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“O Éden desejado e querido”História, fotografia e educação no Espírito Santo durante a

Primeira República

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Copyright © 2019, Cíntia Moreira da Costa.Copyright © 2019, Editora Milfontes.Av. Adalberto Simão Nader, 1065/ 302, República, Vitória, ES, 29.070-053.Compra direta e fale conosco: https://editoramilfontes.com.brDistribuição nacional em: [email protected]

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Conselho EditorialProf. Dr. Alexandre de Sá Avelar (UFU)

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Cíntia Moreira da Costa

“O Éden desejado e querido”História, fotografia e educação no Espírito Santo durante a

Primeira República

Editora Milfontes

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Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta obra poderá ser reproduzida ou transmitida por qualquer forma e/ou quaisquer meios (eletrônico ou mecânico, incluindo fotocópia e gravação digital) sem a

permissão prévia da editora.

RevisãoVera Lúcia da Costa

CapaImagem da capa:

Escola Normal (grupo de alunas tendo ao lado o Dr. Deocleciano de Oliveira, Inspetor Geral do Ensino e Diretor da Escola)

Aspectos:Thaís Imbroisi (Betha Design Studio)

Foto da autora:Juliano Decottignies

Projeto Gráfico e EditoraçãoBruno César Nascimento

Impressão e AcabamentoGM Gráfica e Editora

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)

C837e COSTA, Cíntia Moreira da. "O éden desejado e querido": história, fotografia e educação no Espírito Santo durante a Primeira república/ Cíntia Moreira da Costa Vitória: Editora Milfontes, 2019. 226 p. : 20 cm

Inclui Bibliografia. ISBN: 978-85-94353-43-6

1. Fotografia 2. Educação 3. Espírito Santo 4. Primeira República I. COSTA, Cíntia Moreira da II. Título.

CDU 981.52

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Para Leonardo e Joccitiel,que me fizeram sorrir em cada um dos dias

dedicados a este trabalho.

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“A moldura deste retrato

Em vão prende seus personagens.

Estão ali voluntariamente,

Saberiam – se preciso – voar.”

(Retrato de família – Carlos Drummond de Andrade)

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Sumario

Agradecimentos .......................................................................... 11

Prefácio ......................................................................................... 15

Apresentação ............................................................................... 25

Introdução ou o mapa do percurso .......................................... 29O progresso trazido pelas mãos de um coronel letrado .................... 33História, documentos e imagens......................................................... 36“Como posso saber aquilo que vou lhes dizer?”................................. 46

Capítulo 1: Um projeto republicano para o Espírito Santo ...51Narrativa sobre um coronel-doutor ................................................... 54Uma família de coronéis letrados ....................................................... 63Sobre o poder redentor da educação .................................................. 70A importação de um modelo paulista de educação para o Espírito Santo ..................................................................................................... 73

Capítulo 2: Imagens do Espírito Santo na Primeira República ...93Da província ao estado do Espírito Santo ......................................... 96Imagens da construção de um pequeno estado republicano: ........... 100Melhoramentos urbanos em Vitória.................................................. 100Segurança pública ................................................................................ 131

Capítulo 3: Imagens da instrução pública no Espírito Santo na Primeira República – Entre rupturas e heranças .....................147

Os sujeitos da educação ....................................................................... 151Os espaços da educação ....................................................................... 171As festas cívicas escolares .................................................................... 190A escola como espaço edênico ............................................................. 203

Considerações finais ................................................................... 207

Referências ................................................................................... 215

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AgradecimentosOriginalmente, este trabalho foi concebido como minha

dissertação de mestrado, defendida junto ao Programa de Pós-Graduação em História da Universidade Federal do Espírito Santo. Relembro com carinho de todos que colaboraram comigo nessa caminhada.

Esta pesquisa foi orientada pelo Dr. Sebastião Pimentel Franco. Sempre seguro, paciente e disponível, o Prof. Sebastião foi extremamente generoso, dando-me liberdade para definir o tema, o arco temporal e as fontes estudadas. Ao mesmo tempo, apontou com segurança o norte da pesquisa, leu e comentou tudo que produzi durante aquele período.

Das primeiras coisas que percebi logo no início do curso, foi a importância de uma leitura qualificada, sucedida por intervenções assertivas. Meu trabalho foi lido e avaliado, em diferentes momentos, por quatro pesquisadores que admiro. Ainda na fase inicial do curso, o projeto foi examinado pela Dra. Jane Soares de Almeida (UNESP / UNISO) [in memoriam], que trouxe importantes sugestões, inclusive um redirecionamento do segundo capítulo. A Dra. Patrícia Maria da Silva Merlo (UFES) e a Dra. Maria Alayde Alcântara Salim (UFES) aceitaram ler o trabalho em dois momentos cruciais: qualificação e defesa, e igualmente fizeram apontamentos bastante pertinentes. O Dr. Wenceslau Gonçalves Neto (UFU) além de aceitar participar da banca de defesa, ainda nos agraciou com o prefácio desta obra.

O Setor de Coleções Especiais da Biblioteca Central da Universidade Federal do Espírito Santo me franqueou o acesso à versão original da fonte documental aqui utilizada. Ressalto a presteza e eficiência da bibliotecária Edna Reis, à época responsável por aquele importantíssimo setor.

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O trabalho que fiz de reprodução fotográfica das imagens constantes no corpus documental foi orientado pelo Prof. José Otávio Lobo Name (Departamento de Desenho Industrial / UFES). Parte do equipamento necessário foi cedido pelo Fotocélula – Núcleo Interdisciplinar de Tecnologia da Imagem (Centro de Artes / UFES).

O Dr. Joaquim Pintassilgo (Instituto de Educação / Universidade de Lisboa) fez a gentileza de me encaminhar textos de sua lavra que seriam de difícil acesso no Brasil, e que foram fundamentais para a compreensão da relevância e significados das festas cívicas durante o período estudado, especialmente a Festa das Árvores.

Durante a etapa de escrita do trabalho, encontrei um novo amigo, que, a todo tempo me animou a perseverar e ao final, foi um dos incentivadores desta publicação: o Dr. Belchior Monteiro Lima Neto.

A revisão do texto, muito criteriosa, foi feita pela Sra. Vera Lúcia da Costa – minha tia querida – em duas ocasiões: antes da defesa e agora, ao tempo da publicação. Já a capa, é obra de Thaís Imbroisi, profissional que muito se empenhou na conclusão desta edição.

Para além da Academia, tenho que declarar meu amor e minha gratidão para com minha mãe e minhas tias, sempre tão presentes em minha vida. Agradeço também a meu pai, pois foi com ele que aprendi a gostar de fotografia.

Quando anunciei em casa que havia definido, junto com meu orientador, um tema de pesquisa com vistas ao mestrado, meu companheiro afirmou categoricamente: “eu serei o seu co-orientador!” Desde então, o Prof. Dr. Joccitiel Dias da Silva – cujo doutorado foi em Matemática aplicada à Mecânica, e até então pouquíssimo sabia sobre a Primeira República – leu e releu cada linha que escrevi, me fazendo sempre atentar para os rigores e a objetividade do texto acadêmico. Além disso, não me deixou jamais esmorecer diante de qualquer adversidade. No restante do tempo, ele foi simplesmente Jô, meu marido, namorado, amigo, aliado, parceiro,

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confidente. Além de tudo, o Jô ainda preparou as comidinhas mais lindas e deliciosas do mundo, como uma das formas de externar sua preocupação e carinho para comigo e com meu filho.

Quanto ao Leonardo, tenho a dizer que a sua alegria, doçura e generosidade extremas me emocionam e sua inteligência e sabedoria me enchem de orgulho. Quando nossos momentos de lazer se reduziram em função de minha pesquisa, ele soube encarar com bom humor – “olha lá... estou com ciúme desse tal de Jeronymo Monteiro”. Leonardo também conseguiu aproveitar ao máximo cada vez que pude reservar algum tempo para viajar com ele, levá-lo à praia, ao cinema, ou para ler um livro a dois.

Por fim, registro que a Universidade Federal do Espírito Santo me concedeu afastamento de minhas atividades profissionais durante parte do curso, o que foi fundamental para que eu pudesse me dedicar à escrita desta obra.

A todas estas pessoas e instituições, externo publicamente minha gratidão e reconheço que este livro só se concretizou graças ao inestimável apoio que delas recebi.

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PrefácioA realidade nas lentes: fotografia e história da educação no Espírito Santo

A educação é uma das mais multifacetadas dimensões da sociedade brasileira. Qualquer cidadão de nosso país a quem se pergunte o que entende por ela, oferecerá resposta carregada de nuances que espelham sua vivência educacional, regionalidade, condições sociais ou econômicas, expectativas para si ou para seus filhos, denúncias ou discussões disseminadas pela imprensa, domínio acadêmico dessa realidade ou anseios de mundo melhor possibilitado pelo conhecimento que advém da educação. Também podem surgir observações sobre a qualidade do ensino, comparações entre a escola do presente e a do passado, a do Brasil e a de outros países, a desejada e a real, etc. Ainda aparecerão menções sobre a responsabilidade pela oferta da educação, envolvendo municípios, estados e União, sobre os princípios que devem nortear a preparação das novas gerações, sobre a presença da iniciativa privada, de escolas confessionais, do futuro da educação numa sociedade que se transforma ininterruptamente. Mesmo variadas, são visões complementares, conexas e dão conta de retratar a complexidade desse campo coletivo de atuação, formação e estudo que envolve toda a sociedade.

Além disso, como é um aspecto da vida que envolve a todos, sempre haverá lembranças, experiências, personagens, situações, eventos etc, bons ou ruins, que marcam ou marcaram a trajetória de cada um. Tudo isso compõe um universo de registros pessoais ou comuns, com os quais montamos as diferentes facetas de nossa existência, tanto como nos situamos no presente como nos vemos numa perspectiva histórica. E esse quadro se altera constantemente, de acordo com as novas experiências ou com a

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inserção de conhecimentos que nos levam a compreender melhor a trajetória de transformação pela qual vimos passando desde a infância. Nesse processo, tanto os resultados de pesquisa, como também vídeos, fotografias, áudios, gravuras, prédios, vestimentas, manuais, manuscritos e muito mais, nos remetem a um constante reprocessamento daquilo que pensamos ou julgamos estabelecido na educação.

E é nesse movimento incessante de construção/reconstrução das representações que estabelecemos do mundo e de nós mesmos, que as contribuições da história se tornam imprescindíveis. Além do nosso esforço particular de incorporação de fatos, fazemos uso do que nos contam os livros, revistas, jornais e outros meios de comunicação que são usados pela História e pelos historiadores. Esse manancial nos permite montar ou reorganizar o grande quebra-cabeças que é a realidade e que comporta muitas formas de ordenação. E os contributos da história insistem em nos exigir o rearranjo das peças cotidianamente. E para melhor compreender esse grande emaranhado social, costumamos separar, compartimentar a realidade em subseções que, sem a perda da totalidade, nos garantem inserções em profundidade em temas ou aspectos que nos interessam mais diretamente em alguns momentos ou situações de nossa vida.

Assim, nos relacionamos com a educação, essa parte da nossa formação que precisa ser cuidada ao longo de toda a existência, pois – felizmente! – nunca se completa. E as parcelas de passado que acrescentamos pela pesquisa, junto às observações do presente, tornam-na sempre mais interessante. E esse é o caso do presente livro que ora vem a lume, de Cíntia Moreira da Costa, fruto de consistente investigação que resultou na sua dissertação de mestrado. Por suas páginas, temos um rico percurso cultural percorrido nos meandros da educação do estado do Espírito Santo, enriquecido por contextualização segura dos fatos, das querelas políticas do período analisado e pelo diálogo estabelecido entre fatos e imagens, indo além da compreensão explicativa, permitindo visualizar partes do processo e compreendê-lo inclusive espacialmente.

Destacamos neste livro três dimensões, que se

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interpenetram e se complementam: a educação como mecanismo de formação do cidadão republicano; as relações políticas na Primeira República, marcadas pelo coronelismo; e a fotografia, como fonte para a compreensão da história. Da amarração desses fios, e de muitos outros que se imiscuem na narrativa, surge uma cena muito bem construída sobre o universo espírito-santense do início do século XX, com destaque especial para elementos como cultura, progresso, civilização, educação, etc.

Antes de mais nada, é importante chamar a atenção para as condições da educação no momento da proclamação da República brasileira e as transformações que se lhe sucedem. Os avanços conseguidos durante o período imperial foram pouco significativos, como demonstram as estatísticas ao apresentar um índice em torno de 85% de analfabetos para o país em 1889. Esta e outras mazelas foram muito destacadas pelo Partido Republicano, desde sua criação em 1870. Essa preocupação transferia ao novo regime a responsabilidade pela mudança dessa triste realidade, colocando-lhe diversos desafios, que não se resumiam à diminuição desse percentual ou à abertura de escolas. No limiar do século XX era preciso estabelecer horizontes mais amplos, que incluíam a definição do tipo de educação a ser implementada, dos princípios que a embasariam, dos conteúdos que seriam transmitidos, da arquitetura escolar, dos métodos de ensino, dos materiais e equipamentos a ser utilizados, da formação dos professores, da inspeção, enfim, da possibilidade de implementação de um sistema de ensino que pudesse atender às necessidades da jovem República. E essa foi a tarefa assumida pela República no século XX, embora de forma lenta e gradual, como nos indica Maria Luiza Marcílio:

há que considerar que, ao longo do século XX, foi construída, gradativamente, a verdadeira Era da Escola no país, montando-se novos tipos e novos arranjos de escolas, erguendo-se os primeiros prédios escolares, estabelecendo-se uma nova concepção de ensino verticalizado, seriado, sucessivo, articulado, indo do jardim de infância até a universidade, e estendendo-se a escolarização no sentido horizontal – geográfico

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e sociológico. Foi no século XX que entraram definitivamente na vida das famílias, dos costumes e da sociedade o ritmo, o tempo e a rotina da escola. Foi nesse século que foram montados gradativamente os sistemas de ensino articulados (MARCÍLIO, 2014, p. 126).

No entanto, talvez por ser um desafio muito grande, pela carência de recursos, por conta de desencontro de interesses regionais ou estaduais ou, mesmo, por ausência de vontade de nossas elites políticas, tal projeto não foi efetivamente levado avante pelo governo central após a implantação da República ou da promulgação de nossa primeira Constituição, em 1891. Houve uma tentativa de estabelecimento de uma proposta geral com o breve Ministério da Instrução, instituindo a reforma Benjamin Constant, com jurisdição sobre o Distrito Federal em 1890. A morte do titular do Ministério levou ao seu fechamento logo em seguida e à remessa da responsabilidade pela instrução popular para os estados, como estava tacitamente estabelecido na Constituição, que se omite sobre esse tema, definindo unicamente, no parágrafo sexto do artigo 72, que “Será leigo o ensino ministrado nos estabelecimentos públicos”. Essa omissão abriu espaço para os estados definirem, em seus domínios territoriais, a educação que desejassem ou que pudessem ofertar. O exemplo mais exitoso foi o de São Paulo, cuja reforma iniciada ainda em 1890, irá nortear movimentos semelhantes nos demais estados nas décadas seguintes, a exemplo do que será descrito por Cíntia Moreira da Costa no Espírito Santo a partir de 1908.

De qualquer forma, se os republicanos não conseguem construir na Primeira República um sistema nacional de ensino, promovem pelo menos a difusão de princípios e ideias sobre a importância da educação para o desenvolvimento, para o progresso da nação e também para a formação do novo cidadão que deveria conduzir os rumos do regime iniciante. E a forma de encaminhamento dessa proposta republicana foi pela via dos grupos escolares, a experiência pioneira de São Paulo, que definirá os contornos da educação primária nacional pelas décadas seguintes, até a reforma educacional de 1971. Essa grande obra, tanto em termos de recursos como de métodos, formação docente, gestão etc, será implementada

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nos diferentes estados por múltiplos agentes, mas unidos pela crença na força da educação para a transformação do povo e da nação. Muitos desses, verdadeiros visionários, arautos de um novo tempo que, para além de suas alianças políticas ou acertos espúrios, tinham a instrução pública como missão de suas vidas ou de seus governos. O trabalho de Cíntia Moreira da Costa possibilita ao leitor tirar suas conclusões ao confrontar esse perfil com o personagem deste livro, Jeronymo Monteiro, presidente do estado do Espírito Santo entre 1908 e 1912.

A menção a esse político nos remete à segunda dimensão indicada acima, das complexas relações políticas estabelecidas na Primeira República, entre 1889 e 1930. Nesses tempos, o poder das elites regionais, estaduais e locais se impunha. Aliás, dava continuidade à estrutura que vigia no final do Império. Apesar da mudança no sistema de governo, o poder oligárquico não foi tocado em seus fundamentos, persistindo as práticas clientelísticas, o coronelismo, o mandonismo local, o controle dos cargos, a concentração de privilégios, entre outros hábitos entranhados secularmente na política brasileira. A modernidade pretendida para o país ou para a educação não avançava para o espaço da política. Como vimos acima, no campo da educação, a Constituição de 1891 não fora capaz de quebrar essas resistências e deixou nas mãos dos poderes estaduais, a condução da formação das mentes das novas gerações.

Com isso, formou-se uma estrutura política baseada nos poderes locais e estaduais que davam sustentação ao poder central e, ao mesmo tempo, eram legitimados por este. A “política dos governadores” era a síntese desse modelo que se sustenta por décadas, até sua desestabilização nos anos finais da década de 1920, com epílogo revolucionário em 1930. É nesse universo de poderes que vicejou a candidatura Jeronymo Monteiro no Espírito Santo, apresentado pela autora como “coronel-doutor”, marcada pelos mesmos vícios e práticas do cenário nacional. Jogos de família, alianças, traições, conflitos, acomodações, avanços e recuos se explicitavam a todo tempo, mas somente no “andar de cima”, numa mudança contínua

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que envolvia apenas a elite e da qual não participava e nem tinha benefícios diretos o grosso da população. José Murilo de Carvalho discutindo o conceito de coronelismo, a partir do clássico livro de Victor Nunes Leal e de outros autores, oferece uma síntese que nos permite compreender melhor a inserção e o papel de Jeronymo Monteiro na política de seu estado e do país:

o coronelismo é, então, um sistema político nacional, baseado em barganhas entre os governos e os coronéis. O governo estadual garante, para baixo, o poder do coronel sobre seus dependentes e seus rivais, sobretudo cedendo-lhe o controle dos cargos públicos, desde o delegado de polícia até a professora primária. O coronel hipoteca seu apoio ao governo, sobretudo na forma de votos. Para cima, os governadores dão seu apoio ao presidente da República em troca de reconhecimento por parte deste de seu domínio no estado (CARVALHO, 1998, p. 132).

Apesar desse caráter conservador da política, nacional e estadual, não se deve pensar que os próceres do país fossem apenas defensores egoístas de seus próprios interesses econômico-políticos ou que não vislumbrassem o progresso ou a civilização para a população. A seu modo, perfilhavam propostas de avanços para o povo e para seus estados ou municípios de controle. Embora não passassem por seus projetos a ascensão dos setores populares ou a perda de preeminência das elites, sempre tinham em seu horizonte o “progresso dos povos”. Ou seja, havia a percepção da necessidade de se melhorar o nível intelectual da população, tanto para responder às necessidades de uma sociedade que dava seus passos iniciais para a industrialização como para o aprimoramento cultural dos indivíduos, abrindo brechas para a ascensão social. E isso nos encaminha para a percepção das propostas de Jeronymo Monteiro no Espírito Santo, como um legítimo representante desse lado ilustrado, esclarecido de muitos personagens do coronelismo no Brasil. Para compreender melhor essa condição ao mesmo tempo conservadora e progressista de vários personagens da Primeira República, que não se escudam somente na violência para obter o controle, chamamos um texto de José Murilo de Carvalho e Eduardo Silva, também discutindo o coronelismo e o mandonismo, que nos aclara um pouco essa situação:

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o mandonismo local não se esgota no estudo dos grandes proprietários rurais, mas pode incluir coronéis cuja base de poder se localiza nas atividades comerciais, industriais e mesmo no exercício das profissões liberais e do sacerdócio. A truculência pode ser substituída por métodos mais sutis e civilizados de controle político, sem que nada se perca em substância (CARVALHO, 1987, p. 24).

Dito isso, passamos à terceira dimensão, a do uso da fotografia como fonte para a interpretação histórica. Os cromos fazem parte do cotidiano de todos nós, nas mais diversas situações da vida ou ambientes de trabalho, multiplicando-se exponencialmente desde sua criação no século XIX e chegando a tomar ares alarmantes nos dias que correm. Digo alarmantes porque, dado o avanço da eletrônica, a difusão de aparelhos economicamente acessíveis e com alto poder de resolução, já não temos mais controle sobre o momento de execução dos instantâneos, de sua quantidade ou de seus usos. Às vezes, não percebemos sequer a realização dos mesmos, por conta da possibilidade das fotos à distância (até por satélites), das câmeras disfarçadas ou do simples acaso ao aparecer em um flagrante. Se, para o estudo do passado, temos que nos dedicar a extenuantes esforços de garimpagem na procura de fotos que possam auxiliar no estudo de alguma temática, o investigador do presente talvez defronte-se com um problema oposto: como selecionar o que merece ser usado, frente a uma verdadeira montanha de imagens que se encontra disponível, por exemplo, com um simples comando em links da internet?

Independentemente desses aspectos, a riqueza das fotos para o historiador é evidente. Elas retratam, literalmente, um momento histórico. Enquanto um memorialista gasta páginas e mais páginas para descrever, na medida do possível, as nuances de um evento, um festejo, um desfile cívico, uma paisagem, procurando prender a atenção do leitor com a construção de expressões atrativas, palavras de efeito, menção a situações comparativas etc, a foto nos transmite tudo isso e muito mais com uma simples mirada. Com a vantagem de permitir ao leitor a liberdade de interpretação sobre muitos aspectos não divisados por quem fez, utilizou ou divulgou a imagem. Ademais, a foto não carece de domínio das letras ou de

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uma língua específica para sua interpretação, podendo mesmo o analfabeto ou um estrangeiro compreender a situação, fato, tema exposto, sem ou com pouca orientação.

Para melhor se perceber e dimensionar a importância das imagens para a análise histórica, basta buscar pela raiz da palavra fotografia. Foto (luz) + grafia (escrita) nos remete ao desenho com luz, ao registro de imagem com luz ou, com mais liberdade, à escrita com luz, já que o processo de geração de imagens trabalha diretamente com o jogo entre luzes e sombras. Em suma, fotografar não deixa de ser uma outra forma de “escrita” e, como tal, importante documento para uso pelos historiadores no processo de recuperação do real vivido em algum tempo e lugar. No caso da educação, nos permite, a partir dos registros que vão se difundindo no século XIX e seguintes, ampliar o olhar sobre a forma como ocorriam, em quais condições, em quais espaços, com quais instrumentos as relações professor-aluno, além de outras dimensões importantes no processo educacional. Ao usar luzes e sombras, a fotografia permite ao historiador ampliar as luzes sobre um fato e diminuir as sombras sobre o mesmo. Essa análise sobre o significado e importância da fotografia encontra-se muito bem colocada por Cíntia Moreira da Costa na primeira parte de seu trabalho, que será muito instrutiva ao leitor para compreensão do livro e para outras incursões pelo mundo das imagens.

Voltando ao personagem Jeronymo Monteiro, para além de sua importância no cenário político e educacional do Espírito Santo e do país, do conteúdo de seu relatório final de governo (1908 – 1912), inclusive para a educação, dissecado em seus diferentes aspectos pela autora, devemos atentar para o importante e especial legado que deixou para a análise histórica: as fotografias. Ao juntar esse conjunto de imagens ao seu relatório, prática que começava a ser explorada pelos agentes políticos, provavelmente o governador pretendia dar mais “vida” às palavras e provar aos destinatários e à posteridade a concretude de seus feitos, notadamente no campo da instrução pública, onde compreendia estar sendo formado um espaço idílico, prazeroso para os alunos o “Éden, desejado e querido,

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onde a mocidade vai feliz e contente formar o coração, o espírito e o corpo para bem servir à sociedade e à Pátria”. Essa passagem, muito bem aproveitada por Cíntia Moreira da Costa para compor o título de sua dissertação, espelha o sentimento de uma época, uma visão e uma representação de mundo e de escola disseminados nas primeiras décadas da República, também caracterizado por Jorge Nagle como um período marcado pelo “entusiasmo pela educação”. As “escritas de luz” juntadas ao relatório do governador poderão ser desfrutadas pelo leitor no presente livro, com a vantagem de contar também com o competente diálogo promovido pela autora entre as fotos, o contexto político e a história da educação do Espírito Santo, resultando num exercício artístico-acadêmico de grande densidade.

Mas talvez seja interessante registrar, complementarmente, a observação de Carlos Monarcha em recente estudo em que, entre outros períodos e temáticas, aborda os anos iniciais da recém-formada República brasileira, chamando a atenção para a importância que a educação ocupa no discurso político, inclusive, com menção à ideia de felicidade embutida na instrução:

A despeito dos fatos afogados em sangue, as tantas insurreições como a Revolução Federalista, a Revolta da Armada, Canudos, o primeiro decênio republicano coloca em evidência grupos influentes de homens de cultura convictos da instrução de um novo pupilo, o povo político. Das visões de mundo teleológicas, visões desdobradas do ser dos homens e das coisas, defluem técnicas de direção da consciência coletiva. Ora bem, na passagem do centralismo autocrático e dinástico, ao federalismo democrático, quer pela religião da república, quer pela mística do progresso infinito, as vontades acometidas pelo espírito de reforma, ritualizam o calor vital da instrução como fonte de felicidade, utilidade e riqueza comum (MONARCHA, 2016, p. 141).

Creio não ser necessária maior delonga na apresentação deste trabalho de Cíntia Moreira da Costa, sendo a melhor apresentação a que foi feita por ela mesma e que se evidenciará com a leitura do livro. Lembrando que não se trata de obra aproveitável somente ao público especializado, mas um texto que interessa a todos

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que se preocupam ou vivenciam a educação, o que resulta no conjunto da sociedade. E ainda se deve dizer que o estilo da autora é claro, objetivo, circunstanciado, propiciando ao leitor, além de informação, elementos para promover a necessária ponte entre o passado e o presente, para melhor se posicionar sobre os acontecimentos que o cercam na atualidade. E, ademais, desfrutando de ricas fotos de época.

Wenceslau Gonçalves Neto1

Referências:CARVALHO, José Murilo de. Pontos e bordados: escritos de história e política. Belo Horizonte: Editora da UFMG, 1998.

CARVALHO, José Murilo de; SILVA, Eduardo. Entre a enxada e o voto. Acervo: Revista do Arquivo Nacional, v. 2, n. 1, jan.-jun. 1987, p. 23-28.

MARCÍLIO, Maria Luiza. História da escola em São Paulo e no Brasil. São Paulo: Imprensa Oficial do Estado de São Paulo, 2014.

MONARCHA, Carlos. A instrução pública nas vozes dos portadores de futuros (Brasil – Séculos XIX e XX). Uberlândia: EDUFU, 2016.

1 Doutor em História pela Universidade de São Paulo. Professor dos Programas de Pós-Graduação em Educação da Universidade Federal de Uberlândia (UFU) e da Universidade de Uberaba (UNIUBE). Bolsista Produtividade em Pesquisa do CNPq e do Programa Pesquisador Mineiro da FAPEMIG. Email: [email protected].

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Cíntia Moreira da Costa

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ApresentaçãoPode-se dizer que no Estado do Espírito Santo, poucos são

os trabalhos historiográficos acerca da temática História da Educação no Espírito Santo. Embora a Profª. Dra. Regina Helena Silva Simões, do Programa de Pós-Graduação em Educação da Universidade Federal do Espírito Santo tenha, nas últimas décadas, desenvolvido um esforço hercúleo no intento de alargar essa produção historiográfica, muito temos a elucidar, para podermos desvendar um conhecimento mais amplo sobre essa temática.

Em relação ao Programa de Pós-Graduação em História da mesma Universidade, podemos afirmar categoricamente que os trabalhos voltados à temática como este que Cíntia Moreira da Costa nos apresenta, são raros uma vez que, em mais de 200 dissertações de mestrado e 20 teses de doutorado produzidas ao longo de uma década, não se chegou a um total de 10 trabalhos.

Nesse sentido, foi com grande satisfação que recebemos o convite de Cíntia Moreira da Costa para orientá-la sobre uma temática de História da Educação no Espírito Santo, que culminou no trabalho intitulado O Éden desejado e querido: História, fotografia e educação no Espírito Santo durante a Primeira República, mais especialmente referente ao período de 1908 a 1912, quando governava o estado do Espírito Santo o Presidente Jeronymo Monteiro.

De forma coerente, a autora organiza sua pesquisa entrelaçando temas que se conectam. Inicialmente o livro aborda aspectos do projeto de educação republicano para o Espírito Santo, associando-o sempre à conjuntura nacional. Em seguida, a autora caracteriza o estado do Espírito Santo, evidenciando rupturas desse novo modelo educacional com o modelo anterior do período monárquico.

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“O Éden desejado e querido”

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A autora trabalha com maestria as fontes por ela escolhidas. Embora sua opção principal de fonte tenha sido a iconografia, onde buscou e conseguiu realizar “leituras surpreendentes onde a documentação escrita muitas vezes silencia”, outros tipos de fontes foram manuseadas, tais como: relatórios de governo, leis e jornais.

O texto de Cíntia Moreira da Costa nos oferece uma compreensão do pensamento dos homens que dirigiam a política local, no que concerne à forma como concebiam o processo educacional localmente, não se esquecendo de fazer as devidas conexões com o que acontecia a nível nacional, uma vez que até a opção de modelo educacional implementado a partir da reforma na educação local, foi conduzida por um educador de São Paulo, o professor Gomes Cardim.

Três foram os eixos de análise escolhidos por Cíntia Moreira da Costa para conduzir o seu trabalho: os sujeitos da educação, os espaços escolares e as festas cívicas escolares. Ao nos apresentar esses três eixos, a autora evidencia que a educação, no governo de Jeronymo Monteiro, estava sendo apropriada como uma possibilidade de ruptura com o passado monárquico, associado ao atraso e, obviamente, a possibilidade de ruptura com esse passado, para implementar a transformação da Nação, via educação, tornando-a civilizada e próspera.

O livro aborda, ainda, questões muito importantes: o discurso em favor da universalização da instrução, a necessidade de se criar um novo modelo pedagógico pensando-se, dessa forma, na possibilidade de a educação criar uma nova ordem econômica e civilizatória. Ao discutir essas proposições por parte dos governantes locais, a obra de Cíntia Moreira da Costa evidencia que entre o discurso e a prática existe um longo hiato. Ao analisar as imagens com as quais trabalhou, a autora nos mostra que a escola republicana, proposta pelos discursos, longe estava de se concretizar, no que concerne ao acesso de todos ao processo de escolarização. Um exemplo claro é o que se verifica quanto à participação de negros, imigrantes e seus descendentes, o que nos faz crer que “à República parecia não interessar a formação do ‘coração, espírito e corpo’ dos

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Cíntia Moreira da Costa

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filhos e netos dos ex-escravos”.

Considero esse trabalho extremamente importante, no conjunto da produção da História da Educação do Espírito Santo, ao explorar uma documentação valiosa e pouco estudada, que é a fotografia como fonte histórica, e possibilitar que se alarguem os conhecimentos desse momento histórico.

Para finalizar, desejo tornar pública a satisfação de poder ser orientador de Cíntia Moreira da Costa. A autora foi minha aluna de Graduação em História e, atualmente é doutoranda no Programa de Pós-Graduação em História da Universidade Federal do Espírito Santo.

Embora reconheça que minha contribuição na produção desse trabalho tenha sido muito pequena, sinto-me orgulhoso ao ver a pesquisa de Cíntia transformando-se em livro.

Por ser uma historiadora nata Cíntia soube, como ninguém, trabalhar as fontes documentais, explorando-as de forma exemplar. A produção desse trabalho permite-me afirmar, sem sombra de dúvidas, que Cíntia é uma promessa da historiografia capixaba e, certamente, alçará voos ainda mais altos, ao longo dos anos vindouros.

Sebastião Pimentel Franco1

1 Doutor em História Social pela Universidade de São Paulo. Professor do Programa de Pós-Graduação em História da Universidade Federal do Espírito Santo e do Programa de Pós-Graduação em Ciência, Tecnologia e Educação da Faculdade Vale do Cricaré.