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    MANUAL DE REDACAO TECNICA E CIENTIFICA

    Maria do Carmo Silva Soares

    URL do documento original:

    INPE

    Sao Jose dos Campos

    2011

    http://urlib.net/8JMKD3MGP7W/3AUPKP8http://urlib.net/8JMKD3MGP7W/3AUPKP8
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    PUBLICADO POR:

    Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais - INPE

    Gabinete do Diretor (GB)Servico de Informacao e Documentacao (SID)

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    Tel.:(012) 3208-6923/6921

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    Marciana Leite Ribeiro - Servico de Informacao e Documentacao (SID)

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    MANUAL DE REDACAO TECNICA E CIENTIFICA

    Maria do Carmo Silva Soares

    URL do documento original:

    INPE

    Sao Jose dos Campos

    2011

    http://urlib.net/8JMKD3MGP7W/3AUPKP8http://urlib.net/8JMKD3MGP7W/3AUPKP8
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    Dados Internacionais de Catalogacao na Publicacao (CIP)

    Soares, Maria do Carmo Silva.

    Si38mManual de redacao tecnica e cientfica / Maria do Carmo Silva

    Soares. Sao Jose dos Campos : INPE, 2011.xix + 121 p. ; (sid.inpe.br/mtc-m19/2011/12.12.11.52-PUD)

    Manual (Manual de redacao tecnica e cientfica) InstitutoNacional de Pesquisas Espaciais, Sao Jose dos Campos, 2011.

    : .

    1. Manual. 2. Metodologia. 3. Redacao tecnica e cientfica.4. Gramatica da lngua portuguesa. 5. Normas. I.Ttulo.

    CDU 001.8

    Copyright c 2011 do MCT/INPE. Nenhuma parte desta publicacao pode ser reproduzida, arma-

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    of any material supplied specifically for the purpose of being entered and executed on a computer

    system, for exclusive use of the reader of the work.

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    Apresentao

    Vivemos neste incio do sculo XXI o que poderamos chamar como o esplendor da erada comunicao. Nunca tanta informao escrita esteve disponvel a custos to baixos(Internet, e-books), nunca os seres humanos se comunicaram em tal volume efrequncia (e-mails, mensagens por celular, redes sociais). Com tantos recursos disposio da sociedade, seria de se esperar que todas as naes os utilizassem bem,sempre em busca de sua prosperidade e bem-estar.

    Ocorre que nessa intricada corrente de sistemas eletrnicos e de comunicao persisteum elo fundamental, que o do indivduo que em uma ponta consumir a informao edaquele que na outra ponta a produzir. A despeito dos apoios eletrnicos que hojeauxiliam a redao, uma rpida visita ao fluxo de mensagens e textos hoje produzidos

    mostra de forma explcita as deficincias educacionais que assolam nosso pas. Quandoessas deficincias chegam at uma organizao como o INPE, comeam a afetar aqualidade da sua produo tcnica e cientfica. Esta j uma triste realidade de nossapoca.

    A soluo do problema passa obrigatoriamente pela melhora de nosso ensino bsico. Noentanto, at que quem sabe uma nova gerao mais bem educada venha at ns, necessrio que tomemos medidas mitigatrias que busquem compensar em parte asdeficincias e ajudem os jovens a entender melhor os conceitos e a prtica do textocientfico e tecnolgico moderno.

    Este Manual de Redao Tcnica e Cientfica busca atender a essa demanda,esclarecendo, exemplificando e orientando tanto o novato quanto o profissionalexperiente, pois o aprendizado da lngua tarefa para a vida inteira. Ele foi elaborado

    pela Professora Maria do Carmo Silva Soares a partir da experincia acumulada em sualonga carreira de ensino e pesquisa no tema, com o apoio do Laboratrio de Integrao eTestes (LIT), no qual ela atua na formao de suas novas geraes h anos.

    Esperamos que este trabalho seja de utilidade no apenas para os profissionais do LIT edo INPE, mas tambm para todos aqueles em busca de aprimoramento para atuar nasreas da cincia e da tecnologia. Uma pequena contribuio frente enormidade da

    tarefa de educao e aprimoramento que se faz necessria para as novas geraes, masum grande passo de sntese e organizao de um tema sempre fundamental.

    Petrnio Noronha de SouzaChefeLaboratrio de Integrao e Testes (LIT)Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE)

    So Jos dos Campos, dezembro de 2011.

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    Pesquisar no tarefa fcil, mas trabalhosa, paciente e demorada.Os resultados a que se chega, significativos ou no, sendo vlidos, no sero

    propriedade exclusiva do investigador. A verdade no tem dono, patrimnio comum da humanidade. Por isso, feita a

    investigao cientfica, devem

    os resultados ser divulgados.A investigao e a divulgao so dois grandes momentos da pesquisa.(grifo da autora deste Manual)

    A. L. Cervo e P. A. Bervian (1983)

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    RESUMO

    Este manual contm orientaes para a produo de textos tcnico-cientficos, desde odespertar de ideias at a comunicao delas com clareza, objetividade, coerncia,correo e adequao ao nvel de interesse do leitor. Estas orientaes levam emconsiderao os pontos minimamente necessrios para que um redator da rea cientfica

    possa elaborar um texto, de acordo com o que a comunidade cientfica estabelece. Estedocumento apresenta a estrutura comum de alguns tipos de textos mais utilizados, bemcomo caractersticas da linguagem cientfica, alm de exemplos relativos ao uso do

    padro culto da lngua portuguesa nos textos cientficos utilizados no Instituto Nacionalde Pesquisas Espaciais (INPE)/Laboratrio de Integrao e Testes (LIT).

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    HANDBOOK OF TECHNICAL AND SCIENTIFIC WRITING

    ABSTRACT

    This manual contains guidelines for the production of technical and scientific texts,since the awakening of ideas to communicate them with clarity, objectivity, coherence,correctness and appropriateness to the level of reader interest. These guidelines take intoaccount the points minimally necessary for a scientific editor to draw up a text,according to the scientific community states. This document presents the commonstructure of some types of texts used, the characteristics of scientific language, andsome examples for the use of standard patterns of Portuguese language used in scientifictexts of the National Institute for Space Research (INPE)/Integration and TestingLaboratory (LIT).

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    LISTA DE QUADROS

    Pg.

    1.1 Caractersticas do comportamento cientfico......................................................... 10

    1.2 Escrevendo o trabalho cientfico ........................................................................... 17

    2.1 Estrutura dos relatrios de testes e ensaios do LIT ............................................... 24

    2.2 Disposio dos elementos da monografia ............................................................. 25

    2.3 Nveis dos trabalhos monogrficos ........................................................................ 26

    2.4 Etapas do projeto de pesquisa ................................................................................ 31

    2.5 Roteiro para a formulao e descrio do problema ............................................. 32

    2.6 Elementos do resumo dos trabalhos cientficos ...................................................35

    2.7 A estrutura dos artigos cientficos ......................................................................... 393.1 Elaborando corretamente as referncias ................................................................ 52

    4.1 Expresses que ligam palavras, frases, pargrafos................................................. 59

    4.2 Expresses utilizadas em fundamentaes tericas................................................ 60

    4.3 Algumas caractersticas da linguagem cientfica.................................................... 61

    4.4 A clareza nos textos tcnico-cientficos................................................................. 64

    4.5 A linguagem cientfica e o uso de palavras denotativas......................................... 65

    4.6 A preciso na linguagem cientfica........................................................................ 66

    5.1 Resumo do Acordo Ortogrfico da Lngua Portuguesa.......................................... 855.2 Regras de acentuao das palavras......................................................................... 86

    5.3 Principais alteraes no uso do hfen..................................................................... 89

    5.4 Conhecendo mais sobre ortografia......................................................................... 90

    5.5 O emprego do hfen................................................................................... ............ 91

    5.6 Plural dos substantivos compostos por hfen.......................................................... 92

    5.7 Plural dos adjetivos compostos por hfen............................................................... 93

    5.8 Palavras e expresses com pronncia semelhante ................................................. 94

    5.9 Forma e grafia das palavras: por que, por qu, porqu.........................................955.10 Palavras que causam dvidas................................................................................. 96

    5.11 Derivao de palavras............................................................................................. 97

    5.12 Classes de palavras................................................................................................. 98

    5.13 O pronome Secomo partcula apassivadora e ndice de indeter-

    minao do sujeito.................................................................................................. 99

    5.14 Oraes subordinadas adjetivas e a pontuao.................................................. 100

    5.15 O uso do verbo haver impessoal........................................................................ 101

    5.16 O sujeito sempre termo regente.................................................................. 102

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    5.17 Regncia verbal. .................................................................................................... 103

    5.18 Principais casos de uso da vrgula. ........................................................................ 104

    5.19 Verbos defectivos................................................................................................... 105

    5.20 Concordncia nominal. .......................................................................................... 106

    5.21 Alguns casos especiais de concordncia nominal. ................................................ 107

    5.22 Concordncia verbal. .......................................................................................... 108

    5.23 O estudo da crase.................................................................................................... 110

    5.24 Diferena entre h e a...................................................................................... 112

    5.25 Regncia nominal................................................................................................... 113

    5.26 Uso de estrangeirismos. ......................................................................................... 114

    5.27 Expresses e abreviaturas....................................................................................... 115

    5.28 Palavras e expresses utilizadas na redao de textos............................................ 116

    5.29 Formao do imperativo......................................................................................... 117

    5.30 Mistura de tratamentos........................................................................................ 118

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    SUMRIO

    Pg.

    1 CARACTERSTICAS INICIAIS: O TRABALHO TCNICO ECIENTFICO .................................................................................................. 1

    1.1 Observaes introdutrias ............................................................................... 1

    1.2 Os assuntos cientficos e o texto ...................................................................... 2

    1.3 Algumas caractersticas da pesquisa e do fazer cientfico................................ 4

    1.4 O texto cientfico no INPE e no LIT ............................................................... 6

    1.5 Trabalhos desenvolvidos no LIT ..................................................................... 8

    1.6 O comportamento cientfico .......................................................................... . 9

    1.7 A necessidade de ler e escrever ....................................................................... 12

    1.8 A necessidade de revises ............................................................................... 15

    2 TIPOS DE TEXTO E A ESTRUTURA DE TRABALHOS

    CIENTFICOS .................................................................................................... 19

    2.1 Introduo ......................................................................................................... 19

    2.2 Finalidades e estrutura dos textos cientficos ................................................... 21

    2.2.1 Tipos de textos cientficos ............................................................................. 21

    2.2.2 Relatrios tcnico-cientficos ........................................................................ 22

    2.2.3 A natureza cientfica dos trabalhos monogrficos ......................................... 25

    2.2.4 Detalhando a estrutura do texto monogrfico ............................................... 28

    2.2.5 O projeto de pesquisa .................................................................................... 29

    2.2.5.1 As etapas do projeto de pesquisa ................................................................ 30

    2.2.5.2 Escrevendo o texto do projeto de pesquisa ................................................. 32

    2.2.6 Os resumos cientficos ................................................................................... 35

    2.2.7 Os artigos cientficos ..................................................................................... 362.3 Aliados do texto cientfico ................................................................................ 41

    3 A CINCIA E AS FONTES DE CONSULTA: CITAES E

    REFERNCIAS .................................................................................................. 45

    3.1 Introduo ......................................................................................................... 45

    3.2 Citaes de Textos ............................................................................................ 46

    3.2.1 Citaes diretas, literais ou textuais ............................................................... 46

    3.2.2 Citaes indiretas ou livres ............................................................................ 473.2.3 Citao de citao .......................................................................................... 49

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    3.3 Elaborao do referencial terico ..................................................................... 50

    3.4 O preparo da lista de referncias bibliogrficas ............................................... 51

    3.4.1 Monografias. .................................................................................................. 52

    3.4.2 Publicaes seriadas. ..................................................................................... 54

    3.4.3 Eventos .......................................................................................................... 54

    3.4.4 Outros tipos de referncias ............................................................................ 54

    3.5 A importncia das referncias bibliogrficas ................................................... 55

    4 A LINGUAGEM E O ESTILO CIENTFICO .............................................. 57

    4.1 A linguagem da cincia .................................................................................... 57

    4.1.1 Clareza ........................................................................................................... 63

    4.1.2 Objetividade .............................................................................................. 68

    4.1.3 Impessoalidade ............................................................................................. 69

    4.1.4 Vocabulrio tcnico ...................................................................................... 74

    4.1.5 Conciso ....................................................................................................... 75

    4.1.6 Correo ........................................................................................................ 75

    4.1.7 Originalidade ................................................................................................ 76

    4.1.8 Unidade ......................................................................................................... 76

    4.1.9 Fidelidade, tica ............................................................................................ 77

    4.1.10 Modstia, cortesia, tica ............................................................................. 78

    4.1.11 Criatividade ................................................................................................. 78

    4.2 A linguagem padro em sua expresso formal................................................. 79

    4.3 Escrevendo o texto cientfico ............................................................................ 80

    5 QUESTES DA LNGUA PORTUGUESA.................................................. 83

    5.1 Ortografia .......................................................................................................... 83

    5.2 Mudana ortogrfica ......................................................................................... 83

    5.3 Dificuldades gramaticais .................................................................................. 84REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS ................................................................119

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    ROTEIRO DE ORIENTAO AO LEITOR

    Motivo da Pesquisa no Manual Orientao1) Tipos de textos cientficos - Captulo 2 Seo 2.2.1, pg. 21

    2) Se o seu interesse est em produzirum Relatrio Tcnico para Clientesdo LIT

    Siga os seguintes passos:Captulo 2 Seo 2.2.2 pg. 22-24- Elaborao e Estrutura pg. 24-29- Dvidas quanto s tarefas do redator

    Quadro 1.2, pg. 17- Dificuldades gramaticais:

    Quadros do Captulo 5 pg. 85-118- Necessidade de revises

    Captulo 1 Seo 1.8, pg. 153) Se o seu interesse produzir umaMonografia:

    Trabalhos de Graduao

    Trabalhos de EspecializaoDissertaesTeses

    Consulte:- Nveis dos trabalhos monogrficos

    Captulo 2 Quadro 2.3, pg. 26- Estrutura do texto monogrfico

    Captulo 2 Seo 2.2.4, pg. 28- Partes lgicas do texto tcnico-cientfico

    Captulo 2 Figura 2.1, pg. 42- Captulo 3 - Citaes e Referncias, pg. 45-55- Exemplos de referncias, pg. 53-55- Seo 3.3 - Elaborao do referencial terico, pg. 50- Lista de Referncias Bibliogrficas

    Orientaes gerais, pg. 51-55- Captulo 4 - Linguagem e estilo cientfico, pg. 57-82- Caractersticas da linguagem cientfica

    Quadro 4.3, pg. 61- Dificuldades gramaticais: Quadros/Captulo 5, pg.85-118- Necessidade de revises

    Captulo 1 Seo 1.8, pg. 154) Se o seu interesse est em produzirum Artigo Cientfico parapublicao em peridicos ou anais deeventos cientficos

    Consulte:- Captulo 2, Seo 2.2.7, pg. 36-40- Estrutura do artigo, Quadro 2.7, pg. 39- Aliados do texto, Figura 2.2, pg. 43- Captulo 3 - Citaes e Referncias, pg. 45-55- Citaes Diretas, Seo 3.2.1, pg. 46- Citaes Indiretas, Seo 3.2.2, pg. 47- Citao de Citao, Seo 3.2.6, pg. 49- Elaborao do referencial terico, Seo 3.3, pg. 50- Lista de Referncias Bibliogrficas

    Orientaes gerais, Quadro 3.1 pg. 52Exemplos de referncias, pg. 53-55

    - Dificuldades gramaticais:Quadros do Captulo 5, pg. 85-118

    - Necessidade de revisesCaptulo 1 Seo 1.8, pg. 15

    - Caractersticas da linguagem cientficaCaptulo 4, Quadro 4.3, pg. 61

    - A linguagem e o estilo cientfico, pg. 57-82- Escrevendo o texto cientfico, Seo 4.3, pg. 80-82

    5) Se o seu interesse est em produzirResumos Cientficos a seremenviados a peridicos/eventoscientficos

    Consulte:Captulo 2, Seo 2.2.6, pg. 35Elementos do resumo cientfico, Quadro 2.6 - pg. 35Dificuldades gramaticais: Quadros/Captulo 5, pg.85-118

    (continua)

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    Motivo da Pesquisa no Manual Orientao6) Se o seu interesse est em produzir umProjeto/Proposta de Pesquisa.

    O Projeto de Pesquisa (ou Proposta) deve ser

    preparado:

    - Busca de orientao/Monografias- Procura de apoio financeiro para odesenvolvimento de pesquisas- Fase anterior ao preparo de trabalhoscientficos (de modo geral).

    Consulte- Definio, objetivos:Captulo 2, Seo 2.2.5, pg. 29-34

    - As etapas do projeto de pesquisa

    Captulo 2, Seo 2.2.5.1, pg. 30-32- Formulao e descrio do problema da pesquisaCaptulo 2, Quadro 2.5, pg. 32

    - Escrevendo o texto do projeto de pesquisaCaptulo 2, Seo 2.2.5.2, pg. 32

    Resumo das etapas do projeto de pesquisaCaptulo 2, pg. 34

    - Citaes e Referncias, pg. 45-55- Exemplos de referncias, pg. 53-55- Captulo 4 - Linguagem e estilo cientfico,pg. 57-82

    - Dificuldades gramaticaisQuadros do Captulo 5, pg. 85-118

    - Necessidade de revisesCaptulo 1 Seo 1.8, pg. 157) Consideraes Gerais sobre o textoTcnico-cientfico

    Consulte:Captulo 1 pg. 1-17

    8) importante saber que a linguagem dotexto tcnico-cientfico deve ser objetiva,clara, de sentido preciso (vocabulrio tcnico,palavras monossmicas) Nvel culto

    Consulte:Captulo 4 Linguagem e estilo cientficopg. 57-82

    9) Outros Pontos de Interesse doRedator de textos Tcnico-Cientficos

    Consulte:- Captulo 4 - Linguagem e estilo cientfico- A linguagem impessoal Seo 4.1.3, pg. 69- Partcula Se pg. 70-72- Verbos Impessoais pg. 70

    - Uso da 3 pessoa pg. 71- Outros modos de escrever de forma a neutralizara presena do redator

    - plural de modstia, pg. 72- forma narrativa, pg. 73

    - Objetividade, pg. 68- Vocabulrio Tcnico, Seo 4.1.4, pg. 74- Originalidade, pg. 76- Modstia, Cortesia, tica. pg. 78- Criatividade, pg. 78

    10) Se houver interesse em conhecer asprincipais caractersticas da pesquisa e dofazer cientfico

    Consulte:- Captulo 1, Seo 1.3, pg. 4-6- Quadro 1.1, pg. 10

    11) Se o seu interesse for conhecer ascaractersticas do texto cientficocontemporneo (resumo)

    Consulte:- Captulo 1, Quadro 1.2, pg. 17

    12) Se o seu interesse melhorar a suaproduo de textosde um modo geral

    Consulte:- Captulo 5, questes de gramtica da lnguaportuguesa, Quadros de 5.1 a 5.30, pg. 85-118

    13) Se o seu interesse aprofundar seusconhecimentosna produo de textos tcnico-cientficos

    Consulte e busque dados de autoresna Lista de Referncias Bibliogrficas dos textosde especialistas da sua rea de interesse.

    14) Se voc tem interesse em ser um bomtcnico, pesquisador, professor, orientador.

    Use o padro culto da lngua portuguesa.Recicle seus conhecimentos de produo detextos. Pratique a redao de textos.

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    Prefcio

    Este manual surgiu em razo da dificuldade que as pessoas tm para escrever cientificamente. Otexto tcnico-cientfico muito diferente de uma dissertao de vestibular, por exemplo, sendonecessrio treinamento para que seus resultados sejam de qualidade, alm das capacidadestcnico-cientficas.O Laboratrio de Integrao e Testes (LIT) do INPE percebeu que poderiaajudar seus profissionais oferecendo-lhes um texto com informaes bsicas e especficas sobrecomo escrever temas tcnico-cientficos. A rotina de trabalho dentro do Laboratrio intensapara realizar testes, ensaios, sendo que isso acarreta aumento no nmero dos textos tcnico-cientficos produzidos que mostram esses resultados. Esses trabalhos so realizados sempre emritmo acelerado, tendo em vista prazos e diversos tipos de responsabilidades que vodesembocar em textos. Portanto, o texto o produto final que tem destaque considervel noLaboratrio, pois ele deve retratar do mais simples ao mais complexo resultado do que realizado no LIT. Ele pode ser um relatrio para clientes externos, um texto para ser publicado

    na Intranet, em um peridico cientfico, nos anais de um evento, ou um resultado sofisticado detestes de satlites. Todos eles devem primar pela qualidade, como so todas as atividadesrealizadas por este Laboratrio.

    O trabalho cientfico contemporneo , idealisticamente falando, enxuto, escrito em linguagemcorreta, apresentado em linguagem precisa e que tem uma ligao total com a norma culta dalngua. Isso teoricamente, pois a realidade vem mostrando textos cientficos com errosgramaticais grosseiros, pargrafos demasiadamente longos, confusos, sem ideia central, ou pior,contendo ideias paralelas e conflitantes, alm de uma linguagem que mais se assemelha deromances do que tcnico-cientfica.

    Os princpios bsicos da redao tcnico-cientfica tiveram importantes transformaes nos

    ltimos anos, mas essas mudanas no foram ainda integralmente assimiladas por grande partedos pesquisadores que reproduzem, e muitas vezes ensinam equvocos tericos e conceituais,alm de erros de linguagem que podem at mesmo comprometer o avano de pesquisas. Muitostrabalhos de qualidade podem ser recusados por revistas cientficas importantes por terem errosconceituais ou um grande nmero de erros de linguagem, ou ainda um resultado apresentadofora dos moldes da comunidade cientfica. Essa deficincia s traz prejuzos para o pesquisadore para o Pas.

    Muitos pesquisadores afirmam que no precisam estudar mais Portugus para escreverrelatrios cientficos, pois j sabem Portugus. Na verdade, eles ignoram que para entrar nomundo cientfico eles devem ser treinados, no h outro modo, pois esse conhecimento

    cientfico no intuitivo, nem inato. Naturalmente, o treinamento de um pesquisador deveacontecer desde o aprendizado de conceitos, definies, paradigmas da cincia, trabalhos degrandes cientistas, at a metodologia cientfica que varia rapidamente nos dias atuais, quandomtodos e tcnicas, instrumentos e equipamentos surgem a cada momento. O novo pesquisadordeve saber que para escrever textos tcnico-cientficos de qualidade ele deve seguir normasnacionais e internacionais que permeiam a comunidade cientfica, bem como conhecer ostermos tcnicos, o estilo, as mincias da lngua que so prprias do meio cientfico enaturalmente o estilo cientfico, que bem diferente do estilo jornalstico, literrio, ou outro.

    Todo pesquisador deve escrever de acordo com os padres exigidos pela cincia e todosnecessitam escrever para divulgar seus resultados, porque as descobertas que fazem, os sistemasque criam, as metodologias que estabelecem, os instrumentos que idealizam precisam ser

    repassados comunidade cientfica e sociedade. No entanto, muitos no dominam alinguagem cientfica, sendo esse um dos defeitos mais apontados por editores, professores,

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    revisores de textos cientficos.Isso indica queh uma deficincia importante na formaodesses pesquisadores, os quais precisam tomar conscincia disso e enfrentar suas carncias,estudando e reciclando seus conceitos sobre a linguagem cientfica e procurando escrever umtexto claro, objetivo, correto, tico, alm de ser criativo (que uma qualidade das maiscomplexas e que provm, de certa maneira, da cultura do redator e do treino).

    A produo cientfica nacional cresceu enormemente nas ltimas dcadas, tanto em quantidadequanto em qualidade. Este fato deve ser reconhecido e celebrado. No entanto, especialmentepara quem escreve em lngua portuguesa, a qualidade dos textos produzidos no Brasil ainda temum longo caminho a percorrer. A adeso norma culta um dever de quem escreve emportugus. Em geral, o pesquisador brasileiro no tem o hbito de consultar gramticas edicionrios, muito menos de procurar boas fontes de referncia sobre regncia nominal e verbal,deixando que isso comprometa e afete a qualidade de seus trabalhos.

    Portanto, todos os pesquisadores e tcnicos precisam adequar sua redao, conhecer o estilotcnico-cientfico, assimilar exemplos de textos, reciclar suas competncias lingusticas etomar conscincia da importncia que a lngua tem para a apresentao de suas ideias, para a

    divulgao de seus trabalhos, para a correta argumentao de suas metodologias e descobertas epara seu sucesso. Acima de tudo, ele deve ter a humildade para reconhecer suas prpriaslimitaes e trabalhar continuamente para elimin-las. Sabe-se que as competncias lingusticasdevem ser aprendidas sempre, pois ningum est totalmente pronto. Produzir um texto dequalidade tarefa rdua e demorada, mesmo para os pesquisadores e tcnicos maisexperimentados e que dominam este tipo de linguagem.

    No INPE, existe uma poltica de apoio aos profissionais no que se refere produo epublicao de textos dos mais diversos tipos, e seus pesquisadores e tcnicos encaram aproduo de texto como uma importante tarefa a ser realizada. Desde seus primeiros dirigentes,a instituio tem dado grande importncia a todos os passos para a realizao de trabalhostcnico-cientficos. Grupos de trabalho so nomeados para o estudo e o preparo de manuais de

    orientao, os quais o Instituto publica e atualiza para facilitar o trabalho de seus profissionais,atravs de diversos trabalhos do Servio de Informao e Documentao (SID/Biblioteca).

    Cabe ressaltar que este manual um instrumento destinado aos profissionais do LIT, que visa aapresentao de normas aplicveis elaborao de trabalhos tcnicos e cientficos desteLaboratrio, que tm especificidades prprias, mas que seguem as normas adotadas pelo INPE(INPE-13269-MAN/45 verso 1, 2011). Tendo como finalidade estimular e ajudar ospesquisadores e tcnicos na tarefa de produo de textos, este manual foi preparado com oobjetivo de facilitar o trabalho dos profissionais do LIT, tendo em vista o grande nmero derelatrios que publicam, apresentando-lhes facilidades para consulta, alm de exemplificao detextos (redao e gramtica), das estruturas tpicas dos relatrios tcnico-cientficos maisutilizados, de exemplos de textos especiais e de casos gramaticais que suscitam dvidas, bem

    como algumas estratgias para fortalecer a produo de textos. Por se tratarem de caractersticasda linguagem que no so exclusivas dos textos do LIT, acredita-se que este material tambmpossa ser til a pesquisadores de outras reas do Instituto.

    Maria do Carmo Silva SoaresLaboratrio de Integrao e Testes (LIT)

    So Jos dos Campos, dezembro de 2011.

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    1 CONSIDERAES INICIAIS: O TEXTO CIENTFICO

    Sendo a cincia tambm um fenmeno histrico, propriamente um processo. O conceito de processo traduz a caractersticade uma realidade sempre volvel, mutvel, contraditria, nunca acabada,

    um vir-a-ser. No h estao final onde este trem poderia parar; noh ponto de chegada onde no tivssemos que partir.Em cincia estamos sempre comeando de novo.

    Pedro Demo (1987, p. 29)

    1.1 Observaes introdutrias

    A criao de um texto uma tarefa que requer certos cuidados do redator. O usoimprprio do idioma degrada o autor de qualquer tipo de texto e o resultado do seutrabalho. No sobram muitos motivos de orgulho profissional a quem, por ignorncia oudesinteresse, maneja mal seu principal instrumento de trabalho, que a linguagem usada

    para comunicar os resultados de seus esforos profissionais. Existem aqueles que serecusam a qualquer empenho para superar as deficincias da formao escolar por

    julgarem que bastaria saber coletar as informaes e escrever com alguma objetividade.Quanto a escrever com correo, cuidando de acentos, regncia, concordncia seria umaatribuio de algum, no dele, talvez de algum programa de computador que possaser acessado de ltima hora.

    A realidade diferente. Muitas vezes o pesquisador obrigado a escrever sob

    presso, com tempo contado, e mais ainda, com a obrigao de que o material assimproduzido seja o melhor, alm da necessidade de ter uma ampla divulgao fora da reainterna de trabalho. As oportunidades de sucesso ou insucesso aparecem sempre. E o

    pesquisador tem de estar preparado para enfrentar os eventos de ltima hora, comopalestras, reunies, a redao de textos emrelatrios de atividades ou de avaliao, masprincipalmente os relatrios tcnico-cientficos gerados como resultado de seustrabalhos. Neste sentido, necessrio estar preparado para quaisquer tipos de tarefa quesurgirem e para realiz-las com qualidade. Nesses casos, a responsabilidade exclusivamente do autor do texto. Cabe a ele zelar pelas informaes tcnico-cientficasque ele contm, bem como pela integridade gramatical de seu texto. O portugus de mqualidade frequentemente mutila a informao e torna difcil seu entendimento. Todos

    os tropeos em uma redao so desmoralizantes para o redator e para a instituio queele representa. Por exemplo, se um texto revela ignorncia sobre algo to simples comoo uso da crase, o leitor tem direito a considerar que o autor desleixado (porque noquis aprender), ou pobre intelectualmente, perdendo a confiana no texto propriamentedito.

    Portanto, cabe ao autor de qualquer tipo de texto a responsabilidade total por tudo o queescreve, bem como pela linguagem utilizada. Tendo ou no a ajuda de revisores delinguagem e/ou revisores tcnicos, a verso final deve ser preparada, lida e corrigida

    pelo autor do trabalho.

    O aprimoramento intelectual e tcnico de um profissional deve ser buscado todos osdias. Atualmente essas qualidades so exigncias competitivas do prprio mercado de

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    trabalho. Como estamos em uma poca de constantes transformaes e conscientes dasmudanas de paradigmas ocorridas na rea de educao, no mais concebvel um

    profissional que termine seus estudos universitrios e se feche a qualquer outro tipo deaprendizado, treinamento, reciclagem, melhoria. Os tempos so outros e a exigncia de aprimoramento constante, combate sistemtico a erros, buscando sempre a

    qualificao permanente em todos os setores da vida.

    A comunicao e a educao na sociedade da informao so diferentes do que forampara nossos pares no passado. Como bem disse Mattar (2008, p. 132):

    Com a sociedade da informao, nascem novos paradigmas de educao, quepodemos batizar de educao no tradicional ou alternativos. A educaopassa a ser considerada um projeto ao longo da vida, e no mais apenas ummomento especfico e localizado na primeira metade da vida de um serhumano. Surgem a idia e a necessidade de uma formao contnua.(grifo da autora deste trabalho)

    O prprio aprendizado prtico, obtido durante a vida de um profissional, passa a serconsiderado por algumas empresas e instituies de ensino como equivalente a crditos.Cada vez mais so desenvolvidas novas modalidades de educao, como o estudoautnomo, estudo a distncia, estudo intensivo (cursos de curta durao), estudo

    particular (orientado por professor experiente), treinamento por meio de srie depalestras, entre outros. Nessas novas modalidades de educao destaca-se o papel daInternet como meio facilitador na troca de saberes, na interdisciplinaridade necessria

    para uma educao de qualidade. No entanto, nenhuma das facilidades da era dainformtica poder funcionar se no houver interesse do profissional poraprender.

    1.2 Os assuntos cientficos e o texto

    O conhecimento cientfico um produto que resulta da investigao cientfica. Surge apartir da necessidade de o homem encontrar solues para problemas de ordem prticada vida diria, caracterstica essa do desejo de fornecer explicaes sistemticas que

    possam ser testadas e criticadas por meio de provas. Portanto, ele produto danecessidade de alcanar um conhecimento seguro.

    Conforme afirma Kche (1997, p. 29):

    O conhecimento cientfico surge da necessidade de o homem noassumir uma posio meramente passiva, de testemunha dosfenmenos, sem poder de ao ou controle dos mesmos. Cabe aohomem, otimizando o uso da sua racionalidade, propor uma formasistemtica, metdica e crtica da sua funo de desvelar o mundo,compreend-lo,explic-lo [...].

    Assim, o texto cientfico deve ter um estilo marcado pela objetividade, preciso,clareza, conciso, simplicidade e formalidade e utilizar linguagem que respeite opadro culto da escrita, usando terminologia especfica da rea do saber erecorrncia ao sentido denotativo das palavras. Outra caracterstica marcante dotexto cientfico a sua intensa relao com a literatura cientfica j publicada. Esse tipode texto baseado em questes cientficas, ou seja, o que escrito no texto cientfico

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    deve ter referncias cientficas comprovando sua veracidade (referncias bibliogrficas).Em cincia no se pode trabalhar com achismos, pois tudo deve ser embasado emobras cientficas que tratam do assunto relacionado. essencial demonstrar quais osmtodos de pesquisa, anlise e tratamentos de dados que sustentam o trabalho deinvestigao.

    A produo do texto cientfico requer escrita sobre temas que podem ser tratadoscientificamente, com base em experimentao, no raciocnio lgico, na anlise daaplicao de um mtodo ou tcnica. Esse tipo de produo objetiva expor informaescomprovadas ou passveis de comprovao, divulgar ideias prprias ou de outros,

    partilhar um saber, informar.

    Quem atua na rea tcnico-cientfica deve ter noo de alguns detalhes do fazercientfico, o que pode facilitar o seu envolvimento correto com os trabalhos e com seus

    pares. O pesquisador deve estar ciente do que deve ser comum em pesquisa na sua reade trabalho. Entre as atividades comuns a um pesquisador est o fato de a produo de

    textos ser uma de suas rotinas.

    O texto uma trama de ideias com coerncia entre si. Existem vrios tipos de textos etodos eles precisam ser bem estruturados e redigidos, especialmente o texto tcnico-cientfico que tem caractersticas prprias. Para isso, necessrio ter bonsconhecimentos da lngua no seu padro culto (gramtica, vocabulrio), bem como doassunto a ser tratado e das normas de redao e publicao a serem seguidas.

    A cincia , por natureza, clara, objetiva, translcida. Se ela possui essas caractersticas,alm de outras ligadas parte cientfica, o estilo do texto cientfico no pode serdiferente. Feitosa tem uma recomendao primorosa a respeito da tecnicidade dalinguagem cientfica: "O autor deve ser o primeiro interessado que seu texto sejaentendido pelo receptor" (FEITOSA, 1991, p. 48). Assim, redigir textos tcnico-cientficos merece ateno do pesquisador para manter a qualidade que se exige dele.

    Geralmente, o cientista ou pesquisador no gosta de escrever e tem dificuldades parapreparar textos sobre o resultado de seus trabalhos Mas, felizmente existem excees.No entanto, o pesquisador tem, no seu cotidiano, a necessidade fundamental de ler,escrever, rever, corrigir textos e de refletir sobre eles. Como o seu trabalho estintimamente ligado s palavras, ele deve buscar maneiras de trabalhar com as tarefas deredao, porque uma pesquisa s ser considerada terminada quando estiver publicada.

    Quem escreve revela seu estilo e este se manifesta, exteriormente, pelo domnio que oredator tem ou no da lngua no padro culto e, interiormente, na sua maneira de pensar.Portanto, o fazer cientfico necessita da excelncia em leitura, redao, reviso ecorreo de textos. No h como fugir disso.

    A cincia e a tecnologia esto em todos os campos do conhecimento humano. Atecnologia depende do trabalho dos cientistas, da criao intelectual, da disciplina e dorigor que permeia suas atividades. Ajustar-se a meios e instrumentos atuais proporcionamaior flexibilidade ao pesquisador. Por exemplo, muito importante que o estudantee/ou pesquisador siga um mnimo de orientaes para escrever textos tcnico-cientficosde modo correto e de acordo com as normas existentes e em uso pela comunidade

    cientfica. preciso acostumar-se a trabalhar e a se adaptar a um mnimo de normas,

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    que funcionam como reguladoras da linguagem da cincia, que devem ser as maisuniversais possvel.

    Aqueles que vivem prximo da cincia, ou com ela dividem grande parte de seu tempo,como pesquisadores, professores, orientadores atuantes, sabem da importncia que a

    metodologia cientfica e a linguagem tm para a realizao de trabalhos cientficos dequalidade. A produo cientfica necessita de bases metodolgicas para quepesquisadores possam implementar seus projetos com a segurana de que a metodologiaproporciona, bem como de dominar normas e usos de gramtica e redao parapublicar os resultados de suas pesquisas.

    Assim, para facilitar o conhecimento principalmente de pesquisadores iniciantes emcincia, so apresentadas a seguir algumas caractersticas comuns pesquisa e ao fazercientfico. Elas foram reunidas sinteticamente nesta seo para facilitar a sua melhorapreenso pelos leitores (CASTRO, 1977; FEITOSA, 1997, GIL, 2002; MATTAR,2008; MICHEL, 2009; LAKATOS; MARCONI, 1985; MORAES; AMATO, 2006;

    FILGUEIRAS, 2010).

    1.3 Algumas caractersticas da pesquisa e do fazer cientfico

    A redao cientfica apresenta algumas caractersticas formais muito facilmenteperceptveis. A primeira delas a utilizao do argumento da autoridade. Neste tipode redao, cada informao importante deve ser validada e confirmada por umaautoridade no assunto. Essa a razo pela qual os textos cientficos tm tantascitaes. Sem embasamentos tericos uma pesquisa fica mais difcil de ser realizada,

    para no dizer impossvel. Sua segunda caracterstica formal a linguagem unvoca,monossmica, ou seja, cada palavra importante deve ser muito bem definida para evitardupla interpretao. O correto que todos os leitores compreendam o texto da mesmamaneira, ao contrrio da literatura, que busca a linguagem plurvoca, com mltiplas

    possibilidades de entendimento.

    Observe outras caractersticas da pesquisa cientfica:

    Uma pesquisa motivada pela necessidade do conhecimento para a aplicaoimediata dos resultados, buscando solucionar problemas ou dificuldadesencontrados na realidade.

    Atualmente a cincia e a tecnologia viabilizam-se por meio de um processo deconstruo do conhecimento que flui na esfera da comunicao.

    O desenvolvimento cientfico e tecnolgico, imprescindvel para o progresso dasociedade, no fica restrito apenas s invenes e descobertas. necessriocomunicar sociedade os resultados das pesquisas. O trabalho do pesquisadorou tecnlogo no se esgota com as descobertas, com as pesquisas que faz, comos instrumentos que constri. tambm de sua responsabilidade a comunicao

    (escrita ou oral) do que descobriu, criou, desenvolveu, aperfeioou, esboou.

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    A produo cientfica se d com a interao entre os pesquisadores paravalidarem um determinado conhecimento. a comunidade de cientistas quedefine se uma dada pesquisa tem valor ou no para a cincia. O conhecimentohumano um ato social. No se pode pensar a produo do conhecimento noisolamento.

    O ato de escrever considerado parte inerente ao trabalho dos pesquisadores ede quem convive com a pesquisa. Constitui um grau de desafio ao pesquisadortransformar os resultados de sua pesquisa retratados em forma de relatrio. O atode escrever exige tempo, requer um considervel esforo intelectual, alm deexigir certas habilidades. No se adquire a experincia necessria somenteatravs das teorias, necessrio mergulhar no mundo da leitura e da redao detextos.

    Um texto cientfico apresenta caractersticas bem determinadas. Entre elas, estetipo de texto apresenta marcas lingusticas bem especficas representadas pelostermos tcnicos. A comunidade cientfica deve ter o domnio da teoria, dosconceitos e dos termos tcnicos.

    Os textos cientficos, por serem completos, permitem ao leitor, diante dadescrio da metodologia empregada, dos procedimentos e resultados obtidos,repetir a experincia em outro contexto (FEITOSA, 1991; LAKATOS;MARCONI, 1985).

    Todos os pesquisadores devem escrever seus textos de acordo com os padresexigidos pela comunidade cientfica. A linguagem cientfica deve ser clara,

    objetiva, correta, tica, observando as normas de elaborao e formatao, bemcomo o padro culto da lngua.

    O ato de escrever exige tempo, concentrao, disciplina, conhecimento da lnguae do assunto que vai ser comunicado, bem como vontade e um trabalhointelectual disciplinado para preparar rascunhos at chegar verso final dotexto.

    Dependendo da tipologia da pesquisa a ser desenvolvida e da metodologiaadotada pelo pesquisador, o texto cientfico ter tipos e denominaes diferentes(Projeto de Pesquisa, Resumo/Abstract, Monografia, Artigo Cientfico etc.).

    A linguagem escrita mais refletida, exige esforo de elaborao e obedincias regras gramaticais. Conhecer pontos considerados fundamentais da gramtica importante para que o pesquisador tenha condies de resolver as dvidas quenaturalmente ocorrem durante o processo de produo de texto. Por isso, necessrio saber utilizar gramticas e dicionrios, bem como valorizar areciclagem de conhecimentos, revendo alguns contedos, pois no basta sescrever, preciso comunicar de modo eficiente os resultados das pesquisas.

    Interessa muito aos pesquisadores as partes transferveis e aproveitveis de umtexto, ou seja, aquelas que podem ser usadas como argumentao ecomprovao de ideias em outros trabalhos (em citaes/referncias). Assim,todas as partes de um texto cientfico so potencialmente importantes.

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    Quem sabe escrever, ou procura escrever dentro dos padres cientficos atuais ecom correo de linguagem, tem horizontes mais amplos, maiores possibilidadesde comunicao com seus pares, e seu cotidiano ser mais facilitado.

    O ato de pesquisar pressupe um cuidadoso processo de planejamento. Para

    efetivar esse planejamento, necessrio que se estabelea, como etapa inicial, aelaborao de um projeto de pesquisa, um plano de trabalho.

    O Projeto de Pesquisa o documento explicitador das aes a seremdesenvolvidas ao longo do processo de pesquisa (GIL, 2002, p.19). O projetofuncionar como roteiro de trabalho, para todos os envolvidos: pesquisador,equipe, orientador e analistas. Sem um projeto, at o melhor pesquisador se

    perde no meio de suas tarefas.

    Antes de escrever um texto cientfico, necessrio preparar um projeto depesquisa (para os textos mais complexos) ou um mapa conceitual, um resumo deitens, uma lista de ttulos, por exemplo, para planejar um artigo, de modo que

    possam retratar as ideias iniciais de um trabalho, as sees planejadas, cada umacom suas provveis ideias, figuras e exemplos etc.

    Portanto, redigir um relatrio de uma experincia cientfica expe o redatorprofissionalmente. Ele deve ter um cuidado especial ao apresentar seu texto numalinguagem correta, objetiva, que mostre a seriedade com que o trabalho foi realizado. necessrio haver uma preocupao com o assunto a ser desenvolvido, com ametodologia a ser empregada, as argumentaes a serem utilizadas, mas tambm com aspalavras a serem empregadas para demonstrar tudo o que foi feito na pesquisa.

    Sabendo da importncia atual que tm as tarefas de leitura, compreenso e produo detextos dos mais diversos tipos, os jovens profissionais devem ser preparados para ler eescrever, bem como para a tarefa de analisar e refletir sobre dados e informaes quechegam s suas mos, a fim de retirar deles maior proveito em seu trabalho. A crescentequantidade de informaes a que se tem acesso nos dias atuais exige a diminuio darea do saber global para um maior aprofundamento do conhecimento, condicionandooportunidades para novas descobertas (MORAES, AMATO, 2006, p.i). Tudo estmudando com tal rapidez, que preciso que seja exercitada tambm a nossa capacidadede aceitar o novo, um dos predicados do profissional do futuro. Sua inteligncia deverser estimulada para uma versatilidade e uma capacidade de trabalhar com dados em

    evoluo. Mas cada um deve fazer reflexes de como desenvolver seu bom senso. Estepredicado fundamental ainda no se sabe como ensinar.

    1.4 O texto cientfico no INPE e no LIT

    O INPE tem um longo e respeitado histrico quanto ao valor de suas publicaestcnico-cientficas. O trabalho desenvolvido pelo Instituto tem o respeito dacomunidade cientfica e da sociedade, que foi sedimentado por muitos de seus

    pesquisadores e profissionais. Os textos do Instituto so sempre apresentados em

    universidades, instituies e organismos nacionais e internacionais ligados pesquisa

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    com uma excelncia respeitvel. Essa qualidade, conquistada com muito esforo,durante anos, deu uma credibilidade aos textos do Instituto que dura at os dias de hoje.Os textos (orais ou escritos), apresentados por pesquisadores em seus nomes e em nomedo Instituto, carregam a responsabilidade que se tem com a publicao dos resultadosalcanados. As ideias, as descobertas, os resultados, so levados pelos textos, que

    constituem nossos representantes mais diretos. Por isso, as publicaes aqui originadasdevem primar sempre pela qualidade dos resultados cientficos, mas tambm pelaqualidade do elemento facilitador e divulgador das experincias humanas, que so as

    palavras. No meio cientfico, as publicaes tm grande importncia tanto para opesquisador quanto para a instituio que ele representa. O nvel de excelncia de umainstituio e de seus pesquisadores tambm medido pela qualidade, pelo nmero de

    publicaes e pelos meios em que foram divulgados seus textos. Portanto, no h comodescuidar desse precioso meio de divulgao.

    Todos os pesquisadores devem escrever de acordo com os padres exigidos pelacincia, tanto nacional como internacionalmente. No INPE existe uma forte

    preocupao com a qualidade do texto cientfico, j que uma instituio especialmentevoltada para as pesquisas, sendo a palavra uma ferramenta usada por todos. Estavalorizao dos textos no INPE passa pela conscientizao que todas as suas chefiastm sobre o fazer cientfico, o qual no pode ser realizado com qualidade sem umaeficincia dos profissionais nas atividades de leitura, compreenso e produo de texto.

    O INPE privilegia e insiste no valor do contedo tcnico-cientfico de seus textosinternos, bem como na qualidade daqueles que so publicados em forma de relatriostcnico-cientficos, artigos para revistas e congressos, ou de monografias (TGs,trabalhos de final de curso, dissertao, teses). Para que isso seja uma realidade dentrodo Instituto, muitas aes foram tomadas e fortalecidas at os dias de hoje, dentre asquais a publicao de textos que orientam seus profissionais nas tarefas de redao,reviso, conforme as normas vigentes na comunidade cientfica em geral.

    Atualmente, o Setor de Informao e Documentao (SID/Biblioteca) orienta ospesquisadores e apresenta a eles uma srie de normas para a publicao de diversostipos textos no INPE, bem como se coloca disposio deles para orient-los na

    publicao de trabalhos em outros meios de divulgao. Seria desejvel que todos osprofissionais que atuam no Instituto conhecessem e fizessem uso dessas normas, quepodem ser obtidas atravs da rede Intranet SID (Relatrio INPE-13269-MAN/45 verso 1 Biblioteca INPE, 2011).

    Escrever sobre cincia rotina no INPE e no LIT. Atualmente, conforme afirmamMoraes e Amato (2006, p. vii) o binmio sociedade-cincia torna-se cada vez maisindependente. A cincia interfere na sociedade e esta, por sua vez, na cincia. Comoum Instituto dedicado cincia, os diversos setores do INPE confirmam esta afirmao,

    pois aqui as pesquisas so realizadas em estreito contato com a sociedade, buscandosempre solucionar, adequar, melhorar o conhecimento cientfico s suas necessidades.Especialmente no caso do LIT, sua tarefa de apoiar a sociedade para solucionar seus

    problemas tcnico-cientficos vem sendo realizada com sucesso desde as suas primeirasatuaes h quase vinte e cinco anos. Esse trabalho vai desde os testes realizados paraclientes do setor produtivo nacional at aos trabalhos de cooperao tcnico-cientfica

    com pases e instituies que trabalham com tecnologia espacial.

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    No LIT, profissionais das mais diversas reas trabalham com projetos ligados aossatlites brasileiros, satlites realizados em cooperao com a China (Programa Sino-Brasileiro), satlites de outros pases que utilizam nossa infraestrutura para ensaio etestes, bem como realizando trabalhos para a comunidade externa. Todas essas missesexigem uma preparao contnua de seus profissionais, visando sua atualizao,

    reciclagem, treinamento para melhor realizar as misses. Em todas elas exige-se dosprofissionais atividades de redao de textos, desde aqueles resumidos at relatriosmais longos e complexos. Eles necessitam escrever os resultados de seus trabalhoscom qualidade, dentro dos padres da comunidade cientfica, para que o LIT continuesendo acreditado pelos organismos nacionais e internacionais da rea.

    1.5 Trabalhos desenvolvidos no LIT

    O LIT recebe de seus clientes pedidos para a realizao de ensaios e testes com prazos

    determinados, quase sempre exguos. O profissional responsvel pelos diferentesensaios ou testes a serem realizados no Laboratrio deve realiz-los conforme asexigncias tcnicas, bem como necessita redigir um relatrio desse teste/ensaio, realizarsua reviso, colocando-o nas normas e padres exigidos pelo LIT e enviando-o, dentrodo prazo solicitado, aos setores responsveis dentro do Laboratrio (Chefias, PAC,Logstica). Isso exige conhecimentos tcnico-cientficos, de linguagem, critrios

    profissionais e prtica de redao.

    Alm desses trabalhos, que so em grande nmero, os profissionais do Laboratriopodem tambm estar envolvidos com a redao de outros tipos de relatrios, comotextos para peridicos cientficos, para apresentao e publicao em eventos

    cientficos, ou ainda realizando trabalhos monogrficos (TGs, Trabalhos de Ps-Graduao, Mestrado, Doutorado). A tarefa de redao de diversos tipos de textos estsempre ao lado do pesquisador, tanto em suas atividades administrativas, acadmicas oucientficas. Por esta razo ele deve estar preparado para realiz-las.

    Assim, para facilitar essa rotina de trabalho, melhorar e/ou manter a qualidade dostextos do LIT, foi planejada a apresentao deste Manualcom orientaes especficas eexemplos sobre a prtica da redao cientfica, alm da apresentao dasprincipais dificuldades que os redatores tm com o uso da lngua portuguesa nopadro culto. Ele dar nfase aos processos de produo de textos, necessidade dasrevises tcnicas e de linguagem, aos problemas redacionais mais comuns que os

    profissionais tm no momento de planejar, preparar, corrigir e melhorar seus textos.Essas orientaes foram pensadas tendo em vista a iniciao do jovem profissional na

    pesquisa cientfica como tambm a apresentao de detalhes que possam ajudar opesquisador atuante na produo de textos.

    Sabe-se que o cliente do LIT constitui um filtro, um medidor, um avaliador do trabalhoaqui realizado, sendo que um relatrio mal preparado, com erros grosseiros delinguagem, de lgica, desleixos na organizao do trabalho, poder afetar acredibilidade do trabalho realizado no Laboratrio. Os outros trabalhos que aqui sodesenvolvidos tambm devem ser preparados dentro dos critrios de qualidade do texto,

    seguindo o que normalmente o INPE tem procurado para seus trabalhos cientficos.

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    Atualmente o LIT est com uma carteira histrica de clientes da ordem de mais de doismil clientes. Sendo o LIT o nico laboratrio deste gnero no Hemisfrio Sul e estandocredenciado a realizar ensaios e testes de diversos tipos, alm daqueles de vocaoaeroespacial, a tendncia aumentar o nmero desses trabalhos. A presso no momentode produzir esses textos ser inevitavelmente aumentada, mas a qualidade deles no

    poder cair. O LIT tem misses a cumprir e essas tm forte relao com a produo e apublicao de trabalhos tcnico-cientficos. Assim, caber ao Laboratrio investir emtreinamentos de curta durao e na fora da transmisso de informaes via folhetos,manuais, palestras informais para preparar seu profissional para esta tarefa de grandeimportncia, que cuidar da qualidade da produo dos seus textos. O nosso produtofinal fatalmente desemboca em textos tcnico-cientficos, tais como relatrios tcnicos,certificados, artigos para peridicos, anais de congressos, entre outros.

    1.6 O comportamento cientfico

    O homem o nico animal capaz de refletir, criticar suas aes e modificar o seucomportamento. Conforme Michel (2009, p. 7), o exerccio dessa capacidade permite aele distinguir, escolher e desenvolver aes adequadas aos seus objetivos e problemas, eassim modificar o mundo. Como qualquer atividade profissional, a pesquisa requercertos comportamentos e atitudes. Naturalmente, alm da tica profissional, h outrosvalores da profisso que so enfatizados na literatura especializada, entre os quaisalguns so mencionados e comentados a seguir (Quadro 1.1) .

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    Quadro 1.1 - Caractersticas do comportamento cientfico.

    Comportamento Cientfico DetalhesAprendido No se nasce com o comportamento cientfico;

    aprende-se, treina-se para obt-lo. Ele necessita serdesenvolvido, conquistado com esforo, disciplina,.

    Generalista Vale para qualquer profisso; requer postura, atituderacional, lgica.

    Intencional Vigilante, requer inteno, persistncia e vigliaconstante sobre atitudes, posturas, criticidade,discernimento.

    Disciplinado Metdico, exige disciplina no trabalho, uso adequado demtodos e tcnicas situao em estudo.

    Humilde Reconhece ser incompleto, prega que todo saber pode sermudado, revisto, melhorado. No h conhecimentopronto, acabado, pois a realidade complexa.

    Honesto Cultiva a honestidade, evita o plgio, respeita o trabalho

    de outros.Exigente Cobra a coerncia, lgica, a verdade, e que ela possa seraplicada a outras situaes.

    Questionador No julga precipitadamente; conclui a partir de anlisecrtica, investigao, comparao, lgica dos fatos.

    Imparcial No torce fatos ou dados, no impe valores prprios,respeita a verdade, evita posies subjetivas (no uso dalinguagem).

    Postura crtica Requer atitude, postura crtica em relao a umasituao, objeto, fato.

    Conhecimento tcnico Requer o uso de tcnicas adequadas para enfrentar esolucionar problemas.

    Abertura ao novo O pesquisador deve abrir-se para gerar novosconhecimentos, abandonar antigos paradigmas, aceitarerros e enganos, buscar novos caminhos.

    Permanente buscaEsprito da busca cientfica

    Deve ler muito, atualizando seus conhecimentos, seinteirando dos fundamentos da pesquisa, buscando averdade, mantendo acesa a dvida cientfica.

    Criatividade e originalidade em pesquisa cientfica so almas gmeas.O indivduo com tendncias criativas costuma demonstrar marcante curiosidade,persistncia, intolerncia, inconformismo, inquietao e esprito de contestao. Apersonalidade com o pendor criativo marcada por autoconfiana, auto-suficincia,independncia mental, equilbrio emocional e disciplina no trabalho.

    Moraes e Amato (2006, p. 19)Fontes: Adaptado de Michel (2009, p. 8); Moraes e Amato (2006, p. 19).

    O fazer cientfico para se tornar repertrio pessoal de um pesquisador precisa ser antesincorporado pelo pesquisador no exerccio da sua experincia cientfica. desejvel queele faa parte de um grupo de pesquisadores mais experientes para que possa sentir evivenciar as atividades comuns a uma pesquisa. preciso estar prximo de uma equipe

    bem formada, com pesquisadores e tcnicos experientes, e tambm com iniciantes, paraque observe como uma equipe planeja, prope, realiza, avalia e escreve trabalhoscientficos. Os pesquisadores, quando trabalham em equipes, realizam tarefas emconjunto, reunies e discusses tcnicas, adquirem comportamentos facilitados pela

    convivncia com pesquisadores nos seus prprios locais de trabalho, onde as pesquisasso realizadas de modo rotineiro e no apenas so teorias ou prticas espordicas. Essa

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    convivncia cientfica promove o crescimento de todo o grupo, que tem interessescientficos comuns e onde formam uma massa crtica sobre determinado tema de

    pesquisa.

    Para a formao de um novo pesquisador, fundamental que ele observe os hbitos de

    outros pesquisadores, a atitude crtica e a disciplina intelectual deles. Em inmerassituaes, pode-se observar que a estratgica e a ttica para pesquisar determinado temae tentar desvendar a realidade de um problema ou dificuldade no podem ser aprendidassomente com as leituras. necessrio partir para a prtica, observar pesquisadores maisexperientes trabalhando.

    Nesse contexto cientfico aprende-se tambm com a observao, quando se desenvolvea capacidade de julgamento, a sensibilidade, o faro para a identificao de problemas e a

    busca de solues. Conforme afirma Castro (1977, p. 127), na prtica da pesquisasurgem situaes para as quais no se podem redigir instrues. Portanto, acompanhando de perto as pequenas e grandes decises de um pesquisador no

    desenvolvimento de um trabalho de pesquisa que o aprendiz vai se formando. medida que adquire experincia, o pesquisador-aprendiz vai recebendo autonomia, atque possa iniciar e desenvolver seu prprio trabalho.

    Na verdade, trabalhar sozinho uma maneira de dizer, pois um pesquisador sempre teroutros pares da mesma rea para discutir informalmente as dificuldades que encontrano desenvolvimento de suas pesquisas, pois na era da globalizao os contatos humanosso facilitados pelas novas modalidades de relacionamento na Internet. No entanto, aresponsabilidade pelo desenvolvimento total do trabalho do pesquisador principal.Suas atividades sero em muito facilitadas pelas mltiplas possibilidades que tem deestabelecer e manter contatos tcnico-cientficos.

    Estando numa poca em que as tecnologias da informao permitem ao pesquisadorrapidez e preciso muito grande para acessar, sintetizar e analisar a informao, quandoas ferramentas tradicionais para o ensino e a pesquisa, como papel, lpis, lousa e livro-texto so hoje apenas alguns dos muitos elementos que podem ser utilizados naeducao, so imprescindveis os recursos eletrnicos para leituras, pesquisa, redao eedio de textos e outras tantas tarefas. Esto surgindo novas formas de ler e escrevercomunicaes instantneas por e-mail, em tempo real, para fruns pblicos on-line,desenvolvimento de banco de dados em conjunto etc. Os trabalhos acadmicos em

    parceria (virtual) j se consagraram, como por exemplo no desenvolvimento do Projeto

    Genoma Humano. A Internet tem ajudado muito pesquisadores a desenvolverem seustrabalhos em parcerias, completamente impensveis antes da globalizao doconhecimento e da tecnologia (MATTAR, 2010, p. 155).

    Diante da realidade mundial atual, o pesquisador no pode mais viver isolado, fazendouma pesquisa de modo solitrio. O trabalho deve ser feito em equipe, somando talentose esforos, quando as parcerias, as divises de responsabilidade e de talentos s podemagilizar as descobertas, as melhorias em benefcio da sociedade. Para o trabalho emgrupo, o pesquisador tem de estar preparado para respeitar e trabalhar com as diferenasindividuais.

    O perfil de estudantes, professores, pesquisadores tem mudado devido stransformaes ocorridas na sociedade. No entanto, apesar das muitas facilidades

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    que a tecnologia da informao tem trazido para a cincia, o fazer cientfico aindadepende da criatividade, da persistncia, do gnio criativo, da busca incessante, doestudo contnuo, da persistncia no trabalho com ideias, conceitos, definies,palavras, hipteses, experimentos. Esses e outros detalhes fazem o verdadeiro

    pesquisador.

    Como a interao do LIT com a sociedade grande, realizada por meio de testes eensaios feitos para o setor produtivo do Pas, bem como os acordos tcnico-cientficosestabelecidos com universidades, instituies oficiais de pesquisa, nacionais einternacionais, o Laboratrio deve cumprir uma de suas misses, ou seja, a de responderaos questionamentos e necessidades da sociedade. Para tanto, como j foi mencionado,seus profissionais esto sempre envolvidos com as tarefas de ler e escrever de modointenso, seja para preparar relatrios tcnico-cientficos, seja para completar outrasespecificidades das pesquisas espaciais. As publicaes do LIT devem apresentar ao

    pblico as tcnicas e as prticas aqui realizadas, bem como a qualidade do que aqui feito. Essas e outras razes ligadas s tarefas de leitura, anlise e produo de textos

    levam o profissional do LIT a verificar a grande importncia que essas tarefas tm noseu cotidiano.

    1.7 A necessidade de ler e escrever

    No h receita mgica tanto para realizar a pesquisa como para escrever sobre osresultados de uma pesquisa. A redao de textos exige preparo anterior e dedicao tarefa de escrever. Como j mencionado, todos os pesquisadores devem estar dispostosa ler e refletir sobre textos de outros pesquisadores, a realizar experimentos, observar,analisar, consultar livros, dicionrios, gramticas, normas, bem como a seguir os

    padres rigorosos que a comunidade cientfica formulou, caso queira obter sucesso emseus empreendimentos e em sua redao.

    Para que as fases da pesquisa ocorram com sucesso, preciso que o pesquisador tenhadisciplina e siga um plano ou projeto, registre os dados conforme estabelecido no

    projeto, consulte bibliografias especficas sempre que necessrio, realize anotaes esepare por partes, bem como escreva e corrija vrios rascunhos de seus textos. Depoisde cada parte escrita, o pesquisador deve ser revisor dele mesmo e, quando tiver umrelatrio preliminar, deve solicitar que orientadores, professores, especialistas e tcnicos

    faam outras revises nos seus textos. Terminada toda a tarefa de revises e correes,caber ao pesquisador a responsabilidade final pela verso definitiva de seu texto. Seutrabalho s termina quando ele pode considerar o seu texto pelo menos muito bom.Isso exige bastante do profissional, mas significa resultados satisfatrios e confiveissobre a pesquisa realizada.

    A exigncia de qualidade nos textos cientficos comum em todos os ambientes onde serealiza cincia e tecnologia. As mesmas preocupaes acontecem com textos emPortugus, Ingls, Espanhol ou em qualquer outro idioma. A cincia exige um textoobjetivo, correto, simples, no padro culto da lngua para que no ocorramambiguidades ou interpretaes errneas. Ao contrrio do que pensam alguns, a

    linguagem cientfica deve ser formal, simples, informativa e tcnica, redigida (sepossvel) em frases curtas, de ordem racional, baseada em dados concretos, a partir dos

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    quais analisa, sintetiza, argumenta e conclui, distinguindo-se do estilo literrio, maissubjetivo (PDUA, 1996, p.82).

    Alm da leitura e da redao de textos cientficos, exige-se tambm do pesquisador umsofisticado repertrio. H exigncias na redao de um texto de natureza cientfica que

    precisam ser conhecidas por aqueles que precisam efetuar comunicaes dessa natureza.Entre vrios aspectos importantes, por exemplo, as regras gramaticais so muito maisdo que mera burocracia, pois elas tm a funo de tornar o texto mais preciso e facilitara comunicao entre escritor e leitor, o que muito importante nas diferentesmodalidades de comunicaes cientficas.

    Michel (2009, p. 26) afirma que a caracterstica principal do gnero cientfico abordar assuntos, problemas, investigaes, dvidas, de forma cientfica, quer dizer,

    buscando a sua explicao lgica, racional, a comprovao, tomando-se comoreferencial uma teoria existente. O texto cientfico trabalha com o princpio da buscada verdade e particulariza-se pelo alto grau de abstrao necessria do pensamento.

    Um texto bem escrito facilita ou favorece ao leitor a possibilidade de compreenderos argumentos apresentados, a preciso das concluses efetuadas, ou seja, favorecea leitura crtica. Um leitor experiente e com repertrio de leitura suficientementeelaborado facilmente tem a capacidade de distinguir bons e maus textos. J leitores noto experientes ou com treinamento insuficiente ou deficiente em leitura terodificuldades para perceber limitaes no texto que leem, sem identificar que essa umavarivel que interfere na compreenso do texto. Assim, um texto bem escrito irfavorecer a compreenso dos leitores e da pesquisa realizada. Saber ler e escrever comqualidade so fundamentais na carreira de pesquisa, tendo em vista que a palavra matria prima do texto, que o ponto final dos trabalhos cientficos.

    Para o pesquisador, tanto a leitura como a redao de textos deve ter um significadoespecfico. A leitura, enquanto experincia, permite ao leitor ir alm do que est escrito,circunscrevendo o texto em seu momento histrico e relacionando-o com outrosaspectos do mundo que no havia sido feito antes. Essa leitura deve ser feita at nasentrelinhas, considerando todos os detalhes possveis apresentados no texto e nocontexto, quando o pesquisador busca encontrar pistas, respostas, argumentaes,explicaes para sua pesquisa. essa relao com os textos que o cientista precisaestabelecer. necessrio ir muito alm da vivncia com o texto; partir para aexperincia do que foi lido com o mundo, ou seja, fazer uma leitura crtica.

    Escrever demanda tempo e treino. Alm disso, o pesquisador (professor, profissionalatuante, pesquisador, estudante) sabe que escrever e publicar constitui um desafio. Adivulgao do conhecimento uma necessidade e atualmente esto surgindo diversosrecursos para facilitar a aquisio e a divulgao dos resultados obtidos pela cincia.

    Assim, a comunidade cientfica tem valorizado o acesso informao em reunies,seminrios, congressos, palestras, bem como a divulgao feita por monografias,dissertaes, teses, publicao em peridicos, livros e outros meios tecnolgicos, almda transmisso por via eletrnica. Esses instrumentos de registro e divulgao tm sido

    preferenciais e compem o processo de registro oficial e permanente do saber

    produzido.

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    Segundo Volpato (2010), a Internet tem ajudado a modificar a redao cientfica,tornando-a mais eficiente. No dizer desse autor,

    A Internet subverteu a lgica das revistas cientficas [...]. Antes o veculo erao foco. O assinante recebia uma determinada revista cientfica e ali entravaem contato com diversos artigos. Hoje ocorre o inverso. A pessoa faz umabusca por palavras-chave na Internet e chega ao artigo diretamente.Eventualmente, o cientista fica conhecendo a revista por meio do artigo e noo contrrio. [...]. Antigamente o leitor precisava ir heroicamente atrs dospoucos artigos disponveis. Mas agora ele precisa fazer uma triagem dosmilhares de artigos a que tem acesso. Com isso, a necessidade de se fazeruma comunicao eficiente muito mais importante e esse fato estmudando a estrutura dos artigos.

    A atividade de pesquisa exige uma elaborao eficiente dos trabalhos que devero serescritos, publicados na forma escrita e/ou apresentados oralmente em eventosespecficos. Os profissionais que atuam de forma responsvel e consciente sabem que aleitura e a produo de textostm valor fundamental para a tomada de conscincia doque acontece em sua rea de atuao e sua respectiva divulgao, pois no podemexercer suas atividades distanciadas da evoluo da cincia e da tecnologia.

    O pesquisador da atualidade deve se preparar para conviver bem com a grandequantidade de informao que tem acesso e que deve tomar conhecimento, discutir eanalisar antes de utiliz-la ou no. Esse contato com os resultados da cincia etecnologialeva o atual profissional a ter uma face de pesquisador com vrios ngulos,conforme ressalta a pesquisadora Victoria Secaf (2000, p. 13-14): Ele ao mesmotempo, consumidor, produtor de trabalho cientfico, divulgador e utilizador:

    a) Pesquisador Consumidor - Ele consumidor de textos cientficos, pois l,analisa, discute, aplica os modelos sugeridos, utiliza os dados apresentados. Esta a maneira de o profissional se manter informado sobre o que apresentado emcongressos/eventos cientficos e do que publicado em sua rea de pesquisa.

    b) Produtor de Trabalho Cientfico Ele deve estar preparado para produzirtextos, ou seja, para escrever na lngua padro e de acordo com as normasvigentes e utilizadas pela comunidade cientfica. Para isso, ele necessita deorientaes e treinamento. A produo de textos, em qualquer lngua, exigeconhecimentos de gramtica e redao, mas tambm no funciona sem a outra

    parte, que o conhecimento que o redator deve ter do assunto que deseja

    comunicar.

    c) Divulgador -Ele deve ser o divulgador do seu trabalho, de suas descobertas, desuas teorias etc. No basta escrever a monografia, tese, dissertao ou artigocientfico e mant-lo registrado e guardado. Para que no se interrompa o

    processo iniciado com a pesquisa, necessrio divulgar os resultados obtidos,publicando o que foi escrito ou apresentando os resultados em eventoscientficos.

    d) Utilizador - Ele o utilizador do trabalho de outros pesquisadores. Osresultados obtidos de metodologias especficas podero ser repetidos por

    outros pesquisadores em outros locais, com outras amostras, mas utilizando a

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    metodologia que obteve sucesso, fazendo a informao circular e gerar outraspesquisas e obter o crescimento da cincia.

    Para a obteno dessas misses importantes que o pesquisador tem de cumprir, elenecessariamente deve saber ler e escrever com qualidade e retirar de textos

    informaes, dados, conceitos, bem como aplic-los em seus prprios trabalhos.

    Embora muitos pesquisadores no tenham ainda a conscincia da importncia dacomunicao cientfica nos dias atuais, os mais conscientes tm procurado conhecerseus caminhos. Na verdade, o que ocorre que a maioria dos pesquisadores noteve um aprendizado sistemtico das fases que compem um trabalho cientfico,sentindo dificuldades no momento de comunicar o que acabou de realizar, seja porescrito ou oralmente.

    Um dos fatores importantes para a produo de um bom texto o conhecimento que setem do vocabulrio. O domnio do sentido das palavras dentro de um contexto d

    mais qualidade ao texto e maior eficcia na leitura. imprescindvel uma vasta leiturasobre o tema a ser analisado, para aumentar o domnio do vocabulrio tcnico relativo aesse tema e facilitar a elaborao do trabalho.

    Para Othon M. Garcia (1986, p. 184), vrios so os meios de enriquecer o vocabulrio:O mais eficaz, entretanto, aquele que se baseia na experincia, isto , numa situaoreal, como a conversa, a leitura ou a redao. Essa experincia com textos est em ler eescrever em todas as suas fases. Por exemplo, a leitura para o pesquisador pode ser nomomento de realizar uma pesquisa para fundamentao terica ou quando faz a revisode um texto cientfico para outro pesquisador. Assim, as suas tarefas vo sedesdobrando, bem como as suas responsabilidades vo se multiplicando. Uma de suastarefas a de ser revisor de textos, para a qual sua experincia como pesquisador e seuconhecimento de linguagem vo interferir no resultado da reviso.

    1.8 A necessidade de revises

    A reviso de texto cientfico pode e deve ser feita em primeiro lugar pelo escritor pararesolver dvidas deixadas ao longo do texto, limpando o texto, verificando se as ideiastm sequncia lgica etc. Depois de preparado, o texto deve passar por outras revises

    (tcnicas e de linguagem) para que ele obtenha a qualidade desejvel para suapublicao. Escrever e revisar so atividades distintas, uma mais criativa e descritiva, aoutra mais crtica.

    A reviso de linguagem pode ser feita pelo autor desde o incio da produo dosprimeiros textos. Em todos os momentos em que estiver produzindo textos, importanteque o autor procure escrever no padro culto da lngua, que uma exigncia dacomunidade cientfica para os trabalhos de pesquisa. Normalmente, as dvidas sobre

    palavras, expresses, pargrafos mais apropriados para descrever uma pesquisa vosurgir, e o pesquisador deve buscar esclarec-las atravs da consulta a gramticas,dicionrios ou a pessoas experientes nessa rea. Assim, a sua verso preliminar deve

    sofrer uma reviso total antes de ser passada para orientadores e outros revisores.

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    Posteriormente, outras revises de linguagem devem ser feitas pelo orientador dapesquisa e por um especialista que conhea a gramtica da Lngua Portuguesa e suasaplicaes em textos cientficos. O revisor de linguagem deve ler o texto em busca deerros de gramtica; bem como impropriedades lingusticas. Os especialistas queconhecem a gramtica da lngua, bem como as especificidades do fazer cientfico

    podem aumentar a qualidade do texto. Um pesquisador, ciente da importncia daspalavras para a comunicao de suas descobertas cientficas, sabe que seu texto nopode ficar sem uma reviso de linguagem feita por um especialista.

    De um modo geral, todos os textos devem passar pelo processo de reviso. Por maissegurana que um pesquisador possa ter em sua capacidade de gerar textos, a revisono deve ser dispensada. Pelo contrrio, o fato de outra pessoa, igualmente capacitada,fazer a reviso texto, com senso crtico, mais uma garantia para que fiquedocumentada a competncia do pesquisador (FEITOSA, 1991, p.85). A situao delicada, a comear pela escolha dos revisores. O ideal que se tenha a possibilidade derecorrer a uma ou mais pessoas (geralmente duas).

    Infelizmente, muitos pesquisadores acham dispensveis as revises por no dar odevido valor ao seu trabalho, ou mensagem que vo transmitir, at por acharem queredigem bem, tm experincia e no precisam de revisores. Ao contrrio, as revises sonecessrias em qualquer trabalho, garantindo maior qualidade e divulgao dos seusresultados.

    Ao solicitar que algum leia e critique seu texto, o autor faz uma deferncia a essapessoa medida que revela confiana em sua competncia. No entanto, ao mesmotempo, est solicitando que o revisor realize um trabalho que exige tempo,concentrao, competncia e que fica no anonimato. Por isso, o mnimo que o autor

    pode fazer receber com agradecimento as crticas que o revisor fizer em seu texto. importante que ao receber a crtica e ao ouvi-la, ambos demonstrem respeito

    profissional e pessoal (FEITOSA, 1991, p.86).

    Segundo Barrass (1979), o pesquisador est sempre envolvido com quatro passosbsicos no seu fazer cientfico: pensar, planejar, escrever e rever. Portanto, areviso constitui um item de real importncia no preparo de bons textos cientficos.Sem uma ou mais revises, nenhum texto ter aquela qualidade desejada e exigida pelacomunidade cientfica.

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    Qualquer que seja o perfil do grupo ou instituio, importante que seus profissionais saibam relatar osresultados de suas iniciativas de forma eficaz e eficiente. A comunidade cientfica desenvolveu uma sriede diretrizes sobre a prtica da redao de trabalhos cientficos. Observe o Quadro 1.2.

    Quadro 1.2 Escrevendo o trabalho cientfico.

    O texto cientfico contemporneo , idealisticamente falando, enxuto, escrito

    em linguagem correta, s tem carne e osso, no tem gordura nem pelancase proclama adeso total norma culta da lngua.(FILGUEIRAS, 2010)

    A adeso norma culta um dever de quem escreve em portugus. No escreva de mododesleixado e medocre. Sempre possvel melhorar.A redao sempre uma etapa posterior ao processo de criao de ideias, organizao de umplano/roteiro da pesquisa e da realizao da pesquisa propriamente dita.Estabelea um plano lgico para a redao de seu texto. Organize suas ideias na ordem em queelas sero apresentadas.Para uma redao clara, necessrio ter assimilado o assunto em todas as suas dimenses evariveis com a profundidade necessria.A linguagem cientfica informativa e tcnica, de ordem racional, firmada em dados e conceitos,

    devendo ser, portanto, objetiva, direta, argumentativa, precisa, correta, tica.A elaborao de uma redao depende no apenas das palavras, mas tambm da construo frasal,que deve ser simples, objetiva, correta (lngua culta).A redao cientfica uma redao tcnica que tem a finalidade de discutir opinies,conhecimentos, informaes com preciso, objetividade.O texto cientfico distinto do texto literrio, do qual se originou.O conhecimento e a escolha de um vocabulrio tcnico e cientfico adequado dependem emgrande parte da formao do pesquisador. A terminologia tcnica de grande valor para atransmisso de conhecimentos entre pesquisadores, que no podem ignor-la.O domnio cada vez mais amplo do vocabulrio enriquece a possibilidade de compreenso e deproduo de textos.O vocabulrio tcnico evita o rodeio e transmite preciso e confiana linguagem cientfica.

    O pargrafo a unidade bsica de um texto. Com mais de um perodo, desenvolve o raciocniocompleto; contm a ideia central, acompanhada de ideias secundrias.A passagem de um pargrafo para outro necessita de lgica, coerncia e sequncia de ideias.A redao do desenvolvimento do texto uma das tarefas mais difceis do trabalho cientfico.Ela a parte onde esto as fundamentaes tericas, metodologias, coleta, anlise e discusso dedados. As argumentaes devem ser objetivas, claras, sem ambiguidades.No se admite um estilo subjetivista, confessional ou sensacionalista num trabalho cientfico.O redator deve criar um tecido verbal estruturado e correlacionado entre si, atendendo a todosos requisitos de eficcia, clareza e persuaso.Utilize a tcnica de preparar seus textos por partes. O texto vai sendo composto aos poucos.Quando completar o primeiro rascunho, faa uma reviso bem feita desse texto.

    Corrija, reescreva, melhore seu texto. Solicite que revisores leiam seu texto. O texto deve passarpor quantas revises forem necessrias (com base em padres nacionais e internacionais).Os peridicos cientficos j agregam a seu Corpo Editorial revisores profissionais que revisam otexto para obter um alto nvel de suas publicaes. As revises no texto s lhe agregam valor.A linguagem cientfica deve primar pela preciso nas informaes, pela clareza, rigor e elegncia,pela lgica, pela correo do texto e pelo domnio do vocabulrio tcnico.Recomenda-se que os textos cientficos sejam revisados pelo prprio autor, por especialistas desua rea de atuao, por revisor profissional, pelo orientador, chefias ou outros.Coloque um dicionrio e uma gramtica ao seu lado. No hesite em consult-los sempre quenecessrio. No se admitem erros na redao cientfica.As palavras devem ser monossmicas (um s sentido) para evitar a ambiguidade no texto. necessria a presena no texto cientfico de citaes e referncias bibliogrficas..A comunicao cientfica deve cumprir rgida obedincia a normas e regras de estruturao,edio e formatao padronizada (ABNT, de universidades, faculdades, instituies etc.).

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    2 TIPOS DE TEXTO E A ESTRUTURA DE TRABALHOS CIENTFICOS

    Pesquisa a atividade cientfica pela qual descobrimos a realidade.Partimos do pressuposto que a realidade no se desvenda na superfcie.

    No o que aparenta primeira vista. Ademais, nossosesquemas explicativos nunca esgotam a realidade,porque esta mais exuberante que aqueles.

    Pedro Demo, 1991, p. 23

    2.1 Introduo

    Segundo Barros e Lehfeld (2000, p. 96), o relato tcnico-cientfico concebido comoum instrumental para a comunicao dos resultados e avaliao do processoinvestigativo. Como um relatrio cientfico (entende-se aqui texto cientfico) considerado como um instrumental para que se concluam todas as etapas de um

    trabalho cientfico, necessrio saber utilizar este instrumental. importante pesquisar,mas tambm publicar os resultados das pesquisas cientficas. A finalidade bsica de umtexto cientfico transmitir com exatido ao leitor o desenrolar da pesquisa, ametodologia utilizada, os instrumentos, as limitaes, as conquistas, a anlise dos dadosobtidos, as concluses e recomendaes. Portanto, necessrio ter domnio no uso desteinstrumental, que a linguagem (a palavra escrita), meio utilizado para que essacomunicao seja realizada com sucesso.

    Todos os detalhes relativos ao quotidiano do pesquisador no tero sentido se aformao do pesquisador for frgil. Um livro, um curso ou mesmo alguns anos deensino universitrio no so suficientes para melhorar um profissional que tenha tidouma formao lingustica inconsistente durante seus primeiros anos na escola. Paraquem tem dificuldades bsicas, a soluo voltar aos pontos considerados fundamentaisda lngua e estudar. Atualmente essa soluo est cada vez mais forte, tendo em vista amudana de paradigmas da educao dos tempos atuais. H alguns anos, o profissionalse formava na universidade e sua carreira estava garantida pelo diploma universitrioadquirido. Hoje, houve uma transformao na rea da educao que passou a ter umcarter permanente (MATOS, 2008).

    Dependendo do objetivo que se deseja alcanar, o texto cientfico pode adquirirformatos diferentes e deve seguir normas rgidas e bem direcionadas, as quais

    determinam e direcionam o preparo de partes do texto. No Brasil, a AssociaoBrasileira de Normas Tcnicas (ABNT) a organizao oficial responsvel pela

    A finalidade de um texto cientfico a de comunicar os processosdesenvolvidos e os resultados obtidos em uma investigao. Eles sodirigidos a um pblico especfico, dependendo dos objetivos a que se

    props seu autor (KCHE, 1997).

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    redao das normas especficas para a produo de text