MADER Gabinete de Promoção do Sector Comercial Agrário...
Transcript of MADER Gabinete de Promoção do Sector Comercial Agrário...
COOPERAZIONE ITALIANA
DFIDDepartment forInternationalDevelopment
IDENTIFICAÇÃO DE OPÇÕES E VIABILIDADE PARA A PROMOÇÃO DA AGRO-INDÚSTRIA
RURAL EM MOÇAMBIQUERelatório do Resource Person
Cardoso T. Muendane
República de Moçambique
2002
MADERGPSCA
Gabinete de Promoção do Sector Comercial Agrário
Ministério da Agricultura e Desenvolvimento Rural
i
Índice Geral
Índice de Tabelas ..................................................................................................................................... iv Índice dos Gráficos ................................................................................................................................... v Índice das Figuras ..................................................................................................................................... v Abreviaturas............................................................................................................................................. vi
SUMÁRIO EXECUTIVO ......................................................................................................................... viii Conclusões ............................................................................................................................................... ix Recomendações à Equipa que Vai Prosseguir o Estudo ........................................................................... x Recomendações ao MADER .................................................................................................................... x
I - INTRODUÇÃO ....................................................................................................................................... 1 1.1 Objectivos e Âmbito do Trabalho ............................................................................................... 1 1.2 Cronograma ................................................................................................................................. 3 1.3 Metodologia ................................................................................................................................. 4
1.3.1 Produtos Controlados pelo SNAP ........................................................................................... 5 1.3.1.1 Cálculo do Potencial Agrícola por Distrito .................................................................... 5 1.3.1.2 Área Potencial ................................................................................................................ 7 1.3.1.3 Rendimento Potencial ..................................................................................................... 7
1.3.2 Produtos não Controlados pelo SNAP ................................................................................ 8 1.3.3. Cálculo da Necessidade de Agro-Processamento ............................................................... 9 1.3.4 Limitação de Dados ............................................................................................................ 9
1.4 Estrutura do Relatório ................................................................................................................ 11 II - SITUAÇÃO ECONÓMICA E SOCIAL DE MOÇAMBIQUE .......................................................... 12
2.1 Enquadramento Legal ................................................................................................................ 12 2.1.1 Sistema Tributário ............................................................................................................. 13
2.2 Indicadores Macro-Económicos ................................................................................................ 14 2.2.1 Desenvolvimento e Pobreza Humana em Moçambicana .................................................. 14
2.3 Agricultura ................................................................................................................................. 16 2.4 Indústria ..................................................................................................................................... 17 2.5 Estratégia do Governo para a redução da pobreza em Moçambique ......................................... 18 2.6 Inflação e Taxa de Câmbio ........................................................................................................ 19 2.7 População .................................................................................................................................. 20 2.8 Balança Comercial e Balança de Serviços ................................................................................. 21
2.8.1 Exportações ....................................................................................................................... 23 2.8.2 Importações ....................................................................................................................... 23
2.9 Crédito Bancário ........................................................................................................................ 24 2.10 Transportes ................................................................................................................................ 25 2.11 Barreiras Administrativas e Fiscais ........................................................................................... 26 2.12 Aspectos Relevantes da Análise da Situação Sócio Económica de Moçambique ..................... 28
III - REVISÃO DE LITERATURA ........................................................................................................... 30 3.1 O Sector Agrícola e a Economia Rural de Moçambique ........................................................... 32 3.2 Agro-Indústria Rural no Contexto de Moçambique ................................................................. 33
3.3.1 Milho ................................................................................................................................. 34 3.3.1.1 Zonas e Potencial de Produção ..................................................................................... 35 3.3.1.2 O Milho e a Agro-Indústria .......................................................................................... 36
3.3.2 Arroz ................................................................................................................................. 38 3.3.2.1 Distribuição Geográfica ............................................................................................... 38 3.3.2.2 Constrangimentos do sub-sector do Arroz ................................................................... 38 3.3.2.3 O Processamento de Arroz ........................................................................................... 39
ii
3.3.3 Mandioca .......................................................................................................................... 41 3.3.3.1 Distribuição Geográfica ................................................................................................ 41 3.3.3.2 Processamento Tradicional da Mandioca em Moçambique ......................................... 42 3.3.3.3 Processamento com Técnicas Melhoradas de Pequena Escala ..................................... 43
3.3.4 Batata Doce ....................................................................................................................... 44 3.3.5 Feijões ............................................................................................................................... 44
3.3.5.1 Feijão Nhemba.............................................................................................................. 45 3.3.5.2 Feijão Bóer ................................................................................................................... 46 3.3.5.3 Feijão Vulgar ................................................................................................................ 46
3.3.6 O Sub-sector de Óleo Alimentar ....................................................................................... 47 3.3.6.1 Os Processadores Industriais ........................................................................................ 47 3.3.6.2 Os Pequenos e Médios Processadores .......................................................................... 48 3.3.6.3 Sector das Prensas Manuais “Ram Press” .................................................................... 49 3.3.6.4 O Potencial das Culturas Oleaginosas .......................................................................... 50
3.3.7 Aproveitamento Agro-industrial da Pêra de Caju (Falso Fruto) ............................................... 55 3.3.8 Fruteiras ..................................................................................................................................... 56
3.3.8.1 O Coqueiro ................................................................................................................... 58 3.4. Aspectos Relevantes da Revisão de Literatura ................................................................................ 59
3.4.1 Lacunas da Literatura ........................................................................................................ 60 IV - PRODUÇÃO NACIONAL ................................................................................................................. 61
4.1 Cereais e Tubérculos ................................................................................................................. 61 4.1.1 Milho ................................................................................................................................. 61
4.1.1.1 Produção Nacional de Milho, por Províncias ............................................................... 62 4.1.1.3 Produção Potencial de Milho ........................................................................................ 63 4.1.1.4 Capacidade de Processamento de Milho ...................................................................... 64 4.1.1.5 Capacidade de Processamento de Milho, por Províncias ............................................. 64
4.1.2 Arroz ................................................................................................................................. 66 4.1.2.1 Produção Nacional de Arroz ........................................................................................ 66 4.1.2.2 Produção Nacional de Arroz por províncias ................................................................. 66 4.1.2.3 Capacidade de Processamento de Arroz ....................................................................... 67 4.1.2.4 Capacidade de Processamento de Arroz, por Províncias.............................................. 70
4.1.3 Mandioca ................................................................................................................................... 70 4.1.3.1 Produção Nacional de Mandioca .................................................................................. 71 4.1.3.2 Produção Nacional de Mandioca, por Províncias ......................................................... 72 4.1.3.4 Produção Potencial de Mandioca ................................................................................. 72 4.1.3.5 Capacidade de Processamento de Mandioca ................................................................ 73
4.1.4 Batata Doce ............................................................................................................................... 74 4.2. Oleaginosas ...................................................................................................................................... 75
4.2.1. Amendoim ........................................................................................................................ 76 4.2.1.1 Produção Nacional de Amendoim ................................................................................ 76 4.2.1.2 Produção Nacional de Amendoim por Províncias ........................................................ 77 4.2.1.3 Produção Potencial de Amendoim ............................................................................... 77 4.2.1.5 Capacidade de Processamento de Amendoim .............................................................. 78
4.2.2 Coco .................................................................................................................................. 79 4.2.3 Algodão ............................................................................................................................. 81 4.2.4 Mafurra ............................................................................................................................. 82 4.2.5 Girassol ............................................................................................................................. 82 4.2.6. Indústria de Óleos e Sabões .............................................................................................. 83
4.3. Frutas ......................................................................................................................................... 84 4.3.1. Produção da Pêra de Caju ................................................................................................. 84
4.3.1.1 Produção da Pêra de Caju, por Províncias .................................................................... 85
iii
4.3.2 Outras Frutas ..................................................................................................................... 86 4.3.2.1 Ananás .......................................................................................................................... 87 4.3.2.2 Banana .......................................................................................................................... 87 4.3.2.3 Laranja .......................................................................................................................... 88 4.3.2.4 Tangerina ...................................................................................................................... 89 4.3.2.5 Limão ............................................................................................................................ 89 4.3.2.6 Manga ........................................................................................................................... 90 4.3.2.7 Papaia ........................................................................................................................... 91 4.3.2.8 Toranja .......................................................................................................................... 92 4.3.2.9 Lichte ............................................................................................................................ 92 4.3.2.10 Pêssego ..................................................................................................................... 93 4.3.2.11 Indústria de Processamento de Frutas ...................................................................... 93
4.4 Produção comercializada ........................................................................................................... 94 4.5 Falso Fruto do Caju vs Coco ..................................................................................................... 94 4.6 Agro-indústria a Estudar por Província ..................................................................................... 96 4.7 Aspectos Relevantes da Análise da Produção e da Agro-indústria ........................................... 97
5 INSTITUIÇÕES FINANCEIRAS .................................................................................................. 98 5.1 Operadores Financeiros em Moçambique ................................................................................. 99
5.1.1 Os bancos comerciais ...................................................................................................... 100 5.1.2 Instituições Micro-financeiras Médias ............................................................................ 100
5.1.2.1 Os Fundos do Estado .................................................................................................. 100 5.1.2.2 As IMFs Médias Licenciadas ..................................................................................... 102
5.1.3 Operadores de Micro-Crédito puro ................................................................................. 102 5.2 Operações de Crédito para a Agro-indústria ........................................................................... 103 5.3. Os Bancos Comerciais ............................................................................................................. 103
5.3.1 O Mercado de Crédito ..................................................................................................... 104 5.3.2. Critérios de aprovação .................................................................................................... 104 5.3.3 As taxas de juro ............................................................................................................... 105
5.4. IMFs Médias ............................................................................................................................ 105 5.4.1 Fundo de Fomento à Pequena Indústria - FFPI............................................................... 106
5.4.1.1 Condições de crédito do FFPI .................................................................................... 107 5.4.2 FARE .............................................................................................................................. 108
5.4.2.1 Condições de crédito do FARE .................................................................................. 108 5.4.3. Gabinete de Promoção da Indústria, SARL - GAPI ....................................................... 109
5.4.3.1 Condições de crédito do GAPI ................................................................................... 109 6 CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES .................................................................................... 111
6.1 Conclusões ............................................................................................................................... 111 6.2 Recomendações ....................................................................................................................... 112
6.2.1 Recomendações à Equipa que Vai Prosseguir o Estudo ................................................. 113 6.2.2 Recomendações ao MADER .......................................................................................... 113
ANEXOS .................................................................................................................................................. 114 Anexo 1. Contactos-chave .............................................................................................................. 115
Sofala ................................................................................................................................................ 115 Zambézia .......................................................................................................................................... 116 Inhambane ........................................................................................................................................ 117 Nampula ........................................................................................................................................... 118 Niassa ............................................................................................................................................... 119 Cabo Delgado ................................................................................................................................... 120
Anexo 2: Leis e Regulamentos comerciais em vigor a partir de Novembro de 1996 .......................... 122 Licenciamento e Negócios em Geral ................................................................................................ 122 Tributação ........................................................................................................................................ 122
iv
Procedimentos Alfandegários .......................................................................................................... 123 Trabalho ........................................................................................................................................... 124 Terra e Ambiente .............................................................................................................................. 124
Anexo 3: Instituições financeiras.......................................................................................................... 126 Anexo 4: Estatístiscas ........................................................................................................................... 139 Referências Bibliográficas .................................................................................................................... 141
Índice de Tabelas Tabela 1: Disponibilidade de terra .......................................................................................................... 5 Tabela 2: Uso da terra para agricultura ................................................................................................... 6 Tabela 3: Classificação de oleaginosas e frutas ...................................................................................... 8 Tabela 4: Dados demográficos (2000) .................................................................................................. 21 Tabela 5: Produção média (1999 a 2001) de milho em Moçambique por províncias ........................... 62 Tabela 6: Produção média (1999 a 2001) de arroz em Moçambique por províncias ............................ 67 Tabela 7: Fábricas de descasque de arroz em Moçambique ................................................................. 70 Tabela 8: Produção média (1999 a 2001) de mandioca em Moçambique por províncias..................... 72 Tabela 9: Produção de Amendoim por Províncias ................................................................................ 77 Tabela 10: Produção de coco por províncias ...................................................................................... 79 Tabela 11: Área de coqueiros por sectores ......................................................................................... 80 Tabela 12: A utilização do coco na indústria de óleos ........................................................................ 80 Tabela 13: Utilização do algodão na indústria de óleos...................................................................... 81 Tabela 14: Produção de algodão por províncias (2001) ..................................................................... 81 Tabela 15: Produção de mafurra ......................................................................................................... 82 Tabela 16: Utilização industrial da mafurra........................................................................................ 82 Tabela 17: Produção nacional de girassol ........................................................................................... 83 Tabela 18: Produção de óleos e sabões por cada empresa de 1995 a 2001 ........................................ 84 Tabela 19: Produção de ananás por províncias ................................................................................... 87 Tabela 20: Produção da Banana .......................................................................................................... 88 Tabela 21: Produção da laranja ........................................................................................................... 88 Tabela 22: Produção da Tangerina ..................................................................................................... 89 Tabela 23: Produção de limão ............................................................................................................ 90 Tabela 24: Produção da manga por províncias ................................................................................... 90 Tabela 25: Produção da papaia por províncias ................................................................................... 91 Tabela 26: Produção da toranja por províncias ................................................................................... 92 Tabela 27: Produção da lichte por províncias ..................................................................................... 92 Tabela 28: Produção da pêssego por províncias ................................................................................. 93 Tabela 29: Prioridade de produtos por província ................................................................................ 96 Tabela 30: Quotas de Mercado de Crédito Concedido ..................................................................... 104 Tabela 31: Dados Estatísticos seleccionados .................................................................................... 139 Tabela 32: Potencial de produção de milho, em Moçambique, por províncias ................................ 139 Tabela 33: Potencial de produção de mandioca, em Moçambique, por províncias .......................... 139 Tabela 34: Potencial de produção de amendoim, em Moçambique, por províncias......................... 140
v
Índice dos Gráficos Gráfico 1: Cronograma ........................................................................................................................ 3 Gráfico 2: IDH por regiões em Moçambique, em 1998 .................................................................... 15 Gráfico 3: Composição do PIB, por Sectores .................................................................................... 16 Gráfico 4: Importações e exportações de Moçambique, 1978 a 1999 ............................................... 22 Gráfico 5: Crédito a economia ........................................................................................................... 24 Gráfico 6: Evolução do crédito à agricultura em relação do crédito total .......................................... 25 Gráfico 7: Produção de Milho em Moçambique de 1993/4 a 2000/1, em 1000 toneladas ................ 61 Gráfico 8: Produção potencial de milho com e sem uso intensivo de insumos ................................. 63 Gráfico 9: Produção média de 1999-2001, capacidade e necessidade de moagens de milho. ........... 64 Gráfico 10: Produção média de 1999-2001, cap. e nec. de moagens de milho, por províncias ........... 65 Gráfico 11: Produção de Arroz em Moçambique ................................................................................ 66 Gráfico 12: Produção média de 1999-2001, cap. e necessidade de Fábricas de descasque de arroz. .. 69 Gráfico 13: Produção de Mandioca em Moçambique .......................................................................... 71 Gráfico 14: Produção potencial de mandioca com e sem uso intensivo de insumos ........................... 73 Gráfico 15: Produção de Batata Doce por províncias, em ton. ............................................................ 75 Gráfico 16: Produção de Amendoim em Moçambique de 1993/4 a 2000/1, em 1000 toneladas ........ 76 Gráfico 17: Produção potencial de milho com e sem uso intensivo de insumos ................................. 78 Gráfico 18: Produção industrial de óleos e sabões ............................................................................... 83 Gráfico 19: Produção da Pêra de Caju, em Moçambique .................................................................... 85 Gráfico 20: Produção de pêra de caju por províncias .......................................................................... 86 Gráfico 21: Produção comercializada (1998-2001), por produtos e províncias ................................... 94 Índice das Figuras Figura 1: Mapa de Moçambique ........................................................................................................... vii Figura 2: Aptidão agro-climática do milho ........................................................................................... 35 Figura 3: Aptidão agro-climática da mandioca ..................................................................................... 41 Figura 4: Aptidão agro-climática da soja .............................................................................................. 53 Figura 5: Aptidão agro-climática do amendoim ................................................................................... 54 Figura 6: O coco ................................................................................................................................... 58
vi
Abreviaturas BR Boletim da República CAIL Complexo Agro-industrial do Limpopo CFM Caminhos de Ferro de Moçambique CIF Cost Insurance and Freight COMESA Common Market for Eastern and Southern Africa EUA Estados Unidos da América FAO Food and Agriculture Organization of The United Nations ha Hectare GPSCA Gabinete de Promoção ao Sector Comercial Agrário IDH Índice de Desenvolvimento Humano INE Instituto Nacional de Estatística INIA Instituto Nacional de Investigação Agronómica IPC Índice de Preços ao Consumidor IPH Índice de Pobreza Humana IVA Imposto sobre o Valor Acrescentado MADER Ministério da Agricultura e Desenvolvimento Rural MADER- SIMA MADER – Sistema de Informação de Mercados Agrícolas MADER- DPADR MADR- Dir. Prov. de Agricultura e Desenvolvimento Rural MADER-DINA MADR – Direcção Nacional de Agricultura MIC Ministério da Indústria e Comércio MIC-DNCE MIC – Direcção Nacional de Comércio Externo MIC-DNCI MIC – Direcção Nacional de Comércio Interno MZM Metical (moeda moçambicana) ONG Organização Não Governamental PEA População Economicamente Activa PIB Produto Interno Bruto PO Incidência da Pobreza Humana PROAGRI Programa de Agricultura SADC Comunidade para o Desenvolvimento da África Austral SNAP Serviço Nacional de Aviso Prévio t, ton Tonelada métrica TOR Termos de Referência USD Dólar americano
vii
Figura 1: Mapa de Moçambique
viii
SUMÁRIO EXECUTIVO
O presente documento constitui o relatório do trabalho do Resource Person no âmbito do estudo
sobre “Identificação de opções e viabilidade para a promoção da agro-indústria rural em
Moçambique” e tem como objectivo geral identificar as possibilidades e preparar recomendações
operacionais de como promover uma pequena e média agro-indústria rural viável em
Moçambique. Especificamente, este relatório inicial, pretende auxiliar a equipa principal
preparando uma lista dos contactos chave, recolha prévia de documentação relevante para a agro-
indústria rural, identificação das iniciativas de agro-indústrias e das fontes de financiamento e
identificar as potencialidades para o estabelecimento de uma agro-indústria de pequena e média
dimensão nas províncias de Cabo Delgado, Nampula, Niassa, Zambézia, Sofala e Inhambane;
Como forma de participar na definição do contexto em que se desenvolve agro-indústria rural no
país, o relatório inicia com a apresentação de uma breve análise da situação económica do país
onde são indicados alguns indicadores económicos e sociais, a estratégia do Governo para o
combate da pobreza e a situação geral da agricultura, indústria e transportes.
O estudo faz uma revisão geral da literatura relacionada com os produtos em estudo,
nomeadamente: o milho, a mandioca, a batata-doce, o arroz, o caju (especialmente o falso fruto),
os feijões, as fruteiras (com especial atenção para o coqueiro), e as oleaginosas. Faz uma análise
da potencialidade agro-climática destes produtos por Distrito, em cada uma, das províncias
abrangidas.
A produção nacional por províncias, é comparada com a capacidade da agro-indústria. Do
confronto, estabelece-se a necessidade da agro-indústria em cada produto e em cada província. A
análise da agro-indústria inclui as pequenas moageiras e as pequenas prensas de óleo espalhadas
pelo país. Discute-se a problemática “caju (falso fruto) versus coco” e ordenam-se as prioridades
de projectos por cada produto e por cada província.
ix
Para além da limitações de dados para aferir da adequabilidade da terra por distritos, as
estatísticas nacionais apresentam insuficiências que limitam a análise económica. Informação
sobre agro-indústria é mais escassa e não está claro quem monitora as agro-indústrias no país:
MIC ou MADER e, por conseguinte, DPIC ou DPADER? Urge uma definição clara sobre esta
matéria tão importante para o desenvolvimento nacional.
Conclusões
Existe um número considerável de informantes chaves a trabalhar no sector agro-industrial. Os
seus nomes, cargos, áreas de interesse e contacto são apresentados no anexo 1. Em geral, são
instituições do Governo e organizações não governamentais envolvidas directa ou indirectamente
nas actividades de agricultura, agro-indústrias ou organização de camponeses.
As províncias do Centro e Norte apresentam as melhores condições agro-climáticas para a
prática de agricultura (de sequeiro) em Moçambique. Em geral, a produção agrícola está abaixo
do seu potencial. Duas vias podem ser tomadas para o aumento da produção agrícola: o aumento
do rendimento por hectare e o aumento da área cultivada. O aumento do rendimento implica o
uso de tecnologias melhoradas com elevado nível de insumos. O aumento da área cultivada deve
ser estimulado de diversos modos entre os quais a política de terras, o incentivo ao agro-
processamento, ao crédito, apoio à comercialização agrícola, ao melhoramento das infra-
estruturas.
A capacidade de processamento da agro-indústria é inferior a produção agrícola actual e é muito
inferior a capacidade potencial da agricultura. Há muitas perdas pós-colheita. Tanto a agro-
indústria como a agricultura comercial têm enfrentado diversas dificuldades que resultam em
falência ou funcionamento abaixo da sua capacidade. O desenvolvimento da agro-indústria
carece de uma estratégia clara do país nesta área.
A falta de dados sobre grande parte das culturas, em particular, frutas e oleaginosas, dificulta a
análise da agro-indústria necessária nesta área. Contudo, constatou-se que a maioria das fábricas
de sumos limita-se a adicionar água ao concentrado importado.
x
As instituições financeiras, excluindo o banco emissor, podem ser agrupadas em três grandes
grupos: os grandes bancos comerciais, as instituições financeiras médias e as instituições de
micro-crédito. Os grandes bancos mostram-se muito cépticos em financiar a actividade agrícola
ou agro-industrial. As instituições financeiras médias mostram-se mais vocacionadas para este
segmento de mercado. Grande parte destas instituições utilizam fundos públicos. As instituições
de micro-crédito são especializadas em créditos muito baixos não suficientes para a actividade de
agro-industrial. Em geral, as taxas de juro são elevadas para a viabilidade da agricultura ou para
a agro-indústria.
Recomendações à Equipa que Vai Prosseguir o Estudo
Seleccionar as culturas a estudar a viabilidade em cada província, principalmente, em função do
mercado, nacional e internacional, com ênfase neste último e em função da importância da
cultura na província sob o ponto de vista de segurança alimentar, tendo em conta ainda a
potencialidade existente tanto agrícola, como de processamento. Deverá ser considerado também
o interesse dos stakeholders e a importância económica de cada produto: peso no PIB e peso nas
exportações ou na substituição das importações.
Deve-se estudar a possibilidade de exportar os produtos nacionais na base culturas biológicas, já
que quase toda produção não leva insumos, devendo para o efeito capacitar-se em termos de
certificação. Deve-se também estudar a possibilidade de reabilitar as agro-indústrias existentes e
paralisadas. Em geral, a indústria já tem know-how, têm instalações e, em alguns casos, o
equipamento pode ser aproveitado. No caso particular do falso fruto do caju e do coco, os dados
recolhidos não foram concludentes pelo que sugerimos que se faça um estudo mais aprofundado
acerca dos dois produtos.
Recomendações ao MADER
Trabalhos posteriores ao nível do INIA deveriam estudar a adequabilidade agro-climática de
outros produtos, como frutas, arroz, etc. cuja falta dificulta o estudo da sua potencialidade. Caso
estes estudos tenham sido efectuados, deviam ser publicados.
xi
O SNAP, ou outro programa do MADER, deveria estender o âmbito dos produtos estudados para
incluir as frutas e outros produtos a seleccionar, em função da sua importância económica ou
social. Deve-se pensar em estender o estudo a outras províncias, o mais breve possível. As
províncias não estudadas são: Manica, Tete, Gaza e Maputo.
O MADER deve articular com o MIC de modo a clarificar a tutela das agro-indústrias, no país.
1
I - INTRODUÇÃO
1.1 Objectivos e Âmbito do Trabalho
O presente documento constitui o relatório do trabalho do Resource Person no âmbito do estudo
sobre “Identificação de opções e viabilidade para a promoção da agro-indústria rural em
Moçambique” promovido pelo Gabinete de Promoção do Sector Comercial Agrário do
Ministério da Agricultura e Desenvolvimento Rural do Governo da República de Moçambique e
financiado através dos fundos disponibilizados pela Unidade de Segurança Alimentar da União
Europeia.
O estudo tem como objectivo a identificação de possibilidades e preparação de recomendações
operacionais de como promover uma pequena e média agro-indústria rural viável em
Moçambique. Para se atingir este objectivo considera-se necessário:
1. Identificar as potencialidades para o estabelecimento de uma agro-indústria de pequena e
média dimensão nas regiões identificadas;
2. Com base nas potencialidades identificadas e em conjunto com o sector privado, preparar
planos de viabilidade para a atracção de investimentos a serem priorizados para o
desenvolvimento da agro-indústria.
3. Definir acções concretas de como o governo e outros actores podem promover o
desenvolvimento de uma agro-indústria de pequena e média dimensão.
4. Identificar áreas com possibilidades de coordenação e colaboração com outras
instituições relevantes.
Os produtos predefinidos para o presente estudo são:
• o milho,
2
• a mandioca,
• a batata-doce,
• o arroz,
• o caju (especialmente o falso fruto),
• os feijões,
• as fruteiras (com especial atenção para o coqueiro), e
• as oleaginosas.
Os Termos de Referência (TOR) definem como âmbito geográfico as seguintes áreas:
• Província de Cabo Delgado
• Província de Nampula (parte Oeste)
• Província de Niassa (parte Sul)
• Província da Zambézia
• Província de Sofala
• Província de Inhambane
Em cada província os estudo deverá abranger os níveis de posto administrativo1, distrito,
província e capital da província e deverá concentrar-se mais na pequena e média agro-indústria.
As actividades específicas do Resource Person são as seguintes:
• Identificar contactos-chave para entrevistas e encontros focais de trabalho, incluindo uma
breve descrição de interesse de cada um.
• Recolher todos os documentos relacionados com as agro-indústrias em estudo, e preparar
um breve documento-revisão de literatura incluindo a identificação de lacunas de
informação.
1 Posteriormente, o GPSCA estabeleceu como divisão política básica o Distrito, excluindo o Posto Administrativo, para o presente trabalho.
3
• Identificar fontes de informação adicionais.
• Preparar um sumário de iniciativas correntes de agro-indústrias de pequena e média
dimensão a ter lugar em Moçambique (e sempre que possível em outros lugares) que
seriam de interesse fazer uma análise adicional pela missão.
• Identificar fontes potenciais de financiamento e as condições de operação de agro-
indústrias dentro dos mecanismos existentes e disponíveis ao país.
• Pré-identificar as zonas geográficas com potencial de processamento para cada um dos
produtos.
1.2 Cronograma
Depois da assinatura do contrato por parte do Resource Person, a 1 de Abril de 2002, foi
aprovado o programa de trabalhos e estabelecido o seguinte cronograma para o cumprimento
integral dos TOR:
Gráfico 1: Cronograma
Legenda:
Sem1 = Semana um de trabalho...
Sem1 Sem2 Sem3 Sem4 Sem5 Sem6 Sem7 Sem81 Assinatura do contrato2 Apresentação e discussão da proposta de trabalho com GPSCA3 Contactos com DPADR das províncias seleccionadas4 Recolha de informação (MADER, MIC, ONG, Empresas, Associações, etc.)5 Apresentação do inception report6 Continuação da recolha de informação7 Recolha de informação sobre programas e actividades de outras instituições8 Visita a província de Sofala9 Visita as províncias de Nampula e Zambézia
10 Visita a província de Inhambane11 Incorporar as sugestões do GPSCA no inception report12 Identificar potenciais fontes de financiamento p/ agro-indústria13 Identificação prévia das zonas c/ potencial p/ desenvolvimento da agro-indústria14 Identificar a possibilidade de cooperar com outras instituições15 Apresentação do relatório final16 Preparação do seminário de disseminação dos resultados17 Seminário de disseminação18 Entrega do relatório já corrigido
Abril DescriçãoNº
Maio
4
Não estando claramente definidos os distritos abrangidos nas Províncias de Nampula e Niassa
acordou-se em estender o estudo, numa primeira fase, a totalidade do território ocupado pelas
duas províncias. Inicialmente havia ficado definido a visita a quatro províncias. Contudo, durante
a realização do trabalho, as visitas foram estendidas a todas as províncias, previstas nos TOR,
agravando ainda a limitação do tempo. Nas visitas, o Resource Person foi sempre acompanhado
por um técnico do GPSCA. As viagens as províncias de Sofala, Nampula e Zambézia foram
realizadas de avião e para Inhambane de carro.
1.3 Metodologia
A definição dos contactos chave foi feita com base nas propostas das direcções provinciais de
agricultura e desenvolvimento rural de cada província abrangida nos termos de referência. As
listas incluem instituições do Estado, do Governo provincial, empresas privadas,
individualidades e ONGs. Todas as instituições propostas foram visitadas para se confirmar a sua
relevância e verificar-se o tipo de informação ou experiência que possuem na área da agro-
indústria. Estas informações foram posteriormente integradas no anexo 1.
A recolha de documentos foi feita por contacto com diversas instituições ligadas directa ou
indirectamente a agro-indústria. Os documentos foram fotocopiados ou imprimidos. Foi
elaborada uma revisão dos aspectos relevantes constantes na bibliografia, tendo em conta
também informações colhidas nas entrevistas e dadas pela experiência do consultor.
Adicionalmente, foram elaboradas fichas por cada livro ou documento encontrado para facilitar a
sua consulta e posterior inclusão no site do GPSCA. As fichas foram editadas em separado e
entregues ao GPSCA e a equipa de consultores.
As fontes de informação adicional encontradas foram incluídas na lista de contactos-chave.
Foram elaboradas listas com nome, localização por distrito e capacidade das agro-indústria
existentes, fornecidas pela direcções provinciais DPADR e DPIC de cada província. Igualmente
foram identificadas as principais instituições financeiras e a sua vocação por contacto directo;
para a recolha de dados foi estabelecido um inquérito de acordo com a estrutura do anexo 3.
5
A identificação das zonas geográficas com potencial de processamento para cada um dos
produtos abrangidos nos TOR constitui o corpo principal do relatório e a metodologia utilizada
varia conforme o produto em causa consta ou não do controle do Sistema Nacional do Aviso
Prévio (SNAP).
Para a facilitação da apresentação e utilização da informação foram elaborados relatórios por
cada província, que são parte integrante do presente relatório, onde constam dados gerais sobre a
província e diversas tabelas contendo informação sobre a produção agrícola, listas das agro-
indústrias existentes e das organizações não governamentais relevantes para o objectivo do
presente relatório.
1.3.1 Produtos Controlados pelo SNAP
1.3.1.1 Cálculo do Potencial Agrícola por Distrito
O potencial agrícola por distrito depende da área considerada arável e o rendimento possível.
Não existindo um cálculo exacto sobre a área arável por cada distrito e por cada cultura, tivemos
que proceder a uma primeira aproximação. O país possui no total 79,9 milhões de ha, dos quais
1,3 milhões de ha são águas interiores e 78,6 milhões de ha são de terra (INE 2000).
Tabela 1: Disponibilidade de terra
Terra disponível potencial Milhões ha %
Área total 79.9 100.0
Aguas interiores 1.3 1.6
Terra 78.6 98.4
da qual
Não cultivável 42.6 53.3
Parques nacionais, Conservação 10.1 12.6
Florestas 16.2 20.3
Áreas urbanas, etc. 0.7 0.9
Imprópria para a agricultura 15.6 19.5
Cultivável 36.0 45.1
da qual, risco climático
Baixo 20.3 25.4
Moderado 4.5 5.6
Alto 2.6 3.3
Inviável 8.6 10.8
Potencial de irrigação 3.3 4.1
Fonte: INA (2000) e MADER (1997)
6
Da superfície total de terra somente 36 milhões de ha são cultiváveis, equivalentes a 45%, sendo
os restantes 53% ocupados por parques (12,6%), florestas (20%), áreas urbanas (1%) e imprópria
para agricultura (19,5%). Dos 45% da área cultivável somente 25% (20 milhões de ha)
representam um risco climático baixo, portanto, com maior viabilidade para a agricultura
(MADER 1997). Da área arável 5.056.892 ha2 são de facto cultivados. Contudo, para considerar
o efeito rotação da terra na agricultura, áreas reservadas para lenha, para a criação de gado, etc.
pode-se considerar que a área actualmente cultivada corresponde a metade do potencial e que a
produção agrícola nacional pode ser duplicada sem aumento do rendimento por hectare, isto é,
mantendo os actuais métodos de produção com baixo nível de uso de insumos. Isto leva a pensar
que Moçambique pode apostar nas culturas biológicas, já que quase toda a sua produção não leva
insumos, devendo para o efeito capacitar-se em termos de certificação. A produção Agrária é
levada a cabo principalmente pelo sector familiar (mais de 90%) e pelo sector empresarial.
As áreas efectivamente ocupadas para a agricultura por províncias são as seguintes:
Tabela 2: Uso da terra para agricultura
PROVÍNCIA Agrícola (% total) Irrigado (% total) Agrícola (% arável)
Maputo 8.4% 2.7% 16.7%
Gaza 3.7% 0.0% 7.4%
Inhambane 7.1% 0.0% 14.2%
Manica 4.1% 0.0% 8.3%
Sofala 4.8% 0.1% 9.6%
Zambézia 13.1% 0.0% 26.2%
Tete 4.4% 0.0% 8.9%
Nampula 11.7% 0.0% 23.4%
Cabo Delgado 4.4% 0.2% 8.8%
Niassa 3.0% 0.0% 6.0%
Total País 6.4% 0.1% 12.8% Fonte: JVA Cenacarta-IGN France International (1999)
2 Desta área 4.956.275 ha (98%) são de sequeiro e 100.617 ha (2%) são irrigados (Cenecrata, 1999)
7
O rendimento potencial por produtos foi definido de acordo com as estimativas feitas por
Kassam et al (1982), considerando cinco categorias básicas: terras muito adequadas, adequadas,
moderadamente adequadas, pouco adequadas e não adequadas. Considera ainda duas situações:
uso intensivo e não intensivo de insumos agrícolas na produção. O potencial de produção é dado
pelo produto da área potencial pelo rendimento possível.
1.3.1.2 Área Potencial
Como área potencial, em cada Distrito, consideramos o dobro da área média utilizada nos
últimos três anos, tendo em conta que a área explorada corresponde a metade da disponível. Para
o cálculo da área plantada foram considerados, como fonte principal, os dados estatísticos do
MADER – Sistema Nacional de Aviso Prévio. Estes dados têm duas limitações: a produção por
distritos só está disponível para os últimos três anos (1999/2001) e não abrange todos os
produtos previstos nos TOR, contemplando somente os seguintes: milho, arroz, feijões,
mandioca, e amendoim.
1.3.1.3 Rendimento Potencial
O rendimento potencial foi estimado com base no estudo realizado por Kassam et al (1982) e
apresenta as seguintes limitações básicas: os mapas não indicam, em detalhe, a adequabilidade
da terra por produto e por distrito, não possuem a delimitação administrativa, não consideram a
superfície arável (isto é, não separam as áreas ocupadas por edifícios, lagos, rios, etc.) e não
abrangem todos os produtos previstos nos TOR. Assim, tivemos que sobrepor aos mapas agro-
climáticos, o mapa administrativo de modo a obter a delimitação provincial e distrital; quanto
aos rendimentos por cada distrito tivemos que fazer aproximações com base nos diagramas de
cores que indicam a adequabilidade da terra. Em alguns casos, em que o mesmo distrito
apresenta diferentes rendimentos potenciais para o mesmo produto, utilizamos a média da
adequabilidade para indicar o rendimento médio distrital. Estas regras foram aplicadas tanto para
o cálculo do rendimento potencial com elevado nível de insumos como para o cálculo do
rendimento com baixo nível de insumos. Dos produtos constantes no controle do SNAP não
existem dados, na fonte consultada, sobre o arroz e sobre os feijões.
8
1.3.2 Produtos não Controlados pelo SNAP
Os produtos não controlados pelo SNAP e constantes nos TOR são: batata doce, fruteiras (em
particular o cajueiro e o coqueiro), e oleaginosas (exceptuando o amendoim). Os produtos não
controlados pelo SNAP caracterizam-se pela carência de informação estatística organizada,
principalmente por distritos. Para estes produtos utilizamos como fonte principal o censo agro-
pecuário realizado em 1999/2000 pelo INE. Cruzámos esta informação com a importância dada,
em cada Distrito, pelas pessoas entrevistadas. Em alguns casos a classificação dos produtos entre
oleaginosas e fruteiras não é comum. Por exemplo, a mafurra aparece no censo como fruta
embora, em geral, seja utilizada industrialmente como oleaginosa; nos TOR o coco aparece
como fruta enquanto no censo aparece como oleaginosa; o amendoim aparece no SNAP no
grupo das culturas alimentares e no presente estudo no grupo das oleaginosas. Assim, adoptámos
a seguinte classificação:
Tabela 3: Classificação de oleaginosas e frutas
Oleaginosas Frutas Amendoim (a) Citrinos (laranja, tangerina, limão, toranja) Girassol Ananás Copra (a) Banana Gergelim Manga Algodão (c) Litche Mafurra Papaia Pêssego Caju (b) Nota: (a) É controlado pelo SNAP
(b) É controlado pelo INCAJU
(c) É controlado pelo Instituto do Algodão de Moçambique (IAM)
Limitação mais grave de dados incide sobre o ananás e a banana, frutas muito produzidas em
Moçambique, mas sem controle estatístico nem áreas produzidas, inclusive no censo agro-
pecuário.
Os TOR não indicam as frutas a estudar, pelo que tivemos que seleccionar com base no número
de árvores registadas no censo para as províncias estudadas. Por exemplo, embora ao nível
9
nacional a produção de maçanicas seja importante, ela realiza-se principalmente (86%) em
Manica e em Tete, províncias que estão fora do âmbito do nosso trabalho.
1.3.3. Cálculo da Necessidade de Agro-Processamento
A necessidade de agro-processamento foi calculada com base na produção estimada deduzida da
capacidade agro-indústria existente. Duas razões contribuíram para isso: (i) falta de dados fiáveis
sobre o consumo primário e por conseguinte do excedente; e (ii) assunção da necessidade de
agro-processamento de toda a produção como forma de aumentar o seu valor comercial e a sua
capacidade de conservação.
Os dados sobre a produção comercializada disponíveis são pouco fiáveis e aparentemente não
reflectem a necessidade de agro-processamento real. A produção comercializada entre distritos e
a exportada para os países vizinhos pelo sector familiar não é devidamente controlada. Apesar
destas limitações registámos os dados disponíveis no MADER sobre a produção comercializada,
mas não a utilizámos para o cálculo da necessidade de agro-processamento também porque
assumimos que praticamente toda a produção devia ser processada. É o caso do milho que devia
beneficiar de secagem, limpeza, boa armazenagem e moenda: quase todas as formas de consumo
de milho, excepto da maçaroca, prevêm o seu prévio processamento. Neste momento quase todo
o milho é conservado em celeiros precários, sem qualquer tratamento prévio, resultando em
perdas pós colheita avaliadas em 30-40%. O mesmo se passa com o arroz que deve ser
descascado antes do consumo. Os tubérculos como a mandioca ou a batata doce também
beneficiariam muito com o agro-processamento. Neste momento são conservadas na terra e vão
sendo colhidas para consumo, criando perdas não estimadas. As frutas, em geral, são consumidas
frescas ou perdem-se por falta de tratamento pós colheita. Portanto, assumimos que toda a
produção agrícola em estudo no presente relatório devia ser minimamente processada como
forma de aumentar o seu valor comercial e o seu tempo de prateleira.
1.3.4 Limitação de Dados
10
Para além da limitações anteriormente referidas sobre dados para aferir da adequabilidade da
terra por distritos e da produção dos produtos não controlados pelo SNAP, as estatísticas
nacionais apresentam insuficiências que limitam a análise económica. Em geral, os dados foram
obtidas no Instituto Nacional de Estatística (INE), no Ministério da Agricultura e
Desenvolvimento Rural (MADER) e no Ministério da Indústria e Comércio (MIC). Os anuários
do INE, apesar de apresentarem melhor informação nos últimos anos, possuem ainda algumas
lacunas e a sua consulta é dificultada por falta de uniformidade. As fontes do MADER são
contraditórias: os dados constantes no PROAGRI são diferentes dos dados obtidos do
Departamento de Estatística. Dos dados do MADER optámos por utilizar como fonte principal o
SNAP, por possuir dados discriminados por Distritos. Contudo, para os anos 2000 e 2001, os
dados do SNAP são afectados pela mudança do critério de avaliação da produção por terem
considerado, pela primeira vez, os dados definitivos do Censo de 1997 e por terem introduzido
na base de cálculo a situação de emergência3. Apesar disto o MADER-SNAP considera os dados
comparáveis com os dos anos anteriores (MADER – SNAP 2001).
Informação sobre agro-indústria é mais escassa porque ao nível do INE vem globalizada e não
está claro quem monitora as agro-indústrias no país: MIC ou MADER e, por conseguinte, DPIC
ou DPADER? O director nacional da Indústria (em entrevista) referiu que o MIC não controla as
agro-indústrias, exceptuando as grandes moageiras que não possuem a parte agrícola. Em
algumas províncias encontrámos os dados sobre agro-indústrias nas DPADR, noutras nas DPIC
e, em Sofala, nem numa nem noutra, ou seja, nenhuma direcção provincial possuía os dados
sobre as agro-indústrias em estudo. Urge uma definição clara sobre esta matéria tão importante
para o desenvolvimento nacional.
3 O SNAP calcula a produção agrícola por estimativa baseada na população activa, na superfície cultivada obtida por amostragem de 30 distritos e na média da precipitação (Relatório da Campanha Agrícola de 2000/2001, MADER – SNAP)
11
1.4 Estrutura do Relatório
O presente documento encontra-se dividido em 6 capítulos, incluindo a presente introdução que
constitui o capítulo 1. O capítulo 2 insere a análise da situação sócio económica de Moçambique
e o capítulo 3 a revisão de literatura sobre a agro-indústria em Moçambique. O capítulo 4 analisa
a produção agrícola nacional, a capacidade nacional de processamento dos produtos agrícolas e a
necessidade das agro-indústria, por cada cultura. O capítulo 5 é reservado a análise das
instituições financeiras e o capítulo 6 para as conclusões e recomendações. O relatório possui,
como parte integrante, em anexo separado, um relatório para cada província estudada.
12
II - SITUAÇÃO ECONÓMICA E SOCIAL DE MOÇAMBIQUE4
A caracterização da situação social e económica de Moçambique será feita na base da análise do
seguinte:
1. Enquadramento Legal
a. Sistema tributário
2. Indicadores macro-económicos
a. Desenvolvimento e pobreza humana em Moçambique
3. Agricultura
4. Indústria
5. Estratégia do Governo para a erradicação da pobreza
6. Inflação e taxa de câmbio
7. População
8. Balança comercial e de serviços
a. Exportações
b. Importações
2.1 Enquadramento Legal Os princípios fundamentais e os objectivos da Política Agrária, podem ser resumidos na seguinte declaração de política:
Desenvolver a actividade agrária com vista a alcançar a segurança alimentar, através da
produção diversificada de produtos para o consumo, fornecimento à indústria nacional e
4 Extraído de “Sustentabilidade do Cultivo do Milho em Moçambique, em Contexto de Globalização e Regionalização”, Muendane, ISCTE/CEPPA, trabalho de defesa, não publicado.
13
para a exportação, tendo como base a utilização sustentável dos recursos naturais e a
garantia da equidade social (Governo de Moçambique 1999).
Na produção de alimentos o programa do Governo destaca, entre outros produtos, o milho para a auto-suficiência e segurança alimentar da população.
Em Moçambique “a terra é propriedade do Estado e não pode ser vendida ou, por qualquer outra
forma, alienada, hipotecada ou penhorada”. Contudo, o direito de uso pode ser concedido a
nacionais ou a estrangeiros “para fins de actividades económicas por um prazo máximo de 50
anos, renovável por igual período” (Lei 19/97).
A lei de investimentos - 3/93 - assegura uma igualdade de tratamento para todos os investidores
nacionais e estrangeiros e estabelece o regime de incentivos aduaneiros, fiscais e cambiais
diferenciado para cada região nacional e, em particular, para as zonas francas.
Moçambique é membro da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC), da
Área de Comércio Preferencial (PTA), da Convenção de Lomé, do sistema Geral de preferências
e da Organização Mundial do Comércio. A sua localização permite servir de porta de entrada e
saída para as importações e exportações de países da África Austral.
2.1.1 Sistema Tributário
As imposições fiscais que afectam a produção, em Moçambique, são os impostos directos e
aquelas que afectam a comercialização são os impostos indirectos; as importações são sujeitas
aos direitos aduaneiros:
• Os impostos directos são a contribuição industrial, que recai sobre os lucros, sendo a
taxa de 35% (Dec. 68/98), o imposto complementar que recai sobre as mais valias e os
dividendos e o imposto de rendimento no trabalho, que é aplicado sobre os
trabalhadores - atinge uma percentagem máxima de 30% para os níveis mais altos (Dec.
3/87).
14
• Os indirectos são o imposto sobre o valor acrescentado (IVA), cuja taxa geral é de 17%
e o imposto de consumo de que são isentos todos os cereais e seus derivados.
A taxa de direitos aduaneiros nas importações varia de mercadoria a mercadoria. Por exemplo no
caso do milho é de 2,5% e nas exportações zero. No primeiro caso há que adicionar 1% da taxa
de serviços aduaneiros (Dec. 30/99).
2.2 Indicadores Macro-Económicos
Moçambique está numa fase de crescimento económico caracterizado por um ambiente de
mudanças no comportamento de vários indicadores macro-económicos. Em anexo 4,
apresentamos alguns indicadores seleccionados.
2.2.1 Desenvolvimento e Pobreza Humana em Moçambicana
Moçambique é considerado um dos países mais pobres do mundo. Segundo a classificação do
Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) o Índice de Desenvolvimento
Humano (IDH) do país, em 1998, foi de 0,341 e encontrava-se em 168º lugar numa lista de 174
países, portanto, na faixa dos países com IDH baixo. Ao nível da região da SADC, Moçambique
apresenta o IDH mais baixo e o Índice de Pobreza Humana (IPH) mais elevado
Porém, a pobreza não está igualmente distribuída no país: ela vai aumentando do Sul para o
Norte. Enquanto a cidade de Maputo tinha em 1998 um IDH de 0,605, portanto, um nível de
desenvolvimento médio, equiparável ao IDH do Botswana, Egipto e Argélia, a Zambézia
apresentava um IDH de 0,176, equiparável ao dos países mais pobres do planeta, como a Etiópia,
Serra Leoa e Níger. Curiosamente, a Zambézia é considerada uma das províncias mais ricas do
país em termos de recursos naturais e Maputo, das mais pobres. É que mais de 60% do PIB da
Zambézia é proveniente da agricultura enquanto na cidade de Maputo, cerca de 85% do PIB é
proveniente do comércio e serviços. Isto faz com que exista a tendência de um fluxo dos
produtos agrícolas do Norte (onde são produzidos) para o Sul (onde existe mercado). O gráfico
seguinte apresenta o IDH por regiões em Moçambique , em 1998.
15
.
Gráfico 2: IDH por regiões em Moçambique, em 1998
Fonte: PNUD
Um dos componentes do IDH é o PIB. Com a implementação do programa de reabilitação
económica, sob os auspícios do Banco Mundial e do Fundo Monetário Internacional, o PIB per
capita, depois de uma fase de estagnação e declínio desde o início dos anos 80 até meados da
presente década, a partir de 1996, teve a seguinte evolução: 109.7, 212.9, 236.9 e 241.6 USD, ou
seja um aumento de 94% em 1997, 11%, em 1998, 2% em 1999 (INE 1998/99)5. A agricultura
contribui com 32% para o PIB e os serviços com 48%. Grande parte dos serviços correspondem
aos transportes, dos quais se destacam os portos e caminhos de ferro.
Em 1998 o PIB de Moçambique foi de USD 3,9 biliões, para os quais a região Norte contribuiu
com 21%, a região Centro com 31% e o Sul com 48%. O PIB da cidade de Maputo é seis vezes
maior do que a média nacional e 11 a 12 vezes maior do que o PIB de províncias como a
Zambézia, Tete, Manica e Niassa. O PIB per capita da cidade de Maputo é equiparável ao dos
países como Marrocos, Irão ou Bulgária.
5 A subida do PIBpc de 1996 a 1997 deve-se em parte ao ajuste da população realizado em 1997. A estimativa anterior era de 18 milhões de habitantes e depois do censo a estimativa é de 16,5 milhões de habitantes.
IDH por Regiões em Moçambique (1998)
0
0,1
0,2
0,3
0,4
0,5
0,6
0,7
IDH 0,605 0,427 0,267 0,212
Maputo Região Sul Região Centro Região Norte
16
Considerando os dados das últimas três décadas, o PIB de Moçambique apresenta como média, a
seguinte estrutura:
Gráfico 3: Composição do PIB, por Sectores
Fonte: Castel Branco (2002)
2.3 Agricultura
A agricultura constitui 32% do PIB e inclui a produção agrária e pecuária. Os principais produtos
agrários são o milho, o arroz, a mapira, a mandioca, o amendoim, feijão, hortícolas, tomate,
cebola, girassol, copra, algodão, tabaco, citrinos, cana de açúcar, chá, castanha de cajú. Os
principais produtos pecuários são: a carne bovina, carne suína, carne de frango, leite e ovos.
A agricultura moçambicana é realizada, em grande parte, pelo sector familiar, com uso de baixo
nível de insumos, o que limita os rendimentos por hectare e eleva os custos de produção. O
sector empresarial dedica-se principalmente as culturas como algodão, chá, cana de açúcar,
tabaco e a comercialização da castanha de caju. Mas mesmo nestes casos, frequentemente, o
sector empresarial dedica-se ao fomento, isto é, providencia insumos que entrega ao sector
familiar para produzir, reduzindo assim o risco e os custos de produção que envolveriam a
produção comercial.
Composição do PIB, por Sectores
Manufatura10%
Agricultura32%
Outras Indústrias
10%
Serviços48%
17
O uso de elevado nível de insumos levaria, em geral, Moçambique a quadruplicar a sua produção
em culturas como o milho e o arroz, cujos rendimentos se situam actualmente a 0.9 toneladas por
hectare.
2.4 Indústria
A indústria manufactureira corresponde a cerca de 10% do PIB, excluindo o alumínio produzido
pela Mozal. Os produtos industrias principais são: óleo de girassol refinado, farinha de trigo,
massas alimentícias, cerveja, refrigerantes, madeira, sabão, pneus, cimento, chapa de
fibrocimento e pedra de construção.
Sendo o país essencialmente agrícola, interesse particular assume a agro-indústria que neste
momento enfrenta grandes dificuldades, tendo grande parte das suas unidades encerradas. No
caso do milho por exemplo a capacidade da agro-indústria corresponde a cerca de 40% da
produção agrícola e a maior parte das moageiras é constituída por milhares de pequenos moinhos
de martelos que moem cerca de 1 tonelada por dia cada. Estas unidades não separam o farelo
levando a que as populações tenham que pilar o milho antes de entrada na moagem o que
acarreta muito trabalho manual. No caso do arroz existem pequenas máquinas de descasque que
separam os sub-produtos mas a sua quantidade pelo país é ainda diminuta. As grandes fábricas
de descasque encontram-se quase todas paralisadas. Na indústria de óleo e sabões a situação é
semelhante, porquanto, as grande unidades ou estão paralisadas ou operam a baixos níveis de
exploração, existindo, em contrapartida milhares de pequenas prensas espalhadas pelos Distritos.
Estas prensas produzem óleo cru, que é comercializado no mercado informal em bidões de 10 ou
20 litros. O fabrico de sabão também apresenta as mesmas características, ou seja, é feito
grandemente em pequenas unidades caseiras. O sector caju era constituído por dois tipos de
indústria: grandes unidades mecanizadas e pequenas unidades manuais. As grandes encontram-se
encerradas e algumas das manuais ainda operam.
18
2.5 Estratégia do Governo para a redução da pobreza em Moçambique
A erradicação da pobreza é uma das prioridades do Governo Moçambicano. A primeira tentativa
de definição de políticas específicas para a redução da pobreza, resultou na Estratégia para a
Redução da Pobreza em Moçambique elaborada em 1995 e que definia cinco objectivos
específicos:
• Melhoria das condições de vida nas zonas rurais;
• Investimento no capital humano;
• Melhoria da rede de protecção social;
• Formulação de uma política de população;
• Melhoria da capacidade nacional para a análise e monitoria da pobreza.
São referidos como principais determinantes da pobreza a baixa produtividade na agricultura
familiar e o fraco desenvolvimento das infra-estruturas rurais. Os objectivos principais para
combater a pobreza incluem:
• A redução da incidência da pobreza, através do crescimento económico rápido e
sustentável com um padrão que, quanto possível favoreça o sectores da indústria e
construção particularmente nas zonas rurais;
• O aumento da produtividade da agricultura no sector familiar, principalmente nas regiões
de elevado potencial agro-ecológico.
Para o período de 2000 a 2004, o PARPA estabelece como objectivo fundamental “a redução da
pobreza absoluta de 70%, em 1999, para menos de 60%, em 2005”. Em 2002, o objectivo
principal é “reactivar a economia que sofreu um abalo sério em 2000, através do fomento da
agricultura, construção, transportes e comércio, sectores com uma componente muito forte de
participação do sector familiar e tecnologias de trabalho intensivo”. No que se refere aos
indicadores básicos sociais o objectivo é
“aumento da cobertura escolar aos vários níveis, o aumento da formação e recrutamento
de professores, o aumento da cobertura dos cuidados primários de saúde, em particular da
19
protecção materno-infantil e dos programas de vacinação, assim como a reabilitação e
extensão de infra-estruturas básicas. O combate e investigação sobre as doenças
endémicas será prosseguido, com particular atenção a ser dada ao impacto do HIV/SIDA
sobre o desenvolvimento do capital humano e sobre o desenvolvimento económico. A
reforma da administração pública e, em especial, a problemática do fortalecimento das
capacidades institucionais continuará a ser prosseguida, dando-se ênfase forte ao processo
de desconcentração e descentralização de poderes administrativos para os níveis distritais
e provinciais, de poderes financeiros e ao processo de autarquização” (Governo de
Moçambique, 2001).
2.6 Inflação e Taxa de Câmbio
A inflação, em geral, diminui o poder de compra da população e afecta a economia do país. Nos
últimos anos, este indicador tem vindo a diminuir significativamente como consequência directa
da política restritiva do Governo e da estabilização social conseguida depois das primeiras
eleições multipartidárias de 1994: de um nível de 70% atingido nesse ano, a inflação, em 1997,
reduziu-se para 5,8% e em 1998 tornou-se negativa (-1,3%); a inflação acumulada de 1999 é de
4,8%, em 2.000 de 11.4% e em 2001 de 21.9% (INE).
O combate à inflação é feito através das políticas monetária e fiscal. No âmbito da política
monetária o instrumento principal que é utilizado é a restrição do crédito tanto para o Estado
como para a economia. Contudo, ao nível da economia o Governo considera importante
“assegurar a canalização de crédito para os sectores que podem proporcionar um crescimento
mais rápido da economia, com uma necessidade de capital menor e que geram mais emprego,
tais como a pequena empresa agrícola ou industrial e os serviços de apoio à comercialização do
sector familiar”; ao nível da política fiscal merecem “especial atenção do Governo as acções de
apoio à comercialização agrícola, estradas rurais, pontes e pequenos portos de escoamentos de
produtos” (Boletim da República 18/95).
Um dos factores que influencia a inflação e que tem muito peso em Moçambique dada a sua
grande dependência às importações, é a taxa de câmbio em relação dólar. Esta apresentou uma
20
certa estabilidade a partir de 1997 com uma subida a uma taxa de 2%, em 1998 a uma taxa de
4% e em 1999 a uma taxa de 7%, quando comparados com 1995 em que registou uma subida de
50% e em 1996 de 25% (INE 1999).
2.7 População A população moçambicana cresceu 42% nos últimos 20 anos, tendo atingido 17.2 milhões de
habitantes no ano 2.000, contra 12,1 milhões registados no censo de 1980. A população
economicamente activa (PEA)6 foi estimada em 5,9 milhões em 1997, equivalente a 69,7% da
população com 15 anos e mais, dos quais 81% na agricultura. A maior parte da PEA é
constituída por mulheres (52%). A taxa média de crescimento da população é avaliada em 2,26%
ao ano (INE 1997).
Em cada província a densidade populacional aumenta nas cidades, vilas e localidades, embora,
no global a população urbana corresponda a menos de 30% da população total.
A densidade populacional é de 21,6 habitantes/km2. Da população, 52% são mulheres e 48%
homens. Os dados demográficos por Províncias são indicados na Tabela 1.
6 A população economicamente activa (PEA) é o conjunto de pessoas em idade de trabalhar, de ambos os sexos, que constituem a mão de obra disponível para a produção de bens e serviços. Segundo recomendações internacionais, a PEA é considerada como a população que participa na actividade económica e que tenha 15 anos de idade e mais. Em Moçambique grande parte das crianças entre 7 e 14 anos trabalham. Se incluirmos esta faixa etária, a PEA passa para 62% da população abrangida (INE 1997)
21
Tabela 4: Dados demográficos (2000)
Província Capital Área Prov. População Dens. Pop. Niassa Lichinga 129.061 871 6,7 Cabo Delgado Pemba 82.625 1.466 17,7 Nampula Nampula 81.606 3.266 40,0 Zambézia Quelimane 105.008 3.317 31,6 Tete Tete 100.724 1.320 13,1 Manica Chimoio 61.656 1.137 18,4 Sofala Beira 68.018 1.454 21,4 Inhambane Inhambane 68.615 1.256 18,3 Gaza Xai-Xai 75.709 1.203 15,9 Maputo Matola 26.058 934 35,8 Cidade de Maputo Cidade de Maputo 300 1.019 3.396,7 Total 799.380 17.243 21,6 NB: A população é dada em 103 habitantes e a área em Km2 e a densidade populacional em Hab/m2 Fonte: INE (2001)
Niassa é a província mais extensa do país seguida por Zambézia e Tete. A cidade de Maputo,
com estatuto de província, é a mais pequena em termos de superfície, embora tenha maior
densidade populacional. Excluindo a Cidade de Maputo, Nampula possui a maior densidade
populacional seguida pela província de Maputo e pela Zambézia. No global a província mais
populosa é a Zambézia, seguida de Nampula e por Sofala.
O número de habitantes é maior no grupo de zero a nove anos, ocupando quase um terço da
população total, reduzindo progressivamente até uma percentagem quase nula para a população
com mais de 80 anos. A população moçambicana é maioritariamente jovem, sendo 84% com
menos de 40 anos e 56% com menos de 20.
2.8 Balança Comercial e Balança de Serviços
O défice da balança comercial registou um forte declínio de 1994 a 1995 em 36.4% a favor da
exportações e da produção nacional. A partir deste ano até 1999 o saldo teve o seguinte
comportamento: -552.7, -556.5, -530.2, -620.1 e -902.9 milhões de dólares americanos. As
importações de cereais têm muito peso na balança comercial, pelo que o aumento da produção
nacional poderá contribuir para a melhoria da balança, tanto pela substituição das importações
22
como pelo incremento das exportações. A balança de serviços apresenta uma evolução similar,
registando os seguintes valores de 1994 a 1999: -162.7, -127.3, -85.3, -78.6, -176.3 e –190.8
milhões de dólares americanos (vide anexo 4).
No que se refere à importação e exportação de mercadorias, dados estatísticos de 1999 indicam
que os produtos dos sectores agrícola e da indústria de alimentos representam 52% das
exportações e 21% das importações.
O gráfico 4 apresenta as importações e exportações de Moçambique, no últimos 20 anos.
Gráfico 4: Importações e exportações de Moçambique, 1978 a 1999
Fonte: Castel Branco (2002)
Importações e Exportações de Moçambique
0
200
400
600
800
1000
1200
1400
Mil
hõ
es
de
Dó
lare
s
Exportações 369 467 391 383 333 219 153 184 198 234 260 272 299 365 362 466 466 540 572 581 621
Importações 537 581 799 800 836 637 494 423 542 642 736 809 878 899 855 727 727 783 760 868 1171
1978 1979 1980 1981 1982 1983 1984 1985 1986 1987 1988 1989 1990 1991 1992 1995 1995 1996 1997 1998 1999
23
2.8.1 Exportações
A situação da debilidade da agro-indústria leva a que o país tenha de exportar matérias primas
com pouco valor acrescentado e o facto da produção realizar-se em unidades familiares leva a
não uniformidade dos produtos, limitando a valorização das mercadorias, principalmente, no
mercado externo. Assim, em geral, a exportação de produtos agrícolas é feito de modo informal
no comércio fronteiriço para os países vizinhos como o Zimbabwe e o Malawi.
A estrutura das exportações mudou muito com a entrada em funcionamento da MOZAL que
exporta lingotes de alumínio. Em 2001 as exportações aumentaram 115% em relação a 2000,
devido ao aumento das exportações da MOZAL e da MABOR. As exportações de alumínio
aumentaram no período em 537% e os pneus de 1433%. As exportações de alumínio em 2001
representaram 55% das exportações totais do país. Ao alumínio seguiu-se o camarão, em termos
de volume de exportações, com cerca de 13% do total e a energia eléctrica com 8%. As
exportações têm vindo a reduzir-se significativamente tendo baixado em 2001 para um quarto do
volume exportado em 2000. Entretanto, as exportações da castanha (não processada)
correspondem a cinco vezes as exportações da amêndoa. Em geral, as exportações tradicionais
diminuíram em 2001, sendo a redução de 75% para o caso da amêndoa de caju, de 69% para o
caso dos citrinos, 62% para a copra, 28% para o algodão e 14% para a madeira. A castanha de
caju reduziu em 9% (Anexo 4)
2.8.2 Importações
A estrutura das importações também ficou afectada pela entrada em funcionamento da MOZAL:
as importações de energia eléctrica da África de Sul subiram em 516%. Outras rubricas que
subiram foram os medicamentos em 59%, a gasolina 55% e os cereais em 38%.
No global as importações baixaram em 9% de 2000 para 2001. As rubricas que mais
contribuíram para a redução são os automóveis e a maquinaria que baixaram respectivamente
24
45% e 41%, seguido do açúcar com 30% e o gasóleo com 9%. Em 2001 a maior importadora foi
a MOZAL com 22% do volume total de importações, seguido pela importação de maquinaria
com 13%, gasóleo com 9%, cereais 7% e automóveis 6% (Anexo 4).
2.9 Crédito Bancário
A dependência de Moçambique ao recursos esternos para financiar a economia vai aumentando
rapidamente: de uma percentagem de 18% registada em 1996 atingiu 33% em 1999.
Gráfico 5: Crédito a economia
Fonte: INE 2000
O crédito à economia cresce a uma taxa média de 35% ao ano, tendo o maior crescimento sido
verificado em 1997 (52%). O crescimento do crédito com recursos internos foi, em média, de
26% ao ano, enquanto a taxa média de crescimento com recursos externos foi de 65% ao ano.
A indústria e o comércio juntos absorvem 50% do crédito à economia, a agricultura somente
22%, embora empregue cerca de 81% da população moçambicana e 32% do PIB. O crédito à
agricultura tem apresentado uma tendência decrescente, desde a liberalização da economia.
Crédito à Economia (%)
0%
10%
20%
30%
40%
50%
60%
70%
80%
90%
100%
%
Crédito c/ Rec. Internos 82% 74% 72% 67%
Crédito c/ Rec. Externos 18% 26% 28% 33%
1996 1997 1998 1999
25
Gráfico 6: Evolução do crédito à agricultura em relação do crédito total
Fonte: MADER 1997
Em geral, os bancos referem que não dão crédito a agricultura porque esta actividade em
Moçambique implica grandes riscos e apresenta-se inviável devido a problemas de infra-
estruturas, elevados custos operacionais, elevados custos de insumos e baixa produtividade. No
capítulo 5 estão indicadas as instituições financeiras que operam em Moçambique.
2.10 Transportes7
O transporte de produtos agrícolas em Moçambique é feito maioritariamente por transporte
rodoviário, devido a questões de segurança da mercadoria e demoras que envolvem os
transportes ferroviário e marítimo. O custo de transporte é agravado pela situação das vias
rodoviárias: Mais de metade (53%) das estradas nacionais são terciárias, isto é, em terra batida e
com circulação sazonal. As estradas principais correspondem a somente 16% e as restantes 31%
são consideradas secundárias. As estradas terciárias, em geral, ligam os distritos e as estradas
primárias e secundárias, as províncias. Dentro do país, o transporte rodoviário nos distritos é
7 Extraído de “Custos de Transporte na Comercialização Agrícola em Moçambique” (Muendane 2001)
% do Crédito a Agricultura
0
10
20
30
40
50
60
%
Credito Agricultura/Total (%) 50 42 42 39 37 33 27 25 21
1987 1988 1989 1990 1991 1992 1993 1994 1995
26
feito pelo sector informal por diversos meios de transporte como tractores, bicicletas, carrinhas e
camiões de pequena capacidade até 10 toneladas; o preço é estabelecido por saco e por área.
Considerando as distâncias máximas entre o ponto de produção e os mercados locais, as tarifas
unitárias, em geral, são inferiores aos preços praticados pelo sector formal, variando de 0,03 a
0,21 USD/t/Km. No transporte entre províncias, para além do sector informal nacional participa
a cabotagem ilegal de viaturas estrangeiras, marginalizando o sector formal, cujas tarifas se
situam entre 0,12 a 0,15 USD/t/Km, sendo o valor predominante de 0,12 USD/t/Km. O
transporte feito por transportadores nacionais em rotas internacionais é metade dos preços
internos, isto é, 0,06 USD/t/Km. No transporte internacional, em zonas com retorno garantido, o
preço é metade daquela tarifa, isto é, 0,03 USD/t/Km.
A única ligação eficaz entre o Norte e o Sul em Moçambique é através do mar. No país existem
duas empresas de transporte marítimo de actuam de forma oligopólica, no estabelecimento de
preços. Apesar de o Protocolo da SADC prever a livre circulação de pessoas e bens, por
enquanto, a cabotagem carece de Acordos bilaterais e os Acordos que Moçambique assinou com
a África de Sul, Zimbabwe e Malawi, não prevêm a cabotagem, ou seja, os transportadores de
um Estado Membro não são autorizados a transportar mercadorias entre pontos situados no
interior de outro Estado Membro. No transporte marítimo, o preço médio por contentor por
viagem é de 800 USD no sentido Sul-Norte e de 450 USD no sentido descendente. O preço
médio de um contentor para ida e volta é de 625USD.
O transporte marítimo é o mais barato e o transporte rodoviário, o mais caro, considerando as
actuais infraestruturas existentes. A grande vantagem do transporte rodoviário é a confiabilidade,
medida em termos de segurança da mercadoria e da pontualidade do transporte. Porquanto, em
Moçambique os transportes marítimo e ferroviário são ainda pouco fiáveis, fazendo, preferir o
transporte rodoviário apesar do seu elevado preço.
2.11 Barreiras Administrativas e Fiscais
Moçambique evoluiu muito rapidamente desde a independência nacional até hoje: a primeira
fase caracterizou-se pelo “escangalhamento do Estado colonial” e edificação de um Estado
27
socialista, de economia centralizada. A adopção da economia do mercado iniciada em 1986/7 e,
depois do fim da guerra em 1992, a instauração do primeiro Governo pós sistema
monopartidário, em 1994, levou de novo a necessidade de reformular a legislação que regula a
actividade comercial em Moçambique.
Assim, em 1996, o Governo de Moçambique envolveu-se em reformas com o objectivo
de reduzir as barreiras administrativas ao investimento. Esta iniciativa, que foi levada a
cabo em paralelo com medidas tendentes a promover a estabilidade macro-económica e a
liberalização económica, pretende melhorar o clima de investimento e encorajar o
investimento nacional e estrangeiro. Este último é visto como sendo crucial para o
crescimento económico e o alívio à pobreza. As leis e regulamentos em vigor em
Moçambique a partir de 1996, constam em anexo 2 (FIAS 2001).
A burocracia afecta as empresas na sua criação, registo e no seu funcionamento. Na criação a
estão envolvidas três instituições: O Cartório Notarial para a constituição, a Conservatória do
Registo Comercial para o registo comercial da empresa já constituída, e a Imprensa Nacional
para a publicação do pacto social. Em geral os procedimentos são considerados “dispendiosos,
complicados e morosos” (Macamo 2000) e somente a publicação pode levar seis meses (FIAS
2001). O registo da actividade é feito em três tipos de organismos: de licenciamento, fiscais e de
simples comunicação. O licenciamento é feito ao organismo de tutela. Por exemplo as empresas
industriais e comerciais são licenciadas no MIC; as empresas agrícolas no MADER; as farmácias
no MISAU. Os regulamentos são similares e um estudo feito recentemente mostrou que o
licenciamento comercial pode durar cinco meses, apesar do Regulamento estipular como prazo
um mês (Muendane, 2002). O registo fiscal é de todos o mais simples, não exigindo praticamente
nada mais do que o preenchimento de um impresso para a obtenção do código de contribuição
fiscal. Comunicações de início de actividade são devidas à diversos organismos como por
exemplo Ministério do Trabalho. No caso particular das importações, embora o processo de
licenciamento tenha sido simplificado e não constem actualmente reclamações nesse sentido
ainda persistem problemas ao nível das alfândegas. Neste aspecto a FIAS (2001) registou as
seguintes preocupações dos investidores:
28
• Sistemas sofisticados aliados a uma fraca capacidade de implementação;
• Sistemas demasiado rígidos;
• Excessiva inspecção;
• Custos elevados de importação (depósito elevado para os direitos e multas pesadas em
caso de chegada tardia de cancelamento, taxas relacionadas com as alfândegas, requisito
obrigatório de armazém alfandegado e comportamento monopolista dos despachantes)
A burocracia desmotiva a passagem das empresas do informal ao formal e estimula a tendência
inversa.
2.12 Aspectos Relevantes da Análise da Situação Sócio Económica de Moçambique
Moçambique é um país em que a maior parte da população é jovem e com um nível muito alto
de analfabetismo. É um país pobre, muito dependente da agricultura. A sua agro-indústria é
incipiente e muito frágil. Tanto a agricultura como a agro-indústria são dominadas pelo sector
familiar ou micro empresas. As grande empresas tanto agrícolas como agro-industriais enfrentam
dificuldades que a inviabilizam ou ditaram a sua falência.
A economia moçambicana é caracterizada por grandes desequilíbrios entre o Sul, menos pobre
com um nível de desenvolvimento médio, e o Centro e Norte, mais pobres com níveis de
desenvolvimento dos mais baixos do mundo. O Governo encara a pobreza com muita
preocupação e tem um programa específico para a sua redução, para a estabilização dos
indicadores macro-económicos que tem vindo a realizar desde meados dos ano 80 com a
adopção do Programa de Reabilitação Económica e Social (PRES).
Moçambique é um país muito dependente do exterior, particularmente da ajuda externa que
contribui com uma grande parte, tanto do orçamento do Estado como dos programas de
desenvolvimento.
29
Em geral, os bancos comerciais dão cada vez menos crédito à agricultura e à agro-indústria
devido aos riscos que estas actividades acarretam em Moçambique, além da inviabilidade que
apresentam devido a elevados custos operacionais e a elevados custos de transação que
transforma a produção nacional não competitiva em relação as importações.
Outro problema grave que afecta o país é a fragilidade da sua infra-estrutura, em particular, de
transportes, que encarece os produtos, que devem ser transportados das províncias do Centro e
Norte produtoras para as do sul, consumidoras.
Moçambique está inserido na SADC que pretende instituir um Mercado livre. Outras
organizações regionais que operam na vizinhança são a SACU e a COMESA de que
Moçambique não faz parte.
Apesar de o Governo ter iniciado, desde 1996, um processo de combate a burocracia, no âmbito
da implementação da economia de mercado, ainda muito há por fazer de modo a atrair o
investimento em Moçambique e facilitar a operação dos agentes económicos.
30
III - REVISÃO DE LITERATURA
As actividades económicas nas zonas rurais não se restringem apenas às actividades estritamente
agrícolas mas abrangem também actividades de agro-processamento de pequena escala bem
como micro e pequenas empresas em diversas áreas como as de manufactura, construção,
comércio e serviços.
O desenvolvimento da agro-indústria de pequena escala revela-se duma importância crítica na
expansão e diversificação do sector agrícola. A indústria baseada no processamento dos produtos
agrícolas, com ênfase na preservação e transformação, desempenha um papel crítico nos países
em desenvolvimento onde constitui uma proporção substancial das actividades de
processamento. Segundo Austin (1992), a agro-indústria é potencialmente um veículo do
crescimento da economia rural, onde através dela criam-se oportunidades de emprego, estimula
inovações quer ao nível da machamba bem como ao da fábrica, proporcionando incentivos para
melhoramento das infra-estruturas, bem como produzindo bens para exportação. A agro-
indústria, na sua forma tradicional é considerada um dos primeiros passos no caminho da
industrialização (Brown, 1994).
Um sector da agro-indústria dinâmico tem capacidade para expandir os mercados para os
produtos agrícolas primários, adicionar valor através da capacidade de integrar verticalmente a
produção primária e os sistemas de processamento dos alimentos bem como minimizar as perdas
pós-colheita.
A agro-indústria reduz a sazonalidade do consumo de diversos produtos processados, aumenta a
viabilidade, rentabilidade e sustentabilidade dos sistemas de produção através do seu impacto no
aumento das receitas e rendimento das actividades agrícolas, promoção de emprego nas zonas
rurais, receitas de divisas enquanto reduz os riscos associados à comercialização.
Apesar de todas estas potencialidades, o sector da agro-indústria no país permanece adormecido,
rudimentar, subdesenvolvido e em grande medida sem nenhum suporte substancial sob ponto de
vista institucional, técnico, e financeiro.
31
Alguns dos obstáculos – problemas e constrangimentos - apontados no geral para o
desenvolvimento dum sector da agro-indústria bem sucedido incluem:
• Falta de matéria prima;
• Sazonalidade das culturas implicando irregularidade na disponibilidade de matérias
primas;
• Baixa qualidade da matéria prima fornecida e elevadas perdas durante o transporte dos
locais de produção aos locais de processamento;
• Inconsistência e baixa qualidade dos produtos processados;
• Sub-aproveitamento das instalações e equipamento de processamento;
• Pessoal mal treinado e falta de mão de obra qualificada na tecnologia de alimentos;
• Falta de práticas adequadas de higiene e salubridade;
• Material de empacotamento inapropriado e elevados custos de embalagem; e
• Falta de apoio técnico no sector agro-industrial.
A exploração de oportunidades para o desenvolvimento da agro-indústria rural viável passa
necessariamente pelo estabelecimento de ligações coesas e substanciais entre os produtores
agrícolas, o sector industrial, os comerciantes, as instituições financeiras e o Estado. Para além
destes factores, a garantia de qualidade e quantidade da matéria prima requerida pelos
processadores; o acesso ao capital, tecnologia, gestão efectiva e serviços de apoio como
“marketing”, pesquisa e extensão; a existência de profissionais formados em tecnologia de
alimentos e disciplinas relacionadas; uma análise cuidadosa dos mercados domésticos, regionais
e internacionais como base para a formulação de políticas para investimentos no agro-
processamento são factores chaves que devem merecer muita atenção.
32
3.1 O Sector Agrícola e a Economia Rural de Moçambique
Moçambique é considerado um país de terra abundante de elevada potencialidade agrícola e que
goza duma vantagem comparativa na região (Mucavele, 2000). Embora tenha um potencial
considerável de irrigação, estima-se em apenas 10% a sua exploração. Mercê da consolidação da
paz, estabilidade política e condições climáticas favoráveis, o país tem registado recentemente
uma recuperação da produção agrícola associada com a expansão das áreas de cultivo.
O desenvolvimento do sector agrário que se reflicta no melhoramento dos rendimentos familiares
é uma das prioridades do Governo (PARPA, 2000). Segundo este documento, a Política Agrária
e Estratégia de Implementação do governo preconiza como objectivo geral de desenvolvimento
agrário:
• A transformação da agricultura de subsistência numa agricultura cada vez mais
integrada nas funções de produção, comercialização, e processamento, tendente a
alcançar dois objectivos fundamentais a saber:
• O desenvolvimento de um sector agrário de subsistência, que contribui com
excedentes para o mercado
• O desenvolvimento dum sector empresarial eficiente e participativo no
desenvolvimento agrário.
A visão de longo prazo de desenvolvimento agrário considera que as exportações devem liderar e
serem o motor de crescimento para o sector rural e para a economia nacional.
Actualmente as culturas alimentares como o milho, o arroz, mandioca, bata doce, feijões e as
oleaginosa são de rico potencial de cultivo em vastas áreas do país (Tickner, et al 2001), sendo
no geral cultivadas pelo sector familiar numa agricultura de subsistência caracterizada por baixo
uso de insumos como fertilizantes, pesticidas e sementes melhoradas, os quais estão limitados as
culturas de rendimento como o algodão e tabaco produzidas sob contracto com grandes empresas
(Jeje et al, 1998). Segundo o estudo do Jeje et al a intensificação do cultivo destas culturas com o
uso de sementes melhoradas, fertilizantes e pesticidas poderia resultar num aumento de
33
rendimentos na ordem de 67 a 576%. Os actuais níveis de rendimento e o seu respectivo
potencial entre parênteses são os seguintes: Milho 0.4 - 1.3 tons/ha (5-6.5); Mandioca 4-5 ton/ha
(5-10); arroz 0.5 - 1.8 tons/ha (2.5 - 6) feijões 0.3 -0.6 tons/ha (0.5 - 2.5).
Com o objectivo de implementar a política agrária definida e, progressivamente ultrapassar os
actuais constrangimentos ao desenvolvimento agrário e rural o Governo esta a implementar o
Programa Sectorial do Investimento Público Agrário (PROAGRI).
3.2 Agro-Indústria Rural no Contexto de Moçambique
No contexto do país, a agro-indústria rural refere-se ao conjunto de actividades de pós-colheita
incluindo armazenamento, transformação, condicionamento, transporte e comercialização as
quais conferem um valor adicional à produção agrícola do sector familiar. Muito embora se saiba
pouco sobre a importância e posição da pequena e média agro-indústria rural no país, ela
representa um importante segmento da economia nacional. As micro e pequenas empresas
contribuem substancialmente para o rendimento dos agregados familiares (Benfica, 1998).
As ligações do sector de produção e o da indústria de processamento têm frequentemente sido
neglicenciados nas iniciativas do desenvolvimento do sector agrário bem como nas de
alternativas ao alívio ou erradicação da pobreza. Todavia, o papel das culturas tradicionais de
rendimento como algodão, castanha de caju, tabaco e chá - quer pelo seu papel na segurança
alimentar ao nível dos agregados familiares bem como fonte de divisas é sobejamente
reconhecido (Strasberg, 1998 e Wandschneider e Garrido-Mirapex, 1999 e Mole, 2000).
Gradualmente, o sector de pós-colheita está emergindo no seio das estratégias de
desenvolvimento da economia rural. Face à elevadas perdas pós-colheita associadas ao uso de
métodos de conservação tradicionais de baixa eficiência e fraca existência da agro-indústria nas
zonas rurais de maior potencial agrícola, a estratégia da comercialização agrícola para 2000 -
2004 (Conselho de Ministros, 2001) considera a agro-indústria um dos vectores essenciais de
actuação. O plano de acção, preconiza o desenvolvimento duma agro-indústria nacional, no
contexto da facilitação da comercialização agrícola, a qual possa absorver e processar os
34
excedentes da produção agrícola. Para se alcançar este objectivo, estão definidas as seguintes
actividades:
• Promover a criação de agro-indústrias tais como moageiras, fábricas de rações,
pequenas unidades oleaginosas e indústria alimentar nas zonas potencialmente
agrícolas
• Promover a utilização das matérias-primas nacionais pela indústria, visando a
substituição de importações.
• Estudar alternativas de processamento industrial de certos produtos agrícolas.
3.3.1 Milho
O milho é uma das mais importantes culturas alimentares em Moçambique, ocupando entre 36-
40% da área cultivada. Estima-se em cerca de um milhão de toneladas/ano produzidas. A cultura
de milho é praticada essencialmente em regime de sequeiro, com uso limitado de insumos
agrícolas e com predominância de variedades tradicionais.
35
3.3.1.1 Zonas e Potencial de Produção
Apesar de ser uma cultura praticada em
vastas áreas do país, as zonas geográficas do
Centro e do Norte são tidas como as zonas
de maior potencial da cultura. Bokde (1982)
define cinco zonas agro-climáticas para a
produção de milho dentre as quais se
destacam:
Zona Altamente Favorável - A zona agro-
ecológica da região de terras altas das áreas
geográficas das províncias de Niassa, Tete,
Manica, Zambézia e Cabo Delgado com
potencial muito alto acima de 1.5 t/ha sem
insumos.
Zona Favorável – Zona agro-ecológica da
região de planaltos médios do Norte das
províncias acima consideradas e Sofala –
potencial alto com rendimentos entre 1.0 –
1.5 t/ha.
Zona Moderadamente favorável - Terras
baixas a médias do Sul das províncias de
Maputo, Gaza e Inhambane com potencial
de rendimentos entre 0.8 a 1.0 t/ha.
Figura 2: Aptidão agro-climática do milho
O milho é também extensivamente cultivado em vastas regiões do Sul do país em regiões não
aptas ou marginalmente aptas.
O milho no país é potencialmente uma cultura de rendimento, com vários circuitos de
comercialização entre as zonas de excedentes para as zonas deficitárias incluindo mercados de
países fronteiriços (Tickner, et al, 2001, MIC/MADER, 2001 e Muendane, 2001).
36
Não obstante a elevada importância sócio-económica que esta cultura representa, o desempenho
do sub-sector enfrenta enormes constrangimentos. A produção é limitada pelos baixos
rendimentos associados ao cultivo dominante de baixo rendimento potencial, factores limitantes
de ordem biótica (elevada incidência de pragas e doenças) e abiótica (práticas culturais
inadequadas e baixa fertilidade dos solos). Technoserve (1998) identifica vários factores
limitantes associados com à pós-colheita com destaque para conservação, processamento,
mercados, preços, e infra-estruturas. Os elevados custos de transporte são apontados como um
dos grandes obstáculos à comercialização.
3.3.1.2 O Milho e a Agro-Indústria
O milho produzido pelo sector familiar é principalmente conservado em celeiro (Yachan, 1997).
Segundo Sitoe (2001), as estruturas tradicionais de conservação são as mais dominantes no
sector familiar apesar de pressões sócio económicas e de mercado no sentido de adopção das
estruturas tradicionais melhoradas. No estudo do Sitoe (2001), foram identificados os seguintes
métodos tradicionais de secar e armazenar o grão e semente de milho: Celeiro com tratamento de
Fumo, Celeiro sem tratamento de fumo, Espigas amarradas em Molho e grão ou semente em
tambor.
Nalgumas zonas de Nampula, o milho é conservado principalmente sob forma de espiga/panícula
em camisa e penduradas no bambu (Abichande, 2001).
Já se realizou um trabalho no sentido de divulgação de construção de celeiros tradicionais
melhorados com vista a minimizar as perdas pós-colheita originadas de roedores, chuvas e
fungos (MIC/MADER, 2001). As avaliações do uso de potenciais técnicas melhoradas de pós-
colheita em termos de custo-benefício e de rentabilidade financeira indicam que é viável a sua
adopção (GOM, 1996).
O Milho é na sua maioria comercializado em grão sem prévio processamento. Na rede da sua
comercialização encontram–se os comerciantes informais ambulantes, formais retalhistas e a
37
grosso. O principal destino do milho nacional é o mercado nacional bem como os países vizinhos
das zonas de maior produção (Technoserve, 1998).
O grão do milho é processado em diferentes formas ao nível tradicional. A forma predominante
de processamento é o pilão, almofariz e as moageira manuais de pequena escala cujo produto
principal é a farinha de milho. Ainda ao nível de processamento de pequena escala existem
moinhos de martelo com potencial de utilização por agricultores e pequenos comerciantes
(MIC/MADER, 2001). Para alem da farinha como o produto principal, extrai-se o farelo que se
destina a ração animal e fabricação das bebidas alcoólicas locais.
Estudos em países em desenvolvimento revelam que estão sendo tomadas medidas que visam
essencialmente tornar célere a adopção de maquinetas de processamento simples nas operações
de debulha, secagem e moagem húmida (Okoruwa, 1992).
O estudo da FSU-RESAL conduzido por Tickner et al (2001) revela que o potencial de agro-
processamento para o milho ao nível on-farm reside nas operações de secagem, debulhadoras e
trituradoras manuais; ao nível do processamento local, predominam moageiras eléctricas e a
diesel.
Nalgumas localidades e vilas ou sedes distritais, já operam moageiras de média escala que
funcionam na base da corrente eléctrica (UNIDO, 2001 e Technoserve, 1998). De acordo com
Technoserve (1998), nas províncias de Manica, Sofala, Zambézia e Nampula existem várias
dezenas de moageiras semi-industriais as quais estabelecem relações contractuais de trabalho
com as empresas verticalmente integradas, produtores médios, associações de produtores,
comerciantes a grosso.
Quanto ao processamento de grande escala, em 1998, existiam cinco moageiras operacionais
distribuídas pelas províncias de Manica, Sofala, Nampula e Zambézia sendo a Mobeira a mais
importante com uma capacidade de 75 tons/dia (Technoserve, 1998).
38
3.3.2 Arroz
3.3.2.1 Distribuição Geográfica
A cultura de arroz no país é extensivamente praticada nas baixas de Zambézia e Sofala, em
sequeiro nas zonas altas de Nampula e Cabo Delgado e em regadio na província de Gaza. As
províncias de Maputo, Niassa e Inhambane tem uma contribuição marginal na produção nacional
que é liderada pelas províncias de Zambézia com 51% seguida de Nampula com 15% (FAO,
2000). As três zonas representam respectivamente 90%, 7% e 3% da área total cultivada no país.
A produção do arroz na província da Zambézia é dominada pelos distritos de Namacura,
Nicoadala e Ile com 25%, 17% e 12%, respectivamente, da produção da província (FAO, 2000)
enquanto que em Gaza se destaca o distrito de Chókwe.
Estima-se em 22% da utilização da área potencialmente apta para a produção do arroz no país
(Zandamenla, 2000). O arroz é predominantemente produzido pelo sector familiar o qual ocupa
90% da área total cultivada destinando-se fundamentalmente a subsistência (FAO, 2000 e
Mucavele, 2000).
3.3.2.2 Constrangimentos do sub-sector do Arroz
Mucavele (2000, 1999) destaca os baixos rendimentos associados com a falta persistente de
crédito, uso de tecnologia de baixos insumos, a deficiente infra-estrutura, fraca ligação entre a
investigação e a extensão bem como a fragilidade da ligação entre as fábricas de descasque e os
produtores como sendo os constrangimentos mais proeminentes do sub-sector de arroz no país.
De acordo com MIC/DNC (2001) o baixo rendimento agrícola, os custos de transporte, a baixa
eficiência com que operam as fábricas nacionais de descasque de arroz, as políticas do governo
para o sub-sector e, sobretudo, as importações são factores que afectam o actual desempenho do
sub-sector.
39
3.3.2.3 O Processamento de Arroz
A conservação do arroz pelo sector familiar baseia-se fundamentalmente nos métodos
tradicionais. A secagem é feita naturalmente por meio dos raios solares, ao nível do sector
familiar, enquanto que os secadores mecânicos são empregues no caso dos produtores privados
de média a grande escala de modo a alcançar as temperaturas adequadas para uma boa
conservação.
Grande parte do arroz produzido e consumido pelo sector familiar é basicamente processado com
meios tradicionais como o pilão. Segundo (MIC/DNCI, 2000), estima-se em 80% do arroz
produzido que actualmente está a ser processado nestas condições. Todavia, recentemente está a
registar-se um aaumento de maquinetas de escala média de processamento de arroz sobretudo
nas províncias de Sofala e Zambézia (MIC/DNCI, 2000).
O processamento mecânico de média escala baseia-se no uso duma máquina compacta com
capacidade que varia entre 600 a 800 kg/ha donde se obtêm o arroz e os resíduos (Muendane,
2001). Estas unidades de descasque prestam serviços aos produtores do sector familiar. De
acordo com a MIC/DNCI (2000) na Zambézia operam 11 maquinetas distribuídas pelos
seguintes locais: Cidade de Quelimane, nos distritos de Nicoadala (Mucelo e Elalane), Chinde,
Pebane, Maganja da Costa, Gurué e Mopeia.
Estas unidades de processamento mecanizado de pequena escala revelam outras vantagens:
Dotadas duma elevada mobilidade, podem ser instaladas nas zonas de colheita sem custos
adicionais em instalações especiais como edifícios e dispensam o uso da corrente eléctrica. Os
únicos pontos fracos relacionam-se com a qualidade do produto: Não são capazes de polir e nem
de classificar o arroz final.
Para além da baixa competitividade do arroz das maquinetas, aponta-se ainda mais o factor da
inviabilidade financeira destas unidades medias de processamento. O arroz descascado nestas
40
unidades apresenta-se no mercado ao mesmo preço do arroz descascado, branqueado e embalado
nas fábricas da escala industrial.
Já no processamento industrial se separa o arroz conforme a dimensão dos grãos e os
subprodutos e os resíduos de acordo com a sua natureza. Existem quatro fábricas vocacionadas
ao descasque na escala industrial distribuídas pelas províncias de Maputo (Palmeiras), Gaza
(Chokwe e Xai-Xai), Sofala (Beira) e Zambézia (Quelimane).
As fábricas de descasque nacionais estão presentemente a laborarem a 10% da sua capacidade
dada a baixa produção nacional (MIC/DNCI, 2000). Esta baixo grau de exploração eleva os
custos operacionais, agravando ainda mais a inviabilidade da produção nacional de arroz devida
a baixos rendimentos agrícolas.
O arroz produzido é comercializado por vários circuitos quer em casca ou descascado (limpo). O
arroz em casca proveniente dos sectores empresarial e familiar é vendido as lojas, armazenistas
distritais ou directamente às fábricas de descasque. O arroz das lojas ou armazenistas é
posteriormente processado quer nas fábricas de descasque quer usando as maquinetas de média
escala. As lojas são no geral intermediárias entre o agricultor e o armazenista. Já o arroz
descascado é distribuído aos retalhistas, aos armazenistas/grosso, e ao mercado informal. Os
armazenistas devido à razões de ordem económica colocam o seu arroz directamente aos
retalhistas como os supermercados.
41
3.3.3 Mandioca
3.3.3.1 Distribuição Geográfica
A mandioca é uma das principais culturas
alimentares produzidas em Moçambique
ocupando o segundo lugar depois do milho.
Figura 3: Aptidão agro-climática da mandioca
É produzida maioritariamente ao longo do
litoral nas províncias de Zambézia,
Nampula, Cabo Delgado e Inhambane.
Estima-se que a mandioca ocupa 50% da
área total cultivada (Zacarias et al. 1994;
Andrade et al. 1998).
O cultivo da mandioca é relativamente
vantajoso dada a sua tolerância a solos de
baixa fertilidade bem como pela sua
resistência à seca. Todavia, a sua maior
limitação reside na facilidade com que se
deteriora quando em fresco e a presença de
componentes tóxicos na planta. Dada a fraca
capacidade de conservação e
armazenamento em fresco, o processamento
da mandioca é imprescindível para melhor
aproveitamento e valorização desta cultura.
O processamento da mandioca poderia transformar o cultivo da mandioca para orientação
comercial ao contrário da conotação actual de ser uma cultura de segurança alimentar (Roots,
2001). De acordo com UNIFEM (1993) existe uma variada gama de métodos de processamento
da mandioca. Esta elevada variedade de métodos de processamento está associada à exigência de
42
tratamentos específicos a que a mandioca deve se submeter para tornar o seu consumo humano
mais adequado. A variação das formas e ou etapas de processamento resulta numa diversidade de
produtos processados entre os quais o sabor, a textura, a cor, e as qualidades conservação podem
ser diferentes.
As variedades amargas são especialmente delicadas uma vez que exigem um processamento
cuidadoso, enquanto que as doces podem ser consumidas em fresco.
3.3.3.2 Processamento Tradicional da Mandioca em Moçambique
Até a data, o processamento da mandioca limita-se fundamentalmente ao uso de técnicas
tradicionais rudimentares as quais são tidas como de baixa produtividade e laboriosas. As
variedades doces são essencialmente consumidas na forma fresca ou transaccionadas em
mercados próximos da zona de produção. Colhem-se em pequenas quantidades que são
transaccionadas e consumidas dentro das 72 horas seguintes. Alternativamente, a mandioca é
processada em:
• Farinha torrada (Ráli) – Inhambane
• Farinha de mandioca que pode ser fermentada (Niassa) ou Karakata (Nampula e
Zambezia).
Qualquer uma destas duas farinhas representa preparação para consumo e para conservação. A
Mandioca seca em pedaços (Makaka) é a forma mais comum em que se vende o tubérculo em
Nampula com elevado potencial de gerar receitas (Xavier, 2002). Esta prática é comum noutras
zonas das províncias do centro e do norte.
Apesar da comercialização da mandioca ser realizada por informais e formais, os primeiros é que
dominam esta actividade na forma de ambulantes que se deslocam até ao interior das aldeias. Já
no Sul sobretudo na província de Inhambane, Macia et al (1998) dão conta de que a mandioca
processada em forma de “Ráli” é única forma de conservação e a mais predominante de
comercialização, com maior envolvimento da mão de obra feminina.
43
3.3.3.3 Processamento com Técnicas Melhoradas de Pequena Escala
A cultura de mandioca ao nível do sector familiar é uma das poucas que actualmente estão sendo
visadas pelas iniciativas de processamento de pequena escala. O “Internacional Institute for
Tropical Agriculture” (IITA) sediado na Nigéria já desenvolveu e testou maquinetas e processos
de baixo custo destinados ao processamento dos produtos da mandioca de alta qualidade sob
condições de pequena escala adequadas ao sector familiar. O desenvolvimento do equipamento
de processamento de mandioca é maior no Brasil em uma das empresas exportadores é D’
Andrea. As tecnologias utilizadas na Europa são mais caras e pouco viáveis para uso em África.
O Processamento mecanizado da mandioca no pais já foi testado e provada a sua eficiência
técnica. A SARNET, o Programa nacional de Raízes e Tubérculos do INIA e a DNER no
MADER, são algumas das instituições directamente envolvidas na promoção de uso de
maquinetas. As principais zonas abrangidas foram as duas províncias com a maior produção no
país - Inhambane (Inharrime e Morrumbene) e Nampula (Erati e Nacarroas) (Monjane, et at.,
2000 e Monjane and Mabota, 2000).
Segundo a Monjane e Mabota (2000) a introdução das maquinetas manuais pode contribuir
significativamente no aumento da produtividade da mão de obra, qualidade dos produtos
resultantes do processamento, redução dos cianetos e do período da secagem.
As maquinetas promovidas consistem fundamentalmente em aumentar a qualidade do
processamento através da diminuição do tempo de secagem, desintoxicação e aumento
substancial da produtividade bem como do valor comercial dos produtos processados.
Classificam-se em maquinetas de “chipping” ou seja cortar a mandioca em pedaços pequenos,
ralador mecânico e prensa mecânica.
Experiências realizadas no país de processar a mandioca encararam, entre outras dificuldades, a
qualidade da mandioca nacional, principalmente o facto de apresentar fios.
44
3.3.4 Batata Doce
A batata doce é extensivamente cultivada em muitas províncias em pequenas parcelas durante
todo o ano, sendo cultivada em zonas baixas durante a época seca. Serve como cultura clássica
de segurança alimentar para a maioria da população moçambicana sobretudo nas zonas rurais,
sendo predominantemente cultivada pela mulher. É uma cultura tolerante à seca e requer pouca
mão-de-obra. Pode também constituir uma fonte de rendimento, de calorias e de vitamina A
(sobretudo as variedades de polpa de cor alaranjada) e é um alimento que é óptimo para a
alimentação infantil sendo fácil de preparar.
No que diz respeito ao processamento existem diferentes métodos de tratamento da batata doce
desde a secagem simples de raízes até aos métodos mais complexos como congelamento,
enlatamento, etc.. Da batata doce pode ser extrair sumo e da farinha podem se fazer bolos,
biscoitos e pão. O agro-processamento da batata-doce associa-se com:
• Incremento da palatabilidade
• Aumento do período de armazenamento
• Redução das perdas pós-colheita
• Desintoxicação - redução do teor do ácido oxálico
• Fornecimento da matéria prima para a industria
• Facilitação a comercialização
3.3.5 Feijões
Os feijões são especialmente cultivados para alimentação humana sendo ricos em proteínas. A
proteína dos feijões contém teores relativamente altos de amino-ácidos essenciais. Os feijões
mais importantes no pais são: O feijão nhemba, feijão bóer e o feijão comum, vulgarmente,
conhecido por feijão manteiga, no sul do país. Estes feijões tem uma expressão considerável na
agricultura do sector familiar onde a sua importância na dieta alimentar varia de zona para zona.
45
3.3.5.1 Feijão Nhemba
O nhemba em Moçambique constitui a cultura mais importante da classe dos feijões dada a sua
adaptabilidade numa elevada diversidade de ambientes. Trata-se duma cultura principalmente
produzida em sequeiro, bem resistente à seca e crescendo bem numa variedade de solos desde os
solos franco-arenoso aos solos pesados. Heemeskerk (1986) destacou três zonas para a produção
do nhemba a saber:
• Zona Norte
- Solos francos-arenosos, baixa altitude – Distritos de Montepuez, Namuno, Chiúre em
cabo Delgado, Mecuburi, Nampula, Erati, Angoche, Monapo em Nampula; Maganja
da Costa na Zambézia.
- Solos pesados com altitude mediana – Amaramba e Niassa; Milange, Ile, Gurúe na
Zambézia, Angónia em Tete.
- Solos arenosos, baixa altitude com pouco e ou irregular precipitação
• Zona Centro
- Solos pesados, baixa altitude com chuva irregular – Mutarara em Tete
• Zona Sul
- Solos pesados de baixa altitude com uma precipitação irregular ou com rega adicional
- Vales dos grandes rios em Gaza e Maputo e os nos machongos de Inhambane
- Solos arenosos de baixa altitude, com uma precipitação irregular – Distritos de Gaza,
Manjacaze, Macia em Gaza; Vilanculos, Morrumbene, Massinga, Homoíne,
Inhambane (cidade) na províncias de Inhambane e Manhiça e Marracuene na
Província de Maputo.
O feijão nhemba é principalmente comercializado em mercados locais com envolvimento dos
pequenos comerciantes e comerciantes ambulantes.
46
3.3.5.2 Feijão Bóer
O feijão bóer é uma cultura que se reveste de elevada importância sócio-económica dado que
constitui uma fonte de rendimento em muitos distritos das províncias da Zambézia, Nampula,
Cabo Delgado, Niassa e Tete. Esta é das culturas na qual a Technoserve tem interesses. Segundo
o estudo da Technoserve, a produção do feijão bóer no país está progressivamente aumentando
com a expansão das áreas de cultivo desde o fim da guerra civil.
Estima-se em cerca de 15 000 toneladas a produção anual média desta cultura. Grande parte da
produção local é comercializada para o Malawi onde é posteriormente exportada para Índia, o
maior consumidor do mundo. De acordo com Cossa (2001) a associação dos processadores do
dal em Malawi compram cerca entre 10.000 a 12.000 toneladas de feijão bóer da região da
Zambézia por ano. Os mercados do feijão bóer ainda dependem do mercado da Índia, para onde
tanto o Malawi como os operadores nacionais exportam. A exportação do feijão bóer depende da
procura no Malawi em conexão com um agente nacional. Muito pouco feijão é comercializado
na Índia partindo do país, e o grosso é processado ou exportado pelo Malawi como feijão
malawiano. Até o ano passado estavam em curso acções com vista a instalação duma fábrica de
processamento em Gurúe na Zambézia (Tickner, 2001).
3.3.5.3 Feijão Vulgar
O feijão vulgar ou comum (no sul do pais conhecido como feijão manteiga) é especialmente
cultivado para o uso do grão seco e das vagens verdes. Em Moçambique as regiões onde o feijão
comum tem uma expressão significativa são:
- Niassa e Tete a uma altitude de 1300 – 1 400 m na estacão húmida
- Manica – a uma altitude de 1200 m, na estacão húmida
- No sul do país – Maputo e Gaza na estacão seca com rega.
47
O feijão vulgar é potencial fonte de rendimento dada a sua elevada aceitação nos mercados
urbanos. A maior parte do feijão consumido no país é importada dado que a produção nacional
esta muito a baixo das necessidades do mercado.
3.3.6 O Sub-sector de Óleo Alimentar
O sector das oleaginosas tem estado a receber uma atenção crescente no panorama do sector de
agro-processamento ao nível do sector familiar (Tomlison, 1998; CARE, 2001 e Ticker, 2001).
A indústria do óleo alimentar no país pode ser subdividida em três categorias distintas: As
fábricas de processamento industrial, os pequenos e médios processadores e o sector familiar
com as prensas manuais de pequena escala. Do total do óleo disponível no país em 1999
estimado em 23.600 toneladas, apontava-se que 45% foi industrialmente refinado a partir óleo
bruto importado, 11% era derivado do processamento industrial a partir de sementes oleaginosas
produzidas localmente como do girassol, gergelim e algodão, cerca de 6% proveniente de
pequenos e médios processadores de prensas, 2% de prensas manuais de pequena escala “ram
press” e os restantes 36% são feitas de importações de óleo refinado (estudo comissionado pelo
CARE, AFRICARE e VISÃO MUNDIAL e conduzido por Mark Langworthy e Ann Gordon).
3.3.6.1 Os Processadores Industriais
Fazem parte desta categoria as poucas refinarias comerciais de grande escala localizados nas
províncias de Maputo, Sofala, Zambézia, e Nampula. Estas unidades dependem primariamente
da matéria prima importada (óleo bruto principalmente do girassol e da soja) para a refinação do
óleo alimentar. A procura por estas unidades industriais da matéria localmente produzida (como
semente de algodão, girassol e gergelim) é no geral bastante reduzida. Mark Langworthy e Ann
Gordon constataram que em 1999, destas potenciais fontes, a semente do algodão era a mais
usada. A fábrica baseada em Monapo (a maior de todas com uma capacidade de 20.000
toneladas) concebida inicialmente para refinar a partir da semente do algodão havia adquirido
apenas 230 toneladas de semente de algodão contra 250 tons das semente de girassol e 130
toneladas de gergelim adquiridas pela fábrica instalada na Beira. Com estas e outras pequenas
excepções, estas unidades continuam a laborar primariamente com base no óleo bruto importado.
48
Factores associados a garantia da matéria prima a baixos custos são apontados como
determinantes. A copra e mafurra são também processada em óleos mas para a indústria de
sabões.
O óleo produzido localmente está sujeito a competir no mercado local com óleo de palma e do
girassol importados principalmente da Ásia (Malásia) e da África do Sul, respectivamente. Sobre
a competitividade do óleo produzido industrialmente no país, a análise de custos do Langworthy
e Gordon (1999) indicava que o uso da semente do algodão localmente produzida para a
refinação apesar de ser das opções menos onerosas com os menores custos de produção
comparativamente ao uso do girassol e do óleo bruto da soja importado é extremamente difícil
competir com o óleo importado da palma.
3.3.6.2 Os Pequenos e Médios Processadores
São unidades operadas em zonas próximas dos locais de maior produção da matéria prima. O
processamento nestas unidades baseia-se fundamentalmente em equipamento motorizado com
capacidade que varia de 500 a 3000 toneladas. Estas unidades usam principalmente as sementes
de girassol e do gergelim.
O processamento de média escala até 1998 era dominado por um operador com uma prensa
mecânica na província de Manica o qual está integrado numa empresa produtora de girassol. As
estimativas da Technoserve indicam que as necessidades de prensas motorizadas
comparativamente á procura calculam-se em 16 para a província de Nampula e 8 para a de
Manica. O relatório anual da Technoserve (2000) indica que três unidades de processamento de
média escala estavam em vias de instalação em Moçambique. O Gabinete de Apoio a Pequena
Indústria (GAPI) está envolvido no financiamento de 3 empreendimentos desta categoria.
Actualmente, segundo o relatório mais recente da Technoserve sob o sub-sector de óleo, existem
8 explorações na categoria de pequena a media escala distribuídas pelos distritos de Chimoio,
Sussundenga, Inhaminga, Pemba, Mecuburi, Angoche, Ribaue e Nacala. Estas unidades segundo
aponta este relatório, gozam do privilégio de estarem, por um lado, localizadas geograficamente
49
distante das fontes de importação e das grandes fábricas nacionais de processamento (sem
competição) e, por outro, estarem situadas perto das fontes de produtores da matéria prima,
economizando nos custos de transporte. A viabilidade destes empreendimentos depende
criticamente da disponibilidade e preço da matéria prima.
3.3.6.3 Sector das Prensas Manuais “Ram Press”
As ONGs intervieram na promoção das prensa manuais e na facilitação da sua disponibilidade
bem como na estimulação para a produção das culturas de girassol e de gergelim tornando
acessíveis as sementes e serviços de extensão desejados. A maioria dos proprietários destas
pequenas unidades não estão envolvidas em actividades de produção das oleaginosas por si
próprios. Mas desempenharam um papel de destaque para catalisar a produção das oleaginosas, e
constituem o ponto focal das ONGs que promovem a extracção local de óleo. Estas unidades
constituem uma fonte garantida de mercado das sementes produzidas.
O óleo de girassol é maioritariamente produzido pelos pequenos operadores através das prensas
manuais (“ram press”) quer usando sementes compradas de agricultores quer processando a sua
própria semente. Estimam-se em 1 500 prensas manuais operando nas zonas centro e Norte do
país (Technoserve, 2000). Todavia, levantamentos feitos indicam que estas pequenas unidades de
processamento não obstante serem económica e financeiramente viáveis, são de certa forma sub-
aproveitadas uma vez que são sujeitas a permanecerem longos períodos sem operarem devido a
falta de matéria prima (Tickner, et al 2000, Tomlinson, 1999 e CARE, 2001). A respeito dos
rendimentos das prensas manuais, estima-se que para a extracção dum litro de óleo necessitam-se
4 kgs de semente.
A maior parte do óleo de girassol produzido localmente é comercializado num raio muito
pequeno dentro da zona onde operam as prensas manuais. A actividade de introdução destas
prensas e o envolvimento do sector privado nas actividades de processamento da semente de
girassol para extracção do óleo foi um dos maiores sucessos do projecto VIDA implementado
pela CARE (CARE, 2001).
50
A empresa moçambicana Agro-Alfa está envolvida no fabrico das prensas. Existem também no
mercado as marcas APROTEC e PB30AA de origem Keniana e Zimbabweana, respectivamente.
De acordo com o estudo do sub-sector de girassol conduzido pela Technoserve, em 1998, na
província de Nampula havia mais de 3 500 famílias em 11 distritos a produzir girassol numa
estimativa de 2 000 - 3 000 tons e com cerca de 250 prensas de pequena escala para a extracção
do óleo ao nível do sector familiar. Na província de Manica 80 prensas haviam sido
disponibilizadas em dois distritos. Tickner et al (2001) estimam em cerca de 1500 toneladas a
produção de girassol na Zambézia e 300 ton na de Niassa.
3.3.6.4 O Potencial das Culturas Oleaginosas
As ONGs como se referiu atras, tem vindo a desempenhar um papel duplo – promoção das
prensas de pequena escala e promoção das culturas oleaginosas com elevado potencial de
extracção de óleo alimentar. As culturas de Girassol e de gergelim são as mais abrangidas. As
duas culturas tem os mesmos precedentes: Embora o seu cultivo data da época colonial, haviam
sido relegadas para o terceiro plano. Recentemente estas culturas estão a gozar duma posição de
destaque no panorama do sector agrícola no país. A CARE, Africare e Visão Mundial são as
ONGs que movidas pelo objectivo de elevar os rendimentos familiares e alcançar o bem estar
nas zonas rurais lideram a implementação dos programas de promoção de cultivo das culturas do
girassol e gergelim ao nível do sector familiar e processamento de pequena escala ao nível local
desde 1997 com o apoio da USAID.
a) Girassol
O girassol é uma cultura oleaginosa mais apta às condições agro-ecológicas das províncias do
centro do país Manica e Sofala. Actualmente os distritos de Ribawe, Malema e Gurúe são
apontados como sendo os locais de maior produção. A CARE foi a ONG pioneira na promoção
do cultivo do girassol e da extracção de óleo ao nível do sector familiar com a introdução das
prensas manuais na província de Nampula, que tem registado uma produção substancial desta
cultura.
51
Os produtores de girassol podem ser classificados em: Agricultores com unidades de
processamento e agricultores do sector familiar que cultivam o girassol para a venda quer para os
comerciantes que mais tarde revendem às fábricas de processamento quer para os proprietários
das prensas manuais. Nalgumas vezes, estes agricultores prensam a sua semente localmente
pagando com uma fracção de óleo processado pelo processamento. Nalgumas zonas onde
operam os processadores de média escala como é o caso de Manica, alguns agricultores
produzem o girassol sob contracto com os processadores.
Com os rendimentos estimados em 1.000 kg/ha, a produção nacional do girassol
maioritariamente garantida pelo sector familiar encontra-se a braços com problemas de baixos
preços, baixos rendimentos, a falta de crédito para aquisição de insumos agrícolas dentre outros
(Technoserve, 1998). Rendimentos em volta de 2000 kg/ha podiam ser facilmente alcançados
com uso de insumos mas Tickner et al (2001) sugerem que a produção do girassol com poucos
insumos é uma opção viável nas condições actuais do sector familiar.
Actualmente a viabilidade do negócio das prensas associadas as operações de prensagem da
semente de girassol está em risco. A cultura competidora do girassol, o gergelim está a ter
melhores preços no mercado internacional, reflectindo-se nos preços de compra pagos pelos
compradores nacionais para exportação enquanto que desde 1994 os preços da compra do
girassol ao nível do produtor permaneceram estagnados até 2000 (na verdade os preços reais
baixaram) sem incentivos para a produção do girassol. Technoserve (2002) aponta que as
províncias de Nampula e da Zambézia estão a registar uma redução drástica de produção,
enquanto que as de Manica e Niassa vão conhecendo uma considerável expansão do cultivo e
aumento da produção e a província de Sofala sem substanciais mudanças permanecendo nos
baixos níveis de produção associados à ausência de actividades de promoção da cultura. Essa
diminuição na produção reflecte-se imediatamente na escassez da matéria prima para as prensas
manuais. Contudo, a crescente proliferação das unidades médias de processamento motorizado
como é o caso da província de Manica, está a resultar no aumento considerável do preço do
girassol (Technoserve, 2002)
52
b) Gergelim
O gergelim é actualmente cultivado no Centro e Norte do país. Foi inicialmente promovido nas
província de Nampula para o aproveitamento da semente que é muito rica em óleo e proteína.
Contudo, devido ao seu elevado sucesso, o seu cultivo expandiu imediatamente as províncias de
Zambézia, Sofala e Manica. O teor de óleo na semente varia entre 43 a 57% com uma média de
50%. O bagaço é valioso quer na alimentação dos animais domésticos como humana.
A variedades de sementes brancas são de alto valor de exportação. Segundo o estudo do Tickner
et al (2001), os produtores de gergelim tem respondido positivamente aos elevados preços ao
nível do mercado internacional onde actualmente está-se a verificar uma elevada procura.
Inicialmente, era cultivada para extracção local de óleo, mas agora é, em grande parte,
produzida para exportação para o Japão onde vem mais tarde a ser processada em óleo
(Technoserve, 2002). Na província de Nampula, zona de maior produção, operam cerca de 12
grandes compradores e exportadores do gergelim.
O óleo do gergelim é produzido por uma unidade em Cabo Delgado com perspectivas de se abrir
uma outra em Nacala – Nampula.
53
c) Soja
A soja é uma cultura da família das
leguminosas como os feijões, porem muitas
vezes classificada como oleaginosa devido
ao seu elevado conteúdo de óleo que varia
entre 13% a 20%. Mas como uma semente
de óleo, este teor é considerado baixo (FAO,
1989). É essencialmente uma cultura sub-
tropical consideravelmente cultivada na
África tropical e Ásia. É actualmente
considerada a leguminosa mais importante
do mundo e a maior fonte de óleos
comestíveis e da proteína vegetal (FAO,
1989).
Figura 4: Aptidão agro-climática da soja
A soja é potencialmente uma cultura de
rendimento em muitas regiões dos trópicos
onde é cultivada para a extracção de óleo,
ração animal ou para fins de
comercialização para os países
industrializados de tecnologia avançada de
processamento.
A falta de hábito, sabor e excessivo tempo
de cozedura são alguns dos factores que
desencorajam o cultivo extensivo da soja
pese embora algumas zonas do país
mostrarem uma elevada aptidão agro-
ecológica.
Segundo a FAO (1989) a extracção do óleo
da soja ao nível de pequena escala carece de
tecnologia simples e eficiente que permita
separar o óleo da semente. Esta fonte
argumenta que as técnicas tradicionalmente
aplicadas para a extracção do óleo da palma,
do coco as quais envolvem a trituração,
extracção da água e fervura, quando
aplicadas á soja resultam na produção do
leite da soja. Até a data da publicação desta
fonte, ainda não havia sido desenvolvida
uma tecnologia de baixo nível
54
economicamente viável para a separação do
óleo da proteína a partir da emulsão
produzida.
Mesmos os métodos intermediários de
média escala como as prensas hidráulicas ou
expelidoras de parafuso não são
extensivamente empregues na produção
comercial do óleo da soja porque a
percentagem de extracção de 18 a 20% é
considerada baixa e abaixo do óptimo
económico, quando comparada com outras
sementes oleaginosas comerciais
.
d) Amendoim
O amendoim representa uma fonte de óleo
imprescindível na alimentação humana. É
especialmente nos países em desenvolvi-
mento onde o óleo é um dos produtos
alimentares não acessíveis por se considerar
caro.
A produção nacional é liderada pela
Nampula, seguida de Zambézia e Cabo
Delgado.
Figura 5: Aptidão agro-climática do amendoim
55
Os actuais rendimentos em campo são estimados em volta de 550 kg/ha, consideravelmente
baixos devido a elevada incidência de doenças e viroses. A contaminação do amendoim com o
fungo que origina aflatoxina é um dos maiores constrangimentos no acesso a mercados
internacionais. Dada a posição de destaque que o amendoim ocupa na comercialização e sua
demanda nas zonas urbanas, é uma cultura com uma contribuição substancial no rendimento das
famílias agricultoras. Até ao momento, o amendoim nacional ainda não é usado para a extracção
de óleo alimentar. Segundo Tickner et al (2001) as variedades actualmente produzidas não são
competitivas para extracção local de óleo.
3.3.7 Aproveitamento Agro-industrial da Pêra de Caju (Falso Fruto)
O potencial da produção do caju no país é bem reconhecido. Após um longo período de colapso
do sector aliado a vários factores, actualmente estão a decorrer programas de desenvolvimento
do caju que tem por finalidade recuperar o potencial de produção do país e estabelecimento de
novas plantações.
Uma maior atenção no país tem sido dada a castanha ou amêndoa de caju a qual é tida como o
produto mais valioso. Todavia, o pedúnculo do fruto ou pêra de caju pode ser beneficiado como
uma alternativa económica. Da pêra de caju dispõem-se diversos usos: Consumido fresco,
Sumos (rico em açucares, sais minerais e em vitamina C), bebidas frescas como a cajuada e a
cajuína, compotas, xaropes, frutos enlatados, frutos cristalizados, geleias, bebidas alcoólicas
(vinhos e aguardentes), álcool e vinagre. Os sumos obtêm-se através da prensagem enquanto que
o vinho é por meio da fermentação dos sumos e os aguardentes através da destilação dos
bagaços.
Paiva apresenta as informações necessárias para a elaboração de pequenos projectos com
descrição detalhada das operações unitárias, relação de equipamentos e fornecedores, e demais
informações necessárias para a instalação de unidades industriais de processamento da pêra do
caju como forma de fonte de renda pela venda dos produtos elaborados.
56
Importa salientar que o processamento da pêra em sumos é considerado viável quando as
plantações estão próximas da fábrica - condicionado a existência de áreas densamente plantadas
de cajueiros para a instalação duma indústria de sumos e derivados. A partida é difícil o seu
aproveitamento em casos de povoamentos dispersos como sucede em Moçambique (Milheiro e
Evaristo, 1994). Para o meio rural, a mesma fonte acrescenta que torna-se viável o
aproveitamento da pêra em pequenas unidades no fabrico de aguardentes. Até ao momento não
se sabe ao certo a contribuição da venda das bebidas alcoólicas oriundas da pêra na renda
familiar, nem a sua fabricação com processos melhorados.
Com o aproveitamento agro industrial da pêra limitado pela sua elevada perecibilidade, a
rentabilidade dos investimentos para o seu processamento é ainda mais posto em causa devido a
sazonalidade da produção da pêra.
No país, no passado foram desenvolvidas iniciativas de industrializar a pêra do caju através da
UNIDO- SI/MOZ/93/801. Neste âmbito, conduziu-se um estudo em 1994 para examinar a
possibilidade de implementação de projectos pilotos de processamento da pêra em sumos de caju
nas províncias de Maputo, Inhambane e Nampula, tendo se concluído que seria viável a
fabricação industrial de sumos de caju. Em Maputo, contava-se com as indústrias Loumar
enquanto que em Inhambane e Nampula contava-se com a instalação de fábrica com novos
investimentos. Embora esta iniciativa tenha sido num contexto de grande escala, traria enormes
benefícios para o sector familiar que actualmente processa a pêra em produtos de muita baixa
procura com uma contribuição marginal na renda familiar.
3.3.8 Fruteiras
O país tem uma larga experiência e potencial da produção de fruteiras sobretudo citrinos (laranja,
limão, toranja e tangerina) bem como para outras fruteiras tropicais. Os citrinos, o coqueiro e a
bananeira tiveram grande sucesso nas exportações do sector agrícola durante o tempo colonial.
Depois da independência ainda houve alguma actividade sobretudo no sub-sector de citrinos,
onde estiveram activas três empresas – Citrinos de Manica, Citrinos de Maputo e a LOMACO.
Nos finais da década 80, houve uma enorme injecção financeira através do Fundo Africano para
57
o Desenvolvimento destinada ao desenvolvimento dos citrinos onde se concebeu o Projecto de
Timangene no Distrito de Magude na Província de Maputo, tendo sido destruído pela guerra.
Actualmente, a fruticultura em Moçambique está marginalizada sem papel relevante na
economia do país, pese embora as potencialidades agro-climáticas.
O país vive quase exclusivamente da fruta importada. Depois da independência, a indústria de
sumos conheceu um desenvolvimento notável com o estabelecimento dalgumas unidades
industriais. Todavia, o sub-sector das fruteiras ainda ressente-se da falta de técnicas e unidades
de agro-processamento de pequena e média escala localizada em zonas de maior produção do
sector familiar.
Existe um interesse cada vez mais crescente orientado para a promoção deste sub-sector vital. Há
uma iniciativa da associação de fruticultores do Sul (FRUTISUL) para o projecto de
investimento da fruticultura, visando desenvolver as fruteiras seguintes: Abacateiro, Bananeira,
Cajueiro, Goiabeira, Lictheira, Mangueira e a papaeira. Martins (2000) elaborou o projecto de
investimento da fruticultura. Numa outra iniciativa, Alcobia (2001) identificou várias opções de
desenvolvimento/produção da fruticultura de rendimento no distrito da Gorongosa. Dixie (2000)
apresenta as possibilidades de exploração do mercado Asiático com a fruta moçambicana
considerando o potencial de envolvimento do pequeno e médio produtor. Dixie (1999) avaliou as
potencialidades e constrangimentos dos citrinos na região da África Austral.
O estudo do Alcobia (2001) identifica como principiais fruteiras para a serra de Gorongosa as
seguintes:
• Por introduzir - Maçã, Uva de Mesa, Pêssego e Nectarina, Pera
• Já plantadas na regiao – Abacate, Ananás, Banana, Citrinos (Laranja, tangerina, Limão e
Lima), Litche, Macadamia e a Manga
58
3.3.8.1 O Coqueiro
O Coqueiro no país é cultivado ao longo da zona costeira; a maior parte das plantações encontra-
se na Zambézia (69% da área). A copra foi em tempo matéria para produção de óleo alimentar.
Existe uma variedade de produtos e usos de produtos derivados do coqueiro. A valorização
doutros produtos do coqueiro dado que actualmente óleo da copra tem baixo mercado
internacional (menos competitivo que o da palma) deveria estar no centro das atenções. Está em
curso um projecto da International Coconut Genetic Resources Network (CGNET) – dedicado a
utilização e conservação do germoplasma do coqueiro de modo a promover uma produção
sustentável - “Coconut Germaplasm Utilization and Conservation to Promote Sustainable
Production”.
Figura 6: O coco
–
59
3.4. Aspectos Relevantes da Revisão de Literatura
Actualmente as operações de pós-colheita dos produtos agrícolas ao nível do sector familiar em
forma de agro-indústria são bastante limitadas. O armazenamento, processamento, secagem e
transporte dos principais produtos agrícolas no sector familiar decorrem essencialmente com
meios tradicionais de baixo custo e muitas vezes com elevado consumo da mão de obra.
A introdução de técnicas melhoradas de pequena escala para operações de agro-processamento
tem estado a decorrer muito lentamente. A falta de políticas e estratégia para o desenvolvimento
do sector constitui um dos maiores constrangimentos.
O ataque de pragas, roedores e altos teores de humidade relativa são considerados como factores
que concorrem para as perdas pós-colheita durante a fase de armazenamento de muitos produtos
agrícolas. Alguns locais do país como os distritos de Manica, Sussundenga e Tambara
beneficiaram-se de estruturas de armazenamento melhoradas no âmbito dum projecto de
reabilitação agrícola e rural.
Os cereais e a mandioca seca são tradicionalmente processados em farinha usando almofariz,
pilão e moageiras. Todavia, as moageiras estão em grande concentração a nas zonas urbanas
(vilas e cidades), comparativamente as zonas rurais.
As leguminosas de grão/feijões são geralmente armazenadas em vagem. Poucos casos foram
reportados onde a armazenagem em frascos hermeticamente fechados é considerada.
A eficiência do uso das técnicas melhoradas de processamento depende da escala de produção e
da organização do trabalho, daí que seja imprescindível assegurar que as comunidades locais
envolvidas sejam consciencializadas da necessidade de aumento de produtividade.
60
3.4.1 Lacunas da Literatura
Da literatura consultada não foram encontrados dados relativos a adequabilidade agro-climática
dos seguintes produtos agrícolas em estudo: (i) cereais e tubérculos (arroz e batata-doce); (ii)
oleaginosas (girassol, gergelim, coco e mafurra); e frutas (todas).
Outra lacuna é relativa aos dados estatísticos sobre os produtos não controlados pelo SNAP.
Nesta caso registam-se duas situações: (i) produtos controlados por outros organismos como
INCAJU, no caso do caju, e IAM, no caso do algodão e (ii) produtos não controlados por
nenhum organismo especializado. No primeiro caso a informação existe embora não
sistematizada e organizada por distritos. No segundo caso a informação estatística é totalmente
inexistente ou no caso de frutas a que existe é antiga, ultrapassada, e a nova é incompleta como a
expressa no Censo agro-pecuário, para efeitos de estimativa da produção.
As estatísticas existentes, em geral, não possuem dados sobre a comercialização e muito menos
do consumo o que limita a análise económica. Existem grandes contradições entre os dados do
INE e os dados do SNAP em diversos produtos, o que complica qualquer análise da produção
agrícola.
Seria conveniente realizar-se um inventário detalhado sobre as agro-indústrias existentes em
cada Distrito, indicado também o seu estado de funcionamento.
Existe pouca literatura sobre os processos tecnológicos das agro-indústrias, isto é, sobre as
alternativas produtivas possíveis e disponíveis no mercado e os produtos derivados que se podem
obter de cada matéria prima. A documentação existente, em geral, é antiga e provavelmente
ultrapassada. Grave lacuna tecnológica refere-se as tecnologias alternativas, adaptadas ao nível
de desenvolvimento de Moçambique.
61
IV - PRODUÇÃO NACIONAL
A produção nacional será dividida em três grande grupos: cereais e tubérculos, oleaginosas e
frutas. Os cereais e os tubérculos serão considerados no mesmo grupo por ser habitual e por
serem, muitas vezes, produtos substitutos.
4.1 Cereais e Tubérculos
Do grupo de cereais e tubérculos vamos apresentar dados sobre o milho, o arroz, mandioca e
batata doce. Estão mais disponíveis dados sobre os cereais do que sobre os tubérculos.
4.1.1 Milho
4.1.1. Produção Nacional de Milho
A produção nacional de milho desde a campanha de 1993/4 até a campanha de 2000/1 é
apresentada no gráfico seguinte:
Gráfico 7: Produção de Milho em Moçambique de 1993/4 a 2000/1, em 1000 toneladas
Fonte: MADER - SNAP (2002)
Produção de Milho em Moçambique, de 1993/4 a 2000/1
0
200
400
600
800
1,000
1,200
1,400
1,600
Mil
To
ne
lad
as/
Mil
He
cta
res
0.0
0.2
0.4
0.6
0.8
1.0
1.2
To
n/h
a
Superfície 940 1,080 1,113 1,199 1,247 1,181 1,176 1,328
Produção 526 734 947 1,042 1,124 1,336 1,019 1,048
Rend. Ton/ha 0.6 0.7 0.9 0.9 0.9 1.1 0.9 0.8
93/94 94/95 95/96 96/97 97/98 98/99 99/00 00/01
62
A produção apresentou um crescimento regular desde a campanha de 1993/4 até a campanha de
1998/9. As campanhas 99/00 e 00/01 apresentaram irregularidades devido às cheias que se
verificaram nesses anos e atingiram praticamente todo o país.
4.1.1.1 Produção Nacional de Milho, por Províncias
A produção nacional de milho por províncias consta da tabela seguinte:
Tabela 5: Produção média (1999 a 2001) de milho em Moçambique por províncias
Fonte: MADER - SNAP
O milho é o cereal mais produzido em Moçambique. A sua produção equivale a 56% do peso
total dos produtos alimentares considerados básicos em Moçambique e que incluem o arroz, a
mandioca, os feijões, o amendoim, a mapira e a mexoeira.
O rendimento médio nacional do milho é de 0,9 ton/ha. As províncias que apresentam melhor
produtividade da terra são Sofala com 1,4 ton/ha, seguido por Manica com 1,2 ton/ha e por
Niassa com 1,1 ton/ha. Niassa apresenta um rendimento de 1,1 ton/ha, Sofala, 1.0 ton/ha e
Zambézia 0,9 ton/ha. As restantes províncias encontram-se abaixo da produtividade média
nacional.
A produção de milho encontra-se espalhada em todo o país. Contudo, cerca de 50% da produção
nacional realiza-se em três províncias, todas da região Centro: Manica com 19%, seguida da
Zambézia com 16% e Tete com 14%. Das restantes províncias têm relevo a Niassa com 12% e
Sofala com 10%.
Províncias Área Média (ha) Produção Média (ton) Rend. Médio (ton/ha)Total 1,228,288 1,134,387 0.9Cabo Delgado 77,543 59,271 0.8Niassa 120,473 133,512 1.1Nampula 119,738 82,819 0.7Zambezia 197,371 184,702 0.9Tete 158,064 156,203 1.0Manica 178,103 219,523 1.2Sofala 83,498 116,523 1.4Inhambane 106,198 87,803 0.8Gaza 119,383 52,918 0.4Maputo 67,918 41,113 0.6
63
4.1.1.3 Produção Potencial de Milho
A área potencial de cultura de milho é de 2.500 mil ha e o rendimento médio possível com
elevado nível de insumos é de 3,7 ton/ha e o rendimento médio possível com baixo nível de
insumos é de 0,9 ton/ha, coincidente com o rendimento nacional actual. As províncias que
apresentam o melhor rendimento possível são Cabo Delgado, Niassa e Manica com,
respectivamente, 5,7 ton/ha, 5,5 ton/ha e 5,3 ton/ha. Manica apresenta 5,3 ton/ha e Nampula 4,7
ton/ha. As restantes províncias apresentam rendimentos máximos abaixo da média nacional
(Anexo 4).
O gráfico seguinte compara o potencial de produção de milho com elevado nível de uso de
insumos com o potencial de produção de milho com baixo nível de utilização de insumos e com
a produção média realizada no país de 1999 a 2001.
Gráfico 8: Produção potencial de milho com e sem uso intensivo de insumos
Fonte: Cálculos com base nos dados de Kassam at al (1982) e SNAP (2002)
O gráfico acima mostra que é possível duplicar a produção de milho mantendo o actual
rendimento médio de 0,9 ton/ha, explorando ao máximo as terras aráveis. Se também se adoptar
o elevado nível de insumos a produção pode atingir o nível de cerca de 9.000.000 toneladas ano.
Produção Potencial de Milho com e sem uso intensivo de insumos
0
1000
2000
3000
4000
5000
6000
7000
8000
9000
10000
Prod. Pot. C/ Insumos Prod. Pot. S/ Insumos Produção Média (1999-2001)
Mil
Tone
lada
s
64
4.1.1.4 Capacidade de Processamento de Milho
Do milho podem ser obtidos diversos produtos. Mota (1969) refere que da palha, caule e folhas
podem se fazer papel canelado, adubos húmicos e rações animais. Do grão, através da moagem,
podem-se se obter farinhas, farelos, gritz, gérmen. Do óleo pode-se extrair óleo e o gritz pode ser
utilizado para o fabrico de cervejas. Da indústria do amido podem-se obter diversos tipos de
amido, glicose, ácidos orgânicos, solventes, e leveduras. Destes produtos, em Moçambique só se
extrai a farinha e os farelos. Algumas moagens estão preparadas para separar o gérmen pelo
método seco, mas não o fazem porque a quantidade que processam não justifica a montagem de
uma indústria de extracção de óleos. O Gráfico seguinte compara a produção média de milho de
1999-2001, a capacidade de agro-indústria e a necessidade de moagens, em toneladas.
Gráfico 9: Produção média de 1999-2001, capacidade e necessidade de moagens de milho.
Fonte: Calculado com base nos dados das DPADR, DPIC de cada província
A capacidade nacional de moagens cobre somente 40% da produção de milho.
4.1.1.5 Capacidade de Processamento de Milho, por Províncias
O gráfico seguinte compara a produção média de 1999 a 2001 com a capacidade e a necessidade
da agro-indústria, por províncias. Em geral, verifica-se um excedente de capacidade nas cidades
ou locais de maior concentração do consumo. Este factor é devido à maior facilidade de
Comparação entre a Produção de Milho, Capacidade e Necessidade de Agroindústria
0
200,000
400,000
600,000
800,000
1,000,000
1,200,000
Tone
lada
s
Produção Média 1,134,387
Capac. Agroindustria 427,250
Neces. Agroindústria 707,137
Nacional
65
transportar os cereais em grão em relação às farinhas, à disponibilidade de maiores facilidades
nas cidades para a montagem de uma indústria, como energia eléctrica, e outros serviços gerais
como empresas de construção, hospitais, escolas, disponibilidade de mão de obra mais
qualificada e a experiência de trabalho na indústria.
Gráfico 10: Produção média de 1999-2001, cap. e nec. de moagens de milho, por províncias
Fonte: Calculado com base nos dados do SNAP, DPADR e DPIC, de cada província.
Exceptuando Nampula que possui uma capacidade excedentária de cerca de 3.000 toneladas ano,
as restantes províncias em estudo apresentam défice na capacidade de moagens. Este excesso é
aparente, porque a MPAN, também utiliza o cereal das províncias vizinhas como Cabo Delgado
e, por vezes, importa o milho devido aos elevados preços do milho nacional e as carências
sazonais.
Aspecto particular a salientar é a existência de uma moagem industrial nova por montar há anos
em Cabo Delgado, devido a problemas de financiamento, estando todo o equipamento no local e
o edifício pré-construído. Esta moagem com uma capacidade anual de 25.000 toneladas pertence
a Moageira de Cabo delgado, Lda.
Produção de Milho, Capacidade e Necessidade de Agroindústria, por Províncias
-50000
0
50000
100000
150000
200000
Tone
lada
s
Produção Média 59271 133512 82819 184702 116523 87803
Capac. Agroindustria 41000 51000 85750 129500 20000 5000
Neces. Agroindústria 18271 82512 -2931 55202 96523 82803
Cabo Delgado
Niassa Nampula Zambezia Sofala Inhambane
66
4.1.2 Arroz
4.1.2.1 Produção Nacional de Arroz
O arroz é o segundo mais importante cereal produzido em Moçambique. A produção nacional de
arroz desde a campanha de 1993/4 até 2000/1 consta do gráfico seguinte:
Gráfico 11: Produção de Arroz em Moçambique
Fonte: MADER - SNAP
A produção de arroz em Moçambique registou um crescimento regular de 1994 a 1999, a uma
taxa média de 14% ao ano. Em 2000 sofreu uma redução brusca de cerca de 20% e em 2001
registou uma recuperação de 11%. O rendimento médio atingiu o seu máximo em 1999, com 1,1
ton/ha, tendo baixado progressivamente para 0,9 ton/ha em 2000 e para 0,8 ton/ha em 2001. Este
choque negativo deveu-se principalmente às cheias que assolaram o país nos anos 2000 e 2001.
4.1.2.2 Produção Nacional de Arroz por províncias
A produção de arroz por províncias consta da tabela seguinte:
Produção de Arroz em Moçambique, 1993/4 a 2000/1
0
50
100
150
200
250
Mil
to
ne
lad
as/
Mil
he
cta
res
0.0
0.2
0.4
0.6
0.8
1.0
1.2
To
n/h
a
Superfície 121 130 144 174 181 173 169 178
Produção 98 113 139 180 191 186 151 167
Rend. Ton/ha 0.6 0.7 0.9 0.9 0.9 1.1 0.9 0.8
93/94 94/95 95/96 96/97 97/98 98/99 99/00 00/01
67
Tabela 6: Produção média (1999 a 2001) de arroz em Moçambique por províncias
Fonte: MADER-SNAP
O rendimento médio nacional do arroz é de 1 ton/ha. As províncias que apresentam melhor
produtividade da terra são Gaza com 1,1 ton/ha, seguido por Zambézia com 1,2 ton/ha e por
Cabo delgado com 1,1 ton/ha. As restantes províncias encontram-se abaixo da produtividade
média nacional.
Embora não tenhamos encontrado um mapa agro-climático da produção de arroz indicando os
rendimentos por hectare possíveis por cada região agro-climático, Zandamela (2001) refere que o
rendimento máximo possível nas zonas de regadio é de 5-6 ton/ha com elevado uso de insumos e
com baixo uso de insumos 0,9-1 ton/ha. Nas zonas de sequeiro o rendimento provável com uso
intensivo de insumos é de 2,5-3 ton/ha e com baixo uso de insumos de 0,5-0,6 ton/ha. Um estudo
agro-climático semelhante ao realizado para as outras culturas é desejável.
A produção de arroz encontra-se em quase todas as províncias do país. Contudo, mais de 80% da
produção nacional realiza-se em três províncias da região Centro e Norte: Zambézia com 54%,
Nampula com 15%, seguida da Sofala com 14%. Das restantes províncias têm relevo Cabo
Delgado com 8% e Gaza com 5% da produção nacional.
4.1.2.3 Capacidade de Processamento de Arroz
Nas fábricas de descasque e branqueamento, obtém-se como produto principal o arroz branco e
são separados as trincas, a moinha, os farelos, as sêmeas, o gérmen e as cascas.
Províncias Área Média (ha) Produção Média (ton) Rend. Médio (ton/ha)Total 173,347 168,140 1.0Cabo Delgado 13,158 14,124 1.1Niassa 3,986 2,487 0.6Nampula 35,097 23,731 0.7Zambezia 77,485 89,877 1.2Tete 285 134 0.5Manica 634 464 0.7Sofala 27,791 22,577 0.8Inhambane 3,160 1,838 0.6Gaza 6,887 9,004 1.3Maputo 4,865 3,902 0.8
68
O arroz branco inteiro, incorporando uma pequena percentagem de grãos partidos que varia de
país para país, é vulgarmente designado arroz extra e constitui a principal forma em que este
cereal é comercializado. O arroz branco quebrado, entre metade e três quartos do grão inteiro, é
denominado arroz corrente. A mistura entre o arroz extra e o corrente é designado arroz extra –
corrente. O arroz partido com menos de metade e até um quarto do grão inteiro é vulgarmente
chamado trinca e com menos de um quarto, moinha (Muendane 2001). É também designado por
arroz corrente a mistura do arroz extra com as trincas, a partir de uma percentagem de 15%.
Existem processos industriais que permitem o aproveitamento do arroz sob outras formas: “no
fabrico de bebidas alcoólicas, na produção de farinhas para as indústrias de panificação, massas
alimentícias e pastelaria; na produção de flocos de arroz, arroz tufado e arroz estufado” (Viana e
Silva 1969: 365 citado por Muendane 2001).
As sêmeas, os farelos e o gérmen são ricos em substâncias nutritivas e são utilizados,
principalmente, na alimentação animal, na obtenção de óleo e na preparação da fitina (Viana e
Silva 1969: 368 citado por Muendane 2001).
“As cascas, devido ao seu baixo valor nutritivo, não são utilizadas na alimentação animal;
são usadas como combustível, na obtenção de abrasivos a partir das cinzas, na fabricação
de resinas especiais, na construção e para melhoramento dos solos” (Viana e Silva 1969:
368-369 citado por Muendane 2001).
Em Moçambique, as fábricas extraem o arroz como produto principal. O gérmen é misturado
com os farelos e as sêmeas e todos os subprodutos são usados somente para a alimentação
animal. As cascas praticamente não possuem valor comercial e são utilizadas como “cama” para
os pintos na avicultura, como combustível e para melhorar os solos na agricultura.
O gráfico seguinte compara a produção média de 1999 a 2001 com a capacidade e a necessidade
da agro-indústria.
69
Gráfico 12: Produção média de 1999-2001, cap. e necessidade de Fábricas de descasque de arroz.
Fonte: Calculado com base nos dados do SNAP, DPADR e DPIC, de cada província.
A capacidade actual de descasque de arroz cobre somente 4% da produção média de arroz de
1999-2001. As fábricas de média e grande capacidade encontram-se paralisadas e algumas
destruídas. No Sul está em condições de funcionar somente uma fábrica das três existentes. A de
Xai-Xai foi totalmente destruída pelas cheias de 2000.
Produção de Arroz, Ca pacida de e Ne ce ssidade de Agro-indústria
0
20,000
40,000
60,000
80,000
100,000
120,000
140,000
160,000
180,000
To
ne
lad
as
P rodução 168,140
Capacidade de Agro-indústria 7,250
Necessidade de Agro-indústria 160,890
Nacional
70
4.1.2.4 Capacidade de Processamento de Arroz, por Províncias
A relação das fábricas de descasque de arroz é a seguinte:
Tabela 7: Fábricas de descasque de arroz em Moçambique
Províncias MÉDIAS E GRANDES PEQUENAS
CAPAC. TOT. (Ton) Numero Capac. (Ton) Numero Capac. (Ton)
Total 3 6,000 5 1,250 7,250 Cabo Delgado 0 0 3 750 750 Niassa 0 0 0 0 0 Nampula 0 0 2 500 500 Zambezia 0 0 0 0 0 Sofala 1 0 0 0 0 Inhambane 0 0 0 0 0 Gaza 1 3,000 0 0 3,000 Maputo 1 3,000 0 0 3,000 Fonte: DAPDR e DPIC provinciais
Existem duas fábricas com uma capacidade de 3.000 toneladas na região sul e cinco pequenas na
região norte. A capacidade total é de 7.250 toneladas.
4.1.3 Mandioca
Em 1985 (Camargo, 1985) mais de 500 milhões consumiam mandioca no mundo e a sua cultura
ocupava o quarto lugar em área plantada e era cultivada por 90 países8. Contudo, a sua produção
encontra-se concentrada em pouco mais de 10 países, sendo o Brasil, o maior produtor, com mais
de um terço da produção mundial, seguido pela Indonésia, Zaire, Nigéria, Índia, Burundi,
Tanzânia, Gana e Moçambique.
8 Hoje, 17 anos depois, apesar de não termos estatísticas actualizadas, acreditamos que o número deve ser muito maior.
71
4.1.3.1 Produção Nacional de Mandioca
A produção nacional de mandioca consta do gráfico seguinte:
Gráfico 13: Produção de Mandioca em Moçambique
Fonte: MADER-SNAP
O gráfico mostra que a produção de mandioca tem crescido progressivamente a uma taxa média
de 9% ao ano e que as cheias de 2000 tiveram pouca influência nesse ritmo. Mostra também que
o aumento da produção é devido ao aumento do rendimento por hectare e não ao aumento da
superfície cultivada. Contudo, estes dados levantam dúvidas como veremos na análise da
potencialidade da cultura por Províncias e Distritos.
Produção de Mandioca em Moçambique de 1993/4 a 2000/1
0
1,000
2,000
3,000
4,000
5,000
6,000
7,000
Mil
Tone
lada
s/M
ilHec
tare
s
0.0
1.0
2.0
3.0
4.0
5.0
6.0
7.0
Ton/
ha
Superfície 908 986 993 1,000 1,015 965 952 1,023
Produção 3,294 4,178 4,734 5,337 5,639 5,553 5,362 6,292
Rend. Ton/ha 3.6 4.2 4.8 5.3 5.6 5.8 5.6 6.1
93/94 94/95 95/96 96/97 97/98 98/99 99/00 00/01
72
4.1.3.2 Produção Nacional de Mandioca, por Províncias
Tabela 8: Produção média (1999 a 2001) de mandioca em Moçambique por províncias
Fonte: SNAP
O rendimento médio nacional do milho é de 5,9 ton/ha. As províncias que apresentam melhor
produtividade da terra são Niassa com 6 ton/ha, seguido por Nampula e Zambézia, ambas, com
5,9 ton/ha e por Cabo Delgado com 5,7 ton/ha. A produtividade mínima nacional provincial é de
4 ton/ha, registada em Maputo.
A produção de mandioca encontra-se concentrada em algumas províncias do Centro e Norte do
país. Quase 90% da produção nacional realiza-se em três províncias: Nampula com 46%, seguida
da Zambézia com 26% e Cabo Delgado com 15%. Das restantes províncias tem relevo
Inhambane com 7%.
4.1.3.4 Produção Potencial de Mandioca
A área potencial de cultura de mandioca é de, aproximadamente, 2.000 mil ha e o rendimento
médio possível com elevado nível de insumos é de 6,5 ton/ha e o rendimento médio possível
com baixo nível de insumos é de 1,5 ton/ha. As províncias que apresentam o melhor rendimento
possível são Zambézia, Cabo Delgado e Niassa com, respectivamente, 10,2 ton/ha, 6,9 ton/ha e
5,5 ton/ha. Maputo apresenta 5,3 ton/ha e Inhambane 5,2 ton/ha. O rendimento mínimo nacional
com elevado uso de insumos é de Manica com 4,1 ton/ha (Anexo 4)
Províncias Área Média (ha) Produção Média (ton) Rend. Médio (ton/ha)Total 980,142 5,735,591 5.9Cabo Delgado 151,177 869,073 5.7Niassa 22,298 133,171 6.0Nampula 437,551 2,581,878 5.9Zambezia 255,566 1,504,788 5.9Tete 1,343 7,059 5.3Manica 1,174 5,795 4.9Sofala 11,995 56,648 4.7Inhambane 61,804 408,736 6.6Gaza 31,572 145,556 4.6Maputo 5,661 22,888 4.0
73
O gráfico seguinte compara o potencial de produção de mandioca com elevado nível de uso de
insumos com o potencial de produção de mandioca com baixo nível de utilização de insumos e
com a produção média realizada no país de 1999 a 2001.
Gráfico 14: Produção potencial de mandioca com e sem uso intensivo de insumos
Fonte: Cálculos com base nos dados de Kassam at al (1982) e SNAP (2002)
A produção média de mandioca, de acordo com as estatísticas disponíveis, encontra-se acima do
nível previsto para a cultura com baixo nível de insumos. Este aspecto levanta dúvidas, dado que
em Moçambique não se usam tecnologias com elevado nível de insumos na cultura da mandioca.
Portanto, ou o mapa agro-climático subvaloriza o potencial sem insumos ou os dados da
produção estão sobre valorizados. A segunda hipótese é mais provável.
4.1.3.5 Capacidade de Processamento de Mandioca
Da mandioca podem-se obter diversos produtos entre os quais o amido em diversas formas (a
farinha de mesa, o polvilho, a farinha de água, a farinha panificável, a puba, a tapioca, a farinha
de tapioca, o tucupi, o beiju), bebidas (cauim, tiquira), raspas e “pellets”, forragens e produtos
químicos (dextrinas, dextrose, glicose, acetona, glicrina, glicerol) e álcoois (amílico, butílico,
Comparação entre o potencial e a produção dee mandioca c/ e s/ uso intensivo de insumos
0
2,000
4,000
6,000
8,000
10,000
12,000
14,000
Prod. Pot. C/ Insumos Prod. Pot. S/ Insumos Produção Média
Mil
Tone
lada
s
74
etílico, metílico e propílico), em particular o álcool combustível, muito estudado no Brasil
(Camargo, 1985, pp. 28-31).
Não existem em Moçambique unidades especializadas no processamento de mandioca.
Experiências realizadas no passado não tiveram continuidade e uma das dificuldades registadas é
a qualidade da mandioca produzida no país. A mandioca nacional, em geral, tem fibra e isso
dificulta o processamento industrial.
Actualmente, a mandioca é seca ao sol, depois de cortada em pedaços pequenos, e moída em
moinhos de martelo, para a produção de farinha. Outra tecnologia utilizada é a produção de
“Ráli” em Inhambane, ao nível familiar. Estes processos visam fundamentalmente a conservação
da mandioca.
4.1.4 Batata Doce
A produção nacional de batata doce em 2001 foi de 196.646 toneladas9. A produção com maior
produção é a Zambézia com 21%, seguida pela Manica com 16%, Tete e Gaza, cada uma, com
12%, Nampula com 10%, Niassa 6%, Cabo Delgado 5%, Inhambane e Maputo, ambas com 3%.
9 Não foi possível obter dados de produção referentes aos anos anteriores.
75
Gráfico 15: Produção de Batata Doce por províncias, em ton.
Fonte: MADER
4.2. Oleaginosas
Das oleaginosas apresentaremos dados sobre o amendoim, o coco, a semente do algodão, a
mafurra e o girassol. Não foram encontrados dados sobre a produção da soja e do rícino.
Produção Nacional de Batata Doce (Ton)
- 5,000 10,000 15,000 20,000 25,000 30,000 35,000 40,000 45,000
Niassa
Cabo Delgado
Nampula
Zambézia
Tete
Manica
Sofala
Inhambane
Gaza
Maputo
Batata Doce 11,217 8,914 20,148 41,895 24,269 32,396 23,502 6,124 22,789 5,393
NiassaCabo
DelgadoNampula Zambézia Tete M anica Sofala Inhambane Gaza M aputo
76
4.2.1. Amendoim
4.2.1.1 Produção Nacional de Amendoim
A produção nacional de amendoim consta do gráfico seguinte:
Gráfico 16: Produção de Amendoim em Moçambique de 1993/4 a 2000/1, em 1000 toneladas
Fonte: MADER - SNAP (2002)
Como quase todas outras culturas, o amendoim apresenta um crescimento regular de 1994 a
1999. A taxa média de crescimento da produção é de 15% ao ano. Em 2000 a produção baixou
em 22% e em 2001 continuou a baixar, embora em taxa menor (4%), embora nestes últimos anos
tenha-se registado um aumento da superfície cultivada: o rendimento por hectare baixou de 0,6
ton/ha para 0,4 ton/ha.
Produção de Amendoim em Moçambique de 1993/4 a 2000/1
0
50
100
150
200
250
300
350
Mil
ton/
Mil
ha
0.0
0.1
0.2
0.3
0.4
0.5
0.6
Ton
/ha
Superfície 238 262 269 281 286 262 265 286
Produção 74 102 117 126 143 147 115 111
Rend. Ton/ha 0.3 0.4 0.4 0.4 0.5 0.6 0.4 0.4
93/94 94/95 95/96 96/97 97/98 98/99 99/00 00/01
77
4.2.1.2 Produção Nacional de Amendoim por Províncias
A produção nacional de amendoim por províncias consta da tabela seguinte:
Tabela 9: Produção de Amendoim por Províncias
Fonte: SNAP
O rendimento médio nacional do amendoim é de 0,5 ton/ha. As províncias que apresentam
melhor produtividade da terra são Nampula, Manica e Zambézia com 0,6 ton/ha, seguido por
Tete, ambas, com 0,5 ton/ha. A produtividade mínima nacional provincial é de 0,3 ton/ha,
registada em Maputo e Gaza.
A produção de amendoim encontra-se distribuída nas três regiões do país. Na região Norte
Nampula e Cabo Delgado produzem, respectivamente, 29% e 12%. Na região Centro Zambézia
produz 16% e na região Sul Inhambane produz 21%, da produção nacional. Das restantes
províncias têm relevo Sofala com 3%.
4.2.1.3 Produção Potencial de Amendoim
A área potencial de cultura de amendoim é de, aproximadamente, 542 mil ha e o rendimento
médio possível com elevado nível de insumos é de 1,9 ton/ha e o rendimento médio possível
com baixo nível de insumos é de 0,5 ton/há (Anexo 4).
Províncias Área Média (ha) Produção Média (ton) Rend. Médio (ton/ha)Total 271,083 124,046 0.5Cabo Delgado 39,481 14,447 0.4Niassa 3,510 1,535 0.4Nampula 62,793 37,488 0.6Zambezia 30,445 19,404 0.6Tete 15,730 8,421 0.5Manica 4,320 2,558 0.6Sofala 7,503 3,168 0.4Inhambane 71,379 25,886 0.4Gaza 24,936 7,596 0.3Maputo 10,985 3,543 0.3
78
As províncias que apresentam o melhor rendimento possível são Cabo Delgado, Niassa e
Nampula com, respectivamente, 3 ton/ha, 2,6 ton/ha e 2,3 ton/ha. Tete e Sofala apresentam 2,2
ton/ha e Manica 2 ton/ha. O rendimento mínimo nacional com elevado uso de insumos é de Gaza
com 0,9 ton/ha.
O gráfico seguinte compara o potencial de produção de amendoim com elevado nível de uso de
insumos com o potencial de produção de amendoim com baixo nível de utilização de insumos e
com a produção média realizada no país de 1999 a 2001.
Gráfico 17: Produção potencial de amendoim com e sem uso intensivo de insumos
Fonte: Cálculos com base nos dados de Kassam at al (1982) e SNAP (2002)
O gráfico acima mostra que é possível duplicar a produção de amendoim mantendo o actual
rendimento médio de 0,5 ton/ha, explorando ao máximo as terras aráveis. Se também se adoptar
o elevado nível de insumos a produção actual pode atingir o nível de cerca de 1.000.000
toneladas ano.
4.2.1.5 Capacidade de Processamento de Amendoim
O amendoim em Moçambique não é utilizado para a produção de óleo, não sofrendo qualquer
outro tipo de processamento. É utilizado no consumo directo da população e as tentativas de
exportação têm barrado com problemas da qualidade: o elevado conteúdo de aflatoxinas.
Potencial e Produção de Amendoim c/ e s/ uso intensivo de insumos
0
200
400
600
800
1,000
1,200
Prod. Pot. C/ Insumos Prod. Pot. S/ Insumos Produção Média
Mil to
nelada
s
79
Dada a sua importância na produção agrícola nacional seria desejável um estudo mais
aprofundado da sua industrialização.
4.2.2 Coco
O coco é produzido principalmente em quatro províncias: Zambézia, Inhambane, Nampula e
Cabo-Delgado. A distribuição geográfica dos palmares consta da tabela seguinte:
Tabela 10: Produção de coco por províncias
Província Área (ha) Produção (ton) % Zambézia 110,000 41,250 69%Inhambane 30,000 11,250 19%Nampula 12,000 4,500 8%Cabo-Delgado 8,000 3,000 5%Total 160,000 60,000 100%
Fonte: Entrevista Eng. Danilo C. Abdula (SIMA)
A Zambézia é a província que mais produz coco, com 69% da produção nacional, seguido por
Inhambane com 19%, Nampula com 8% e Cabo-Delgado com 5%. A produção nacional é
estimada em 60.000 toneladas e considerando que a produtividade dos coqueiros é uniforme no
país, estimamos a produção por província indicada na tabela anterior, ou seja, 41.250 toneladas
para a Zambézia, 11.250 toneladas para Inhambane, 4.500 toneladas para Nampula e 3.000
toneladas para Cabo-Delgado.
Da produção total da Zambézia o sector familiar contribui com 57% e o empresarial com os
restantes 43%. A distribuição da produção é a seguinte:
80
Tabela 11: Área de coqueiros por sectores
Sector Área (ha) Familiar 63,000Empresarial 47,000
Grupo Madal 23,200 Companhia da Zambézia 8,000 Companhia do Murroa 3,000 Boror 4,000 Geralco 3,000 Sena Sugar State 1,500 Entreposto Comercial 1,500 Pequenas Empresas 2,800
Total 110,000Fonte: Entrevista Eng. Danilo C. Abdula (SIMA)
Metade do coco produzido em Moçambique é consumido directamente pela população, ou seja,
30.000 toneladas. A outra metade é comercializada como coco fresco ou sobre a forma de copra
para a exportação e para o fabrico de sabão. Em Moçambique o óleo de copra não é muito
apreciado para consumo humano.
O palmar da Zambézia já foi conhecido como o maior do mundo. Neste momento enfrenta as
seguintes pragas e doenças:
• Ácaro do coqueiro (Eriophytes guereronis)
• Coleopetero rineceronte (Oryctes momocerus)
• Amarelecimento letal (Lethal yellowing disease)
Tabela 12: A utilização do coco na indústria de óleos
Indústria 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001C.I.MONAPO 1,897 765 1,285 1,443 1,362 1,507 882M. INDUSTRIAL 1,532 632 600 1,811 259 817 847GINWALA 413 1,501 1,129 2,179 1,629 630 979S. INHAMBANE 698 1,318 1,691 1,623 1,023 1,988Total 3,842 3,596 4,332 7,124 4,873 3,977 4,696 Fonte: Companhia de Moçambique, SARL e entrevista c/ Eng. Carlos Costa
81
4.2.3 Algodão
Do algodão obtém-se a fibra que é exportada e a semente que é utilizada para a extracção de óleo
alimentar. Do algodão caroço procede-se ao descaroçamento e obtêm-se a semente de algodão
que contém de 16% a 19% de óleo. Desta quantidade, as fábricas conseguem extrair 11% a 13%
ficando o resto do óleo no bagaço. A utilização do algodão na indústria de óleos consta da tabela
seguinte:
Tabela 13: Utilização do algodão na indústria de óleos
Indústria 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001C.I.MONAPO 10,008 12,531 10,245 16,178 15,384 15,455 16,342M. INDUSTRIAL 3,821 2,677 4,162 5,254 4,975 4,356 3,321GINWALA 229 2,115 1,577 1,678 2,337 Total 14,058 17,323 15,984 23,110 22,696 19,811 19,663Fonte: Companhia de Moçambique, SARL e entrevista c/ Eng. Carlos Costa
As únicas fábricas que podem utilizar algodão como matéria prima são a Companhia Industrial
do Monapo, a Moçambique Industrial e a Ginwala. Quase todas as fábricas de óleo têm de
importar óleo bruto para a produção de óleo refinado, por falta de matéria prima nacional. Por
exemplo a Ginwala passou a usar óleo bruto importado como matéria prima desde 2000 por falta
de algodão nacional.
A produção de algodão por províncias consta da tabela seguinte:
Tabela 14: Produção de algodão por províncias (2001)
Província Produção (Ton) % C. Delgado 15.642 22 Niassa 2.204 3 Nampula 41.461 58 Zambézia 3.292 5 Sofala 7.229 10 Inhambane 108 0 Outras 1.112 2 Nacional 71.048 100
Fonte: MADER; Entrevista Enga Lúcia
82
Em 2001, Nampula contribuiu com mais de metade (58%) do algodão produzido no país,
seguido por Cabo Delgado com 22% e por Sofala com 10%. A produção de algodão nas
restantes províncias não teve significado.
4.2.4 Mafurra
A produção de mafurra por províncias consta da tabela seguinte:
Tabela 15: Produção de mafurra
Província Explorações Árvores % Árvores Maputo 38,251 175,630 10 Inhambane 129,509 1,123,689 62 Sofala 420 980 0 Outras 111,646 512,368 28 Nacional 279,826 1,812,667 100 NB: Zambézia, Nampula, Niassa e Cabo Delgado não registam produção de mafurra
Fonte: INE
A mafurra é uma oleaginosa utilizada para a extracção de óleo e sabão, principalmente na
província de Inhambane. Além da utilização industrial também é usado para fabrico de óleo
caseiro, muito apreciado em Inhambane. A sua utilização industrial é a seguinte:
Tabela 16: Utilização industrial da mafurra
Indústria 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001GINWALA 190 16 S. INHAMBANE 4 188 311 174 149 58Total 190 20 188 311 174 149 58
Fonte: Companhia de Moçambique, SARL e entrevista c/ Eng. Carlos Costa
4.2.5 Girassol
O girassol foi reintroduzido em Moçambique há relativamente pouco tempo e só encontrámos
registos de produção relativos a 2001.
83
Tabela 17: Produção nacional de girassol
Familiar Empresarial TotalNampula 2,613 0 2,613Zambézia 0 545 545Sofala 520 160 680Manica 3,167 0 3,167Nacional 6,300 705 7,005Fonte: MADER - DE
No país, o girassol é produzido principalmente pelo sector familiar (90% da produção total) em
quatro províncias: Nampula, Zambézia, Sofala e Manica. Enquanto em Nampula todo o girassol
registado foi produzido pelo sector familiar, na Zambézia e em Manica foi produzido pelo sector
empresarial. Em Sofala foi registada produção do dois sectores, embora o familiar seja
maioritário e represente 76% da produção da província. Mais de 80% da produção de girassol é
concentrada em duas províncias: Manica e Nampula.
4.2.6. Indústria de Óleos e Sabões
A produção industrial de óleos e sabões consta da tabela seguinte:
Gráfico 18: Produção industrial de óleos e sabões
Produção industrial de Óleos e Sabões
0
5000
10000
15000
20000
ton
Óleos Refinados 2646 2208 4019 7496 8785 6104 6130
Sabões 8546 8573 10402 12792 11708 13456 14811
Bagaços 9359 8893 8706 12211 11741 9644 9526
1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001
NB: Não está incluída a produção da Fasol Saborel
Fonte: Companhia de Moçambique, SARL e entrevista c/ Eng. Carlos Costa
84
Verifica-se uma subida gradual da produção industrial de óleos refinados de 1996 a 1999 e uma
descida brusca em 2000. A produção de sabões apresentou uma subida gradual de 1996 a 2001,
tendo registado uma descida pontual em 1999.
A produção de óleos por cada empresa, consta da tabela seguinte:
Tabela 18: Produção de óleos e sabões por cada empresa de 1995 a 2001
Descrição 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001C. I. MONAPO Óleos Refinados 1,307 1,405 1,743 2,857 3,316 2,898 3,042Sabões 3,555 2,656 4,001 5,691 5,691 6,387 7,057Bagaços 5,350 5,220 4,552 6,956 6,818 6,130 6,482M. INDUSTRIAL Óleos Refinados 493 409 1,037 2,363 3,339 1,752 1,255Sabões 3,703 3,333 3,054 3,101 1,846 2,769 3,552Bagaços 2,214 1,235 2,220 2,742 2,350 2,591 1,892GINWALA Óleos Refinados 846 394 1,239 2,276 2,130 1,454 1,833Sabões 1,288 2,100 2,166 2,505 2,650 2,828 2,669Bagaços 1,795 2,176 1,423 1,778 1,812 336 498S. INHAMBANE Óleos Refinados Sabões 484 1,181 1,495 1,521 1,472 1,533Bagaços 262 511 735 761 587 654NB: Não está incluída a produção da Fasol Saborel Fonte: Companhia de Moçambique, SARL e entrevista c/ Eng. Carlos Costa
4.3. Frutas
O grupo de frutas caracteriza-se por falta de dados. Vamos desatacar a produção do falso fruto
do caju de acordo com os TOR.
4.3.1. Produção da Pêra de Caju
A primeira questão que se coloca é a estimativa da sua produção. Não existindo qualquer
estimativa sobre o assunto tivemos que partir da castanha comercializada10 e considerar a relação
existente entre o peso da castanha e o peso da pêra. Diferentes referências indicam relações 10 Em Moçambique, a estimativas existentes sobre a castanha referem-se a comercilização e não a produção propriamente dita.
85
diferentes: Zangelmi (1992) indica uma relação máxima de um para nove; G. B. Ystimenko
(1994) considera uma relação média de um para seis; Shakti Pal (entrevista em Abril de 2002)
refere que a média que se pode obter em Moçambique é de um para quatro, de acordo com dados
registados em Nampula. É esta última estimativa que será seguida para estimar a produção
nacional de pera de caju, por ser a mais baixa, mais segura, e por resultar de um estudo concreto
realizado em Moçambique recentemente.
Gráfico 19: Produção da Pêra de Caju, em Moçambique
Produção da Pera de Caju em Moçambique
0
50,000
100,000
150,000
200,000
250,000
300,000
Ton
elad
as
Produção Pera Caju 119,94 131,56 266,04 173,30 206,86 234,88 210,43 208,35
1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001
Fonte: Estimativa feita c/ base na produção da castanha numa relação de 1 para 4
4.3.1.1 Produção da Pêra de Caju, por Províncias
Seguindo a mesma estimativa do cálculo da produção, apresentamos em seguida, a distribuição
da produção da pêra de caju por províncias:
86
Gráfico 20: Produção de pêra de caju por províncias
Fonte: MADER-SNAP
Nampula produz 67% da produção nacional, seguida por Zambézia e Gaza, ambas com 10%,
Inhambane com 7% e Cabo Delgado com 5%, os restantes 1% são produzidos em Manica,
Sofala e Maputo.
Em Moçambique, não existe indústria de pêra de caju. A população utiliza a pêra para fazer
sumos e aguardentes caseiras. Contudo, a grande maioria da pêra perde-se porque os
apanhadores retiram a castanha e deixam o falso fruto a apodrecer.
4.3.2 Outras Frutas
Infelizmente, o MADER não controla a produção de frutas, no SNAP. Os únicos dados nacionais
fiáveis relativamente a grande parte da produção da fruta foram sistematizados no Censo agro-
pecuário realizado pelo INE em 1999 e 2000. Contudo, o Censo indica somente o número de
plantações e ou o número de árvores, por províncias. A partir destes dados não é possível estimar
a produção em quantidades (toneladas), porque a produção de cada árvore depende de muitos
factores: desde o tipo de planta, as condições agro-ecológicas, etc.. Portanto, uma aproximação
Produção de Pera de Caju por Províncias
Cabo Delgado5%
Nampula67%
Zambézia10%
Outros1%
Inhambane7%
Gaza10%
87
somente a partir destes seria muito grosseira. Assim, optamos por combinar estes dados com as
estatísticas da FAO. Utilizámos estas estatísticas para estimar a produção nacional e utilizamos o
número de árvores constante no Censo para realizar a sua distribuição por províncias. Em alguns
caso os dados do Censo limitam-se ao número de plantações. Neste casos, limitámo-nos a
reproduzir estes dados.
4.3.2.1 Ananás
De acordo com o censo agro-pecuário realizado pelo INE (1999), o número de explorações que
produzem ananás é o constante da tabela seguinte:
Tabela 19: Produção de ananás por províncias
Provincia Explorações % Explorações Maputo 11,142 5 Inhambane 41,788 19 Sofala 23,376 11 Zambézia 39,293 18 Nampula 31,262 14 Niassa 1,948 1 Cabo Delgado 3,592 2 Outras 69,755 31 Nacional 222,156 100
Fonte: INE
Foram referidas grande produções em Sofala e na Zambézia, particularmente, nos distritos de
Chibabava e Nicoadala, respectivamente. Mas não foram encontrados dados sobre produções.
4.3.2.2 Banana
O número de explorações que produzem banana e a estimativa da produção nacional dada pela
FAO é o constante da tabela seguinte.
88
Tabela 20: Produção da Banana
Provincia Explorações % Explorações Produção Média 1996-2001(Ton)
Maputo 26,359 3 Inhambane 58,026 6 Sofala 84,347 9 Zambézia 236,389 26 Nampula 193,477 21 Niassa 35,538 4 Cabo Delgado 34,233 4 Outras 256,369 28 Nacional 924,738 100 77,000 Fonte: INE; FAO
A banana é uma das frutas com grande tradição de produção em Moçambique. Os dados da
FAO reportam uma produção média anual de 77.000 toneladas, mas não incluem a distribuição
da produção por províncias.
4.3.2.3 Laranja
O número de explorações e o número de árvores que produzem laranja é o constante da tabela
seguinte:
Tabela 21: Produção da laranja
Provincia Explorações Árvores % Árvores Produção Média (Ton) Maputo 14,444 57,120 1% 205 Inhambane 107,682 1,490,153 33% 5,352 Sofala 16,886 64,497 1% 232 Zambézia 146,838 790,621 18% 2,840 Nampula 149,623 663,168 15% 2,382 Niassa 10,732 34,396 1% 124 Cabo Delgado 40,264 211,987 5% 761 Outras 115,468 1,142,594 26% 4,104 Nacional 601,937 4,454,536 100% 16,000 NB: Distribuição da produção por províncias feita c/ base na proporção das árvores. Fonte: INE, FAO
89
Moçambique já exportou grandes quantidades de citrinos, em particular, de laranja. As
estatísticas da FAO indicam como produção média actual 16.000 toneladas.
4.3.2.4 Tangerina
O número de explorações e o número de árvores que produzem tangerina é o constante da tabela
seguinte:
Tabela 22: Produção da Tangerina
Província Explorações Árvores % Árvores Produção Média (Ton) Maputo 7,743 21,434 1% 1 Inhambane 98,016 2,335,839 62% 102 Sofala 6,246 24,113 1% 1 Zambézia 27,335 122,281 3% 5 Nampula 35,234 135,143 4% 6 Niassa 369 3,273 0% 0 Cabo Delgado 3,327 12,513 0% 1 Outras 84,299 1,118,216 30% 49 Nacional 262,569 3,772,812 100% 164 NB: Distribuição da produção por províncias feita c/ base na proporção das árvores. Fonte: INE, FAO
Inhambane é a província com maior produção de tangerina do país. Este facto é expresso tanto
pelos número de explorações, número de árvores como pelas estatísticas da FAO. Não existe
exploração industrial desta fruta, nem o seu processamento.
4.3.2.5 Limão
O número de explorações e o número de árvores que produzem limão é o constante da tabela
seguinte:
90
Tabela 23: Produção de limão
Província Explorações Árvores % Árvores Maputo 33,305 100,827 8 Inhambane 42,387 225,593 17 Sofala 31,727 25,955 2 Zambézia 68,958 171,307 13 Nampula 118,814 278,534 21 Niassa 7,003 14,693 1 Cabo Delgado 15,472 42,735 3 Outras 118,714 454,838 35 Nacional 436,380 1,314,482 100 Fonte: INE
O limão é um tipo de citrino produzido em praticamente todo o país, com maior concentração de
explorações e árvores em Nampula. Infelizmente não foram encontrados dados sobre a sua
produção recente.
4.3.2.6 Manga
O número de explorações e o número de árvores que produzem manga é o constante da tabela
seguinte:
Tabela 24: Produção da manga por províncias
Província Explorações Árvores % Árvores Maputo 52,793 451,132 4 Inhambane 157,892 1,238,714 11 Sofala 122,113 1,287,941 12 Zambézia 408,721 2,810,071 25 Nampula 250,878 1,138,595 10 Niassa 74,266 403,694 4 Cabo Delgado 28,247 149,454 1 Outras 413,570 3,588,772 32 Nacional 1,508,480 11,068,373 100
Fonte: INE
A produção da manga encontra-se espalhada em todo o país. Em Sofala existe uma empresa que
está a processar esta fruta e a exporta na forma de compota para os Emiratos Árabes Unidos. Esta
91
empresa, AL OMRAN AGROINDÚSTRIA, LDA, tem encontrado dificuldades por falta de
matéria prima, devida à sazonalidade da sua colheita, por falta de tratamento das árvores o que
afecta a sua qualidade. A maior parte das mangueiras do país pertencem ao sector familiar. A AL
OMRAN iniciou a sua produção em 2000 exportando 100 ton e em 2001 exportou 1.100
toneladas. No presente ano até Fevereiro já havia processado 1.690 toneladas. A sua capacidade
é de 3.800 toneladas por campanha. Outras dificuldades que encara são:
• Acessos (estradas). Esta situação é agravada porque a campanha coincide com o tempo
das chuvas;
• Qualidade da manga (c/ fibra) agravado por maus hábitos de tratamento da fruta e sua
colheita prematura;
• Preços elevados da manga nacional.
4.3.2.7 Papaia
O número de explorações e o número de árvores que produzem papaia é o constante da tabela
seguinte:
Tabela 25: Produção da papaia por províncias
Província Explorações Árvores % Árvores Maputo 40,901 334,914 4 Inhambane 94,978 1,092,321 15 Sofala 104,613 1,175,299 16 Zambézia 280,535 1,495,704 20 Nampula 262,290 1,174,426 16 Niassa 41,655 150,806 2 Cabo Delgado 35,222 208,033 3 Outras 252,844 1,816,313 24 Nacional 1,113,038 7,447,816 100
Fonte: INE
A produção da papaia também encontra-se distribuída em todo o país. Embora tenha
potencialmente muitas utilizações, neste momento não existe qualquer indústria que processe
esta fruta em Moçambique.
92
4.3.2.8 Toranja
O número de explorações e o número de árvores que produzem toraanja é o constante da tabela
seguinte:
Tabela 26: Produção da toranja por províncias
Província Explorações Árvores % Árvores Maputo 801 21,159 22 Inhambane 2,582 25,614 27 Sofala 889 1,609 2 Zambézia 3,795 11,720 12 Nampula 3,696 9,032 9 Niassa 98 1,958 2 Cabo Delgado 1,158 2,432 3 Outras 3,860 22,835 24 Nacional 16,879 96,359 100
Fonte: INE
A toranja é um dos citrinos que já foi exportada por Moçambique e que neste momento precisa
de relançamento. A sua produção encontra-se espalhada pelo país, mas tem maior realce em
Inhambane e Maputo.
4.3.2.9 Lichte
Tabela 27: Produção da lichte por províncias
Província Explorações Árvores % Árvores Maputo 127 1,115 2 Inhambane 284 26,673 49 Sofala 139 139 0 Zambézia 1,069 4,959 9 Nampula 176 882 2 Niassa 259 259 0 Cabo Delgado 1 50 0 Outras 4,644 20,277 37 Nacional 6,699 54,354 100 Fonte: INE
93
Grande parte (49%) das árvores de Lichte encontram-se em Inhambane. É uma fruta que pode
ser encorajada, de acordo com o mercado.
4.3.2.10 Pêssego
O número de explorações e o número de árvores que produzem pêssego é o constante da tabela
seguinte:
Tabela 28: Produção da pêssego por províncias
Província Explorações Árvores % Árvores Maputo 982 2,366 1 Inhambane 3,318 18,798 10 Sofala 0 0 0 Zambézia 3,575 7,325 4 Nampula 942 3,274 2 Niassa 9,299 29,554 16 Cabo Delgado 1 22 0 Outras 30,670 123,053 67 Nacional 48,787 184,392 100
Fonte: INE
O Pêssego encontra-se fundamentalmente nas províncias de Niassa e Inhambane. Não consta que
exista qualquer tipo de processamento no país.
4.3.2.11 Indústria de Processamento de Frutas
A indústria de processamento de frutas em Moçambique praticamente não existe. Com excepção
da fábrica de compotas AL OMRAN de Sofala, as restantes “indústrias” visitadas limitam-se a
misturar água ao concentrado importado e embalar. Mesmo as tradicionais indústrias como a
Loumar, hoje, fazem isso.
As pessoas entrevistadas mostraram-se preocupadas com esta situação, particularmente em
Sofala e na Zambézia, onde a fruta apodrece todos os anos por falta de qualquer tratamento pós
colheita para a sua conservação.
94
4.4 Produção comercializada
É muito difícil estimar a produção comercializada por falta de dados credíveis. Por nos terem
parecido mais próximos da realidade registamos os dados do MADER-DE, relativos a 1998-
2001. Em média, dos produtos alimentares com dados registados, o milho contribui com 50%,
em peso, dos produtos comercializados, seguido pela mandioca com 12%, feijão e castanha de
caju, ambas com 11%, copra 7%, arroz 3%, mapira 1% e o girassol e a mafurra com menos de
0,5%.
Gráfico 21: Produção comercializada (1998-2001), por produtos e províncias
Fonte: MADER-DE
4.5 Falso Fruto do Caju vs Coco
Os TOR referem que após a realização do seminário de disseminação dos resultados obtidos pelo
Resource Person, será definido o produto a estudar entre o falso fruto do caju e o coco. Isto
sugere a limitação de fundos para a realização de estudos de ambos os produtos. Para
Produção Comercializada (Ton)
0 50,000 100,000 150,000 200,000 250,000 300,000
Milho
Arroz
Mapira
Mandioca
Feijão
Amendoim
Girassol
Copra
Mafurra
Castanha Cajú
2001 255,000 14,070 5,520 51,250 65,050 28,060 80 30,500 193 53,613
2000 259,131 13,154 4,009 58,462 67,505 26,502 85 24,501 293 52,578
1999 261,117 16,877 5,097 63,281 52,552 25,486 80 44,417 664 58,720
1998 218,193 11,025 3,228 61,695 35,090 21,474 120 42,401 1,430 51,716
Milho Arroz Mapira Mandioca Feijão Amendoim Girassol Copra MafurraCastanha
Cajú
95
fundamentar a nossa opinião sobre o assunto, apresentámos esta questão a maior parte dos
entrevistados, nos seguintes termos:
Moçambique já teve o maior palmar do mundo. Neste momento, este palmar sofre de doenças e
pragas que ameaçam a continuidade da sua produção, em particular, na Zambézia, onde se
encontra a maior parte da produção. O coco é produzido principalmente em algumas províncias:
para além da Zambézia encontra-se em Inhambane, Nampula e Cabo Delgado, nas zonas
costeiras. O coco praticamente é utilizado somente para a produção de sabão e para o consumo
directo da população. É sabido que poderia ter muitas outras aplicações industrias, mas carece de
estudos específicos sobre a sua industrialização, em Moçambique.
Por outro lado, Moçambique já foi o maior exportador da castanha de caju do mundo. A
produção de caju encontra-se mais espalhada que a do coco, em termos de províncias. Pode ser
encontrada em Nampula, Cabo delgado, Zambézia, Inhambane e Gaza. Na maior parte das
províncias as duas culturas concorrem, embora o coqueiro se encontre nas zonas mais próximas
do mar e o cajueiro em zonas um pouco mais afastadas do litoral. O cajueiro também regista
algumas doenças preocupantes. Do cajueiro, em Moçambique, só se exporta e se utiliza
industrialmente a castanha, embora em peso, a pêra tenha maior expressão.
Tendo em conta, a importância das duas culturas ao nível nacional, os seus antecedentes, qual
das culturas devia ser estudada com maior prioridade?
Dado que o objectivo era colher o parecer dos stakeholders e não propriamente elaborar um
inquérito alargado sobre o assunto, o que estaria fora do âmbito do presente trabalho, foram
seleccionados 32 pessoas, entre funcionários das DPADR, DPIC, ONGs que têm influência na
agro-indústria, dos quais 5 em Zambézia, 7 em Inhambane, 11 em Niassa e 9 em Cabo Delgado.
Dos entrevistados, no global, 56% propõem o estudo do caju. Esta indecisão reflecte a tendência
das respostas em cada província. A indecisão existe nas províncias de Inhambane e Niassa, a
primeira produzindo os dois produtos e a segunda não produzindo praticamente nenhum deles.
96
As tendências são mais claras na Zambézia em que 80% dos entrevistados optou por coco e em
Cabo delgado em que 89% dos entrevistados priorizou o caju.
A indecisão geral mostra, por outro lado, a importância de ambos os produtos na economia
nacional, na vida das populações, na segurança alimentar e na economia familiar. Assim, seria
mais vantajoso o estudo de ambas as fruteiras neste trabalho. Se isto não for possível, a decisão
poderá ser tomada em função do peso económico das fruteiras, por exemplo, a sua contribuição
nas exportações.
4.6 Agro-indústria a Estudar por Província
Os termos de referência indicam a necessidade de seleccionar os produtos a estudar em cada
província. No sentido de ouvir a opinião dos intervenientes de cada província sobre esta matéria,
pedimos aos entrevistados11 que ordenassem os produtos em estudo de modo decrescente de
importância para efeitos de industrialização. Os resultados obtidos em cada província são os
seguintes:
Tabela 29: Prioridade de produtos por província
Zambézia Inhambane Niassa Cabo Delgado Sofala Nampula ananás copra milho milho ananás girassol cajú cajú feijões mandioca arroz gergelim milho mandioca girassol feijões manga caju copra citrinos mandioca arroz amendoim milho mandioca milho batata reno gergelim milho amendoim
Embora os TOR refiram que serão seleccionados dois projectos em cada província, estendemos a
lista para os primeiros cinco para que a equipa principal tenha maiores possibilidades de escolha,
quando ponderar outros factores, como mercado, investimento, etc.. O produto que foi referido
em todas as províncias é o milho: ele encontra-se em primeiro lugar em Niassa e Cabo Delgado,
em terceiro lugar na Zambézia, em quarto lugar em Nampula e em quinto lugar em Inhambane e
em Sofala.
11 Os entrevistados são os mesmos que responderam a questão falso fruto de caju versus coco, visto anteriormente.
97
4.7 Aspectos Relevantes da Análise da Produção e da Agro-indústria
Em geral, a produção agrícola está abaixo do seu potencial e caracteriza-se pelo uso de baixo
nível de insumos. Duas vias podem ser tomadas para o aumento da produção agrícola: o aumento
do rendimento por hectare e o aumento da área cultivada. O aumento do rendimento implica o
uso de tecnologias melhoradas com elevado nível de insumos. O aumento das áreas cultivadas
deve ser estimulada de diversos modos entre os quais a política de terras, o incentivo ao agro-
processamento, ao crédito, apoio à comercialização agrícola, o melhoramento das infra-
estruturas.
A agro-indústria está muito aquém das necessidades, isto é, de ser capaz de processar a produção
actual, e é muito inferior a capacidade potencial da agricultura. Medidas de incentivo a agro-
indústria incluem estudos de mercado dos produtos potenciais, estudos de viabilidade das
indústrias e a definição de uma estratégia de industrialização do país nesta área. Verifica-se uma
tendência de encerramento das agro-indústrias em quase todas as culturas, mas com maior ênfase
nas fábricas de descasque de arroz de média capacidade. As moageiras de arroz também
enfrentam diversas dificuldades relacionadas com o mercado, elevado custo das matérias primas
e deficiências graves nas infra-estruturas do país, em particular estradas, energia e comunicações.
A falta de dados sobre grande parte das culturas, em particular, frutas e oleaginosas, dificulta a
análise da agro-indústria necessária nesta área. Contudo verifica-se que quase todas as fábricas
de sumos importam o concentrado e limitam-se a adicionar água e as poucas fábricas que
processam a fruta enfrentam diversos problemas que ameaçam a continuidade do processo
produtivo.
98
5 INSTITUIÇÕES FINANCEIRAS
A oferta dos serviços de financiamento às actividades desenvolvidas nas zonas rurais, ou
associadas à agricultura, não tem correspondido a procura. Várias razões estão por detrás da
relutância da banca comercial e dos diferentes instrumentos de intervenção no financiamento à
economia, nomeadamente, os fundos estatais e as instituições de micro-finanças. De facto, apesar
da crescente procura de crédito para o desenvolvimento das agro-indústrias, poucos
empreendedores conhecem as poucas alternativas disponíveis. Aqueles que conhecem essas
alternativas, não têm tido a devida assistência para ter acesso ao financiamento. A agravar o
facto, são poucas as instituições que fornecem crédito específico para a agro-indústria. Assim,
este capítulo vai concentrar-se na identificação das alternativas de financiamento para a área de
agro-indústria e, duma forma genérica, colocar as condições de acesso que as diferentes
instituições financeiras estabelecem para este grupo-alvo específico.
Para a colecta da informação, foram utilizados dois métodos que se complementam: (i) a
aplicação de um pequeno questionário com dez perguntas dirigidas às diferentes instituições
financeiras, previamente, identificadas através da (ii) consulta bibliográfica junto do Banco
Central e estudos realizados previamente. Foram aplicados 25 questionários, sendo 9 nos bancos
comerciais, 2 em sociedades de investimento, 6 nos fundos do Estado, 3 em cooperativas de
crédito e, os remanescentes 5, nas entidades licenciadas para o micro-crédito.
As respostas obtidas às questões, possibilitaram o reagrupamento das instituições de acordo com
a sua grandeza e tornou-se mais fácil a identificação dos aspectos comuns para cada categoria, no
que concerne ao apoio que fornecem ou não ao sector agro-industrial. As instituições financeiras
foram, para efeitos do presente trabalho, classificadas em três categorias – (i) bancos comerciais,
(ii) Instituições de Micro-Finanças de média dimensão (IMFs médias) e (iii) Instituições de
Micro-Finanças que concedem micro-créditos (IMFs puras). De referir que mais de metade dos
bancos comerciais consultados, não responderam aos questionários e, os que responderam,
forneceram informações genéricas e pouco conclusivas quanto ao seu envolvimento no
financiamento à agro-indústria. Esta situação justifica o tratamento globalizado que é feito aos
bancos comerciais quanto às modalidades de crédito disponíveis, sendo excepção o Novo Banco,
99
que pelas modalidades de crédito é, deliberadamente enquadrado nas IMFs médias. No outro
extremo estão as IMFs puras que, apesar do detalhe exaustivo nas informações fornecidas, torna-
se claro que sendo os níveis de crédito muito baixos, a sua intervenção para a agro-indústria é
irrelevante.
Assim, as IMFs médias são o único grupo que se apresenta com maior interesse no
financiamento de actividades agro-industriais e, por isso, dá-se maior detalhe aos procedimentos
deste grupo, nas secções que se seguem.
5.1 Operadores Financeiros em Moçambique
O mercado financeiro moçambicano tem estado a desenvolver-se ao longo do tempo. Novas
instituições e novos produtos vão sendo lançados e a legislação tem também procurado
acompanhar essa evolução. Até o final de 2000 o mercado moçambicano operava com as
seguintes categorias de instituições financeiras:
1) O Banco Central – O Banco de Moçambique
2) Bancos comerciais,
3) Bancos de investimento,
4) Cooperativas de crédito,
5) Sociedades de locação financeira,
6) Sociedades gestoras de fundos de investimento,
7) Sociedades de Investimento,
8) Sociedades administradoras de compras em grupo, e
9) Entidades Licenciadas para o exercício de funções de micro-crédito.
O papel do Banco Central, como “autoridade de supervisão consiste na orientação,
acompanhamento e fiscalização do funcionamento das instituições de crédito e sociedades
financeiras, com vista à promoção e manutenção da confiança e sã concorrência no sector,
reforço da solidez e eficiência, bem como emitir pareceres atinentes à autorização de pedidos de
constituição de Instituições de Crédito e Sociedades Financeiras” (Banco de Moçambique 2000).
100
Serão analisadas 37 instituições assim discriminados: oito (8) bancos comerciais, onze (11) IMFs
Médias e dezoito (18) IMFs Puras. Às instituições licenciadas pelo Banco Central, acrescem-se
seis (6) Fundos do Estado, que funcionam sob tutela dos respectivos ministérios. Entre os 11
bancos comerciais em funcionamento no país, três não têm cabimento para os objectivos do
presente trabalho, dado os segmentos de mercado que servem, nomeadamente: (i) a União
Comercial de Bancos, (ii) o Nedbank (Moçambique), (iii) e o Banco Internacional de Comércio.
5.1.1 Os bancos comerciais
Até ao final de 2000, o mercado financeiro operava com 8 bancos comerciais, todos sediados em
Maputo, e com 241 balcões, em todo o País. O banco com maior cobertura é o Banco Austral,
com mais de 100 balcões, seguindo-se o BIM que, após a sua fusão com o BCM, passou a ser
titular de 85 balcões. O domínio do BIM, verifica-se no movimento, representando pouco mais
de 50% das operações do País. A maior parte das operações são efectuadas na Cidade do
Maputo, onde também se localiza mais de 85% do total de balcões dos bancos comerciais. A
Província com menor número de balcões é Niassa com 9 balcões representando o Banco Austral,
o BIM e o BSTM.
5.1.2 Instituições Micro-financeiras Médias
Instituições micro-financeiras médias (IMFs Médias) são os operadores financeiros intermédios
que não sendo instituições bancárias, fornecem crédito de média dimensão, entre USD 1.000 e
USD 200.000, abaixo dos montantes que os bancos podem fornecer mas, ao mesmo tempo,
muito acima dos limites dos micro-créditos. Para melhor enquadramento, refere-se créditos no
intervalo. A maior parte destas instituições são fundos criados pelo Estado, aos que se juntam
algumas com gestão privada. As IMFs médias que se tem destacado no mercado são as
seguintes:
5.1.2.1 Os Fundos do Estado
A relação dos fundos do Estado é a seguinte:
101
• O Fundo de Comercialização, criado no MIC, em 1999 – Quase nunca funcionou e,
actualmente, está paralisado;
• O Fundo de Fomento à Pequena Indústria (FFPI), também na tutela do MIC, criado em
1990 – Em funcionamento desde 1996;
• O Fundo de Fomento Agrário (FFA), na tutela do MADER – criado em 1996, com
funcionamento pouco consistente, mas foi feito, em 2001, um estudo para a sua provável
restruturação;
• O Fundo de Desenvolvimento de Hidráulica Agrícola (FDHA), na tutela do MADER –
criado em 1996, com funcionamento pouco consistente, mas foi feito, em 2001, um
estudo para a sua provável restruturação;
• O Fundo de Fomento Pesqueiro, criado no extinto MAP e actualmente sob tutela do
MPescas – em fase de implantação.
• O Fundo de Apoio a Reabilitação Económica (FARE), gerido pelo MPF – criado em
1992, em funcionamento.
No seu conjunto, os fundos do Estado têm as suas sedes em Maputo. A maioria não tem qualquer
delegação nas restantes províncias do País o que resulta da falta de meios ou estratégias
adequadas para o seu funcionamento. O FFPI, o FFP e o FARE são os fundos do Estado que têm
estado a desenvolver alguma actividade no âmbito das suas missões embora com resultados
diferentes. Em secções posteriores, será feito um destaque das actividades do FFPI, FFP e FARE.
102
5.1.2.2 As IMFs Médias Licenciadas
A lista das instituições micro-financeiras médias licenciadas é a seguinte:
• Gabinete de Promoção da Indústria (GAPI) – criado como entidade estatal, e
transformado para Sociedade de Investimentos de direito privado.
• Associação Moçambicana de Desenvolvimento Rural - AMODER .
• Novo Banco – Pertencente ao Grupo BIM
• Cooperativa de Crédito e Investimentos - CREDICOOP
• Sociedade de Crédito de Moçambique – SOCREMO, constituída a partir da estrutura do
antigo GPE/GTZ
As IMFs privadas são guiadas pela atractividade do mercado em que operam. O Novo Banco
procura consolidar-se em Maputo; o GAPI opera em toda zona Sul e está a penetrar no Centro e
Norte do País; e a AMODER, realiza operações na Zona Sul e Norte do País. A SOCREMO
está estabelecida em Maputo e Sofala.
5.1.3 Operadores de Micro-Crédito puro
No segmento de micro-crédito puro são enquadradas todas as instituições que fornecem créditos
cujo valor máximo não é superior a USD 1.000 por empréstimo, sendo, por isso a sua análise
pormenorizada irrelevante para o quadro de financiamento às actividades agro-industriais, salvo
algumas excepções. O volume total de crédito concedido por este segmento de operadores tem
correspondido a uma média próxima de 0,14% do total de crédito líquido à economia
moçambicana e a 1% do crédito à agro-indústria. Além de fornecerem créditos muito pequenos,
as taxas de juro que praticam são muito elevadas, superiores a 100% ao ano, em alguns casos
(DNCI 1999).
O conjunto de operadores de micro-crédito é bastante amplo, uma vez que se trata de uma
actividade com um nível de regulamentação ainda muito deficiente. O número de operadores é
103
estimado em mais de 60, dispersos em todo o País, mas os licenciados são apenas 16 (Banco de
Moçambique 2002). Na pesquisa efectuada no âmbito deste trabalho foram identificadas 19
IMFs puros, entre cooperativas de crédito e entidades provedoras de micro-crédito. No seu
conjunto, as 19 IMFs puras identificadas são acessíveis aos seus beneficiários através de 30
balcões, agências ou escritórios. A maior parte de instituições que operam neste segmento são
ONGs donde se destacam as seguintes:
• World Relief – O seu programa iniciou em 1994. O crédito médio é de USD 55.
• Helvetas/Suiça – actividade iniciada em 1995. A maior parte dos créditos varia entre
USD 100 e USD 550.
• CARE – O início de actividades ocorreu em 1996. O crédito médio é de USD 100.
5.2 Operações de Crédito para a Agro-indústria
As operações de crédito para agro-indústria não são muito evidentes nas instituições contactadas
e, pela informação disponível nos documentos do Banco Central não existe uma categoria que
especifica as operações referentes a esta actividade. Contudo, na base de declarações informais
de funcionários do Banco de Moçambique, assumiu-se que 30% do crédito registado na área de
agricultura e cerca de 15% do crédito classificado na actividade industrial, poderá ter sido
dirigido à agro-indústria.
5.3. Os Bancos Comerciais
A abordagem da actividade de crédito dos bancos comerciais, apesar de ser limitada pela
generalização excessiva da informação colhida, vai focar três aspectos julgados fundamentais:
(i) o posicionamento de cada banco no mercado quanto ao crédito concedido; (ii) os critérios de
aprovação de créditos e (iii) os níveis actuais das taxas de juro praticadas por este grupo de
operadores.
104
5.3.1 O Mercado de Crédito
O resumo das quotas de mercado nas operações de crédito registadas pelo Banco Central, no
final de 2000, conduz às seguintes constatações:
i) Mais de 80% do crédito à economia é fornecido por quatro bancos, pelo que as
políticas de crédito praticadas por estas instituições são determinantes para o
sistema no seu conjunto;
ii) Dos quatro bancos, está em franco crescimento o BCI, que duplicou a sua quota
de mercado de 1999 para 2000. Esse crescimento foi obtido, principalmente, por
redução da proporção pertencente ao BIM/BCM.
iii) O BSTM é o banco mais estável no mercado.
Tabela 30: Quotas de Mercado de Crédito Concedido
Dez-99 Dez-00Banco Austral 16% 15%BIM/BCM 52% 47%BSTM 14% 14%BCI - Banco Comercial e de Investimentos 5% 10%BPI - Banco de Fomento 9% 7%Outros (incl BDC, BMI, ULC, ICB, etc) 3% 8%
% de créditoBancos
Fonte: Banco de Moçambique
5.3.2. Critérios de aprovação
Os bancos comerciais, de um modo geral, segundo as informações colhidas, não estabelecem
qualquer regra de prioridade por sectores de actividade12. Todos os créditos concedidos são em
função da análise dos pedidos de crédito, caso a caso, financiando os que se apresentarem
viáveis, do ponto de vista do banco, em termos de capacidade de reembolso e risco económico-
financeiro. Curiosamente, nenhum banco comercial respondeu à questão sobre o volume de
12 Informações de dirigentes seniores da banca comercial nos meios de comunicação ou em encontros públicos mostram que a banca comercial não está interessada em financiar a agricultura em Moçambique devido ao seu elevado risco.
105
crédito concedido nos últimos cinco anos, por se tratar de informação de domínio sigiloso. Foi,
entretanto, resposta comum a não classificação do crédito aprovado para a agro-indústria.
5.3.3 As taxas de juro
As taxas de juro praticadas pela banca comercial têm estado a crescer significativamente, desde
os meados de 2001, como consequência do conjunto das medidas tomadas pelo Banco de
Moçambique, no sentido de redução da liquidez no mercado.
Assumindo que o crédito para a agro-indústria pode ter uma maturidade mínima de 180 dias,
pode-se tomar o exemplo da taxa de juro para operações activas com um ano de maturidade que
passou de 25,13% em Junho de 2001 para 35,27%, em Dezembro do mesmo ano. Esta variação
corresponde a um crescimento de pelo menos 40% nos custos financeiros repassados aos
devedores.
O encarecimento do crédito pode sustentar perfeitamente a necessidade de revisão na política de
crédito colocando no mercado novos produtos adequados à agro-indústria, em especial. Ademais,
fica assente que a intervenção dos bancos comerciais deverá continuar a ser complementada
pelas IMFs de média e pequena dimensão, descritas nas secções que seguem.
5.4. IMFs Médias
As IMFs médias, tal como já foi referido acima, são os operadores que melhor informação
forneceram quanto ao seu contributo para a assistência financeira ao sector agro-industrial, bem
como parecem constituir uma alternativa ainda indispensável para o desenvolvimento deste ramo
de actividade.
Nesta secção a concentração é dedicada, em primeiro lugar, aos Fundos do Estado que, directa
ou indirectamente, têm vocação e programas em curso para financiar a agro-indústria,
nomeadamente, o FFPI e o FARE. Nesse sentido, são sumarizadas as actividades e as
metodologias de crédito disponíveis em cada instituição. De seguida, são apresentadas as
106
modalidades de crédito praticadas pelas IMFs médias, de direito privado, licenciadas pelo Banco
de Moçambique.
No concernente à metodologia de crédito os aspectos descritos centram-se nas seguintes
variáveis:
• Tipo de crédito (individual/em grupo)
• Áreas de actividade financiadas
• Tipo de activos financiados
• Crédito médio, máximo e mínimo.
• Taxa de juro média ao ano e outros custos financeiros
• Prazo médio de reembolso, e
• Comparticipação e garantias exigidas
5.4.1 Fundo de Fomento à Pequena Indústria - FFPI
O FFPI é uma instituição criada em 1990 mas que iniciou a sua actividade em 1996. Concede
crédito individual para empresários ou empresas de pequena e média dimensão, com maior
ênfase para a indústria. Opera em três escritórios regionais, em Maputo (Sede - Sul), Manica
(Delegação - Centro) e Nampula (Delegação – Norte) e possui mais um escritório Provincial em
Niassa.
As operações do FFPI centram-se na gestão de quatro linhas de crédito, nomeadamente:
• Linha Geral – Os fundos provêm da Asdi, sendo os empréstimos dirigidos para o
comércio, indústria e serviços, em todo o País.
107
• Linha PPAN (Projecto de Pesca Artesanal em Nampula) – com fundos do IFAD e
dirigido à comunidades de pescadores dos Distritos de Angoche, Moma e Mogincual, em
Nampula.
• Linha PDHL (Projecto de Desenvolvimento Humano Local) – os fundos desta linha são
provenientes da OIT e os empréstimos dirigem-se ao comerciantes, agro-indústria e
alguns agricultores em Manica (Caia Chemba) e Sofala (Marínguè).
Em Dezembro de 2001, o FFPI registava um acumulado de 40.1 biliões em mais de 300 créditos
concedidos nas diferentes áreas de actividade, sendo 55% dirigido para a indústria, onde se
enquadra a agro-indústria. O montante médio de crédito concedido por cada cliente aproxima-se
a USD 6.000.
5.4.1.1 Condições de crédito do FFPI
As condições gerais do crédito do FFPI são:
1) Tipo de crédito – O tipo de crédito é individual, podendo ser pessoa singular ou
colectiva, desde que tenha uma actividade licenciada.
2) Áreas de actividade financiadas – As áreas de actividade financiadas são: a indústria, o
comércio e serviços. Inclui-se pesca e agro-indústria na categoria de indústria.
3) Tipo de activos financiados – São financiados activos fixos e meios circulantes.
4) Crédito médio, máximo e mínimo – O crédito médio equivale a USD 6.000; o mínimo a
USD 3.000 e o máximo a USD 50.000. Tem em vista uma nova linha de crédito para a
qual o máximo será de USD 200.000.
5) Taxa de juro média ao ano e outros custos financeiros – A Taxa de juro nominal varia
entre 20% a 23% e cobra uma taxa de preparos entre 0% e 1% do valor de crédito e uma
comissão de acompanhamento que varia de 10% a 15%. A diferenciação é por linhas de
crédito e por tipo de actividade.
108
6) Prazo médio de reembolso – O prazo de reembolso para créditos de investimento, é de 3
anos e, para créditos em activos circulantes, é de 12 meses. A periodicidade dos
reembolsos, em qualquer dos casos, é mensal.
7) Comparticipação e garantias exigidas - a comparticipação é de 10% e as garantias
fornecidas devem corresponder a 110%. Estas podem ser móveis, imóveis ou por fiança.
5.4.2 FARE
O FARE foi criado em 1992, tendo lançado as suas actividades em 1994. As operações do FARE
visam prestar apoio financeiro ao sector privado interessado em investir na reabilitação ou em
novos empreendimentos nas zonas rurais, orientados para os sectores de agricultura, pescas,
transportes, pequena indústria e comércio rural. Os créditos são concedidos na modalidade
individual excluindo-se a hipótese de créditos em grupo.
Para alcançar os seus objectivos, o FARE utiliza dois instrumentos: o (i) fundo de garantia e (ii)
o crédito directo. Pelo fundo de garantia o FARE assegura o reembolso dos créditos que os
bancos comerciais concedem a empreendimentos, que se enquadram nos objectivos do FARE,
em caso do beneficiário não cumprir com as amortizações, até um valor de 300 milhões. Por sua
vez, o crédito directo, introduzido em 1998, visa a concessão de créditos com critérios de
elegibilidade e condições mais flexíveis em relação aos bancos comerciais (DNCI 1999:11).
O FARE é, neste momento, o único Fundo do Estado que possui agentes de execução em todas
as províncias do País, uma vez que as suas Delegações estão implantadas nas Direcções
Provinciais do Plano e Finanças (DPPF). As DPPFs, por sua vez, identificam instituições locais
(por exemplo, o FFPI, em Manica, e GPE, em Nampula) que actuando como Agentes do FARE,
responsabilizam-se pela implementação efectiva do programa do FARE na respectiva Província.
5.4.2.1 Condições de crédito do FARE
109
As condições gerais de crédito da FARE são:
1) Tipo de crédito – O crédito é individual, podendo ser pessoa singular ou colectiva, desde
que tenha uma actividade licenciada nas zonas rurais. Possui uma linha para o crédito
directo e, outra, para garantia sobre os créditos concedidos pelos bancos comerciais.
2) Áreas de actividade financiadas – As actividades financiadas são: Rede comercial rural,
transporte, agricultura, pescas, pequena indústria e artes e ofícios.
3) Tipo de activos financiados – São financiados investimentos em activos fixos e em meios
circulantes, incluindo mercadorias.
4) Crédito máximo – O crédito máximo aceite é de 300 milhões de Meticais, tanto para a
linha de crédito directo bem como para o fundo de garantia.
5) Taxa de juro média ao ano e outros custos financeiros – Taxa de juro nominal é abaixo
da taxa do mercado e não são aplicados quaisquer custos adicionais.
6) Prazo de reembolso – O prazo máximo de reembolso é negociável de acordo com a
actividade. O período médio de deferimento do capital é de um ano.
7) Comparticipação e garantias exigidas - A comparticipação e as garantias são negociadas
com o agente implementador, para o crédito directo e junto dos bancos comerciais, para o
fundo de garantia.
5.4.3. Gabinete de Promoção da Indústria, SARL - GAPI
O GAPI foi criado em 1990 através de fundos do Ex-BPD e da Fundação Friedrich Ebert. Como
resultado do seu crescimento e para melhor posicionamento no mercado, em 1999, foi
transformado numa Sociedade de Investimentos. No total possui seis escritórios, sendo a Sede
em Maputo, três escritórios no Centro do País e dois no Norte.
5.4.3.1 Condições de crédito do GAPI
São as seguintes as condições gerais de crédito no GAPI:
110
1) Tipo de crédito – O tipo de crédito concedido é individual ou em grupo. No crédito em
grupo, inclui-se o chamado crédito por atacado. Na modalidade de crédito por atacado,
um determinado grupo organizado, por exemplo uma associação, pode solicitar um
crédito que depois é repartido pelos seus associados, sendo da responsabilidade da
associação a gestão e o reembolso do crédito.
2) Áreas de actividade financiadas – As actividades financiadas são: agricultura, comércio
rural, indústria alimentar, construção, pescas, serviços e transportes.
3) Tipo de activos financiados – São financiados investimentos em activos fixos e em meios
circulantes, incluindo mercadorias.
4) Crédito mínimo e máximo – O crédito mínimo equivale a USD 5.000, e o máximo
corresponde a USD 400.000. Os créditos são concedidos tanto em moeda nacional como
em dólares americanos.
5) Taxa de juro nominal ao ano e outros custos financeiros – Taxa de juro nominal, para
empréstimos em Meticais, varia entre 32% e 39.9% ao ano, enquanto que, para
empréstimos em dólares, as taxas variam ente 7.5% e 11% ao ano. Além da taxa de juro,
o GAPI cobra entre 1% a 5% do crédito solicitado, em custos administrativos. A
diferenciação das taxas (juros e custos administrativos) depende do montante do
empréstimo e da actividade financiada.
6) Prazo de reembolso – O prazo máximo de reembolso pode atingir sete anos, para
investimentos em activos fixos ou um ano, caso se trate de meios circulantes. O período
máximo de deferimento do capital é de 12 meses.
7) Comparticipação e garantias exigidas - A comparticipação exigida é de 10% e as
garantias podem ser todas aquelas que são aceites por lei desde que cubram 120% do
valor do empréstimo.
8) Serviços adicionais – O GAPI, além do serviço de crédito, também especializou-se no
fornecimento de treinamento empresarial, dirigido aos seus clientes e outros interessados.
111
6 CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES
O objectivo principal deste relatório é apresentar informação para a equipa principal que vai
elaborar o estudo de viabilidade das agro-indústrias a estabelecer em cada província, pelo que,
em geral, não carece de conclusões ou recomendações, propriamente ditas, mas sim resumos de
principais dados obtidos. Assim, elaboramos uma breve análise sobre a situação económica geral
do país, como forma de introdução ao tema em apreço e como forma de indicar o ambiente
económico que envolve a temática da agro-indústria rural em Moçambique.
Foi feito uma revisão bibliográfica sobre os documentos que foram encontrados sobre as agro-
indústrias e foram feitas fichas de cada documento para facilitar a sua consulta. Em geral os
documentos localizados referem-se a produção agrícola e agro-industrial, aos seus
constrangimentos, a estatísticas e adequabilidade agro-climática do cultivo de cada produto. Da
literatura não foram encontrados dados relativos a adequabilidade do arroz e da batata doce, no
grupo de cereais e tubérculos, do girassol, gergelim, coco e mafurra, no caso de oleaginosas, e de
todas as frutas. Outra lacuna importante é relativa aos dados estatísticos sobre os produtos não
controlados pelo SNAP. Em alguns casos resolvemos parcialmente o problema em contacto com
os organismos de tutela e noutros, em que nem esta solução era possível, como no caso das
frutas, recorremos aos dados do censo agro-pecuário, realizado pelo INE.
6.1 Conclusões
Existe um número considerável de informantes chaves a trabalhar no sector agro-industrial. Os
seus nomes, cargos, áreas de interesse e contacto são apresentados no anexo 1. Em geral, são
instituições do Governo e organizações não governamentais envolvidas directa ou indirectamente
nas actividades de agricultura, agro-indústrias ou organização de camponeses.
As províncias do Centro e Norte apresentam as melhores condições agro-climáticas para a
prática de agricultura (de sequeiro) em Moçambique. Em geral, a produção agrícola está abaixo
do seu potencial. Duas vias podem ser tomadas para o aumento da produção agrícola: o aumento
do rendimento por hectare e o aumento da área cultivada. O aumento do rendimento implica o
112
uso de tecnologias melhoradas com elevado nível de insumos. O aumento da área cultivada deve
ser estimulado de diversos modos entre os quais a política de terras, o incentivo ao agro-
processamento, ao crédito, apoio à comercialização agrícola, ao melhoramento das infra-
estruturas.
A capacidade de processamento da agro-indústria é inferior a produção agrícola actual e é muito
inferior a capacidade potencial da agricultura. Há muitas perdas pós-colheita. Tanto a agro-
indústria como a agricultura comercial têm enfrentado diversas dificuldades que resultam em
falência ou funcionamento abaixo da sua capacidade. O desenvolvimento da agro-indústria
carece de uma estratégia clara do país nesta área.
A falta de dados sobre grande parte das culturas, em particular, frutas e oleaginosas, dificulta a
análise da agro-indústria necessária nesta área. Contudo, constatou-se que a maioria das fábricas
de sumos limita-se a adicionar água ao concentrado importado.
As instituições financeiras, excluindo o banco emissor, podem ser agrupadas em três grandes
grupos: os grandes bancos comerciais, as instituições financeiras médias e as instituições de
micro-crédito. Os grandes bancos mostram-se muito cépticos em financiar a actividade agrícola
ou agro-industrial. As instituições financeiras médias mostram-se mais vocacionadas para este
segmento de mercado. Grande parte destas instituições utilizam fundos públicos. As instituições
de micro-crédito são especializadas em créditos muito baixos não suficientes para a actividade de
agro-industrial. Em geral, as taxas de juro são elevadas para a viabilidade da agricultura ou para
a agro-indústria.
6.2 Recomendações
As recomendações serão apresentadas em dois grupos: à equipa da ICC que vai prosseguir o
estudo e ao Estado representado pelo MADER.
113
6.2.1 Recomendações à Equipa que Vai Prosseguir o Estudo
Seleccionar as culturas a estudar a viabilidade em cada província, principalmente, em função do
mercado, nacional e internacional, com ênfase neste último e em função da importância da
cultura na província sob o ponto de vista de segurança alimentar, tendo em conta ainda a
potencialidade existente tanto agrícola, como de processamento. Deverá ser considerado também
o interesse dos stakeholders e a importância económica de cada produto: peso no PIB e peso nas
exportações ou na substituição das importações.
Deve-se estudar a possibilidade de exportar os produtos nacionais na base culturas biológicas, já
que quase toda produção não leva insumos, devendo para o efeito capacitar-se em termos de
certificação. Deve-se também estudar a possibilidade de reabilitar as agro-indústrias existentes e
paralisadas. Em geral, a indústria já tem know-how, têm instalações e, em alguns casos, o
equipamento pode ser aproveitado. No caso particular do falso fruto do caju e do coco, os dados
recolhidos não foram concludentes pelo que sugerimos que se faça um estudo mais aprofundado
acerca dos dois produtos.
6.2.2 Recomendações ao MADER
Trabalhos posteriores ao nível do INIA deveriam estudar a adequabilidade agro-climática de
outros produtos, como frutas, arroz, etc. cuja falta dificulta o estudo da sua potencialidade. Caso
estes estudos tenham sido efectuados, deviam ser publicados.
O SNAP, ou outro programa do MADER, deveria estender o âmbito dos produtos estudados para
incluir as frutas e outros produtos a seleccionar, em função da sua importância económica ou
social. Deve-se pensar em estender o estudo a outras províncias, o mais breve possível. As
províncias não estudadas são: Manica, Tete, Gaza e Maputo.
O MADER deve articular com o MIC de modo a clarificar a tutela das agro-indústrias, no país.
114
ANEXOS
115
Anexo 1. Contactos-chave
Sofala
Instituição Nome Cargo Interesse Contacto DPADR Eng. João Ribeiro Director
Provincial Apoio logístico Telfax: (03) 329556
Email: [email protected] DPIC Dr. José J. Gonçalves Director
provincial Informação sobre comercialização Tel.: (03) 327282/327024
Fax: (03) 327781 Mobeira Eng. David Naylor Director
Industrial Informação sobre mercados, custos e preços na indústria de cereais. Dificuldades operacionais.
Tel: (03) 302242 Fax: (03) 302702 Cel: (082) 501825 Email: [email protected]
Moçambique Industrial, SARL
Eng. Duarte Silva Director fabril Informação sobre mercados, custos e preços na indústria de oleaginosas. Dificuldades operacionais.
Tel: (03) 302031/3 Fax: (03) 301516 Cel: (082) 387983 Email: [email protected](?)
AL OMRAN AGRO INDUSTRIAL Lda
Eng. Ayob Ismail Director Executivo
Informação sobre mercados, custos e preços na indústria de processamento de frutas. Dificuldades operacionais.
Tel: (03) 303005 Fax: (03) 302150 Email: [email protected]
PROMEC José Paulo Cristiano Taimo
Coordenador Informação sobre pequenas iniciativas de processamento de frutas e apoio aos camponeses; armazenagem de produtos no campo. Tem escritórios e trabalha nos distritos de Dondo e Buzi.
Tel: (03) 313238 Fax: (03) 312631 Cel: (082) 387060 Email: [email protected]
PRODER Eng. Erasmo Saraiva Eng. Manfred Schug
Coordenadores Actua em 5 projectos: PISA: Projecto Integrado de Segurança Alimentar e PIL (Promoção de Instituições Locais), nos distritos: Gorongosa e Cheringoma. Calamidades naturais e reconstrução e reabilitação de estradas.
Tel: (03) 323774
PACDIB Sr. Rogério Coordenador (?) Segurança alimentar no Distrito de Buzi Tel: (03) 320243 FHI (?) (?) Treinamento de extensionistas e comercialização Tel.: (03) 320595 ORAM (?) (?) Treinamento de extensionistas e comercialização, nos
Distritos de Nhamatanda, Dondo, Caia, Marromeu, Gorongosa e Cheringoma.
Tel: (03) 311221
116
Zambézia
Instituição Nome Cargo Interesse Contacto DPADR Eng. Mariano Jona Director
Provincial Apoio logístico Tel.: (04) 212082
DPADR Alberto de Sousa Inroga Dir. Centro de Formação Agrária – Dir. Prov. Substituto
Apoio logístico e informações diversas sobre a DPADR Tel: (04) 214103 Cel: (082) 592338
DPADR Eng. Rodrigues Cosme Ch. Dep. Des. Rural
Informação sobre produção e comercialização agrícola Tel: (04) 215215 Cel.: (082) 599131
DPIC Sra. Beatriz G. de Sousa Dir. provincial Informação sobre agro-indústria e comercialização Tel: (04) 212497/212006 Fax: (04) 212004
World Vision 1 (Financiamento USAID e UE)
Dr. Brian Hilton (PhD) Dr. Fausto Máquina
Coordenador Apoio ao sector familiar na produção e comercialização. Actua nos Distritos de Gilé, Alto Molocue, Gurue, Namarroi, Lugel, Namacurra, Nicoadala, Inhassunge, Mopeia, Morrumbala
Tel: (04) 213204 Fax: (04) 212136/212075 Email: [email protected] Maputo: Gary Bayer Cel: (082) 350605
World Vision 2 (Financiamento DFID)
Dr. John Steel Eng. Joaquim Tomás
Coordenador Investigador
Apoio ao sector familiar na produção e comercialização. Tem 26 extensionistas e apoia ao nível de microfinanças.
Email: [email protected] [email protected] (?)
ORAM Lourenço Inácio Duvane Delegado Apoio ao sector familiar na produção e comercialização. Actua nos Distritos de Nicoadala, Maganja da Costa, Ile, Lugela, Alto Molocué, Nicoadala, Namacurra
Tel: (04) 214410 Fax: (04) 214409 Email: [email protected] [email protected]
ACIZA (Associação Comercial e Industrial da Zambézia)
Luís Pereira Afonso Uageito Roberto Ó da Silva
Presidente Vice-Presidente Secretário Geral (?); Dir. Adjunto da
Associação empresarial forte. É membro da direcção da CTA; Congrega 17 Associações empresariais e 890 associados, dos quais 84 PME
Tel: (04) 212710 Fax: (04) 214873 (GAPI) Tel: (04) 214350 (AGRIMO) Tel: (04) 214417 (Sr. Uageito) Fax: (04) 214538( Sr. Uageito) Cel: (082) 593721 (Sr. Uageito)
117
Agrimo Email: [email protected] Geralco C. J. Sarasan Director Indústria de óleos e sabões Tel: (04) 212739
Fax: (04) 212832 Cel: (082) 592202 Email: [email protected]
Grupo Madal, sarl Dr. Rogério L. Henriques Dir. Regional Produção e comercialização de coco Tel: (04) 212404/222186 Fax: (04) 212187 Email: [email protected]
ARPEL (Armazéns Pebane, Lda)
Armando Idrisse Valy Sócio-Gerente Produção e comercialização agrícola Tel: (04) 213013 Fax: (04) 213440
Action Aid Eduardo Costa Coordenador Multiplicação da batata doce, processamento de girassol em Namarroi, projecto de gestão costeira, nos Distritos de Maganja da Costa, Pebane, Namarroi, ile.
Tel. Maputo: (01) 314342
Inhambane
Instituição Nome Cargo Interesse Contacto DPADR Eng. Belém Monteiro Director
Provincial Apoio logístico Tel: (023) 20223
Cel: (082) 302523 DPADR Eng. António Limbau Chefe de
Serviços Provinciais de Agricultura
Informação sobre a agricultura na província Cel: (082) 304368
DPADR Fernando Mavie Chefe de Serviços Provincias de Extensão Rural
Informação sobre a agricultura e sobre ONG que apoiam a agricultura na província.
Cel: (082) 444433
Governo da província Dr. John Barnes Acessor do Governador; Coordenador do Projecto Desopol/GTZ
Informação sobre a província e diversos estudos sócio-económicos
Tel: (023) 20834 Fax: (023) 21147 Cel: (082) 313922 Email: [email protected]
DPIC Sr. Américo Jenga Director Informação sobre a comercialização. Telefax: (023) 20339
118
Provincial Cel: (082) 501992 DPIC Sr. Piado Languane Chefe de Dep.
de Comércio Informação sobre a comercialização. Cel: (082) 459574
DPIC Sra. Argentina Chefe da REAE (Rep. Estatística e Análise Económica)
Informação estatística sobre agro-indústria e comercialização Cel: (082) 862157
Saboeira de Inhambane
Helena Mata Cassimo Ahir Zamane
Contabilista Chefe de Compras e Vendas
Informação sobre problemas na produção de sabão e sobre preços tanto de insumos como de produtos acabados.
Tel: (023) 20859/20552 Tel. Gab. Director: (023) 20078 Fax: (023) 20134
Nampula
Instituição Nome Cargo Interesse Contacto DPADR Eng. Carlos Mugoma Director
Provincial Apoio logístico Cel: (082) 601403
DPADR Eng. Emílio Furede Chefe de Serviços Provincias de Agricultura
Informação sobre a agricultura na província Tel: (06) 212974 Cel: (082) 455717
DPIC Sr. Bonifácio Saulosse Director Provincial
Informação sobre agro-indústria e comercialização agrícola Tel: (06) 213044/3225/3913 Cel: (082) 454676
DPIC Sr. Paulo Momade Director Provincial Adjunto
Informação sobre agro-indústria e comercialização agrícola Tel: (06) 21 34 14 Fax: (06) 212824/216343
CARE Sr. Tim Russel Eng. Orlando Cumbanhane Sr. João Lameiras
Coordenador Agrónomo Gestor
Informação sobre a actuação da CARE na organização e apoio aos camponeses na produção e comercialização agrícola. Actua nos Distritos de Nacaroa, Nampula, Erati, Monapo, Meconta, Mecuburi, Murrupula, Mogovolas, Angoche, Muecate, Moma c/ fundos da USAID e nos distritos de Lalaua, Malema e Ribaue c/ fundos da EU.
Tel: (06) 216462/5; 216989/90 Fax: (06) 214051 Email: [email protected] www.care.org
AGRO-ALFA Sr. Héldeer Santos Carrier
Gestor Informação sobre equipamento de agro-processamento de pequena escala, incluindo preços e capacidades.
119
TECHNOSERVE Eng. Joel Cossa Gestor Informação sobre a actuação da TECHNOSERVE no apoio a produção, transformação e comercialização de produtos agrícolas e industriais.
Tel: (06) 217288/216736 Fax: (06) 216737 Email: [email protected]
CIMPAN Sr. Jiquira Gestor Moagem de milho e comercialização (?) SAVE THE CHILDREN
Dr. Richard Dixon Director Informação sobre a actuação da SAVE THE CHILDREN na organização e apoio aos camponeses na produção e comercialização agrícola. Actua nos Distritos de Memba, Nacala Velha, Nacala Porto, Mossouril, Mongicual, Ilha de Moçambique.
Tel: (06) 213812/213291 Fax: (06) 218652 Cel: (082) 601504 Email: [email protected]
CLUSA Dr. Johnny Colon Dr. Jorge Tinga
Director Director Adjunto
Informação sobre a actuação da CLUSA na organização e apoio aos camponeses na produção e comercialização agrícola. Trabalha c/ 714 associações do 1º nível, 60 foruns (Associações do 2º nível)
Tel: (06) 215825 Cel: (082) 484727
AGÊNCIA SUÍCA P/ DES. E COOPERAÇÃO
Dr. Mark Hoekstra Chefe da Delegação
Informação sobre a actuação da organização no apoio institucional e desenvolvimento de iniciativas locais. Está a implementar o projecto PADIL em Mecuburi.
Tel: (06) 215831 Fax: (06) 213217 Email: [email protected]
SNV (Organização Holandesa de Desenvolvimento)
Dr. Joss Swennenhuis Eng. António Quinze
Delegado Assessor
Informação sobre a actuação da CLUSA na organização e apoio aos camponeses na produção e comercialização agrícola. Apoia um projecto especial de caju.
Tel: (06) 218615
OLIPA-ODES Sr. Raul Tapulua Sr. Chissungue António
PCA Sec. Executivo
Descendente da CLUSA. Tem a filosofia da CLUSA e actua nos Distritos de Mecuburi, Moma, Mongicual, Angoche, Morrupula, Malema, Ribaue, Lalaua.
Tel: (06) 218831; Cel: (082)454307 Cel: (082) 454331 Tel: (06) 213648 Fax: (06) 218830 Email: [email protected]
Niassa
Instituição Nome Cargo Interesse Contacto DPADR Eng. João M. Severiano Director
Provincial Apoio logístico (071) 20917
DPADR Eng. Eurico Luís Amade Ch. de Serv. Informação sobre a agricultura na província Tel: (071) 20526
120
Provinciais de Agricultura
DPADR Eng. Virgílio Sabuni Técnico SPA Informação sobre a agricultura na província Tel: (071) 20526 DPIC Dr. Domingos Castande Dir. Provincial Informação sobre comerialização Tel: (071) 22221 DPIC Sr. Egaz Mazivila Chefe de
REAE (Rep. Est. Análise Económica)
Informação sobre agro-indústria e comercialização agrícola Tel: (071) 22221
MOSAGRIUS Dr. Anastácio Tamele PhD
PCA Informação Mosagrius Tel: (071) 20340
Fáb. De Óleos e Sabões
Sr. Adelino das Neves Gerente Informação sobre problemas no fabrico de óleos e sabões, custos e preços.
Tel: (071) 20479
ACORD (financiado por DFID)
Celeste Guambe Fernando N. Armando Elisa marcos
Coordenadores Informação sobre a actuação da organização no apoio as comunidades e desenvolvimento de iniciativas locais. Microcrédito.
AAGICON (As. Agro-industrial Comercial do Niassa)
Sr. Fazal Lacá Presidente Apoio e representação do sector empresarial. Tem 80 associados
Tel: (071) 20738 Fax: (071) 20223
PROANI Dr. Inocêncio Elias Sotomane
Dir. Geral Apoio institucional e desenvolvimento comunitário. Tel: (071) 28003 Email: [email protected]
Cabo Delgado
Instituição Nome Cargo Interesse Contacto DPADR Eng. Amimo Director
Provincial Apoio logístico Tel: (072) 21555
DPADR Eng. Jahamo Calima Chefe Dep. Economia
Informação geral sobre agricultura na província. Tel: (072) 21732
DPIC Dr. Ilídio Marques Dir. provincial Informação geral sobre comercialização Telefax: (072) 22328 GAS – Grupo África da Suécia
Dra. Nina Blid Assessora Microcrédito Tel: 51044 Email: [email protected]
Soc. Agro-industrial de Inguri
Fernando Nogueira Gestor Fábrica de óleos de girassol. Cidade de Pemba. (?)
UMOKAZI - Associa. Sr. Luciano Macumbe Dir. Executivo Informação sobre a actuação da organização no apoio as Tel: (072) 20818/21731
121
Des. Rural e Regional de Cabo Delgado (Ex-Hivos)
comunidades e desenvolvimento de iniciativas locais. Microcrédito
Fax: (072) 21623/21624 Email: [email protected]
122
Anexo 2: Leis e Regulamentos comerciais em vigor a partir de Novembro de 1996
Licenciamento e Negócios em Geral
• Decreto 43/98, de Setembro, Regulamento do Licenciamento Comercial
• Decreto 44/98, de Setembro, Regulamento do Licenciamento Industrial
• Decreto 56/98, 11 de Novembro, Regulamento sobre a Actividade do Comércio
Internacional
• Diploma Ministerial 202/98, de 12 de Novembro, Registo do Operador do Comércio
Internacional
• Diploma Ministerial 203/98, de 12 de Novembro, impostos a serem pagos no acto de
registo como importador.
• Lei 11/99, de 8 de Julho, Lei da Arbitragem, Conciliação e Mediação.
• Despacho de 24 de Agosto de 1999. Regime das feiras Internacionais
• Decreto 61/99 de 21 de Setembro cria o Conselho de Zonas, Francas Indústrias
• Decreto 62/2000, de 21 de Setembro, Regulamento das Zonas Francas Indústrias
• Decreto 35/2000, de 17 de Outubro – Altera os artigos 1º, 5º, 13º, 25º e 36º do
Decreto 62/99, de 21 de Setembro.
• Despacho de 26 de Abril de 2000, Instrumentos de Emergência para o Regulamento
Industrial.
Tributação
• Lei 3/98, de 8 de Janeiro, introduz o Código do IVA
• Decreto 16/98, de 16 de Abril, regime especial de tributação e aduaneiro para o Vale
do Zambeze
• Decreto 23/98, de 26 de Maio, altera as taxas do imposto sobre os rendimentos
• Decreto 51/98, de 29 de Setembro, Código do IVA
• Decreto 52/98, de 29 de Setembro, Código de Imposto específico sobre bens de
consumo (de luxo)
• Decreto 59/98, de 24 de Novembro, actualiza o imposto do selo
123
• Decreto 68/98, de 23 de Dezembro, introduz mais alterações nas taxas doCódigo de
Imposto sobre Rendimento
• Decreto 12/99, de 30 de Março, introduz mais alterações no Código do IVA
• Decreto 44/99, de 10 de Agosto, introduz mais alterações no Código do IVA e no
Código de Imposto sobre rendimento
• Decreto 73/99, de 12 de Outubro, introduz um regime especial de tributação e
aduaneira para a Indústria hoteleira
• Decreto 74/99, de 12 de Outubro, introduz um regime de tributação especial para
Indústria Açucareira durante um período de reabilitação
• Decreto 82/99, de 16 de Novembro, introduz mais alterações no Código do IVA
• Decreto 83/99, de 16 de Novembro, introduz mais alterações no Código de Imposto
sobre rendimento
• Decreto 84/99, de 16 de Novembro, introduz mais alterações no Imposto do selo
• Despacho de 26 de Abril de 2000, regime de isenções para as Fábrica de Açúcar
• Durante este período, foram assinados com outros Países vários tratados para se evitar
a dupla tributação, os quais foram aplicados em Moçambique sob a forma de
Decretos.
Procedimentos Alfandegários
• Decreto 57/98, de 11 de Novembro, Regulamento sobre a Terminais Internacionais
• Diploma Ministerial 206/98, de 25 de Novembro, Regulamento sobre o Despacho de
Mercadorias
• Diploma Ministerial 207/98, de 25 de Novembro, Regulamento sobre a Inspecção
Pré-Embarque
• Decreto 30/99, de 24 de Maio, Plano de Tarifas
• Decreto 3/2000, de 17 de Março, Estatuto Orgânico da Alfândegas
• Decreto 4/2000, de 17 de Março, Sistema Aduaneiro de Moçambique
• Diploma Ministerial 89/2000, de 2 de Agosto, Regulamento dos Armazéns de
Regime Aduaneiro
124
• Diploma Ministerial 90/2000, de 2 de Agosto, Regulamento Específico para os
Armazéns do Regime Aduaneiro designado para Produtos Petrolíferos
• Diploma Ministerial 91/2000, de 2 de Agosto, Regulamento sobre as Terminais
Internacionais de Mercadorias
• Diploma Ministerial 92/2000, de 2 de Agosto, Licenciamento da Actividade do
Despacho Aduaneiro de Mercadoria
• Diploma Ministerial 93/2000, de 2 de Agosto, Regime Aduaneira das Zonas Francas
Industriais
• Diploma Ministerial 94/2000, de 2 de Agosto, Regulamento dos Trânsitos
Trabalho
• Lei 8/98, de 20 de Julho, Lei do Trabalho
• Decreto 25/99, de 24 de Maio, Procedimentos para a Contratação de Mão de Obra
Estrangeira
• Decreto 26/99, de 24 de Maio, Vistos de Trabalho para Trabalhadores Estrangeiros
• Decreto 75/99, de 12 de Outubro, Contratação de Mão de Obra Estrangeira em Zonas
Francas
• Diploma Ministerial 145/2000, de 1 de Novembro, Taxas para os Vistos de Trabalho
• Inspecção de Trabalho – Decreto 32/99, de 8 de Novembro, Reorganizam a Inspecção
de Trabalho e fixa as regras do seu funcionamento; Diploma Ministerial 17/90, de 14
de Fevereiro – Aprova o Regulamento de Inspecção de Trabalho, alterado em 1998
Terra e Ambiente
• Lei 19/97, de 1 de Outubro, Lei de Terras
• Lei 20/97, de 1 de Outubro, Lei do Ambiente
• Decreto 66/98, de 15 de Julho, Regulamento da Lei de Terras
• Decreto 76/98, de 29 de Dezembro, Regulamento da Lei do Ambiente
• Decreto 53/99, de 8 de Setembro, Lei do Condomínio
125
• Diploma Ministerial 76/99, de 16 de Junho, Rege a Distribuição das Receitas
Resultantes da Cobrança de taxas de uso e Aproveitamento da Terra
• Decreto 77/99, de 15 de Outubro, ajusta as Taxas de Autorização e Anuais para o
Direito do Uso e Aproveitamento da Terra
• Lei 16/92, de 14 de Outubro – Lei do Agrimensor
126
Anexo 3: Instituições financeiras
Banco Austral, SARL BCI - Banco Comercial e de Investimentos
Depósitos dos clientes e mercado interbancário Depósitos dos clientes e mercado interbancário
Na zona Sul 49 11
Zona Centro 38 3
Zona Norte 26 3
Total 113 17Linhas de crédito para: Indústria, comércio e serviços; construção/compra habitação própria; Importação;
Crédito individual e empresarial
Todas actividades do sector privado de acordo com as linhas de crédito Todos sectores de actividade
Fixos e circulantes Fixos e circulantes
Mínimo Negociável 820
Máximo Negociável
Médio
Em MZM MAIBOR + spread 39%-45%
Em USD LIBOR + spread 6%-12%
Com.abertura e Com de utliz. 0,5% a 2% Função de activ e doctos
10 a 15 anos 1 a 10 anos
Função de activ e risco a partir de 6 meses
Função de activ e risco Negociável
10% a 20% do investimento 30% do investimento
Em função do risco do projecto - Hipotecas/penhoras e outras legais. Em função do risco do projecto - Hipotecas/penhoras e outras legais.
Análise do risco
0
Nome s.i. Anselmo Nhabangue
Email [email protected]
Telefone 428125/428126 307263
Fax 423470 306799
Endereço Av. 25 de Setembro, 1184 Prédio John Orr's
Cidade Maputo Maputo
Outras informações
Contacto
Sede
Instituições
Balcões/escritórios
Periodicidade dos reembolsos
% de Comparticipação
% e tipo de Garantias
Critério mais importante para aprovação
Taxas de juro
Período de graça
Tipos de crédito e/ou linhas de crédito
Actividades financiadas (ind, com, serv, agric, etc)
Tipo de activos financiados (fixos/circul)
Valor do crédito (USD)
Ano de criação
Fontes dos fundos para crédito
Custos Admin
Prazo máximo de reembolso
127
Anexo 3: Instituições financeiras (Continuação)
BDC - Banco de Desenvolvimento e Comércio BIM
Depósitos dos clientes e mercado interbancário Depósitos dos clientes e mercado interbancárioNa zona Sul 2 48Zona Centro 0 22Zona Norte 0 13
Total 2 83Crédito individual e empresarial Crédito individual e empresarialTodas actividades do sector privado Todas actividades do sector privadoFixos e circulantes Fixos e circulantes
Mínimo Negociável NegociávelMáximoMédio
Em MZM MAIBOR + spread MAIBOR + spreadEm USD LIBOR + spread LIBOR + spread
Função de activ e doctos Função de activ e doctosFunção de activ e risco Função de activ e riscoFunção de activ e risco Função de activ e riscoFunção de activ e risco Função de activ e riscoEm função do risco Em função do riscoEm função do risco do projecto - Hipotecas/penhoras e outras legais. Em função do risco do projecto - Hipotecas/penhoras e outras legais. Análise do risco Análise do risco
0Nome s.i. s.i.Email
Telefone 313063/313046 429390/429391Fax 313047
Endereço Av. 25 de Setembro, 1447, r/c Av. Samora Machel, 2447Cidade Maputo Maputo
Outras informações
Contacto
Sede
Periodicidade dos reembolsos% de Comparticipação% e tipo de Garantias
Critério mais importante para
Taxas de juro
Custos AdminPrazo máximo de reembolso
Período de graça
Tipos de crédito e/ou linhas de Actividades financiadas (ind, com,
Tipo de activos financiados
Valor do crédito (USD)
Instituições Ano de criação
Fontes dos fundos para crédito
Balcões/escritórios
128
Anexo 3: Instituições financeiras (Continuação)
BPI - Banco de Fomento (BF) BSTM
Depósitos dos clientes e mercado interbancário Depósitos dos clientes e mercado interbancárioNa zona Sul 3 15Zona Centro 1 5Zona Norte 1 3
Total 5 23Crédito individual e empresarial Crédito individual e empresarialTodas actividades do sector privado Todas actividades do sector privadoFixos e circulantes Fixos e circulantes
Mínimo Negociável NegociávelMáximoMédio
Em MZM MAIBOR + spread MAIBOR + spreadEm USD LIBOR + spread LIBOR + spread
Função de activ e doctos Função de activ e doctosFunção de activ e risco Função de activ e riscoFunção de activ e risco Função de activ e riscoFunção de activ e risco Função de activ e riscoEm função do risco Em função do riscoEm função do risco do projecto - Hipotecas/penhoras e outras legais. Em função do risco do projecto - Hipotecas/penhoras e outras legais. Análise do risco Análise do risco
0Nome s.i. s.i.Email [email protected]; Home page: www.bstm.co.mz
Telefone 494010 301959Fax 494401 426967
Endereço Av. Julius Nyerere, 1016 Praça 25 de Junho, nº 1, CP 2086Cidade Maputo Maputo
Contacto
Sede
% de Comparticipação% e tipo de Garantias
Critério mais importante para Outras informações
Custos AdminPrazo máximo de reembolso
Período de graçaPeriodicidade dos reembolsos
Actividades financiadas (ind, com, Tipo de activos financiados
Valor do crédito (USD)
Taxas de juro
Ano de criaçãoFontes dos fundos para crédito
Balcões/escritórios
Tipos de crédito e/ou linhas de
Instituições
129
Anexo 3: Instituições financeiras (Continuação)
Crédito APAD Crédito PoDE - Especial com bonificação (nos bancos comerciais)
2000Agência Portuguesa de Apoio ao Desenvolvimento PoDE - Banco Mundial
Na zona Sul n.a. n.a.Zona Centro n.a. n.a.Zona Norte n.a. n.a.
Total 0 0Crédito para sector privado nas prov de: Manica, Inhambnane, Maputo, Sofala e Gaza, regioes afectadas
Crédito para empresas do sector privado moçambicano via conta-empréstimo Todas as actividades de PMEs (até USD 500.000 de património) e 51% das quotas de Moçamb.
Em regra 90% aplic em activos fixos nos sectores produtivos Em regra 90% aplic em activos fixosMínimo 25,000Máximo 250,000 40,000Médio
Em MZM MAIBOR (30d) + spread MAIBOR + spreadEm USD n.a. n.a.
2,5 a 7 anosaté 2 anos até 1 ano
Negociável c/o banco25% do investimento com apoio em 50% pelo PoDE/CAT
Em função do risco do projecto - Hipotecas/penhoras e outras legais. APAD garante 50% por depósito
Em função do risco do projecto - Hipotecas/penhoras e outras legais.
Capacidade técnica e organizaçào comercial e afectados pelas cheias de 2000 nos locais pre-definidos
Análise do risco médio/longo prazo. Com aprovação da USAP (PoDE)
Linha disponível até 31/03/07. Não elegíveis beneficiários do Crédito-USAID
As empresas que cumprirem com os reembolsos até 75% do valor são bonificadas. Não reembolsam o remanesc. 25%
Nome s.i. s.i.Email
TelefoneFax
EndereçoCidade
Sede
% e tipo de Garantias
Critério mais importante para aprovação
Outras informações
Contacto
Prazo máximo de reembolsoPeríodo de graça
Periodicidade dos reembolsos% de Comparticipação
Tipo de activos financiados
Valor do crédito (USD)
Taxas de juro
Custos Admin
Fontes dos fundos para crédito
Balcões/escritórios
Tipos de crédito e/ou linhas de crédito
Actividades financiadas (ind, com, serv, agric, etc)
Instituições
Ano de criação
130
Anexo 3: Instituições financeiras (Continuação)
BCI - LEASING, SARL ULC MOÇAMBIQUE, SARL
Depósitos dos clientes, mercado interbancário e acordos com fornecedores de equipamento
Na zona Sul 1 1Zona Centro 0 0Zona Norte 0 0
Total 1 1Leasing LeasingTodos sectores de actividade Todos sectores de actividadeActivos Fixos - equipamento Activos Fixos - equipamento
Mínimo Negociável 10,000MáximoMédio
Em MZM MAIBOR + spread 30%-35%Em USD LIBOR + spread 11%-15%
Função do risco 1.50%Negociável 2 a 3 anos24 a 48 meses 2 a 3 mesesMensal, bimensal, trimestral Mensal, bimensal, trimestralEm função do risco Entre 10% a 30% do valor do investimento
Em função do risco do projecto - Hipotecas/penhoras, fiança, livrança. Em função do risco do projecto - Hipotecas/penhoras, fiança, livrança. Equivalente a 75% do crédito.
Análise do risco Análise do riscoValor residual varia entre 2% a 5%
Nome Paula Leal João F.L. MetroEmail [email protected] [email protected]
Telefone 313007 300451/60/64/84Fax 306799 431290
Endereço Prédio John Orr's Prédio 33 andares, 7º and, CP 4447Cidade Maputo Maputo
Critério mais importante para Outras informações
Contacto
Sede
Período de graçaPeriodicidade dos reembolsos
% de Comparticipação
% e tipo de Garantias
Valor do crédito (USD)
Taxas de juro
Custos AdminPrazo máximo de reembolso
Balcões/escritórios
Tipos de crédito e/ou linhas de Actividades financiadas (ind, com,
Tipo de activos financiados
Instituições Ano de criação
Fontes dos fundos para crédito
131
Anexo 3: Instituições financeiras (Continuação)
Crédito PoDE - Tradicional (nos bancos comerciais) ICB - Banco Internacional de Comércio
PoDE - Banco Mundial Depósitos dos clientes e mercado interbancárioNa zona Sul n.a. 1Zona Centro n.a. 0Zona Norte n.a. 0
Total 0 1Crédito para empresas do sector privado moçambicano via conta-empréstimo
Crédito individual e empresarial
Todas as actividades de PMEs (até USD 500.000 de património) e 51% das quotas de Moçamb.
Todas actividades do sector privado
Em regra 90% aplic em activos fixos Fixos e circulantesMínimo NegociávelMáximo 300,000Médio
Em MZM MAIBOR + spread MAIBOR + spreadEm USD n.a. LIBOR + spread
Função de activ e doctos7 anos Função de activ e riscoaté 1 ano Função de activ e riscoNegociável c/o banco Função de activ e risco25% do investimento com apoio em 50% pelo PoDE/CAT Em função do riscoEm função do risco do projecto - Hipotecas/penhoras e outras legais. Em função do risco do projecto - Hipotecas/penhoras e outras legais.
Análise do risco médio/longo prazo. Com aprovação da USAP (PoDE) Análise do risco
0Nome s.i. s.i.Email
Telefone 404080/404081Fax
Endereço Av. 24 de Julho, 3549, r/c e 2º andCidade Maputo
Critério mais importante para aprovação
Outras informações
Contacto
Sede
Período de graçaPeriodicidade dos reembolsos
% de Comparticipação% e tipo de Garantias
Valor do crédito (USD)
Taxas de juro
Custos AdminPrazo máximo de reembolso
Instituições Ano de criação
Fontes dos fundos para crédito
Balcões/escritórios
Tipos de crédito e/ou linhas de crédito
Actividades financiadas (ind, com, serv, agric, etc)
Tipo de activos financiados
132
Anexo 3: Instituições financeiras (Continuação)
CREDICOOP Crédito USAID (no BIM e BCI)2000
Jóias dos sócios, depósitos do público e mercado interbancário USAID - Plafond de 8 milhões de USDNa zona Sul 3Zona Centro 0Zona Norte 1
Total 4 0Crédito individual e empresarial Crédito para o sector privado vítima das cheias
Todas actividades do sector privado, excepto: prod de algodão, tabaco, bebidas alcóolocas, armas e actividades vedadas por lei.
Fixos e circulantes Fixos e circulantesMínimoMáximo 250,000Médio
Em MZM 8%-10% a.a.Em USD
5 anos1 anoTrimestrais, em regra
Pessoais ou reaisCapacidade técnica e organizaçào comercial e afectados pelas cheias de 2000Linha disponível até 30.09.02; Não elegíveis func. púbicos, bancários e da USAID;
Nome s.i. s.i.Email [email protected]
Telefone 307294/5Fax 300309/422866
Endereço Rua Joaquim Lapa, 37, CP 4725Cidade Maputo
Outras informações
Contacto
Sede
Periodicidade dos reembolsos% de Comparticipação% e tipo de Garantias
Critério mais importante para aprovação
Taxas de juro
Custos AdminPrazo máximo de reembolso
Período de graça
Tipos de crédito e/ou linhas de Actividades financiadas (ind, com,
serv, agric, etc)Tipo de activos financiados
Valor do crédito (USD)
Instituições Ano de criação
Fontes dos fundos para crédito
Balcões/escritórios
133
Anexo 3: Instituições financeiras (Continuação)
Fundo de Apoio a Reabilitação Económica (FARE) Fundo de Fomento à Pequena Indústria1992 1990
Fundos provenientes da rivatizaçào das empresas do Estado, Cooperação Austríaca e Banco Africano de Desenvolvimento
ASDI, IFAD, OIT
Na zona Sul 4 1Zona Centro 4 1Zona Norte 3 2
Total 11 4Fundo de garantia e crédito directo Linha de crédito geral, Linha PPAN, Linha PDAN e Linha PDHL.Rede comercial rural, transporte, agrucultura, pescas, pequena indústria, artes e ofícios.
Indústria, comércio, serviços, pesca e agro-indústria
Fixos e circulantes (incluindo mercadorias) Fixos e circulantes (incluindo mercadorias)Mínimo 3,000Máximo 12,295 50,000Médio 6,000
Em MZM Abaixo do mercado 20%-23% a.a.Em USD n.a. n.a.
n.a. Preparos até 1,5%, Com Fiscalização 10%-15%Negociável 1ano (M.Circ) a 5 anos (Invest)até 1 ano até 6 mesesMensais e trimestrais MensaisDepende do agente implementador ou do banco. 10% do investimento (flexível)Em função do risco do projecto - Hipotecas e penhoras e outras legais. Depende do agente implementador ou do banco.
Hipotecas e penhoras e outras legais. Corresp a 110% do crédito. Negociável em função da linha de crédito
Análise do risco e enquadramento nas actividades financiadasAnálise do risco pelo Cons de Crédito. Estudo de viabilidade elaborado com apoio do FFPI
O FARE é implementado por agentes seleccionados em todas províncias através das DPPF
Tem em vista uma linha de crédito do BAD com limite máximo em USD 200.000
Nome Otília Firmino (Dir.Executiva) Francisco MoianeEmail [email protected] [email protected]
Telefone 495151 424090Fax 499242 430093
Endereço Av. Ahmed Sekou Touré, 21, 5º, Flat 52 Av.Samora Machel, 30, 4º andCidade Maputo Maputo
Contacto
Sede
% de Comparticipação
% e tipo de Garantias
Critério mais importante para aprovação
Outras informações
Custos AdminPrazo máximo de reembolso
Período de graçaPeriodicidade dos reembolsos
Actividades financiadas (ind, com, serv, agric, etc)
Tipo de activos financiados
Valor do crédito (USD)
Taxas de juro
Ano de criação
Fontes dos fundos para crédito
Balcões/escritórios
Tipos de crédito e/ou linhas de
Instituições
134
Anexo 3: Instituições financeiras (Continuação)
Fundo de Fomento Agrário (FFA) GAPI, SARL (ex-GAPI, Lda)1999 (1990)
Ex-BPD, Fundaçào Frederich Ebert, Cooperação Alemã (KFW), Dinamarquesa (DANIDA), Agência Francesa de Desenvolvimento (AFD)
Na zona Sul 1Zona Centro 3Zona Norte 2
Total 0 6A empresas ou associações Crédito em grupo e Individual
AgriculturaAgricultura, Comércio rural, Indústria alimentar, Construção, Pescas, Serviços e transportes
Fixos e circulantes (incluindo mercadorias) Fixos e circulantes (incluindo mercadorias)Mínimo Não estabelecidos 5,000Máximo 400,000Médio
Em MZM 1%-5% a.m e 32%-39% 32%-39,9% a.a.Em USD n.a. 7,5%-11% a.a.
1% a 5% do crédito 1%-5% do créditoNão determinado 1ano (M.Circ) a 7 anos (Invest)Não determinado até 12 mesesMensal mensaisNula Até 10% do investimento, sendo 3% caução e 7% cauçãoEm função do risco do projecto - Hipotecas e penhoras e outras legais. Coresp a 120% do crédito
Hipotecas e penhoras e outras legais. Corresp a aprox. 120% do crédito
Variam caso a casoAnálise do risco pelo Cons de Crédito. Estudo de viabilidade elaborado com apoio do GAPI
Financia projectos negociados e a associações de aprox 20 pessoas Não financia a construçào de habitações.Nome s.i. s.i.Email [email protected]
Telefone 302845 491505Fax 430044 491827
Endereço Rua Joaquim Lapa, 192, 2º and Rua Mujumbura, 434, CP 2909Cidade Maputo Maputo
Sede
% e tipo de Garantias
Critério mais importante para aprovação
Outras informações
Contacto
Prazo máximo de reembolsoPeríodo de graça
Periodicidade dos reembolsos% de Comparticipação
Tipo de activos financiados
Valor do crédito (USD)
Taxas de juro
Custos Admin
Fontes dos fundos para crédito
Balcões/escritórios
Tipos de crédito e/ou linhas de Actividades financiadas (ind, com,
serv, agric, etc)
Instituições Ano de criação
135
Anexo 3: Instituições financeiras (Continuação)
Novo Banco SOCREMO, SARL1999
Depósitos e mercado interbancário Ex-GPENa zona Sul 2 2Zona Centro 1 0Zona Norte 0 1
Total 3 3Crédito individual em diferentes escalões de crédito. Crédito individual em diferentes escalões de crédito.Comércio, Pequena Indústria, serviços e outros Inústria, Comércio e ServiçosFixos e circulantes (incluindo mercadorias) Meios circulantes
Mínimo 61 20Máximo 6,557 6,148Médio
Em MZM 3,5%-5,9% a.m 6.0%-7% a.m.Em USD n.a. n.a.
2% n.a.1 a 3 anos 6 a 12 meses6 meses 1 mêsSemanal e mensal NegociávelNula Até 10% do investimentoEm função do risco do projecto - Hipotecas e penhoras. Coresp a 120% do crédito
Em função do risco do projecto - Hipotecas e penhoras. Coresp até 120% do crédito
Análise de risco. Análise do risco.Aceita depósitos e actua como banco comercial p/pequenos empreendimentos
Nome Langa Lourenço CruzEmail [email protected] [email protected]
Telefone 313344 499409Fax 313345 496350/499771
Endereço Av.25 de Setemb, 1705 Av. 24 de Julho, 426Cidade Maputo Maputo
Critério mais importante para
Outras informações
Contacto
Sede
Período de graçaPeriodicidade dos reembolsos
% de Comparticipação
% e tipo de Garantias
Valor do crédito (USD)
Taxas de juro
Custos AdminPrazo máximo de reembolso
Balcões/escritórios
Tipos de crédito e/ou linhas de Actividades financiadas (ind, com,
Tipo de activos financiados
Instituições Ano de criação
Fontes dos fundos para crédito
136
Anexo 3: Instituições financeiras (Continuação)
World Vision World Relief1994
World VisionNa zona Sul 3Zona Centro 3 0Zona Norte 1
Total 3 4Créditopara grupos solidários Crédito em grupo e IndividualComércio ComércioMeios circulantes Meios circulantes
Mínimo s.i. 49Máximo s.i. 1,230Médio s.i.
Em MZM 5% a.m. s.i.Em USD n.a. s.i.
s.i. s.i.4 meses (??) 4 a 6 mesess.i. s.i.Semanal bisemanal e mensalNão estabelecida s.i.s.i. Correspondendtes a 25%-30% do valor do créditos.i. s.i.
Nome s.i. s.i.Email s.i. s.i.
Telefone s.i. s.i.Fax s.i. s.i.
Endereço s.i. s.i.Cidade s.i. s.i.
Outras informações
Contacto
Sede
Periodicidade dos reembolsos% de Comparticipação% e tipo de Garantias
Critério mais importante para
Taxas de juro
Custos AdminPrazo máximo de reembolso
Período de graça
Tipos de crédito e/ou linhas de Actividades financiadas (ind, com,
Tipo de activos financiados
Valor do crédito (USD)
Instituições Ano de criação
Fontes dos fundos para crédito
Balcões/escritórios
137
Anexo 3: Instituições financeiras (Continuação)
AMODER - Associação Moçambicana para o Desenvolvimento Rural BMI - Banco Mercantil e de Investimentos
1993
DANIDA, ASDI, União Europeia, Embaixada da Irlanda, OXFAM Bélgica Depósitos dos clientes e mercado interbancário
Na zona Sul 3 2Zona Centro 3 0Zona Norte 3 0
Total 9 2Crédito individual e empresarial Crédito individual e empresarial
Comercializaçào agrícola, Comércio rural, Comercialização de pescado, Indústria moageira, Agro-pecuária, pesca, transporte e carga.
Todas actividades do sector privado
Fixos e circulantes Fixos e circulantesMínimo 102 NegociávelMáximo 40,984Médio
Em MZM 2%-5% a.m. MAIBOR + spreadEm USD n.a LIBOR + spread
incluida na taxa de juro Função de activ e doctos5 a 36 meses Função de activ e risco3 meses Função de activ e riscoSemanal, bisemanal, mensal, sazonal Função de activ e riscoNão estabelecida Em função do riscoEm função do risco do projecto - Hipotecas e penhoras e outras legais. Coresp a 120% do crédito
Em função do risco do projecto - Hipotecas/penhoras e outras legais.
Análise do risco e contribuição para o desenvolvimento rural. Análise do riscoTendência de financiar empreendimentos já em funcionamento. 0
Nome s.i. s.i.Email [email protected]
Telefone 490484/493658 407900/407979Fax 491020
Endereço Av Salvador Allende, 1164, CP 4275 Av. 24 de Julho, 2447Cidade Maputo Maputo
Outras informações
Contacto
Sede
Periodicidade dos reembolsos% de Comparticipação
% e tipo de Garantias
Critério mais importante para
Taxas de juro
Custos AdminPrazo máximo de reembolso
Período de graça
Tipos de crédito e/ou linhas de
Actividades financiadas (ind, com, serv, agric, etc)
Tipo de activos financiados
Valor do crédito (USD)
Instituições
Ano de criação
Fontes dos fundos para crédito
Balcões/escritórios
138
Anexo 3: Instituições financeiras (Continuação)
MEDA
Na zona Sul 2Zona Centro 0Zona Norte 0
Total 2Crédito a grupos solidários de 5 pessoasPequena indústria e ComércioMeios circulantes
Mínimo 123Máximo 1,025Médio
Em MZM 4% a.m.Em USD n.a.
150cts por grupo e comiss 1,5% do crédito s.i.s.i.Semanalretenção de 15% do créditoBens diversos incluido electrodomésticos, corresp a 115% a 150% do crédito
Análise do risco do grupo solidário e cumprmento de créditos anteriores
Participam também em investimentos até 150 milhões de meticais, (capital de risco)
Nome s.i.Email s.i.
Telefone s.i.Fax s.i.
Endereço s.i.Cidade Maputo
Contacto
Sede
% de Comparticipação
% e tipo de Garantias
Critério mais importante para aprovação
Outras informações
Custos AdminPrazo máximo de reembolso
Período de graçaPeriodicidade dos reembolsos
Actividades financiadas (ind, com, Tipo de activos financiados
Valor do crédito (USD)
Taxas de juro
Ano de criaçãoFontes dos fundos para crédito
Balcões/escritórios
Tipos de crédito e/ou linhas de
Instituições
139
Anexo 4: Estatístiscas Para facilitar a e indexação e a consulta as tabelas seguem a numeração do texto
principal.
Tabela 31: Dados Estatísticos seleccionados
Indicador 1995 1996 1997 1998 1999
IDH (a) 0.31 0.312 0.325 0.328 0.336
PIB per capita (USD) 95.4 109.7 212.9 236.9 241.6
Taxa de inflação (%) (b) 56.9 16.3 5.8 -1.3 4.8
Câmbio Médio anual Dólar/Metical 8,890.00 11,140.00 11,395.00 11,853.00 12,673.30
População (106) 15.5 15.8 16.2 16.5 16.9
Saldo da Balança Comercial (106 USD) -552.7 -556.5 -530.2 -527.7 -902.9
Notas: (a) O IDH de 2000 e 2001 é de 0,352 e 0,378. (b) A inflação acumulada de 2000 e 2001 é de 11,45 e 21,9%.
Fonte: INE
Tabela 32: Potencial de produção de milho, em Moçambique, por províncias
Fonte: Cálculos com base no rendimento potencial elaborado por Kassam at al 1982.
Tabela 33: Potencial de produção de mandioca, em Moçambique, por províncias
Fonte: Cálculos com base no rendimento potencial elaborado por Kassam at al 1982.
Área Potencial Rend. Pot. C/ Insumos Rend. Pot. S/ Insumos Prod. Pot. C/ Insumos Prod. Pot. S/ Insumos(ha) (ton/ha) (ton/ha) (Ton) (Ton)
Total 2,456,577 3.7 0.9 8,979,992 2,215,316Cabo Delgado 155,085 5.7 1.4 883,986 217,119Niassa 240,946 5.5 1.4 1,331,586 340,942Nampula 239,477 4.7 1.2 1,121,092 275,575Zambezia 394,742 2.2 0.5 875,689 177,924Tete 316,128 4.8 1.2 1,513,790 367,937Manica 356,206 5.3 1.3 1,872,607 476,150Sofala 166,995 2.5 0.6 422,420 104,526Inhambane 212,395 1.8 0.5 385,039 111,376Gaza 238,765 1.5 0.5 364,390 111,044Maputo 135,837 1.5 0.2 209,391 32,721
Províncias
Área Potencial Rend. Pot. C/ Insumos Rend. Pot. S/ Insumos Prod. Pot. C/ Insumos Prod. Pot. S/ Insumos(ha) (ton/ha) (ton/ha) (Ton) (Ton)
Total 1,960,285 6.5 1.5 12,813,007 2,979,583Cabo Delgado 302,355 6.9 1.7 2,092,257 520,593Niassa 44,595 5.5 1.4 246,456 63,103Nampula 875,103 4.7 1.2 4,096,728 1,007,016Zambezia 511,132 10.2 2.2 5,228,913 1,118,484Tete 2,687 4.4 1.1 11,916 2,961Manica 2,349 4.1 0.9 9,630 2,114Sofala 23,990 5.0 1.2 118,843 29,097Inhambane 123,609 5.2 1.3 647,333 160,955Gaza 63,144 4.8 1.0 301,121 63,356Maputo 11,322 5.3 1.1 59,812 11,905
Províncias
140
Tabela 34: Potencial de produção de amendoim, em Moçambique, por províncias
Fonte: Cálculos com base no rendimento potencial elaborado por Kassam at al 1982.
Área Potencial Rend. Pot. C/ Insumos Rend. Pot. S/ Insumos Prod. Pot. C/ Insumos Prod. Pot. S/ Insumos(ha) (ton/ha) (ton/ha) (Ton) (Ton)
Total 542,165 1.9 0.5 1,026,562 246,688Cabo Delgado 78,963 3.0 0.7 236,888 55,274Niassa 7,019 2.6 0.6 18,586 4,362Nampula 125,585 2.3 0.5 290,683 66,817Zambezia 60,889 1.7 0.4 101,598 26,489Tete 31,461 2.2 0.5 69,793 16,811Manica 8,641 2.0 0.5 16,953 4,357Sofala 15,007 2.2 0.6 33,055 8,532Inhambane 142,759 1.3 0.3 184,680 45,009Gaza 49,872 0.9 0.2 47,366 12,116Maputo 21,970 1.2 0.3 26,960 6,921
Províncias
141
Referências Bibliográficas
Abichande, N.D. (2001), Condições de Armazenagem de Cereais e Leguminosas de Grao
em Aldeias do Distrito de Muecate, Província de Nampula. Tese de Licenciatura.
FAEF/UEM.
Abbot, Barter, Kelly e Spinks (1972), Rice Marketing, FAO, Roma.
Andrade, M.I., Tembe, J.M. e Pequenino, F. (1998), Accelerated Multiplication and
distribution of Improved Cassava and Sweetpotato Planting materials as a
drought recovery measure in Mozambique. Proceedings of the Scientific
Workshop of the Southern African Research Network (SARRNET). Akoroda M.O
and Teri J.M. (Eds.)
Austin, J.A. (1992) Agroindustrial Project Analysis. Critical Design Factors. EDI Series
in Economic Development
Bainbridge, Z., Wellings, K. and Westby, A. (1997), Village Level Cassava Processing.
Distance Learning Package. (Field Guide). Chatham, UK: Natural Resources
Institute
Banco de Moçambique (2000) Relatório Anual do Banco de Moçambique. Maputo
Banco de Moçambique (2002) Boletim Estatístico. Nº 35/Ano 10, Março/2002. Maputo
Benfica (1998), An Analysis of the Contribution of Micro and Small Entreprises to Rural
Household Income in Central and Northern Mozambique, MADER, Maputo.
Benfica, Tschirley e Sambo (2002), The Impact of Alternative Agro-Industial
Investiments on Poverty Reduction in Rural Mozambique, MADER, Maputo.
Boletim da República n.º 3 de 24/6 (1993), Lei do Investimento, Maputo.
CARE/SOEC (1999). Técnicas Básicas de Produção de Gergelim. Manual Prático para
extensionistas
Comissão Europeia (1999) Opções Financeiras para a Comercialização Agrícola em
Moçambique. Volume I – Documento Principal. Maputo
Conselho de ministros (2001). Estratégia da Comercialização Agrícola para 2000 -
2004.
Cossa, J. (2001). Feijao Boer. Apresentação no Seminário Sobre Estratégias de
Protecção e Produção das Principais Culturas no Norte de Moçambique.
142
Decreto n.º 3/87, de 30/1, Código dos Impostos sobre o Rendimento, Revista Fiscal,
DNIA-MPF, Maputo.
FAO (1985), Rice: Selected Aspects of Production, Trade and Price Policies, FAO,
Roma.
FAO (1989), Utilization of tropical foods: Tropical oil-seeds. FAO Food and Nutrition
Papers. NRI.
FAO (1996), Commodity Market Review, FAO, Roma.
FAO (1997), Commodity Market Review, FAO, Roma.
FAO (1996), Yearbook, FAO, Roma.
FSU (1999), Cash Cropping in Mozambique: Evolution and Prospects. Technical Paper
No.2
FSU e RESAL (2001) Viable Options for Smallholder Crop Improvement and
Diversification in Northern Mozambique, Resal Southern Africa and Food
Security Unit Mozambique, Maputo
Grist D (1983), Rice, 5a Ed. Longman, Londres.
Gordon e Langworthy (1999) Report on the Edible Oil Sub-sector in Mozambique,
CARE, Maputo.
Governo de Moçambique (1996). PostHarvest Sector Development Strategy and
Investment programme. With Support of FAO. Vol. II of II
Instituto Nacional de Estatística (1996), Estatísticas do Comércio Externo, Maputo
Instituto Nacional de Estatística (1996b), Anuário Estatístico, Maputo
Instituto Nacional de Estatística (1997), II Recenseamento Geral da População e
Habitação, Maputo.
Instituto Nacional de Estatística (1998, 1999, 2000), Moçambique em Números, Maputo.
Jeje, Machungo, Howard, Strasberg, Tschirley, Crawford, Weber (1998), What Makes
Agricultural Intensification Profitable for Mozambique Smallholders? An
Appraisal of the Inputs Sub-sector and the 1996/97 DNER/SG2000 Program,
MADER, Maputo.
Langworthy, Messiter e Diogo (2001), Viable Initiatives for the development of
Agriculture (VIDA), Phase I – 1996/2001, CARE, Maputo.
Lei 19/97 de 1/10 , Lei de Terras, Maputo.
143
Mabbayad B. Tesinde e Quetano (1987), Rendimento das Variedades Prometedoras,
INIA, Maputo.
Macia, R. Andrade, M.I. e Cardoso, P. (1988). Processing, utilization and Analysis of the
qualty of cassava flour in Inharrime and Morrumbene districts of
Mozambique.Proceedings of the Scientific Workshop of the Southern African
Research Network (SARRNET). Akoroda M.O and Teri J.M. (Eds.)
Magaia, H. O Girassol. Manual
MADER – SNAP (2001) Relatório da Campanha Agrícola de 2000/2001, MADER,
Maputo.
Ministério de Agricultura e Desenvolvimento Rural (2001) Estudo do papel do Fundo de
Desenvolvimento da Hidráulica Agrícola. Maputo
Ministério de Agricultura e Desenvolvimento Rural (2001), Departamento de Estatística.
Ministério de Agricultura e Desenvolvimento Rural (1997a) PROAGRI - Políticas e
Estratégias de Produção Agrícola, Maputo.
Ministério de Agricultura e Desenvolvimento Rural (1997b) PROAGRI - Componente de
Apoio à Produção Agrícola, Maputo.
Ministério da Indústria e Comércio (1997), Dados Estatísticos, Maputo
Ministério da Indústria e Comércio (1997), Política e Estratégia Industrial, Maputo
Ministério da Indústria e Comércio-DNCI (2000) Estudo para a Formulação de um
Programa de Desenvolvimento de Instituições Moçambicanas de Intermediaçào
Financeira nas Zonas Rurais. Maputo
Ministério do Plano e Finanças – Governo de Moçambique (1998), Understanding
Poverty and Well-Being in Mozambique, the First National Assessment, MPF,
Maputo.
Ministério do Plano e Finanças – Governo de Moçambique (1999), Plano de Acção para
a Redução da Pobreza Absoluta, Maputo.
MIC/MADER (2001). Guia Técnico de Mercado Agrícola No.2. Um Guia de
Comercialização do Milho para extensionistas.
Milheiro, A.V. e Evaristo, F.N. (1994). Manual do Cajueiro. Cultivar - Associação de
Técnicos de culturas Tropicais.
144
Monjane, I.J.B., Maria, R.M.J e Zacarias, A. M. (2000). Estudo Comparativo dos
Métodos de Processamneto Mecanizado e Tradicional da Mandioca os Distritos
de Inharrime e Morrumbene, Província de Inhambane. DASP - INIA
Monjane, I.J.B e Mabota, A.P. (2000). Processamento mecanizado da mandioca nos
distritos de Erati e Nacarroa na Provincia de Nampula. DASP- INIA.
Mucavele, C.E. (2000). The Economics of Smallholder Rice Producers in Bilene-Macia
District, Southern Mozambique. M Inst Agrar Thesis. University of Pretoria. RSA
Muendane C. (1999), INDÚSTRIA DE ARROZ EM MOÇAMBIQUE – Análise da Cadeia
de Produção, Transformação e Comercialização de Arroz, com base em Custos e
Preços, na Região Sul de Moçambique, UEM-FE, Maputo.
Muendane C. (2001), Cereais em Moçambique, Maputo (não publicado)
Muendane C. (2001) Custos de Transporte na Comercialização Agrícola em
Moçambique – Estudo de Caso de Milho, FAO/MIC, Maputo.
Muendane e Zandamela (2000). Os Mercados de Arroz e de Trigo em Moçambique. Nota
de Pesquisa da NCI - No.14. FAO/MIC- Direcção Nacional do Comércio Interno.
Okoruwa, A. E. (1992). Utilization and Processing of Maize. Research Guide 35. IITA.
Paiva, F. F. de Assis. Aproveitamento Industrial da Pêra do Caju. EMPRABA
Pande E. Hari (1994), Improved Upland Rice farming Systems, FAO, Roma
PNUD (1998), Relatório Nacional de Desenvolvimento Humano, PNUD, Maputo.
PNUD (1999), Relatório Nacional de Desenvolvimento Humano, PNUD, Maputo
PNUD (2000), Relatório do Desenvolvimento Humano, PNUD, Trinova, Lisboa.
Sitoe, T. (2001). Consultoria sobre tecnologias e equipamento de pós-colheita. Maputo,
Moçambique.
Technoservee (1998). Análise do Subsector de Girassol
Technoservee (1998). Análise do Subsector do Milho
Technoservee (1998). Análise do Subsector de Caju
Technoservee (1998). Análise do Subsector de Amendoim
Technoservee (1998). Análise do Subsector de Feijao Boer
UNIDO (2001) Assistance for Food Action Plan For Improved Processing and Food
Safety. Mozambique integrated Programme. Food Processing Component. Final
Technical Report.
145
UNIFEM (1993). Root Crop Processing. Food Cycle Technology Source Books.
Internacional Technology Publications.
Van Empel, G. (2001) Estratégias para o Desenvolvimento da Estrutura de
Comercialização para o Sector Agrícola e o Sistema Bancário em Moçambique.
RIAS.
Vianna e Silva (1969), Arroz, Fundação Calouste Gulbenkian, Lisboa.
WWW.delmoz.cec.eu.int
Yachan, A. (1997). Celeiro Familiar. Melhoria na Conservação de Produtos. MAP
Wandschneider e Garrido (1999), Cash Cropping in Mozambique: Evolution and
Prospects, Food Security Unit Mozambique-European Comission, Technical
Paper nº 2, Maputo.
Zacarias, A.M. e Jorge, M.A.B. (1994). Programa Nacional de Raízes e Tubérculos.
Sector de Comunicação. Seminário Nacional de Investigação. INIA-Maputo.
Zandamela et al. (1994), O Arroz em Moçambique, MADR - PNI, Maputo.
Zandamela (1995), Técnicas de Produção de Arroz, INIA - MADR, Maputo
Zandamela, C.B (2000). Situação Geral da Cultura de Arroz em Moçambique. Revista
Extensão Rural. Vol 1. Pg. 14-16
Zangelmi (1992), Viabilidade Técnica e Económica do Aproveitamento Industrial da
Pera do Caju, ONUDI, Maputo.