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3 a edição atualizada e ampliada MANUAL DE TÉCNICAS DE REDAÇÃO CIENTÍFICA

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MANUAL DE TÉCNICAS DE REDAÇÃO CIENTÍFICA

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Pedro Reiz

3a ediçãoatualizada e ampliada

MANUAL DE TÉCNICAS DE REDAÇÃO CIENTÍFICA

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Copyright © 2011 Pedro Reiz

Produtora editorialGiovanna Rodrigues Melin

AssistentesAmanda Ermani

Fernanda B. GalarceGabriela T. Gushiken

RevisãoEquipe Pedro Reiz

Centro de Treinamento e Formação

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Reiz, Pedro Manual de técnicas de redação científi ca /Pedro Reiz. -- 3. ed. -- São Paulo : Editora Hyria, 2014.

Bibliografi aISBN 978-85-66442-01-4

1. Comunicações científi cas 2. Trabalhos científi cos - Metodologia 3. Trabalhos científi cos - Redação I. Título.

14-06150 CDD-808.066

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)(Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil)

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ÍNDICE

Agradecimentos 9

Prefácio à terceira edição 11

CAPÍTULO 1BREVE HISTÓRIA DA REDAÇÃO CIENTÍFICA 15

CAPÍTULO 2EXIGÊNCIAS PARA ESCREVER TEXTO CIENTÍFICO 27

CAPÍTULO 3BLOQUEIOS: VAMOS SUPERÁ-LOS? 35

CAPÍTULO 4TÉCNICAS PARA COMEÇAR O TRABALHO E TÉCNICAS PARA COMEÇAR A REDIGIR 47

CAPÍTULO 5TÉCNICAS DE ESTUDO 69

CAPÍTULO 6PROJETO DE PESQUISA 83

CAPÍTULO 7DESCRITORES E PESQUISA EM BASE DE DADOS BIBLIOGRÁFICOS 91

Índice 7

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CAPÍTULO 8ESTRUTURA DOS PRINCIPAIS TRABALHOS 111

CAPÍTULO 9CONTEÚDO DAS PRINCIPAIS PARTES 119

CAPÍTULO 10TÉCNICAS PARA DETECTAR TRABALHOS COPIADOS 187

CAPÍTULO 11TÉCNICAS PARA EVITAR OS PRINCIPAIS DESCUIDOS 195

CAPÍTULO 12TÉCNICAS PARA APERFEIÇOAR A REDAÇÃO CIENTÍFICA 211

CAPÍTULO 13PESQUISA BIBLIOGRÁFICA 237

CAPÍTULO 14COMO ESCREVER ARTIGO CIENTÍFICO PARA SER PUBLICADO 247

CAPÍTULO 15EDITORAÇÃO DE TRABALHOS CIENTÍFICOS 269

CAPÍTULO 16TERMINOLOGIA CIENTÍFICA APÓS O NOVO ACORDO ORTOGRÁFICO 289

Sumário 321

Índice alfabético 325

Índice8

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Aos estudantes, às estudantes, aos pesquisadores, às pesquisadoras, aos professores universitários e às professoras universitárias com os quais tive a oportunidade de compartilhar algum conhecimento.

A todas as pessoas que participam de nossos cursos, treinamentos e palestras, porque temos a chance de nos conhecermos e de também nos reconhecermos como seres que almejam produzir textos científi cos efi cazes.

Agradecimentos

Agradecimentos 9

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Nesta terceira edição apresentada aos professores, pesquisadores experientes, pesquisadores iniciantes e demais interessados acrescentamos algumas técnicas, desenvolvemos outras, ampliamos e fundimos outras, conforme nossa experiência, desde 2002, no atendimento aos diferentes pesquisadores que alguns preferem chamar de coaching científi co. Evidentemente, agradecemos a denominação.

Sempre parti do princípio de que cada instituição de ensino superior e os diversos departamentos têm suas regras, como também os periódicos científi cos*, portanto, é preciso respeitá-las, no que tange à forma e ao conteúdo.

A proposta de atualizar o Manual de técnicas de redação científi ca foi por entender que as técnicas são mutáveis, pois estão em constante processo de transformação por causa dos diferentes usos. Com elas não busco criar parâmetros, muito pelo contrário. Sem critérios, sem técnicas e sem parâmetros, é provável que o pesquisador mediano passe por esta existência sem comunicar o resultado de sua pesquisa, sem entender o quê pesquisa, porquê o faz e para quem. Quando termina um trabalho ou publica um estudo, o faz em atos quase mecânicos.

Permitam-me uma analogia para explicar a importância dos parâmetros, das técnicas e dos critérios. Será que Chico Buarque de Holanda conhecia ou não as regras da norma culta ao criar a letra da música “Construção”? Sem levar em consideração os diversos níveis de análises possíveis, nas rimas de alguns versos, Chico Buarque utilizou proparoxítonas (palavras com acento gráfi co na antepenúltima sílaba: última, único, mágico, príncipe) e todos nós sabemos que as proparoxítonas são minoria na língua portuguesa. As paroxítonas dominam, as oxítonas estão em quantidade diminuta, porém, ainda maior do que as proparoxítonas, que são escassas.

A resposta é um “claro que sim”. Com isso quero demonstrar que das técnicas ou com o uso delas podem surgir obras-primas, pois o domínio de técnicas e critérios auxilia no processo criativo, dão liberdade, geram inconformismos e despertam a análise crítica.

Como não se adquire habilidades duradouras de um dia para outro, também não se aprende a planejar e redigir projeto e tese, nem publicar artigo em pouco tempo. É preciso pensar, escrever, reescrever, praticar...

Prefácio à terceira edição

Prefácio à terceira edição

* Revistas nacionais e internacionais com International Standard Serial Number (ISSN), editada com periocidade regular, corpo editorial defi nido, classifi cada por sistema de avaliação de periódicos e com revisão por pares.

11

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As técnicas de redação científi ca são imprescindíveis aos pesquisadores modernos e são entendidas como instrumentos de criatividade, de originalidade, de inventividade, não de cerceamento, porque as técnicas proporcionam certo ajustamento sob determinados critérios, o que oferece ampla liberdade de criação para os pesquisadores experientes e aquisição desse conhecimento para os pesquisadores iniciantes, ainda que tenham muita experiência prática.

Para Antonio Albalat (1856-1935) existem técnicas e recursos práticos para escrever “Sem dúvida, uma parte da arte de escrever não se aprende, mas outra parte aprende-se. É por falta de trabalho que tanta gente escreve mal. O trabalho ajuda a inspiração. Foi ele que a fez frutifi car e é por ele que se consegue progredir. Se é verdade que o gênio não é mais que uma longa paciência, digamos em alta voz que a arte de escrever se pode aprender com tempo, pacientemente!”

É provável que com todo o aparato eletrônico para editar e publicar mensagens, a necessidade constante de atualização, o estresse da vida moderna fazem com que hoje, muito mais que em outras épocas, exija-se mais dos pesquisadores. Tenho observado que muitos estão com artigos “prontos” para serem submetidos aos periódicos científicos ou a tese está “acabada” e prontinha para ser enviada ao departamento, todavia, o texto está desprovido de experiência, pois falta vivacidade, falta força, falta engenhosidade, algo que não se consegue com Ctrl + C mais Ctrl + V (copiar e colar) nem com a preparação de trabalho de afogadilho, nem com a leitura de Abstracts.

Mais do que exigir vocabulário, regras de organização interna, técnicas diversas, cada um dos diferentes textos científi cos requer criatividade, organização de pensamento, dedicação, empenho e reclamam o respeito a certos saberes não oferecidos aos não iniciados. Técnicas de estudo, regras de planejamento, recursos para a preparação das diversas etapas dos estudos, entre outros recursos, podem ser ensinados e melhorados, de acordo com o esforço, tempo de dedicação, força interior e treinamento da pessoa interessada.

Pedro Reiz

Prefácio à terceira edição 12

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35Capítulo 3 Bloqueios: vamos superá-los?

BLOQUEIOS: VAMOS SUPERÁ-LOS?Não se pode negar que alguns editores “deixam

escapar” artigos com certas infrações que poderiam ser evitadas. Entretanto, não é desculpa para o pesquisador alegar que seus bloqueios decorrem da repetição das mesmas ideias em “todos os artigos” sobre aquele Tema e que desse modo não encontra motivação para escrever. Ora, o discurso pode indicar imaturidade.

A falta de critérios para a exclusão de artigos repetidos pode indicar falta de capacidade de análise. Conforme a profundidade dos conhecimentos, o pesquisador conduz cada decisão à melhor escolha. Portanto, artigos sem quaisquer novos fatos e que apenas repisam o que está bem documentado, devem ser evitados.

Como superar os bloqueios com o Tema

A escolha do Tema de pesquisa deveria começar com as seguintes questões:1) Do que faço na vida acadêmica e profi ssional, quais as três ou quatro atividades mais importantes para a minha vida?2) Dessas, qual me dá mais prazer em executar?3) Quais as virtudes, habilidades, talentos ou valores que as outras pessoas veem ou conhecem em mim, e que podem me ajudar na escolha de um Tema que não cause frustração ao longo do estudo?Se desde o momento inicial, o pesquisador procurar olhar para dentro de

si, poderá descobrir certas inclinações. Possivelmente, a motivação, o bom-humor, bem como a empatia e a criatividade brilharão com muito mais intensidade e a preparação do estudo terá sentido, pois estimula a força positiva.

Existem técnicas para escrever texto científi co.Não é apenas dom.Até mesmo os estudantes e os pesquisadores que se julgam despreparados podem aprender e pôr em prática diversas técnicas, produzir textos científi cos efi cazes e publicá-los.

Boa notícia

Quem sabe, sejam bloqueios efêmeros e provocados pela tarefa de redigir tese ou artigo científi co. O pesquisador do nosso tempo, isto é, o novo pesquisador, está muito mais preparado, seja para a seleção de artigo científi co, seja de capítulo de livro.

Assim, ao selecionar os artigos numa base de dados bibliográfi cos para depois produzir texto científi co, toma os cuidados necessários para não “se fechar em seu mundo”, nem para “consumir e produzir para si mesmo”. Busca reescrever com muito zelo para tornar o texto cada vez mais claro. Está convicto da importância da formatação, mas sabe que ela representa apenas o invólucro, uma vez que é o conteúdo que determina se o texto é ou não efi caz.

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36 Manual de técnicas de redação científica

A falta de ideias é desculpa muito frequente para não escrever, porém, a evasiva que ganha de todas, é a falta de tempo.

O naturalista inglês Charles Darwin tinha graves problemas de saúde, não podia trabalhar mais de duas horas por dia. Apesar disso, deixou pesquisas fabulosas para a humanidade.

Marie Curie, nome adotado pela polonesa Maria Sklodowska, que depois de se casar com Pierre Curie, em 1895, em Paris, foi a primeira mulher a ganhar o prêmio Nobel e a única até hoje a ganhá-lo por duas vezes. O primeiro foi em 1903, pelas descobertas na área de radioatividade e divididos com seu marido, e Henri Becquerel. O segundo em 1911, em química, pela descoberta do rádio e do polônio. Talvez, o que poucas pessoas saibam, é que ela teve formação científi ca com seu pai e trabalhou alguns anos como governanta para custear os estudos, pois a família perdera a fortuna e as propriedades, afora ter enfrentado o preconceito

E os bloqueios...

Ao empregar os recursos latentes em seu âmago, é certo que o pesquisador terá mais facilidade em trabalhar com o Tema, pois ocupa-se de algo que lhe traz satisfação.

Da escolha do Tema até a defesa do trabalho perante a banca examinadora, ocorre grande desenvolvimento humano que pode ser bem aproveitado quando são

despertadas algumas habilidades inatas.O estudo proposto pelo pesquisador, representa quem ele

é. Desse modo, não é de se estranhar que ele mude de opinião e até vá dormir com algumas e acorde com outras ideias. Ainda que hoje a moral esteja um pouco frouxa, não é motivo para o pesquisador imaginar pouco, criar pouco, ler pouco, pensar pouco.

Mahatma Gandhi, o mais completo educador do século XX disse: “Seja você a mudança que quer ver no mundo”.

Charles Darwin (1809-1882)

Marie Curie (1867-1934)

O estudo proposto pelo pesquisador, representa quem

ele é. [...] Ainda que hoje a moral esteja um pouco frouxa,

não é motivo para o pesquisador imaginar pouco, criar pouco, ler

pouco, pensar pouco.

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47Capítulo 4 Técnicas para começar o trabalho e técnicas para começar a redigir

TÉCNICAS PARA COMEÇAR O TRABALHO E TÉCNICAS PARA COMEÇAR A REDIGIR

José Oiticica escreveu que “a língua tem uma disciplina que importa respeitar”. Do mesmo modo, o texto científi co também tem uma disciplina que importa respeitar. No que se refere ao início do estudo, é fundamental separar a etapa de começar o trabalho da etapa de começar a redigir.

Começar o trabalho é começar a “pensar” o trabalho, denomino de “etapa invisível” e começar a redigir é selecionar, organizar e desenvolver as ideias em cada uma das etapas do estudo.

No livro Redação científi ca moderna (p.43-83) creio ter analisado o sufi ciente o processo de redação científi ca, em especial entre os pesquisadores adultos

e com muita experiência prática. Desse modo, é importante identifi car sobre qual etapa ou fase o pesquisador se debruça na tarefa de preparar tese ou

manuscrito, apesar de entender que as etapas se interligam e se completam. Portanto, saber distingui-las facilita a tarefa.

As diferentes etapas

Lógica nas técnicas para começar o trabalho e começar a redigir

Diversas regras e princípios regem, de modo implícito ou explícito, o desenvolvimento, tanto da “Técnica para começar o trabalho” quanto da “Técnica para começar a redigir.”

Na “Técnica para começar o trabalho” está implícito a solução do Problema central ou de um ou mais Objetivo do estudo. Por sua vez, na “Técnica para redigir o trabalho” o pesquisador deve preparar todas as etapas com foco na resolução do Problema central ou Objetivo do estudo, isto é, de maneira explícita, expresso formalmente, de modo claro, desenvolvido, explicado. Para tanto, vale-se de argumentos lógicos e abstratos, de encadeamento e progressão das ideias e de distanciamento para evitar contradições, informações irrelevantes e divagações entre determinadas afi rmações que costumam ser encontradas ao se comparar Introdução e Discussão, por exemplo.

Começar o

trabalho

Começar a redigir

o trabalho

momentos diferentes

1º 2º

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62 Manual de técnicas de redação científica

Título É DIFERENTE DE Tema de pesquisa

TÍTULO (p.120). Um pesquisador experiente, docente em importante instituição de São Paulo da área da saúde, procurou-me com a intenção de se aperfeiçoar, um dos diversos propósitos do treinamento individual. No atendimento inicial pude notar que ele chamava de Tema o que tinha redigido como Título.Até então, poucas vezes tinha notado a importância de distinguir teoricamente Título de Tema, o que pode ser também a dúvida de outros.Título do trabalho acadêmico-científi co é a indicação colocada no início de artigo, livro ou capítulo de livro. Em monografi a, TCC, TGI, dissertação, tese e relatório deve ser situada na capa para identifi car o Tema que foi analisado. O Título deve ser claro, preciso, conciso e simples. Sem jargões, abreviações ou excesso de adjetivos. Títulos com palavras específi cas e de extensão limitada facilitam a localização do estudo.

TEMA DE PESQUISA (p.49). Defi ne um campo específi co de trabalho, que é realizado no começo do estudo. Consiste na delimitação da extensão do Assunto. Apenas para relembrar: Assunto é amplo e Tema é específi co. O trabalho de pesquisa, quando realizado sobre Tema de interesse, proporciona motivação e interesse dos envolvidos.

ASSUNTO DE PESQUISA é amplo. Ver p.49. TEMA DE PESQUISA é a delimitação da extensão do Assunto. Ver

p.49.

3

Assunto de pesquisa É DIFERENTE DE Tema de pesquisa4

PALAVRA-CHAVE (p.91). Termo utilizado pelo pesquisador para explicar ou classifi car a própria pesquisa de modo simples e que pode não pertencer a terminologia da área.

Palavra-chave É DIFERENTE DE Descritor (unitermos ou termos-chave)5

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72 Manual de técnicas de redação científica

Administração do tempo

Como usar as 168 horas de cada semana? Uma semana é igual para todos nós. No entanto, o

modo como o tempo é utilizado por cada um de nós, interfere de modo positivo ou negativo no desenvolvimento do pesquisador e do estudo.

O estabelecimento de metas, a distribuição de tempo, a organização do material e o planejamento das atividades são essenciais para estudantes e pesquisadores. É aconselhável, inclusive aos autodidatas, adotarem os seguintes procedimentos:

24 horasx 7 dias

168 horas

Atividades Horas por semana

Sala de aula 17,5

Estágio ou trabalho 30

Locomoção (faculdade, trabalho, residência) 15

Dormir 56

Refeições 14

Higiene pessoal 7

Lazer (esporte, televisão, cinema, teatro, shopping etc.) 10

Total 149,5

A quantidade de horas em “sala de aula” foram tomadas com base em três horas e meia por dia, com presença de segunda a sexta-feira.

O tempo de “estágio” foi considerado de seis horas por dia, ou seja, 30 horas por semana, como é a quantidade de horas mais frequente.

Conforme a localidade de moradia e de estudo pode haver diferença de tempo favorável ao estudante, pois a base para calcular o tempo de “locomoção” foi a da cidade de São Paulo, de três horas por dia, de segunda a sexta-feira.

Quanto ao tempo de “dormir”, oito horas por dia, é a média considerada como ideal pelos especialistas no assunto.

Os critérios: “refeições” e “higiene pessoal” são muito diferentes para cada um de nós. Desse modo, optei por atribuir mais tempo do que seria a média.

Exemplo para graduação

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76 Manual de técnicas de redação científica

Atenção: este método de trabalho pode ser empregado em alguns casos. Todavia, o entendimento da leitura associado à compreensão global do estudo defi nem o êxito do Método, porque alguns pesquisadores têm difi culdades de identifi car o que é importante e também de controlar a leitura, uma vez que leem sem entender.

O que captar na leitura dos textos científicos (artigos e livros)

2 Como saber, por exemplo, se o artigo que está em mãos, é ou não pertinente ao trabalho em andamento? Há muitas maneiras, uma delas é ler o Objetivo do artigo e responder se ele lhe interessa e o que dele captar.

3 Para facilitar a tarefa, pode-se usar o recurso Ctrl + F para localizar palavras ou expressões em arquivos .pdf, que é o formato de quase todos os artigos científi cos. Ctrl + F também serve para localizar palavras em textos da internet, que de modo geral, costumam ser no formato html. Por sua vez, as teclas Ctrl + L podem ser empregadas para localizar palavras no Word® ou BrOffi ce®. O uso dessas teclas agiliza a busca por determinada palavra, expressão ou frase.

4 Depois de localizar a palavra de interesse, ler o parágrafo na íntegra para determinar com precisão se aquele parágrafo interessa ou não.

5 Se os trechos interessarem, a próxima tarefa é parafrasear (p.139). Caso contrário, continuar a busca com as teclas indicadas.

1 Na primeira leitura identifi car o que não consta em determinada etapa do trabalho em desenvolvimento.

Dicas Ler devagar.

Se tiver difi culdade de identifi car a ideia principal e secundária é recomendável a

leitura do parágrafo mais de uma vez.

Usar dicionário de sinônimos para verifi car o signifi cado das palavras desconhecidas.

Anotar é fundamental, apor notas à margem do texto com comentários, sinapses e conhecimentos obtidos em outros textos.

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91Capítulo 7 Descritores e pesquisa em bases de dados bibliográficos

Onde pesquisar descritores na área da saúde (DeCS e MeSH)

Os novos sistemas para a recuperação de artigos científi cos nas bases de dados informatizadas estão muito mais aperfeiçoados.

A busca nas bases de dados conduz a vários caminhos. Cuidado para não se perder nos labirintos da informação. A diferença está em não se deixar levar pelos atalhos.

Um dos pontos essenciais para manter o foco no projeto é conhecer os descritores. Muitos pesquisadores deixam de encontrar artigos científi cos preciosos, porque realizam mal a tarefa.

Palavra-chave termo ou expressão que identifi ca o sentido global de uma informação.Observação: alguns periódicos científi cos indicam no

Abstract (Resumo), keywords (palavras-chave), isso não

signifi ca que os termos ou expressões apresentadas não

sejam descritores. Cabe ao pesquisador ao submeter o

artigo utilizar os descritores mais adequados, não palavras-

chave, ainda que sob a denominação de palavras-chave ou

keywords.

Descritor é termo controlado e padronizado que é empregado para indexar, sem ambiguidade, certo termo.Em tesauro, cada descritor representa um conceito com precisão, sem ser ambíguo.Assim, torna possível a localização e recuperação de informações.

Descritores em português, inglês e espanhol

Descritores em ciências da saúde (DeCS), vocabulário controlado de terminologia comum, utilizado para indexar e recuperar artigos científi cos, podem ser consultados em http://decs.bvs.br

Exemplop.93

Descritores em inglês

Medical Subject Headings (MeSH), utilizado para indexar artigos científi cos na PubMed, podem ser consultados em www.ncbi.nlm.nih.gov/mesh

Exemplos nas páginas seguintes

Exemplop.97

Palavra-chave é diferente de descritor

DESCRITORES E PESQUISA EM BASE DE DADOS BIBLIOGRÁFICOS

Atenção

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247Capítulo 14 Como escrever artigo científico para ser publicado

COMO ESCREVER ARTIGO CIENTÍFICO PARA SER PUBLICADO

O artigo escrito para ser publicado é diferente do artigo “ideal”. Pode-se dizer que há um “jogo” e o pesquisador iniciante precisa aprender a jogar.

Durante muito tempo o caminho a ser percorrido pelos pesquisadores era da tese ao artigo original. Atualmente, em muitas instituições, o caminho é diferente: do artigo para a tese.

De uma maneira ou de outra, escrever dissertação, tese e publicar artigo científi co exigem do pesquisador competência para se comunicar por escrito.

O leitor atual, o artigo atual e o pesquisador atual

Originalidade no sentido de artigo com novo conhecimento. Pode ser também com argumentos ou informações que contestem uma teoria aceita. Ainda pode ser entendida como busca para esclarecer certas controvérsias.

Relevância.

Poucas páginas.

Vocabulário simples, porém, sem desleixo.

Adequação ao público do periódico.

Método sólido.

Clareza e mais clareza.

Atender às recomendações dos editores dos periódicos.

Pense no leitor moderno antes de escrever!

O leitor quer ser informado com rapidez, empregar o mínimo de

esforço para entender o texto e captar o máximo de informação.

ISSO SIGNIFICA

A triagem inicial dos artigos submetidos aos periódicos, a revisão por pares (peer review) e a (re)formulação de diferentes critérios são cada vez mais frequentes nos diversos periódicos.

É importante, antes de começar a redigir o manuscrito, escolher a revista para a qual será submetido o artigo. Desse modo, a leitura e compreensão das orientações aos autores, instruções aos autores ou termos análogos informam os autores sobre alguns procedimentos do corpo editorial, perfi l do periódico, posição ideológica, entre outras.

Alguns pesquisadores têm difi culdades em diferenciar as etapas de preparação de um artigo científi co ou sobre qual delas trabalha. O esquema a seguir, poderá auxiliá-los nesta tarefa:

Artigo científico

publicação de artigo científi co

produção de texto científi co (tratada ao longo deste Manual)Preparação de artigo

científi co submissão

resposta do editor

publicação em si

divulgação

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248 Manual de técnicas de redação científica

A distinção de cada uma dessas etapas permite controlar e melhor analisar o material de trabalho.

1) Preparação 2) Produção3) PublicaçãoEssa etapa pode ser subdivida em submissão, resposta do editor do periódico,

publicação e divulgação (citação em outros trabalhos, ou seja, constar na lista de Referências e também servir de apoio para outrem).

3.1) Submissão do artigoApesar de não constituir regra, depois de análise prévia por parte da revista em

que são eliminados os artigos considerados inadequados, os artigos que sobrevivem ao exame, costumam ser enviados pelo editor do periódico para a revisão por pares (peer review).

É evidente que não é possível expor certos critérios adotados para o procedimento de seleção de artigos. Todavia, relevância científi ca e originalidade32

são fundamentais para infl uenciar positivamente. 3.2) Resposta do editor do periódico Os artigos que recebem pareceres favoráveis para publicação podem ser

aceitos sem correções, com correções importantes ou meramente com correções de normalização e formatação.

Receber resposta do editor, por carta ou e-mail, com aceite do artigo tal qual foi submetido é o desejo de todos os pesquisadores. Penso que quem recebe essa felicidade tem a mesma alegria e poder que um estudante ao conseguir um estágio na área de formação desejada.

Alguns periódicos indicam em seus sites os artigos aceitos para publicação.3.3) PublicaçãoDepois das correções que o editor ou o revisor do periódico julgaram

necessárias, o artigo entra no fl uxo de publicação.3.4) DivulgaçãoA indexação correta do artigo nas bases de dados eletrônicas tem valor sem

igual para a recuperação do texto (Capítulo 7).

32 O que entendo por originalidade analisei no primeiro capítulo do livro Redação científi ca moderna.

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270 Manual de técnicas de redação científica

Quadro 15.1Sugestões de fontes com serifa e bastonadas. Lembre-se, as fontes com serifas são indicadas para textos longos. Antes de defi nir a fonte, consulte as diretrizes da sua instituição. Nos exemplos constam as fontes na seguinte ordem: minúsculas regular, minúsculas negrito, maiúsculas regular e maiúsculas negrito

2. lesões melanicíticas(fonte: Times New Roman, tamanho 12)

1. lesões melanicíticas(fonte: Arial, tamanho 12)

Exemplo

Nem todas as instituições exigem o uso de uma ou de outra. Nesses casos, é possível utilizar outra família de fonte, mas é importante selecionar fontes que facilitem a leitura. As fontes com serifas são as mais indicadas para textos longos (Quadro 15.1).

Nos trabalhos acadêmicos predominam as fontes Arial e Times New Roman. A fonte Times New Roman é mais compacta que a Arial, desse modo, ao escolher a fonte é importante analisar o espaço que será utilizado para digitação.

Fontes e tamanhos

Fontes com serifa

ExemploFontes

sem serifaExemplo

Times New Roman(padrão)

Complexos farmacêuticosComplexos farmacêuticosCOMPLEXOS FARMACÊUTICOSCOMPLEXOS FARMACÊUTICOS

Arial(padrão)

Complexos farmacêuticosComplexos farmacêuticosCOMPLEXOS FARMACÊUTICOSCOMPLEXOS FARMACÊUTICOS

Bookman Old Style

Complexos farmacêuticosComplexos farmacêuticosCOMPLEXOS FARMACÊUTICOSCOMPLEXOS FARMACÊUTICOS

Calibri

Complexos farmacêuticosComplexos farmacêuticosCOMPLEXOS FARMACÊUTICOSCOMPLEXOS FARMACÊUTICOS

Cambria

Complexos farmacêuticosComplexos farmacêuticosCOMPLEXOS FARMACÊUTICOSCOMPLEXOS FARMACÊUTICOS

Candara

Complexos farmacêuticosComplexos farmacêuticosCOMPLEXOS FARMACÊUTICOSCOMPLEXOS FARMACÊUTICOS

Century

Complexos farmacêuticosComplexos Complexos farmacêuticosfarmacêuticosCOMPLEXOS FARMACÊUTICOSCOMPLEXOS FARMACÊUTICOSCOMPLEXOS FARMACÊUTICOS

Tahoma

Complexos farmacêuticosComplexos farmacêuticosCOMPLEXOS FARMACÊUTICOSCOMPLEXOS FARMACÊUTICOS

Palatino Linotype

Complexos farmacêuticosComplexos farmacêuticosCOMPLEXOS FARMACÊUTICOSCOMPLEXOS FARMACÊUTICOS

Trebuchet

Complexos farmacêuticosComplexos farmacêuticosCOMPLEXOS FARMACÊUTICOSCOMPLEXOS FARMACÊUTICOS

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289Capítulo 16 Terminologia científica após o novo acordo ortográfico

TERMINOLOGIA CIENTÍFICA APÓS O NOVO ACORDO ORTOGRÁFICO

As alterações na ortografi a da língua portuguesa depois do Acordo Ortográfi co da Língua Portuguesa ainda causam muitas dúvidas. Diariamente, estudantes e pesquisadores de diferentes áreas hesitam no momento de escrever eloqüente ou eloquente, asteróide ou asteroide, bocaiúva ou bocaiuva, enjôo ou enjoo, pólo ou polo, ultra-som ou ultrassom, entre tantos outros. Na sequência de palavras acima, os segundos elementos estão corretos em todas elas.

O novo Acordo Ortográfi co da Língua Portuguesa valerá ofi cialmente só a partir de 1º de janeiro de 2016.

Boa notícia

O Acordo foi assinado em Lisboa, em 16 de dezembro de 1990, por representantes de Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique, Portugal, São Tomé e Príncipe e Timor Leste com o propósito de tornar uniforme as grafi as da língua portuguesa, sem alterar a pronúncia das palavras, o que é importante destacar.

Ofi cialmente, as novas regras passam a vigorar a partir de 1º de janeiro de 2016, desde que não ocorra novo adiamento. Até que passem a ser obrigatórias, as duas normas são aceitas.

Acentuação, principais alterações

Alfabeto

Divisão silábica

Hífen

Maiúsculas e minúsculas

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Tempos verbais no texto científi co

Acentuação

A) Nos ditongos abertos ei e oi.Exemplosideia, plateia, heroico, estreia, Cananeia, asteroide, diarreia, pauliceia, espermatozoide.Cuidado: o acento continua a ser usado nos ditongos abertos em palavras oxítonas como: anéis, anzóis, chapéu, dói, herói, papéis, troféu.

1O acento agudo (´) foi eliminado

No

vo A

cord

o

PA

RTE

1

PA

RTE

2

PARTE 1