Empreendedorismo estatísticas de empreendedorismo 2008 - ibge
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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE
CENTRO DE TECNOLOGIA
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA DE PRODUÇÃO
KYLDARE RODRIGUES MAIA
EMPREENDEDORISMO E UNIVERSIDADE: AVALIAÇÃO METODOLÓGICA DE
ENSINO E APRENDIZAGEM
NATAL
2016
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KYLDARE RODRIGUES MAIA
EMPREENDEDORISMO E UNIVERSIDADE: AVALIAÇÃO METODOLÓGICA DE
ENSINO E APRENDIZAGEM
Dissertação de mestrado apresentada ao
Programa de Pós-Graduação em Engenharia
de Produção da Universidade Federal do Rio
Grande do Norte, como requisito parcial para
obtenção do Título de Mestre em Engenheira
de Produção.
Orientadora: Prof. Dr. Mariana Rodrigues de
Almeida.
NATAL
2016
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Maia, Kyldare Rodrigues. Empreendedorismo e Universidade: avaliação metodológica deensino e aprendizagem / Kyldare Rodrigues Maia. - 2019. 132 f.: il.
Dissertação (mestrado) - Universidade Federal do Rio Grandedo Norte, Centro de Tecnologia, Programa de Pós-Graduação emEngenharia de Produção, Natal, RN, 2019. Orientadora: Profa. Dra. Mariana Rodrigues de Almeida.
1. Empreendedorismo - Dissertação. 2. Universidade -Dissertação. 3. Governo - Dissertação. 4. Empresas -Dissertação. 5. Desenvolvimento - Dissertação. I. Almeida,Mariana Rodrigues de. II. Título.
RN/UF/BCZM CDU 378.4+658
Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRNSistema de Bibliotecas - SISBI
Catalogação de Publicação na Fonte. UFRN - Biblioteca Central Zila Mamede
Elaborado por Ana Cristina Cavalcanti Tinôco - CRB-15/262
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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE
CENTRO DE TECNOLOGIA
PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA DE PRODUÇÃO
EMPREENDEDORISMO E UNIVERSIDADE: AVALIAÇÃO METODOLÓGICA DE
ENSINO E APRENDIZAGEM
por
KYLDARE RODRIGUES MAIA
DISSERTAÇÃO APRESENTADA AO PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM
ENGENHARIA DE PRODUÇÃO DA UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO
NORTE COMO REQUISITO PARA OBTENÇÃO DO TÍTULO DE
MESTRE EM ENGENHEIRA DE PRODUÇÃO
NOVEMBRO, 2016. © 2016 KYLDARE RODRIGUES MAIA
TODOS DIREIROS RESERVADOS.
O autor aqui designado concede ao Programa de Pós-Graduação de Engenharia de Produção
da Universidade Federal do Rio Grande do Norte permissão para reproduzir, distribuir,
comunicar ao público, em papel ou meio eletrônico, esta obra, no todo ou em parte, nos
termos da Lei.
Assinatura do Autor:
APROVADO POR:
Prof. Dra. Mariana Rodrigues de Almeida – Presidente
Prof. Dr. Jamerson Viegas Queiroz - Membro Examinador Interno
______________________________________________________
Prof. Dr. Renato Samuel Barbosa de Araújo - Membro Examinador Externo
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AGRADECIMENTOS
Em primeiro lugar à Deus, por me dar a oportunidade de permanecer vivo e com
saúde, dando inúmeras provas de sua existência e me enviando forças todos os dias para que
possa continuar lutando e seguindo em frente, mesmo com todas as dificuldades.
Minha família, principalmente por parte de mãe, por existir. Sem vocês tenham certeza
que eu nada seria. Vocês são o meu porto seguro e a razão pela qual acordo todos os dias
motivado e determinado a vencer. Amo tanto vocês que só de escrever este parágrafo estou
extremamente emocionado.
Todos os meus amigos, pela paciência nesses últimos meses, pelo carinho e força que
me deram, quer fosse com palavras ou com gestos muitas vezes omissos para não me
atrapalhar no desenvolvimento do trabalho, enfim, qualquer coisa, meu muito obrigado, de
coração. Espero que me desculpem pela minha ausência em diversos momentos que gostaria
de estar com vocês.
Aos colegas de mestrado, com os quais compartilhei emoções, aperreios, que
seguraram a minha mão mesmo quando não merecia, que me ajudaram, que colaboraram
direta ou indiretamente no desenvolvimento da minha dissertação e que permanecerão na
memória por toda a vida, em especial Luciana, Iran, Waleska, Luana, Fernanda e Ana Clara.
A Universidade, a coordenação do programa de pós-graduação em engenharia de
produção, bem como a todos os professores que contribuíram de uma forma magistral na
construção de conhecimentos e técnicas em sala de aula, pelo apoio e disponibilidade,
principalmente, Mario Orestes, Jamerson Viegas, Carla Vivacqua, Enildo Medeiros, Luciano
Ferreira.
A professora orientadora Dra. Mariana Rodrigues de Almeida pela energia despendida
para com todos os seus orientandos, pelas dicas dadas que foram essenciais na construção da
minha dissertação, pelo incentivo dado cotidianamente e encorajamento, se não fosse você
minha orientadora, acredito que esse trabalho não sairia, pela disponibilidade para
atendimento e auxilio. Não é preciso nem dizer que é visível seu amor pela sua profissão e é
isso que a torna uma excelente profissional e pesquisadora. Muito obrigado por tudo e de
verdade!
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“O sucesso não bate à sua porta. É
preciso estabelecer um plano, construí-
lo e vendê-lo para mundo. Mas a chave
de tudo é ter conhecimento”
Reid Hoffmar
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MAIA, Kyldare Rodrigues. Empreendedorismo e Universidade: Avaliação metodológica
de ensino e aprendizagem. Fls 130. Dissertação (Mestrado em Engenharia de Produção) –
Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção (PEP), Universidade Federal do Rio
Grande do Norte (UFRN), Natal/Rio Grande do Norte, 2016.
RESUMO
Com a instalação do caos no cenário institucional brasileiro, se faz necessário a busca
e aprimoramento da educação empreendedora no país, dessa forma, qualificar os estudantes,
construir uma personalidade autoconfiante e que tenham conhecimento suficiente para
identificar lacunas existentes no mercado tornou-se essencial para revitalizar e movimentar
todo o conjunto econômico no estado. Diante isto, a presente pesquisa tem como objetivo
analisar o panorama educacional da Universidade Federal do Rio Grande do Norte no que diz
respeito às disciplinas que abordam o empreendedorismo e, diante o resultado e se necessário,
propor planos de ação visando a melhoria dos métodos desenvolvidos em sala de aula a fim
de contribuir na evolução do pensar empreendedor dos alunos. Justifica-se este trabalho por
ser possível identificar as deficiências universitárias em termos de componentes curriculares.
É necessário demonstrar a importância da disseminação e implantação do empreendedorismo
desde a educação básica no Brasil, situação esta que já é vivida em muitos países
desenvolvidos. Devido este fato, países subdesenvolvidos ou em desenvolvimento devem
despertar em seu ambiente a necessidade dessa atitude empreendedora, sob os cuidados e
interação da tripartite essencial que são: Governo, Universidade e Empresas; para semear uma
cultura empreendedora mais consolidada. Frente ao exposto, o método de pesquisa utilizado
foi predominantemente quantitativo, de corte transversal e com uma amostra composta por 96
discentes das mais diversas áreas da UFRN. A coleta de dados se desenvolveu por meio do
instrumento questionário, composto por 46 questões subdivididas em 5 dimensões
(caracterização e tipologia de empreendedores; motivações; obstáculos; abordagens de ensino;
e, meios de empreender). Diante os resultados, constata-se que se faz indispensável uma
remodelação das metodologias utilizadas pela universidade, de modo a inserir técnicas mais
práticas e dinâmicas com o intuito de diminuir o receio dos alunos quanto a sua entrada no
mercado profissional; e, a buscar aproximar empresas e ambientes de incentivo ao
empreendedorismo às salas de aula.
Palavras Chave: Empreendedorismo; Universidade; Governo; Empresas; Desenvolvimento.
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MAIA, Kyldare Rodrigues. Entrepreneurship and University: Methodological evaluation
of teaching and learning. Sht 130. Dissertation (Master's Degree in Production Engineering)
- Graduate Program in Production Engineering (PEP), Federal University of Rio Grande do
Norte (UFRN), Natal / Rio Grande do Norte, 2016.
ABSTRACT
With the installation of chaos in the Brazilian institutional scenario, it is necessary to
search for and improve entrepreneurship education in the country. In this way, qualifying
students, building a self-confident personality and having sufficient knowledge to identify
existing market gaps has become essential for Revitalize and move the entire economic group
in the state. In view of this, the present research aims to analyze the educational landscape of
the Federal University of Rio Grande do Norte regarding the disciplines that approach
entrepreneurship and, in view of the result and if necessary, propose action plans aimed at
improving the methods developed In the classroom in order to contribute to the evolution of
students' entrepreneurial thinking. This work is justified because it is possible to identify
university deficiencies in terms of curricular components. It is necessary to demonstrate the
importance of the dissemination and implantation of entrepreneurship since basic education in
Brazil, a situation that is already experienced in many developed countries. Due to this fact,
underdeveloped or developing countries must awaken in their environment the need for this
entrepreneurial attitude, under the care and interaction of the essential tripartite that are:
Government, University and Business; To sow a more consolidated entrepreneurial culture. In
view of the above, the research method used was predominantly quantitative, cross - sectional
and with a sample composed of 96 students from the most diverse areas of UFRN. The data
collection was developed through the questionnaire instrument, composed of 46 questions
subdivided into 5 dimensions (characterization and typology of entrepreneurs, motivations,
obstacles, teaching approaches, and means of undertaking). In view of the results, it is
necessary to remodel the methodologies used by the university in order to introduce more
practical and dynamic techniques in order to reduce the students' fear of entering the
professional market; And to seek to bring companies and environments that encourage
entrepreneurship to classrooms.
Key-Words: Entrepreneurship; University; Government; Companies; Industry; Development.
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LISTA DE FIGURAS
Figura 1 – Análise dos trabalhos publicados sobre o termo empreendedorismo......................18
Figura 2 – Número de publicações por país referente a empreendedorismo x universidades-
empresas....................................................................................................................................19
Figura 3: Organização da dissertação.......................................................................................22
Figura 4 – Tipos de empreendedores e suas características......................................................29
Figura 5 – Modelo conceitual da cultura intraempreendedora.................................................33
Figura 6 – Modelo estadista da relação UEG...........................................................................51
Figura 7 – Modelo “Laissez-Faire” da relação UEG................................................................52
Figura 8 – Modelo tripla hélice da relação UEG......................................................................53
Figura 9 – Acesso ao SIGAA....................................................................................................82
Figura 10 - Interface do sistema para coleta de dados..............................................................82
Figura 11 – Sexo dos alunos respondentes...............................................................................90
Figura 12 – Idade dos alunos respondentes..............................................................................91
Figura 13 – Centros Acadêmicos participantes da pesquisa.....................................................92
Figura 14 – Obrigatoriedade de disciplina que aborda o empreendedorismo no curso............93
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LISTA DE QUADROS
Quadro 1 – O empreendedor x Gestor......................................................................................29
Quadro 2 – Relações entre elementos da cultura tradicional e intraempreendedora................31
Quadro 3 – Benefícios dos optantes do MEI............................................................................42
Quadro 4 – Habilidades, conhecimentos e atitudes de educação para o empreendedorismo..60
Quadro 5 - Etapas e descrições das técnicas metodológicas.....................................................75
Quadro 6 – Demonstração da pesquisa.....................................................................................78
Quadro 7 – Construto relacionando as variáveis qualitativas e referencias teóricos................78
Quadro 8 - Procedimento adotado para extração de dados.......................................................83
Quadro 9 - Etapas da coleta de dados manual..........................................................................84
Quadro 10 – Variáveis alocadas ao questionário......................................................................86
Quadro 11 – Descrição dos valores atribuídos na escala Likert...............................................87
Quadro 12 – Dados da avaliação das variáveis agrupadas na caracterização e tipologia dos
empreendedores........................................................................................................................95
Quadro 13 – Dados da avaliação das variáveis agrupadas nas motivações............................101
Quadro 14 – Dados da avaliação das variáveis agrupadas nos obstáculos.............................102
Quadro 15 – Dados da avaliação das variáveis agrupadas nas abordagens de ensino............104
Quadro 16 – Dados da avaliação das variáveis agrupadas nos meios de empreender............109
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LISTA DE TABELA
Tabela 1 – Características dos empreendedores x Literatura Pesquisada................................27
Tabela 2 – Porcentagem de empreendedores por país em 2004...............................................36
Tabela 3 – Porcentagem de empreendedores por país em 2014...............................................37
Tabela 4 - Distribuição dos empreendedores segundo características sociodemográficas –
Brasil- 2014...............................................................................................................................38
Tabela 5 – Fatores que influenciam o empreendedorismo.......................................................45
Tabela 6 - Conhecimentos, habilidades, comportamentos e atitudes empreendedoras............56
Tabela 7 – Principais abordagens para o ensino do empreendedorismo na literatura
existente....................................................................................................................................57
Tabela 8 – Métodos de trabalho de educação utilizados pelos professores finlandeses...........62
Tabela 9 - Quantitativo de Turmas que envolvem Empreendedorismo na UFRN por
semestre.....................................................................................................................................84
Tabela 10 - Quantitativo de alunos matriculados nas turmas que envolvem empreendedorismo
na UFRN por semestre..............................................................................................................85
Tabela 11 – Resultado do Alfa de Cronbach............................................................................88
Tabela 12 – Centros Acadêmicos x Cursos..............................................................................92
Tabela 13 – Ranking gerado pelo estudo................................................................................110
Tabela 14 – Ranking por categoria.........................................................................................113
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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
ANPROTEC - Associação Nacional de Entidades Promotoras de Empreendimentos
Inovadores
AURP - Association of University Research Parks.
EUA – Estados Unidos da América
EUROSTAT - Gabinete de Estatísticas da União Europeia
FGV – Fundação Getúlio Vargas
GEM – Global entrepreneurship Monitor.
IASP - International Association of Science Parks and Areas of Innovation.
IBPQ – Instituto Brasileiro da qualidade e produtividade.
P&D – Pesquisa e Desenvolvimento.
RN – Estado do Rio Grande do Norte
SEBRAE - Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas.
SOFTEX- Associação para Promoção da Excelência do Software Brasileiro.
U-E – Universidades e Empresas.
U-E-G – Universidades, Empresas e Governo.
UFRN – Universidade Federal do Rio Grande do Norte
UKSPA - United Kingdom Science Park Association.
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SUMÁRIO
CAPÍTULO 1 – INTRODUÇÃO ....................................................................................................................... 14
1.1 CONTEXTUALIZAÇÃO DA PESQUISA ................................................................................................. 14
1.2 JUSTIFICATIVA E DELINEAMENTO DA PESQUISA .......................................................................... 14
1.3 QUESTÃO DA PESQUISA ........................................................................................................................ 19
1.4 OBJETIVOS DA PESQUISA ..................................................................................................................... 19
1.5 ESTRUTURA DA DISSERTAÇÃO ........................................................................................................... 20
CAPÍTULO 2 – EMPREENDEDORISMO ...................................................................................................... 22
2.1 CLASSIFICAÇÕES, CARACTERÍSTICAS E PERFIS DOS EMPREENDEDORES. ............................. 25
2.1.1 Intraempreendedorismo ....................................................................................................................... 29
2.2 MOTIVAÇÕES E FATORES QUE INFLUENCIAM NO PERCURSO EMPREENDEDOR. .................. 33
2.3 DIFICULDADES E OBSTÁCULOS .......................................................................................................... 45
CAPÍTULO 3 – EDUCAÇÃO EMPREENDEDORA ...................................................................................... 47
3.1 A IMPORTÂNCIA NO DESENVOLVIMENTO DO EMPREENDEDORISMO. .................................... 47
3.1.1 Triple Helix .......................................................................................................................................... 48
3.2 EVOLUÇÃO DA EDUCAÇÃO PARA O EMPREENDEDORISMO NO ENSINO SUPERIOR .............. 53
3.3 STARTUPS E EMPREENDEDORISMO .................................................................................................... 63
3.3.1 Conceitos ............................................................................................................................................. 63
3.3.2 Promotoras e Incentivadoras ............................................................................................................... 64
CAPÍTULO 4 – MÉTODOS DE PESQUISA ................................................................................................... 72
4.1 ETAPAS DO ESTUDO ............................................................................................................................... 72
4.2 CLASSIFICAÇÃO METODOLÓGICA DA PESQUISA........................................................................... 73
4.3 O CONSTRUTO ......................................................................................................................................... 75
4.4 A SELEÇÃO DO ESTUDO DE CASO ....................................................................................................... 76
4.5 DESENVOLVIMENTO DO INSTRUMENTO DE COLETA. .................................................................. 77
4.5.1 Coleta de dados para mapeamento da amostra .................................................................................. 78
4.6 ANÁLISE DOS DADOS ............................................................................................................................ 86
CAPÍTULO 5 – APRESENTAÇÃO DOS DADOS E RESULTADOS .......................................................... 88
5.1 PERFIL DOS ENTREVISTADOS ............................................................................................................. 88
5.2 AVALIAÇÃO DO PERFIL EMPREENDEDOR DOS ALUNOS DA UFRN ............................................ 92
5.2.1 Caracterização e tipologia dos empreendedores ................................................................................. 92
5.2.2 Motivação ............................................................................................................................................ 99
5.2.3 Obstáculos ......................................................................................................................................... 100
5.2.4 Abordagens de ensino ........................................................................................................................ 102
5.2.5 Meios de empreender ......................................................................................................................... 107
5.3 – AVALIAÇÃO GERAL DA DESCRIÇÃO DOS DADOS ..................................................................... 108
5.4 – PROPOSTAS DE MELHORIAS ........................................................................................................... 113
CAPÍTULO 6 – CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................................ 116
REFERÊNCIAS ................................................................................................................................................ 119
APÊNDICE A .................................................................................................................................................... 127
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CAPÍTULO 1 – INTRODUÇÃO
O primeiro capítulo remete a contextualização da pesquisa, detalhando as
características e perspectivas de estudos na literatura. Em seguida, são apresentados os
objetivos gerais e específicos do trabalho. Posteriormente, apresenta-se a justificativa sobre
três perspectivas: acadêmica, econômica e social bem como a estrutura do trabalho.
1.1 CONTEXTUALIZAÇÃO DA PESQUISA
A preocupação e a importância em aumentar os postos de trabalho, a renda e o
desenvolvimento econômico e social do país torna relevante se pensar e estudar o
empreendedorismo no Brasil. Além disso, a abertura de novas empresas impulsiona também o
crescimento e, neste sentido, este estudo contribui com algumas discussões e dados do
empreendedorismo no Brasil, isto porque, para alguns economistas, o empreendedor funciona
como um motor do sistema econômico, detectando oportunidades de negócios, criando
empreendimentos, que estejam associados às inovações (FILION, 1999).
Corroborando a ideia de Filion (1999), Schumpeter (1942) e Kirzner (1973) relatam
em seus estudos que apesar de o espírito empreendedor ter sido excluído da teoria de
crescimento econômico, muitos economistas acreditam que a capacidade empreendedora é
essencial para o progresso econômico. Perante essas perspectivas, torna-se visível o papel
que o empreendedorismo tem adquirido, não somente no campo de desenvolvimento
econômico, como também no avanço social por permitir o crescimento de oportunidades e
postos de trabalho local.
Dessa forma, é manifesto que em todo o mundo haja um interesse pelo
empreendedorismo que vai além das ações dos governos nacionais, como também
organizações e entidades multinacionais, como ocorrem na Europa, nos Estados Unidos e na
Ásia, o que se justifica por acreditarem que o poder econômico dos países depende de seus
futuros empresários e da competitividade de seus empreendimentos. Ao procurar entender o
motivo pelo qual há, cada vez mais, um número maior de países com foco no
empreendedorismo, a explicação pode ser obtida ao se analisar o que ocorre nos Estados
Unidos, o qual é tratado como o maior exemplo de compromisso nacional com o
empreendedorismo e o progresso econômico. Alguns economistas e especialistas americanos
concordam que a saída da crise continua sendo a mesma: estimular e desenvolver o
empreendedorismo em todos os níveis (DORNELAS, 2008).
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Neste atual contexto, um momento econômico que pode ser chamado como “a era do
empreendedorismo”, considerando que são os empreendedores os alvos da redução das
distâncias culturais e comerciais, criando novas relações de trabalho, globalizando, renovando
os conceitos econômicos; gerando riqueza, emprego e renda para a sociedade (BESSOME,
2000).
Entretanto, a instabilidade econômica e escassez de empregos ocasionam o
desinteresse por empreender e buscar empregos na iniciativa privada. Ao mesmo tempo,
elevam o interesse de muitos por vagas no setor público, em virtude de: bons salários,
benefícios garantidos pelo governo, estabilidade, carga horária conveniente, entre outros.
Enquanto se preparam para os concursos, as pessoas não desenvolvem habilidades e
competências essenciais na iniciativa privada. Os conhecimentos que adquirem nessa jornada
de estudos são rasos e não provocam avanços na ciência, tampouco estimula a inovação ou
fomenta novos negócios. Essas pessoas, por exemplo, poderiam contribuir para a melhoria das
condições do setor privado, seja estudando a fundo a problemática das empresas, seja
colocando em prática a sua visão de excelência, servindo de exemplo e referência para outras
empresas e outros profissionais.
Nosso setor privado precisa de pessoas capacitadas, talentosas e inteligentes, mas
grande parte de nosso contingente pessoal com essas características sente-se muito mais
atraída por cargos públicos, situação esta que deve ser modificada.
Não existem características intrínsecas ao empreendedor, uma vez que estas resultam
da educação, da cultura e do meio onde o indivíduo está inserido, não sendo, conforme
Ferreira, Santos e Serra (2010), inatas.
Ao reconhecer a importância do empreendedorismo, é necessário que haja indivíduos
que queiram empreender. Para promover o empreendedorismo é indispensável a colaboração
de todos os indivíduos, bem como das instituições que podem, de alguma forma, contribuir
para tal.
Dentro destas instituições, destacam-se as escolas e universidades. As escolas podem
inserir nos seus planos curriculares disciplinas e iniciativas que deem aos jovens
competências empreendedoras; além das universidade que podem desenvolver melhores
métodos de ensino para que haja uma melhor preparação para os que logo irão se formar
obterem confiança suficiente para se manter no mercado.
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16
Martins et al. (2002), em seu estudo sobre Educação a Distância (EAD), salientam que
o crescimento da capacidade empreendedora de um país depende da educação e do
conhecimento cultural sobre empreendedorismo por parte de todos os cidadãos e que o
empreendedorismo se desenvolve relacionadamente ao desenvolvimento da educação.
Frente ao exposto, o presente estudo tem como objetivo analisar o panorama
educacional da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, identificando as lacunas
existentes nas metodologias de ensino aplicadas em sala de aula, principalmente nas
disciplinas que abordem assuntos relacionados ao empreendedorismo, baseado nos perfis dos
seus respectivos alunos a fim de direcionar uma educação eficiente e de qualidade.
1.2 JUSTIFICATIVA E DELINEAMENTO DA PESQUISA
O empreendedorismo tem sido muito difundido nos últimos anos, principalmente, por
ser visto como um catalisador de desenvolvimento regional. Com o objetivo de incentivar o
comportamento empreendedor unem-se governo, instituições de ensino entre outros;
investindo esforços, políticas públicas e grandes quantidades de recursos financeiros.
A justificativa deste trabalho está pautada sob três perspectivas: social, acadêmica e
econômica.
A literatura internacional e nacional apresenta diversos trabalhos envolvendo o termo
empreendedorismo, conforme mostra Figura 1. Observa-se que ao procurar pelo termo
“entrepreneurship” em pesquisas publicadas em periódicos internacionais e indexados na
base de dados Scopus, obtém-se um resultado de 21.154 trabalhos sobre o tema no período de
1952 a 2015.
Figura 1 – Análise dos trabalhos publicados sobre o termo empreendedorismo.
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17
Fonte: Base de dados Scopus
Entretanto, ao limitar-se a pesquisa para “university-industry” os resultados caem
bruscamente para 719 trabalhos. Mais dramático, ainda, se torna a quantidade de trabalhos
publicados por brasileiros e com foco nacional, somente 10 trabalhos, ficando com a 20ª
posição no ranking de publicações do Scopus, justificando, dessa forma, a perspectiva
acadêmica. O resultado obtido encontra-se na Figura 2. O resultado dessa análise foi obtido
em 12 de março de 2016.
Figura 2 – Número de publicações por país referente a empreendedorismo x universidades-empresas.
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Fonte: Base de dados Scopus.
Diante esse contexto, a presente pesquisa torna-se relevante pela necessidade de
aprofundamento sobre o empreendedorismo e sua relação com a universidade e empresas,
além disso, pelo pequeno número de trabalhos que discutem o assunto, principalmente, na
literatura brasileira. Ademais, em razão do volume de recursos despendidos nessa área
direciona-se, também, esse interesse acadêmico à exploração do perfil empreendedor e no
método adequado para apresentar aos seus alunos seus conhecimentos.
No âmbito econômico, a construção, nos alunos, de um perfil empreendedor desde seu
período universitário possibilita um futuro profissional corajoso para enfrentar um mercado de
trabalho extremamente competitivo e arriscado, e, visionário para saber lidar com situações
em que serão necessárias suas habilidades para contornar com sucesso diversos obstáculos no
caminho, convergindo, dessa forma, num empresário que saberá dar continuidade ao seu
negócio e gerará empregos, caso abra uma empresa, renda, entre outros benefícios a todos, de
uma forma geral.
No âmbito social, o empreendedorismo tem muito a oferecer, pois pessoas
empreendedoras possuem espírito de avanço profissional, e, bem como dito anteriormente,
um profissional com perfil empreendedor, pondo em prática suas habilidades, tende a elevar o
desenvolvimento local bem como o avanço social.
Também é importante destacar que os estudos sobre a evolução do empreendedorismo
mostram grandes possibilidades de se transformarem na mola propulsora da integração do
desenvolvimento regional e mundial, como possível solução para os problemas econômicos,
políticos e sociais (BARBOSA; BARBOSA, 2009).
Uma maneira de trazer maior relevância para este trabalho seria utilizar e validar um
método para avaliar o perfil empreendedor dos estudantes de diferentes cursos da UFRN e as
abordagens de ensino utilizadas para incentivar os alunos a buscarem o empreendedorismo, e,
baseado em seus resultados propor um plano de ação para universidade a fim de disseminar a
importância e sua consonância com futuros retornos.
Ressalta-se também que o empreendedorismo tem crescido substancialmente em nosso
país, o que traz mais destaque para tais conteúdos e para a formação do aluno de graduação,
de forma tanto a melhor preparar o jovem para desenvolver novos negócios e oportunidades
quanto a desenvolver competências que auxiliarão na sua inserção no mercado de trabalho.
![Page 19: KYLDARE RODRIGUES MAIA EMPREENDEDORISMO E …](https://reader036.fdocumentos.tips/reader036/viewer/2022071722/62d3905ba75f1c2c82339ba7/html5/thumbnails/19.jpg)
19
Diante do exposto são propostas hipóteses de pesquisas que serão validadas ou
refutadas ao final deste trabalho:
Hipótese 1 (H1): A disciplina de empreendedorismo disponibilizada pela Universidade
Federal do Rio Grande do Norte está sendo oferecida da forma satisfatória.
Hipótese 2 (H2): Os alunos da UFRN se interessam pela disciplina que aborda o
empreendedorismo e a veem como requisito para seu sucesso profissional.
1.3 QUESTÃO DA PESQUISA
Este trabalho de pesquisa pretende responder ao seguinte questionamento: Os
professores que abordam o empreendedorismo na UFRN utilizam métodos ou abordagens de
ensino que atendam ou satisfaçam as expectativas dos alunos?
Frente a questão de pesquisa, foram delineados os seguintes objetivos geral e
específicos.
1.4 OBJETIVOS DA PESQUISA
Considerado o contexto apresentado, a presente pesquisa tem como objetivo geral
analisar o panorama educacional da Universidade Federal do Rio Grande do Norte no
que diz respeito às disciplinas que abordem assuntos relacionados ao empreendedorismo
baseado nos perfis dos seus respectivos alunos a fim de direcionar uma educação
eficiente e de qualidade.
Em consonância com tal objetivo proposto elucidou-se os seguintes objetivos
específicos:
i) Sistematizar a literatura sobre empreendedorismo e educação empreendedora;
ii) Identificar os perfis dos alunos da Universidade Federal do Rio Grande do Norte
baseados na literatura sobre o empreendedorismo;
iii) Apontar as lacunas existentes nos cursos oferecidos pela UFRN, especialmente no
que concerne à disciplina de empreendedorismo;
iv) Avaliar o grau de satisfação dos alunos da UFRN quanto às metodologias de
ensino utilizadas;
v) Propor planos de melhorias baseados nos resultados obtidos a fim de contribuir para
evolução da universidade como um todo e para o estado do Rio Grande do Norte.
![Page 20: KYLDARE RODRIGUES MAIA EMPREENDEDORISMO E …](https://reader036.fdocumentos.tips/reader036/viewer/2022071722/62d3905ba75f1c2c82339ba7/html5/thumbnails/20.jpg)
20
1.5 ESTRUTURA DA DISSERTAÇÃO
Esta dissertação é composta de seis capítulos conforme ilustrado na Figura 3.
O Capítulo 1 – Introdução - compreende a contextualização do tema, ressalta a
relevância do trabalho, elabora os objetivos e define a estrutura do trabalho.
O Capítulo 2 – Empreendedorismo – Aborda os conceitos e perspectivas do
empreendedorismo, bem como descreve as motivações e obstáculos dos empreendedores.
O Capítulo 3 – Educação Empreendedora - Analisa como o ensino desenvolve o
espírito empreendedor nos jovens, sistematiza a evolução do ensino no mundo e aborda as
práticas realizadas nas universidades de um modo geral.
O Capítulo 4 – Método da Pesquisa – Define o método escolhido de maneira
detalhada com a definição dos instrumentos para coleta de dados e os critérios para seleção da
amostra em cada etapa do trabalho na busca de respostas para os questionamentos da
pesquisa.
O Capítulo 5 – Análise dos dados e Resultados – Apresenta uma sistematização dos
dados coletados evidenciando os principais resultados em conformidade com os objetivos
propostos.
O Capítulo 6 – Considerações finais – Conclui a pesquisa, apresentando discussões
sobre o tema, futuras sugestões de pesquisas e limitações ao estudo.
![Page 21: KYLDARE RODRIGUES MAIA EMPREENDEDORISMO E …](https://reader036.fdocumentos.tips/reader036/viewer/2022071722/62d3905ba75f1c2c82339ba7/html5/thumbnails/21.jpg)
21
Figura 3 – Organização da dissertação
Fonte: Elaboração própria.
Capítulo 1-
Introdução
Problema e Questão
da Pesquisa.
Capítulo 4 - Método
de Pesquisa
Pesquisa por meio de
questionário
Capítulo 5 –
Apresentação de
dados e Resultados.
Capítulo 6 –
Considerações Finais.
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Leva à
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![Page 22: KYLDARE RODRIGUES MAIA EMPREENDEDORISMO E …](https://reader036.fdocumentos.tips/reader036/viewer/2022071722/62d3905ba75f1c2c82339ba7/html5/thumbnails/22.jpg)
22
CAPÍTULO 2 – EMPREENDEDORISMO
Segundo Mars e Rios-Aguilar (2010), o estudo sobre o empreendedorismo remonta
aos séculos XVII e XVIII. Contrariando esse pensamento, Kuratko (2005) afirma que o
conceito acerca do empreendedorismo surgiu nas últimas duas décadas, sendo a maior força
econômica que o mundo já observou, alvo de diversas definições e encarado como um
processo dinâmico. Sexton e Landstrom (2000), além de Sarkar (2010) concordam e
descrevem que a investigação acerca do empreendedorismo, com um enquadramento rigoroso
e sistemático, só ocorreu no final dos anos 70 e início dos anos 80. Diversos são os
entendimentos acerca do surgimento, inclusive, Gartner (2001) e Nazir e Ramzan (2012)
afirmam que o estudo acerca do empreendedorismo tem sido dificultado, dada a inexistência
de um consenso acadêmico.
Apesar do longo período que atitudes empreendedoras vêm sendo demonstradas, no
Brasil, especificamente, o termo empreendedorismo vem sendo muito levantado nos últimos
anos. Frequentemente está presente nas diversas mídias, cursos, palestras e Instituições de
Ensino Superior (IES). Além disso, existem programas como os fomentados pelo SEBRAE
que ganharam muita força nos últimos anos e que tem como objetivos auxiliar os
empreendedores e promover essa atividade de iniciativa no mercado. Contudo, há aqueles que
não têm conhecimento suficiente sobre o que realmente significa empreendedorismo,
limitando o termo apenas a aqueles que abrem um próprio negócio (LEITE; MELO, 2008).
Para Schumpeter (1950), o empreendedor é uma pessoa que deseja e é capaz de
converter uma nova ideia ou invenção em uma inovação bem sucedida e sua principal tarefa é
a “destruição criativa”, a qual se dá por intermédio da mudança, ou seja, com a introdução de
novos produtos ou serviços em substituição aos que eram utilizados.
Sarkar (2010) acrescenta que o conceito deriva do francês “entre” e “prende”, termos
estes que significam “estar no mercado entre o fornecedor e o consumidor”. Nazir e Ramzan
(2012) corroboram a ideia afirmando que o conceito de empreendedorismo é visto,
atualmente, como algo que gera inovação e que acarreta risco.
Por sua vez, Galloway, Anderson, Brown e Wilson (2005) afirmam que o
empreendedorismo gera o desenvolvimento de novos ou melhores negócios, produtos e
serviços, tendo estes de ter capacidade para se adaptarem às mudanças ocorridas. Salim e
Silva (2010) complementam a ideia afirmando que o empreendedorismo é reconhecido pela
![Page 23: KYLDARE RODRIGUES MAIA EMPREENDEDORISMO E …](https://reader036.fdocumentos.tips/reader036/viewer/2022071722/62d3905ba75f1c2c82339ba7/html5/thumbnails/23.jpg)
23
procura de soluções para questões de âmbito social e por estar incluído nos programas do
Governo.
De acordo com Davey, Plewa e Struwing (2011), o empreendedorismo constitui uma
fonte vital para o crescimento e competitividade econômica, gera a criação de empregos e faz
com que os interesses sociais progridam, o que leva os acadêmicos, profissionais e gestores
políticos aumentarem os seus esforços com a finalidade de que seja promovida a mentalidade
empreendedora na sociedade. Segundo o Eurostat (2012), os maiores objetivos sociais e
econômicos associados ao empreendedorismo passam pela criação de emprego, crescimento
econômico e redução da pobreza. Rao, Rao e Ganesh (2011) veem o empreendedorismo como
sendo um dos fatores de maior importância para o desenvolvimento econômico da sociedade,
dessa forma, os empreendedores são encarados como indispensáveis para iniciar e prosseguir
o desenvolvimento socioeconômico.
Conforme Duarte e Esperança (2012), o empreendedorismo fomenta a
competitividade, o desenvolvimento de ferramentas de negócios inovadoras e é um
componente de extrema importância numa economia de mercado cada vez mais marcada pela
globalização e competitividade. O empreendedorismo é, também, encarado como uma forma
de realização humana, já que pode transformar os desejos dos indivíduos em realidade, caso
seja adotada uma atitude empreendedora e haja motivação.
O empreendedor é um indivíduo que assume riscos, uma vez que enfrenta situações
complexas de uma forma otimista e procura encará-las como sendo uma possibilidade de
negócio. Perante uma situação de insucesso, o empreendedor não a encara como sendo uma
derrota, pois a transforma numa forma de aprendizagem e procura distintas formas de
motivação para poder investigar novas oportunidades de negócio. Os empreendedores são
antecipados e procuram constantemente novas soluções e produtos, introduzem métodos de
produção inovadores, adotam e implementam estratégias competitivas, lideram empresas e
conduzem as suas equipes a trabalhar em prol da empresa. Desta forma, o empreendedor é
aquele que é capaz de conceber, de pôr em prática e de estimular os que o acompanham, com
uma atitude de desafio permanente e de vontade de superação (DUARTE; ESPERANÇA,
2012).
No entanto, para Ferreira, Santos e Serra (2010), ninguém nasce empreendedor, nem
com genes empreendedores. O que define um empreendedor é o seu comportamento e
atitudes e não os traços de personalidade ou quaisquer outras características inatas. Não é
possível antever quais são os indivíduos que detém um perfil empreendedor, apenas se pode
![Page 24: KYLDARE RODRIGUES MAIA EMPREENDEDORISMO E …](https://reader036.fdocumentos.tips/reader036/viewer/2022071722/62d3905ba75f1c2c82339ba7/html5/thumbnails/24.jpg)
24
trabalhar e desenvolver as competências que são necessárias para empreender. Volkmann
(2004) vem confirmar esta ideia ao referir que o empreendedorismo não é algo que se obtenha
à nascença, sendo sim algo que é desenvolvido pela educação e pelas experiências vividas
durante a vida.
Desde o início dos estudos acerca do empreendedorismo que há investigações acerca
dos traços de personalidade relacionados com o comportamento empreendedor. Apesar de não
existir uma conclusão universal que seja totalmente aceita, Raposo, Paço e Ferreira (2008)
referem algumas características atribuídas aos empreendedores, as quais passam por
necessidade de realização, autocontrole, autoconfiança, motivação para o lucro e criatividade.
Saraiva (2011) aponta mais algumas características, especificamente o aprimorado sentido de
responsabilidade, quer individual, quer social, apoiado numa boa capacidade de decisão; a
posse de um espírito simultaneamente sonhador e realizador; a capacidade de recrutar os
indivíduos certos em prol de um dado projeto comum, arcando a sua liderança através de uma
boa capacidade para gerir e delegar competências, atividades e responsabilidades; e a boa
resistência anímica e capacidade de encaixe, para conseguir velozmente ultrapassar os
problemas e suportar com discernimento e sem falhas de ânimo certas inquietações.
Sarkar (2010) salienta, ainda, como atributos dos empreendedores a necessidade de
autonomia, de domínio e de independência. Por sua vez, Bulut e Sayin (2010) confirmam que
os empreendedores são dedicados, determinados, decididos, visam obter sucesso, orientam-se
para as oportunidades, toleram a incerteza, tem capacidade para assumir riscos, assumem
responsabilidades, são otimistas e líderes, tem uma personalidade dinâmica e aberta à
inovação e à mudança, estão dispostos à transformação e à ambição em crescer e focados no
sucesso.
Para Bucha (2009), o empreendedor não é um jogador, mas sim alguém que aceita
uma dada oportunidade após calcular o risco inerente; risco este calculado seja por meio de
planejamento estratégico, plano de negócios, dentre tantas outras ferramentas disponíveis no
mercado. Já Saraiva (2011) afirma que são os empreendedores que lideram a geração de
valor, de postos de trabalho e o desenvolvimento econômico ou social. Desta forma, merecem
um grande apreço e reconhecimento.
De acordo com Shapero (1975, apud HISRISH; PETERS, 2004, p. 29), apesar das
diferentes definições sobre o empreendedorismo, quase todas elas incluem: (1) Tomar
iniciativa; (2) Organizar e reorganizar mecanismos sociais e econômicos a fim de transformar
recursos e situações para proveito prático; (3) Aceitar o risco ou o fracasso.
![Page 25: KYLDARE RODRIGUES MAIA EMPREENDEDORISMO E …](https://reader036.fdocumentos.tips/reader036/viewer/2022071722/62d3905ba75f1c2c82339ba7/html5/thumbnails/25.jpg)
25
Mesmo com todos os conceitos e pensamentos, existem, dentro desse conjunto
chamado empreendedorismo, subconjuntos que se pode chamar de perfis. Em outras palavras,
pode-se afirmar que o empreendedorismo possui diferentes tipos de empreendedores, cada
qual com suas características específicas que serão esmiuçadas no próximo tópico.
2.1 CLASSIFICAÇÕES, CARACTERÍSTICAS E PERFIS DOS EMPREENDEDORES.
A classificação, característica e o perfil dos empreendedores possuem diversos níveis,
inclusive, permite-se denominar um empreendedor como aquele que tem a capacidade de
gerar uma boa ideia, aproveitando uma oportunidade de mercado, conseguindo os recursos
necessários para implantação do seu negócio. Para tanto, é importante ao empreendedor
possuir uma boa rede de contatos ou relacionamento, o chamado networking, de maneira a
formar boas parcerias ou redes a fim de viabilizar sua ideia.
Por isso um comportamento ético é algo muito importante ao empreendedor. Agir
preocupando-se com os demais envolvidos no processo e com a sociedade ao seu entorno
promove um aspecto de credibilidade ao empreendedor que precisa das demais pessoas e
grupos para desenvolver seu negócio e mantê-lo no mercado. Conforme Dolabela (1999,
p.44), o empreendedor é alguém capaz de desenvolver uma visão, mas não só. Deve persuadir
terceiros, sócios, colaboradores, investidores, convencê-los de que sua visão poderá levar
todos a uma situação confortável no futuro. Para o autor, um dos principais atributos do
empreendedor é a capacidade de identificar oportunidades, agarrando-as por meio da busca de
recursos para transformá-las em negócios de sucesso. Por isso, é preciso muita energia,
perseverança e uma dose de paixão para vencer os obstáculos e continuar em frente.
Complementarmente, Ferreira et al (2010) atribuem ao empreendedor as seguintes
características:
Necessidade de ser independente e realizar: necessidade de ser o próprio patrão e
atingir os objetivos planejados;
Assunção de riscos moderados: aceitam bem correr riscos (financeiros, emocionais
ou sociais) não demasiadamente altos e nem desnecessários;
Autoconfiança: acreditam em si próprios e em sua capacidade de atingir os objetivos
que se propõem;
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26
Assunção de responsabilidades: aceitam assumir os riscos do sucesso e do insucesso
dos seus negócios, não atribuindo culpa aos outros e aprendendo com os erros;
Capacidade de trabalho e energia: apresentam grande energia, vigor e persistência
para o trabalho;
Competências em relações humanas: normalmente os empreendedores são sociáveis
e capazes de desenvolver relacionamentos, até com desconhecidos;
Criatividade e inovação: em geral os empreendedores são criativos e inovadores.
Desenvolvem novas abordagens, produtos e processos.
Dedicação ao negócio: possuem paixão pelo negócio e trabalham arduamente por ele;
Persistência apesar do fracasso: Mesmo no insucesso os empreendedores
demonstram um bom nível de otimismo e sobreconfiança;
Inteligência na execução: habilidade de tornar uma ideia em um negócio concreto.
Hisrich e Peters (2004, p. 26) afirmam que empreendedor é um “indivíduo que se
arrisca e dá início a algo novo”. McClelland (1971) identifica como características do
comportamento empreendedor, as seguintes: busca de oportunidades e iniciativa, persistência,
comprometimento, exigência de qualidade e eficiência, correr riscos calculados,
estabelecimento de metas, busca de informações, planejamento e monitoramento sistemático,
persuasão e rede de contatos, independência e autoconfiança. Dentre tantos pensamentos e
ideias, pode-se perceber a clara ligação do conceito com três características essenciais: a
postura de correr riscos, iniciativa e criatividade para desenvolver um novo negócio. Em uma
análise posterior, McClelland (1972, p. 61) afirma que “[...] a motivação de realização é
responsável, em parte, pelo crescimento econômico”.
Diante a literatura pesquisada, pode-se esboçar o seguinte panorama quanto as
características atribuídas aos empreendedores:
Tabela 1 – Características dos empreendedores x Literatura Pesquisada
Características dos empreendedores
Literatura Pesquisada
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 Total
Visão ou Identificação de oportunidades • • • • • 5
Enérgico • • • • • • 6
Perseverante • • • • • • 6
Independente • • • • 4
Assunção de risco • • • • • • • 7
Autoconfiança • • • • • • 6
Assunção de responsabilidades • • • 3
Competências em relações humanas • • • • • • • 7
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27
Criativo ou inovador • • • • • • • 7
Dedicação • • • • 4
Iniciativa • • • • • • • • 8
Fonte: Elaborado a partir de (1) (DOLABELLA, 1999); (2) (FERREIRA et al, 2010); (3) (HISRICH E
PETERS, 2004); (4) (MCCLELLAND, 1971); (5) (NAZIR E RAMZAM, 2012); (6) (DUARTE E
ESPERANÇA, 2012); (7) (RAPOSO, PAÇO E FERREIRA, 2008); (8) (SARAIVA, 2011); (9) (BULUT E
SAYIN,2010); (10) (SHAPERO, 1974).
Miner (1998) faz uma abordagem muito consistente sobre uma personalidade
empreendedora existente em pessoas voltadas ao meio empresarial. Fruto de uma pesquisa de
20 anos, o autor aponta dois motivos que levam um empreendedor ao fracasso ou sucesso: 1)
Não há um único tipo de empreendedor, mas quatro tipos com personalidades distintas. 2)
Cada um destes tipos deve seguir uma carreira profissional diferente para ser bem-sucedido e
deve se relacionar com a empresa de forma distinta.
Os quatro tipos de empreendedores identificados por Miner (1998, p.13) são:
realizador, supervendedor, autêntico gerente e gerador de ideias:
O realizador: são empreendedores clássicos que levam muita energia às suas
empresas e dedicam inúmeras horas ao trabalho. Eles gostam de planejar e
estabelecer metas para realizações futuras. São dotados de muita iniciativa e de um
forte compromisso com a empresa. Os realizadores acreditam que controlam suas
vidas por meio de suas ações, e não que são controlados pelas circunstâncias ou
pelas atitudes de terceiros. Eles devem ser orientados por metas próprias (e não
pelos objetivos de terceiros). É mais provável que os realizadores tenham êxito se
percorrerem o caminho da realização: resolvendo problemas constantemente e
lidando com crises, adequando-se para enfrentar a crise do momento e tentando ser
bons em tudo.
O supervendedor: possuem uma grande sensibilidade em relação a outras
pessoas e desejam ajudá-las de qualquer maneira possível. Os relacionamentos são
muito importantes para eles, que gostam de reuniões sociais e de participar de
grupos. Eles consideram as vendas como um elemento essencial para o sucesso de
suas empresas. Para ter sucesso, os supervendedores precisam seguir o caminho das
vendas e contratar alguém para administrar os negócios.
O autêntico gerente: gostam de assumir responsabilidades e saem-se bem
em cargos de liderança nas empresas; eles são competitivos, decididos e possuem
uma atitude positiva em relação àqueles que tem autoridade; gostam do poder e de
desempenhar uma função. Muitas vezes saem de grandes empresas para iniciar seu
empreendimento. Utilizam uma persuasão lógica e eficaz. Seu ponto forte está em
levar os empreendimentos a um crescimento significativo. O caminho ideal para ser
trilhado por eles é o de gerenciamento: encontrar ou iniciar um negócio grande o
bastante para precisar de seus talentos administrativos.
O gerador de ideias: inventam novos produtos, encontram novos nichos,
desenvolvem novos processos e, em geral, encontram uma forma de superar a
concorrência. Eles se sentem fortemente atraídos para o mundo das ideias. Porém
podem assumir riscos que não foram suficientemente calculados. Normalmente se
envolvem em empreendimentos de alta tecnologia.
![Page 28: KYLDARE RODRIGUES MAIA EMPREENDEDORISMO E …](https://reader036.fdocumentos.tips/reader036/viewer/2022071722/62d3905ba75f1c2c82339ba7/html5/thumbnails/28.jpg)
28
Existe a possibilidade dos empreendedores possuírem mais de um estilo, inclusive,
Miner (1998, p. 164) constata que “quando um empresário possui estilos múltiplos, o mesmo
pode, se necessário, executar um maior número de atividades nos vários estágios de
crescimento da empresa. Pode exercer maior grau de controle e delegar menos tarefas a
terceiros”.
Baseado nas características apresentadas pelos diversos autores encontrados no
desenvolvimento do referencial e nos tipos de empreendedores difundidas por Miner (1998),
pode-se chegar a seguinte relação:
Figura 4 – Tipos de empreendedores e suas características
Fonte: Elaboração Própria
Outro tipo de empreendedor tem chamado atenção, inclusive, muitas vezes, este tem
sido confundido com os gestores ou administradores de grandes empresas, contudo, segundo
Ferreira et al (2010) existem diferenças.
Quadro 1 – O empreendedor x Gestor
Características Gestores Empreendedores
Motivações Primárias Promoção e outras recompensas
corporativas tradicionais. Poder.
Independência, oportunidade para
criar algo novo e dinheiro.
Decisões Usualmente concordam com as
decisões tomadas pela alta gestão.
Seguem os seus sonhos, tomando
decisões.
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29
A quem servem Aos outros, seus superiores A si próprios e seus clientes
Atitude perante o risco Cautelosos e evitam decisões de
risco
Assumem riscos calculados,
investem muito e esperam ser bem-
sucedidos.
Falhas, erros Tentam evitar erros e surpresas.
Adiam o reconhecimento do
fracasso.
Aprendem com os erros e as falhas.
Fonte: Elaborado a partir de Ferreira et al. (2010)
No entanto, existem gestores e administradores empreendedores, os quais são,
conforme Robbins (2005), as pessoas confiantes em sua capacidade, que aproveitam
oportunidades de inovação e que não só esperam as surpresas, mas as capitalizam; já o
gerente tradicional é aquele que gerencia os recursos de produção, mas sem inovação,
buscando uma estabilidade. Diante esse novo tipo empreendedor que vem ganhando força e
evidência nas corporações, se faz necessário aprofundá-lo a fim de realizar contribuições
acadêmicas.
2.1.1 Intraempreendedorismo
A nova economia faz com que as organizações exijam altos níveis de desempenho de
seus colaboradores. Os recursos humanos não devem ser vistos como componentes do custo,
mas sim como fontes potenciais de valor adicionado e investimentos de longo prazo
(WUNDERER, 2001). De acordo com Hisrich e Peters (2004), as organizações com culturas
empreendedoras fortes estão aptas a adaptarem-se às modificações do ambiente de maneira
integrada e rápida, já que seus valores culturais são capazes de criar um sistema aberto que
envolve não apenas os membros da organização, mas também os constituintes externos aos
processos e estratégias da organização. As normas destas organizações estão baseadas na
participação e na inclusão e organizações inclusivas operam com princípios democráticos. No
lugar de uma estrutura hierárquica, uma atmosfera intraempreendedora possui uma estrutura
organizacional plana, com várias redes, equipes, patrocinadores e mentores.
As empresas devem buscar uma nova divisão balanceada de poder, fazendo com que
os colaboradores adquiram poder e liberdade de maneira incremental, de acordo com o valor
que geram para a organização. Esta divisão de poder é definida na literatura como
empowerment e trata da competência para reconhecer problemas, a autoridade e a disposição
para agir, e o poder para fazer algo pelo qual se aceita a responsabilidade pelo resultado
(MACCOBY, 1992). Estas atividades devem ser levadas a cabo de modo que cada
![Page 30: KYLDARE RODRIGUES MAIA EMPREENDEDORISMO E …](https://reader036.fdocumentos.tips/reader036/viewer/2022071722/62d3905ba75f1c2c82339ba7/html5/thumbnails/30.jpg)
30
colaborador exerça suas competências específicas e coloque seu conhecimento individual em
prol do sucesso da empresa, promovendo-os de acordo com seu grau de empreendedorismo.
Contudo, o desenvolvimento de uma cultura corporativa intraempreendedora madura e
consolidada não é fácil e demanda tempo. McGinnis e Verney (1987) afirmam que este
processo não leva menos do que três a cinco anos. Afinal, a corporação tradicional é de
natureza hierárquica, com procedimentos, sistemas de relatórios, linhas de autoridade e de
responsabilidade, de instruções e mecanismos de controle estabelecidos, condições estas que
sustentam a cultura corporativa e inibem a inovação e a ação empreendedora. Para
transformar uma cultura burocrática em uma cultura intraempreendedora é necessário adotar
valores gerenciais que incentivem o empreendedorismo. Estes valores incluem iniciativa
própria, comprometimento e suporte para novas ideias, comportamento pró-ativo e social e
orientação para o cliente. Os dirigentes devem ser exemplares demonstrando e promovendo
enfaticamente o intraempreendedorismo de maneira comprometida. Há que se oferecer
também tempo livre para os empregados e buscar integrar seus valores pessoais com os
valores centrais da organização de modo que se compatibilizem construtivamente
(WUNDERER, 2001).
Existem alguns elementos da cultura corporativa tradicional que devem ser
modificados para incentivar o intraempreendedorismo, ilustrados no Quadro 2.
Quadro 2 – Relações entre elementos da cultura tradicional e intraempreendedora.
Fonte: Elaborado a partir de Wunderer (2001).
![Page 31: KYLDARE RODRIGUES MAIA EMPREENDEDORISMO E …](https://reader036.fdocumentos.tips/reader036/viewer/2022071722/62d3905ba75f1c2c82339ba7/html5/thumbnails/31.jpg)
31
A motivação intrínseca e o comportamento não devem permitir influência de
incentivos extrínsecos, como bônus e prêmios, mas, basearem-se em simpatia mútua,
conhecimento compartilhado, ideologias comuns, desempenho equânime, responsabilidade
conjunta, cooperação e distribuição justa de resultados. Segundo Wunderer (2001), existem
outros instrumentos importantes que oferecem suporte à cultura intraempreendedora:
Gerenciar a empresa por objetivos;
Selecionar os recursos humanos em função destes objetivos;
Definir as responsabilidades individuais;
Liderança participativa e delegada;
Treinamento e capacitação pessoal;
Reconhecimento pessoal;
Estabelecer canais de conversação com os colaboradores;
Distribuir tarefas importantes (empowerment);
Envolver todos em projetos;
Job rotation;
Recompensar o desempenho;
Realizar pesquisas com os clientes internos e externos;
Distribuir os resultados;
Ampliar benefícios para os colaboradores.
Fazer comprometimentos e desenvolver competências oferecem maneiras para
satisfazer essa necessidade de dinamização. Deve-se enfatizar que fazer comprometimentos
ou desenvolver competências não é uma panaceia estratégica, como não o são a formação de
sistemas de atividades rigidamente acopladas ou a concentração em recursos vitais. A razão
está relacionada à tensão permanente entre o caráter irreversível das opções e mudanças das
empresas nos cenários em que elas operam. Em consequência disso, as opções relativas às
atividades, recursos, comprometimentos e competências devem ser examinadas em
profundidade, com um olho no valor econômico (GHEMAWAT, 2000).
Segundo McGinnis e Verney (1987), a organização que pretende desenvolver uma
cultura intraempreendedora deve:
![Page 32: KYLDARE RODRIGUES MAIA EMPREENDEDORISMO E …](https://reader036.fdocumentos.tips/reader036/viewer/2022071722/62d3905ba75f1c2c82339ba7/html5/thumbnails/32.jpg)
32
Difundir conhecimento e informação: todos devem conhecer a estratégia da
organização e os seus objetivos;
Conhecer seu ramo de atuação: os colaboradores devem conhecer tudo sobre o seu
ramo de atividade (produtos, processos, matérias-primas, clientes, concorrentes, etc);
Recompensar a inovação: para incentivar o comportamento inovativo é preciso
recompensar de maneira adequada, determinando que tipo de recompensa conduz a
um comportamento inovador mais efetivo e seu respectivo valor;
Estabelecer regras claras: regras claras eliminam restrições desnecessárias à conduta
dos colaboradores e inibem a inovação.
Conforme os conceitos até aqui explorados, percebe-se que a cultura
intraempreendedora tem como pré-requisito a motivação. A motivação, por sua vez baseia-se
na satisfação das necessidades individuais e na criação de uma estrutura organizacional
direcionada para o fomento do empreendedorismo e da inovação. Quanto maior a atividade
intraempreendedora, maiores as necessidades individuais e organizacionais. Para dar
continuidade na ação intraempreendedora, mais motivação é necessária e retorna-se ao início
deste fluxo circular que passa a operar continuamente, conforme exposto na Figura 5.
Figura 5 – Modelo conceitual da cultura intraempreendedora
Fonte: Elaborado a partir Fumagalli et al(2012).
O termo intraempreendedor foi criado por Pinchot em 1989 para abreviar o termo
empreendedor intracorporativo, ou seja, uma pessoa dentro da organização que assume
responsabilidade direta para transformar uma ideia em um produto final lucrativo a partir da
assunção de risco e da inovação. Wunderer (2001), por conseguinte, afirma que
![Page 33: KYLDARE RODRIGUES MAIA EMPREENDEDORISMO E …](https://reader036.fdocumentos.tips/reader036/viewer/2022071722/62d3905ba75f1c2c82339ba7/html5/thumbnails/33.jpg)
33
intraempreendedores podem ser entendidos como membros da organização que inovam,
identificam e criam oportunidades de negócio, estruturam e coordenam novas combinações e
arranjos de recursos para gerar e agregar valor por meio da exploração de necessidades não
atendidas ou da melhoria da eficiência de algo que já é feito pela empresa.
Para Pinchot (1989), a maior parte das peculiaridades da personalidade do
intraempreendedor pode ser entendida considerando-se as pressões de se combinar, em uma
pessoa, um forte visionário e um executor insaciável, que não pode descansar até que sua
visão esteja manifestada na terra assim como está em sua mente. São sonhadores que realizam
e assumem a responsabilidade pela criação de inovações de qualquer espécie dentro de uma
organização.
Após apresentar os conceitos, características e perfis dos empreendedores, torna-se
essencial conhecer as suas motivações a partir do momento que decidem tomar a iniciativa de
empreender.
2.2 MOTIVAÇÕES E FATORES QUE INFLUENCIAM NO PERCURSO
EMPREENDEDOR.
Para que um empreendedor possa enveredar pelo mundo dos negócios e alcance,
muitas vezes, seu objetivo se faz necessário o encontro de um ambiente favorável para suas
negociações. Não somente características, como iniciativa e visão de uma oportunidade,
levarão o empreendedor à longevidade no mercado de trabalho, é preciso que sejam apoiados
pelo governo, universidade e empresas.
Para Saraiva (2011), os motivos que levam os empreendedores a iniciar um novo
projeto, na maior parte das situações, não são direcionados para o lucro ou enriquecimento
pessoal no curto prazo. São motivados pelo acréscimo da realização pessoal, pelo reforço da
autonomia e também pela dificuldade que tem em conseguir encontrar facilmente outras
opções de vida. A decisão de criar uma empresa, para Ferreira, Santos e Serra (2010), é
influenciada por um vasto conjunto de fatores. Estes podem estar relacionados com as
condições nacionais ou com o ambiente onde os indivíduos se encontram inseridos ou, ainda,
com outros fatores inerentes ao indivíduo. Dentro destes últimos fatores, inclui-se o ambiente
familiar na infância, uma vez que há uma maior tendência para um indivíduo enveredar pelo
empreendedorismo se os pais também o fizeram. A educação também interfere com o
empreendedorismo, já que há uma maior inclinação para os indivíduos com maiores níveis de
formação optarem por serem empreendedores no seu percurso profissional. A formação
![Page 34: KYLDARE RODRIGUES MAIA EMPREENDEDORISMO E …](https://reader036.fdocumentos.tips/reader036/viewer/2022071722/62d3905ba75f1c2c82339ba7/html5/thumbnails/34.jpg)
34
fornece competências para saber gerir os problemas e dá conhecimento em relação às
atividades técnicas da empresa. As universidades e os docentes também podem incentivar o
empreendedorismo, já que podem lecionar cursos nesta área com o objetivo de estimular e
desenvolver novos empreendedores. Estes cursos podem também melhorar a forma como a
sociedade encara o empreendedor.
Anualmente, o Kauffman Center for Entrepreneurial Leadership faz uma pesquisa
para o Global Entrepreneurship Monitor (GEM) — instituição criada pela London Business
School e pelo Babson College de Boston — em cerca de 29 países, para comparar o grau de
empreendedorismo de cada povo e compreender o papel do empreendedorismo no
desenvolvimento econômico dos países. Entende-se como empreendedorismo, na pesquisa
realizada por essas entidades, qualquer tentativa de criação de um novo empreendimento,
como, por exemplo, uma atividade autônoma, uma nova empresa ou a expansão de um
empreendimento existente. É importante destacar que o foco principal é o indivíduo
empreendedor, mais do que o empreendimento em si.
O Brasil participa deste esforço desde 2000, onde a pesquisa é conduzida pelo Instituto
Brasileiro da Qualidade e Produtividade (IBQP) e conta com o apoio técnico e financeiro do
Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (SEBRAE). Desde 2011, o
Centro de Empreendedorismo e Novos Negócios da FGV (Fundação Getúlio Vargas) tornou-
se parceiro acadêmico do projeto. Na própria pesquisa há um campo da pesquisa voltada para
motivações dos empreendedores nacionais, e pode-se dizer que é um dos temas mais
importantes em pesquisas sobre empreendedorismo porque demonstra o grau de maturidade e
desenvolvimento de um país. Existem dois tipos de empreendedorismo: aquele buscado por
necessidade e o motivado por oportunidade. Diante essa perspectiva, traçar o perfil e
caracterizar o empreendedor se faz necessário.
Em primeiro lugar, pode-se citar o empreendedor motivado por uma oportunidade de
mercado, na qual, o mesmo identifica a possibilidade de realização de uma atividade
econômica rentável baseada na demanda do mercado (VIVARELLI, 2013). Este tipo de
empreendedorismo, geralmente, é realizado por indivíduos que possuem características
proativas (SHANE; VENKATARAMAN, 2000; ANTONCIC; HISRICH, 2001) com alto
grau educacional (DAVIDSSON; HONIG, 2003; IACOBUCCI; MICOZZI, 2012) e
experiência anterior de emprego (BOROZAN; PFEIFER, 2014). Em sua maioria apresentam
faixa etária entre 25-44 anos e pertencem ao sexo masculino (KELLEY et al., 2012).
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35
Entretanto, o outro tipo de empreendedorismo é baseado na necessidade dos
indivíduos e é fruto da falta de empregos e da turbulência de mercado podendo gerar apenas
efeitos positivos temporários na economia, este tipo de empreendedorismo é desempenhado
por indivíduos que possuem excesso de confiança, encontram-se desempregadas e necessitam
desta renda para sua própria sobrevivência (VIVARELLI, 2013). Borozane e Pfeifer (2014)
corroboram a ideia e mencionam que existem duas principais causas da atividade empresarial.
Provocado por situação econômica desfavorável de um indivíduo (desemprego, baixa renda
ou pobreza), enquanto a outra causa refere-se ao desejo de aproveitar a oportunidade
empresarial identificada.
Em outras palavras, empreendedores por necessidade são aqueles que iniciaram um
empreendimento autônomo por não possuírem melhores opções para o trabalho e precisam
abrir um negócio a fim de gerar renda para si e suas famílias; enquanto que empreendedores
por oportunidade optam por iniciar um novo negócio, mesmo quando possuem alternativas de
emprego. Enquanto o empreendedorismo por necessidade está mais suscetível à conjuntura
econômica dos países e tende a diminuir quando a oferta de emprego é maior, o
empreendedorismo por oportunidade tem maiores chance de sucesso e tem um forte impacto
sobre o crescimento econômico de um país.
Shane e Venkataraman (2000);Van der Sluis et al. (2008) constataram que há uma
diferença significativa no modo como estes tipos particulares de atividades empreendedoras
influenciam o crescimento econômico. Sua evidência empírica indica que o
empreendedorismo orientado a oportunidade tem consequências macroeconômicas positivas,
aumenta a produtividade, a competitividade e gera um maior valor agregado.
Nos últimos anos, surgiu uma forte crença entre os estudiosos e decisores políticos de
que o empreendedorismo é um vetor essencial do crescimento econômico, tanto para países
desenvolvidos como para os países em desenvolvimento (AUDRETSCH; THURIK, 2001;
VAN DER SLUIS et al. 2008).
Além das motivações, a pesquisa realizada pelo GEM estrutura a taxa de
empreendedorismo ocorrida nos últimos anos em todo o mundo. No ano de 2004, As
porcentagens da população entre 18 e 64 anos que se dedicavam ao empreendedorismo,
conforme Tabela 2, eram:
Tabela 2 – Porcentagem de empreendedores por país em 2004
Países %
México 18,7
![Page 36: KYLDARE RODRIGUES MAIA EMPREENDEDORISMO E …](https://reader036.fdocumentos.tips/reader036/viewer/2022071722/62d3905ba75f1c2c82339ba7/html5/thumbnails/36.jpg)
36
Austrália 15,6
Nova Zelândia 15,2
Coréia do Sul 15
Brasil 14,2
Irlanda 12,2
Estados Unidos 11,7
Cingapura 5,2
Japão 5,1
Bélgica 4,6
Fonte: Elaborada a partir do GEM (2004)
Por outro lado, a pesquisa em 2014, divulgada em 2015, demonstrou o grande salto
que o Brasil deu em relação ao empreendedorismo, segundo os dados obtidos, três em cada
dez brasileiros entre 18 e 64 anos possuem uma empresa ou estão envolvidos na criação do
próprio negócio, valor este que pode ser visualizado na Tabela 3.
Tabela 3 – Porcentagem de empreendedores por país em 2014
Países %
Brasil 32,5
China 26,7
Estados Unidos 20
Reino Unido 17
Japão 10,5
Índia 10,2
África do Sul 9,6
Rússia 8,6
França 8,1
Fonte: Elaborada a partir do GEM (2014)
Esta taxa de empreendedorismo de 32,5% coloca o Brasil na primeira colocação do
ranking global de percentual da população envolvida com empreendedorismo, bem à frente de
países de primeiro mundo como Estados Unidos (20%), Reino Unido (17%) e Japão (10,5%).
Interessante é observar que países desenvolvidos como os elencados no parágrafo
anterior, que possui uma alta renda per capta e uma excelente qualidade de vida, apresentam
um nível de empreendedorismo inferior ao do Brasil, o qual se encontra em situação de
desenvolvimento. Um dado interessante, porém, questiona-se a qualidade do empreendimento
nestas duas realidades econômicas.
O quadro sociodemográfico divulgado pela Global Entrepreneurship Global 2014, o
qual retrata a situação sociodemográfica do Brasil, demonstra que somente 7,7% dos
empreendedores no país, entre eles iniciais e estabelecidos, possuem nível superior completo
ou qualquer outro tipo de pós-graduação (Nível 4).
![Page 37: KYLDARE RODRIGUES MAIA EMPREENDEDORISMO E …](https://reader036.fdocumentos.tips/reader036/viewer/2022071722/62d3905ba75f1c2c82339ba7/html5/thumbnails/37.jpg)
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Tabela 4 - Distribuição dos empreendedores segundo características sociodemográficas – Brasil-
2014
Características Sóciodemográficas Brasil
Empreendedores
Iniciais Estabelecidos Total
Gênero
Masculino 48,8 54,9 51,7
Feminino 51,2 45,1 48,3
Faixa Etária
18-24 anos 18,4 4,5 11,5
25-34 anos 34,3 19,9 27,1
35-44 anos 23,6 30,2 26,8
45-54 anos 16,2 28,2 22,3
55-64 anos 7,5 17,2 12,4
Nível de Escolaridade
Nível 1 1,2 2,6 1,9
Nível 2 48,5 55,4 52,0
Nível 3 42,2 34,5 38,2
Nível 4 8,1 7,5 7,7
Faixas de Renda
Até 3 salários mínimos 58,9 57,3 58,3
Mais de 3 e até 6 salários mínimos 31,9 31,3 31,5
Mais de 6 e até 9 salários mínimos 4,5 5,2 4,8
Mais de 9 salários mínimos 4,7 6,2 5,4
Estado Civil
Casado 45,3 50,5 47,8
União Estável 16,4 13,0 14,7
Divorciado 5,5 6,9 6,2
Solteiro 29,7 25,5 27,7
Viúvo 2,5 3,1 2,8
Outros 0,6 1,0 0,8
Raça/Cor
Branca 51,2 53,9 52,6
Preta 9,4 7,0 8,0
Parda 37,5 38,3 38,0
Outras 1,9 0,8 1,4
Fonte: Elaborada a partir do GEM (2014)
Analisando profundamente e com dados divulgados pelo IBGE (2015), existem
aproximadamente 9 milhões de desempregados e esse índice de desemprego destaca-se como
sendo o maior dos últimos anos, devido essa desagradável situação e para que se possa
encontrar alternativas de renda, o empreendedor que está indo ao mercado, possivelmente,
não inova e, mesmo despreparado para o negócio, investe o que ainda tem em algo
semelhante aos já existentes e sem nenhuma informação estratégica de mercado.
![Page 38: KYLDARE RODRIGUES MAIA EMPREENDEDORISMO E …](https://reader036.fdocumentos.tips/reader036/viewer/2022071722/62d3905ba75f1c2c82339ba7/html5/thumbnails/38.jpg)
38
Corroborando a ideia do empreendedorismo crescente por necessidade e não por
oportunidade.
Nos países desenvolvidos e em desenvolvimento, os decisores políticos devem apoiar
os empresários reais e inovadores e, assim como, desencorajar os amadores, seguidores
passivos do mercado com maior probabilidade de cometer erros fundamentais, sendo
responsáveis pelo fracasso precoce da maioria das novas empresas. Este tipo de entrada não é
propício para a renovação tecnológica e nem para o crescimento econômico, representa
simplesmente um excesso de entradas (VIVARELLI, 2013). Em longo prazo, atitudes destas
pessoas somadas à esses despreparos convergem em números cada vez maiores de empresas
chegando a falência. Confirmando esse pensamento, tem-se a taxa de mortalidade das
empresas brasileiras, também divulgada pelo IBGE (2015), afirmando que em quatro anos a
taxa alcançou quase os 50%.
Por último, a experiência profissional prévia também condiciona o espírito
empreendedor. Desde logo, pode aumentar o sucesso do novo empreendimento quando este
vai ao encontro da experiência profissional prévia. Por sua vez, o novo negócio também por
ser criado com vista a superar problemas, como por exemplo, a insatisfação com o trabalho
atual.
Segundo Duarte e Esperança (2012, p. 12):
O empreendedor, para criar uma empresa, tem de ter uma forte motivação, a qual
pode estar relacionada com a experiência profissional e a formação adquirida.
Porém, também se pode dever a outros motivos, como por exemplo, querer mudar a
atual situação em que se encontra, em outras palavras, deixar de trabalhar para
terceiros ou estar desempregado e, consequentemente, desenvolver uma atitude pró-
ativa, especialmente a criação de uma empresa. Pode querer utilizar os
conhecimentos que possui para desenvolver um produto ou serviço dirigido a outros
nichos de mercado, o qual se pode traduzir numa atividade rentável. Pode ver o
trabalho por conta própria como a forma mais apropriada de expor as suas
competências. Por fim, a procura de uma melhor situação financeira e a existência
de uma oportunidade de mercado também pode levar à criação de uma nova
empresa.
Para Sarkar (2010) é necessário que o espírito empreendedor seja promovido, pois a
instituição de novas empresas provoca diversos impactos positivos, dentre eles, no emprego,
na inovação, na produtividade e na renovação econômica.
Neste âmbito, o Governo brasileiro com vista a promover o empreendedorismo
apresenta grandes e importantes incentivos. Destacam-se a instituição da Lei complementar
123/2006 para fins fiscais e a Lei 10.973/2004 com objetivo de auxiliar os empreendedores a
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39
dar seus primeiros passos em seu ambiente de negócio com ajuda da universidade e
profissionais qualificados no que tange à inovação e desenvolvimento nacional.
A Lei 10.973, de 2 de dezembro de 2004 (BRASIL, 2004), que dispõe sobre os
incentivos à inovação e à pesquisa científica e tecnológica no ambiente produtivo e dá outras
providências foi criada com os objetivos de:
Estimular a criação de ambientes especializados e cooperativos de inovação;
Estimular a participação de Instituições Científicas e Tecnológicas (ICT) no processo
de inovação;
Estimular a inovação nas empresas;
Estimular o inventor independente;
Estimular a criação de fundos de investimentos para a inovação.
Visivelmente percebe-se que a finalidade da legislação foi a criação de um ambiente
favorável a parcerias estratégicas entre Universidades, Institutos Tecnológicos - ICTs e
Empresas com vistas a implementar processos de inovação no setor produtivo nacional.
Também chamada de Lei da inovação, a mesma estabelece medidas de incentivo à
pesquisa e à inovação e cria mecanismo de gestão para as instituições de científicas e
tecnológicas e sua relação com as empresas, principalmente as de base tecnológica.
Para incrementar o desenvolvimento tecnológico no Brasil, uma das propostas da Lei
de Inovação é a de que um pesquisador, que seja o criador de uma invenção protegida tenha
direito à participação nos ganhos econômicos advindos de seu licenciamento ou exploração.
Isso estimularia a inovação, uma vez que promove um retorno financeiro aos professores e
pesquisadores envolvidos no desenvolvimento da tecnologia.
A possibilidade de afastamento dos pesquisadores para constituir empresas voltadas à
inovação é outro ponto forte da lei. Serve como um forte estímulo ao aparecimento de
empresas de base tecnológica, capazes de levar para o mercado os resultados das pesquisas
realizadas nas universidades e institutos de pesquisa. Hoje a participação desses pesquisadores
na gerência ou administração de empresa privada é proibida, o que inibe a atividade
empreendedora desses profissionais.
Dessa forma, a inovação tecnológica poderia significar o ponto de convergência das
potencialidades científicas com as necessidades econômicas e sociais, onde o empreendedor
entra em cena com um papel fundamental, contribuindo para atender as demandas dos
grandes problemas enfrentados pela sociedade.
![Page 40: KYLDARE RODRIGUES MAIA EMPREENDEDORISMO E …](https://reader036.fdocumentos.tips/reader036/viewer/2022071722/62d3905ba75f1c2c82339ba7/html5/thumbnails/40.jpg)
40
Nesse contexto, o empreendedor desempenha papel importante. Trata-se, pois, de um
desafio a ser enfrentado pelos países em desenvolvimento, visto que a acentuada participação
no esforço inovativo se concentra, basicamente, nas empresas multinacionais. É a primeira lei
brasileira que trata do relacionamento Universidades, Instituições de Pesquisa e Empresas.
Por outro lado e complementando a promoção do empreendedorismo no país, existe a
Lei complementar 123/2006 que foi regulamentada com o intuito de minimizar os impactos
sofridos por empreendedores iniciantes e até estabelecidos, no tocante à carga de impostos.
Por meio da Lei Complementar nº 123, de 14 de dezembro de 2006 (BRASIL, 2006),
foi instituído o novo Estatuto Nacional das Microempresas (ME) e Empresas de Pequeno
Porte (EPP). Referida Lei Complementar traz legitimidade ao regramento previsto nos artigos
170 e 179 da Constituição Federal, que instituiu o tratamento diferenciado, simplificado e
favorecido para as ME e EPP.
O Estatuto Nacional das Microempresas e Empresas de Pequeno Porte, também
chamado de “Lei Geral”, tem a finalidade de aumentar a competitividade dos pequenos
negócios, por intermédio da redução da carga tributária, da simplificação e desburocratização
de procedimentos de inscrição e baixa de empresas, da criação de melhores condições para
acesso ao mercado, à inovação e tecnologia, ao crédito e à justiça.
Serão enquadradas como microempresas e empresas de pequeno porte (artigo 3º,
incisos I e II, da LC nº 123/2006) a sociedade empresária, a sociedade simples, a empresa
individual de responsabilidade limitada e o empresário a que se refere o art. 966 da Lei nº
10.406, de 10 de janeiro de 2002 (Código Civil), devidamente registrado no Registro de
Empresas Mercantis ou no Registro Civil de Pessoas Jurídicas, que aufira, em cada ano-
calendário, receita bruta igual ou inferior a R$ 360.000,00 (microempresas) ou superior a R$
360.000,00 e igual ou inferior a R$ 3.600.000,00 (empresas de pequeno porte).
A Lei Geral, então, criou um regime tributário diferenciado, simplificado e favorecido
para as microempresas e empresas de pequeno porte, que é o Simples Nacional (artigos 12 a
41 da LC nº 123/2006). É um regime opcional, isto é, a ME ou a EPP pode escolher entre a
tributação pelo regime simplificado – desde que preenchidos determinados requisitos como o
limite de receita bruta já comentado anteriormente e o tipo de atividade realizada, ou por
outros regimes, como o Lucro Real ou Lucro Presumido. Ressalta-se que a opção pelo
Simples Nacional será irretratável para todo o ano calendário.
![Page 41: KYLDARE RODRIGUES MAIA EMPREENDEDORISMO E …](https://reader036.fdocumentos.tips/reader036/viewer/2022071722/62d3905ba75f1c2c82339ba7/html5/thumbnails/41.jpg)
41
Nesse regime, impostos e contribuições federais, estaduais e municipais são unificados
e o seu pagamento é efetuado por meio de uma única guia de recolhimento, chamada DAS
(Documento de Arrecadação do Simples Nacional).
Na forma do artigo 13, incisos I a VIII, da LC nº 123/2006, os impostos e
contribuições abrangidos pelo Simples Nacional são os seguintes:
Art. 13. (...)
I - Imposto sobre a Renda da Pessoa Jurídica - IRPJ;
II - Imposto sobre Produtos Industrializados - IPI, observado o disposto no inciso
XII do § 1º deste artigo;
III - Contribuição Social sobre o Lucro Líquido - CSLL;
IV - Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - COFINS, observado
o disposto no inciso XII do § 1 deste artigo;
V - Contribuição para o PIS/PASEP, observado o disposto no inciso XII do § 1º
deste artigo;
VI - Contribuição Patronal Previdenciária – CPP para a Seguridade Social, a cargo
da pessoa jurídica, de que trata o art. 22 da Lei nº 8.212, de 24 de julho de
1991,exceto no caso da microempresa e da empresa de pequeno porte que se
dediquem às atividades de prestação de serviços referidas no § 5º-C do art. 18 desta
Lei Complementar;
VII - Imposto sobre Operações Relativas à Circulação de Mercadorias e Sobre
Prestações de Serviços de Transporte Interestadual e Intermunicipal e de
Comunicação - ICMS;
VIII - Imposto sobre Serviços de Qualquer Natureza – ISS.
Alguns anos após a criação da LC 123/06, especificamente dois anos, surgiu outra
possibilidade de negócio, esta, voltada para os trabalhadores que se encontravam na
informalidade e com poucas possibilidades financeiras de se constituir uma empresa bem
como mantê-la, e foi denominada de Microempreendedor Individual (MEI).
O MEI foi criado no Brasil para que esses trabalhadores informais estivessem dentro
da legalidade e, principalmente, para provar que o trabalho formal é muito mais rentável do
que trabalho informal. O MEI foi introduzido pela Lei Complementar 128/2008 e inserido na
Lei Geral da Micro e Pequena Empresa (Lei Complementar 123/06) que possibilita a
formalização de empreendedores por conta própria.
Os profissionais autônomos e os micro empresários podem optar por se legalizar
abrindo uma MEI por um sistema extremamente simplificado e com inúmeras vantagens. O
MEI trabalha por conta própria e se legaliza como pequeno empresário, desde que fature no
máximo 60 mil reais por ano, não tenha participação em outra empresa como sócio ou titular e
tenha no máximo um empregado contratado que receba o salário mínimo ou o piso da
categoria.
![Page 42: KYLDARE RODRIGUES MAIA EMPREENDEDORISMO E …](https://reader036.fdocumentos.tips/reader036/viewer/2022071722/62d3905ba75f1c2c82339ba7/html5/thumbnails/42.jpg)
42
Entre as vantagens oferecidas por essa lei está o registro no Cadastro Nacional de
Pessoas Jurídicas (CNPJ), o que facilita a abertura de conta bancária, o pedido de
empréstimos e a emissão de notas fiscais. Além disso, o MEI será enquadrado no Simples
Nacional e ficará isento dos tributos federais, como: Imposto de Renda, PIS, Cofins, IPI e
CSLL. Assim, pagará apenas o valor fixo mensal de R$ 45,00, se comércio ou indústria; R$
49,00, se prestação de serviços; ou, R$ 50,00, se for do ramo do comércio juntamente com a
prestação de serviços - que será destinado à Previdência Social e ao ICMS ou ao ISS. Essas
quantias serão atualizadas anualmente, de acordo com o salário mínimo. Com essas
contribuições, o Microempreendedor Individual tem acesso a benefícios como auxílio
maternidade, auxílio doença, aposentadoria, entre outros.
Outros benefícios que os microempreendedores individuais possuem são:
Quadro 3 – Benefícios dos optantes do MEI
Benefícios
Cobertura Previdenciária Cobertura Previdenciária para o empreendedor e sua família
(auxílio-doença, aposentadoria por idade, salário-maternidade
após carência, pensão e auxilio reclusão), com contribuição
mensal reduzida - 5% do salário mínimo, hoje R$ 44,00.
Menor custo Poder registrar até 1 empregado, com baixo custo - 3%
Previdência e 8% FGTS do salário mínimo por mês, valor total
de R$ 96,80. O empregado contribui com 8% do seu salário para
a Previdência.
Sem taxas de formalização Todo o processo de formalização é gratuito, ou seja, o
empreendedor se formaliza sem gastar um centavo.
Sem Burocracia Obrigação única por ano com declaração do faturamento.
Facilidade de acesso à bancos Com a formalização o Empreendedor terá condições de obter
crédito junto aos Bancos, principalmente Bancos Públicos como
Banco do Brasil, Caixa Econômica Federal e Banco do Nordeste.
Compras e Vendas em conjunto A Lei faculta a união de Microempreendedores Individuais com
vistas à formação de consórcios com o fim específico de realizar
compras. Essa medida permitirá aos empreendedores condições
mais vantajosas em preços e condições de pagamento das
mercadorias compradas uma vez que o volume comprado será
maior.
![Page 43: KYLDARE RODRIGUES MAIA EMPREENDEDORISMO E …](https://reader036.fdocumentos.tips/reader036/viewer/2022071722/62d3905ba75f1c2c82339ba7/html5/thumbnails/43.jpg)
43
Menor carga tributária Baixo custo para se formalizar, sendo valor fixo por mês de R$
44,00, para o INSS mais R$ 1,00, para as atividades de comércio
- ICMS e/ou R$ 5,00, para as atividades de serviços - ISS. O
valor pago ao INSS tem o objetivo de oferecer cobertura
Previdenciária ao Empreendedor e sua família a baixo custo.
Controles simplificados Além do custo reduzido, a formalização é rápida e simples, sem
burocracia. Após a formalização o empreendedor terá de fazer,
anualmente, uma única Declaração de faturamento, também de
forma fácil e simples através da Internet.
Emissão de Alvará pela internet Toda atividade comercial, industrial ou de serviço precisa de
autorização da Prefeitura para ser exercida. Para o
Microempreendedor Individual essa autorização (licença ou
alvará) será concedida de graça, sem o pagamento de qualquer
taxa, o mesmo acontecendo para o registro na Junta Comercial.
Negociação com o Governo O Governo é um grande comprador de mercadorias e serviços,
nas suas três esferas: Federal, Estadual e Municipal. Para vender
para o Governo é preciso estar formalizado.
Serviços Gratuitos O Microempreendedor Individual - MEI tem acesso a assessoria
contábil gratuita para a realização da inscrição e da opção ao
SIMEI e à primeira declaração anual simplificada da
microempresa individual (DASN - SIMEI), por meio de uma rede
de empresas contábeis optantes pelo Simples Nacional
Apoio Técnico do SEBRAE O SEBRAE orienta e assessora os empreendedores que assim o
desejarem. São cursos e planejamentos de negócios com vistas a
capacitação dos empreendedores.
Possibilidade de crescimento Com todo esse apoio e o fato de estarem no mercado de forma
legal, as chances de crescer e prosperar aumentam e o que hoje é
apenas um pequeno negócio amanhã poderá ser uma média e até
uma grande empresa.
Segurança Jurídica A formalização está amparada em Lei Complementar que impede
alterações por Medida Provisória e exige quorum qualificado no
Congresso Nacional.
Fonte: Elaborado a partir do Portal do Empreendedor
Contudo, apesar dos incentivos oferecidos, conforme Ferreira, Santos e Serra (2010) a
decisão de criar uma empresa é influenciada também por um vasto conjunto de fatores. Estes
podem estar relacionados com as condições nacionais ou com o ambiente onde os indivíduos
se encontram inseridos ou, ainda, com outros fatores inerentes ao indivíduo. Diante essa
![Page 44: KYLDARE RODRIGUES MAIA EMPREENDEDORISMO E …](https://reader036.fdocumentos.tips/reader036/viewer/2022071722/62d3905ba75f1c2c82339ba7/html5/thumbnails/44.jpg)
44
perspectiva, por meio dos clássicos e atuais artigos sobre empreendedorismo, autores
conseguiram chegar a variáveis relacionadas a fatores que influenciam o desenvolvimento do
empreendedorismo conforme representado na Tabela 5. As características pessoais
representam os aspectos individuais de cada pessoa como: criatividade, sexo, idade, dentre
outros. Já os fatores externos estão relacionados ao ambiente em que se está inserido e suas
peculiaridades.
De acordo com os autores, diversos fatores tem impacto no empreendedorismo, como:
liderança (KNIGTH, 1997), otimismo, intuição e criatividade (SHANE;
VENKATARAMAN, 2000; VIVARELLI et al. 2013), sexo (ACS et al. 2009; GEORGE et
al. 2015), proatividade (SHANE; VENKATARAMAN, 2000; ANTONCIC; HISRICH,
2001), idade (DAVIDSSON; HONIG, 2003; BOROZAN et al. 2014), networking
(DAVIDSSON; HONIG, 2003; De CLERQ et al. 2010), pesquisa e desenvolvimento
(KNIGHT, 1997), características do país como economia, política e cultura (AUDRETSCH;
THURIK, 2000; PIETROBELLI et al. 2004; TEECE, 2007; PUFFER et al. 2009; ACS et al.
2009; De CLERCQ, 2010; CARTER, 2011; NISSAN et al. 2012; VIVARELLI et al. 2013;
BOROZAN et al. 2014; GEORGE et al. 2015).
Tabela 5 – Fatores que influenciam o empreendedorismo.
Fatores que influenciam o
empreendedorismo
Literatura Pesquisada
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 Total
Ca
ract
erís
tica
s
pes
soa
is
Criatividade/Intuição • • 2
Sexo • • 2
Proatividade • • 2
Idade • • 2
Networking • • 2
Fa
tore
s ex
tern
os País • • • • • • • • 8
Renda per capita • • • 3
Educação • • 2
Inovação • • • • • 5
Risco/ Concessão de
Empréstimos
• • • • • 5
Fonte: Elaborada a partir de (1) (EVANS; LEIGHTON, 1989); (2) (SHANE; VENKATARAMAN; 2000); (3)
(ANTONCIC; HISRICH, 2001); (4) (AMIT; ZOTT, 2001); (5) (DAVIDSSON; HONIG, 2003); (6) (TEECE,
2007); (7) (ACS et al, 2009); (8) (DE CLERCQ et al.,2010); (9) (CARTER, 2011); (10) (IACOBUCCI;
MICOZZI, 2012); (11) (NISSAN et al.,2012); (12) (CHAKRABARTY; BASS, 2013); (13) (VIVARELLI et
al.,2013); (14) (BOROZAN et al.,2014); (15) (GEORGE et al.,2015).
Motivações, incentivos e fatores que influenciam o empreendedorismo, mas que
possuem seus percalços no meio do caminho. Por isso, no próximo tópico serão apresentados
![Page 45: KYLDARE RODRIGUES MAIA EMPREENDEDORISMO E …](https://reader036.fdocumentos.tips/reader036/viewer/2022071722/62d3905ba75f1c2c82339ba7/html5/thumbnails/45.jpg)
45
alguns dos constrangimentos que o empreendedor tem de ultrapassar para constituir um
negócio.
2.3 DIFICULDADES E OBSTÁCULOS
O Brasil, apesar de apresentar um grande número de empreendedores em relação à
outros países, ainda não tem a noção dos obstáculos que podem passar e que muitos vezes por
não possuir um adequado conhecimento ficam pelo meio do caminho apresentando, muitas
vezes, uma alta taxa de mortalidade, conforme demonstrado outrora.
A decisão de tocar o próprio negócio deve ser muito clara. De início, deve ser a
decisão principal. O possível empreendedor deve estar profundamente comprometido com
ela, para ir em frente, enfrentar todas as dificuldades que normalmente aparecem e derrubar os
obstáculos que certamente não faltarão.
Fazendo uma engenharia reversa, o primeiro passo é saber quais são as possíveis
causas de insucesso nos novos negócios, para que possam evitá-las ou neutralizá-las e, dessa
forma, impedir que venham a ter prejuízos futuros.
Conforme Chiavenato (2007), nos novos negócios a mortalidade prematura é
elevadíssima, pois os riscos são inúmeros e os perigos não faltam. Além disso, a falta de um
comprometimento educacional mais interativo e dinâmico para treinar os jovens
empreendedores para os possíveis riscos e perigos também auxilia no aumento dessa taxa.
Ferreira, Santos e Serra (2010) mencionam alguns fatores que condicionam o
empreendedorismo, nomeadamente a atitude face ao fracasso ou insucesso, pois grande parte
dos indivíduos realçam o receio de falhar e o insucesso como sendo entraves ao
empreendedorismo. Há uma diminuta capacidade de reagir e de usufruir de oportunidades de
negócios, sendo a dificuldade em conseguir financiamento o principal motivo. O
desconhecimento dos meios financeiros existentes e de acesso ao capital, a versatilidade das
políticas industriais, das estratégias de desenvolvimento nacional e dos programas de
incentivo, por parte do Governo, a oferta nas escolas do empreendedorismo como disciplina
curricular mas sem uma qualidade e dinâmica necessária e o diminuto progresso dos serviços
comerciais e profissionais, são outros tantos entraves.
Pode-se citar, além desses entraves, o desfavorável clima econômico, a aversão ao
risco e o medo de falhar como sendo obstáculos centrais entre a intenção e a ação de constituir
uma empresa.
![Page 46: KYLDARE RODRIGUES MAIA EMPREENDEDORISMO E …](https://reader036.fdocumentos.tips/reader036/viewer/2022071722/62d3905ba75f1c2c82339ba7/html5/thumbnails/46.jpg)
46
Segundo Ferreira, Santos e Serra (2010), para que haja uma sociedade mais
empreendedora, é necessário alterar a posição adotada por alguns indivíduos e instituições,
especificamente as escolas, as quais lá vão incluindo disciplinas de empreendedorismo nos
planos curriculares de diversos cursos e vão concebendo alternativas em áreas de
especialização, de graduação e pós-graduação, nas Unidades de Ensino à Distância e na oferta
de cursos de empreendedorismo.
Ao reconhecer que as competências empreendedoras podem ser estimuladas através da
educação, torna-se pertinente ressalvar, de seguida, a importância que o ensino e a educação
têm na promoção do empreendedorismo.
![Page 47: KYLDARE RODRIGUES MAIA EMPREENDEDORISMO E …](https://reader036.fdocumentos.tips/reader036/viewer/2022071722/62d3905ba75f1c2c82339ba7/html5/thumbnails/47.jpg)
47
CAPÍTULO 3 – EDUCAÇÃO EMPREENDEDORA
Diante o vasto número de empreendedores no Brasil, grande parte não possui a devida
qualificação para permanecer no mercado. Para conseguir superar as dificuldades e a grande
competitividade existente se faz necessário uma base mais sólida quanto aos conhecimentos
sobre o empreendedorismo. Dessa forma, fica evidente que o sistema educativo brasileiro tem
de comportar alterações, para que os empreendedores consigam se preparar suficientemente a
ponto de se manter no mercado permanentemente, superando a crise que está se instalando em
nosso país e diminuir, provavelmente, a crescente taxa de desemprego.
3.1 A IMPORTÂNCIA NO DESENVOLVIMENTO DO EMPREENDEDORISMO.
O empreendedorismo é uma alternativa ao trabalho assalariado e constitui um meio
para os indivíduos concretizarem alguns dos seus desejos. Desta forma, é necessário investir
na formação de empreendedores, para que assim estes obtenham competências que lhes
possibilitem criar valor, seja para si, seja para outros indivíduos (FERREIRA; SANTOS;
SERRA, 2010)
Segundo Bucha (2009), reconhece-se a importância que a educação para o
empreendedorismo tem na construção de sociedades mais fortes e flexíveis. Por isso, é
indispensável que o Brasil insira mais fortemente o ensino desta temática no seu sistema
educativo e melhore a relação das escolas com o tecido empresarial. Compete à escola
impulsionar atitudes empreendedoras junto dos jovens, sendo esta uma dimensão crítica na
educação das novas gerações e do progresso (PEREIRA; FERREIRA; FIGUEIREDO, 2007).
As competências empreendedoras devem ser obtidas na aprendizagem ao longo da
vida, ou seja, devem começar desde o primeiro ciclo do ensino básico até à universidade,
inserindo-se também nos institutos técnicos de nível superior. Assim, para se conseguir obter
uma base mais sólida na educação para o empreendedorismo é necessário inserir nos
currículos acadêmicos objetivos específicos e orientações para a sua aplicação prática.
Já existem disciplinas, especialmente no ensino superior, que podem ser aproveitadas
pelas escolas e pelos docentes para a aprendizagem desta temática. No entanto, o ensino do
empreendedorismo, na maior parte das situações, é efetuado através da realização de
atividades extracurriculares, de uma forma somente expositiva ou diversas vezes muito
superficial.
![Page 48: KYLDARE RODRIGUES MAIA EMPREENDEDORISMO E …](https://reader036.fdocumentos.tips/reader036/viewer/2022071722/62d3905ba75f1c2c82339ba7/html5/thumbnails/48.jpg)
48
Neste âmbito, é imprescindível uma maior sensibilização para os benefícios da
aprendizagem de conceitos base sobre o empreendedorismo para toda a sociedade em geral e
também para os alunos que se encontram nos primeiros anos de escolaridade (COMISSÃO
DAS COMUNIDADES EUROPEIAS, 2006). Conforme Duarte e Esperança (2012), os
sistemas de educação no passado não se guiavam com o objetivo de estimular o
desenvolvimento de competências empreendedoras ou o trabalho por conta própria.
Entretanto, esta situação tem sofrido mutações.
Nos últimos anos no Brasil houve uma maior sensibilização para a necessidade de
incrementar iniciativas que fomentem a cultura empreendedora, o estímulo da tomada de
risco, da criatividade e da inovação. Deve-se ainda encarar o espírito empreendedor como um
motor para o desenvolvimento.
Desta forma, é fundamental transformar a escola onde se ensina num espaço onde se
aprende. Em relação ao conhecimento, deseja-se que este não seja imposto de uma forma
unilateral. Espera-se, assim, que o ensino tradicional não seja apenas elucidado num método
expositivo, mas que passe a orientar-se por um método dinâmico e evolutivo, uma vez que se
pretendem alunos empreendedores, e isso só é possível se o ensino tradicional for substituído
por um ensino empreendedor.
Faz-se necessário, também, um auxílio por parte de empresas e governo para que,
juntamente com as escolas ou universidades, possam direcionar esse junção de forças para
ambientes onde possam ser realizadas atividades dinâmicas e motivadoras a ponto de preparar
os jovens fortemente para o mercado de trabalho sem medo de correr riscos e preparados para
atingir níveis de inovação e administração suficientes para consolidar seu futuro
empreendimento.
Sob essa ótica de ajuda mútua entre as partes envolvidas, evidencia-se a tripla hélice,
também conhecida como triple helix.
3.1.1 Triple Helix
O processo de inovação é complexo e varia, não sendo, em geral, representado
exatamente como ocorre (ROGERS, 2003); tradicionalmente é representado de forma linear,
da universidade para a empresa (WESTHEAD; STOREY, 1995). Entretanto, o processo de
inovação pode ser “visto como um fenômeno sistêmico e irreversível, durante o qual o
![Page 49: KYLDARE RODRIGUES MAIA EMPREENDEDORISMO E …](https://reader036.fdocumentos.tips/reader036/viewer/2022071722/62d3905ba75f1c2c82339ba7/html5/thumbnails/49.jpg)
49
ambiente formata a empresa inovadora, assim como a empresa formata seu ambiente, não
como um projeto isolado de inovação” (AUTIO, 1997, p. 264).
Assim, a inovação não é percebida necessariamente como um processo linear, mas
como o resultado de uma complexa interação entre vários atores e instituições. Estes atores e
instituições e suas interconexões constituem um sistema de agentes fortemente
interdependentes. De acordo com a OECD (1999, p. 11):
Dentro de um sistema de inovação, ou de uma rede de inovação, vários tipos de
transformação de conhecimento podem estar acontecendo em qualquer ponto do
tempo. Ao invés de ocorrerem sequencialmente, esses processos podem acontecer
em paralelo. Os processos podem ter lugar entre diferentes atores ligados dentro do
sistema, e eles também podem ter lugar dentro dos atores, especialmente dentro de
grandes empresas [...]. Isto está em contraste com a visão sequencial do processo de
inovação tecnológica, uma visão que se reflete na visão linear do processo de spin-
off de novas empresas baseadas em tecnologia.
Essa interação entre atores é reforçada por Etzkowitz (2003, p. 299), na conceituação
do próprio termo inovação, que “mais do que o desenvolvimento de novos produtos nas
empresas, é também a criação de novos arranjos entre as esferas institucionais que propicia as
condições para a inovação”. Assim sendo, destaca-se a cooperação tecnológica Universidade-
Empresas como uma forma de gerar inovação.
Essa cooperação é um tema que tem sido abordado e muito discutido. Com o passar do
tempo e o aumento da completude do conhecimento, na medida em que este vai sendo
construído, novas abordagens surgem para questões que ainda persistem no contexto atual.
Pode-se mencionar o trabalho de Jorge Sábato como um dos primeiros sobre a temática, da
importância e da forma como deveriam ocorrer os processos de cooperação U-E,
especificamente, para a América Latina. Seu artigo trabalhou a visão de três instituições
sociais: o governo, as empresas e a universidade, como três elementos que deveriam interagir
para o desenvolvimento tecnológico.
Com base no triângulo de Sábato, verificam-se três tipos de relações: intrarrelações,
que são as que ocorrem entre os componentes de cada vértice; inter-relações, que são as que
se estabelecem deliberadamente entre pares de vértices; e extrarrelações, que são as que se
criam entre uma sociedade, na qual funciona o triângulo das relações, e o exterior (PLONSKI,
1994).
As inter-relações que acontecem horizontalmente, na base do triângulo, são de mais
difícil estabelecimento (PLONSKI, 1994). Essas relações, denominadas aqui especificamente
de cooperação tecnológica U-E, são caracterizadas por Plonski (1994, p. 364) como:
![Page 50: KYLDARE RODRIGUES MAIA EMPREENDEDORISMO E …](https://reader036.fdocumentos.tips/reader036/viewer/2022071722/62d3905ba75f1c2c82339ba7/html5/thumbnails/50.jpg)
50
[...] modelo de arranjo interinstitucional entre organizações que têm natureza
fundamentalmente distinta. Esse arranjo pode ter finalidades variadas – desde
interações tênues, como no oferecimento de estágios profissionalizantes, até
vínculos extensos e intensos, como nos grandes programas de pesquisa cooperativa
– e formatos bastante diversos.
Apesar da validade das proposições acerca do conceito de cooperação U-E, à época,
ele tem sido atualizado a partir de recentes perspectivas, principalmente sob a ótica do estudo
de Etzkowitz (1998), que têm como um de seus diferenciais a percepção de uma maior
aproximação entre os objetivos e posicionamentos distintos de universidade e empresa,
atenuando os reflexos da “natureza distinta” comentada por Plonski (1994). Nesse sentido,
Sutz (1997, p. 12) declara que:
de fato, [...] não é apenas o contato direto entre os mundos acadêmico e
empreendedor [que] aumentou, mas tal contato está cada vez mais e mais se
parecendo um diálogo entre parceiros iguais. Isso não é como há pouco tempo atrás:
os interesses, objetivos e estilos dos dois mundos eram distintamente diferenciados,
e aquelas diferenças eram vistas como legitimadas. Hoje em dia as universidades são
mais e mais consideradas tanto por empresas quanto por governos como instituições
que seriam devotadas para o “bem nacional” da competitividade econômica do que
ao “bem universal” do conhecimento. Na extensão que essa perspectiva vai sendo
socialmente aceita, os limites entre academia e indústria se tornam apagados.
Assim sendo, diferentes formas de cooperação U-E são abarcadas dentro do
denominado modelo de “tripla hélice”, o qual “funciona como um modelo analítico que
adiciona à descrição de uma variedade de arranjos institucionais e modelos de política uma
explicação de sua dinâmica” (ETZKOWITZ; LEYDESDORFF, 2000).
Etzkowitz e Leydesdorff (2000) apresentam uma visão da evolução dos sistemas de
inovação e os conflitos potenciais nas relações entre a Universidade e as empresas, abordando
as variações nos arranjos institucionais nas relações Universidade-Empresa-Governo (U-E-G).
A Figura 6 apresenta o modelo estadista de relação U-E-G, onde o governo se envolve e
dirige as relações entre as empresas e a Universidade.
Figura 6 – Modelo estadista da relação UEG
![Page 51: KYLDARE RODRIGUES MAIA EMPREENDEDORISMO E …](https://reader036.fdocumentos.tips/reader036/viewer/2022071722/62d3905ba75f1c2c82339ba7/html5/thumbnails/51.jpg)
51
Fonte: Etzkowitz e Leydesdorff (2000)
A Figura 7 apresenta o modelo “laissez-faire” de relação UEG, onde há a clara
separação institucional entre as esferas, com forte delimitação de cada uma, no entanto,
estando o governo no vértice superior do triângulo, ele mantém o papel de incentivador da
relação, o que possibilita sua atuação como direcionador do desenvolvimento. Esse modelo
também pode ser visto como a tripla hélice II, chamado, como mencionado anteriormente de
modelo laissez-faire de relação universidade-empresa-governo devido à separação feita entre
as esferas.
Figura 7 – Modelo “Laissez-Faire” da relação UEG
Fonte: Etzkowitz e Leydesdorff (2000)
A Figura 8 apresenta o modelo da tripla hélice, que gera uma infraestrutura de
conhecimento em termos de sobrepor à ação dos atores e, nesta intersecção, estabelecer as
condições de desenvolvimento de uma relação verdadeiramente produtiva. O objetivo é
desenvolver um ambiente propício à inovação, envolvendo empresas surgidas de spin-off
acadêmico, iniciativas trilaterais de desenvolvimento econômico e social, alianças estratégicas
entre empresas, laboratórios de pesquisa acadêmicos e governamentais atuando em conjunto,
etc. O papel do governo passa a ser o de articular e estimular estas parcerias e não de controlar
as relações. No espaço de inter-relações entre os três atores surge um ambiente de rede
trilateral e de organizações híbridas.
Figura 8 – Modelo tripla hélice da relação UEG
![Page 52: KYLDARE RODRIGUES MAIA EMPREENDEDORISMO E …](https://reader036.fdocumentos.tips/reader036/viewer/2022071722/62d3905ba75f1c2c82339ba7/html5/thumbnails/52.jpg)
52
Fonte: Etzkowitz e Leydesdorff (2000)
Além de se constituir em um modelo de relações entre U-E-G, o Modelo da Tripla
Hélice envolve também uma nova visão dos atores envolvidos. A Universidade transforma-se
de uma instituição centrada basicamente no ensino, em uma instituição que combina seus
recursos e potenciais na área de pesquisa com uma nova missão, voltada ao desenvolvimento
econômico e social da sociedade onde atua, estimulando o surgimento de ambientes de
inovação e disseminando uma cultura empreendedora. Neste sentido, as Universidades
passam a vivenciar uma tensão entre seu papel na sociedade enquanto uma instituição que
apresenta uma tripla missão: ensino, pesquisa e desenvolvimento econômico e social.
Existem, segundo Audy e Morosini (2006), quatro processos relacionados com as
mudanças baseadas no conhecimento que o Modelo da Tripla Hélice identifica:
mudanças internas em cada hélice, tais como o desenvolvimento de
estratégias de alianças entre empresas concorrentes (cooperação) e a incorporação
do desenvolvimento econômico e social como missão da Universidade e o papel de
articulador (e não de dirigente e controlador da relação) do Governo;
reconhecimento da influência de cada ator nas ações dos demais, tais como as
legislações governamentais nas áreas de propriedade intelectual, transferência de
tecnologia e inovação (Lei Bayh-Dole nos Estados Unidos e Lei da Inovação no
Brasil);
criação de novas formas de relacionamento entre os atores, redes de
cooperação, alianças estratégicas e outras formas de cooperação que visam estimular
a criatividade e a coesão regional (Joint Venture Silicon Valley nos Estados Unidos,
Knowledge Circle em Amsterdã e Projeto Porto Alegre Tecnopole no Brasil), bem
![Page 53: KYLDARE RODRIGUES MAIA EMPREENDEDORISMO E …](https://reader036.fdocumentos.tips/reader036/viewer/2022071722/62d3905ba75f1c2c82339ba7/html5/thumbnails/53.jpg)
53
como criação de ambientes de inovação (Parques Científicos e Tecnológicos,
Incubadoras de Empresas);
efeito recursivo gerado pelas redes de relações interinstitucionais que
representam a academia, as empresas e os governos, ampliando suas ação junto à
sociedade.
Ao ter em consideração a importância da educação para o empreendedorismo, bem
como das interações entre empresas, universidades e governo, destina-se o ponto seguinte à
evolução histórica da educação para o empreendedorismo no ensino superior.
3.2 EVOLUÇÃO DA EDUCAÇÃO PARA O EMPREENDEDORISMO NO ENSINO
SUPERIOR
As universidades pioneiras na educação para o empreendedorismo foram as
americanas, tendo sido, em 1947, a Harvard Business School a primeira instituição a ter um
curso sobre empreendedorismo (VOLKMAN, 2004). Porém, a educação para o
empreendedorismo no ensino superior é um fenômeno recente, tendo, em 1949, surgido o
primeiro jornal sobre empreendedorismo, o Explorations in Entrepreneurial History (KATZ,
2003).
Volkmann (2004) afirma que, até 1970, foram poucas as universidades americanas que
tinham cursos nesta área, mas, a partir deste período, surgiu um aumento destes cursos,
embora, na sua maioria, fossem na área da gestão. Posteriormente, apareceram em outras
áreas, mais precisamente nas ciências e engenharias. Lewrick, Omar, Raeside e Sailer (2010),
corroboram e afirmam que desde a década de 1970 têm surgido muitas escolas de negócios e
universidades que oferecem formação acerca do empreendedorismo e até há percursos
acadêmicos inteiros nesta área, pois considera-se que o empreendedorismo pode ser
aprendido, tal como as facetas de um indivíduo empreendedor. Por sua vez, Boyles (2012)
constatou que o número de cursos de empreendedorismo nas instituições de ensino superior
cresceu de apenas alguns cursos na década de 1970 para mais de 1600 cursos em 2005.
Para Anderson e Jack (2008), a procura do empreendedorismo na educação iniciou-se
em 1980 e 1990. Neste período, o número de cursos disponíveis também aumentou. Em 1999
existiam, pelo menos, 2200 cursos em 1600 faculdades e universidades nos EUA, tendo estes
sido apoiados por 44 jornais de língua inglesa e por mais de 100 centros de
empreendedorismo (KATZ, 2003). Volkmann (2004) menciona, ainda, que no final de 2002,
![Page 54: KYLDARE RODRIGUES MAIA EMPREENDEDORISMO E …](https://reader036.fdocumentos.tips/reader036/viewer/2022071722/62d3905ba75f1c2c82339ba7/html5/thumbnails/54.jpg)
54
as universidades e as escolas de gestão ofereciam mais de 700 programas de
empreendedorismo. Contudo, Brush, Duhaime, Gartner e Stewart (2003) constatam que o
número de programas de doutoramento nesta área ainda é muito reduzido.
Apesar da educação para o empreendedorismo se ter iniciado nos EUA,
posteriormente estendeu-se por toda a Europa, nomeadamente Reino Unido, Países Baixos,
Bélgica e Alemanha. Deste modo, o empreendedorismo no início do século XXI tornou-se
uma disciplina acadêmica de extremo relevo nas universidades, quer nos EUA ou na Europa
(VOLKMANN, 2004).
Para Martin, McNally e Kay (2012) a educação para o empreendedorismo está a ser
alvo de um rápido crescimento nas universidades de todo o mundo. Os governos estão a
realizar grandes investimentos para os futuros empreendedores e também para as pequenas
empresas já constituídas. Entretanto, a educação para o empreendedorismo ainda é pouco
reconhecida, sobretudo pelo fato de que não se lhe reconhece que ajuda a criar mais e
melhores empreendedores.
Gerba (2012) vislumbra a educação para o empreendedorismo como um programa
educacional que tem como objetivo dotar os alunos de conhecimentos, habilidades e
motivações com vista a impulsionar o sucesso empresarial. É ainda um meio de desenvolver
as intenções empreendedoras, pois incute nos alunos o interesse em enveredarem pelo
empreendedorismo. A educação para o empreendedorismo ganhou uma maior importância
devido o estímulo ao desenvolvimento empresarial e, consequentemente, contribuição para o
crescimento e desenvolvimento econômico.
Conforme Curth (2011), habilidades, conhecimentos e atitudes emocionais ou
comportamentais ligados ao empreendedorismo podem ser promovidas e alimentadas através
de processos de aprendizagem, bem como através de outros processos. Atitudes como ser
visionário, apaixonado ou imaginativo também são dependentes de outros fatores contextuais,
que são muitas vezes ligados a um indivíduo que possuiu histórico ou experiências vividas
com o empreendedorismo, seja na família, por meio de amigos, ou outras situações
Com base nas várias abordagens teóricas para o empreendedorismo é possível
identificar um conjunto de conhecimentos, habilidades e atitudes que são frequentemente
associados com o comportamento empreendedor ou pessoas empreendedoras, e que devem
ser estimuladas nas instituições de ensino a fim de contribuir para o desenvolvimentos de seus
estudantes, conforme Tabela 6.
![Page 55: KYLDARE RODRIGUES MAIA EMPREENDEDORISMO E …](https://reader036.fdocumentos.tips/reader036/viewer/2022071722/62d3905ba75f1c2c82339ba7/html5/thumbnails/55.jpg)
55
Tabela 6 – Conhecimentos, habilidades, comportamentos e atitutes empreendedoras.
Conhecimentos e Habilidades Comportamentos e Atitudes
▪ Capacidade de organizar um novo
negócio;
▪ A criatividade / inovação;
▪ Capacidade de tomar decisões e
desenvolver estratégias;
▪ Sentido de iniciativa;
▪ Capacidade de encontrar recursos; ▪ Pró-atividade;
▪ Amplo entendimento do
funcionamento da economia e as
oportunidades e desafios de frente para
um empregador ou organização;
▪ Independência;
▪ Capacidade de identificar e aproveitar
as oportunidades disponíveis para
atividades pessoais, profissionais e / ou
empresariais;
▪ Assumir riscos;
▪ Consciência de valores e de promoção
da boa governação éticas;
▪ Convincente / persuasiva;
▪ Capacidade de trabalhar tanto como
um indivíduo e colaboração em equipe;
▪ Desejo de independência;
▪ Capacidade de julgar e identificar
pontos fortes e fracos;
▪ A motivação e determinação para cumprir
objetivos;
▪ Capacidade para avaliar e assumir
riscos quando tal se justifique;
▪ Necessidade de realização;
▪ Habilidades de possuir um
networking;
▪ Coragem;
▪ Habilidades de gerenciamento de
projetos Proactive;
▪ Disposição para enfrentar a incerteza;
▪ Competências de representação e
negociação eficaz.
▪ Mente aberta a oportunidades ou soluções;
▪ Assertividade;
▪ Paixão;
▪ Visão.
Fonte: Elaborada a partir de Curth (2011).
Estes conhecimentos, habilidades e atitudes podem e devem ser incentivados no
âmbito da educação e formação. Eles podem também ser alcançado através de outros meios
(atividades de lazer, participação no desporto, o ambiente familiar, etc.). Há pouco consenso
sobre como certas habilidades, conhecimentos e atitudes são adquiridos. No entanto, a idéia
por trás de educação para o empreendedorismo é que a educação e a formação têm um papel a
desempenhar no reforço e incentivar essas habilidades e atitudes e fornecendo o
conhecimento relacionado (CURTH, 2011).
Hytti e O’Gorman (2004) destacam que muitas questões permanecem em aberto em
relação à definição de educação empreendedora, os seus objetivos e o que pode ser alcançado
![Page 56: KYLDARE RODRIGUES MAIA EMPREENDEDORISMO E …](https://reader036.fdocumentos.tips/reader036/viewer/2022071722/62d3905ba75f1c2c82339ba7/html5/thumbnails/56.jpg)
56
por meio dela. Pesquisas recentes sobre educação para o empreendedorismo visa destrinchar
educação para o empreendedorismo da área de negócios, conduzindo assim a um
enriquecimento do conceito.
As abordagens para a educação para o empreendedorismo desenvolvidas por
estudiosos como Kyrö (1997), Hytti (2002) e Gibb (2005) ajudaram a melhorar a
conceituação da educação para o empreendedorismo e abriram novos caminhos para a
investigação, especificamente no domínio da pedagogia educativa para o empreendedorismo.
Elucidações estas demonstradas por meio da Tabela 7.
Tabela 7 – Principais abordagens para o ensino do empreendedorismo na literatura existente.
Fonte Definição/Entendimento Comentário sobre
definição/
Abordagem
Conhecimentos e
Habilidades
associadas
Comportamentos
Associados/Atitutes
Efetivas
Kyrö
(1997)
ofertas de educação para o
empreendedorismo com
três componentes
principais:
1) empreendedorismo auto-
orientado, ou seja, refere-se
a um comportamento auto-
orientada de um indivíduo
e seu desenvolvimento
pessoal
2) empreendedorismo
interno, ou seja, o
comportamento
empreendedor e
empreendedora do
indivíduo
3) empreendedorismo
externo, ou seja, fazer
negócios, a partir de uma
empresa.
Educação para o
empreendedorismo
é abordado no nível
individual e os
diferentes contextos
em que esta evolui.
Competências
relacionadas com a
auto-orientado
empreendedorismo:
auto-conhecimento, a
criatividade, a
responsabilidade pela
aprendizagem.
Competências
relacionadas com o
empreendedorismo
interno: a cooperação e
interação.
Habilidades
relacionadas ao
empreendedorismo
interno: inovadora,
gerando idéias de
negócios.
Motivação, auto-
confiança, vontade de
cooperar, consciência
geral de
empreendedores e
empreendedorismo,
atitude positiva para
negócios e
empreendedorismo, e
atitude positiva em
relação à mudança.
Hytti
(2002)
A educação para o
empreendedorismo é
definido em termos de
objetivos, que são:
a) aprender a compreender
o empreendedorismo;
b) aprender a se tornar
empreendedor; e,
c) aprender a criar um
empreendimento.
A Educação para o
empreendedorismo
é entendida de
acordo com os seus
objetivos.
Conhecimento: o
conhecimento do
mundo da economia e
negócios, o
conhecimento do que é
um empresário e
empreendedores "papel
na economia e na
sociedade, como iniciar
um negócio, como
administrar um negócio.
Habilidades: assumir a
responsabilidade para a
aprendizagem de uma
carreira e vida.
Motivação, auto-
subsistência, espírito
de iniciativa, a
consciência de
empreendedores e
empreendedorismo,
atitude positiva para
negócios e
empreendedorismo, e
atitude positiva em
relação à mudança
(organizacional)
![Page 57: KYLDARE RODRIGUES MAIA EMPREENDEDORISMO E …](https://reader036.fdocumentos.tips/reader036/viewer/2022071722/62d3905ba75f1c2c82339ba7/html5/thumbnails/57.jpg)
57
Gibb
(2005)
A educação para o
empreendedorismo é sobre
a aprendizagem para o
empreendedorismo,
aprender sobre
empreendedorismo e
aprendizagem através do
empreendedorismo
A abordagem de
Gibbs para a
educação
empreendedora
baseia-se tanto no
conteúdo da
educação para o
empreendedorismo
como no seu
método de entrega.
Habilidades: cumprimento de metas,
criatividade, capacidade
de descobrir as
oportunidades
existentes.
Curiosidade,
responsabilidade
individual, a
resiliência, o
empreendedorismo
considerado como
uma escolha natural e
positiva para a
carreira.
Fonte: Elaborada a parti de Kyro (1997); Hytti (2002) e Gibb (2005).
Não obstante estas diferentes abordagens para o ensino do empreendedorismo, parece
que a maioria dos autores tendem a chegar ao acordo sobre os objetivos da educação para o
empreendedorismo. Em geral, conforme Curth (2011, p 14), educação para o
empreendedorismo tem três objetivos:
Equipar indivíduos com as habilidades necessárias, conhecimentos e atitudes que lhes
permitam assumir a responsabilidade da sua própria aprendizagem, carreira e vida.
Isso inclui habilidades tais como a responsabilidade pela aprendizagem, auto-
consciência e atitudes como a auto-subsistência, motivação, auto-confiança e
responsabilidade individual;
Aumento de indivíduos com a "consciência e alerta para o mundo exterior, a
economia, as oportunidades e mudanças em geral. Este objetivo implica na aquisição
de conhecimentos (por exemplo, o conhecimento do mundo da economia e negócios) e
atitudes específicas (por exemplo, a consciencialização e atitude positiva em relação
ao empreendedorismo e à mudança em geral);
Estimular e apoiar o comportamento empresarial e empreendedor e, portanto, a
inovação. Isto implica habilidades (por exemplo, a criatividade e a inovação, a
capacidade de descobrir as oportunidades existentes, a cooperação), conhecimento
(por exemplo, iniciar e gerir um negócio), bem como atitudes (por exemplo espírito de
iniciativa).
Várias habilidades e atitudes abordadas pela educação para o empreendedorismo não
são específicos de educação para o empreendedorismo sozinho, mas são desenvolvidas
através de muitos outros meios, inclusive através de uma série de atividades de educação e
formação que não têm de ser rotulados como educação para o empreendedorismo. A distinção
entre os objetivos da educação para o empreendedorismo e os de outros tipos de educação
podem, portanto, ser difíceis em certos contextos educativos.
![Page 58: KYLDARE RODRIGUES MAIA EMPREENDEDORISMO E …](https://reader036.fdocumentos.tips/reader036/viewer/2022071722/62d3905ba75f1c2c82339ba7/html5/thumbnails/58.jpg)
58
Da mesma forma, certos tipos de educação, embora não chamados de educação para o
empreendedorismo, podem de fato constituir um tipo de educação para o empreendedorismo,
uma vez que visam promover habilidades e atitudes ligadas à educação para o
empreendedorismo.
Dada a ampla gama de habilidades, conhecimentos e atitudes abordados pelo educação
para o empreendedorismo, é imprescindível que a educação empreenderora seja incorporada
em uma forma coerente e global no currículo nacional.
O número de países europeus que reconheceram a educação para o empreendedorismo
como um objetivo de seus sistemas de ensino, como por exemplo Espanha, Finlândia, Chipre,
Irlanda, Reino Unido; e explicitamente a busca pela incorporaração em seus currículos de
quadro nacional cresceu significativamente ao longo dos anos (CURTH, 2011).
Um relatório emitido pela Comissão Europeia de 2009, sobre o progresso em relação
aos objetivos de Lisboa em relação a Educação e Formação em nível nacional e europeu
destacou que a maioria dos países têm feito progressos substanciais nos últimos anos na
promoção da dimensão empresarial do "espírito de iniciativa e empreendedorismo".
A implementação bem sucedida de educação para o empreendedorismo também
depende das pedagogias utilizadas na sala de aula. Como demonstrado por Gibb (2005),
educação para o empreendedorismo requer que a ênfase seja colocada em pedagogias que
permitam aos alunos experimentar e sentir o conceito. A fim de fazer isso, o contexto de
aprendizagem deve ser adequada.
Em particular, um contexto de aprendizagem adequado para a educação empresarial é
definida por Gibb (2005) da seguinte forma: o ambiente de aprendizagem é controlado e os
alunos não se sentem inseguros durante os processos de aprendizagem. Ao mesmo tempo, o
processo de aprendizagem é flexível, interativo, com base no desenvolvimento do
conhecimento multidimensional e os erros são considerados como parte do processo de
aprendizagem.
No que diz respeito aos métodos pedagógicos, Seikkula-Leino (2007) identificou
vários métodos pedagógicos para a educação empresarial. Estes são: aprendizagem
cooperativa, a aprendizagem baseada em problemas, trabalhos em grupo e de pares, trabalhos
de projeto, aprender praticando, bem como aulas individuais, miniempresas ou empresas jr.,
visitas de estudo, visitas de campo, entre outros. O Quadro 4 demonstra os métodos de
![Page 59: KYLDARE RODRIGUES MAIA EMPREENDEDORISMO E …](https://reader036.fdocumentos.tips/reader036/viewer/2022071722/62d3905ba75f1c2c82339ba7/html5/thumbnails/59.jpg)
59
trabalho da educação para o empreendedorismo e como estes se relacionam com as
habilidades, conhecimentos e atitudes dirigidas pela educação para o empreendedorismo.
Quadro 4 - Habilidades, conhecimentos e atitudes de educação para o empreendedorismo.
Fonte: Elaboração Própria.
Como demonstrado no Quadro 4 , alguns métodos de trabalho são especialmente
adequadas para apoiar a aquisição de determinadas habilidades e conhecimentos (por
exemplo, miniempresas e visitas de campo para conhecimento relacionado empreendedorismo
e habilidades ), enquanto que outros métodos de trabalho podem ser igualmente aplicados à
aquisição de vários tipos de competências e atitudes (por exemplo, aprender praticando ,
trabalho de projeto, aprendizagem baseada em problemas ) .
Dada a ampla gama de habilidades, conhecimentos e atitudes que a educação
empreendedora visa promover se faz necessário e é crucial que uma combinação de métodos
de trabalho deva ser usado em sala de aula. Ao mover a partir da teoria da educação para o
empreendedorismo para a sua implementação em sala de aula, nota-se que os métodos de
trabalho utilizados pelos professores, bem como o ambiente escolar nem sempre são propícios
para a implementação bem sucedida de educação para o empreendedorismo (CURTH,2011).
Seikkula-Leino, Ruskovaara, Ikävalko, Mattila e Rytkölä (2009) mostram, por
exemplo, que na Finlândia, onde o ensino do empreendedorismo faz parte do currículo e é
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60
geralmente bem desenvolvido, os professores tendem a usar vários métodos de trabalho. Em
seu estudo piloto, os pesquisadores finlandeses mostram que os professores usam
principalmente os seguintes métodos:
As discussões em sala de aula: falando sobre empreendedorismo parece ser a maneira
mais fácil para os professores de promover a educação para o empreendedorismo.
Quase todos os professores relataram ter utilizado este método. Além disso, este
método é muito utilizado;
Facilitar projetos dos alunos nas escolas: cerca de dois terços dos professores
participaram nestes projetos, no entanto, este método é usado com menos frequência
devido aos recursos extras necessários para executá-los;
Viagens de estudo ou visitas técnicas também são usadas por cerca de metade dos
professores pesquisados, no entanto, numa base menos frequente;
Trabalhando em pares, trabalhos em grupo, os métodos cooperativos, "aprender
praticando" e o uso de simulação do mundo real e resolução criativa de
problemas técnicas também são muito populares e usado regularmente pelos
professores.
Tabela 8 – Métodos de trabalho de educação utilizados pelos professores finlandeses
Atividades em Sala
Métodos frequentemente usados Métodos complementarmente usados
▪ As conversas ou discussões sobre
empreendedorismo, notícias
econômicas.
▪ Ajudar estudantes a criar um planos de
negócios
▪ Histórias do empreendedorismo com
material de ensino
▪ Apresentações de empresários ou envolvidos no
cenário externo que tenham relação com
empreendedorismo
▪ Orientar os estudantes sobre como
gerir o seu dinheiro
▪ Organização de cursos sobre
empreendedorismo
▪ Incentivar os alunos a escrever
artigos ou ensaios sobre
empreendedorismo
▪ O uso de jogos de empreendedorismo,
principalmente simulações.
Fora da Sala de Aula ▪ Participar de palestras voltadas ao
empreendedorismo
▪ Organizar visitas em empresas
▪ Realizar projetos de empreendedorismo
▪ Engajar os estudante em processos de
desenvolvimento de produtos
▪ Motivar os estudantes a realizarem orçamentos
e praticarem atividades voltadas à vendas;
▪ Incentivar e mostrar meios de como os
estudantes abrirem suas próprias empresas
▪ Capacitar os estudantes a realizarem atividades
relacionadas a marketing e entre outras.
Fonte: Elaborada a partir de Ruskovaara, E., Pihkala, T., Rytkölä (2009 apud Curch 2011).
![Page 61: KYLDARE RODRIGUES MAIA EMPREENDEDORISMO E …](https://reader036.fdocumentos.tips/reader036/viewer/2022071722/62d3905ba75f1c2c82339ba7/html5/thumbnails/61.jpg)
61
Neste âmbito, Matlay (2006) afirma que a educação para o empreendedorismo se
encontra no topo da agenda política e também constitui um item prioritário em todos os países
industrialmente desenvolvidos e em desenvolvimento. Por sua vez, Ramayah, Ahmad e Fei
(2012) referem que o ensino do empreendedorismo é mais do que a mera constituição de uma
nova empresa. Pois é o empreendedorismo que torna imprescindível que o indivíduo aprenda
a ser inovador, que tenha facilidade para mudar e capacidade para inteirar experiências,
habilidades e conhecimentos que lhe permitam criar, inovar e avaliar as oportunidades
empresariais.
A Comissão das Comunidades Europeias (2006) acrescenta que os benefícios da
educação para o empreendedorismo não se limitam à constituição de start-ups, ao lançamento
de projetos inovadores e à formação de novos empregos. Desta forma, salienta que o
empreendedorismo é uma importante competência para os alunos, na medida em que os
auxilia a terem uma maior criatividade e autoconfiança em todas as atividades que executam,
levando-os também a atuarem de uma forma socialmente responsável. O'Connor (2012, p. 8)
salienta que:
O propósito da educação para o empreendedorismo passa por preparar os alunos
para iniciar, possuir e gerir um determinado negócio. Deve também fornecer
aptidões de trabalho e introduzir os alunos no mundo empresarial. Porém, um nível
mais elevado de educação geral é mais importante do que a educação para o
empreendedorismo, em relação ao início e ao desenvolvimento de um negócio. A
educação para o empreendedorismo é inconsistente, quanto à sua abordagem de
conteúdo e pedagogia. A abordagem que efetua parece evitar lidar diretamente com
a preparação de indivíduos que, de alguma forma, contribuirão para os resultados
econômicos. Contudo, há quem defenda a importância do empreendedorismo para o
crescimento e desenvolvimento da sociedade. Desta forma, demonstra-se a
diversidade de contributos para o empreendedorismo quando se tem em
consideração os objetivos econômicos.
Gibb (2002), por sua vez, defende que a educação para o empreendedorismo deve
saber lidar com a complexidade e incerteza e, por sua vez, os programas de educação devem
ser incorporados num quadro de globalização e num contexto adequado.
Para além de aprender numa sala de aula, para Lewrick, Omar, Raeside e Sailer (2010)
há outras alternativas na educação para o empreendedorismo, como por exemplo: simulações
em computador, competições virtuais de start-up, competições reais de planos de negócios,
workshops empresariais, debate e troca de conhecimentos com empreendedores, experiência
de trabalho e estágio nas atividades iniciais de uma empresa, sejam de quadros inferiores ou
intermediários. Já para Dominguinhos e Carvalho (2009), os principais conteúdos dos
programas são lecionados na sala de aula, sendo completados por oficinas onde se encontram
![Page 62: KYLDARE RODRIGUES MAIA EMPREENDEDORISMO E …](https://reader036.fdocumentos.tips/reader036/viewer/2022071722/62d3905ba75f1c2c82339ba7/html5/thumbnails/62.jpg)
62
presentes empreendedores e outros indivíduos relacionados com o processo empreendedor, os
quais partilham as suas experiências e fomentam posteriormente o debate com os alunos.
Pereira, Ferreira e Figueiredo (2007) acrescentam que na educação para o
empreendedorismo se utilizam abordagens metodológicas participativas e se insere o espírito
empreendedor no processo de aprendizagem. A educação para o empreendedorismo é uma
educação transversal para a vida, é centrada na ação, focaliza-se no processo e nos resultados,
é coerente e constante, integra-se multidisciplinarmente, é contextualizada e é criada pelos
alunos.
Para a Comissão das Comunidades Europeias (2006), nem todos os indivíduos que
obtêm competências empreendedoras decidem enveredar pelo empreendedorismo no futuro.
Porém, quando se trata de sucesso das start-ups e do emprego por conta própria verifica-se
que estas, muitas vezes, são verificadas quando o aluno frequentou aulas sobre
empreendedorismo.
Desta forma, a presença de jovens com uma consciência empreendedora e que
possuam competências nesta área tornam-se numa mais-valia para uma pequena ou média
empresa dinâmica que ambicione expandir-se. Conforme Lewrick, Omar, Raeside e Sailer
(2010, p 12):
Há cada vez mais um maior número de empresas que têm origem dentro das
infraestruturas universitárias, sendo criadas através de planos de negócios
competitivos e de centros complementares de empreendedorismo. Logo, a educação
empreendedora, deve ter em consideração duas vertentes. Em primeiro lugar,
salientar a importância de aprender com empreendedores e empresas de sucesso,
tendo, desta forma, como objetivo desenvolver conhecimento e transferi-lo para os
processos da educação. Em segundo lugar, mencionar que os alunos necessitam ter
contato com os indivíduos que já criaram empresas, uma vez que estes tiveram de
enfrentar diversos desafios para conseguirem constituir uma empresa. A
probabilidade de falhar na construção de uma nova empresa é muito elevada, porque
muitas empresas gerem mal os riscos deste processo. Nestes riscos, inserem-se, por
exemplo, os riscos adversos, as culturas inapropriadas, o não conseguir incentivos
suficientes para sustentar os negócios e o envolvimento de gestores errados. Para
que haja uma redução desta falha é necessário desenvolver as competências dos
empreendedores, para que, assim, estes consigam alcançar o sucesso.
Após todo conhecimento adquirido sobre a evolução, os objetivos e algumas
formas de lecionar a educação para o empreendedorismo, apresenta-se de seguida uma forma
de empreender no país, muito procurada pelos alunos que tem ideias e que buscam colocá-las
em prática, normalmente de base tecnológica e voltada para inovação, auxiliadas, muitas
vezes, pelas universidades, as startups.
![Page 63: KYLDARE RODRIGUES MAIA EMPREENDEDORISMO E …](https://reader036.fdocumentos.tips/reader036/viewer/2022071722/62d3905ba75f1c2c82339ba7/html5/thumbnails/63.jpg)
63
3.3 STARTUPS E EMPREENDEDORISMO
3.3.1 Conceitos
Nas últimas décadas, estados, regiões e cidades iniciaram programas de
desenvolvimento econômico, segundo Rice (2002), focando-se em três pontos: (1)
manutenção de indústrias e empresas existentes; (2) recrutamento de empresas estabelecidas
de outras regiões; (3) criação de novas indústrias e negócios.
Segundo Acs, Dessai e Hessels (2008), o empreendedorismo tem potencial de
contribuir com a melhoria na performance econômica de três modos: introduzindo inovação;
reforçando concorrentes; criando novos competidores no mercado. Autores clássicos também
apontam para o impacto direto do empreendedorismo, tais como Gibb (1996) e Dahlstrand
(2007) que destacam um ponto crucial no que tange à motivação para fomentar o
empreendedorismo e seu papel na economia: a criação de empregos - que gera
desenvolvimento econômico e muitas outros benefícios.
Recentemente, há um crescimento relevante da tendência do empreendedorismo
voltado para empresas de base tecnológica. Essa tendência, somada ao crescimento dos
negócios de setores de Tecnologia da Informação e Comunicação (TIC) trouxe consigo o
surgimento do conceito de startup - a uma fase de uma empresa de base tecnológica na qual
se busca encontrar um modelo de negócios sustentável a longo prazo e desenvolver uma
estrutura com potencial de tornar-se escalável (RIES, 2012).
Como modelo de negócios, utiliza-se com bastante frequência o modelo de
Osteswalder e Pigneur (2011), uma estrutura mutável com objetivo de esclarecer questões
fundamentais para a sustentabilidade de longo prazo da empresa: perfil do cliente; estrutura de
relacionamento com o cliente; canais de entrega para o cliente; solução desenvolvida;
atividades-chave; recursos-chave; parceiros principais; estrutura de custos; e modelo de
receita. Definindo esses pontos com clareza, a startup volta-se para a construção de bases
sólidas para a escalabilidade, sendo esta caracterizada pela capacidade de fazer com que a
base de clientes/receita cresça de modo muito superior ao crescimento da estrutura de custos e
de recursos utilizados.
Para Alvarez e Busenitz (2001), empreendedores em estágio inicial passam pela
necessidade de deter uma variedade de recursos com uma capacidade financeira bastante
limitada, destacando a figura do empreendedor como hábil em conseguir tal acúmulo e
![Page 64: KYLDARE RODRIGUES MAIA EMPREENDEDORISMO E …](https://reader036.fdocumentos.tips/reader036/viewer/2022071722/62d3905ba75f1c2c82339ba7/html5/thumbnails/64.jpg)
64
recursos. Tais pontos remetem às colocações iniciais do tema em relação ao perfil
diferenciado do empreendedor e sua capacidade de gerar impacto.
Schumpeter (1996) pontua, em meio às suas pesquisas sobre inovação e economia, que
o empreendedorismo é o principal responsável na prosperidade e revolução de um organismo
econômico. A revolução gerada pelo empreendedorismo também é colocada por Peter Druker
(1998) em seu livro Inovação e Espírito Empreendedor.
De forma a estimular o espírito empreendedor e auxiliar esses startups, passou-se a
existir “instituições” que incentivam e promovem o crescimento e consolidação desses
“organismos primários”. Dentre elas estão as incubadoras, as aceleradoras e os parques
tecnológicos.
3.3.2 Promotoras e Incentivadoras
3.3.2.1 Incubadoras
O investimento público e privado em Incubadoras de Negócios e Parques
Tecnológicos, conforme Phan et. al. (2005), nasce de uma demanda econômica por
competitividade – a busca pelo aumento da população de pequenas empresas de alta
tecnologia, vistas como fonte crucial na geração de empregos. Isso se dá devido ao fato de as
incubadoras serem descritas como capazes de aumentar a chance de sobrevivência de
empresas incubadas (DEE et. al., 2011).
Além do mais, Grilmaldi e Grandi (2005) afirmam que a incubação busca alavancar
talentos empreendedores e aumentar a velocidade do desenvolvimento de tecnologias,
acelerando assim o desenvolvimento do negócio. Para isso, há uma provisão para empresas
emergentes de espaço flexível para as empresas, equipamentos compartilhados e serviços
administrativos, bem como suporte em negócios, marketing, construção de equipes e obtenção
de capital.
Dessa forma, Chandra e Fealey (2009) apresentam o conceito de incubadoras como
uma instituição capaz de promover um “céu de brigadeiro” (‘safe heaven’) ao agregar valor a
negócios nascentes via serviços tangíveis e intangíveis. Em tangíveis, tem-se escritórios com
custo subsidiado, ambientes compartilhados e estrutura de equipamentos gerais
compartilhada. Quanto aos intangíveis, tem-se a presença de consultores e acesso a uma rede
de especialistas em marketing, planejamento, contabilidade, direito, entre outros, para o
![Page 65: KYLDARE RODRIGUES MAIA EMPREENDEDORISMO E …](https://reader036.fdocumentos.tips/reader036/viewer/2022071722/62d3905ba75f1c2c82339ba7/html5/thumbnails/65.jpg)
65
suporte aos empreendedores. As incubadoras tem papel importante na superação da
fragilidade do novo dessas startups. Segundo Manimala e Vijay (2012, p.12):
A teoria de suporte estrutural propõe que novos negócios podem ser auxiliados a
superar as fragilidades do novo e pequeno se sua infraestrutura e custos gerais são
reduzidos. O suporte estrutural pode ser oferecido em forma de, desde suportes
básicos como espaços de escritório, infraestrutura de comunicação e assistência
administrativa/tecnologia, até o acesso a laboratórios, equipamentos, facilidades de
pesquisa, staff especializado etc.
Devido ao comumente encontrado foco exclusivo nas facilidades oferecidas pelas
incubadoras, surge a crítica, e uma nova via de exploração do tema, de Hacket e Dilts (2004)
na conclusão do trabalho ‘A Systematic Review of Business Incubation Research’. No estudo,
os autores afirmam que, enquanto muita atenção tem sido dada para descrever as facilidades
da incubadora, pouca atenção se volta para os incubados, às inovações que eles buscam
disseminar e os resultados que as incubações tem conquistado. Voltar-se para o processo de
incubação além das facilidades, segundo os autores, irá destinar a atenção para as entrelinhas
quanto ao que causa o surgimento de novos negócios nesse tipo de ambiente.
3.3.2.2 Aceleradoras
Para Lynn (2012), aceleradoras são organizações compostas por empreendedores
experientes que provém serviços, espaços, mentorias, rede de contatos, conhecimentos em
gestão e expertise em criação de novos negócios para empresas nascentes com o objetivo de
ajuda-las a serem bem sucedidas. A assistência, aponta o autor, é dada na construção do corpo
de empreendedores, o ajuste detalhado da ideia e, fundamentalmente, a mentoria sobre
negócio e seu lançamento no mercado. O processo ocorre em um ‘boot-camp’, ou seja, um
período de imersão com foco intensivo em mentorias focadas na melhoria do modelo de
negócios. Após esse período, as melhores startups são selecionadas para uma apresentação
para venture capitalists, investidores anjo e potenciais parceiros/clientes.
Segundo Kim e Wagman (2012), os modelos de aceleradoras de startups
especificamente surgem nos Estados Unidos, com as pioneiras Y Combinator (fundada em
2005) e Techstars (fundada em 2006), pautadas em programas de duração de 12 semanas que
terminavam em um ‘demo day’, no qual comparecem investidores potenciais interessados no
portfólio das aceleradoras. O objetivo das mesmas é de oferecer o suporte necessário para as
empresas desenvolverem seu modelo de negócios e alinharem-se com melhor eficiência em
seus devidos mercados.
![Page 66: KYLDARE RODRIGUES MAIA EMPREENDEDORISMO E …](https://reader036.fdocumentos.tips/reader036/viewer/2022071722/62d3905ba75f1c2c82339ba7/html5/thumbnails/66.jpg)
66
Conforme Christiansen (2009), uma das mais recentes razões para começar um
programa de aceleração é a de criar um ecossistema. A noção geral é que, ao encorajar
startups em uma comunidade, aumenta-se o número médio de empresas iniciando, e
esperançosamente, a longo prazo, aumenta-se também o número de empregos vindos dessa
empresa. Recentes exemplos podem ser encontrados em Boulder, no Colorado e em Londres,
na Inglaterra, onde TechStars e Seedcamp buscam usar seus programas de aceleração como
um catalisador para construir um maior e melhor ambiente para startups nessas cidades,
respectivamente.
Cohen (2013) sintetiza afirmando que as aceleradoras “ajudam negócios a definir e
construir seus produtos iniciais, identificar segmentos de clientes promissores e recursos
seguros, incluindo capital e equipe.”
Tal auxílio não precisa necessariamente possuir um ambiente de co-working, mesas e
espaços – algumas aceleradoras limitam em interações uma ou duas vezes por semana
(MILLER; BOUND, 2011), sendo considerado importante o contato pessoal, tanto com os
outros empreendedores acelerados quanto com os mentores.
De acordo com pesquisas e entrevistas de pessoas relevantes nesse contexto, o
ingrediente-chave para uma startup de sucesso é o acesso a um mentor (ou corpo de
mentores) de alta qualidade no estágio inicial do negócio (BLUESTEIN, BARRET, 2010;
KATZ, GREEN, 2009).
Bliemel et. al. (2013) destacam que o perfil das empresas aceleradas é geralmente
ligado a tecnologias de informação e comunicação, isso devido à versatilidade e capacidade
de mudança rápida nos curtos períodos de tempo característicos dos programas de aceleração.
Segundo Miller e Bound (2011, p.7), as aceleradoras possuem cinco características
principais peculiares:
Um processo de aplicação altamente competitivo: os programas têm
inscrição online, o que permite que a aplicação seja em nível internacional e a
seleção é feita por especialistas do mercado.
Provisionamento financeiro para sustentar a operação: o investimento
oferecido está geralmente relacionado ao custo para que cada cofundador consiga se
sustentar durante o período de aceleração.
Foco em pequenos times, e não em indivíduos: geralmente, programas de
aceleração não selecionam empreendedores sozinhos, pois considera-se que o
trabalho necessário para levantar uma startup exija mais de uma pessoa.
Tempo limitado de suporte oferecido e mentoria intensiva: o tempo
limitado está em parte ligado ao período relativo ao lançamento de um produto
inicial na área de tecnologia da informação e comunicação, mas também em parte
ligado ao objetivo de criar um ambiente de alta pressão voltado para rápido
![Page 67: KYLDARE RODRIGUES MAIA EMPREENDEDORISMO E …](https://reader036.fdocumentos.tips/reader036/viewer/2022071722/62d3905ba75f1c2c82339ba7/html5/thumbnails/67.jpg)
67
progresso e aprendizado. A presença dos mentores é característica por criar um
período de contato profundo com empreendedores experientes, investidores e outros
profissionais que podem desempenhar um papel importante no direcionamento e
melhoria do modelo de negócio da startup. Para isso, os autores apontam ser
fundamental o papel da rede de profissionais ligados à aceleradora disponíveis a
oferecer seu tempo como mentores.
Startups auxiliadas em “lotes”: A cada período de aceleração, entra uma
nova leva de startups. A vantagem principal é o suporte gerado de maneira
colaborativa entre as empresas, onde empreendedores de distintas startups ajudam
seus pares a resolverem problemas com competências peculiares em forma de
reciprocidade indireta.
3.3.2.3 Parques tecnológicos
As incubadoras de empresas e os parques tecnológicos pertencem à mesma família de
políticas de apoio à inovação e empreendedorismo. Tais mecanismos privilegiam as sinergias
entre diferentes atores, a criação de ambiente pró-inovação e a implantação de estruturas
multi-institucionais de fomento à agregação de valor à produção local/regional. Entretanto, as
incubadoras se apresentam como instrumento mais limitado em termos físicos e têm como
foco o atendimento exclusivo de micro e pequenas empresas e não necessariamente de base
tecnológica. Já os parques tecnológicos referem-se predominante a aglomerações de empresas
de base tecnológica, que podem ser pequenas ou não, articuladas a universidades e centros de
pesquisa e desenvolvimento (P&D), possibilitando sinergias decorrentes da proximidade entre
os atores (VEDOVELLO, 2000)
Para Barbieri (1995), os parques tecnológicos selecionam as empresas que pretendem
nele se instalar e oferecem serviços e instrumentos de cooperação baseados eminentemente no
caráter técnico-científico.
Há outras denominações utilizadas para parques tecnológicos que variam no tempo e
conforme a região ou país de análise, sendo as mais conhecidas: cidade científica, cidade
tecnológica, tecnópolis, parque científico, parque de pesquisa, entre outras. Para alguns
autores, esses termos são determinados pela região de instalação dos parques: o termo parque
científico é mais usado nos países da Europa; parque de pesquisa é a denominação que
prevalece nos EUA; e parque tecnológico é o termo utilizado na Ásia (LINK; SCOTT, 2007).
Apesar de essas denominações serem utilizadas na maioria da literatura especializada
como sinônimos, há algumas tentativas de especificar cada termo, para as diferentes
experiências em operação no mundo.
A European Commission (2007) estabelece especificações que serão vistas a seguir.
Um parque científico (science park) é um parque empresarial no qual a principal atividade da
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maioria dos estabelecimentos instalados é a pesquisa ou o desenvolvimento de novos produtos
ou processos.
Nesse caso, a produção decorrente, frequentemente, é realizada em outro local. Um
parque de pesquisa (research park) difere de um parque científico, pois proíbe em seu interior
a fabricação, exceto para a produção de protótipos, ou seja, a ênfase de atuação recai sobre as
atividades de pesquisa e desenvolvimento experimental, exclusivamente. Nesse sentido, pode
ser encarado como uma forma especial de um parque de ciência, com ênfase nas obrigações
contratuais de propriedade e/ou operacionais relacionadas à transferência de tecnologia entre a
empresa e uma ou mais universidades ou outras instituições de ensino superior e de pesquisa
científica (EUROPEAN COMISSION, 2007).
Um parque tecnológico ou pólo tecnológico é uma zona de atividade econômica
composta por universidades, centros de investigação, unidades industriais e terciárias que
realizam suas atividades baseadas em pesquisa e desenvolvimento tecnológico. Parques
tecnológicos são limitados em área geográfica mas mantêm ligações em rede com as grandes
empresas e com a infraestrutura de pesquisa pública e privada, tanto em nível nacional quanto
internacional, e sua ênfase extrapola as atividades de P&D, sendo permitidas e estimuladas
atividades de produção e comercialização de bens e serviços (EUROPEAN COMISSION,
2007).
Além das diferentes denominações, também não há uma definição única que possa ser
aplicada a todos os parques tecnológicos. Segundo Vedovello (2000), isso é devido ao fato de
esses mecanismos apresentarem uma diversidade e uma heterogeneidade muito grande em
relação a seu modelo ideal. A European Commission (2007) argumenta que a história singular
de formação de cada parque tecnológico determinou diferentes formatos de implantação nos
diversos países, dos quais decorre a disparidade de definições.
A United Kingdom Science Park Association – UKSPA, instituição criada em 1984,
que possuía aproximadamente 100 associados em 2002, define parque tecnológico como:
[...] uma iniciativa de suporte empresarial empenhada na transferência de
conhecimentos tecnológicos e de negócios para as pequenas e médias empresas, cujo
principal objetivo é incentivar e apoiar as start-ups e a incubação de empresas
inovadoras de alto crescimento baseadas em conhecimento, por meio da prestação
de serviços de infraestrutura e de apoio, incluindo relações de colaboração com
agências de desenvolvimento econômico e ligações formais e operacionais com
centros de excelência como universidades, institutos de ensino superior e institutos
de pesquisa (UKSPA apud INTERNATIONAL..., 2002, s/p).
![Page 69: KYLDARE RODRIGUES MAIA EMPREENDEDORISMO E …](https://reader036.fdocumentos.tips/reader036/viewer/2022071722/62d3905ba75f1c2c82339ba7/html5/thumbnails/69.jpg)
69
A ênfase dessa definição está na geração de conhecimento e no papel central de
universidades e centros de pesquisa e na interação que pode ser estabelecida entre esses
agentes e empresas.
Segundo Vedovello (2000), a abordagem da UKSPA possui como elementos centrais
as “[...] ligações operacionais e formais com universidades, centros de pesquisa ou
instituições de ensino superior [...]” que possibilitam ao parque desempenhar sua função de
gestão relacionada à “transferência de tecnologia e habilidades de negócios”, com o objetivo
de encorajar a formação e o crescimento de empresas localizadas dentro de seu espaço físico.
Já a definição oficial da International Association of Science Parks – IASP (2002),
instituição também criada em 1984 que contava com 375 membros de cinco continentes em
2002, considera um parque tecnológico como:
[...] uma organização gerenciada por profissionais especializados, cujo objetivo é
incrementar a geração de renda e bem-estar da sua comunidade, por meio da
promoção da cultura de inovação e da competitividade dos empreendimentos e das
instituições inovadoras a ela associados. Para a consecução desses objetivos, o
Parque Científico gerencia e estimula o fluxo de conhecimento e de tecnologia entre
universidades, instituições de P&D, empresas e mercados, facilitando a criação e o
crescimento de empresas inovadoras por meio da incubação e de spin-offs,e fornece
outros serviços de alto valor agregado aliados a um espaço físico e serviços de apoio
de qualidade [...] (INTERNATIONAL..., 2002, s/p).
Em comparação com a definição da UKSPA, a definição da IASP é mais abrangente,
pois alia transferência de tecnologia, fomento à criação de novas empresas inovadoras,
espaços e infraestrutura de qualidade para o desenvolvimento tecnológico e destaca o objetivo
de incrementar a renda e o bem-estar da comunidade.
Por outro lado, a Association of University Research Parks – AURP, criada em 1986,
define parques universitários de pesquisa como sendo:
[...] um empreendimento que dispõe de áreas e prédios para a instalação de centros
de pesquisa e desenvolvimento públicos e privados, de empresas de base tecnológica
e de serviços de apoio, possibilitando o desenvolvimento de parcerias com
universidades e institutos de pesquisa, de maneira a promover a transferência
tecnológica e as atividades de P&D pelas universidades em parceria com a indústria,
auxiliando no crescimento de novos empreendimentos e promovendo o
desenvolvimento econômico [...] (AURP apud INTERNATIONAL..., 2010, s/p).
A definição da AURP focaliza o papel das transferências tecnológicas como geradoras
de externalidades positivas, entre as universidades, empresas e comunidade em geral. Nesse
sentido, as parcerias estimuladas dentro dos parques universitários de pesquisa são o ponto
relevante desses empreendimentos.
![Page 70: KYLDARE RODRIGUES MAIA EMPREENDEDORISMO E …](https://reader036.fdocumentos.tips/reader036/viewer/2022071722/62d3905ba75f1c2c82339ba7/html5/thumbnails/70.jpg)
70
Link e Scott (2006, p.44) utilizam também o termo parques universitários de pesquisa
e com base em uma visão geral das diversas definições apresentadas pela literatura, os autores
propõem a seguinte definição para essa expressão:
[...] conjunto de organizações de base tecnológica, localizado dentro ou próximo a
um campus universitário, cujo objetivo é beneficiar-se do conhecimento e das
pesquisas da universidade. A universidade espera não só gerar a transferência de
conhecimento, mas desenvolver o conhecimento de forma mais eficaz, dada a
associação com os integrantes do parque [...].
A definição utilizada por Link e Scott (2006) está baseada no papel das universidades
na transferência de conhecimento, incluindo a disponibilidade de espaço físico para a
instalação das organizações de base tecnológica.
No caso brasileiro, a Associação Nacional de Entidades Promotoras de
Empreendimentos Inovadores – ANPROTEC, criada em 1987 e que possuía 272 associados
em 2003, considera os parques tecnológicos como sendo:
[...] um complexo produtivo industrial e de serviços de base científico-tecnológica
planejado, de caráter formal, concentrado e cooperativo, que agrega empresas cuja
produção se baseia em pesquisa tecnológica desenvolvida nos centros de P&D
vinculados ao parque. Trata-se de um empreendimento promotor da cultura da
inovação, da competitividade, do aumento da capacitação empresarial,
fundamentado na transferência de conhecimento e tecnologia, com o objetivo de
incrementar a produção de riqueza de uma região [...] (ASSOCIAÇÃO..., 2003, p.
46).
Essa definição remete à ideia de um complexo produtivo-industrial planejado,
articulado e concentrado, caracterizado por um espaço delimitado com infraestrutura de
promoção de empresas de alta tecnologia e cujo principal objetivo é o desenvolvimento
regional.
Segundo Vedovello, Judice e Maculan (2006), as razões para a diversidade de
conceitos e definições dos parques residem na busca e inserção de diferentes atores sociais –
tais como universidades, institutos de pesquisa, prefeituras, governos estaduais e federal,
agentes financeiros, empresas de diferentes portes e empreendedores – para o engajamento
nessas iniciativas. Nesse sentido, observa-se, de forma geral e ao longo do tempo, certa
flexibilidade na conceituação de parques tecnológicos que se mostra adequada para abrigar e
acomodar os diferentes stakeholders com seus diferentes objetivos, expectativas e interesses.
Apesar das diversas conceituações utilizadas para parques tecnológicos, a literatura
aponta certos denominadores comuns: os parques tecnológicos são empreendimentos que
reúnem empresas de alta tecnologia, tanto focadas em produtos quanto em serviços, e
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oferecem a oportunidade para um elevado grau de cooperação institucional entre
universidades e indústrias, constituindo-se loci privilegiado composto, normalmente, por
infraestrutura física e organizacional de articulação e de criação de conhecimento visando o
processo de inovação. Tais empreendimentos apresentam como objetivos básicos: geração de
empregos, estabelecimento de novas empresas, estímulo à interação universidade-empresa e
difusão de novas tecnologias (GAINO; PAMPLONA;2014).
![Page 72: KYLDARE RODRIGUES MAIA EMPREENDEDORISMO E …](https://reader036.fdocumentos.tips/reader036/viewer/2022071722/62d3905ba75f1c2c82339ba7/html5/thumbnails/72.jpg)
72
CAPÍTULO 4 – MÉTODOS DE PESQUISA
Este capítulo apresenta os métodos de pesquisa adotados para a seleção da amostra da
pesquisa de campo e para análise dos dados coletados. Para isso foram desenvolvidos os
seguintes passos: (1) etapas do estudo; (2) classificação metodológica da pesquisa,
envolvendo (a) natureza, (b) abordagem, (c) objetivos, e (d) método da pesquisa; (3) o
construto; e o (4) desenvolvimento do instrumento de coleta de dados.
4.1 ETAPAS DO ESTUDO
A primeira etapa deste estudo consiste no desenvolvimento conceitual e metodológico
por meio de uma revisão bibliográfica acerca das duas vertentes: o empreendedorismo e a
educação empreendedora.
A sistematização das etapas de uma pesquisa converge a um projeto iniciado na
conexão dos dados empíricos e a problematização inicial do estudo e finalizado, numa
sequência, pelas analises, resultados e conclusões do trabalho (YIN, 2001).
Esta pesquisa foi projetada subdividida em cinco etapas com a finalidade de facilitar a
execução e análises de pesquisa, como pode ser observado no Quadro 5.
A primeira etapa da pesquisa consiste no desenvolvimento conceitual e metodológico
por meio de uma revisão bibliográfica acerca dos pilares principais deste estudo:
empreendedorismo e educação empreendedora.
A segunda etapa consiste na elaboração do questionário de pesquisa bem como os
modelos de tabelas para coleta de dados.
A terceira etapa é definida como o momento para realização da coleta dos dados.
A quarta etapa trata-se da análise dos dados e resultados.
A quinta etapa finaliza o trabalho com as conclusões do estudo e sugestões para
futuras pesquisas.
Quadro 5 – Etapas e descrições das técnicas metodológicas
Etapas da Pesquisa Descrição e técnicas metodológicas
1 Revisão Bibliográfica Empreendedorismo
Educação Empreendedora
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73
2 Geração dos instrumentos de coleta de dados e seleção
da amostra
Elaboração dos questionários para os discentes.
3 Coleta dos dados Aplicação dos questionários.
4 Análise dos Resultados
5 Conclusão dos estudos e sugestões para pesquisas futuras
Fonte: Elaboração Própria
4.2 CLASSIFICAÇÃO METODOLÓGICA DA PESQUISA
Quanto aos procedimentos metodológicos, uma pesquisa deve ser estratificada quanto
aos aspectos: (a) natureza; (b) abordagem; (c) objetivos; e, (d) método de pesquisa.
Uma vez que a realização do presente trabalho pretende gerar conhecimentos para
aplicação prática, esta pesquisa é de natureza aplicada. A pesquisa aplicada caracteriza-se
pelo seu interesse prático que os resultados sejam aplicados na solução de problemas que
ocorrem na realidade (APPOLINÁRIO, 2006).
Freitas et al (2000) afirmam que as abordagens de pesquisa podem ser quantitativos
(como, survey e experimentos) ou qualitativos (como estudo de caso e focus group).
Afirmam, ainda, que uma pesquisa pode envolver os dois métodos de forma combinada,
devendo sua escolha estar associada aos objetivos de pesquisa.
Optou-se pela survey em função do objetivo principal e do problema da pesquisa. A
pesquisa survey é normalmente empregada quando se tem interesse em produzir descrições
quantitativas de uma população, fazendo-se uso de um instrumento predefinido (FREITAS et
al, 2000; FOWLER, 2002).
Para Pisonneault e Kraemer (2003), as pesquisas tipo survey possuem três
características: (a) é um método quantitativo que requer informação padronizada sobre o
objeto de estudo, sendo que este pode ser indivíduos, grupos, organizações ou comunidades,
além de projetos, aplicações ou sistemas; (b) o principal modo de coletar informações é por
meio de questões estruturadas e predefinidas; (c) as informações são geralmente coletadas
sobre uma fração da população em estudo (uma amostra). Geralmente, o tamanho da amostra
é grande o suficiente para permitir extensiva análise estatística.
Os autores também as classificam em exploratória, descritiva ou explanatória. A
pesquisa survey exploratória possibilita a obtenção de conceitos preliminares e um melhor
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74
entendimento/familiarização sobre determinado tópico. É usada para revelar mudanças que
ocorrem em populações de interesses e refinar a avaliação dos conceitos, definindo aqueles
que devem ser medidos e como melhor mensurá-los. Já a pesquisa survey descritiva objetiva
encontrar situações, eventos ou opiniões relativos a uma dada população. As perguntas são
simples e referentes à distribuição de algum fenômeno da população ou entre subgrupos
dessa. As análises são estimuladas por questões descritivas para revelar fatos, mas não para
testar a teoria. As hipóteses não são causais, no entanto podem ser consideradas percepções
básicas de fatos que estão ou não de acordo com a realidade. Por fim, a pesquisa survey
explanatória pretende testar a teoria e relações causais, esclarecendo as relações entre as
variáveis. Busca-se saber por que, e como, as variáveis estão relacionadas. A teoria inclui um
elemento de causa e efeito e que não somente assume uma relação entre as variáveis, mas,
também, exibe uma direção – por exemplo, se a relação é positiva ou negativa ou se a variável
A influencia a variável B.
Assim, o presente estudo pode ser caracterizado como uma survey explanatória, uma
vez que a relação especificada entre as variáveis é causal.
Adicionalmente, uma survey pode ser realizada de diferentes formas, as quais Freitas
et al. (2000) entendem como: (1) survey por observação direta; (2) survey face a-face; (3)
survey por telefone; (4) survey por correios; (5) survey por internet; (6) survey por meio de
postos multimídia; e (7) survey por e-mail (ALMEIDA, 2010).
Neste estudo, serão utilizadas duas formas de surveys: (1) a survey por e-mail, que
consiste no envio do questionário de pesquisa, dada as limitações de recursos e
disponibilidade de aplicação de questionário a toda amostra; e, (2) a survey face-a-face,
compreendendo a aplicação do questionário, quando assim for necessário.
A survey ainda pode ser identificada conforme o estabelecimento dos períodos de tempo
para a realização da coleta de dados classificados em (FREITAS et. al., 2000):
Longitudinais, em que a coleta de dados ocorre por um período de tempo específico. O
objetivo da pesquisa é analisar evoluções, mudanças e relações entre variáveis;
Cortes transversais, em que a coleta de dados e a análise do estado das variáveis
ocorrem em um mesmo e único momento.
O presente trabalho adotou a pesquisa survey de corte transversal, uma vez que será
analisado o perfil dos estudantes da UFRN em um único momento.
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75
Quanto aos objetivos, este estudo é descritivo-explicativo, identificando os fatores que
determinam ou contribuem para a ocorrência dos fenômenos, mas também descrevendo os
objetos de análise por meio de procedimentos técnicos.
O Quadro 6 demonstra a pesquisa quanto à natureza, à abordagem, aos objetivos e ao
método de pesquisa utilizada como base para este estudo:
Quadro 6 – Demonstração da pesquisa
Aspectos Detalhamentos
Natureza Aplicada
Abordagem Quantitativa
Objetivos Descritivo-Explicativo
Método de Pesquisa Pesquisa de levantamento (Survey Research)
Fonte: Elaboração Própria
4.3 O CONSTRUTO
A elaboração de construtos visa correlacionar variáveis expostas no referencial teórico
pesquisadas pelo investigador com conceitos definidos por autores em cada perspectiva do
estudo (GROVES et. al., 2004). Segundo Pedhazur, Schmelkin (1991), os construtos são
abstrações, construções teóricas que objetivam organizar e atribuir significados ao nosso
ambiente.
Com isso, pretende-se apresentar um construto dos temas identificados através do
referencial teórico a partir das variáveis expostas nos capítulos 2 e 3 deste estudo, conforme
demonstrado no Quadro 7.
Quadro 7 – Construto relacionando as variáveis qualitativas e referencias teóricos
Variáveis Autores
Caracterização e tipologia de empreendedores DOLABELLA, (1999); FERREIRA et al, (2010);
(HISRICH E PETERS, (2004); MCCLELLAND,
(1971); NAZIR E RAMZAM,( 2012); DUARTE E
ESPERANÇA,( 2012); RAPOSO, PAÇO E
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76
FERREIRA, (2008); SARAIVA,( 2011); BULUT E
SAYIN,(2010); SHAPERO, (1974); MINER (1998).
Motivações SARAIVA (2011); FERREIRA, SANTOS E SERRA
(2010); VIVARELLI, (2013); SHANE (2000);
VENKATARAMAN (2000); ANTONCIC (2001);
HISRICH, (2001); DAVIDSSON, (2003); HONIG,
(2003); IACOBUCCI, (2012); MICOZZI, (2012);
BOROZAN, (2014); PFEIFER, (2014); KELLEY et
al., (2012); SARKAR, (2010).
Obstáculos CHIAVENATO, (2007); FERREIRA, SANTOS E
SERRA, (2010); REIS NETO, (2010).
Abordagens de ensino KYRO, (1997); HYTTI, (2002); GIBB, (2005);
CURTH (2011).
Meios de empreender “startups” ACS, DESSAI E HESSELS, (2008);
DAHLSTRAND, (2007); ALVAREZ E BUSENITZ,
(2001).
Fonte: Elaboração Própria
As variáveis selecionadas com a cor cinza no Quadro 7 representam àquelas baseadas
no referencial teórico acerca Empreendedorismo, apresentadas no capitulo 2. Enquanto que as
selecionadas com cor azul estão explanadas no decorrer do capítulo 3, estas, apresentando o
estado da arte referente à Educação Empreendedora.
4.4 A SELEÇÃO DO ESTUDO DE CASO
A Universidade Federal do Rio Grande do Norte – UFRN foi fundada em 25 de junho
de 1958, através de lei estadual, e federalizada em 18 de dezembro de 1960. No ano de 2015 a
UFRN foi eleita a melhor universidade do Norte e Nordeste segundo o Índice Geral de Cursos
(IGC), estatística publicada pelo Ministério da Educação e Cultura – MEC.
A UFRN possui mais de 50.000 alunos vinculados, distribuídos em 122 cursos de
Graduação (11 a distância e 111 presenciais, inclusos 6 graduação tecnológicas), 62 cursos de
Pós-Graduação Lato-Sensu (8 a distância, 52 presenciais e 2 semipresenciais) e 120 cursos de
pós-Graduação Stricto-Sensu (79 Mestrados e 41 doutorados) localizados nos municípios de
Natal, Macaíba, Santa Cruz, Caicó e Currais Novos.
![Page 77: KYLDARE RODRIGUES MAIA EMPREENDEDORISMO E …](https://reader036.fdocumentos.tips/reader036/viewer/2022071722/62d3905ba75f1c2c82339ba7/html5/thumbnails/77.jpg)
77
Sobre a perspectiva econômica, a UFRN possui hoje um orçamento anual de mais de 1
bilhão de reais, o segundo maior do estado, ficando atrás somente do orçamento do Governo
do Estado do Rio grande do Norte. No ano de 2011, a UFRN foi uma das principais
universidades do país a receber recursos para fomento de pesquisas voltadas a área de
Petróleo, que superaram a barreira dos 38 milhões de reais.
Do ponto de vista tecnológico, a UFRN é detentora de um dos sistemas integrados
mais modernos que há na administração pública, o SIG. O SIG – Sistema Institucional
Integrado de Gestão possui diversos módulos, como, por exemplo, o SIPAC – Sistema
Integrado de Patrimônio, Administração e Contratos, no qual é possível obter dados referentes
aos projetos de acadêmicos realizados na instituição. O sistema SIG também é encontrado
nos demais órgãos da administração pública como a Polícia Rodoviária Federal do Brasil,
Advocacia Geral da União, além de diversas outras universidades, por meio da realização de
termos de cooperação ou congêneres entre a UFRN e outros órgãos da administração pública.
Sendo assim, dada a sua imponência e por ser aluno da instituição, a UFRN foi
selecionada de forma intencional e estratégica como amostra do estudo de caso, pois a
instituição apresenta-se próxima ao pesquisador e com condições favoráveis ao
desenvolvimento da pesquisa e seu resultado, possivelmente, poderá ser expandido à outras
universidades do país.
4.5 DESENVOLVIMENTO DO INSTRUMENTO DE COLETA.
Em seu estudo, Boaventura (2007) afirma que a coleta de dados tem como objetivo a
descrição das características de determinada população ou fenômeno, na qual tem como
principais meios a observação, análise e descrição objetiva, formulário, entrevistas e
questionário.
O questionário, principal instrumento de coleta de dados, foi baseado na
fundamentação teórica desenvolvida nos capítulos 2 e 3. O questionário objetiva conhecer o
perfil empreendedor dos alunos da UFRN que cursam disciplinas que envolvam em seus
planos de curso o empreendedorismo, bem como conhecer os métodos utilizados em sala de
aula pelos professores para transmitir conhecimento e estará estruturado da seguinte forma:
Caracterização e tipologia dos empreendedores;
Motivações;
![Page 78: KYLDARE RODRIGUES MAIA EMPREENDEDORISMO E …](https://reader036.fdocumentos.tips/reader036/viewer/2022071722/62d3905ba75f1c2c82339ba7/html5/thumbnails/78.jpg)
78
Obstáculos;
Abordagens de Ensino;
Meios de Empreender.
Para Li et.al.(2005) e Rea Parker (2000), a validade do conteúdo do instrumento de
pesquisa é preliminarmente encontrada na revisão da literatura e aperfeiçoada nas
intervenções com especialistas e acadêmicos. Assim, algumas variáveis foram adaptadas a
partir de estudos cujos construtos e variáveis que já haviam sido validados por testes
estatísticos (JAYARAM, DROGE e VICKERY, 1999; CUA, MCKONE e SCHROEDER,
2001;KAYNAK,2003; LI et al.,2006).
Posteriormente ao desenvolvimento inicial do questionário, é aplicado o teste piloto
aos alunos da UFRN, isso após a uma análise de docentes quanto ao conteúdo abordado no
instrumento de coleta. A seleção da amostra do pré-teste é não-probabilística (HAIR et al.,
2010), por escolha intencional e decorrente do interesse dos estudantes em participar do
desenvolvimento da pesquisa, disponibilizando os dados requeridos.
4.5.1 Coleta de dados para mapeamento da amostra
Tem-se a elaboração de um banco de dados para posterior consulta e um questionário
para coleta de dados. A coleta de dados tem como objetivo a descrição das características de
determinada população ou fenômeno, na qual tem como principais meios a observação,
análise e descrição objetiva, formulário, entrevistas e questionário (BOAVENTURA, 2007).
Nesse sentido, a coleta de dados foi realizada de duas formas:
Coleta de dados via sistema online de gestão de informação (SIGAA); e
Coleta de dados a partir da aplicação de questionários (Escala de Likert).
4.5.1.1 Coleta de dados
A coleta de dados via sistema online de gestão de informação ocorreu por meio do
sistema próprio da UFRN denominado SIG em seu modelo SIGAA. O sistema permite, ainda
que de forma deficiente, o acesso de dados das disciplinas que contenham como descrição ou
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79
objetivo na ementa o empreendedorismo, o número de alunos e a quantidade de turmas por
professor. No entanto, tal acesso é apenas disponibilizado para alunos ou servidores, mas que
provisoriamente é possível ser estendido para outras pessoas, a critério da administração,
conforme revela a Figura 9.
Figura 9 – Acesso ao SIGAA
Fonte: Base de dados do Sigaa (UFRN, 2016).
Os parâmetros utilizados para coleta de informações sobre as disciplinas que abordem
o empreendedorismo são disponibilizados após o login no sistema e executando as seguintes
etapas: Ensino Consultas Gerais Consultar Turma. Acessando a tela demonstrada na
Figura 10, se faz necessário incluir as informações que serão pertinentes para a coleta. Neste
caso, foi selecionado o nível – graduação; Ano – Período de 2016.2 a 2014.1, e, por fim, o
nome do componente – compreende o radical “EMPREEN”, para conseguir coletar, também,
as disciplinas que não tenham somente como descrição o empreendedorismo, como por
exemplo, Projetos de Empreendimento.
Figura 10 - Interface do sistema para coleta de dados
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80
Fonte: SIGAA (UFRN, 2016)
Os dados foram coletados, como discriminado anteriormente, no período de 2014-
2016, tendo como população amostral 3.401 alunos matriculados, escolhidos de forma
sistemática. O período abordado está relacionado ao fato de que muitos alunos que cursaram
disciplinas envolvendo empreendedorismo, as fizeram da metade para o final do seu
respectivo curso de graduação, dessa forma, muitos que cursaram nos anos anteriores a 2014
já se encontram devidamente graduados.
Nesse contexto, foram utilizados 2 critérios para restrição da população amostral: 1)
As disciplinas não poderiam ser de estudo individualizado, e; 2) Duplicidade de alunos que
cursaram mais de uma disciplina que abordasse o empreendedorismo.
O Quadro 8 apresenta de forma explicita, o procedimento adotado para elaboração do
banco de dados de modo detalhado mediante consulta no sistema online de gestão de
informação – SIG (SIGAA). A extração dos dados foi subdividida em três etapas: coleta,
análise e estruturação dos dados.
Quadro 8 - Procedimento adotado para extração de dados
Etapas da extração dos dados
1° Fase – Coleta
Manual Realizada diretamente pelo pesquisador através de
consulta manual no sistema - SIGAA.
2° Fase – Análise
![Page 81: KYLDARE RODRIGUES MAIA EMPREENDEDORISMO E …](https://reader036.fdocumentos.tips/reader036/viewer/2022071722/62d3905ba75f1c2c82339ba7/html5/thumbnails/81.jpg)
81
Prévia Definição das informações a serem coletadas nas
amostras como, por exemplo, semestres das disciplinas
oferecidas.
Posterior
Exclusão dos alunos em duplicidade após a formação do
banco de dados de alunos por semestre; e os que se
encontravam matriculados em turmas de estudo
individualizado.
3° Fase – Estruturação dos dados
Banco de dados Validação e formação de um único banco de dados para
a população amostral.
Fonte: Elaboração Própria
Conforme observa-se no Quadro 8, a primeira etapa da coleta foi realizada adotando o
procedimento da consulta manual. O método de coleta adotado tem por objetivo captar o
maior número de disciplinas que contemplem o empreendedorismo na Universidade Federal
do Rio Grande do norte e informações fidedignas para a análise do estudo de caso. Obteve-se
a coleta manual com a execução de 2 procedimentos conforme descritas no Quadro 9 a seguir:
Quadro 9 - Etapas da coleta de dados manual
Etapas Descrição
1ª etapa
Extração de dados a partir da execução dos seguintes filtros no módulo SIGAA (Consulta de Turmas):
Nível (Graduação); Ano - Período (2014.1, 2014.2, 2015.1, 2015.2, 2016.1, 2016.2); Nome do
Componente (EMPREEN)
2ª etapa
Foram eliminadas as disciplinas que eram de estudo individualizado e os alunos que encontravam-se
em duplicidade.
Fonte: Elaboração Própria
Ao realizar a primeira etapa foram coletadas 133 turmas que dispusessem do
empreendedorismo como seu componente principal. Nestas turmas, 3.401 alunos
matriculados, porém, partindo para a segunda etapa, após a eliminação das turmas de estudo
individualizado e os alunos em duplicidade, obteve-se o valor de 128 turmas e 3.173 alunos
matriculados, concluindo-se a coleta do banco de dados.
Tabela 9 - Quantitativo de Turmas que envolvem Empreendedorismo na UFRN por semestre.
Ano/Semestre Turmas Estudo Individualizado Turmas com a restrição
2016.2 21 1 20
![Page 82: KYLDARE RODRIGUES MAIA EMPREENDEDORISMO E …](https://reader036.fdocumentos.tips/reader036/viewer/2022071722/62d3905ba75f1c2c82339ba7/html5/thumbnails/82.jpg)
82
2016.1 21 2 19
2015.2 22 0 22
2015.1 24 0 24
2014.2 19 0 19
2014.1 26 2 24
Total 133 5 128
Fonte: Elaboração Própria a partir dos dados obtidos por meio do SIGAA (UFRN, 2016).
Tabela 10 - Quantitativo de alunos matriculados nas turmas que envolvem empreendedorismo na UFRN
por semestre.
Ano/Semestre
Alunos
Matriculados Alunos em Duplicidade Alunos com a restrição
2016.2 655 55 600
2016.1 469 25 444
2015.2 595 37 558
2015.1 569 42 527
2014.2 515 28 487
2014.1 598 41 557
Total 3401 228 3173
Fonte: Elaboração Própria a partir dos dados obtidos por meio do SIGAA (UFRN, 2016).
4.5.1.2 Questionário
A elaboração de um questionário neste estudo tem por objetivo coletar informações
sobre o perfil empreendedor dos alunos da Universidade Federal do Rio Grande do Norte e
verificar se os métodos aplicados em sala de aula pelos professores estão sendo bem
aproveitados. O questionário conta com 46 afirmações divididas em 5 dimensões. A primeira
parte tem como objetivo identificar o aluno de uma forma geral e possui 18 afirmações; a
segunda parte procura analisar as motivações para empreender e conta com 3 afirmações; a
terceira parte busca mensurar a consciência sobre as dificuldades do mercado de trabalho e
possui 4 afirmações; a quarta e quinta partes têm como finalidade avaliar os métodos de
ensino aplicados em sala de aulas e os meios de empreender no ambiente universitário e
consiste em 22 afirmações. Para elaboração das afirmações foi utilizado o referencial teórico
disposto nos capítulos 2 e 3, para serem avaliadas por meio da escala de Likert de 5 pontos
Quadro 10 – Variáveis alocadas ao questionário
Variável Descrição
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83
Caracterização e Tipologia de Empreendedores
V1 Proatividade
V2 Organização
V3 Independência
V4 Dedicação ao negócio
V5 Competência em relações humanas
V6 Capacidade de trabalho e energia
V7 Responsabilidade
V8 Motivação para resultados positivos
V9 Saber lidar com erros
V10 Confiança
V11 Confiança
V12 Responsabilidade
V13 Saber lidar com erros
V14 Criatividade e inovação
V15 Inteligência na execução
V16 Empreendedor
V17 Familiaridade com o empreendedorismo
V18 Apoio Familiar para empreender
Base de
autores
DOLABELLA, (1999); FERREIRA et al, (2010); (HISRICH E
PETERS, (2004); MCCLELLAND, (1971); NAZIR E
RAMZAM,( 2012); DUARTE E ESPERANÇA,( 2012);
RAPOSO, PAÇO E FERREIRA, (2008); SARAIVA,( 2011);
BULUT E SAYIN,(2010); SHAPERO, (1974); MINER (1998).
Motivações
V19 Políticas Públicas e tributárias
V20 Empreendedorismo por necessidade
V21 Empreendedorismo por oportunidade
Base de
autores
SARAIVA (2011); FERREIRA, SANTOS E SERRA (2010);
VIVARELLI, (2013); SHANE (2000); VENKATARAMAN
(2000); ANTONCIC (2001); HISRICH, (2001); DAVIDSSON,
(2003); HONIG, (2003); IACOBUCCI, (2012); MICOZZI,
(2012); BOROZAN, (2014); PFEIFER, (2014); KELLEY et al.,
(2012); SARKAR, (2010).
Obstáculos
V22 Preparação universitária
V23 Economia
V24 Preparação universitária
V25 Financiamento e Recursos
Base de
autores
CHIAVENATO, (2007); FERREIRA, SANTOS E SERRA,
(2010); REIS NETO, (2010).
Abordagens de Ensino
V26 Plano de Negócio
V27 Método Canvas
V28 Teoria aplicada à prática
V29 Aplicação pelo professor da prática
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84
V30 Professor busca empresas para sala de aula
V31 Aprendizagem baseada em problemas – PBL
V32 Aprendizagem baseada em problemas – PBL
V33 Atividades em grupo
V34 Empresa Junior
V35 Propriedade Intelectual (Patentes)
V36 Captação de recursos e investimentos.
V37 Incentivo pelo professor
V38 Satisfação do aluno pela metodologia aplicada em sala
V39 Importância da disciplina
V40 Formação acadêmica de possível sócio
V41 Metodologia de ensino satisfatório.
Base de
autores
KYRO, (1997); HYTTI, (2002); GIBB, (2005); CURTH
(2011).
Meios de Empreender
V42 Ambientes de incentivo na universidade
V43 Conhecimento acerca Startups
V44 Incubadoras na universidade
V45 Acompanhamento de trabalhos das incubadores
V46 Parques Tecnológicos
Base de
autores
ACS, DESSAI E HESSELS, (2008); DAHLSTRAND, (2007);
ALVAREZ E BUSENITZ, (2001).
Fonte: Elaboração Própria.
Os valores atribuídos na escala de Likert vão de 1 a 5, no qual o valor 1 significa
“discordar totalmente da afirmação” e o valor 5 “concordar totalmente com a afirmação”.
Para o estudo em questão, quanto maior o número de respostas afirmativas, melhor
está a situação da instituição no que diz respeito aos meios pelos quais estão sendo abordados
assuntos acerca do empreendedorismo.
Quadro 11 – Descrição dos valores atribuídos na escala Likert
Itens da escala de Likert Descrição
Valor 1 Discordo Totalmente da afirmação
Valor 2 Discordo em partes da afirmação
Valor 3 Nem discordo nem concordo com a afirmação
Valor 4 Concordo em partes com a afirmação
Valor 5 Concordo totalmente com a afirmação
Fonte: Elaboração Própria
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85
As afirmações foram agrupadas em 5 categorias com o objetivo de trazer maior
facilidade para preenchimento do questionário pelos entrevistados e posterior análise dos
dados pelo pesquisador.
Para avaliação do questionário foi utilizado o Coeficiente Alfa de Cronbach (a). O
Coeficiente Alfa de Cronbach é uma medida de confiabilidade ou consistência interna dos
questionários utilizada normalmente para um conjunto de dois ou mais indicadores de
construto (MATTHIENSEN, 2011).
Os valores do a variam de 0 a 1,0; quanto mais próximo de 1, maior confiabilidade
entre os indicadores. O uso de medidas de confiabilidade, como o a de Cronbach, não garante
unidimensionalidade ao questionário, mas assume que ela existe (MATTHIENSEN, 2011). O
Coeficiente Alfa de Cronbach foi de aproximadamente 0,93803 (ver Tabela 11), número
bastante expressivo, visto que a literatura já considera um bom índice acima de 0,70.
Equação 1 - Cálculo do Alfa de Cronbach
Fonte: Matthiensen (2011)
Tabela 11 – Resultado do Alfa de Cronbach
Soma da variância das variáveis - Σvi 74,52222
Variância total - Σvt 904,9
Número de variáveis - K 46
Alfa de Cronbach - α 0,93803
Fonte: Elaboração Própria
4.5.1.3 Delimitação da amostra para pesquisa
O tamanho da amostra da pesquisa foi definido a partir da população determinada na
seção anterior (ver Tabela 10). Por não se conhecer (Desvio Padrão) da população, foi
utilizada a distribuição t de Student ao invés da distribuição Normal.
Como o tamanho da amostra é pequeno, 10 entrevistados, o desvio padrão incorpora
outra fonte de erro e para manter o grau de confiança desejado e compensar a variabilidade
![Page 86: KYLDARE RODRIGUES MAIA EMPREENDEDORISMO E …](https://reader036.fdocumentos.tips/reader036/viewer/2022071722/62d3905ba75f1c2c82339ba7/html5/thumbnails/86.jpg)
86
mencionada, o intervalo de confiança é ampliado com a utilização do t crítico da distribuição t
de Student. Nesse contexto, a amostra do estudo de caso foi estabelecida em 96 alunos,
conforme demonstrado na equação 2.
N = 3173 (População)
n0 = 10 (Amostra piloto)
σx = 2,578 (Desvio padrão calculado na amostra)
t = 1,83 (O valor é encontrado na tabela da distribuição T de Student)
α = 5% = 0,05 (95% de confiança – valor comumente utilizado)
E = 15% = 0,15 (Erro amostral – diferença entre o resultado amostral e o verdadeiro resultado
populacional).
S = St = = = 0,81 (Desvio Padrão)
Equação 2 - Cálculo do tamanho da amostra
= = 96
4.6 ANÁLISE DOS DADOS
Em síntese, os dados foram analisados mediante a análise descritiva dos dados por
meio da média, moda, variância e desvio padrão para revelar os perfis dos alunos da UFRN e
identificar os métodos de ensino aplicados em salas de aula.
Sucintamente, a média aritmética é a medida que no valor que melhor representa todos
os valores da pesquisa. Ocorre através da soma de todos os resultados, dividindo o mesmo
pela quantidade de variáveis. Já a moda explicita qual o escore ou qual a classe de escores
possuidora de mais sujeitos. É o valor que ocorre mais vezes numa dada distribuição.
A variância compõe o grupo das medidas de variabilidade, que objetivam fornecer um
significado mais preciso às medidas de tendência central. Desse modo, a variância busca
caracterizar quão representativa dos dados originais esta medida de tendência central é, ela
informa se os dados se concentram em torno da medida de tendência central ou se os mesmo
se afastam dela.
![Page 87: KYLDARE RODRIGUES MAIA EMPREENDEDORISMO E …](https://reader036.fdocumentos.tips/reader036/viewer/2022071722/62d3905ba75f1c2c82339ba7/html5/thumbnails/87.jpg)
87
Em algumas situações, apenas o cálculo da variância pode não ser suficiente, pois essa
é uma medida de dispersão influenciada por valores que se encontram muito distantes da
média. Desse modo, o desvio padrão refere-se ao conceito de distância, sendo o resultado
positivo da raiz quadrada da variância. Este desvio indica qual seria o erro caso o interesse
fosse de substituir um dos valores coletados pelo valor da média.
![Page 88: KYLDARE RODRIGUES MAIA EMPREENDEDORISMO E …](https://reader036.fdocumentos.tips/reader036/viewer/2022071722/62d3905ba75f1c2c82339ba7/html5/thumbnails/88.jpg)
88
CAPÍTULO 5 – APRESENTAÇÃO DOS DADOS E RESULTADOS
Neste capítulo serão apresentados os resultados obtidos a partir de questionários
aplicados aos alunos da Universidade Federal do Rio Grande do Norte que cursam ou
cursaram disciplinas que abordassem a temática do empreendedorismo entre os períodos de
2014 e 2016, conforme critérios definidos para amostra.
Os resultados dos dados serão apresentados em duas etapas: 1) caracterização dos
entrevistados e 2) analise descritiva individual das variáveis. Ao final, também serão
apresentadas sugestões de melhorias ao processo ensino e aprendizagem de
empreendedorismo na UFRN.
5.1 PERFIL DOS ENTREVISTADOS
Conhecer as características dos entrevistados se faz necessário devido a relação de
causa/efeito existente entre o perfil dos alunos e as abordagens de ensino utilizadas em sala de
aula, influenciando diretamente nos resultados.
Ao todo foram entrevistados 96 alunos. Contudo, considerando a população de 3.173
alunos que estavam matriculados em disciplinas de temática – Empreendedorismo, no período
2014-2016, conforme critérios definidos no estudo, a representação demográfica da amostra
nesse período corresponde a 3,02% da população, mas que retratará bem sua heterogeneidade.
O perfil dos entrevistados foi avaliado pelos seguintes critérios: a) sexo; b) idade; c)
qual centro acadêmico está vinculado; d) qual curso está vinculado; e e) obrigatoriedade da
disciplina no curso.
O primeiro critério a ser observado foi o sexo. Dos 96 respondentes 53% são do sexo
masculino, ou seja, 51 alunos, enquanto que 47% são do sexo feminino, portanto, 45 alunas,
conforme demonstrado na Figura 11.
Figura 11 – Sexo dos alunos respondentes
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89
Fonte: Elaboração Própria (2016).
Quanto a idade dos alunos, o questionário subdividiu-se em quatro faixas etárias: entre
16 e 20 anos; entre 21 e 25 anos; entre 26 e 29 anos; e, por fim, os que encontravam-se acima
dos 30 anos. Percebe-se que a grande maioria dos alunos respondentes e que se encontravam
nos pré-requisitos de pesquisa concentram-se entre os 21 e 25 anos. Os dados são
apresentados na Figura 12
Figura 12 – Idade dos alunos respondentes
Fonte: Elaboração Própria (2016).
![Page 90: KYLDARE RODRIGUES MAIA EMPREENDEDORISMO E …](https://reader036.fdocumentos.tips/reader036/viewer/2022071722/62d3905ba75f1c2c82339ba7/html5/thumbnails/90.jpg)
90
Em relação aos centros acadêmicos, locais os quais os alunos encontram-se
vinculados, existe uma dispersão no sentido de que, praticamente, todos os departamentos
foram participantes da pesquisa.
Entretanto, os centros que se destacaram na pesquisa foram os de Tecnologia –
correspondente aos cursos de Engenharia de Produção, Engenharia Civil, Engenharia Elétrica
e Têxtil; e Ciências Sociais Aplicadas – com os cursos de Administração, Ciências Contábeis,
Ciências Econômicas e Direito, cada um com 18%. Seguidamente, vêm os centros de
Biociências e Ciências da Saúde, cada um com 13%, englobando cursos como: Farmácia,
Odontologia, Fisioterapia, e Fonoaudiologia, nesta; e Biomedicina, Ecologia e Ciências
Biológicas, naquela.
Figura 13 – Centros Acadêmicos participantes da pesquisa.
Fonte: Elaboração Própria (2016).
Na Tabela 12, é possível verificar todos os cursos e alunos participantes da pesquisa a
fim de esmiuçar e extrair todas as informações possíveis.
Tabela 12 – Centros Acadêmicos x Cursos
Centro Curso Respondentes
Centro de Biociências
Biomedicina 4
Ecologia 3
Ciências Biológicas 5
Centro de Ciências Sociais
Aplicadas
Ciências Contábeis 6
Administração 8
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91
Ciências Econômicas 3
Direito 1
Centro de Ciências
Humanas, Letras e Artes
Jornalismo 3
Psicologia 2
Publicidade Propaganda 4
Centro de Ciências Exatas e
da Terra
Engenharia de Software 4
Química do Petróleo 3
Estatística 3
Centro de Ciências da Saúde
Farmácia 2
Odontologia 5
Fisioterapia 3
Fonoaudiologia 2
Centro de Tecnologia
Engenharia de Produção 12
Engenharia Civil 1
Engenharia Elétrica 3
Engenharia Têxtil 1
Escola de Ciências e
Tecnologia Ciências e Tecnologia 12
Instituto Metrópole Digital Tecnologia da Informação 5
Escola Agrícola de Jundiaí Engenharia Florestal 3
Fonte: Elaboração Própria (2016).
Quanto à obrigatoriedade da disciplina de empreendedorismo ou que aborde o assunto,
é possível constatar que poucos cursos a oferecem com tal requisito, dentre estes estão os
cursos de Engenharia de Produção, Administração, Tecnologia da Informação, Engenharia de
Software, representando, apenas, 30% na pesquisa.
Diante o exposto, infere-se que a universidade, de uma forma geral, não está dando a
devida importância para a disciplina, não só pela não obrigatoriedade, mas também porque a
mesma nem é tratada, muitas vezes, como um requisito opcional dentre as grades curriculares
apresentadas pelos cursos.
Essa situação, demonstrada pela Figura 14, acaba por distanciar e dificultar a inserção
dos alunos, pós-curso, no mercado profissional, visto a deficiente vivência dentro do “mundo
empreendedor”.
Figura 14 – Obrigatoriedade de disciplina que aborda o empreendedorismo no curso.
![Page 92: KYLDARE RODRIGUES MAIA EMPREENDEDORISMO E …](https://reader036.fdocumentos.tips/reader036/viewer/2022071722/62d3905ba75f1c2c82339ba7/html5/thumbnails/92.jpg)
92
Fonte: Elaboração Própria (2016).
5.2 AVALIAÇÃO DO PERFIL EMPREENDEDOR DOS ALUNOS DA UFRN
A partir desta seção, apresentaremos uma avaliação do perfil empreendedor existente
na literatura e baseada nos alunos da Universidade Federal do Rio Grande do Norte. O
questionário contou com 46 sentenças relativas a comportamentos, conhecimentos e
feedbacks sobre o empreendedorismo; e, foi dividido em cinco grupos: caracterização e
tipologia dos empreendedores (18); motivações (3); obstáculos (4); abordagens de ensino
(16); e meios de empreender (5).
O método de avaliação adotado foi por meio da escala Likert de 5 pontos, em que a
atribuição do valor 4 ou 5 significa concordar com a afirmação, enquanto que a atribuição do
valor 1 ou 2 significa discordar do que foi afirmado. A análise descritiva foi composta pela
frequência relativa, média, moda, variância e desvio padrão.
5.2.1 Caracterização e tipologia dos empreendedores
As variáveis que compõem a caracterização e tipologia dos empreendedores buscam
avaliar os perfis baseados em atributos ou particularidades que contribuem para um
![Page 93: KYLDARE RODRIGUES MAIA EMPREENDEDORISMO E …](https://reader036.fdocumentos.tips/reader036/viewer/2022071722/62d3905ba75f1c2c82339ba7/html5/thumbnails/93.jpg)
93
mapeamento do perfil empreendedor. No total, foram avaliadas 18 sentenças nesse grupo e os
resultados são apresentados no Quadro 12.
Quadro 12 – Dados da avaliação das variáveis agrupadas na caracterização e tipologia dos
empreendedores.
Sentenças referentes à Caracterização e Tipologia dos Empreendedores
V1 Se vislumbro alguma oportunidade no mercado quero logo fazer um plano de negócio e colocá-lo
em prática.
V2 Acho essencial e importante um plano de negócio.
V3 Busco a todo custo minha independência e que seja no setor privado.
V4 Trabalharia, se possível e por uma finalidade, 24h por dia mesmo não recebendo nada no final do
mês.
V5 Gosto muito de trabalhar e , principalmente, lidar com pessoas.
V6 Executo todas as minhas atribuições esforçadamente e da melhor maneira possível
V7 Nunca deixo para amanhã o que posso e consigo fazer hoje.
V8 Possuo alta motivação para resultados positivos.
V9 Os resultados negativos não me abalam, com eles consigo identificar minhas fragilidades e busco
novas capacitações.
V10 Sou muito qualificado e acredito que seja um diferencial perante o mercado profissional.
V11 Confio nos resultados alcançados pelas minhas atividades.
V12 Não tenho problemas em assumir grandes responsabilidades.
V13 Se eu fracassar, persisto, porém, de outra maneira.
V14 Me considero um aluno bastante criativo.
V15 Sempre executo minhas ideias e elas geram um valor agregado.
V16 Não tenho como prioridade no planejamento da minha carreira profissional prestar concursos
públicos.
V17 Tenho familiares que inspiram o meu ser empreendedor.
V18 O apoio familiar é essencial para o meu desenvolvimento como empreendedor.
Dados Correspondentes as opiniões dos entrevistados
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94
Vx Frequência Relativa Média Moda Variância Desvio Padrão
1-2 3 4-5
V1 0,208 0,365 0,427 3,427083333 3 1,594627193 1,26278549
V2 0,021 0,198 0,781 4,302083333 5 0,739364035 0,8598628
V3 0,240 0,385 0,375 3,21875 3 1,077960526 1,038248779
V4 0,448 0,219 0,333 2,8125 2 1,606578947 1,267508954
V5 0,052 0,125 0,823 3,979166667 4 0,610087719 0,781081122
V6 0,083 0,021 0,896 4,479166667 5 0,799561404 0,894181974
V7 0,260 0,135 0,604 3,416666667 4 1,550877193 1,245342199
V8 0,000 0,125 0,875 4,46875 5 0,504276316 0,710124155
V9 0,125 0,333 0,542 3,625 3 1,163157895 1,078497981
V10 0,083 0,344 0,573 3,635416667 4 1,20252193 1,096595609
V11 0,000 0,094 0,906 4,447916667 5 0,439364035 0,662845408
V12 0,125 0,094 0,781 4,041666667 4 0,987719298 0,993840681
V13 0,188 0,115 0,698 3,677083333 4 1,441995614 1,200831218
V14 0,292 0,375 0,333 3,09375 3 1,033223684 1,016476111
V15 0,292 0,396 0,313 3,041666667 3 0,798245614 0,893445921
V16 0,646 0,115 0,240 2,4375 1 2,122368421 1,45683507
V17 0,333 0,250 0,417 3,177083333 5 2,084100877 1,443641533
V18 0,292 0,188 0,521 3,46875 5 1,704276316 1,305479343
Fonte: Elaboração Própria (2016).
A primeira variável que compõe o grupo caracterização e tipologia dos
empreendedores procurou abordar a observância pelos alunos de oportunidades no mercado e
sua atuação quanto ao planejamento estratégico e elaboração de um plano de negócio (V1),
constatou-se que, aproximadamente, 43% dos alunos concordaram com afirmação,
demonstrando a existência de uma boa parcela de entrevistados interessados em empreender.
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95
Por outro lado, 21% dos estudantes discordaram, retratando que outra parcela de respondentes
ainda não possuem certeza quanto sua iniciativa de planejamento para seguir os caminhos do
empreendedorismo.
Hisrich e Peters (2004) afirmam que empreendedor é um “indivíduo que se arrisca e
dá início a algo novo”, ou seja, os se faz necessário que os alunos possuam esse
comportamento inovador e busquem planejar para que consigam consolidar-se em suas
respectivas atividades.
Para os alunos, o plano de negócio se torna figura indispensável no ato de empreender,
visto que 78% concordaram com a afirmação que mensura suas respectivas opiniões no que
diz respeito à essencialidade do documento para o desenvolvimento de um possível
empreendimento (V2).
Corroborando o resultado com as ideias de Hisrich e Peters (2004) acerca o plano de
negócios: “seguramente é o documento mais importante para o empreendedor do estágio
inicial. É provável que potenciais investidores não pensem em investir em um novo
empreendimento enquanto o plano de negócios não estiver completado”.
No que diz respeito à vontade de ser independente e empreender no setor privado (V3),
existiu um balanceamento nas respostas, 37% dos alunos concordam com a afirmação e 24%
discordam da afirmação. Além disso, a imparcialidade se mostrou alta, visto que 39% dos
alunos marcaram o valor 3, demonstrando, dessa forma, que ainda há uma insegurança quanto
a vontade de inserção no mercado profissional.
Avaliando a questão da independência dos estudantes da UFRN, levanta-se um dos
principais “entraves” enfrentados pelo empreendedorismo no estado: concursos públicos.
Muitos buscam, por medo do mercado, concursos públicos em virtude das inúmeras
vantagens oferecidas, como por exemplo, estabilidade, planos assistenciais de saúde, ou
aposentadoria garantida, que acaba por tornar o resultado da (V3) disperso e variado.
Na afirmação (V4), a qual buscou avaliar quanto os alunos poderiam ser dedicados ao
negócio, trabalhando durante um tempo sem prever recebimentos, aproximadamente, 45%
discordaram da afirmação, representando que ainda falta amadurecimento no comportamento
empreendedor dos alunos, visto que, muitas vezes, empreender requer paciência, pois os
retornos nem sempre vem de imediato. Apesar do considerável índice de discordância, 33%
concordaram, exprimindo que há alunos que possuem o espírito para os negócios.
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96
Conforme Ferreira et al (2010), ser empreendedor é ter dedicação ao negócio,
exprimindo paixão pelo negócio e trabalhando arduamente por ele, portanto, todos precisam
focar seus objetivos em prol do sucesso de seus negócios, independente do tempo despendido
e energia utilizada para coloca-lo em situação superavitária.
Em relação ao gostar de trabalhar e lidar com pessoas, afirmação que atribui valor à
variável (V5) - competências em relações humanas, 82,3% concordam com a afirmação,
constatando que os alunos da UFRN possuem espírito para trabalhos em equipe,
consequentemente, trazendo consigo a sociabilidade e a capacidade de desenvolver boas redes
de parceiros profissionais (FERREITA et al, 2010).
A variável (V6) analisa a capacidade dos alunos em relação a trabalho e energia, desta
apurou-se que, aproximadamente, 90% estudantes concordaramm com afirmação, ou seja, a
grande maioria das pessoas tende a se esforçar e executar suas atividades da melhor maneira
possível, apresentando grande energia, vigor e persistência (DOLABELLA, 1999;
FERREIRA et al, 2010; DUARTE; ESPERANÇA, 2012); especulando-se que caso abram
seu próprio negócio, darão o seu máximo para que a continuidade da empresa seja
consequência de um grande trabalho.
O grau de responsabilidade dos entrevistados foi analisado por meio da (V4) e, diante
os resultados, constatou-se que 60% concordam com a afirmação, ou seja, os alunos não
tendem a resolver seus anseios ou realizar suas competências num período posterior se houver
tempo hábil para ser solucionado em momento antecipado, caracterizando um bom grau de
senso e responsabilidade (SARAIVA, 2011; FERREIRA et al, 2012; DUARTE;
ESPERANÇA, 2012). Em contraste, 26% dos respondentes discordaram.
Dentre as variáveis estudadas, também se elencou a questão da motivação para
resultados positivos (V8), extraindo um resultado de 87% de concordância, demonstrando que
a maior parcela de estudantes tende a ser esforçada diante a motivação que possam ter para
alcançar resultados além de satisfatórios. De todos os respondentes, somente 13% não
concordaram.
Em relação a variável (V9), a qual mensura o saber lidar com erros, constatou-se que
54% concordaram com a afirmação, em outras palavras, os alunos demonstraram que com os
erros é possível identificar seus pontos fracos e, após sua identificação, se faz necessário a
capacitação para suprir as devidas deficiências e, consequentemente, evitar novos erros
(FERREIRA et al, 2010). Entretanto, 46% se mostraram imparciais ou discordaram da
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97
afirmação, caracterizando a não aceitação dos seus erros e, muitas das vezes, esse
comportamento traz à tona sentimentos que não são compatíveis com o empreendedorismo,
como frustração e desmotivação.
Na variável (V10), é possível traduzir quão os alunos se sentem confiantes perante o
mercado profissional, e diante o resultado é possível verificar que a maioria, 57% dos
respondentes, acredita em si e em suas capacidades de atingir os objetivos a que se propõem
(MCCLELLAND, 1971; RAPOSO; PAÇO; FERREIRA, 2008; FERREIRA et al, 2010;
DUARTE; ESPERANÇA, 2012).
No entanto, uma grande parte também se sente insegura ou não soube opinar sobre tal
afirmação, retratando 43%, demonstrando dessa forma, que há algo de errado no percurso
empreendedor, já que a confiança é um dos grandes atributos que os alunos devem ter para se
sentir confortáveis na entrada para o mercado profissional.
Em compensação, a variável (V11), que também visa identificar e mensurar a
confiança dos alunos, porém, retratando o quanto os alunos confiam em seus resultados,
expressivos 90% concordaram com afirmação; ou seja, apesar de muitos não se sentirem
qualificados ou diferenciados perante o mercado (V10), a grande parte confia no alcance de
suas ações.
Em relação a variável (V12), a qual dimensiona a capacidade dos alunos em assunção
de grandes responsabilidades, 78% dos entrevistados afirmaram não ter problemas, ou seja,
aceitam assumir riscos, sejam eles propensos ao sucesso ou insucesso (SARAIVA, 2011;
FERREIRA et al, 2012; DUARTE; ESPERANÇA, 2012). Além disso, 12% discordaram da
afirmação, demonstrando novamente traços relacionados a receios e, também, insegurança.
Assim como na variável (V9), a (V13) buscou estratificar a quantidade de alunos que
conseguem lidar com seus erros. No resultado alcançou-se um resultado aproximado de 70%
de concordância com afirmação, demonstrando, dessa forma, serem persistentes e sapientes
frente aos seus fracassos.
Cotidianamente em jornais são visualizados inúmeros casos de empresas de sucesso
que tiveram seus sócios envolvidos em diversas dificuldades, entre elas o da falência. Se não
houvessem persistido e demonstrado comportamento e espírito empreendedor, além da
vontade de inovar, não estariam nesse rol de empresários de sucesso.
A variável (V14), na qual demonstra o nível de criatividade e inovação dos alunos é
possível identificar uma variabilidade de resultados; um terço, ou seja, 33,3% dos alunos se
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98
consideram criativos ou inovadores, tem facilidades de visualizar novas abordagens, possíveis
produtos ou até mesmo processos; porém, aproximadamente 30% discordam, número
expressivo e que demonstra certa lacuna na universidade no que diz respeito a essa
competência tão importante e essencial para os empreendedores.
No que diz respeito à inteligência na execução (V15), apurou-se que 31% dos
estudantes concordam com a afirmação, demonstrando que já geraram valor agregado a
alguma empresa por meio do conhecimento absorvido em sala de aula, em alguma disciplina
oferecida pela universidade. Situação esta que se demonstra tão importante visto o papel
essencial que a Universidade está tendo no processo de desenvolvimento empreendedor dos
respondentes. Entretanto, 29% discordaram, ou seja, ainda não tiveram essa experiência de
aplicar a teoria à pratica. É necessário investir na formação de empreendedores, para que
assim estes obtenham competências que lhes possibilitem criar valor, seja para si, seja para
outros indivíduos (FERREIRA; SANTOS; SERRA, 2010).
Em relação a variável que mensura o nível de possibilidade e planejamento de ser
empreendedor dos alunos da UFRN (V16), é possível analisar que 65% discordaram, tendo
esses como prioridade no planejamento de suas carreiras profissionais os concursos públicos;
corroborando a ideia que no estado do RN, apesar de ter alunos potenciais a empreender,
existe um comportamento voltado para o alcance da estabilidade e segurança profissional. Tão
verdade que somente 24% concordaram com a afirmação, demonstrando que poucos alunos
realmente se interessam pelos riscos inerentes a iniciativa de empreender.
Por isso, é indispensável que o Brasil insira mais fortemente o ensino da temática do
empreendedorismo no seu sistema educativo e melhore a relação das escolas com o tecido
empresarial (PEREIRA; FERREIRA; FIGUEIREDO, 2007). Dessa forma, possibilitando uma
mudança na visão e comportamento dos estudantes quanto ao ato de empreender.
Quanto à vontade de empreender por existir em suas respectivas famílias uma figura
exemplar de empreendedorismo (V17), aproximadamente 42% dos respondentes concordaram
com a afirmação, demonstrando que sua vontade de empreender vem de parentes
empreendedores. Porém, 33,3% discordaram, demonstrando que não há pessoas na família
que seja exemplo para que possa enveredar nos caminhos empreendedores.
Ainda no que diz respeito à família, a variável (V18) buscou apurar se os estudantes
viam o apoio familiar como essencial para empreender, dos resultados conseguiu-se o valor
de 52% dos respondentes concordando com a afirmação, demonstrando que o apoio familiar é
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99
importante e básico em suas visões para que possam obter sucesso nas suas respectivas vidas
profissionais.
Diante os resultados apresentados, é possível afirmar que os alunos da UFRN possuem
um perfil denominado supervendedor, que conforme as características apresentadas por
Minner (1998) são “pessoas possuem uma grande sensibilidade em relação a outras pessoas e
desejam ajudá-las de qualquer maneira possível. Eles consideram as vendas como um
elemento essencial para o sucesso de suas empresas. Para ter sucesso, os supervendedores
precisam seguir o caminho das vendas e contratar alguém para administrar os negócios”.
5.2.2 Motivação
As variáveis que compõem a seção referente a motivação buscam avaliar
empreendedorismo por necessidade ou oportunidade, além dos incentivos fiscais ou não
fiscais oferecidos pelo governo federal do Brasil. No total, foram avaliadas 3 sentenças nesse
grupo e os resultados são apresentados no Quadro 13.
Quadro 13 – Dados da avaliação das variáveis agrupadas nas motivações.
Sentenças referentes à Motivação
V19 Os incentivos oferecidos pelo Governo Federal são suficientes para que possa
abrir uma empresa.
V20 Após a graduação, se eu estiver desempregado, uma alternativa seria abrir
uma pequena empresa.
V21 Só abro uma empresa se eu vir que o mercado necessita do serviço/produto
que posso oferecer.
Dados Correspondentes as opiniões dos entrevistados
Vx Frequência Relativa Média Moda Variância Desvio Padrão
1-2 3 4-5
V19 0,677 0,188 0,135 2,21875 2 1,435855 1,198272
V20 0,250 0,125 0,625 3,708333 5 1,514035 1,230461
V21 0,156 0,229 0,615 3,697917 4 1,26568 1,125024
Fonte: Elaboração Própria (2016).
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100
Em relação às políticas públicas e tributárias atribuídas a variável (V19), foi apurado
que, aproximadamente, 68% discordam da afirmação, demonstrando que na visão dos alunos
o governo federal não tem concedido incentivos suficientes para que os mesmos possam
empreender. Do total, somente 13% concordam, ou seja, poucos veem esses incentivos como
suficientes para seguir o caminho do empreendedorismo.
Quanto a afirmação que abrange a questão do empreendedorismo por necessidade
(V20), relevantes 62,5% concordaram com a afirmação, demonstrando que os estudantes da
UFRN só terão a iniciativa de empreender, após a conclusão da graduação, se estiverem
desempregados, evidenciando uma postura que deve ser evitada, pois muitos
empreendimentos são constituídos sem nenhum planejamento ou visão sobre o mercado,
tornando o negócio, dessa maneira, propenso ao fracasso.
Essa situação é evidenciada por Vivarelli (2013) ao afirmar que por não possuírem
melhores opções para o trabalho acabam por precisar abrir um negócio a fim de gerar renda
para si e suas famílias. O empreendedorismo por necessidade está mais suscetível à
conjuntura econômica dos países e tende a diminuir quando a oferta de emprego é maior.
Por outro lado, no que diz respeito ao empreendedorismo por oportunidade (V21),
constatou-se que 61,5% concordam com a afirmação, demonstrando que os alunos só abririam
uma empresa caso o mercado necessitasse do serviço ou produto que pudessem oferecer, ou
seja, só buscariam empreender se identificassem a possibilidade de realização de uma
atividade econômica rentável baseada na demanda do mercado no estado do Rio Grande do
Norte.
Os empreendedores por oportunidade identificam, conforme visão de Vivarellli
(2013), a possibilidade de realização de uma atividade econômica rentável baseada na
demanda do mercado. Este tipo de empreendedorismo, geralmente, é realizado por indivíduos
que possuem características proativas (SHANE; VENKATARAMAN, 2000; ANTONCIC;
HISRICH, 2001) com alto grau educacional (DAVIDSSON; HONIG, 2003; IACOBUCCI;
MICOZZI, 2012) e experiência anterior de emprego (BOROZAN; PFEIFER, 2014).
5.2.3 Obstáculos
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101
Em relação às variáveis que compõem a seção que aborda os obstáculos, houve a
busca na avaliação de temas como: autonomia para entrada no mercado profissional,
preparação universitária e captação de recursos de terceiros para financiamento do negócio
próprio. Os dados são apresentados no Quadro 14.
Quadro 14 – Dados da avaliação das variáveis agrupadas nos obstáculos.
Sentenças referentes aos Obstáculos
V22 Não tenho medo de entrar no mercado de trabalho por conta própria, pois
me considero preparado para atuar.
V23 Independente da crise econômica instaurada no país, me vejo
empreendendo de alguma forma.
V24 A universidade me preparou para o mercado profissional.
V25 Se eu não tiver recursos próprios suficientes para abertura de um negócio,
sei de outras maneiras de obtê-los.
Dados Correspondentes as opiniões dos entrevistados
Vx Frequência Relativa
Média Moda Variância Desvio
Padrão 1-2 3 4-5
V22
0,260 0,302 0,438 3,3125 3 1,396053 1,181547
V23
0,365 0,250 0,385 3,270833 2 1,694298 1,301652
V24
0,500 0,302 0,198 2,65625 2 0,964803 0,982244
V25
0,240 0,365 0,396 3,166667 3 1,087719 1,042938
Fonte: Elaboração Própria (2016).
Quanto ao nível de preparação universitária (V22), percebe-se que, aproximadamente,
44% dos alunos concordam com a afirmação, provando que menos da metade dos alunos da
UFRN, os quais já cursaram ou cursam disciplinas que abordem o empreendedorismo, se
sentem ou consideram preparados para enfrentar as diversidades do mercado profissional. Por
outro lado, 26% discordaram da afirmação, demonstrando apreensão quanto sua inserção no
mercado. Além disso, 30,2% não souberam responder e atribuíram valor 3 a afirmação, este
correspondendo a moda.
Complementado a questão do receio de empreender pela insegurança das suas
respectivas qualificações, a variável que analisa o perfil empreendedor dos estudantes no que
![Page 102: KYLDARE RODRIGUES MAIA EMPREENDEDORISMO E …](https://reader036.fdocumentos.tips/reader036/viewer/2022071722/62d3905ba75f1c2c82339ba7/html5/thumbnails/102.jpg)
102
diz respeito à deficiência econômica regional (V23), retornou-se um valor de 38,5% de
estudantes concordantes da afirmação, constatando, dessa forma, que poucos são os que
possuem a coragem e iniciativa para empreender em situações adversas ou crises econômicas
instauradas. Por outro lado, 36,5% discordam, manifestando que grande parte dos alunos não
se arriscaria a inserção no mercado em circunstâncias dificultas.
Além dos resultados obtidos na variável (V22), referente à preparação universitária
para empreender, na variável (V24) que também abordou tal assunto, foram extraídos
resultados preocupantes. Do total de respondentes, somente 19,8% concordaram com a
afirmação, ou seja, menos de 20% dos alunos se sentem capacitados por meio da
Universidade para enfrentar as inconstâncias do mercado profissional. Somado ao baixo
número de concordância existe um alto número de discordância da afirmação - 50%; se
destacando a insatisfação dos alunos e a inexistência de visão por parte dos estudantes da
universidade como figura preparatória.
Segundo Chiavenato (2007), a falta de um comprometimento educacional mais
interativo e dinâmico para treinar os jovens empreendedores para os possíveis riscos e perigos
pode se tornar um grande problema.
Em relação ao conhecimento sobre fontes de renda alternativas em caso de
insuficiência própria (V25), 39,6% concordam com a afirmação, demonstrando a ciência dos
estudantes quanto a meios alternativos de obtenção de financiamentos e recursos; já 24%
discordaram, atestando que ainda é assunto desconhecido e, provavelmente, não levantado em
sala de aula.
5.2.4 Abordagens de ensino
As variáveis que compõem a seção referente as aboragens de ensino buscam avaliar os
métodos aplicados em sala de aula pelos professores da UFRN. No total, foram avaliadas 16
sentenças nesse grupo e os resultados são apresentados no Quadro 15.
Quadro 15 – Dados da avaliação das variáveis agrupadas nas abordagens de ensino.
Sentenças referentes às Abordagens de Ensino
![Page 103: KYLDARE RODRIGUES MAIA EMPREENDEDORISMO E …](https://reader036.fdocumentos.tips/reader036/viewer/2022071722/62d3905ba75f1c2c82339ba7/html5/thumbnails/103.jpg)
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V26 Meu professor de empreendedorismo solicitou atividades para desenvolvermos um plano de negócio.
V27 Conheço e foi abordado em sala de aula o método de planejamento estratégico Canvas.
V28 Como aluno gosto de estudar a teoria aplicada à prática.
V29 Meu professor da área de empreendedorismo tem aplicado exercícios práticos na disciplina.
V30 Os professores que desenvolvem a temática de empreendedorismo solicitam atividades em parcerias
com empresas privadas.
V31 Tenho realizado atividades com empresas privadas em busca de novas soluções para problemas
gerenciais.
V32 Já consegui resolver problemas operacionais de empresas por meio do conhecimento de alguma
disciplina oferecida pela universidade.
V33 As disciplinas da Universidade, sobretudo de empreendedorismo, solicitam atividades em grupo.
V34 Meu curso possui empresa júnior e sou motivado a participar das atividades.
V35 Propriedade Intelectual tem sido uma temática discutida em sala de aula – (Patentes).
V36 A captação de recursos e investimentos tem sido uma temática abordada em sala de aula
V37 Meu professor implementa diferentes ferramentas para incentivar o empreendedorismo em sala de aula.
V38 A disciplina de temática acerca do empreendedorismo está sendo/foi satisfatória no que diz respeito a
procedimentos metodológicos adotados.
V39 A disciplina ou o assunto sobre empreendedorismo tem sido uma temática importante e interessante para
meu futuro profissional
V40 Na abertura da minha empresa, caso tenha sócio, sua qualificação ou graduação serão essenciais.
V41 O método de ensino quanto ao Empreendedorismo na UFRN é satisfatório.
Dados Correspondentes as opiniões dos entrevistados
Vx Frequência Relativa Média Moda Variância Desvio Padrão
1-2 3 4-5
V26 0,146 0,188 0,667 3,96875 5 1,3569079 1,1648639
V27 0,417 0,167 0,417 3,03125 5 2,5779605 1,6056029
V28 0,000 0,125 0,875 4,6666667 5 0,477193 0,6907916
V29 0,313 0,313 0,375 3,0833333 3 1,6350877 1,2787055
V30 0,552 0,250 0,198 2,3645833 1 1,6446272 1,2824302
V31 0,510 0,240 0,250 2,6354167 2 1,7077851 1,3068225
V32 0,417 0,167 0,417 2,9583333 1 2,1035088 1,4503478
V33 0,104 0,125 0,771 4,2395833 5 1,0683114 1,0335915
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V34 0,552 0,146 0,302 2,7916667 2 1,9561404 1,3986209
V35 0,552 0,188 0,260 2,375 1 1,6894737 1,2997976
V36 0,500 0,250 0,250 2,5208333 1 1,4732456 1,2137733
V37 0,583 0,219 0,198 2,4375 2 1,1960526 1,0936419
V38 0,458 0,365 0,177 2,6041667 3 1,2732456 1,1283819
V39 0,104 0,281 0,615 3,75 4 1,0105263 1,0052494
V40 0,042 0,271 0,688 4,0208333 5 0,820614 0,9058775
V41 0,833 0,167 0,000 1,3645833 1 0,570943 0,7556077
Fonte: Elaboração Própria (2016).
A variável que questiona as solicitações de atividades pelos professores da UFRN no
que diz respeito a planos de negócios (V26) apurou-se que, aproximadamente, 67% dos alunos
concordaram com a afirmação, demonstrando que os docentes da universidade, normalmente,
solicitam atividades acerca do assunto.
Percebe-se que esse índice pode refletir na visão positiva e necessária de um plano de
negócio na possível vida empreendedora dos discentes, conforme visto em parágrafos
anteriores, e descritos nas variáveis (V1) e (V2).
Quanto à abordagem do método Canvas (V27), 41,7% dos estudantes concordam com a
afirmação, extraindo dos resultados que menos da metade dos alunos possuem conhecimento
sobre o método diferenciado de planejamento de negócio ou o assunto não foi abordado em
sala de aula, além disso, outros 41,7% discordam da afirmação, certificando que muitos ainda
desconhecem a ferramenta visual e de fácil aplicação, principalmente, para jovens que
buscam empreender, já que muitos consideram o plano de negócio complexo e que, muitas
vezes, após finalizado, acaba sendo de certo modo menosprezado.
Em relação ao estudo da teoria aplicada à prática (V28), previsíveis 87,5%
concordaram com a afirmação, constatando que muitos dos alunos gostam de participar de
atividades que sejam dinâmicas e que os posicionem em situações-problema para serem
solucionadas.
Apesar do alto índice de aceitação quanto às atividades práticas (V28), na variável
(V29) que mensura a realidade em sala de aula dessas atividades, é possível obter um dado
alarmante, pois apenas 37,5% dos alunos concordam com a afirmação, certificando que
![Page 105: KYLDARE RODRIGUES MAIA EMPREENDEDORISMO E …](https://reader036.fdocumentos.tips/reader036/viewer/2022071722/62d3905ba75f1c2c82339ba7/html5/thumbnails/105.jpg)
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poucos são os que possuem professores que recorrem às atividades práticas para explanar
assuntos como o empreendedorismo. Contrapondo-se a esse índice, encontram-se os alunos
que discordam da afirmação, mais precisamente 31,3% dos discentes. Outros 31,3% não
souberam opinar, sendo o resultado de valor 3 moda dessa afirmação.
No tocante aos trabalhos de professores no que diz respeito a aproximação de
empresas às salas de aulas (V30), apenas 19,8% dos alunos concordaram, expondo a
deficiência na parceria público privado nas classes. Enfatiza-se a importância dessa parceria
Universidade-Empresa, visto que são nesses momentos de contato com empresários que os
alunos conseguem enxergar os pontos relevantes e os obstáculos que terão que enfrentar para
serem empreendedores de sucesso.
No que se refere à aprendizagem baseada em problemas, a também conhecida PBL –
Problem based Learning apresentada nas variáveis (V31) e (V32), nota-se que há uma lacuna
evidente, visto que na (V31) somente 25% concordam com a afirmação, ou seja, apenas um
quarto dos respondentes realizaram atividades com empresas a fim de solucionar algum
problema gerencial, por outro lado, 51% discordam, apresentando um índice preocupante já
que a universidade tem como objetivo lançar jovens preparados e qualificados para mercado e
que possuam competência suficiente para solucionar problemas em suas respectivas áreas.
Quanto a variável (V32) que busca analisar o percentual de alunos que já solucionaram
problemas por meio de conhecimentos adquiridos em disciplinas oferecidas na universidade,
41,7% concordaram com a afirmação, enquanto 41,7% discordaram. Apesar dos índices
serem semelhantes, a moda da afirmação foi o valor 1, ou seja, a grande maioria discordou da
afirmação, demonstrando e reforçando o resultado obtido na (V31).
A variável (V33) buscou avaliar se as atividades em grupo estavam sendo solicitadas
pelos professores a fim de facilitar as relações humanas entre os envolvidos e dinamizar a
processo de aprendizagem; 77,1% dos estudantes concordaram com a afirmação,
demonstrando que muitos docentes utilizam desse método para desenvolvimento de
competências. Somente 10,4% dos alunos discordaram.
No que diz respeito à existência de empresas juniores em seus cursos e o incentivo à
participação dos alunos nesses ambientes (V34), obteve-se um resultado de 55% de
discordância, demonstrando que ainda não há uma aproximação desejada dos alunos com
esses locais que tanto agregam no tocante à experiência profissional e dinâmica
![Page 106: KYLDARE RODRIGUES MAIA EMPREENDEDORISMO E …](https://reader036.fdocumentos.tips/reader036/viewer/2022071722/62d3905ba75f1c2c82339ba7/html5/thumbnails/106.jpg)
106
organizacional. Por outro lado, 30% concordam, demonstrando que há um trabalho por trás
do curso que incentiva a participação dos estudantes.
Em relação à discussão em sala de aula da temática referente a propriedade intelectual
- patentes (V35), muitos discordam da afirmação, precisamente 55,2% dos respondentes,
traduzindo que ainda é um assunto pouco abordado, visto que apenas 26% dos estudantes
concordam. O resultado nos dá um panorama preocupante, já que a propriedade intelectual é
um importante mecanismo de proteção do conhecimento sendo capaz de proporcionar
vantagens competitivas e bons retornos econômicos.
A variável (V36) aborda a discussão em sala de aula acerca de captação de recursos e
investimentos. A afirmação correspondente obteve um retorno de 50% de discordância,
apresentando que há uma deficiência nas disciplinas sobre a evidenciação desse assunto.
Ratificando a deficiência, temos o quantitativo de respondentes que confirmaram a afirmação
– somente 25% dos alunos.
Quanto à implementação pelos professores de novas ferramentas para incentivar o
empreendedorismo (V37), apurou-se um valor de 58% de discordância da afirmação pelos
alunos, constatando que os professores não tem levado às salas métodos inovativos de ensino
com objetivo de incentivar o empreendedorismo. Do total de discentes respondentes,
aproximadamente, 20% concordaram, valor que ainda pode ser considerado muito baixo.
Outro fator preocupante e que apresentou baixo índice de concordância da afirmação,
diz respeito a procedimentos adotados em sala de aula e que contribui para avaliar a variável
(V38), a qual mensura o grau de satisfação dos alunos pela metodologia aplicada pelos seus
respectivos professores, somente 17% dos discentes concordaram com a afirmação, ou seja,
poucos são os que aprovam as metodologias utilizadas para o ensino de disciplinas que
envolvam a temática de empreendedorismo.
Em referência ao grau de importância das disciplinas que abordam o
empreendedorismo para o futuro profissional (V39), 61% dos alunos concordam com a
afirmação, demonstrando que existe um interesse e que buscam qualificação nessa área.
Poucos são os que não concordam, estes representam apenas 10%.
Quanto a variável (V40), que busca analisar a qualificação ou formação acadêmica de
possível sócio, no caso de constituição de algum empreendimento, foi possível analisar que
existiu uma grande relevância já que, aproximadamente, 69% concordam com a afirmação.
![Page 107: KYLDARE RODRIGUES MAIA EMPREENDEDORISMO E …](https://reader036.fdocumentos.tips/reader036/viewer/2022071722/62d3905ba75f1c2c82339ba7/html5/thumbnails/107.jpg)
107
No tocante a satisfação da metodologia de ensino das disciplinas que abordem o
empreendedorismo (V41) na Universidade Federal do Rio Grande do Norte, o resultado
apresentou um volume bastante considerável e alarmante, visto que 83% dos respondentes
discordaram da afirmação, demonstrando descontentamento com a forma que é explanado o
assunto em sala e a necessidade de mudanças para atender as expectativas dos alunos.
5.2.5 Meios de empreender
Os meios de empreender foram elaborados mediante as variáveis que indicavam o
conhecimento sobre ambientes na universidade que incentivam ou executam o
empreendedorismo. Dessa forma, a seção referente aos meios de empreender foi construída a
partir de cinco variáveis. O Quadro 16 apresenta os resultados.
Quadro 16 – Dados da avaliação das variáveis agrupadas nos meios de empreender.
Sentenças referentes aos Meios de Empreender
V42 Aprendi na disciplina de empreendedorismo que na universidade existem ambientes de incentivo a
potenciais empreendedores.
V43 Conheço e me interesso pelo assunto startup.
V44 Sei da existência de incubadoras de empresas na universidade.
V45 Busco acompanhar o trabalho das incubadoras na universidade.
V46 Conheço e sei os objetivos dos parques tecnológicos no RN ou Brasil.
Dados Correspondentes as opiniões dos entrevistados
Vx Frequência Relativa Média Moda Variância Desvio Padrão
1-2 3 4-5
V42 0,271 0,177 0,552 3,4270833 4 1,5946272 1,2627855
V43 0,188 0,302 0,510 3,5625 5 1,4907895 1,2209789
V44 0,208 0,188 0,604 3,6666667 5 1,445614 1,2023369
V45 0,635 0,281 0,083 2,21875 2 1,1832237 1,0877609
V46 0,531 0,208 0,260 2,6458333 2 1,8100877 1,345395
![Page 108: KYLDARE RODRIGUES MAIA EMPREENDEDORISMO E …](https://reader036.fdocumentos.tips/reader036/viewer/2022071722/62d3905ba75f1c2c82339ba7/html5/thumbnails/108.jpg)
108
Fonte: Elaboração Própria (2016).
No que diz respeito ao conhecimento de ambientes de incentivo ao empreendedorismo
na universidade por meio de disciplinas oferecidas (V42), 55% dos alunos concordam com a
afirmação, demonstrando que possuem ciência, porém, é constatado que o valor de maior
resposta na afirmação foi o 4, ou seja, a grande maioria concorda parcialmente, trazendo a
tona questionamentos, como por exemplo, se realmente foi por meio de disciplinas que
abordem o assunto do empreendedorismo que houve esse conhecimento.
Em relação a variável (V43), que aborda o conhecimento e interesse sobre o assunto
Startups, 51% dos discentes concordam com a afirmação, constatando que muitos já veem o
assunto como algo comum e de possível direcionamento para seguir os caminhos do
empreendedorismo.
Quanto ao conhecimento de incubadoras na universidade e suas funções no
desenvolvimento do empreendedorismo (V44), 60,4% dos estudantes concordam com a
afirmação, evidenciando a prevalência. Entretanto, 20,8% discordam da afirmação,
demonstrando que ainda existem alunos que não possuem noção do suporte que podem obter
para executar suas ideias.
Confirmando o quanto as incubadoras são vistas de forma superficial, a variável (V45)
que aborda o acompanhamento dos trabalhos desses ambientes, somente 8% concordam com
a afirmação.
Por fim, a variável (V46) mensura o conhecimento dos alunos acerca dos parques
tecnológicos de uma forma geral, e somente 26% dos respondentes concordaram,
demonstrando que ainda é um assunto pouco abordado e discutido.
5.3 – AVALIAÇÃO GERAL DA DESCRIÇÃO DOS DADOS
De modo geral, 21 das 46 afirmações referentes ao empreendedorismo foram
confirmadas por, pelo menos, 50% dos respondentes. Os assuntos relacionados a
comportamentos, como confiança e a capacidade de trabalho e energia dos estudantes se
mostraram positivas, tendo em média 90% de concordância, enquanto que metodologia de
![Page 109: KYLDARE RODRIGUES MAIA EMPREENDEDORISMO E …](https://reader036.fdocumentos.tips/reader036/viewer/2022071722/62d3905ba75f1c2c82339ba7/html5/thumbnails/109.jpg)
109
ensino da UFRN e acompanhamento de trabalhos das incubadoras expuseram índices muito
baixos, demonstrando dificuldades apresentadas nas abordagens de ensino.
A Tabela 13 apresenta o “ranking” gerado pelas variáveis apresentadas no
questionário relacionado ao empreendedorismo na perspectiva dos alunos da Universidade
Federal do Rio Grande do Norte.
Tabela 13 – Ranking gerado pelo estudo.
V(x) Variáveis acerca do Empreendedorismo R Índice
V11 Confiança 1 0,90625
V6 Capacidade de trabalho e energia 2 0,895833333
V8 Motivação para resultados positivos 3 0,875
V28 Teoria aplicada à prática 4 0,875
V5 Competências em relações humanas 5 0,822916667
V2 Organização 6 0,78125
V12 Responsabilidade 7 0,78125
V33 Atividades em grupo 8 0,770833333
V13 Saber lidar com erros 9 0,697916667
V40 Formação acadêmica de possível sócio 10 0,6875
V26 Plano de Negócio 11 0,666666667
V20 Empreendedorismo por necessidade 12 0,625
V21 Empreendedorismo por oportunidade 13 0,614583333
V39 Importância da disciplina 14 0,614583333
V7 Responsabilidade 15 0,604166667
V44 Incubadoras na universidade 16 0,604166667
V10 Confiança 17 0,572916667
V42 Ambientes de incentivo na universidade 18 0,552083333
V9 Saber lidar com erros 19 0,541666667
V18 Apoio Familiar para empreender 20 0,520833333
V43 Conhecimento acerca Startups 21 0,510416667
V22 Preparação universitária 22 0,4375
V1 Proatividade 23 0,427083333
V17 Familiaridade com o empreendedorismo 24 0,416666667
V27 Método Canvas 25 0,416666667
V32 Aprendizagem baseada em problemas 26 0,416666667
V25 Financiamento e Recursos 27 0,395833333
V23 Economia 28 0,385416667
V3 Independência 29 0,375
V29 Aplicação pelo professor da prática 30 0,375
V4 Dedicação ao negócio 31 0,333333333
V14 Criatividade e inovação 32 0,333333333
V15 Inteligência na execução 33 0,3125
V34 Empresa Junior 34 0,302083333
V35 Propriedade Intelectual (Patentes) 35 0,260416667
V46 Parques Tecnológicos 36 0,260416667
V31 Aprendizagem baseada em problemas 37 0,25
V36 Captação de recursos e investimentos. 38 0,25
V16 Empreendedor 39 0,239583333
V24 Preparação universitária 40 0,197916667
V30 Professor busca empresas para sala de aula 41 0,197916667
V37 Incentivo pelo professor 42 0,197916667
![Page 110: KYLDARE RODRIGUES MAIA EMPREENDEDORISMO E …](https://reader036.fdocumentos.tips/reader036/viewer/2022071722/62d3905ba75f1c2c82339ba7/html5/thumbnails/110.jpg)
110
V38 Satisfação do aluno pela metodologia aplicada em
sala
43 0,177083333
V19 Políticas Públicas e tributárias 44 0,135416667
V45 Acompanhamento de trabalhos das incubadoras 45 0,083333333
V41 Metodologia de Ensino Satisfatório 46 0
Observa-se que as últimas 17 colocações do ranking são ocupadas, na sua grande
maioria, por variáveis categorizadas nas abordagens de ensino (V29, V34, V35, V31, V36, V30,
V37, V38 e V41), trazendo à tona problemas específicos que devem ser sanados para que os
alunos possam ter espírito e vontade de empreender. Destaca-se o (V41), no qual os alunos
demonstram total insatisfação pelos métodos utilizados em sala de aula para promover
assuntos relacionados ao empreendedorismo.
As melhorias específicas avaliadas devem ser direcionadas a: 1) Aplicação da prática
pelos professores em sala de aula; 2) Incentivo aos alunos para participação de projetos ou
engajamento em empresa júnior; 3) Abordagens de temáticas relacionadas à propriedade
intelectual; 4) Aproximar empresas do ambiente universitário a fim de familiarizar os
estudantes com os entraves e oportunidades do mercado, além de colocá-los em situações-
problema com o objetivo de argumentar sobre as possíveis soluções; 5) instruir os alunos
quanto à captação de recursos e investimentos para empreender; 6) Incentivar os alunos por
meio de metodologias diferenciadas com o objetivo de motivá-los na aprendizagem.
Por outro lado, no que diz respeito à caracterização e tipologia dos empreendedores, é
possível perceber que 11 das 18 variáveis estiveram concentradas entre as 20 melhores
posições, em outras palavras, estiveram com mais 50% de concordância dos respondentes.
Entretanto, tal fato mostrou que algumas competências devem ser trabalhadas com a
finalidade de acrescentar nas habilidades ou atitudes dos alunos, como por exemplo: 1) A
proatividade; 2) A visão dos alunos quanto às inúmeras oportunidades apresentadas no
mercado de trabalho; 3) A motivação para se dedicarem ao máximo às suas atividades; 4)
Criatividade e inovação; e, por fim, 5) Inteligência na execução.
Em relação aos obstáculos enfrentados, nota-se que todas as variáveis ficaram com
frequências abaixo dos 50%, transparecendo que o ensino da Universidade no tocante a
preparação dos alunos para enfrentar os entraves do mercado encontra-se deficiente. É preciso
que se destaque alternativas e oportunidades para empreender em situações de crise
econômica ou de meios para angariar recursos de terceiros com o objetivo de financiar seus
futuros negócios.
![Page 111: KYLDARE RODRIGUES MAIA EMPREENDEDORISMO E …](https://reader036.fdocumentos.tips/reader036/viewer/2022071722/62d3905ba75f1c2c82339ba7/html5/thumbnails/111.jpg)
111
Quanto às motivações, é possível verificar que tanto a voltado para oportunidade como
para a necessidade tiveram valores muito próximos, em torno dos 62%. Torna-se preocupante
saber que os alunos tem o empreendedorismo como um escape para situações de desemprego,
já que tal atitude, muitas vezes, acaba por desestabilizar a continuidade das empresas por,
geralmente, não haver uma pesquisa de mercado ou demanda por determinado produto ou
serviço. Além disso, os alunos demonstraram que estão insatisfeitos com as políticas públicas
e tributárias oferecidas pelo governo.
Dessa forma, tratar de assuntos como: 1) a importância do planejamento para o
sucesso empresarial; e, 2) trabalhos voltados para averiguação de oportunidades e demandas,
se tornam essenciais para moldar os alunos a evitarem esse empreendedorismo por
necessidade.
No tocante a meios empreender, é possível verificar que muitos alunos possuem
conhecimentos sobre a existência de incubadoras, os ambientes de incentivos ao
empreendedorismo na Universidade, bem como “startups”, assuntos estes retratados nas
afirmações V44, V42 e V43, respectivamente.
Entretanto, as afirmações que diziam respeito a conhecimento de parques tecnológicos
e acompanhamento do trabalho das incubadoras nas universidades retrataram valores baixos
e, portanto, necessários de se verificar a ponto de realizar ajustes para uma maior
familiaridade dos alunos.
Sistematizar os resultados por categoria também facilita na leitura dos dados,
conforme Tabela 14.
Tabela 14 – Ranking por categoria
V(x) Variáveis acerca do Empreendedorismo Índice R
Caracterização e tipologia dos empreendedores
V11 Confiança 0,90625 1
V6 Capacidade de trabalho e energia 0,895833333 2
V8 Motivação para resultados positivos 0,875 3
V5 Competência em relação humanas 0,822916667 4
V2 Organização 0,78125 5
V12 Responsabilidade 0,78125 6
V13 Saber lidar com erros 0,697916667 7
V7 Responsabilidade 0,604166667 8
V10 Confiança 0,572916667 9
V9 Saber lidar com erros 0,541666667 10
V18 Apoio Familiar para empreender 0,520833333 11
V1 Proatividade 0,427083333 12
V17 Familiaridade com o empreendedorismo 0,416666667 13
V3 Independência 0,375 14
![Page 112: KYLDARE RODRIGUES MAIA EMPREENDEDORISMO E …](https://reader036.fdocumentos.tips/reader036/viewer/2022071722/62d3905ba75f1c2c82339ba7/html5/thumbnails/112.jpg)
112
V4 Dedicação ao negócio 0,333333333 15
V14 Criatividade e inovação 0,333333333 16
V15 Inteligência na execução 0,3125 17
V16 Empreendedor 0,239583333 18
Motivações
V20 Empreendedorismo por necessidade 0,625 1
V21 Empreendedorismo por oportunidade 0,614583333 2
V19 Políticas Públicas e tributárias 0,135416667 3
Obstáculos
V22 Preparação universitária 0,4375 1
V25 Financiamento e Recursos 0,395833333 2
V23 Economia 0,385416667 3
V24 Preparação universitária 0,197916667 4
Abordagens de Ensino
V28 Teoria aplicada à prática 0,875 1
V33 Atividades em grupo 0,770833333 2
V40 Formação acadêmica de possível sócio 0,6875 3
V26 Plano de Negócio 0,666666667 4
V39 Importância da disciplina 0,614583333 5
V27 Método Canvas 0,416666667 6
V32 Aprendizagem baseada em problemas 0,416666667 7
V29 Aplicação pelo professor da prática 0,375 8
V34 Empresa Junior 0,302083333 9
V35 Propriedade Intelectual (Patentes) 0,260416667 10
V31 Aprendizagem baseada em problemas 0,25 11
V36 Captação de recursos e investimentos. 0,25 12
V30 Professor busca empresas para sala de aula 0,197916667 13
V37 Incentivo pelo professor 0,197916667 14
V38 Satisfação do aluno pela metodologia aplicada em
sala
0,177083333 15
V41 Metodologia de Ensino Satisfatório 0 16
Meios de Empreender
V44 Incubadoras na universidade 0,604166667 1
V42 Ambientes de incentivo na universidade 0,552083333 2
V43 Conhecimento acerca Startups 0,510416667 3
V46 Parques Técnológicos 0,260416667 4
V45 Acompanhamento de trabalhos das incubadores 0,083333333 5
Fonte: Elaboração Própria (2016).
Baseando nesses resultados, busca-se analisar as hipóteses de pesquisa. Observa-se,
que a hipótese 1 (H1) - A disciplina de empreendedorismo disponibilizada pela Universidade
Federal do Rio Grande do Norte está sendo oferecida da forma satisfatória.; foi refutada pois
os métodos utilizados pelos professores em sala de aula não estão sendo compatíveis com as
expectativas dos alunos.
Entretanto, em relação à hipótese 2 (H2), na qual afirma que os alunos da UFRN se
interessam pela disciplina que aborda o empreendedorismo e a veem como requisito para seu
sucesso profissional; foi validada, visto que os alunos possuem interesse, buscam entender o
caminho do empreendedorismo, mas desmotivam, muitas vezes, por não serem colocados em
![Page 113: KYLDARE RODRIGUES MAIA EMPREENDEDORISMO E …](https://reader036.fdocumentos.tips/reader036/viewer/2022071722/62d3905ba75f1c2c82339ba7/html5/thumbnails/113.jpg)
113
situações que os coloquem como gestor ou empresário responsável para adquirirem a devida
experiência necessária para aflorar sentimentos voltados ao querer empreender.
5.4 – PROPOSTAS DE MELHORIAS
As seções anteriores buscavam conhecer as características relacionadas ao
comportamento empreendedor dos alunos da Universidade Federal do Rio Grande do Norte,
bem como mensurar a relação da temática do empreendedorismo com abordagens de ensino;
obstáculos; motivações; e, meios de empreender.
Os problemas identificados relacionados ao empreendedorismo acadêmico devem ser
o ponto de partida para o aperfeiçoamento das metodologias praticadas atualmente na
universidade. Diante isso, a partir da avaliação das deficiências universitária que acabam por
dificultar no processo e desenvolvimento do ser empreendedor dos alunos é possível sugerir
melhorias.
As melhorias sugeridas neste estudo procuram resolver questões pontuais, mas de
grande importância para a evolução dos alunos como futuros empreendedores, além de
proporcionar, dessa maneira, possível desenvolvimento regional. Possivelmente, algumas
práticas sugeridas poderão ser replicadas em instituições semelhantes.
1) Reajustar as metodologias de ensino aplicadas em sala de aula com o intuito de
aumentar a absorção e motivação dos alunos.
Conforme demonstrado na avaliação de dados, a metodologia aplicada em sala de aula
para promover o empreendedorismo na UFRN não tem sido bem recepcionada pelos alunos.
Muitos afirmam que os professores não tem abordado o assunto acerca da temática de forma
prática, sendo restritos somente a aulas meramente expositivas e apresentadas de forma
superficial; inclusive sendo uma das prioridades em termos de ação visto que na própria
pesquisa ficou em último lugar no ranking de concordância de afirmações gerado pelos
respondentes.
Desenvolver métodos deficientes de ensino para abordar tal assunto converge em
consequências graves, como por exemplo: crescentes incertezas e inseguranças nos alunos.
Dessa forma, estruturar aulas com ferramentas que, segundo os alunos, estão sendo
pouco utilizadas e que certamente irá influenciar positivamente em seus comportamentos
torna-se figura importante. Pode-se elucidar como ferramentas significativas para desenvolver
![Page 114: KYLDARE RODRIGUES MAIA EMPREENDEDORISMO E …](https://reader036.fdocumentos.tips/reader036/viewer/2022071722/62d3905ba75f1c2c82339ba7/html5/thumbnails/114.jpg)
114
os alunos de maneira favorável a aprendizagem baseada em problemas; a utilização de meios
práticos para aprofundar o conhecimento transmitido em sala de aula; e, a aprendizagem
cooperativa.
Nesse contexto, a universidade ganharia com uma maior participação dos alunos e,
possivelmente em médio prazo, mudar esse pensamento e cultura da necessidade da obtenção
da aprovação em um concurso público e, posteriormente, se acomodar com tal situação.
2) Concentrar maiores esforços para alavancar características de menor incidência
nos alunos, mas que são predominantes em pessoas empreendedoras.
Percebe-se que muitos alunos não se consideram criativos, inovadores ou proativos, e
estas competências geram comportamentos muito importantes no processo empreendedor das
pessoas.
Assim, incentivar os alunos e aplicar técnicas simples de geração de ideias e
comportamentos que apoiam o pensamento criativo devem ser discutidas e praticadas na
universidade, incentivando os alunos a gerar novas soluções e criar novos conhecimentos nas
mais diferentes áreas. Esse estímulo trará confiança aos estudantes na sua habilidade de
inventar soluções para os problemas.
3) Aproximar as empresas da universidade para que os alunos possam ter uma
visão mais abrangente frente ao mercado profissional.
Buscar aproximar as empresas da universidade, principalmente para salas de aula,
seria de suma importância, visto que nesses momentos os alunos conseguem enxergar a
realidade do mundo profissional, vislumbrando as dificuldades e obstáculos do ramo
desejado, os caminhos que poderão ser trilhados, além da possibilidade de se discutir e
analisar os pensamentos acadêmicos com os empresariais.
Além disso, a organização pela universidade de workshops ou seminários direcionados
para o empreendedorismo e a promoção de palestras com empresas de sucesso seriam
diferencias na absorção e interesse pelo assunto.
4) Realizar atividades que integrem os ambientes incentivadores de
empreendedorismo na universidade.
![Page 115: KYLDARE RODRIGUES MAIA EMPREENDEDORISMO E …](https://reader036.fdocumentos.tips/reader036/viewer/2022071722/62d3905ba75f1c2c82339ba7/html5/thumbnails/115.jpg)
115
De acordo com a pesquisa nota-se uma ausência de conhecimento, por parte de muitos
alunos, dos ambientes incentivadores do empreendedorismo na universidade, como por
exemplo: empresas juniores, incubadoras ou parques tecnológicos.
Isto posto, integrar e diminuir as distâncias entre esses ambientes e a sala de aula se
faz essencial para o desenvolvimento do comportamento empreendedor e do interesse dos
alunos para com o empreendedorismo.
5) Incluir a disciplina de empreendedorismo como curricular obrigatória para todos
os cursos da UFRN.
Tornar a disciplina como obrigatória para os cursos oferecidos pela UFRN trará uma
nova perspectiva aos alunos que não tem a oportunidade de cursá-la; desenvolvendo visão
empresarial e qualificação para identificar oportunidades ou lacunas existentes. Diversos
cursos não disponibilizam as disciplinas nem como optativas, dificultando o processo de
mudança cultural e comportamental existente no estado do Rio Grande do Norte.
![Page 116: KYLDARE RODRIGUES MAIA EMPREENDEDORISMO E …](https://reader036.fdocumentos.tips/reader036/viewer/2022071722/62d3905ba75f1c2c82339ba7/html5/thumbnails/116.jpg)
116
CAPÍTULO 6 – CONSIDERAÇÕES FINAIS
O presente estudo auxilia tanto as instituições de ensino superior quanto os docentes
da área de empreendedorismo, de tal forma que possam ter uma nova visão sobre um tema de
suma importância e que tem ganhado destaque no meio organizacional. As instituições por
direcionar seus esforços na capacitação de jovens alunos, fomentando a geração de
conhecimentos e habilidades, dessa forma trabalhando em prol da impulsão do
desenvolvimento econômico e social. Para os docentes, pois contribui com a compreensão do
seu papel como facilitador da temática a ser construída em sala de aula; e, para analisar as
expectativas e entendimentos que cercam os alunos.
Dessa forma, este capítulo apresenta as considerações finais do estudo revelando os
principais resultados alcançados em confronto com os objetivos propostos. Posteriormente,
expõe os limites para o desenvolvimento da pesquisa, as contribuições e as sugestões para
pesquisas futuras.
O trabalho realizou uma pesquisa bibliográfica com a finalidade de promover uma
fundamentação teórica consistente e relevante sobre o empreendedorismo e abordagens de
ensino para desenvolver comportamentos, habilidades e atitudes empreendedoras nos alunos.
Nesse contexto, a pesquisa bibliográfica revelou os primórdios do empreendedorismo
demonstrando a evolução e importância da universidade no contexto mundial e brasileiro; o
modelo tripla hélice, destacando a importância da participação do governo, empresas e
instituições a fim de contribuir na promoção do empreendedorismo; e destacou métodos e
técnicas eficientes de ensino para evolução dos estudantes quanto empreendedores.
Os elementos teóricos, resultantes da revisão bibliográfica, permitiram realizar
estratificação dos perfis empreendedores e uma avaliação dos métodos utilizados em sala de
aula nas universidades de modo a contribuir no processo de aprendizagem e absorção do
assunto e, consequentemente, influenciar na busca pelos estudantes dessa vertente
colaborando com todos e de uma maneira geral. Nesse sentido, o trabalho realizado na
Universidade Federal do Rio Grande do Norte se revelou possível de replicação em outras
universidades.
Os dados obtidos neste estudo referem-se aos estudantes matriculados em disciplinas
que abordassem o empreendedorismo na UFRN durante o período de 2014 a 2016, foram
quantificados por meio do sistema próprio da universidade denominado SIG em seu modelo
![Page 117: KYLDARE RODRIGUES MAIA EMPREENDEDORISMO E …](https://reader036.fdocumentos.tips/reader036/viewer/2022071722/62d3905ba75f1c2c82339ba7/html5/thumbnails/117.jpg)
117
SIGAA, e posteriormente coletados mediante questionário. Realizando a análise descritiva
dos dados, possibilitou-se conhecer o perfil e a realidade do processo de aprendizagem dos
alunos, bem como dos métodos desenvolvidos pelos professores.
Os dados, particularmente, revelaram que a variável de maior valor perante os alunos é
a capacidade de confiança no alcance de seus resultados (90,6%), entretanto, a que menos se
destacou e foi mais crítica relacionou-se a metodologia de ensino apresentada pela UFRN
para transmitir conhecimentos acerca do empreendedorismo (0,00%); confirmando a
necessidade de mudanças nas abordagens de ensino, estimou-se que somente 17,7% dos
alunos estavam satisfeitos com os métodos aplicados por seus respectivos professores. Além
disso, verificou que os estudantes da UFRN possuem um perfil mais próximo e direcionado
para vendas.
Das 16 proposições avaliadas quanto às abordagens de ensino utilizadas em sala de
aula, 11 se mostraram críticas quanto à utilização em sala de aula, devido aos resultados
abrangerem proporções abaixo dos 50%, ratificando a existência de problemas que devem ser
sanados na universidade para que o empreendedorismo passe a transcorrer de forma positiva
na região do Rio Grande do Norte, já que tantos alunos veem o ato de empreender como uma
ação de grande risco e insegurança. As abordagens de ensino já utilizadas poderiam ser
complementadas com ferramentas que direcionem o desenvolvimento de competências
deficientes nos alunos como criatividade e proatividade, como por exemplo, a aprendizagem
baseada em problemas, também conhecida como PBL.
De modo geral esta dissertação conseguiu atingir os objetivos gerais e específicos
definidos de forma satisfatória, pois o delineamento da pesquisa possibilitou compreender o
empreendedorismo a nível global, as abordagens de ensino utilizadas para facilitar o
entendimento dos discentes e as maneiras de desenvolver comportamentos empreendedores
por meio da aprendizagem.
Como limitações ao estudo tem-se a disponibilização dos estudantes para responder os
questionários, assim dificultando a obtenção de dados. Outra limitação está relacionada a
participação de docentes para complementar a pesquisa e, dessa forma, discutir os resultados
em ambos lados.
Uma das contribuições desta pesquisa no contexto literário é produzir novos
conhecimentos sobre o empreendedorismo e as abordagens de ensino para transmissão de
competências suficientes para tornar possível e desejado pelos alunos o empreender,
![Page 118: KYLDARE RODRIGUES MAIA EMPREENDEDORISMO E …](https://reader036.fdocumentos.tips/reader036/viewer/2022071722/62d3905ba75f1c2c82339ba7/html5/thumbnails/118.jpg)
118
preenchendo uma lacuna ainda existente, principalmente na literatura brasileira. Como
sugestão de pesquisa futura, tem-se replicação desse estudo em outras universidades para
comprovar os resultados definidos nesse estudo e, ainda, complementar com uma visão dos
docentes.
![Page 119: KYLDARE RODRIGUES MAIA EMPREENDEDORISMO E …](https://reader036.fdocumentos.tips/reader036/viewer/2022071722/62d3905ba75f1c2c82339ba7/html5/thumbnails/119.jpg)
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127
APÊNDICE A
Questionário
QUESTIONÁRIO
Protocolo de pesquisa: o presente questionário tem como objetivo reunir dados primários
que sustentarão a análise do perfil dos estudantes da Universidade Federal do Rio Grande do
Norte que cursam ou cursaram a disciplina de Empreendedorismo bem como os métodos
utilizados pelos professores para difundir tal conhecimento. Os resultados a serem obtidos são
de fundamental importância para a conclusão da pesquisa de mestrado do Contador Kyldare
Rodrigues Maia, vinculado ao Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção
(PEP) da Universidade Federal do Rio Grande no Norte (UFRN).
PARTE 1 – CARACTERIZAÇÃO E TIPOLOGIA DOS EMPREENDEDORES
(ESTUDANTES).
Sexo M F
Idade
Curso
Semestre que pagou a Disciplina de
Empreendedorismo
A disciplina de Empreendedorismo é
obrigatória?
Neste questionário você vai encontrar uma série de frases que descrevem opiniões de alunos
em relação às disciplinas que incentivam o empreendedorismo. Para responder, leia as frases a
seguir e assinale junto a cada frase o número que melhor representa sua opinião, de acordo
com a seguinte escala:
1 2 3 4 5
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE
CENTRO DE TECNOLOGIA
PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA DE PRODUÇÃO
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Discordo
Totalmente
Discordo em
partes
Nem discordo
Nem concordo
Concordo em
partes
Concordo
Plenamente
1) Se vislumbro alguma oportunidade no mercado quero logo fazer um plano de negócio
e colocá-lo em prática.
Discordo Totalmente 1 2 3 4 5 Concordo Plenamente
2) Acho essencial e importante um plano de negócio.
Discordo Totalmente 1 2 3 4 5 Concordo Plenamente
3) Busco a todo custo minha independência e que seja no setor privado.
Discordo Totalmente 1 2 3 4 5 Concordo Plenamente
4) Trabalharia, se possível e por um finalidade, 24h por dia mesmo não recebendo nada
no final do mês.
Discordo Totalmente 1 2 3 4 5 Concordo Plenamente
5) Gosto muito de trabalhar e, principalmente, lidar com pessoas.
Discordo Totalmente 1 2 3 4 5 Concordo Plenamente
6) Executo todas as minhas atribuições esforçadamente e da melhor maneira possível
Discordo Totalmente 1 2 3 4 5 Concordo Plenamente
7) Nunca deixo para amanhã o que posso e consigo fazer hoje.
Discordo Totalmente 1 2 3 4 5 Concordo Plenamente
8) Possuo alta motivação para resultados positivos.
Discordo Totalmente 1 2 3 4 5 Concordo Plenamente
9) Os resultados negativos não me abalam, com eles consigo identificar minhas
fragilidades e busco novas capacitações.
Discordo Totalmente 1 2 3 4 5 Concordo Plenamente
10) Sou muito qualificado e acredito que seja um diferencial perante o mercado
profissional.
Discordo Totalmente 1 2 3 4 5 Concordo Plenamente
11) Confio nos resultados alcançados pelas minhas atividades.
![Page 129: KYLDARE RODRIGUES MAIA EMPREENDEDORISMO E …](https://reader036.fdocumentos.tips/reader036/viewer/2022071722/62d3905ba75f1c2c82339ba7/html5/thumbnails/129.jpg)
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Discordo Totalmente 1 2 3 4 5 Concordo Plenamente
12) Não tenho problemas em assumir grandes responsabilidades.
Discordo Totalmente 1 2 3 4 5 Concordo Plenamente
13) Se eu fracassar, persisto, porém, de outra maneira.
Discordo Totalmente 1 2 3 4 5 Concordo Plenamente
14) Me considero um aluno muito criativo.
Discordo Totalmente 1 2 3 4 5 Concordo Plenamente
15) Sempre executo minhas ideias e elas geram um valor agregado.
Discordo Totalmente 1 2 3 4 5 Concordo Plenamente
16) Não tenho como prioridade no planejamento da minha carreira profissional prestar
concursos públicos.
Discordo Totalmente 1 2 3 4 5 Concordo Plenamente
17) Tenho familiares que inspiram o meu ser empreendedor.
Discordo Totalmente 1 2 3 4 5 Concordo Plenamente
18) O apoio familiar é essencial para o meu desenvolvimento como empreendedor.
Discordo Totalmente 1 2 3 4 5 Concordo Plenamente
PARTE 2 – MOTIVAÇÕES.
19) Os incentivos oferecidos pelo Governo Federal são suficientes possa abrir uma
empresa.
Discordo Totalmente 1 2 3 4 5 Concordo Plenamente
20) Após a graduação, se eu estiver desempregado, uma alternativa seria abrir uma
pequena empresa.
Discordo Totalmente 1 2 3 4 5 Concordo Plenamente
21) Só abro uma empresa se eu vir que o mercado necessita do serviço/produto que posso
oferecer.
Discordo Totalmente 1 2 3 4 5 Concordo Plenamente
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PARTE 3 – OBSTÁCULOS.
22) Não tenho medo de entrar no mercado de trabalho por conta própria, pois me
considero preparado para atuar.
Discordo Totalmente 1 2 3 4 5 Concordo Plenamente
23) Independente da crise econômica instaurada no país, me vejo empreendendo de
alguma forma.
Discordo Totalmente 1 2 3 4 5 Concordo Plenamente
24) A universidade me preparou para o mercado profissional.
Discordo Totalmente 1 2 3 4 5 Concordo Plenamente
25) Se eu não tiver recursos próprios suficientes para abertura de um negócio, sei de outras
maneiras de obtê-los.
Discordo Totalmente 1 2 3 4 5 Concordo Plenamente
PARTE 4 – ABORDAGENS DE ENSINO.
26) Meu professor de empreendedorismo solicitou atividades para desenvolvermos um
plano de negócio.
Discordo Totalmente 1 2 3 4 5 Concordo Plenamente
27) Conheço e foi abordado em sala de aula o método de planejamento estratégico Canvas.
Discordo Totalmente 1 2 3 4 5 Concordo Plenamente
28) Como aluno gosto de estudar a teoria aplicada à prática.
Discordo Totalmente 1 2 3 4 5 Concordo Plenamente
29) Meu professor da área de empreendedorismo tem aplicado exercícios práticos na
disciplina.
Discordo Totalmente 1 2 3 4 5 Concordo Plenamente
30) Os professores que desenvolvem a temática de empreendedorismo solicitam atividades
em parcerias com empresas privadas.
Discordo Totalmente 1 2 3 4 5 Concordo Plenamente
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31) Tenho realizado atividades com empresas privadas em busca de novas soluções para
problemas gerenciais.
Discordo Totalmente 1 2 3 4 5 Concordo Plenamente
32) Já consegui resolver problemas operacionais de empresas por meio do conhecimento
de alguma disciplina oferecida pela universidade.
Discordo Totalmente 1 2 3 4 5 Concordo Plenamente
33) As disciplinas da Universidade, sobretudo de empreendedorismo, solicitam atividades
em grupo.
Discordo Totalmente 1 2 3 4 5 Concordo Plenamente
34) Meu curso possui empresa júnior e sou motivado a participar das atividades.
Discordo Totalmente 1 2 3 4 5 Concordo Plenamente
35) Propriedade Intelectual tem sido uma temática discutida em sala de aula.
Discordo Totalmente 1 2 3 4 5 Concordo Plenamente
36) A captação de recursos e investimentos tem sido uma temática abordada em sala de
aula
Discordo Totalmente 1 2 3 4 5 Concordo Plenamente
37) Meu professor implementa diferentes ferramentas para incentivar o empreendedorismo
em sala de aula.
Discordo Totalmente 1 2 3 4 5 Concordo Plenamente
38) Acredito que a disciplina de empreendedorismo esteja sendo satisfatória no que diz
respeito a procedimento metodológico adotado.
Discordo Totalmente 1 2 3 4 5 Concordo Plenamente
39) A disciplina ou o assunto sobre empreendedorismo tem sido uma temática importante
e interessante para meu futuro profissional.
Discordo Totalmente 1 2 3 4 5 Concordo Plenamente
40) Na abertura da minha empresa, caso tenha sócio, sua qualificação e graduação serão
essenciais.
Discordo Totalmente 1 2 3 4 5 Concordo Plenamente
![Page 132: KYLDARE RODRIGUES MAIA EMPREENDEDORISMO E …](https://reader036.fdocumentos.tips/reader036/viewer/2022071722/62d3905ba75f1c2c82339ba7/html5/thumbnails/132.jpg)
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41) O método de ensino quanto ao Empreendedorismo da UFRN é satisfatório.
Discordo Totalmente 1 2 3 4 5 Concordo Plenamente
PARTE 5 – MEIOS DE EMPREENDER.
42) Aprendi na disciplina de empreendedorismo que na universidade existem ambientes de
incentivo ao empreendedorismo.
Discordo Totalmente 1 2 3 4 5 Concordo Plenamente
43) Conheço e me interesso pelo assunto startup.
Discordo Totalmente 1 2 3 4 5 Concordo Plenamente
44) Sei da existência de incubadoras de empresas na universidade.
Discordo Totalmente 1 2 3 4 5 Concordo Plenamente
45) Busco acompanhar o trabalho das incubadoras na universidade.
Discordo Totalmente 1 2 3 4 5 Concordo Plenamente
46) Conheço e sei os objetivos dos parques tecnológicos no RN e Brasil.
Discordo Totalmente 1 2 3 4 5 Concordo Plenamente
47) Qual metodologia você propõe para melhoria de ensino da UFRN do futuro?