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1 Tenho Desejado Ansiosamente: A Comunhão dos Santos Lucas 22:14-18 JOÃO 17 Rev. Jorge Luiz Patrocinio EXÓRDIO 38 dos 50 Estados Americanos aplicam a pena de morte. E nestes estados existe uma prática que eu nunca entendi o significado dela. A prática é a seguinte: Todos os prisioneiros condenados a pena de morte que estão para ser executados têm direito de escolher um jantar como o seu último pedido, antes da execução. Quer saber o que é que as pessoas pedem nesse momento? O que você pediria se estivesse no lugar delas? O fotógrafo James Reynolds documentou o pedido de nove prisioneiros para esse último momento. E colocou no seu site pessoal. Veja as fotos da última refeição desses presos. INTRODUÇÃO Eu até procurei, mas não consegui encontrar de onde os Estados Unidos importaram esse costume. Mas no texto de Lucas 22, Jesus institui algo similar. Naquele dia que antecedia a prisão de Jesus, Ele se levantou e disse aos Seus discípulos: “Tenho desejado ansiosamente comer esta páscoa convosco.” Jesus está vivendo o Seu último dia antes de seu martírio e da sua pena de morte. Naquela mesma noite, Ele foi para o Jardim do Getsêmani (Vrs. 39-46) onde suou sangue, clamou ao Pai sobre a possibilidade de poupá-lo daquela hora, sentiu-se angustiado e sozinho e exclamou: A minha alma está triste até a morte. É neste contexto de profunda dor e agonia que Jesus exclama: Tenho desejado ansiosamente comer convosco esta Páscoa. Veja, o que mais Jesus quer é uma última e “simples” refeição com seus discípulos.

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Veja, o que mais Jesus quer é uma última e “simples” refeição com seus discípulos. Naquele dia que antecedia a prisão de Jesus, Ele se levantou e disse aos Seus discípulos: “Tenho desejado ansiosamente comer esta páscoa convosco.” É neste contexto de profunda dor e agonia que Jesus exclama: Tenho desejado ansiosamente comer convosco esta Páscoa. Mas no texto de Lucas 22, Jesus institui algo similar. 1

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Tenho Desejado Ansiosamente: A Comunhão dos Santos

Lucas 22:14-18 JOÃO 17

Rev. Jorge Luiz Patrocinio EXÓRDIO 38 dos 50 Estados Americanos aplicam a pena de morte. E nestes estados existe uma prática que eu nunca entendi o significado dela. A prática é a seguinte: Todos os prisioneiros condenados a pena de morte que estão para ser executados têm direito de escolher um jantar como o seu último pedido, antes da execução. Quer saber o que é que as pessoas pedem nesse momento? O que você pediria se estivesse no lugar delas? O fotógrafo James Reynolds documentou o pedido de nove prisioneiros para esse último momento. E colocou no seu site pessoal. Veja as fotos da última refeição desses presos. INTRODUÇÃO Eu até procurei, mas não consegui encontrar de onde os Estados Unidos importaram esse costume. Mas no texto de Lucas 22, Jesus institui algo similar. Naquele dia que antecedia a prisão de Jesus, Ele se levantou e disse aos Seus discípulos: “Tenho desejado ansiosamente comer esta páscoa convosco.” Jesus está vivendo o Seu último dia antes de seu martírio e da sua pena de morte. Naquela mesma noite, Ele foi para o Jardim do Getsêmani (Vrs. 39-46) onde suou sangue, clamou ao Pai sobre a possibilidade de poupá-lo daquela hora, sentiu-se angustiado e sozinho e exclamou: A minha alma está triste até a morte. É neste contexto de profunda dor e agonia que Jesus exclama: Tenho desejado ansiosamente comer convosco esta Páscoa. Veja, o que mais Jesus quer é uma última e “simples” refeição com seus discípulos.

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Isso mesmo: Jesus deseja ansiosamente a sua última refeição. Mas não é uma refeição qualquer. Não é uma refeição solitária, como os presos americanos. Jesus quer passar a sua última refeição com os Seus discípulos. Pergunta Fundamental: Porque Jesus queria ansiosamente aquela última refeição com os Seus discípulos? Se tentarmos “humanizar” a Jesus ao máximo como um preso condenado à pena de morte, poderemos dizer que Jesus queria passar os seus últimos momentos com os seus discípulos que por três anos amou e preparou. Afinal o evangelista João declara: “... tendo amado os Seus que estavam no mundo, amou-os até o fim.” (Jo.13.1) Mas precisamos ir além. Não é só isso. Jesus está aqui instituindo algo maravilhoso para a Sua igreja: Ele está aqui fundamentando a comunhão dos Santos. Jesus está aqui criando uma base sólida e irremovível para a sua igreja em todos os tempos: A comunhão dos santos. Então Jesus partiu o pão e partilhou o vinho. E ao fazer isso, Jesus revolucionou a páscoa dos Judeus. As instruções para o futuro eram claras. Eles deveriam continuar essa prática em memória dele, em comunidade. Veja irmãos: O último pedido de Jesus foi estar com o Seu povo e unir o Seu povo. Mas não poderemos analisar essa passagem de Lucas 22:14-18 sem estudarmos a passagem de João 17 (A oração Sacerdotal) Veja que João 18 narra àquela noite de Jesus no Jardim do Getsêmani. Enquanto o mesmo episódio se encontra em Lucas 22 a partir do versículo 39. Se colocarmos Lucas 22 e João 17 um do lado do outro vamos ver o seguinte: Os dois episódios aconteceram praticamente ao mesmo tempo. Aliás, os acontecimentos daquela noite estão colocados por João desde o capítulo 13. Ou seja, o que Lucas gasta um capítulo para descrever, João o faz em cinco capítulos.

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Veja, então o seguinte: João 17 narra a oração sacerdotal de Cristo por Sua igreja, mas não narra a última ceia. Esta última Ceia é mencionada superficialmente em João 13. Lucas 22 narra a última Ceia, mas não relata a oração sacerdotal de Cristo. O fato é que naquela noite, antes ou depois da última Ceia que Jesus desejou ansiosamente comer com os discípulos, Ele procurou um canto solitário e desejou ansiosamente orar por seus discípulos. Atenção: Você está aqui nesta noite como resposta a esses dois acontecimentos: A última Ceia e a última oração de Cristo. Diante destes dois textos eu gostaria de meditar com os irmãos nesta noite sobre o seguinte tema. Um desejo do coração de Jesus que precisa ser o nosso desejo também: A COMUNHÃO DOS SANTOS. Tenho Desejado Ansiosamente: A Comunhão

dos Santos 1. É possível quando vidas transformadas se unem – A oração de Cristo pela Igreja – João 17 - versículo 3 Jesus ora assim: “A vida eterna é esta: que te conheçam a ti, o único Deus verdadeiro, e a Jesus Cristo, a quem enviaste.” Nas palavras de Jesus a vida eterna não é termos talentos, habilidades, dinheiro, influência. Ou mesmo termos uma folha de serviço extensa no reino de Deus: Mas a vida eterna é conhecer a Deus e ter uma experiência transformadora com Cristo. No versículo 6 Jesus ainda ora dizendo: “Manifestei o teu nome aos homens que me deste do mundo. Eram teus, tu mos confiaste...” - Falamos de vidas transformadas em duas dimensões: (1) Numa decisão pessoal por Cristo ao levantarmos as mãos e virmos à frente da Igreja. - (2) Mas também de vidas que a partir desse momento passam a render-se integralmente ao senhorio de Cristo: São vidas com sua personalidade afetada para melhor; seu caráter moldado à imagem de Cristo; seu comportamento alterado para manifestar a vontade de Deus.

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Esse desejo ansioso do coração de Cristo que é ver a Sua igreja unida sem a Sua presença física, só é possível por causa das vidas transformadas. Declaração do pastor desta Igreja: A comunhão dos santos é possível porque tratamos aqui de vidas transformadas pelo poder do Evangelho. 2. Manifesta a mais sublime unidade dos céus – Lá no versículo 21 Jesus desabafa diante de Deus. Ele diz ter manifestado o nome de Deus aos seus discípulos “A fim de que todos sejam um; e como és tu, ó pai, em mim e eu em ti; também sejam eles em nós...” Aqui há um grande mistério, um nó teológico que não ousamos tentar desatar. Apenas nos submetemos e cremos: É o seguinte: A comunhão dos Santos na terra, por mais imperfeita que seja, é um reflexo da comunhão não somente dos santos no céus; mas mais sublime ainda: É um reflexo da própria comunhão do Pai, do Filho e do Espírito Santo. E Jesus puxa para um extremo ainda maior. Ele diz que a comunhão dos santos na terra se encontra com a comunhão da Trindade e se torna as duas uma só. É um encontro místico e escatológico. Não é um encontro real. Nunca nos tornaremos deuses. Penso que seja nesta vertente que o Espírito Santo tenha inspirado Paulo a falar: “Juntamente com Cristo nos ressuscitou e nos fez assentar nos lugares celestiais em Cristo Jesus” (Ef. 2.6) 3. Revoluciona a terra por valores de perdão e reconciliação - Jesus também ora ao Pai no versículo “.... para que o mundo creia que tu me enviaste.” Jesus já havia dito: “... assim brilhe também a vossa luz diante dos homens, para que vejam as vossas boas obras e glorifiquem a vosso pai que está nos céus.” (Mt. 5.16) Ou seja, Jesus afirmou que as boas obras da igreja seriam impactantes na evangelização dos homens.

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No final de seu ministério terreno Jesus também falou sobre a pregação do evangelho: “Ide por todo o mundo e pregai o Evangelho a toda criatura...” (Mc. 16:) Então veja que Jesus instituiu duas formas de evangelização: A pregação direta do Evangelho e a ação filantrópica da igreja. Mas aqui em João 17:21 Jesus coloca outra arma poderosa de evangelização: a comunhão dos santos. Jesus sabia muito bem uma coisa, que colocou naquela oração, a sua igreja seria perseguida. Os discípulos seriam odiados. Pessoas seriam mortas em Seu nome. Filantropia e pregação poderiam em algum momento serem abafadas. Mas havia uma arma poderosa de pregação que não se dependia nem de abrir a boca: A comunhão dos santos. Aproximadamente setenta anos depois que Jesus proferiu aquela oração, a igreja experimentaria a grande tragédia das perseguições do Império que se consumaria com a levada de milhares de crentes ao Coliseu Romano para servir de alimento as feras e diversão aos homens. A serenidade dos martírios e a comunhão dos mátires renderam o eclodir da frase das platéias que acabou sendo perpetuado ao longo dos anos: Vede como eles se amam. É estranho de se imaginar que pessoas se convertiam com aquele espetáculo. Mas era assim: Era a profecia de Jesus: “.... para que o mundo creia que tu me enviaste.” A primeira vez que vi o Rev. Ronaldo Lidório pregar por volta de 1994 não saiu da minha mente sua experiência no Peru em 1991. O contexto no qual viviam cerca de uma década atrás era de tremenda opressão terrorista. O grupo terrorista Sendero Luminoso se levantava para destruir as organizações da sociedade peruana e de forma implacável a igreja. Ao mesmo tempo, a igreja peruana vivia uma profunda divisão. Os pastores não se entendiam, nem se aproximavam. E em conseqüência disso os rebanhos evangélicos viviam um cristianismo ilhado. Pelos idos dos anos 80 vários pastores foram seqüestrados e assassinados. E depois da tragédia as denominações se reuniram no cemitério para enterrar seus pastores. A primeira reunião das igrejas peruanas aconteceu no cemitério, no enterro de seus líderes. Ronaldo Lidório chega no Peru em 1991 com o país, e a igreja, ainda vivendo a opressão do terrorismo.

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Ele conta a sua história: “Vários pastores e líderes haviam sido mortos e uma onda de agressão dominava as regiões de Huancayo, Ayacucho e outras áreas por onde passamos. Mas a Igreja amava a Jesus até a morte e isto desafiou-me profundamente. Vi pequenas congregações reunidas com as portas fechadas e cantando aos sussurros para não serem descobertos pelo grupo terrorista Sendero Luminoso, pastores viajando dias e arriscando suas vidas para darem uma palavra de encorajamento ao rebanho e um povo que canta o Salmo 23 como ninguém. Em um dos cultos sentei-me ao lado de uma senhora que contou-me haver se convertido devido ao testemunho do senhor Gonçalez, um idoso evangelista, que após ser torturado em 1989 embaixo de uma árvore, ter suas pernas e braços quebrados, gritava até a morte em alta voz: “A igreja de Jesus continuará caminhando”. Ela, ouvindo este testemunho, correu até a igreja e entregou-se ao Senhor. Jesus sem dúvida está construindo a Sua Igreja na terra e os Quechuas são um testemunho vivo disto.” Em Atos 17:1-9 há um episódio curioso. Logo após Paulo se separar de Barnabé, ele ruma com Silas para a região da Macedônia, chegando em Tessalônica. Nesta cidade Paulo prega por 3 semanas na sinagoga e acontece um verdadeiro avivamento. O Vr. 4 nos diz que “alguns foram persuadidos e unidos a Paulo e Silas, bem como numerosa multidão de gregos piedosos e muitas distintas mulheres.” Por causa deste trabalho de um mês na cidade, uma igreja foi fundada ali. Mas o vr. 5 nos diz que “judeus, porém, movidos de inveja, trazendo alguns homens maus entre a malandragem... alvoroçaram a cidade...” É sempre assim, irmãos, quando Deus começa a mover-se em avivamento, restauração, revitalização de vidas e igrejas; o mal começa a se movimentar também. O reino parasita das trevas começa e se mexer querendo avançar. E qual foi a acusação dos judeus sobre o que estava acontecendo? Uma palavra pejorativa e acusatória, que se tornou profética: Vr. 6 “... esses que têm transtornado o mundo chegaram também aqui.” Veja irmãos que se ajuntaram em um mesmo propósito alguns judeus, que se converteram, uma multidão de gregos piedosos e algumas mulheres da alta sociedade.

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Como imaginar que em um mês, num lugar totalmente mistificado pelo judaísmo e as religiões gregas; pelas filosofias e a riqueza; Deus fosse unir pessoas num só propósito. Essa é a grande beleza da Igreja – Existem alguns valores dos céus que quando, e só são, tragas pela igreja a terra, simplesmente revoluciona: Valores como unidade, companheirismo, quebra das diferenças raciais, financeiras e acadêmicas. Mas principalmente o valor chamado perdão e reconciliação. Quando os crentes se perdoam mutuamente e se reconciliam para esquecer o que se passou e prosseguir para o ideal de Deus, simplesmente a sociedade é transtornada. Sabe como nossa igreja avançará neste lugar? Partindo do ponto onde somos irmãos que se amam, se perdoam e se ajudam. CONCLUSÃO Gostaria de encerrar lendo o texto de Romanos 8:36 “Por amor de ti somos entregues à morte todo o dia; Somos reputados como ovelhas para o matadouro. “ Espiritualmente estamos todos os dias sob pena de morte: Morte do nosso eu, morte da natureza pecaminosa, morte do egoísmo. E se você está sob pena de morte, você tem direito a uma última refeição. O que você deseja ansiosamente neste dia? Que sejamos como Jesus: Eu desejo a comunhão dos santos. Veja as refeoções dos presos americanos 1)

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