Jornal Brasil Atual - Zona Sul 06

8
Jornal Regional da Zona Sul de São Paulo www.redebrasilatual.com.br ZONA SUL nº 6 Setembro de 2010 APROVAÇÃO AUTOMÁTICA Jovens chegam à universidade com dificuldade de ler, escrever e fazer contas EDUCAÇÃO EM SÃO PAULO RAP PERFIL A vida de Francesca, a senhora saúde de Vargem Grande Pág. 3 LÍDER DA SUL Os manos que fazem um novo Retrato do Brasil Pág. 7 Guetto Latino, o grupo dos trintões WALTER MESQUITA FAVELA ON-LINE A periferia mostra a cara para o mundo Pág. 6 MÍDIA DIVULGAÇÃO ELEIÇÕES 2010 Pesquisas dão vantagem à candidata do presidente Lula Pág. 2 DILMA NA FRENTE JAILTON GARCIA SXC.HU DIVULGAÇÃO

description

ElEiçõEs 2010 pErfil mídia líder da sul nº 6 Setembro de 2010 pág. 3 pág. 7 pág. 2 pág. 6 Pesquisas dão vantagem à candidata do presidente Lula www.redebrasilatual.com.br Jornal Regional da Zona Sul de São Paulo A vida de Francesca, a senhora saúde de Vargem Grande A periferia mostra a cara para o mundo walter mesquita jailton garcia sxc.hu divulgação divulgação

Transcript of Jornal Brasil Atual - Zona Sul 06

Page 1: Jornal Brasil Atual - Zona Sul 06

Jornal Regional da Zona Sul de São Paulo

www.redebrasilatual.com.br Zona SUL

nº 6 Setembro de 2010

aprovação automáticaJovens chegam à universidade com dificuldade de ler, escrever e fazer contas

Educação Em são paulo

rap

pErfil

A vida de Francesca, a senhora saúde de Vargem Grande

pág. 3

líder da sul

Os manos que fazem um novoRetrato do Brasil

pág. 7

Guetto latino, o grupo dos trintões

wa

lter

mesq

uit

aFavela on-line

A periferia mostra a cara para o mundo

pág. 6

mídia

div

ulg

ão

ElEiçõEs 2010

Pesquisas dão vantagem à candidata do presidente Lula

pág. 2

dilma na Frente

jail

to

n g

ar

cia

sxc

.hu

div

ulg

ão

Page 2: Jornal Brasil Atual - Zona Sul 06

2

expediente jornal Brasil atual – Zona suleditora gráfica atitude ltda. – diretor de redação Paulo Salvador editor João de Barros repórter Marina Amaral revisão Malu Simões diagramação Leandro Siman redação (11) 3241-0008tiragem: 15 mil exemplares distribuição Gratuita

Editorial

Olá, O jornal Brasil Atual - Zona Sul está cada vez mais instigan-

te. Nossa reportagem descobriu que aqui moram pessoas como a Francesca, nordestina arretada, que não faz outra coisa na vida senão cuidar da saúde de outras pessoas. Ela está na página três e – por que não? – faz coro aos protestos das avenidas Belmira Marin e M’ Boi Mirim, contra o descaso que se vê no trânsito.

Mais adiante, lá nas páginas cinco e seis, vê-se como a pe-riferia anda atuante, seja numa nova mídia capaz de colocar as nossas favelas on-line – chic, né? –, seja no novo som do Guetto Latino, o grupo do Parque Cocaia que não desiste do sonho de mudar a realidade da periferia. Realidade, aliás, que convive com uma vergonha na educação.

Depois de anos na escola, constata-se: os jovens da rede pública – principalmente estadual – mal sabem ler e escrever, e a esmagadora maioria tem dificuldade de resolver contas sim-ples. Mas mesmo assim eles passam de ano e, semi-analfabe-tos, concluem o primeiro grau. Todos os anos uma legião de analfabetos funcionais ganha um diploma. Uma pena. A reali-dade podia ser bem diferente.

As mensagens podem ser enviadas para [email protected] ou para Rua São Bento, 365, 19º andar, Centro, São Paulo, SP, CEP: 01011-100. As cartas devem vir acompanhadas de nome completo, telefone, endereço e e-mail para contato.

Espaço do lEitor

ElEiçõEs 2010

dilma na frente Candidata de Lula vence em todos os institutos de opinião

As últimas pesquisas dos institutos de opinião pública do Brasil trazem dados semelhan-tes sobre a intenção de voto dos eleitores para o primeiro turno da eleição presidencial no País: todos eles, com pequena dife-rença, apontam a liderança da candidata do presidente Lula, a petista Dilma Roussef, seguida de José Serra (PSDB), Marina Silva (PV), Plínio de Arruda

Sampaio (PSOL) e dos demais candidatos, a maioria deles sem a preferência sequer de 1% do eleitorado.

A discrepância ficava com o Datafolha, instituto ligado ao jornal Folha de São Paulo, que não apontava a vantagem de Dilma e ainda a colocava um ponto atrás do presidenciável tucano. Mas a última sonda-gem do instituto reparou um

erro que havia na técnica de pesquisa que, por economia, só considerava as opiniões de quem tinha telefone (fixo ou celular), para ficar mais fácil checar os dados dos entrevista-dos. Além disso, não aparecia no Datafolha a população rural brasileira, que representa 16% do eleitorado, onde a diferença de Dilma representa 4 pontos no universo total de eleitores.

todos os institutos dão vantagem a dilma

vox populi

22/07 17/08

41

33 29

45

datafolha

26/07 26/08

49

29

3736

sEnsus

05/08 24/08

2832

46 46

ibopE

30/07 28/08

51

27

3739

dilma

sErra

A cena de pessoas des-cendo dos ônibus parados no trânsito e caminhando pelas ruas já se tornou corriqueira em duas avenidas da Zona Sul: na Belmira Marin, que corta o Grajaú de ponta a ponta; e na M’Boi Mirim, que corta o extremo Sul em direção a Embu-Guaçu e Ita-pecerica da Serra.

O problema torna-se insu-portável nos horários de pico – entre 4h30 e 6 h da manhã

trânsito

congestionamento de gente

e das 17 h às 20 h. As vias têm buracos e as calçadas são irre-gulares, forçando a caminhada a ocorrer no meio dos carros, sen-do comuns os atropelamentos.

A CET prometeu maior fis-calização nos locais, mas não disse quando isso acontecerá.

O pessoal da Belmira Marin criou um twitter com informações do trânsito – twitter.com/avbelmiramarin – e os usuários da Avenida M’Boi Mirim, depois de pro-testar na rua, conseguiram a implantação de uma faixa adicional das 6 h às 8 h da manhã, o que ainda não re-solve o problema.

protestos: povo quer metrô

div

ulg

ão

Page 3: Jornal Brasil Atual - Zona Sul 06

3

pErfil

francesca, a saúde em pessoa

o agente e a genteuma ubs doente

A história da líder comunitária que dedica a sua vida a ajudar a vida dos outros

A UBS (Unidade Básica de Saúde) Vargem Grande, a 35 km do centro de São Pau-lo, no extremo Sul da cidade, é um posto de saúde lotado, insuficiente para atender aos 56 mil habitantes do bairro, no subdistrito de Parelheiros, região com o pior indicador de saúde da capital – 0,34 contra 0,99 de Pinheiros, o melhor da cidade.

Além de alta taxa de mor-talidade infantil, isso signifi-ca morte precoce por doen-ças crônicas não transmissí-

Cada agente comunitário de saúde é responsável pelo moni-toramento de 150 a 200 famí-lias. Não dá. “Tem uma agente de saúde que mora na frente da minha casa e nunca apertou a campainha da gente” – conta Francesca Gomes. “O que se percebe é a falta de compro-

cana dura

É fogo

A informação é oficial: a Penitenciária Joaquim Fon-seca Lopes, conhecida como Presídio de Parelheiros, está com superlotação de quase 100%. Em agosto, havia 1.480 presos para uma capacidade de 756 pessoas. Além do so-frimento humano, isso repre-senta risco para o ambiente, pois o presídio fica numa área de preservação permanente e despeja o esgoto nas cabecei-ras do Ribeirão Vermelho, um dos cursos d'água que formam a represa de Guarapiranga.

Um incêndio destruiu de-zenas de barracos da favela Beira Rio, no Parque do Ja-baquara, no fim de agosto. A favela começou a arder às oito da manhã, por razões desconhecidas. À tarde, o fogo foi a favela na Roci-nha, na Avenida Jornalista Roberto Marinho. Ambas as favelas estão localizadas em áreas nobres da cidade. An-tes de ser transferida, a fa-vela JK também passou por vários incêndios. Triste sina: esse fogo é fogo!

Francesca Gomes nasceu há cinquenta anos no Ceará, migrou para o Rio de Janeiro no colo dos pais e cresceu em São Paulo, na Vila São José, no Sabará, zona sul da cidade. Casada há 24 anos com João – aposentado, ex-metalúrgico da Indústria Villares, onde conhe-ceu o presidente Lula –, Fran, como é conhecida entre os ami-gos, tem um filho de 17 anos, Gabriel, e dedica as 24 horas de seu dia ao trabalho comunitário. Ela chega à Unidade Básica de Saúde (UBS) Vargem Grande às 6h30 e só vai para casa depois que ela fecha, às 17 h. “Ela fica mais no posto do que em casa” – revela o marido.

Quando alguém tem qual-quer problema de saúde por lá, já sabe a quem recorrer, à Fran, a figura querida que mora numa casinha na Cratera de Colônia, à beira da Mata Atlântica, des-de 1992. Eleita delegada da II

Conferência de Saúde nas três esferas de governo, ela fiscali-za tudo o que se refere ao pos-to – das filas de atendimento aos estoques de remédio. Em 25 de agosto, por exemplo, ela ajudou uma mãe, cujo filho de cinco anos aguardava havia três meses por uma consulta com o dermatologista, a ser atendida imediatamente. “Era caso de emergência. A criança estava em carne viva de tanto se co-çar. O posto tem que solucionar o problema na hora, de acordo com as diretrizes do SUS” – ex-plica Francesca.

Fran também verifica um a um os pedidos de exames e cirurgias empilhados na administração. “Os funcionários entram todos os dias no sistema Conexa em busca de vagas para os usuários que estão na espera, e são muitos os que ficam esquecidos na pilha” – diz, apontando para um centena de fichas que aguardam agendamen-

to e pedindo providências para localizar dois pacientes que espe-ram há mais de um ano por uma cirurgia urgente, de acordo com o pedido médico. “Para nós, da co-munidade, eles são pessoas e não números, por isso a diferença” – explica a conselheira.

Com sete equipes de saúde – formadas por um médico, um enfermeiro e dois auxiliares de enfermagem – e uma farmacêu-tica para a distribuição de remé-

dios, o posto funciona das 7 h às 17 horas, mas não dá conta de atender a todos os casos, prin-cipalmente quando é necessá-rio encaminhar o paciente a um especialista. “As pessoas ficam meses, às vezes mais de ano, à espera de cirurgia. Embora a gente tenha excelentes médicos, há lacunas no atendimento”– diz, explicando que as pessoas chegam a esperar uma hora ape-nas para marcar uma consulta.

francesca, em casa: uma raridade

vas (diabetes e hipertensão, por exemplo) e por causas externas (acidentes e homicí-dios) – quesitos que formam o Índice de Saúde reconheci-do internacionalmente.

Para melhorar o quadro é preciso investir em prevenção e acompanhar de perto a saúde da população. Pelas normas do SUS, o Sistema Único de Saú-de, isso deve ser feito por meio das visitas de agentes comuni-tários sociais às famílias e do atendimento clínico – da con-sulta à marcação de exames.

metimento de alguns membros das equipes da UBS” – diz ela. “Não se pode enrolar ou agir burocraticamente quando está em jogo a vida e a saúde de uma pessoa, uma criança, um ido-so”– ensina Fran, que fez curso de capacitação para o cargo na Escola Técnica do SUS.

cadeia de parelheiros

div

ulg

ão

div

ulg

ão

Fut

ur

a p

ress

jail

to

n g

ar

cia

incêndios em favelas: rotina

Page 4: Jornal Brasil Atual - Zona Sul 06

4

Paula é professora de Por-tuguês em escola do Estado há 21 anos. Ela conta que 30% de seus alunos da sexta série não sabem ler nem escrever. Por isso, ela faz um ditado nos primeiros dias de aula. “Tem aluno que entrega em branco, não sabe nada. Se vai escrever ‘bala’, por exemplo, ele colo-ca qualquer letra” – resume.

Na progressão continuada o estudante é aprovado auto-maticamente. No máximo, ele é retido na quarta série, por um ano; depois segue, mesmo sem o conhecimento neces-sário. A aprovação certa, sem avaliação do conteúdo domi-nado pelo aluno, permite ao estudante terminar o ensino

Educação Em são paulo

passar a qualquer custo forma aluno analfabeto

analfabetismo funcional

Sem saber ler, escrever e fazer contas, nossos jovens ganham diploma e despreparo Por Suzana Vier

médio sem ter o conhecimento mínimo necessário.

"A educação virou dado

estatístico. É porcentagem pra lá, porcentagem pra cá, mas não se analisa como o

aluno conclui o ensino médio. Ele é só mais um diploma" – alerta Tomé Ferraz, professor

de física e matemática das redes municipal e estadual de São Paulo.

Cristina leciona Biologia e se esforça para alfabetizar quem vai mal. Ela cita que os alunos têm enorme dificul-dade com sílabas complexas como tra e pla. "Eles conhe-cem somente formações silá-bicas básicas" – acentua.

Na hora de avaliar alunos que não leem nem escrevem com fluência, Cristina usa mé-todos diferenciados na classe. "Uma avaliação escrita requer habilidade de leitura e escrita. Mas quem não compreende o teor da prova, não consegue responder; aí, a saída é uma prova oral.”

Uma parcela significativa de alunos chega ao ensino médio sem estar alfabetiza-da. Rosana Almeida é uma professora do estado que en-frenta essa dificuldade.

Na sala em que está, su-perlotada, há alunos que não sabem ler e escrever. São os analfabetos funcionais, que até constroem palavras, mas não formam frases.

Enfim, o jovem entende a explicação, mas não sabe es-crever. Quando a professora pede para ele produzir um tex-to, surge a resistência. Como não participa da aula, o aluno é mais indisciplinado, faz muita bagunça" – na oitava série o ín-dice de indisciplina é altíssimo.

bagunça confusão

driblesNo caso do professor uni-

versitário Anselmo Büttner, a saída foi criar metodologias específicas. “Eu levo figuras e desenho no quadro o que é al-moxarifado, por exemplo, para eles compreenderem” – relata. “Mas eles não juntam as in-formações, não montam uma sequência, não têm base de

gramática e ortografia. E não é só. Há limitações também na capacidade de raciocínio lógi-co e matemático” – alerta.

O jovem com deficiência de leitura e escrita vai enfrentar sérios problemas no mercado de trabalho, não importa a área em que decida atuar. Büttner também é crítico em relação

aos colegas professores. Ele diz que os educadores devem se adequar às necessidades educacionais dos alunos, com estratégias que os auxiliem a compreender o conteúdo. “O problema existe e é grave com alunos da escola pública, mas eu tento levar o conhecimento ao patamar dos alunos”.

Eduardo, professor uni-versitário, afirma que os es-tudantes são vítimas de um círculo vicioso fatal para a vida profissional futura.

“Se o aluno não compre-ende frases da língua, tudo vira uma enorme confu-são. Como ele vai resolver questões de matemática?” – questiona. “Eles até sabem que 3 vezes 5 é 15, mas se você colocar na prova quanto é o triplo de 5 mais o dobro de 20, eles não vão saber” – exemplifica. “Se questões básicas não estão resolvidas, a estrutura fica afetada e o conhecimento que vem depois não se con-cretiza” – alerta Eduardo.

Segundo a Organização das Nações Uni-das para a Educação a Ciência e a Cultura (Unesco), o analfabeto funcional escreve o próprio nome, lê e escreve frases simples, efetua cálculos básicos, mas é incapaz de in-terpretar o que lê e de usar a leitura e a escri-ta em atividades cotidianas. Isso dificulta seu desenvolvimento pessoal e profissional.

sxc

.hu

div

ulg

ão

lousa, giz e apagador, armas de combate ao analfabetismo

bibliotecas: cada vez mais vazias

Page 5: Jornal Brasil Atual - Zona Sul 06

5

A progressão continu-ada – política educacional responsável pela aprovação automática dos alunos – é o principal problema educacio-nal do Estado de São Paulo, segundo professores ouvidos pela Rede Brasil Atual.

Para os especialistas, essa é

uma metodologia pedagógica avançada por propor uma ava-liação constante, contínua e cumulativa, além de basear-se na ideia de que apenas repro-var o aluno não contribui para melhorar seu aprendizado.

Sua aplicação, porém, transformou-se em sinôni-

mo de "aprovação automá-tica", segundo professores e analistas.

Essa ideia leva em conta que a progressão foi adotada, no Brasil, sem se mudarem as condições estruturais, peda-gógicas, salariais e de forma-ção dos professores.

Educação Em são paulo

as ‘novinhas’ e a vida na periferia

progressão continuada ou aprovação automática?Adotada em 1988, ela permite ao aluno avançar nos estudos sem repetir de ano

a informática e as criançasw

or

dpr

ess

.co

m

Há crianças que nascem co-nectadas na informática e é difí-cil convencê-las a prestar aten-ção ou valorizar a educação da escola. “Parte das aulas é perdi-da em pedidos de atenção à aula ou para desligar o Ipod” – conta o professor Tomé Ferraz. “Eles não têm só celular, eles têm uma verdadeira tevê e levam para a sala de aula” – completa.

As mães do Parque Cocaia estão preocupadas principal-mente com as filhas em idade escolar. Primeiro foram os pés-simos indicadores de qualidade de ensino da escola estadual que atende ao bairro, a E.E Washing-ton Alves Natel: 513º coloca-da no Enem, em 572 escolas, e oito pontos abaixo da média do Saresp, medida de avaliação do ensino fundamental, em 2009. Agora são frequentes as denún-cias de aliciamento de adoles-centes, na porta da escola, para abuso e exploração sexual.

No horário das aulas, meninas de dez a treze anos são levadas de carro ou moto por “funkeiros”

sxc

.hu

jea

npa

ul.

co

m.B

r/B

log

Lidar com essa nova face da infância e da adolescência é difícil sem a colaboração da fa-mília. “Sobra tudo para a escola” – reflete Tomé. “Eu vou ensinar a pensar, sou uma professora à antiga, comer com garfo e faca é responsabilidade de pai e mãe” – diz a professora Rosana Almei-da. “Os pais, por mais simples que sejam, precisam ter consci-

ência de que é preciso valo-rizar a lição de casa, dar um abraço, acompanhar o filho.”

Os professores recla-mam: os pais não parti-cipam da vida escolar das crianças. Para alguns de-les, a escola transformou-se em depósito de crian-ças. “Somos “baby sitters” (babás) de luxo.”

fechou por quê?Mais de 1,4 mil crianças

estão sem escola no Grajaú e em Marsilac devido ao rom-pimento do convênio entre a Prefeitura e o Centro de Promoção Social Thiene. O Conselho Tutelar da região procurou o Ministério Públi-co, que abriu inquérito civil contra a Secretaria Munici-pal de Educação.

As mães procuram uma solução desde março. Algu-mas crianças foram transferi-das para bairros vizinhos, mas as mães não têm como levá-las. Em julho, elas pediram à Diretoria de Ensino da Capela

mais velhos para os “pancadões” (bailes funks), onde é frequente o consumo de drogas e álcool, as-sociado a relações sexuais com as “novinhas”, como são chamadas as adolescentes nas músicas.

A direção da escola diz que não é responsável pelo que ocorre no portão do colégio. Sem opção, as mães estão transferindo as fi-lhas para escolas mais distantes, como as de Cidade Dutra.

do Socorro a construção de novas unidades ou a realoca-ção das crianças. Até agora, nada. No total, nove centros infantis (CEIs) foram fecha-dos. Duzentos funcionários perderam seus empregos. E ninguém sabe o motivo.

sxc

.hu

computadores: cada vez mais presentes

o “pancadão”: novo embalo da moçada

carteiras: sem alunos por quê?

Page 6: Jornal Brasil Atual - Zona Sul 06

6

mídia

site viva favela mostra a criatividade das periferias brasileiras

Projeto de correspondentes comunitários se estende por todo o Brasil Por Maurício Thuswohl*

favela on-line

O Brasil é um grande usu-ário de internet no mundo. O país tem 70 milhões de “na-vegantes”, 36 milhões deles muito ativos, segundo relatório Ibope/Nielsen. E, à medida que a rede mundial de computado-res se aproxima das periferias, aumentam a democratização do acesso ao conhecimento e o uso que se faz dela.

O site Viva Favela, cria-do no Rio de Janeiro, em 2001, pela ONG Viva Rio, é um belo exemplo. No iní-cio, sua principal atividade era promover cursos, ofici-nas e inclusão digital. Mas, como o uso da tecnologia permitia aos moradores das comunidades atuar como co-municadores e produtores de conteúdo informativo sobre a realidade que os cerca, logo essa rede rendeu frutos nas grandes favelas do Rio – Ro-

Para se tornar um cor-respondente co munitário do Viva Favela, cadastre-se e participe dos Fóruns de Sugestões de Pauta, quando é possível saber o que cada correspondente pretende produzir e tam-bém estabelecer formas de parceria e colaboração de diversos correspon-dentes em torno de uma mesma pauta.

Os Fóruns de Suges-tões de Pauta também de-finem publicações espe-ciais em torno de um tema. Como revistas virtuais, essas publicações contam com a coor denação de algum jornalista convi-dado. “Toda revista tem um editor especial para estimula-las. O primei-ro editor convidado foi o Caco Barcellos. Imagina, um jovem comunicador recebendo dicas e elo-gios de um profissional consagrado como ele?” – diz Rodrigo.

correspondentescomunitários

vale até usar rodinho como tripé de câmera

wa

lter

mesq

uit

a/v

iva

Fa

vela

cinha, Cidade de Deus, Maré e Complexo do Alemão. O resultado foi a criação do site www.vivafavela.com.br.

Depois do lançamento do Viva Favela 2.0, em abril, o projeto já tinha uma rede de 334 correspondentes comuni-tários em todo o país e 30 mil novos acessos. Para o jornalista Rodrigo Nogueira, que foi edi-tor de conteúdo por três anos, o site é uma ponte virtual entre o asfalto e a favela. “A meta é transformá-lo num modelo de jornalismo cidadão, feito de dentro das favelas e dialogan-do com o mundo” – diz.

A homepage é dividida em quatro seções (textos, fotos, ví-deos e áudios), e sua atualiza-ção é permanente. As notícias em destaque na página inicial são selecionadas com base no número de votos que recebe-ram nos últimos dois dias.

Informação que transforma

www.redebrasilatual.com.brno celular: m.redebrasilatual.com.br

no twitter: www.twitter.com/redebrasilatual

A notícia sob um novo olhar

junte-sea nós

Anuncie:(11) 3241-0008

[email protected]

Info

rme

Publ

icitá

rio

Page 7: Jornal Brasil Atual - Zona Sul 06

7

rap

Guerreiros da Zona sul

Espelho meu vizinhos musicais

Eles têm mais de 30 anos, mas não desistem do sonho: viver de música e mudar a realidade da periferia“Nossas letras falam da co-

munidade sofrida e, se o rap parar de defender o povo com unhas e dentes, qual o estilo mu-sical que vai fazer isso?” – per-gunta o MC Banndog, 32 anos, do grupo Guetto Latino, do Par-que Residencial do Cocaia, lo-calizado no fundão do Grajaú, à beira da represa Billings.

Com quatro CDs gravados – três deles “oficiais de fábri-ca”, com qualidade superior ao primeiro, “caseiro”, feito no computador –, os integrantes do Guetto Latino continuam “nos corres” para sobreviver. Nos dias úteis Banndog é Wagner

Ferreira, segurança; a backing vocal Lee Torres é Eliane Oli-veira, metalúrgica, e o DJ Sno-op foi batizado Fábio Cristiano, e trabalha como pintor.

“A gente tem trampo parale-lo; dá para contar nos dedos os rappers que vivem da sua músi-ca no Brasil: Racionais, Rappin’ Hood, Thaide, mais um ou outro. Mas eles também tiveram que lutar muito antes e a gente não desiste do sonho” – diz Bann-dog, que costuma realizar pales-tras em escolas e eventos com jovens para “abrir a cabeça da molecada e fazer com que eles não desistam de seus sonhos”.

“A molecada se espelha no que tem. A oportunida-de de passar para o crime vem de mão beijada. Se você vive em um lugar sem saneamento básico, lazer, centro cultural, posto de saúde, transporte digno, es-cola que ensine e oriente, por que você vai acreditar que as coisas podem ser di-ferentes?” – pergunta Lee Torres, 32 anos, que nasceu no Jardim Eliana, bairro vi-zinho ao Cocaia, para onde se mudou aos 5 anos.

“Algumas coisas evoluí-ram: minhas filhas estudam desde pequenas e eu fui pra escola aos 9 anos porque aqui não tinha nada, era só

Banndog e Lee moram na mesma rua – ela o conheceu aos 14 anos quando cantava com o grupo de rap do primo. O DJ Snoop mora perto, no Navegan-tes, antigo Morro da Macumba, em uma casinha avarandada que abriga enorme coleção de dis-cos de vinil e um equipamento de som que usa para montar os bailes de fim de semana e criar as bases para o som do Guetto. “Sou solteiro, moro sozinho e aluguei essa casa para a gente ensaiar porque antes eu tinha que vir andando, não tinha dinheiro para vir todo o fim de semana para cá” – explica Snoop, que ganhou o apelido por sua seme-lhança física com o consagrado rapper americano, Snoop Dog.

Já as gravações dos CDs são

feitas em estúdio profissional e custam caro: uma hora de es-túdio sai em média 150 reais – gastam-se cinco horas para fazer a produção musical de cada fai-xa, o que os rappers chamam de “base” – e o mesmo tanto para colocar a voz no CD inteiro.

Com a matriz pronta, eles reúnem a documentação neces-sária, fazem o encarte e mandam para a prensagem na fábrica que, dependendo da arte da capa, cus-ta entre 3 mil e 3.500 reais. “A gente faz aos poucos, não dá pra entrar no estúdio e gravar. Mas o importante é conseguir fazer. De-pois, a gente vende nos shows, dá outros tantos para divulgar nosso trabalho. Não nego, é difícil. Mas está no sangue, se a gente para fica maluco” – diz Banndong.

uma trilha no meio do mato” – diz. “Mas as coisas ficaram bem piores. Eu cresci subindo em árvore, nadando na represa. Violência e drogas quase não existiam” – explica. “Também houve recuos em algumas con-quistas: os CEUs, por exem-plo, eram bem mais acolhedo-res em outras gestões, agora é

difícil conseguir espaço para fazer um show” – conta.

Banndog cresceu em Paraisópolis e aposta na or-ganização do povo para me-lhorar a vida. “Nosso proje-to é formar uma associação cultural para fazer oficinas com a molecada e mostrar que eles têm valor” – conta. “Por mais que Paraisópolis e Heliópolis, as duas maio-res favelas de São Paulo, tenham problemas, elas conseguiram mudar muita coisa porque têm associa-ções fortes. Aqui no nosso bairro é complicado”– diz, referindo-se à comunidade onde mora com a mulher e os tios desde os 19 anos.

banndog (de óculos escuros) e as mentes criativas do Guetto latino: retrato do brasil

lee torres, a segunda voz

No dia 25 de setembro, o Guetto Latino se apresenta na Rua Rubens de Oliveira, em frente à Casas Bahia, no Parque Residencial Cocaia, para arrecadar alimentos (o público deve levar 1 kg de produto não perecível por pessoa) para o Ceprocig, entidade beneficente da região.

div

ulg

ão

div

ulg

ão

Page 8: Jornal Brasil Atual - Zona Sul 06

8

horizontal – 1. Cachoeiras 2. Inócua 3. O santo conhecido como ‘Bom La-drão’; Sufixo da 2ª conjugação verbal 4. Gostar muito; A menor quantidade de uma substância elementar 5. Sofrimento; Vestígio petrificado 6. Lavre; Um Volks cupê 7. Tomei conhecimento; Argola; Abreviatura de sargento, em inglês 8. Facção rival do Comando Vermelho; Reles; Nome de série americana de televisão 9. Segmento de uma curva; Mãe d’água 10. Obser-vatório do Recife (abrev.); Feixe de luz 11. Observam; Depósito de pólvora

vertical – 1. Fortaleza defensiva 2. Alma, espírito; Tempo de vida 3. Oxa-lá; Designa cólera 4. Associação Farmacêutica de Araraquara; Símbolo do rádio 5. Quadrúpede usado na alimentação humana; ardor 6. Alcoólicos & Neuróticos; Combinação da preposição a com o artigo o; Certo cumpri-mento; Escola Politécnica 7. Mosca africana; Áspera (ant.) 8. Formosos; Agência de Tecnologia da Informação 9. Iniciais de São Vicente; O que é impossível explicar 10. Roca; Cálice usado por Jesus na Última Ceia

palavras cruZadasfoto síntEsE

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

1

2

3

4

5

6

7

8

9

10

11

sudoku

9 4 1 2 5 8

6 5 4

2 4 3 1

2 6

5 8 2 4 1

6 8

1 6 8 7

7 4

4 3 5 9 1 2

pa

no

ra

mio

.co

m/F

Br

ya

n

resposta

palavras cruzadas

CATARATAS

INOFENSIVA

DIMASERT

AMARATOMO

DORFOSSIL

EAREEOS

LIAROSTG

ADAVILER

ARCOIARA

ODRRESTIA

VEEMPAIOL

resposta

sudoku

947162358

613857924

852493176

129384567

578926431

364715289

291638745

785241693

436579812