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Instituto Superior de Engenharia do Porto
Departamento de Engenharia Informática
UTILIDADE DE UM SISTEMA DE INFORMAÇÃO
GEOGRÁFICA (SIG) NO INSTITUTO DO EMPREGO E
FORMAÇÃO PROFISSIONAL (IEFP)
Projecto da
Licenciatura em Engenharia Informática
Ramo de Computadores e Sistemas
Setembro 2002
Elaborado por: Fátima Barbosa – 960550
Orientador: Engº António Costa
2
ÍNDICE
AGRADECIMENTOS ..................................................................................................7 INTRODUÇÃO .............................................................................................................8 PARTE 1 – SISTEMAS DE INFORMAÇÃO GEOGRÁFICA (SIG) ......................11
1 CONCEITOS ......................................................................................................12 1.1 Definições .....................................................................................................12 1.2 Características dos SIG..................................................................................13 1.3 Como funcionam? .........................................................................................14
2 UM POUCO DE HISTÓRIA...............................................................................18 3 COMPONENTES................................................................................................24
3.1 Hardware.......................................................................................................24 3.2 Software ........................................................................................................24 3.3 Recursos Humanos (Peopleware) ..................................................................24 3.4 Base de Dados...............................................................................................25 3.5 Métodos e Procedimentos..............................................................................26
4 ALGUNS PRINCÍPIOS BÁSICOS .....................................................................27 4.1 Modelo Raster vs. Modelo Vectorial .............................................................27
4.1.1 Modelo Raster ........................................................................................27 4.1.2 Modelo Vectorial ....................................................................................27 4.1.3 Vantagens e Desvantagens ......................................................................28
4.2 Funções.........................................................................................................29 4.2.1 Aquisição e armazenamento de dados .....................................................30 4.2.2 Estruturação de dados .............................................................................32 4.2.3 Manipulação e análise de dados ..............................................................32 4.2.4 Geração de informação ...........................................................................33 4.2.5 Gestão do SIG.........................................................................................33
5 ÁREAS DE APLICAÇÃO ..................................................................................34 5.1 Automatização ..............................................................................................34 5.2 Análise de impactos.......................................................................................34 5.3 Simulação .....................................................................................................35 5.4 Gestão Autárquica .........................................................................................35 5.5 Gestão de Recursos .......................................................................................36 5.6 Optimização ..................................................................................................36 5.7 Um exemplo concreto....................................................................................36
6 INFRAESTRUTURAS DE INFORMAÇÃO GEOGRÁFICA .............................39 6.1 Estados Unidos..............................................................................................39 6.2 Finlândia .......................................................................................................42 6.3 Reino Unido ..................................................................................................44
7 SOFTWARE .......................................................................................................47 7.1 ESRI .............................................................................................................47
7.1.1 ARCGIS – SOLUÇÕES ESCALÁVEIS.................................................47 7.1.1.1 ArcInfo ................................................................................................49
3
7.1.1.2 ArcView ..............................................................................................50 7.1.1.3 ArcEditor.............................................................................................51 7.1.1.4 ArcSDE ...............................................................................................51 7.1.1.5 Extensões ArcGIS................................................................................52
7.1.2 SIG DESKTOP.......................................................................................53 7.1.2.1 ArcView GIS.......................................................................................53 7.1.2.2 Extensões ArcView GIS ......................................................................54
7.1.3 SOLUÇÕES INTERNET........................................................................55 7.1.3.1 ArcIMS ...............................................................................................55 7.1.3.2 RouteMAP IMS...................................................................................56
7.1.4 FERRAMENTAS DE DESENVOLVIMENTO......................................57 7.1.4.1 MapObjects .........................................................................................57 7.1.4.2 NetEngine............................................................................................58
7.1.5 SOFTWARE GRÁTIS............................................................................58 7.1.5.1 ArcExplorer .........................................................................................58
7.1.6 OUTRAS FERRAMENTAS..................................................................60 7.1.6.1 DAK....................................................................................................60 7.1.6.2 PC ARC/INFO ....................................................................................60
7.2 INTERGRAPH CORPORATION .................................................................61 7.2.1 GeoMedia ...............................................................................................61 7.2.2 GeoMedia Professional (Pro) ..................................................................62 7.2.3 GeoMedia Viewer...................................................................................62 7.2.4 GeoMedia WebMap................................................................................62 7.2.5 GeoMedia Solutions (GMS) Terrain .......................................................63 7.2.6 GeoMedia Transportation Manager.........................................................63 7.2.7 GeoDex ..................................................................................................63
7.3 AUTODESK.................................................................................................64 7.3.1 Autodesk Map ........................................................................................64 7.3.2 Autodesk OnSite.....................................................................................64 7.3.3 Autodesk MapGuide ...............................................................................65 7.3.4 Autodesk Raster Design..........................................................................65
7.4 MAPINFO CORPORATION ........................................................................65 7.4.1 MapInfo Professional..............................................................................65 7.4.2 MapInfo Proviewer .................................................................................67 7.4.3 MapInfo MapXtreme ..............................................................................68 7.4.4 MapInfo MapX Mobile ...........................................................................68 7.4.5 Vertical Mapper ......................................................................................68
8 NORMALIZAÇÃO.............................................................................................69 8.1 Standards ......................................................................................................69 8.2 A Comissão Técnica 287 da Comissão Europeia de Normalização (CEN).....70 8.3 A Comissão 211 do ISO................................................................................72 8.4 O Consórcio OpenGIS...................................................................................72
PARTE 2 – SIG EM PORTUGAL .............................................................................74 9 SISTEMA NACIONAL DE INFORMAÇÃO GEOGRÁFICA (SNIG) ...............75
9.1 Evolução do SNIG ........................................................................................76 9.2 Produção de Informação Digital ....................................................................79
4
9.3 Informação Disponível ..................................................................................82 10 ALGUMAS APLICAÇÕES .............................................................................87
10.1 Importação de Fotografias .............................................................................87 10.2 SOFTANIS ...................................................................................................89 10.3 GeoFogo .......................................................................................................89 10.4 MAPEX ........................................................................................................91 10.5 PORTUGAL DIGITAL.................................................................................93
11 SIG NOS MUNICÍPIOS...................................................................................95 11.1 PROSIG........................................................................................................95 11.2 PROGIP ........................................................................................................96 11.3 Um caso prático ............................................................................................98
11.3.1 Informação Estatística.............................................................................99 11.3.2 Informação Urbanística...........................................................................99 11.3.3 Informação Biofísica...............................................................................99 11.3.4 Carta Municipal do Património ...............................................................99 11.3.5 Carta Municipal de Equipamentos Colectivos .......................................100 11.3.6 Carta Municipal de Uso do Solo............................................................100 11.3.7 Carta Municipal de Riscos ....................................................................100 11.3.8 Informação Toponímica ........................................................................101 11.3.9 Bases Cartográficas...............................................................................101
11.4 SMIG/AML ................................................................................................103 PARTE 3 – SIG NO IEFP.........................................................................................106
12 O IEFP ...........................................................................................................107 12.1 Apresentação...............................................................................................107 12.2 Objectivos ...................................................................................................107 12.3 Programas e Medidas ..................................................................................108
12.3.1 Colocação .............................................................................................108 12.3.2 Estágios Profissionais ...........................................................................109 12.3.3 Formação Profissional...........................................................................109 12.3.4 Programas Ocupacionais .......................................................................110 12.3.5 Criação do Próprio Emprego .................................................................111
12.4 LSE – Livre Serviço de Emprego ................................................................111 13 PORQUÊ UM SIG? .......................................................................................114
13.1 Os Candidatos .............................................................................................114 13.2 Os Técnicos do IEFP...................................................................................115
13.2.1 Colocação .............................................................................................115 13.2.2 Formação Profissional...........................................................................116 13.2.3 Criação do Próprio Emprego .................................................................117
13.3 Chefias ........................................................................................................118 13.4 Serviços Centrais.........................................................................................119
14 A IMPLEMENTAÇÃO..................................................................................120 14.1 Etapas .........................................................................................................120 14.2 Questões importantes ..................................................................................122 14.3 O envolvimento dos utilizadores..................................................................122 14.4 A escolha do software .................................................................................123 14.5 Dificuldades ................................................................................................123
5
14.5.1 Disponibilidade de dados ......................................................................124 14.5.2 Compatibilidade de Formatos................................................................124 14.5.3 Falta de Pessoal Qualificado .................................................................125 14.5.4 Formação dos utilizadores.....................................................................125 14.5.5 Interface com o utilizador .....................................................................125
CONCLUSÃO ...........................................................................................................126 BIBLIOGRAFIA.......................................................................................................128 OUTRAS FONTES DE INFORMAÇÃO.................................................................129
6
ÍNDICE DE FIGURAS Figura 1 - SIG: uma tecnologia integradora ...............................................................................15 Figura 2 - Camadas de informação associadas a uma única localização......................................16 Figura 3 - Componentes centrais de um SIG - o anel das aplicações e utilizadores típicos ..........30 Figura 4 - Projecto conceptual de uma base de dados municipais ...............................................37 Figura 5 - Soluções ArcGIS.......................................................................................................48 Figura 6 - PDM de Évora ..........................................................................................................78 Figura 7 - Atlas do Ambiente ....................................................................................................80 Figura 8 - Fogos Florestais ........................................................................................................83 Figura 9 - Inventário do Património Arquitectónico ...................................................................85 Figura 10 - Portugal Visto do Céu .............................................................................................88 Figura 11 - GeoFogo .................................................................................................................90 Figura 12 - MAPEX..................................................................................................................92
7
AGRADECIMENTOS
Agradeço ao Engº António Costa na qualidade de meu Orientador pelo apoio
que me prestou na elaboração deste relatório, e também na qualidade de
docente da disciplina de Projecto Assistido por Computador, pela influência
que teve na escolha do tema deste trabalho.
Dedico um agradecimento muito especial à minha mãe e ao meu namorado,
que sempre me apoiaram, apesar de terem sido muitas vezes sacrificados, ao
longo do curso.
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INTRODUÇÃO Este trabalho tem como objectivo analisar até que ponto poderá ser útil a
implementação de um Sistema de Informação Geográfica (SIG) no Instituto
do Emprego e Formação Profissional (IEFP).
A ideia de escolher este tema nasceu a partir de dois factos distintos mas
igualmente importantes. Em primeiro lugar, a abordagem feita aos SIG,
durante as aulas teóricas da disciplina de Projecto Assistido por
Computador, que me deu a conhecer a existência desta tecnologia. O
segundo factor decisivo foi uma dificuldade real, sentida por uma colega
com quem trabalho, que me fez pensar de imediato “Um SIG ajudava a
resolver o problema”. A partir desse momento, ocorreram-me diversas
situações em que um SIG poderia eventualmente ser útil no IEFP, pelo que
decidi obter o máximo de conhecimento possível sobre o tema, de forma a
poder concluir se de facto se justificaria a sua implementação.
Este relatório está estruturado em três partes fundamentais, com objectivos
bem definidos. Na primeira parte procurei compilar toda a informação que
me pareceu relevante sobre SIG, de uma forma geral. A segunda parte reúne
elementos sobre a aplicação de SIG em Portugal. Finalmente a terceira parte
enquadra o tema no âmbito do IEFP.
A primeira parte desenvolve-se ao longo de oito capítulos. Começa por uma
apresentação básica dos SIG, onde se destacam algumas definições,
características e modo de funcionamento. O capítulo seguinte descreve um
9
pouco da sua história, salientando os momentos mais marcantes da sua
evolução. De seguida, referem-se aqueles que são considerados, por alguns
autores, os seus componentes principais: Software, Hardware, Peopleware,
Bases de Dados, Métodos e Procedimentos. Abordam-se em seguida alguns
princípios básicos desta tecnologia, nomeadamente diferentes modelos
(raster e vector) e principais funções. No capítulo seguinte indicam-se
aquelas que são consideradas, até ao momento, as principais áreas de
aplicação, recorrendo a um exemplo concreto para maior compreensão.
Segue-se um capítulo sobre o desenvolvimento de infra-estruturas de
informação em diferentes países, em concreto Estados Unidos, Finlândia e
Reino Unido, procurando demonstrar-se a existência de diversas abordagens.
Seguidamente procurou-se analisar de uma forma superficial algumas das
ferramentas SIG existentes no mercado, tendo sido seleccionadas quatro das
empresas produtoras de software nesta área: ESRI, Intergraph Corporation,
Autodesk e MapInfo Corporation. Finalmente o último capítulo da primeira
parte é dedicado às iniciativas de Normalização de SIG, nomeadamente
CEN/TC 287, ISO/TC 211 e o consórcio OpenGIS.
A segunda parte começa pela apresentação do Sistema Nacional de
Informação Geográfica: a sua evolução ao longo do tempo, as instituições
que mais colaboram na produção de informação digital e a informação
disponível na rede. O segundo capítulo descreve algumas das aplicações
desenvolvidas e disponíveis na Internet para o cidadão comum. O capítulo
seguinte aborda com algum pormenor a utilização dos SIG nos municípios,
dado que essa pode ser considerada uma das áreas de maior implementação
desta tecnologia no nosso país.
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Finalmente a terceira parte debruça-se em concreto sobre o principal
objectivo deste trabalho, ou seja, a eventual implementação de um SIG no
IEFP. Inicialmente, procura-se dar uma visão geral do IEFP como
Instituição, isto é quais são os seus objectivos, principais programas e
medidas implementados. O capítulo seguinte faz então uma análise das áreas
em que esta tecnologia poderia vir a ser útil, bem como quais seriam os seus
potenciais utilizadores. Em seguida abordam-se questões a ter em conta
numa eventual implementação, de que são exemplos as principais fases deste
processo e principais dificuldades a ultrapassar.
O relatório termina com uma síntese conclusiva onde se procuram transmitir
as ideias principais que resultam deste trabalho.
12
1 CONCEITOS 1.1 Definições Diferentes autores definem SIG de diferentes formas:
“SIG constituem um conjunto de ferramentas para recolha, armazenamento,
recuperação, transformação e exibição de dados espaciais do mundo real
para um conjunto particular de propósitos.” (Burrough, 1989).
"Sistema de apoio à decisão que integra dados referidos espacialmente num
ambiente de resolução de problemas." (Cowen, 1988).
“SIG são sistemas cujas principais características são integrar, numa
única base de dados, informações espaciais provenientes de dados
cartográficos, dados de censo e de cadastro urbano e rural, imagens de
satélite, redes e modelos numéricos de terreno; combinar as várias
informações, através de algoritmos de manipulação, para gerar
mapeamentos derivados; consultar, recuperar e visualizar o conteúdo da
base de dados geocodificados.” (Câmara, 1993).
"Um conjunto organizado de hardware, software, dados geográficos e
pessoal, destinados a eficientemente obter, armazenar, actualizar,
manipular, analisar e exibir todas as formas de informação
geograficamente referenciadas" (Instituto de Pesquisa de Sistemas
Ambientais – ESRI, 1990).
13
1.2 Características dos SIG Numa primeira análise, pode-se então concluir que não é fácil encontrar uma
definição consensual. Em vez disso, assinalam-se algumas das
características mais importantes dos SIG:
! Um SIG permite conjugar dois tipos de dados diferentes: a representação
física do território (recorrendo a mapas, cartas ou plantas) e a sua
caracterização numérica ou descritiva.
! Um SIG oferece capacidades para analisar fotografias aéreas e imagens
de satélite, elaborar mapas, criar modelos estatísticos, fazer pesquisas e
analisar uma grande quantidade de dados.
! A capacidade de processamento do SIG permite que várias alternativas
sejam avaliadas de forma relativamente rápida. Assim os SIG são muito
usados como ferramenta de apoio à decisão.
14
1.3 Como funcionam?
Uma Base de Dados SIG usa referências geográficas para armazenar e
aceder à informação. Normalmente, as análises são feitas por sobreposição
de mapas.
Considere-se o exemplo de um SIG que gere a informação sobre uma
determinada região, utilizando um conjunto de mapas temáticos, em que
cada um deles representa uma característica dessa região (densidade
populacional, estradas, rotas de transportes públicos, localização de centros
comerciais e indústria).
Cada mapa é referenciado como um layer (camada). As diferentes camadas
são sobrepostas de forma a ajustar cuidadosamente as localizações de todos
os mapas. Utiliza-se uma primeira camada como um sistema de referência
(por exemplo: latitude/longitude) para permitir esse ajuste entre os mapas.
15
Figura 1 - SIG: uma tecnologia integradora
Neste exemplo concreto, poder-se-ia por exemplo fazer a análise da
adequação da rede de transportes públicos à localização das escolas, ou
analisar a proximidade das zonas industriais aos centros populacionais.
O SIG permite que uma determinada área seja separada de localizações
vizinhas, permitindo assim uma análise mais pormenorizada.
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Figura 2 - Camadas de informação associadas a uma única localização
Outra possibilidade é a selecção de apenas algumas camadas para analisar a
relação entre elas. Duas ou mais camadas poderão mesmo ser combinadas de
modo a obtermos uma nova camada para uso em análises posteriores.
O processo de combinar e transformar a informação de diferentes camadas,
utilizando adição e subtracção de informação é chamado álgebra de mapas.
17
Um exemplo concreto: se pretendêssemos analisar os efeitos de alargar uma
estrada, poderíamos começar com a camada de estradas, alargaríamos a
estrada para a sua largura nova, produziríamos um novo mapa, e poderíamos
sobrepor a este mapa novo as camadas que representam o uso do solo, de
forma a podermos analisar as consequências.
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2 UM POUCO DE HISTÓRIA
Desde as primeiras civilizações, a informação espacial foi sendo reunida por
homens de diferentes saberes (navegadores, geógrafos, planeadores), para
ser depois traduzida de uma forma ilustrada (mapas) por cartógrafos ou
outros especialistas em mapeamento.
Recuando um pouco no tempo, até aos anos 40/50, constata-se que nesta
altura o tratamento dos mapas era ainda feito manualmente. Estes eram
usados em diversas aplicações, de que são exemplos a identificação de áreas
para novos desenvolvimentos/construções, traçado de rotas, planeamento de
fins-de-semana ou mesmo a evacuação de emergência de zonas de desastre.
Verificavam-se no entanto diversos problemas: ! A actualização dos dados era demorada, pequenas alterações obrigavam a
que os mapas fossem completamente redesenhados.
! Sentiam-se dificuldades na análise dos dados, por exemplo medir uma
distância obrigava a cálculos complexos e por vezes pouco precisos.
! Grandes áreas tinham que ser representadas em vários mapas, obrigando
à sua junção quando fosse necessário estudar qualquer ponto localizado
numa zona comum.
! O meio de armazenamento era pouco flexível, requerendo um espaço
considerável.
19
! Os mapas de papel nem sempre mantinham as dimensões originais,
devido às condições climatéricas envolventes, ou mesmo no caso de
serem dobrados.
! Eram facilmente destrutíveis e de difícil transporte.
De uma forma simplista, poderá afirmar-se que na origem dos SIG esteve a
necessidade de automatizar a cartografia, sendo de destacar o papel dos
produtores de mapas que procuravam acelerar e melhorar o processo de
produção.
A título de exemplo refira-se o Atlas da Grã-Bretanha, apontado como o
catalisador do desenvolvimento de métodos informáticos para tratar dados
espaciais no Reino Unido. Muitas pessoas colaboraram neste trabalho que,
tendo sido iniciado nos anos 50, só viria a ser publicado em 1963, o que
originou que parte dos dados estivessem já desactualizados. Os problemas
defrontados levaram a que fosse seriamente considerada a hipótese de
utilizar computadores para verificar, editar e classificar os dados.
Em 1963, Howard T. Fisher, arquitecto e urbanista americano, desenvolveu
a ideia de utilizar um computador para produzir mapas simples e assim
elaborar análises e sínteses. Foi ele o principal responsável e impulsionador
na criação da primeira geração de programas de mapeamento (SYMAP,
GRID, IMGRID, GEOMAP), que tinham como objectivo realizar rápidas e
económicas análises de dados espaciais. O programa SYMAP, criado por
uma equipa de especialistas e programadores dirigidos por Fisher foi o
primeiro pacote cartográfico automático comercialmente disponível, tendo
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sido difundido e distribuído com algum êxito. Comercializado nos Estados
Unidos em 1965, produzia de forma rápida mapas que se revelaram muito
úteis, não primando porém pela qualidade.
Outras ferramentas foram surgindo no mercado. Destacam-se o sistema
AM/FM (Automated Mapping/Facilities Management), utilizado para ligar
ficheiros externos a mapas electrónicos; e os sistemas CAD tradicionalmente
utilizados para produção, manutenção e análise de desenho gráfico (na área
da arquitectura, engenharia), não proporcionando porém funções para
desenho e análise de mapas.
O primeiro SIG de que se tem notícia surgiu em 1964 no Canadá (CGIS -
Canada Geographic Information System). O Dr. Roger Tomlinson,
construiu os módulos básicos de software, impulsionando o
desenvolvimento do hardware e elaborou uma complexa base de dados.
O CGIS foi desenvolvido a pedido do Canadian Agriculture and
Development Act, tendo utilizado dados recolhidos pelo Land Inventory
System. Foi concebido para produzir mapas das colheitas que determinadas
áreas poderiam produzir, bem como mapear zonas de florestas (com base no
tipo de solo, clima, irrigação e características físicas do solo). As áreas
foram classificadas de acordo com o potencial de vida selvagem, tendo em
conta factores favoráveis ou desfavoráveis para as espécies. Foram também
inventariadas as áreas de lazer.
O problema de medir e comparar esta informação requeria uma solução
tecnológica. O grande volume de dados, o tamanho do Canadá e a
necessidade de um sistema espacial de referência consistente justificaram a
21
adopção da abordagem utilizada. O sistema ficou completamente
operacional em 1971. O CGIS conseguiu realizar em dias a tarefa de
comparar 6000 mapas, que de outra forma necessitaria de 1650 pessoas/ano.
Desde essa data tem sofrido profundas alterações mas constitui ainda um
componente importante do Canada Land Data System. Muitos dos conceitos
SIG correntemente aceites, terminologia e algoritmos tiveram origem no
CGIS. Este sistema tem sido associado a diversos tipos de análises,
nomeadamente programas de monitorização do solo focados em áreas de
fruticultura, monitorização de chuvas ácidas e localização de resíduos
sólidos, tendo sido obtidos grandes benefícios ao nível da diminuição de
custos, melhoria de decisões administrativas, uso sensato da terra, melhor
gestão dos parques nacionais, agricultura e florestação mais eficientes.
Durante os anos 90 o CGIS manteve ainda um papel vital no planeamento do
uso do solo, no controlo de incidentes poluidores e na gestão de recursos.
As primeiras conferências e publicações de trabalhos sobre SIG surgem nos
anos 70, sendo no final desta década que a indústria dos SIG começou a
amadurecer.
No início dos anos 80 surgiu a versão comercial dos primeiros sistemas, que
passaram a ter aceitação mundial. Nessa altura, os governos americano,
canadense, sueco, norueguês e dinamarquês apoiavam financeiramente
iniciativas referentes à Cartografia Assistida por Computador (CAC) e aos
SIG. Nesse mesmo período o USGS (United States Geological Survey)
disponibilizou ao público bases de dados digitais, tais como os modelos
digitais de elevação ou DEM (Digital Elevation Models).
22
Entre o final da década de 80 e o início da de 90 verificou-se um
crescimento acentuado das aplicações SIG. Para isso contribuiu grandemente
o desenvolvimento alcançado em diversas áreas, das quais se destacam os
avanços na tecnologia informática: o custo decrescente dos computadores;
os melhoramentos da tecnologia gráfica, dos métodos de armazenamento e
acesso aos dados; os novos métodos de programação e interacção homem-
máquina; a evolução a nível das bases de dados e hardware (écrans,
impressoras, plotters, digitalizadores e scanners).
Convém no entanto salientar que o desenvolvimento dos SIG tem por base
inovações que ocorreram em disciplinas tão distintas como: Geografia,
Cartografia, Fotogrametria, Sensoriamento Remoto, Topografia, Geodesia,
Engenharia Civil, Estatística, Ciência da Computação, Investigação
Operacional, Inteligência Artificial, Demografia, e muitas outros ramos das
Ciências Sociais, Ciências Naturais e Engenharias. Por isso se diz que os
SIG têm unido várias tecnologias discretas num todo, que é maior do que a
soma das partes.
No início da década de 90 assistiu-se ao alargamento significativo dos
utilizadores da informação geográfica em formato digital em sectores do
mercado profissional tão diversos como a banca, os seguros, os transportes e
a gestão de frotas rodoviárias, a protecção civil, gestão de cadastros de infra-
estruturas (águas, electricidade, telefones, gás...), entre outras. Na base deste
alargamento estiveram os ficheiros TIGER, produzidos pelo U.S. Bureau of
Census, através dos quais foi disponibilizada informação alfanumérica
relativa aos apuramentos estatísticos do censo e relativa aos endereços
postais, associados à informação gráfica constituída pelos respectivos eixos
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de rua, devidamente segmentados e topologicamente estruturados.
De salientar que os ficheiros TIGER (Topologically Integrated
Geographical Encoding) contêm estruturas de dados topológicas,
descrevendo como pontos e linhas se relacionam entre si num mapa para
definirem áreas geográficas. Este sistema, da Intergraph, é um exemplo da
abordagem object-oriented no campo dos SIG .
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3 COMPONENTES
Os Sistemas de Informações Geográficos são compostos basicamente por
Hardware, Software, Recursos Humanos (Peopleware), Bases de Dados,
Métodos e Procedimentos. A coordenação entre todos estes factores é
fundamental, pois poderá determinar se a implementação do SIG será um
sucesso ou um fracasso.
3.1 Hardware
Para além do computador e periféricos habituais, poderão utilizar-se: mesa
digitalizadora (digitizer), scanner, restituidores fotogramétricos, CCD
(Charge Coupled Device), câmaras digitais, sistema de posicionamento
global (GPS - Global Positioning System), entre outros.
3.2 Software
Um sistema SIG possui software de recolha, tratamento e apresentação de
informações geocodificadas.
3.3 Recursos Humanos (Peopleware)
De uma maneira geral, para implantar e manter um sistema SIG, será
necessário a existência de uma equipa responsável por diversas funções,
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nomeadamente, aquisição, conversão e manutenção de dados, controlo de
qualidade, gestão do sistema físico, gestão da base de dados, formação dos
utilizadores finais.
Tradicionalmente, aconselha-se a disponibilização de técnicos especialistas
em Informática, Análise de Sistemas, Cartografia, Electrónica, entre outras
áreas.
3.4 Base de Dados
A Base de Dados de um SIG, possui, habitualmente dados geo-
referenciados, caracterizados a partir de três componentes fundamentais:
! Características não-espaciais: descrevem o fenómeno estudado
(exemplo: nome e tipo da variável);
! Características espaciais: informam a localização espacial do
fenómeno, ou seja, o seu geo-referenciamento, associada a propriedades
geométricas e topológicas;
! Características temporais: identificam o tempo para o qual tais dados
são considerados, isto é, quando foram recolhidos e qual a sua validade.
Os dados são normalmente recolhidos a partir de mapas, fotografias aéreas,
imagens de satélite, levantamentos de campo, censos, inquéritos.
26
3.5 Métodos e Procedimentos
Para que se consiga um maior desempenho do SIG, é necessário estabelecer
métodos e procedimentos de entrada e saída dos dados, de maneira que: os
dados inseridos correspondam aos padrões previamente estabelecidos, seja
evitada a redundância de informação, seja optimizado o uso de
equipamentos, seja garantida a segurança e os produtos de informação
obtidos correspondam às reais necessidades dos utilizadores.
27
4 ALGUNS PRINCÍPIOS BÁSICOS
4.1 Modelo Raster vs. Modelo Vectorial
Existem duas estruturas espaciais diferentes para a modelação de informação
geográfica:
4.1.1 Modelo Raster As figuras ou formas espaciais (informação) são representadas através de um
conjunto de pixels (célula) numa matriz. As células individuais são usadas
como blocos de construção para criar imagens de pontos, linhas áreas, redes
e superfícies. A forma e características de uma entidade são criadas pelo
agrupamento de células. Este modelo é normalmente adoptado na
manipulação de dados obtidos a partir de sensores remotos (imagens de
satélite, fotografias aéreas). A dimensão da célula pode variar. No caso, por
exemplo, das imagens captadas pelo satélite LANDSAT, a um quadrado no
terreno com 30*30 metros corresponde uma única informação, ou seja, a
cada célula corresponde uma área real de 30*30 metros. A isto se chama a
capacidade de resolução do satélite (só consegue trabalhar em unidades de
30*30).
4.1.2 Modelo Vectorial Este modelo usa coordenadas cartesianas (x,y) para guardar a forma de uma
entidade espacial. O ponto é o bloco básico de construção. Linhas e
entidades são construídas ligando uma série de pontos.
28
4.1.3 Vantagens e Desvantagens Segundo o CNIG (“Introdução aos SIG”, 1992) o modelo vectorial tem uma
estrutura mais compacta, é mais eficiente na definição da topologia,
permitindo, por isso, maior facilidade na implementação de operações como
análise de redes (por exemplo de transportes), possui muito boa qualidade
nos outputs gráficos, nomeadamente de cartas topográficas. Este modelo tem
como característica o rigor (cada entidade é descrita como um conjunto de
vectores), e um consumo de memória inferior ao do modelo raster, pois as
entidades gráficas, independentemente do seu tamanho podem ser
representadas por um pequeno número de pontos. Aspectos negativos são a
incapacidade para manipular imagens digitais, bem como problemas
técnicos em certos tipos de manipulação de dados, tais como intersecções de
polígonos ou cálculo de médias espaciais.
Já o modelo raster, e segundo a mesma fonte, tem como principais
características o facto de possuir uma estrutura de dados muito simples, bem
como facilidade e eficiência nas operações de sobreposição e grande
eficiência na manipulação de imagens digitais. Este tipo de estrutura de
dados é fácil de tratar pois é com facilidade que se consegue armazenar,
manipular e visualizar conjuntos de matrizes de linhas e colunas de pixels.
As operações de recorte e de busca de entidades pela sua localização é mais
fácil nesta estrutura. Pela negativa, destaca-se a qualidade inferior nos
outputs, nomeadamente na representação de fronteiras que tendem para um
aspecto anguloso, e também a grande capacidade de memória exigida para
armazenar e processar imagens ao nível da resolução espacial obtida com
estruturas vectoriais.
29
Até alguns anos atrás, a ideia convencional era de que as estruturas raster e
vectorial eram alternativas irreconciliáveis. No entanto, chegou-se à
conclusão que isso não corresponde à realidade e alguns problemas
apontados deixaram de ser relevantes (por exemplo a limitação em termos de
memória). Assim actualmente reconhece-se que a integração dos dois
formatos num único sistema dá ao utilizador uma maior flexibilidade de
utilização com menores custos e potencia capacidades analíticas que
anteriormente eram impossíveis de obter. Para além disso, a duas estruturas
são interconversíveis, embora seja mais simples a conversão de vectorial
para raster.
4.2 Funções
Um SIG implica um conjunto de funções ou actividades que podem ser
consideradas componentes do núcleo central do SIG: aquisição e
armazenamento de dados, estruturação de dados, manipulação e análise de
dados, geração de informação e gestão do SIG.
30
Figura 3 - Componentes centrais de um SIG - o anel das aplicações e utilizadores típicos
4.2.1 Aquisição e armazenamento de dados
Após a definição dos tipos de dados necessários deve proceder-se à sua
aquisição. Dados espaciais podem ser obtidos de diferentes fontes, em
diferentes formatos e podem ser introduzidos no sistema utilizando
diferentes métodos.
31
Quando surgiram os primeiros SIG grande parte dos dados apenas estavam
disponíveis em formato analógico pelo que foi necessário proceder à sua
conversão para formato digital. Diversas foram as técnicas utilizadas:
! Entrada via teclado: para atributos (numéricos e texto) disponíveis
apenas em papel. No caso de grandes quantidades de dados, recorreu-se
por vezes a scanners de texto.
! Digitalização manual: muito utilizada para digitalizar mapas existentes
em papel. Cada segmento de recta é digitalizado através da gravação do
número de pontos necessários, ou simplesmente movendo o cursor ao
longo da linha.
! Digitalização automática: é uma espécie de mímica do sistema manual.
Utiliza-se um dispositivo que segue automaticamente as linhas do mapa.
! Scanning: utiliza-se um scanner para converter uma fonte analógica num
formato digital rasterizado.
No caso de dados que já estão disponíveis no formato digital, basta efectuar
a transferência electrónica dos mesmos, ou seja descarregá-los a partir da
fonte (disquete, CD-ROM, Internet...). Poderá ser necessário uma operação
de conversão, caso os dados estejam num formato diferente daquele que é
reconhecido pelo SIG em causa.
Actualmente existem, em diversos países, redes nacionais de informação
geográfica, sendo disponibilizados na Internet autênticos catálogos de dados
georeferenciados em formato digital, que disponibilizam a mais variada
informação (a quem pertencem e como obtê-los), sendo já prática
generalizada a sua comercialização on-line. De salientar que, nalguns casos,
32
a disponibilização desses dados é feita de forma gratuita ou a um preço
meramente simbólico.
O armazenamento de todos estes dados é feito em fitas magnéticas, discos
rígidos e flexíveis ou CD-ROM
4.2.2 Estruturação de dados
Os dados adquiridos estão normalmente em escalas diferentes, projecções
cartográficas diferentes ou são adquiridos em épocas diferentes. Assim
torna-se necessário a obtenção de um formato padrão. De referir ainda o
facto de os processos de aquisição poderem originar erros pelo que os dados
necessitarão de ser editados de modo a detectar e corrigir esses erros. Estes
poderão provir da própria fonte, ser introduzidos durante a conversão
analógico-digital, propagados durante a transferência ou na conversão de
formatos.
4.2.3 Manipulação e análise de dados
Os diferentes temas dos dados são medidos, comparados e modelados
matematicamente ou estatisticamente de forma que seja gerada a informação
geográfica útil. A maioria dos SIG inclui funções cartométricas básicas,
como obter comprimento de linha, área da superfície e cálculo de
declividade. Técnicas de análise de mapas permitem a sobreposição digital
de vários conjunto de dados de forma a extrair a informação pretendida.
33
4.2.4 Geração de informação A forma de output mais comum, resultado da manipulação e análise dos
dados, é o mapa. Em muitos casos o mapa será temático e ilustrará a
variação espacial ou padrão de determinada variável. O papel do mapa é
transmitir informação espacial ao utilizador. Esta informação pode incluir
localização, tamanho, forma, padrão, distribuição.
Outras formas de output cada vez mais utilizadas são: vistas 3D (exemplo:
diagrama em malha de arame); técnicas de animação (uma série de mapas
visualizados como uma sucessão rápida de frames); tabelas e gráficos (muito
usado para dados estatísticos); multimédia (combinação de imagens
fotográficas, texto, som e vídeo)
Estes resultados poderão ser guardados em ficheiros para uso futuro.
4.2.5 Gestão do SIG
Inclui a instalação e actualização de hardware, software e bases de dados,
bem como a coordenação dos utilizadores, garantindo o acesso apropriado e
a segurança do sistema.
34
5 ÁREAS DE APLICAÇÃO A capacidade do SIG de integrar grandes quantidades de informação e
fornecer um conjunto de operações para sintetizar e analisar estes dados
tornou-o numa ferramenta importante no contexto da resolução de
problemas e no apoio ao processo de tomada de decisão. Por essa razão, são
variadas as áreas de aplicação desta tecnologia.
Áreas tão diversas como a protecção do ambiente, o planeamento regional e
urbano, a gestão territorial, a fiscalização e controlo do uso dos solos,
arranjos paisagístico, e mesmo tácticas militares, são exemplos típicos da
aplicação, bem sucedida, desta nova tecnologia.
5.1 Automatização
A capacidade dos SIG de integrar informação alfanumérica e gráfica veio
facilitar a classificação automatizada de entidades com expressão espacial.
Exemplos concretos são a elaboração e posterior análise de cartas temáticas
e criação de ficheiros de gestão de património (património arquitectónico,
parque habitacional, infra-estruturas sócio-económicas).
5.2 Análise de impactos
Qualquer processo de decisão que conduza à tomada de acções reveste-se de
uma importância decorrente do impacto provocado por essas acções.
35
Os SIG permitem a geração de modelos tridimensionais (por exemplo
modelos numéricos de terreno, análise de propriedades, de declives,
exposições solares) que são um auxiliar importante em estudos de
implantação ou na definição das localizações optimizadas para redes infra-
estruturais (sistema de água e saneamento, redes eléctricas, transportes), ou
usos do solo. É assim possível testar e analisar diferentes possibilidades,
corrigindo problemas e fundamentando as opções tomadas.
5.3 Simulação A capacidade de gerar cenários virtuais que permitem antecipar acções e
procedimentos, nomeadamente no que se refere a catástrofes naturais ou
outros acidentes, é um recurso técnico inestimável na prevenção e
minimização do impacto negativo deste tipo de acontecimentos.
Tomando como exemplos desses fenómenos cheias, tornados, incêndios,
entre outros, é fácil reconhecer a importância desta ferramenta no apoio à
orientação de políticas de gestão de recursos das entidades civis
responsáveis pela coordenação nestes campos.
5.4 Gestão Autárquica
São inúmeras as aplicações dos SIG nos municípios, nomeadamente no
auxílio ao melhoramento das redes de distribuição e recolha, na adopção de
medidas de Protecção Civil, na escolha de localizações óptimas para
36
localização de infra-estruturas, na manutenção de ficheiros actualizados do
património camarário, na emissão de licenças e permissões, no
desenvolvimento de planos de evacuação, entre muitos outros aspectos.
5.5 Gestão de Recursos
A gestão de recursos físicos e humanos é hoje uma preocupação de qualquer
instituição. Tarefas como a distribuição de correio, recolha de resíduos
sólidos ou mesmo a definição de carreiras de transporte são hoje criadas
recorrendo a modelos criados em SIG. Progressivamente esta nova
tecnologia tem conduzido à adopção de soluções mas rápidas, eficientes e
baratas, optimizando tempo e dinheiro.
5.6 Optimização Uma utilização cada vez popular dos SIG é o auxílio na escolha das
melhores localizações para equipamentos colectivos, loteamentos, infra-
estruturas, instalações empresariais, postos de controlo, entre outros.
5.7 Um exemplo concreto
A título de exemplo, é apresentado o projecto conceptual de uma base de
dados municipais, que foi desenvolvida em 1986 pela ESRI (Environmental
System Research Institute) para a cidade e o condado de San Diego, na
37
Califórnia (uma grande área metropolitana). Este sistema foi concebido para
responder às necessidades de diversos departamentos municipais,
relativamente à informações sobre desenvolvimento da terra, serviços
públicos e o meio ambiente.
Figura 4 - Projecto conceptual de uma base de dados municipais
Esta base de dados está dividida em seis categorias de dados:
! mapa-base: contém pontos de controle, curvas de nível e edificações.
! registos da terra: limites dos lotes, limites das parcelas de terra, direito
de passagem.
! arruamento: linhas centrais das estradas, intersecções das estradas,
iluminação das ruas e arborização.
38
! áreas: áreas demográficas, áreas escolares e áreas de serviço de
emergência.
! redes de utilidade públicas: sistemas de água e de esgoto, redes
eléctricas, telecomunicações.
! dados ambientais: mapas de solos, de várzeas e de nível de ruído, além
de recursos hídricos.
Cada mapa representa um tipo de dados. Os dados tabulares associados
contém informações tais como o nome de cada rua, o proprietário de cada
lote de terreno.
Aplicações possíveis são transações diárias de preparação das ordens de
serviço, reparações nas estradas e na tubulação de esgoto, tendo como
objectivo permitir a análise comparativa de planos alternativos de
desenvolvimento.
A grande vantagem desta abordagem é que os dados são inseridos uma só
vez numa base de dados centralizada. Por outro lado, os dados estão mais
disponíveis já que cada utilizador pode aceder directamente aos conjuntos de
dados de que necessita. Muito importante também é a possibilidade de
permitir que a informação seja integrada de uma maneira virtualmente
ilimitada, tendo em conta que quaisquer conjuntos de dados podem ser
combinados entre si.
39
6 INFRAESTRUTURAS DE INFORMAÇÃO GEOGRÁFICA
Apresenta-se neste capítulo uma breve descrição das iniciativas
desenvolvidas em alguns países, nomeadamente Estados Unidos, Finlândia e
Reino Unido, para organizar os respectivos Sistemas de Informação
Geográfica. Dá-se especial destaque às estratégias de recolha de dados
cartográficos, de disponibilização dos mesmos e políticas de preços
adoptadas.
6.1 Estados Unidos
Em 1990 foi criado o FDGC (Federal Geographic Data Commitee) na
National Mapping Division, United States Geological Survey. Na sequência
dos trabalhos deste comité, foi oficialmente criada, em 1994, a NSDI
(National Spatial Data Infrastructure) para coordenar as actividades de
recolha e gestão de dados georeferenciados entre as organizações
governamentais e não-governamentais nos EUA.
Um dos objectivos iniciais da construção de uma infra-estrutura virtual de
dados espaciais era melhorar o conhecimento sobre as estratégias de
recolhas de dados. Estas estratégias baseiam-se na partilha de custos de
recolha e manutenção de dados, em acordos de intercâmbio de dados
utilizando standards comuns e outros métodos inovadores.
40
Existe um grande número de organizações participantes que reconhecem os
benefícios da participação nas actividades NSDI, nomeadamente publicidade
gratuita, partilha de informação, utilização de software de baixo custo ou
mesmo gratuito e poupança de custos através de abordagens comuns de
desenvolvimento de dados.
A Geospatial Data Clearinghouse é um organismo central da NSDI,
considerada, de uma forma simplista, como um serviço de catálogo
electrónico.
O seu objectivo principal é apoiar a procura e o acesso a recursos de dados
georeferenciados nos EUA e noutros países de forma a diminuir as
probabilidades de duplicação de esforços na recolha de dados. Os serviços
da Clearinghouse são enriquecidos com metadados, ou descrições de
conjuntos de dados espaciais, que incluem também ligações a esses dados ou
os métodos para a encomenda.
As agências federais dos EUA são obrigadas a divulgar os seus metadados
num nó pesquisável na Clearinghouse. Os profissionais de SIG dessas
agências deverão consultar os dados existentes na Clearinghouse antes da
recolha ou da produção de novos dados georeferenciados. Desta forma, os
conjuntos de dados georeferenciados podem ser utilizados para múltiplos
fins, para além daqueles aos quais inicialmente se destinavam.
41
Neste momento existem mais de 150 servidores Clearinghouse com dados
sobre todos os continentes. A Clearinghouse actua como o principal ponto
de acesso público a todos os recursos geridos no âmbito do NSDI. A
Clearinghouse utiliza uma arquitectura descentralizada que permite uma
busca em muitos servidores através de um único interface, semelhante aos
utilizados nos motores de busca da Web.
A Clearinghouse assume a propriedade e a participação distribuídas.
Actividades semelhantes noutros países assumiram uma abordagem
totalmente centralizada relativamente à gestão de metadados através da
colocação de todos os metadados num índice disponibilizado num servidor
ou em vários servidores replicados. Esta solução tem a desvantagem de
dificultar a sincronização entre os metadados e o seu índice, devido à
crescente evolução e dinamismo actual. De acordo com o modelo
americano, as organizações que gerem dados espaciais e estão interessadas
em publicá-los são os candidatos mais indicados à publicação e manutenção
dos metadados. Estes, colocados juntamente com os dados num servidor,
tendem a ser mais actuais e detalhados que os metadados publicados para
um índice externo (recolhido e indexado off-site).
42
6.2 Finlândia
A recolha de dados não é formalmente coordenada na Finlândia. Em vez
disso, os principais departamentos governamentais têm praticado uma
cooperação voluntária e participado em vários projectos destinados a evitar a
duplicação na recolha de dados e, ao mesmo tempo, visando garantir que
todos os temas necessários são cobertos.
Em 1985 o Ministério da Agricultura e da Floresta lançou o projecto LIS
(1985-1991) de forma a promover a utilização partilhada de informação
geográfica, com dois objectivos: tornar mais acessível a informação
geográfica e evitar sobreposição na recolha de dados. Um resultado desse
projecto foi o lançamento da primeira versão do catálogo de metadados em
1991. O catálogo nacional de metadados é mantido pelo National Survey of
Finland, que é também responsável pela promoção da utilização partilhada
de informação geográfica, nos termos da lei que regula o funcionamento do
National Land Survey of Finland.
Sendo a criação de uma base de dados geográfica nacional um esforço
enorme, que exige grandes investimentos e tendo em vista a maximização
dos benefícios dos investimentos realizados, os dados devem ser distribuídos
da forma mais ampla possível (não apenas aos utilizadores profissionais,
mas também ao público). Com este objectivo em vista, o National Land
Survey iniciou o desenvolvimento do serviço MapSite. A ideia era criar uma
forma simples e eficaz de distribuir mapas através da Internet. O serviço
43
deveria ser de acesso fácil, disponível a qualquer pessoa e os custos de
funcionamento deveriam ser razoáveis.
O MapSite é um serviço que fornece mapas topográficos de toda a Finlândia.
O utilizador pode passear-se através de mapas topográficos com várias
escalas, movimentar-se num mapa ou procurar um local, indicando o nome,
morada ou as coordenadas.
O serviço de encomendas on-line do MapSite permite ao utilizador
encomendar dados cadastrais e outros das bases de dados do National Land
Survey. Este serviço tem provado ser uma ferramenta de grande valor para
muitas organizações, como é o caso de bancos, grandes empresas florestais e
agentes imobiliários.
Outra funcionalidade disponível é o MapCard, um postal electrónico, no
qual o utilizador pode seleccionar o aspecto gráfico, escrever uma saudação
pessoal e apontar para uma localização, que será apresentada no cartão. É
então criada uma página no servidor do MapSite e o utilizador pode enviar o
endereço Web do cartão através do correio electrónico. O cartão fica
guardado no servidor do MapSite durante duas semanas. O MapCard é a
ferramenta perfeita para enviar por email um mapa com um ponto de
encontro ou com a localização de uma empresa.
44
6.3 Reino Unido
Existe um grande interesse no desenvolvimento da política nacional de
informação na Grã-Bretanha. Em termos de coordenação, os actores
principais são o National Geospatial Data Framework (NGDF) - financiado
pelo National Interest Mapping Service Agreement (NIMSA), o grupo
Interdepartamental sobre Informação Geográfica (IG) - representando os
departamentos do governo central, o Local Government Management Board
e a Association for Geographic Information (AGI), que reúne mais de 1 000
membros dos sectores público e privado, produtores de dados e utilizadores.
A colaboração entre estas instituições está bem estabelecida, mas funciona
num contexto de orientação clara para o mercado. Não existe nenhuma
iniciativa de liderança comandada pelo governo para coordenar a recolha e a
distribuição de IG a nível nacional, como acontece noutros países. Na Grã-
Bretanha, o governo central não vê esta actividade como sua, embora
algumas das suas políticas principais, como é o caso das parcerias entre
agências governamentais na distribuição de serviços a nível local pudessem
beneficiar claramente de um enquadramento coordenado de IG como base
para a partilha de informação. Limitando a evolução em alguns aspectos,
esta abordagem de passividade deixa mais espaço para a participação do
sector privado no desenvolvimento de uma rede nacional de IG e também
encoraja algumas soluções inovadoras.
45
A dimensão extremamente elevada das autoridades locais, na Grã-Bretanha
tornou possível a adopção de um modelo comercial de preços elevados para
relativamente poucos clientes, como é o caso das autarquias locais e das
empresas produtoras ou distribuidoras de electricidade, água ou gás. Este
modelo tem sido justificado com base no facto de que a receita arrecadada
ter permitido ao mesmo tempo realizar o investimento necessário para criar
produtos e serviços de dados sofisticados num período de tempo
relativamente curto. É interessante notar que enquanto Portugal e a Finlândia
possuem políticas de Sociedade da Informação com uma forte dimensão
social, o equivalente no Reino Unido, a Iniciativa para a Sociedade da
Informação, é gerida pelo Departamento do Comércio e da Indústria com o
objectivo de "ajudar as empresas do Reino Unido a ter sucesso e a ter
capacidade de explorar o enorme potencial da Era da Informação".
O Ordenance Survey (OS) é uma agência governamental, responsável pela
cartografia, que cobre os seus custos operacionais com a venda de produtos,
serviços e licenças. No Reino Unido existem na realidade três Agências
Nacionais de Cartografia, independentes entre si, sendo cada uma
responsável pela sua própria organização, possuindo um conjunto próprio de
produtos e serviços e produzindo as suas próprias especificações: OS of
Nothern Ireland, responsável pela cartografia da Irlanda do Norte; OS
Great Britain, para Inglaterra, Escócia e País de Gales; OS of Ireland para
a República da Irlanda.
46
O OS é o responsável pela cartografia a todas as escalas, incluindo as
maiores, o que noutros países europeus cabe normalmente às autoridades
locais e ao Cadastro. A Grã-Bretanha foi um dos primeiros países no mundo
que completou uma base de dados topográfica nacional, incluindo grandes
escalas para as áreas urbanas. A base de metadados geográficos do Reino
Unido, o Spatial Information Enquiry Service, desenvolvida pelo OS está, a
exemplo dos outros casos referidos, disponível na Web.
47
7 SOFTWARE
Apresentam-se de seguida algumas soluções de software SIG disponíveis no
mercado. Não pretendendo fazer um estudo exaustivo, foram seleccionadas,
quatro das empresas que se destacam nesta área de mercado, pelo facto de
terem sido pioneiras e os seus produtos serem dos mais utilizados a nível
mundial. Salienta-se no entanto o facto de existirem inúmeras alternativas
àquelas que são aqui referidas.
7.1 ESRI
A ESRI (Environmental Systems Research Institute), fundada em 1969, em
Redlands-Califórnia-EUA, é actualmente uma das empresas líder de
software SIG e de sistemas de processamento de informação geográfica a
nível mundial.
7.1.1 ARCGIS – SOLUÇÕES ESCALÁVEIS
O ArcGIS é uma família de produtos de software que dão forma a um SIG
construído segundo standards da indústria, sendo fácil de aprender, de
ensinar, de programar e de utilizar. O ArcGIS é desenhado como um sistema
escalável que pode evoluir em cada organização, de um posto de trabalho
individual até a uma rede global e distribuída de utilizadores, e um sistema
modular no sentido que é possível adquirir componentes do sistema.
48
Figura 5 - Soluções ArcGIS
As aplicações dispõem de uma intuitiva interface com o utilizador Windows
que faz com que o SIG seja acessível a todos. ArcGIS adopta outros
standards, incluindo standards para metadados geográficos (Federal
Geographic Data Commission - FGDC), standards de Web (eXtensible
Markup Language - XLM), standards de comunicações TCP/IP e uma
notação standard para modelação de objectos reais (Unified Modeling
Language - UML).
A colecção de componentes de software (mais de 1100 componentes COM-
based) que compõem o ArcGIS é conhecida como ArcObjects. A
personalização/programação é realizada utilizando as capacidades de
scripting do Visual Basic for Applications (VBA), incluído no ArcGIS, ou
através de uma linguagem de programação COM-compliant como Visual
Basic, Visual C++ ou Delphi.
O ArcGIS permite trabalhar com os vários formatos de dados existentes e
introduz um novo modelo de dados - a Geodatabase. A Geodatabase
49
aumenta as capacidades de formatos como a Shapefile e as Coberturas
ArcInfo suportando modelos geométricos mais avançados (coordenadas 3D
e curvas reais), redes geométricas complexas, relações entre classes de
elementos, topologia planar, etc.
O ArcGIS Desktop integra 3 aplicações: O ArcMap, o ArcCatalog e o
ArcToolbox. Usando estas três aplicações é possível desempenhar qualquer
tarefa SIG, simples ou complexa, incluindo a criação de mapas, a gestão dos
dados, análise geográfica, edição de dados e geoprocessamento.
O ArcMap é uma aplicação desktop que pode ser usada para todas as tarefas
de criação de mapas e edição assim como análise dos dados.
Com o ArcCatalog é possível procurar, gerir, criar e organizar dados
geográficos e alfanuméricos.
O ArcToolbox contém um conjunto de ferramentas para geoprocessamento,
conversão de dados, gestão de folhas de mapas, análise de sobreposição,
projecção de mapas.
7.1.1.1 ArcInfo Dentro da família de software ArcGIS, o ArcInfo é o SIG mais abrangente e
completo. O ArcInfo Desktop possui ferramentas que possibilitam, entre outras coisas,
converter dados noutros formatos, simplificação de elementos gráficos,
50
agregação, sobreposição, criação de buffers, cálculos estatísticos. O ArcInfo
Desktop opera em Windows NT ou Windows 2000. O ArcInfo Workstation permite processar dados geográficos a partir da
clássica interface com o utilizador (ARC, ARCEDIT, ARCPOT, ARC
Macro Language [AML]), permitindo ainda algumas funcionalidades de
geoprocessamento não disponíveis no Desktop. O ArcInfo Workstation
funciona em Windows NT, Windows 2000, e diversas plataformas UNIX. Existem extensões de software que adicionam funções para aplicações
específicas ao ArcInfo Workstation:
! ArcNetwork: É usado para modelar e analisar redes espaciais dentro do
ambiente ArcInfo tais como percursos de veículos, planeamento e análise
de transportes, planeamento urbano, distribuição da rede escolar, estudos
de mercado, percursos de autocarros, optimização de redes de entregas.
! ArcScan: Para vectorização automática e semi-automática de imagens
rasterizadas.
! ArcTIN: Para criar, armazenar, analisar e visualizar informação 3D de
superfície.
! ArcGrid: Para manipulação e análise de dados matriciais(raster). 7.1.1.2 ArcView
O ArcView é um SIG independente e também o ponto de entrada para a
arquitectura ArcGIS. Apresenta uma interface Windows intuitiva para o
utilizador e inclui VBA (Visual Basic for Applications) na componente de
personalização/programação.
51
O ArcView possui um catálogo de dados para procura e gestão de dados,
projecção de datuns e coordenadas on-the-fly, criação de metadados,
personalização com VBA, ferramentas de edição, suporte para anotação
estática, ferramentas potentes para cartografia, acesso directo a dados na
Internet.
7.1.1.3 ArcEditor
Para além das capacidades do ArcView, o ArcEditor permite ainda gerir a
estrutura de qualquer modelo de geodatabases no ArcCatalog e editar e
manter edições de geodatabases e coberturas com base na gestão de versões.
Possui ferramentas avançadas que permitem, por exemplo, mergir duas
versões para identificar e resolver conflitos entre versões.
7.1.1.4 ArcSDE
O ArcSDE (Spatial Database Engine) permite armazenar e gerir dados
espaciais SIG e CAD juntamente com dados alfanuméricos em Bases de
Dados como o Oracle, INFORMIX, DB2 ou SQL Server, validando o acesso
multi-utilizador sem repetição e corrupção de dados. Os dados podem ser
acedidos através de LAN e WAN. Os protocolos TCP/IP e External Data
Representation (XDR), permitem o acesso e saída de dados rápido, através
de redes em sistemas UNIX, Windows NT4/2000 e Windows 95/98.
É possível com o ArcSDE a integração com outros produtos utilizados em
aplicações de mapas ou outras aplicações que requeiram análise geométrica,
52
mas sem a componente mapas, podendo assim introduzir análise espacial em
aplicações alfanuméricas, mas sem ter que invocar e utilizar as tecnologias
SIG tradicionais.
Devido ao processamento cooperativo da arquitectura cliente/servidor, o
ArcSDE é muito rápido na execução de complexas queries espaciais.
7.1.1.5 Extensões ArcGIS
O ArcGIS contém um conjunto de extensões que trabalham com a linha
completa de produtos ArcGIS Desktop:
! ArcGIS Spatial Analyst: Criação de superfícies, análise raster e
álgebra.
! ArcGIS 3D Analyst: Visualização e análise tridimensional.
! ArcPress para ArcGIS: Rasterizador de gráficos que optimiza a
coloração de output e a velocidade de impressão.
! MrSID Encoder para ArcGIS: Produção de imagens MrSID a partir de
imagens até 500Mb; criação de mosaicos MrSID.
! ArcGIS Publisher: Converte Documentos Mapa (MXD) para Mapas
Publicados (PMF). Os Mapas Publicados são visualizados com a
aplicação ArcReader.
! ArcGIS Schematics: Solução para automatizar representações gráficas
esquemáticas ou geoesquemáticas de Geodatabases.
! ArcGIS Military Analyst: Incorpora ferramentas desenvolvidas para
uso especial na área da defesa.
53
! ArcGIS StreetMap Europe: Disponibiliza a rede viária da Europa e
ferramentas para a georeferenciação de endereços.
! ArcGIS Survey Analyst: Permite fazer a gestão de dados de
levantamento topográfico numa Geodatabase e representar num mapa
essas medições e observações.
! ArcGIS Tracking Analyst: Em combinação com outras extensões
permite criar aplicações poderosas para a área dos transportes, protecção
civil, militar e outras.
7.1.2 SIG DESKTOP
7.1.2.1 ArcView GIS
O ArcView GIS é um SIG desktop, monoposto, com uma interface gráfica
fácil de utilizar, que permite carregar dados espaciais e tabulares, para
posterior visualização em mapas, tabelas e gráficos.
Com o ArcView GIS é possível criar mapas de excelente qualidade e criar
views interactivas ligando gráficos, tabelas, desenhos, fotografias e outros
ficheiros, podendo visualizar a informação de maneiras novas que revelam
novas relações, padrões e tendências não visíveis anteriormente.
De entre as suas características destacam-se a possibilidade de geração de
relatórios avançados com o Crystal Reports; o recurso a wizards de análise
facilitam operações de geoprocessamento tais como geração de buffers,
dissolve, merge, clip, intersecção e união; a capacidade de integração de
54
imagens, dados CAD, tabelas e bases de dados SQL; acesso cliente/servidor
a data warehouses
7.1.2.2 Extensões ArcView GIS
ArcView Image Analysis O ArcView Image Analysis proporciona ao desktop as funcionalidades de
melhoramentos espectrais de imagens. Permite ao utilizador do ArcView
GIS utilizar os dados raster como "fundo" para os dados vectoriais, permite
ainda visualizar, extrair, criar e analisar dados de natureza raster, assim
como georeferenciá-los. O ArcView Image Analysis permite a leitura directa
de vários tipos de imagens de satélite, fotografias aéreas, orto-imagens e
outros produtos de detecção remota.
ArcView Network Analyst
Acrescenta funcionalidades de análise de redes geográficas tais como a
optimização de percursos, localização das instalações mais próximas e
definição de áreas de serviço. ArcView Spacial Analyst
Permite criar, inquirir, mapear e analisar dados grid, efectuar análises
integradas raster-vector, bem como análises topográficas, hidrográficas, de
visibilidade e de modelação de fenómenos de dispersão.
55
ArcView 3D Analyst
Usado para a modelação de superfícies 3D e para a visualização em 3D de
superfícies, imagens e bases geográficas, incluindo selecção e inquirição em
3D, rotação de cenas e voos em 3D.
ArcView Internet Map Server
Permite disponibilizar todas as funcionalidades do ArcView na Internet que
faz da publicação de views ArcView na Internet, uma tarefa tão simples
quanto imprimir um mapa.
7.1.3 SOLUÇÕES INTERNET A ESRI fornece soluções para a disponibilização de informação geográfica
na Internet, que permitem o acesso a dados e ferramentas SIG a qualquer
pessoa, através do uso dum browser. A disponibilização da informação
geográfica pode ser feita no seio duma organização, através duma Intranet,
ou para o exterior, através da Internet.
7.1.3.1 ArcIMS O ArcIMS fornece uma plataforma comum para a distribuição através da
Internet e para a integração de informação geográfica em tempo real. Com o
ArcIMS é possível aceder a recursos na World Wide Web com o objectivo de
suportar tomadas de decisão. O ArcIMS possibilita a produção e publicação
de mapas.
56
De entre as suas características destacam-se:
! Facilidade de integração com outras ferramentas de Internet: O
ArcIMS pode ser facilmente integrado com servidores aplicacionais
standard, tais como Active Server Pages, ColdFusion e NetDynamics.
! Suportado por todas as plataformas: O ArcIMS funciona tanto em
ambiente Windows NT como em ambiente UNIX.
! Suporte para os servidores Web mais utilizados: O ArcIMS é
suportado em servidores Web que suportem servlets. Os servidores que
são totalmente suportados incluem o Microsoft Internet Information
Server, o Netscape Enterprise Server, e o Java Server. O ArcIMS também
funciona com sucesso em servidores Apache e O'Reilly.
7.1.3.2 RouteMAP IMS
Produto para adicionar a servidores Internet funcionalidades para a definição
de percursos e localização de lugares, com base em mapas e dados
predefinidos.
Esta solução Internet, está desenhada para entidades que pretendam fornecer
aos seus cliente ou utilizadores, um serviço Internet de localização dos seus
escritórios, lojas, oficinas ou outras entidades. Fornece ainda o serviço de
cálculo da melhor rota entre dois pontos, devolvendo um relatório e um
mapa detalhado do percurso a efectuar.
57
7.1.4 FERRAMENTAS DE DESENVOLVIMENTO
Para o desenvolvimento de aplicações SIG a ESRI apresenta várias soluções.
Os principais produtos SIG da ESRI contêm linguagens de programação
incorporadas (ou a possibilidade de usar linguagens de programação
standard) e a respectiva colecção de componentes ou funções. É o caso do
Avenue no ArcView, do VBA ou VB no ArcInfo Desktop, do XML ou Java
no ArcIMS. Para além disso, a ESRI disponibiliza produtos destinados a
programadores, constituídos por componentes para programação de
aplicações com componentes de SIG. 7.1.4.1 MapObjects
O MapObjects é composto por uma colecção de componentes de SIG,
consistindo num controlo ActiveX (ou OCX) e uma colecção de mais de 45
ActiveX automation objects, programáveis.
O MapObjects pode ser incluído em muitos ambientes de desenvolvimento
standard, como sejam o Visual Basic, Delphi, PowerBuilder, Visual C++,
Access e outros. O MapObjects pode ser usado para desenvolver aplicações
com capacidades SIG ou integrar funcionalidades de SIG em aplicações
existentes. O MapObjects apresenta-se em duas formas: Standard (ou
simplesmente MapObjects) e LT (Lite).
O MapObjects Standard contém todas as funcionalidades SIG disponíveis,
estando a distribuição das aplicações desenvolvidas com esta versão de
MapObjects sujeitas a regras de licenciamento específicas.
58
O MapObjects LT é um subconjunto do MapObjects, que se destina a
desenvolver aplicação mais simples e modestas, ou em que os requisitos de
funcionalidades são menores. O MapObjects LT tem um custo mais
reduzido e não tem custos por aplicação instalada.
Um exemplo de uma aplicação desenvolvida com MapObjects é o
ArcExplorer da ESRI.
7.1.4.2 NetEngine
O software NetEngine é uma biblioteca de programação desenhada para a
análise de redes, as quais podem ser viárias, ferroviárias, de infraestruturas
de distribuição ou recolha, ou hidrográficas.
O NetEngine opera em ambientes UNIX e Windows. O seu acesso principal
faz-se através duma API C, contudo outros ambientes podem ser acedidos
através de uma type library.
7.1.5 SOFTWARE GRÁTIS
7.1.5.1 ArcExplorer
O ArcExplorer é uma aplicação autónoma (não é um plug-in para um
browser), que disponibiliza todas as operações básicas de um SIG ao nível
da consulta e inquirição. Pode-se obter informação geográfica a partir de
servidores Internet com tecnologia IMS. É também um excelente veículo
59
para publicar dados em CD-ROM, bastando para tal incluir o programa de
instalação no CD-ROM em conjunto com os dados a distribuir. A sua
disponibilização é gratuita.
Existem actualmente duas versões: ArcExplorer 2, a versão Windows e
ArcExplorer 4, a versão Java, com suporte para Windows, UNIX, e Linux.
As suas principais características:
! Suporte para uma grande variedade de formatos de imagens: tais como
MrSID, JPEG, ADRG, ERDAS, GIF, TIFF, GeoTIFF, ArcInfo Grid,
CIB, NITF.
! Visualizar e inquirir dados em diversos formatos: tais como, ESRI
Shapefile, coberturas ArcInfo e PC ARC/INFO, dados em layers de
ArcSDE (Spatial Database Engine).
! Suporte para dados em formato CAD: DFX, DWG e DGN
! Suporte para dados em formatos Militares: Vector Product Format (VPF)
! Medir distâncias no mapa
! Encontrar entidades geográficas
! Identificar e inquirir dados geográficos e alfanuméricos
! Criar mapas usando classificações, símbolos e rótulos
! Visualizar e descarregar dados publicados na Internet em sites que usem
tecnologia Internet Map Server (IMS) da ESRI
O ArcExplorer também permite criar mapas temáticos, legendas, mapas de
enquadramento, imprimir mapas, e gravar as definições dos mapas em
ficheiros (projectos) para posteriormente recuperar essa definições.
60
7.1.6 OUTRAS FERRAMENTAS
7.1.6.1 DAK
Conjunto de ferramentas de geoprocessamento desenhado para a criação de
conjuntos de dados inteligentes (topológicos), que complementa o software
ArcView GIS, bem como outros produtos desktop para produção de mapas.
7.1.6.2 PC ARC/INFO
O PC ARC/INFO é constituído por um conjunto integrado de seis módulos
de software que reúnem ferramentas básicas de SIG e utilitários para a
produção cartográfica, inquirição, entrada de dados, edição, translação de
dados, sobreposição de polígonos, operações de buffering, modelação
espacial e análise de redes.
Algumas das suas características:
! Permite efectuar digitalização e entrada de dados com elevada qualidade;
converter dados geográficos; criar e alterar a topologia das bases
geográficas (coberturas) e criar tabelas de atributos, que guardam dados
temáticos dos elementos das coberturas
! Possibilita a manipulação e análise da informação geográfica fazendo
sobreposição de polígonos, sobreposição de linhas e pontos em
polígonos, criar buffers, dissolve, entre outras.
61
! Permite criar mapas de elevada qualidade ou construir aplicações
interactivas especializadas.
! Possibilita efectuar inquirições do tipo "what if" e "where is", nos dados
gráficos ou tabulares. Procura áreas que vão ao encontro de um conjunto
de critérios.
! Permite utilizar a linguagem de programação do PC ARC/INFOSML
(Simple Macro Language) para configurar a interface do utilizador,
automatizar tarefas repetitivas ou criar aplicações geográficas
sofisticadas.
Desde o seu aparecimento em 1987, o PC ARC/INFO tem sido
tradicionalmente usado como um SIG monoposto, ligado a uma mesa
digitalizadora e a um plotter ou impressora.
7.2 INTERGRAPH CORPORATION Fundada em 1969 como M&S Computing Inc, o seu nome foi alterado em
1980 para Intergraph Corporation, para reflectir a sua dedicação à área dos
sistemas gráficos interactivos (interactive graphics).
7.2.1 GeoMedia O GeoMedia é um integrador de informação que funciona como ferramenta
de visualização e análise e como plataforma para soluções SIG. Permite a
integração de dados de diferentes formatos, nomeadamente todo o tipo de
informação vectorial, raster, ortofotos, entre outros.
62
7.2.2 GeoMedia Professional (Pro)
Oferece um conjunto de ferramentas de gestão de informações espaciais para
uso integrado de dados, textos e mapas, combinado informações de
diferentes plataformas. O GeoMedia Pro oferece a capacidade de ler os
principais formatos gerados em softwares de geoprocessamento sem
necessidade de conversão, integrando todos dentro de um único ambiente.
7.2.3 GeoMedia Viewer
Permite criar mapas e desenhos, realizar consultas, análises e impressão.
Apesar de ser uma ferramenta de geoprocessamento ele apresenta
funcionalidades básicas de enquadramento e afastamento aliadas à análise e
geração de mapas temáticos
7.2.4 GeoMedia WebMap
GeoMedia WebMap é uma ferramenta de visualização que permite a
disponibilização de mapas e de funcionalidades de análise espacial na
Internet.
63
7.2.5 GeoMedia Solutions (GMS) Terrain
Pacote de software construído sobre a plataforma de desenvolvimento
GeoMedia que suporta diversas aplicações de análise de terreno, incluindo a
possibilidade de geração de modelos tridimensionais e voo dinâmico sobre
os mesmos. De entre as suas características destacam-se a disponibilidade
dos valores de elevação do solo, declive, aspecto do terreno, vistas em
perspectiva.
7.2.6 GeoMedia Transportation Manager
Este produto fornece capacidades de segmentação dinâmica e análise linear,
ideais para analisar e corrigir erros em redes de transportes, distribuição de
água, gás etc. Oferece compatibilidade com diversos formatos,
nomeadamente coberturas ArcInfo, Shapefile do ArcView, Oracle, Access,
SQL Server.
7.2.7 GeoDex
Produto baseado no GeoMedia, especialmente dirigido à comunidade
militar. Proporciona capacidades de acesso e análise a múltiplos tipos de
dados geográficos standard da área militar.
64
7.3 AUTODESK
7.3.1 Autodesk Map O Autodesk Map, desenvolvido sobre o AutoCAD 2002, permite criar,
manter, produzir mapas e informação geográfica, integrar diversos tipos de
informação e de formatos, utilizando ferramentas de análise SIG, gerar
mapas temáticos e ligações a bases de dados externas.
Possui suporte para Oracle Spatial, interface para criação de Mapas
Temáticos, suporte para ER Mapper, suporte para LizardTech (MrSID).
7.3.2 Autodesk OnSite
Autodesk OnSite é um visualizador desktop. Integra dados vectoriais e
raster de múltiplos formatos numa única visualização.
Possui sofisticadas análises que, aliadas a profissionais apresentações
gráficas, tornam fácil a criação e publicação de mapas com grande qualidade
e interactivos para a Web e aparelhos móveis.
Permite que sejam efectuadas análises de sobreposição de camadas e temas
de dados gráficos e alfanuméricos, análises profissionais como “What if”,
Buffers e medições.
65
7.3.3 Autodesk MapGuide
Permite desenvolver, gerir, manter e publicar aplicações WebGIS para a
Internet ou Intranet. Suporta diversos formatos de dados SIG e CAD
7.3.4 Autodesk Raster Design
Nova geração do produto anteriormente conhecido por Autodesk CAD
Overlay, possui características para valorizar desenhos, mapas e fotografias
digitalizadas.
7.4 MAPINFO CORPORATION
7.4.1 MapInfo Professional A sua função básica consiste em relacionar bases de dados estatísticos (ou
tabelas de dados) com unidades gráficas (vectoriais e/ou rasters) e, a partir
daí proporcionar a representação e comunicação de informação espacial sob
a forma de mapas. Para além disso, permite recolher, armazenar, organizar,
seleccionar, manipular, analisar, extrapolar e representar informação
susceptível de referenciação geográfica.
Os seus concorrentes directos (de que são exemplos o Geomedia da
Intergraph e o ARC/INFO da ESRI), embora sendo mais poderosos, têm
outras exigências quer ao nível de hardware, quer ao nível da formação dos
66
utilizadores e até mesmo do preço, pelo que o MapInfo é um produto muito
utilizado.
Para aumentar a oferta de soluções, está disponível uma série de produtos,
com funções diversas, que funcionam associados ao MapInfo Professional,
no sentido de tornar esta ferramenta de trabalho mais poderosa. Alguns
exemplos e sua utilidade:
! MI Desktop - pacote com a função de permitir a visualização de
ficheiros criados pelo MapInfo Professional.
! MapBasic - software de programação com linguagem similar ao Basic,
que tem por objectivo criar rotinas que automatizem determinadas
operações.
! MapInfo Proserver - aplicação de desenvolvimento para criar soluções
cliente/servidor
! MapInfo MapX - componente OCX desenvolvido para utilizadores de
Visual Basic, PowerBuilder e de outras linguagem de programação
orientadas para objectos.
! MapServerBD - solução servidora para gestão da informação para
utilizadores clientes de MapInfo. Permite aos utilizadores deste produto
acederem a bases de dados criadas em Oracle. Permite a partilha de
informação através de uma rede.
! Geographic Calculator - Permite converter sistemas de coordenadas de
pontos, linhas ou polígonos, calcula a distância e o azimute entre dois
pontos coordenados, etc.
! Vertical Mapper - Permite a criação de diagramas a partir de ficheiros
desenvolvidos pelo MapInfo.
67
! ShapeLink - Converte ficheiros ESRI para formato TAB.
! ArcLink - Conversor bidireccional entre ficheiros ARC/INFO e
MapInfo.
! AG*Link - Transforma ficheiros do Atlas GIS for Windows para o
formato do MapInfo.
O MapInfo Professional permite uma boa interacção com outros tipos de
software. Por exemplo: permite a cópia de ficheiros via clipboard; é possível
colocar as bases cartográficas a funcionar dentro da última versão do
Microsoft Office ou no Geomedia da Intergraph.
7.4.2 MapInfo Proviewer
Ferramenta de visualização, concebida para utilizadores do MapInfo
Professional. Com o ProViewer, é possível compartilhar os mapas do
MapInfo Professional com clientes e colegas de trabalho, que podem
facilmente visualizar e manipulá-los mesmo sem possuir o MapInfo
Professional. Algumas características: permite imprimir mapas, tabelas,
gráficos e layouts; fazer zoom; obter informações sobre os dados associados
ao mapa; medir distâncias; exibir estatísticas sobre dados seleccionados;
arrastar mapas para outras aplicações.
68
7.4.3 MapInfo MapXtreme Servidor de aplicações de mapeamento para Intranet ou Internet. Está
disponível em duas versões, para as plataformas NT e Java.
7.4.4 MapInfo MapX Mobile Ferramenta de desenvolvimento para criação de aplicações personalizadas
para serviços de mapeamento em campo.
Aplicações criadas com o MapInfo MapX Mobile também podem receber
dados por meio de uma conexão sem fio. Por exemplo, uma aplicação escrita
com o MapX Mobile pode mostrar mapas gerados pelo MapInfo
MapXtreme.
7.4.5 Vertical Mapper Fornece um mecanismo sofisticado de comparação e análise de vários níveis
de mapa. Possui uma técnica de mapeamento para cálculo e exibição de
tendências de dados que variam continuamente no espaço geográfico, como
por exemplo temperatura do ar, relevo ou distância a uma loja. Este
aplicativo também pode ser utilizado para geração de modelos de análise de
mercado. Utilizando dados de comércio disponível e de perfil de mercado
para clientes em potencial localizados em cada área de mercado, é possível a
facturação para localizações de lojas e modelar a influência de lojas
concorrentes ou o efeito de adicionar ou remover lojas.
69
8 NORMALIZAÇÃO
8.1 Standards
Um standard na área da Informação Geográfica, é no fundo um conjunto de
critérios e regras consensuais para recolha, documentação, gestão, análise,
transferência, distribuição e apresentação de dados espaciais Alguns dos
standards são criados de um modo explícito através do estabelecimento de
normas enquanto outros evoluem de acordo com a sua utilização pelas
indústrias e os utilizadores.
A Norma Técnica é apresentada pela AFNOR (Association Française de
Normalisation) como "um dado de referência resultante de uma escolha
pensada que serve de base a solução dos problemas repetitivos".
O Instituto Português da Qualidade (IPQ) descreve o processo de
normalização como um processo que "Tem por finalidade a racionalização e
a simplificação de processos, componentes, produtos e serviços. Permite
uma maior facilidade de entendimento e visa o estabelecimento de
parâmetros a utilizar em acções da avaliação da conformidade."
As actividades de normalização na área da Informação Geográfica têm vindo
a multiplicar-se, tanto ao nível nacional (a norma francesa Edigéo, a norma
americana CSDGM.) como ao nível europeu (CEN/TC 287) e mundial
(ISO/TC 211, o consórcio OpenGIS). Paralelamente, vários grupos de
utilizadores elaboraram normas internacionais sectoriais para satisfazer as
70
suas necessidades especificas (é o caso, por exemplo, dos militares com o
DIGEST).
O esforço de normalização tem origem em diversos factores, nomeadamente
na existência de uma grande quantidade quer de produtores potenciais de
informação e quer de dados produzidos; na necessidade de diminuir os
custos da tecnologia para produzir e utilizar dados georeferenciados; na
necessidade de aumentar a possibilidade de comunicar e integrar dados
georeferenciados.
Procura-se pois atingir uma maior consistência e uniformidade garantindo
assim a interoperabilidade dos sistemas e a reutilização dos dados,
comunicações e transferências melhoradas, redução da redundância e
diminuição das perdas de informação. Ao mesmo tempo, a existência de
normas de catalogação, de descrição de informação (metadados) e de
descrição da qualidade e consistência dos dados existentes, permite obter
uma maior qualidade da informação.
8.2 A Comissão Técnica 287 da Comissão Europeia de Normalização (CEN)
Este esforço foi inspirado pela norma francesa EDIGéo, norma dita
experimental que não foi revista por causa do adiantamento dos trabalhos
europeus. O aspecto mais notável da EDIGéo, é a sua adopção na
digitalização do plano cadastral francês e a disponibilização de módulos de
conversão pelos principais editores de software.
71
As normas produzidas pelo TC/CEN 287 são:
! Modelo de referência: descrição do domínio da IG, identificação das
componentes a normalizar.
! Descrição dos dados: esquema espacial – geometria dos objectos,
relações espaciais entre os objectos, ligações com os dados não
geométricos.
! Qualidade dos dados: modelo que associa os principais critérios de
qualidade (precisão geométrica, precisão semântica, complitude, entre
outros).
! Metadados: lista dos metadados ou dos "dados sobre os dados"
destinados aos produtores e utilizadores que contém a classificação dos
dados, a cobertura geográfica, as informações sobre a qualidade, a
estrutura geométrica e o acesso aos dados.
! Localização - Indicadores geográficos: descrição dos métodos de
documentação dos identificadores geográficos, isto é, permitindo a
localização dos objectos de posição não conhecida por ligação a outros
objectos de posição conhecida.
! Pesquisa e Actualização: interface especializado entre os dois sistemas
de informação permitindo que um requisite dados a outro.
! Localização - Posição: definição dos conceitos fundamentais, sistemas
geodésicos de referência e dos seus modos de descrição.
! Transferência de dados: definição do esquema de transferência dos
dados e metadados, para a transferência dos ficheiros, o sistema de
mensagens ou diálogo.
72
8.3 A Comissão 211 do ISO
Uma iniciativa de normalização em IG desenvolveu-se, também, ao nível
mundial dentro do ISO. As comissões técnicas do CEN e do ISO
concordaram que tinham que chegar a um só conjunto de normas
internacionais, pelo que os trabalhos do CEN serviram de base aos do ISO.
8.4 O Consórcio OpenGIS
O Open GIS Consortium (OGC) é uma organização sem fins lucrativos,
fundada em 1994, que pretende facilitar o processamento de informação
espacial em redes como a Internet.
Animado por mais de 220 instituições de todo em mundo (universidades,
instituições governamentais, e pelos principais protagonistas da indústria dos
Sistemas de Informação Geográfica), o Consórcio OpenGIS trabalha no
conceito de interoperabilidade espacial.
A existência de uma grande diversidade de dados geoespaciais disponíveis
na Web, complexos, heterogéneos e muitas vezes incompatíveis, obriga a
que os utilizadores necessitem de SIG poderosos e recorram a processos de
conversão muitas vezes complicados, demorados e em que os resultados são
frequentemente insatisfatórios. Interfaces comuns são a única maneira de
combinar e analisar esses dados automaticamente através da Internet, apesar
das diferenças originadas pela diversidade das fontes. O OGC aproxima os
principais intervenientes neste processo, e proporciona uma estrutura formal
73
para atingir um consenso relativamente a essas interfaces comuns. Não há
duplicação do trabalho de outras iniciativas de normalização, pelo contrário,
organizações como FGDC ou ISO sentam-se à mesma mesa com o OGC e
complementam-se.
Apresentam-se de seguida alguns aspectos que a Especificação OpenGis
procura facilitar:
! A informação geoespacial deve ser fácil de localizar, independentemente
da sua localização física.
! Uma vez encontrada, deve ser fácil de aceder ou adquirir.
! Dados de diferentes fontes devem ser fáceis de integrar, combinar,
visualizar e usar em análises espaciais, mesmo quando as fontes
contenham diferentes tipos de dados (raster, vectoriais, coberturas).
Em resumo, o OpenGIS procura definir especificações para a tecnologia do
geoprocessamento interoperável e promove a entrega de produtos
interoperáveis ou seja, capazes de funcionar em qualquer plataforma. Os
trabalhos do consórcio embora sendo mais orientados para os processos do
que para os dados, têm uma influência preponderante.
75
9 SISTEMA NACIONAL DE INFORMAÇÃO GEOGRÁFICA (SNIG)
O SNIG foi a primeira infra-estrutura nacional de informação geográfica a
ser operacionalizada na Europa, tendo sido também a primeira em todo o
mundo a ser aberta à Internet. Em traços gerais, o SNIG pretende dar
resposta a questões como: Qual a informação geográfica disponível em
Portugal em formato digital? Onde e como obtê-la?
Pode dizer-se que o SNIG é um sistema distribuído que liga os produtores de
informação geográfica em Portugal aos utilizadores que a eles queiram
aceder através da Internet. A meta-informação (descrição geográfica através
de atributos que possibilitam ao potencial utilizador ponderar acerca da
adequação dos dados às suas necessidades) está centralizada, enquanto que a
informação geográfica propriamente dita está distribuída pelas instituições
produtoras.
Para além de inventariar a cartografia e informação alfanumérica existente
em suporte digital, o SNIG disponibiliza ainda dados e procedimentos que
podem auxiliar os utilizadores de SIG.
O SNIG é o resultado do esforço conjunto das instituições que dele fazem
parte.
76
9.1 Evolução do SNIG
Em Fevereiro de 1986, o Secretário de Estado de Investigação Científica
publicou em Diário da República um Despacho que determinava a criação
de um grupo de trabalho com a missão de estudar o lançamento de uma
infra-estrutura nacional de informação geográfica e de apresentar propostas
de medidas governamentais necessárias para concretizar esse objectivo.
Como resultado dos estudos efectuados pelo referido grupo de trabalho, o
SNIG (Sistema Nacional de Informação Geográfica) foi criado em 1990,
através do Decreto-Lei nº 53/90, passando a constituir a porta de acesso dos
utilizadores à informação geográfica disponível em Portugal.
De 1990 a 1995 o CNIG (Centro Nacional de Informação Geográfica),
instituição responsável pela coordenação e dinamização do SNIG,
desenvolveu actividades centradas no desenvolvimento de experiências de
ligação de diferentes bases de dados, bem como no estabelecimento de
contactos com produtores de informação geográfica mostrando-lhes a
importância de participarem no sistema. Paralelamente, foram desenvolvidos
esforços de promoção da utilização de SIG e da produção de informação
geográfica em formato digital, nomeadamente através de cursos e
seminários, da produção de manuais sobre SIG para os municípios e de
apoio aos produtores para conversão de informação para formato digital.
Durante este período o CNIG apoiou a implementação de quatro SIG a nível
municipal.
77
Em 1994 foram lançados dois programas de apoio aos municípios:
! PROSIG (Programa Criação de Nós Locais do SNIG) para promover a
criação de SIG integrados como nós locais da rede do SNIG
! PROGIP (Programa de Gestão Informatizada de Planos Municipais de
Ordenamento do Território) destinado a apoiar a execução dos Planos.
Em Maio de 1995, foi oficialmente inaugurado o SNIG na Internet como um
sistema totalmente distribuído, em que cada nó representa um produtor de
informação geográfica. Existiam nesta altura 7 instituições efectivamente
ligadas ao sistema, sendo superior a duas dezenas o número de instituições
que havia celebrado protocolos com o CNIG.
Até 1998 o CNIG investiu no desenvolvimento de interfaces na WWW para
as bases de dados existentes; na implementação de mecanismos que
permitissem a realização de transações comerciais on-line; na dinamização
dos nós locais do SNIG, apoiando o desenvolvimento de aplicações SIG nos
municípios a integrar posteriormente no SNIG; na implementação da Rede
de Observação da Terra (ROT) destinada a difundir a informação associada
à detecção remota.
O principal serviço do SNIG nesta altura consistia num inventário de
informação geográfica disponível em formato digital em Portugal, incluindo
mapas e bases de dados. Outros serviços existentes estavam também
relacionados com aplicações profissionais nomeadamente o acesso a dados
de uma antena fixa de GPS para permitir a correcção diferencial de dados
GPS obtidos no campo.
O ano de 1999 marca o início de uma nova era no SNIG. Sendo cada vez
78
mais notória a necessidade de investir na disponibilização da informação
geográfica ao cidadão comum, sem grandes custos nem sistemas
informáticos muito sofisticados, foi inaugurado o novo site GEOCID.
Alguém definiu este site como "Uma porta de entrada do cidadão para o
acesso à informação geo-referenciada", uma vez que veio proporcionar aos
utilizadores da Internet o acesso simplificado aos dados geográficos
disponíveis no País em formato digital.
Figura 6 - PDM de Évora
79
Apontam-se como exemplos de informação disponível, uma aplicação que
permite aceder à cobertura aérea integral do país em fotografia aérea à escala
1:40000 e também uma aplicação de consulta dos Planos Directores
Municipais (PDM) que permite a qualquer utilizador consultar as plantas de
cada PDM e os regulamentos associados a cada classe de espaço.
9.2 Produção de Informação Digital A comunidade de utilizadores de SIG dedicou largos anos à criação de bases
de dados, em grande parte constituídas a partir de conversões analógico-
digitais.
Alguns organismos produtores de informação geográfica vêem-se obrigados
a financiar com receitas próprias a produção dessa informação, pelo que o
preço é um dos factores mais condicionantes do acesso à informação
geográfica digitalizada.
A adopção de diferentes plataformas informáticas provoca alguns problemas
de compatibilização de informação digital proveniente de fontes diversas.
No entanto, o mercado tem evoluído no sentido da minimização destes
aspectos através da normalização de formatos e procedimentos.
Em Portugal a produção de informação cartográfica em formato digital tem
sido maioritariamente assegurada por instituições públicas para escalas
pequenas e pelo sector privado para as escalas de maior detalhe. Indicam-se
de seguida algumas das Instituições que mais têm contribuído para a
produção de dados georeferenciados:
80
! Instituto Geográfico do Exército (IGeoE) e o Instituto Português de
Cartografia e Cadastro – IPCC (recentemente extinto, da sua fusão com o
CNIG resultou o Instituto Geográfico Português – IGP): muito
importantes na área da cartografia de base.
! Instituto Nacional de Intervenção e Garantia Agrícola (INGA): merece
especial referência na área da ortofotografia digital.
! O grupo do Atlas do Ambiente, integrado na Direcção Geral do
Ambiente(DGA): produtor nacional de grande relevo de cartografia
temática
Figura 7 - Atlas do Ambiente
81
! Direcções Regionais de Agricultura do Ribatejo e Oeste e da Beira
Interior e também a Direcção Geral das Florestas e o Instituto de
Hidráulica, Engenharia Rural e Ambiente: destacam-se na elaboração de
plantas de ocupação do solo em formato digital.
! Os CTT são responsáveis pela cartografia dos segmentos/eixos de vias de
várias cidades do país.
! O Instituto Nacional de Estatística tem papel relevante na produção e
disponibilização de informação alfanumérica georeferenciada, em
formato digital (população, habitação, demografia). Também compila e
disponibiliza informação alfanumérica em formato digital, oriunda de
diversos organismos públicos.
! O Instituto da Água (INAG) e o Instituto de Meteorologia (IM) dividem a
responsabilidade na gestão da rede climatológica nacional. O IM também
produz informação oceanográfica e informação sobre o estado do mar.
! A Direcção Geral das Pescas e Agricultura (DGPA) é o organismo que
centraliza a informação sobre a pesca descarregada.
! A caracterização do património arquitectónico é desenvolvida pela
Direcção Geral dos Edifícios e Monumentos Nacionais (DGEMN)
! A inventariação exaustiva dos estabelecimentos de ensino nacionais, dos
professores e dos alunos é gerida pelo Departamento de Avaliação
Prospectiva e Planeamento do Ministério da Educação.
! O Secretariado Técnico dos Assuntos para o Processo Eleitoral (STAPE)
é o organismo responsável pela recolha e informatização dos resultados
de actos eleitorais e respectivos recenseamentos.
! O Departamento de Estatística do Ministério do Trabalho e da
Solidariedade publica e fornece indicadores diversos na área do emprego
82
em formato digital.
! A Direcção Geral do Comércio e Concorrência (DGCC) assegura a
manutenção do Cadastro Comercial que contém informação sobre
estabelecimentos comerciais segundo ramos de actividade económica.
9.3 Informação Disponível
Sem ter a pretensão de fazer uma descrição exaustiva de toda a informação a
que se pode aceder no SNIG, destacam-se alguns casos a título de exemplo: ! O ICN (Instituto de Conservação da Natureza) tem disponível a base de
dados SIPNAT (Sistema de Informação do Património Natural), a qual
constitui um repositório central de dados, relativamente às áreas
classificadas, à fauna e flora, incluindo para cada animal ou planta uma
descrição da espécie, fotografia, locais de ocorrência e referências
bibliográficas.
! SNIRH (Sistema Nacional de Informação de Recursos Hídricos): sistema
da responsabilidade do INAG (Instituto da Água) desenvolvido para
processamento, validação e armazenamento de informação hidrológica.
Estão incluídos os relatórios mensais e anuais produzidos, um inventário
e caracterização das albufeiras, bem como uma listagem da legislação
comunitária e nacional referente aos recursos hídricos.
! O INAG tem também disponível um atlas da água com mapas e
informação hidrológica e meteorológica ao nível de bacia hidrográfica.
83
Apresenta ainda informação muito útil e interessante sobre a qualidade
das zonas balneares do país.
! CNIG (Centro Nacional de Informação Geográfica), através do projecto
CRIF (Cartografia de Risco de Incêndio Florestal), disponibiliza
informação pormenorizada sobre os incêndios ocorridos em Portugal.
Este projecto disponibiliza também uma base de dados com a catalogação
dos pontos de água de todo o país (mais de 5000), incluindo dados sobre
a localização, fotografia e acessibilidade dos pontos de água
relativamente a carros, helicópteros e aviões, informações essenciais ao
trabalho dos bombeiros no combate aos fogos.
Figura 8 - Fogos Florestais
84
! IPCC (Instituto Português de Cartografia e Cadastro) apresenta a
possibilidade de importar os dados de estações GPS (uma no Porto, outra
em Lisboa e uma outra em Cascais) que disponibilizam informação
praticamente em tempo real.
! RISE (Rede de Informação de Situações de Emergência) – os dados
disponíveis permitem dar uma ideia, com algum pormenor, do número de
ocorrências e do estado das mesmas em Portugal Continental. Tanto os
dados da Protecção Civil como os dados dos Bombeiros permitem ao
utilizador visualizar as ocorrências através de um mapa ou de uma lista.
No caso do mapa de ocorrências, é apresentada uma imagem de Portugal
com um ponto por cada ocorrência activa, sendo a cor desse ponto
dependente do tipo ou estado da mesma. Ao passar com o rato por cima
de cada ponto, obtém-se na barra inferior do browser, informação sobre a
localização e o tipo de ocorrência. Ao seleccionar um ponto com o rato,
obtém-se dados mais pormenorizados sobre cada situação,
nomeadamente estado, meios envolvidos, etc.
! JAE (Junta Autónoma de Estradas): A aplicação SIRON permite
consultar informação sobre os postos de contagem de tráfego da JAE. De
referir também a existência de aplicações que permitem conhecer fluxos
de tráfego, percursos óptimos ou o tráfego médio diário referente à rede
de estradas do plano rodoviário de 1995.
85
! DRA Norte (Delegação Regional do Ambiente – Norte) apresenta
informação ambiental sobre a região Norte. Entre outros temas inclui a
classificação da qualidade da água dos rios, em cerca de 100 pontos de
amostragem.
! AMP (Área Metropolitana do Porto) inclui nas suas páginas uma grande
variedade de informação sobre a região Norte, da qual se salienta o
traçado do Metro e informação sobre o Património.
! IM (Instituto de Meteorologia) disponibiliza informação diária sobre a
intensidade dos raios ultravioletas que atingem o nosso país.
Figura 9 - Inventário do Património Arquitectónico
86
! DGT (Direcção Geral do Turismo) apresenta informação útil da qual se
salienta o IRT (Inventário de Recursos Turísticos) uma base de dados que
comporta milhares de recursos caracterizados por uma ficha de detalhe,
com informação alfanumérica relevante, completada em muitos casos
com informação multimédia. A informação IRT encontra-se
sistematizada segundo uma grelha de classificação, que abrange as áreas
de património natural, cultural, equipamentos, actividades e eventos.
! DRA-LVT (Direcção Regional do Ambiente – Lisboa e Vale do Tejo)
disponibiliza informação sobre a qualidade do ar, incluindo gráficos
anuais de médias mensais e máximos diários efectuados para todos os
poluentes monitorizados nas estações da Rede de Medição da Qualidade
do Ar de Lisboa e do Barreiro/Seixal
! IGeoE disponibiliza gratuitamente a carta militar itinerária de Portugal
Continental à escala 1:500000
87
10 ALGUMAS APLICAÇÕES
10.1 Importação de Fotografias
Está disponível no SNIG uma aplicação que permite pesquisar, visualizar e
importar as imagens obtidas por rasterização a baixa resolução das cópias
em papel da cobertura aerofotográfica efectuada em 1995, graças à
colaboração entre a Associação da Indústria Papeleira, o Centro Nacional de
Informação Geográfica (CNIG) e a Direcção Geral das Florestas.
O principal objectivo desta aplicação é proporcionar o acesso e a importação
de fotografias aéreas correspondentes a uma determinada área do território
nacional. Para o cidadão comum, a utilização mais óbvia destas fotografias
aéreas poderá ser a identificação da sua casa e área envolvente.
Pretendia-se no entanto alargar a sua aplicação a outros domínios,
nomeadamente na área empresarial, ensino e turismo, pelo que se
apresentam outras situações em que poderá ser útil obter esta informação:
! Empresas que desenvolvam a sua actividade nas áreas do ambiente,
planeamento e gestão de recursos florestais poderão encontrar nestas
imagens uma fonte de informação actualizada sobre a ocupação do solo,
em especial ao nível das áreas florestais.
! Estas imagens poderão ser utilizadas por estudantes e professores do
ensino secundário e superior nas suas actividades curriculares
relacionadas com a utilização de informação geográfica.
88
! Um turista poderia utilizar as fotografias aéreas para identificar caminhos
secundários de acesso a praias mais isoladas, normalmente não
representados nos mapas de estradas.
A interface gráfica foi desenvolvida de forma a proporcionar
simultaneamente aos utilizadores a possibilidade de navegar a diferentes
escalas sobre um mapa de Portugal com as divisões administrativas ao nível
de concelho e freguesia, e de, com base em pesquisas geográficas efectuadas
sobre esse mapa, visualizar as fotografias aéreas correspondentes e consultar
informação alfanumérica associada.
Figura 10 - Portugal Visto do Céu
89
10.2 SOFTANIS O SOFTANIS (Software para as Águas Naturais Importantes) contém a
localização e os limites das Áreas Naturais mais importantes de Portugal
Continental, incluindo todos os Parques e Reservas Naturais e todas as
Zonas de Protecção Especial.
Este software possui três níveis de consulta, correspondentes às escalas
nacional, regional e áreas naturais, permitindo navegar entre os diferentes
níveis através de sucessivos zooms.
O grande objectivo do desenvolvimento desta aplicação é facilitar o acesso à
informação relativa às Áreas Naturais de Portugal Continental, contribuindo
para a educação ambiental da população, através da consciencialização e da
sensibilização social para a necessidade de protecção destas importantes
áreas.
10.3 GeoFogo A Direcção Geral das Florestas criou um projecto cujo objectivo era o
desenvolvimento de um programa de computador que permitisse simular a
progressão de fogos florestais. O programa GeoFogo foi desenvolvido para
ajudar na prevenção de fogos, tendo sido desenhado para apoiar a gestão de
espaços florestais, contribuindo para avaliações objectivas do risco de
incêndio e suportando o estudo de alternativas de gestão e de instalação de
infra-estruturas. O programa pode ainda ser utilizado no planeamento
90
estratégico do combate aos fogos e na elaboração de cartografia de perigo de
incêndio.
Figura 11 - GeoFogo
Foram realizados diversos testes, por comparação da progressão de fogos
reais com fogos simulados nas mesmas condições, que permitiram concluir
que o simulador prevê, na grande maioria dos casos, progressões do fogo
que correspondem às realmente ocorridas.
91
10.4 MAPEX Reconhecendo a necessidade de criar ferramentas que permitissem ao
cidadão comum criar mapas temáticos utilizando os seus próprios dados, o
CNIG desenvolveu, numa fase inicial, a aplicação HYPERSNIGE. No
entanto, diversas razões, nomeadamente a dificuldade de suportar diferentes
arquitecturas e de manter a aplicação a níveis de sofisticação compatíveis
com o estado da arte em termos de interface com o utilizador e
interoperabilidade, levaram a que esta aplicação não tivesse grande sucesso.
Em alternativa, pensou-se utilizar uma aplicação largamente divulgada e
disponível, eventualmente adaptada, que pudesse funcionar como "veículo"
para a manipulação básica de Informação Geográfica. Oportunamente, a
Microsoft Corporation dotou a sua folha de cálculo (Excel) com a
possibilidade de construir mapas temáticos, a partir do lançamento da versão
7, que passou a contar com uma extensão (add-in) designada Microsoft Map,
desenvolvida em conjunto com a MapInfo Corporation. Tal facto
possibilitou o desenvolvimento de um novo produto capaz de atingir os
objectivos enunciados e que passou a estar disponível no SNIG com a
designação de MAPEX.
O MAPEX permite, na sua versão actual, construir mapas temáticos para
Portugal Continental, sem ter que recorrer a um sistema de desenho assistido
por computador (CAD) ou um ambiente para a criação e exploração de
Sistemas de Informação Geográfica (SIG).
92
Com o MAPEX, o utilizador pode introduzir directamente numa folha de
cálculo os dados que pretende avaliar ou visualizar, ou pesquisar no SNIG
informação disponível sobre o território e importar então os dados relevantes
para uma folha de cálculo. Os mapas podem ser construídos directamente
sobre a informação introduzida ou podem resultar de operações efectuadas
recorrendo às capacidades de cálculo do Excel sobre os dados originais.
Figura 12 - MAPEX
93
Após a disponibilização desta aplicação, e tendo como objectivo dotar esta
ferramenta com informação de interesse para o cidadão, criou-se também um
conjunto de mapas de Portugal com diferentes níveis de divisões
administrativas, como por exemplo, freguesias, concelhos, distritos.
10.5 PORTUGAL DIGITAL
O projecto PORTUGAL DIGITAL desenvolvido a partir do trabalho
conjunto do Departamento de Engenharia Civil do Instituto Superior
Técnico, da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade Nova de
Lisboa, do Instituto Geográfico do Exército e da Fundação para a
Computação Científica Nacional consistiu numa metáfora de uma "visita" ao
país, em termos da informação georeferenciada.
Esta aplicação colocou à disposição dos visitantes do Pavilhão do Território
durante a Expo’98, duas formas distintas e complementares de acesso: um
voo sobre o território e o acesso directo às fontes de informação
seleccionadas e aos respectivos conteúdos. O voo era controlado por um
joystick de 6 graus de liberdade sendo a vista resultante projectada num ecrã
gigante colocado no meio da sala; os quiosques de acesso aos conteúdos
eram constituídos por 8 postos que rodeavam o ecrã disponibilizando, cada
um, um par de monitores e uma trackball para interacção e selecção de
destinos e temas da preferência de cada um.
94
Neste contexto, as visitas ao PORTUGAL DIGITAL materializaram-se em
voos sobre o território a altitudes e com graus de detalhe diferenciados que,
ao passar por uma dada região do continente, permitiam visualizar os
conteúdos que eventualmente existissem nesse local em cada um dos
quiosques disponíveis. Caso os utilizadores dos quiosques não pretendessem
"seguir o voo" ou preferissem um outro conteúdo, poderiam seleccionar nos
quiosques outro distrito/concelho e outro qualquer dos temas disponíveis.
95
11 SIG NOS MUNICÍPIOS 11.1 PROSIG O Programa PROSIG foi lançado em 1994, visando apoiar os municípios na
utilização das novas tecnologias da informação, nomeadamente através da
aquisição de meios informáticos e do desenvolvimento de aplicações
construídas sobre os SIG locais. Tinha como principal objectivo apoiar a
criação de Sistemas de Informação Geográfica vocacionados para a gestão
do território e integrados na rede do SNIG.
Foram estabelecidas como prioridades a estruturação de dados em SIG, o
desenvolvimento de aplicações informáticas em condições de exploração
pelos utilizadores que intervêm no planeamento e ordenamento do território
municipal e a disponibilização pública da informação organizada e
estruturada.
Em 1999, tinham aderido ao PROSIG 73 Municípios e 19 Associações ou
Agrupamentos de Municípios, dos quais 12 tinham já implementado
aplicações SIG, incidindo em geral no planeamento urbanístico, na gestão do
património e das redes viária e de saneamento. Estes municípios tinham
também disponibilizado, nessa data, informação geográfica na rede SNIG.
Convém no entanto realçar que alguns destes municípios tinham iniciado os
seus projectos SIG em 1990, antes mesmo do lançamento do PROSIG.
Uma análise aos resultados alcançados nessa altura bem como à
concretização dos objectivos inicialmente estabelecidos, revela que os SIG
96
municipais eram ainda muito incipientes, encontrando-se a sua utilização e
exploração em fase embrionária em muitos municípios.
Foram identificados três grandes factores responsáveis pela limitação do
desenvolvimento desta tecnologia. Em primeiro lugar, a nível dos recursos
humanos, destacam-se dificuldades na constituição da equipa técnica
responsável pela concepção e arranque do sistema, provocadas
essencialmente pela falta de formação e habilitação curricular na área das
novas tecnologias e concretamente do software SIG. Outro factor relevante
foi a falta de informação cartográfica em formato digital que obrigou a um
esforço adicional (em termos de meios financeiros e recursos humanos) para
superar esta carência. Por último, sentiram-se alguns problemas provocados
pela falta de articulação entre os diversos serviços municipais utilizadores e
fornecedores de informação.
11.2 PROGIP
O Programa PROGIP foi lançado com o objectivo de apoiar a execução dos
Planos (com especial relevância para os Planos Directores Municipais –
PDM), facilitando a aplicação da normas e regras neles estabelecidas e uma
avaliação contínua das acções incidentes no território de cada um dos
municípios face aos objectivos e propostas do respectivo Plano. Este
programa veio incentivar, entre outras acções nele previstas a conversão
analógico-digital dos PDM.
97
Os PDM estabelecem a estrutura espacial do território do município, a
classificação dos solos em função do seu uso dominante e os indicadores
urbanísticos, tendo em conta a estratégia de desenvolvimento local, a
distribuição racional das actividades económicas e a implantação dos
equipamentos sociais e infra-estruturas.
Tirando partido das plantas dos PDM entretanto digitalizadas, o CNIG
iniciou em finais de 1997 um projecto de disponibilização desta informação
na rede do SNIG com o acordo das respectivas Câmaras Municipais. A
chamada consulta interactiva do PDM permite a visualização informática da
informação gráfica e alfanumérica dos elementos fundamentais do PDM:
além do regulamento, a planta de ordenamento (que delimita as classes de
espaço) e a planta de condicionantes (com servidões administrativas e
restrições de utilidade pública, nomeadamente a Reserva Agrícola Nacional,
a Reserva Ecológica Nacional, o domínio público hídrico e protecção a
infra-estruturas).
Nesta forma de consulta, as plantas de ordenamento e de condicionantes são
acompanhadas das respectivas legendas, sendo possível, por simples
selecção de temas na legenda, visualizá-los na planta activa. São ainda
disponibilizadas outras operações gráficas comuns (ampliações, reduções e
deslocações da planta activa), sendo os mapas gerados dinamicamente e
passíveis de impressão ou de exportação para outros documentos. Após a
selecção de um elemento é possível identificá-lo e consultar os artigos do
regulamento que se lhe aplicam. O utilizador fica assim a conhecer os
condicionantes e regras por que se rege a ocupação e transformação do
98
território municipal na sua área de estudo ou de intervenção. Se os
municípios assim o entenderem, é possível incluir outro tipo de informação.
A título de exemplo, no PDM de Setúbal foi associado aos limites de
freguesia um pequeno relatório com a sua identificação, área e população
residente, e aos elementos de património classificado foram associadas
ligações às respectivas páginas de descrição da base de dados elaborada pela
Direcção Geral dos Edifícios e Monumentos Nacionais.
Exemplos de possíveis aplicações desta forma de consulta da informação
dos PDM são: o caso de um industrial que pretenda investir num
determinado concelho, poderá saber quais as áreas que poderão acolher a sua
fábrica e em que condições, que vias de comunicação servem ou virão a
servir essas áreas; um munícipe poderá saber quais as áreas sujeitas a
projectos de recuperação ou valorização no seu concelho ou se é possível a
construção de edificações na zona onde se localiza a sua quinta.
11.3 Um caso prático
De forma a ilustrar a importância que um SIG pode assumir como
instrumento de apoio à gestão autárquica e com base no plano apresentado
pelo Gabinete de Informação Geográfica da Câmara Municipal do Funchal
para o biénio de 2002/2003, serão a seguir apresentadas diversos itens de
informação que integram a base de dados ou constituem metas a atingir,
neste município.
99
11.3.1 Informação Estatística
Uma base de dados municipal pode integrar toda a informação estatística de
interesse específico para o Concelho, nomeadamente a obtida a partir dos
Censos.
11.3.2 Informação Urbanística
Inclui por um lado a informação proveniente dos Planos Municipais de
Ordenamento do Território (PMOT) e por outro, a dos licenciamentos.
11.3.3 Informação Biofísica
Constituída pelos dados climatéricos (temperatura, pluviosidade, vento e
humidade), parâmetros de qualidade da água, caracterização geológica e
geomorfológica, ocupação agrícola e espaços verde.
11.3.4 Carta Municipal do Património
Inventariação e valorização do património municipal edificado. Publicação
de roteiros para os Monumentos Nacionais e Edifícios de Interesse Público.
Lançamento de roteiros temáticos: Vinho, Açúcar, Museus, Cemitérios e
outros.
100
11.3.5 Carta Municipal de Equipamentos Colectivos
Inventariação de equipamentos de saúde, educação, formação profissional,
desporto, segurança social, culto, administração pública, prevenção e
segurança, equipamentos turísticos, cultura, lazer e telecomunicações.
11.3.6 Carta Municipal de Uso do Solo
Produção de um documento que traduz a realidade do Concelho tal como ela
é, e não apenas um documento que aponte para um zonamento ideal, como
faz o PDM. O objectivo é obter um instrumento que permita responder
prontamente a questões como:
! Qual a área de uso florestal e industrial do Concelho?
! Onde estão localizadas as maiores manchas agrícolas do Concelho?
! Que percentagem da área do Concelho é ocupada por rede viária?
11.3.7 Carta Municipal de Riscos
Documento que permite conhecer com exactidão os riscos que o território
oferece, na tentativa de evitá-los ou minimizá-los. Este documento deverá
definir com rigor as zonas sujeitas a riscos como: leitos de cheia, risco de
deslizamento, risco de erosão, risco de incêndio
101
11.3.8 Informação Toponímica
Cartografia digital provida de topónimos que são de importância fulcral, na
medida em que facilitam a localização de um terreno, edifício ou outro
qualquer elemento existente na planta. O objectivo é dispor não só dos
topónimos da rede viária principal ou do nome dos sítios, mas também
becos, veredas e outros.
11.3.9 Bases Cartográficas
É de importância vital possuir cartografia digital de qualidade e
permanentemente actualizada para que seja possível atingir os objectivos
anteriormente referenciados. Salienta-se o contributo que esta base de dados
poderá dar para a comodidade dos munícipes, na medida em que permite a
emissão de plantas de localização para instrução de processos (planta da
cidade, ortofotomapa e planta de ordenamento do PDM).
É importante salientar que o desenvolvimento da base de dados depende do
envolvimento dos serviços produtores/utilizadores da informação. Só assim
é possível assegurar a sua actualidade e fiabilidade. Assim torna-se
fundamental que os diversos departamentos no município estejam
envolvidos na implementação do SIG. Apresentam-se de seguida exemplos
da participação dos diferentes serviços, mais uma vez tendo por base o caso
concreto da Câmara Municipal do Funchal:
! Departamento de Ambiente: georeferenciação dos ecopontos, circuitos
de remoção e papeleiras, cantões de limpeza.
102
! Departamento de Espaços Verdes: elaboração de roteiros dos espaços
verdes públicos de maior interesse, organização do cadastro arbóreo
(árvores isoladas em caldeira própria), criação de base de dados florística
e faunística.
! Departamento de Águas e Saneamento: actualização da rede de
esgotos, criação da carta das bocas de incêndio, digitalização e respectivo
cadastro da rede de águas, levantamento e georeferenciação da rede
hidrográfica e respectivas bacias.
! Departamento Jurídico: informatização do património imóvel do
município, através da georeferenciação dos processos e respectivo
levantamento fotográfico.
! Departamento de Habitação: digitalização de todos os conjuntos
habitacionais camarários e respectiva informação de utilização mais
frequente.
! Divisão de Fiscalização Municipal: enriquecimento da base de dados
com a carta de comércio e serviços do concelho.
! Departamento de Trânsito: georeferenciação dos estacionamentos do
Concelho, espacialização de toda a sinalética de trânsito (horizontal e
vertical).
! Departamento de Urbanismo: acompanhamento da dinâmica
urbanística do Concelho. Pode funcionar como “barómetro” no que
concerne ao cumprimento no disposto nos instrumentos de planeamento e
aferir as tendências e pressões a que está sujeito o espaço municipal. Este
objectivo poderá ser atingido através da georeferenciação dos processos e
do cruzamento da componente gráfica com a alfanumérica existente, bem
como da gestão documental e desenvolvimento de um mecanismo
103
integralmente digital, com vista à apreciação de processos.
! Departamento de Obras Públicas: digitalização da rede viária, com
topónimo associado, associação das suas características (pavimento,
estado de conservação, grau de inclinação, existência ou não de passeio e
outros), georeferenciação e cadastro das obras públicas de promoção
camarária.
! Outros Serviços: é desejável que serviços considerados exteriores
(Direcções Regionais, Institutos) sejam envolvidos neste processo,
através de acordos de cooperação, de modo a garantir o desenvolvimento
da base de dados e a actualidade do seu conteúdo.
11.4 SMIG/AML
O SMIG/AML (Sistema Metropolitano de Informação Geográfica / Área
Metropolitana de Lisboa) teve início em 1997, tendo sido desenvolvido ao
abrigo de um protocolo de Cooperação entre o Centro Nacional de
Informação Geográfica (CNIG), a Junta Metropolitana de Lisboa (JML,
órgão executivo da AML) e a Comissão de Coordenação da Região de
Lisboa e Vale do Tejo (CCRLVT).
O SMIG/AML destina-se a acolher informação de base e temática,
proveniente de diversas fontes, integrando-a num projecto que permita
estabelecer uma relação activa e recíproca de troca/actualização com as
Câmaras Municipais e, numa outra perspectiva, obter uma permanente
caracterização e diagnóstico da realidade do território sob o ponto de vista
104
regional. Este sistema consegue, ao mesmo tempo, uma visão integrada de
toda a Área Metropolitana e dos dezoito concelhos individualmente
permitindo assim por exemplo, definir uma compatibilização entre figuras
de planeamento a dois níveis: a proposta do Plano Regional de Ordenamento
do Território (PROTAML) e os Planos Directores Municipais (PDM).
Este sistema consagra uma base de informação geográfica única, onde
consta informação variada muitas vezes obtida a partir do cruzamento de
fontes de informação diversas, como por exemplo cartas militares, imagens
de satélite, ortofotomapas:
! Rede Viária
! Saneamento Básico e Energia
! Património Histórico e Cultural
! Servidões e Restrições de Utilidade Pública
! Unidades Operativas de Planeamento e Gestão (UOPG) e Aglomerados
Urbanos
! Estruturas Verdes
! Ordenamento
! Uso do Solo
Os SIG aplicados aos domínios do planeamento e análise espacial, têm
demonstrado ser uma aposta ganha. É sobretudo nos espaços onde a
informação concentrada assume proporções manualmente incontroláveis,
nomeadamente os grandes centros urbanos, as áreas e regiões
metropolitanas, que os SIG se revelam imprescindíveis para o planeamento,
dada a sua capacidade de arquivo, armazenamento, organização, gestão,
105
manuseamento e racionalização de grandes volumes de informação. O
SMIG/AML afirma-se como uma ferramenta capaz de proporcionar rapidez
de actualização e resposta à dinâmica do território, permitindo obter, em
escassos minutos, respostas cruciais para os políticos e técnicos em
particular, e para o público em geral.
107
12 O IEFP
12.1 Apresentação
O Instituto do Emprego e Formação Profissional (IEFP) é um organismo
público, dotado de personalidade jurídica de direito público, com autonomia
administrativa e financeira e património próprio. Está sob a tutela do
Ministério da Segurança Social e do Trabalho, competindo-lhe a execução
das políticas de emprego e formação profissional, definidas e aprovadas pelo
governo.
Os Serviços Centrais estão sediados em Lisboa. Cinco Delegações
Regionais, distribuídas pelo país enquadram 86 Centros de Emprego, 30
Centros de Formação Profissional de Gestão Directa, um Centro de
Reabilitação Profissional e 6 Centros de Apoio à Criação de Empresas.
12.2 Objectivos
Podem apontar-se como principais objectivos deste organismo:
! Promover o conhecimento e divulgação dos problemas de emprego no
sentido de contribuir para a adopção de uma política global de emprego.
! Promover a organização do mercado de emprego com vista à procura do
pleno emprego, livremente escolhido de acordo com as preferências e as
habilitações.
108
! Promover a informação, orientação da formação e reabilitação
profissional e colocação dos trabalhadores.
! Promover a realização de acções de formação profissional com o
objectivo de contribuir para a melhoria da produtividade das empresas.
! Apoiar técnica e financeiramente iniciativas que conduzam à criação de
novos postos de trabalho, em empresas já existentes ou a serem criadas.
12.3 Programas e Medidas
O IEFP desenvolve um conjunto muito variado de acções de forma a atingir
os objectivos a que se propõe. Técnicos especializados em diversas áreas,
procuram dar aos utentes a melhor resposta de acordo com as necessidades
destes. Sessões de informação, sessões de orientação profissional e
entrevistas individuais, são alguns dos meios utilizados para esse fim.
Apresentam-se de seguida alguns dos seus programas.
12.3.1 Colocação
A partir das ofertas de emprego recebidas de empresas que precisam de
recrutar novos colaboradores, os técnicos do IEFP analisam a base de dados,
procurando entre os candidatos inscritos à procura de emprego, aqueles cujo
perfil satisfaz os requisitos das ofertas ao nível das habilitações escolares e
profissionais. Procede depois ao seu encaminhamento para as empresas que
efectuarão as entrevistas e testes que julguem necessários para concluir o
processo de selecção.
109
12.3.2 Estágios Profissionais
Constitui um dos objectivos do IEFP facilitar a transição dos jovens para a
vida activa. Tendo em conta que estes, ao terminarem um ciclo da sua vida
académica, necessitam de complementar os conhecimentos teóricos
adquiridos com experiência prática necessária à sua integração no mercado
de trabalho, o IEFP estimula a realização de Estágios Profissionais em
diversas áreas, apoiando financeiramente as empresas que demonstram
interesse e disponibilidade em colaborar.
Com base nos processos apresentados por essas empresas, procura-se a
integração dos jovens inscritos que possuam as habilitações necessárias na
área pretendida.
12.3.3 Formação Profissional
Considerando o baixo nível de escolaridade, não só dos desempregados
inscritos como também da população activa em geral, resultante do
abandono prematuro do sistema educativo, tornou-se necessária a definição
de uma política de formação profissional extra-escolar, que permita a
organização e o desenvolvimento de acções de qualificação e reconversão
profissional.
Constitui uma prioridade do IEFP a disponibilização de processos de
formação que possibilitem a jovens e adultos a aquisição e actualização de
competências que lhes permitirão o acesso e a permanência no mercado de
trabalho.
110
Este processo inicia-se habitualmente a partir de uma entrevista com um
Conselheiro de Orientação Profissional, que com base nas habilitações,
idade, situação, interesses e vocação do utente, procura encaminhá-lo para
uma acção de formação adequada a realizar num dos seus Centros de
Emprego, num Centro de Formação de Gestão Directa ou Participada, ou
mesmo em entidades externas que possam da a resposta desejada.
12.3.4 Programas Ocupacionais
Este programa pretende proporcionar aos trabalhadores subsidiados ou em
situação de comprovada carência económica uma ocupação socialmente útil,
enquanto não lhes surgirem alternativas de trabalho ou de formação
profissional, garantindo-lhes um rendimento de subsistência e mantendo-os
em contacto com outros trabalhadores e outras actividades, evitando assim o
seu isolamento e combatendo a tendência para a desmotivação e
marginalização, ao mesmo tempo que enriquecem o seu currículum.
Estas actividades são normalmente desenvolvidas em instituições sem fins
lucrativos, de que são exemplos: Escolas, Câmaras Municipais, Juntas de
Freguesias, Associações de Pais, entre outras.
111
12.3.5 Criação do Próprio Emprego
Outra forma de incentivar o aumento dos postos de trabalho, é o apoio
prestado a nível técnico e financeiro aos desempregados que apresentem um
projecto viável para a criação do próprio emprego ou pequenas unidades
empresarias. Estes investimentos, embora de pequena dimensão, têm muitas
vezes um papel importante na dinamização das economias locais.
Com o mesmo objectivo, têm vindo a ser criadas estruturas de apoio ao
desenvolvimento empresarial, como os Centros de Apoio à Criação de
Empresas (CACE) e os Ninhos de Empresas nas quais são disponibilizadas
condições de funcionamento a novas empresas (instalações, equipamentos,
apoio técnico) durante um período de tempo considerado necessário ao seu
lançamento e estabilização.
12.4 LSE – Livre Serviço de Emprego
O IEFP tem procurado modernizar-se, empenhando-se em desenvolver
novos serviços que melhor respondam às necessidades e expectativas quer
dos seus utentes, quer das empresas que colaboram com o Instituto.
Assim, paralelamente à abordagem tradicional, baseada no contacto pessoal,
foi disponibilizado em Fevereiro de 2002 um site na Internet, procurando
proporcionar aos utentes uma maior autonomia na sua procura de emprego e
colocando à disposição das empresas um instrumento melhorado de selecção
e recrutamento de pessoal.
112
Para além da disponibilização de informações detalhadas sobre os programas
e medidas existentes, foram criadas ligações a sites de outras instituições
com funções relacionadas com as actividades do Instituto (são exemplos a
Segurança Social, o INOFOR).
Do ponto de vista da empresa, tornou-se possível a comunicação das ofertas
aos Centros de Emprego de uma forma mais rápida e eficaz, bem como a sua
disponibilização imediata no site. Para além disso poderão consultar a Bolsa
de Emprego, à procura de candidatos com as características desejadas,
podendo mesmo configurar e gravar perfis para futuras utilizações.
Para os utentes estão disponíveis diversas funcionalidades que incluem a
possibilidades de consultar as ofertas comunicadas aos Centros de Emprego,
as que estão disponíveis apenas na Internet, as ofertas da Administração
Pública (com ligação ao Diário da República) e as ofertas no estrangeiro.
Paralelamente, podem expor o seu curriculum para consulta por parte das
potenciais entidades empregadoras, estando também disponível a
possibilidade de se inscreverem on-line nos Centro de Emprego piloto que
colaboram nesta iniciativa. Após a inscrição poderão ainda beneficiar de
outros serviços, nomeadamente pedido de alteração dos dados pessoais,
anulação da inscrição ou emissão de declarações, evitando a deslocação ao
respectivo Centro de Emprego.
De destacar que esta iniciativa encontra-se de algum modo numa fase
experimental, uma vez que decorre em apenas sete Centros piloto (Maia,
Guimarães, Caldas da Rainha, Coimbra, Benfica, Évora e Vila Real de Santo
113
António). Nestes Centros foi ainda criado um espaço físico onde se
disponibiliza toda a informação considerada relevante quer a nível da área
do emprego, quer da formação, bem como computadores, com acesso à
Internet, para facilitar a adesão dos interessados. O objectivo é, naturalmente
o alargamento deste projecto a todo o país.
114
13 PORQUÊ UM SIG?
Após analisar as características dos SIG, e o tipo de trabalho desenvolvido
no IEFP, fácil será concluir que existem diversos grupos de potenciais
utilizadores que poderiam beneficiar grandemente desta tecnologia.
13.1 Os Candidatos
Na sequência da recente criação do Livre Serviço de Emprego, a
implementação de um SIG, permitindo a disponibilização de determinados
serviços na Internet, seria certamente um contributo muito importante nesta
tentativa de promover a auto-informação dos candidatos.
Se, em vez de obter uma lista com a simples indicação do nome e morada
das empresas que desejam contratar colaboradores, fosse possível aceder a
um mapa, onde o candidato poderia verificar a localização exacta, bem como
aferir da proximidade à sua residência ou a redes de transporte, estaríamos
com certeza perante uma melhoria da qualidade do serviço prestado.
A mesma funcionalidade poderia ser aplicada a outras áreas como por
exemplo, localização de empresas com disponibilidade para receber
estagiários ou entidades que reunam condições para receber pessoas
interessadas em Programas Ocupacionais.
115
13.2 Os Técnicos do IEFP
Para os profissionais do Instituto diversas serão as possíveis utilizações de
um SIG e os possíveis benefícios que daí adviriam.
13.2.1 Colocação
Destaca-se em primeiro lugar a situação que esteve na origem da escolha do
tema deste trabalho. Um Técnico de Emprego, recentemente transferido de
outro Centro para a Maia, trabalhava uma oferta de emprego procurando
ajustar os candidatos inscritos. Um dos requisitos a considerar nesta
situação, para além das habilitações literárias e profissionais, é a localização
da empresa, devendo o técnico procurar candidatos que tenham residência
relativamente próxima. Por não conhecer bem o concelho, o técnico viu-se
obrigado a perguntar aos restantes colegas, onde fica a freguesia em causa e
que outras freguesias ficam na proximidade.
Um SIG seria certamente muito útil não só no caso de transferências de
pessoal entre Centros (este foi apenas um exemplo de uma situação
extrema), mas também na optimização do trabalho do dia-a-dia. Existem
pormenores que sendo devidamente tratados permitiriam certamente a
obtenção de melhores resultados. Um SIG possibilitaria que o técnico
verificasse de uma forma imediata a existência de candidatos na zona ou
com acesso fácil à rede de transportes. Actualmente, a pesquisa feita na base
de dados permite a obtenção dos possíveis candidatos na(s) freguesia(s)
indicada(s), havendo porém situações em que resultado obtido seja
116
insuficiente. Pode dar-se o caso por exemplo, que uma empresa se localize
na zona limítrofe de uma freguesia, servida por uma rede transportes que não
passa na zona oposta da mesma freguesia. Os utentes que residem nesta
última, terão muito mais dificuldade em deslocar-se para o possível
emprego, do que outros que, embora noutras freguesias vivem mesmo junto
da rede de transportes. O resultado será a realização de algumas entrevistas
inúteis, porque os candidatos acabarão por alegar a falta de transporte como
impedimento, e outros que poderiam estar interessados, não chegam a ser
convocados.
13.2.2 Formação Profissional
Os Conselheiros de Orientação Profissional realizam diariamente diversas
sessões de informação e entrevistas individuais, no intuito de encaminharem
a grande quantidade de utentes que procuram obter Formação Profissional.
Torna-se por vezes complicado dar uma resposta imediata a essas pessoas,
na medida em que a informação sobre a oferta formativa rapidamente se
desactualiza. Há cursos que entretanto se iniciaram, deixando por isso de
estar disponíveis, há novas informações que chegam sobre cursos,
destinados a diferentes estratos da população, que vão iniciar. Existem
diversas entidades que periodicamente fazem chegar ao Instituto o seu plano
formativo (normalmente em suporte de papel), com o pedido de o mesmo ser
divulgado aos utentes. Não é fácil para o técnico conjugar toda a informação
que lhe chega às mãos e simultaneamente responder às questões dos utentes,
117
nomeadamente no que respeita a condições de acesso, localização das
entidades, entre outras.
Um SIG, com informação devidamente actualizada, idealmente com a
colaboração das entidades formadoras, que poderiam enviar a informação
em formato digital, de modo a permitir a fácil integração no sistema, poderia
ser uma ferramenta muito útil. A possibilidade de distribuir a informação por
diferentes camadas que poderão ser depois combinadas e analisadas, seria
certamente uma mais-valia na localização de entidades/cursos que
correspondam aos desejos e necessidades dos utentes, permitindo certamente
uma resposta mais rápida e eficaz.
13.2.3 Criação do Próprio Emprego
Uma das tarefas dos técnicos que acompanham os processos de criação de
novas empresas, consiste na elaboração de estudos de viabilidade dos
projectos que dão entrada.
O SIG poderia dar uma ajuda valiosa nesta matéria. Possuindo dados
actualizados sobre a existência de outras empresas do mesmo ramo de
negócio na área de implantação da nova empresa, sobre a densidade
populacional e eventuais estudos de mercado sobre a reacção ao novo
produto/serviço, seria certamente mais fácil avaliar a existência de infra-
estrutura necessárias, bem como prever a probabilidade de sucesso da nova
empresa.
118
13.3 Chefias O SIG seria certamente uma excelente ferramenta de análise e apoio à
tomada de decisão, para os mais altos responsáveis de cada Unidade
Orgânica. Em vez de listagens intermináveis e tabela repletas de números, os
dirigentes passariam a ter acesso a informação não só com um aspecto
visualmente mais atractivo mas também mais fácil de analisar.
O recurso à capacidade que os SIG possuem de construir modelos, fazer
simulações e permitir a análise das consequências de diferentes cenários,
seriam certamente uma ajuda valiosa no processo de definição de medidas
adequadas, no sentido de prevenir ou reparar a situação de desemprego.
Um exemplo concreto de uma situação facilmente detectável usando um
SIG: ao analisar a tendência dos despedimentos e da contratação de novos
trabalhadores, poder-se-ia concluir que, por exemplo, numa determinada
zona há uma tendência para se acentuar a crise do sector do vestuário, ao
mesmo tempo que há uma grande procura na área do comércio ou dos
serviços pessoais, pelo que se justificaria apostar em acções de formação
nestas últimas áreas na tentativa de reintegrar os desempregados
provenientes da primeira.
Uma análise sistemática e continuada dos diferentes indicadores, aliada à sua
localização no espaço e no tempo, poderia assim facilitar o processo de
identificação de oportunidades locais de emprego, particularmente as que se
relacionam com necessidades ainda não satisfeitas pelo mercado.
119
13.4 Serviços Centrais
Ao nível dos Serviços Centrais, o SIG teria um papel de grande destaque. A
análise da distribuição dos indicadores estatísticos pelo país, seria
extremamente facilitada, permitindo uma identificação mais rápida e eficaz
das zonas em que os problemas de emprego e formação são mais prementes.
A detecção de grandes disparidades territoriais permite a adopção de
medidas diferenciadas, adaptadas às realidades regionais e locais.
Igualmente importante seria a possibilidade de acompanhar a evolução dos
resultados ao longo do tempo, permitindo facilmente a comparação entre
diferentes momentos, no sentido de manter ou inverter as apostas feitas.
120
14 A IMPLEMENTAÇÃO
“A implementação de um SIG é onde a tecnologia e as pessoas se
encontram.” - (Autor desconhecido)
A implementação de um SIG é algo que se constrói e não um mero pacote de
software que se compra. Há todo um trabalho de exploração das suas
capacidades de transformação com o objectivo de tornar o sistema apto a
responder satisfatoriamente às diversas necessidades que os seus utilizadores
apresentem.
“É importante realçar que apesar das suas potencialidades em termos de
análise e manipulação da informação, o funcionamento destes sistemas
depende muito do contexto organizacional em que estão inseridos, ou seja
do grupo de pessoas que o gere e utiliza, dos meios e equipamentos
envolvidos na sua implementação e manutenção e dos objectivos
subjacentes à sua utilização.” (“Introdução aos SIG” – CNIG , 1992)
14.1 Etapas
Segundo Aronoff (1989), a implementação de um SIG é um processo de seis
fases:
! Conscientização: as pessoas dentro da organização tornam-se
conscientes da tecnologia SIG e dos benefícios potenciais para a sua
organização.
121
! Desenvolvimento dos requisitos do sistema: a ideia que um SIG
poderia beneficiar a organização é formalmente reconhecida e inicia-se
um processo para recolher informações sobre a tecnologia e para
identificar potenciais utilizadores e suas necessidades.
! Avaliação do sistema: sistemas alternativos são propostos e avaliados. O
processo de avaliação leva em conta a análise das necessidades da fase
anterior. No final desta fase, uma decisão formal deve ser feita a respeito
de se prosseguir ou não com a aquisição do SIG.
! Desenvolvimento de um plano de implementação: tendo tomado a
decisão de prosseguir com a aquisição de um sistema, um plano é
desenvolvido para adquirir o equipamento necessário e contratar o
pessoal, fazer mudanças organizacionais e financiar o processo. O plano
pode ser um documento formalmente aceite ou uma série de acções mais
ou menos informais.
! Aquisição do sistema e inicialização: o sistema é adquirido e instalado,
o pessoal treinado, a criação da base de dados iniciada e os
procedimentos de operação começam a ser estabelecidos.
! Fase operacional: nesta fase procedimentos são desenvolvidos para
manter a estrutura SIG e os serviços de melhoria do hardware e software,
de forma a que o SIG continue a dar suporte às necessidades de
informação da organização, que vão evoluindo. Questões operacionais,
relativas às responsabilidades da estrutura SIG, prover serviços
necessários e garantir padrões de desempenho, tornam-se indispensáveis.
A manutenção da base de dados é fundamental e deve começar
imediatamente após esta ter sido criada.
122
14.2 Questões importantes
Há um conjunto de questões importantes que devem ser consideradas
quando uma instituição opta pela implementação de um SIG. É importante
que as mesmas sejam cuidadosamente ponderadas, que se procurem
respostas, alternativas, antes de dar qualquer passo definitivo:
! Que tipo de aplicações SIG estão disponíveis?
! Como justificar o investimento num SIG?
! Quem são os utilizadores do SIG?
! Como escolher o SIG adequado?
! Como garantir uma implementação bem sucedida?
! Que mudanças organizacionais resultarão da adopção do SIG?
14.3 O envolvimento dos utilizadores
Para que a implementação de um SIG possa ser bem sucedida, é
imprescindível o envolvimento dos utilizadores em todo o processo. Desde o
início devem compreender o princípio de funcionamento e os benefícios que
podem obter com a sua implementação.
Embora tenham já sido indicadas algumas das possíveis aplicações de um
SIG no IEFP, muitas outras existirão. Aqui os utilizadores poderão ter um
papel crucial, pois estão numa posição privilegiada para detectar situações
actuais ou mesmo evoluções futuras em que o SIG poderá ajudar a aumentar
a eficiência e eficácia da Instituição.
123
14.4 A escolha do software
O software escolhido deve garantir uma solução o mais interactiva e segura
possível. A proliferação da oferta de programas informáticos dificulta a
selecção, pois existem sistemas para todos os gostos e com as mais variadas
especificações. Alguns critérios a ter em conta são: custo, funcionalidade
(gama de operações oferecida), compatibilidade com hardware e software
existentes na organização, assistência técnica facilidade de utilização,
necessidades dos utilizadores e da organização.
14.5 Dificuldades
Como acontece sempre que surge uma nova tecnologia, as primeiras
organizações que implementaram SIG (pioneiras), sentiram grandes
dificuldades e tiveram que ultrapassar diversos problemas. Nalguns casos
não chegaram a superar as dificuldades, tendo existido diversos casos de
insucesso, após grandes investimentos na tecnologia.
Pode no entanto dizer-se que actualmente é muito mais fácil. Muitos
problemas estão ultrapassados e pode aprender-se muito com a experiência
dos outros.
124
14.5.1 Disponibilidade de dados
Pode dizer-se que foi um dos grandes problemas das primeiras empresas que
implementaram um SIG. A falta de dados em formato digital obrigou a um
grande investimento, nomeadamente na conversão de dados cartográficos.
Também a falta de um inventário, não permitia saber se os dados necessários
já estariam disponíveis.
Hoje em dia, graças à rede do SNIG, é muito fácil em Portugal localizar e
proceder à aquisição dos dados necessários já em formato digital.
No IEFP deverá estabelecer-se uma ligação entre o SIG e a base de dados já
existente, para trabalhar os dados relativos a emprego e formação. Outros
dados necessários (cartografia, censos, cadastro comercial, ...) poderão ser
obtidos através da criação de acordos de cooperação com as autarquias e
outras entidades como INE ou a DGCC.
14.5.2 Compatibilidade de Formatos
Um outro problema, por vezes sentido, prendia-se com o facto de os dados
disponíveis em formato digital não estarem num formato reconhecido pelo
SIG da organização, o que obrigava a uma conversão, que por vezes
introduzia erros nos dados originais.
Actualmente há uma preocupação generalizada em utilizar formatos
standard reconhecidos por qualquer SIG, minimizando assim os problemas
referidos.
125
14.5.3 Falta de Pessoal Qualificado Uma grande limitação apontada na implementação dos primeiros SIG era
precisamente a falta de pessoal qualificado com conhecimentos na área. Este
é outro problema que tende a desaparecer, uma vez que cada vez mais se
reconhece a importância desta tecnologia, tendo sido criados diversos cursos
de especialização.
14.5.4 Formação dos utilizadores
Muito importante é a aposta na formação dos utilizadores. Esta não será
certamente uma preocupação para o IEFP, na medida em que está já
implantada uma forte convicção da necessidade de proporcionar formação
aos seus colaboradores. Neste âmbito são desenvolvidas regularmente
diversas acções de formação em diferentes áreas, envolvendo os
trabalhadores de todas as categorias profissionais.
14.5.5 Interface com o utilizador
Outra questão em que se verificaram grandes avanços desde a
implementação dos primeiros sistemas é a interface com o utilizador. Os
primeiros SIG não eram muito amigáveis para o utilizador comum, no
entanto verifica-se cada vez mais a tendência para a criação de interfaces
simples e práticos de usar.
126
CONCLUSÃO Quando uma organização adopta uma nova e geralmente cara tecnologia,
espera o retorno do seu investimento. Qual é o potencial retorno na
utilização do SIG? Numa abordagem algo simplista pode traduzir-se no
impacto obtido, dividindo-se este em duas vertentes distintas: individual e
organizacional.
O impacto individual refere-se à convicção dos utilizadores que através de
utilização do SIG, se tornarão melhores funcionários. Este impacto pode
referir-se a um melhoramento do seu desempenho que pode reflectir-se em
decisões melhores, mais completas ou mais exactas. Segundo DeLone and
McLean (1992): “Pode considerar-se impacto o facto de que um sistema de
informação proporcionou ao utilizador um melhor conhecimento do
contexto de decisão, melhorou a sua produtividade na tomada de decisão,
produziu uma alteração na sua actividade ou mudou a sua percepção da
importância ou utilidade de um sistema de informação.”
Quanto ao impacto organizacional, verifica-se o aumento da
capacidade/facilidade de processar informação. Melhora-se a integração dos
dados, a rapidez de acesso à informação o aumento das facilidades analíticas
e de visualização.
É legítimo afirmar que a tecnologia dos SIG tem vindo a assumir um papel
absolutamente central na gestão do informação georeferenciada, tornando-se
cada vez mais importante como ferramenta de apoio à decisão, integrada
num ambiente de resolução de problemas. Possuindo capacidades
127
extremamente valiosas como o rápido e fácil acesso a grandes volumes de
dados, provenientes de diferentes fontes e em diferentes formatos; a
habilidade de seleccionar detalhes por área ou tema, de ligar diferentes
conjuntos de dados, analisar características espaciais dos dados,
possibilitando a geração de nova informação; a possibilidade de criar
diferentes cenários alternativos e avaliar o impacto de intervenções; as suas
capacidades de output, que incluem mapas, gráficos, listas de endereços,
estatísticas sumariadas, talhadas de acordo com as necessidades, pode
prever-se que os SIG serão uma ferramenta tão comum como um
processador de texto ou uma folha de cálculo.
O IEFP, sendo um organismo que procura acompanhar a evolução da
sociedade, de modo a dar respostas adequadas em tempo útil, às pessoas e
entidades que necessitam dos seus serviços, não poderá ficar indiferente a
esta realidade.
Assim, tendo em conta a informação que assimilei ao longo da elaboração
deste trabalho, bem como o conhecimento que possuo do modo de actuação
e política interna do IEFP, é minha opinião que será justificada a
implementação de um SIG. Considero todavia que este deve ser um processo
gradual, tirando partido da experiência e do saber das instituições que
tomaram a dianteira na implementação deste novo sistema.
Não tenho dúvidas de que será muito útil ao Instituto, não só como meio de
comunicação com os utentes, também como instrumento de trabalho para os
técnicos das diferentes áreas e ainda como ferramenta de apoio na tomada de
decisão.
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BIBLIOGRAFIA An Introduction to Geographical Information Systems – Ian Heywood, Sarah
Cornelius, Steve Carver (1998) – Longman
Geographic Information Research – Massimo Craglia, Helen Conclelis
(1998) – Taylor & Francis
Sistemas de Informação Geográfica – Pedro Leão Neto (1998) – FCA
GIS, Organisation and People: a Socio-Technical Approach – D. E. Reeve
129
OUTRAS FONTES DE INFORMAÇÃO
! Conferência sobre aplicação dos Sistemas de Informação Geográfica na
Gestão Municipal (Abril de 2002)
! Sites:
snig.igeo.pt
www.gis.com
www.novagis.pt
www.amna.pt/sig
www.usgs.gov
www.gisportal.com
www.opengis.org
www.ordsvy.gov.uk
www.prudente.unesp.br/dcartog/arlete/gis/sigcarto.html
www.prudente.unesp.br/dcartog/arlete/gis/intro_t.htm
www.alexandria.ucsb.edu
www.agroportal.pt/Computadores/software/gis.htmwww.esri.com
www.colorado.edu/geography/gcraft/notes/intro/intro_f.html
www.autodesk.com
www.intergraph.com
www.mapinfo.com
www.esri.com