Introdução História Indigena

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     AULA 03 AULA 03

    ESCOLA DE FORMAÇÃO DE PROFESSORESESCOLA DE FORMAÇÃO DE PROFESSORESLICENCIATURA EM HISTÓRIALICENCIATURA EM HISTÓRIA

    História e Cultura afro-brasileira e indígenaHistória e Cultura afro-brasileira e indígena

    Prof. Dtnd.Francisco Thiago SilvaFrancisco Thiago [email protected]@projecao.br 

    Introdução a umaIntrodução a uma

    História indígenaHistória indígena((Manuela CarneiroManuela Carneiro))

    mailto:[email protected]:[email protected]:[email protected]:[email protected]

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    IntroduçãoIntrodução

    •Portugueses acharam que a “descoberta” doBrasil significava a entrada no paraíso.•O Brasil foi simbolicamente criado, Assim,apenas nomeando-o, se tomou posse dele,

    como se fora virgem.•A cada lugar, o nome do santo do dia: Todos osSantos, São Sebastião, Monte Pascoal.

    •Religiosamente, de onde esseshomensdescenderam?

    •Haveria múltiplas origens e rotas de penetração dohomem americano?

    •Teria ele vindo, como se crê em geral, pelo estreitode Bering e somente por ele?

    •Quando se teria dado essa migração?

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    OrigensOrigens

    •35 mil e 12 mil anos atrás, uma glaciação teria,por intervalos, feito o mar descer a uns 50 mabaixo do nível atual.

    •Beríngia teria assim aflorado em vários momentosdesse período e permitido a passagem a pé da Ásiapara a América.

    • De 12 mil anos para cá, uma temperatura maisamena teria interposto o mar entre os doiscontinentes.

    •Hipótese aceita de migração terrestre entre América e Ásia.•No entanto, há também possibilidades de entradamarítima no continente, pelo estreito de Bering.

    •Debate: arqueólogos que pesquisam o Piauí- Brasil,afirmam que a América do Sul teria sido povoadaprimeiro que o Norte.

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    Presença da História IndígenaPresença da História Indígena

    • Sabe-se pouco da história indígena: nem a origem nem as cifras depopulação são seguras, muito menos o que realmente aconteceu.• Equivoco dasteorias primitivistas.• Principais troncos lingüísticos mais antigos: Arawak, Pano e Tupi eainda Tukano.

    • Cautela ao usar o termoisolamento: já que objetos manufaturadose micro-organismos invadiram o Novo Mundo numa velocidademuito superior à dos homens que os trouxeram.

    • Impossível não citar a perda de diversidade cultural e acentuaçãodas microdiferenças que definem a identidade étnica.

    • É notável que apenas os grupos de língua Jê pareçam ter ficadoimunes a esses conglomerados multilinguísticos.

    • Em suma, o que é hoje o Brasil indígena são fragmentos de umEm suma, o que é hoje o Brasil indígena são fragmentos de umtecido social cuja trama, muito mais complexa e abrangente,tecido social cuja trama, muito mais complexa e abrangente,cobria provavelmente o território como um todo.cobria provavelmente o território como um todo.

    • As sociedades indígenas de hoje não são portanto o produto danatureza, antes suas relações com o meio ambiente sãomediatizadas pela história.

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    Mortandade e CristandadeMortandade e Cristandade

    • Motivos da dizimação das populações indígenas:ganância e ambição,formas culturais da expansão do que se convencionou chamar ocapitalismo mercantil.

    • Motivos mesquinhos e não uma deliberada política deextermínio conseguiram esse resultado espantoso de reduziruma população que estava na casa dos milhões em 1500 aospouco mais de 800 mil índios que hoje habitam o Brasil.

    • E as doenças?Aqui eram os índios que morriam: agentes patogênicosda varíola, do sarampo, da coqueluche, da catapora, do tifo, dadifteria, da gripe, da peste bubônica, e possivelmente da malária,provocaram no Novo Mundo o que Dobyns chamou de “um dosmaiores cataclismos biológicos do mundo”.

    • No entanto, é importante enfatizar que a falta de imunidade, devidoao seu isolamento, da população aborígine não basta para explicar amortandade, mesmo quando ela foi de origem patogênica.

    • Outros fatores, tanto ecológicos quanto sociais, tais como a altitude,o clima, a densidade de população e o relativo isolamento, pesaramdecisivamente. Em suma, os micro-organismos não incidiram num

     vácuo social e político, e sim num mundo socialmente ordenado.• O papel das missões: entrada do sarampo e aumento acentuado da

     varíola.

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    •“O sarampo e a varíola, que entre 1562 e 1564assolaram as aldeias da Bahia, fizeram os índiosmorrerem tanto das doenças quanto de fome, a tal

    ponto que os sobreviventes preferiam vender-secomo escravos a morrer à míngua”.•Mas não foram só os micro-organismos osresponsáveis pela catástrofe demográfica da

     América. O exacerbamento da guerra indígena,

    provocado pela sede de escravos, as guerras deconquista e de apresamento em que os índios dealdeia eram alistados contra os índios ditos hostis,as grandes fomes que tradicionalmenteacompanhavam as guerras, a desestruturação

    social, a fuga para novas regiões das quais sedesconheciam os recursos ou se tinha de enfrentaros habitantes a exploração do trabalho indígena,tudo isso pesou decisivamente na dizimação dosíndios.

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     A América invadida A América invadida

    •Como se vê no quadro (p. 16), as estimativas variam de 1 a 8,5 milhões de habitantes paraas terras baixas da América do Sul.

    •E com a vinda dos europeus? Alguns, comoRosenblat, avaliam que de 1492 a esse nadir(1650), a América perdeu um quarto de suapopulação; outros, como Dobyns, acham que

    a depopulação foi da ordem de 95% a 96%.•Como foi dito com força por Jennings(1975), a América não foi descoberta, foiinvadida.

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    Política IndigenistaPolítica Indigenista

    •Durante o primeiro meio século, os índios foramsobretudo parceiros comerciais dos europeus,trocando por foices, machados e facas o pau-brasilpara tintura de tecidos e curiosidades exóticascomo papagaios e macacos, em feitorias costeiras.

    •Com o primeiro governo geral do Brasil, a Colôniase instalou como tal e as relações alteraram-se,tensionadas pelos interesses em jogo que, do ladoeuropeu, envolviam colonos, governo emissionários, relação pautada por constantes

    conflitos.•Não eram mais parceiros para escambo quedesejavam os colonos, mas mão de obra para asempresas coloniais.

    •Relato indígena (p. 19).

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    • A Coroa tinha seus próprios interesses,fiscais e estratégicos acima de tudo: queriadecerto ver prosperar a Colônia, mas queria

    também garanti-la politicamente.•Interessavam-lhe aliados índios nas suaslutas contra franceses, holandeses eespanhóis.

    •Época de Pombal pretendeu-se promover aemergência de um povo brasileiro livre,substrato de um Estado: índios e brancosformariam este povo enquanto os negroscontinuariam escravos.

    • As disputas religiosas.•Os jesuítas e sua relação com a Coroa, comRoma e com os indígenas “brasileiros”.•1759: expulsão da ordem jesuítica por

    Pombal.

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     A partir de 1.808 A partir de 1.808• A partir da chegada de d. João vi ao Brasil a política indigenista viu sua arena reduzida e sua natureza modificada: não haviamais vozes dissonantes quando se tratava de escravizar índios ede ocupar suas terras.

    • O início do século xx verá um movimento de opinião dos maisimportantes, que culminará na criação do Serviço de Proteçãoaos Índios (spi), em 1910.

    • O spi extingue-se melancolicamente em 1966 em meio aacusações de corrupção e é substituído em 1967 pela FundaçãoNacional do Índio (Funai): a política indigenista continuaatrelada ao Estado e a suas prioridades.

    • Os anos 1970 são os do “milagre”, dos investimentos eminfraestrutura e em prospecção mineral — é a época da Transamazônica, da barragem de Tucuruí e da de Balbina, doProjeto Carajás. Tudo cedia ante a hegemonia do “progresso”,diante do qual os índios eram empecilhos: forçava-se o contatocom grupos isolados para que os tratores pudessem abrirestradas.

    • E realocavam-se os índios mais de uma vez, primeiro paraafastá-los da estrada, depois para afastá-los do lago da barragem

    que inundava suas terras.

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    •Esse período, crucial, mas que não vem tratadoneste livro, desembocou na militarização daquestão indígena, a partir do início dos anos 1980:

    de empecilhos, os índios passaram a ser riscos àsegurança nacional.•É irônico que índios de Roraima, que haviam sidono século xviii usados como “muralhas dos sertões”(Farage 1991), garantindo as fronteiras brasileiras,fossem agora vistos como ameaças a essas mesmasfronteiras.

    •No fim da década de 1970 multiplicam-se asorganizações não governamentais de apoio aosíndios, e no início da década de 1980, pelaprimeira vez, se organiza um movimento indígena

    de âmbito nacional.•CF/88: que abandona as metas e o jargãoassimilacionistas e reconhece os direitosoriginários dos índios, seus direitos históricos, àposse da terra de que foram os primeiros senhores.

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    Política IndígenaPolítica Indígena•Durante muito tempo imperou a ideia de vitimização indígena.

    •Essa visão, além de seu fundamento moral, tinha outro,teórico: é que a história, movida pela metrópole, pelo capital, sóteria nexo em seu epicentro. A periferia do capital era tambémo lixo da história.

    •O resultado paradoxal dessa postura “politicamentecorreta” foi somar à eliminação física e étnica dos índios

    sua eliminação como sujeitos históricos.•Ora, não há dúvida de que os índios foram atores políticosimportantes de sua própria história, portanto a políticaindígena se fez surgir.

    •Os europeus perceberam isso bem cedo: no século XVI, osfranceses e os portugueses em guerra aliaram-serespectivamente aos Tamoio e aos Tupiniquins.No século xvii osholandeses pela primeira vez se aliaram a grupos “tapuias”contra os portugueses.

    • Ao contrário, o efeito geral dessa imbricação da políticaindigenista com a política indígena foi antes o fracionamentoétnico.

     

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    Os índios como agentes de suaOs índios como agentes de suahistóriahistória

    •Em muitas comunidades indígenas o homem branco émuitas vezes, no mito, um mutante indígena, alguém quesurgiu do grupo.

    • Frequentemente também, a desigualdade tecnológica, omonopólio de machados, espingardas e objetos

    manufaturados em geral, que foi dado aos brancos, deriva,no mito, de uma escolha que foi dada aos índios.•O tema recorrente que saliento é que a opção, no mito, foioferecida aos índios, que não são vítimas de umafatalidade mas agentes de seu destino.

    •Talvez tenham escolhido mal. Mas fica salva a dignidade

    de terem moldado a própria história.•O que isso indica é que as sociedades indígenaspensaram o que lhes acontecia em seus própriostermos, reconstruíram uma história do mundo em queelas pesavam e em que suas escolhas tinhamconsequências.