João Franco · 2020. 2. 11. · JV ANNO DOMINGO, 34 DE JANEIRO DE 1904 N.° i3: SEMANARIO...

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JV ANNO DOMINGO, 34 DE JANEIRO DE 1904 N.° i 3 : SEMANARIO NOTICIOSO, LITTERARIO E AGRICOLA Assigualtira Anno, i$000 réis; semestre, 5oo réis. Pagamento adeantado Para o Brazil, anno. 2$ 5oo réis [moeda for te j. Avulso, no dia da publicação, 20 réis. EDITOR — José Augusto Saloio — RUA DIREITA — ALUEGALLKGA Publicações Annuncios— i.a publicação, 40 réis a linha, nas segiíirâte'3, 20 réis. Annuncios na 4.» pagina, contracto especial. Os auto- j. graphos náo se restituem quer sejam ou não publicados. PROPRIETÁRIO José Augusto Saloio h EXPEDIENTE €01110 terniiiiiissc o 8 semestre de 1903 roga mos aos nossos estimá veis assignantes o favos dc enviarem á adminis tração «reste jornal as suas importancias ainda ena débito, o «jsie mnito agra«leccmos. A Emprega Acceitam-se c«»m grati dão 4{«iaés{|uer noticias que sejam «le inácresse pubBic». João Franco O conselheiro João Fran co Castello Branco, ex-mi- nistro de Estado, anda em viagem pelo norte do paiz, prégando as suas doutri nas de salvação da nossa terra. Dizem os seus apa niguados que as medidas de s. ex.a■hão de forço samente equilibrar as nos sas finanças e levantar a patria portugueza do es tado de abatimento, em que se encontra. Todos os programmas de partidos politicos asse veram o mesmo e por isso 0 povo está, com razão, muito descrente dos novos Messias. Realisará o sr. João Franco o que promet- te com tanto ardor? Talvez pouco tenha de viver quem 0 não saiba. O paiz chegou a um grande estado de decaden- cia e é preciso uma por tentosa energia para con seguir erguel-o, dar vida ao novo Lázaro. Será o sr. João Franco homem de tão alta envergadura? Faze mos justiça aos altos senti mentos patrioticos de s. exa, mas que de difficul dades ha de encontrar no cumprimento da sua ardua missão! Seria injustiça e até re matado pessimismo dizer mos que não ha em Por tugal homens de animo alevantado e generoso que se dispuzessem a empe nhar-se em ião digna cru zada. Mas os obstáculos desanimam ás vezes até os caracteres mais arrojados e teem-se visto muitas ve zes succumbir na lueta campeadores do mais es forçado valor. Era uma obra altamente meritória essa de dar alen to ás forças vi taes d esta pobre teita, que ainda pô dia, como antigamente, se apreciada e respeitada pe losestranjeiros. Quem met- ter hombros a tão colossal empreza e conseguir reali- sar-se terá as honras de fi lho digno da patria que o viu nascer. Esperemos os aconteci mentos. JOAQUIM DOS ANJOS. Iteccnseaniento militar Foram apurados pela commissão do recensea mento militar, no dia 20 do corrente, 73 mancebos pa ra serem incluidos no re censeamento do corrente anno. TUBERCULOSE HUMANA E BOYINA Os rescentes trabalhos do sr. Marmoreck, bacte riologista do Instituto Pas- teur, de Paris, chamaram novamente a attenção ge ral para a tuberculose. Depois da famosa com- municação do dr. Roberto Koch, em Londres, perten- dendo separar completa mente, como estranhas uma á outra, a tuberculo se do homem e a do boi, pa recia que os estudos dos ex perimentadores, em todas as nações civilisadas, se ori entavam exclusivamenteno proposito de descobrir se a tuberculose é ou não uma e a mesma, quer se mani feste na especie humana, quer nas dos outros mam- miferos e sobretudo, nos animaes bovinos. Os resultados das mui tas tentativas realisadas nos dois últimos annos com esse fito levaram a maioria dos espiritos anão acceitar a opinião de Koch senão numa parte minima áquella em que o célebre medico allemão assegura que a tuberculose de ori gem humana vinga difficil- mente no organismo do boi. Experiencias empre- hendidascom todo o rig.n scientitico em diversos pai zes provaram de um modo irrecusável que embora dif- ficil, a transmissão da tu berculose de proveniencia humana ao boi dá-se de facto e pode originar nos bovideos uma doença tão .grave como a tuberculose de procedencia bovina. Todos os dias os jornaes scientificos nos trazen no vas provas da possibilidade dessa transmissão, affir- mando-se, portanto-,■ a dou trina, um instante abalada por Koch, de que não ha senão uma tuberculose para o homem e para os outros mammiferos. Como consequencia des- sa doutrina, os votos dos homens de sciencia reuni dos nos últimos congressos para o estudo da tubercu lose, continuaram a pedir a manutenção das medidas preventivas já dantes acon selhadas para evitar a contamihacão da tubercu- * lose dos animaes ao ho mem pelo uso do leite e da carne. Ao mesmo tempo que no mundo sábio se accentua- va este movimento de opi- uião, um paciente e muito conceituado experimenta dor, o allemão Behring, descobridor do sôro da diphteria e do tétano, oc- cupava-se de achar um 3i'ocesso para vaccinar contra a tuberculose o ga do bovino, tão sujeito a essa affecção. Os trabalhos por esse bacteriologista já effe- ctuados são tão promette- dores de completo exito, que uma academia de me dicina, a da cidade de Sto- ckolmo, concedeu a Beh ring o premio Nobel, do valor de 200:000 francos (ou sejam 36 contos de réis, pelo cambio ao pai-). Como experiencia de la- boratorio, a immunisação ou vaccinação do gado bo vino pelo méthodo de Beh ring é já um facto. Resta agora apenas tornar práti co o descobrimento, para que elle se vulgarise, quero dizer, é preciso modifical-o de modo que os lavradores o possam adoptar nos seus estábulos e manadas sem grande dispêndio de cuida dos e dinheiro. O processo, tal como o descreveu Behting, consis te em inocolar nas veias dos bovideos uma cultura, expressamente attenuada ou enfraquecida, de bacilíos da tuberculose humana. Sem precipitação, com a persistencia característica do verdadeiro sábio, conti nua Behring os seus traba lhos de vaccinação e, pa ra a tornar prática, está gastando os 200:000 fran cos do prémio Nobel com a installação de numerosas cabeças de gado bovino em uma herdade onde o il ustre bacteriologista possa á vontade estudar as con dições economicas da vac cinação d’esse gado. Kmquanto assim procede Behring na Allemanha, eis que em França outro ho mem de sciencia, o dr. Mar moreck, já vantajosamente conhecido no mundo me dico pelo descobrimento do sôro anti-streptococciço, le- vanta-se na Academia de Medicina de Paris para an- nunciar ter encontrado e experimentado já em larga escala um sôro anti-tuber- culoso para curar a terri vel affecção que hoje cons titue o grande pesadelo da humanidade. Dizer em que consiste esse sôro não importa ago ra, sobretudo para os lei tores deste jornal, na sua maioria estranhos ao co nhecimento cia terminolo gia medica. O que impor ta sabei- é que Marmoreck affirma servir o seu desco brimento não só para cu rar a tuberculose humana, mas tambem para vaccinar ou preservar as pessoas contra a infecção tubercu losa. Infelizmente os resulta dos que sucçessi,vãmente teem siJo communicados ao publico pelos médicos que viram experimentar nos hospitaé; de Paris o novo invento de Marmo reck não são muito anima dores; mas não é licito con- demnar desde já o sôro anti- tuberculoso do benemérito bacteriologista, por quanto em muitos casos, as curas foram maravilhosas, sobre tudo em tuberculoses de loealisação externa. Aguardemos os aper feiçoamentos que Marmo reck saberá dar ao seu in vento e confiemos em que, dentro de breve tempo, a terrivel tuberculose terá desapparecido no homem e nos animaes domésticos. J. V. DE PAULA NOGUEIRA, Lente de medicina veterinária CAMINHO DE FERRO Conforme noticiámos, effectuou-se no domingo, 17 do corrente, a reunião nos paços do concelho pa ra responder a um officio da commissão technica de estudo de vias ferreas. Além da camara muni cipal compareceram os srs. Antonio Maximo Ventfira, dr. Cesar Fernandes Ven tura, Cândido José Ventu ra, Francisco Freire Caria Junior, Antonio Rodrigues de Mendonça, Diogo Ro drigues de Mendonça, Christiano Rodrigues de Mendonça, Emilio de Jesus Bisca, Joaquim José Lucas, Manuel de Oliveira Lucas, Antonio dos Santos Fer nandes, Antonio Luiz Ra mos, José Maria Mendes, Manuel de Jesus Callado, José Pereira Fialho e An tonio Leite. Depois de aberta a ses são, ás tres horas e meia da tarde, em nome do presi dente, ex.m° sr. Domingos Tavares, o více-presidente,. ex.1" sr. Francisco da Silva expôz com a maior clareza a importancia do assum pto de que se ia tratar, fa zendo vêr que seria um grande melhoramento pa ra esta villa e declarando que a camara era de opi nião que a fórma de paga mento fosse contrahir um emprestimo por espaço de dez annos, fazer as expro priações á sua custa e que a linha férrea fosse ao Pi nhal Novo. Dada a palavra ao ex."10 sr. Antonio Maximo Ven-

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JV ANNODOMINGO, 3 4 DE JANEIRO DE 1904 N.° i 3 :

S E M A N A R I O N O T I C I O S O , L I T T E R A R I O E A G R I C O L A

A ssig u a lt iraAnno, i $000 réis; sem estre, 5oo réis. Pagamento adeantado Para o Brazil, anno. 2$5oo réis [moeda for te j.Avulso, no dia da publicação, 20 réis.

EDITOR— José Augusto Saloio — RUA DIREITA —ALUEGALLKGA

P u b licaçõ esA n n u n cio s— i . a publicação, 40 réis a linha, nas segiíirâte'3,

20 réis. A nnuncios na 4.» pagina, contracto especial. Os auto- j . graphos náo se restituem quer sejam ou não publicados.

PROPRIETÁRIO — José Augusto Saloioh

EXPEDIENTE€01110 tern iii i i issc o 8

sem estre de 1 9 0 3 roga­mos aos n o sso s e s t im á ­veis a s s ig n a n te s o favos dc e n v ia rem á a d m in is ­tração «reste jo rn a l as suas im p o r ta n c ia s a inda ena déb ito , o «jsie m n ito agra«leccmos.

A Emprega

A cceitam -se c«»m g ra t i ­dão 4{«iaés{|uer n o tic ia s que sejam «le inácresse pubBic».

João FrancoO conselheiro João Fran­

co Castello Branco, ex-mi- nistro de Estado, anda em viagem pelo norte do paiz, prégando as suas doutri­nas de salvação da nossa terra. Dizem os seus apa­niguados que as medidas de s. ex.a ■ hão de forço­samente equilibrar as nos­sas finanças e levantar a patria portugueza do es­tado de abatimento, em que se encontra.

Todos os programmas de partidos politicos asse­veram o mesmo e por isso 0 povo está, com razão, muito descrente dos novos Messias. Realisará o sr. João Franco o que promet- te com tanto ardor? Talvez pouco tenha de viver quem 0 não saiba.

O paiz chegou a um grande estado de decaden- cia e é preciso uma por­tentosa energia para con­seguir erguel-o, dar vida ao novo Lázaro. Será o sr. João Franco homem de tão alta envergadura? Faze­mos justiça aos altos senti­mentos patrioticos de s. exa, mas que de difficul­dades ha de encontrar no cumprimento da sua ardua missão!

Seria injustiça e até re­matado pessimismo dizer­mos que não ha em Por­tugal homens de animo alevantado e generoso que se dispuzessem a empe­nhar-se em ião digna cru­zada. Mas os obstáculos

desanimam ás vezes até os caracteres mais arrojados e teem-se visto muitas ve­zes succumbir na lueta campeadores do mais es­forçado valor.

Era uma obra altamente meritória essa de dar alen to ás forças vi taes d esta pobre teita, que ainda pô dia, como antigamente, se apreciada e respeitada pe losestranjeiros. Quem met- ter hombros a tão colossal empreza e conseguir reali- sar-se terá as honras de fi lho digno da patria que o viu nascer.

Esperemos os aconteci­mentos.

JO A Q U IM DOS A N JO S.

I te c c n se a n ie n to m i l i t a r

Fo ram apurados pela commissão do recensea­mento militar, no dia 20 do corrente, 73 mancebos pa­ra serem incluidos no re­censeamento do corrente anno.

TUBERCULOSE HUMANA E BOYINA

Os rescentes trabalhos do sr. Marmoreck, bacte­riologista do Instituto Pas- teur, de Paris, chamaram novamente a attenção ge­ral para a tuberculose.

Depois da famosa com- municação do dr. Roberto Koch, em Londres, perten- dendo separar completa­mente, como estranhas uma á outra, a tuberculo­se do homem e a do boi, pa­recia que os estudos dos ex­perimentadores, em todas as nações civilisadas, se ori­entavam exclusivamenteno proposito de descobrir se a tuberculose é ou não uma e a mesma, quer se mani­feste na especie humana, quer nas dos outros mam- miferos e sobretudo, nos animaes bovinos.

Os resultados das mui­tas tentativas realisadas nos dois últimos annos com esse fito levaram a maioria dos espiritos anão acceitar a opinião de Koch senão numa parte minima áquella em que o célebre medico allemão assegura

que a tuberculose de ori­gem humana vinga difficil- mente no organismo do boi. Experiencias empre- hendidascom todo o rig.n scientitico em diversos pai­zes provaram de um modo irrecusável que embora dif- ficil, a transmissão da tu­berculose de proveniencia humana ao boi dá-se de facto e pode originar nos bovideos uma doença tão .grave como a tuberculose de procedencia bovina.

Todos os dias os jornaes scientificos nos trazen no­vas provas da possibilidade dessa transmissão, affir- mando-se, portanto-,■ a dou­trina, um instante abalada por Koch, de que não ha senão uma tuberculose para o homem e para os outros mammiferos.

Como consequencia des- sa doutrina, os votos dos homens de sciencia reuni­dos nos últimos congressos para o estudo da tubercu­lose, continuaram a pedir a manutenção das medidas preventivas já dantes acon­selhadas para evitar a contamihacão da tubercu-*lose dos animaes ao ho­mem pelo uso do leite e da carne.

Ao mesmo tempo que no mundo sábio se accentua- va este movimento de opi- uião, um paciente e muito conceituado experimenta­dor, o allemão Behring, descobridor do sôro da diphteria e do tétano, oc- cupava-se de achar um 3i'ocesso para vaccinar contra a tuberculose o ga­do bovino, tão sujeito a essa affecção. Os trabalhos por esse bacteriologista já effe- ctuados são tão promette- dores de completo exito, que uma academia de me­dicina, a da cidade de Sto- ckolmo, concedeu a Beh­ring o premio Nobel, do valor de 200:000 francos (ou sejam 36 contos de réis, pelo cambio ao pai-).

Como experiencia de la- boratorio, a immunisação ou vaccinação do gado bo­vino pelo méthodo de Beh­ring é já um facto. Resta agora apenas tornar práti­co o descobrimento, para que elle se vulgarise, quero

dizer, é preciso modifical-o de modo que os lavradores o possam adoptar nos seus estábulos e manadas sem grande dispêndio de cuida dos e dinheiro.

O processo, tal como o descreveu Behting, consis­te em inocolar nas veias dos bovideos uma cultura, expressamente attenuada ou enfraquecida, de bacilíos da tuberculose humana.

Sem precipitação, com a persistencia característica do verdadeiro sábio, conti nua Behring os seus traba­lhos de vaccinação e, pa ra a tornar prática, está gastando os 200:000 fran­cos do prémio Nobel com a installação de numerosas cabeças de gado bovino em uma herdade onde o il­ustre bacteriologista possa

á vontade estudar as con­dições economicas da vac­cinação d’esse gado.

Km quanto assim procede Behring na Allemanha, eis que em França outro ho­mem de sciencia, o dr. Mar­moreck, já vantajosamente conhecido no mundo me­dico pelo descobrimento do sôro anti-streptococciço, le- vanta-se na Academia de Medicina de Paris para an- nunciar ter encontrado e experimentado já em larga escala um sôro anti-tuber- culoso para curar a terri­vel affecção que hoje cons­titue o grande pesadelo da humanidade.

Dizer em que consiste esse sôro não importa ago­ra, sobretudo para os lei­tores deste jornal, na sua maioria estranhos ao co­nhecimento cia terminolo­gia medica. O que impor­ta sabei- é que Marmoreck affirma servir o seu desco­brimento não só para cu­rar a tuberculose humana, mas tambem para vaccinar ou preservar as pessoas contra a infecção tubercu­losa.

Infelizmente os resulta­dos que sucçessi,vãmente teem siJo communicados ao publico pelos médicos que viram experimentar nos hospitaé; de Paris o novo invento de Marmo­reck não são muito anima­dores; mas não é licito con-

demnar desde já o sôro anti- tuberculoso do benemérito bacteriologista, por quanto em muitos casos, as curas foram maravilhosas, sobre­tudo em tuberculoses de loealisação externa.

Aguardemos os aper­feiçoamentos que Marmo­reck saberá dar ao seu in­vento e confiemos em que, dentro de breve tempo, a terrivel tuberculose terá desapparecido no homem e nos animaes domésticos.

J. V. DE P A U L A N O G U E IR A ,Lente de medicina veterinária

CAMINHO DE FERRO

Conforme noticiámos, effectuou-se no domingo,17 do corrente, a reunião nos paços do concelho pa­ra responder a um officio da commissão technica de estudo de vias ferreas.

Além da camara muni­cipal compareceram os srs. Antonio Maximo Ventfira, dr. Cesar Fernandes Ven­tura, Cândido José Ventu­ra, Francisco Freire Caria Junior, Antonio Rodrigues de Mendonça, Diogo Ro­drigues de Mendonça, Christiano Rodrigues de Mendonça, Emilio de Jesus Bisca, Joaquim José Lucas, Manuel de Oliveira Lucas, Antonio dos Santos Fer­nandes, Antonio Luiz Ra­mos, José Maria Mendes, Manuel de Jesus Callado, José Pereira Fialho e An­tonio Leite.

Depois de aberta a ses­são, ás tres horas e meia da tarde, em nome do presi­dente, ex.m° sr. Domingos Tavares, o více-presidente,. ex.1" sr. Francisco da Silva expôz com a maior clareza a importancia do assum­pto de que se ia tratar, fa­zendo vêr que seria um grande melhoramento pa­ra esta villa e declarando que a camara era de opi­nião que a fórma de paga­mento fosse contrahir um emprestimo por espaço de dez annos, fazer as expro­priações á sua custa e que a linha férrea fosse ao Pi­nhal Novo.

Dada a palavra ao ex."10 sr. Antonio Maximo Ven-

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2 O DO. MI NGO

tura, começou este senhor por dizer que era um im­portante melhoramento, es­te que se projectava fazer tanto para o commercio como1 para a agricultura, e que era opinião sua fazer- se um pequeno sacrifício para o engrandecimento desta vilia, e finalmente louvando o procedimento da camara.

Por unanimidade foi en­tão resolvido que a linha férrea fosse ao Pinhal No­vo.

Sobre este assumpto fa­laram os srs. Antonio dos Santos Fernandes e Anto­nio Luiz Ramos.

Foram propostos pela ca­mara para fazerem parte da commissãopara respon­der ao questionário os srs. Francisco da Silva, Anto­nio M. Ventura, Emilio de Jesus Bisca, Francisco F. Ca­ria Junior, Antonio Tava­res da Silva, Diogo Rodri­gues de Mendonça, Anto­nio Leite e Manuel de Jesus Callado.

A reunião foi encerrada ás 4 horas da tarde.

Sob a presidencia do sr. Antonio Maximo Ventura reuniu a commissão nomea­da para responder ao ques­tionário, pelas g horas da noite de 20 do corrente: nos Paços do Concelho.

Depois dos trabalhos da commissão publicaremos as respostas,, que foram dadas ao referido questionário.

I^ssíaiosa

Victimado pela hemor- rhagia cerebral, exhalou o ultimo suspiro no dia 18 do corrente pela 1 hora e meia da tarde, com a eda­de de 66 annos, o sr. José Rodri gues, conceituado ne­gociante desta villa, pae dos nossos amigos Manuel da Costa Rodrigues, Este- vam José Rodrigues e Francisco da Costa Rodri­gues. Sobre o féreto que foi para o jazigo do nosso amigo Francisco da Costa Rodrigues, foram depostas algumas corôas, offerta da

familia do finado. O seu funeral foi muito concor­rido.

A’ enlutada familia as nossas condolências.

— Victima da terrivel tu­berculose pulmonar, falle­ceu nesta villa pelas 9 ho­ras da noite de 21 do cor­rente a sr.a D. Joaquina Izabel Guerreiro Coelho, esposa do sr. Raul Alfredo Coelho. A desditosa senho ra contava apenas 25 annos de edade.

A’ enlutada familia o nosso sentido pezar.

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Ineeiíili*»Pelas 7 horas da ma­

nhã de 21 do corrente ma­nifestou-se incêndio na ca­sa da arrecadação no edi­fício dos Paços do conce­lho motivado pelo menor Zeferino José, sobrinho do fiscal da iiluminação publi­ca d’esta villa, que nessa occasião alli fóra buscar petroleo e, accendendo um phosphoro, este pegou no petroleo dando occasião a um prejuizo calculado em1 i 3$3c)o réis.

Aquelle edifício está se­guro em 3:ooo$ooo réis na companhia de seguros E l Fcnix Espanol, que pagará o prejuizo calculado.

Ci pc« AfinadoEffectuou-se na preterita

segunda feira o primeiro espectáculo pela companhia do Circo Amado. A con­corrência de espectadores foi diminuta. Hon';em, sab- bado, houve espectáculo sendo a concorrência su­perior á do primeiro espe­ctáculo. Os espectadores vinham satisfeitos. Hoje tambem ha espectáculo.

Q Q F R E : D E P É R O L A S

A MEMÓRIA DE

José Theodoro Vida!Apostolo da lu~! Ardente luctador!Artista do porvir, da grande idéa nova.Teu corpo, extenuado em tanto labutar,Descanço. agora em pa\ na escuridão da cova!

Pilho de Guttenberg! Artista emprehendedor, Talento genial da nova geração,Envia d minha fronte a chamma seductora Que a alma te animava, ó grande coração!

Sumiu-se 0 brilho intenso, o brilho do talento Que fulgido emanou do teu olhar .profundo! Fizeste bem partir; a terra é bem mesquinha; Para conter essalma era pequeno o mundo!

P or isso te elevaste, em a~as radiantes,A' patria encantadora aonde é tudo amor. Ficamos a chorar a perda de um amigo E tu gosas, deixando o mundo enganador.

Se a alma nunca morre, e lu, longe de nós,Podes ainda ouvir os echos da saudade,Acceila, amigo, irmão, a vo\ sincera e grata Que vae ao longe, ao seio da Eternidade!

JO A Q U IM DO S A N JO S.

P E N S A M E N T O SA mulher casada é uma escrava que é necessário saber

collocar num throno.— Balzac.— A arte resume-se em duas palavras: manifestar

concentrando.— Taine— Ha sempre menos esperança nos jui^os que se fa­

iem do que nas impressões que se recebem.— J. Lemaitre.

A N E Ç D O T A S

®3íaiEos de fseixeNo annuncio subordina­

do a esla epigraphe, onde se lê «Sulphato de potas- sium a 3o réis 0 kilo», deve ler-se: «Sulphato de potas- sium a 80 réis o kilo».

Faz-se o desconto de 10 por cento a quem comprai' de 5 toneladas para cima.

N ini e L ili encarecem, cada uma d'ellas 0 cabello de suas respectivas mamãs.

— Ora! exclama Nini, a minha mamã tem muito me­lhor cabello que a tua. Tem tanto, tanto, que a incom- moda na cama; tira-o sempre antes de se deitar!

____________

Numa hospedaria da provinda:— E possivel que me demore, e portanto quero ser

bem tratado e ter bastante de comer.— Ora essa, cavalheiro! A reputação Testa casa data

de vinte annos No me~ passado morreram aqui de in­digestão tres hospedes.

A avósinha recebe a visita do neto e pergunta-lhe:— Então, já sabes contar, Julio.•— Sei sim, minha avósinha. Olhe, quer ouvir: um,

dois, tres, quatro, cinco, seis. . .— Oh! que bonito menino! Continua, minha joia.— Sele, dama, valete, rei. . .— Ai, que patife!

L IT T E R A T U R AA cam élia

(Continuado do n.° i 3 i;

— Hum! tornou o medi­co a murmurar por entre os dentes, examinando de­moradamente a enferma. Isso parece-me bem diffi, cil... especialmente aqui!

— Bem sei; nem fogão, nem espaço! nada, pela pa­lavra nada! tornou a tia Germain, fazendo um ges­to de cólera. E os patifesdos proprietários chamam aisto um quarto! uma cafua, um burado para ratos... mas que se ha de fazer en­tão, doutor? perguntou com os olhos húmidos:

—-Isto! respondeu brus­camente o medico, tirando rapidamente o pardessus e atirando para cima da úni­ca cadeira que havia na mansarda o chapéo e a ben­gala.

E embrulhando cudado- samente a enfermam rou­pa da cama, pegou n’ella ao collo e principiou a descer o mais depressa que podia os cinco andares que 0 se­paravam dos seus aposen­tos. E a tia Germain, tra­zendo o pardessus, a ben­gala e o chapéo, seguin- do-o esbaforida, exclaman­do:

— Jesus, meu Deus! Je­sus, meu Deus!

O medico deitou a rapa­riga na sua própria cama, foi .elle mesmo que lhe deu os primeiros medicamentos, e, depois de a ter confiado á vegilancia da sua cosi- nheira, dirigiu-se ao hospi­tal, onde chegou com uma hora de atrazo.

N’esse dia foi ainda mais brusco, mais secco do que o custume, e os doentes que o procuravam na con­sulta da tarde foram des­pedidos com um laconismo maior do que nunca! Quan­do o seu gabinete ficou va­zio de clientes, o doutor foi sentar-se ao pé da operaria e passou a noite á cabecei­ra delia. O caso era gra­ve ! Tão grave que durante cinco semanas chegou a

63 FOLHETIM

T ra d u cção de J. DO S A N JO S

D E P O I S M ~ P E C C A D OU v b * o Segsnedo

•— Isso é facil de dizer, objectou a Magdalena; viajar é im ito bonito, mas com quem? Se te parece divertido andar a c o rre r pelo mundo apenas na com panhia de uma crenda de quarto ou de uma bo- pessoa com o tu; ch e ­car sósinha ás hospedarias, ter no encalço, todos os ociosos* todos o.; aventureiros que cercam logo uma m ulher bonita sem deí. n d o r .. . Viaj.i- va, sim. se tive.se um braço onde me encostass

— Pega no do M aurício Vivian.— Decididamente tens empenho

n isso.— Estou certa de que é um amavei

com panheiro de viagem. E depois, ama-te.

— E quando voltar, o que hei de fazer ?

— T e rás muito tempo de pensar n isso t

A Magdalena ia talvez responderás insinuações da sr.a Telem aco; mas de repente, pegando nas duas cartas que ella trouxera, estrem eceu, uma d’ellas tinha o sello d’Antráigues e .na outtra via se a letra do general d'Anelles.

— Que maisér. pe-guntou a s r.a T e ­lemaco, surprehendendo aquella co.n- moção.

A Magdalena náo ouviu a pergunta; abrira uma das cartas, a que vinh : de A n trs u u e s . e li. - i avidam ente:

E ra assim o conteúdo:«Minha senhora, as suas ultimas

ord ern foiv.m rigorosamente executa­das. E ’ hoje prop:ietaria do pavilhão e do parque dependente do antigo cas­tello de l-aurières e conhecido pelo nome de Casa da P rin ce :a. Mando-lhe publica o o cón.racto da venda, assi- gnado pelo senhor «maire» d’Antrai- gues, em nome da Com m una. Peço- lhe que me torne a mandar e -ses. do­cum entos, depois de lhes pòr o seu nome. não aquelle p o r que a conhe­cem em Paris, mas o seu nome verda­deiro.

«Verá que com prou o pavilhão, os m oveis, o parque e as dependencias, pela quantia de vinte ? oito mi! francos. Foi baratíssimo'. Calculando o valor da. mobilla pelos preços a que chegam hoje em Paris, r .o ; leiloes, os m ovei; antigos, só ella dá mnis que essa quan­

tia. Náo podia fazer m elhor negocio.«A respeito do,seu pae. não conse­

gui fazer o que me pediu. F u i ter com elle, dis,e-lhé a com pra que ti­nha feito em seu nome e accrescentei que a senhora esperava que elle con sentisse em ir m orar para a Casa da Princeza, onde leria um asylo confor­tável e todas as com m odídades de que pivcisava.

«Mas. como das outras vezes, os meus esforços quebraram-se de en­contro a uma vontade in> ençivel. R e ­petiu-m e as palavras que já me disse­ra nas circum stancias a que alludo. Poupe me a obrigação de lh a s fazer ouvir outra vez. Sa.ba só que elle re­petiu ainda com mais energia que d antes. Não lhe conhece direito para o. auxiliar.

« E com tudo,não devo occultar-lhe, minha senhora, que vive num a hor-i

rivel m iséria, com plicada agora por uma doença que na velhice e as enfer­midades antigas fazem que seja peri­gosa. E m vista da sua recusa, fui ter com o senhor cu ra; esperava, que, vendo a gravidade das circumstancias o abbade R evière . consentira em se unir a mim para convencer o velho a deixar se transportar p. ra a Casa da Princeza. Mas elle recusou, allegando: que não podia aconselhar ao seu pae que procedesse de outra maneira e se deshonrasse recebendo soccorros de origem im pura. Com tudo, instan­cias minhas, cosentiu em acceitar al­gum dinheiro que lhe perm ittirá pre ;ta r ao nosso pobre doente, sem lhe revelar a origem d’esse beneficio, os cuidados de que elle necessita.

(Continua;.

Page 3: João Franco · 2020. 2. 11. · JV ANNO DOMINGO, 34 DE JANEIRO DE 1904 N.° i3: SEMANARIO NOTICIOSO, LITTERARIO E AGRICOLA Assigualtira Anno, i$000 réis; semestre, 5oo réis. Pagamento

O DOMINGOdesesperar! Mas a sua scien- cja e a sua tenacidade triumpharam afinal da pneumonia.

Dois mezes mais tarde, e]le mesmo levou a resus- citada para o campo, pa­gando adiantadamente por ella um mez de descanço e de bom ar, que deviam res­tituir as fôrças á enferma.

Dizer a explusão do re­conhecimento que Maria Esnault — era o nome da rapariga — manifestou ao seu salvador, é uma coisa impossível. Tudo quanto o coração duma mulher pó­de conter de grato, de affectuoso e de terno, sa- hiu dos labios da convales­cente, e o medico regres­sou a Paris tão commovi- do que até se esqueceu de almoçar.

Maria, terminado o mez que passára no campo, foi procurar o medico para lhe agradecer, mas estava na Rússia.

Escreveu-lhe e, receiando ser indiscreta, nunca mais se atreveu a apresentar-se. Mas quando chegou o se­guinte primeiro de dezem­bro, anniversario do dia em que o medico a fôra arrancar á sua mansarda, apresentou-se em casa do seu salvador e entregou ao creado, sem dizer quem era, um pequeno embru­lho.

Esse embrulho continha uma simples camélia, que a pobre rapariga comprára por seis francos, e acom­panhavam-na as seguintes palavras, de orthographia ultraphantastica:

«Disse-me um dia, meu salvado:', que sua flòr favo­rita era uma camélia. Pos­sa essa que lhe envio, tes­temunhar-lhe o infinito re­conhecimento e o affecto da sua para sempre dedi­cada— Maria Esnaull.»

O doutor, quando abriu o embrulho, teve um relâm­pago no olhar, q lalquer coisa parecia com uma la­grima, que não chegou a apparecer, e a camélia os­tentou as suas galas sobre a pedra do fogão do seu gabinete, até cair mirrada a ultima pétala.

E durante vinte e quatro annos, no primeiro de de­zembro, recebeu idêntico presente.

Maria preferia ficar uma semana inteira sem comer, a deixar de cumprir esse piedoso dever.

O doutor, tanto contava com isso, que nessa manhã Punha em cima de sua me­za um solitário de crystal, °nde a camélia resplande­cia logo que chegava.

Ora, no ultimo anniver- |rio, a flòr não veiu. Pas- So'i-se o dia inteiro, sem 1ue a lembrança da reco-

n h èc i d a r e su sc i t a d a c h e gás-se.

O doutor, nervoso, com mau humor insupportavel, teve terríveis maus modos para toda a gente, e, o que lhe pareceu devéras singu­lar, não dormiu em toda a noite.

No dia seguinte, logo de madrugada, mandou pôr o coupé e foi elle mesmo pro­curar Maria Esnault ao ul­timo endereço que ella ha­via deixado.

Hnha mudado havia muitas semanas. Deram- lhe, porém, algumas infor­mações e, depois de muitas passadas inúteis, c< nseguiu afinal encontrar o domicilio da pobre operaria, mas pa­ra saber que fallecera na vespera.

Proximo da porta, forra­do de branco, via-se o fe- retro daquella que elle mi­lagrosamente' disputara á morte. Esperava-se apenas pelos homens que deviam levar o caixão. Pallido e vi­vamente commovido, o doutor tornou a subir para a sua carruagem e mandou bater a todo o galope para o mercado das Halies, que fica proximo.

Um quarto d’hora depois ■voltára, no momento em que os gatos-pingados col- locavam o féretro sobre o carro fúnebre. O iilustre medico depôz uma sober­ba corôa de camélias sobre o panno mortuário, e de chapéo na mão, acompa- nhouo cadaver até ao ce­miterio.

E quando o iugubre cai­xão desappareceu sob a terra amarella, elle chorou. E’ que desapparecia para sempre um pedaço do que houvera de melhor na sua mocidade.

(C o n c k e l.

ANNUNCIO

G0MAI1CA DE ALDE.I

so foreiro em 5$400 réis j annuaes, sem laudemio, aos ; herdeiros de Manuel José Nepomuceno, que se com­põe de casas abarracadas, quintal e abegoaria, sitas na rua do Quartel de esta villa.

Pelo presente são cita­dos os crédores incertos para assistirem á dita arre­matação e ahi usarem dos seus direitos sob pena de revelia.

Aldegallega do Ribatejo, 14 de Janeiro de 1904.

V erifiquei a exactidão.

O JU IZ D E D IR E IT O ,

Oliveira Guimarães.O E S C R IV Á O

José Maria de Mendonça.

M í r .

( i . a aBu1>IIea«ão)

Por este Juizo'de Direito, cartorio do 1,° officio e in­ventario orphanologico por obito de Anna Libania e no qual é inventariante Au­gusto da Silva Couto, vae á praça á porta do tribunal de esta comarca, no dia 7 do proximo mez de Fevereiro, pelo meio dia, a fim de ser arrematado por preço supe­rior ao da sua avaliação que é de 232$ >00 réis o seguin­te dominio ui.il.

O dominio util dum pra-

TEIXKIRA DE PASCOAES SEMPRE

Um volume de 325 pagi­nas, edição luxuosa

5oo réis.

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Preço 400 réis Pedidos á Livraria Editora

de José Figueirinhas Ju­nior— Rua das Olivei­ras, 75 — Porto.

O produeto d'este livro re­vertera a favor duma Assistência a creanças doentes que se vae fun­dar em Amarante.

ANNUNCIO

C O I À R C A DE ALDEGALLEGA

( l . a §*íibIÍC5BÇíÍ»)

Por este Juizo de Direito, cartorio do i.° officio e inventario por obito de Domingos Fernandes Al­caide, no qual é inventa­riante Maria da Conceição, de esta villa, vae á praça á porta do Tribunal de esta comarca, no dia 7 do pro­ximo mez cie Fevereiro, pe­lo meio dia, afim de ser arrematado por preço su­perior ao da sua avaliação que é de 377S660 réis a se­guinte propriedade:

Um moinho de vento com um cerrado e duas moradas de casas, situado na praia da freguezia de Alcochete, foreiro em 120 réis annuaes com laudemio de quarentena á .Camara de Alcochete, e uma pensão de uma missa annual.

Pelo presente são citados quaesquer crédores incer­tos para assistirem á praça querendo.

A contribuição de regis­

tro é paga por inteiro pe­lo arrematante.

Aldegallega do Ribatejo, 14 de Janeiro de 1904.

V e rifiq u e i a exactidão.

O JU IZ D E D IR E IT O ,

Oliveira Guimarães. o E S C R IV Ã O

José Maria de Mendonça.

A N N U N C I O

GOMAI tCA DE ALDEGALLEGAll lua 1 ijtj

S*BiJ>licXção)

Por este Juizo de Direi­to, cartorio do 1." officio e inventario orphanologico por obito cie Maria Rosa de Pinho, que foi residente 110 Samouco, e no qual é in­ventariante Abejlar Augus­to Huerta de Oliveira, hão de ser postos em praça na casa pertencente ao casal sita no logar do Samouco, no dia 24 do corrente pe­las 10 horas da manhã, os bens moveis é semoventes que não foram licitados no mesmo inventario, pelo pre­ço das suas avaliações.

E no dia 7 do proximo mez pelo meio dia ha de ser posto em praça á por­ta do Tribunal de este Jui­zo, um predio rústico e ur­bano, situado no Beco do Prior do referido logar do Samouco, o qual é livre e allodial, e no valor de réis 4:ooo$ooo.

Pelo presente são citados quaesquer crédores incer­to-; para assistirem á pra­ça querendo.

Aldegallega do Ribatejo,i3 de janeiro de 1904.

V erifiquei a exactidão.

O JU IZ D E D IR E IT O

Oliveira Guimarães.O E S C R IV Á O

José Maria de Mendonça.

ANNUNCIO

I tCA DE ALDEGALLEGA

No dia sete do proximo mez de fevereiro, pelo mejo dia, á porta do tribunal ju­dicia! de esta villa de Alde­gallega, por deliberação do Conselho de familia nos autos de inventario orpha­nologico a que se procedeu por obito de D. Umbelina Roza da Veiga, viuva, mo­radora que foi nesta me.s- ma villa, se ha de vender e arrematar em hasta publi­ca a quem maior lanço of­ferecer sobre o valor abai­xo designado, o predio que na partilha pertenceu em ligitimã ao coherdeiro Francisco da Veiga Sarge­das, ausente em parte in­certa, e que é o seguin­te :

Uma morada de cazas que se compõe de lojas e i.° andar, sitas na Rua do Poço, de esta villa de Al­degallega, com os núme­ros 5 í e 53 de policia, fo- reiras em cem réis annuaes á Misericórdia de'esta villa, e que-vão á praça no va­lor de 3ooSooo réis, fican­do a cargo do arrematan­te as despezas da praça e toda a contribuição de re­gisto.

Pelo presente são cita­dos os crédores incertos para assistirem á arrema­tação e ahi uzarem dos seus direitos sob pena de revelia.

Aldegallega do Ribatejo,1 2 de janeiro de 1904.

o E S C R IV Ã O

Anlonio Augusto da SilvaCoelho.

V e rifiq u e i a exactidão.

O JU IZ D E D IR E IT O

Oliveira Guimarães.

Almanach das Aldeias para 1904O Almanach das Aldeias para igoj. encerra varia­

dos e interessantes artigos inéditos sobre todos os ra­mos de agricultura, e muitos assumptos uteis na vida pratica. E nm livro utilíssimo a toda a gente, mas prin­cipalmente aos agricultores.

Collaboram neste almanach os redactores da Gave­ta das Aldeias snrs. Carlos de Sousa Pimentel, Eduardo Sequeira, João Jgnacio T. de Menezes Pimentel, Dr. Julio A. Henriques e M. Rodrigues de Moraes.

E’ este almanach UM VERDADEIRO GUIA DO AGRICULTOR e contêm matéria que a toda a gente aproveita. Fórma um volume de 176 paginas, illustrado com 3 j gravuras, na maior parte expressamente feitas para esta edição, e custa i 5o réis, franco de porte. E’ rémettido immediatamente pelo correio a quem envi­ar a respectiva importancia á administração da Gaveta das A l d e i a s do Sá da Bandeira n.° \g5, 1 ,°--Porlo.

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OS D R A M A S DA C O U T E

(C hronica do reinado de L u iz X V )

Romance historico por E. LADOUCETTE

Os amores trágicos de Manòn Les raut cora o ceiebre cavalie.ro de G rieu x. formam o entrecho d'eite rom ance, rigorosamente h storico, a que Ladom ette im prim iu um cunho de originalidade deveras encantador.

A corte de L u iz x v , com todos os seus esplendores e misérias, é escri- pta mi g straimente pelo auetor d’0 Bastardo da Rainha nas paginas do seu novo liv ro , destinado sem d uvi­da a alcançar ent-e nós exito egual aquelle com que foi receb do em Pa ris. onde se co n ta am p o r milhares os exem plares vendidos.

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Interessantíssim a narração, das lue tas entre inglezes e boers, «illustrada» com numerosas zinc o-gravun-s de «hom ens celebrc*s» do T ra n svaal e do O range. incidentes notáveis, «cercos e batalhas mais cruentas da

G U E R R A A N G LO -B O ER Por um funccionario da Cruz Vermelha ao serviço

do Transvaal.Fasciculos semanaes de 16paginas.............. 3 o réisTomo de 5 fasciculos.................................. i 5o »A G U E R R A A N G L O B O E R é a obra de mais palp itnnte actualidade.

N'ella são descri] tas, «por uma leUem unha presencial», as differentes phases e acontecimentos emocionantes da terrivel guerra que tem espantado o m undo inteiro.

A G U E R R A A N G L O - O E R faz passar ante os olhos do leitor todas as «glandes bati lhas, combates» e «escaramuças» d'esta prolongada e acérrim a lueta entre inglezes. t a svaalianos e oranginos, verdadeiros prodígios de heroism o e tenacidade, em que são egu; lm ente adm iravéis a coragem e de­dicação p triotica de vencidos e vencedores.

Os incidentes variadíssimos d’esta contenda entre a poderosa Inglater ra e as duas pequ nas republicas sul-africanas, decorrem atravez de verda­deiras peripecias, p ò r tal nianeira ram ticas e pittorescas, que dão á G U E R ­RA A N G L O -B O E R , cònjunctamente com o irre sistíve l attractivo d u m a nar n tiva h storica dos nossos d as, o en- anto da leitura romantisada.

A Bibliotheca do DIARIO DE NOTICIASapresen’ando ao publico e-ta obra em «esmerada edição,» e por u m p -eço di­m inuto, julga prestar um serviço aos num erosos leitores que ao mesm tempo desejam deleitar-se e ad q uirir perfeito conhecim ento dos successo que mais interessam o mundo culto na actualidade.

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Devido á sahida do antigo socio d’esta casa, 0 11 »»• sr. João Bento Maria, motivada pelo cansaço das des commerciaes, os actuaes proprietários resolveram am- plear mais o actual commercio da casa dotando-a coni uns melhoramentos que se tornam indispensáveis a melhorar e a augmentar as várias secções que já existem Tomam, pois, a liberdade de convidar os seus estimá­veis freguezes e amigos, a que, quando qualquer com­pra tenham de fazer, se inteirem primeiro das qualida­des, sortido e preços porque são vendidos os artigos porque decerto acharão, vantagosos.

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