Istitutione Armoniche

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Anotações Istitutione Armoniche Intervalos • Os intervalos podem ser de dois tipos: simples e compostos. (cap. 3 pg. 6) • O diapasão (8ª) é a primeira consonância,por isso não é composto. (cap. 3 pg. 6) • O uníssono não é um intervalo, pois é como um ponto, um mínimo indivisível. Aristóteles o prova no livro 6 da Physica. Mais além, como a desigualdade se origina da igualdade, o Diapasão origina-se do uníssino, pois o uníssono é formado pela igualdade e o diapasão pela desigualdade. (cap. 3 pg. 7) • Número sonoro (cap. 3 pg. 8) • São sete os intervalos simples. 2ª, 3ª, 4ª, 5ª, 6ª, 7ª, 8ª. (cap. 3 pg. 9) • Boécio divide os intervalos em equíssonos, consonânias, emmeles, dissonâncias e ecmeles. Equíssonos são os intervalos em que os sons, uma vez combinados, misturam-se em um som simples. São o diapasão e o disdiapasão. Consonâncias são aqueles que, apesar de formar um som composto, são agradáveis. São o diapente o diatesseron e aqueles compostos desses mais um diapasão. Emmeles são aqueles que não são consonâncias, mas são muito apropriados para fazer melodias. São esses que ligam duas consonâncias, como o tom (2ªM). Dissonâncias são que não se combinam em um som agradável. Ecmeles são aqueles que não são utilizados para ligar consonâncias, por exemplo o enharmonic diesis. (cap. 4 pg. 10-11) • Zarlino, no entanto, vai utilizar a divisão mais comum, conssonâncias e dissonâncias. As consonâncias serão as 3ª, 4ª, 5ª, 6ª e 8ª. as dissonâncias serão as 2ª e as 7ª. (cap. 4 pg. 11) • Apesar de alguns músicos não o considerarem, a quarta é uma consonância. Primeiro pela tradição dos antigos, todos teóricos gregos e latinos a consideram consonância. Segunda prova, por meio da razão, um intervalo que é uma consonância perfeita quando escutada harmonicamente, não pode ser uma dissonância. Terceiro, quando afinamos um alaúde ou um violone podemos perceber a maravilhosa harmonia da quarta em suas cordas. (cap. 5 pg.12-13) • Alguns músicos consideram a quarta uma dissonância por conta de uma discordância entre Pitágoras e Ptolomeu. Os pitagóricos afirmavam que apenas os intervalos determinados pelo múltiplo ou classe superparticular de proporções podem produzir consonâncias. eles não permitiam que diapason+diatesseron, de proporção 8:3, fosse uma consonância. Ptolomeu, no entanto, afirmava que ele era consonante, pois o diatesseron simples é consonante, e todo intervalo adicionado da oitava mantém suas características. (cap. 5 pg. 14)

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Anotações Istitutione Armoniche

Intervalos

• Os intervalos podem ser de dois tipos: simples e compostos. (cap. 3 pg. 6)• O diapasão (8ª) é a primeira consonância,por isso não é composto. (cap. 3 pg. 6)• O uníssono não é um intervalo, pois é como um ponto, um mínimo indivisível. Aristóteles o

prova no livro 6 da Physica. Mais além, como a desigualdade se origina da igualdade, o Diapasão origina-se do uníssino, pois o uníssono é formado pela igualdade e o diapasão pela desigualdade. (cap. 3 pg. 7)

• Número sonoro (cap. 3 pg. 8)• São sete os intervalos simples. 2ª, 3ª, 4ª, 5ª, 6ª, 7ª, 8ª. (cap. 3 pg. 9)• Boécio divide os intervalos em equíssonos, consonânias, emmeles, dissonâncias e ecmeles.

Equíssonos são os intervalos em que os sons, uma vez combinados, misturam-se em um som simples. São o diapasão e o disdiapasão. Consonâncias são aqueles que, apesar de formar um som composto, são agradáveis. São o diapente o diatesseron e aqueles compostos desses mais um diapasão. Emmeles são aqueles que não são consonâncias, mas são muito apropriados para fazer melodias. São esses que ligam duas consonâncias, como o tom (2ªM). Dissonâncias são que não se combinam em um som agradável. Ecmeles são aqueles que não são utilizados para ligar consonâncias, por exemplo o enharmonic diesis. (cap. 4 pg. 10-11)

• Zarlino, no entanto, vai utilizar a divisão mais comum, conssonâncias e dissonâncias. As consonâncias serão as 3ª, 4ª, 5ª, 6ª e 8ª. as dissonâncias serão as 2ª e as 7ª. (cap. 4 pg. 11)

• Apesar de alguns músicos não o considerarem, a quarta é uma consonância. Primeiro pela tradição dos antigos, todos teóricos gregos e latinos a consideram consonância. Segunda prova, por meio da razão, um intervalo que é uma consonância perfeita quando escutada harmonicamente, não pode ser uma dissonância. Terceiro, quando afinamos um alaúde ou um violone podemos perceber a maravilhosa harmonia da quarta em suas cordas. (cap. 5 pg.12-13)

• Alguns músicos consideram a quarta uma dissonância por conta de uma discordância entre Pitágoras e Ptolomeu. Os pitagóricos afirmavam que apenas os intervalos determinados pelo múltiplo ou classe superparticular de proporções podem produzir consonâncias. eles não permitiam que diapason+diatesseron, de proporção 8:3, fosse uma consonância. Ptolomeu, no entanto, afirmava que ele era consonante, pois o diatesseron simples é consonante, e todo intervalo adicionado da oitava mantém suas características. (cap. 5 pg. 14)

• As consonâncias são divididas entre perfeitas e imperfeitas. As perfeitas são o uníssono, a quarta, a quinta e a oitava. Isso apesar de Aristóteles, que atribuía a perfeição apenas à oitava, no que ele estava correto, uma vez que a 4ª e a 5ª estão entre a perfeição e a imperfeição. (cap. 6 pg. 15)

• As imperfeitas são a 3ª e a 6ª. (cap. 6 pg. 15)• Apesar de a 8ª, 5ª e 4ª serem consideradas consonâncias perfeitas, apenas a oitava é perfeita.

A quinta é menos perfeita que a oitava, e a quarta é menos perfeita que a quinta. (cap. 7 pg. 17)• As consonâncias consideradas "cheias" são aquelas capazes de trazer diversidade ao ouvido,

portanto a quinta é mais cheia que a oitava. Deixando a oitava de lado um intervalo é mais cheio quando ele tem maior capacidade de agradar aos ouvidos, ou seja, quando elas são mais perfeitas.

• Por outro lado, quando as proporções são menores elas são consideradas mais agradáveis, especialmente quando elas estão de acordo com sua natureza. Com isso quero dizer que as consonâncias cheias são mais apropriadas aos registros graves e as mais agradáveis, por sua natureza são mais apropriadas ao registro agudo. (cap. 8 pg. 19)

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• Algumas consonâncias imperfeitas têm características vivas e alegres, acompanhadas de grande sonoridade. Outras, apesar de serem doces e suaves, tendem a ser tristes e lânguidas. As primeiras são as terças e sextas maiores, as outras as terças e sextas menores. As maiores são comumente encontradas ao final ou mediante de certos modos ou tons (no 5º,6º,7º,8º,11º e 12º). esses modos são alegres e vivos, porque neles as consonâncias são dispostas de acordo com o número sonoro, ou seja, a quinta é dividida em uma terça maior e uma menor, o que é muito agradável para o ouvido. (cap. 10 pg. 21-22)

• Nos demais modos (1º,2º,3º,4º,9º,10º) a quinta é dividida de outra forma, ela é dividida aritmeticamente por uma nota, de forma que frequentemente escuta-se as consonâncias dispostas de forma contrária ao número sonoro. (cap. 10 pg. 22)

• O uníssono não é um intervalo, são dois sons iguais. Sempre tem a proporção igual 1:1, 2:2... essa proporção é a base da desigualdade. O uníssono é para o músico o que o ponto é para o geômetra. (cap. 11 pg. 24)

• A oitava é definida pela proporção dupla 2:1, que pertence a classe multiplex. (cap. 12 pg. 25)• A oitava é de apenas um tipo, mas, se forem levadas em consideração suas divisões internas,

ela pode ser de sete espécies. (cap. 12 pg. 26)• A variedade das espécies deriva da variedade da localização do semitom. (cap. 12 pg. 27)• Ela consiste de 5 tons (3 grandes e 2 pequenos) e 2 semitons grandes. (cap. 12 pg. 27)• O diapente é o primeiro intervalo na classe superparticular. Ele possui apenas uma espécie em

relação à sua proporção. Quando dividido diatonicamente ele possui quatro espécies, nas quais varia a posição do semitom. Ele é composto por dois tons grandes, um tom pequeno e um semitom grande. (cap. 13 pg. 28-29)

• O diatesseron, menor parte do diapason, é o segundo membro da classe superparticular. Possui apenas uma espécie em relação à sua proporção, mas quando dividido possui três espécies, nas quais varia o semitom. (cap. 14 pg. 30)

• A consonância que segue o diatesseron e é a terceira na classe superparticular é o dítono. Formado pela proporção 5/4 que não é variável. Quando dividido diatonicamente ele tem duas espécies: na primeira um tom grande é seguido de um tom pequeno, e, na segunda, o contrário acontece. (cap. 15 pg. 31)

• O quarto membro da classe superparticular é o semidítono. Ele possui duas espécies quando dividido diatonicamente: na primeira, um semitom segue um tom inteiro, e, na segunda, o semitom é o primeiro intervalo. (cap. 16 pg. 32)

• É impossível mover-se de uma consonância a outra sem a ajuda dos intervalos dissonantes, portanto é essencial que o músico os conheça. Eles são o tom grande, o tom pequeno e o semitom grande. Existem outros intervalos dissonantes, como pode ser percebido na divisão do monocórdio. São eles o semitom pequeno, e a coma. Não é necessário que eles sejam ouvidos nas progressões diatônicas, porque ele não é usado pelas vozes que podem ser afinadas com perfeição. (cap. 17 pg. 34-35)

• Isso não ocorre com os instrumentos artificiais, mas as vozes tendem a se aproximar de instrumentos afinados de acordo com o temperamento pitagórico, no qual esses pequenos intervalos não estão presentes. Portanto pode ser mais útil aos músicos utilizar um temperamento que a afinação pura. Embora o temperamento seja mais útil na prática, é verdade que cada afinação pode ser dita perfeita a sua própria maneira, como demonstrado na parte II cap. 41-44. (cap. 17 pg. 35)

• O tom grande ocorre em todos os tetracordes diatônicos logo depois do semitom grande. O tom pequeno aparece sempre após o grande e sempre como o terceiro intervalo ascendente de do tetracorde. (cap. 18 pg. 36)

• O semitom grande tem a proporção 16/15. Ele é a diferença entre o dítono e o diatesseron. O semitom pequeno é encontrado na distância do Bb para o B. Sua forma descendente não é utilizada no gênero diatônico. (cap. 17 pg. 37-38)

• O hexacorde grande é o primeiro intervalo da classe superpartiente. Embora não possa ser considerado um intervalo composto, pois é menor que a oitava, não é inteiramente simples, uma vez que podemos considerá-lo uma combinação do diatesseron e do dítono. Apesar de possuir apenas uma proporção, quando dividido diatonicamente ele tem tantas espécies quanto puderem ser as posições do semitom (3). Ele possui quatro tons e um semitom grande. (cap. 20 pg. 39-40)

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• O hexacorde pequeno é composto de três tons inteiros e dois semitons grandes. Quando dividido diatonicamente possui três espécies de acordo com as variações da posição de seus semitons. Pode-se dizer que ele é composto pelo diatesseron mais um semidítono. (cap. 21 pg. 40-41)

• Nenhum dos hexacordes era considerado um consonância pelos antigos, porque pertenciam a classe superpartiente, mas os músicos modernos os consideram consonantes, uma vez que são compostos de dois intervalos consonantes. (cap. 21 pg. 41)

• O Diapente+dítono (7ªM) é uma dissonância, que contém 5 tons inteiros e um semitom grande. Ele pode ser dividido diatonicamente em duas espécies. (cap. 22 pg. 42)

• O diapente+semidítono, também uma dissonância da classe superpartiente, é composto de quatro tons inteiros e dois semitons grandes. ele possui 5 espécies de divisão diatônica, resultantes da variação da posição dos semitons. (cap. 23 pg. 43)

• As notas de um intervalo podem formar uma consonância ou uma dissonância. As consonâncias sempre mantém a verdadeira proporção do intervalo, enquanto as dissonâncias não tem a verdadeira proporção dos intervalos vistos anteriormente. Estas podem ser intervalos diminutos ou aumentados, como por exemplo a quinta encontrada entre as notas B e F. Os intervalos aumentados e diminutos têm um semitom pequeno a mais ou a menos que seus correspondentes consonantes. ex. semidiapente, semidiapason, semidiatesseron. (cap. 24 pág. 44-48)

• Os sinais de bequadro, bemol e sustenido acrescentam ou retiram um semitom pequeno de um intervalo. Embora o semitom pequeno não seja usado no gênero diatônico, eles são usados ocasionalmente, principalmente quando duas partes sobem ou descem juntas em terças. Esse semitom é encontrado naturalmente entre trite synemmenon e paramese. Quando um bemol é adicionado, um semitom pequeno é retirado do tom inteiro e deixa um semitom grande. Coisa similar acontece com os outros sinais. (cap. 25 pág. 48-50)

• Para facilitar o cantar, uma nota com bemol deve ser precedida por outra mais baixa. As notas com os outros sinais devem ser precedidas por outra mais alta. (cap. 24 pág. 50)

Características essenciais do contraponto (Zarlino)

• Primeira característica: Sujeito. Todo contraponto deve ter um sujeito que pode ser "criado" pelo compositor ou parte aproveitada de outra peça. (cap. 26 pág. 51)

• A segunda é que a música deve ser composta principalmente por consonâncias e com muitas dissonâncias incidentais. Estas devem ser sempre utilizadas de acordo com regras específicas. (cap. 26 pág. 51-52)

• A terceira é que as vozes devem prosseguir por meio de intervalos verdadeiros legítimos nascidos dos números sonoros, para que delas resultem boas harmonias. (cap. 26 pág. 52)

• A quarta é que as vozes e harmonia devem mover-se com variedade, porque harmonia não é nada mais que a diversidade de movimento de partes e consonâncias. (cap. 26 pág. 52)

• A quinta é que a composição deve seguir um modo predeterminado. (cap. 26 pag. 52)• A sexta e última é que a composição deve complementar o texto. Um texto triste não deve ser

acompanhado de uma composição alegre e vice e versa. (cap. 26 pag. 52)

Técnicas contrapuntistas

• A primeira utilidade das dissonâncias é ajudar a passar de uma consonância à outra. (cap. 27 pag. 53)

• A segunda é que a dissonância faz a consonância que segue soar mais agradável. (cap. 27 pag. 53)

• A música deve sempre começar como uma consonância perfeita (Uníssono, Quinta e Oitava). Essa regra, no entanto, pode apresentar exceções, ela pode começar com uma consonância imperfeita. Perfeição é uma característica do final e não do começo. Especialmente se a peça começa com entradas em sequência. A nota de entrada da segunda voz, no entanto, deve formar uma consonância perfeita com a primeira nota da primeira voz. (cap. 28 pag. 55)

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• Duas consonâncias da mesma proporção não devem seguir uma à outra em movimento ascendente ou descendente. Os antigos perceberam que a harmonia resulta da diversidade. Deve-se variar constantemente sons, consonâncias, movimento e intervalos. (cap. 29 pag. 59)

• Pelas mesmas razões, não se devem seguir consonâncias imperfeitas iguais, como terças menores ou sextas maiores. Essas causam um certo amargor, pela falta do semitom maior no movimento das partes. Podem seguir uma terça ou sexta maior por uma terça ou sexta menor. (cap. 29 pag. 62)

• Duas terças menores ou duas sextas menores seguidas são toleráveis, pois a parte inferior sempre se move por um tom pequeno e a parte superior por um tom grande ou vice-versa. Isso, no entanto só pode acontecer se as vozes se movimentam por grau conjunto. (cap. 29 pag. 63)

• Quando uma sexta segue uma terça a primeira deve ser maior e a segunda menor, ou vice-versa. Exceto quando uma das vozes permanece parada, nesse caso podemos ter uma terça maior e uma sexta maior. (cap. 29 pag. 64)

• Quartas consecutivas também são proibidas, embora alguns utilizem elas para criar o falso bordone. (cap. 29 pag. 64)

• As partes de uma composição não estão em relação harmônica quando elas são separadas por um diapasão (8ª) aumentado ou diminuído ou ainda por um trítono. Se for impossível evitá-los, deve-se atingi-los diatônicamente e com intervalos naturais ao modo. (cap. 30 pag. 65)

• O trítono pode ser usado eventualmente quando for sucedido imediatamente pelo dítono. (estabelecer se o semidapente é a quinta diminuta).