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2.ª edição2009

Mari Angela Calderari Oliveira

Intervenção PSICOPEDAGÓGICA

na Escola

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CIP-BRASIL. CATALOGAÇÃO-NA-FONTESINDICATO NACIONAL DOS EDITORES DE LIVROS, RJ

O45i2.ed.

Oliveira, Mari Angela CalderariIntervenção psicopedagógica na escola / Mari Angela Calderari Oliveira. 2.ed.

– Curitiba, PR : IESDE Brasil, 2009.260 p.

Inclui bibliografiaISBN 978-85-387-0367-9

1. Psicologia educacional. 2. Psicologia escolar. I. Título.

09-2026. CDD: 370.15CDU: 37.015.3

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Mestre em Educação pela Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR). Es-pecialista em Psicologia Social pela PUCPR. Especialista em Psicopedagogia pelo Centro de Especialização em Psicopedagogia de Curitiba (CEP – Curitiba). Gradua-da em Psicologia pela PUCPR. Diretora Adjunta do curso de Psicologia da PUCPR e responsável técnica pelo Núcleo de Prática em Psicologia da PUCPR. Supervisora em Psicopedagogia Clínica e Institucional. Professora de Graduação e Pós-Gradu-ação da PUCPR. Professora dos cursos de Psicopedagogia da Faculdade Bagozzi e da Faculdade Espírita.

Mari Angela Calderari Oliveira

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Sumário

Um pouco mais sobre Psicopedagogia ............................ 11

Revendo alguns conceitos ..................................................................................................... 11

Algumas considerações sobre o objeto de estudo da Psicopedagogia ................ 12

A visão sistêmica e a Psicopedagogia ............................... 27

A Teoria Geral dos Sistemas ................................................................................................... 28

Psicopedagogia atuando no âmbito da instituição ..... 41

A escola enquanto instituição ............................................. 55

Os elementos do sistema escolar ........................................................................................ 59

O sistema escolar ....................................................................................................................... 62

A intervenção psicopedagógica na instituição educacional .................................................... 69

A demanda da escola para a intervenção psicopedagógica ..................................... 71

O que é “intervenção psicopedagógica”? ......................................................................... 72

Recursos psicopedagógicos para intervenção na instituição educacional ......... 74

O diagnóstico psicopedagógico: matriz diagnóstica ................................................................... 85

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Matriz do Pensamento Diagnóstico ................................................................................... 87

Diagnóstico psicopedagógico: instrumentos e técnicas ......................................................... 97

Entrevista para exposição de motivos ............................................................................... 97

Enquadramento do processo diagnóstico ....................................................................... 98

Observação e análise do sintoma........................................................................................ 99

Organização do primeiro sistema de hipóteses ...........................................................100

Escolha de instrumentos de investigação ......................................................................100

Levantamento do segundo sistema de hipóteses ......................................................101

Pesquisa da história ................................................................................................................101

Terceiro sistema de hipóteses .............................................................................................101

Devolutiva e o informe diagnóstico .................................................................................102

Mudanças na ação educativa: do ensinar para o aprender ................................................113

O fazer psicopedagógico na relação educador-educando ......................................113

A afetividade na sala de aula ...............................................................................................116

O que é modalidade de aprendizagem ..........................................................................119

Contribuições da Psicopedagogia na relação família e escola ..................................................131

Contextualizando a família ..................................................................................................132

A família e os problemas de aprendizagem ..................................................................133

A relação família e escola .....................................................................................................136

Um olhar psicopedagógico sobre as dificuldades de aprendizagem ........................149

O modelo nosográfico: uma proposta psicopedagógica .........................................152

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A aprendizagem sob o enfoque da Neuropsicologia ..........................................165

Aprendizagem e as bases neuropsicológicas ...............................................................165

A Neuropsicologia e o processo de aquisição da leitura e escrita .........................168

Alfabetização: o processo de leitura e escrita ...............................................................171

Princípios para trabalhar com grupos na escola .........185

O funcionamento grupal ......................................................................................................185

Algumas contribuições da técnica de grupos operativos ........................................189

Contribuições da Psicopedagogia no uso do lúdico .....................................................................199

O valor educativo dos jogos ................................................................................................201

Contribuições da Psicopedagogia no trabalho com projetos ....................................................215

Realização de um projeto .....................................................................................................216

Caixa de trabalho: uma contribuição da Psicopedagogia ............................229

Como operacionalizar a caixa de trabalho para o espaço da sala de aula .........232

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Apresentação

Considerar a atuação psicopedagógica como uma possibilidade de levar o su-jeito que aprende a se tornar mais consciente e ativo no seu próprio processo de aprender, requer do psicopedagogo olhar e escuta diferenciados. Embora as fronteiras dessa atuação precisem ser definidas e delimitadas, o caráter interdisci-plinar está intimamente relacionado com a possibilidade da intervenção no pro-cesso de aprendizagem. A leitura deste livro possibilitará o conhecimento mais profundo da proposta prá-tica da Psicopedagogia, destacando a amplitude de possibilidades de interven-ção na instituição educacional.Para isso, inicialmente, será apresentada uma breve retomada da caminhada da Psicopedagogia, caracterizando seu objeto de estudo e o processo de aprendiza-gem, sob o enfoque da Epistemologia Convergente de Jorge Visca. Essa teoria faz referência à Psicopedagogia e irá nos subsidiar teoricamente para que se aproprie de um dos âmbitos da Psicopedagogia: o institucional. Dessa forma, retoma-se alguns conceitos, além de se possibilitar a construção de novos conhecimentos.O contexto em questão será a instituição educacional. Estudaremos a escola em seu status de instituição, pensando sobre sua organização e funcionamento, tendo como referencial a Teoria Geral dos Sistemas.O principal objetivo deste curso, no entanto, está focado na intervenção psicope-dagógica na escola e nas contribuições que essa área fornece como subsídio para o desenvolvimento da função do educador.Além de aspectos específicos da atuação dos profissionais que se especializam em Psicopedagogia, trataremos de aspectos que auxiliam os educadores que procuram um referencial a mais para sua função na instituição educacional.Para isso, será proposta uma reflexão sobre a relação entre educador e educando, bem como serão estudadas as contribuições da Psicopedagogia no que diz res-peito às dificuldades de aprendizagem.Serão também enfocados alguns aspectos da Neuropsicologia no que se refere à aprendizagem e à construção da leitura e da escrita. Importante também, para a Psicopedagogia, serão os capítulos sobre o trabalho com grupos e as contribui-ções do trabalho com o lúdico como modalidade de intervenção na aprendiza-gem, bem como o trabalho com projetos e a proposta psicopedagógica da caixa de trabalho.Outro aspecto bastante discutido dentro das escolas, que será enfocado nesse livro, é a relação entre família e escola, com a proposta de refletirmos sobre que contribuição a Psicopedagogia pode nos dar.Espera-se que este estudo seja muito proveitoso, de maneira que as reflexões que realizarem sejam um diferencial significativo, não só na vida profissional, mas também para uma vivência enquanto seres humanos.

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A Psicopedagogia é uma área que se preocupa com o fenômeno da aprendizagem. No que tange a ação psicopedagógica na instituição edu-cacional, esse profissional habilitado em compreender o processo de aquisição do conhecimento, vai tanto na instância do aprender como na instância do ensinar, com sua ação interventiva, assumir um compromisso ético com a educação.

Podemos pensar, então que na história de construção desse campo de atuação houve um crescimento de uma ação mais preventiva, que priori-za a dimensão institucional em detrimento do foco individual. Segundo Porto (2006, p. 116), “[...] a atuação psicopedagógica institucional auxilia o resgate da identidade da instituição com o saber mediando e resgatando o processo de ensino e aprendizagem”.

Portanto, compreender a intervenção psicopedagógica na instituição educacional requer do profissional habilitado a esta função posicionar-se em relação às diferentes tendências que foram se delineando por meio de análises críticas e reflexivas frente às demandas da escola. É importante que o psicopedagogo tenha uma coerência entre a posição teórica que o referencia, com a estruturação de sua prática, para que seu trabalho con-tribua de fato como recurso para a instituição educacional.

Uma atuação psicopedagógica, que represente esse recurso, reside na capacidade do psicopedagogo em identificar no funcionamento ins-titucional as configurações relacionais que podem estar obstaculizando o fluxo do ensinar e aprender. Os obstáculos precisam ser pensados a partir da integração de diferentes forças que englobam o espaço institucional, portanto a ação interventiva segue o mesmo foco de reflexão, o espaço das relações entre vínculos de quem ensina e de quem aprende, das famí-lias com a escola e da comunidade como um todo.

Monereo e Solé (2000, p. 11) contribuem com esse pensamento, ca-racterizando algumas tendências na intervenção psicopedagógica, exem-plificando a diversidade no que se refere aos serviços psicopedagógicos,

A intervenção psicopedagógica na instituição educacional

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que se relacionam diretamente com as particularidades que se encontram nas configurações vinculares no interior das instituições educacionais.

A primeira tendência refere-se a um trabalho psicopedagógico concebido como uma modalidade da individualização do ensino. A instituição escolar ofe-rece respostas suscetíveis de adequarem-se às condições de seus alunos. É uma tendência que não responde às expectativas que estamos estruturando diante da ação psicopedagógica na instituição educacional, parecendo direcionar a ação interventiva para o aluno que representa o fracasso escolar. Relacionando com as unidades de análise da Psicopedagogia, essa tendência tem seu foco no indivíduo.

A segunda tendência refere-se à ação psicopedagógica, e é voltada para o contexto concreto da instituição educativa, e transcende seu caráter de “lugar físico”, no qual é produzida a intervenção, para tornar-se objeto da intervenção, não descaracterizando a escola dos objetivos que socialmente lhe são confe-ridos. A intervenção do psicopedagogo tem como objetivo potencializar ao máximo a capacidade de ensinar dos profissionais que a integram e a capacida-de de aprender dos alunos, supondo que há um complexo emaranhado em que aspectos estruturais e organizacionais, as configurações relacionais intra e extra instituições, interagem constantemente.

A terceira tendência diz respeito à ação psicopedagógica que auxilia a escola a pensar sobre seus propósitos e fazê-los de forma coerente com as finalidades educativas socialmente estabelecidas, que são expressas nas previsões normati-vas de quem pretende um estado soberano.

Ao longo dessas reflexões, as características da intervenção psicopedagógica aqui abordadas não fugirão da concepção ampla do processo de aprendizagem, considerando que na instituição educacional este processo acontece de forma dinâmica, tornando concreta a unidade do ensinar e aprender. Torna-se, então, objeto de estudo aquilo que é vinculado na relação ensinar-aprender, tendo seus protagonistas uma interação que configura a ação educativa, um deixar que o outro aprenda. Portanto, a ação psicopedagógica na escola deve envolver a dinâmica da mesma, como um todo, intervindo em várias instâncias, deixando vivenciar o seu ensinar-aprender de forma crítica e reflexiva.

O importante, no que diz respeito ao que se considerou até o momento, é que o alvo da ação psicopedagógica não é somente o aluno com problemas de

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aprendizagem, mas, principalmente, os mecanismos que interagem na constru-ção desse processo.

Portanto, segundo Barbosa (2001, p. 25),

[...] a Psicopedagogia na escola transforma a ação individual em grupal, analisa os sintomas, considerando a gama de relações que existe em uma instituição e propondo projetos de atuação que apontem para uma mudança global sem deixar de atender os casos concretos que aparecem como sintoma.

Levando em conta as considerações propostas sobre a intervenção psicope-dagógica, sua contribuição movimenta o ato educativo, como um fato global, isto é, sua ação resgata uma visão globalizante do processo de aprendizagem. O campo conceitual da Psicopedagogia contribui com novas estratégias de atuação, que envolve o fenômeno institucional sob uma abordagem crítica e sistêmica.

A demanda da escola para a intervenção psicopedagógica

É muito comum encontrarmos referências que mostram a configuração que a escola assume como um veículo transmissor de mudanças sociais. Como exem-plo, Patto (1984, p. 55) nos mostra sua análise das relações que se estabelecem entre a escola e os rumos da sociedade brasileira e analisa criticamente o papel desempenhado pelo sistema escolar no contrato do desenvolvimento de um país industrial, capitalista e independente.

Dessa forma, é importante para o psicopedagogo, que vai atuar na escola, parar para pensar nas diferentes demandas do sistema escolar atual, principal-mente objetivando a coerência de sua ação.

“As necessidades da escola não são algo estático e pré-fixado, mas sim algo dinâmico e mutável, que se configura de diversas maneiras em momentos dis-tintos e que obedeçam, em boa parte, às expectativas que a sociedade projeta sobre ela” (MONEREO; SOLÉ, 2000, p. 13).

Ao nos reportarmos ao status institucional da escola, nos deparamos com a importância do psicopedagogo ser capaz de estar atento às diferentes formas de funcionamento explícito e implícito da instituição educacional, pois essas cons-

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tituirão a “personalidade” da escola, ou melhor, traduzirão como determinada instituição responde aos desafios que lhe são impostos no cumprimento de sua função de ensinar, envolvendo toda sua estrutura física, administrativa e humana.

Segundo Monereo e Solé (2000, p. 14),

[...] tudo isso conduz à revisão do papel, da formação, da localização, das funções e dos obje-tivos aos quais o trabalho psicopedagógico deve atender. Seria lógico que assim ocorresse, pois, como mencionamos, a escola vai se transformando, adotando novas dimensões e suas necessidades e objetivos também se modificam. Para a instituição entendida em sua globa-lidade, o trabalho psicopedagógico deve dispor, por sua vez, de referências e instrumentos capazes de ajudá-la.

No entanto, é necessário, que o psicopedagogo disponha de referencial e ins-trumental para que efetivamente conheça a instituição com a qual vai trabalhar, para poder coerentemente propor sua ação.

Ser capaz de fazer uma leitura do emergente e do latente na instituição escolar requer do psicopedagogo este referencial e instrumental.

É inevitável, inicialmente, retomar os fundamentos que dizem respeito à Teoria Geral dos Sistemas e à Epistemologia Convergente. Essas duas lentes teó-ricas vão auxiliar na compreensão da instituição educacional, enquanto contexto de nossa ação, bem como oferecer instrumental adequado para a intervenção.

O que é “intervenção psicopedagógica”?Silvia Ancona-Lopez (1995, p. 20) nos traz os seguintes sentidos para a pala-

vra intervenção:

Intervir (do latim intervenire): meter-se de permeio, ser ou estar presente, assistir, interpor os seus bons ofícios.

Meter-se de permeio: indica atuação. Posição ativa de alguém que interfere, que se coloca entre as pessoas, que de algum modo estabelece um elo, uma ligação.

Interpor os seus bons ofícios: ação de quem tem algum preparo em determinada área e põe seus conhecimentos à disposição de quem deles necessita. Ação de quem acredita no que faz.

Estar presente: não indica necessariamente uma ação, o que leva a pensar em alguém disponí-vel, que aguarda uma solicitação. Estar presente parece indicar uma posição, alguém a quem se pode recorrer e que está inteiro na situação.

Assistir: indica ajuda, cuidados, apoio.

Tomando como base essas palavras, gostaria de refletir com vocês o sentido da “ intervenção psicopedagógica”. Parece claro que intervir é uma ação que pre-determina um movimento. Alguém, numa atitude ativa, estabelece uma ligação,

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um elo com outro alguém, e assim, por estar habilitada, produz alguma transfor-mação, que abrirá uma cadeia de ações para novas intervenções.

A intervenção psicopedagógica pressupõe essa ligação com objetivos muito claros, delineados pelo seu objeto de estudo, o processo de aprendizagem. Como intervir, então, para promover o aprender?

Se a Psicopedagogia, pelo que estamos estudando, propõe que o próprio sujeito seja autor de sua aprendizagem, intervir nesse processo é criar mecanis-mos que contribuam para que o aprender do sujeito da aprendizagem possibi-lite num processo dialético, a transformação da realidade bem como a transfor-mação de si mesmo.

Pichon-Rivière (1988, p. 128) nos traz um conceito de operatividade que pode nos referenciar sobre a ação interventiva do psicopedagogo, propondo que ope-ratividade seja a capacidade de agir por si, sem esperar que aquele que coordena dê os passos e as soluções prontas para a realização de uma tarefa, mas que coor-dene usando o desenvolvimento da autonomia.

Na instituição educacional, o psicopedagogo, segundo Barbosa (2000, p. 215),

[...] intervém a partir de ações que se caracterizem por uma atitude operativa, com objetivo de provocar no sujeito da aprendizagem a busca da operatividade, da resolução de um problema. Ele cria, mantém e fomenta a comunicação, para que os envolvidos possam desenvolver-se, progressivamente, a ponto de poderem aproximar-se afetivamente da tarefa e realizá-la.

Jorge Visca (1987, s.p.), teoricamente embasado pela Epistemologia Conver-gente, sugere que

[...] a atividade operativa do psicopedagogo tem como finalidade o movimento interno do sujeito da aprendizagem em direção à aprendizagem. Para isto, o psicopedagogo deve estabe-lecer, na configuração da sua ECRO profissional, a capacidade de integrar a atitude operativa no seu modo de interagir com o mundo.

A sigla ECRO significa Esquema Conceitual Referencial Operativo, proposto pela Epistemologia Convergente como unidade operacional, que possibilita ao psicopedagogo construir seu fazer psicopedagógico a partir de um voltar-se para si mesmo. Ele deixa que a ação interventiva não seja assimilada somente cognitivamente, mas na interação mútua dos aspectos pessoais e profissionais, distanciando-se tecnicamente do fenômeno estudado.

Dissociar instrumentalmente sua ação interventiva faz do psicopedagogo um profissional, que na instituição educacional, seja capaz de compreender horizon-talmente o funcionamento de uma totalidade grupal, assim como verticalmente

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o indivíduo que se encontre nela inserido, considerando tanto a dinamicidade das situações quanto os problemas de adaptação que dela decorrem. Da mesma forma que possibilita que o psicopedagogo vivencie profissionalmente seus vín-culos afetivos, isto é, o mantém distanciado da relação para que ele possa fazer uso de seus recursos intelectuais, suas emoções, suas percepções para melhor identificar possíveis envolvimentos que venham a atrapalhar sua intervenção (ANCONA-LOPEZ, 1995).

Barbosa (2000, p. 217) sugere que

[...] vivenciar a operatividade como aprendiz e também como possibilitador de aprendizagem deveria fazer parte da formação de todos aqueles que ocupam o lugar de educador, sejam eles professores, pedagogos, psicopedagogos ou quaisquer outros profissionais que possuam em sua ação com o objetivo de promover a realização e o aprender do outro.

Recursos psicopedagógicos para intervenção na instituição educacional

Toda atuação psicopedagógica requer um planejamento coadunado com o contexto institucional onde esse vai ser aplicado. Seja junto ao corpo docente, junto aos alunos bem como junto a equipe técnica ou comunidade, as ações seguem uma proposta que vá ao encontro das demandas investigadas em um momento de avaliação institucional. Propondo projetos, grupos operativos, pa-lestras, grupos de trabalhos, ou qualquer outra atividade, ela só configura-se como prática interventiva do psicopedagogo, se na sua ECRO algumas atitudes estiverem internalizadas ao ponto de favorecer o movimento de aprendizagem criando comportamentos de autonomia e autoria nos sujeitos envolvidos.

Os recursos psicopedagógicos propostos por Barbosa (2000, p. 218) reúnem tanto contribuições de Jorge Visca como da própria autora citada, e possibilitam a intervenção no processo de aprender obstaculizado, como também para situ-ações de ação psicopedagógica preventiva, na instituição escolar.

Esses recursos têm sua origem na Psicologia e Pedagogia, sendo que aque-les referidos na Pedagogia podem também auxiliar na relação professor-aluno. Barbosa (2000, p. 218), portanto, nos relata alguns destes recursos:

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Mudança de situação � – aquilo que é sempre feito da mesma forma pode estar criando si-tuações conflituosas. Propor uma mudança é agir operativamente, é surpreender para in-terferir.

Informação � – para provocar um movimento em relação à determinada tarefa, fornecem-se informações que não são acabadas e prontas.

Acréscimo de modelo � – apresentar uma outra opção para que determinada atitude possa ser efetivada. Em vez de dizer “não é assim” se diz “esta é uma forma de pensar, porém vo-cês poderiam considerar mais este aspecto”.

Modelo de alternativa múltipla � – sem ofuscar o conhecimento do outro, oferece-se algumas alternativas que permitem a reflexão, a escolha, o teste e a conclusão.

Mostra � – recurso não verbal, que objetiva a revisão do movimento do sujeito ou do grupo, sem necessariamente corrigi-lo.

Vivência do conflito � – criar um grau de ansiedade e desequilíbrio necessário para que essa vivência possibilite uma tensão e motivação do estabelecimento de metas e condutas mo-dificadas.

Problematização � – criar situações-problema para que hipóteses sejam levantadas, testadas, confirmadas ou não, colocando certa ordem na confusão inicial.

Destaque do comportamento � – comportamentos adequados assumidos pelo sujeito ou pelo grupo devem ser destacados para mostrar que estes possuem condições de atingir uma meta.

Explicação intrapsíquica � – busca explicar ou descrever para o sujeito ou grupo, o mecanis-mo interno que está sendo utilizado naquele momento. Pode referir-se à cognição, aos aspectos afetivos que energizam a ação de aprender e realizar tarefas.

Assinalamento � – explicita um segmento da conduta, enfatizando a motivação, a meta, a conduta escolhida etc.

Interpretação � – explicita ou comunica a conduta como um todo, enfatizando a motivação, a meta, a conduta excelente etc.

Os recursos apresentados caracterizam-se como ferramentas de uso contí-nuo na prática do psicopedagogo na instituição educacional, configurando sua atitude operativa e delineando a construção do seu papel profissional. É impor-tante salientar que esses recursos não são de uso exclusivo da Psicopedagogia, educadores em todas as funções podem se valer desses recursos, facilitando o desenvolvimento da atitude operativa, fundamental para a intervenção na aprendizagem.

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Os diferentes enfoques do trabalho psicopedagógico

(MONEREO; SOLÉ, 2000, p. 14)

O interesse em delimitar as diferentes maneiras de abordar (ou enfrentar) o trabalho psicopedagógico tem gerado um grande número de propostas que originaram outras tantas categorizações, sejam enfoques consultivos, assistenciais, humanistas, clínicos, comunitários etc. Mais importante que tratar de acrescentar uma nova classificação ao já complexo panorama que a literatura oferece sobre o assunto, é tentar identificar quais são as dimensões que definem, justificam e legitimam o conjunto de práticas profissionais que podem agrupar-se sob a epígrafe do trabalho psicopedagógico. Cremos que existem, pelo menos, três dimensões que gozam de um certo consenso e que brevemente comentaremos.

A primeira dimensão refere-se à concepção epistemológica que subjaz a cada enfoque de intervenção. Considerar que a aprendizagem na escola ocorre devido a um ou outro mecanismo ou processo determina de forma decisiva a interpretação feita dos fenômenos educativos e, consequentemen-te, influi de maneira decisiva no tipo de ações, de recursos e de instrumentos de intervenção e avaliação que entrarão em jogo.

Mesmo que, geralmente, nos deparemos com posições matizadas sobre quais são esses dispositivos epistemológicos que podem explicar a mudan-ça conceitual, podemos identificar os limites do que seria um contínuo: em um extremo, considerar-se-ia que esses mecanismos têm, essencialmente, um caráter individual e sua relação com o ambiente é de natureza reativa em alguns casos, adaptativa, em outros. Por meio de uma estimulação apropria-da ou da resolução de conflitos em momentos adequados, o funcionamento desses mecanismos poderá ser corrigido para a obtenção de um desenvolvi-mento adequado do aluno.

Tal intervenção, para ser eficaz, deverá responder, na medida do possível, às características individuais de cada aluno, tenderá a ser intensiva quanto à

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A intervenção psicopedagógica na instituição educacional

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concentração de meios sobre o mecanismo responsável e deverá evitar que o aluno entre novamente em contato com aquelas situações que possam favorecer atitudes de regressão até que possua recursos suficientes para enfrentá-las.

[...]

No entanto, essa forma de abordar a intervenção não está isenta de pro-blemas. Por um lado, as dificuldades que aparecem em contextos educati-vos têm uma origem complexa e multicausal: ao considerar-se isoladamen-te parte dos supostos fatores desencadeantes, especialmente aqueles que são mais diretamente observáveis e mais facilmente controláveis, corre-se o risco de simplificar a situação, atuando sobre aspectos parciais e superficiais, que dificilmente atingirão o problema em sua magnitude.

Por outro lado, o desejo diretivo e distanciado que, nesses casos, o psi-copedagogo costuma adotar junto ao fato frequente de agir diretamente sobre os alunos, aos quais sujeita com sua autoridade, contribui para eximir de responsabilidades e compromissos os professores e os pais, que costu-mam eximir-se do problema ao comprovar que agora o aluno é “problema do psicopedagogo”. Essa atribuição, além do mais, costuma vir acompanha-da de fortes expectativas de uma rápida e satisfatória situação, expectativas que quando produzem decepção geram atitudes de desconfiança e receio para com os psicopedagogos em geral.

[...]

A segunda dimensão que distingue alguns enfoques psicopedagógicos de outros faz alusão a áreas de intervenção que são atendidas prioritaria-mente no âmbito de cada enfoque.

Em geral, a atuação do assessor psicopedagógico, que caracterizamos an-teriormente como especialista resolutivo, costuma centralizar sua interven-ção em algum elemento específico do sistema escolar que foi considerado como problemático, preferentemente algum aluno, mas também pode tra-tar-se de um professor, de algum membro da equipe de direção ou de algum familiar. De qualquer modo, o âmbito de intervenção é particularizado e o problema isolado, como já explicamos, para seu eficaz tratamento.

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Intervenção Psicopedagógica na Escola

No caso do psicopedagogo colaborativo, o âmbito de intervenção não é um elemento do sistema escolar, mas inclui, pelo menos, desde as inten-ções às relações entre os diferentes subsistemas que integram a escola: a equipe de direção, a equipe de professores – agrupados por etapas, séries e/ou departamentos –, os diferentes grupos-aula e as respectivas famílias. Lo-gicamente, nem toda intervenção deve envolver diretamente todos e cada um desses subsistemas, mas quando a questão tiver focalizado sobre um aluno problemático, sob esse enfoque serão analisadas as implicações e as consequências que as ações e as medidas que forem adotadas terão sobre os demais subsistemas.

A terceira e última dimensão considera o tipo de relação de trabalho e profissional que cada enfoque mantém com a instituição educacional à qual presta seus serviços. Mesmo quando essa relação profissional apresentar múltiplas modalidades, são dois os aspectos que contribuem sobremaneira para defini-la: a situação contratual do psicopedagogo e o grau de depen-dência com a instituição.

Quanto ao primeiro ponto, é preciso distinguir entre a situação de um psicopedagogo que age por conta própria, a do profissional contratado tem-porariamente por uma escola, ou a do assessor que conseguiu sua colocação mediante concurso e faz parte do quadro estável de funcionários de uma administração pública. Quanto ao segundo aspecto, podemos diferenciar a figura de um psicopedagogo externo, que intervém de fora para a escola, de um psicopedagogo que atende diretamente diversas escolas e também per-tence a uma equipe psicopedagógica, de uma terceira alternativa, a daquele que faz parte da equipe de professores da escola que atende. Obviamente, ambos os aspectos mantêm relações estreitas.

O trabalho psicopedagógico, por parte da iniciativa privada, costuma realizar-se fora do contexto escolar e em função de demandas específicas formuladas por possíveis clientes, quer se trate de instituições ou de pessoas físicas. Os prazos da intervenção e os resultados a serem obtidos costumam ser tratados a priori.

Embora o “livre exercício da profissão” pareça estar plenamente vincula-do a essa modalidade de intervenção, existem importantes restrições que necessitam ser avaliadas. Em primeiro lugar, a intervenção está subordinada

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A intervenção psicopedagógica na instituição educacional

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a um cliente que, como afirma o tópico, sempre tem razão e que pode tentar impor condições e critérios de trabalho que sejam contraditórios aos que o próprio psicopedagogo considera adequados para o correto exercício de sua tarefa. Em segundo lugar, a situação externa, a partir da qual se trabalha, reduz substancialmente a possibilidade de efetuar um trabalho contextuali-zado e colaborativo com a escola e, portanto, costuma-se agir segundo um enfoque mais individual, direto e terapêutico.

Em resumo, trata-se de uma modalidade de intervenção cuja atuação institucional está subordinada a casuísticas muito definidas; por exemplo, quando uma escola necessita de um ponto de vista externo, seja para intro-duzir algum projeto de inovação, seja para mediar em situações de confron-tação que requerem a presença de um árbitro que possa opinar sobre o con-flito existente, com maiores garantias de objetividade e de independência.

A situação muda radicalmente quando o psicopedagogo é parte inte-grante da equipe de profissionais da escola em que trabalha, como um de seus membros, mas com funções e atribuições particulares. As vantagens parecem evidentes: para o conhecimento em primeira mão da realidade e dos meandros da instituição, cabe acrescentar a possibilidade de influir de forma permanente em seu desenvolvimento. No entanto, não é opção isenta de dificuldades, algumas das quais derivadas da necessidade de definir-se e manter-se como psicopedagogo, evitando a confusão de funções e de atri-buições. Com isso, deve ser acrescentada a dificuldade de manter a suficiente independência e distanciamento profissionais para detectar necessidades e propor mudanças que, mesmo sendo consideradas onerosas, trariam bene-fícios em relação à qualidade do serviço educativo oferecido. Essa circunstân-cia é agravada quando o contrato de trabalho é temporário e precário e sua renovação depende da satisfação dos responsáveis pela escola, que podem não ver com bons olhos as iniciativas renovadoras que o psicopedagogo defende.

Uma última modalidade de relação de trabalho e profissional é a prota-gonizada pelas equipes psicopedagógicas de um setor educacional, depen-dentes de uma administração pública. Nesse caso, o assessoramento adota uma perspectiva combinada, dentro e fora da escola: dentro, porque o psi-copedagogo efetua uma intervenção regular e contínua em cada escola que

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Intervenção Psicopedagógica na Escola

atende, geralmente um dia fixo da semana. Fora, porque participa de uma equipe mais ampla, que possui uma dinâmica própria e age com certa auto-nomia de critérios e sua presença na escola não é constante.

É difícil realizar uma avaliação genérica desta modalidade de intervenção considerando-se a grande gama de variáveis que intervêm em sua definição: concepções epistemológicas e formação de seus membros, número de es-colas assessoradas, localização urbana ou rural dessas escolas, existência de outros serviços de assessoramento na própria escola ou no setor atendido etc. De qualquer forma, na melhor das hipóteses, trata-se de uma opção que permitiria manter um ótimo equilíbrio entre a proximidade das escolas, suas peculiaridades e seus problemas específicos, e o necessário distanciamen-to que frequentemente se requer para efetuar diagnósticos, informações, opiniões, orientações e propostas de inovação ou de intervenção que nem sempre são igualmente valorizadas por todos os grupos.

Como se pode deduzir do exposto, os organizadores deste livro inclinam- -se a defender um enfoque – ou se preferirem, uma observação dos processos educativos a partir do trabalho psicopedagógico – que se aproxime do perfil mais contextual preventivo e colaborativo, que constitui o que se costuma chamar de enfoque “educacional”, em contraposição a modelos ou enfoques clínicos e assistenciais. Esse enfoque educacional-construtivo do trabalho psi-copedagógico (COLL, 1989a, 1989b) constitui a “visão” que articula e fornece um ponto de convergência aos diferentes capítulos deste livro.

Dica de estudoAcesse: <http://recantodasletras.uol.com.br/artigos/795611>.

Esse site é sempre alimentado com textos atuais sobre Psicopedagogia, aprendizagem e educação em geral. O texto “Intervenção psicopedagógica: como e o que planejar” faz uma reflexão acerca do papel de mediação do profis-sional psicopedagogo no momento da intervenção, bem como propõe rever as condições de tratamento que se dá para a compreensão do sujeito em processo de aprendizagem.

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A intervenção psicopedagógica na instituição educacional

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Atividades1. A partir dos três casos descritos a seguir (BARBOSA, 2000), elabore um co-

mentário, no qual seja explicitado o que seria ter uma atitude operativa, em cada um dos casos.

a) Caso 1

Um menino de 13 anos não consegue concentrar-se na aula. Está sempre brincando, chamando os colegas e andando pela sala. Os colegas riem e desconcentram-se. A professora chama a atenção dele a todo o momen-to, até que acaba por mandá-lo para fora da sala: “– Seus colegas desejam assistir à aula e você está atrapalhando, como sempre. Diante disso, por favor, retire-se.”

b) Caso 2

Uma aluna, ao fazer uma pesquisa, pergunta à professora: “– Qual dos dois livros a senhora acha melhor? Como é para colocar o tema na folha? O nome do autor é para ser destacado? Professora, você vai tirar nota se o trabalho for curto? Quantas páginas ele deve ter? Professora, você pode dar uma olhada?” Como a professora poderia responder a essas questões para que a aluna fosse a real autora desta pesquisa e, com isso, pudesse aprender?

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Intervenção Psicopedagógica na Escola

c) Caso 3

Um menino de 11 anos que precisa ser sempre lembrado por sua mãe de suas obrigações. “– Como posso deixá-lo sair sem escovar os den-tes? Eu preciso lembrá-lo. Sempre pergunto se escovou os dentes para sair. Isso quando já estamos no elevador. E todas as vezes, sem exce-ção, ele volta correndo para escovar os dentes. Se eu não falar ele não vai lembrar.”

2. Assinale a alternativa que indica qual o melhor significado para a expressão intervenção psicopedagógica.

a) Intervir é fornecer um modelo a ser seguido para o aprendiz.

b) O ato de intervir é uma ação que pré determina um movimento na apren-dizagem.

c) A intervenção não prevê uma transformação no sujeito da aprendiza-gem.

d) A ação interventiva é passível de acontecer sem o estabelecimento de vínculos.

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A intervenção psicopedagógica na instituição educacional

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3. Assinale a alternativa que contempla os recursos que são considerados para uma intervenção psicopedagógica.

a) EOCA e EOCMEA.

b) Informe psicopedagógico.

c) Mostra, informação e alternativas múltiplas.

d) Pesquisa documental.

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A intervenção psicopedagógica na instituição educacional1.

a) A atitude da professora está reforçando o comportamento inade-quado em sala de aula. Nesse caso ela poderia promover uma bus-ca de outras alternativas para que o aluno permaneça em sala.

b) Buscar da aluna qual a sistemática que ela teria para realizar a ta-refa. Partir de uma ideia da aluna para poder ir orientando, não responder de imediato todas as perguntas.

c) A mãe precisa refletir o que leva seu filho a ir escovar os dentes? O pedido constante da mãe ou a saúde bucal necessária inerente ao ser humano.

2. B

3. C

Gabarito

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