Materiais dentários

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UNIVERSIDADE DE MOGI DAS CRUZES ODONTOLOGIA JONATHAN CARDOSO

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ODONTOLOGIA

JONATHAN CARDOSO

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PALAVRAS CHAVE

ACELERADOR: composto que acelera a reação; também se refere ao catalisador na reação de matérias de moldagem. REAÇÃO DE ADIÇÃO: reação de polimerização na qual cada cadeia polimérica cresce sequencialmente até o comprimento máximo. PASTA-BASE (MASSA-BASE): componente que forma a estrutura tridimensional principal de um molde. MODELO: reprodução dimensionalmente precisa de parte da cavidade oral ou estruturas faciais extraorais, produzida em um material duro e durável; réplica em positivo em escala natural de dentes, tecidos moles e estruturas restauradas, utilizada como recurso diagnóstico, para construção de dispositivos ortodônticos e protéticos. PASTA CATALIZADORA: componente da reação de polimerização que diminui a energia necessária para a reação e normalmente não se torna parte do produto final; entretanto, o termo catalisador tem sido utilizado para se referir ao componente estrutural de materiais dentários que inicia a reação de polimerização. COLOIDE: substância solida, líquida ou gasosa composta por moléculas grandes ou massas de moléculas menores que permanecem em suspensão em um meio circundante contínuo de uma matéria. REAÇÃO DE CONDENSAÇÃO: processo de polimerização no qual monômeros bifuncionais ou multifuncionais reagem para formar dímeros, em seguida trímeros e eventualmente polímeros de cadeia longa. ELASTÔMERO: qualquer um dos diversos polímeros que apresentam as propriedades elásticas da borracha natural. MICELA: agregado de moléculas surfactantes ou íons em solução PSEUDOPLASTICIDADE: tendência de um material se tornar menos viscoso. PRESA: estado suficientemente rígido ou elástico que permite a remoção de um molde da boca sem deformação plástica. TEMPO DE PRESA: tempo decorrido do início da manipulação até o ponto no qual o material perde seu potencial de escoamento ou sua plasticidade. SINÉRESE: saída de fluído para superfície de géis TIXOTROPIA: propriedades de certos géis ou fluídos se tornarem menos viscosos quando energia suficiente, na forma de força de impacto ou vibração, é aplicada para superar sua tensão de escoamento, em repouso; eles necessitam de um tempo específico para retornar ao estado viscoso inicial. VISCOELASTICIDADE: capacidade de um material se deformar instantaneamente como um sólido elástico durante um esticamento rápido ou resistir ao escoamento por cisalhamento e se deformar linearmente ao longo do tempo, quando submetido a uma carga aplicada lentamente. CALCINAÇÃO: processo de aquecimento de um material sólido para eliminar componentes quimicamente combinados voláteis, tais como água e dióxido de carbono. TROQUEL: reprodução de um dente preparado feito com gesso, resina epóxi, metal ou material refratário. EXPANSÃO HIGROSCÓPICA: expansão que ocorre quando o gesso ou um revestimento aglutinado por gesso toma presa imerso em água (geralmente aquecida a aproximadamente 38º).

PROPRIEDADES FÍSICAS

VISCOSIDADE: representa uma medida de resistência ao escoamento de materiais não-cristalinos. Quanto maiores forem as moléculas constituintes de um fluido e mais fortes forem as uniões intermoleculares, menor será seu escoamento e, portanto, maior sua viscosidade. Em Engenharia de materiais, essa grandeza representa a razão entre a

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tensão de cisalhamento aplicada e a alteração na velocidade em função da distância. Essa propriedade é bastante relevante no estudo dos materiais de moldagem. Todos os materiais de moldagem são parcialmente viscoelásticos em sua natureza e podem sofrer deformação permanente quando removidos de áreas retentivas. RELAXAMENTO DAS TENSÕES: redução das tensões para materiais submetidos a deformações constantes. CREEP OU FLUÊNCIA : este termo é constantemente confundido com escoamento. O termo creep implica uma pequena deformação produzida por altas tensões relativas durante um longo período, enquanto o escoamento se refere a uma grande deformação produzida de forma mais rápida e sob tensões aplicadas de menor magnitude.

PROPRIEDADES TÉRMICAS

COEFICIENTE DE EXPANSÃO TÉRMICA LINEAR: é definido como a alteração de comprimento por unidade de comprimento de um material, quando a sua temperatura é aumentada ou reduzida em 1ºC. É importante que os materiais restauradores diretos e indiretos tenham coeficientes de expansão térmica linear semelhantes aos das estruturas dentais para que se expandam ou se contraiam de forma semelhante.

PROPRIEDADES ÓPTICAS

LUZ: tecnicamente chamada de iluminante, pode variar imensamente conforme o ambiente em que se está. AS TRÊS DIMENSÕES DA COR:

MATIZ: descreve a cor predominante de um objeto, por exemplo, verde, amarelo ou azul. Classicamente, os matizes dentais foram identificados e classificados por letras pela Vita Zahnfabrik (Alemanha) da seguinte maneira: A = Marrom-avermelhado; B = amarelo-alaranjado; C = cinza-esverdeado; D = cinza-rosado.

CROMA: é o grau de saturação ou a intensidade do matiz. Na classificação de cores Vita, o croma é identificado por números. Dessa forma, o matiz A vai de A1 até A4. À medida que número aumenta, vai havendo maior saturação do matiz.

OPCACIDADE, TRANSLUCIDEZ E TRANSPARÊNCIA: a diferença entre materiais opacos, transparentes e translúcidos é o grau de transmissão de luz que é possível em cada um. Os corpos opacos contêm pigmentos que impedem a passagem de luz e, assim, a energia incidente é absorvida ou refletida. No lado extremo, estão os objetos transparentes. Nesse caso, grande parte da luz incidente é refratada, ou seja, atravessa toda a extensão do corpo seguindo seu curso até atingir estruturas capazes de refleti-la ou absorve-la. Entre esses dois extremos estão os corpos translúcidos, nas quais a luz é parcialmente transmitida, devido à dispersão dentro do material.

PROPRIEDADES MECÂNICAS

TENSÃO E DEFORMAÇÃO: Quando uma força atua sobre um corpo, uma reação a essa carga é desenvolvida internamente. Essa reação tem a mesma magnitude e direção, contudo sentido oposto ao da força externa, sendo denominada tensão. As tensões tendem a deslocar átomos até encontrarem uma nova posição de equilíbrio sob ação da força. As tensões podem ser de:

• tração (o corpo resiste ao alongamento; • compressão (o corpo resiste ao encurtamento); • cisalhamento (o corpo resiste ao deslizamento de planos); • flexão (onde aparecem os três tipos de tensões).

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Ainda existem dois tipos de deformação: elástica ( após remoção da força o corpo volta a apresentar suas dimensões originais) e plástica (após a aplicação de uma força, o corpo se deforma permanentemente).

PROPRIEDADES DE RESISTÊNCIA

Resistência a tração Resistência a compressão Resistência a flexão Resistência a fadiga Resistência ao desgaste Dureza

MATERIAIS DE MOLDAGEM

Podem ser classificados em; ANELÁSTICOS:

Godiva, Pasta de OZE e Gesso. ELÁSTICOS:

Hidrocolóides e Elastômeros.

ANELÁSTICOS

GESSO ODONTOLÓGICO: Tipo I: gesso para moldagem Tipo II: gesso comum (modelos de estudo e documentação) Tipo III: gesso pedra (modelos finais) Tipo IV: gesso pedra de alta resistência mecânica (troqueis e modelos de precisão) Tipo V: gesso pedra de alta resistência mecânica e expansão de presa modificada (troqueis e ligas com contração de solidificação elevada) Tempo de trabalho: 1 minuto para espatular + 3 minutos para utilizar Tempo de presa: inicial (depois da perda de brilho) e final (após o aquecimento e resfriamento)

PASTA DE ÓXIDO DE ZINCO E EUGENOL OU EUGENÓLICA (LYSANDA):

Material rígido Pasta base + pasta catalisadora Indicada para o reembasamento, moldagem funcional de desdentado, pós

gengivectomia para retenção de medicamentos, registro de mordida em PT. Reação acelerada na presença de água, umidade elevada e calor Manipulação: folha de papel impermeável ou placa de vidro + espátula 36 Espatulação: 1” – mistura uniforme de coloração rósea Tempo de trabalho: 3 a 6 minutos Tempo de presa: 10 a 15 minutos Comprimentos iguais das duas pastas Alta fluidez – baixa viscosidade Densinfecção: com Glutaraldeído 2%

GODIVA:

Material rígido Placa ou bastão Tipo I: baixa fusão, indicado para moldagem

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Tipo II: alta fusão, indicado para moldeira Boa condutibilidade térmica Indicado para moldagem de endentados, selamento periférico e montagem em

articulador Modelo precisa ser obtido na primeira hora Baixa reprodutibilidade de detalhes Infecção cruzada Limpeza e desinfecção: Glutaraldeído 2% ou Clorexidina 4% - aspersão por 10’

ELASTÔMEROS (ELÁSTICOS) POLISSULFETO :

Média viscosidade Pasta base + pasta catalisadora Cheira enxofre (pasta base), é marrom (pasta catalizadora: dióxido de chumbo) Pasta catalisadora viscosa, difícil manipulação Subproduto: água (evapora e altera as dimensões do molde) Precisa ser vazado rapidamente Pseudoplasticidade (aumento na força de espatulação = menos viscoso) Tempo de espatulação: 45’’ a 60’’ Manipulação: placa de vidro ou bloco de papel impermeável Tempo de trabalho prolongado Alta resistência ao rasgamento Custo moderado o Necessita de moldeira individual o Esticamento causa distorção o Mancha as roupas o Odor repugnante o Vazamento dentro de uma hora

SILICONE POLIMERIZADO POR ADIÇÃO (vinil polisiloxano):

Consistências: ultraleve, leve, regular, pesado e denso Pasta base + pasta catalisadora ou sistema de automistura Subproduto: hidrogênio (esperar até que o gás evapore, pois pode formar bolhas) Compostos sulfurosos inibem a polimerização do material Vazamento em até 15 dias Material pesado para individualização de moldeira Dispensador de automistura Limpo e agradável Margens facilmente visualizáveis Idealmente elástico Permite vazamentos repetidos ou adiar o vazamento o Mesmo tendo mais afinidade com a água do que o silicone de condensação, ele

ainda é hidrofóbico o Não flui se o sulco gengival estiver úmido o Baixa resistência ao rasgamento o Material pesado desloca o leve o Material leve apresenta baixa resistência ao rasgamento o Material pesado é muito rígido o Vazamento difícil

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POLIÉTER: Consistências: leve, regular e pesado Pasta base + pasta catalisadora ou sistema de automistura Espatulação manual: 30’’ a 45’’ Manipulação: comprimentos iguais das pastas Vazamento em 1 semana Permite vários vazamentos em um molde Altamente rígido, curto tempo de trabalho e presa Não pode ser imerso por longo tempo em soluções desinfetantes Presa rápida Limpo Dispensador de automistura Menos hidrofóbico dos elastômeros Margens facilmente visualizáveis Boa estabilidade Vazamento não precisa ser imediato o Rígido, alto módulo de elasticidade o Gosto amargo o Necessidade de aliviar áreas retentivas o Absorve água o Libera componentes o Custo elevado

SILICONE POLIMERIZADO POR CONDENSAÇÃO:

Consistências: leve, regular, pesado e denso Pasta base + pasta catalisadora ou massa Subproduto: álcool (o modelo precisa ser vazado rapidamente) Tempo de manipulação: 30’’ a 40’’ Proporcionar através de conchas dosadoras Tempo de trabalho: 1’30’’ Indicado para moldagens preliminares Material pesado para individualizar a moldeira Limpo e agradável Bom tempo de trabalho Margens facilmente visualizáveis o Alta contração de polimerização o Subproduto volátil o Baixa resistência ao rasgamento o Hidrofóbico o Vazamento imediato

HIDROCOLÓIDES: Os hidrocolóides são materiais que tomam presa de um estado fluido para um estado sólido. Esta mudança de estado é chamada de sol-gel. Existe dois principais hidrocolóides que são;

Ágar: hidrocolóide reversível. A mudança de estado é promovida através do calor. Alginato: hidrocolóide irreversível. A presa é um processo de reticulação de ácidos

algínicos com íons cálcio. ALGINATO:

Hidrocolóide irreversível Presa rápida (entre 1 e 2 minutos)

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Presa normal (4 minutos) Apresentações comerciais: refil, Dustless, presa normal, presa rápida, cromático e

alginato para ortodontia Agente de carga: terra diatomácea – melhora a superfície e elasticidade Sofre sinérese e embebição (perda e ganho de água) Para diminuir a velocidade de reação: água gelada Manipulação: gral + espátula de plástico + medidores fornecidos pelo fabricante –

Nunca alterar proporção pó/líquido Homogeneizar as partículas agitando o pote antes de utilizar Tempo de espatulação: 45 segundos a 1 minuto Desinfecção: hipoclorito de sódio 1% ou glutaraldeído 2% - ASPERSÃO Bom em campo úmido Limpo e agradável Hidrofílico Baixo custo Prazo de validade longo o Pouco preciso/ rugoso o Rasga com facilidade o Vazamento imediato o Pode atrasar a presa do gesso

AGENTES PARA PROTEÇÃO DO COMPLEXO DENTINO-PULPAR

O complexo dentino-pulpar é a estrutura formada pelo conjunto da dentina e da

polpa dentária (a estrutura interna do dente, ela é formada por tecido conjuntivo frouxo ricamente vascularizado e inervado). O conjunto calcificado esmalte/dentina é a estrutura responsável pela proteção biológica da polpa, ao mesmo tempo em que se protegem mutuamente. O esmalte é duro, resistente ao desgaste, impermeável e bom isolante elétrico. O esmalte protege a dentina que é permeável, pouco resistente ao desgaste e boa condutora de eletricidade. A dentina, graças à sua resiliência, protege o esmalte que pela sua dureza e alto grau de mineralização, é extremamente friável. A polpa dentária é um tecido conjuntivo altamente diferenciado, ricamente inervado, vascularizado e, conseqüentemente, responsável pela vitalidade do dente; está diretamente conjugada ao sistema circulatório e tecidos periapicais através do feixe vásculo/nervoso que entra e sai pelos forames apicais. A principal característica da polpa dentária é produzir dentina, além de possuir outras funções, como nutritiva, sensitiva e defensiva. A polpa proporciona nutrição á dentina através dos prolongamentos odontoblásticos, os quais conduzem os elementos nutritivos encontrados no líquido tecidual. Quando ela é sujeita a injuria ou irritações mecânicas, térmicas, químicas ou bacterianas, desencadeia uma reação efetiva de defesa. Essa reação defensiva é caracterizada pela formação de dentina reparadora, se a irritação é ligeira, ou por uma reação inflamatória se a irritação é mais severa.

Sempre que houver perda de substância, quer seja por cárie e sua remoção, fraturas, erosões ou abrasões e conseqüentemente, o dente deve ser restaurado, é necessário que a vitalidade do complexo dentino/pulpar seja preservada por meio de adequada proteção. As proteções do complexo dentino/pulpar consistem da aplicação de um ou mais agentes protetores, tanto em tecido dentinário quanto sobre a polpa que sofreu exposição, a fim de manter ou recuperar a vitalidade desses órgãos.

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Idade do paciente, condição pulpar e profundidade da cavidade são aspectos que deveram ser considerados juntamente com o tipo de material restaurador para que possamos obter o real objetivo dessa proteção. Existem duas técnicas distintas que podem ser utilizadas na proteção do complexo dentino/pulpar: proteções indiretas e proteções diretas. As proteções diretas caracterizam-se pela aplicação de um agente protetor diretamente sobre o tecido pulpar exposto, com a finalidade de manter sua vitalidade e conseqüentemente promover o restabelecimento da polpa; estimular o desenvolvimento de nova dentina e proteger a polpa de irritações adicionais posteriores. Para proteções diretas, usamos o capeamento pulpar direto ou indireto.

As proteções pulpares indiretas representam a aplicação de agentes seladores, forradores e/ou bases protetoras nas paredes cavitárias com o objetivo de proteger o complexo dentino/pulpar das diferentes tipos de injúrias; manter a vitalidade pulpar; inibir o processo carioso; reduzir a microinfiltração e estimular a formação de dentina esclerosada, reacional e/ou reparadora.

Quando falamos em selamento, base, forramento ou capeamento, temos que levar em conta a profundidade da cavidade. REQUISITOS DOS AGENTES DE PROTEÇÃO:

Ser bom isolante térmico e elétrico Ter propriedades bactericidas e/ou bacteriostáticas Apresentar adesão às estruturas dentais Estimular a recuperação das funções biológicas da polpa, favorecendo a formação

de uma barreira mineralizada Favorecer a formação de dentina terciária ou esclerosada, particularmente

remineralizando a dentina desmineralizada no fundo cavitário Ser inócuo à polpa, ou seja, não provocar injúrias pulpares Ser biologicamente compatível com o complexo dentinopulpar, mantendo a

vitalidade do dente Apresentar resistência mecânica sificiente aos esforços de condensação dos

materiais restauradores Inibir a penetração de ions metálicos no dente, diminuindo a descoloração ao longo

do tempo, causada por restaurações metálicas Evitar ou diminuir a infiltração de bactérias ou toxinas bacterianas na dentina e

polpa Ser insolúvel no ambiente bucal Obs.: Não existe um material com todas estas características. Mas através delas,

pode-se se inspirar ou ter por base, requisitos para melhor escolher ou fabricar materiais, que se adequem a cada caso clínico específico. CLASSIFICAÇÃO: Tradicionalmente os materiais protetores podem ser classificados em:

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AGENTES DE SELAMENTO: São líquidos, produzem uma película protetora extremamente fina e revestem a estrutura dentária recém-cortada ou desgastada durante o preparo cavitário. Podem ser utilizados em todas as cavidades, independentemente da profundidade cavitária. AGENTES PARA FORRAMENTO OU CAPEAMENTO: São em geral materiais que se apresentam na forma de pó e líquido, ou pastas. A sua função é proteger a polpa das agressões externas ou estimular a formação de barreira de dentina mineralizada quando a polpa foi exposta. Indicado para cavidades profundas. Tem propriedades biológicas que favorecem a cicatrização da polpa, reduzem os efeitos tóxicos e deletérios dos materiais definitivos. AGENTES PARA BASE CAVITÁRIA: São geralmente comercializados em pó e líquido. Possui função de; proteger o material de forramento, reconstruir parte da dentina perdida, adequar o preparo cavitário e diminuir a quantidade e necessidade de material definitivo. Possuem boa resistência mecânica. Devem ser utilizados em cavidades média ou com grande profundidade. USO E CLASSIFICAÇÃO DOS CIMENTOS ODONTOLÓGICOS: Uma das indicações dos cimentos é a restauração. Os cimentos são empregados para restaurações temporárias (dias a semana), intermediárias (semanas a meses), permanentes (anos) e também para restaurações estéticas de dentes anteriores. Apresentam baixa resistência quando comparados aos outros materiais restauradores. Pode ser usado também para proteger a polpa, como barreira térmica, química e elétrica. Outras aplicações importantes para os cimentos odontológicos incluem a cimentação de próteses e aparelhos ortodônticos e pinos ou núcleos para a retenção de restaurações. AGENTES PARA CAPEAMENTO E FORRAMENTO:

Os agentes forradores são, em geral, materiais que se apresentam na forma de pó e líquido, ou pastas, que depois de misturados formam uma película fina. A sua função é basicamente proteger a polpa das agressões externas ou estimular a formação de barreira de dentina mineralizada quando a polpa foi exposta ( que já definimos capeamento pulpar). Seu uso é restrito a cavidades profundas. Devem possuir propriedades biológicas que favoreçam a cicatrização da polpa, reduzam os efeitos tóxicos e deletérios dos materiais restauradores definitivos. Devem também apresentar características bactericidas e/ou bacteriostáticas para reduzir penetração bacteriana.

O capeamento consiste em uma manobra para cavidades muito profundas, ao quais apresentem uma das seguintes situações: exposição pulpar, microexposição, suspeita de exposição ou uma camada muito fina e frágil de dentina. Sua função é proteger diretamente a polpa, seja de produtos tóxicos, bactérias, quadro inflamatório, cicatrização da polpa ou até mesmo induzir a formação de uma camada de dentina por cima da polpa, para protege-la melhor. Os materiais utilizados para capeamento mais comuns são; hidróxido de cálcio PA (pró-análise) e pastas e o MTA (Agregado de trióxido Mineral). O cimento de hidróxido de cálcio não será utilizado para capeamento direto da polpa.

Capeamento direto: Consiste em aplicar medicação diretamente sobre a polpa exposta, na tentativa de preservação da vitalidade dental. No capeamento direto apenas uma mínima porção é removida. É quando você expõe acidentalmente a polpa ou propositalmente para tentar a formação de ponte de dentina. Se faz hemostasia com soro fisiológico cerca de 10 min, coloca-se uma solução de hidróxido de cálcio PA (pó) somente onde houve a exposição ou pasta (capeamento), depois cimento de hidróxido de

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cálcio (forramento), CIV (base) e o material restaurador (amalgama ou resina). Vale lembrar que para o capeamento direto tem de obedecer algumas regras como: exposição mínima, sangramento vermelho vivo não excessivo, pacientes jovens, se não houver danos ao tecido pulpar, etc.

Capeamento indireto: Em casos de fratura sem exposição pulpar ou reabsorções dentárias iniciais. Também em cavidades muito profundas, onde a dentina remanescente seja muito fina. Neste processo são estimulados os mecanismos naturais de reparo dentinário pela polpa. Aplica-se o cemento hidróxido de cálcio sobre o local da lesão para induzir o reparo dentinário seguido pela base e restauração final, recompondo a estética dental.

O forramento, é utilizado para cavidades profundas, para proteger a polpa, porém sem exposição pulpar nem suspeita. Se caso houver, faremos um capeamento para proteger melhor a polpa e depois um forro por cima, para proteger o capeameto e a polpa, juntos. O que difere um o forramento de capeamento, é que no capeamento, você tem exposição pulpar ou suspeita de exposição (microexposição), e é usado para cavidades muito profundas. Daí se utiliza os materiais em forma de pasta ou pó diretamente sobre a polpa exposta ou camada remanescente de dentina, e por cima um material de forramento. HIDRÓXIDO DE CÁLCIO Material protetor da polpa que facilita a formação de dentina reparadora. O hidróxido de cálcio em suas diversas formas pode ser utilizado como forrador de cavidades profundas, para limpeza de cavidades, capeamento pulpar e para cimentação provisória.

Pode ser apresentado em pó ou pasta ( proteção pulpar direta e para diminuir sangramento), solução (utilizada para limpeza de cavidades), suspensão (forramento de cavidades médias e em casos de proteção pulpar direta), pasta/pasta (proteção pulpar indireta em cavidades médias a profundas.

As pastas devem ser dispensadas em pequenas quantidades, em comprimentos iguais. São misturados com espátula 22, até obter uma cor uniforme. Devem ser aplicados em pequena espessura no fundo da cavidade. O tempo de trabalho pode ser de 3 a 5 minutos. Na boca, a presa é rápida, mais ou menos 1 ou 2 minutos.

Os cimentos podem se apresentar sob duas formas; 1 pasta ou 2. Se for 1 pasta, significa que ele toma presa por fotoativação. Se for de 2 pastas, uma será a pasta base e a outra a pasta catalisadora.

A água de Cal pode ser utilizada para lavar a cavidade ou até estancar hemorragia Possui forte ação bacteriostática. Capazes de estimular a formação de dentina secundária, servindo de proteção

ainda maior para a polpa. Produz um estímulo constante a polpa capaz de produzir uma necrose superficial

das células pulpares da camada mais próxima da junção entre a dentina e a polpa. Isso faz com que as células mesenquimais diferenciadas do tecido conjuntivo da polpa se diferenciem em odontoblatos para permitir uma reposição. Essas novas celulas serão capazes de formar "pontes de dentina".

Quando entra em contato com a polpa, o hidróxido de cálcio se dissocia em íons cálcio e hidroxila, ocasionando devido ao alto pH, uma cauterização qúimica superficial do tecido pulpar.

O meio alcalino que o material produz, torna propicio a deposição de mineral devido ao estímulo aos odontoblastos, além de inibir a proliferação bacteriana.

o São materiais pouco resistentes e quando acontece infiltração marginal, a dissolução completa destes materiais podera acontecer.

o O pH é de aproximadamente 11 e ele é um irritante ao tecido pulpar vivo. o Não é isolante térmico nem elétrico

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o Não é o material de primeira escolha para a pediatria MTA (AGREGRADO TRIÓXIDO MINERAL) Recentemente disponível no mercado odontológico o Agregado Trióxido Mineral (MTA), que é um pó de cor branca ou cinza composto por óxidos minerais e íons. Sua partículas são menores e mais uniformes, quando comparado ao cimento Portland. Indicado para diferentes situações clínicas, como proteção pulpar direta, pulpotomia, apicificação, apicigênese, perfurações radiculares e de furca, retro-obturação, fraturas radiculares verticais e horizontais, obturação de canais radiculares associado à guta-percha e como plug coronário previamente ao clareamento dental de dentes portadores de necrose pulpar.

Excelentes resultados de biocompatibilidade Indicado principalmente para capeamento pulpar direto Capaz de estimular a formação de ponte de dentina e possui atividade

antimicrobiana Estudos indicam que o capeamento com MTA apresenta menos inflamação, menor

hiperemia pulpar e necrose próxima à região do capeamento, além de ser mais frequente a formação da camada de odontoblastos, quando comparado com o hidróxido de cálcio.

Baixa solubilidade o Tem um preço elevado no Brasil o Não é fácil de ser inserido sobre o local que se deseja e tem um tempo de presa

muito longo, cerca de 3-4 horas. o

AGENTES PARA BASE: Uma base protetora é caracterizada por uma camada mais espessa (0,5 a 2mm) de um ou mais agentes protetores, para simultaneamente forrar e reconstruir assoalhos cavitários. Este material geralmente serve para preencher a cavidade e suportar forças, pois em cima deste irá o material restaurador. Seus principais requisitos é resistência mecânica, isolante térmico e elétrico, além de ter uma expansão mais similar a dentina. A base, deverá ser aplicada acima do material forrador. CIMENTO DE FOSFATO DE ZINCO É o mais antigo dos agentes cimentantes e, como tal é apresentado na forma de pó e líquido, em dois recipientes separados. Os principais componentes do pó são o óxido de zinco (90%) e óxido de magnésio (10%). O líquido é essencialmente ácido fosfórico, água, fosfato, de alumínio e, em alguns casos, o fosfato de zinco.

O tempo de trabalho varia de 5 a 9 minutos. Está na categoria dos materiais friáveis. Qualquer dano à polpa devido ao ataque ácido do cimento fosfato de zinco ocorre

nas primeiras horas após a inserção. Não existe nenhuma adesão do cimento com a estrutura do dente ou com qualquer

material. Porém existe um embricamento mecânico. Quando a restauração está sendo assentada na cavidade preparada, o dente e a restauração fundida possuem irregularidades, as quais são preenchidas pelo cimento que está em estágio plástico e sendo forçado pela pressão de cimentação. Por esta razão, restaurações com superfícies muito polidas não apresentam uma retenção tão grande quando são cimentadas com cimento de fosfato de zinco, como acontece com aquelas ligeiramente rugosas.

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O pó e o líquido devem ser proporcionados de maneira correta. Deve se utilizar para a manipulação uma placa resfriada, que retarda a presa e permite que o operador incorpore uma quantidade máxima de pó. A manipulação é iniciada pela adição de pequenas porções do pó. Pequenas quantidades são adicionadas em intervalos de tempo, espatulado vigorosamente. A fundição deve ser assentada imediatamente antes que ocorra qualquer formação de matriz. Podem ser misturados facilmente e que eles formam uma massa relativamente forte. Como desvantagem; pode irritar a polpa, falta de ação antibacteriana, fragilidade, falta de adesão, e solubilidade em fluidos orais.

A resistência à compressão dos cimentos de fosfato de zinco para cimentação, quando eles são adequadamente manipulados, atinge valores altos.

Possui um alto módulo de elasticidade. Assim, ele é muito resistente e pode resistir a deformações elásticas, mesmo quando é usado como agente de cimentação de restaurações que estão sujeitas a altas cargas de mastigação.

o Pode ser irritante pulpar devido a acidez produzida o Ele é muito menos resistente a tração.

TÉCNICA DE MANIPULAÇÃO:

• Usar 1 medida de pó menor e 4 gotas do líquido. • Distribuir o pó sobre a placa e dar-lhe a forma retangular • Dividir o pó (fração) e espatular (segundos); i. 1/16 por 10 seg ii. 1/16 por 10 seg iii. 1/8 por 10 seg iv. 1/4 por 15 seg v. 1/4 por 15 seg vi. 1/4 por 15 seg • colocar o líquido necessário ao lado das porções menores • iniciar a espatulação misturando as porções de acordo com o esquema acima • tempo de espatulação total é de 1minuto e 30 segundos • a consistência final deve ser de uma massa com viscosidade de fio

CIMENTO ÓXIDO DE ZINCO E EUGENOL Na forma de um pó e um líquido. Podem ser usados como restaurações temporárias e intermediarias, como forradores cavitários, bases para isolamento térmico e para cimentação temporária. Também podem ser utilizados para a obturação de canais radiculares e como cimentos periodontais. O óxido de zinco é lentamente molhado pelo eugenol, então é necessário espatulação prolongada e vigorosa. Uma relação pó/líquido de 3:1 ou 4:1 deve ser usada para um máximo de resistência. Em sua manipulação, a massa deve se apresentar como de vidraceiro.

Tem efeito suave sobre os tecidos da polpa boa habilidade de selamento e resistência a penetração marginal. Pode exercer pequena ação anti-inflamatória sobre a polpa, em pequenas

quantidades ou pouco contato o Possui baixa resistência, solubilidade e desintegração em fluidos orais, e pouca

ação anticariogênica. o Possui incompatibilidade com resinas compostas

CIMENTOS DE IONÔMERO DE VIDRO (CIV) Usados para cimentação de fundições metálicas, restaurações de porcelana e bandas ortodônticas, forramento de cavidade ou materiais de base, materiais restauradores, especialmente para lesões de erosão e como materiais para a construção de núcleos de

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preenchimento. Podem ser classificados em Convencionais (composto de pó e de partículas vítreas e líquido de ácidos polialcenóicos), reforçados por metais (líquido mais mistura convencional com partículas de liga de amalgama ou de prata) e modificados por resina (parte do líquido do ácido polialcenóico é substituído por hidroxietil metacrilato.

O tempo de presa é em torno de 6 a 9 minutos. Os materiais de forramento em 4 a 5 minutos, e os materiais restauradores em 3 a 4 minutos.

Liberação de flúor ocorre com maior intensidade nas primeiras 24-48 horas. O material deve ser manipulado rapidamente em no máximo 1 minuto. A relação pó/líquido 3:1 em peso (1 porção de pó para 1 gota do líquido). A

superfície do dente deve estar livre de resíduos e saliva, mas não desidratada. A manipulação é fácil O flúor é muito importante pois aumenta a resistência do cimento e pode ser

liberado para o meio bucal conferindo propriedade anticariogênica ao material, favorecendo a remineralização do dente.

Alta resistência e dureza, Boa resistência à dissolução ácida Características potencialmente adesivas Translucência Material barato e altamente utilizado como base e reabilitação de meio como

restauradores provisórios o Colocação inicial lenta o Sensibilidade á umidade o Pouca diversidade de cores o Possível sensibilidade pulpar

CIV convencionais: Há três constituintes essenciais; sílica, alumina e o fluoreto de cálcio. CIV modificados por resina A principal diferença entre os cimentos convencionais e os modificados por resina é a adição de componentes resinosos. Podem ser foto-ativadas, sistema Duall ou sistema quimicamente ativado. AGENTES PARA SELAMENTO Esses agentes são líquidos, produzem uma película protetora extremamente fina e revestem a estrutura dentária recém-cortada ou desgastada durante o preparo cavitário. O vedamento da embocadura dos túbulos dentinários e os microespaços que se formam entre o material e as paredes circundantes da cavidade são os principais objetivos desse tipo de material, tornando-os menos permeáveis à infiltração de fluídos e bactérias. VERNIZES CAVITÁRIOS Os vernizes cavitários são compostos à base de resina copal natural ou sintética, dissolvida em clorofôrmio, éter ou acetona. Quando aplicado em uma cavidade, o solvente evapora-se rapidamente, deixando uma película forradora semi-perméavel que veda com certa eficiência os túbulos dentinários.

Muito utilizado com o amálgama Pequena contração de presa o Contra-indicados sob restaurações de resina composta o Comparado com os sistemas adesivos, ele possui uma falta de eficiência em

promover o selamento em função de sua grande solubilidade o Possui fraca propriedade de isolante térmico o Pouco resistente

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VERNIZES CAVITÁRIOS MODIFICADOS OU “LINERS” Apresentam composição mais complexa do que a dos vernizes convencionais e são geralmente compostos por hidróxido de cálcio, óxido de zinco e resina poliestirênica, dissolvidos em clorofórmio. Quando aplicados na cavidade o solvente evapora-se, deixando uma película protetora desses materiais aderida ás paredes cavitárias.

Possui função terapêutica ao dente Diminui a infiltração marginal Inibem a penetração de íons metálicos na dentina o Contraindicados sob restaurações de resina composta ou com CIV. o Comparado com os sistemas adesivos, ele possui uma falta de eficiência em

promover o selamento em função de sua grande solubilidade o Possui fraca propriedade de isolante térmico o Pouco resistente

ADESIVOS (PARA SELAMENTO) Os sistemas adesivos mais recentes para serem usados como selantes cavitários são aqueles que possuem uma demonstrada capacidade de união a múltiplos substratos para poder unir o material restaurador ao dente. A adesão ao esmalte através da técnica do condicionamento ácido já não desperta tanto interesse aos pesquisadores e clínicos, em faces das fortes evidências de sua efetividade. A grande questão, sempre fator de controvérsias, é o condicionamento da dentina e suas consequências, benéficas ou não. A combinação resultante da dentina e polímero tem sido chamada de camada híbrida que é definida como a interpretação e impregnação de um monômero à superfície dentinária desmineralizada formando uma camada ácido resistente de dentina, reforçada por resina.

Além da capacidade destes novos sistemas em aderir efetivamente à superfície dentinária, são também extremamente importantes no tratamento fisiológico do processo odontoblástico porque, com a possível formação da camada híbrida na superfície da dentina e na dentina peritubular, esse processo fica realmente vedado ao fluxo de fluidos.

A sensibilidade pós-operatória resultante de muitos procedimentos operatórios é basicamente eliminada.

Afirma-se ainda que a camada híbrida forma uma superfície não difusível que impede a invasão de microrganismos para dentro dos túbulos dentinários e, consequentemente, para dentro da polpa.

Diminuem a capacidade de infiltração marginal e a recidiva de lesão de cárie durante o período necessário para o autovedamento do amálgama, tornando menos crítico o tempo para a formação dos óxidos.

Maior durabilidade e efetividade do que os vernizes. Portanto é mais recomendado. RESINAS ODONTOLÓGICAS As resinas sintéticas são compostas de várias moléculas grandes chamadas de polímeros. O polímero é formado por uma ou várias unidades estruturais recorrentes, que consistem na estrutura individual do monômero. Há três tipos de resinas odontológicas: Resinas acrílicas termicamente ativadas ou quimicamente ativas e Resinas compostas. RESINAS ACRÍLICAS O composto químico que forma o monômero da maioria das resinas acrílicas odontológicas é o metacrilato de metila, derivado do ácido metacrílico, que, unindo a outros monômeros forma o poli (metacrilato) de metila. Fornecido no sistema de pó e líquido. As fases da polimerização são: Fase arenosa, fibrilar, plástica, borrachóide e

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densa. Clinicamente, a polimerização das resinas produz contrações volumétricas e lineares. Termicamente ativadas: A indicação principal é de confecção de base para dentaduras. O pó consiste em esferas pré-polimerizadas de polimetacrilato e uma pequena quantidade de peróxido de benzoíla. A proporção aceitável é de 3:1 em volume. Acrílica quimicamente ativada: confecção de bases de prótese totais, pela facilidade de trabalho seu uso também é para proteses provisórias, aparelhos ortodônticos, moldeiras individuais e guias cirúrgicos. MATERIAIS RESTAURADORES AMÁLGAMA É indicado para restaurações de dentes posteriores decíduos e permanentes, estando contraindicados em dentes anteriores ou com cavidades extensas e de paredes frágeis. É um tipo de liga na qual o mercúrio é um de seus elementos. O amalgama dentário é a combinação do mercúrio com uma liga contendo prata, estanho, cobre e algumas vezes o zinco ou outros metais em baixa concentração. Uma das razões que explicam seu grande sucesso clínico é a tendência em diminuir consideravelmente, com o tempo, a penetração marginal, um dos maiores problemas com que se defronta o dentista e ainda não resolvido satisfatoriamente mesmo com os novos materiais e técnicas utilizadas. Numerosos estudos têm demonstrado que a corrosão do amalgama libera estanho que reage com o oxigênio e sais de cloro provenientes da saliva e dos alimentos, formando sais ou óxido de estanho, liberando mercúrio que a ele estava previamente associado. Esses produtos da corrosão também podem ser responsáveis pela diminuição da infiltração. Condensação É ajuntar intimamente as partículas de liga e adaptar o material a todas as partes da cavidade preparada, removendo, tanto quanto possível, o excesso de mercúrio da mistura. Após o término da trituração, a condensação deve ser iniciada imediatamente com pressão suficiente para remover os vazios e melhor adaptar o material na cavidade. Escultura Antes, fazer uma brunidura pré-escultura usando pouca força. A escultura deverá ser realizada na fase de “grito do amalgama", onde o amalgama exerce um som semelhante a um grito agudo quando se passa o esculpidor nele. Após a condensação, a superfície da restauração deverá ser esculpida com o emprego de instrumentos adequados, de maneira que se reproduzam os detalhes anatômicos da parte perdida do dente, durante o preparo da cavidade. Brunidura Após a escultura, a superfície da restauração deve ser alisada, através de um instrumento brunidor, que se caracteriza por possuir ponta rômbica ou arredondada. Este procedimento facilita o polimento e proporciona lisura. Polimento O polimento deve ser dado após se fazer a brunidura. O polimento elimina irregularidades na superfície, e deixa a mesma também brilhante. O polimento final não deve ser feito antes de 48 horas. Preferivelmente um período de uma semana após. Deverá ser feito com movimentos intermitentes e sob refrigeração para evitar que haja um aumento exagerado de temperatura, que pode provocar o afloramento de mercúrio para as camadas mais superficiais da restauração. Vantagens

• adaptabilidade às paredes cavitárias • resistência aos esforços mastigatórios • insolubilidade no meio bucal

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• alterações dimensionais toleradas pelo dente • condutibilidade térmica menor do que a dos metais puros • superficie brilhante • fácil manipulação • não produz alterações de importância nos tecidos dentários • escultura fácile imediata • polimento final perfeito • tolerância pelo tecido gengival • eliminação fácil se precisar

Desvantagens • modificação volumétrica • condutibilidade térmica • falta de resistência nas bordas • cor não harmoniosa

SISTEMA ADESIVO É composto por 3 elementos, Acido, Primes e adesivo. Este sistema é utilizado para condicionar o dente à receber a resina composta. Ou seja, ele é usado anterior a restauração com resina composta. Pode ser classificado em 1 passo (Tudo junto ou “all in one”), 2 passos ( Ataque ácido, depois o primer com adesivo que estão no mesmo frasco) e 3 passos (Ataque ácido, primer e adesivo, todos separados). Camada híbrida É a infiltração de resina no esmalte, na dentina ou no cemento. Ela é uma mistura em nível molecular de colágeno e polímeros resinosos. Ela é preparada na subsuperfície da dentina condicionada pela polimerização de monômeros resinosos impregnados na matriz da dentina desmineralizada Smear Layer Significa "lama dentinária". É criada durante o preparo cavitário e sua presença complica a adesão da resina. Ela serve como uma barreira que protege a polpa de estímulos nocivos, mas sua função é temporária porque ela pode se dissolver em fluídos orais. Condicionamento ácido do esmalte Os objetivos do condicionamento ácido do esmalte são limpar o esmalte, remover a lama do esmalte, aumentar microscopicamente a rugosidade pela remoção dos cristais prismáticos e interprismáticos, e aumentar a energia livre de superfície do esmalte para produzir suficiente infiltração do monômero, selar a superfície do esmalte com resina e contribuir para a retenção das restaurações de resina composta. Condicionamento ácido da dentina Envolve a remoção ou modificação da lama dentinária para permitir a difusão dos monômeros na matriz de colágeno desmineralizada. O ataque ácido da dentina é necessário para aumentar a porosidade intertubular para permitir a infiltração do monômero. Utiliza-se o ácido fosfórico a 37%. Aplicação do primer A sua função é manter ou resgatar a porosidade da dentina desmineralizada. Outra função é conservar a dentina desmineralizada úmida, prevenindo seu colapso. Os Primers são substâncias que contêm monômeros bifuncionais hidrofílicos e hidrofóbicos e, são comumente dissolvidos em água, álcool ou acetona. São ideais para carrear e espalhar os monômeros sobre a superfície. O seu extremo hidrofílico é capaz de umedecer ou molhar eficientemente a dentina úmida, enquanto sua parte hidrofóbica oferece pontos de ligação suficientes para uma copolimerização de uma subsequente camada de resina adesiva. O componente hidrofóbico da fórmula química dos adesivos pode difundir-se na dentina desmineralizada e se ligar à resina restauradora, tornando a dentina hibridizada

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obtendo-se, assim, uma ligação coesiva entre a resina restauradora e o adesivo dentinário. Sitema adesivo de 2 passos (mais usado)

Aplicar sobre o esmalte de 20 a 30 segundos e sobre a dentina de 10 a 15 segundos

Lavar com água abundante e tirar o excesso de água, mas nunca secar totalmente o dente, pois poderá causar colapso nas fibrilas

Aplicar o Primer, e depois um jato de ar por 5 segundos (para volatilizar) à uma distância de 10 cm. Aplicar uma segunda camada e depois fotopolimerizar (de 10 20 segundos de acordo com fabricante)

Realizar restauração com pequenos incrementos de resina, buscando o contato deste com o mínimo de paredes possíveis (técnica de incremento).

RESINA COMPOSTA As resinas compostas para aplicação direta possuem 4 componentes básicos: Uma matriz resinosa, iniciadores de polimerização, uma fase dispersa de cargas e corantes e um agente de cobertura das partículas de carga conhecido como silano. A classificação das resinas segundo o tamanho das partículas são; macropartículas, micropartículas e híbridas.

O processo de polimerização é por reação de adição, que é iniciado pelos radicais livres. Esses radicais podem ser gerados por ativação térmica, química ou luz. O mais usado é a luz. O processo ocorre a partir de um componente (canforoquinona), que uma vez ativado reage com um agente redutor para libertar os radicais livres, que dão inicio à polimerização dos grupos metacrilatos e formam uma matriz polimérica de reação cruzada.

A contração de polimerização está na ordem de 2 a 4%. O ideal é não aplicar a resina de forma que não tenha contato com mais de duas paredes da cavidade simultaneamente. As resinas fotoativadas tem uma tendência em se tornar amareladas com o tempo devido à presença, em sua composição, de uma amina como acelerador. Precisam ser polidas para terem a superfície lisa e impedir o favorecimento de adesão de biofilme ou pigmentações.

São mais caras do que amálgama, porém não exigem um preparo cavitário. Possuem estética melhor e são recomendados para quase todos os tipos de restaurações. Uma de suas poucas indicações é para cavidades muitos extensas em dentes posteriores, pois ela poderá fraturar e não suportar as forças mastigatórias. Podem ser usados tambem como agentes cimentantes.

PROCESSO DE FUNDIÇÃO

Algumas restaurações odontológicas são realizadas fora da boca do paciente, utilizando metais para sua elaboração. A obtenção desse tipo de restauração metálica fundida é conseguida através de um processo chamado processo da cera perdida. CERAS ODONTOLÓGICAS PARA FUNDIÇÃO As ceras para fundição odontológica são materiais termoplásticos que são normalmente sólidos à temperatura ambiente, mas plastificam, sem decomposição, para formar líquidos. As ceras são pobres condutores térmicos. REVESTIMENTOS ODONTOLÓGICOS Pode ser descrito como um material cerâmico adequado para a construção de um modelo que será preenchido por um metal ou uma liga metálica, apropriadamente fundida. Esse

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material tem que apresentar, necessariamente, três características: Expansão, Porosidade e Resistência. O material refratário é adicionado para que haja um refratário durante o aquecimento do revestimento tornando-o capaz de resistir as altas temperaturas, além de servir para regular a expansão térmica. A finalidade da expansão de presa é auxiliar no aumento da cavidade que constitui o molde, com o fim de compensar parcialmente a contração de fundição da liga. DESCRIÇÃO RESUMIDA DO PROCESSO Essencialmente, a técnica de fundição consiste na fabricação de um padrão de cera, correspondente a porção do dente que necessita ser substituída. O modelo preparado deve ser uma reprodução precisa da estrutura perdida do dente. Se o modelo é construído no dente, diz-se que é confeccionado pela técnica direta. Se, por outro lado, ele é confeccionado no troquel, o procedimento é chamado de técnica indireta. Após a obtenção do modelo de cera, um conduto de alimentação é aprisionado àquele modelo e este conjunto é incluído em revestimento. O propósito do conduto de alimentação ou do pino é formar uma via de acesso, através da qual a liga fundida pode chegar ao molde existente no anel de revestimento, o qual é formado após a remoção da cera. O pino não deve ser fixado em ângulo reto com uma superfície plana. O ideal é que o pino seja colocado em uma posição formando um ângulo de 45º com a parede proximal. Os modelos podem receber pinos de maneira direta ou indireta. Na colocação direta, o pino formador de canal de alimentação conecta-se diretamente ao modelo e à base do anel. Na colocação indireta, um conector, ou câmara de reserva, é posicionado entre o modelo e a base do cadinho. Essa câmara é adicionada para evitar a porosidade por contração localizada.

Quando a liga fundida preenche o molde de revestimento aquecido, esta área correspondente ao antigo modelo de cera deve solidificar primeiro para, em seguida, haver a solidificação da câmara de reserva ou de compensação. A técnica mais comumente usada para permitir a expansão do revestimento é a de forrar as paredes internas do anel com um forro para anel.

Obtido o endurecimento do revestimento, o pino formador de conduto de alimentação é removido, bem como a cera do modelo. A seguir a liga fundida é forçada por pressão para a cavidade do molde deixada pela cera de revestimento. O caminho percorrido pela liga fundida é através do canal de alimentação existente. A seguir, ele é vazado num revestimento refratário.

O padrão de cera é então eliminado em temperaturas elevadas, formando-se uma câmara (molde) no interior do revestimento, a qual é preenchida pela liga fundida injetada por pressão ou centrifugação. Os anéis vazados devem ser colocados no forno à temperatura ambiente e aquecidos gradativamente até a temperatura máxima recomendada pelos fabricantes dos revestimentos. A liga é fundida em um cadinho à parte e o metal líquido é pressionado para o interior do moldo por força centrifuga. O metal é fundido com um maçarico em um cadinho cerâmico.

1. Molde com silicone 2. Gesso tipo 4 para preencher e fazer modelo 3. Obter troquel para trabalho 4. Isolar troquel (com vaselina ou isolante de gesso) 5. Gotejar cera em excesso até preencher 6. Fazer escutura com hollemback 7. Colocar ducto de alimentação (clips) 8. Confecção da bolinha (câmara de reserva) 9. Fixação na base do anel de fundição 10. Passar anti-bolhas 11. Fazer boneca em volta do padrão de cera

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12. Encaixar anel de silicone em cima da base 13. Acabar de preencher com revestimento

POSSÍVEIS PROBLEMAS OU ERROS DURANTE PROCESSO DE FUNDIÇÃO

• A manutenção de uma alta temperatura por qualquer período de tempo considerável pode provocar a contaminação da fundição por enxofre e também provocar uma superfície rugosa da restauração fundida, devido à desintegração do revestimento.

• distorções no padrão de cera poderão afetar a fundição. • A rugosidade de superfície é definida como irregularidades discretas e espaçadas

e cuja altura, largura e direção estabelecem um modelo predominante e que se repete sobre toda a superfície.

• Bolhas de ar aprisionados no modelo poderá causar nódulos. Um agente umectante é útil para evitar o aprisionamento de bolhas de ar na superfície do modelo, mas isoladamente, ele não é a solução

• O aquecimento muito rápido provoca a formação de cristas ou rebarbas na fundição. Ele causa ainda o aparecimento de rugosidades de superficie características e que se evidenciam devido ao desmoronamento do revestimento quando a água ou o seu vapor passam pelo molde.

• Devem se levar pelo menos 60 minutos para o aquecimento do anel preenchido com revestimento, desde a temperatura ambiente até 700ºC. Quanto maior for o volume do revestimento, mais lento deve ser o aquecimento

• Baixo aquecimento pode causar a eliminação incompleta de residuos de cera, levando assim a uma superficie rugosa.

• O aquecimento prolongado pode causar a desintegração do revestimento. Como consequência, as paredes do molde se tornarão rugosas. O molde deve ser aquecido até a temperatura de fundição atingir no máximo 700º, e a fundição deve ser feita imediatamente.

• O ar ocluido na superfície interna da fundição algumas vezes determina a chamada porosidade por pressão de retorno. Ela pode produzir defeitos. Isto é provocado pela impossibilidade de o ar existente no molde escapar através dos poros do revestimento, ou devido ao gradiente de pressão que empurra a bolha de ar para fora da liga fundida através do canal de alimentação e do botão de fundição.

• Fundição incompleta acontece quando a liga fundida, de alguma maneira, for impedida de preencher completamente o molde. Se o ar não pode escapar com rapidez suficiente, a liga fundida não preencherá o molde antes de sua solidificação. outra possibilidade tambem é se não ocorrer a total eliminação da cera no interior do molde. Se muitos produtos de combustão permanecerem no molde, os poros do revestimento ficarão preenchidos, e desta maneira o ar não poderá escapar. Uma fundição incompleta tambem pode ser resultada da viscosidade do metal fundido, e isto pode ser atribuído a um aquecimento insuficiente.