MENTORIA, PROFESSORES E EDUCAÇÃO: um estudo de...
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FBV - FACULDADE BOA VIAGEM
CENTRO DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO EM
ADMINISTRAÇÃO-CPPA MESTRADO PROFISSIONAL EM
GESTÃO EMPRESARIAL
RILBANY COSTA URBAN
MENTORIA, PROFESSORES E EDUCAÇÃO:
um estudo de caso na Faculdade Boa Viagem
Recife
2011
RILBANY COSTA URBAN
RILBANY COSTA URBAN
MENTORIA, PROFESSORES E EDUCAÇÃO:
um estudo de caso na Faculdade Boa Viagem
Dissertação apresentada ao Centro de Pesquisa e
Pós-Graduação em Administração da Faculdade
Boa Viagem, como requisito parcial para
obtenção do grau de Mestre em Gestão Empresarial.
Orientadora: Professora Sônia Maria Rodrigues
Calado Dias, Ph. D.
Recife
2011
FACULDADE BOA VIAGEM CENTRO DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO - CPPA
MESTRADO PROFISSIONAL EM GESTÃO EMPRESARIAL – MPGE
CLASSIFICAÇÃO DE ACESSO A DISSERTAÇÕES
Considerando a natureza das informações e compromissos assumidos com suas fontes, o
acesso a monografias do Mestrado de Administração do Centro de Pesquisas e Pós-Graduação
em Administração da Faculdade Boa Viagem é definido em três graus:
- “Grau 1”: livre (sem prejuízo das referências ordinárias em citações diretas e
indiretas);
- “Grau 2”: com vedação a cópias, no todo ou em parte, sendo, em consequência,
restrita a consulta em ambientes de biblioteca com saída controlada;
- “Grau 3”: apenas com autorização expressa do autor, por escrito, devendo, por isso, o
texto, se confiado a bibliotecas que assegurem a restrição, ser mantido em local sob
chave ou custódia.
A classificação desta dissertação se encontra abaixo definida por seu autor.
Solicita-se aos depositários e usuários sua fiel observância, a fim de que se preservem as
condições éticas e operacionais da pesquisa científica na área de administração.
Título da Dissertação: Mentoria, Professoes e Educação: Um Estudo de Caso na
Faculdade Boa Viagem
Nome do Autor: RILBANY COSTA URBAN
Data da aprovação: 23 de agosto de 2011
Classificação, conforme especificação acima:
Grau 1 __
Grau 2 __
Grau 3 __
Recife, 23 de agosto de 2011
___________________________
Assinatura do autor
Agradecimentos
A Deus, quem dirige minha vida, por ter me permitido concluir mais esta etapa da vida.
Aos meus pais Valmir e Rilva, verdadeiros mentores de minha vida, pelo exemplo de
comportamento e amor com o qual me criaram e a minha irmã pelo carinho e doçura com que
me trata. Sem eles minha vida não teria significado.
A meu filho Valmir Neto, que apesar da tenra idade possui uma rara maturidade e fortaleza,
pela suavidade e compreensão que teve comigo principalmente na semana final da minha
produção escrita. Você me faz ser uma pessoa melhor.
Ao amor da minha vida Humberto, que me apoiou e dividiu comigo a árdua tarefa de
vivenciar esta pesquisa, que sigamos em frente em nossos projetos. Nosso amor é meu porto
seguro.
A minha amiga de infância e companheira de mestrado Raquel (Kéia) pelo estímulo e
companhia nas horas de estudo. E que venha o doutorado!
A minha Orientadora, Professora Sônia Calado Dias que, com seu entusiasmo e emoção, me
fez descobrir um novo mundo de conhecimentos, por toda sua contribuição, solicitude e
orientação para cumprir esta tarefa. Tenho muito orgulho em ter sido sua orientanda.
A Professora Maria Auxiliadora Diniz, que com seu oportuno conselho, me mostrou por onde
começar, pelas orações, amizade e ensinamentos.
A Faculdade Boa Viagem, principalmente aos Coordenadores dos Cursos Superiores de Curta
Duração, Professores Lauro César Vieira Filho e Maria Gentila Guedes, pela compreensão e o
cordial tratamento dispensado a esse processo de pesquisa.
Aos alunos que se dispuseram a responder minha pesquisa trazendo tantas contribuições e
comentários pertinentes em minha vida acadêmica e profissional, são eles que fazem do meu
trabalho, o melhor trabalho do mundo.
Aos meus amigos de Mestrado pela alegria em nossas aulas. Vai ser difícil surgir uma turma
como a turma cinco.
RESUMO
A educação formal tornou-se um diferencial das empresas que passam a valorizar e estimular
o ingresso de seus funcionários em Instituições de Ensino Superior para completarem sua
formação acadêmica trazendo assim reflexos positivos para a organização. Esses funcionários,
agora alunos, passam a conviver diariamente com seus professores, estabelecendo muitas
vezes entre eles, relações de Mentoria de Kram (1983). Desse novo relacionamento surgem
novos saberes, tanto para professores como para alunos. Profissionais bem preparados, com
uma educação alicerçada na Teoria dos Quatro Pilares da Educação, de Delors (1996)
refletem bons resultados na sociedade, criando novas competências, habilidades,
solidariedade e autoconhecimento. A intenção desta pesquisa é identificar as características
daqueles professores que vão além do ofício de ensinar sua disciplina. Buscamos analisar,
através da percepção dos alunos e egressos dos Cursos de Curta Duração da Faculdade Boa
Viagem, os componentes que tornam um professor em um mentor. Suas competências,
habilidades, modo de interação social e qualidades pessoais assim como suas funções de
carreira e psicossociais que ocasionam aos alunos um reflexo benéfico tanto em suas carreiras
profissionais como em seu desenvolvimento humano. Os dados foram analisados sob uma
perspectiva qualitativa e exploratória valendo-se da análise de conteúdo para identificar cada
um dos pilares do saber bem como as funções de mentoria. Concluiu-se além de domínio de
conteúdo e uma boa didática dos professores é importante que se estabeleça relações de
mentoria em âmbito universitário pois através da interação social que participam, os alunos
crescem enquanto cidadãos e profissionais.
Palavras-chave: Mentoria, Educação, Professores Universitários, Teoria dos Quatro Pilares da
Educação.
ABSTRACT
Formal education has become a differentiator of the companies that come to value and
encourage the entry of its employees in higher education institutions to complete their
academic training thus bringing a positive impact for the organization. These workers, now
students are to live daily with their teachers, establishing between them often, mentoring
relationships Kram (1983). In this new relationship brings new knowledge for both teachers
and pupils. Well-trained, with an education grounded in the Theory of the Four Pillars of
Education, Delors (1996) results reflect good in society, creating new skills, skills, solidarity
and self-knowledge. The intention of this research is to identify the characteristics of those
teachers who go beyond the task of teaching their discipline. We seek to analyze, through the
perceptions of students and graduates of Short-Term Travel School Good, the components
that make a teacher a mentor. Their skills, abilities, mode of social interaction and personal
qualities as well as their career and psychosocial functions that cause students to reflect
beneficial both in their professional careers and in their human development. Data were
analyzed from a qualitative perspective and drawing on exploratory content analysis to
identify each of the pillars of knowledge and mentoring functions. It was concluded beyond a
mastery of content and good teaching of teachers is important to establish mentoring
relationships in the university because through social interaction involved, the students grow
as citizens and professionals
Keywords: Mentoring, Education, Professors, Theory of the Four Pillars of Education
LISTA DE QUADROS
Quadro 01 - Quadro das Funções de Mentoria 22
Quadro 02 – Estrutura Metodológica da Dissertação 28
Quadro 03 - Estrutura Metodológica da Dissertação 34
Quadro 04 - Resumo do método de análise 36
Quadro 05 - Unidades de Análise 38
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 - Situação dos Respondentes 29
Tabela 2 - Cursos dos Respondentes 30
Tabela 3 - Sexo dos Respondentes 30
Tabela 4 - Idade dos Respondentes 30
Tabela 5 - Formação Secundária dos Respondentes 31
Tabela 6 - Residência Principal dos Respondentes 31
Tabela 7 - Renda Média Individual (Em salário mínimo) 32
Tabela 8: Turno do Curso 33
LISTA DE GRÁFICOS
Gráfico 01- Evocações do Perfil do Professor 43
Gráfico 02- Evocações das Funções de Carreira 48
Gráfico 03- Evocações das Funções Psicossociais 53
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
EUA - Estados Unidos da América
FBV - Faculdade Boa Viagem
IES - Instituição de Ensino Superior
MBA – Master of Business Administration
RH – Recursos Humanos
UNESCO - Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO 14
1.1 Pergunta de pesquisa 17
1.2 Objetivo geral 18
1.2.1 Objetivos específicos 18
1.3 Justificativas 18
1.3.1 Justificativas teóricas 18
1.3.2 Justificativas práticas 19
1.4 Estrutura da Dissertação 20
2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA 21
2.1 Teoria dos Quatro Pilares da Educação 21
2.1.1 Saberes da Teoria dos Quatro Pilares da Educação 23
2.2 Teoria da Mentoria 26
2.2.1 Funções de Carreira 31
2.2.2 Funções Psicossociais 32
2.3 Reflexos Ocasionados pelo Relacionamento com Professores 35
2.4 A Mentoria nas Organizações 36
3 METODOLOGIA 39
3.1 Delineamento da Pesquisa 39
3.2 Locus da Investigação 40
3.3 População e Amostra 41
3.4 Instrumentação das Variáveis 45
3.5 Coleta de Dados 46
3.6 Método de Análise 48
3.7 Limites e Limitações 50
4 ANÁLISE E DISCUSSÃO 52
4.1 Perfil do professor à luz da teoria da educação de Delors 52
4.2 Funções de Carreira 56
4.3 Funções Psicossociais 60
4.4 Reflexos ocasionados pelo convívio com os professores 64
5 CONCLUSÕES E SUGESTÕES 70
6 REFERENCIAS 73
ANEXOS 79
ANEXO A
1 INTRODUÇÃO
O mundo dos negócios está em constante transformação. Os avanços tecnológicos
trazidos desde o início do século XX se observam não só na política, economia e na sociedade
como também nas relações de trabalho. As empresas são obrigadas a se reposicionarem
diariamente para preservar sua produtividade e sobreviver ao volátil mundo globalizado
(GORZONI, 2010).
O conhecimento e a competência empresarial acarretam novas descobertas
tecnológicas transformando as relações profissionais. A Era Industrial foi seguida pela Era do
Conhecimento. O antigo modelo de trabalho operário não é mais o único produtor dos bens
materiais. A produção intelectual é vista como o grande fruto produtivo e gerador de riqueza
que aliada à qualidade dos produtos e rapidez na prestação de serviços garante o futuro das
empresas (ANTUNES, 2000).
A capacidade de como o conhecimento é construído, aprimorado e mantido é
determinante para impulsionar a economia de uma organização. Esta exige previsão de
problemas e soluções rápidas para antecipar momentos críticos. Não é apenas criação de
novas tarefas e funções, mas novas formas de execução e organização do trabalho
(ABDALLAH DOS SANTOS, 2009, ABRAHÃO; TORRES, 2004).
O sucesso do empreendimento depende de vários fatores. Atendimento ao cliente,
produtos e serviços criativos e inovadores, pesquisas de demandas e de concorrência e
monitoramento do ambiente organizacional. Estes são alguns aspectos fundamentais na
estrutura empresarial. É necessário adaptar todo este contexto à competitividade e à produção
de novos conhecimentos (DIB e SILVA, 2009).
Essa disseminação de conhecimento tem alterado a maneira das pessoas trabalharem.
As empresas são formadas por pessoas e ela cresce quando as pessoas também crescem. As
habilidades formadas ao longo do tempo baseadas em treinamentos, estudo, pesquisa e
convivência interpessoal fazem com que as pessoas se desenvolvam, refletindo diretamente
no desenvolvimento de sua carreira profissional (ABDALLAH DOS SANTOS, 2009).
O conhecimento passou então a ser considerado um forte fator competitivo nas
empresas. A habilidade que as pessoas desenvolvem com a prática de seu ofício é vista como
fonte de vantagem comparativa entre as organizações e com isso as empresas passam a
estimular seus funcionários a se capacitarem mais profundamente. O valor das companhias
melhora e as respostas às situações incomuns são mais fáceis de se perceber
(THUROW,1997).
Os indivíduos são o grande diferencial competitivo que agrega valor às organizações.
São eles que detém as competências técnicas, intelectuais e interpessoais que levam as
empresas a se adaptarem estrategicamente às mudanças da sociedade garantindo assim seu
crescimento e suas ações negociais (DIB 2009; SILVA, 2009).
As relações de trabalho propagam o conhecimento proporcionando um crescimento
econômico de uma organização. As pessoas passam a se comprometer profissionalmente,
ultrapassando barreiras para aprender e ensinar aos demais. Surge uma mão-de-obra muito
mais qualificada, com capacidade de adaptação e busca incessante de desenvolvimento
pessoal (HOFFMANN,2009).
Para acelerar o desenvolvimento de seus funcionários as empresas têm incentivado
que eles procurem uma educação formal. As instituições perceberam que investir na formação
de seus empregados faz suas economias crescerem muito mais do que investir em recursos
físicos. O acesso à educação conduz ao exercício efetivo do trabalho, elementos estritamente
vinculados. As pessoas são estimuladas a dispor de uma ampla bagagem de conhecimentos
práticos e teóricos para aplicarem corretamente no seu campo de trabalho (MINGAT, 1999).
A instrução e qualificação passaram a ser instrumentos de seleção e promoção na
carreira profissional do cidadão. As empresas querem desenvolver e reter competências e
habilidades e para isso exigem do seu funcionário eterna busca do conhecimento. Gestores
devem ser capazes de lidar comas mudanças econômicas e sociais. O desenvolvimento de
competências para gestão é necessário para garantir o as mudanças estruturais de negócios
(MORIN,2000).
Ao ingressar em uma Instituição de Ensino Superior (IES) os empregados, agora
alunos, passam a conviver com professores. Desse convívio pode haver uma concentração de
esforços na educação para se alcançar à autonomia e a independência moral e financeira
proporcionando assim, caminhos que ajudam aos indivíduos vencerem obstáculos (BROCK,
C. e SCHWARTZMAN,2005).
Professores transferem e compartilham conhecimento com seus alunos. Dessa
convivência podem surgir as relações de mentoria assim definida como um processo de
transformação humana. Acontece quando uma pessoa mais experiente influencia, ensina uma
pessoa menos experiente. Um mentor, assim considerado por possuir mais experiência, mais
destreza que os outros, atua significativamente na vida do mentorado, que recebe o
conhecimento e transforma sua vida a partir deste contato (KRAM, 1983).
Docentes que apoiam a aprendizagem e desenvolvem habilidades profissionais de seus
alunos poderão ser percebidos por estes como seus mentores. O professor é capaz de motivar
seus alunos, propor objetivos, dirigí-los, assessorá-los, apresentar novas respostas e
acompanhar a orientação de sua formação educacional (KRAM,1983; PIMENTEL,1993).
As relações de mentoria implicam em um elo de confiança, de orientação e construção
de trabalho saudável entre mentores e mentorados. Os laços e atitudes derivadas dessa relação
irão refletir na organização ao longo do tempo, desenvolvendo suas habilidades e melhorando
o desempenho das pessoas que compõem o convívio empresarial (KRAM, 1983).
Essas relações contribuem para levar uma organização ao sucesso empresarial. A
habilidade apreendida na educação formal e as experiências de vida são combinadas e
influenciadas pelos demais colegas de trabalho, sócios, valores e cultura organizacional,
criando-se assim um substrato intelectual, fruto de conhecimento. O homem ao compreender
o mundo a sua volta passa a atuar sobre este mesmo mundo, transformando-o e transformando
as pessoas que o cercam (ABDALLAH DOS SANTOS, 2009).
A profissional precisa de uma grande capacidade de adaptação de mudanças. O
desenvolvimento de um ser humano é entendido como um processo de aquisição de
experiências ao longo da vida onde é necessário pensar e repensar suas atitudes, se educar e se
reeducar preparando-se assim para novas tarefas e novas exigências do turbulento mercado
globalizado (THUROW,1997; PIMENTEL,1993).
Na sociedade atual em constante mudança, é necessário saber, ao longo da vida, se
adaptar e evoluir a própria aprendizagem para além do perfil profissional. As habilidades são
aprendidas e coletivamente aceitas. O sonho de todo indivíduo é vencer os caminhos que o
levam à autonomia e à independência moral e financeira. Para alcançar essa via são
concentrados os esforços na educação (CORTELLA,2008).
Para ser Mentor é necessário construir primeiramente seu conhecimento e desenvolver
habilidade e atitudes que não se restrinjam apenas à sua atuação profissional. Nas condições
atuais do mercado de trabalho, os trabalhadores devem ser capazes de lidar com novas tarefas
e novos equipamentos. Isto os obriga a serem além de uma correta compreensão do mundo
em que vivem e trabalham (CORTELLA,2008).
O desenvolvimento profissional das habilidades dos funcionários, agora alunos
universitários, é um processo contínuo. Seu crescimento enquanto pessoa está agora ligado ao
ensino, à pesquisa, à gestão e ao convívio com professores durante a trajetória acadêmica
(MORIN, 2000; ZABALA e ARNAU,2010).
A relação entre educação e a atividade econômica significa adquirir as habilidades e
competências necessárias para a obtenção um emprego. Em contrapartida, as empresas
precisam de trabalho qualificada para aumentar sua produção. Então espera-se que a
Educação Superior prepare o profissional para que o mercado de trabalho possa absorvê-lo,
profissional este com habilidades e competências que aumentem a produtividade das
organizações (CORTELLA,2008;LIBÂNEO, 1994).
A formação da educação de um indivíduo abrange muito mais do que a escola formal,
seja ela pública ou privada. Inclui também uma variedade de programas de extensão, de
treinamento no trabalho e de programas de reciclagem. Inclui-se a transmissão de
conhecimento oral de geração em geração, ensinando pelo exemplo e aprendizagem através
da participação, mesmo quando não há nenhum processo educação formal algum (BAYMA,
2004; GUSDORF, 2003).
Nos últimos anos temos assistido a mudanças nos sistemas educacionais em todo o
mundo. Esta realidade internacional derivada na globalização e da evolução comercial e
social dos povos tem sido objeto de estudo de inúmeros filósofos e estudiosos. No relatório da
Comissão Internacional sobre Educação para o Século XXI da Organização Nações Unidas
pela Educação, Ciência e Cultura (UNESCO), presidido por Jacques Delors é trazida a
questão da Educação como resultado positivo para as questões sociais, culturais, econômicos
dos países como um todo (DELORS, 1996; GUSDORF, 2003; CORTELLA, 2008).
Neste relatório o autor pondera sobre os Quatro Pilares da Educação, incluindo: Saber
Conhecer, Saber fazer, Saber Conviver e Saber Ser como compreensão do crescimento
educacional completo. Essas quatro significações de valores proporcionam ao cidadão um
desenvolvimento de seus valores e conhecimentos que o permitem alcançar a melhor
dimensão de sua carreira (DELORS, 1996).
A intenção desta pesquisa é demonstrar que a Teoria dos Quatro Pilares da Educação e
a Teoria da Mentoria são alicerces fundamentais na compreensão da figura do professor
percebido como agente transformador na sociedade. Conhecer suas características e
qualidades contribui para descobrir e fortalecer os princípios do ensino uma vez que a
Educação Formal tem sido considerada uma variável muito influente na busca pelo
desenvolvimento dos funcionários. Buscamos priorizar questões de formação do caráter de
um cidadão que aprende e desenvolve novos saberes antes desconhecidos. (KRAM, 1983,
1985; DELORS, 1996; CORTELLA, 2008).
Diante deste fenômeno decidimos estudar uma Instituição de Ensino Superior (IES)
localizada no Recife em Pernambuco: a Faculdade Boa Viagem, particularmente os alunos e
ex-alunos dos Cursos Superiores de Curta Duração em Gestão de Negócios, Gestão de
Marketing, Gestão Hospitalar, Gestão Financeira, Gestão de Pessoas e Logística para
identificarmos a percepção destes discentes em relação aos seus professores tido como
professores que ultrapassam à expectativa de simples docente. Desta forma se faz pertinente a
seguinte pergunta de pesquisa que norteará este trabalho:
1.1 PERGUNTA DE PESQUISA: Como o perfil do professor, na percepção de alunos e
egressos dos Cursos Superiores de Curta Duração da Faculdade Boa Viagem, se alinha com
os modelos propostos pela Teoria da Educação de Delors e da Teoria da Mentoria de Kram?
Da pergunta de pesquisa encontramos nesta pesquisa o seguinte Objetivo Geral e
Objetivos Específicos que se seguem:
1.2 OBJETIVO GERAL: Identificar como o perfil do professor, na percepção de alunos e
egressos dos Cursos Superiores de Curta Duração da Faculdade Boa Viagem, se alinha com
os modelos propostos pela Teoria da Educação de Delors e da Teoria da Mentoria de Kram.
1.2.1 OBJETIVOS ESPECÍFICOS:
1- Investigar o que caracteriza o perfil do professor, na percepção dos alunos e egressos
dos Cursos Superiores de Curta Duração da Faculdade Boa Viagem, à luz da Teoria da
Educação de Delors.
2- Verificar quais Funções de Carreira da Teoria da Mentoria de Kram, na percepção dos
alunos e egressos dos Cursos Superiores de Curta Duração da Faculdade Boa Viagem ,
estão presentes nas características dos seus professores.
3- Verificar quais Funções Psicossociais da Teoria da Mentoria de Kram, na percepção
dos alunos e egressos dos Cursos Superiores de Curta Duração da Faculdade Boa
Viagem, estão presentes nas características dos seus professores.
4- Identificar os reflexos ocasionados pelo relacionamento com professores, na
percepção dos alunos e egressos dos Cursos Superiores de Curta Duração da
Faculdade Boa Viagem, à luz da Teoria da Educação de Delors e da Teoria da
Mentoria de Kram.
1.3 JUSTIFICATIVAS
Nesta seção serão trazidos os motivos e circunstâncias que promovem a realização
deste estudo.
1.3.1 Justificativa Teórica
Nossa realidade atual é caracterizada pela evolução constante em todas as áreas de
conhecimento. Como exemplo dessas mudanças tem-se o rápido desenvolvimento da ciência
e tecnologia, mercados e economias globalizadas e informações obtidas num curto espaço de
tempo. Dada essa aceleração da sociedade torna-se primordial adquirir novas competências e
executar eficientemente os trabalhos que nos são impostos (LIBÂNEO, 1994; BAYMA,
2004; DELORS,1996; PERRENOUD, 1999; MORIN, 2000; MASETTO,2002).
Alcançar aptidões e expandir a inteligência tem feito muitos profissionais procurarem
uma Educação Formal. As empresas também têm estimulado seus empregados a ingressarem
no Ensino Superior como forma de obterem conhecimentos atuais. Considerar que a passagem
por uma Faculdade fornece uma alteração no conteúdo e na forma das pessoas é abrir espaço
para acender o debate acadêmico sobre o papel da Educação, e mais especificamente, do
Educador na formação do indivíduo (LIBÂNEO, 1994; BAYMA, 2004; DELORS,1996;
PERRENOUD, 1999; MORIN, 2000; MASETTO,2002).
Assim como as empresas, as universidades também estão em eterno processo de
mudança organizacional e melhoria tecnológica. É necessário descobrir e aperfeiçoar a gestão
educacional permanentemente; para tanto é primordial descobrir novas estratégias e métodos
de ensino e aprendizagem dos docentes. Consolidar um perfil de professor baseado nos
saberes e funções da Teoria de Delors (1996) e Kram (1983) enfatiza a educação como
fórmula estimulante da percepção do mundo. Cria-se assim um modelo educacional que
facilita e promove a integração do aluno para transformá-lo em cidadão (LIBÂNEO, 1994;
BAYMA, 2004; DELORS,1996; PERRENOUD, 1999; MORIN, 2000; MASETTO,2002).
O professor deve ser visto como um mediador cultural e como o vínculo no contexto
da educação para a compreensão e relacionamento. A Mentoria e os Quatro Pilares da
Educação formam um todo integrado e devem estar presentes em toda prática da Educação
uma vez que o desenvolvimento do indivíduo remete diretamente ao contexto de inserção no
âmbito escolar. Provém daí a importância de obter informações sobre os processos de
Mentoria formados neste período. Sob esta visão é importante considerar na leitura
mencionada a relevante relação entre Educação e Mentoria com o intuito de enriquecer a base
teórica literária com especial atenção à sua aplicação na esfera universitária.
Esta pesquisa tem como objetivo alinhar as Teoria dos Quatro Pilares da Educação e
da Teoria de Mentoria e combiná-las harmonicamente às estratégias eficientes de ensino e
aprendizagem. Por a Educação ser uma evolução contínua de processos de aprendizagem
precisamos procurar estabelecer as bases para o futuro de um sistema de educação flexível em
diferentes áreas disciplinares, implantando uma linha de pesquisa para orientação e
aprimoramento da melhoria de processos, cujos resultados são obviamente a excelência
acadêmica de futuros profissionais.
1.3.2 Justificativa Prática
A Educação tem como objetivo desenvolver a sociedade. A conquista da democracia
através da participação ativa e consciente do cidadão reflete nas suas relações pessoais e na
sua carreira profissional e essa percepção de agente que pensa e modifica o mundo é obtido
através de uma educação de qualidade (FRANCO 1995, CORTELLA, 2008).
Estamos convictos que a convivência com professores é inestimável para o
desenvolvimento do aluno. Acreditamos que os educadores vêm assumindo cada vez mais a
função de formadores de pessoas, o que viabiliza o aluno aprender através das disciplinas
ministradas bem como com as experiências transmitidas em sala de aula, estabelecendo assim,
laços mais sólidos com seus mestres (LIBÂNEO, 2009).
Obviamente precisamos de uma definição mais precisa do que é esse profissional
desenvolvido. Diante dessa situação a proposta desta pesquisa é uma abordagem baseada na
Educação como formadora do ser humano ligada intrinsecamente a Mentoria em termos de
conteúdo, valores e atitudes do docente (CHAO, 1992; PEY, 1984).
Estudar hoje o perfil do professor pode nos ajudar a projetar o perfil educador do
futuro. O docente precisa despertar o interesse do aluno em aprender e manter-se atualizado,
de acreditar ser capaz de resolver problemas profissionais e emocionais, precisa estimular os
valores e as atitudes dignas, precisa ser capaz de aflorar as emoções de seus pupilos, pois elas
são a força motriz para se alcançar as competências pessoais e profissionais necessárias ao
longo da trajetória da vida (DELORS,1996; PERRENOUD, 1999; GUSDORF,2000;
TARDIF, 2002).
Nossa proposta é oferecer uma reflexão crítica do perfil do professor como composto
ativo na dimensão educativa da sociedade. Reconhecer sua importância e sancionar as
relações de Mentoria entre alunos e docentes implicará na transformação de personalidades e
valores incentivando-se assim a busca do planejamento de melhores currículos profissionais.
Além disso, se faz necessário sensibilizar os educadores do quão significativo é seu
trabalho perante seus alunos. Enfatizar o papel deste profissional na aprendizagem e na
formação de seres humanos permite a consciência de uma busca incessante de melhoria na
prática docente.
1. 4 ESTRUTURA DA DISSERTAÇÃO
A presente dissertação encontra-se dividida em cinco capítulos para possibilitar o
melhor entendimento dos objetivos propostos e dos resultados obtidos.
Capítulo 1 – Introdução – contextualização do problema, pergunta de pesquisa, os
objetivos: geral e específicos, as justificativas do tema: prática e teórica, bem como a estrutura
do trabalho.
Capítulo 2 – Fundamentação Teórica - apresentação da revisão literária e suas
questões norteadoras.
Capítulo 3 – Metodologia – delineamento da pesquisa, locus,de investigação,
população e amostra, instrumentação das variáveis, instrumentos e processo de coleta de
dados, método de análise, limites e limitações.
Capítulo 4 – Análise e Discussão – apresentação dos dados, análise dos dados e
discussão dos achados.
Capítulo 5 – Conclusões e Sugestões – Apresentação de possíveis respostas às
questões propostas.
2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
Ao se analisar um objeto de pesquisa é importante reunir aspectos teóricos e empíricos
de estudos que outros autores já realizaram sobre o tema para compreender o
desenvolvimento do presente trabalho. Devem ser levantadas teorias existentes que dão
suporte à realidade a ser investigada. Desta forma, procuramos na Teoria dos Quatro Pilares
da Educação e na Teoria da Mentoria um referencial que ajudasse a compreensão e a análise
do problema proposto.
2.1 TEORIA DOS QUATRO PILARES DA EDUCAÇÃO
O progresso da civilização e as mudanças tecnológicas causaram grande impacto na
forma de ensinar e de aprender, ampliando consideravelmente o conceito de Educação. Não
basta apenas ser criativo e capaz de adaptar-se à novas realidades e desafios. É importante que
o professor tenha uma grande participação no desenvolvimento de valores de seus alunos. Ele
não se limita apenas à transmissão de conhecimentos e desenvolvimento de habilidades dos
estudantes (DELORS,1996; PERRENOUD, 1999; MASETTO,2002; TARDIF, 2002).
A educação é considerada como uma prestação de serviço diferenciada. Isto porque
em contrapartida aos demais serviços, considera o aluno não como um produto ou como um
cliente, mas como próprio participante do processo educacional. A finalidade deste serviço é o
desenvolvimento adequado e o acréscimo de conhecimentos e de qualidades de valores
humanos na formação do estudante (TOSI, 2001; ZABALLA, 2010).
A Teoria dos Quatro Pilares da Educação, de Jacques Delors (1996) foi considerada
adequada para esta pesquisa. Apresentada pela Organização das Nações Unidas para a
Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO) como uma abordagem universal do processo
educativo no qual a única constante encontrada é a eterna mudança evolutiva. Essa Teoria
propõe uma educação ao longo da vida para combater a distribuição desigual de riquezas, a
intolerância, o racismo e a exclusão dentre outros grandes problemas humanitários (AHLERT,
2007; SILVA, 2003).
Essa comissão foi formada por 14 pessoas de diferentes origens culturais e
profissionais que buscavam responder qual o tipo de educação o século XXI precisa para
construir uma sociedade. O relatório apresentado (Educação, um Tesouro a ser Descoberto)
sustenta o desenvolvimento da educação em todos os níveis, pré-escola, educação continuada
e educação acadêmica e profissional (DELORS, 1996).
Desenvolver-se não é somente adquirir conhecimentos, mas aprender fazer, ser e agir
coletivamente. A partir desta perspectiva podemos distinguir entre adquirir um conteúdo
técnico e construir significados em nossa carreira e em outras áreas como a familiar e a
pessoal. A presença do professor é primordial para despertar os valores éticos da democracia,
justiça social e bem comum (DELORS, 1996; PERRENOUD, 1999; MASETTO,2002;
LIBÂNEO, 2009).
Independente de quais sejam as atribuições e a personalidade do professor, caracterizá-
lo sob um perfil ideal é um problema teórico de difícil abordagem. Questões sobre como deve
ser, como deve agir um professor, qual característica pessoal e profissional deve possuir estão
sempre em aberto. Buscamos ao longo da vida definir algumas competências do professor no
contexto de educação reconhecendo que muitas vezes, pela complexidade de seu conteúdo
essas competências confundem-se com a própria noção de professor com a da aprendizagem
(PERRENOUD, 1999; MASETTO,2002; TARDIF, 2002; CORTELLA,2008).
A reunião de características inerentes ao perfil proposto do educador não se
desenvolve de um dia para o outro. Deve ser especialmente almejados e planejados com a
finalidade de compor esta tão complexa carreira docente. Um perfil baseado na Teoria dos
Quatro Pilares da Educação promove uma ligação entre o docente e a sociedade traduzindo-se
em responsabilidade ética, relevante contribuição profissional e eficiência na transformação
de uma cultura (PEY, 1984, DELORS,1996; MASETTO,2002; TARDIF, 2002).
O principal instrumento de poder das sociedades é o conhecimento. Instrumento este
que se traduz na capacidade de trabalhar em grupo (Saber Conviver), em assimilar conteúdos
(Saber Conhecer ), em executar tarefas ( Saber Fazer) que serão realizadas com seus traços e
qualidades individuais (Saber Ser). Isto posto, percebemos que os saberes podem ser
entendidos como um somatório de habilidades necessárias para lidar com as demandas que o
contexto social exige (DELORS,1996; PERRENOUD, 1999; MASETTO,2002; TARDIF,
2002).
Na próxima seção discorreremos sobre os saberes da Teoria dos Quatro Pilares da
Educação de Delors (1996)
2.1.1 Saberes da Teoria dos Quatro Pilares da Educação
A Educação nos ensina a Conhecer, uma vez que nos desperta a curiosidade e o
pensamento crítico. Temos a possibilidade de compreender o mundo e o nosso papel no
ambiente que vivemos. Devemos exercitar a memória, a atenção, a aprendizagem e o
pensamento crítico para desenvolvermos as competências profissionais e a comunicação
interpessoal e assim vivermos, no mínimo, dignamente (DELORS, 1996; AHLERT, 2007;
SILVA, 2003).
A Competência de Saber Conhecer do educador vem a ser identificada pela aquisição
da técnica ou domínio de conteúdo e de sala de aula. Também pela maneira agradável de
demonstrar o assunto – didática- A capacidade de compreender e transmitir a matéria oferece
aos alunos o hábito da investigação e um currículo mais sólido (DELORS,1996;
PERRENOUD, 1999; MASETTO,2002; LIBÂNEO,1999).
Saber Conhecer é compreender a realidade fática que nos rodeia e ter em mente a
capacidade de pensar. Significa adquirir informações para descobrir um mundo melhor ao
nosso redor. A inteligência é criada a partir de nossos pensamentos, memórias e relações
interpessoais. Passamos a possuir uma percepção subjetiva do ambiente em seus aspectos
econômico, profissional e social tal como um farol que ilumina o escuro da ignorância.
(DELORS, 1996; LIBÂNEO,1999, AHLERT, 2007; SILVA, 2003).
Obviamente aprender é o objetivo clássico e tradicional da Educação. Mas neste caso,
não nos referirmos a uma aquisição de dados mecânicos e repetitivos, mas sim o
desenvolvimento das competências dos estudantes através de métodos científicos e de valores
humanos para filtrar e ponderar as informações, analisando e interpretando os fatos, refletir
racionalmente sobre o mundo natural e cultural. (LIBÂNEO,1999, AHLERT, 2007; SILVA,
2003).
Enquanto seres humanos somos levados a incorporar os elementos de nossa realidade
através do processo de aprendizagem. Essa aprendizagem não pode ser traduzida em uma
receptação acumulativa de conhecimentos, pois correr-se-ia o risco de transformar o ser
humano em agente passivo de sua própria vida, deve-se ao contrário buscar aperfeiçoar a
criatividade e instigar nossa curiosidade (PERRENOUD, 1999; MASETTO,2002).
Muito dos conhecimentos adquiridos tem uma finalidade específica e requerem ações
e tomada de decisões. Ou seja, ao adquirir conhecimentos se buscará a experiência e isto fará
com que o indivíduo percorra uma trajetória que irá afetar não só a expansão do seu próprio
conhecimento, mas também da própria capacidade de compreender a nossa condição humana
e a realidade em que vivemos (AHLERT, 2007; SILVA, 2003).
A Educação também nos ensina a fazer, já que pessoas mais bem preparadas executam
corretamente suas tarefas laborais. Através do ensino conseguimos usar adequadamente as
ferramentas necessárias nas inovações que geram empresas e empregos. Tornamos-nos hábil
para entrar e permanecer no mercado de trabalho (DELORS, 1996; AHLERT, 2007;
TARDIF, 2002).
A Competência de Saber Fazer une o Saber Conhecer à capacidade de solucionar
situações difíceis e inovadoras no dinâmico ambiente educacional. O professor deve saber
como identificar e selecionar novas estratégias de ensino, avaliar e desenvolver seus alunos
adequadamente e construir e desconstruir ideias e decisões pacificamente (DELORS,1996;
PERRENOUD, 1999; MASETTO,2002; TARDIF, 2002).
O Saber Fazer atinge todas as áreas da vida e não apenas as habilidades manuais. É o
desenvolvimento prático. A capacidade de aplicar os conhecimentos adquiridos na rotina
diária da vida. Aprende-se pela imitação e pela experiência, seja em ambiente profissional ou
social. É a aplicação eficiente e correta com a finalidade de alterar a realidade ao nosso redor.
Significa também saber agir corretamente em situações corriqueiras ou inusitadas na busca da
excelência de resultados. (DELORS, 1996; PERRENOUD, 1999, AHLERT, 2007; TARDIF,
2002).
Esse pilar significa que ter as habilidades para lidar com os mercados de trabalho em
constante evolução tecnológica. É preciso entender coisas complexas em vez de tarefas
rotineiras para realmente participar das mudanças e não simplesmente nos adaptar e trabalhar
como se fossemos objetos. Saber fazer é aplicar as idéias para gerir a incerteza e desempenhar
um papel ativo na criação do futuro (DELORS,1996).
Muito do que se aprende coloca-se em prática principalmente no trabalho.
Transferimos nosso aprendizado para ações que garantam nossa sobrevivência, motivação e
alegria. Na circunstância em que vivemos, é necessário que o conhecimento se adapte a
situações que o futuro e as mudanças tecnológicas nos obrigam. Assim aprendemos a nos
comunicar melhor uns com os outros, a trabalhar em equipe, a resolver conflitos e a suportar
riscos (DELORS,1996).
Precisamos também um dos outros, e é através da Educação que aprendemos a
conviver dentre conflitos e diferenças. A sociedade deve enfatizar o respeito à democracia e
aos direitos humanos. É perfeitamente possível ensinar a encontrar alternativas para resolver
problemas sem ter que recorrer à violência ou constrangimento do direito alheio, pois é
justamente essa diversidade de pensamentos que contribui para nossa consciência racional
(DELORS,1996).
A Competência de Saber Conviver do educador se caracteriza pela interação
harmoniosa com terceiros. O envolvimento emocional e social, a transparência dos valores
éticos, a boa comunicação, a convivência, a cooperação e a tolerância às diferenças também
são manifestadas por esse tipo de conhecimento. Projetos educacionais e processos de
negociação são executados num contexto interpessoal sob uma ótica razoável de valores
(DELORS,1996).
Saber Conviver significa respeitar as pessoas. Isto é demonstrado pela cortesia e
atenção benevolente com que dispensamos as pessoas ao nosso redor. É desenvolver a
generosidade ilimitada. Através de atitudes amorosas e cordiais, ganhamos respeito,
apreciação e confiança alheia. Esse pilar tem sua origem na educação doméstica que
recebemos em nossa infância e adolescência. Hoje, com a proximidade das nações e meios de
comunicação como a internet, temos contato com pessoas de diferentes conhecimentos,
credos, valores e culturas. Quando conhecemos e entendemos essas peculiaridades
aprendemos a respeitar o que antes era motivo de preconceitos e rejeições, nascendo assim a
consciência de nossa própria limitação e defeitos. (DELORS,1996).
Infelizmente, às vezes nossas habilidades são desenvolvidas para gerar conflitos,
violência e destruição. Apesar da ciência e da tecnologia terem melhorado muito a nossa vida
no que diz respeito à saúde e comunicação há quem aproveite para distorcer a condição
humana solidificando relações egoísticas e corruptoras. E aqui é necessário a intervenção da
Educação como forma de promover a boa-fé e a esperança no outro. Buscar o respeito na
diversidade e compartilhar a solidariedade fará com que nossas competências e habilidades
sejam desenvolvidas integralmente, obtendo assim uma recompensa no crescimento da
sociedade (DELORS,1996).
A Educação tem ainda a missão de permitir o desenvolvimento de nossos sentimentos,
imaginação, opiniões e pensamentos. A espiritualidade num sentido mais amplo, a
inteligência, a sensibilidade, a personalidade e todas as qualidades intrínsecas de ser humano
afloram e são percebidas quando há a intervenção educacional. Aprendemos a ser e a nos
conhecer como humanos. A Educação desempenha um papel fundamental no campo do
autoconhecimento. À medida que desenvolvemos nosso senso crítico nos conscientizamos de
nossas metas e projetos que traçamos para nossas vidas. (DELORS, 1996; AHLERT, 2007;
TARDIF, 2002).
A Competência de Saber Ser permite ao indivíduo estar aberto e imerso nas próprias
emoções e sentimentos. Traz a si e a quem o rodeia, a consciência das próprias habilidades
pessoais. Ele reconhece a si mesmo e a seu grupo. Deve desenvolver a liderança e resolver
conflitos com inteligência emocional. Este profissional deve ser sensível em identificar as
características de cada aluno e de cada campo de trabalho orientando e estimulando a
aprendizagem de acordo com as situações que se apresentam (DELORS,1996;
PERRENOUD, 1999; MASETTO,2002).
Este pilar é uma fonte de conhecimento que nos afeta pessoalmente. Mostra como
desenvolvemos nossa confiança, segurança e auto-estima no que fazemos e como percebemos
o nosso ambiente natural, social ou profissional. Aprendemos a nos conhecer melhor através
da análise de nossos comportamentos e emoções conseguindo com isso, um equilíbrio interno,
emergido de nossa alma, preservando uma profunda paz e serenidade nas situações.
(DELORS,1996; LIBÂNEO,1999, PERRENOUD, 1999; MASETTO,2002; AHLERT, 2007).
O exposto nos leva a nossa primeira questão norteadora:
Qn1: Quais são as características do professor observados pelos alunos e egressos
dos Cursos Superiores de Curta Duração da Faculdade Boa Viagem, à luz da Teoria da
Educação de Delors?
Na seção seguinte será apresentado detalhadamente o Modelo Internacional de
Mentoria de Kram para fundamentação das próximas questões norteadoras pertinentes ao
tema.
2.2 TEORIA DA MENTORIA
A partir da década de setenta, foi disseminado nos Estados Unidos da América (EUA)
uma verdadeira Guerra Americana contra a Pobreza. Amplos e variados projetos de
orientação foram criados. Focados na juventude, esses programas surgiram como prevenção
da evasão escolar e da criminalidade, preparo para o ingresso no ensino superior, apoio na
transição da escola para o trabalho, assistência à mães adolescentes dentre outros. O objetivo
central desta política era o resgate da infra-estrutura educacional e o acesso a uma carreira
profissional digna (FREEDMAN,1993; BALDWIN GROSSMAN e JOHNSON, 1999;
BURKE, 1999).
Criar projetos que estreitassem as ligações humanas para formar adultos independentes
era uma idéia saudável e econômica. Desta forma, as empresas se interessaram em participar
desses planos de ação recrutando jovens promissores da comunidade local. Eclode então, em
meados dos anos oitenta, uma forma de desenvolvimento da carreira profissional conduzido
por uma pessoa mais experiente: a Mentoria (HAMILTON, 1991, FREEDMAN, 1993;
BALDWIN GROSSMAN & JOHNSON, 1999; BURKE, 1999; RAGINS e KRAM, 2007).
A Mentoria é um processo de desenvolvimento pessoal e profissional utilizado pelas
empresas como ferramenta de crescimento de seus funcionários. Essa relação se estabelece
através uma pessoa mais experiente, o mentor, que servindo de modelo, desenvolverá e
estimulará as habilidades de outra pessoa menos experiente, o mentorado. O mentor através
de encorajamento, estímulos e aconselhamentos faz o mentorado crescer para cumprir um
objetivo (KRAM,1985; BURKE, 1999).
A Mentoria entra em conexão com o desenvolvimento específico de profissionais
adultos. Será usada como uma alavanca para o desenvolvimento dos indivíduos e das
organizações. A tendência é o crescimento positivo para uma mudança organizacional dentre
outros benefícios. Somos quem somos, chegamos ao ponto que hoje estamos porque alguém,
em algum momento, viu em nós, algo que nós mesmos não víamos. (BALDWIN
GROSSMAN & JOHNSON, 1999; BURKE, 1999; KRAM, 1985).
O objetivo da Mentoria é fazer com que os aspectos pessoais e profissionais da pessoa
envolvida neste relacionamento se desenvolvam mais facilmente. Desta forma, o mentorado
(pessoa menos experiente) através do convívio com seu mentor (pessoa mais experiente)
enfrentará as situações de crescimento, construção e sedimentação de sua vida com a
participação de alguém que lhe serve de modelo. O mentor que educa lhe aconselha dentre
outras funções, ajudando-lhe assim, a tomar melhores decisões e assumir as conseqüências
destas (KRAM,1983, 1985).
A expressão “Mentoria” surgiu do poema épico de Homero. Odisseu, rei de uma ilha
localizada no Mar Jônico (costa oeste da Grécia) chamada Ítaca, que ao partir para a guerra de
Tróia, recomenda ao seu amigo e grande conselheiro Mentor a educação e a preparação de seu
filho Telêmaco. Este, apesar da ausência do pai, encontrou em Mentor o necessário suporte
emocional para desenvolver sua segurança física e psíquica, assistência social e ensinamentos
(MAGEE, 1999, GUIMARÃES, 2009, DONIDA, 2009).
O relacionamento de Mentoria é uma interação presencial entre uma pessoa mais
jovem (mentorado) com uma mais velha e experiente (mentor). Este o apóia, o aconselha, o
orienta e o protege. Este laço não pode derivar de sentimentos de amor ou familiares. O
mentor é um indivíduo com grande experiência e vasto conhecimento comprometido com a
ascensão e apoio profissional de seu mentorado. Esse relacionamento permite que o pupilo se
forme mais rapidamente face as informações que recebe durante sua formação (KRAM, 1985,
RAGINS e KRAM, 2007).
O conhecimento pessoal e os anos de experiência prática do mentor são seus principais
recursos. Mentores devem ser exemplos de conduta profissional e praticar as melhores
estratégias. Precisam saber se comunicar para evitar que erros aconteçam. Mentores abrem as
portas profissionais de seus mentorados mas para que eles entrem por competência própria e
por suas próprias ações (KRAM,1985; WICKMAN e SJODIN, 1997).
Mentores devem estar preparados para doar livremente seu tempo para partilhar suas
habilidades adquiridas ao longo de sua vida. Devem atuar como orientadores e até mesmo
como confidentes durante crises pessoais ou profissionais. Mentores devem ser capazes de
fazer uma crítica construtiva sem julgamentos nocivos e criar um ambiente acolhedor, no qual
o mentorado sinta que pode cometer erros sem perder confiança (KRAM, 1985; WICKMAN
e SJODIN, 1997).
O mentorado por sua vez, deve aceitar a responsabilidade de seu crescimento e
desenvolvimento profissional. Deve também se comprometer com a melhoria de seu
conhecimento. Também é importante que o mentorado saiba expressar suas próprias
necessidades, respeitando o tempo de seu mentor, seguindo suas recomendações e
resguardando a consciência de que um dia tornar-se-á também um mentor (KRAM, 1985;
RAGINS e KRAM, 2007; WICKMAN e SJODIN, 1997).
Para entendermos o sentido de Mentoria, precisamos por um instante buscar em nossa
memória a imagem de uma pessoa que nos ajudou a aprender algo importante, transformador.
Iremos encontrar alguém que nos encorajou, nos guiou, nos aconselhou e nos compreendeu
fazendo com que adquiríssemos novos comportamentos na vida ou nos trazendo um
desenvolvimento pessoal ou profissional (CARR,1999).
A partir do século XX, a palavra Mentoria serviu para designar uma ferramenta de
desenvolvimento do capital humano nas organizações. Apesar do fenômeno ter sido atribuído
durante algum tempo a poucos indivíduos, recentemente tornou-se ponto principal de várias
discussões e pesquisas sendo utilizado em várias áreas do conhecimento e setores de educação
com o propósito de formar novas gerações (BALDWIN GROSSMAN & JOHNSON, 1999;
BURKE, 1999; KRAM, 1985, RAGINS e KRAM, 2007).
Surgem cada vez mais pesquisas sobre o assunto. A teoria da Mentoria como é
apresentada atualmente encontra em Kathy Kram (1983,1985) o marco inicial de discussão do
tema além de trazer uma das mais relevantes metodologias de pesquisa tem sido repetida e
confirmada por muitos estudos listados, tais como Ragins, Cotton e Miller (2000), Allen e
Eby (2003) e Noe (1988) e particularmente no Brasil com Régis (2005) Santos Júnior (2005)
Souza (2006), Gueiros (2007); Donida (2009), Erlich (2010), Guimarães (2009), e Azevedo e
Calado Dias, (2002).
O Modelo Internacional proposto por Kathy Kram, (1983, 1985) concentra-se
basicamente na esfera da gestão empresarial. Entretanto, suas descobertas sobre fases e
funções foram tão relevantes que impactaram e serviram de referência para estudos em áreas
diversas, dentre elas a Educação. (GUEIROS, 2007; SANTOS JÚNIOR, GUIMARÃES,
2009).
Autores como Kram (1983) e Bernhoeft (2001) sustentam que a relação de Mentoria
passa por quatro fases distintas: Iniciação, Cultivo, Separação e Redefinição. Em cada uma
dessas fases, mudam-se as funções do mentor e as atitudes do mentorado impactando o
próprio relacionamento. Dependendo do tempo e da freqüência de encontros, essas fases se
apresentam de forma dinâmica e mutável tornando as diferenças de cada etapa muito
complexas.
A primeira fase, a iniciação, ocorre entre seis meses e um ano. Esse período é
importante para ambos participantes. Traçam-se sonhos e expectativas do relacionamento.
Desenvolvem-se projeções positivas em ambos os lados sobre o andamento da Mentoria.
Neste encontro podem se estabelecer metas a serem alcançadas. Aos poucos, a intimidade
trazida pela valiosa interação cria ações positivas e demonstração de comportamentos que
promovem beneficamente este relacionamento. O mentor forma seu mentorado. Protege e o
respeita. Então, as expectativas são alcançadas. (KRAM, 1983 e BERNHOEFT,2001).
Decorre então a segunda fase, a de cultivo, que dura de dois a cinco anos. Essa fase
fornece freqüentes oportunidade e a intimidade entre eles aumenta significativamente. Nesta
fase as funções do mentor são ressaltadas. As expectativas que se formaram durante a fase
anterior são sempre mais satisfeitas. As funções psicossociais ganham importância e quase
não há conflitos ou incertezas. O mentorado desenvolve um sentimento de autoestima,
competência e segurança. O mentor se agrada em confirmar o potencial de seu mentorado,
que ele reconheceu na fase de iniciação, Percebe a extensão de seu poder e de sua influência
sobre a vida organizacional. O período de cultivo termina, no entanto, se houverem mudanças
das necessidades individuais ou das circunstâncias da organização o que pode torná-los
irritáveis entre eles, o que gera o risco de se criar um relacionamento destrutivo. (KRAM,
1983 e BERNHOEFT,2001).
A terceira fase é a da separação, que dura de seis meses a dois anos. É caracterizada
pela necessidade de autonomia do mentorado, causando muitas vezes ressentimento e
animosidade o que ocasiona o rompimento daquela interação positiva inicial. As funções de
carreira e psicossociais não conseguem mais ser fornecidas. Finalmente vem a fase de
redefinição, de tempo indefinido. Ocorre quando os melindres e a hostilidade desaparecem e
dão lugar à estima e à gratidão ao mentor. Uma relação de igualdade é estabelecida e
percebem-se agora necessidades diferentes daquelas expressas originalmente (KRAM, 1983 e
BERNHOEFT,2001).
Existem ainda alguns autores como Wickman e Sjodin (1997) que dividem os
mentores em Mentor Principal, Mentor Secundário e Mentor Pontual. O Mentor Principal é
considerado o mais importante, o que permanecerá na memória do mentorado através de
todos seus estágios de sua vida. É a pessoa com quem o mentorado discute seus assuntos, se
aconselha, se orienta.
Um Mentor Secundário é aquele que é procurado em situações específicas, em
momentos esporádicos. Geralmente um professor ou algum especialista de determinada área.
Os encontros decorrem conforme a necessidade do mentorado. O Mentor Pontual é uma
pessoa com quem o mentorado se relaciona uma única ou raríssimas vezes, e dele desfruta sua
sabedoria. O contato desaparece logo em seguida, mas aquele encontro faz o indivíduo parar e
pensar em como ser diferente (WICKMAN e SJODIN, 1997).
A filmografia popular também destaca alguns mentores e mentorados. É o caso do
personagem Phil, treinador de heróis, que prepara o semideus Hércules ao topo da divindade
grega através do desenvolvimento de suas boas e dignas atitudes (HÉRCULES, 1997). Há
também o sábio e tranquilo mestre Jedi, Yoda, que proporciona ao exasperado e imaturo
aprendiz Luke Skywalker habilidades e inteligência suficientes para derrotar injustos
governantes políticos (STAR WARS, 1980). O cinema ainda retrata a importante presença do
Sr. Miyagi, um ancião japonês que ensina a sabedoria e a paciência oriental ao franzino e
inexperiente estudante Daniel-San que ao seguir seus conselhos e exercícios vence uma luta
de caratê e consegue enfim o respeito dos colegas do bairro (KARATÊ KID, 1984).
Além das fases de Mentoria, Kram (1983) aponta o relacionamento entre mentores e
mentorados concebidos de forma natural ou intencional. Dependendo da abordagem aplicada
em seu desenvolvimento e como os elementos se incorporam, estabelece-se o nome de
Mentoria Formal ou Mentoria Informal (CHAO, 1992, CARR, 1999).
A Mentoria Informal é conhecida também com Mentoria Natural ou Tradicional. É o
modelo de Mentoria mais desenvolvido e o menos conhecido entre as pessoas. Conselhos e
comportamentos alheios nos encorajam trazendo um verdadeiro desenvolvimento em nossas
vidas. A influência do mentor é percebida pelo mentorado como algo que traz novo efeito em
sua vida (CARR,1999).
A relação informal de Mentoria se desenvolve em ambientes mais descontraídos, num
clima mais fraternal. O mentor, neste caso, é inconsciente do seu papel e apesar desses laços
oferecerem melhores atitudes no trabalho acarretam involuntariamente uma incapacidade no
avanço de objetivos pessoais e profissionais. Como são desenvolvidos com várias pessoas
concomitantemente, apresentam uma certa limitação, pois na maioria das vezes, mulheres
procuram apenas mulheres mentoras e homens procuram apenas homens mentores
(KRAM,1985; WICKMAN e SJODIN, 1997, RAGINS e KRAM,2007).
A Mentoria Informal se estabelece através de um vínculo que mantém o Mentor e
Mentorado unidos naturalmente. Esse laço que os une é decorrente de um relacionamento
parental, fraternal, escolar e até mesmo profissional e só é rompido quando não há mais
disponibilidade do Mentor ou quando o Mentorado alcança sua independência, tornando-se
igual ou superior a seu Mentor (CARR, 1999, RAGINS e KRAM, 2007, RAGINS, COTTON
e MILLER, 2010)
A Mentoria Informal geralmente acontece com amigos próximos e colegas de trabalho.
Estes nos ajudam a alcançar nossos sonhos e objetivos, nos aconselhando nos desafios que a
vida se apresenta. Nasce de uma química natural, não há uma data de início nem tão pouco
uma data de término, não há direção específica nem expectativas e resultados definidos. A
evolução se dá ao longo do tempo de convivência entre ambos (CARR,1999, RAGINS e
KRAM,2007, RAGINS, COTTON e MILLER, 2010).
A Mentoria Formal, por sua vez, é conhecida também por Mentoria Intencional ou
Sistemática. É o modelo em que há uma delimitação prévia de objetivos e os benefícios com
controle e acompanhamento das ações. Existem encontros com a finalidade de desenvolver
habilidades em uma determina área específica. Geralmente há recrutamento e seleção dos
mentores, bem como treinamento de como orientar o mentorado. Foca-se uma meta, uma
atividade específica, um projeto a ser executado mais adiante. A intenção é fazer com que o
mentorado, apoiado pelo seu Mentor, alcance os resultados esperados pela organização
(CARR,1999, RAGINS,2002, RAGINS, COTTON e MILLER, 2010).
A instauração da Mentoria Formal foi assimilada como sendo um plano de ação
sistematizado para reter talentos e desenvolver lideranças. Com o escopo de desenvolver a
carreira profissional e trazer resultados positivos à organização se imagina um sistema com
horários, metas e benefícios a serem visualizados em determinado período de tempo
(CARR,1999, RAGINS e KRAM,2007).
Considera-se a Mentoria Formal com um “primo pobre” da relação original de
Mentoria. Isso porque nem sempre é possível medir o impacto de programas formais de
Mentoria, principalmente ao que diz respeito ao desenvolvimento da inteligência emocional
dos participantes, à mudança de cultura organizacional, à retenção de talentos, ao maior
comprometimento com a organização ou a diminuição da rotatividade dos funcionários.
Entretanto, as pesquisas conseguiram demonstrar que a implantação da Mentoria Formal
reflete uma maior satisfação no trabalho ( ALLEN e EBY, 2002, BAUGH e ELLEN, 2007,
RAGINS, COTTON e MILLER, 2010).
Relações informais de Mentoria geralmente duram de três a seis anos. O mentor e o
mentorado encontram-se sempre que desejam ou precisam. Por outro lado, o programa formal
de Mentoria pode durar de seis meses a um ano e os encontros são esporádicos ou
especificados no contrato (RAGINS e KRAM, 2007, RAGINS, COTTON e MILLER, 2010).
Como veremos na próxima seção, os Mentores desempenham dois principais tipos de
funções na vida de seu mentorado. O termo Funções de Mentoria caracteriza os aspectos que
são favoráveis ao crescimento do mentorado. A Função de Carreira, ao proporcionar o
desenvolvimento profissional de seu mentorado e a Função Psicossocial, que se traduz num
desenvolvimento pessoal. Um mentor pode se envolver em algumas ou todas essas funções e
esses papéis podem não só variar de relacionamento para relacionamento, mas também ao
longo do tempo em uma determinada relação de mentoria (KRAM,1983).
As Funções de Carreira são apresentadas como sendo de Patrocínio, de Exposição e
Visibilidade, de Coahing, de Proteção e de Tarefas desafiadoras. Essas práticas desenvolvem
o mentorado exclusivamente em seu ambiente de trabalho (KRAM, 1983).
São apresentadas como sendo de Modelagem de Papel, de Aceitação e Confirmação,
de Aconselhamento e de Amizade. Possuem uma amplitude maior já que englobam a auto-
estima e toda vida pessoal (KRAM, 1983).
A seguir serão detalhadas as Funções de Carreira.
2.2.1 Funções de Carreira
O Patrocínio é o investimento que o mentor faz em seu mentorado. Investimento este
não traduzido apenas em dinheiro, oferta de cursos ou outros recursos materiais, mas
traduzido também em doação de tempo, entrega de suas esperanças e expectativas. O
Patrocínio ajuda e influencia o mentorado a alcançar posições desejadas trazendo benefícios
para sua carreira. O mentor crê que ao entregar ao mentorado o “combustível” necessário, seu
protegido cruzará a “linha da chegada” (KRAM, 1983).
A Exposição e Visibilidade é o poder de socialização organizacional como se fosse
uma preparação para assumir mais responsabilidades e autoridade e adentrar em novas áreas
de gestão. É a propagação do nome do mentor através de seu mentorado. É a tela pintada pelo
artista que será admirada pelo público. É a obra-prima que demonstra aos membros da
organização, toda capacidade do mentor em ensinar e transferir seus conhecimentos. Essas
qualidades são perceptíveis agora no seu protegido (KRAM, 1983).
Coaching ajuda a aprender sobre outras partes da organização, dá conselhos sobre
como conseguir o reconhecimento da organização e sugere estratégias específicas para
alcançar as aspirações de carreira. É o condicionamento intelectual do mentorado. Dentro de
uma empresa existem vários caminhos a serem trilhados, várias decisões a serem tomadas,
várias estratégias a serem definidas. Somente através de muito treino, o mentorado conseguirá
ascender profissionalmente. O Mentor prepara, exercita, estimula respostas e ações, que por
sua experiência já foi capaz de ultrapassá-las, e espera agora que seu protegido faça o mesmo.
O Coaching tem uma área de atuação mais limitada, apesar de ser frequentemente, (e
erroneamente) confundindo como sinônimo de Mentoria. Aqui há uma promoção de
desenvolvimento de habilidades que são demonstradas em âmbito pessoal e,
consequentemente profissional. No Coaching, a preocupação é apenas com a orientação e
desenvolvimento da carreira (KRAM, 1983).
Proteção é o anteparo que o Mentor coloca entre a Empresa e o Mentorado, ainda
inexperiente no seu ambiente de trabalho. Por muitas vezes este cometerá deslizes que
facilmente seriam super dimensionados e mal interpretados pelos membros da organização. O
mentor suaviza uma situação delicada para que seu protegido não seja ridicularizado ou
atingido em sua auto-estima. Proporciona desta forma um escudo do contato prejudicial na
organização (KRAM, 1983).
Tarefas Desafiadoras permitem desenvolver novas técnicas e habilidades e são úteis
para a carreira do mentorado. É a delegação ao Mentorado de ações complexas. O mentorado
ainda não sabe que é capaz de cumprir, mas seu mentor, como pessoa mais experiente que é,
já percebeu que ele tem competência para transpor o obstáculo proposto (KRAM, 1983).
A seguir serão detalhadas as Funções Psicossociais.
2.2.2 Funções Psicossociais
A Modelagem de Papel é o espelhamento do Mentor pelo Mentorado. É a imitação, a
admiração, a vontade de ser igual ao mentor. Essa identificação possui processos conscientes
e inconscientes de percepção. No começo o mentorado adquire o estilo pessoal de seu mentor
e com o passar da relação ao absorver virtudes e valores intrínsecos no comportamento do
Mentor acaba encontrando seu próprio estilo pessoal (KRAM, 1983).
A Aceitação e Confirmação é o reconhecimento e o respeito mútuo das características
individuais. O mentorado descobre que é aceito e valorizado pelo mentor que por sua vez tem
sua competência e experiência fortalecidas. Mentor e mentorado são cientes das diferenças e
procuram somá-las para um bem comum, confirmando assim a relação de respeito mútuo
entre eles (KRAM, 1983).
O Aconselhamento é a confiança do mentorado em falar e pedir opiniões ao seu
mentor. Surge no momento de conversas com o mentor quando o mentorado pede ajuda sobre
quais decisões devem ser tomadas. O mentor, confidente e cúmplice do mentorado ajuda-o
relatando outras situações semelhantes e como os problemas foram resolvidos. Há a confiança
de que dúvidas e inseguranças não serão divulgadas nem julgadas de forma negativa na
organização e para o mentor pode ser muito gratificante compartilhar suas próprias
experiências a um jovem e mostrar como ele pode conseguir lidar com dilemas individuais.
(KRAM, 1983).
A Amizade se consolida quando há a presença de afeto na relação de Mentoria. É
caracterizado pela interação social dos participantes, pela compreensão mútua, gosto
recíproco, e uma troca informal e amigável acumulada fora do local de trabalho. Existe um
bem estar quando Mentor e Mentorado se encontram, há um ambiente fraterno de trocas
agradáveis e informais no qual mentor e mentorado estão no mesmo nível de relacionamento.
(KRAM, 1983).
Assim, em sua proposta, a Mentoria apresenta duas funções principais no mundo dos
negócios: Desenvolvimento de Carreira e Desenvolvimento Psicossocial que são subdividas
em nove funções especificadas na próxima página no quadro 01.
Funções de Carreira
Funções Psicossociais
Patrocínio
O Mentor fornece suporte Financeiro e
Emocional ao Mentorado
Modelagem de papel
O Mentorado se comporta e age de forma
similar ao seu Mentor
O Mentorado admira as atitudes e valores que
seu Mentor exibe
Exposição e Visibilidade
O Mentor cria oportunidades para terceiros
apreciarem e admirarem a competência e as
habilidades especiais de seu Mentorado
Aceitação e Confirmação
O Mentor transmite respeito e consideração
positiva demonstrando confiança em seu
Mentorado.
Coaching
O Mentor compartilha idéias com seu
Mentorado
O Mentor fornece feedback a seu Mentorado
O Mentor sugere estratégias na realização de
trabalhos do Mentorado
Aconselhamento
O Mentor ouve e discute problemas pessoais e
profissionais com seu Mentorado
O Mentor oferece conselhos, mostra empatia e
cuidado por seu Mentorado.
Proteção
O Mentor minimiza a probabilidade de
envolvimento do Mentorado em situações
constrangedoras ou inadequadas
Amizade
O Mentor interage informalmente com seu
Mentorado, discutindo assuntos triviais e
corriqueiros.
Tarefas desafiadoras
O Mentor projeta tarefas de trabalho ao seu
Mentorado
O Mentor instiga seu Mentorado a superar
certos desafios
Quadro 01: Quadro das Funções de Mentoria adaptado de Kram (1983,1985)
Fonte: autoria própria,2011
O exposto nos leva as nossas segunda e terceira questões norteadoras:
Qn2: Quais Funções de Carreira da Teoria de Mentoria de Kram, observados pelos
alunos e egressos dos Cursos Superiores de Curta Duração da Faculdade Boa Viagem,
estão presentes nas características dos seus professores?
Qn3: Quais Funções Psicossociais da Teoria de Mentoria de Kram, observados
pelos alunos e egressos dos Cursos Superiores de Curta Duração da Faculdade Boa
Viagem, estão presentes nas características dos seus professores?
Nas duas seções seguintes abordaremos os reflexos decorrentes da relação de
professores com seus alunos à luz da Teoria dos Quatro Pilares da Educação e da Teoria da
Mentoria.
2.3 Reflexos Ocasionados pelo Relacionamento com Professores à Luz da Teoria de
Educação de Delors
A Educação baseada nos quatro saberes integra o conhecimento, a comunicação e a
personalidade de cada organização. É através dela que se transformam professores, alunos e
sociedade encontrando-se respostas que atendam às perspectivas individuais e coletivas. Tida
como um projeto global, o ensino de qualidade está ligado ao trabalho produtivo e a auto-
realização profissional (DELORS, 1996; GUSDORF, 2003; ZABALA e ARNAU, 2010).
Uma sociedade educada, com um ensino de qualidade, consegue enfrentar graves e
violentos problemas que permeiam o universo estudantil. O diálogo e a associação com
órgãos públicos tende a reduzir a pobreza, o problema com as drogas e outras questões de
exclusão social. Nessa nobre missão de educar gerações vindouras se faz necessário pessoas
capacitadas e comprometidas com a humanidade (DELORS, 1996; GUSDORF, 2003;
ZABALA e ARNAU, 2010).
A Educação fornece respostas concretas para o combate às desigualdades sociais. A
pesquisa, a criatividade e as inovações emanam mais facilmente entre as pessoas
desenvolvidas fazendo com que o ambiente traduza uma maior consciência coletiva que
promove a democracia e a justiça social. É capacitando as pessoas que vamos conseguir
chegar a uma qualidade de vida digna e à equidade civil (DELORS, 1996; GUSDORF, 2003;
ZABALA e ARNAU, 2010).
Evasão escolar e perda de valores morais geram desigualdade sócio-econômica da
população. Quando promovemos a formação social dos indivíduos baseado nos princípios
norteadores da educação, alcançamos a paz interior e a harmoniosa convivência comunitária.
Investir na consolidação da Educação é garantia de paz e estabilidade social (DELORS, 1996;
GUSDORF, 2003; ZABALA e ARNAU, 2010).
É mais produtivo transmitir aos alunos ferramentas necessárias para adquirir o
conhecimento do que fornecer o próprio conhecimento. O grande volume de informações e
notícias se acumulam dia após dia, tornando praticamente impossível assimilar todos os fatos
que nos rodeiam. Os professores devem olhar para o futuro com a convicção de que a tarefa
foi concluída satisfatoriamente (DELORS, 1996; GUSDORF, 2003; ZABALA e ARNAU,
2010).
Os indivíduos devem procurar não apenas o conhecimento técnico para se encaixar no
mercado de trabalho. Precisam também buscar um contexto educacional que desenvolva suas
habilidades mais gratificantes, mais criativas e autônomas, pois assim fazendo, além do
sucesso profissional, conseguirão também um desenvolvimento enquanto cidadãos
(DELORS, 1996; GUSDORF, 2003; ZABALA e ARNAU, 2010).
Ter uma compreensão do mundo, dos outros e de si mesmo é fruto de uma educação
bem estruturada. Absorver os pilares educacionais faz-nos ter prazer em descobrir novas
informações. Uma educação de qualidade ajuda a construir a personalidade de um aluno de
uma forma global. Sentimentos e atitudes são formados através de comportamentos e valores
que lhe são transmitidos em sala de aula (DELORS, 1996; GUSDORF, 2003; ZABALA e
ARNAU, 2010).
Alunos, professores e sociedade devem criar bons hábitos. A cooperação mútua alivia
o nível de ansiedade e desperta os sentimentos de sensibilidade e empatia. O processo de
ensino e aprendizagem baseado nos quatro saberes provoca toda uma mudança de
comportamento, melhores desempenhos profissionais, maior autonomia e uma criatividade
mais forte. A dignidade humana é o foco e o objetivo a ser perseguido (DELORS, 1996;
GUSDORF,2003; AHLERT, 2007; BARBOSA, 2003).
O cidadão envolvido numa educação de qualidade contribui ativamente na sociedade.
O desenvolvimento humano consiste na melhoria de suas características e de suas relações
interpessoais refletindo-se num contínuo sobressalto de bons resultados profissionais
(DELORS, 1996; GUSDORF,2003; ZABALA e ARNAU,2010).
2.4 A Mentoria nas Organizações
Ter um mentor traz vantagens marcantes. Estudos comparativos entre os indivíduos
que se relacionaram com um mentor e indivíduos que não mantiveram essa relação apontam
para resultados significativos, independente do setor de atividade destas pessoas. Constatou-se
mais satisfação profissional, mais comprometimento com a organização e uma forma mais
positiva de encarar seu trabalho (KRAM, 1985; RAGINS e KRAM, 2007).
Todos nós temos uma responsabilidade implícita de transmitir à próxima geração
nossos conhecimentos e nossa história. A transmissão desses ensinamentos proporciona ao
mentor um sentimento de satisfação pessoal. Este processo também exige que o mentor reflita
sobre suas ações, sua criatividade e suas oportunidades de aprendizado (KRAM, 1985,
RAGINS e KRAM, 2007).
O Mentor passa a ser visto como um modelo a ser seguido. Isto traz prestígio e
sensação de reconhecimento para ele. Ao ajudar seu mentorado a explorar suas habilidades e
superar suas deficiências o mentor desenvolve sua comunicação, seus valores éticos, seu
comprometimento e sua dignidade enquanto formadores de caráter. Estas recompensas estão
intimamente ligadas à satisfação pessoal. (KRAM, 1985, WICKMAN e SJODIN, 1997;
RAGINS e KRAM, 2007).
O Mentor se beneficia dessa relação à medida que compartilha sua sabedoria, suas
competências e suas experiências com seu Mentorado. Ele prepara uma nova geração e
aprofunda sua própria capacidade de diálogo, seu lado conselheiro, sua empatia, sua
argumentação fazendo-lhe crescer também internamente, como pessoa. Sua grande
recompensa é também o reconhecimento de seus pares (KRAM,1985; WICKMAN e
SJODIN, 1997; RAGINS e KRAM, 2007).
As portas do mercado de trabalho são abertas mais facilmente para o indivíduo que
possui um mentor. Seu networking é ampliado ocasionando novas oportunidades de emprego.
Os mentorados também recebem mais assistência e aconselhamento na definição de decisões
de sua carreira e assim evitam erros e situações negativas. Estudos demonstram que pessoas
que possuíram mentores no desenvolvimento de sua carreira tornaram-se mais felizes, leais e
mais satisfeitas em seu trabalho propiciando mais comprometimento com sua organização
(KRAM, 1985, WICKMAN e SJODIN, 1997; RAGINS e KRAM, 2007).
A mentoria funciona como ferramenta fundamental para criar-se um novo modelo
organizacional. Este arquétipo projetado para obter bons resultados na carreira profissional
das pessoas visa melhorar a qualidade e o aprendizado ao longo da vida. A mentoria ajuda os
funcionários a perceberem problemas e corrigí-los. Com isso o desempenho profissional
torna-se mais produtivo e estimulante (KRAM, 1985; WICKMAN e SJODIN, 1997;
RAGINS e KRAM, 2007).
Empregados que possuem um mentor estão mais pré-dispostos a trabalhar em equipe.
Descobrem que são capazes de atingir metas que outrora seriam inatingíveis. Esta
competência possibilita o compartilhamento de experiências e novas construções de
conhecimentos para a geração futura. (KRAM, 1985; WICKMAN e SJODIN, 1997; RAGINS
e KRAM, 2007).
As organizações também se aproveitam com as relações de mentoria. Profissionais
submetidos a este programa se comunicam melhor criando uma sensação de serenidade dentro
da empresa onde trabalham. Cria-se assim um importante legado na instituição com equipes
mais bem preparadas favorecendo uma maior produtividade, maior rentabilidade e menor
desperdício de tempo. KRAM, 1985; WICKMAN e SJODIN, 1997; RAGINS e KRAM,
2007).
A presença de um mentor está se tornando um verdadeiro diferencial competitivo.
Através das relações de mentoria se melhora a comunicação empresarial e estimula-se o
comprometimento dos empregados. As pessoas se tornam mais adeptas às mudanças e tendem
a produzir seu ofício com mais eficiência. (KRAM, 1985; WICKMAN e SJODIN, 1997;
RAGINS e KRAM, 2007).
O mentor e seu mentorado, se devidamente harmonizados, podem produzir mais
energia e conseguir mais resultados do que quando considerados isoladamente. Os dois juntos
podem criar uma colaboração mútua e necessária para alcançar coisas que eles nunca
conseguiriam individualmente. Desta forma, podemos entender que a relação de mentoria
oferece benefícios a todas as partes envolvidas que variam de acordo com o nível de
compromisso de todos e de cada um (KRAM, 1985; WICKMAN e SJODIN, 1997; RAGINS
e KRAM, 2007).
Do relacionamento com professores observa-se os reflexos expostos nas seção 2.2.1 e
2.2.2 o que nos leva a nossa quarta questão norteadora:
Qn4: Quais reflexos são ocasionados, na percepção dos alunos e egressos da
Faculdade Boa Viagem, a partir do convívio com seus professor à luz da Teoria da
Educação de Delors e da Teoria da Mentoria de Kram?
No capítulo que se segue apresentaremos a metodologia deste estudo.
3 METODOLOGIA
Neste capítulo são apresentados o delineamento da pesquisa, o locus de investigação, a
população e a amostra, a instrumentação das variáveis, instrumentos e processo de coleta de
dados, método de análise, limites e limitações.
3.1 DELINEAMENTO DA PESQUISA
Decidimos que era necessário explorar mais profundamente as contribuições da
literatura com relação às características que um bom docente deve possuir. Nosso estudo
procura obter informações gerais a partir de casos individuais mediante uma pesquisa
científica, extraindo assim informações teóricas que sustentem a busca por características dos
professores e sua relação de mentoria com seus alunos. Tentamos então, ao conceber nossa
pergunta de pesquisa buscar preencher lacunas teóricas, formular objetivos, coletar dados e
realizar análises e discussões de caráter qualitativo com a finalidade de contribuir para o
enriquecimento da criação de um perfil ideal de professor (YIN, 2005; GODOY, 2006;
RICHARDSON, 2008).
No processo de construção do perfil ideal de um professor percebeu-se que era
necessário explorar mais profundamente as contribuições da literatura com relação as quais
características o docente deve possuir. Procuramos analisar um determinado grupo de pessoas
inseridos na mesma realidade local, no sentido de compreender aquela relação em particular,
por isso optamos por escolher uma pequena amostra para a pesquisa o que necessariamente
não reflete as perspectivas de toda uma população. O processo exploratório do estudo do caso
alcança mais relevância científica do que o próprio resultado (YIN, 2005; GODOY, 2006;
RICHARDSON, 2008).
Nossa pesquisa se divide quanto à natureza como sendo qualitativa, quanto ao seu
delineamento: estudo de caso, quanto à verificação lógica, dedutiva. Em relação aos objetivos
específicos se define como exploratória, quanto a sua técnica de coleta de dados: de
documentação indireta (bibliográfica) e de questionário e por fim quanto ao método de análise
dos dados como sendo de análise de conteúdo conforme melhor demonstrado no quadro 02
que segue na próxima página.
CLASSIFICAÇÃO DA PRESENTE PESQUISA CIENTÍFICA
Quanto a sua
Natureza
Quanto ao seu
Delineamento
Quanto a sua
Verificação
Lógica
Quanto aos seus
Objetivos
Específicos
Quanto a sua
Técnica de
Coleta de Dados
Quanto ao seu
Método de
Análise de Dados
Pesquisa
Qualitativa
Estudo de Caso
Pesquisa
Dedutiva
Pesquisa
Exploratória
Documentação
Indireta
(Bibliográfica)
Questionário
Análise de
Conteúdo
Quadro 02: Estrutura Metodológica da Dissertação
Fonte: autoria própria, 2011
3.2 LOCUS DA INVESTIGAÇÃO – Faculdade Boa Viagem (FBV)
A Faculdade Boa Viagem é uma Instituição de Ensino Superior Privada mantida pela
Associação Educacional Boa Viagem com sede em Recife no Estado de Pernambuco. Possui
três centros universitários nomeados e organizados da seguinte forma:
Campus I - Localizado no bairro da Imbiribeira, zona sul da cidade. Neste espaço
funcionam os cursos de graduação em Administração, Ciências Contábeis, Design de Interior,
Direito, Economia, Educação Física, Engenharia de Produção, Hotelaria (ênfase em
Gastronomia) e Publicidade e Propaganda, além do Mestrado Profissional em Gestão
Empresarial.
Campus II – Localizado no bairro do Recife Antigo, próximo ao Marco Zero da
cidade. Neste espaço funcionam os cursos de graduação em Design de Moda e Ciência da
Computação e de pós-graduação em Direito, Políticas Públicas e Negócios e MBA em Moda.
Espaço Executivo - Localizado no bairro da Boa Vista, centro da cidade. Neste espaço
funcionam os Cursos Superiores de Curta Duração de Gestão Financeira, Gestão Hospitalar,
Gestão de Pessoas, Gestão de Marketing e Gestão de Negócios e Logística.
A Faculdade Boa Viagem tem como compromisso ético oferecer uma educação de qualidade
além de desenvolver a extensão e pesquisa em todos os níveis de ensino. Dedica-se à
valorização e capacitação de seus alunos para que atuem significativamente no mercado de
trabalho com excelente conhecimento teórico, espírito de cooperação, criatividade e visão
inovadora do futuro.
Promove ações institucionais de Responsabilidade Social atendendo às necessidades
da comunidade local e mantém intercâmbio de professores e alunos através de convênios com
instituições educativas nacionais e internacionais de notória credibilidade.
3.3 POPULAÇÃO E AMOSTRA
3.3.1 – População
Como população desta pesquisa foram considerados todos os alunos e egressos dos
Cursos Superiores de Curta Duração de Gestão Financeira, Gestão Hospitalar, Gestão de
Pessoas, Gestão de Marketing e Gestão de Negócios e Logística da Faculdade Boa Viagem
(FBV).
3.3.2 – Amostra
A amostra foi composta por 161 pessoas entre alunos e egressos dos Cursos Superiores
de Curta Duração de Gestão Financeira, Gestão Hospitalar, Gestão de Pessoas, Gestão de
Marketing e Gestão de Negócios e Logística da Faculdade Boa Viagem (FBV). Desta
amostra, 107 respostas válidas informaram a situação do respondente em relação a seu curso,
sugerindo uma participação maior nesta pesquisa do aluno do segundo (e último) ano
conforme demonstra a tabela 1 a seguir:
Tabela 1: Situação dos Respondentes
Cursando o primeiro ano Cursando o segundo ano Egresso Não Informaram
7 73 27 54
Fonte: autoria própria, 2011
3.3.2.1 – DADOS DESCRITIVOS DA AMOSTRA
A seguir se apresentam como os dados descritivos foram distribuídos.
3.3.2.1 Cursos dos Respondentes
Quanto ao curso dos respondentes, a Tabela 2 mostra que 55 pessoas informaram que
pertencem ao Curso de Gestão de Pessoas, 03 pessoas pertencem ao Curso de Gestão de
Marketing, 06 pessoas pertencem ao Curso de Gestão Financeira, 15 pessoas pertentem ao
Curso de Gestão de Negócios, 42 pessoas pertencem ao Curso de Logística. Não houve
resultado para o curso de Gestão Hospitalar. A amostra sugere uma maior participação na
pesquisa de alunos e egressos do Curso de Gestão de Pessoas como se percebe na Tabela 2
que se segue.
Tabela 2: Cursos dos Respondentes
Gestão de
Pessoas
Gestão de
Marketing
Gestão
Financeira
Gestão de
Negócios
Gestão
Hospitalar Logística
Não
Informaram
55 3 6 15 0 42 40
Fonte: autoria própria, 2011
3.3.2.2 Sexo dos Respondentes
Quanto ao gênero, a distribuição dos respondentes é representada pela tabela 3. Das
123 respostas válidas, 76 pessoas informaram pertencer ao sexo feminino e 47 sexo
masculino. 38 respondentes não informaram seu sexo. Percebe-se que a amostra sugere uma
maior participação na pesquisa de alunos e egressos mulheres.
Tabela 3: Sexo dos Respondentes
Opções de Resposta Total de Respostas
Feminino 76
Masculino
Não identificou o sexo
47
38
Fonte: autoria própria, 2011
3.3.2.3 Faixa Etária dos Respondentes
A distribuição dos respondentes quanto à faixa etária está representada na tabela 4 que
se segue na próxima página. Percebe-se que a amostra sugere uma maior participação na
pesquisa de alunos e egressos que estão na faixa etária dos 30 anos.
Tabela 4: Idade dos Respondentes
Opções de Resposta Média de Idade Total de
Respostas
Anos 31,58 122
Fonte: autoria própria, 2011
3.3.2.4 Formação Secundária dos Respondentes
A distribuição dos respondentes quanto à conclusão do Ensino Médio está
representada na tabela 5. Das 121 respostas válidas, 56 pessoas informaram que são
provenientes de Instituição Particular Brasileira, 65 pessoas informaram que são provenientes
de Instuição Pública Brasileira. Não houve resposta para a opção de Escola no Exterior.
Percebe-se que a amostra sugere uma maior participação na pesquisa de alunos e egressos
provenientes de Escola Pública Brasileira.
Tabela 5 : Formação Secundária dos Respondentes
Opção de Respostas Percentual de
Respostas
Total de
Respostas
No Brasil, em Instituição Particular 46,3% 56
No Brasil, em Instituição Pública 53,7% 65
No Exterior 0,0% 0
Respostas Válidas 121
Fonte: autoria própria, 2011
3.3.2.5 Residência Principal dos Respondentes
A distribuição dos respondentes quanto à informação do local onde mantém a
residência principal está representada na tabela 6. Das 123 respostas válidas, 59 pessoas
informaram que residem principalmente em Recife, 50 pessoas informaram que residem
principalmente na Região Metropolitana do Recife e 14 pessoas informaram que residem
principalmente em outro município. Percebe-se que a amostra sugere que uma diferença
muito pequena entre o número de alunos e egressos participantes desta pesquisa que residem
em Recife dos alunos e egressos participantes desta pesquisa que residem na Região
Metropolitana do Recife.
Tabela 6 : Residência Principal dos Respondentes
Opções de Respostas Percentual de
Respostas
Total de
Respostas
Capital (Recife) 48,0% 59
Região Metropolina do Recife 40,7% 50
Outro Município 11,4% 14
Respostas Válidas 123
Fonte: autoria própria, 2011
3.3.2.6 Renda Média Individual (em salário mínimos) dos Respondentes
A distribuição dos respondentes quanto à informação da Renda Média Individual (em
salário mínimo) está representada na tabela 7. Das 118 respostas válidas, 12 pessoas
informaram possuir uma Renda Média Mensal acima de 06 salários mínimos. 01 única pessoa
informou possuir uma Renda Média Mensal entre 05 e 06 salários mínimos. 11 pessoas
informaram possuir uma Renda Média Mensal entre 04 e 05 salários mínimos. 09 pessoas
informaram possuir uma Renda Média Mensal entre 03 e 04 salários mínimos. 26 pessoas
informaram possuir uma Renda Média Mensal entre 02 e 03 salários mínimo. 45 pessoas
informaram possuir uma Renda Média Mensal entre 01 e 02 salários mínimos. 05 pessoas
informaram possuir uma Renda Média Mensal abaixo de 01 salário mínimo e 09 pessoas
preferiram não responder. Percebe-se que a amostra sugere uma maior participação na
pesquisa de alunos e egressos que possuem uma Renda Média Mensal entre 01 e 02 salários
mínimos.
Tabela 7: Renda Média Individual (Em salário mínimo)
Opções de Respostas Percentual de
Respostas
Total de
Respostas
Acima de 06 10,2% 12
Entre 05 e 06 0,8% 1
Entre 04 e 05 9,3% 11
Entre 03 e 04 7,6% 9
Entre 02 e 03 22,0% 26
Entre 01 e 02 38,1% 45
Abaixo de 01 4,2% 5
Prefiro não Responder 7,6% 9
Respostas Válidas 118
Fonte: autoria própria, 2011
3.3.2.7 Turno do Curso dos Respondentes
A distribuição dos respondentes quanto ao turno do curso está representada na tabela 8. Das
121 respostas válidas, 95 pessoas informaram estudam no período da noite, 26 pessoas
informaram seu estudam no período da manhã. Não houve resposta para a opção da tarde
provavelmente pelo fato da Instituição não oferecer cursos neste período. Percebe-se que a
amostra sugere uma maior participação na pesquisa de alunos e egressos do turno noturno
conforme tabela 8 na próxima página.
Tabela 8: Turno do Curso
Manhã Tarde Noite Response Count
26 0 95 121
Fonte: autoria própria, 2011
3.4 INSTRUMENTAÇÃO DAS VARIÁVEIS
Apresentaremos nesta seção a instrumentação das variáveis deste estudo. Para melhor
compreensão do estudo, os referidos instrumentos foram agrupados por objetivos específicos
explicitados no quadro 2.
Instrumentação das características do professor à luz da Teoria dos Quatro
Pilares da Educação de Delors
A primeira questão norteadora (Quais são as características do professor observados
pelos alunos e egressos dos Cursos Superiores de Curta Duração da Faculdade Boa Viagem,
à luz da Teoria dos Quatro Pilares da Educação de Delors?) foi instrumentada através de
uma questão aberta no questionário explicitado no quadro 2 adiante.
Instrumentação das Funções de Carreira presentes nas características dos
professores mentores da Teoria de Mentoria de Kram
A segunda questão norteadora (Quais Funções de Carreira da Teoria de Mentoria de
Kram, observados pelos alunos e egressos dos Cursos Superiores de Curta Duração da
Faculdade Boa Viagem, estão presentes nas características dos professores?) foi
instrumentada através de uma questão aberta no questionário explicitado no quadro 2 adiante.
Instrumentação das Funções Psicossociais presentes nas características dos
professores da Teoria de Mentoria de Kram
A terceira questão norteadora (Quais Funções Psicossociais da Teoria de Mentoria de
Kram, observados pelos alunos e egressos dos Cursos Superiores de Curta Duração da
Faculdade Boa Viagem, estão presentes nas características dos professores?) foi
instrumentada através de uma questão aberta no questionário explicitado no quadro 2 adiante.
Instrumentação dos reflexos ocasionados pelo relacionamento com o professor à
luz das Teorias dos Quatro Pilares da Educação de Delors e da Teoria da Mentoria de
Kram
A quarta questão norteadora (Quais são os reflexos ocasionados pelo relacionamento
com o professor, observados pelos alunos e egressos da Faculdade Boa Viagem, à luz das
Teorias dos Quatro Pilares da Educação de Delors e da Teoria da Mentoria de Kram?) foi
instrumentada através de uma questão aberta no questionário explicitado no quadro 03
adiante.
Objetivos
Específicos
Variáveis
Instrumentação das Variáveis
1º
Perfil dos professores
Questão Aberta no Questionário
“Quais aspectos, características,
comportamentos, valores, atitudes
levaram você a vê-lo como docente
importante”
2º
Funções de carreira nas razões
elencadas
3º
Funções psicossociais nas razões
elencadas
4º
Conseqüências da atuação dos
professores
Quadro 03: Instrumentação de Variáveis
Fonte: autoria própria, 2011
A próxima seção abordará os procedimentos referentes à coleta de dados.
3.5 COLETA DE DADOS
A seguir será apresentado o método de coleta de dados (Descrição do Instrumento e
Processo de Coleta de Dados).
Na próxima seção será apresentada a descrição do instrumento de pesquisa utilizado
nesta pesquisa para coleta de dados.
3.5.1 Instrumento de Pesquisa
Ao final do mês de maio do corrente ano foi elaborado um questionário que serviu
como Pré-Teste do presente trabalho acadêmico. O objetivo foi verificar a confiabilidade da
interpretação textual e a presença de erros ortográficos e gramaticais e corrigi-los antes de ser
aplicado em definitivo para que não obscurecesse os resultados encontrados na pesquisa. Este
questionário foi concentrado em pessoas que nunca ingressaram nos Cursos Superiores de
Curta Duração da Faculdade Boa Viagem. O grupo contribuiu com sugestões e
proporcionaram o aprimoramento das perguntas e no layout do instrumento.
Em seguida foi inserido no website SurveyMonkey, empresa que presta serviços na
elaboração de pesquisas científicas dentre outros serviços de informática, o questionário
definitivo. Após a armazenagem das perguntas e opções de respostas da presente
investigação, o referido website forneceu um endereço eletrônico (link) para ser divulgado via
internet aos respondentes. O instrumento utilizado neste estudo, para fins da coleta de dados,
foi um questionário, com questões abertas denominado FBV_Boa Vista. Para esta pesquisa
aproveitaram-se os dados descritivos da amostra e as respostas à questão aberta na qual alunos
e egressos dos Cursos Superiores de Curta Duração da Faculdade Boa Viagem foram
convidados a elencar as características dos três docentes mais marcantes de sua vida conforme
se detalha no Anexo A.
3.5.2 Processo de Coleta de Dados
Realizou-se durante os períodos do Curso de Mestrado uma revisão bibliográfica
abrangendo os princípios e reflexos da Teoria dos Quatro Pilares da Educação de Delors, bem
como as funções e benefícios da Teoria da Mentoria de Kram.
Entrou-se em contato com a Coordenação dos Cursos Superiores de Curta Duração da
Faculdade Boa Viagem nas pessoas da Sra. Maria Gentila Guedes e do Sr. Lauro César Vieira
Filho para solicitar a autorização da pesquisa, a qual foi recebida com muito interesse e
satisfação, a ser desenvolvida com alunos e egressos da Instituição. Na oportunidade foi
explicado o objeto do estudo e acordado a entrega dos resultados da análise e uma cópia do
documento final da dissertação ao final de todas as etapas.
Com a autorização devidamente formalizada, foi repassado ao Departamento de
Marketing da Instituição o link do questionário no sentido de que a pesquisa fosse enviada via
email a todos os alunos, egressos e representantes de turma. Também foi solicitado ajuda via
email e redes sociais (Orkut e Facebook) aos docentes e discentes no sentido de divulgarem o
endereço eletrônico e a importância da pesquisa.
A coleta de dados durou até meados de Julho quando se começou a analisar os dados
que serão discutidos na seção seguinte.
3.6 MÉTODO DE ANÁLISE
Esta seção descreve o processo de investigação para se obter dados sobre as
características de um professor.
Procuramos nos cercar de fontes bibliográficas que fornecessem suporte ao caráter
empírico da pesquisa. Como nossa intenção não é testar nenhuma hipótese ou quantificar
informações, e sim traçar um perfil ideal para o trabalho docente, optamos por uma
metodologia de caráter dedutivo-indutivo uma vez que partimos das ideias da Teoria dos
Quatro Pilares da Educação e da Teoria da Mentoria para análise das características
especificadas pelos respondentes.
Um aspecto interessante sobre o método de análise deste trabalho foi a singularidade
do procedimento que se usou neste trabalho para se encontrar os objetivos específicos
propostos. Foi solicitado aos respondentes que descrevessem as características mais relevantes
dos docentes que afetaram positivamente sua vida. Esta única questão responderia a todos os
quatro objetivos específicos da dissertação conforme se demonstra no quadro 04 abaixo.
Objetivos
Específicos
Variáveis
Método de Análise
1º
Perfil dos Professores
Análise de Conteúdo
2º
Funções de Carreira nas Razões Elencadas
3º
Funções Psicossociais nas Razões Elencadas
4º
Consequências da Atuação dos Professores
Quadro 04: Resumo do método de análise
Fonte: autoria própria, 2011
Os dados referentes à análise de conteúdo serão abordados na seção seguinte.
3.6.1 Análise de Conteúdo
Procuramos compreender sistematicamente o conteúdo das mensagens dos
respondentes de forma a obter indicadores que permitissem o enriquecimento de novas
circunstâncias relativas às condições das variáveis a serem estudadas (BARDIN, 2002).
Na interpretação do conteúdo da questão aberta do questionário os respondentes foram
convidados a elencar as características dos três docentes mais marcantes de sua vida. A partir
da Teoria da Educação de Delors (1996) e da Teoria da Mentoria de Kram (1983,1985)
utilizamos a técnica de descrição objetiva e sistemática do contexto das frases para melhor
compreensão das respostas.
As “falas” foram identificamos e agrupadas conforme demonstração do quadro na
próxima página.
Análise de
Conteúdo
1 º Variável
Perfil dos
professores
2 º Variável
Funções de carreira
nas razões elencadas
3 º Variável
Funções psicossociais
nas razões elencadas
4 º Variável
Consequências da
atuação dos
professores
Saber Conhecer
Saber Fazer
Saber Conviver
Saber Ser
Função de
Patrocínio
Função de Exposição
e Visibilidade
Função de Coaching
Função de Tarefas
Função de Modelagem
de Papel
Função de
Aconselhamento
Função de
Confirmação e
Aceitação
Aprendizado
Adquirido
Habilidades
Desenvolvidas
Compreensão da
Pluralidade
Função de
Modelagem de Papel
Função de
Aconselhamento
Função de
Confirmação e
Aceitação
Função de Amizade
Desafiadoras
Função de Proteção
Função de Amizade
Plenitude Humana
Desenvolvimento da
Carreira
Quadro 05: Unidades de Análise
Fonte: a autora, 2011
Portanto, neste estudo, foi aplicado o Método de Análise de Conteúdo para avaliar os
dados encontrados na pergunta aberta do questionário.
3.7 LIMITES E LIMITAÇÕES
Esta seção abordará o alcance e as possíveis fragilidades que permeiam o estudo desta
pesquisa
3.7.1 Limites
Esta pesquisa não tem um enfoque longitudinal, desta forma limita-se a abordar um
Estudo de Caso em uma Instituição de Ensino Superior de Pernambuco, a Faculdade Boa
Viagem, mais precisamente no Espaço Executivo, no Bairro da Boa Vista, onde são
oferecidos os Cursos Superiores de Curta Duração de Gestão Financeira, Gestão Hospitalar,
Gestão de Pessoas, Gestão de Marketing e Gestão de Negócios e Logística.
Procuramos compreender melhor os objetivos propostos no presente trabalho e
contribuir para o estudo no campus específico fato este justificado pela circunstância da
pesquisadora pertencer ao quadro docente da Instituição, locus de investigação. Em virtude do
nosso contato quase que diário com demais professores e alunos de alguns cursos apontados,
concluiu-se que teríamos mais facilidade em divulgar o questionário de pesquisa obter mais
rapidamente os resultados.
3.7.2 Limitações
A amizade e o apreço que possuímos com alguns dos professores mais citados pelos
alunos poderia dar margem a um viés na interpretação desta pesquisa. Desta forma optamos
por não divulgar os nomes dos docentes evocados como os mais importantes, substituindo
seus nomes na análise de conteúdo, pela letra X (xis) uma vez que o objetivo do presente
trabalho não era identificar as professores e sim suas características à luz da Teoria de Delors
(1996) e de Kram (1983).
Outra limitação foi a proximidade do período de férias durante a coleta de dados o que
impossibilitou uma maior divulgação da importância da pesquisa nas salas de aula assim
como a não disponibilidade de muitos alunos e egressos possuírem computador e acesso a
internet para responder as perguntas do questionário.
No capítulo seguinte será apresentada a análise e discussão dos resultados.
4. ANÁLISE E DISCUSSÃO
Este capítulo consiste na apresentação dos resultados da pesquisa agrupados em
subseções que serão analisados e discutidos seguindo a seqüência das questões norteadoras.
4.1 PERFIL DO PROFESSOR À LUZ DA TEORIA DA EDUCAÇÃO DE DELORS
Nesta seção são apresentados os dados que contribuíram para identificação do perfil
que compõem a resposta à seguinte questão norteadora:
Quais são as características dos professores observados pelos alunos e egressos dos
Cursos Superiores de Curta Duração da Faculdade Boa Viagem, à luz da Teoria da
Educação de Delors?
4.1.1 Apresentação e análise do Perfil do Professor
Como a Teoria da Educação de Delors está divida em Quatro Pilares básicos e
inseparáveis, categorizamos essa seção por cada competência apresentada, tais sejam Saber
Conhecer, Saber Fazer, Saber Conviver e Saber Ser.
4.1.1.1. Professor que Sabe Conhecer
Os resultados parecem demonstrar que os professores citados no questionário possuem
uma construção significativa de suas próprias competências cognitivas. Cuidam de atualizar-
se ao conteúdo da disciplina ministrada aperfeiçoando assim sua formação técnico-científica.
Demonstram uma capacidade de concentração, memória e raciocínio combinados com uma
educação ampla o suficiente para investigar com profundidade os temas propostos em sala de
aula. Foram encontrados na análise de dados 151 evocações referentes ao domínio de
conteúdo dos professores.
Podemos citar como exemplos:
“[...] Domínio sobre a matéria abordada e outros assuntos relacionados.
[...]”.
“[...] Qualidade da aula, conhecimento do assunto [...]”.
“[...] Domínio do conteúdo [...]”.
“[...] Competente, inteligente [...]”.
“[...] Altamente atualizado com o mercado [...]”.
“[...] Culta [...]”.
4.1.1.2 Professor que Sabe Fazer
Os resultados parecem demonstrar que os professores citados no questionário possuem
uma construção significativa de suas próprias habilidades. Cuidam em transmitir o conteúdo
da disciplina ministrada com máxima perfeição no sentido de obter o resultado almejado,
além de executarem as demais tarefas da docência com zelo e a segurança de quem sabe o que
faz. Demonstram habilidades práticas em transformar o conhecimento em inovações eficazes.
Foram encontradas na análise 152 evocações referente à didática empregada pelos professores
e 75 evocações reconhecendo a experiência profissional dos professores.
Podemos citar como exemplos:
“[...] Experiência e vivência na área logística e usa exemplos que passou em
sua formação profissional [...]”.
“[...] Didática excelente. Passa aos seus alunos o conhecimento, que obteve
com anos de estudo e profissão com muita facilidade, sendo realmente um
facilitador. Domina muito bem a disciplina que leciona [...]”.
“[...] Clareza e facilidade de demonstrar o conhecimento na pratica [...]”.
“[...] Capacidade de envolver as pessoas e fazer com participem ativamente
[...]”
.
“[...] Praticidade [...]”.
4.1.1.3 Professor que Sabe Conviver
Os resultados parecem demonstrar que os professores citados no questionário possuem
uma construção significativa da justiça social, da moderação dos próprios pensamentos, na
temperança nas próprias atitudes e no compromisso de promover um bem comum. Cuidam se
o conteúdo da disciplina ministrada foi recepcionado de forma condizente à situação
particular do aluno além de favorecer uma atenção especial na hora de suas dificuldades.
Demonstram uma compreensão através do diálogo, empatia, respeito e apreço. Experimentam
projetos comuns e propõem objetivos em conjunto. Sabem gerir os conflitos de forma
pacífica. Foram encontradas na análise 136 evocações referentes ao bom relacionamento
interpessoal e 99 evocações referentes à empatia demonstrada pelo seu aluno.
Podemos citar como exemplos:
“[...] Disponibilidade em ouvir os alunos [...]”.
“[...] Tem um bom relacionamento com os alunos e é flexível. [...]”.
“[...] O cuidado que ele tem de acompanhar o aprendizado de cada aluno.
[...]”.
“[...] Empatia com os alunos [...]”.
“[...] Ajuda o próximo com vontade [...]”.
“[...] Preocupação que o aluno aprenda o conteúdo, interatividade [...]”.
“[...] Capacitada no que passava aos alunos, honesta, interagia sempre
conosco, e escutava a todos com muita atenção, sem nunca desmerecer a
opinião e o ponto de vista do aluno, educadíssima [...]”.
4.1.1.4 Professor que Sabe Ser
Os resultados parecem demonstrar que os professores citados no questionário possuem
uma construção significativa dos seus próprios sentimentos, de sua própria sensibilidade e de
sua própria auto-estima. Seu comportamento e sua forma de pensar transmitem múltiplos
valores que implica na criação de uma imagem positiva. Demonstram que compreendem os
outros porque se conhecem primeiro. Entendem que a educação deve contribuir para o
desenvolvimento integral do aluno. Proporciona liberdade de pensamentos e sentimentos
instigando a descoberta de visão crítica e responsável. Foram encontradas 25 evocações
referentes à organização dos professores, 16 evocações referentes à sinceridade, 16 referentes
à flexibilidade e 14 evocações referentes à humildade.
Podemos citar como exemplos:
“[... ]Humildade nunca prevalecendo-se de seus títulos [...]”.
“[[...] Mesmo sabendo que é uma tremenda profissional, nunca deixou a
fama de ser uma das mulheres mais brilhantes, “subir à cabeça”...]”.
“[...] Tem um lado religioso muito forte [...]”.
“[...] Muito dinâmico, autêntico [...]”.
“[...] Ele é o cara, sabe muito e não fica se gabando dos títulos que tem
[...]”.
Na seção a seguir os dados serão discutidos.
4.1.1.2 Discussão dos achados sobre a Teoria da Educação de Delors
Os resultados dos achados desta pesquisa, obtidos através da resposta da questão
aberta do questionário, sugerem que a percepção das características dos professores, lastreia-
se na literatura dos Quatro Pilares da Educação de Delors (1996) no sentido de ratificar que
estes profissionais vão além do mero ofício de educador.
Parece que os respondentes percebem que seus professores possuem uma capacidade
especial do que a simples inteligência cognitiva. Estes profissionais dominam o conteúdo de
sua área de ensino (sabem conhecer), possuem uma compreensão de sua própria natureza
(sabem ser) e do mundo que há em sua volta (sabem conviver) e atuam no sentido de se
manterem atualizados e eficientes no desempenho de suas funções (sabem fazer) conforme
Libâneo,1994; Bayma,2004; Delors,1996; Perrenoude, 1999; Morin, 2000; e Masetto, 2002
defenderam em trabalhos anteriores.
Na análise de dados desta pesquisa foram encontradas evocações de competências,
habilidades, convivência e características individuais dos professores, que podem ser
agrupadas em cada um dos Pilares da Teoria de Delors conforme Gráfico 01 que se segue:
Gráfico 01: Evocações do Perfil do Professor
Fonte: autoria própria,2011
As características que compõem o perfil dos professores do estudo parecem possuir
uma importância fundamental na aprendizagem dos respondentes pelo que demonstram em
satisfação e alegria em conviver com esses profissionais. Sugerimos futuras pesquisas mais
0
20
40
60
80
100
120
140
160
Perfil dos Professores
profunda de análise das características dos professores para que as organizações possam
priorizar o fortalecimento e desenvolvimento dos saberes de seus funcionários no sentido de
criar um diferencial competitivo no mercado.
A próxima seção abordará as Funções de Carreira encontradas nas características dos
professores.
4.2 FUNÇÕES DE CARREIRA
Nesta seção são apresentados os dados que contribuíram para identificação das
Funções de Carreira nas características dos professores dos Cursos Superiores de Curta
Duração da Faculdade Boa Viagem que compõem a resposta à seguinte questão norteadora:
Quais Funções de Carreira da Teoria de Mentoria de Kram, observados pelos
alunos e egressos dos Cursos Superiores de Curta Duração da Faculdade Boa Viagem,
estão presentes nas características dos professores?
4.2.1.1 Função de Patrocínio
Os resultados parecem demonstrar que os professores citados no questionário
ofereceram suporte emocional aos seus alunos criando assim oportunidades de prepará-los
para ingresso ou progressão de sua carreira profissional. Na análise foram identificadas 43
evocações referentes ao apoio e motivação oferecidos pelos professores aos seus alunos. Não
foi identificado oferta de suporte financeiro aos alunos nos resultados dessa amostra.
Podemos citar como exemplos:
“[...] Se estou no 4º período e fui elogiada com louvor pela banca no ppi do
3º devo muito a ele que disse em minha 1ª apresentação de seminário que eu
ainda iria me surpreender, pois ele conhecia quando um aluno acompanha o
desenvolvimento do curso [...]”.
“[...] Professor que demonstra uma alta preocupação com o aluno, mesmo
quando o mesmo não é mais seu aluno naquele período. Se coloca à
disposição para novos projetos e apoio educacional [...]”.
“[...] Ajuda quando é preciso [...]”.
“[...] X, estimula o aluno, que ele é capaz de realizar o seu objetivo, mesmo
quando tudo parece ser difícil. [...]”.
“[...] Embora ele não tenha tomado conhecimento, ele também me
fortaleceu e incentivou a derrubar barreiras, a acreditar no futuro, a construir
um mundo melhor. [...]”.
4.2.1.2 Função de Exposição e Visibilidade
Os resultados parecem demonstrar que os professores citados no questionário
estimularam a demonstração de competências, habilidades e talentos especiais de seu aluno
criando assim oportunidades de prepará-los para ingresso ou progressão de sua carreira
profissional. Na análise foram identificadas 07 evocações referentes a oportunidade que o
professor proporciona para seu aluno demonstrar seus talentos.
Podemos citar como exemplos:
“[...] Nas suas aulas desenvolve suas competências profissionais de maneira
clara e objetiva, dando oportunidade ao aluno de expressar suas idéias [...]”.
“[...] Jamais esquecerei a chance que ela me deu de tentar e fazer bonito no
ppi[...]”.
“[...] Dá importância ao aluno, fazendo com que se sinta valorizado. [...]”.
“[...] Quanto à sua pessoa, deixa a classe à vontade fazendo com que todos
tenham mais liberdade em tirar dúvidas. [...]”.
“[... ] muita carisma ao nos falar e até mesmo nos despertar com relação ao
ser profissional[...]”.
4.2.1.3 Função de Coaching
Os resultados parecem demonstrar que os professores citados no questionário
sugeriram e compartilharam idéias com seus alunos criando assim oportunidades de prepará-
los para ingresso ou progressão de sua carreira profissional. Na análise foram identificadas 27
evocações referentes à sugestões de estratégias, feedback e orientação profissional.
Podemos citar como exemplos:
“[...] Segui os conselhos dela como profissional e como ser humano e estou
de pé, para concluir a minha graduação. Em 06 meses aprendi muito com
essa educadora de suma importância para todos nós [...]”.
“[...] A importância de pesquisar em livros, sem se restringir à internet [...]”.
“[...] A forma de trabalhar com vídeos, facilita a concentração, buscando
também o nosso ponto de vista sobre o que foi visto. E o uso de Quiz para
fixar e ajudar na disciplina com pontuação. [...]”.
“[...] Saliento também o ambiente facilitador na sala de aula, possibilitando
uma troca de experiências e os debates promovidos após as visitas técnicas.
[...]”.
“[...] Faz exercícios para fixação do aprendizado. [...]”.
4.2.1.4 Função de Tarefas Desafiadoras
Os resultados parecem demonstrar que os professores citados no questionário
projetaram tarefas e desafios para seus alunos criando assim oportunidades de prepará-los
para ingresso ou progressão de sua carreira profissional. Na análise foram identificadas 26
evocações referentes à instigação e delegação de novos desafios.
Podemos citar como exemplos:
“[...] O aprendizado na escrita de artigos científicos. [...]”.
“[...] Exigente perante solicitações [...]”.
“[...] Ele é exigente, mas com grandeza de uma pessoa que está ali pra
ajudar [...]”.
“[...] Ótima articuladora de PPI (Projeto profissional Interdisciplinar), a qual
cobra, exige e também ajuda o aluno. [...]”.
“[...] A primeira impressão que se tem de X é que ela é muito rígida, mas ao
longo do período nota-se que na verdade ela é muito doce e competente na
forma de transmitir os seus conhecimentos. Através dela passei a refletir
mais sobre o futuro da minha empresa e o que era preciso para expandi-la.
[...]”.
4.2.1.5 Função de Proteção
Os resultados parecem demonstrar que os professores citados no questionário
adequaram situações difíceis à condição dos alunos criando assim oportunidades de prepará-
los para ingresso ou progressão de sua carreira profissional. Na análise foram identificadas 95
evocações referentes à identificação dos limites do aluno e à preservação de sua autoestima no
meio educacional.
Podemos citar como exemplos:
“[...] Professor sensato, sabe identificar qualidades e defeitos dos alunos e
trabalhar na forma de melhoria [...]”.
“[...] Por me motivar e fazer finalmente entender Matemática de maneira
que nos os alunos não nos sentíssemos pressionados pelo peso da matéria
[...]”.
“[...] Conhece as dificuldades de cada aluno [...]”.
“[... ] Uma professora que consegue entender que cada um deve ser tratado
de forma única, e com inteligência, para não haver nenhuma discriminação
nem preconceito. [...]”.
Na seção a seguir os dados serão discutidos.
4.2.2 Discussão dos achados das Funções de Carreira
Os resultados dos achados desta pesquisa, obtidos através da resposta da questão
aberta do questionário, sugerem que todas as cinco Funções de Carreira de Mentoria são
encontradas nas características do professor ratificando desta forma a literatura de Kram
(1983, 1985) quais sejam: Patrocínio, Exposição e Visibilidade, Coaching, Tarefas
Desafiaoras e Proteção.
Estes depoimentos parecem confirmar que os respondentes têm em seus professores o
suporte emocional necessário para encontrarem oportunidades de crescimento profissional.
Eles o incentivam a continuar seus estudos para conseguir melhores opções de emprego
(Patrocínio) como já afirmava Kram (1983, 1985) em seus trabalhos anteriores. As respostas
não demonstraram se foi solicitado ou oferecido suporte financeiro, mas acreditamos que sua
ausência não descaracteriza a presença da referida função no perfil do educador uma vez que
este é apenas um de seus aspectos.
Os resultados desta pesquisa sugerem ainda que os professores apontados no
questionário são pessoas que promovem e se regozijam com o sucesso e o triunfo de seus
alunos (Exposição e Visibilidade) ao contrário do que ocorre na eminência de frustração e
perda de autoestima dos respondentes, quando seu professor investido na postura de guardião,
minimiza aquele fator circunstancial. (Proteção) como já afirmava Kram (1983, 1985) em
seus trabalhos anteriores.
Nossos achados como já afirmaram Kram (1983, 1985) em trabalhos anteriores, ainda
insinuam que os professores desafiam seus alunos a completarem tarefas difíceis e transporem
obstáculos complicados, desenvolvendo-lhes novas habilidades desconhecidas (Tarefas
Desafiadoras) além de também orientarem e proporem sugestões nas decisões que os
respondentes precisam tomar (Coaching). Dizemos que no Coaching existem várias escolhas
e o mentor indica uma, ao passo que nas Tarefas Desafiadoras o mentor espera de seu
mentorado que ele descubra sozinho a opção mais acertada.
Na análise de dados desta pesquisa foram encontradas evocações de funções de
carreira com os seguintes resultados: 43 evocações de Patrocínio, 07 de Exposição e
Visibilidade, 26 sobre delegação de Tarefas Desafiadoras, 27 de Coaching e 95 de Proteção
conforme Gráfico 02 que se segue:
Gráfico 02: Evocações das Funções de Carreira
Fonte: autoria própria, 2011
As Funções de Carreira encontradas nas características que compõem o perfil dos
professores do estudo parecem possuir uma importância fundamental na aprendizagem dos
respondentes pelo que demonstram em satisfação e alegria em conviver com esses
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
Patrocínio Exposição eVisibilidade
TarefasDesafiadoras
Coaching Proteção
Funções de Carreira
profissionais, principalmente ao que diz respeito a Função de Proteção e de Patrocínio,
portanto uma construção futura de escala de mensuração destas variáveis.
A próxima seção abordará as Funções Psicossociais encontradas nas características
dos professores.
4.3 FUNÇÕES PSICOSSOCIAIS
Nesta seção são apresentados os dados que contribuíram para identificação das
Funções Psicossociais nas características dos professores dos Cursos Superiores de Curta
Duração da Faculdade Boa Viagem que compõem a resposta à seguinte questão norteadora:
Quais Funções Psicossociais da Teoria de Mentoria de Kram, observados pelos
alunos e egressos dos Cursos Superiores de Curta Duração da Faculdade Boa Viagem,
estão presentes nas características dos professores?
4.3.1 Apresentação e análise das Funções Psicossociais
4.3.1.1 Função de Modelagem de Papel
Os resultados parecem demonstrar que os professores citados no questionário
influenciaram ou inspiraram o comportamento de seus alunos fazendo com que eles
admirassem seus valores e atitudes e passassem a se comportar de forma similar criando-lhes
assim oportunidades de desenvolvimento pessoal.
Podemos citar como exemplos:
“[...] Uma das principais características dela é a motivação que sempre
passou para nós alunos. Sua simpatia, sua seriedade e sua segurança nos
assuntos abordados. Através dela, decidi a carreira que realmente gostaria ,
foi a de ser prof. universitário de RH, e consegui. Obrigado X, você é
sempre será muito importante para minha vida profissional. De verdade de
verdade, muitas vezes em situações conflituosas tento me comportar e como
ela. Fato que sempre da certo[...]”.
[...] Seu relato de vida já e uma lição de vida e profissional. Sua
determinação de crescer na vida demonstra que se lutarmos, é possível
chegarmos onde queremos[...]”
[...] Exemplo de organização [...]”
[...] Além do profissional a pessoa do professor X representou na minha
formação um exemplo der ser humano, que Educa, Ensina, Partilha
conhecimentos, Valoriza e Reconhece o melhor do aluno. Estimula a busca
pelo conhecimento e melhoria profissional. [...]”
[...] Comunicação clara e objetiva, dentre outros atributos, fizeram dela um
modelo e fundamental para nossa formação. [...]”
4.3.1.2 Função de Aconselhamento
Os resultados parecem demonstrar que os professores citados no questionário atuam
com empatia, ouvem e discutem problemas pessoais e profissionais com seus alunos criando-
lhes assim oportunidades de desenvolvimento pessoal.
Podemos citar como exemplos:
“[...] É um exemplo de vida e eu, fui uma das alunas que se beneficiou de
seus conselhos e posso garantir que ele mudou minha vida no momento em
que eu encontrava-me em desespero e em que eu quase desisti do curso.
Foram as palavras dele que encorajaram e eu, hoje continuo o meu curso e
sei que o concluirei [...]”.
“[...] Atenciosa, sábia, e sabia ouvir [...]”.
“[...] É muito atento ao fato de o aluno estar passando por problemas
pessoais, procura sempre ajudar, aconselhar e animar através de suas
palavras suaves, porém fortes [...]”.
“[...] Conselheiro [...]”.
“[...]“ X por em momento difícil em sua vida não se recusou a ouvir sem
pressa, tendo sempre muito carisma ao nos falar e até mesmo ao nos
despertar com relação ao ser profissional [...]”
4.3.1.3 Função de Confirmação e Aceitação
Os resultados parecem demonstrar que os professores citados no questionário
transmitem respeito, confiança e consideração a seus alunos criando-lhes assim oportunidades
de desenvolvimento pessoal.
Podemos citar como exemplos:
“[...] Gente da gente [...]”.
“[...] É o cara. Ele ensina, é humano, é do bem, ótima pessoa e sou muito
grato em ter sido um aluno dele [...]”.
“[...] Do lado humano, a capacidade de tratar a todos como iguais. O
respeito e a dedicação prestada ao grupo. [...]”.
“[...] O respeito e a dedicação prestada ao grupo. [...]”.
4.3.1.4 Função de Amizade
Os resultados parecem demonstrar que os professores citados no questionário
interagem informalmente com seus alunos discutindo assuntos alheios ao ambiente escolar
transmitem criando-lhes assim oportunidades de desenvolvimento pessoal.
Podemos citar como exemplos:
“[...] X foi meu professor durante dois semestres e isso nos tornou mais
amigos temos contato até hoje trocando emails, e sempre que tenho dúvidas
busco a experiência dele para organizar minhas idéias [...]”.
“[...] Além de minha ex professora é uma Amiga que conquistei! [...]”.
“[...] Temos professores em que a relação vai além do ambiente educacional
[...]”.
“[...] Amigo de um carisma sem igual. [...]”.
“[...] Para X posso citar as mesmas características, educação, amizade,
muito doce [...]”.
Na seção a seguir os dados serão discutidos.
4.3.2 Discussão dos achados das Funções Psicossociais
Os resultados dos achados desta pesquisa, obtidos através da resposta da questão
aberta do questionário, sugerem que todas as quatro Funções Psicossociais de Mentoria são
encontradas nas características do professor ratificando desta forma a literatura de Kram
(1983,1985) quais sejam: Modelagem de Papel, Aconselhamento, Confirmação e Aceitação e
Amizade. Estes depoimentos parecem confirmar que os respondentes têm em seus professores
exemplos de vida a ser seguido (Modelagem de Papel). Seus valores e comportamento os
inspiram e os estimulam a se desenvolverem enquanto seres humanos. Percebem também que
podem procurar tirar suas dúvidas e temores mais triviais pois serão ouvidos e orientados
(Aconselhamento). Os achados sugerem ainda que os respondentes encontram em seus
professores o respeito e a valorização que esperam (Confirmação e Aceitação) e por muitas
vezes encontram em seus educadores um amigo para todas as horas (Amizade) como já
afirmava Kram (1983,1985) em trabalhos anteriores.
Na análise de dados desta pesquisa foram encontradas evocações de funções
psicossociais com os seguintes resultados: 43 evocações de Modelagem de Papel, 46 de
Aconselhamento, 114 de Aceitação e Confirmação e 52 de amizade conforme Gráfico 03
demonstrado na próxima página.
Gráfico 03: Evocações das Funções Psicossociais
Fonte: autoria própria, 2011
As Funções Psicossociais encontradas nas características que compõem o perfil dos
professores do estudo parecem possuir uma importância fundamental na aprendizagem dos
respondentes pelo que demonstram em satisfação e alegria em conviver com esses
profissionais, principalmente ao que diz respeito a Aceitação e Confirmação e Amizade.
Sugerimos portanto, uma construção futura de escala de mensuração destas variáveis.
A próxima seção abordará os reflexos ocasionados aos alunos pelo convívio com seus
professores.
4.4 REFLEXOS OCASIONADOS PELO CONVÍVIO COM OS PROFESSORES
0
20
40
60
80
100
120
Modelagem de Papel Aconselhamento Aceitação eConfirmação
Amizade
Funções Psicossociais
Esta seção apresenta os itens que compõem a resposta à seguinte questão norteadora:
Quais reflexos são ocasionados, na percepção dos alunos e egressos da Faculdade
Boa Viagem, a partir do convívio com seus professores à luz da Teoria da Educação de
Delors e da Teoria da Mentoria de Kram?
Os reflexos do convívio com os professores serão categorizados em Aprendizado
Adquirido, Habilidades Desenvolvidas, Compreensão da Pluralidade, Plenitude Humana e
Desenvolvimento Profissional tais digam respeito respectivamente aos Pilares da Educação da
Teoria de Delors (Saber Conhecer, Saber Fazer, Saber Conviver, Saber Ser) e da Teoria da
Mentoria de Kram.
4.4.1.1.1 Aprendizado Adquirido
Os resultados parecem demonstrar que o convívio com os professores citados no
questionário proporciona aos alunos uma construção significativa suas competências. Eles
absorvem conteúdo da disciplina ministrada aperfeiçoando assim sua formação técnico-
científica.
Podemos citar como exemplos:
“[...] X: passa o assunto com tanta ênfase; que procura cavar (buscar) do
aluno uma curiosidade nunca antes experimentada. [...]”.
[...], Através da profa. X descobri habilidades e competências que pensei
que não tivesse [...]”
“[...] Profº X , tem uma boa didática, foi fácil assimilar o conteúdo por ele
passado , pelo que eu vi tem amor ao que faz, gostaria muito de pode
estudar com ele [...]”.
“[...] Passou de forma clara e direta assuntos que eu já havia esquecido,
[...]”.
“[...] O mínimo que se espera do professor é comprometimento, portanto,
considero que sua metodologia (todos os aspectos possíveis) me aproximou
e despertou mais interesse pelas aulas[...]”.
“[...] Faz com que o aluno fixe o aprendizado [...]”.
4.4.1.2 Habilidades Desenvolvidas
Os resultados parecem demonstrar que o convívio com os professores citados no
questionário proporciona aos seus alunos uma construção significativa de suas habilidades.
Eles exercitam o conteúdo da disciplina ministrada aperfeiçoando assim sua atuação técnico-
científica.
Podemos citar como exemplos:
“[...] Contabilidade e matemática financeira, são importantes no meu dia a
dia, e a facilidade de comunicação e o conhecimento do prof. X foram
fundamentais no trato das rotinas profissionais.[...]”.
“[...] Os ensinamento de X, utilizo sempre no meu dia a dia tive a maior
facilidade em absorver sua matéria.. [...]”.
“[...] Adorei, aprendi a gostar de português através dele. E achava
interessante que esta matéria fosse uma cadeira até o final do curso, pois
temos que estar sempre aprendendo a falar correto [...]”.
“[...] Esse professor admiro demais, foi uma das disciplinas que mais gostei,
aliás, gostei tanto que a minha próxima pós/mba (estarei iniciando em
agosto um MBAem RH) será em marketing por causa dele [...]”.
“[...] Essa professora demonstra que o direito é algo fácil de aprender, sua
linguagem simples e clara deixar-nos apaixonado pela matéria. Luto para ter
esta facilidade de ensinamento que a professora X possui. [...]”.
4.4.1.3 Compreensão da Pluralidade
Os resultados parecem demonstrar que o convívio com os professores citados no
questionário trouxeram aos alunos uma construção significativa da justiça social, da
moderação dos pensamentos, na temperança nas atitudes e no compromisso de promover um
bem comum. Percebem-se inseridos num contexto social, numa coletividade de pensamentos
e de ações relacionada que dada às suas diferenças precisam ser harmonizadas.
Podemos citar como exemplos:
“[...] Suas aulas faz-nos refletir a realidade. Faz-nos sermos críticos, faz-nos
pensar, analisar, pesquisar, questionar e no final do curso é que percebemos
o quanto foi necessário para nosso dia a dia os questionamentos, nos
fazendo pensar, pensar e pensar antes de agir. Sua aula faz-nos sentirmos na
situação exposta em sala de aula, como se tivéssemos passando pela
situação, como algo real. Muito bom!![...]”.
“[...] Um exemplo de mestre, realmente um professor que envolvia a turma
de forma positiva e que de uma forma muito simples e humilde nos forçava
a pensar. [...]”.
“[...] É muito atualizado com os acontecimentos globais e incentivar o
mesmo [...]”.
“[...] O direito como um todo(civil, trabalhista e etc.), depende muito da
interpretação de quem o julga. Mas para esse julgamento o advogado tem
que ter conhecimento para que possa demonstrar na lei que ele tem razão.a
profa. Demonstrou em sala esse conhecimento e soube transmitir o
conhecimento para que possamos fazer a interpretação correta. [...]”.
“[...] Aprender das relações humanas com ela é maravilhoso. [...]”.
4.4.1.4 Plenitude Humana
Os resultados parecem demonstrar que o convívio com os professores citados no
questionário trouxeram aos alunos uma construção significativa dos seus sentimentos, de sua
sensibilidade e de sua auto-estima. Percebem-se como seres com características inatas mas
com capacidade também de adquirir novas experiências a partir da interação com seu
professor.
Podemos citar como exemplos:
“[...] Tinha uma frase que também gostei quando ela falou: "não existe
benefício sem sacrifício", esta frase faz sentido para mim e para o que
espero de meus esforços para realizar-me como pessoa e como um excelente
profissional." [...]”
“[...] Ele implantou valor em alguns alunos e inclusive em mim. Exemplo de
"por que ter preconceito?"[...]”.
“[...] Pessoa que passava um grande reforço positivo. [...]”.
“[...] Além de ensinar, também orienta, valoriza e estima em nós a busca por
sermos melhores [...]”.
“[...] Nos ensinou que estávamos no curso de gestão de pessoas e
deveríamos agir de forma justa e serias nos assuntos referente ao direito do
trabalho [...]”.
“[...] Estimula-nos a raciocinar e buscar conhecimento constantemente.
Contribuindo muito com o crescimento do aluno em sua totalidade [...]”.
[...].nos faz buscar um autoconhecimento [...]”.
4.4.1.5 Desenvolvimento da Carreira Profissional
Os resultados parecem demonstrar que o convívio com os professores citados no
questionário trouxeram aos alunos benefícios relacionados ao ingresso ou progressão de sua
carreira profissional. Percebem a oportunidade que lhes foi oferecida para ingressar ou
progredir em sua carreira profissional.
Podemos citar como exemplos:
“[...] Este professor me ofereceu uma das melhores oportunidades de minha
vida profissional, hoje trabalho na área de finanças e estou colocando um
pouco do que aprendi na FBV em prática [...]”.
“[...] Professora que ajudou muito na definição de minha nova carreira,
disponibilizando materiais e estando á disposição não só de mim, mas de
toda a turma para sanar dúvidas. [...]”.
“[...] A profa.nos ensinou a conhecer melhor as oportunidades de negócios
que venham a surgir[...]”.
“[...] Por deixar o aluno incorporar seus assuntos de forma que suas aulas
parecessem um bate-papo que foi e esta sendo de grande importância para
minha carreira profissional [...]”.
“[...] Profª X, tem boa didática com certeza o conteúdo de sua matéria me
deu uma outra visão empresarial, como entender as pessoas de como exercer
uma liderança sem autoridade e sim por se fazer respeitar[...]”.
Na seção a seguir os dados serão discutidos.
4.4.1.2 Discussão dos achados dos reflexos causados pelo convívio com professores
Os resultados dos achados desta pesquisa, obtidos através da resposta da questão
aberta do questionário, sugerem que os reflexos ocasionados pelo relacionamento com o
professor ratificam a literatura de Kram (1983,1985), Carr (1999), Ragins e Kram (2007),
Wickman e Sjodin (1997) e Ragins, Cotton e Miller (2010) sobre os benefícios da Mentoria
Estes depoimentos parecem confirmar que o convívio pode ser benéfico para o processo de
crescimento do professor (mentor) e de seu aluno (mentorado) no sentido de construir em
ambos a necessidade (Saber Ser) de adquirir conhecimentos (Saber Conhecer) para executá-
los corretamente (Saber Fazer) em prol do interesse comum (Saber Conviver), saberes que
servem de base para a Teoria dos Quatro Pilares da Educação de Delors (1996).
Confirmando os achados de Gueiros (2007), Santos Júnior (2005) e Guimarães (2009),
os resultados desta pesquisa parecem afirmar que o ambiente educacional é um local de
nascimento muito comum para o surgimento dos Benefícios de Mentoria. Podemos supor
ainda que os professores apontados na pesquisa desempenham um papel importante como
fonte de apoio à aprendizagem, e orientação para além de sua mera posição de educador
confirmando assim a literatura de Libâneo,1994; Bayma,2004; Delors, 1996;
Perrenoude,1999; Morin, 2000; e Masetto, 2002.
Esses docentes tem uma responsabilidade de transmitir conhecimentos a gerações
futuras. A transmissão de informação privilegiada proporciona ao mentor um sentimento de
satisfação pessoal. A Mentoria também exige que o professor de esteja refletindo sempre
sobre as melhores práticas de ensino, sobre seu incentivo à criatividade sobre as
oportunidades de aprendizagem ao decorrer da vida, em decorrência desses atos acaba
tornando-se modelo para seus alunos e sente-se recompensado pelo reconhecimento de seu
trabalho.
O convívio com os professores proporcionam ao indivíduo o conhecimento necessário
para sobreviver em uma sociedade moderna que muda constantemente. Desta forma, a
educação torna-se uma característica permanente na vida do indivíduo e não mera etapa ou
fragmento de circunstâncias.
Os resultados insinuam que um relacionamento pessoal entre docentes e alunos
consolidado nos Quatro Pilares da Educação de Delors, (1996) e no fenômeno da Mentoria de
Kram (1983, 1985) proporciona uma qualidade no processo de desenvolvimento humano com
o qual as organizações, a sociedade civil e o próprio indivíduo podem se beneficiar.
Sugerimos futuras pesquisas mais profundas na análise dos reflexos causados pelo convívio
com professores para que as organizações possam priorizar o fortalecimento e
desenvolvimento de seus funcionários no sentido de criar um diferencial competitivo no
mercado.
Na próxima seção abordaremos as Conclusões e Sugestões deste trabalho.
5. CONCLUSÕES E SUGESTÕES
Como foi visto as empresas estão em constantes mudanças e sempre sofrendo alta
competitividade do mercado. Demandam com isso cada vez mais funcionários preparados,
com formação universitária para atuar habilmente nos interesses da organização profissional.
Quando esses profissionais, desenvolvidos por professores, têm uma visão mais clara do que
querem e do que a empresa precisa, conseguem agir com mais segurança e competência
proporcionando bons resultados a todos.
Investigamos como o perfil do professor, na percepção de alunos e egressos dos
Cursos Superiores de Curta Duração da Faculdade Boa Viagem, se alinha com os modelos
propostos pela Teoria dos Quatro Pilares da Educação de Delors e da Mentoria de Kram para
com isso contribuir e desenvolver oportunidades no campo da educação criando modelos de
experiências e práticas que facilitem o efetivo desenvolvimento dos estudantes na
universidade e o no mundo do trabalho.
A sociedade atual permite às pessoas um acesso mais fácil à informação. Desta forma,
a Educação deve transmitir os conhecimentos de forma rápida e eficiente a todos os
indivíduos que por sua vez irão enfatizá-los no que realmente consideram importante para que
assim alcancem sua integração plena na sociedade. Isto significa que o professor não deve ser
uma fonte inesgotável de informação, mas deve ajudar o aluno a descobrir qual a informação
que ele precisa.
Os Quatro Pilares da Educação de Delors (1996) serviram como apoio fundamental
para alicerçar as informações desta pesquisa. A partir desta teoria, tornou-se mais claro
analisar os dados porque as características ficaram separadas pelas subseções: Aprendizado
Adquirido (Saber Conhecer), Habilidades Desenvolvidas (Saber Fazer), Compreensão de
Pluralidade (Saber Conviver) e Plenitude Humana (Saber Ser) simplificando-se desta forma o
processo de pesquisa.
Podemos dizer que os quatro pilares da educação compõem a verdadeira essência
interior do indivíduo que se desenvolve e permanece ao longo da vida. Aprender a ser você
mesmo, conviver com os outros e desenvolver todo o seu potencial como indivíduo livre e
como um membro responsável de uma sociedade maior é uma tarefa de educação que não
podemos deixar enfraquecer, independentemente do peso da pressão econômica, burocracias
complicadas, pobrezas e necessidades de recursos.
A educação é a plataforma na qual a estrutura profissional deverá ser construída. Os
alunos que através do ensino adaptaram-se às novas exigências tecnológicas e comerciais
tornam-se sujeitos históricos capazes de participar da vida social tomando boas decisões. O
desafio para o mundo acadêmico é desenvolver novas propostas de transformação social para
que tenhamos oportunidade de crescermos enquanto indivíduo através do convívio com
educadores que disseminam o conhecimento ao desenvolver inúmeras interações com seus
alunos.
Espera-se uma nova cultura de educação, ou seja, uma valorização da relação dos
docentes e suas práticas profissionais, o reconhecimento da produção de um ambiente escolar
bem construído e acolhedor e da inserção dos universitários na sociedade enquanto cidadãos
éticos e responsáveis. Laços sociais e de solidariedade coletiva, portanto, aparecem como
atributos desses indivíduos por possuírem a perfeita noção do seu papel na dimensão social e
política de seu ambiente.
Devemos buscar um sistema educacional moderno que enfatize a aprendizagem como
forma de adaptação ao mercado de trabalho e como instrumento de justiça social e de
exercício pleno da cidadania.
O convívio com professores percebidos como especiais tem uma função muito
benéfica uma vez que auxilia ao aluno a construir sua identidade enquanto participante de
regras e sistemas sociais, promovendo sua interação, oportunidade de crescimento
profissional, participação de decisões públicas alcançando consequentemente a democracia
almejada.
Esta interação realiza progressos na construção de uma sociedade mais ética e justa,
projetando a criatividade e a cooperação entre os indivíduos trazendo um fortalecimento dos
princípios morais e de uma consistência em todas as áreas de convívio humano.
Devido às rápidas mudanças que cercam diariamente nossas vidas o mundo de
informações colocada em nossas mãos é um amplo leque de conhecimentos que precisam de
constante renovação. Desenvolver o pensamento crítico transforma a comunicação, o
julgamento e a execução das tarefas.
A Teoria da Mentoria de Kram (1983, 1985) se enquadra perfeitamente na área
educacional. Estudamos as funções de Carreira e Psicossociais exercidas pelos professores e
os benefícios que o relacionamento de Mentoria traz à sua profissão elevando o padrão de
qualidade de ensino e proporcionando melhores tomadas de decisões.
Procuramos contribuir com o aprofundamento do importante tema da Formação
Superior no Profissional que busca seu eterno desenvolvimento tanto na educação formal
como no convívio com seu professor. Este aparece sempre disponível e interessado em treiná-
lo, agindo como um orientador, um instrutor, um conselheiro que o apóia através do conteúdo
disciplinar e de seu próprio comportamento como pessoa.
Constatou-se que os professores são percebidos como responsáveis pelo
desenvolvimento de habilidades relevantes para os alunos. Com suas experiências, liderança e
orientações, os discentes são mais bem preparados para serem inseridos num ambiente
profissional e realizarem suas atividades e atingirem metas mais facilmente.
Percebe-se que a relação de Mentoria entre discentes e professores é o resultado de
várias e diferentes combinações de personalidades (simpatia, organização, liderança), de
funções (pesquisa, treino, conselhos, acalanto) e saberes (boa oratória, didática, inteligência) o
que promove uma coesão social na comunidade educacional proporcionando aos seus agentes
uma evolução enquanto seres humanos.
Recomenda-se a criação de um relatório desta pesquisa a ser distribuída entre os
docentes com os resultados desta pesquisa para que possam entender o quão importante são as
relações de Mentoria de Kram (1983,1985) com seus alunos e o impacto que seus saberes
causam ao transmitir suas experiências e conhecimentos em sala de aula concebendo assim a
idéia de estimular os docentes a desenvolverem e aprimorarem suas habilidades à luz da
Teoria dos Quatro Pilares da Educação de Delors (1996).
Este trabalho também poderá contribuir para as Instituições de ensino elaborarem
programas de seleção e capacitação de professores. Com a identificação das características do
perfil de um docente, que busca integrar o conteúdo técnico a um bom relacionamento na
sociedade, inspirando seus alunos, fica mais fácil ressaltar pontos positivos e corrigir
necessidades específicas desses profissionais, tais como definição de teorias adequadas,
metodologias modernas e instigantes e fixação clara dos objetivos da disciplina.
Acreditamos que o instituto da Mentoria entre docentes e discentes em âmbito
universitário é a oportunidade que a sociedade possui para reconstruir conexões de valores e
justiça, desenvolver um eixo de transformação nos modelos educacionais e promover novas
culturas e discussões filosóficas.
Fomentar as relações de Mentoria entre educadores e alunos é garantir uma
modelagem de papéis positiva para a sociedade, vez que as habilidades pessoais, sociais e
acadêmicas são desenvolvidas e aperfeiçoadas pelo exemplo que é o professor canalizando o
profissional a trazer benefícios para a comunidade como um todo.
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