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t i&UJiXi^ RURAL Órgão Oricial da Federação dos Trabalhadores na Agricultura do Estedo de Sio Paulo - Abril de 1982" Acidente de Bebedouro mostra enfim a dura reaiidade ocutta Depois de muito trabalho, os guinchos conseguiram retirar os restos interiços da carroceria do caminhão. Observe bem o que sobrou. ProTa disso são as rodas traseiras dentro do Córrego brande. E tudo isso ja começa a ser, de novo, esquecido... As fotos foram feitas pelo presidente do nosso Sindica- to, em Jaboticabal. Benedito Vieira de Magaihées. que acompanhou o drama das famliias e foi ao iocal do aci- dente. Veja, pelas fotos, como foi violento o impacto como foi enorme o sofrimento e o pavor dos trabalhadores. para acreditar que alguém se salvou? Na foto ao lado, restos da carroceria, cabine e roda dianteira, no barranco do Córrego Grande. Na foto abaixo, â esquerda, populares observam o que restou da cabine, do motor que se partiu. No rio, ao fundo, as rodas traseiras. Na foto abaixo, â direita, como ficou a carroceria. 0 acidente de Bebedouro, dia 12 de abril, com o trógi- co resultado de 20 mortes, chocou a opinião pública-ró- dio, TV e jornais, enfim, mostraram esse mundo escondi- do, ignorado e humilhante dos trabalhadores volantes seu abandono, sua miséria (págs. 3, 4 e 5) Mas faz tempo que o Governo sabe disso, que jamais tomou qualquer medida e prefere ignorar os volan- tes. Mais alguns aelcfofiiM; a maioria não apareça ARARAQUARA, 1976 - 19 mortos; PRES. VENCESLAU, 1980 - 11 mortos; EM MARÇO E ABRIL MONTE ALTO, 17 de março: 1 morto (Maria Helena da Silva, 16 anos); BOITUVA, final de março: 1 morto (Maria Roseli Alves), MATÃO, 14 de abril; acidente, sem vítimas; SANTA VITÓRIA (Minas), 1? de abril: 2 mortos; Estes são apenas alguns dos quais tomamos conheci- mento. A maioria dos acidentes, inclusive com gran- de número de mortos, não chega ao conhecimento da opinião pública. Até quando isso vai continuar? O noaao protaato franta aoa políticos Dia 13 de abril, pela manhã, houve reunião da Comissão de Inquérito (CEI), formada pelos deputa- dos estaduais, para investigar a situação de vida dos trabalhadores volantes. Nesse dia, por acaso, falaram o presidente da nossa Confederação Nacional (a CONTAG), José Francisco da Silva, e o presidente da FETAESP, Roberto Toshio Horiguti. Ambos atribuíram a culpa do acidente ao Governo, que se nega a cumprir o Estatuto da Terra e a fazer a Reforma Agrária, mantendo esse sistema de trabalho e produção desumano. O nosso sindicalismo recebeu a solidariedade do pre- sidente da CEI, deputado Valdemar Chubaci, e dos demais deputados que presenciaram a reunião. havia um do PDS. A maioria era do PMDB e PT. A CEI realizou reunião em General Salgado, no finai de março. Mostraremos ambas as reuniões na próxima edição.'

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i&UJiXi^ RURAL

Órgão Oricial da Federação dos Trabalhadores na Agricultura do Estedo de Sio Paulo - Abril de 1982"

Acidente de Bebedouro mostra enfim a dura reaiidade ocutta

Depois de muito trabalho, os guinchos conseguiram retirar os restos interiços da carroceria do caminhão. Observe bem o que sobrou. ProTa disso são as rodas traseiras dentro do Córrego brande. E tudo isso ja começa a ser, de novo, esquecido...

As fotos foram feitas pelo presidente do nosso Sindica- to, em Jaboticabal. Benedito Vieira de Magaihées. que acompanhou o drama das famliias e foi ao iocal do aci- dente.

Veja, pelas fotos, como foi violento o impacto como foi enorme o sofrimento e o pavor dos trabalhadores. Dó para acreditar que alguém se salvou?

Na foto ao lado, restos da carroceria, cabine e roda dianteira, no barranco do Córrego Grande.

Na foto abaixo, â esquerda, populares observam o que restou da cabine, do motor que se partiu. No rio, ao fundo, as rodas traseiras.

Na foto abaixo, â direita, como ficou a carroceria. 0 acidente de Bebedouro, dia 12 de abril, com o trógi-

co resultado de 20 mortes, chocou a opinião pública-ró- dio, TV e jornais, enfim, mostraram esse mundo escondi- do, ignorado e humilhante dos trabalhadores volantes seu abandono, sua miséria (págs. 3, 4 e 5)

Mas faz tempo que o Governo sabe disso, só que jamais tomou qualquer medida e prefere ignorar os volan- tes.

Mais alguns aelcfofiiM; a maioria não apareça

ARARAQUARA, 1976 - 19 mortos; PRES. VENCESLAU, 1980 - 11 mortos;

EM MARÇO E ABRIL MONTE ALTO, 17 de março: 1 morto (Maria Helena da Silva, 16 anos); BOITUVA, final de março: 1 morto (Maria Roseli Alves), MATÃO, 14 de abril; acidente, sem vítimas; SANTA VITÓRIA (Minas), 1? de abril: 2 mortos; Estes são apenas alguns dos quais tomamos conheci- mento. A maioria dos acidentes, inclusive com gran- de número de mortos, não chega ao conhecimento da opinião pública. Até quando isso vai continuar?

O noaao protaato franta aoa políticos

Dia 13 de abril, pela manhã, houve reunião da Comissão de Inquérito (CEI), formada pelos deputa- dos estaduais, para investigar a situação de vida dos trabalhadores volantes.

Nesse dia, por acaso, falaram o presidente da nossa Confederação Nacional (a CONTAG), José Francisco da Silva, e o presidente da FETAESP, Roberto Toshio Horiguti. Ambos atribuíram a culpa do acidente ao Governo, que se nega a cumprir o Estatuto da Terra e a fazer a Reforma Agrária, mantendo esse sistema de trabalho e produção desumano.

O nosso sindicalismo recebeu a solidariedade do pre- sidente da CEI, deputado Valdemar Chubaci, e dos demais deputados que presenciaram a reunião. Só havia um do PDS. A maioria era do PMDB e PT.

A CEI realizou reunião em General Salgado, no finai de março. Mostraremos ambas as reuniões na próxima edição.'

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A OPINIÃO DO LEITOR

Mande sua, corta para Federação dos Trabalhadores m Agricultura do Estada de São Paulo (FETAESP) X. Brigadeiro Tohias. 118.3» andar. conjuMo 7.jornal REALIDADE RURAL Cfef O/W

Estudante de Biritiba Mirim quer saber como anda a

produção de alimentos no Brasil

Sociedade de Peruibe denuncia violências contra posseiros

no bairro Alto Guanhanhã. A Sociedade de Melhoramentos e Benefi-

cente da Zona Rural, de Peruibe órgão de representação e defesa dos posseiros dessa região, denuncia a ocorrência dos seguintes fatos com seus associados e seus respecti- vos bens no dia 22 de março de 1982, às 14,00 aproximadamente.

No locai conhecido como Alto Guanha- nhã, além de inúmeros outros posseiros, os Srs. Benedito dos Santos Nazareth, Antônio Ferreira Campos e João "Boiadeiro" traba- lham a terra ocupada j,unto com a Família. Essas posses estão devidamente cadastra- das junto ao INSTITUTO NACIONAL DE COLONIZAÇÃO E REFORMA AGRÁRIA - INCRA, pagando regularmente os impostos. No dia citado, um grupo de 8 pessoas, por- tando armas de fogo, "comandadas" por um tal de Rubens de Tal, apelidado de Rubâo, que consta ser administrador da Fazenda "Alto Guanhanhã", que seria de propriedade da firma BPM Agropecuária S/A, com sede á Rua Cenno Sbrighi, 595-C, em São Paulo, inscrita no CGC n' 51156669/0001-08, e Otávio de Tal, acompanhado de 4 (quatro) policiais milita- res da Polícia Florestal de Peruibe, ultrapas- saram o divisor das terras dessa fazenda e ingressaram nas áreas das posses dos nos- so três associados.

Esse grupo de pessoas, sem apresentar

ordem judicial, derrubaram as casas e barracos desses nossos associados, deixan- do ao relento seus bens pertences e ferra- mentas de trabalho. Após essa destruição, os policiais militares abordaram o associa- do Esmael Lúcio de Souza, que por acasso passava pelo local, e passaram a agredi-lo fisicamente e levaram-no detido para a Delegacia de Polícia de Peruibe, o qual foi liberado pelo Dr. Sebastião Correia, Delega- do de Policia de Peruibe, posteriormente. Esse posseiro agredido e detido havia sido operado dos pulmões na semana anterior e estava em convalescença.

Esses fatos foram presenciados além dos três posseiros já mencionados também por LEONE CALDEIRA DA SILVA, ANTÔNIO DA SILVA e posseiros daquela região.

A ocorrência desses fatos e o receio da sua repetição está levando o desassossego e o medo aos posseiros e suas famílias, principalmente às crianças que tem de andar quilômetros a pé até a escola.

à vista disso, exigimos a apuração da res- ponsabilidade dos causadores dessa des- truição e dos policiais militares da Policia Florestal.

Atenciosamente, Euclldes Marques, pre- sidetne.

Venho, através dessa, pedir a colabora- ção desta Federação para um trabalho de pesquisa escolar onde me faltam alguns dados bastante importantes. Desde já, agra- deço qualquer resposta referente a esta pesquisa.

Gostaria de receber alguns dados sobre as seguintes perguntas:

1. Como está a produção de alimentos no Brasil?

2. Como está a subnutrição no Brasil? 3. Como está a campanha do leite em pó

para as crianças?

Sei que algumas destas perguntas podem estar desvinciladas deste órgão de informação, mas qualquer contribuição no sentido de indicar outras fontes, no caso, muito agradeço.

Desde já, quero aproveitar para elogiar 0 exemplar de janeiro e fevereiro, que conti- nuem nesta caminhada de realmente serem a voz dos mais oprimidos. Sem mais, agra- deço e me coloca à sua disposição.

Geraldo M. Lima - Biritiba - Mirim (SP).

Caro Geraldo - Talvez essas respostas lhe cheguem um tanto tarde.

Produção de alimentos: quem produz são os pequenos. Mas eles estão cada vez mais perdendo terras, por causa do êxodo rural, alto preços das terras, dificuldade de arren- damento, etc. Os pequenos produtores são donos de apenas 9% das terras do Brasil, apesar deserem67% do total de proprietá- rios, enquanto que os grandes produtores.

que são 28% do total de proprietários, são donos de 86% das terras do Brasil.

Por ai você mesmo pode concluir se a produção de comida cresce ou cai.

Mas a produção de alimentos não està- boa. Num País onde a segurança nacional é uma obsessão, tudo é segurança nacional, menos a comida.

Subnutrição: entidades médicas e de nutri- ção, no ano passado, durante debates rela- tivos ao I DIA MUNDIAL DA ALIMENTA- ÇÃO, em São Paulo, deram duas informa- ções: 11a cada dois minutos morre uma criança no Brasil, antes de chegar a um ano de vida, vitima direta ou indireta da desnu- trição. 2) Em São Paulo e no Rio, 40% das crianças são sub ou desnutridas, índice que chega a 70% no Nordeste.lsso faz com que o brasileiro cresça bem menos, em alguns casos em até 18 centímetros a menos do que deveria ser.

Campanha de leite em pó para as crian- ças: fsfes números não temos. Talvez o Governo do Estado, que gasta Cr$ 240 milhões para entregar medalhas, tenha esta resposta. Secretaria da Saúde, no caso.

Mas sobre essa questão de leite, segue um outro dado para você refletir: de um lado, o leite recebe o mesmo tratamento do refrigerante, ou até pior, pelas autoridades monetárias. De outro, o Governo trata o setor como se houvesse abundância de lei- te, com cotas, etc, a gosto das multinacio- nais, impedindo a expansão da produção.

COMPRA-SE Compra-se uma melancia para

pendurar no pescoço do presidente do Sindicato patronal de Tupã, Carivaldo Cançado Castanheira,

para poder continuar aparecendo, fazendo assim sua campanha polí- tica, e deixando em paz o nosso Sindicato e o nosso sindicalismo.

0 caso da ROÇA COMUNITÁRIA de Mirandópolis O companheiro Adão Valentim, de Mirandópo-

lis, enviou ao Realidade Rural uma longa carta, onde se diz prejudicado pela "ROÇA COMUNITÁ- RIA", de quase 15 alqueires, que era mantida na cidade pela Igreja e onde viviam 10 famílias. Esta "ROÇA" deixou de existir em outubro do ano pas- tendo sido' sido vendida e o dinheiro cedido, ao IPPH, de Lins, para trabalhos de promoção social.

Adão Valentim diz que as famílias viviam de salário e que após cinco anos a terra seria deles. Os 14 alqueires foram comprados com dinheiro vindo da Alemanha, estavam registrados, segundo ale, em nome da Diocese de Lins.

Adão diz que tinha um contrato verbal para per- manecer na área, de setembro de 80 a setembro de 1983, onde trabalhava em 2 alqueires de amoreiras com bicho da seda. Haviam na "ROÇA" mais sete vacas, e um trator, para as famílias lá residentes.

Adão diz ter mágoas do padre Vicente McDevitt, mas queixa-se especialmente do administrador da "ROÇA", João de Deus Paschoaletto, que vendia a orodução e, segundo Adão, nâo prestava contas. 0 trator, que era de todas as famílias, João de Deus usava praticamente para si, tanto para deslocar-se todos os dias para casa e voltar (14 Kms).

As queixas de Adão com João de Deus dizem respeito à forma como administrava, sem dar expli- cações do que fazia. Adão diz ter sofrido prejuízos sérios por ocasião da venda da "ROÇA" e pede que a Federação e o Sindicato colabore no sentido de esclarecê-lo, como sindicalizado que é.

Por fim, Adão não gostou do fato da "ROÇA" ter sido vendida e o dinheiro ter sido entregue ao Ins- tituto Paulista de Promoção Humana (IPPH) ao

invés de colocar esse dinheiro a serviço das pró- prias famílias, que trabalharam a terra. UMA PALAVRA AO ADÃO, AO PE. VICENTE, E ÀS DEMAIS FAMÍLIAS

O sindicalismo não pode, não deve e não vai dar ao caso da "ROÇA" COMUNITÁRIA" o mesmo tratamento que ela recebeu dos grandes fazendei- ros, inimigos da Igreja e sindicalismo, e de certa imprensa.

Em primeiro lugar, é preciso, hoje, acertar as mágoas, entender-se, acalmar os ãnimos.A Justi- ça, em primeiro lugar, sim. E foi isso que o nosso Sindicato em Mirandópolis, se propôs fazer para superar o drama.

Será isso tão difícil, agora? Mas, companheiro Adão e família, é preciso

dizer uma coisa: apesar de haver errado, possi- velmente, por ingenuidade, até, a Igreja não pode ser encostada na parede da mesma forma como se encosta um mau fazendeiro, um grande empre- sário que quer tudo para enriquecer. E sabem por que?

Por que a Igreja não precisava ter buscado esse dinheiro na Alemanha, nem se preocupar com "ROÇA COMUNITÁRIA". Afinal, a Reforma Agrá- ria é uma lei e é de responsabilidade do Governo. A lei chama-se Estatuto da Terra e o Governo desobedece. Distribuir terra é responsabilidade do Governo. O padre Vicente podia, muito bem, ficar fazendo sermãoztnho bonito, falar do céu, falar dessa caridade marota. Mas quis ir alémjjuis pen- sar também na terra e foi ali que falhou.quando assumiu sozinho uma cruz tão pesada.

Catoreze alqueires é muita pouca terra para 10 famílias. Foi até um milagre a "ROÇA " ter resisti-

do tanto tempo. É muito pouca terra. Pelo relato do Adão Valentim, o administrador

também falhou muito, ao manter-se numa posição privilegiada. A "ROÇA" tinha características de uma "Cooperativa Integral", logo o entendimento deveria ter sido a base.

Mas, e daí? Nesse País de carneirinhos, onde o povo e os alfabetizados ficam aceitando todas as pisadas, e injustiças protestando apenas no mur- múrio, a experiência da ROÇA comunitária foi uma lição de coragem. Certamente ela ensinou muitas lições, mostrou formas de agir que não devem ser repetidas, mostrou até onde pode ir a iniciativa nossa de fazer essa Reforma Agrária na marra. Já que o Governo biônico recusa fazê-la.

Precisamos fazer duas reuniões nesse caso, ao menos. Uma, para reparar os prejuízos que o Adão e companheiros dizem ter sofrido. Mas outra tam- bém para avaliar a experiência, destacar todos os ganhos positivos e também as falhas, para evitar repeti-las.

Vejam o pessoal da Nova Ronda Alta, no Rio Grande do Sul, que está adquirindo 108 alqueires para um assentamento provisório. E são quase 300 famílias. Será que eles não têm nada a apren- der de vossa experiência?

E mais: será que uma experiência tão pioneira como a de Mirandópolis tem que morrer assim, não pode ser novamente tentada em outras, condi- ções, braços dados entre a Igreja, o sindicalismo e os que estão do nosso lado?

Mais ainda: existe ai na Noroeste o Movimento dos. Bóias-frias e Pequenos Arrendatários, que-

' conseguiu colocar 20 famílias de volantes na fazenda Primavera. Será que isso não diz nada?

}&mm Diretoria MAL

Roberto Toihio Horiguti Presidente.

Francisco Benedito Rocha Secretário Gerai.

Mário Vatanabc I* Secretário Paulo Silva 2* Secretário

Emílio Bertuzzo Tesoureiro Geral José Bento de Santi I* Tesoureiro

Antônio David de Souza 2» Tesoureiro Editor Responsável José Carlos Salvagni (SJP 5177) Relações Públicas Joio Ferreira Neto

Rua Brigadeiro Tobias. 118. 36» andar - Conj. 3.607

CEP 01032 • t,mé. . Ttlctráfico:

FETAESP . Telefones: 221-983? 228-9353-Sio Paulo-

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A OPINIÃO DA FÉTAESP Cuira it Pisisnl íeisatói

BIBLIOTECA

1? DE MAIO. Comemorar o que? No Brasil,passam as datas, passam os feriados, como

se fossem simples dias de descanso. No máximo, flores nos monumentos e bustos. Passa, por exemplo, 21 de abril,DIA DE TIRADENTES, o mártir da Independência, que sonhou um Brasil livre, para TODOS os brasileiros. Onde está esse Brasil?

Passa 13 de maio,DIA DA LIBERTAÇÃO DOS ESCRA- VOS. Ma será que os ex-escravos receberam terra, rece- beram ensino, melhorou muita sua situação e a situação dos demais trabalhadores?

Será que hoje todos os brasileiros sâo, de fato, iguais perante a Nação, têm chances iguais de participar da vida nacional, beneficiam-se do progresso?

O dia 19 de maio, em quase todos os países do mundo, é o DIA DO TRABALHO. A data lembra a famosa greve de Chicago, nos Estados Unidos, em 1894, por oito horas de trabalho, na qual acabaram perdendo a vida nove tra- balhadores.

Sindicalismo sempre foi luta, esforço, coragem, perse- verança. Quando o sindicalismo começou no mundo, não havia medo, acomodação, peleguismo.covardia.Sem luta, os trabalhadores nunca conseguiriam nada. Sempre aca- bou ficando alguém no caminho, morto, desempregado, perseguido. Quando o sindicalismo ficou forte, os Gover- nos trataram detomarconta dele, "oficializá-lo".

Mas o Dia I9 de Maio não é dia de comemorações. COMEMORAR O QUE?

O recente acidente em Bebedouro com o caminhão da morte que só se tornou público por causa do grande nú- mero de mortos, mostra muita coisa, para quem quer ver. Será que se o volante, fosse tão "livre", fosse pequeno produtor ou tivesse empregos decentes, ele arriscaria a vida como hoje?

Há 160 mil menores volantes em São Paulo, deixando

os estudos. Que trabalho"?

liberdade" é essa? Isso é "dignidade do

E enquanto o Estatuto da Terra vai para o escanteio, eis novos TIRADENTES surgindo no campo, dando a vida. Em 80 e 81, foram assassinados em todo o Brasil 7 dirigentes sindicais rurais, 18 trabalhadores e 2 advoga- dos. Eis o novo massacre de Chicago, agora na luta por terra, pelo cumprimento de leis trabalhistas, etc.

E o que dizer dos pequenos produtores, esmagados embaixo da ditadura de preços do Ministério do Planeja- mento, Fazenda e Agricultura?

Tanta coisa há por ser dita, como o "Pacote da Previ- dência", etc. Muito mais por ser pensada. O I9 de Maio continua sendo uma grande data, tendo muito significa- do.

A DIRETORIA DA FETAESP

Sete sindicatos /o fazem

levantamento de custo

de produção com o f ei/õo Quem acha que fazer o

LEVANTAMENTO DE CUSTO DE PRODUÇÃO é um bicho de sete cabeças, que fique tranqüilo.

Oito Sindicatos do Gru- po Regional 3 (Baixa Soro- cabana) decidiram fazer o levantamento do custo de produção de FEIJÃO, da safra da seca, que já está na fase da colheita, e este levantamento será encerra- do no dia 15 de maio, com a entrega de 100 questioná- rios que estiveram na smãos dos pequenos produ- tores.

Conforme o representan- te regional da área de polí- tica agrícola e Agrária, Wil- son Donizetti Bertolai, foram feitas antes reuniões com os produtores, infor- mando como seria preen- chido o questionário. Hou- ve inclusive, um Sindicato, Guapiara, que decidiu fazer reuniões nos bairros a

fim de melhor orientar os produtores.

"O pessoal está achando que tem que fazer e está entusiasmado — diz Wilson. O único problema é com os dirigentes sindicais que estão um pouco frios, ficam vendo dificuldades. Mas os produtores estão anima- dos".

Conforme Wilson, "o pessoal diz que se for colo- car toda a conta dos servi- ços que o pequeno produ-

tor faz na sua lavoura a gente não plantaria mais. Se for colocar tudo, coisi- nha por coisinha, é para largar de plantar lavoura, porque a gente só tem pre- juízo. Porque a gente nunca costuma levar em conta os consertos de máquinas, as viagens para os bancos, etc. Mas eles acham que tem que fazer".

Aliás, o Sindicato de Angatuba, segundo Wilson, vai receber os questioná- rios no dia l9 de maio, em festa que será relizada na cidade, entre trabalhadores rurais e urbanos, por oca- sião do DIA DO TRABA- LHO.

Vai aqui a lista dos Sindi- catos que decidiram arre- gaçar as mangas: Guapiara (25 questionários); Angatu- ba (23); Capão Bonito (15); Itapetininga (10); Tatuí (10); Tietê (10); Sorocaba (10) e Itararé (10).

Atençâo-urgente! Os Sindicatos que não participaram dos cursos da CAMPANHA DE SINDI-

CALIZAÇÃO participem do CURSO EXTRA, em Agudos, de 18 a 20 d§ Maio, Arrecadação, organização da base, alguns dos atraentes assuntos.

Eleições em Sindicatos Para o mês de Maio de 1982, estão progra- madas eleições nos seguintes Sindicatos:

Dia 02.05.82 - S.T.R. de Igarapava Dias 15 e 16 - S.T.R. de Sales Oliveira Dias 22 e 23 - S.T.R. de Vera Cruz Dias 29 e 30 - S.T.R. de Itaí Tomarão posse as Diretorias eleitas dos

Sindicatos seguintes: Dia: 09.05.82 - Diretoria eleita do S.T.R.

ABRIL DE 1982

de Tietê Geraldo Antônio Fré, Benedito Salvador de Oliveira e Germino Simon

Dia: 30.05.82 - Diretoria eleita do S.T.R. de Mogi das Cruzes: Vicente Gagliano, Octacilio Nunes de Souza e Claudino de Almeida.

DEPARTAMENTO DE ORIENTAÇÃO SINDICAL — FETAESP

DIRIGENTES DENUNCIAM AGRESSÃO A POSSEIROS

EM TEOD. SAMPAIO Por iniciativa da Comis-

são Estadual de Política Agrícola e Agrária, os diri- gentes sindicais, reunidos, no dia 26 de março em Agudos, subscreveram dois documentos, sendo o pri- meiro, a denúncia pública contra as violências come- tidas contra os posseiros da Fazenda Santa Rita do Pontal, em Teodoro Sam- paio, no dia 24, quando jagunços do alegado dono das terras públicas, Justino de Andrade, dispararam contra várias famílias, resi- dentes na Serra do Diabo, expulsando-as e destruindo casas e bens.

Diz a denúncia: "E mais um absurdo que se comete, é mais uma violência que se perpetra contra os autênti- cos agricultores, num país

que se diz agrícola, e pre- tende ser o "celeiro do mundo", ainda sofrerem toda espécie de vexame para poderem continuar dedicando-se ao trabalho honesto, sem escândalos, na lavoura".

CONTRA COMPRA OBRIGATÓRIA DE SEMENTE DE AMEN- DOIM

O segundo documento, sobscrito pelos dirigentes sindicais, foi encaminhado ao Ministro da Agricultura, Amaury Stabile. Trata-se de uma reivindicação de interesse dos nossos peque- nos produtores, especial- mente de amendoim.

E que, segundo os diri- gentes sindicais, o Governo estabeleceu a obrigatorie-

dade de que a semente de amendoim seja seleciona- da, como condição para liberar os créditos de cus- teio e dar cobertura do PROAGRO, o que é um verdadeiro absurdo, pois o amendoim, ao contrário de outras culturas, não tem nenhuma questão genética em matéria de sementes.

Por causa dessa obrigato- riedade, os lavradores são obrigados a dispensar o uso. de sementes próprias, de melhor qualidade com fre- qüência, e são obrigados a gastar muito dinheiro na compra de sementes. O possível ganho do pequeno produtor é engolido nessa compra.

Aliás, falando de "se- mente selecionada", tem cada sapo por aí...

Opinião de caboclo A minhoca Belarmino, pescan-

do, começa a filosofar:

- A minhoca sai da terra, contra a vontade, para à terra voltar, se não for devorada no anzol.

Assim, o "bóia-fria" sai da terra, violenta- do, e fica impaciente em riba dos "pau de arara", apertado que nem sardinha, com um sonho na cabeça:

"a minha terra tem palmeiras, onde canta o sabiá...

não permita Deus que eu morra, sem que volte para lá".

Mas, a "lata" virou eo "bóia-fria"morreu,

devorado no anzol do rico patrão. E morre com ele a sua ilusão...

Observa, porém, "nha" Zefa: - Não basta chorar os irmãos; carece alguma coisa muda, prá pode evitar que tanta gente se vá.

Que tal,se os "bóia- fria" voltassem a morar nos sítio?

— Sítio de quem? pergunta Belarmino.

- Sítio deles, uail afinal eles não foram atropelados de lá?

Por isso, carece estruturas muda.

as

J.F.N.

REALIDADE RURAL Pag. 3,

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O Caminhão da morte despencou em Bebedouro. Saldo: 20 mortos

BEBEDOURO, 13 DE ABRIL, 19H15.

O inferno, de sangue, dor, deses- pero e confusão, que significam essa data e esse momento, segura- mente logo serão esquecidos pela população, e, especialmente pelos fazendeiros, por grande parte dos políticos, pelos Ministros da Fazen- da, do Planejamento,da Agricultura, pelos especialistas em segurança nacional, pelo Governo do Estado e por todos os inimigos da Reforma Agrária.

Afinal, faz tempo que o Governo sabe que o trabalhdor volante é transportado pior que o gado, e que ocorrem muitos ei muitos acidentes. O Governo até evita fazer estatísti- cas, tentando ignorar a realidade.

Mas, certamente, os trabalhado- res volantes da cidade vão guardar esta data e este momento na memó- ria pela vida toda, especialmente aqueles que conseguiram POR MILAGRE escapar do inferno que custou a vida a 20 trabalhadores e mandou outro tanto, para o hospi- tal, beirando o outro mundo. E os que permaneceram aleijados, como costuma acontecer, [sierao um teste- munho vivo. Este acidente foi um dos muitos entre março e abril, parte dos quais; a opinião pública e mesmo a

FETAESP tomou conhecimento. E o Governo se limita a prometer "fiscalização", nada mais. Afinal, o "bóia-fria" é considerado necessá- rio para a "economia", como antes, de 1888, 13 de maio. Fazer a Refor- ma Agrária, insiste o Governo, é "desorganizar a produção".

Enquanto isso, o Ministro Delfim Netto continua indo ao exterior buscar dinheiro para grandes proje- tos, jamais para Reforma Agrária. E o Ministro Amaury Stábile, da Agricultura, prefere pensar em dinheiro para Carajás, para grandes projetos. Essa é a agricultura deles.

COMO FOI O ACIDENTE O presidente do nosso Sindicato

em Jaboticabal, Benedito Vieira de Magalhães, esteve no Jocal poucas horas depois do | acidente. "A minha impressão - disse ele - era de

que ninguém tinha escapado com vida. Porque pelo estado em que ficou o caminhão, ninguém poderia dizer que alguém tenha conseguido escapar. Acho que só escapou quem conseguiu cair fora do cami- nhão antes de cair no abismo".

O acidente ocorreu no Km. 421, da rodovia Catanduva-Bebedouro, a seis quilômetros de Pirangi. Não podia haver um caminhão pior: um Mercedes Benz, ano 1958, que era dirigido por Luís Carlos Neves, de 26 anos, que conseguiu escapar com vida.

Transportando 40 trabalhadores que foram trabalhar na Fazenda Palmares Paulista, 30 quilômetros adiante de Catanduva, o caminhão não tinha a mínima condição de trá- fego. E estava mal de breque. Por isso, não é de estranhar que, ao che- gar no Km. 421, Ojcaminhão, por causa de um polavanco, tenha sofri- do pane no seu sistema elétrico, as luzes se apagaram e o motorista perdendo o controle da direção, despencando-se o caminhão riban- ceirai abaixo, acabando dentro do Córrego Grande.

Com a violência do choque, a carroceria do caminhão partiu-se ao meio o motor se dividiu em diversas partes, as rodas traseiras foram parar a 10 metro", de distân- cia.

Como sempre acontece, os tra- balhadores volantes não tinham seguro, registro na carteira, e em vez de toldo, havia uma lona velha cobrindo o caminhão. DOIS DIAS DEPOIS, OUTRO

ACIDENTE O socorro começou a ser presta-

do, no escuro, por moradores de uma fazenda próxima, que pediram ajuda em Pirangi. Uma nora depois chesgavam ambulâncias de Catan- duva, Bebedouro, e Monte Alto, e carros da Polícia Rodoviária e Cor- po de Bombeiros.

Ao mesmo tempo as emissoras de rádio da região faziam insistentes apelos para doação de sangue.?

O prefeito da cidade, no dia ■seguinte, decretou três dias de luto. E cerca de 4.000 pessoas acompa- nharam as cerimônias fúnebres e o enterro.

A revolta era grande: em menos de 12 meses, conforme apurou o repórter Ricardo Kotscho, da "Fo- lha de São Paulo", este é o terceiro acidente na região. Na metade do ano passado teriam morrido 15 tra- balhadores no trevo de Cajobi, e mais cinco em Monte Alto.

Para variar, dois dias depois, outro acidente, entre Matão e Taquarintinga, desta vez sem mor- tes, por sorte. (Veja relação de aci- dentes na 1» página).

NOTAOF/C/ALDA FETAESP SOBRE O ACIDENTE

Mais uma vez o Movimento Sindical dos Trabalhadores Rurais ó abalado com um gravíssimo acidente, envolvendo um caminhão transportando trabalhadores1

volantes, mais conhecidos por "BÓIAS- FRIAS". E desta vez 25 companheiros foram mortos, atingindo de maneira direta pelo menos 25 famílias, enlutando nova-| mente a região de Bebedouro, atingida em 14 de agosto do ano passado por outro acidente, com numerosas vítimas fatais.

Outra vez constatamos a imprudência, a falta de segurança gerando vítimas, e especialmente a negligência das autorida- des públicas, demonstrando total descon- sideração por estes brasileiros, num evi- dente menosprezo pela vida humana. Fala-se tanto de problemas monetários.

de resultados financeiros, de progresso econômico, mas se esquece totalmente do agente principal que é o trabalhador rural. Parece até que ele nem existe.

Acidente após acidente, e nenhuma ati- tude concreta das autoridades é tomada. Nenhuma atenção. O ponto de partida dos "Bóias-Frias" para o serviço acaba sendo também o ponto de partida para o desco- nhecido, o ponto de partida para a aventu- ra de trabalhar e morrer. E é esse "empre- go" que é preciso mendigar.

Para nossa revolta, estes acidentes tor- naram-se tão comuns, que a opinião pública desconhece a maioria deles. Em janeiro mesmo, na cidade de Porto Feliz, outros dois companheiros morreram quando outro caminhão tombou na pista.,

Até quando isso vai continuar? Quem é

o responsável por estes acidentes e vai responder por eles? Será que apenas os motoristas desleixados dos caminhões é que são os culpados, eles que também arriscam perder suas vidas?

Quem vai pagar por estas vidas tão absurdamente cortadas no caminho do serviço? Isso porque o grave, agora, depois de acidente, é a dúvida quanto â disposição do INAMPS de socorrer finan- ceiramente as vítimas com pensão.

O Movimento Sindical dos Trabalhado- res IRiurais julga que há mais culpados além dos motoristas dos caminhões. São as autoridades públicas que insistem em descumprir o Estatuto da Terra e não realizar a REFORMA AGRÁRIA. E o crité- rio economicista do Governo, que não fundo não leva em consideração o valor do trabalho e a pessoa do trabalhador.

Abalado, o Movimento Sindical dos Trabalhadores Rurais exige o fim desta humilhante e tenebrosa procissão de mor- tos, de aleijados, de órfãos, viúvos e viú- vas, desta revoltante procissão de miséria, cujos números as estatísticas não mos- tram, simplesmente porque não há esta- tística alguma sobre mortos por acidentes, aleijados, inutilizados, etc.

Em razão disso, os trabalhadores rurais esperam exemplar punição para todos os culpados, e que nenhum obstáculo se coloque â justa pensão ás famílias atingi- das.

São Paulo, 13 de abril de 1982 (a) Roberto Toshlo Horigutl; (a) Francisco Benedito Rocha; (aí Emílio Bertuzzo; (a) Mario Vatanabe; (a) Pauio Siiva; (a) Antô- nio David de Souza.

CPT de Andradina vê "apelo de Deus" para denunciar

Nestes dias, novamente nos revoltamos com mais dois acidentes com caminhão de "bóiai-frial", causando aquele bagaço de gen- te morrendo esmagado. No primeiro, aconteci- do segunda-feira à noite, ne estrada entre Ribeirão Preto e Bebedouro, 20 pessoas, morreram e 21 ficaram feridas. No segundo, acontecido quarta-feira è noite, entre Matão e Taquaritinga, 13 trabalhadores ficaram feridos.

Até quando, para ganhar o magro pão de cada dia. trabalhadores rurais continuarão saindo pela manhã, sem certeza de voltar?

Com sentimentos de profunda tristeza, manifestamos a nossa solidariedade aos fami-\ liaras das vitimas a lamentamos os trágicos desastres acontecidos.

Pag. 4

Queremos denunciar a falta de respeito pela vida e pela pessoa do trabalhador. "Não mata- rés" (Ex. 20.13).

Queremos denunciar: 1) A falta de segurança no transporte dos

trabalhadores rurais, expondo-os a riscos. Mui- tos proprietários rurais continuam transportan- do "bolas-frias" em caminhões que não ofere- cem as mínimas condições de segurança. Tam- bém no desastre de segunda-feira à noite o caminhão estava com um só farol funcionando, além de problemas nos freios e na direção.

2/ As condições de vida dos "bóias-frias" em geral, uma categoria das mais desamparadas e das mais exploradas, sem registro, sem orde-

nado fixo, sem previdência e ganhando quase> nada;.

3) A situação de extrema miséria dos "bóias-frias" nos períodos de entresafra, força- dos a viver desempregados nas periferias das cidades;

4) A exploração de todos os trabalhadores, neste sistema capitalista que só visa o lucro. Pela falta de uma remuneração justa e por falta de melhores condições de vida, milhares de menores com Idede média de 14 anos têm que trabalhar Irregularmente como "bóias-frias".

Si A situação dos pequenos proprietários, meelros, arrendatários a parceiros que estão

REALIDADE RURAL

sendo obrigados a abandonar a terra e virar "boias-frias".

6) A nâo realização da Reforma Agrária, fato pelo qual não se dá uma solução séria para o campo, não melhorando o aproveitamento das terras e não melhorando o padrão de vida des- ta categoria de trabalhadores rurais;

Na morte destes trebalhadores rurais,, "bóias-frias", vemos um apelo de Deus para denunciar a situação de milhares de "bóias- frias" e dos trabalhadores em gerai.

A esperança de melhora que estes trabalha- dores tem é também a nossa esperançai Nesta' luta estaremos Juntos. COMISSÃO DE PASTORAL DA TERRA (CPT)

- Andradina (SP).

— ABRIL DE 1982 -

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MUITA GENTE NA CERIMÔNIA RELIGIOSA EM BEBEDOURO

Igrejas Católica e Metodista, e a Fetaesp mostram de quem é a culpa

Dia 20 de abril, véspera do Dia de Tiradentes, o -mártir da Independência, houve uma emocionada 'cerimônia religiosa em Bebedouro, na Igreja de São João Batista, com a participação também do. Bispo de Jaboticabal, D. Luís Eugênio Peres, do pas- tor metodista David, de Ribeirão Preto, do padre José Domingos Braghetto, da CPT estadual, do presi- dente da Fataesp, Roberto Toshio Horiguti e dos pre- sidentes dos nossos Sindi- catos em Jaboticabal, Benedito Vieira de Maga- lhães, e de Dobrada, Seve- rino Alves da Silva, com ônibus lotados de trabalha- dores de suas bases.

Cerca de 2.000 pessoas participaram da cerimônia, conforme o Presidente da Fetaesp. Roberto falou também na cerimônia, atri- buindo ao Governo a res- ponsabilidade maior por todos os acidentes com caminhões de bóias-frias, por todas as mortes e demais conseqüências, uma vez que o Governo recusa- se a fazer a Reforma Agrá- ria, insiste em manter um modelo econômico desu- mano, desprezando com-

pletamente a vida e a situa- ção dos trabalhadores rurais.

"O BOIA—FRIA, ABANDONADO POR

TODOS". Dois destaques da ceri-

mônia religiosa foram o texto da missa que foi ela- borado pela equipe da Comissão de Pastoral da Terra (CPT) de Jabotica- bal, e também a mensagem lúcida e clara do Pastor Metodista David, de Ribei- rão Preto, mostrando que há mais entidades religiosas ao lado dos trabalhadores rurais.

O bispo D. Luís Eugênio Peres oficiou a missa, diri- gindo palavras de encoraja- mento às famílias atingidas pelo grave acidente. Logo no inicio da missa, o texto da cerimônia dizia: "Neste encontro de irmãos quere- mos deixar bem marcado o nosso protesto a todo ato dè violência e o desrespeito à pessoa humana. Deixa- mos claro hoje que a morte de nossos companheiros é a semente da classe trabalha- dora rural que continuará lutando por Justiça e

melhores" condições de vida".

E acrescenta: "Não está 'certo caminhões transpor- tando gente como gado. Não está certo trabalhado- res serem expulsos do cam- po. Não está certo pouca 'gente com muita terra. Não está certo muita gente sem terra".

No ato penitencial, cha- mou-se a atenção dos parti- cipantes de que aquele era "o momento certo de a gente pensar -em nossa omissão diante de tudo o que vem acontecendo com os trabalhadores rurais", porque nos calamos com medo, por sermos um povo desunido.

E assinalava o texto que "nosso trabalhador rural hoje se lamenta. Sente-se abandonado por todos. Como gado segue levado ao matadouro". A segunda leitura escolhida para a missa é uma carta do após- tolo Tiago, a mais violenta contra o egoísmo dos

' ricos": Escutem pois, 6 ricos, chorem e soltem gri- tos, por causa das misérias que virão sobre vocês"-'diz uma passagem da carta. Outra passagem recrimina os ricos: "Vocês amontoa-

ram um tesouro de ira con- tra os últimos dias. Eis que o salário dos trabalhadores, que ceifaram as terras de vocês, e que foi roubado por vocês, clama, e o cla- mor deles subiu até,aos ouvidos do Senhor dos Exércitos". PARA QUE ACABE O

PELEGUISMO Por fim , o texto da ceri-

mônia considerava os bóias-frias mortos, como "mártires, caldos i mingua no Campo de Honra do Tra- balho"". E na oração dos fiéis pediu-se "para que acabem de uma vez com as leis feitas contra os traba- lhadores, as manipulações da CLT, da política agríco-' Ia que engorda os latifún- dios, a estrutura sinsical pelega, e que nasça um ver- dadeiro Ministério dos Tra- balhadores", animando os cristãos a lutarem por "u- ma sociedade nova".

A LÚCIDA MENSAGEM

DOS METODISTAS Outro belo momento da

cerimônia religiosa foi quando o pastor David, leu um documento da Igreja Metodista em Ribeirão Preto, manifestando solida- riedades "aos trabalhado-

FETAEMG informa: acidente também mata 2 em Minas.

A Federação dos Trabalhadores na Agricultura do Estado de Minas Gerais (GETAEMG),manifesta seu profundo pesar pelo acidente de caminhão ocor- rido nesta'semana em Bebedouro, no qual perderam a vida vinte companhei-

<ros. Queremos, através desta nota, expressar nossa solidariedade às famí- lias das vítimas e nosso total apoio à FETAESP e SINDICATOS ela asso- ciados em sua luta para assegurar aos assalariados segurança no transporte e melhores condições de trabalho.

Este acidente trouxe à tona o drama vivido pelos bóias-frias em sua luta cotidiana pela sobrevivência. A cober- tura dada ao acontecimento pela gran- de imprensa despertou o interesse dai opinião pública sensibilizada, desta vez, com o número de vítimas fatais.

A trágica morte dos bóias-frias tor- nou público um dos problemas enfren- tadosporeste contingente crescente de assalariados rurais: o risco de vida no percurso para o trabalho é para eles uma ameaça permanente. Casos seme- lhantes ao ocorrido em Bebedouro têm acontecido com freqüência a maioria dos quais passa desapercebida. A título de exemplo, no dia V deste mfts oito bóias-frias foram vitimas de um aci- dente de caminhão no município de Santa Vitória, Pontal do Triângulo. Seis trabalhadores ficaram gravemen- te feridos, e outros dois morreram. Jo- sé Francisco dos Santos de 58 anos, e Antônio Cícero Mendonça, de 22 anos.

Chama a atenção a complacência e até m'esmo a omissão das autoridades encarregadas de controlar as condições de transporte de pessoas em veículos de carga. Estas condições foram regula- mentadas através da Resolução dó CONTRAMN rfi 427170 (23.04.70). Estas normas, no entanto, são catidia- — ABRIL DE 1982 -

namente desrespeitadas pelos cami-t nhões que transportam trabalhadores.

Consideramos injustificável o argu- mento que alega não haver recursos para exercer o controle destes veículos. O acidente ocorrido em Santa Vitória poderia ter sido evitado se o Delegado de Policia tivesse levado em conta as denúncias feitas, dias antes, pelo presi- dente dos Trabalhadores Rurais do Município.

Como compreender a falta de recur- sos quando assistimos, em várias oca- siões as eficientes operações de contro- le de trânsito rodoviário nas quais não faltam equipamentos e elementos humanos ? Pelo que podemos consta- tar, a questão não reside na falta de recursos, mas sim nos critérios que orientam sua aplicação. Parte dos recursos empregados na fiscalização do trânsito rodoviário nos feriados e fins de semana prolongados como no carna- val e na mesma santa, não poderiam ser destinados ao controle diário do transporte de pessoas em veículos de cargas ? Os Delegados de Polícia não poderiam ser auxiliados em sua função flscalizadora pela Polícia Rodoviária ? Afinal de contas, a vida dos bóias-frias vale menos do que a dos cidadãos que possuem carro de passeio, ?

Da mesma forma, mio aceitamos o argumento daqueles que afirmam não possuírem os empresários rurais recur- sos suficientes para garantir aos traba- lhadores transporte seguro. Os traba- lhadores rurais devem pagar com a vida as dificuldade e as dividas contraí- das pelos empresários rurais ? Até quando terão que suportar o ônus de um prõces'sò de desenvolvimento que condenou à condição de párias , e os transformou numa multidão de famin- tos que não hesitam em colocar em ris-

co a própria vida por um dia de traba- lho ?

As dificuldades hoje enfrentadas pelos bóias-frias em sua luta pela sobrevivência são o resultado de um processo de desenvolvimento que alte- rou profundamente as relações de pro- dução na agricultura. Este processo criou, simultaneamente, o assalariado e a segmentação dos trabalhadores em permanentes e temporários. A moder- nização da agricultura acentuou em algumas regiões a sazonalidade do tra- balho, processo que obriga os atuais bóias-frias à procura constante de novas oportunidades de emprego em regiões cada vez mais distantes. É por isto que eles arricam a própria vida para trabalhar. .

Os problemas dos bóias-frias não serão resolvidos com a simples fiscali- zação do transporte. Esta medida poderia apenas assegurar-lhes seguran- ça no percurso \ para o trabalho. A solução de seus problemas depende de transformações esculturais na socieda- de brasileira, entre as quais destaca-se a Reforma Agrária.

Sabemos também que estas transfor- mações não virão sem a mobilização dos trabalhadores em torno de lutas que, embora imediatas e de menor alcance, fortalecerão as classes subal- ternas em sua luta mais ampla pela conquista de uma sociedade democráti- ca, na qual os trabalhadores se verão livres dos sacrifícios que lhes são impostos em nome do progresso sacrifí- cios que em, determinadas circunstân- cias significa a própria vida. >

FETAEMG, Belo Horizonte (MG), André Montalvão da Silva e Ivam de Oliveira/ respectivamente, Presidente e Secretário.

REALIDADE RURAL

res da roça que alimentam a nação e são injustiçados".

Diz o documento que "o bóia-fria é o que produz realmente a nossa própria alimentação mas que existe uma ironia muito grande no campo "pois se os bóias- frias produzem os elemen- tos para a nossa sobrevi- :vência, eles se alimentam de bóia magra e fria.

"Na realidade - diz o documento - o que existe é a importância dada ao lucro e à produção que o sistema em que vivemos provoca; não existe preo- cupação com o homem principalmente com o homem marginalizado".

Acrescenta o documento que "nós, cristãos, não podemos concordar com isso, pois já encontramos

;no Antigo Testamento, através dos profetas, denúncias contra tais situa- ções". E por isso "devemos não somente ouvir, ma» .assumir os sofrimentos e angústias as lutas e esperan- ças das vítimas desta injusta distribuição e posse da terra".

Para tanto, há uma série de exigências: "Que os governantes, as autoridades competentes assumam a sua identidade e façam icumprir as leis; aue se pen- se numa forma de elimina- ção dos gatos (intermediá- rios) registrando o traba- lhador em carteira vincula- da ao Ministério do Traba- lho; que a política do Proál- cool deixe de ser essa uto- pia nacional e que se pense a respeito dos malefícios que o mesmo acarreta sobre os ombros do traba- lhador; "que se repense nas micro-usinas; que se elimi- ne a monocultura; que o trabalhador do campo tenha meios de transporte, dignos e seguros; que se pense numa reforma agrá- ria verdadeira e radical, onde esses injustiçados tenham terras para plan- tar".

Esse documento, segun- do o pastor, foi redigido depois de debate no Colé- gio Metodista, reunindo inclusive estudantes de filo- sofia e teologiaf, padres e religiosos. É isso ai: a causa ié a hiesma. Belo exemplo!

Sindicatos da Mogiana protestam e decidem

ir a Bebedouro para ver famílias e indenizações Conforme o companheiro Antônio Crispim da Cruz,pratí-

'camente topo o tempo da reunião do Grupo Regional da Mogiana (área de Ribeirão Preto), no dia 17 de abril, em Franca foi dedicado a debater o acidente ocorrido em Bebe- douro, e dois dias depois em Jaboticabal, dominando a indig- nação e a revolta entre os dirigentes sindicais presentes.

Durante a reunião foram tomadas duas decisões: distribuir nota à imprensa, protestando contra o acidente o denuncian- do suas causas, e também formar uma comissão de dirigen- tes para ir a Bebedouro e verificar a situação das famílias e os processos por indenização, no Sindicato local.

A nota de protesto foi endossada pela Intersindical de Ribeirão Preto, composta de Sindicatos urbanos e de Traba- lhadores Rurais da região.

O Grupo Regional recomenda aos Sindicatos no Estado que se mobilizem e protestem em bloco contra todo e qualquer acidente que ocorrer, para dar um fim nesta! triste história.

Mais um líder sindical morto a

tiros no Pará A violência contra os trabalhadores rurais e os lideres

sindicais continua. No dia 24 de março} na localidade de IGARAPÉ PRE-

TO, Rurópolis, município de Santarém, no Pará foi assas- sinado o atuante delegado sindical, AVELINO RIBEIRO DA SILVA, com dois tiros disparados pelo grileiro Otaci- lio Alves Feitosa. O grileiro tentou também disparar con- tra a esposa de Avelino, mas acabou matando sua própria filha, Judite Alves Feitosa, e uma neta de aproximadamen- te 2 anos.

O motivo: um litígio de terras, no Km 173 da rodovia Cuiabá-Santarém. Conforme o relatório da CONTAG, distribuído em abril, nada menos que 7 (SETE) dirigentes de Sindicatos nossos, mais 2 (DOIS) advogados e 18 (DE- ZOITO) trabalhadores rurais foram assassinados em 1980 e 1981 em todo o Brasil.

E querem saber da maior ? NENHUMA PROVIDEN- CIA POSITIVA AINDA FOI TOMADA PELAS AUTO- RIDADES PARA INVESTIGAR OS CRIMES E PUNIR OS RESPONSÁVEIS.

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Presidente da FETAESP mostra na ADCE a causa

do desemprego urbano

Convidado a falar no simpósio "Sindicatos; trabalho, emprego e economia", promovido pela Associação dos Dirigentes Cristãos de Empresas do Brasil (ADCE), o Pre- sidente da Fetaesp, Roberto Toshio Horiguti, aproveitou a ocasião para denunciar as causas principais da forte Migra- ção, que existe no Brasil,.razão pela qual existe forte desemprego.

Disse o presidente da Fetaesp que a grande maioria dos migrantes é contituida de ex-trabalhadores rurais, que peregrinam na cidade, de porta em porta de fábrica ou outras empresas à procura de trabalho. É cjue eles tiveram de sair do campo por causa da política agrícola do Gover- no, que concentra a terra e a renda com grandes projetos, como o Proálcool, e gigantescos projetos agropecuários, como a Jari, Andrade Gutierez, Jica, etc.

O Presidente da Fetaesp falou também aos empresários cristãos das manobras que o Governo vem fazendo para jogar o Estatuto da Terra para o escanteio, tentando esva- ziá-lo com leis e instrumentos paralelos como o PROTER- RA, o GETAT, o GEBAM, o Pró-várzeas, etc, visando fugir da obrigação de fazer a REFORMA AGRÁRIA.

Também denunciou a política agrícola do Governo, que só beneficia os grandes produtores esquecendo completa- mente os pequenos; a política de exportações aue só bene- ficia alguns produtos agrícolas, deixando de lado os produ- tos de pequenos produtores, levando estes produtores ao desânimo. Daí o grande número de migrantes, o grande número de favelas na cidade, o alto custo de vida.

"Acreditamos - disse o presidente da Fetaesp - que as migrações internas para serem combatidas seriamente, só tem uma saída - a realização da Reforma Agrária, como prevê o Estatuto da Terra, permitindo ao trabalhador rural o acesso à terra, com a democratização dos meios de pro- dução e comercialização da produção agrícola, com a democratização do crédito rural; liberdade sindical para permitir a livre negociação coletiva, entre os trabalhado- res e empregadores,de salários e das condições de traba- lho".

11 Conclat vai ser mesmo realizada em agosto, e a situação é diferente Os dirigentes sindicais,

rurais e urbanos, que fazem parte da Comissão Nacional Provisória PRÓ- Central Única dos Trabalhadores (COMISSÃO PRO— CUT) decidiram confirmar para o final do mês de agosto próximo a realização da II Conferência Nacional da Classe Trabalhadora (II CONCLAT).

O número de participantes desta vez deverá ser bem menor, em razão da defini- ção de critérios mais rigoro- sos de representatividade, fixados pela Comissão Pró- Cut. Mas, de qualquer forma, os sindicalistas que se empe- nham no sucesso da II CON- f CLA T terão de arregaçar as mangas porque este ano terão de trabalhar dobrado, dada a proximidade da Cam- panha Eleitoral, de um lado, e a Copa. do Mundo na meta^ de do ano, atrapalhando a realização dos ENCON- TROS ESTADUAIS (EN- CLATsl

Dre qualquer maneara, o negócio é arregaçar as man- gas e trabalhar, porque os trabalhadores brasileiros só estão tomando na cabeça com as "crises" econômicas fabricada pela classe empre- sarial, e, represália contra as greves e outros legítimos movimentos do sindicalismo.

0 povo brasileiro não é burro. 0 Governo é

que lhe nega o ensino Você que que vai votar

este ano, anote estes dados para refletir.

O Ministério da Educação e Cultura, fez uma previsão para a década de 80, que con- vém divulgar:

Em 1979, 3.440.803 crian- ças em todo o Brasil atingi- ram a idade escolar.

Pois bem. Desse total, 40,5%, ou seja, 1,394.042 de crianças não conseguiram matricular-se.

Mas, daquelas que conse- guiram, 23,80/0 vão sair até a segunda série, ou seja, 818.710 crianças.

As crianças continuarão saindo da escola, tanto que, na 3* série, em 1981, só have- rá 28,5% do total que conse- guiu matricular-se em 1979.

Desse total, só chegarão à & série, em 1986. 580.128 crianças, ou seja, 16,5% do total.

E, em 1987, apenas 12,2% do total de crianças estará cursando a 3f série do cole- gial, ou seja, 422.915 crian- ças.

E, para sua informação, a quase totalidade das crianças que saem da escola, vem das

famílias pobres, como traba lhadores rurais, operários.

Por aqui já dá para enten- der quem manda no Brasil. Ou não?

(Dados do Boletim Dioce- sano de Bauru - BEDEBE).

Como está a campanha de Slndlcalliaçio na sua base?

O MOMENTO É ÓTI- MO POR CAUSA DA CRISE

Para quem estiver mesmo disposto a não ficar apenas nos belos discursos, e que esteja também disposto a um esforço honesto e sincero para organizar os trabalha- dores, aqui vai uma pequena nota, muito significativa, da revista "ISTO Ê" sobre o desânimo dos trabalhadores brasileiros, edição de 21 de abril.

A conclusão dos líderes sindicais autênticos e repre- sentativos, ouvidos pelos repórteres da revista , é a de que "é preciso voltar ao tra- balho de base, ao trabalho de formiguinha de antes de 1978". Isto porque o traba- lhador também quer ver o Sindicato lutando pelos problemas do seu dia-a-dia.

Na verdade, o momento agora é outro. E esse momento é ótimo para fazer surgir no Brasil um sindicalismo que nunca exis- tiu: o sindicalismo que o trabalhador defenda, com- preenda, | nele participe, um sindicalismo honesto, com delegacias sindicais ou formas próprias de chegar aos associados, sem medo dos dirigentes sindicais per- derem os cargos.

Aspecto da I CONCLAT, na Praia Grande, no ano passa- do. AII Conclat vai ser bem diferente: além de mudanças, há também o sindicalismo em maré baixa, porque o reajuste semestral desmobilizou. Agora é preciso debater formas prá- ticas de trabalho de base.

E preciso matar, de uma vez por todas, esses sindica- lismo assistencialista, sindi- calismo que prefere viver com a Contribuição Sindical e dispensar os associados. Sin- dicalismo que tem bases enormes, e nenhum trabalho de esclarecimento e orienta- ção dos trabalhadores.

È preciso um pouco de sin-

ceridade, ao menos e encarar o desafio de um novo sindica-

j HsmoSindicato forte, só com trabalhador conscientizado, politizado.O resto é rebanho, é curral, é mentira.

VAMOS À CONCLAT. Mas com os Sindicatos orga- nizados na base . Ou então é bom parar de fazer cena... ( Do Editor)

Sindicato de Mirassol ganha ação por serviço parado em 80 O Presidente do nosso

Sindicato em Mirasol, Osvaldo de Oliveira, infor- ma, satisfeito, que o Sindi- cato ganhou uma importan- te parada contra a Fazenda Yara, de propriedade de Antônio Nasser Dalul, onde, em dezembro de 1980, os trabalhadores pararam o serviço em pro- testo pelo não cumprimen- to do dissídio coletivo.

Nessa ocasião, o Sindica- to, assessorado pelo advo- gado da Fetaesp, José Antônio Pancotti, havia fir- mado com o fazendeiro um acordo, que acabou não sendo respeitado pelo fazendeiro.

Pelo acordo, o fazendei- ro aceitava as reivindica- ções dos empregados que eram: a) pagamento do mí-

nimo estabelecido pela por- taria; b) fornecimento de' comprovantes de pagamen- to, devidamente preenchi- do e na forma do dissídio coletivo; c) readmissão .dó empregado Valderino Miguel, despedido injusta- mente e, finalmente; d) pagamento das diferenças salariais. E também elevava de Cr$ 2,00 para Cr$ 3,00 o valor das tarefas por pé de café capinado.

Como o fazendeiro não cumpriu o acordo, o Sindi- cato entrou na Justiça em 31 de março do ano passa- do com ação de cumpri- mento.

Um afio depois, em 26 de março de 1982, por unani- midade, a JCJ de São José do Rio Preto julgou a ação

procedente, condenando a fazenda a pagar a devolu- ção dos descontos de habi- tação, diferenças salariais, correção monetária e juros de mora, honorários a favor do Sindicato em 15% sobre o valor corrigido da recla- mação e seis salários de referência ao perito que funcionou no processo.

Conforme o presidente do Sindicato, "a decisão representa uma vitória reconhecendo o salário conquistado pelos trabalha- dores através do Dissídio Coletivo e que algumas fazendas vem se recusando a pagar apoiando-se em parecer da Federação da Agricultura (FAESP), e na devolução do desconto de habitação, feito em desa- cordo com a lei.

REALIDADE RURAL RECOMENDA PROGRAMA 8AO PAULO AGRÍCOLA:Todos os sábados, das 12 às 13 horas, na rádio Mulher. PROGRAMA JORNAL DA TERRA: Todos os domingos, das 8 às 9 horas, na TV BANDEIRANTES.

Nos dois programas nossos assuntos e o nosso sindicalismo tem voz. BOLETIM REFORMA AGRARIA, da Associação Brasileira de Reforma Agrária (ABRA). Pedidos Av. Francisco Glicério, 1329, conjunto 21, Caixa Postal 1396, CÉP: 13.100, Campinas. Associe-se, que é barato e é coisa nos- sa.

Prestigie a imprensa do interior. E da sua comunidade !

Pag. 6 REALIDADE RURAL ABRIL DE 1982

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Candidatos ao Governo do Estado Dirigente sindical tem mais convidados a ir a Agudos no dia 25

As trfs COMISSÕES ESTADUAIS, integradas por dirigentes sindicais nos- sos, representando as 10 Regionais no Estado, vão reunir-se no próximo dia 24 de maio, em Agudos, para debater a redação de um documento que o nosso sindi- calismo vai entregar aos partidos e aos candidatos ao Governo do Estado no dia seguinte, mostrando quais são as nossas reivindicações.

Com esse documento, o nosso sindicalismo em São Paulo obedece às reco- mendações da recente assembléia geral da CONTAG (matéria ao lado). Esse documento será entregue em Agudos mesmo, no dia seguinte DIA DO TRABA- LHADOR RURAL, aos candidatos ao Governo do Estado e aos representantes dos partidos políticos.

No dia 25, pela manhã, também começará oficialmente a nossa Campanha Salarial Rural, com assembléia geral do Conselho de Representantes da FETAESP.

Comissões estaduais já começam a ganhar peso

Aos poucos, as três COMISSÕES ESTA- DUAIS começam a acertar os ponteiros e a pegar o rumo . começando a surgir ótimos de - bates.

Isso mostra que o nosso sindicalismo em São Paulo está amadurecendo. Na última reu- nião dia 25 de março, por exemplo, os resulta-

dos foram animadores, mostrando que os diri- gentes sindicais participam diretamente da linha de trabalho da FETAESP.

Veja abaixo os resultados. Apelamos aos representantes regionais que não faltem às reuniões, ou então peçam ao SUPLENTE subs- titui-los - NUNCA UM SUBSTITUTO DO SEU PRÓPRIO SINDICATO. Bola prá frente...

"Sindicalismo e Educação" debate problemas sindicais

A CAMPANHA DE SINDICALIZAÇÃO foi o principal tema debatido pela COMISSÃO ESTA- DUAL DE SINDICALIS- MO E EDUCAÇÃO. Ao final da reunião foram ela- boradas recomendações aos Sindicatos, publicadas na última edição do REALIDADE RURAL e também encaminhadas aos Sindicatos pela FETAESP.

Outro tema debatido e que deverá voltar, com des- taque, às próximas reu- niões, é a questão da II CONCLAT, especialmente a limitada participação dos nossos Sindicatos na COMISSÃO ÜNICA ESTADUAL, que é uma

espécie de Regional Paulis- ta da Comissão Nacional PRÓ-CUT (Central Ünica dos Trabalhadores).

Ocorre que não vem sen- do realizada reuniões no interior, entre Sindicatos de Trabalhadores Rurais, e Urbanos, para a escolha dos representantes regio- nais, a não ser na reunião de Ribeirão Preto. E isso é muito importante tanto ter- mos da próxima ENCLAT e CONCLAT (pag. 6), como para o futuro. JUNTAS DE CONCILIA-

ÇÃO DESAGRADAM Foi debatida a questão do

Enquadramento Sindical Rural, recomendando-se aos Sindicatos, especial-

mente das regiões canaviei- ras, um trabalho junto aos trabalhadores visando con- quistar logo uma definição do Ministério do Trabalho. Foram debatidas também a defasagem do PEBE, a ela- boração de um regimento para o ITETRESP.

Mas um destaque espe- cial foi a insatisfação que os dirigentes sindicais mani- festaram pela confusa e lenta atuação das Juntas de Conciliação e Julgamento, face à morosidade de tra- mitação de processos, ausências injustificadas das sedes e outras limitações.

Outro destaque - a pre- sença total dos represen- tantes regionais na reunião.

Situação do Grupo Atalla, destaque na "Trabalhismo"

O atraso de pagamento aos trabalhadores do Grupo Atalla, por mais de três meses e a ameaça de falên- cia desse Grupo (ver pág. 8) foi o principal tema de debates na reunião da COMISSÃO ESTADUAL DE TRABALHISMO E PREVIDÊNCIA, que no final redigiu uma nota.

A Comissão voltou a repudiar a chamada "FIS- CALIZAÇÃO ORIENTA- DORA", que o Ministério do Trabalho vem fazendo, que não pune os emprega- dores irregulares - isso 19 anos depois do Estatuto do Trabalhador Rural - mas apenas os orienta a entrar nos eixos.

A esse respeito a Comis- são recomendou que a dire- toria da Fetaesp proteste junto às autoridades e tam- bém que os Sindicatos fiquem atentos às conse-

qüências dessa tal "fiscali- zação".

A próxima CAMPANHA SALARIAL mereceu muito debate. A Comissão reco- mendou que a próxima campanha SEJA MAIS DINAMIZADA, com maior participação dos assalariados. Recomendou que a diretoria da FETAESP organize um calendário a fim de obter a setença normativa publica- da antes de 15 de setembro.

A Comissão também recomendou aos Grupos Regionais aue reunam diri- gentes e advogados para o levantamento de cláusulas, trazendo-as para a próxima assembléia - DIA 25 DE MAIO.

ALTERAÇÕES DE CONVÊNIOS

Outros dois pontos foram muito debatidos: os convê- nios assistenciais e o mal

afamado "Pacote da Previ- dência".

Sobre os convênios, a Comissão sugeriu que a diretoria da FETAESP e também os Grupos Regio- nais estudem sugestões de mudanças a serem encami- nhadas ao Ministério da Previdência.

Sobre o "Pacote da Pre- vidência" a Comissão vol- tou a recomendar que os Sindicatos continuem mobilizando-se contra,- comdocumentos aos políti- cos, abaixo assinadosvque se force as próprias Câma- ras Municipais a aprova- rem moções de "repúdio ao "Pacote", enviando-a ao Congresso Nacional. Ida de Caravana a Brasília, outra sugestão.

A presença dos represen- tantes regionais foi boa, só faltando o representante do Grupo Regional 6.

força que prefeito ou vereador, diz Contag

As próximas eleições, em novembro, são um MOMENTO IMPORTANTÍSSIMO que o Movi- mento Sindical não pode desperdiçar.

Esse foi um dos assuntos mais debatidos na última assembléia geral da Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura (CONTAG), encerrada no dia 3 de abril, em Brasília.

Apesar dos "pacotes " as primeiras eleições razoavelmente diretas depois de 1964. £ nesse período "eleições indiretas" "ninguém mais do que os trabalhadores rurais e suas entidades de classe sofreu as conseqüências do autorita- rismo político- diz o documento da assembléia. Não foram apenas a invasão de nossos Sindi- catos e as intervenções em 1964. Foi a repres- são constante a todas as nossas atividades ao longo desses anos. Foram as prisões, as mor- tes de companheiros, os interrogatórios de diri- gentes e outros sindicalistas nos quartéis, a apreensão de material, os processos na Lei de Segurança Nacional, como o que atinge atual- mente o Presidente da CONTAG e outros sindi- calistas".

E o documento sublinha: "Foram as leis fei- tas de cima pra baixo, sem que os trabalhado- res fossem ouvidos".

QUAL A ATITUDE MAIS CERTA DIANTE DAS ELEIÇÕES?

Os dirigentes sindicais de todo o Pais, que participaram da assembléia da CONTAG (en- tre os quais dois diretores da Fetaesp, e dois delegados federativos), mostraram um cami- nho firme e seguro para o sindicalismo e os trabalhadores rurais seguirem nestas eleições.

É muito simples: durante todos os anos depois de 1964, anos duros em que construi- mos nosso sindicalismo, só conquistamos vitó- rias, como as desapropriações, defesa de salá- rios, melhores preços para os produtos, quan- do fizemos grandes movimentos. Essa é a nos- sa AÇÃO POLÍTICA.

Só conseguimos fazer a balança pender para o nosso lado quando estamos em movimentos nossos, quando nos juntamos. Para isso existe Sindicato.

E aqui vem o caminho indicado pelos diri- gentes sindicais:

1. a nossa AÇÃO POLÍTICA não é só para período de eleições. Mas devemos participar

das eleições, porque delas dependem muitas, conquistas dos nossos futuros movimentos.

2. Mas participar, não significa fazer dos dirigentes sindicais candidatos a cargos eleti- vos. £sse, aliás, sgundo os dirigentes, não parece ser o melhor caminho, pois o sindicalis- mo acaba perdendo ótimos dirigentes sindi- cais, num grande prejuízo. E os que conse- guem se eleger, se vêem isolados, em condi- ções de defender a classe como quando eram só dirigentes sindicais.

3. Na verdade, o PODER POLÍTICO do diri- gente sindical é BEM MAIOR do que o que possui qualquer PREFEITO ou VEREADOR da área rural.

4. - Nossa participação nas eleições tam- bém não deve significar o apoio do dirigente sindical a qualquer candidato de sua amizade pessoal ou preferência, ou a transformação do Sindicato em instrumento de qualquer partido, o que só enfraquece a luta dos trabalhadores.

5. A nossa participação nas eleições deve ser através da nossa união nas lutas coletivas, como nas campanhas salariais, cumprimento coletivo do dissídio coletivo, levantamento do custo de produção, pois é com isso que pode- mos pressionar politicamente e é assim que podemos levar o trabalhador a se conscientizar sobre a política econômica que está acabando com ele.

6. Mais ainda: o sindicalismo, tanto a nível nacional, como estadual e municipal, deve EXI- GIR DE TODOS OS PARTIDOS E CANDIDA- TOS uma definição PÚBLICA, clara e imediata diante das nossas reivindicações, seja do 3* Congresso, ou outras.

E, por fim, CABE AO SINDICATO promover trocas de Idéias com os trabalhadores e tam- bém debates profundos sobre as eleições, sobre sua importância, o que é que está em fogo com as eleições, QUEM É O INIMIGO COMUM, e a necessidade da classe MANI- FESTAR EM BLOCO, com o voto, sua oposição è atual política econômica e modelo político. O voto INDIVIDUAL de cada trabalhador deve ser fruto de uma DECISÃO COLETIVA, tomada dentro do Sindicato, a partir desses debates.

É isso ai. QUEM SE VENDE POR SAPATÃO NÃO VALE UM TOSTÃO. Vamos mostrar nos- sa forçai

"Agrícola e Agrária" quer saber custos

de produção A Comissão Estadual de

Política Agrícola e Agrária vai concentrar-se, este ano, num trabalho concreto bem sério, aparentemente chato, mas que trará com o tempo uma mobilização msi- to grande dos pequenos pro- dutores junto aos Sindicatos, com maior conscientização sobre o valor do seu traba- lho e a necessidade de agir em conjunto.

Esta tarefa concreta é o LEVANTAMENTO DO CUSTO DE PRODUÇÃO, descrita em matéria ao lado.

Na medida em que os, Sindicatos começarem a mobilizar seus associados para Levantarem seus cus- tos de produção, vão des- cobrir que há saídas e que o Sindicato tem uma força enorme, que não usa.

Ao mesmo tempo, na úl- tima reunião foram debati- dos também as limitações que os pequenos produto- res têm no acesso ao crédi- to rural. Recomendou-se ?iue os dirigentes sindicais iquem sempre de olho nas

agências bancárias e acom- panhem os produtores, pois os gerentes de bancos cos- tumam fazer das suas.

Outra recomendação aos dirigentes sindicais: visitem as cooperativas das diversas regiões, procurando intei- rar-se do seu funcionamen- to, ver se os associados estão ou não participando nas decisões; ver quem manda nas cooperativas, preparando terreno para uma futura ação do Sindi- cato na área - mudando pontos negativos que impe-

dem que os pequenos pro- dutores participem hoje.

Na última reunião tam- bém foram debatidos vários conflitos de terra , com relatos dos casos deóuareí (área em disputa de 2.000 alqueires), em Itararé, Capão Bonito e, principal- mente, foi feito um relato das violências cometidas em Teodoro Sampaio con- tra os posseiros da Fazenda Santa Rita do Pontal , pelo presidente do Sindicato, José Cruz.

Estiveram ausentes os representantes dos Grupos 6 e 9. REPETIMOS: Quan- do um representante regional não puder participar da reu- nião, mande seu suplente, NUNCA mande outro dire- tor do próprio Sindicato! Precisamos dar continuida- de aos trabalhos!

Page 8: i&UJiXi^ · "ROÇA", João de Deus Paschoaletto, que vendia a orodução e, segundo Adão, nâo prestava contas. 0 trator, que era de todas as famílias, João de Deus usava praticamente

CONTAG vai a Hgueíredo contra desconto de 3%

A Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura (CONTAG). emcaminhou, no dia 14 de abril, ofício ao presidente João Batista Figueiredo, reivindicando o fim da contribuição que este sendo cobrado dos aposentados e pensionistas trabalhadores rurais pelo INAMPS, em 3%.

O ofício da CONTAG, assinado pelo presi- dente, José Francisco da Silva, e pelo secretá- rio geral, Ge/indo Zulmiro Ferri, diz ao presi-l dente, em priemiro lugar, que o decreto-lei gue cobra esses 3% é inconstitucional e portanto o Governo está fazendo o que não pode e não deve.

Diz ainda o ofício que "no caso do meio rural, levanta-se também a injustiça e a ilega- lidade da medida, uma vez que as aposenta- dorias e pensões do agrobrasileiro, além de representarem simples auxílios, por correspon-

- derem a apenas 50% do salário mínimo, não resultam, como nunca resultaram da contribui- ção direta". DURO DOCUMENTO DA ASSEMBLÉIA DA CONTAG

Junto com o oficio, a Contag encaminhou ao presidente da república um documento assina- do por representantes de todas as Federações de Trabalhadores Rurais do Brasil, protestan- do, em primeiro lugar, contra a violência do Governo contra os aposentados rurais, descontando 3% do seu mísero salário mínimo.

Diz o documento que, "a forma de implanta- ção da medida governamental, com sua opção pela fórmula do decreto-lei, que exclui qual- quer negociação política com as classes inte- ressadas e com o Parlamento, e a insistência em- estabelecer medidas condenadas e repu- diadas pela opinião pública, demonstra o des- prezo do Governo pela população e pelas regras básicas da sociedade democrática".

O documento da assembléia da CONTAG lembra que a Constituição não dá poderes ao Governo de fazer o que fez. Além disso, o Governo está desobedecendo a própria legisla- ção (ou aja a Lei Orgânica da Previdência Social e o Decreto-lei 83.081, de 24101/79), que mandam o Governo, através do orçamento federal, assumir o déficit previdenciário, colo- cando o dinheiro que falta para a Previdência. Essa regra, inclusive é prevista na maioria dos países do mundo, sendo que os seus Governos cobrem de 40 a 70% das despesas gerais da Previdência.

0 DESCONTO DO APOSENTADO RURAL É ILEGAL

0 documento da Assembléia Geral da CON- TAG, entra, a seguir, no caso dos aposentados rurais, dos quais o Governo quer tirar 3% do seu meio salário.

Diz o documento que "o desconto dos apo- sentados e pencionistas da Previdência, além de injusto, no meio rural é flagrantemente ile- gal, pois a Previdência. Social Rural, desde a criação do FUNRURAL, Jamais se baseou na contribuição direta. Com efeito, os recursos

para custeio do Programa de Assistência ao Trabalhador Rural, instituído pela Lei Comple- mentar rfi 11, de 25/05/71, não são prove- nientes da contribuição dos beneficiários do programa". Lembra o documento que o artigo 15, dessa lei Complementar rP 11, estabelece contribuição de 2,5%, devida pelo produtor, sobre o valor comercial dos produtos rurais, contribuição recolhida diretamente pelo comprador ou coo- perativa. 0 produtor só recolherá diretamente quando ele próprio industrializar seus produtos ou vendê-los no varejo, diretamente.

Ê os assalariados rurais não são obrigados a qualquer contribuição, e portanto, é "injusto e iiegal" que, depois de aposentados, tenham de dar essa aposentadoria rurai, com meio salário mínimo, "não passa de um auxílio". Por isso, "não existe argumento, qualquer que seja, nem mesmo o da necessidade de custeio da assis- tência médica, capaz de Justificar a redução do valor pago àqueles Já condenados a receberem roventos correspondentes a metade do salário mínimo."

A CRISE DA PREVIDÊNCIA ESTÁ NA POLITICAGEM E EMPREGUISMO

0 documento da assembiéia geral da CON- TAG, faz, a seguir, duras críticas à maneira do Governo comportar-se para resolver a falta recursos da Previdência, preferindo descontar dos trabaihadores a resolver as graves falhas existentes.

Diz o documento que "a crise da Previdência Social no Brasil, decorre muito mais de sua má administração, do que da carência de recursos para financiá-la. A politicagem,' o empreguis- mo, a malversação de recursos, a ausência de planejamento, são causas básicas da falência da Previdência Socialno Brasil". Acrescenta o documento que o Governo, de seu lado, vem reduzindo cada vez mais sua contribuição financeira para a Previdência, passado isso para os ombros dos trabalhado- res.

E assinala: "0 Governo fez uma análise efetiva dessas

causas . Não consultou a sociedade. Invadiu atribuições do Congresso Nacionai. Por isso - prevêem os nossos dirigentes sindicais - corre- mos o risco de ter de assumir novos sacrifícios no futuro, pois se as causas verdadeiras da falência do sistema previdenciário não foram eliminadas, de nada adiantará canaliza canali- zar mais recursos, com tremendos e absurdos ônus para os trabalhadores".

Por fim, lembrando que o Governo ignora a recomendação da Organização Internacional do Trabalho (OIT), de 1968, para que os gover- nos não sobrecarregassem os trabalhadores com descontos previdenciários, o documento da assembléia d&CONTAG adverte o Governo de que o nosso Movimento apoiará todas as medidas Jurídicas que vierem a ser providen- ciadas em defesa dos trabaihadores rurais.

Lideres sindicais fazem denúncia pública

contra situação no Grupo Àtalla

Araras quer ação regional colhedores de citrícos

Três assuntos esquenta- ram a última reunião do GRUPO REGIONAL 6 (Baixa Paulista e Centro), no último dia 7 de abril em Descalvado: os atrasos de pagamento em duas fazendas de Descalvado; a necessida- de de um esforço de todos os Sindicatos na defesa dos colhedores de citros; e final- mente, o grande número de Sindicatos que não partici- pam das reuniões. PRESEN- TES - Rio Claro, Araras, Descalvado e Itapira.

Conforme o relatório da reunião, existem mais de 3.000 colhedores de citros na região, mas "por falta de

■coordenação dos próprios trabalhadores" o preço pago não satisfaz suas necessidades. O Problema é REGIONAL, exigindo, por-

tanto, uma ação conjunta dos Sindicatos.

A sugestão partiu do Sin- dicato de Araras, que tam- bém vê a necessidade de um esforço conjunto no caso dos canavieiros. Araras defende a realiza- ção de assembléias nos Sin- dicatos e a fixação de um mínimo de Cr$ 15,00 por caixa colhida.

ATRASOS DE PAGAMENTO EM

DESCALVADO Os dirigentes sindicais

presentes a reunião hipote- caram total solidariedade aos trabalhadores da Usina Santa Rita e Fazenda Pau- dalho, na base do Sindicato de Descalvado, que vem sendo prejudicados com atrasos no pagamento de

«seus salários por três meses ou mais, obrigando os tra- balhadores a comprarem nos armazéns das próprias firmas.

Por fim, os dirigentes manifestaram sua insatisfa- ção com as ausências dos seus colegas, dirigentes dos Sindicatos de Porto Feliz, Capivari, São Pedro, Char- queada, Piracicaba, Limei- ra, Pirassununga e Jundiaí alguns dos quais nunca comparecem, o que é triste.

Repetimos: Se o presiden- te não pode ir, que vá o Secretário, o tesoureiro, ou um trabalhador mesmo. POR QUE FICAR DE LADO, DESUNIR? Não será isso falta de respeito aos demais dirigentes?

Próxima reunião: Itapira, dia 30 de Junho.

Por iniciativa da COMISSÃO ESTA- DUAL DE PREVIDÊNCIA E TRABA- LHISMO, em Agudos, o nosso sindicalis- mo fez a denúncia e o protesto abaixo con- tra mais um atraso por mais de três meses no pagamento de salário por parte dos Atalla.

O DOCUMENTO O Conselho de Representantes da Federa-

ção dos Trabalhadores na Agricultura do Estado de São Paulo, composto pelos dirigen- tes dos Sindicatos de Trabalhadores Rurais, infra-assinados, reunidos na cidade de Agu- dos, no Instituto Técnico e Educacional para Trabalhadores Rurais (ITETRESP), Km. 322,5 da Vila Mal. Rondon.no dia 26 de mar- ço, por ocasião de assembléia geral, houve por bem denunciar à opinião pública e às autoridades a angustiante situação em que se encontram cerca de 6.000 empregados rurais, na sua maioria volantes ("bóias-

frias"),que prestam serviços ao Grupo Atalla e às empresas locadoras de mão de obra do mesmo Grupo, nos municípios de Jaú, Pirajui, Presidente Alves, Brotas, Bariri e Júlio de Mesquita, cujos salários estão com mais de três meses de atraso.

Atrasos salariais são fatos corriqueiros nas empresas Atalla e nas suas prestadoras de mão de obra.

A preocupação, no entanto, agora é ainda maior com a existência de uma ação de cobrança contra os Atalla no Fórum de São Paulo, jno valor de Cr$ 20 bilhões, e a notícia da grande imprensa é de que se a dívida não

for paga, poderá ser requerida a falência do grupo.

Com isso, mais uma vez fica demonstrada a falência do atual modelo econômico, implan- tado arbitrariamente, para dar apoio aos grandes latifundiários, maus empresários e por conseguintes, maus patrões que enrique- ceram às custas da "generosidade" oficial, incentivos fiscais, e hoje simplesmente podem cair na insolvência.

Enquanto não se fizer a Reforma Agrária em nosso País. e continuar desrespeitando o Estatuto da Terra, o Trabalhador Rural esta- rá sempre exposto aos maus patrões, a exem- plo do grupo Atalla.

Agudos, 26 de março de 1982. Assinam os dirigentes dos Sindicatos de

Trabalhadores Rurais de Fernandópolis, Batatais, Cravinhos, Registro, Novo Hori- zonte, Pindamonhangaba, Lins, Bebedou- ro, Descalvado, Rancharia, São Carlos, General Salgado, Araçatuba, Presidente Alves, Quintana, Flórida Paulista, Mlrandó- polis. Aparecida D'Oeste, Taquarituba, Angatuba, Avaré, Ourinhos, Mirassol, Tanabi, Pedregulho, Oriente, Cafelândia, Penápolis, Reginópolis, Gália,Tupã, Andra- dma, Barretos, Bernardino de Campos, Araras, Capão Bonito, Palmital, Santa Fé do Sul, Piracicaba, Pontal, Santa Cruz do Rio Pardo, Marilia, Cardoso, Bocaina, Sorocaba, Pompéia, Auriflama, Assis, Matão, Itaí, Populina, Lençóis Paulista, Quatá, Teodoro Sampaio, Guapiara, Regen- te Feijó, Pres. Bernardes, Pres. Prudente, Pacaembu, Votuporanga, Jaies, Tietê, Ada- mantina, Ituverava, Pres. Epitácio.

As contas de casa atrasando

Pela foto pode-se ver a frus- tração dos trabalhadores dos Atalla, depois de um dia de reuniões entre o Sindicato e os Atalla, sem que algum resulta- do fosse obtido. Os Atalla dizendo que não tinham dinheiro, mas que garantiam a comida para os trabalhadores. Os trabalhadores dizendo que precisavam do dinheiro para pagar aluguel, luz, água, etc.

A foto nosso foi feita pelo Sindicato em Jaú.

Precisamos envolver os tra- balhadores na solução dos seus problemas. O dirigente sindical não deve agir sozinho, pois o patrão se aproveita.

Campanha de sindicalização

SEU SINDICATO É ASSIM?

Nós nos queixamos de que o Governo não ouve o sindi- calismo quando toma deci- sões. Mas o sindicalismo dei- xa o trabalhador tomar deci- sões no Sindicato ? Temos de encarar a realidade: onde o Sindicato tem outro dono que não é o trabalhador, nio temos Sindicato. Temos um ESCRITÓRIO SINDI- CAL, um hospital, qualquer outra coisa. Menos Sindica- to. (A ilustração é da revis- ta Direção, da OCERGS, do cooperativismo gaúcho, também preocupado com Os donos das cooperativas de lá).