Introdução · 2019-01-29 · 1 Introdução A educação é, sem dúvida, um pilar fundamental da...
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Introdução
A educação é, sem dúvida, um pilar fundamental da sociedade humana. Ao longo
de toda a História, muitos foram os que compreenderam a importância de saber ler,
escrever e contar. Com o tempo, percebeu-se que a educação era muito mais que adquirir
determinadas bases, era necessário ir mais além. Nesse sentido, o acesso à educação, que
se fazia apenas em meios mais intelectuais e elitistas, vê no século XIX uma significativa
alteração de paradigma. Defende-se o seu alargamento a todos e, a partir dessa
concretização, a educação passou a estar no centro da vida das comunidades.
Verdadeiramente, ao longo do século XX, entre formas de pensamento e debate
aceso de ideias, os países membros das Nações Unidas consagraram, através da
Declaração Universal dos Direitos Humanos, nomeadamente no artigo 26º que “toda a
pessoa tem direito à educação” (ONU, 1948). A partir desse momento as políticas dos
Estados passaram a ter maior preocupação com o investimento na educação dos seus
habitantes.
Já no fim do século XX, tendo em conta as rápidas mudanças no mundo, foi
necessário reflectir sobre a educação das futuras gerações. Nesse sentido Jacques Delors
(1998) referiu que, para o século XXI:
“a educação deve organizar-se em torno de quatro aprendizagens fundamentais
que, ao longo da vida, serão de algum modo para cada indivíduo, os pilares do
conhecimento: aprender a conhecer, isto é adquirir os intrumentos da compreensão;
aprender a fazer, para poder agir sobre o meio envolvente; aprender a viver juntos, a fim
de participar e cooperar com os outros em todas as atividades humanas; finalmente
aprender a ser, via essencial que integra as três precedentes.” (p.100).
No sentido de estabelecer uma educação que respeitasse os quatro pilares
educativos para o século XXI, no espaço europeu o Conselho da Europa procurou definir
algumas competências. Essas competências estão relacionadas com os valores, atitudes,
capacidades, com o conhecimento e o espírito crítico que devem ser promovidos entre os
cidadãos europeus e cidadãos do mundo (Competences for Democratic Culture, 2016,
p.11).
Dessa forma, no documento Competences for Democratic Culture, publicado pelo
Conselho da Europa em 2016, prevê-se quanto aos valores a defesa dos direitos humanos,
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o respeito pela diversidade cultural e o exercício pleno da democracia e da igualdade de
todos perante a lei (p.12). No que diz respeito às atitudes, o mesmo documento sugere
que se deve promover a tolerância e a abertura perante as crenças e ideais do outro, o
respeito e um comportamento cívico adequado à sociedade em que alguém se insere,
devendo-se incutir a responsbilidade e a eficácia de cada um (pp.12-13). Relativamente
às capacidades propõe-se o desenvolvimento da autonomia, da capacidade de análise e
resposta, da escuta e da observação atentas, da empatia e da flexibilidade, da capacidade
cooperativa com o outro e a resolução de conflitos que possam surgir (pp.13-14). Já no
que concerne à sabedoria e ao espírito crítico, pretende-se melhorar o conhecimento de
alguém sobre si próprio, desenvolver a comunicação e contribuir para que se compreenda
melhor o mundo em que se vive (p.14).
Ora, no sentido de os Estados Europeus investirem numa educação para o século
XXI, é também necessário reformular as políticas educativas e criar as estruturas legais
que permitam nas escolas preparar os futuros cidadãos do mundo. Como refere o
documento Competences for Democratic Culture: “a culture of democracy requires, in
addition to competent citizens, suitable and political and legal structures and procedures
to support citizens exercise of their competence” (p. 17).
Nesse contexto, na democracia Portuguesa a educação tem sido vista como um
aspecto central da sociedade. De facto, as políticas educativas têm procurado concretizar
a formação de cidadãos no contexto de um mundo cada vez mais globalizado e em
constante mudança. Nos dias de hoje, as habilitações literárias são muito importantes no
desempenho profissional de cada indivíduo e, para além disso, tem-se reflectido muito
sobre formação ao longo da vida.
Para corresponder à concretização dos quatro pilares para a educação do século
XXI já referidos, o Governo Português publicou, no ano de 2017, o Perfil dos Alunos à
saída da Escolaridade Obrigatória. Nele, Guilherme d’Oliveira Martins, como
coordenador, refere o reconhecimento de uma “sociedade centrada na pessoa e na
dignidade humana” (p. 6). Este documento oficial estabelece também competências-
chave que se pretendem desenvolver ao longo dos doze anos de escolaridade previstos
pela legislação Portuguesa e recomendados pelo Conselho da Europa, como já foi
referido.
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No âmbito da realização do Mestrado em Ensino da História no 3º Ciclo do Ensino
Básico e no Ensino Secundário, fui-me debatendo com questões sobre educação e fui-as
enquadrando no panorama educacional do século XXI. Nesse sentido, e perante a
necessidade de ter um tema para trabalhar ao longo da Prática de Ensino Supervisionada
(PES) em História, foi essencial escolher algo de interesse pessoal, mas também de
pertinência científica. A escolha acabou por incidir na relação entre a escola e o museu.
Após realizar diversas leituras sobre o tema em questão, foi necessário
compreender como é que ele se poderia trabalhar no âmbito da disciplina de História.
Tracei caminhos, fiz planos e calendários. O que apresento na redacção deste Relatório
da Prática de Ensino Supervisionada é aquilo que realmente foi alcançado entre as
planificações e concretizações.
Este Relatório encontra-se estruturado em duas partes. A primeira refere-se a um
breve enquadramento teórico. Nessa parte do trabalho será apresentado o estado da
questão relativamente a alguns pensamentos e obras que há sobre a relação entre a escola
e o museu. De seguida serão caracterizadas as noções de escola, património e museu. Por
fim serão clarificadas algumas limitações e oportunidades sobre a relação entre a escola
e o museu.
Na segunda parte do Relatório será caracterizada a Prática de Ensino
Supervisionada. Num primeiro passo irá ser retratada a comunidade escolar do
Agrupamento de Escolas da Cidadela, em Cascais, onde se desenvolveu a Prática de
Ensino Supervisionada. Já num segundo momento serão analisadas algumas actividades
realizadas com as duas turmas a que tive oportunidade de leccionar, uma do 8º ano de
escolaridade do 3º Ciclo do Ensino Básico, na disciplina de História, e a outra do 11º ano
de escolaridade do Ensino Secundário, na disciplina de História A. Serão ainda retratadas
algumas iniciativas promovidas pelo Núcleo de Estágio, do qual, para além de mim,
fizeram parte o colega e amigo João Pepe Pereira e a professora Paula Sim Santos.
No fim serão apresentadas as principais conclusões deste Relatório sobre a relação
entre a escola e o museu no âmbito da disciplina de História, aplicada a duas turmas
específicas em Cascais.
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Justificação do tema
No âmbito do meio escolar, a Lei de Bases do Sistema Educativo Português, de
1986, estabelece que um dos seus princípios essenciais é:
“Contribuir para a defesa da identidade nacional e para o reforço da fidelidade à
matriz histórica de Portugal, através da consciencialização relativamente ao património
cultural do povo português, no quadro da tradição universalista europeia e da crescente
interdependência e necessária solidariedade entre todos os povos do mundo.” (artigo 3º,
al. b)
Neste contexto afirma-se como princípio da educação, em Portugal, a ligação
entre o património histórico e a escola. Surge assim, como pertinente, o tema da relação
entre a escola e o museu. Esta relação, que deve ser trabalhada em todas as áreas
disciplinares, tem um foco especial na disciplina de História. Afinal esta disciplina, mais
que qualquer outra, tem grande ligação ao museu como espaço de preservação, identidade
e memória da Humanidade e do mundo. E se na escola os alunos aprendem a estudar
História, devem também ser envolvidos na ligação com exemplos do património cultural.
De facto, a relação entre a escola e o museu permite ir ao encontro do que é
estabelecido pela legislação portuguesa, uma vez que se deve, de acordo com o Decreto-
Lei nº75 de 2008, “Integrar as escolas nas comunidades que servem e estabelecer a
interligação do ensino e das atividades económicas, sociais, culturais e científicas” (art.
3º).
No caso concreto da localidade de Cascais, os alunos do Agrupamento de Escolas
da Cidadela têm à sua disposição um vasto património cultural. Entre palácios, jardins e
instituições, há uma organização concreta, o Bairro dos Museus, que tem particular
interesse. Essa organização congrega em si vários museus e serviços culturais do
município de Cascais e tem trabalhado em rede com a direcção da Fundação D. Luís e
com o apoio da Câmara Municipal de Cascais. A relação entre a escola e o museu surge
como meio de envolver os alunos de Cascais na ligação com a sua própria História.
Aproveitando as potencialidades de um espaço cultural tão próximo da escola, justifica-
se, em parte, a escolha deste tema.
Deste modo, também é pertinente referir que há um movimento internacional que
tem defendido, desde o fim do século XX, a possibilidade de as cidades assumirem uma
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missão educadora junto dos seus habitantes. Nesse sentido, em 1990, reuniram-se
delegações de várias cidades internacionais, nomeadamente em Barcelona, para reflectir
sobre os potencialidades educadoras da cidade. Assim, as várias cidades redigiram e
aprovaram a Carta das Cidades Educadoras. Esta refere que: “O seu objectivo
permanente será o de aprender, trocar, partilhar e, por consequência, enriquecer a vida
dos seus habitantes” (1990, Preâmbulo).
Este documento foi revisto em Bolonha, no ano de 1994, e em Génova, no ano de
2004. Foi assinado e adoptado por diversas cidades Portuguesas. Nesse contexto importa
referir que o município de Cascais adoptou nas suas políticas governativas a missão
educadora da referida Carta. Por isso, trabalhar a relação entre a escola e o museu neste
local é uma oportunidade para aproveitar as potencialidades da função educativa das
cidades. Refira-se ainda que, segundo a informação disponibilizada online pela Câmara
Municipal de Cascais, ocorre, em Novembro de 2018, em Cascais, o XV Congresso das
Cidades Educadoras. Para além disso, também o município foi eleito como a Capital
Europeia da Juventude durante o ano de 2018, como se pode verificar no sítio digital do
município de Cascais.
Para além da pertinência em ter aulas nos próprios espaços museológicos de
Cascais, também é útil usufruir dos recursos que são disponibilizados pelos museus, nos
seus sítios digitais, e que por vezes passam despercebidos da comunidade escolar.
Encontramo-nos, de facto, num mundo em permanente evolução e onde as
tecnologias são uma realidade cada vez mais presente no nosso quotidiano. Também os
alunos das escolas crescem e convivem entre muitos dispositivos electrónicos. Neste
contexto a própria escola, que se tem dotado de equipamentos e de funcionários com
maior competência no âmbito dos meios informáticos, preocupa-se em envolver os alunos
no mundo das comunicações.
Por conseguinte, a disciplina de História não é excepção a esta regra e procuram-
se, portanto, novas ferramentas para rentabilizar o estudo dos acontecimentos. A relação
entre a escola e o museu surge como possibilidade de trabalhar com as novas tecnologias
no contexto da disciplina de História. Os espaços museológicos dispõem de muitos
recursos online e estes podem e devem ser utilizados no processo de ensino-aprendizagem
dos alunos.
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Assim, é pertinente trabalhar a relação entre a escola e o museu no âmbito da
disciplina de História, em Cascais, utilizando, por um lado a cultura local e, por outro, os
recursos digitais disponibilizados online pelos espaços museológicos. Isto significa poder
levar a escola ao museu, mas também trazer o museu à própria escola.
Metodologia de trabalho
Para trabalhar a relação entre a escola e o museu no âmbito da disciplina de
História a metodologia proposta abrange duas vertentes.
A primeira passa por levar os alunos aos espaços museológicos que se pretende
que estes conheçam, valorizando a importância dos edifícios, despertando para saberes e
curiosidades sobre a história do local. No entanto, mais do que isso, é importante que a
visita aos museus seja preparada pelo professor e enquadrada nos conteúdos
programáticos da disciplina de História.
Neste contexto, pretende-se que os alunos tenham aulas no próprio espaço
museológico, orientadas quer pelos técnicos dos museus visitados, quer pelo próprio
professor. Nessas visitas e aulas os alunos realizarão trabalhos para a sua avaliação, de
maneira a verificar as aprendizagens adquiridas. Este trabalho será concretizado nos
espaços próprios dos museus de Cascais, de maneira a valorizar a cultura local mas,
também, aproveitando a proximidade destes com a escola.
Já numa segunda vertente, pretende-se trabalhar a relação entre a escola e o museu
na própria sala de aula. Esta componente do trabalho tem como finalidade aproveitar os
recursos digitais dos museus a ser trabalhados entre o professor e os alunos no decurso
das aulas de História. Neste ponto o objectivo passa por incrementar os sítios digitais dos
museus como instrumento de pesquisa por parte dos alunos para a realização de trabalhos
e aprofundamento dos conteúdos programáticos. Outra maneira da referida relação ser
trabalhada na sala de aula passa por visitar espaços virtuais dos próprios museus, de
maneira a conhecer locais fora da localidade de Cascais, quer em Portugal, quer no espaço
internacional.
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Objectivos principais
Para a realização do presente trabalho foi necessário formular alguns objectivos para
concretizar a relação entre a escola e o museu no âmbito da disciplina de História.
Entre outros, estes foram os que se afirmaram mais importantes a desenvolver:
1. Caracterizar e definir escola e museu;
2. Clarificar as relações existentes entre a escola e o museu;
3. Perceber a relevância do professor como intermediário entre a comunidade escolar
e o espaço museológico;
4. Utilizar a ligação entre a escola e o museu no âmbito da disciplina de História, de
maneira a proporcionar aos alunos maneiras diferentes de aprofundar os
conteúdos programáticos;
5. Demonstrar aos alunos a importância da preservação da cultura e da memória da
Humanidade nos espaços museológicos;
6. Compreender os benefícios das aulas de História no espaço museológico;
7. Recorrer às plataformas virtuais dos museus como instrumento para melhorar a
aprendizagem dos alunos na sala de aula.
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Parte I – Breve enquadramento teórico
Estado da questão
No contexto do trabalho da relação entre a escola e o museu é fundamental
compreender algumas obras e ideias existentes relativamente ao tema em análise.
Efectivamente a nível internacional, em 1946, foi fundado o Internacional Council
for Museums (ICOM). Esta organização pretende representar os vários museus do mundo
e também os seus profissionais (Maria Feio, 2014, p. 10). Para além disso mantém, desde
o seu princípio, relações formais com a United Nations Educational, Scientific and
Cultural Organization (UNESCO) (ICOM Statutes, 2007, p. 2).
Segundo os estatutos do ICOM, de 2007, o museu é definido como:
“a non-profit, permanent institution in the service of society and its development,
open to public, which acquires, conserves, researches, communicates and exhibits the
tangible and intangible heritage of humanity and its environment for purposes of
education, study and enjoyment” (p. 2).
No sentido de concretizar a função educativa dos museus é pertinente falar dos
seus serviços educativos. Estes são responsáveis pelas matérias educativas das
instituições museológicas e são com eles que os professores comunicam e com os quais
o público estudantil interage nas mais variadas actividades. São eles que organizam
visitas a exposições para as escolas e são esses serviços que promovem ateliers e
workshops. Para além disso são, geralmente, dotados de pessoal considerado qualificado
para interagir com os estudantes das várias idades e diferentes níveis de escolaridade no
momento em que a escola visita o museu.
Importa referir que em Portugal a primeira preocupação sobre a missão educadora
do museu decorreu no ano de 1953. De facto, o Dr. João Couto formalizou no Museu
Nacional de Arte Antiga, em Lisboa, um serviço dedicado à educação, mas que só seria
tido em conta como oficial a partir de 1982 (Madalena Braz Teixeira, 1997, p. 53). Isto
evidencia como a criação dos serviços educativos e a preocupação dos museus em ter um
departamento preocupado com as matérias da educação do seu património é apenas uma
realidade do século XX.
Pôde assistir-se nos anos oitenta do século XX ao aparecimento de serviços
educativos nos vários museus portugueses, quer públicos quer privados. Como refere
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Maria Feio (2014): “Neste mesmo período, o serviço educativo foi incluído na estrutura
organizacional do museu e, onde já existia este serviço, foi reestruturado e actualizado no
sentido de responder às necessidades dos públicos” (p. 11).
Importa referir, no contexto da criação dos serviços educativos, a preocupação que
a legislação portuguesa revela durante os anos oitenta do século XX. O Decreto-Lei
nº45/80 estabelece que o domínio da acção cultural é da competência dos vários museus:
“Organizar actividades culturais por forma sistemática e regular, em colaboração com
estabelecimentos de ensino, associações culturais e profissionais e demais entidades
públicas ou privadas” (artigo 2º).
Não obstante a criação dos serviços educativos e uma preocupação em definir
parâmetros sobre a importância das visitas guiadas pelas escolas aos museus, as
potencialidades de uma relação entre um espaço e outro ficaram muito aquém do desejado
e do exigível. As relações entre a escola e o museu foram-se pautando por contactos
estabelecidos formal e institucionalmente pelos professores e pelos serviços para
marcarem visitas de estudo com os alunos, em determinado contexto. Já os serviços
educativos dos museus detinham o exclusivo da marcação e acolhimento desses visitantes
escolares, pouco interagindo em resultado de uma missão educadora pertencente a uma
instituição cultural que é o espaço museológico.
Como Sandra Silva refere na sua dissertação de mestrado, com o título Visita
Guiada: uma estratégia da educação museal, uma maior diversidade dos públicos dos
espaços museológicos levou a uma necessidade de redefinir as formações dos
funcionários dos serviços educativos. O público, inicialmente escolar, foi bastante
alargado a académicos, investigadores e turistas. É nesse sentido que também se refere
que os demais serviços dos museus e, quiçá de outras entidades fora dos espaços
museológicos, deveriam também participar na missão de educar (Sandra Silva, 2011, p.
11).
Em relação à política Portuguesa, somente no princípio do novo milénio houve
maior preocupação em criar legislação sobre o património e sobre os museus. Num
primeiro momento, foi promulgada a lei sobre o património, nomeadamente a Lei
nº107/2001, que define que: “1- Todos têm direito à fruição dos valores e bens que
integram o património cultural, como modo de desenvolvimento da personalidade através
da realização cultural” (art. 7º).
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Nesta lei reconhece-se que o património pertence a todos e deve ser utilizado como
tal. Os museus, fazendo parte desse património, também mereceram destaque na
legislação. Assim, três anos depois, publicou-se a Lei nº 47/2004. Este documento oficial
estabelece que o museu deve desenvolver programas de âmbito cultural e realizar
actividades com fins educativos, de maneira a promover o acesso das escolas ao
património cultural (Lei Quadro dos Museus Portugueses, 2004, art. 42º).
Na referente legislação, para além de os museus terem de reconhecer a
importância das políticas educativas dos seus espaços, também devem dar relevância ao
público escolar. Como se refere na Lei nº 47/2004: “A frequência do público escolar deve
ser objecto de cooperação com as escolas em que se definam actividades educativas
específicas e se estabeleçam os instrumentos de avaliação da receptividade dos alunos”
(art. 43º).
A nível de estudos sobre a relação entre a escola e o museu, em Portugal, há
algumas obras que devem ser tidas em conta como referência. Uma delas é de Maria
Gomes, de 2011, com o título A Relação Escola-Museu na Cidade de Lisboa. Na sua
dissertação de mestrado, Maria Gomes reflecte sobre a importância dos serviços
educativos dos museus na concretização da sua missão educadora. Para além disso, após
a realização de diversos inquéritos a museus e a escolas, a autora menciona que em
Portugal está estabelecida uma relação entre o espaço museológico e o espaço escolar.
Porém, diz que há muito por aprofundar nessa relação. Isso sucede na medida em que os
professores e os museólogos devem estabelecer melhor comunicação entre si, de maneira
a envolver os alunos das escolas e para melhor organização das actividades entre as
escolas e os museus. Concluiu ainda que os dois espaços têm uma missão muito
importante na educação, mas que ainda têm um longo caminho em conjunto por percorrer.
Outro estudo de importante leitura é Relação entre escolas e museus – Olhar
crítico sobre o concurso “A minha escola adopta um museu”. Esta obra de Maria Feio
apresenta uma breve história do serviço educativo dos museus em Portugal. Para além
disso debruça-se sobre a importância da relação entre a escola e o museu como uma
maneira de incentivar e aprofundar a educação artística dos alunos das escolas. Maria
Feio analisa um concurso que tinha como objectivo estabelecer a comunicação entre
determinadas escolas e museus, envolvendo estes espaços e instituições em projectos
durante um determinado tempo. A autora analisa sobretudo esta relação do ponto de vista
das disciplinas artísticas.
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Neste contexto importa ainda referir a publicação de Ângela Pinto Malheiro, A
Baixa-Chiado: Uma sala de aula dinâmica e interdisciplinar. Proposta de interacção
com o público escolar, de 2010. Nesta obra Ângela Malheiro reflecte sobre o papel da
escola no desenvolvimento do ser humano. Para além disso, refere a importância da
educação pelo património como forma de desenvolver determinadas competências entre
os alunos da comunidade escolar, quer por intermédio de uma educação para a cidadania,
quer pelo estudo de certo meio. A autora apresenta ainda uma investigação em que elegeu
a Baixa-Chiado, em Lisboa, como local para trabalhar a educação patrimonial com o 8º
ano de escolaridade do 3º ciclo do Ensino Básico. Por conseguinte propõe, na sua tese,
cerca de três itinerários culturais que podem ser explorados no espaço em questão e que,
por sua vez, implicam um trabalho de parceria interdisciplinar.
Breve caracterização do espaço escolar
A escola é uma instituição que se afirma como um pilar essencial da sociedade.
Num mundo onde se fala de aprendizagens, de competências e de metas, a escola serve
os estudantes, os professores, as famílias e as comunidades. Como se verifica nas palavras
de Manuel Meirinhos e de António Osório (2011): “As escolas são organizações ou
constructos sociais para servir a sociedade onde estão inseridas” (p. 39).
No sentido de servir a comunidade onde se inserem, as escolas têm sido
confrontadas com a necessidade de envolver no processo de ensino-aprendizagem as
pessoas das várias gerações. Isto sucede na medida em que se fala de formação ao longo
da vida. Tem sido essencial dotar todas as gerações de capacidades para o mundo das
tecnologias, para uma realidade cada vez mais globalizada e para uma sociedade que
valoriza o mundo do conhecimento. A escola assume, portanto, grande relevância. Como
se refere no relatório coordenado por Jacques Delors (1998): “Ela deve, de facto, fazer
com que cada um tome o seu destino nas mãos e contribua para o progresso da sociedade
em que vive, baseando o desenvolvimento na participação responsável dos indivíduos e
das comunidades” (p. 82).
No que diz respeito à documentação oficial portuguesa reconhece-se que a escola
pode ser encarada como comunidade escolar. Nesta comunidade, segundo o Decreto-Lei
nº75/2008, deve-se:
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“Assegurar a participação de todos os intervenientes do processo educativo,
nomeadamente dos professores, dos alunos, das famílias, das autarquias e de entidades
representativas das atividades e instituições económicas, sociais, culturais e científicas,
tendo em conta as características específicas dos vários níveis e tipologias de educação e
de ensino”.
É neste contexto, de comunidade escolar, que se pretende analisar as
potencialidades da relação entre a escola e o museu no âmbito da disciplina de História.
Caracterização do espaço museológico
Ao longo de toda a História todas as sociedades humanas deixaram o seu
contributo no mundo. Efectivamente, este contributo vasto e importantíssimo de toda a
civilização humana pode ser apelidado de património. Como Amado Mendes (2013)
defende, o conceito de património implica a herança de determinado povo. O mesmo
autor reitera que a noção de património tem variado ao longo do tempo e das gerações.
Como diz o autor:
“Ou seja, não há coincidência entre o entendimento acerca do que é o património,
por parte de um humanista do século XVI (para não remontar a civilizações anteriores),
de um iluminista do Século das Luzes, de um romântico oitocentista ou de um dos nossos
contemporâneos.” (p. 10)
O património pode ser considerado, por um lado, material ou tangível, ou seja
aquele que se pode tocar, que tem substância, que tem matéria. Dentro do património
material há ainda o que se apelida como móvel, portanto aquele que para além de se tocar,
se pode deslocar, como por exemplo um quadro. Há ainda, dentro do património material
aquele que é considerado imóvel, ou seja aquele que não se pode deslocar nem
movimentar. É exemplo disso um edifício, como um palácio, uma simples casa.
O património pode, por outro lado, ser considerado imaterial. Como Rosiane da
Silva Nunes (2011) bem define: “O Património Cultural Imaterial é o que está além do
objecto e das manifestações, é o que não é possível tocar, ver, medir, mensurar, é o
intangível” (p.94).
A nível internacional, ao longo do século XX, a UNESCO promoveu a realização
de encontros entre os diversos Estados para discutir assuntos relativos ao património de
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cada país. Em virtude de várias reuniões foi assinada, em 1972, a Convenção para a
Protecção do Património Mundial, Cultural e Natural. Este importante documento
estabelece que a protecção e salvaguarda do património é uma missão importante de todos
os Estados. Para além disso, refere que o património deve estar ligado à educação. Isto
sucede na medida em que os governos de cada país devem promover programas
educativos e informativos com o intuito de reforçar o respeito e a estima da sociedade
pelo património (Convenção de 1972, artº 27).
Ora a necessidade de proteger o património também se encontra na Declaração
de Budapeste sobre o Património Mundial. Neste documento, de 2002, houve um
compromisso internacional entre os diversos Estados, de maneira a defender o património
pelos meios da comunicação e da educação (al. e, nº 6).
Em Portugal as disposições legais relativamente ao património encontram-se
reguladas pela Lei nº107/2001. Esta, para além de definir as políticas sobre a valorização
e utilização patrimonial portuguesa, afirma que:
“1. Para os efeitos da presente lei integram o património cultural todos os bens
que, sendo testemunhos com valor de civilização ou de cultura portadores de interesse
cultural relevante, devam ser objecto de especial protecção e valorização” (Lei 107/2001,
art. 2º).
Esta legislação pretendeu organizar da melhor maneira o património português e,
acima de tudo, protegê-lo por lei.
Nesse contexto é pertinente falar de uma organização que tem sido responsável
por preservar e por comunicar o património. Esta é o museu. No entanto, o seu papel de
conservar e compreender os bens culturais da Humanidade tem sido confrontado com
outras perspectivas.
Deste modo, importa referir que o crescimento do número de museus a nível
internacional e o adquirir de uma noção de que o património a todos pertence, devendo
estar ao seu serviço, levou a uma nova concepção sobre a realidade museológica (Amado
Mendes, 2013, p. 23).
Assim surge a Nova Museologia, que se pode entender como uma forma de
pensamento que apresentou uma nova concepção do museu. Nas palavras de Amado
Mendes (2013):
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“as colecções e respectiva conservação deixaram de constituir o centro das atenções; este
deslocou-se para o visitante e para a comunidade, bem como para aquilo que eles devem
auferir das instituições museológicas que, antes de mais, devem estar ao serviço das
pessoas” (p. 23).
No contexto do novo pensamento sobre museus, a Declaração de Caracas, de
1992, também formaliza a função do museu. Este deve preservar, compreender e exibir o
património. No entanto, mais que isso, o museu deixa de ser apenas um espaço de
informação para passar a ser um meio de comunicação que pretende servir a comunidade
e integrá-la no processo cultural (Declaração de Caracas, 1992).
Como refere Steve Conn, na sua obra Do Museums still need objects? de 2010,
houve também uma necessidade de transformar os espaços físicos dos museus, “by
paying more attention to the demands made by visitors, and by changing the experiences
visitors had with objects on display” (p.15).
Nesse sentido pode-se, actualmente, olhar para os museus como “places where
people can come to explore the extent of our differences and of the things we all share;
to measure the distance, short or long, between past and present; and to contemplate the
meanings of continuity and change” (Conn, p. 19).
Na tentativa de definir o espaço museológico importa também compreender, num
mundo em constante mutação e em plena era digital, o seu novo papel.
Verdadeiramente, a ideia do museu estar fixado num espaço, em determinado
edifício, tem coexistido com a realidade do museu virtual. Tendo em conta que grande
parte da população e da actividade do mundo contemporâneo se passa online, também o
próprio acesso à cultura nos museus se transformou. Como refere Rute Muchacho, na sua
comunicação Museus virtuais: A importância da usabilidade na mediação entre o público
e o objecto museológico:
“O espaço fechado em si próprio, criado com o objectivo principal de preservar e
salvaguardar um património, está a alterar-se para ser capaz de transmitir um conceito e
de possibilitar aos diversos públicos experiências sensíveis através da interligação com o
objecto museal” (p.1541).
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De facto os museus investiram na criação de páginas virtuais, onde é possível que
os utilizadores da Internet consultem várias informações e tenham acesso a uma série de
recursos, conforme a tipologia do espaço museológico.
Neste contexto, muitos têm sido os museus que têm investido na digitalização
parcial ou íntegral dos seus objectos, criando assim catálogos online. Desta forma, os
utilizadores das plataformas digitais conseguem ter um contacto novo, diferente e
possível de ser feito em qualquer tempo e lugar com acesso à Intermet. Nas palavras de
Rute Muchacho:
“O museu virtual é essencialmente um museu sem fronteiras, capaz de criar um
diálogo virtual com o visitante, dando-lhe uma visão dinâmica, multidisciplinar e um
contacto interactivo com a colecção e com o espaço expositivo. Ao tentar representar o
real cria-se uma nova realidade, paralela e coexistente com a primeira, que deve ser vista
como uma nova visão, ou conjunto de novas visões, sobre o museu tradicional” (p.1546).
Compreende-se, assim, que o novo papel dos museus é possibilitar o contacto do
indivíduo com o património, quer no espaço físico, quer no virtual. Quer num ou noutro
o contacto do indivíduo com o objecto exposto no museu é importante e proporciona
experiências diferentes e únicas.
A relação entre a escola e o museu
A relação entre a escola e o museu tem uma potencialidade que pode contribuir
significativamente para um melhor processo de ensino-aprendizagem dos futuros
cidadãos do mundo.
Efectivamente o espaço museológico tem assumido um novo papel na História,
sobretudo em matérias de educação. Como já foi referido, a criação dos serviços
educativos dos museus permitiu a estas instituições culturais transformar os seus espaços.
No entanto, é importante compreender de que maneira a comunidade escolar se tem
correspondido com os serviços disponibilizados pelos museus. É, desse modo, importante
clarificar as relações que têm sido estabelecidas entre a escola e museu no âmbito do
processo educativo dos alunos, com as suas limitações e oportunidades, sobretudo no caso
da disciplina de História.
16
De facto, o conceito desta relação entre escola e museu implica uma parceria.
Importa, pois, referir que esta noção de parceria foi, inicialmente, aplicada à comunicação
estabelecida entre as escolas e as empresas (José Campos, 2001, p.18). Porém, nos
últimos anos do século XX:
“a construção da noção de partenariado sócio-educativo como parceria de
parceiros sociais com fins educativos tem sofrido ultimamente entre nós, com a lógica
recente da participação, da negociação e de diversificação dos actores educativos um forte
incremento levando à institucionalização de espaços de concertação e negociação” (José
Campos, 2001, p. 21).
Quer isto dizer que no fim do século passado se procurou envolver as várias
pessoas, entidades, instituições, entre outros, na construção do processo de ensino-
aprendizagem dos alunos das escolas. Desse modo, também os museus foram convocados
pelas escolas para tomar parte desse processo, surgindo então uma parceria que tem sido
cada vez mais trabalhada, mas que é necessário consolidar superando as diferenças e
reforçando as semelhanças entre um espaço e outro no que diz respeito à função
educativa.
Na sua obra Parceria escola-museu: para criação de um centro de recursos
interactivos e promoção da educação museológica, de 2001, José Campos, apresenta as
características que diferenciam os museus das escolas no seu objectivo, no seu público,
no seu programa, nas actividades e e no tempo de duração que estas têm. Desse modo,
pode constatar-se que:
Quadro 1 – Diferenças entre escola e museu
Escola Museu
Objectivo: instruir e educar Objectivo: recolher, conservar, estudar e
expor
Cliente cativo e estável Cliente livre e passageiro
Cliente estruturado em função da idade
ou da formação
Todos os grupos de idade sem distinção
de formação
Possui um programa que lhe é imposto,
pode fazer diferentes interpretações, mas
é fiel a ele
Possui exposições próprias ou itinerantes
e realiza as suas actividades pedagógicas
em função da sua colecção
17
Concebida para actividades em grupos Concebido para actividades individuais
ou pequenos grupos
Tempo – 1 ano Tempo – variável entre 1 ou 2 horas de
duração
Actividade fundada no livro e na palavra Actividade fundada no objecto
FONTE: José Campos, 2001, p.14 (adaptado).
Não obstante as diferenças entre a escola e o museu, é importante que estas sejam
superadas no contexto de uma parceria educativa.
Nesse contexto, Michel Allard, Suzzane Boucher e Lina Forest propõem no seu
artigo Museum and the School, de 1994, que uma maneira de interligar a escola e o museu
é através da educação museológica. Esta inclui a realização de visitas de estudo da escola
ao espaço físico do museu e que devem ter em conta três momentos específicos. Por
conseguinte é proposto o seguinte esquema:
Quadro 2 - A school museum process
FONTE: Michel Allard; Suzzane Boucher & Lina Forest, 1994, p. 202 (adaptado).
De acordo com José Campos, no primeiro momento, ou seja, antes da visita, devem ser
tratados com os alunos, na escola, a temática da visita ao museu (2001, p.15). Por sua
vez, durante o segundo momento previsto, deve-se:
“Durante a visita:
Favorecer a colheita de informações;
Incitar o aluno a uma participação activa;
Conferir um aspecto lúdico às actividades;
Prever momentos de relaxamento;
Reservar uma atenção especial à recepção” (José Campos, 2002, p. 16).
Before – School – Preparation – Development of questions – Integration of object
During – Museum – Completion – Data gathering and analysis – Observation of object
After – School – Follow-up – Analysis and synthesis – Appropriation of object
18
No que diz respeito ao terceiro e último momento, já depois da visita ao museu,
deve ser promovido entre os alunos uma reflexão e uma síntese crítica daquilo que se
aprendeu (José Campos, 2001, p.17).
No sentido de organizar uma visita de estudo ao espaço físico do museu, é
importante perceber também quem são os responsáveis pela organização dos três
momentos já referidos. Desse modo, refira-se o papel fundamental dos técnicos dos
museus e dos docentes.
De facto, o primeiro que estabelece o contacto entre a escola e o museu é o
professor. Este decide organizar uma visita de estudo ao museu, no sentido de despertar
a curiosidade sobre determinado assunto ou no contexto de consolidar determinado
conteúdo programático da disciplina que lecciona. Como refere Júnia Sales Pereira, no
seu artigo Sentido dos tempos na relação museu/escola: “O que fazer numa visita
educativa de 50 minutos, com 50 alunos e dois mil objectos expostos numa rede
discursiva previamente arbitrada?” (p.391).
Desta forma, num primeiro passo, o professor define os objectivos que pretende
alcançar no processo de ensino aprendizagem dos seus alunos com a realização da visita.
Posteriormente, o docente deve contactar os serviços educativos do museu para agendar
um dia e, preferencialmente, acertar a temática da visita, informando também sobre os
objectivos pretendidos. Nesta conversa é importante clarificar o número de alunos e o
respectivo ano de escolaridade a que pertencem.
Após o contacto realizado, o técnico do museu deve preparar a visita que irá
decorrer, atendendo à temática negociada entre o professor e os serviços educativos. Já o
professor deve preparar os alunos no que for necessário para que a visita tenha maior
aproveitamento. Nesse contexto, o professor deve promover questões, indicar aos alunos
o que vai ser visto e o que se pretende com a visita, sem se esquecer da elaboração dos
materiais que eventualmente os alunos tenham de utilizar no museu como, por exemplo,
as fichas que se terão de preencher, um guião com informações, entre outras actividades.
O professor deve ainda informar, por um lado os encarregados de educação dos alunos
sobre a visita, para que estes possam autorizar os seus educandos a participar e, por outro,
deve comunicar o pretendido à direcção da escola.
No que concerne ao momento da visita em concreto, o papel do professor passa
por organizar a deslocação dos seus alunos da escola até ao museu. Deve-se garantir a
19
segurança dos alunos durante a deslocação e permanência no museu, sendo importante
que tenham as autorizações dos encarregados de educação. Quando se chega ao museu, o
professor age como mediador entre os seus alunos e o técnico dos serviços educativos do
museu que deverá acolher aqueles que chegam. Já durante a visita é o técnico que tem
maior relevância. Isto sucede no contexto em que é o técnico que apresenta o espaço
museológico e é ele que dirige os alunos na visita, relacionando o espaço e articulando os
objectos expostos e os recursos do museu com a temática da actividade. No espaço de
tempo em que decorre a visita, o professor deve acompanhar os seus alunos e ajudá-los
no desenvolvimento das suas tarefas, mas também auxiliar o técnico do museu quando
necessário.
No fim da visita ao espaço museológico, o professor deve apresentar aos serviços
educativos do museu a sua opinião e, se possível a dos alunos, sobre o decurso da
actividade.
Já na escola, após a realização da visita, é o professor que volta a assumir maior
relevância. De facto, é importante que o docente promova entre os alunos o debate sobre
a forma como correu a visita e se reflicta sobre o que foi bom e sobre aquilo que é possível
melhorar. Para além disso, o professor deve analisar, em conjunto com os alunos, se os
objectivos inicialmente propostos foram alcançados. Uma maneira de isso acontecer, para
além da discussão oral, é a proposta de realização de actividades para os alunos, como o
preenchimento de uma ficha, de um questionário, a escrita de um texto criativo, entre
outras hipóteses.
Por conseguinte, compreende-se que uma visita de estudo tenha como público
principal os alunos, mas que todo o processo passe pela parceria entre o professor,
principal organizador e moderador da actividade, e os serviços educativos do museu,
cujos técnicos guiam e envolvem os alunos nos conteúdos que se pretendem despertar ou
consolidar. No entanto, professores e técnicos dos museus não devem só trabalhar em
conjunto na preparação das visitas de estudo. Segundo José Campos “não basta pô-los em
contacto. É preciso implicá-los na elaboração do programa educativo em que se alicerça
a educação museológica” (2001, p. 19). Só com esse trabalho de parceria se poderá
conseguir um melhor aproveitamento da relação entre a escola e o museu.
Já no caso da utilização do espaço virtual do museu pela escola ainda há muito
por explorar. Verdadeiramente são os técnicos dos museus que têm trabalhado para
20
construir os seus recursos digitais para todos os que queiram visitar o museu virtual. No
espaço escolar este tipo de recursos tem sido explorado pelo professor em conjunto com
os seus alunos. Podem ser importantes locais de deleite cultural, de pesquisa e recolha de
informação para determinado tipo de trabalhos individuais ou em grupo e, por parte de
alguns professores, são espaços que constituem um importante instrumento de construção
ou consolidação do conhecimento no decurso das aulas. Um exemplo de parceria neste
caso seria a possibilidade de os professores serem chamados a trabalhar em conjunto com
os técnicos dos museus na elaboração das plataformas digitais museológicas para que,
quando exploradas em aula ou pelos alunos noutros locais, tivessem maior
aproveitamento. Já os alunos também poderiam ser questionados sobre a utilização destes
recursos em aula e as suas sugestões poderiam ser pertinentes para determinados assuntos.
De facto, verifica-se que “Museums possess materials and information that can
and should be used in enriching and improving the school curriculum in various
disciplines” (Arinze, 1999, p.2). Uma dessas disciplinas é a História e importa, pois,
analisar algumas das potencialidades da utilização da relação entre a escola e o museu no
caso desta área científica.
Uma dessas oportunidades passa pelo trabalho do ensino da História em
articulação com o património histórico local. Como refere Leonor Carvalho, no seu artigo
De tempos a tempos: percursos pelo património no ensino da História:
“Compreendendo a sua Comunidade como espaço de Identidade, alicerçada numa
Memória que gera constantemente Patrimónios, o aluno poderá ter mais facilidade em
compreender-se como membro da Humanidade, que, nesse nível tão vasto, gerou também
mecanismos de preservação e apreensão de Patrimónios” (2014, p.70).
Percebe-se, desse modo, que se determinada escola trabalhar em parceria com os
museus da sua comunidade pode promover entre os alunos o apreço pelo seu meio local
mas, também, o diálogo e respeito por culturas diferentes.
Outra possibilidade de trabalhar esta relação na disciplina de História é a
construção do conhecimento histórico por parte dos alunos. De acordo com Leonor
Carvalho:
“A abordagem museológica desenvolve, de facto, uma forma própria de olhar e
interagir com os objetos, que se afigura francamente adequada a uma educação histórica
21
que se quer formadora e, por isso, deve privilegiar a interpretação, o diálogo com os
testemunhos do passado” (2006, p. 73).
Em suma, pode compreender-se que a relação entre a escola e o museu tem
algumas limitações, visto serem espaços com formas de funcionamento e organização
diferentes. No entanto têm como propósito formar e educar cidadãos do mundo, que
sabem valorizar a sua cultura e respeitar o outro. Nesse contexto de formação dos alunos,
professores e técnicos de museus são os principais agentes da relação entre a escola e o
museu e devem trabalhar como parceiros. Como Rui Miguel Rodrigues refere “tanto a
escola como o museu deverão reflectir e promover toda a riqueza e heterogeneidade
cultural e social existente, em direcção a um caminho sempre mais democrático e
inclusivo” (p.24). No caso da disciplina de História, utilizar a relação entre a escola e o
museu pode ser uma concretização desse caminho.
22
Parte II – A Prática de Ensino Supervisionada em História
Caracterização da escola
No decurso do Mestrado em Ensino da História no 3º ciclo do Ensino Básico e no
Ensino Secundário foi necessário realizar a Prática de Ensino Supervisionada. Esta
decorreu no ano lectivo de 2017/2018 na Escola Básica e Secundária da Cidadela em
Cascais.
Esta escola é sede do Agrupamento de Escolas da Cidadela. Este agrupamento foi
criado a 27 de Julho de 2012. Como se refere no Regulamento Interno do Agrupamento
de Escolas da Cidadela, de 2013:
“A definição do Território Educativo resultou da divisão da área até aí afeta
exclusivamente ao anterior agrupamento de Escolas de Cascais e estrutura-se na base no
eixo viário que passou a constituir a divisão entre os dois agrupamentos, desde a
localidade da Malveira da Serra até à zona centro de Cascais” (p.9).
A Escola Básica e Secundária da Cidadela localiza-se na vila de Cascais, distrito
de Lisboa, e fazem parte do seu município cerca de 206 429 habitantes, de acordo com os
Censos de 2011.
De facto, a escola tem ao seu dispôr importantes recursos e serviços essenciais
para um melhor funcionamento da comunidade educativa. Entre outros, a Escola Básica
e Secundária da Cidadela é dotada de uma biblioteca, de uma papelaria, de um pequeno
auditório, de uma cozinha e refeitório, de um bar para os alunos e outro para os
professores. Possui ainda equipamento informático, nomeadamente computadores e
projectores, em quase todas as salas de aula. Refira-se que há também na escola cobertura
wi-fi.
Para além disso, fazem parte desta escola turmas de 2º ciclo e 3º ciclo do Ensino
Básico e algumas de cursos enquadrados no Ensino Secundário. Dos vários cursos
disponibilizados no Ensino Secundário fazem parte os científico-humanísticos de
Ciências e Tecnologias, Ciências Sócioeconómicas e de Línguas e Humanidades. Podem
encontrar-se também algumas opções de cursos de carácter profissional.
Durante a Prática de Ensino Supervisionada nesta escola tive como orientadora
cooperante a professora Paula Sim Santos e como colega João Pepe Pereira. Juntos
constituímos o Núcleo de Estágio da Cidadela.
23
Caracterização da turma 8ºD
É importante apresentar uma breve descrição das turmas às quais leccionei aulas
durante a Prática de Ensino Supervisionada em História.
Nesse contexto a turma do 3º ciclo do Ensino Básico que tive oportunidade de
acompanhar ao longo de todo o ano lectivo, quer nas aulas assistidas, quer naquelas que
eu leccionei, foi o 8ºD.
Inicialmente esta turma era composta por 26 alunos, sendo que 10 eram raparigas
e 16 eram rapazes. De facto, esta turma passou por diversas modificações no decurso do
ano lectivo. No primeiro período de aulas entrou mais um aluno. Já no terceiro período
passaram a enquadrar a turma mais duas alunas. No fim do ano lectivo eram, portanto, 29
alunos que constituíam a turma do 8ºD.
Esta turma foi muito participativa ao longo de todo o ano e aderiu bem às
actividades que foram sendo propostas. Para além de revelarem curiosidade e interesse
pela disciplina de História, os alunos colocavam diversas questões na generalidade das
aulas. Isto permitiu construir uma relação muito dinâmica entre mim e os alunos, visto
que grande parte das aulas consistiu num diálogo orientado entre professor e alunos.
Prática de Ensino Supervisionada com a turma 8ºD
O primeiro contacto que tive com a turma 8ºD foi no fim de Setembro. Nessa
altura comecei a assistir às aulas leccionadas pela professora Paula Sim Santos. Foi para
mim importante ter tido um contacto prévio com os alunos antes de começarmos a
trabalhar em conjunto. Certamente que isso me ajudou a conhecer melhor cada pessoa e
a ter uma noção da dinâmica da turma.
A primeira aula que leccionei ao 8ºD foi no dia 7 de Novembro de 2017. Nesse
dia comecei a trabalhar com os alunos uma época de grande interesse pessoal,
nomeadamente o início da Idade Moderna. Este assunto enquadrava-se no subtema 5.2. –
Renascimento, do domínio 5 – Expansão e mudança nos séculos XV e XVI, do programa
de História.
No decurso das aulas do primeiro período em que leccionei, utilizei diversos
recursos para enriquecer a abordagem dos conteúdos programáticos. Entre outros, recorri
24
ao powerpoint, à projecção de pequenos excertos de filmes de ficcção histórica e à
observação e comentário de imagens. Para além disso, promovi a visita a espaços virtuais
e tentei sempre cativar os alunos na aprendizagem da História (anexo 1, pp. I-II).
No que concerne às aulas do segundo período tive oportunidade de trabalhar com
os alunos o Absolutismo. Este assunto fazia parte do domínio 6 – O contexto europeu dos
séculos XVII e XVIII, previsto no programa da disciplina. Durante essas aulas continuei a
utilizar o powerpoint, excertos de filmes e a exploração de imagens. Foi também um
tempo de acompanhar as dificuldades dos alunos e de construir uma maior proximidade
com a turma. Exploraram-se algumas páginas online de museus e foi organizada uma
conferência.
Já durante o terceiro período leccionei a Revolução Francesa, parte do domínio 7
– O arranque da Revolução Industrial e o triunfo dos regimes liberais conservadores.
Nestas aulas continuei a utilizar os recursos já referidos. Porém, recorri à petit histoire
para incentivar os alunos a compreender melhor alguns episódios da Revolução Francesa.
Neste período os alunos aderiram às actividades propostas e participaram muito em todas
as aulas. Foram, de facto, aulas mais dinâmicas, durante as quais se estabeleceu uma
relação mais forte entre mim e os alunos.
Em todas as aulas que leccionei no ano lectivo de 2017/18 houve grandes
aprendizagens para mim e para os alunos desta turma. Houve, porém, algumas actividades
que devem ser caracterizadas neste Relatório da Prática de Ensino Supervisionada em
História.
Aula no Museu do Mar Rei D.Carlos I
Durante a planificação das aulas do primeiro período lectivo foi importante pensar
na organização de algumas actividades relacionadas com o tema do meu trabalho. Desse
modo, para poder trabalhar a relação entre a escola e o museu com o 8º ano de
escolaridade, comecei por preparar uma visita de estudo ao Museu do Mar Rei D. Carlos.
Esta foi enquadrada no tema 5.1. – A abertura ao mundo, módulo 5 – Expansão e
mudança nos séculos XV e XVI, previsto no programa do 3º ciclo do Ensino Básico.
Primeiramente foram contactados os serviços educativos do espaço museológico.
Foi agendada a visita ao museu, subordinada ao tema da Expansão Portuguesa. De
25
seguida, foram definidos os objectivos que se pretendiam alcançar com a actividade
(anexo 2, p. III). O primeiro era que os alunos conhecessem o processo expansionista
ultramarino português. Já a segunda meta pretendida era que se pudesse compreender as
razões que favoreceram o pioneirismo dos Portugueses no fenómeno dos
Descobrimentos. O terceiro e último objectivo era a consolidação dos conhecimentos
adquiridos nas aulas relativamente à formação de um império ultramarino.
Entretanto, foram avisados os alunos e informados os seus encarregados de
educação da actividade que se propunha.
Quando chegou o dia da visita, os alunos deslocaram-se a pé para o Museu do
Mar. Foi essencial a presença dos três membros do Núcleo de Estágio para garantir a
segurança e a harmonia do grupo durante a deslocação por Cascais. Após a chegada à
instituição, fomos recebidos por uma das técnicas dos serviços educativos. Os alunos
foram convidados a sentar-se no espaço central do museu e foi-lhes dada a conhecer a
História do espaço, intimamente relacionado com o rei D. Carlos I e com a sua admiração
pelo mar.
Entretanto os alunos foram convidados a visitar uma exposição permanente do
museu, Cascais na rota dos naufrágios. Aí puderam participar numa autêntica aula acerca
dos Descobrimentos Portugueses. A guia foi interpelando os alunos e, após reflectir sobre
a vida a bordo de uma embarcação da época da Expansão Portuguesa, mostrou aos alunos
alguns exemplos das especiarias comercializadas pelos Portugueses. Foi um momento
muito dinâmico e enriquecedor.
No fim da visita os serviços educativos pediram para avaliarmos a actividade e
foi-lhes concedido um balanço positivo. Entre os alunos o feedback foi bom e entre o
Núcleo de Estágio também. Porém, compreendeu-se que a deslocação dos alunos da
escola ao espaço museológico deve ser previamente organizada com maior segurança.
A tarefa que foi proposta para os alunos desempenharem no contexto da visita ao
Museu do Mar foi redigirem um texto, entre 120 a 150 palavras, com o tema Um dia a
bordo de uma embarcação da Carreira da Índia. Em sala de aula foi projectado um
powerpoint, onde constava uma lista dos possíveis passageiros de uma embarcação dos
Descobrimentos (anexo 3, pp. IV-V). Os alunos deveriam escolher uma dessas
personagens e escrever o seu texto de acordo com a sua função na embarcação.
26
Os alunos aderiram de forma participativa a esta actividade e, após uma semana
da visita ao museu, entregaram os textos. Estes foram avaliados como trabalho de casa e
foi promovida a sua leitura em aula (anexo 4, pp. VI-VII).
Visita virtual à Capela Sistina
Durante as aulas que leccionei sobre o Renascimento, tive a oportunidade de
trabalhar vários assuntos com o 8ºD. Um deles foi a pintura renascentista. Desse modo,
foi pertinente a utilização de determinados recursos em certas actividades para enriquecer
e dinamizar as aulas. Uma dessas actividades foi a realização de uma visita virtual ao
Museu do Vaticano. Esta tarefa foi integrada no tema 5.2. – Os novos valores europeus,
Módulo 5 – Expansão e mudança nos séculos XV e XVI, do programa do 3º ciclo do
Ensino Básico.
Para concretizar esta actividade foi prevista uma aula com a duração de 45
minutos. Optei, primeiramente, por dialogar com os alunos sobre as características da
pintura do Renascimento. Após projectar-se um powerpoint com alguns tópicos para os
alunos registarem no caderno diário, foram analisadas algumas gravuras da época em
estudo (anexo 5, pp. VIII-IX). Posteriormente, foi projectada a reconstituição em três
dimensões da Capela Sistina.
Efectivamente, foi pertinente contextualizar os diversos trabalhos de Miguel
Ângelo, um dos artistas mais proeminentes do Renascimento. Para além disso, foi
enquadrada a construção da Capela Sistina, no actual Museu do Vaticano em Roma. O
sítio digital deste museu permite a visita em três dimensões e, de facto, é possível observar
as várias pinturas da Capela Sistina. Podem, inclusivé, ser analisadas com maior
proximidade em boa resolução.1
Refira-se que uma aula de 45 minutos não foi suficiente para explorar este recurso.
Dessa forma, numa aula extra, voltei a trabalhar com o 8ºD esta plataforma e os alunos
comentaram várias das gravuras observadas. Foi um diálogo muito dinâmico, mas foi
essencial a minha orientação para moderar as várias intervenções dos alunos.
1 Estas imagens podem ser observadas no sitio digital da Capela Sistina e estão disponíveis em:
http://www.vatican.va/various/cappelle/sistina_vr/index.html
27
Como avaliação desta actividade foi proposto aos alunos que escrevessem um
texto, escolhendo uma profissão ou personalidade da época do Renascimento. Deveriam
retratar um dia da personagem escolhida e deveriam ser coerentes com os assuntos
abordados nas aulas. Foram entregues vários textos e houve vários trabalhos criativos
(anexo 6, pp. X-XII). Foram avaliados como trabalho de casa. Porém, vários alunos não
entregaram, pelo que pude compreender que uma tarefa destas deve ser um trabalho com
maior peso na avaliação dos alunos e não somente vista como um trabalho de casa.
Não obstante, na segunda ficha de avaliação sumativa do primeiro período lectivo
a que os alunos tiveram de responder, houve algumas questões relacionadas com a pintura
do Renascimento e, especificamente, sobre a Capela Sistina (anexo 7, pp. XIII-XVI). A
maior parte dos alunos conseguiu responder correctamente às perguntas do teste, pelo que
se pode compreender que a exploração da plataforma digital pode ter contribuído para um
melhor estudo e assimilação dos conteúdos abordados em aula.
Visita virtual ao Museu Nacional dos Coches
Durante a planificação das aulas do segundo período em que trabalhei com a turma
8ºD procurei explorar uma plataforma digital. No contexto de leccionar o tema 6.2.
Absolutismo e mercantilismo numa sociedade de ordens, do módulo 6 – Portugal no
contexto dos séculos XVII e XVIII, do programa do 3º ciclo do Ensino Básico, escolhi o
sítio digital do Museu Nacional dos Coches (anexo 8, pp. XVII-XIX).
No decorrer de uma aula de 90 minutos sobre o reinado de D. João V, em Portugal,
foram descritos alguns exemplos das manifestações de poder da Coroa. Desse modo,
foram analisadas algumas gravuras de contruções da época e reflectiu-se ainda sobre o
barroco português. Foi durante esse momento que se projectou na sala o sítio digital do
Museu Nacional dos Coches.
De facto, a plataforma do Museu Nacional dos Coches permite explorar imagens,
com boa resolução, dos vários coches em exposição permanente no espaço físico do
edifício principal do museu e ainda dos que se encontram no Picadeiro Real. Durante a
exploração desta página virtual os alunos escolheram vários coches e, após se
aproximarem as imagens, estabeleceu-se um diálogo orientado na aula. Os alunos tiveram
28
oportunidade de comentar as características dos objectos observados, o que foi um
momento bastante dinâmico da aula.
A utilização do sítio digital do Museu Nacional dos Coches foi pertinente como
recurso de aula. Houve uma boa adesão por parte dos alunos e pôde-se compreender
melhor os conteúdos trabalhados através da promoção do diálogo orientado para
comentar os vários objectos em análise.
Aula no Museu Condes de Castro Guimarães
No decurso do terceiro período lectivo quis organizar uma visita de estudo com
os alunos do 8ºD a um dos espaços museológicos de Cascais. Nesse sentido, contactei os
serviços educativos do Museu Condes de Castro Guimarães para agendar uma actividade
Durante o mês de Maio a professora Paula Santos estava a trabalhar com os alunos
o século XIX em Portugal e no mundo, pelo que achei pertinente que a visita se
relacionasse com essa época. Desse modo, elegi o tema 8.2. – Os países de difícil
industrialização: o caso Português, do módulo 8 – A civilização industrial no século XIX,
do programa da disciplina de História.
De facto, no contacto com os serviços educativos do museu ficou programado que
a visita seria integrada numa actividade denominada Património ou Patrimónios?. Esta
actividade é uma proposta do Museu Condes de Castro Guimarães para trabalhar as
vertentes do património cultural com os alunos do Ensino Básico.
Um dos objectivos da realização desta visita foi incentivar os alunos a
compreender que a relação entre a escola e o museu é útil para a aprendizagem da
disciplina de História. Propunha-se também a construção de uma definição de património
cultural. Outra das metas a alcançar nesta actividade era que os alunos compreendessem
que o edifício do museu reflecte as tendências artísticas do século XIX. O último
objectivo a concretizar era a relação que se pode estabelecer entre a aprendizagem da
História com a proximidade da cultura local (anexo 9, p. XX).
Quando os alunos chegaram ao museu foram recebidos pela técnica dos serviços
educativos. Foram informados das regras da instituição e foi-lhes contada a História da
construção do espaço pela família O’Neil e a sua compra pelos Condes de Castro
Guimarães. Aos alunos foi apresentado um conceito de património cultural como algo de
29
todos e para todos. Foi ainda estabelecida a distinção entre património imaterial e material
móvel ou imóvel. Foi um momento dinâmico e a técnica responsável por guiar o grupo
na visita foi muito profissional.
No tempo que restava os alunos visitaram as divisões do museu e foram-lhes
mostrados alguns objectos adquiridos pelos antigos proprietários do edifício. Nesse
período de tempo os alunos foram convidados a perceber a importância de cada objecto
para uma melhor compreensão do mundo.
A visita foi enriquecedora e os objectivos inicialmente propostos foram
cumpridos. Para uma melhor assimilação dos conteúdos abordados na actividade, propus
aos alunos que respondessem em aula a uma ficha de trabalho (anexo 10, p. XXI). Nesta
convidava-se a turma do 8ºD a definir património cultural, distinguindo as suas vertentes.
Para além disso, pedia-se-lhes que reflectissem sobre de que forma por um objecto se
pode estudar História. No fim dessa ficha questionava-se os alunos sobre a sua opinião
em relação à visita.
Entre as várias respostas ao guião proposto, vários alunos apresentaram as
definições pedidas. Quanto à sua opinião em relação à visita houve uma divisão entre a
turma. Uns gostaram e acharam dinâmica. Já outros não gostaram tanto da actividade.
Caracterização da turma 11ºC
Relativamente à turma do Ensino Secundário que tive oportunidade de
acompanhar e também nela leccionar ao longo do ano lectivo de 2017/2018, integrava-se
no curso científico-humanístico de Línguas e Humanidades. Esta turma foi o 11ºC.
No início do ano lectivo constituíam esta turma cerca de 14 alunos, nomeadamente
12 raparigas e 2 rapazes. Quando houve a transição do primeiro para o segundo período
houve 3 alunos que mudaram de escola, tendo saído os 2 rapazes e 1 rapariga. Passaram
a enquadrar esta turma apenas 11 alunas que permaneceram até ao fim da época escolar.
No princípio das aulas que leccionei a esta turma houve alguma dificuldade em
promover a participação por parte de todos os alunos. De facto, excepto alguns alunos, a
maioria revelou estar mais à vontade com a exposição por parte do professor do que em
colocar questões e expressar as suas opiniões. Porém, no decurso do ano lectivo e após se
construir uma boa relação com a turma, os alunos passaram a participar muito mais. Para
30
isto contribuíram várias formas de trabalhar nas aulas, mas a maior foi, sem dúvida, a
promoção do diálogo orientado. Este permitiu cativar as alunas a participar nas aulas com
maior dinamismo e mais interesse pelos conteúdos programáticos.
Prática de Ensino Supervisionada com a turma 11ºC
A Prática de Ensino Supervisionada em História com a turma 11ºC começou no
fim de Setembro de 2017. Durante o fim de Setembro e por metade do mês de Outubro
pude assistir a várias aulas leccionadas pela professora Paula Sim Santos. Nesse período
de tempo tive a oportunidade de aprender diferentes modos de trabalhar com os alunos.
Para além disso, pude conhecer os vários alunos e ter uma noção do seu comportamento,
do seu interesse pela disciplina e da sua vontade em participar.
Certamente, foi muito importante acompanhar a turma antes de começar a
leccionar, pois pude ter uma melhor compreensão do que poderia expectar por parte dos
alunos. Para além disso, pude ser mais realista na planificação das aulas e das actividades
que pretendia desenvolver durante o ano lectivo com o Ensino Secundário.
A primeira aula que tive oportunidade de leccionar foi no dia 16 de Outubro. Mais
três se seguiriam durante o primeiro período lectivo. Nesse tempo pude trabalhar com os
alunos o subtema 2.2 – A Europa dos parlamentos – sociedade e poder político, previsto
no módulo 4 – A Europa nos séculos XVII e XVIII – sociedade, poder e dinâmicas
coloniais, do programa da disciplina. Durante as primeiras aulas revelei algum
nervosismo por ser a primeira vez que leccionava. Prevaleceu a centralidade do diálogo
em mim e tinha alguma dificuldade em promover maior participação dos alunos. Porém,
foram aulas em que foram utilizados vários recursos, de maneira a constribuir para uma
melhor aprendizagem dos alunos (anexo 11, pp. XXII e XXIII).
No que concerne ao segundo período lectivo trabalhei com os alunos um dos meus
assuntos de eleição na História, que é a Revolução Francesa. Esta temática integrava o
módulo 5 – O Liberalismo – ideologia e revolução, modelos e práticas nos séculos XVIII
e XIX, do programa de História A. De facto, a planificação destas aulas foi feita com uma
noção de tempo mais realista no que toca à duração de cada actividade. Para além disso,
foram aulas mais dinâmicas e em que se promoveu mais o diálogo entre os alunos. Para
tal foi necessário preparar com maior rigor científico as aulas, mas também utilizar
31
recursos que pudessem chamar a atenção da turma. Exemplo disso foi a utilização da petit
histoire, em que contar pequenos episódios da História foi uma maneira de cativar os
alunos. Refira-se ainda que o começo de cada aula com o resumo da sessão anterior foi
pertinente para a construção de uma melhor relação com os alunos e, também, para uma
promoção de maior compreensão relativamente à abordagem dos conteúdos
programáticos (anexo 11, pp. XXII-XXIII).
Relativamente às aulas do terceiro período, pude trabalhar com os alunos a
Regeneração, os últimos anos da Monarquia Constitucional e a implantação da República
em Portugal. Nessas aulas, integradas no módulo 6 – A civilização industrial – economia
e sociedade; nacionalismos e choques imperialistas, decorreram várias actividades. Foi
um tempo de se explorar museus virtuais e de se realizar algumas visitas de estudo. Foram
aulas mais dinâmicas e em que a relação com os alunos era mais próxima. Por conseguinte
a participação da turma era maior e o decorrer das aulas era diferente (anexo 11, pp. XXII-
XXIII).
Em todo este tempo de aprendizagem, quer da minha parte, quer dos alunos,
desenvolveram-se várias actividades pertinentes para este Relatório da Prática de Ensino
Supervisionada.
Debate Absolutismo ou Parlamentarismo?
Um dos primeiros módulos que tive oportunidade de trabalhar com a turma do
11ºC foi o tema 2 – A Europa dos Estados absolutos e a Europa dos Parlamentos,
integrados no módulo 4 – A Europa nos séculos XVII e XVIII – sociedade, poder e
dinâmicas coloniais, do programa de História A.
No fim dos três blocos de 90 minutos previstos para trabalhar a Europa dos
parlamentos: sociedade e poder político, quis preparar uma actividade diferente para que
os alunos pudessem consolidar os conteúdos programáticos trabalhados nos meses de
Setembro e Outubro de 2018.
Após estruturar a actividade propus aos alunos, na terceira aula de 90 minutos que
leccionei, que fizessemos o debate na aula seguinte. Nesse sentido preparei um prezzi, no
qual estavam representadas algumas figuras históricas ligadas aos Estados absolutistas ou
32
aos Estados parlamentares. Aleatoriamente foi distribuída a cada aluno uma
personalidade histórica.
Posteriormente, distribuí a todos um guião composto por quatro questões (anexo
12, p. XXIV). As primeiras três deveriam ser respondidas por cada um e compreendiam
a personalidade que cada um representava, o grupo social a que pertenciam e os interesses
que defendia. Já a quarta e última questão deveria ser respondida em grupo e relacionava-
se com as motivações pelas quais deveria prevalecer o tipo de Estado a que pertenciam,
quer absolutista, quer parlamentar.
A turma ficou então dividida entre dois grupos, um composto pelos alunos que
deveriam caracterizar as figuras históricas do Absolutismo, e o outro pelos que deveriam
apresentar as personalidades do Parlamentarismo.
Na aula seguinte os alunos, durante os primeiros 30 minutos tiveram oportunidade
de se reunir em grupo e preparar as suas intervenções para o debate. Durante esse tempo
foi importante a minha orientação em cada grupo para esclarecer dúvidas relativamente à
caracterização das personalidades.
Durante o tempo que restou decorreu o debate. Cada aluno apresentou,
primeiramente, a sua figura histórica e, depois, cada grupo reivindicou as razões pelas
quais deveria prevalecer o seu modo de pensamento na Europa. Seguiu-se um aceso
debate entre alguns alunos que argumentaram e discutiram ideias e pontos de vista, quer
em relação às personalidades que defendiam, quer quanto àqueles que criticavam.
De facto, o grupo com prestação mais evidente foi o dos alunos que defendiam o
Absolutismo e no fim foi-lhes concedido o sucesso no debate.
No decurso desta actividade foi essencial o meu papel como moderador, de forma
a articular as participações de cada aluno e mesmo de cada grupo. Aos que participaram
mais foi-lhes dada a palavra várias vezes e aos que tinham mais dificuldade ou algum
receio eram-lhes lançadas questões orientadoras da minha parte para poderem participar.
A avaliação desta actividade foi feita pelo meu colega João Pepe e pela professora
Paula Santos. Eles preencheram uma grelha ao longo do debate (anexo 13, p. XXV), na
qual registaram o nome do aluno, a personalidade que caracterizava e o grupo a que
pertenciam. Para além disso avaliavam, por um lado, a caracterização da personalidade e,
por outro, a intervenção durante o debate.
33
No fim da actividade reunimo-nos e debatemos as classificações a atribuir aos
alunos. Foi, de facto, uma actividade com balanço positivo. Porém, refira-se que alguns
dos alunos não se empenharam na caracterização das personalidades históricas e outros
intervieram muito pouco no debate afirmando que tinham receio ou vergonha de falar
perante a turma. Este género de actividades pode ajudar no desenvolvimento da oralidade
dos alunos, mas também a um aprofundamento da capacidade crítica e da argumentação
de cada um. Têm, no entanto, de ser trabalhadas mais vezes para que tenham maior
aderência pela comuniade escolar.
Utilização da plataforma Google Arts & Culture
Durante as aulas em que trabalhei com a turma 11ºC, no segundo período lectivo,
foram desenvolvidas várias actividades.
Entre elas foi utilizada a plataforma Google Arts & Culture. Esta recurso,
antigamente conhecido por Google Art Project, é um sítio digital que pertence à empresa
Google. Uma das suas finalidades é promover um maior acesso à cultura por parte de
todos os indivíduos. Nesse sentido procurou estabelecer acordos com vários museus e
entidades relacionadas com a cultura no espaço internacional. De entre os vários
protocolos assinados, muitas instituições permitiram que os funcionários da Google
fotografassem em alta resolução diversas obras de arte. Estas foram digitalizadas e
disponibilizadas na plataforma Google Arts & Culture. Para além disso, este sítio digital
também criou autênticas galerias de arte em três dimensões. Torna-se possível que os
utilizadores deste espaço virtual entrem em alguns museus a partir dos seus dispositivos
electrónicos com acesso à Internet.
Para trabalhar esta plataforma com os alunos pedi-lhes que fizessem um
brainstorming sobre a Revolução Francesa. Foram colocadas no quadro todas as palavras
ditas por cada aluno e registadas no caderno diário. A ideia era que pudessemos explorar
no Google Arts & Culture o que aparecia com as palavras referidas no brainstorming.
Porém, na aula em que começámos a trabalhar a Revolução Francesa, não havia Internet
nas instalações da Escola Básica e Secundária da Cidadela.
Ora, para conseguir explorar a plataforma tutelada pela Google é essencial ter
acesso à Internet. Foi uma actividade que não se conseguiu explorar como planificado.
34
Na aula seguinte também se tentou utilizar esta ferramenta, mas de novo não havia
Internet. As circunstâncias levaram a uma alteração da utilização desta plataforma com o
11ºC.
Nesse contexto, optei por explorarmos o Google Arts & Culture no fim de se
trabalhar o tema 2 – A Revolução Francesa – paradigma das Revoluções liberais e
burguesa, do módulo 5 – O Liberalismo – Ideologia e Revolução, modelos e práticas nos
séculos XVIII e XIX, do programa de História A.
A utilização desta ferramenta teve lugar numa aula extra, em que havia Internet
na escola. Houve a possibilidade de cada aluno explorar no computador da sala uma das
palavras anteriormente registadas no caderno diário, aquando do brainstorming sobre a
Revolução Francesa. Entre as várias palavras registadas apenas algumas correspondiam
a conteúdos programáticos abordados em aula.
A exploração deste sítio digital teve boa adesão por parte dos alunos e, como
discutido em aula, revelou-se útil para a pesquisa de imagens de alta resolução e para ter
uma breve noção de certos acontecimentos da História. Afinal, cada obra ou galeria de
arte apresenta uma breve descrição técnica e histórica, o que permite ao utilizador do
Google Arts & Culture enquadrar o que procura no seu tempo e no seu espaço.
Visita ao Museu Nacional dos Coches
Uma das ideias para melhor compreender as possibilidades da relação entre a
escola e o museu na disciplina de História passou por organizar actividades que
compreendessem a ida dos alunos ao espaço museológico.
Desse modo, é importante referir que o meu colega João Pepe, durante as suas
aulas no segundo período com a turma do 11ºC, trabalhou o tema 4 – A implantação do
liberalismo em Portugal, do módulo 5 – O liberalismo – ideologia e revolução, modelos
e práticas nos séculos XVIII e XIX, do programa de História A. Nesse sentido, procurei
preparar uma actividade que se relacionasse com os conteúdos programáticos abordados
em aula.
Efectivamente, decorria durante o segundo período lectivo uma exposição no
Museu Nacional dos Coches sobre o embarque da família real Portuguesa para o Brasil,
em 1807. Surgiu então a ideia em visitarmos essa instituição museológica.
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Primeiramente foram definidos os objectivos a alcançar com os alunos através da
visita de estudo a realizar (anexo 14, p. XXVI ). O primeiro pretendia uma utilização da
relação entre a escola e o museu para melhorar a aprendizagem na disciplina de História.
Já o segundo objectivo passava pela compreensão de que o acervo do Museu Nacional
dos Coches constitui um testemunho para melhor compreender outras épocas históricas.
Quanto ao terceiro e último objectivo pretendido com a visita de estudo era,
verdadeiramente, perceber que a exposição em curso sobre o embarque da família real
para terras de Vera Cruz se relacionava com os ventos de mudança que então chegavam
com maior força a Portugal a partir das invasões francesas.
Após os contactos estabelecidos com os serviços educativos do Museu Nacional
dos Coches, a visita ficou agendada para Março de 2018. Depois de se convidarem os
alunos a participar nessa actividade, foram entregues os formulários para que os seus
encarregados de educação tivessem conhecimento da visita de estudo, dos objectivos e
do que seria necessário levar.
Quando chegou o dia da visita fomos recebidos no museu pela técnica responsável
por nos fazer uma visita orientada ao espaço. Durante a actividade foram-nos
apresentados os vários coches em exposição permanente no museu. A guia soube
interpelar os alunos e revelou uma excelente preparação científica. Para além disso foi-
nos mostrada a pequena exposição temporária relativamente ao embarque da família real
para o Brasil.
Durante a visita de estudo foi proposto aos alunos escreverem um texto sobre uma
História que integrasse um coche do Museu Nacional dos Coches e que se relacionasse
com o assunto da exposição temporária visitada (anexo 15, pp. XXVII-XXIX). Este
trabalho podia ser feito de forma individual ou em pequeno grupo.
Os textos foram, posteriormente, entregues em aula e avaliados consoante os
critérios que construí (anexo 16, pp. XXX-XXXI). Estes compreendiam a clareza do
texto, a utilização da terminologia específica da disciplina, a articulação com a visita ao
museu e a criatividade do trabalho entregue.
A visita foi avaliada, pelos alunos, de forma positiva e o mesmo ocorreu na
reunião do Núcleo de Estágio da Cidadela. De facto, os objectivos propostos foram
alcançados. Constatou-se que levar os alunos ao museu pode ser uma boa forma de os
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motivar a gostar mais da disciplina de História. Para além disso, pode ser uma
oportunidade de se compreender melhor os assuntos abordados em aula. ´
Visita virtual ao Museu Nacional Ferroviário
Durante o terceiro período continuei a desenvolver o meu trabalho com a turma
do 11ºC. Nesse contexto, procurei organizar algumas actividades que permitissem dar
conta da relação entre a escola e o museu no âmbito da disciplina de História. Desse
modo, para melhor trabalhar com os alunos o tema 4 – A Regeneração entre o livre-
cambismo e o proteccionismo, do módulo 6 – A civilização industrial –economia e
sociedade; nacionalismos e choques imperialistas, do programa de História A do Ensino
Secundário, foi pertinente encontrar algumas plataformas digitais.
Efectivamente na planificação das aulas sobre a Regeneração em Portugal decidi
recorrer ao sítio digital do Museu Nacional Ferroviário, como recurso para uma aula
(anexo 17, pp. XXXII-XXXIV). Esta foi sobre a modernização do país durante a segunda
metade do século XIX.
Durante a aula em questão foi analisado o contributo de Fontes Pereira de Melo
durante a Regeneração e foram lidos alguns textos presentes no manual. Depois de se ter
dialogado sobre as várias medidas características do Fontismo, reflectimos sobre a
construção de caminhos-de-ferro em Portugal.
Para uma melhor compreensão deste assunto visitámos a referida página virtual
do Museu Nacional Ferroviário. Foi importante eu contextualizar este museu, fundado
em 2015, e falar sobre o espólio que este contém. Posteriormente, explorámos o catálogo
online, no qual se encontram disponíveis muitas das peças da colecção desta instituição.
Na exploração do catálogo online pudemos observar alguns objectos de
passageiros ou funcionários que trabalhavam nas linhas ferroviárias. Para além disso,
vimos algumas fotografias da Carruagem do Príncipe, uma peça do acervo do museu.
Efectivamente, a utilização deste sítio digital como recurso de aula foi pertinente,
pois permitiu que a aula tivesse uma dinâmica diferente e, sem dúvida, fosse mais rica
em termos visuais. Pela observação das imagens do catálogo do Museu Nacional
Ferroviário pôde compreender-se a importância dos mais variados objectos como
testemunhos/documentos da História.
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Visita orientada ao Museu Condes de Castro Guimarães
Uma das actividades organizadas para o terceiro período lectivo com a turma 11ºC
foi a visita de estudo ao Museu Condes de Castro Guimarães. Este museu integra o Bairro
dos Museus de Cascais e é relativamente próximo da Escola Básica e Secundária da
Cidadela.
Esta visita enquadrou-se no tema 4 – Portugal, uma sociedade capitalista
dependente, do módulo 6 – A civilização industrial – economia e sociedade,
nacionalismos e imperialistas, do programa de História A do Ensino Secundário.
Após estabelecer os contactos com os serviços educativos do museu, a visita foi
agendada para Maio e teve como foco principal a ligação da família real a Cascais. Nesse
sentido, foi pertinente definir alguns objectivos que se pretendiam desenvolver com os
alunos com essa actividade. O primeiro objectivo foi de encontro ao aprofundamento do
conhecimento da História através da relação entre a escola e o museu. Já o segundo era
compreender que o edifício visitado reflectia as tendências artísticas do século XIX.
Quanto ao terceiro, pretendia-se ter uma melhor percepção de como o espólio do Museu
Condes de Castro Guimarães se relacionava com a História de Cascais e de Portugal.
Relativamente ao quarto e último objectivo era relacionar o espaço museológico com a
Monarquia Portuguesa.
Durante a visita de estudo, os alunos foram convidados a visitar os vários espaços
do Museu Condes de Castro Guimarães. Primeiramente foi-lhes contada a história do
edifício em si. Puderam compreender que foi mandado construir pela família O’Neil
durante o século XIX e, mais tarde, foi adquirido pelos Condes de Castro Guimarães. Ao
longo da actividade, foi explicada aos alunos a importância dos objectos em exposição
como testemunho daqueles que outrora habitaram naquele espaço. Para além disso,
falaram da ligação que o rei D. Carlos e a sua família tinham com Cascais, e, sobretudo,
a proximidade estabelecida com a família Castro Guimarães.
No fim da visita, pedi aos alunos que escrevessem um texto, que deveria ser um
trabalho individual, em que falassem sobre um episódio passado no palácio dos Condes
de Castro Guimarães, durante o fim século XIX ou início do século XX (anexo 18, pp.
XXXV-XXXVII). Para avaliar este texto foram construídos critérios que atendiam à
articulação com a visita ao museu, o rigor científico evidenciado, a criatividade
apresentada e a expressão linguística utilizada (anexo 19, pp. XXXVIII-XXXIX).
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Os alunos revelaram ter gostado da actividade e mostraram, pelos trabalhos
realizados, ter compreendido os assuntos abordados na visita. De facto, os textos
entregues revelaram ser trabalhos bem concretizados e com grande originalidade.
Para além disso, verificou-se que as metas inicialmente propostas foram
concretizadas. Uma delas foi, sem dúvida, a utilização do património histórico local para
aprofundar os conhecimentos relativamente aos conteúdos trabalhos na disciplina de
História.
Aula no Museu do Mar Rei D. Carlos I
No sentido de trabalhar com os alunos as transformações do regime político na
viragem do século: os problemas da sociedade portuguesa e a constestação da
monarquia, previsto no tema 4 – Portugal, uma sociedade capitalista dependente, do
módulo 6 – A civilização industrial – economia e sociedade; nacionalismos e choques
imperialistas, do programa da disciplina, foi pertinente a realização, não somente de uma
visita de estudo, mas também de uma aula diferente. Esta decorreu no Museu do Mar Rei
D. Carlos I, em Cascais.
Efectivamente, em conversa com os serviços educativos do museu, foi definido
como temática da visita a vida do rei D. Carlos. Desse modo, os técnicos do museu teriam
tempo de preparar melhor a sua comunicação, de maneira a proporcionar aos alunos a
experiência de participar numa autêntica aula no espaço museológico.
Um dos objectivos definidos para esta visita era que os alunos pudessem
comprender que os objectos expostos no Museu do Mar permitem analisar a História de
Cascais e de Portugal. Outra das metas pretendidas passava por relacionar o espaço
museológico com a História da Monarquia Constitucional Portuguesa. Para além disso,
propunha-se que os alunos adquirissem noção de que o rei D. Carlos tinha uma grande
admiração pelo mar, o que levava a que a família real tivesse uma certa ligação com a
comunidade de Cascais.
Esta actividade ocorreu no mês de Maio de 2018 durante a semana em que se
promovia, em Cascais, a realização de iniciativas alusivas ao Dia dos Museus. Nesse
contexto foram divulgadas várias actividades noticiadas no sítio digital do município de
39
Cascais. Esta efeméride foi celebrada no dia dezoito do mesmo mês, não somente em
Cascais, mas também a nível internacional
Quando os alunos chegaram ao museu entreguei-lhes uma ficha para preencherem
durante a aula (anexo 20, pp. XL-XLI). Esta tinha sete questões. As primeiras três
relacionavam-se com a vida de D. Carlos, enquadrando-se no tema central da aula no
espaço museológico. Já as outras questões pretendiam que os alunos escolhessem um
objecto em exposição no museu e referissem de que modo se pode compreender melhor
a História pelo seu estudo. Os alunos deveriam ainda referir o que achavam da visita ao
museu e clarificar o que pensavam sobre a relação entre a escola e o museu no caso da
História.
Refira-se que a técnica museológica que nos acolheu e trabalhou com os alunos a
vida de D. Carlos fez um excelente trabalho. Foi uma aula diferente, mas muito dinâmica
e enriquecedora. De facto, para isso contribuiu o contacto prévio entre a escola e os
serviços educativos do museu. Houve uma preparação da actividade de ambas partes e
isso contribuiu para que a aula corresse bem. Os alunos gostaram da actividade e
responderam às várias questões da ficha de trabalho. Para além disso, os objectivos
propostos para a aula no museu foram concretizados.
Para além disso, os alunos tiveram de responder na sua última ficha de avaliação
sumativa do terceiro período a algumas questões relacionadas com os conteúdos
abordados no Museu do Mar Rei D. Carlos (anexo 21, pp. XLII-XLIV). Foi possível
verificar que os alunos souberam responder claramente ao que lhes era proposto no teste.
Visita virtual ao Museu da Presidência da República
Durante a Prática de Ensino Supervisionada tive algumas reuniões com o meu
orientador, professor António Camões Gouveia, e com a minha co-orientadora,
professora Raquel Pereira Henriques. Houve partilha de ideias e sugestões. Uma delas foi
a organização de uma actividade em que os alunos pudessem trabalhar em grupo.
Efectivamente, no fim do mês de Maio trabalhei com o 11ºC os anos iniciais da
primeira República Portuguesa. Este assunto fazia parte do tema 4 – Portugal, uma
sociedade capitalista dependente, do módulo 6 – A civilização industrial – economia e
sociedade; nacionalismos e choques imperialistas, do programa da disciplina.
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Com o intuito de organizar uma actividade em que os alunos pudessem trabalhar
em grupo, decidi que a turma se iria dividir em duas partes. Os alunos tiveram a
oportunidade de escolher o seu grupo e foi-lhes entregue um guião de trabalho, para
completar numa aula de 90 minutos. Nesta ficha pretendia-se que os alunos fizessem um
balanço dos primeiros anos da República Portuguesa (anexo 22, p. XLV). Para preencher
este guião os alunos tinham como recurso o seu manual, caderno diário e os
computadores. Era-lhes também recomendado o acesso à página virtual do Museu da
Presidência da República. Nessa plataforma digital tinham a oportunidade de consultar
uma cronologia sobre alguns eventos da República.
Neste contexto, cada grupo teve que responder a seis questões relativamente a
eventos históricos e aspectos políticos, sociais, económicos e religiosos da primeira
República. Tiveram ainda uma sétima e última questão em que puderam expressar a sua
opinião acerca da utilização da plataforma digital do Museu da Presidência da República.
Durante esta tarefa circulei entre os dois grupos e esclareci algumas dúvidas que
surgiram. No fim da actividade cada grupo fez a partilha das suas respostas.
Compreendeu-se que a cronologia do sítio digital do Museu da Presidência da República
permitiu responder a algumas questões do guião. Porém, os alunos também referiram que
outros recursos, como o manual e outras páginas online lhes permitiram verificar outras
questões.
Actividades colaborativas do Núcleo de Estágio da Cidadela
No decorrer da Prática de Ensino Supervisionada em História houve algumas
actividades promovidas pelo Núcleo de Estágio da Cidadela que envolveram os alunos
das várias turmas. Entre estas turmas encontrava-se o 8ºA, turma do 3º ciclo do Ensino
Básico acompanhada pelo meu colega João Pepe, o 8ºD, turma já referida e acompanhada
por mim e, por fim, o 11º C, turma cujos alunos foram leccionados por mim e pelo meu
colega. Refira-se que estas turmas tinham como professora titular Paula Sim Santos,
responsável por nos orientar durante a Prática de Ensino Supervisionada em História.
Todas as actividades foram discutidas, planificadas e avaliadas durante as
reuniões semanais do Núcleo (anexo 23, p. XLVI).
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Quem sou eu?
Durante o primeiro período do ano lectivo 2017/2018 a professora Paula Sim
Santos propôs que eu e o meu colega João Pepe organizássemos uma actividade que
pudesse promover o desenvolvimento da oralidade dos alunos das turmas do 8º ano de
escolaridade.
Nesse sentido, após várias conversas, eu e o meu colega apresentámos à professora
Paula uma actividade que designámos de Quem sou eu?. Esta consistiu na eleição de 30
personalidades da História de Portugal e da Europa, que tivessem vivido nos séculos XV
e XVI, cujos contributos, de algum modo, tivessem transformado o conhecimento do
mundo na sua época (anexo 24, pp. XLVII-XLVIII). Efectivamente, visto que no primeiro
período estava previsto trabalhar alguns assuntos como a Expansão Portuguesa, o
Renascimento, a Reforma Protestante e a Contrareforma Católica esta actividade surgia
como oportunidade de fazer algo diferente com os alunos.
Para que a cada aluno fosse atribuída uma personalidade, o Núcleo decidiu que
deveria haver cerca de quatro apresentações semanais ao longo do primeiro período
lectivo. Desse modo, nas aulas de 45 minutos eram nomeadas pelos professores quatro
figuras históricas que eram, posteriormente, sorteadas pelos números dos alunos. Aos que
acontecia ser sorteada a tarefa de apresentar determinada personalidade, deveriam fazê-
lo na aula seguinte que tivesse a duração de 90 minutos.
Por conseguinte, estas 30 personalidades deveriam ser apresentadas oralmente
pelos alunos à sua turma e ao Núcleo de Estágio da Cidadela. Para uma melhor
concretização da tarefa foram definidas algumas questões orientadoras, às quais os alunos
deveriam tentar responder acerca da sua figura histórica (anexo 24, pp. XLVII-XLVIII).
Estas compreendiam o nome da personalidade, a data e localidade de nascimento e morte,
um episódio marcante da sua vida, os contributos para a época em que viveram, o que se
sabia sobre a figura histórica atribuída antes da apresentação e o que se aprendeu com a
realização deste trabalho.
Os alunos dispunham de 5 minutos para apresentar e tinham liberdade de escolher
o modo como o faziam. Neste contexto, para uma avaliação coerente, foram elaborados
critérios (anexo 25, pp. XLIX-LI) que compreendiam o domínio da personalidade, a
resposta às questões orientadoras, a clareza do seu discurso, a criatividade da sua
42
apresentação, a qualidade e organização dos recursos utilizados e, por fim, o tempo que
dispendido na intervenção.
Durante as apresentações feitas pelos alunos os professores preenchiam a grelha
de avaliação e, posteriormente, nas reuniões semanais do Núcleo eram discutidas as
classificações a atribuir.
Refira-se que os alunos aderiram bem a esta actividade e revelaram dedicação no
trabalho realizado. Na maior parte das intervenções dos alunos foi apresentada a resposta
às questões orientadoras e predominou o recurso ao powerpoint. Houve, porém, vários
alunos que foram mais além do que se previa e apresentaram pequenas dramatizações,
evidenciando uma grande criatividade nos seus trabalhos.
Conferência Formas de distinção social no Antigo Regime
No contexto de organizar uma actividade para a comunidade escolar, eu e o meu
colega propusemos à professora Paula Sim Santos preparar uma conferência para as duas
turmas do 8º ano de escolaridade e também para os alunos do 11ºC.
De facto, durante o segundo período lectivo procurámos definir um tema que fosse
ao encontro dos conteúdos programáticos trabalhados com as três turmas. A escolha
incidiu sobre o Antigo Regime. Para além disso, o meu orientador do Relatório de
Estágio, António Camões Gouveia, numa conversa informal, dispôs-se a ajudar o nosso
Núcleo no que fosse necessário. Dessa forma, eu e o meu colega João decidimos convidar
o professor António Camões Gouveia para apresentar aos alunos uma comunicação sobre
o Antigo Regime, num assunto à sua escolha.
O tema escolhido para a conferência foi Formas de distinção social no Antigo
Regime. Esta decorreu no dia 26 de Janeiro de 2018, no auditório da Escola Básica e
Secundária da Cidadela, em Cascais.
Durante a conferência, os alunos do 8ºA, 8ºD e 11ºC e o Núcleo de Estágio da
Cidadela estiveram presentes. Na sessão o professor António Camões Gouveia
apresentou a sua comunicação e foi interpelando os alunos sobre o Antigo Regime. Para
além disso, mostrou várias peças de vestuário alusivas aos séculos XV, XVI, XVII e
XVIII. Referiu os vários tipos de traje que eram utilizados pelos membros de cada grupo
43
social e convidou os alunos para experimentar as várias peças que trouxe para a sua
comunicação.
Os alunos foram envolvidos na comunicação do professor e revelaram estar
atentos e interessados na conferência.
Para o Núcleo foi uma forma de organizar uma actividade para a comunidade
escolar e de trabalhar alguns assuntos da disciplina de História. Estes abrangeram o
subtema 6.2. Absolutismo e Mercantilismo numa sociedade de ordens, do programa de
História do 3º ciclo do Ensino Básico, e o subtema 2.1. Estratificação social e poder
político nas sociedades de Antigo Regime, do programa de História A do Ensino
Secundário.
Intercâmbio de turmas
Ao longo da Prática de Ensino Supervisionada eu e o meu colega João Pepe
trabalhámos muito em equipa. Para além de fazermos juntos o percurso para a Escola
Básica e Secundária da Cidadela em Cascais, assistimos às aulas da professora Paula Sim
Santos e às aulas de cada um. Nesse sentido, fomos acompanhando a evolução de cada
um no espaço escolar e fomos testemunhas da relação que cada um construiu com a sua
turma do 8º ano de escolaridade, visto que na de 11º trabalhámos os dois, cada um no seu
módulo.
Efectivamente, no decurso das aulas os alunos das duas turmas do 8º ano
interpelavam o outro professor. Em virtude disso propuseram à professora Paula Santos
que trocássemos de turma por umas aulas. Desse modo, o Núcleo decidiu que uma
maneira de trabalhar com a turma do outro colega seria abordar a Revolução Americana.
Este assunto enquadra-se no subtema 7.2. Revoluções e estados liberais conservadores,
do programa de História do 3º ciclo do Ensino Básico.
Esta troca de turmas ocorreu no terceiro período lectivo. O meu colega João Pepe
trabalhou, em diálogo com os alunos e numa aula dinâmica, a Revolução Americana. Os
alunos participaram muito nessa aula e deram um bom feedback da experiência de
intercâmbio entre turmas.
Relativamente à minha experiência com a turma do 8ºA, posso dizer que durante
dois blocos de 45 minutos se estabeleceu uma boa relação com os alunos. Para além disso,
44
criou-se uma dinâmica interessante na primeira aula em que os alunos participaram num
diálogo orientado sobre a descoberta da América, a colonização pelos povos europeus e
a dimensão do Império Britânico.
Já numa segunda aula de 45 minutos, após um breve resumo da aula anterior,
houve um novo diálogo orientado para reflectir sobre a formação do Congresso de
Filadélfia, a Guerra da Independência e a redacção da primeira Constituição norte-
americana. Nessa aulas foram utilizados como recursos powerpoints e foram projectados
diversos vídeos alusivos aos assuntos em tratados.
O balanço feito pelos alunos sobre este intercâmbio de turmas entre os professores
estagiários foi positivo. Já nas reuniões do Núcleo também se compreendeu que foi uma
experiência boa quer para os alunos, quer para os professores.
45
Considerações
No decurso do ano lectivo de 2017/2018 foi possível trabalhar, durante a Prática
de Ensino Supervisionada em História, a relação entre a escola e o museu com duas
turmas de diferente escolaridade, com contextos particulares.
Certamente que houve oportunidade de conhecer a dinâmica dos alunos de cada
turma e de planificar, entre as reuniões do Núcleo de Estágio da Cidadela, os temas dos
programas específicos das disciplinas que eu iria leccionar. Desse modo optei por
trabalhar de perto com os alunos ao longo dos três períodos lectivos. Assim haveria tempo
para planificar as aulas, organizar actividades diferentes e relacionar algumas com o meu
tema do Relatório.
Nesse sentido, foi essencial efectuar várias leituras para contextualizar
teoricamente a relação entre a escola e o museu. Por conseguinte houve necessidade de
definir e caracterizar, por um lado, a escola, e, por outro, o museu. Percebeu-se que a
escola, neste trabalho foi apresentada como uma instituição fundamental para a
sociedade. Para além disso, percebeu-se que o espaço escolar tem como função servir a
comunidade em que se insere.
Dessa forma, durante a investigação deste Relatório, fizeram parte desta
comunidade os membros do Núcleo de Estágio da Cidadela, as turmas do 8º ano de
escolaridade e do 11º C, os professores e técnicos que se cruzavam diariamente, os
membros dos serviços educativos das várias instituições com as quais se trabalhou
durante o ano lectivo, entre muitas outras pessoas e entidades.
Já no que diz respeito à definição e caracterização do espaço museológico, pode
dizer-se que este é apresentado como uma instituição cultural que preserva e estuda os
bens inerentes ao património cultural. Para além disso, o museu deve possibilitar o acesso
à cultura nos seus espaços, quer físicos quer virtuais.
Por conseguinte foi pertinente clarificar as relações estabelecidas entre a escola e
o museu. Pôde compreender-se que, embora sejam instituições diferentes, quer a
comunidade escolar quer o espaço museológico podem e devem trabalhar em parceria,
com o intuito de promover o desenvolvimento humano, edificando um mundo melhor
através da educação.
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Não obstante as limitações desta relação há determinados meios e formas de
escola e museu conseguirem cooperar. Uma delas é através da realização de visitas de
estudo. Estas compreendem a deslocação da comunidade escolar até ao espaço
museológico. Devem ainda ser organizadas segundo três momentos previstos. O primeiro
antecede a visita e prevê a sua organização, pela comunicação entre os agentes dos dois
espaços. O segundo refere-se ao momento em que sucede a visita no museu. Já o terceiro
diz respeito à avaliação da actividade, algo que decorre na escola.
É pertinente referir que para essas visitas de estudo acontecerem é importante a
acção do professor. Nesse contexto importa dizer que durante a Prática de Ensino
Supervisionada em História tive a possibilidade de perceber essa realidade.
De facto, no contexto da preparação das visitas de estudo foi necessário,
primeiramente, pesquisar as várias instuições museológicas que podiam ser visitadas ou
que tinham alguma programação específica para um determinado assunto relacionado
com as aulas leccionadas durante o ano lectivo.
Posteriormente foram contactados os serviços educativos dos espaços
museológicos escolhidos. No diálogo, quer por telefone, email ou presencialmente, referi
sempre a temática que pretendia abordar na visita de estudo e os objectivos que pretendia
alcançar com os alunos. Após a negociação de um dia entre a disponibilidade do museu
e o calendário escolar das turmas que leccionei, foram informados os alunos e, de seguida,
os seus encarregados de educação e o corpo directivo da comunidade escolar. Refira-se
que foi também importante contextualizar os alunos relativamente à instituição que se ia
visitar.
Na maior parte dos casos as visitas de estudo realizadas foram gratuitas, sendo
necessário apresentar no museu em questão um formulário da escola que validava a
actividade. Ora, para visitar os museus, quer em Cascais, quer noutros pontos fora do
município, foi essencial a programação do percurso que era preciso fazer ou os transportes
que eram necessários utilizar. Foi sempre importante o papel da professora Paula Sim
Santos neste sentido, visto conhecer os caminhos e os melhores meios para poder chegar
com segurança aos destinos pretendidos. Já a presença do meu colega João Pepe
contribuiu de forma positiva para coordenar os diversos grupos nas suas movimentações,
sobretudo das turmas de maior dimensão, como era o caso do 8ºD.
47
Quando se chegou à maior parte dos museus visitados, fomos sempre bem
acolhidos pelos técnicos dos serviços educativos. As actividades decorreram de forma
diferente, atendendo aos temas previamente negociados entre mim e os técnicos, às várias
idades dos alunos de cada turma e tendo em conta a dimensão dos grupos. Refira-se que
houve maior facilidade e, provavelmente, maior aproveitamento de cada actividade
quando as turmas apresentavam grupos mais pequenos. Isto tornava mais fácil a visita ao
espaço museológico e contribuía para a construção de uma relação mais próxima entre
todos. Afinal, numa visita com um espaço tão curto de tempo, refira-se que nem sempre
é fácil orientar grupos numerosos. De facto, embora as actividades tivessem decorrido
bem, foi diferente visitar os museus, sobretudo no decorrer do terceiro período lectivo,
com uma turma do Ensino Secundário composta por apenas 11 alunos, ou organizar uma
actividade com 29 alunos de uma turma do 8º ano.
Certamente que para haver uma maior atenção pelos alunos aos conteúdos
abordados na visita de estudo, foi pertinente eu ter elaborado alguns guiões ou fichas de
trabalho. Porém, somente nas visitas organizadas do segundo e do terceiro períodos se
recorreu a este tipo de materiais. De facto, à medida que sucediam as leituras para
compreender melhor a relação entre a escola e o museu, também novas ideias me surgiam
no decorrer da planificação e execução das actividades.
No que diz respeito à avaliação das visitas de estudo, foi possível convidar os
alunos a desempenhar várias tarefas. No primeiro período propus à turma do 8º ano a
redacção de textos temáticos. Houve grande aderência por parte dos alunos e, no geral,
foram ao encontro dos assuntos abordados nas visitas. Porém, compreendi, pelos textos
que me foram entregues, que a maior parte dos alunos, embora tenham alguma
criatividade, revelaram dificuldades na escrita da Língua Portuguesa. Já com os alunos
do Ensino Secundário compreendi que escrever um texto, relativamente às visitas de
estudo realizadas no segundo e terceiro períodos, proporcionou a hipótese de expressar a
criatividade e melhorar a sua escrita.
Entre as diversas actividades propostas também se incentivaram os alunos a
responder a algumas questões, quer em guiões de trabalho, quer nas fichas de avaliação
sumativa de cada período lectivo. A maior parte dos trabalhos realizados foram
individuais, com excepção de uma actividade de grupo da turma do 11ºC. Algo que se
propõe para futuros trabalhos relativos à relação entre a escola e o museu é a organização
de outras tarefas que promovam a cooperação entre os alunos.
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Limitações e oportunidades da relação entre a escola e o museu
Durante o ano lectivo as diversas actividades que permitiram compreender as
limitações e oportunidades relativamente à relação entre a escola e o museu no âmbito da
disciplina de História foram: visitas de estudo às instituições culturais, aulas nos espaços
museológicos e exploração de plataformas digitais dos museus.
No caso das visitas de estudo os alunos entraram em contacto com a História dos
museus e dos objectos expostos, quer de forma temporária quer de maneira permanente.
Neste contexto compreendeu-se que a relação entre a escola e o museu pode proporcionar
aos alunos o apreço pela importância do testemunho que cada objecto concede para a
História.
Para além disso, pelas visitas de estudo realizadas com as duas turmas da Escola
Básica e Secundária da Cidadela à localidade de Cascais, foi possível fomentar uma maior
valorização e ligação para com o património histórico local. Através destas actividades,
tanto no Museu do Mar Rei D. Carlos como no Museu Condes de Castro Guimarães,
integrados no Bairro dos Museus, os alunos puderam complementar alguns dos assuntos
abordados em aula.
Não obstante, a duração das visitas de estudo deve ser alvo de maior atenção por
parte de quem prepara as actividades. De facto, é importante cumprir horários nas
deslocações da escola para o museu e vice-versa. O mesmo sucede no tempo em que
decorre a actividade no espaço museológico. Deve haver a possibilidade de os alunos
cumprirem as tarefas propostas e concretizarem os objectivos previamente definidos.
Refira-se ainda que o facto de se conferir às visitas de estudo um aspecto mais
lúdico pode permitir que os alunos se encontrem num registo mais descontraído e,
possivelmente, que participem nas actividades com maior interesse.
No fim das aulas leccionadas no terceiro período lectivo foram distribuídos
inquéritos entre os alunos da turma 8ºD (anexo 26 , p. LII). Nestes havia uma questão
sobre a sua opinião relativamente às aulas de História nos museus. Esta questão tinha em
conta a actividade Património ou Patrimónios?, no Museu Condes de Castro Guimarães,
em Cascais. As respostas, no geral, expressavam que as aulas eram mais dinâmicas e
diferentes. Constatou-se também que os alunos sentiram que era uma forma de se
sentirem mais motivados a gostar da disciplina de História. Houve, porém, uma resposta
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que partilho de um aluno que colocou a hipótese de haver um tempo neste tipo de aulas
para uma visita individual ao museu. O aluno disse “só não gostei de não poder explorar
sozinho, afinal, o conhecimento provém da curiosidade”.
No contexto da aula sobre o penúltimo rei de Portugal no Museu do Mar Rei
D.Carlos, os alunos do 11º ano foram convidados a expressar a sua opinião quanto à
actividade (anexo 20, p. XL). Entre as diversas respostas percebeu-se que os alunos
notaram que a aula teve maior dinamismo, gostando também da interacção com a técnica
dos serviços educativos. Para além disso, alguns referiram que foi interessante e ajudou
a compreender melhor determinados assuntos.
Por conseguinte, constata-se que a relação entre a escola e o museu pode permitir
que os alunos tenham maior interesse pela disciplina de História. Para além disso, pode
ser uma forma de aprofundar a aprendizagem sobre os conteúdos abordados em aula e
previstos nos documentos curriculares.
Efectivamente os alunos da turma do 3º ciclo do Ensino Básico tiveram a
possibilidade de analisar algumas pinturas do Renascimento. Isto decorreu no contexto
da visita virtual à Capela Sistina do Museu do Vaticano, em Roma. Quando questionados
sobre a sua opinião quanto aos recursos utilizados durante as aulas do primeiro período
lectivo (anexo 27, p. LIII), alguns alunos referiram que gostaram muito da exploração em
três dimensões da Capela Sistina. Esses alunos mencionaram também que foi uma forma
interactiva de compreender alguns temas da História.
No que ainda diz respeito à exploração dos museus virtuais nas aulas de História
houve a possibilidade de questionar, durante o segundo período, a turma 8ºD (anexo 28,
p. LIV). Numa questão sobre a visita às páginas das instituições museológicas os alunos
referiram, atendendo à utilização do sítio digital do Museu Nacional dos Coches, que é
uma boa maneira de aprender, que é interessante e inovador para as aulas.
Já a turma do Ensino Secundário foi questionada sobre a utilização de várias
plataformas virtuais no decurso das aulas e como forma de enriquecer o seu estudo. Desse
modo, atendendo à exploração do Google Arts & Culture (anexo 29, p. LV), os alunos do
11ºC disseram, no geral, que é importante para dinamizar as aulas, para ter formas de
estudo diferentes das habituais, para encontrar imagens e outros documentos para certos
trabalhos. Houve, porém, alguns dos inquiridos que revelaram não ter interesse na
utilização deste género de plataformas virtuais para o seu estudo.
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Certamente, a utilização dos recursos digitais disponibilizados pelos museus pode
ser feita de diversas formas. O professor pode recorrer às plataformas museológicas para
motivar os seus alunos a trabalhar determinados assuntos. Para além disso, pode utilizar
os museus online como complemento da abordagem de domínios mais específicos. O
mesmo pode ser feito como forma de consolidação dos conteúdos programáticos.
De facto, a utilização destes recursos constitui uma hipótese de promover uma
maior participação por parte dos alunos. Confere ainda um dinamismo e interacção
diferentes às aulas de História. É também uma oportunidade de utilizar as Novas
Tecnologias de Informação e Comunicação (NTIC), em pleno século XXI.
No entanto, para explorar os museus virtuais é necessário que a escola possua
determinadas acessibilidades e equipamentos nas salas de aula e bibliotecas. Para
trabalhar a relação entre a escola e o museu na Era Digital é essencial haver computadores
com acesso à Internet. Refira-se, porém, que por vezes pode haver falhas no acesso à
Internet, erros informáticos ou problemas técnicos que condicionam as actividades
pretendidas.
Efectivamente, a principal missão do professor, na minha opinião, é a de
contribuir para a formação dos seus alunos. Desse modo, procurei, durante o ano lectivo,
ensinar as duas turmas com quem tive a oportunidade de trabalhar. Porém, também eu
consegui aprender várias lições com os alunos, quer do Ensino Básico, quer do Ensino
Secundário. De facto, a relação entre a escola e o museu contribuiu muito para a
construção de uma boa relação entre mim e os alunos, pelas dinâmicas vividas e pelos
diálogos partilhados. Não somente se compreenderam melhor algumas temáticas da
disciplina de História, como também se promoveram as relações interpessoais em todos
os momentos.
Por fim, considero que o balanço da Prática de Ensino Supervisionada em
História, na Escola Básica e Secundária da Cidadela de Cascais, foi positivo. Porém, há
ainda um caminho longo para percorrer e uma vida inteira não chega para compreender
o mundo, mas pode ajudar a edificar um lugar melhor. Afinal, um professor deve procurar
aprender para ensinar.
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