilatildeo Poreacutem

natildeo houve maacute-formaccedilatildeo ou mortes fetais depois do periacuteodo de implantaccedilatildeo

Esse extrato possui atividade estrogecircnica que pode interferir na receptividade

uterina ao embriatildeo (MONTANARI BEVILAQUA 2002)

146 Atividades antimutagecircnica e anticanceriacutegenaConforme Horn e Vargas (2003) o extrato aquoso de M ilicifolia foi eficaz em

aproximadamente 75 das doses testadas exibindo boas respostas

antimutagecircnicas ou um decreacutescimo sugestivo Em estudos realizados por

Queiroga et al (2007) foi avaliada a fraccedilatildeo ativa antiulcerogecircnica da M

ilicifolia na atividade anticanceriacutegena apresentando resultados citostaacuteticos

satisfatoacuterios De acordo com Itokawa et al (1993) o composto pristimerina foi o

mais eficiente na accedilatildeo citotoacutexica podendo ser uacutetil no tratamento de tumores

147 Atividade antioxidante e otoprotetoraDe acordo com Mattei e Carlini (1998) um extrato aquoso liofilizado de

espinheira-santa (M ilicifolia) foi testado in vitro em homogenato de ceacuterebro de

ratos e exerceu uma importante atividade antioxidante inibindo o processo de

lipoperoxidaccedilatildeo

Usando-se extrato etanoacutelico de M ilicifolia foi confirmado que a casca da raiz

tem um poder antioxidante pelo fato de possuir em sua base compostos com a

capacidade sequestradora de radicais livres (VELLOSA et al 2006)

Conforme Santos et al (2010) foram comprovadas propriedades antioxidantes

dos extratos brutos e de componentes individuais de M Ilicifolia por possiacuteveis

associaccedilotildees sineacutergicas de substacircncias fenoacutelicas e triterpenos

quinonametiacutedeos comparados agrave rutina como composto fenoacutelico modelo

De acordo Kasse et al (2008) foi realizado um estudo com ratos (fecircmeas) em

que esses animais foram submetidos agrave substacircncia cisplatina e posteriormente

tratados com extrato de M ilicifolia para avaliar a atividade otoprotetora da

planta Foram realizados e avaliados os exames de emissotildees otoacuacutesticas por

produtos de distorccedilatildeo por potencial de tronco encefaacutelico antes e depois de

administraccedilatildeo de cisplatina e por fim por microscopia eletrocircnica de varredura

Os resultados mostraram que apesar de apresentar atividades antioxidantes a

M ilicifolia foi incapaz de bloquear o efeito citotoacutexico do composto quiacutemico

administrado nas cobaias

Segundo Negri et al (2009) a atividade antioxidante do extrato etanoacutelico de M

ilicifolia estaacute intimamente ligada agrave sua temperatura de secagem Testes

realizados para avaliaccedilatildeo do poder antioxidante os quais foram os meacutetodos de

formaccedilatildeo de complexo com fosfomolibdecircnio e atividade antioxidante em

relaccedilatildeo agrave reduccedilatildeo de um radical utilizando-se o DPPH (22-difenil-1-

picnilhidrazila) em que foram levadas em consideraccedilatildeo diferentes

temperaturas usualmente utilizadas para secagem (40 50 60 70 e 80˚C)

demostraram melhor atividade antioxidante na temperatura de 40˚C e

gradativamente quanto maior a temperatura realizada nos testes menor o

poder antioxidante Por fim o estudo mostrou a importacircncia do controle de

temperatura para a melhor efetividade nesse quesito da planta

Em estudos de Pessuto et al (2009) foram avaliados extratos e compostos

isolados de M Ilicifolia em relaccedilatildeo agrave capacidade antioxidante Os extratos

brutos e semipurificados foram estudados por meio de ensaios de

fosfomolibdecircnio (complexo) e de DPPH (22-difenil-1-picnilhidrazila) nos quais

os resultados mostraram que a fraccedilatildeo com acetato de etila teve melhor

capacidade antioxidante em relaccedilatildeo ao extrato bruto e fraccedilatildeo aquosa

possivelmente por conter maior nuacutemero de hidroxilas fenoacutelicas (pela

capacidade de sequestro dos radicais livres) e tambeacutem em relaccedilatildeo agraves

substacircncias trolox e vitamina C

148 Atividades antinociceptiva e anti-inflamatoacuteria De acordo com Nakamura et al (1994) o extrato etanoacutelico de folhas de M

ilicifolia conteacutem uma fraccedilatildeo de quercetina-3-O-glicosiacutedeo e essa substacircncia

quiacutemica foi avaliada pelo teste de aacutecido aceacutetico e formalina em ratos obtendo-

se resultados satisfatoacuterios para atividades analgeacutesicas e anti-inflamatoacuterias

Por meio de testes realizados em camundongos e ratos foi provocado um

edema nas patas desses animais por meio de injeccedilatildeo de 002 ml de

formaldeiacutedo (soluccedilatildeo a 092) utilizando-se como controle soluccedilatildeo salino

Apoacutes 120 minutos foi aplicado extrato hexacircnico e acetato de etila das folhas

(M ilicifolia) administrados por via oral nas doses de 80 160 320 e 340 mgkg

Os animais foram sacrificados apoacutes 4 horas Em um segundo ensaio foi

administrada por injeccedilatildeo soluccedilatildeo de carragenina a 1 e os extratos da planta

foram dados por via oral nas doses de 80 160 320 e 340 mgkg Os resultados

obtidos mostraram uma atividade antinociceptiva para os dois extratos

principalmente nas doses de 320 e 340 mgkg sendo esse teste importante

para uma alternativa cliacutenica na terapecircutica anti-inflamatoacuteria e antiulcerogecircnica

(JORGE et al 2004)

14 Toxicidade efeitos adversos e contraindicaccedilatildeo da espinheira-santa

Foi realizado um estudo toxicoloacutegico com 24 voluntaacuterios sendo 12 homens e

12 mulheres de 20 a 40 anos de idade selecionados previamente por meio de

avaliaccedilatildeo cliacutenica exames hematoloacutegicos e bioquiacutemicos e avaliaccedilatildeo

psicomotora com o objetivo de estabelecer um intervalo maacuteximo de seguranccedila

no uso de M ilicifolia As doses foram administradas de maneira crescente e

natildeo houve um grupo controle pois os exames iniciais foram considerados

como valores basais para efeito comparativo A dose inicial foi fixada em 100

mg por adulto sendo administradas doses subsequentes de 200 500 1000

1500 e 2000 mg com intervalos de uma semana para cada dose A anaacutelise dos

resultados revelou que natildeo houve efeitos significativos nos valores dos

principais paracircmetros hematoloacutegicos e bioquiacutemicos e tambeacutem natildeo foram

observadas alteraccedilotildees nas funccedilotildees hepaacuteticas pancreaacuteticas e renais

Hormocircnios lipiacutedeos glicose soacutedio potaacutessio caacutelcio e foacutesforo tambeacutem

mantiveram valores considerados normais (TABACH et al 2002)

Em relaccedilatildeo aos efeitos adversos a M ilicifolia natildeo possui algum que justifica a

interrupccedilatildeo do tratamento Entre os mais comuns destacam-se cefaleia

sonolecircncia boca seca naacuteuseas dor articular nas matildeos gosto estranho na

boca tremor nas matildeos cistite e poliuacuteria (TABACH et al 2002) Poreacutem

segundo Amaral et al (2005) natildeo eacute recomendado o uso pediaacutetrico pela

ausecircncia de testes Ensaios realizados em ratos mostraram perda embrionaacuteria

antes do periacuteodo de implantaccedilatildeo portanto essa planta natildeo eacute recomendada em

casos de gravidez (MONTANARI BIVILACQUA 2002)

De acordo com estudos realizados em camundongos o abafado de M ilicifolia

foi administrado nesses animais em doses ateacute 360 vezes maiores que a

utilizada pelo homem durante um periacuteodo de dois a trecircs meses Como

resultados natildeo houve mudanccedilas no peso comportamento temperatura

paracircmetros bioquiacutemicos e hematoloacutegicos desses animais (OLIVEIRA CARLINI

1988)

15 FarmacocineacuteticaO modelo da farmacocineacutetica da espinheira-santa eacute estudado por meio de seus

taninos natildeo condensados Epigalocatequina marcada foi administrada por via

oral sendo os picos plasmaacuteticos observados 60 min apoacutes a ingestatildeo Apoacutes

uma dose de 500 mgkg foram detectadas concentraccedilotildees tissulares de 123

mmol no plasma 484 mmol no fiacutegado e 565 mmol no intestino delgado

(Nakagawa amp Miyazawa 1997) Depois da administraccedilatildeo oral de

epigalocatequina-3-galato marcada com triacutetio a ratos cerca de 6 da dose eacute

eliminada na urina e 24 nas fezes nas primeiras 24 horas Uma segunda

dose dada duas horas apoacutes a primeira eleva em cerca de 4 a 6 vezes a

concentraccedilatildeo no plasma e em alguns tecidos Esses dados sugerem uma

meia-vida longa e eliminaccedilatildeo lenta da epigalocatequina-3-galato No final das

24 horas os animais foram sacrificados e essa substacircncia pocircde ser encontrada

no rim ceacuterebro fiacutegado pacircncreas intestino e ossos (Suganuma et al 1998)

Num outro estudo foi avaliada a afinidade da epigalocatequina-3-galato agraves

proteiacutenas do soro Apoacutes uma dose oral a ratos mais de 50 da

epigalocatequina-3-galato absorvida ligou-se agrave proteiacutena do plasma

especialmente a fibronectina o fibrinogecircnio e a HRGP( Histidin Rich

Glicoprotein) proteiacutena plasmaacutetica com 74 kdaltons cuja funccedilatildeo ainda eacute pouco

conhecida (Sazuka et al 1996)

16 PreparaccedilatildeoTendo sido reconhecida a espeacutecie com que se vai trabalhar torna-se

necessaacuterio que se disponha desta espeacutecie em quantidade suficiente para

atender a demanda relacionada a produccedilatildeo do fitoteraacutepico replicaccedilatildeo da

espeacutecie e respectivo controle de qualidade Par a atingir este objetivo a

espeacutecie deve ser cultivada na extensatildeo adequada ao fim que se propotildee tendo-

se aleacutem dos cuidados inerentes ao cultivo de qualquer espeacutecie vegetal a

precauccedilatildeo de nunca utilizar pesticidas ou agrotoacutexicos na aacuterea de cultivo Nos

parece claro que a opccedilatildeo pelo fitoteraacutepico deve vir acompanhada do desejo de

seguranccedila o que natildeo seria conseguido se fossem deixados resiacuteduos de

agrotoacutexicos ou de pesticidas na espeacutecie que iraacute ser usada como mateacuteria-prima

para a produccedilatildeo de medicamento Veja no item 24 os ensaios que devem ser

efetuados no sentido de identificar e quantificar a presenccedila destes e de outros

contaminantes

Dispondo-se entatildeo da espeacutecie vegetal botanicamente selecionada cultivada

sem o uso de agentes quiacutemicos contaminantes iremos seguir tantos passos

quantos sejam necessaacuterios para preparar a espeacutecie vegetal numa droga capaz

de ser armazenada e processada para resultar num preparado intermediaacuterio uacutetil

na preparaccedilatildeo de fitoteraacutepicos Estes passos podem ser enumerados como

sendo Coleta Monda Estabilizaccedilatildeo Secagem Trituraccedilatildeo e Armazenamento

A execuccedilatildeo e finalidade de cada um se acham descrito a seguir

A Coleta eacute realizada atraveacutes da retirada da parte usada da planta procurando

sempre o material mais saudaacutevel em completo desenvolvimento (a menos que

especificado em (contraacuterio como ocorre com a gema terminal de Psidium

guajava) e com o miacutenimo de contaminantes (poeira poluiccedilatildeo adubo insetos

colocircnia de microrganismos etc) A distribuiccedilatildeo de substacircncias

farmacologicamente ativas nas plantas medicinais natildeo se daacute de maneira

homogecircnea em toda a extensatildeo da planta Portanto eacute de se esperar que

apenas alguma parte de uma dada espeacutecie podem ser utilizadas com finalidade

terapecircutica

Atraveacutes de consulta agraves diversas farmacopeias e tratados sobre plantas

medicinais encontramos descriccedilotildees sobre a parte a ser usada de cada espeacutecie

medicinal Pode-se em alguns casos observar que diferentes partes de uma

mesma planta apresentam propriedades inteiramente diferentes como por

exemplo a Punica granam (romatildezeira) cujas cascas do caule satildeo teniacutefugas e

as cascas dos frutos tecircm propriedades anti-inflamatoacuteria e antibioacutetica Em outros

casos toda a planta pode ser utilizada com a mesma finalidade como a

Phylanthus niruri (quebra-pedra) Torna-se imperioso portanto que antes de

qualquer outra etapa da preparaccedilatildeo de uma forma farmacecircutica fitoteraacutepica se

conheccedila qual ou quais partes da espeacutecie escolhida pode ser utilizada

A coleta deve respeitar para cada espeacutecie o melhor periacuteodo correspondente

agravequele onde a espeacutecie apresenta maior teor em substacircncias ativas Tendo isto

em mente relacionamos a seguir orientaccedilotildees geneacutericas quanto ao periacuteodo de

coleta

Formas farmacecircuticas de fitoteraacutepicosPoacute

Eacute a forma farmacecircutica obtida apoacutes a secagem trituraccedilatildeo e tamisaccedilatildeo da

droga Segundo a sua finalidade devem apresentar a tenuidade adequada

conforme a tabela a seguir Pode ser dispensado para uso na preparaccedilatildeo de

chaacutes ou adicionado agrave alimentaccedilatildeo (leite sucos mel etc) O envase deve cuidar

para que natildeo haja absorccedilatildeo de umidade

Formas soacutelidas

Caacutepsulas

Eacute a forma farmacecircutica obtida pela deposiccedilatildeo ordenada da droga seca

triturada e tamisada em caacutepsulas gelatinosas duras ou pelo encapsulamento

de liacutequidos ou semissoacutelidos de natureza lipofiacutelica em caacutepsulas gelatinosas

moles O invoacutelucro rosa utilizado eacute geralmente de natureza proteica e satildeo

portanto incompatiacuteveis com drogas tacircnicas por exemplo Cuidado especial

deve ser tomado com a umidade temperatura e pressatildeo exercida sobre as

caacutepsulas durante o armazenamento e transporte Estes fatores podem levar a

desidrataccedilatildeo ou hidrataccedilatildeo das caacutepsulas que as tornam quebradiccedilas ou

deformadas e coladas Durante a preparaccedilatildeo das caacutepsulas deve-se cuidar para

que o peso das caacutepsulas obtidas seja o mais uniforme possiacutevel podendo-se

garantir isso pela pesagem da quantidade de poacute necessaacuteria para o enchimento

de um nuacutemero determinado de caacutepsulas

O enchimento das caacutepsulas ocorre na oficina farmacecircutica em tabuleiros

especiais constituiacutedos em acriacutelico PVC ou outro poliacutemero apresentando-se no

modelo mais simples apenas como uma base fixa que se encaixa a uma outra

moacutevel e perfurada que recebe o corpo das caacutepsulas sem as tampas A seguir

se distribui de forma homogecircnea a quantidade estipulada de poacute em todas as

caacutepsulas valendo-se de uma espaacutetula plaacutestica e de um dispositivo especial

para prensar o conteuacutedo no interior das caacutepsulas Finalizado o enchimento as

partes super oires (tampas) das caacutepsulas satildeo recolocadas fechando-as e

determina-se o peso meacutedio das mesmas embalando-as imediatamente

A capacidade das caacutepsulas eacute proporcional agrave densidade do poacute e ao tamanho

das caacutepsulas que eacute padronizado em 08 (oito) diferentes tipos listados a seguir

com as respectivas dimensotildees e capacidades em mililitros

Controle de Qualidade

Todas as etapas utilizadas durante o processamento da droga devem ser

monitoradas atraveacutes de ensaios que possam atestar a qualidade da mateacuteria-

prima dos produtos intermediaacuterios e do produto final acabado O objetivo final

tanto do processamento adequado quanto agrave avaliaccedilatildeo da qualidade eacute a

garantia de que o que estaacute sendo produzido na forma como ocorre o processo

produtivo estaacute conduzindo agrave obtenccedilatildeo de um produto com as caracteriacutesticas

necessaacuterias agrave utilizaccedilatildeo para o tratamento de doenccedilas

Droga

A avaliaccedilatildeo da qualidade da droga utilizada na obtenccedilatildeo de fitoteraacutepicos no

Programa Farmaacutecias-Vivas onde o cultivo das espeacutecies vegetais eacute efetuado

pelo laboratoacuterio fabricante do produto deve ser realizada sob os seguintes

aspectos

- Considerando que a droga a ser utilizada corresponde agrave espeacutecie vegetal

esperada conhece-se suas caracteriacutesticas macromorfoloacutegicas aleacutem das suas

caracteriacutesticas sensoriais constituindo a primeira avaliaccedilatildeo que eacute a identidade

da droga

- Determinaccedilatildeo da umidade da droga fresca que deve ser diferenciada de

perda por dessecaccedilatildeo pois outras substacircncias volaacuteteis aleacutem da aacutegua satildeo

evaporadas Pode ser determinada atraveacutes do ensaio volumeacutetrico de Karl

Fischer ou pelo ensaio gravimeacutetrico submetendo a droga a dessecaccedilatildeo em

temperatura ambiente em dessecador com siacutelica ou aacutecido sulfuacuterico

- Mesmo a droga morfologicamente normal pode natildeo apresentar seus

constituintes ativos na quantidade desejada sendo necessaacuterio que sejam

realizados ensaios de identificaccedilatildeo e quantificaccedilatildeo de ativos ou de marcadores

atraveacutes das mais diversas teacutecnicas gravimeacutetrica volumeacutetrica

espectrofotomeacutetrica cromatograacutefica etc

- Avaliaccedilatildeo da contaminaccedilatildeo microbiana da droga principalmente se a mesma

tiver de ser utilizada sem qualquer processamento posterior As drogas que

seratildeo transformadas em uma forma extrativa em soluccedilatildeo hidro-alcooacutelica pode

ter sua carga microbiana reduzida pelo efeito antisseacuteptico do solvente

Preparado Intermediaacuterio

As formas extrativas satildeo obtidas em condiccedilotildees que nem sempre conseguem

retirar a totalidade das substacircncias ativas soluacuteveis no solvente escolhido devido

a diversos fator ES como o tempo e temperatura de maceraccedilatildeo pH do

solvente distribuiccedilatildeo granulomeacutetrica da droga sua umidade residual teor de

substacircncias ativas e velocidade de percolaccedilatildeo Justifica-se entatildeo a

necessidade da realizaccedilatildeo de ensaios de avaliaccedilatildeo da qualidade das formas

extrativas incluindo avaliaccedilotildees fiacutesico-quiacutemicas como aparecircncia cor odor

solubilidade densidade pH e viscosidade avaliaccedilotildees quiacutemicas como o perfil

cromatograacutefico e dosagem das substacircncias ativas ou marcador e avaliaccedilatildeo

microbioloacutegica da quantidade de microrganismos viaacuteveis

Fitoteraacutepico

Independente da forma farmacecircutica final eacute necessaacuterio que sejam realizadas

avaliaccedilotildees na qualidade do produto final da mesma forma que eacute exigido para

os demais tipos de medicamentos Listamos a seguir os ensaios realizados

para cada forma farmacecircutica lembrando que devem ser acrescentados os

ensaios quiacutemicos e microbioloacutegicos

Prazo de Validade

Considerando a jaacute difiacutecil realizaccedilatildeo da avaliaccedilatildeo da qualidade das drogas

utilizadas na obtenccedilatildeo de fitoteraacutepicos pode-se compreender que o

acompanhamento do processo cineacutetico de degradaccedilatildeo dos constituintes do

medicamento natildeo eacute uma estar efe faacutecil No entanto esta avaliaccedilatildeo pode se dar

em diversos niacuteveis

- Avaliaccedilatildeo da estabilidade fiacutesica

Para cada tipo de forma farmacecircutica satildeo descritas as caracteriacutesticas tiacutepicas

como cor odor limpidez densidade viscosidade pH etc que observadas

para um mesmo lote ao longo do tempo de armazenamento forneceratildeo

informaccedilotildees sobre a integridade fiacutesica da formulaccedilatildeo

- Avaliaccedilatildeo da estabilidade quiacutemica

A utilizaccedilatildeo de recursos laboratoriais desde os mais simples ateacute os mais

sofisticados permitem o acompanhamento qualitativo eou quantitativo dos

princiacutepios ativos contidos no produto fitoteraacutepico Por exemplo atraveacutes do

ensaio limite de taninos por diluiccedilotildees sucessivas e adiccedilatildeo de cloreto feacuterrico

pode-se ter uma medida semi-quantitativa do teor destas substacircncias nas

preparaccedilotildees que o contenham Evoluindo a utilizaccedilatildeo de teacutecnica

cromatograacutefica em camada delgada sobre papel ou siacutelica permite a

determinaccedilatildeo do perfil cromatograacutefico para o produto de modo que possa ser

comparado com o obtido em lotes posteriores ou com o mesmo lote ao longo do

tempo de armazenamento

- Avaliaccedilatildeo da estabilidade microbioloacutegica

A verificaccedilatildeo do niacutevel de contaminaccedilatildeo microbiana numa preparaccedilatildeo

medicamentosa fornece informaccedilotildees sobre o niacutevel de higienizaccedilatildeo empregado

durante o processamento da droga ateacute a obtenccedilatildeo do medicamento A

observaccedilatildeo deste mesmo paracircmetro ao longo do tempo fornece informaccedilotildees

sobre a composiccedilatildeo conservante utilizada no produto e a forma de

armazenamento

Teacutecnicas Gerais

Os ensaios laboratoriais de avaliaccedilatildeo da qualidade da droga compreendem

basicamente

- Observaccedilatildeo macroscoacutepica e microscoacutepica da droga fresca e seca inteira e

triturada comparando com o descrito em farmacopeias ou com modelos

botanicamente certificados

- Determinaccedilatildeo de umidade na droga fresca e naquela seca e triturada

evidenciando a quantidade de aacutegua contida na droga receacutem-coletada na droga

s eca e a efetividade do processo de secagem utilizada

- Identificaccedilatildeo e dosagem de substacircncias ativas ou marcadores realizada na

droga seca e triturada onde atraveacutes do acompanhamento da evoluccedilatildeo ao

longo do tempo e o cruzamento dos dados entre os locais e condiccedilotildees de

cultivo seraacute possiacutevel a determinaccedilatildeo das condiccedilotildees ideais para a manutenccedilatildeo

da qualidade das espeacutecies vegetais

- Determinaccedilatildeo da quantidade de mateacuteria orgacircnica estranha na droga seca

triturada grosseiramente demonstrando se a coleta monda secagem e

trituraccedilatildeo foram realizadas a contento sem o risco de contaminaccedilatildeo com outras

espeacutecies

- Determinaccedilatildeo de resiacuteduos de pesticidas para monitorar a forma de realizaccedilatildeo

do controle de pestes atraveacutes da identificaccedilatildeo e dosagem de pesticidas

- Determinaccedilatildeo da presenccedila de arsecircnio e metais pesados como componentes

que satildeo responsaacuteveis por intoxicaccedilotildees e por incompatibilidades nas

preparaccedilotildees liacutequidas de fitoteraacutepicos

- Determinaccedilatildeo da quantidade de microrganismos viaacuteveis atraveacutes da contagem

em placa a de diluiccedilotildees obtidas a partir do liacutequido de lavagem das drogas

evidenciando o grau de contaminaccedilatildeo e a possiacutevel e indesejaacutevel presenccedila de

microrganismos potencialmente patogecircnicos

Garantia de Qualidade

Na produccedilatildeo de fitoteraacutepicos do mesmo modo como ocorre com qualquer outro

medicamento natildeo pode negligenciar qualquer procedimento que possa conduzir

a diminuiccedilatildeo da qualidade do produto final A qualidade se reflete na

reprodutibilidade da qualidade do produto avaliada em laboratoacuterio e no

acompanhamento da sua eficaacutecia terapecircutica e seguranccedila Isto soacute pode ser

conseguido quando para cada forma farmacecircutica de fitoteraacutepico forem

registradas as operaccedilotildees farmacecircuticas que devem ser seguidas agrave risca suas

medidas de controle e definiccedilatildeo das responsabilidades para cada uma das

etapas do processamento

Apenas como ilustraccedilatildeo tomemos como exemplo a produccedilatildeo da tintura de

Alecrim-pimenta (Lippia sidoides Cham) O iniacutecio da preocupaccedilatildeo com a

qualidade se daacute com a seguranccedila de que a espeacutecie cultivada seja realmente

aquela que se deve coletar e em seguida em coletar a parte que realmente

deve ser utilizada e de plantas com aspecto saudaacutevel de desenvolvimento para

a qual as condiccedilotildees de cultivo tenham se apresentado como satisfatoacuterias A

monda que se segue agrave coleta retirando as partes improacuteprias agrave preparaccedilatildeo do

fitoteraacutepico daacute continuidade ao passo anterior na busca de alcanccedilar a qualidade

desejada O processo de dessecaccedilatildeo ocorrendo agrave sombra e agrave temperatura

ambiente preservando os constituintes quiacutemicos ativos e diminuindo a

influecircncia da umidade da planta sobre a sua qualidade e a da soluccedilatildeo extrativa

a ser obtida faz com que a droga obtida possa ser utilizada como mateacuteria-prima

para a obtenccedilatildeo de medicamento O cuidadoso processo de trituraccedilatildeo sem

elevar a temperatura durante o processo e reduzindo a perda de poacute para o

ambiente tambeacutem representa um processo que deve ser realizado com a

devida atenccedilatildeo Depois disso a droga seca e triturada deve ser armazenada

em condiccedilotildees que preservem sua qualidade pelo tempo necessaacuterio ateacute sua

utilizaccedilatildeo com as devidas inscriccedilotildees que atestem sua fonte data de coleta e de

processamento e respectivos responsaacuteveis

A preparaccedilatildeo da soluccedilatildeo hidro-alcooacutelica que seraacute utilizada no processo extrativo

tambeacutem deve ser realizada com bastante cuidado pois a mateacuteria-prima deve

apresentar a qualidade compatiacutevel com sua utilizaccedilatildeo para a produccedilatildeo de

medicamentos aacutegua purificada e aacutelcool farmacecircutico Deve-se observar a

legislaccedilatildeo atual sobre aacutelcool que exige a desnaturaccedilatildeo do aacutelcool

comercializado em farmaacutecias e supermercados e assim natildeo deve servir como

excipiente farmacecircutico Enfim todos os processos interferem com a qualidade

do produto final a ser obtido e devem ser realizados corretamente e as

operaccedilotildees registradas em documento proacuteprio buscando a rastreabilidade de

cada lote de cada produto

Outra etapa da garantia da qualidade essencial para sua implantaccedilatildeo eacute a

validaccedilatildeo de equipamentos e de processos que busca uma evidecircncia

documentada de que os mesmos cumprem satisfatoriamente sua finalidade

quando utilizados ou realizados corretamente

Estas evidecircncias devem ser conseguidas antes mesmo de se iniciar a utilizaccedilatildeo

das instalaccedilotildees para produccedilatildeo de medicamentos Naqueles jaacute em

funcionamento a validaccedilatildeo pode ser realizada atraveacutes da documentaccedilatildeo da

produccedilatildeo passada ou seja uma validaccedilatildeo retrospectiva

Para a produccedilatildeo de medicamentos em pequena escala que natildeo venha a

caracterizar uma produccedilatildeo industrial deve-se buscar a adequaccedilatildeo das

condiccedilotildees de produccedilatildeo armazenamento e dispensaccedilatildeo do produto atraveacutes da

Resoluccedilatildeo RDC ndeg 33 de abril de 2000 que descreve os criteacuterios de Boas

Praacuteticas de Manipulaccedilatildeo

Para a produccedilatildeo industrial de medicamentos a legislaccedilatildeo que trata das Boas

Praacuteticas de Fabricaccedilatildeo e Garantia de Qualidade eacute a Resoluccedilatildeo RDC ndeg 210 de

04 de agosto de 2003 As especificaccedilotildees legais da legislaccedilatildeo sanitaacuteria

brasileira e de outros paiacuteses para materiais vegetais devem incluir tanto quanto

possiacutevel o seguinte

- Nome botacircnico c om referecircncia aos autores

- Detalhes da fonte da planta (paiacutes ou regiatildeo de origem cultivo eacutepoca da

colheita procedimentos de colheita possiacuteveis pesticidas utilizados etc)

- Descriccedilatildeo do material vegetal inspeccedilatildeo visual macro eou microscoacutepica

- Testes de identificaccedilatildeo apropriados incluindo quando convenientes testes de

identificaccedilatildeo para ingredientes ativos conhecidos ou marcadores

- Ensaios quando convenientes dos constituintes de atividade terapecircutica ou

marcadores

- Meacutetodos apropriados para determinaccedilatildeo de possiacuteveis contaminaccedilotildees por

pesticidas e os limites aceitos

- Testes para metais pesados e contaminantes semelhantes materiais

estranhos e adulterantes

- Testes para radiaccedilatildeo aflatoxinas e contaminaccedilatildeo microbiana

Qualquer tratamento usado para reduzir contaminaccedilotildees focircnicas e microbianas

ou outras infestaccedilotildees devem ser documentadas Instrumentos para tais

procedimentos devem ser acessiacuteveis e devem incluir detalhes dos processos

testes e limites residuais

Para a realidade do programa Farmaacutecias-Vivas onde natildeo satildeo utilizados

pesticidas as plantas satildeo cultivadas no local proacuteximo de onde ocorre a

produccedilatildeo do medicamento ou satildeo de origem na mesma regiatildeo e satildeo

processadas logo apoacutes a coleta satildeo feitas exigecircncias menores que as

estabelecidas para maiores escalas de produccedilatildeo Nem assim devemos deixar

de registrar todas as operaccedilotildees realizadas com a droga desde o seu cultivo ateacute

a dispensaccedilatildeo do produto fitoteraacutepico

Dispensaccedilatildeo

Estivemos sempre discorrendo sobre qualidade do produto a ser obtido desde

o cultivo da espeacutecie correta da coleta da parte usada e o seu processamento

mantendo intactos os princiacutepios ativos Conhecemos os motivos que levam a

toda esta preocupaccedilatildeo com a qualidade a responsabilidade do profissional que

o produz e a eficaacutecia e a seguranccedila necessaacuterias para o paciente que o utiliza

Portanto resta-nos dispensar o fitoteraacutepico para que este apresente estas

caracteriacutesticas trans formando o paciente num parceiro consciente do seu

papel no uso cor reto deste recurso terapecircutico

O resgate das praacuteticas populares agora respaldadas pelos estudos cientiacuteficos

seacuterios que atestam a eficaacutecia e seguranccedila das espeacutecies utilizadas no programa

Farmaacutecias-Vivas pode ser abordado no momento da dispensaccedilatildeo do

medicamento ou atraveacutes de apresentaccedilotildees coletivas organizadas e realizadas

pelo Farmacecircutico Alguns cuidados merecem ser observados para natildeo se

incorrer em riscos desnecessaacuterios

- Natildeo referendar o uso de plantas cujo estudo cientiacutefico natildeo tenha apresentado

dados sobre sua eficaacutecia e seguranccedila

- Natildeo recomendar o uso de qualquer planta medicinal para o tratamento de

doenccedilas sem a devida recomendaccedilatildeo meacutedica especializada ou natildeo

- Natildeo recomendar a utilizaccedilatildeo de planta que nos seja desconhecida tanto no

aspecto teoacuterico quanto praacutetico

- Natildeo sugerir a utilizaccedilatildeo de quaisquer praacuteticas com ou sem uso de plantas

medicinais que possa representar um risco potencial ou real de dano fetal

Para nos resguardarmos de quaisquer erros precisamos nos manter atualizados

quanto aos benefiacutecios e riscos da utilizaccedilatildeo das espeacutecies medicinais com as

quais trabalhamos dada agrave impossibilidade de conhecer todas as demais Os

dados obtidos durante a dispensaccedilatildeo e acompanhamento dos pacientes aleacutem

daqueles obtidos durante os ensaios controlados de toxicologia e farmacologia

cliacutenica forneceratildeo a necessaacuteria seguranccedila para realizarmos a dispensaccedilatildeo e

cada vez mais desfazermos o mito do natural ser inoacutecuo

Como exemplo da relaccedilatildeo risco x benefiacutecio de uma preparaccedilatildeo fitoteraacutepica

apresentamos as seguintes informaccedilotildees sobre o Elixir de Aroeira que em

muitos aspectos natildeo houve a quantificaccedilatildeo da intensidade dos efeitos beneacuteficos

nem adversos nem de interaccedilotildees

Forma Medicamento Fitoteraacutepico- Caacutepsula ESPINHEIRA SANTA Maytenus ilicifolia Celastraceae

Medicamento fitoteraacutepico

Parte utilizada Folhas

Nomenclatura popularEspinheira santa cancerosa cancorosa-de-sete-espinhos cancrosa

espinheira-divina espinho-de-Deus maiteno erva-cancrosa erva-santa

ApresentaccedilotildeesCaacutepsula dura - Extrato seco das folhas de Maytenus ilicifolia 380 mg -

Embalagem com 3 bliacutesters contendo 15 caacutepsulas cada

Via oral

Uso adulto

Composiccedilatildeo

Cada caacutepsula conteacutem

Extrato seco de Maytenus ilicifolia380 mg

Excipiente qsp 1 caacutepsula (amido)

equivalente a 133 mg de taninos totais

Informaccedilotildees ao pacientePara que este medicamento eacute indicado

Espinheira Santa eacute indicada para o tratamento da maacute digestatildeo e como

coadjuvante no tratamento de uacutelcera do estocircmago e duodeno

Como este medicamento funciona

Espinheira Santa atua como regulador das funccedilotildees estomacais e promove a

proteccedilatildeo da mucosa gaacutestrica

Quando natildeo devo usar este medicamentobull O medicamento deve ser evitado por menores de 12 anos de idade devido agrave

falta de estudos disponiacuteveis

bull Lactaccedilatildeo e gravidez visto que pode diminuir a secreccedilatildeo de leite e pode

provocar contraccedilotildees uterinas

bull Hipersensibilidade (alergia) a qualquer um dos componentes da foacutermula ou a

outras plantas da famiacutelia Celastraceae

O que devo saber antes de usar este medicamentoPrecauccedilotildees e advertecircncias

bull De acordo com a categoria de risco de faacutermacos destinados agraves mulheres

graacutevidas este medicamento apresenta categoria de risco C Este medicamento

natildeo deve ser utilizado por mulheres graacutevidas sem orientaccedilatildeo meacutedica ou do

cirurgiatildeo dentista

Interaccedilotildees medicamentosas

bull A administraccedilatildeo concomitante de M ilicifolia com bebidas alcooacutelicas e outros

medicamentos natildeo eacute recomendada pois natildeo existem estudos disponiacuteveis

sobre as interaccedilotildees medicamentosas deste fitoteraacutepico

Informe seu meacutedico ou cirurgiatildeo-dentista se vocecirc estaacute fazendo uso de algum

outro medicamento

Onde como e por quanto tempo posso guardar este medicamentoCuidados de conservaccedilatildeo

Espinheira Santa deve ser conservada em temperatura ambiente (entre 15 e

30ordmC) em sua embalagem original Proteger da luz e da umidade

Prazo de validade24 meses apoacutes a data de fabricaccedilatildeo impressa no cartucho

Nuacutemero de lote e datas de fabricaccedilatildeo e validade vide embalagem

Natildeo use medicamento com o prazo de validade vencido

Guarde-o em sua embalagem original

Caracteriacutesticas fiacutesicasCaacutepsulas gelatinosas duras de cor creme

Caracteriacutesticas organoleacutepticas

Cheiro (odor) caracteriacutestico e praticamente natildeo apresenta sabor

Antes de usar observe o aspecto do medicamento Caso ele esteja no prazo

de validade e vocecirc observe alguma mudanccedila no aspecto consulte o

farmacecircutico para saber se poderaacute utilizaacute-lo

Todo medicamento deve ser mantido fora do alcance das crianccedilas

Como devo usar este medicamentoModo de usar

As caacutepsulas devem ser ingeridas inteiras e com uma quantidade suficiente de

aacutegua para que possam ser deglutidas

Posologia

Ingerir duas caacutepsulas via oral trecircs vezes ao dia de oito em oito horas

Siga corretamente o modo de usar Em caso de duacutevidas sobre este

medicamento procure orientaccedilatildeo do farmacecircutico Natildeo desaparecendo os

sintomas procure orientaccedilatildeo de seu meacutedico ou cirurgiatildeo-dentista

Este medicamento natildeo deve ser partido aberto ou mastigado

O que devo fazer quando eu me esquecer de usar este medicamentoCaso haja esquecimento da ingestatildeo de uma dose deste medicamento

retomar a posologia prescrita sem a necessidade de suplementaccedilatildeo

Em caso de duacutevidas procure orientaccedilatildeo do farmacecircutico ou de seu meacutedico ou

do cirurgiatildeo-dentista

Que males este medicamento pode causarReaccedilotildees adversas

Ateacute o momento natildeo foram relatadas reaccedilotildees adversas graves ou que coloquem

em risco a sauacutede dos pacientes

Raramente podem ocorrer casos de hipersensibilidade Neste caso suspender

o uso e procurar orientaccedilatildeo meacutedica

Informe seu meacutedico cirurgiatildeo-dentista ou farmacecircutico do aparecimento de

reaccedilotildees indesejaacuteveis pelo uso do medicamento

Induacutestria Brasileira

Esta bula foi atualizada conforme Bula Padratildeo aprovada pela Anvisa em

12012011

Farmacecircutica resp Dra (Nome )

CRF-PR nordm XXXX Coacuted XXXXX - 012011

Informe tambeacutem agrave empresa atraveacutes do seu Serviccedilo de

Atendimento ao Consumidor

O que fazer se algueacutem usar uma quantidade maior do que a indicada deste medicamentoPlantas ricas em taninos como a M ilicifolia quando usadas em doses

excessivas podem causar irritaccedilatildeo da mucosa gaacutestrica e intestinal gerando

vocircmitos coacutelicas intestinais e diarreia

Em caso de super dosagem suspender o uso e procurar orientaccedilatildeo meacutedica de

imediato Em caso de uso de grande quantidade deste medicamento procure

rapidamente socorro meacutedico e leve a embalagem ou bula do medicamento se

possiacutevel Siga corretamente o modo de usar natildeo desaparecendo os sintomas

procure orientaccedilatildeo meacutedica

Conclusatildeo

A espinheira-santa (M ilicifolia) eacute um fitoteraacutepico de relevante accedilatildeo terapecircutica

principalmente antiulcerogecircnica dada sua eficaacutecia farmacoloacutegica e seguranccedila

Vale lembrar que por ausecircncia de estudos ela natildeo eacute recomenda para crianccedilas

e natildeo deve ser usada por gestantes pois estudos em camundongos (fecircmeas e

graacutevidas) indicaram um decreacutescimo significativo do nuacutemero de embriotildees aleacutem

de possuir atividade estrogecircnica que pode interferir na receptividade uterina do

embriatildeo Entre suas atividades farmacoloacutegicas destaca-se a atividade

antiulcerogecircnica que pode ser comparada agrave accedilatildeo da ranitidina e da cimetidina

Por ser morfologicamente parecida com as espeacutecies S bonplandii e Z ilicifolia

ela eacute comumente confundida e ateacute mesmo trocada intencionalmente

A utilizaccedilatildeo de maneira errocircnea das espeacutecies botacircnicas que natildeo satildeo a

verdadeira espinheira-santa (M ilicifolia) pode acarretar danos agrave sauacutede dos

pacientes Assim conclui-se que essas espeacutecies conhecidas como

adulterantes podem trazer malefiacutecios pois ainda faltam estudos que

comprovem suas atividades farmacoloacutegicas e principalmente a seguranccedila

terapecircutica Poreacutem natildeo se deve descartar o uso dessas espeacutecies e sim

realizar estudos mais concretos para que essas plantas assim como a

verdadeira espinheira-santa possam auxiliar no tratamento farmacoloacutegico da

populaccedilatildeo

Referecircncias Bibliograacuteficas

Ralph Santos-Oliveira Simone Coulaud-Cunha Waldeciro Colaccedilo

Revisatildeo da Maytenus ilicifolia Mart ex Reissek Celastraceae

Contribuiccedilatildeo ao estudo das propriedades farmacoloacutegicas Rev Bras

Farmacogn Braz J Pharmacogn 19(2B) AbrJun 2009

Wilker Marlon de Moraes Jesus Tarciacutesio Neves da Cunha Estudo das

propriedades farmacoloacutegicas da espinheira-santa (Maytenus ilicifolia

Mart ex Reissek) e de duas espeacutecies adulterantes Revista Sauacutede e

Desenvolvimento vol ndash nordm 1 Jan ndash Jun 2012

MARIOT MP1 BARBIERI RL2 Engenheiro Agrocircnomo Dr prof do

Conjunto Agroteacutecnico ldquoVisconde da GraccedilardquoUniversidade Federal de

Pelotas (mariotufpeltchebr) ndash Av Ildefonso Simotildees Lopes 2791

Pelotas-RS CEP 96060-290 2Bioacuteloga Dr pesquisadora da Embrapa

Clima Temperado (barbiericpactembrapabr) ndash BR 392 km 78 caixa

postal 403 Pelotas-RS CEP 96001-970 (endereccedilo para

correspondecircncia) Metaboacutelitos secundaacuterios e propriedades medicinais da

espinheira-santa (Maytenus ilicifolia Mart ex Reiss e M aquifolium

Mart)

CARLINI EA Braz S Efeito protetor do liofilizado obtido do abafado de

Maytenus Sp (espinheira-santa) contra uacutelcera gaacutestrica experimental em

ratos In Estudo da accedilatildeo antiuacutelcera gaacutestrica de plantas brasileiras

(Maytenus ilicifolia) Espinheira santa e outras Brasiacutelia CEMEAFIP

1988 p21-35MACAUBAS CIP et al Estudo da eventual accedilatildeo

antiuacutelcera gaacutestrica do baacutelsamo (Sedum sp) folha da fortuna

(Bryophyllum calcium) couve (Brassica oleraceae) e da Espinheira

santa (Maytenus ilicifolia) em ratos In Estudo da accedilatildeo antiuacutelcera

gaacutestrica de plantas brasileiras (Maytenus ilicifolia) Espinheira santa e

outras Brasiacutelia CEMEAFIP 1988 p 5-20

Olivia Werner Oliveira Pedro Ros Petrovick Secagem por aspersatildeo

(spray drying) de extratos vegetais bases e aplicaccedilotildees Revista

Brasileira de Farmacognosia Brazilian Journal of Pharmacognosy 20(4)

641-650 AgoSet 2010

Marianne Christina Scheffer Capitulo 17 Produccedilatildeo de espinheira-santa

(Maytenus ilicifolia Mart ex Reiss) na regiatildeo metropolitana de Curitiba

Paranaacute Brasil

Said gonccedilalves da cruz fonsacircca Farmacoteacutecnica de Fitoteraacutepicos2005

associaccedilotildees sineacutergicas de substacircncias fenoacutelicas e triterpenos

quinonametiacutedeos comparados agrave rutina como composto fenoacutelico modelo

De acordo Kasse et al (2008) foi realizado um estudo com ratos (fecircmeas) em

que esses animais foram submetidos agrave substacircncia cisplatina e posteriormente

tratados com extrato de M ilicifolia para avaliar a atividade otoprotetora da

planta Foram realizados e avaliados os exames de emissotildees otoacuacutesticas por

produtos de distorccedilatildeo por potencial de tronco encefaacutelico antes e depois de

administraccedilatildeo de cisplatina e por fim por microscopia eletrocircnica de varredura

Os resultados mostraram que apesar de apresentar atividades antioxidantes a

M ilicifolia foi incapaz de bloquear o efeito citotoacutexico do composto quiacutemico

administrado nas cobaias

Segundo Negri et al (2009) a atividade antioxidante do extrato etanoacutelico de M

ilicifolia estaacute intimamente ligada agrave sua temperatura de secagem Testes

realizados para avaliaccedilatildeo do poder antioxidante os quais foram os meacutetodos de

formaccedilatildeo de complexo com fosfomolibdecircnio e atividade antioxidante em

relaccedilatildeo agrave reduccedilatildeo de um radical utilizando-se o DPPH (22-difenil-1-

picnilhidrazila) em que foram levadas em consideraccedilatildeo diferentes

temperaturas usualmente utilizadas para secagem (40 50 60 70 e 80˚C)

demostraram melhor atividade antioxidante na temperatura de 40˚C e

gradativamente quanto maior a temperatura realizada nos testes menor o

poder antioxidante Por fim o estudo mostrou a importacircncia do controle de

temperatura para a melhor efetividade nesse quesito da planta

Em estudos de Pessuto et al (2009) foram avaliados extratos e compostos

isolados de M Ilicifolia em relaccedilatildeo agrave capacidade antioxidante Os extratos

brutos e semipurificados foram estudados por meio de ensaios de

fosfomolibdecircnio (complexo) e de DPPH (22-difenil-1-picnilhidrazila) nos quais

os resultados mostraram que a fraccedilatildeo com acetato de etila teve melhor

capacidade antioxidante em relaccedilatildeo ao extrato bruto e fraccedilatildeo aquosa

possivelmente por conter maior nuacutemero de hidroxilas fenoacutelicas (pela

capacidade de sequestro dos radicais livres) e tambeacutem em relaccedilatildeo agraves

substacircncias trolox e vitamina C

148 Atividades antinociceptiva e anti-inflamatoacuteria De acordo com Nakamura et al (1994) o extrato etanoacutelico de folhas de M

ilicifolia conteacutem uma fraccedilatildeo de quercetina-3-O-glicosiacutedeo e essa substacircncia

quiacutemica foi avaliada pelo teste de aacutecido aceacutetico e formalina em ratos obtendo-

se resultados satisfatoacuterios para atividades analgeacutesicas e anti-inflamatoacuterias

Por meio de testes realizados em camundongos e ratos foi provocado um

edema nas patas desses animais por meio de injeccedilatildeo de 002 ml de

formaldeiacutedo (soluccedilatildeo a 092) utilizando-se como controle soluccedilatildeo salino

Apoacutes 120 minutos foi aplicado extrato hexacircnico e acetato de etila das folhas

(M ilicifolia) administrados por via oral nas doses de 80 160 320 e 340 mgkg

Os animais foram sacrificados apoacutes 4 horas Em um segundo ensaio foi

administrada por injeccedilatildeo soluccedilatildeo de carragenina a 1 e os extratos da planta

foram dados por via oral nas doses de 80 160 320 e 340 mgkg Os resultados

obtidos mostraram uma atividade antinociceptiva para os dois extratos

principalmente nas doses de 320 e 340 mgkg sendo esse teste importante

para uma alternativa cliacutenica na terapecircutica anti-inflamatoacuteria e antiulcerogecircnica

(JORGE et al 2004)

14 Toxicidade efeitos adversos e contraindicaccedilatildeo da espinheira-santa

Foi realizado um estudo toxicoloacutegico com 24 voluntaacuterios sendo 12 homens e

12 mulheres de 20 a 40 anos de idade selecionados previamente por meio de

avaliaccedilatildeo cliacutenica exames hematoloacutegicos e bioquiacutemicos e avaliaccedilatildeo

psicomotora com o objetivo de estabelecer um intervalo maacuteximo de seguranccedila

no uso de M ilicifolia As doses foram administradas de maneira crescente e

natildeo houve um grupo controle pois os exames iniciais foram considerados

como valores basais para efeito comparativo A dose inicial foi fixada em 100

mg por adulto sendo administradas doses subsequentes de 200 500 1000

1500 e 2000 mg com intervalos de uma semana para cada dose A anaacutelise dos

resultados revelou que natildeo houve efeitos significativos nos valores dos

principais paracircmetros hematoloacutegicos e bioquiacutemicos e tambeacutem natildeo foram

observadas alteraccedilotildees nas funccedilotildees hepaacuteticas pancreaacuteticas e renais

Hormocircnios lipiacutedeos glicose soacutedio potaacutessio caacutelcio e foacutesforo tambeacutem

mantiveram valores considerados normais (TABACH et al 2002)

Em relaccedilatildeo aos efeitos adversos a M ilicifolia natildeo possui algum que justifica a

interrupccedilatildeo do tratamento Entre os mais comuns destacam-se cefaleia

sonolecircncia boca seca naacuteuseas dor articular nas matildeos gosto estranho na

boca tremor nas matildeos cistite e poliuacuteria (TABACH et al 2002) Poreacutem

segundo Amaral et al (2005) natildeo eacute recomendado o uso pediaacutetrico pela

ausecircncia de testes Ensaios realizados em ratos mostraram perda embrionaacuteria

antes do periacuteodo de implantaccedilatildeo portanto essa planta natildeo eacute recomendada em

casos de gravidez (MONTANARI BIVILACQUA 2002)

De acordo com estudos realizados em camundongos o abafado de M ilicifolia

foi administrado nesses animais em doses ateacute 360 vezes maiores que a

utilizada pelo homem durante um periacuteodo de dois a trecircs meses Como

resultados natildeo houve mudanccedilas no peso comportamento temperatura

paracircmetros bioquiacutemicos e hematoloacutegicos desses animais (OLIVEIRA CARLINI

1988)

15 FarmacocineacuteticaO modelo da farmacocineacutetica da espinheira-santa eacute estudado por meio de seus

taninos natildeo condensados Epigalocatequina marcada foi administrada por via

oral sendo os picos plasmaacuteticos observados 60 min apoacutes a ingestatildeo Apoacutes

uma dose de 500 mgkg foram detectadas concentraccedilotildees tissulares de 123

mmol no plasma 484 mmol no fiacutegado e 565 mmol no intestino delgado

(Nakagawa amp Miyazawa 1997) Depois da administraccedilatildeo oral de

epigalocatequina-3-galato marcada com triacutetio a ratos cerca de 6 da dose eacute

eliminada na urina e 24 nas fezes nas primeiras 24 horas Uma segunda

dose dada duas horas apoacutes a primeira eleva em cerca de 4 a 6 vezes a

concentraccedilatildeo no plasma e em alguns tecidos Esses dados sugerem uma

meia-vida longa e eliminaccedilatildeo lenta da epigalocatequina-3-galato No final das

24 horas os animais foram sacrificados e essa substacircncia pocircde ser encontrada

no rim ceacuterebro fiacutegado pacircncreas intestino e ossos (Suganuma et al 1998)

Num outro estudo foi avaliada a afinidade da epigalocatequina-3-galato agraves

proteiacutenas do soro Apoacutes uma dose oral a ratos mais de 50 da

epigalocatequina-3-galato absorvida ligou-se agrave proteiacutena do plasma

especialmente a fibronectina o fibrinogecircnio e a HRGP( Histidin Rich

Glicoprotein) proteiacutena plasmaacutetica com 74 kdaltons cuja funccedilatildeo ainda eacute pouco

conhecida (Sazuka et al 1996)

16 PreparaccedilatildeoTendo sido reconhecida a espeacutecie com que se vai trabalhar torna-se

necessaacuterio que se disponha desta espeacutecie em quantidade suficiente para

atender a demanda relacionada a produccedilatildeo do fitoteraacutepico replicaccedilatildeo da

espeacutecie e respectivo controle de qualidade Par a atingir este objetivo a

espeacutecie deve ser cultivada na extensatildeo adequada ao fim que se propotildee tendo-

se aleacutem dos cuidados inerentes ao cultivo de qualquer espeacutecie vegetal a

precauccedilatildeo de nunca utilizar pesticidas ou agrotoacutexicos na aacuterea de cultivo Nos

parece claro que a opccedilatildeo pelo fitoteraacutepico deve vir acompanhada do desejo de

seguranccedila o que natildeo seria conseguido se fossem deixados resiacuteduos de

agrotoacutexicos ou de pesticidas na espeacutecie que iraacute ser usada como mateacuteria-prima

para a produccedilatildeo de medicamento Veja no item 24 os ensaios que devem ser

efetuados no sentido de identificar e quantificar a presenccedila destes e de outros

contaminantes

Dispondo-se entatildeo da espeacutecie vegetal botanicamente selecionada cultivada

sem o uso de agentes quiacutemicos contaminantes iremos seguir tantos passos

quantos sejam necessaacuterios para preparar a espeacutecie vegetal numa droga capaz

de ser armazenada e processada para resultar num preparado intermediaacuterio uacutetil

na preparaccedilatildeo de fitoteraacutepicos Estes passos podem ser enumerados como

sendo Coleta Monda Estabilizaccedilatildeo Secagem Trituraccedilatildeo e Armazenamento

A execuccedilatildeo e finalidade de cada um se acham descrito a seguir

A Coleta eacute realizada atraveacutes da retirada da parte usada da planta procurando

sempre o material mais saudaacutevel em completo desenvolvimento (a menos que

especificado em (contraacuterio como ocorre com a gema terminal de Psidium

guajava) e com o miacutenimo de contaminantes (poeira poluiccedilatildeo adubo insetos

colocircnia de microrganismos etc) A distribuiccedilatildeo de substacircncias

farmacologicamente ativas nas plantas medicinais natildeo se daacute de maneira

homogecircnea em toda a extensatildeo da planta Portanto eacute de se esperar que

apenas alguma parte de uma dada espeacutecie podem ser utilizadas com finalidade

terapecircutica

Atraveacutes de consulta agraves diversas farmacopeias e tratados sobre plantas

medicinais encontramos descriccedilotildees sobre a parte a ser usada de cada espeacutecie

medicinal Pode-se em alguns casos observar que diferentes partes de uma

mesma planta apresentam propriedades inteiramente diferentes como por

exemplo a Punica granam (romatildezeira) cujas cascas do caule satildeo teniacutefugas e

as cascas dos frutos tecircm propriedades anti-inflamatoacuteria e antibioacutetica Em outros

casos toda a planta pode ser utilizada com a mesma finalidade como a

Phylanthus niruri (quebra-pedra) Torna-se imperioso portanto que antes de

qualquer outra etapa da preparaccedilatildeo de uma forma farmacecircutica fitoteraacutepica se

conheccedila qual ou quais partes da espeacutecie escolhida pode ser utilizada

A coleta deve respeitar para cada espeacutecie o melhor periacuteodo correspondente

agravequele onde a espeacutecie apresenta maior teor em substacircncias ativas Tendo isto

em mente relacionamos a seguir orientaccedilotildees geneacutericas quanto ao periacuteodo de

coleta

Formas farmacecircuticas de fitoteraacutepicosPoacute

Eacute a forma farmacecircutica obtida apoacutes a secagem trituraccedilatildeo e tamisaccedilatildeo da

droga Segundo a sua finalidade devem apresentar a tenuidade adequada

conforme a tabela a seguir Pode ser dispensado para uso na preparaccedilatildeo de

chaacutes ou adicionado agrave alimentaccedilatildeo (leite sucos mel etc) O envase deve cuidar

para que natildeo haja absorccedilatildeo de umidade

Formas soacutelidas

Caacutepsulas

Eacute a forma farmacecircutica obtida pela deposiccedilatildeo ordenada da droga seca

triturada e tamisada em caacutepsulas gelatinosas duras ou pelo encapsulamento

de liacutequidos ou semissoacutelidos de natureza lipofiacutelica em caacutepsulas gelatinosas

moles O invoacutelucro rosa utilizado eacute geralmente de natureza proteica e satildeo

portanto incompatiacuteveis com drogas tacircnicas por exemplo Cuidado especial

deve ser tomado com a umidade temperatura e pressatildeo exercida sobre as

caacutepsulas durante o armazenamento e transporte Estes fatores podem levar a

desidrataccedilatildeo ou hidrataccedilatildeo das caacutepsulas que as tornam quebradiccedilas ou

deformadas e coladas Durante a preparaccedilatildeo das caacutepsulas deve-se cuidar para

que o peso das caacutepsulas obtidas seja o mais uniforme possiacutevel podendo-se

garantir isso pela pesagem da quantidade de poacute necessaacuteria para o enchimento

de um nuacutemero determinado de caacutepsulas

O enchimento das caacutepsulas ocorre na oficina farmacecircutica em tabuleiros

especiais constituiacutedos em acriacutelico PVC ou outro poliacutemero apresentando-se no

modelo mais simples apenas como uma base fixa que se encaixa a uma outra

moacutevel e perfurada que recebe o corpo das caacutepsulas sem as tampas A seguir

se distribui de forma homogecircnea a quantidade estipulada de poacute em todas as

caacutepsulas valendo-se de uma espaacutetula plaacutestica e de um dispositivo especial

para prensar o conteuacutedo no interior das caacutepsulas Finalizado o enchimento as

partes super oires (tampas) das caacutepsulas satildeo recolocadas fechando-as e

determina-se o peso meacutedio das mesmas embalando-as imediatamente

A capacidade das caacutepsulas eacute proporcional agrave densidade do poacute e ao tamanho

das caacutepsulas que eacute padronizado em 08 (oito) diferentes tipos listados a seguir

com as respectivas dimensotildees e capacidades em mililitros

Controle de Qualidade

Todas as etapas utilizadas durante o processamento da droga devem ser

monitoradas atraveacutes de ensaios que possam atestar a qualidade da mateacuteria-

prima dos produtos intermediaacuterios e do produto final acabado O objetivo final

tanto do processamento adequado quanto agrave avaliaccedilatildeo da qualidade eacute a

garantia de que o que estaacute sendo produzido na forma como ocorre o processo

produtivo estaacute conduzindo agrave obtenccedilatildeo de um produto com as caracteriacutesticas

necessaacuterias agrave utilizaccedilatildeo para o tratamento de doenccedilas

Droga

A avaliaccedilatildeo da qualidade da droga utilizada na obtenccedilatildeo de fitoteraacutepicos no

Programa Farmaacutecias-Vivas onde o cultivo das espeacutecies vegetais eacute efetuado

pelo laboratoacuterio fabricante do produto deve ser realizada sob os seguintes

aspectos

- Considerando que a droga a ser utilizada corresponde agrave espeacutecie vegetal

esperada conhece-se suas caracteriacutesticas macromorfoloacutegicas aleacutem das suas

caracteriacutesticas sensoriais constituindo a primeira avaliaccedilatildeo que eacute a identidade

da droga

- Determinaccedilatildeo da umidade da droga fresca que deve ser diferenciada de

perda por dessecaccedilatildeo pois outras substacircncias volaacuteteis aleacutem da aacutegua satildeo

evaporadas Pode ser determinada atraveacutes do ensaio volumeacutetrico de Karl

Fischer ou pelo ensaio gravimeacutetrico submetendo a droga a dessecaccedilatildeo em

temperatura ambiente em dessecador com siacutelica ou aacutecido sulfuacuterico

- Mesmo a droga morfologicamente normal pode natildeo apresentar seus

constituintes ativos na quantidade desejada sendo necessaacuterio que sejam

realizados ensaios de identificaccedilatildeo e quantificaccedilatildeo de ativos ou de marcadores

atraveacutes das mais diversas teacutecnicas gravimeacutetrica volumeacutetrica

espectrofotomeacutetrica cromatograacutefica etc

- Avaliaccedilatildeo da contaminaccedilatildeo microbiana da droga principalmente se a mesma

tiver de ser utilizada sem qualquer processamento posterior As drogas que

seratildeo transformadas em uma forma extrativa em soluccedilatildeo hidro-alcooacutelica pode

ter sua carga microbiana reduzida pelo efeito antisseacuteptico do solvente

Preparado Intermediaacuterio

As formas extrativas satildeo obtidas em condiccedilotildees que nem sempre conseguem

retirar a totalidade das substacircncias ativas soluacuteveis no solvente escolhido devido

a diversos fator ES como o tempo e temperatura de maceraccedilatildeo pH do

solvente distribuiccedilatildeo granulomeacutetrica da droga sua umidade residual teor de

substacircncias ativas e velocidade de percolaccedilatildeo Justifica-se entatildeo a

necessidade da realizaccedilatildeo de ensaios de avaliaccedilatildeo da qualidade das formas

extrativas incluindo avaliaccedilotildees fiacutesico-quiacutemicas como aparecircncia cor odor

solubilidade densidade pH e viscosidade avaliaccedilotildees quiacutemicas como o perfil

cromatograacutefico e dosagem das substacircncias ativas ou marcador e avaliaccedilatildeo

microbioloacutegica da quantidade de microrganismos viaacuteveis

Fitoteraacutepico

Independente da forma farmacecircutica final eacute necessaacuterio que sejam realizadas

avaliaccedilotildees na qualidade do produto final da mesma forma que eacute exigido para

os demais tipos de medicamentos Listamos a seguir os ensaios realizados

para cada forma farmacecircutica lembrando que devem ser acrescentados os

ensaios quiacutemicos e microbioloacutegicos

Prazo de Validade

Considerando a jaacute difiacutecil realizaccedilatildeo da avaliaccedilatildeo da qualidade das drogas

utilizadas na obtenccedilatildeo de fitoteraacutepicos pode-se compreender que o

acompanhamento do processo cineacutetico de degradaccedilatildeo dos constituintes do

medicamento natildeo eacute uma estar efe faacutecil No entanto esta avaliaccedilatildeo pode se dar

em diversos niacuteveis

- Avaliaccedilatildeo da estabilidade fiacutesica

Para cada tipo de forma farmacecircutica satildeo descritas as caracteriacutesticas tiacutepicas

como cor odor limpidez densidade viscosidade pH etc que observadas

para um mesmo lote ao longo do tempo de armazenamento forneceratildeo

informaccedilotildees sobre a integridade fiacutesica da formulaccedilatildeo

- Avaliaccedilatildeo da estabilidade quiacutemica

A utilizaccedilatildeo de recursos laboratoriais desde os mais simples ateacute os mais

sofisticados permitem o acompanhamento qualitativo eou quantitativo dos

princiacutepios ativos contidos no produto fitoteraacutepico Por exemplo atraveacutes do

ensaio limite de taninos por diluiccedilotildees sucessivas e adiccedilatildeo de cloreto feacuterrico

pode-se ter uma medida semi-quantitativa do teor destas substacircncias nas

preparaccedilotildees que o contenham Evoluindo a utilizaccedilatildeo de teacutecnica

cromatograacutefica em camada delgada sobre papel ou siacutelica permite a

determinaccedilatildeo do perfil cromatograacutefico para o produto de modo que possa ser

comparado com o obtido em lotes posteriores ou com o mesmo lote ao longo do

tempo de armazenamento

- Avaliaccedilatildeo da estabilidade microbioloacutegica

A verificaccedilatildeo do niacutevel de contaminaccedilatildeo microbiana numa preparaccedilatildeo

medicamentosa fornece informaccedilotildees sobre o niacutevel de higienizaccedilatildeo empregado

durante o processamento da droga ateacute a obtenccedilatildeo do medicamento A

observaccedilatildeo deste mesmo paracircmetro ao longo do tempo fornece informaccedilotildees

sobre a composiccedilatildeo conservante utilizada no produto e a forma de

armazenamento

Teacutecnicas Gerais

Os ensaios laboratoriais de avaliaccedilatildeo da qualidade da droga compreendem

basicamente

- Observaccedilatildeo macroscoacutepica e microscoacutepica da droga fresca e seca inteira e

triturada comparando com o descrito em farmacopeias ou com modelos

botanicamente certificados

- Determinaccedilatildeo de umidade na droga fresca e naquela seca e triturada

evidenciando a quantidade de aacutegua contida na droga receacutem-coletada na droga

s eca e a efetividade do processo de secagem utilizada

- Identificaccedilatildeo e dosagem de substacircncias ativas ou marcadores realizada na

droga seca e triturada onde atraveacutes do acompanhamento da evoluccedilatildeo ao

longo do tempo e o cruzamento dos dados entre os locais e condiccedilotildees de

cultivo seraacute possiacutevel a determinaccedilatildeo das condiccedilotildees ideais para a manutenccedilatildeo

da qualidade das espeacutecies vegetais

- Determinaccedilatildeo da quantidade de mateacuteria orgacircnica estranha na droga seca

triturada grosseiramente demonstrando se a coleta monda secagem e

trituraccedilatildeo foram realizadas a contento sem o risco de contaminaccedilatildeo com outras

espeacutecies

- Determinaccedilatildeo de resiacuteduos de pesticidas para monitorar a forma de realizaccedilatildeo

do controle de pestes atraveacutes da identificaccedilatildeo e dosagem de pesticidas

- Determinaccedilatildeo da presenccedila de arsecircnio e metais pesados como componentes

que satildeo responsaacuteveis por intoxicaccedilotildees e por incompatibilidades nas

preparaccedilotildees liacutequidas de fitoteraacutepicos

- Determinaccedilatildeo da quantidade de microrganismos viaacuteveis atraveacutes da contagem

em placa a de diluiccedilotildees obtidas a partir do liacutequido de lavagem das drogas

evidenciando o grau de contaminaccedilatildeo e a possiacutevel e indesejaacutevel presenccedila de

microrganismos potencialmente patogecircnicos

Garantia de Qualidade

Na produccedilatildeo de fitoteraacutepicos do mesmo modo como ocorre com qualquer outro

medicamento natildeo pode negligenciar qualquer procedimento que possa conduzir

a diminuiccedilatildeo da qualidade do produto final A qualidade se reflete na

reprodutibilidade da qualidade do produto avaliada em laboratoacuterio e no

acompanhamento da sua eficaacutecia terapecircutica e seguranccedila Isto soacute pode ser

conseguido quando para cada forma farmacecircutica de fitoteraacutepico forem

registradas as operaccedilotildees farmacecircuticas que devem ser seguidas agrave risca suas

medidas de controle e definiccedilatildeo das responsabilidades para cada uma das

etapas do processamento

Apenas como ilustraccedilatildeo tomemos como exemplo a produccedilatildeo da tintura de

Alecrim-pimenta (Lippia sidoides Cham) O iniacutecio da preocupaccedilatildeo com a

qualidade se daacute com a seguranccedila de que a espeacutecie cultivada seja realmente

aquela que se deve coletar e em seguida em coletar a parte que realmente

deve ser utilizada e de plantas com aspecto saudaacutevel de desenvolvimento para

a qual as condiccedilotildees de cultivo tenham se apresentado como satisfatoacuterias A

monda que se segue agrave coleta retirando as partes improacuteprias agrave preparaccedilatildeo do

fitoteraacutepico daacute continuidade ao passo anterior na busca de alcanccedilar a qualidade

desejada O processo de dessecaccedilatildeo ocorrendo agrave sombra e agrave temperatura

ambiente preservando os constituintes quiacutemicos ativos e diminuindo a

influecircncia da umidade da planta sobre a sua qualidade e a da soluccedilatildeo extrativa

a ser obtida faz com que a droga obtida possa ser utilizada como mateacuteria-prima

para a obtenccedilatildeo de medicamento O cuidadoso processo de trituraccedilatildeo sem

elevar a temperatura durante o processo e reduzindo a perda de poacute para o

ambiente tambeacutem representa um processo que deve ser realizado com a

devida atenccedilatildeo Depois disso a droga seca e triturada deve ser armazenada

em condiccedilotildees que preservem sua qualidade pelo tempo necessaacuterio ateacute sua

utilizaccedilatildeo com as devidas inscriccedilotildees que atestem sua fonte data de coleta e de

processamento e respectivos responsaacuteveis

A preparaccedilatildeo da soluccedilatildeo hidro-alcooacutelica que seraacute utilizada no processo extrativo

tambeacutem deve ser realizada com bastante cuidado pois a mateacuteria-prima deve

apresentar a qualidade compatiacutevel com sua utilizaccedilatildeo para a produccedilatildeo de

medicamentos aacutegua purificada e aacutelcool farmacecircutico Deve-se observar a

legislaccedilatildeo atual sobre aacutelcool que exige a desnaturaccedilatildeo do aacutelcool

comercializado em farmaacutecias e supermercados e assim natildeo deve servir como

excipiente farmacecircutico Enfim todos os processos interferem com a qualidade

do produto final a ser obtido e devem ser realizados corretamente e as

operaccedilotildees registradas em documento proacuteprio buscando a rastreabilidade de

cada lote de cada produto

Outra etapa da garantia da qualidade essencial para sua implantaccedilatildeo eacute a

validaccedilatildeo de equipamentos e de processos que busca uma evidecircncia

documentada de que os mesmos cumprem satisfatoriamente sua finalidade

quando utilizados ou realizados corretamente

Estas evidecircncias devem ser conseguidas antes mesmo de se iniciar a utilizaccedilatildeo

das instalaccedilotildees para produccedilatildeo de medicamentos Naqueles jaacute em

funcionamento a validaccedilatildeo pode ser realizada atraveacutes da documentaccedilatildeo da

produccedilatildeo passada ou seja uma validaccedilatildeo retrospectiva

Para a produccedilatildeo de medicamentos em pequena escala que natildeo venha a

caracterizar uma produccedilatildeo industrial deve-se buscar a adequaccedilatildeo das

condiccedilotildees de produccedilatildeo armazenamento e dispensaccedilatildeo do produto atraveacutes da

Resoluccedilatildeo RDC ndeg 33 de abril de 2000 que descreve os criteacuterios de Boas

Praacuteticas de Manipulaccedilatildeo

Para a produccedilatildeo industrial de medicamentos a legislaccedilatildeo que trata das Boas

Praacuteticas de Fabricaccedilatildeo e Garantia de Qualidade eacute a Resoluccedilatildeo RDC ndeg 210 de

04 de agosto de 2003 As especificaccedilotildees legais da legislaccedilatildeo sanitaacuteria

brasileira e de outros paiacuteses para materiais vegetais devem incluir tanto quanto

possiacutevel o seguinte

- Nome botacircnico c om referecircncia aos autores

- Detalhes da fonte da planta (paiacutes ou regiatildeo de origem cultivo eacutepoca da

colheita procedimentos de colheita possiacuteveis pesticidas utilizados etc)

- Descriccedilatildeo do material vegetal inspeccedilatildeo visual macro eou microscoacutepica

- Testes de identificaccedilatildeo apropriados incluindo quando convenientes testes de

identificaccedilatildeo para ingredientes ativos conhecidos ou marcadores

- Ensaios quando convenientes dos constituintes de atividade terapecircutica ou

marcadores

- Meacutetodos apropriados para determinaccedilatildeo de possiacuteveis contaminaccedilotildees por

pesticidas e os limites aceitos

- Testes para metais pesados e contaminantes semelhantes materiais

estranhos e adulterantes

- Testes para radiaccedilatildeo aflatoxinas e contaminaccedilatildeo microbiana

Qualquer tratamento usado para reduzir contaminaccedilotildees focircnicas e microbianas

ou outras infestaccedilotildees devem ser documentadas Instrumentos para tais

procedimentos devem ser acessiacuteveis e devem incluir detalhes dos processos

testes e limites residuais

Para a realidade do programa Farmaacutecias-Vivas onde natildeo satildeo utilizados

pesticidas as plantas satildeo cultivadas no local proacuteximo de onde ocorre a

produccedilatildeo do medicamento ou satildeo de origem na mesma regiatildeo e satildeo

processadas logo apoacutes a coleta satildeo feitas exigecircncias menores que as

estabelecidas para maiores escalas de produccedilatildeo Nem assim devemos deixar

de registrar todas as operaccedilotildees realizadas com a droga desde o seu cultivo ateacute

a dispensaccedilatildeo do produto fitoteraacutepico

Dispensaccedilatildeo

Estivemos sempre discorrendo sobre qualidade do produto a ser obtido desde

o cultivo da espeacutecie correta da coleta da parte usada e o seu processamento

mantendo intactos os princiacutepios ativos Conhecemos os motivos que levam a

toda esta preocupaccedilatildeo com a qualidade a responsabilidade do profissional que

o produz e a eficaacutecia e a seguranccedila necessaacuterias para o paciente que o utiliza

Portanto resta-nos dispensar o fitoteraacutepico para que este apresente estas

caracteriacutesticas trans formando o paciente num parceiro consciente do seu

papel no uso cor reto deste recurso terapecircutico

O resgate das praacuteticas populares agora respaldadas pelos estudos cientiacuteficos

seacuterios que atestam a eficaacutecia e seguranccedila das espeacutecies utilizadas no programa

Farmaacutecias-Vivas pode ser abordado no momento da dispensaccedilatildeo do

medicamento ou atraveacutes de apresentaccedilotildees coletivas organizadas e realizadas

pelo Farmacecircutico Alguns cuidados merecem ser observados para natildeo se

incorrer em riscos desnecessaacuterios

- Natildeo referendar o uso de plantas cujo estudo cientiacutefico natildeo tenha apresentado

dados sobre sua eficaacutecia e seguranccedila

- Natildeo recomendar o uso de qualquer planta medicinal para o tratamento de

doenccedilas sem a devida recomendaccedilatildeo meacutedica especializada ou natildeo

- Natildeo recomendar a utilizaccedilatildeo de planta que nos seja desconhecida tanto no

aspecto teoacuterico quanto praacutetico

- Natildeo sugerir a utilizaccedilatildeo de quaisquer praacuteticas com ou sem uso de plantas

medicinais que possa representar um risco potencial ou real de dano fetal

Para nos resguardarmos de quaisquer erros precisamos nos manter atualizados

quanto aos benefiacutecios e riscos da utilizaccedilatildeo das espeacutecies medicinais com as

quais trabalhamos dada agrave impossibilidade de conhecer todas as demais Os

dados obtidos durante a dispensaccedilatildeo e acompanhamento dos pacientes aleacutem

daqueles obtidos durante os ensaios controlados de toxicologia e farmacologia

cliacutenica forneceratildeo a necessaacuteria seguranccedila para realizarmos a dispensaccedilatildeo e

cada vez mais desfazermos o mito do natural ser inoacutecuo

Como exemplo da relaccedilatildeo risco x benefiacutecio de uma preparaccedilatildeo fitoteraacutepica

apresentamos as seguintes informaccedilotildees sobre o Elixir de Aroeira que em

muitos aspectos natildeo houve a quantificaccedilatildeo da intensidade dos efeitos beneacuteficos

nem adversos nem de interaccedilotildees

Forma Medicamento Fitoteraacutepico- Caacutepsula ESPINHEIRA SANTA Maytenus ilicifolia Celastraceae

Medicamento fitoteraacutepico

Parte utilizada Folhas

Nomenclatura popularEspinheira santa cancerosa cancorosa-de-sete-espinhos cancrosa

espinheira-divina espinho-de-Deus maiteno erva-cancrosa erva-santa

ApresentaccedilotildeesCaacutepsula dura - Extrato seco das folhas de Maytenus ilicifolia 380 mg -

Embalagem com 3 bliacutesters contendo 15 caacutepsulas cada

Via oral

Uso adulto

Composiccedilatildeo

Cada caacutepsula conteacutem

Extrato seco de Maytenus ilicifolia380 mg

Excipiente qsp 1 caacutepsula (amido)

equivalente a 133 mg de taninos totais

Informaccedilotildees ao pacientePara que este medicamento eacute indicado

Espinheira Santa eacute indicada para o tratamento da maacute digestatildeo e como

coadjuvante no tratamento de uacutelcera do estocircmago e duodeno

Como este medicamento funciona

Espinheira Santa atua como regulador das funccedilotildees estomacais e promove a

proteccedilatildeo da mucosa gaacutestrica

Quando natildeo devo usar este medicamentobull O medicamento deve ser evitado por menores de 12 anos de idade devido agrave

falta de estudos disponiacuteveis

bull Lactaccedilatildeo e gravidez visto que pode diminuir a secreccedilatildeo de leite e pode

provocar contraccedilotildees uterinas

bull Hipersensibilidade (alergia) a qualquer um dos componentes da foacutermula ou a

outras plantas da famiacutelia Celastraceae

O que devo saber antes de usar este medicamentoPrecauccedilotildees e advertecircncias

bull De acordo com a categoria de risco de faacutermacos destinados agraves mulheres

graacutevidas este medicamento apresenta categoria de risco C Este medicamento

natildeo deve ser utilizado por mulheres graacutevidas sem orientaccedilatildeo meacutedica ou do

cirurgiatildeo dentista

Interaccedilotildees medicamentosas

bull A administraccedilatildeo concomitante de M ilicifolia com bebidas alcooacutelicas e outros

medicamentos natildeo eacute recomendada pois natildeo existem estudos disponiacuteveis

sobre as interaccedilotildees medicamentosas deste fitoteraacutepico

Informe seu meacutedico ou cirurgiatildeo-dentista se vocecirc estaacute fazendo uso de algum

outro medicamento

Onde como e por quanto tempo posso guardar este medicamentoCuidados de conservaccedilatildeo

Espinheira Santa deve ser conservada em temperatura ambiente (entre 15 e

30ordmC) em sua embalagem original Proteger da luz e da umidade

Prazo de validade24 meses apoacutes a data de fabricaccedilatildeo impressa no cartucho

Nuacutemero de lote e datas de fabricaccedilatildeo e validade vide embalagem

Natildeo use medicamento com o prazo de validade vencido

Guarde-o em sua embalagem original

Caracteriacutesticas fiacutesicasCaacutepsulas gelatinosas duras de cor creme

Caracteriacutesticas organoleacutepticas

Cheiro (odor) caracteriacutestico e praticamente natildeo apresenta sabor

Antes de usar observe o aspecto do medicamento Caso ele esteja no prazo

de validade e vocecirc observe alguma mudanccedila no aspecto consulte o

farmacecircutico para saber se poderaacute utilizaacute-lo

Todo medicamento deve ser mantido fora do alcance das crianccedilas

Como devo usar este medicamentoModo de usar

As caacutepsulas devem ser ingeridas inteiras e com uma quantidade suficiente de

aacutegua para que possam ser deglutidas

Posologia

Ingerir duas caacutepsulas via oral trecircs vezes ao dia de oito em oito horas

Siga corretamente o modo de usar Em caso de duacutevidas sobre este

medicamento procure orientaccedilatildeo do farmacecircutico Natildeo desaparecendo os

sintomas procure orientaccedilatildeo de seu meacutedico ou cirurgiatildeo-dentista

Este medicamento natildeo deve ser partido aberto ou mastigado

O que devo fazer quando eu me esquecer de usar este medicamentoCaso haja esquecimento da ingestatildeo de uma dose deste medicamento

retomar a posologia prescrita sem a necessidade de suplementaccedilatildeo

Em caso de duacutevidas procure orientaccedilatildeo do farmacecircutico ou de seu meacutedico ou

do cirurgiatildeo-dentista

Que males este medicamento pode causarReaccedilotildees adversas

Ateacute o momento natildeo foram relatadas reaccedilotildees adversas graves ou que coloquem

em risco a sauacutede dos pacientes

Raramente podem ocorrer casos de hipersensibilidade Neste caso suspender

o uso e procurar orientaccedilatildeo meacutedica

Informe seu meacutedico cirurgiatildeo-dentista ou farmacecircutico do aparecimento de

reaccedilotildees indesejaacuteveis pelo uso do medicamento

Induacutestria Brasileira

Esta bula foi atualizada conforme Bula Padratildeo aprovada pela Anvisa em

12012011

Farmacecircutica resp Dra (Nome )

CRF-PR nordm XXXX Coacuted XXXXX - 012011

Informe tambeacutem agrave empresa atraveacutes do seu Serviccedilo de

Atendimento ao Consumidor

O que fazer se algueacutem usar uma quantidade maior do que a indicada deste medicamentoPlantas ricas em taninos como a M ilicifolia quando usadas em doses

excessivas podem causar irritaccedilatildeo da mucosa gaacutestrica e intestinal gerando

vocircmitos coacutelicas intestinais e diarreia

Em caso de super dosagem suspender o uso e procurar orientaccedilatildeo meacutedica de

imediato Em caso de uso de grande quantidade deste medicamento procure

rapidamente socorro meacutedico e leve a embalagem ou bula do medicamento se

possiacutevel Siga corretamente o modo de usar natildeo desaparecendo os sintomas

procure orientaccedilatildeo meacutedica

Conclusatildeo

A espinheira-santa (M ilicifolia) eacute um fitoteraacutepico de relevante accedilatildeo terapecircutica

principalmente antiulcerogecircnica dada sua eficaacutecia farmacoloacutegica e seguranccedila

Vale lembrar que por ausecircncia de estudos ela natildeo eacute recomenda para crianccedilas

e natildeo deve ser usada por gestantes pois estudos em camundongos (fecircmeas e

graacutevidas) indicaram um decreacutescimo significativo do nuacutemero de embriotildees aleacutem

de possuir atividade estrogecircnica que pode interferir na receptividade uterina do

embriatildeo Entre suas atividades farmacoloacutegicas destaca-se a atividade

antiulcerogecircnica que pode ser comparada agrave accedilatildeo da ranitidina e da cimetidina

Por ser morfologicamente parecida com as espeacutecies S bonplandii e Z ilicifolia

ela eacute comumente confundida e ateacute mesmo trocada intencionalmente

A utilizaccedilatildeo de maneira errocircnea das espeacutecies botacircnicas que natildeo satildeo a

verdadeira espinheira-santa (M ilicifolia) pode acarretar danos agrave sauacutede dos

pacientes Assim conclui-se que essas espeacutecies conhecidas como

adulterantes podem trazer malefiacutecios pois ainda faltam estudos que

comprovem suas atividades farmacoloacutegicas e principalmente a seguranccedila

terapecircutica Poreacutem natildeo se deve descartar o uso dessas espeacutecies e sim

realizar estudos mais concretos para que essas plantas assim como a

verdadeira espinheira-santa possam auxiliar no tratamento farmacoloacutegico da

populaccedilatildeo

Referecircncias Bibliograacuteficas

Ralph Santos-Oliveira Simone Coulaud-Cunha Waldeciro Colaccedilo

Revisatildeo da Maytenus ilicifolia Mart ex Reissek Celastraceae

Contribuiccedilatildeo ao estudo das propriedades farmacoloacutegicas Rev Bras

Farmacogn Braz J Pharmacogn 19(2B) AbrJun 2009

Wilker Marlon de Moraes Jesus Tarciacutesio Neves da Cunha Estudo das

propriedades farmacoloacutegicas da espinheira-santa (Maytenus ilicifolia

Mart ex Reissek) e de duas espeacutecies adulterantes Revista Sauacutede e

Desenvolvimento vol ndash nordm 1 Jan ndash Jun 2012

MARIOT MP1 BARBIERI RL2 Engenheiro Agrocircnomo Dr prof do

Conjunto Agroteacutecnico ldquoVisconde da GraccedilardquoUniversidade Federal de

Pelotas (mariotufpeltchebr) ndash Av Ildefonso Simotildees Lopes 2791

Pelotas-RS CEP 96060-290 2Bioacuteloga Dr pesquisadora da Embrapa

Clima Temperado (barbiericpactembrapabr) ndash BR 392 km 78 caixa

postal 403 Pelotas-RS CEP 96001-970 (endereccedilo para

correspondecircncia) Metaboacutelitos secundaacuterios e propriedades medicinais da

espinheira-santa (Maytenus ilicifolia Mart ex Reiss e M aquifolium

Mart)

CARLINI EA Braz S Efeito protetor do liofilizado obtido do abafado de

Maytenus Sp (espinheira-santa) contra uacutelcera gaacutestrica experimental em

ratos In Estudo da accedilatildeo antiuacutelcera gaacutestrica de plantas brasileiras

(Maytenus ilicifolia) Espinheira santa e outras Brasiacutelia CEMEAFIP

1988 p21-35MACAUBAS CIP et al Estudo da eventual accedilatildeo

antiuacutelcera gaacutestrica do baacutelsamo (Sedum sp) folha da fortuna

(Bryophyllum calcium) couve (Brassica oleraceae) e da Espinheira

santa (Maytenus ilicifolia) em ratos In Estudo da accedilatildeo antiuacutelcera

gaacutestrica de plantas brasileiras (Maytenus ilicifolia) Espinheira santa e

outras Brasiacutelia CEMEAFIP 1988 p 5-20

Olivia Werner Oliveira Pedro Ros Petrovick Secagem por aspersatildeo

(spray drying) de extratos vegetais bases e aplicaccedilotildees Revista

Brasileira de Farmacognosia Brazilian Journal of Pharmacognosy 20(4)

641-650 AgoSet 2010

Marianne Christina Scheffer Capitulo 17 Produccedilatildeo de espinheira-santa

(Maytenus ilicifolia Mart ex Reiss) na regiatildeo metropolitana de Curitiba

Paranaacute Brasil

Said gonccedilalves da cruz fonsacircca Farmacoteacutecnica de Fitoteraacutepicos2005

148 Atividades antinociceptiva e anti-inflamatoacuteria De acordo com Nakamura et al (1994) o extrato etanoacutelico de folhas de M

ilicifolia conteacutem uma fraccedilatildeo de quercetina-3-O-glicosiacutedeo e essa substacircncia

quiacutemica foi avaliada pelo teste de aacutecido aceacutetico e formalina em ratos obtendo-

se resultados satisfatoacuterios para atividades analgeacutesicas e anti-inflamatoacuterias

Por meio de testes realizados em camundongos e ratos foi provocado um

edema nas patas desses animais por meio de injeccedilatildeo de 002 ml de

formaldeiacutedo (soluccedilatildeo a 092) utilizando-se como controle soluccedilatildeo salino

Apoacutes 120 minutos foi aplicado extrato hexacircnico e acetato de etila das folhas

(M ilicifolia) administrados por via oral nas doses de 80 160 320 e 340 mgkg

Os animais foram sacrificados apoacutes 4 horas Em um segundo ensaio foi

administrada por injeccedilatildeo soluccedilatildeo de carragenina a 1 e os extratos da planta

foram dados por via oral nas doses de 80 160 320 e 340 mgkg Os resultados

obtidos mostraram uma atividade antinociceptiva para os dois extratos

principalmente nas doses de 320 e 340 mgkg sendo esse teste importante

para uma alternativa cliacutenica na terapecircutica anti-inflamatoacuteria e antiulcerogecircnica

(JORGE et al 2004)

14 Toxicidade efeitos adversos e contraindicaccedilatildeo da espinheira-santa

Foi realizado um estudo toxicoloacutegico com 24 voluntaacuterios sendo 12 homens e

12 mulheres de 20 a 40 anos de idade selecionados previamente por meio de

avaliaccedilatildeo cliacutenica exames hematoloacutegicos e bioquiacutemicos e avaliaccedilatildeo

psicomotora com o objetivo de estabelecer um intervalo maacuteximo de seguranccedila

no uso de M ilicifolia As doses foram administradas de maneira crescente e

natildeo houve um grupo controle pois os exames iniciais foram considerados

como valores basais para efeito comparativo A dose inicial foi fixada em 100

mg por adulto sendo administradas doses subsequentes de 200 500 1000

1500 e 2000 mg com intervalos de uma semana para cada dose A anaacutelise dos

resultados revelou que natildeo houve efeitos significativos nos valores dos

principais paracircmetros hematoloacutegicos e bioquiacutemicos e tambeacutem natildeo foram

observadas alteraccedilotildees nas funccedilotildees hepaacuteticas pancreaacuteticas e renais

Hormocircnios lipiacutedeos glicose soacutedio potaacutessio caacutelcio e foacutesforo tambeacutem

mantiveram valores considerados normais (TABACH et al 2002)

Em relaccedilatildeo aos efeitos adversos a M ilicifolia natildeo possui algum que justifica a

interrupccedilatildeo do tratamento Entre os mais comuns destacam-se cefaleia

sonolecircncia boca seca naacuteuseas dor articular nas matildeos gosto estranho na

boca tremor nas matildeos cistite e poliuacuteria (TABACH et al 2002) Poreacutem

segundo Amaral et al (2005) natildeo eacute recomendado o uso pediaacutetrico pela

ausecircncia de testes Ensaios realizados em ratos mostraram perda embrionaacuteria

antes do periacuteodo de implantaccedilatildeo portanto essa planta natildeo eacute recomendada em

casos de gravidez (MONTANARI BIVILACQUA 2002)

De acordo com estudos realizados em camundongos o abafado de M ilicifolia

foi administrado nesses animais em doses ateacute 360 vezes maiores que a

utilizada pelo homem durante um periacuteodo de dois a trecircs meses Como

resultados natildeo houve mudanccedilas no peso comportamento temperatura

paracircmetros bioquiacutemicos e hematoloacutegicos desses animais (OLIVEIRA CARLINI

1988)

15 FarmacocineacuteticaO modelo da farmacocineacutetica da espinheira-santa eacute estudado por meio de seus

taninos natildeo condensados Epigalocatequina marcada foi administrada por via

oral sendo os picos plasmaacuteticos observados 60 min apoacutes a ingestatildeo Apoacutes

uma dose de 500 mgkg foram detectadas concentraccedilotildees tissulares de 123

mmol no plasma 484 mmol no fiacutegado e 565 mmol no intestino delgado

(Nakagawa amp Miyazawa 1997) Depois da administraccedilatildeo oral de

epigalocatequina-3-galato marcada com triacutetio a ratos cerca de 6 da dose eacute

eliminada na urina e 24 nas fezes nas primeiras 24 horas Uma segunda

dose dada duas horas apoacutes a primeira eleva em cerca de 4 a 6 vezes a

concentraccedilatildeo no plasma e em alguns tecidos Esses dados sugerem uma

meia-vida longa e eliminaccedilatildeo lenta da epigalocatequina-3-galato No final das

24 horas os animais foram sacrificados e essa substacircncia pocircde ser encontrada

no rim ceacuterebro fiacutegado pacircncreas intestino e ossos (Suganuma et al 1998)

Num outro estudo foi avaliada a afinidade da epigalocatequina-3-galato agraves

proteiacutenas do soro Apoacutes uma dose oral a ratos mais de 50 da

epigalocatequina-3-galato absorvida ligou-se agrave proteiacutena do plasma

especialmente a fibronectina o fibrinogecircnio e a HRGP( Histidin Rich

Glicoprotein) proteiacutena plasmaacutetica com 74 kdaltons cuja funccedilatildeo ainda eacute pouco

conhecida (Sazuka et al 1996)

16 PreparaccedilatildeoTendo sido reconhecida a espeacutecie com que se vai trabalhar torna-se

necessaacuterio que se disponha desta espeacutecie em quantidade suficiente para

atender a demanda relacionada a produccedilatildeo do fitoteraacutepico replicaccedilatildeo da

espeacutecie e respectivo controle de qualidade Par a atingir este objetivo a

espeacutecie deve ser cultivada na extensatildeo adequada ao fim que se propotildee tendo-

se aleacutem dos cuidados inerentes ao cultivo de qualquer espeacutecie vegetal a

precauccedilatildeo de nunca utilizar pesticidas ou agrotoacutexicos na aacuterea de cultivo Nos

parece claro que a opccedilatildeo pelo fitoteraacutepico deve vir acompanhada do desejo de

seguranccedila o que natildeo seria conseguido se fossem deixados resiacuteduos de

agrotoacutexicos ou de pesticidas na espeacutecie que iraacute ser usada como mateacuteria-prima

para a produccedilatildeo de medicamento Veja no item 24 os ensaios que devem ser

efetuados no sentido de identificar e quantificar a presenccedila destes e de outros

contaminantes

Dispondo-se entatildeo da espeacutecie vegetal botanicamente selecionada cultivada

sem o uso de agentes quiacutemicos contaminantes iremos seguir tantos passos

quantos sejam necessaacuterios para preparar a espeacutecie vegetal numa droga capaz

de ser armazenada e processada para resultar num preparado intermediaacuterio uacutetil

na preparaccedilatildeo de fitoteraacutepicos Estes passos podem ser enumerados como

sendo Coleta Monda Estabilizaccedilatildeo Secagem Trituraccedilatildeo e Armazenamento

A execuccedilatildeo e finalidade de cada um se acham descrito a seguir

A Coleta eacute realizada atraveacutes da retirada da parte usada da planta procurando

sempre o material mais saudaacutevel em completo desenvolvimento (a menos que

especificado em (contraacuterio como ocorre com a gema terminal de Psidium

guajava) e com o miacutenimo de contaminantes (poeira poluiccedilatildeo adubo insetos

colocircnia de microrganismos etc) A distribuiccedilatildeo de substacircncias

farmacologicamente ativas nas plantas medicinais natildeo se daacute de maneira

homogecircnea em toda a extensatildeo da planta Portanto eacute de se esperar que

apenas alguma parte de uma dada espeacutecie podem ser utilizadas com finalidade

terapecircutica

Atraveacutes de consulta agraves diversas farmacopeias e tratados sobre plantas

medicinais encontramos descriccedilotildees sobre a parte a ser usada de cada espeacutecie

medicinal Pode-se em alguns casos observar que diferentes partes de uma

mesma planta apresentam propriedades inteiramente diferentes como por

exemplo a Punica granam (romatildezeira) cujas cascas do caule satildeo teniacutefugas e

as cascas dos frutos tecircm propriedades anti-inflamatoacuteria e antibioacutetica Em outros

casos toda a planta pode ser utilizada com a mesma finalidade como a

Phylanthus niruri (quebra-pedra) Torna-se imperioso portanto que antes de

qualquer outra etapa da preparaccedilatildeo de uma forma farmacecircutica fitoteraacutepica se

conheccedila qual ou quais partes da espeacutecie escolhida pode ser utilizada

A coleta deve respeitar para cada espeacutecie o melhor periacuteodo correspondente

agravequele onde a espeacutecie apresenta maior teor em substacircncias ativas Tendo isto

em mente relacionamos a seguir orientaccedilotildees geneacutericas quanto ao periacuteodo de

coleta

Formas farmacecircuticas de fitoteraacutepicosPoacute

Eacute a forma farmacecircutica obtida apoacutes a secagem trituraccedilatildeo e tamisaccedilatildeo da

droga Segundo a sua finalidade devem apresentar a tenuidade adequada

conforme a tabela a seguir Pode ser dispensado para uso na preparaccedilatildeo de

chaacutes ou adicionado agrave alimentaccedilatildeo (leite sucos mel etc) O envase deve cuidar

para que natildeo haja absorccedilatildeo de umidade

Formas soacutelidas

Caacutepsulas

Eacute a forma farmacecircutica obtida pela deposiccedilatildeo ordenada da droga seca

triturada e tamisada em caacutepsulas gelatinosas duras ou pelo encapsulamento

de liacutequidos ou semissoacutelidos de natureza lipofiacutelica em caacutepsulas gelatinosas

moles O invoacutelucro rosa utilizado eacute geralmente de natureza proteica e satildeo

portanto incompatiacuteveis com drogas tacircnicas por exemplo Cuidado especial

deve ser tomado com a umidade temperatura e pressatildeo exercida sobre as

caacutepsulas durante o armazenamento e transporte Estes fatores podem levar a

desidrataccedilatildeo ou hidrataccedilatildeo das caacutepsulas que as tornam quebradiccedilas ou

deformadas e coladas Durante a preparaccedilatildeo das caacutepsulas deve-se cuidar para

que o peso das caacutepsulas obtidas seja o mais uniforme possiacutevel podendo-se

garantir isso pela pesagem da quantidade de poacute necessaacuteria para o enchimento

de um nuacutemero determinado de caacutepsulas

O enchimento das caacutepsulas ocorre na oficina farmacecircutica em tabuleiros

especiais constituiacutedos em acriacutelico PVC ou outro poliacutemero apresentando-se no

modelo mais simples apenas como uma base fixa que se encaixa a uma outra

moacutevel e perfurada que recebe o corpo das caacutepsulas sem as tampas A seguir

se distribui de forma homogecircnea a quantidade estipulada de poacute em todas as

caacutepsulas valendo-se de uma espaacutetula plaacutestica e de um dispositivo especial

para prensar o conteuacutedo no interior das caacutepsulas Finalizado o enchimento as

partes super oires (tampas) das caacutepsulas satildeo recolocadas fechando-as e

determina-se o peso meacutedio das mesmas embalando-as imediatamente

A capacidade das caacutepsulas eacute proporcional agrave densidade do poacute e ao tamanho

das caacutepsulas que eacute padronizado em 08 (oito) diferentes tipos listados a seguir

com as respectivas dimensotildees e capacidades em mililitros

Controle de Qualidade

Todas as etapas utilizadas durante o processamento da droga devem ser

monitoradas atraveacutes de ensaios que possam atestar a qualidade da mateacuteria-

prima dos produtos intermediaacuterios e do produto final acabado O objetivo final

tanto do processamento adequado quanto agrave avaliaccedilatildeo da qualidade eacute a

garantia de que o que estaacute sendo produzido na forma como ocorre o processo

produtivo estaacute conduzindo agrave obtenccedilatildeo de um produto com as caracteriacutesticas

necessaacuterias agrave utilizaccedilatildeo para o tratamento de doenccedilas

Droga

A avaliaccedilatildeo da qualidade da droga utilizada na obtenccedilatildeo de fitoteraacutepicos no

Programa Farmaacutecias-Vivas onde o cultivo das espeacutecies vegetais eacute efetuado

pelo laboratoacuterio fabricante do produto deve ser realizada sob os seguintes

aspectos

- Considerando que a droga a ser utilizada corresponde agrave espeacutecie vegetal

esperada conhece-se suas caracteriacutesticas macromorfoloacutegicas aleacutem das suas

caracteriacutesticas sensoriais constituindo a primeira avaliaccedilatildeo que eacute a identidade

da droga

- Determinaccedilatildeo da umidade da droga fresca que deve ser diferenciada de

perda por dessecaccedilatildeo pois outras substacircncias volaacuteteis aleacutem da aacutegua satildeo

evaporadas Pode ser determinada atraveacutes do ensaio volumeacutetrico de Karl

Fischer ou pelo ensaio gravimeacutetrico submetendo a droga a dessecaccedilatildeo em

temperatura ambiente em dessecador com siacutelica ou aacutecido sulfuacuterico

- Mesmo a droga morfologicamente normal pode natildeo apresentar seus

constituintes ativos na quantidade desejada sendo necessaacuterio que sejam

realizados ensaios de identificaccedilatildeo e quantificaccedilatildeo de ativos ou de marcadores

atraveacutes das mais diversas teacutecnicas gravimeacutetrica volumeacutetrica

espectrofotomeacutetrica cromatograacutefica etc

- Avaliaccedilatildeo da contaminaccedilatildeo microbiana da droga principalmente se a mesma

tiver de ser utilizada sem qualquer processamento posterior As drogas que

seratildeo transformadas em uma forma extrativa em soluccedilatildeo hidro-alcooacutelica pode

ter sua carga microbiana reduzida pelo efeito antisseacuteptico do solvente

Preparado Intermediaacuterio

As formas extrativas satildeo obtidas em condiccedilotildees que nem sempre conseguem

retirar a totalidade das substacircncias ativas soluacuteveis no solvente escolhido devido

a diversos fator ES como o tempo e temperatura de maceraccedilatildeo pH do

solvente distribuiccedilatildeo granulomeacutetrica da droga sua umidade residual teor de

substacircncias ativas e velocidade de percolaccedilatildeo Justifica-se entatildeo a

necessidade da realizaccedilatildeo de ensaios de avaliaccedilatildeo da qualidade das formas

extrativas incluindo avaliaccedilotildees fiacutesico-quiacutemicas como aparecircncia cor odor

solubilidade densidade pH e viscosidade avaliaccedilotildees quiacutemicas como o perfil

cromatograacutefico e dosagem das substacircncias ativas ou marcador e avaliaccedilatildeo

microbioloacutegica da quantidade de microrganismos viaacuteveis

Fitoteraacutepico

Independente da forma farmacecircutica final eacute necessaacuterio que sejam realizadas

avaliaccedilotildees na qualidade do produto final da mesma forma que eacute exigido para

os demais tipos de medicamentos Listamos a seguir os ensaios realizados

para cada forma farmacecircutica lembrando que devem ser acrescentados os

ensaios quiacutemicos e microbioloacutegicos

Prazo de Validade

Considerando a jaacute difiacutecil realizaccedilatildeo da avaliaccedilatildeo da qualidade das drogas

utilizadas na obtenccedilatildeo de fitoteraacutepicos pode-se compreender que o

acompanhamento do processo cineacutetico de degradaccedilatildeo dos constituintes do

medicamento natildeo eacute uma estar efe faacutecil No entanto esta avaliaccedilatildeo pode se dar

em diversos niacuteveis

- Avaliaccedilatildeo da estabilidade fiacutesica

Para cada tipo de forma farmacecircutica satildeo descritas as caracteriacutesticas tiacutepicas

como cor odor limpidez densidade viscosidade pH etc que observadas

para um mesmo lote ao longo do tempo de armazenamento forneceratildeo

informaccedilotildees sobre a integridade fiacutesica da formulaccedilatildeo

- Avaliaccedilatildeo da estabilidade quiacutemica

A utilizaccedilatildeo de recursos laboratoriais desde os mais simples ateacute os mais

sofisticados permitem o acompanhamento qualitativo eou quantitativo dos

princiacutepios ativos contidos no produto fitoteraacutepico Por exemplo atraveacutes do

ensaio limite de taninos por diluiccedilotildees sucessivas e adiccedilatildeo de cloreto feacuterrico

pode-se ter uma medida semi-quantitativa do teor destas substacircncias nas

preparaccedilotildees que o contenham Evoluindo a utilizaccedilatildeo de teacutecnica

cromatograacutefica em camada delgada sobre papel ou siacutelica permite a

determinaccedilatildeo do perfil cromatograacutefico para o produto de modo que possa ser

comparado com o obtido em lotes posteriores ou com o mesmo lote ao longo do

tempo de armazenamento

- Avaliaccedilatildeo da estabilidade microbioloacutegica

A verificaccedilatildeo do niacutevel de contaminaccedilatildeo microbiana numa preparaccedilatildeo

medicamentosa fornece informaccedilotildees sobre o niacutevel de higienizaccedilatildeo empregado

durante o processamento da droga ateacute a obtenccedilatildeo do medicamento A

observaccedilatildeo deste mesmo paracircmetro ao longo do tempo fornece informaccedilotildees

sobre a composiccedilatildeo conservante utilizada no produto e a forma de

armazenamento

Teacutecnicas Gerais

Os ensaios laboratoriais de avaliaccedilatildeo da qualidade da droga compreendem

basicamente

- Observaccedilatildeo macroscoacutepica e microscoacutepica da droga fresca e seca inteira e

triturada comparando com o descrito em farmacopeias ou com modelos

botanicamente certificados

- Determinaccedilatildeo de umidade na droga fresca e naquela seca e triturada

evidenciando a quantidade de aacutegua contida na droga receacutem-coletada na droga

s eca e a efetividade do processo de secagem utilizada

- Identificaccedilatildeo e dosagem de substacircncias ativas ou marcadores realizada na

droga seca e triturada onde atraveacutes do acompanhamento da evoluccedilatildeo ao

longo do tempo e o cruzamento dos dados entre os locais e condiccedilotildees de

cultivo seraacute possiacutevel a determinaccedilatildeo das condiccedilotildees ideais para a manutenccedilatildeo

da qualidade das espeacutecies vegetais

- Determinaccedilatildeo da quantidade de mateacuteria orgacircnica estranha na droga seca

triturada grosseiramente demonstrando se a coleta monda secagem e

trituraccedilatildeo foram realizadas a contento sem o risco de contaminaccedilatildeo com outras

espeacutecies

- Determinaccedilatildeo de resiacuteduos de pesticidas para monitorar a forma de realizaccedilatildeo

do controle de pestes atraveacutes da identificaccedilatildeo e dosagem de pesticidas

- Determinaccedilatildeo da presenccedila de arsecircnio e metais pesados como componentes

que satildeo responsaacuteveis por intoxicaccedilotildees e por incompatibilidades nas

preparaccedilotildees liacutequidas de fitoteraacutepicos

- Determinaccedilatildeo da quantidade de microrganismos viaacuteveis atraveacutes da contagem

em placa a de diluiccedilotildees obtidas a partir do liacutequido de lavagem das drogas

evidenciando o grau de contaminaccedilatildeo e a possiacutevel e indesejaacutevel presenccedila de

microrganismos potencialmente patogecircnicos

Garantia de Qualidade

Na produccedilatildeo de fitoteraacutepicos do mesmo modo como ocorre com qualquer outro

medicamento natildeo pode negligenciar qualquer procedimento que possa conduzir

a diminuiccedilatildeo da qualidade do produto final A qualidade se reflete na

reprodutibilidade da qualidade do produto avaliada em laboratoacuterio e no

acompanhamento da sua eficaacutecia terapecircutica e seguranccedila Isto soacute pode ser

conseguido quando para cada forma farmacecircutica de fitoteraacutepico forem

registradas as operaccedilotildees farmacecircuticas que devem ser seguidas agrave risca suas

medidas de controle e definiccedilatildeo das responsabilidades para cada uma das

etapas do processamento

Apenas como ilustraccedilatildeo tomemos como exemplo a produccedilatildeo da tintura de

Alecrim-pimenta (Lippia sidoides Cham) O iniacutecio da preocupaccedilatildeo com a

qualidade se daacute com a seguranccedila de que a espeacutecie cultivada seja realmente

aquela que se deve coletar e em seguida em coletar a parte que realmente

deve ser utilizada e de plantas com aspecto saudaacutevel de desenvolvimento para

a qual as condiccedilotildees de cultivo tenham se apresentado como satisfatoacuterias A

monda que se segue agrave coleta retirando as partes improacuteprias agrave preparaccedilatildeo do

fitoteraacutepico daacute continuidade ao passo anterior na busca de alcanccedilar a qualidade

desejada O processo de dessecaccedilatildeo ocorrendo agrave sombra e agrave temperatura

ambiente preservando os constituintes quiacutemicos ativos e diminuindo a

influecircncia da umidade da planta sobre a sua qualidade e a da soluccedilatildeo extrativa

a ser obtida faz com que a droga obtida possa ser utilizada como mateacuteria-prima

para a obtenccedilatildeo de medicamento O cuidadoso processo de trituraccedilatildeo sem

elevar a temperatura durante o processo e reduzindo a perda de poacute para o

ambiente tambeacutem representa um processo que deve ser realizado com a

devida atenccedilatildeo Depois disso a droga seca e triturada deve ser armazenada

em condiccedilotildees que preservem sua qualidade pelo tempo necessaacuterio ateacute sua

utilizaccedilatildeo com as devidas inscriccedilotildees que atestem sua fonte data de coleta e de

processamento e respectivos responsaacuteveis

A preparaccedilatildeo da soluccedilatildeo hidro-alcooacutelica que seraacute utilizada no processo extrativo

tambeacutem deve ser realizada com bastante cuidado pois a mateacuteria-prima deve

apresentar a qualidade compatiacutevel com sua utilizaccedilatildeo para a produccedilatildeo de

medicamentos aacutegua purificada e aacutelcool farmacecircutico Deve-se observar a

legislaccedilatildeo atual sobre aacutelcool que exige a desnaturaccedilatildeo do aacutelcool

comercializado em farmaacutecias e supermercados e assim natildeo deve servir como

excipiente farmacecircutico Enfim todos os processos interferem com a qualidade

do produto final a ser obtido e devem ser realizados corretamente e as

operaccedilotildees registradas em documento proacuteprio buscando a rastreabilidade de

cada lote de cada produto

Outra etapa da garantia da qualidade essencial para sua implantaccedilatildeo eacute a

validaccedilatildeo de equipamentos e de processos que busca uma evidecircncia

documentada de que os mesmos cumprem satisfatoriamente sua finalidade

quando utilizados ou realizados corretamente

Estas evidecircncias devem ser conseguidas antes mesmo de se iniciar a utilizaccedilatildeo

das instalaccedilotildees para produccedilatildeo de medicamentos Naqueles jaacute em

funcionamento a validaccedilatildeo pode ser realizada atraveacutes da documentaccedilatildeo da

produccedilatildeo passada ou seja uma validaccedilatildeo retrospectiva

Para a produccedilatildeo de medicamentos em pequena escala que natildeo venha a

caracterizar uma produccedilatildeo industrial deve-se buscar a adequaccedilatildeo das

condiccedilotildees de produccedilatildeo armazenamento e dispensaccedilatildeo do produto atraveacutes da

Resoluccedilatildeo RDC ndeg 33 de abril de 2000 que descreve os criteacuterios de Boas

Praacuteticas de Manipulaccedilatildeo

Para a produccedilatildeo industrial de medicamentos a legislaccedilatildeo que trata das Boas

Praacuteticas de Fabricaccedilatildeo e Garantia de Qualidade eacute a Resoluccedilatildeo RDC ndeg 210 de

04 de agosto de 2003 As especificaccedilotildees legais da legislaccedilatildeo sanitaacuteria

brasileira e de outros paiacuteses para materiais vegetais devem incluir tanto quanto

possiacutevel o seguinte

- Nome botacircnico c om referecircncia aos autores

- Detalhes da fonte da planta (paiacutes ou regiatildeo de origem cultivo eacutepoca da

colheita procedimentos de colheita possiacuteveis pesticidas utilizados etc)

- Descriccedilatildeo do material vegetal inspeccedilatildeo visual macro eou microscoacutepica

- Testes de identificaccedilatildeo apropriados incluindo quando convenientes testes de

identificaccedilatildeo para ingredientes ativos conhecidos ou marcadores

- Ensaios quando convenientes dos constituintes de atividade terapecircutica ou

marcadores

- Meacutetodos apropriados para determinaccedilatildeo de possiacuteveis contaminaccedilotildees por

pesticidas e os limites aceitos

- Testes para metais pesados e contaminantes semelhantes materiais

estranhos e adulterantes

- Testes para radiaccedilatildeo aflatoxinas e contaminaccedilatildeo microbiana

Qualquer tratamento usado para reduzir contaminaccedilotildees focircnicas e microbianas

ou outras infestaccedilotildees devem ser documentadas Instrumentos para tais

procedimentos devem ser acessiacuteveis e devem incluir detalhes dos processos

testes e limites residuais

Para a realidade do programa Farmaacutecias-Vivas onde natildeo satildeo utilizados

pesticidas as plantas satildeo cultivadas no local proacuteximo de onde ocorre a

produccedilatildeo do medicamento ou satildeo de origem na mesma regiatildeo e satildeo

processadas logo apoacutes a coleta satildeo feitas exigecircncias menores que as

estabelecidas para maiores escalas de produccedilatildeo Nem assim devemos deixar

de registrar todas as operaccedilotildees realizadas com a droga desde o seu cultivo ateacute

a dispensaccedilatildeo do produto fitoteraacutepico

Dispensaccedilatildeo

Estivemos sempre discorrendo sobre qualidade do produto a ser obtido desde

o cultivo da espeacutecie correta da coleta da parte usada e o seu processamento

mantendo intactos os princiacutepios ativos Conhecemos os motivos que levam a

toda esta preocupaccedilatildeo com a qualidade a responsabilidade do profissional que

o produz e a eficaacutecia e a seguranccedila necessaacuterias para o paciente que o utiliza

Portanto resta-nos dispensar o fitoteraacutepico para que este apresente estas

caracteriacutesticas trans formando o paciente num parceiro consciente do seu

papel no uso cor reto deste recurso terapecircutico

O resgate das praacuteticas populares agora respaldadas pelos estudos cientiacuteficos

seacuterios que atestam a eficaacutecia e seguranccedila das espeacutecies utilizadas no programa

Farmaacutecias-Vivas pode ser abordado no momento da dispensaccedilatildeo do

medicamento ou atraveacutes de apresentaccedilotildees coletivas organizadas e realizadas

pelo Farmacecircutico Alguns cuidados merecem ser observados para natildeo se

incorrer em riscos desnecessaacuterios

- Natildeo referendar o uso de plantas cujo estudo cientiacutefico natildeo tenha apresentado

dados sobre sua eficaacutecia e seguranccedila

- Natildeo recomendar o uso de qualquer planta medicinal para o tratamento de

doenccedilas sem a devida recomendaccedilatildeo meacutedica especializada ou natildeo

- Natildeo recomendar a utilizaccedilatildeo de planta que nos seja desconhecida tanto no

aspecto teoacuterico quanto praacutetico

- Natildeo sugerir a utilizaccedilatildeo de quaisquer praacuteticas com ou sem uso de plantas

medicinais que possa representar um risco potencial ou real de dano fetal

Para nos resguardarmos de quaisquer erros precisamos nos manter atualizados

quanto aos benefiacutecios e riscos da utilizaccedilatildeo das espeacutecies medicinais com as

quais trabalhamos dada agrave impossibilidade de conhecer todas as demais Os

dados obtidos durante a dispensaccedilatildeo e acompanhamento dos pacientes aleacutem

daqueles obtidos durante os ensaios controlados de toxicologia e farmacologia

cliacutenica forneceratildeo a necessaacuteria seguranccedila para realizarmos a dispensaccedilatildeo e

cada vez mais desfazermos o mito do natural ser inoacutecuo

Como exemplo da relaccedilatildeo risco x benefiacutecio de uma preparaccedilatildeo fitoteraacutepica

apresentamos as seguintes informaccedilotildees sobre o Elixir de Aroeira que em

muitos aspectos natildeo houve a quantificaccedilatildeo da intensidade dos efeitos beneacuteficos

nem adversos nem de interaccedilotildees

Forma Medicamento Fitoteraacutepico- Caacutepsula ESPINHEIRA SANTA Maytenus ilicifolia Celastraceae

Medicamento fitoteraacutepico

Parte utilizada Folhas

Nomenclatura popularEspinheira santa cancerosa cancorosa-de-sete-espinhos cancrosa

espinheira-divina espinho-de-Deus maiteno erva-cancrosa erva-santa

ApresentaccedilotildeesCaacutepsula dura - Extrato seco das folhas de Maytenus ilicifolia 380 mg -

Embalagem com 3 bliacutesters contendo 15 caacutepsulas cada

Via oral

Uso adulto

Composiccedilatildeo

Cada caacutepsula conteacutem

Extrato seco de Maytenus ilicifolia380 mg

Excipiente qsp 1 caacutepsula (amido)

equivalente a 133 mg de taninos totais

Informaccedilotildees ao pacientePara que este medicamento eacute indicado

Espinheira Santa eacute indicada para o tratamento da maacute digestatildeo e como

coadjuvante no tratamento de uacutelcera do estocircmago e duodeno

Como este medicamento funciona

Espinheira Santa atua como regulador das funccedilotildees estomacais e promove a

proteccedilatildeo da mucosa gaacutestrica

Quando natildeo devo usar este medicamentobull O medicamento deve ser evitado por menores de 12 anos de idade devido agrave

falta de estudos disponiacuteveis

bull Lactaccedilatildeo e gravidez visto que pode diminuir a secreccedilatildeo de leite e pode

provocar contraccedilotildees uterinas

bull Hipersensibilidade (alergia) a qualquer um dos componentes da foacutermula ou a

outras plantas da famiacutelia Celastraceae

O que devo saber antes de usar este medicamentoPrecauccedilotildees e advertecircncias

bull De acordo com a categoria de risco de faacutermacos destinados agraves mulheres

graacutevidas este medicamento apresenta categoria de risco C Este medicamento

natildeo deve ser utilizado por mulheres graacutevidas sem orientaccedilatildeo meacutedica ou do

cirurgiatildeo dentista

Interaccedilotildees medicamentosas

bull A administraccedilatildeo concomitante de M ilicifolia com bebidas alcooacutelicas e outros

medicamentos natildeo eacute recomendada pois natildeo existem estudos disponiacuteveis

sobre as interaccedilotildees medicamentosas deste fitoteraacutepico

Informe seu meacutedico ou cirurgiatildeo-dentista se vocecirc estaacute fazendo uso de algum

outro medicamento

Onde como e por quanto tempo posso guardar este medicamentoCuidados de conservaccedilatildeo

Espinheira Santa deve ser conservada em temperatura ambiente (entre 15 e

30ordmC) em sua embalagem original Proteger da luz e da umidade

Prazo de validade24 meses apoacutes a data de fabricaccedilatildeo impressa no cartucho

Nuacutemero de lote e datas de fabricaccedilatildeo e validade vide embalagem

Natildeo use medicamento com o prazo de validade vencido

Guarde-o em sua embalagem original

Caracteriacutesticas fiacutesicasCaacutepsulas gelatinosas duras de cor creme

Caracteriacutesticas organoleacutepticas

Cheiro (odor) caracteriacutestico e praticamente natildeo apresenta sabor

Antes de usar observe o aspecto do medicamento Caso ele esteja no prazo

de validade e vocecirc observe alguma mudanccedila no aspecto consulte o

farmacecircutico para saber se poderaacute utilizaacute-lo

Todo medicamento deve ser mantido fora do alcance das crianccedilas

Como devo usar este medicamentoModo de usar

As caacutepsulas devem ser ingeridas inteiras e com uma quantidade suficiente de

aacutegua para que possam ser deglutidas

Posologia

Ingerir duas caacutepsulas via oral trecircs vezes ao dia de oito em oito horas

Siga corretamente o modo de usar Em caso de duacutevidas sobre este

medicamento procure orientaccedilatildeo do farmacecircutico Natildeo desaparecendo os

sintomas procure orientaccedilatildeo de seu meacutedico ou cirurgiatildeo-dentista

Este medicamento natildeo deve ser partido aberto ou mastigado

O que devo fazer quando eu me esquecer de usar este medicamentoCaso haja esquecimento da ingestatildeo de uma dose deste medicamento

retomar a posologia prescrita sem a necessidade de suplementaccedilatildeo

Em caso de duacutevidas procure orientaccedilatildeo do farmacecircutico ou de seu meacutedico ou

do cirurgiatildeo-dentista

Que males este medicamento pode causarReaccedilotildees adversas

Ateacute o momento natildeo foram relatadas reaccedilotildees adversas graves ou que coloquem

em risco a sauacutede dos pacientes

Raramente podem ocorrer casos de hipersensibilidade Neste caso suspender

o uso e procurar orientaccedilatildeo meacutedica

Informe seu meacutedico cirurgiatildeo-dentista ou farmacecircutico do aparecimento de

reaccedilotildees indesejaacuteveis pelo uso do medicamento

Induacutestria Brasileira

Esta bula foi atualizada conforme Bula Padratildeo aprovada pela Anvisa em

12012011

Farmacecircutica resp Dra (Nome )

CRF-PR nordm XXXX Coacuted XXXXX - 012011

Informe tambeacutem agrave empresa atraveacutes do seu Serviccedilo de

Atendimento ao Consumidor

O que fazer se algueacutem usar uma quantidade maior do que a indicada deste medicamentoPlantas ricas em taninos como a M ilicifolia quando usadas em doses

excessivas podem causar irritaccedilatildeo da mucosa gaacutestrica e intestinal gerando

vocircmitos coacutelicas intestinais e diarreia

Em caso de super dosagem suspender o uso e procurar orientaccedilatildeo meacutedica de

imediato Em caso de uso de grande quantidade deste medicamento procure

rapidamente socorro meacutedico e leve a embalagem ou bula do medicamento se

possiacutevel Siga corretamente o modo de usar natildeo desaparecendo os sintomas

procure orientaccedilatildeo meacutedica

Conclusatildeo

A espinheira-santa (M ilicifolia) eacute um fitoteraacutepico de relevante accedilatildeo terapecircutica

principalmente antiulcerogecircnica dada sua eficaacutecia farmacoloacutegica e seguranccedila

Vale lembrar que por ausecircncia de estudos ela natildeo eacute recomenda para crianccedilas

e natildeo deve ser usada por gestantes pois estudos em camundongos (fecircmeas e

graacutevidas) indicaram um decreacutescimo significativo do nuacutemero de embriotildees aleacutem

de possuir atividade estrogecircnica que pode interferir na receptividade uterina do

embriatildeo Entre suas atividades farmacoloacutegicas destaca-se a atividade

antiulcerogecircnica que pode ser comparada agrave accedilatildeo da ranitidina e da cimetidina

Por ser morfologicamente parecida com as espeacutecies S bonplandii e Z ilicifolia

ela eacute comumente confundida e ateacute mesmo trocada intencionalmente

A utilizaccedilatildeo de maneira errocircnea das espeacutecies botacircnicas que natildeo satildeo a

verdadeira espinheira-santa (M ilicifolia) pode acarretar danos agrave sauacutede dos

pacientes Assim conclui-se que essas espeacutecies conhecidas como

adulterantes podem trazer malefiacutecios pois ainda faltam estudos que

comprovem suas atividades farmacoloacutegicas e principalmente a seguranccedila

terapecircutica Poreacutem natildeo se deve descartar o uso dessas espeacutecies e sim

realizar estudos mais concretos para que essas plantas assim como a

verdadeira espinheira-santa possam auxiliar no tratamento farmacoloacutegico da

populaccedilatildeo

Referecircncias Bibliograacuteficas

Ralph Santos-Oliveira Simone Coulaud-Cunha Waldeciro Colaccedilo

Revisatildeo da Maytenus ilicifolia Mart ex Reissek Celastraceae

Contribuiccedilatildeo ao estudo das propriedades farmacoloacutegicas Rev Bras

Farmacogn Braz J Pharmacogn 19(2B) AbrJun 2009

Wilker Marlon de Moraes Jesus Tarciacutesio Neves da Cunha Estudo das

propriedades farmacoloacutegicas da espinheira-santa (Maytenus ilicifolia

Mart ex Reissek) e de duas espeacutecies adulterantes Revista Sauacutede e

Desenvolvimento vol ndash nordm 1 Jan ndash Jun 2012

MARIOT MP1 BARBIERI RL2 Engenheiro Agrocircnomo Dr prof do

Conjunto Agroteacutecnico ldquoVisconde da GraccedilardquoUniversidade Federal de

Pelotas (mariotufpeltchebr) ndash Av Ildefonso Simotildees Lopes 2791

Pelotas-RS CEP 96060-290 2Bioacuteloga Dr pesquisadora da Embrapa

Clima Temperado (barbiericpactembrapabr) ndash BR 392 km 78 caixa

postal 403 Pelotas-RS CEP 96001-970 (endereccedilo para

correspondecircncia) Metaboacutelitos secundaacuterios e propriedades medicinais da

espinheira-santa (Maytenus ilicifolia Mart ex Reiss e M aquifolium

Mart)

CARLINI EA Braz S Efeito protetor do liofilizado obtido do abafado de

Maytenus Sp (espinheira-santa) contra uacutelcera gaacutestrica experimental em

ratos In Estudo da accedilatildeo antiuacutelcera gaacutestrica de plantas brasileiras

(Maytenus ilicifolia) Espinheira santa e outras Brasiacutelia CEMEAFIP

1988 p21-35MACAUBAS CIP et al Estudo da eventual accedilatildeo

antiuacutelcera gaacutestrica do baacutelsamo (Sedum sp) folha da fortuna

(Bryophyllum calcium) couve (Brassica oleraceae) e da Espinheira

santa (Maytenus ilicifolia) em ratos In Estudo da accedilatildeo antiuacutelcera

gaacutestrica de plantas brasileiras (Maytenus ilicifolia) Espinheira santa e

outras Brasiacutelia CEMEAFIP 1988 p 5-20

Olivia Werner Oliveira Pedro Ros Petrovick Secagem por aspersatildeo

(spray drying) de extratos vegetais bases e aplicaccedilotildees Revista

Brasileira de Farmacognosia Brazilian Journal of Pharmacognosy 20(4)

641-650 AgoSet 2010

Marianne Christina Scheffer Capitulo 17 Produccedilatildeo de espinheira-santa

(Maytenus ilicifolia Mart ex Reiss) na regiatildeo metropolitana de Curitiba

Paranaacute Brasil

Said gonccedilalves da cruz fonsacircca Farmacoteacutecnica de Fitoteraacutepicos2005

Em relaccedilatildeo aos efeitos adversos a M ilicifolia natildeo possui algum que justifica a

interrupccedilatildeo do tratamento Entre os mais comuns destacam-se cefaleia

sonolecircncia boca seca naacuteuseas dor articular nas matildeos gosto estranho na

boca tremor nas matildeos cistite e poliuacuteria (TABACH et al 2002) Poreacutem

segundo Amaral et al (2005) natildeo eacute recomendado o uso pediaacutetrico pela

ausecircncia de testes Ensaios realizados em ratos mostraram perda embrionaacuteria

antes do periacuteodo de implantaccedilatildeo portanto essa planta natildeo eacute recomendada em

casos de gravidez (MONTANARI BIVILACQUA 2002)

De acordo com estudos realizados em camundongos o abafado de M ilicifolia

foi administrado nesses animais em doses ateacute 360 vezes maiores que a

utilizada pelo homem durante um periacuteodo de dois a trecircs meses Como

resultados natildeo houve mudanccedilas no peso comportamento temperatura

paracircmetros bioquiacutemicos e hematoloacutegicos desses animais (OLIVEIRA CARLINI

1988)

15 FarmacocineacuteticaO modelo da farmacocineacutetica da espinheira-santa eacute estudado por meio de seus

taninos natildeo condensados Epigalocatequina marcada foi administrada por via

oral sendo os picos plasmaacuteticos observados 60 min apoacutes a ingestatildeo Apoacutes

uma dose de 500 mgkg foram detectadas concentraccedilotildees tissulares de 123

mmol no plasma 484 mmol no fiacutegado e 565 mmol no intestino delgado

(Nakagawa amp Miyazawa 1997) Depois da administraccedilatildeo oral de

epigalocatequina-3-galato marcada com triacutetio a ratos cerca de 6 da dose eacute

eliminada na urina e 24 nas fezes nas primeiras 24 horas Uma segunda

dose dada duas horas apoacutes a primeira eleva em cerca de 4 a 6 vezes a

concentraccedilatildeo no plasma e em alguns tecidos Esses dados sugerem uma

meia-vida longa e eliminaccedilatildeo lenta da epigalocatequina-3-galato No final das

24 horas os animais foram sacrificados e essa substacircncia pocircde ser encontrada

no rim ceacuterebro fiacutegado pacircncreas intestino e ossos (Suganuma et al 1998)

Num outro estudo foi avaliada a afinidade da epigalocatequina-3-galato agraves

proteiacutenas do soro Apoacutes uma dose oral a ratos mais de 50 da

epigalocatequina-3-galato absorvida ligou-se agrave proteiacutena do plasma

especialmente a fibronectina o fibrinogecircnio e a HRGP( Histidin Rich

Glicoprotein) proteiacutena plasmaacutetica com 74 kdaltons cuja funccedilatildeo ainda eacute pouco

conhecida (Sazuka et al 1996)

16 PreparaccedilatildeoTendo sido reconhecida a espeacutecie com que se vai trabalhar torna-se

necessaacuterio que se disponha desta espeacutecie em quantidade suficiente para

atender a demanda relacionada a produccedilatildeo do fitoteraacutepico replicaccedilatildeo da

espeacutecie e respectivo controle de qualidade Par a atingir este objetivo a

espeacutecie deve ser cultivada na extensatildeo adequada ao fim que se propotildee tendo-

se aleacutem dos cuidados inerentes ao cultivo de qualquer espeacutecie vegetal a

precauccedilatildeo de nunca utilizar pesticidas ou agrotoacutexicos na aacuterea de cultivo Nos

parece claro que a opccedilatildeo pelo fitoteraacutepico deve vir acompanhada do desejo de

seguranccedila o que natildeo seria conseguido se fossem deixados resiacuteduos de

agrotoacutexicos ou de pesticidas na espeacutecie que iraacute ser usada como mateacuteria-prima

para a produccedilatildeo de medicamento Veja no item 24 os ensaios que devem ser

efetuados no sentido de identificar e quantificar a presenccedila destes e de outros

contaminantes

Dispondo-se entatildeo da espeacutecie vegetal botanicamente selecionada cultivada

sem o uso de agentes quiacutemicos contaminantes iremos seguir tantos passos

quantos sejam necessaacuterios para preparar a espeacutecie vegetal numa droga capaz

de ser armazenada e processada para resultar num preparado intermediaacuterio uacutetil

na preparaccedilatildeo de fitoteraacutepicos Estes passos podem ser enumerados como

sendo Coleta Monda Estabilizaccedilatildeo Secagem Trituraccedilatildeo e Armazenamento

A execuccedilatildeo e finalidade de cada um se acham descrito a seguir

A Coleta eacute realizada atraveacutes da retirada da parte usada da planta procurando

sempre o material mais saudaacutevel em completo desenvolvimento (a menos que

especificado em (contraacuterio como ocorre com a gema terminal de Psidium

guajava) e com o miacutenimo de contaminantes (poeira poluiccedilatildeo adubo insetos

colocircnia de microrganismos etc) A distribuiccedilatildeo de substacircncias

farmacologicamente ativas nas plantas medicinais natildeo se daacute de maneira

homogecircnea em toda a extensatildeo da planta Portanto eacute de se esperar que

apenas alguma parte de uma dada espeacutecie podem ser utilizadas com finalidade

terapecircutica

Atraveacutes de consulta agraves diversas farmacopeias e tratados sobre plantas

medicinais encontramos descriccedilotildees sobre a parte a ser usada de cada espeacutecie

medicinal Pode-se em alguns casos observar que diferentes partes de uma

mesma planta apresentam propriedades inteiramente diferentes como por

exemplo a Punica granam (romatildezeira) cujas cascas do caule satildeo teniacutefugas e

as cascas dos frutos tecircm propriedades anti-inflamatoacuteria e antibioacutetica Em outros

casos toda a planta pode ser utilizada com a mesma finalidade como a

Phylanthus niruri (quebra-pedra) Torna-se imperioso portanto que antes de

qualquer outra etapa da preparaccedilatildeo de uma forma farmacecircutica fitoteraacutepica se

conheccedila qual ou quais partes da espeacutecie escolhida pode ser utilizada

A coleta deve respeitar para cada espeacutecie o melhor periacuteodo correspondente

agravequele onde a espeacutecie apresenta maior teor em substacircncias ativas Tendo isto

em mente relacionamos a seguir orientaccedilotildees geneacutericas quanto ao periacuteodo de

coleta

Formas farmacecircuticas de fitoteraacutepicosPoacute

Eacute a forma farmacecircutica obtida apoacutes a secagem trituraccedilatildeo e tamisaccedilatildeo da

droga Segundo a sua finalidade devem apresentar a tenuidade adequada

conforme a tabela a seguir Pode ser dispensado para uso na preparaccedilatildeo de

chaacutes ou adicionado agrave alimentaccedilatildeo (leite sucos mel etc) O envase deve cuidar

para que natildeo haja absorccedilatildeo de umidade

Formas soacutelidas

Caacutepsulas

Eacute a forma farmacecircutica obtida pela deposiccedilatildeo ordenada da droga seca

triturada e tamisada em caacutepsulas gelatinosas duras ou pelo encapsulamento

de liacutequidos ou semissoacutelidos de natureza lipofiacutelica em caacutepsulas gelatinosas

moles O invoacutelucro rosa utilizado eacute geralmente de natureza proteica e satildeo

portanto incompatiacuteveis com drogas tacircnicas por exemplo Cuidado especial

deve ser tomado com a umidade temperatura e pressatildeo exercida sobre as

caacutepsulas durante o armazenamento e transporte Estes fatores podem levar a

desidrataccedilatildeo ou hidrataccedilatildeo das caacutepsulas que as tornam quebradiccedilas ou

deformadas e coladas Durante a preparaccedilatildeo das caacutepsulas deve-se cuidar para

que o peso das caacutepsulas obtidas seja o mais uniforme possiacutevel podendo-se

garantir isso pela pesagem da quantidade de poacute necessaacuteria para o enchimento

de um nuacutemero determinado de caacutepsulas

O enchimento das caacutepsulas ocorre na oficina farmacecircutica em tabuleiros

especiais constituiacutedos em acriacutelico PVC ou outro poliacutemero apresentando-se no

modelo mais simples apenas como uma base fixa que se encaixa a uma outra

moacutevel e perfurada que recebe o corpo das caacutepsulas sem as tampas A seguir

se distribui de forma homogecircnea a quantidade estipulada de poacute em todas as

caacutepsulas valendo-se de uma espaacutetula plaacutestica e de um dispositivo especial

para prensar o conteuacutedo no interior das caacutepsulas Finalizado o enchimento as

partes super oires (tampas) das caacutepsulas satildeo recolocadas fechando-as e

determina-se o peso meacutedio das mesmas embalando-as imediatamente

A capacidade das caacutepsulas eacute proporcional agrave densidade do poacute e ao tamanho

das caacutepsulas que eacute padronizado em 08 (oito) diferentes tipos listados a seguir

com as respectivas dimensotildees e capacidades em mililitros

Controle de Qualidade

Todas as etapas utilizadas durante o processamento da droga devem ser

monitoradas atraveacutes de ensaios que possam atestar a qualidade da mateacuteria-

prima dos produtos intermediaacuterios e do produto final acabado O objetivo final

tanto do processamento adequado quanto agrave avaliaccedilatildeo da qualidade eacute a

garantia de que o que estaacute sendo produzido na forma como ocorre o processo

produtivo estaacute conduzindo agrave obtenccedilatildeo de um produto com as caracteriacutesticas

necessaacuterias agrave utilizaccedilatildeo para o tratamento de doenccedilas

Droga

A avaliaccedilatildeo da qualidade da droga utilizada na obtenccedilatildeo de fitoteraacutepicos no

Programa Farmaacutecias-Vivas onde o cultivo das espeacutecies vegetais eacute efetuado

pelo laboratoacuterio fabricante do produto deve ser realizada sob os seguintes

aspectos

- Considerando que a droga a ser utilizada corresponde agrave espeacutecie vegetal

esperada conhece-se suas caracteriacutesticas macromorfoloacutegicas aleacutem das suas

caracteriacutesticas sensoriais constituindo a primeira avaliaccedilatildeo que eacute a identidade

da droga

- Determinaccedilatildeo da umidade da droga fresca que deve ser diferenciada de

perda por dessecaccedilatildeo pois outras substacircncias volaacuteteis aleacutem da aacutegua satildeo

evaporadas Pode ser determinada atraveacutes do ensaio volumeacutetrico de Karl

Fischer ou pelo ensaio gravimeacutetrico submetendo a droga a dessecaccedilatildeo em

temperatura ambiente em dessecador com siacutelica ou aacutecido sulfuacuterico

- Mesmo a droga morfologicamente normal pode natildeo apresentar seus

constituintes ativos na quantidade desejada sendo necessaacuterio que sejam

realizados ensaios de identificaccedilatildeo e quantificaccedilatildeo de ativos ou de marcadores

atraveacutes das mais diversas teacutecnicas gravimeacutetrica volumeacutetrica

espectrofotomeacutetrica cromatograacutefica etc

- Avaliaccedilatildeo da contaminaccedilatildeo microbiana da droga principalmente se a mesma

tiver de ser utilizada sem qualquer processamento posterior As drogas que

seratildeo transformadas em uma forma extrativa em soluccedilatildeo hidro-alcooacutelica pode

ter sua carga microbiana reduzida pelo efeito antisseacuteptico do solvente

Preparado Intermediaacuterio

As formas extrativas satildeo obtidas em condiccedilotildees que nem sempre conseguem

retirar a totalidade das substacircncias ativas soluacuteveis no solvente escolhido devido

a diversos fator ES como o tempo e temperatura de maceraccedilatildeo pH do

solvente distribuiccedilatildeo granulomeacutetrica da droga sua umidade residual teor de

substacircncias ativas e velocidade de percolaccedilatildeo Justifica-se entatildeo a

necessidade da realizaccedilatildeo de ensaios de avaliaccedilatildeo da qualidade das formas

extrativas incluindo avaliaccedilotildees fiacutesico-quiacutemicas como aparecircncia cor odor

solubilidade densidade pH e viscosidade avaliaccedilotildees quiacutemicas como o perfil

cromatograacutefico e dosagem das substacircncias ativas ou marcador e avaliaccedilatildeo

microbioloacutegica da quantidade de microrganismos viaacuteveis

Fitoteraacutepico

Independente da forma farmacecircutica final eacute necessaacuterio que sejam realizadas

avaliaccedilotildees na qualidade do produto final da mesma forma que eacute exigido para

os demais tipos de medicamentos Listamos a seguir os ensaios realizados

para cada forma farmacecircutica lembrando que devem ser acrescentados os

ensaios quiacutemicos e microbioloacutegicos

Prazo de Validade

Considerando a jaacute difiacutecil realizaccedilatildeo da avaliaccedilatildeo da qualidade das drogas

utilizadas na obtenccedilatildeo de fitoteraacutepicos pode-se compreender que o

acompanhamento do processo cineacutetico de degradaccedilatildeo dos constituintes do

medicamento natildeo eacute uma estar efe faacutecil No entanto esta avaliaccedilatildeo pode se dar

em diversos niacuteveis

- Avaliaccedilatildeo da estabilidade fiacutesica

Para cada tipo de forma farmacecircutica satildeo descritas as caracteriacutesticas tiacutepicas

como cor odor limpidez densidade viscosidade pH etc que observadas

para um mesmo lote ao longo do tempo de armazenamento forneceratildeo

informaccedilotildees sobre a integridade fiacutesica da formulaccedilatildeo

- Avaliaccedilatildeo da estabilidade quiacutemica

A utilizaccedilatildeo de recursos laboratoriais desde os mais simples ateacute os mais

sofisticados permitem o acompanhamento qualitativo eou quantitativo dos

princiacutepios ativos contidos no produto fitoteraacutepico Por exemplo atraveacutes do

ensaio limite de taninos por diluiccedilotildees sucessivas e adiccedilatildeo de cloreto feacuterrico

pode-se ter uma medida semi-quantitativa do teor destas substacircncias nas

preparaccedilotildees que o contenham Evoluindo a utilizaccedilatildeo de teacutecnica

cromatograacutefica em camada delgada sobre papel ou siacutelica permite a

determinaccedilatildeo do perfil cromatograacutefico para o produto de modo que possa ser

comparado com o obtido em lotes posteriores ou com o mesmo lote ao longo do

tempo de armazenamento

- Avaliaccedilatildeo da estabilidade microbioloacutegica

A verificaccedilatildeo do niacutevel de contaminaccedilatildeo microbiana numa preparaccedilatildeo

medicamentosa fornece informaccedilotildees sobre o niacutevel de higienizaccedilatildeo empregado

durante o processamento da droga ateacute a obtenccedilatildeo do medicamento A

observaccedilatildeo deste mesmo paracircmetro ao longo do tempo fornece informaccedilotildees

sobre a composiccedilatildeo conservante utilizada no produto e a forma de

armazenamento

Teacutecnicas Gerais

Os ensaios laboratoriais de avaliaccedilatildeo da qualidade da droga compreendem

basicamente

- Observaccedilatildeo macroscoacutepica e microscoacutepica da droga fresca e seca inteira e

triturada comparando com o descrito em farmacopeias ou com modelos

botanicamente certificados

- Determinaccedilatildeo de umidade na droga fresca e naquela seca e triturada

evidenciando a quantidade de aacutegua contida na droga receacutem-coletada na droga

s eca e a efetividade do processo de secagem utilizada

- Identificaccedilatildeo e dosagem de substacircncias ativas ou marcadores realizada na

droga seca e triturada onde atraveacutes do acompanhamento da evoluccedilatildeo ao

longo do tempo e o cruzamento dos dados entre os locais e condiccedilotildees de

cultivo seraacute possiacutevel a determinaccedilatildeo das condiccedilotildees ideais para a manutenccedilatildeo

da qualidade das espeacutecies vegetais

- Determinaccedilatildeo da quantidade de mateacuteria orgacircnica estranha na droga seca

triturada grosseiramente demonstrando se a coleta monda secagem e

trituraccedilatildeo foram realizadas a contento sem o risco de contaminaccedilatildeo com outras

espeacutecies

- Determinaccedilatildeo de resiacuteduos de pesticidas para monitorar a forma de realizaccedilatildeo

do controle de pestes atraveacutes da identificaccedilatildeo e dosagem de pesticidas

- Determinaccedilatildeo da presenccedila de arsecircnio e metais pesados como componentes

que satildeo responsaacuteveis por intoxicaccedilotildees e por incompatibilidades nas

preparaccedilotildees liacutequidas de fitoteraacutepicos

- Determinaccedilatildeo da quantidade de microrganismos viaacuteveis atraveacutes da contagem

em placa a de diluiccedilotildees obtidas a partir do liacutequido de lavagem das drogas

evidenciando o grau de contaminaccedilatildeo e a possiacutevel e indesejaacutevel presenccedila de

microrganismos potencialmente patogecircnicos

Garantia de Qualidade

Na produccedilatildeo de fitoteraacutepicos do mesmo modo como ocorre com qualquer outro

medicamento natildeo pode negligenciar qualquer procedimento que possa conduzir

a diminuiccedilatildeo da qualidade do produto final A qualidade se reflete na

reprodutibilidade da qualidade do produto avaliada em laboratoacuterio e no

acompanhamento da sua eficaacutecia terapecircutica e seguranccedila Isto soacute pode ser

conseguido quando para cada forma farmacecircutica de fitoteraacutepico forem

registradas as operaccedilotildees farmacecircuticas que devem ser seguidas agrave risca suas

medidas de controle e definiccedilatildeo das responsabilidades para cada uma das

etapas do processamento

Apenas como ilustraccedilatildeo tomemos como exemplo a produccedilatildeo da tintura de

Alecrim-pimenta (Lippia sidoides Cham) O iniacutecio da preocupaccedilatildeo com a

qualidade se daacute com a seguranccedila de que a espeacutecie cultivada seja realmente

aquela que se deve coletar e em seguida em coletar a parte que realmente

deve ser utilizada e de plantas com aspecto saudaacutevel de desenvolvimento para

a qual as condiccedilotildees de cultivo tenham se apresentado como satisfatoacuterias A

monda que se segue agrave coleta retirando as partes improacuteprias agrave preparaccedilatildeo do

fitoteraacutepico daacute continuidade ao passo anterior na busca de alcanccedilar a qualidade

desejada O processo de dessecaccedilatildeo ocorrendo agrave sombra e agrave temperatura

ambiente preservando os constituintes quiacutemicos ativos e diminuindo a

influecircncia da umidade da planta sobre a sua qualidade e a da soluccedilatildeo extrativa

a ser obtida faz com que a droga obtida possa ser utilizada como mateacuteria-prima

para a obtenccedilatildeo de medicamento O cuidadoso processo de trituraccedilatildeo sem

elevar a temperatura durante o processo e reduzindo a perda de poacute para o

ambiente tambeacutem representa um processo que deve ser realizado com a

devida atenccedilatildeo Depois disso a droga seca e triturada deve ser armazenada

em condiccedilotildees que preservem sua qualidade pelo tempo necessaacuterio ateacute sua

utilizaccedilatildeo com as devidas inscriccedilotildees que atestem sua fonte data de coleta e de

processamento e respectivos responsaacuteveis

A preparaccedilatildeo da soluccedilatildeo hidro-alcooacutelica que seraacute utilizada no processo extrativo

tambeacutem deve ser realizada com bastante cuidado pois a mateacuteria-prima deve

apresentar a qualidade compatiacutevel com sua utilizaccedilatildeo para a produccedilatildeo de

medicamentos aacutegua purificada e aacutelcool farmacecircutico Deve-se observar a

legislaccedilatildeo atual sobre aacutelcool que exige a desnaturaccedilatildeo do aacutelcool

comercializado em farmaacutecias e supermercados e assim natildeo deve servir como

excipiente farmacecircutico Enfim todos os processos interferem com a qualidade

do produto final a ser obtido e devem ser realizados corretamente e as

operaccedilotildees registradas em documento proacuteprio buscando a rastreabilidade de

cada lote de cada produto

Outra etapa da garantia da qualidade essencial para sua implantaccedilatildeo eacute a

validaccedilatildeo de equipamentos e de processos que busca uma evidecircncia

documentada de que os mesmos cumprem satisfatoriamente sua finalidade

quando utilizados ou realizados corretamente

Estas evidecircncias devem ser conseguidas antes mesmo de se iniciar a utilizaccedilatildeo

das instalaccedilotildees para produccedilatildeo de medicamentos Naqueles jaacute em

funcionamento a validaccedilatildeo pode ser realizada atraveacutes da documentaccedilatildeo da

produccedilatildeo passada ou seja uma validaccedilatildeo retrospectiva

Para a produccedilatildeo de medicamentos em pequena escala que natildeo venha a

caracterizar uma produccedilatildeo industrial deve-se buscar a adequaccedilatildeo das

condiccedilotildees de produccedilatildeo armazenamento e dispensaccedilatildeo do produto atraveacutes da

Resoluccedilatildeo RDC ndeg 33 de abril de 2000 que descreve os criteacuterios de Boas

Praacuteticas de Manipulaccedilatildeo

Para a produccedilatildeo industrial de medicamentos a legislaccedilatildeo que trata das Boas

Praacuteticas de Fabricaccedilatildeo e Garantia de Qualidade eacute a Resoluccedilatildeo RDC ndeg 210 de

04 de agosto de 2003 As especificaccedilotildees legais da legislaccedilatildeo sanitaacuteria

brasileira e de outros paiacuteses para materiais vegetais devem incluir tanto quanto

possiacutevel o seguinte

- Nome botacircnico c om referecircncia aos autores

- Detalhes da fonte da planta (paiacutes ou regiatildeo de origem cultivo eacutepoca da

colheita procedimentos de colheita possiacuteveis pesticidas utilizados etc)

- Descriccedilatildeo do material vegetal inspeccedilatildeo visual macro eou microscoacutepica

- Testes de identificaccedilatildeo apropriados incluindo quando convenientes testes de

identificaccedilatildeo para ingredientes ativos conhecidos ou marcadores

- Ensaios quando convenientes dos constituintes de atividade terapecircutica ou

marcadores

- Meacutetodos apropriados para determinaccedilatildeo de possiacuteveis contaminaccedilotildees por

pesticidas e os limites aceitos

- Testes para metais pesados e contaminantes semelhantes materiais

estranhos e adulterantes

- Testes para radiaccedilatildeo aflatoxinas e contaminaccedilatildeo microbiana

Qualquer tratamento usado para reduzir contaminaccedilotildees focircnicas e microbianas

ou outras infestaccedilotildees devem ser documentadas Instrumentos para tais

procedimentos devem ser acessiacuteveis e devem incluir detalhes dos processos

testes e limites residuais

Para a realidade do programa Farmaacutecias-Vivas onde natildeo satildeo utilizados

pesticidas as plantas satildeo cultivadas no local proacuteximo de onde ocorre a

produccedilatildeo do medicamento ou satildeo de origem na mesma regiatildeo e satildeo

processadas logo apoacutes a coleta satildeo feitas exigecircncias menores que as

estabelecidas para maiores escalas de produccedilatildeo Nem assim devemos deixar

de registrar todas as operaccedilotildees realizadas com a droga desde o seu cultivo ateacute

a dispensaccedilatildeo do produto fitoteraacutepico

Dispensaccedilatildeo

Estivemos sempre discorrendo sobre qualidade do produto a ser obtido desde

o cultivo da espeacutecie correta da coleta da parte usada e o seu processamento

mantendo intactos os princiacutepios ativos Conhecemos os motivos que levam a

toda esta preocupaccedilatildeo com a qualidade a responsabilidade do profissional que

o produz e a eficaacutecia e a seguranccedila necessaacuterias para o paciente que o utiliza

Portanto resta-nos dispensar o fitoteraacutepico para que este apresente estas

caracteriacutesticas trans formando o paciente num parceiro consciente do seu

papel no uso cor reto deste recurso terapecircutico

O resgate das praacuteticas populares agora respaldadas pelos estudos cientiacuteficos

seacuterios que atestam a eficaacutecia e seguranccedila das espeacutecies utilizadas no programa

Farmaacutecias-Vivas pode ser abordado no momento da dispensaccedilatildeo do

medicamento ou atraveacutes de apresentaccedilotildees coletivas organizadas e realizadas

pelo Farmacecircutico Alguns cuidados merecem ser observados para natildeo se

incorrer em riscos desnecessaacuterios

- Natildeo referendar o uso de plantas cujo estudo cientiacutefico natildeo tenha apresentado

dados sobre sua eficaacutecia e seguranccedila

- Natildeo recomendar o uso de qualquer planta medicinal para o tratamento de

doenccedilas sem a devida recomendaccedilatildeo meacutedica especializada ou natildeo

- Natildeo recomendar a utilizaccedilatildeo de planta que nos seja desconhecida tanto no

aspecto teoacuterico quanto praacutetico

- Natildeo sugerir a utilizaccedilatildeo de quaisquer praacuteticas com ou sem uso de plantas

medicinais que possa representar um risco potencial ou real de dano fetal

Para nos resguardarmos de quaisquer erros precisamos nos manter atualizados

quanto aos benefiacutecios e riscos da utilizaccedilatildeo das espeacutecies medicinais com as

quais trabalhamos dada agrave impossibilidade de conhecer todas as demais Os

dados obtidos durante a dispensaccedilatildeo e acompanhamento dos pacientes aleacutem

daqueles obtidos durante os ensaios controlados de toxicologia e farmacologia

cliacutenica forneceratildeo a necessaacuteria seguranccedila para realizarmos a dispensaccedilatildeo e

cada vez mais desfazermos o mito do natural ser inoacutecuo

Como exemplo da relaccedilatildeo risco x benefiacutecio de uma preparaccedilatildeo fitoteraacutepica

apresentamos as seguintes informaccedilotildees sobre o Elixir de Aroeira que em

muitos aspectos natildeo houve a quantificaccedilatildeo da intensidade dos efeitos beneacuteficos

nem adversos nem de interaccedilotildees

Forma Medicamento Fitoteraacutepico- Caacutepsula ESPINHEIRA SANTA Maytenus ilicifolia Celastraceae

Medicamento fitoteraacutepico

Parte utilizada Folhas

Nomenclatura popularEspinheira santa cancerosa cancorosa-de-sete-espinhos cancrosa

espinheira-divina espinho-de-Deus maiteno erva-cancrosa erva-santa

ApresentaccedilotildeesCaacutepsula dura - Extrato seco das folhas de Maytenus ilicifolia 380 mg -

Embalagem com 3 bliacutesters contendo 15 caacutepsulas cada

Via oral

Uso adulto

Composiccedilatildeo

Cada caacutepsula conteacutem

Extrato seco de Maytenus ilicifolia380 mg

Excipiente qsp 1 caacutepsula (amido)

equivalente a 133 mg de taninos totais

Informaccedilotildees ao pacientePara que este medicamento eacute indicado

Espinheira Santa eacute indicada para o tratamento da maacute digestatildeo e como

coadjuvante no tratamento de uacutelcera do estocircmago e duodeno

Como este medicamento funciona

Espinheira Santa atua como regulador das funccedilotildees estomacais e promove a

proteccedilatildeo da mucosa gaacutestrica

Quando natildeo devo usar este medicamentobull O medicamento deve ser evitado por menores de 12 anos de idade devido agrave

falta de estudos disponiacuteveis

bull Lactaccedilatildeo e gravidez visto que pode diminuir a secreccedilatildeo de leite e pode

provocar contraccedilotildees uterinas

bull Hipersensibilidade (alergia) a qualquer um dos componentes da foacutermula ou a

outras plantas da famiacutelia Celastraceae

O que devo saber antes de usar este medicamentoPrecauccedilotildees e advertecircncias

bull De acordo com a categoria de risco de faacutermacos destinados agraves mulheres

graacutevidas este medicamento apresenta categoria de risco C Este medicamento

natildeo deve ser utilizado por mulheres graacutevidas sem orientaccedilatildeo meacutedica ou do

cirurgiatildeo dentista

Interaccedilotildees medicamentosas

bull A administraccedilatildeo concomitante de M ilicifolia com bebidas alcooacutelicas e outros

medicamentos natildeo eacute recomendada pois natildeo existem estudos disponiacuteveis

sobre as interaccedilotildees medicamentosas deste fitoteraacutepico

Informe seu meacutedico ou cirurgiatildeo-dentista se vocecirc estaacute fazendo uso de algum

outro medicamento

Onde como e por quanto tempo posso guardar este medicamentoCuidados de conservaccedilatildeo

Espinheira Santa deve ser conservada em temperatura ambiente (entre 15 e

30ordmC) em sua embalagem original Proteger da luz e da umidade

Prazo de validade24 meses apoacutes a data de fabricaccedilatildeo impressa no cartucho

Nuacutemero de lote e datas de fabricaccedilatildeo e validade vide embalagem

Natildeo use medicamento com o prazo de validade vencido

Guarde-o em sua embalagem original

Caracteriacutesticas fiacutesicasCaacutepsulas gelatinosas duras de cor creme

Caracteriacutesticas organoleacutepticas

Cheiro (odor) caracteriacutestico e praticamente natildeo apresenta sabor

Antes de usar observe o aspecto do medicamento Caso ele esteja no prazo

de validade e vocecirc observe alguma mudanccedila no aspecto consulte o

farmacecircutico para saber se poderaacute utilizaacute-lo

Todo medicamento deve ser mantido fora do alcance das crianccedilas

Como devo usar este medicamentoModo de usar

As caacutepsulas devem ser ingeridas inteiras e com uma quantidade suficiente de

aacutegua para que possam ser deglutidas

Posologia

Ingerir duas caacutepsulas via oral trecircs vezes ao dia de oito em oito horas

Siga corretamente o modo de usar Em caso de duacutevidas sobre este

medicamento procure orientaccedilatildeo do farmacecircutico Natildeo desaparecendo os

sintomas procure orientaccedilatildeo de seu meacutedico ou cirurgiatildeo-dentista

Este medicamento natildeo deve ser partido aberto ou mastigado

O que devo fazer quando eu me esquecer de usar este medicamentoCaso haja esquecimento da ingestatildeo de uma dose deste medicamento

retomar a posologia prescrita sem a necessidade de suplementaccedilatildeo

Em caso de duacutevidas procure orientaccedilatildeo do farmacecircutico ou de seu meacutedico ou

do cirurgiatildeo-dentista

Que males este medicamento pode causarReaccedilotildees adversas

Ateacute o momento natildeo foram relatadas reaccedilotildees adversas graves ou que coloquem

em risco a sauacutede dos pacientes

Raramente podem ocorrer casos de hipersensibilidade Neste caso suspender

o uso e procurar orientaccedilatildeo meacutedica

Informe seu meacutedico cirurgiatildeo-dentista ou farmacecircutico do aparecimento de

reaccedilotildees indesejaacuteveis pelo uso do medicamento

Induacutestria Brasileira

Esta bula foi atualizada conforme Bula Padratildeo aprovada pela Anvisa em

12012011

Farmacecircutica resp Dra (Nome )

CRF-PR nordm XXXX Coacuted XXXXX - 012011

Informe tambeacutem agrave empresa atraveacutes do seu Serviccedilo de

Atendimento ao Consumidor

O que fazer se algueacutem usar uma quantidade maior do que a indicada deste medicamentoPlantas ricas em taninos como a M ilicifolia quando usadas em doses

excessivas podem causar irritaccedilatildeo da mucosa gaacutestrica e intestinal gerando

vocircmitos coacutelicas intestinais e diarreia

Em caso de super dosagem suspender o uso e procurar orientaccedilatildeo meacutedica de

imediato Em caso de uso de grande quantidade deste medicamento procure

rapidamente socorro meacutedico e leve a embalagem ou bula do medicamento se

possiacutevel Siga corretamente o modo de usar natildeo desaparecendo os sintomas

procure orientaccedilatildeo meacutedica

Conclusatildeo

A espinheira-santa (M ilicifolia) eacute um fitoteraacutepico de relevante accedilatildeo terapecircutica

principalmente antiulcerogecircnica dada sua eficaacutecia farmacoloacutegica e seguranccedila

Vale lembrar que por ausecircncia de estudos ela natildeo eacute recomenda para crianccedilas

e natildeo deve ser usada por gestantes pois estudos em camundongos (fecircmeas e

graacutevidas) indicaram um decreacutescimo significativo do nuacutemero de embriotildees aleacutem

de possuir atividade estrogecircnica que pode interferir na receptividade uterina do

embriatildeo Entre suas atividades farmacoloacutegicas destaca-se a atividade

antiulcerogecircnica que pode ser comparada agrave accedilatildeo da ranitidina e da cimetidina

Por ser morfologicamente parecida com as espeacutecies S bonplandii e Z ilicifolia

ela eacute comumente confundida e ateacute mesmo trocada intencionalmente

A utilizaccedilatildeo de maneira errocircnea das espeacutecies botacircnicas que natildeo satildeo a

verdadeira espinheira-santa (M ilicifolia) pode acarretar danos agrave sauacutede dos

pacientes Assim conclui-se que essas espeacutecies conhecidas como

adulterantes podem trazer malefiacutecios pois ainda faltam estudos que

comprovem suas atividades farmacoloacutegicas e principalmente a seguranccedila

terapecircutica Poreacutem natildeo se deve descartar o uso dessas espeacutecies e sim

realizar estudos mais concretos para que essas plantas assim como a

verdadeira espinheira-santa possam auxiliar no tratamento farmacoloacutegico da

populaccedilatildeo

Referecircncias Bibliograacuteficas

Ralph Santos-Oliveira Simone Coulaud-Cunha Waldeciro Colaccedilo

Revisatildeo da Maytenus ilicifolia Mart ex Reissek Celastraceae

Contribuiccedilatildeo ao estudo das propriedades farmacoloacutegicas Rev Bras

Farmacogn Braz J Pharmacogn 19(2B) AbrJun 2009

Wilker Marlon de Moraes Jesus Tarciacutesio Neves da Cunha Estudo das

propriedades farmacoloacutegicas da espinheira-santa (Maytenus ilicifolia

Mart ex Reissek) e de duas espeacutecies adulterantes Revista Sauacutede e

Desenvolvimento vol ndash nordm 1 Jan ndash Jun 2012

MARIOT MP1 BARBIERI RL2 Engenheiro Agrocircnomo Dr prof do

Conjunto Agroteacutecnico ldquoVisconde da GraccedilardquoUniversidade Federal de

Pelotas (mariotufpeltchebr) ndash Av Ildefonso Simotildees Lopes 2791

Pelotas-RS CEP 96060-290 2Bioacuteloga Dr pesquisadora da Embrapa

Clima Temperado (barbiericpactembrapabr) ndash BR 392 km 78 caixa

postal 403 Pelotas-RS CEP 96001-970 (endereccedilo para

correspondecircncia) Metaboacutelitos secundaacuterios e propriedades medicinais da

espinheira-santa (Maytenus ilicifolia Mart ex Reiss e M aquifolium

Mart)

CARLINI EA Braz S Efeito protetor do liofilizado obtido do abafado de

Maytenus Sp (espinheira-santa) contra uacutelcera gaacutestrica experimental em

ratos In Estudo da accedilatildeo antiuacutelcera gaacutestrica de plantas brasileiras

(Maytenus ilicifolia) Espinheira santa e outras Brasiacutelia CEMEAFIP

1988 p21-35MACAUBAS CIP et al Estudo da eventual accedilatildeo

antiuacutelcera gaacutestrica do baacutelsamo (Sedum sp) folha da fortuna

(Bryophyllum calcium) couve (Brassica oleraceae) e da Espinheira

santa (Maytenus ilicifolia) em ratos In Estudo da accedilatildeo antiuacutelcera

gaacutestrica de plantas brasileiras (Maytenus ilicifolia) Espinheira santa e

outras Brasiacutelia CEMEAFIP 1988 p 5-20

Olivia Werner Oliveira Pedro Ros Petrovick Secagem por aspersatildeo

(spray drying) de extratos vegetais bases e aplicaccedilotildees Revista

Brasileira de Farmacognosia Brazilian Journal of Pharmacognosy 20(4)

641-650 AgoSet 2010

Marianne Christina Scheffer Capitulo 17 Produccedilatildeo de espinheira-santa

(Maytenus ilicifolia Mart ex Reiss) na regiatildeo metropolitana de Curitiba

Paranaacute Brasil

Said gonccedilalves da cruz fonsacircca Farmacoteacutecnica de Fitoteraacutepicos2005

Glicoprotein) proteiacutena plasmaacutetica com 74 kdaltons cuja funccedilatildeo ainda eacute pouco

conhecida (Sazuka et al 1996)

16 PreparaccedilatildeoTendo sido reconhecida a espeacutecie com que se vai trabalhar torna-se

necessaacuterio que se disponha desta espeacutecie em quantidade suficiente para

atender a demanda relacionada a produccedilatildeo do fitoteraacutepico replicaccedilatildeo da

espeacutecie e respectivo controle de qualidade Par a atingir este objetivo a

espeacutecie deve ser cultivada na extensatildeo adequada ao fim que se propotildee tendo-

se aleacutem dos cuidados inerentes ao cultivo de qualquer espeacutecie vegetal a

precauccedilatildeo de nunca utilizar pesticidas ou agrotoacutexicos na aacuterea de cultivo Nos

parece claro que a opccedilatildeo pelo fitoteraacutepico deve vir acompanhada do desejo de

seguranccedila o que natildeo seria conseguido se fossem deixados resiacuteduos de

agrotoacutexicos ou de pesticidas na espeacutecie que iraacute ser usada como mateacuteria-prima

para a produccedilatildeo de medicamento Veja no item 24 os ensaios que devem ser

efetuados no sentido de identificar e quantificar a presenccedila destes e de outros

contaminantes

Dispondo-se entatildeo da espeacutecie vegetal botanicamente selecionada cultivada

sem o uso de agentes quiacutemicos contaminantes iremos seguir tantos passos

quantos sejam necessaacuterios para preparar a espeacutecie vegetal numa droga capaz

de ser armazenada e processada para resultar num preparado intermediaacuterio uacutetil

na preparaccedilatildeo de fitoteraacutepicos Estes passos podem ser enumerados como

sendo Coleta Monda Estabilizaccedilatildeo Secagem Trituraccedilatildeo e Armazenamento

A execuccedilatildeo e finalidade de cada um se acham descrito a seguir

A Coleta eacute realizada atraveacutes da retirada da parte usada da planta procurando

sempre o material mais saudaacutevel em completo desenvolvimento (a menos que

especificado em (contraacuterio como ocorre com a gema terminal de Psidium

guajava) e com o miacutenimo de contaminantes (poeira poluiccedilatildeo adubo insetos

colocircnia de microrganismos etc) A distribuiccedilatildeo de substacircncias

farmacologicamente ativas nas plantas medicinais natildeo se daacute de maneira

homogecircnea em toda a extensatildeo da planta Portanto eacute de se esperar que

apenas alguma parte de uma dada espeacutecie podem ser utilizadas com finalidade

terapecircutica

Atraveacutes de consulta agraves diversas farmacopeias e tratados sobre plantas

medicinais encontramos descriccedilotildees sobre a parte a ser usada de cada espeacutecie

medicinal Pode-se em alguns casos observar que diferentes partes de uma

mesma planta apresentam propriedades inteiramente diferentes como por

exemplo a Punica granam (romatildezeira) cujas cascas do caule satildeo teniacutefugas e

as cascas dos frutos tecircm propriedades anti-inflamatoacuteria e antibioacutetica Em outros

casos toda a planta pode ser utilizada com a mesma finalidade como a

Phylanthus niruri (quebra-pedra) Torna-se imperioso portanto que antes de

qualquer outra etapa da preparaccedilatildeo de uma forma farmacecircutica fitoteraacutepica se

conheccedila qual ou quais partes da espeacutecie escolhida pode ser utilizada

A coleta deve respeitar para cada espeacutecie o melhor periacuteodo correspondente

agravequele onde a espeacutecie apresenta maior teor em substacircncias ativas Tendo isto

em mente relacionamos a seguir orientaccedilotildees geneacutericas quanto ao periacuteodo de

coleta

Formas farmacecircuticas de fitoteraacutepicosPoacute

Eacute a forma farmacecircutica obtida apoacutes a secagem trituraccedilatildeo e tamisaccedilatildeo da

droga Segundo a sua finalidade devem apresentar a tenuidade adequada

conforme a tabela a seguir Pode ser dispensado para uso na preparaccedilatildeo de

chaacutes ou adicionado agrave alimentaccedilatildeo (leite sucos mel etc) O envase deve cuidar

para que natildeo haja absorccedilatildeo de umidade

Formas soacutelidas

Caacutepsulas

Eacute a forma farmacecircutica obtida pela deposiccedilatildeo ordenada da droga seca

triturada e tamisada em caacutepsulas gelatinosas duras ou pelo encapsulamento

de liacutequidos ou semissoacutelidos de natureza lipofiacutelica em caacutepsulas gelatinosas

moles O invoacutelucro rosa utilizado eacute geralmente de natureza proteica e satildeo

portanto incompatiacuteveis com drogas tacircnicas por exemplo Cuidado especial

deve ser tomado com a umidade temperatura e pressatildeo exercida sobre as

caacutepsulas durante o armazenamento e transporte Estes fatores podem levar a

desidrataccedilatildeo ou hidrataccedilatildeo das caacutepsulas que as tornam quebradiccedilas ou

deformadas e coladas Durante a preparaccedilatildeo das caacutepsulas deve-se cuidar para

que o peso das caacutepsulas obtidas seja o mais uniforme possiacutevel podendo-se

garantir isso pela pesagem da quantidade de poacute necessaacuteria para o enchimento

de um nuacutemero determinado de caacutepsulas

O enchimento das caacutepsulas ocorre na oficina farmacecircutica em tabuleiros

especiais constituiacutedos em acriacutelico PVC ou outro poliacutemero apresentando-se no

modelo mais simples apenas como uma base fixa que se encaixa a uma outra

moacutevel e perfurada que recebe o corpo das caacutepsulas sem as tampas A seguir

se distribui de forma homogecircnea a quantidade estipulada de poacute em todas as

caacutepsulas valendo-se de uma espaacutetula plaacutestica e de um dispositivo especial

para prensar o conteuacutedo no interior das caacutepsulas Finalizado o enchimento as

partes super oires (tampas) das caacutepsulas satildeo recolocadas fechando-as e

determina-se o peso meacutedio das mesmas embalando-as imediatamente

A capacidade das caacutepsulas eacute proporcional agrave densidade do poacute e ao tamanho

das caacutepsulas que eacute padronizado em 08 (oito) diferentes tipos listados a seguir

com as respectivas dimensotildees e capacidades em mililitros

Controle de Qualidade

Todas as etapas utilizadas durante o processamento da droga devem ser

monitoradas atraveacutes de ensaios que possam atestar a qualidade da mateacuteria-

prima dos produtos intermediaacuterios e do produto final acabado O objetivo final

tanto do processamento adequado quanto agrave avaliaccedilatildeo da qualidade eacute a

garantia de que o que estaacute sendo produzido na forma como ocorre o processo

produtivo estaacute conduzindo agrave obtenccedilatildeo de um produto com as caracteriacutesticas

necessaacuterias agrave utilizaccedilatildeo para o tratamento de doenccedilas

Droga

A avaliaccedilatildeo da qualidade da droga utilizada na obtenccedilatildeo de fitoteraacutepicos no

Programa Farmaacutecias-Vivas onde o cultivo das espeacutecies vegetais eacute efetuado

pelo laboratoacuterio fabricante do produto deve ser realizada sob os seguintes

aspectos

- Considerando que a droga a ser utilizada corresponde agrave espeacutecie vegetal

esperada conhece-se suas caracteriacutesticas macromorfoloacutegicas aleacutem das suas

caracteriacutesticas sensoriais constituindo a primeira avaliaccedilatildeo que eacute a identidade

da droga

- Determinaccedilatildeo da umidade da droga fresca que deve ser diferenciada de

perda por dessecaccedilatildeo pois outras substacircncias volaacuteteis aleacutem da aacutegua satildeo

evaporadas Pode ser determinada atraveacutes do ensaio volumeacutetrico de Karl

Fischer ou pelo ensaio gravimeacutetrico submetendo a droga a dessecaccedilatildeo em

temperatura ambiente em dessecador com siacutelica ou aacutecido sulfuacuterico

- Mesmo a droga morfologicamente normal pode natildeo apresentar seus

constituintes ativos na quantidade desejada sendo necessaacuterio que sejam

realizados ensaios de identificaccedilatildeo e quantificaccedilatildeo de ativos ou de marcadores

atraveacutes das mais diversas teacutecnicas gravimeacutetrica volumeacutetrica

espectrofotomeacutetrica cromatograacutefica etc

- Avaliaccedilatildeo da contaminaccedilatildeo microbiana da droga principalmente se a mesma

tiver de ser utilizada sem qualquer processamento posterior As drogas que

seratildeo transformadas em uma forma extrativa em soluccedilatildeo hidro-alcooacutelica pode

ter sua carga microbiana reduzida pelo efeito antisseacuteptico do solvente

Preparado Intermediaacuterio

As formas extrativas satildeo obtidas em condiccedilotildees que nem sempre conseguem

retirar a totalidade das substacircncias ativas soluacuteveis no solvente escolhido devido

a diversos fator ES como o tempo e temperatura de maceraccedilatildeo pH do

solvente distribuiccedilatildeo granulomeacutetrica da droga sua umidade residual teor de

substacircncias ativas e velocidade de percolaccedilatildeo Justifica-se entatildeo a

necessidade da realizaccedilatildeo de ensaios de avaliaccedilatildeo da qualidade das formas

extrativas incluindo avaliaccedilotildees fiacutesico-quiacutemicas como aparecircncia cor odor

solubilidade densidade pH e viscosidade avaliaccedilotildees quiacutemicas como o perfil

cromatograacutefico e dosagem das substacircncias ativas ou marcador e avaliaccedilatildeo

microbioloacutegica da quantidade de microrganismos viaacuteveis

Fitoteraacutepico

Independente da forma farmacecircutica final eacute necessaacuterio que sejam realizadas

avaliaccedilotildees na qualidade do produto final da mesma forma que eacute exigido para

os demais tipos de medicamentos Listamos a seguir os ensaios realizados

para cada forma farmacecircutica lembrando que devem ser acrescentados os

ensaios quiacutemicos e microbioloacutegicos

Prazo de Validade

Considerando a jaacute difiacutecil realizaccedilatildeo da avaliaccedilatildeo da qualidade das drogas

utilizadas na obtenccedilatildeo de fitoteraacutepicos pode-se compreender que o

acompanhamento do processo cineacutetico de degradaccedilatildeo dos constituintes do

medicamento natildeo eacute uma estar efe faacutecil No entanto esta avaliaccedilatildeo pode se dar

em diversos niacuteveis

- Avaliaccedilatildeo da estabilidade fiacutesica

Para cada tipo de forma farmacecircutica satildeo descritas as caracteriacutesticas tiacutepicas

como cor odor limpidez densidade viscosidade pH etc que observadas

para um mesmo lote ao longo do tempo de armazenamento forneceratildeo

informaccedilotildees sobre a integridade fiacutesica da formulaccedilatildeo

- Avaliaccedilatildeo da estabilidade quiacutemica

A utilizaccedilatildeo de recursos laboratoriais desde os mais simples ateacute os mais

sofisticados permitem o acompanhamento qualitativo eou quantitativo dos

princiacutepios ativos contidos no produto fitoteraacutepico Por exemplo atraveacutes do

ensaio limite de taninos por diluiccedilotildees sucessivas e adiccedilatildeo de cloreto feacuterrico

pode-se ter uma medida semi-quantitativa do teor destas substacircncias nas

preparaccedilotildees que o contenham Evoluindo a utilizaccedilatildeo de teacutecnica

cromatograacutefica em camada delgada sobre papel ou siacutelica permite a

determinaccedilatildeo do perfil cromatograacutefico para o produto de modo que possa ser

comparado com o obtido em lotes posteriores ou com o mesmo lote ao longo do

tempo de armazenamento

- Avaliaccedilatildeo da estabilidade microbioloacutegica

A verificaccedilatildeo do niacutevel de contaminaccedilatildeo microbiana numa preparaccedilatildeo

medicamentosa fornece informaccedilotildees sobre o niacutevel de higienizaccedilatildeo empregado

durante o processamento da droga ateacute a obtenccedilatildeo do medicamento A

observaccedilatildeo deste mesmo paracircmetro ao longo do tempo fornece informaccedilotildees

sobre a composiccedilatildeo conservante utilizada no produto e a forma de

armazenamento

Teacutecnicas Gerais

Os ensaios laboratoriais de avaliaccedilatildeo da qualidade da droga compreendem

basicamente

- Observaccedilatildeo macroscoacutepica e microscoacutepica da droga fresca e seca inteira e

triturada comparando com o descrito em farmacopeias ou com modelos

botanicamente certificados

- Determinaccedilatildeo de umidade na droga fresca e naquela seca e triturada

evidenciando a quantidade de aacutegua contida na droga receacutem-coletada na droga

s eca e a efetividade do processo de secagem utilizada

- Identificaccedilatildeo e dosagem de substacircncias ativas ou marcadores realizada na

droga seca e triturada onde atraveacutes do acompanhamento da evoluccedilatildeo ao

longo do tempo e o cruzamento dos dados entre os locais e condiccedilotildees de

cultivo seraacute possiacutevel a determinaccedilatildeo das condiccedilotildees ideais para a manutenccedilatildeo

da qualidade das espeacutecies vegetais

- Determinaccedilatildeo da quantidade de mateacuteria orgacircnica estranha na droga seca

triturada grosseiramente demonstrando se a coleta monda secagem e

trituraccedilatildeo foram realizadas a contento sem o risco de contaminaccedilatildeo com outras

espeacutecies

- Determinaccedilatildeo de resiacuteduos de pesticidas para monitorar a forma de realizaccedilatildeo

do controle de pestes atraveacutes da identificaccedilatildeo e dosagem de pesticidas

- Determinaccedilatildeo da presenccedila de arsecircnio e metais pesados como componentes

que satildeo responsaacuteveis por intoxicaccedilotildees e por incompatibilidades nas

preparaccedilotildees liacutequidas de fitoteraacutepicos

- Determinaccedilatildeo da quantidade de microrganismos viaacuteveis atraveacutes da contagem

em placa a de diluiccedilotildees obtidas a partir do liacutequido de lavagem das drogas

evidenciando o grau de contaminaccedilatildeo e a possiacutevel e indesejaacutevel presenccedila de

microrganismos potencialmente patogecircnicos

Garantia de Qualidade

Na produccedilatildeo de fitoteraacutepicos do mesmo modo como ocorre com qualquer outro

medicamento natildeo pode negligenciar qualquer procedimento que possa conduzir

a diminuiccedilatildeo da qualidade do produto final A qualidade se reflete na

reprodutibilidade da qualidade do produto avaliada em laboratoacuterio e no

acompanhamento da sua eficaacutecia terapecircutica e seguranccedila Isto soacute pode ser

conseguido quando para cada forma farmacecircutica de fitoteraacutepico forem

registradas as operaccedilotildees farmacecircuticas que devem ser seguidas agrave risca suas

medidas de controle e definiccedilatildeo das responsabilidades para cada uma das

etapas do processamento

Apenas como ilustraccedilatildeo tomemos como exemplo a produccedilatildeo da tintura de

Alecrim-pimenta (Lippia sidoides Cham) O iniacutecio da preocupaccedilatildeo com a

qualidade se daacute com a seguranccedila de que a espeacutecie cultivada seja realmente

aquela que se deve coletar e em seguida em coletar a parte que realmente

deve ser utilizada e de plantas com aspecto saudaacutevel de desenvolvimento para

a qual as condiccedilotildees de cultivo tenham se apresentado como satisfatoacuterias A

monda que se segue agrave coleta retirando as partes improacuteprias agrave preparaccedilatildeo do

fitoteraacutepico daacute continuidade ao passo anterior na busca de alcanccedilar a qualidade

desejada O processo de dessecaccedilatildeo ocorrendo agrave sombra e agrave temperatura

ambiente preservando os constituintes quiacutemicos ativos e diminuindo a

influecircncia da umidade da planta sobre a sua qualidade e a da soluccedilatildeo extrativa

a ser obtida faz com que a droga obtida possa ser utilizada como mateacuteria-prima

para a obtenccedilatildeo de medicamento O cuidadoso processo de trituraccedilatildeo sem

elevar a temperatura durante o processo e reduzindo a perda de poacute para o

ambiente tambeacutem representa um processo que deve ser realizado com a

devida atenccedilatildeo Depois disso a droga seca e triturada deve ser armazenada

em condiccedilotildees que preservem sua qualidade pelo tempo necessaacuterio ateacute sua

utilizaccedilatildeo com as devidas inscriccedilotildees que atestem sua fonte data de coleta e de

processamento e respectivos responsaacuteveis

A preparaccedilatildeo da soluccedilatildeo hidro-alcooacutelica que seraacute utilizada no processo extrativo

tambeacutem deve ser realizada com bastante cuidado pois a mateacuteria-prima deve

apresentar a qualidade compatiacutevel com sua utilizaccedilatildeo para a produccedilatildeo de

medicamentos aacutegua purificada e aacutelcool farmacecircutico Deve-se observar a

legislaccedilatildeo atual sobre aacutelcool que exige a desnaturaccedilatildeo do aacutelcool

comercializado em farmaacutecias e supermercados e assim natildeo deve servir como

excipiente farmacecircutico Enfim todos os processos interferem com a qualidade

do produto final a ser obtido e devem ser realizados corretamente e as

operaccedilotildees registradas em documento proacuteprio buscando a rastreabilidade de

cada lote de cada produto

Outra etapa da garantia da qualidade essencial para sua implantaccedilatildeo eacute a

validaccedilatildeo de equipamentos e de processos que busca uma evidecircncia

documentada de que os mesmos cumprem satisfatoriamente sua finalidade

quando utilizados ou realizados corretamente

Estas evidecircncias devem ser conseguidas antes mesmo de se iniciar a utilizaccedilatildeo

das instalaccedilotildees para produccedilatildeo de medicamentos Naqueles jaacute em

funcionamento a validaccedilatildeo pode ser realizada atraveacutes da documentaccedilatildeo da

produccedilatildeo passada ou seja uma validaccedilatildeo retrospectiva

Para a produccedilatildeo de medicamentos em pequena escala que natildeo venha a

caracterizar uma produccedilatildeo industrial deve-se buscar a adequaccedilatildeo das

condiccedilotildees de produccedilatildeo armazenamento e dispensaccedilatildeo do produto atraveacutes da

Resoluccedilatildeo RDC ndeg 33 de abril de 2000 que descreve os criteacuterios de Boas

Praacuteticas de Manipulaccedilatildeo

Para a produccedilatildeo industrial de medicamentos a legislaccedilatildeo que trata das Boas

Praacuteticas de Fabricaccedilatildeo e Garantia de Qualidade eacute a Resoluccedilatildeo RDC ndeg 210 de

04 de agosto de 2003 As especificaccedilotildees legais da legislaccedilatildeo sanitaacuteria

brasileira e de outros paiacuteses para materiais vegetais devem incluir tanto quanto

possiacutevel o seguinte

- Nome botacircnico c om referecircncia aos autores

- Detalhes da fonte da planta (paiacutes ou regiatildeo de origem cultivo eacutepoca da

colheita procedimentos de colheita possiacuteveis pesticidas utilizados etc)

- Descriccedilatildeo do material vegetal inspeccedilatildeo visual macro eou microscoacutepica

- Testes de identificaccedilatildeo apropriados incluindo quando convenientes testes de

identificaccedilatildeo para ingredientes ativos conhecidos ou marcadores

- Ensaios quando convenientes dos constituintes de atividade terapecircutica ou

marcadores

- Meacutetodos apropriados para determinaccedilatildeo de possiacuteveis contaminaccedilotildees por

pesticidas e os limites aceitos

- Testes para metais pesados e contaminantes semelhantes materiais

estranhos e adulterantes

- Testes para radiaccedilatildeo aflatoxinas e contaminaccedilatildeo microbiana

Qualquer tratamento usado para reduzir contaminaccedilotildees focircnicas e microbianas

ou outras infestaccedilotildees devem ser documentadas Instrumentos para tais

procedimentos devem ser acessiacuteveis e devem incluir detalhes dos processos

testes e limites residuais

Para a realidade do programa Farmaacutecias-Vivas onde natildeo satildeo utilizados

pesticidas as plantas satildeo cultivadas no local proacuteximo de onde ocorre a

produccedilatildeo do medicamento ou satildeo de origem na mesma regiatildeo e satildeo

processadas logo apoacutes a coleta satildeo feitas exigecircncias menores que as

estabelecidas para maiores escalas de produccedilatildeo Nem assim devemos deixar

de registrar todas as operaccedilotildees realizadas com a droga desde o seu cultivo ateacute

a dispensaccedilatildeo do produto fitoteraacutepico

Dispensaccedilatildeo

Estivemos sempre discorrendo sobre qualidade do produto a ser obtido desde

o cultivo da espeacutecie correta da coleta da parte usada e o seu processamento

mantendo intactos os princiacutepios ativos Conhecemos os motivos que levam a

toda esta preocupaccedilatildeo com a qualidade a responsabilidade do profissional que

o produz e a eficaacutecia e a seguranccedila necessaacuterias para o paciente que o utiliza

Portanto resta-nos dispensar o fitoteraacutepico para que este apresente estas

caracteriacutesticas trans formando o paciente num parceiro consciente do seu

papel no uso cor reto deste recurso terapecircutico

O resgate das praacuteticas populares agora respaldadas pelos estudos cientiacuteficos

seacuterios que atestam a eficaacutecia e seguranccedila das espeacutecies utilizadas no programa

Farmaacutecias-Vivas pode ser abordado no momento da dispensaccedilatildeo do

medicamento ou atraveacutes de apresentaccedilotildees coletivas organizadas e realizadas

pelo Farmacecircutico Alguns cuidados merecem ser observados para natildeo se

incorrer em riscos desnecessaacuterios

- Natildeo referendar o uso de plantas cujo estudo cientiacutefico natildeo tenha apresentado

dados sobre sua eficaacutecia e seguranccedila

- Natildeo recomendar o uso de qualquer planta medicinal para o tratamento de

doenccedilas sem a devida recomendaccedilatildeo meacutedica especializada ou natildeo

- Natildeo recomendar a utilizaccedilatildeo de planta que nos seja desconhecida tanto no

aspecto teoacuterico quanto praacutetico

- Natildeo sugerir a utilizaccedilatildeo de quaisquer praacuteticas com ou sem uso de plantas

medicinais que possa representar um risco potencial ou real de dano fetal

Para nos resguardarmos de quaisquer erros precisamos nos manter atualizados

quanto aos benefiacutecios e riscos da utilizaccedilatildeo das espeacutecies medicinais com as

quais trabalhamos dada agrave impossibilidade de conhecer todas as demais Os

dados obtidos durante a dispensaccedilatildeo e acompanhamento dos pacientes aleacutem

daqueles obtidos durante os ensaios controlados de toxicologia e farmacologia

cliacutenica forneceratildeo a necessaacuteria seguranccedila para realizarmos a dispensaccedilatildeo e

cada vez mais desfazermos o mito do natural ser inoacutecuo

Como exemplo da relaccedilatildeo risco x benefiacutecio de uma preparaccedilatildeo fitoteraacutepica

apresentamos as seguintes informaccedilotildees sobre o Elixir de Aroeira que em

muitos aspectos natildeo houve a quantificaccedilatildeo da intensidade dos efeitos beneacuteficos

nem adversos nem de interaccedilotildees

Forma Medicamento Fitoteraacutepico- Caacutepsula ESPINHEIRA SANTA Maytenus ilicifolia Celastraceae

Medicamento fitoteraacutepico

Parte utilizada Folhas

Nomenclatura popularEspinheira santa cancerosa cancorosa-de-sete-espinhos cancrosa

espinheira-divina espinho-de-Deus maiteno erva-cancrosa erva-santa

ApresentaccedilotildeesCaacutepsula dura - Extrato seco das folhas de Maytenus ilicifolia 380 mg -

Embalagem com 3 bliacutesters contendo 15 caacutepsulas cada

Via oral

Uso adulto

Composiccedilatildeo

Cada caacutepsula conteacutem

Extrato seco de Maytenus ilicifolia380 mg

Excipiente qsp 1 caacutepsula (amido)

equivalente a 133 mg de taninos totais

Informaccedilotildees ao pacientePara que este medicamento eacute indicado

Espinheira Santa eacute indicada para o tratamento da maacute digestatildeo e como

coadjuvante no tratamento de uacutelcera do estocircmago e duodeno

Como este medicamento funciona

Espinheira Santa atua como regulador das funccedilotildees estomacais e promove a

proteccedilatildeo da mucosa gaacutestrica

Quando natildeo devo usar este medicamentobull O medicamento deve ser evitado por menores de 12 anos de idade devido agrave

falta de estudos disponiacuteveis

bull Lactaccedilatildeo e gravidez visto que pode diminuir a secreccedilatildeo de leite e pode

provocar contraccedilotildees uterinas

bull Hipersensibilidade (alergia) a qualquer um dos componentes da foacutermula ou a

outras plantas da famiacutelia Celastraceae

O que devo saber antes de usar este medicamentoPrecauccedilotildees e advertecircncias

bull De acordo com a categoria de risco de faacutermacos destinados agraves mulheres

graacutevidas este medicamento apresenta categoria de risco C Este medicamento

natildeo deve ser utilizado por mulheres graacutevidas sem orientaccedilatildeo meacutedica ou do

cirurgiatildeo dentista

Interaccedilotildees medicamentosas

bull A administraccedilatildeo concomitante de M ilicifolia com bebidas alcooacutelicas e outros

medicamentos natildeo eacute recomendada pois natildeo existem estudos disponiacuteveis

sobre as interaccedilotildees medicamentosas deste fitoteraacutepico

Informe seu meacutedico ou cirurgiatildeo-dentista se vocecirc estaacute fazendo uso de algum

outro medicamento

Onde como e por quanto tempo posso guardar este medicamentoCuidados de conservaccedilatildeo

Espinheira Santa deve ser conservada em temperatura ambiente (entre 15 e

30ordmC) em sua embalagem original Proteger da luz e da umidade

Prazo de validade24 meses apoacutes a data de fabricaccedilatildeo impressa no cartucho

Nuacutemero de lote e datas de fabricaccedilatildeo e validade vide embalagem

Natildeo use medicamento com o prazo de validade vencido

Guarde-o em sua embalagem original

Caracteriacutesticas fiacutesicasCaacutepsulas gelatinosas duras de cor creme

Caracteriacutesticas organoleacutepticas

Cheiro (odor) caracteriacutestico e praticamente natildeo apresenta sabor

Antes de usar observe o aspecto do medicamento Caso ele esteja no prazo

de validade e vocecirc observe alguma mudanccedila no aspecto consulte o

farmacecircutico para saber se poderaacute utilizaacute-lo

Todo medicamento deve ser mantido fora do alcance das crianccedilas

Como devo usar este medicamentoModo de usar

As caacutepsulas devem ser ingeridas inteiras e com uma quantidade suficiente de

aacutegua para que possam ser deglutidas

Posologia

Ingerir duas caacutepsulas via oral trecircs vezes ao dia de oito em oito horas

Siga corretamente o modo de usar Em caso de duacutevidas sobre este

medicamento procure orientaccedilatildeo do farmacecircutico Natildeo desaparecendo os

sintomas procure orientaccedilatildeo de seu meacutedico ou cirurgiatildeo-dentista

Este medicamento natildeo deve ser partido aberto ou mastigado

O que devo fazer quando eu me esquecer de usar este medicamentoCaso haja esquecimento da ingestatildeo de uma dose deste medicamento

retomar a posologia prescrita sem a necessidade de suplementaccedilatildeo

Em caso de duacutevidas procure orientaccedilatildeo do farmacecircutico ou de seu meacutedico ou

do cirurgiatildeo-dentista

Que males este medicamento pode causarReaccedilotildees adversas

Ateacute o momento natildeo foram relatadas reaccedilotildees adversas graves ou que coloquem

em risco a sauacutede dos pacientes

Raramente podem ocorrer casos de hipersensibilidade Neste caso suspender

o uso e procurar orientaccedilatildeo meacutedica

Informe seu meacutedico cirurgiatildeo-dentista ou farmacecircutico do aparecimento de

reaccedilotildees indesejaacuteveis pelo uso do medicamento

Induacutestria Brasileira

Esta bula foi atualizada conforme Bula Padratildeo aprovada pela Anvisa em

12012011

Farmacecircutica resp Dra (Nome )

CRF-PR nordm XXXX Coacuted XXXXX - 012011

Informe tambeacutem agrave empresa atraveacutes do seu Serviccedilo de

Atendimento ao Consumidor

O que fazer se algueacutem usar uma quantidade maior do que a indicada deste medicamentoPlantas ricas em taninos como a M ilicifolia quando usadas em doses

excessivas podem causar irritaccedilatildeo da mucosa gaacutestrica e intestinal gerando

vocircmitos coacutelicas intestinais e diarreia

Em caso de super dosagem suspender o uso e procurar orientaccedilatildeo meacutedica de

imediato Em caso de uso de grande quantidade deste medicamento procure

rapidamente socorro meacutedico e leve a embalagem ou bula do medicamento se

possiacutevel Siga corretamente o modo de usar natildeo desaparecendo os sintomas

procure orientaccedilatildeo meacutedica

Conclusatildeo

A espinheira-santa (M ilicifolia) eacute um fitoteraacutepico de relevante accedilatildeo terapecircutica

principalmente antiulcerogecircnica dada sua eficaacutecia farmacoloacutegica e seguranccedila

Vale lembrar que por ausecircncia de estudos ela natildeo eacute recomenda para crianccedilas

e natildeo deve ser usada por gestantes pois estudos em camundongos (fecircmeas e

graacutevidas) indicaram um decreacutescimo significativo do nuacutemero de embriotildees aleacutem

de possuir atividade estrogecircnica que pode interferir na receptividade uterina do

embriatildeo Entre suas atividades farmacoloacutegicas destaca-se a atividade

antiulcerogecircnica que pode ser comparada agrave accedilatildeo da ranitidina e da cimetidina

Por ser morfologicamente parecida com as espeacutecies S bonplandii e Z ilicifolia

ela eacute comumente confundida e ateacute mesmo trocada intencionalmente

A utilizaccedilatildeo de maneira errocircnea das espeacutecies botacircnicas que natildeo satildeo a

verdadeira espinheira-santa (M ilicifolia) pode acarretar danos agrave sauacutede dos

pacientes Assim conclui-se que essas espeacutecies conhecidas como

adulterantes podem trazer malefiacutecios pois ainda faltam estudos que

comprovem suas atividades farmacoloacutegicas e principalmente a seguranccedila

terapecircutica Poreacutem natildeo se deve descartar o uso dessas espeacutecies e sim

realizar estudos mais concretos para que essas plantas assim como a

verdadeira espinheira-santa possam auxiliar no tratamento farmacoloacutegico da

populaccedilatildeo

Referecircncias Bibliograacuteficas

Ralph Santos-Oliveira Simone Coulaud-Cunha Waldeciro Colaccedilo

Revisatildeo da Maytenus ilicifolia Mart ex Reissek Celastraceae

Contribuiccedilatildeo ao estudo das propriedades farmacoloacutegicas Rev Bras

Farmacogn Braz J Pharmacogn 19(2B) AbrJun 2009

Wilker Marlon de Moraes Jesus Tarciacutesio Neves da Cunha Estudo das

propriedades farmacoloacutegicas da espinheira-santa (Maytenus ilicifolia

Mart ex Reissek) e de duas espeacutecies adulterantes Revista Sauacutede e

Desenvolvimento vol ndash nordm 1 Jan ndash Jun 2012

MARIOT MP1 BARBIERI RL2 Engenheiro Agrocircnomo Dr prof do

Conjunto Agroteacutecnico ldquoVisconde da GraccedilardquoUniversidade Federal de

Pelotas (mariotufpeltchebr) ndash Av Ildefonso Simotildees Lopes 2791

Pelotas-RS CEP 96060-290 2Bioacuteloga Dr pesquisadora da Embrapa

Clima Temperado (barbiericpactembrapabr) ndash BR 392 km 78 caixa

postal 403 Pelotas-RS CEP 96001-970 (endereccedilo para

correspondecircncia) Metaboacutelitos secundaacuterios e propriedades medicinais da

espinheira-santa (Maytenus ilicifolia Mart ex Reiss e M aquifolium

Mart)

CARLINI EA Braz S Efeito protetor do liofilizado obtido do abafado de

Maytenus Sp (espinheira-santa) contra uacutelcera gaacutestrica experimental em

ratos In Estudo da accedilatildeo antiuacutelcera gaacutestrica de plantas brasileiras

(Maytenus ilicifolia) Espinheira santa e outras Brasiacutelia CEMEAFIP

1988 p21-35MACAUBAS CIP et al Estudo da eventual accedilatildeo

antiuacutelcera gaacutestrica do baacutelsamo (Sedum sp) folha da fortuna

(Bryophyllum calcium) couve (Brassica oleraceae) e da Espinheira

santa (Maytenus ilicifolia) em ratos In Estudo da accedilatildeo antiuacutelcera

gaacutestrica de plantas brasileiras (Maytenus ilicifolia) Espinheira santa e

outras Brasiacutelia CEMEAFIP 1988 p 5-20

Olivia Werner Oliveira Pedro Ros Petrovick Secagem por aspersatildeo

(spray drying) de extratos vegetais bases e aplicaccedilotildees Revista

Brasileira de Farmacognosia Brazilian Journal of Pharmacognosy 20(4)

641-650 AgoSet 2010

Marianne Christina Scheffer Capitulo 17 Produccedilatildeo de espinheira-santa

(Maytenus ilicifolia Mart ex Reiss) na regiatildeo metropolitana de Curitiba

Paranaacute Brasil

Said gonccedilalves da cruz fonsacircca Farmacoteacutecnica de Fitoteraacutepicos2005

medicinais encontramos descriccedilotildees sobre a parte a ser usada de cada espeacutecie

medicinal Pode-se em alguns casos observar que diferentes partes de uma

mesma planta apresentam propriedades inteiramente diferentes como por

exemplo a Punica granam (romatildezeira) cujas cascas do caule satildeo teniacutefugas e

as cascas dos frutos tecircm propriedades anti-inflamatoacuteria e antibioacutetica Em outros

casos toda a planta pode ser utilizada com a mesma finalidade como a

Phylanthus niruri (quebra-pedra) Torna-se imperioso portanto que antes de

qualquer outra etapa da preparaccedilatildeo de uma forma farmacecircutica fitoteraacutepica se

conheccedila qual ou quais partes da espeacutecie escolhida pode ser utilizada

A coleta deve respeitar para cada espeacutecie o melhor periacuteodo correspondente

agravequele onde a espeacutecie apresenta maior teor em substacircncias ativas Tendo isto

em mente relacionamos a seguir orientaccedilotildees geneacutericas quanto ao periacuteodo de

coleta

Formas farmacecircuticas de fitoteraacutepicosPoacute

Eacute a forma farmacecircutica obtida apoacutes a secagem trituraccedilatildeo e tamisaccedilatildeo da

droga Segundo a sua finalidade devem apresentar a tenuidade adequada

conforme a tabela a seguir Pode ser dispensado para uso na preparaccedilatildeo de

chaacutes ou adicionado agrave alimentaccedilatildeo (leite sucos mel etc) O envase deve cuidar

para que natildeo haja absorccedilatildeo de umidade

Formas soacutelidas

Caacutepsulas

Eacute a forma farmacecircutica obtida pela deposiccedilatildeo ordenada da droga seca

triturada e tamisada em caacutepsulas gelatinosas duras ou pelo encapsulamento

de liacutequidos ou semissoacutelidos de natureza lipofiacutelica em caacutepsulas gelatinosas

moles O invoacutelucro rosa utilizado eacute geralmente de natureza proteica e satildeo

portanto incompatiacuteveis com drogas tacircnicas por exemplo Cuidado especial

deve ser tomado com a umidade temperatura e pressatildeo exercida sobre as

caacutepsulas durante o armazenamento e transporte Estes fatores podem levar a

desidrataccedilatildeo ou hidrataccedilatildeo das caacutepsulas que as tornam quebradiccedilas ou

deformadas e coladas Durante a preparaccedilatildeo das caacutepsulas deve-se cuidar para

que o peso das caacutepsulas obtidas seja o mais uniforme possiacutevel podendo-se

garantir isso pela pesagem da quantidade de poacute necessaacuteria para o enchimento

de um nuacutemero determinado de caacutepsulas

O enchimento das caacutepsulas ocorre na oficina farmacecircutica em tabuleiros

especiais constituiacutedos em acriacutelico PVC ou outro poliacutemero apresentando-se no

modelo mais simples apenas como uma base fixa que se encaixa a uma outra

moacutevel e perfurada que recebe o corpo das caacutepsulas sem as tampas A seguir

se distribui de forma homogecircnea a quantidade estipulada de poacute em todas as

caacutepsulas valendo-se de uma espaacutetula plaacutestica e de um dispositivo especial

para prensar o conteuacutedo no interior das caacutepsulas Finalizado o enchimento as

partes super oires (tampas) das caacutepsulas satildeo recolocadas fechando-as e

determina-se o peso meacutedio das mesmas embalando-as imediatamente

A capacidade das caacutepsulas eacute proporcional agrave densidade do poacute e ao tamanho

das caacutepsulas que eacute padronizado em 08 (oito) diferentes tipos listados a seguir

com as respectivas dimensotildees e capacidades em mililitros

Controle de Qualidade

Todas as etapas utilizadas durante o processamento da droga devem ser

monitoradas atraveacutes de ensaios que possam atestar a qualidade da mateacuteria-

prima dos produtos intermediaacuterios e do produto final acabado O objetivo final

tanto do processamento adequado quanto agrave avaliaccedilatildeo da qualidade eacute a

garantia de que o que estaacute sendo produzido na forma como ocorre o processo

produtivo estaacute conduzindo agrave obtenccedilatildeo de um produto com as caracteriacutesticas

necessaacuterias agrave utilizaccedilatildeo para o tratamento de doenccedilas

Droga

A avaliaccedilatildeo da qualidade da droga utilizada na obtenccedilatildeo de fitoteraacutepicos no

Programa Farmaacutecias-Vivas onde o cultivo das espeacutecies vegetais eacute efetuado

pelo laboratoacuterio fabricante do produto deve ser realizada sob os seguintes

aspectos

- Considerando que a droga a ser utilizada corresponde agrave espeacutecie vegetal

esperada conhece-se suas caracteriacutesticas macromorfoloacutegicas aleacutem das suas

caracteriacutesticas sensoriais constituindo a primeira avaliaccedilatildeo que eacute a identidade

da droga

- Determinaccedilatildeo da umidade da droga fresca que deve ser diferenciada de

perda por dessecaccedilatildeo pois outras substacircncias volaacuteteis aleacutem da aacutegua satildeo

evaporadas Pode ser determinada atraveacutes do ensaio volumeacutetrico de Karl

Fischer ou pelo ensaio gravimeacutetrico submetendo a droga a dessecaccedilatildeo em

temperatura ambiente em dessecador com siacutelica ou aacutecido sulfuacuterico

- Mesmo a droga morfologicamente normal pode natildeo apresentar seus

constituintes ativos na quantidade desejada sendo necessaacuterio que sejam

realizados ensaios de identificaccedilatildeo e quantificaccedilatildeo de ativos ou de marcadores

atraveacutes das mais diversas teacutecnicas gravimeacutetrica volumeacutetrica

espectrofotomeacutetrica cromatograacutefica etc

- Avaliaccedilatildeo da contaminaccedilatildeo microbiana da droga principalmente se a mesma

tiver de ser utilizada sem qualquer processamento posterior As drogas que

seratildeo transformadas em uma forma extrativa em soluccedilatildeo hidro-alcooacutelica pode

ter sua carga microbiana reduzida pelo efeito antisseacuteptico do solvente

Preparado Intermediaacuterio

As formas extrativas satildeo obtidas em condiccedilotildees que nem sempre conseguem

retirar a totalidade das substacircncias ativas soluacuteveis no solvente escolhido devido

a diversos fator ES como o tempo e temperatura de maceraccedilatildeo pH do

solvente distribuiccedilatildeo granulomeacutetrica da droga sua umidade residual teor de

substacircncias ativas e velocidade de percolaccedilatildeo Justifica-se entatildeo a

necessidade da realizaccedilatildeo de ensaios de avaliaccedilatildeo da qualidade das formas

extrativas incluindo avaliaccedilotildees fiacutesico-quiacutemicas como aparecircncia cor odor

solubilidade densidade pH e viscosidade avaliaccedilotildees quiacutemicas como o perfil

cromatograacutefico e dosagem das substacircncias ativas ou marcador e avaliaccedilatildeo

microbioloacutegica da quantidade de microrganismos viaacuteveis

Fitoteraacutepico

Independente da forma farmacecircutica final eacute necessaacuterio que sejam realizadas

avaliaccedilotildees na qualidade do produto final da mesma forma que eacute exigido para

os demais tipos de medicamentos Listamos a seguir os ensaios realizados

para cada forma farmacecircutica lembrando que devem ser acrescentados os

ensaios quiacutemicos e microbioloacutegicos

Prazo de Validade

Considerando a jaacute difiacutecil realizaccedilatildeo da avaliaccedilatildeo da qualidade das drogas

utilizadas na obtenccedilatildeo de fitoteraacutepicos pode-se compreender que o

acompanhamento do processo cineacutetico de degradaccedilatildeo dos constituintes do

medicamento natildeo eacute uma estar efe faacutecil No entanto esta avaliaccedilatildeo pode se dar

em diversos niacuteveis

- Avaliaccedilatildeo da estabilidade fiacutesica

Para cada tipo de forma farmacecircutica satildeo descritas as caracteriacutesticas tiacutepicas

como cor odor limpidez densidade viscosidade pH etc que observadas

para um mesmo lote ao longo do tempo de armazenamento forneceratildeo

informaccedilotildees sobre a integridade fiacutesica da formulaccedilatildeo

- Avaliaccedilatildeo da estabilidade quiacutemica

A utilizaccedilatildeo de recursos laboratoriais desde os mais simples ateacute os mais

sofisticados permitem o acompanhamento qualitativo eou quantitativo dos

princiacutepios ativos contidos no produto fitoteraacutepico Por exemplo atraveacutes do

ensaio limite de taninos por diluiccedilotildees sucessivas e adiccedilatildeo de cloreto feacuterrico

pode-se ter uma medida semi-quantitativa do teor destas substacircncias nas

preparaccedilotildees que o contenham Evoluindo a utilizaccedilatildeo de teacutecnica

cromatograacutefica em camada delgada sobre papel ou siacutelica permite a

determinaccedilatildeo do perfil cromatograacutefico para o produto de modo que possa ser

comparado com o obtido em lotes posteriores ou com o mesmo lote ao longo do

tempo de armazenamento

- Avaliaccedilatildeo da estabilidade microbioloacutegica

A verificaccedilatildeo do niacutevel de contaminaccedilatildeo microbiana numa preparaccedilatildeo

medicamentosa fornece informaccedilotildees sobre o niacutevel de higienizaccedilatildeo empregado

durante o processamento da droga ateacute a obtenccedilatildeo do medicamento A

observaccedilatildeo deste mesmo paracircmetro ao longo do tempo fornece informaccedilotildees

sobre a composiccedilatildeo conservante utilizada no produto e a forma de

armazenamento

Teacutecnicas Gerais

Os ensaios laboratoriais de avaliaccedilatildeo da qualidade da droga compreendem

basicamente

- Observaccedilatildeo macroscoacutepica e microscoacutepica da droga fresca e seca inteira e

triturada comparando com o descrito em farmacopeias ou com modelos

botanicamente certificados

- Determinaccedilatildeo de umidade na droga fresca e naquela seca e triturada

evidenciando a quantidade de aacutegua contida na droga receacutem-coletada na droga

s eca e a efetividade do processo de secagem utilizada

- Identificaccedilatildeo e dosagem de substacircncias ativas ou marcadores realizada na

droga seca e triturada onde atraveacutes do acompanhamento da evoluccedilatildeo ao

longo do tempo e o cruzamento dos dados entre os locais e condiccedilotildees de

cultivo seraacute possiacutevel a determinaccedilatildeo das condiccedilotildees ideais para a manutenccedilatildeo

da qualidade das espeacutecies vegetais

- Determinaccedilatildeo da quantidade de mateacuteria orgacircnica estranha na droga seca

triturada grosseiramente demonstrando se a coleta monda secagem e

trituraccedilatildeo foram realizadas a contento sem o risco de contaminaccedilatildeo com outras

espeacutecies

- Determinaccedilatildeo de resiacuteduos de pesticidas para monitorar a forma de realizaccedilatildeo

do controle de pestes atraveacutes da identificaccedilatildeo e dosagem de pesticidas

- Determinaccedilatildeo da presenccedila de arsecircnio e metais pesados como componentes

que satildeo responsaacuteveis por intoxicaccedilotildees e por incompatibilidades nas

preparaccedilotildees liacutequidas de fitoteraacutepicos

- Determinaccedilatildeo da quantidade de microrganismos viaacuteveis atraveacutes da contagem

em placa a de diluiccedilotildees obtidas a partir do liacutequido de lavagem das drogas

evidenciando o grau de contaminaccedilatildeo e a possiacutevel e indesejaacutevel presenccedila de

microrganismos potencialmente patogecircnicos

Garantia de Qualidade

Na produccedilatildeo de fitoteraacutepicos do mesmo modo como ocorre com qualquer outro

medicamento natildeo pode negligenciar qualquer procedimento que possa conduzir

a diminuiccedilatildeo da qualidade do produto final A qualidade se reflete na

reprodutibilidade da qualidade do produto avaliada em laboratoacuterio e no

acompanhamento da sua eficaacutecia terapecircutica e seguranccedila Isto soacute pode ser

conseguido quando para cada forma farmacecircutica de fitoteraacutepico forem

registradas as operaccedilotildees farmacecircuticas que devem ser seguidas agrave risca suas

medidas de controle e definiccedilatildeo das responsabilidades para cada uma das

etapas do processamento

Apenas como ilustraccedilatildeo tomemos como exemplo a produccedilatildeo da tintura de

Alecrim-pimenta (Lippia sidoides Cham) O iniacutecio da preocupaccedilatildeo com a

qualidade se daacute com a seguranccedila de que a espeacutecie cultivada seja realmente

aquela que se deve coletar e em seguida em coletar a parte que realmente

deve ser utilizada e de plantas com aspecto saudaacutevel de desenvolvimento para

a qual as condiccedilotildees de cultivo tenham se apresentado como satisfatoacuterias A

monda que se segue agrave coleta retirando as partes improacuteprias agrave preparaccedilatildeo do

fitoteraacutepico daacute continuidade ao passo anterior na busca de alcanccedilar a qualidade

desejada O processo de dessecaccedilatildeo ocorrendo agrave sombra e agrave temperatura

ambiente preservando os constituintes quiacutemicos ativos e diminuindo a

influecircncia da umidade da planta sobre a sua qualidade e a da soluccedilatildeo extrativa

a ser obtida faz com que a droga obtida possa ser utilizada como mateacuteria-prima

para a obtenccedilatildeo de medicamento O cuidadoso processo de trituraccedilatildeo sem

elevar a temperatura durante o processo e reduzindo a perda de poacute para o

ambiente tambeacutem representa um processo que deve ser realizado com a

devida atenccedilatildeo Depois disso a droga seca e triturada deve ser armazenada

em condiccedilotildees que preservem sua qualidade pelo tempo necessaacuterio ateacute sua

utilizaccedilatildeo com as devidas inscriccedilotildees que atestem sua fonte data de coleta e de

processamento e respectivos responsaacuteveis

A preparaccedilatildeo da soluccedilatildeo hidro-alcooacutelica que seraacute utilizada no processo extrativo

tambeacutem deve ser realizada com bastante cuidado pois a mateacuteria-prima deve

apresentar a qualidade compatiacutevel com sua utilizaccedilatildeo para a produccedilatildeo de

medicamentos aacutegua purificada e aacutelcool farmacecircutico Deve-se observar a

legislaccedilatildeo atual sobre aacutelcool que exige a desnaturaccedilatildeo do aacutelcool

comercializado em farmaacutecias e supermercados e assim natildeo deve servir como

excipiente farmacecircutico Enfim todos os processos interferem com a qualidade

do produto final a ser obtido e devem ser realizados corretamente e as

operaccedilotildees registradas em documento proacuteprio buscando a rastreabilidade de

cada lote de cada produto

Outra etapa da garantia da qualidade essencial para sua implantaccedilatildeo eacute a

validaccedilatildeo de equipamentos e de processos que busca uma evidecircncia

documentada de que os mesmos cumprem satisfatoriamente sua finalidade

quando utilizados ou realizados corretamente

Estas evidecircncias devem ser conseguidas antes mesmo de se iniciar a utilizaccedilatildeo

das instalaccedilotildees para produccedilatildeo de medicamentos Naqueles jaacute em

funcionamento a validaccedilatildeo pode ser realizada atraveacutes da documentaccedilatildeo da

produccedilatildeo passada ou seja uma validaccedilatildeo retrospectiva

Para a produccedilatildeo de medicamentos em pequena escala que natildeo venha a

caracterizar uma produccedilatildeo industrial deve-se buscar a adequaccedilatildeo das

condiccedilotildees de produccedilatildeo armazenamento e dispensaccedilatildeo do produto atraveacutes da

Resoluccedilatildeo RDC ndeg 33 de abril de 2000 que descreve os criteacuterios de Boas

Praacuteticas de Manipulaccedilatildeo

Para a produccedilatildeo industrial de medicamentos a legislaccedilatildeo que trata das Boas

Praacuteticas de Fabricaccedilatildeo e Garantia de Qualidade eacute a Resoluccedilatildeo RDC ndeg 210 de

04 de agosto de 2003 As especificaccedilotildees legais da legislaccedilatildeo sanitaacuteria

brasileira e de outros paiacuteses para materiais vegetais devem incluir tanto quanto

possiacutevel o seguinte

- Nome botacircnico c om referecircncia aos autores

- Detalhes da fonte da planta (paiacutes ou regiatildeo de origem cultivo eacutepoca da

colheita procedimentos de colheita possiacuteveis pesticidas utilizados etc)

- Descriccedilatildeo do material vegetal inspeccedilatildeo visual macro eou microscoacutepica

- Testes de identificaccedilatildeo apropriados incluindo quando convenientes testes de

identificaccedilatildeo para ingredientes ativos conhecidos ou marcadores

- Ensaios quando convenientes dos constituintes de atividade terapecircutica ou

marcadores

- Meacutetodos apropriados para determinaccedilatildeo de possiacuteveis contaminaccedilotildees por

pesticidas e os limites aceitos

- Testes para metais pesados e contaminantes semelhantes materiais

estranhos e adulterantes

- Testes para radiaccedilatildeo aflatoxinas e contaminaccedilatildeo microbiana

Qualquer tratamento usado para reduzir contaminaccedilotildees focircnicas e microbianas

ou outras infestaccedilotildees devem ser documentadas Instrumentos para tais

procedimentos devem ser acessiacuteveis e devem incluir detalhes dos processos

testes e limites residuais

Para a realidade do programa Farmaacutecias-Vivas onde natildeo satildeo utilizados

pesticidas as plantas satildeo cultivadas no local proacuteximo de onde ocorre a

produccedilatildeo do medicamento ou satildeo de origem na mesma regiatildeo e satildeo

processadas logo apoacutes a coleta satildeo feitas exigecircncias menores que as

estabelecidas para maiores escalas de produccedilatildeo Nem assim devemos deixar

de registrar todas as operaccedilotildees realizadas com a droga desde o seu cultivo ateacute

a dispensaccedilatildeo do produto fitoteraacutepico

Dispensaccedilatildeo

Estivemos sempre discorrendo sobre qualidade do produto a ser obtido desde

o cultivo da espeacutecie correta da coleta da parte usada e o seu processamento

mantendo intactos os princiacutepios ativos Conhecemos os motivos que levam a

toda esta preocupaccedilatildeo com a qualidade a responsabilidade do profissional que

o produz e a eficaacutecia e a seguranccedila necessaacuterias para o paciente que o utiliza

Portanto resta-nos dispensar o fitoteraacutepico para que este apresente estas

caracteriacutesticas trans formando o paciente num parceiro consciente do seu

papel no uso cor reto deste recurso terapecircutico

O resgate das praacuteticas populares agora respaldadas pelos estudos cientiacuteficos

seacuterios que atestam a eficaacutecia e seguranccedila das espeacutecies utilizadas no programa

Farmaacutecias-Vivas pode ser abordado no momento da dispensaccedilatildeo do

medicamento ou atraveacutes de apresentaccedilotildees coletivas organizadas e realizadas

pelo Farmacecircutico Alguns cuidados merecem ser observados para natildeo se

incorrer em riscos desnecessaacuterios

- Natildeo referendar o uso de plantas cujo estudo cientiacutefico natildeo tenha apresentado

dados sobre sua eficaacutecia e seguranccedila

- Natildeo recomendar o uso de qualquer planta medicinal para o tratamento de

doenccedilas sem a devida recomendaccedilatildeo meacutedica especializada ou natildeo

- Natildeo recomendar a utilizaccedilatildeo de planta que nos seja desconhecida tanto no

aspecto teoacuterico quanto praacutetico

- Natildeo sugerir a utilizaccedilatildeo de quaisquer praacuteticas com ou sem uso de plantas

medicinais que possa representar um risco potencial ou real de dano fetal

Para nos resguardarmos de quaisquer erros precisamos nos manter atualizados

quanto aos benefiacutecios e riscos da utilizaccedilatildeo das espeacutecies medicinais com as

quais trabalhamos dada agrave impossibilidade de conhecer todas as demais Os

dados obtidos durante a dispensaccedilatildeo e acompanhamento dos pacientes aleacutem

daqueles obtidos durante os ensaios controlados de toxicologia e farmacologia

cliacutenica forneceratildeo a necessaacuteria seguranccedila para realizarmos a dispensaccedilatildeo e

cada vez mais desfazermos o mito do natural ser inoacutecuo

Como exemplo da relaccedilatildeo risco x benefiacutecio de uma preparaccedilatildeo fitoteraacutepica

apresentamos as seguintes informaccedilotildees sobre o Elixir de Aroeira que em

muitos aspectos natildeo houve a quantificaccedilatildeo da intensidade dos efeitos beneacuteficos

nem adversos nem de interaccedilotildees

Forma Medicamento Fitoteraacutepico- Caacutepsula ESPINHEIRA SANTA Maytenus ilicifolia Celastraceae

Medicamento fitoteraacutepico

Parte utilizada Folhas

Nomenclatura popularEspinheira santa cancerosa cancorosa-de-sete-espinhos cancrosa

espinheira-divina espinho-de-Deus maiteno erva-cancrosa erva-santa

ApresentaccedilotildeesCaacutepsula dura - Extrato seco das folhas de Maytenus ilicifolia 380 mg -

Embalagem com 3 bliacutesters contendo 15 caacutepsulas cada

Via oral

Uso adulto

Composiccedilatildeo

Cada caacutepsula conteacutem

Extrato seco de Maytenus ilicifolia380 mg

Excipiente qsp 1 caacutepsula (amido)

equivalente a 133 mg de taninos totais

Informaccedilotildees ao pacientePara que este medicamento eacute indicado

Espinheira Santa eacute indicada para o tratamento da maacute digestatildeo e como

coadjuvante no tratamento de uacutelcera do estocircmago e duodeno

Como este medicamento funciona

Espinheira Santa atua como regulador das funccedilotildees estomacais e promove a

proteccedilatildeo da mucosa gaacutestrica

Quando natildeo devo usar este medicamentobull O medicamento deve ser evitado por menores de 12 anos de idade devido agrave

falta de estudos disponiacuteveis

bull Lactaccedilatildeo e gravidez visto que pode diminuir a secreccedilatildeo de leite e pode

provocar contraccedilotildees uterinas

bull Hipersensibilidade (alergia) a qualquer um dos componentes da foacutermula ou a

outras plantas da famiacutelia Celastraceae

O que devo saber antes de usar este medicamentoPrecauccedilotildees e advertecircncias

bull De acordo com a categoria de risco de faacutermacos destinados agraves mulheres

graacutevidas este medicamento apresenta categoria de risco C Este medicamento

natildeo deve ser utilizado por mulheres graacutevidas sem orientaccedilatildeo meacutedica ou do

cirurgiatildeo dentista

Interaccedilotildees medicamentosas

bull A administraccedilatildeo concomitante de M ilicifolia com bebidas alcooacutelicas e outros

medicamentos natildeo eacute recomendada pois natildeo existem estudos disponiacuteveis

sobre as interaccedilotildees medicamentosas deste fitoteraacutepico

Informe seu meacutedico ou cirurgiatildeo-dentista se vocecirc estaacute fazendo uso de algum

outro medicamento

Onde como e por quanto tempo posso guardar este medicamentoCuidados de conservaccedilatildeo

Espinheira Santa deve ser conservada em temperatura ambiente (entre 15 e

30ordmC) em sua embalagem original Proteger da luz e da umidade

Prazo de validade24 meses apoacutes a data de fabricaccedilatildeo impressa no cartucho

Nuacutemero de lote e datas de fabricaccedilatildeo e validade vide embalagem

Natildeo use medicamento com o prazo de validade vencido

Guarde-o em sua embalagem original

Caracteriacutesticas fiacutesicasCaacutepsulas gelatinosas duras de cor creme

Caracteriacutesticas organoleacutepticas

Cheiro (odor) caracteriacutestico e praticamente natildeo apresenta sabor

Antes de usar observe o aspecto do medicamento Caso ele esteja no prazo

de validade e vocecirc observe alguma mudanccedila no aspecto consulte o

farmacecircutico para saber se poderaacute utilizaacute-lo

Todo medicamento deve ser mantido fora do alcance das crianccedilas

Como devo usar este medicamentoModo de usar

As caacutepsulas devem ser ingeridas inteiras e com uma quantidade suficiente de

aacutegua para que possam ser deglutidas

Posologia

Ingerir duas caacutepsulas via oral trecircs vezes ao dia de oito em oito horas

Siga corretamente o modo de usar Em caso de duacutevidas sobre este

medicamento procure orientaccedilatildeo do farmacecircutico Natildeo desaparecendo os

sintomas procure orientaccedilatildeo de seu meacutedico ou cirurgiatildeo-dentista

Este medicamento natildeo deve ser partido aberto ou mastigado

O que devo fazer quando eu me esquecer de usar este medicamentoCaso haja esquecimento da ingestatildeo de uma dose deste medicamento

retomar a posologia prescrita sem a necessidade de suplementaccedilatildeo

Em caso de duacutevidas procure orientaccedilatildeo do farmacecircutico ou de seu meacutedico ou

do cirurgiatildeo-dentista

Que males este medicamento pode causarReaccedilotildees adversas

Ateacute o momento natildeo foram relatadas reaccedilotildees adversas graves ou que coloquem

em risco a sauacutede dos pacientes

Raramente podem ocorrer casos de hipersensibilidade Neste caso suspender

o uso e procurar orientaccedilatildeo meacutedica

Informe seu meacutedico cirurgiatildeo-dentista ou farmacecircutico do aparecimento de

reaccedilotildees indesejaacuteveis pelo uso do medicamento

Induacutestria Brasileira

Esta bula foi atualizada conforme Bula Padratildeo aprovada pela Anvisa em

12012011

Farmacecircutica resp Dra (Nome )

CRF-PR nordm XXXX Coacuted XXXXX - 012011

Informe tambeacutem agrave empresa atraveacutes do seu Serviccedilo de

Atendimento ao Consumidor

O que fazer se algueacutem usar uma quantidade maior do que a indicada deste medicamentoPlantas ricas em taninos como a M ilicifolia quando usadas em doses

excessivas podem causar irritaccedilatildeo da mucosa gaacutestrica e intestinal gerando

vocircmitos coacutelicas intestinais e diarreia

Em caso de super dosagem suspender o uso e procurar orientaccedilatildeo meacutedica de

imediato Em caso de uso de grande quantidade deste medicamento procure

rapidamente socorro meacutedico e leve a embalagem ou bula do medicamento se

possiacutevel Siga corretamente o modo de usar natildeo desaparecendo os sintomas

procure orientaccedilatildeo meacutedica

Conclusatildeo

A espinheira-santa (M ilicifolia) eacute um fitoteraacutepico de relevante accedilatildeo terapecircutica

principalmente antiulcerogecircnica dada sua eficaacutecia farmacoloacutegica e seguranccedila

Vale lembrar que por ausecircncia de estudos ela natildeo eacute recomenda para crianccedilas

e natildeo deve ser usada por gestantes pois estudos em camundongos (fecircmeas e

graacutevidas) indicaram um decreacutescimo significativo do nuacutemero de embriotildees aleacutem

de possuir atividade estrogecircnica que pode interferir na receptividade uterina do

embriatildeo Entre suas atividades farmacoloacutegicas destaca-se a atividade

antiulcerogecircnica que pode ser comparada agrave accedilatildeo da ranitidina e da cimetidina

Por ser morfologicamente parecida com as espeacutecies S bonplandii e Z ilicifolia

ela eacute comumente confundida e ateacute mesmo trocada intencionalmente

A utilizaccedilatildeo de maneira errocircnea das espeacutecies botacircnicas que natildeo satildeo a

verdadeira espinheira-santa (M ilicifolia) pode acarretar danos agrave sauacutede dos

pacientes Assim conclui-se que essas espeacutecies conhecidas como

adulterantes podem trazer malefiacutecios pois ainda faltam estudos que

comprovem suas atividades farmacoloacutegicas e principalmente a seguranccedila

terapecircutica Poreacutem natildeo se deve descartar o uso dessas espeacutecies e sim

realizar estudos mais concretos para que essas plantas assim como a

verdadeira espinheira-santa possam auxiliar no tratamento farmacoloacutegico da

populaccedilatildeo

Referecircncias Bibliograacuteficas

Ralph Santos-Oliveira Simone Coulaud-Cunha Waldeciro Colaccedilo

Revisatildeo da Maytenus ilicifolia Mart ex Reissek Celastraceae

Contribuiccedilatildeo ao estudo das propriedades farmacoloacutegicas Rev Bras

Farmacogn Braz J Pharmacogn 19(2B) AbrJun 2009

Wilker Marlon de Moraes Jesus Tarciacutesio Neves da Cunha Estudo das

propriedades farmacoloacutegicas da espinheira-santa (Maytenus ilicifolia

Mart ex Reissek) e de duas espeacutecies adulterantes Revista Sauacutede e

Desenvolvimento vol ndash nordm 1 Jan ndash Jun 2012

MARIOT MP1 BARBIERI RL2 Engenheiro Agrocircnomo Dr prof do

Conjunto Agroteacutecnico ldquoVisconde da GraccedilardquoUniversidade Federal de

Pelotas (mariotufpeltchebr) ndash Av Ildefonso Simotildees Lopes 2791

Pelotas-RS CEP 96060-290 2Bioacuteloga Dr pesquisadora da Embrapa

Clima Temperado (barbiericpactembrapabr) ndash BR 392 km 78 caixa

postal 403 Pelotas-RS CEP 96001-970 (endereccedilo para

correspondecircncia) Metaboacutelitos secundaacuterios e propriedades medicinais da

espinheira-santa (Maytenus ilicifolia Mart ex Reiss e M aquifolium

Mart)

CARLINI EA Braz S Efeito protetor do liofilizado obtido do abafado de

Maytenus Sp (espinheira-santa) contra uacutelcera gaacutestrica experimental em

ratos In Estudo da accedilatildeo antiuacutelcera gaacutestrica de plantas brasileiras

(Maytenus ilicifolia) Espinheira santa e outras Brasiacutelia CEMEAFIP

1988 p21-35MACAUBAS CIP et al Estudo da eventual accedilatildeo

antiuacutelcera gaacutestrica do baacutelsamo (Sedum sp) folha da fortuna

(Bryophyllum calcium) couve (Brassica oleraceae) e da Espinheira

santa (Maytenus ilicifolia) em ratos In Estudo da accedilatildeo antiuacutelcera

gaacutestrica de plantas brasileiras (Maytenus ilicifolia) Espinheira santa e

outras Brasiacutelia CEMEAFIP 1988 p 5-20

Olivia Werner Oliveira Pedro Ros Petrovick Secagem por aspersatildeo

(spray drying) de extratos vegetais bases e aplicaccedilotildees Revista

Brasileira de Farmacognosia Brazilian Journal of Pharmacognosy 20(4)

641-650 AgoSet 2010

Marianne Christina Scheffer Capitulo 17 Produccedilatildeo de espinheira-santa

(Maytenus ilicifolia Mart ex Reiss) na regiatildeo metropolitana de Curitiba

Paranaacute Brasil

Said gonccedilalves da cruz fonsacircca Farmacoteacutecnica de Fitoteraacutepicos2005

Formas soacutelidas

Caacutepsulas

Eacute a forma farmacecircutica obtida pela deposiccedilatildeo ordenada da droga seca

triturada e tamisada em caacutepsulas gelatinosas duras ou pelo encapsulamento

de liacutequidos ou semissoacutelidos de natureza lipofiacutelica em caacutepsulas gelatinosas

moles O invoacutelucro rosa utilizado eacute geralmente de natureza proteica e satildeo

portanto incompatiacuteveis com drogas tacircnicas por exemplo Cuidado especial

deve ser tomado com a umidade temperatura e pressatildeo exercida sobre as

caacutepsulas durante o armazenamento e transporte Estes fatores podem levar a

desidrataccedilatildeo ou hidrataccedilatildeo das caacutepsulas que as tornam quebradiccedilas ou

deformadas e coladas Durante a preparaccedilatildeo das caacutepsulas deve-se cuidar para

que o peso das caacutepsulas obtidas seja o mais uniforme possiacutevel podendo-se

garantir isso pela pesagem da quantidade de poacute necessaacuteria para o enchimento

de um nuacutemero determinado de caacutepsulas

O enchimento das caacutepsulas ocorre na oficina farmacecircutica em tabuleiros

especiais constituiacutedos em acriacutelico PVC ou outro poliacutemero apresentando-se no

modelo mais simples apenas como uma base fixa que se encaixa a uma outra

moacutevel e perfurada que recebe o corpo das caacutepsulas sem as tampas A seguir

se distribui de forma homogecircnea a quantidade estipulada de poacute em todas as

caacutepsulas valendo-se de uma espaacutetula plaacutestica e de um dispositivo especial

para prensar o conteuacutedo no interior das caacutepsulas Finalizado o enchimento as

partes super oires (tampas) das caacutepsulas satildeo recolocadas fechando-as e

determina-se o peso meacutedio das mesmas embalando-as imediatamente

A capacidade das caacutepsulas eacute proporcional agrave densidade do poacute e ao tamanho

das caacutepsulas que eacute padronizado em 08 (oito) diferentes tipos listados a seguir

com as respectivas dimensotildees e capacidades em mililitros

Controle de Qualidade

Todas as etapas utilizadas durante o processamento da droga devem ser

monitoradas atraveacutes de ensaios que possam atestar a qualidade da mateacuteria-

prima dos produtos intermediaacuterios e do produto final acabado O objetivo final

tanto do processamento adequado quanto agrave avaliaccedilatildeo da qualidade eacute a

garantia de que o que estaacute sendo produzido na forma como ocorre o processo

produtivo estaacute conduzindo agrave obtenccedilatildeo de um produto com as caracteriacutesticas

necessaacuterias agrave utilizaccedilatildeo para o tratamento de doenccedilas

Droga

A avaliaccedilatildeo da qualidade da droga utilizada na obtenccedilatildeo de fitoteraacutepicos no

Programa Farmaacutecias-Vivas onde o cultivo das espeacutecies vegetais eacute efetuado

pelo laboratoacuterio fabricante do produto deve ser realizada sob os seguintes

aspectos

- Considerando que a droga a ser utilizada corresponde agrave espeacutecie vegetal

esperada conhece-se suas caracteriacutesticas macromorfoloacutegicas aleacutem das suas

caracteriacutesticas sensoriais constituindo a primeira avaliaccedilatildeo que eacute a identidade

da droga

- Determinaccedilatildeo da umidade da droga fresca que deve ser diferenciada de

perda por dessecaccedilatildeo pois outras substacircncias volaacuteteis aleacutem da aacutegua satildeo

evaporadas Pode ser determinada atraveacutes do ensaio volumeacutetrico de Karl

Fischer ou pelo ensaio gravimeacutetrico submetendo a droga a dessecaccedilatildeo em

temperatura ambiente em dessecador com siacutelica ou aacutecido sulfuacuterico

- Mesmo a droga morfologicamente normal pode natildeo apresentar seus

constituintes ativos na quantidade desejada sendo necessaacuterio que sejam

realizados ensaios de identificaccedilatildeo e quantificaccedilatildeo de ativos ou de marcadores

atraveacutes das mais diversas teacutecnicas gravimeacutetrica volumeacutetrica

espectrofotomeacutetrica cromatograacutefica etc

- Avaliaccedilatildeo da contaminaccedilatildeo microbiana da droga principalmente se a mesma

tiver de ser utilizada sem qualquer processamento posterior As drogas que

seratildeo transformadas em uma forma extrativa em soluccedilatildeo hidro-alcooacutelica pode

ter sua carga microbiana reduzida pelo efeito antisseacuteptico do solvente

Preparado Intermediaacuterio

As formas extrativas satildeo obtidas em condiccedilotildees que nem sempre conseguem

retirar a totalidade das substacircncias ativas soluacuteveis no solvente escolhido devido

a diversos fator ES como o tempo e temperatura de maceraccedilatildeo pH do

solvente distribuiccedilatildeo granulomeacutetrica da droga sua umidade residual teor de

substacircncias ativas e velocidade de percolaccedilatildeo Justifica-se entatildeo a

necessidade da realizaccedilatildeo de ensaios de avaliaccedilatildeo da qualidade das formas

extrativas incluindo avaliaccedilotildees fiacutesico-quiacutemicas como aparecircncia cor odor

solubilidade densidade pH e viscosidade avaliaccedilotildees quiacutemicas como o perfil

cromatograacutefico e dosagem das substacircncias ativas ou marcador e avaliaccedilatildeo

microbioloacutegica da quantidade de microrganismos viaacuteveis

Fitoteraacutepico

Independente da forma farmacecircutica final eacute necessaacuterio que sejam realizadas

avaliaccedilotildees na qualidade do produto final da mesma forma que eacute exigido para

os demais tipos de medicamentos Listamos a seguir os ensaios realizados

para cada forma farmacecircutica lembrando que devem ser acrescentados os

ensaios quiacutemicos e microbioloacutegicos

Prazo de Validade

Considerando a jaacute difiacutecil realizaccedilatildeo da avaliaccedilatildeo da qualidade das drogas

utilizadas na obtenccedilatildeo de fitoteraacutepicos pode-se compreender que o

acompanhamento do processo cineacutetico de degradaccedilatildeo dos constituintes do

medicamento natildeo eacute uma estar efe faacutecil No entanto esta avaliaccedilatildeo pode se dar

em diversos niacuteveis

- Avaliaccedilatildeo da estabilidade fiacutesica

Para cada tipo de forma farmacecircutica satildeo descritas as caracteriacutesticas tiacutepicas

como cor odor limpidez densidade viscosidade pH etc que observadas

para um mesmo lote ao longo do tempo de armazenamento forneceratildeo

informaccedilotildees sobre a integridade fiacutesica da formulaccedilatildeo

- Avaliaccedilatildeo da estabilidade quiacutemica

A utilizaccedilatildeo de recursos laboratoriais desde os mais simples ateacute os mais

sofisticados permitem o acompanhamento qualitativo eou quantitativo dos

princiacutepios ativos contidos no produto fitoteraacutepico Por exemplo atraveacutes do

ensaio limite de taninos por diluiccedilotildees sucessivas e adiccedilatildeo de cloreto feacuterrico

pode-se ter uma medida semi-quantitativa do teor destas substacircncias nas

preparaccedilotildees que o contenham Evoluindo a utilizaccedilatildeo de teacutecnica

cromatograacutefica em camada delgada sobre papel ou siacutelica permite a

determinaccedilatildeo do perfil cromatograacutefico para o produto de modo que possa ser

comparado com o obtido em lotes posteriores ou com o mesmo lote ao longo do

tempo de armazenamento

- Avaliaccedilatildeo da estabilidade microbioloacutegica

A verificaccedilatildeo do niacutevel de contaminaccedilatildeo microbiana numa preparaccedilatildeo

medicamentosa fornece informaccedilotildees sobre o niacutevel de higienizaccedilatildeo empregado

durante o processamento da droga ateacute a obtenccedilatildeo do medicamento A

observaccedilatildeo deste mesmo paracircmetro ao longo do tempo fornece informaccedilotildees

sobre a composiccedilatildeo conservante utilizada no produto e a forma de

armazenamento

Teacutecnicas Gerais

Os ensaios laboratoriais de avaliaccedilatildeo da qualidade da droga compreendem

basicamente

- Observaccedilatildeo macroscoacutepica e microscoacutepica da droga fresca e seca inteira e

triturada comparando com o descrito em farmacopeias ou com modelos

botanicamente certificados

- Determinaccedilatildeo de umidade na droga fresca e naquela seca e triturada

evidenciando a quantidade de aacutegua contida na droga receacutem-coletada na droga

s eca e a efetividade do processo de secagem utilizada

- Identificaccedilatildeo e dosagem de substacircncias ativas ou marcadores realizada na

droga seca e triturada onde atraveacutes do acompanhamento da evoluccedilatildeo ao

longo do tempo e o cruzamento dos dados entre os locais e condiccedilotildees de

cultivo seraacute possiacutevel a determinaccedilatildeo das condiccedilotildees ideais para a manutenccedilatildeo

da qualidade das espeacutecies vegetais

- Determinaccedilatildeo da quantidade de mateacuteria orgacircnica estranha na droga seca

triturada grosseiramente demonstrando se a coleta monda secagem e

trituraccedilatildeo foram realizadas a contento sem o risco de contaminaccedilatildeo com outras

espeacutecies

- Determinaccedilatildeo de resiacuteduos de pesticidas para monitorar a forma de realizaccedilatildeo

do controle de pestes atraveacutes da identificaccedilatildeo e dosagem de pesticidas

- Determinaccedilatildeo da presenccedila de arsecircnio e metais pesados como componentes

que satildeo responsaacuteveis por intoxicaccedilotildees e por incompatibilidades nas

preparaccedilotildees liacutequidas de fitoteraacutepicos

- Determinaccedilatildeo da quantidade de microrganismos viaacuteveis atraveacutes da contagem

em placa a de diluiccedilotildees obtidas a partir do liacutequido de lavagem das drogas

evidenciando o grau de contaminaccedilatildeo e a possiacutevel e indesejaacutevel presenccedila de

microrganismos potencialmente patogecircnicos

Garantia de Qualidade

Na produccedilatildeo de fitoteraacutepicos do mesmo modo como ocorre com qualquer outro

medicamento natildeo pode negligenciar qualquer procedimento que possa conduzir

a diminuiccedilatildeo da qualidade do produto final A qualidade se reflete na

reprodutibilidade da qualidade do produto avaliada em laboratoacuterio e no

acompanhamento da sua eficaacutecia terapecircutica e seguranccedila Isto soacute pode ser

conseguido quando para cada forma farmacecircutica de fitoteraacutepico forem

registradas as operaccedilotildees farmacecircuticas que devem ser seguidas agrave risca suas

medidas de controle e definiccedilatildeo das responsabilidades para cada uma das

etapas do processamento

Apenas como ilustraccedilatildeo tomemos como exemplo a produccedilatildeo da tintura de

Alecrim-pimenta (Lippia sidoides Cham) O iniacutecio da preocupaccedilatildeo com a

qualidade se daacute com a seguranccedila de que a espeacutecie cultivada seja realmente

aquela que se deve coletar e em seguida em coletar a parte que realmente

deve ser utilizada e de plantas com aspecto saudaacutevel de desenvolvimento para

a qual as condiccedilotildees de cultivo tenham se apresentado como satisfatoacuterias A

monda que se segue agrave coleta retirando as partes improacuteprias agrave preparaccedilatildeo do

fitoteraacutepico daacute continuidade ao passo anterior na busca de alcanccedilar a qualidade

desejada O processo de dessecaccedilatildeo ocorrendo agrave sombra e agrave temperatura

ambiente preservando os constituintes quiacutemicos ativos e diminuindo a

influecircncia da umidade da planta sobre a sua qualidade e a da soluccedilatildeo extrativa

a ser obtida faz com que a droga obtida possa ser utilizada como mateacuteria-prima

para a obtenccedilatildeo de medicamento O cuidadoso processo de trituraccedilatildeo sem

elevar a temperatura durante o processo e reduzindo a perda de poacute para o

ambiente tambeacutem representa um processo que deve ser realizado com a

devida atenccedilatildeo Depois disso a droga seca e triturada deve ser armazenada

em condiccedilotildees que preservem sua qualidade pelo tempo necessaacuterio ateacute sua

utilizaccedilatildeo com as devidas inscriccedilotildees que atestem sua fonte data de coleta e de

processamento e respectivos responsaacuteveis

A preparaccedilatildeo da soluccedilatildeo hidro-alcooacutelica que seraacute utilizada no processo extrativo

tambeacutem deve ser realizada com bastante cuidado pois a mateacuteria-prima deve

apresentar a qualidade compatiacutevel com sua utilizaccedilatildeo para a produccedilatildeo de

medicamentos aacutegua purificada e aacutelcool farmacecircutico Deve-se observar a

legislaccedilatildeo atual sobre aacutelcool que exige a desnaturaccedilatildeo do aacutelcool

comercializado em farmaacutecias e supermercados e assim natildeo deve servir como

excipiente farmacecircutico Enfim todos os processos interferem com a qualidade

do produto final a ser obtido e devem ser realizados corretamente e as

operaccedilotildees registradas em documento proacuteprio buscando a rastreabilidade de

cada lote de cada produto

Outra etapa da garantia da qualidade essencial para sua implantaccedilatildeo eacute a

validaccedilatildeo de equipamentos e de processos que busca uma evidecircncia

documentada de que os mesmos cumprem satisfatoriamente sua finalidade

quando utilizados ou realizados corretamente

Estas evidecircncias devem ser conseguidas antes mesmo de se iniciar a utilizaccedilatildeo

das instalaccedilotildees para produccedilatildeo de medicamentos Naqueles jaacute em

funcionamento a validaccedilatildeo pode ser realizada atraveacutes da documentaccedilatildeo da

produccedilatildeo passada ou seja uma validaccedilatildeo retrospectiva

Para a produccedilatildeo de medicamentos em pequena escala que natildeo venha a

caracterizar uma produccedilatildeo industrial deve-se buscar a adequaccedilatildeo das

condiccedilotildees de produccedilatildeo armazenamento e dispensaccedilatildeo do produto atraveacutes da

Resoluccedilatildeo RDC ndeg 33 de abril de 2000 que descreve os criteacuterios de Boas

Praacuteticas de Manipulaccedilatildeo

Para a produccedilatildeo industrial de medicamentos a legislaccedilatildeo que trata das Boas

Praacuteticas de Fabricaccedilatildeo e Garantia de Qualidade eacute a Resoluccedilatildeo RDC ndeg 210 de

04 de agosto de 2003 As especificaccedilotildees legais da legislaccedilatildeo sanitaacuteria

brasileira e de outros paiacuteses para materiais vegetais devem incluir tanto quanto

possiacutevel o seguinte

- Nome botacircnico c om referecircncia aos autores

- Detalhes da fonte da planta (paiacutes ou regiatildeo de origem cultivo eacutepoca da

colheita procedimentos de colheita possiacuteveis pesticidas utilizados etc)

- Descriccedilatildeo do material vegetal inspeccedilatildeo visual macro eou microscoacutepica

- Testes de identificaccedilatildeo apropriados incluindo quando convenientes testes de

identificaccedilatildeo para ingredientes ativos conhecidos ou marcadores

- Ensaios quando convenientes dos constituintes de atividade terapecircutica ou

marcadores

- Meacutetodos apropriados para determinaccedilatildeo de possiacuteveis contaminaccedilotildees por

pesticidas e os limites aceitos

- Testes para metais pesados e contaminantes semelhantes materiais

estranhos e adulterantes

- Testes para radiaccedilatildeo aflatoxinas e contaminaccedilatildeo microbiana

Qualquer tratamento usado para reduzir contaminaccedilotildees focircnicas e microbianas

ou outras infestaccedilotildees devem ser documentadas Instrumentos para tais

procedimentos devem ser acessiacuteveis e devem incluir detalhes dos processos

testes e limites residuais

Para a realidade do programa Farmaacutecias-Vivas onde natildeo satildeo utilizados

pesticidas as plantas satildeo cultivadas no local proacuteximo de onde ocorre a

produccedilatildeo do medicamento ou satildeo de origem na mesma regiatildeo e satildeo

processadas logo apoacutes a coleta satildeo feitas exigecircncias menores que as

estabelecidas para maiores escalas de produccedilatildeo Nem assim devemos deixar

de registrar todas as operaccedilotildees realizadas com a droga desde o seu cultivo ateacute

a dispensaccedilatildeo do produto fitoteraacutepico

Dispensaccedilatildeo

Estivemos sempre discorrendo sobre qualidade do produto a ser obtido desde

o cultivo da espeacutecie correta da coleta da parte usada e o seu processamento

mantendo intactos os princiacutepios ativos Conhecemos os motivos que levam a

toda esta preocupaccedilatildeo com a qualidade a responsabilidade do profissional que

o produz e a eficaacutecia e a seguranccedila necessaacuterias para o paciente que o utiliza

Portanto resta-nos dispensar o fitoteraacutepico para que este apresente estas

caracteriacutesticas trans formando o paciente num parceiro consciente do seu

papel no uso cor reto deste recurso terapecircutico

O resgate das praacuteticas populares agora respaldadas pelos estudos cientiacuteficos

seacuterios que atestam a eficaacutecia e seguranccedila das espeacutecies utilizadas no programa

Farmaacutecias-Vivas pode ser abordado no momento da dispensaccedilatildeo do

medicamento ou atraveacutes de apresentaccedilotildees coletivas organizadas e realizadas

pelo Farmacecircutico Alguns cuidados merecem ser observados para natildeo se

incorrer em riscos desnecessaacuterios

- Natildeo referendar o uso de plantas cujo estudo cientiacutefico natildeo tenha apresentado

dados sobre sua eficaacutecia e seguranccedila

- Natildeo recomendar o uso de qualquer planta medicinal para o tratamento de

doenccedilas sem a devida recomendaccedilatildeo meacutedica especializada ou natildeo

- Natildeo recomendar a utilizaccedilatildeo de planta que nos seja desconhecida tanto no

aspecto teoacuterico quanto praacutetico

- Natildeo sugerir a utilizaccedilatildeo de quaisquer praacuteticas com ou sem uso de plantas

medicinais que possa representar um risco potencial ou real de dano fetal

Para nos resguardarmos de quaisquer erros precisamos nos manter atualizados

quanto aos benefiacutecios e riscos da utilizaccedilatildeo das espeacutecies medicinais com as

quais trabalhamos dada agrave impossibilidade de conhecer todas as demais Os

dados obtidos durante a dispensaccedilatildeo e acompanhamento dos pacientes aleacutem

daqueles obtidos durante os ensaios controlados de toxicologia e farmacologia

cliacutenica forneceratildeo a necessaacuteria seguranccedila para realizarmos a dispensaccedilatildeo e

cada vez mais desfazermos o mito do natural ser inoacutecuo

Como exemplo da relaccedilatildeo risco x benefiacutecio de uma preparaccedilatildeo fitoteraacutepica

apresentamos as seguintes informaccedilotildees sobre o Elixir de Aroeira que em

muitos aspectos natildeo houve a quantificaccedilatildeo da intensidade dos efeitos beneacuteficos

nem adversos nem de interaccedilotildees

Forma Medicamento Fitoteraacutepico- Caacutepsula ESPINHEIRA SANTA Maytenus ilicifolia Celastraceae

Medicamento fitoteraacutepico

Parte utilizada Folhas

Nomenclatura popularEspinheira santa cancerosa cancorosa-de-sete-espinhos cancrosa

espinheira-divina espinho-de-Deus maiteno erva-cancrosa erva-santa

ApresentaccedilotildeesCaacutepsula dura - Extrato seco das folhas de Maytenus ilicifolia 380 mg -

Embalagem com 3 bliacutesters contendo 15 caacutepsulas cada

Via oral

Uso adulto

Composiccedilatildeo

Cada caacutepsula conteacutem

Extrato seco de Maytenus ilicifolia380 mg

Excipiente qsp 1 caacutepsula (amido)

equivalente a 133 mg de taninos totais

Informaccedilotildees ao pacientePara que este medicamento eacute indicado

Espinheira Santa eacute indicada para o tratamento da maacute digestatildeo e como

coadjuvante no tratamento de uacutelcera do estocircmago e duodeno

Como este medicamento funciona

Espinheira Santa atua como regulador das funccedilotildees estomacais e promove a

proteccedilatildeo da mucosa gaacutestrica

Quando natildeo devo usar este medicamentobull O medicamento deve ser evitado por menores de 12 anos de idade devido agrave

falta de estudos disponiacuteveis

bull Lactaccedilatildeo e gravidez visto que pode diminuir a secreccedilatildeo de leite e pode

provocar contraccedilotildees uterinas

bull Hipersensibilidade (alergia) a qualquer um dos componentes da foacutermula ou a

outras plantas da famiacutelia Celastraceae

O que devo saber antes de usar este medicamentoPrecauccedilotildees e advertecircncias

bull De acordo com a categoria de risco de faacutermacos destinados agraves mulheres

graacutevidas este medicamento apresenta categoria de risco C Este medicamento

natildeo deve ser utilizado por mulheres graacutevidas sem orientaccedilatildeo meacutedica ou do

cirurgiatildeo dentista

Interaccedilotildees medicamentosas

bull A administraccedilatildeo concomitante de M ilicifolia com bebidas alcooacutelicas e outros

medicamentos natildeo eacute recomendada pois natildeo existem estudos disponiacuteveis

sobre as interaccedilotildees medicamentosas deste fitoteraacutepico

Informe seu meacutedico ou cirurgiatildeo-dentista se vocecirc estaacute fazendo uso de algum

outro medicamento

Onde como e por quanto tempo posso guardar este medicamentoCuidados de conservaccedilatildeo

Espinheira Santa deve ser conservada em temperatura ambiente (entre 15 e

30ordmC) em sua embalagem original Proteger da luz e da umidade

Prazo de validade24 meses apoacutes a data de fabricaccedilatildeo impressa no cartucho

Nuacutemero de lote e datas de fabricaccedilatildeo e validade vide embalagem

Natildeo use medicamento com o prazo de validade vencido

Guarde-o em sua embalagem original

Caracteriacutesticas fiacutesicasCaacutepsulas gelatinosas duras de cor creme

Caracteriacutesticas organoleacutepticas

Cheiro (odor) caracteriacutestico e praticamente natildeo apresenta sabor

Antes de usar observe o aspecto do medicamento Caso ele esteja no prazo

de validade e vocecirc observe alguma mudanccedila no aspecto consulte o

farmacecircutico para saber se poderaacute utilizaacute-lo

Todo medicamento deve ser mantido fora do alcance das crianccedilas

Como devo usar este medicamentoModo de usar

As caacutepsulas devem ser ingeridas inteiras e com uma quantidade suficiente de

aacutegua para que possam ser deglutidas

Posologia

Ingerir duas caacutepsulas via oral trecircs vezes ao dia de oito em oito horas

Siga corretamente o modo de usar Em caso de duacutevidas sobre este

medicamento procure orientaccedilatildeo do farmacecircutico Natildeo desaparecendo os

sintomas procure orientaccedilatildeo de seu meacutedico ou cirurgiatildeo-dentista

Este medicamento natildeo deve ser partido aberto ou mastigado

O que devo fazer quando eu me esquecer de usar este medicamentoCaso haja esquecimento da ingestatildeo de uma dose deste medicamento

retomar a posologia prescrita sem a necessidade de suplementaccedilatildeo

Em caso de duacutevidas procure orientaccedilatildeo do farmacecircutico ou de seu meacutedico ou

do cirurgiatildeo-dentista

Que males este medicamento pode causarReaccedilotildees adversas

Ateacute o momento natildeo foram relatadas reaccedilotildees adversas graves ou que coloquem

em risco a sauacutede dos pacientes

Raramente podem ocorrer casos de hipersensibilidade Neste caso suspender

o uso e procurar orientaccedilatildeo meacutedica

Informe seu meacutedico cirurgiatildeo-dentista ou farmacecircutico do aparecimento de

reaccedilotildees indesejaacuteveis pelo uso do medicamento

Induacutestria Brasileira

Esta bula foi atualizada conforme Bula Padratildeo aprovada pela Anvisa em

12012011

Farmacecircutica resp Dra (Nome )

CRF-PR nordm XXXX Coacuted XXXXX - 012011

Informe tambeacutem agrave empresa atraveacutes do seu Serviccedilo de

Atendimento ao Consumidor

O que fazer se algueacutem usar uma quantidade maior do que a indicada deste medicamentoPlantas ricas em taninos como a M ilicifolia quando usadas em doses

excessivas podem causar irritaccedilatildeo da mucosa gaacutestrica e intestinal gerando

vocircmitos coacutelicas intestinais e diarreia

Em caso de super dosagem suspender o uso e procurar orientaccedilatildeo meacutedica de

imediato Em caso de uso de grande quantidade deste medicamento procure

rapidamente socorro meacutedico e leve a embalagem ou bula do medicamento se

possiacutevel Siga corretamente o modo de usar natildeo desaparecendo os sintomas

procure orientaccedilatildeo meacutedica

Conclusatildeo

A espinheira-santa (M ilicifolia) eacute um fitoteraacutepico de relevante accedilatildeo terapecircutica

principalmente antiulcerogecircnica dada sua eficaacutecia farmacoloacutegica e seguranccedila

Vale lembrar que por ausecircncia de estudos ela natildeo eacute recomenda para crianccedilas

e natildeo deve ser usada por gestantes pois estudos em camundongos (fecircmeas e

graacutevidas) indicaram um decreacutescimo significativo do nuacutemero de embriotildees aleacutem

de possuir atividade estrogecircnica que pode interferir na receptividade uterina do

embriatildeo Entre suas atividades farmacoloacutegicas destaca-se a atividade

antiulcerogecircnica que pode ser comparada agrave accedilatildeo da ranitidina e da cimetidina

Por ser morfologicamente parecida com as espeacutecies S bonplandii e Z ilicifolia

ela eacute comumente confundida e ateacute mesmo trocada intencionalmente

A utilizaccedilatildeo de maneira errocircnea das espeacutecies botacircnicas que natildeo satildeo a

verdadeira espinheira-santa (M ilicifolia) pode acarretar danos agrave sauacutede dos

pacientes Assim conclui-se que essas espeacutecies conhecidas como

adulterantes podem trazer malefiacutecios pois ainda faltam estudos que

comprovem suas atividades farmacoloacutegicas e principalmente a seguranccedila

terapecircutica Poreacutem natildeo se deve descartar o uso dessas espeacutecies e sim

realizar estudos mais concretos para que essas plantas assim como a

verdadeira espinheira-santa possam auxiliar no tratamento farmacoloacutegico da

populaccedilatildeo

Referecircncias Bibliograacuteficas

Ralph Santos-Oliveira Simone Coulaud-Cunha Waldeciro Colaccedilo

Revisatildeo da Maytenus ilicifolia Mart ex Reissek Celastraceae

Contribuiccedilatildeo ao estudo das propriedades farmacoloacutegicas Rev Bras

Farmacogn Braz J Pharmacogn 19(2B) AbrJun 2009

Wilker Marlon de Moraes Jesus Tarciacutesio Neves da Cunha Estudo das

propriedades farmacoloacutegicas da espinheira-santa (Maytenus ilicifolia

Mart ex Reissek) e de duas espeacutecies adulterantes Revista Sauacutede e

Desenvolvimento vol ndash nordm 1 Jan ndash Jun 2012

MARIOT MP1 BARBIERI RL2 Engenheiro Agrocircnomo Dr prof do

Conjunto Agroteacutecnico ldquoVisconde da GraccedilardquoUniversidade Federal de

Pelotas (mariotufpeltchebr) ndash Av Ildefonso Simotildees Lopes 2791

Pelotas-RS CEP 96060-290 2Bioacuteloga Dr pesquisadora da Embrapa

Clima Temperado (barbiericpactembrapabr) ndash BR 392 km 78 caixa

postal 403 Pelotas-RS CEP 96001-970 (endereccedilo para

correspondecircncia) Metaboacutelitos secundaacuterios e propriedades medicinais da

espinheira-santa (Maytenus ilicifolia Mart ex Reiss e M aquifolium

Mart)

CARLINI EA Braz S Efeito protetor do liofilizado obtido do abafado de

Maytenus Sp (espinheira-santa) contra uacutelcera gaacutestrica experimental em

ratos In Estudo da accedilatildeo antiuacutelcera gaacutestrica de plantas brasileiras

(Maytenus ilicifolia) Espinheira santa e outras Brasiacutelia CEMEAFIP

1988 p21-35MACAUBAS CIP et al Estudo da eventual accedilatildeo

antiuacutelcera gaacutestrica do baacutelsamo (Sedum sp) folha da fortuna

(Bryophyllum calcium) couve (Brassica oleraceae) e da Espinheira

santa (Maytenus ilicifolia) em ratos In Estudo da accedilatildeo antiuacutelcera

gaacutestrica de plantas brasileiras (Maytenus ilicifolia) Espinheira santa e

outras Brasiacutelia CEMEAFIP 1988 p 5-20

Olivia Werner Oliveira Pedro Ros Petrovick Secagem por aspersatildeo

(spray drying) de extratos vegetais bases e aplicaccedilotildees Revista

Brasileira de Farmacognosia Brazilian Journal of Pharmacognosy 20(4)

641-650 AgoSet 2010

Marianne Christina Scheffer Capitulo 17 Produccedilatildeo de espinheira-santa

(Maytenus ilicifolia Mart ex Reiss) na regiatildeo metropolitana de Curitiba

Paranaacute Brasil

Said gonccedilalves da cruz fonsacircca Farmacoteacutecnica de Fitoteraacutepicos2005

Controle de Qualidade

Todas as etapas utilizadas durante o processamento da droga devem ser

monitoradas atraveacutes de ensaios que possam atestar a qualidade da mateacuteria-

prima dos produtos intermediaacuterios e do produto final acabado O objetivo final

tanto do processamento adequado quanto agrave avaliaccedilatildeo da qualidade eacute a

garantia de que o que estaacute sendo produzido na forma como ocorre o processo

produtivo estaacute conduzindo agrave obtenccedilatildeo de um produto com as caracteriacutesticas

necessaacuterias agrave utilizaccedilatildeo para o tratamento de doenccedilas

Droga

A avaliaccedilatildeo da qualidade da droga utilizada na obtenccedilatildeo de fitoteraacutepicos no

Programa Farmaacutecias-Vivas onde o cultivo das espeacutecies vegetais eacute efetuado

pelo laboratoacuterio fabricante do produto deve ser realizada sob os seguintes

aspectos

- Considerando que a droga a ser utilizada corresponde agrave espeacutecie vegetal

esperada conhece-se suas caracteriacutesticas macromorfoloacutegicas aleacutem das suas

caracteriacutesticas sensoriais constituindo a primeira avaliaccedilatildeo que eacute a identidade

da droga

- Determinaccedilatildeo da umidade da droga fresca que deve ser diferenciada de

perda por dessecaccedilatildeo pois outras substacircncias volaacuteteis aleacutem da aacutegua satildeo

evaporadas Pode ser determinada atraveacutes do ensaio volumeacutetrico de Karl

Fischer ou pelo ensaio gravimeacutetrico submetendo a droga a dessecaccedilatildeo em

temperatura ambiente em dessecador com siacutelica ou aacutecido sulfuacuterico

- Mesmo a droga morfologicamente normal pode natildeo apresentar seus

constituintes ativos na quantidade desejada sendo necessaacuterio que sejam

realizados ensaios de identificaccedilatildeo e quantificaccedilatildeo de ativos ou de marcadores

atraveacutes das mais diversas teacutecnicas gravimeacutetrica volumeacutetrica

espectrofotomeacutetrica cromatograacutefica etc

- Avaliaccedilatildeo da contaminaccedilatildeo microbiana da droga principalmente se a mesma

tiver de ser utilizada sem qualquer processamento posterior As drogas que

seratildeo transformadas em uma forma extrativa em soluccedilatildeo hidro-alcooacutelica pode

ter sua carga microbiana reduzida pelo efeito antisseacuteptico do solvente

Preparado Intermediaacuterio

As formas extrativas satildeo obtidas em condiccedilotildees que nem sempre conseguem

retirar a totalidade das substacircncias ativas soluacuteveis no solvente escolhido devido

a diversos fator ES como o tempo e temperatura de maceraccedilatildeo pH do

solvente distribuiccedilatildeo granulomeacutetrica da droga sua umidade residual teor de

substacircncias ativas e velocidade de percolaccedilatildeo Justifica-se entatildeo a

necessidade da realizaccedilatildeo de ensaios de avaliaccedilatildeo da qualidade das formas

extrativas incluindo avaliaccedilotildees fiacutesico-quiacutemicas como aparecircncia cor odor

solubilidade densidade pH e viscosidade avaliaccedilotildees quiacutemicas como o perfil

cromatograacutefico e dosagem das substacircncias ativas ou marcador e avaliaccedilatildeo

microbioloacutegica da quantidade de microrganismos viaacuteveis

Fitoteraacutepico

Independente da forma farmacecircutica final eacute necessaacuterio que sejam realizadas

avaliaccedilotildees na qualidade do produto final da mesma forma que eacute exigido para

os demais tipos de medicamentos Listamos a seguir os ensaios realizados

para cada forma farmacecircutica lembrando que devem ser acrescentados os

ensaios quiacutemicos e microbioloacutegicos

Prazo de Validade

Considerando a jaacute difiacutecil realizaccedilatildeo da avaliaccedilatildeo da qualidade das drogas

utilizadas na obtenccedilatildeo de fitoteraacutepicos pode-se compreender que o

acompanhamento do processo cineacutetico de degradaccedilatildeo dos constituintes do

medicamento natildeo eacute uma estar efe faacutecil No entanto esta avaliaccedilatildeo pode se dar

em diversos niacuteveis

- Avaliaccedilatildeo da estabilidade fiacutesica

Para cada tipo de forma farmacecircutica satildeo descritas as caracteriacutesticas tiacutepicas

como cor odor limpidez densidade viscosidade pH etc que observadas

para um mesmo lote ao longo do tempo de armazenamento forneceratildeo

informaccedilotildees sobre a integridade fiacutesica da formulaccedilatildeo

- Avaliaccedilatildeo da estabilidade quiacutemica

A utilizaccedilatildeo de recursos laboratoriais desde os mais simples ateacute os mais

sofisticados permitem o acompanhamento qualitativo eou quantitativo dos

princiacutepios ativos contidos no produto fitoteraacutepico Por exemplo atraveacutes do

ensaio limite de taninos por diluiccedilotildees sucessivas e adiccedilatildeo de cloreto feacuterrico

pode-se ter uma medida semi-quantitativa do teor destas substacircncias nas

preparaccedilotildees que o contenham Evoluindo a utilizaccedilatildeo de teacutecnica

cromatograacutefica em camada delgada sobre papel ou siacutelica permite a

determinaccedilatildeo do perfil cromatograacutefico para o produto de modo que possa ser

comparado com o obtido em lotes posteriores ou com o mesmo lote ao longo do

tempo de armazenamento

- Avaliaccedilatildeo da estabilidade microbioloacutegica

A verificaccedilatildeo do niacutevel de contaminaccedilatildeo microbiana numa preparaccedilatildeo

medicamentosa fornece informaccedilotildees sobre o niacutevel de higienizaccedilatildeo empregado

durante o processamento da droga ateacute a obtenccedilatildeo do medicamento A

observaccedilatildeo deste mesmo paracircmetro ao longo do tempo fornece informaccedilotildees

sobre a composiccedilatildeo conservante utilizada no produto e a forma de

armazenamento

Teacutecnicas Gerais

Os ensaios laboratoriais de avaliaccedilatildeo da qualidade da droga compreendem

basicamente

- Observaccedilatildeo macroscoacutepica e microscoacutepica da droga fresca e seca inteira e

triturada comparando com o descrito em farmacopeias ou com modelos

botanicamente certificados

- Determinaccedilatildeo de umidade na droga fresca e naquela seca e triturada

evidenciando a quantidade de aacutegua contida na droga receacutem-coletada na droga

s eca e a efetividade do processo de secagem utilizada

- Identificaccedilatildeo e dosagem de substacircncias ativas ou marcadores realizada na

droga seca e triturada onde atraveacutes do acompanhamento da evoluccedilatildeo ao

longo do tempo e o cruzamento dos dados entre os locais e condiccedilotildees de

cultivo seraacute possiacutevel a determinaccedilatildeo das condiccedilotildees ideais para a manutenccedilatildeo

da qualidade das espeacutecies vegetais

- Determinaccedilatildeo da quantidade de mateacuteria orgacircnica estranha na droga seca

triturada grosseiramente demonstrando se a coleta monda secagem e

trituraccedilatildeo foram realizadas a contento sem o risco de contaminaccedilatildeo com outras

espeacutecies

- Determinaccedilatildeo de resiacuteduos de pesticidas para monitorar a forma de realizaccedilatildeo

do controle de pestes atraveacutes da identificaccedilatildeo e dosagem de pesticidas

- Determinaccedilatildeo da presenccedila de arsecircnio e metais pesados como componentes

que satildeo responsaacuteveis por intoxicaccedilotildees e por incompatibilidades nas

preparaccedilotildees liacutequidas de fitoteraacutepicos

- Determinaccedilatildeo da quantidade de microrganismos viaacuteveis atraveacutes da contagem

em placa a de diluiccedilotildees obtidas a partir do liacutequido de lavagem das drogas

evidenciando o grau de contaminaccedilatildeo e a possiacutevel e indesejaacutevel presenccedila de

microrganismos potencialmente patogecircnicos

Garantia de Qualidade

Na produccedilatildeo de fitoteraacutepicos do mesmo modo como ocorre com qualquer outro

medicamento natildeo pode negligenciar qualquer procedimento que possa conduzir

a diminuiccedilatildeo da qualidade do produto final A qualidade se reflete na

reprodutibilidade da qualidade do produto avaliada em laboratoacuterio e no

acompanhamento da sua eficaacutecia terapecircutica e seguranccedila Isto soacute pode ser

conseguido quando para cada forma farmacecircutica de fitoteraacutepico forem

registradas as operaccedilotildees farmacecircuticas que devem ser seguidas agrave risca suas

medidas de controle e definiccedilatildeo das responsabilidades para cada uma das

etapas do processamento

Apenas como ilustraccedilatildeo tomemos como exemplo a produccedilatildeo da tintura de

Alecrim-pimenta (Lippia sidoides Cham) O iniacutecio da preocupaccedilatildeo com a

qualidade se daacute com a seguranccedila de que a espeacutecie cultivada seja realmente

aquela que se deve coletar e em seguida em coletar a parte que realmente

deve ser utilizada e de plantas com aspecto saudaacutevel de desenvolvimento para

a qual as condiccedilotildees de cultivo tenham se apresentado como satisfatoacuterias A

monda que se segue agrave coleta retirando as partes improacuteprias agrave preparaccedilatildeo do

fitoteraacutepico daacute continuidade ao passo anterior na busca de alcanccedilar a qualidade

desejada O processo de dessecaccedilatildeo ocorrendo agrave sombra e agrave temperatura

ambiente preservando os constituintes quiacutemicos ativos e diminuindo a

influecircncia da umidade da planta sobre a sua qualidade e a da soluccedilatildeo extrativa

a ser obtida faz com que a droga obtida possa ser utilizada como mateacuteria-prima

para a obtenccedilatildeo de medicamento O cuidadoso processo de trituraccedilatildeo sem

elevar a temperatura durante o processo e reduzindo a perda de poacute para o

ambiente tambeacutem representa um processo que deve ser realizado com a

devida atenccedilatildeo Depois disso a droga seca e triturada deve ser armazenada

em condiccedilotildees que preservem sua qualidade pelo tempo necessaacuterio ateacute sua

utilizaccedilatildeo com as devidas inscriccedilotildees que atestem sua fonte data de coleta e de

processamento e respectivos responsaacuteveis

A preparaccedilatildeo da soluccedilatildeo hidro-alcooacutelica que seraacute utilizada no processo extrativo

tambeacutem deve ser realizada com bastante cuidado pois a mateacuteria-prima deve

apresentar a qualidade compatiacutevel com sua utilizaccedilatildeo para a produccedilatildeo de

medicamentos aacutegua purificada e aacutelcool farmacecircutico Deve-se observar a

legislaccedilatildeo atual sobre aacutelcool que exige a desnaturaccedilatildeo do aacutelcool

comercializado em farmaacutecias e supermercados e assim natildeo deve servir como

excipiente farmacecircutico Enfim todos os processos interferem com a qualidade

do produto final a ser obtido e devem ser realizados corretamente e as

operaccedilotildees registradas em documento proacuteprio buscando a rastreabilidade de

cada lote de cada produto

Outra etapa da garantia da qualidade essencial para sua implantaccedilatildeo eacute a

validaccedilatildeo de equipamentos e de processos que busca uma evidecircncia

documentada de que os mesmos cumprem satisfatoriamente sua finalidade

quando utilizados ou realizados corretamente

Estas evidecircncias devem ser conseguidas antes mesmo de se iniciar a utilizaccedilatildeo

das instalaccedilotildees para produccedilatildeo de medicamentos Naqueles jaacute em

funcionamento a validaccedilatildeo pode ser realizada atraveacutes da documentaccedilatildeo da

produccedilatildeo passada ou seja uma validaccedilatildeo retrospectiva

Para a produccedilatildeo de medicamentos em pequena escala que natildeo venha a

caracterizar uma produccedilatildeo industrial deve-se buscar a adequaccedilatildeo das

condiccedilotildees de produccedilatildeo armazenamento e dispensaccedilatildeo do produto atraveacutes da

Resoluccedilatildeo RDC ndeg 33 de abril de 2000 que descreve os criteacuterios de Boas

Praacuteticas de Manipulaccedilatildeo

Para a produccedilatildeo industrial de medicamentos a legislaccedilatildeo que trata das Boas

Praacuteticas de Fabricaccedilatildeo e Garantia de Qualidade eacute a Resoluccedilatildeo RDC ndeg 210 de

04 de agosto de 2003 As especificaccedilotildees legais da legislaccedilatildeo sanitaacuteria

brasileira e de outros paiacuteses para materiais vegetais devem incluir tanto quanto

possiacutevel o seguinte

- Nome botacircnico c om referecircncia aos autores

- Detalhes da fonte da planta (paiacutes ou regiatildeo de origem cultivo eacutepoca da

colheita procedimentos de colheita possiacuteveis pesticidas utilizados etc)

- Descriccedilatildeo do material vegetal inspeccedilatildeo visual macro eou microscoacutepica

- Testes de identificaccedilatildeo apropriados incluindo quando convenientes testes de

identificaccedilatildeo para ingredientes ativos conhecidos ou marcadores

- Ensaios quando convenientes dos constituintes de atividade terapecircutica ou

marcadores

- Meacutetodos apropriados para determinaccedilatildeo de possiacuteveis contaminaccedilotildees por

pesticidas e os limites aceitos

- Testes para metais pesados e contaminantes semelhantes materiais

estranhos e adulterantes

- Testes para radiaccedilatildeo aflatoxinas e contaminaccedilatildeo microbiana

Qualquer tratamento usado para reduzir contaminaccedilotildees focircnicas e microbianas

ou outras infestaccedilotildees devem ser documentadas Instrumentos para tais

procedimentos devem ser acessiacuteveis e devem incluir detalhes dos processos

testes e limites residuais

Para a realidade do programa Farmaacutecias-Vivas onde natildeo satildeo utilizados

pesticidas as plantas satildeo cultivadas no local proacuteximo de onde ocorre a

produccedilatildeo do medicamento ou satildeo de origem na mesma regiatildeo e satildeo

processadas logo apoacutes a coleta satildeo feitas exigecircncias menores que as

estabelecidas para maiores escalas de produccedilatildeo Nem assim devemos deixar

de registrar todas as operaccedilotildees realizadas com a droga desde o seu cultivo ateacute

a dispensaccedilatildeo do produto fitoteraacutepico

Dispensaccedilatildeo

Estivemos sempre discorrendo sobre qualidade do produto a ser obtido desde

o cultivo da espeacutecie correta da coleta da parte usada e o seu processamento

mantendo intactos os princiacutepios ativos Conhecemos os motivos que levam a

toda esta preocupaccedilatildeo com a qualidade a responsabilidade do profissional que

o produz e a eficaacutecia e a seguranccedila necessaacuterias para o paciente que o utiliza

Portanto resta-nos dispensar o fitoteraacutepico para que este apresente estas

caracteriacutesticas trans formando o paciente num parceiro consciente do seu

papel no uso cor reto deste recurso terapecircutico

O resgate das praacuteticas populares agora respaldadas pelos estudos cientiacuteficos

seacuterios que atestam a eficaacutecia e seguranccedila das espeacutecies utilizadas no programa

Farmaacutecias-Vivas pode ser abordado no momento da dispensaccedilatildeo do

medicamento ou atraveacutes de apresentaccedilotildees coletivas organizadas e realizadas

pelo Farmacecircutico Alguns cuidados merecem ser observados para natildeo se

incorrer em riscos desnecessaacuterios

- Natildeo referendar o uso de plantas cujo estudo cientiacutefico natildeo tenha apresentado

dados sobre sua eficaacutecia e seguranccedila

- Natildeo recomendar o uso de qualquer planta medicinal para o tratamento de

doenccedilas sem a devida recomendaccedilatildeo meacutedica especializada ou natildeo

- Natildeo recomendar a utilizaccedilatildeo de planta que nos seja desconhecida tanto no

aspecto teoacuterico quanto praacutetico

- Natildeo sugerir a utilizaccedilatildeo de quaisquer praacuteticas com ou sem uso de plantas

medicinais que possa representar um risco potencial ou real de dano fetal

Para nos resguardarmos de quaisquer erros precisamos nos manter atualizados

quanto aos benefiacutecios e riscos da utilizaccedilatildeo das espeacutecies medicinais com as

quais trabalhamos dada agrave impossibilidade de conhecer todas as demais Os

dados obtidos durante a dispensaccedilatildeo e acompanhamento dos pacientes aleacutem

daqueles obtidos durante os ensaios controlados de toxicologia e farmacologia

cliacutenica forneceratildeo a necessaacuteria seguranccedila para realizarmos a dispensaccedilatildeo e

cada vez mais desfazermos o mito do natural ser inoacutecuo

Como exemplo da relaccedilatildeo risco x benefiacutecio de uma preparaccedilatildeo fitoteraacutepica

apresentamos as seguintes informaccedilotildees sobre o Elixir de Aroeira que em

muitos aspectos natildeo houve a quantificaccedilatildeo da intensidade dos efeitos beneacuteficos

nem adversos nem de interaccedilotildees

Forma Medicamento Fitoteraacutepico- Caacutepsula ESPINHEIRA SANTA Maytenus ilicifolia Celastraceae

Medicamento fitoteraacutepico

Parte utilizada Folhas

Nomenclatura popularEspinheira santa cancerosa cancorosa-de-sete-espinhos cancrosa

espinheira-divina espinho-de-Deus maiteno erva-cancrosa erva-santa

ApresentaccedilotildeesCaacutepsula dura - Extrato seco das folhas de Maytenus ilicifolia 380 mg -

Embalagem com 3 bliacutesters contendo 15 caacutepsulas cada

Via oral

Uso adulto

Composiccedilatildeo

Cada caacutepsula conteacutem

Extrato seco de Maytenus ilicifolia380 mg

Excipiente qsp 1 caacutepsula (amido)

equivalente a 133 mg de taninos totais

Informaccedilotildees ao pacientePara que este medicamento eacute indicado

Espinheira Santa eacute indicada para o tratamento da maacute digestatildeo e como

coadjuvante no tratamento de uacutelcera do estocircmago e duodeno

Como este medicamento funciona

Espinheira Santa atua como regulador das funccedilotildees estomacais e promove a

proteccedilatildeo da mucosa gaacutestrica

Quando natildeo devo usar este medicamentobull O medicamento deve ser evitado por menores de 12 anos de idade devido agrave

falta de estudos disponiacuteveis

bull Lactaccedilatildeo e gravidez visto que pode diminuir a secreccedilatildeo de leite e pode

provocar contraccedilotildees uterinas

bull Hipersensibilidade (alergia) a qualquer um dos componentes da foacutermula ou a

outras plantas da famiacutelia Celastraceae

O que devo saber antes de usar este medicamentoPrecauccedilotildees e advertecircncias

bull De acordo com a categoria de risco de faacutermacos destinados agraves mulheres

graacutevidas este medicamento apresenta categoria de risco C Este medicamento

natildeo deve ser utilizado por mulheres graacutevidas sem orientaccedilatildeo meacutedica ou do

cirurgiatildeo dentista

Interaccedilotildees medicamentosas

bull A administraccedilatildeo concomitante de M ilicifolia com bebidas alcooacutelicas e outros

medicamentos natildeo eacute recomendada pois natildeo existem estudos disponiacuteveis

sobre as interaccedilotildees medicamentosas deste fitoteraacutepico

Informe seu meacutedico ou cirurgiatildeo-dentista se vocecirc estaacute fazendo uso de algum

outro medicamento

Onde como e por quanto tempo posso guardar este medicamentoCuidados de conservaccedilatildeo

Espinheira Santa deve ser conservada em temperatura ambiente (entre 15 e

30ordmC) em sua embalagem original Proteger da luz e da umidade

Prazo de validade24 meses apoacutes a data de fabricaccedilatildeo impressa no cartucho

Nuacutemero de lote e datas de fabricaccedilatildeo e validade vide embalagem

Natildeo use medicamento com o prazo de validade vencido

Guarde-o em sua embalagem original

Caracteriacutesticas fiacutesicasCaacutepsulas gelatinosas duras de cor creme

Caracteriacutesticas organoleacutepticas

Cheiro (odor) caracteriacutestico e praticamente natildeo apresenta sabor

Antes de usar observe o aspecto do medicamento Caso ele esteja no prazo

de validade e vocecirc observe alguma mudanccedila no aspecto consulte o

farmacecircutico para saber se poderaacute utilizaacute-lo

Todo medicamento deve ser mantido fora do alcance das crianccedilas

Como devo usar este medicamentoModo de usar

As caacutepsulas devem ser ingeridas inteiras e com uma quantidade suficiente de

aacutegua para que possam ser deglutidas

Posologia

Ingerir duas caacutepsulas via oral trecircs vezes ao dia de oito em oito horas

Siga corretamente o modo de usar Em caso de duacutevidas sobre este

medicamento procure orientaccedilatildeo do farmacecircutico Natildeo desaparecendo os

sintomas procure orientaccedilatildeo de seu meacutedico ou cirurgiatildeo-dentista

Este medicamento natildeo deve ser partido aberto ou mastigado

O que devo fazer quando eu me esquecer de usar este medicamentoCaso haja esquecimento da ingestatildeo de uma dose deste medicamento

retomar a posologia prescrita sem a necessidade de suplementaccedilatildeo

Em caso de duacutevidas procure orientaccedilatildeo do farmacecircutico ou de seu meacutedico ou

do cirurgiatildeo-dentista

Que males este medicamento pode causarReaccedilotildees adversas

Ateacute o momento natildeo foram relatadas reaccedilotildees adversas graves ou que coloquem

em risco a sauacutede dos pacientes

Raramente podem ocorrer casos de hipersensibilidade Neste caso suspender

o uso e procurar orientaccedilatildeo meacutedica

Informe seu meacutedico cirurgiatildeo-dentista ou farmacecircutico do aparecimento de

reaccedilotildees indesejaacuteveis pelo uso do medicamento

Induacutestria Brasileira

Esta bula foi atualizada conforme Bula Padratildeo aprovada pela Anvisa em

12012011

Farmacecircutica resp Dra (Nome )

CRF-PR nordm XXXX Coacuted XXXXX - 012011

Informe tambeacutem agrave empresa atraveacutes do seu Serviccedilo de

Atendimento ao Consumidor

O que fazer se algueacutem usar uma quantidade maior do que a indicada deste medicamentoPlantas ricas em taninos como a M ilicifolia quando usadas em doses

excessivas podem causar irritaccedilatildeo da mucosa gaacutestrica e intestinal gerando

vocircmitos coacutelicas intestinais e diarreia

Em caso de super dosagem suspender o uso e procurar orientaccedilatildeo meacutedica de

imediato Em caso de uso de grande quantidade deste medicamento procure

rapidamente socorro meacutedico e leve a embalagem ou bula do medicamento se

possiacutevel Siga corretamente o modo de usar natildeo desaparecendo os sintomas

procure orientaccedilatildeo meacutedica

Conclusatildeo

A espinheira-santa (M ilicifolia) eacute um fitoteraacutepico de relevante accedilatildeo terapecircutica

principalmente antiulcerogecircnica dada sua eficaacutecia farmacoloacutegica e seguranccedila

Vale lembrar que por ausecircncia de estudos ela natildeo eacute recomenda para crianccedilas

e natildeo deve ser usada por gestantes pois estudos em camundongos (fecircmeas e

graacutevidas) indicaram um decreacutescimo significativo do nuacutemero de embriotildees aleacutem

de possuir atividade estrogecircnica que pode interferir na receptividade uterina do

embriatildeo Entre suas atividades farmacoloacutegicas destaca-se a atividade

antiulcerogecircnica que pode ser comparada agrave accedilatildeo da ranitidina e da cimetidina

Por ser morfologicamente parecida com as espeacutecies S bonplandii e Z ilicifolia

ela eacute comumente confundida e ateacute mesmo trocada intencionalmente

A utilizaccedilatildeo de maneira errocircnea das espeacutecies botacircnicas que natildeo satildeo a

verdadeira espinheira-santa (M ilicifolia) pode acarretar danos agrave sauacutede dos

pacientes Assim conclui-se que essas espeacutecies conhecidas como

adulterantes podem trazer malefiacutecios pois ainda faltam estudos que

comprovem suas atividades farmacoloacutegicas e principalmente a seguranccedila

terapecircutica Poreacutem natildeo se deve descartar o uso dessas espeacutecies e sim

realizar estudos mais concretos para que essas plantas assim como a

verdadeira espinheira-santa possam auxiliar no tratamento farmacoloacutegico da

populaccedilatildeo

Referecircncias Bibliograacuteficas

Ralph Santos-Oliveira Simone Coulaud-Cunha Waldeciro Colaccedilo

Revisatildeo da Maytenus ilicifolia Mart ex Reissek Celastraceae

Contribuiccedilatildeo ao estudo das propriedades farmacoloacutegicas Rev Bras

Farmacogn Braz J Pharmacogn 19(2B) AbrJun 2009

Wilker Marlon de Moraes Jesus Tarciacutesio Neves da Cunha Estudo das

propriedades farmacoloacutegicas da espinheira-santa (Maytenus ilicifolia

Mart ex Reissek) e de duas espeacutecies adulterantes Revista Sauacutede e

Desenvolvimento vol ndash nordm 1 Jan ndash Jun 2012

MARIOT MP1 BARBIERI RL2 Engenheiro Agrocircnomo Dr prof do

Conjunto Agroteacutecnico ldquoVisconde da GraccedilardquoUniversidade Federal de

Pelotas (mariotufpeltchebr) ndash Av Ildefonso Simotildees Lopes 2791

Pelotas-RS CEP 96060-290 2Bioacuteloga Dr pesquisadora da Embrapa

Clima Temperado (barbiericpactembrapabr) ndash BR 392 km 78 caixa

postal 403 Pelotas-RS CEP 96001-970 (endereccedilo para

correspondecircncia) Metaboacutelitos secundaacuterios e propriedades medicinais da

espinheira-santa (Maytenus ilicifolia Mart ex Reiss e M aquifolium

Mart)

CARLINI EA Braz S Efeito protetor do liofilizado obtido do abafado de

Maytenus Sp (espinheira-santa) contra uacutelcera gaacutestrica experimental em

ratos In Estudo da accedilatildeo antiuacutelcera gaacutestrica de plantas brasileiras

(Maytenus ilicifolia) Espinheira santa e outras Brasiacutelia CEMEAFIP

1988 p21-35MACAUBAS CIP et al Estudo da eventual accedilatildeo

antiuacutelcera gaacutestrica do baacutelsamo (Sedum sp) folha da fortuna

(Bryophyllum calcium) couve (Brassica oleraceae) e da Espinheira

santa (Maytenus ilicifolia) em ratos In Estudo da accedilatildeo antiuacutelcera

gaacutestrica de plantas brasileiras (Maytenus ilicifolia) Espinheira santa e

outras Brasiacutelia CEMEAFIP 1988 p 5-20

Olivia Werner Oliveira Pedro Ros Petrovick Secagem por aspersatildeo

(spray drying) de extratos vegetais bases e aplicaccedilotildees Revista

Brasileira de Farmacognosia Brazilian Journal of Pharmacognosy 20(4)

641-650 AgoSet 2010

Marianne Christina Scheffer Capitulo 17 Produccedilatildeo de espinheira-santa

(Maytenus ilicifolia Mart ex Reiss) na regiatildeo metropolitana de Curitiba

Paranaacute Brasil

Said gonccedilalves da cruz fonsacircca Farmacoteacutecnica de Fitoteraacutepicos2005

seratildeo transformadas em uma forma extrativa em soluccedilatildeo hidro-alcooacutelica pode

ter sua carga microbiana reduzida pelo efeito antisseacuteptico do solvente

Preparado Intermediaacuterio

As formas extrativas satildeo obtidas em condiccedilotildees que nem sempre conseguem

retirar a totalidade das substacircncias ativas soluacuteveis no solvente escolhido devido

a diversos fator ES como o tempo e temperatura de maceraccedilatildeo pH do

solvente distribuiccedilatildeo granulomeacutetrica da droga sua umidade residual teor de

substacircncias ativas e velocidade de percolaccedilatildeo Justifica-se entatildeo a

necessidade da realizaccedilatildeo de ensaios de avaliaccedilatildeo da qualidade das formas

extrativas incluindo avaliaccedilotildees fiacutesico-quiacutemicas como aparecircncia cor odor

solubilidade densidade pH e viscosidade avaliaccedilotildees quiacutemicas como o perfil

cromatograacutefico e dosagem das substacircncias ativas ou marcador e avaliaccedilatildeo

microbioloacutegica da quantidade de microrganismos viaacuteveis

Fitoteraacutepico

Independente da forma farmacecircutica final eacute necessaacuterio que sejam realizadas

avaliaccedilotildees na qualidade do produto final da mesma forma que eacute exigido para

os demais tipos de medicamentos Listamos a seguir os ensaios realizados

para cada forma farmacecircutica lembrando que devem ser acrescentados os

ensaios quiacutemicos e microbioloacutegicos

Prazo de Validade

Considerando a jaacute difiacutecil realizaccedilatildeo da avaliaccedilatildeo da qualidade das drogas

utilizadas na obtenccedilatildeo de fitoteraacutepicos pode-se compreender que o

acompanhamento do processo cineacutetico de degradaccedilatildeo dos constituintes do

medicamento natildeo eacute uma estar efe faacutecil No entanto esta avaliaccedilatildeo pode se dar

em diversos niacuteveis

- Avaliaccedilatildeo da estabilidade fiacutesica

Para cada tipo de forma farmacecircutica satildeo descritas as caracteriacutesticas tiacutepicas

como cor odor limpidez densidade viscosidade pH etc que observadas

para um mesmo lote ao longo do tempo de armazenamento forneceratildeo

informaccedilotildees sobre a integridade fiacutesica da formulaccedilatildeo

- Avaliaccedilatildeo da estabilidade quiacutemica

A utilizaccedilatildeo de recursos laboratoriais desde os mais simples ateacute os mais

sofisticados permitem o acompanhamento qualitativo eou quantitativo dos

princiacutepios ativos contidos no produto fitoteraacutepico Por exemplo atraveacutes do

ensaio limite de taninos por diluiccedilotildees sucessivas e adiccedilatildeo de cloreto feacuterrico

pode-se ter uma medida semi-quantitativa do teor destas substacircncias nas

preparaccedilotildees que o contenham Evoluindo a utilizaccedilatildeo de teacutecnica

cromatograacutefica em camada delgada sobre papel ou siacutelica permite a

determinaccedilatildeo do perfil cromatograacutefico para o produto de modo que possa ser

comparado com o obtido em lotes posteriores ou com o mesmo lote ao longo do

tempo de armazenamento

- Avaliaccedilatildeo da estabilidade microbioloacutegica

A verificaccedilatildeo do niacutevel de contaminaccedilatildeo microbiana numa preparaccedilatildeo

medicamentosa fornece informaccedilotildees sobre o niacutevel de higienizaccedilatildeo empregado

durante o processamento da droga ateacute a obtenccedilatildeo do medicamento A

observaccedilatildeo deste mesmo paracircmetro ao longo do tempo fornece informaccedilotildees

sobre a composiccedilatildeo conservante utilizada no produto e a forma de

armazenamento

Teacutecnicas Gerais

Os ensaios laboratoriais de avaliaccedilatildeo da qualidade da droga compreendem

basicamente

- Observaccedilatildeo macroscoacutepica e microscoacutepica da droga fresca e seca inteira e

triturada comparando com o descrito em farmacopeias ou com modelos

botanicamente certificados

- Determinaccedilatildeo de umidade na droga fresca e naquela seca e triturada

evidenciando a quantidade de aacutegua contida na droga receacutem-coletada na droga

s eca e a efetividade do processo de secagem utilizada

- Identificaccedilatildeo e dosagem de substacircncias ativas ou marcadores realizada na

droga seca e triturada onde atraveacutes do acompanhamento da evoluccedilatildeo ao

longo do tempo e o cruzamento dos dados entre os locais e condiccedilotildees de

cultivo seraacute possiacutevel a determinaccedilatildeo das condiccedilotildees ideais para a manutenccedilatildeo

da qualidade das espeacutecies vegetais

- Determinaccedilatildeo da quantidade de mateacuteria orgacircnica estranha na droga seca

triturada grosseiramente demonstrando se a coleta monda secagem e

trituraccedilatildeo foram realizadas a contento sem o risco de contaminaccedilatildeo com outras

espeacutecies

- Determinaccedilatildeo de resiacuteduos de pesticidas para monitorar a forma de realizaccedilatildeo

do controle de pestes atraveacutes da identificaccedilatildeo e dosagem de pesticidas

- Determinaccedilatildeo da presenccedila de arsecircnio e metais pesados como componentes

que satildeo responsaacuteveis por intoxicaccedilotildees e por incompatibilidades nas

preparaccedilotildees liacutequidas de fitoteraacutepicos

- Determinaccedilatildeo da quantidade de microrganismos viaacuteveis atraveacutes da contagem

em placa a de diluiccedilotildees obtidas a partir do liacutequido de lavagem das drogas

evidenciando o grau de contaminaccedilatildeo e a possiacutevel e indesejaacutevel presenccedila de

microrganismos potencialmente patogecircnicos

Garantia de Qualidade

Na produccedilatildeo de fitoteraacutepicos do mesmo modo como ocorre com qualquer outro

medicamento natildeo pode negligenciar qualquer procedimento que possa conduzir

a diminuiccedilatildeo da qualidade do produto final A qualidade se reflete na

reprodutibilidade da qualidade do produto avaliada em laboratoacuterio e no

acompanhamento da sua eficaacutecia terapecircutica e seguranccedila Isto soacute pode ser

conseguido quando para cada forma farmacecircutica de fitoteraacutepico forem

registradas as operaccedilotildees farmacecircuticas que devem ser seguidas agrave risca suas

medidas de controle e definiccedilatildeo das responsabilidades para cada uma das

etapas do processamento

Apenas como ilustraccedilatildeo tomemos como exemplo a produccedilatildeo da tintura de

Alecrim-pimenta (Lippia sidoides Cham) O iniacutecio da preocupaccedilatildeo com a

qualidade se daacute com a seguranccedila de que a espeacutecie cultivada seja realmente

aquela que se deve coletar e em seguida em coletar a parte que realmente

deve ser utilizada e de plantas com aspecto saudaacutevel de desenvolvimento para

a qual as condiccedilotildees de cultivo tenham se apresentado como satisfatoacuterias A

monda que se segue agrave coleta retirando as partes improacuteprias agrave preparaccedilatildeo do

fitoteraacutepico daacute continuidade ao passo anterior na busca de alcanccedilar a qualidade

desejada O processo de dessecaccedilatildeo ocorrendo agrave sombra e agrave temperatura

ambiente preservando os constituintes quiacutemicos ativos e diminuindo a

influecircncia da umidade da planta sobre a sua qualidade e a da soluccedilatildeo extrativa

a ser obtida faz com que a droga obtida possa ser utilizada como mateacuteria-prima

para a obtenccedilatildeo de medicamento O cuidadoso processo de trituraccedilatildeo sem

elevar a temperatura durante o processo e reduzindo a perda de poacute para o

ambiente tambeacutem representa um processo que deve ser realizado com a

devida atenccedilatildeo Depois disso a droga seca e triturada deve ser armazenada

em condiccedilotildees que preservem sua qualidade pelo tempo necessaacuterio ateacute sua

utilizaccedilatildeo com as devidas inscriccedilotildees que atestem sua fonte data de coleta e de

processamento e respectivos responsaacuteveis

A preparaccedilatildeo da soluccedilatildeo hidro-alcooacutelica que seraacute utilizada no processo extrativo

tambeacutem deve ser realizada com bastante cuidado pois a mateacuteria-prima deve

apresentar a qualidade compatiacutevel com sua utilizaccedilatildeo para a produccedilatildeo de

medicamentos aacutegua purificada e aacutelcool farmacecircutico Deve-se observar a

legislaccedilatildeo atual sobre aacutelcool que exige a desnaturaccedilatildeo do aacutelcool

comercializado em farmaacutecias e supermercados e assim natildeo deve servir como

excipiente farmacecircutico Enfim todos os processos interferem com a qualidade

do produto final a ser obtido e devem ser realizados corretamente e as

operaccedilotildees registradas em documento proacuteprio buscando a rastreabilidade de

cada lote de cada produto

Outra etapa da garantia da qualidade essencial para sua implantaccedilatildeo eacute a

validaccedilatildeo de equipamentos e de processos que busca uma evidecircncia

documentada de que os mesmos cumprem satisfatoriamente sua finalidade

quando utilizados ou realizados corretamente

Estas evidecircncias devem ser conseguidas antes mesmo de se iniciar a utilizaccedilatildeo

das instalaccedilotildees para produccedilatildeo de medicamentos Naqueles jaacute em

funcionamento a validaccedilatildeo pode ser realizada atraveacutes da documentaccedilatildeo da

produccedilatildeo passada ou seja uma validaccedilatildeo retrospectiva

Para a produccedilatildeo de medicamentos em pequena escala que natildeo venha a

caracterizar uma produccedilatildeo industrial deve-se buscar a adequaccedilatildeo das

condiccedilotildees de produccedilatildeo armazenamento e dispensaccedilatildeo do produto atraveacutes da

Resoluccedilatildeo RDC ndeg 33 de abril de 2000 que descreve os criteacuterios de Boas

Praacuteticas de Manipulaccedilatildeo

Para a produccedilatildeo industrial de medicamentos a legislaccedilatildeo que trata das Boas

Praacuteticas de Fabricaccedilatildeo e Garantia de Qualidade eacute a Resoluccedilatildeo RDC ndeg 210 de

04 de agosto de 2003 As especificaccedilotildees legais da legislaccedilatildeo sanitaacuteria

brasileira e de outros paiacuteses para materiais vegetais devem incluir tanto quanto

possiacutevel o seguinte

- Nome botacircnico c om referecircncia aos autores

- Detalhes da fonte da planta (paiacutes ou regiatildeo de origem cultivo eacutepoca da

colheita procedimentos de colheita possiacuteveis pesticidas utilizados etc)

- Descriccedilatildeo do material vegetal inspeccedilatildeo visual macro eou microscoacutepica

- Testes de identificaccedilatildeo apropriados incluindo quando convenientes testes de

identificaccedilatildeo para ingredientes ativos conhecidos ou marcadores

- Ensaios quando convenientes dos constituintes de atividade terapecircutica ou

marcadores

- Meacutetodos apropriados para determinaccedilatildeo de possiacuteveis contaminaccedilotildees por

pesticidas e os limites aceitos

- Testes para metais pesados e contaminantes semelhantes materiais

estranhos e adulterantes

- Testes para radiaccedilatildeo aflatoxinas e contaminaccedilatildeo microbiana

Qualquer tratamento usado para reduzir contaminaccedilotildees focircnicas e microbianas

ou outras infestaccedilotildees devem ser documentadas Instrumentos para tais

procedimentos devem ser acessiacuteveis e devem incluir detalhes dos processos

testes e limites residuais

Para a realidade do programa Farmaacutecias-Vivas onde natildeo satildeo utilizados

pesticidas as plantas satildeo cultivadas no local proacuteximo de onde ocorre a

produccedilatildeo do medicamento ou satildeo de origem na mesma regiatildeo e satildeo

processadas logo apoacutes a coleta satildeo feitas exigecircncias menores que as

estabelecidas para maiores escalas de produccedilatildeo Nem assim devemos deixar

de registrar todas as operaccedilotildees realizadas com a droga desde o seu cultivo ateacute

a dispensaccedilatildeo do produto fitoteraacutepico

Dispensaccedilatildeo

Estivemos sempre discorrendo sobre qualidade do produto a ser obtido desde

o cultivo da espeacutecie correta da coleta da parte usada e o seu processamento

mantendo intactos os princiacutepios ativos Conhecemos os motivos que levam a

toda esta preocupaccedilatildeo com a qualidade a responsabilidade do profissional que

o produz e a eficaacutecia e a seguranccedila necessaacuterias para o paciente que o utiliza

Portanto resta-nos dispensar o fitoteraacutepico para que este apresente estas

caracteriacutesticas trans formando o paciente num parceiro consciente do seu

papel no uso cor reto deste recurso terapecircutico

O resgate das praacuteticas populares agora respaldadas pelos estudos cientiacuteficos

seacuterios que atestam a eficaacutecia e seguranccedila das espeacutecies utilizadas no programa

Farmaacutecias-Vivas pode ser abordado no momento da dispensaccedilatildeo do

medicamento ou atraveacutes de apresentaccedilotildees coletivas organizadas e realizadas

pelo Farmacecircutico Alguns cuidados merecem ser observados para natildeo se

incorrer em riscos desnecessaacuterios

- Natildeo referendar o uso de plantas cujo estudo cientiacutefico natildeo tenha apresentado

dados sobre sua eficaacutecia e seguranccedila

- Natildeo recomendar o uso de qualquer planta medicinal para o tratamento de

doenccedilas sem a devida recomendaccedilatildeo meacutedica especializada ou natildeo

- Natildeo recomendar a utilizaccedilatildeo de planta que nos seja desconhecida tanto no

aspecto teoacuterico quanto praacutetico

- Natildeo sugerir a utilizaccedilatildeo de quaisquer praacuteticas com ou sem uso de plantas

medicinais que possa representar um risco potencial ou real de dano fetal

Para nos resguardarmos de quaisquer erros precisamos nos manter atualizados

quanto aos benefiacutecios e riscos da utilizaccedilatildeo das espeacutecies medicinais com as

quais trabalhamos dada agrave impossibilidade de conhecer todas as demais Os

dados obtidos durante a dispensaccedilatildeo e acompanhamento dos pacientes aleacutem

daqueles obtidos durante os ensaios controlados de toxicologia e farmacologia

cliacutenica forneceratildeo a necessaacuteria seguranccedila para realizarmos a dispensaccedilatildeo e

cada vez mais desfazermos o mito do natural ser inoacutecuo

Como exemplo da relaccedilatildeo risco x benefiacutecio de uma preparaccedilatildeo fitoteraacutepica

apresentamos as seguintes informaccedilotildees sobre o Elixir de Aroeira que em

muitos aspectos natildeo houve a quantificaccedilatildeo da intensidade dos efeitos beneacuteficos

nem adversos nem de interaccedilotildees

Forma Medicamento Fitoteraacutepico- Caacutepsula ESPINHEIRA SANTA Maytenus ilicifolia Celastraceae

Medicamento fitoteraacutepico

Parte utilizada Folhas

Nomenclatura popularEspinheira santa cancerosa cancorosa-de-sete-espinhos cancrosa

espinheira-divina espinho-de-Deus maiteno erva-cancrosa erva-santa

ApresentaccedilotildeesCaacutepsula dura - Extrato seco das folhas de Maytenus ilicifolia 380 mg -

Embalagem com 3 bliacutesters contendo 15 caacutepsulas cada

Via oral

Uso adulto

Composiccedilatildeo

Cada caacutepsula conteacutem

Extrato seco de Maytenus ilicifolia380 mg

Excipiente qsp 1 caacutepsula (amido)

equivalente a 133 mg de taninos totais

Informaccedilotildees ao pacientePara que este medicamento eacute indicado

Espinheira Santa eacute indicada para o tratamento da maacute digestatildeo e como

coadjuvante no tratamento de uacutelcera do estocircmago e duodeno

Como este medicamento funciona

Espinheira Santa atua como regulador das funccedilotildees estomacais e promove a

proteccedilatildeo da mucosa gaacutestrica

Quando natildeo devo usar este medicamentobull O medicamento deve ser evitado por menores de 12 anos de idade devido agrave

falta de estudos disponiacuteveis

bull Lactaccedilatildeo e gravidez visto que pode diminuir a secreccedilatildeo de leite e pode

provocar contraccedilotildees uterinas

bull Hipersensibilidade (alergia) a qualquer um dos componentes da foacutermula ou a

outras plantas da famiacutelia Celastraceae

O que devo saber antes de usar este medicamentoPrecauccedilotildees e advertecircncias

bull De acordo com a categoria de risco de faacutermacos destinados agraves mulheres

graacutevidas este medicamento apresenta categoria de risco C Este medicamento

natildeo deve ser utilizado por mulheres graacutevidas sem orientaccedilatildeo meacutedica ou do

cirurgiatildeo dentista

Interaccedilotildees medicamentosas

bull A administraccedilatildeo concomitante de M ilicifolia com bebidas alcooacutelicas e outros

medicamentos natildeo eacute recomendada pois natildeo existem estudos disponiacuteveis

sobre as interaccedilotildees medicamentosas deste fitoteraacutepico

Informe seu meacutedico ou cirurgiatildeo-dentista se vocecirc estaacute fazendo uso de algum

outro medicamento

Onde como e por quanto tempo posso guardar este medicamentoCuidados de conservaccedilatildeo

Espinheira Santa deve ser conservada em temperatura ambiente (entre 15 e

30ordmC) em sua embalagem original Proteger da luz e da umidade

Prazo de validade24 meses apoacutes a data de fabricaccedilatildeo impressa no cartucho

Nuacutemero de lote e datas de fabricaccedilatildeo e validade vide embalagem

Natildeo use medicamento com o prazo de validade vencido

Guarde-o em sua embalagem original

Caracteriacutesticas fiacutesicasCaacutepsulas gelatinosas duras de cor creme

Caracteriacutesticas organoleacutepticas

Cheiro (odor) caracteriacutestico e praticamente natildeo apresenta sabor

Antes de usar observe o aspecto do medicamento Caso ele esteja no prazo

de validade e vocecirc observe alguma mudanccedila no aspecto consulte o

farmacecircutico para saber se poderaacute utilizaacute-lo

Todo medicamento deve ser mantido fora do alcance das crianccedilas

Como devo usar este medicamentoModo de usar

As caacutepsulas devem ser ingeridas inteiras e com uma quantidade suficiente de

aacutegua para que possam ser deglutidas

Posologia

Ingerir duas caacutepsulas via oral trecircs vezes ao dia de oito em oito horas

Siga corretamente o modo de usar Em caso de duacutevidas sobre este

medicamento procure orientaccedilatildeo do farmacecircutico Natildeo desaparecendo os

sintomas procure orientaccedilatildeo de seu meacutedico ou cirurgiatildeo-dentista

Este medicamento natildeo deve ser partido aberto ou mastigado

O que devo fazer quando eu me esquecer de usar este medicamentoCaso haja esquecimento da ingestatildeo de uma dose deste medicamento

retomar a posologia prescrita sem a necessidade de suplementaccedilatildeo

Em caso de duacutevidas procure orientaccedilatildeo do farmacecircutico ou de seu meacutedico ou

do cirurgiatildeo-dentista

Que males este medicamento pode causarReaccedilotildees adversas

Ateacute o momento natildeo foram relatadas reaccedilotildees adversas graves ou que coloquem

em risco a sauacutede dos pacientes

Raramente podem ocorrer casos de hipersensibilidade Neste caso suspender

o uso e procurar orientaccedilatildeo meacutedica

Informe seu meacutedico cirurgiatildeo-dentista ou farmacecircutico do aparecimento de

reaccedilotildees indesejaacuteveis pelo uso do medicamento

Induacutestria Brasileira

Esta bula foi atualizada conforme Bula Padratildeo aprovada pela Anvisa em

12012011

Farmacecircutica resp Dra (Nome )

CRF-PR nordm XXXX Coacuted XXXXX - 012011

Informe tambeacutem agrave empresa atraveacutes do seu Serviccedilo de

Atendimento ao Consumidor

O que fazer se algueacutem usar uma quantidade maior do que a indicada deste medicamentoPlantas ricas em taninos como a M ilicifolia quando usadas em doses

excessivas podem causar irritaccedilatildeo da mucosa gaacutestrica e intestinal gerando

vocircmitos coacutelicas intestinais e diarreia

Em caso de super dosagem suspender o uso e procurar orientaccedilatildeo meacutedica de

imediato Em caso de uso de grande quantidade deste medicamento procure

rapidamente socorro meacutedico e leve a embalagem ou bula do medicamento se

possiacutevel Siga corretamente o modo de usar natildeo desaparecendo os sintomas

procure orientaccedilatildeo meacutedica

Conclusatildeo

A espinheira-santa (M ilicifolia) eacute um fitoteraacutepico de relevante accedilatildeo terapecircutica

principalmente antiulcerogecircnica dada sua eficaacutecia farmacoloacutegica e seguranccedila

Vale lembrar que por ausecircncia de estudos ela natildeo eacute recomenda para crianccedilas

e natildeo deve ser usada por gestantes pois estudos em camundongos (fecircmeas e

graacutevidas) indicaram um decreacutescimo significativo do nuacutemero de embriotildees aleacutem

de possuir atividade estrogecircnica que pode interferir na receptividade uterina do

embriatildeo Entre suas atividades farmacoloacutegicas destaca-se a atividade

antiulcerogecircnica que pode ser comparada agrave accedilatildeo da ranitidina e da cimetidina

Por ser morfologicamente parecida com as espeacutecies S bonplandii e Z ilicifolia

ela eacute comumente confundida e ateacute mesmo trocada intencionalmente

A utilizaccedilatildeo de maneira errocircnea das espeacutecies botacircnicas que natildeo satildeo a

verdadeira espinheira-santa (M ilicifolia) pode acarretar danos agrave sauacutede dos

pacientes Assim conclui-se que essas espeacutecies conhecidas como

adulterantes podem trazer malefiacutecios pois ainda faltam estudos que

comprovem suas atividades farmacoloacutegicas e principalmente a seguranccedila

terapecircutica Poreacutem natildeo se deve descartar o uso dessas espeacutecies e sim

realizar estudos mais concretos para que essas plantas assim como a

verdadeira espinheira-santa possam auxiliar no tratamento farmacoloacutegico da

populaccedilatildeo

Referecircncias Bibliograacuteficas

Ralph Santos-Oliveira Simone Coulaud-Cunha Waldeciro Colaccedilo

Revisatildeo da Maytenus ilicifolia Mart ex Reissek Celastraceae

Contribuiccedilatildeo ao estudo das propriedades farmacoloacutegicas Rev Bras

Farmacogn Braz J Pharmacogn 19(2B) AbrJun 2009

Wilker Marlon de Moraes Jesus Tarciacutesio Neves da Cunha Estudo das

propriedades farmacoloacutegicas da espinheira-santa (Maytenus ilicifolia

Mart ex Reissek) e de duas espeacutecies adulterantes Revista Sauacutede e

Desenvolvimento vol ndash nordm 1 Jan ndash Jun 2012

MARIOT MP1 BARBIERI RL2 Engenheiro Agrocircnomo Dr prof do

Conjunto Agroteacutecnico ldquoVisconde da GraccedilardquoUniversidade Federal de

Pelotas (mariotufpeltchebr) ndash Av Ildefonso Simotildees Lopes 2791

Pelotas-RS CEP 96060-290 2Bioacuteloga Dr pesquisadora da Embrapa

Clima Temperado (barbiericpactembrapabr) ndash BR 392 km 78 caixa

postal 403 Pelotas-RS CEP 96001-970 (endereccedilo para

correspondecircncia) Metaboacutelitos secundaacuterios e propriedades medicinais da

espinheira-santa (Maytenus ilicifolia Mart ex Reiss e M aquifolium

Mart)

CARLINI EA Braz S Efeito protetor do liofilizado obtido do abafado de

Maytenus Sp (espinheira-santa) contra uacutelcera gaacutestrica experimental em

ratos In Estudo da accedilatildeo antiuacutelcera gaacutestrica de plantas brasileiras

(Maytenus ilicifolia) Espinheira santa e outras Brasiacutelia CEMEAFIP

1988 p21-35MACAUBAS CIP et al Estudo da eventual accedilatildeo

antiuacutelcera gaacutestrica do baacutelsamo (Sedum sp) folha da fortuna

(Bryophyllum calcium) couve (Brassica oleraceae) e da Espinheira

santa (Maytenus ilicifolia) em ratos In Estudo da accedilatildeo antiuacutelcera

gaacutestrica de plantas brasileiras (Maytenus ilicifolia) Espinheira santa e

outras Brasiacutelia CEMEAFIP 1988 p 5-20

Olivia Werner Oliveira Pedro Ros Petrovick Secagem por aspersatildeo

(spray drying) de extratos vegetais bases e aplicaccedilotildees Revista

Brasileira de Farmacognosia Brazilian Journal of Pharmacognosy 20(4)

641-650 AgoSet 2010

Marianne Christina Scheffer Capitulo 17 Produccedilatildeo de espinheira-santa

(Maytenus ilicifolia Mart ex Reiss) na regiatildeo metropolitana de Curitiba

Paranaacute Brasil

Said gonccedilalves da cruz fonsacircca Farmacoteacutecnica de Fitoteraacutepicos2005

- Avaliaccedilatildeo da estabilidade fiacutesica

Para cada tipo de forma farmacecircutica satildeo descritas as caracteriacutesticas tiacutepicas

como cor odor limpidez densidade viscosidade pH etc que observadas

para um mesmo lote ao longo do tempo de armazenamento forneceratildeo

informaccedilotildees sobre a integridade fiacutesica da formulaccedilatildeo

- Avaliaccedilatildeo da estabilidade quiacutemica

A utilizaccedilatildeo de recursos laboratoriais desde os mais simples ateacute os mais

sofisticados permitem o acompanhamento qualitativo eou quantitativo dos

princiacutepios ativos contidos no produto fitoteraacutepico Por exemplo atraveacutes do

ensaio limite de taninos por diluiccedilotildees sucessivas e adiccedilatildeo de cloreto feacuterrico

pode-se ter uma medida semi-quantitativa do teor destas substacircncias nas

preparaccedilotildees que o contenham Evoluindo a utilizaccedilatildeo de teacutecnica

cromatograacutefica em camada delgada sobre papel ou siacutelica permite a

determinaccedilatildeo do perfil cromatograacutefico para o produto de modo que possa ser

comparado com o obtido em lotes posteriores ou com o mesmo lote ao longo do

tempo de armazenamento

- Avaliaccedilatildeo da estabilidade microbioloacutegica

A verificaccedilatildeo do niacutevel de contaminaccedilatildeo microbiana numa preparaccedilatildeo

medicamentosa fornece informaccedilotildees sobre o niacutevel de higienizaccedilatildeo empregado

durante o processamento da droga ateacute a obtenccedilatildeo do medicamento A

observaccedilatildeo deste mesmo paracircmetro ao longo do tempo fornece informaccedilotildees

sobre a composiccedilatildeo conservante utilizada no produto e a forma de

armazenamento

Teacutecnicas Gerais

Os ensaios laboratoriais de avaliaccedilatildeo da qualidade da droga compreendem

basicamente

- Observaccedilatildeo macroscoacutepica e microscoacutepica da droga fresca e seca inteira e

triturada comparando com o descrito em farmacopeias ou com modelos

botanicamente certificados

- Determinaccedilatildeo de umidade na droga fresca e naquela seca e triturada

evidenciando a quantidade de aacutegua contida na droga receacutem-coletada na droga

s eca e a efetividade do processo de secagem utilizada

- Identificaccedilatildeo e dosagem de substacircncias ativas ou marcadores realizada na

droga seca e triturada onde atraveacutes do acompanhamento da evoluccedilatildeo ao

longo do tempo e o cruzamento dos dados entre os locais e condiccedilotildees de

cultivo seraacute possiacutevel a determinaccedilatildeo das condiccedilotildees ideais para a manutenccedilatildeo

da qualidade das espeacutecies vegetais

- Determinaccedilatildeo da quantidade de mateacuteria orgacircnica estranha na droga seca

triturada grosseiramente demonstrando se a coleta monda secagem e

trituraccedilatildeo foram realizadas a contento sem o risco de contaminaccedilatildeo com outras

espeacutecies

- Determinaccedilatildeo de resiacuteduos de pesticidas para monitorar a forma de realizaccedilatildeo

do controle de pestes atraveacutes da identificaccedilatildeo e dosagem de pesticidas

- Determinaccedilatildeo da presenccedila de arsecircnio e metais pesados como componentes

que satildeo responsaacuteveis por intoxicaccedilotildees e por incompatibilidades nas

preparaccedilotildees liacutequidas de fitoteraacutepicos

- Determinaccedilatildeo da quantidade de microrganismos viaacuteveis atraveacutes da contagem

em placa a de diluiccedilotildees obtidas a partir do liacutequido de lavagem das drogas

evidenciando o grau de contaminaccedilatildeo e a possiacutevel e indesejaacutevel presenccedila de

microrganismos potencialmente patogecircnicos

Garantia de Qualidade

Na produccedilatildeo de fitoteraacutepicos do mesmo modo como ocorre com qualquer outro

medicamento natildeo pode negligenciar qualquer procedimento que possa conduzir

a diminuiccedilatildeo da qualidade do produto final A qualidade se reflete na

reprodutibilidade da qualidade do produto avaliada em laboratoacuterio e no

acompanhamento da sua eficaacutecia terapecircutica e seguranccedila Isto soacute pode ser

conseguido quando para cada forma farmacecircutica de fitoteraacutepico forem

registradas as operaccedilotildees farmacecircuticas que devem ser seguidas agrave risca suas

medidas de controle e definiccedilatildeo das responsabilidades para cada uma das

etapas do processamento

Apenas como ilustraccedilatildeo tomemos como exemplo a produccedilatildeo da tintura de

Alecrim-pimenta (Lippia sidoides Cham) O iniacutecio da preocupaccedilatildeo com a

qualidade se daacute com a seguranccedila de que a espeacutecie cultivada seja realmente

aquela que se deve coletar e em seguida em coletar a parte que realmente

deve ser utilizada e de plantas com aspecto saudaacutevel de desenvolvimento para

a qual as condiccedilotildees de cultivo tenham se apresentado como satisfatoacuterias A

monda que se segue agrave coleta retirando as partes improacuteprias agrave preparaccedilatildeo do

fitoteraacutepico daacute continuidade ao passo anterior na busca de alcanccedilar a qualidade

desejada O processo de dessecaccedilatildeo ocorrendo agrave sombra e agrave temperatura

ambiente preservando os constituintes quiacutemicos ativos e diminuindo a

influecircncia da umidade da planta sobre a sua qualidade e a da soluccedilatildeo extrativa

a ser obtida faz com que a droga obtida possa ser utilizada como mateacuteria-prima

para a obtenccedilatildeo de medicamento O cuidadoso processo de trituraccedilatildeo sem

elevar a temperatura durante o processo e reduzindo a perda de poacute para o

ambiente tambeacutem representa um processo que deve ser realizado com a

devida atenccedilatildeo Depois disso a droga seca e triturada deve ser armazenada

em condiccedilotildees que preservem sua qualidade pelo tempo necessaacuterio ateacute sua

utilizaccedilatildeo com as devidas inscriccedilotildees que atestem sua fonte data de coleta e de

processamento e respectivos responsaacuteveis

A preparaccedilatildeo da soluccedilatildeo hidro-alcooacutelica que seraacute utilizada no processo extrativo

tambeacutem deve ser realizada com bastante cuidado pois a mateacuteria-prima deve

apresentar a qualidade compatiacutevel com sua utilizaccedilatildeo para a produccedilatildeo de

medicamentos aacutegua purificada e aacutelcool farmacecircutico Deve-se observar a

legislaccedilatildeo atual sobre aacutelcool que exige a desnaturaccedilatildeo do aacutelcool

comercializado em farmaacutecias e supermercados e assim natildeo deve servir como

excipiente farmacecircutico Enfim todos os processos interferem com a qualidade

do produto final a ser obtido e devem ser realizados corretamente e as

operaccedilotildees registradas em documento proacuteprio buscando a rastreabilidade de

cada lote de cada produto

Outra etapa da garantia da qualidade essencial para sua implantaccedilatildeo eacute a

validaccedilatildeo de equipamentos e de processos que busca uma evidecircncia

documentada de que os mesmos cumprem satisfatoriamente sua finalidade

quando utilizados ou realizados corretamente

Estas evidecircncias devem ser conseguidas antes mesmo de se iniciar a utilizaccedilatildeo

das instalaccedilotildees para produccedilatildeo de medicamentos Naqueles jaacute em

funcionamento a validaccedilatildeo pode ser realizada atraveacutes da documentaccedilatildeo da

produccedilatildeo passada ou seja uma validaccedilatildeo retrospectiva

Para a produccedilatildeo de medicamentos em pequena escala que natildeo venha a

caracterizar uma produccedilatildeo industrial deve-se buscar a adequaccedilatildeo das

condiccedilotildees de produccedilatildeo armazenamento e dispensaccedilatildeo do produto atraveacutes da

Resoluccedilatildeo RDC ndeg 33 de abril de 2000 que descreve os criteacuterios de Boas

Praacuteticas de Manipulaccedilatildeo

Para a produccedilatildeo industrial de medicamentos a legislaccedilatildeo que trata das Boas

Praacuteticas de Fabricaccedilatildeo e Garantia de Qualidade eacute a Resoluccedilatildeo RDC ndeg 210 de

04 de agosto de 2003 As especificaccedilotildees legais da legislaccedilatildeo sanitaacuteria

brasileira e de outros paiacuteses para materiais vegetais devem incluir tanto quanto

possiacutevel o seguinte

- Nome botacircnico c om referecircncia aos autores

- Detalhes da fonte da planta (paiacutes ou regiatildeo de origem cultivo eacutepoca da

colheita procedimentos de colheita possiacuteveis pesticidas utilizados etc)

- Descriccedilatildeo do material vegetal inspeccedilatildeo visual macro eou microscoacutepica

- Testes de identificaccedilatildeo apropriados incluindo quando convenientes testes de

identificaccedilatildeo para ingredientes ativos conhecidos ou marcadores

- Ensaios quando convenientes dos constituintes de atividade terapecircutica ou

marcadores

- Meacutetodos apropriados para determinaccedilatildeo de possiacuteveis contaminaccedilotildees por

pesticidas e os limites aceitos

- Testes para metais pesados e contaminantes semelhantes materiais

estranhos e adulterantes

- Testes para radiaccedilatildeo aflatoxinas e contaminaccedilatildeo microbiana

Qualquer tratamento usado para reduzir contaminaccedilotildees focircnicas e microbianas

ou outras infestaccedilotildees devem ser documentadas Instrumentos para tais

procedimentos devem ser acessiacuteveis e devem incluir detalhes dos processos

testes e limites residuais

Para a realidade do programa Farmaacutecias-Vivas onde natildeo satildeo utilizados

pesticidas as plantas satildeo cultivadas no local proacuteximo de onde ocorre a

produccedilatildeo do medicamento ou satildeo de origem na mesma regiatildeo e satildeo

processadas logo apoacutes a coleta satildeo feitas exigecircncias menores que as

estabelecidas para maiores escalas de produccedilatildeo Nem assim devemos deixar

de registrar todas as operaccedilotildees realizadas com a droga desde o seu cultivo ateacute

a dispensaccedilatildeo do produto fitoteraacutepico

Dispensaccedilatildeo

Estivemos sempre discorrendo sobre qualidade do produto a ser obtido desde

o cultivo da espeacutecie correta da coleta da parte usada e o seu processamento

mantendo intactos os princiacutepios ativos Conhecemos os motivos que levam a

toda esta preocupaccedilatildeo com a qualidade a responsabilidade do profissional que

o produz e a eficaacutecia e a seguranccedila necessaacuterias para o paciente que o utiliza

Portanto resta-nos dispensar o fitoteraacutepico para que este apresente estas

caracteriacutesticas trans formando o paciente num parceiro consciente do seu

papel no uso cor reto deste recurso terapecircutico

O resgate das praacuteticas populares agora respaldadas pelos estudos cientiacuteficos

seacuterios que atestam a eficaacutecia e seguranccedila das espeacutecies utilizadas no programa

Farmaacutecias-Vivas pode ser abordado no momento da dispensaccedilatildeo do

medicamento ou atraveacutes de apresentaccedilotildees coletivas organizadas e realizadas

pelo Farmacecircutico Alguns cuidados merecem ser observados para natildeo se

incorrer em riscos desnecessaacuterios

- Natildeo referendar o uso de plantas cujo estudo cientiacutefico natildeo tenha apresentado

dados sobre sua eficaacutecia e seguranccedila

- Natildeo recomendar o uso de qualquer planta medicinal para o tratamento de

doenccedilas sem a devida recomendaccedilatildeo meacutedica especializada ou natildeo

- Natildeo recomendar a utilizaccedilatildeo de planta que nos seja desconhecida tanto no

aspecto teoacuterico quanto praacutetico

- Natildeo sugerir a utilizaccedilatildeo de quaisquer praacuteticas com ou sem uso de plantas

medicinais que possa representar um risco potencial ou real de dano fetal

Para nos resguardarmos de quaisquer erros precisamos nos manter atualizados

quanto aos benefiacutecios e riscos da utilizaccedilatildeo das espeacutecies medicinais com as

quais trabalhamos dada agrave impossibilidade de conhecer todas as demais Os

dados obtidos durante a dispensaccedilatildeo e acompanhamento dos pacientes aleacutem

daqueles obtidos durante os ensaios controlados de toxicologia e farmacologia

cliacutenica forneceratildeo a necessaacuteria seguranccedila para realizarmos a dispensaccedilatildeo e

cada vez mais desfazermos o mito do natural ser inoacutecuo

Como exemplo da relaccedilatildeo risco x benefiacutecio de uma preparaccedilatildeo fitoteraacutepica

apresentamos as seguintes informaccedilotildees sobre o Elixir de Aroeira que em

muitos aspectos natildeo houve a quantificaccedilatildeo da intensidade dos efeitos beneacuteficos

nem adversos nem de interaccedilotildees

Forma Medicamento Fitoteraacutepico- Caacutepsula ESPINHEIRA SANTA Maytenus ilicifolia Celastraceae

Medicamento fitoteraacutepico

Parte utilizada Folhas

Nomenclatura popularEspinheira santa cancerosa cancorosa-de-sete-espinhos cancrosa

espinheira-divina espinho-de-Deus maiteno erva-cancrosa erva-santa

ApresentaccedilotildeesCaacutepsula dura - Extrato seco das folhas de Maytenus ilicifolia 380 mg -

Embalagem com 3 bliacutesters contendo 15 caacutepsulas cada

Via oral

Uso adulto

Composiccedilatildeo

Cada caacutepsula conteacutem

Extrato seco de Maytenus ilicifolia380 mg

Excipiente qsp 1 caacutepsula (amido)

equivalente a 133 mg de taninos totais

Informaccedilotildees ao pacientePara que este medicamento eacute indicado

Espinheira Santa eacute indicada para o tratamento da maacute digestatildeo e como

coadjuvante no tratamento de uacutelcera do estocircmago e duodeno

Como este medicamento funciona

Espinheira Santa atua como regulador das funccedilotildees estomacais e promove a

proteccedilatildeo da mucosa gaacutestrica

Quando natildeo devo usar este medicamentobull O medicamento deve ser evitado por menores de 12 anos de idade devido agrave

falta de estudos disponiacuteveis

bull Lactaccedilatildeo e gravidez visto que pode diminuir a secreccedilatildeo de leite e pode

provocar contraccedilotildees uterinas

bull Hipersensibilidade (alergia) a qualquer um dos componentes da foacutermula ou a

outras plantas da famiacutelia Celastraceae

O que devo saber antes de usar este medicamentoPrecauccedilotildees e advertecircncias

bull De acordo com a categoria de risco de faacutermacos destinados agraves mulheres

graacutevidas este medicamento apresenta categoria de risco C Este medicamento

natildeo deve ser utilizado por mulheres graacutevidas sem orientaccedilatildeo meacutedica ou do

cirurgiatildeo dentista

Interaccedilotildees medicamentosas

bull A administraccedilatildeo concomitante de M ilicifolia com bebidas alcooacutelicas e outros

medicamentos natildeo eacute recomendada pois natildeo existem estudos disponiacuteveis

sobre as interaccedilotildees medicamentosas deste fitoteraacutepico

Informe seu meacutedico ou cirurgiatildeo-dentista se vocecirc estaacute fazendo uso de algum

outro medicamento

Onde como e por quanto tempo posso guardar este medicamentoCuidados de conservaccedilatildeo

Espinheira Santa deve ser conservada em temperatura ambiente (entre 15 e

30ordmC) em sua embalagem original Proteger da luz e da umidade

Prazo de validade24 meses apoacutes a data de fabricaccedilatildeo impressa no cartucho

Nuacutemero de lote e datas de fabricaccedilatildeo e validade vide embalagem

Natildeo use medicamento com o prazo de validade vencido

Guarde-o em sua embalagem original

Caracteriacutesticas fiacutesicasCaacutepsulas gelatinosas duras de cor creme

Caracteriacutesticas organoleacutepticas

Cheiro (odor) caracteriacutestico e praticamente natildeo apresenta sabor

Antes de usar observe o aspecto do medicamento Caso ele esteja no prazo

de validade e vocecirc observe alguma mudanccedila no aspecto consulte o

farmacecircutico para saber se poderaacute utilizaacute-lo

Todo medicamento deve ser mantido fora do alcance das crianccedilas

Como devo usar este medicamentoModo de usar

As caacutepsulas devem ser ingeridas inteiras e com uma quantidade suficiente de

aacutegua para que possam ser deglutidas

Posologia

Ingerir duas caacutepsulas via oral trecircs vezes ao dia de oito em oito horas

Siga corretamente o modo de usar Em caso de duacutevidas sobre este

medicamento procure orientaccedilatildeo do farmacecircutico Natildeo desaparecendo os

sintomas procure orientaccedilatildeo de seu meacutedico ou cirurgiatildeo-dentista

Este medicamento natildeo deve ser partido aberto ou mastigado

O que devo fazer quando eu me esquecer de usar este medicamentoCaso haja esquecimento da ingestatildeo de uma dose deste medicamento

retomar a posologia prescrita sem a necessidade de suplementaccedilatildeo

Em caso de duacutevidas procure orientaccedilatildeo do farmacecircutico ou de seu meacutedico ou

do cirurgiatildeo-dentista

Que males este medicamento pode causarReaccedilotildees adversas

Ateacute o momento natildeo foram relatadas reaccedilotildees adversas graves ou que coloquem

em risco a sauacutede dos pacientes

Raramente podem ocorrer casos de hipersensibilidade Neste caso suspender

o uso e procurar orientaccedilatildeo meacutedica

Informe seu meacutedico cirurgiatildeo-dentista ou farmacecircutico do aparecimento de

reaccedilotildees indesejaacuteveis pelo uso do medicamento

Induacutestria Brasileira

Esta bula foi atualizada conforme Bula Padratildeo aprovada pela Anvisa em

12012011

Farmacecircutica resp Dra (Nome )

CRF-PR nordm XXXX Coacuted XXXXX - 012011

Informe tambeacutem agrave empresa atraveacutes do seu Serviccedilo de

Atendimento ao Consumidor

O que fazer se algueacutem usar uma quantidade maior do que a indicada deste medicamentoPlantas ricas em taninos como a M ilicifolia quando usadas em doses

excessivas podem causar irritaccedilatildeo da mucosa gaacutestrica e intestinal gerando

vocircmitos coacutelicas intestinais e diarreia

Em caso de super dosagem suspender o uso e procurar orientaccedilatildeo meacutedica de

imediato Em caso de uso de grande quantidade deste medicamento procure

rapidamente socorro meacutedico e leve a embalagem ou bula do medicamento se

possiacutevel Siga corretamente o modo de usar natildeo desaparecendo os sintomas

procure orientaccedilatildeo meacutedica

Conclusatildeo

A espinheira-santa (M ilicifolia) eacute um fitoteraacutepico de relevante accedilatildeo terapecircutica

principalmente antiulcerogecircnica dada sua eficaacutecia farmacoloacutegica e seguranccedila

Vale lembrar que por ausecircncia de estudos ela natildeo eacute recomenda para crianccedilas

e natildeo deve ser usada por gestantes pois estudos em camundongos (fecircmeas e

graacutevidas) indicaram um decreacutescimo significativo do nuacutemero de embriotildees aleacutem

de possuir atividade estrogecircnica que pode interferir na receptividade uterina do

embriatildeo Entre suas atividades farmacoloacutegicas destaca-se a atividade

antiulcerogecircnica que pode ser comparada agrave accedilatildeo da ranitidina e da cimetidina

Por ser morfologicamente parecida com as espeacutecies S bonplandii e Z ilicifolia

ela eacute comumente confundida e ateacute mesmo trocada intencionalmente

A utilizaccedilatildeo de maneira errocircnea das espeacutecies botacircnicas que natildeo satildeo a

verdadeira espinheira-santa (M ilicifolia) pode acarretar danos agrave sauacutede dos

pacientes Assim conclui-se que essas espeacutecies conhecidas como

adulterantes podem trazer malefiacutecios pois ainda faltam estudos que

comprovem suas atividades farmacoloacutegicas e principalmente a seguranccedila

terapecircutica Poreacutem natildeo se deve descartar o uso dessas espeacutecies e sim

realizar estudos mais concretos para que essas plantas assim como a

verdadeira espinheira-santa possam auxiliar no tratamento farmacoloacutegico da

populaccedilatildeo

Referecircncias Bibliograacuteficas

Ralph Santos-Oliveira Simone Coulaud-Cunha Waldeciro Colaccedilo

Revisatildeo da Maytenus ilicifolia Mart ex Reissek Celastraceae

Contribuiccedilatildeo ao estudo das propriedades farmacoloacutegicas Rev Bras

Farmacogn Braz J Pharmacogn 19(2B) AbrJun 2009

Wilker Marlon de Moraes Jesus Tarciacutesio Neves da Cunha Estudo das

propriedades farmacoloacutegicas da espinheira-santa (Maytenus ilicifolia

Mart ex Reissek) e de duas espeacutecies adulterantes Revista Sauacutede e

Desenvolvimento vol ndash nordm 1 Jan ndash Jun 2012

MARIOT MP1 BARBIERI RL2 Engenheiro Agrocircnomo Dr prof do

Conjunto Agroteacutecnico ldquoVisconde da GraccedilardquoUniversidade Federal de

Pelotas (mariotufpeltchebr) ndash Av Ildefonso Simotildees Lopes 2791

Pelotas-RS CEP 96060-290 2Bioacuteloga Dr pesquisadora da Embrapa

Clima Temperado (barbiericpactembrapabr) ndash BR 392 km 78 caixa

postal 403 Pelotas-RS CEP 96001-970 (endereccedilo para

correspondecircncia) Metaboacutelitos secundaacuterios e propriedades medicinais da

espinheira-santa (Maytenus ilicifolia Mart ex Reiss e M aquifolium

Mart)

CARLINI EA Braz S Efeito protetor do liofilizado obtido do abafado de

Maytenus Sp (espinheira-santa) contra uacutelcera gaacutestrica experimental em

ratos In Estudo da accedilatildeo antiuacutelcera gaacutestrica de plantas brasileiras

(Maytenus ilicifolia) Espinheira santa e outras Brasiacutelia CEMEAFIP

1988 p21-35MACAUBAS CIP et al Estudo da eventual accedilatildeo

antiuacutelcera gaacutestrica do baacutelsamo (Sedum sp) folha da fortuna

(Bryophyllum calcium) couve (Brassica oleraceae) e da Espinheira

santa (Maytenus ilicifolia) em ratos In Estudo da accedilatildeo antiuacutelcera

gaacutestrica de plantas brasileiras (Maytenus ilicifolia) Espinheira santa e

outras Brasiacutelia CEMEAFIP 1988 p 5-20

Olivia Werner Oliveira Pedro Ros Petrovick Secagem por aspersatildeo

(spray drying) de extratos vegetais bases e aplicaccedilotildees Revista

Brasileira de Farmacognosia Brazilian Journal of Pharmacognosy 20(4)

641-650 AgoSet 2010

Marianne Christina Scheffer Capitulo 17 Produccedilatildeo de espinheira-santa

(Maytenus ilicifolia Mart ex Reiss) na regiatildeo metropolitana de Curitiba

Paranaacute Brasil

Said gonccedilalves da cruz fonsacircca Farmacoteacutecnica de Fitoteraacutepicos2005

- Determinaccedilatildeo de umidade na droga fresca e naquela seca e triturada

evidenciando a quantidade de aacutegua contida na droga receacutem-coletada na droga

s eca e a efetividade do processo de secagem utilizada

- Identificaccedilatildeo e dosagem de substacircncias ativas ou marcadores realizada na

droga seca e triturada onde atraveacutes do acompanhamento da evoluccedilatildeo ao

longo do tempo e o cruzamento dos dados entre os locais e condiccedilotildees de

cultivo seraacute possiacutevel a determinaccedilatildeo das condiccedilotildees ideais para a manutenccedilatildeo

da qualidade das espeacutecies vegetais

- Determinaccedilatildeo da quantidade de mateacuteria orgacircnica estranha na droga seca

triturada grosseiramente demonstrando se a coleta monda secagem e

trituraccedilatildeo foram realizadas a contento sem o risco de contaminaccedilatildeo com outras

espeacutecies

- Determinaccedilatildeo de resiacuteduos de pesticidas para monitorar a forma de realizaccedilatildeo

do controle de pestes atraveacutes da identificaccedilatildeo e dosagem de pesticidas

- Determinaccedilatildeo da presenccedila de arsecircnio e metais pesados como componentes

que satildeo responsaacuteveis por intoxicaccedilotildees e por incompatibilidades nas

preparaccedilotildees liacutequidas de fitoteraacutepicos

- Determinaccedilatildeo da quantidade de microrganismos viaacuteveis atraveacutes da contagem

em placa a de diluiccedilotildees obtidas a partir do liacutequido de lavagem das drogas

evidenciando o grau de contaminaccedilatildeo e a possiacutevel e indesejaacutevel presenccedila de

microrganismos potencialmente patogecircnicos

Garantia de Qualidade

Na produccedilatildeo de fitoteraacutepicos do mesmo modo como ocorre com qualquer outro

medicamento natildeo pode negligenciar qualquer procedimento que possa conduzir

a diminuiccedilatildeo da qualidade do produto final A qualidade se reflete na

reprodutibilidade da qualidade do produto avaliada em laboratoacuterio e no

acompanhamento da sua eficaacutecia terapecircutica e seguranccedila Isto soacute pode ser

conseguido quando para cada forma farmacecircutica de fitoteraacutepico forem

registradas as operaccedilotildees farmacecircuticas que devem ser seguidas agrave risca suas

medidas de controle e definiccedilatildeo das responsabilidades para cada uma das

etapas do processamento

Apenas como ilustraccedilatildeo tomemos como exemplo a produccedilatildeo da tintura de

Alecrim-pimenta (Lippia sidoides Cham) O iniacutecio da preocupaccedilatildeo com a

qualidade se daacute com a seguranccedila de que a espeacutecie cultivada seja realmente

aquela que se deve coletar e em seguida em coletar a parte que realmente

deve ser utilizada e de plantas com aspecto saudaacutevel de desenvolvimento para

a qual as condiccedilotildees de cultivo tenham se apresentado como satisfatoacuterias A

monda que se segue agrave coleta retirando as partes improacuteprias agrave preparaccedilatildeo do

fitoteraacutepico daacute continuidade ao passo anterior na busca de alcanccedilar a qualidade

desejada O processo de dessecaccedilatildeo ocorrendo agrave sombra e agrave temperatura

ambiente preservando os constituintes quiacutemicos ativos e diminuindo a

influecircncia da umidade da planta sobre a sua qualidade e a da soluccedilatildeo extrativa

a ser obtida faz com que a droga obtida possa ser utilizada como mateacuteria-prima

para a obtenccedilatildeo de medicamento O cuidadoso processo de trituraccedilatildeo sem

elevar a temperatura durante o processo e reduzindo a perda de poacute para o

ambiente tambeacutem representa um processo que deve ser realizado com a

devida atenccedilatildeo Depois disso a droga seca e triturada deve ser armazenada

em condiccedilotildees que preservem sua qualidade pelo tempo necessaacuterio ateacute sua

utilizaccedilatildeo com as devidas inscriccedilotildees que atestem sua fonte data de coleta e de

processamento e respectivos responsaacuteveis

A preparaccedilatildeo da soluccedilatildeo hidro-alcooacutelica que seraacute utilizada no processo extrativo

tambeacutem deve ser realizada com bastante cuidado pois a mateacuteria-prima deve

apresentar a qualidade compatiacutevel com sua utilizaccedilatildeo para a produccedilatildeo de

medicamentos aacutegua purificada e aacutelcool farmacecircutico Deve-se observar a

legislaccedilatildeo atual sobre aacutelcool que exige a desnaturaccedilatildeo do aacutelcool

comercializado em farmaacutecias e supermercados e assim natildeo deve servir como

excipiente farmacecircutico Enfim todos os processos interferem com a qualidade

do produto final a ser obtido e devem ser realizados corretamente e as

operaccedilotildees registradas em documento proacuteprio buscando a rastreabilidade de

cada lote de cada produto

Outra etapa da garantia da qualidade essencial para sua implantaccedilatildeo eacute a

validaccedilatildeo de equipamentos e de processos que busca uma evidecircncia

documentada de que os mesmos cumprem satisfatoriamente sua finalidade

quando utilizados ou realizados corretamente

Estas evidecircncias devem ser conseguidas antes mesmo de se iniciar a utilizaccedilatildeo

das instalaccedilotildees para produccedilatildeo de medicamentos Naqueles jaacute em

funcionamento a validaccedilatildeo pode ser realizada atraveacutes da documentaccedilatildeo da

produccedilatildeo passada ou seja uma validaccedilatildeo retrospectiva

Para a produccedilatildeo de medicamentos em pequena escala que natildeo venha a

caracterizar uma produccedilatildeo industrial deve-se buscar a adequaccedilatildeo das

condiccedilotildees de produccedilatildeo armazenamento e dispensaccedilatildeo do produto atraveacutes da

Resoluccedilatildeo RDC ndeg 33 de abril de 2000 que descreve os criteacuterios de Boas

Praacuteticas de Manipulaccedilatildeo

Para a produccedilatildeo industrial de medicamentos a legislaccedilatildeo que trata das Boas

Praacuteticas de Fabricaccedilatildeo e Garantia de Qualidade eacute a Resoluccedilatildeo RDC ndeg 210 de

04 de agosto de 2003 As especificaccedilotildees legais da legislaccedilatildeo sanitaacuteria

brasileira e de outros paiacuteses para materiais vegetais devem incluir tanto quanto

possiacutevel o seguinte

- Nome botacircnico c om referecircncia aos autores

- Detalhes da fonte da planta (paiacutes ou regiatildeo de origem cultivo eacutepoca da

colheita procedimentos de colheita possiacuteveis pesticidas utilizados etc)

- Descriccedilatildeo do material vegetal inspeccedilatildeo visual macro eou microscoacutepica

- Testes de identificaccedilatildeo apropriados incluindo quando convenientes testes de

identificaccedilatildeo para ingredientes ativos conhecidos ou marcadores

- Ensaios quando convenientes dos constituintes de atividade terapecircutica ou

marcadores

- Meacutetodos apropriados para determinaccedilatildeo de possiacuteveis contaminaccedilotildees por

pesticidas e os limites aceitos

- Testes para metais pesados e contaminantes semelhantes materiais

estranhos e adulterantes

- Testes para radiaccedilatildeo aflatoxinas e contaminaccedilatildeo microbiana

Qualquer tratamento usado para reduzir contaminaccedilotildees focircnicas e microbianas

ou outras infestaccedilotildees devem ser documentadas Instrumentos para tais

procedimentos devem ser acessiacuteveis e devem incluir detalhes dos processos

testes e limites residuais

Para a realidade do programa Farmaacutecias-Vivas onde natildeo satildeo utilizados

pesticidas as plantas satildeo cultivadas no local proacuteximo de onde ocorre a

produccedilatildeo do medicamento ou satildeo de origem na mesma regiatildeo e satildeo

processadas logo apoacutes a coleta satildeo feitas exigecircncias menores que as

estabelecidas para maiores escalas de produccedilatildeo Nem assim devemos deixar

de registrar todas as operaccedilotildees realizadas com a droga desde o seu cultivo ateacute

a dispensaccedilatildeo do produto fitoteraacutepico

Dispensaccedilatildeo

Estivemos sempre discorrendo sobre qualidade do produto a ser obtido desde

o cultivo da espeacutecie correta da coleta da parte usada e o seu processamento

mantendo intactos os princiacutepios ativos Conhecemos os motivos que levam a

toda esta preocupaccedilatildeo com a qualidade a responsabilidade do profissional que

o produz e a eficaacutecia e a seguranccedila necessaacuterias para o paciente que o utiliza

Portanto resta-nos dispensar o fitoteraacutepico para que este apresente estas

caracteriacutesticas trans formando o paciente num parceiro consciente do seu

papel no uso cor reto deste recurso terapecircutico

O resgate das praacuteticas populares agora respaldadas pelos estudos cientiacuteficos

seacuterios que atestam a eficaacutecia e seguranccedila das espeacutecies utilizadas no programa

Farmaacutecias-Vivas pode ser abordado no momento da dispensaccedilatildeo do

medicamento ou atraveacutes de apresentaccedilotildees coletivas organizadas e realizadas

pelo Farmacecircutico Alguns cuidados merecem ser observados para natildeo se

incorrer em riscos desnecessaacuterios

- Natildeo referendar o uso de plantas cujo estudo cientiacutefico natildeo tenha apresentado

dados sobre sua eficaacutecia e seguranccedila

- Natildeo recomendar o uso de qualquer planta medicinal para o tratamento de

doenccedilas sem a devida recomendaccedilatildeo meacutedica especializada ou natildeo

- Natildeo recomendar a utilizaccedilatildeo de planta que nos seja desconhecida tanto no

aspecto teoacuterico quanto praacutetico

- Natildeo sugerir a utilizaccedilatildeo de quaisquer praacuteticas com ou sem uso de plantas

medicinais que possa representar um risco potencial ou real de dano fetal

Para nos resguardarmos de quaisquer erros precisamos nos manter atualizados

quanto aos benefiacutecios e riscos da utilizaccedilatildeo das espeacutecies medicinais com as

quais trabalhamos dada agrave impossibilidade de conhecer todas as demais Os

dados obtidos durante a dispensaccedilatildeo e acompanhamento dos pacientes aleacutem

daqueles obtidos durante os ensaios controlados de toxicologia e farmacologia

cliacutenica forneceratildeo a necessaacuteria seguranccedila para realizarmos a dispensaccedilatildeo e

cada vez mais desfazermos o mito do natural ser inoacutecuo

Como exemplo da relaccedilatildeo risco x benefiacutecio de uma preparaccedilatildeo fitoteraacutepica

apresentamos as seguintes informaccedilotildees sobre o Elixir de Aroeira que em

muitos aspectos natildeo houve a quantificaccedilatildeo da intensidade dos efeitos beneacuteficos

nem adversos nem de interaccedilotildees

Forma Medicamento Fitoteraacutepico- Caacutepsula ESPINHEIRA SANTA Maytenus ilicifolia Celastraceae

Medicamento fitoteraacutepico

Parte utilizada Folhas

Nomenclatura popularEspinheira santa cancerosa cancorosa-de-sete-espinhos cancrosa

espinheira-divina espinho-de-Deus maiteno erva-cancrosa erva-santa

ApresentaccedilotildeesCaacutepsula dura - Extrato seco das folhas de Maytenus ilicifolia 380 mg -

Embalagem com 3 bliacutesters contendo 15 caacutepsulas cada

Via oral

Uso adulto

Composiccedilatildeo

Cada caacutepsula conteacutem

Extrato seco de Maytenus ilicifolia380 mg

Excipiente qsp 1 caacutepsula (amido)

equivalente a 133 mg de taninos totais

Informaccedilotildees ao pacientePara que este medicamento eacute indicado

Espinheira Santa eacute indicada para o tratamento da maacute digestatildeo e como

coadjuvante no tratamento de uacutelcera do estocircmago e duodeno

Como este medicamento funciona

Espinheira Santa atua como regulador das funccedilotildees estomacais e promove a

proteccedilatildeo da mucosa gaacutestrica

Quando natildeo devo usar este medicamentobull O medicamento deve ser evitado por menores de 12 anos de idade devido agrave

falta de estudos disponiacuteveis

bull Lactaccedilatildeo e gravidez visto que pode diminuir a secreccedilatildeo de leite e pode

provocar contraccedilotildees uterinas

bull Hipersensibilidade (alergia) a qualquer um dos componentes da foacutermula ou a

outras plantas da famiacutelia Celastraceae

O que devo saber antes de usar este medicamentoPrecauccedilotildees e advertecircncias

bull De acordo com a categoria de risco de faacutermacos destinados agraves mulheres

graacutevidas este medicamento apresenta categoria de risco C Este medicamento

natildeo deve ser utilizado por mulheres graacutevidas sem orientaccedilatildeo meacutedica ou do

cirurgiatildeo dentista

Interaccedilotildees medicamentosas

bull A administraccedilatildeo concomitante de M ilicifolia com bebidas alcooacutelicas e outros

medicamentos natildeo eacute recomendada pois natildeo existem estudos disponiacuteveis

sobre as interaccedilotildees medicamentosas deste fitoteraacutepico

Informe seu meacutedico ou cirurgiatildeo-dentista se vocecirc estaacute fazendo uso de algum

outro medicamento

Onde como e por quanto tempo posso guardar este medicamentoCuidados de conservaccedilatildeo

Espinheira Santa deve ser conservada em temperatura ambiente (entre 15 e

30ordmC) em sua embalagem original Proteger da luz e da umidade

Prazo de validade24 meses apoacutes a data de fabricaccedilatildeo impressa no cartucho

Nuacutemero de lote e datas de fabricaccedilatildeo e validade vide embalagem

Natildeo use medicamento com o prazo de validade vencido

Guarde-o em sua embalagem original

Caracteriacutesticas fiacutesicasCaacutepsulas gelatinosas duras de cor creme

Caracteriacutesticas organoleacutepticas

Cheiro (odor) caracteriacutestico e praticamente natildeo apresenta sabor

Antes de usar observe o aspecto do medicamento Caso ele esteja no prazo

de validade e vocecirc observe alguma mudanccedila no aspecto consulte o

farmacecircutico para saber se poderaacute utilizaacute-lo

Todo medicamento deve ser mantido fora do alcance das crianccedilas

Como devo usar este medicamentoModo de usar

As caacutepsulas devem ser ingeridas inteiras e com uma quantidade suficiente de

aacutegua para que possam ser deglutidas

Posologia

Ingerir duas caacutepsulas via oral trecircs vezes ao dia de oito em oito horas

Siga corretamente o modo de usar Em caso de duacutevidas sobre este

medicamento procure orientaccedilatildeo do farmacecircutico Natildeo desaparecendo os

sintomas procure orientaccedilatildeo de seu meacutedico ou cirurgiatildeo-dentista

Este medicamento natildeo deve ser partido aberto ou mastigado

O que devo fazer quando eu me esquecer de usar este medicamentoCaso haja esquecimento da ingestatildeo de uma dose deste medicamento

retomar a posologia prescrita sem a necessidade de suplementaccedilatildeo

Em caso de duacutevidas procure orientaccedilatildeo do farmacecircutico ou de seu meacutedico ou

do cirurgiatildeo-dentista

Que males este medicamento pode causarReaccedilotildees adversas

Ateacute o momento natildeo foram relatadas reaccedilotildees adversas graves ou que coloquem

em risco a sauacutede dos pacientes

Raramente podem ocorrer casos de hipersensibilidade Neste caso suspender

o uso e procurar orientaccedilatildeo meacutedica

Informe seu meacutedico cirurgiatildeo-dentista ou farmacecircutico do aparecimento de

reaccedilotildees indesejaacuteveis pelo uso do medicamento

Induacutestria Brasileira

Esta bula foi atualizada conforme Bula Padratildeo aprovada pela Anvisa em

12012011

Farmacecircutica resp Dra (Nome )

CRF-PR nordm XXXX Coacuted XXXXX - 012011

Informe tambeacutem agrave empresa atraveacutes do seu Serviccedilo de

Atendimento ao Consumidor

O que fazer se algueacutem usar uma quantidade maior do que a indicada deste medicamentoPlantas ricas em taninos como a M ilicifolia quando usadas em doses

excessivas podem causar irritaccedilatildeo da mucosa gaacutestrica e intestinal gerando

vocircmitos coacutelicas intestinais e diarreia

Em caso de super dosagem suspender o uso e procurar orientaccedilatildeo meacutedica de

imediato Em caso de uso de grande quantidade deste medicamento procure

rapidamente socorro meacutedico e leve a embalagem ou bula do medicamento se

possiacutevel Siga corretamente o modo de usar natildeo desaparecendo os sintomas

procure orientaccedilatildeo meacutedica

Conclusatildeo

A espinheira-santa (M ilicifolia) eacute um fitoteraacutepico de relevante accedilatildeo terapecircutica

principalmente antiulcerogecircnica dada sua eficaacutecia farmacoloacutegica e seguranccedila

Vale lembrar que por ausecircncia de estudos ela natildeo eacute recomenda para crianccedilas

e natildeo deve ser usada por gestantes pois estudos em camundongos (fecircmeas e

graacutevidas) indicaram um decreacutescimo significativo do nuacutemero de embriotildees aleacutem

de possuir atividade estrogecircnica que pode interferir na receptividade uterina do

embriatildeo Entre suas atividades farmacoloacutegicas destaca-se a atividade

antiulcerogecircnica que pode ser comparada agrave accedilatildeo da ranitidina e da cimetidina

Por ser morfologicamente parecida com as espeacutecies S bonplandii e Z ilicifolia

ela eacute comumente confundida e ateacute mesmo trocada intencionalmente

A utilizaccedilatildeo de maneira errocircnea das espeacutecies botacircnicas que natildeo satildeo a

verdadeira espinheira-santa (M ilicifolia) pode acarretar danos agrave sauacutede dos

pacientes Assim conclui-se que essas espeacutecies conhecidas como

adulterantes podem trazer malefiacutecios pois ainda faltam estudos que

comprovem suas atividades farmacoloacutegicas e principalmente a seguranccedila

terapecircutica Poreacutem natildeo se deve descartar o uso dessas espeacutecies e sim

realizar estudos mais concretos para que essas plantas assim como a

verdadeira espinheira-santa possam auxiliar no tratamento farmacoloacutegico da

populaccedilatildeo

Referecircncias Bibliograacuteficas

Ralph Santos-Oliveira Simone Coulaud-Cunha Waldeciro Colaccedilo

Revisatildeo da Maytenus ilicifolia Mart ex Reissek Celastraceae

Contribuiccedilatildeo ao estudo das propriedades farmacoloacutegicas Rev Bras

Farmacogn Braz J Pharmacogn 19(2B) AbrJun 2009

Wilker Marlon de Moraes Jesus Tarciacutesio Neves da Cunha Estudo das

propriedades farmacoloacutegicas da espinheira-santa (Maytenus ilicifolia

Mart ex Reissek) e de duas espeacutecies adulterantes Revista Sauacutede e

Desenvolvimento vol ndash nordm 1 Jan ndash Jun 2012

MARIOT MP1 BARBIERI RL2 Engenheiro Agrocircnomo Dr prof do

Conjunto Agroteacutecnico ldquoVisconde da GraccedilardquoUniversidade Federal de

Pelotas (mariotufpeltchebr) ndash Av Ildefonso Simotildees Lopes 2791

Pelotas-RS CEP 96060-290 2Bioacuteloga Dr pesquisadora da Embrapa

Clima Temperado (barbiericpactembrapabr) ndash BR 392 km 78 caixa

postal 403 Pelotas-RS CEP 96001-970 (endereccedilo para

correspondecircncia) Metaboacutelitos secundaacuterios e propriedades medicinais da

espinheira-santa (Maytenus ilicifolia Mart ex Reiss e M aquifolium

Mart)

CARLINI EA Braz S Efeito protetor do liofilizado obtido do abafado de

Maytenus Sp (espinheira-santa) contra uacutelcera gaacutestrica experimental em

ratos In Estudo da accedilatildeo antiuacutelcera gaacutestrica de plantas brasileiras

(Maytenus ilicifolia) Espinheira santa e outras Brasiacutelia CEMEAFIP

1988 p21-35MACAUBAS CIP et al Estudo da eventual accedilatildeo

antiuacutelcera gaacutestrica do baacutelsamo (Sedum sp) folha da fortuna

(Bryophyllum calcium) couve (Brassica oleraceae) e da Espinheira

santa (Maytenus ilicifolia) em ratos In Estudo da accedilatildeo antiuacutelcera

gaacutestrica de plantas brasileiras (Maytenus ilicifolia) Espinheira santa e

outras Brasiacutelia CEMEAFIP 1988 p 5-20

Olivia Werner Oliveira Pedro Ros Petrovick Secagem por aspersatildeo

(spray drying) de extratos vegetais bases e aplicaccedilotildees Revista

Brasileira de Farmacognosia Brazilian Journal of Pharmacognosy 20(4)

641-650 AgoSet 2010

Marianne Christina Scheffer Capitulo 17 Produccedilatildeo de espinheira-santa

(Maytenus ilicifolia Mart ex Reiss) na regiatildeo metropolitana de Curitiba

Paranaacute Brasil

Said gonccedilalves da cruz fonsacircca Farmacoteacutecnica de Fitoteraacutepicos2005

medidas de controle e definiccedilatildeo das responsabilidades para cada uma das

etapas do processamento

Apenas como ilustraccedilatildeo tomemos como exemplo a produccedilatildeo da tintura de

Alecrim-pimenta (Lippia sidoides Cham) O iniacutecio da preocupaccedilatildeo com a

qualidade se daacute com a seguranccedila de que a espeacutecie cultivada seja realmente

aquela que se deve coletar e em seguida em coletar a parte que realmente

deve ser utilizada e de plantas com aspecto saudaacutevel de desenvolvimento para

a qual as condiccedilotildees de cultivo tenham se apresentado como satisfatoacuterias A

monda que se segue agrave coleta retirando as partes improacuteprias agrave preparaccedilatildeo do

fitoteraacutepico daacute continuidade ao passo anterior na busca de alcanccedilar a qualidade

desejada O processo de dessecaccedilatildeo ocorrendo agrave sombra e agrave temperatura

ambiente preservando os constituintes quiacutemicos ativos e diminuindo a

influecircncia da umidade da planta sobre a sua qualidade e a da soluccedilatildeo extrativa

a ser obtida faz com que a droga obtida possa ser utilizada como mateacuteria-prima

para a obtenccedilatildeo de medicamento O cuidadoso processo de trituraccedilatildeo sem

elevar a temperatura durante o processo e reduzindo a perda de poacute para o

ambiente tambeacutem representa um processo que deve ser realizado com a

devida atenccedilatildeo Depois disso a droga seca e triturada deve ser armazenada

em condiccedilotildees que preservem sua qualidade pelo tempo necessaacuterio ateacute sua

utilizaccedilatildeo com as devidas inscriccedilotildees que atestem sua fonte data de coleta e de

processamento e respectivos responsaacuteveis

A preparaccedilatildeo da soluccedilatildeo hidro-alcooacutelica que seraacute utilizada no processo extrativo

tambeacutem deve ser realizada com bastante cuidado pois a mateacuteria-prima deve

apresentar a qualidade compatiacutevel com sua utilizaccedilatildeo para a produccedilatildeo de

medicamentos aacutegua purificada e aacutelcool farmacecircutico Deve-se observar a

legislaccedilatildeo atual sobre aacutelcool que exige a desnaturaccedilatildeo do aacutelcool

comercializado em farmaacutecias e supermercados e assim natildeo deve servir como

excipiente farmacecircutico Enfim todos os processos interferem com a qualidade

do produto final a ser obtido e devem ser realizados corretamente e as

operaccedilotildees registradas em documento proacuteprio buscando a rastreabilidade de

cada lote de cada produto

Outra etapa da garantia da qualidade essencial para sua implantaccedilatildeo eacute a

validaccedilatildeo de equipamentos e de processos que busca uma evidecircncia

documentada de que os mesmos cumprem satisfatoriamente sua finalidade

quando utilizados ou realizados corretamente

Estas evidecircncias devem ser conseguidas antes mesmo de se iniciar a utilizaccedilatildeo

das instalaccedilotildees para produccedilatildeo de medicamentos Naqueles jaacute em

funcionamento a validaccedilatildeo pode ser realizada atraveacutes da documentaccedilatildeo da

produccedilatildeo passada ou seja uma validaccedilatildeo retrospectiva

Para a produccedilatildeo de medicamentos em pequena escala que natildeo venha a

caracterizar uma produccedilatildeo industrial deve-se buscar a adequaccedilatildeo das

condiccedilotildees de produccedilatildeo armazenamento e dispensaccedilatildeo do produto atraveacutes da

Resoluccedilatildeo RDC ndeg 33 de abril de 2000 que descreve os criteacuterios de Boas

Praacuteticas de Manipulaccedilatildeo

Para a produccedilatildeo industrial de medicamentos a legislaccedilatildeo que trata das Boas

Praacuteticas de Fabricaccedilatildeo e Garantia de Qualidade eacute a Resoluccedilatildeo RDC ndeg 210 de

04 de agosto de 2003 As especificaccedilotildees legais da legislaccedilatildeo sanitaacuteria

brasileira e de outros paiacuteses para materiais vegetais devem incluir tanto quanto

possiacutevel o seguinte

- Nome botacircnico c om referecircncia aos autores

- Detalhes da fonte da planta (paiacutes ou regiatildeo de origem cultivo eacutepoca da

colheita procedimentos de colheita possiacuteveis pesticidas utilizados etc)

- Descriccedilatildeo do material vegetal inspeccedilatildeo visual macro eou microscoacutepica

- Testes de identificaccedilatildeo apropriados incluindo quando convenientes testes de

identificaccedilatildeo para ingredientes ativos conhecidos ou marcadores

- Ensaios quando convenientes dos constituintes de atividade terapecircutica ou

marcadores

- Meacutetodos apropriados para determinaccedilatildeo de possiacuteveis contaminaccedilotildees por

pesticidas e os limites aceitos

- Testes para metais pesados e contaminantes semelhantes materiais

estranhos e adulterantes

- Testes para radiaccedilatildeo aflatoxinas e contaminaccedilatildeo microbiana

Qualquer tratamento usado para reduzir contaminaccedilotildees focircnicas e microbianas

ou outras infestaccedilotildees devem ser documentadas Instrumentos para tais

procedimentos devem ser acessiacuteveis e devem incluir detalhes dos processos

testes e limites residuais

Para a realidade do programa Farmaacutecias-Vivas onde natildeo satildeo utilizados

pesticidas as plantas satildeo cultivadas no local proacuteximo de onde ocorre a

produccedilatildeo do medicamento ou satildeo de origem na mesma regiatildeo e satildeo

processadas logo apoacutes a coleta satildeo feitas exigecircncias menores que as

estabelecidas para maiores escalas de produccedilatildeo Nem assim devemos deixar

de registrar todas as operaccedilotildees realizadas com a droga desde o seu cultivo ateacute

a dispensaccedilatildeo do produto fitoteraacutepico

Dispensaccedilatildeo

Estivemos sempre discorrendo sobre qualidade do produto a ser obtido desde

o cultivo da espeacutecie correta da coleta da parte usada e o seu processamento

mantendo intactos os princiacutepios ativos Conhecemos os motivos que levam a

toda esta preocupaccedilatildeo com a qualidade a responsabilidade do profissional que

o produz e a eficaacutecia e a seguranccedila necessaacuterias para o paciente que o utiliza

Portanto resta-nos dispensar o fitoteraacutepico para que este apresente estas

caracteriacutesticas trans formando o paciente num parceiro consciente do seu

papel no uso cor reto deste recurso terapecircutico

O resgate das praacuteticas populares agora respaldadas pelos estudos cientiacuteficos

seacuterios que atestam a eficaacutecia e seguranccedila das espeacutecies utilizadas no programa

Farmaacutecias-Vivas pode ser abordado no momento da dispensaccedilatildeo do

medicamento ou atraveacutes de apresentaccedilotildees coletivas organizadas e realizadas

pelo Farmacecircutico Alguns cuidados merecem ser observados para natildeo se

incorrer em riscos desnecessaacuterios

- Natildeo referendar o uso de plantas cujo estudo cientiacutefico natildeo tenha apresentado

dados sobre sua eficaacutecia e seguranccedila

- Natildeo recomendar o uso de qualquer planta medicinal para o tratamento de

doenccedilas sem a devida recomendaccedilatildeo meacutedica especializada ou natildeo

- Natildeo recomendar a utilizaccedilatildeo de planta que nos seja desconhecida tanto no

aspecto teoacuterico quanto praacutetico

- Natildeo sugerir a utilizaccedilatildeo de quaisquer praacuteticas com ou sem uso de plantas

medicinais que possa representar um risco potencial ou real de dano fetal

Para nos resguardarmos de quaisquer erros precisamos nos manter atualizados

quanto aos benefiacutecios e riscos da utilizaccedilatildeo das espeacutecies medicinais com as

quais trabalhamos dada agrave impossibilidade de conhecer todas as demais Os

dados obtidos durante a dispensaccedilatildeo e acompanhamento dos pacientes aleacutem

daqueles obtidos durante os ensaios controlados de toxicologia e farmacologia

cliacutenica forneceratildeo a necessaacuteria seguranccedila para realizarmos a dispensaccedilatildeo e

cada vez mais desfazermos o mito do natural ser inoacutecuo

Como exemplo da relaccedilatildeo risco x benefiacutecio de uma preparaccedilatildeo fitoteraacutepica

apresentamos as seguintes informaccedilotildees sobre o Elixir de Aroeira que em

muitos aspectos natildeo houve a quantificaccedilatildeo da intensidade dos efeitos beneacuteficos

nem adversos nem de interaccedilotildees

Forma Medicamento Fitoteraacutepico- Caacutepsula ESPINHEIRA SANTA Maytenus ilicifolia Celastraceae

Medicamento fitoteraacutepico

Parte utilizada Folhas

Nomenclatura popularEspinheira santa cancerosa cancorosa-de-sete-espinhos cancrosa

espinheira-divina espinho-de-Deus maiteno erva-cancrosa erva-santa

ApresentaccedilotildeesCaacutepsula dura - Extrato seco das folhas de Maytenus ilicifolia 380 mg -

Embalagem com 3 bliacutesters contendo 15 caacutepsulas cada

Via oral

Uso adulto

Composiccedilatildeo

Cada caacutepsula conteacutem

Extrato seco de Maytenus ilicifolia380 mg

Excipiente qsp 1 caacutepsula (amido)

equivalente a 133 mg de taninos totais

Informaccedilotildees ao pacientePara que este medicamento eacute indicado

Espinheira Santa eacute indicada para o tratamento da maacute digestatildeo e como

coadjuvante no tratamento de uacutelcera do estocircmago e duodeno

Como este medicamento funciona

Espinheira Santa atua como regulador das funccedilotildees estomacais e promove a

proteccedilatildeo da mucosa gaacutestrica

Quando natildeo devo usar este medicamentobull O medicamento deve ser evitado por menores de 12 anos de idade devido agrave

falta de estudos disponiacuteveis

bull Lactaccedilatildeo e gravidez visto que pode diminuir a secreccedilatildeo de leite e pode

provocar contraccedilotildees uterinas

bull Hipersensibilidade (alergia) a qualquer um dos componentes da foacutermula ou a

outras plantas da famiacutelia Celastraceae

O que devo saber antes de usar este medicamentoPrecauccedilotildees e advertecircncias

bull De acordo com a categoria de risco de faacutermacos destinados agraves mulheres

graacutevidas este medicamento apresenta categoria de risco C Este medicamento

natildeo deve ser utilizado por mulheres graacutevidas sem orientaccedilatildeo meacutedica ou do

cirurgiatildeo dentista

Interaccedilotildees medicamentosas

bull A administraccedilatildeo concomitante de M ilicifolia com bebidas alcooacutelicas e outros

medicamentos natildeo eacute recomendada pois natildeo existem estudos disponiacuteveis

sobre as interaccedilotildees medicamentosas deste fitoteraacutepico

Informe seu meacutedico ou cirurgiatildeo-dentista se vocecirc estaacute fazendo uso de algum

outro medicamento

Onde como e por quanto tempo posso guardar este medicamentoCuidados de conservaccedilatildeo

Espinheira Santa deve ser conservada em temperatura ambiente (entre 15 e

30ordmC) em sua embalagem original Proteger da luz e da umidade

Prazo de validade24 meses apoacutes a data de fabricaccedilatildeo impressa no cartucho

Nuacutemero de lote e datas de fabricaccedilatildeo e validade vide embalagem

Natildeo use medicamento com o prazo de validade vencido

Guarde-o em sua embalagem original

Caracteriacutesticas fiacutesicasCaacutepsulas gelatinosas duras de cor creme

Caracteriacutesticas organoleacutepticas

Cheiro (odor) caracteriacutestico e praticamente natildeo apresenta sabor

Antes de usar observe o aspecto do medicamento Caso ele esteja no prazo

de validade e vocecirc observe alguma mudanccedila no aspecto consulte o

farmacecircutico para saber se poderaacute utilizaacute-lo

Todo medicamento deve ser mantido fora do alcance das crianccedilas

Como devo usar este medicamentoModo de usar

As caacutepsulas devem ser ingeridas inteiras e com uma quantidade suficiente de

aacutegua para que possam ser deglutidas

Posologia

Ingerir duas caacutepsulas via oral trecircs vezes ao dia de oito em oito horas

Siga corretamente o modo de usar Em caso de duacutevidas sobre este

medicamento procure orientaccedilatildeo do farmacecircutico Natildeo desaparecendo os

sintomas procure orientaccedilatildeo de seu meacutedico ou cirurgiatildeo-dentista

Este medicamento natildeo deve ser partido aberto ou mastigado

O que devo fazer quando eu me esquecer de usar este medicamentoCaso haja esquecimento da ingestatildeo de uma dose deste medicamento

retomar a posologia prescrita sem a necessidade de suplementaccedilatildeo

Em caso de duacutevidas procure orientaccedilatildeo do farmacecircutico ou de seu meacutedico ou

do cirurgiatildeo-dentista

Que males este medicamento pode causarReaccedilotildees adversas

Ateacute o momento natildeo foram relatadas reaccedilotildees adversas graves ou que coloquem

em risco a sauacutede dos pacientes

Raramente podem ocorrer casos de hipersensibilidade Neste caso suspender

o uso e procurar orientaccedilatildeo meacutedica

Informe seu meacutedico cirurgiatildeo-dentista ou farmacecircutico do aparecimento de

reaccedilotildees indesejaacuteveis pelo uso do medicamento

Induacutestria Brasileira

Esta bula foi atualizada conforme Bula Padratildeo aprovada pela Anvisa em

12012011

Farmacecircutica resp Dra (Nome )

CRF-PR nordm XXXX Coacuted XXXXX - 012011

Informe tambeacutem agrave empresa atraveacutes do seu Serviccedilo de

Atendimento ao Consumidor

O que fazer se algueacutem usar uma quantidade maior do que a indicada deste medicamentoPlantas ricas em taninos como a M ilicifolia quando usadas em doses

excessivas podem causar irritaccedilatildeo da mucosa gaacutestrica e intestinal gerando

vocircmitos coacutelicas intestinais e diarreia

Em caso de super dosagem suspender o uso e procurar orientaccedilatildeo meacutedica de

imediato Em caso de uso de grande quantidade deste medicamento procure

rapidamente socorro meacutedico e leve a embalagem ou bula do medicamento se

possiacutevel Siga corretamente o modo de usar natildeo desaparecendo os sintomas

procure orientaccedilatildeo meacutedica

Conclusatildeo

A espinheira-santa (M ilicifolia) eacute um fitoteraacutepico de relevante accedilatildeo terapecircutica

principalmente antiulcerogecircnica dada sua eficaacutecia farmacoloacutegica e seguranccedila

Vale lembrar que por ausecircncia de estudos ela natildeo eacute recomenda para crianccedilas

e natildeo deve ser usada por gestantes pois estudos em camundongos (fecircmeas e

graacutevidas) indicaram um decreacutescimo significativo do nuacutemero de embriotildees aleacutem

de possuir atividade estrogecircnica que pode interferir na receptividade uterina do

embriatildeo Entre suas atividades farmacoloacutegicas destaca-se a atividade

antiulcerogecircnica que pode ser comparada agrave accedilatildeo da ranitidina e da cimetidina

Por ser morfologicamente parecida com as espeacutecies S bonplandii e Z ilicifolia

ela eacute comumente confundida e ateacute mesmo trocada intencionalmente

A utilizaccedilatildeo de maneira errocircnea das espeacutecies botacircnicas que natildeo satildeo a

verdadeira espinheira-santa (M ilicifolia) pode acarretar danos agrave sauacutede dos

pacientes Assim conclui-se que essas espeacutecies conhecidas como

adulterantes podem trazer malefiacutecios pois ainda faltam estudos que

comprovem suas atividades farmacoloacutegicas e principalmente a seguranccedila

terapecircutica Poreacutem natildeo se deve descartar o uso dessas espeacutecies e sim

realizar estudos mais concretos para que essas plantas assim como a

verdadeira espinheira-santa possam auxiliar no tratamento farmacoloacutegico da

populaccedilatildeo

Referecircncias Bibliograacuteficas

Ralph Santos-Oliveira Simone Coulaud-Cunha Waldeciro Colaccedilo

Revisatildeo da Maytenus ilicifolia Mart ex Reissek Celastraceae

Contribuiccedilatildeo ao estudo das propriedades farmacoloacutegicas Rev Bras

Farmacogn Braz J Pharmacogn 19(2B) AbrJun 2009

Wilker Marlon de Moraes Jesus Tarciacutesio Neves da Cunha Estudo das

propriedades farmacoloacutegicas da espinheira-santa (Maytenus ilicifolia

Mart ex Reissek) e de duas espeacutecies adulterantes Revista Sauacutede e

Desenvolvimento vol ndash nordm 1 Jan ndash Jun 2012

MARIOT MP1 BARBIERI RL2 Engenheiro Agrocircnomo Dr prof do

Conjunto Agroteacutecnico ldquoVisconde da GraccedilardquoUniversidade Federal de

Pelotas (mariotufpeltchebr) ndash Av Ildefonso Simotildees Lopes 2791

Pelotas-RS CEP 96060-290 2Bioacuteloga Dr pesquisadora da Embrapa

Clima Temperado (barbiericpactembrapabr) ndash BR 392 km 78 caixa

postal 403 Pelotas-RS CEP 96001-970 (endereccedilo para

correspondecircncia) Metaboacutelitos secundaacuterios e propriedades medicinais da

espinheira-santa (Maytenus ilicifolia Mart ex Reiss e M aquifolium

Mart)

CARLINI EA Braz S Efeito protetor do liofilizado obtido do abafado de

Maytenus Sp (espinheira-santa) contra uacutelcera gaacutestrica experimental em

ratos In Estudo da accedilatildeo antiuacutelcera gaacutestrica de plantas brasileiras

(Maytenus ilicifolia) Espinheira santa e outras Brasiacutelia CEMEAFIP

1988 p21-35MACAUBAS CIP et al Estudo da eventual accedilatildeo

antiuacutelcera gaacutestrica do baacutelsamo (Sedum sp) folha da fortuna

(Bryophyllum calcium) couve (Brassica oleraceae) e da Espinheira

santa (Maytenus ilicifolia) em ratos In Estudo da accedilatildeo antiuacutelcera

gaacutestrica de plantas brasileiras (Maytenus ilicifolia) Espinheira santa e

outras Brasiacutelia CEMEAFIP 1988 p 5-20

Olivia Werner Oliveira Pedro Ros Petrovick Secagem por aspersatildeo

(spray drying) de extratos vegetais bases e aplicaccedilotildees Revista

Brasileira de Farmacognosia Brazilian Journal of Pharmacognosy 20(4)

641-650 AgoSet 2010

Marianne Christina Scheffer Capitulo 17 Produccedilatildeo de espinheira-santa

(Maytenus ilicifolia Mart ex Reiss) na regiatildeo metropolitana de Curitiba

Paranaacute Brasil

Said gonccedilalves da cruz fonsacircca Farmacoteacutecnica de Fitoteraacutepicos2005

Outra etapa da garantia da qualidade essencial para sua implantaccedilatildeo eacute a

validaccedilatildeo de equipamentos e de processos que busca uma evidecircncia

documentada de que os mesmos cumprem satisfatoriamente sua finalidade

quando utilizados ou realizados corretamente

Estas evidecircncias devem ser conseguidas antes mesmo de se iniciar a utilizaccedilatildeo

das instalaccedilotildees para produccedilatildeo de medicamentos Naqueles jaacute em

funcionamento a validaccedilatildeo pode ser realizada atraveacutes da documentaccedilatildeo da

produccedilatildeo passada ou seja uma validaccedilatildeo retrospectiva

Para a produccedilatildeo de medicamentos em pequena escala que natildeo venha a

caracterizar uma produccedilatildeo industrial deve-se buscar a adequaccedilatildeo das

condiccedilotildees de produccedilatildeo armazenamento e dispensaccedilatildeo do produto atraveacutes da

Resoluccedilatildeo RDC ndeg 33 de abril de 2000 que descreve os criteacuterios de Boas

Praacuteticas de Manipulaccedilatildeo

Para a produccedilatildeo industrial de medicamentos a legislaccedilatildeo que trata das Boas

Praacuteticas de Fabricaccedilatildeo e Garantia de Qualidade eacute a Resoluccedilatildeo RDC ndeg 210 de

04 de agosto de 2003 As especificaccedilotildees legais da legislaccedilatildeo sanitaacuteria

brasileira e de outros paiacuteses para materiais vegetais devem incluir tanto quanto

possiacutevel o seguinte

- Nome botacircnico c om referecircncia aos autores

- Detalhes da fonte da planta (paiacutes ou regiatildeo de origem cultivo eacutepoca da

colheita procedimentos de colheita possiacuteveis pesticidas utilizados etc)

- Descriccedilatildeo do material vegetal inspeccedilatildeo visual macro eou microscoacutepica

- Testes de identificaccedilatildeo apropriados incluindo quando convenientes testes de

identificaccedilatildeo para ingredientes ativos conhecidos ou marcadores

- Ensaios quando convenientes dos constituintes de atividade terapecircutica ou

marcadores

- Meacutetodos apropriados para determinaccedilatildeo de possiacuteveis contaminaccedilotildees por

pesticidas e os limites aceitos

- Testes para metais pesados e contaminantes semelhantes materiais

estranhos e adulterantes

- Testes para radiaccedilatildeo aflatoxinas e contaminaccedilatildeo microbiana

Qualquer tratamento usado para reduzir contaminaccedilotildees focircnicas e microbianas

ou outras infestaccedilotildees devem ser documentadas Instrumentos para tais

procedimentos devem ser acessiacuteveis e devem incluir detalhes dos processos

testes e limites residuais

Para a realidade do programa Farmaacutecias-Vivas onde natildeo satildeo utilizados

pesticidas as plantas satildeo cultivadas no local proacuteximo de onde ocorre a

produccedilatildeo do medicamento ou satildeo de origem na mesma regiatildeo e satildeo

processadas logo apoacutes a coleta satildeo feitas exigecircncias menores que as

estabelecidas para maiores escalas de produccedilatildeo Nem assim devemos deixar

de registrar todas as operaccedilotildees realizadas com a droga desde o seu cultivo ateacute

a dispensaccedilatildeo do produto fitoteraacutepico

Dispensaccedilatildeo

Estivemos sempre discorrendo sobre qualidade do produto a ser obtido desde

o cultivo da espeacutecie correta da coleta da parte usada e o seu processamento

mantendo intactos os princiacutepios ativos Conhecemos os motivos que levam a

toda esta preocupaccedilatildeo com a qualidade a responsabilidade do profissional que

o produz e a eficaacutecia e a seguranccedila necessaacuterias para o paciente que o utiliza

Portanto resta-nos dispensar o fitoteraacutepico para que este apresente estas

caracteriacutesticas trans formando o paciente num parceiro consciente do seu

papel no uso cor reto deste recurso terapecircutico

O resgate das praacuteticas populares agora respaldadas pelos estudos cientiacuteficos

seacuterios que atestam a eficaacutecia e seguranccedila das espeacutecies utilizadas no programa

Farmaacutecias-Vivas pode ser abordado no momento da dispensaccedilatildeo do

medicamento ou atraveacutes de apresentaccedilotildees coletivas organizadas e realizadas

pelo Farmacecircutico Alguns cuidados merecem ser observados para natildeo se

incorrer em riscos desnecessaacuterios

- Natildeo referendar o uso de plantas cujo estudo cientiacutefico natildeo tenha apresentado

dados sobre sua eficaacutecia e seguranccedila

- Natildeo recomendar o uso de qualquer planta medicinal para o tratamento de

doenccedilas sem a devida recomendaccedilatildeo meacutedica especializada ou natildeo

- Natildeo recomendar a utilizaccedilatildeo de planta que nos seja desconhecida tanto no

aspecto teoacuterico quanto praacutetico

- Natildeo sugerir a utilizaccedilatildeo de quaisquer praacuteticas com ou sem uso de plantas

medicinais que possa representar um risco potencial ou real de dano fetal

Para nos resguardarmos de quaisquer erros precisamos nos manter atualizados

quanto aos benefiacutecios e riscos da utilizaccedilatildeo das espeacutecies medicinais com as

quais trabalhamos dada agrave impossibilidade de conhecer todas as demais Os

dados obtidos durante a dispensaccedilatildeo e acompanhamento dos pacientes aleacutem

daqueles obtidos durante os ensaios controlados de toxicologia e farmacologia

cliacutenica forneceratildeo a necessaacuteria seguranccedila para realizarmos a dispensaccedilatildeo e

cada vez mais desfazermos o mito do natural ser inoacutecuo

Como exemplo da relaccedilatildeo risco x benefiacutecio de uma preparaccedilatildeo fitoteraacutepica

apresentamos as seguintes informaccedilotildees sobre o Elixir de Aroeira que em

muitos aspectos natildeo houve a quantificaccedilatildeo da intensidade dos efeitos beneacuteficos

nem adversos nem de interaccedilotildees

Forma Medicamento Fitoteraacutepico- Caacutepsula ESPINHEIRA SANTA Maytenus ilicifolia Celastraceae

Medicamento fitoteraacutepico

Parte utilizada Folhas

Nomenclatura popularEspinheira santa cancerosa cancorosa-de-sete-espinhos cancrosa

espinheira-divina espinho-de-Deus maiteno erva-cancrosa erva-santa

ApresentaccedilotildeesCaacutepsula dura - Extrato seco das folhas de Maytenus ilicifolia 380 mg -

Embalagem com 3 bliacutesters contendo 15 caacutepsulas cada

Via oral

Uso adulto

Composiccedilatildeo

Cada caacutepsula conteacutem

Extrato seco de Maytenus ilicifolia380 mg

Excipiente qsp 1 caacutepsula (amido)

equivalente a 133 mg de taninos totais

Informaccedilotildees ao pacientePara que este medicamento eacute indicado

Espinheira Santa eacute indicada para o tratamento da maacute digestatildeo e como

coadjuvante no tratamento de uacutelcera do estocircmago e duodeno

Como este medicamento funciona

Espinheira Santa atua como regulador das funccedilotildees estomacais e promove a

proteccedilatildeo da mucosa gaacutestrica

Quando natildeo devo usar este medicamentobull O medicamento deve ser evitado por menores de 12 anos de idade devido agrave

falta de estudos disponiacuteveis

bull Lactaccedilatildeo e gravidez visto que pode diminuir a secreccedilatildeo de leite e pode

provocar contraccedilotildees uterinas

bull Hipersensibilidade (alergia) a qualquer um dos componentes da foacutermula ou a

outras plantas da famiacutelia Celastraceae

O que devo saber antes de usar este medicamentoPrecauccedilotildees e advertecircncias

bull De acordo com a categoria de risco de faacutermacos destinados agraves mulheres

graacutevidas este medicamento apresenta categoria de risco C Este medicamento

natildeo deve ser utilizado por mulheres graacutevidas sem orientaccedilatildeo meacutedica ou do

cirurgiatildeo dentista

Interaccedilotildees medicamentosas

bull A administraccedilatildeo concomitante de M ilicifolia com bebidas alcooacutelicas e outros

medicamentos natildeo eacute recomendada pois natildeo existem estudos disponiacuteveis

sobre as interaccedilotildees medicamentosas deste fitoteraacutepico

Informe seu meacutedico ou cirurgiatildeo-dentista se vocecirc estaacute fazendo uso de algum

outro medicamento

Onde como e por quanto tempo posso guardar este medicamentoCuidados de conservaccedilatildeo

Espinheira Santa deve ser conservada em temperatura ambiente (entre 15 e

30ordmC) em sua embalagem original Proteger da luz e da umidade

Prazo de validade24 meses apoacutes a data de fabricaccedilatildeo impressa no cartucho

Nuacutemero de lote e datas de fabricaccedilatildeo e validade vide embalagem

Natildeo use medicamento com o prazo de validade vencido

Guarde-o em sua embalagem original

Caracteriacutesticas fiacutesicasCaacutepsulas gelatinosas duras de cor creme

Caracteriacutesticas organoleacutepticas

Cheiro (odor) caracteriacutestico e praticamente natildeo apresenta sabor

Antes de usar observe o aspecto do medicamento Caso ele esteja no prazo

de validade e vocecirc observe alguma mudanccedila no aspecto consulte o

farmacecircutico para saber se poderaacute utilizaacute-lo

Todo medicamento deve ser mantido fora do alcance das crianccedilas

Como devo usar este medicamentoModo de usar

As caacutepsulas devem ser ingeridas inteiras e com uma quantidade suficiente de

aacutegua para que possam ser deglutidas

Posologia

Ingerir duas caacutepsulas via oral trecircs vezes ao dia de oito em oito horas

Siga corretamente o modo de usar Em caso de duacutevidas sobre este

medicamento procure orientaccedilatildeo do farmacecircutico Natildeo desaparecendo os

sintomas procure orientaccedilatildeo de seu meacutedico ou cirurgiatildeo-dentista

Este medicamento natildeo deve ser partido aberto ou mastigado

O que devo fazer quando eu me esquecer de usar este medicamentoCaso haja esquecimento da ingestatildeo de uma dose deste medicamento

retomar a posologia prescrita sem a necessidade de suplementaccedilatildeo

Em caso de duacutevidas procure orientaccedilatildeo do farmacecircutico ou de seu meacutedico ou

do cirurgiatildeo-dentista

Que males este medicamento pode causarReaccedilotildees adversas

Ateacute o momento natildeo foram relatadas reaccedilotildees adversas graves ou que coloquem

em risco a sauacutede dos pacientes

Raramente podem ocorrer casos de hipersensibilidade Neste caso suspender

o uso e procurar orientaccedilatildeo meacutedica

Informe seu meacutedico cirurgiatildeo-dentista ou farmacecircutico do aparecimento de

reaccedilotildees indesejaacuteveis pelo uso do medicamento

Induacutestria Brasileira

Esta bula foi atualizada conforme Bula Padratildeo aprovada pela Anvisa em

12012011

Farmacecircutica resp Dra (Nome )

CRF-PR nordm XXXX Coacuted XXXXX - 012011

Informe tambeacutem agrave empresa atraveacutes do seu Serviccedilo de

Atendimento ao Consumidor

O que fazer se algueacutem usar uma quantidade maior do que a indicada deste medicamentoPlantas ricas em taninos como a M ilicifolia quando usadas em doses

excessivas podem causar irritaccedilatildeo da mucosa gaacutestrica e intestinal gerando

vocircmitos coacutelicas intestinais e diarreia

Em caso de super dosagem suspender o uso e procurar orientaccedilatildeo meacutedica de

imediato Em caso de uso de grande quantidade deste medicamento procure

rapidamente socorro meacutedico e leve a embalagem ou bula do medicamento se

possiacutevel Siga corretamente o modo de usar natildeo desaparecendo os sintomas

procure orientaccedilatildeo meacutedica

Conclusatildeo

A espinheira-santa (M ilicifolia) eacute um fitoteraacutepico de relevante accedilatildeo terapecircutica

principalmente antiulcerogecircnica dada sua eficaacutecia farmacoloacutegica e seguranccedila

Vale lembrar que por ausecircncia de estudos ela natildeo eacute recomenda para crianccedilas

e natildeo deve ser usada por gestantes pois estudos em camundongos (fecircmeas e

graacutevidas) indicaram um decreacutescimo significativo do nuacutemero de embriotildees aleacutem

de possuir atividade estrogecircnica que pode interferir na receptividade uterina do

embriatildeo Entre suas atividades farmacoloacutegicas destaca-se a atividade

antiulcerogecircnica que pode ser comparada agrave accedilatildeo da ranitidina e da cimetidina

Por ser morfologicamente parecida com as espeacutecies S bonplandii e Z ilicifolia

ela eacute comumente confundida e ateacute mesmo trocada intencionalmente

A utilizaccedilatildeo de maneira errocircnea das espeacutecies botacircnicas que natildeo satildeo a

verdadeira espinheira-santa (M ilicifolia) pode acarretar danos agrave sauacutede dos

pacientes Assim conclui-se que essas espeacutecies conhecidas como

adulterantes podem trazer malefiacutecios pois ainda faltam estudos que

comprovem suas atividades farmacoloacutegicas e principalmente a seguranccedila

terapecircutica Poreacutem natildeo se deve descartar o uso dessas espeacutecies e sim

realizar estudos mais concretos para que essas plantas assim como a

verdadeira espinheira-santa possam auxiliar no tratamento farmacoloacutegico da

populaccedilatildeo

Referecircncias Bibliograacuteficas

Ralph Santos-Oliveira Simone Coulaud-Cunha Waldeciro Colaccedilo

Revisatildeo da Maytenus ilicifolia Mart ex Reissek Celastraceae

Contribuiccedilatildeo ao estudo das propriedades farmacoloacutegicas Rev Bras

Farmacogn Braz J Pharmacogn 19(2B) AbrJun 2009

Wilker Marlon de Moraes Jesus Tarciacutesio Neves da Cunha Estudo das

propriedades farmacoloacutegicas da espinheira-santa (Maytenus ilicifolia

Mart ex Reissek) e de duas espeacutecies adulterantes Revista Sauacutede e

Desenvolvimento vol ndash nordm 1 Jan ndash Jun 2012

MARIOT MP1 BARBIERI RL2 Engenheiro Agrocircnomo Dr prof do

Conjunto Agroteacutecnico ldquoVisconde da GraccedilardquoUniversidade Federal de

Pelotas (mariotufpeltchebr) ndash Av Ildefonso Simotildees Lopes 2791

Pelotas-RS CEP 96060-290 2Bioacuteloga Dr pesquisadora da Embrapa

Clima Temperado (barbiericpactembrapabr) ndash BR 392 km 78 caixa

postal 403 Pelotas-RS CEP 96001-970 (endereccedilo para

correspondecircncia) Metaboacutelitos secundaacuterios e propriedades medicinais da

espinheira-santa (Maytenus ilicifolia Mart ex Reiss e M aquifolium

Mart)

CARLINI EA Braz S Efeito protetor do liofilizado obtido do abafado de

Maytenus Sp (espinheira-santa) contra uacutelcera gaacutestrica experimental em

ratos In Estudo da accedilatildeo antiuacutelcera gaacutestrica de plantas brasileiras

(Maytenus ilicifolia) Espinheira santa e outras Brasiacutelia CEMEAFIP

1988 p21-35MACAUBAS CIP et al Estudo da eventual accedilatildeo

antiuacutelcera gaacutestrica do baacutelsamo (Sedum sp) folha da fortuna

(Bryophyllum calcium) couve (Brassica oleraceae) e da Espinheira

santa (Maytenus ilicifolia) em ratos In Estudo da accedilatildeo antiuacutelcera

gaacutestrica de plantas brasileiras (Maytenus ilicifolia) Espinheira santa e

outras Brasiacutelia CEMEAFIP 1988 p 5-20

Olivia Werner Oliveira Pedro Ros Petrovick Secagem por aspersatildeo

(spray drying) de extratos vegetais bases e aplicaccedilotildees Revista

Brasileira de Farmacognosia Brazilian Journal of Pharmacognosy 20(4)

641-650 AgoSet 2010

Marianne Christina Scheffer Capitulo 17 Produccedilatildeo de espinheira-santa

(Maytenus ilicifolia Mart ex Reiss) na regiatildeo metropolitana de Curitiba

Paranaacute Brasil

Said gonccedilalves da cruz fonsacircca Farmacoteacutecnica de Fitoteraacutepicos2005

- Testes para metais pesados e contaminantes semelhantes materiais

estranhos e adulterantes

- Testes para radiaccedilatildeo aflatoxinas e contaminaccedilatildeo microbiana

Qualquer tratamento usado para reduzir contaminaccedilotildees focircnicas e microbianas

ou outras infestaccedilotildees devem ser documentadas Instrumentos para tais

procedimentos devem ser acessiacuteveis e devem incluir detalhes dos processos

testes e limites residuais

Para a realidade do programa Farmaacutecias-Vivas onde natildeo satildeo utilizados

pesticidas as plantas satildeo cultivadas no local proacuteximo de onde ocorre a

produccedilatildeo do medicamento ou satildeo de origem na mesma regiatildeo e satildeo

processadas logo apoacutes a coleta satildeo feitas exigecircncias menores que as

estabelecidas para maiores escalas de produccedilatildeo Nem assim devemos deixar

de registrar todas as operaccedilotildees realizadas com a droga desde o seu cultivo ateacute

a dispensaccedilatildeo do produto fitoteraacutepico

Dispensaccedilatildeo

Estivemos sempre discorrendo sobre qualidade do produto a ser obtido desde

o cultivo da espeacutecie correta da coleta da parte usada e o seu processamento

mantendo intactos os princiacutepios ativos Conhecemos os motivos que levam a

toda esta preocupaccedilatildeo com a qualidade a responsabilidade do profissional que

o produz e a eficaacutecia e a seguranccedila necessaacuterias para o paciente que o utiliza

Portanto resta-nos dispensar o fitoteraacutepico para que este apresente estas

caracteriacutesticas trans formando o paciente num parceiro consciente do seu

papel no uso cor reto deste recurso terapecircutico

O resgate das praacuteticas populares agora respaldadas pelos estudos cientiacuteficos

seacuterios que atestam a eficaacutecia e seguranccedila das espeacutecies utilizadas no programa

Farmaacutecias-Vivas pode ser abordado no momento da dispensaccedilatildeo do

medicamento ou atraveacutes de apresentaccedilotildees coletivas organizadas e realizadas

pelo Farmacecircutico Alguns cuidados merecem ser observados para natildeo se

incorrer em riscos desnecessaacuterios

- Natildeo referendar o uso de plantas cujo estudo cientiacutefico natildeo tenha apresentado

dados sobre sua eficaacutecia e seguranccedila

- Natildeo recomendar o uso de qualquer planta medicinal para o tratamento de

doenccedilas sem a devida recomendaccedilatildeo meacutedica especializada ou natildeo

- Natildeo recomendar a utilizaccedilatildeo de planta que nos seja desconhecida tanto no

aspecto teoacuterico quanto praacutetico

- Natildeo sugerir a utilizaccedilatildeo de quaisquer praacuteticas com ou sem uso de plantas

medicinais que possa representar um risco potencial ou real de dano fetal

Para nos resguardarmos de quaisquer erros precisamos nos manter atualizados

quanto aos benefiacutecios e riscos da utilizaccedilatildeo das espeacutecies medicinais com as

quais trabalhamos dada agrave impossibilidade de conhecer todas as demais Os

dados obtidos durante a dispensaccedilatildeo e acompanhamento dos pacientes aleacutem

daqueles obtidos durante os ensaios controlados de toxicologia e farmacologia

cliacutenica forneceratildeo a necessaacuteria seguranccedila para realizarmos a dispensaccedilatildeo e

cada vez mais desfazermos o mito do natural ser inoacutecuo

Como exemplo da relaccedilatildeo risco x benefiacutecio de uma preparaccedilatildeo fitoteraacutepica

apresentamos as seguintes informaccedilotildees sobre o Elixir de Aroeira que em

muitos aspectos natildeo houve a quantificaccedilatildeo da intensidade dos efeitos beneacuteficos

nem adversos nem de interaccedilotildees

Forma Medicamento Fitoteraacutepico- Caacutepsula ESPINHEIRA SANTA Maytenus ilicifolia Celastraceae

Medicamento fitoteraacutepico

Parte utilizada Folhas

Nomenclatura popularEspinheira santa cancerosa cancorosa-de-sete-espinhos cancrosa

espinheira-divina espinho-de-Deus maiteno erva-cancrosa erva-santa

ApresentaccedilotildeesCaacutepsula dura - Extrato seco das folhas de Maytenus ilicifolia 380 mg -

Embalagem com 3 bliacutesters contendo 15 caacutepsulas cada

Via oral

Uso adulto

Composiccedilatildeo

Cada caacutepsula conteacutem

Extrato seco de Maytenus ilicifolia380 mg

Excipiente qsp 1 caacutepsula (amido)

equivalente a 133 mg de taninos totais

Informaccedilotildees ao pacientePara que este medicamento eacute indicado

Espinheira Santa eacute indicada para o tratamento da maacute digestatildeo e como

coadjuvante no tratamento de uacutelcera do estocircmago e duodeno

Como este medicamento funciona

Espinheira Santa atua como regulador das funccedilotildees estomacais e promove a

proteccedilatildeo da mucosa gaacutestrica

Quando natildeo devo usar este medicamentobull O medicamento deve ser evitado por menores de 12 anos de idade devido agrave

falta de estudos disponiacuteveis

bull Lactaccedilatildeo e gravidez visto que pode diminuir a secreccedilatildeo de leite e pode

provocar contraccedilotildees uterinas

bull Hipersensibilidade (alergia) a qualquer um dos componentes da foacutermula ou a

outras plantas da famiacutelia Celastraceae

O que devo saber antes de usar este medicamentoPrecauccedilotildees e advertecircncias

bull De acordo com a categoria de risco de faacutermacos destinados agraves mulheres

graacutevidas este medicamento apresenta categoria de risco C Este medicamento

natildeo deve ser utilizado por mulheres graacutevidas sem orientaccedilatildeo meacutedica ou do

cirurgiatildeo dentista

Interaccedilotildees medicamentosas

bull A administraccedilatildeo concomitante de M ilicifolia com bebidas alcooacutelicas e outros

medicamentos natildeo eacute recomendada pois natildeo existem estudos disponiacuteveis

sobre as interaccedilotildees medicamentosas deste fitoteraacutepico

Informe seu meacutedico ou cirurgiatildeo-dentista se vocecirc estaacute fazendo uso de algum

outro medicamento

Onde como e por quanto tempo posso guardar este medicamentoCuidados de conservaccedilatildeo

Espinheira Santa deve ser conservada em temperatura ambiente (entre 15 e

30ordmC) em sua embalagem original Proteger da luz e da umidade

Prazo de validade24 meses apoacutes a data de fabricaccedilatildeo impressa no cartucho

Nuacutemero de lote e datas de fabricaccedilatildeo e validade vide embalagem

Natildeo use medicamento com o prazo de validade vencido

Guarde-o em sua embalagem original

Caracteriacutesticas fiacutesicasCaacutepsulas gelatinosas duras de cor creme

Caracteriacutesticas organoleacutepticas

Cheiro (odor) caracteriacutestico e praticamente natildeo apresenta sabor

Antes de usar observe o aspecto do medicamento Caso ele esteja no prazo

de validade e vocecirc observe alguma mudanccedila no aspecto consulte o

farmacecircutico para saber se poderaacute utilizaacute-lo

Todo medicamento deve ser mantido fora do alcance das crianccedilas

Como devo usar este medicamentoModo de usar

As caacutepsulas devem ser ingeridas inteiras e com uma quantidade suficiente de

aacutegua para que possam ser deglutidas

Posologia

Ingerir duas caacutepsulas via oral trecircs vezes ao dia de oito em oito horas

Siga corretamente o modo de usar Em caso de duacutevidas sobre este

medicamento procure orientaccedilatildeo do farmacecircutico Natildeo desaparecendo os

sintomas procure orientaccedilatildeo de seu meacutedico ou cirurgiatildeo-dentista

Este medicamento natildeo deve ser partido aberto ou mastigado

O que devo fazer quando eu me esquecer de usar este medicamentoCaso haja esquecimento da ingestatildeo de uma dose deste medicamento

retomar a posologia prescrita sem a necessidade de suplementaccedilatildeo

Em caso de duacutevidas procure orientaccedilatildeo do farmacecircutico ou de seu meacutedico ou

do cirurgiatildeo-dentista

Que males este medicamento pode causarReaccedilotildees adversas

Ateacute o momento natildeo foram relatadas reaccedilotildees adversas graves ou que coloquem

em risco a sauacutede dos pacientes

Raramente podem ocorrer casos de hipersensibilidade Neste caso suspender

o uso e procurar orientaccedilatildeo meacutedica

Informe seu meacutedico cirurgiatildeo-dentista ou farmacecircutico do aparecimento de

reaccedilotildees indesejaacuteveis pelo uso do medicamento

Induacutestria Brasileira

Esta bula foi atualizada conforme Bula Padratildeo aprovada pela Anvisa em

12012011

Farmacecircutica resp Dra (Nome )

CRF-PR nordm XXXX Coacuted XXXXX - 012011

Informe tambeacutem agrave empresa atraveacutes do seu Serviccedilo de

Atendimento ao Consumidor

O que fazer se algueacutem usar uma quantidade maior do que a indicada deste medicamentoPlantas ricas em taninos como a M ilicifolia quando usadas em doses

excessivas podem causar irritaccedilatildeo da mucosa gaacutestrica e intestinal gerando

vocircmitos coacutelicas intestinais e diarreia

Em caso de super dosagem suspender o uso e procurar orientaccedilatildeo meacutedica de

imediato Em caso de uso de grande quantidade deste medicamento procure

rapidamente socorro meacutedico e leve a embalagem ou bula do medicamento se

possiacutevel Siga corretamente o modo de usar natildeo desaparecendo os sintomas

procure orientaccedilatildeo meacutedica

Conclusatildeo

A espinheira-santa (M ilicifolia) eacute um fitoteraacutepico de relevante accedilatildeo terapecircutica

principalmente antiulcerogecircnica dada sua eficaacutecia farmacoloacutegica e seguranccedila

Vale lembrar que por ausecircncia de estudos ela natildeo eacute recomenda para crianccedilas

e natildeo deve ser usada por gestantes pois estudos em camundongos (fecircmeas e

graacutevidas) indicaram um decreacutescimo significativo do nuacutemero de embriotildees aleacutem

de possuir atividade estrogecircnica que pode interferir na receptividade uterina do

embriatildeo Entre suas atividades farmacoloacutegicas destaca-se a atividade

antiulcerogecircnica que pode ser comparada agrave accedilatildeo da ranitidina e da cimetidina

Por ser morfologicamente parecida com as espeacutecies S bonplandii e Z ilicifolia

ela eacute comumente confundida e ateacute mesmo trocada intencionalmente

A utilizaccedilatildeo de maneira errocircnea das espeacutecies botacircnicas que natildeo satildeo a

verdadeira espinheira-santa (M ilicifolia) pode acarretar danos agrave sauacutede dos

pacientes Assim conclui-se que essas espeacutecies conhecidas como

adulterantes podem trazer malefiacutecios pois ainda faltam estudos que

comprovem suas atividades farmacoloacutegicas e principalmente a seguranccedila

terapecircutica Poreacutem natildeo se deve descartar o uso dessas espeacutecies e sim

realizar estudos mais concretos para que essas plantas assim como a

verdadeira espinheira-santa possam auxiliar no tratamento farmacoloacutegico da

populaccedilatildeo

Referecircncias Bibliograacuteficas

Ralph Santos-Oliveira Simone Coulaud-Cunha Waldeciro Colaccedilo

Revisatildeo da Maytenus ilicifolia Mart ex Reissek Celastraceae

Contribuiccedilatildeo ao estudo das propriedades farmacoloacutegicas Rev Bras

Farmacogn Braz J Pharmacogn 19(2B) AbrJun 2009

Wilker Marlon de Moraes Jesus Tarciacutesio Neves da Cunha Estudo das

propriedades farmacoloacutegicas da espinheira-santa (Maytenus ilicifolia

Mart ex Reissek) e de duas espeacutecies adulterantes Revista Sauacutede e

Desenvolvimento vol ndash nordm 1 Jan ndash Jun 2012

MARIOT MP1 BARBIERI RL2 Engenheiro Agrocircnomo Dr prof do

Conjunto Agroteacutecnico ldquoVisconde da GraccedilardquoUniversidade Federal de

Pelotas (mariotufpeltchebr) ndash Av Ildefonso Simotildees Lopes 2791

Pelotas-RS CEP 96060-290 2Bioacuteloga Dr pesquisadora da Embrapa

Clima Temperado (barbiericpactembrapabr) ndash BR 392 km 78 caixa

postal 403 Pelotas-RS CEP 96001-970 (endereccedilo para

correspondecircncia) Metaboacutelitos secundaacuterios e propriedades medicinais da

espinheira-santa (Maytenus ilicifolia Mart ex Reiss e M aquifolium

Mart)

CARLINI EA Braz S Efeito protetor do liofilizado obtido do abafado de

Maytenus Sp (espinheira-santa) contra uacutelcera gaacutestrica experimental em

ratos In Estudo da accedilatildeo antiuacutelcera gaacutestrica de plantas brasileiras

(Maytenus ilicifolia) Espinheira santa e outras Brasiacutelia CEMEAFIP

1988 p21-35MACAUBAS CIP et al Estudo da eventual accedilatildeo

antiuacutelcera gaacutestrica do baacutelsamo (Sedum sp) folha da fortuna

(Bryophyllum calcium) couve (Brassica oleraceae) e da Espinheira

santa (Maytenus ilicifolia) em ratos In Estudo da accedilatildeo antiuacutelcera

gaacutestrica de plantas brasileiras (Maytenus ilicifolia) Espinheira santa e

outras Brasiacutelia CEMEAFIP 1988 p 5-20

Olivia Werner Oliveira Pedro Ros Petrovick Secagem por aspersatildeo

(spray drying) de extratos vegetais bases e aplicaccedilotildees Revista

Brasileira de Farmacognosia Brazilian Journal of Pharmacognosy 20(4)

641-650 AgoSet 2010

Marianne Christina Scheffer Capitulo 17 Produccedilatildeo de espinheira-santa

(Maytenus ilicifolia Mart ex Reiss) na regiatildeo metropolitana de Curitiba

Paranaacute Brasil

Said gonccedilalves da cruz fonsacircca Farmacoteacutecnica de Fitoteraacutepicos2005

- Natildeo referendar o uso de plantas cujo estudo cientiacutefico natildeo tenha apresentado

dados sobre sua eficaacutecia e seguranccedila

- Natildeo recomendar o uso de qualquer planta medicinal para o tratamento de

doenccedilas sem a devida recomendaccedilatildeo meacutedica especializada ou natildeo

- Natildeo recomendar a utilizaccedilatildeo de planta que nos seja desconhecida tanto no

aspecto teoacuterico quanto praacutetico

- Natildeo sugerir a utilizaccedilatildeo de quaisquer praacuteticas com ou sem uso de plantas

medicinais que possa representar um risco potencial ou real de dano fetal

Para nos resguardarmos de quaisquer erros precisamos nos manter atualizados

quanto aos benefiacutecios e riscos da utilizaccedilatildeo das espeacutecies medicinais com as

quais trabalhamos dada agrave impossibilidade de conhecer todas as demais Os

dados obtidos durante a dispensaccedilatildeo e acompanhamento dos pacientes aleacutem

daqueles obtidos durante os ensaios controlados de toxicologia e farmacologia

cliacutenica forneceratildeo a necessaacuteria seguranccedila para realizarmos a dispensaccedilatildeo e

cada vez mais desfazermos o mito do natural ser inoacutecuo

Como exemplo da relaccedilatildeo risco x benefiacutecio de uma preparaccedilatildeo fitoteraacutepica

apresentamos as seguintes informaccedilotildees sobre o Elixir de Aroeira que em

muitos aspectos natildeo houve a quantificaccedilatildeo da intensidade dos efeitos beneacuteficos

nem adversos nem de interaccedilotildees

Forma Medicamento Fitoteraacutepico- Caacutepsula ESPINHEIRA SANTA Maytenus ilicifolia Celastraceae

Medicamento fitoteraacutepico

Parte utilizada Folhas

Nomenclatura popularEspinheira santa cancerosa cancorosa-de-sete-espinhos cancrosa

espinheira-divina espinho-de-Deus maiteno erva-cancrosa erva-santa

ApresentaccedilotildeesCaacutepsula dura - Extrato seco das folhas de Maytenus ilicifolia 380 mg -

Embalagem com 3 bliacutesters contendo 15 caacutepsulas cada

Via oral

Uso adulto

Composiccedilatildeo

Cada caacutepsula conteacutem

Extrato seco de Maytenus ilicifolia380 mg

Excipiente qsp 1 caacutepsula (amido)

equivalente a 133 mg de taninos totais

Informaccedilotildees ao pacientePara que este medicamento eacute indicado

Espinheira Santa eacute indicada para o tratamento da maacute digestatildeo e como

coadjuvante no tratamento de uacutelcera do estocircmago e duodeno

Como este medicamento funciona

Espinheira Santa atua como regulador das funccedilotildees estomacais e promove a

proteccedilatildeo da mucosa gaacutestrica

Quando natildeo devo usar este medicamentobull O medicamento deve ser evitado por menores de 12 anos de idade devido agrave

falta de estudos disponiacuteveis

bull Lactaccedilatildeo e gravidez visto que pode diminuir a secreccedilatildeo de leite e pode

provocar contraccedilotildees uterinas

bull Hipersensibilidade (alergia) a qualquer um dos componentes da foacutermula ou a

outras plantas da famiacutelia Celastraceae

O que devo saber antes de usar este medicamentoPrecauccedilotildees e advertecircncias

bull De acordo com a categoria de risco de faacutermacos destinados agraves mulheres

graacutevidas este medicamento apresenta categoria de risco C Este medicamento

natildeo deve ser utilizado por mulheres graacutevidas sem orientaccedilatildeo meacutedica ou do

cirurgiatildeo dentista

Interaccedilotildees medicamentosas

bull A administraccedilatildeo concomitante de M ilicifolia com bebidas alcooacutelicas e outros

medicamentos natildeo eacute recomendada pois natildeo existem estudos disponiacuteveis

sobre as interaccedilotildees medicamentosas deste fitoteraacutepico

Informe seu meacutedico ou cirurgiatildeo-dentista se vocecirc estaacute fazendo uso de algum

outro medicamento

Onde como e por quanto tempo posso guardar este medicamentoCuidados de conservaccedilatildeo

Espinheira Santa deve ser conservada em temperatura ambiente (entre 15 e

30ordmC) em sua embalagem original Proteger da luz e da umidade

Prazo de validade24 meses apoacutes a data de fabricaccedilatildeo impressa no cartucho

Nuacutemero de lote e datas de fabricaccedilatildeo e validade vide embalagem

Natildeo use medicamento com o prazo de validade vencido

Guarde-o em sua embalagem original

Caracteriacutesticas fiacutesicasCaacutepsulas gelatinosas duras de cor creme

Caracteriacutesticas organoleacutepticas

Cheiro (odor) caracteriacutestico e praticamente natildeo apresenta sabor

Antes de usar observe o aspecto do medicamento Caso ele esteja no prazo

de validade e vocecirc observe alguma mudanccedila no aspecto consulte o

farmacecircutico para saber se poderaacute utilizaacute-lo

Todo medicamento deve ser mantido fora do alcance das crianccedilas

Como devo usar este medicamentoModo de usar

As caacutepsulas devem ser ingeridas inteiras e com uma quantidade suficiente de

aacutegua para que possam ser deglutidas

Posologia

Ingerir duas caacutepsulas via oral trecircs vezes ao dia de oito em oito horas

Siga corretamente o modo de usar Em caso de duacutevidas sobre este

medicamento procure orientaccedilatildeo do farmacecircutico Natildeo desaparecendo os

sintomas procure orientaccedilatildeo de seu meacutedico ou cirurgiatildeo-dentista

Este medicamento natildeo deve ser partido aberto ou mastigado

O que devo fazer quando eu me esquecer de usar este medicamentoCaso haja esquecimento da ingestatildeo de uma dose deste medicamento

retomar a posologia prescrita sem a necessidade de suplementaccedilatildeo

Em caso de duacutevidas procure orientaccedilatildeo do farmacecircutico ou de seu meacutedico ou

do cirurgiatildeo-dentista

Que males este medicamento pode causarReaccedilotildees adversas

Ateacute o momento natildeo foram relatadas reaccedilotildees adversas graves ou que coloquem

em risco a sauacutede dos pacientes

Raramente podem ocorrer casos de hipersensibilidade Neste caso suspender

o uso e procurar orientaccedilatildeo meacutedica

Informe seu meacutedico cirurgiatildeo-dentista ou farmacecircutico do aparecimento de

reaccedilotildees indesejaacuteveis pelo uso do medicamento

Induacutestria Brasileira

Esta bula foi atualizada conforme Bula Padratildeo aprovada pela Anvisa em

12012011

Farmacecircutica resp Dra (Nome )

CRF-PR nordm XXXX Coacuted XXXXX - 012011

Informe tambeacutem agrave empresa atraveacutes do seu Serviccedilo de

Atendimento ao Consumidor

O que fazer se algueacutem usar uma quantidade maior do que a indicada deste medicamentoPlantas ricas em taninos como a M ilicifolia quando usadas em doses

excessivas podem causar irritaccedilatildeo da mucosa gaacutestrica e intestinal gerando

vocircmitos coacutelicas intestinais e diarreia

Em caso de super dosagem suspender o uso e procurar orientaccedilatildeo meacutedica de

imediato Em caso de uso de grande quantidade deste medicamento procure

rapidamente socorro meacutedico e leve a embalagem ou bula do medicamento se

possiacutevel Siga corretamente o modo de usar natildeo desaparecendo os sintomas

procure orientaccedilatildeo meacutedica

Conclusatildeo

A espinheira-santa (M ilicifolia) eacute um fitoteraacutepico de relevante accedilatildeo terapecircutica

principalmente antiulcerogecircnica dada sua eficaacutecia farmacoloacutegica e seguranccedila

Vale lembrar que por ausecircncia de estudos ela natildeo eacute recomenda para crianccedilas

e natildeo deve ser usada por gestantes pois estudos em camundongos (fecircmeas e

graacutevidas) indicaram um decreacutescimo significativo do nuacutemero de embriotildees aleacutem

de possuir atividade estrogecircnica que pode interferir na receptividade uterina do

embriatildeo Entre suas atividades farmacoloacutegicas destaca-se a atividade

antiulcerogecircnica que pode ser comparada agrave accedilatildeo da ranitidina e da cimetidina

Por ser morfologicamente parecida com as espeacutecies S bonplandii e Z ilicifolia

ela eacute comumente confundida e ateacute mesmo trocada intencionalmente

A utilizaccedilatildeo de maneira errocircnea das espeacutecies botacircnicas que natildeo satildeo a

verdadeira espinheira-santa (M ilicifolia) pode acarretar danos agrave sauacutede dos

pacientes Assim conclui-se que essas espeacutecies conhecidas como

adulterantes podem trazer malefiacutecios pois ainda faltam estudos que

comprovem suas atividades farmacoloacutegicas e principalmente a seguranccedila

terapecircutica Poreacutem natildeo se deve descartar o uso dessas espeacutecies e sim

realizar estudos mais concretos para que essas plantas assim como a

verdadeira espinheira-santa possam auxiliar no tratamento farmacoloacutegico da

populaccedilatildeo

Referecircncias Bibliograacuteficas

Ralph Santos-Oliveira Simone Coulaud-Cunha Waldeciro Colaccedilo

Revisatildeo da Maytenus ilicifolia Mart ex Reissek Celastraceae

Contribuiccedilatildeo ao estudo das propriedades farmacoloacutegicas Rev Bras

Farmacogn Braz J Pharmacogn 19(2B) AbrJun 2009

Wilker Marlon de Moraes Jesus Tarciacutesio Neves da Cunha Estudo das

propriedades farmacoloacutegicas da espinheira-santa (Maytenus ilicifolia

Mart ex Reissek) e de duas espeacutecies adulterantes Revista Sauacutede e

Desenvolvimento vol ndash nordm 1 Jan ndash Jun 2012

MARIOT MP1 BARBIERI RL2 Engenheiro Agrocircnomo Dr prof do

Conjunto Agroteacutecnico ldquoVisconde da GraccedilardquoUniversidade Federal de

Pelotas (mariotufpeltchebr) ndash Av Ildefonso Simotildees Lopes 2791

Pelotas-RS CEP 96060-290 2Bioacuteloga Dr pesquisadora da Embrapa

Clima Temperado (barbiericpactembrapabr) ndash BR 392 km 78 caixa

postal 403 Pelotas-RS CEP 96001-970 (endereccedilo para

correspondecircncia) Metaboacutelitos secundaacuterios e propriedades medicinais da

espinheira-santa (Maytenus ilicifolia Mart ex Reiss e M aquifolium

Mart)

CARLINI EA Braz S Efeito protetor do liofilizado obtido do abafado de

Maytenus Sp (espinheira-santa) contra uacutelcera gaacutestrica experimental em

ratos In Estudo da accedilatildeo antiuacutelcera gaacutestrica de plantas brasileiras

(Maytenus ilicifolia) Espinheira santa e outras Brasiacutelia CEMEAFIP

1988 p21-35MACAUBAS CIP et al Estudo da eventual accedilatildeo

antiuacutelcera gaacutestrica do baacutelsamo (Sedum sp) folha da fortuna

(Bryophyllum calcium) couve (Brassica oleraceae) e da Espinheira

santa (Maytenus ilicifolia) em ratos In Estudo da accedilatildeo antiuacutelcera

gaacutestrica de plantas brasileiras (Maytenus ilicifolia) Espinheira santa e

outras Brasiacutelia CEMEAFIP 1988 p 5-20

Olivia Werner Oliveira Pedro Ros Petrovick Secagem por aspersatildeo

(spray drying) de extratos vegetais bases e aplicaccedilotildees Revista

Brasileira de Farmacognosia Brazilian Journal of Pharmacognosy 20(4)

641-650 AgoSet 2010

Marianne Christina Scheffer Capitulo 17 Produccedilatildeo de espinheira-santa

(Maytenus ilicifolia Mart ex Reiss) na regiatildeo metropolitana de Curitiba

Paranaacute Brasil

Said gonccedilalves da cruz fonsacircca Farmacoteacutecnica de Fitoteraacutepicos2005

Uso adulto

Composiccedilatildeo

Cada caacutepsula conteacutem

Extrato seco de Maytenus ilicifolia380 mg

Excipiente qsp 1 caacutepsula (amido)

equivalente a 133 mg de taninos totais

Informaccedilotildees ao pacientePara que este medicamento eacute indicado

Espinheira Santa eacute indicada para o tratamento da maacute digestatildeo e como

coadjuvante no tratamento de uacutelcera do estocircmago e duodeno

Como este medicamento funciona

Espinheira Santa atua como regulador das funccedilotildees estomacais e promove a

proteccedilatildeo da mucosa gaacutestrica

Quando natildeo devo usar este medicamentobull O medicamento deve ser evitado por menores de 12 anos de idade devido agrave

falta de estudos disponiacuteveis

bull Lactaccedilatildeo e gravidez visto que pode diminuir a secreccedilatildeo de leite e pode

provocar contraccedilotildees uterinas

bull Hipersensibilidade (alergia) a qualquer um dos componentes da foacutermula ou a

outras plantas da famiacutelia Celastraceae

O que devo saber antes de usar este medicamentoPrecauccedilotildees e advertecircncias

bull De acordo com a categoria de risco de faacutermacos destinados agraves mulheres

graacutevidas este medicamento apresenta categoria de risco C Este medicamento

natildeo deve ser utilizado por mulheres graacutevidas sem orientaccedilatildeo meacutedica ou do

cirurgiatildeo dentista

Interaccedilotildees medicamentosas

bull A administraccedilatildeo concomitante de M ilicifolia com bebidas alcooacutelicas e outros

medicamentos natildeo eacute recomendada pois natildeo existem estudos disponiacuteveis

sobre as interaccedilotildees medicamentosas deste fitoteraacutepico

Informe seu meacutedico ou cirurgiatildeo-dentista se vocecirc estaacute fazendo uso de algum

outro medicamento

Onde como e por quanto tempo posso guardar este medicamentoCuidados de conservaccedilatildeo

Espinheira Santa deve ser conservada em temperatura ambiente (entre 15 e

30ordmC) em sua embalagem original Proteger da luz e da umidade

Prazo de validade24 meses apoacutes a data de fabricaccedilatildeo impressa no cartucho

Nuacutemero de lote e datas de fabricaccedilatildeo e validade vide embalagem

Natildeo use medicamento com o prazo de validade vencido

Guarde-o em sua embalagem original

Caracteriacutesticas fiacutesicasCaacutepsulas gelatinosas duras de cor creme

Caracteriacutesticas organoleacutepticas

Cheiro (odor) caracteriacutestico e praticamente natildeo apresenta sabor

Antes de usar observe o aspecto do medicamento Caso ele esteja no prazo

de validade e vocecirc observe alguma mudanccedila no aspecto consulte o

farmacecircutico para saber se poderaacute utilizaacute-lo

Todo medicamento deve ser mantido fora do alcance das crianccedilas

Como devo usar este medicamentoModo de usar

As caacutepsulas devem ser ingeridas inteiras e com uma quantidade suficiente de

aacutegua para que possam ser deglutidas

Posologia

Ingerir duas caacutepsulas via oral trecircs vezes ao dia de oito em oito horas

Siga corretamente o modo de usar Em caso de duacutevidas sobre este

medicamento procure orientaccedilatildeo do farmacecircutico Natildeo desaparecendo os

sintomas procure orientaccedilatildeo de seu meacutedico ou cirurgiatildeo-dentista

Este medicamento natildeo deve ser partido aberto ou mastigado

O que devo fazer quando eu me esquecer de usar este medicamentoCaso haja esquecimento da ingestatildeo de uma dose deste medicamento

retomar a posologia prescrita sem a necessidade de suplementaccedilatildeo

Em caso de duacutevidas procure orientaccedilatildeo do farmacecircutico ou de seu meacutedico ou

do cirurgiatildeo-dentista

Que males este medicamento pode causarReaccedilotildees adversas

Ateacute o momento natildeo foram relatadas reaccedilotildees adversas graves ou que coloquem

em risco a sauacutede dos pacientes

Raramente podem ocorrer casos de hipersensibilidade Neste caso suspender

o uso e procurar orientaccedilatildeo meacutedica

Informe seu meacutedico cirurgiatildeo-dentista ou farmacecircutico do aparecimento de

reaccedilotildees indesejaacuteveis pelo uso do medicamento

Induacutestria Brasileira

Esta bula foi atualizada conforme Bula Padratildeo aprovada pela Anvisa em

12012011

Farmacecircutica resp Dra (Nome )

CRF-PR nordm XXXX Coacuted XXXXX - 012011

Informe tambeacutem agrave empresa atraveacutes do seu Serviccedilo de

Atendimento ao Consumidor

O que fazer se algueacutem usar uma quantidade maior do que a indicada deste medicamentoPlantas ricas em taninos como a M ilicifolia quando usadas em doses

excessivas podem causar irritaccedilatildeo da mucosa gaacutestrica e intestinal gerando

vocircmitos coacutelicas intestinais e diarreia

Em caso de super dosagem suspender o uso e procurar orientaccedilatildeo meacutedica de

imediato Em caso de uso de grande quantidade deste medicamento procure

rapidamente socorro meacutedico e leve a embalagem ou bula do medicamento se

possiacutevel Siga corretamente o modo de usar natildeo desaparecendo os sintomas

procure orientaccedilatildeo meacutedica

Conclusatildeo

A espinheira-santa (M ilicifolia) eacute um fitoteraacutepico de relevante accedilatildeo terapecircutica

principalmente antiulcerogecircnica dada sua eficaacutecia farmacoloacutegica e seguranccedila

Vale lembrar que por ausecircncia de estudos ela natildeo eacute recomenda para crianccedilas

e natildeo deve ser usada por gestantes pois estudos em camundongos (fecircmeas e

graacutevidas) indicaram um decreacutescimo significativo do nuacutemero de embriotildees aleacutem

de possuir atividade estrogecircnica que pode interferir na receptividade uterina do

embriatildeo Entre suas atividades farmacoloacutegicas destaca-se a atividade

antiulcerogecircnica que pode ser comparada agrave accedilatildeo da ranitidina e da cimetidina

Por ser morfologicamente parecida com as espeacutecies S bonplandii e Z ilicifolia

ela eacute comumente confundida e ateacute mesmo trocada intencionalmente

A utilizaccedilatildeo de maneira errocircnea das espeacutecies botacircnicas que natildeo satildeo a

verdadeira espinheira-santa (M ilicifolia) pode acarretar danos agrave sauacutede dos

pacientes Assim conclui-se que essas espeacutecies conhecidas como

adulterantes podem trazer malefiacutecios pois ainda faltam estudos que

comprovem suas atividades farmacoloacutegicas e principalmente a seguranccedila

terapecircutica Poreacutem natildeo se deve descartar o uso dessas espeacutecies e sim

realizar estudos mais concretos para que essas plantas assim como a

verdadeira espinheira-santa possam auxiliar no tratamento farmacoloacutegico da

populaccedilatildeo

Referecircncias Bibliograacuteficas

Ralph Santos-Oliveira Simone Coulaud-Cunha Waldeciro Colaccedilo

Revisatildeo da Maytenus ilicifolia Mart ex Reissek Celastraceae

Contribuiccedilatildeo ao estudo das propriedades farmacoloacutegicas Rev Bras

Farmacogn Braz J Pharmacogn 19(2B) AbrJun 2009

Wilker Marlon de Moraes Jesus Tarciacutesio Neves da Cunha Estudo das

propriedades farmacoloacutegicas da espinheira-santa (Maytenus ilicifolia

Mart ex Reissek) e de duas espeacutecies adulterantes Revista Sauacutede e

Desenvolvimento vol ndash nordm 1 Jan ndash Jun 2012

MARIOT MP1 BARBIERI RL2 Engenheiro Agrocircnomo Dr prof do

Conjunto Agroteacutecnico ldquoVisconde da GraccedilardquoUniversidade Federal de

Pelotas (mariotufpeltchebr) ndash Av Ildefonso Simotildees Lopes 2791

Pelotas-RS CEP 96060-290 2Bioacuteloga Dr pesquisadora da Embrapa

Clima Temperado (barbiericpactembrapabr) ndash BR 392 km 78 caixa

postal 403 Pelotas-RS CEP 96001-970 (endereccedilo para

correspondecircncia) Metaboacutelitos secundaacuterios e propriedades medicinais da

espinheira-santa (Maytenus ilicifolia Mart ex Reiss e M aquifolium

Mart)

CARLINI EA Braz S Efeito protetor do liofilizado obtido do abafado de

Maytenus Sp (espinheira-santa) contra uacutelcera gaacutestrica experimental em

ratos In Estudo da accedilatildeo antiuacutelcera gaacutestrica de plantas brasileiras

(Maytenus ilicifolia) Espinheira santa e outras Brasiacutelia CEMEAFIP

1988 p21-35MACAUBAS CIP et al Estudo da eventual accedilatildeo

antiuacutelcera gaacutestrica do baacutelsamo (Sedum sp) folha da fortuna

(Bryophyllum calcium) couve (Brassica oleraceae) e da Espinheira

santa (Maytenus ilicifolia) em ratos In Estudo da accedilatildeo antiuacutelcera

gaacutestrica de plantas brasileiras (Maytenus ilicifolia) Espinheira santa e

outras Brasiacutelia CEMEAFIP 1988 p 5-20

Olivia Werner Oliveira Pedro Ros Petrovick Secagem por aspersatildeo

(spray drying) de extratos vegetais bases e aplicaccedilotildees Revista

Brasileira de Farmacognosia Brazilian Journal of Pharmacognosy 20(4)

641-650 AgoSet 2010

Marianne Christina Scheffer Capitulo 17 Produccedilatildeo de espinheira-santa

(Maytenus ilicifolia Mart ex Reiss) na regiatildeo metropolitana de Curitiba

Paranaacute Brasil

Said gonccedilalves da cruz fonsacircca Farmacoteacutecnica de Fitoteraacutepicos2005

Espinheira Santa deve ser conservada em temperatura ambiente (entre 15 e

30ordmC) em sua embalagem original Proteger da luz e da umidade

Prazo de validade24 meses apoacutes a data de fabricaccedilatildeo impressa no cartucho

Nuacutemero de lote e datas de fabricaccedilatildeo e validade vide embalagem

Natildeo use medicamento com o prazo de validade vencido

Guarde-o em sua embalagem original

Caracteriacutesticas fiacutesicasCaacutepsulas gelatinosas duras de cor creme

Caracteriacutesticas organoleacutepticas

Cheiro (odor) caracteriacutestico e praticamente natildeo apresenta sabor

Antes de usar observe o aspecto do medicamento Caso ele esteja no prazo

de validade e vocecirc observe alguma mudanccedila no aspecto consulte o

farmacecircutico para saber se poderaacute utilizaacute-lo

Todo medicamento deve ser mantido fora do alcance das crianccedilas

Como devo usar este medicamentoModo de usar

As caacutepsulas devem ser ingeridas inteiras e com uma quantidade suficiente de

aacutegua para que possam ser deglutidas

Posologia

Ingerir duas caacutepsulas via oral trecircs vezes ao dia de oito em oito horas

Siga corretamente o modo de usar Em caso de duacutevidas sobre este

medicamento procure orientaccedilatildeo do farmacecircutico Natildeo desaparecendo os

sintomas procure orientaccedilatildeo de seu meacutedico ou cirurgiatildeo-dentista

Este medicamento natildeo deve ser partido aberto ou mastigado

O que devo fazer quando eu me esquecer de usar este medicamentoCaso haja esquecimento da ingestatildeo de uma dose deste medicamento

retomar a posologia prescrita sem a necessidade de suplementaccedilatildeo

Em caso de duacutevidas procure orientaccedilatildeo do farmacecircutico ou de seu meacutedico ou

do cirurgiatildeo-dentista

Que males este medicamento pode causarReaccedilotildees adversas

Ateacute o momento natildeo foram relatadas reaccedilotildees adversas graves ou que coloquem

em risco a sauacutede dos pacientes

Raramente podem ocorrer casos de hipersensibilidade Neste caso suspender

o uso e procurar orientaccedilatildeo meacutedica

Informe seu meacutedico cirurgiatildeo-dentista ou farmacecircutico do aparecimento de

reaccedilotildees indesejaacuteveis pelo uso do medicamento

Induacutestria Brasileira

Esta bula foi atualizada conforme Bula Padratildeo aprovada pela Anvisa em

12012011

Farmacecircutica resp Dra (Nome )

CRF-PR nordm XXXX Coacuted XXXXX - 012011

Informe tambeacutem agrave empresa atraveacutes do seu Serviccedilo de

Atendimento ao Consumidor

O que fazer se algueacutem usar uma quantidade maior do que a indicada deste medicamentoPlantas ricas em taninos como a M ilicifolia quando usadas em doses

excessivas podem causar irritaccedilatildeo da mucosa gaacutestrica e intestinal gerando

vocircmitos coacutelicas intestinais e diarreia

Em caso de super dosagem suspender o uso e procurar orientaccedilatildeo meacutedica de

imediato Em caso de uso de grande quantidade deste medicamento procure

rapidamente socorro meacutedico e leve a embalagem ou bula do medicamento se

possiacutevel Siga corretamente o modo de usar natildeo desaparecendo os sintomas

procure orientaccedilatildeo meacutedica

Conclusatildeo

A espinheira-santa (M ilicifolia) eacute um fitoteraacutepico de relevante accedilatildeo terapecircutica

principalmente antiulcerogecircnica dada sua eficaacutecia farmacoloacutegica e seguranccedila

Vale lembrar que por ausecircncia de estudos ela natildeo eacute recomenda para crianccedilas

e natildeo deve ser usada por gestantes pois estudos em camundongos (fecircmeas e

graacutevidas) indicaram um decreacutescimo significativo do nuacutemero de embriotildees aleacutem

de possuir atividade estrogecircnica que pode interferir na receptividade uterina do

embriatildeo Entre suas atividades farmacoloacutegicas destaca-se a atividade

antiulcerogecircnica que pode ser comparada agrave accedilatildeo da ranitidina e da cimetidina

Por ser morfologicamente parecida com as espeacutecies S bonplandii e Z ilicifolia

ela eacute comumente confundida e ateacute mesmo trocada intencionalmente

A utilizaccedilatildeo de maneira errocircnea das espeacutecies botacircnicas que natildeo satildeo a

verdadeira espinheira-santa (M ilicifolia) pode acarretar danos agrave sauacutede dos

pacientes Assim conclui-se que essas espeacutecies conhecidas como

adulterantes podem trazer malefiacutecios pois ainda faltam estudos que

comprovem suas atividades farmacoloacutegicas e principalmente a seguranccedila

terapecircutica Poreacutem natildeo se deve descartar o uso dessas espeacutecies e sim

realizar estudos mais concretos para que essas plantas assim como a

verdadeira espinheira-santa possam auxiliar no tratamento farmacoloacutegico da

populaccedilatildeo

Referecircncias Bibliograacuteficas

Ralph Santos-Oliveira Simone Coulaud-Cunha Waldeciro Colaccedilo

Revisatildeo da Maytenus ilicifolia Mart ex Reissek Celastraceae

Contribuiccedilatildeo ao estudo das propriedades farmacoloacutegicas Rev Bras

Farmacogn Braz J Pharmacogn 19(2B) AbrJun 2009

Wilker Marlon de Moraes Jesus Tarciacutesio Neves da Cunha Estudo das

propriedades farmacoloacutegicas da espinheira-santa (Maytenus ilicifolia

Mart ex Reissek) e de duas espeacutecies adulterantes Revista Sauacutede e

Desenvolvimento vol ndash nordm 1 Jan ndash Jun 2012

MARIOT MP1 BARBIERI RL2 Engenheiro Agrocircnomo Dr prof do

Conjunto Agroteacutecnico ldquoVisconde da GraccedilardquoUniversidade Federal de

Pelotas (mariotufpeltchebr) ndash Av Ildefonso Simotildees Lopes 2791

Pelotas-RS CEP 96060-290 2Bioacuteloga Dr pesquisadora da Embrapa

Clima Temperado (barbiericpactembrapabr) ndash BR 392 km 78 caixa

postal 403 Pelotas-RS CEP 96001-970 (endereccedilo para

correspondecircncia) Metaboacutelitos secundaacuterios e propriedades medicinais da

espinheira-santa (Maytenus ilicifolia Mart ex Reiss e M aquifolium

Mart)

CARLINI EA Braz S Efeito protetor do liofilizado obtido do abafado de

Maytenus Sp (espinheira-santa) contra uacutelcera gaacutestrica experimental em

ratos In Estudo da accedilatildeo antiuacutelcera gaacutestrica de plantas brasileiras

(Maytenus ilicifolia) Espinheira santa e outras Brasiacutelia CEMEAFIP

1988 p21-35MACAUBAS CIP et al Estudo da eventual accedilatildeo

antiuacutelcera gaacutestrica do baacutelsamo (Sedum sp) folha da fortuna

(Bryophyllum calcium) couve (Brassica oleraceae) e da Espinheira

santa (Maytenus ilicifolia) em ratos In Estudo da accedilatildeo antiuacutelcera

gaacutestrica de plantas brasileiras (Maytenus ilicifolia) Espinheira santa e

outras Brasiacutelia CEMEAFIP 1988 p 5-20

Olivia Werner Oliveira Pedro Ros Petrovick Secagem por aspersatildeo

(spray drying) de extratos vegetais bases e aplicaccedilotildees Revista

Brasileira de Farmacognosia Brazilian Journal of Pharmacognosy 20(4)

641-650 AgoSet 2010

Marianne Christina Scheffer Capitulo 17 Produccedilatildeo de espinheira-santa

(Maytenus ilicifolia Mart ex Reiss) na regiatildeo metropolitana de Curitiba

Paranaacute Brasil

Said gonccedilalves da cruz fonsacircca Farmacoteacutecnica de Fitoteraacutepicos2005

Raramente podem ocorrer casos de hipersensibilidade Neste caso suspender

o uso e procurar orientaccedilatildeo meacutedica

Informe seu meacutedico cirurgiatildeo-dentista ou farmacecircutico do aparecimento de

reaccedilotildees indesejaacuteveis pelo uso do medicamento

Induacutestria Brasileira

Esta bula foi atualizada conforme Bula Padratildeo aprovada pela Anvisa em

12012011

Farmacecircutica resp Dra (Nome )

CRF-PR nordm XXXX Coacuted XXXXX - 012011

Informe tambeacutem agrave empresa atraveacutes do seu Serviccedilo de

Atendimento ao Consumidor

O que fazer se algueacutem usar uma quantidade maior do que a indicada deste medicamentoPlantas ricas em taninos como a M ilicifolia quando usadas em doses

excessivas podem causar irritaccedilatildeo da mucosa gaacutestrica e intestinal gerando

vocircmitos coacutelicas intestinais e diarreia

Em caso de super dosagem suspender o uso e procurar orientaccedilatildeo meacutedica de

imediato Em caso de uso de grande quantidade deste medicamento procure

rapidamente socorro meacutedico e leve a embalagem ou bula do medicamento se

possiacutevel Siga corretamente o modo de usar natildeo desaparecendo os sintomas

procure orientaccedilatildeo meacutedica

Conclusatildeo

A espinheira-santa (M ilicifolia) eacute um fitoteraacutepico de relevante accedilatildeo terapecircutica

principalmente antiulcerogecircnica dada sua eficaacutecia farmacoloacutegica e seguranccedila

Vale lembrar que por ausecircncia de estudos ela natildeo eacute recomenda para crianccedilas

e natildeo deve ser usada por gestantes pois estudos em camundongos (fecircmeas e

graacutevidas) indicaram um decreacutescimo significativo do nuacutemero de embriotildees aleacutem

de possuir atividade estrogecircnica que pode interferir na receptividade uterina do

embriatildeo Entre suas atividades farmacoloacutegicas destaca-se a atividade

antiulcerogecircnica que pode ser comparada agrave accedilatildeo da ranitidina e da cimetidina

Por ser morfologicamente parecida com as espeacutecies S bonplandii e Z ilicifolia

ela eacute comumente confundida e ateacute mesmo trocada intencionalmente

A utilizaccedilatildeo de maneira errocircnea das espeacutecies botacircnicas que natildeo satildeo a

verdadeira espinheira-santa (M ilicifolia) pode acarretar danos agrave sauacutede dos

pacientes Assim conclui-se que essas espeacutecies conhecidas como

adulterantes podem trazer malefiacutecios pois ainda faltam estudos que

comprovem suas atividades farmacoloacutegicas e principalmente a seguranccedila

terapecircutica Poreacutem natildeo se deve descartar o uso dessas espeacutecies e sim

realizar estudos mais concretos para que essas plantas assim como a

verdadeira espinheira-santa possam auxiliar no tratamento farmacoloacutegico da

populaccedilatildeo

Referecircncias Bibliograacuteficas

Ralph Santos-Oliveira Simone Coulaud-Cunha Waldeciro Colaccedilo

Revisatildeo da Maytenus ilicifolia Mart ex Reissek Celastraceae

Contribuiccedilatildeo ao estudo das propriedades farmacoloacutegicas Rev Bras

Farmacogn Braz J Pharmacogn 19(2B) AbrJun 2009

Wilker Marlon de Moraes Jesus Tarciacutesio Neves da Cunha Estudo das

propriedades farmacoloacutegicas da espinheira-santa (Maytenus ilicifolia

Mart ex Reissek) e de duas espeacutecies adulterantes Revista Sauacutede e

Desenvolvimento vol ndash nordm 1 Jan ndash Jun 2012

MARIOT MP1 BARBIERI RL2 Engenheiro Agrocircnomo Dr prof do

Conjunto Agroteacutecnico ldquoVisconde da GraccedilardquoUniversidade Federal de

Pelotas (mariotufpeltchebr) ndash Av Ildefonso Simotildees Lopes 2791

Pelotas-RS CEP 96060-290 2Bioacuteloga Dr pesquisadora da Embrapa

Clima Temperado (barbiericpactembrapabr) ndash BR 392 km 78 caixa

postal 403 Pelotas-RS CEP 96001-970 (endereccedilo para

correspondecircncia) Metaboacutelitos secundaacuterios e propriedades medicinais da

espinheira-santa (Maytenus ilicifolia Mart ex Reiss e M aquifolium

Mart)

CARLINI EA Braz S Efeito protetor do liofilizado obtido do abafado de

Maytenus Sp (espinheira-santa) contra uacutelcera gaacutestrica experimental em

ratos In Estudo da accedilatildeo antiuacutelcera gaacutestrica de plantas brasileiras

(Maytenus ilicifolia) Espinheira santa e outras Brasiacutelia CEMEAFIP

1988 p21-35MACAUBAS CIP et al Estudo da eventual accedilatildeo

antiuacutelcera gaacutestrica do baacutelsamo (Sedum sp) folha da fortuna

(Bryophyllum calcium) couve (Brassica oleraceae) e da Espinheira

santa (Maytenus ilicifolia) em ratos In Estudo da accedilatildeo antiuacutelcera

gaacutestrica de plantas brasileiras (Maytenus ilicifolia) Espinheira santa e

outras Brasiacutelia CEMEAFIP 1988 p 5-20

Olivia Werner Oliveira Pedro Ros Petrovick Secagem por aspersatildeo

(spray drying) de extratos vegetais bases e aplicaccedilotildees Revista

Brasileira de Farmacognosia Brazilian Journal of Pharmacognosy 20(4)

641-650 AgoSet 2010

Marianne Christina Scheffer Capitulo 17 Produccedilatildeo de espinheira-santa

(Maytenus ilicifolia Mart ex Reiss) na regiatildeo metropolitana de Curitiba

Paranaacute Brasil

Said gonccedilalves da cruz fonsacircca Farmacoteacutecnica de Fitoteraacutepicos2005

Conclusatildeo

A espinheira-santa (M ilicifolia) eacute um fitoteraacutepico de relevante accedilatildeo terapecircutica

principalmente antiulcerogecircnica dada sua eficaacutecia farmacoloacutegica e seguranccedila

Vale lembrar que por ausecircncia de estudos ela natildeo eacute recomenda para crianccedilas

e natildeo deve ser usada por gestantes pois estudos em camundongos (fecircmeas e

graacutevidas) indicaram um decreacutescimo significativo do nuacutemero de embriotildees aleacutem

de possuir atividade estrogecircnica que pode interferir na receptividade uterina do

embriatildeo Entre suas atividades farmacoloacutegicas destaca-se a atividade

antiulcerogecircnica que pode ser comparada agrave accedilatildeo da ranitidina e da cimetidina

Por ser morfologicamente parecida com as espeacutecies S bonplandii e Z ilicifolia

ela eacute comumente confundida e ateacute mesmo trocada intencionalmente

A utilizaccedilatildeo de maneira errocircnea das espeacutecies botacircnicas que natildeo satildeo a

verdadeira espinheira-santa (M ilicifolia) pode acarretar danos agrave sauacutede dos

pacientes Assim conclui-se que essas espeacutecies conhecidas como

adulterantes podem trazer malefiacutecios pois ainda faltam estudos que

comprovem suas atividades farmacoloacutegicas e principalmente a seguranccedila

terapecircutica Poreacutem natildeo se deve descartar o uso dessas espeacutecies e sim

realizar estudos mais concretos para que essas plantas assim como a

verdadeira espinheira-santa possam auxiliar no tratamento farmacoloacutegico da

populaccedilatildeo

Referecircncias Bibliograacuteficas

Ralph Santos-Oliveira Simone Coulaud-Cunha Waldeciro Colaccedilo

Revisatildeo da Maytenus ilicifolia Mart ex Reissek Celastraceae

Contribuiccedilatildeo ao estudo das propriedades farmacoloacutegicas Rev Bras

Farmacogn Braz J Pharmacogn 19(2B) AbrJun 2009

Wilker Marlon de Moraes Jesus Tarciacutesio Neves da Cunha Estudo das

propriedades farmacoloacutegicas da espinheira-santa (Maytenus ilicifolia

Mart ex Reissek) e de duas espeacutecies adulterantes Revista Sauacutede e

Desenvolvimento vol ndash nordm 1 Jan ndash Jun 2012

MARIOT MP1 BARBIERI RL2 Engenheiro Agrocircnomo Dr prof do

Conjunto Agroteacutecnico ldquoVisconde da GraccedilardquoUniversidade Federal de

Pelotas (mariotufpeltchebr) ndash Av Ildefonso Simotildees Lopes 2791

Pelotas-RS CEP 96060-290 2Bioacuteloga Dr pesquisadora da Embrapa

Clima Temperado (barbiericpactembrapabr) ndash BR 392 km 78 caixa

postal 403 Pelotas-RS CEP 96001-970 (endereccedilo para

correspondecircncia) Metaboacutelitos secundaacuterios e propriedades medicinais da

espinheira-santa (Maytenus ilicifolia Mart ex Reiss e M aquifolium

Mart)

CARLINI EA Braz S Efeito protetor do liofilizado obtido do abafado de

Maytenus Sp (espinheira-santa) contra uacutelcera gaacutestrica experimental em

ratos In Estudo da accedilatildeo antiuacutelcera gaacutestrica de plantas brasileiras

(Maytenus ilicifolia) Espinheira santa e outras Brasiacutelia CEMEAFIP

1988 p21-35MACAUBAS CIP et al Estudo da eventual accedilatildeo

antiuacutelcera gaacutestrica do baacutelsamo (Sedum sp) folha da fortuna

(Bryophyllum calcium) couve (Brassica oleraceae) e da Espinheira

santa (Maytenus ilicifolia) em ratos In Estudo da accedilatildeo antiuacutelcera

gaacutestrica de plantas brasileiras (Maytenus ilicifolia) Espinheira santa e

outras Brasiacutelia CEMEAFIP 1988 p 5-20

Olivia Werner Oliveira Pedro Ros Petrovick Secagem por aspersatildeo

(spray drying) de extratos vegetais bases e aplicaccedilotildees Revista

Brasileira de Farmacognosia Brazilian Journal of Pharmacognosy 20(4)

641-650 AgoSet 2010

Marianne Christina Scheffer Capitulo 17 Produccedilatildeo de espinheira-santa

(Maytenus ilicifolia Mart ex Reiss) na regiatildeo metropolitana de Curitiba

Paranaacute Brasil

Said gonccedilalves da cruz fonsacircca Farmacoteacutecnica de Fitoteraacutepicos2005

Referecircncias Bibliograacuteficas

Ralph Santos-Oliveira Simone Coulaud-Cunha Waldeciro Colaccedilo

Revisatildeo da Maytenus ilicifolia Mart ex Reissek Celastraceae

Contribuiccedilatildeo ao estudo das propriedades farmacoloacutegicas Rev Bras

Farmacogn Braz J Pharmacogn 19(2B) AbrJun 2009

Wilker Marlon de Moraes Jesus Tarciacutesio Neves da Cunha Estudo das

propriedades farmacoloacutegicas da espinheira-santa (Maytenus ilicifolia

Mart ex Reissek) e de duas espeacutecies adulterantes Revista Sauacutede e

Desenvolvimento vol ndash nordm 1 Jan ndash Jun 2012

MARIOT MP1 BARBIERI RL2 Engenheiro Agrocircnomo Dr prof do

Conjunto Agroteacutecnico ldquoVisconde da GraccedilardquoUniversidade Federal de

Pelotas (mariotufpeltchebr) ndash Av Ildefonso Simotildees Lopes 2791

Pelotas-RS CEP 96060-290 2Bioacuteloga Dr pesquisadora da Embrapa

Clima Temperado (barbiericpactembrapabr) ndash BR 392 km 78 caixa

postal 403 Pelotas-RS CEP 96001-970 (endereccedilo para

correspondecircncia) Metaboacutelitos secundaacuterios e propriedades medicinais da

espinheira-santa (Maytenus ilicifolia Mart ex Reiss e M aquifolium

Mart)

CARLINI EA Braz S Efeito protetor do liofilizado obtido do abafado de

Maytenus Sp (espinheira-santa) contra uacutelcera gaacutestrica experimental em

ratos In Estudo da accedilatildeo antiuacutelcera gaacutestrica de plantas brasileiras

(Maytenus ilicifolia) Espinheira santa e outras Brasiacutelia CEMEAFIP

1988 p21-35MACAUBAS CIP et al Estudo da eventual accedilatildeo

antiuacutelcera gaacutestrica do baacutelsamo (Sedum sp) folha da fortuna

(Bryophyllum calcium) couve (Brassica oleraceae) e da Espinheira

santa (Maytenus ilicifolia) em ratos In Estudo da accedilatildeo antiuacutelcera

gaacutestrica de plantas brasileiras (Maytenus ilicifolia) Espinheira santa e

outras Brasiacutelia CEMEAFIP 1988 p 5-20

Olivia Werner Oliveira Pedro Ros Petrovick Secagem por aspersatildeo

(spray drying) de extratos vegetais bases e aplicaccedilotildees Revista

Brasileira de Farmacognosia Brazilian Journal of Pharmacognosy 20(4)

641-650 AgoSet 2010

Marianne Christina Scheffer Capitulo 17 Produccedilatildeo de espinheira-santa

(Maytenus ilicifolia Mart ex Reiss) na regiatildeo metropolitana de Curitiba

Paranaacute Brasil

Said gonccedilalves da cruz fonsacircca Farmacoteacutecnica de Fitoteraacutepicos2005

Olivia Werner Oliveira Pedro Ros Petrovick Secagem por aspersatildeo

(spray drying) de extratos vegetais bases e aplicaccedilotildees Revista

Brasileira de Farmacognosia Brazilian Journal of Pharmacognosy 20(4)

641-650 AgoSet 2010

Marianne Christina Scheffer Capitulo 17 Produccedilatildeo de espinheira-santa

(Maytenus ilicifolia Mart ex Reiss) na regiatildeo metropolitana de Curitiba

Paranaacute Brasil

Said gonccedilalves da cruz fonsacircca Farmacoteacutecnica de Fitoteraacutepicos2005