A INFLUÊNCIA DA CULTURA POP JAPONESA NAS COLUNAS ZONA OTAKU (DIÁRIO DO NORDESTE) E J-POP (O POVO)...
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1
FUNDAÇÃO EDSON QUEIROZUNIVERSIDADE DE FORTALEZA
ENSINANDO E APRENDENDO
COMUNICAÇÃO SOCIAL - JORNALISMO
CLEIDINALDIA MAIA RODRIGUES
A INFLUÊNCIA DA CULTURA POP JAPONESA NAS COLUNAS ZONA OTAKU (DIÁRIO DO NORDESTE) E J-POP
(O POVO)
FORTALEZA2011
2
(Observação do Examinador)
3
CLEIDINALDIA MAIA RODRIGUES
A INFLUÊNCIA DA CULTURA POP JAPONESA NAS COLUNAS ZONA OTAKU (DIÁRIO DO NORDESTE) E J-POP
(O POVO)
Monografia apresentada ao curso de Comunicação Social com habilitação em Jornalismo da Universidade de Fortaleza como requisito para obtenção do grau de bacharel, sob a orientação do (a) Professor Joana D’arc Dutra.
FORTALEZA2011
4
FUNDAÇÃO EDSON QUEIROZUNIVERSIDADE DE FORTALEZA
ENSINANDO E APRENDENDO
TERMO DE APROVAÇÃO
A INFLUÊNCIA DA CULTURA POP JAPONESA NAS COLUNAS ZONA OTAKU (DIÁRIO DO NORDESTE) E J-POP
(O POVO)
CLEIDINALDIA MAIA RODRIGUES
Monografia apresentada no dia 16 de junho de 2011, como requisito parcial para obtenção do título de bacharel em Comunicação Social com habilitação em Jornalismo da Universidade de Fortaleza, tendo sido aprovada pela Banca Examinadora composta pelos professores:
BANCA EXAMINADORA
____________________________Prof.(a) Ms. Joana D'arc Dutra
Orientador
____________________________Prof.(a) Ms. Janayde De Castro Goncalves
Examinador
____________________________Prof.(a)Ms. Solange Maria Morais Teles
Examinador
FORTALEZA2011
5
Dedico este trabalho a minha família, e
em especial aos meus pais, José Ernaldo
Rodrigues da Silva e Maria Marcleide
Maia Rodrigues.
6
Agradecimentos
Agradeço ao professor Eduardo Freire, que na época ministrava a disciplina de
Teoria e Método de Pesquisa, e que me ajudou a perceber que era possível
trabalhar o jornalismo e a cultura pop japonesa no Ceará. À Professora Kátia
Patrocínio, que me inspirou com a sua dedicação e amor pelo rádio o que me
incentivou a querer também a trabalhar com algo que também me desse prazer,
mesmo que não sendo sobre o rádio.
À minha irmã Nayane que esteve sempre presente e me incentivando na
produção desse trabalho. À minha amiga Mirtila Facó que também me ajudou tanto
nos momentos de crise, encontrando sempre um tempo para me ouvir. E à todos os
amigos que fiz durante as etapas da minha vida acadêmica .
À professora Joana D’arc Dutra, por aceitar ser minha orientadora, trabalhando
esse tema e confiando em mim nessa empreitada de desenvolver a pesquisa sobre
as colunas e cultura pop japonesa.
Ao Laboratório de Estudos e Pesquisas Orientais, o L.E.P.O., que me ajudou a
encontrar muitas das referências bibliográficas relacionadas à cultura japonesa e a
cultura pop japonesa.
Ao Roberto Leite, jornalista da coluna J-Pop do jornal O Povo, assim com
também à jornalista Diana Vasconcelos da coluna Zona Otaku do Diário do
Nordeste, que foram muito acessíveis quando precisei trabalhar a entrevista em
profundidade para a minha pesquisa.
E a Deus, por ter me dado saúde, inteligência e potencial para que possa traçar
o meu caminho e fazer a minhas escolhas de forma coerente e sensata.
7
RESUMO
A influência da cultura pop japonesa no surgimento das colunas J-Pop, do jornal O Povo, e Zona Otaku, do Diário do Nordeste. A escolha do tema partiu da percepção pessoal do crescimento gradativo e da visibilidade da Super Amostra Nacional de Animês (Sana) e da curiosidade jornalística sobre o principal motivo da abertura de espaços de cultura pop japonesa nos jornais cearenses. Para isso, antes de trabalhar diretamente com os objetos de estudo, foi feita uma contextualização histórica sobre a imigração japonesa, seguindo da pesquisa bibliográfica a presença dos japoneses na mídia brasileira e cearense, proporcionando, assim, uma ambientação do universo estudado pela pesquisa. A segunda parte do trabalho aborda os conceitos de cultura pop, cultura pop japonesa e alguns dos elementos que compõe o espaço pop nipônico. Por fim, são abordados os conceitos do produto jornalístico denominado de coluna, com isso traçando um perfil editorial dos assuntos trabalhados.
Palavras-chave: Imigração japonesa, Cultura pop, Cultura pop japonesa, O Povo,Diário do Nordeste.
8
ABSTRACT
The Japanese's culture as a reason for the beginning of two different issues: J-Pop, from O Povo newspaper; and Zona Otaku, from Diário do Nordeste newspaper. The choice is the result of a previous personal analyze about the increased visibility of the Super Amostra Nacional de Animês (Sana) by this two newspapers in Ceará. For this research, it is necessary to contextualize the history about the Japanese's migration in Brazil, following the presence of Japaneses people in Brazilian and local press, which it brings the possibility to construct the universe of this research. The second part is focused in the concepts about “Pop Culture”, “Japanese Pop Culture” and some elements that is related to the Nippon space. In the end, there is the case study, with the concepts about the column, bringing the editorial profile.
Key words: Japanese's migration, Pop culture, Japanese Pop Culture, O Povo.
Diário do Nordeste.
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SUMÁRIO
INTRODUÇÃO............................................................................................ 10
1 CULTURA JAPONESA NO BRASIL.......................................................... 121.1 Visões da imprensa brasileira sobre a imigração japonesa........................ 201.2 Presença dos japoneses no Ceará............................................................. 251.3 Cultura pop japonesa no Ceará e as colunas J-Pop e Zona Otaku............ 28
2 CULTURA POP E A CULTURA POP JAPONESA..................................... 292.1 Alguns elementos da cultura Pop Japonesa............................................... 322.1.1 Os mangás para os brasileiros................................................................... 372.1.2 Animês: animação no Japão e no Brasil.................................................... 392.1.3 Os cosplay e evento SANA........................................................................ 44
3 METODOLOGIAS APLICADAS À PESQUISA.......................................... 463.1 Jornalismo De Coluna................................................................................. 483.2 Coluna J-Pop Do Jornal O Povo................................................................. 493.3 Coluna Zona Otaku Do Jornal Diário Do Nordeste..................................... 523.4 Análise Das Colunas J-Pop (O Povo) E Zona Otaku (Diário do nordeste). 553.4.1 Coluna J-Pop (O Povo)............................................................................... 553.4.2 Coluna Zona Otaku (Diário do Nordeste)................................................... 56
CONSIDERAÇÕES FINAIS....................................................................... 58
REFERÊNCIAS.......................................................................................... 60ANEXOS..................................................................................................... 66
10
INTRODUÇÃO
O Trabalho de Conclusão de Curso, A Influência Da Cultura Pop Japonesa Nas
Colunas Zona Otaku (Diário Do Nordeste) E J-Pop (O Povo), tem como objetivo
identificar quais foram critérios utilizados para justificar a abertura de espaços sobre
cultura pop japonesa nos dois principais jornais na capital cearense e também qual a
proporção da influência de cultura pop japonesa existente em nosso estado nas
colunas J-Pop, do jornal O Povo, e Zona Otaku, do Diário do Nordeste.
A escolha do tema surgiu da união da percepção pessoal do crescimento de
eventos como a Super Amostra Nacional de Animes (SANA), a curiosidade por
saber qual o motivo principal da abertura de espaços nos jornais cearenses e como
são produzidas e veiculadas as informações sobre o tema.
Para isso, foi definido - em uma abordagem inicial - os conceitos de cultura
pop. Esses estudos trouxeram à tona a compreensão do significado da cultura pop
japonesa e da sua influência no Brasil e no Ceará.
O referencial teórico foi escolhido com base em autores utilizados em
pesquisas que atuam com a mesma temática. Os dados foram obtidos a partir de
uma pesquisa bibliográfica de produtos acadêmicos que tiveram como objeto a
cultura japonesa e a cultura pop japonesa. Entre eles, a autora Cristina Sato, uma
das maiores autoridades no assunto.
Para debater sobre as rotinas produtivas de cada coluna, foram estabelecidos
diálogos com autores - Nelson Traquina e Mauro Wolf - trabalhando os conceitos de
valores-notícia, com o objetivo de estabelecer quais os assuntos mais abordados
nas colunas.
A princípio foi realizada uma pesquisa bibliográfica dos principais livros e
artigos científicos sobre a cultura pop japonesa com o objetivo de disponibilizar
conceitos e conteúdos que possam facilitar a compreensão do tema abordado.
A metodologia utilizada é a entrevista em profundidade, técnica qualitativa que
procura explorar um assunto a partir da busca de informações, percepções e
experiências de informantes para analisá-las e apresentá-las de forma estruturada.
No nosso caso a entrevista em profundidade foi feita com editores jornalistas das
colunas de ambos os jornais.
11
O objetivo do método aplicado foi traçar um perfil histórico e estabelecer uma
compreensão das rotinas produtivas de cada um. Para isso, foi utilizado por meio do
método de seleção de uma amostra estratificada, do autor Jorge Pedro de Souza,
com base em períodos específicos como os meses em que acontece o evento pelo
qual justificaria a criação dessas colunas.
Foi analisado um total de 18 amostras, sendo nove do jornal Diário do Nordeste
e nove do jornal O Povo. O ano escolhido é 2010, período em que o evento de
cultura pop japonesa, o SANA, completou 10 anos de existência.
No primeiro momento da pesquisa o trabalho foi feita uma ambientação da
temática antes do trabalho de análise propriamente dos produtos propostos na
problematização trabalhada.
O primeiro capítulo foi dedicado à contextualização histórica necessária para
basear a presença e a influência do povo nipônico em nossa sociedade. Para isso,
partimos de um momento geral, no caso a chegada dos imigrantes japoneses no
Brasil e no Ceará. Depois apresentamos como a presença do povo japonês foi
registrada pela mídia brasileira e cearense.
No segundo capítulo foram abordados os conceitos de cultura pop e cultura
pop japonesa, assim como a contextualização histórica com o objetivo de explorar
satisfatoriamente alguns dos principais elementos pertencentes à cultura pop
japonesa.
No terceiro capítulo analisamos as colunas a partir dos dados estabelecidos
através das entrevistas em profundidade, onde foi possível traçar o perfil editorial de
cada coluna. Também foram realizados gráficos que mostraram a prevalência dos
assuntos trabalhados pelos espaços.
1 CULTURA JAPONESA NO BRASIL
Mesmo antes da chegada dos imigrantes japoneses no Brasil, a cultura
nipônica exercia um fascínio e curiosidade entre os artistas brasileiros. De acordo
com Del Rey (2008), o Brasil conheceu a ópera Madame Butterfly em 1904. A peça é
baseada nos livros Madame Chrysantheme, de Pierre Loti, e Madame Butterfly, de
John Luther Long. Já a pintora Anita Malfatti, por sua, vez, foi “considerada um
marco na história da arte moderna no Brasil e o 'estopim' da Semana de Arte
Moderna de 1922, nos termos do historiador Mário da Silva Brito”, que também tem
presente em suas obras à influência nipônica. Isso pode ser percebido pelas
pinturas “O Japonês”, de 1916, e “A boneca Japonesa”, de 1924. Já na literatura o
destaque era o escritor português Wenceslau de Moraes1, que possui um grande
número de obras inspiradas na cultura japonesa.
O imaginário nacional relacionado ao japonês, ainda na transição do século XIX para o XX, respirava os ares do japonismo, enquanto países como o Peru e, principalmente, os Estados Unidos viviam um momento de redefinição dos discursos relativos ao imigrante japonês que ali se radicava. Esse fato é de suma importância para compreendermos a diferença de sintonia entre o Brasil e os outros dois países imigrantistas. A operação de desconstrução do mito de “país das gueixas” e da estética naif associada ao japonismo começou a entrar em evidência a partir da publicação da obra No Japão, do diplomata Oliveira Lima (1903). (...) Esse processo de transformação das formas de representar o japonês no imaginário nacional pode ser constatado nos discursos veiculados posteriormente, a partir da chegada dos imigrantes japoneses ao Brasil (1908). (DEZEM, 2005, p.11-12).
Segundo Takeuchi (2008, p.17), “a história da imigração japonesa no Brasil
começa oficialmente em 18 de junho de 1908, data em que o vapor Kasato Maru
atracou no Porto de Santos, trazendo 781 imigrantes japoneses.”, todos
selecionados pela Companhia Imperial de Colonização Ltda, responsável pelo
recrutamento de trabalhadores para as fazendas paulistas de café.
Para compreender a trajetória e o processo de integração dos imigrantes
japoneses no Brasil, assim como o contexto histórico deste fenômeno social e
1 “livros: Traços do Extremo Oriente: Sião, China e Japão (1895); Dai-Nippon (1897); Cartas do Japão (1904); O Culto do Chá (1905); O Bom-Odori em Tokushima (1916); O-Yoné e Kó-Haru (1923); Paisagens da China e do Japão (1924); Os Serões no Japão (1925); Relance da Alma Japonesa (1926) e Osoroshi (1933)”. (DEL REY, 2008).
12
político do século XX, Takeuchi (2008) defende que se precisam considerar três
momentos distintos.
Na 1ª fase (1908 – 1930) a política imigratória japonesa e o seu caráter oficial
eram vistos como perigosos do ponto de vista étnico, pois “desde a abolição da
escravatura, em 1888, o temor da 'mongolização' da população brasileira pela
introdução de sangue asiático nos trópicos se fez presente no discurso das elites
agrárias e intelectuais”. Já do ponto de vista político era fato consumado, pois, assim
como fala Ishitani (2008, p. 88) em 1895 os Ministros Plenipotenciários2 do Brasil e
do Japão assinaram, na cidade de Paris, o Tratado de Amizade, Comércio e
Navegação, vinculando oficialmente os dois países, firmando, assim, a migração dos
japoneses no Brasil.
Durante a 2ª Fase (1930 – 1945) da integração japonesa, o Brasil passava pela
Revolução de 1930, seguida da instituição do Estado Novo (1937 – 1945), onde a
palavra de ordem era a centralização do Estado e a instalação de uma política de
nacionalização. Isso afetou significativamente a comunidade nipônica, pois eram
tempos de repressão cultural e política, que foram acentuados com o início da
Segunda Guerra Mundial e o posicionamento do Brasil a favor do Eixo dos Aliados
em 1942, grupo oposto ao do Japão.
A 3ª Fase (1952 – 2007) marca a retomada da imigração japonesa no pós-
guerra, quando os conflitos internos das comunidades japonesas foram amenizados,
marcando o começo da efetiva integração dos japoneses e seus descendentes à
sociedade brasileira.
Para a autora, a influência japonesa na sociedade brasileira pode ser percebida
nos mais diferentes setores, como Arte, esporte, culinária, religião, nas profissões
liberais e mesmo no campo político. Isso pode ser constatado de forma mais
particular na cidade de São Paulo, onde muitas das manifestações dessa cultura
tiveram sua origem no Bairro da Liberdade e, de certa forma, permanecem até hoje.
O Bairro da Liberdade, um dos mais importantes atrativos turísticos da cidade de São Paulo, foi ocupado pelos japoneses a partir de 1910. Manteve-se como centro aglutinador da comunidade até 1942, quando o conflito mundial motivou a expulsão de vários imigrantes dessa área (…). Os nipônicos retornaram a região somente na década de 1950, atraídos inicialmente pela programação do Cine-Niterói, inaugurado em 1953.
2“adj. Diz-se do agente diplomático munido de plenos poderes: ministro plenipotenciário.” (DICIONÁRIO ONLINE DE PORTUGUES, 2011).
13
Progressivamente, foram fundados outros cinemas, bares, lojas e boates, dentre outros estabelecimentos comerciais. (TAKEUCHI, 2007, p.100).
Conforme dados do site Cultura Japonesa, “em 1965 foi fundada a Associação
de Confraternização dos Lojistas do Bairro da Liberdade, precursora da Associação
Cultural e Assistencial da Liberdade – ACAL, sob a presidência de Yoshikazu
Tanaka”. Segundo informações do site da ACAL, sua função consiste em integrar e
defender os interesses dos comerciantes e dos moradores da região, além de
contribuir para o aperfeiçoamento cultural, socioambiental e ecológico.
Takeuchi (2007) revela que em 1974, o Bairro da Liberdade foi declarado, pelo
poder municipal, como “Bairro típico japonês”. A intenção do poder público era
transformar o local aos moldes de uma China Town3 como as existentes nas cidades
norte-americanas de Nova York e São Francisco. Para isso foram colocados na
entrada do local os Torii4. Outro símbolo típico japonês foi implantado ao longo do
percurso da Rua Galvão Bueno: os Suzurantô (as luminárias japonesas), que assim
como os Toriis, tornaram-se características da identidade do Bairro da Liberdade.
Nas décadas de 1980 e 1990, algumas mudanças aconteceram. As casas
noturnas gradativamente foram substituídas por karaokês5, que virou mania entre os
moradores e frequentadores do bairro da Liberdade. As principais atividades
culturais do bairro são promovidas pela ACAL e fazem parte do calendário anual do
município:
Abril – Hanamatsuri – Festival das Flores, em conjunto com a Federação das Seitas Budistas. O desfile do grande elefante branco carregando o pequeno Buda acontece no sábado.Junho – Campenato de Sumô da Liberdade – grande campeonato com atletas de todo o país. Realiza-se aqui a seleção dos atletas juvenis que representarão o Brasil no Campeonato Mundial de Sumô. A arena (dohyo) e as arquibancadas são montadas em plena praça da Liberdade.Julho – Tanabata6 Matsuri – Festival das Estrelas, em conjunto com a
3“O bairro Chinatown, localizado na Lower East Side de Manhattan, concentra uma das maiores comunidades chinesas fora da China. A história do bairro está diretamente relacionada com a imigração dos chineses nos EUA. Atraídos pelas promessas de trabalho e enriquecimento os Chineses imigraram e tiveram que encarar uma vida muito difícil.” (TRAVELAVENUE, 2011).4“Pórtico que marca a entrada de um santuário shintô ou a proximidade de um lugar sagrado. Os torii podem ser únicos, em fileira de três (caso mais comum) ou em grande número (como no Fushimi Inari – jinja, em Quioto).” (FRÉDÉRIC, 2008, p.1145 – 1197). 5 “A expressão karaokê deriva da contração de kara (vazio) e ôkesutora (orquestra), ou seja, “ausência de orquestra (...).” (SATO, 2007, p.295).6“Festival das estrelas” que acontece todo ano no sétimo dia do sétimo mês ( 7 de julho, as vezes 7 de agosto em algumas regiões), celebrado pela primeira vez em 755. É um dos cinco festivais
14
Associação Miyagui Kenjinkai. As principais ruas do bairro são enfeitadas com bambu e grandes enfeites de papel simbolizando as estrelas. Os visitantes colocam um pedaço de papel com pedidos.Dezembro – Toyo Matsuri – Festival Oriental. Apresentação de várias manifestações culturais do oriente. O bairro recebe o Nobori, coloridas bandeiras verticais.Dezembro – Moti Tsuki – Festival de Final do Ano. O arroz é socado em pilão para a confecção do moti (bolinhos de arroz) que é distribuído aos presentes para dar sorte. Sempre no dia 31 de dezembro. (CULTURA JAPONESA, 2011).
Outra influência nipônica muito presente nessas festas e eventos são as
comidas típicas japonesas. No entanto, o primeiro contato da culinária japonesa em
solos brasileiros não teve uma boa receptividade, já que, como menciona Ribeiro
(2011, p.8), houve em relação à gastronomia um estranhamento tanto por parte dos
japoneses em relação aos nossos hábitos alimentícios, considerados por eles
exóticos, quanto dos brasileiros em relação aos hábitos alimentares nipônicos.
Pinho (2011) argumenta, que quando os primeiros imigrantes japoneses
desembarcaram no Brasil, em 1908, trouxeram consigo hábitos considerados
“esquisitos”. “Imagine a cara dos caboclos paulistas diante da cena de pessoas
comendo com o-hashi (aquelas duas varetas usadas para levar o alimento à boca)”.
Um século depois, alguns dessas tais “esquisitices orientais” acabaram integrados
ao dia a dia dos brasileiros.
Comer com pauzinhos virou moda até em lanchonetes e palavras como sushi7 e sashimi8 já fazem parte do vocabulário por aqui. (...). A situação era bastante difícil para esses imigrantes, nas fazendas, os trabalhadores recebiam uma provisão de alimentos que ignoravam totalmente. O arroz, de tipo diferente do japonês, era difícil de ser preparado no ponto e sabores desejados; as farinhas, de mandioca ou milho, era um mistério; o feijão era conhecido, mas seu uso prestava-se ao preparo de doces; o charque não apetecia, pois parecia cheirar mal; o bacalhau seco, desconhecido, era inicialmente consumido sem antes ser demolhado - e, naturalmente, ficava salgado. Não sabiam preparar o café e não se equiparava ao chá, inexistente nas fazendas; a banha, o toucinho, o óleo vegetal pareciam-lhes agressivos. Em contrapartida, aos brasileiros parecia no mínimo exótico o
tradicionais (gosekku). Inicialmente chamada Tanabatatsume, essa grande festa comemora, segundo uma tradição chinesa, a união anual das estrelas Vega (a tecelã, shokujo) e Altair (o vaqueiro, Kengyu), que utilizam a Via Láctea (amago - gawa) para se encontrarem (...). As casas são então decoradas com hastes de bambu enfeitadas com lampiões de papel colorido, grandes pompons e fitas de papel com poemas de amor. (“...).” (FRÉDÉRIC, 2008, p.1145 – 1146). 7“Prato tipicamente japonês que consiste em rolinhos de arroz temperados com vinagre ou outro condimento, enrolados com algas (nori) e um pequeno pedaço de peixe ou crustáceo em cima.” (FRÉDÉRIC, 2008, p.1112).8“Filés de peixe cru acompanhados de molho de soja e de wasabi (pasta de rábano forte).” (FRÉDÉRIC, 2008, p.1011).
15
hábito dos japoneses em consumir verduras cruas. Esse primeiro embate entre a cultura japonesa e brasileira, em especial na área gastronômica concentra às atenções desse trabalho. (RIBEIRO, 2011, p.8).
Segundo Ribeiro (2011) foi no Bairro da Liberdade, considerado até hoje uma
pequena parte do Japão em solo brasileiro, que se pode encontrar o comércio de
artigos de todo tipo, inclusive alimentícios e de várias partes do mundo. Os
alimentos encontrados no bairro vão desde as lascas de peixe seco, tão importantes
no caldo básico das sopas, até ferramentas para moldar os bolinhos de arroz dos
sushis. Gradualmente, as pessoas que circulavam pelo comércio do Bairro da
liberdade não se restringiam apenas a japoneses ou seus herdeiros, nisseis9 e
sanseis10. Hoje “muitos são os brasileiros que se misturam aos rostos orientais nas
lojas e mercados, já iniciados nos segredos destes sutis sabores trazidos do
extremo oriente.” (RIBEIRO, 2011, p.8).
Paolucci e Ribeiro (2006, p.8) destacam que a valorização da culinária
japonesa atinge não apenas São Paulo, mas também outros Estados brasileiros.
Apontam que, em geral, “a clientela de muitos desses locais, em sua maioria,
ocidental mais abastada, (...) outros locais atraem um público de poder aquisitivo
mediano, mas igualmente interessado” nas comidas japonesas.
Na década de 1980, (…) comer peixe cru, nos sushis e sashimis, ganhou maior expressividade, fazendo com que os leves pratos japoneses, quase sem gorduras, moderadamente temperados, adquirissem uma aceitação desde gourmets até os adeptos de vida saudável.De fato, a cozinha japonesa é diferenciada em seu preparo, seus sabores e sua apresentação. Cercado de mar e cortados por rios, o Japão tem em seus pratos a forte presença de seus pescados. O peixe cru é raro na mesa cotidiana, mas usam-se muitos peixes secos, principalmente nos temperos e caldos. Os legumes são talhados em pequenos formatos e preparados em cozidos ou conservas. O elemento básico da alimentação é o arroz, tão importante que, na Idade Média, era utilizado como moeda de pagamento de impostos. O molho (shoyu) e a pasta de soja (missô) dão um sabor característico à cozinha de todo o país. (PAOLUCCI; RIBEIRO, 2006, p.9 – p.10).
A gastronomia japonesa tem conquistado o paladar dos brasileiros, como
assinala o Guia de Restaurantes Japoneses (2010). Segundo o estudo, existem,
aproximadamente, 590 restaurantes catalogados nas cidades São Paulo, Curitiba, 9“ni = segundo, dois; sei = geração – descendente de japonês de segunda geração” (COSTA, 2007, p.11).10“san = terceiro, três; sei = geração – descendente de japonês de (sic.)NN terceira geração”(COSTA, 2007, p.11).
16
Londrina, Maringá e Rio de Janeiro, além de 163 endereços de serviços ligados à
culinária oriental.
Em Fortaleza, a Revista Veja Especial Fortaleza (2010), revela que o número
de restaurantes que trabalham com comida da típica japonesa chega ao total 21
estabelecimentos de um total de 217 cadastrados na revista, como pode ser visto no
gráfico a seguir. É claro que nesses dados não entraram o número de
supermercados, churrascarias e outros lugares, que também oferecem serviços da
gastronomia japonesa.
Além da comida, também há outras manifestações presentes eventos cuja
temática é a cultura asiática. Argumenta Takeuchi (2007, p.102) que uma das
práticas artísticas de origem japonesa presentes não apenas nessas festas, como
também nos demais eventos organizados pela comunidade, como a exposição e o
ensino da arte do origami, ou dobradura em papel, conhecida no Japão há séculos.
Frédéric (2008, p.930) relembra que, a princípio, o origami era usado como
passatempo para as crianças. Com o tempo tornaram-se cada vez mais complexos
e alguns são considerados obras de arte.
No Japão, os origamis são ensinados nas escolas primárias para auxiliar o
desenvolvimento da habilidade motora e a noção de superfície e de volume. Esta
17
Número de Restaurantes em Fortaleza
153
21 19 5 5 4 3 2 2 1 1 10
20406080
100120140160180
outro
s
japon
eses
Italia
nos
Chinese
s
Francese
s
Portug
ueses
Mexica
nos
Espan
hóis
Alemãe
sSuiç
o
Taila
ndês
Árabe
Fonte:Revista Veja Especial Fortaleza: Comer & Beber Edição 2010/2011
Série1
arte, que deixou de ser exclusiva dos japoneses para se tornar universal, deve-se ao
fascínio proporcionado pela transformação de um simples pedaço de papel, através
das dobraduras, em variadas figuras de animais, flores, objetos utilitários,
decorativos e ilustrativos. “O origami vem sendo utilizado não apenas para o lazer,
mas também para fins educativos, lúdicos e terapêuticos.” (TAKEUCHI, 2007,
p.102).
Nas festividades nipônicas, outra prática que está sempre presente são os
tambores japoneses. Mais conhecidos como taikô - palavra que define tanto a batida
da percussão executada quanto o instrumento em si, de mesmo nome - podem ser
encontrados em variadas formas e tamanhos. Os taikô são considerados símbolos
da comunidade rural japonesa, já que os limites de uma aldeia eram definidos tanto
pela geografia, quanto pela distância em que o som da batida era ouvida.
Outras manifestações de cunho estético e cerimonial difundidas desde o início da imigração japonesa no Brasil são o ikebana (arranjo floral) e a Cerimônia do Chá. Associadas a delicadeza dos gestos e à estabilidade mental, encontraram adeptos entre os brasileiros que identificam nessas atividades, além da beleza, a harmonia dos sentidos. O ikebana pode ser traduzido como arquitetura das flores. Baseada em formas e materiais em estado natural, o arranjo deve estar coerente com o ambiente em que estará exposto. Contemporâneo do desenvolvimento pleno da Cerimônia do Chá, o Ikebana teve suas origens por volta do século XIV, e tinha a função de servir como oferenda aos deuses. (TAKEUCHI, 2007, p. 103).
No esporte a influência dos imigrantes japoneses é encontrada nas artes
marciais, e tem como destaque o judô e o Karatê, este último de origem chinesa,
mas popularizado pela comunidade nikkei11. O judô que é largamente difundido e
praticado no Brasil, é um dos esportes olímpicos que mais rendem medalhas e
reconhecimento internacional para o nosso país. Tanto o judô quanto o Karatê tem
em comum a forte vinculação da filosofia e ao desenvolvimento mental.
Del Rey (2008) aponta que o judô propõe a filosofia da integração do corpo e
da mente. A técnica utiliza os músculos e a velocidade de raciocínio para dominar o
oponente. Os judocas, praticantes do judô, são classificados em duas categorias:
principiantes (kiu ou kyu) e mestres (dan). Os graus são representados por faixas
coloridas, onde ordem crescente é: branca (principiante), azul, amarela, laranja,
verde, roxa, marrom e preta (mestres).
11 “Nikkei – indivíduo de origem japonesa.” (TAKEUCHI, 2007, p. 143).
18
Além do karatê e do judô, vários outros esportes também tem conseguido
espaço no cenário brasileiro, como o Sumo. Del Rey (2008) revela a existência de
relatos dessa modalidade esportiva em uma das mais antigas crônicas do Japão, a
Nihon Shoki, escrita no século VII, menciona uma luta de sumô realizada no ano 23
a.C. As regras da luta são muito simples: obtém a vitória quem fizer o oponente sair
marcas do ringue ou levá-lo a tocar o chão com qualquer parte do corpo acima do
pé.
O Kendô é outra arte marcial de origem japonesa que timidamente tem
ganhado espaço no Brasil. Del Rey (2008, p.36) revela que essa arte marcial “é um
tipo de esgrima japonesa, na qual se utiliza uma espada feita de pedaços de bambu
(shinai) e uma espécie de armadura de couro, resina, tecido ou lona para proteção.
O capacete protetor chama-se men, o protetor do peito chama-se do e as luvas,
kote.”
Outra área onde podemos encontrar a influência japonesa no Brasil está na
religião, Ozaki (1990, p. 21) defende que “todas as religiões japonesas foram
introduzidas no Brasil com a finalidade primordial de atender os imigrantes
japoneses e seus descendentes. Assim foi no início como o protestantismo, trazido
pelos imigrantes ingleses e alemães e o budismo pelos japoneses no início do
Século XX.” . Segundo dados dos Estudos & Pesquisas Informações Geográfica e
Socioeconômica. 20,
No início do Século XIX, período de intensos fluxos migratórios e constituição do Estado Nacional, formalizou-se a liberdade religiosa no Brasil. Portanto, com a chegada dos imigrantes europeus e de origem asiática, muitas religiões foram surgindo. (Estudos & Pesquisas Informações Geográfica e Socioeconômica. 20, 2007, p.47).
Segundo Pereira (2011), o Japão é um dos poucos países no mundo onde as
pessoas veneram divindades de religiões diferentes sem constrangimentos. Apesar
dessa característica, é possível destacar duas religiões que possuem grande
influência na comunidade nipônica: o Xintoísmo (Shintô) e o Budismo (Bukkyô). O
Xintoísmo é mais frequentemente relacionado aos ritos de nascimento, matrimônio,
inauguração de edifícios etc.
O Budismo relaciona-se mais ao culto aos antepassados e rituais fúnebres.
Porém, Shoji (2002) defende que o interesse dos brasileiros pelo Budismo só teve
19
um crescimento significativo nos anos de 1960. Contudo, a única iniciativa
institucional criada na época foi a Sociedade Budista Brasileira (SBB). Apesar das
reuniões de estudos sobre o budismo acontecer em 1923, às reuniões se tornaram
mais frequentes a partir de 1955.
O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, IBGE (2011), aponta no estudo
realizado no ano de 2000, que o número de seguidores do budismo no Brasil é de
245.870 de um total de 169.799.170 de pessoas da população geral do país. Dos
budistas brasileiros 120.246 são homens e 125.625 são de mulheres. A atitude
flexível e pragmática em relação à religião pode ser considerada um dos elementos
facilitadores da integração dos imigrantes japoneses ao ambiente religioso brasileiro.
1.1 Visões da imprensa brasileira sobre a imigração japonesa
O Brasil é formado pela contribuição de imigrantes de várias nacionalidades e
os japoneses e seus descendentes fazem parte da construção da nação brasileira.
Apesar disso “no início da imigração as características étnicas formavam o principal
elemento diferenciador desse grupo populacional, autodenominado de nikkeis”.
(KOSHIYAMA, 2003 p.2).
Moreno e Oliveira (2010) defendem que, o imaginário ocidental sobre o povo
japonês “(...) possui muito desse ‘quê’ exótico que durante tantos anos alimentou as
mensagens vinculadas pela mídia” (p. 4) no que diz respeito à cultura. A relação
entre a mídia e os imigrantes japoneses não pode ser qualificada como tranqüila:
Lesser (2001) menciona que um dos principais personagens desse “mal-estar” foi o
presidente da Academia Nacional de Medicina da década de 1920, Miguel Couto,
“que rapidamente veio a se tornar o defensor mais articulado da Campanha Anti-
Nipônica”. Ele escreveu uma série de editoriais para O Jornal, no período de 1924 a
1925, afirmando “que a imigração japonesa era parte de um plano expansionista
para destruir a nação brasileira”. (LESSER, 2001, p.178).
Miguel Couto caracterizou os imigrantes japoneses recém-chegados “como
‘[uma gente] versuta (sic.), ambiciosa, guerreira e mística’. Partilhavam do mesmo
sentimento Arthur Neiva e José Félix Alves Pacheco - este último, Ministro das
Relações Exteriores (1922 a 1926) -, e também o proprietário do Jornal do
20
Comércio”. Segundo o autor, Couto, Neiva e Pacheco ficaram conhecidos “como
‘Os três heróis da Campanha Anti-Nipônica’, e tiveram presença constante no
debates sobre a imigração e assimilação que ocorrem em meados da década de
1930” (LESSER, 2001, p.178).
Em 1926, o governo japonês convidou Couto para visitar o Japão, como uma
tentativa de diminuir a força da campanha anti-Nipônica, isso não surtiu o efeito
esperado, já que a maioria da população brasileira da época tinha pouco ou nenhum
contato com os japoneses ou com sua cultura. O Jornal, do Rio de Janeiro, “opinou
que ninguém pode sentir simpatia por esses imigrantes que não assimilam, nem
sequer gastam seus grandes salários no lugar onde eles o ganham de forma tão
mesquinha”. (LESSER, 2001, p.178).
As preocupações (…) eram tingidas pelo medo nacionalista de que o Brasil seria forçado a se curvar ante um “Shin Nihon” (“Novo Japão”) expansionista e imperialista. Em primeiro lugar, uma lei japonesa de 1927 criou uma Federação de Emigração Exterior, que, por sua vez, estabeleceu o Brasil Takushoku Kumiai (Comporação de colonização do Brasil ou BRATAC) (LESSER, 2001, p.179).
O ano de 1929, segundo Lesser (2001, p.179), foi o período em que a BRATAC
realizou a compra de quatro grandes glebas em São Paulo e no Paraná. Além disso,
investiu milhões de Yens nas colônias aqui instaladas, “visando criar um sistema no
qual os imigrantes, ainda no Japão, pagariam uma parcela inicial, receberiam a
passagem e um lote de 25 hectares”. A forma de pagamento desse empréstimo
seria feita à medida que a produtividade na terra entregue as colônias fosse
aumentando.
Esse sistema adotado pela BRATAC despertou o medo de que esse interesse
pela terra chegasse a Amazônia, defendida por muitos brasileiros como a
corporificarão da identidade nacional. Isso foi apontado por Lesser (2001), como
mais um motivo que justificaria o movimento contra a imigração japonesa.
Também existiam os políticos que eram pró – japoneses, como o deputado
federal pelo Rio de Janeiro, Francisco Chaves de Oliveira Botelho, que
frequentemente lutava contra os planos de limitação da imigração japonesa, em seu
discursos sempre destacava suas visitas as colônias japonesas de São Paulo e de
21
Minas Gerais, e ressaltava a importância participação do imigrantes no crescimento
da produções das de arroz, algodão e cana-de-açúcar.
Lesser (2001, p.182) aponta que Waldir Niemeyer, foi o jornalista que iniciou
um estudo sobre os japoneses no Brasil, sua pesquisa era baseada “(...)‘sob a
influência [negativa] dos autores norte-americanos’, chegou à mesma conclusão,
observando que o japonês ocupa, hoje, lugar de destaque entre os povos que têm
trazido o seu concurso ao nosso desenvolvimento”.
(...) Roquette-Pinto afirmava que os japoneses modernos haviam surgido da miscigenação dos brancos (ainus) com os amarelos (mongóis) e pretos (indonésios) espelhando assim o desenvolvimento ‘racial’ do Brasil. Bruno Lobo, cujo ardoroso apoio público havia-lhe obtido a Ordem do Sol Nascente do Império Japonês, asseverava que ‘o sangue mongólico... incontestavelmente existe no Brasil pelos seu índios e os descendentes destes por mestiçagem...’ tornando os japoneses e brasileiros ‘singulares’ em sua falta de preconceito. (LESSER, 2001, p.182 - 183).
Nucci (2006, p.134) revela que a década de 1940, foi marcada pelo aumento
considerável do antiniponismo. A autora destaca que os jornais da época
contribuíram nesse aumento dessa resistência. “Uma série de artigos do Jornal do
Commercio, publicados sob o título O Perigo Japonês entre abril e junho de 1942”,
foram reeditados na forma de livro pelo jornalista e escritor, Vivaldo Coaracy, nele
são destacados as imagens e discursos de conteúdo racistas contra os japoneses
no período da II Guerra Mundial.
A autoria dos artigos de O Perigo Japonês1 é do jornalista e escritor Vivaldo Coaracy,2 que além de expor seus posicionamentos perante os japoneses, também cita os de intelectuais, funcionários de Estado e políticos. O livro retoma imagens do antiniponismo internacional e apresenta, de forma peculiar, os argumentos racistas. Há nele a intenção de classificar e determinar em detalhes o ‘perigo japonês’ e demonstrar a extensão da nocividade de sua presença no Brasil. O autor caracteriza os japoneses como um ‘povo inassimilável, fisicamente inferior, moralmente diferente do nosso, instrumento passivo de uma política imperialista [...] contra todo o continente americano’, comparáveis a vírus que invadem o organismo da nação, que deveria ser defendida em seus aspectos geográficos, étnicos e religiosos. (COARACY: v-vi e x). (NUCCI, 2006, p.134).
Segundo dados da Revista Veja na História - edição de agosto de 1945 (2011),
que traz na capa a foto da explosão de uma bomba nuclear em Nagasaki com o
título “O Fim”, que marcava o término da Segunda Guerra Mundial com a queda do
governo Japonês -, a matéria reafirma a ideia com a titulação: “Acabou: Capitulação
22
japonesa põe fim a seis anos de combates no globo - Bombas atômicas obrigam
imperador Hiroíto a finalmente baixar as armas - Aliado saem vitoriosos da mais
sangrenta pugna já ocorrida em toda a História”.
Assim, às 8h15 da manhã de 6 de agosto, uma bola de fogo materializou-se sobre o céu da cidade de Hiroshima, fruto da fatal e sinistra detonação de um artefato dotado de um poder de destruição (...) 2.000 vezes maior do que a mais potente arma já utilizada. Com 3,6 toneladas e 3 metros de comprimento, a primeira bomba atômica - apelidada de Little Boy, ou "Garotinho", em homenagem ao finado presidente Roosevelt - foi lançada do B-29 Enola Gay, pilotado pelo coronel Paul Tibbets. A explosão, (...) provocou cenas sinistras, jamais presenciadas pelo homem. Pássaros queimavam em pleno ar. Seres humanos perambulavam em carne viva, com cérebros, olhos e tripas em chamas. (...) Não contente com o estrago feito pela primeira, o presidente resolveu repetir a dose. Três dias depois do estrépito em Hiroshima, Nagasaki, cidade portuária com 250.000 moradores, foi alvo de uma segunda bomba atômica - desta vez apelidada de Fat Man, ou "Gordo", cortesia com o antigo primeiro-ministro britânico, Winston Churchill. Mais poderoso que o primeiro, o artefato de 3,5 metros de comprimento e 4 toneladas(...). Matou 73.000 pessoas e feriu outras 74.000. (VEJA NA HISTÓRIA, 2011).
Woortmann (1995) defende que após a II Guerra Mundial, o Japão estava
destruído e a população faminta e humilhada, por conta da ocupação americana,
iniciou-se uma nova imigração japonesa para o Brasil, entretanto, em uma proporção
bem menor que a primeira. É no Distrito Federal que a história dos japoneses e de
seus descendentes tem inicio no ano de 1956, quatro anos antes da inauguração de
Brasília. A vinda de algumas famílias japonesas foi parte da concepção e do
planejamento da nova capital.
Também nas décadas de 1950 e 1960, destacavam-se, como argumenta
Bortolaia Silva (1994), os estudos e análises sobre o modelo japonês de
industrialização, principalmente em relação ao sistema organizacional como o just in
time, modelo desenvolvido pela iniciativa do diretor da industria de produção da
Toyota, Taiichi Ohno. O termo japonização, foi criado como forma de nomear, não
apenas a sistemática da Toyota, mas todos os sistemas organizacionais e técnicas
variadas provindas do Japão, referenciando assim um processo de criação de um
novo paradigma organizacional.
Ninomiya (2011) defende que, a desconfiança sobre os japoneses e seus
descendentes pela sociedade brasileira, continuou até a década de 1960. A
diminuição desse sentimento aconteceu a partir da década de 1970, período onde o
23
Brasil ainda era regido pelo Regime Militar.
Nos anos de 1990 o interesse dos estrangeiros pelo Japão teve um aumento
significativo, Sato (2007, p.22) aponta, que “uma multidão de pessoas comuns –
jovens na maioria – engrossou um público antes formado por intelectuais, yuppies e
executivos, que não procuravam mais apenas técnicas de administração, artes
marciais ou aspectos da elitizada cultura tradicional japonesa (...)”.
A partir de 1990, com o colapso do consumismo e o esfacelamento da União Soviética, os Estados Unidos estabeleceram posição definitiva como o grande pólo explorador de influência cultural, em função de sua condição de única superpotência global. Curiosamente, a partir desta época, O Japão também se tornou um pólo explorador de influência cultural, mas diferente dos americanos, que de forma planejada e economicamente estruturada exportavam suas ideologias, estilos de vida e valores através de sua cultura pop pelos motivos da Guerra Fria, o Japão não tinha interesse em exportar aquilo que considerava ser subcultura. (SATO, 2007, p.21-22).
Luyten (2005) defende que a cultura pop possa ser uma forma poderosa de
perceber o reflexo da sociedade que vivemos, já que o conceito não restringe
apenas à estética. Assim com revela Sato (2007), mesmo sendo um movimento
involuntário e sem planejamento a expansão da cultura pop japonesa se tornou um
veículo rápido de divulgação da cultura japonesa para o público estrangeiro,
especialmente em relação aos jovens.
Em 18 de junho de 2008, no Palácio do Planalto, o então Presidente da
República, Luiz Inácio Lula da Silva (2008), dava início oficialmente à cerimônia da
chegada do Príncipe herdeiro do Japão Narhito e a entrega da medalhas alusivas ao
centenário da imigração japonesa, em seu discurso, destacou:
Passados 100 anos, nossa comunidade de origem japonesa – a maior fora do Japão – é plenamente integrada e muito admirada por suas qualidades e realizações. São brasileiros orgulhosos de sua ascendência, que se destacam nos mais diversos aspectos da vida nacional (...). Neste início de milênio, o Brasil volta a oferecer excelentes oportunidades para investimentos nos setores de infra-estrutura, siderúrgico, eletroeletrônico e automobilístico. Temos todas as condições para lançar parcerias com uma ambição maior do que aquelas do passado (...). A realização do Ano do Intercâmbio Brasil-Japão é mais do que um momento de celebração. Oferece valiosa oportunidade para renovarmos uma amizade centenária, que tem gerado benefícios para ambos os países. Com base no já construído, vamos avançar novas frentes de atuação conjunta. No campo energético, podemos trabalhar juntos em matéria de biocombustíveis. Nos segmentos de tecnologia de ponta, estamos desenvolvendo conjuntamente novo sistema de TV digital. (LULA DA SILVA, 2008, p.6-p.7).
24
Argumenta Ninomiya (2011) que, atualmente não existe mais qualquer tipo
discriminação contra os japoneses no Brasil desde início do século XXI. Esse fato se
deve à ascensão nipônica em alguns cargos eletivos e concursados do alto escalão
da República, de alguns Estados e Municípios brasileiros, assim como nas
profissões liberais, gerências e diretorias de empresas brasileiras e nipo-brasileiras.
1.2 Presença Dos Japoneses No Ceará
A relação dos japoneses com estado do Ceará pode ser percebida nos mais
diversos setores. Túlio (2008, p.5) relata que o primeiro japonês, Jusaku Fujita,
chegou a Fortaleza em 1923. Mesmo sendo budista do povoado de Kumamoto na
ilha de Kyochu, aceitou ser batizado na Igreja Católica e mudar seu nome para
Francisco Guilherme Fujita, com o objetivo de casar-se com a cearense Cosma
Moreira, com quem teve 14 filhos, sendo que destes apenas seis sobreviveram.
Fujita trabalhou com o cultivo de flores e hortaliças.
Segundo dados de Freitas Neto (2011, p.4), este defende que da primeira fase
da produção de flores e plantas ornamentais no Estado do Ceará, período de 1919 a
1921, toda a produção e comercialização, “centralizaram-se principalmente, em duas
famílias de produtores de origem estrangeira, uma japonesa e outra portuguesa,
através da exploração de suas terras localizadas na região metropolitana de
Fortaleza”.
Em entrevista concedida a Pires (2008, p.25), João Batista Fujita, filho de
Jusaku Fujita, mais conhecido como Capitão Fujita, relata que seu pai foi quem
construiu o primeiro jardim japonês em Fortaleza, antes localizado na Rua Otávio
Bonfim. Em agosto de 1942, segundo Capitão Fujita, em razão das consequências
da Segunda Guerra, sua família teve a casa e o jardim japonês destruídos.
Em 1942, os Alemães afundaram alguns navios brasileiros. E o povo revoltado encontrou motivo para depedrar, saquear os empreendimentos e as residências de estrangeiros do Eixo. Eles depedraram tudo, inclusive a nossa casa.(...)Na época, aqui só tinha o papai de japonês. E papai foi alvo. Em agosto de 42, nós estávamos almoçando e chegou um tio dizendo: ‘vamos sair daqui! Estão quebrando tudo que é de estrangeiro. E eu ouvi eles falando no Jardim Japonês’. Saímos às pressas. Eu era pequeno mais
25
me lembro bem. Quando o carro chegou corri para ver o carro. Eu queria ver era o carro! Então minha mãe saiu com um dos meus irmãos no braço, segurando uma leiteira. Não levamos nada... (PIRES, 2008, p.25).
Em 1964, depois do fim da Segunda Guerra, com os ânimos mais
apaziguados, segundo dados do Jornal O Povo (1964), era anunciada chegada do
embaixador do Japão, Keiichi Tatsuke na capital cearense. Marques (1964, p.14)
destacou a visão que se tinha dos japoneses nessa época, “ o Japão evoluiu e se
modernizou inclusive nos conceitos de ordem social (…) Hoje podemos notar uma
lenta transformação na mentalidade dos nisseis, graças a capacidade de adaptação
dos jovens, principalmente, universitários”.
Lima (2011, p.4-5) aponta que também na tecnologia, devido às boas
condições de circulação dos ventos, o governo estadual do Ceará, em 1997,
projetou implantar duas usinas de energia eólica no litoral. “Para isto estão
reservados em seu programa plurianual cerca de US$100 milhões, com empréstimo
de 60% do governo japonês”. Esse estudo foi baseado nos dados do Instituto de
Planejamento do Ceará (Iplance), no ano de 2003, que mostra a viabilidade desse
tipo de empreendimento no Estado.
Além disso, em uma análise dos movimentos migratórios, conforme dados de
Beltrão (2006) existe a indicação de um intenso fluxo migratório da população nikkey
pelos estados brasileiros, incluindo a região Nordeste:
Em 1980, o único fluxo de imigrantes para a região, acima de 2000 indivíduos, foi para o Mato Grosso do Sul. Em 1991, incluiu também o Mato Grosso. Já em 2000 englobava todas as Ufs da região, inclusive o Distrito Federal. As Ufs com uma maior intensidade de migrantes coincide com aquelas com uma maior população nikkey: São Paulo e Paraná. A região Nordeste apresenta-se, com o tempo, com mais Ufs de origem nas migrações: Em 1980 somente Pernambuco, em 1991, acresce-se Bahia e em 2000 soma-se ainda Ceará, Paraíba e Alagoas. A notar ainda, além da trocas entre São Paulo e Paraná (com fluxos declarados de mais de 20 mil indivíduos), outra Uf, o Rio de Janeiro, apresenta trocas recíprocas de migrantes com São Paulo, ainda que de menor importância. (BELTÃO, 2006, p.14).
Em 23 de abril de 2008, centenário da imigração japonesa, segundo dados da
Prefeitura de Fortaleza (2011) a então Prefeita Luizianne Lins reuniu-se com a
ministra do Turismo, Marta Suplicy. Nesta reunião ficou decidido a contemplação de
“cerca de R$ 5 milhões, que utilizados na recuperação do patrimônio histórico do
26
Paço Municipal, requalificação da Praia de Iracema, reordenamento do Mercado dos
Peixes, no Mucuripe, e construção de um jardim oriental, na Beira Mar”. Petruccie e
Moscoso (2011, p.10) relatam: “estima-se que, aproximadamente, 200 famílias
japonesas vivam em Fortaleza”.
Para Luizianne Lins, a construção de um espaço de convivência inspirado na cultura japonesa irá proporcionar à Cidade uma integração da população com a natureza. ‘Ele trará mais beleza, harmonia e um espírito novo para Fortaleza. Estamos prestando uma homenagem ao centenário de imigração japonesa no Brasil ao mesmo tempo em que levamos ao fortalezense uma rica filosofia de vida, que é a cultura oriental’, comentou. (LINS, 2011)12.
O Jardim Japonês, inaugurado no dia 11 de abril de 2011, tem como objetivo
homenagear o centenário da imigração japonesa no Brasil. A data marca um mês da
tragédia ocorrida no Japão. Segundo Castro (2011, p.2), “em 11 de março, um
terremoto seguido de tsunami matou mais de 13 mil pessoas no Japão. ‘Os países
devem romper suas fronteiras. É preciso ter a humildade da troca de inteligência
entre povos’, disse a prefeita Luizianne Lins”.
Castro (2011, p.2) relata que “as obras demoraram dois anos e oito meses para
terminar. O equipamento custou R$ 1,8 milhão, de recursos provenientes do
Ministério do Turismo e Tesouro Municipal. Agora, será mantido com a ajuda de
empresa privada”.
A inauguração contou com a presença de Akira Suzuki, cônsul japonês vindo
de Recife, que agradeceu: “após queima de fogos de cinco minutos, eles coloriram o
céu de Fortaleza. ‘Nunca imaginei um jardim japonês tão longe do Japão. É um
símbolo da solidariedade e amizade entre os dois países’.” (CASTRO, 2011, p.2).
Sobre a manutenção do espaço, Luizianne Lins afirma que a ação será realizada em parceria com empresa da iniciativa privada. A prefeita comentou ainda que o Jardim será um forte aliado no fortalecimento e no incentivo ao turismo da Capital. Em uma área de quase dois mil metros quadrados, o Jardim Japonês possui nascente d’ água, cascata, luminárias e pontes, além de dois jardins, um horizontal e um vertical, com diversas espécies de plantas japonesas e brasileiras e esculturas do artista cearense Ascal, que elaborou peças exclusivas para o espaço. (PETRUCCIE; MOSCOSO, 2011. p.10).
12Disponível em: <http://www.fortaleza.ce.gov.br/index.php?option=com_content&task=view&id=7862> Acesso em 8 de abril de 2011.
27
Entretanto, visão sob obra não é totalmente positiva, segundo dados de
Petruccie e Moscoso (2011. p.10), em uma obra que era para durar 210 dias, o
Jardim Japonês ficou pronto somente 800 dias depois do anúncio, “(...) Com o
tempo e com a não finalização das obras, o local passou a ser alvo de reclamações
e preocupação de moradores e frequentadores da Beira Mar”. Desta forma, o local
estaria sendo usado por usuários de drogas e moradores de rua.
1.3Cultura pop japonesa no Ceará e as colunas J-Pop e Zona Otaku
Outra manifestação da presença da cultura japonesa no Ceará é a Super
Amostra Nacional de Animes13 (SANA), maior evento de cultura pop-asiática do
Nordeste e o segundo maior do Brasil nessa temática, perdendo apenas
AnimeFriends, mostra que acontece em São Paulo. Relata que a primeira edição do
SANA aconteceu no auditório da biblioteca da Universidade de Fortaleza (Unifor). A
partir de 2003, o evento é realizado no Centro de Convenções de Fortaleza.
Em relação à mídia impressa, temos as colunas, J-Pop14 do Jornal O Povo, de
23 de abril de 2009, e Zona Otaku15 do Diário do Nordeste, de 31 de dezembro de
2009. Em entrevista concedida a autora, o colunista Roberto Leite16, do Jornal O
Povo, e Diana Vasconcelos17, colunista do jornal Diário do Nordeste, apontaram que
o crescimento do evento SANA e o aumento do público interessado pela temática da
cultura pop japonesa e asiática são as motivações que levaram a criação dos
espaços nos veículos impressos.
A coluna Zona Otaku surgiu da parceria entre o Diário do Nordeste e a
Fundação Cultural Nipônica Brasileira (FCNB). No jornal é publicada no caderno
“Zoeira” e sua veiculação acontece uma vez por semana, mais precisamente nas
edições de sábado, geralmente nas páginas 8 e 9. Já a J-pop encontra-se no
13“ Animê significa “animação” em japonês. É uma forma contraída pela qual os japoneses escrevem a palavra animação em inglês (animation)”. (SATO, 2007, p.31)14“J-Pop é a abreviação de Japonese Popular music (em inglês, “música popular japonesa”) (...) um subgênero da música japonesa do pós-guerra influenciada por ritmos populares ocidentais”. (SATO, 2007, p.279).15 “Conhecedor obsessivo de um assunto específico”. SATO (2007, p.38)16 Entrevista concedida a autora em 30 de março de 2011. Anexo I 17Entrevista concedida a autora em 28 de março de 2011. (Anexo II)
28
caderno “Buchicho Teen” do jornal O Povo e é veiculado uma vez por semana nas
edições de quinta-feira, geralmente localizado na página 13 do caderno.
Estas colunas serão objeto principal da presente pesquisa sobre a cobertura
impressa da cultura pop nipônica no Ceará. Porém, antes pretendemos expor os
conceitos e as relevâncias concernentes ao assunto a ser analisado. A fim de que
possamos compreender os objetos em estudo, faz-se necessário o entendimento do
que significam cultura pop e cultura pop japonesa.
29
2 CULTURA POP E A CULTURA POP JAPONESA
O termo “Pop” tem sua origem nos Estados Unidos durante os anos de 1960 e
1970. Apesar ter sido eleita como uma expressão de definição das músicas ouvidas
pelos jovens dessa época, Luyten (2005) relata que a palavra tornou-se conhecida e
popularizada através do estilo artístico das obras do pintor Roy Lichtenstein, cuja
inspiração era proveniente das histórias em quadrinhos. Assim, a categoria atribuída
ao seu trabalho foi nomeada de “pop arte”.
Roselt (2010) defende que o pop é um fenômeno que opera no âmbito da
estética, sem ser separado dos respectivos desdobramentos sociais, políticos e
econômicos. O pop também procede como um aspecto materializado das
experiências pessoais de uma geração, em sua maior parte, formada por jovens,
assim como também do cotidiano e da trivialidade de vivência desse grupo, e a partir
disso, colocando-os em um contexto estético.
O conceito pop não se denomina apenas no que concerne ao objeto popular
dessa arte, mas também no seu efeito específico, onde tudo acontece “na forma de
uma explosão rápida, quase pipocante, como na palavra inglesa popcorn. O
conceito remete a uma das pinturas de 1956 do pintor britânico Richard Hamilton.”
(ROSELT, 2010, p.119).
A principal forma como a cultura pop é representada é a música. Roselt (2010)
defende que a partir da metade dos anos de 1950, esse conceito é incorporado nos
mais diversos tipos de música. O termo também passa a ser usado para definir
estilos de vida dos grupos admiradores desses estilos musicais, assim com no
Rock‟n‟Roll, no Punk, no Hip Hop, no Techno entre outros. O pop também é
caracterizado por uma contradição, pois é um cruzamento paradoxal de uma forma
de protesto voltada para as subculturas, inclusive na cultura popular que é
comercialmente bem sucedida. (ROSELT, 2010). Isso se deve a um ponto
fundamental: nesse tipo de cultura ela é sempre comunicável. Embora o conteúdo
não seja propriamente simplório, em sua maioria, os produtos pops são de fácil
compreensão do público geral, pois possuem desfechos poucos surpreendentes,
muitas vezes alcançando o estereótipo de banal. Isso se deve, em geral, às
30
temáticas trabalhadas nesse tipo de produto que são na maioria das vezes: o amor,
o sexo ou a traição. (ROSELT, 2010).
Veslasco (2010) defende que a razão para que o termo pop seja usado para
indicar os mais variados produtos, é o que torna sua conceituação complexa. Por
conta disso não é possível tentar entendê-lo como um conceito fechado. O pop está
relacionado ao movimento e à sensibilidade. Além disso, possui características
agregadoras, como conjugação de modos de criação de novos sentidos. Ele faz
parte da cultura global, mas não se configura numa uniformização do movimento
transnacional da econômica, da comunicação e da cultura. Um exemplo disso é a re-
lação entre a cultura pop e a juventude, que a principio era definido como a
personificação dos valores e dos desejos de uma sociedade e que foi transformada
pela indústria cultural em um produto comercial. O que não quer dizer que a
existência da cultura pop só se torna possível no âmbito industrial, mas mostra que
existe um processo dinâmico, com conflitos no percurso desse processo, de inclusão
das manifestações culturais espontâneas pelo mercado. (VESLASCO, 2010).
Constantemente associado aos jovens, o pop se apresenta com segmentação
nos diversos nichos de consumidores, destinando-se a um público mais amplo, na
maioria das vezes, sob a ótica hedonista típica da juventude. Percebe-se que após a
década de 1970, o mercado procura promover o estado de espírito jovem, não
restringindo a questão etária, mas a promoção dos discursos de valorização da
juventude (VESLASCO, 2010). Nesse ínterim, a mudança da visão dos jovens, que
antes eram sinônimos de delinquência e irresponsabilidade, migrou para a definição
de grupo social integrado e controlado ao serem percebidos como classe
consumidora, pois passam a se tornar público-alvo das produções em massa
durante e depois do Pós-Guerra. (VESLASCO, 2010).
A cultura pop pode ser uma forma poderosa de perceber o reflexo da
sociedade que vivemos, já que o conceito não se restringe apenas à estética. No
Japão, atualmente, a cultura pop surge sob várias formas e em algumas
características da música popular: também é chamada de enka18, karaokê,
videogames, desenhos animados (os animês), filmes, novelas de TV, entre outros.
18 “Enka é o nome de um estilo musical formado por balada de letras tristes e dramáticas, cujo ritmo e melodia remetem a gêneros musicais populares antigos no Japão. Características do enka são o uso de uma escala musical própria chamada yananuki, e uma forma de cantar com vocalização forçada chamada jigoe”. (SATO, 2007, p. 271).
31
(LUYTEN, 2005). Porém, esse tipo de costume não entrou no Japão de forma
pacífica. Sato (2007, p.14) relata que “na condição de nação derrotada após a 2ª
Guerra, os japoneses assistiram passivamente o exército americano instalar o
governo de ocupação em Tókio”. A partir disso, tudo o que antes era considerado
proibido e tachado pelo governo japonês como “símbolos do inimigo”, agora faziam
parte do cotidiano.
A presença norte-americana no Japão influenciou não apenas os rumos da
política e da economia, mas também a cultura. Segundo Cepaluni (2008), os filmes,
músicas e livros trazidos dos Estados Unidos - e que se tornaram tão populares
entre os japoneses -, incentivou a produção de uma geração de artistas japoneses
influenciados por essa cultura ocidental.
Durante o Pós-Guerra, o Japão tornou-se, além de consumidor dessa produção
cultural, exportadores de filmes de monstros (kaiju19), desenhos animados (animês)
e quadrinhos (mangás) para o Ocidente. Já as artes marciais tiveram como seus
principais veículos de disseminação os Estados Unidos, por meio dos soldados que
retornaram para casa após a ocupação do Japão. (CEPALUNI, 2008).
Até o final da ocupação americana, em 1952, período de grande crescimento
econômico era “a palavra de ordem lançada pelo primeiro-ministro da época:
'Dobraremos a renda em dez anos’. Depois, nos anos 70: 'alcancemos o Ocidente', e
nos anos 80: 'Conquistem os mercados externos'.” (BARRAL, 2000, p.34). As
consequências dessa situação fizeram, conforme Barral (2000) aponta, que a partir
da derrota do Japão em 1945 o país deixasse de ser militarista para se tornar um
país industrial. A princípio, os investimentos se focaram na metalúrgica e na
construção naval (“indústria pesada”). Depois o país passou a trabalhar com as
indústrias de transformação, principalmente as automobilísticas, têxteis e
eletrônicas, antes de evoluir para as indústrias de ponta, onde são trabalhadas, além
de equipamentos eletrônicos, a informática e a robótica. (BARRAL, 2000).
No período de cinquenta anos, o mercado interno adaptou-se e diversificou-se
a partir das necessidades dos 125 milhões de habitantes do país. Devido à elevação
do nível de vida durante os períodos de forte crescimento econômico, nos anos de
19 Kaijū 海獣 s Monstro Marinho. (MICHAELIS, 2003, p.197).
32
1960 e depois nos anos 1980, tornaram-se um dos povos mais consumistas do
mundo. (BARRAL, 2000).
Além do crescimento econômico, outro aspecto presente no país era a
influência norte-americana na cultura popular dos nipônicos, como defende Sato
(2007). Mas os japoneses não copiaram simplesmente o que vinha dos Estados
Unidos: eles adaptaram a cultura estrangeira à cultura local. “A longa história do
Japão demonstra curiosamente que os japoneses sempre foram receptivos a
influências externas” (p. 14), mas também trabalham essas influências baseadas
nas tradições, folclore e cultura local. Inspirado nessas características surgiu a
cultura pop japonesa.
A partir de 1990, com o colapso do consumismo e o esfacelamento da União Soviética, os Estados Unidos estabeleceram posição definitiva como o grande polo explorador de influência cultural, em função de sua condição de única superpotência global. Curiosamente, a partir desta época, O Japão também se tornou um polo explorador de influência cultural, mas diferente dos americanos, que de forma planejada e economicamente estruturada exportavam suas ideologias, estilos de vida e valores através de sua cultura pop pelos motivos da Guerra Fria, o Japão não tinha interesse em exportar aquilo que considerava ser subcultura. (SATO, 2007, p.21-22)
Nos anos de 1990, o crescimento da curiosidade e do interesse dos
estrangeiros pelo Japão, tornou-se significativamente visível, pois
uma multidão de pessoas comuns – jovens na maioria – engrossou um público antes formado por intelectuais, yuppies e executivos, que não procuravam mais apenas técnicas de administração, artes marciais ou aspectos da elitizada cultura tradicional japonesa (...). (SATO, 2007, p.22).
Mesmo sendo um movimento espontâneo e sem planejamento governamental,
a expansão da cultura pop japonesa se tornou um veículo rápido de divulgação da
cultura japonesa para o público estrangeiro, especialmente em relação aos jovens.
(SATO, 2007).
2.1Alguns elementos da cultura pop japonesa
Existe a possibilidade de que a origem dos quadrinhos japoneses tenha surgido
no século XI. Moliné (2006) defende que nesse período surgira uma primitiva
manifestação de caricatura gráfica, os Chôjûgiga (imagens humorísticas de animais).
33
A obra de autoria do sacerdote-artista Toba (1053–1040) consistia em uma série de
pergaminhos onde eram representados coelhos, macacos, rãs e outros animais em
cenas satíricas. Durante os séculos seguintes, o Japão adotou os desenhos de
caricaturas e em gravuras em pergaminhos, cujas temáticas abordadas, não raro,
eram em geral temas escatológicos ou eróticos. Além dos Chôjûgiga, no decorrer da
era Edo (1600 – 1867), surgiram outros suportes gráficos:
• os zenga (“imgens zen”), gravuras monocromáticas que utilizavam a caricatura para ajudar a meditação.• os ôtsu-e (“imagens de Ôtsu”, chamadas assim porque eram vendidas na cidade com esse nome, próximo Kyoto), Amuletos budistas que constituíam um espécie de “caricaturas portáteis” coloridas.• os nanban, biombos ilustrados com desenhos que relatavam, de forma estilizada, a chegada dos portugueses ao Japão, que, juntamente com os holandeses, foram os primeiros europeus a estabelecer contato com o país asiático e são representados com grandes narizes.• em especial, os ukiyo-e (“imagens do mundo flutuante”), gravuras feitas a partir de pranchas de madeira, geralmente de temática cômica e algumas vezes eróticas, que tiveram uma boa recepção na época. De maneira contrária às formas artísticas previamente citadas, destinadas primordialmente às classes altas, os ukiyo-e eram apreciados pelas populares, e seus criadores preferiam a crítica social e a sátira à perfeição estética. (MOLINÉ, 2006, p.18).
O primeiro artista a desenvolver as imagens de desenhos em sequencia foi o
pintor Katsuhika Hokusai (1760 – 1849), um dos mais famosos na categoria de
ukiyo-e de sua época. Em 1814, criou o primeiro conjunto de desenhos
encadernado, chamados de hokusai mangá, era uma série de 15 volumes. Esse
estilo foi nomeado a partir da união dos caracteres man (involuntário) e ga (desenho;
imagem), cujo significado era imagens involuntárias. Depois se tornou sinônimo de
todo desenho relacionado à caricatura ou ao humor gráfico.
Os quadrinhos japoneses não surgem como uma cópia dos trabalhos dos
norte-americanos ou ingleses que, segundo Barbosa (2005), foram os primeiros a
levar os conceitos de quadrinhos e humor gráfico ocidental para o Japão. A
característica da arte sequencial japonesa atua como a forma que a sociedade
nipônica percebe o mundo. A partir da abertura dos portos japoneses - Era Meiji 20 -,
várias novidades do ocidente foram levadas para o Japão, entre elas, os quadrinhos.
20“Meiji. Nome de era que significa “Governo esclarecido” e que corresponde ao reinando do imperador Meiji (mutsuhito): 9. 1868 -7.1912.” (FRÉDÉRIC, 2008, p.771).
34
Em 1862, elata Rocha (2011), o inglês Charles Wirgman estreou a revista The
Japan Punch, a primeira revista de humor no estilo ocidental no Japão, Inspirada na
revista Britânica Punch, cuja periodicidade era semanal. O periódico recebeu o
apelido de punch-e (ou desenhos punch).
O estilo da revista foi conquistando gradualmente os artistas japoneses até que
em 1890 teve seu nome alterado para Mangá. “No final do século XIX, os mangaka
(os desenhistas de quadrinhos) passaram a utilizar tiras de múltiplos quadros
inspirados em revistas européias, como a Punch Britânica, L’Assiette au Beurre e Lê
Rire francesas, Bilderbongen alemã e Puck americana”. (ROCHA, 2011, p.24).
Outro imigrante ocidental, o francês George Bigot, segundo Sato (2007),
chegou ao Japão em 1882 na Era Meiji, período que marca a volta do imperador ao
poder e também o intenso processo de ocidentalização do país. Em 1887, Bigot
criou a revista Tôbaé, apresentando ao Japão o conceito da “sátira política”
frequentemente causando problemas com a polícia.
A Revista Tôbaé, com suas características irreverentes e atrevidas, ajudou a
inserir os conceitos dos desenhos ocidentais que não existiam no Japão. Eram eles:
conceito de sombra, de perspectiva, de anatomia e a crítica humorística ao governo,
algo que não acontecia era dos xóguns21 e seria motivo para exílio ou execução
sumária.
Do início do século XX a 1932, as HQs no Japão se diversificaram, valendo-se do ambiente relativamente liberal da época. Muitas personagens estrangeiras, como Mickey, Popeye e Betty Boop, dividiam espaço em jornais e revistas com um número crescente de personagens japoneses, que na época seguia a tendência visual de personagens cartunísticos em traços simples e sem efeito de volumes similares ao Gato Félix. Entretanto a crescente militarização do país e o início da guerra Sino-Japonesa em 1933 impôs aos quadrinhos enorme censura e controle, proibindo os personagens ocidentais. A chamada “Lei de Preservação da Paz” – mais conhecida como “A Lei Perversa” – legalizou a intimidação e a prisão de desenhistas e editores que divulgasse ideias consideradas subversivas ao governo (...). (SATO, 2007, p.60).
Ainda com Sato, em 1940, foi criada pelo governo a Shin Nippon Mangá-ka
Kyõkai (Associação de desenhistas de quadrinhos do Sagrado Japão), era
impossível publicar algo se o desenhista não fizesse parte dessa associação. Com a 21 “Ieyasu Tokugawa (1542 – 1616) unificou o Japão e fundou uma dinastia de xoguns que governou até 1648. (...) O último xogun foi Yoshinobu Tokugawa(1837 – 1913). Em 14 de outubro de 1867,(...) cedeu o poder ao imperador Meiji Tenno”. (GLAUJOR; MORI, 2008, p.22-p.29).
35
intensificação da Segunda Guerra, em 1941, o mangá se tornou uma ferramenta da
propaganda de exaltação dos valores militarista do governo.
Com o fim da Guerra e a ocupação das tropas norte-americanas, o Japão foi
lentamente se adaptando a nova realidade. Nesse período destaca-se Machiko
Hasegawa, primeira mulher a alcansar sucesso como mangaká, autora do mangá
Sazae-san (Dona Sazae). (SATO, 2007).
Nagado (2005) aponta que, assim como surgiram charges de crítica social no
final do século XIX e com o desenvolvimento das histórias em quadrinhos no início
do século XX, o mangá tornou-se uma forma de arte reconhecidamente associada à
imagem do Japão moderno. A sua linguagem visual e narrativa, como conhecemos
hoje, partiu da evolução do trabalho de Osamu Tezuka, proclamado ‘Deus do
mangá’ ainda em vida, nos anos de 1950.
Na narrativa de Tezuka São utilizados elementos da cinematografia, onde
trabalhava as soluções visuais dinâmicas e histórias envolventes. Foi a partir dele
que o mangá tornou-se um fenômeno de massa maior do que nos primórdios do
pós-guerra, quando os quadrinhos japoneses eram considerados apenas uma opção
de lazer barata. Durante os anos de 1950 e 1960, o mangá consolidou-se como uma
das mídias de maior recepção e de grande influência no Japão. (NAGADO, 2005).
Impresso em papel jornal, em branco-e-preto e com uma linguagem envolvente, o mangá se consolidou como o grande passatempo nacional e gerou um forte e diversificado mercado de entretenimento para todas as idades, cujas maiores vendagens estão no segmento infanto-juvenil. (NAGADO, 2005, p.49).
O baixo custo, a facilidade de entendimento e a grande variedade de assuntos
voltados para diferentes faixas etárias, fizeram do mangá não apenas um simples
entretenimento, mas também uma “válvula de escape” das tensões do dia a dia de
uma sociedade extremamente competitiva e exigente. Seu conceito se amplia para
além da leitura, invadindo TVs e cinemas, conforme os personagens vão saindo do
universo monocromático de suas revistas e ganhando versões em outras mídias.
2.1.1 Os mangás para os brasileiros
36
Falar dos mangás também significa falar das animações no Japão. Moliné
(2006) aponta que “(...) em nenhum outro país esses meios têm estado tão
intimamente relacionados” (p.47). Em geral aqueles que consomem o mangá quase
que inevitavelmente também são consumidores do animê.
Seitarô Kitayama é considerado o pai da animação japonesa, suas primeiras
experiências aconteceram em 1913, entre as quais se destaca Saru Kami Kassen 22,
em 1917 e Momotarô,23 em 1918. Este último é uma adaptação de um famoso conto
japonês, que também foi o primeiro desenho animado japonês a ser exibido no
ocidente, especificamente na França.
Os brasileiros conheceram primeiro os animês, mais precisamente na de onde
geralmente as animações eram originadas. Isso acontecia porque os quadrinhos
japoneses não eram publicados no Brasil. Apenas na década de 1980 que a
importação de algumas obras foi possível através do intermédio do mercado norte-
americano. Todavia foi configurado outro problema: a versão norte americana era
editada e adaptada para a leitura e a cultura ocidental, perdendo as características
originalmente nipônicas. (GUSMAN, 2005).
Em 2000, a Conrad Editora trouxe para o Brasil os mangás Dragon Ball e
Cavaleiros do Zodíaco. A leitura era feita no sentido oriental e a onomatopéias
mantidas em japonês, pois eram características do desenho original. Esse foi o início
de uma nova era do mercado nacional de quadrinhos. “Nessa época, como os
quadrinhos de super-heróis, até então ‘donos’ do mercado, estavam em crise, a
principal editora do gênero, a Abril, optou por lançar edições luxuosas, apostando no
público mais fanático.” (GUSMAN, 2005, p.79), esquecendo-se de algo importante -
a criação de novos leitores -, papel que os mangás acabaram assumindo.
Os mangás apresentam três grandes vantagens em relação ao quadrinho norte-americano:1. As histórias têm um fim. Podem demorar cem edições, mas o mangá acaba. É como se fosse uma novela, e isso estimula o leitor a imaginar como será o desfecho da trama. (...)2. Os japoneses trabalham melhor a interatividade com a televisão e o cinema. Por exemplo, nos Estados Unidos, uma pessoa que não lê quadrinhos vai ao cinema e gosta do Homem-Aranha. Isso faz com que ela
22 “A batalha entre o caranguejo e o Macaco”. (MOLINÉ, 2006, p.47).23 “O Menino-Pessego”. (MOLINÉ, 2006, p.47).
37
se interesse em comprar o gibi, mas quando o faz descobre que as histórias são diferentes, (...) No Japão também há diferenças, mas pequenas, o que obviamente atrai o público que compra o mangá para experimentar a leitura.3. Por mais fantástica que seja a história, os roteiristas japoneses trabalham com muita competência o aspecto humano dos personagens, o que gera a empatia dos leitores. Isso foi esquecido pelos norte-americanos, que transformaram seus personagens em semideuses quase onipotentes, muito distantes da realidade do leitor. (GUSMAN, 2005, p.80).
A força dos mangás no Brasil se tornou tão significante que o desenhista
Maurício de Sousa, criador da Revista Turma da Mônica, nacional e
internacionalmente conhecida, aderiu ao estilo com o lançamento da Revista Turma
da Mônica Jovem. Sousa (2010) relata que o projeto já havia sido pensado há mais
de oito anos, mas não tinha a intenção de utilizar a técnica japonesa de desenho. O
projeto, portanto, seria feito no moldes da revista tradicional. Porém, a ideia foi
adiada devido ao grande volume de produção das revistas e de novos planos com a
turma da Mônica tradicional:
(...) dois fatores me fizeram decidir pela produção imediata do novo material. Um deles foi o envolvimento do nosso estúdio nas comemorações do Centenário da Imigração Japonesa, quando senti mais do que nunca a força do mangá junto aos leitores. Principalmente jovens. Outro fator foi meu filho Marcelinho, então com 9 anos, que, num determinado dia, quando levei pra ele as revistas da Mônica e uma revistinha do personagem japonês Naruto (que ele esperava com ansiedade), olhou para mim e demonstrou claramente sua dúvida quanto a qual revista ler primeiro. Senti que ele não queria me “ofender” pegando o Naruto. Ali eu percebi que estava perdendo meus leitores crianças para o mangá, Se há alguns anos eles liam a Turma da Mônica até seus 14, 15 anos, agora com suas infâncias cada vez mais “encurtadas”, já aos 9, 10 anos passam a achar que nossas revistas eram coisa de criança. (MAURICIO DE SOUSA, 2010, p.125).
Com a ajuda dos conhecimentos sobre o estilo mangá de boa parte da equipe
do estúdio, e de sua esposa e diretora de arte, Alice Takeda, teve início, segundo
Sousa (2010, 125), o “(...) trabalho ‘insano’ para acrescentar 120 páginas mensais à
nossa produção.” Mas apesar da revista ser trabalhada no estilo mangá, a forma de
leitura é ocidental, pois tem como objetivo manter as características do estilo da
revista Turma da Mônica tradicional24.
2.1.2 Animês: animação no Japão e no Brasil
24 Informação contida na última página de todas as edições da revista “Turma da Mônica Jovem”.
38
A indústria de animês é um dos principais ramos do mercado de
entretenimento japonês, conforme aponta Sato (2007), e, atualmente, principal forma
de veiculação da cultura pop japonesa no planeta. Uma das razões é a grande
quantidade de produções comerciais direcionadas tanto para o cinema, TV e
videogames.
A animação é utilizada de forma significante nas produções experimentais e
independentes. O uso dos animês nos diversos setores mercadológicos, como a
propaganda, a produção de efeitos especiais e as produções institucionais, tornou o
Japão um dos maiores realizadores de animações do mundo. Assim, uma referência
internacional, cuja influência nas mais diversas mídias, faz pela cultura japonesa o
mesmo que Hollywood fez pela cultura norteamericana. (SATO, 2007).
Para os japoneses, a palavra animê tem como significado todo e qualquer tipo
de desenho animado; no entanto, em outras partes do mundo, convencionou-se
chamar de animê todo desenho animado produzido no Japão ou toda animação com
característica desenvolvida na terra nipônica. (SATO, 2007). Mas nem sem sempre
essa expressão foi sinônimo de animação. Até o fim da 2ª Guerra palavras
estrangeiras raramente eram usadas no vocabulário japonês. Os motivos eram que
a população preferia utilizar expressões pertencentes ao próprio idioma; outra razão
era a proibição instituída pelo governo militar para a utilização e o ensino de línguas
estrangeiras em público, principalmente a língua inglesa e russa. (SATO, 2007).
Dessa forma, os desenhos animados eram chamados de dõga (imagem ou desenho
que se move) ou ainda de mangá eiga (filme de quadrinhos). Somente após a 2º
Guerra Mundial, mais precisamente a partir na década de 1950, é que a expressão
passou a ser utilizada no Japão. (SATO, 2007).
Nagato (2005) aponta que a indústria de produção de animês, teve um início
muito discreto, consolidando-se de forma definitiva a partir da década de 1960. Na
década de 1970, esse setor de mercado teve um grande impulso, devido ao
chamado anime boom (explosão anime), que foi o fenômeno de massa originado
pelo sucesso do desenho Uchuu Senkan Yamato (“Encouraçado Espacial Yamato”),
que no Brasil recebeu o nome de Patrulha Estela.
Apesar de a televisão brasileira ter começado sua transmissão em 18 de
setembro de 1950 com a TV Tupi, Monte(2010) esclarece que a animação japonesa
39
chegou ao nosso país após 1964, devido a questões de cunho político e econômico.
Do final dos anos de1950 a 1960, o foco do crescimento no Brasil estava voltado
para a economia, investimentos na industrial e populacional, principalmente nas
áreas urbanas.
(...) o fato de que o quadro socioeconômico do país não era favorável à implantação da TV em 1950. Na atividade econômica prevalecia o setor agrícola, com mais de dois terços da população vivendo na área rural, onde a maioria absoluta das propriedades não contava nem com energia elétrica. Tais características, aliadas ao cunho de total improviso que marcou os primeiros anos da TV e as limitações técnicas do equipamento da época, levaram a televisão brasileira a um prolongado período de hibernação. Para se ter uma ideia, em 1958, existe apenas 250 mil televisores em todo país, concentrados basicamente no eixo Rio - São Paulo. (SIMÕES, 2003, p.19).
Só a partir da década de 1960, os governos passaram a investir em melhorias
tecnológicas no setor de comunicação, sobretudo no sistema televisivo. A chegada
do videoteipe também contribuiu para a compra dos mais diversos programas de TV
internacionais. Mas as primeiras emissoras ainda trabalhavam com certo
amadorismo.
Em meados de 1965, a Rede Globo consolida sua marca administrativa na TV
brasileira: foi “o primeiro canal a se tornar uma rede e ter criado, um “padrão de
qualidade” – técnico e de conteúdo superiores -, conquistando cada vez mais
popularidade. Já na década de 70, a emissora era líder absoluta de audiência”.
(MONTE, 2010, p.30). Isso contribuiu, segundo Monte (2010), para que, apesar da
chegada dos primeiros títulos de animês ter acontecido na década de 1960,
animações japonesas não apresentassem repercussão, já que eram exibidos em
canais com pouca audiência e que não possuíam o mesmo alcance que a Rede
Globo.
No Brasil os Cavaleiros causaram um furor sem precedentes, abrindo caminho para a grande popularidade que o mangá e o animê hoje possuem no país. (...) somaram-se no país outras condições que colaboraram para o grande impacto da série. Quando o animê entrou no ar em 1994 pela TV Manchete, havia uma década que nenhum desenho japonês recente era exibido pelas emissoras brasileiras, e por isso os Cavaleiros atraíram a atenção de crianças e adolescentes na condição de novidade sem similar. O enredo dramático, com a história dividida em capítulos terminando em suspense como nas telenovelas brasileiras, cativou também o público adulto (...). (SATO, 2007, p.45).
40
No início da década de 1980, com o avanço tecnológico, o aumento na venda
de televisores e a expansão dos sistemas de comunicação fez que outras emissoras
surgissem e pudessem ampliar o seu alcance nacional. É nesse período que surgem
as emissoras SBT (Sistema brasileiro de Televisão) e TV Manchete. Esta, durante a
década de 1980, exibia muitos títulos de animação japonesa, mas foi na década de
1990, com a apresentação de Saint Seiya (Cavaleiros do Zodíaco), de Masami
Kuramada, que o sucesso os animês começou a ganhar força no espaço televisivo.
(MONTE, 2010).
Nesse período, como Sato (2007, p.45) relata, a empresa de brinquedos
espanhola Samtoy, distribuidora dos bonecos dos Cavaleiros do Zodíaco no Brasil,
chegou a arrecadar cerca de 100 milhões de reais em vendas, “o que fez que a
imprensa dedicasse vários artigos à ‘febre’ dos Cavaleiros. (...) Kurumada encerrou
a série em mangá em 1991, mas a série em animê continua a render dividendos.”
Monte (2010) defende que o grande sucesso de Cavaleiros do Zodíaco
beneficiou o comércio e também foi responsável pela disseminação da cultura pop
japonesa no Brasil. Foi possível perceber essa difusão através das revistas
especializadas no assunto. Gusman (2005) relata que foi a partir do ano 2000,
período quando a Conrad Editora apresenta para os brasileiros a versão mangá dos
títulos Dragon Ball e Cavaleiros do Zodíaco, “(...) dando início a uma nova era no
mercado nacional de quadrinhos. (GUSMAN, 2005, p.79).
Como ex-editor da Conrad, uma das coisas mais assustadoras era a constatação da existência de leitores que jamais haviam lido uma história em quadrinhos no sentido ocidental. Ou seja, eles só liam mangás, o que é quase uma devoção.Pude contatar isso no site, do qual sou editor-chefe, Universo HQ (www.universohq.com), principal veículo sobre quadrinhos do país. Atualmente, o site é visitado por 18 mil pessoas por dia, em média, e esse número aumenta quando colocamos grandes matérias sobre mangás ou animês. (GUSMAN, 2005, p. 80).
Através das revistas especializadas em temas com jogos, animês e mangas, foi
difundido também o termo Otaku, como definição desse grupo de fãs. Nagato (2005)
revela que o termo foi criado em 1983, pelo jornalista japonês Akio Nakamori que, na
41
forma como é escrita - no alfabeto katakana25 26 - a palavra se diferencia do
significado mais antigo, que é ‘casa’. Otaku, em seu entendimento original de
Nakamori, significa um individuo que vive ‘fechado em um casulo’, isolado do mundo
real e dedicado a um hobby. É possível encontrar aquele que coleciona tudo sobre
uma modelo-cantora (como as ninfetas denominadas pop idols), bandas de rock,
filmes de monstro ou personagens de mangá, jogos ou animes.
No Brasil, através das revistas especializadas, o termo otaku se espalhou
rapidamente entre os fãs como sinônimo de colecionador de mangás e animês. É
claro que aqui existem os otakus clássicos, mas eles são raros. O termo otaku no
Brasil recebeu outro significado, aplicando-se apenas aos admiradores mais
entusiasmados de mangá e animês. E mesmo entre desse grupo há controvérsias
sobre o uso ou não do termo. (NAGATO, 2005).
Outro produto admirado pelos otakus são os Tokusatsu, que em japonês
significa “efeitos especiais”. Segundo Sato (2007), essa denominação tem um
sentido genérico que engloba as diversas técnicas de efeitos visuais e de pirotecnia
usadas no cinema e na tevê “(...) – de simples trucagem a imagens tridimensionais
animadas como modernos recursos de computação gráfica” (p.315). No Japão a
palavra Tokusatsu tornou-se também sinônimo de um gênero de filmes que,
precisamente, pelo grande uso de tais efeitos, começaram a ser chamados de filmes
tokusatsu ou de séries tokusatsu.
Os fãs do gênero costumam classificar as produções tokusatsu em subgêneros, como os daikaijû eiga (“filmes de monstros gigantes”, entre os quais estão os filmes de “Gogzilla”), os kyodai Shiriizu (“série de heróis gigantes”, como as séries “Ultraman”) e as henshin hiirõ Shiriizu (“séries de heróis de transformação” – a diferença é que ao contrário do “Ultraman”, os heróis henshin não ficam gigantes). (SATO, 2007, p.315).
São dessa última categoria as séries com heróis únicos, ou em grupo, com é o
caso das séries: Power Rangers, Jaspion, Jiraia, Kamen Rader, entre outros. Em
25Katakana. Série de caracteres silábicos derivados de caracteres chineses simplificados e utilizados, sobretudo na transcrição fonética das palavras de origem estrangeira, nos telegramas e cartazes (FRÉDÉRIC, 2008, p.616)”.26 “A escrita japonesa é composta de dois sistemas de escrita: um sistema silábico que se subdivide em dois sistemas chamados de hiragana e katakana e o sistema ideogramático chamado em japonês de KANJI (...). Para que possamos ler em japonês, portanto, é preciso conhecer tanto a escrita ideogramática japonesa – kanji – como o sistema silábico hiragana e katakana.” (LARGURA FILHO, 2006, p. 8).
42
1964 a série National Kid chegou ao Brasil e foi exibida pela Rede Record, tornando-
se um sucesso inesperado. Por meio dela foi trazido, pela primeira vez em nosso
país, o conceito de super–herói japonês numa época em que não existia a presença
asiática na mídia. (SATO, 2007).
National Kid conquistou o público infantil e tornando-se tão popular no Brasil,
que a série foi reprisada nos anos subsequentes até que, em 1970, seus filmes
foram dados como perdidos, em algum dos vários incêndios que aconteceram nas
instalações da Rede Record, durante o período em que nosso país estava sob
regime militar. (SATO, 2007).
Também faz parte do universo da cultura pop japonesa às anime songs ou
anisongs, que de acordo com os estudos de Nagato (2008) é um dos segmentos do
mercado fonográfico japonês que engloba as músicas de trilhas sonoras de animês,
games e produções em live-action 27de aventura. Nessa categoria estão incluídas as
músicas criadas para os personagens de mangá que muitas vezes inspiram a
criação de CDs baseados nos diálogos de histórias, bem como a composição de
músicas especialmente feitas para servirem de apoio para os quadrinhos.
(NAGATO, 2005).
Até os anos de 1970, “os discos com temas de animês e seriados tokusatsu
eram esquecidos no fundo das lojas”. (NAGATO, 2005, p.54). A mudança aconteceu
devido à pressão de alguns cantores nipônicos que fazem parte dessa categoria. A
partir da aceitação do segmento de anime song ao mercado fonográfico. A
percepção do crescimento nesse setor fez com que o segmento ganhasse tanta
força e abrangência, contribuindo para a amplitude do gênero J-Pop.
Sato (2007) aponta que a designação J-Pop surgiu a partir dos anos de 1980.
Por meio de uma estação de rádio FM chamada J-Wave o termo se tornou
conhecido “(...)como sinônimo de um estilo musical que até então era chamada de
New Music (em inglês, ‘música nova’). Desde então, a expressão J-Pop passou a
ser amplamente usada no país e no exterior(...)”. (SATO, 2007, p.279). Segundo a
autora sua classificação é genérica, pois engloba diversos estilos musicais
produzidos no Japão, como o Pop, o Rock, o Soul, o Rap, o Eurobeat, Funk, entre
outros.
27 “filmagens com atores”. (NAGATO, 2008, p.50).
43
O J-Pop foi o responsável pelas mudanças acontecidas nas anisongs, que
ganhou versões mais modernas, o que contribuiu para a atração de, além do público
infantil, também um público de adolescentes. (NAGATO, 2005).
2.1.3 Os cosplay e o evento SANA
Quando os animês passaram a serem exibidos, fora do Japão, os otakus se
organizaram copiando comportamentos de seus colegas nipônicos, promovendo
eventos nos quais os fãs compareciam fantasiados de seus personagens preferidos.
Essa atividade foi chamada de kosupuree ou cosplay - contração de costume play -,
que significa “brincar de se fantasiar”. (SATO, 2007).
Os aficionados de Cosplay, na maioria entre 16 e 21 anos (...) preocupam-se minuciosamente em reproduzir com maior fidelidade possível a aparência e atitude de seu modelo (...). Milhares vêm para se mostrar, tirar uma foto, representar estrelas por um dia antes de voltar a seu cotidiano anônimo.Esse desejo de mudar de pele é uma constante na galáxia otaku. Como se, ao disfarçar-se de personagens de desenhos animados, os jovens chegassem a encontrar sua verdadeira personalidade. Como se a roupa insípida de todos os dias fosse de fato o verdadeiro disfarce, aquela que os representa no dias em que não são eles mesmos. (BARRAL, 2000, p.140).
Em entrevista concedida a Barata (2010), o diretor-geral administrativo da
mostra e um dos fundadores do evento, Ricardo Sá, lembra que tudo começou com
a reunião de um grupo de amigos que gostavam de animes. Sá aponta que isso
acabou influenciando também na escolha da carreira que seguiram
profissionalmente:
(...) eu sempre fui responsável pela parte administrativa, desde os 15 anos, acabei fazendo faculdade de administração; como o Daniel era responsável financeiro, fez contabilidade; a Aline cuidava dos convidados, fez turismo; Kadu fazia material publicitário, fez publicidade e propaganda. (...)Começamos em 2001, no auditório da biblioteca da Unifor com 220 pessoas. Em 2003 demos um grande passo e fomos para o Centro de Convenções. Em 2004 trouxemos nosso primeiro convidado de fora do estado, o dublador Marcelo Campos. Em 2007 conseguimos trazer nosso primeiro convidado internacional, no caso os japoneses Akira Kushida e Takayuki Miyauchi. (BARATA, 200928).
Foi no ano de 2005 que, segundo Barata (2009), a organização do evento
percebeu a necessidade de registrar o evento que já se firmava devido o aumento 28 Anexo I.
44
do público interessado. No ano seguinte foi criada a Fundação Cultural Nipônica
Brasileira (FCNB), que passou a organizar o evento, ampliando as possibilidades de
produtos oferecidos e proporcionando maior credibilidade.
Roberto Leite, colunista do J-pop do jornal o Povo, aponta que a Super
Amostra de Animês movimenta “muita gente, reúne muitas tribos, tanto que
atualmente você tem 30.000 pessoas, 40.000 pessoas, participando de um SANA.
Em três dias e é um número muito grande: faz com que o Ceará só perca mesmo
para São Paulo (...)” (ANEXO I, 2011).
A partir da exposição dos conceitos trabalhados pelas colunas Zona Otaku do
Diário do Nordeste e J-POP do Jornal o Povo, objetos da análise desse estudo,
podemos, enfim, iniciar a análise dos aspectos históricos e jornalísticos das colunas.
45
3 METODOLOGIAS APLICADAS À PESQUISA
Após termos realizado, até esta etapa da pesquisa, uma revisão conceitual e
histórica da cultura pop japonesa, explicitando sua trajetória no Brasil e no Ceará,
cabe-nos agora analisar as motivações para a publicação de duas colunas
especializadas no assunto, bem como a rotina produtiva adotada pelos autores da
Zona Otaku do Diário do Nordeste e na coluna J-Pop, do jornal O Povo. Entre outros
métodos de investigação realizamos entrevista em profundidade e análise de
conteúdo.
A aplicação da entrevista em profundidade tem como objetivo, como defende
Sousa (2006, p.722) descobrir informações relevantes para a pesquisa. A vantagem
dessa ferramenta está “(...) na possibilidade de se obterem informações
pormenorizadas e aprofundadas sobre valores, experiências, sentimentos,
motivações, ideias, posições, comportamentos, etc. dos entrevistados”.
Para efeito desta, a entrevista em profundidade foi realizada com os editores
das colunas Zona Otaku (Diário do Nordeste) e J-Pop (O Povo), com o objetivo de
traçar um perfil geral desse espaço de informação. Seguindo categorização proposta
por Sousa (2006) realizou-se perguntas abertas, que, como defende o autor,
“permitem toda a liberdade quanto à forma e extensão da resposta. (...) A principal
vantagem das perguntas abertas é a reduzida influência sobre o entrevistado (...)”.
(SOUSA, 2006, p.653).
A finalidade da entrevista em profundidade é obter de uma pessoa dados relevantes para pesquisa. A sua principal vantagem, como o nome indica, reside na possibilidade de se obter informações pormenorizadas e aprofundadas sobre valores, experiências, sentidos, motivações, ideias, posições, comportamentos, etc. dos entrevistados. (SOUSA, 2006, p.722)
Outra metodologia utilizada é a análise de conteúdo, que, segundo Sousa
(2006), consiste em um dos métodos científicos mais utilizados na comunicação,
principalmente, para analisar os conteúdos de jornais e revistas, pois permite a
aquisição de dados quantitativos à pesquisa. Para isso, a amostra escolhida para a
aplicação da análise é a estratificada, isto é, escolha de amostras de “(...)
46
determinados períodos de determinados anos tivessem ocorrido casos significativos,
poderá ser conveniente estudar os jornais desses períodos”. (SOUSA, 2006, p.666).
Os períodos escolhidos são os do mês de janeiro, quando acontece o Sana
Fest, evento que também faz parte da franquia do SANA, e o mês de junho, quando
ocorre a mostra principal o Sana. Serão, ao todo, nove edições da Zona Otaku
(Diário do Nordeste) e nove edições do J-Pop (O Povo), totalizando o número de 18
edições analisadas. O ano escolhido é 2010, quando o evento completa 10 anos de
existência.
Dentro da análise das 18 edições, nos interessa observar a rotina de produção
das colunas, além de compreender como são selecionados seus conteúdos. Pois
assim. Conforme aponta Traquina (2005), o universo de acontecimentos que
constituem a matéria-prima da noticia é imenso e, por essa razão, a necessidade de
realizar uma estratificação dos assuntos a serem trabalhados, onde os recursos
consistem na seleção e no julgamento daquilo que pode ou não ser notícia.
(...) adquirir a existência pública de notícia, numa palavra – ter noticiabilidade (newsworthiness). Aliás, a questão central do campo jornalístico é precisamente esta: o que é notícia?. ou seja, quais os critérios e fatores que determinam a noticiabilidade dos acontecimentos. (TRAQUINA, 2005, p.180).
Segundo Fernandes (2011), para se descobrir os critérios ideais para se
estabelecer o estudo é preciso em primeiro lugar descobrir qual o “modus operandi”
vigente nas empresas jornalísticas a serem pesquisadas.
A noticiabilidade é constituída pelo conjunto de requisitos que se exigem dos acontecimentos - do ponto de vista da estrutura do trabalho nos órgãos de informação e do ponto de vista do profissionalismo dos jornalistas - para adquirirem a existência pública de notícias. Tudo o que não corresponde a esses requisitos é «excluído», por não ser adequado às rotinas produtivas e aos cânones da cultura profissional. (WOLF, 1995, p.170).
Estabelecendo como base a teoria integracionista defendida por Traquina
(2005), pretende-se estabelecer a compreensão do fenômeno estudado, onde as
notícias resultam de um processo de produção, baseado na percepção, seleção e
transformação da matéria-prima - no caso os acontecimentos - em produto, que
seriam as notícias propriamente ditas.
47
Wolf (1995, p.175) defende que no processo de seleção e transformação dos
acontecimentos em notícias, o uso dos “critérios de relevância funcionam
conjuntamente «em pacotes» (...)”, que seriam as diferentes relações e
combinações que estabelecem entre os diferentes valores/notícia, que recomendam
a seleção de um fato.
3.1 Jornalismo De Coluna
A coluna é segundo Amaral (1997) uma “área privativa” do Jornalismo, onde o
colunista possui certa liberdade de expressão e um regulamento próprio. É possível
misturar nas colunas (que tratam de assuntos gerais ou temas específicos): notícia e
comentário, entrevista e interpretação, humor e gravidade, tudo trabalhado em
textos curtos em forma de “pílulas”.
Por outro lado, Melo (2003) defende que a coluna corresponde a um setor
jornalístico emergente de um tipo de jornalismo pessoal, cuja vinculação das
matérias está intimamente ligada à personalidade do seu redator. “No caso das
colunas que abrangem setores culturais é preciso não confundi-las com as
resenhas. São dois gêneros que coexistem no mesmo espaço jornalístico”. (MELO,
p.147).
Enquanto a resenha faz análise das obras em circulação, a coluna movimenta o setor, mantendo aceso o interesse dos leitores pelos protagonistas. Divulgando programação, destaca lançamentos, sugere opções, projeta nomes. Cria, enfim, um clima emocional em torno daquele segmento da indústria da cultura suscitando o interesse permanente dos seus aficcionados. (MELO, 2003 p.147).
.
O autor defende que a coluna seria o espaço que movimenta o setor onde a
obra ou a temática está inserida. Fazem parte das características de uma coluna: a
divulgação de programações destaque de lançamentos, sugestão de opções,
projeção nomes do setor abordado, criando um clima emocional naquele segmento
industrial da cultura, objetivando, assim, o interesse contínuo dos leitores
interessados pelo tema.
No nosso caso, a temática seria a cultura pop japonesa, que tem como
representante primário os eventos Sana e Sana Fest, protagonistas das matérias
48
que são abordadas nas matérias produzidas pelas colunas Zona Otaku (Diário do
Nordeste) e J-Pop (O Povo). São esses eventos que a princípio são os motivos da
geração do público interessado tanto nas mostras, propriamente dita, quanto nos
produtos visibilizados pelos eventos como os animês, mangás, etc.
3.2 Coluna J-Pop do jornal O Povo
O editor da coluna J-Pop, Roberto Leite29 relata que a ideia da criação da
coluna se deu devido ao crescimento do SANA. Segundo o jornalista, o que lhe
chamou a atenção foi crescimento gradual do evento, até se tornar, hoje em dia, o
segundo maior evento do Brasil que trabalha com a temática da cultura pop
japonesa, mesmo com um pequeno número de japoneses e descendentes nipônicos
no Estado, perdendo apenas para São Paulo, onde se concentra uma das maiores
colônias japonesas do mundo.
(...) É o tipo de cultura que movimenta muita gente, reúne muitas tribos, tanto que você ver que, atualmente, ter 30.000 pessoas, 40.000 pessoas, participando de um SANA em três dias, é realmente um número muito grande, isso faz com que o Ceará perca apenas São Paulo. Mas se entender, por que São Paulo possui uma cultura de imigração japonesa significativa, existe um bairro de japoneses, além disso, é uma cidade muito maior que Fortaleza, com muito mais pólos, muito mais pessoas. (ROBERTO LEITE, 2011).
Foi a partir da possibilidade de trabalhar o desenvolvimento da cultura pop
japonesa, que surgiu a ideia de criar um produto jornalístico que abordasse as
novidades desse universo. Segundo Leite (2011) existe pessoas que são
especializadas nesse assunto e muita gente tem interesse em conhecer mais
informações sobre essa temática.
Leite (2011) relata que, embora internet seja um veículo mais rápido que o
jornal, existe um público que não encontra esse material com facilidade ou não tem
muito acesso a internet. Esse foi um dos argumentos utilizados na proposta feita à
chefia do jornal O Povo em 2009, objetivando a criação de um produto, no caso uma
coluna que trabalhasse com a temática da cultura pop oriental.
29Em entrevista concedida à autora em 30/03/2011, conforme anexo I.
49
O Nome J-Pop foi escolhido, segundo conta Leite (2011), pois significa a
nomenclatura do estilo musical que passou a ser amplamente utilizado no Japão e
no Exterior, que define como uma “(...) classificação genérica de diversos gêneros
musicais (...) produzidos no Japão”. (SATO, 2007). Mesmo sendo uma classificação
musical, o colunista encontrou nesse termo, a forma de permear tudo aquilo que faz
parte da cultura pop-japonesa: roupas, música, filmes, animações, etc.
No final de 2010, o Povo, segundo Leite (2011), passou por um remodelamento
gráfico e editorial. Em estudo com a chefia do jornal e os editores dos núcleos de
cultura e comportamento, responsáveis pelo Caderno Buchicho30 -onde a coluna
está localizada - ficou decidida a mudança de J-Pop para Ásia-Pop, ampliando
assim o universo de notícias com a temática oriental.
1ªedição31 Ásia Pop32
A coluna J-Pop é considerada pioneira a trabalhar com cultura pop-japonesa no
Ceará, visto que sua primeira edição data de 23 de abril de 2009. Leite (2011)
aponta que antes do SANA, os jornais só noticiavam algo relacionado a esse tema,
quando era uma resenha de filme ou quando um cantor oriental “estourava” ou
chegava ao Estado, mas eram direcionadas para os espaços que trabalhava filmes 30Caderno de entretenimento do Jornal O Povo31Edição do dia 23 de abril de 2009 do jornal O Povo.32Edição do dia 09 de junho de 2011 do jornal O Povo.
50
ou música em geral não existindo um produto específica. Um exemplo é a matéria
sobre o centenário da imigração japonesa, edição de 16 de junho de 2008, onde o
jornal fez uma cobertura especial ao longo do jornal. Na página 24, identificada
como “Páginas Azuis”, encontra-se uma entrevista com um dos filhos do primeiro
japonês a chegar a Fortaleza.
Fig-133
A coluna é semanal, suas edições são veiculadas todas as quintas-feiras e está
localizada na página 13 de caderno Buchicho Teen. Segundo Leite (2011), “A linha
editorial é privilegiar a cultura pop do oriente de uma forma geral, (...) claro o que
acaba acontecendo é que 90% delas são sobre o Japão, por que há uma produção
maior (...)”. O colunista defende que “(...) prima, fazer da coluna não apenas um
espaço opinativo, onde se simplesmente se escolhe aqui um tema e escreve sobre
ele. na verdade tentamos ser um pouco factual também, ser um opinativo, mas que
seja noticioso”.
Então o processo de feitura da coluna de quinta começa na quinta anterior, porque eu vou fazendo um acompanhamento diário do que está sendo lançado do que está saindo e não necessariamente tem que ser algo produzido no Japão, mas pode ser algo produzido em outro canto que tenha em comum essa cultura pop oriental. (ROBERTO LEITE, 2011).
O colunista aponta dois exemplos de produtos de influência pop japonesa, que
se configuram como pauta para a sua coluna. O primeiro é o filme do AKIRA, uma 33Edição do dia 6 de junho de 2008 do jornal O Povo.
51
animação japonesa famoso dos anos 80, que está sendo produzida em live-action,
isto é, com pessoa de verdade, em Hollywood. O segundo é a produção de um
mangá que conta a história do Papa Bento XVI, pelo Vaticano com o objetivo de
atrair o público jovem.
Roberto Leite (2011) relata que existem certas dificuldades em fazer a
cobertura de eventos regionais que trabalham com a cultura pop-japonesa, pois a
comunidade japonesa no Ceará é muito dispersa: “muitas vezes (...) os eventos
acabam não chegando, assim muitas vezes a gente sabe do evento porque alguma
outra pessoa vai lá, ou conhece alguém que vai participar”. Outras dificuldades em
trabalhar com a cobertura de eventos regionais é que as pautas acabam sendo
direcionadas para outra editoria, como a Editoria de Cotidiano. Porém, segundo
Leite (2011), a partir do deste ano haverá uma tentativa de convergir essas noticias
para a coluna especializada, no caso a J-Pop, hoje chamada de Ásia Pop.
3.3 Coluna Zona Otaku do Jornal Diário do Nordeste
A história do nascimento da coluna Zona Otaku difere em muitos aspectos da
história da coluna J-Pop do Jornal O Povo. Segundo a jornalista Diana
Vasconcelos34, coordenadora da coluna Zona Otaku do Diário do Nordeste, foi o
jornal quem convidou os membros da Fundação Cultural Nipônica Brasileira, a
FCNB, a escrever uma coluna sobre a atemática da cultura pop japonesa.
Sempre nos eventos era feita uma parceria entre a FCNB com o Diário ou com o Povo, até que ficou fixa com o Diário, por conta da boa cobertura feita por eles. Os editores do Diário viram que o público foi crescendo, não só o público do SANA, mas o público de uma forma geral na cidade que gostava, que procurava ou que era pelo menos curioso. Eles acharam que seria interessante ter uma coluna e entraram em contato com a gente. (DIANA VASCONCELOS, 2011).
A coluna foi anunciada no dia 31 de dezembro de 2009, na página 16 do
caderno Zoeira, e possuía o titulo de “ZUMZUMZUM”. O espaço também tem como
característica ser escrito por um conjunto de colunas, onde Diana Vasconcelos,
única jornalista do grupo de cinco colunistas, é a coordenadora da equipe da Zona 34Em entrevista concedida à autora em 02/06/2011, conforme anexo II.
52
Otaku. Os outros colunistas são: Clarice Barosso, Elano Vasconcelos, Marcus
Henrique, João Neto, Igor Lucena.
Fig-435
Os assuntos são divididos em temáticas semanais, quinzenais e especiais. A
coluna é composta pelas seguintes seções: “Zona Otaku” (matéria principal e única
fixa); “Save Point” (games); “Ponte Aérea” (cultura japonesa); “Entre Nerds e
Otakus”; “Estação J-music”; “Super Heróis” (tokusatsu, live-action e etc); “Otaku no
Vídeo” (animês) e “Ásia-Pop”(cultura pop asiática em geral).
35 Edição de 31 de dezembro de 2009 do jornal Diário do Nordeste.
53
Fig-536 Fig-637
Segundo a jornalista, que também é coordenadora de comunicação da FCNB,
a relação entre a Fundação e o Diário do Nordeste, acontece da seguinte forma:
enquanto a fundação sobrevive de bolsas de projetos culturais, e recebe o direito de
usar a logo de apoio do Diário do Nordeste nos projetos que participa, o jornal
recebe o material escrito e editado da coluna.
Vasconcelos (2011) relata que quando a coluna começou, ela recebia salário
dos projetos que participa pela fundação e por outro emprego que tinha na prefeitura
de Fortaleza. Segundo a jornalista, todos os colunistas, incluindo ela, não recebem
salário pela produção da coluna especificamente. No mês de maio deste ano, Diana
Vasconcelos foi contratada pela TV Verdes Mares e não pelo Diário do Nordeste.
O processo de entrega do material segundo Diana Vasconcelos, acontece
quando ela recebe todas as matérias dos outros colunistas no domingo e depois da
editoração é enviado por e-mail, na segunda-feira, para o jornal. Por um lado,
pertencer a uma fundação que trabalha diretamente com a cultura japonesa facilita a
captação e confirmação das notícias abordadas em cada coluna de forma mais
rápida.
Por outro lado, a ligação dos colunistas com a FCNB e com o Sana também os
coloca na posição de fonte. Seria possível manter o conceito defendido por Amaral
36 Edição do dia 2 de janeiro de 2010 do jornal diário do Nordeste.37Edição do dia 2 de janeiro de 2010 do jornal diário do Nordeste.
54
(1997) onde o “gênero coluna” se diferencia por possuir a liberdade de expressão?
Vasconcelos (2011) destacou de forma veemente em toda a entrevista que a
fundação não interfere nas decisões dos colunistas. Porém, também afirmou que
algumas vezes já recorreu à FCNB, com o propósito de verificar uma informação ou
buscar uma fonte.
3.4 Análise Das Colunas J-Pop (O Povo) E Zona Otaku (Diário do Nordeste)
Nossa análise se deteve em 18 edições, equivalentes aos meses de janeiro e
julho, justificado por ser o período no qual acontecem os eventos Sana Fest e Sana,
além de ser o ano em que foram comemorados 10 anos do evento. Foi gerado,
então, um total de nove edições da coluna J-Pop (O Povo) e nove edições da coluna
Zona Otaku (Diário do Nordeste).
A pesquisa observou principalmente os assuntos relacionados à cultura pop
japoneses mais trabalhados na amostragem selecionada das edições da coluna J-
Pop e na coluna Zona Otaku. Nesse sentido, os assuntos foram: Animação; Mangá;
Cosplay; Música; Games; Tokusatsu; Eventos; Artes (filmes, cultura japonesa,
serviço, etc.).
3.4.1 Coluna J-Pop (O Povo)
A partir do gráfico das edições da coluna J-Pop, é possível perceber uma maior
abordagem nas temáticas relacionada à Animação e Artes, gerando um total de
20%, isto é, em cinco das nove edições analisadas os assuntos foram abordados.
Em seguida com 16%, equivalente a quatro edições do total, estão os mangás. Com
12%, seguem as temáticas sobre Música e Cosplay, que estiveram em três das nove
edições.
55
Nove ediçãos da Coluna J-Pop (O Povo)
20%
16%
12%12%
8%
4%
8%
20%
Animação Mangá Cosplay Música Games Tokusatsu Eventos Artes
Fig-7
Notícias relacionadas a jogos (Games) e os eventos (Sana e Sana Fest), foram
encontrados em duas das nove edições analisadas, 8% do total. Já as matérias
sobre Tokusatsu totalizaram 4%, isto é, das nove edições apenas uma tratou do
tema. Foi percebido também que as temáticas regionais, estão diretamente
relacionadas aos eventos Sana Fest e Sana, totalizando o numero de três das nove
edições, 12% do total da amostra.
3.4.2 Coluna Zona Otaku (Diário do Nordeste)
Na coluna Zona Otaku do Diário do Nordeste é possível perceber através do
gráfico algumas diferenças de prioridades dos assuntos abordados nas nove
edições selecionadas. Um dos fatores possíveis dessa constatação pode estar no
número de páginas, pois a coluna conta com uma página mais que a do jornal O
Povo.
56
Nove ediçãos da Coluna Zona Otaku (Diário do Nordeste)
15%
6%
9%
12%
15%
12%
9%
22%
Animação Mangá Cosplay Música Games Tokusatsu Eventos Artes
Fig-7
Foi verificado que foram trabalhadas em sete das nove edições avaliadas
trataram da temática das Artes, que diz respeito aos outros aspectos da cultura pop
japonesa, e que equivale a 22% do total da amostra analisada. Com 15% seguem a
Animação e os Games, que estiveram presentes em cinco das nove amostras
analisadas.
Os Mangás e a Música foram encontrados em quatro das nove edições
selecionadas, isto é, cada uma está presente em 12% do total estudado. Com 9%,
cada um, está à temática de Eventos e os Cosplay, que foram abordados em três
das nove edições. As matérias sobre mangás formam as menos abordadas na
amostragem, foram encontradas em duas edições do total, o que equivale a 6% das
nove edições avaliadas.
57
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Através do desenvolvimento da pesquisa que apresentamos foi possível
perceber que a cultura japonesa não está tão distanciada da cultura cearense,
quanto se poderia imaginar. Exemplo disso é a existência de uma história de
imigração japonesa em nosso estado. Apesar de poucos registros, demonstra que
há um campo a ser explorado pela comunidade acadêmica.
Através do estudo da temática da cultura japonesa e da cultura pop japonesa
no Ceará, é possível perceber a existência de um campo amplo de assuntos
passiveis de se trabalhar no âmbito da pesquisa científica. Mesmo não sendo
possível abordar todos os elementos em um único trabalho científico, nossa
pesquisa pretendeu contribuir com vizibilidade de campo que tem potencial para ser
explorado nos aspectos sociais, mercadológicos, midiáticos entre outros.
É perceptivo o crescimento gradual do interesse pela cultura pop japonesa, não
apenas do público jovem, mas também dos meios de comunicação, assim como
pode ser visto nesta pesquisa. Os dois veículos estudados disponibilizam espaço
editorial nas colunas Zona Otaku, publicada no Diário do Nordeste e J-Pop, no
Jornal O Povo, como estratégia para aumentar o número de leitores.
Entre as metodologias utilizadas, a entrevista em profundidade foi a que melhor
se aplicou, visto que foi através dela descobrimos aspectos importantes, como o fato
da Zona Otaku, publicada no Diário do Nordeste, ser, na verdade, um conjunto de
colunas, cujos membros estão diretamente ligados à Super Amostra de Animês
(Sana), maior evento relacionado à cultura pop japonesa no Ceará.
Através das entrevistas com os colunistas Roberto Leite da coluna J-Pop (O
Povo) e Diana Vasconcelos coordenadora da coluna Zona Otaku (Diário do
Nordeste) é possível perceber que as fontes acionadas por ambos são proveniente,
em sua maior parte, da internet. Conforme especificado pelos mesmos, quando a
informação não é confiável, buscam por contatos, revistas e/ou livros especializados,
objetivando a confirmação da notícia antes da publicação.
O jornalista Roberto Leite, colunista do J-Pop do jornal O Povo, destaca que as
informações relacionadas à comunidade nipônica local ainda são muito dispersas e,
por essa razão, justifica o fato da maioria das suas matérias tratarem a visão global
58
da cultura pop japonesa. Já a jornalista Diana Vasconcelos, colunista da Zona Otaku
do Diário do Nordeste, argumenta que privilegia as informações e curiosidades
relacionadas à cultura asiática em relação à cultura nipônica local, porque essa é a
linha editorial da coluna.
Através da análise dos gráficos foi possível perceber que as colunas trabalham
principalmente com os assuntos relacionados à animação e artes, representando os
assuntos não específicos que estão relacionados a filmes, cultura japonesa em
geral, serviços e outros.
A presença de uma maior abordagem das colunas na animação japonesa pode
ser justificada, dado o aspecto histórico da cultura pop japonesa no Brasil. Como foi
relatado no segundo capítulo, foram os animês, assim como os tokusatsus, os
primeiros elementos da cultura pop nipônica a fazer parte do cotidiano dos fãs
brasileiros.
Por meio da análise das edições é possível perceber a presença de espaço de
serviços apenas na coluna Zona Otaku, o que é justificável por possuir um espaço
maior que a J-Pop, que dispõe de apenas uma página.
O referencial teórico trabalhado na pesquisa elucidou os conceitos jornalísticos
dos produtos analisado, no caso o significado do que seria a coluna. Além disso,
proporcionou o entendimento sobre os critérios de noticiabilidade utilizados na
análise das duas colunas.
As possibilidades de aprofundamento dos estudos do tema escolhido são muito
grandes, visto que existem mestrados que trabalham de forma específica com a
temática de cultura japonesa e mídia. Assim, poderemos explorar mais intimamente
a relação entre a cultura por brasileira, seu espaço na mídia e a receptividade entre
os jovens brasileiros. Pretendemos, portanto, contribuir com a temática conforme a
realização da nossa pesquisa e a colaboração da mesma para a comunidade
acadêmica e demais interessada no assunto.
59
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65
ANEXOS
ANEXO IENTREVISTA COM ROBERTO LEITE
30/03/2011
Como e o porquê a coluna J-Pop foi criada?
Pronto é o seguinte, como eu também acompanho cultura pop, e aí eu dou um
leque maior, não só japonesa, mas a cultura oriental de forma geral, então desde
Japão, China Coréia, em fim, até porque hoje em dia muitas de todas essas culturas
chegam ao Brasil bem mais facilmente, do que a 15 ou 20 anos.
Então eu pensei poxa, a gente tem uma feira de cultura pop japonesa aqui no
Estado do Ceará, que é muito grande, que é o SANA, tem vários derivados que
surgiram, a partir do SANA, é o tipo de cultura que movimenta muita gente, reúne
muitas tribos, tanto que você ver que atualmente você tem 30.000 pessoas, 40.000
pessoas, participando de um SANA em três dias e é um número muito grande, faz
com que o Ceará só perca mesmo, só não seja tão grande quanto São Paulo.
Mas aí é de se entender, por que aí São Paulo, tem uma cultura de imigração
japonesa, há um bairro próprio de japoneses lá, é uma cidade muito maior que
fortaleza, muito mais pólos, muito mais pessoas. Então a ideia foi a seguinte, bom já
que há essa possibilidade de desenvolvimento da cultura pop, porque não existir um
produto próprio que noticie, traga novidades desse mundo e tudo, porque ao mesmo
tempo que tem gente já bem especializada aqui, também tem pessoa que estão
começando,ela mais do que ninguém precisam dessas informações, bem mais
rápido, digamos assim, mesmo com a internet.
A gente tem consciência de repente à coluna vai publicar hoje, algo que saiu
ontem ou anteontem já na internet, mas como ela é semanal então, mas mesmo
assim tem gente que não encontra tão facilmente essas coisas, não tem um acesso
à internet tão grande, então foi pensando nesse público e nessa disseminação
rápida, que o que é que acontece, eu fiz a proposta a chefia do jornal, de se criar um
produto, de repente uma coluna, que falasse sobre essa cultura pop oriental.
66
Porque a escolha do nome J-Pop?
Começou com o nome de J-POP focando num primeiro momento na cultura
pop japonesa mesmo, e j-pop porque esse termo j-pop vai permear tudo que está na
esfera pop-japonesa, de roupas, a música a filmes, animações, tudo que for possível
está lá. Claro que em cada uma dessas categorias, principalmente na música esse
termo vai se notabilizar por algum motivo, então a coluna foi criada ai e veio com
essa perspectiva.
O que é que acontece, no final do ano passado o Jornal o Povo passou por
uma remodelação gráfica e editorial, em estudo com a chefia do jornal e com os
editores do núcleo de cultura e comportamento, que é o núcleo responsável pelo
Buchicho que é onde fica a coluna, a gente pensou olha a gente vem vendo que ao
longo de período da coluna, não só a cultura pop japonesa tem esse destaque,
como a oriental de uma forma geral.
Então a gente foi buscar lá no projeto da coluna, uma revisão nela, então ela
deixou de ser J-pop para se tornar Ásia-Pop, porque se antes eu deixava muita
coisa de fora, digamos deixar de fora a resenha de um filme chinês, ou qualquer
movimento cultura ali na Ásia, agora eu poderia incorporar, sabendo que as pessoas
a partir da cultura pop japonesa tão se deslocando para conhecer novos valores,
nova culturas aqui no Brasil e especificamente aqui no Ceará.
Hoje a coluna pode falar de um filme indiano, como pode falar do relançamento
de uma série japonesa dos anos de 1950 que agora tá voltando, então é mais ou
menos em linha gerais é essa a ideia do surgimento e dessa remodelação da
coluna.
No Ceará a J-pop , hoje Asia-pop, é a pioneira nesse tipo de temática?
Desde que o SANA se tornou um grande evento, se noticiava que o
evento ia acontecer, ou se fazia uma resenha de um filme ou de um cantor quando
ele estourava ou quando ele chegava aqui. Mas antes disso não se noticiava nada, a
coluna, por exemplo, a coluna do DN, veio meses depois do J-pop, então a gente
pode dizer assim que a coluna Jpop, hoje Asia Pop, é sim a primeira feita nesse
67
intuito, já houve algumas outras colunas de música, de cinema que vez por outra
citava alguma coisa, mas citavam dentro de um universo pop mundial, ou brasileira,
em fim, mas não que algo que fosse especifico pra falar de cultura pop-oriental.
O que é considerado pauta para a coluna?
A gente prima, fazer da coluna não só uma coluna opinativa de escolher aqui
um tema e vou falar, na verdade a gente tenta ser um pouco factual também, ser um
opinativo, mas que seja noticioso, então o processo de feitura da coluna de quinta
começa na quinta anterior, porque eu vou fazendo um acompanhamento diário do
que está sendo lançado do que está saindo e não necessariamente tem que ser algo
produzido no Japão, mas pode ser algo produzido em outro canto que tenha em
comum essa cultura pop oriental, vou dá dois exemplos: Hollywood está em
processo de produção de um filme do AKIRA, um filme super famoso dos anos 80, é
uma animação japonesa e Hollywood quer fazer um filme como a gente costuma
chamar em live-action, com personagens de verdade e tudo, isso é pauta pra j-pop,
é uma produção ocidental? É, mas é uma produção ocidental a partir de um produto
cultural japonês, se é japonês está dentro da temática da coluna.
Vou dá outro exemplo que vai ser da coluna de amanhã quinta-feira, tema
principal, o vaticano está produzindo, encomendou a produção de um mangá, pra
tipo contar a história do papa Bento XVI, é uma forma, uma tentativa de aproximar a
igreja do público mais jovem, isso é pauta, a gente está falando de um produto
cultural japonês e oriental que está sendo apropriado pela cultura ocidental e vai
produzir um certa coisa.
Então o objetivo da coluna é ser opinativa sim, porque que é coluna é um
gênero opinativo, mas é noticiar sempre fatos interessantes da semana ou adiantar
fatos que possam vir para aqueles fãs que não tem o mesmo acesso, mas gostam e
até mesmo para aqueles outras pessoas que de repente não curtem ou não se
interessam tanto terem a oportunidade de descobrirem como é essa cultura quais
são as temáticas que elas podem ter, então no falamos de livros, de filmes, de
musica, claro que existem datas marcadas que a gente faz uma coluna toda
temática.
68
Digamos nos 50 anos da primeira exibição de Nacional Kid no Brasil, isso
rende um pauta interessante, rende uma pauta, pra te contar, ai você vai contar a
história dessa serie, vai fazer uma avaliação mais aprofundada , vai indicar onde
conseguir os episódios, se já tem pra vender, se foram relançados ou não , então
assim, a pauta é factual, é noticiar o que está acontecendo no mundo oriental ou o
que está acontecendo relacionado a ele. Mas também em momentos em que a
coluna se transforma somente opinativa, mesmo assim ela está norteada por um
fato especial que está acontecendo
Eventos que acontecem em fortaleza são pauta na coluna?
Alguns sim, claro que os eventos mais pop tem sempre, acabam tendo um
espaço maior, porque ate mesmo a questão da assessoria, porque você já recebe,
eu recebo toda semana material de assessorias, então, mas os eventos culturais por
excelência, que não são pop, também tem seu espaço, mas as vezes como a nossa
comunidade japonesa é muito dispersa, muitas vezes o que é que acontece os
eventos acabam não chegando, de certa forma, assim muitas vezes a gente sabe do
evento porque alguma outra pessoa vai lá, ou que conhece alguém que vai participar
, lhe diz, ai você corre atrás.
Mas alguns passam batidos por falta disso, falta de alguém dizer, ou então
alguém diz assim eu conheço outra pessoa do jornal, ai essa pauta chega para outra
editoria, digamos chega par ao cotidiano é uma pauta também para o cotidiano, mas
é também para a coluna, só que fica lá. É feita pelo cotidiano ou chega pra outra
editoria e acaba não sendo feita. Então acaba que passa batido não chega. Mas a
partir de 2011 há uma tentativa de a gente puxar, fazer com que esses outros evento
sejam convergidos também para a coluna, embora não seja pop, mas faz parte
duma cultura que existe aqui, embora meio difusa e que precisa ser registrado sim, é
a necessidade de se mostrar que embora seja pequena mas há uma colônia
japonesa, há descendentes aqui dessa civilização.
69
Localização da coluna é fixa?
Ela é tem, o que é que acontece, em raríssimas exceções , vou dizer já quais
são elas, ela não é publicada na página 13, mas geralmente , na maioria das vezes
é na pagina 13,certo , até porque vem aquela história do jornal, quando você abre
essa daqui, a pagina impar é sempre visa primeiro depois você olha para o lado.
Então ela está ali por um motivo também de mais visibilidade e quando não é na
página 13? Quando por algum motivo há uma redução no caderno, redução no
tamanho, o caderno tem geralmente 20 páginas, 24 páginas, se reduz para 16, por
exemplo, o que acontece?Ela pode ser deslocada para outra pagina por uma
questão de adequação ou quando caderno tem muito anuncio publicitário, isso é
outro fato, às vezes o anunciante quer que seja na pagina tal. Ele nem imagina o
que é que tem na página, mas ele que r naquela pagina por algum motivo que é
dele, então você tem duas opções a coluna pode ser cortada, diminuída ou se
possível ser deslocada para outra parte do jornal, o que acontece é isso , é ai vai
depender quando a semana é mais produtiva tem muita coisa acontecendo, é
preferível deslocar para outra página para não perder esse espaço editorial.
Se não se é uma semana mais tranquila, a gente reduz a coluna, redesenha e
deixa o anunciar lá, claro quando ao anuncio tem haver com a coluna, que há isso
também a gente já teve anuncio, por exemplo, de loja de games, por exemplo, para
o anunciante é mais interessante de repente colocar na pagina da coluna, porque
ele imagina que o publico que vai ler é um publico que gosta de jogos de videogame
e tudo jogos de computador, e dá uma visibilidade boa, então nesse caso a coluna
vai ter que sair ali, cortada ou não, limitada ou não ,mas vai ter que sair. mas
quando não é possível, desloca-se para outra página, mas geralmente é a pagina 13
da coluna sempre.
Qual a linha editorial?
A linha editorial é privilegiar a cultura pop do oriente de uma forma geral, é ter
espaço para todas as manifestações, claro o que acaba acontecendo é que 90%
70
delas é sobre o Japão, por que há uma produção maior, por isso inclusive a
mudança de nome j-pop, para Ásia pop, para abrir espaço pra um leque maior.
E esse leque é falar, apresentar, noticiar essa cultura que está cada vez mais
se fixando no país, no estado, pra a pessoa que já são iniciadas, por assim dizer, e
também para as pessoas que não são, muitas vezes é uma forma de quebrar certos
estereótipos que existem nessa cultura, quem não gosta muitas vezes tem certos
senões, digamos assim, acredito que eles acham muito diferente do que eles estão
acostumados a ver.
A coluna não tem nenhum tipo de exclusão, fez parte, fez, é possível se falar?
Elas atingem o público? Até por que ela está numa quinta-feira, há uma diferença no
buchicho de quinta que é o Buchicho teen então teoricamente é para adolescente,
digamos assim, mas a gente já consegue fazer a coluna pras pessoas de uma forma
geral, é porque também há aquele senso comum de que os adolescentes gostam
são o público prioritário e tudo, então se discute matérias polêmicas sempre na
medida, mas a linha editorial é essa é anunciar é mostrar é noticiar todas as
manifestações culturais do oriente, dessa cultura pop oriental independente de se
japonesa , iraniana, indiana chinesa , todo mundo está lá.
Linguagem?
A minha preocupação é o seguinte, é não construir um texto que no final das
contas, digamos aqui, está um amigo meu diz “ah eu vou ler a coluna do Roberto
hoje, nunca li, ai pega e ler a coluna e diz assim, rapaz eu não entendi nada, porque
tem muitos termos ou muitas expressões ligadas pura e simplesmente a aquela
cultura sem explicação, como se eu estivesse escrevendo para uma pessoa que já
soubesse tudo aquilo, e ai entra, quando eu escrevo o principio básico do jornalismo,
você tem sempre que pensar que tem uma pessoa que está lendo aquilo pela
primeira vez e não conhece aquilo dali, você nunca pode imaginar que como está
em evidencia, todo mundo conhece, infelizmente não é assim que funciona, alguém
pode está foleando, e resolveu parar ali, e ler , olhar e ver qual é daquela coluna ali.
Então minha preocupação com os textos, é construir um texto leve mesmo, não
coloquial, mas que dialogue , seja bem humorado quando tem que ser bem
71
humorado , ser critico quando tem que ser critico, mas sempre preocupado em não
escrever um texto codificado, se é necessário usar algum termo especifico , falar de
algum gênero especifico , eu sempre tenho a preocupação, que por mais que para
aquela pessoas que sejam iniciadas pode ser cansativo, explicar o que é aquilo dali,
que eu sei que vai ter alguém que vai ler e pode não saber o que é aquilo, claro se
eu cito um termo mais de uma vez, eu posso, na coluna toda, eu não preciso fazer
essa explicação duas vezes, uma vez é suficiente.
72
ANEXO IIENTREVISTA COM DIANA VASCONCELOS
02/06/2011
Como e o porquê a coluna Zona Otaku foi criada?
A gente sempre nos eventos que a gente fazia pela fundação tinha uma
parceria com o Diário ou com o Povo, até que ficou fixa com o Diário, tinha uma boa
cobertura feita por eles. O jornal percebeu que o publico foi crescendo, e não só o
publico do SANA, mas o público de uma forma geral que gostava ou que era pelo
menos curioso. E ai eles tentaram fazer a coluna, acharam que seria interessante ter
uma coluna e ai entraram em contato com a gente para ver se agente fechava essa
parceria. Dai já existia o programa da TV, na época a gente também tinha também
um programa de rádio que não seguiu por questões burocráticas. e ai a gente
sentou conversou, foi rápido em coisa de um mês a gente já estava escrevendo,
sabe, foi mesmo de repente, mas não foram coisas que dão muito trabalho para
gente, porque independente de escrever ou não eu leio sobre os artistas asiáticos
todos os dias ou semanalmente ou tenho pelo menos uma informação, então quilo
ali para mim foi só tirar o que já sabia e escrever na forma.
Então na verdade o Zona Otaku é um conjunto de colunas? Como é
organizada?
Pode-se dizer que sim, somos uma equipe de colunistas Os outros colunistas
são: Clarice Barosso, Elano Vasconcelos, Marcus Henrique, João Neto, Igor Lucena.
Como jornalista, ficou decidido de comum acordo que eu seria a coordenadora e
editora do zona Otaku.
Como os assuntos são divididos ?
A gente dividiu em 5 assuntos semanais, alguns quinzenais outros especiais,
que aparecem e que as vezes não botam,depende muito da ocasião, mas os fixos
são o Zona Otaku que é a matéria principal, uma hora ou outra a gente utilizou muito
com entrevista no padrão mesmo. As outras colunas são: “Zona Otaku” (matéria
principal e única fixa); “Save Point” (games); “Ponte Aérea” (cultura japonesa); “Entre
Nerds e Otakus”; “Estação J-music”; “Super Heróis” (tokusatsu, live-action e etc);
“Otaku no Vídeo” (animês) e “Ásia-Pop”(cultura pop asiática em geral ). Ásia pop
73
pelo próprio nome ser pop, engloba tudo, então vai desde os artistas asiáticos,
orientais até o sucesso que determinado assunto está fazendo aqui, claro que tem
aquela justificativa de ser oriental de ter uma ligação oriental, porque esse é o
objetivo da coluna, tratar de assuntos do meio do mundo pra lá, o ocidente a gente
já está nele já conhece, então não faz tanta questão de tratar, até por que o resto do
jornal trata disso.
Assim a escolha ela é muito pessoal, eu não interfiro na escolha dos outros
colunistas, nem eles interferem na minha, a única que a gente tenta agendar e
discutir é a matéria principal, a Zona Otaku, porque ela a gente tenta deixar o mais
factual possível, a gente trata de algum evento que está acontecendo ou a gente
trata de alguma coisa que a gente notou que é interessante para o nosso público,
por exemplo uma matéria dos casamentos, ou relacionamentos longos. Então tem
coisas que a gente discute mesmo para pauta, é um pauta realmente o Zona Otaku,
mas as outras colunas são realmente muito pessoais, claro que a gente tenta não
repetir assunto, mas a escolha fica por conta do colunista sempre dentro daquela
linha que a coluna estabelece.
Já que vocês fazem parte da Fundação Cultural Nipônica Brasileira, é mais
fácil conseguir noticias com a temática da cultura pop japonesa?
Noticia não chega pela fundação, o contato que a fundação tem, no caso com
os japoneses é um contato estritamente profissional, sabem eles precisam contratar
alguém que interesse em algo que não tem umas coisas: ah! o que está
acontecendo aí? não tem noticiário, cá pra lá ou de lá pra cá, não tem! A gente por
ser membro, é que eu estou dizendo tem um interesse próprio de cada um. Eu não
fiquei na coluna Ásia pop, porque me disseram para ficar, eu fiquei porque eu
escolhi. Por que eram uma coisa que eu conhecia, da mesma forma a Clarisse ficou
na go-ka porque ela já estuda a cultura japonesa há muito tempo, é a área de
formação dela. Da mesma foram o Marcos, eu não conheço ninguém que saiba mais
de tokusatsu que ele, então foi assim “eu quero esse...eu quero esse...”, a gente
mesmo escolheu por já conhecer o assunto.
A maior parte da informações vem, geralmente, da internet, mas se na internet
eu não encontro uma informação precisa, vai com um contato que tenho por lá, via
skyp, via msn ou vai por algum livro cultural depende muito do que está procurando.
74
A coluna é muito o reflexo do que a gente faz no SANA, então o que eles
encontram no SANA é o que eles encontram na coluna. Só que de uma maneira,
assim, mas factual e com informações mais compiladas em um texto curto.
75
ANEXO IIIEDIÇÕES DOS MESES DE JANEIRO E JULHO DO ANO DE 2010 DA COLUNA J-
POP DO JORNAL O POVO
76
77
78
79
80
81
82
83
84
ANEXO IVEDIÇÕES DOS MESES DE JANEIRO E JULHO DO ANO DE 2010 DA COLUNA
ZONA OTAKU DO JORNAL DIÁRIO DO NORDESTE
85
86
87
88
89
90
91
92
93
94
95
96
97
98
99
100
101
102