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UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ
CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE
CURSO DE FARMÁCIA
MARIANA COUTO DA COSTA
INVESTIGAÇÃO FITOQUÍMICA E AVALIAÇÃO DO POTENCIAL
ANTIMICROBIANO POR BIOAUTOGRAFIA DA Piper sp
(PIPERACEAE)
Itajaí (SC)
2013
MARIANA COUTO DA COSTA
INVESTIGAÇÃO FITOQUÍMICA E AVALIAÇÃO DO POTENCIAL
ANTIMICROBIANO POR BIOAUTOGRAFIA DA Piper sp
(PIPERACEAE)
Monografia apresentada como requisito para obtenção do título de farmacêutico pela Universidade do Vale do Itajaí, Centro de Ciências da Saúde.
Orientadora: Prof. Dra. Christiane Meyre da Silva Bittencourt Co-orientadora: Prof. Dra. Angela Malheiros
Itajaí (SC)
Abril de 2013.
Dedico este trabalho a meus pais, que me transmitiram os valores mais importantes: a bondade, o perdão, a honestidade, a persistência, a perseverança, a paciência e principalmente a Fé.
Que me ensinaram a trilhar o meu próprio caminho. Vocês são a base sobre a qual o meu caráter foi construído.
E por isso eu só posso dizer: Obrigada!
AGRADECIMENTOS
Agradeço primeiramente a Deus por ter me concedido a vida, por me dar
força, me iluminar na caminhada e por estar comigo em todos os momentos da
minha vida.
Aos meus pais, Antonio Xavier da Costa e Elisete Couto da Costa, que
sonharam com a minha vitória e torceram por mim desde que nasci.
Acompanharam-me com carinho, zelo e estímulo em mais uma etapa da minha vida.
Não mediram esforços para que eu chegasse até aqui, sempre me apoiando e me
incentivando em meus momentos difíceis, me ensinando a ter persistência diante
dos obstáculos e vencendo junto comigo. Deus conhece as nossas dificuldades!
Aos meus irmãos George Luiz e Vitória Maria, ao meu namorado Flávio e
toda a minha família por estarem sempre comigo, me ajudando, apoiando em todos
os momentos, sempre com a palavra certa, me fazendo sorrir e acreditar que tudo
isso vale a pena, e por aturarem as muitas crises de mal humor.
Agradeço as minhas orientadoras Professoras Dra. Christiane Meyre da Silva
Bittencourt e Angela Malheiros, por serem exemplos, pelo incentivo, paciência e
oportunidade, por me guiarem neste caminho. Com vocês aprendi muito e com
certeza será também em vocês que me espelharei na construção da minha carreira.
Meus sinceros agradecimentos.
Ao Professor Dr. Alexandre Bella Cruz e Theodoro Maciel Wagner, o Theo,
pela participação nesta Banca, trazendo contribuições importantes para o
crescimento e concretização do nosso trabalho.
A Professora Dra. Ruth Meri Lucinda da Silva pelas dicas e principalmente
pela ajuda na formatação deste trabalho, sempre atenciosa estava disposta a nos
ajudar.
Aos meus grandes amigos Alexandra, Ingrid, Marcelo e Simone, que estavam
sempre ao meu lado, companheiros nos momentos de alegria, raiva e também
tristeza, compartilhando sorrisos, abraços, paródias, choros (muitos choros). Nós
construímos uma amizade verdadeira que ficará sempre em meu coração!
Não posso esquecer também do meu companheiro de dupla Precipício, da
nossa Banda, dos fãs e toda equipe, que estavam comigo desde o início da nossa
carreira, compartilhando os primeiros momentos de fama até o auge do sucesso...
Zé Barranko e Precipício Forever!
A todos os demais amigos e professores do Curso de Farmácia não
mencionados aqui, mas que com certeza conquistaram um espaço importante no
meu coração.
A todos que de uma maneira ou de outra, contribuíram direta ou indiretamente
na concretização deste trabalho.
Muita Obrigada!
“Não tenhas medo, pois eu estou com você.” (Is 41,10).
INVESTIGAÇÃO FITOQUÍMICA E AVALIAÇÃO DO POTENCIAL ANTIMICROBIANO POR BIOAUTOGRAFIA DA Piper sp
(PIPERACEAE)
Mariana Couto da COSTA Orientadora: Prof. Dra. Christiane Meyre da Silva Bittencourt Co-orientadora: Prof. Dra. Angela Malheiros Defesa em: Abril de 2013 O gênero Piper é o mais importante da família Piperaceae com ampla distribuição nas regiões temperadas de ambos os hemisférios. Esta família caracteriza-se por apresentar em sua composição uma variedade de metabólitos secundários, tais como alcaloides, flavonoides, isobutilamidas, fenilpropanoides, terpenos, entre outros. São utilizadas no tratamento de muitas patologias, entre as quais estão infecções microbianas, problemas do trato respiratório, do aparelho digestivo e inflamações. Considerando as provas científicas evidenciadas em estudos anteriores, este trabalho objetivou o isolamento dos compostos majoritários presentes nos extratos etanólicos dos caules e folhas de Piper sp, a identificação dos compostos isolados, a obtenção do óleo essencial das folhas por arraste a vapor d’água, a caracterização dos óleos por cromatografia gasosa acoplada a espectro de massas e por fim a avaliação do potencial antimicrobiano através de bioautografia frente a cepa de Staphylococcus aureus.Para obtenção dos extratos, a planta coletada foi seca, separada, pesada e posteriormente submetida a maceração com etanol por 7 dias ao abrigo da luz. O isolamento deu-se da cromatografia em coluna e cromatografia em camada delgada. A identificação dos compostos isolados ocorreu por RMN de 1H, 13C e Dept, onde os dados obtidos foram comparados com a literatura. A obtenção do óleo essencial ocorreu com o auxílio do aparato Clevenger, tendo como líquido extrator a água. A caracterização dos óleos essenciais ocorreu com o cromatografo gasoso acoplado a especto de massas (CG/EM Shimadzu QP2010 S). Para a realização da bioautografia foi necessário as cromatoplacas com óleo essencial eluidas e secas, o meio de cultivo com a suspensão bacteriana, bem como, o reagente TCC (2 mg/mL).A investigação fitoquímica possibilitou o isolamento dos compostos 4,6-dimetóxi-5-Z-fenilbutenolideo e 4,6-dimetóxi-5-E-fenilbutenolideo. O óleo essencial obtido através das folhas secas caracterizado por CG/EM, evidenciou a presença de 36 compostos, sendo os majoritários γ-elemeno, E-Nerolidol e Espatulenol. A composição química do óleo foi comparada com a literatura e tratam-se de compostos de natureza sesquiterpênica, alguns destes presentes em outras espécies deste gênero apresentaram atividade biológica frente a diversas patologias, destacando-se a atividade antimicrobina. A bioautografia visou avaliar a atividade antimicrobiana dos óleos, frente a cepas de S. aureus, esta atividade pode ser observada através do aparecimento de alos claros nas placas onde foram aplicadas as amostra do óleo essencial, demonstrando assim, uma atividade significativa de inibição do crescimento microbiano. Esta significativa atividade antimicrobiana deve-se ao fato da preseça de compostos que fazem parte do óleo essencial de Piper sp exercerem atividade inibitória do crescimento microbiano frente a diversos micro-organismos, como já descrito na literatura, dentre estes compostos está o E-Nerolidol, apresentando-se como um composto majoritário.
Palavras-chave: Piper sp, butenolídeos, óleo essencial, sesquiterpenos.
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 - Partes aéreas (caules e folhas) de Piper sp............................................ 43
Figura 2 - Fluxograma dos procedimentos cromatográficos realizados com os
caules de Piper sp....................................................................................................
46
Figura 3 - Fluxograma dos procedimentos cromatográficos realizados com as
folhas de Piper sp.....................................................................................................
48
Figura 4 - Fluxograma dos rendimentos obtidos através da maceração das
partes aéreas (Caules e Folhas) de Piper sp...........................................................
53
Figura 5 - a) Cromatograma do extrato etanólico das folhas de Piper sp. em
335nm. b) Cromatograma do extrato etanólico dos caules de Piper sp. em 335nm
54
Figura 6 - a) Cromatograma do extrato etanólico das folhas de Piper sp em
285nm. b) Cromatograma do extrato etanólico dos caules de Piper sp e 285nm....
55
Figura 7 - Fluxograma da obtenção dos compostos HFC1 e HFC2 através das
folhas de Piper sp.....................................................................................................
56
Figura 8 - Fluxograma da obtenção dos compostos HFC1 e HFC2 através dos
extratos de caules e folhas de Piper sp................................................................
56
Figura 9 - Cromatograma e Perfil no UV do Composto HFC1 – 285 nm................ 57
Figura 10 - Estrutura do composto do composto 4,6-dimetóxi-5-Z-
fenilbutenolideo (HFC1)...........................................................................................
57
Figura 11 - Espectro de RMN-1H (300 MHz, Acetona D6) do HFC1........................ 59
Figura 12 - Espectro de RMN-13C (75,5 MHz, Acetona D6) do HFC1...................... 59
Figura 13 - Espectro de RMN-13C/DEPT (75,5 MHz, Acetona D6) do HFC1........... 60
Figura 14 - Cromatograma e Perfil no UV do Composto HFC2 – 285 nm............... 62
Figura 15 - Estrutura do composto do composto 4,6-dimetóxi-5-E-
fenilbutenolideo (HFC2)............................................................................................
62
Figura 16- Espectro de RMN-1H (300 MHz, Acetona D6) do HFC2......................... 64
Figura 17 - Espectro de RMN-13C (75,5 MHz, Acetona D6) do HFC2...................... 64
Figura 18 - Espectro de 13C/DEPT (75,5 MHz, Acetona D6) do HFC2.................. 65
Figura 19 - Cromatograma do óleo essencial de Pipersp....................................... 66
Figura 20 - Espectro de massa do composto γ-elemene........................................ 68
Figura 21 - Estrutura química do composto γ-elemene........................................... 68
Figura 22 - Espectro de massa do composto E-Nerolidol....................................... 69
Figura 23 - Estrutura química do composto E-Nerolidol.......................................... 69
Figura 24 - Espectro de massa do composto Espatulenol...................................... 70
Figura 25 - Estrutura química do composto Espatulenol......................................... 70
Figura 26 - Bioautografia realizada com o óleo essencial de Piper sp.................... 71
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 - Composição química do óleo essencial de diferentes espécies do
gênero Piper e atividade biológica....................................................................
39
Tabela 2 - Porcentagem dos constituintes majoritários do óleo essencial das
folhas de Piper malacophyllum.................................................................
40
Tabela 3 - Porcentagem dos constituintes majoritários do óleo essencial das
folhas de Piper malacophyllum. ............................................................................
41
Tabela 4 - Valores de deslocamentos químicos de RMN-1H e 13C para os
compostos HFC1 e HFC2 e dados da literatura para os compostos 1 (4,6-
dimetóxi-5-Z-fenilbutenolídeo) e 2 (4,6-dimetóxi-5-E-fenilbutenolídeo).............
61
Tabela 5 - Composição química do óleo essencial de Piper sp analisado por
CG/EM............................................................................................................
67
LISTA DE ABREVIATURAS
AcOEt – Acetato de etila
Act – Acetona
Acetona-D6- Acetona Deuterada
CC – Cromatografia em Coluna
CC1 – Coluna cromatográfica 1
CC2 – Coluna cromatográfica 2
CC3 – Coluna cromatográfica 3
CC4 – Coluna cromatográfica 4
CC5 – Coluna cromatográfica 5
CC6 – Coluna cromatográfica 6
CC7 – Coluna cromatográfica 7
CC8 – Coluna cromatográfica 8
CC9 – Coluna cromatográfica 9
CCD – Cromatografia em Camada Delgada
CG – Cromatografia Gasosa
CG/EM – Cromatografia Gasosa acoplada a Espectro de Massas
CL50– Concentração Letal Média
CLAE – Cromatografia Líquida de Alta Eficiência
DCM – Diclorometano
DL50– Dose Letal Média
EtOH - Etanol
EM – Espectro de Massas
HFC1 – 4,6-dimetóxi-5-Z-fenilbutenolideo
HFC2 – 4,6-dimetóxi-5-E-fenilbutenolideo
Hex – Hexano
HPLC – High Performance Liquid Chromatography
MRSA - Staphylococcus aureus Resistente à Meticilina
MeOH - Metanol
RMA 1H - Ressonância Magnética Nuclear de Hidrogênio
RMN 13C – Ressonância Magnética Nuclear de Carbono 13
TCC – Cloreto de 2 3,3 – trifenil – tetrazólico
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO .............................................................................................. 21
2 OBJETIVOS .................................................................................................. 23
2.1 Objetivo Geral ........................................................................................... 23
2.2 Objetivos Específicos .............................................................................. 23
3 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ......................................................................... 25
3.1 Plantas Medicinais: Aspectos Gerais ..................................................... 25
3.2 Doenças infecciosas - A busca por novos antimicrobianos ................ 26
3.3 Óleos Essenciais ...................................................................................... 29
3.3.1 Métodos de extração de óleos essenciais .......................................... 31
3.3.2 Métodos caracterização de óleos essenciais ..................................... 32
3.4 Família Piperaceae e Gênero Piper ......................................................... 34
3.4.1 Gênero Piper - Composição química e atividade biológica dos óleos
essenciais. ...................................................................................................... 35
4 METODOLOGIA ........................................................................................... 43
4.1 Materiais .................................................................................................... 43
4.1.1 Material vegetal ..................................................................................... 43
4.1.2 Materiais e reagentes ............................................................................ 43
4.1.3 Equipamentos ........................................................................................ 44
4.2 Métodos ..................................................................................................... 45
4.2.1 Obtenção do extrato de Piper sp ......................................................... 45
4.2.2 Purificação dos extratos das partes aéreas de Piper sp ................... 45
4.2.3 Análise por CLAE – Cromatografia Líquida de Alta Eficiência ......... 49
4.2.4 Obtenção dos óleos essenciais ........................................................... 49
4.2.4.1 Partição Líquido-Líquido – Piper sp ................................................. 50
4.2.5 Análise do óleo essencial por CG/EM ................................................. 50
4.2.6 Atividade antimicrobiana – Bioutografia ............................................. 51
5 RESULTADOS E DISCUSSÕES .................................................................. 53
5.1 Extração e Purificação ............................................................................. 53
5.1.1 Identificação do composto HFC1 ......................................................... 57
5.1.2 Identificação do composto HFC2 ......................................................... 61
5.2 Obtenção do óleo essencial .................................................................... 65
5.3 Atividade antimicrobiana – Bioutografia ................................................ 71
6 CONCLUSÃO ............................................................................................... 75
REFERÊNCIAS..................................................................................................77
21
1 INTRODUÇÃO
A importância e as contribuições das plantas medicinais para o tratamento e
a manutenção da saúde estão fora de qualquer controvérsia. Há uma abundância de
provas científicas de que as plantas são boas fontes de compostos bioativos que
podem contribuir no desenvolvimento de novos fármacos para patologias que
atualmente não são tratadas de maneira eficiente (GURIB-FAKIM, 2006; WAGNER,
2009).
As florestas tropicais são consideradas frequentemente como o mais
promissor habitat para a descoberta de novos medicamentos devido a alta
biodiversidade existente. Estima-se que existam aproximadamente cerca de 250 mil
espécies de plantas no globo terrestre e que mais da metade destas está
concentrada nestas florestas. Diante desta realidade há o interesse cada vez maior
da indústria farmacêutica pela descoberta de novos medicamentos a partir dos
produtos naturais (GURIB-FAKIM, 2006; YUNES; CECHINEL FILHO, 2009).
As plantas medicinais produzem diversos metabólitos secundários, dentre
eles estão alcaloides, esteroides, flavonoides e terpenos, que despertam grande
interesse, não só pelas atividades biológicas produzidas em respostas a estímulos
do meio ambiente, mas pela imensa atividade farmacológica (ALVES, 2010). Por
este fato, a pesquisa fitoquímica tem como objetivo conhecer os constituintes
químicos de espécies vegetais, para que assim possam ser investigados como um
possível potencial terapêutico (FOGLIO et al., 2003).
A pesquisa fitoquímica, nas últimas décadas, tem direcionado à busca por
antimicrobianos de origem vegetal, devido à resistência aos antimicrobianos
tradicionais desenvolvida por alguns micro-organismos. Muitas plantas podem servir
como alternativa terapêutica pela atividade antimicrobiana comumente associada
aos metabólitos secundários presentes em extratos, bem como seus óleos
essenciais. Também é promissora a utilização destes óleos como aditivos
alimentares, para retardar a deterioração dos alimentos ou para evitar o crescimento
de patógenos alimentares e micro-organismos resistentes aos antibióticos (SANTOS
et al., 2012).
Dentre as plantas medicinais de interesse terapêutico encontra-se as da
família Piperaceae, uma família tropical e subtropical, que ocorre em ambos os
22
hemisférios terrestres, incluindo aproximadamente 4.000 espécies. Diversas
espécies do gênero Piper são amplamente utilizadas na medicina popular em várias
partes do mundo e têm sido relatadas por produzirem compostos com propriedades
biológicas diversas como antimicrobiana, uso em problemas do trato respiratório, do
aparelho digestivo, anti-inflamatória e antileucêmica (LORENZI; MATOS, 2002;
SANTOS et al., 2012).
Estudos realizados em nosso núcleo de pesquisas tem revelado promissora
atividade antibacteriana e antifúngica para diferentes espécies do gênero Piper,
dentre elas esta P. solmsianum, P. aduncum e P. sp. Os extratos, compostos e
óleos essenciais da espécie Piper sp, espécie investigada neste estudo, demonstrou
toxicidades para um pequeno crustáceo, Artemia salina, onde foi considerado
citotóxico em concentrações inferiores a 1000 µg/mL. Apresentou significativa
inibição do crescimento para a bactéria Staphylococcus aureus e para o fungo
Saccharomyces cerevisiae, bem como atividade significativa contra bactérias gram-
positivas, sendo elas Streptococcus pyogenes, S. epidermides, S. saprophyticus e
Bacillus subtilis (CAMPOS et al., 2005, 2007; RIFFEL; SCHMIT, 2010; TOMIO, 2011,
MULLER, 2011).
Considerando a importância biológica das espécies deste gênero, e estudos
anteriores que evidenciam o potencial antimicrobiano da Piper sp, o presente
trabalho objetivou isolar e identificar os compostos majoritários, extrair o óleo
essencial, caracterizá-lo e investigar seu potencial antibacteriano, de forma a
confirmar o uso medicinal.
23
2 OBJETIVOS
2.1 Objetivo Geral
Investigar a composição química dos extratos e do óleo essencial e avaliar o
potencial antimicrobiano da Piper sp.
2.2 Objetivos Específicos
Obter o extrato etanólico bruto de folhas e caules da Piper sp;
Fracionar o extrato e purificar as substâncias majoritárias através de técnicas
cromatográficas;
Identificar a estrutura química das substâncias purificadas através de
ressonância magnética nuclear de hidrogênio e carbono 13 (RMN 1He 13C);
Obter o óleo essencial da Piper sp por destilação por arraste de vapor d’água
em aparato de Clevenger;
Avaliar a composição química do óleo obtido por cromatografia em camada
delgada (CCD) e cromatografia gasosa acoplada a espectrometria de massas
(CG/EM);
Avaliar a atividade antimicrobiana do óleo obtido através de bioautografia,
frente a cepa de Staphylococcus aureus.
24
25
3 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
3.1 Plantas Medicinais: Aspectos Gerais
As plantas medicinais consideradas como aquelas que possuem
propriedades terapêuticas, são amplamente utilizadas na medicina popular contra
várias patologias. Seu uso vem crescendo gradativamente ao longo dos últimos
anos devido a vários fatores, como baixo poder aquisitivo da maioria da população
que procura uma medicina alternativa a menores custos e a busca de terapias não
clássicas. Outro fator é confirmação de eficácia das mesmas, comprovadas em
estudos experimentais, clínicos e pré-clínicos. De acordo com Organização Mundial
da Saúde (OMS), no início da década de 1990, entre 65% e 80% da população, em
países desenvolvidos, já utilizavam plantas medicinais como única fonte de cuidados
básicos de saúde. Sabe-se que 60% dos agentes antitumorais e anti-infecciosos,
atualmente disponíveis ou em estudos clínicos são de origem natural (MALHEIROS
et al., 2010).
O conhecimento e uso das plantas medicinais encontram-se muitas vezes
como único recurso terapêutico de muitas comunidades e grupos étnicos. As plantas
simbolizam um grande potencial de cura para a maioria da população mundial hoje
em dia. Por isso, é de suma importância conhecer seus componentes químicos, na
tentativa de estabelecer propriedades terapêuticas, aplicação medicinal, possíveis
interferências e efeitos adversos (BARREIRO; BOLZANI, 2009; CRAGG;
NEWMANN, 2012).
Os produtos naturais têm exercido um importante papel ao longo dos anos
para a descoberta de novos fármacos. O número de medicamentos disponíveis na
terapêutica moderna desenvolvida a partir de plantas medicinais é expressivo,
muitos deles são utilizados de forma pura ou associados à outros substâncias
naturais ou sintéticas ou servindo como ponto de partida para novas moléculas mais
ativas e eficazes a partir de sua otimização estrutural (YUNES; CECHINEL FILHO,
2009).
Exemplos de plantas medicinais que a partir da composição química e da
atividade biológicas integraram a terapêutica são os alcaloides vimblastina e
vincristina, extraídos de Catharantus roseus, os quais são amplamente utilizados
26
para o tratamento de linfomas e leucemia infantil. Outro exemplo encontra-se o
diterpeno taxol ou paclitaxel, isolado em 1971 da Taxus brevifolia, constitui uma das
mais promissoras descobertas para a cura do câncer. Os efeitos benéficos dos
extratos de Digitalis purpúrea e D. lanata levaram à descoberta de poderosos
glicosídeos cardíacos ou cartiotônicos, incluindo a digoxina, a digitoxina e o
deslanosídeo (NIERO et al., 2010). O alcaloide da beladona (Atropa belladonna)
atropina que atua em problemas oculares, antiespasmódico, sedativo e anti-
hipertensivo (GURIB-FAKIM, 2006; GRAGG; NEWMAM, 2009).
Considerado como um detentor de uma das maiores biodiversidades do
planeta e fonte de substâncias biologicamente ativas, o Brasil vem despertando o
interesse de laboratórios de pesquisas farmacêuticas. Por este fato, a pesquisa e a
descoberta de novos fármacos, além de propiciar o avanço da pesquisa básica
multidisciplinar, contribui também para o desenvolvimento tecnológico nacional,
levando em consideração que muito pouco da flora brasileira é explorada como uma
fonte de substâncias de interesse farmacológico (BARREIRO; BOLZANI, 2009).
O mercado farmacêutico destaca-se dentro da cadeia produtiva, devido a
implantação de muitas empresas inovadoras, capazes de incorporar aos seus
produtos os principais avanços das ciências biomédicas, biológicas e químicas se
destacando como uma das mais rentáveis em escala global. O mercado de
fitoterápicos vem movimentando mundialmente cerca de US$ 21,7 bilhões,
representando cerca de 15% do capital da indústria farmacêutica mundial, e avança
em direção ao tratamento de diversas doenças (NIERO, 2009).
Portanto, é imenso o desafio das Universidades e/ou Centros de Pesquisas,
do Governo e das Indústrias Farmacêuticas nacionais no sentido de transformar o
patrimônio natural em riqueza de compostos bioativos para medicina, gerando
matéria-prima para o desenvolvimento de novos medicamentos capazes de
combater as mais diversas doenças que afligem os seres humanos (MALHEIROS et
al., 2010).
3.2 Doenças infecciosas - A busca por novos antimicrobianos
Dentre as doenças que afligem a sociedade, destacam-se as de caráter
infeccioso que vem aumentando no mundo em um ritmo acelerado, algumas destas
ressurgindo como emergentes. Vários são os fatores relacionados com essa
27
incidência, tais como viagens e comércio (especialmente alimentos), novas práticas
agrícolas, comportamento sexual alterado, intervenções médicas e uso excessivo de
antimicrobianos. Em países subdesenvolvidos e em desenvolvimento as doenças
infecciosas são responsáveis por mais de 25% de todas as mortes (MIMS et al.,
2005).
As substâncias antibióticas representam talvez o maior avanço na
farmacoterapia, entretanto o uso indiscriminado destes antimicrobianos tem
provocado uma série de desequilíbrios e resistência microbiana, fazendo com que
se busquem novos antimicrobianos que sejam eficazes. A falta de efetividade da
terapia antimicrobiana pode estar relacionada a fatores como: escolha inapropriada
ou não especificidade do fármaco escolhido, idade e estado imunitário do paciente, e
não adesão ao tratamento, além da falta de conhecimento adequado dos conceitos
de farmacocinética e farmacodinâmica de cada fármaco na escolha terapêutica, bem
como falta de orientação ao paciente (ROSSI; ANDREAZZI, 2005; ANTUNES et al.,
2006).
Há um aumento significativo na frequência do isolamento de bactérias que
eram reconhecidamente sensíveis aos fármacos usados na clínica, mas que se
apresentam agora resistentes a todos ou quase todos os fármacos disponíveis no
mercado, como ocorre com várias bactérias multirresistentes. Muitas linhagens
multirresistentes de Staphylococcus aureus - MRSA (Methicillin Resistant
Staphylococcus aureus), por exemplo, reconhecido patógeno associado à infecção
hospitalar ou adquirida na comunidade, já eram sensíveis apenas ao tratamento com
vancomicina, mostrando-se resistentes aos aminoglicosídeos, β-lactâmicos,
macrolídeos, tetraciclinas, quinolonas e outros quimioterápicos (SALYERS;
CUEVAS, 1997, CHARTONE-SOUZA,1998 apud FERRONATTO et al., 2007;
COIMBRA et al., 2012).
O problema da resistência tornou-se mais grave devido às dificuldades para
a descoberta e o lançamento de novos antimicrobianos no mercado. Na busca de
novos antimicrobianos deve-se enfatizar aqueles de origem vegetal, uma vez que o
Brasil apresenta a maior biodiversidade do planeta e que muitas plantas já vêm
sendo vastamente usadas e testadas há centenas de anos com as mais diversas
finalidades por populações do mundo inteiro (SALYERS; CUEVAS, 1997,
CHARTONE-SOUZA,1998 apud FERRONATTO et al., 2007).
28
Tanto o surgimento de doenças infecciosas emergentes quanto o problema
da resistência microbiana tem impulsionado a pesquisa de novos agentes
antimicrobianos (MIMS et al., 2005).
As propriedades antimicrobianas de diversas plantas medicinais têm sido
reconhecidas empiricamente durante séculos, mas foram cientificamente
confirmadas apenas nas ultimas décadas (DUARTE, 2006). Dentre os produtos
oriundos do metabolismo secundário das plantas de maior interesse com atividade
antimicrobiana estão os terpenoides (monoterpenos, sesquiterpenos, diterpenos e
saponinas) (SALEEN et al., 2010).
Algumas provas científicas do potencial antimicrobiano das plantas
medicinais podem ser evidenciadas através de estudos conduzidos com o óleo
essencial de Cymbopogom citratus (DC) Stapf, utilizado na medicina popular contra
gripes, disenteria, dores de cabeça, calmante, antiespasmódico e antimicrobiano,
revelou a presença dos compostos mirceno, neral e gerania como principais
compostos (PEREIRA et al., 2004).
A planta Ocimum gratissimum L. amplamente distribuída na região tropical, é
usada na medicina popular em infecção do trato respiratório superior,
pneumonia,tosse, febre e conjuntivites. Estudos conduzidos com o óleo essencial
demonstram que o mesmo possui os seguintes compostos: 1,8 cineol,eugenol, metil-
eugenol, timol, p-cimeno, cis-ocimenoe cis-cariofileno, e em diferentes
concentrações inibiu crescimento de Staphylococcus aureus, Shigella flexneri,
Salmonella enteritidis, Escherichia coli, Klebsiella sp., Proteus mirabilis e
Pseudomonas aeruginosa. Pesquisas realizados com Salvia officinalis, L. também
usada como erva medicinal, mostraram que seu óleo essencial possui atividade
antibacteriana e antifúngica devida à presença da substância 1,8-cineol (PEREIRA
et al., 2004).
Os óleos essenciais obtidos de plantas nativas de Baccharis dracunculifolia
e Baccharis uncinella, também conhecido como óleo-de-vassoura, são utilizados na
indústria de perfumaria, proporcionando um aroma exótico a diversos perfumes,
além de muitos estudos sobre atividades biológicas dessas espécies destacam os
efeitos alelopáticos, antioxidante, antimicrobianos, citotóxicos e anti-inflamatórios
(FERRONATTO et al., 2007).
29
3.3 Óleos Essenciais
Os óleos essenciais são originados do metabolismo secundário das plantas e
possuem composição química complexa, destacando-se a presença de terpenos e
fenilpropanoides. Constituem os elementos voláteis contidos em muitos órgãos
vegetais e, estão relacionados com diversas funções necessárias à sobrevivência
vegetal, exercendo papel fundamental na defesa contra micro-organismos
(OLIVEIRA et al., 2005).
De acordo com Leite (2009) os óleos essenciais são compostos aromáticos,
geralmente voláteis, retirados dos vegetais, onde são encontrados pré-formados ou
na forma combinada. Também podem ser chamados de óleos voláteis, óleos
etéreos ou essências. Essas denominações derivam de algumas de suas
características físico-químicas, como por exemplo, a de serem geralmente líquidos
de aparência oleosa à temperatura ambiente, advindo, daí, a designação de óleo.
Entretanto, sua principal característica é a volatilidade, diferindo-se, assim, dos óleos
fixos, misturas de substâncias lipídicas, obtidos geralmente de sementes. São
solúveis em solventes orgânicos apolares, como o éter, e em água apresentam
solubilidade limitada, mas suficiente para aromatizar as soluções aquosas, que são
denominadas hidrolatos.
Segundo Simões et al., (2010), outras características podem ser destacadas
como: sabor, geralmente acre (ácido) e picante; cor, quando recentemente extraídos
são geralmente incolores ou ligeiramente amarelados; estabilidade, em geral, os
óleos voláteis não são muito estáveis, principalmente na presença de ar, luz, calor,
umidade e metais. Seus constituintes variam desde hidrocarbonetos terpênicos,
alcoóis simples e terpênicos, aldeídos, cetonas, fenóis, ésteres, éteres, óxidos,
peróxidos, furanos, ácidos orgânicos, lactonas, cumarinas, até compostos com
enxofre.
Na natureza, os óleos essenciais desempenham um papel importante na
proteção das plantas como antibacterianos, antivirais, antifúngicos,
inseticidas e também contra herbívoros, reduzindo seu apetite por essas plantas.
Podem exercer atração por alguns insetos favorecendo a dispersão de pólens e
sementes, ou repelir outros indesejáveis (BAKKALI et al., 2008).
Muitas plantas são utilizadas como uma alternativa terapêutica pela
atividade antimicrobiana comumente associada aos seus óleos essenciais, sendo
30
promissora também a utilização como aditivos alimentares, para retardar a
deterioração dos alimentos ou para evitar o crescimento de patógenos alimentares e
micro-organismos resistentes aos antibióticos. Embora seja menos investigada, a
utilização dos óleos essenciais para o tratamento de parasitoses vem adquirindo
maior importância. Os óleos essenciais podem ser eficazes no tratamento ou
prevenção de doenças parasitárias, visto que, possuem propriedades como baixa
densidade e rápida difusão através das membranas celulares em decorrência da sua
lipossolubilidade podem melhorar a inserção intracelular dos componentes ativos do
óleo essencial nos parasita (BURT, 2004; SILVA et al., 2010; SIQUEIRA et al.,
2011).
Os óleos essenciais são caracterizados por apresentarem doisoutrês
principaiscomponentes emconcentrações elevadas(20-70%) em comparação com
outroscomponentes presentes. Por exemplo,carvacrol(30%) e timol (27%) são os
principais componentes do óleo essencial do orégano. Linalol (68%) do óleo
essencialdo coentro, mentol (59%) e mentona (19%)do óleo de hortelã-
pimenta.Geralmente, estesprincipais componentes determinam aspropriedades
biológicas dos óleos essenciais (BAKKALI et al., 2008).
Atualmente, os óleos essenciais são empregados na indústria alimentícia,
farmacêutica, de cosméticos e produtos domissanitários. É estimado que cerca de
3000 óleos essenciais sejam conhecidos, dos quais aproximadamente 300 são
comercialmente importantes, destinados, principalmente, para o mercado de
fragrâncias. Os óleos essenciais apresentam inúmeras atividades farmacológicas
como: atividade antimicrobiana, antiviral, inibição da enzima acetilcolinesterase,
ação antioxidante, anti-inflamatória, antinociceptiva, anticancerígena, além de atuar
no sistema nervoso central com atividade depressora, antidepressiva e
anticonvulsivante. Alguns possuem ainda atividade anti-helmíntica e antiparasitária
(HENRIQUES et al., 2007; NIERO; MALHEIROS, 2010).
No Brasil, a produção de óleo essencial teve início ao final da segunda
década do século XX, tendo como base o puro extrativismo de essências nativas,
principalmente da árvore do Pau-Rosa (Aniba rosaeodora). Durante a Segunda
Guerra Mundial, o país passou a organizar a atividade, consolidando-a basicamente
para o atendimento do mercado externo. Tem um lugar de destaque na produção de
óleos essenciais, ao lado da Índia, China e Indonésia, que são considerados os 4
31
grandes produtores mundiais. A posição do Brasil deve-se aos óleos cítricos, que
são subprodutos da indústria de sucos (BIZZO, et al.,2009).
3.3.1 Métodos de extração de óleos essenciais
Os métodos de extração de óleos essenciais variam conforme a localização
do óleo volátil na planta (caules, folhas, cascas, frutos, inflorescências), e como
proposta de utilização do mesmo (SIMÕES et al., 2010).
Dentre as técnicas de extração mais comumente usadas esta a enfloração,
um método que consiste na utilização de material vegetal fresco, como folhas e
flores que tenham baixo teor de óleos essencial e que são extremamente delicados,
a ponto de não poderem ser usados outros métodos mais práticos, como o arraste
por vapor d’água. A parte vegetal é disposta, a temperatura ambiente, sobre uma
camada de gordura, durante certo período de tempo. Em seguida, a parte vegetal
esgotada é substituída por novas até a saturação total, quando a gordura é tratada
com álcool, este por sua vez é destilado a baixa temperatura (SIMÕES et al., 2010).
A destilação por arraste por vapor d’água é o método mais comum de
extração de óleos essenciais. Os óleos voláteis possuem tensão de vapor mais
elevada que a da água, sendo, por isso, arrastados pelo vapor d’água, saindo no
alto do destilador, e a seguir passam por um resfriamento, com o uso de uma
serpentina que está em contato com um líquido (água) de temperatura mais baixa,
provendo a condensação da água e do óleo. Pode-se ver a diferença de duas fases,
óleo e água, que são então separados por decantação. O destilador de óleos
essenciais do tipo Clevenger é o mais utilizado em pequena escala, por fornecer
bons resultados, mas tem limitações por ser de vidro e operar com pequenos
volumes, inviabilizando a extração de quantidades maiores e também em tempos
mais longos (BRAGA; CREMASCO, 2003).
Outra maneira de obtenção de óleos essenciais é a extração com solventes
orgânicos. São extraídos, preferencialmente, com solventes orgânicos apolares
(éter, éter de petróleo ou diclorometano) que, entretanto, extraem outros compostos
lipofílicos, além dos óleos voláteis. Por isso, os produtos assim obtidos raramente
possuem valor comercial (SILVA et al., 2010).
32
Na prensagem ou expressão das frutas cítricas extraem-se os óleos e o
suco. Depois, são efetuadas a centrifugação, a decantação ou a destilação
fracionada, para separar o óleo essencial puro (LEITE, 2009).
Já na extração por CO2 supercrítico a parte vegetal é colocada em um taque,
onde é injetado dióxido de carbono supercrítico, processo que ocorre a uma extrema
pressão de 200 atmosferas e temperaturas superiores a 31ºC. Nesta pressão o CO2
atinge o que seria um quarto estado físico, no qual a sua viscosidade é semelhante
à de um gás, mas a sua capacidade de solubilidade é elevada como se fosse um
líquido. Após a extração, a pressão diminui e o gás carbônico volta ao estado
gasoso, não deixando qualquer resíduo de solvente (MAUL, 1998).
Dados experimentais demonstram que o rendimento e a composição do óleo
essencial de plantas medicinais podem ser influenciados por fatores, como: parte da
planta utilizada para extração do óleo, idade da planta, época de colheita e
condições ambientais (SCHEFFER, 1998).
Existem diversos métodos, que variam dependendo da matéria prima a ser
utilizada e da receita oriunda da extração. Dados científicos encontrados com
relação ao processo de obtenção do óleo de eucalipto indicam que o método mais
comum trata-se da extração por destilação, através do processo de arraste a vapor.
O rendimento desse processo varia muito conforme a espécie de planta utilizada,
podendo ocorrer perdas nas propriedades sensoriais devido às altas temperaturas,
sendo um método geralmente usado para folhas e ervas (VITTI; BRITO, 2003).
O método de extração por arraste a vapor d’água, embora seja um método
clássico, é preferencialmente utilizado em estudos científicos para obtenção de óleo
tanto de material vegetal tanto fresco quanto seco (SIMÕES et al., 2010).
3.3.2 Métodos de caracterização de óleos essenciais
A cromatografia em camada delgada (CCD) é um método bastante usado na
análise de óleos, já que permite obter várias informações sobre um óleo volátil em
um curto espaço de tempo, com pouca amostra (menos de 1 mL) e com baixo custo.
O perfil cromatográfico em CCD é característico para cada óleo e permite, em muitos
casos, uma confirmação da identidade de um óleo e até a detecção de falsificações.
Geralmente são usadas placas de sílica gel como fase fixa e, como fase móvel,
33
existe uma grande variedade de sistemas de solventes. A detecção é feita,
inicialmente, sob luz ultravioleta e depois a placa é revelada com um regente
adequado para cada caso, com o objetivo de facilitar a visualização dos
componentes do óleo (COSTA NETO, 2004).
A cromatografia gasosa (CG) é uma das técnicas analíticas mais utilizadas.
Além de possuir um alto poder de resolução, é muito atrativa devido à possibilidade
de detecção em escala de nano a picogramas (10–9 - 10-12g). A grande limitação
deste método é a necessidade de que a amostra seja volátil ou estável
termicamente, embora amostras não voláteis ou instáveis possam ser derivadas
quimicamente (DEGANE, 1998).
A cromatografia gasosa acoplada à espectro de massas (CG-EM) é um
método de escolha para separar e quantificar substâncias componentes voláteis.
Apesar de seu alto poder de diferenciação, é um método muito simples de usar.
Como os óleos são suficientemente voláteis, a amostra é solubilizada em solventes
como hexano, antes de ser injetada no cromatógrafo. A identificação dos compostos
individuais pode ser realizada através da comparação do tempo de retenção relativo
da amostra com padrões. O índice de Kovats (IK), por sua vez, relaciona o tempo de
retenção dos compostos ao tempo de retenção de uma série de hidrocarbonetos
homólogos (SIMÕES et al., 2010).
A cromatografia líquida de alta eficiência (CLAE ou HPLC – High
Performance Liquid Chromatography) é um método de análise que vem sendo
empregado na avaliação qualitativa e quantitativa de óleos voláteis desde a década
de 70 (SIMÕES et al., 2010). É uma das técnicas mais atuais em termos de
caracterização, detecção e subsequente separação, bem como controle final da
pureza do composto isolado.
A CLAE baseia-se na utilização de coluna contendo um suporte e uma fase
estacionária (sílica gel ou alumina) que oferece resistência ao fluxo da fase móvel,
portanto, fazendo-se necessária a utilização de pressão, distinguindo-se assim das
demais técnicas cromatográficas que utilizam a força gravitacional para a separação
dos compostos (MARASCHIN; VERPOORT, 2001; COLLINS et al., 2006). Dentre as
vantagens que esse sistema oferece pode-se citar: a possibilidade de separação de
compostos em baixas concentrações na planta, no extrato ou no próprio óleo
essencial, tempo curto de análise, fase móvel e estacionária com ampla faixa de
polaridade, esta que pode trazer seletividade ao processo de separação, podendo
34
também ser ajustada, além da decomposição de compostos instáveis na amostra
(MALHEIROS et al., 2010).
A ressonância magnética nuclear (RMN) é um método muito usado na
elucidação estrutural de compostos orgânicos, detectados pelas técnicas
supracitadas. Geralmente, é aplicada para substâncias puras, mas óleos voláteis
podem também ser analisados diretamente, após diluição em clorofórmio deuterado
(cerca de 20mg do óleo volátil em 3 ml de clorofórmio deuterado). É recomendável
que para este tipo de análise, utilize um aparelho de RMN de pelo menos 300 MHz
para melhor resolução dos compostos presentes nos óleos essenciais (BRUICE,
2006).
Para se estabelecer a constituição química de uma molécula é necessário o
conjunto de dados estruturais fornecidos pela técnica de RMN. O RMN de 1H
fornece o deslocamento químico dos vários tipos de hidrogênios presentes na
molécula; já a RMN de 13C fornece informações sobre os carbonos existentes
(DELLE MONACHE, 2001; ABAD et al., 2007).
3.4 Família Piperaceae e Gênero Piper
A família Piperaceae caracteriza-se como uma das mais primitivas entre as
angiospermas, em nosso país e é representada por quatro gêneros: Zippelia, Piper,
Piperomia e Manekia, dentre estes o gênero Piper é aquele com o maior número de
representantes (BARROSO, 1978; PARMAR et al., 1997; SANTOS et al., 2012).
O gênero Piper é o mais importante da família Piperaceae com ampla
distribuição nas regiões temperadas de ambos os hemisférios. No Brasil podem ser
encontradas de Norte a Sul do país (ALVES et al., 2010).Diversas espécies do
gênero Piper são amplamente utilizadas na medicina popular em várias partes do
mundo e têm sido relatadas por produzirem compostos com propriedades biológicas
e farmacológicas diversas (SANTOS et al., 2012).
Uma das características da Piper é possuírem um sabor forte e um cheiro
aromático. O gênero fornece a nossa culinária uma lista de especiarias,
principalmente temperos picantes, como também vem se destacando pelos
fármacos. Os mais importantes são as pimentas branca e preta preparadas a partir
de frutos de Piper nigrum (SENGUPTA; RAY, 1987; PARMAR et al., 1998).
35
A maioria das espécies são de crescimento rápido, apresentam-se como
arbustos, são plantas aromáticas e muitos delasapresentam atividade anti-séptica,
inseticida e antimicrobiana (GUERRINE et al., 2009).
Esta família caracteriza-se por apresentar em sua composição uma
variedade de metabólitos secundários, tais com alcaloides, flavonoides,
isobutilamidas, fenilpropanoides, terpenos, entre outros (CORREA et al., 2011).
Devido à sua grande importância econômica, ecológica e medicinal muitas
destas espécies têm sido utilizadas na alimentação e na medicina popular para o
tratamento de muitas patologias, entre as quais estão, antimicrobiana
(antibacteriana, antifúngica e no tratamento de feridas), problemas do trato
respiratório (asma, bronquite e tosse), do aparelho digestivo (dores abdominais,
diarreias, carminativas), anti-inflamatória (reumatismos) e antileucêmica
(BENEVIDES et al., 1999).
Embora, tenha-se evidências científicas das indicações terapêuticas, e do
grande potencial biológico da família Piperaceae, até 2004, apenas 10% das
espécies de Piper foram estudadas (LORENZI; MATOS, 2002; SANTOS et al.,
2012).
3.4.1 Gênero Piper - Composição química e atividade biológica dos óleos
essenciais.
Os óleos essenciais destas plantas são constituídos por uma ampla
diversidade de constituintes químicos como monoterpenos, sesquiterpenos,
arilpropanoides, aldeídos, cetonas e álcoois de cadeia longa (ALMEIDA et al., 2010).
Das propriedades biológicas investigadas, os óleos essenciais deste gênero têm
sido sistematicamente submetidos a ensaios de toxicidade contra diversos micro-
organismos de natureza bacteriana, fúngica e protozoária (SANTOS et al., 2012).
Muitos são os estudos realizados com o gênero Piper que visam à
investigação química, bem como a atividade biológica dos seus constituintes. A
análise por CG/EM dos óleos essenciais das folhas de Piper aduncum, P. arboreum,
P. caldense e P. tuberculatum, revelou a presença de dilapiol (46,7%),
biciclogermacreno, (17,3%), γ-Muuroleno (9,6%) e 2-epi-β-Funebreno (10,6%), como
constituintes principais destas espécies, respectivamente. Os óleos das espécies
avaliadas foram tóxicos para o ácaro Tetranychus urticae, conhecido como ácaro
36
rajado. Entre os óleos testados, o ácaro rajado foi mais susceptível aos óleos de P.
aduncum na concentração letal média de 0,01 μL/L de ar e P. tuberculatum na
concentração letal média de 0,50 μL/L de ar. A menor concentração entre os óleos,
que promoveu uma redução significativa do número de ovos foi 3x10-3μL/L de ar
para P. aduncum (ARAÚJO, 2011).
Outro estudo realizou uma comparação da composição química de três
espécies do gênero Piper, P. arboreum, P. dilatatum e P. hispidum, oriundas da
Mata Atlântica de Paraty – RJ e das matas do cerrado do Distrito Federal. As três
espécies do cerrado apresentaram predominância de sesquiterpenos. P. arboreum
apresentou como constituintes majoritários biciclogermacreno (12,1%), 10-epi-γ-
eudesmol (11,6%) e óxido de cariofileno (10,1%). Em P. dilatatum os constituintes
em maior quantidade foram cis-β-ocimeno (19,6%) e β-cariofileno (11,3%) e em P.
hispidum foram β-pineno (19,7%), α-pineno (9,0%) (POTZERNHEIM et al., 2005).
O estudo conduzido com espécie vegetal a P.aduncum que ocorre nas áreas
desmatadas da Amazônia brasileira, revelou a presença do composto dilapiol (35-
90%), um derivado de fenilpropano. Este óleo é responsável pela atividade biológica
fungicida contra Clinipellis perniciosa (vassoura) pela inibiçãode seusbasidiósporos,
em concentrações que variaram de 0,6 a1,0 ppm. Este mesmo óleo foi testado para
lavar e insetos adultos de Anopheles marajoarae Aedes aegypti, apresentando
atividade larvicida e inseticida (ALMEIDA et al., 2010).
Outras análises realizadas com o óleo essencial de P. aducum mostraram
atividade inibitória para o protozoário Artemisia absinthium, bem como para as
formas trofozoítas Trichomonas vaginalis. Os óleos extraídos das espécies P.
auritum e Pinuscaribaea, foram investigados contra as formas promastigotas de
Leishmania donovanie também para as formas trofozoítasdeT. vaginalis, sendo
ativos somente contra L.donovani (SARIEGO et al., 2008).
Os óleos essenciais defolhas, caules e inflorescências de Pipermarginatum,
colhidos na Mata Atlântica no estado de Pernambuco, foram obtidos por
hidrodestilação. As análises de GC-EM revelaram a presença de 40 componentes,
estando os compostos (Z) ou (E)-asarona e álcool patchoul, presentes nas folhas,
caules e inflorescências. O óleo essencial das inflorescências apresentaram
atividade potente contra as larvas do mosquito de Aedes aegypti (AUSTRAN et al.,
2009).
37
Os óleos essenciais obtidos por hidrodestilação das folhas e espigas de P.
gaudichaudianum H.B.K. da Costa Rica foram analisados por CG-FID, GC-EM e
RMN ¹³C.A análise do óleo obtido através das folhas desta espécie mostrou a
presença de sesquiterpenos, especialmente β-cariofileno e D-germacreno, assim
como a presença de fenilpropanoides. O óleo volátil mostrou picos de
monoterpenos, sendo β-pineno encontrado em maior quantidade (MUNDINA et al.,
2001).
O óleo essencial de P. gaudichaudianum, foi submetido também à análise de
atividade citotóxica, efeitos mutagênicos e genotóxicos em células V79. Os principais
componentes, o (E)-nerolidol (22,4%), humuleno-(16,5%), (E)-cariofileno (8,9%) e
biciclogermacreno (7,4%), apresentaram um efeito citotóxico dose-dependente para
células V79 e observou-se uma diminuição significativa na sobrevivência em
0,50µg/mL e superiores (PÉRES et al., 2009).
O óleo induziu um aumento significativo na frequência
de células micronucleadas a 4,6 e 10 µg/mL. Além disso, mostrou um significativo
aumento de peroxidação lipídica em doses de 0,5 µg/mL, sugerindo assim, que o
potencial oxidante pode ser responsável, pelo menos em parte, pelos seus efeitos
citotóxicos e genotóxicos (PÉRESetal., 2009).
A composição química do óleo essencial de P. jacquemontanum e
P.variabilenativas da Guatemala, foram analisadas. A análise do óleo essencial de
P. jacquemontanum mostrou a presença de 36 constituintes, sendo cânfora (69,4%),
canfeno (16,6%) e limoneno (13,9%) como maiores componentes (CRUZ et al.,
2011).
O óleo essencial da espécie P. claussenianum mostrou atividade inibitória
para doença Leishimaniose, causada pelo protozoário Leishmania amazonenses. O
efeito inibitório foi de 62,2%, mostrando assim, um interessante valor potencialdesta
plantasobre esta doença negligenciada, podendo ser fontede um novo
produtonatural para o tratamento da mesma (MARQUES et al., 2011).
Óleos essenciais de P. aduncum L. e P. hispidinervum C.DC. foram avaliados
quanto ao efeito inseticida em Sitophilus zeamais Motsch. por ação de contato,
fumigação e tópica, onde este foi mais suscetível ao efeito de contato do óleo de P.
hispidinervum em relação ao de P. aduncum, obtendo-se uma concentração letal
média (CL50) de 0,51 e 2,87mL/cm-2 de óleo, respectivamente. Mortalidade próxima
a 100% foi obtida nas concentrações de 20 e 30% do óleo de P. hispidinervum.
38
Quanto ao efeito fumigante, a susceptibilidade foi maior no óleo de P. aduncum do
que no de P. hispidinervum. Houve diferença significativa entre os óleos somente
nas concentrações de 0,1 e 1,0 mL/cm2(ESTRELA et al., 2006 ).
A dose letal média (DL50) foi semelhante nos dois óleos essenciais por
aplicação tópica, no entanto, a mortalidade foi maior com P. aduncum. Óleos
essenciais de P. aduncum e P. hispidinervum possuem efeito inseticida em S.
zeamais, mas as respostas dependem da concentração e do método de exposição a
que o inseto seja submetido (ESTRELA et al., 2006).
O potencial de toxicidade dos extratos, compostos e óleos essenciais da
Piper sp foi determinado através do ensaio com um pequeno crustáceo, Artemia
salina, onde foi considerado citotóxico em concentrações inferiores a 1000 µg/mL, e
com a bactéria Staphylococcus aureus e com o fungo Saccharomyces cerevisiae,.
No ensaio bioautográfico realizado contra S. aureus foram encontrados zonas de
inibição nos extratos de Piper sp, P. amplum, P. aduncum e P. cernuum,
demonstrando níveis significativos de atividade antimicrobiana (MULLER, 2011).
Os extratos de Piper sp e das espécies do gênero Piper citadas
anteriormente, apresentaram atividade significativa contra bactérias gram-positivas,
sendo elas Streptococcus pyogenes, S. epidermides, S. saprophyticus e Bacillus
subtilis (MULLER, 2011).
A composição química, bem como, a atividade biológica dos óleos
essenciais de diferentes espécies do gênero Piper podem ser observadas a seguir
nas tabelas 1, 2 e 3.
39
Tabela 1 - Composição química do óleo essencial de diferentes espécies do gênero Piper e atividade biológica.
Espécie Compostos/Porcentagem Atividade Biológica Referência
P. tubercalatum Dilapiol (46,7%), Biciclogeracreno (17,3%), γ-Muuroleno (9,6%), 2-epi-β-Funebreno (10,6%)
Toxicidade para o ácaro Tetranychus urticae. ARAÚJO, 2011.
P. caldense Dilapiol (46,7%), Biciclogeracreno (17,3%), γ-Muuroleno (9,6%), 2-epi-β-Funebreno (10,6%)
Toxicidade para o ácaro Tetranychus urticae. ARAÚJO, 2011.
P. arboreum Dilapiol (46,7%), Biciclogeracreno (17,3%), γ-Muuroleno (9,6%), 2-epi-β-Funebreno (10,6%), 10-epi-γ-eudesmol (11,6%), Óxido de cariofileno (10,1%)
Toxicidade para o ácaro Tetranychus urticae. ARAÚJO, 2011, POTZERNHEIM et al., 2005.
P. dilatatum cis-β-Ocimeno (19,6%), β-Cariofileno(11,3%)
Não avaliada. POTZERNHEIM et al., 2005.
P. hispidum β-Pineno (19,7%), α-Pineno (9,0%)
Não avaliada. POTZERNHEIM et al., 2005.
P. aduncum Dilapiol(35-90%), (E)-Nerolidol (20,3%), Linalol (13,3%) Atividade fungicida contra o fungo Clinipelli sperniciosa; Larvicida e inseticida contra Anopheles marajoara e Aedes aegypti; Atividade inibitória para o protozoário Artemisia absinthiume para as formas trofozoítas Trichomonas vaginalis.
ALMEIDA, et al., 2010; SARIEGO et al., 2008.
P. marginatum (Z) ou (E)-Asarona, Álcool patchoul Potente atividade contra as larvas do mosquito de Aedes aegypti.
AUSTRAN et al., 2008.
P. gaudichaudianum β-Cariofileno, D-Germacreno, β-Pineno, (E)-Nerolidol (22,4%), Humuleno-(16,5%), (E)-Cariofileno (8,9%),Biciclogermacreno (7,4%)
Atividade citotóxica, efeitos mutagênicos e genotóxicos em células V79.
MUNDINA et al., 2001, PÉRES et al., 2009.
P. variabile Cânfora (69,4%), Canfeno (16,6%), Limoneno (13,9%)
Não avaliada. CRUZ et al., 2011.
P. jacquemontanum Cânfora (69,4%), Canfeno (16,6%), Limoneno (13,9%)
Não avaliada. CRUZ et al., 2011.
P. claussenianum Todo óleo
Atividade inibitória para protozoário Leishmania
amazonense.
MARQUES et al., 2011.
40
Tabela 2 - Compostos majoritários (%) comuns às espécies de Piper e Pothomorphe analisados por CG e CG/EM (MESQUITA et al., 2005).
P.
aduncum
P.
amalago
P.
arboreum
P.
cernuum
P.
hispidum
P.
regnellii
P.
submarginalum
Pothomorphe
umbellata
P.
viscosanum
α-Pineno 3,2 9,3 1,1 4,1 4,6 v 28,2 v 5,1
Linalol 8,7 6,2 0,6 0,3 0,6 v - - v
Piperitona 7,0 - 0,4 - - - - - 3,4
E-Cariofileno 6,7 17,8 4,6 1,9 5,2 2,1 - 12,6 1,4
α-Selineno 2,3 - 1,4 V - - - 2,0 3,2
Delta-cadineno 3,1 - 3,4 0,3 1,3 - - 2,0 2,2
E-Nerolidol 14,2 - 2,7 0,6 1,2 - 19,8 7,0 -
Espatulenol 4,3 2,1 2,6 0,7 7,0 3,2 10,9 4,3 0,3
Óxido de cariofileno 2,6 18,0 15,2 0,4 6,4 1,4 - 4,9 0,4
Germacreno D 0,5 10,9 0,9 9,0 6,9 7,3 - 8,6 v
Biciclogermacreno - 16,4 4,7 - 5,0 - - 10,1 -
Elenol - 0,5 - 7,2 2,4 0,1 - 0,5 -
β-Eudesmol - 3,4 1,3 4,1 3,1 - - - -
Trans-Dihidroagarofurano - - 5,6 22,4 7,4 - - - -
Ledol - - 3,4 - - 2,5 - - -
10-Epi-γ-eudesmol - - 16,8 2,2 - - 2,2 -
β-Selineno 1,4 - 8,7 - - 7,3 - - -
Limoneno 2,0 1,1 4,9 0,3 5,8 v - v 45,5
β-Pineno 1,8 0,3 0,2 2,1 14,0 0,1 11,9 0,1 0,2
41
Tabela 3 - Porcentagem dos constituintes majoritários do óleo essencial das folhas de Piper
malacophyllum (SANTOS et al., 2012).
Constituintes Concentração(%)
(média ± DP)
α-Pineno 5,0 ± 2,1
Canfeno 20,8 ± 0,8
β-Pineno 1,2 ± 0,2
β-Mirceno 1,2 ± 0,3
Limoneno 1,8 ± 0,2
Eucaliptol 0,2 ± 0,0
Cânfora 32,8 ± 0,7
Borneol 1,1 ± 0,5
α-Terpineol 0,5 ± 0,0
Acetato de bornila 1,1 ± 0,2
α-Copaeno 0,7 ± 0,6
β-Elemeno 1,6 ± 0,4
α-Gurjuneno 0,2 ± 0,0
β-Selineno 0,4 ± 0,3
α-Cariofileno 2,9 ± 0,4
β-Selineno 2,2 ± 0,3
α-Muuroleno 1,1 ± 0,2
Amorfeno 0,5 ± 0,0
trans-calameneno 0,9 ± 0,2
α-Cadineno 0,5 ±0,1
E-Nerolidol 9,1 ± 0,6
Espatulenol 0,5 ± 0,1
Ledol 0,4 ± 0,0
Cadinol 0,5 ± 0,2
α-Eudesmol 1,3 ± 0,2
TOTAL
96,0
42
43
4 METODOLOGIA
4.1 Materiais
4.1.1 Material vegetal
As partes aéreas (caules e folhas) de Piper sp foram coletadas no município
de Blumenau no estado de Santa Catarina, em março de 2010 e uma segunda
coleta em fevereiro de 2012.
Uma exsicata desta espécie foi preparada e encontra-se no Herbário
Barbosa Rodrigues para a devida classificação da espécie.
Figura 1 - Partes aéreas (caules e folhas) de Piper sp.
4.1.2 Materiais e reagentes
O perfil cromatográfico dos extratos, frações, compostos puros e óleos
essenciais foram observados por Cromatografia em Camada Delgada (CCD)
realizada com placas de sílica gel 60 GF 254, com 20 µm de espessura dispostas
44
sobre folhas de alumínio. Primeiramente as substâncias foram analisadas na placa
por lâmpada ultravioleta (UV) e posteriormente as mesmas foram borrifadas com o
revelador químico anisaldeído sulfúrico, específico para revelação dos grupos
químicos esteroides e/ou terpenoides.
Nas Cromatografias em Coluna Clássica (CC), fez-se o uso de sílica gel
(0,063 – 0,200 mesh) como suporte. O diâmetro e a altura das colunas variavam de
acordo com a quantidade de material vegetal adsorvido. As eluições foram
realizadas com solventes orgânicos de pureza analítica com polaridade crescente,
foram eles hexano (Hex), acetato de etila (AcOEt) e acetona (Act), além destes
foram utilizados para atividade cotidianas outros solventes como metanol (MeOH),
etanol (EtOH) e diclorometano (DCM), provenientes dos laboratórios Vetec, Quimex
e Dinâmica.
Para as análises de RMN de 1H e RMN de 13C foi utilizada acetona
deuterada (pureza 99,8% + 0,05% TMS) procedente da Cambridge Isotope
Laboratories Inc.
Na caracterização dos óleos essenciais por CG-EM utilizou-se o Hélio como
gás carreador (0,8 ml/min); temperatura do injetor: 260ºC e interface: 250ºC, Split:
1:20, no seguinte programa de temperatura: 70-260°C (70-20ºC até 210ºC; 8ºC/min
até 250ºC e 10ºC/min até 260ºC).
Todos os reagentes, solventes e demais suportes cromatográficos utilizados
para a purificação dos compostos foram adquiridos da Vetec ou Quimex com
recursos de projetos de pesquisa realizados pela Universidade do vale do Itajaí -
UNIVALI.
4.1.3 Equipamentos
Os extratos foram concentrados para obtenção do resíduo seco em
evaporador rotatório TECNAL TEC-221 com controle de temperatura.
Para a observação da fluorescência dos compostos analisados por CCD, foi
utilizada a radiação ultravioleta Minerallight (λ = 254 e 366 nm).
Os espectros de RMN de 1H e RMN de 13C foram obtidos em espectrômetro
BRUKER AC-300F 300 MHz, tendo como referência interna tetrametilsilano (TMS)
ou o próprio solvente para o aparelho presente na Univali, sendo a interpretação dos
dados auxiliada pela técnica de Dept.
45
Para obtenção dos óleos essenciais utilizou-se a técnica de extração por
arraste a vapor d’água com o auxílio do aparato Clevenger.
Nas análises cromatográficas realizadas por CLAE, utilizou-se um
cromatógrafo líquido da marca Waters®, equipado com uma bomba 600, detector de
varredura de espectro ao ultravioleta por arranjo de fotodiodos (Diodo Array) e injetor
automático com volume de injeção de 20mL. O software Empower (versão Pro) foi
utilizado para registrar os cromatogramas e medir as áreas dos picos. Todos os
solventes utilizados foram de grau HLPC.
A separação dos constituintes ativos foi executada através de CLAE em uma
coluna de fase reversa C18, (250 X 4,6mmX5mm) da marca Phenomenex® Luna,
acoplada a uma pré-coluna C18 na temperatura de 30oC.
A caracterização dos óleos essenciais, extrato etanólico e partições líquido-
líquido, ocorreupor cromatografia gasosa acoplada a espectrômetro de massas (CG-
EM Shimadzu, QP2010 S) com coluna capilar Rtx-Wax (30 m x 0.25 mm X 0.25mm).
4.2 Métodos
4.2.1 Obtenção do extrato de Piper sp
As partes aéreas (caules e folhas) da planta Piper sp coletadas em março de
2010, foram submetidas a secagem por 5 dias. Após a secagem as folhas e os
caules foram moídos separadamente obtendo-se 41,98 g e 90,00 g,
respectivamente.
Os caules e as folhas da planta passaram por um processo de maceração
por cinco dias utilizando-se etanol (EtOH) como líquido extrator. Os extratos,
separadamente, foram submetidos à concentração utilizando-se o evaporador
rotatório na temperatura máxima de 50 oC obtendo-se 6,71 g de extrato etanólico
dos caules (EPC) e 7,29 g de extrato das folhas (EPF).
4.2.2 Purificação dos extratos das partes aéreas de Piper sp - Caules e Folhas
O extrato etanólico dos caules de Piper sp (6,71 g) foi submetido à
cromatografia em coluna (CC1), utilizando-se como fase estacionária sílica gel 60.
Iniciou-se a eluição com hexano 100% com aumento gradativo de polaridade com
46
adição de acetato de etila. Ao longo do procedimento, a coluna cromatográfica
totalizou 58 frações que foram monitoradas através de CCD e reunidas pela
similaridade do perfil cromatográfico.
Considerando que a fração 17-25 proveniente da CC1, apresentou um bom
perfil cromatográfico e rendimento, esta foi submetida à purificação. A fração 17-25
(220,5 mg) foi submetida a uma nova coluna cromatográfica (CC2). Utilizou-se como
fase estacionária sílica gel e como fase móvel Hex:AcOEt, com polaridade
crescente, conforme mostra a figura 2.
Ao longo do procedimento, foram coletadas 117 frações que foram
monitoradas através de CCD. Foram reunidas as frações que apresentaram o
mesmo comportamento cromatográfico. A fração 40-43 apresentou-se como um
cristal incolor que quando analisado por CCD apresentou um perfil de pureza,
comprovada pela presença de uma única mancha na cromatoplaca, sendo assim,
este previamente identificado como HFC1, foi submetido à análise espectral por
RMN 1H e 13C.
Figura 2 - Fluxograma dos procedimentos cromatográficos realizados com os caules de
Piper sp.
O extrato etanólico das folhas da Piper sp (7,29g) foi submetido também à
purificação utilizando-se como fase estacionária sílica gel 60 e como fase móvel
Hex:AcOEt com aumento gradativo da polaridade. A coluna CC1, como mostra a
COLUNAS - CAULES
Piper sp
CC1
Extrato EtOH
6,71 g
CC2
Fr 17 - 25
220,5 mg
47
figura 3, totalizou 299 frações que foram monitoradas por CCD e reveladas com
anisaldeído sulfúrico. As frações que apresentaram comportamento cromatográfico
semelhante foram reunidas e pesadas. Foi possível observar a formação de cristais
nas frações 101-109, 110-117 e 130-159.
A fração 130-159 (50,5 mg), proveniente da coluna do extrato das folhas de
Piper sp por apresentar um perfil cromatográfico interessante com formação de
cristais foi submetida a uma coluna cromatográfica, esta que foi identificada como
CC2, como mostra a figura 3. Utilizou-se como fase estacionária sílica gel 60 e com
fase móvel Hex:Act com aumento gradativo da polaridade. Ao total foram obtidas 83
frações monitoradas por CCD, com fase móvel Hex:Act, que através do
comportamento cromatográfico variou em Hex:Act 90:10, 80:20 e 70:30. A fração 19
apresentou-se como um cristal incolor e puro, por este fato a mesma, previamente
identificada como HFC2 foi submetida a técnicas de espectrometria por RMN 1H e
13C.
A fração 101-109 (191,1 mg), obtida da coluna do extrato etanólico das
folhas de Piper sp - CC1, foi submetida a uma coluna cromatográfica. Utilizou-se
como fase estacionária sílica gel e com fase móvel Hex:AcOEt com aumento
gradativo da polaridade. A coluna denominada C3 totalizou 53 frações que foram
monitoradas por CCD, eluídas com fase móvel Hex:Act 70:30, e reveladas
anisaldeído sulfúrico. As frações que apresentaram um comportamento
cromatográfico semelhante foram reunidas e pesadas.
A fração 15-18 (511,3 mg), proveniente da coluna realizada com a fração
130-159 – CC2, foi submetida a uma coluna cromatográfica. Utilizou-se como fase
estacionária sílica gel e como fase móvel Hex:AcOEt, com polaridade crescente. Ao
longo do procedimento, a coluna CC4 totalizou 69 frações que foram monitoradas
através de CCD, eluídas com fase móvel Hex:Act 70:30, e reveladas anisaldeído
sulfúrico. As frações 7-13, 31-35 e 36-41 apresentaram um interessante perfil
cromatográfico quando avaliadas por CCD, sendo assim estas foram submetidas à
análise espectral por RMN 1H e 13C.
Através da fração 167-177(122,2 mg), proveniente da coluna cromatográfica
do extrato etanólico das folhas de Piper sp – CC1, realizou-se uma coluna
cromatográfica. Utilizou-se com fase estacionária sílica gel e como fase móvel
Hex:AcOEt, com aumento gradativo de polaridade. A coluna CC5 totalizou 97
frações que foram monitoradas por CCD, eluídas com fase móvel Hex:AcOEt 70:30,
48
e reveladas anisaldeído sulfúrico. As frações que apresentaram um comportamento
cromatográfico semelhante foram reunidas e pesadas.
A fração 185-199 (975,1 mg) oriunda coluna inicial do extrato das folhas de
Piper sp– CC1,foi submetida a uma coluna cromatográfica. Utilizou-se com fase
estacionária sílica gel e como fase móvel Hex:AcOEt, com aumento gradativo de
polaridade. A coluna CC6 totalizou 132 frações que foram monitoradas por CCD,
eluídas com fase móvel Hex:AcOEt 70:30, e reveladas anisaldeído sulfúrico. As
frações que apresentaram um comportamento cromatográfico semelhante foram
reunidas e pesadas.
Com a fração 118-129 (223,3 mg) também proveniente da coluna inicial do
extrato das folhas de Piper sp– CC1,realizou-se uma coluna cromatográfica, onde
utilizou-se como fase estacionária sílica gel e como fase móvel Hex:AcOEt, com
aumento gradativo de polaridade. A coluna CC7 totalizou 101 frações que foram
monitoradas por CCD, eluídas com fase móvel Hex:AcOEt 70:30, e reveladas
anisaldeído sulfúrico. As frações que apresentaram um comportamento
cromatográfico semelhante foram reunidas e pesadas, conforme mostra a figura 3.
Figura 3 - Fluxograma dos procedimentos cromatográficos realizados com as folhas de
Piper sp.
COLUNAS - FOLHAS - Piper sp
Extrato EtOH
7,29g
CC1
CC3
Fr 101 - 109
CC7
Fr 118 - 129
CC2
Fr 130 - 159
CC4
Fr 15 - 18
CC5
Fr 167 - 177
CC6
Fr 185 - 199
49
Devido à semelhança entre os perfis cromatográficos de ambos os extratos,
optou-se por realizar uma coluna cromatográfica com maior quantidade de planta
seca, agregando caules e folhas em um único extrato. Obteve-se 12,07 g de extrato
etanólico, que foi ressuspendido em acetona e empreguinado em sílica gel.
Preparou-se uma coluna cromatográfica – CC8 usando como fase
estacionária sílica gel e como fase móvel Hex:AcOEtcom aumento gradual da
polaridade.
Foram coletadas 203 frações que foram submetidas à CCD. Esta análise
possibilitou avaliar o perfil cromatográfico de cada fração, ou seja, a separação dos
compostos presentes nos extrato, sendo reunidas aquelas com o mesmo perfil.
Realizou-se também uma coluna cromatográfica com a fração 9-16 (700 mg)
oriunda coluna inicial dos extratos de caules e folhas esta que totalizou 40 frações
que foram monitoradas por CCD e reunidas conforme semelhança de perfil
cromatográfico.
4.2.3 Análise por CLAE – Cromatografia Líquida de Alta Eficiência
Para as análises realizadas por CLAE, foram pesadas exatamente cerca de
0,5mg de cada extrato etanólico dos caules e folhas, os quais foram diluídos em
1mL de metanol grau HPLC. Em seguida as soluções foram filtradas com membrana
de PTFE modificada de 0,45 μm e colocadas em viais para posteriores análises por
CLAE.
O procedimento foi realizado em uma coluna de fase reversa C18, (250 X 4,6
mm X 5mm) da marca Phenomenex® Luna, acoplada a uma pré-coluna C18 na
temperatura de 30oC, utilizou-se como fases móveis a água ultra pura acidificada
com ácido fosfórico (Merck®) e o solvente metanol grau HPLC (Tedia®). As fases
móveis foram filtradas à vácuo com membrana de celulose regenerada 47 mm de
diâmetro e 0,45 µm de porosidade (RC-L58 Schleicher e Schuell) e degaseificados
em ultrasom (UltraSonic Cleaner Unique® USC 1400) por sonicação sob vácuo
(Bomba de Vácuo Tecnal TE® – 058).
Inicialmente trabalhou-se com metanol/água acidificada com ácido fosfórico
a pH 3,45, porém as fases móveis foram variadas em diferentes proporções a fim de
avaliar a melhor combinação de solventes com a fase móvel.
50
4.2.4 Obtenção dos óleos essenciais
As folhas secas foramtrituradas com o auxílio de um triturador de plantas e em
seguida devidamente pesada, obtendo-se 107,51 g. A obtenção do óleo essencial
ocorreu por arraste a vapor com o auxílio do aparelho Clevenger, por quatro horas.
4.2.4.1 Partição Líquido-Líquido – Piper sp
Ao témino da obtenção do óleo essencial, a água destilada utilizada no balão
de destilação (hidrolato) foi filtrada em funil de vidro e filtro de papel, 100 mL deste
líquido foi submetido à partição líquido-líquido com solventes de diferentes
polaridades.
Os solventes utilizados para extração foram diclorometano e acetato de etila.
A extração inciou com a adição 100 mL de DCM ao hidrolato presente no funil de
separação, este foi agitado e a fração de DCM coletada em um recipiente. A fração
aquosa (hidrolato) retornou ao funil de separação onde o procedimento foi repetido
por mais duas vezes, totalizando 300 mL da fração de DCM. Para a obtenção da
fração de ActOEt, a extração ocorreu da mesma maneira.
Às frações obtidas neste procedimento foi adicionado sulfato de sódio
anidro, para retirada total de água, em seguida estas foram filtradas com papel filtro
e funil de vidro e concentradas em rota-evaporador na temperatura máxima de 50 ºC
até obtenção de resíduo seco.
4.2.5 Análise do óleo essencial por CG/EM
O óleo essecial das folhas secas Piper spfoi analisado por cromatografia
gasosa acoplada a espectrômetro de massas(CG/EM Shimadzu, QP2010 S) com
coluna capilar Rtx-Wax (30 m X 0,25 mm X 0,25mm). Utilizou-se o Hélio como gás
carreador (0,8 mL/min); temperatura do injetor: 260ºC e interface: 250ºC, Split: 1:20,
no seguinte programa de temperatura: 70-60°C (70-20ºC até 210ºC; 8ºC/min até
250ºC e 10ºC/min até 260ºC).
A identificação da composição química do óleo essencial foi realizada pela
comparação dos espectros de massas obtidos com os dadosda biblioteca disponível
no aparelho (versão NIST 8.0).
51
4.2.6 Atividade antimicrobiana – Bioautografia
O óleos essenciais de Piper sp assim como as frações obtidas das partições
realizadas através do hidrolato da extração dos óleos essenciais, foram submetidos
a análise da atividade antimicrobiana com a cepa de Staphylococcus aureus, por
bioautografia.
Para a realização da bioautografia preparou-se placas cromatográficas com
as amostras. Os óleo essencias foram aplicados diretamente na cromatoplaca (2 µL)
e a fase móvel escolhida para eluição foi hexano:acetato de etila (7:3). As frações
foram pesadas separadamente (2 mg), solubilidados em acetona (0,5 mL) e foram
aplicados nas cromatoplacas (10 µL) e eluidos também com Hex:AcOEt (7:3). Após
a eluição a placa foi devidamente seca, para que assim não restasse solventes na
mesma.
Para realização da bioautografia utilizou-se como meio de cultura o ágar
Mueller-Hilton. As cromatoplacas foram depositadas em placas de petri, onde
posteriormente foram vertidos o meio de cultura fundido e arrefecido, adicionado de
uma suspensão bacteriana de S. aureus 106 células/mL, que após solidificação
foram incubados em estufa a 37 ºC por 24 horas.
Após a incubação, para melhorar a visualização dos resultados, foi borrifado
sobre as placas uma solução aquosa de cloreto de 2,3,5 – trifenil-tetrazólio (TCC), (2
mg/mL) e incubados novamente a 37 ºC por mais 4 horas.
O critério utilizado para interpretação dos resultados foi o aparecimento de
zonas claras em torno das substâncias aplicadas na CCD, indicando a respectiva
atividade antimicrobiana (HAMBURGER; CORDELL, 1987).
52
53
5 RESULTADOS E DISCUSSÃO
5.1 Extração e Purificação
O método escolhido para a extração dos metabólitos secundários dos caules
e folhas de Piper sp foi a maceração, por utilizar solvente a frio, impedindo assim,
que estes metabólitos se decomponham. Este procedimento teve a duração de sete
dias, onde as partes aéreas (caules e folhas) foram armazenadas ao abrigo da luz
solar. A extração foi realizada utilizando etanol como líquido extrator, um solvente
que apresenta uma polaridade alta possibilitando a extração tanto de compostos
apolares quanto os mais polares que estão presentes nos caules e folhas de Piper
sp.
Para o preparo do extrato etanólico das folhas, partiu-se de 41,98 g de
material vegetal seco e obteve-se 7,29 g de extrato, indicando assim um rendimento
de 17,37%. Na preparação do extrato dos caules partiu-se de 90,00 g de material
vegetal seco e obteve-se 6,71 g de extrato, indicando assim um rendimento de
7,46%, conforme mostrado na figura 4. As folhas apresentaram um maior
rendimento em relação aos caules. Isto pode ser explicado pela rigidez dos tecidos
que compõe cada uma das partes, os caules por serem mais rígidos dificulta a
penetração do solvente nas células.
Figura 4 - Fluxograma dos rendimentos obtidos através da maceração das partes aéreas
(Caules e Folhas) de Piper sp.
54
Os extratos etanólicos das folhas e dos caules de Piper sp foram submetidos
a cromatografia líquida de alta eficiência com o objetivo de analisar seus perfis
cromatográficos, bem com analisar similaridade entre as substâncias presentes nos
extratos.
Nos cromatogramas dos extratos de folhas e caules no comprimento de
onda de 335 nm, foi possível observar uma boa separação e semelhança no perfil
cromatográfico dos dois extratos analisados. Dois compostos majoritários foram
encontrados em ambos os extratos, com tempos de retenção de aproximadamente
10 e 14 minutos, como mostram as figuras 5 e 6, representando 43,63% e 56,37%,
respectivamente de proporção em relação as suas áreas.Para os dois compostos
majoritários percebe-se que o comprimento de onda de 285nm pode ser utilizado
também para sua análise.
Figura 5 - a) Cromatograma do extrato etanólico das folhas de Piper sp em 335nm. b)
Cromatograma do extrato etanólico dos caules de Piper sp em 335nm.
a)
b)
AU
0,00
0,02
0,04
0,06
Minutes
0,00 5,00 10,00 15,00 20,00 25,00 30,00 35,00 40,00 45,00 50,00 55,00 60,00 65,00 70,00
AU
0,000
0,010
0,020
0,030
Minutes
0,00 10,00 20,00 30,00 40,00 50,00 60,00 70,00
55
Figura 6 - a) Cromatograma do extrato etanólico das folhas de Piper sp em 285nm. b)
Cromatograma do extrato etanólico dos caules de Piper sp e 285nm.
a)
b)
Apesar dos perfis cromatográficos dos extratos de folhas e caules serem
semelhantes, optou-se neste trabalho por fracionar os extratos separadamente.
Os procedimentos realizados com as folhas e os caules possibilitaram o
isolamento dos compostos majoritários presentes na planta, denominados
inicialmente de HFC1 (59,0 mg) e HFC2 (147,0 mg). Posteriormente visando o
isolamento de uma maior quantidade dos compostos presentes em ambos os
extratos e pela semelhança cromatográfica dos mesmos, optou-se realizar uma
coluna agregando folhas e caules. Deste procedimento foram isolados novamente
os dois compostos majoritários identificados como HFC1 (88,40 mg) e HFC2 (179,50
mg), como mostram as figuras 7 e 8.
AU
0,00
0,02
0,04
0,06
Minutes
0,00 5,00 10,00 15,00 20,00 25,00 30,00 35,00 40,00 45,00 50,00 55,00 60,00 65,00 70,00
10,5
17
13,4
39
26,6
84
48,0
45
AU
0,000
0,010
0,020
0,030
0,040
Minutes
0,00 10,00 20,00 30,00 40,00 50,00 60,00 70,00
10,5
15
13,4
37
43,7
78
56
Figura 7 – Fluxograma da obtenção dos compostos HFC1 e HFC2 a partir das folhas de
Piper sp.
Figura 8 - Fluxograma da obtenção dos compostos HFC1 e HFC2 a partir dos extratos de
caules e folhas de Piper sp.
COLUNAS - FOLHAS - Piper sp
Extrato EtOH - 7,29g
CC1
CC3
Fr 101 - 109
Fr 19
Composto HFC1
Rendimento: 0,80%
CC7
Fr 118 - 129
CC2
Fr 130 - 159
CC4
Fr 15 - 18
Fr 31 - 35
Composto HFC2
Rendimento:
2,01%
CC5
Fr 167 - 177
CC6
Fr 185 - 199
57
5.1.1 Identificação do composto HFC1
O composto HFC1(147,5 mg) foi isolado da coluna CC3 (figura 7) e
posteriormente da coluna CC8 (figura 8), realizada com o extrato etanólico de folhas
e caules da Piper sp. Este composto apresentou-se como um cristal incolor. No
cromatograma apresentado na figura 9, pode-se observar que ele está puro.
Através do perfil no UV, observado na figura 9, é possível observar bandas
de absorção em 235 e 306 nm, referentes a transições de grupos cromóforos
conjugados.
Figura 9 - Cromatograma e perfil de absorbância no UV do composto HFC1 – 285nm.
O composto HFC1 foi avaliado por Ressonância Magnética Nuclear de
Hidrogênio (RMN-1H), de Carbono 13 (RMN-13C/Dept), conforme apresentado nas
figuras 11, 12 e 13. Os dados obtidos através desta análise foram comparados com
a literatura, e foram coincidentes com o butanolídeo 4,6-dimetoxi-5-Z-
fenilbutenolídeo, isolado da planta Piper malacophyllum, como mostra a figura 10.
Figura 10 - Estrutura do composto do composto 4,6-dimetóxi-5-Z-fenilbutenolideo (HFC1).
OCH3
O
O
H3CO
234
56
7
8
9
10
11
12
58
Os dados de RMN de 1H e RMN de 13C do composto HFC1 foram
comparados com os dados do composto 4,6-dimetoxi-5-Z-fenilbutenolídeo, conforme
mostra a tabela 1. No espectro de RMN de 1H, apresentado na figura 11, é possível
verificar a presença de sinais referentes a hidrogênios aromáticos pelo
deslocamento químico entre δ 7,43 a 7,75 ppm (m), referentes aos hidrogênios
ligados aos carbonos 8, 9, 10,11 e 12. Observa-se também dois sinais de
hidrogênios (s) pertencente à metoxilas ligadas aos carbonos 4 e 6, pelos
deslocamentos químicos em δ 3,63 a δ 4,05 ppm (s). O deslocamento químico em δ
5,50 ppm (s), refere-se ao hidrogênio ligado ao carbono 3, como mostrado na figura
11.
No espectro de RMN de 13C, como mostra a figura12 é possível observar um
sinal em δ 171,6, referente ao carbono 4 e outro sinal em δ 168,2 ppm ao carbono
2, indicando assim, a presença de carbonila. Na região deδ128,0 a 130,1 ppm pode-
se observar a presença de carbono sp², olefínicos pertencentes ao anel aromático,
são eles os carbonos 8, 9, 10, 11 e 12. Em δ 88,8 ppm observa-se um sinal
referente ao carbono 3, que encontra-se desblindado devido a densidade eletrônica
que existe próximo a ele. Em δ 80,0 e 60,1 ppm carbonos pertencentes a metoxilas,
como pode ser evidenciado com os dados da tabela 1, bem como a estrutura do
composto 4,6-dimetoxi-5-E-fenilbutenolídeo, mostrada na figura 10.
No espectro de 13C/Dept, como mostra a figura 13, é possível observar que
não há a presença de carbonos do tipo CH2, pelo fato deste espectro não apresentar
sinais negativos. Na região entre δ 128,0 a 136,0 ppm pode-se observar a presença
de carbono sp², pertencentes a anéis aromáticos. Entre δ 59,9 e 60,0 ppm
encontram-se os carbonos pertencentes as metoxilas, ou seja carbonos do tipo CH3,
identificados pela presença de sinais positivos.
59
Figura 11- Espectro de RMN-1H (300 MHz, Acetona D6) do HFC1.
Figura 12 - Espectro de RMN-13C (75,5 MHz, Acetona D6) do HFC1.
60
Figura 13 - Espectro de RMN-13C/DEPT (75,5 MHz, Acetona D6) do HFC1.
61
Tabela 4 - Valores de deslocamentos químicos de RMN 1H e 13C para o composto HFC1 e
dados da literatura para o composto1 (4,6-dimetóxi-5-Z-fenilbutenolideo).
Posição
*RMN-1H δ(ppm),
mult, J (500 MHz)
CD3COCD3 1
RMN-1H δ(ppm), mult, J (
(300 MHz) Act
HFC 1
*RMN-13C δ(ppm),
mult, J (125 MHz)
CD3COCD3 1
RMN-13C δ(ppm), mult, J
(75,5 MHz) Act
HFC 1
2 - - 167,8 (C) 168,2 (C)
3 5,27 (s) 5,27 (s) 87,5 (CH) 88,8 (CH)
4 - - 170,8 (C) 171,6 (C)
5 - - 129,0 (C) 128,9 (C)
6 - - 144,0 (C) 144,6 (C)
7 - - 130,7 (C) 131,1 (C)
8 7,73 (m) 7,73 (m) 130,1 (CH) 130,1 (CH)
9 7,43 (m) 7,42 (m) 128,0 (CH) 128,7 (CH)
10 7,73 (m) 7,40 (m) 130,0 (CH) 130,0 (CH)
11 7,45 (m) 7,39 (m) 128,0 (CH) 128,5 (CH)
12 7,73 (m) 7,68 (m) 130,1 (CH) 130,0 (CH)
4- OCH3 3,99 (s) 3,98 (s) 58,9 (CH3) 80,0(CH3)
6- OCH3 3,65 (s) 3,63 (s) 58,8 (CH3) 60,1(CH3)
*LAGO et al., 2005.
5.1.2 Identificação do composto HFC2
O composto HFC2 (88,4 mg)foi isolado da coluna CC4 (figura 7) e
posteriormente da coluna CC8 (figura 8), realizada com o extrato etanólico de folhas
e caules da Piper sp. Este composto apresentou-se como um cristal incolor. No
cromatograma apresentado na figura 14, apresenta-se puro.
Este composto apresenta bandas de absorção em 229 e 315 nm, referentes
a transições de grupos cromóforos conjugados como pode ser observado no seu
perfil no UV na figura 14, mostrando grande semelhança ao composto previamente
identificado como HFC1 e reconhecido na literatura como 4,6-dimetóxi-5-Z-
fenilbutenolideo.
62
Figura 14- Cromatograma e perfil de absorbância no UV do composto HFC2 – 285nm.
O composto HFC2 foi avaliado por Ressonância Magnética Nuclear de
Hidrogênio (RMN-1H), de Carbono 13 (RMN-13C/Dept), conforme apresentado nas
figuras 16, 17 e 18. Os dados obtidos através desta análise foram comparados com
a literatura, bem como, ao composto isolado anteriormente. Este composto também
isolado da Piper malacophyllum é majoritário no extrato da mesma, recebendo o
nome de 4,6-dimetóxi-5-E-fenilbutenolideo, sendo por sua vez um isômero do
composto 4,6-dimetóxi-5-Z-fenilbutenolideo.
Figura 15 - Estrutura do composto do composto 4,6-dimetóxi-5-E-fenilbutenolideo (HFC2).
234
56
789
10
12
H3CO
H3COO
O
11
A isomeria entre os dois compostos pode ser comprovada através de seus
dados de RMM de 1H e RMN de 13C, onde se pode observar a semelhança entre
seus deslocamentos químicos. No espectro de RMN de 1H, apresentado na figura
16, é possível verificar a presença de um único sinal referente a hidrogênios
aromáticos pelo deslocamento químico em δ 7,45 (s),hidrogênios que estão ligados
aos carbonos 8, 9, 10,11 e 12,diferenciando- se, por sua vez do composto HFC1 que
63
apresenta sinais entre δ 7,43 e 7,75 (m). Observa-se também dois sinais de H
pertencente à metoxilas ligadas aos carbonos 4 e 6, pelos deslocamentos químicos
em δ 3,65 a δ 3,66 ppm (s). O deslocamento químico em δ 5,30 ppm (s), refere-se
ao hidrogênio ligado ao carbono 3.
No espectro de RMN de 13C, como mostra a figura 17 observa-se um sinal
em δ 171,8, referente ao carbono 4 e outro sinal em δ 167,9 ppm, referente a
carbonila, este sinal aparece em δ 168,2 ppm no composto isolado anteriormente.
Na região deδ128,5 a 131,7 ppm (m)observa-se a presença de carbonos olefínicos
pertencentes ao anel aromático. Em δ 88,8 ppm observa-se um sinal referente ao
carbono 3 e em δ 59,5 e 58,9 ppm carbonos pertencentes as metoxilas,
diferenciando-se do composto HFC1 que apresenta estes sinais em δ 80,5 e 60,1
ppm.
Através do espectro de 13C/Dept mostrado na figura 18, é possível observar
que na região entre δ 128,0 a 136,0 ppm há a presença de carbono sp²,
pertencentes a anéis aromáticos identificados pela ausência de sinais negativos.
Entre δ 59,9 e 60,0 ppm encontram-se os carbonos pertencentes as metoxilas,
identificados pela presença de sinais positivos.
Os dados de RMN de 1H e RMN de 13C do composto 4,6-dimetoxi-5-E-
fenilbutenolídeo mostram grande semelhança aos dados presentes na tabela 1,
referentes ao composto 4,6-dimetoxi-5-Z-fenilbutenolídeo.
64
Figura 16 - Espectro de RMN-1H (300 MHz, Acetona D6) do HFC2.
Figura 17 - Espectro de RMN-13C (75,5 MHz, Acetona D6) do HFC2.
65
Figura 18 - Espectro de RMN-13C/DEPT (75,5 MHz, Acetona D6) do HFC2.
Os compostos 4,6-dimetóxi-5-Z-fenilbutenolideo e 4,6-dimetóxi-5-E-
fenilbutenolideo, isolados através do extrato etanólicos das folhas e caules da
Pipersp, foram isolados anteriormente no gênero Piper na espécie Piper
malacophyllum. Num estudo fitoquímico realizado por Lago et al.,(2005), estes
compostos apresentaram potente atividade antifúngica contra Cladosporium
cladosporioides e C. sphaerospermum. Esta importante e significativa atividade
associada aos butenolídeos conduziu ao desenvolvimento de metodologia analítica
baseada em eletroforese capilar para a quantificação rápida desses metabólitos em
extratos de P. malacophyllum (SANTOS et al., 2012).
5.2Obtenção do óleo essencial
A extração do óleo essencial realizada com as folhas secas de Piper
spapresentou um rendimento de 0,47%. Após a obtenção do óleo essencial, a água
66
destilada utilizada como líquido extrator foi filtrada e 100 mL deste líquido foi
submetido à partição líquido-líquido com solventes de diferentes polaridades, sendo
eles diclorometano e acetato de etila.
Através da partição realizada com 100 mL do hidrolato da extração do óleo
essencial das folhas secas, obteve-se 34,6 mg da fração de diclorometano e 42,1
mg da fração de acetado de etila.
O estudo cromatográfico realizado com os óleos essenciais das folhas secas
de Piper sp através da cromatografia gasosa acoplada a espectro de massas
(CG/EM), possibilitou a caracterização deste, onde foram identificados 36
compostos, sendo os majoritários os compostos referentes aos picos 4, 14, 16, 17 e
35, como mostra o cromatograma na figura 19.
Os espectros de massas destes compostos forma comparados com os
dados presentes na biblioteca Nist 8,0. Esta comparação possibilitou a identificação
dos compotos majoritário γ-elemeno, E-nerolidol e Espatulenol, referentes aos picos
4, 14 e 17, respectivamente. A composição química do óleo essencial da Pipersp,
através dos compostos identificados pode ser observada através da tabela 2.
Figura 19 - Cromatograma do óleo essencial de Pipersp.
67
Tabela 5 - Composição química do óleo essencial de Piper sp analisado por CG/EM.
Compostos Porcentagem (%)
Cymol 0,75
β-Elemeno 0,87
α-Bergamoteno 0,49
γ-elemeno 4,55
β-Farneseno 1,71
γ-muuroleno 2,81
Biciclogeracreno 1,93
α-Bulneseno 1,51
E-Nerolidol 24,69
Espatulenol 5,24
Delta-candinol 2,04
No espectro de massas do composto γ-elemeno, representado na figura 20,
foi possível identificar que o fragmento de peso molecular 121 g/mol representa o
pico base desta estrutura, ou seja, o pico de maior intensidade do espectro. O
fragmento de peso molecular 93 g/mol provavelmente refere-se ao íon C7H9+
característico da classe dos terpenos e sesquiterpenos, formado através da
isomerização provocada pelo aumento da conjugação, seguida por clivagem
alifática. O fragmento chamado de íon molecular refere-se ao pico que determina o
peso molecular final da estrutura deste sesquiterpeno, que neste caso é de 204
g/mol.
A intensidade dos demais fragmentos aparecem como frações do pico base.
A estrutura deste sesquiterpeno apresenta duplas ligações, estas por sua vez
favorecem a quebra alílica, dando origem ao íon carbônico alílico que é estabilizado
por ressonância. A estrutura química deste composto pode ser observada na figura
21.
68
Figura 20 - Espectro de massas do composto γ-elemeno.
Figura 21 - Estrutura química do composto γ-elemeno.
CH3
CH2
CH2
CH3
CH3
No espectro de massas do composto E-Nerolidol, representado na figura 22,
foi possível identificar que o fragmento de peso molecular 69 g/mol representa o pico
base desta estrutura. Como este composto também pertence à classe dos
sequiterpenos apresenta o fragmento de peso molecular 93 g/mol referente ao íon
C7H9+. O fragmento referente ao íon molecular é de 204 g/mol, determinando assim,
o peso molecular deste composto.
A estrutura química deste composto, assim como a do composto γ-elemeno,
apresenta duplas ligações, que favorecem a quebra alílica, dando origem ao íon
carbônico alílico.
O composto E-Nerolidol apresenta em sua estrutura química um álcool
terciário, como mostra a figura 23, o que pode ser evidenciado pela presença do
fragmento de peso molecular 31 g/mol característico da presença de hidroxila na
50.0 75.0 100.0 125.0 150.0 175.0 200.00.0
25.0
50.0
75.0
100.0
%
12193
41
107105
67 79
55
133 161
14765 18936 204
175137
69
molécula, assim com a presença dos fragmentos de peso molecular 45, 59 e 73
g/mol, este apresentados com menor intensidade no espectro.
Figura 22 - Espectro de massas do composto E-Nerolidol.
Figura 23 - Estrutura química do composto E-Nerolidol.
HO
No espectro de massas do composto Espatulenol, representado na figura
24, foi possível identificar que o fragmento de peso molecular 43 g/mol representa o
pico base desta estrutura. O fragmento chamado de íon molecular refere-se ao pico
que determina o peso molecular final da estrutura deste sesquiterpeno, que neste
caso é de 220 g/mol. A intensidade dos demais fragmentos aparecem como frações
do pico base.
50.0 75.0 100.0 125.0 150.0 175.0 200.00.0
25.0
50.0
75.0
100.0
%
69
41
93
1075581
13612195 16153
133 148 18917931 204
70
Figura 242 - Espectro de massas do composto Espatulenol.
Figura 25 - Estrutura química do composto Espatulenol.
CH3CH3
CH2
H
HOH
Os constituintes deste óleo pertencem à classe fitoquímica dos
sesquiterpenos e estes foram comparados com a composição química de outras
espécies do gênero Piper.
Com base na literatura, como mostram as tabelas 4 e 5 os constituintes
terpênicos são comuns nós óleos essenciais deste gênero assim como a classe dos
fenilpropanoides, muitos destes compostos presentes no óleo essencial de
diferentes espécies do gênero Piper apresentam atividade biológica frente a diversas
patologias, destacando a atividade inseticida, antifúngica, antiparasitária e
antibacteriana, como mostra a tabela 3. Estes compostos responsáveis pela
atividade biológica do óleo essencial das espécies do gênero Piper, encontram-se
na composição química do óleo essencial da Piper sp.
50.0 75.0 100.0 125.0 150.0 175.0 200.0 225.00.0
25.0
50.0
75.0
100.0
%
43
91 119
105
7969 10755 205159
147131
145187
65177 20636 220174
71
5.3 Atividade antimicrobiana – Bioautografia
O ensaio biautográfico foi realizado como um teste preliminar para verificar
uma possível ação antibacteriana dos óleos essenciais extraídos da espécie
Pipersp, utilizando um inóculo do micro-organismo S. aureus. Neste estudo, foi
considerado produto ativo, aquele com atividade antimicrobiana, representado pela
presença de halo de inibição de crescimento, independente de seu tamanho.
De acordo com os resultados obtidos verificou-se que o óleo essencial
extraído das folhas de Pipersp apresentaram atividade antimicrobiana, detectadas
pelo aparecimento de halo claro evidenciando inibição do crescimento do micro-
organismo, o que pode observado na figura 26.
Figura 26 - Bioautografia realizada com o óleo essencial de Piper sp.
As frações de DCM e AcOEt, obtidas através do hidrolato da extração do
óleo essencial das folhas secas de Piper sp também foram avaliados por
biautografia, entretanto, a inibição do crescimento microbiólogico não foi
significativa, não sendo evidenciado a formação de halos claros na cromatoplaca.
Devido a composição química dos óleos essenciais estudos foram
realizados com os óleos essenciais de outras espécies vegetais como o óleo de
Piper sp Fase Móvel
Hex:AcOEt 7:3
72
Baccharis dracunculifolia, o alecrim do campo, mostrou atividade inibitória sobre
crescimento microbiano contra cepas de Escherichia coli, Pseudomonas aeruginosa
e S.aureus (FERRONATO et al., 2007). Em relação aos compostos majoritários
apresentados no óleo essencial, estão β–pineno, β–mirceno, elemeno, β–cariofileno,
germacreno B, cadineno, espatulenol e cadinol (SOUSA, 2007).
Estudos realizados com o óleo essencial de camomila demonstram que este
apresenta em sua composição química os seguintes compostos, β–elemeno,
cariofileno, α–farneseno, azuleno, germacreno, espatulenol e óxido de bisabolol,
onde é possível destacar a presença dos compostos espatulenol e β–elemeno no
óleo essencial de Piper sp (ROMERO et al., 2005, ASOLINI et al., 2006).
Nogueira et al., (2008) observaram em seu estudo com óleo essencial de
camomila que não houve inibição de P. aeruginosa, no entanto, na concentração de
4% apresentou atividade inibitória sobre o crescimento de três linhagens de S.
aureus e sobre duas linhagens de Candida albicans, com halos de inibição variando
entre 10 e 12 milímetros de diâmetro. De acordo com os resultados obtidos,
verificou-se que tanto o extrato como o óleo essencial de camomila apresentaram
ação inibidora satisfatória sobre S. aureus.
Investigações anteriores realizadas com outras espécies do gênero Piper,
relatam que dentre os componetes majoritários presentes no óleo essencial da Piper
sp, os compostos Espatulenol e E-nerolidol, assim como o composto β-elemeno,
estão presentes na composição química do óleo essencial da Piper malacophylum.
O óleo essencial desta espécie, assim como outros óleos de diferentes espécies
deste gênero, tem apresentado significativa atividade contra diversos micro-
organismos, dentre eles bactérias, fungos e protozoário (SANTOS et al., 2012).
Outras espécies do gênero Piper, como a Piper tuberlacum, P. arboreum e
P. caldense, também apresentam óleos essenciais com composição química
bastante semelhante à composição do óleo de Pipersp, destacando a presença dos
compostos Biciclogermacreno e γ-muuroleno, responsáveis pela atividade tóxica
contra o ácaro Tetranychus urticae (POTZERNHEIM et al, 2005; ARAÚJO, 2011).
A Piper aduncum espécie do gênero Piper estudada pelo grupo de Pesquisa
Avaliação Biológica de Produtos Naturais e Sintéticos da UNIVALI, apresenta na
composição química do seu óleo essencial o composto E-nerolidol, sendo um dos
majoritários. Este composto, juntamente com outros diversos presentes em seu óleo
essencial desempenharam atividade antimicrobiana contra diversos micro-
73
organismos, dentre estas estão atividade fungicida contra Clinipellis pernisiosa e
inibitória para o protozoário Artemisia absinthium e para a forma trofozoita de
Trichomonas vaginalis, como mostrado na tabela 3 (ALMEIDA et al., 2010;
SARIEGO et al., 2010).
Tem sido registrado em ambito mundial um grande aumento da resistência
de bactérias, dentre elas o S. aureus.Considerando a significativa atividade inibitória
do crescimento microbiano através do óleo essencial da Pipersp, evidências
científicas da atividade antimicrobiana de diversas espécies do gênero Piper, bem
como o desequilibrio da ecologia humana e a resistência bacteriana como
consequência do uso constante de antibióticos, impulsiona-se a busca por novas
moléculas ou por fitoterápicos que possam suprimir esta deficiência (SALLEN et al.,
2010).
74
75
6 CONCLUSÃO
O estudo fitoquímico das partes aéreas (caules e folhas) de Piper sp,
possibilitou o isolamento de dois compostos denominados inicialmente de HFC1 e
HFC2. Os compostos HFC1 e HFC2 foram comparados com a literatura, através de
seus dados de RMN 1H e RMN 13C e Dept foram elucidados estruturalmente,
compreendem respectivamente aos compostos 4,6-dimetóxi-5-Z-fenilbutenolideo e
4,6-dimetóxi-5-E-fenilbutenolideo, pertencentes à classe dos butanolídeos. Os
extratos e os compostos isolados foram analisados por CLAE e apresentaram perfil
químico semelhante, sendo os majoritários do extrato de folhas e caules de Piper sp.
O estudo cromatográfico realizado com os óleos essenciais das folhas
secas de Piper sp através da cromatografia gasosa acoplada a espectro de massas
(CG/EM), possibilitou a caracterização deste, onde foram identificado 36 compostos,
sendo os majoritários γ-elemeno, E-Nerolidol e Espatulenol.
A bioautografia visou avaliar a atividade antimicrobiana dos óleos, frente a
cepa de S. aureus. foi considerado produto ativo, aquele com atividade
antimicrobiana, representado pela presença de halo de inibição de crescimento,
independente de seu tamanho. Verificou-se assim, que o óleo essencial das folhas
de Pipersp apresentaram atividade antimicrobiana, detectadas pelo aparecimento de
halo claro evidenciando inibição do crescimento do micro-organismo
Esta significativa atividade antimicrobiana deve-se ao fato da preseça de
compostos que fazem parte do óleo essencial de Piper sp exercerem atividade
inibitória do crescimento microbiano frente a diversos micro-organismos, como já
descrito na literatura. Dentre estes compostos está o E-Nerolidol, que apresenta-se
como um composto majoritário no óleo a espécie analisada, assim como elemeno
que também faz parte da composição, porém em menor quantidade.
76
77
REFERÊNCIAS
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