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Ariany Antunes Martins
Arícia Vanessa Brasileiro Sampaio
Avaliação do uso do extrato de Maytenus ilicifolia M. R.
(espinheira santa) no controle do biofilme dental
Curitiba
2012
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Ariany Antunes Martins
Arícia Vanessa Brasileiro Sampaio
Avaliação do uso do extrato de Maytenus ilicifolia M. R.
(espinheira santa) no controle do biofilme dental
Trabalho de Conclusão de Curso
apresentado ao Curso de
Odontologia da Universidade
Federal do Paraná como requisito à
obtenção do título de Cirurgião
Dentista.
Orientador (a): Prof.ª Marilene da
Cruz Magalhães Buffon
Curitiba
2012
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Resumo
O objetivo desse estudo é avaliar do uso do extrato de Maytenus ilicifolia M. R.(espinheira-santa)
no controle do biofilme dental. O importante crescimento mundial da fitoterapia dentro de
programas preventivos e curativos tem estimulado a avaliação da atividade de diferentes extratos de
plantas para o controle do biofilme dental. Diversos trabalhos têm demonstrado que o biofilme
dental é o fator determinante da cárie e doença periodontal, justificando desta maneira, a utilização
de medidas para o seu controle. A realização do estudo “Avaliação do uso do extrato de Maytenus
ilicifolia (espinheira-santa) no controle do biofilme dental” contribui com informações para o
desenvolvimento de fitoterápicos, reforçando a possível utilização dos extrativos brutos vegetais
como um método alternativo de controle de doenças na cavidade bucal. Neste estudo foi utilizado
como solução teste a espinheira-santa (Maytenus ilicifolia Mart. ex Reis), é pertencente à família
Celastraceae, conhecida, principalmente, para tratamento de úlceras gástricas e gastrites. Este
estudo in vivo do tipo cruzado compreendeu 3 tratamentos, para o grupo de 14 voluntários sendo
realizadas 3 fases (uma fase por tratamento) de 14 dias cada, durante as quais os voluntários
realizaram bochechos com as seguintes soluções (tratamentos): Controle negativo/placebo; Solução
de clorexidina a 0,12%;(“padrão-ouro”): reconhecido e eficaz no controle de biofilme dental;
Solução contendo folhas de Maytenus ilicifolia (espinheira-santa), solução-teste. A avaliação foi
obtida através do IHO-S. Foi constatado que a espinheira-santa (Maytenus ilicifolia Mart. ex Reis.)
apresentou eficácia no controle do biofilme dental. Mais estudos deverão ser realizados para
aprofundar e ampliar os conhecimentos acerca da efetiva ação da espinheira-santa.
Palavras-chave: biofilme dentário, fitoterapia, saúde bucal.
Abstract
The aim of this study is to evaluate the use of extract of Maytenus ilicifolia M. R. (Maytenus
ilicifolia) in the control of biofilm.The significant growth of the global herbal medicine in
preventive programs has stimulated the evaluation of the activity of different plant extracts to
control biofilm. Many studies have shown that the biofilm is the determining factor for caries and
periodontal disease, justifying this way, the use of measures for its control. The achievement of the
study "Evaluation of the use extract Maytenus ilicifolia (espinheira-santa) to control biofilm" will
contribute with information for the development of phytotherapics, reinforcing the possible use of
extractive raw plants as an alternative method of control diseases in the oral cavity. This review was
used as the test solution “espinheira-santa” (Maytenus ilicifolia Mart. ex Reis), by the family
Celastraceae, more used to treat gastric ulcers and gastritis. This study in vivo crossover understood
three treatments for the group of 14 volunteers being carried out three phases (one phase per
treatment) for 14 days each, during which the volunteers performed mouthwash with the following
solutions (treatments): Negative control / placebo; solution of chlorhexidine 0.12 %, ("gold
standard"): recognized and effective in controlling biofilm; solution containing leaves of Maytenus
ilicifolia (Espinheira-santa), the test solution. The account was obtained by IHO-S. The “espinheira-
santa” (Maytenus ilicifolia Mart. ex Reis) results showed effectiveness in controlling biofilm. More
studies are necessary to deepen and broaden knowledge about the effective action of “espinheira-
santa”(Maytenus ilicifolia).
Key words: dental plaque, phytotherapics, oral health.
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1. Introdução
De acordo com Lindhe (2005), os depósitos bacterianos, na cavidade bucal, são denominados de
biofilme dental. Estes acúmulos de bactérias produzem uma variedade de ácidos, endotoxinas e
antígenos, os quais são irritantes potenciais para os dentes e tecidos de suporte, acarretando sua
dissolução e destruição, respectivamente. Segundo Wollf & Larsen (2009), o biofilme é um local de
alta proliferação bacteriana com regulação de ácido/base na superfície do dente e um reservatório
para a troca de íons de cálcio entre o dente e a saliva.
Segundo Umpierre (2011), em associação com outros fatores, o acúmulo de biofilme permite o
desenvolvimento e progressão das duas doenças mais prevalentes na odontologia, a cárie e a doença
periodontal. A maneira mais eficaz de impedir o desenvolvimento dessas doenças é evitando o
acúmulo do biofilme.
Leites et al. (2005) descreve a cárie como uma doença infecto-contagiosa, de caráter crônico e
multifatorial. Os micro-organismos são essenciais para o desenvolvimento da doença cárie. O
principal agente etiológico da doença cárie é o Estreptococcus do grupo mutans. Por se tratar de um
processo infecto-contagioso, o controle químico-mecânico constitui medida para diminuir e
controlar essa doença.
Umpierre (2011) relata que poucas pessoas possuem motivação e habilidade motoras suficientes
para realizar o controle mecânico com eficiência (com escova e fio dental). Para Lotufo (2009), o
uso de agentes químicos tem sido alvo de estudos como meio alternativo para superar a
higienização bucal deficiente. Marinho & Araújo (2007) ressaltam que não deve substituir o
controle mecânico. Alves (2007) também aponta o uso dos métodos químicos como terapia de
suporte, indicado em pacientes poucos colaboradores no controle do biofilme dental. Descreve os
pacientes em tratamento ortodôntico como um dos grupos com indicação para controle químico
associado ao mecânico. Teitelbaum (2008) também relata a associação de revelador de placa,
clorexidina e flúor ao dentifrício como um método para melhor controle do biofilme em pacientes
com Síndrome de Down. Moreira et al. (2009), porém, chama atenção ao uso indiscriminado de
substâncias antissépticas que pode causar desequilíbrio ecológico, estimulando a multiplicação de
espécies resistentes. O uso deve ser criterioso e quando os métodos convencionais não forem
suficientes.
A clorexidina ocupa papel de destaque dentre os antissépticos utilizados no controle químico do
biofilme. Antissépticos à base de clorexidina têm sido utilizados há muitos anos como padrão-ouro
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no controle químico do biofilme dental. Evidências recentes demonstram claramente a diminuição
de sua eficácia no biofilme supragengival, reforça, portanto, a necessidade de uma deplacagem
prévia a sua utilização com intuito de potencializar sua ação antiplaca e diminuir os efeitos de
manchamento e formação de cálculo ( ZANATTA & RÖSING,2007).
Em estudo realizado por Moreira et al. (2009) a clorexidina a 0,12% e a 2% mostrou-se eficaz
sobre Streptococcus mutans, Staphylococcus aureus, Enterococcus faecalis, Pseudomonas
aeruginosas e bactérias mesófilas facultativas da saliva. Porém, seu uso tem sido restrito há poucos
dias, devido a efeitos indesejáveis, como perda de paladar, escurecimento do esmalte dos dentes,
ardência e até ulcerações da mucosa jugal (WANNMACHER & FERREIRA, 2007). Dessa forma,
seu uso é contra-indicado para tratamentos prolongados.
Sob esta ótica, têm-se procurado novas formas no controle e na inibição do biofilme dental. A
medicina tradicional tem servido como grande fonte de compostos alternativos para o uso na
terapêutica de diversas doenças. As plantas são importante fonte de produtos naturais
biologicamente ativos, muitos dos quais se constituem em modelos para a síntese de um grande
número de fármacos. Pesquisadores da área de produtos naturais mostram-se impressionados pelo
fato dessas substâncias encontradas na natureza revelarem uma gama quase que inacreditável de
diversidade em termos de estrutura e de propriedades físico-químicas e biológicas (WALL &
WANI, 1996).
Segundo Buffon et al. (2001) há tempos as plantas são usadas pela população com o objetivo de
tratar e curar doenças. Muitas são hoje estudadas e testadas em laboratórios para comprovar seus
benefícios e determinar seus efeitos colaterais (BUFFON, 2005).
De acordo com Lima Júnior et al. (2005), grande parte das pessoas usa as plantas medicinais
nos mais diversos agravos a saúde. Além disso, com a implementação do uso da fitoterapia no
Sistema Único de Saúde (SUS) surge um maior investimento em pesquisas e, uma consequente,
motivação da industrialização de produtos naturais (FRANCISCO, 2010). Esse crescimento
mundial e a regularização da cadeia produtiva farmacêutica de fitoterápicos e plantas medicinais
no SUS propiciarão os custos mais acessíveis na produção de medicamentos, o acesso do usuário
aos medicamentos fitoterápicos e o respeito ao cidadão por optar por um tipo de terapia na
prevenção de doenças (CRUZ et al. , 2005).
O uso de fitoterápicos tem tido uma relevância sócio-econômica enorme nas comunidades de
baixa renda, devido a sua alta disponibilidade, baixa toxicidade, risco mínimo de efeitos colaterais
e baixos custos e/ou sem ônus comparados aos medicamentos alopáticos (RODRIGUES &
CARVALHO, 2001).
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Nesse contexto, há constante necessidade de se avaliar meios alternativos e economicamente
viáveis para o controle do biofilme dental que permitam que um contingente maior de pessoas se
beneficie. Por essa razão, a fitoterapia atuaria como meio alternativo dentro de programas
preventivos e curativos importantes para a saúde bucal da população mundial (BUFFON et al.,
2001).
A Maytenus ilicifolia Martius ex Reissek (Celastraceae) conhecida popularmente como
“espinheira-santa”, é uma espécie usada na medicina popular, principalmente, para o tratamento de
problemas digestivos. É um sub-arbusto ou árvore, ramificado desde a base, podendo atingir uma
estatura de até 5 m, originária da América do Sul e sul do Brasil (CÚNICO et al.,2002). Segundo
Magalhães (2002), a espinheira-santa verdadeira, é uma planta nativa da região do sul do Brasil, é
utilizada principalmente para o tratamento de gastrites e úlceras estomacais. O nome espinheira-
santa é devido às folhas possuírem bordas com espinhos e propriedades medicinais. Na rede
pública do Brasil é muito utilizada por tratar-se de uma alternativa de baixo custo para a população
carente e sem recursos (ALBERTON et al., 2002). Cúnico et al.(2002) relataram a possibilidade
de atividade antifúngica da Maytenus ilicifolia. Segundo Mariot et al. (2007), os estudos
farmacológicos da espinheira-santa tem sido realizados utilizando principalmente as folhas, pois é
a parte da planta mais usada nas infusões pela população ou pela indústria farmacêutica na
elaboração de medicamentos.
Radomski (2010) constatou que a quantidade de luz disponível no verão foi o principal
regulador de absorção de nitrato (N) e potássio (K) e da síntese de fenóis locais, resultando em
maior produção de biomassa a pleno sol. Além disso, a espinheira-santa apresentou uma elevada
plasticidade ambiental, desenvolvendo-se sob diversas condições. As espécies de espinheira-santa
são promissoras para o tratamento de gastrite e úlcera gástrica. Além disso, as indicações populares
para o tratamento de outras doenças – como observado em estudo etnobotânico realizado por Mariot
(2005) – evidencia o potencial medicinal de M. ilicifolia e M. aquifolium. Neste sentido, é
importante que a pesquisa farmacológica identifique a ação do extrato destas espécies para outras
enfermidades.
A espinheira – santa está incluída entres as oito plantas subsiadas e financiadas pelo SUS.
Segundo Oliveira (2006), a espinheira-santa foi uma das plantas medicinais mais utilizadas na rede
pública de saúde do Estado de São Paulo em 2003. Além disso, ela está incluída na listagem da
Renisus indicadas para o tratamento de afecções odontológicas (BUFFON et al., 2011).
Este estudo teve por objetivo avaliar do uso do extrato de Maytenus ilicifolia M. R.(espinheira-
santa) no controle do biofilme dental, contribuindo assim com informações para o desenvolvimento
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de fitoterápicos, reforçando a possível utilização dos extrativos brutos vegetais como um método
alternativo de controle de doenças na cavidade bucal.
2. Material e Métodos
Este estudo foi submetido e aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisas do Setor de Ciências
da Saúde – UFPR, de acordo com a Resolução n° 196/96 do Ministério da Saúde em 03/01/ 2011 -
registro CEP / SD: 1051.176.10.11 (ANEXO I). Participaram do estudo 14 voluntários (acadêmicos
do Curso de Odontologia da UFPR), com idade média de 20 anos. Estes foram convidados a
participar do estudo (ANEXO II), por terem conhecimento da importância de seguirem as
orientações que foram passadas, como também da necessidade de não faltarem às avaliações
semanais. Os voluntários admitidos no estudo apresentaram todos os dentes permanentes na boca
sem lesões cariosas aparentes. Indivíduos com periodontite, depósitos de cálculos, utilizando
antibióticos, antiinflamatórios e outros medicamentos que poderiam influenciar na condução do
estudo, foram excluídos.
Foram fornecidos aos voluntários: dentifrícios (cremes dentais) com 1500 ppm de flúor isento de
agentes antiplaca como triclosan, zinco, gantrez; escovas dentais e as soluções A, B e C para
bochecho (uma solução por fase experimental), (Figura 1).
FIGURA 1 – Soluções utilizadas na pesquisa.
O exame semanal dos voluntários para aplicação do Índice de Higiene Oral Simplificado - IHO-S
(GREENE & VERMILLION, 1964) ocorreu na Clínica Odontológica da UFPR. A ficha clínica
para avaliação (ANEXO III) foi utilizada para acompanhar e aplicar o IHO-S.
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A espinheira santa foi coletada no município de Araucária - PR e identificada botanicamente no
Museu Botânico de Curitiba, pelo Botânico Gert Hatchbach, a qual recebeu o número 276.148,
identificado como Maytenus ilicifolia, Mart. Ex Reiss., nome comum espinheira-santa.(Figura 2).
FIGURA 2 – Maytenus ilicifolia Mart. Ex Reis.
Trata-se de um estudo in vivo do tipo cruzado cego. O estudo compreendeu 3 (três) tratamentos,
sendo realizado em 3 (três) fases (uma fase por tratamento), com intervalo de descanso entre as
fases, durante as quais os voluntários realizaram bochechos com as seguintes soluções : Fase 1-
Solução A; Fase 2- Solução B e Fase 3- Solução C.
O Quadro 1 apresenta a composição das soluções utilizadas na pesquisa e o Quadro 2 apresenta
as fases da pesquisa.
QUADRO 1
SOLUÇÃO A
Branco-Placebo
Benzoato de sódio 0,05%,
Sacarina 0,03%
Propilenoglicol 15%
EDTA 0,05%
Poloxamero 407 0,5%
Hidroxido de sodio à 20% 0,1% (pH 6,3)
Aroma de menta 0,1%
Água purificada qsp 100 ml
SOLUÇÃO B
Clorexidina 0,12%
(“padrão-ouro”)
Clorexidina 0,12%
Sucralose 0,03%
Aroma de menta 0,08%
Água purificada qsp 100ml
Sem conservante
Não foi necessário ajustar pH.
SOLUÇÃO C
Extrato de Espinheira- Santa
Benzoato de sódio 0,05%
Sacarina 0,03%
Propilenoglicol 15%
EDTA 0,05%
Extrato vegetal de Espinheira- Santa 10%
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(solução teste)
Poloxamero 407 0,5%
Hidroxido de sodio à 20% 0,1% (pH 6,3)
Aroma de menta 0,1%
Água purificada qsp 100 ml
OBS: extrato bruto etanólico de espinheira- santa diluído 1:5 em 10% da formulação
QUADRO 2
1ª FASE I 2ª FASE I 3ª FASE
N N
T T
E E
R R
V V
A A
L L
O O
No início da fase 1, os voluntários receberam a profilaxia dentária, com a finalidade de zerar
placa dentária.
As soluções foram preparadas pela Farmácia Escola do Departamento de Farmácia, Setor de
Ciências da Saúde da UFPR. Ao iniciar o tratamento os voluntários receberam as seguintes
orientações:cuidados na higiene bucal, efetuar o bochecho uma vez ao dia, à noite, com 10 ml da
solução (ou uma tampa do frasco) durante 1(um) minuto após última escovação (antes de dormir);
utilizar somente a escova e dentifrícios fornecidos (a fim de padronizar o tipo de escova utilizada e
também as concentrações de flúor na saliva); não fazer a utilização de: aplicação tópica de flúor (em
gel); solução contendo flúor para bochecho; outros enxaguatórios bucais diferentes dos utilizados
nesta pesquisa; realizar a higienização bucal pelo menos 3 (três) vezes ao dia.
Entre o término de uma fase e início de outra foi dada 01 (uma) semana de intervalo a fim de
eliminar possíveis efeitos residuais dos tratamentos anteriores, de acordo com Buffon (2005). Com
isso, o tempo total da parte experimental foi de cinco semanas (contando as semanas de intervalo).
Neste descanso, os voluntários prosseguiram com o uso das escovas e dos dentifrícios
estabelecidos, de acordo com o quadro 2.
A cada semana, os voluntários foram examinados e o Índice de Higiene Oral Simplificado (IHO-
S) foi aplicado. Para isso, o voluntário foi orientado a mastigar, previamente ao exame, uma
pastilha reveladora de biofilme dental (fucsina básica) sem engolir o líquido formado por essa
SOLUÇÃO A
PLACEBO
SOLUÇÃO B
CLOREXIDINA
SOLUÇÃO C
ESPINHEIRA-
SANTA
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mastigação (figura 3). Realizou-se então o índice IHO-S, que consiste em examinar seis faces de
dentes selecionados, sendo quatro posteriores e dois anteriores levando em consideração sua
erupção completa e a quantidade de biofilme corado (ANEXO III). O IHO-S é obtido por meio da
soma dos escores, divididos pelo número de dentes examinados. Onde sua interpretação ocorre por
meio das seguintes médias: 0 a 1 = Higienização boa; 1,1 a 2 = Higienização regular; 2,1 a 3 =
Higienização péssima. O exame do IHO-S foi realizado por 2 examinadores previamente calibrados
para a pesquisa.
FIGURA 3 – Revelação de placa e verificação IHO-S dos voluntários, 2011.
Durante o uso das soluções, os voluntários preencheram questionários com objetivo de avaliar
cada solução de forma individual, considerando sua opinião a respeito do sabor e as possíveis
alterações no meio bucal (ardência, alteração do paladar e sensibilidade dentinária).
Os resultados mostrados pelo Índice IHO-S foram analisados estatisticamente comparando as
soluções A, B e C por meio de análise variância (ANOVA)
3. Resultados
Dos quatorze voluntários participantes da pesquisa, treze foram do sexo feminino e um do sexo
masculino. Com a aplicação dos questionários pré-tratamento (realizado antes do início da
pesquisa) foi possível determinar o perfil dos voluntários. Analisaram-se hábitos como: ffrequência
diária de escovação (Gráfico 1), freqüência do uso do fio dental (Gráfico 2), uso de recursos
coadjuvantes à escovação (Gráfico 3), necessidade de tratamento odontológico e o consumo de
alimentos cariogênicos (Quadro 3).
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GRÁFICO 1 – Frequência diária de escovação, 2011.
GRÁFICO 2 – Frequência do uso do fio dental, 2011.
GRÁFICO 3 – Uso de recursos coadjuvantes à escovação, 2011.
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QUADRO 3 - Dieta Cariogênica - Consumo de doces ou alimentos com alto teor de açúcar, 2011
CONSUMO SEXO FEMININO SEXO MASCULINO
DIARIAMENTE 5 1
FREQUENTEMENTE 8 0
RARAMENTE 0 0
Doze dos voluntários realizavam escovação três vezes ao dia e os outros dois, de três a quatro
vezes. Todos informaram fazer uso do fio dental e somente dez tinham este como um hábito diário.
O uso de recursos coadjuvantes à escovação, como bochechos e raspadores de língua, estava
presente no dia-a-dia de 28 % dos voluntários. A maioria dos voluntários do sexo feminino não
utilizava recursos coadjuvantes ao controle mecânico do biofilme dental. Observou-se ainda que o
consumo diário de alimentos cariogênicos foi comum nos voluntárias do sexo feminino, sendo que
o voluntário do sexo masculino relatou consumir diariamente alimentos com alto teor de açúcar.
Quanto a cavidade bucal não foram observadas lesões cariosas e nenhum dos voluntários
necessitava de tratamento odontológico.
Ao fim do estudo, pode-se observar uma diferença significativa entre as soluções. Com relação
ao sabor (Gráfico 4), a Solução C foi a mais agradável; a Solução B foi considerada regular a ruim,
pela maioria; a Solução A foi considerada com gosto regular, pela maior parte dos voluntários.
GRÁFICO 4- Opinião a respeito do sabor das soluções testadas, 2011.
Solução A Solução B Solução C
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GRÁFICO 5 – Média do Índice de Higiene Oral Simplificado, 2011.
GRÁFICO 6 – Análise individual da solução por voluntário, 2011.
0
0,5
1
1,5
2
2,5
IHO-S inicial IHO-S S. A IHO-S S. B IHO-S S. C3
voluntário1
voluntário 2
voluntário 3
voluntário 4
voluntário 5
voluntário 6
voluntário 7
voluntário 8
voluntário 9
voluntário 10
voluntário 11
voluntário12
voluntário 13
voluntário 14
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A solução da espinheira santa apresentou efetividade heterogênea na pesquisa. O efeito teve uma
grande variação entre os voluntários (Gráfico 6).
No início do estudo 50% dos voluntários apresentaram higienização boa (IHO-S = 0,79) e 50%
apresentaram higienização regular (IHO-S = 1,44). Após o uso da Solução A (placebo), 71,42 % (I
HO-S = 1,44) mantiveram higienização regular, 14,28% (IHO-S = 1,0), por tanto, classificados
como higienização boa e os outros 14,28% foram classificados como higienização péssima (IHO-S
= 2,10). Após o uso da Solução B (clorexidina), o IHO-S de 85,71% dos voluntários ficou inferior a
1 (um) com média 0,63, classificados como higienização boa, e 14,28% mantiveram IHO-S
correspondente à higienização regular, com média 1,24. Após o uso da terceira solução, Solução C
(extrato de espinheira-santa) os resultados se mantiveram, 85,71% apresentaram higienização boa
com média 0,72 e 14,28% higienização regular com média 1,83.
Os resultados mostrados pelo Índice IHO-S foram analisados estatisticamente comparando as
soluções A, B e C por meio de análise variância (ANOVA), em blocos para verificar se entre os
tratamentos (placebo, clorexidina, e a planta) existiu alguma diferença significativa entre eles.
Realizou-se também uma análise de resíduos (teste de Shapiro-Wilk) e a verificação (teste Bartlett)
para analisar se a variância dos resíduos foi homogênea. Por último foi feito teste Tukey para
comparações de médias a fim de verificar, quando detectado diferença entre médias, quais
tratamentos se diferenciam. Em todos os testes utilizamos um nível de significância de 5%. Diante
da análise pode-se determinar que, as soluções não apresentaram o mesmo efeito na redução do
biofilme.
Gráfico 7 – Ação efetiva das soluções.
Fonte: LEA (Laboratório de Estatística Aplicada) – 2012.
15
No gráfico acima, analisa-se o perfil estatístico das soluções empregadas. A clorexidina
apresentou a maior diferença, ou seja, foi a mais efetiva na diminuição do biofilme dental. O
placebo apresentou a menor mediana e teve o pior resultado. Enquanto a solução teste (espinheira-
santa) revelou desempenho maior que a solução placebo e menor que a clorexidina (padrão ouro).
4. Discussão
O perfil dos voluntários que participaram da pesquisa foi semelhante e o número de participantes
limitados (amostragem de 14 voluntários). Dessa forma, teve como objetivo parear os resultados
com fatores iniciais bucais parecidos. De acordo com Souza (2009), um ensaio clínico randomizado
do tipo cruzado tem a vantagem de ter o mesmo indivíduo como controle dele mesmo, ou seja,
emprega-se uma análise pareada ao invés de grupos independentes. Além de, aumentar o poder
estatístico da pesquisa. Os dados dos questionários pré-tratamento (Gráfico 1 e 2) expressaram uma
adequada higienização bucal na maioria dos participantes, com o uso da escova e fio dental. Foi
observado que a utilização de recursos coadjuvantes não se fez presente na rotina de higienização
de todos os participantes (nove voluntários não utilizavam). Na dieta cariogênica foi constatado
que 8 voluntários apresentaram consumo frequente de doces e alimentos com alto teor de açúcar
(Tabela 1).
A literatura científica tem demonstrado que, a fitoterapia tem apresentado um crescimento
mundial significativo, dentro de programas curativos e preventivos e, dessa forma, vêm estimulando
a avaliação da atividade de diferentes plantas no controle de afecções bucais e para o controle do
biofilme dental (BUFFON, 2001). No entanto, o estudo realizado por Rosa et al. (2011), em que foi
aplicado um roteiro de entrevista sobre fitoterapia em médicos atuantes na atenção básica à saúde,
demonstrou que os fitoterápicos ainda são relegados ao segundo plano pela insegurança e receio de
não apresentarem os mesmos resultados que os medicamentos alopáticos usados com maior
frequência.
De acordo com Castilho et al. (2007), diversas pesquisas têm apontado para o efeito
antimicrobiano de fitoterápicos. O emprego na Odontologia pode ser considerado como um
instrumento de apoio na terapia de várias patologias bucais, como na prevenção e no tratamento da
doença periodontal, cárie dentária e candidíase bucal. Na odontologia as substâncias utilizadas
como antissépticos que mais se destacam são a aroeira, o própolis e a romã, devido às suas
propriedades terapêuticas e visto que têm seu uso bastante difundido na medicina popular para o
tratamento de diversas afecções bucais (FRANCISCO, 2010).
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Em nossa pesquisa foi utilizado o extrato da planta espinheira – santa (Maytenus ilicifolia Mart.
ex Reis).O metabólito secundário majoritário na espinheira-santa são os taninos condensados em
extratos aquosos (Pessuto et al., 2009). A análise cromatográfica realizada indica que M. ilicifolia
apresenta taninos catéquicos, leucoantocianidinas (acredita-se que estas tenham, junto aos taninos,
papel importante na ação antiúlcera gástrica), flavonólicos, quercetínicos, kaempferólicos
(XAVIER & D’ANGELO 1996).
O efeito protetor da “espinheira-santa” é comparado ao da cimetidina, a qual é utilizada como
anti-histaminico de ação inibitória sobre a hemorragia digestiva e sobre a secreção gástrica de
ácidos, comumente observados na úlcera péptica (SILVA et al., 2005). Além de ser
antiulcerogênica, a espinheira-santa também apresenta propriedade antibacteriana (Monteiro et al.
2000) também avaliaram in vitro a eficácia antibacteriana do extrato etanólico fluido de espinheira-
santa comparando com a solução de digluconato de clorexidina 0,2%. O estudo concluiu que a
solução para bochecho contendo o extrato da planta espinheira-santa foi efetivo no controle do
biofilme dental, estatisticamente (Gráfico 7). Observou-se na análise clínica dos pacientes também
uma significativa diminuição no biofilme dental entre o IHO-S inicial e o final dos voluntários. A
solução de espinheira-santa apresentou IHO-S médio de 0,88, (Gráfico 5) que é considerado
higienização boa, de acordo com os critérios do índice utilizado. O IHO-S médio detectado
inicialmente nos voluntários foi de 1,13. Enquanto que a clorexidina (padrão ouro) teve valor de
0,72. Observou-se também um aumento do biofilme após a utilização da solução placebo, que pode
ter ocorrido devido a certa negligência dos voluntários no controle mecânico do biofilme
(escovação) por confiarem no uso da solução. A atividade antimicrobiana também foi relatada por
Menezes (2004) sobre o extrato de espinheira santa contra S. aureus, Streptococcus oralis e S. mitis
isolados da cavidade oral de cães.
Torres et al. (2008), observou uma pequena atividade antimicrobiana do extrato de espinheira -
santa frente ao Staphylococcus aureus. Outros resultados observados foram que a espinheira-santa
não apresentou ardência em tecidos moles, sensibilidade dentinária e alteração do paladar em
nenhum dos voluntários testados. O sabor da solução também foi o mais aceito (Gráfico 4).
Detectaram-se também respostas heterogêneas à solução de espinheira-santa (Gráfico 6). Isso pode
ter ocorrido por se tratar de um estudo in vivo e, dessa forma, não há controle nos hábitos,
comportamentos e utilização correta das soluções testadas pelos voluntários. Apesar da calibração
dos pesquisadores terem sido realizadas de maneira correta e usual, em algumas etapas a avaliação
do IHO-S não foi observada pelo mesmo pesquisador, podendo acarretar diferenças na constatação
das faces dos dentes corados.
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Conclusão
Com as análises realizadas na presente pesquisa foi possível concluir que:
- A solução contendo extrato de espinheira-santa apresentou potencialidade na inibição e controle
do biofilme dental, ou seja, desempenhou ação antibacteriana e anti-séptica na concentração testada.
- A solução de clorexidina apresentou maior diferença no controle do biofilme e, portanto, foi
considerada a mais eficaz, a solução placebo apresentou menor mediana e o pior resultado e a
solução de espinheira-santa apresentou melhor resposta que o placebo e menor que a clorexidina.
A realização desse estudo in vivo representa um importante fator na contribuição de informações na
busca por alternativas e produtos de origem natural para o controle do biofilme dental, para a
prevenção e controle de doenças bucais.
Mais estudos deverão ser realizados para aprofundar o conhecimento quanto aos princípios ativos,
outras concentrações do extrato e aumento no número de voluntários, ampliando o estudo da ação
da espinheira-santa no controle do biofilme dental.
18
5. Referências
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28, 1996.
Agradecimentos
Primeiramente, gostaríamos de agradecer a nossa professora orientadora Marilene da Cruz
Magalhães Buffon e co-orientadora Giovana Daniela Pecharki, pelo apoio, dedicação e paciência
em nos ensinar. Somos gratas à Farmácia Escola, da UFPR, em especial, às professoras Camila
Klocker Costa, Marilis Dalarmi Miguel e Josiane Dias, pelo suporte e materiais utilizados na
pesquisa. Agradecemos também ao Laboratório de Estatística Aplicada, da UFPR, pela contribuição
na consolidação dos resultados do estudo, em especial, ao professor Cesar Taconeli e as graduandas
Karin Melissa Rodrigues Pimentel e Rafaela Helbing de Oliveira. E por fim, agradecer aos nossos
voluntários pela disposição e participação em todas as etapas da pesquisa.
25
Anexo IV
- RESUMO APROVADO EM ANAIS DE CONGRESSO
Assunto: Decisão editorial - Resumo aceito para apresentação
De: "Comunica Rede Unida" <[email protected]>
Data: Qui, Fevereiro 23, 2012 2:15 pm
Para: [email protected] (menos)
Prioridade: Normal
Opções: Ver cabeçalho completo | Ver Versão para Impressão | Baixar como um arquivo | Bounce
Marilene Buffon,
Após cuidadosa avaliação da sua submissão , o resumo "AVALIAÇÃO DO USO DA
FITOTERAPIA NA PROMOÇÃO DA SAÚDE BUCAL" foi aprovado para apresentação no 10
Congresso da Rede Unida, o que lhe garante a apresentação oral. O resumo
aceito está inserido abaixo.
Os trabalhos e relatos aprovados para o 10 Congresso Internacional da Rede
Unida Serão apresentados oralmente com o auxílio de posteres eletrônicos
projetados em sessões dialogadas. Não terá exposição de posteres impressos e
sim em formato eletrônicos. Em breve, o comitê científico entrará em contato
com os autores dos trabalhos aprovados para informar sobre as especificações
e formatos dos pôsteres eletrônicos.
Garanta a sua participação no evento efetuando a inscrição em
http://www.redeunida.org.br/congresso2012/inscricoes e o pagamento por
depósito em
conta corrente da Rede Unida, veja as instruções em
http://www.redeunida.org.br/congresso2012/pagamento
Parabenizamos e aguardamos sua participação no evento.
AVALIAÇÃO DO USO DA FITOTERAPIA NA PROMOÇÃO DA SA??DE BUCAL
Há tempos as plantas são usadas pela população com o objetivo de tratar e
curar doenças. Muitas são hoje estudadas e testadas em laboratórios para
comprovar seus benefícios e determinar seus efeitos colaterais. O importante
crescimento mundial da fitoterapia dentro de programas preventivos e curativos
tem estimulado a avaliação da atividade de diferentes extratos de plantas para
o controle da placa bacteriana (biofilme dental). Diversos estudos tem
demonstrado que o biofilme dental é o fator determinante da cá rie e doença
periodontal, justificando desta maneira, a utilização de medidas para o seu
controle. O controle mecânico do biofilme tem sido mais aceito e os agentes
químicos têm sido utilizados como coadjuvantes da higiene bucal quando
incorporados em soluções para bochecho. A razão para a utilização de
substâncias químicas para o controle da placa tem justificativa dupla. A
primeira diz respeito ao fato de que tanto cárie como doença dos te cidos
moles são de origem bacteriana e, deste modo, substâncias antibacterianas
podem ser utilizadas para combatê-las. A segunda é a dificuldade de se
conseguir que os indivíduos mantenham um adequado controle mecãnico do
26
biofilme. A importância da adequação do meio bucal, evitando doenças
infecciosas e comportamentais, sugere a elaboração de meios alternativos que
possam agir de forma coadjuvante a escovação e os fitoterápicos ou as plantas
medicinais podem ser um ótimo caminho para se conseguir alternativas com bom
custo - beneficio e praticidade. O uso de fitoterápicos tem tido uma
relevância sócio-econômica enorme nas comunidades de baixa renda, devido a sua
alta disponibilidade, baixa toxicidade, risco mínimo de efeitos colaterais e
baixos custos , quando comparados aos medicamentos alopáticos. Nesse
contexto, há constante necessidade de se avaliar meios alternativos e
economicamente viáveis para o controle de placa
bacteriana (biofilme dental) que permitam que um contingente maior de pessoas
se beneficie. Por essa razão a fitoterapia atuaria como meio alternativo
dentro de programas preventivos e curativos importantes para a saúde bucal da
população. Sob esta ótica este estudo contribui com informações para o
desenvolvimento de fitoterápicos, avaliando a eficácia do uso de soluções de
quatro plantas medicinais (Maytenus ilicifolia (espinheira-santa), Rosmarinus
officinalis Linn (alecrim de jardim); Aster lanceolatus Willd e Nasturtium
officinale R. Br (agrião)) , no controle de
microorganismos presentes na cavidade bucal.
Comunica Rede Unida
http://www.redeunida.org.br/