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Informações Econômicas, SP, v.30, n.5, maio 2000. MATRIZES DE COEFICIENTES TÉCNICOS DE UTILIZAÇÃO DE FATORES NA PRODUÇÃO DE CULTURAS ANUAIS NO ESTADO DE SÃO PAULO 1 Coordenação Geral: Nilda Tereza Cardoso de Mello 2 Equipe Técnica: Alfredo de Almeida Bessa Junior, Alfredo Tsunechiro, Benedito Barbosa de Freitas, Denyse Chabaribery, Hiroshige Okawa, Humberto Sebastião Alves, Ikuyo Kiyuna, José Roberto da Silva, Marina Brasil Rocha, Marisa Zeferino Barbosa, Marli Dias Mascarenhas de Oliveira, Paul Frans Bemelmans, Silene Maria de Freitas, Sonia Santana Martins, Valéria da Silva Peetz, Waldemar Pires de Camargo Filho RESUMO: O artigo tem por objetivo divulgar as matrizes de coeficientes técnicos de utilização de fatores na produção agropecuária dos cultivos anuais de: algodão, arroz, feijão, girassol, milho, soja, sorgo, trigo, batata, cebola, tomate industrial, além da mandioca, classificada como perene, resultados da primeira fase do projeto feito em parceria IEA/FAESP. Os levantamentos de dados foram feitos a campo, junto aos produtores agrícolas, por sistemas de produção nas principais regiões produtoras do Estado de São Paulo. O objetivo final do referido projeto são as estimativas de custo de produção. Palavras-chave: matrizes de coeficientes técnicos de produção, sistemas de produção, culturas anuais. 1 - INTRODUÇÃO 1 2 O Instituto de Economia Agrícola (IEA) tem por tradição elaborar e divulgar estimativas de custo de produção das principais atividades agropecuárias do Estado de São Paulo. Essa ta- refa institucional é de grande relevância aos produtores agrícolas por oferecer alternativas na alocação de seus recursos ou em dimensioná-los para a tomada de empréstimos financeiros nas diversas atividades. Contribui, também, para os demais segmentos envolvidos com o setor agrí- 1 Este artigo é parte do Projeto de Pesquisa: “Matrizes de Coeficientes Técnicos de Fatores de Produção em Ativida- des Agropecuárias e Estimativas de Custo de Produção no Estado de São Paulo”, desenvolvido pelo Instituto de Economia Agrícola (IEA) em parceria com a Federação de Agricultura do Estado de São Paulo (FAESP). Os resultados apresentados correspondem ao uso, a marcas comerciais e a características de máquinas, implementos e materiais efetivamente observados durante a pesquisa de campo, realizada junto aos produtores agrícolas paulistas. 2 Agradecimentos à Pesquisadora Vera Lúcia Ferraz dos Santos Francisco, do Instituto de Economia Agrícola (IEA), a colaboração oferecida à equipe técnica na fase inicial do projeto, que deu origem a este artigo. cola na tomada de decisões, como cooperativas, associações, instituições bancárias, agroindústrias e o próprio setor público na aplicação de políticas. Essas pesquisas necessitam de atualizações periódicas que envolvem recursos financeiros e humanos significativos, devido à metodologia de levantamentos de dados a campo junto aos produtores, adotada pelo IEA. Nos últimos anos, pela escassez de recursos, notadamente de ordem financeira, a realização das mesmas tem sido prejudicada. O IEA tem empreendido esforços na busca de soluções de problemas dessa natureza, através da realização de parcerias de trabalho com entidades envolvidas com o setor agrícola, privadas ou públicas. Nesse sentido, com o apoio financeiro da Federação de Agricultura do Estado de São Paulo (FAESP), o IEA desenvolveu, de ou- tubro de 1998 a março de 2000, o projeto de pesquisa “Matrizes de Coeficientes Técnicos de Utilização de Fatores de Produção em Atividades Agropecuárias e Estimativas de Custo de Produção no Estado de São Paulo”. Essa parceria resgata uma atividade de grande PDF Creator: PDF4U Pro DEMO Version. If you want to remove this line, please purchase the full version

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Informações Econômicas, SP, v.30, n.5, maio 2000.

MATRIZES DE COEFICIENTES TÉCNICOS DEUTILIZAÇÃO DE FATORES NA PRODUÇÃO DE

CULTURAS ANUAIS NO ESTADO DE SÃO PAULO1

Coordenação Geral: Nilda Tereza Cardoso de Mello2

Equipe Técnica: Alfredo de Almeida Bessa Junior, Alfredo Tsunechiro,Benedito Barbosa de Freitas, Denyse Chabaribery, Hiroshige Okawa,

Humberto Sebastião Alves, Ikuyo Kiyuna, José Roberto da Silva, Marina Brasil Rocha,Marisa Zeferino Barbosa, Marli Dias Mascarenhas de Oliveira, Paul Frans Bemelmans,

Silene Maria de Freitas, Sonia Santana Martins, Valéria da Silva Peetz,Waldemar Pires de Camargo Filho

RESUMO: O artigo tem por objetivo divulgar as matrizes de coeficientes técnicos de utilizaçãode fatores na produção agropecuária dos cultivos anuais de: algodão, arroz, feijão, girassol, milho, soja,sorgo, trigo, batata, cebola, tomate industrial, além da mandioca, classificada como perene, resultados daprimeira fase do projeto feito em parceria IEA/FAESP. Os levantamentos de dados foram feitos a campo,junto aos produtores agrícolas, por sistemas de produção nas principais regiões produtoras do Estado deSão Paulo. O objetivo final do referido projeto são as estimativas de custo de produção.

Palavras-chave: matrizes de coeficientes técnicos de produção, sistemas de produção, culturas anuais.

1 - INTRODUÇÃO 1 2

O Instituto de Economia Agrícola (IEA)tem por tradição elaborar e divulgar estimativasde custo de produção das principais atividadesagropecuárias do Estado de São Paulo. Essa ta-refa institucional é de grande relevância aosprodutores agrícolas por oferecer alternativas naalocação de seus recursos ou em dimensioná-lospara a tomada de empréstimos financeiros nasdiversas atividades. Contribui, também, para osdemais segmentos envolvidos com o setor agrí-

1Este artigo é parte do Projeto de Pesquisa: “Matrizes deCoeficientes Técnicos de Fatores de Produção em Ativida-des Agropecuárias e Estimativas de Custo de Produção noEstado de São Paulo”, desenvolvido pelo Instituto deEconomia Agrícola (IEA) em parceria com a Federação deAgricultura do Estado de São Paulo (FAESP). Osresultados apresentados correspondem ao uso, a marcascomerciais e a características de máquinas, implementose materiais efetivamente observados durante a pesquisade campo, realizada junto aos produtores agrícolaspaulistas.2Agradecimentos à Pesquisadora Vera Lúcia Ferraz dosSantos Francisco, do Instituto de Economia Agrícola (IEA),a colaboração oferecida à equipe técnica na fase inicial doprojeto, que deu origem a este artigo.

cola na tomada de decisões, como cooperativas,associações, instituições bancárias,agroindústrias e o próprio setor público naaplicação de políticas.

Essas pesquisas necessitam deatualizações periódicas que envolvem recursosfinanceiros e humanos significativos, devido àmetodologia de levantamentos de dados acampo junto aos produtores, adotada pelo IEA.Nos últimos anos, pela escassez de recursos,notadamente de ordem financeira, a realizaçãodas mesmas tem sido prejudicada.

O IEA tem empreendido esforços nabusca de soluções de problemas dessa natureza,através da realização de parcerias de trabalhocom entidades envolvidas com o setor agrícola,privadas ou públicas. Nesse sentido, com o apoiofinanceiro da Federação de Agricultura do Estadode São Paulo (FAESP), o IEA desenvolveu, deou-tubro de 1998 a março de 2000, o projeto depesquisa “Matrizes de Coeficientes Técnicos deUtilização de Fatores de Produção em AtividadesAgropecuárias e Estimativas de Custo deProdução no Estado de São Paulo”. Essaparceria resgata uma atividade de grande

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importância na área de estudos em economia daprodução, ao viabilizar novos levantamentos quepermitem a atualização das matrizes decoeficientes técnicos de produção das principaisatividades agropecuárias do Estado, que dãoembasamento às estimativas de custos agrícolas.

A elaboração de matrizes de coeficien-tes técnicos de utilização de fatores na atividadeagropecuária é a forma mais eficiente para ocálculo de estimativas de custo, principalmenteno aspecto operacional da organização eutilização desses estudos. Os coeficientes físicosde produção, com suas respectivasespecificações de marca e quantidades, princípioativo, potência dos motores, utilização de mão-de-obra, etc., visualizados nas diversas planilhas,permitem atualizações pontuais a curto prazo, demudanças que ocorram em relação a algumdesses coeficientes, procedimento que demandamenos tempo e recursos do que a realização deuma nova pesquisa de campo, cada vez que sedeseja obter estimativas de valores atualizadosde custo de produção. Essas planilhas servemtambém como referência tecnológica paraprodutores agrícolas e demais segmentos doagronegócio, em seu planejamento e tomada dedecisões, permitindo ainda a atualização de seusvalores monetários a qualquer momento.

Além disso, os coeficientes técnicosatualizados, ao permitir uma visualização detalha-da das unidades físicas no uso de fatores deprodução das diversas atividades, possibilitamsubsidiar outros estudos, como os decompetitividade entre regiões ou mesmo entrepaíses produtores, os relacionados a emprego,renda, etc.

2 - OBJETIVO

O presente artigo tem por objetivodivulgar as matrizes de coeficientes técnicos deutilização de fatores na produção agropecuáriaem atividades selecionadas do Estado de SãoPaulo, que constituem resultados da primeira fa-se do projeto de pesquisa da parceria IEA/FA-ESP. Essas matrizes, no curto prazo, servirão debase de cálculo das estimativas de custooperacional de produção, que, de acordo com ametodologia adotada pelo IEA, representam osdesembolsos de custeio incorridos pelo produtoragrícola na condução de sua atividade, além depermitir atualizações periódicas (MATSUNAGA et

al., 1976). São apresentadas as matrizes decoeficientes técnicos obtidas para as seguintesculturas anuais: algodão, arroz, feijão, girassol,milho, soja, sorgo, trigo, batata, cebola, tomateindustrial, além da mandioca, classificada comoperene, por ser conduzida em dois ciclosagrícolas.

3 - METODOLOGIA

Para a realização do levantamento decampo, que resultou na elaboração das matrizesde coeficientes técnicos, inicialmente foramdefinidos sistemas de produção representativosno Estado de São Paulo para cada uma dasatividades agropecuárias selecionadas.Participaram ativamente dessa etapa de definiçãoe escolha dos sistemas de produção que forampesquisados, por cultura, pesquisadores daequipe desse projeto, que são responsáveis noIEA pelo acompanhamento das respectivascadeias produtivas, contando também com acooperação dos técnicos da Coordenadoria deAssistência Técnica Integral (CATI), deAssociações e de Sindicatos regionais.

Segundo MELLO et al. (1988), sistemade produção é conceituado, nesse caso, como oconjunto de manejos, práticas ou técnicasagrícolas realizadas na condução de uma cultura,de maneira mais ou menos homogênea, porgrupos representativos de produtores. Asvariáveis que foram consideradas referem-se: amanejo no preparo do solo, caracterizado pelouso e potência das máquinas; práticas de plantioe semeadura, caracterizadaspreponderantemente pelo tipo de plantio, demaquinaria, da qualidade e quantidade dassementes e outros insumos, espaçamentoadotado; técnicas observadas nos tratos culturais,quanto ao uso de adubos, defensivos emecanização; práticas relacionadas à colheita,principalmente no tocante ao uso de máquinas ede mão-de-obra. Ressalta-se que, para cadacultura ou grupo delas, o sistema de produçãopode ser definido a partir de uma determinadaprática agrícola que se vinculará a outras práticasde cultivo (por exemplo, no caso das culturasanuais, o sistema de plantio convencional sediferencia do sistema do plantio direto, ou ainda,como no caso da fruticultura perene que tem noespaçamento das plantas um parâmetroimportante para caracterizar sistema de

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produção). O sistema de produção deve serentendido portanto como um conceito próximo à“técnica”, tal como definida pela teoria daprodução: “trata-se de uma combinação particularde fatores de produção através da qual se obtémum determinado produto” (CÉZAR et al., 1991).Esses autores constataram que a diversidade detécnicas varia de acordo com a cultura e sugeremque “essa diversidade pode ser explicada pelamaior ou menor dispersão da cultura no estado epelo nível tecnológico que caracteriza a cultura”.

As regiões selecionadas para apesquisa de cada produto correspondem àquelasde representatividade expressiva em termos deprodução no Estado, com base nos dadoslevantados pelo IEA/CATI nos Escritórios deDesenvolvimento Rural (EDRs), da Secretaria deAgricultura e Abastecimento do Estado de SãoPaulo (SAA/ SP). Muitas vezes, a regionalizaçãoda atividade agrícola, em decorrência dascondições edafoclimáticas, estrutura fundiária,etc., auxilia também na caracterização dossistemas de produção.

A amostra foi intencional, de 7 a 8produtores selecionados por sistema, sendo quecada produtor amostrado deveria apresentar ascaracterísticas do(s) sistema(s) de produçãoescolhido(s) para cada cultura. Os questionáriosforam levantados diretamente medianteentrevistas com produtores, realizadas pelaequipe de pesquisadores e pessoal de apoio doIEA, contando com o auxílio dos técnicosregionais dos EDRs, das Casas da Agricultura ede entidades associativistas regionais no que serefere à escolha dos produtores da amostra e àlocalização das respectivas propriedadesagrícolas.

A pesquisa de campo das culturas con-templadas pelo estudo foi realizada em dois pe-ríodos distintos: entre os meses de março e maiode 1999, correspondendo ao primeiro plantio doano agrícola 1998/99, ou safra das águas, paraarroz, algodão, feijão, milho e soja; corresponden-do à safra da seca no caso do tomate paraindústria; e correspondendo à safra de inverno,no caso do trigo.

A pesquisa de campo da outra etapado projeto foi realizada entre os meses de agostoe outubro de 1999, correspondendo paraalgumas culturas ao segundo plantio do anoagrícola 1998/99, ou safra da seca, como são oscasos do milho safrinha, sorgo, girassol, batatada seca e cebola de muda, além da mandioca,

que tem dois ciclos de desenvolvimento, mas quetem correspondência à safra da seca, em termosde calendário de plantio. Somente o feijão deinverno, que corresponde ao terceiro plantio, foilevantado no mês de dezembro de 1999. Emalguns casos, o segundo e terceiro plantios doano agrícola 1998/99, no Estado de São Paulo,foram afetados por uma estiagem maisprolongada, mas sendo os produtoresamostrados tradicionais nas respectivasatividades pesquisadas, procurou-se sanareventuais anormalidades dos resultados obtidos,tanto no uso de fatores de produção quanto nosníveis de produtividade alcançados. Ressalva-seainda que todas as matrizes de coeficientestécnicos elaboradas pela pesquisa, uma vezconcluídas, passaram por uma “checagem”posterior, em reuniões técnicas regionais de cadaatividade agrícola específica, na tentativa deeliminar dúvida ou discrepância com a realidadede uma safra típica.

Para uma visualização da divisão re-gional do Estado de São Paulo, tomada comobase na pesquisa, apresenta-se o mapa doEstado e a localização dos EDRs (Figura 1).

4 - APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS

A apresentação e a análise dasmatrizes de coeficientes técnicos dos sistemas deprodução de cada produto, que fez parte dapesquisa IEA/FAESP, serão antecedidas por umapequena introdução, que abordará a importânciada atividade agrícola no contexto econômicoestadual e dará ao leitor informaçõesmetodológicas específicas.

4.1 - Algodão3

O algodão constitui, tradicionalmente,importante matéria-prima do setor têxtil. Em 1998,essa fibra respondeu por 60% do consumo total de

3Agradecimentos aos Engenheiros Agrônomos: VagnerAparecido Bassan, do EDR de Presidente Venceslau, OdinirLiberati Vieira, da Casa da Agricultura de Santo Anastácio,Manoel Renato Pereira, da Casa da Agricultura de MarabáPaulista, Paulo César da Luz Leão, da Casa da Agriculturade Ituverava, Antonio de Pádua Jorge, da Casa daAgricultura de Miguelópolis, e a Waldemar Yasbek Junior, doNúcleo de Produção de Sementes de Aguaí, a indicação dosagricultores para a realização dos levantamentos de campo.

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fibras e filamentos utilizados pelo parque industrialdo Brasil.

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Entre as alterações ao longo da cadeiade produção de têxteis de algodão no Brasiltrazidas pela abertura comercial no início dadécada de 90, destaca-se a dependência domercado interno em relação às importações esuas implicações sobre a competitividade doproduto nacional. Se, por um lado, asadversidades traduzidas pelas dificuldades nacomercialização implicaram reduções no cultivo,sob outro aspecto, induziram a produçãobrasileira de algodão a iniciar um período deprofundas modificações no sentido daracionalização e da modernização da atividade.Não se deve deixar de considerar, no entanto, asimplicações sociais desse processo, seja pela ex-clusão dos produtores sem condições deacompanhar tais mudanças, seja pela menorutilização de mão-de-obra decorrente daintrodução da mecanização na operação decolheita.

Neste contexto insere-se o Estado deSão Paulo pela drástica redução na áreaplantada, verificada nos últimos anos. De acordocom o IEA/CATI, no triênio 1991/92-1993/94,foram plantados 170,2 mil hectares de algodão,passando a 92,4 mil hectares no triênio 1996/97-1998/99. Apesar disso, o Estado desempenhaainda importante papel no fornecimento dessamatéria-prima, ocupando o terceiro lugar noranking nacional, em 1998/99, respondendo por10,1% da produção brasileira4, precedido pelosEstados de Mato Grosso e Goiás. Além disso, oEstado de São Paulo figura como o principalconsumidor nacional, o que lhe confere destaqueno contexto da cadeia de produção dessa fibra.

A cotonicultura paulista distribui-se deforma diversa nas várias regiões do Estado quan-to aos sistemas de produção e importância sócio-econômica. Na antiga Divisão Regional Agrícola(DIRA) de Presidente Prudente, a qual écaracterizada por atividade agrícola poucodiversificada, a cultura do algodão tem expressivarelevância social, na medida em que é exploradapor um grande número de pequenos e médiosprodutores, na maioria arrendatários. A região deCampinas, ocupa lugar de destaque pelaagricultura diversificada de elevado níveltecnológico. A região de Ribeirão Preto se

4 Refere-se a dados da Companhia Nacional deAbastecimento (CONAB).

sobressai no contexto estadual, também pelo altograu de tecnologia empregada na cotonicultura, oque a torna a principal do Estado (BARBOSA etal., 1997).

Para a escolha das regiões erespectivos sistemas de produção do algodão noEstado de São Paulo, foram considerados os se-guintes aspectos: a) participação relativa dosEDRs em termos de área e produção; b) impor-tância sócio-econômica da cotonicultura para aregião; e c) vínculo existente entre sistemas deprodução e localização geográfica. Desse modo,foram selecionados os EDRs de PresidenteVenceslau, de São João da Boa Vista e deOrlândia. O EDR de Presidente Venceslauabrigou, em 1998/99, a segunda maior áreaplantada com algodão no Estado. O sistema deprodução estudado e o perfil do produtor do EDRde São João da Boa Vista representam o padrãopredominante na região. E, finalmente, o EDR deOrlândia se sobressai tanto pelo elevado níveltecnológico quanto pela maior área plantada eprodução do Estado.

As características específicas de cadaregião, tais como: estrutura fundiária, perfil tecno-lógico e aspectos sócio-econômicos, determinama adoção de diferentes sistemas de produção.Desse modo, pode-se aceitar a hipótese de que aprodução de algodão no Estado de São Paulo édiferenciada, de acordo com os fatores regionais,com reflexos diretos nos rendimentos físicos dacultura e que afetarão conseqüentemente os cus-tos de produção.

Nas três regiões selecionadas, oplantio do algodão é realizado entre outubro/no-vembro e a colheita em março/abril.

4.1.1 - Matriz de coeficientes técnicos de algo-dão do sistema de produção (plantioconvencional) do EDR de PresidenteVenceslau

De acordo com o levantamento decampo realizado para este estudo, no EDR dePresidente Vensceslau, a área plantada comalgodão variou de 7,3ha a 71,6ha, comprodutividade média de 145 arrobas por hectarede algodão em caroço.

No tocante à posse da terra, a maioriados produtores arrenda áreas de pastagens deterceiros para o plantio exclusivo do algodão nasafra de verão e em sucessão o cultivo do feijão

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de inverno. As formas de pagamento do arrenda-mento variam entre a formação de pasto e umvalor monetário fixo por unidade de área. Parafins de estimativas de custos, propõe-se comoforma de pagamento pelo arrendamento para oalgodão, o equivalente a 2/3 do valor do hectare,sendo que 1/3 restante refere-se ao feijão deinverno.

Quanto ao uso do solo, o feijão deinverno, ou de sequeiro, é a principal cultura emsucessão do algodão, plantado pela quasetotalidade dos cotonicultores da amostra. Nestaregião, a predominância do feijão de invernocomo atividade complementar de renda, frente àdiversidade encontrada nas demais regiõesprodutoras do Estado, sugere que a ausência demelhores condições econômicas e estruturais éque não permite a opção por outras culturas maisexigentes em tecnologia.

No que se refere à forma decomercialização do algodão, todos os produtoresentrevistados declararam vender a produçãodiretamente às usinas de beneficiamento.Acrescente-se já de antemão que em outrasregiões produtoras do Estado e mesmo noâmbito nacional é crescente a prática decontratação de serviço de beneficiamento, com aposterior comercialização do algodão em pluma,pelo produtor. Desse modo, a usina deixa de serum agente de mercado, e o produtor passa anegociar seu produto diretamente com ocomprador dessa matéria-prima. Essamodalidade de venda, no entanto, exige melhororganização associativista, sobretudo no caso depequenos produtores, em virtude da escalanecessária, tanto para o processamento quantopara a comercialização do produto. Verificou-se,entretanto, fraca participação por parte dosprodutores em associações de classe.

A análise do sistema de produção de al-godão predominante na região mostrou que suasprincipais características referem-se: a) ao algo-dão cultivado quase exclusivamente em áreas derenovação de pastagens e sob a forma dearrendamento, sendo o preparo do solo maisexigente em tempo, devido à limpeza do terreno eao maior número nas demais operações dessafase, sendo duas vezes para aração e três vezespara gradeação; b) operação de colheitatotalmente manual e realizada por empreita,sendo o pagamento feito por arroba colhida; c) anão utilização de herbicida pós-emergenteresultando em coeficiente técnico da capina

manual relativamente elevado, acrescentando-seque essa operação também é realizada porempreita e paga por dia trabalhado; e d) dopredomínio de tratores de menor potência, de75cv, resultando em coeficiente técnico da máqui-na mais elevado em relação aos de outrasregiões produtoras, onde prevalecem máquinasmais pesadas.

Desse modo, a matriz de coeficientestécnicos indica a utilização total de 45,80 horasde serviço de mão-de-obra comum (inclusivecapina manual) e de 22,76 horas para o trator(Tabela 1).

Em se tratando de material consumido,prevalece a semente deslintada e tratada5 da va-riedade Codetec 401. As pulverizações são feitasem oito vezes para os quatro inseticidas mais usa-dos, sendo comum a mistura de produtos compa-tíveis em cada aplicação. Como já dito anterior-mente, não é feita a aplicação de herbicida pós-emergente, utilizando-o apenas no preparo do solo.

4.1.2 - Matriz de coeficientes técnicos dealgodão do sistema de produção(plantio convencional) do EDR de SãoJoão da Boa Vista

No EDR de São João da Boa Vista, aprodutividade média da cultura do algodãoalcançou 184 arrobas por hectare, em áreaplantada que variou de 33,8 a 154,8 hectares.

A maior parte dos produtores tem aposse da terra, com propriedades de 55,6 a246,8 hectares. Do total de produtoresentrevistados, a maioria tem outras culturas alémdo algodão, como milho, soja, feijão, café, batatae áreas com pastagens, o que indica elevadadiversidade agrícola da região. De qualquermodo, a cultura do algodão constitui a principalatividade ao se considerar a maior participaçãoem termos de área nas propriedades.

Quanto à comercialização daprodução, esta é feita, predominantemente, emalgodão em pluma, pelo próprio produtor. Há quese destacar, diferentemente da primeira regiãoanalisada, a forte participação dos produtores da

5O línter consiste em fibras curtas com cerca de 2mm decomprimento, que cobrem a semente, bastante presas àcasca (GRIDI-PAPP et al., 1992). O deslintamento e otratamento de sementes de algodão são, comumente,realizados pelo fornecedor do insumo.

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amostra em associações, cooperativas ousindicatos rurais, uma vez que todos integrampelo menos uma dessas entidades.

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Os dados da pesquisa no EDR de SãoJoão da Boa Vista mostraram que a cultura doalgodão é conduzida com alto grau de utilizaçãode fatores de produção, sendo que em termos damecanização destaca-se, sobretudo, a operaçãode colheita, com coeficiente de 1,44 hora. Amaior parte dos produtores utiliza tratores de doistipos: um de menor porte, de 75cv, e outro umpouco mais potente, de 82cv, este último utilizadoprincipalmente nas operações de limpeza doterreno, aração, calagem, gradeação,incorporação de herbicidas e conservação deterraço.

A matriz de coeficientes técnicos deprodução mostra que para realizar as operaçõessão necessárias 18,85 horas de serviço detrator, das quais 11,93 horas são exigidas pelotrator menor e 6,92 horas pelo trator maior. Acapina manual, realizada por empreita e pagapor dia trabalhado, tem o coeficiente de 13,26horas por hectare, que somada às exigênciasnas demais operações perfazem um total de26,48 horas de serviço de mão-de-obra comum(Tabela 2).

Quanto ao material utilizado, verificou-se o predomínio de semente da variedade IAC-22, deslintada e tratada. Nessa região a maiorparte dos produtores faz uso de herbicida pós-emergente, além do pré-emergente. Para um to-tal de oito aplicações, foram encontrados quatroinseticidas mais usados, sendo, também, comuma mistura desses produtos no momento daaplicação. Constatou-se, também, a utilização deregulador de crescimento e de espalhanteadesivo.

4.1.3 - Matriz de coeficientes técnicos de algo-dão do sistema de produção (plantiodireto) do EDR de Orlândia

O rendimento médio correspondenteao sistema de produção considerado no EDR deOrlândia é de 204 arrobas de algodão em caroçopor hectare. O cultivo é feito, predominantemente,em áreas próprias, que variam de 48,4 até 360,0hectares, e a prática de culturas em rotação,quando feita, é com o milho e a soja.

Todos os cotonicultores da amostra co-mercializam sua produção de algodão jábeneficiada. Os produtores da regiãocaracterizam-se pelo seu alto grau associativista,uma vez que todos os entrevistados participam

de, no mínimo, uma dessas entidades, compredomínio da cooperativa.

A análise do sistema de produçãoutilizado pelos produtores do EDR de Orlândiamostrou uma condução da lavoura com elevadograu de tecnificação. A maioria dos produtoresutiliza tratores de 82cv e de 90cv, cujo coeficientetécnico total é de 14,46 horas, das quais 7,81horas correspondem ao de menor porte e 6,65horas ao maior. O tempo total de utilização demão-de-obra comum é de 36,67 horas,considerando-se a capina manual, sendo queessa operação é realizada por empreita (Tabela3).

No sistema de produção de algodãoencontrado no EDR de Orlândia também sedistingue a prestação de serviço na colheitamecânica. A maior parte dos produtores daamostra contrata esse serviço de terceiros, cujopagamento é feito na forma de R$/arroba colhida.

Quanto aos materiais, a pesquisarevelou que a semente mais utilizada é a DeltaPine Acala 90. Com relação aos defensivos,constatou-se que, em média, o controle depragas é feito através de dez aplicações,utilizando oito tipos de inseticidas, sendo tambémusual a mistura de produtos. A aplicação deherbicida é feita tanto no pré-plantio quanto nopós-emergente.

4.2 - Arroz6

No Estado de São Paulo, o cultivo doarroz é importante principalmente para o Vale doParaíba, por se constituir numa das alternativaseconômicas para a região, que apresenta solospouco recomendados para grande número deculturas. Apresenta-se, também, como opção deatividade econômica para agricultoresarrendatários na região oeste do Estado, quecultivam o arroz em áreas de pastos a seremreformadas. Ressalta-se, ainda, a suaimportância para os pequenos produtores nasregiões mais carentes como o sudoeste, que

6Agradecimentos ao técnico do Núcleo de Produção deSementes de Taubaté, Glênio Wilson de Campos; aos téc-nicos da Casa de Agricultura de José Bonifácio, Eng. Agr.Rui Darin e Técnico Agropecuário Antônio Silvério Braga;da Casa de Agricultura de Nipoã, Eng. Agr. MarceloMenezes; do EDR de Pindamonhangaba, Eng. Agr. JoãoBosco Andrade Pereira e Eng. Agr. Telma T. de AquinoSouza.

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cultivam o arroz com objetivo primordial desubsistência.

A área de produção no Estado de São

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Paulo é pouco mais de 53 mil hectares, com umvolume produzido de 130,5 mil toneladas. Na dé-cada de 60 a cultura do arroz no Estado chegou aocupar área superior a um milhão de hectares,porém, no período posterior e até início dadécada de 80, foi a que mais cedeu área paraoutras atividades, principalmente, cana-de-açúcar,milho, soja e laranja. Apesar de ter ocorridoaumento no rendimento físico desta cultura nosúltimos anos, principalmente do arroz irrigado,houve considerável regressão no seu plantio nadécada de 90.

A tendência de queda na produção doarroz em São Paulo se deve basicamente aopouco estímulo dos preços recebidos, pois,apesar de conjunturalmente passar por fases deapreciação nas cotações, outras atividadespassaram a ser mais rentáveis, como o milho nasregiões oeste e sudoeste, que concorrem com oarroz de sequeiro, e no Vale do Paraíba, onde omilho e alguns tipos de olerícolas competem como arroz irrigado.

Comparativamente ao Rio Grande doSul, principal Estado produtor de arroz, a cadeiaprodutiva em São Paulo mostra-se com baixa in-tegração e fracas ligações entre os seus elos,com baixo nível de organização.

A importância da cadeia produtiva doarroz no Estado de São Paulo decorre dotamanho de seu mercado consumidor final, nocontexto do consumo nacional, e no papel quedesempenha nas atividades de classificação,embalagem e distribuição. Em termos gerais,estima-se que São Paulo importa 93% a 95% doarroz consumido, que deve estar ao redor de 1,8milhão de tonelada, equivalente ao produto emcasca. A maior parcela do consumo paulistaprovém do Rio Grande do Sul, que exporta paraSão Paulo cerca de 32% de sua produção.

A lavoura de arroz está bastantedisseminada por todo o Estado, sendo que oLevantamento Censitário de Unidades deProdução Agrícola (LUPA) estimou em 11.183 onúmero de Unidades de Produção Agrícola(UPAs) que se dedicam ao plantio de arroz,ficando em sexto lugar, depois das lavouras demilho, cana, laranja, café e feijão. Porém, temcomo característica ser atividade explorada empequenas áreas, que no Estado apresenta médiade 4,07 hectares cultivados por UPA. Destamédia sobressaem-se os EDRs de Guaratinguetáe de Pindamonhangaba com áreas médias delavoura de 21,50ha e 42,64ha, respectivamente,

demonstrando uma certa especialização naregião do Vale do Paraíba para a produção dearroz irrigado, que responde por 23,5% da áreatotal cultivada no Estado. Já no EDR de São Josédo Rio Preto, que cultiva o arroz de sequeiro, aárea média por UPA cai para 6,50ha.

Os dois principais sistemas de produçãode arroz que ocorrem no Estado de São Paulo sãoas culturas “solteiras” (exclusivas) em sequeiro eem áreas irrigadas. São sistemas tipicamente deexplorações familiares, com a contratação deempregados apenas nas épocas de “pico” detrabalho, como a colheita e a secagem do arroz, e,eventualmente, nos tratos culturais. A condição deprodutor arrendatário está presente nos doissistemas, predominando nas áreas de sequeiro.

4.2.1 - Matriz de coeficientes técnicos de arrozdo sistema de produção em sequeirodo EDR de São José do Rio Preto

No município de José Bonifácio emunicípios vizinhos, compreendidos pelo EDR deSão José do Rio Preto, há certa concentração doplantio de arroz de sequeiro e, por isso, a regiãofoi escolhida para o levantamento de dados paraa elaboração das matrizes de coeficientestécnicos. Nessa região, os plantadores de arrozsão pequenos proprietários que cultivam milho,café e algumas hortaliças em suas terras. Cul-tivam arroz em terras arrendadas, geralmentepastagens degradadas que demandam reformas,constituindo-se em atividade comercial, numsistema bastante homogêneo para aquela região.Ressalta-se, porém, que em outras regiõespaulistas devem existir sistemas de produção dearroz em sequeiro diferentes deste que estásendo apresentado. O arrendamento prevê umúnico plantio de arroz, seguido da formação denova pastagem que inclui a incorporação decalcário, adubo e semeadura, com sementefornecida pelo proprietário da terra e opagamento de 10% a, eventualmente, 20% daprodução de arroz.

Os arrendatários executampessoalmente os trabalhos, em pequenas áreasde 20 a 50 hectares, no preparo do solo, plantio etratos culturais, utilizando tratores próprios, depotência média. Contratam mão-de-obra avulsanas fases de colheita e secagem do arroz,quando alugam colhedoras e pagam fretes decaminhões para o transporte até a cidade, onde

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secam o arroz ao sol em terreiros ou secadoresdas associações de produtores rurais locais, oumesmo ao longo das ruas asfaltadas. Aarmazenagem do produto é realizada nasassociações ou nas beneficiadoras.

As variedades mais utilizadas no siste-ma da cultura em sequeiro são Caiapó, Guarani eIAC 202. Porém, a preferida é a Caiapó porquefornece um grão tipo “agulhinha de sequeiro” quepode ser industrializado juntamente com o“agulhinha irrigado” tipo longo fino em um blendde até 30%. O grão é destinado à alimentaçãohumana como arroz polido e tem bom valor demercado devido à característica de produzirblend. Outras vantagens do cultivar Caiapó,segundo os produtores, referem-se a resistênciaa brusone e ao acamamento. A baixa utilizaçãode sementes certificadas, cerca de 30%, tem sidoum dos gargalos na produção de arroz noEstado.

Segundo a planilha do sistema decultivo de arroz em sequeiro (Tabela 4), asoperações de calagem, uso de herbicida pré-emergente e adubação de plantio são práticasgeneralizadas. A adubação de cobertura não émuito comum, embora venha sendo utilizada poralguns plantadores. A produtividade obtida pelosprodutores entrevistados, em anos normais deprecipitação pluviométrica, é em média de2.460kg/ha, inferior à metade da obtida no plantioirrigado, menos arriscado, mas que exigedesembolso bem maior para seu custeio. Noentanto, na média dos anos, observa-se umrendimento de 2.100kg/ha ou 35sc. de 60kg, quefoi considerado nesta matriz. No calendário daatividade, o plantio ocorre nos meses de outubroe novembro e a colheita de fevereiro a abril.

4.2.2 - Matriz de coeficientes técnicos de arrozdo sistema de produção irrigado porinundação do EDR dePindamonhangaba

O plantio do arroz irrigado se concentraem várzeas sistematizadas do Rio Paraíba doSul, cujos produtores são proprietários das terrase vêm cultivando arroz há várias gerações. Amaioria possui maquinário próprio de médiapotência, inclusive colhedoras automotrizes,secadores e instalações para a armazenagem doproduto. Alguns investiram na aquisição deretroescavadoras agrícolas, um equipamento

considerado pesado, para realizar o rebaixamentode drenos. A maior parte dos equipamentos einstalações foi adquirida ou construída durante adécada de 70, financiados pelo crédito rural oficial.O arroz constitui-se na principal atividade daspropriedades agrícolas, mesmo quando cultivamfeijão preto, milho e hortaliças.

O sistema de plantio atualmente predo-minante, que substituiu os plantios por semente epor mudas, é o sistema da semente pré-germi-nada, que já está disseminado em 83% da áreairrigada no Vale do Paraíba (Tabela 5). O plantiorequer elevado número de horas-máquina e dehoras-homem, principalmente na operação demanutenção dos drenos utilizando-se daretroescavadora. Utiliza também dosesrelativamente elevadas de adubo. A produtividademédia (5.040kg/ha), ou 84sc. de 60kg, ésemelhante à obtida no Rio Grande do Sul. Ocalendário da cultura prevê o plantio de agosto adezembro e a colheita do final de janeiro a maio.A amplitude deste calendário se deve ao fato de,sendo uma lavoura irrigada, ser possívelantecipar ou adiar o plantio e a colheita doproduto.

O cultivar mais utilizado tem sido aEPAGRI 109, oriundo de Santa Catarina, cujasjustificativas dadas pelos produtores são a suamaior aceitação no mercado, devido ao melhorrendimento no beneficiamento, à maior produti-vidade média e a resistência às doenças. Na re-gião, os produtores sempre procuram utilizaroutras variedades em suas lavouras, para evitarque um foco de doença possa se alastrar emtoda a área. As mais utilizadas em mix são, alémda já citada, os cultivares IAC 4440, IAC 103 eIAC 101.

4.3 - Feijão7

O feijoeiro pertence à grande família deleguminosas, cuja espécie mais cultivada éPhaseolus vulgaris, predominando o tipo“carioquinha” originário da variedade IAC-Carioca, devido à sua produtividade e resistênciaou tolerância às principais doenças da cultura.

O Estado de São Paulo não é o maior

7Agradecimentos ao Eng. Agr. José Norival Augusti, EDRde Avaré, CA de Taquarituba; Eng. Agr. Silvio Testasecca,EDR de Avaré, CA de Itaí; Eng. Agr. Candido Miele Junior,EDR de Barretos, CA de Guaíra.

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produtor de feijão no País, mas tem grande im-

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portância na comercialização do grão, comoformador e sinalizador de preços para as demaispraças e se caracteriza como importador líquidodos demais estados e países. É um grandeconsumidor do produto, apesar de apresentarmenor consumo per capita em relação à médianacional, estimando-se um consumo de 20% daprodução nacional.

O cultivo de feijão no Estado é feito emtrês safras durante o ano agrícola, tendo oseguinte calendário: a primeira safra, ou daságuas, tem seu plantio concentrado no períodode agosto a outubro e colheita de novembro ajaneiro; a segunda safra, ou da seca, tem seuplantio de janeiro a março e colheita de abril ajunho; e a terceira safra, ou de inverno, plantadade abril a junho e colhida de julho a setembro.

A produção paulista de feijão daságuas em 1998/99 foi de 100 mil toneladas, colhi-das em 77 mil hectares cultivados, apresentandoportanto produtividade próxima a 1.300quilogramas por hectare, mesmo nívelapresentado nos dois anos precedentes. Aparticipação na produção total anual nesse anofoi de 34%.

A área plantada com o feijão da secaem 1998/99 foi maior tanto em relação à safraanterior (de 67 mil ha) como em relação à daágua e da seca do mesmo ano agrícola, com 99mil hectares. A produção colhida foi de 112 mil to-neladas, com a produtividade próxima a de 1.130quilogramas por hectare, no mesmo patamar doano anterior. A participação na produção anualnesse ano foi a maior das três safras, 37%.

A produção paulista de feijão deinverno, a partir de 1995/96, tem crescidogradualmente, apesar da relativa estabilidade naárea cultivada em torno de 55 mil hectares, masgraças ao aumento da produtividade, que passoude 880 quilogramas por hectare em 1993/94 para1.354kg/ha em 1998/99. A produção paulista defeijão de inverno em 1998/99 foi de 86,61 miltoneladas (cerca de 30% da produção total anual,de 298 mil toneladas), colhidas em 63 milhectares plantados.

O período em que o feijão de inverno écultivado no Estado de São Paulo é caracterizadopela grande deficiência hídrica nos solos, devidoà escassez de chuvas na região norte do Estado,principal região produtora da terceira safra, sendodifícil conduzir a cultura tradicionalmente sem cor-rer o risco de baixa produtividade.

No início da década de 80, a Secretaria

de Agricultura e Abastecimento do Estado de SãoPaulo (SAA/SP) instituiu o Programa Pró-Feijão,que previa a modernização do cultivo dessa legu-minosa, através do crédito para investimento emirrigação, com ênfase no Pivô Central. OPrograma alcançou grande sucesso e veiopreencher uma das lacunas na oferta de feijão,justamente na entressafra aguda que são osmeses de agosto, setembro e outubro. A maioroferta neste período tem contribuído para reduzira sazonalidade e regularizar o mercado de feijão.Como se sabe, o armazenamento paraabastecimento futuro do feijão é de grande risco,devido à perda das características de frescor,mudança na coloração e, portanto, de deságio nopreço.

De modo geral, o feijão no Estado temincorporado tecnologia no plantio das três safrasagrícolas, contribuindo na elevação dos níveis deprodutividade da cultura no Estado.

4.3.1 - Matriz de coeficientes técnicos de feijãodas águas do sistema de produção(plantio convencional) do EDR deAvaré

A escolha dos municípios para o levan-tamento dos dados para a elaboração doscoeficientes técnicos de produção do feijão daságuas no Estado de São Paulo, Itaí eTaquarituba, ambos pertencentes ao EDR deAvaré, baseou-se na importância do cultivo emtermos de área cultivada dentro do Estado. Omunicípio de Itaí, com área cultivada na safra daságuas 1997/98 de 7 mil hectares, produziu12.600 toneladas, correspondendo a 13,2% daprodução estadual de feijão das águas.Taquarituba ocupou o sexto lugar em termos deprodução entre os municípios paulistas, com4.224 toneladas produzidas em 2.200 hectaresplantados nesse mesmo ano. O EDR de Avaréestá localizado no sudoeste do Estado, tendocomo limite o Estado do Paraná, maior produtornacional de feijão das águas.

A pesquisa feita a campo mostrou queos produtores de feijão das águas amostradostêm a seguinte sucessão de plantio: feijão/fei-jão/milho, feijão/feijão/aveia, feijão/milho/trigo efeijão/milho/nabo forrageira, apresentandoalternância freqüente com pastagem.

O sistema de produção do feijão daságuas escolhido para o estudo representa produ-tores de elevado nível de incorporação

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tecnológica (Tabela 6). Tradicionalmente opreparo de solo

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era feito através da operação de araçãoutilizando-se de tratores médios, tracionando oarado. Atualmente essa prática se tornou demenor uso e está sendo substituída porgradeação aradora, com tratores mais potentes,em média de 80 a 90cv, tracionando gradearadora de 16 a 24 discos de 26 a 28 polegadas,que proporciona maior rendimento no preparo desolo e na incorporação de restos de culturas. Emseguida é realizada a gradeação niveladora, umaou duas vezes, dependendo do tipo de soloencontrado, se tender para argiloso, devido àpresença de torrões, a prática comum é realizarduas vezes: uma para destorroamento enivelamento e outra para efetuar a incorporaçãodo calcário. Tanto a gradeação aradora comoniveladora têm sido realizadas com tratores demaior potência, em torno de 82cv, por seconstituírem em operações pesadas, requerendomaior força do trator.

Nova prática que apareceu nolevantamento a campo e confirmada pelostécnicos da região foi a operação de subsolagem,sendo estimado que 50% dos plantadores dessaregião já realizam a operação, paradescompactação do solo e para torná-lo maisarejado.

A operação de adubação e plantio é to-talmente realizada de forma mecanizada, comtrator também de maior potência, tracionando aadubadora e semeadora de maior número de li-nhas possíveis e cada vez mais automatizada nadistribuição de adubos e sementes. Atualmente ainterferência do homem é apenas para fiscalizarse o adubo e a semente estão caindocorretamente e na carga dos mesmos. De acordocom a pesquisa de campo, cerca de 60% dosprodutores utilizam semente comum, produzidana propriedade ou comprada de vizinhos oumesmo no mercado e cerca de 40% usamsementes fiscalizadas por órgãos oficiais. O usode fungicidas no tratamento de sementes épequeno entre os produtores.

Quanto ao cultivo, observa-se que asoperações de capina manual e capina mecânicavêm sendo substituídas por capinas químicas,com a utilização de uma gama de herbicidas.Eles são aplicados com pulverizadores de altorendimento, com tanque de 2.000 litros combarras fixas ou hidráulicas de 12 metros delargura, tracionados por tratores leves, de baixapotência, ou aqueles tratores já desgastados pelouso. Os inseticidas e fungicidas também são

aplicados da mesma maneira, em maior númerode vezes, dependendo das necessidadesdetectadas com o manejo integrado de pragas edoenças.

Embora haja várias maneiras praticadaspelos produtores no controle das ervas daninhas,tais como: capina manual, mecânica e química oucombinação destas, observou-se que a maisutilizada atualmente é a capina química, usandoherbicidas pós-emergente para folhas largas eestreitas, com duas aplicações em sua maioria. Ocontrole de pragas e doenças é feito pelaaplicação de inseticidas e fungicidas em 4 vezesdurante o ciclo da cultura, utilizando-se pulveri-zadores de 600, 1.000 e até 2.000 litros, com bar-ra, acoplados ao trator de baixa potência. Os in-seticidas utilizados são geralmente à base deorganofosforados, e os fungicidas debenzimidazoles.

A operação de colheita inicia-se com amaturação normal ou com aplicação de herbicidadesfolhante, quando o preço de mercado dofeijão for favorável à colheita antecipada. Dequalquer forma, após a planta quase seca inicia-se a operação de arranquio e enleiramento dofeijão para secagem ao sol, e posteriormente como trator e a recolhedora vai-se recolhendo,batendo e separando o grão do feijão da palha. Arecolhedora é um implemento pesado, exigindotrator de maior potência, na faixa de 80 a 90cv.

O transporte da produção em grandesáreas de colheita e distante da sede dapropriedade, ou quando se armazena naCooperativa, é feito com caminhão, entretanto, namaioria das propriedades, o transporte do feijão érealizado com trator e carreta.

Na comercialização do produto, cercade 80% vem sendo feito pelos intermediários daregião.

4.3.2 - Matriz de coeficientes técnicos de feijãode inverno do sistema de produção(plantio direto e irrigado) dos EDRs deBarretos e Orlândia

O levantamento de dados relativo àcultura do feijão de inverno foi realizado na regiãonorte do Estado, compreendendo os EDRs deBarretos e Orlândia, que em termos de produçãodestacam-se no Estado, de acordo com dados de1998/99 do IEA/CATI: Barretos (9.150t),Araçatuba (7.815t), Presidente Prudente (6.826t)

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e Orlândia (5.311t). Em termos de produtividade,destacam-se apenas os dois EDRs escolhidos:Orlândia, com 2.082kg/ha e Barretos com2.072kg/ ha. Em Barretos, a produção de feijão deinverno é praticamente com irrigação artificial,tendo como município importante Guaíra, com2.800ha e 5.880t. O EDR de Orlândia também secaracteriza pelo plantio de feijão de invernoirrigado, tendo o município de Miguelópolis comocarro-chefe, com cerca de 1.000ha cultivadoscoma cultura. A pesquisa de campo foi feita nessesdois municípios, além de Aguaí.

Com o incentivo do Programa Pró-Fei-jão da década de 80 acelerou-se a implantaçãodo sistema de produção com irrigação, no iníciopredominantemente pelo sistema de plantioconvencional e, atualmente, no processo deevolução para o sistema de plantio direto, práticaque está sendo considerada nesta pesquisa.

O sistema de produção do feijão de in-verno irrigado ao se considerar o plantio direto, dis-pensa as operações de aração e gradeação, ouseja, o preparo de solo propriamente dito (Tabela7). Neste sistema o preparo se restringe, quandohá presença de ervas daninhas, ao uso deherbicidas para a dessecação e eliminação dasmesmas.

Nesta região geralmente o feijão deinverno vem após a colheita do milho ou da soja,que deixam uma palhada no terreno. Sobre elautiliza-se a plantadora-adubadora de plantiodireto de 5 a 10 linhas tracionada por trator de 80a 90cv. Essa prática vem sendo muito usada,com tendência de expansão para toda região,uma vez que economiza tempo entre um cultivo eoutro, com grandes vantagens na conservaçãodo solo, evitando seu aquecimento, com reflexospositivos na germinação das sementes e aindaevitando a erosão, tanto provocada pelas chuvascomo pelo vento.

Segundo o levantamento, o uso de se-mentes fiscalizadas abrange cerca de 60% dosprodutores, sendo que 30% utilizam sementescomuns produzidas na propriedade oucompradas de vizinhos ou mesmo no mercado, ecerca de 10% usam sementes de outras fontes.O uso de fungicidas no tratamento de sementes érealizado por poucos produtores.

As capinas químicas prevalecem, como uso de diversos herbicidas, aplicados compulverizadores de alto rendimento, com tanquede 2.000 litros com barras fixas ou hidráulicas de12 a 18m de largura, tracionados por tratores

leves, de baixa potência, ou aqueles tratores jádesgastados com o uso. Os inseticidas efungicidas vêm sendo aplicados da mesmamaneira, sendo que o número de vezes dependedas necessidades detectadas com o manejointegrado de pragas e doenças.

Embora haja várias maneiraspraticadas pelos produtores no controle das ervasdaninhas, tais como: capina manual, mecânica equímica ou combinação destas, a mais utilizadaatualmente é a capina química, sendo que amaioria dos produtores usa duas vezes o pós-emergente para folhas largas e estreitas. Ocontrole de pragas e doenças é feito pelaaplicação de inseticidas e fungicidas, em média 4vezes durante o ciclo da cultura, utilizando-sepulverizadores de 600, 1.000 e 2.000 litros, combarra, acoplados ao trator de baixa potência. Osinseticidas utilizados são geralmente à base deorganofosforados, e os fungicidas debenzimidazoles.

Uma das grandes diferenças dosistema de produção do feijão das águas é queno cultivo do feijão de inverno, para atingir o seuequilíbrio hídrico, é essencial a disponibilidade doaparelho de irrigação e da existência de água napropriedade. Na região do estudo, em razão davasta área de cultivo de grãos aliada a umatopografia relativamente plana e em grandeescala, a irrigação pelo sistema de Pivô Centraladaptou-se bem e hoje é o que predomina naregião.

No levantamento observaram-se váriostamanhos em termos de área coberta e de potên-cia do motor elétrico, desde 75 a 250cv, cobrindouma área irrigada de 32 a 115 hectares. Napresente matriz de coeficientes técnicos, foiselecionado o Pivô Central de 100cv e área médiade 46ha.

Após a planta e a vagem quase secas,inicia-se a operação de arranquio e enleiramentodo feijão, para completar a secagem ao sol dasvagens por alguns dias. O trator com arecolhedora é utilizado após o arranquio e asecagem das vagens do feijão ao sol. Arecolhedora é um implemento pesado e exigetrator de maior potência, na faixa de 80 a 90cv.

O transporte da produção em grandesáreas de colheita e distante da sede dapropriedade, ou quando é armazenado emCooperativas, é feito através de caminhão.Entretanto, na maioria das propriedades otransporte do feijão é feito com trator e carreta.

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O armazenamento do feijão de invernona região é transitório, até que seja comercializa-do, na maioria dos casos, através de intermediá-rios, ou em pequena parcela pelas cooperativas.

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4.4 - Girassol 8

Dentre as oleaginosas cultivadas nomundo, o girassol ocupa o quarto lugar emtermos de produção e a quinta posição em áreaplantada. No Brasil, a produção é pequena,sendo que a estimativa de área plantada éinexpressiva, 43,8 mil hectares em 1998/99, deacordo com a Companhia Nacional deAbastecimento (CONAB, 1999a). Goiás é o maiorEstado produtor, seguido de Mato Grosso do Sul,Mato Grosso, Minas Gerais, Paraná, Rio Grandedo Sul e São Paulo (EMBRAPA, 1999). Segundoestimativas do IEA, no Estado de São Pauloforam cultivados 1.504ha com girassol na safra1998/99.

De modo geral, a importância econômi-ca da cultura do girassol reside nos diversos usosalternativos do mesmo9, seja da planta como umtodo (para forragem e/ou silagem), seja de suaspartes. Porém, pouco se conhece sobre aaplicação ou viabilidade dos derivados da plantade girassol, excetuando-se o grão.

No mercado externo, o girassol em grãotem como principal demandante as indústrias deesmagamento. Estas, ao adquirirem os grãos,produzem óleo e farelo, os quais são ofertados àsindústrias alimentícias, sobretudo às de óleosvegetais e de rações animais. O óleo de girassol éo subproduto de maior valor econômico, diferen-ciando-se dos demais óleos vegetais porconcentrar ácidos graxos insaturados, os quaispossibilitam eliminar o excesso de colesterol doorganismo humano.

No Brasil, após o Plano deEstabilização econômica e a abertura comercialbrasileira, verificou-se que o consumo domésticode óleo de girassol elevou-se 657%, no período1993-96, incentivando as indústrias nacionais quepassaram a estimular a produção primária(FREITAS; FERREIRA; TSUNECHIRO, 1998).Porém, as processadoras de grãos de girassoltêm encontrado dificuldades para se consolidarno mercado. Processadoras da Região Centro-Oeste, dependendo da localização, têm

8Agradecimentos à Pesquisadora Terezinha JoyceFernandes Franca e ao estagiário Eduardo Martins Arrudado IEA; a Claudio Roberto Sebastião da Dinamilho/CarolProdutos Agrícolas Ltda; e ao Eng. Agr. Eliane de FátimaVancanella do Núcleo de Produção de Sementes/CATI deAguaí.9A esse respeito ver GIRASSOL (1981) e FREITAS;MACHADO; ROCHA (1994).

estimulado o plantio de girassol também noEstado de São Paulo. Neste Estado estãolocadas duas processadoras de grãos degirassol, as quais, por enfrentarem entraves deaspectos mercadológicos, perdem a concorrênciapara o mercado de rações10. A escassez dematéria-prima prejudica a produção de óleo emescala comercial, e as indústrias que se destinamexclusivamente ao girassol ficam ociosas grandeparte do tempo.

A maior parte da produção paulista degirassol destina-se ao segmento de mercado dealimentação animal, seja no destino dos grãospara pássaros, ou na utilização da máteria verde,que serve à produção de silagem de qualidade.

O ciclo vegetativo do girassol é curto,permitindo que o mesmo possa ser cultivado emrotação com milho, soja, arroz, algodão e outrosprodutos agrícolas. Além disso, a cultura étotalmente mecanizável e não exige implementosespecíficos, apenas pequenas adaptações nasmáquinas e equipamentos utilizados nas culturasde grãos (ÚNGARO, 1998). Tais característicasreduzem os custos fixos da propriedade(depreciação de máquinas e instalações, custosadministrativos, etc.) além de aumentar a rendado agricultor por unidade de área.

Especificamente no Estado de SãoPau-lo, 47,3% da cultura de girassol é intercalada ouconsorciada com outras culturas. Destepercentual, 31,6% do cultivo de girassol éintercalado e/ou consorciado com culturas anuais,predominantemente, com milho (PINO et al.,1997). A preferência por este sistema de produçãoprovavelmente decorre de duas razões básicas: a)pequenas modificações na colhedora de milhopermitem uma otimização do sistemamecanizado,aumentando o aproveitamento das máquinas e b)o cultivo de girassol eleva a produtividade dacultura sucessora e, segundo pesquisas doInstitutoAgronômico (IAC), no caso do milho, essaprodução chega a aumentar 30% se precedidapelo girassol.

A importância econômica do milhoassociada às melhores condições de políticaagrícola, escoamento da matéria-prima eestrutura mercadológica colocam o girassolapenas como cultura secundária, na qual oprodutor procura não assumir riscos. Talcaracterística imbute dois resultados ao cultivo de

10Os entraves mercadológicos são discutidos emFREITAS; FERREIRA; TSUNECHIRO (1998).

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girassol no Estado de São Paulo: o plantio dogirassol da seca (safrinha), cultivado após o milhode verão, é maior que a safra das águas, e aprodutividade é extremamente baixa.

A cultura de girassol distribui-se por todoo Estado, em duas safras distintas, safra daságuas e a da seca (safrinha). Para identificar asprincipais regiões produtoras recorreu-se aoDepartamento de Sementes, Mudas e Matrizes daSecretaria de Agricultura e Abastecimento (respon-sável pela distribuição da semente Catisol), queforneceu uma relação de compradores por região.Complementando, recorreu-se aos fornecedoresde sementes do setor privado (responsáveis peladistribuição das sementes Morgan e Cargill), quetambém forneceram a relação de compradores.

O levantamento de dados para elabo-ração das planilhas de coeficientes técnicos deprodução para a cultura do girassol no Estado deSão Paulo foi realizado na região do EDR deCampinas e o plantio observado foi o da seca, apartir de dois sistemas de cultivo: plantio direto eplantio convencional.

De acordo com o IAC, a épocarecomendada para o plantio de girassol da seca,no Estado de São Paulo, é entre fevereiro emarço, e a colheita realizada entre junho e julho.Porém, a escassez de chuvas por ocasião docultivo da safra de verão (milho), safra 1998/99,atrasou o plantio do girassol da seca, estendendosua colheita para fins de agosto. Desta forma, emfunção das características que envolvem a culturado girassol e do plantio tardio em 1999, asplanilhas de coeficientes técnicos obtidas eapresentadas a seguir não devem ser entendidascomo um padrão único de cultivo da cultura dogirassol no Estado de São Paulo.

4.4.1 - Matrizes de coeficientes técnicos degirassol da seca dos sistemas deprodução (plantio convencional eplantio direto) do EDR de Campinas

O sistema de plantio convencional,caracterizado pelas operações que revolvem osolo em seu preparo, não aponta a utilização deherbicida em nenhuma fase da cultura, asemeadura é realizada sem nenhum resto decultura no solo. A operação de cultivo é utilizadanocontrole de ervas daninhas. Nesse sistemautilizam-se sementes tratadas e são realizadastrês tipos de adubação: no plantio, com o adubo

formulado 4-14-8, a base de 200kg/ha, adubaçãofoliar com ácido bórico e adubação de coberturacom 100kg/ha de uréia. As operações sãorealizadas com tratores de média potência (75cv e80cv). A colheita mecânica é realizada comcolhedora automotriz com potência de 120cv. Aprodutividade encontrada para este conjunto defatores de produção e para as condiçõesobservadas foi de 1.300kg/ha (Tabela 8).

O sistema de plantio direto caracteriza-se pela dessecação dos restos da cultura anterior,com o uso de herbicida, ocorrendo em seguida oplantio e adubação na palha com plantadora-adu-badoras específica para este tipo de tecnologia.Neste caso, observou-se que a quantidade de se-mentes utilizadas é maior que no plantioconvencional. O adubo formulado utilizado noplantio é o 10-24-12 na quantidade de 250kg/ha eos adubos utilizados na cobertura são a uréia(125kg/ha) complementada pelo ácido bóricocomo adubo foliar. No combate às pragas, utiliza-se uma aplicação de inseticida piretróide. Aplica-se também herbicida pós-emergente comomedida de controle do mato. Na realização dasoperações ao longo do ciclo da cultura, foramutilizados dois tratores, um pequeno com 63cv,nas operações que utilizam implementos leves, eum trator médio com 90cv nas operaçõesrealizadas com implementos que necessitam demaior força de tração. A colheita é realizada comcolhedora automotriz de 115cv. Para este conjuntode exigências físicas de fatores de produção, aprodutividade observada foi de 1.500kg/ha(Tabela 9).

4.5 - Milho11

11Agradecimentos aos Assistentes Agropecuários: JoãoCarlos Luhmann de Jesuz e Paulo Cézar Parreira, de SãoJoão da Boa Vista; Rubens Ferreira Martins, de VargemGrande do Sul; Antonio Sebastião de Lima Gusmão, deItapetininga; Fábio Francisco Fiúsa, de Tatuí; Luiz PauloMendes, de Campina do Monte Alegre; CristóvãoNascimento, de Capão Bonito; Tito Bergamasco, de Assis;Lázaro Sebastião de Almeida, de Cândido Mota; CristianoGeller, de Maracaí; Anísio Alves Pereira, de Palmital;Cândido Miele Junior, de Guaíra; Paulo Cesar da LuzLeão, de Ituverava; Maria Tereza Bianchini, deNuporanga; Joel Leal Ribeiro, de São José da Bela Vista;aos Técnicos de Apoio Agropecuário: Eros Felipe, deVargem Grande do Sul; Antonio Bicudo de Almeida, deCapão Bonito; Benedito da Costa Queiroz, de Palmital;Jerônimo Camilo da Silva, de Guaíra; aos Agentes deApoio Agropecuário: José Marques Paladini, de Barretos;e Antonio Augusto Dias, de Maracaí; a colaboração nosserviços de levantamento de dados e informações paraeste trabalho.

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O milho é um produto agrícola degrande importância, tanto nos aspectos degeração de renda e emprego em todo o seusistema agroindustrial como nos aspectos denutrição e

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alimentação das populações.No Brasil, como na maioria dos países,

o milho é uma das principais fontes de nutrientespara a indústria de rações balanceadas para ani-mais, com participação de 60% a 70% nacomposição desses produtos (NOGUEIRAJUNIOR et al., 1999). Há um crescente mercadopara milhos especiais, como milho doce, milhopara pipoca, milho verde, milho para silagem,minimilho, etc., cujas produções não sãolevantadas oficialmente pelas instituiçõesresponsáveis pelas estatísticas agrícolas. Estetrabalho trata da cultura do milho para grão,destinado basicamente para as indústrias derações e de alimentação humana.

A cultura, segundo TSUNECHIRO(1998), vem sofrendo grandes modificações nosúltimos anos, em pelo menos dois aspectos, quese inter-relacionam: a) deslocamento espacial dacultura de milho, promovido por outras culturasmais rentáveis e b) deslocamento temporal, complantio de milho em sucessão a uma culturadeve-rão. O primeiro aspecto se refere à perda de com-petitividade do milho em relação a outras ati-vidades, como as culturas de soja, cana-de-açúcare citros, com deslocamento da cultura para áreasmenos férteis das propriedades rurais, de menorpotencial de produtividade. A implicação óbviadesse fato é o aumento do custo operacional deprodução de milho e do risco da cultura associadoàs adversidades climáticas. Esse processovem seintensificando nos últimos anos, de tal forma queno ano agrícola 1997/98, pela primeira vez noBrasil, a área do milho (somadas a primeira e asegunda safras) foi superada pela da soja, em13%. O segundo aspecto decorre em parte doprimeiro e constitui-se em fato importante dacultura do milho no Brasil, que é o plantio em épo-ca extemporânea (fora do período normal) nasregiões mais importantes do País. Trata-se dasegunda safra ou “safrinha” e corresponde àalternativa escolhida pelos agricultoresparacultivoem período ocioso das terras e das máquinas eequipamentos após a colheita da cultura principal,usualmente de ciclo curto (como a da soja pre-coce), e para melhoria do fluxo de caixa nodecorrer do ano.

O Estado é deficitário em termos de su-primento de milho e necessita de importação deproduto de outros estados da federação ou do ex-terior, em volume correspondente a 37,6% doconsumo estadual estimado (TSUNECHIRO,1999).

A cultura do milho ocupa uma dasmaiores áreas de plantio no Estado, sendosuperada apenas pela cultura da cana-de-açúcar.A área plantada vem decrescendo nos últimosanos e a produção se sustenta graças ao aumentoda produtividade da cultura, propiciado pelocrescente emprego de alta tecnologia(TSUNECHIRO; FERREIRA; MORICOCHI, 1996).

A cultura do milho no Estado de SãoPaulo é realizada em duas épocas (ou safras) doano: a) a primeira safra, ou milho de verão, no pe-ríodo de primavera-verão, com plantio emsetembro-janeiro (preferencialmente em outubro-novembro) e colheita em janeiro-maio (com picoem fevereiro-março) e b) a segunda safra, ou mi-lho safrinha, de outono-inverno, com plantio emfevereiro-abril (preferencialmente em fevereiro-meados de março) e colheita em junho-agosto(com pico em agosto, estendendo-se a setembro)(SAWAZAKI; GALVÃO; PATERNIANI, 1998).

Para fins estatísticos, no Estado de SãoPaulo, o milho semeado em janeiro é consideradocomo de segunda safra, ou safrinha. Quandoocor-re o atraso da colheita da cultura da safra deverão, como na safra 1999/2000, partesignificativa da área da cultura que a sucede,como a do milho safrinha, é semeada em abril,período de alto risco para a atividade. O milhosafrinha tem se expandido significativamente nodecorrer da década de 90, constituindo-sepraticamente na totalidade da área em cultura desucessão à cultura de soja, realizada naprimavera-verão.

O sistema de plantio direto ainda nãoatinge área expressiva no Estado, embora játendo sido empregado há mais de 20 anos poralguns agricultores paulistas. Somente nosúltimos cinco anos o sistema vem se expandindo,com a participação fundamental da cultura domilho, tanto no sistema de rotação de culturas,quanto principalmente como fornecedora depalhada no período do inverno, na cultura domilho safrinha.

Na safra de verão (primeira safra ou sa-fra normal), a cultura do milho é bastante dispersa,não havendo forte concentração regional. Para acultura desta época, foram selecionadas duasimportantes regiões produtoras: EDR de São Joãoda Boa Vista, com 10,2%, e EDR de Itapetininga,com 5,7% da produção em 1997/98 (ANUÁRIO,1999). A primeira região faz parte de uma regiãomaior produtora de milho, composta pelos EDRsde São João da Boa Vista, Franca, Mogi Mirim e

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Limeira, enquanto a segunda, de outra regiãomaior, composta pelos EDRs de Itapetininga,Avaré e Itapeva.

Na cultura de segunda safra (ou milhosafrinha), diferentemente da primeira safra, háuma forte concentração regional, destacando-seas regiões (EDR) de Assis, no Vale doParanapanema, com 40,2% da produçãoestadual em 1997/98, seguida pelos EDRs deOrlândia, com 21,5%, e de Barretos, com 10,6%da produção paulista. A região de Assis (incluindoOurinhos) produziu 53,48% da produção estaduale a região de Orlândia/Barretos, 24,72%. Aprodução conjunta dessas duas grandes regiões,portanto, compreendeu 78,2% da safrinha doEstado em 1997/98 (ANUÁRIO, 1999).

4.5.1 - Matriz de coeficientes técnicos demilho do sistema de produção (plantioconvencional) do EDR de São João daBoa Vista

A região composta pelos EDRs de SãoJoão da Boa Vista, Franca e Mogi Mirim foi amaiorprodutora de milho no verão, responsável por22,72% da produção do Estado de São Paulo em1997/98. Nesta região a cultura do milho não sofrecompetição da cultura da soja, fazendo parte deum sistema de sucessão com culturas na segundaépoca (outono-inverno), como batata ou feijão.

Considerou-se para a região umsistema de produção de agricultores proprietáriosde terras, que empregam máquinas próprias,inclusive para a colheita. Foram entrevistadosagricultores, nos municípios de São João da BoaVista e de Vargem Grande do Sul. Parte da áreade milho de verão da região é realizada sobarrendamento, não tendo sido possíveldimensioná-la neste trabalho, pagando rendaequivalente a 20% da produção obtida. Damesma forma, parte dos produtores de pequenoporte não possui colhedora de cereal e realizam aoperação de colheita mediante empreita deserviço de terceiros, ao custo médio equivalentea 8% da produção. As lavouras são realizadaspredominantemente em terras próprias dosprodutores, havendo também produtores quearrendam terras para aumentar sua escala deprodução. A produtividade esperada na regiãocom a tecnologia considerada é de 6.000kg/ha(Tabela 10).

A tecnologia utilizada pelos produtores

da região é de alto nível, de acordo com as reco-mendações técnicas, com emprego de insumosmodernos, como correções periódicas de acidezdos solos, sementes de alto potencial deprodução, adubação no plantio e em cobertura,combate às ervas daninhas com herbicidas,combate às formigas e às pragas, principalmentea lagarta-do-cartucho com os mais eficientesinseticidas e tratamento de sementes cominseticidas. Os tipos de germoplamas dassementes usados pelos agricultores entrevistadosforam dos cultivares híbridos simples e triplos, dealto potencial de produção, conformeapresentados em DUARTE e PATERNIANI (1998e 1999). A maior parte das máquinas de altovalor, como tratores e colhedoras, tem elevadotempo de uso, de acordo com as informaçõesdos entrevistados.

As operações agrícolas do sistema deprodução do milho de verão da região de SãoJoão da Boa Vista são as seguintes, emseqüência: limpeza do terreno, subsolagem (acada três anos), calagem (a cada três anos),conservação de terraços, gradeação pesada(com grade aradora), aração, gradeação leve(com grade niveladora), tratamento de semente,plantio-adubação, combate às formigas,aplicação de herbicida, aplicação de inseticida,adubação em cobertura e colheita. A operação detransporte interno de insumos é realizadasimultaneamente às operações de semeadura,adubação (no plantio e em cobertura) epulverizações com herbicidas e inseticidas. Asoperações de transporte, pré-limpeza e secagemdo milho, necessárias para a venda do produto epor conta do produtor, são realizadas sobempreita de serviço de terceiros.

4.5.2 - Matrizes de coeficientes técnicos demilho dos sistemas de produção(plantio convencional e plantio direto)do EDR de Itapetininga

A segunda região maior produtora é aque abrange Itapetininga, Itapeva e Avaré, com18,08% da produção. A produção das duas re-giões, portanto, foi de 40,8% da safra de 1997/98.

Foram entrevistados agricultores para osistema convencional de plantio e para o sistemade plantio direto, nos munícipios de Tatuí,Quadra, Angatuba, Campina do Monte Alegre eCapão Bonito. Considerou-se a produtividade

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esperada de 5.400kg por hectare para a culturacom sistema convencional e de 6.000kg/ha parao sistema de plantio direto.

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Excetuando-se a operação de colheita,que se realiza sob empreita, as demais são realiza-das com máquinas e equipamentos próprios. O sis-tema predominante ainda é o do tipo de preparoconvencional, com uso de arado e grade para opreparo do solo (Tabela 11). Entretanto, dada aexistência na região de agricultores que praticamhá tempos (mais de cinco anos) o sistema de plan-tio direto, considerou-se oportuno o levantamentode dados e informações sobre esse sistema me-diante entrevista com agricultores da região (Tabela12).

Da mesma forma que na região ante-rior, os sistemas de produção estudados sãorepresentativos de produtores de alta tecnologiana região de Itapetininga, de acordo com asrecomendações técnicas, com emprego deinsumos modernos, como sementes de altopotencial de produção, adubação no plantio e emcobertura, combate às ervas daninhas comherbicidas, combate às pragas, principalmente alagarta-do-cartucho com os mais eficientesinseticidas, realizam o tratamento de sementescom inseticidas. Os tipos de germoplamas dassementes usados pelos agricultores entrevistadosforam dos cultivares híbridos simples e triplos, dealto potencial de produção, conforme DUARTE ePATERNIANI (1998 e 1999).

4.5.3 - Matriz de coeficientes técnicos demilho safrinha do sistema de produção(plantio direto) do EDR de Assis

Uma das regiões escolhidas para o le-vantamento de coeficientes técnicos da cultura domilho safrinha foi a de Assis, que representa o la-do paulista do Vale do Paranapanema. A região éa mais importante do Estado na produção detrigo, cuja área de plantio decresceusignificativamente desde o início da década de90, com a mudança da política interna do trigo,sendo substituída totalmente pelo milho safrinha.A substituição do trigo, cultura típica de inverno,pelo milho safrinha, cultura típica de primavera-verão, com plantio em sucessão à soja, deu-serapidamente na região, por falta de melhoralternativa técnico-econômica. Nesta região omilho safrinha é cultivado principalmente emlatossolos roxos, de alta fertilidade. A expansãoda cultura foi apoiada por inovações tecnológicasgeradas por instituições públicas e privadas, nosentido de reduzir os riscos da cultura e melhorar

a rentabilidade econômica da cultura. Os plantiostardios de milho safrinha correm o risco degeadas e, em menor grau, de seca (déficit hídriconos solos).

Na região de Assis foram entrevistadosagricultores nos municípios deAssis, Cândido Mo-ta, Palmital e Maracaí. Considerou-se uma produ-tividade esperada para a região de 3.000kg/ha, pa-ra a cultura com semeadura realizada em épocarecomendada.

A tecnologia utilizada pelos produtores dosistema de produção estudado na região é de altonível, de acordo com as recomendações técnicas,com emprego de insumos modernos, semeadurana palha de soja, sementes de alto potencial deprodução, adubação no plantio, combate às ervasdaninhas com herbicidas, combate às formigas e àspragas, principalmente a lagarta-do-cartucho, comos mais eficientes inseticidas e tratamento desementes com inseticidas (Tabela 13). Como nasdemais regiões do Estado, a maior parte dasmáquinas de alto valor, como tratores e colhedoras,tem elevado tempo de uso, segundo informaçõesdos entrevistados.

As operações agrícolas do sistema deprodução do milho safrinha da região deAssis sãoas seguintes, em seqüência: dessecação da soja(aplicação de herbicida), plantio-adubação,combate às formigas, aplicação de herbicida e in-seticida e colheita. A operação de transporte inter-no de materiais é realizada simultaneamente àsoperações de plantio-adubação e pulverizaçõescom herbicidas e inseticidas. A semente adquiridana região é previamente tratada com inseticida,cujo custo está incluído no preço do inseticidapago pelo agricultor. As operações de transporte,pré-limpeza e secagem do milho, necessáriasparaa venda do produto e por conta do produtor, sãorealizadas sob empreita de serviço de terceiros.

4.5.4 - Matriz de coeficientes técnicos demilho safrinha do sistema de produção(preparo de solo reduzido) do EDR deOrlândia

Outra região selecionada para o levan-tamento de coeficientes técnicos da cultura domilho safrinha foi a de Orlândia, que centraliza aárea cultivada na região da Alta Mogiana,compreendida pelos EDRs de Orlândia eBarretos, estendendo-se aos municípioslimítrofes do EDR

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de Franca. Esta região também dispõe deextensas áreas de terra roxa, atualmenteocupada, em grande parte, pela cultura da cana-de-açúcar, tendo a soja como principal cultura deverão, que tem sido sucedida, com semeadurana palha, pela cultura do milho safrinha.

A cultura do milho safrinha na região deOrlândia se expandiu significativamente nadécada de 90, com incorporação de tecnologiaadequada às condições da época, de um períodocurto de semeadura e risco de déficit hídrico maisacentuado que na região de Assis, mascompensada, em parte, por um risco menor deocorrência de geada. A área de milho safrinhanesta região está relativamente mais dispersa,próxima à divisa com o Estado de Minas Gerais eocupa solos principalmente do tipo latossolo roxo,de elevada fertilidade.

Na região de Orlândia foram entrevista-dos agricultores nos municípios de Nuporanga; Itu-verava, do EDR de Orlândia; Guaíra, do EDR deBarretos; e São José da Bela Vista, do EDR deFranca. Considerou-se uma produtividade para aregião de 2.700kg/ha, para a cultura com semeadu-ra realizada em época recomendada (Tabela 14).

A tecnologia utilizada pelos produtoresdesta região, representada no sistema deprodução estudado, é de nível um pouco inferiorà da região de Assis, com o preparo de soloreduzido (realização de uma gradeação leve,antes da semeadura), uso de sementes de altopotencial de produção, adubação apenas noplantio, combate às ervas daninhas com um tipode herbicida, combate às formigas e às pragasiniciais e à lagarta-do-cartucho com inseticidas etratamento de sementes com inseticidas.Também nesta região a maior parte dasmáquinas de alto valor, como tratores ecolhedoras, tem elevado tempo de uso, segundoinformações dos entrevistados.

4.6 - Soja12

12Agradecimentos a Tito Bergamasco, Assistente Técnicode Direção do EDR de Assis; a Arlindo Clemente,Engenheiro Agrônomo da Casa da Agricultura de Ipuã; aAntonio Pádua Jorge, Engenheiro Agrônomo da Casa daAgricultura de Miguelópolis e a Paulo César da Luz Leão,Engenheiro Agrônomo da Casa de Agricultura deItuverava, a pronta disponibilidade na indicação dosprodutores, bem como o acompanhamento nolevantamento dos questionários.

A expansão da produção da soja,impulsionada a partir da década de 70, temdeslocado culturas tradicionais em todo o País,modificando os sistemas de produção agrícola(áreas extensas e elevado grau de tecnificação),favorecida por uma política de modernização daagricultura e da agroindústria. Pode-se afirmarque o crescimento do cultivo de soja foi oprincipal responsável pela introdução do conceitode agronegócio no País, não só pelo volumefísico e financeiro envolvido, mas também pelanecessidade da visão empresarial deadministração da atividade por parte dosprodutores, fornecedores de insumos,processadores da matéria-prima e negociantes,de forma a manter e ampliar as vantagenscompetitivas da produção (FREITAS et al., 1997e PAULA e FAVERET FILHO, 1998).

A produção brasileira de soja em grãofoi estimada em 30,7 milhões de toneladas noano agrícola 1998/99, para uma área de 12,9milhões de hectares, com uma produtividademédia da ordem de 2.367kg/ha. Para o farelo desoja, a produção foi de 16,1 milhões detoneladas, e a produção de óleo bruto estimadaem 3,8 milhões de toneladas (CONAB,1999b).

A produção paulista para a safra1998/99, estimada em 1.421 mil toneladas, ocupaa sexta posição no ranking da produção nacional.Por outro lado, o Estado possui a terceira maiorcapacidade de processamento de oleaginosasinstalada no País, da ordem de 4 milhões detoneladas anuais, embora cerca de 30% a 40%dessa capacidade possa ser considerada comoexcedente instalado. Essa produção se concentranas regiões do Vale do Paranapanema e Alta Mo-giana, com as principais expressões nos EDRsde Assis (34%), Orlândia (24%) e Barretos (18%).Apesar de ocupar a 13o posição no Valor Total daProdução Agropecuária Paulista, a rentabilidadeobtida pela cultura nos anos recentes estimulou aexpansão da área com soja, em substituição aoutras explorações. A principal cultura anualconcorrente da soja no Estado tem sido o milho,e a ocupação de área entre essas duasexplorações decorre essencialmente dosresultados econômicos obtidos nas respectivassafras. Recentemente, a soja vem apresentandocrescimento em regiões como o sudoeste doEstado, tradicionalmente produtora de feijão.

Foram escolhidas as regiões do Valedo Paranapanema e Alta Mogiana, pelaexpressão de ambas na produção paulista, sendo

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que, na primeira, o destaque ficou para o EDR deAs-

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sis, e na segunda, para o EDR de Orlândia.Através de entrevistas com técnicos e

produtores das principais regiões produtoras desoja no Estado, foram definidos os sistemaspredominantes em cada região, ou seja: plantiodireto e plantio convencional. Para o plantio direto,os levantamentos de campo foram feitos no EDRde Assis e para o sistema convencional, foramentrevistados agricultores do EDR de Orlândia.

4.6.1 - Matrizes de coeficientes técnicos desoja do sistema de produção (plantiodireto), EDR de Assis, e do sistema deprodução (plantio convencional) doEDR de Orlândia

A soja é uma planta anual, cujo cicloprodutivo varia conforme o tipo de semente utiliza-da (variedades precoces e variedades tardias) e,de acordo com recomendações técnicas, operíodo mais apropriado para o seu plantio se dáentre setembro e dezembro. A maior parte dosentrevistados efetuou o plantio entre outubro e no-vembro, mas houve casos em que o mesmoestendeu-se até o início de dezembro. A colheitafoi iniciada a partir da segunda quinzena defevereiro.

A cultura da soja, que foi responsávelpela difusão de um pacote tecnológico ditomoderno para a agricultura brasileira, também éresponsável pela atual evolução da tecnologia deplantio e manejo do solo. A preocupação com oscustos de mecanização, uso de insumos edegradação do solo, com as sucessivas safras,levou pesquisadores e agricultores a se unirem nabusca de novas técnicas de plantio e manejo.Assim, vem sendo cada vez mais estimulada atécnica de plantio direto, com a intenção decombater a erosão. Caracteriza-se como umsistema de produção no qual evita-se aperturbação do solo, mantendo-se sua superfíciesempre coberta de resíduos (palha) e/ouvegetação. Esse sistema de produção admitecultivos mínimos leves, objetivandoo recobrimentode sementes espalhadas; o combate às ervasdaninhas, através da aplicação de herbicidas, ecatações (capina manual); o combate ao ataquede pragas através do uso de defensivos(fungicidas e inseticidas); e, ocasionalmente, podeadmitir uma escarificação, desde que sejapreservada a cobertura viva ou morta nasuperfície(CARDOSO, 1999). Trata-se de uma tecnologiade

ponta, lucrativa, sustentável e que protege o meioambiente. A prática tem sido adotada por grandeparte dos produtores da região do Vale doParanapanema e começa a ser incorporada poralguns produtores da Alta Mogiana.

A diferença básica entre a prática doplantio direto e o de plantio convencional consistena não realização das operações de gradagem earação sobre os restos de uma cultura anterior(preparo do solo antes do plantio) (Tabelas 15 e16). No plantio direto os restos de vegetaçãoexistentes passam por um processo dedessecação através da aplicação de herbicida.Uma regra básica, entretanto, deve serobservada: as espécies perenes, sejam ervasdaninhas ou plantas formadoras de resíduos,precisam ter suas reservas consumidas eesgotadas antes da rebrota para dessecação. Issonormalmente é obtido através de roçagem, pois édifícil dessecar touceiras perenes fortes, plenasde reservas. Para ervas daninhas originadas desementes dormentes de estações anteriores,existem diversos herbicidas de pré ou pós-emergência, seletivos ou de aplicação localizada.A agroquímica tem criado produtos específicosde grande eficiência, que podem resolver agrande maioria dos problemas com ervasdaninhas.

No plantio convencional, a operação deroçagem é também praticada, mas nessesistema, após a roçada, são realizadasoperações de aração e gradagem. Osequipamentos utilizados nessas operações sãonormalmente grades aradoras e gradesniveladoras. A utilização de mão- de-obra(tratorista) nas operações de máquinas no plantioconvencional é bastante superior à do plantiodireto. Por outro lado, a utilização de mão-de-obracomum destaca-se no plantio direto, decorência,principalmente, da operação de catação.

No sistema de plantio direto, solosdegradados (dispersão de argila e perda daestrutura original) que voltam a se compactarsuperficialmente ao final de dois ou três anos(mesmo com a escarificação e cultivosexecutados antes do plantio) requerem novaescarificação que pode ser feita comequipamento que mantenha a manta vegetal nasuperfície, incorporando-a o mínimo possível.Plantadoras de facão costumam ser uma boaalternativa para esse problema.

É da maior importância que se corrijampreviamente os principais fatores limitantes da

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produção. Tanto o solo como o subsolo devemestar corrigidos de modo a neutralizar o alumíniotóxico e elevar a disponibilidade de cálcio em to-

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da a massa na qual se desenvolverão as raízes.Para isso é recomendada a operação decalagem, usando calcário bem reativo (bem finoou calcinado) juntamente com gesso, de modo aser mantida uma relação entre cálcio emanganês próxima a 4:1.

A aplicação de herbicidas ocorre emambos os sistemas, mas no plantio direto onúmero de vezes é superior, pois além daaplicação durante a condução da cultura (pré epós-emergência), no preparo do terreno ocorre aoperação de dessecação, conformeanteriormente descrito. Apesar do uso deherbicidas, a operação de capina ocorre emambos os sistemas, sendo que no convencionalessa operação é realizada mecanicamente,através de cultivadores. No plantio direto essaoperação é realizada manualmente e éusualmente chamada de catação.

No sistema convencional poucosprodutores ainda realizam a operação detratamento das sementes, sendo que a comprade sementes já tratadas é a mais comum, demodo que essa operação não foi considerada naelaboração da planilha. A operação de adubação(conforme qualidade e quantidade indicadaspelas análises de solo e/ou folhas) é realizadaconjuntamente com a semeadura, comequipamento convencional. A única diferença dasplantadoras, entre um sistema e outro, consistena utilização de disco que corta a palha(resultante da dessecação) antes da operação deadubação/semeadura, isso no caso do plantiodireto. Na prática, qualquer plantadora pode seradaptada para o plantio direto, e existem nomercado kits que substituem o elementoadubador original. Já foram lançadas no mercadoplantadoras destinadas ao sistema de plantiodireto, mas cuja aquisição ainda significa um altocusto de investimento para os produtores, daí asadaptações de equipamentos convencionaisserem mais usuais. A aplicação de defensivos épraticada igualmente nos dois sistemas deprodução, através de pulverizações, visandocombate ao ataque principalmente de fungos,percevejos e lagartas. Igualmente é realizado ocombate ao ataque de formigas, através do usode iscas, operação realizada manualmente nosdois sistemas.

A operação de colheita apresentadistinção ente os dois sistemas. Enquanto noplantio direto os produtores a realizam commáquinas e equipamentos próprios, no sistema

convencional, a operação é realizada porempreita (serviço de terceiros), a um custo médioestimado em 6% da produção. No que se refereao transporte da produção, a operação érealizada por empreita nos dois sistemas.

A produtividade observada em ambosos sistemas foi considerada excelente pelosprodutores entrevistados, pois as condiçõesclimáticas favoreceram a condução adequadadas lavouras. Os ganhos em produtividade aolongo dos anos têm sido fator preponderante paraque esses produtores permaneçam na atividade.É importante observar que o sistema de plantiodireto favorece ganhos em produtividade,comparativamente ao plantio convencional.

As sucessões mais freqüentes nos doissistemas ocorrem com a cultura de trigo e milhosafrinha, sendo que este último foi citado commais freqüência pelos produtores entrevistados.

4.7 - Sorgo Granífero13

O sorgo faz parte do grupo dosprincipais cereais em todo o mundo, logo apósarroz, milho, trigo e cevada, tanto nos aspectosde geração de renda e emprego em todo o seusistema agroindustrial, como nos aspectos denutrição e alimentação das populações.

No Brasil, como na maioria dos países,o sorgo é uma das principais fontes de nutrientespara a indústria de rações balanceadas e deforragem para alimentação animal (NOGUEIRAJUNIOR et al., 1999). Podem ser encontrados noBrasil cinco grupos de culturas do sorgo: sorgogranífero, que pode ser subdividido em grãos ver-melhos para a alimentação animal e grãosbrancos para a alimentação humana; sorgoforrageiro, para a produção de forragens; sorgosacarino, para a produção de açúcar e álcool;sorgo vassoura; e sorgo de corte, para aformação de pastagem (GRUPO PRÓ-SORGO,1999; MEREGE e MARTINS, 1999).

A produção mundial de sorgo em 1999foi estimada pela FAO (1999), em 68,1 milhões de

13Agradecimentos aos Assistentes Agropecuários CândidoMiele Junior, de Guaíra; José Fernando Canuto Benesi, deBarretos; e dos Técnicos de Apoio Agropecuário Sebas-tião Eurípedes Pereira, de Colômbia; Jerônimo Camilo daSilva, de Guaíra; e do Agente de Apoio Agropecuário JoséMarques Paladini, de Barretos, da Coordenadoria deAssistência Técnica Integral (CATI), a colaboração nostrabalhos de levantamento de dados e informações.

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toneladas, colhidas numa área de 54,9 milhões dehectares. A Argentina ocupou a sétima posiçãoentre os países maiores produtores de sorgo em1999, com 3,4 milhões de toneladas e é um dosmaiores exportadores mundiais do cereal.

Segundo o IBGE (1999), a produçãobrasileira de sorgo em 1997/98 foi de 598,8 miltoneladas, numa área de 333,8 mil hectares ecom produtividade média de 1.794kg/ha. Deacordo com dados da FAO, o Brasil apresentouum crescimento de produção de 10,3%, emmédia ao ano, e de 8,9% na área plantada, noperíodo 1989-99, com rendimento médio dacultura crescendo 1,3% ao ano.

O Estado de Goiás foi o líder nacionalna produção em 1997/98, com 224,4 miltoneladas, área colhida de 135 mil hectares erendimento médio de 1.663kg/ha. O Estado deSão Paulo foi o segundo maior produtor, com101,7 mil toneladas colhidas em 42,9 milhectares, com produtividade média bem acimadaquele Estado, 2.372kg/ha.

Esta pesquisa trata da cultura do sorgogranífero, o mais importante economicamente en-tre os cinco grupos do produto, destinado basica-mente às indústrias de rações e de alimentaçãohumana.

OLIVETTI e CAMARGO (1997)analisaram a evolução da cultura do sorgogranífero no Estado de São Paulo, no período1987-96, e verificaram um crescimento contínuoda produção até 1992 e desde então, sucessivasquedas. Os valores das taxas geométricas decrescimento no período 1987-96, segundo essesautores, foram de 0,77% para a área, 0,85% paraa produção e de 0,08% para a produtividademédia, no Estado de São Paulo.

A época recomendada de plantio dosorgo granífero no Estado se estende dedezembro a maio (preferencialmente em março)e a colheita se realiza no período de maio aoutubro (com pico em agosto). Por ser menosvantajoso que o milho, em plantios de outubro anovembro, e apresentar maior risco de perda nacolheita em condições de ocorrência de períodochuvoso após a maturação, seu plantio tem selimitado a uma segunda cultura em sucessão auma outra de verão (SAWAZAKI, 1998). Segundoos dados finais do levantamento de previsão desafras de 1997/98, realizado pelo Instituto deEconomia Agrícola (IEA) e Coordenadoria de As-sistência Técnica (CATI), a maior parte da culturano Estado de São Paulo é da segunda safra, com

91,20% da área cultivada total (ANUÁRIO, 1999),e feita, geralmente, em sucessão a uma culturade primavera-verão, como a da soja.

4.7.1 - Matriz de coeficientes técnicos desorgo granífero da seca do sistema deprodução (preparo de solo reduzido) doEDR de Barretos

A cultura do sorgo granífero no Estadode São Paulo se concentra na região abrangidapelo EDR de Barretos, com 10.125 hectares, quecorrespondeu a 28,4% da área total cultivada noEstado em 1995/96 (FRANCISCO et al. 1997). Aárea média de cultivo na região é de 52,46hectares, contra a média estadual de 16,88hectares.

Nesta região, ou mais precisamente nomunicípio de Colômbia, na divisa territorial com oEstado de Minas Gerais, concentra-se a áreaplantada de sorgo granífero, com plantiorealizado em março-abril, em sucessão à culturada soja. Mais de 80% da área de sucessão soja-sorgo é arrendada, com a maioria dosarrendatários pagando renda equivalente a 10sacos de 60kg de soja, por hectare-ano, ficando aprodução de sorgo livre deste ônus para oprodutor.

Os produtores adotam, em geral, nacultura de sorgo granífero da seca o sistema depreparo de solo reduzido, com a realização deapenas uma gradeação leve para nivelamento dosolo, antes do plantio. Em Colômbia e outrosmunicípios de menor latitude no Estado de SãoPaulo, o risco de déficit hídrico é mais acentuadoque em outras regiões após o mês de fevereiro, oque tem motivado os agricultores locais apreferirem cultivar o sorgo, em detrimento domilho, em sucessão à cultura da soja.

Foram entrevistados oito produtores desorgo granífero na região, sendo seis nomunicípio de Colômbia e dois em Barretos, com aárea cultivada média de 350 hectares, variandode 50 a 920 hectares. Como a amostra de agri-cultores entrevistados é do tipo intencional, sendoseus elementos indicados por técnicos da SAAda própria região, não se pode concluir que aárea modal seja igual à área média, acimacitada. A maioria dos produtores entrevistados éproprietário de terras, onde cultivam parte dosorgo produzido e são associados decooperativas de produção da região, onde

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fazem suas compras de insumos.A tecnologia utilizada na cultura é de

baixo nível em relação ao emprego de insumos,que consiste apenas de semente de alto poten-cial de produção de grãos e de fertilizantequímico no plantio. Entretanto, embora a culturaseja realizada basicamente por arrendatários,estes dispõem de todo maquinário necessáriopara a realização das operações agrícolas,inclusive as colhedoras automotrizes. Asmáquinas e equipamentos utilizados são osmesmos da soja, sendo a semeadura do sorgorealizada logo após a colheita daquela cultura,precedida apenas de uma gradeação com gradeniveladora (Tabela 17).

O alto risco da cultura ao estressehídrico e a não-ocorrência, de maneirasignificativa, de doenças e pragas de importânciaeconômica, levam o produtor de sorgo a nãoempregar defensivos químicos durante odesenvolvimento vegetativo da planta.

Os coeficientes técnicos para otransporte de materiais foram estimados combase equivalente ao sistema de produção demilho safrinha na região de Orlândia.

Devem ser considerados como itens decusto os serviços de transporte, pré-limpeza e se-cagem do produto, realizados sob empreita, e ocusto do arrendamento da terra, por conta do pro-dutor. Considera-se o transporte do sorgo a umadistância média de 40km a 50km do local daentrega do produto.

A produtividade média estimada para osistema de produção analisado é de 2.400kg/ha.

4.8 - Trigo14

O trigo é um dos produtos que compõea cesta básica da alimentação dos brasileiros e éconsumido principalmente nas formas de pão,macarrão e outros produtos como bolos, pizzas,doces, etc., constituindo-se, portanto, em matéria-prima para diversos segmentos da indústria dealimentação. O farelo de trigo, subproduto damoagem, é importante ingrediente nacomposição de rações para animais e, em média,

14Agradecimentos a Carlos Nabil Ghobril, AssistenteTécnico de Pesquisa do Instituto de Economia Agrícola, ea Tito Bergamasso, Assistente Técnico de Direção doEscritório de Desenvolvimento Rural (EDR) de Assis.

representa cerca de 22% do resultado doprocessamento do grão.

Após décadas de esforçosgovernamentais, através da estatização dacomercialização, de políticas de crédito ruralsubsidiado, de financiamentos em pesquisa, nofortalecimento ao cooperativismo e outrosinstrumentos de incentivo, a produção brasileirade trigo atingiu o volume recorde de 6,0 milhõesde toneladas em 1987, muito próximo da auto-suficiência, quando então o consumo nacionalera de 7,0 milhões de toneladas. Daí em diante aprodução brasileira vem declinando ano a ano,tendo atingido a reduzida cifra de 2,4 milhões detoneladas em 1999, com conseqüente aumentodas necessidades de importação, cujo volumepara 1998/99 está estimado pela CONAB em 7,1milhões de toneladas, para um consumo atualestimado em 9,2 milhões de toneladas.

A produção brasileira de trigo estádistribuída em sete estados e no Distrito Federal.De uma área total de 1,2 milhão de hectarescultivados em 1999, o Paraná ocupou a primeiracolocação com 60%, seguido do Rio Grande doSul com 32%, sendo os 8% restantes distribuídosentre os demais estados produtores.

A produção anual paulista de trigo nadécada de 80 chegou a 9% do total nacional,atingindo o volume recorde de 364 mil toneladas,sendo que nessa época a triticultura se constituíana principal atividade agrícola de inverno. Em1998/99, com apenas 16,9 mil hectares, aprodução foi estimada em 35,9 mil toneladas.

Embora a produção estadual tenha sereduzido drasticamente, o produto adquireimportância quando visto pelo lado da demanda.A indústria paulista de moagem de trigo é respon-sável por mais de 30% do grão processado noPaís. Em São Paulo estão concentrados osprincipais segmentos da cadeia produtiva dotrigo: moagem, panificação, pastíficios e indústriade bolachas e biscoitos entre outros.

A área remanescente de trigo em SãoPaulo, embora pequena, está apresentandoresultados mais animadores, em termos dequalidade e produtividade, e poderá se consolidare crescer novamente sob nova base, maissustentável e competitiva. O Instituto Agronômicotem sido referência em pesquisa de trigo e temdifundido cultivares de boa qualidade e de acordocom a demanda industrial.

A safra paulista, assim como as departe do Paraná e do Mato Grosso do Sul, tem a

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vantagem de ocorrer mais cedo (agosto, setem-

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bro e outubro), período de entressafra daArgentina, obtendo, portanto, melhores preços. Otrigo produzido no Estado de São Paulo estámais próximo dos moinhos e, além disso, acomercialização do produto está mais favorecida,depois da desvalorização cambial de janeiro de1999.

A área de trigo está hoje concentradano sudoeste do Estado e no Vale doParanapanema, mais específicamente em áreasabrangidas pelos EDRs de Itapeva, Ourinhos,Assis e com menor importância Avaré.

4.8.1 - Matrizes de coeficientes técnicos detrigo dos sistemas de produção(plantio convencional e plantio direto)dos EDRs de Itapeva, Ourinhos eAssis

Entrevistas com técnicos da CATI e decooperativas das regiões produtoras do Estadode São Paulo mostraram a existência de três sis-temas de produção predominantes: plantio con-vencional, plantio direto e plantio irrigado. Opredomínio dos dois primeiros motivou a escolhapara a elaboração das planilhas de coeficientestécnicos (Tabelas 18 e 19). Oportunamentedeverá ser elaborada a planilha de coeficientespara o sistema de plantio irrigado.

As regiões abrangidas pelos EDRs deItapeva, Ourinhos e Assis foram as escolhidaspara o levantamento de campo, por concentrarmais de 70% da área cultivada com trigo noEstado de São Paulo. Embora pelo zoneamentoagrícola da cultura do trigo, o EDR de Itapeva nãoesteja classificado na mesma zona dos EDRs deOurinhos e Assis, não se verificaram diferençassignificativas nos sistemas de produçãopesquisados nessas regiões.

Independentemente do sistema, aépoca de plantio observada foi de início de abrilaté 30 de maio e a colheita entre final de agostoaté final de outubro. O cultivo do trigo é feito emsucessão com as culturas de soja e feijão, sendoque esta última só ocorreu nos questionárioslevantados no EDR de Itapeva, regiãotradicionalmente produtora. Verificou-se, também,que nesse EDR o plantio concentrou-se em maio,portanto de acordo com as recomendaçõestécnicas para a cultura, com base emzoneamento edafo-climático.

A calagem, quando ocorreu, foi efetua-

da por ocasião do plantio da cultura de verão. Nosistema de plantio direto, segundo depoimento deentrevistados, a calagem é feita esparramando-se o calcário sobre o solo, sem incorporação commáquina. Percebe-se também a utilização deadubos mais modernos, com cálcio na suaformulação, no caso do plantio direto. Contudo,alguns responderam que não adubam o trigo,que se beneficia dos efeitos residuais daadubação da cultura de verão, decisãocondicionada à conjuntura do mercado de trigo.Via de regra, a adubação básica no sistemaconvencional é feita a lanço, enquanto no direto éna linha, na operação conjugada com asemeadora/adubadora. A adubação de coberturacom uréia aparece nos dois sistemas deprodução (plantio direto e convencional).

Poucos agricultores possueminstalações armazenadoras nas propriedades, oque faz com que o trigo seja levado para osarmazéns e silos das cooperativas logo após acolheita, em que as colhedoras automotrizes sãoesvaziadas nos caminhões. Como a maior partedos agricultores não possui caminhão, otransporte é feito através de empreita, cujo valorcostuma ser baseado no preço do óleo diesel,variando de 80% a 100% do preço do litro, porsaca de 60kg.

Nos últimos anos, notadamente antesda desvalorização do real, conforme depoimentode agricultores entrevistados, a cultura do trigotem sido feita com o mínimo de desembolsopossível, face às baixas cotações dos preços nomercado internacional e particularmente doproduto argentino, aliado às condiçõesrelativamente favoráveis de financiamento àsimportações. Assim, o nível de incorporação detecnologia revela- se aquém das disponibilidadesdo agricultor paulista. Contudo, a cultura continuasendo uma das poucas alternativas de inverno eé também excelente como produtora de palhapara melhorar o desempenho no plantio direto.

As diferenças mais importantes entre osistema de plantio direto e o sistemaconvencional são a ausência de operações depreparo do solo e a conjugação das operaçõesde semeadura e adubação no primeiro, o quedeve proporcionar substancial redução de custosnos itens de mão-de-obra e de máquinas.Enquanto no sistema de plantio convencional,consomem-se 7,04 horas por hectare de mão-de-obra e 4,55 horas de trator, no sistema de plantiodireto, o tempo de utilização desses fatores cai

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para 4,16 horas por hectare e 1,89 hora porhectare, respectivamente.

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Verifica-se, também, maior preocupação com autilização de insumos (adubos e defensivos) noplantio direto, que são aplicados em maiorquantidade e de forma mais racional, commáquinas adequadas, concorrendo para maioresníveis de produtividade alcançados por essesistema.

4.9 - Batata

A produção brasileira de batata para1999, segundo o IBGE, está estimada em 2,75milhões de toneladas, cultivadas em cerca de180.000 hectares. Os principais Estadosprodutores são: Minas Gerais, com participaçãode 28% do total produzido, Paraná com 25%,São Paulo, com 21%, Rio Grande do Sul com16% e Santa Catarina com 7,5%.

No Brasil existem três épocas de cultivoque proporcionam colheita o ano todo. O maiorvolume de produção ocorre na safra das águas,cultivada em todos os estados, sendo colhida denovembro a março, compreendendo umaparticipação de 54% do total. A segunda safra, ada seca, também presente em todos os estados,tem participação menor, 31% do total, e é colhidade abril a julho. A terceira safra é a de inverno,colhida normalmente de agosto a outubro, comuma participação, em média, de 15% do totalproduzido.

Os Estados de Santa Catarina e RioGrande do Sul consomem regularmente suaprodução, enquanto os três maiores estadosprodutores abastecem todo o Brasil em épocasdiferenciadas, sendo a safra de inverno cultivadaapenas em São Paulo e em Minas Gerais.

As variedades mais comuns presentesno mercado do Sudeste brasileiro são: bintje,monalisa, baraka, achat, desireé, asterix, elvira emondial. Estes cultivares têm aptidões diferencia-das e são distribuídos em dois grupos, de acordocom o teor de sólidos que condiciona suaqualidade culinária. Além destas variedadesimportadas, existem cerca de dez variedadesbrasileiras de uso regional nos estados. Nomercado são ofertadas em sacos de 50kg,podendo ser lavadas ou escovadas.

Na cadeia produtiva de batata existemdois aspectos importantes a se considerar: oprimeiro é que o Brasil importa sistematicamente(todos os anos) quantidade de semente daEuropa para o abastecimento e cultivo comercial.

Esse insumo tem participação significativa nocusto de produção, tão importante quanto o usode máquinas, defensivos e adubação; o segundoponto é quanto ao aspecto associativista, umavez que parte significativa dos produtores é filiadaa associações regionais, que integram aAssociação Brasileira de Batata (ABBA). Em SãoPaulo, nas duas principais regiões produtoras(EDRs de Itapetininga e São João da Boa Vista)estão presentes a Associação dos Bataticultoresdo Sudoeste de São Paulo (ABASP) e aAssociação dos Bataticultores de Vargem Grandedo Sul (ABVGS), respectivamente.

No Estado de São Paulo existemcerca de 1.700 estabelecimentos rurais queproduzem batata em áreas de 15 hectares emmédia. Nos dois maiores EDRs produtores quecultivam cerca de 63% do total estadual, emItapetininga, ocorrem áreas médias de cultivomaiores que a média do Estado (48 hectares),enquanto que em São João da Boa Vista, a áreamédia de cultivo é de 13 hectares. A região deItapetininga produz maior quantidade de batatalisa (bintje e para indústria) e explora com maiorintensidade a safra da seca, depois das águas epor último a de inverno, que é pequena e nãofreqüente. Em São João da Boa Vista, aprodução maior é de batata comum e suaprincipal safra é a de inverno, seguida daprodução das águas e depois da seca.

Da área cultivada total nas três safras,a participação dos dois EDRs são iguais. A áreacultivada em São Paulo oscila entre 27 mil e 29mil hectares/ano, sendo que a área cultivada nasafra de inverno corresponde a 37% do total, a dasafra das águas a 31% e a da seca a 32%.

4.9.1 - Matriz de coeficientes técnicos debatata da seca do sistema de produçãoirrigado do EDR de Itapetininga

A batata é um dos produtos olerícolasque mais incorpora tecnologia em sua produçãono Estado. Por essa razão, a produtividade noEstado de São Paulo, em média, é superior a20t/ha e bem maior que a média brasileira(15t/ha). No caso específico do sistema de produ-ção pesquisado, a produtividade considerada foide 500sc. de 50kg/ha (Tabela 20).

O uso intensivo de defensivos,correção do solo, adubação e irrigação sãopráticas obrigatórias para a obtenção de alta

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produtivida-

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de. Nas maiores regiões produtoras, osmunicípios de Casa Branca e Vargem Grande doSul (EDR de São João da Boa Vista), São MiguelArcanjo e Tatuí (EDR de Itapetininga), hásemelhanças quanto aos aspectos topográficosdas áreas cultivadas e uso de inovaçõestecnológicas. O município escolhido para apesquisa pertence ao EDR de Itapetininga.

Os grandes produtores trabalham commódulos. Por exemplo, uma motobombaestacionária Scania consegue irrigar 12ha e,dessa maneira, cada gleba tem um motor deirrigação e encanamento próprio, sendo que umprodutor pode ter até mais de dez módulos. Nocaso de máquinas e implementos existe a“patrulha” para cada conjunto de operações.Exemplo: o preparo do solo exige tratores pesadosou médios e para o plantio e pulverizações sãoutilizados tratores leves. Essas “patrulhas” sãooperacionalizadas por trabalhadoresespecializados com maior remuneração emrelação à mão-de-obra comum. Exemplo: a“patrulha” com a plantadora exige o tratorista edois outros trabalhadores que alimentam oufiscalizam a saída dos tubérculos para o sulco. Emoutras operações o tratorista executa sem ne-cessidade do apoio de outros trabalhadores.

4.10 - Cebola

O consumo brasileiro de cebola porano é de cerca de 1.050 mil toneladas. Aprodução média brasileira no último qüinqüêniofoi menor que um milhão de toneladas. Noentanto, a Argentina exportou mais de 220 miltoneladas/ ano e o setor está em crise (em anosalternados) desde 1995. A Argentina abastece,com estoques, parte do mercado brasileiro demarço a julho.

A produção de cebola no Brasil ocorreem três regiões geoeconômicas: Sul, Sudeste eNordeste. A Região Sul produz cerca de 54% daprodução brasileira e abastece o País dedezembro a maio, vendendo produtos frescos emdezembro e janeiro e realizando estoques paraoutros quatro meses seguintes. Os principaisEstados produtores por ordem de importânciasão: Santa Catarina, Rio Grande do Sul eParaná.

O Nordeste produz cerca de 11,5% dototal nacional e colhe os bulbos de julho aoutubro e vende, sistematicamente, sem realizar

estoques. O cultivo ocorre no baixo e médio SãoFrancisco, nos Estados da Bahia e Pernambuco.

O Estado de São Paulo produz cercade 28% da produção total nacional e cultiva emtrês épocas durante o ano. O plantio debulbinhos, que corresponde à menor produção,tem sua colheita nos meses de maio e junho. Ocultivo de cebola de muda clara precoce dasregiões de São José do Rio Pardo, Monte Alto eFranca tem a colheita no período de julho aoutubro e é concorrente da cebola nordestina. Oterceiro cultivo no ano é de cebola de muda naregião de Piedade, sendo a colheita realizada nosmeses de novembro e dezembro.

No Estado de São Paulo existemcerca de 2.120 estabelecimentos produtores decebola, que cultivam em média 6,0 hectares.Nos principais EDRs produtores, o de Sorocabatem área média cultivada de 5,2ha/estabeleci-mento, enquanto no EDR de São João da BoaVista, a área média é de 6,6ha. Esses doisEDRs produzem 66% do total da produçãopaulista. Os municípios de Piedade e São Josédo Rio Pardo, que pertencem aos EDRs deSorocaba e São João da Boa Vista, foram,respectivamente, escolhidos para olevantamento de campo sendo os mesmosresponsáveis por 55% do total da produçãoestadual de cebola de muda, de acordo com osdados de Previsão de Safra do IEA/CATI.Nesses municípios, cerca de 40% dofaturamento do comércio local é procedente docultivo da cebola.

4.10.1 - Matrizes de coeficientes técnicos decebola de muda do sistema deprodução irrigado dos EDRs dePiedade e São José do Rio Pardo

O que diferencia o cultivo da cebola demuda em São Paulo dos demais estados produ-tores é a incorporação de inovações tecnológicasno sistema de produção, como o uso deirrigação, aplicação de herbicidas e intenso usode agroquímicos para combate às pragas e àsdoenças (Tabelas 21 e 22).

O plantio convencional é opredominante, diferenciando-se do adotado nocerrado do Centro-Oeste que é o plantio direto,método que em São Paulo ainda é incipiente,sendo representativo apenas no EDR de Franca.Nos sistemas de produção de cebola estudados

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são realizadas as operações de adubaçãoquímica e orgânica, correção do solo e adotadassementes

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melhoradas - importadas (claras precoces) enacionais do grupo baia periforme. Essassementes serão utilizadas na formação de mudase depois transplantadas para o cultivo da cebola,propriamente dito.

Em São José do Rio Pardo, oadensamento de mudas por área plantada émaior e feito em sulcos. Em Piedade utilizam-se aconfecção de canteiros e o marcador parahomogeneizar o espaçamento.

Esses procedimentos caracterizam aprodução paulista e são determinantes para o altonível de produtividade do cultivo de cebola demuda, cuja safra é a predominante no Estado.Nos sistemas de produção pesquisados, osníveis de produtividade encontrados foram de27t/ha e 35t/ha, respectivamente, para osmunicípios de Piedade e São José do Rio Pardo.

Além disso, o uso de tratoresadequados para cada operação (médios e leves)e implementos diversos fazem com que otrabalho seja mais produtivo, embora o uso demão-de-obra seja bastante intensivo,especialmente nas operações de plantio e decolheita, que são realizadas por empreita.

4.11 - Tomate Rasteiro15

Dentre os 32 principais produtos quecompõem o valor bruto da produção daagricultura paulista, estimado pelo IEA para asafra 1997/98, o tomate rasteiro ocupou o 29o

lugar, com R$20,5 milhões. A importância maiordesse produto reside no destacado papeldesempenhado junto à agroindústria estadual,como matéria-prima da indústria alimentícia,particularmente na de conservas.

As unidades processadoras estãodistribuídas em todo o Estado, com capacidadesvariadas e, conseqüentemente, distânciastambém variadas, em relação à área elocalização da produção do tomate rasteiro.

Nos últimos oito anos, tem ocorridotransferências de fábricas do Estado de São Pau-lo para outros estados, principalmente para o deGoiás, incentivadas pelas isenções de impostos.Isso tem criado desemprego e desestruturado a

15Agradecimentos a todo o apoio dado pelo SindicatoRural de Novo Horizonte, na pessoa de seu Presidente,Pedro Sanches de Oliveira, indicando e agendando asentrevistas com os produtores.

cultura do tomate no Estado, além da perda dearrecadação tributária. Em alguns casos, aunidade montada no Estado de Goiás vemadquirir tomate na região tradicional produtora,apesar do frete mais oneroso.

O preço recebido pelos produtores éacordado no Comitê de Agroindústria daSecretaria de Agricultura e Abastecimento doEstado de São Paulo, onde as indústrias eprodutores estão representados para a realizaçãode negociações comerciais e contratuais.Integrante do Comitê, o IEA tem participadosistematicamente das negociações, apresentandosuas pesquisas sobre coeficientes técnicos eestimativas de custo de produção como base parao acordo do preço do tomate.

O cultivo do tomate rasteiro estáconcentrado principalmente em duas regiões dooeste do Estado de São Paulo, às margens do rioTietê, localizadas nos EDRs de Araçatuba eCatanduva, onde ocupa 1.304ha e 730ha,respectivamente, totalizando produções de 85,4mil toneladas e 47,2 mil toneladas. Frente àprodução estadual que atinge 256,8 mil toneladasaproximadamente e ocupando uma área de4.028ha, essas regiões representam cerca de52% do total produzido no Estado. Dadoshistóricos do IEA indicam que a cultura do tomaterasteiro, em 1979, ocupou 20.000 hectares deárea cultivada no Estado, com produtividade de20,5 toneladas por hectare. A utilização devariedades mais apropriadas, a obrigatoriedadeda irrigação e adoção de outras técnicas estãopermitindo que a produtividade cresça,alcançando 60,5 toneladas em 1999, mas comgrande queda de área (cerca de 80%).

A cultura do tomate, por ser da famíliadas solanáceas, é muito susceptível a doenças epor isso exige grande rotatividade de áreas emseu cultivo, visando reduzir o uso de despesascom defensivos. Para tanto, os tomaticultorescostumam arrendar terras de terceiros, geralmen-te por dois anos, onde cultivam tomate e emseguida (no mesmo ano agrícola), feijão ouamendoim, para melhor aproveitamento da área.O custo do arrendamento é estabelecido,sistematicamente, num valor fixo em real.

O período de plantio tem início emfevereiro estendo-se até junho, visando oescalonamento da colheita de acordo com acapacidade de recebimento da indústria. Estaoperação tem início em maio e se estende até ofinal de outubro.

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4.11.1 - Matriz de coeficientes técnicos detomate rasteiro do sistema deprodução irrigado do EDR deCatanduva

O levantamento dos coeficientestécnicos para o cultivo do tomate rasteiro foirealizado no município de Novo Horizonte, porser o principal produtor individual do Estado,muito embora esteja localizado na segundaregião produtora (EDR de Catanduva).

Nesse município a condução daslavouras é feita preponderantemente por apenasum sistema de produção, cujas característicasbásicas são a colheita manual e a irrigação, estaúltima obrigatória por força dos contratos entreindústrias e produtores. A mecanização da colhei-ta ainda não é prática adotada em proporçãosignificativa, de modo a justificar a sua inclusãocomo sistema dominante. Outro ponto a sedestacar na condução das lavouras da região emestudo é o uso de mudas no plantio que, atéduas safras anteriores, era realizado através desemeadura direta.

Observando a planilha de coeficientes,destacam-se os cuidados na preparação do solo,com a realização de duas gradeações pesadas,seguidas de uma aração e três gradeaçõesniveladoras. Outro ponto a ser destacado équanto à realização de pulverizações (22), na suamaioria preventivas, condizentes com as normastécnicas de condução de solanáceas. Esse itemrepresenta isoladamente o maior consumo dehoras de trabalho de trator, atingindo cerca de30% do total gasto em horas com o equipamento(Tabela 23).

Em termos de mão-de-obra comum, acultura é conduzida sobretudo por volantes (bóia-fria). Neste aspecto, ressalta-se que o fator mão-de-obra vai encarecer sobremaneira os custos deprodução. Tem sido discutida no Comitê de Agro-indústria a possibilidade de redução do peso des-te item no custo, através da introdução da co-lheita mecânica, o que já tem acontecido empequena escala, em parceria com a indústria.Este é um aspecto importante a se investigar,uma vez que, diante de problemas de oferta edemanda na economia do setor, a indústria vemoferecendo ao tomaticultor um preço menor queo custo da matéria-prima ou adquirindo polpa depaíses vizinhos. Sobra, portanto, a alternativa aoprodutor paulista de reduzir os seus custos e/oude elevar seus níveis de produtividade, através

da incorporação de tecnologia na produção.Dentre os materiais consumidos na la-

voura de tomate rasteiro destaca-se não só a ele-vada quantidade utilizada de defensivos, mastambém a sua diversidade, o que se explica pelanecessidade de controle de um amplo espectrode pragas e doenças a que a cultura está sujeita.

Para o sistema de produçãopesquisado, a produtividade observada foiaproximadamente de 59.200kg/ha.

4.12 - Mandioca16

Os dados da Fundação InstitutoBrasileiro de Geografia e Estatística (IBGE)mostram que a área cultivada com mandioca noBrasil tem sido relativamente estável nos últimosdez anos, variando de 1,7 a 1,9 milhão dehectares, enquanto que a produção no mesmoperíodo, oscilou entre 21,6 e 25,3 milhões detoneladas, que ocorre principalmente em funçãode períodos de estiagem prolongada na RegiãoNordeste.

A produção paulista de mandiocaindustrial, de 577,8 mil toneladas na safra1997/98, segundo dados do IEA, representacerca de 3% da produção total nacional, mas éuma atividade predominantemente comercial, aocontrário do que ocorre nos estados da RegiãoNordeste do País, que é a maior produtora, masonde predomina a subsistência e o comércioregional. A cultura de mandioca para indústriaestá concentrada nas regiões dos EDRs deAssis, Ourinhos, Mogi Mirim, PresidenteWenceslau e Presidente Prudente, que juntosrespondem por cerca de 70% da produção doEstado. A maior concentração ocorre nos EDRsde Assis e Ourinhos, que participam com 46%,adquirindo grande importância para a economiaregional, onde também estão concentradas asfábricas de farinha e de fécula, que são osprodutos da mandioca que têm os maioresmercados, sendo o de fécula o de maior potencialde expansão atualmente. Estão sediadas naregião 10 fábricas de farinha e 4 de fécula(amido) (SILVA, s.d).

16Agradecimentos ao Sr. Fortunato Befa, comerciante demandioca do município de Ribeirão do Sul, e ao Sr. RoqueM. Hernandez, Agente de Apoio da Casa da Agricultura deCândido Mota, que gentilmente colaboraram por ocasiãodos levantamentos de campo.

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O EDR de Mogi Mirim ocupa a terceiraposição em área cultivada com mandiocaindustrial, já foi a principal do Estado, e ainda temnúmero expressivo de fábricas. As regiões com-preendidas pelos EDRs de Presidente Prudente edo Pontal do Paranapanema nos últimos anosvêm despontando com crescimento da áreacultivada com mandioca e pelo estabelecimentode fábricas, tornando-se um novo pólomandioqueiro. A cultura da mandioca, pelaintensidade maior de utilização de mão-de-obra,devido principalmente ao fato de a colheitamecânica ainda não ser viável economicamente,entre outros fatores, tem sido uma atividadepredominantemente de pequenos produtores.Pelos dados do Levantamento Censitário deUnidades de Produção Agrícola do Estado deSão Paulo (LUPA), de 1996, a área média daspropriedades que cultivam mandioca nos EDRsde Assis e Ourinhos é de 9,5 hectares.

4.12.1 - Matrizes de coeficientes técnicos dossistemas de produção de mandioca(plantio mecânico e plantio manual)dos EDRs de Assis e Ourinhos

A escolha do Vale do Paranapanema(EDRs de Assis e Ourinhos) para se fazer olevantamento de campo deriva do fato de omesmo se constituir na principal região produtorade raiz e de produtos obtidos a partir doprocessamento da mandioca.

As entrevistas com técnicos eprodutores do Vale do Paranapanema revelarama existência de grande diversidade nos sistemasde produção de raiz. Contudo, os sistemaspredominantes na região diferenciam-seprincipalmente quanto ao tipo de tração, emdeterminadas operações. Um deles pode sercaracterizado pelo sistema motomecanizado eanimal com plantio mecânico e o outro é omotomecanizado e animal com plantio manual(Tabelas 24 e 25). A utilização de plantadora-adubadora no plantio mecânico é a diferençabásica entre os dois sistemas. O plantiomecânico dispensa operações específicas deriscação, adubação de plantio e cobertura demanivas, que são executadas pela plantadora-adubadeira.

O cultivo da mandioca, no caso das va-riedades para indústria no Estado de São Paulo,ocorre predominantemente em dois ciclos

vegetativos, de 16 a 20 meses, fato confirmadopelas entrevistas. De acordo com asrecomendações técnicas, os períodos maisapropriados para o plantio são os de setembro eoutubro e o de maio a agosto (LORENZI e DIAS,1993). A maior parte dos entrevistados efetuou oplantio no mês de setembro, mas teve tambémplantio em junho e agosto. A colheita é feita noperíodo de fevereiro a setembro, de acordo como mês de plantio, e entre outros fatores tem-se ainfluência de mercado.

A utilização do plantio mecânico insereas lavouras num estágio tecnológico maisavançado, propiciando a utilização mais racionalde adubo, maior uniformidade de plantio eespaçamento e reduz em 14 horas a utilização demão- de-obra por hectare, nessa operação,comparativamente ao plantio manual.

O uso de herbicida aparece nos doissistemas de produção, variando o número deaplicações. Enquanto no plantio manual a maiorfreqüência foi de uma aplicação, no plantiomecânico foi de duas, o que possibilita maioreconomia de mão-de-obra pela redução donúmero de capina manual. A prática de uso deherbicida tem se tornado mais freqüente entreos produtores, mas as capinas manuais nãosão dispensadas e são ainda expressivas. Issotem relação com o fato de a maior parte daslavouras ser de dois ciclos, entre 16 e 20meses, e também porque o período de plantiotambém varia bastante, havendo, portanto,necessidade de maior atenção quanto à relaçãoentre as épocas de aplicação dos herbicidas, ociclo da mandioca e das pragas e as condiçõesclimáticas. Verifica-se, também, necessidade dese estudar melhor o custo-benefício entre o usoalternativo das capinas manuais e osherbicidas, em razão dos elevados preçosdesse insumo, além de outros aspectos, como,por exemplo, a obtenção de produtos livres deagrotóxicos, cuja importância vem aumentandonos últimos anos, inclusive em termos de valoreconômico.

A poda, executada manualmente comfacão, é uma operação necessária, tendo comoobjetivo evitar que a brota do segundo ciclo se dêem cima da haste velha, o que entorta as hastes,misturando-as e até provocando tombamentos, oque dificulta os tratos culturais e tambémpodendo afetar a operação de preparo das ramaspara novo plantio.

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A operação de colheita é totalmentemanual nos dois sistemas e é onde se ocupamais horas de mão-de-obra comum. Em nenhumdos dois sistemas se verificou, entre osentrevistados, a prática de fofeamento mecânicodo solo, que é feito com implemento denominadofofeador tracionado por trator e tem a finalidadede levantar as raízes para facilitar a colheita. Éuma prática comum entre os agricultores quecultivam grandes áreas e que, via de regra, seconfundem com os industriais em suas lavourasde produção própria de matéria-prima. Estima-seque a produção própria das indústrias seja daordem de 20% da demanda de matéria-prima. Osistema de produção dessa categoria deprodutores é totalmente mecanizado, comexceção da colheita.

A operação de colheita consiste emcorte das ramas, arranquio, amontoa, separaçãodas raízes do "calcanhar" (parte inferior dasramas) e carregamento no caminhão.

Nos dois sistemas de produçãoestudados, verificou-se que as sucessões deplantio mais freqüentes ocorrem com as culturasde milho e soja, com aproveitamento residual daadubação. De fato, alguns entrevistadosdeclararam não utilizar adubo na cultura damandioca, mas no geral os entrevistadosdeclararam que fazem adubação com adubosuperfosfato simples.

5 - CONSIDERAÇÕES FINAIS

As matrizes de coeficientes técnicos deutilização de fatores de produção de cada culturasão apresentadas, nesta pesquisa, por sistema deprodução. Ressalta-se que, para a maioria dessasculturas, existem muitos outros sistemas deprodução também importantes no Estado ouregiões selecionadas, mas houve a necessidadede se estabelecer uma priorização na escolha dosmesmos, face aos custos envolvidos nesse tipodepesquisa. Os sistemas de produção estudados,embora tenham sido caracterizados por regiãoe/ou safra específica, podem ser consideradosrepresentativos em muitos casos, de produtoresde outras regiões do Estado, lembrando ainda quemesmo um produtor pertencente à amostra de umdesses sistemas pesquisados terá certamente suaprópria matriz de coeficientes técnicos, uma vezque as matrizes aqui apresentadas constituem-seem valores modais da amostra. Ou seja, as

matrizes de coeficientes técnicos elaboradasnestapesquisa constituem-se numa referência para osprodutores do Estado de São Paulo, devendo seradaptadas pelo produtor agrícola individual, deacordo com a maior ou menor semelhança do seupadrão tecnológico aos sistemas de produçãoaquiconsiderados, para cada atividade agrícola.

Os tratores, máquinas automotrizes eimplementos usados nas operações são os queforam citados com maior freqüência pelos agricul-tores entrevistados, assim como os materiais comsuas especificações técnicas e respectivasmarcas comerciais. Aliás, esta pesquisa,realizada com o apoio financeiro da FAESP,ganhou maior importância ao evidenciar os novostratores, colhedoras e implementos que estãosendo mais utilizados no campo e que permitema atualização dos custos diários de maquinariaagrícola divulgados pelo IEA. Observou-se pelosresultados da pesquisa que alguns dos materiaiscitados, notadamente relativos aos defensivos,não se constituem em recomendações técnicaspara determinada cultura, mas optou-se emmantê-los nas matrizes por considerar importanteretratar a realidade do campo. Os níveis deprodutividade de cada atividade agropecuáriapesquisada correspondem aos sistemas deprodução adotados na pesquisa, representando,em termos médios, os níveis efetivamenteobservados.

Em vista do objetivo principal dapesquisa, que foi a obtenção de estimativas decusto incorridos pelos produtores agrícolas,algumas operações realizadas porterceiros/empreitas, ou ainda executadas “fora daporteira” e que portanto não utilizam diretamentemáquinas, implementos e mão-de-obra dapropriedade agrícola, foram consideradas comoparte do sistema, uma vez que se constituemefetivamente desembolsos para o produtor.Nesse caso, essas operações estãomencionadas nas matrizes, fora de seu corpoprincipal relativo aos coeficientes de operaçõesde máquinas e de uso de mão-de-obra. São oscasos, por exemplo, da secagem, transporte,colheita de alguns produtos, etc.

Finalmente, vale destacar que o conhe-cimento dos sistemas de produção das principaisatividades agropecuárias do Estado de SãoPaulo é indispensável e fundamental para que sepossa entender a composição e funcionamentoda cadeia produtiva de cada um desses produtos,tendo em vista que a produção agrícola e os

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