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JUVENTUDE JUVENTUDE JUVENTUDE JUVENTUDE JUVENTUDE UNIÃO NACIONAL DOS ESTUDANTES UNIÃO NACIONAL DOS ESTUDANTES UNIÃO NACIONAL DOS ESTUDANTES UNIÃO NACIONAL DOS ESTUDANTES UNIÃO NACIONAL DOS ESTUDANTES TENDÊNCIA PETISTA ARTICULAÇÃO DE ESQUERDA

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TENDÊNCIA PETISTA ARTICULAÇÃO DE ESQUERDA

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O texto que você tem em mãos é uma das reso-luções aprovadas pelo Segundo Congresso da ten-dência petista Articulação de Esquerda, Congressorealizado entre os dias 2 e 5 de abril de 2015, noInstituto Cajamar (SP), simultaneamente à OitavaConferência Sindical nacional da Articulação deEsquerda.

Esta e as outras treze resoluções aprovadas peloCongresso da AE estão disponíveis no endereço

Apresentação

www.pagina13.org.br e também foram impressasno livro Um partido para tempos de guerra.

Esperamos que sua leitura e estudo contribuampara que a militância petista possa enfrentar comêxito as batalhas deste e dos anos que virão.

Os editores

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Juventude

Há pouco mais de cinco meses, a mai-oria do povo brasileiro, da classe traba-lhadora, do campo democrático-populare da esquerda socialista reelegeu a Presi-denta Dilma Rousseff para seu segundomandato. Desta forma, chegava ao fim oprocesso eleitoral mais polarizado desdea disputa entre Lula e Collor, ocorrida nosegundo turno de 1989.

Vinte e cinco anos separam a primeira disputa pelaPresidência da República que teve a participação doPT e a última, até o momento. Desde aquela épocamuitas coisas mudaram. O mundo, a América Latinae o Brasil vivem outro momento de sua história.

No mundo, vimos a União Soviética ser implodidae o capitalismo conquistar a maior hegemonia de todasua história. Na América Latina, o último períodofoi marcado por uma contradição: mesmocom vitórias eleitorais da esquerda, o descenso domovimento de massas e a hegemonia das políticas edo pensamento neoliberal se manteve.

No Brasil, embora tenhamos disputado e venci-do diversas eleições municipais, estaduais e, a partir

de 2002, a nacional, não fomos capazesde superar o espólio conservador e auto-ritário de 21 anos de Ditadura Militar, atransição conservadora à democracia, osanos de “neoliberalismo puro”, nem rea-lizamos qualquer reforma estrutural.

Quando olhamos o momento atual eo caminho percorrido pelo PT, de suafundação até hoje, percebemos que os

desafios do partido, do governo e dos movimentossociais têm um pano de fundo em comum: a estra-tégia. As turbulências deste início de mandato nãosão raio em céu azul.

A estratégia democrático-popular e socialista,hegemônica na esquerda brasileira durante os anos1980, foi substituída, a partir do X encontro nacio-nal do PT (1995, Guarapari-ES) pela chamada es-tratégia de centro-esquerda.

Quando comparamos a estratégia democrática-popular, vigente em 1989, com a atual, que orien-tou a última campanha e orienta nossos governos,podemos perceber que as “apostas” feitas em cadaperíodo são distintas.

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Enquanto a primeira estratégia podeser resumida, grosseiramente, ao chama-do “tripé” (luta social, disputa institucio-nal e construção partidária), a segundapode ser sintetizada como “ganhar mai-oria institucional conciliando”.

Assim, tendo claro qual o pano de fun-do, é possível compreender que nem acomposição ministerial, nem as MPs 664e 665, os cortes de verbas, o ajuste fiscal, a posturavacilante, a nomeação e a queda do ministro da edu-cação são “um ponto fora da curva”.

O segundo governo Dilma começa recuando, as-sumindo a postura de derrota política e abrindo mãodos compromissos assumidos durante a campanhaeleitoral, principalmente ao longo do segundo tur-no. Estes são sinais de que a estratégia de concilia-ção adotada não apenas exauriu, mas que beneficiaos interesses da classe dominante.

Todavia, a burguesia agora não tolera mais qual-quer conciliação. As eleições de 2014 serviram pararearticular todas as frações da burguesia e para tiraro chão das ilusões daqueles setores que imaginavamser possível contar com parte desta como aliada.

É tendo em vista este cenário que o Partido dosTrabalhadores precisa agir. No momento de ofen-siva da direita o papel do partido não é apenas dereação, mas de organização da contraofensiva. Maspara poder contra-atacar, é necessário mudar a es-tratégia.

Neste cenário de acirramento da luta de classese ofensiva do conservadorismo, o tema, a disputa ea mobilização da juventude ganham centralidade.

Momentos diversos da história do paísdemostram que a juventude cumpre im-portante papel na luta social na perspec-tiva de impulsionar transformações.

Nestes 12 anos dos governos federaisencabeçados pelo PT, é inegável umavanço no que se refere às questões queenvolvem a juventude. Pela primeira vezas políticas de governo passaram a ser

orientadas por uma concepção de que o jovem nãoé mais compreendido como um “problema social”,e sim como um sujeito de direitos.

A partir dessa nova reorientação, criou-se a Se-cretaria Nacional de Juventude e seu respectivo Con-selho, que desenvolveram políticas públicas para ajuventude, aprovando o Estatuto da Juventude. En-tretanto, este ainda carece de regulamentação.

Em que pese os avanços, o desenvolvimentode políticas públicas sem mudanças estruturais nãodá conta de resolver os principais problemas queafligem a juventude brasileira.

Com o modelo econômico centrado no setor ter-ciário, onde se concentra a maior parte da juventu-de trabalhadora, as vagas de emprego estão subme-tidas a uma lógica de precarização, baixo salários ealta rotatividade. Vale ressaltar que estes setores sãoum dos mais prejudicados com o pacote Levy.

Não basta apenas ampliar o acesso da juventudeao consumo, às vagas no ensino superior e ao mer-cado de trabalho, se isto não vier acompanhado deum processo de disputa ideológica e de mudançasestruturais.

Os jovens trabalhadores ao ingressarem nas uni-

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versidades, por exemplo, se deparam com uma es-trutura antidemocrática, precarizada, mercadológicae voltada para a reprodução do sistema capitalista.

Na política de segurança pública não houve avan-ços no debate sobre a desmilitarização da polícia,mantendo-se a sua ação na repressão, no racismo eno encarceramento em massa, tendo como princi-pal alvo a juventude negra, pobre e moradora daperiferia, que continua sendo exterminada.

Permanece urgente a disputa da hegemoniacultual e ideológica na sociedade brasileira. Semdemocratizar os meios de comunicação, alterar osistema educacional e promover uma emancipaçãocultural, a juventude continuará sendo vítima daideologia das classes dominantes.

É extremamente necessário também, uma refor-ma política que amplie os mecanismos de democra-cia direta, o protagonismo e a participação popular.

Sem isso, as mulheres, a classe trabalhadora, apopulação negra, a população indígena e LGBT,continuarão subrepresentadas e reféns do ideárioconservador no Congresso Nacional. O quadroaponta para retrocessos imensos nos direitos sociaispara juventude, como por exemplo a pro-posta de redução da maioridade penal.

A partir desse cenário, se reforça anecessidade de mudar a atual estratégiade conciliação de classes, que não con-tribui para transformações profundas nascondições de vida da juventude e da clas-se trabalhadora.

Nesse sentido, a juventude assumeum papel central nos rumos da política,

da cultura e das diversas esferas da vida social. Poisnessa etapa de vivência constroem-se identidades,que visam não só a personalidade do jovem, comotambém a consciência política e social, que são partefundamental da disputa de hegemonia na socieda-de brasileira.

Uma juventude petistapara tempos de guerra

“Eis que se aproximam primaveras.Preparemos nossas armas,poemas, flores e aquarelas.”

Diante da maior crise da história do Partido dosTrabalhadores ao longo de seus 35 anos de existên-cia, o 3º Congresso da Juventude do PT pode e devecumprir uma tarefa fundamental, que infelizmentefoi repetidamente preterida e/ou postergada pela atu-al maioria que dirige a Secretaria Nacional da Ju-ventude do PT, qual seja: debater, problematizar epropor uma alternativa à estratégia hegemônica nointerior do PT e da JPT desde meados da década de

1990.Quando a tese da conciliação de clas-

ses para a conquista do governo central –e posteriormente para a manutenção deum recuado modelo de governabilidadeinstitucional – tornou-se hegemônica,suas consequências foram limitadoraspara a luta socialista no Brasil e na Amé-rica Latina.

Trata-se de um debate central para o

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conjunto do PT e especialmente para aJuventude do PT. A política da Secreta-ria de Juventude rotineiramente éinstrumentalizada a serviço de uma po-lítica rebaixada e que, por sua vez, nãoconseguiu superar sua dispersão e deso-rientação, não acumulou um programapolítico contra-hegemônico capaz deorientar sua práxis, seu modeloorganizativo e de pautar os rumos do PT.

Não travar esse debate seria negar a dialética dahistória, capitular ao formalismo, como se os nos-sos problemas fossem somente oriundos de nossosmétodos, como se a forma não existisse em funçãodo conteúdo e o conteúdo não exigisse uma formadeterminada.

Em linhas gerais, estamos dizendo que as fragili-dades da Juventude do PT estão relacionadas às fra-gilidades do nosso partido. Deste modo, as fragili-dades do PT decorrem dos equívocos da estratégia eda tática hegemônicas no seu interior; nossos pro-blemas organizativos e metodológicos não serão su-perados sem que alteremos a estratégia, abandonan-do a política de conciliação de classes, que resultano melhorismo sem mudanças estruturais.

A JPT, em consonância com a maioria do PT,adotou um modelo organizativo incapaz de respon-der aos desafios históricos da classe trabalhadora eespecialmente da juventude trabalhadora, afastan-do-se de programa democrático-popular e socialis-ta para um programa que inclui tinturas melhoristas,neodesenvolvimentistas, socialdemocratas e porvezes social-liberais.

Objetivamente, o modelo organizativoque conquistamos através de muito de-bate no interior da juventude petista – queculminou no 1º Congresso da Juventudedo PT em 2008 – não se materializou naprática por estar a serviço dessa mesmapolítica.

A necessidade e o desafio de a Juven-tude do PT ser uma juventude de mas-

sas, enraizada nos mais diversos movimentos juve-nis para assim travar a disputa política e cultural nointerior da sociedade brasileira, sempre foi consen-so entre nós. Já o caminho a ser trilhado para en-frentarmos esse desafio e essa necessidade não.

Precisamos distinguir dois momentos do PTenquanto partido de massas para entender correta-mente como enfrentar o desafio de constituir umajuventude petista de massas.

Inicialmente, o PT se constituiu enquanto umpartido de massas orientado por um programa anti-capitalista, democrático-popular e socialista. Sejana luta pela redemocratização, seja no “quase lá”ou no combate ao neoliberalismo, nos constituímosenquanto um partido de milhares de militantes embusca de um novo mundo possível.

Posteriormente, após a capitulação programáti-ca operada pela maioria que se conformou no inte-rior do PT em 1995, o rebaixamento do programafoi acompanhado por uma transição do partido dedezenas de milhares de militantes para o partido decentenas de milhares de filiados, que por sua veztinham duas tarefas essenciais: 1) garantir a repro-dução da estratégia de centro-esquerda no interior

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do PT de PED em PED; 2) fazer campanha e votar13 nos anos pares.

Estado da arte: não seremos capazes de superarnossos problemas organizativos sem avançar no pro-grama da Juventude do PT, assim como não atingi-remos nosso objetivo de ser uma juventude efetiva-mente de massas sem que o conjunto do PT atuali-ze sua estratégia.

Problemas que estão situados em um contextomaior, de acirramento da disputa de classes no Brasile na América Latina, de esgotamento da estratégiasintetizada na “Carta ao povo brasileiro” e de pos-sibilidade concreta de uma derrota global do PT eda esquerda brasileira amanhã ou no decorrer dospróximos quatro anos.

Cabe destacar que apesar dos sintomas maisexplícitos do esgotamento da estratégia do PT se-rem mais recentes, estando localizados temporal-mente em junho de 2013, outubro de 2014 e marçode 2015, nós da Articulação de Esquerda e da JAEdenunciamos o defeito de fabricação dessa estraté-gia desde que nos constituímos enquanto tendên-cia, sempre lembrando o fracasso político da soci-aldemocracia europeia.

Cabe destacar ainda que apesar de ter-mos pautado um novo modelo organizativopara a Juventude do PT, materializado no1º Congresso da JPT, tal modeloorganizativo estava e deve estar intimamen-te vinculado a uma concepção de juventu-de e a uma estratégia democrático-populare socialista, sem as quais o modelo está fa-dado, como é perceptível, ao fracasso.

Quando transitamos do modelo de setorial parao modelo de secretaria, dos encontros para os con-gressos, defendemos que a Juventude do PT preci-sava estar enraizada nos mais diversos movimen-tos juvenis, constituir-se enquanto uma juventudede massas. Para tanto, defendemos que seria ne-cessário:

1.Desencadear um amplo processo de nucleaçãoda juventude petista, na contramão da burocratiza-ção partidária;

2.Reivindicar uma autonomia relativa, de formaque a Juventude do PT pudesse eventualmente assu-mir posições diferentes daquelas do conjunto do PT;

3.Estadualizar e municipalizar a Juventude doPT através da realização de congressos municipaise estaduais, acompanhados das eleições das secre-tarias municipais e estaduais, enraizando o debatena base da juventude petista e possibilitando maisorganicidade à juventude do PT, com a SecretariaNacional da JPT produzindo política para as ins-tâncias estaduais e municipais;

4.Reivindicar e edificar a autonomia financeirada juventude do PT, com a destinação de no míni-

mo 5% do orçamento partidário para ajuventude petista, de modo a permitir onecessário funcionamento das instânci-as e o cumprimento das tarefas funda-mentais em cada conjuntura.

Fomos capazes de construir um am-plo consenso em torno do núcleo de nos-sa tese sobre o modelo organizativo daJuventude do PT, embora tenhamos so-frido uma derrota importante: a questão

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da autonomia financeira. Avaliamos que essa der-rota contribuiu para a fragilização do novo modeloorganizativo da JPT e consequentemente para a li-mitação da JPT no enfrentamento de seus desafioshistóricos.

Entretanto, foi a vitória do melhorismo e a si-multânea derrota do programa apresentado pela JAEa principal responsável pelo fracasso das sucessi-vas gestões da Juventude do PT, em maior grau daatual gestão da Secretaria Nacional da JPT, no sen-tido de não constituir uma juventude petista demassas, enraizada e unificada nos mais diversosmovimentos juvenis, municipalizada, pautando oPT e a sociedade, protagonizando a luta social, tra-vando a disputa política e cultural na sociedade etambém a disputa institucional.

Uma consequência bastante visível desse pro-cesso foi o rebaixamento da política da juventudedo PT a um debate igualmente rebaixado eexclusivista de políticas públicas de juventude.

Se por um lado o debate sobre PPJs no interiorda juventude do PT, do PT e dos movimentos dejuventude produziu um saldo político importante,expresso na criação da Secretaria Naci-onal de Juventude, do Conselho Nacio-nal de Juventude, na realização das con-ferências nacionais, na aprovação doEstatuto da Juventude e na elaboraçãode uma limitada política nacional de ju-ventude, a ser executada pela SecretariaNacional de Juventude do governo fe-deral, por outro lado ainda não conse-guimos responder significativamente às

demandas concretas das juventudes – especialmenteda juventude pobre e negra – por políticas públicascapazes de efetivar seus direitos fundamentais eespecíficos, a juventude do PT se inseriu ainda maisna dinâmica de institucionalização e burocratiza-ção do conjunto do PT e muitas vezes as tarefas dajuventude petista foram terceirizadas para o gover-no e até mesmo outros partidos.

Outra consequência bastante visível foi o relati-vo fracasso da política de cota para juventude nasinstâncias partidárias. Relativo, pois foi uma vitó-ria importante, recheada de simbolismo. Entretan-to, como não foi acompanhada do devido debatesobre o papel da juventude do PT nas instânciaspartidárias, sobre a necessária transição geracionalno interior do PT, sobre a necessária autonomia daJPT para disputar os rumos do PT, o resultado nãofoi o esperado. Não por acaso percebemos o rebai-xamento do papel dos dirigentes jovens do PT, quemuitas vezes cumprem a mera função de enfeite oude penduricalho.

Além disso, setores do PT e da JPT passaram aelaborar e defender uma tese extraterrestre, afirman-

do que está em curso no Brasil uma ver-dadeira revolução democrática.

Ora… a juventude pobre e negra sen-do exterminada, os sem terra ainda semserra, os sem teto ainda sem teto, a mo-bilidade urbana caótica nos centros ur-banos, o sistema político ainda refém dopoder econômico, o sistema tributárioainda em função da burguesia, a políticaeconômica e fiscal ainda refém do capi-

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tal financeiro internacional… mas esta-ria em curso no país uma “revolução”.

Uma “revolução” sem transformaçãosuperestrutural, uma “revolução” susten-tada pelo PMDB e suas caricatas lideran-ças, uma “revolução” com retrocessospara as conquistas da classe trabalhado-ra, mas ainda assim uma revolução. Ape-sar do caráter extraterrestre da tese, as

consequências foram bastante reais, poisse estamos construindo uma revoluçãodemocrática significa que estávamos nocaminho certo, que a JPT e o PT vêmcumprindo seus desafios históricos… sóque não é assim!

Faz-se urgente e necessário resgataro conteúdo da resolução aprovada no 7ºEncontro Nacional do PT:

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As correntes socialdemocratas nãoapresentam, hoje, nenhuma perspectivareal de superação histórica do capita-lismo. Elas já acreditaram, equivocada-mente, que a partir dos governos e insti-tuições do Estado, sobretudo o parla-mento, sem a mobilização das massaspela base, seria possível chegar ao so-cialismo. Confiavam na neutralidade damáquina do Estado e na compatibilidade da efici-ência capitalista com uma transição tranqüila paraoutra lógica econômica e social. Com o tempo,deixaram de acreditar, inclusive, na possibilidadede uma transição parlamentar ao socialismo eabandonaram não a via parlamentar, mas o pró-prio socialismo. O diálogo crítico com tais corren-tes de massa é, com certeza, útil à luta dos traba-lhadores em escala mundial. Todavia seu projetoideológico não corresponde à convicção anticapi-talista nem aos objetivos emancipatórios do PT.

Se o conteúdo desta resolução de 1990 está cor-reto, e nós consideramos que está, resta nítido queo PT precisa dar uma guinada à esquerda, do con-trário será sepultado enquanto instrumento da clas-se trabalhadora.

Mas o pessimismo da razão nos alerta que nadaé tão ruim que não possa piorar. Nos bastidores doque resta da Secretaria Nacional da JPT, a propostade eliminar o modelo congressual e transferir o pro-cesso de debate e de organização da JPT para ointerior do PED ronda o ambiente.

Manifestamos total repúdio a essa proposta, poisresultaria no sepultamento de um processo ainda

insuficiente, mas que pode vir a ser umprocesso progressivo, de fortalecimentoda juventude do Partido dos Trabalhado-res e das Trabalhadoras enquanto orga-nização revolucionária e de massas.

O diagnóstico é grave, mas é necessá-rio partir dele para elencar os imensosdeságios da juventude do PT no próximoperíodo, de modo a evitar que cometamos

os mesmos erros e que avancemos rumo à constru-ção de uma juventude petista para tempos de guerra.

Propostas e Desafiosrumo ao 3º Congresso da JPT

1.Realização imediata de reunião do ConselhoPolítico da JPT, com vistas à convocação do 3ºConJPT;

2.Transformar o 3º Congresso da Juventude doPT em espaço de um amplo debate político, capazde agregar não apenas a militância da JPT, mas tam-bém a base social da juventude petista;

3.O debate político deve ser estruturado em tor-no de seis eixos fundamentais: 1) conjuntura inter-nacional e nacional; 2) estratégia democrática-po-pular e socialista; 3) modelo organizativo da JPT;4) juventude brasileira e movimentos sociais; 5)juventude, trabalho e sindicalismo; 6) transição eopressão geracionais;

4.Colocar a política no comando da construçãodo 3º ConJPT, em detrimento da matemática quevisa tão somente a reprodução quase automática deuma hegemonia;

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5.Construir os meios necessários para o enrai-zamento do debate na base da juventude petista,garantindo igualdade de condições para reprodu-ção e difusão das teses em disputa, bem como paraa estadualização do debate entre as candidaturasnacionais;

6.Realizar a transmissão simultânea via internetdo 3º ConJPT e se possível dos congressos estadu-ais, permitindo que a juventude brasileira tenhaacesso ao que está em debate no interior da JPT edo PT;

7.Eleger uma comissão plural, democrática ecom paridade de gênero para organização e reali-zação do 3º ConJPT, com representações de todasas tendências nacionais do PT, na qual o consensodeve ser a regra para as deliberações;

8.Se a comissão organizadora do 3º ConJPTidentificar e comprovar fraudes nos congressosmunicipais ou estaduais, deverá invalidar os con-gressos fraudados e, identificada a autoria do pro-cesso de fraude, encaminhar pedido de expulsãodos envolvidos;

9.Inserir na programação do 3º ConJPT a Ple-nária de Jovens Mulheres do PT, a Ple-nária da Juventude Negra do PT, a Ple-nária da Juventude LGBT do PT, a Ple-nária de Estudantes Petistas e a Plenáriada Juventude Sindical do PT, sem quechoquem entre si e sem que choquemcom outras atividades do congresso, ori-entando que cada uma delas deverá en-caminhar uma proposta de resolução ao3º ConJPT;

10.Retomar o debate sobre o financiamento dajuventude do PT, sem o qual teremos dificuldadede efetivar a política aprovada no congresso, sejaela norteada por uma estratégia melhorista ou poruma estratégia democrático-popular e socialista;

11.Realizar uma autocrítica contundente sobreas diversas prorrogações da atual gestão da Secre-taria Nacional da JPT, e consequentemente das ges-tões estaduais e municipais, em total desrespeito àsdeliberações do 2º ConJPT e em total descaso coma organicidade da JPT ;

12.Debater e aprovar uma política de comunica-ção de massas da JPT, sem a qual será impossível aconstituição de uma juventude petista de massas;

13.Ante a necessidade de ter uma política per-manente de ocupar as ruas, sob pena de a direitapassar a ocupar também este espaço que semprehegemonizamos, o 3º ConJPT deve aprovar umaresolução específica sobre a necessidade do PT eda JPT protagonizarem a construção de uma frentede luta pelas reformas populares, em detrimento dogovernismo e de sua defesa irresponsável de toda equalquer política governamental, a exemplo das

medidas provisórias de ajuste fiscal. Organização daJuventude Trabalhadora

Com a presença crescente da juventu-de no mercado de trabalho e a baixa sin-dicalização desse setor, entendemos serfundamental que a juventude da AE, quenos últimos anos vem qualificando o seu

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debate na esfera sindical, construa um programa quevise disputar a juventude trabalhadora na perspecti-va de ampliação de sua organização sindical.

Hoje a juventude trabalhadora, em sua maioria,encontra-se no setor comercial, construção civil ede telemarketing, onde as condições de trabalho sãoextremamente precárias, os salários são reduzidose há uma grande rotatividade.

Acreditamos ser essencial que a CUTtenha uma política específica para a ju-ventude. A construção dessa política temcomo papel central atrair a juventudepara as organizações sindicais edirecionar aos sindicatos da base cutista.A importância de disputar esse impor-tante setor, que em sua maioria não sesente representado no “antigo sindicalis-mo” ou não se identifica com as formas tradicio-nais de organização política, principalmente porconta do reflexo da educação neoliberal que asso-lou o nosso país durante a década de 1990, nos co-loca as seguintes dificuldades:

1.Como dialogar com a juventude neste contex-to de retirada de direitos, sobretudo no que diz res-peito às MPs 664 e 665, quando a política de segu-ro desemprego se torna fundamental, dada a altarotatividade do mercado de trabalho neste momen-to de “construção profissional”?

2.Como dialogar com a juventude em um con-texto de cortes e reestruturação das universidades,cortes que vão de encontro a política de ensino pú-blico e de qualidade?

3.Como quebrar a ideologia neoliberal reprodu-

zida pelas instituições políticas e educacionais?4.Como defender junto aos jovens as formas de

organizações políticas tradicionais de reivindicaçãode direitos, nesta conjuntura e principalmente nocenário de criminalização da política colocada pelaimprensa no Brasil?

Encontramos um grande desafio para a Juven-tude da AE: expandir do Movimento Es-tudantil (hoje a maior espaço de atuaçãoda JAE) para os demais espaços de orga-nização das juventudes, principalmentedos que estão inseridos no mercado detrabalho. Para isto precisamos, sobretu-do compreender as características da ju-ventude trabalhadora.

É fundamental aliar a pauta da juven-tude trabalhadora e a luta sindical com a

mudança estrutural do modelo educacional presen-te nas escolas e na formação da jovem e do jovemtrabalhador.

É necessário oxigenar o movimento sindical, poishá uma inabilidade em formar novos quadros, dialo-gar com as novas gerações e enfrentar os novos de-safios conjunturais, tanto no plano da concepçãoquanto do método. Isto é, existe uma dificuldade domovimento sindical em dialogar com os anseios dajuventude na sua maioria e representar na mesmaproporção o espaço que os jovens ocupam no mun-do do trabalho, assim como a grande parte da juven-tude trabalhadora não se identifica com as formastradicionais de organização política.

Fortalecer a Secretaria de Juventude da CUTdeve ser papel central no próximo período: fugir da

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burocratização, investir em trabalho de base e for-mação política, visando disputar as consciências dosjovens trabalhadores.

É fundamental que a Juventude da CUT consi-ga expandir a sua esfera de relação com os demaismovimentos de juventude e inserir-se nos debatesgerais da classe trabalhadora, ressaltando um re-corte de juventude.

Vamos estimular que os sindicatos filiados cri-em espaços de organização de jovens,complementando políticas para ampliar o diálogocom a Juventude, com políticas de comunicação ede filiação específicos para juventude. É fundamen-tal estimular o debate de cotas para a juventude nadisputa das chapas e direções sindicais.

Devemos acompanhar as eleições estaduais daCUT, para garantir a participação da Juventude naCentral Única dos Trabalhadores.

É necessário romper com as relações de opres-são geracional que se perpetuam fortemente noslocais de trabalho e são reproduzidos nas esferasde organização sindical. Nesse sentido, é fundamen-tal incentivar que a juventude também ocupe espa-ços de direção sindical.

A CUT precisa ter uma estratégia paraexpandir a sua intervenção no setor ter-ciário, onde a juventude trabalhadora seconcentra. E, também, incentivar a dis-cussão com a juventude trabalhadora quese encontra no setor informal da econo-mia, em condições precárias de trabalho.

A tarefa da construção de outro tipode sociedade é árdua e precisaremos de

bastante dedicação. E, acima de tudo, da certeza decada um e de cada uma de que as pedras no cami-nho virão e não serão poucas: apenas com a con-vicção de que estamos no caminho certo será pos-sível trilhá-lo.

Uma juventude petistapara tempos de guerra

O cenário não é de terra arrasada, muito pelocontrário. As condições objetivas e subjetivas im-põem ao conjunto do PT e da esquerda brasileirauma nova estratégia política.

Se é verdade que o esgotamento da atual estra-tégia abre a possibilidade de uma derrota global dopetismo e da esquerda, também é verdade que abrea possibilidade de uma reação política que resultena derrota dos setores golpistas, entreguistas e neo-liberais e na vitória de uma nova estratégia, susten-tada com a mobilização permanente da classe tra-balhadora nas ruas de todo o país.

É por entendermos que a esperança é vermelhae que necessitamos de uma juventude petista paratempos de guerra que disponibilizamos o nome do

companheiro Patrick Campos, atualmen-te dirigente da União Nacional de Estu-dantes, para encabeçar o processo de re-formulação programática e organizativada juventude do Partido das Trabalhado-ras e dos Trabalhadores.

Buscaremos representar um coletivode lutadores e lutadoras da juventudebrasileira que nunca abandonou as ruas

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nem a utopia socialista, que nunca fugiudas tarefas impostas pelas mais variadasconjunturas, que dia após dia faz umaescolha: doar sua vida à luta popular e àconstrução de um mundo liberto de to-das as formas de opressão.

A candidatura à Secretaria Nacionalda Juventude do PT representa o resgateda palavra socialismo, praticamente eli-minada do dicionário de alguns setores do PT. Oresgate da palavra, do programa, do debate políticoe da práxis estrategicamente orientada.

Em tempos de guerra, tudo que menos precisa-mos é de dirigentes incapazes de compreender o atualestágio da luta de classes no Brasil, dedicados aoturismo institucional e prisioneiros do governismo

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irresponsável. A Secretaria Nacional daJPT deve ser o lugar da grande política,do diálogo permanente com as juventudesque lutam por terra, moradia, educação,transporte público e especialmente com ajuventude pobre e negra que luta pelo di-reito de viver. A Secretaria Nacional da JPTdeve ser o centro de comando daestadualização e municipalização da juven-

tude petista, assim como um dos polos da necessáriaguinada do PT à esquerda.

Com a política no comando e o compromissode construir uma gestão democrática, socialista ecomprometida em transformar a juventude do PTnuma juventude revolucionária e de massas, apre-sentamos nossa candidatura, sem medo de lutar eser feliz!

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União Nacional dos Estudantes

O movimento estudantil conti-nua sendo um dos principais mo-vimentos de organização das ju-ventudes no Brasil. Evidente quepossuímos diversos outros meiosde organização, mas a União Na-cional dos Estudantes, que prota-gonizou grande parte das mobili-zações e lutas estudantis e sociaisdesde seu surgimento em 1937, se-gue como uma importante ferra-menta de articulação e mobilizaçãodos estudantes em nível nacional.

Em 2015 a UNE vai realizar seu54º Congresso. Este será um mo-mento decisivo para o movimentoestudantil debruçar-se sobre o pa-pel da entidade na atual quadra dahistória. Em um momento de acir-ramento da luta de classes, de au-mento do conservadorismo na so-ciedade e na juventude, de possibilidade de retro-cessos em conquistas importantes no tema da edu-

O melhor para a UNEseria que seu campo

majoritário, maisexatamente o PCdoB,

alterasse a sua política efizesse um gesto real de

democratização daentidade e de mudança nasua política. Infelizmente,

o que temos visto é acooptação de outros

setores e a manutençãoda mesma política. Por

isto nossa política segue amesma: lutar por umanova direção para a

UNE.

cação, é reforçada a necessidade dedisputar a União Nacional dos Es-tudantes. Principalmente porque,frente a este cenário, a direção ma-joritária da entidade se mostra imo-bilizada, estando muito aquém dopapel que deveria cumprir para amobilização e organização dos es-tudantes.

Há mais de 15 anos a Juventu-de da Articulação de Esquerda vemapontando que a UNE vivenciauma crise de representatividade.Crise que, por inúmeras razões,mas principalmente por conta desuas direções, atingiu o ponto decrise de legitimidade. Hoje, a UNEnão tem se distanciado apenas dasruas e dos amplos movimentos dejuventude, mas também da sala deaula e das universidades, sendo

desconhecida pela ampla maioria dos estudantes.Parte desta crise pode ser explicada tendo em

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vista aspectos conjunturais, como o descenso dasmobilizações de massas da década de 1990, o acir-ramento do ideário neoliberal e o aumento do des-crédito com a política. No entanto, é responsáveltambém a forma como atua o setor majoritário dadireção da UNE, capitaneado pela juventude doPCdoB. É este campo majoritário organizado peloPCdoB quem conduz a entidade, bem como suaatual estrutura organizativa; a política que apresen-tam vem norteando as ações da entidade.

Nesse sentido, iremos para o 54º congressoescrachando a ausência de democracia, o centralis-mo na condução e o esvaziamento do debate nasinstâncias de decisão.

A maneira burocratizada e antidemocrática comoa entidade é conduzida inviabiliza qualquer possi-bilidade de unidade do conjunto do movimento es-tudantil e contribui inclusive para inviabilizar açõesunitárias do conjunto dos setores que constroem aentidade.

Também pautaremos uma mudança na direçãopolítica da entidade. No cotidiano das universida-des, onde os estudantes vivenciam uma série deproblemas estruturais, enfrentam dificul-dades de permanência e encaram estru-turas antidemocráticas e um modelo deensino bancário, a política que norteia asações da UNE não é capaz de atrair emobilizar o conjunto dos estudantes. Estapolítica de apenas defender a ampliaçãodas estruturas vigentes e de aderiracriticamente às ações do governo fede-ral está equivocada e é incapaz de atrair

e apaixonar os estudantes para as fileiras do movi-mento estudantil.

Em nossa opinião é preciso outra direção para aUNE. Acreditamos que dirigir a UNE é fazê-la cum-prir seu papel dirigente no movimento estudantilfrente a todos os estudantes. Para a Reconquistar aUNE o PT deve ser, principalmente na atual qua-dra da história, a força política e social que reúnaas condições de influenciar a União Nacional dosEstudantes no sentido de constituir outra direção.

Aos camaradas do PCdoB nossos sinceros âni-mos revolucionários e de reconhecimento por suasações, mas a retomada das grandes lutas do movi-mento estudantil brasileiro dirigidas pela UNE jádeixou há muito tempo de passar pela política quevêm sendo apresentada.

A juventude do PT

É com esta leitura que voltamos a fazer um cha-mado a toda a Juventude do Partido dos Trabalha-dores para discutir uma estratégia petista para aUNE.

O PT, maior referência política e so-cial da classe trabalhadora brasileira, nãopode se furtar de agir num momento decrise. E é isso que há hoje com a UniãoNacional dos Estudantes: uma criseaprofundada.

A história da Juventude do PT nomovimento estudantil não pode ser vistacomo a história daqueles que podendoassumir o timão do navio que segue rumo

A crise do PTdecorre,

simultaneamente,de nossas

realizaçõese de nossaslimitações.

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à geleira e mudar sua direção, prefere se-guir as orientações do já desorientado co-mandante que deseja afundar com suaembarcação. Submeter ou se render asalianças pragmáticas por espaços na di-retoria da UNE não é posição condizen-te com a história do PT e de sua juventu-de. Mas, além disso, não pode ser a op-ção feita num dos momentos de maioracirramento da luta de classes no país.

Dessa forma ao longo do ano de 2015, ano deCongresso da UNE, faremos as justas e devidasreflexões sobre os rumos da entidade e do conjuntodo movimento estudantil universitário no Brasil. Evoltamos a apontar como centro da estratégia a uni-dade petista na construção da União Nacional dosEstudantes.

Campo popular

Quando começamos o diálogo sobre a criaçãode um novo Campo para a disputa da UNE, fazía-mos isso numa condição defensiva. A Articulaçãode Esquerda havia passado por um processo de di-visão em seu Primeiro Congresso (2011) e nossaatuação na juventude e no movimento estudantil foibastante atingida.

Lembramos que naquele mesmo ano de 2011,antes mesmo do Primeiro Congresso da AE, o Con-gresso da UNE foi marcado pela migração de maisuma força petista para o campo dirigido pelo PCdoB.

O coletivo Para Todos, vinculado a tendênciapetista Construindo um Novo Brasil (CNB), foi a

última de três forças que desde 2005 ela-boraram novas táticas para a construçãoda entidade, estando nessa tática a alian-ça com a direção majoritária.

O que chamamos de “giro político”foi iniciado pelo Movimento Mudançaem 2005. Em 2007 seguiram o mesmorumo o movimento Kizomba, vinculadoa tendência petista Democracia Socialis-

ta (DS). A CNB foi a última a embarcar neste bon-de de forças no qual já seguiam viagem o PCdoB,PSB, PDT, PMDB e nem tão pouco frequentemen-te partidos das hostes da Direita brasileira a exem-plo do próprio PSDB.

Como nossa tática de construção da UNE sem-pre passou pela unidade das forças petistas, manti-vemos a posição mesmo que numa situação demomentâneo isolamento no CONUNE de 2011.Mas como o mundo gira e com ele suas engrena-gens, a situação com a qual nos deparamos na Bienalda UNE em janeiro de 2013 mostrou que mantive-mos a posição acertada.

Vale destacar que neste meio tempo tentou-sedar volume à falsa ideia de ”bipolarização” no in-terior da UNE, como se apenas dois campos cons-truíssem a entidade. De um lado os Aliados do Cam-po Majoritário, do outro o Eixo autoproclamadoOposição de Esquerda, composto pelas tendênciasdo PSOL e pelo PCR.

De um lado o governismo cego e inconsequente.Do outro, um oposicionismo desmedido e desre-grado (da maioria destes), incapaz de enxergar arealidade. Mas não é apenas a posição acerca do

A crise do PTdecorre,

simultaneamente,de nossas

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Governo Federal que divide opiniões. Háum conjunto de questões sobre o própriofuncionamento da UNE; seus espaços dedeliberação (ou ausência destes); masprincipalmente o projeto de Educação ede Universidade defendido (ou combati-do) por cada organização.

E é sobre este aspecto prioritário quea Reconquistar a UNE busca construirsua posição. Para nós, este jogo de aparências man-tido pelo Campo Majoritário e pela Oposição deEsquerda está muito abaixo da política necessáriapara a União Nacional dos Estudantes. Precisamosde um verdadeiro projeto de Universidade e de umprojeto de educação para o país, no qual os estu-dantes sejam protagonistas.

Foi com o objetivo de acumular forças e organi-zar a parcela dos estudantes que faziam esta avalia-ção que durante o CONEB/Bienal de 2013 no Re-cife a Reconquistar a UNE impulsionou a criaçãodo Campo Popular. Junto ao coletivo Quilombo,vinculado a tendência petista EPS, junto ao Movi-mento Mudança e ao Levante Popular da Juventu-de (Consulta Popular), reunindo estudantes de en-tidades como as executivas e federações de cursos,DCEs e UEEs, o Campo Popular obteve uma gran-de vitória política no CONEB ao apresentar trêsresoluções e pela primeira vez em muitos anos su-perar a Oposição de Esquerda.

No Congresso da UNE, realizado meses depois, oCampo já estava consolidado como uma verdadeiraalternativa de direção para a UNE. Mesmo com deba-tes acalorados sobre ser uma frente de oposição ou

apenas uma alternativa de direção, o fato éque o Campo Popular proporcionou umamudança nos ventos que sopram no interi-or da União Nacional dos Estudantes.

Numa linha crescente, o Campo temsido um importante espaço de organiza-ção dos estudantes que reconhecem aimportância da UNE e que desejam dis-putar os rumos da entidade. Há muito

ainda o que se afinar, mas sem dúvidas o papel cum-prido neste período demonstra que podemos fazerda UNE a entidade que queremos.

O principal exemplo da capacidade de constru-ção do Campo ocorreu com a realização do III Se-minário Nacional de Assistência Estudantil da UNEem maio de 2014, na cidade de Ouro Preto-MG.Foi a primeira vez em anos que uma atividade daUNE não foi realizada pelo Campo Majoritário daentidade, mas que tampouco foi um espaço exclu-sivo das que organizaram.

O 54º Congresso da UNE

Aproxima-se mais uma batalha para os estudan-tes em torno de sua entidade nacional: em 2015 ocor-rerá o 54º Congresso da União Nacional dos Estu-dantes, momento em que será eleita a próxima dire-toria da entidade, bem como serão aprovadas as re-soluções que nortearão as ações da nova gestão.

Este CONUNE acontece numa situação políticado Brasil e do Governo de grande efervescência.As eleições presidenciais de 2014 proporcionaramum ambiente de polarização na sociedade. A direi-

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ta, derrotada nas urnas, utiliza todos os seus meca-nismos para impor sua agenda ao governo e suavisão e opinião ao conjunto da sociedade.

Por meio do Judiciário buscam carimbar a es-querda, seus partidos e os movimentos sociais comocriminosos. Põem abaixo o já parco Estado Demo-crático de Direito por meio da própria retórica jurí-dica para perseguir, julgar e condenar aqueles queoferecem alguma resistência.

Em associação direta age o Legislativo Federal,o Congresso mais conservador já eleito na histórianem tão recente do país. Comandados pelo PMDB,a escória de partidos conservadores, reacionários ecorruptos que abocanharam a maior parte do parla-mento articula e conspira para imprimir uma agen-da regressiva para os trabalhadores. Em menos detrês meses de legislatura atacam por meio da am-pliação de seus privilégios, de uma contrarreformapolítica e de mudanças legislativas que atingem di-retamente os direitos trabalhistas.

Mas a ponta desta lança que pretende ir fundona esquerda brasileira sem dúvida é a Grande Mídia.O já propalado quarto poder é quem mais buscaimplantar um clima de pavor ejustiçamento. É a grande mídia que ali-menta a cada segundo o judiciário comfalsas denúncias; que ataca o patrimôniodo povo, como exemplo mais recente aPetrobrás, em busca do desmonte daspolíticas sociais em benefício do grandecapital; é quem impulsiona e amplificaas vozes golpistas; é quem fomenta e jus-tifica as ações do Legislativo contra os

trabalhadores e seus defensores; é quem oferecemunição ideológica para que setores da própria clas-se trabalhadora voltem-se contra si.

É neste ambiente, onde ainda deve ser incluídoo fato da direita também estar ocupando as ruas,que será realizado em junho de 2015 o 54º Con-gresso da UNE. Em outras palavras, é num mo-mento de acirramento do enfrentamento e da lutasocial que a principal entidade estudantil do paísreunirá o conjunto dos estudantes em seu maiorfórum de decisão.

É por estas razões que compreendemos o papeldistinto deste congresso da UNE. O conjunto dosestudantes e das forças políticas precisa estar aten-to e comprometido com o fortalecimento da UNE eda rede do movimento estudantil. A entidade nãoapenas pode como deve se preparar para liderar osestudantes neste momento. E liderar os estudantesneste momento significa reunir as condições parater legitimidade no processo.

Acreditamos que a atual direção da UNE nãoestá à altura deste desafio e que não reúne as condi-ções para colocar a entidade como protagonista

destas lutas. Se estivesse à altura, nãoteria tido medo de realizar o ConselhoNacional de Entidades de Base em ja-neiro de 2015. Se estivesse à altura nãoteria tido medo de combater abertamen-te as candidaturas de direita no primeiroturno de 2014, tanto Aécio quanto deEduardo/Marina. Se estivesse à altura nãoteria receio de convocar os estudantes àsruas.

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Mas a UNE ainda é a principal refe-rência do movimento estudantil univer-sitário brasileiro. E continua sendo por-que sua história de luta é maior do que ade recente comodismo. Nesse sentido va-mos ao próximo CONUNE buscandoampliar nossa bancada nacional e respec-tivamente a representação na diretoria daentidade. Para tanto, buscaremos contri-

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realizaçõese de nossaslimitações.

buir no fortalecimento do Campo Popu-lar, por meio da organização e unidadedo conjunto das/os estudantes petistas.Sabemos que é preciso assumir a respon-sabilidade e para tanto fazer a entidaderetomar seu papel histórico, reconquis-tando a UNE para a luta e para as e osestudantes.

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O Segundo Congresso elegeu uma nova direçãonacional para a AE, composta pelos seguintes com-panheiros e companheiras:Adriano de Oliveira/RSAdriele Manjabosco/RSAdriana Miranda/DFAnanda de Carvalho/RSAndré Vieira/PRBárbara Hora/ESBruno Elias/DFDamarci Olivi/MSDaniela Matos/DFEduardo Loureiro/GOEleandra Raquel Koch/RSEliane Bandeira/RNElisa Guaraná de Castro/DFEmílio Font/ESFernando Feijão/PIGiovane Zuanazzi/RSGleice Barbosa/MSIole Ilíada/SPIzabel Cristina Gomes da Costa/RJIvonete Almeida/SE

Jandyra Uehara/SPJoel de Almeida/SEJosé Gilderlei/RNKaren Lose/RSLeirson Silva/PALício Lobo/SPMúcio Magalhães/PEOlavo Carneiro/RJPatrick Araújo/PERafael Tomyama/CERodrigo Cesar/SPRosana Ramos/DFSilvia Vasques/RSSônia Aparecida Fardin/SPValteci Mineiro de Castro/MSValter Pomar/SP

Também foram eleitos, para a comissão de éticanacional:Ana Affonso/RSIriny Lopes/ESJonatas Moreth/DFJúlio César de Quadros/RS