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1 UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE TECNOLOGIA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA DE PRODUÇÃO KYLDARE RODRIGUES MAIA EMPREENDEDORISMO E UNIVERSIDADE: AVALIAÇÃO METODOLÓGICA DE ENSINO E APRENDIZAGEM NATAL 2016

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

CENTRO DE TECNOLOGIA

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA DE PRODUÇÃO

KYLDARE RODRIGUES MAIA

EMPREENDEDORISMO E UNIVERSIDADE: AVALIAÇÃO METODOLÓGICA DE

ENSINO E APRENDIZAGEM

NATAL

2016

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KYLDARE RODRIGUES MAIA

EMPREENDEDORISMO E UNIVERSIDADE: AVALIAÇÃO METODOLÓGICA DE

ENSINO E APRENDIZAGEM

Dissertação de mestrado apresentada ao

Programa de Pós-Graduação em Engenharia

de Produção da Universidade Federal do Rio

Grande do Norte, como requisito parcial para

obtenção do Título de Mestre em Engenheira

de Produção.

Orientadora: Prof. Dr. Mariana Rodrigues de

Almeida.

NATAL

2016

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Maia, Kyldare Rodrigues. Empreendedorismo e Universidade: avaliação metodológica deensino e aprendizagem / Kyldare Rodrigues Maia. - 2019. 132 f.: il.

Dissertação (mestrado) - Universidade Federal do Rio Grandedo Norte, Centro de Tecnologia, Programa de Pós-Graduação emEngenharia de Produção, Natal, RN, 2019. Orientadora: Profa. Dra. Mariana Rodrigues de Almeida.

1. Empreendedorismo - Dissertação. 2. Universidade -Dissertação. 3. Governo - Dissertação. 4. Empresas -Dissertação. 5. Desenvolvimento - Dissertação. I. Almeida,Mariana Rodrigues de. II. Título.

RN/UF/BCZM CDU 378.4+658

Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRNSistema de Bibliotecas - SISBI

Catalogação de Publicação na Fonte. UFRN - Biblioteca Central Zila Mamede

Elaborado por Ana Cristina Cavalcanti Tinôco - CRB-15/262

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

CENTRO DE TECNOLOGIA

PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA DE PRODUÇÃO

EMPREENDEDORISMO E UNIVERSIDADE: AVALIAÇÃO METODOLÓGICA DE

ENSINO E APRENDIZAGEM

por

KYLDARE RODRIGUES MAIA

DISSERTAÇÃO APRESENTADA AO PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM

ENGENHARIA DE PRODUÇÃO DA UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO

NORTE COMO REQUISITO PARA OBTENÇÃO DO TÍTULO DE

MESTRE EM ENGENHEIRA DE PRODUÇÃO

NOVEMBRO, 2016. © 2016 KYLDARE RODRIGUES MAIA

TODOS DIREIROS RESERVADOS.

O autor aqui designado concede ao Programa de Pós-Graduação de Engenharia de Produção

da Universidade Federal do Rio Grande do Norte permissão para reproduzir, distribuir,

comunicar ao público, em papel ou meio eletrônico, esta obra, no todo ou em parte, nos

termos da Lei.

Assinatura do Autor:

APROVADO POR:

Prof. Dra. Mariana Rodrigues de Almeida – Presidente

Prof. Dr. Jamerson Viegas Queiroz - Membro Examinador Interno

______________________________________________________

Prof. Dr. Renato Samuel Barbosa de Araújo - Membro Examinador Externo

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AGRADECIMENTOS

Em primeiro lugar à Deus, por me dar a oportunidade de permanecer vivo e com

saúde, dando inúmeras provas de sua existência e me enviando forças todos os dias para que

possa continuar lutando e seguindo em frente, mesmo com todas as dificuldades.

Minha família, principalmente por parte de mãe, por existir. Sem vocês tenham certeza

que eu nada seria. Vocês são o meu porto seguro e a razão pela qual acordo todos os dias

motivado e determinado a vencer. Amo tanto vocês que só de escrever este parágrafo estou

extremamente emocionado.

Todos os meus amigos, pela paciência nesses últimos meses, pelo carinho e força que

me deram, quer fosse com palavras ou com gestos muitas vezes omissos para não me

atrapalhar no desenvolvimento do trabalho, enfim, qualquer coisa, meu muito obrigado, de

coração. Espero que me desculpem pela minha ausência em diversos momentos que gostaria

de estar com vocês.

Aos colegas de mestrado, com os quais compartilhei emoções, aperreios, que

seguraram a minha mão mesmo quando não merecia, que me ajudaram, que colaboraram

direta ou indiretamente no desenvolvimento da minha dissertação e que permanecerão na

memória por toda a vida, em especial Luciana, Iran, Waleska, Luana, Fernanda e Ana Clara.

A Universidade, a coordenação do programa de pós-graduação em engenharia de

produção, bem como a todos os professores que contribuíram de uma forma magistral na

construção de conhecimentos e técnicas em sala de aula, pelo apoio e disponibilidade,

principalmente, Mario Orestes, Jamerson Viegas, Carla Vivacqua, Enildo Medeiros, Luciano

Ferreira.

A professora orientadora Dra. Mariana Rodrigues de Almeida pela energia despendida

para com todos os seus orientandos, pelas dicas dadas que foram essenciais na construção da

minha dissertação, pelo incentivo dado cotidianamente e encorajamento, se não fosse você

minha orientadora, acredito que esse trabalho não sairia, pela disponibilidade para

atendimento e auxilio. Não é preciso nem dizer que é visível seu amor pela sua profissão e é

isso que a torna uma excelente profissional e pesquisadora. Muito obrigado por tudo e de

verdade!

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“O sucesso não bate à sua porta. É

preciso estabelecer um plano, construí-

lo e vendê-lo para mundo. Mas a chave

de tudo é ter conhecimento”

Reid Hoffmar

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MAIA, Kyldare Rodrigues. Empreendedorismo e Universidade: Avaliação metodológica

de ensino e aprendizagem. Fls 130. Dissertação (Mestrado em Engenharia de Produção) –

Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção (PEP), Universidade Federal do Rio

Grande do Norte (UFRN), Natal/Rio Grande do Norte, 2016.

RESUMO

Com a instalação do caos no cenário institucional brasileiro, se faz necessário a busca

e aprimoramento da educação empreendedora no país, dessa forma, qualificar os estudantes,

construir uma personalidade autoconfiante e que tenham conhecimento suficiente para

identificar lacunas existentes no mercado tornou-se essencial para revitalizar e movimentar

todo o conjunto econômico no estado. Diante isto, a presente pesquisa tem como objetivo

analisar o panorama educacional da Universidade Federal do Rio Grande do Norte no que diz

respeito às disciplinas que abordam o empreendedorismo e, diante o resultado e se necessário,

propor planos de ação visando a melhoria dos métodos desenvolvidos em sala de aula a fim

de contribuir na evolução do pensar empreendedor dos alunos. Justifica-se este trabalho por

ser possível identificar as deficiências universitárias em termos de componentes curriculares.

É necessário demonstrar a importância da disseminação e implantação do empreendedorismo

desde a educação básica no Brasil, situação esta que já é vivida em muitos países

desenvolvidos. Devido este fato, países subdesenvolvidos ou em desenvolvimento devem

despertar em seu ambiente a necessidade dessa atitude empreendedora, sob os cuidados e

interação da tripartite essencial que são: Governo, Universidade e Empresas; para semear uma

cultura empreendedora mais consolidada. Frente ao exposto, o método de pesquisa utilizado

foi predominantemente quantitativo, de corte transversal e com uma amostra composta por 96

discentes das mais diversas áreas da UFRN. A coleta de dados se desenvolveu por meio do

instrumento questionário, composto por 46 questões subdivididas em 5 dimensões

(caracterização e tipologia de empreendedores; motivações; obstáculos; abordagens de ensino;

e, meios de empreender). Diante os resultados, constata-se que se faz indispensável uma

remodelação das metodologias utilizadas pela universidade, de modo a inserir técnicas mais

práticas e dinâmicas com o intuito de diminuir o receio dos alunos quanto a sua entrada no

mercado profissional; e, a buscar aproximar empresas e ambientes de incentivo ao

empreendedorismo às salas de aula.

Palavras Chave: Empreendedorismo; Universidade; Governo; Empresas; Desenvolvimento.

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MAIA, Kyldare Rodrigues. Entrepreneurship and University: Methodological evaluation

of teaching and learning. Sht 130. Dissertation (Master's Degree in Production Engineering)

- Graduate Program in Production Engineering (PEP), Federal University of Rio Grande do

Norte (UFRN), Natal / Rio Grande do Norte, 2016.

ABSTRACT

With the installation of chaos in the Brazilian institutional scenario, it is necessary to

search for and improve entrepreneurship education in the country. In this way, qualifying

students, building a self-confident personality and having sufficient knowledge to identify

existing market gaps has become essential for Revitalize and move the entire economic group

in the state. In view of this, the present research aims to analyze the educational landscape of

the Federal University of Rio Grande do Norte regarding the disciplines that approach

entrepreneurship and, in view of the result and if necessary, propose action plans aimed at

improving the methods developed In the classroom in order to contribute to the evolution of

students' entrepreneurial thinking. This work is justified because it is possible to identify

university deficiencies in terms of curricular components. It is necessary to demonstrate the

importance of the dissemination and implantation of entrepreneurship since basic education in

Brazil, a situation that is already experienced in many developed countries. Due to this fact,

underdeveloped or developing countries must awaken in their environment the need for this

entrepreneurial attitude, under the care and interaction of the essential tripartite that are:

Government, University and Business; To sow a more consolidated entrepreneurial culture. In

view of the above, the research method used was predominantly quantitative, cross - sectional

and with a sample composed of 96 students from the most diverse areas of UFRN. The data

collection was developed through the questionnaire instrument, composed of 46 questions

subdivided into 5 dimensions (characterization and typology of entrepreneurs, motivations,

obstacles, teaching approaches, and means of undertaking). In view of the results, it is

necessary to remodel the methodologies used by the university in order to introduce more

practical and dynamic techniques in order to reduce the students' fear of entering the

professional market; And to seek to bring companies and environments that encourage

entrepreneurship to classrooms.

Key-Words: Entrepreneurship; University; Government; Companies; Industry; Development.

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1 – Análise dos trabalhos publicados sobre o termo empreendedorismo......................18

Figura 2 – Número de publicações por país referente a empreendedorismo x universidades-

empresas....................................................................................................................................19

Figura 3: Organização da dissertação.......................................................................................22

Figura 4 – Tipos de empreendedores e suas características......................................................29

Figura 5 – Modelo conceitual da cultura intraempreendedora.................................................33

Figura 6 – Modelo estadista da relação UEG...........................................................................51

Figura 7 – Modelo “Laissez-Faire” da relação UEG................................................................52

Figura 8 – Modelo tripla hélice da relação UEG......................................................................53

Figura 9 – Acesso ao SIGAA....................................................................................................82

Figura 10 - Interface do sistema para coleta de dados..............................................................82

Figura 11 – Sexo dos alunos respondentes...............................................................................90

Figura 12 – Idade dos alunos respondentes..............................................................................91

Figura 13 – Centros Acadêmicos participantes da pesquisa.....................................................92

Figura 14 – Obrigatoriedade de disciplina que aborda o empreendedorismo no curso............93

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LISTA DE QUADROS

Quadro 1 – O empreendedor x Gestor......................................................................................29

Quadro 2 – Relações entre elementos da cultura tradicional e intraempreendedora................31

Quadro 3 – Benefícios dos optantes do MEI............................................................................42

Quadro 4 – Habilidades, conhecimentos e atitudes de educação para o empreendedorismo..60

Quadro 5 - Etapas e descrições das técnicas metodológicas.....................................................75

Quadro 6 – Demonstração da pesquisa.....................................................................................78

Quadro 7 – Construto relacionando as variáveis qualitativas e referencias teóricos................78

Quadro 8 - Procedimento adotado para extração de dados.......................................................83

Quadro 9 - Etapas da coleta de dados manual..........................................................................84

Quadro 10 – Variáveis alocadas ao questionário......................................................................86

Quadro 11 – Descrição dos valores atribuídos na escala Likert...............................................87

Quadro 12 – Dados da avaliação das variáveis agrupadas na caracterização e tipologia dos

empreendedores........................................................................................................................95

Quadro 13 – Dados da avaliação das variáveis agrupadas nas motivações............................101

Quadro 14 – Dados da avaliação das variáveis agrupadas nos obstáculos.............................102

Quadro 15 – Dados da avaliação das variáveis agrupadas nas abordagens de ensino............104

Quadro 16 – Dados da avaliação das variáveis agrupadas nos meios de empreender............109

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LISTA DE TABELA

Tabela 1 – Características dos empreendedores x Literatura Pesquisada................................27

Tabela 2 – Porcentagem de empreendedores por país em 2004...............................................36

Tabela 3 – Porcentagem de empreendedores por país em 2014...............................................37

Tabela 4 - Distribuição dos empreendedores segundo características sociodemográficas –

Brasil- 2014...............................................................................................................................38

Tabela 5 – Fatores que influenciam o empreendedorismo.......................................................45

Tabela 6 - Conhecimentos, habilidades, comportamentos e atitudes empreendedoras............56

Tabela 7 – Principais abordagens para o ensino do empreendedorismo na literatura

existente....................................................................................................................................57

Tabela 8 – Métodos de trabalho de educação utilizados pelos professores finlandeses...........62

Tabela 9 - Quantitativo de Turmas que envolvem Empreendedorismo na UFRN por

semestre.....................................................................................................................................84

Tabela 10 - Quantitativo de alunos matriculados nas turmas que envolvem empreendedorismo

na UFRN por semestre..............................................................................................................85

Tabela 11 – Resultado do Alfa de Cronbach............................................................................88

Tabela 12 – Centros Acadêmicos x Cursos..............................................................................92

Tabela 13 – Ranking gerado pelo estudo................................................................................110

Tabela 14 – Ranking por categoria.........................................................................................113

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ANPROTEC - Associação Nacional de Entidades Promotoras de Empreendimentos

Inovadores

AURP - Association of University Research Parks.

EUA – Estados Unidos da América

EUROSTAT - Gabinete de Estatísticas da União Europeia

FGV – Fundação Getúlio Vargas

GEM – Global entrepreneurship Monitor.

IASP - International Association of Science Parks and Areas of Innovation.

IBPQ – Instituto Brasileiro da qualidade e produtividade.

P&D – Pesquisa e Desenvolvimento.

RN – Estado do Rio Grande do Norte

SEBRAE - Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas.

SOFTEX- Associação para Promoção da Excelência do Software Brasileiro.

U-E – Universidades e Empresas.

U-E-G – Universidades, Empresas e Governo.

UFRN – Universidade Federal do Rio Grande do Norte

UKSPA - United Kingdom Science Park Association.

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SUMÁRIO

CAPÍTULO 1 – INTRODUÇÃO ....................................................................................................................... 14

1.1 CONTEXTUALIZAÇÃO DA PESQUISA ................................................................................................. 14

1.2 JUSTIFICATIVA E DELINEAMENTO DA PESQUISA .......................................................................... 14

1.3 QUESTÃO DA PESQUISA ........................................................................................................................ 19

1.4 OBJETIVOS DA PESQUISA ..................................................................................................................... 19

1.5 ESTRUTURA DA DISSERTAÇÃO ........................................................................................................... 20

CAPÍTULO 2 – EMPREENDEDORISMO ...................................................................................................... 22

2.1 CLASSIFICAÇÕES, CARACTERÍSTICAS E PERFIS DOS EMPREENDEDORES. ............................. 25

2.1.1 Intraempreendedorismo ....................................................................................................................... 29

2.2 MOTIVAÇÕES E FATORES QUE INFLUENCIAM NO PERCURSO EMPREENDEDOR. .................. 33

2.3 DIFICULDADES E OBSTÁCULOS .......................................................................................................... 45

CAPÍTULO 3 – EDUCAÇÃO EMPREENDEDORA ...................................................................................... 47

3.1 A IMPORTÂNCIA NO DESENVOLVIMENTO DO EMPREENDEDORISMO. .................................... 47

3.1.1 Triple Helix .......................................................................................................................................... 48

3.2 EVOLUÇÃO DA EDUCAÇÃO PARA O EMPREENDEDORISMO NO ENSINO SUPERIOR .............. 53

3.3 STARTUPS E EMPREENDEDORISMO .................................................................................................... 63

3.3.1 Conceitos ............................................................................................................................................. 63

3.3.2 Promotoras e Incentivadoras ............................................................................................................... 64

CAPÍTULO 4 – MÉTODOS DE PESQUISA ................................................................................................... 72

4.1 ETAPAS DO ESTUDO ............................................................................................................................... 72

4.2 CLASSIFICAÇÃO METODOLÓGICA DA PESQUISA........................................................................... 73

4.3 O CONSTRUTO ......................................................................................................................................... 75

4.4 A SELEÇÃO DO ESTUDO DE CASO ....................................................................................................... 76

4.5 DESENVOLVIMENTO DO INSTRUMENTO DE COLETA. .................................................................. 77

4.5.1 Coleta de dados para mapeamento da amostra .................................................................................. 78

4.6 ANÁLISE DOS DADOS ............................................................................................................................ 86

CAPÍTULO 5 – APRESENTAÇÃO DOS DADOS E RESULTADOS .......................................................... 88

5.1 PERFIL DOS ENTREVISTADOS ............................................................................................................. 88

5.2 AVALIAÇÃO DO PERFIL EMPREENDEDOR DOS ALUNOS DA UFRN ............................................ 92

5.2.1 Caracterização e tipologia dos empreendedores ................................................................................. 92

5.2.2 Motivação ............................................................................................................................................ 99

5.2.3 Obstáculos ......................................................................................................................................... 100

5.2.4 Abordagens de ensino ........................................................................................................................ 102

5.2.5 Meios de empreender ......................................................................................................................... 107

5.3 – AVALIAÇÃO GERAL DA DESCRIÇÃO DOS DADOS ..................................................................... 108

5.4 – PROPOSTAS DE MELHORIAS ........................................................................................................... 113

CAPÍTULO 6 – CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................................ 116

REFERÊNCIAS ................................................................................................................................................ 119

APÊNDICE A .................................................................................................................................................... 127

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CAPÍTULO 1 – INTRODUÇÃO

O primeiro capítulo remete a contextualização da pesquisa, detalhando as

características e perspectivas de estudos na literatura. Em seguida, são apresentados os

objetivos gerais e específicos do trabalho. Posteriormente, apresenta-se a justificativa sobre

três perspectivas: acadêmica, econômica e social bem como a estrutura do trabalho.

1.1 CONTEXTUALIZAÇÃO DA PESQUISA

A preocupação e a importância em aumentar os postos de trabalho, a renda e o

desenvolvimento econômico e social do país torna relevante se pensar e estudar o

empreendedorismo no Brasil. Além disso, a abertura de novas empresas impulsiona também o

crescimento e, neste sentido, este estudo contribui com algumas discussões e dados do

empreendedorismo no Brasil, isto porque, para alguns economistas, o empreendedor funciona

como um motor do sistema econômico, detectando oportunidades de negócios, criando

empreendimentos, que estejam associados às inovações (FILION, 1999).

Corroborando a ideia de Filion (1999), Schumpeter (1942) e Kirzner (1973) relatam

em seus estudos que apesar de o espírito empreendedor ter sido excluído da teoria de

crescimento econômico, muitos economistas acreditam que a capacidade empreendedora é

essencial para o progresso econômico. Perante essas perspectivas, torna-se visível o papel

que o empreendedorismo tem adquirido, não somente no campo de desenvolvimento

econômico, como também no avanço social por permitir o crescimento de oportunidades e

postos de trabalho local.

Dessa forma, é manifesto que em todo o mundo haja um interesse pelo

empreendedorismo que vai além das ações dos governos nacionais, como também

organizações e entidades multinacionais, como ocorrem na Europa, nos Estados Unidos e na

Ásia, o que se justifica por acreditarem que o poder econômico dos países depende de seus

futuros empresários e da competitividade de seus empreendimentos. Ao procurar entender o

motivo pelo qual há, cada vez mais, um número maior de países com foco no

empreendedorismo, a explicação pode ser obtida ao se analisar o que ocorre nos Estados

Unidos, o qual é tratado como o maior exemplo de compromisso nacional com o

empreendedorismo e o progresso econômico. Alguns economistas e especialistas americanos

concordam que a saída da crise continua sendo a mesma: estimular e desenvolver o

empreendedorismo em todos os níveis (DORNELAS, 2008).

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Neste atual contexto, um momento econômico que pode ser chamado como “a era do

empreendedorismo”, considerando que são os empreendedores os alvos da redução das

distâncias culturais e comerciais, criando novas relações de trabalho, globalizando, renovando

os conceitos econômicos; gerando riqueza, emprego e renda para a sociedade (BESSOME,

2000).

Entretanto, a instabilidade econômica e escassez de empregos ocasionam o

desinteresse por empreender e buscar empregos na iniciativa privada. Ao mesmo tempo,

elevam o interesse de muitos por vagas no setor público, em virtude de: bons salários,

benefícios garantidos pelo governo, estabilidade, carga horária conveniente, entre outros.

Enquanto se preparam para os concursos, as pessoas não desenvolvem habilidades e

competências essenciais na iniciativa privada. Os conhecimentos que adquirem nessa jornada

de estudos são rasos e não provocam avanços na ciência, tampouco estimula a inovação ou

fomenta novos negócios. Essas pessoas, por exemplo, poderiam contribuir para a melhoria das

condições do setor privado, seja estudando a fundo a problemática das empresas, seja

colocando em prática a sua visão de excelência, servindo de exemplo e referência para outras

empresas e outros profissionais.

Nosso setor privado precisa de pessoas capacitadas, talentosas e inteligentes, mas

grande parte de nosso contingente pessoal com essas características sente-se muito mais

atraída por cargos públicos, situação esta que deve ser modificada.

Não existem características intrínsecas ao empreendedor, uma vez que estas resultam

da educação, da cultura e do meio onde o indivíduo está inserido, não sendo, conforme

Ferreira, Santos e Serra (2010), inatas.

Ao reconhecer a importância do empreendedorismo, é necessário que haja indivíduos

que queiram empreender. Para promover o empreendedorismo é indispensável a colaboração

de todos os indivíduos, bem como das instituições que podem, de alguma forma, contribuir

para tal.

Dentro destas instituições, destacam-se as escolas e universidades. As escolas podem

inserir nos seus planos curriculares disciplinas e iniciativas que deem aos jovens

competências empreendedoras; além das universidade que podem desenvolver melhores

métodos de ensino para que haja uma melhor preparação para os que logo irão se formar

obterem confiança suficiente para se manter no mercado.

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Martins et al. (2002), em seu estudo sobre Educação a Distância (EAD), salientam que

o crescimento da capacidade empreendedora de um país depende da educação e do

conhecimento cultural sobre empreendedorismo por parte de todos os cidadãos e que o

empreendedorismo se desenvolve relacionadamente ao desenvolvimento da educação.

Frente ao exposto, o presente estudo tem como objetivo analisar o panorama

educacional da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, identificando as lacunas

existentes nas metodologias de ensino aplicadas em sala de aula, principalmente nas

disciplinas que abordem assuntos relacionados ao empreendedorismo, baseado nos perfis dos

seus respectivos alunos a fim de direcionar uma educação eficiente e de qualidade.

1.2 JUSTIFICATIVA E DELINEAMENTO DA PESQUISA

O empreendedorismo tem sido muito difundido nos últimos anos, principalmente, por

ser visto como um catalisador de desenvolvimento regional. Com o objetivo de incentivar o

comportamento empreendedor unem-se governo, instituições de ensino entre outros;

investindo esforços, políticas públicas e grandes quantidades de recursos financeiros.

A justificativa deste trabalho está pautada sob três perspectivas: social, acadêmica e

econômica.

A literatura internacional e nacional apresenta diversos trabalhos envolvendo o termo

empreendedorismo, conforme mostra Figura 1. Observa-se que ao procurar pelo termo

“entrepreneurship” em pesquisas publicadas em periódicos internacionais e indexados na

base de dados Scopus, obtém-se um resultado de 21.154 trabalhos sobre o tema no período de

1952 a 2015.

Figura 1 – Análise dos trabalhos publicados sobre o termo empreendedorismo.

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Fonte: Base de dados Scopus

Entretanto, ao limitar-se a pesquisa para “university-industry” os resultados caem

bruscamente para 719 trabalhos. Mais dramático, ainda, se torna a quantidade de trabalhos

publicados por brasileiros e com foco nacional, somente 10 trabalhos, ficando com a 20ª

posição no ranking de publicações do Scopus, justificando, dessa forma, a perspectiva

acadêmica. O resultado obtido encontra-se na Figura 2. O resultado dessa análise foi obtido

em 12 de março de 2016.

Figura 2 – Número de publicações por país referente a empreendedorismo x universidades-empresas.

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Fonte: Base de dados Scopus.

Diante esse contexto, a presente pesquisa torna-se relevante pela necessidade de

aprofundamento sobre o empreendedorismo e sua relação com a universidade e empresas,

além disso, pelo pequeno número de trabalhos que discutem o assunto, principalmente, na

literatura brasileira. Ademais, em razão do volume de recursos despendidos nessa área

direciona-se, também, esse interesse acadêmico à exploração do perfil empreendedor e no

método adequado para apresentar aos seus alunos seus conhecimentos.

No âmbito econômico, a construção, nos alunos, de um perfil empreendedor desde seu

período universitário possibilita um futuro profissional corajoso para enfrentar um mercado de

trabalho extremamente competitivo e arriscado, e, visionário para saber lidar com situações

em que serão necessárias suas habilidades para contornar com sucesso diversos obstáculos no

caminho, convergindo, dessa forma, num empresário que saberá dar continuidade ao seu

negócio e gerará empregos, caso abra uma empresa, renda, entre outros benefícios a todos, de

uma forma geral.

No âmbito social, o empreendedorismo tem muito a oferecer, pois pessoas

empreendedoras possuem espírito de avanço profissional, e, bem como dito anteriormente,

um profissional com perfil empreendedor, pondo em prática suas habilidades, tende a elevar o

desenvolvimento local bem como o avanço social.

Também é importante destacar que os estudos sobre a evolução do empreendedorismo

mostram grandes possibilidades de se transformarem na mola propulsora da integração do

desenvolvimento regional e mundial, como possível solução para os problemas econômicos,

políticos e sociais (BARBOSA; BARBOSA, 2009).

Uma maneira de trazer maior relevância para este trabalho seria utilizar e validar um

método para avaliar o perfil empreendedor dos estudantes de diferentes cursos da UFRN e as

abordagens de ensino utilizadas para incentivar os alunos a buscarem o empreendedorismo, e,

baseado em seus resultados propor um plano de ação para universidade a fim de disseminar a

importância e sua consonância com futuros retornos.

Ressalta-se também que o empreendedorismo tem crescido substancialmente em nosso

país, o que traz mais destaque para tais conteúdos e para a formação do aluno de graduação,

de forma tanto a melhor preparar o jovem para desenvolver novos negócios e oportunidades

quanto a desenvolver competências que auxiliarão na sua inserção no mercado de trabalho.

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Diante do exposto são propostas hipóteses de pesquisas que serão validadas ou

refutadas ao final deste trabalho:

Hipótese 1 (H1): A disciplina de empreendedorismo disponibilizada pela Universidade

Federal do Rio Grande do Norte está sendo oferecida da forma satisfatória.

Hipótese 2 (H2): Os alunos da UFRN se interessam pela disciplina que aborda o

empreendedorismo e a veem como requisito para seu sucesso profissional.

1.3 QUESTÃO DA PESQUISA

Este trabalho de pesquisa pretende responder ao seguinte questionamento: Os

professores que abordam o empreendedorismo na UFRN utilizam métodos ou abordagens de

ensino que atendam ou satisfaçam as expectativas dos alunos?

Frente a questão de pesquisa, foram delineados os seguintes objetivos geral e

específicos.

1.4 OBJETIVOS DA PESQUISA

Considerado o contexto apresentado, a presente pesquisa tem como objetivo geral

analisar o panorama educacional da Universidade Federal do Rio Grande do Norte no

que diz respeito às disciplinas que abordem assuntos relacionados ao empreendedorismo

baseado nos perfis dos seus respectivos alunos a fim de direcionar uma educação

eficiente e de qualidade.

Em consonância com tal objetivo proposto elucidou-se os seguintes objetivos

específicos:

i) Sistematizar a literatura sobre empreendedorismo e educação empreendedora;

ii) Identificar os perfis dos alunos da Universidade Federal do Rio Grande do Norte

baseados na literatura sobre o empreendedorismo;

iii) Apontar as lacunas existentes nos cursos oferecidos pela UFRN, especialmente no

que concerne à disciplina de empreendedorismo;

iv) Avaliar o grau de satisfação dos alunos da UFRN quanto às metodologias de

ensino utilizadas;

v) Propor planos de melhorias baseados nos resultados obtidos a fim de contribuir para

evolução da universidade como um todo e para o estado do Rio Grande do Norte.

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1.5 ESTRUTURA DA DISSERTAÇÃO

Esta dissertação é composta de seis capítulos conforme ilustrado na Figura 3.

O Capítulo 1 – Introdução - compreende a contextualização do tema, ressalta a

relevância do trabalho, elabora os objetivos e define a estrutura do trabalho.

O Capítulo 2 – Empreendedorismo – Aborda os conceitos e perspectivas do

empreendedorismo, bem como descreve as motivações e obstáculos dos empreendedores.

O Capítulo 3 – Educação Empreendedora - Analisa como o ensino desenvolve o

espírito empreendedor nos jovens, sistematiza a evolução do ensino no mundo e aborda as

práticas realizadas nas universidades de um modo geral.

O Capítulo 4 – Método da Pesquisa – Define o método escolhido de maneira

detalhada com a definição dos instrumentos para coleta de dados e os critérios para seleção da

amostra em cada etapa do trabalho na busca de respostas para os questionamentos da

pesquisa.

O Capítulo 5 – Análise dos dados e Resultados – Apresenta uma sistematização dos

dados coletados evidenciando os principais resultados em conformidade com os objetivos

propostos.

O Capítulo 6 – Considerações finais – Conclui a pesquisa, apresentando discussões

sobre o tema, futuras sugestões de pesquisas e limitações ao estudo.

Page 21: KYLDARE RODRIGUES MAIA EMPREENDEDORISMO E …

21

Figura 3 – Organização da dissertação

Fonte: Elaboração própria.

Capítulo 1-

Introdução

Problema e Questão

da Pesquisa.

Capítulo 4 - Método

de Pesquisa

Pesquisa por meio de

questionário

Capítulo 5 –

Apresentação de

dados e Resultados.

Capítulo 6 –

Considerações Finais.

Cap

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e 3

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Fundamenta

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Page 22: KYLDARE RODRIGUES MAIA EMPREENDEDORISMO E …

22

CAPÍTULO 2 – EMPREENDEDORISMO

Segundo Mars e Rios-Aguilar (2010), o estudo sobre o empreendedorismo remonta

aos séculos XVII e XVIII. Contrariando esse pensamento, Kuratko (2005) afirma que o

conceito acerca do empreendedorismo surgiu nas últimas duas décadas, sendo a maior força

econômica que o mundo já observou, alvo de diversas definições e encarado como um

processo dinâmico. Sexton e Landstrom (2000), além de Sarkar (2010) concordam e

descrevem que a investigação acerca do empreendedorismo, com um enquadramento rigoroso

e sistemático, só ocorreu no final dos anos 70 e início dos anos 80. Diversos são os

entendimentos acerca do surgimento, inclusive, Gartner (2001) e Nazir e Ramzan (2012)

afirmam que o estudo acerca do empreendedorismo tem sido dificultado, dada a inexistência

de um consenso acadêmico.

Apesar do longo período que atitudes empreendedoras vêm sendo demonstradas, no

Brasil, especificamente, o termo empreendedorismo vem sendo muito levantado nos últimos

anos. Frequentemente está presente nas diversas mídias, cursos, palestras e Instituições de

Ensino Superior (IES). Além disso, existem programas como os fomentados pelo SEBRAE

que ganharam muita força nos últimos anos e que tem como objetivos auxiliar os

empreendedores e promover essa atividade de iniciativa no mercado. Contudo, há aqueles que

não têm conhecimento suficiente sobre o que realmente significa empreendedorismo,

limitando o termo apenas a aqueles que abrem um próprio negócio (LEITE; MELO, 2008).

Para Schumpeter (1950), o empreendedor é uma pessoa que deseja e é capaz de

converter uma nova ideia ou invenção em uma inovação bem sucedida e sua principal tarefa é

a “destruição criativa”, a qual se dá por intermédio da mudança, ou seja, com a introdução de

novos produtos ou serviços em substituição aos que eram utilizados.

Sarkar (2010) acrescenta que o conceito deriva do francês “entre” e “prende”, termos

estes que significam “estar no mercado entre o fornecedor e o consumidor”. Nazir e Ramzan

(2012) corroboram a ideia afirmando que o conceito de empreendedorismo é visto,

atualmente, como algo que gera inovação e que acarreta risco.

Por sua vez, Galloway, Anderson, Brown e Wilson (2005) afirmam que o

empreendedorismo gera o desenvolvimento de novos ou melhores negócios, produtos e

serviços, tendo estes de ter capacidade para se adaptarem às mudanças ocorridas. Salim e

Silva (2010) complementam a ideia afirmando que o empreendedorismo é reconhecido pela

Page 23: KYLDARE RODRIGUES MAIA EMPREENDEDORISMO E …

23

procura de soluções para questões de âmbito social e por estar incluído nos programas do

Governo.

De acordo com Davey, Plewa e Struwing (2011), o empreendedorismo constitui uma

fonte vital para o crescimento e competitividade econômica, gera a criação de empregos e faz

com que os interesses sociais progridam, o que leva os acadêmicos, profissionais e gestores

políticos aumentarem os seus esforços com a finalidade de que seja promovida a mentalidade

empreendedora na sociedade. Segundo o Eurostat (2012), os maiores objetivos sociais e

econômicos associados ao empreendedorismo passam pela criação de emprego, crescimento

econômico e redução da pobreza. Rao, Rao e Ganesh (2011) veem o empreendedorismo como

sendo um dos fatores de maior importância para o desenvolvimento econômico da sociedade,

dessa forma, os empreendedores são encarados como indispensáveis para iniciar e prosseguir

o desenvolvimento socioeconômico.

Conforme Duarte e Esperança (2012), o empreendedorismo fomenta a

competitividade, o desenvolvimento de ferramentas de negócios inovadoras e é um

componente de extrema importância numa economia de mercado cada vez mais marcada pela

globalização e competitividade. O empreendedorismo é, também, encarado como uma forma

de realização humana, já que pode transformar os desejos dos indivíduos em realidade, caso

seja adotada uma atitude empreendedora e haja motivação.

O empreendedor é um indivíduo que assume riscos, uma vez que enfrenta situações

complexas de uma forma otimista e procura encará-las como sendo uma possibilidade de

negócio. Perante uma situação de insucesso, o empreendedor não a encara como sendo uma

derrota, pois a transforma numa forma de aprendizagem e procura distintas formas de

motivação para poder investigar novas oportunidades de negócio. Os empreendedores são

antecipados e procuram constantemente novas soluções e produtos, introduzem métodos de

produção inovadores, adotam e implementam estratégias competitivas, lideram empresas e

conduzem as suas equipes a trabalhar em prol da empresa. Desta forma, o empreendedor é

aquele que é capaz de conceber, de pôr em prática e de estimular os que o acompanham, com

uma atitude de desafio permanente e de vontade de superação (DUARTE; ESPERANÇA,

2012).

No entanto, para Ferreira, Santos e Serra (2010), ninguém nasce empreendedor, nem

com genes empreendedores. O que define um empreendedor é o seu comportamento e

atitudes e não os traços de personalidade ou quaisquer outras características inatas. Não é

possível antever quais são os indivíduos que detém um perfil empreendedor, apenas se pode

Page 24: KYLDARE RODRIGUES MAIA EMPREENDEDORISMO E …

24

trabalhar e desenvolver as competências que são necessárias para empreender. Volkmann

(2004) vem confirmar esta ideia ao referir que o empreendedorismo não é algo que se obtenha

à nascença, sendo sim algo que é desenvolvido pela educação e pelas experiências vividas

durante a vida.

Desde o início dos estudos acerca do empreendedorismo que há investigações acerca

dos traços de personalidade relacionados com o comportamento empreendedor. Apesar de não

existir uma conclusão universal que seja totalmente aceita, Raposo, Paço e Ferreira (2008)

referem algumas características atribuídas aos empreendedores, as quais passam por

necessidade de realização, autocontrole, autoconfiança, motivação para o lucro e criatividade.

Saraiva (2011) aponta mais algumas características, especificamente o aprimorado sentido de

responsabilidade, quer individual, quer social, apoiado numa boa capacidade de decisão; a

posse de um espírito simultaneamente sonhador e realizador; a capacidade de recrutar os

indivíduos certos em prol de um dado projeto comum, arcando a sua liderança através de uma

boa capacidade para gerir e delegar competências, atividades e responsabilidades; e a boa

resistência anímica e capacidade de encaixe, para conseguir velozmente ultrapassar os

problemas e suportar com discernimento e sem falhas de ânimo certas inquietações.

Sarkar (2010) salienta, ainda, como atributos dos empreendedores a necessidade de

autonomia, de domínio e de independência. Por sua vez, Bulut e Sayin (2010) confirmam que

os empreendedores são dedicados, determinados, decididos, visam obter sucesso, orientam-se

para as oportunidades, toleram a incerteza, tem capacidade para assumir riscos, assumem

responsabilidades, são otimistas e líderes, tem uma personalidade dinâmica e aberta à

inovação e à mudança, estão dispostos à transformação e à ambição em crescer e focados no

sucesso.

Para Bucha (2009), o empreendedor não é um jogador, mas sim alguém que aceita

uma dada oportunidade após calcular o risco inerente; risco este calculado seja por meio de

planejamento estratégico, plano de negócios, dentre tantas outras ferramentas disponíveis no

mercado. Já Saraiva (2011) afirma que são os empreendedores que lideram a geração de

valor, de postos de trabalho e o desenvolvimento econômico ou social. Desta forma, merecem

um grande apreço e reconhecimento.

De acordo com Shapero (1975, apud HISRISH; PETERS, 2004, p. 29), apesar das

diferentes definições sobre o empreendedorismo, quase todas elas incluem: (1) Tomar

iniciativa; (2) Organizar e reorganizar mecanismos sociais e econômicos a fim de transformar

recursos e situações para proveito prático; (3) Aceitar o risco ou o fracasso.

Page 25: KYLDARE RODRIGUES MAIA EMPREENDEDORISMO E …

25

Mesmo com todos os conceitos e pensamentos, existem, dentro desse conjunto

chamado empreendedorismo, subconjuntos que se pode chamar de perfis. Em outras palavras,

pode-se afirmar que o empreendedorismo possui diferentes tipos de empreendedores, cada

qual com suas características específicas que serão esmiuçadas no próximo tópico.

2.1 CLASSIFICAÇÕES, CARACTERÍSTICAS E PERFIS DOS EMPREENDEDORES.

A classificação, característica e o perfil dos empreendedores possuem diversos níveis,

inclusive, permite-se denominar um empreendedor como aquele que tem a capacidade de

gerar uma boa ideia, aproveitando uma oportunidade de mercado, conseguindo os recursos

necessários para implantação do seu negócio. Para tanto, é importante ao empreendedor

possuir uma boa rede de contatos ou relacionamento, o chamado networking, de maneira a

formar boas parcerias ou redes a fim de viabilizar sua ideia.

Por isso um comportamento ético é algo muito importante ao empreendedor. Agir

preocupando-se com os demais envolvidos no processo e com a sociedade ao seu entorno

promove um aspecto de credibilidade ao empreendedor que precisa das demais pessoas e

grupos para desenvolver seu negócio e mantê-lo no mercado. Conforme Dolabela (1999,

p.44), o empreendedor é alguém capaz de desenvolver uma visão, mas não só. Deve persuadir

terceiros, sócios, colaboradores, investidores, convencê-los de que sua visão poderá levar

todos a uma situação confortável no futuro. Para o autor, um dos principais atributos do

empreendedor é a capacidade de identificar oportunidades, agarrando-as por meio da busca de

recursos para transformá-las em negócios de sucesso. Por isso, é preciso muita energia,

perseverança e uma dose de paixão para vencer os obstáculos e continuar em frente.

Complementarmente, Ferreira et al (2010) atribuem ao empreendedor as seguintes

características:

Necessidade de ser independente e realizar: necessidade de ser o próprio patrão e

atingir os objetivos planejados;

Assunção de riscos moderados: aceitam bem correr riscos (financeiros, emocionais

ou sociais) não demasiadamente altos e nem desnecessários;

Autoconfiança: acreditam em si próprios e em sua capacidade de atingir os objetivos

que se propõem;

Page 26: KYLDARE RODRIGUES MAIA EMPREENDEDORISMO E …

26

Assunção de responsabilidades: aceitam assumir os riscos do sucesso e do insucesso

dos seus negócios, não atribuindo culpa aos outros e aprendendo com os erros;

Capacidade de trabalho e energia: apresentam grande energia, vigor e persistência

para o trabalho;

Competências em relações humanas: normalmente os empreendedores são sociáveis

e capazes de desenvolver relacionamentos, até com desconhecidos;

Criatividade e inovação: em geral os empreendedores são criativos e inovadores.

Desenvolvem novas abordagens, produtos e processos.

Dedicação ao negócio: possuem paixão pelo negócio e trabalham arduamente por ele;

Persistência apesar do fracasso: Mesmo no insucesso os empreendedores

demonstram um bom nível de otimismo e sobreconfiança;

Inteligência na execução: habilidade de tornar uma ideia em um negócio concreto.

Hisrich e Peters (2004, p. 26) afirmam que empreendedor é um “indivíduo que se

arrisca e dá início a algo novo”. McClelland (1971) identifica como características do

comportamento empreendedor, as seguintes: busca de oportunidades e iniciativa, persistência,

comprometimento, exigência de qualidade e eficiência, correr riscos calculados,

estabelecimento de metas, busca de informações, planejamento e monitoramento sistemático,

persuasão e rede de contatos, independência e autoconfiança. Dentre tantos pensamentos e

ideias, pode-se perceber a clara ligação do conceito com três características essenciais: a

postura de correr riscos, iniciativa e criatividade para desenvolver um novo negócio. Em uma

análise posterior, McClelland (1972, p. 61) afirma que “[...] a motivação de realização é

responsável, em parte, pelo crescimento econômico”.

Diante a literatura pesquisada, pode-se esboçar o seguinte panorama quanto as

características atribuídas aos empreendedores:

Tabela 1 – Características dos empreendedores x Literatura Pesquisada

Características dos empreendedores

Literatura Pesquisada

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 Total

Visão ou Identificação de oportunidades • • • • • 5

Enérgico • • • • • • 6

Perseverante • • • • • • 6

Independente • • • • 4

Assunção de risco • • • • • • • 7

Autoconfiança • • • • • • 6

Assunção de responsabilidades • • • 3

Competências em relações humanas • • • • • • • 7

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27

Criativo ou inovador • • • • • • • 7

Dedicação • • • • 4

Iniciativa • • • • • • • • 8

Fonte: Elaborado a partir de (1) (DOLABELLA, 1999); (2) (FERREIRA et al, 2010); (3) (HISRICH E

PETERS, 2004); (4) (MCCLELLAND, 1971); (5) (NAZIR E RAMZAM, 2012); (6) (DUARTE E

ESPERANÇA, 2012); (7) (RAPOSO, PAÇO E FERREIRA, 2008); (8) (SARAIVA, 2011); (9) (BULUT E

SAYIN,2010); (10) (SHAPERO, 1974).

Miner (1998) faz uma abordagem muito consistente sobre uma personalidade

empreendedora existente em pessoas voltadas ao meio empresarial. Fruto de uma pesquisa de

20 anos, o autor aponta dois motivos que levam um empreendedor ao fracasso ou sucesso: 1)

Não há um único tipo de empreendedor, mas quatro tipos com personalidades distintas. 2)

Cada um destes tipos deve seguir uma carreira profissional diferente para ser bem-sucedido e

deve se relacionar com a empresa de forma distinta.

Os quatro tipos de empreendedores identificados por Miner (1998, p.13) são:

realizador, supervendedor, autêntico gerente e gerador de ideias:

O realizador: são empreendedores clássicos que levam muita energia às suas

empresas e dedicam inúmeras horas ao trabalho. Eles gostam de planejar e

estabelecer metas para realizações futuras. São dotados de muita iniciativa e de um

forte compromisso com a empresa. Os realizadores acreditam que controlam suas

vidas por meio de suas ações, e não que são controlados pelas circunstâncias ou

pelas atitudes de terceiros. Eles devem ser orientados por metas próprias (e não

pelos objetivos de terceiros). É mais provável que os realizadores tenham êxito se

percorrerem o caminho da realização: resolvendo problemas constantemente e

lidando com crises, adequando-se para enfrentar a crise do momento e tentando ser

bons em tudo.

O supervendedor: possuem uma grande sensibilidade em relação a outras

pessoas e desejam ajudá-las de qualquer maneira possível. Os relacionamentos são

muito importantes para eles, que gostam de reuniões sociais e de participar de

grupos. Eles consideram as vendas como um elemento essencial para o sucesso de

suas empresas. Para ter sucesso, os supervendedores precisam seguir o caminho das

vendas e contratar alguém para administrar os negócios.

O autêntico gerente: gostam de assumir responsabilidades e saem-se bem

em cargos de liderança nas empresas; eles são competitivos, decididos e possuem

uma atitude positiva em relação àqueles que tem autoridade; gostam do poder e de

desempenhar uma função. Muitas vezes saem de grandes empresas para iniciar seu

empreendimento. Utilizam uma persuasão lógica e eficaz. Seu ponto forte está em

levar os empreendimentos a um crescimento significativo. O caminho ideal para ser

trilhado por eles é o de gerenciamento: encontrar ou iniciar um negócio grande o

bastante para precisar de seus talentos administrativos.

O gerador de ideias: inventam novos produtos, encontram novos nichos,

desenvolvem novos processos e, em geral, encontram uma forma de superar a

concorrência. Eles se sentem fortemente atraídos para o mundo das ideias. Porém

podem assumir riscos que não foram suficientemente calculados. Normalmente se

envolvem em empreendimentos de alta tecnologia.

Page 28: KYLDARE RODRIGUES MAIA EMPREENDEDORISMO E …

28

Existe a possibilidade dos empreendedores possuírem mais de um estilo, inclusive,

Miner (1998, p. 164) constata que “quando um empresário possui estilos múltiplos, o mesmo

pode, se necessário, executar um maior número de atividades nos vários estágios de

crescimento da empresa. Pode exercer maior grau de controle e delegar menos tarefas a

terceiros”.

Baseado nas características apresentadas pelos diversos autores encontrados no

desenvolvimento do referencial e nos tipos de empreendedores difundidas por Miner (1998),

pode-se chegar a seguinte relação:

Figura 4 – Tipos de empreendedores e suas características

Fonte: Elaboração Própria

Outro tipo de empreendedor tem chamado atenção, inclusive, muitas vezes, este tem

sido confundido com os gestores ou administradores de grandes empresas, contudo, segundo

Ferreira et al (2010) existem diferenças.

Quadro 1 – O empreendedor x Gestor

Características Gestores Empreendedores

Motivações Primárias Promoção e outras recompensas

corporativas tradicionais. Poder.

Independência, oportunidade para

criar algo novo e dinheiro.

Decisões Usualmente concordam com as

decisões tomadas pela alta gestão.

Seguem os seus sonhos, tomando

decisões.

Page 29: KYLDARE RODRIGUES MAIA EMPREENDEDORISMO E …

29

A quem servem Aos outros, seus superiores A si próprios e seus clientes

Atitude perante o risco Cautelosos e evitam decisões de

risco

Assumem riscos calculados,

investem muito e esperam ser bem-

sucedidos.

Falhas, erros Tentam evitar erros e surpresas.

Adiam o reconhecimento do

fracasso.

Aprendem com os erros e as falhas.

Fonte: Elaborado a partir de Ferreira et al. (2010)

No entanto, existem gestores e administradores empreendedores, os quais são,

conforme Robbins (2005), as pessoas confiantes em sua capacidade, que aproveitam

oportunidades de inovação e que não só esperam as surpresas, mas as capitalizam; já o

gerente tradicional é aquele que gerencia os recursos de produção, mas sem inovação,

buscando uma estabilidade. Diante esse novo tipo empreendedor que vem ganhando força e

evidência nas corporações, se faz necessário aprofundá-lo a fim de realizar contribuições

acadêmicas.

2.1.1 Intraempreendedorismo

A nova economia faz com que as organizações exijam altos níveis de desempenho de

seus colaboradores. Os recursos humanos não devem ser vistos como componentes do custo,

mas sim como fontes potenciais de valor adicionado e investimentos de longo prazo

(WUNDERER, 2001). De acordo com Hisrich e Peters (2004), as organizações com culturas

empreendedoras fortes estão aptas a adaptarem-se às modificações do ambiente de maneira

integrada e rápida, já que seus valores culturais são capazes de criar um sistema aberto que

envolve não apenas os membros da organização, mas também os constituintes externos aos

processos e estratégias da organização. As normas destas organizações estão baseadas na

participação e na inclusão e organizações inclusivas operam com princípios democráticos. No

lugar de uma estrutura hierárquica, uma atmosfera intraempreendedora possui uma estrutura

organizacional plana, com várias redes, equipes, patrocinadores e mentores.

As empresas devem buscar uma nova divisão balanceada de poder, fazendo com que

os colaboradores adquiram poder e liberdade de maneira incremental, de acordo com o valor

que geram para a organização. Esta divisão de poder é definida na literatura como

empowerment e trata da competência para reconhecer problemas, a autoridade e a disposição

para agir, e o poder para fazer algo pelo qual se aceita a responsabilidade pelo resultado

(MACCOBY, 1992). Estas atividades devem ser levadas a cabo de modo que cada

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30

colaborador exerça suas competências específicas e coloque seu conhecimento individual em

prol do sucesso da empresa, promovendo-os de acordo com seu grau de empreendedorismo.

Contudo, o desenvolvimento de uma cultura corporativa intraempreendedora madura e

consolidada não é fácil e demanda tempo. McGinnis e Verney (1987) afirmam que este

processo não leva menos do que três a cinco anos. Afinal, a corporação tradicional é de

natureza hierárquica, com procedimentos, sistemas de relatórios, linhas de autoridade e de

responsabilidade, de instruções e mecanismos de controle estabelecidos, condições estas que

sustentam a cultura corporativa e inibem a inovação e a ação empreendedora. Para

transformar uma cultura burocrática em uma cultura intraempreendedora é necessário adotar

valores gerenciais que incentivem o empreendedorismo. Estes valores incluem iniciativa

própria, comprometimento e suporte para novas ideias, comportamento pró-ativo e social e

orientação para o cliente. Os dirigentes devem ser exemplares demonstrando e promovendo

enfaticamente o intraempreendedorismo de maneira comprometida. Há que se oferecer

também tempo livre para os empregados e buscar integrar seus valores pessoais com os

valores centrais da organização de modo que se compatibilizem construtivamente

(WUNDERER, 2001).

Existem alguns elementos da cultura corporativa tradicional que devem ser

modificados para incentivar o intraempreendedorismo, ilustrados no Quadro 2.

Quadro 2 – Relações entre elementos da cultura tradicional e intraempreendedora.

Fonte: Elaborado a partir de Wunderer (2001).

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31

A motivação intrínseca e o comportamento não devem permitir influência de

incentivos extrínsecos, como bônus e prêmios, mas, basearem-se em simpatia mútua,

conhecimento compartilhado, ideologias comuns, desempenho equânime, responsabilidade

conjunta, cooperação e distribuição justa de resultados. Segundo Wunderer (2001), existem

outros instrumentos importantes que oferecem suporte à cultura intraempreendedora:

Gerenciar a empresa por objetivos;

Selecionar os recursos humanos em função destes objetivos;

Definir as responsabilidades individuais;

Liderança participativa e delegada;

Treinamento e capacitação pessoal;

Reconhecimento pessoal;

Estabelecer canais de conversação com os colaboradores;

Distribuir tarefas importantes (empowerment);

Envolver todos em projetos;

Job rotation;

Recompensar o desempenho;

Realizar pesquisas com os clientes internos e externos;

Distribuir os resultados;

Ampliar benefícios para os colaboradores.

Fazer comprometimentos e desenvolver competências oferecem maneiras para

satisfazer essa necessidade de dinamização. Deve-se enfatizar que fazer comprometimentos

ou desenvolver competências não é uma panaceia estratégica, como não o são a formação de

sistemas de atividades rigidamente acopladas ou a concentração em recursos vitais. A razão

está relacionada à tensão permanente entre o caráter irreversível das opções e mudanças das

empresas nos cenários em que elas operam. Em consequência disso, as opções relativas às

atividades, recursos, comprometimentos e competências devem ser examinadas em

profundidade, com um olho no valor econômico (GHEMAWAT, 2000).

Segundo McGinnis e Verney (1987), a organização que pretende desenvolver uma

cultura intraempreendedora deve:

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32

Difundir conhecimento e informação: todos devem conhecer a estratégia da

organização e os seus objetivos;

Conhecer seu ramo de atuação: os colaboradores devem conhecer tudo sobre o seu

ramo de atividade (produtos, processos, matérias-primas, clientes, concorrentes, etc);

Recompensar a inovação: para incentivar o comportamento inovativo é preciso

recompensar de maneira adequada, determinando que tipo de recompensa conduz a

um comportamento inovador mais efetivo e seu respectivo valor;

Estabelecer regras claras: regras claras eliminam restrições desnecessárias à conduta

dos colaboradores e inibem a inovação.

Conforme os conceitos até aqui explorados, percebe-se que a cultura

intraempreendedora tem como pré-requisito a motivação. A motivação, por sua vez baseia-se

na satisfação das necessidades individuais e na criação de uma estrutura organizacional

direcionada para o fomento do empreendedorismo e da inovação. Quanto maior a atividade

intraempreendedora, maiores as necessidades individuais e organizacionais. Para dar

continuidade na ação intraempreendedora, mais motivação é necessária e retorna-se ao início

deste fluxo circular que passa a operar continuamente, conforme exposto na Figura 5.

Figura 5 – Modelo conceitual da cultura intraempreendedora

Fonte: Elaborado a partir Fumagalli et al(2012).

O termo intraempreendedor foi criado por Pinchot em 1989 para abreviar o termo

empreendedor intracorporativo, ou seja, uma pessoa dentro da organização que assume

responsabilidade direta para transformar uma ideia em um produto final lucrativo a partir da

assunção de risco e da inovação. Wunderer (2001), por conseguinte, afirma que

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33

intraempreendedores podem ser entendidos como membros da organização que inovam,

identificam e criam oportunidades de negócio, estruturam e coordenam novas combinações e

arranjos de recursos para gerar e agregar valor por meio da exploração de necessidades não

atendidas ou da melhoria da eficiência de algo que já é feito pela empresa.

Para Pinchot (1989), a maior parte das peculiaridades da personalidade do

intraempreendedor pode ser entendida considerando-se as pressões de se combinar, em uma

pessoa, um forte visionário e um executor insaciável, que não pode descansar até que sua

visão esteja manifestada na terra assim como está em sua mente. São sonhadores que realizam

e assumem a responsabilidade pela criação de inovações de qualquer espécie dentro de uma

organização.

Após apresentar os conceitos, características e perfis dos empreendedores, torna-se

essencial conhecer as suas motivações a partir do momento que decidem tomar a iniciativa de

empreender.

2.2 MOTIVAÇÕES E FATORES QUE INFLUENCIAM NO PERCURSO

EMPREENDEDOR.

Para que um empreendedor possa enveredar pelo mundo dos negócios e alcance,

muitas vezes, seu objetivo se faz necessário o encontro de um ambiente favorável para suas

negociações. Não somente características, como iniciativa e visão de uma oportunidade,

levarão o empreendedor à longevidade no mercado de trabalho, é preciso que sejam apoiados

pelo governo, universidade e empresas.

Para Saraiva (2011), os motivos que levam os empreendedores a iniciar um novo

projeto, na maior parte das situações, não são direcionados para o lucro ou enriquecimento

pessoal no curto prazo. São motivados pelo acréscimo da realização pessoal, pelo reforço da

autonomia e também pela dificuldade que tem em conseguir encontrar facilmente outras

opções de vida. A decisão de criar uma empresa, para Ferreira, Santos e Serra (2010), é

influenciada por um vasto conjunto de fatores. Estes podem estar relacionados com as

condições nacionais ou com o ambiente onde os indivíduos se encontram inseridos ou, ainda,

com outros fatores inerentes ao indivíduo. Dentro destes últimos fatores, inclui-se o ambiente

familiar na infância, uma vez que há uma maior tendência para um indivíduo enveredar pelo

empreendedorismo se os pais também o fizeram. A educação também interfere com o

empreendedorismo, já que há uma maior inclinação para os indivíduos com maiores níveis de

formação optarem por serem empreendedores no seu percurso profissional. A formação

Page 34: KYLDARE RODRIGUES MAIA EMPREENDEDORISMO E …

34

fornece competências para saber gerir os problemas e dá conhecimento em relação às

atividades técnicas da empresa. As universidades e os docentes também podem incentivar o

empreendedorismo, já que podem lecionar cursos nesta área com o objetivo de estimular e

desenvolver novos empreendedores. Estes cursos podem também melhorar a forma como a

sociedade encara o empreendedor.

Anualmente, o Kauffman Center for Entrepreneurial Leadership faz uma pesquisa

para o Global Entrepreneurship Monitor (GEM) — instituição criada pela London Business

School e pelo Babson College de Boston — em cerca de 29 países, para comparar o grau de

empreendedorismo de cada povo e compreender o papel do empreendedorismo no

desenvolvimento econômico dos países. Entende-se como empreendedorismo, na pesquisa

realizada por essas entidades, qualquer tentativa de criação de um novo empreendimento,

como, por exemplo, uma atividade autônoma, uma nova empresa ou a expansão de um

empreendimento existente. É importante destacar que o foco principal é o indivíduo

empreendedor, mais do que o empreendimento em si.

O Brasil participa deste esforço desde 2000, onde a pesquisa é conduzida pelo Instituto

Brasileiro da Qualidade e Produtividade (IBQP) e conta com o apoio técnico e financeiro do

Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (SEBRAE). Desde 2011, o

Centro de Empreendedorismo e Novos Negócios da FGV (Fundação Getúlio Vargas) tornou-

se parceiro acadêmico do projeto. Na própria pesquisa há um campo da pesquisa voltada para

motivações dos empreendedores nacionais, e pode-se dizer que é um dos temas mais

importantes em pesquisas sobre empreendedorismo porque demonstra o grau de maturidade e

desenvolvimento de um país. Existem dois tipos de empreendedorismo: aquele buscado por

necessidade e o motivado por oportunidade. Diante essa perspectiva, traçar o perfil e

caracterizar o empreendedor se faz necessário.

Em primeiro lugar, pode-se citar o empreendedor motivado por uma oportunidade de

mercado, na qual, o mesmo identifica a possibilidade de realização de uma atividade

econômica rentável baseada na demanda do mercado (VIVARELLI, 2013). Este tipo de

empreendedorismo, geralmente, é realizado por indivíduos que possuem características

proativas (SHANE; VENKATARAMAN, 2000; ANTONCIC; HISRICH, 2001) com alto

grau educacional (DAVIDSSON; HONIG, 2003; IACOBUCCI; MICOZZI, 2012) e

experiência anterior de emprego (BOROZAN; PFEIFER, 2014). Em sua maioria apresentam

faixa etária entre 25-44 anos e pertencem ao sexo masculino (KELLEY et al., 2012).

Page 35: KYLDARE RODRIGUES MAIA EMPREENDEDORISMO E …

35

Entretanto, o outro tipo de empreendedorismo é baseado na necessidade dos

indivíduos e é fruto da falta de empregos e da turbulência de mercado podendo gerar apenas

efeitos positivos temporários na economia, este tipo de empreendedorismo é desempenhado

por indivíduos que possuem excesso de confiança, encontram-se desempregadas e necessitam

desta renda para sua própria sobrevivência (VIVARELLI, 2013). Borozane e Pfeifer (2014)

corroboram a ideia e mencionam que existem duas principais causas da atividade empresarial.

Provocado por situação econômica desfavorável de um indivíduo (desemprego, baixa renda

ou pobreza), enquanto a outra causa refere-se ao desejo de aproveitar a oportunidade

empresarial identificada.

Em outras palavras, empreendedores por necessidade são aqueles que iniciaram um

empreendimento autônomo por não possuírem melhores opções para o trabalho e precisam

abrir um negócio a fim de gerar renda para si e suas famílias; enquanto que empreendedores

por oportunidade optam por iniciar um novo negócio, mesmo quando possuem alternativas de

emprego. Enquanto o empreendedorismo por necessidade está mais suscetível à conjuntura

econômica dos países e tende a diminuir quando a oferta de emprego é maior, o

empreendedorismo por oportunidade tem maiores chance de sucesso e tem um forte impacto

sobre o crescimento econômico de um país.

Shane e Venkataraman (2000);Van der Sluis et al. (2008) constataram que há uma

diferença significativa no modo como estes tipos particulares de atividades empreendedoras

influenciam o crescimento econômico. Sua evidência empírica indica que o

empreendedorismo orientado a oportunidade tem consequências macroeconômicas positivas,

aumenta a produtividade, a competitividade e gera um maior valor agregado.

Nos últimos anos, surgiu uma forte crença entre os estudiosos e decisores políticos de

que o empreendedorismo é um vetor essencial do crescimento econômico, tanto para países

desenvolvidos como para os países em desenvolvimento (AUDRETSCH; THURIK, 2001;

VAN DER SLUIS et al. 2008).

Além das motivações, a pesquisa realizada pelo GEM estrutura a taxa de

empreendedorismo ocorrida nos últimos anos em todo o mundo. No ano de 2004, As

porcentagens da população entre 18 e 64 anos que se dedicavam ao empreendedorismo,

conforme Tabela 2, eram:

Tabela 2 – Porcentagem de empreendedores por país em 2004

Países %

México 18,7

Page 36: KYLDARE RODRIGUES MAIA EMPREENDEDORISMO E …

36

Austrália 15,6

Nova Zelândia 15,2

Coréia do Sul 15

Brasil 14,2

Irlanda 12,2

Estados Unidos 11,7

Cingapura 5,2

Japão 5,1

Bélgica 4,6

Fonte: Elaborada a partir do GEM (2004)

Por outro lado, a pesquisa em 2014, divulgada em 2015, demonstrou o grande salto

que o Brasil deu em relação ao empreendedorismo, segundo os dados obtidos, três em cada

dez brasileiros entre 18 e 64 anos possuem uma empresa ou estão envolvidos na criação do

próprio negócio, valor este que pode ser visualizado na Tabela 3.

Tabela 3 – Porcentagem de empreendedores por país em 2014

Países %

Brasil 32,5

China 26,7

Estados Unidos 20

Reino Unido 17

Japão 10,5

Índia 10,2

África do Sul 9,6

Rússia 8,6

França 8,1

Fonte: Elaborada a partir do GEM (2014)

Esta taxa de empreendedorismo de 32,5% coloca o Brasil na primeira colocação do

ranking global de percentual da população envolvida com empreendedorismo, bem à frente de

países de primeiro mundo como Estados Unidos (20%), Reino Unido (17%) e Japão (10,5%).

Interessante é observar que países desenvolvidos como os elencados no parágrafo

anterior, que possui uma alta renda per capta e uma excelente qualidade de vida, apresentam

um nível de empreendedorismo inferior ao do Brasil, o qual se encontra em situação de

desenvolvimento. Um dado interessante, porém, questiona-se a qualidade do empreendimento

nestas duas realidades econômicas.

O quadro sociodemográfico divulgado pela Global Entrepreneurship Global 2014, o

qual retrata a situação sociodemográfica do Brasil, demonstra que somente 7,7% dos

empreendedores no país, entre eles iniciais e estabelecidos, possuem nível superior completo

ou qualquer outro tipo de pós-graduação (Nível 4).

Page 37: KYLDARE RODRIGUES MAIA EMPREENDEDORISMO E …

37

Tabela 4 - Distribuição dos empreendedores segundo características sociodemográficas – Brasil-

2014

Características Sóciodemográficas Brasil

Empreendedores

Iniciais Estabelecidos Total

Gênero

Masculino 48,8 54,9 51,7

Feminino 51,2 45,1 48,3

Faixa Etária

18-24 anos 18,4 4,5 11,5

25-34 anos 34,3 19,9 27,1

35-44 anos 23,6 30,2 26,8

45-54 anos 16,2 28,2 22,3

55-64 anos 7,5 17,2 12,4

Nível de Escolaridade

Nível 1 1,2 2,6 1,9

Nível 2 48,5 55,4 52,0

Nível 3 42,2 34,5 38,2

Nível 4 8,1 7,5 7,7

Faixas de Renda

Até 3 salários mínimos 58,9 57,3 58,3

Mais de 3 e até 6 salários mínimos 31,9 31,3 31,5

Mais de 6 e até 9 salários mínimos 4,5 5,2 4,8

Mais de 9 salários mínimos 4,7 6,2 5,4

Estado Civil

Casado 45,3 50,5 47,8

União Estável 16,4 13,0 14,7

Divorciado 5,5 6,9 6,2

Solteiro 29,7 25,5 27,7

Viúvo 2,5 3,1 2,8

Outros 0,6 1,0 0,8

Raça/Cor

Branca 51,2 53,9 52,6

Preta 9,4 7,0 8,0

Parda 37,5 38,3 38,0

Outras 1,9 0,8 1,4

Fonte: Elaborada a partir do GEM (2014)

Analisando profundamente e com dados divulgados pelo IBGE (2015), existem

aproximadamente 9 milhões de desempregados e esse índice de desemprego destaca-se como

sendo o maior dos últimos anos, devido essa desagradável situação e para que se possa

encontrar alternativas de renda, o empreendedor que está indo ao mercado, possivelmente,

não inova e, mesmo despreparado para o negócio, investe o que ainda tem em algo

semelhante aos já existentes e sem nenhuma informação estratégica de mercado.

Page 38: KYLDARE RODRIGUES MAIA EMPREENDEDORISMO E …

38

Corroborando a ideia do empreendedorismo crescente por necessidade e não por

oportunidade.

Nos países desenvolvidos e em desenvolvimento, os decisores políticos devem apoiar

os empresários reais e inovadores e, assim como, desencorajar os amadores, seguidores

passivos do mercado com maior probabilidade de cometer erros fundamentais, sendo

responsáveis pelo fracasso precoce da maioria das novas empresas. Este tipo de entrada não é

propício para a renovação tecnológica e nem para o crescimento econômico, representa

simplesmente um excesso de entradas (VIVARELLI, 2013). Em longo prazo, atitudes destas

pessoas somadas à esses despreparos convergem em números cada vez maiores de empresas

chegando a falência. Confirmando esse pensamento, tem-se a taxa de mortalidade das

empresas brasileiras, também divulgada pelo IBGE (2015), afirmando que em quatro anos a

taxa alcançou quase os 50%.

Por último, a experiência profissional prévia também condiciona o espírito

empreendedor. Desde logo, pode aumentar o sucesso do novo empreendimento quando este

vai ao encontro da experiência profissional prévia. Por sua vez, o novo negócio também por

ser criado com vista a superar problemas, como por exemplo, a insatisfação com o trabalho

atual.

Segundo Duarte e Esperança (2012, p. 12):

O empreendedor, para criar uma empresa, tem de ter uma forte motivação, a qual

pode estar relacionada com a experiência profissional e a formação adquirida.

Porém, também se pode dever a outros motivos, como por exemplo, querer mudar a

atual situação em que se encontra, em outras palavras, deixar de trabalhar para

terceiros ou estar desempregado e, consequentemente, desenvolver uma atitude pró-

ativa, especialmente a criação de uma empresa. Pode querer utilizar os

conhecimentos que possui para desenvolver um produto ou serviço dirigido a outros

nichos de mercado, o qual se pode traduzir numa atividade rentável. Pode ver o

trabalho por conta própria como a forma mais apropriada de expor as suas

competências. Por fim, a procura de uma melhor situação financeira e a existência

de uma oportunidade de mercado também pode levar à criação de uma nova

empresa.

Para Sarkar (2010) é necessário que o espírito empreendedor seja promovido, pois a

instituição de novas empresas provoca diversos impactos positivos, dentre eles, no emprego,

na inovação, na produtividade e na renovação econômica.

Neste âmbito, o Governo brasileiro com vista a promover o empreendedorismo

apresenta grandes e importantes incentivos. Destacam-se a instituição da Lei complementar

123/2006 para fins fiscais e a Lei 10.973/2004 com objetivo de auxiliar os empreendedores a

Page 39: KYLDARE RODRIGUES MAIA EMPREENDEDORISMO E …

39

dar seus primeiros passos em seu ambiente de negócio com ajuda da universidade e

profissionais qualificados no que tange à inovação e desenvolvimento nacional.

A Lei 10.973, de 2 de dezembro de 2004 (BRASIL, 2004), que dispõe sobre os

incentivos à inovação e à pesquisa científica e tecnológica no ambiente produtivo e dá outras

providências foi criada com os objetivos de:

Estimular a criação de ambientes especializados e cooperativos de inovação;

Estimular a participação de Instituições Científicas e Tecnológicas (ICT) no processo

de inovação;

Estimular a inovação nas empresas;

Estimular o inventor independente;

Estimular a criação de fundos de investimentos para a inovação.

Visivelmente percebe-se que a finalidade da legislação foi a criação de um ambiente

favorável a parcerias estratégicas entre Universidades, Institutos Tecnológicos - ICTs e

Empresas com vistas a implementar processos de inovação no setor produtivo nacional.

Também chamada de Lei da inovação, a mesma estabelece medidas de incentivo à

pesquisa e à inovação e cria mecanismo de gestão para as instituições de científicas e

tecnológicas e sua relação com as empresas, principalmente as de base tecnológica.

Para incrementar o desenvolvimento tecnológico no Brasil, uma das propostas da Lei

de Inovação é a de que um pesquisador, que seja o criador de uma invenção protegida tenha

direito à participação nos ganhos econômicos advindos de seu licenciamento ou exploração.

Isso estimularia a inovação, uma vez que promove um retorno financeiro aos professores e

pesquisadores envolvidos no desenvolvimento da tecnologia.

A possibilidade de afastamento dos pesquisadores para constituir empresas voltadas à

inovação é outro ponto forte da lei. Serve como um forte estímulo ao aparecimento de

empresas de base tecnológica, capazes de levar para o mercado os resultados das pesquisas

realizadas nas universidades e institutos de pesquisa. Hoje a participação desses pesquisadores

na gerência ou administração de empresa privada é proibida, o que inibe a atividade

empreendedora desses profissionais.

Dessa forma, a inovação tecnológica poderia significar o ponto de convergência das

potencialidades científicas com as necessidades econômicas e sociais, onde o empreendedor

entra em cena com um papel fundamental, contribuindo para atender as demandas dos

grandes problemas enfrentados pela sociedade.

Page 40: KYLDARE RODRIGUES MAIA EMPREENDEDORISMO E …

40

Nesse contexto, o empreendedor desempenha papel importante. Trata-se, pois, de um

desafio a ser enfrentado pelos países em desenvolvimento, visto que a acentuada participação

no esforço inovativo se concentra, basicamente, nas empresas multinacionais. É a primeira lei

brasileira que trata do relacionamento Universidades, Instituições de Pesquisa e Empresas.

Por outro lado e complementando a promoção do empreendedorismo no país, existe a

Lei complementar 123/2006 que foi regulamentada com o intuito de minimizar os impactos

sofridos por empreendedores iniciantes e até estabelecidos, no tocante à carga de impostos.

Por meio da Lei Complementar nº 123, de 14 de dezembro de 2006 (BRASIL, 2006),

foi instituído o novo Estatuto Nacional das Microempresas (ME) e Empresas de Pequeno

Porte (EPP). Referida Lei Complementar traz legitimidade ao regramento previsto nos artigos

170 e 179 da Constituição Federal, que instituiu o tratamento diferenciado, simplificado e

favorecido para as ME e EPP.

O Estatuto Nacional das Microempresas e Empresas de Pequeno Porte, também

chamado de “Lei Geral”, tem a finalidade de aumentar a competitividade dos pequenos

negócios, por intermédio da redução da carga tributária, da simplificação e desburocratização

de procedimentos de inscrição e baixa de empresas, da criação de melhores condições para

acesso ao mercado, à inovação e tecnologia, ao crédito e à justiça.

Serão enquadradas como microempresas e empresas de pequeno porte (artigo 3º,

incisos I e II, da LC nº 123/2006) a sociedade empresária, a sociedade simples, a empresa

individual de responsabilidade limitada e o empresário a que se refere o art. 966 da Lei nº

10.406, de 10 de janeiro de 2002 (Código Civil), devidamente registrado no Registro de

Empresas Mercantis ou no Registro Civil de Pessoas Jurídicas, que aufira, em cada ano-

calendário, receita bruta igual ou inferior a R$ 360.000,00 (microempresas) ou superior a R$

360.000,00 e igual ou inferior a R$ 3.600.000,00 (empresas de pequeno porte).

A Lei Geral, então, criou um regime tributário diferenciado, simplificado e favorecido

para as microempresas e empresas de pequeno porte, que é o Simples Nacional (artigos 12 a

41 da LC nº 123/2006). É um regime opcional, isto é, a ME ou a EPP pode escolher entre a

tributação pelo regime simplificado – desde que preenchidos determinados requisitos como o

limite de receita bruta já comentado anteriormente e o tipo de atividade realizada, ou por

outros regimes, como o Lucro Real ou Lucro Presumido. Ressalta-se que a opção pelo

Simples Nacional será irretratável para todo o ano calendário.

Page 41: KYLDARE RODRIGUES MAIA EMPREENDEDORISMO E …

41

Nesse regime, impostos e contribuições federais, estaduais e municipais são unificados

e o seu pagamento é efetuado por meio de uma única guia de recolhimento, chamada DAS

(Documento de Arrecadação do Simples Nacional).

Na forma do artigo 13, incisos I a VIII, da LC nº 123/2006, os impostos e

contribuições abrangidos pelo Simples Nacional são os seguintes:

Art. 13. (...)

I - Imposto sobre a Renda da Pessoa Jurídica - IRPJ;

II - Imposto sobre Produtos Industrializados - IPI, observado o disposto no inciso

XII do § 1º deste artigo;

III - Contribuição Social sobre o Lucro Líquido - CSLL;

IV - Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - COFINS, observado

o disposto no inciso XII do § 1 deste artigo;

V - Contribuição para o PIS/PASEP, observado o disposto no inciso XII do § 1º

deste artigo;

VI - Contribuição Patronal Previdenciária – CPP para a Seguridade Social, a cargo

da pessoa jurídica, de que trata o art. 22 da Lei nº 8.212, de 24 de julho de

1991,exceto no caso da microempresa e da empresa de pequeno porte que se

dediquem às atividades de prestação de serviços referidas no § 5º-C do art. 18 desta

Lei Complementar;

VII - Imposto sobre Operações Relativas à Circulação de Mercadorias e Sobre

Prestações de Serviços de Transporte Interestadual e Intermunicipal e de

Comunicação - ICMS;

VIII - Imposto sobre Serviços de Qualquer Natureza – ISS.

Alguns anos após a criação da LC 123/06, especificamente dois anos, surgiu outra

possibilidade de negócio, esta, voltada para os trabalhadores que se encontravam na

informalidade e com poucas possibilidades financeiras de se constituir uma empresa bem

como mantê-la, e foi denominada de Microempreendedor Individual (MEI).

O MEI foi criado no Brasil para que esses trabalhadores informais estivessem dentro

da legalidade e, principalmente, para provar que o trabalho formal é muito mais rentável do

que trabalho informal. O MEI foi introduzido pela Lei Complementar 128/2008 e inserido na

Lei Geral da Micro e Pequena Empresa (Lei Complementar 123/06) que possibilita a

formalização de empreendedores por conta própria.

Os profissionais autônomos e os micro empresários podem optar por se legalizar

abrindo uma MEI por um sistema extremamente simplificado e com inúmeras vantagens. O

MEI trabalha por conta própria e se legaliza como pequeno empresário, desde que fature no

máximo 60 mil reais por ano, não tenha participação em outra empresa como sócio ou titular e

tenha no máximo um empregado contratado que receba o salário mínimo ou o piso da

categoria.

Page 42: KYLDARE RODRIGUES MAIA EMPREENDEDORISMO E …

42

Entre as vantagens oferecidas por essa lei está o registro no Cadastro Nacional de

Pessoas Jurídicas (CNPJ), o que facilita a abertura de conta bancária, o pedido de

empréstimos e a emissão de notas fiscais. Além disso, o MEI será enquadrado no Simples

Nacional e ficará isento dos tributos federais, como: Imposto de Renda, PIS, Cofins, IPI e

CSLL. Assim, pagará apenas o valor fixo mensal de R$ 45,00, se comércio ou indústria; R$

49,00, se prestação de serviços; ou, R$ 50,00, se for do ramo do comércio juntamente com a

prestação de serviços - que será destinado à Previdência Social e ao ICMS ou ao ISS. Essas

quantias serão atualizadas anualmente, de acordo com o salário mínimo. Com essas

contribuições, o Microempreendedor Individual tem acesso a benefícios como auxílio

maternidade, auxílio doença, aposentadoria, entre outros.

Outros benefícios que os microempreendedores individuais possuem são:

Quadro 3 – Benefícios dos optantes do MEI

Benefícios

Cobertura Previdenciária Cobertura Previdenciária para o empreendedor e sua família

(auxílio-doença, aposentadoria por idade, salário-maternidade

após carência, pensão e auxilio reclusão), com contribuição

mensal reduzida - 5% do salário mínimo, hoje R$ 44,00.

Menor custo Poder registrar até 1 empregado, com baixo custo - 3%

Previdência e 8% FGTS do salário mínimo por mês, valor total

de R$ 96,80. O empregado contribui com 8% do seu salário para

a Previdência.

Sem taxas de formalização Todo o processo de formalização é gratuito, ou seja, o

empreendedor se formaliza sem gastar um centavo.

Sem Burocracia Obrigação única por ano com declaração do faturamento.

Facilidade de acesso à bancos Com a formalização o Empreendedor terá condições de obter

crédito junto aos Bancos, principalmente Bancos Públicos como

Banco do Brasil, Caixa Econômica Federal e Banco do Nordeste.

Compras e Vendas em conjunto A Lei faculta a união de Microempreendedores Individuais com

vistas à formação de consórcios com o fim específico de realizar

compras. Essa medida permitirá aos empreendedores condições

mais vantajosas em preços e condições de pagamento das

mercadorias compradas uma vez que o volume comprado será

maior.

Page 43: KYLDARE RODRIGUES MAIA EMPREENDEDORISMO E …

43

Menor carga tributária Baixo custo para se formalizar, sendo valor fixo por mês de R$

44,00, para o INSS mais R$ 1,00, para as atividades de comércio

- ICMS e/ou R$ 5,00, para as atividades de serviços - ISS. O

valor pago ao INSS tem o objetivo de oferecer cobertura

Previdenciária ao Empreendedor e sua família a baixo custo.

Controles simplificados Além do custo reduzido, a formalização é rápida e simples, sem

burocracia. Após a formalização o empreendedor terá de fazer,

anualmente, uma única Declaração de faturamento, também de

forma fácil e simples através da Internet.

Emissão de Alvará pela internet Toda atividade comercial, industrial ou de serviço precisa de

autorização da Prefeitura para ser exercida. Para o

Microempreendedor Individual essa autorização (licença ou

alvará) será concedida de graça, sem o pagamento de qualquer

taxa, o mesmo acontecendo para o registro na Junta Comercial.

Negociação com o Governo O Governo é um grande comprador de mercadorias e serviços,

nas suas três esferas: Federal, Estadual e Municipal. Para vender

para o Governo é preciso estar formalizado.

Serviços Gratuitos O Microempreendedor Individual - MEI tem acesso a assessoria

contábil gratuita para a realização da inscrição e da opção ao

SIMEI e à primeira declaração anual simplificada da

microempresa individual (DASN - SIMEI), por meio de uma rede

de empresas contábeis optantes pelo Simples Nacional

Apoio Técnico do SEBRAE O SEBRAE orienta e assessora os empreendedores que assim o

desejarem. São cursos e planejamentos de negócios com vistas a

capacitação dos empreendedores.

Possibilidade de crescimento Com todo esse apoio e o fato de estarem no mercado de forma

legal, as chances de crescer e prosperar aumentam e o que hoje é

apenas um pequeno negócio amanhã poderá ser uma média e até

uma grande empresa.

Segurança Jurídica A formalização está amparada em Lei Complementar que impede

alterações por Medida Provisória e exige quorum qualificado no

Congresso Nacional.

Fonte: Elaborado a partir do Portal do Empreendedor

Contudo, apesar dos incentivos oferecidos, conforme Ferreira, Santos e Serra (2010) a

decisão de criar uma empresa é influenciada também por um vasto conjunto de fatores. Estes

podem estar relacionados com as condições nacionais ou com o ambiente onde os indivíduos

se encontram inseridos ou, ainda, com outros fatores inerentes ao indivíduo. Diante essa

Page 44: KYLDARE RODRIGUES MAIA EMPREENDEDORISMO E …

44

perspectiva, por meio dos clássicos e atuais artigos sobre empreendedorismo, autores

conseguiram chegar a variáveis relacionadas a fatores que influenciam o desenvolvimento do

empreendedorismo conforme representado na Tabela 5. As características pessoais

representam os aspectos individuais de cada pessoa como: criatividade, sexo, idade, dentre

outros. Já os fatores externos estão relacionados ao ambiente em que se está inserido e suas

peculiaridades.

De acordo com os autores, diversos fatores tem impacto no empreendedorismo, como:

liderança (KNIGTH, 1997), otimismo, intuição e criatividade (SHANE;

VENKATARAMAN, 2000; VIVARELLI et al. 2013), sexo (ACS et al. 2009; GEORGE et

al. 2015), proatividade (SHANE; VENKATARAMAN, 2000; ANTONCIC; HISRICH,

2001), idade (DAVIDSSON; HONIG, 2003; BOROZAN et al. 2014), networking

(DAVIDSSON; HONIG, 2003; De CLERQ et al. 2010), pesquisa e desenvolvimento

(KNIGHT, 1997), características do país como economia, política e cultura (AUDRETSCH;

THURIK, 2000; PIETROBELLI et al. 2004; TEECE, 2007; PUFFER et al. 2009; ACS et al.

2009; De CLERCQ, 2010; CARTER, 2011; NISSAN et al. 2012; VIVARELLI et al. 2013;

BOROZAN et al. 2014; GEORGE et al. 2015).

Tabela 5 – Fatores que influenciam o empreendedorismo.

Fatores que influenciam o

empreendedorismo

Literatura Pesquisada

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 Total

Ca

ract

erís

tica

s

pes

soa

is

Criatividade/Intuição • • 2

Sexo • • 2

Proatividade • • 2

Idade • • 2

Networking • • 2

Fa

tore

s ex

tern

os País • • • • • • • • 8

Renda per capita • • • 3

Educação • • 2

Inovação • • • • • 5

Risco/ Concessão de

Empréstimos

• • • • • 5

Fonte: Elaborada a partir de (1) (EVANS; LEIGHTON, 1989); (2) (SHANE; VENKATARAMAN; 2000); (3)

(ANTONCIC; HISRICH, 2001); (4) (AMIT; ZOTT, 2001); (5) (DAVIDSSON; HONIG, 2003); (6) (TEECE,

2007); (7) (ACS et al, 2009); (8) (DE CLERCQ et al.,2010); (9) (CARTER, 2011); (10) (IACOBUCCI;

MICOZZI, 2012); (11) (NISSAN et al.,2012); (12) (CHAKRABARTY; BASS, 2013); (13) (VIVARELLI et

al.,2013); (14) (BOROZAN et al.,2014); (15) (GEORGE et al.,2015).

Motivações, incentivos e fatores que influenciam o empreendedorismo, mas que

possuem seus percalços no meio do caminho. Por isso, no próximo tópico serão apresentados

Page 45: KYLDARE RODRIGUES MAIA EMPREENDEDORISMO E …

45

alguns dos constrangimentos que o empreendedor tem de ultrapassar para constituir um

negócio.

2.3 DIFICULDADES E OBSTÁCULOS

O Brasil, apesar de apresentar um grande número de empreendedores em relação à

outros países, ainda não tem a noção dos obstáculos que podem passar e que muitos vezes por

não possuir um adequado conhecimento ficam pelo meio do caminho apresentando, muitas

vezes, uma alta taxa de mortalidade, conforme demonstrado outrora.

A decisão de tocar o próprio negócio deve ser muito clara. De início, deve ser a

decisão principal. O possível empreendedor deve estar profundamente comprometido com

ela, para ir em frente, enfrentar todas as dificuldades que normalmente aparecem e derrubar os

obstáculos que certamente não faltarão.

Fazendo uma engenharia reversa, o primeiro passo é saber quais são as possíveis

causas de insucesso nos novos negócios, para que possam evitá-las ou neutralizá-las e, dessa

forma, impedir que venham a ter prejuízos futuros.

Conforme Chiavenato (2007), nos novos negócios a mortalidade prematura é

elevadíssima, pois os riscos são inúmeros e os perigos não faltam. Além disso, a falta de um

comprometimento educacional mais interativo e dinâmico para treinar os jovens

empreendedores para os possíveis riscos e perigos também auxilia no aumento dessa taxa.

Ferreira, Santos e Serra (2010) mencionam alguns fatores que condicionam o

empreendedorismo, nomeadamente a atitude face ao fracasso ou insucesso, pois grande parte

dos indivíduos realçam o receio de falhar e o insucesso como sendo entraves ao

empreendedorismo. Há uma diminuta capacidade de reagir e de usufruir de oportunidades de

negócios, sendo a dificuldade em conseguir financiamento o principal motivo. O

desconhecimento dos meios financeiros existentes e de acesso ao capital, a versatilidade das

políticas industriais, das estratégias de desenvolvimento nacional e dos programas de

incentivo, por parte do Governo, a oferta nas escolas do empreendedorismo como disciplina

curricular mas sem uma qualidade e dinâmica necessária e o diminuto progresso dos serviços

comerciais e profissionais, são outros tantos entraves.

Pode-se citar, além desses entraves, o desfavorável clima econômico, a aversão ao

risco e o medo de falhar como sendo obstáculos centrais entre a intenção e a ação de constituir

uma empresa.

Page 46: KYLDARE RODRIGUES MAIA EMPREENDEDORISMO E …

46

Segundo Ferreira, Santos e Serra (2010), para que haja uma sociedade mais

empreendedora, é necessário alterar a posição adotada por alguns indivíduos e instituições,

especificamente as escolas, as quais lá vão incluindo disciplinas de empreendedorismo nos

planos curriculares de diversos cursos e vão concebendo alternativas em áreas de

especialização, de graduação e pós-graduação, nas Unidades de Ensino à Distância e na oferta

de cursos de empreendedorismo.

Ao reconhecer que as competências empreendedoras podem ser estimuladas através da

educação, torna-se pertinente ressalvar, de seguida, a importância que o ensino e a educação

têm na promoção do empreendedorismo.

Page 47: KYLDARE RODRIGUES MAIA EMPREENDEDORISMO E …

47

CAPÍTULO 3 – EDUCAÇÃO EMPREENDEDORA

Diante o vasto número de empreendedores no Brasil, grande parte não possui a devida

qualificação para permanecer no mercado. Para conseguir superar as dificuldades e a grande

competitividade existente se faz necessário uma base mais sólida quanto aos conhecimentos

sobre o empreendedorismo. Dessa forma, fica evidente que o sistema educativo brasileiro tem

de comportar alterações, para que os empreendedores consigam se preparar suficientemente a

ponto de se manter no mercado permanentemente, superando a crise que está se instalando em

nosso país e diminuir, provavelmente, a crescente taxa de desemprego.

3.1 A IMPORTÂNCIA NO DESENVOLVIMENTO DO EMPREENDEDORISMO.

O empreendedorismo é uma alternativa ao trabalho assalariado e constitui um meio

para os indivíduos concretizarem alguns dos seus desejos. Desta forma, é necessário investir

na formação de empreendedores, para que assim estes obtenham competências que lhes

possibilitem criar valor, seja para si, seja para outros indivíduos (FERREIRA; SANTOS;

SERRA, 2010)

Segundo Bucha (2009), reconhece-se a importância que a educação para o

empreendedorismo tem na construção de sociedades mais fortes e flexíveis. Por isso, é

indispensável que o Brasil insira mais fortemente o ensino desta temática no seu sistema

educativo e melhore a relação das escolas com o tecido empresarial. Compete à escola

impulsionar atitudes empreendedoras junto dos jovens, sendo esta uma dimensão crítica na

educação das novas gerações e do progresso (PEREIRA; FERREIRA; FIGUEIREDO, 2007).

As competências empreendedoras devem ser obtidas na aprendizagem ao longo da

vida, ou seja, devem começar desde o primeiro ciclo do ensino básico até à universidade,

inserindo-se também nos institutos técnicos de nível superior. Assim, para se conseguir obter

uma base mais sólida na educação para o empreendedorismo é necessário inserir nos

currículos acadêmicos objetivos específicos e orientações para a sua aplicação prática.

Já existem disciplinas, especialmente no ensino superior, que podem ser aproveitadas

pelas escolas e pelos docentes para a aprendizagem desta temática. No entanto, o ensino do

empreendedorismo, na maior parte das situações, é efetuado através da realização de

atividades extracurriculares, de uma forma somente expositiva ou diversas vezes muito

superficial.

Page 48: KYLDARE RODRIGUES MAIA EMPREENDEDORISMO E …

48

Neste âmbito, é imprescindível uma maior sensibilização para os benefícios da

aprendizagem de conceitos base sobre o empreendedorismo para toda a sociedade em geral e

também para os alunos que se encontram nos primeiros anos de escolaridade (COMISSÃO

DAS COMUNIDADES EUROPEIAS, 2006). Conforme Duarte e Esperança (2012), os

sistemas de educação no passado não se guiavam com o objetivo de estimular o

desenvolvimento de competências empreendedoras ou o trabalho por conta própria.

Entretanto, esta situação tem sofrido mutações.

Nos últimos anos no Brasil houve uma maior sensibilização para a necessidade de

incrementar iniciativas que fomentem a cultura empreendedora, o estímulo da tomada de

risco, da criatividade e da inovação. Deve-se ainda encarar o espírito empreendedor como um

motor para o desenvolvimento.

Desta forma, é fundamental transformar a escola onde se ensina num espaço onde se

aprende. Em relação ao conhecimento, deseja-se que este não seja imposto de uma forma

unilateral. Espera-se, assim, que o ensino tradicional não seja apenas elucidado num método

expositivo, mas que passe a orientar-se por um método dinâmico e evolutivo, uma vez que se

pretendem alunos empreendedores, e isso só é possível se o ensino tradicional for substituído

por um ensino empreendedor.

Faz-se necessário, também, um auxílio por parte de empresas e governo para que,

juntamente com as escolas ou universidades, possam direcionar esse junção de forças para

ambientes onde possam ser realizadas atividades dinâmicas e motivadoras a ponto de preparar

os jovens fortemente para o mercado de trabalho sem medo de correr riscos e preparados para

atingir níveis de inovação e administração suficientes para consolidar seu futuro

empreendimento.

Sob essa ótica de ajuda mútua entre as partes envolvidas, evidencia-se a tripla hélice,

também conhecida como triple helix.

3.1.1 Triple Helix

O processo de inovação é complexo e varia, não sendo, em geral, representado

exatamente como ocorre (ROGERS, 2003); tradicionalmente é representado de forma linear,

da universidade para a empresa (WESTHEAD; STOREY, 1995). Entretanto, o processo de

inovação pode ser “visto como um fenômeno sistêmico e irreversível, durante o qual o

Page 49: KYLDARE RODRIGUES MAIA EMPREENDEDORISMO E …

49

ambiente formata a empresa inovadora, assim como a empresa formata seu ambiente, não

como um projeto isolado de inovação” (AUTIO, 1997, p. 264).

Assim, a inovação não é percebida necessariamente como um processo linear, mas

como o resultado de uma complexa interação entre vários atores e instituições. Estes atores e

instituições e suas interconexões constituem um sistema de agentes fortemente

interdependentes. De acordo com a OECD (1999, p. 11):

Dentro de um sistema de inovação, ou de uma rede de inovação, vários tipos de

transformação de conhecimento podem estar acontecendo em qualquer ponto do

tempo. Ao invés de ocorrerem sequencialmente, esses processos podem acontecer

em paralelo. Os processos podem ter lugar entre diferentes atores ligados dentro do

sistema, e eles também podem ter lugar dentro dos atores, especialmente dentro de

grandes empresas [...]. Isto está em contraste com a visão sequencial do processo de

inovação tecnológica, uma visão que se reflete na visão linear do processo de spin-

off de novas empresas baseadas em tecnologia.

Essa interação entre atores é reforçada por Etzkowitz (2003, p. 299), na conceituação

do próprio termo inovação, que “mais do que o desenvolvimento de novos produtos nas

empresas, é também a criação de novos arranjos entre as esferas institucionais que propicia as

condições para a inovação”. Assim sendo, destaca-se a cooperação tecnológica Universidade-

Empresas como uma forma de gerar inovação.

Essa cooperação é um tema que tem sido abordado e muito discutido. Com o passar do

tempo e o aumento da completude do conhecimento, na medida em que este vai sendo

construído, novas abordagens surgem para questões que ainda persistem no contexto atual.

Pode-se mencionar o trabalho de Jorge Sábato como um dos primeiros sobre a temática, da

importância e da forma como deveriam ocorrer os processos de cooperação U-E,

especificamente, para a América Latina. Seu artigo trabalhou a visão de três instituições

sociais: o governo, as empresas e a universidade, como três elementos que deveriam interagir

para o desenvolvimento tecnológico.

Com base no triângulo de Sábato, verificam-se três tipos de relações: intrarrelações,

que são as que ocorrem entre os componentes de cada vértice; inter-relações, que são as que

se estabelecem deliberadamente entre pares de vértices; e extrarrelações, que são as que se

criam entre uma sociedade, na qual funciona o triângulo das relações, e o exterior (PLONSKI,

1994).

As inter-relações que acontecem horizontalmente, na base do triângulo, são de mais

difícil estabelecimento (PLONSKI, 1994). Essas relações, denominadas aqui especificamente

de cooperação tecnológica U-E, são caracterizadas por Plonski (1994, p. 364) como:

Page 50: KYLDARE RODRIGUES MAIA EMPREENDEDORISMO E …

50

[...] modelo de arranjo interinstitucional entre organizações que têm natureza

fundamentalmente distinta. Esse arranjo pode ter finalidades variadas – desde

interações tênues, como no oferecimento de estágios profissionalizantes, até

vínculos extensos e intensos, como nos grandes programas de pesquisa cooperativa

– e formatos bastante diversos.

Apesar da validade das proposições acerca do conceito de cooperação U-E, à época,

ele tem sido atualizado a partir de recentes perspectivas, principalmente sob a ótica do estudo

de Etzkowitz (1998), que têm como um de seus diferenciais a percepção de uma maior

aproximação entre os objetivos e posicionamentos distintos de universidade e empresa,

atenuando os reflexos da “natureza distinta” comentada por Plonski (1994). Nesse sentido,

Sutz (1997, p. 12) declara que:

de fato, [...] não é apenas o contato direto entre os mundos acadêmico e

empreendedor [que] aumentou, mas tal contato está cada vez mais e mais se

parecendo um diálogo entre parceiros iguais. Isso não é como há pouco tempo atrás:

os interesses, objetivos e estilos dos dois mundos eram distintamente diferenciados,

e aquelas diferenças eram vistas como legitimadas. Hoje em dia as universidades são

mais e mais consideradas tanto por empresas quanto por governos como instituições

que seriam devotadas para o “bem nacional” da competitividade econômica do que

ao “bem universal” do conhecimento. Na extensão que essa perspectiva vai sendo

socialmente aceita, os limites entre academia e indústria se tornam apagados.

Assim sendo, diferentes formas de cooperação U-E são abarcadas dentro do

denominado modelo de “tripla hélice”, o qual “funciona como um modelo analítico que

adiciona à descrição de uma variedade de arranjos institucionais e modelos de política uma

explicação de sua dinâmica” (ETZKOWITZ; LEYDESDORFF, 2000).

Etzkowitz e Leydesdorff (2000) apresentam uma visão da evolução dos sistemas de

inovação e os conflitos potenciais nas relações entre a Universidade e as empresas, abordando

as variações nos arranjos institucionais nas relações Universidade-Empresa-Governo (U-E-G).

A Figura 6 apresenta o modelo estadista de relação U-E-G, onde o governo se envolve e

dirige as relações entre as empresas e a Universidade.

Figura 6 – Modelo estadista da relação UEG

Page 51: KYLDARE RODRIGUES MAIA EMPREENDEDORISMO E …

51

Fonte: Etzkowitz e Leydesdorff (2000)

A Figura 7 apresenta o modelo “laissez-faire” de relação UEG, onde há a clara

separação institucional entre as esferas, com forte delimitação de cada uma, no entanto,

estando o governo no vértice superior do triângulo, ele mantém o papel de incentivador da

relação, o que possibilita sua atuação como direcionador do desenvolvimento. Esse modelo

também pode ser visto como a tripla hélice II, chamado, como mencionado anteriormente de

modelo laissez-faire de relação universidade-empresa-governo devido à separação feita entre

as esferas.

Figura 7 – Modelo “Laissez-Faire” da relação UEG

Fonte: Etzkowitz e Leydesdorff (2000)

A Figura 8 apresenta o modelo da tripla hélice, que gera uma infraestrutura de

conhecimento em termos de sobrepor à ação dos atores e, nesta intersecção, estabelecer as

condições de desenvolvimento de uma relação verdadeiramente produtiva. O objetivo é

desenvolver um ambiente propício à inovação, envolvendo empresas surgidas de spin-off

acadêmico, iniciativas trilaterais de desenvolvimento econômico e social, alianças estratégicas

entre empresas, laboratórios de pesquisa acadêmicos e governamentais atuando em conjunto,

etc. O papel do governo passa a ser o de articular e estimular estas parcerias e não de controlar

as relações. No espaço de inter-relações entre os três atores surge um ambiente de rede

trilateral e de organizações híbridas.

Figura 8 – Modelo tripla hélice da relação UEG

Page 52: KYLDARE RODRIGUES MAIA EMPREENDEDORISMO E …

52

Fonte: Etzkowitz e Leydesdorff (2000)

Além de se constituir em um modelo de relações entre U-E-G, o Modelo da Tripla

Hélice envolve também uma nova visão dos atores envolvidos. A Universidade transforma-se

de uma instituição centrada basicamente no ensino, em uma instituição que combina seus

recursos e potenciais na área de pesquisa com uma nova missão, voltada ao desenvolvimento

econômico e social da sociedade onde atua, estimulando o surgimento de ambientes de

inovação e disseminando uma cultura empreendedora. Neste sentido, as Universidades

passam a vivenciar uma tensão entre seu papel na sociedade enquanto uma instituição que

apresenta uma tripla missão: ensino, pesquisa e desenvolvimento econômico e social.

Existem, segundo Audy e Morosini (2006), quatro processos relacionados com as

mudanças baseadas no conhecimento que o Modelo da Tripla Hélice identifica:

mudanças internas em cada hélice, tais como o desenvolvimento de

estratégias de alianças entre empresas concorrentes (cooperação) e a incorporação

do desenvolvimento econômico e social como missão da Universidade e o papel de

articulador (e não de dirigente e controlador da relação) do Governo;

reconhecimento da influência de cada ator nas ações dos demais, tais como as

legislações governamentais nas áreas de propriedade intelectual, transferência de

tecnologia e inovação (Lei Bayh-Dole nos Estados Unidos e Lei da Inovação no

Brasil);

criação de novas formas de relacionamento entre os atores, redes de

cooperação, alianças estratégicas e outras formas de cooperação que visam estimular

a criatividade e a coesão regional (Joint Venture Silicon Valley nos Estados Unidos,

Knowledge Circle em Amsterdã e Projeto Porto Alegre Tecnopole no Brasil), bem

Page 53: KYLDARE RODRIGUES MAIA EMPREENDEDORISMO E …

53

como criação de ambientes de inovação (Parques Científicos e Tecnológicos,

Incubadoras de Empresas);

efeito recursivo gerado pelas redes de relações interinstitucionais que

representam a academia, as empresas e os governos, ampliando suas ação junto à

sociedade.

Ao ter em consideração a importância da educação para o empreendedorismo, bem

como das interações entre empresas, universidades e governo, destina-se o ponto seguinte à

evolução histórica da educação para o empreendedorismo no ensino superior.

3.2 EVOLUÇÃO DA EDUCAÇÃO PARA O EMPREENDEDORISMO NO ENSINO

SUPERIOR

As universidades pioneiras na educação para o empreendedorismo foram as

americanas, tendo sido, em 1947, a Harvard Business School a primeira instituição a ter um

curso sobre empreendedorismo (VOLKMAN, 2004). Porém, a educação para o

empreendedorismo no ensino superior é um fenômeno recente, tendo, em 1949, surgido o

primeiro jornal sobre empreendedorismo, o Explorations in Entrepreneurial History (KATZ,

2003).

Volkmann (2004) afirma que, até 1970, foram poucas as universidades americanas que

tinham cursos nesta área, mas, a partir deste período, surgiu um aumento destes cursos,

embora, na sua maioria, fossem na área da gestão. Posteriormente, apareceram em outras

áreas, mais precisamente nas ciências e engenharias. Lewrick, Omar, Raeside e Sailer (2010),

corroboram e afirmam que desde a década de 1970 têm surgido muitas escolas de negócios e

universidades que oferecem formação acerca do empreendedorismo e até há percursos

acadêmicos inteiros nesta área, pois considera-se que o empreendedorismo pode ser

aprendido, tal como as facetas de um indivíduo empreendedor. Por sua vez, Boyles (2012)

constatou que o número de cursos de empreendedorismo nas instituições de ensino superior

cresceu de apenas alguns cursos na década de 1970 para mais de 1600 cursos em 2005.

Para Anderson e Jack (2008), a procura do empreendedorismo na educação iniciou-se

em 1980 e 1990. Neste período, o número de cursos disponíveis também aumentou. Em 1999

existiam, pelo menos, 2200 cursos em 1600 faculdades e universidades nos EUA, tendo estes

sido apoiados por 44 jornais de língua inglesa e por mais de 100 centros de

empreendedorismo (KATZ, 2003). Volkmann (2004) menciona, ainda, que no final de 2002,

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54

as universidades e as escolas de gestão ofereciam mais de 700 programas de

empreendedorismo. Contudo, Brush, Duhaime, Gartner e Stewart (2003) constatam que o

número de programas de doutoramento nesta área ainda é muito reduzido.

Apesar da educação para o empreendedorismo se ter iniciado nos EUA,

posteriormente estendeu-se por toda a Europa, nomeadamente Reino Unido, Países Baixos,

Bélgica e Alemanha. Deste modo, o empreendedorismo no início do século XXI tornou-se

uma disciplina acadêmica de extremo relevo nas universidades, quer nos EUA ou na Europa

(VOLKMANN, 2004).

Para Martin, McNally e Kay (2012) a educação para o empreendedorismo está a ser

alvo de um rápido crescimento nas universidades de todo o mundo. Os governos estão a

realizar grandes investimentos para os futuros empreendedores e também para as pequenas

empresas já constituídas. Entretanto, a educação para o empreendedorismo ainda é pouco

reconhecida, sobretudo pelo fato de que não se lhe reconhece que ajuda a criar mais e

melhores empreendedores.

Gerba (2012) vislumbra a educação para o empreendedorismo como um programa

educacional que tem como objetivo dotar os alunos de conhecimentos, habilidades e

motivações com vista a impulsionar o sucesso empresarial. É ainda um meio de desenvolver

as intenções empreendedoras, pois incute nos alunos o interesse em enveredarem pelo

empreendedorismo. A educação para o empreendedorismo ganhou uma maior importância

devido o estímulo ao desenvolvimento empresarial e, consequentemente, contribuição para o

crescimento e desenvolvimento econômico.

Conforme Curth (2011), habilidades, conhecimentos e atitudes emocionais ou

comportamentais ligados ao empreendedorismo podem ser promovidas e alimentadas através

de processos de aprendizagem, bem como através de outros processos. Atitudes como ser

visionário, apaixonado ou imaginativo também são dependentes de outros fatores contextuais,

que são muitas vezes ligados a um indivíduo que possuiu histórico ou experiências vividas

com o empreendedorismo, seja na família, por meio de amigos, ou outras situações

Com base nas várias abordagens teóricas para o empreendedorismo é possível

identificar um conjunto de conhecimentos, habilidades e atitudes que são frequentemente

associados com o comportamento empreendedor ou pessoas empreendedoras, e que devem

ser estimuladas nas instituições de ensino a fim de contribuir para o desenvolvimentos de seus

estudantes, conforme Tabela 6.

Page 55: KYLDARE RODRIGUES MAIA EMPREENDEDORISMO E …

55

Tabela 6 – Conhecimentos, habilidades, comportamentos e atitutes empreendedoras.

Conhecimentos e Habilidades Comportamentos e Atitudes

▪ Capacidade de organizar um novo

negócio;

▪ A criatividade / inovação;

▪ Capacidade de tomar decisões e

desenvolver estratégias;

▪ Sentido de iniciativa;

▪ Capacidade de encontrar recursos; ▪ Pró-atividade;

▪ Amplo entendimento do

funcionamento da economia e as

oportunidades e desafios de frente para

um empregador ou organização;

▪ Independência;

▪ Capacidade de identificar e aproveitar

as oportunidades disponíveis para

atividades pessoais, profissionais e / ou

empresariais;

▪ Assumir riscos;

▪ Consciência de valores e de promoção

da boa governação éticas;

▪ Convincente / persuasiva;

▪ Capacidade de trabalhar tanto como

um indivíduo e colaboração em equipe;

▪ Desejo de independência;

▪ Capacidade de julgar e identificar

pontos fortes e fracos;

▪ A motivação e determinação para cumprir

objetivos;

▪ Capacidade para avaliar e assumir

riscos quando tal se justifique;

▪ Necessidade de realização;

▪ Habilidades de possuir um

networking;

▪ Coragem;

▪ Habilidades de gerenciamento de

projetos Proactive;

▪ Disposição para enfrentar a incerteza;

▪ Competências de representação e

negociação eficaz.

▪ Mente aberta a oportunidades ou soluções;

▪ Assertividade;

▪ Paixão;

▪ Visão.

Fonte: Elaborada a partir de Curth (2011).

Estes conhecimentos, habilidades e atitudes podem e devem ser incentivados no

âmbito da educação e formação. Eles podem também ser alcançado através de outros meios

(atividades de lazer, participação no desporto, o ambiente familiar, etc.). Há pouco consenso

sobre como certas habilidades, conhecimentos e atitudes são adquiridos. No entanto, a idéia

por trás de educação para o empreendedorismo é que a educação e a formação têm um papel a

desempenhar no reforço e incentivar essas habilidades e atitudes e fornecendo o

conhecimento relacionado (CURTH, 2011).

Hytti e O’Gorman (2004) destacam que muitas questões permanecem em aberto em

relação à definição de educação empreendedora, os seus objetivos e o que pode ser alcançado

Page 56: KYLDARE RODRIGUES MAIA EMPREENDEDORISMO E …

56

por meio dela. Pesquisas recentes sobre educação para o empreendedorismo visa destrinchar

educação para o empreendedorismo da área de negócios, conduzindo assim a um

enriquecimento do conceito.

As abordagens para a educação para o empreendedorismo desenvolvidas por

estudiosos como Kyrö (1997), Hytti (2002) e Gibb (2005) ajudaram a melhorar a

conceituação da educação para o empreendedorismo e abriram novos caminhos para a

investigação, especificamente no domínio da pedagogia educativa para o empreendedorismo.

Elucidações estas demonstradas por meio da Tabela 7.

Tabela 7 – Principais abordagens para o ensino do empreendedorismo na literatura existente.

Fonte Definição/Entendimento Comentário sobre

definição/

Abordagem

Conhecimentos e

Habilidades

associadas

Comportamentos

Associados/Atitutes

Efetivas

Kyrö

(1997)

ofertas de educação para o

empreendedorismo com

três componentes

principais:

1) empreendedorismo auto-

orientado, ou seja, refere-se

a um comportamento auto-

orientada de um indivíduo

e seu desenvolvimento

pessoal

2) empreendedorismo

interno, ou seja, o

comportamento

empreendedor e

empreendedora do

indivíduo

3) empreendedorismo

externo, ou seja, fazer

negócios, a partir de uma

empresa.

Educação para o

empreendedorismo

é abordado no nível

individual e os

diferentes contextos

em que esta evolui.

Competências

relacionadas com a

auto-orientado

empreendedorismo:

auto-conhecimento, a

criatividade, a

responsabilidade pela

aprendizagem.

Competências

relacionadas com o

empreendedorismo

interno: a cooperação e

interação.

Habilidades

relacionadas ao

empreendedorismo

interno: inovadora,

gerando idéias de

negócios.

Motivação, auto-

confiança, vontade de

cooperar, consciência

geral de

empreendedores e

empreendedorismo,

atitude positiva para

negócios e

empreendedorismo, e

atitude positiva em

relação à mudança.

Hytti

(2002)

A educação para o

empreendedorismo é

definido em termos de

objetivos, que são:

a) aprender a compreender

o empreendedorismo;

b) aprender a se tornar

empreendedor; e,

c) aprender a criar um

empreendimento.

A Educação para o

empreendedorismo

é entendida de

acordo com os seus

objetivos.

Conhecimento: o

conhecimento do

mundo da economia e

negócios, o

conhecimento do que é

um empresário e

empreendedores "papel

na economia e na

sociedade, como iniciar

um negócio, como

administrar um negócio.

Habilidades: assumir a

responsabilidade para a

aprendizagem de uma

carreira e vida.

Motivação, auto-

subsistência, espírito

de iniciativa, a

consciência de

empreendedores e

empreendedorismo,

atitude positiva para

negócios e

empreendedorismo, e

atitude positiva em

relação à mudança

(organizacional)

Page 57: KYLDARE RODRIGUES MAIA EMPREENDEDORISMO E …

57

Gibb

(2005)

A educação para o

empreendedorismo é sobre

a aprendizagem para o

empreendedorismo,

aprender sobre

empreendedorismo e

aprendizagem através do

empreendedorismo

A abordagem de

Gibbs para a

educação

empreendedora

baseia-se tanto no

conteúdo da

educação para o

empreendedorismo

como no seu

método de entrega.

Habilidades: cumprimento de metas,

criatividade, capacidade

de descobrir as

oportunidades

existentes.

Curiosidade,

responsabilidade

individual, a

resiliência, o

empreendedorismo

considerado como

uma escolha natural e

positiva para a

carreira.

Fonte: Elaborada a parti de Kyro (1997); Hytti (2002) e Gibb (2005).

Não obstante estas diferentes abordagens para o ensino do empreendedorismo, parece

que a maioria dos autores tendem a chegar ao acordo sobre os objetivos da educação para o

empreendedorismo. Em geral, conforme Curth (2011, p 14), educação para o

empreendedorismo tem três objetivos:

Equipar indivíduos com as habilidades necessárias, conhecimentos e atitudes que lhes

permitam assumir a responsabilidade da sua própria aprendizagem, carreira e vida.

Isso inclui habilidades tais como a responsabilidade pela aprendizagem, auto-

consciência e atitudes como a auto-subsistência, motivação, auto-confiança e

responsabilidade individual;

Aumento de indivíduos com a "consciência e alerta para o mundo exterior, a

economia, as oportunidades e mudanças em geral. Este objetivo implica na aquisição

de conhecimentos (por exemplo, o conhecimento do mundo da economia e negócios) e

atitudes específicas (por exemplo, a consciencialização e atitude positiva em relação

ao empreendedorismo e à mudança em geral);

Estimular e apoiar o comportamento empresarial e empreendedor e, portanto, a

inovação. Isto implica habilidades (por exemplo, a criatividade e a inovação, a

capacidade de descobrir as oportunidades existentes, a cooperação), conhecimento

(por exemplo, iniciar e gerir um negócio), bem como atitudes (por exemplo espírito de

iniciativa).

Várias habilidades e atitudes abordadas pela educação para o empreendedorismo não

são específicos de educação para o empreendedorismo sozinho, mas são desenvolvidas

através de muitos outros meios, inclusive através de uma série de atividades de educação e

formação que não têm de ser rotulados como educação para o empreendedorismo. A distinção

entre os objetivos da educação para o empreendedorismo e os de outros tipos de educação

podem, portanto, ser difíceis em certos contextos educativos.

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58

Da mesma forma, certos tipos de educação, embora não chamados de educação para o

empreendedorismo, podem de fato constituir um tipo de educação para o empreendedorismo,

uma vez que visam promover habilidades e atitudes ligadas à educação para o

empreendedorismo.

Dada a ampla gama de habilidades, conhecimentos e atitudes abordados pelo educação

para o empreendedorismo, é imprescindível que a educação empreenderora seja incorporada

em uma forma coerente e global no currículo nacional.

O número de países europeus que reconheceram a educação para o empreendedorismo

como um objetivo de seus sistemas de ensino, como por exemplo Espanha, Finlândia, Chipre,

Irlanda, Reino Unido; e explicitamente a busca pela incorporaração em seus currículos de

quadro nacional cresceu significativamente ao longo dos anos (CURTH, 2011).

Um relatório emitido pela Comissão Europeia de 2009, sobre o progresso em relação

aos objetivos de Lisboa em relação a Educação e Formação em nível nacional e europeu

destacou que a maioria dos países têm feito progressos substanciais nos últimos anos na

promoção da dimensão empresarial do "espírito de iniciativa e empreendedorismo".

A implementação bem sucedida de educação para o empreendedorismo também

depende das pedagogias utilizadas na sala de aula. Como demonstrado por Gibb (2005),

educação para o empreendedorismo requer que a ênfase seja colocada em pedagogias que

permitam aos alunos experimentar e sentir o conceito. A fim de fazer isso, o contexto de

aprendizagem deve ser adequada.

Em particular, um contexto de aprendizagem adequado para a educação empresarial é

definida por Gibb (2005) da seguinte forma: o ambiente de aprendizagem é controlado e os

alunos não se sentem inseguros durante os processos de aprendizagem. Ao mesmo tempo, o

processo de aprendizagem é flexível, interativo, com base no desenvolvimento do

conhecimento multidimensional e os erros são considerados como parte do processo de

aprendizagem.

No que diz respeito aos métodos pedagógicos, Seikkula-Leino (2007) identificou

vários métodos pedagógicos para a educação empresarial. Estes são: aprendizagem

cooperativa, a aprendizagem baseada em problemas, trabalhos em grupo e de pares, trabalhos

de projeto, aprender praticando, bem como aulas individuais, miniempresas ou empresas jr.,

visitas de estudo, visitas de campo, entre outros. O Quadro 4 demonstra os métodos de

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59

trabalho da educação para o empreendedorismo e como estes se relacionam com as

habilidades, conhecimentos e atitudes dirigidas pela educação para o empreendedorismo.

Quadro 4 - Habilidades, conhecimentos e atitudes de educação para o empreendedorismo.

Fonte: Elaboração Própria.

Como demonstrado no Quadro 4 , alguns métodos de trabalho são especialmente

adequadas para apoiar a aquisição de determinadas habilidades e conhecimentos (por

exemplo, miniempresas e visitas de campo para conhecimento relacionado empreendedorismo

e habilidades ), enquanto que outros métodos de trabalho podem ser igualmente aplicados à

aquisição de vários tipos de competências e atitudes (por exemplo, aprender praticando ,

trabalho de projeto, aprendizagem baseada em problemas ) .

Dada a ampla gama de habilidades, conhecimentos e atitudes que a educação

empreendedora visa promover se faz necessário e é crucial que uma combinação de métodos

de trabalho deva ser usado em sala de aula. Ao mover a partir da teoria da educação para o

empreendedorismo para a sua implementação em sala de aula, nota-se que os métodos de

trabalho utilizados pelos professores, bem como o ambiente escolar nem sempre são propícios

para a implementação bem sucedida de educação para o empreendedorismo (CURTH,2011).

Seikkula-Leino, Ruskovaara, Ikävalko, Mattila e Rytkölä (2009) mostram, por

exemplo, que na Finlândia, onde o ensino do empreendedorismo faz parte do currículo e é

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60

geralmente bem desenvolvido, os professores tendem a usar vários métodos de trabalho. Em

seu estudo piloto, os pesquisadores finlandeses mostram que os professores usam

principalmente os seguintes métodos:

As discussões em sala de aula: falando sobre empreendedorismo parece ser a maneira

mais fácil para os professores de promover a educação para o empreendedorismo.

Quase todos os professores relataram ter utilizado este método. Além disso, este

método é muito utilizado;

Facilitar projetos dos alunos nas escolas: cerca de dois terços dos professores

participaram nestes projetos, no entanto, este método é usado com menos frequência

devido aos recursos extras necessários para executá-los;

Viagens de estudo ou visitas técnicas também são usadas por cerca de metade dos

professores pesquisados, no entanto, numa base menos frequente;

Trabalhando em pares, trabalhos em grupo, os métodos cooperativos, "aprender

praticando" e o uso de simulação do mundo real e resolução criativa de

problemas técnicas também são muito populares e usado regularmente pelos

professores.

Tabela 8 – Métodos de trabalho de educação utilizados pelos professores finlandeses

Atividades em Sala

Métodos frequentemente usados Métodos complementarmente usados

▪ As conversas ou discussões sobre

empreendedorismo, notícias

econômicas.

▪ Ajudar estudantes a criar um planos de

negócios

▪ Histórias do empreendedorismo com

material de ensino

▪ Apresentações de empresários ou envolvidos no

cenário externo que tenham relação com

empreendedorismo

▪ Orientar os estudantes sobre como

gerir o seu dinheiro

▪ Organização de cursos sobre

empreendedorismo

▪ Incentivar os alunos a escrever

artigos ou ensaios sobre

empreendedorismo

▪ O uso de jogos de empreendedorismo,

principalmente simulações.

Fora da Sala de Aula ▪ Participar de palestras voltadas ao

empreendedorismo

▪ Organizar visitas em empresas

▪ Realizar projetos de empreendedorismo

▪ Engajar os estudante em processos de

desenvolvimento de produtos

▪ Motivar os estudantes a realizarem orçamentos

e praticarem atividades voltadas à vendas;

▪ Incentivar e mostrar meios de como os

estudantes abrirem suas próprias empresas

▪ Capacitar os estudantes a realizarem atividades

relacionadas a marketing e entre outras.

Fonte: Elaborada a partir de Ruskovaara, E., Pihkala, T., Rytkölä (2009 apud Curch 2011).

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61

Neste âmbito, Matlay (2006) afirma que a educação para o empreendedorismo se

encontra no topo da agenda política e também constitui um item prioritário em todos os países

industrialmente desenvolvidos e em desenvolvimento. Por sua vez, Ramayah, Ahmad e Fei

(2012) referem que o ensino do empreendedorismo é mais do que a mera constituição de uma

nova empresa. Pois é o empreendedorismo que torna imprescindível que o indivíduo aprenda

a ser inovador, que tenha facilidade para mudar e capacidade para inteirar experiências,

habilidades e conhecimentos que lhe permitam criar, inovar e avaliar as oportunidades

empresariais.

A Comissão das Comunidades Europeias (2006) acrescenta que os benefícios da

educação para o empreendedorismo não se limitam à constituição de start-ups, ao lançamento

de projetos inovadores e à formação de novos empregos. Desta forma, salienta que o

empreendedorismo é uma importante competência para os alunos, na medida em que os

auxilia a terem uma maior criatividade e autoconfiança em todas as atividades que executam,

levando-os também a atuarem de uma forma socialmente responsável. O'Connor (2012, p. 8)

salienta que:

O propósito da educação para o empreendedorismo passa por preparar os alunos

para iniciar, possuir e gerir um determinado negócio. Deve também fornecer

aptidões de trabalho e introduzir os alunos no mundo empresarial. Porém, um nível

mais elevado de educação geral é mais importante do que a educação para o

empreendedorismo, em relação ao início e ao desenvolvimento de um negócio. A

educação para o empreendedorismo é inconsistente, quanto à sua abordagem de

conteúdo e pedagogia. A abordagem que efetua parece evitar lidar diretamente com

a preparação de indivíduos que, de alguma forma, contribuirão para os resultados

econômicos. Contudo, há quem defenda a importância do empreendedorismo para o

crescimento e desenvolvimento da sociedade. Desta forma, demonstra-se a

diversidade de contributos para o empreendedorismo quando se tem em

consideração os objetivos econômicos.

Gibb (2002), por sua vez, defende que a educação para o empreendedorismo deve

saber lidar com a complexidade e incerteza e, por sua vez, os programas de educação devem

ser incorporados num quadro de globalização e num contexto adequado.

Para além de aprender numa sala de aula, para Lewrick, Omar, Raeside e Sailer (2010)

há outras alternativas na educação para o empreendedorismo, como por exemplo: simulações

em computador, competições virtuais de start-up, competições reais de planos de negócios,

workshops empresariais, debate e troca de conhecimentos com empreendedores, experiência

de trabalho e estágio nas atividades iniciais de uma empresa, sejam de quadros inferiores ou

intermediários. Já para Dominguinhos e Carvalho (2009), os principais conteúdos dos

programas são lecionados na sala de aula, sendo completados por oficinas onde se encontram

Page 62: KYLDARE RODRIGUES MAIA EMPREENDEDORISMO E …

62

presentes empreendedores e outros indivíduos relacionados com o processo empreendedor, os

quais partilham as suas experiências e fomentam posteriormente o debate com os alunos.

Pereira, Ferreira e Figueiredo (2007) acrescentam que na educação para o

empreendedorismo se utilizam abordagens metodológicas participativas e se insere o espírito

empreendedor no processo de aprendizagem. A educação para o empreendedorismo é uma

educação transversal para a vida, é centrada na ação, focaliza-se no processo e nos resultados,

é coerente e constante, integra-se multidisciplinarmente, é contextualizada e é criada pelos

alunos.

Para a Comissão das Comunidades Europeias (2006), nem todos os indivíduos que

obtêm competências empreendedoras decidem enveredar pelo empreendedorismo no futuro.

Porém, quando se trata de sucesso das start-ups e do emprego por conta própria verifica-se

que estas, muitas vezes, são verificadas quando o aluno frequentou aulas sobre

empreendedorismo.

Desta forma, a presença de jovens com uma consciência empreendedora e que

possuam competências nesta área tornam-se numa mais-valia para uma pequena ou média

empresa dinâmica que ambicione expandir-se. Conforme Lewrick, Omar, Raeside e Sailer

(2010, p 12):

Há cada vez mais um maior número de empresas que têm origem dentro das

infraestruturas universitárias, sendo criadas através de planos de negócios

competitivos e de centros complementares de empreendedorismo. Logo, a educação

empreendedora, deve ter em consideração duas vertentes. Em primeiro lugar,

salientar a importância de aprender com empreendedores e empresas de sucesso,

tendo, desta forma, como objetivo desenvolver conhecimento e transferi-lo para os

processos da educação. Em segundo lugar, mencionar que os alunos necessitam ter

contato com os indivíduos que já criaram empresas, uma vez que estes tiveram de

enfrentar diversos desafios para conseguirem constituir uma empresa. A

probabilidade de falhar na construção de uma nova empresa é muito elevada, porque

muitas empresas gerem mal os riscos deste processo. Nestes riscos, inserem-se, por

exemplo, os riscos adversos, as culturas inapropriadas, o não conseguir incentivos

suficientes para sustentar os negócios e o envolvimento de gestores errados. Para

que haja uma redução desta falha é necessário desenvolver as competências dos

empreendedores, para que, assim, estes consigam alcançar o sucesso.

Após todo conhecimento adquirido sobre a evolução, os objetivos e algumas

formas de lecionar a educação para o empreendedorismo, apresenta-se de seguida uma forma

de empreender no país, muito procurada pelos alunos que tem ideias e que buscam colocá-las

em prática, normalmente de base tecnológica e voltada para inovação, auxiliadas, muitas

vezes, pelas universidades, as startups.

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63

3.3 STARTUPS E EMPREENDEDORISMO

3.3.1 Conceitos

Nas últimas décadas, estados, regiões e cidades iniciaram programas de

desenvolvimento econômico, segundo Rice (2002), focando-se em três pontos: (1)

manutenção de indústrias e empresas existentes; (2) recrutamento de empresas estabelecidas

de outras regiões; (3) criação de novas indústrias e negócios.

Segundo Acs, Dessai e Hessels (2008), o empreendedorismo tem potencial de

contribuir com a melhoria na performance econômica de três modos: introduzindo inovação;

reforçando concorrentes; criando novos competidores no mercado. Autores clássicos também

apontam para o impacto direto do empreendedorismo, tais como Gibb (1996) e Dahlstrand

(2007) que destacam um ponto crucial no que tange à motivação para fomentar o

empreendedorismo e seu papel na economia: a criação de empregos - que gera

desenvolvimento econômico e muitas outros benefícios.

Recentemente, há um crescimento relevante da tendência do empreendedorismo

voltado para empresas de base tecnológica. Essa tendência, somada ao crescimento dos

negócios de setores de Tecnologia da Informação e Comunicação (TIC) trouxe consigo o

surgimento do conceito de startup - a uma fase de uma empresa de base tecnológica na qual

se busca encontrar um modelo de negócios sustentável a longo prazo e desenvolver uma

estrutura com potencial de tornar-se escalável (RIES, 2012).

Como modelo de negócios, utiliza-se com bastante frequência o modelo de

Osteswalder e Pigneur (2011), uma estrutura mutável com objetivo de esclarecer questões

fundamentais para a sustentabilidade de longo prazo da empresa: perfil do cliente; estrutura de

relacionamento com o cliente; canais de entrega para o cliente; solução desenvolvida;

atividades-chave; recursos-chave; parceiros principais; estrutura de custos; e modelo de

receita. Definindo esses pontos com clareza, a startup volta-se para a construção de bases

sólidas para a escalabilidade, sendo esta caracterizada pela capacidade de fazer com que a

base de clientes/receita cresça de modo muito superior ao crescimento da estrutura de custos e

de recursos utilizados.

Para Alvarez e Busenitz (2001), empreendedores em estágio inicial passam pela

necessidade de deter uma variedade de recursos com uma capacidade financeira bastante

limitada, destacando a figura do empreendedor como hábil em conseguir tal acúmulo e

Page 64: KYLDARE RODRIGUES MAIA EMPREENDEDORISMO E …

64

recursos. Tais pontos remetem às colocações iniciais do tema em relação ao perfil

diferenciado do empreendedor e sua capacidade de gerar impacto.

Schumpeter (1996) pontua, em meio às suas pesquisas sobre inovação e economia, que

o empreendedorismo é o principal responsável na prosperidade e revolução de um organismo

econômico. A revolução gerada pelo empreendedorismo também é colocada por Peter Druker

(1998) em seu livro Inovação e Espírito Empreendedor.

De forma a estimular o espírito empreendedor e auxiliar esses startups, passou-se a

existir “instituições” que incentivam e promovem o crescimento e consolidação desses

“organismos primários”. Dentre elas estão as incubadoras, as aceleradoras e os parques

tecnológicos.

3.3.2 Promotoras e Incentivadoras

3.3.2.1 Incubadoras

O investimento público e privado em Incubadoras de Negócios e Parques

Tecnológicos, conforme Phan et. al. (2005), nasce de uma demanda econômica por

competitividade – a busca pelo aumento da população de pequenas empresas de alta

tecnologia, vistas como fonte crucial na geração de empregos. Isso se dá devido ao fato de as

incubadoras serem descritas como capazes de aumentar a chance de sobrevivência de

empresas incubadas (DEE et. al., 2011).

Além do mais, Grilmaldi e Grandi (2005) afirmam que a incubação busca alavancar

talentos empreendedores e aumentar a velocidade do desenvolvimento de tecnologias,

acelerando assim o desenvolvimento do negócio. Para isso, há uma provisão para empresas

emergentes de espaço flexível para as empresas, equipamentos compartilhados e serviços

administrativos, bem como suporte em negócios, marketing, construção de equipes e obtenção

de capital.

Dessa forma, Chandra e Fealey (2009) apresentam o conceito de incubadoras como

uma instituição capaz de promover um “céu de brigadeiro” (‘safe heaven’) ao agregar valor a

negócios nascentes via serviços tangíveis e intangíveis. Em tangíveis, tem-se escritórios com

custo subsidiado, ambientes compartilhados e estrutura de equipamentos gerais

compartilhada. Quanto aos intangíveis, tem-se a presença de consultores e acesso a uma rede

de especialistas em marketing, planejamento, contabilidade, direito, entre outros, para o

Page 65: KYLDARE RODRIGUES MAIA EMPREENDEDORISMO E …

65

suporte aos empreendedores. As incubadoras tem papel importante na superação da

fragilidade do novo dessas startups. Segundo Manimala e Vijay (2012, p.12):

A teoria de suporte estrutural propõe que novos negócios podem ser auxiliados a

superar as fragilidades do novo e pequeno se sua infraestrutura e custos gerais são

reduzidos. O suporte estrutural pode ser oferecido em forma de, desde suportes

básicos como espaços de escritório, infraestrutura de comunicação e assistência

administrativa/tecnologia, até o acesso a laboratórios, equipamentos, facilidades de

pesquisa, staff especializado etc.

Devido ao comumente encontrado foco exclusivo nas facilidades oferecidas pelas

incubadoras, surge a crítica, e uma nova via de exploração do tema, de Hacket e Dilts (2004)

na conclusão do trabalho ‘A Systematic Review of Business Incubation Research’. No estudo,

os autores afirmam que, enquanto muita atenção tem sido dada para descrever as facilidades

da incubadora, pouca atenção se volta para os incubados, às inovações que eles buscam

disseminar e os resultados que as incubações tem conquistado. Voltar-se para o processo de

incubação além das facilidades, segundo os autores, irá destinar a atenção para as entrelinhas

quanto ao que causa o surgimento de novos negócios nesse tipo de ambiente.

3.3.2.2 Aceleradoras

Para Lynn (2012), aceleradoras são organizações compostas por empreendedores

experientes que provém serviços, espaços, mentorias, rede de contatos, conhecimentos em

gestão e expertise em criação de novos negócios para empresas nascentes com o objetivo de

ajuda-las a serem bem sucedidas. A assistência, aponta o autor, é dada na construção do corpo

de empreendedores, o ajuste detalhado da ideia e, fundamentalmente, a mentoria sobre

negócio e seu lançamento no mercado. O processo ocorre em um ‘boot-camp’, ou seja, um

período de imersão com foco intensivo em mentorias focadas na melhoria do modelo de

negócios. Após esse período, as melhores startups são selecionadas para uma apresentação

para venture capitalists, investidores anjo e potenciais parceiros/clientes.

Segundo Kim e Wagman (2012), os modelos de aceleradoras de startups

especificamente surgem nos Estados Unidos, com as pioneiras Y Combinator (fundada em

2005) e Techstars (fundada em 2006), pautadas em programas de duração de 12 semanas que

terminavam em um ‘demo day’, no qual comparecem investidores potenciais interessados no

portfólio das aceleradoras. O objetivo das mesmas é de oferecer o suporte necessário para as

empresas desenvolverem seu modelo de negócios e alinharem-se com melhor eficiência em

seus devidos mercados.

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66

Conforme Christiansen (2009), uma das mais recentes razões para começar um

programa de aceleração é a de criar um ecossistema. A noção geral é que, ao encorajar

startups em uma comunidade, aumenta-se o número médio de empresas iniciando, e

esperançosamente, a longo prazo, aumenta-se também o número de empregos vindos dessa

empresa. Recentes exemplos podem ser encontrados em Boulder, no Colorado e em Londres,

na Inglaterra, onde TechStars e Seedcamp buscam usar seus programas de aceleração como

um catalisador para construir um maior e melhor ambiente para startups nessas cidades,

respectivamente.

Cohen (2013) sintetiza afirmando que as aceleradoras “ajudam negócios a definir e

construir seus produtos iniciais, identificar segmentos de clientes promissores e recursos

seguros, incluindo capital e equipe.”

Tal auxílio não precisa necessariamente possuir um ambiente de co-working, mesas e

espaços – algumas aceleradoras limitam em interações uma ou duas vezes por semana

(MILLER; BOUND, 2011), sendo considerado importante o contato pessoal, tanto com os

outros empreendedores acelerados quanto com os mentores.

De acordo com pesquisas e entrevistas de pessoas relevantes nesse contexto, o

ingrediente-chave para uma startup de sucesso é o acesso a um mentor (ou corpo de

mentores) de alta qualidade no estágio inicial do negócio (BLUESTEIN, BARRET, 2010;

KATZ, GREEN, 2009).

Bliemel et. al. (2013) destacam que o perfil das empresas aceleradas é geralmente

ligado a tecnologias de informação e comunicação, isso devido à versatilidade e capacidade

de mudança rápida nos curtos períodos de tempo característicos dos programas de aceleração.

Segundo Miller e Bound (2011, p.7), as aceleradoras possuem cinco características

principais peculiares:

Um processo de aplicação altamente competitivo: os programas têm

inscrição online, o que permite que a aplicação seja em nível internacional e a

seleção é feita por especialistas do mercado.

Provisionamento financeiro para sustentar a operação: o investimento

oferecido está geralmente relacionado ao custo para que cada cofundador consiga se

sustentar durante o período de aceleração.

Foco em pequenos times, e não em indivíduos: geralmente, programas de

aceleração não selecionam empreendedores sozinhos, pois considera-se que o

trabalho necessário para levantar uma startup exija mais de uma pessoa.

Tempo limitado de suporte oferecido e mentoria intensiva: o tempo

limitado está em parte ligado ao período relativo ao lançamento de um produto

inicial na área de tecnologia da informação e comunicação, mas também em parte

ligado ao objetivo de criar um ambiente de alta pressão voltado para rápido

Page 67: KYLDARE RODRIGUES MAIA EMPREENDEDORISMO E …

67

progresso e aprendizado. A presença dos mentores é característica por criar um

período de contato profundo com empreendedores experientes, investidores e outros

profissionais que podem desempenhar um papel importante no direcionamento e

melhoria do modelo de negócio da startup. Para isso, os autores apontam ser

fundamental o papel da rede de profissionais ligados à aceleradora disponíveis a

oferecer seu tempo como mentores.

Startups auxiliadas em “lotes”: A cada período de aceleração, entra uma

nova leva de startups. A vantagem principal é o suporte gerado de maneira

colaborativa entre as empresas, onde empreendedores de distintas startups ajudam

seus pares a resolverem problemas com competências peculiares em forma de

reciprocidade indireta.

3.3.2.3 Parques tecnológicos

As incubadoras de empresas e os parques tecnológicos pertencem à mesma família de

políticas de apoio à inovação e empreendedorismo. Tais mecanismos privilegiam as sinergias

entre diferentes atores, a criação de ambiente pró-inovação e a implantação de estruturas

multi-institucionais de fomento à agregação de valor à produção local/regional. Entretanto, as

incubadoras se apresentam como instrumento mais limitado em termos físicos e têm como

foco o atendimento exclusivo de micro e pequenas empresas e não necessariamente de base

tecnológica. Já os parques tecnológicos referem-se predominante a aglomerações de empresas

de base tecnológica, que podem ser pequenas ou não, articuladas a universidades e centros de

pesquisa e desenvolvimento (P&D), possibilitando sinergias decorrentes da proximidade entre

os atores (VEDOVELLO, 2000)

Para Barbieri (1995), os parques tecnológicos selecionam as empresas que pretendem

nele se instalar e oferecem serviços e instrumentos de cooperação baseados eminentemente no

caráter técnico-científico.

Há outras denominações utilizadas para parques tecnológicos que variam no tempo e

conforme a região ou país de análise, sendo as mais conhecidas: cidade científica, cidade

tecnológica, tecnópolis, parque científico, parque de pesquisa, entre outras. Para alguns

autores, esses termos são determinados pela região de instalação dos parques: o termo parque

científico é mais usado nos países da Europa; parque de pesquisa é a denominação que

prevalece nos EUA; e parque tecnológico é o termo utilizado na Ásia (LINK; SCOTT, 2007).

Apesar de essas denominações serem utilizadas na maioria da literatura especializada

como sinônimos, há algumas tentativas de especificar cada termo, para as diferentes

experiências em operação no mundo.

A European Commission (2007) estabelece especificações que serão vistas a seguir.

Um parque científico (science park) é um parque empresarial no qual a principal atividade da

Page 68: KYLDARE RODRIGUES MAIA EMPREENDEDORISMO E …

68

maioria dos estabelecimentos instalados é a pesquisa ou o desenvolvimento de novos produtos

ou processos.

Nesse caso, a produção decorrente, frequentemente, é realizada em outro local. Um

parque de pesquisa (research park) difere de um parque científico, pois proíbe em seu interior

a fabricação, exceto para a produção de protótipos, ou seja, a ênfase de atuação recai sobre as

atividades de pesquisa e desenvolvimento experimental, exclusivamente. Nesse sentido, pode

ser encarado como uma forma especial de um parque de ciência, com ênfase nas obrigações

contratuais de propriedade e/ou operacionais relacionadas à transferência de tecnologia entre a

empresa e uma ou mais universidades ou outras instituições de ensino superior e de pesquisa

científica (EUROPEAN COMISSION, 2007).

Um parque tecnológico ou pólo tecnológico é uma zona de atividade econômica

composta por universidades, centros de investigação, unidades industriais e terciárias que

realizam suas atividades baseadas em pesquisa e desenvolvimento tecnológico. Parques

tecnológicos são limitados em área geográfica mas mantêm ligações em rede com as grandes

empresas e com a infraestrutura de pesquisa pública e privada, tanto em nível nacional quanto

internacional, e sua ênfase extrapola as atividades de P&D, sendo permitidas e estimuladas

atividades de produção e comercialização de bens e serviços (EUROPEAN COMISSION,

2007).

Além das diferentes denominações, também não há uma definição única que possa ser

aplicada a todos os parques tecnológicos. Segundo Vedovello (2000), isso é devido ao fato de

esses mecanismos apresentarem uma diversidade e uma heterogeneidade muito grande em

relação a seu modelo ideal. A European Commission (2007) argumenta que a história singular

de formação de cada parque tecnológico determinou diferentes formatos de implantação nos

diversos países, dos quais decorre a disparidade de definições.

A United Kingdom Science Park Association – UKSPA, instituição criada em 1984,

que possuía aproximadamente 100 associados em 2002, define parque tecnológico como:

[...] uma iniciativa de suporte empresarial empenhada na transferência de

conhecimentos tecnológicos e de negócios para as pequenas e médias empresas, cujo

principal objetivo é incentivar e apoiar as start-ups e a incubação de empresas

inovadoras de alto crescimento baseadas em conhecimento, por meio da prestação

de serviços de infraestrutura e de apoio, incluindo relações de colaboração com

agências de desenvolvimento econômico e ligações formais e operacionais com

centros de excelência como universidades, institutos de ensino superior e institutos

de pesquisa (UKSPA apud INTERNATIONAL..., 2002, s/p).

Page 69: KYLDARE RODRIGUES MAIA EMPREENDEDORISMO E …

69

A ênfase dessa definição está na geração de conhecimento e no papel central de

universidades e centros de pesquisa e na interação que pode ser estabelecida entre esses

agentes e empresas.

Segundo Vedovello (2000), a abordagem da UKSPA possui como elementos centrais

as “[...] ligações operacionais e formais com universidades, centros de pesquisa ou

instituições de ensino superior [...]” que possibilitam ao parque desempenhar sua função de

gestão relacionada à “transferência de tecnologia e habilidades de negócios”, com o objetivo

de encorajar a formação e o crescimento de empresas localizadas dentro de seu espaço físico.

Já a definição oficial da International Association of Science Parks – IASP (2002),

instituição também criada em 1984 que contava com 375 membros de cinco continentes em

2002, considera um parque tecnológico como:

[...] uma organização gerenciada por profissionais especializados, cujo objetivo é

incrementar a geração de renda e bem-estar da sua comunidade, por meio da

promoção da cultura de inovação e da competitividade dos empreendimentos e das

instituições inovadoras a ela associados. Para a consecução desses objetivos, o

Parque Científico gerencia e estimula o fluxo de conhecimento e de tecnologia entre

universidades, instituições de P&D, empresas e mercados, facilitando a criação e o

crescimento de empresas inovadoras por meio da incubação e de spin-offs,e fornece

outros serviços de alto valor agregado aliados a um espaço físico e serviços de apoio

de qualidade [...] (INTERNATIONAL..., 2002, s/p).

Em comparação com a definição da UKSPA, a definição da IASP é mais abrangente,

pois alia transferência de tecnologia, fomento à criação de novas empresas inovadoras,

espaços e infraestrutura de qualidade para o desenvolvimento tecnológico e destaca o objetivo

de incrementar a renda e o bem-estar da comunidade.

Por outro lado, a Association of University Research Parks – AURP, criada em 1986,

define parques universitários de pesquisa como sendo:

[...] um empreendimento que dispõe de áreas e prédios para a instalação de centros

de pesquisa e desenvolvimento públicos e privados, de empresas de base tecnológica

e de serviços de apoio, possibilitando o desenvolvimento de parcerias com

universidades e institutos de pesquisa, de maneira a promover a transferência

tecnológica e as atividades de P&D pelas universidades em parceria com a indústria,

auxiliando no crescimento de novos empreendimentos e promovendo o

desenvolvimento econômico [...] (AURP apud INTERNATIONAL..., 2010, s/p).

A definição da AURP focaliza o papel das transferências tecnológicas como geradoras

de externalidades positivas, entre as universidades, empresas e comunidade em geral. Nesse

sentido, as parcerias estimuladas dentro dos parques universitários de pesquisa são o ponto

relevante desses empreendimentos.

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70

Link e Scott (2006, p.44) utilizam também o termo parques universitários de pesquisa

e com base em uma visão geral das diversas definições apresentadas pela literatura, os autores

propõem a seguinte definição para essa expressão:

[...] conjunto de organizações de base tecnológica, localizado dentro ou próximo a

um campus universitário, cujo objetivo é beneficiar-se do conhecimento e das

pesquisas da universidade. A universidade espera não só gerar a transferência de

conhecimento, mas desenvolver o conhecimento de forma mais eficaz, dada a

associação com os integrantes do parque [...].

A definição utilizada por Link e Scott (2006) está baseada no papel das universidades

na transferência de conhecimento, incluindo a disponibilidade de espaço físico para a

instalação das organizações de base tecnológica.

No caso brasileiro, a Associação Nacional de Entidades Promotoras de

Empreendimentos Inovadores – ANPROTEC, criada em 1987 e que possuía 272 associados

em 2003, considera os parques tecnológicos como sendo:

[...] um complexo produtivo industrial e de serviços de base científico-tecnológica

planejado, de caráter formal, concentrado e cooperativo, que agrega empresas cuja

produção se baseia em pesquisa tecnológica desenvolvida nos centros de P&D

vinculados ao parque. Trata-se de um empreendimento promotor da cultura da

inovação, da competitividade, do aumento da capacitação empresarial,

fundamentado na transferência de conhecimento e tecnologia, com o objetivo de

incrementar a produção de riqueza de uma região [...] (ASSOCIAÇÃO..., 2003, p.

46).

Essa definição remete à ideia de um complexo produtivo-industrial planejado,

articulado e concentrado, caracterizado por um espaço delimitado com infraestrutura de

promoção de empresas de alta tecnologia e cujo principal objetivo é o desenvolvimento

regional.

Segundo Vedovello, Judice e Maculan (2006), as razões para a diversidade de

conceitos e definições dos parques residem na busca e inserção de diferentes atores sociais –

tais como universidades, institutos de pesquisa, prefeituras, governos estaduais e federal,

agentes financeiros, empresas de diferentes portes e empreendedores – para o engajamento

nessas iniciativas. Nesse sentido, observa-se, de forma geral e ao longo do tempo, certa

flexibilidade na conceituação de parques tecnológicos que se mostra adequada para abrigar e

acomodar os diferentes stakeholders com seus diferentes objetivos, expectativas e interesses.

Apesar das diversas conceituações utilizadas para parques tecnológicos, a literatura

aponta certos denominadores comuns: os parques tecnológicos são empreendimentos que

reúnem empresas de alta tecnologia, tanto focadas em produtos quanto em serviços, e

Page 71: KYLDARE RODRIGUES MAIA EMPREENDEDORISMO E …

71

oferecem a oportunidade para um elevado grau de cooperação institucional entre

universidades e indústrias, constituindo-se loci privilegiado composto, normalmente, por

infraestrutura física e organizacional de articulação e de criação de conhecimento visando o

processo de inovação. Tais empreendimentos apresentam como objetivos básicos: geração de

empregos, estabelecimento de novas empresas, estímulo à interação universidade-empresa e

difusão de novas tecnologias (GAINO; PAMPLONA;2014).

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72

CAPÍTULO 4 – MÉTODOS DE PESQUISA

Este capítulo apresenta os métodos de pesquisa adotados para a seleção da amostra da

pesquisa de campo e para análise dos dados coletados. Para isso foram desenvolvidos os

seguintes passos: (1) etapas do estudo; (2) classificação metodológica da pesquisa,

envolvendo (a) natureza, (b) abordagem, (c) objetivos, e (d) método da pesquisa; (3) o

construto; e o (4) desenvolvimento do instrumento de coleta de dados.

4.1 ETAPAS DO ESTUDO

A primeira etapa deste estudo consiste no desenvolvimento conceitual e metodológico

por meio de uma revisão bibliográfica acerca das duas vertentes: o empreendedorismo e a

educação empreendedora.

A sistematização das etapas de uma pesquisa converge a um projeto iniciado na

conexão dos dados empíricos e a problematização inicial do estudo e finalizado, numa

sequência, pelas analises, resultados e conclusões do trabalho (YIN, 2001).

Esta pesquisa foi projetada subdividida em cinco etapas com a finalidade de facilitar a

execução e análises de pesquisa, como pode ser observado no Quadro 5.

A primeira etapa da pesquisa consiste no desenvolvimento conceitual e metodológico

por meio de uma revisão bibliográfica acerca dos pilares principais deste estudo:

empreendedorismo e educação empreendedora.

A segunda etapa consiste na elaboração do questionário de pesquisa bem como os

modelos de tabelas para coleta de dados.

A terceira etapa é definida como o momento para realização da coleta dos dados.

A quarta etapa trata-se da análise dos dados e resultados.

A quinta etapa finaliza o trabalho com as conclusões do estudo e sugestões para

futuras pesquisas.

Quadro 5 – Etapas e descrições das técnicas metodológicas

Etapas da Pesquisa Descrição e técnicas metodológicas

1 Revisão Bibliográfica Empreendedorismo

Educação Empreendedora

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73

2 Geração dos instrumentos de coleta de dados e seleção

da amostra

Elaboração dos questionários para os discentes.

3 Coleta dos dados Aplicação dos questionários.

4 Análise dos Resultados

5 Conclusão dos estudos e sugestões para pesquisas futuras

Fonte: Elaboração Própria

4.2 CLASSIFICAÇÃO METODOLÓGICA DA PESQUISA

Quanto aos procedimentos metodológicos, uma pesquisa deve ser estratificada quanto

aos aspectos: (a) natureza; (b) abordagem; (c) objetivos; e, (d) método de pesquisa.

Uma vez que a realização do presente trabalho pretende gerar conhecimentos para

aplicação prática, esta pesquisa é de natureza aplicada. A pesquisa aplicada caracteriza-se

pelo seu interesse prático que os resultados sejam aplicados na solução de problemas que

ocorrem na realidade (APPOLINÁRIO, 2006).

Freitas et al (2000) afirmam que as abordagens de pesquisa podem ser quantitativos

(como, survey e experimentos) ou qualitativos (como estudo de caso e focus group).

Afirmam, ainda, que uma pesquisa pode envolver os dois métodos de forma combinada,

devendo sua escolha estar associada aos objetivos de pesquisa.

Optou-se pela survey em função do objetivo principal e do problema da pesquisa. A

pesquisa survey é normalmente empregada quando se tem interesse em produzir descrições

quantitativas de uma população, fazendo-se uso de um instrumento predefinido (FREITAS et

al, 2000; FOWLER, 2002).

Para Pisonneault e Kraemer (2003), as pesquisas tipo survey possuem três

características: (a) é um método quantitativo que requer informação padronizada sobre o

objeto de estudo, sendo que este pode ser indivíduos, grupos, organizações ou comunidades,

além de projetos, aplicações ou sistemas; (b) o principal modo de coletar informações é por

meio de questões estruturadas e predefinidas; (c) as informações são geralmente coletadas

sobre uma fração da população em estudo (uma amostra). Geralmente, o tamanho da amostra

é grande o suficiente para permitir extensiva análise estatística.

Os autores também as classificam em exploratória, descritiva ou explanatória. A

pesquisa survey exploratória possibilita a obtenção de conceitos preliminares e um melhor

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74

entendimento/familiarização sobre determinado tópico. É usada para revelar mudanças que

ocorrem em populações de interesses e refinar a avaliação dos conceitos, definindo aqueles

que devem ser medidos e como melhor mensurá-los. Já a pesquisa survey descritiva objetiva

encontrar situações, eventos ou opiniões relativos a uma dada população. As perguntas são

simples e referentes à distribuição de algum fenômeno da população ou entre subgrupos

dessa. As análises são estimuladas por questões descritivas para revelar fatos, mas não para

testar a teoria. As hipóteses não são causais, no entanto podem ser consideradas percepções

básicas de fatos que estão ou não de acordo com a realidade. Por fim, a pesquisa survey

explanatória pretende testar a teoria e relações causais, esclarecendo as relações entre as

variáveis. Busca-se saber por que, e como, as variáveis estão relacionadas. A teoria inclui um

elemento de causa e efeito e que não somente assume uma relação entre as variáveis, mas,

também, exibe uma direção – por exemplo, se a relação é positiva ou negativa ou se a variável

A influencia a variável B.

Assim, o presente estudo pode ser caracterizado como uma survey explanatória, uma

vez que a relação especificada entre as variáveis é causal.

Adicionalmente, uma survey pode ser realizada de diferentes formas, as quais Freitas

et al. (2000) entendem como: (1) survey por observação direta; (2) survey face a-face; (3)

survey por telefone; (4) survey por correios; (5) survey por internet; (6) survey por meio de

postos multimídia; e (7) survey por e-mail (ALMEIDA, 2010).

Neste estudo, serão utilizadas duas formas de surveys: (1) a survey por e-mail, que

consiste no envio do questionário de pesquisa, dada as limitações de recursos e

disponibilidade de aplicação de questionário a toda amostra; e, (2) a survey face-a-face,

compreendendo a aplicação do questionário, quando assim for necessário.

A survey ainda pode ser identificada conforme o estabelecimento dos períodos de tempo

para a realização da coleta de dados classificados em (FREITAS et. al., 2000):

Longitudinais, em que a coleta de dados ocorre por um período de tempo específico. O

objetivo da pesquisa é analisar evoluções, mudanças e relações entre variáveis;

Cortes transversais, em que a coleta de dados e a análise do estado das variáveis

ocorrem em um mesmo e único momento.

O presente trabalho adotou a pesquisa survey de corte transversal, uma vez que será

analisado o perfil dos estudantes da UFRN em um único momento.

Page 75: KYLDARE RODRIGUES MAIA EMPREENDEDORISMO E …

75

Quanto aos objetivos, este estudo é descritivo-explicativo, identificando os fatores que

determinam ou contribuem para a ocorrência dos fenômenos, mas também descrevendo os

objetos de análise por meio de procedimentos técnicos.

O Quadro 6 demonstra a pesquisa quanto à natureza, à abordagem, aos objetivos e ao

método de pesquisa utilizada como base para este estudo:

Quadro 6 – Demonstração da pesquisa

Aspectos Detalhamentos

Natureza Aplicada

Abordagem Quantitativa

Objetivos Descritivo-Explicativo

Método de Pesquisa Pesquisa de levantamento (Survey Research)

Fonte: Elaboração Própria

4.3 O CONSTRUTO

A elaboração de construtos visa correlacionar variáveis expostas no referencial teórico

pesquisadas pelo investigador com conceitos definidos por autores em cada perspectiva do

estudo (GROVES et. al., 2004). Segundo Pedhazur, Schmelkin (1991), os construtos são

abstrações, construções teóricas que objetivam organizar e atribuir significados ao nosso

ambiente.

Com isso, pretende-se apresentar um construto dos temas identificados através do

referencial teórico a partir das variáveis expostas nos capítulos 2 e 3 deste estudo, conforme

demonstrado no Quadro 7.

Quadro 7 – Construto relacionando as variáveis qualitativas e referencias teóricos

Variáveis Autores

Caracterização e tipologia de empreendedores DOLABELLA, (1999); FERREIRA et al, (2010);

(HISRICH E PETERS, (2004); MCCLELLAND,

(1971); NAZIR E RAMZAM,( 2012); DUARTE E

ESPERANÇA,( 2012); RAPOSO, PAÇO E

Page 76: KYLDARE RODRIGUES MAIA EMPREENDEDORISMO E …

76

FERREIRA, (2008); SARAIVA,( 2011); BULUT E

SAYIN,(2010); SHAPERO, (1974); MINER (1998).

Motivações SARAIVA (2011); FERREIRA, SANTOS E SERRA

(2010); VIVARELLI, (2013); SHANE (2000);

VENKATARAMAN (2000); ANTONCIC (2001);

HISRICH, (2001); DAVIDSSON, (2003); HONIG,

(2003); IACOBUCCI, (2012); MICOZZI, (2012);

BOROZAN, (2014); PFEIFER, (2014); KELLEY et

al., (2012); SARKAR, (2010).

Obstáculos CHIAVENATO, (2007); FERREIRA, SANTOS E

SERRA, (2010); REIS NETO, (2010).

Abordagens de ensino KYRO, (1997); HYTTI, (2002); GIBB, (2005);

CURTH (2011).

Meios de empreender “startups” ACS, DESSAI E HESSELS, (2008);

DAHLSTRAND, (2007); ALVAREZ E BUSENITZ,

(2001).

Fonte: Elaboração Própria

As variáveis selecionadas com a cor cinza no Quadro 7 representam àquelas baseadas

no referencial teórico acerca Empreendedorismo, apresentadas no capitulo 2. Enquanto que as

selecionadas com cor azul estão explanadas no decorrer do capítulo 3, estas, apresentando o

estado da arte referente à Educação Empreendedora.

4.4 A SELEÇÃO DO ESTUDO DE CASO

A Universidade Federal do Rio Grande do Norte – UFRN foi fundada em 25 de junho

de 1958, através de lei estadual, e federalizada em 18 de dezembro de 1960. No ano de 2015 a

UFRN foi eleita a melhor universidade do Norte e Nordeste segundo o Índice Geral de Cursos

(IGC), estatística publicada pelo Ministério da Educação e Cultura – MEC.

A UFRN possui mais de 50.000 alunos vinculados, distribuídos em 122 cursos de

Graduação (11 a distância e 111 presenciais, inclusos 6 graduação tecnológicas), 62 cursos de

Pós-Graduação Lato-Sensu (8 a distância, 52 presenciais e 2 semipresenciais) e 120 cursos de

pós-Graduação Stricto-Sensu (79 Mestrados e 41 doutorados) localizados nos municípios de

Natal, Macaíba, Santa Cruz, Caicó e Currais Novos.

Page 77: KYLDARE RODRIGUES MAIA EMPREENDEDORISMO E …

77

Sobre a perspectiva econômica, a UFRN possui hoje um orçamento anual de mais de 1

bilhão de reais, o segundo maior do estado, ficando atrás somente do orçamento do Governo

do Estado do Rio grande do Norte. No ano de 2011, a UFRN foi uma das principais

universidades do país a receber recursos para fomento de pesquisas voltadas a área de

Petróleo, que superaram a barreira dos 38 milhões de reais.

Do ponto de vista tecnológico, a UFRN é detentora de um dos sistemas integrados

mais modernos que há na administração pública, o SIG. O SIG – Sistema Institucional

Integrado de Gestão possui diversos módulos, como, por exemplo, o SIPAC – Sistema

Integrado de Patrimônio, Administração e Contratos, no qual é possível obter dados referentes

aos projetos de acadêmicos realizados na instituição. O sistema SIG também é encontrado

nos demais órgãos da administração pública como a Polícia Rodoviária Federal do Brasil,

Advocacia Geral da União, além de diversas outras universidades, por meio da realização de

termos de cooperação ou congêneres entre a UFRN e outros órgãos da administração pública.

Sendo assim, dada a sua imponência e por ser aluno da instituição, a UFRN foi

selecionada de forma intencional e estratégica como amostra do estudo de caso, pois a

instituição apresenta-se próxima ao pesquisador e com condições favoráveis ao

desenvolvimento da pesquisa e seu resultado, possivelmente, poderá ser expandido à outras

universidades do país.

4.5 DESENVOLVIMENTO DO INSTRUMENTO DE COLETA.

Em seu estudo, Boaventura (2007) afirma que a coleta de dados tem como objetivo a

descrição das características de determinada população ou fenômeno, na qual tem como

principais meios a observação, análise e descrição objetiva, formulário, entrevistas e

questionário.

O questionário, principal instrumento de coleta de dados, foi baseado na

fundamentação teórica desenvolvida nos capítulos 2 e 3. O questionário objetiva conhecer o

perfil empreendedor dos alunos da UFRN que cursam disciplinas que envolvam em seus

planos de curso o empreendedorismo, bem como conhecer os métodos utilizados em sala de

aula pelos professores para transmitir conhecimento e estará estruturado da seguinte forma:

Caracterização e tipologia dos empreendedores;

Motivações;

Page 78: KYLDARE RODRIGUES MAIA EMPREENDEDORISMO E …

78

Obstáculos;

Abordagens de Ensino;

Meios de Empreender.

Para Li et.al.(2005) e Rea Parker (2000), a validade do conteúdo do instrumento de

pesquisa é preliminarmente encontrada na revisão da literatura e aperfeiçoada nas

intervenções com especialistas e acadêmicos. Assim, algumas variáveis foram adaptadas a

partir de estudos cujos construtos e variáveis que já haviam sido validados por testes

estatísticos (JAYARAM, DROGE e VICKERY, 1999; CUA, MCKONE e SCHROEDER,

2001;KAYNAK,2003; LI et al.,2006).

Posteriormente ao desenvolvimento inicial do questionário, é aplicado o teste piloto

aos alunos da UFRN, isso após a uma análise de docentes quanto ao conteúdo abordado no

instrumento de coleta. A seleção da amostra do pré-teste é não-probabilística (HAIR et al.,

2010), por escolha intencional e decorrente do interesse dos estudantes em participar do

desenvolvimento da pesquisa, disponibilizando os dados requeridos.

4.5.1 Coleta de dados para mapeamento da amostra

Tem-se a elaboração de um banco de dados para posterior consulta e um questionário

para coleta de dados. A coleta de dados tem como objetivo a descrição das características de

determinada população ou fenômeno, na qual tem como principais meios a observação,

análise e descrição objetiva, formulário, entrevistas e questionário (BOAVENTURA, 2007).

Nesse sentido, a coleta de dados foi realizada de duas formas:

Coleta de dados via sistema online de gestão de informação (SIGAA); e

Coleta de dados a partir da aplicação de questionários (Escala de Likert).

4.5.1.1 Coleta de dados

A coleta de dados via sistema online de gestão de informação ocorreu por meio do

sistema próprio da UFRN denominado SIG em seu modelo SIGAA. O sistema permite, ainda

que de forma deficiente, o acesso de dados das disciplinas que contenham como descrição ou

Page 79: KYLDARE RODRIGUES MAIA EMPREENDEDORISMO E …

79

objetivo na ementa o empreendedorismo, o número de alunos e a quantidade de turmas por

professor. No entanto, tal acesso é apenas disponibilizado para alunos ou servidores, mas que

provisoriamente é possível ser estendido para outras pessoas, a critério da administração,

conforme revela a Figura 9.

Figura 9 – Acesso ao SIGAA

Fonte: Base de dados do Sigaa (UFRN, 2016).

Os parâmetros utilizados para coleta de informações sobre as disciplinas que abordem

o empreendedorismo são disponibilizados após o login no sistema e executando as seguintes

etapas: Ensino Consultas Gerais Consultar Turma. Acessando a tela demonstrada na

Figura 10, se faz necessário incluir as informações que serão pertinentes para a coleta. Neste

caso, foi selecionado o nível – graduação; Ano – Período de 2016.2 a 2014.1, e, por fim, o

nome do componente – compreende o radical “EMPREEN”, para conseguir coletar, também,

as disciplinas que não tenham somente como descrição o empreendedorismo, como por

exemplo, Projetos de Empreendimento.

Figura 10 - Interface do sistema para coleta de dados

Page 80: KYLDARE RODRIGUES MAIA EMPREENDEDORISMO E …

80

Fonte: SIGAA (UFRN, 2016)

Os dados foram coletados, como discriminado anteriormente, no período de 2014-

2016, tendo como população amostral 3.401 alunos matriculados, escolhidos de forma

sistemática. O período abordado está relacionado ao fato de que muitos alunos que cursaram

disciplinas envolvendo empreendedorismo, as fizeram da metade para o final do seu

respectivo curso de graduação, dessa forma, muitos que cursaram nos anos anteriores a 2014

já se encontram devidamente graduados.

Nesse contexto, foram utilizados 2 critérios para restrição da população amostral: 1)

As disciplinas não poderiam ser de estudo individualizado, e; 2) Duplicidade de alunos que

cursaram mais de uma disciplina que abordasse o empreendedorismo.

O Quadro 8 apresenta de forma explicita, o procedimento adotado para elaboração do

banco de dados de modo detalhado mediante consulta no sistema online de gestão de

informação – SIG (SIGAA). A extração dos dados foi subdividida em três etapas: coleta,

análise e estruturação dos dados.

Quadro 8 - Procedimento adotado para extração de dados

Etapas da extração dos dados

1° Fase – Coleta

Manual Realizada diretamente pelo pesquisador através de

consulta manual no sistema - SIGAA.

2° Fase – Análise

Page 81: KYLDARE RODRIGUES MAIA EMPREENDEDORISMO E …

81

Prévia Definição das informações a serem coletadas nas

amostras como, por exemplo, semestres das disciplinas

oferecidas.

Posterior

Exclusão dos alunos em duplicidade após a formação do

banco de dados de alunos por semestre; e os que se

encontravam matriculados em turmas de estudo

individualizado.

3° Fase – Estruturação dos dados

Banco de dados Validação e formação de um único banco de dados para

a população amostral.

Fonte: Elaboração Própria

Conforme observa-se no Quadro 8, a primeira etapa da coleta foi realizada adotando o

procedimento da consulta manual. O método de coleta adotado tem por objetivo captar o

maior número de disciplinas que contemplem o empreendedorismo na Universidade Federal

do Rio Grande do norte e informações fidedignas para a análise do estudo de caso. Obteve-se

a coleta manual com a execução de 2 procedimentos conforme descritas no Quadro 9 a seguir:

Quadro 9 - Etapas da coleta de dados manual

Etapas Descrição

1ª etapa

Extração de dados a partir da execução dos seguintes filtros no módulo SIGAA (Consulta de Turmas):

Nível (Graduação); Ano - Período (2014.1, 2014.2, 2015.1, 2015.2, 2016.1, 2016.2); Nome do

Componente (EMPREEN)

2ª etapa

Foram eliminadas as disciplinas que eram de estudo individualizado e os alunos que encontravam-se

em duplicidade.

Fonte: Elaboração Própria

Ao realizar a primeira etapa foram coletadas 133 turmas que dispusessem do

empreendedorismo como seu componente principal. Nestas turmas, 3.401 alunos

matriculados, porém, partindo para a segunda etapa, após a eliminação das turmas de estudo

individualizado e os alunos em duplicidade, obteve-se o valor de 128 turmas e 3.173 alunos

matriculados, concluindo-se a coleta do banco de dados.

Tabela 9 - Quantitativo de Turmas que envolvem Empreendedorismo na UFRN por semestre.

Ano/Semestre Turmas Estudo Individualizado Turmas com a restrição

2016.2 21 1 20

Page 82: KYLDARE RODRIGUES MAIA EMPREENDEDORISMO E …

82

2016.1 21 2 19

2015.2 22 0 22

2015.1 24 0 24

2014.2 19 0 19

2014.1 26 2 24

Total 133 5 128

Fonte: Elaboração Própria a partir dos dados obtidos por meio do SIGAA (UFRN, 2016).

Tabela 10 - Quantitativo de alunos matriculados nas turmas que envolvem empreendedorismo na UFRN

por semestre.

Ano/Semestre

Alunos

Matriculados Alunos em Duplicidade Alunos com a restrição

2016.2 655 55 600

2016.1 469 25 444

2015.2 595 37 558

2015.1 569 42 527

2014.2 515 28 487

2014.1 598 41 557

Total 3401 228 3173

Fonte: Elaboração Própria a partir dos dados obtidos por meio do SIGAA (UFRN, 2016).

4.5.1.2 Questionário

A elaboração de um questionário neste estudo tem por objetivo coletar informações

sobre o perfil empreendedor dos alunos da Universidade Federal do Rio Grande do Norte e

verificar se os métodos aplicados em sala de aula pelos professores estão sendo bem

aproveitados. O questionário conta com 46 afirmações divididas em 5 dimensões. A primeira

parte tem como objetivo identificar o aluno de uma forma geral e possui 18 afirmações; a

segunda parte procura analisar as motivações para empreender e conta com 3 afirmações; a

terceira parte busca mensurar a consciência sobre as dificuldades do mercado de trabalho e

possui 4 afirmações; a quarta e quinta partes têm como finalidade avaliar os métodos de

ensino aplicados em sala de aulas e os meios de empreender no ambiente universitário e

consiste em 22 afirmações. Para elaboração das afirmações foi utilizado o referencial teórico

disposto nos capítulos 2 e 3, para serem avaliadas por meio da escala de Likert de 5 pontos

Quadro 10 – Variáveis alocadas ao questionário

Variável Descrição

Page 83: KYLDARE RODRIGUES MAIA EMPREENDEDORISMO E …

83

Caracterização e Tipologia de Empreendedores

V1 Proatividade

V2 Organização

V3 Independência

V4 Dedicação ao negócio

V5 Competência em relações humanas

V6 Capacidade de trabalho e energia

V7 Responsabilidade

V8 Motivação para resultados positivos

V9 Saber lidar com erros

V10 Confiança

V11 Confiança

V12 Responsabilidade

V13 Saber lidar com erros

V14 Criatividade e inovação

V15 Inteligência na execução

V16 Empreendedor

V17 Familiaridade com o empreendedorismo

V18 Apoio Familiar para empreender

Base de

autores

DOLABELLA, (1999); FERREIRA et al, (2010); (HISRICH E

PETERS, (2004); MCCLELLAND, (1971); NAZIR E

RAMZAM,( 2012); DUARTE E ESPERANÇA,( 2012);

RAPOSO, PAÇO E FERREIRA, (2008); SARAIVA,( 2011);

BULUT E SAYIN,(2010); SHAPERO, (1974); MINER (1998).

Motivações

V19 Políticas Públicas e tributárias

V20 Empreendedorismo por necessidade

V21 Empreendedorismo por oportunidade

Base de

autores

SARAIVA (2011); FERREIRA, SANTOS E SERRA (2010);

VIVARELLI, (2013); SHANE (2000); VENKATARAMAN

(2000); ANTONCIC (2001); HISRICH, (2001); DAVIDSSON,

(2003); HONIG, (2003); IACOBUCCI, (2012); MICOZZI,

(2012); BOROZAN, (2014); PFEIFER, (2014); KELLEY et al.,

(2012); SARKAR, (2010).

Obstáculos

V22 Preparação universitária

V23 Economia

V24 Preparação universitária

V25 Financiamento e Recursos

Base de

autores

CHIAVENATO, (2007); FERREIRA, SANTOS E SERRA,

(2010); REIS NETO, (2010).

Abordagens de Ensino

V26 Plano de Negócio

V27 Método Canvas

V28 Teoria aplicada à prática

V29 Aplicação pelo professor da prática

Page 84: KYLDARE RODRIGUES MAIA EMPREENDEDORISMO E …

84

V30 Professor busca empresas para sala de aula

V31 Aprendizagem baseada em problemas – PBL

V32 Aprendizagem baseada em problemas – PBL

V33 Atividades em grupo

V34 Empresa Junior

V35 Propriedade Intelectual (Patentes)

V36 Captação de recursos e investimentos.

V37 Incentivo pelo professor

V38 Satisfação do aluno pela metodologia aplicada em sala

V39 Importância da disciplina

V40 Formação acadêmica de possível sócio

V41 Metodologia de ensino satisfatório.

Base de

autores

KYRO, (1997); HYTTI, (2002); GIBB, (2005); CURTH

(2011).

Meios de Empreender

V42 Ambientes de incentivo na universidade

V43 Conhecimento acerca Startups

V44 Incubadoras na universidade

V45 Acompanhamento de trabalhos das incubadores

V46 Parques Tecnológicos

Base de

autores

ACS, DESSAI E HESSELS, (2008); DAHLSTRAND, (2007);

ALVAREZ E BUSENITZ, (2001).

Fonte: Elaboração Própria.

Os valores atribuídos na escala de Likert vão de 1 a 5, no qual o valor 1 significa

“discordar totalmente da afirmação” e o valor 5 “concordar totalmente com a afirmação”.

Para o estudo em questão, quanto maior o número de respostas afirmativas, melhor

está a situação da instituição no que diz respeito aos meios pelos quais estão sendo abordados

assuntos acerca do empreendedorismo.

Quadro 11 – Descrição dos valores atribuídos na escala Likert

Itens da escala de Likert Descrição

Valor 1 Discordo Totalmente da afirmação

Valor 2 Discordo em partes da afirmação

Valor 3 Nem discordo nem concordo com a afirmação

Valor 4 Concordo em partes com a afirmação

Valor 5 Concordo totalmente com a afirmação

Fonte: Elaboração Própria

Page 85: KYLDARE RODRIGUES MAIA EMPREENDEDORISMO E …

85

As afirmações foram agrupadas em 5 categorias com o objetivo de trazer maior

facilidade para preenchimento do questionário pelos entrevistados e posterior análise dos

dados pelo pesquisador.

Para avaliação do questionário foi utilizado o Coeficiente Alfa de Cronbach (a). O

Coeficiente Alfa de Cronbach é uma medida de confiabilidade ou consistência interna dos

questionários utilizada normalmente para um conjunto de dois ou mais indicadores de

construto (MATTHIENSEN, 2011).

Os valores do a variam de 0 a 1,0; quanto mais próximo de 1, maior confiabilidade

entre os indicadores. O uso de medidas de confiabilidade, como o a de Cronbach, não garante

unidimensionalidade ao questionário, mas assume que ela existe (MATTHIENSEN, 2011). O

Coeficiente Alfa de Cronbach foi de aproximadamente 0,93803 (ver Tabela 11), número

bastante expressivo, visto que a literatura já considera um bom índice acima de 0,70.

Equação 1 - Cálculo do Alfa de Cronbach

Fonte: Matthiensen (2011)

Tabela 11 – Resultado do Alfa de Cronbach

Soma da variância das variáveis - Σvi 74,52222

Variância total - Σvt 904,9

Número de variáveis - K 46

Alfa de Cronbach - α 0,93803

Fonte: Elaboração Própria

4.5.1.3 Delimitação da amostra para pesquisa

O tamanho da amostra da pesquisa foi definido a partir da população determinada na

seção anterior (ver Tabela 10). Por não se conhecer (Desvio Padrão) da população, foi

utilizada a distribuição t de Student ao invés da distribuição Normal.

Como o tamanho da amostra é pequeno, 10 entrevistados, o desvio padrão incorpora

outra fonte de erro e para manter o grau de confiança desejado e compensar a variabilidade

Page 86: KYLDARE RODRIGUES MAIA EMPREENDEDORISMO E …

86

mencionada, o intervalo de confiança é ampliado com a utilização do t crítico da distribuição t

de Student. Nesse contexto, a amostra do estudo de caso foi estabelecida em 96 alunos,

conforme demonstrado na equação 2.

N = 3173 (População)

n0 = 10 (Amostra piloto)

σx = 2,578 (Desvio padrão calculado na amostra)

t = 1,83 (O valor é encontrado na tabela da distribuição T de Student)

α = 5% = 0,05 (95% de confiança – valor comumente utilizado)

E = 15% = 0,15 (Erro amostral – diferença entre o resultado amostral e o verdadeiro resultado

populacional).

S = St = = = 0,81 (Desvio Padrão)

Equação 2 - Cálculo do tamanho da amostra

= = 96

4.6 ANÁLISE DOS DADOS

Em síntese, os dados foram analisados mediante a análise descritiva dos dados por

meio da média, moda, variância e desvio padrão para revelar os perfis dos alunos da UFRN e

identificar os métodos de ensino aplicados em salas de aula.

Sucintamente, a média aritmética é a medida que no valor que melhor representa todos

os valores da pesquisa. Ocorre através da soma de todos os resultados, dividindo o mesmo

pela quantidade de variáveis. Já a moda explicita qual o escore ou qual a classe de escores

possuidora de mais sujeitos. É o valor que ocorre mais vezes numa dada distribuição.

A variância compõe o grupo das medidas de variabilidade, que objetivam fornecer um

significado mais preciso às medidas de tendência central. Desse modo, a variância busca

caracterizar quão representativa dos dados originais esta medida de tendência central é, ela

informa se os dados se concentram em torno da medida de tendência central ou se os mesmo

se afastam dela.

Page 87: KYLDARE RODRIGUES MAIA EMPREENDEDORISMO E …

87

Em algumas situações, apenas o cálculo da variância pode não ser suficiente, pois essa

é uma medida de dispersão influenciada por valores que se encontram muito distantes da

média. Desse modo, o desvio padrão refere-se ao conceito de distância, sendo o resultado

positivo da raiz quadrada da variância. Este desvio indica qual seria o erro caso o interesse

fosse de substituir um dos valores coletados pelo valor da média.

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88

CAPÍTULO 5 – APRESENTAÇÃO DOS DADOS E RESULTADOS

Neste capítulo serão apresentados os resultados obtidos a partir de questionários

aplicados aos alunos da Universidade Federal do Rio Grande do Norte que cursam ou

cursaram disciplinas que abordassem a temática do empreendedorismo entre os períodos de

2014 e 2016, conforme critérios definidos para amostra.

Os resultados dos dados serão apresentados em duas etapas: 1) caracterização dos

entrevistados e 2) analise descritiva individual das variáveis. Ao final, também serão

apresentadas sugestões de melhorias ao processo ensino e aprendizagem de

empreendedorismo na UFRN.

5.1 PERFIL DOS ENTREVISTADOS

Conhecer as características dos entrevistados se faz necessário devido a relação de

causa/efeito existente entre o perfil dos alunos e as abordagens de ensino utilizadas em sala de

aula, influenciando diretamente nos resultados.

Ao todo foram entrevistados 96 alunos. Contudo, considerando a população de 3.173

alunos que estavam matriculados em disciplinas de temática – Empreendedorismo, no período

2014-2016, conforme critérios definidos no estudo, a representação demográfica da amostra

nesse período corresponde a 3,02% da população, mas que retratará bem sua heterogeneidade.

O perfil dos entrevistados foi avaliado pelos seguintes critérios: a) sexo; b) idade; c)

qual centro acadêmico está vinculado; d) qual curso está vinculado; e e) obrigatoriedade da

disciplina no curso.

O primeiro critério a ser observado foi o sexo. Dos 96 respondentes 53% são do sexo

masculino, ou seja, 51 alunos, enquanto que 47% são do sexo feminino, portanto, 45 alunas,

conforme demonstrado na Figura 11.

Figura 11 – Sexo dos alunos respondentes

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89

Fonte: Elaboração Própria (2016).

Quanto a idade dos alunos, o questionário subdividiu-se em quatro faixas etárias: entre

16 e 20 anos; entre 21 e 25 anos; entre 26 e 29 anos; e, por fim, os que encontravam-se acima

dos 30 anos. Percebe-se que a grande maioria dos alunos respondentes e que se encontravam

nos pré-requisitos de pesquisa concentram-se entre os 21 e 25 anos. Os dados são

apresentados na Figura 12

Figura 12 – Idade dos alunos respondentes

Fonte: Elaboração Própria (2016).

Page 90: KYLDARE RODRIGUES MAIA EMPREENDEDORISMO E …

90

Em relação aos centros acadêmicos, locais os quais os alunos encontram-se

vinculados, existe uma dispersão no sentido de que, praticamente, todos os departamentos

foram participantes da pesquisa.

Entretanto, os centros que se destacaram na pesquisa foram os de Tecnologia –

correspondente aos cursos de Engenharia de Produção, Engenharia Civil, Engenharia Elétrica

e Têxtil; e Ciências Sociais Aplicadas – com os cursos de Administração, Ciências Contábeis,

Ciências Econômicas e Direito, cada um com 18%. Seguidamente, vêm os centros de

Biociências e Ciências da Saúde, cada um com 13%, englobando cursos como: Farmácia,

Odontologia, Fisioterapia, e Fonoaudiologia, nesta; e Biomedicina, Ecologia e Ciências

Biológicas, naquela.

Figura 13 – Centros Acadêmicos participantes da pesquisa.

Fonte: Elaboração Própria (2016).

Na Tabela 12, é possível verificar todos os cursos e alunos participantes da pesquisa a

fim de esmiuçar e extrair todas as informações possíveis.

Tabela 12 – Centros Acadêmicos x Cursos

Centro Curso Respondentes

Centro de Biociências

Biomedicina 4

Ecologia 3

Ciências Biológicas 5

Centro de Ciências Sociais

Aplicadas

Ciências Contábeis 6

Administração 8

Page 91: KYLDARE RODRIGUES MAIA EMPREENDEDORISMO E …

91

Ciências Econômicas 3

Direito 1

Centro de Ciências

Humanas, Letras e Artes

Jornalismo 3

Psicologia 2

Publicidade Propaganda 4

Centro de Ciências Exatas e

da Terra

Engenharia de Software 4

Química do Petróleo 3

Estatística 3

Centro de Ciências da Saúde

Farmácia 2

Odontologia 5

Fisioterapia 3

Fonoaudiologia 2

Centro de Tecnologia

Engenharia de Produção 12

Engenharia Civil 1

Engenharia Elétrica 3

Engenharia Têxtil 1

Escola de Ciências e

Tecnologia Ciências e Tecnologia 12

Instituto Metrópole Digital Tecnologia da Informação 5

Escola Agrícola de Jundiaí Engenharia Florestal 3

Fonte: Elaboração Própria (2016).

Quanto à obrigatoriedade da disciplina de empreendedorismo ou que aborde o assunto,

é possível constatar que poucos cursos a oferecem com tal requisito, dentre estes estão os

cursos de Engenharia de Produção, Administração, Tecnologia da Informação, Engenharia de

Software, representando, apenas, 30% na pesquisa.

Diante o exposto, infere-se que a universidade, de uma forma geral, não está dando a

devida importância para a disciplina, não só pela não obrigatoriedade, mas também porque a

mesma nem é tratada, muitas vezes, como um requisito opcional dentre as grades curriculares

apresentadas pelos cursos.

Essa situação, demonstrada pela Figura 14, acaba por distanciar e dificultar a inserção

dos alunos, pós-curso, no mercado profissional, visto a deficiente vivência dentro do “mundo

empreendedor”.

Figura 14 – Obrigatoriedade de disciplina que aborda o empreendedorismo no curso.

Page 92: KYLDARE RODRIGUES MAIA EMPREENDEDORISMO E …

92

Fonte: Elaboração Própria (2016).

5.2 AVALIAÇÃO DO PERFIL EMPREENDEDOR DOS ALUNOS DA UFRN

A partir desta seção, apresentaremos uma avaliação do perfil empreendedor existente

na literatura e baseada nos alunos da Universidade Federal do Rio Grande do Norte. O

questionário contou com 46 sentenças relativas a comportamentos, conhecimentos e

feedbacks sobre o empreendedorismo; e, foi dividido em cinco grupos: caracterização e

tipologia dos empreendedores (18); motivações (3); obstáculos (4); abordagens de ensino

(16); e meios de empreender (5).

O método de avaliação adotado foi por meio da escala Likert de 5 pontos, em que a

atribuição do valor 4 ou 5 significa concordar com a afirmação, enquanto que a atribuição do

valor 1 ou 2 significa discordar do que foi afirmado. A análise descritiva foi composta pela

frequência relativa, média, moda, variância e desvio padrão.

5.2.1 Caracterização e tipologia dos empreendedores

As variáveis que compõem a caracterização e tipologia dos empreendedores buscam

avaliar os perfis baseados em atributos ou particularidades que contribuem para um

Page 93: KYLDARE RODRIGUES MAIA EMPREENDEDORISMO E …

93

mapeamento do perfil empreendedor. No total, foram avaliadas 18 sentenças nesse grupo e os

resultados são apresentados no Quadro 12.

Quadro 12 – Dados da avaliação das variáveis agrupadas na caracterização e tipologia dos

empreendedores.

Sentenças referentes à Caracterização e Tipologia dos Empreendedores

V1 Se vislumbro alguma oportunidade no mercado quero logo fazer um plano de negócio e colocá-lo

em prática.

V2 Acho essencial e importante um plano de negócio.

V3 Busco a todo custo minha independência e que seja no setor privado.

V4 Trabalharia, se possível e por uma finalidade, 24h por dia mesmo não recebendo nada no final do

mês.

V5 Gosto muito de trabalhar e , principalmente, lidar com pessoas.

V6 Executo todas as minhas atribuições esforçadamente e da melhor maneira possível

V7 Nunca deixo para amanhã o que posso e consigo fazer hoje.

V8 Possuo alta motivação para resultados positivos.

V9 Os resultados negativos não me abalam, com eles consigo identificar minhas fragilidades e busco

novas capacitações.

V10 Sou muito qualificado e acredito que seja um diferencial perante o mercado profissional.

V11 Confio nos resultados alcançados pelas minhas atividades.

V12 Não tenho problemas em assumir grandes responsabilidades.

V13 Se eu fracassar, persisto, porém, de outra maneira.

V14 Me considero um aluno bastante criativo.

V15 Sempre executo minhas ideias e elas geram um valor agregado.

V16 Não tenho como prioridade no planejamento da minha carreira profissional prestar concursos

públicos.

V17 Tenho familiares que inspiram o meu ser empreendedor.

V18 O apoio familiar é essencial para o meu desenvolvimento como empreendedor.

Dados Correspondentes as opiniões dos entrevistados

Page 94: KYLDARE RODRIGUES MAIA EMPREENDEDORISMO E …

94

Vx Frequência Relativa Média Moda Variância Desvio Padrão

1-2 3 4-5

V1 0,208 0,365 0,427 3,427083333 3 1,594627193 1,26278549

V2 0,021 0,198 0,781 4,302083333 5 0,739364035 0,8598628

V3 0,240 0,385 0,375 3,21875 3 1,077960526 1,038248779

V4 0,448 0,219 0,333 2,8125 2 1,606578947 1,267508954

V5 0,052 0,125 0,823 3,979166667 4 0,610087719 0,781081122

V6 0,083 0,021 0,896 4,479166667 5 0,799561404 0,894181974

V7 0,260 0,135 0,604 3,416666667 4 1,550877193 1,245342199

V8 0,000 0,125 0,875 4,46875 5 0,504276316 0,710124155

V9 0,125 0,333 0,542 3,625 3 1,163157895 1,078497981

V10 0,083 0,344 0,573 3,635416667 4 1,20252193 1,096595609

V11 0,000 0,094 0,906 4,447916667 5 0,439364035 0,662845408

V12 0,125 0,094 0,781 4,041666667 4 0,987719298 0,993840681

V13 0,188 0,115 0,698 3,677083333 4 1,441995614 1,200831218

V14 0,292 0,375 0,333 3,09375 3 1,033223684 1,016476111

V15 0,292 0,396 0,313 3,041666667 3 0,798245614 0,893445921

V16 0,646 0,115 0,240 2,4375 1 2,122368421 1,45683507

V17 0,333 0,250 0,417 3,177083333 5 2,084100877 1,443641533

V18 0,292 0,188 0,521 3,46875 5 1,704276316 1,305479343

Fonte: Elaboração Própria (2016).

A primeira variável que compõe o grupo caracterização e tipologia dos

empreendedores procurou abordar a observância pelos alunos de oportunidades no mercado e

sua atuação quanto ao planejamento estratégico e elaboração de um plano de negócio (V1),

constatou-se que, aproximadamente, 43% dos alunos concordaram com afirmação,

demonstrando a existência de uma boa parcela de entrevistados interessados em empreender.

Page 95: KYLDARE RODRIGUES MAIA EMPREENDEDORISMO E …

95

Por outro lado, 21% dos estudantes discordaram, retratando que outra parcela de respondentes

ainda não possuem certeza quanto sua iniciativa de planejamento para seguir os caminhos do

empreendedorismo.

Hisrich e Peters (2004) afirmam que empreendedor é um “indivíduo que se arrisca e

dá início a algo novo”, ou seja, os se faz necessário que os alunos possuam esse

comportamento inovador e busquem planejar para que consigam consolidar-se em suas

respectivas atividades.

Para os alunos, o plano de negócio se torna figura indispensável no ato de empreender,

visto que 78% concordaram com a afirmação que mensura suas respectivas opiniões no que

diz respeito à essencialidade do documento para o desenvolvimento de um possível

empreendimento (V2).

Corroborando o resultado com as ideias de Hisrich e Peters (2004) acerca o plano de

negócios: “seguramente é o documento mais importante para o empreendedor do estágio

inicial. É provável que potenciais investidores não pensem em investir em um novo

empreendimento enquanto o plano de negócios não estiver completado”.

No que diz respeito à vontade de ser independente e empreender no setor privado (V3),

existiu um balanceamento nas respostas, 37% dos alunos concordam com a afirmação e 24%

discordam da afirmação. Além disso, a imparcialidade se mostrou alta, visto que 39% dos

alunos marcaram o valor 3, demonstrando, dessa forma, que ainda há uma insegurança quanto

a vontade de inserção no mercado profissional.

Avaliando a questão da independência dos estudantes da UFRN, levanta-se um dos

principais “entraves” enfrentados pelo empreendedorismo no estado: concursos públicos.

Muitos buscam, por medo do mercado, concursos públicos em virtude das inúmeras

vantagens oferecidas, como por exemplo, estabilidade, planos assistenciais de saúde, ou

aposentadoria garantida, que acaba por tornar o resultado da (V3) disperso e variado.

Na afirmação (V4), a qual buscou avaliar quanto os alunos poderiam ser dedicados ao

negócio, trabalhando durante um tempo sem prever recebimentos, aproximadamente, 45%

discordaram da afirmação, representando que ainda falta amadurecimento no comportamento

empreendedor dos alunos, visto que, muitas vezes, empreender requer paciência, pois os

retornos nem sempre vem de imediato. Apesar do considerável índice de discordância, 33%

concordaram, exprimindo que há alunos que possuem o espírito para os negócios.

Page 96: KYLDARE RODRIGUES MAIA EMPREENDEDORISMO E …

96

Conforme Ferreira et al (2010), ser empreendedor é ter dedicação ao negócio,

exprimindo paixão pelo negócio e trabalhando arduamente por ele, portanto, todos precisam

focar seus objetivos em prol do sucesso de seus negócios, independente do tempo despendido

e energia utilizada para coloca-lo em situação superavitária.

Em relação ao gostar de trabalhar e lidar com pessoas, afirmação que atribui valor à

variável (V5) - competências em relações humanas, 82,3% concordam com a afirmação,

constatando que os alunos da UFRN possuem espírito para trabalhos em equipe,

consequentemente, trazendo consigo a sociabilidade e a capacidade de desenvolver boas redes

de parceiros profissionais (FERREITA et al, 2010).

A variável (V6) analisa a capacidade dos alunos em relação a trabalho e energia, desta

apurou-se que, aproximadamente, 90% estudantes concordaramm com afirmação, ou seja, a

grande maioria das pessoas tende a se esforçar e executar suas atividades da melhor maneira

possível, apresentando grande energia, vigor e persistência (DOLABELLA, 1999;

FERREIRA et al, 2010; DUARTE; ESPERANÇA, 2012); especulando-se que caso abram

seu próprio negócio, darão o seu máximo para que a continuidade da empresa seja

consequência de um grande trabalho.

O grau de responsabilidade dos entrevistados foi analisado por meio da (V4) e, diante

os resultados, constatou-se que 60% concordam com a afirmação, ou seja, os alunos não

tendem a resolver seus anseios ou realizar suas competências num período posterior se houver

tempo hábil para ser solucionado em momento antecipado, caracterizando um bom grau de

senso e responsabilidade (SARAIVA, 2011; FERREIRA et al, 2012; DUARTE;

ESPERANÇA, 2012). Em contraste, 26% dos respondentes discordaram.

Dentre as variáveis estudadas, também se elencou a questão da motivação para

resultados positivos (V8), extraindo um resultado de 87% de concordância, demonstrando que

a maior parcela de estudantes tende a ser esforçada diante a motivação que possam ter para

alcançar resultados além de satisfatórios. De todos os respondentes, somente 13% não

concordaram.

Em relação a variável (V9), a qual mensura o saber lidar com erros, constatou-se que

54% concordaram com a afirmação, em outras palavras, os alunos demonstraram que com os

erros é possível identificar seus pontos fracos e, após sua identificação, se faz necessário a

capacitação para suprir as devidas deficiências e, consequentemente, evitar novos erros

(FERREIRA et al, 2010). Entretanto, 46% se mostraram imparciais ou discordaram da

Page 97: KYLDARE RODRIGUES MAIA EMPREENDEDORISMO E …

97

afirmação, caracterizando a não aceitação dos seus erros e, muitas das vezes, esse

comportamento traz à tona sentimentos que não são compatíveis com o empreendedorismo,

como frustração e desmotivação.

Na variável (V10), é possível traduzir quão os alunos se sentem confiantes perante o

mercado profissional, e diante o resultado é possível verificar que a maioria, 57% dos

respondentes, acredita em si e em suas capacidades de atingir os objetivos a que se propõem

(MCCLELLAND, 1971; RAPOSO; PAÇO; FERREIRA, 2008; FERREIRA et al, 2010;

DUARTE; ESPERANÇA, 2012).

No entanto, uma grande parte também se sente insegura ou não soube opinar sobre tal

afirmação, retratando 43%, demonstrando dessa forma, que há algo de errado no percurso

empreendedor, já que a confiança é um dos grandes atributos que os alunos devem ter para se

sentir confortáveis na entrada para o mercado profissional.

Em compensação, a variável (V11), que também visa identificar e mensurar a

confiança dos alunos, porém, retratando o quanto os alunos confiam em seus resultados,

expressivos 90% concordaram com afirmação; ou seja, apesar de muitos não se sentirem

qualificados ou diferenciados perante o mercado (V10), a grande parte confia no alcance de

suas ações.

Em relação a variável (V12), a qual dimensiona a capacidade dos alunos em assunção

de grandes responsabilidades, 78% dos entrevistados afirmaram não ter problemas, ou seja,

aceitam assumir riscos, sejam eles propensos ao sucesso ou insucesso (SARAIVA, 2011;

FERREIRA et al, 2012; DUARTE; ESPERANÇA, 2012). Além disso, 12% discordaram da

afirmação, demonstrando novamente traços relacionados a receios e, também, insegurança.

Assim como na variável (V9), a (V13) buscou estratificar a quantidade de alunos que

conseguem lidar com seus erros. No resultado alcançou-se um resultado aproximado de 70%

de concordância com afirmação, demonstrando, dessa forma, serem persistentes e sapientes

frente aos seus fracassos.

Cotidianamente em jornais são visualizados inúmeros casos de empresas de sucesso

que tiveram seus sócios envolvidos em diversas dificuldades, entre elas o da falência. Se não

houvessem persistido e demonstrado comportamento e espírito empreendedor, além da

vontade de inovar, não estariam nesse rol de empresários de sucesso.

A variável (V14), na qual demonstra o nível de criatividade e inovação dos alunos é

possível identificar uma variabilidade de resultados; um terço, ou seja, 33,3% dos alunos se

Page 98: KYLDARE RODRIGUES MAIA EMPREENDEDORISMO E …

98

consideram criativos ou inovadores, tem facilidades de visualizar novas abordagens, possíveis

produtos ou até mesmo processos; porém, aproximadamente 30% discordam, número

expressivo e que demonstra certa lacuna na universidade no que diz respeito a essa

competência tão importante e essencial para os empreendedores.

No que diz respeito à inteligência na execução (V15), apurou-se que 31% dos

estudantes concordam com a afirmação, demonstrando que já geraram valor agregado a

alguma empresa por meio do conhecimento absorvido em sala de aula, em alguma disciplina

oferecida pela universidade. Situação esta que se demonstra tão importante visto o papel

essencial que a Universidade está tendo no processo de desenvolvimento empreendedor dos

respondentes. Entretanto, 29% discordaram, ou seja, ainda não tiveram essa experiência de

aplicar a teoria à pratica. É necessário investir na formação de empreendedores, para que

assim estes obtenham competências que lhes possibilitem criar valor, seja para si, seja para

outros indivíduos (FERREIRA; SANTOS; SERRA, 2010).

Em relação a variável que mensura o nível de possibilidade e planejamento de ser

empreendedor dos alunos da UFRN (V16), é possível analisar que 65% discordaram, tendo

esses como prioridade no planejamento de suas carreiras profissionais os concursos públicos;

corroborando a ideia que no estado do RN, apesar de ter alunos potenciais a empreender,

existe um comportamento voltado para o alcance da estabilidade e segurança profissional. Tão

verdade que somente 24% concordaram com a afirmação, demonstrando que poucos alunos

realmente se interessam pelos riscos inerentes a iniciativa de empreender.

Por isso, é indispensável que o Brasil insira mais fortemente o ensino da temática do

empreendedorismo no seu sistema educativo e melhore a relação das escolas com o tecido

empresarial (PEREIRA; FERREIRA; FIGUEIREDO, 2007). Dessa forma, possibilitando uma

mudança na visão e comportamento dos estudantes quanto ao ato de empreender.

Quanto à vontade de empreender por existir em suas respectivas famílias uma figura

exemplar de empreendedorismo (V17), aproximadamente 42% dos respondentes concordaram

com a afirmação, demonstrando que sua vontade de empreender vem de parentes

empreendedores. Porém, 33,3% discordaram, demonstrando que não há pessoas na família

que seja exemplo para que possa enveredar nos caminhos empreendedores.

Ainda no que diz respeito à família, a variável (V18) buscou apurar se os estudantes

viam o apoio familiar como essencial para empreender, dos resultados conseguiu-se o valor

de 52% dos respondentes concordando com a afirmação, demonstrando que o apoio familiar é

Page 99: KYLDARE RODRIGUES MAIA EMPREENDEDORISMO E …

99

importante e básico em suas visões para que possam obter sucesso nas suas respectivas vidas

profissionais.

Diante os resultados apresentados, é possível afirmar que os alunos da UFRN possuem

um perfil denominado supervendedor, que conforme as características apresentadas por

Minner (1998) são “pessoas possuem uma grande sensibilidade em relação a outras pessoas e

desejam ajudá-las de qualquer maneira possível. Eles consideram as vendas como um

elemento essencial para o sucesso de suas empresas. Para ter sucesso, os supervendedores

precisam seguir o caminho das vendas e contratar alguém para administrar os negócios”.

5.2.2 Motivação

As variáveis que compõem a seção referente a motivação buscam avaliar

empreendedorismo por necessidade ou oportunidade, além dos incentivos fiscais ou não

fiscais oferecidos pelo governo federal do Brasil. No total, foram avaliadas 3 sentenças nesse

grupo e os resultados são apresentados no Quadro 13.

Quadro 13 – Dados da avaliação das variáveis agrupadas nas motivações.

Sentenças referentes à Motivação

V19 Os incentivos oferecidos pelo Governo Federal são suficientes para que possa

abrir uma empresa.

V20 Após a graduação, se eu estiver desempregado, uma alternativa seria abrir

uma pequena empresa.

V21 Só abro uma empresa se eu vir que o mercado necessita do serviço/produto

que posso oferecer.

Dados Correspondentes as opiniões dos entrevistados

Vx Frequência Relativa Média Moda Variância Desvio Padrão

1-2 3 4-5

V19 0,677 0,188 0,135 2,21875 2 1,435855 1,198272

V20 0,250 0,125 0,625 3,708333 5 1,514035 1,230461

V21 0,156 0,229 0,615 3,697917 4 1,26568 1,125024

Fonte: Elaboração Própria (2016).

Page 100: KYLDARE RODRIGUES MAIA EMPREENDEDORISMO E …

100

Em relação às políticas públicas e tributárias atribuídas a variável (V19), foi apurado

que, aproximadamente, 68% discordam da afirmação, demonstrando que na visão dos alunos

o governo federal não tem concedido incentivos suficientes para que os mesmos possam

empreender. Do total, somente 13% concordam, ou seja, poucos veem esses incentivos como

suficientes para seguir o caminho do empreendedorismo.

Quanto a afirmação que abrange a questão do empreendedorismo por necessidade

(V20), relevantes 62,5% concordaram com a afirmação, demonstrando que os estudantes da

UFRN só terão a iniciativa de empreender, após a conclusão da graduação, se estiverem

desempregados, evidenciando uma postura que deve ser evitada, pois muitos

empreendimentos são constituídos sem nenhum planejamento ou visão sobre o mercado,

tornando o negócio, dessa maneira, propenso ao fracasso.

Essa situação é evidenciada por Vivarelli (2013) ao afirmar que por não possuírem

melhores opções para o trabalho acabam por precisar abrir um negócio a fim de gerar renda

para si e suas famílias. O empreendedorismo por necessidade está mais suscetível à

conjuntura econômica dos países e tende a diminuir quando a oferta de emprego é maior.

Por outro lado, no que diz respeito ao empreendedorismo por oportunidade (V21),

constatou-se que 61,5% concordam com a afirmação, demonstrando que os alunos só abririam

uma empresa caso o mercado necessitasse do serviço ou produto que pudessem oferecer, ou

seja, só buscariam empreender se identificassem a possibilidade de realização de uma

atividade econômica rentável baseada na demanda do mercado no estado do Rio Grande do

Norte.

Os empreendedores por oportunidade identificam, conforme visão de Vivarellli

(2013), a possibilidade de realização de uma atividade econômica rentável baseada na

demanda do mercado. Este tipo de empreendedorismo, geralmente, é realizado por indivíduos

que possuem características proativas (SHANE; VENKATARAMAN, 2000; ANTONCIC;

HISRICH, 2001) com alto grau educacional (DAVIDSSON; HONIG, 2003; IACOBUCCI;

MICOZZI, 2012) e experiência anterior de emprego (BOROZAN; PFEIFER, 2014).

5.2.3 Obstáculos

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101

Em relação às variáveis que compõem a seção que aborda os obstáculos, houve a

busca na avaliação de temas como: autonomia para entrada no mercado profissional,

preparação universitária e captação de recursos de terceiros para financiamento do negócio

próprio. Os dados são apresentados no Quadro 14.

Quadro 14 – Dados da avaliação das variáveis agrupadas nos obstáculos.

Sentenças referentes aos Obstáculos

V22 Não tenho medo de entrar no mercado de trabalho por conta própria, pois

me considero preparado para atuar.

V23 Independente da crise econômica instaurada no país, me vejo

empreendendo de alguma forma.

V24 A universidade me preparou para o mercado profissional.

V25 Se eu não tiver recursos próprios suficientes para abertura de um negócio,

sei de outras maneiras de obtê-los.

Dados Correspondentes as opiniões dos entrevistados

Vx Frequência Relativa

Média Moda Variância Desvio

Padrão 1-2 3 4-5

V22

0,260 0,302 0,438 3,3125 3 1,396053 1,181547

V23

0,365 0,250 0,385 3,270833 2 1,694298 1,301652

V24

0,500 0,302 0,198 2,65625 2 0,964803 0,982244

V25

0,240 0,365 0,396 3,166667 3 1,087719 1,042938

Fonte: Elaboração Própria (2016).

Quanto ao nível de preparação universitária (V22), percebe-se que, aproximadamente,

44% dos alunos concordam com a afirmação, provando que menos da metade dos alunos da

UFRN, os quais já cursaram ou cursam disciplinas que abordem o empreendedorismo, se

sentem ou consideram preparados para enfrentar as diversidades do mercado profissional. Por

outro lado, 26% discordaram da afirmação, demonstrando apreensão quanto sua inserção no

mercado. Além disso, 30,2% não souberam responder e atribuíram valor 3 a afirmação, este

correspondendo a moda.

Complementado a questão do receio de empreender pela insegurança das suas

respectivas qualificações, a variável que analisa o perfil empreendedor dos estudantes no que

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102

diz respeito à deficiência econômica regional (V23), retornou-se um valor de 38,5% de

estudantes concordantes da afirmação, constatando, dessa forma, que poucos são os que

possuem a coragem e iniciativa para empreender em situações adversas ou crises econômicas

instauradas. Por outro lado, 36,5% discordam, manifestando que grande parte dos alunos não

se arriscaria a inserção no mercado em circunstâncias dificultas.

Além dos resultados obtidos na variável (V22), referente à preparação universitária

para empreender, na variável (V24) que também abordou tal assunto, foram extraídos

resultados preocupantes. Do total de respondentes, somente 19,8% concordaram com a

afirmação, ou seja, menos de 20% dos alunos se sentem capacitados por meio da

Universidade para enfrentar as inconstâncias do mercado profissional. Somado ao baixo

número de concordância existe um alto número de discordância da afirmação - 50%; se

destacando a insatisfação dos alunos e a inexistência de visão por parte dos estudantes da

universidade como figura preparatória.

Segundo Chiavenato (2007), a falta de um comprometimento educacional mais

interativo e dinâmico para treinar os jovens empreendedores para os possíveis riscos e perigos

pode se tornar um grande problema.

Em relação ao conhecimento sobre fontes de renda alternativas em caso de

insuficiência própria (V25), 39,6% concordam com a afirmação, demonstrando a ciência dos

estudantes quanto a meios alternativos de obtenção de financiamentos e recursos; já 24%

discordaram, atestando que ainda é assunto desconhecido e, provavelmente, não levantado em

sala de aula.

5.2.4 Abordagens de ensino

As variáveis que compõem a seção referente as aboragens de ensino buscam avaliar os

métodos aplicados em sala de aula pelos professores da UFRN. No total, foram avaliadas 16

sentenças nesse grupo e os resultados são apresentados no Quadro 15.

Quadro 15 – Dados da avaliação das variáveis agrupadas nas abordagens de ensino.

Sentenças referentes às Abordagens de Ensino

Page 103: KYLDARE RODRIGUES MAIA EMPREENDEDORISMO E …

103

V26 Meu professor de empreendedorismo solicitou atividades para desenvolvermos um plano de negócio.

V27 Conheço e foi abordado em sala de aula o método de planejamento estratégico Canvas.

V28 Como aluno gosto de estudar a teoria aplicada à prática.

V29 Meu professor da área de empreendedorismo tem aplicado exercícios práticos na disciplina.

V30 Os professores que desenvolvem a temática de empreendedorismo solicitam atividades em parcerias

com empresas privadas.

V31 Tenho realizado atividades com empresas privadas em busca de novas soluções para problemas

gerenciais.

V32 Já consegui resolver problemas operacionais de empresas por meio do conhecimento de alguma

disciplina oferecida pela universidade.

V33 As disciplinas da Universidade, sobretudo de empreendedorismo, solicitam atividades em grupo.

V34 Meu curso possui empresa júnior e sou motivado a participar das atividades.

V35 Propriedade Intelectual tem sido uma temática discutida em sala de aula – (Patentes).

V36 A captação de recursos e investimentos tem sido uma temática abordada em sala de aula

V37 Meu professor implementa diferentes ferramentas para incentivar o empreendedorismo em sala de aula.

V38 A disciplina de temática acerca do empreendedorismo está sendo/foi satisfatória no que diz respeito a

procedimentos metodológicos adotados.

V39 A disciplina ou o assunto sobre empreendedorismo tem sido uma temática importante e interessante para

meu futuro profissional

V40 Na abertura da minha empresa, caso tenha sócio, sua qualificação ou graduação serão essenciais.

V41 O método de ensino quanto ao Empreendedorismo na UFRN é satisfatório.

Dados Correspondentes as opiniões dos entrevistados

Vx Frequência Relativa Média Moda Variância Desvio Padrão

1-2 3 4-5

V26 0,146 0,188 0,667 3,96875 5 1,3569079 1,1648639

V27 0,417 0,167 0,417 3,03125 5 2,5779605 1,6056029

V28 0,000 0,125 0,875 4,6666667 5 0,477193 0,6907916

V29 0,313 0,313 0,375 3,0833333 3 1,6350877 1,2787055

V30 0,552 0,250 0,198 2,3645833 1 1,6446272 1,2824302

V31 0,510 0,240 0,250 2,6354167 2 1,7077851 1,3068225

V32 0,417 0,167 0,417 2,9583333 1 2,1035088 1,4503478

V33 0,104 0,125 0,771 4,2395833 5 1,0683114 1,0335915

Page 104: KYLDARE RODRIGUES MAIA EMPREENDEDORISMO E …

104

V34 0,552 0,146 0,302 2,7916667 2 1,9561404 1,3986209

V35 0,552 0,188 0,260 2,375 1 1,6894737 1,2997976

V36 0,500 0,250 0,250 2,5208333 1 1,4732456 1,2137733

V37 0,583 0,219 0,198 2,4375 2 1,1960526 1,0936419

V38 0,458 0,365 0,177 2,6041667 3 1,2732456 1,1283819

V39 0,104 0,281 0,615 3,75 4 1,0105263 1,0052494

V40 0,042 0,271 0,688 4,0208333 5 0,820614 0,9058775

V41 0,833 0,167 0,000 1,3645833 1 0,570943 0,7556077

Fonte: Elaboração Própria (2016).

A variável que questiona as solicitações de atividades pelos professores da UFRN no

que diz respeito a planos de negócios (V26) apurou-se que, aproximadamente, 67% dos alunos

concordaram com a afirmação, demonstrando que os docentes da universidade, normalmente,

solicitam atividades acerca do assunto.

Percebe-se que esse índice pode refletir na visão positiva e necessária de um plano de

negócio na possível vida empreendedora dos discentes, conforme visto em parágrafos

anteriores, e descritos nas variáveis (V1) e (V2).

Quanto à abordagem do método Canvas (V27), 41,7% dos estudantes concordam com a

afirmação, extraindo dos resultados que menos da metade dos alunos possuem conhecimento

sobre o método diferenciado de planejamento de negócio ou o assunto não foi abordado em

sala de aula, além disso, outros 41,7% discordam da afirmação, certificando que muitos ainda

desconhecem a ferramenta visual e de fácil aplicação, principalmente, para jovens que

buscam empreender, já que muitos consideram o plano de negócio complexo e que, muitas

vezes, após finalizado, acaba sendo de certo modo menosprezado.

Em relação ao estudo da teoria aplicada à prática (V28), previsíveis 87,5%

concordaram com a afirmação, constatando que muitos dos alunos gostam de participar de

atividades que sejam dinâmicas e que os posicionem em situações-problema para serem

solucionadas.

Apesar do alto índice de aceitação quanto às atividades práticas (V28), na variável

(V29) que mensura a realidade em sala de aula dessas atividades, é possível obter um dado

alarmante, pois apenas 37,5% dos alunos concordam com a afirmação, certificando que

Page 105: KYLDARE RODRIGUES MAIA EMPREENDEDORISMO E …

105

poucos são os que possuem professores que recorrem às atividades práticas para explanar

assuntos como o empreendedorismo. Contrapondo-se a esse índice, encontram-se os alunos

que discordam da afirmação, mais precisamente 31,3% dos discentes. Outros 31,3% não

souberam opinar, sendo o resultado de valor 3 moda dessa afirmação.

No tocante aos trabalhos de professores no que diz respeito a aproximação de

empresas às salas de aulas (V30), apenas 19,8% dos alunos concordaram, expondo a

deficiência na parceria público privado nas classes. Enfatiza-se a importância dessa parceria

Universidade-Empresa, visto que são nesses momentos de contato com empresários que os

alunos conseguem enxergar os pontos relevantes e os obstáculos que terão que enfrentar para

serem empreendedores de sucesso.

No que se refere à aprendizagem baseada em problemas, a também conhecida PBL –

Problem based Learning apresentada nas variáveis (V31) e (V32), nota-se que há uma lacuna

evidente, visto que na (V31) somente 25% concordam com a afirmação, ou seja, apenas um

quarto dos respondentes realizaram atividades com empresas a fim de solucionar algum

problema gerencial, por outro lado, 51% discordam, apresentando um índice preocupante já

que a universidade tem como objetivo lançar jovens preparados e qualificados para mercado e

que possuam competência suficiente para solucionar problemas em suas respectivas áreas.

Quanto a variável (V32) que busca analisar o percentual de alunos que já solucionaram

problemas por meio de conhecimentos adquiridos em disciplinas oferecidas na universidade,

41,7% concordaram com a afirmação, enquanto 41,7% discordaram. Apesar dos índices

serem semelhantes, a moda da afirmação foi o valor 1, ou seja, a grande maioria discordou da

afirmação, demonstrando e reforçando o resultado obtido na (V31).

A variável (V33) buscou avaliar se as atividades em grupo estavam sendo solicitadas

pelos professores a fim de facilitar as relações humanas entre os envolvidos e dinamizar a

processo de aprendizagem; 77,1% dos estudantes concordaram com a afirmação,

demonstrando que muitos docentes utilizam desse método para desenvolvimento de

competências. Somente 10,4% dos alunos discordaram.

No que diz respeito à existência de empresas juniores em seus cursos e o incentivo à

participação dos alunos nesses ambientes (V34), obteve-se um resultado de 55% de

discordância, demonstrando que ainda não há uma aproximação desejada dos alunos com

esses locais que tanto agregam no tocante à experiência profissional e dinâmica

Page 106: KYLDARE RODRIGUES MAIA EMPREENDEDORISMO E …

106

organizacional. Por outro lado, 30% concordam, demonstrando que há um trabalho por trás

do curso que incentiva a participação dos estudantes.

Em relação à discussão em sala de aula da temática referente a propriedade intelectual

- patentes (V35), muitos discordam da afirmação, precisamente 55,2% dos respondentes,

traduzindo que ainda é um assunto pouco abordado, visto que apenas 26% dos estudantes

concordam. O resultado nos dá um panorama preocupante, já que a propriedade intelectual é

um importante mecanismo de proteção do conhecimento sendo capaz de proporcionar

vantagens competitivas e bons retornos econômicos.

A variável (V36) aborda a discussão em sala de aula acerca de captação de recursos e

investimentos. A afirmação correspondente obteve um retorno de 50% de discordância,

apresentando que há uma deficiência nas disciplinas sobre a evidenciação desse assunto.

Ratificando a deficiência, temos o quantitativo de respondentes que confirmaram a afirmação

– somente 25% dos alunos.

Quanto à implementação pelos professores de novas ferramentas para incentivar o

empreendedorismo (V37), apurou-se um valor de 58% de discordância da afirmação pelos

alunos, constatando que os professores não tem levado às salas métodos inovativos de ensino

com objetivo de incentivar o empreendedorismo. Do total de discentes respondentes,

aproximadamente, 20% concordaram, valor que ainda pode ser considerado muito baixo.

Outro fator preocupante e que apresentou baixo índice de concordância da afirmação,

diz respeito a procedimentos adotados em sala de aula e que contribui para avaliar a variável

(V38), a qual mensura o grau de satisfação dos alunos pela metodologia aplicada pelos seus

respectivos professores, somente 17% dos discentes concordaram com a afirmação, ou seja,

poucos são os que aprovam as metodologias utilizadas para o ensino de disciplinas que

envolvam a temática de empreendedorismo.

Em referência ao grau de importância das disciplinas que abordam o

empreendedorismo para o futuro profissional (V39), 61% dos alunos concordam com a

afirmação, demonstrando que existe um interesse e que buscam qualificação nessa área.

Poucos são os que não concordam, estes representam apenas 10%.

Quanto a variável (V40), que busca analisar a qualificação ou formação acadêmica de

possível sócio, no caso de constituição de algum empreendimento, foi possível analisar que

existiu uma grande relevância já que, aproximadamente, 69% concordam com a afirmação.

Page 107: KYLDARE RODRIGUES MAIA EMPREENDEDORISMO E …

107

No tocante a satisfação da metodologia de ensino das disciplinas que abordem o

empreendedorismo (V41) na Universidade Federal do Rio Grande do Norte, o resultado

apresentou um volume bastante considerável e alarmante, visto que 83% dos respondentes

discordaram da afirmação, demonstrando descontentamento com a forma que é explanado o

assunto em sala e a necessidade de mudanças para atender as expectativas dos alunos.

5.2.5 Meios de empreender

Os meios de empreender foram elaborados mediante as variáveis que indicavam o

conhecimento sobre ambientes na universidade que incentivam ou executam o

empreendedorismo. Dessa forma, a seção referente aos meios de empreender foi construída a

partir de cinco variáveis. O Quadro 16 apresenta os resultados.

Quadro 16 – Dados da avaliação das variáveis agrupadas nos meios de empreender.

Sentenças referentes aos Meios de Empreender

V42 Aprendi na disciplina de empreendedorismo que na universidade existem ambientes de incentivo a

potenciais empreendedores.

V43 Conheço e me interesso pelo assunto startup.

V44 Sei da existência de incubadoras de empresas na universidade.

V45 Busco acompanhar o trabalho das incubadoras na universidade.

V46 Conheço e sei os objetivos dos parques tecnológicos no RN ou Brasil.

Dados Correspondentes as opiniões dos entrevistados

Vx Frequência Relativa Média Moda Variância Desvio Padrão

1-2 3 4-5

V42 0,271 0,177 0,552 3,4270833 4 1,5946272 1,2627855

V43 0,188 0,302 0,510 3,5625 5 1,4907895 1,2209789

V44 0,208 0,188 0,604 3,6666667 5 1,445614 1,2023369

V45 0,635 0,281 0,083 2,21875 2 1,1832237 1,0877609

V46 0,531 0,208 0,260 2,6458333 2 1,8100877 1,345395

Page 108: KYLDARE RODRIGUES MAIA EMPREENDEDORISMO E …

108

Fonte: Elaboração Própria (2016).

No que diz respeito ao conhecimento de ambientes de incentivo ao empreendedorismo

na universidade por meio de disciplinas oferecidas (V42), 55% dos alunos concordam com a

afirmação, demonstrando que possuem ciência, porém, é constatado que o valor de maior

resposta na afirmação foi o 4, ou seja, a grande maioria concorda parcialmente, trazendo a

tona questionamentos, como por exemplo, se realmente foi por meio de disciplinas que

abordem o assunto do empreendedorismo que houve esse conhecimento.

Em relação a variável (V43), que aborda o conhecimento e interesse sobre o assunto

Startups, 51% dos discentes concordam com a afirmação, constatando que muitos já veem o

assunto como algo comum e de possível direcionamento para seguir os caminhos do

empreendedorismo.

Quanto ao conhecimento de incubadoras na universidade e suas funções no

desenvolvimento do empreendedorismo (V44), 60,4% dos estudantes concordam com a

afirmação, evidenciando a prevalência. Entretanto, 20,8% discordam da afirmação,

demonstrando que ainda existem alunos que não possuem noção do suporte que podem obter

para executar suas ideias.

Confirmando o quanto as incubadoras são vistas de forma superficial, a variável (V45)

que aborda o acompanhamento dos trabalhos desses ambientes, somente 8% concordam com

a afirmação.

Por fim, a variável (V46) mensura o conhecimento dos alunos acerca dos parques

tecnológicos de uma forma geral, e somente 26% dos respondentes concordaram,

demonstrando que ainda é um assunto pouco abordado e discutido.

5.3 – AVALIAÇÃO GERAL DA DESCRIÇÃO DOS DADOS

De modo geral, 21 das 46 afirmações referentes ao empreendedorismo foram

confirmadas por, pelo menos, 50% dos respondentes. Os assuntos relacionados a

comportamentos, como confiança e a capacidade de trabalho e energia dos estudantes se

mostraram positivas, tendo em média 90% de concordância, enquanto que metodologia de

Page 109: KYLDARE RODRIGUES MAIA EMPREENDEDORISMO E …

109

ensino da UFRN e acompanhamento de trabalhos das incubadoras expuseram índices muito

baixos, demonstrando dificuldades apresentadas nas abordagens de ensino.

A Tabela 13 apresenta o “ranking” gerado pelas variáveis apresentadas no

questionário relacionado ao empreendedorismo na perspectiva dos alunos da Universidade

Federal do Rio Grande do Norte.

Tabela 13 – Ranking gerado pelo estudo.

V(x) Variáveis acerca do Empreendedorismo R Índice

V11 Confiança 1 0,90625

V6 Capacidade de trabalho e energia 2 0,895833333

V8 Motivação para resultados positivos 3 0,875

V28 Teoria aplicada à prática 4 0,875

V5 Competências em relações humanas 5 0,822916667

V2 Organização 6 0,78125

V12 Responsabilidade 7 0,78125

V33 Atividades em grupo 8 0,770833333

V13 Saber lidar com erros 9 0,697916667

V40 Formação acadêmica de possível sócio 10 0,6875

V26 Plano de Negócio 11 0,666666667

V20 Empreendedorismo por necessidade 12 0,625

V21 Empreendedorismo por oportunidade 13 0,614583333

V39 Importância da disciplina 14 0,614583333

V7 Responsabilidade 15 0,604166667

V44 Incubadoras na universidade 16 0,604166667

V10 Confiança 17 0,572916667

V42 Ambientes de incentivo na universidade 18 0,552083333

V9 Saber lidar com erros 19 0,541666667

V18 Apoio Familiar para empreender 20 0,520833333

V43 Conhecimento acerca Startups 21 0,510416667

V22 Preparação universitária 22 0,4375

V1 Proatividade 23 0,427083333

V17 Familiaridade com o empreendedorismo 24 0,416666667

V27 Método Canvas 25 0,416666667

V32 Aprendizagem baseada em problemas 26 0,416666667

V25 Financiamento e Recursos 27 0,395833333

V23 Economia 28 0,385416667

V3 Independência 29 0,375

V29 Aplicação pelo professor da prática 30 0,375

V4 Dedicação ao negócio 31 0,333333333

V14 Criatividade e inovação 32 0,333333333

V15 Inteligência na execução 33 0,3125

V34 Empresa Junior 34 0,302083333

V35 Propriedade Intelectual (Patentes) 35 0,260416667

V46 Parques Tecnológicos 36 0,260416667

V31 Aprendizagem baseada em problemas 37 0,25

V36 Captação de recursos e investimentos. 38 0,25

V16 Empreendedor 39 0,239583333

V24 Preparação universitária 40 0,197916667

V30 Professor busca empresas para sala de aula 41 0,197916667

V37 Incentivo pelo professor 42 0,197916667

Page 110: KYLDARE RODRIGUES MAIA EMPREENDEDORISMO E …

110

V38 Satisfação do aluno pela metodologia aplicada em

sala

43 0,177083333

V19 Políticas Públicas e tributárias 44 0,135416667

V45 Acompanhamento de trabalhos das incubadoras 45 0,083333333

V41 Metodologia de Ensino Satisfatório 46 0

Observa-se que as últimas 17 colocações do ranking são ocupadas, na sua grande

maioria, por variáveis categorizadas nas abordagens de ensino (V29, V34, V35, V31, V36, V30,

V37, V38 e V41), trazendo à tona problemas específicos que devem ser sanados para que os

alunos possam ter espírito e vontade de empreender. Destaca-se o (V41), no qual os alunos

demonstram total insatisfação pelos métodos utilizados em sala de aula para promover

assuntos relacionados ao empreendedorismo.

As melhorias específicas avaliadas devem ser direcionadas a: 1) Aplicação da prática

pelos professores em sala de aula; 2) Incentivo aos alunos para participação de projetos ou

engajamento em empresa júnior; 3) Abordagens de temáticas relacionadas à propriedade

intelectual; 4) Aproximar empresas do ambiente universitário a fim de familiarizar os

estudantes com os entraves e oportunidades do mercado, além de colocá-los em situações-

problema com o objetivo de argumentar sobre as possíveis soluções; 5) instruir os alunos

quanto à captação de recursos e investimentos para empreender; 6) Incentivar os alunos por

meio de metodologias diferenciadas com o objetivo de motivá-los na aprendizagem.

Por outro lado, no que diz respeito à caracterização e tipologia dos empreendedores, é

possível perceber que 11 das 18 variáveis estiveram concentradas entre as 20 melhores

posições, em outras palavras, estiveram com mais 50% de concordância dos respondentes.

Entretanto, tal fato mostrou que algumas competências devem ser trabalhadas com a

finalidade de acrescentar nas habilidades ou atitudes dos alunos, como por exemplo: 1) A

proatividade; 2) A visão dos alunos quanto às inúmeras oportunidades apresentadas no

mercado de trabalho; 3) A motivação para se dedicarem ao máximo às suas atividades; 4)

Criatividade e inovação; e, por fim, 5) Inteligência na execução.

Em relação aos obstáculos enfrentados, nota-se que todas as variáveis ficaram com

frequências abaixo dos 50%, transparecendo que o ensino da Universidade no tocante a

preparação dos alunos para enfrentar os entraves do mercado encontra-se deficiente. É preciso

que se destaque alternativas e oportunidades para empreender em situações de crise

econômica ou de meios para angariar recursos de terceiros com o objetivo de financiar seus

futuros negócios.

Page 111: KYLDARE RODRIGUES MAIA EMPREENDEDORISMO E …

111

Quanto às motivações, é possível verificar que tanto a voltado para oportunidade como

para a necessidade tiveram valores muito próximos, em torno dos 62%. Torna-se preocupante

saber que os alunos tem o empreendedorismo como um escape para situações de desemprego,

já que tal atitude, muitas vezes, acaba por desestabilizar a continuidade das empresas por,

geralmente, não haver uma pesquisa de mercado ou demanda por determinado produto ou

serviço. Além disso, os alunos demonstraram que estão insatisfeitos com as políticas públicas

e tributárias oferecidas pelo governo.

Dessa forma, tratar de assuntos como: 1) a importância do planejamento para o

sucesso empresarial; e, 2) trabalhos voltados para averiguação de oportunidades e demandas,

se tornam essenciais para moldar os alunos a evitarem esse empreendedorismo por

necessidade.

No tocante a meios empreender, é possível verificar que muitos alunos possuem

conhecimentos sobre a existência de incubadoras, os ambientes de incentivos ao

empreendedorismo na Universidade, bem como “startups”, assuntos estes retratados nas

afirmações V44, V42 e V43, respectivamente.

Entretanto, as afirmações que diziam respeito a conhecimento de parques tecnológicos

e acompanhamento do trabalho das incubadoras nas universidades retrataram valores baixos

e, portanto, necessários de se verificar a ponto de realizar ajustes para uma maior

familiaridade dos alunos.

Sistematizar os resultados por categoria também facilita na leitura dos dados,

conforme Tabela 14.

Tabela 14 – Ranking por categoria

V(x) Variáveis acerca do Empreendedorismo Índice R

Caracterização e tipologia dos empreendedores

V11 Confiança 0,90625 1

V6 Capacidade de trabalho e energia 0,895833333 2

V8 Motivação para resultados positivos 0,875 3

V5 Competência em relação humanas 0,822916667 4

V2 Organização 0,78125 5

V12 Responsabilidade 0,78125 6

V13 Saber lidar com erros 0,697916667 7

V7 Responsabilidade 0,604166667 8

V10 Confiança 0,572916667 9

V9 Saber lidar com erros 0,541666667 10

V18 Apoio Familiar para empreender 0,520833333 11

V1 Proatividade 0,427083333 12

V17 Familiaridade com o empreendedorismo 0,416666667 13

V3 Independência 0,375 14

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112

V4 Dedicação ao negócio 0,333333333 15

V14 Criatividade e inovação 0,333333333 16

V15 Inteligência na execução 0,3125 17

V16 Empreendedor 0,239583333 18

Motivações

V20 Empreendedorismo por necessidade 0,625 1

V21 Empreendedorismo por oportunidade 0,614583333 2

V19 Políticas Públicas e tributárias 0,135416667 3

Obstáculos

V22 Preparação universitária 0,4375 1

V25 Financiamento e Recursos 0,395833333 2

V23 Economia 0,385416667 3

V24 Preparação universitária 0,197916667 4

Abordagens de Ensino

V28 Teoria aplicada à prática 0,875 1

V33 Atividades em grupo 0,770833333 2

V40 Formação acadêmica de possível sócio 0,6875 3

V26 Plano de Negócio 0,666666667 4

V39 Importância da disciplina 0,614583333 5

V27 Método Canvas 0,416666667 6

V32 Aprendizagem baseada em problemas 0,416666667 7

V29 Aplicação pelo professor da prática 0,375 8

V34 Empresa Junior 0,302083333 9

V35 Propriedade Intelectual (Patentes) 0,260416667 10

V31 Aprendizagem baseada em problemas 0,25 11

V36 Captação de recursos e investimentos. 0,25 12

V30 Professor busca empresas para sala de aula 0,197916667 13

V37 Incentivo pelo professor 0,197916667 14

V38 Satisfação do aluno pela metodologia aplicada em

sala

0,177083333 15

V41 Metodologia de Ensino Satisfatório 0 16

Meios de Empreender

V44 Incubadoras na universidade 0,604166667 1

V42 Ambientes de incentivo na universidade 0,552083333 2

V43 Conhecimento acerca Startups 0,510416667 3

V46 Parques Técnológicos 0,260416667 4

V45 Acompanhamento de trabalhos das incubadores 0,083333333 5

Fonte: Elaboração Própria (2016).

Baseando nesses resultados, busca-se analisar as hipóteses de pesquisa. Observa-se,

que a hipótese 1 (H1) - A disciplina de empreendedorismo disponibilizada pela Universidade

Federal do Rio Grande do Norte está sendo oferecida da forma satisfatória.; foi refutada pois

os métodos utilizados pelos professores em sala de aula não estão sendo compatíveis com as

expectativas dos alunos.

Entretanto, em relação à hipótese 2 (H2), na qual afirma que os alunos da UFRN se

interessam pela disciplina que aborda o empreendedorismo e a veem como requisito para seu

sucesso profissional; foi validada, visto que os alunos possuem interesse, buscam entender o

caminho do empreendedorismo, mas desmotivam, muitas vezes, por não serem colocados em

Page 113: KYLDARE RODRIGUES MAIA EMPREENDEDORISMO E …

113

situações que os coloquem como gestor ou empresário responsável para adquirirem a devida

experiência necessária para aflorar sentimentos voltados ao querer empreender.

5.4 – PROPOSTAS DE MELHORIAS

As seções anteriores buscavam conhecer as características relacionadas ao

comportamento empreendedor dos alunos da Universidade Federal do Rio Grande do Norte,

bem como mensurar a relação da temática do empreendedorismo com abordagens de ensino;

obstáculos; motivações; e, meios de empreender.

Os problemas identificados relacionados ao empreendedorismo acadêmico devem ser

o ponto de partida para o aperfeiçoamento das metodologias praticadas atualmente na

universidade. Diante isso, a partir da avaliação das deficiências universitária que acabam por

dificultar no processo e desenvolvimento do ser empreendedor dos alunos é possível sugerir

melhorias.

As melhorias sugeridas neste estudo procuram resolver questões pontuais, mas de

grande importância para a evolução dos alunos como futuros empreendedores, além de

proporcionar, dessa maneira, possível desenvolvimento regional. Possivelmente, algumas

práticas sugeridas poderão ser replicadas em instituições semelhantes.

1) Reajustar as metodologias de ensino aplicadas em sala de aula com o intuito de

aumentar a absorção e motivação dos alunos.

Conforme demonstrado na avaliação de dados, a metodologia aplicada em sala de aula

para promover o empreendedorismo na UFRN não tem sido bem recepcionada pelos alunos.

Muitos afirmam que os professores não tem abordado o assunto acerca da temática de forma

prática, sendo restritos somente a aulas meramente expositivas e apresentadas de forma

superficial; inclusive sendo uma das prioridades em termos de ação visto que na própria

pesquisa ficou em último lugar no ranking de concordância de afirmações gerado pelos

respondentes.

Desenvolver métodos deficientes de ensino para abordar tal assunto converge em

consequências graves, como por exemplo: crescentes incertezas e inseguranças nos alunos.

Dessa forma, estruturar aulas com ferramentas que, segundo os alunos, estão sendo

pouco utilizadas e que certamente irá influenciar positivamente em seus comportamentos

torna-se figura importante. Pode-se elucidar como ferramentas significativas para desenvolver

Page 114: KYLDARE RODRIGUES MAIA EMPREENDEDORISMO E …

114

os alunos de maneira favorável a aprendizagem baseada em problemas; a utilização de meios

práticos para aprofundar o conhecimento transmitido em sala de aula; e, a aprendizagem

cooperativa.

Nesse contexto, a universidade ganharia com uma maior participação dos alunos e,

possivelmente em médio prazo, mudar esse pensamento e cultura da necessidade da obtenção

da aprovação em um concurso público e, posteriormente, se acomodar com tal situação.

2) Concentrar maiores esforços para alavancar características de menor incidência

nos alunos, mas que são predominantes em pessoas empreendedoras.

Percebe-se que muitos alunos não se consideram criativos, inovadores ou proativos, e

estas competências geram comportamentos muito importantes no processo empreendedor das

pessoas.

Assim, incentivar os alunos e aplicar técnicas simples de geração de ideias e

comportamentos que apoiam o pensamento criativo devem ser discutidas e praticadas na

universidade, incentivando os alunos a gerar novas soluções e criar novos conhecimentos nas

mais diferentes áreas. Esse estímulo trará confiança aos estudantes na sua habilidade de

inventar soluções para os problemas.

3) Aproximar as empresas da universidade para que os alunos possam ter uma

visão mais abrangente frente ao mercado profissional.

Buscar aproximar as empresas da universidade, principalmente para salas de aula,

seria de suma importância, visto que nesses momentos os alunos conseguem enxergar a

realidade do mundo profissional, vislumbrando as dificuldades e obstáculos do ramo

desejado, os caminhos que poderão ser trilhados, além da possibilidade de se discutir e

analisar os pensamentos acadêmicos com os empresariais.

Além disso, a organização pela universidade de workshops ou seminários direcionados

para o empreendedorismo e a promoção de palestras com empresas de sucesso seriam

diferencias na absorção e interesse pelo assunto.

4) Realizar atividades que integrem os ambientes incentivadores de

empreendedorismo na universidade.

Page 115: KYLDARE RODRIGUES MAIA EMPREENDEDORISMO E …

115

De acordo com a pesquisa nota-se uma ausência de conhecimento, por parte de muitos

alunos, dos ambientes incentivadores do empreendedorismo na universidade, como por

exemplo: empresas juniores, incubadoras ou parques tecnológicos.

Isto posto, integrar e diminuir as distâncias entre esses ambientes e a sala de aula se

faz essencial para o desenvolvimento do comportamento empreendedor e do interesse dos

alunos para com o empreendedorismo.

5) Incluir a disciplina de empreendedorismo como curricular obrigatória para todos

os cursos da UFRN.

Tornar a disciplina como obrigatória para os cursos oferecidos pela UFRN trará uma

nova perspectiva aos alunos que não tem a oportunidade de cursá-la; desenvolvendo visão

empresarial e qualificação para identificar oportunidades ou lacunas existentes. Diversos

cursos não disponibilizam as disciplinas nem como optativas, dificultando o processo de

mudança cultural e comportamental existente no estado do Rio Grande do Norte.

Page 116: KYLDARE RODRIGUES MAIA EMPREENDEDORISMO E …

116

CAPÍTULO 6 – CONSIDERAÇÕES FINAIS

O presente estudo auxilia tanto as instituições de ensino superior quanto os docentes

da área de empreendedorismo, de tal forma que possam ter uma nova visão sobre um tema de

suma importância e que tem ganhado destaque no meio organizacional. As instituições por

direcionar seus esforços na capacitação de jovens alunos, fomentando a geração de

conhecimentos e habilidades, dessa forma trabalhando em prol da impulsão do

desenvolvimento econômico e social. Para os docentes, pois contribui com a compreensão do

seu papel como facilitador da temática a ser construída em sala de aula; e, para analisar as

expectativas e entendimentos que cercam os alunos.

Dessa forma, este capítulo apresenta as considerações finais do estudo revelando os

principais resultados alcançados em confronto com os objetivos propostos. Posteriormente,

expõe os limites para o desenvolvimento da pesquisa, as contribuições e as sugestões para

pesquisas futuras.

O trabalho realizou uma pesquisa bibliográfica com a finalidade de promover uma

fundamentação teórica consistente e relevante sobre o empreendedorismo e abordagens de

ensino para desenvolver comportamentos, habilidades e atitudes empreendedoras nos alunos.

Nesse contexto, a pesquisa bibliográfica revelou os primórdios do empreendedorismo

demonstrando a evolução e importância da universidade no contexto mundial e brasileiro; o

modelo tripla hélice, destacando a importância da participação do governo, empresas e

instituições a fim de contribuir na promoção do empreendedorismo; e destacou métodos e

técnicas eficientes de ensino para evolução dos estudantes quanto empreendedores.

Os elementos teóricos, resultantes da revisão bibliográfica, permitiram realizar

estratificação dos perfis empreendedores e uma avaliação dos métodos utilizados em sala de

aula nas universidades de modo a contribuir no processo de aprendizagem e absorção do

assunto e, consequentemente, influenciar na busca pelos estudantes dessa vertente

colaborando com todos e de uma maneira geral. Nesse sentido, o trabalho realizado na

Universidade Federal do Rio Grande do Norte se revelou possível de replicação em outras

universidades.

Os dados obtidos neste estudo referem-se aos estudantes matriculados em disciplinas

que abordassem o empreendedorismo na UFRN durante o período de 2014 a 2016, foram

quantificados por meio do sistema próprio da universidade denominado SIG em seu modelo

Page 117: KYLDARE RODRIGUES MAIA EMPREENDEDORISMO E …

117

SIGAA, e posteriormente coletados mediante questionário. Realizando a análise descritiva

dos dados, possibilitou-se conhecer o perfil e a realidade do processo de aprendizagem dos

alunos, bem como dos métodos desenvolvidos pelos professores.

Os dados, particularmente, revelaram que a variável de maior valor perante os alunos é

a capacidade de confiança no alcance de seus resultados (90,6%), entretanto, a que menos se

destacou e foi mais crítica relacionou-se a metodologia de ensino apresentada pela UFRN

para transmitir conhecimentos acerca do empreendedorismo (0,00%); confirmando a

necessidade de mudanças nas abordagens de ensino, estimou-se que somente 17,7% dos

alunos estavam satisfeitos com os métodos aplicados por seus respectivos professores. Além

disso, verificou que os estudantes da UFRN possuem um perfil mais próximo e direcionado

para vendas.

Das 16 proposições avaliadas quanto às abordagens de ensino utilizadas em sala de

aula, 11 se mostraram críticas quanto à utilização em sala de aula, devido aos resultados

abrangerem proporções abaixo dos 50%, ratificando a existência de problemas que devem ser

sanados na universidade para que o empreendedorismo passe a transcorrer de forma positiva

na região do Rio Grande do Norte, já que tantos alunos veem o ato de empreender como uma

ação de grande risco e insegurança. As abordagens de ensino já utilizadas poderiam ser

complementadas com ferramentas que direcionem o desenvolvimento de competências

deficientes nos alunos como criatividade e proatividade, como por exemplo, a aprendizagem

baseada em problemas, também conhecida como PBL.

De modo geral esta dissertação conseguiu atingir os objetivos gerais e específicos

definidos de forma satisfatória, pois o delineamento da pesquisa possibilitou compreender o

empreendedorismo a nível global, as abordagens de ensino utilizadas para facilitar o

entendimento dos discentes e as maneiras de desenvolver comportamentos empreendedores

por meio da aprendizagem.

Como limitações ao estudo tem-se a disponibilização dos estudantes para responder os

questionários, assim dificultando a obtenção de dados. Outra limitação está relacionada a

participação de docentes para complementar a pesquisa e, dessa forma, discutir os resultados

em ambos lados.

Uma das contribuições desta pesquisa no contexto literário é produzir novos

conhecimentos sobre o empreendedorismo e as abordagens de ensino para transmissão de

competências suficientes para tornar possível e desejado pelos alunos o empreender,

Page 118: KYLDARE RODRIGUES MAIA EMPREENDEDORISMO E …

118

preenchendo uma lacuna ainda existente, principalmente na literatura brasileira. Como

sugestão de pesquisa futura, tem-se replicação desse estudo em outras universidades para

comprovar os resultados definidos nesse estudo e, ainda, complementar com uma visão dos

docentes.

Page 119: KYLDARE RODRIGUES MAIA EMPREENDEDORISMO E …

119

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127

APÊNDICE A

Questionário

QUESTIONÁRIO

Protocolo de pesquisa: o presente questionário tem como objetivo reunir dados primários

que sustentarão a análise do perfil dos estudantes da Universidade Federal do Rio Grande do

Norte que cursam ou cursaram a disciplina de Empreendedorismo bem como os métodos

utilizados pelos professores para difundir tal conhecimento. Os resultados a serem obtidos são

de fundamental importância para a conclusão da pesquisa de mestrado do Contador Kyldare

Rodrigues Maia, vinculado ao Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção

(PEP) da Universidade Federal do Rio Grande no Norte (UFRN).

PARTE 1 – CARACTERIZAÇÃO E TIPOLOGIA DOS EMPREENDEDORES

(ESTUDANTES).

Sexo M F

Idade

Curso

Semestre que pagou a Disciplina de

Empreendedorismo

A disciplina de Empreendedorismo é

obrigatória?

Neste questionário você vai encontrar uma série de frases que descrevem opiniões de alunos

em relação às disciplinas que incentivam o empreendedorismo. Para responder, leia as frases a

seguir e assinale junto a cada frase o número que melhor representa sua opinião, de acordo

com a seguinte escala:

1 2 3 4 5

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

CENTRO DE TECNOLOGIA

PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA DE PRODUÇÃO

Page 128: KYLDARE RODRIGUES MAIA EMPREENDEDORISMO E …

128

Discordo

Totalmente

Discordo em

partes

Nem discordo

Nem concordo

Concordo em

partes

Concordo

Plenamente

1) Se vislumbro alguma oportunidade no mercado quero logo fazer um plano de negócio

e colocá-lo em prática.

Discordo Totalmente 1 2 3 4 5 Concordo Plenamente

2) Acho essencial e importante um plano de negócio.

Discordo Totalmente 1 2 3 4 5 Concordo Plenamente

3) Busco a todo custo minha independência e que seja no setor privado.

Discordo Totalmente 1 2 3 4 5 Concordo Plenamente

4) Trabalharia, se possível e por um finalidade, 24h por dia mesmo não recebendo nada

no final do mês.

Discordo Totalmente 1 2 3 4 5 Concordo Plenamente

5) Gosto muito de trabalhar e, principalmente, lidar com pessoas.

Discordo Totalmente 1 2 3 4 5 Concordo Plenamente

6) Executo todas as minhas atribuições esforçadamente e da melhor maneira possível

Discordo Totalmente 1 2 3 4 5 Concordo Plenamente

7) Nunca deixo para amanhã o que posso e consigo fazer hoje.

Discordo Totalmente 1 2 3 4 5 Concordo Plenamente

8) Possuo alta motivação para resultados positivos.

Discordo Totalmente 1 2 3 4 5 Concordo Plenamente

9) Os resultados negativos não me abalam, com eles consigo identificar minhas

fragilidades e busco novas capacitações.

Discordo Totalmente 1 2 3 4 5 Concordo Plenamente

10) Sou muito qualificado e acredito que seja um diferencial perante o mercado

profissional.

Discordo Totalmente 1 2 3 4 5 Concordo Plenamente

11) Confio nos resultados alcançados pelas minhas atividades.

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129

Discordo Totalmente 1 2 3 4 5 Concordo Plenamente

12) Não tenho problemas em assumir grandes responsabilidades.

Discordo Totalmente 1 2 3 4 5 Concordo Plenamente

13) Se eu fracassar, persisto, porém, de outra maneira.

Discordo Totalmente 1 2 3 4 5 Concordo Plenamente

14) Me considero um aluno muito criativo.

Discordo Totalmente 1 2 3 4 5 Concordo Plenamente

15) Sempre executo minhas ideias e elas geram um valor agregado.

Discordo Totalmente 1 2 3 4 5 Concordo Plenamente

16) Não tenho como prioridade no planejamento da minha carreira profissional prestar

concursos públicos.

Discordo Totalmente 1 2 3 4 5 Concordo Plenamente

17) Tenho familiares que inspiram o meu ser empreendedor.

Discordo Totalmente 1 2 3 4 5 Concordo Plenamente

18) O apoio familiar é essencial para o meu desenvolvimento como empreendedor.

Discordo Totalmente 1 2 3 4 5 Concordo Plenamente

PARTE 2 – MOTIVAÇÕES.

19) Os incentivos oferecidos pelo Governo Federal são suficientes possa abrir uma

empresa.

Discordo Totalmente 1 2 3 4 5 Concordo Plenamente

20) Após a graduação, se eu estiver desempregado, uma alternativa seria abrir uma

pequena empresa.

Discordo Totalmente 1 2 3 4 5 Concordo Plenamente

21) Só abro uma empresa se eu vir que o mercado necessita do serviço/produto que posso

oferecer.

Discordo Totalmente 1 2 3 4 5 Concordo Plenamente

Page 130: KYLDARE RODRIGUES MAIA EMPREENDEDORISMO E …

130

PARTE 3 – OBSTÁCULOS.

22) Não tenho medo de entrar no mercado de trabalho por conta própria, pois me

considero preparado para atuar.

Discordo Totalmente 1 2 3 4 5 Concordo Plenamente

23) Independente da crise econômica instaurada no país, me vejo empreendendo de

alguma forma.

Discordo Totalmente 1 2 3 4 5 Concordo Plenamente

24) A universidade me preparou para o mercado profissional.

Discordo Totalmente 1 2 3 4 5 Concordo Plenamente

25) Se eu não tiver recursos próprios suficientes para abertura de um negócio, sei de outras

maneiras de obtê-los.

Discordo Totalmente 1 2 3 4 5 Concordo Plenamente

PARTE 4 – ABORDAGENS DE ENSINO.

26) Meu professor de empreendedorismo solicitou atividades para desenvolvermos um

plano de negócio.

Discordo Totalmente 1 2 3 4 5 Concordo Plenamente

27) Conheço e foi abordado em sala de aula o método de planejamento estratégico Canvas.

Discordo Totalmente 1 2 3 4 5 Concordo Plenamente

28) Como aluno gosto de estudar a teoria aplicada à prática.

Discordo Totalmente 1 2 3 4 5 Concordo Plenamente

29) Meu professor da área de empreendedorismo tem aplicado exercícios práticos na

disciplina.

Discordo Totalmente 1 2 3 4 5 Concordo Plenamente

30) Os professores que desenvolvem a temática de empreendedorismo solicitam atividades

em parcerias com empresas privadas.

Discordo Totalmente 1 2 3 4 5 Concordo Plenamente

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131

31) Tenho realizado atividades com empresas privadas em busca de novas soluções para

problemas gerenciais.

Discordo Totalmente 1 2 3 4 5 Concordo Plenamente

32) Já consegui resolver problemas operacionais de empresas por meio do conhecimento

de alguma disciplina oferecida pela universidade.

Discordo Totalmente 1 2 3 4 5 Concordo Plenamente

33) As disciplinas da Universidade, sobretudo de empreendedorismo, solicitam atividades

em grupo.

Discordo Totalmente 1 2 3 4 5 Concordo Plenamente

34) Meu curso possui empresa júnior e sou motivado a participar das atividades.

Discordo Totalmente 1 2 3 4 5 Concordo Plenamente

35) Propriedade Intelectual tem sido uma temática discutida em sala de aula.

Discordo Totalmente 1 2 3 4 5 Concordo Plenamente

36) A captação de recursos e investimentos tem sido uma temática abordada em sala de

aula

Discordo Totalmente 1 2 3 4 5 Concordo Plenamente

37) Meu professor implementa diferentes ferramentas para incentivar o empreendedorismo

em sala de aula.

Discordo Totalmente 1 2 3 4 5 Concordo Plenamente

38) Acredito que a disciplina de empreendedorismo esteja sendo satisfatória no que diz

respeito a procedimento metodológico adotado.

Discordo Totalmente 1 2 3 4 5 Concordo Plenamente

39) A disciplina ou o assunto sobre empreendedorismo tem sido uma temática importante

e interessante para meu futuro profissional.

Discordo Totalmente 1 2 3 4 5 Concordo Plenamente

40) Na abertura da minha empresa, caso tenha sócio, sua qualificação e graduação serão

essenciais.

Discordo Totalmente 1 2 3 4 5 Concordo Plenamente

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132

41) O método de ensino quanto ao Empreendedorismo da UFRN é satisfatório.

Discordo Totalmente 1 2 3 4 5 Concordo Plenamente

PARTE 5 – MEIOS DE EMPREENDER.

42) Aprendi na disciplina de empreendedorismo que na universidade existem ambientes de

incentivo ao empreendedorismo.

Discordo Totalmente 1 2 3 4 5 Concordo Plenamente

43) Conheço e me interesso pelo assunto startup.

Discordo Totalmente 1 2 3 4 5 Concordo Plenamente

44) Sei da existência de incubadoras de empresas na universidade.

Discordo Totalmente 1 2 3 4 5 Concordo Plenamente

45) Busco acompanhar o trabalho das incubadoras na universidade.

Discordo Totalmente 1 2 3 4 5 Concordo Plenamente

46) Conheço e sei os objetivos dos parques tecnológicos no RN e Brasil.

Discordo Totalmente 1 2 3 4 5 Concordo Plenamente

47) Qual metodologia você propõe para melhoria de ensino da UFRN do futuro?