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1 CLUSTERS COMO VANTAGENS COMPETITIVAS PARA PMES VALDEMIR NETO FROTA TELES 1 ROGEANE MORAIS RIBEIRO MARIA DO SOCORRO SILVA MESQUITA³ LUIS EMANUELL DE FRANÇA GONÇALVES Resumo: O artigo tem como objetivo identificar como os clusters podem auxiliar as PME’s do município de Coreaú/CE a alcançar a vantagem competitiva. Sabe-se que, essas alianças são formadas por empresas aglomeradas com os mesmos objetivos de absorção de mercado, no mesmo segmento e região, com o intuito de alcançar proveitos na competitividade. Diante desse contexto, surge a seguinte questão: as empresas organizadas em clusters podem gerar vantagem competitiva?. Os resultados evidenciam que há conhecimento de estratégias por parte dessas parcerias, gestores e representantes das principais empresas de cereais de Coreaú, como também afirmaram fazerem parte de grupos empresariais dessa natureza. Palavras chaves: Clusters. PMEs. Competitividade. INTRODUÇÃO Enxergar as oportunidades e apostar sempre nelas é uma das grandes missões do empreendedor. Quando essa missão é a de geração de emprego em uma cidade pequena, onde o cenário é precário em tecnologia, a solução é apostar no setor da criatividade, investir em PMEs, franquias, comércio alimentício, varejista, entre outros. A inovação é orientada pela habilidade de fazer relações, de visualizar oportunidades e de tirar vantagens das mesmas. (BESSANT, 2009). Por isso é preciso traçar estratégias que correspondam às necessidades locais e propor trabalhos baseados na coletividade, por meio da análise de criação de aglomerações de pequenas empresas locais, baseados nos conceitos de clusters. E sem esquecer o quadro atual da economia e a competitividade de mercado. 1 Acadêmico do curso de Administração da Faculdade Luciano Feijão (FLF). E-mail: [email protected] Mestre em Gestão em Políticas Públicas e Educação Superior pela Universidade Federal do Ceará (UFC). E-mail: [email protected] ³ Mestre em Administração e Controladoria pela Universidade Federal do Ceará (UFC). E-mail: [email protected] Acadêmico do curso de Administração da Faculdade Luciano Feijão (FLF). E-mail: [email protected]

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CLUSTERS COMO VANTAGENS COMPETITIVAS PARA PMES

VALDEMIR NETO FROTA TELES1

ROGEANE MORAIS RIBEIRO MARIA DO SOCORRO SILVA MESQUITA³

LUIS EMANUELL DE FRANÇA GONÇALVES ⁴

Resumo: O artigo tem como objetivo identificar como os clusters podem auxiliar as PME’s do município de Coreaú/CE a alcançar a vantagem competitiva. Sabe-se que, essas alianças são formadas por empresas aglomeradas com os mesmos objetivos de absorção de mercado, no mesmo segmento e região, com o intuito de alcançar proveitos na competitividade. Diante desse contexto, surge a seguinte questão: as empresas organizadas em clusters podem gerar vantagem competitiva?. Os resultados evidenciam que há conhecimento de estratégias por parte dessas parcerias, gestores e representantes das principais empresas de cereais de Coreaú, como também afirmaram fazerem parte de grupos empresariais dessa natureza. Palavras chaves: Clusters. PMEs. Competitividade.

INTRODUÇÃO

Enxergar as oportunidades e apostar sempre nelas é uma das grandes missões do

empreendedor. Quando essa missão é a de geração de emprego em uma cidade pequena, onde o

cenário é precário em tecnologia, a solução é apostar no setor da criatividade, investir em PMEs,

franquias, comércio alimentício, varejista, entre outros. A inovação é orientada pela habilidade de

fazer relações, de visualizar oportunidades e de tirar vantagens das mesmas. (BESSANT, 2009).

Por isso é preciso traçar estratégias que correspondam às necessidades locais e propor

trabalhos baseados na coletividade, por meio da análise de criação de aglomerações de pequenas

empresas locais, baseados nos conceitos de clusters. E sem esquecer o quadro atual da economia e

a competitividade de mercado.

1 Acadêmico do curso de Administração da Faculdade Luciano Feijão (FLF). E-mail: [email protected] Mestre em Gestão em Políticas Públicas e Educação Superior pela Universidade Federal do Ceará (UFC). E-mail: [email protected] ³ Mestre em Administração e Controladoria pela Universidade Federal do Ceará (UFC). E-mail: [email protected]

⁴ Acadêmico do curso de Administração da Faculdade Luciano Feijão (FLF). E-mail: [email protected]

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A competitividade com base na inovação destrói conceitos antigos sobre as barreiras

tradicionais de comércio e investimento. É nessa circunstância que pequenas empresas

competem, e acima de tudo buscam a sobrevivência no mercado competitivo. (CEZARINO E

CAMPOMAR, 2008).

Concorrer com inúmeras organizações que fornecem o mesmo produto, sem dispor de

tecnologia avançada não é uma tarefa fácil. Por essas razões as pequenas e médias empresas

necessitam de uma nova metodologia de trabalho para conseguirem se sobressair. A participação

de empresas em clusters, principalmente pequenas e médias, torna-se estratégica, pois “permite a

estas transpor barreiras ao seu crescimento, permitindo que produzam e comercializem seus

produtos em mercados nacionais e até internacionais” (LASTRES; CASSIOLATO, 2003)

Ainda assim, mesmo com varias vantagens e benefícios relatados há também grandes

dificuldades na implantação dos Clusters primeiramente no tocante a concorrência, onde em um

ambiente competitivos poucos empresários veem com bons olhos a possibilidade de cooperar

com empresas do mesmo ramo. É preciso transformar o conhecimento em produtos para o

mercado, gerar renda, emprego e consequentemente desenvolvimento. Diante deste contexto,

surge a seguinte questão: as empresas organizadas em clusters podem gerar vantagem competitiva? Tendo

como objetivo identificar como os clusters podem auxiliar as PME do município de Coreaú/CE

alcançar a vantagem competitiva.

Para uma melhor compreensão, primeiramente é apresentado os principais conceitos de

Clusters enfocando comércio varejista, seguido de vantagens competitivas para PME,

metodologia, análise de resultados, e por fim as considerações finais.

CLUSTERS

Os Clusters são formados por empresa aglomeradas com os mesmos objetivos de

absorção de mercado sendo do mesmo segmento e região que tem a intenção de ganhar

proveitos na competitividade em seus setores. O aparecimento de clusters segundo Donaire (2014)

pode ser definido como um tipo de aglomeração originada de um comportamento despretensioso

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ou de aglomerações planejadas, movidas apenas com interesses econômicos. Essas aglomerações

podem obter muitos ganhos de rendimento, desenvolvimento, produtividade e lucratividade que

as empresas dificilmente conseguiriam atingir agindo separadas umas das outras.

As empresas provocam efeitos do aumento da competitividade na referida região. Dessa

forma, aumentado à oferta de produto e serviços, melhorando as negociações entre as

organizações. (CEZARINO, CAMPOMAR, 2008; PEREIRA, POLO e SARTURI, 2013;

DONAIRE, 2014). As empresas competitivas buscam dominar e satisfazer as necessidades e

esperança de sues clientes, procuram também a fidelização das relações com eles e tentam

ampliar as condições internas que possibilitam inovar e estimular a criatividade, (MACHADO-

DA-SILVA E BARBOSA, 2002).

Segundo Toledo e Guimarães (2008), a junção de instituições empresariais em

Clusters é bem vista, agregando benefícios para o aumento de vantagens competitivas, coexistindo

diretamente em qualidades locais, como conhecimento, motivação e relações. Mas já os autores

Lastres e Cassiolato (2003), entendem que o termo Clusters está ligado a valores e culturas

americanas e é relacionado aos agrupamentos regionais de empresas, que tem atividades similares.

Para Schmitz (1994), há dois fatores básicos para a caracterização de um cluster: A

competência coletiva condiz a uma característica para distinguir se o agrupamento setorial e

geográfico de empresas é similarmente um cluster e sua exibição pode ser apontada com base em

parâmetros sociais e econômicos, alta participação de cluster no mercado internacional e aumento

do tempo de vida das empresas com essas estratégias. Entre as enumeras vantagens competitivas

que podem ser formuladas nas empresas através dos Clusters nas empresas, Quartucci e Teixeira

(2008), destacam na figura 1:

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Figura 1. Estrutura de Vantagens Competitivas dos clusters.

Fonte: Quartucci e Teixeira (2008).

Como explica a figura 1, que mostra vantagens competitivas geradas pelos clusters como a

redução no custo de produção, troca de informações que também inibe o comportamento

oportuníssimo dos integrantes do cluster; desenvolvimento de novas tecnologias de mercado

como forma de diferenciação dos concorrentes; aquisição de equipamento de alto valor de

mercado, redução de custos logísticos; desenvolvimento de novas estratégias para obter

benefícios em conjunto com as instituições governamentais e ate formação de outras instituições

de apoio como centro de pesquisas e treinamento, sindicatos e entre outros.

De acordo como um cluster é desenvolvido, as vantagens econômicas são atraídas para ele,

se distanciando das empresas fora dele, localizadas fora do cluster, quando há uma quantidade

maior de empresas competindo em uma circunstancia mais acirrada, mais enfático se torna o

movimento no sentido do aglomerado. Assim, o incremento da competitividade as estratégias de

um cluster pode ser um tipo de reorganização do mercado e essas podem permitir definir as

formas de mediações dos conflitos, sendo assim, reforçando a cooperação entre agentes,

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buscando assim responder as ameaças de mercado tais como, crise, novas tendências, busca de

novas oportunidades. (DONAIRE, 2014; TEXEIRA, 2003)

Com os conceitos de clusters apresentados podemos perceber que com a aplicação dessas

alianças no comércio, acarreta em inúmeras vantagens competitivas para os empresários.

Competir com inúmeras empresas que fornecem o mesmo produto, sem dispor de tecnologia

avançada não é uma tarefa fácil. Por essas razões as pequenas e médias empresas necessitam de

uma nova metodologia de trabalho para alcançar as vantagens competitivas.

VANTAGENS COMPETITIVAS PARA PME’S

Com a utilização de clusters empresas de pequeno e médio porte podem obter uma

representação maior no mercado competitivo, assim, conseguindo adquirir vantagens

competitivas. Segundo os autores Schimtz e Poter (1999) fortalecem a ideia que os benefícios que

são desenvolvidos a partir da implantação dos clusters nas empresas são realmente inúmeros.

Garcia (2006) contextualiza que a importância das economias externas é a presença de

fornecedores capacitados de bens e serviços aos produtores. Desta forma, a aglomeração é capaz

de atrair produtores de insumo ou serviços diferenciados, que podem representar um elemento

importante para o processo de geração de vantagens competitivas para produtores.

Segundo Porter (1986), para que uma empresa consiga atingir as vantagens competitivas,

fundamentais nos negócios, três estratégias são apresentadas : Por meio de produtos ou serviços

diferenciados, baixo custo e dos seus objetivos ou escopo. Com isso, a teoria da vantagem

competitiva tem a função de oferecer elementos para a construção de estratégias de gestão da

competitividade nas empresas. Entretanto, para que exista uma competitividade, não necessita

exclusivamente de que a empresa tenha atributos atrativos. As características socioculturais do

ambiente e a sincronia dos padrões do setor tornam-se mais importantes para a competição.

Pettigrew e Whipp (1993) conceituam que o desempenho competitivo não depende apenas de

características da firma ou da tecnologia, mas de uma coleção de habilidades e modelos de ações

combinadas.

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Vantagem competitiva é definida por Porter (1990), como criação de valor. Dessa forma,

a competitividade da empresa surge do valor criado por ela para seus compradores, ultrapassando

o custo de fabricação e essa diferença supera os preços e oferta dos concorrentes em relação a

firma com característica competitiva.

Para obter ganhos de vantagens competitivas, são utilizadas a implantação das empresas

em cluster, e assim usando umas as outras para conseguir benefícios nos processos de inovação e

geração de tecnologias nas redes empresariais. No entanto, quanto for maior esses benefícios,

maior será a aplicação de capital nessas estratégias de relações e com isso o cluster vai ganhando

credibilidade de suas integrantes (CEZARINO E CAMPOMAR, 2008).

No ambiente de mercado, o discernimento forma novas tecnologias. Para Tristão (2000),

o fundamento do cluster está em desenvolver atividades que permitam desafiar e desenvolver

opções para as empresas em frente a concorrência descontrolada que a modernização de mercado

determina aos diversos segmentos da economia. Essas atitudes fazem com que a produtividade

aumente, já que as possibilitam, por causa da inclusão de empresas, atingindo as vantagens

competitivas como é descrevido na figura 2:

Figura 2. Organograma da implementação de cluster no ambiente de negocio com concorrência desenfreada.

Fonte: Tristão (2000)

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Como mostra a figura 2, em um ambiente de negócios em crescimento da concorrência

descontrolada do mercado, surge a implantação de cluster, ganhando incontáveis vantagens

competitivas e o aumento da competitividade. Os benefícios dos clusters são indiscutíveis, uma

vez que ofertam para as empresas a eficácia coletiva, geração e propagação de conhecimento.

(JACOSKI, 2014; CEZARINO E CAMPOMAR, 2008)

A formação desses aglomerados faz com que as Pequenas e Médias Empresas (PME’s),

consigam obter um poder de concorrência maior com as grandes empresas do segmento ou de

determinada região. Assim, esse modelo estratégico oferece ganhos para as empresas e para toda

a sociedade em volta, gerando uma competitividade empresarial que acarretará em diversos

retornos positivos, como melhores preços e qualidade.

METODOLOGIA

O estudo metodológico é do tipo qualitativo, de caráter bibliográfico e de pesquisa

exploratória, que teve como objetivo apresentar as vantagens competitivas desenvolvidas a partir

de clusters empresariais, na cidade de Coreaú – Ceará. Conforme descreve Flick (2008) este tipo de

pesquisa consiste na escolha adequada de método e teoria convenientes. No reconhecimento e na

análise de diferentes perspectivas; nas reflexões dos pesquisadores a respeito de seus diagnósticos

como parte do processo de produção de conhecimento; e na variedade de abordagens e métodos.

Antes da aplicação da entrevista, foram realizados levantamentos bibliográficos utilizando

artigos de revistas, livros, teses e outros documentos de autores que relatam sobre o tema com

objetivo de aperfeiçoar o estudo e obter um melhor embasamento teórico do assunto.

A entrevista foi aplicada junto às cinco maiores empresas varejistas de cereais, segundo o

Setor de Tributos da Prefeitura de Coreaú (ST-PMC). Como instrumento de coleta de dados, foi

aplicado com a utilização de uma entrevista, utilizando questões semiestruturadas, adaptando o

modelo apresentado por canto e Lopes (2010). Para melhorar a compreensão, a entrevista foi

dividida em duas etapas: Na primeira etapa foi abordada os conhecimentos básicos sobre cluster.

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Já na segunda etapa da entrevista foi realizado levantamento a respeito dos processos de cluster,

tais como, compra de mercadorias; logísticas; nível de competitividade e coletivismo.

Na análise dos dados foi desenvolvido uma metodologia de classificação de informações,

colhidas pela entrevista e concedida pelos gestores. Para o método de categorização dos dados,

foi feito um debate a partir das respostas dos entrevistados. Tendo em vista a análise de conteúdo

de Bardin (1977), é reconhecida por um conjunto de instrumentos metodológicos que se aplicam

a discursos altamente variados. Essa análise tem como principal relação um conjunto de técnicas

de análises da comunicação que pode aplicar métodos sistemáticos e objetivos de descrição dos

conteúdos mostrados pelas mensagens analisadas.

Em partes da analise é utilizado uma regra simples de porcentagem para extrair

percentuais básicos de informações da pesquisa, facilitando a compreensão do leitor.

ANÁLISE DOS RESULTADOS

O cenário empresarial está em um processo contínuo de transformações, novos desafios

vão surgindo, exigindo das empresas novas formas de destacar-se dos demais. De acordo com os

autores De Oliveira Lacerda; De Souza; Da Silva, (2016) as empresas necessitam adaptar-se as

novas estruturas para sobreviver no competitiva do comércio. Por outro lado, o contexto

empresarial está mudando, juntamento como a forma que o consumidor se comporta e enxerga

as empresas.

Nesse sentido, os clusters assumem um papel relevante para que um grupo de empresas

parceiras possa, respeitando as limitações de cada uma, construírem um conjunto de vantagens

competitivas que lhes assegurem uma posição de destaque no mercado. Segundo Donaire (2014)

esses fatores representam vantagens competitivas que podem diferenciar as organizações de tal

conjunto de empresas instaladas isoladamente em outras localidades.

Para entender a importância da aplicação de Clusters para as micro e pequenas empresas

do município de Coreaú/CE, que atuam no segmento de cereais, efetuou-se algumas entrevistas

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com as cinco principais empresas da região. Os assuntos abordados nas entrevistas com os

gestores das empresas encontram-se descritos no quadro abaixo:

Quadro 1. Categorias abordadas na pesquisa.

Categoria Inicial Conceito Norteador Categoria

Intermediária

Conhecimentos sobre Cluster

Evidencia o conhecimento sobre essa ferramenta empresarial baseada em parcerias.

I – Conhecimentos Básicos sobre Cluster

Práticas de Cluster Salienta a existência de Clusters na nas empresas da região.

Compra de Mercadorias Explica como funciona a compra coletiva dos produtos.

II – Processo de Cluster

Logísticas Evidencia e explica a logística coletiva e satisfatória entre as empresas.

Nível de Competitividade Demonstra seus principais fatores competitivos.

Coletivismo Explica como funciona a parceria entre as empresas.

Incentivos Fiscais Salienta a ausência de incentivos fiscais na região.

Vantagens Competitivas Demonstra o processo de construção de suas vantagens construção de suas vantagens competitivas.

Impactos Econômicos Salienta o impacto econômico da aplicação de clusters.

Fonte: Pesquisa (2017).

Todos os entrevistados demonstram ter conhecimentos sobre a aplicação de Cluster, no

contexto empresarial, como uma ferramenta comercial utilizada pelas empresas, de um mesmo

segmento, para a construção de diferenciais competitivos que, em muitos casos, não seria

possível conquistar de forma individual.

Na concepção dos entrevistados, o objetivo do Cluster é conquistar benefícios, aumentar a

capacidade competitiva do negócio e conseguir estabelecer aquele grupo de empresas, no

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mercado ao qual atuam. Segundo Jacoski (2014) uma empresa se torna competitiva quando ela

oferece bens e serviços de qualidade superior e menor custo do que os competidores locais.

Além do conhecimento demonstrado sobre Cluster, os gestores, representantes das

principais empresas de cereais de Coreaú, reconhecem a existência de Cluster na região e afirmam

fazerem parte de grupos empresariais dessa natureza. Segundo esses gestores, essa parceria é

essencial para a seguridade da empresa no mercado através do compartilhamento de informações

sobre logística de entrega, precificação e fornecedores.

De forma a entender melhor como acontece, na prática, o processo de Cluster, os

entrevistados descreveram o principal processo compartilhado: As compras coletivas. Nessa

etapa, os membros do grupo trocam informações relacionadas a preços, fornecedores e pontos

de vendas, para que juntos possam negociar e conquistar poder de barganha, além de descontos

especiais e menores taxas de frete. De acordo com Jacoski (2014), a proximidade geográfica das

organizações favorece o relacionamento entre os empresários e permite que as negociações com

maior grau de incerteza obtenham sucesso. O objetivo desse compartilhamento de informações é

conseguir melhores preços de compra, ou, em muitos casos, efetuar compras e entregas coletivas

a um preço menor, devido ao grande volume comprado.

A aquisição das mercadorias acontece de duas formas: As efetuadas diretamente nas

fábricas/distribuidoras de atacados, ou por meio de intermediários. De acordo com a pesquisa,

70% dos entrevistados afirmam adquirir as mercadorias diretamente nas fábricas/distribuidoras,

enquanto 30% declaram receber os intermediários em seus estabelecimentos para negociação.

Ressalta-se que, mesmo as empresas que efetuam suas compras diretamente nas

fábricas/distribuidoras, também contatam intermediários, também chamados de representantes,

para a aquisição de mercadorias em menores quantidades ou para obter produtos de baixa

rotatividade, como é possível observar no depoimento de um dos entrevistados:

A compra de mercadorias é realizada diretamente na fábrica ou nas distribuidoras atacadas de Fortaleza ou de outras capitais. Dessa forma conseguimos tem o melhor preço para o consumidor final os únicos intermediários são os representantes e vendedores de mercadorias de baixa rotatividade que compramos desta maneira por meio de pedidos (EMPRESA B)

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Nos aspectos relacionados ao relacionamento entre as empresas A e B integrantes do

Cluster, as mesmas asseguram a boa convivência entre ambos e o envolvimento os fornecedores,

proporcionando parcerias entre as partes. O contato com os fornecedores pode acontecer de

forma direta, no qual as compras são feitas diretamente nas fábricas, por meio de um

representando do Cluster, ou por meio de todas as empresas, onde cada uma efetua pedidos

diferentes para divisão posterior; ou de forma indireta por meio de intermediários, que são

representantes das empresas, que deslocam-se até a empresa solicitante para efetuar a negociação.

A logística das compras coletivas acontece da forma ilustrada, figura abaixo:

Figura 3. A logística das compras coletivas

Fonte: Dados do Pesquisador, 2017.

Primeiramente a empresa entra em contato com o fornecedor para que a compra dos

produtos seja efetuada. Durante a negociação prazos de entrega são estabelecidos. Depois que os

produtos chegam ao local indicado para a entrega do carregamento, eles são distribuídos de

acordo com a quantidade pedida por cada empresa. Nos quesitos referentes a competitividade,

todas as empresas classificaram-se como partes importantes da competitividade local, apontando

como principais diferenciais competitivos o preço baixo, as formas de pagamento e o bom

atendimento. A tabela abaixo demonstra com clareza as vantagens citadas por cada empresa.

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Quadro 2. Vantagens citadas pelos entrevistados.

Empresa Vantagens Competitivas

A Menor Preço.

B Bons Preços e Entrega Rápida.

C Diversas Formas de Pagamento, Bons Preços e Bom Atendimento.

D Bons Preços, Prazos e Bom Atendimento.

E Bons Preços e Prazo.

Fonte: Dados da Pesquisa, 2017.

Segundo os entrevistados, os diferenciais competitivos citados só tornaram-se possíveis

graças às relações Clusters, que resultou na união de recursos para a formulação de estratégias que

viabilizou a construção de vantagens que, individualmente, não conseguiriam alcançar, e que

resultam no fortalecimento do grupo empresarial.

Os autores De Oliveira Lacerda et.al (2016) demostram um ambiente propicio as relações

de alianças e cooperação, que são de grande relevância para a redução de custos, implicando em

compartilhamento de equipamentos e troca de informações.

As relações de Clusters exigem comprometimento e confiança entre as partes integrantes, e

entre as empresas C, D e E não é diferente. Os entrevistados afirmam que suas parcerias são

baseadas na confiança e que, até o presente momento, não apresentaram nenhuma falha de

carácter. Além disso, as empresas A e B, ressaltam que o Cluster não baseia-se apenas em troca de

informações ou compras coletivas, mas também no compartilhamento de veículos para

deslocamento de materiais e depósitos para armazenagem dos produtos.

Existe a parceria de compra de mercadorias em conjunto, divisão de fretes, e utilizamos o compartilhamento de alguns depósitos, caminhão de cargas, além de comprar equipamentos juntos, existindo um nível alto de confiança entre nós (EMPRESA A).

Os entrevistados afirmam não receber nenhum tipo de incentivo fiscal. Mediante isso o

Cluster tornou-se uma solução alternativa para impulsionar e facilitar o desenvolvimento dessas

pequenas empresas locais. Pela falta de incentivos fiscais e tentando explorar ao máximo as

potencialidades do Cluster, os empresários também conseguem comprar e compartilhar

equipamentos de alto custo no mercado.

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Por fim, os empresários perceberam que as relações de Clusters foi o principal fator para a

construção de vantagens competitivas de suas empresas, fortalecendo o grupo e tornando-as

referências no varejo de cereais da região. Segundo os mesmos, houve uma redução dos custos

gerais em cada empresa, um aumento do faturamento e da lucratividade delas, resultante da

adesão a essa metodologia de gestão estratégica. No que tange aos consumidores, ocorreu uma

distribuição da clientela, o que permitiu um equilíbrio econômico entre elas.

De acordo com Cezarino e Campomar, (2008), as vantagens competitivas podem ser

determinadas como consequência ótima da organização no emprego combinado de seus recursos.

As Pequenas e Médias Empresas (PME’s), significativas economicamente em várias

características, mais sobretudo no que se refere ao emprego e à renda, dessa forma, buscando por

meio de estratégias de alianças entre as empresas.

Como perspectivas futuras as empresas pretendem manter, fortalecer e ampliar suas

relações Clusters, de modo a explorar novas oportunidades do mercado local. Além disso, os

empresários, agindo em parceria, tentarão reunir esforços para conseguir alguns incentivos fiscais,

junto aos órgãos públicos.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Para formação de aglomerações, um dos principais fatores é a confiança entre os

empresários, assim, fortalecendo essa aliança. E sem esse fator não haveria possibilidade de

existência de parcerias, por se tratar de assuntos tão importantes para a empresa.

Com o crescente desenvolvimento de estratégias empreendedoras, pode chegar a um

nível técnico e alcançar uma excelente evolução nas organizações e agrupamentos empresariais

que são denominados de clusters.

No caso do comércio de cereais da cidade de Coreaú, pode se afirma que o mesmo tem

um enorme potencial econômico, e mesmo que na região não tem uma geração de emprego e

renda. Se resumindo em apenas aposentado, pensionista, funcionários públicos e agricultores

sendo esses os que movimentam o comércio da cidade.

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Assim, o empresário para se destacar diante dessa economia, busca estratégias de gestão e

ainda assim, se manter competitivo no mercado local. Estratégias essas da formação de

aglomerados de empresas para conseguir melhores preços do mercado e prazo de pagamento.

A pesquisa apresenta que a maior vantagem competitiva para o empresário é a

precificação da venda pelo menor preço, fornecendo uma boa margem de lucro ao aposentados e

funcionários públicos a venda a prazo. Assim, explicando a formação de alianças, para obter um

poder de barganha com os fornecedores.

A pesquisa não teve nenhum tipo de limitações, já que o pesquisador possui facilidades de

comunicação com os empresários da região.

Percebe-se que a participação de empresas que agem individualmente no mercado não

consegue se destacar diante de outras que se inovam constantemente para obter vantagens

competitivas, oferecendo melhores produtos e serviços aos seus clientes.

REFERÊNCIAS BESSANT, John; TIDD, Joe. Inovação e empreendedorismo: administração. Bookman Editora, 2009. BOSE, Monica. Empreendedorismo social e promoção do desenvolvimento local. 2013. Tese de Doutorado. Universidade de São Paulo. CASSIOLATO, J. E.; LASTRES, H. M. M. O foco em arranjos produtivos e inovativos locais de micro e pequenas empresas. Grupo Redesist, 2003. Disponível em: Acesso em: 07 dez. 2011. CEZARINO, Luciana Oranges; CAMPOMAR, Marcos Cortez. Vantagem competitiva para micro, pequenas e médias empresas: clusters e APLs; Competitiveadvantagetosmallandmedium business: cluster andLPAs. Revista Economia & Gestão, v. 6, n. 12, 2008. DENZIN, Norman K.; LINCOLN, Yvonna S. O planejamento da pesquisa qualitativa: teorias e abordagens. In: O planejamento da pesquisa qualitativa: teorias e abordagens. Artmed, 2006. DONAIRE, Denis et al. Competitividade De clusters Comerciais: Estudo Sobre Uma Aglomeração de Pequenas Lojas de Veículos no Município de São Paulo. Revista da Micro e Pequena Empresa, v. 7, n. 3, p. 64-78, 2014. FIGUEIREDO; J. C.; DI SERIO, L. C. Estratégia em clusters empresariais: conceitos e impacto na competitividade. In: DI SERIO, Luiz Carlos (org.). clusters empresariais no Brasil: casos selecionados. São Paulo: Saraiva, 2007. FLICK, Uwe. Introdução à Pesquisa Qualitativa-3. Artmed Editora, 2008.

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APENDICE 1 ESTA ENTREVISTA SERÁ UTILIZADA PARA COLETA DE DADOS COM OS GESTORES DAS EMPRESAS VAREJISTAS DE CEREAIS DA CIDADE DE COREAÚ, CEARÁ. TENDO COMO OBJETIVO IDENTIFICAR COMO OS CLUSTERS PODEM AUXILIAR AS PME’S DO MUNICÍPIO E ALCANÇAR A VANTAGEM COMPETITIVA. TODOS DEVEM RESPONDER AS PERGUNTAS ORALMENTE. 1. Você tem conhecimento sobre cluster? 2. Você considera que as empresas do segmento xxx se organizam em clusters? 3. Como é realizada a compra de mercadorias? Há intermediários? 4. Qual a relação da empresa e dos fornecedores. Como é a logística entre eles? 5. A empresa se considera competitiva no mercado em que atua? 6. Existe parceria entre os empresários e como funciona a parceria entre eles? O nível de

confiança entre eles é positivo? 7. Quais vantagens competitivas a empresa obtém com essa estratégia de aglomeração? Há

incentivos fiscais? 8. No seu ponto de vista, qual o impacto econômico para essas empresas, gerado por essa

estratégia de criar parcerias? Muda o posicionamento de mercado?