Monografia Cao - Sandro

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CORPO DE BOMBEIROS MILITAR DO DISTRITO FEDERAL DIRETORIA DE ENSINO E INSTRUO CENTRO DE ALTOS ESTUDOS DE COMANDO, DIREO E ESTADO MAIOR CURSO DE APERFEIOAMENTO DE OFICIAIS

CAP QOBM/Comb. SANDRO GOMES SANTOS DA SILVA

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USO DO MTODO DE GRETENER DE AVALIAO DE RISCO DE INCNDIO COMO PARMETRO PARA DEFINIR MEDIDAS DE PROTEO CONTRA INCNDIO PARA EDIFICAES EXISTENTES NO DISTRITO FEDERAL

BRASLIA 2009

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CAP QOBM/Comb. SANDRO GOMES SANTOS DA SILVA

USO DO MTODO DE GRETENER DE AVALIAO DE RISCO DE INCNDIO COMO PARMETRO PARA DEFINIR MEDIDAS DE PROTEO CONTRA INCNDIO PARA EDIFICAES EXISTENTES NO DISTRITO FEDERAL

Trabalho monogrfico apresentado ao CAECDEM como requisito para concluso do Curso de Aperfeioamento de Oficiais do Corpo de Bombeiros Militar do Distrito Federal.

Orientador: Maj QOBM/Comb. Moiss Silva Dias

BRASLIA 2009

CAP QOBM/Comb. SANDRO GOMES SANTOS DA SILVA

USO DO MTODO DE GRETENER DE AVALIAO DE RISCO DE INCNDIO COMO PARMETRO PARA DEFINIR MEDIDAS DE PROTEO CONTRA INCNDIO PARA EDIFICAES EXISTENTES NO DISTRITO FEDERAL

Trabalho monogrfico apresentado ao CAECDEM como requisito para concluso do Curso de Aperfeioamento de Oficiais do Corpo de Bombeiros Militar do Distrito Federal.

Aprovado em:____/_______/_______

BANCA EXAMINADORA

____________________________________________ Honrio Assis Filho Crispim Ten-Cel. QOBM/Comb. Presidente

____________________________________________ Vicente Tomaz de Aquino Jnior Maj. QOBM/Comb. Membro

____________________________________________ Moiss Silva Dias Maj. QOBM/Comb. Membro

____________________________________________ Evandro Tomaz Aquino Cap QOBM/Comb. Membro

BRASLIA 2009

CESSO DE DIREITOSAUTOR: Sandro Gomes Santos da Silva - Cap. QOBM/Comb. TEMA: Uso do mtodo de Gretener de avaliao de risco de incndio como parmetro para definir medidas de proteo contra incndio para edificaes existentes no Distrito Federal. ANO: 2009. concedida ao Corpo de Bombeiros Militar do Distrito Federal as seguintes permisses referentes a este trabalho acadmico: Reproduo de cpias; Emprstimo ou comercializao de tais cpias somente para propsitos acadmicos e cientficos; Disponibilizao nos sites do Corpo de Bombeiros Militar do Distrito Federal. O autor reserva outros direitos de publicao e nenhuma parte desse trabalho acadmico pode ser reproduzida sem autorizao por escrito do autor.

__________________________________________________ Sandro Gomes Santos da Silva - Cap. QOBM/Comb.

Dedico este trabalho monogrfico aos meus pais Luzimar e Geraldo, minha esposa Suzi e ao meu filho Felipe, por tudo que representam na minha vida, por toda a compreenso e apoio e finalmente por terem contribudo decisivamente para o xito em mais esta etapa. Agradeo a Deus por t-los colocado em minha vida.

AGRADECIMENTOSAgradeo, primeiramente, a Deus, que me deu a fora necessria para seguir firme no curso e a sabedoria de confiar nas pessoas que muito auxiliaram para o desenvolvimento e finalizao desse trabalho. Aos meus pais, por terem me ensinado a lutar independente das dificuldades. minha esposa e meu filho, que souberam compreender com pacincia e muito amor importncia deste trabalho, suportando com muito carinho a minha ausncia ao longo do curso. Ao Maj. QOBM/Comb. Moises Silva Dias, pela brilhante orientao na conduo dos trabalhos e pela ateno dispensada. Ao Prof. Dr. Wander C. M. Pereira da Silva, Instrutor da Disciplina de Metodologia Cientfica da Pesquisa, pelo empenho em ministrar uma disciplina de tamanha importncia. Aos instrutores do Curso de Aperfeioamento de Oficiais do ano de 2009 pelas aulas repassadas. Aos meus amigos de curso pelos momentos de alegria e apoio nas etapas que tivemos juntos nesta jornada. A todos os bombeiros militares integrantes da esfera administrativa do Centro de Altos Estudos de Comando, Direo e Estado-Maior pela colaborao e ateno sempre demonstradas.

No cruze os braos diante de uma dificuldade, pois o maior homem do mundo morreu de braos abertos! Robert Nesta Marley

RESUMOEste estudo tem por finalidade demonstrar os atuais parmetros adotados pelo Corpo de Bombeiros Militar do Distrito Federal (CBMDF) para definio de medidas de proteo contra incndio das edificaes, apresentar os mais divulgados mtodos de avaliao de risco de incndio existentes no mundo, adequar os parmetros e fatores de risco de incndio utilizados pelo mtodo de Gretener as normas utilizadas pelo CBMDF e Apresentar os clculos utilizados no mtodo de Gretener por meio de uma planilha eletrnica, de modo a facilitar seu uso. Tudo isto visa to somente, determinar se o mtodo de Gretener de avaliao de risco de incndio poder ser adotado para estabelecer medidas de proteo contra incndio para edificaes existentes no Distrito Federal. Palavras-chave: Medidas de proteo contra incndio. Mtodos de avaliao de risco.

LISTA DE ILUSTRAES

Figura 1-1 Fachada do edifcio Andraus em chamas........................................ Figura 1-2 Fachada do edifcio Joelma em chamas.......................................... Figura 1-3 Edifcio do Ministrio da Habitao, urbanismo e Meio Ambiente em chamas...........................................................................................................

20

21

22

Figura 1-4 Edifcio do INSS em chamas............................................................. 23

Figura 2-1 - Curva temperatura-tempo de um incndio real................................. Figura 2-2 - Variao da temperatura com o tempo de acordo com o modelo de incndio natural..................................................................................................... Figura 2-3 - Variao da temperatura com o tempo de acordo com o modelo de incndio padro..................................................................................................... Figura 2-4 - Direo do fluxo de calor no interior de uma parede......................... Figura 2-5 - Condutividade Trmica de Alguns Materiais Utilizados na

33

34

35 36

Construo............................................................................................................. 38 Figura 2-6 - Transferncia de calor por conveco de uma placa......................... 39 Figura 2-7 Diagrama de Gustav Purt................................................................. Figura 2-8 Exemplo de construo em clula....................................................

61

67

Figura 2-9 Exemplo de construo de grande superfcie (Tipo G)..................... 67 Figura 2-10 Exemplo de construo de grande volume (Tipo V)....................... 68 Figura 3-1 Demonstrao atravs de um fluxograma do procedimento de clculo para o mtodo de Gretener original e adaptado...................................... 85

Figura 3-2 Demonstrando o preenchimento do campo destinao................... Figura 3-3 Demonstrando o preenchimento do campo carga trmica

87

imobiliria............................................................................................................... 87 Figura 3-4 Demonstrando o preenchimento do campo nvel/altura do andar..... 88 Figura 3-5 Demonstrando o preenchimento do campo reservatrio de incndio ................................................................................................................. Figura 3-6 - Demonstrando o preenchimento do campo pessoal instrudo..........

88

89

Figura 3-7 Demonstrando o preenchimento do campo brigadas........................ 89 Figura 3-8 Valor final do coeficiente de segurana e o grfico com a linha de risco ......................................................................................................................

90

Figura 3-9 Demonstrando a analise final da edificao...................................... 90 Figura 3-10 Demonstrando a analise final da edificao.................................... 91 Figura 4-1 Grfico da questo 1 do questionrio................................................ 91 Figura 4-2 Grfico da questo 2 do questionrio................................................ 95 Figura 4-3 Grfico da questo 2.1 do questionrio............................................. 96 Figura 4-4 Grfico da questo 3 do questionrio................................................ 97 Figura 4-5 Grfico da questo 4 do questionrio................................................ 98 Figura 4-6 Grfico da questo 5 do questionrio-decreto 11.258...................... 99 Figura 4-7 Grfico da questo 5 do questionrio-decreto 21.361...................... 99

Figura 4-8 Grfico da questo 6 do questionrio................................................ 100 Figura 4-9 Grfico da questo 6.1 do questionrio............................................. 101 Figura 4-10 Grfico da questo 7 do questionrio.............................................. 102 Figura 4-11 Grfico da questo 8 do questionrio.............................................. 103 Figura 4-12 Grfico da questo 9 do questionrio.............................................. 104 Figura 4-13 Grfico da questo 10 do questionrio........................................... 105 Figura 4-14 Grfico da questo 10.1 do questionrio........................................ 106 Figura 4-15 Grfico da questo 11 do questionrio........................................... 107 Figura 4-16 Grfico da analise 2 nas edificaes.............................................. 110

LISTA DE TABELAS

Tabela 1-1 - Casos de incndios de acordo com o nmero de habitantes............ 19 Tabela 2-1 - Tempos requeridos de resistncia ao fogo (em minutos) de acordo com a NBR 14432.................................................................................................. 43 Tabela 3-1 Comparativo entre o mtodo original e o mtodo adaptado para as medidas normais................................................................................................ Tabela 3-2 Tabela original do mtodo de Gretener............................................ 78 Tabela 3-3 Tabela adaptada............................................................................... 78 Tabela 3-4 Comparativo entre o mtodo original e o mtodo adaptado para as Medidas Especiais.................................................................................................. Tabela 3-5 Original............................................................................................. Tabela 3-6 Adaptada.......................................................................................... Tabela 3-7 Original............................................................................................. 80 Tabela 3-8 Adaptada.......................................................................................... Tabela 3-9 Original............................................................................................. 80 Tabela 3-10 Adaptada........................................................................................ Tabela 3-11 Original........................................................................................... 83 Tabela 3-12 Adaptada........................................................................................ Tabela A-7 Valores de n3 para a fiabilidade do sistema de abastecimento de guas................................................................................................................... Tabela A-9 Valores de s1 para o mtodo de deteco do fogo........................ 123 83 123 83 80 79 79 80 77

Tabela A-10 Valores de s2 para a forma de transmisso do alarme................. 124 124 124 131 147 148 148 148

Tabela A-11 Valores para interveno do Corpo de Bombeiros e.................... Brigadistas........................................................... Tabela A-13 Valores para a instalao de interveno.................................... Tabela A-1 Carga de incndio imobilirias e fatores de ..........influencia.................................................................................... Tabela A-2 Valores de i para carga de incndio ...............................imobilirio................................................................................ Tabela A-3 Valores de e para edifcios de um .. s.................piso............................................. Tabela A-4 Valores de e para subsolos........................................................ Tabela A-5 Valores de e para edifcios de vrios andares............................ Tabela A-6 Valores de g para a relao entre o comprimento e a largura do

compartimento de incndio................................................................................... 149 Tabela A-8 Valores para o comprimento da conduta de transporte................. 150

Tabela A-14 Valores para a instalao de evacuao de fumaa................... 150 Tabela A-15 Valores para a resistncia ao fogo das estruturas...................... 150

Tabela A-16 Valores para a resistncia ao fogo das fachadas........................ 150 Tabela A-17 Valores para a resistncia ao fogo das ligaes verticais........... 150 Tabela A-18 Valores para a superfcie das clulas......................................... 151

Tabela A-19 Valores para a resistncia ao fogo das fachadas........................ 151 Tabela A-20 Valores para categoria de exposio ao perigo das pessoas..... 151

LISTA DE QUADROSQuadro 1-1 Quadro informando os parmetros de segurana considerados por Seito........................................................................................................................ 25 Quadro 1-2 - Quadro comparativo entre RSIP e o Mtodo de Gretener................. 27 Quadro 2-1 Quadro informando as medidas de proteo de acordo com o Manual de Combate a Incendio do CBMDF........................................................... 48 Quadro 2-2 Quadro de mtodos de esquemas de pontos mais importantes....... 58

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

Letras romanas maisculasA ABNT CBMDF CE DF EUROCODE IBGE INSS LOB M N NBR RLOB RSIP rea do compartimento Associao Brasileira de Normas Tcnicas Corpo de Bombeiros Militar do Distrito Federal Comisso de Estudo Distrito Federal European committee for standardization Instituto brasileiro de geografia e estatstica Instituto Nacional do Seguro Social Lei de Organizao Bsica Fator associado mobilidade das pessoas Fator que depende das medidas normais de proteo Norma brasileira regulamentadora Regulamento da Lei de Organizao Bsica Regulamento de Segurana contra Incndio e Pnico do Distrito Federal S SCI TRRF TRFe TRFf TRFv Fator que depende de medidas especiais de proteo Segurana contra incndio Tempo requerido de resistncia ao fogo Tempo de resistncia ao fogo das estruturas Tempo de resistncia ao fogo das fachadas Tempo de resistncia ao fogo das vedaes

Letras romanas minsculas a b c dcb dh e1 e2 Fator associado rea do compartimento Largura do compartimento Fator associado combustibilidade da carga de incndio Distncia ao Corpo de Bombeiros Distncia do hidrante externo entrada do edifcio Fator associado resistncia ao fogo das estruturas Fator associado resistncia ao fogo das fachadas

e3 e4 f

Fator associado resistncia ao fogo da vedao horizontal Fator associado s dimenses das clulas corta-fogo Fator associado ao enfumaamento causado pela carga de incndio

h

Fator

associado

cota

do

andar

do

compartimento

considerado l k n1 n2 n3 n4 n5 s1 s2 s3 Fator associado carga de incndio imobiliria Fator associado toxicidade dos gases Comprimento do compartimento Fator associado presena de extintores portteis Fator associado presena de hidrantes interiores Fator associado confiabilidade de aduo de gua Fator associado presena de hidrantes pblico Fator associado presena de pessoal treinado Fator associado ao modo de deteco do fogo Fator associado ao modo de transmisso do alarme Fator associado qualidade do corpo de bombeiros local e da brigada contra incndio s4 s5 s6 Fator associado ao tempo-resposta do corpo de bombeiros Fator associado ao tipo de equipamentos de extino Fator associado ao tipo de equipamentos de exausto de calor e fumaa sb scb Fator associado qualidade da brigada contra incndio Fator associado qualidade do Corpo de Bombeiros da cidade em que se localiza a edificao p q qfi r v Presso de sada no hidrante Fator associado carga de incndio mobiliaria Carga de incndio (mobiliria) especfica Fator associado ao tipo de aduo de gua Relao entre a rea da ventilao e a rea de piso do compartimento

LISTA DE SMBOLOScm a g Centmetro A/10000 Fator utilizado para calcular o valor de M Temperatura da placa de ao Temperatura do fluido

SUMRIO1 INTRODUO ........................................................................................... 19

1.1 Apresentao ............................................................................................. 19 1.2 Justificativa ................................................................................................. 29 1.3 Formulao do problema ............................................................................ 30 1.4 Objetivos .................................................................................................... 30 1.4.1Objetivo geral ............................................................................................ 31 1.4.2 Objetivos especficos ........................................................................................ 31 1.5 Definio de Termos............................................................................................31 2 REVISO DA LITERATURA ...................................................................... 34

2.1 Caractersticas do Incndio......................................................................... 34 2.2 Propagao dos incndios...........................................................................38 2.3 Segurana das edificaes em situao de incndio e tempo requerido de resistncia ao fogo.....................................................................................................41 2.4 Elementos estruturais livres da ao do incndio................................................46 2.5 Medidas de proteo contra incndio...................................................................46 2.6 Mtodos de avaliao de risco de incndio..........................................................53 2.7 Mtodos de Gretener 3 .....................................................................................65

METODOLOGIA ......................................................................................... 74

3.1 Classificao da pesquisa .......................................................................... 74 3.2 Pesquisa exploratria ............................................................................... 745 3.3 Populao e amostragem.............................................................................76 3.4 Estudo de caso............................................................................................ 76 3.5 adequao do mtodo de Gretener as normas utilizadas pelo CBMDF.............77 3.6 Clculo comparativo entre o Mtodo Original e o Mtodo Adaptado...................85 3.7 Fluxograma demonstrando o procedimento de clculo do mtodo ....................86 3.8 Planilha eletrnica de modo a facilitar o uso do mtodo adaptado......................87 3.9 Fluxograma demonstrando o procedimento de clculo da planilha eletrnica....92 3.10 Hipteses...........................................................................................................93 4 RESULTADOS E DISCUSSO..............................................................................94 4.1 Resultados............................................................................................................94

4.2 Discusso...........................................................................................................112 5 CONCLUSO.......................................................................................................116 6 RECOMENDAES.............................................................................................118 REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS........................................................................119 APNDICE..............................................................................................................122 APNDICE A...........................................................................................................123 APNDICE B...........................................................................................................126 ANEXO ....................................................................................................................130 ANEXO A.................................................................................................................131

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1 INTRODUO1.1 Apresentao Desde a antiguidade o homem usou o fogo a seu favor, mas este mesmo fogo que o ajuda a se alimentar, iluminar e aquecer pode rapidamente se tornar o seu pior inimigo, ou seja, um incndio. Na histria da humanidade, grandes acontecimentos marcaram datas. Tanto alegres como tristes. Os grandes incndios fazem parte dos fatos tristes, como o incndio de Roma que teve incio na noite de 18 de Julho, no ano 64 D.C., no ncleo comercial da antiga cidade de Roma, em volta do Circo Mximo e alastrou-se por toda a cidade devido maioria dos romanos viverem em Insulae1, o que ajudou propagao do incndio. Durando cerca de nove dias destruindo grandes templos, bem como dois teros da antiga cidade. Londres tambm sofreu uma das maiores catstrofes da humanidade, onde um incndio destruiu 13.200 casas, 87 igrejas e 44 prdios pblicos, vindo a morrer milhares de pessoas, alm do prejuzo estimado em 10 milhes de libras. No Brasil devido a recente urbanizao, isto com relao a naes mais antigas, os grandes incndios tambm so mais recentes. De acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatstica (IBGE), com o aumento da populao, aumenta o nmero de ocorrncias de incndio. Tabela 1-1 Casos de incndios de acordo com o nmero de habitantesAno Nmero de casos de incndio 1970 1980 1985 1990 4.629 13.736 52.233 60.480 93.139.037 119.002.706 135.564.008 146.825.475*

Populao Total

Incndios/1000 habitantes 0,05 0,11 0,38 0,41

**

* Populao de 1985: populao projetada (IBGE) ** Censo demogrfico de 1991 (IBGE) Fonte: IBGE

1

Edifcios altamente inflamveis devido sua estrutura de madeira, de trs, quatro ou cinco andares.

20

Nota-se que os dados da tabela 1-1, iniciam-se a partir do ano de 1970, pois nos anos anteriores o IBGE no encontrou fontes para levantamento estatstico. E findou-se em 1990, pois o ltimo levantamento de dados realizado pelo instituto ocorreu no ano de 1991, tendo como base o ano de 1990. Portanto com o aumento da populao e com a crescente urbanizao aumentaram os nmeros de incndios e suas complexidades. Para no ser prolixo, sero apresentados dois grandes incndios em So Paulo e dois em Braslia: Incndio no Edifcio Andraus Em 24 de fevereiro de 1972 o edifcio localizado no Centro da cidade de So Paulo, no distrito da Repblica, na esquina da Avenida So Joo com a Rua Pedro Amrico, ocorreu um grande incndio, que resultou em 16 mortos e 345 feridos. A possvel causa do incndio teria sido uma sobrecarga no sistema eltrico. O fogo iniciou-se no segundo pavimento e consumiu o prdio, que possua 32 andares de escritrios empresariais. Devido ao seu tamanho, sua proximidade a outras edificaes e pela falta de preventivos fixos de combate a incndio na edificao, o incndio durou cerca de sete horas e meia, arrasando a edificao.

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Figura 1-1 Fachada do edifcio Andraus em chamas. Fonte: Acesso em: 7 agosto 2009.

Incndio no Edifcio Joelma O mais famoso e mais desastroso incndio no Brasil, ocorreu no dia 1 de fevereiro de 1974, deixando 179 pessoas mortas e 300 feridas. A falta de preventivos fixos de combate a incndio na edificao prejudicou as equipes de salvamento e combate do Corpo de Bombeiros. A possvel causa se deve a um problema no aparelho de ar condicionado no 12 andar, de uma edificao que possua um total de 25 pavimentos. O incndio que durou cerca de uma hora e quarenta minutos consumiu todos os andares acima do pavimento em que se iniciou o incndio, arrasando a edificao.

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Figura 1-2 Fachada do edifcio Joelma em chamas. Fonte: . Acesso em: 7 agosto 2009.

Incndio no Ministrio da Habitao, Urbanismo e Meio Ambiente Em 26 de setembro de 1988, s 12 horas e 30 minutos, iniciou o incndio, de grande repercusso, no Ministrio da Habitao, Urbanismo e Meio Ambiente nas margens da W3 Norte, na quadra 505, da Cidade de Braslia-DF. Segundo relatos, em 10 minutos o prdio que possua seis pavimentos elevados, trreo e dois subsolos, totalizando nove pisos, estava todo tomado pelo fogo, facilitado pela falta de compartimentao horizontal e vertical, da elevada carga incndio, o vento forte presente na hora do incndio e pela falta de preventivos fixos de combate a incndio na edificao. De acordo com o laudo pericial o incndio teve incio em um aparelho de ar condicionado localizado no segundo andar, e felizmente pelo o mesmo ter ocorrido no horrio do almoo, ou seja, sem expediente administrativo, onde a maioria dos ocupantes no se encontrava no local, e graas ao empenho do Corpo de Bombeiros, no houve vtimas fatais, somente 7 pessoas apresentaram queimaduras leves.

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Figura 1-3 Edifcio do Ministrio da Habitao, urbanismo e Meio Ambiente em chamas. 2 Fonte: Arquivo da 5 Seo do CBMDF

Incndio no Instituto Nacional de Seguro Social (INSS) No dia 27 de dezembro de 2005, por volta das sete horas, o prdio do INSS, localizado no Setor de Autarquias Sul, ardeu em chamas, destruindo seis andares do edifcio. Em menos de trs horas, as chamas se alastraram pelo local e queimaram documentos, computadores, arquivos e salas inteiras. Devido ao horrio do incndio ningum ficou ferido, mas se alastrou com grande velocidade, e pela falta de preventivos fixos de combate a incndio na edificao, alta carga de incndio, falta de compartimentao horizontal e vertical.

2

Seo responsvel pela comunicao social do CBMDF.

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Figura 1-4 Edifcio do INSS em chamas. Fonte: Manual Bsico de Combate a incndio do CBMDF. Braslia: CBMDF, 2006. p.146.

Vendo estes quatro grandes incndios, que foram sucintamente relatados neste trabalho. Vemos que as medidas contra incndio no Brasil ficaram parcialmente deixadas de lado. Pois devemos pensar que somente relatamos quatro de centenas de grandes incndios e que em nenhum dos casos existiam preventivos fixos de combate a incndio na edificao. Deve-se imaginar que a segurana contra incndio, uma rea muito complexa de conhecimento humano, pois envolve todas as atividades humanas, todos os fenmenos naturais, ou seja, deve estar presente em todos os lugares. A literatura nacional em segurana contra incndio muito limitada, o qu normal para um pas relativamente novo e em crescente construo. As faculdades pouco abordam o tema e quando o abordam, falta conhecimento e material para que os alunos se estimulem a pesquisar na rea, para que possa aumentar o material didtico interno. A grande maioria das literaturas utilizadas no Brasil so adequaes de literaturas estrangeiras, as caractersticas e as condies econmicas e financeiras do pas. Segundo Seito, Gil, Pannoni, Ono, Bento da Silva, Carlo e Silva (2008) caso decidssemos implantar cursos de Segurana Contra Incndio (SCI) em todos

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os cursos de arquitetura e engenharia, seria um desastre, pois no temos quadros de professores para ministrar tais cursos. Para piorar a situao, os mesmos profissionais com essas deficincias em suas formaes so aqueles que projetaro, construiro e aprovaro os projetos, gerando um perigo latente em SCI em todas as cidades. Devido falta de conhecimento dos profissionais que atuaro na rea de SCI, devemos ter um maior cuidado com a anlise e aprovao das edificaes que sero usadas pela populao do DF. A preveno de incndios compreende um conjunto de medidas a serem adotadas com o objetivo de minimizar a possibilidade de ocorrncia de um incndio, detectar a presena de calor ou fumaa to logo se inicie o processo de combusto, e ainda proporcionar meios para o combate s chamas em sua fase inicial (SECCO, 1982). Vale lembrar que as medidas de preveno de incndios devem ser consideradas na fase inicial do projeto arquitetnico, alm das medidas especficas de combate a incndios na hora da aprovao do projeto de combate a incndio. A esse respeito, Seito (1995) afirma que a segurana contra incndio de uma edificao pode ser implementada, na fase de projeto, desde que sejam considerados os seguintes parmetros:PARMETROS DE SEGURANA CONTRA INCNDIO CONSIDERADOS POR SEITO

01

Localizao do edifcio em relao aos servios de combate ao fogo;

02

rea ao redor do edifcio, para assegurar o acesso s fachadas;

03

Altura das torres e distncia entre os edifcios;

04

Controle das quantidades de materiais combustveis;

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05

Dimensionamento da compartimentao interna;

06

Dimensionamento da proteo e resistncia ao fogo da estrutura;

07

Proteo das aberturas existentes;

08

Dimensionamento do sistema de alarme e deteco de incndios;

09

Dimensionamento do sistema de extino com chuveiros automticos;

10

Extintores manuais e automticos;

11

Dimensionamento do sistema de hidrantes e reserva de gua.

Quadro 1-1 Quadro informando os parmetros de segurana considerados por Seito. Fonte: O autor.

Todos os parmetros descritos anteriormente atuam diretamente em um dos elementos do tetraedro do fogo. Caso no seja possvel evitar-se o incndio, medidas de proteo fuga dos ocupantes tornam-se a melhor maneira de salvaguardar a vida humana. A seguir um comparativo dos parmetros de segurana contra incndio que so exigidos pelo mtodo de Gretener e pelo Regulamento de Segurana Contra Incndio e Pnico3 (RSIP) do CBMDF, de acordo com as atuais Normas tcnicas4 e Instrues Tcnicas5 vigentes e aprovadas pelo CBMDF:

3

Aprovado pelo Decreto n. 21.361, de 20 de julho de 2000, estabelece os requisitos mnimos exigveis nas edificaes e no exerccio das atividades pertinentes matria de que trata e fixa critrios para o estabelecimento de Normas Tcnicas de Segurana Contra Incndio e Pnico, no territrio do Distrito Federal, com vistas proteo das pessoas e dos bens pblicos e privado. 4 Documento, produzido pelo CBMDF publicado em Dirio Oficial do DF, que estabelece directrizes e restries acerca de aes preventivas de preveno e combate a incndio. 5 Documento, tcnico produzido pelo CBMDF publicado em boletim geral, que estabelece directrizes e restries acerca de aes preventivas de preveno e combate a incndio.

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PARMETROS DE SEGURANA (CONTINUA)

MEDIDAS DE PROTE INCNDIO

MEDIDA DE PARMETROS DE SEGURANA (CONTINUA) GretenerNormas aprovadas

PROTEO CONTRA INCNDIO RSIP

RSIP GretenerNormas aprovadas

Presena portteis

de

Extintores

X

X

Resistncia

ao

fogo

da

X

vedao horizontal X X Dimenses corta-fogo X X Carga mobilirio de hidrantes X Combustibilidade da carga de incndio Brigada de X X Enfumaamento causado X X de incndio X das clulas X

Presena de hidrantes de parede Confiabilidade de aduo de gua Presena urbanos Presena

Bombeiro Particular Deteco incndio Alarme manual de incndio X X automtica de X X

pela carga de incndio Toxicidade dos gases X

Incndio imobilirio

X

Tempo-resposta do Corpo de Bombeiros Tipo de equipamento de extino Tipo de equipamento de exausto de calor e fumaa Resistncia ao fogo das estruturas Resistncia ao fogo das fachadas

X

rea do compartimento

X

X

X

X

Risco

de

ativao

do X

incndio em funo do tipo de uso do compartimento Mobilidade das pessoas

X

X

X

X

Tamanho da edificao

X

X

X

Altura das torres e distncia entre os edifcios

X

X

Quadro 1-2 Quadro comparativo entre RSIP e o Mtodo de Gretener.

28

Fonte: O autor.

Os parmetros descritos anteriormente no s atuam diretamente em um dos elementos do tetraedro do fogo, como tambm variveis que podem prejudicar ou influenciar na severidade do fogo. Nota-se ainda que a anlise do CBMDF na fase de projeto no contempla alguns itens essenciais que devem ser abordados pelo analista de projeto6, onde as normas e instrues tcnicas atuais abordam apenas 46% de parmetros que so analisados pelo Mtodo de Gretener. Demonstrando desta forma que o Mtodo de Gretener muito mais completo, abordando mais variveis do que o utilizado pelo CBMDF atualmente. Atualmente, no Distrito Federal, os requisitos relativos s medidas de segurana contra incndios das normas vigentes so limitados. No sendo aplicados testes ou ensaios que possam comprovar se as medidas impostas pela legislao iro realmente funcionar antes de entrarem em vigor. Esse cenrio impe a necessidade de repensar a legislao do CBMDF. Tudo no intuito de acompanhar a modernizao tecnolgica dos cdigos de incndio das naes desenvolvidas e garantir a segurana da populao. Impe-se, pois, ao CBMDF acompanhar a tendncia mundial e habilitar-se para o uso de parmetros atualizados de segurana contra incndio.

1.2 Justificativa Como no pensarmos em medidas de segurana contra incndio, aps vrias calamidades7 que aconteceram nesta ltima dcada. A ocorrncia de um incndio pode acarretar em uma calamidade, vindo a afetar vrias pessoas, seja com suas vidas ou riquezas. O Distrito Federal no estava acostumado com a ocorrncia de incndios, mas com o envelhecimento das edificaes, mudanas de destinaes8 sem a devida avaliao de risco e ainda com o crescimento6 7

Oficial do CBMDF, responsvel pela anlise de projetos de arquitetura e incndio. Provm do latim calamitate. Significa, desgraa pblica, catstrofe, flagelo. Uma calamidade pode ter origem em fenmenos naturais. 8 O que a edificao se destina, seu uso. Comercial, Residencial Unifamiliar, Residencial Multifamiliar, etc.

29

descontrolado das cidades satlites e das invases de reas pblicas, aconteceram vrios incndios de pequenas a grandes propores. Portanto, o CBMDF, que tem por dever legal, impor regras para a construo e funcionamento das edificaes no Distrito Federal. Tenta acompanhar este crescimento, mas infelizmente a progresso descontrolada mais rpida que o implemento de programas de controle. Hoje a avaliao das medidas de segurana contra incndio em edificaes existentes, deve estar de acordo com a legislao vigente a poca da construo, o que pode inviabilizar a regularizao ou tornar a edificao insegura. Portanto, faz-se necessrio um estudo mais aprofundado dos principais mtodos de avaliao de risco contra incndio, utilizados por outros pases. Nesse contexto, a presente pesquisa encarrega-se de estudar o mtodo de Gretener de avaliao de risco de incndio como parmetro de deciso para definir medidas de proteo contra incndio para edificaes existentes no Distrito Federal.

1.3 Formulao do problema Diante do exposto na justificativa, surge o seguinte problema de pesquisa: O mtodo de Gretener de avaliao de risco de incndio, pode ser adotado pelo CBMDF como critrio de deciso para estabelecer medidas de proteo contra incndio para edificaes existentes no Distrito Federal?

1.4 Objetivos Nesta pesquisa os objetivos sero divididos em geral e especficos. Conforme Silva e Silveira (2008, p.176), objetivo o que se quer atingir. O objetivo Geral o fio condutor da pesquisa enquanto que o especfico o desdobramento do geral ou tambm podem ser visto como as aes indispensveis para se atingir o objetivo geral.

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1.4.1 Objetivo geral Determinar se o mtodo de Gretener de avaliao de risco de incndio poder ser adotado para estabelecer medidas de proteo contra incndio para edificaes existentes no Distrito Federal.

1.4.2 Objetivos especficos As aes indispensveis para se atingir o objetivo geral so relacionadas a seguir: Demonstrar os atuais parmetros adotados pelo CBMDF para

definio de medidas de proteo contra incndio das edificaes; Apresentar os mais divulgados mtodos de avaliao de risco de

incndio existentes no mundo; Adequar os parmetros e fatores de risco de incndio utilizados

pelo mtodo de Gretener as normas utilizadas pelo CBMDF; Apresentar os clculos utilizados no mtodo de Gretener por

meio de uma planilha eletrnica, de modo a facilitar seu uso.

1.5 Definio de termos Para uma melhor compreenso do trabalho monogrfico necessria a definio dos termos-chaves presentes na pesquisa. Dessa forma segue abaixo os mesmos:

Carga de incndio: Soma das energias calorficas possveis de serem liberadas pela combusto completa de todos os materiais combustveis contidos em um espao, inclusive o revestimento das paredes, divisrias, pisos e tetos. Carga de incndio especfica: Valor da carga de incndio dividido pela rea de piso do espao considerado, expresso em Megajoule (MJ) por metro quadrado (m2).

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Abertura desprotegida: Porta, janela ou qualquer outra abertura no dotada de vedao com o exigido ndice de proteo ao fogo ou qualquer parte da parede externa da edificao com ndice de resistncia ao fogo menor que o exigido para a face exposta da edificao. Altura da edificao: Medida em metros entre o ponto que caracteriza a sada ao nvel de descarga, ao piso do ltimo pavimento habitado. Andar: Volume compreendido entre dois pavimentos consecutivos ou entre o pavimento e o nvel superior sua cobertura. rea da edificao: Somatrio da rea a construir e da rea construda de uma edificao. rea de aberturas na fachada de uma edificao: Superfcie aberta nas fachadas (janelas, portas, elementos de vedao), paredes, parapeitos e vergas que no apresentam resistncia ao fogo e pelas quais pode-se irradiar o incndio. Central de alarme: Equipamento destinado a processar os sinais provenientes dos circuitos de deteco, convert-los em indicaes adequadas, comandar e controlar os demais componentes do sistema. Chuveiro automtico: Dispositivo hidrulico para extino ou controle de incndios que funciona automaticamente quando seu elemento termo-sensvel aquecido sua temperatura de operao ou acima dela, permitindo que a gua seja descarregada sobre uma rea especfica. Compartimentao de reas (vertical e horizontal): Medidas de proteo passiva, constitudas de elementos de construo resistentes ao fogo, destinadas a evitar ou minimizar a propagao do fogo, calor e gases, interna ou externamente ao edifcio, no mesmo pavimento ou para pavimentos elevados consecutivos. Compartimentao horizontal: Medida de proteo, constituda de elementos construtivos resistentes ao fogo, separando ambientes, de tal modo que o incndio fique contido no local de origem e evite a sua propagao no plano horizontal.

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Compartimentao vertical: Medida de proteo, constituda de elementos construtivos resistentes ao fogo, separando pavimentos consecutivos, de tal modo que o incndio fique contido no local de origem e dificulte a sua propagao no plano vertical. Compartimento: Parte de uma edificao, compreendendo um ou mais cmodos, espaos ou andares, construdos para evitar ou minimizar a propagao do incndio de dentro para fora de seus limites. Detector automtico de incndio: Dispositivo que, quando

sensibilizado por fenmenos fsicos e/ou qumicos, detecta princpios de incndio, podendo ser ativado, basicamente, por calor, chama ou fumaa. Extintor de incndio: Aparelho de acionamento manual, porttil ou sobre rodas, destinado a combater princpios de incndio.

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2 REVISO DA LITERATURA2.1 Caractersticas do Incndio

2.1.1 Definio Incndio uma ocorrncia de fogo que foge ao controle, queimando tudo aquilo que a ele no destinado a queimar. A exposio a um incndio pode produzir a morte, geralmente pela inalao dos gases, ou pelo desmaio causado por eles, ou posteriormente pelas queimaduras graves. Pode produzir danos ao patrimnio e vida por ao das chamas, do calor e da fumaa.

2.1.2 Fatores que influenciam na ocorrncia de um incndio O fogo s ocorre com a presena de material oxidvel (combustvel), material oxidante (comburente) e fonte de ignio (energia trmica). Combustvel o material oxidvel (slido, lquido ou gasoso), capaz de reagir com o comburente (em geral o oxignio) numa reao de combusto, e comburente o material gasoso que pode reagir com um combustvel, produzindo a combusto. Para a ocorrncia do fogo necessria a energia trmica (fonte de ignio), que o agente que d incio ao processo de combusto. Eliminando-se um desses trs elementos, o fogo no ocorrer. A severidade de um incndio em uma edificao influenciada pelos seguintes fatores: paredes e do teto; As condies de ventilao do ambiente; O tipo e a quantidade de material combustvel; As propriedades trmicas dos materiais constituintes das

34

A forma do edifcio; Os sistemas preventivos de segurana contra incndio e pnico.

2.1.3 Desenvolvimento do incndio Para facilitar o estudo das estruturas em situaes de incndio ser empregada a curva que fornece a temperatura dos gases em funo do tempo de incndio. A partir dessa curva possvel calcular a mxima temperatura atingida pelas peas estruturais e a sua correspondente resistncia s altas temperaturas.

Figura 2-1 - Curva temperatura-tempo de um incndio real. Fonte: CORREIA, E. V. S. Comportamento, Anlise e Procedimentos de Automatizao no Dimensionamento ao Fogo de Estruturas de Ao. Vitria: UFES, 2007, p.14.

De acordo com a Figura 2-1, o incndio real constitudo pelo perodo inicial, Ignio, pr-flashover, flashover, combusto generalizada e resfriamento. Estes estgios caracterizam a evoluo de um incndio. Onde existe um potencial de aquecimento do combustvel que est tomando conta do ambiente at haver o incio da combusto do material, marcando a transio para o perodo de crescimento, estabelecendo uma reao de combusto auto-sustentvel, se espalhando lentamente na superfcie do combustvel com temperaturas mdias relativamente baixas (entre 250 C e 350 C) e grande produo de fumaa. O aumento da temperatura alcana um pico de transio para o perodo de combusto mais forte. Aumentando a temperatura abruptamente at alcanar uma combusto

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generalizada, pois a radiao da camada superior de gases quentes para o piso atinge a faixa de 20 kW/m, provocando a ignio espontnea dos materiais combustveis do ambiente e o rpido desenvolvimento do incndio que passa de superficial para volumtrico. Nessa fase, as temperaturas no ambiente so elevadas e as taxas de produo de calor so muito altas. A partir do momento em que uma determinada quantidade de material combustvel for consumida e no acontecer mais transmisso de energia trmica para o meio tem-se um decrscimo de temperatura e consequentemente a extino do incndio.

2.1.4 Incndio natural Correia (2007) mencionou que o incndio em que se admite que a temperatura dos gases respeite as curvas temperatura-tempo naturais, cuja elaborao realizada a partir de ensaios (ou modelos matemticos aferidos a ensaios) de incndios que simulem a real situao de um compartimento em chamas, denominado incndio natural. Os ensaios so realizados em compartimentos com aberturas (janelas), nos quais o incndio ocorre sem possibilidade de se propagar para fora dele, em decorrncia das caractersticas de isolamento trmico, de estanqueidade e de resistncia dos elementos de vedao.

Figura 2-2 - Variao da temperatura com o tempo de acordo com o modelo de Incndio Natural e Incndio Padro. Fonte: CORREIA, E. V. S. Comportamento, Anlise e Procedimentos de Automatizao no Dimensionamento ao Fogo de Estruturas de Ao. Vitria: UFES, 2007, p.17.

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Esse modelo de incndio tambm conhecido como incndio natural compartimentado. Os resultados desses ensaios demonstram que as curvas temperatura-tempo de um incndio natural compartimentado dependem dos seguintes parmetros: Carga de incndio; Grau de ventilao; Caractersticas trmicas do material componente da vedao.

A principal caracterstica dessas curvas, e que as distinguem da curva padro, a de possurem um ramo ascendente (fase aquecimento) e um ramo descendente (fase resfriamento), admitindo racionalmente, que os gases que envolvem o fogo no tm sua temperatura sempre crescente com o tempo.

2.1.5 Incndio padro Mesmo no representando o desenvolvimento de um incndio real ficou admitido por consenso no meio tcnico, com a finalidade de fornecer parmetros de projeto, adotar a curva de incndio-padro como o mais prtico modelo para anlise terica de estruturas, de materiais de proteo trmica, de portas corta-fogo, dentre outros.

Figura 2-3 - Variao da temperatura com o tempo de acordo com o modelo de incndio padro. Fonte: MARTINS, M. M. Dimensionamento de Estruturas de Ao em Situao de Incndio. Belo Horizonte: UFMG, 2000, p.10.

37

A caracterstica principal dessa famlia de curvas a de possuir apenas um ramo ascendente, admitindo, portanto, que a temperatura dos gases seja sempre crescente com o tempo e, independente das caractersticas do ambiente e da carga de incndio.

2.2

Propagao dos incndios Pode-se analisar a propagao de um fogo ou incndio como a sua

evoluo no espao e no tempo. Quando um fogo se transforma em incndio pode propagar-se por diversos processos, que podem ocorrer simultaneamente; por conduo, conveco e radiao.

2.2.1 Conduo a transferncia de calor de molcula para molcula de um dado material. um mecanismo em que ocorre troca de energia de um lugar da regio de alta temperatura para a de baixa temperatura. Neste processo o calor que se desenvolve, se transmite s partes no inflamadas e a outros corpos em contacto. De acordo com Kern (1982), na conduo ocorre a transmisso de calor atravs de um anteparo (material fixo), conforme Figura 2-4. A direo do fluxo de calor no interior do corpo ortogonal parede se as superfcies da parede forem isotrmicas e o corpo for homogneo e isotrpico.

Figura 2-4 - Direo do fluxo de calor no interior de uma parede. Fonte: CORREIA, E. V. S. Comportamento, Anlise e Procedimentos de Automatizao no Dimensionamento ao Fogo de Estruturas de Ao. Vitria: UFES, 2007.p.20.

38

Na Figura 2-4 estamos supondo que a temperatura mais elevada seja a da face da parede para x = 0 e que a temperatura mais baixa corresponda face para x = X. A quantidade de calor transferido instantaneamente proporcional rea e diferena de temperatura, a qual produz o fluxo de calor atravs da espessura. Vale comentar que a transmisso de calor por conduo aumenta com a temperatura, o que tende a aumentar a condutividade trmica. Contudo, o aumento de temperatura amplia a desordem das partculas e desencadeia uma transferncia de calor em todas as direes, o que pode diminuir a condutividade trmica.

2.2.2 Conveco O termo conveco aplica-se transmisso de calor de um lugar para outro devido ao deslocamento de material aquecido. A transferncia de calor por conveco tem um importante papel na propagao do fogo, no transporte ascendente da fumaa e na permanncia dos gases quentes no teto ou para fora das janelas do compartimento em situao de incndio. Na conveco ocorre a transmisso de calor entre uma poro quente e uma poro fria de um fluido atravs do processo de mistura. O calor trocado (perdido ou ganho) por uma superfcie a certa temperatura, em contato com um fluido a outra temperatura, depende de diversos fatores, tais como: se a superfcie plana ou curva; se a superfcie horizontal ou vertical; se o fluido em contato com a superfcie um gs ou um lquido; a densidade, a viscosidade, o calor especfico e a condutividade trmica do fluido; se a velocidade do fluido suficientemente pequena para que o escoamento seja laminar, ou grande para que entre em regime turbulento; se ocorre evaporao, condensao ou formao de pelculas (FERNANDES, 2004). A Figura 2-5 ilustra a movimentao do ar devido transferncia de calor por conveco.

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Figura 2-5 - Movimentao de ar em uma sala devido s correntes convectivas.Fonte: CORREIA, E. V. S. Comportamento, Anlise e Procedimentos de Automatizao no Dimensionamento ao Fogo de Estruturas de Ao. Vitria: UFES, 2007, p.23.

2.2.3 Radiao O termo radiao refere-se emisso contnua de energia da superfcie de todos os corpos. denominada de energia radiante e tem a forma de ondas eletromagnticas que se propagam com a velocidade da luz e so transmitidas atravs do vcuo ou do ar, no necessitando de um meio material. Esse mecanismo de transmisso de calor mais eficiente no vcuo, j que a existncia de um meio material a ser atravessado implica na dissipao da energia trocada entre dois corpos afastados. Quando a radiao atinge um corpo receptor, parte refletida, parte absorvida e parte transmitida conforme Figura 2-6.

40

Figura 2-6 - Transferncia de calor por radiao de uma placa. Fonte: CORREIA, E. V. S. Comportamento, Anlise e Procedimentos de Automatizao no Dimensionamento ao Fogo de Estruturas de Ao. Vitria: UFES, 2007, p.24.

A energia radiante emitida por uma superfcie, por unidade de tempo e de rea, depende da natureza e da temperatura do corpo. No dizer de Buchanan (2001), a radiao muito importante nos incndios porque o principal mecanismo de transferncia de calor das chamas para a superfcie do combustvel.

2.3

Segurana das edificaes em situao de incndio e tempo requerido de resistncia ao fogo (TRRF)

2.3.1 Proteo vida humana Segundo Silva (2001):Pesquisas europeias mostram que o risco de morte em incndio 30 vezes menor do que o risco de morte no sistema de transporte e que as mortes acontecem principalmente por asfixia e nos primeiros minutos do sinistro. O risco vida devido ao colapso estrutural, por ocorrncia de um incndio, em edifcios dimensionados de maneira adequada temperatura ambiente e equipados com os dispositivos apropriados de segurana, geralmente exigidos pelo poder pblico, ainda menor, pois para a sua avaliao devese considerar a probabilidade da ocorrncia de incio de incndio, a probabilidade de que os meios de proteo ativa no sejam eficazes e o incndio se generalize, a probabilidade de que as rotas de sada no sejam adequadas e as pessoas fiquem presas na edificao, em locais no atingidos por fogo ou por fumaa e a probabilidade de que a estrutura atinja o colapso em virtude da alta temperatura. A despeito do baixo risco de morte em incndio, a proteo vida humana deve ser sempre considerada no projeto de uma edificao (SILVA, 2001, p.67).

41

Ainda de acordo com Silva (2002), a incluso de medidas de proteo e combate ao incndio, deve ser conscientemente analisada pelo projetista em conjunto com o proprietrio, levando em conta as condies especficas da obra. Para a NBR 14432 (2001):Proteo ativa o tipo de proteo contra incndio que ativada manual ou automaticamente em resposta aos estmulos provocados pelo fogo, composta basicamente das instalaes prediais de proteo contra incndio. Proteo passiva o conjunto de medidas incorporado ao sistema construtivo do edifcio que funcional durante o uso normal da edificao e que reage passivamente ao desenvolvimento do incndio, no estabelecendo condies propcias ao seu crescimento e propagao, garantindo a resistncia ao fogo, facilitando a fuga dos usurios e a aproximao e o ingresso no edifcio para o desenvolvimento das aes de combate. Tais medidas podem ser: projeto de instalaes eltricas respeitando as normas tcnicas, uso de materiais de revestimento que tornem mnima a propagao das chamas, extintores, compartimentao horizontal (lajes) e vertical (paredes, parapeito, portas corta-fogo) para evitar propagao do fogo, brigada particular contra incndio, sistemas automticos de deteco de calor ou fumaa, sistema de chuveiros automticos, sistema de exausto de fumaa, rede de hidrantes, rotas de sada (incluindo escadas de segurana) dimensionadas, sinalizadas e desobstrudas, segurana estrutural das rotas de sada (SILVA, 2001, p. 67 e 68).

2.3.2 Segurana estrutural Na opinio de Silva (2001, p.68), a preservao da vida humana, em um incndio, a segurana das estruturas expostas ao fogo das rotas de sada deve ser garantida durante o tempo de evacuao. Ainda citando Silva (2001):Em edifcios de fcil desocupao, tais como construes de pequeno porte, edifcios industriais ou depsitos, podem dispensar a verificao da segurana estrutural, exceto quando haja interesse de proteo patrimonial. Mas em edifcios de grande porte, em que o tempo de desocupao seja de difcil determinao, ou edifcios com alto risco de incndio, devem ter a segurana estrutural verificada (SILVA, 2001, p.68).

Materiais estruturais, tais como ao e concreto, expostos a altas temperaturas degeneram-se, prejudicando suas caractersticas fsicas e qumicas, reduzindo a resistncia e rigidez destes materiais, fato que deve ser levado em conta no dimensionamento das estruturas, em situao de incndio (SILVA, 2001). Para Silva (2001):

42

A segurana estrutural, seja visando proteo vida ou tendo como objetivo a proteo patrimonial, verificada de forma que se evite que a edificao colapse, permitindo assim a desocupao do edifcio e a execuo de reforos para a sua reutilizao (SILVA, 2001, p.70).

2.3.3 Temperatura atuante e temperatura crtica

2.3.3.1 Temperatura atuante A temperatura atuante nos materiais em situao de incndio, pode ser determinada por: Mtodos avanados de anlise trmica. Mtodo do incndio natural compartimentado, respeitadas as

suas limitaes de uso; Mtodo do incndio-padro associado ao tempo requerido de

resistncia ao fogo (TRRF) (SILVA, 2001). Ainda segundo Silva (2001), O TRRF pode ser determinado por meio de:a) Mtodos de avaliao de risco:

A segurana das estruturas, em incndio, pode ser analisada por intermdio de mtodos de avaliao de risco de ocorrncia e propagao de incndio. Os prprios meios utilizados para a segurana vida, geralmente exigidos pelo poder pblico, associados s caractersticas geomtricas e de ocupao da edificao, podem ser suficientes para extinguir o incndio, na fase pr-flashover, ou tomar mnima a ao trmica na estrutura. A Sua foi o primeiro pas a adotar mtodos de avaliao de risco de incndio, por meio da SIA-81 (Societ Suisse des Ingenieurs et des Architectes), em 1984, tendo por base os trabalhos de Max Gretener. O mtodo Gretener tambm serviu de base para as normas austracas TRVB A-l00 (clculo) e TRVB A-126 (parmetros para o clculo), publicadas pela Liga Federal de Combate a Incndio da ustria, em 1987.

b)

Mtodo do tempo equivalente:

O EUROCODE 1 (1995), SCHLEICH; CAJOT (1997) e DIN 18230 (1987) incorporam de forma simplificada os fatores mencionados em (a) por meio do Mtodo do Tempo Equivalente associado ao conceito do valor de clculo da carga de incndio especfica. A NBR 14323 permite utilizar o Mtodo do Tempo Equivalente;

43

c)

Mtodo tabular:

Neste mtodo, os TRRF (tempo requerido de resistncia ao fogo) so determinados de forma emprica, fruto do consenso da sociedade padronizados em normas ou regulamentos, em funo das dimenses e do tipo de utilizao do edifcio. O TRRF determina, na curva-padro temperatura-tempo do elemento estrutural, uma temperatura que se supe seja a temperatura correspondente mxima temperatura do ao, na curva natural (SILVA, 2001, p.71 e 72).

A tabela 2-1 apresenta os TRRF recomendados pela NBR 14432 (2000). Tabela 2-1 - Tempos requeridos de resistncia ao fogo (em minutos) de acordo com a NBR 14432.Profundidade do Subsolo Grupo (Continua) Ocupao/ Uso Classe Diviso S2 Classe S1 Altura da Edificao (Continua) Classe P1 Classe P2 6m 30 min Fonte: O autor. Instalao Sprinkler s4 1,00 1,00 0,95 Corpo de Bombeiros s4 1,00 1,00 0,95 Ausncia de Corpo de Bombeiros s4 1,00 0,80 0,60

84

3.6

Clculo comparativo entre o mtodo Original e o mtodo adaptado Tabela 3-12 Tabela comparando os dois mtodos original/adaptadoORIGINAL TIPO DE MTODO EDIFCIO ENDEREO TIPO DE CONSTRUO A.B l/b Tipo Contedo Perigos Potenciais TIPO DE CONCEITO p Carga de incndio mobilirio c Combustibilidade r Perigo da fumaa K Perigo de corroso i Carga de incndio imobilirio e Nvel do andar g Amplido da superfcie P PERIGO POTENCIAL n1 Extintor porttil n2 Hidrante interior n3 gua de extino n4 Conduta de transporte n5 Pessoal instrudo N MEDIDAS NORMAIS s1 Deteco do fogo s2 Especiais s3 s4 s5 S Construo Transmisso do alerta Bombeiros Escalo de interveno Instalao de extino MEDIDAS ESPECIAIS Tipo p c r K i e g P n1 n2 n3 n4 n5 N s1 s2 s4 s5 s6 S Construo Especiais s3 Contedo Perigos Potenciais ADAPTADO Hospital Regional da Asa Sul SGAS 608/609 Mdulo A - L2 HOSPITALAR 20.429,90 m 4:1 V 300 1,10 1,20 1,00 1,00 Pequeno 1,00 3,40 P=p.c.r.K.e.i.g 4,49 0,90 0,80 0,55 1,00 0,80 N=n1.n2.n3.n4.n5 0,32 1,00 Qm 1,05 01,05 1,60 1,00 1,00 1,00S=s1.s2.s3.s4.s5.s6

Hospital Regional da Asa Sul SGAS 608/609 Mdulo A - L2 HOSPITALAR 20.429,90 m 4:1 V 300 Qm 1,10 1,20 1,00 1,00 1,00 Pequeno 3,40 4,49 P=p.c.r.K.e.i.g 0,90 0,80 0,55 1,00 0,80 N=n1.n2.n3.n4.n5 0,32 1,00 1,05 01,05 1,60 1,00 1,00 1,00 1,67 1,30 1,15 1,00 1,30 1,94 4,36 1,00 4,36 1,30 0,30S=s1.s2.s3.s4.s5.s6

Edifcio

Normais

Medidas Contra o desenvolvimento do incndio

Normais

Edifcio

s6 Evacuao de fumo e calor

Medidas Contra o desenvolvimento do incndio

1,67 1,30 1,15 1,00 1,30 1,94 4,36 1,00 4,36 1,30 0,30

RF RF AP AF/AZ F=f1.f2.f3.f4 B=P/(NxSxF) BxA 1.3 x PHE =Ru/R

f1 Estrutura resistente f1 f2 Fachadas f2 f3 Teto Separao dos andares f3 f4 Grandeza das clulas f4 F MEDIDAS DE CONSTRUO F B Fator exposio ao perigo B A A Perigo de ativao R RISCO DE INCNDIO R H PHE Exposio ao perigo das PHE EFETIVO p Ru Risco limite admissvel Ru pessoas SEGURANA CONTRA INCNDIO

RF RF AP AF/AZ F=f1.f2.f3.f4 B=P/(NxSxF) BxA

H p

1.3 x PHE =Ru/R

Fonte: O autor.

85

3.7

Fluxograma demonstrando o procedimento de clculo do mtodo

Informar a atividade

Informar valor: s3

Informar valor: s4

Informar > rea de incndio

Informar valor: s2

Informar valor: s5

Informar o tipo de construo

Informar valor: s1

Informar valor: s6

Informar valor: Qm

Multiplicar valores de: n1, n2, n3, n4 e n5 N

Multiplicar valores de: s1, s2, s3, s4, s5, e s6 S

Informar valor: q

Informar valor: n5

Informar valor: f1

Informar valor: c

Informar valor: n4

Informar valor: f2

Informar valor: r Informar valor: n3 Informar valor: f3 Edificao Segura Informar valor: f4 Sim Edificao No segura

Informar valor: K

Informar valor: i

Informar valor: n2

1

No

Informar valor: e

Informar valor: n1

Multiplicar valores de: f1, f2, f3 e f4 F

Quociente de segurana: Ru/R

Informar valor: g

Multiplicar valores de: q, c, r, K, i, e, g P

B = P/ N.S.F

Ru = 1,3.PHE

Figura 3-1 Demonstrao atravs de um fluxograma do procedimento de clculo para o mtodo de Gretener original e adaptado. Fonte: O autor.

86

3.8 Planilha eletrnica de modo a facilitar o uso do mtodo adaptado A planilha eletrnica foi elaborada usando o programa Microsoft Office Excel, que um programa de clculo escrito e produzido pela Microsoft. A mesma poder ser utilizada em qualquer aparelho eletrnico, como computadores de mo, smartphones, notebooks, celulares, etc., que possua compatibilidade com o sistema operacional Microsoft Windows. A ideia da planilha eletrnica, se deve ao fato da necessidade de tornar a avaliao de risco de incndio em uma edificao, mais prtico e controlado. O preenchimento da planilha eletrnica se d de forma facilitada para o usurio, pois o mesmo no necessitar buscar de forma exaustiva, as informaes nas tabelas que compem o mtodo, nem fazer os clculos necessrios para se alcanar um valor. Ao passo que o usurio vai preenchendo a planilha eletrnica, a mesma vai automaticamente buscando em um banco de dados os valores correspondentes para cada tipo de medidas de proteo das edificaes. A mesma facilitar ainda o controle das edificaes avaliadas, pois ao passo que o usurio a utilizar necessitar apenas de transferir seus dados armazenados para um banco de dados. Abaixo segue uma sequncia de uso da planilha que ser auto explicativa:

87

Figura 3-2: Demonstrando o preenchimento do campo destinao. Fonte : O autor.

Figura 3-3: Demonstrando o preenchimento do campo carga trmica imobiliria. Fonte : O autor.

88

Figura 3-4: Demonstrando o preenchimento do campo nvel/altura do andar. Fonte : O autor.

Figura 3-5: Demonstrando o preenchimento do campo reservatrio de incndio. Fonte : O autor.

89

Figura 3-6: Demonstrando o preenchimento do campo pessoal instrudo. Fonte : O autor.

Figura 3-7: Demonstrando o preenchimento do campo brigadas. Fonte : O autor.

90

. Figura 3-8: Valor final do coeficiente de segurana e o grfico com a linha de risco. Fonte : O autor.

Figura 3-9: Demonstrando a anlise final da edificao. Fonte : O autor.

91

3.9

Fluxograma demonstrando o procedimento de clculo da planilha eletrnica

Informar a atividade

Informar valor: f4

1

No

Edificao No segura

Sim Informar > rea de incndio Informar valor: f3 Edificao Segura

Informar o tipo de construo

Informar valor: f2

Informar valor: i

Informar valor: f1

Informar valor: e

Informar valor: s6

Informar valor: n1

Informar valor: s5

Informar valor: n2

Informar valor: s4

Informar valor: n3

Informar valor: s3

Informar valor: n4

Informar valor: s2

Informar valor: n5

Informar valor: s1

Figura 3-10: Demonstrando a anlise final da edificao. Fonte : O autor.

92

3.10 Hipteses Segundo Negra e Negra (2009), as hipteses servem de guia, sendo apresentadas como as possveis solues ou explicaes que orientam no sentido do desenvolvimento da investigao. Portanto como possveis repostas ao problema de pesquisa despontam as seguintes hipteses: Hiptese 1 (H1): Adotar o mtodo de Gretener de avaliao de risco de incndio, adaptado as normas do CBMDF, para avaliar as edificaes existentes no DF. Hiptese 2 (H2): No adotar o mtodo de Gretener de avaliao de risco de incndio, adaptado as suas normas, para avaliar as edificaes existentes no DF.

93

4

RESULTADOS E DISCUSSO

4.1 Resultados Registram-se a seguir os resultados apontados pela pesquisa de campo, desenvolvida com a aplicao de um questionrio com respostas fechadas e com possibilidade de comentrios; sendo os questionrios direcionados aos militares do CBMDF que trabalham na rea tcnica de preveno e combate a incndio em edificaes, totalizando 15 questionrios. Tambm sero apresentados os resultados verificados atravs das entrevistas direcionadas ao Sr. Cel Luiz Tadeu Vilela Blumm, oficial dotado de vasta experincia na rea tcnica, vindo a exercer das mais variadas funes na mesma desde analista at Diretor e um especialista no assunto externo ao CBMDF, o Prof. Dr. Valdir Pignatta e Silva da Escola Politcnica da Universidade de So Paulo, POLI-USP. Sero ainda apresentados os resultados da anlise dos 33 pareceres tcnicos. Foi escolhido aleatoriamente os 33 pareceres, o nico cuidado foi o de analisar edificaes de tamanhos, destinaes e datas de construo diferenciadas. O que mais dificultou foi a distncia da edificao ao hidrante urbano de incndio, mais foi obtido na Seo de Hidrante do CBMDF, um livro arquivo e mapas de todas as Regies administrativas do Distrito Federal, com a locao dos hidrantes urbanos de incndio. 4.1.1 Respostas ao questionrio aplicado aos oficiais especializados em preveno de incndios em edificaes e que possuem experincia na rea Este questionrio consta de quatorze perguntas, sendo 12 fechadas e duas abertas. Seguem abaixo, as perguntas seguidas de seus respectivos objetivos e resultados.

94

4.1.1.1 Pergunta 1 Quantos anos na rea de preveno de incndio em edificaes o Sr. possui? 4.1.1.1.1 Objetivo A pergunta tem o objetivo de verificar a experincia para conduzirem tal atividade.

4.1.1.1.2 Resultado

1; 7% 1; 7% 1; 7%

1; 6% 2; 13%

10 anos 9 anos 8 anos 7 anos

3; 20%

2; 13% 6 anos 5 anos 3 anos 1; 7% 3; 20% 2 anos 1 ano

Figura 4-1 Grfico da questo 1 do questionrio. Fonte: O autor.

4.1.1.2 Pergunta 2O Sr. j analisou ou vistoriou uma edificao destinada para Depsito?

4.1.1.2.1

Objetivo A pergunta tem o escopo de averiguar o quantitativo de entrevistados

que j analisaram ou vistoriaram uma edificao destinada para depsito.

4.1.1.2.2 Resultado

95

0; 0%

Sim No

15; 100%

Figura 4-2 Grfico da questo 2 do questionrio. Fonte: O autor.

4.1.1.3 Pergunta 2.1 Se sim. O Sr. obteve junto s normas utilizadas pelo CBMDF, apoio tcnico para analisar este tipo de edificao? 4.1.1.3.1 Objetivo A pergunta serve para verificar a abrangncia das normas contra incndio e pnico elaboradas pela DST do CBMDF.

4.1.1.3.2 Resultado

96

6; 40% Sim No 9; 60%

Figura 4-3 Grfico da questo 2.1 do questionrio. Fonte: O autor.

4.1.1.4 Pergunta 3 O Sr. j analisou ou vistoriou uma edificao construda antes do Regulamento Contra Incndio e Pnico (RSIP), aprovado pelo decreto n 11.258, de 16 de setembro de 1988? 4.1.1.4.1 Objetivo A pergunta visa averiguar se os profissionais que trabalham nesta rea j analisaram edificaes com mais de 21 anos de construo.

4.1.1.4.2 Resultado

97

3; 20%

Sim No

12; 80%

Figura 4-4 Grfico da questo 3 do questionrio. Fonte: O autor.

4.1.1.5 Pergunta 4O Sr. j analisou ou vistoriou uma edificao construda antes do Regulamento Contra Incndio e Pnico (RSIP), aprovado pelo Decreto n 21.361, de 20 de julho de 2000?

4.1.1.5.1

Objetivo A pergunta visa averiguar se os profissionais que trabalham nesta rea

j analisaram edificaes com mais de 09 anos de construo.

4.1.1.5.2 Resultado

98

3; 20%

Sim No

12; 80%

Figura 4-5 Grfico da questo 4 do questionrio. Fonte: O autor.

4.1.1.6 Pergunta 5 Com relao s perguntas 4 e 5. Se sim. O Sr. obteve junto s normas utilizadas pelo CBMDF, apoio tcnico para analisar estas edificaes? 4.1.1.6.1 Objetivo A pergunta serve para verificar a abrangncia das normas contra incndio e pnico elaboradas pela DST do CBMDF.

4.1.1.6.2 Resultado

99

1; 7%

Sim No

14; 93%

Figura 4-6 Grfico da questo 5 do questionrio - decreto 11.258. Fonte: O autor.

6; 40% Sim No 9; 60%

Figura 4-7 Grfico da questo 5 do questionrio decreto 21.361. Fonte: O autor.

4.1.1.7 Pergunta 6 O Sr. j produziu um parecer tcnico para edificaes que mudaram suas destinaes? 4.1.1.7.1 Objetivo A pergunta serve para verificar se habitual a solicitao de mudanas de destinaes das edificaes do DF.

100

4.1.1.7.2 Resultado

2; 13%

Sim No

13; 87%

Figura 4-8 Grfico da questo 6 do questionrio. Fonte: O autor.

4.1.1.8 Pergunta 6.1 Se sim. O Sr. obteve junto s normas utilizadas pelo CBMDF, apoio tcnico para emitir parecer tcnico destas edificaes? 4.1.1.8.1 Objetivo A pergunta serve para verificar a abrangncia das normas contra incndio e pnico elaboradas pela DST do CBMDF.

4.1.1.8.2 Resultado

101

2; 13%

4; 27% Sim No No responderam 9; 60%

Figura 4-9 Grfico da questo 6.1 do questionrio. Fonte: O autor.

4.1.1.9 Pergunta 7 Das edificaes relatadas nas perguntas anteriores, o Sr. verificou se alguma edificao possua condies de segurana contra incndio, mas no aprovou a anlise ou vistoria, devido limitao da legislao do CBMDF? 4.1.1.9.1 Objetivo A pergunta serve para verificar se devido s poucas variveis analisadas nas avaliaes de risco de incndio nas edificaes, isto de acordo com as normas atuais, limitou-se os analistas e os vistoriadores para a aprovao das edificaes.

4.1.1.9.2 Resultados

102

5; 33%

Sim No

10; 67%

Figura 4-10 Grfico da questo 7 do questionrio. Fonte: O autor.

4.1.1.10

Pergunta 8 O Sr. j analisou ou vistoriou uma edificao localizada em uma das

seguintes Regies Administrativas: Vicente Pires, Sobradinho II, Jardim Botnico, Itapo ou Varjo? 4.1.1.10.1 Objetivo A pergunta serve para verificar se habitual a solicitao de vistoria ou anlise para as edificaes dessas regies administrativas.

4.1.1.10.2

Resultado

103

5; 33% 10; 67% Sim No

Figura 4-11 Grfico da questo 8 do questionrio. Fonte: O autor.

4.1.1.11

Pergunta 9 O Sr. acredita que ir encontrar dificuldades em analisar ou vistoriar

edificaes localizadas em Regies Administrativas como Vicente Pires, Sobradinho II, Jardim Botnico, Itapo ou Varjo, quando da regularizao destas reas? Porque? 4.1.1.11.1 Objetivo A pergunta serve para verificar se a DST do CBMDF, ter dificuldades quando da legalizao dessas Regies administrativas .

4.1.1.11.2

Resultado

a)

O Sr. acredita que ir encontrar dificuldades em analisar ou vistoriar edificaes localizadas em Regies Administrativas como Vicente Pires, Sobradinho II, Jardim Botnico, Itapo ou Varjo, quando da regularizao destas reas?

104

1; 7%

Sim No

14; 93%

Figura 4-12 Grfico da questo 9 do questionrio. Fonte: O autor.

b)

Porqu? Do total de 15 pessoas questionadas, 10 fizeram comentrios a

respeito do assunto, informando basicamente que devido as edificaes serem construdas sem consulta prvia, poderia acarretar problemas quando da sua regularizao, pois no poderamos modificar a estrutura da edificao que j foi construda.

4.1.1.12

Pergunta 10 O Sr. considera que o RSIP aborda todos os parmetros necessrios

para anlise ou vistoria do risco de ocorrncia de um incndio em uma edificao? 4.1.1.12.1 Objetivo A pergunta serve para verificar a abrangncia das normas contra incndio e pnico elaboradas pela DST do CBMDF.

4.1.1.12.2

Resultados

105

2; 13%

Sim No

13; 87%

Figura 4-13 Grfico da questo 10 do questionrio. Fonte: O autor.

4.1.1.13

Pergunta 10.1 Se no. Assinale abaixo os parmetros que tambm devem ser

abordados alm dos apontados pelo RSIP: 4.1.1.13.1 Objetivo A pergunta serve para verificar se os entrevistados julgam necessrio analisar os parmetros que so abordados quando da utilizao do mtodo de Gretener.

4.1.1.13.2

Resultado

106

5; 5% 9; 10%

6; 7%

10; 11% 10; 11% 5; 5%

10; 11% 6; 7% 7; 8% 6; 7% 6; 7%

5; 5% 6; 7%

Presena de hidrantes urbanos de incndio prximos a edificao. Resistncia ao fogo pelas estruturas. Tempo-resposta do Corpo de Bombeiros. Tipo de equipamento de exausto de calor e fumaa. Resistncia ao fogo das fachadas. Toxicidade dos gases. Mobilidade das pessoas. Resistncia ao fogo da vedao horizontal. Dimenses das clulas corta-fogo. Carga de incndio mobilirio Combustibilidade da carga de incndio. Enfumaamento causado pela carga de incndio. Incndio imobilirio Figura 4-14 Grfico da questo 10.1 do questionrio. Fonte: O autor.

4.1.1.14

Pergunta 11 O Sr. conhece outros parmetros que devem ser analisados em uma

edificao, alm dos descritos na pergunta anterior? Quais? 4.1.1.14.1 Objetivo A pergunta serve para verificar se, alm dos parmetros abordados pelo mtodo de Gretener, existiam outros que os entrevistados tambm julgam de real importncia para a segurana contra incndio das edificaes?.

4.1.1.14.2

Resultados

a)

O Sr. conhece outros parmetros que devem ser analisados em uma edificao, alm dos descritos na pergunta anterior?

107

4; 27%

Sim No

11; 73%

Figura 4-15 Grfico da questo 11 do questionrio. Fonte: O autor.

b)

Quais? Do total de 15 pessoas questionadas, 04 fizeram comentrios a

respeito do assunto, onde todos informaram que era de grande importncia a elaborao de uma norma de acesso de viaturas. 4.1.2 Entrevista n 1: A entrevista com o Sr. Cel. Luiz Tadeu Vilela Bluum, Oficial superior do quadro de oficiais combatentes do CBMDF, teve o objetivo de abordar temas importantes para o desenvolvimento da pesquisa acerca da avaliao de risco contra incndio nas edificaes. A entrevista desenvolveu-se com as seguintes perguntas e respostas: 1 Quantos anos na rea tcnica de preveno de incndio em edificaes Vossa Senhoria possui ? Quatorze anos. 2 Vossa Senhoria considera que devemos possuir uma norma ou um mtodo especfico, para avaliar o risco contra incndio nas edificaes destinadas a Depsito?

108

Temos vrias normas prprias e outras que utilizamos. Se h necessidade de uma norma e no a possumos, ou as que existem no nos satisfazem, devemos sim criar nossa prpria norma a partir de estudos especficos. 3 Vossa Senhoria acredita que ir encontrar dificuldades em aprovar edificaes localizadas em Regies Administrativas como: Vicente Pires, Sobradinho II, Jardim Botnico, Itapo ou Varjo, quando da regularizao destas reas? Por qu? Sim, pois h muitas edificaes construdas sem alvar. 4 Vossa Senhoria considera que o RSIP aborda todos os parmetros necessrios para anlise ou vistoria do risco de ocorrncia de um incndio em uma edificao? No. O RSIP muito bom a nvel nacional, mas precisa sempre ser melhorado e atualizado. Exemplifico a questo das reas de refgio, as quais no so tratadas devidamente pela NBR 9077 e no esto contempladas no RSIP. 5 Quais parmetros Vossa Senhoria considera que devem ser analisados em uma edificao, alm dos descritos no RSIP? Alguns parmetros externos devem ser considerados, como vias de acesso; espao adequado de manobras; posio de hidrantes e fatores internos como os aspectos culturais prevencionistas da populao; presena de brigadistas; simulados promovidos; existncia de planos de evacuao, entre outros. 4.1.3 Entrevista n 2: A entrevista com o Sr. Valdir Pignatta e Silva, Professor Doutor da Escola Politcnica da Universidade de So Paulo (EPUSP), teve o objetivo de abordar temas importantes para o desenvolvimento da pesquisa acerca da avaliao de risco contra incndio nas edificaes. A entrevista desenvolveu-se com as seguintes perguntas e respostas: 1 Vossa Senhoria poderia informar o motivo da CE - (Comisso deEstudo) da Associao Brasileira de Normas Tcnicas (ABNT) CE-24, que est elaborando a Norma brasileira (NBR) de Determinao do ndice de Segurana contra Incndio das Edificaes, ter decidido utilizar o mtodo de Gretener como modelo para elaborao da mesma?

109

Foi uma deciso da comisso de estudos em vista da abrangncia (envolve um grande nmero de parmetros), da simplicidade e de no demandar (na maioria dos casos) decises subjetivas (como outros mtodos). 2 Vossa Senhoria poderia informar se possvel a adaptao do SIA81 as normas tcnicas do Corpo de Bombeiros Militar do Distrito Federal (CBMDF), que so adaptaes das NBR`s da ABNT? Se possvel, quais os cuidados se deve tomar na adaptao desse mtodo as normas tcnicas do CBMDF? Os itens citados no mtodo de Gretener (chuveiros, brigadas, etc.) podem ser associados s NBRs (quando existirem) ou ITs. Mas para no causar conflitos com os cbs dos vrios estados brasileiros, a norma em preparao est fixando uma maneira de se calcular o ndice de segurana contra incndio, mas no est fixando um valor-limite. Esse ndice poder ser utilizado, por exemplo, para trocar-se, em edifcios existentes, uma medida de segurana por outra (ou outras) que levaria a um mesmo ndice. Ou o cb de cada estado, a seu nico critrio, poderia estabelecer um valor-limite para as construes (embora eu ache que isso seja difcil, sem alterar muito nossos costumes).

4.1.4 Anlises feitas nas edificaes

4.1.4.1

reas das edificaes

4.1.4.1.1 Objetivo Esta anlise tem por objetivo demonstrar de uma forma geral os tamanhos das edificaes analisadas. 4.1.4.1.2 Resultados

110

8; 24% 11; 33% < 1200 m entre 1200 m e 6000 m > 6000 m 14; 43%

Figura 4-15 Grfico da anlise 1 nas edificaes. Fonte: O autor.

4.1.4.2

Grfico comparativo entre os dois mtodos

4.1.4.2.1 Objetivo Serve para demonstrar e comprovar que nos dois mtodos, original e adaptado os valores obtidos para a anlise foram os mesmos. 4.1.4.2.2 Resultados18 16 14

- indices de segurana

12 10 8 6 4 2 0 1 3 5 7 9 11 13 15 17 19 21 23 25 27 29 31 33 Edificaes analisadas Figura 4-16 Grfico da anlise 2 nas edificaes. Fonte: O autor. Mtodo Original Mtodo Adaptado

111

4.2

Discusso A finalidade principal do presente estudo foi a de determinar se o

mtodo de Gretener de avaliao de risco de incndio, poder ser adotado para estabelecer medidas de proteo contra incndio para edificaes existentes no Distrito Federal. Para atingir esta finalidade, esta pesquisa deve alcanar os seguintes objetivos especficos:

Demonstrar os atuais parmetros adotados pelo CBMDF para definio de medidas de proteo contra incndios das edificaes;

Apresentar os mais divulgados mtodos de avaliao de risco de incndio existentes no mundo;

Adequar os parmetros e fatores de risco de incndio utilizados pelo mtodo de Gretener as normas utilizadas pelo CBMDF;

Apresentar os clculos utilizados no mtodo de Gretener por meio de uma planilha eletrnica, de modo a facilitar seu uso.

4.2.1 Estudo dos objetivos especficos 4.2.1.1 1 Objetivo especfico - Demonstrar os atuais parmetros adotados pelo CBMDF para definio de medidas de proteo contra incndios das edificaes De acordo com a reviso de literatura apresentada no iten 2.5.3, foram descritos os atuais parmetros adotados pelo CBMDF, que definem as medidas contra incndio das edificaes existentes no DF.

4.2.1.2 2 Objetivo especfico - Apresentar os mais divulgados mtodos de avaliao de risco de incndio existentes no mundo De acordo com a reviso de literatura apresentada nos itens 2.6 e 2.7, foram descritos os tipos de mtodos de avaliao de risco existentes e os mtodos

112

mais difundidos no mundo. Foram apresentados ainda os Mtodos de G. Purt, Gretener, ERIC e FRAME, dando maior nfase mais especificamente no Mtodo de Gretener, que o mtodo proposto para presente pesquisa. 4.2.1.3 3 Objetivo especfico - Adequar os parmetros e fatores de risco de incndio utilizados pelo mtodo de Gretener as normas utilizadas pelo CBMDF De acordo com a metodologia de pesquisa no seus itens 3.5, 3.6 e 3.7, o mtodo foi totalmente adequado as normas do CBMDF, sendo demonstrado atravs de tabelas comparativas para simplificar o estudo, e no sendo em nenhum momento alterado as frmulas originais para o clculo do mtodo, e sim feito adequaes nas medidas de proteo, em seus coeficientes, sempre majorando para alcanar um ndice equivalente ao proposto no mtodo original. Foi apresentado ainda um clculo comparativo entre uma edificao destinada a hospital, para o mtodo original e o adaptado. E ainda para esclarecer e fixar o funcionamento do mtodo e demonstrar que no houve mudanas significativas no original, foi apresentado um fluxograma para ambos os casos.

4.2.2 Estudo das hipteses 4.2.2.1 1 HIPTESE: Adotar o mtodo de Gretener de avaliao de risco de incndio, adaptado as normas do CBMDF, para avaliar as edificaes existentes no DF Observando-se as tabelas e grficos, apresentados na metodologia pode-se concluir que o mtodo permaneceu conforme o original sendo suas adaptaes irrelevantes para acrscimo de risco. Abaixo sero explicitados pontos que comprovam o nvel de segurana do mtodo: Conforme reviso da literatura apresentada, mais

especificamente nos itens 2.3.3.1 letra a, 2.6.1.2.1, letras a, b, c e quadro 2-2, o mtodo de Gretener um dos mtodos mais difundidos no mundo, servindo de base para vrias normas internacionais e at mesmo para NBR 14432 da ABNT;

113

Conforme item 4.1.3 o mtodo de Gretener ir servir de base para a elaborao da NBR de determinao de ndice de segurana contra incndio nas edificaes.Foi uma deciso da comisso de estudos em vista da abrangncia (envolve um grande nmero de parmetros), da simplicidade e de no demandar (na maioria dos casos) decises subjetivas (como outros mtodos).(Entrevista n 2 pergunta n 1)

Conforme tabela 3-12 e figura 4.16 os valores obtidos para todas as edificaes analisadas foram os mesmos. E ainda segundo o Prof. Dr. Valdir Pignatta e Silva, tomando as devidas precaues o mtodo pode ser adaptado realidade brasileira.Os itens citados no mtodo de Gretener (chuveiros, brigadas, etc.) podem ser associados s NBRs (quando existirem) ou ITs. Mas para no causar conflitos com os CBs dos vrios estados brasileiros, a norma em preparao est fixando uma maneira de se calcular o ndice de segurana contra incndio, mas no est fixando um valor-limite.Esse ndice poder ser utilizado, por exemplo, para trocar-se, em edifcios existentes, uma medida de segurana por outra (ou outras) que levaria a um mesmo ndice. Ou o CB de cada estado, a seu nico critrio, poderia estabelecer um valorlimite para as construes (embora eu ache que isso seja difcil, sem alterar muito nossos costumes). (Entrevista n 2 pergunta n 2)

Conforme itens 4.3, 4.10, 4.13 e 4.16, os entrevistados consideram que as normas contra incndio do CBMDF, no avaliam todas os aspectos que devem ser avaliados;

Conforme item 4.15, os entrevistados consideram que os parmetros analisados pelo Mtodo de Gretener, devem ser avaliados, para que a edificao possua uma maior segurana;

Conforme questionrios itens 4.6, 4.7 e 4.9, a legislao do CBMDF, limita a aprovao de algumas edificaes, que segundo suas experincias como analistas e vistoriadores do CBMDF, existem edificaes que possuem segurana contra incndio e poderiam ser aprovadas, para reafirmar o fato reporto a entrevista do Sr. Cel. Blumm, nas perguntas 4 e 5: No. O RSIP muito bom a nvel nacional, mas precisa sempre ser melhorado e atualizado. Exemplifico a questo das reas de refgio, as quais no so tratadas devidamente pela NBR 9077 e no esto contempladas no RSIP.

114

Alguns parmetros externos devem ser considerados, como vias de acesso; espao adequado de manobras; posio de hidrantes e fatores internos como os aspectos culturais prevencionistas da populao; presena de brigadistas;

simulados promovidos; existncia de planos de evacuao, entre outros.(entrevista n 1, perguntas n 4 e 5) Conforme itens 4.4 e 4.5, o CBMDF ir enfrentar reais dificuldades para verificar a segurana contra incndio das edificaes pertencentes as Regies Administrativas, tais como: Vicente Pires, Sobradinho II, Jardim Botnico, Itapo e Varjo. Fato este que pode ser comprovado na entrevista com o Sr. Cel. Blumm:3 Vossa Senhoria acredita que ir encontrar dificuldades em aprovar edificaes localizadas em Regies Administrativas como: Vicente Pires, Sobradinho II, Jardim Botnico, Itapo ou Varjo, quando da regularizao destas reas? Por qu? Sim, pois h muitas edificaes construdas sem alvar. (Entrevista n 1)

Conforme informado na entrevista com o Sr. Cel. Blumm, de que o mesmo afirma, Se h necessidade de uma norma e no a possumos, ou as que existem no nos satisfazem, devemos sim criar nossa prpria norma a partir de estudos especficos.

Assim, segundo os argumentos aqui expostos permitem concluir que esta hiptese merece ser acatada.

4.2.2.2 2 HIPTESE: Adotar o mtodo de Gretener de avaliao de risco de incndio, adaptado as normas do CBMDF, para avaliar as edificaes existentes no DF Devido a primeira ter sido acatada, esta hiptese foi rejeitada.

115

5 CONCLUSOO trabalho monogrfico ora concludo forneceu uma dimenso dos tipos de mtodos de avaliao de risco existentes e do nvel de segurana contra incndio que os mesmos podem fornecer as edificaes. Adequou os parmetros e fatores de risco de incndio utilizados pelo mtodo de Gretener as normas utilizadas pelo CBMDF e apresentou os clculos utilizados no mtodo de Gretener por meio de uma planilha eletrnica, de modo a facilitar seu uso. Com a inteno de cumprir as metas estipuladas, foi desenvolvida uma pesquisa mista, pois foram colhidos dados qualitativos e trabalhados de forma quantitativa, indicando um ndice de segurana para as edificaes analisadas.

Tambm foram levantados dados tericos e conceituais de vrias fontes, a fim de subsidiar este pesquisador de informaes e conhecimentos para aprofundar no estudo do Mtodo de Gretener de avaliao de risco de incndio, podendo desta forma no ter um conhecimento limitado sobre o mtodo e sim nas variveis que influenciam ativamente na eficcia do mesmo. Tudo no intuito de legitimar as hipteses apontadas na soluo do problema, para poder desta forma, afirmar que o Mtodo de Gretener de avaliao de risco de incndio, pode ser adotado para estabelecer medidas de proteo contra incndio para edificaes existentes no Distrito Federal. Provou-se desta forma que o mtodo de Gretener um dos mtodos mais difundidos no mundo e serve de base para vrias normas internacionais e at mesmo nacionais. O referido mtodo est servindo de base para a elaborao pela Comisso de estudo do CB-24, de uma norma de determinao de ndice de segurana contra incndio nas edificaes.para edificaes existentes. De acordo com o Prof. Dr. Valdir Pignatta e Silva, em resposta a uma entrevista elaborada por este pesquisador o mesmo relatou o seguinte: Foi uma deciso da comisso de estudos em vista da abrangncia (envolve um grande nmero de parmetros), da simplicidade e de no demandar (na maioria dos casos) decises subjetivas (como outros mtodos). Ao se adequar o mtodo de Gretener que constatou-se por meio das figuras 3-1 e 4-16 e da tabela 3-12, que mesmo o mtodo sendo adaptado o mesmo ficou com um coeficiente de segurana igual ao mtodo original. Onde todas as

116

edificaes analisadas obtiveram coeficiente de segurana iguais para ambos os mtodos, original e adaptado. Para o Prof. Dr. Valdir Pignatta e Silva:Os itens citados no mtodo de Gretener (chuveiros, brigadas, etc.) podem ser associados s NBRs (quando existirem) ou ITs. Mas para no causar conflitos com os CBs dos vrios estados brasileiros, a norma em preparao est fixando uma maneira de se calcular o ndice de segurana contra incndio, mas no est fixando um valor-limite.Esse ndice poder ser utilizado, por exemplo, para trocar-se, em edifcios existentes, uma medida de segurana por outra (ou outras) que levaria a um mesmo ndice. Ou o CB de cada estado, a seu nico critrio, poderia estabelecer um valorlimite para as construes (embora eu ache que isso seja difcil, sem alterar muito nossos costumes). (Entrevista n 2 pergunta n 2)

Verificou-se tambm atravs de questionrios e entrevista com o Sr. Cel Blumm, que a Diretoria de Servios Tcnicos, possui algumas deficincias na avaliao de risco das edificaes, e que os analistas e vistoriadores necessitam de alm da avaliao de risco utilizado nesta diretoria de outros meios ou mtodos de avaliao de risco nas edificaes do Distrito Federal. De tudo exposto conclui-se que o Mtodo de Gretener de avaliao de risco de incndio poder ser adotado para estabelecer medidas de proteo contra incndio para edificaes existentes no Distrito Federal. Cabe lembrar que este trabalho poder servir de um referencial inicial para pesquisas posteriores, podendo ser avaliados outros mtodos de avaliao de risco de incndio, ou para um aprofundamento nos estudos de edificaes especficas, como depsitos, hospitais, dentre outras.

117

6 RECOMENDAESLevando-se em conta as concluses encontradas nesta pesquisa, este pesquisador apresenta a seguinte recomendao ao Corpo de Bombeiros Militar do Distrito Federal: que o mtodo de Gretener (adaptado) seja inicialmente adotado como avaliao de risco suplementar para os analistas de projetos quando da anlise de edificaes destinadas a depsitos e assim for exigido parecer tcnico; que seja ministrada uma palestra ostensiva a todos os militares lotados na Diretoria de Servios Tcnicos, sobre o referido mtodo.

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REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS

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