Modelo Artigo 5º Simpósio Internacional de ... · Resumo: #Como!parte!de ......

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As fontes das manifestações de junho de 2013 1 Lara Guerreiro Pires 2 Resumo: Como parte de uma pesquisa maior sobre newsmaking, o material selecionado foi explorado, por meio da análise de conteúdo, para saber quais as principais fontes utilizadas na cobertura das manifestações de junho de 2013 ocorridas no Brasil. O corpus utilizado para construção da reflexão contida neste paper é composto por matérias veiculadas pelo portal Universo Online na semana de 16 a 22 daquele mês. Buscase saber se a utilização de fontes oficiais foi de maior uso do que as não oficiais, mas que eram as personagens principais das manifestações. O uso e relacionamento com as fontes é tema recorrente nas pesquisas em comunicação. Vários autores, com Mauro Wolf, Miquel Rodrigo Alsina, Felipe Pena, Mario Erbolato, José Marques de Melo e Juarez Bahia, além de Elias Machado especificamente sobre a Internet, já se debruçaram sobre o tema de dão o subsídio teórico para a análise aqui apresentada, assim como Patrick Charaudeau. Os autores sempre chamam a atenção para a preponderância do uso das fontes oficiais, e este também é o resultado deste trabalho, no qual é demonstrado que a maior parte dos textos analisados contém informações cujas fontes ostensivas são oficiais Palavraschave: Jornalismo. Newsmaking. Fontes. 1 Artigo enviado na modalidade Rotinas Produtivas em tempo de convergência 2 Graduado em Jornalismo; Especialista em Assessoria em Comunicação pela Universidade Federal de Goiás; cursa pós-graduação em nível de mestrado em Comunicação – linha Mídia e Cidadania na mesma instituição. E- mail: [email protected]

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As  fontes  das  manifestações  de  junho  de  20131      

Lara  Guerreiro  Pires2      

Resumo:  Como  parte  de  uma  pesquisa  maior  sobre  newsmaking,  o  material  selecionado  foi  explorado,  por  meio  da  análise  de  conteúdo,  para  saber  quais  as  principais  fontes  utilizadas  na   cobertura   das  manifestações   de   junho   de   2013   ocorridas   no   Brasil.   O   corpus   utilizado  para  construção  da  reflexão  contida  neste  paper  é  composto  por  matérias  veiculadas  pelo  portal  Universo  Online  na  semana  de  16  a  22  daquele  mês.  Busca-­‐se  saber  se  a  utilização  de  fontes   oficiais   foi   de   maior   uso   do   que   as   não   oficiais,   mas   que   eram   as   personagens  principais  das  manifestações.  O  uso  e  relacionamento  com  as  fontes  é  tema  recorrente  nas  pesquisas  em  comunicação.  Vários  autores,  com  Mauro  Wolf,  Miquel  Rodrigo  Alsina,  Felipe  Pena,   Mario   Erbolato,   José   Marques   de   Melo   e   Juarez   Bahia,   além   de   Elias   Machado  especificamente  sobre  a  Internet,  já  se  debruçaram  sobre  o  tema  de  dão  o  subsídio  teórico  para   a   análise   aqui   apresentada,   assim   como   Patrick   Charaudeau.   Os   autores   sempre  chamam   a   atenção   para   a   preponderância   do   uso   das   fontes   oficiais,   e   este   também   é   o  resultado  deste   trabalho,  no  qual  é  demonstrado  que  a  maior  parte  dos   textos  analisados  contém  informações  cujas  fontes  ostensivas  são  oficiais      Palavras-­‐chave:  Jornalismo.  Newsmaking.  Fontes.  

 

   

1 Artigo enviado na modalidade Rotinas Produtivas em tempo de convergência 2 Graduado em Jornalismo; Especialista em Assessoria em Comunicação pela Universidade Federal de Goiás; cursa pós-graduação em nível de mestrado em Comunicação – linha Mídia e Cidadania na mesma instituição. E-mail: [email protected]

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1 INTRODUÇÃO  

Este   trabalho   é   o   resultado   da   reflexão   sobre   a   utilização   de   fontes   na   produção  

noticiosa.   A   discussão   do   uso   e   delimitação   das   fontes   é   de   grande   importância   para   o  

entendimento  de  como  é  exercida  a  prática  jornalística.  Isto  porque  assim  como  o  público  

não   consegue   estar   em   todos   os   lugares   ao  mesmo   tempo   para   saber   o   que   ocorre   no  

mundo   diante   de   si,   também   não   o   faz   o   jornalista.   Desta   forma,   este   necessita   de  

“pontes”  entre  si  e  os  acontecimentos  selecionados  para  que  estes  tornem-­‐se  notícias:  as  

fontes.    

A  manifestações  que  ocorreram  no  Brasil  em   junho  de  2013  chamaram  a  atenção  

da  mídia  em  várias  partes  do  mundo.  A   repercussão  não   foi   como  a  da  Primavera  Árabe  

em  2011,  durante  a  qual  ditadores  de  Tunísia,  Egito,  Líbia,  Iêmem  e  Barein  foram  retirados  

do  poder.  Os  manifestantes  brasileiros  não  pediam  a   saída  da  Presidente  Dilma  Roussef.  

Na   onda   de   protestos   no   Brasil   milhares   de   pessoas   foram   às   ruas   manifestar   sua  

insatisfação  quanto  a  diversos  aspectos  da  política,  economia  e  diversos  outros  assuntos  

pertinentes  aos  seus  anseios  como  cidadãos.    

Dentre   os   pedidos   estava   a   modificações   nas   práticas   políticas   nacionais,  

reivindicações   específicas   como   o   passe   livre   para   estudantes,   críticas   ao   Projeto   de  

Emenda   Constitucional   número   37,   cujo   teor   erava   a   forma   de   atuação   do   Ministério  

Público  e  a  políticos  como  o  deputado  Marcos  Feliciano  (o  qual  alcançou  notoriedade  após  

manifestar-­‐se   abertamente   contra   os   homossexuais   e   ser   indicado   para   a   Comissão   de  

Direitos   Humanos   do   Congresso   Nacional).   A   imprensa   brasileira   fez   o   seu   trabalho   e  

cobriu   as   manifestações,   cada   veículo   de   acordo   com   suas   possibilidades   e   linhas  

editoriais.    

A   partir   de   um   estudo  maior   feito   pela   autora   sobre   valores-­‐notícia,   utilizando   o  

período   das   manifestações,   surgiu   o   questionamento:   quem   são   as   fontes   utilizadas   na  

redação  dos  textos   jornalísticos  sobre  as  manifestações?  Por  causa  do  ceticismo  inerente  

ao   pesquisador,   a   resposta   hipotética   a   esta   pergunta   foi:   fontes   oficiais,   claro!   Assim  

surgiu  a  análise  que  resultou  neste  paper.  

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Para  refletir  sobre  o  uso  das   fontes,  buscou-­‐se  neste  trabalho  avaliar  por  meio  da  

análise  de  conteúdo  as  matérias  publicadas  pelo  portal  Universo  Online,  no  mês  de  junho  

de  2013,  especificamente  entre  os  dias  16  e  22.  Naquele  mês,  a  semana  demarcada  foi  a  

mais   movimentada   na   cobertura   noticiosa,   uma   vez   que   o   dia   20   é   a   data   em   que   foi  

relatada  a  maior  quantidade  de  manifestações.      

A  amostra  organizada  neste  trabalho  não  segue  método  estatístico,  uma  vez  que  a  

técnica  de  amostragem  não  aleatória  se  mostrou  mais  eficaz  para  o  caso.  Do  total  de  255  

matérias  publicadas,   foram  selecionadas  um  terço.  Para   tanto   foram  todas  colocadas  em  

planilha   eletrônica   para   então   haver   a   separação   da   amostra   a   cada   três   textos,  

perfazendo   o   total   de   85.   Quem   nos   assegura   a   possibilidade   do   uso   deste   método   é  

Hercovitz.  

Muito   utilizados   em   análise   de   conteúdo   são   as   técnicas   de   amostragem  não-­‐aleatórias,  empregadas  quando  não  se  tem  acesso  a  toda  a  população  do   estudo   ou   quando   se   trabalha   com   populações   menores,   como     por  exemplo,   algumas   edições   específicas   de   publicações   que   tratam   da  cobertura  de  um   tema   registrado   em  período   também  específico,   ou  para  estudos   comparativos   como   o   tratamento   de   um   tema   em   determinados  veículos  em  épocas  distintas  ou  não.  (HERSCOVITZ,  2008  p.131)    

Ainda  sobre  a  amostragem  é  importante  ressaltar  que  a  unidade  de  texto  utilizada  

para  a  análise  de  conteúdo  foram  as  expressões  que  denominavam  as  fontes,  ou  seja,  as  

fontes   mencionadas   –   ou   como   as   separa   Erbolato(2002)   as   fontes   ostensivas   -­‐,   não   as  

fontes  utilizadas.  A  escolha  é  em  decorrência  do  que  explica  Miquel  Rodrigo  Alsina  (2009,  

p.174),   estas   últimas   “não   podem   ser   estudadas   exaustivamente  mediante   a   análise   de  

conteúdo,  elas  exigem  uma  pesquisa  da  produção  da  informação”.  O  autor  completa  ainda  

que  as  fontes  mencionadas  já  têm  grande  importância  para  o  entendimento  do  discurso  da  

narrativa  jornalística.    

As  fontes  que  aparecem  nos  discursos  informativos  são  importantes,  já  que  são   elas   as   que   se   institucionalizam   socialmente.   Inclusive,   poderíamos  dizer  que  elas  são  elementos  essenciais  para  o  estatuto  da  prevalência  da  verdade   desses   discursos.   Além   disso,   esse   efeito   de   “dizer   a   verdade”   é  reforçado,   justamente  porque  a  mídia   costuma   recolher  o  mesmo   tipo  de  notícia.  (RODRIGO  ALSINA,  2009,  p.174)  

A  escolha  do  portal  foi  balizada  pelo  fato  de  ele  ter  feito  essa  organização  de  todas  

as  matérias   sobre  o   assunto  manifestações   em  um   link   específico.   Também  contribuiu  o  

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fato   dele   ser   um   dos   portais   mais   acessados   no   Brasil,   de   acordo   com   a   pesquisa   de  

opinião  pública  Democratização  da  Mídia,  publicada  pela  Fundação  Perseu  Abramo,  em  16  

de  agosto  de  2013.  O  mesmo  material  já  foi  utilizado  como  material  de  pesquisa  em  outro  

trabalho,  já  apresentado  no  Confibercom  20143,  em  abril  deste  ano.      

 

Preocupações  e  definições  teóricas  

O  profissional  de  comunicação  desenvolve  seu  trabalho  recolhendo  informações  de  

diversas  formas  para  construir  seu  texto.  Nem  sempre  ele  é  capaz  de  presenciar  o  fato  que  

-­‐   de   acordo   com   os   critérios   definidos   pela   sua   linha   editorial   -­‐   será   processado   para  

transformar-­‐se  em  notícia.  

Para  se  construir  a  narrativa   jornalística  é  preciso  que  o  produtor  faça  a  apuração  

das   informações,   ou   seja:   levantamento   mais   completo   possível   dos   dados   e   detalhes  

relativos   ao   acontecimento   necessários   para   que   se   escreva   sobre   ele.   Nem   sempre   é  

possível   fazer   a   apuração   das   informações   por   meio   do   que   Erbolato(2002)   chama   de  

observação  direta.  O  método  consiste  em  o   jornalista  coletar  as   informações  necessárias  

por  meio  da  observação  do  fato,  no  momento  de  sua  ocorrência.    

Desta   forma,   é   fundamental   recorrer   a   pessoas,   instituições   e   documentos   que  

possam  fornecer  ao  jornalista  os  dados  de  que  precisa,  prática  chamada  pelo  mesmo  autor  

de   coleta.   Aqui   pode-­‐se   incluir   os   vários   tipos   de   entrevista,   consulta   a   documentos,  

experts   ou   algo   novo   que   ajude   o   profissional   a   entender   o   fato   e   processá-­‐lo   para  

produção  de  seu  texto.  

Nilson   Lage   corrobora   e   explica   que   essas   pessoas   ou   documentos   a   quem   o  

jornalista   recorre   são   as   fontes   de   informação   usadas   para   construção   da   narrativa  

jornalística.    

Poucas   matérias   jornalísticas   originam-­‐se   integralmente   da   observação  direta.   A   maioria   contém   informações   fornecidas   por   instituições   ou  

3 II Congresso Mundial de Comunicação Ibero-Americana ocorrido de 13 a 16 de abril em Braga, Portugal. O trabalho apresentado teve o título Valores-notícia na cobertura das manifestações de junho de 2013 no Brasil.

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personagens   que   testemunham   ou   participam   de   eventos   de   interesse  público.  São  o  que  se  chama  de  fontes.  É  tarefa  comum  dos  repórteres  selecionar  e  questionar  essas  fontes,  colher  dados  e  depoimentos,  situá-­‐los  em  algum  contexto  e  processá-­‐los  segundo  técnicas  jornalísticas.  (LAGE,  2005,  p.49)  

Sendo  as  fontes  aqueles  que  fornecem  ao  jornalista  várias  das  informações  que  ele  

utiliza,   é   preciso   entender   que   ela   é,   como   explica   Felipe   Pena(2005),   uma   subjetiva  

interpretação  de  um  fato;  ou  seja,  nem  tudo  o  que  se  colhe  é  a  verdade  absoluta.  A  fonte  

apresenta   ao   jornalista   sua   visão,   ou   versão,   sobre   determinado   acontecimento  

(PENA,2005).    

Percebe-­‐se,  então,  a  importância  do  jornalista  não  usar  apenas  uma  fonte  em  seus  

trabalhos.   Não   deve   tão   pouco   receber   as   informações   como   verdade   absoluta   e   nem  

furtar-­‐se  do   trabalho  de  checagem.  Lage  concorda  e  afirma  que  “entre  o   fato  e  a  versão  

jornalística   que   se   divulga,   há   todo   um   processo   de   percepção   e   interpretação   que   é   a  

essência  da   atividade  dos   jornalistas”.  Diz   ainda  que  é  necessário   citar  nominalmente  as  

fontes,   sobretudo   de   dados   numéricos,   e   questionar   informantes   sobre   a   origem   dos  

números  que  citam.  

Juarez  Bahia(1990)   coloca  que  “grande  parte  da   credibilidade  de  um   jornalista  ou  

de  um  veículo  repousa  no  uso  que  ele  faz  das  suas  fontes  na  elaboração  das  notícias.”  Para  

ele,   está-­‐se   mais   próximo   da   objetividade   perseguida   pelos   jornalistas   quanto   mais  

transparente     é   o   uso   da   fonte.   Por   isso   o   pesquisador   aconselha   que   se   evite   o   uso   de  

termos   como   segundo   fontes,   setores,   informantes,   observadores,   círculos,   analistas,  

especialistas,   meios,   ou   outros   termos   que   não   deixem   claro   quem,   realmente,   foi   o  

responsável  pela  a   informação  divulgada.  Bahia  sentencia:  “Utilizar  o  anonimato  da  fonte  

para  embutir  a  opinião  pessoal  ou  para  abrigar  interesse  escuso  é  uma  frontal  violação  da  

ética  profissional”.      

Os   autores   pesquisados   fazem   várias   distinções   entre   as   fontes,   principalmente  

quanto   a   sua   natureza   e   participação   nos   fatos.   Lage   conta   um   fato  muito   interessante  

para  se  entender  a  divisão:  

Originalmente   as   fontes   de   informação   não   eram   treinadas   para  desempenhar   esse   papel.   Ouviam-­‐se   funcionários   públicos   em   geral,  políticos,  diretores  de  empresas,  gerentes  viajantes  (até  meados  do  século  

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XX,   repórteres   eram   colocados   nos   portos,   aeroportos   e   estações  ferroviárias   para   entrevistar   os   passageiros   que   vinham   da   Europa,   da  América   do   Norte,   de   países   vizinhos   ou,   mesmo,   de   outras   regiões  brasileiras)   e   pessoas   em   geral   envolvidas   em   algum   evento   de   interesse  público.  (LAGE,  2005,  p.49)  

Entretanto,  com  a  expansão  do   trabalho  de  assessorias  de   imprensa,   tanto   fontes  

potenciais   quanto   aqueles   que   pouco   são   procurados   pelos   veículos   passaram   a   ter   um  

papel  mais  ativo  na  produção  noticiosa  ofertando  seus  dados  aos  jornalistas  antes  mesmo  

de  serem  procurados.  Esta  foi  só  a  primeira  modificação.    

Com   o   desenvolvimento   da   Internet,   fontes   potenciais   ou   não   passaram   a   poder  

divulgar   elas  mesmas   seus   dados   por  meio   de   páginas   ou   até  mesmo   redes   sociais   nas  

quais  tem  contato  direto  com  o  público  leitor  sem  ter  de  passar  pela  intermediação  de  um  

veículo  de  comunicação  e  seus  métodos  de  determinação  do  que  é  notícias  e  seus  critérios  

de  publicação.  E  os  jornalistas  devem  adaptar-­‐se  a  esta  realidade  e  terem  a  capacidade  de  

usar   os   dados   disponível   na   rede   como   fontes,   sem   esquecer   que   como   qualquer   dado  

deve  ser  apurado  e  checado  para  sua  utilização.    

Sobre  isso  afirma  Elias  Machado:  

No  ciberespaço,  pela  primeira  vez  os  movimentos  sociais,  até  então  atores  políticos  dependentes  na  medida  que  a  difusão  do  registro  verbal  na  cena  comum  passa  pela  mediação  das  organizações  jornalísticas,  podem  sem  os  impedimentos  colocados  pela  tecnologia  necessárias  para  manter  os  meios  tradicionais,   contribuir   para   a   constituição   de   um   espaço   público  democrático.    

Abaixo   segue   uma   quadro   com   a   divisão   das   fontes   de   acordo   com   o   levantado  

nesta  pesquisa  e  em  seguida  as  definições  teóricas  a  partir  das  explicações  dos  autores.    

Quadro  1.  Autores  e  seus  tipos  de  fontes  

Juarez  Bahia   Nilson  Lage   Felipe  Pena   Erbolato   Elias  Machado   Mauro  Wolf  

 

   

Fixas  

 

Estáveis  

Fora  De  Rotina   Provisórias  

Oficiais   Oficiais  

 

Oficiais   Institucionais  

Oficiosas   Oficiosas   Oficiosas   Oficiosas  

Independentes   Independente   Independentes    

Diretas   Primárias   Testemunhal   Diretas   Primárias    

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Secundárias   Secundárias  

 

 

 

Testemunhas  

 

 

Experts    

Indiretas  

 

Indiretas    

Complementares   Adicionais    

 

Ostensivas    

Indeterminadas    

 

Ativas  

Passivas  

Centrais  

Territoriais  

Fonte:  Quadro  organizada  pela  autora.  

As  fontes  podem  ser  definidas  quanto  a  características  próprias,  que  as   insere  em  

somente  uma  das  possibilidades  dentro  de  cada  grupo.    

I)  A  necessidade  de  recorrência  a  elas:    

a) Fontes  fixas:  são  aquelas  às  quais  se  recorre  para  os  noticiários  de  todos  os  dias,  como  

por  exemplo  polícia,  Corpo  de  Bombeiros,  Prefeitura,  Câmara  Municipal,   isso  no  caso  

de  um   jornal  diário.  Porém,  podem  haver  outros  exemplos  de  acordo  com  o   tipo  de  

publicação,  por  exemplo  um  jornal  de  classe.  O  presidente  de  seu  sindicato  será  uma  

fonte  fixa.  Como  fixas  podem-­‐se  colocar  as  fontes  estáveis  indicadas  por  Wolf.  

b) Fontes   fora   de   rotina:   são   procuradas   excepcionalmente   quando   necessárias   para   o  

esclarecimento  de  um  fato.  Wolf  as  nomeia  de  fontes  provisórias.  

II)  ao  caráter  institucionais  ou  não:    

a) Fontes   oficiais:   são  mantidas   pelo   Estado,   ou   instituições   que   o   representam,   como  

juntas   comerciais,   secretarias   e   ministérios,   polícia.   Incluído   aqui   estão   as   pessoas  

diretamente   ligadas   ao   poder   oficial,   como   presidentes,   prefeitos,   vereadores,   etc.  

Estas  pessoas  tem  a  legitimidade  de  falar  pelo  setor  do  Estado  ao  qual  é  relacionado.  

Também  estão   neste   ramo   empresas   e   organizações   como   sindicatos   e   associações.  

Estas   fontes   tendem   a   ser   parciais   visto   que   tem   interesses   a   preservar,   de   acordo  

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como  colocado  por  Pena.  Lage  é  ainda  mais  enfático  e  diz  que  as  fontes  oficiais  podem  

falsear  a  realidade  para  beneficiar  grupos  dominantes  por  corporativismo,  militância  e  

até   por   disputas   internas   de   poder.     São   tidas   como   confiáveis,   sendo   comum   –  

portanto   –   a   utilização   de   dados   fornecidos   por   elas   sem   mencioná-­‐las,   pois   são  

tomados  por  verdadeiros,  como  por  exemplo  os  dados  de  uma  pesquisa  do   IBGE.  De  

acordo   com   Elias   Machado,   a   preferência   por   fontes   oficiais   se   dá   como   uma  

estratégia   de   obter   dados   fidedignos,   respaldados   pelo   exercício   de   uma   função  

pública  da  fonte.  

b) Fontes  oficiosas:   são  reconhecidas  como  relacionadas  ao  Estado/Instituição,  mas  não  

tem   autorização   formal   para   falar   em   nome.   Elias   Machado   diz   que   elas   são  

relacionadas   diretamente   com   instituições   ou   personalidades,   mas   não   tem   poder  

formal   de   representação.   Lage   acredita   que,   mesmo   podendo   ser   desmentidas,   as  

fontes  oficiosas  podem  trazer  à  tona  os  subterfúgios  usados  pelas  fontes  oficiais  para  

mascarar  a  realidade.  Porém,  também  se  prestam  a  veicular  boatos,  por  isso  é  preciso  

ter  cautela.    

c) Fontes  independentes:  não  tem  vínculo  direto  com  o  assunto  em  questão,  ou  relação  

de  poder  ou  interesse  específico  em  cada  caso  tratado.  

Não   conta   nesta   categoria   uma   opção   para   se   enquadrar   a   pessoa   comum   que  

participa   do   evento   noticiado   sem   ter   alguma   importância   institucional.   Patrick  

Charaudeau  (2013,  p.148)  propõe  como  identificação  das  fontes  a  divisão  entre  internas  às  

mídias  e  externas  às  mídias.  A  segunda  categoria  é  dividida,  por  ele,  entre   institucional  e  

não   institucional.   Dentre   as   opções   de   fontes   não   institucionais   estão   Testemunhas,  

Especialistas  e  Representantes   (corpos  profissionais).  A  opção  que  mais  se  aproxima  para  

nomear   a   pessoa   que   não   tem   caráter   institucional,   não   é   especialista   ou   não   fala   em  

nome   de   algum   classe   seria   o   de   testemunhas,   porém   a   nomenclatura   já   é   usada   ao  

destacar  a  fonte  quanto  a  sua  participação  no  fato.    

III)  a  participação  no  fato  a  ser  noticiado:  

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a) Fontes   diretas   ou   testemunhas:   são   aquelas   pessoas   envolvidas   em   um   fato   ou  

ocorrência;   as   vítimas,   testemunhas   presentes   (nomenclatura   usada   como   diferente  

opção  dependendo  do  autor).    

b) Fontes   indiretas:   são   informantes  envolvidos  circunstancialmente  nos   fatos,  papéis  e  

documentos   de   consulta.   Entram   nessa   categoria   também   aqueles   que,   por   dever  

profissional,  sabem  de  um  fato.  

c) Fontes  adicionais:  são  fontes  que  fornecem  informações  suplementares  ou  ampliam  a  

dimensão  histórica  como  um  relatório,  documentos  históricos,  pessoas  que  conhecem  

os   fatos   passados   ligados   ao   acontecimento   atual.   Pode-­‐se   colocar   como   similar   à  

fonte  complementar.  

Na   narrativa   jornalística,   muitas   vezes,   são   chamadas   de   testemunhas   as   fontes  

diretas  ou  indiretas  que  provavelmente  presenciaram  o  fato  ou  período  e  podem  fornecer  

informações   sobre   ele.   Lage(2005)   aconselha   que   se   ouça   no  mínimo   três   testemunhas  

para   que   se   chegue   a   um   ponto   em   comum,   o   que   segundo   ele   será   o   que   mais   se  

aproximará   da   realidade.   As   demais   informações   devem   ser   citadas,   quando   necessário,  

nomeando  textualmente  seu  autor.    

IV)  quanto  a  capacidade  de  fornecer  informações:  

a) Fontes   primárias:   são   aquele   as   que   tem   condições   de   fornecer   os   dados   sobre   um  

fato,  portanto  o  jornalista  se  baseia  nelas  para  colher  o  essencial  para  seu  texto,  como  

versões  e  números.  São  muitas  vezes  fontes  diretas.  

b) Fontes   complementares:   fontes   que   somam   informações   adicionais   que   contribuem  

para  esclarecer  ou  enriquecer  a  história,  acrescentar  ou  reduzir  a  versão  que  parecia  

definitiva.   Ou   seja,   pode  muitas   vezes   fazer   o   contraponto   com   a   fontes   primárias.  

Pode-­‐se   colocar   como   similar   à   fonte   adicional.   Também  podem   ser   compreendidas  

como  fontes  secundárias,  que  são  aquelas  consultadas  para  trazer  informações  usadas  

na   contextualização   de   um   fato.   São   assim   considerados   por   Lage   os   experts   ou  

especialistas  que  podem   fazer   avaliações,   interpretações  e  previsões   sobre  o  evento  

em  questão.    

IV)  quanto  à  forma  na  qual  aparece  no  narrativa  jornalística:  

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a) Fontes  ostensivas:   são   as   que   tem   seus   nomes  mencionadas   no   texto   jornalístico,   o  

que  torna  possível  seu  reconhecimento  por  meio  da  análise  de  conteúdo.      

b) Fontes   indeterminadas:   fontes   consultadas   que   não   tem   sua   origem   ou   nomes  

relacionados  no   texto  publicado.   Seu   estudo   só   é   possível   por  meio  da   avaliação  do  

processo  de  produção.    

V)  quanto  ao  relacionamento  com  o  veículo  de  informativo:  

a) Fontes   ativas:   são   colocadas   por   Wolf   como   aquelas   que   buscam   o   acesso   aos  

jornalistas  e  meios  de  comunicação.  Lage  também  chama  a  atenção  para  essas  fontes  

que   ficaram   mais   comuns   com   a   organização   de   assessorias   de   comunicação   em  

empresas  e  instituições  públicas.  

b) Fontes  passivas:  são  fontes  que  seu  relacionamento  com  o  órgão  de  informação  se  dá  

quando  é  procurado.    

Mauro  Wolf  coloca  ainda  que  as  fontes  podem  ser  centrais,  territoriais  ou  de  base,  

classificadas  desta  maneira  de  acordo   com  sua  posição  em   termos  de   territorialidade  da  

informação,   mas   também   pela   sua   importância   quanto   à   noticiabilidade   dos  

acontecimentos,   sendo   neste   caso   uma   gradação   da   mais   importante   para   menos  

importante.    

  Antes  mesmo  de  expor  os  dados  coletados  é  preciso  fazer  menção  ao  exposto  por  

Mauro  Wolf   que   corrobora  o   entendimento  de  que   a  definição  das   fontes  utilizadas   são  

parte   importante  na   construção  do   sentido  do  mundo  diante  do   leitor   apresentado  pela  

cobertura   jornalística.     Segundo   ele,   os   estudos   baseados   nas   teorias   de   newsmaking  

demonstram  claramente  que    

a   rede   de   fontes   que   os   órgãos   de   informação   estabelecem   como  instrumento  essencial  para  o   seu   funcionamento,   reflecte,  por  um   lado,   a  estrutura  social  e  de  poder  existente  e,  por  outro,  organiza-­‐se  a  partir  das  exigências   dos   procedimentos   produtivos.   As   fontes   que   se   situam   à  margem   destas   duas   determinações,   muito   dificilmente   podem   influir,  deforma  eficaz,  na  cobertura  informativa.  (MAURO,  1999,  p)  

Wolf   coloca   ainda   que   as   agências   de   notícia   também   podem   ser   vistas   como  

fontes,  uma  vez  que  vários  empreendimentos  de   comunicação   se   valem  de   seu   trabalho  

como   fonte   para   suas   próprias   publicações.   Charaudeau(2013)   coloca   que   as   agências,  

11

assim  como  correspondentes,  enviados  especiais  e  arquivos  próprios  do  veículo  podem  ser  

identificados   como   fontes   internas   aos   organismos   de   informação.     Entretanto,   Wolf,  

explica  que  pelas  agências  já  apresentarem  “unidades-­‐notícia”,  ou  seja  o  fato  processado  e  

transformado   na   narrativa   jornalística   ao   invés   de   dados   a   serem   apurados,   elas   não  

devem  ser  vistas  como  fontes  primárias.  Assim,  os  textos  de  agência  que  se  apresentaram  

na  amostra  foram  descartados  e  substituídos  por  textos  da  própria  redação  do  UOL.    

Ao  discutir-­‐se  o  uso  de  fontes,  além  das  características  de  cada  uma  em  relação  ao  

fato  ou  ao  veículo  é  relevante  avaliar  a  forma  como  ela  aparece  no  texto,  ou  seja  –  como  

explica   Charaudeau   (idem,   p.   148-­‐149)   -­‐   o   modo   de   denominação   e   a   modalidade   de  

enuncianção.  

O   modo   de   denominação   é   a   forma   de   identificar   a   fonte   no   texto.   Segundo  

Charaudeau  há  as  seguintes  formas:  pelo  nome  –  da  pessoa  ou  da  instituição;  com  marcas  

de  deferência  ou  não  –  ‘senhor’,  ‘excelentíssimo’,  etc.;  de  maneira  direta  –  ‘o  governo’,  ´a  

empresa   tal’,   ‘o   movimento   tal’   -­‐,   ou   indireta   –   ‘os   poderes   públicos’,   ‘o   Palácio   do  

Planalto’;   pelo   título   ou   sua   combinação   com   o   nome   –   que   constitui-­‐se   uma  marca   de  

autoridade   e   prestígio;  pela   função   –   que   se   confunde   às   vezes   com   a   profissão   e   pode  

assinalar   a   tecnicidade   da   fonte;  denominação   vaga   -­‐   ou   seja   com   expressões   genéricas  

como     manifestantes   ouvidos,   especialistas,   etc;   por   fim,   por   construções   indefinidas   –  

‘algumas  pessoas  pensam  que’,  ‘alguns    gritavam  expressões...’  .      

Já  “a  modalidade  de  enunciação  pode  ser  expressa  por  verbos  de  modalidade  (...)  

cujo   semantismo  é  mais   ou  menos   revelador  da   instância  de   enunciação,   e   também  por  

locuções   ou   emprego   do   condicional   –   procedimentos   que   indicam   uma   distância   com  

relação   ao   valor   de   verdade   da   informação”   (CHARAUDEAU,   2013,   p.149).     Na   primeira  

forma  inserem-­‐se  a  utilização  de  verbos  como  diz,  anunciar,  contar,  esclarecer;  na  segunda  

são  as  locuções  comumente  usadas:  “de  acordo  com”,  “segundo”,  “para”.      

Assim   como   Juarez   Bahia   (1990),   Charaudeau   (idem)   também   acredita   que   as  

formas   de   denominação   das   fontes   e   a  modalidade   de   enunciação   estão   relacionadas   à  

credibilidade  do  texto,  mas  também  ao  seu  entendimento.  

12

A  instância  de  produção  pode  cumprir  ou  não  as  exigências  de  identificação  (fontes   e   signatários),   do   mesmo  modo   que   pode   escolher   os   modos   de  identificação   (nome   próprio/nome   comum   e   diversas   modalidades).   Tais  fatores   influem   na   credibilidade,   produzindo   efeitos   diversos:   efeito   de  evidência   quando   a   fonte   não   é   citada,   mas   com   o   risco   de   prejudicar   a  instância   de   informação   se   o   receptor   quiser   saber   de   onde   vem   a  informação   sem   obter   resposta;   efeito   de   verdade   e   de   seriedade  profissional  se  a  fonte  é  identificada  com  precisão  ou  se  é  identificada  com  prudência   sob   modo   provisório,   da   espera   de   verificação;   efeito   de  suspeita,   se   a   identificação   se   faz   de  maneira   vaga,   anônima   ou   indireta.  (CHARAUDEAU,  2013,  p.  149)  

 

Exposição  dos  dados  coletados  

Dentre  os  85   textos   selecionados   como  amostragem,  95,2%,  ou   seja,  81  unidades  

continham  fontes  oficiais  usadas  de  forma  ostensiva.    Destes,  31  usavam  apenas  as  fontes  

oficiais,  ou  seja  36,4%  do  total  da  amostra  foi  escrito  de  forma  que  só  eram  nominadas  as  

fontes  oficiais  e  mais  nenhuma  outra.  Esses  dados  estão  exemplificados  de  forma  visual  no  

gráfico  1  –  Fontes  ostensivas  e  oficiais.  

As  fontes  oficiais  nomeadas  nas  matérias  são:  prefeitos,  governadores,  secretários  

de  estado  ou  município,  vereadores,  deputados,  Presidente  da  República,  ministros,  Polícia  

Militar,  Guarda  Municipal,  Polícia  Civil,  Ordem  dos  Advogados  do  Brasil,  Central  Única  dos  

Trabalhadores,   sindicatos,   assessorias   de   prefeitos,   governadores   e   da   Câmara   dos  

Deputados,  Conferência  Nacional  dos  Bispos  do  Brasil,  Serviço  de  Atendimento  Móvel  de  

Urgência  –  SAMU,  institutos  de  pesquisa,  Movimento  Passe  Livre.  

 

 

 

 

 

 

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Gráfico1  

 Fonte:  organizado  pela  autora  

Dentre  as   fontes  oficiais,  as  mais  usadas  são  aquelas  com   ligação  à  esfera  política  

ou   de   governo,   como   presidência   da   República,   ministros,   governadores,   deputados,  

prefeitos  e  vereadores,  secretarias  de  estados  e  municípios.  Também  chama  atenção  o  uso  

de   fontes   oficiais   relacionadas   à   segurança   pública,   como   Polícia   Militar,   Polícia   Civil,  

Secretaria   de   Segurança   Pública,   Ministro   da   Justiça,   Secretário   de   Segurança.   Elas  

aparecem  em  33  textos.  Entretanto,  há  apenas  três  textos  nos  quais  fontes  oficiais  ligadas  

à  segurança  pública  aparecem  como  únicas  fontes  ostensivas,  enquanto  as  fontes  ligadas  à  

política  aparecem  sozinhas  em  14  textos.  Dados  expressos  nos  gráficos  2  e  3.  

Gráfico  2  

 Fonte:  Organizado  pela  autora.  

total   %  

85  100  

81  95,2  

31   36,4  

FONTES  OSTENSIVAS  E  OFICIAIS      Amostra   Fontes  oficiais  e  outras   Apenas  fontes  oficiais  

81  

33  

31  

22  

0   10   20   30   40   50   60   70   80   90  

Total  de  textos  em  que  aparecem  fontes  oficiais  

Fontes  oficiais  ligadas  à  Segurança  Pública  (PM,  PC,  SSP,  MJ,  GM)  

Fontes  oficiais  polí~cas  (Presidente,  Ministro,  Governador,  Deputados,  Prefeito,  Vereador)  

Fontes  oficiais  ins~tuições  (OAB,  CNBB,  Sidicatos,  Movimentos  organizados)  

Textos  em  que  aparecem  as  fontes  oficiais  

14

Gráfico3

 Fonte:  Organizado  pela  autora.  

É   interessante   notar   também   que   na   amostra   recolhida   apenas   um   textos   não  

possui   fonte   ostensiva.   No   entanto,   15   textos   contém   apenas   uma   fonte   ostensiva,   23  

apresentam  duas,  20  usam  informações  de  três  fontes  ostensivas  e  13  de  quatro  fontes,  os  

13  textos  restantes  usam  de  5  a  11  fontes  ostensivas.  A  divisão  exata  pode  ser  aferida  no  

gráfico  4  –  Quantidade  de  fontes  ostensivas  por  texto.      

Gráfico4  

 Fonte:  Organizado  pela  autora.  

 

85  

14  3  

0  

20  

40  

60  

80  

100  

Amostra   Fontes  polí~cas   Fontes  Segurança  Pública  

Textos  com  fonte  ostensiva  única  políccas  ou  de  segurança  

15  

23  

20  

13  

4  

5  4   1  

Quancdade  fontes  ostensivas  por  texto  

Uma  fonte  

Duas  fontes  

Três  fontes  

Quatro  Fontes  

Cinco  fontes  

Seis  fontes  

Sete  ou  mais  fontes  

Nenhuma  fonte  ostensiva  

15

Outro  surpreendente  é  que  a   Internet,   sites  ou   informações  disponiblizadas  nessa  

plataforma   foram  nomeados   como   fontes   em   apenas   12   textos.   Usou-­‐se   para   nomear   a  

fonte,  Blog  da  PM,  Redes  sociais,  Facebook,  e  -­‐  genericamente  –  Internet.    

Exemplos  do  uso  das  fontes  nas  narrativas  jornalísticas  pesquisadas  

Ex1:  fontes  oficiais  nominadas  pelo  nome  da  Instituição  e  usando  locuções  para  

enunciação.

 

 

Ex2:  uso  de  informação  colhida  na  internet.    

 

 

Ex  3:  uso  de  informação  apurada  por  observação  direta.  

   

16

 

Ex  4:  informação  numérica  usada  com  determinação  da  fonte,  esta  apresentada  por  meio  

de   locução.

   

Ex   5:   Fonte   oficiosa   apresentado   por   seu   nome   e   posição   usando   verbo   de   enunciação.  

   

Ex  6:  Fonte  oficial  apresentada  por  seu  cargo  e  com  uso  de  verbo  de  enunciação.  

 

2 CONSIDERAÇÕES  FINAIS  

Nas   narrativas   separadas   para   este   estudo   é   possível   verificar   o   uso   de  

praticamente   todos   os   tipos   de   fontes   observáveis   na   análise   de   discurso,   ou   seja,   que  

estão  explícitos  no  texto.  O  resultado  da  análise  dos  dados  quantitativos  provê  a  resposta  

17

já   esperada   de   que   as   fontes   oficiais   são   as   mais   usadas   para   construção   da   narrativa  

jornalística.  

Mas  uma  verificação  interessante  é  saber  que  nem  sempre  essa  fonte  oficial,  vinda  

do   governo,   polícia   ou   instituições   estabelecidas   estão   sozinhas   na   narrativa.   Nesta  

amostra,   a   maior   parte   dos   textos   contém  mais   de   duas   fontes,   e   geralmente   não   são  

todas  oficiais.  Infere-­‐se  que  pessoas  comuns  que  participaram  ou  tomaram  conhecimento  

do  fato  também  tiveram  oportunidade  de  falar.    

Mesmo   não   sendo   tema   deste   estudo,   é   preciso   ressaltar   que   muitos   textos  

apresentam   fragmentos   de   textos   anteriormente   publicados   como   se   fizessem   parte   na  

nova  narrativa.  Isso  eleva  e  muito  a  participação  das  fontes  oficiais.    

Conhecendo-­‐se  a  realidade  das  redações  de  ciberjornalismo  no  Brasil,  na  qual  são  

empregados   –   muitas   vezes   –   profissionais   com   menos   experiência   e   portanto   menos  

especializados,   é   compreensível   que   eles   recorram   a   fontes   oficiais   para   ter   certeza   dos  

dados  os  quais  iram  utilizar.    

Mauro  Wolf  coloca  que  a  esses  profissionais  não  falta  apenas  conhecimento  a  quais  

fontes   recorrer,   mas   também   tempo   para   aumentar   esse   conhecimento.   Desta   forma  

recorrem  a   fontes   autorizadas  –  oficiais     e   especialista  –   cuja   relevância  e   confiabilidade  

serão  pouco  questionadas.    

Mesmo   sendo   compreensível   a  opção   feita  pelos   jornalistas,   é   relevante  observar  

que   a   falta   de   informações   vindas   dos   manifestantes,   fontes   diretas   do   mega-­‐

acontecimento  noticiado  faz  com  que  o  leitor  tenha  menos  noção  do  todo  e  do  contexto.  

Assim,  seu  conhecimento  fica  restrito  a  fatos  isolados  e  que  muitas  vezes  não  contribuem  

para  o  entendimento  da  relevância  social    

3 REFERÊNCIAS  

HERSCOVITZ,   Heloiza   Golbspan.   Análise   de   conteúdo   em   jornalismo.   In:   LAGO,   Cláudia;  BENETTI,  Marcia   (Org).  Metodologia   de   pesquisa   em   jornalismo.   Petrópolis:   Vozes,   (Fazer  jornalismo).    

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RODRIGO  ALSINA,  Miquel.  A  Construção  da  Notícia.   (Clássicos  da   comunicação   Social)   Ed.  Vozes.  Petrópolis,  RJ,  2009.  

BAHIA,  Juarez.  Jornal,  História  e  Técnica  –  As  técnicas  do  jornalismo.  Ed.  Ática.  São  Paulo/SP.  1990    

MACHADO,   Elias.  O   ciberespaço   como   fonte   para   os   jornalistas.Disponível   em  <http://www.bocc.ubi.pt/pag/machado-­‐elias-­‐ciberespaco-­‐jornalistas.pdf>   2002.   Consultado  em  01  de  junho  de  2014.  

ERBOLATO,  Mário   L.  Técnicas  de  Codificação  em  Jornalismo  –  Redação,   captação  e  edição  no  jornal  diário.  5ª  E.  Ed.  Ática,  2002.  

LAGE,  Nilson.  A  reportagem:  teoria  e  técnica  de  entrevista  e  pesquisa  jornalística.5ª  Ed.  Rio  de  Janeiro:  Record,  2005.  

PENA,  Felipe.  Teorias  do  Jornalismo.  Ed.  Contexto.  São  Paulo.  SP,  2005  

WOLF,  Mauro.  Teorias  da  Comunicação.  Editorial  Presença.  Lisboa,Portugal.  1999.