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ENFERMAGEM O engano de uma auxiliar de enfermagem, que causou a morte de um bebê em São Paulo, relembra casos recentes e problemas da profissão Cansaço pode ser a causa de erros FOTOS: CRISTINA HAUTZ ORIENTAÇÃO Para capacitar a enfermagem, HU realiza treinamentos diários; no destaque, Cristiane Martho, enfermeira responsável do projeto RAQUEL LOBODA BIONDI [email protected] O Conselho Municipal de Saúde reuniu, ontem, na Prefeitura, técnicos de enfermagem vinculados aos serviços de saúde mu- nicipais. O encontro, pre- visto desde a semana pas- sada, teve como pauta o aumento no salário des- tes profissionais. Segundo o técnico de enfermagem Cleber dos Santos, neste mês, técni- cos profissionais da Pre- feitura de outras áreas ti- veram seus rendimentos elevados para o salário de R$ 2.085, enquanto os técnicos de enfermagem tiveram uma alteração de R$ 1.380 para R$ 1.464. “Queremos o mes- mo aumento. Vamos con- versar”, disse. A Secretaria de Saúde informou que a reunião com o Conselho é men- sal e trata de assuntos pertinentes à área (R.L.B.) CONSELHO Jundiaí discute salários na área “INFELIZMENTE, AINDA NÃO HÁ COMPROMISSO FIRME DO EMPRESARIADO COM PROJETOS SOCIAIS.” ISMAR AUGUSTO PROCÓPIO DE OLIVEIRA, PRESIDENTE DA FUNDAÇÃO CINTRA GORDINHO. CIDADES 3 O expediente sobrecarrega- do por conta de baixa re- muneração é considera- do, por especialistas, a possível justificativa para erros de enfer- magem recorrentes nos últi- mos tempos. Em menos de um ano, três situações com víti- mas da desatenção de profissio- nais tiveram repercussão na- cional e, para representantes da área de saúde, ainda que inadmissíveis, os casos refle- tem a realidade de um traba- lho pouco valorizado. O caso mais recente ocorreu no último domingo, em São Paulo. Internado em um hospi- tal municipal da cidade, um be- bê prematuro (nascido de 7 me- ses no dia 25 de outubro) não so- breviveu ao engano de uma au- xiliar de enfermagem que con- fundiu os acessos da medica- ção intravenosa e da alimenta- ção por sonda, necessárias ao bebê, e injetou leite na veia da criança. Chocados, os pais aguardam resultado da investi- gação policial. A Secretaria Mu- nicipal de Saúde de São Paulo informou que abriu um inqué- rito administrativo para apurar o caso e que a auxiliar de enfer- magem foi demitida. Para a coordenadora do cur- so de Enfermagem da Faculda- de de Medicina de Jundiaí (FMJ), Maria Cristina Traldi, neste caso, o erro já começou pela administração do hospi- tal. “Bebês prematuros são tra- tados em Unidades de Trata- mento Intensivo (UTI), onde a exigência com profissionais de- ve ser redobrada. Não tenho tantos dados para atribuir um juízo de valor, mas não é per- mitido auxiliar de enferma- gem em uma UTI e sim um téc- nico. Além disso, para cometer tal engano, a pessoa precisaria estar muito desatenta, quase dormindo”, questionou. Segundo Maria Cristina, ho- je, a percepção geral sobre os profissionais de enfermagem é de cansaço, mas casos extre- mos também podem ser avalia- dos como sinal de incompetên- cia. “Pelos salários muito bai- xos, os profissionais têm dois ou mais empregos para subsis- tência e isso prejudica”, disse. O técnico de enfermagem Cleber dos Santos é um dos que mantêm as 40 horas semanais de expediente divididas em três estabelecimentos de traba- lho. “Um erro nosso pode ser fa- tal e temos que lutar para que isso não ocorra, dentro de con- dições adequadas.” Segundo Cleber, o salário-base de um téc- nico de enfermagem, hoje, é de R$ 1.380. Soluções possíveis Diante da ocorrência de er- ros, o Conselho Regional de En- fermagem (Coren-SP) exige trei- namentos e orientações à cate- goria. No Hospital Universitá- rio (HU), um centro de Educa- ção Continuada em Enferma- gem é responsável por ações diárias neste sentido. Uma carti- lha com os dez passos para o pa- ciente seguro também é usada no hospital.“Temos um planeja- mento anual para capacitar os profissionais com aprendiza- dos novos ou temas repetidos”, disse a enfermeira responsável pelo projeto, Cristiane Martho. “A enfermagem é uma opção do profissional e, em qualquer situação, ele deve estar focado”, enfatizou. JUNDIAÍ RECEBE UNIDADE MÓVEL DO BANCO DO POVO HOJE - NA PRAÇA GOVERNADOR PEDRO DE TOLEDO - E AMANHÃ - NOS TERMINAIS DO SITU - DAS 9 ÀS 16 HORAS. CIDADES 2 QUINTA-FEIRA, 10 DE NOVEMBRO DE 2011

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“INFELIZMENTE,AINDA NÃOHÁCOMPROMISSO FIRMEDO EMPRESARIADOCOM PROJETOSSOCIAIS.” ISMARAUGUSTO PROCÓPIODEOLIVEIRA, PRESIDENTEDA FUNDAÇÃOCINTRA GORDINHO.CIDADES3 Soluçõespossíveis Diantedaocorrênciadeer- lho.“Umerronossopodeserfa- taletemosquelutarparaque issonãoocorra,dentrodecon- diçõesadequadas.”Segundo Cleber,osalário-basedeumtéc- nicodeenfermagem,hoje,éde R$1.380. ➤CONSELHO QUINTA-FEIRA,10DENOVEMBRODE2011 RAQUELLOBODABIONDI [email protected] FOTOS:CRISTINAHAUTZ

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O engano de uma auxiliar de enfermagem, que causou a morte de um bebê em São Paulo, relembra casos recentes e problemas da profissão

Cansaço pode ser a causa de errosFOTOS: CRISTINA HAUTZ

ORIENTAÇÃO Para capacitar a enfermagem, HU realiza treinamentos diários; no destaque, Cristiane Martho, enfermeira responsável do projeto

RAQUEL LOBODA BIONDI

[email protected]

OConselhoMunicipalde Saúde reuniu, ontem,naPrefeitura, técnicosdeenfermagem vinculadosaosserviçosdesaúdemu-nicipais. O encontro, pre-vistodesdea semanapas-sada, teve como pauta oaumento no salário des-tes profissionais.

Segundo o técnico deenfermagem Cleber dosSantos, neste mês, técni-cos profissionais da Pre-feitura de outras áreas ti-veram seus rendimentoselevados para o saláriode R$ 2.085, enquanto ostécnicos de enfermagemtiveram uma alteraçãode R$ 1.380 para R$1.464. “Queremos o mes-moaumento.Vamoscon-versar”, disse.

A Secretaria de Saúdeinformou que a reuniãocom o Conselho é men-sal e trata de assuntospertinentesà área (R.L.B.)

➤ CONSELHO

Jundiaí discutesalários na área

“INFELIZMENTE, AINDANÃO HÁ COMPROMISSOFIRME DOEMPRESARIADO COMPROJETOS SOCIAIS.”ISMAR AUGUSTOPROCÓPIO DE OLIVEIRA,PRESIDENTE DAFUNDAÇÃO CINTRAGORDINHO. CIDADES 3

Oexpedientesobrecarrega-do por conta de baixa re-muneração é considera-

do, por especialistas, a possíveljustificativa para erros de enfer-magem recorrentes nos últi-mos tempos. Em menos de umano, três situações com víti-masda desatenção de profissio-nais tiveram repercussão na-cional e, para representantesda área de saúde, ainda queinadmissíveis, os casos refle-tem a realidade de um traba-lho pouco valorizado.

O caso mais recente ocorreuno último domingo, em SãoPaulo. Internado em um hospi-tal municipalda cidade, umbe-bê prematuro (nascido de 7 me-sesnodia25deoutubro)nãoso-breviveu ao engano de uma au-xiliar de enfermagem que con-fundiu os acessos da medica-ção intravenosa e da alimenta-ção por sonda, necessárias aobebê, e injetou leite na veia dacriança. Chocados, os paisaguardam resultado da investi-gação policial. A Secretaria Mu-nicipal de Saúde de São Pauloinformou que abriu um inqué-ritoadministrativo para apurar

o caso e que a auxiliar de enfer-magem foi demitida.

Para a coordenadora do cur-so de Enfermagem da Faculda-de de Medicina de Jundiaí(FMJ), Maria Cristina Traldi,neste caso, o erro já começoupela administração do hospi-tal. “Bebês prematuros são tra-tados em Unidades de Trata-mento Intensivo (UTI), onde aexigência com profissionais de-ve ser redobrada. Não tenhotantos dados para atribuir umjuízo de valor, mas não é per-mitido auxiliar de enferma-gem em uma UTI e sim um téc-nico. Além disso, para cometertal engano, a pessoa precisariaestar muito desatenta, quasedormindo”, questionou.

Segundo Maria Cristina, ho-je, a percepção geral sobre osprofissionais de enfermagem éde cansaço, mas casos extre-mos também podem ser avalia-dos como sinal de incompetên-cia. “Pelos salários muito bai-xos, os profissionais têm doisou mais empregos para subsis-tência e isso prejudica”, disse.

O técnico de enfermagemCleber dos Santos é um dos quemantêm as 40 horas semanaisde expediente divididas emtrês estabelecimentos de traba-

lho.“Um erronossopode ser fa-tal e temos que lutar para queisso não ocorra, dentro de con-dições adequadas.” SegundoCleber,osalário-base deumtéc-nico de enfermagem, hoje, é deR$ 1.380.

Soluções possíveisDiante da ocorrência de er-

ros, o Conselho Regional de En-fermagem (Coren-SP) exige trei-namentos e orientações à cate-goria. No Hospital Universitá-rio (HU), um centro de Educa-ção Continuada em Enferma-gem é responsável por açõesdiáriasnestesentido.Umacarti-lhacom osdezpassos paraopa-ciente seguro também é usada

nohospital.“Temosumplaneja-mento anual para capacitar osprofissionais com aprendiza-dos novos ou temas repetidos”,disse a enfermeira responsávelpelo projeto, Cristiane Martho.“A enfermagem é uma opçãodo profissional e, em qualquersituação, ele deve estar focado”,enfatizou.

JUNDIAÍ RECEBEUNIDADE MÓVEL DOBANCO DO POVOHOJE - NA PRAÇAGOVERNADORPEDRO DE TOLEDO -E AMANHÃ - NOSTERMINAIS DO SITU- DAS 9 ÀS 16HORAS. CIDADES 2

QUINTA-FEIRA, 10 DE NOVEMBRO DE 2011