Infraestrutura aeroportuária e o desenvolvimento regional...

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UNIVERSIDADE ESTADUAL DA PARAÍBA UEPB PRÓ-REITORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO E PESQUISA - PRPGP PROGRAMA ASSOCIADO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM DESENVOLVIMENTO REGIONAL (MESTRADO) - UEPB/UFCG Infraestrutura aeroportuária e o desenvolvimento regional o caso do Estado da Paraíba José Almir de Oliveira Filho Orientador: Prof. Dr. Lemuel Dourado Guerra Área de Concentração: Desenvolvimento Regional Linha de Pesquisa: Políticas Públicas e Desenvolvimento Regional Campina Grande, Paraíba Novembro de 2011

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UNIVERSIDADE ESTADUAL DA PARAÍBA – UEPB

PRÓ-REITORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO E PESQUISA - PRPGP

PROGRAMA ASSOCIADO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM DESENVOLVIMENTO

REGIONAL (MESTRADO) - UEPB/UFCG

Infraestrutura aeroportuária e o desenvolvimento

regional – o caso do Estado da Paraíba

José Almir de Oliveira Filho

Orientador: Prof. Dr. Lemuel Dourado Guerra

Área de Concentração: Desenvolvimento Regional

Linha de Pesquisa: Políticas Públicas e Desenvolvimento Regional

Campina Grande, Paraíba

Novembro de 2011

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JOSÉ ALMIR DE OLIVEIRA FILHO

Infraestrutura aeroportuária e o desenvolvimento

regional – o caso do Estado da Paraíba

Dissertação apresentada ao Programa de

Mestrado em Desenvolvimento Regional da

Universidade Estadual da Paraíba-UEPB, como

requisito à obtenção do Título de Mestre em

Desenvolvimento Regional.

Orientador: Prof. Dr. Lemuel Dourado Guerra

Campina Grande, Paraíba

Novembro de 2011

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JOSÉ ALMIR DE OLIVEIRA FILHO

Infraestrutura aeroportuária e o desenvolvimento

regional – o caso do Estado da Paraíba

Dissertação apresentada ao Programa de

Mestrado em Desenvolvimento Regional da

Universidade Estadual da Paraíba – UEPB,

como requisito à obtenção do título de Mestre

em Desenvolvimento regional.

Orientador: Prof. Dr. Lemuel Dourado Guerra

COMISSÃO EXAMINADORA

__________________________________

Prof. Dr. Gesinaldo Ataíde Cândido Universidade Federal de Campina Grande

Examinador externo

__________________________________

Prof. Dr. Cidoval Morais de Sousa Universidade Estadual da Paraíba

Examinador interno

_________________________________

Prof. Dr. Lemuel Dourado Guerra Universidade Estadual da Paraíba

Orientador

Campina Grande, Paraíba

Novembro de 2011

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“O voo do homem através do tempo é sustentado pela

força de seus conhecimentos”.

Rudyard Kipling

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AGRADECIMENTOS

Agradeço, de forma especial, à UNIVERSIDADE ESTADUAL DA PARAÍBA -

UEPB – e todos os professores do CEDUC, que me despertou para o prazer de

ensinar e a descobrir caminhos que julgava conhecer. À minha esposa,

Rosangela e filhos, Sidartha, Saullo, Caian e Ravel, pelo apoio incondicional,

Pablo Radamés, pelas dicas importantes.

À Banca Examinadora da minha qualificação, composta pelos professores

Alberto Soares de Melo, Cidoval Morais de Sousa e pelo meu Orientador,

professor Lemuel Dourado Guerra, pela compreensão, generosidade

demonstradas e pelas sugestões valiosas para a realização do meu trabalho de

Dissertação.

À Banca Examinadora desta dissertação, pela disposição em ler meu trabalho

e construir comigo os passos para o aperfeiçoamento da minha prática

científica.

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Oliveira, José A. de. Infraestrutura aeroportuária e o desenvolvimento regional – o caso do Estado da Paraíba. Dissertação (Mestrado em

Desenvolvimento Regional) Universidade Estadual da Paraíba – UEPB Campina Grande - PB

RESUMO

Esse estudo objetiva traçar um panorama das políticas de investimentos públicos, no Brasil e especificamente no sistema aeroportuário do Estado da Paraíba, analisar seus eventuais efeitos sobre os níveis de desenvolvimento local, identificar o papel dos aeroportos nos projetos brasileiros de desenvolvimento regional, além de levantar e apresentar dados sobre o cenário nacional e estadual do planejamento e crescimento do transporte aéreo. A perspectiva teórica foi fundamentada no debate sobre a relação entre investimentos em infraestrutura e a promoção do desenvolvimento econômico. É importante destacar que atualmente o transporte aéreo nacional vem apresentando, um crescimento sem precedentes, e segue promovendo ligações e integrando as várias regiões do país, resultando no processo de crescimento e interiorização do desenvolvimento econômico. A metodologia utilizada, de natureza descritiva, tem a preocupação central de proporcionar maior familiarização com o tema. Combina a análise de estatísticas relativas ao crescimento do transporte aéreo nacional e em nosso Estado, em comparação a evolução do PIB – Produto Interno Bruto, bem como na análise de documentos em que as políticas públicas na área são formuladas, para isso foi realizada uma série de entrevistas com gestores públicos, agentes de viagem e usuários do Aeroporto Presidente João Suassuna, em Campina Grande - PB. Nosso objetivo principal é traçar um panorama das políticas de investimentos públicos no sistema aeroportuário nacional e da Paraíba e analisar a seus eventuais efeitos sobre os níveis de desenvolvimento do estado. Dentre as principais conclusões da nossa pesquisa destacamos as seguintes: a) O setor aéreo nacional é dinâmico e eficiente, e apresentou um crescimento significativo nos últimos anos, e pode almejar níveis superiores de crescimento futuro, esses avanços, entretanto, evidenciou o gargalo do transporte aéreo nacional implementando uma série de desafios, sobretudo porque a infraestrutura aeroportuária não cresceu no mesmo ritmo da demanda. b) As políticas públicas para o setor aeroportuário na Paraíba não têm acompanhado o aumento da demanda pelo modal aéreo no estado, dos 14 aeródromos registrados e homologados em na Paraíba, seis estão interditados por apresentarem riscos para as operações aéreas. c) O baixo nível de investimento em infraestrutura aeroportuária em nosso estado é um grande obstáculo ao crescimento do transporte aéreo na região. d) A questão fundamental para os aeródromos paraibanos é a falta de visão clara dos seus papéis, em contraposição aos papéis das autoridades envolvidas. A elas cabe obviamente formular políticas públicas, para dar suporte às ações intervencionista nos aeroportos e entendê-los como parte integrante de um projeto de desenvolvimento regional PALAVRAS-CHAVE: Aeroportos; Políticas públicas; Desenvolvimento regional.

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ABSTRACT

Airports Infrastructure and Regional Development – the case

Of Paraíba State

This study provides an overview of the policies of public investment in Brazil and specifically in the airport system of the State of Paraíba, analyze its possible effects on the levels of local development, identify the role of airports in regional development projects in Brazil, as well as raising and present data on the national and state planning and growth of air transport. The perspective was grounded in the debate on the relationship between investments in infrastructure and promoting economic development. It is important to note that currently the national air transport has shown an unprecedented growth and continues to promote links and integrating the various regions of the country, resulting in the internalization process of growth and economic development. The methodology, descriptive, is the central concern of providing greater familiarity with the subject. It combines the analysis of statistics on the growth of the national air transportation in our state and compared the evolution of GDP - Gross Domestic Product, as well as analysis of documents in which public policies are formulated in the area, so it was a series interviews with public managers, travel agents and users of the Airport President John Suassuna, in Campina Grande-PB. Our main goal is to draw a picture of the policies of public investment in national airport system and Paraíba and analyze the possible effects on the levels of development of the state. Among the main findings of our study highlight the following: a) The national airline industry is dynamic and efficient, and presented a significant growth in recent years, and can aspire to higher levels of future growth, these advances, however, showed the bottleneck of transportation national air implementing a series of challenges, not least because the airport infrastructure has not grown at the same pace with demand. b) Public policies for the airport sector in Paraíba have not matched the increase in demand by air in the state of the 14 airfields registered and approved in Paraiba; six are banned because they present risks for air operations. c) The low level of investment in airport infrastructure in our state is a major obstacle to the growth of air transport in the region. d) The key issue for aerodromes Paraíba is the lack of clear vision of their roles, in contrast to the roles of authorities concerned. They are responsible for formulating public policy course, to support interventionist actions in airports and understand them as partof a regional development project. KEY WORDS: Airports, Public Policies, Regional Development

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DEFINIÇÃO DE TERMOS E ABREVIATURAS

AERÓDROMO - Toda área destinada a pouso, decolagem e movimentação de

aeronaves. AERÓDROMO CIVIL - Aeródromo destinado, em princípio, ao uso de

aeronaves civis. AERÓDROMO COMUNITÁRIO - Aeródromo público destinado a servir

pequenas cidades e para ser utilizado por aeronaves leves, vedada a operação da aviação regular.

AERÓDROMO PRIVADO - Aeródromo civil que só poderá ser utilizado com

permissão de seu proprietário, sendo vedada a sua exploração comercial.

AERÓDROMO PÚBLICO - Aeródromo civil destinado ao tráfego de aeronaves

em geral. AERÓDROMO RESTRITO - Aeródromo público, construído em área de

propriedade pública, de uso reservado do Órgão que o construiu e que tem sob sua administração, cuja exploração comercial é vedada, só podendo ser utilizado com autorização da respectiva entidade pública.

AERÓDROMO TRANSITÓRIO - Aeródromo civil, para uso provisório e

destinado a atender aos projetos de desenvolvimento, construção de estradas, usinas, barragens, proteção à lavoura, pesquisa mineral ou exploração de jazida e situações de emergência ou calamidade pública.

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AEROPORTO - Todo aeródromo público dotado de instalações e facilidades para apoio às operações de aeronaves e de embarque e desembarque de pessoas e cargas.

AEROPORTO INTERNACIONAL - Aeroporto situado no território nacional,

designado pelo Ministério da Aeronáutica, como aeroporto de entrada e saída do tráfego aéreo internacional, onde são satisfeitas formalidades de alfândega, de polícia, de saúde pública, quarentena agrícola e animal e demais formalidades análogas.

AEROPORTO INTERNACIONAL DE ALTERNATIVA – Aeroporto usado por

aeronaves civis nacionais e estrangeiras, como primeira escala por ocasião da entrada ou como última por ocasião da saída do território brasileiro, na impossibilidade eventual de serem utilizados os aeroportos internacionais brasileiros, ou como aeroporto de origem ou destino de voos “charters” internacionais.

AEROPORTO NACIONAL – Aeroporto com características adequadas às

operações da aviação doméstica. AEROPORTO REGIONAL - Aeroporto destinado a atender às regiões de

interesse estadual, com características adequadas para ser utilizado por aeronaves da aviação regional nas operações de ligação aos grandes centros.

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SIGLAS

ANAC - Agencia Nacional de Aviação Civil

ATAERO - Adicional de Tarifa Aeroportuária

AVASIS - Equipamento de Auxílio Visual ao Pouso

CBA - Código Brasileiro de Aeronáutica

DAC - Departamento de Aviação Civil

DER – Departamento de Estradas e Rodagens

DPV - Destacamento de Proteção ao Voo

HOTRAN - Horário de Transporte Regular

IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

NDB - Rádio Farol não Direcional

NOTAM - Boletim de Informações aos Aeronavegantes

OACI - Organização de Aviação Civil Internacional

PAA - Posto de Abastecimento de Aeronaves

PAC - Programa de Aceleração de Crescimento PAC

PAT - Tarifa de Uso das Comunicações e dos Auxílios Rádio e Visuais em Área

Terminal de Tráfego Aéreo

PAX - Passageiro

PEA - Plano de Exploração Aeroportuária

PIB - Produto Interno Bruto

PPP - Parceria Público-Privada

PRODETUR - Programa de Desenvolvimento do Turismo

PROFAA - Programa Federal de Auxilio a Aeroportos

SCI - Seção Conta Incêndio

SIV - Sistema de Informação de Voo

SUDENE - Superintendência de Desenvolvimento da Região Nordeste

FIEP – Federação da Industrias do Estado da Paraíba

TECA - Terminal de Carga Aérea

TPE - Tarifa de Permanência na Área de Estadia

TPM - Tarifa de Permanência no Pátio de Manobras

TPS - Terminal de Passageiros

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1 – Anexo a Convenção de Chicago.........................................................

Tabela 2 – Resultados Financeiros – Fontes de receitas......................................

Tabela 3 – Sistema Aeroportuário da Paraíba.......................................................

Tabela 4 – Complexo Aeroportuário de Campina Grande.....................................

Tabela 5 – Aeroporto de Patos-PB (Brigadeiro Firmino Ayres)............................

Tabela 6 – Região Nordeste – características do transporte aéreo 2010.............

Tabela 7 - Participação do PIB no Nordeste..........................................................

Tabela 8 - Capacidade instalada, déficit operacional (ano 2009)..........................

Tabela 9 - Capacidade instalada, déficit operacional (ano 2010)..........................

Tabela 10 - Passagens aéreas vendidas no balcão (agencias de viagens –

Campina Grande)..................................................................................................

Tabela 11 - Extrato da pesquisa, perfil do passageiro, aeroporto de Campina

Grande - SBKG.................................................................................

Tabela 12 - Extrato da pesquisa, perfil do passageiro, aeroporto de João

Pessoa...................................................................................................................

Tabela 13 - Movimento diário de voos – SBKG.....................................................

Tabela 14 - Movimento diário de voos – SBJP......................................................

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Construção da infraestrutura básica do novo aeroporto de São

Gonçalo do Amarante............................................................................................

Figura 2 - Sistema de administração aeroportuária...............................................

Figura 3 - Divisão das tarifas aeroportuárias.........................................................

Figura 4 - Investimentos da INFRAERO (2001/2007)...........................................

Figura 5 - Vista Interna do Aeroporto Internacional P. Martins - Fortaleza – CE.

Figura 6 - Aeroporto Presidente Castro Pinto – João Pessoa – PB, SBJP

(Lado Terra)...........................................................................................................

Figura 7 - Sistema Informativo de voo (SIV), Aeroporto de João Pessoa.............

Figura 8- Aeroporto de Campina Grande (lado terra) – 2003..............................

Figura 9 - Perfil operacional (visibilidade horizontal reduzida)..............................

Figura 10 - Sistema de Informação de Voo (SIV) Aeroporto de Campina

Grande...................................................................................................................

Figura 11 - Vista geral do aeroporto Presidente João Suassuna – Campina

Grande...................................................................................................................

Figura 12 - Vista geral de Aeroclube de João Pessoa – SNJO.............................

Figura 13 - Vista parcial do pátio de estacionamento de aeronaves, (SNJO)

ao fundo a proximidade dos prédios......................................................................

Figura 14 - Pista de pouso do aeroclube de João Pessoa, após ação da

Prefeitura...........................................................................................

Figura 15 - Pista de pouso do aeroclube de Campina Grande – SNKB................

Figura 16 - Pátio de estacionamento de aeronaves, aeroclube de Campina

Grande - SNKB......................................................................................................

Figura 17 - Vista parcial da pista de pouso do aeroporto de Patos-PB.................

Figura 18 - Vista parcial do patio de estacionamento de aeronaves (SNTS)........

Figura 19 - Aeronave do governo do estado operando em Sousa (SNQD)..........

Figura 20 - Pista de rolagem do novo aeroporto de Cajazeiras............................

Figura 21 - Valor da passagem aérea Campina Grande/São Paulo.....................

Figura 22 - Valor da passagem aérea João Pessoa/São Paulo............................

Figura 23 - Mapa Paraíba (Divisão Política)...............................................................

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LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 1 - Taxa de crescimento anual PIB e aviação regular – Brasil .................

Gráfico 2 - Movimento de passageiros (aviação regular – Brasil)........................

Gráfico 3 - Passageiros - Participação relativa dos tráfegos – 2010....................

Gráfico 4 - Participação das empresas aéreas no mercado domestico de aviação

regular..............................................................................................................................

Gráfico 5 - Taxa de crescimento da aviação regular – BRASIL/PARAÍBA.............

Gráfico 6 - Movimento de passageiros do Aeroporto Presidente João Suassuna

Campina Grande – PB – 2000/2010......................................................................

Gráfico 7 - Movimento de embarque de passageiros Aeroporto Presidente

João Suassuna - Campina Grande – PB – 2000/2010..........................................

Gráfico 8 - Movimento de passageiros do Aeroporto Presidente Castro Pinto –

João Pessoa..........................................................................................................

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SUMÁRIO INTRODUÇÃO.......................................................................................................

Caracterização do problema..................................................................................

Objetivos................................................................................................................

Procedimentos metodológicos...............................................................................

Estruturação do texto.............................................................................................

CAPÍTULO I: O DESENVOLVIMENTO REGIONAL NO BRASIL E A

INFRAESTRUTURA AEROPORTUÁRIA

1.1 Planejamento regional no Brasil.......................................................................

1.1.1 Experiência do Nordeste...............................................................................

1.1.2 Região e Regionalização..............................................................................

1.1.3 Região e Desenvolvimento...........................................................................

1.2 O desenvolvimento regional sob a ótica das teorias clássicas do

desenvolvimento............................................................................................

1.2.1 Teoria da Causação Circular........................................................................

1.2.2 Teoria dos Polos de Crescimentos...............................................................

1.3 Infraestrutura Aeroportuária e Desenvolvimento Regional..............................

1.4 Aeroportos e Desenvolvimento........................................................................

1.5 A essencialidade do Transporte Aéreo............................................................

1.6 Novas Concepções Aeroportuárias na Era pós-moderna...............................

CAPÍTULO II: POLÍTICAS PÚBLICAS E INFRAESTRUTURA PARA O

ESPAÇO AEROPORTUÁRIO NO BRASIL E NA PARAÍBA

2.1 Os conceitos e as perspectiva de Políticas Públicas.......................................

2.1.1 As políticas públicas para o setor aeroportuário no Brasil..........................

2.2 Infraestrutura Aeroportuária.............................................................................

2.2.1 O Papel da ICAO – International Civil Aviation Organization.......................

2.3 Administração Aeroportuária...........................................................................

2.4 Fontes de Receitas e Economia Aeroportuária...............................................

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2.5 Sistema Aeroportuário da Paraíba...................................................................

2.5.1 Aeroporto Presidente Castro Pinto – João Pessoa – PB - SBJP.................

2.5.2 Aeroporto Presidente João Suassuna – Campina Grande – PB - SBKG...

2.5.3 Aeroclube da Paraíba – SNJO....................................................................

2.5.4 Aeroclube de Campina Grande – SNKB......................................................

2.5.5 Aeroporto de Patos (Brigadeiro Firmino Ayres) – SNTS.............................

2.5.6 Aeródromo de Sousa - PB - SNQD.............................................................

2.5.7 Aeródromo de Catolé do Rocha – SIBU.....................................................

2.5.8 Aeródromo de Conceição – SIBW..............................................................

2.5.9 Aeródromo de Itaporanga – SIBZ...............................................................

2.6 Aeródromo de Cuité – SICB...........................................................................

2.6.1 Aeródromo de Monteiro – SIBY..................................................................

2.6.2 Aeródromo de Cajazeiras ..........................................................................

CAPÍTULO III: ANÁLISE DA PROJEÇÃO E OFERTA DO TRANSPORTE

AÉREO NO BRASIL E NO ESTADO DA PARAÍBA

3.0 Transporte Aéreo Nacional..............................................................................

3.1 Desempenho econômico e do mercado aéreo brasileiro................................

3.2 Movimento de passageiros no Brasil..............................................................

3.3 Tráfego aéreo regular: concentração e competitividade..................................

3.4 Aviação Civil - Região Nordeste.....................................................................

3.5 Análises da Demanda de Passageiros – Campina Grande e João Pessoa..

3.5.1 Movimento de Embarque de Passageiros – Campina Grande.....................

3.5.2 Movimento de Passageiros – Aeroporto de João Pessoa............................

3.5.3 Análises da Demanda de Passageiros - Campina Grande e João Pessoa..

3.5.4 Perfil do usuário do transporte aéreo que embarcam em Campina Grande

e João Pessoa...............................................................................................

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4 CONSIDERAÇÕES FINAIS ..............................................................................

4.1 REFERÊNCIAS...............................................................................................

ANEXOS................................................................................................................

ANEXO 1 - Formulário - aplicado nas agências de viagens ................................

ANEXO 2 - Formulário - aplicado ao gerente de base/ GOL- Linhas Aéreas......

ANEXO 3 - Formulário - aplicado ao Presidente de FIEP/CDL............................

ANEXO 4 – Formulário - enviado por e-mail aos superintendentes dos

Aeroportos de Campina Grande e João Pessoa...................................................

ANEXO 5 - Formulário – aplicados em 100 (cem) passageiros nos aeroportos

de Campina Grande e João pessoa......................................................................

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INTRODUÇÃO

Este trabalho busca discutir, de maneira geral, a relação entre investimentos

públicos em infraestrutura e o desenvolvimento. Mais especificamente, focalizamos

a influência que o investimento público relativo ao modal do transporte aéreo tem

para a inserção do País e no caso particular o Estado da Paraíba no contexto global

do desenvolvimento.

O debate sobre o desenvolvimento é uma constante em vários campos

disciplinares no Brasil. As mudanças ocorridas no segundo quartel do século

passado, num cenário de transição do modelo agrário para o industrial na sociedade

brasileira, acentuaram o processo de integração e urbanização do país em um ritmo

sem precedentes, exigindo do Estado ações para dinamizar e inserir as regiões mais

remotas no processo capitalista de desenvolvimento. Esse crescimento, sobretudo

na sua fase mais recente foi capitaneado por ações em infraestrutura de transporte,

nos seus diversos moldais (marítimo, terrestre e aéreo), amplamente divulgadas

como meios para incrementar a acessibilidade e intercomunicação entre regiões,

com as ressonâncias planejadas em termos de desenvolvimento.

Vasconcelos (2007) discute a linha de evolução dos modais de transportes e

sua relação com o desenvolvimento nos seguintes termos:

Os meios de transporte merecem destaque por exercer influência na formação de grandes centros urbanos. Durante o século XVIII, o modal marítimo propiciou o aparecimento de importantes cidades próximas aos portos. No século XIX, foi a vez do modo ferroviário provocar o mesmo efeito, que se repetiu no século XX, devido às rodovias. A tendência é o transporte aéreo ser considerado um fator decisivo para o desenvolvimento no século XXI, pelas novas necessidades de conectividade e velocidade que o mercado exigirá (VASCONCELOS, 2007, p. 1).

Nem sempre o transporte de superfície pode atender a esse processo de

integração de forma eficiente, sobretudo em função dos limites de infraestrutura, de

tempo, e principalmente de acessibilidade, sendo o aéreo o principal modal de

transporte capaz de interligar o globo e lugares remotos.

Nessa situação é fundamental a importância de discutir as políticas públicas

de investimento no transporte aéreo, o qual depende de infraestrutura adequada, o

que, a nosso ver, tem desdobramentos sobre o ritmo e os níveis de desenvolvimento

econômico das diversas regiões do planeta e do país. Sendo assim, concordamos

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plenamente com Silva (1991), ao afirmar que não existe Estado desenvolvido sem

uma sólida infraestrutura aeronáutica eficiente.

Para Kuhn (2003), o transporte aéreo representa dois papéis distintos no

processo evolutivo de núcleos urbanos: primeiramente, ele atua como alternativa

modal para localidades com problemas de acesso viário; e em segundo lugar, ele

aparece em decorrência do processo de crescimento econômico que, por sua vez, é

responsável pela geração de demanda por este tipo de serviço. Não é por acaso que

nos países desenvolvidos a demanda pelo transporte aéreo de passageiros e cargas

é estimulada de forma tão contundente.

É importante destacar que atualmente o transporte aéreo nacional vem

assumindo um papel de destaque, promovendo ligações entre diversas localidades e

integrando as várias regiões do país, resultando no processo de crescimento e

interiorização do desenvolvimento econômico. Além disso, a política para esse setor

vem experimentando uma gradual flexibilização, a fim de atingir as diretrizes

estabelecidas pelo livre mercado. Estas mudanças proporcionaram a entrada de

novos investimentos privados, estimulando a operação e o surgimento de novas

companhias áreas, ao mesmo tempo em que ocorreu o fechamento de companhias

aéreas tradicionais.

O fato é que o mercado da aviação civil no Brasil, acompanhando a tendência

global, cresceu na última década em um ritmo acelerado, superior ao Produto

Interno Bruto (PIB) nacional. É o que evidencia Oliveira (2009). A variação do PIB

influencia de forma direta o mercado de aviação civil – e sofre sua influência, como

pretendemos demonstra ao longo deste trabalho. No entanto, a evolução da aviação

civil brasileira esbarra em restrições relativas à inexistência de uma infraestrutura

aeronáutica eficiente, fruto do investimento público, a nosso ver, ainda inadequado.

O cenário precário da infraestrutura aeroportuária é caracterizado pela

predominância de aeródromos que não oferecem condições para a operação segura

e econômica das aeronaves e, em alguns casos, apresentam conflitos de

relacionamento entre os usuários e operadores. Esta constatação é feita, sobretudo,

nos aeródromos de pequeno porte, explorados ou administrados pelos governos

estaduais, como é o caso da Paraíba.

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CARACTERIZAÇÃO DO PROBLEMA

Com uma área territorial de 8,5 milhões km², o Brasil dispõe da quinta maior

superfície e a quinta maior população mundial. Um País com essas características

necessita de um sistema de transportes eficiente para o escoamento de bens e a

movimentação de pessoas, que permita a integração efetiva do território nacional em

consonância com as atividades econômicas do País.

Nesse contexto, o modal aéreo tem um papel estratégico, constituindo-se em

uma atividade de suporte ao desenvolvimento, que requer investimentos constantes

em tecnologia, emprego de capitais e mão-de-obra intensivos, sendo assim

concordamos com Silva (1991), quando destaca a importância do setor aéreo na

economia, na medida em que tende a ser um elemento propulsor da produção como

um todo, atuando como polo gerador, além de incrementar o emprego e a renda.

O mesmo autor classifica isto como efeitos diretos, que podem ser

resumidos como os benefícios gerados por aqueles que trabalham no aeroporto ou

contribuem para suas atividades, como a administração aeroportuária, apoio às

empresas aéreas, Serviço de Contra Incêndio – SCI e controle do tráfego aéreo.

Esse efeito catalizador é replicado no aeroporto de Campina Grande, que com

apenas dois voos regulares gera cerca de 200 empregos diretos, enquanto que no

Aeroporto de João Pessoa o número ultrapassa a 500 empregados.

Paralelo a isso, o setor aéreo estimula também a produção de outros setores,

o que é definido como efeitos indiretos, ou seja, aqueles gerados pelas empresas

prestadoras de serviços para as instituições e firmas diretamente envolvidas na

atividade, os chamados empregos terceirizados. Desta forma, essa renda gerada

pelos efeitos diretos e indiretos vai ser transformada em demanda e gastos a serem

realizados em outros setores com efeitos multiplicadores para a cadeia produtiva

local. Silva (1991) coloca nos seguinte termos o efeito cascata da atividade

aeroportuária:

Cada unidade monetária introduzida na economia pelo aeroporto faz com que, de duas a cinco unidades adicionais de despesas de capital sejam introduzidas nas atividades produtivas do mercado. Os recursos empregados levam a propagação dos benefícios a toda sociedade que, a seguir, solicitará mais serviços ao aeroporto, fechando o ciclo positivo e progressivo dos benefícios econômicos e sociais (SILVA, 2001, p. 346).

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Além de carrearem importantes contribuições em termos de escoamento da

produção econômica, da comunicação empresarial e das relações sociais em geral,

os aeroportos têm impactos diretos sobre a arrecadação de tributos em todos os

níveis.

Essa dimensão foi intensificada, sobretudo, pelo estágio atual das relações

capitalistas entre Estados e Regiões que concorrem entre si e buscam a todo custo

sua inserção no chamado mercado globalizado, no qual a infraestrutura de

transporte de um modo geral e dentro do contexto aeroportuário é determinante.

Pode-se afirmar que a superação em eficiência por parte de um aeroporto

concorrente, de outra região, fatalmente reduzirá as ligações daquela região em que

os investimentos não foram adequados.

OBJETIVOS

Nosso objetivo geral é traçar um panorama das políticas de investimentos

públicos no sistema aeroportuário nacional e da Paraíba e analisar a seus eventuais

efeitos sobre os níveis de desenvolvimento do estado. Para a consecução do

objetivo geral, temos os seguintes objetivos específicos:

Identificar o papel dos aeroportos nos projetos brasileiros de desenvolvimento

regional;

Levantar e apresentar dados sobre o cenário nacional e estadual do

planejamento e crescimento do transporte aéreo;

Diagnosticar os obstáculos para a inserção dos aeroportos paraibanos nos

projetos de desenvolvimento regional;

Fazer um levantamento sobre os limites da relação entre as demandas e

disponibilidades do Aeroporto Presidente João Suassuna, em Campina

Grande.

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PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

Natureza da pesquisa

Esta dissertação busca analisar a relação entre a infraestrutura aeroportuária

e o desenvolvimento regional. O trabalho oferece ao mesmo tempo um panorama

das políticas públicas referente aos aeroportos em nível nacional e estadual.

Reconhecendo a existência de poucas fontes disponíveis sobre a temática

indicada, a pesquisa empreendida é do tipo exploratória descritiva, seguindo a

definição de Gil (2009, p. 41), nos seguintes termos: “a pesquisa exploratória têm

como objetivo proporcionar maior familiaridade com o problema, com vistas a torná-

lo mais explícito ou a construir hipótese e, familiarizar-se com um assunto ainda

pouco investigado”.

Nossa pesquisa também pode ser definida como um estudo de caso, sendo

escolhido o contexto aeroportuário da Paraíba, e, neste, o de Campina Grande. De

acordo com Gil (2009, p.54), o estudo de caso consiste em fazer um “estudo

profundo e exaustivo de um ou mais objetos, de maneira que permita seu amplo e

detalhado conhecimento”.

Procedimentos gerais

Lemos e analisamos livros, artigos, sites da internet, documentos e em outras

fontes publicadas, sobre a temática aqui focalizada.

Além do levantamento bibliográfico, também fizemos uso da consulta a

documentos públicos e particulares, que podem aparecer sob as formas de fichas,

mapas, formulários, catálogos, manuais, dentre outros. Destacamos os seguintes

documentos consultados:

ANAC – Demanda detalhada nos aeroportos (2010);

CBA – Código Brasileiro de aeronáutica (1986);

IAC - Instrução do Comando da Aeronáutica (2004);

ROTAER – Manual de Rotas Aéreas (1999);

ANEXO – 14 (ICAO 2004);

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ANAC - IAC 139-1001: Manual de Operação de Aeroporto. Portaria DAC nº

531/DGAC;

INFRAERO - Movimento nos Aeroportos (2010);

INFRAERO - Perfis dos Aeroportos Brasileiros (2010);

INFRAERO - PGOSI – Plano Geral de Obras Serviços e Investimentos;

ANAC - Programa Federal de Auxílios a Aeroportos – PROFAA;

IAC 5001 - 0899 Planejamento Integrado de Investimentos na

Infraestrutura Aeroportuária (1999).

Procedimentos para a coleta de dados

Visitas - realizamos visitas aos Aeroportos Presidente Castro Pinto (SBJP), na

região metropolitana de João Pessoa; ao Aeroporto Presidente João

Suassuna (SBKG) em Campina Grande, com o objetivo de analisar in loco o

funcionamento e a situação operacional dos dois principais aeroportos do

estado, além dos Aeródromos, Aeroclube da Paraíba (SNJP) e Aeroclube de

Campina Grande (SNKB). Nessas visitas buscamos analisar quais as

vantagens e desvantagens (limites) apresentados pelas unidades

aeroportuárias, e identificar os efeitos práticos, em termos de infraestrutura,

dos investimentos e das políticas públicas implementadas para inserir o

Estado da Paraíba no contexto global de desenvolvimento a partir do

incremento e aperfeiçoamento das suas principais plantas aeroportuárias.

Aplicação de questionário - realizada, através da aplicação de questionários a

uma amostra aleatória, do tipo casual, com 100 passageiros nos aeroportos

de João Pessoa e Campina Grande, em dias e horários alternados, nos

meses de maio e junho/2011, respectivamente. No universo proposto pela

pesquisa, o recorte quantitativo ocorreu em função do número representativo

da média de embarque/dia quando considerados conjuntamente os dois

aeroportos e o índice médio de ocupação das aeronaves, registradas pelas

empresas aéreas nos aeroportos citados. Esse procedimento tinha a

finalidade de identificar o perfil dos passageiros.

Aplicação de questionários - a uma amostra composta por 5 gerentes

comerciais de agências de viagens registradas na cidade de Campina

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Grande, ano base (2009). As agências visitadas foram: Speed Turismo, Delta

Turismo, Classic Turismo, Exitur, e Aerovias Turismo, selecionadas pelo

volume de vendas, sobretudo, para tentar explicar um fenômeno identificado

empiricamente no estudo, o expressivo montante de passageiros que

realizaram a compra da passagem nas agências locais, adotando a opção de

embarque em aeroportos vizinhos.

Aplicação de questionários - respondidos de forma presencial ou por e-mail

pelas principais autoridades do setor: o Superintende do aeroporto de

Campina Grande; o diretor de operações do aeroclube da Paraíba; o diretor

de infraestrutura do DER; o gerente de base da Gol - Linhas Aéreas; e o

presidente da FIEP. O objetivo aqui foi colher as impressões dessas

autoridades sobre a qualidade dos serviços aeroportuários prestados.

Estruturação do texto

O presente texto é composto por esta introdução, mais três capítulos

brevemente resumidos a seguir, para melhor entendimento do encadeamento lógico

do estudo:

No primeiro capítulo, apresentamos as linhas gerais do debate acerca do

desenvolvimento regional no Brasil, conectando com as relações entre

desenvolvimento e infraestrutura em geral e particularmente a aeroportuária.

No segundo capítulo, apresentamos, de forma sucinta, um panorama da

política e da situação aeroportuária brasileira. São mencionadas as principais

características de sua infraestrutura, incluindo a Empresa Brasileira de Infraestrutura

Aeroportuária - INFRAERO, responsável pela administração dos principais

aeroportos brasileiros. No final desse capítulo, para facilitar o entendimento dos

leitores, no que se refere aos aspectos técnicos mencionados no texto, elencamos

os conceitos chaves do tema, além de uma análise geral sobre a situação

operacional dos principais aeródromos paraibanos.

No terceiro capítulo, apresentamos a análise dos dados, buscando relacionar

a evolução da infraestrutura aeroportuária paraibana e os níveis de

desenvolvimentos do estado.

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Seguem-se as considerações finais, nas quais apresentamos uma prestação

de contas em relação às questões de pesquisa que nos orientaram e os objetivos

estabelecidos, na forma de conclusões do trabalho.

As referências utilizadas no texto estão relacionadas em ordem alfabética.

Foram acrescentados anexos aos modelos dos questionários utilizados no

levantamento dos dados junto aos sujeitos consultados e algumas imagens para

ilustrar aspectos importantes do trabalho.

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CAPÍTULO I O DESENVOLVIMENTO REGIONAL NO BRASIL E A INFRAESTRUTURA AEROPORTUÁRIA

As questões do desenvolvimento têm sido uma das principais preocupações

da sociedade humana ao longo dos tempos. Sob diversos enfoques e concepções, o

desenvolvimento sempre foi interpretado e almejado como algo a ser continuamente

conquistado, sendo aqui entendido como um processo dinâmico que implica em

mudanças de paradigmas para uma evolução constante e duradoura.

O desenvolvimento é um processo de transformação econômica, política e social, através da qual o crescimento do padrão de vida da população tende a tornar-se automático e autônomo. Trata-se de um processo social global, em que as estruturas econômicas, políticas e sociais de um país sofrem continuas e profundas transformações (PEREIRA,1972, p. 15).

No entendimento de Pereira (1972), o processo de desenvolvimento torna-se

constante, à medida que as nações são inseridas em posições privilegiadas no

contexto global capitalista de transformação econômica. Seu resultado mais

importante é a mudança no padrão de vida da população. Embora isso pareça óbvio,

essa mudança não atinge a todas as camadas e sua democratização depende de

transformações políticas e sociais, sem as quais não haverá o aludido

desenvolvimento humano, socializado e integral, autônomo e duradouro,

frequentemente reduzindo-se apenas ao crescimento econômico.

Dentro deste contexto, este capítulo busca discutir o processo de

desenvolvimento regional no Brasil, analisando o modelo de intervenção posto em

prática pelo Estado para dinamizar o crescimento Brasileiro, que tinha como uma

das pilastras a superação do atraso nacional através da industrialização capitalista.

Como se sabe, esse processo teve relativo sucesso nas regiões do Sudeste e

Centro-Sul, no entanto, se evidenciava ainda mais o atraso e o empobrecimento das

regiões Norte e Nordeste, aumentando de forma contundente as desigualdades

regionais. Esse desequilíbrio tornou-se insustentável a partir do final da década de

50, de modo que precisou ser atacado, através de políticas governamentais

destinadas a atrair e até a transferir diretamente recursos das regiões dinâmicas

para as regiões menos favorecidas.

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1.1 O Planejamento Regional Brasileiro

Embora as ações relativas ao desenvolvimento regional no Brasil tenham se

iniciado em meados dos anos 30, quando o Governo Central inicia o processo de

substituição da economia agroexportadora brasileira por uma economia de base

industrial capitalista, a chamada Indústria de Base Nacional, as primeiras ações

sistemáticas de Planejamento Regional no Brasil datam do fim da década de 50, e

tinha como base as relativamente bem sucedidas experiências implementadas na

Europa, sobretudo na Itália e França. Os modelos importados buscavam implantar

particularmente programas específicos, para corrigir distorções pontuais no

desenvolvimento desigual da Nação brasileira.

Conforme Pedrão (2004), para o Estado brasileiro, que procura se constituir

como soberano, intervindo acima dos setores e grupos sociais ou de toda

sociedade, a região adquire um papel de base para legitimação e concentração do

poder. O autor mostra que o planejamento emerge como uma forma de intervenção

do Estado sobre as contradições do desenvolvimento nacional e regional,

representando, no Brasil não a constituição de um Estado mediador, mas a

presença de um Estado a serviço do capitalismo emergente, que tinha como objetivo

forçar a passagem, do atraso para o crescimento, rumo à “integração nacional”.

O planejamento emerge aqui como uma “forma” de intervenção do estado sobre as contradições entre a reprodução do capital em escala nacional e regional, e que tomam a aparência de conflitos inter-regionais; o planejamento não é, portanto, a presença de um Estado mediador mas, ao contrário, a presença do Estado capturado ou não pelas formas mais adiantadas da reprodução do capital para forçar a passagem no rumo de uma homogeneização, ou conforme é comumente descrito pela literatura sobre planejamento regional, no rumo da “integração nacional” (OLIVEIRA, 2003, p. 29,30).

Conforme ficou claro, embora as regiões tivessem autonomia político-

administrativa, a política governamental de desenvolvimento obedecia a um

planejamento e uma lógica centrada no Governo Federal. Esse padrão ficou

bastante evidente, quando o Governo central cria e implementa superintendências

federais de desenvolvimento nas cinco regiões físicas brasileiras, com o objetivo de

impor sua presença e concentrar as ações desenvolvimentistas. Entretanto na

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prática, o que ocorria é que cada unidade federativa buscava incrementar ao

máximo sua taxa de crescimento independentemente do resto do país.

1.1.1 A experiência do Nordeste

De forma bastante sintética, pode-se dizer que até o ano de 1958, as ações

do Governo Central para a Região Nordeste eram planejadas e orientadas a

executar um maior número de obras de combate à seca, tinha como objetivo

principal incrementar a oferta de água na região. Essas ações eminentemente de

caráter político-eleitoreiro, se mostraram equivocadas e incipientes, ante à crise que

se seguiu após a seca de 1958. A partir daí tenta-se formular uma nova estratégia,

implantando um conjunto de medidas mais amplas que assegurassem o

desenvolvimento econômico da região como um todo, tornando-a menos

dependente das variações climáticas.

De acordo com Andrade (1988), com essa nova linha de pensamento foi

nomeado pelo Presidente da Republica um grupo de trabalho que culminou com a

criação a Superintendência de Desenvolvimento do Nordeste - SUDENE, órgão

encarregado de planejar, executar e coordenar um conjunto de medidas destinadas

a promover o crescimento da Região Nordeste e melhorar os padrões de vida da

população. Coordenado pelo Economista Paraibano Celso Furtado, foi elaborado um

relatório que buscava compreender a problemática nordestina, o qual ficou

conhecido como relatório do GTDN, sendo este o principal documento de análise e

estudo do setor.

O grupo de trabalho liderado por Celso Furtado (o GTDN) produziu um famoso documento em que diagnosticou as causas do subdesenvolvimento regional, baseado na falta de obras de infraestrutura, na necessidade de uma modernização agrícola que modificasse o caráter monocultor, com a implantação de propriedades familiares e policultoras, na melhor adaptação da economia nordestina às condições ecológicas, no desenvolvimento industrial que oferecendo empregos sustentasse o movimento migratório e na correção da política financeira. O relatório deixava evidente que as causas do subdesenvolvimento da região resultavam de causas sociais e não físicas (ANDRADE, 1988, p.39).

Esse relatório trazia embutidos os pressupostos da CEPAL (Comissão

Econômica para a América Latina), que defendia uma industrialização que atingisse

áreas consideradas tradicionalmente atrasadas e que precisavam se desenvolver.

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A situação diagnosticada pela CEPAL acabou por conduzir toda uma política

de planejamento que definiria a expansão do capital industrial no Brasil.

De acordo com a análise Cepalina, houve um aprofundamento nas distâncias

econômicas e sociais entre a região Sudeste, que teve um rápido processo de

expansão industrial, e a região Nordeste, que estava com sua economia estagnada,

sendo considerada como uma das áreas de maior pobreza em nível mundial.

Tratava-se antes de tudo de afirmar que a economia nordestina deveria se

recuperar, reagindo à crise do complexo agroexportador baseado na produção da

cana-de-açúcar.

Quanto a essa questão, Oliveira (1987), comenta que o modelo da CEPAL foi

o pressuposto para o avanço do capitalismo em território brasileiro, através do

exercício de uma lógica desenvolvimentista nos moldes na modernização industrial.

Neste sentido, a condição de ser desenvolvido significava substituir uma

economia de base agrícola, de bens primários de produção por uma economia de

base industrial. O subdesenvolvimento passa a ser visto como uma etapa transitória

para o desenvolvimento, sendo as diferenças existentes entre as nações, regiões e

lugares vistos, não como decorrentes da dominação, mas como resultado dos ritmos

diferenciados da superação do subdesenvolvimento.

No entendimento de Pereira (1972), essa conjuntura, obedecia à ótica

capitalista, na qual a industrialização, a urbanização o crescimento e

desenvolvimento passam a ser compreendidos como unidades do mesmo processo,

funcionando como uma reação em cadeia. Nesse entendimento, o crescimento do

processo industrial traria a reboque toda uma infraestrutura necessária para dar

suporte ao sonhado desenvolvimento. Assim, o esforço para criar condições internas

e realizar o avanço do capital a partir da indústria era perfeitamente aceitável e

necessário. Tal fato passa a justificar os empreendimentos em todo país no sentido

de construir rodovias, portos e aeroportos com o intuito de facilitar o acesso

idealizado aos lugares e assim permitir o desenvolvimento das regiões mais

remotas. Essa infraestrutura rodoviária e aeroviária é, até os dias atuais, a base da

integração nacional, eminentemente baseada no transporte rodoviário.

As propostas de desenvolvimento revelaram os interesses prevalecentes da

elite industrial capitalista, apoiada pelo Estado. Significava estabelecer condições

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para que as indústrias pudessem se instalar em vários pontos do país, através de

políticas direcionadas ao setor industrial.

O Estado neste contexto passa a ser o sujeito do planejamento

desenvolvimentista, conforme os interesses da burguesia industrial, estabelecendo o

estilo de desenvolvimento através de seus agentes econômicos e sociais. Todo o

planejamento passa por meio do Estado, o que implicou na aplicação de medidas

políticas e administrativas para permitir o avanço do capitalismo através de um

discurso direcionado à redução das desigualdades regionais. Desta forma é

fundamental entender a noção de região e processo de regionalização do espaço

brasileiro.

1.1.2 Região e Regionalização

Na análise do desenvolvimento regional, algumas questões centrais devem

ser retomadas como ponto de partida, dentre elas, a distinção entre região enquanto

conceito, e regionalização enquanto método ou instrumento de análise. Dento do

contexto, corrobora-se com Correia (1997), quando afirma que o conceito de região

é muito complexo, e que essa complexidade não reside tão somente na infinidade

de concepções, mas também da diversidade das correntes de pensamento ou da

ciência que se propõem a conceituá-la.

É na geografia que o termo „região‟ tem sua definição mais tradicional. Para

esta ciência, este conceito está ligado à noção fundamental do espaço e da

diferenciação de área, isto é, à aceitação da ideia de que a superfície da Terra é

constituída por áreas ou regiões diferentes entre si.

Assim, partimos do pressuposto de que região e regionalização são

concepções que envolvem práticas e posições teóricas distintas. Haesbaert (1999)

enfatiza que:

Enquanto a região adquire um caráter epistemológico mais rigoroso, com uma delimitação conceitual mais consistente, a regionalização pode ser vista como um instrumento geral de análise, um pressuposto metodológico para o geógrafo e, nesse sentido, é a diversidade territorial como um todo que nos interessa, pois a principio qualquer espaço pode ser objeto de regionalização, dependendo dos objetos definidos pelo pesquisador. (HAESBAERT, 1999, p.28)

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A partir dessa análise, percebe-se que mesmo dentro da geografia a definição

de região possui uma variedade de conceitos que se articulam nas diversas

correntes do pensamento geográfico. Entretanto a esse respeito percebe-se que os

estudos regionais concentram esforços para direcionar o conceito de região em algo

que exprima a relação do espaço produzido a partir do local para o global, ou como

prefere Lencioni (1999), identificar as “individualidades na totalidade”.

Dessa forma, busca-se refletir a realidade do país e compreender os

contrastes a partir de estudos concentrados na dinâmica regional. Esse

entendimento favorece a compreensão das relações sociais e políticas do país, pois

associa os espaços de acordo com suas semelhanças econômicas, históricas e

culturais.

Com o processo de globalização mundial, outras concepções foram

introduzidas para configurar e tornar mais abrangente o conceito regional. Apesar da

relativa homogeneização promovida pelos processos globalizadores, especialmente

aqueles ligados aos circuitos econômicos do capitalismo, a diversidade territorial

continua a se difundir, contribuindo para, segundo Santos (1994), aumentar as

especificidades e singularidades regionais, que intensificam as “diferenciações de

áreas”.

Conforme Corrêa (1997), o conceito de região perpassa algumas vertentes

uma delas é que “trata-se da regionalização da divisão social do trabalho, do

processo de acumulação capitalista, da reprodução da força de trabalho e dos

processos políticos ideológicos”. Sendo assim, as mudanças na organização

espacial ocasionadas pela globalização nos levam a pensar sobre a configuração

das regiões.

A respeito dos diversos conceitos relativos à região, é importante frisar que

alguns aspectos, aí incluídos o clima, a vegetação, a forma física do relevo, dentre

outros, estão sempre presentes, independentemente do tempo ou da diversidade de

autores. Há, no entanto, de acordo com Ultramari (2009), uma nova concepção para

sintetizar o entendimento sobre o tema.

Uma região se desenvolve e se organiza em torno de um centro de concentração de atividades econômicas, definindo, portanto, uma polarização. Outro aspecto importante é a relação centro-periferia: uma região só existe como algo que contenha esse par, em que relação de dependência – polarização, mais uma vez – são fundamentais (ULTRAMARI, 2009, p.35).

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Assim, nos conceitos de região é recorrente o entendimento de que sua

formação consiste em uma determinada polarização progressiva, por meio das

atividades em torno de seu próprio centro. Seus contornos e limites poderiam ser

definidos utilizando fragmentos da própria geografia. Regiões são áreas com

características físicas e socioculturais relativamente homogêneas, um espaço que

se distingue de seus vizinhos e delimitados por barreiras físicas, naturais ou

artificiais.

1.1.3 Região e Desenvolvimento

Recentemente, novos parâmetros foram introduzidos para tentar clarificar os

termos da discussão. O conceito de região ganhou novos contornos, unificando-se

em torno de panoramas reconhecidamente globalizantes. O planeta foi dividido entre

regiões desenvolvidas, regiões em desenvolvimento e regiões estagnadas ou

subdesenvolvidas.

Nessa ótica, o conceito de região desenvolvida é utilizado para descrever as

regiões que têm alto nível de desenvolvimento econômico. Um dos critérios

utilizados é a renda per capita e o valor do Produto Interno Bruto (PIB) per capita de

cada região. Outro critério de base econômico é o índice de industrialização. As

regiões que apresentam uma indústria robustecida e seus tentáculos predominam

na economia do seu entorno são consideradas desenvolvidas.

Mais recentemente, outro critério foi introduzido para tentar equacionar o

econômico com o social. O Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), começou a

ser utilizado, medindo três dimensões: riqueza, educação e esperança média de

vida e é uma maneira padronizada de avaliação e medida do bem-estar de uma

determinada população. As regiões desenvolvidas geralmente são as que

apresentam IDH elevado. Regiões que não entram em tais definições são

classificados como regiões em desenvolvimento ou subdesenvolvidas.

Esses critérios são amplamente defendidos e difundidos como fatores que

determinam o desenvolvimento das regiões. Desta forma, concordamos com Sen

(2000), quando sintetiza que não pode haver nação desenvolvida sem que seus

habitantes desfrutem de um serviço de educação e saúde ou que não exerçam seus

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direitos civis em sua plenitude, o que para ele é foi definido como “desenvolvimento

com liberdade”.

O enfoque nas liberdades humanas contrasta com visões mais restritas de desenvolvimento, como as que identificam desenvolvimento com crescimento do Produto Nacional Bruto (PNB), aumento de rendas pessoais, industrialização, avanço tecnológico ou modernização social. O crescimento do PNB ou das rendas individuais obviamente pode ser muito importante, mais as liberdades dependem também de outros determinantes (SEN, 2000, p.17).

No entendimento do autor há no mundo um contingente expressivo de

pessoas que não têm acesso as garantias básicas de vida, tais como serviço de

saúde, saneamento básico, água tratada, dentre outras. Essas privações são

encontradas com frequência nas regiões desenvolvidas ou em vias de

desenvolvimento com grande poder econômico, desta forma, os critérios unicamente

econômicos não retratam o desenvolvimento das regiões em toda sua plenitude.

Basicamente, todos os termos utilizados para conceituar regiões

desenvolvidas, passam por um viés econômico, entretanto uma grande maioria de

estudiosos concorda com as concepções de Amartya Sen, segundo as quais os

critérios econômicos já não mais sintetizam ou determinam regiões desenvolvidas, e

incorporam um novo termo ao conceito - a inovação.

Ainda segundo o autor citado acima, atualmente, o que diferencia as regiões,

se estagnadas ou desenvolvidas, é o processo de inovação. Inovar tornou-se

obrigação para as regiões que desejam sobreviver ao declínio do emprego industrial,

associado ao processo de globalização mundial. De acordo com Vasconcelos

(2007), as inovações geram fenômenos dinâmicos na economia, tanto nos seus

aspectos macro quanto microeconômicos. Entretanto, para que as inovações sejam

efetivadas demandam a aplicação de recursos em pesquisas e em investimentos

produtivos. A implementação de novos processos de produção exige a realização de

investimentos na esfera da produção. Ainda segundo o mesmo autor, uma nova

onda de inovações gera uma onda de investimentos em tecnologia, gerando um

ciclo vicioso que se intensifica e ocorre ao longo do tempo.

O pano de fundo dessa ênfase é tornar as regiões mais competitivas e até

certo ponto mais autônomas, tornando-as menos vulneráveis a problemas externos.

A criação de ambientes inovadores possibilita o enraizamento e a atualização

permanente das atividades econômicas da região. Evidentemente, para alcançar

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esse nível outras ações teriam que ser implementadas, não sendo, entretanto, o

objeto de estudo desse trabalho.

1.2 O desenvolvimento regional, sob a ótica das teorias clássicas do desenvolvimento

Os estudos sobre o desenvolvimento regional proporcionaram uma gama de

teorias formalizadas a partir da década de 1950. O recorte ocorreu em função da

grande influência que essas teorias tiveram no processo de desenvolvimento

regional brasileiro. Dentro desse contexto podemos destacar três teorias principais:

a teoria da Causação Circular, proposta por Myrdal (1957); a teoria dos Polos de

Crescimento, de Perroux (1967); e a teoria do Desenvolvimento Desigual e da

Transmissão Inter-regional de Crescimento, proposta por Hirschman (1958).

Essas teorias em parte deram grandes suportes às políticas de

desenvolvimento regionalizado, e foram adotadas no Brasil, praticamente em todas

as esferas do poder. No âmbito federal, tem início à implantação de grandes projetos

estruturantes nas diferentes regiões, com vistas a complementar a matriz produtiva

nacional e/ou reduzir as desigualdades espaciais. Vem daí os grandes projetos de

infraestrutura em geração de energia, construção de estradas e aeroportos.

No âmbito estadual, foi implantada uma política bastante agressiva para

atração de novos investimentos provenientes do setor industrial. Esses

investimentos em geral foram atraídos por isenções fiscais volumosas, carreados por

uma gama de artifícios para promover as regiões menos favorecidas. Vem desse

período o projeto do GTDN e, consequentemente a criação da SUDENE.

Dentro desse prisma, verifica-se que o Estado brasileiro utilizou de forma

contundente os aeroportos como bases locais de crescimento. A ideia central era

utilizar as plantas aeroportuárias como polos centrais, que irradiariam as

possibilidades de crescimento para as regiões circunvizinhas. De acordo com a

filosofia exposta no Plano Nacional do Transporte Aéreo – PNTAE, os aeroportos

são considerados relevantes no contexto aeroviário, englobando unidades de caráter

nitidamente regional, que atuam como elementos de polarização da demanda de

diversos municípios e atendem as comunidades de porte médio e expressiva

posição na hierarquia funcional das cidades; são unidades de caráter local, com

influência sobre um pequeno número de cidades que constituem os centros iniciais

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de geração ou distribuição de demanda, principalmente em unidades localizadas em

posições remotas ou de difícil acesso, onde a aviação desempenha importante papel

como meio básico de ligação de lugares localizadas em posições estratégicas.

Dentre as teorias do desenvolvimento que poderiam estar subjacentes a essa

visão da relação entre infraestrutura aeroportuária e desenvolvimento, apresentamos

a seguir algumas.

1.2.1 Teoria da Causação Circular

Proposta por Myrdal (1957), a teoria da Causação Circular indicava que o

círculo vicioso do atraso e da pobreza poderia ser rompido pela aplicação planejada

de reformas que provocassem modificações cumulativas e direcionadas no círculo

de causas responsáveis pelas desigualdades regionais, sobretudo nas

desigualdades econômico-sociais. Myrdal classificou os países basicamente em dois

grupos: os países “desenvolvidos”, caracterizados por altos níveis de renda per

capita, integração nacional e investimentos maciços nos setores industriais; os

países “subdesenvolvidos”, caracterizados por níveis de renda per capita

extremamente reduzidos e baixos índices de crescimento. Além disso, o autor

destaca uma disparidade de crescimento dentro dos próprios países, visto que

mesmo nos países desenvolvidos existem regiões estagnadas e nos países

subdesenvolvidos existem regiões prósperas.

Analisando comparativamente os níveis de desenvolvimento econômico entre

países desenvolvidos e subdesenvolvidos, Myrdal (1957), constatou três situações

simultâneas, que atualmente são bastante evidentes:

- há um pequeno grupo de países em uma situação econômica bastante

favorável e um grupo muito maior de países em uma situação econômica muito

desfavorável;

- os países desenvolvidos apresentam um padrão de desenvolvimento

econômico contínuo e consistente, enquanto que nos países subdesenvolvidos esse

processo é bastante lento ou estagnado;

- de uma maneira geral as desigualdades entre países só aumentam,

sobretudo em função das disparidades econômicas que fomentam de certa forma,

as disparidades internas entre indivíduos, classes e regiões.

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Ainda de acordo com Myrdal, (1957 apud SIMÕES & LIMA, 2010, p.7) o papel

da infraestrutura era essencial para fomentar o desenvolvimento regional, ou seja, a

melhoria dos sistemas de transporte e de comunicações, um serviço eficiente de

portos e aeroportos e, sobretudo, uma elevação nos padrões educacionais poderiam

fazer a diferença e melhorar os índices de desenvolvimento da região. Entretanto

como as nações com baixo poder de investimento não teriam condições de investir

na melhoria desses indicadores, as desvantagens em relação às regiões

desenvolvidas seriam cada vez maiores. Vem daí a ideia de um movimento de

Causação Circular.

Assim, na prática, a teoria proposta por Myrdal é válida para explicar uma

infinidade de relações sociais, como por exemplo, a implantação de uma unidade

aeroportuária, que traria efeitos positivos imediatos para a região, aumentaria a

geração de empregos diretos e indiretos. O aeroporto implementaria um substancial

aumento de renda provenientes de impostos e taxas, contaminando positivamente

todo o seu entorno. Em uma situação inversa, o fechamento de uma indústria em

determinada região, teria como efeitos imediatos o desemprego e a diminuição da

renda e da demanda locais. Estes, por sua vez, provocariam uma queda da renda e

da demanda nas demais atividades da região, o que já configura um processo de

causação circular cumulativa em um ciclo vicioso.

De acordo com Myrdal, para quebrar esse ciclo se faz necessária a

intervenção do Estado, integrado com a sociedade civil organizada, com ações e

políticas públicas pontuais, para corrigir os rumos do processo e minimizar as

disparidades entre as regiões. Essa visão ia de encontro ao pensamento liberal

vigente, que pregava a menor intervenção do Estado. Segundo o pensamento

neoliberal o mercado se encarregaria de corrigir as distorções do próprio mercado.

Myrdal destaca a importância de Estados Nacionais integrados e da sociedade organizada, visto que intervenções públicas podem contrabalançar/neutralizar a lei de funcionamento do sistema de causação circular cumulativa, minimizando as disparidades entre as regiões. Este argumento também é válido para mudanças iniciais positivas, como a implantação de uma nova indústria ou a diminuição de impostos, etc., que geram oportunidades de emprego, renda e demanda por bens e serviços, aumentando a atratividade local, a possibilidade de explorar novas atividades, a poupança e o investimento (economias externas) (SIMÕES & LIMA, 2010, p.7).

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O mesmo argumento pode ser aplicado para justificar o aumento dos

impostos sobre a produção ou a isenção, via renúncia fiscal por parte do Estado

para facilitar a implantação de plantas industriais em regiões ditas periféricas, as

quais certamente sem esse “incentivo” dificilmente se alojariam nessa região. Esse

artifício foi usado largamente pela SUDENE com o intuito de fomentar o

desenvolvimento da Região Nordeste.

A base da teoria proposta por Myrdal, parte da premissa de que existe um

processo de causação circular cumulativo, cujos efeitos surgem de uma mudança

social ou econômica primária, que está na essência da explicação do porque se

verificam e se ampliam as desigualdades regionais. Esses efeitos podem ser

amenizados ou até mesmo anulados com intervenções pontuais por parte do

Estado.

1.2.2 Teoria dos Polos de Crescimento

Proposta pelo estudioso Francês, François Perroux, em 1967, a teoria dos

polos de crescimento foi elaborada baseada em estudos sobre a concentração

industrial, nos arredores de Paris, e na Alemanha, ao longo do Vale do Ruhr. De

acordo com Perroux (1967), os polos industriais de crescimento podem surgir em

torno de uma aglomeração urbana importante (Paris) ou ao longo das grandes

fontes de matérias primas (Vale do Ruhr), assim como nos locais de passagem e

fluxos comerciais significativos ou ainda em torno de uma grande área agrícola

dependente. É importante salientar que, dentro da concepção proposta, o polo torna-

se um espaço polarizado, com forte conotação geográfica, sobretudo porque é

produto das economias de aglomeração geradas pelos complexos industriais,

liderados pelas indústrias motrizes, que podem, mediante alguns ajustes, provocar

transformações estruturais e expandir a produção e o emprego no meio em que

estão inseridos.

O polo de desenvolvimento é uma unidade econômica motriz ou um conjunto formado por várias dessas unidades que exercem efeitos de expansão, para cima e para baixo, sobre outras unidades que com ela estão em relação. Vale salientar que para Perroux a noção de polo só tem valor a partir do momento em que se torna instrumento de análise e meio de ação de política, ou seja, o mesmo só pode ser entendido como uma visão abstrata de espaço (SIMÕES &LIMA, 2010, p.7).

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A noção de polarização de Perroux (1967), está vinculada à existência de um

centro, e da concentração em sua volta de uma pequena periferia composta por

vários espaços que gravitam em seu campo de influência econômica e política e

uma forte relação de dependência e de complementaridade. Todas as cidades ou

centros têm papéis específicos no espaço, na divisão social do trabalho e na

produção de bens e serviços.

De acordo com Perroux (1967), a expansão regional ocorrerá pelo

aparecimento ou implantação de indústrias com diferentes taxas de crescimento e

padrões de serviços, pelo reflexo do crescimento de uma indústria e pela interação

entre as indústrias-chave do polo.

Esse crescimento de polos de desenvolvimento gera economias de escala

que, por sua vez, serão incisivas para o desenvolvimento regional. O polo de

desenvolvimento é uma unidade econômica motriz ou um conjunto formado por

várias dessas unidades que exercem efeitos de expansão sobre outras unidades

que com ela estão em relação. Perroux (1967) evidencia a necessidade de políticas

públicas com o objetivo de dar suporte e infraestrutura para a implantação das

indústrias-chaves identificadas por ele como motrizes, que têm a finalidade de

dinamizar o processo de crescimento em seu entorno, mediante o aumento do seu

volume de produção, da compra de bens primários e de serviços, aumentando com

isso o volume de produção de outras indústrias, que, desta forma, intensificariam

suas relações em um ciclo de crescimento constante.

De acordo com o entendimento de Perroux (1967), para que o processo tenha

início são necessárias medidas de intervenção por parte do Estado, através: da

implantação de um sistema de transportes eficiente, da disponibilização de energia,

de infraestrutura básica (estradas, portos e aeroportos) e principalmente, de

incentivos fiscais.

De acordo com Simões & Lima, (2010), a implementação desses polos é

tecnicamente necessária ao desenvolvimento nacional. Do seu desempenho

dependeria a vida da região, pois através de seus efeitos de complementaridade e

concentração são estimuladas zonas de desenvolvimento e centros urbanos cujo

impacto regional dependeria da estrutura de mercado, da matriz técnica e da

interligação com outros polos.

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Outras teorias

Outras teorias neoclássicas tentam encontrar subsídios para entender as

diferenças regionais, a exemplo da Teoria da Base de Exportação, proposta por

North (apud SIMÕES & LIMA, 2010, p.21). Esta também lançada na década de

50tinha o objetivo de explicar a dinâmica da economia americana.

North desenvolveu então o conceito de base de exportação para designar coletivamente os produtos exportáveis de uma região, quer primários, secundários ou terciários. O desenvolvimento de um artigo de exportação refletia uma vantagem comparativa nos custos relativos da produção, incluindo custos de transferência e, à medida que as regiões cresciam em torno desta base eram geradas economias externas, que, por sua vez, estimulavam a competitividade dos artigos de exportação (SIMÕES &LIMA, 2010, p.21).

Para North (apud SIMÕES & LIMA, 2010), uma região com base exportadora

consolidada, desempenharia um papel fundamental na economia local, sobretudo,

porque eleva os níveis de renda absoluta, da população, além de dinamizar as

atividades da região, o que ocorre principalmente pelo aumento das atividades

industriais. Esse por sua vez incrementa outras atividades, que se desenvolvem, a

reboque e em paralelo ao processo industrial consolidado pelas exportações.

Ficou claro que o Estado brasileiro tomou como base e aplicou de forma

contundente as fundamentações propostas pelos teóricos apresentados. É também

evidente que as ações do Estado foram fundamentais para o processo de

desenvolvimento econômico brasileiro.

Outras teorias foram elaboradas com intuito de explicar e, sobretudo apontar

caminhos para que as nações menos desenvolvidas alcançassem seu tão sonhado

desenvolvimento, até por que dentro da ótica capitalista essas nações poderiam ser

um mercado em potencial, daí a necessidade da intervenção estatal para gerir e

garantir os recursos e o desenvolvimento da região.

Geralmente não se pode atribuir a um só fator o sucesso do crescimento de

uma região, mas a um conjunto de fatores, cuja confluência e dinâmica de interação

são a causa desse crescimento. No entanto, a maioria dessas teorias demonstra

que a infraestrutura satisfatória cria um entorno favorável que possibilita o

desenvolvimento regional.

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1.3 Infraestrutura aeroportuária e desenvolvimento regional

Em função de suas aludidas características o transporte aéreo pode

preencheras mais diversas lacunas de apoio ao processo de desenvolvimento

regional, onde quer que elas existam e qualquer que seja sua evolução futura.

Numa perspectiva histórica, a infraestrutura de uma forma geral sempre foi

vista como uma condição necessária para o crescimento econômico, definida, de

acordo com o Plano Plurianual 2004/2007, como a infraestrutura de transporte,

energia, hídrica e de comunicação. Desta feita a infraestrutura do setor de transporte

de maneira geral e de forma particular a infraestrutura do transporte aéreo ocupa um

papel de destaque, demonstrando sua clara importância no computo geral do

desenvolvimento regional. De acordo com Araújo (2006, p. 12) o setor de transporte

tem acentuada importância, devido a sua função integradora enquanto agente de

transferência de insumos, bens finais e pessoas para regiões com distâncias não

desprezíveis e de difícil acesso.

Partindo dessa premissa, é possível relacionar a infraestrutura aeroportuária

como item essencial para o desenvolvimento do transporte aéreo e para inserção de

localidades remotas, reduzindo as disparidades regionais. Segundo Araújo (2006), o

transporte, bem como os demais segmentos da infraestrutura econômica, deve fazer

parte de uma estratégia de planejamento público de longo prazo, sobretudo para

definiras necessidades de investimentos, diante da escassez cada vez maior de

recursos para este fim. Desta forma, torna-se primordial desenvolver estratégias que

permitam identificar as prioridades de investimentos, levando em consideração a

infraestrutura aeroportuária como elemento básico para o desenvolvimento regional.

Para Araújo (2006), há uma expectativa de que o desenvolvimento econômico

reduza a pobreza. De um modo geral, o processo de crescimento do transporte em

todos os seus modais pode induzir esse desenvolvimento, e em contrapartida, a

debilidade do setor limita em proporções diretas o desenvolvimento, por contaminar

a produtividade dos outros setores da economia.

Segundo, Eberts (apud ARAÚJO, 2006) o investimento em infraestrutura tem

duplas ramificações, considerando que o sistema de transporte tem propósitos que

vão muito além do que levar e trazer pessoas e cargas. Nesse sentido, o autor

acrescenta:

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Considerando que não existe dúvida de que o transporte é essencial na operação de uma economia de mercado, muito ainda precisa ser entendido sobre os caminhos pelos quais um eficiente sistema de transporte possa melhorar a produtividade da economia, diminuindo as desigualdades regionais tanto de renda quanto de população e emprego (ARAÚJO, 2006 p.16).

Para Machado (1999), o desenvolvimento regional não é somente o resultado

dos fatores de produção, capital e trabalho. Ele deve levar em consideração,

sobretudo, a infraestrutura disponível, fundamental para dinamizar a economia.

Nesse ponto concordam Pêgo Filho et al. (1999, p.65), afirmando que não há

crescimento econômico sustentável sem a existência de uma infraestrutura eficiente.

Para esses pesquisadores, esta infraestrutura deve ser capaz de viabilizar o produto

potencial, integrar toda a população à economia nacional por meio dos modais de

transporte, os quais interliguem as regiões do País de forma eficiente. O fato é que a

forte dependência do transporte rodoviário, à mercê de uma infraestrutura precária,

provoca graves distorções nas logísticas e nos custos do transporte brasileiro, um

dos maiores do mundo (cf. BARAT, 2007). Desta forma essas distorções podem ser

minimizadas pelo modal aéreo, desde que passem a ser prioritários para integrar o

país e suas regiões.

Numa perspectiva sistêmica para a economia de mercado entre os Estados

globalizados, o transporte aéreo, como elo da cadeia de transportes é fundamental,

por aumentar as expectativas de negócios, ao fomentar o desenvolvimento regional,

principalmente por reduzir as distâncias e contribuir para minimizar as desigualdades

regionais.

De acordo com Silva (1991), na maior parte dos países em desenvolvimento,

o transporte de superfície com frequência são insuficientes ou precários, sobretudo

em virtude da baixa capacidade de investimento por parte do Estado. Desta forma, a

aviação civil permite a criação de uma infraestrutura de transporte a um custo

infinitamente inferior, em detrimento de outras modalidades. Mesmo tendo ciência

das limitações impostas pelo modal aéreo, vários países em desenvolvimento, os

quais, limitados em seus esforços de crescimento em função da insuficiência de

transportes de superfície, lançam mão da aviação como elemento-chave de

integração e promotor do desenvolvimento.

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Segundo o entendimento de Silva (1991), para organizar-se soberanamente

em sua plenitude política, administrativa e social, um Estado em desenvolvimento

precisa ter meios essenciais de transporte que interliguem todas suas regiões de

forma eficiente. Em função das peculiaridades geográficas e físicas do Brasil, o

transporte de superfície não pode atender as exigências desse processo. Nessa

situação intervém a flexibilidade do transporte aéreo, por representar a possibilidade

de maior rapidez e eficiência, permitindo assim o desenvolvimento de inúmeras

cadeias produtivas que seriam inviabilizadas se não fosse à agilidade proporcionada

pelo serviço aéreo.

Desta forma, concordamos com Cordeiro & Bernardes (2002), quando

afirmam que a falta ou deficiência do transporte terrestre, sobretudo nas vastas

regiões do Centro Oeste, Norte e Nordeste, transformou o modal aéreo numa

alternativa fundamental para fomentar o desenvolvimento dessas regiões. Com o

mesmo pensamento, sintetiza Silva (1991, p.52), “em vários Estados, em função de

fatores como localização, dimensões a configuração geográfica, a aviação civil

torna-se a única solução para preencher as lacunas do transporte de bens e

pessoas”. O sistema aeroportuário brasileiro teve início em meados do século

passado, após a segunda guerra mundial, como resultado das ambiciosas metas de

construção de grandes obras da infraestrutura nacional, aí incluídos estradas e

portos e, no caso da aviação civil, aproveitando os equipamentos remanescentes do

pós-guerra.

Com a evolução do transporte aéreo, foi criada a necessidade de uma

infraestrutura que desse apoio às atividades inerentes ao sistema. A partir daí

iniciou-se a construção de hangares com maior capacidade, reconheceu-se a

necessidade de investimento em material de apoio, salas para embarque e

desembarque de passageiros, instrumentos e equipamentos de auxílio à navegação

aérea, pistas com dimensões e pavimentação adequadas para suportar o

movimento de aeronaves de maior porte, além das instalações (facilities1, em Inglês,

língua adotada internacionalmente nas operações aeroportuárias). Todos esses

fatores contribuíram para dar início à transição dos aeródromos para os aeroportos,

estruturas mais complexa de infraestruturas aeroportuárias.

1Tradução do termo facilities, que na Língua Inglesa significa conjunto de instalações, equipamentos funções

disponibilizadas numa determinada instituição, ou setor.

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Concordamos com Teixeira& Amorim (2005), que afirmam estar a história dos

aeroportos amplamente ligada à própria história da aviação, uma vez que a

decolagem e a aterrissagem necessitam de lugares específico a partir dos quais

terem propulsão, receberem manutenção e principalmente passageiros e cargas.

É certo que os aeródromos (que precederam os aeroportos), acompanhavam

a precariedade dos tempos idos, sendo geralmente restritos a uma pequena pista de

terra batida e um terminal de madeira; evoluíram junto com o aperfeiçoamento

tecnológico das aeronaves e com o seu alcance cada vez maior, aumentando o

contato entre nações e regiões remotas e criando novas necessidades nascidas

dessas interações.

Sendo assim, se faz necessário entender a noção de região e nela os papéis

desempenhados pelos aeroportos como parte integrante de suas cadeias

produtivas.

A infraestrutura aeroportuária tem sido ao longo dos últimos anos tema de

algumas pesquisas e trabalhos. É o caso da dissertação de mestrado intitulada

Impactos da competição entre aeroportos no Brasil, de Ernani Lustosa Kuhn (2003),

e da tese de doutorado que tem como título, Análise estruturada das dimensões do

desenvolvimento sustentável e a interdependência com a função transporte:

Proposta de metodologia para orientar decisões estratégicas na implantação de

projetos prioritários para infraestrutura de transporte no Brasil, do Professor Renaud

Barbosa da Silva (2008).

A nosso ver, considerada como um elemento determinado pelo caráter

público, a infraestrutura aeroportuária é um componente do desenvolvimento

econômico e social que não deve ser deixado ao sabor das transações que se

reproduzem no mercado. Segundo o próprio Banco Mundial (1994), a infraestrutura

em geral e a aeroportuária especificamente podem ser entendidas como partes do

capital global das economias regionais e nacionais as quais, normalmente, não são

administradas pelo mercado, e sim politicamente. Sua importância é reforçada, pois

representa um instrumento direto da política pública de ataque às disparidades

regionais e de desenvolvimento.

A infraestrutura, para Benitez (1998), é parte do capital global que combina os

caracteres “capital” e “público” para o fornecimento de redes de transporte, de

abastecimento de energia, sistemas de comunicação, aeroportos, redes de água e

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esgoto, instituição de ensino, órgão de saúde, instalações de segurança entre

outros. São na verdade sistemas fundamentais para promover o desenvolvimento de

qualquer nação ou região, todos carentes de investimentos por parte do poder

público.

O processo de desenvolvimento da economia brasileira esteve sempre

vinculado à capacidade estatal de investir em obras e serviços infraestruturantes.

Com as políticas neoliberais do Estado Mínimo e o aumento expressivo da demanda

por serviços em infraestrutura, enfrentamos um paradoxo em várias áreas, com

especial destaque para o setor aeroportuário. Nessa direção neoliberalizante, o

Estado brasileiro promulgou, em 2004, a Lei Federal 11.079/04, conhecida como a

lei das Parcerias Público Privadas, definidas como “contratos administrativos de

concessão, na modalidade patrocinada ou administrativa” (ANAC, lei Federal

11.079/04). A finalidade explicitada dessa lei seria a redução das deficiências no

financiamento das obras necessárias, já que desobriga o Estado de arcar sozinho no

setor da infraestrutura.

Essa iniciativa compõe um sistema em que o governo repassa total ou

parcialmente à iniciativa privada a responsabilidade de investimentos em

infraestrutura, mediante a concessão para exploração do serviço. No entanto, no

Brasil esse sistema ainda não se concretizou de forma eficaz, sobretudo pela

ausência de regras claras para gerir tais parcerias (cf. BENITEZ, idem).

No setor aeroportuário, esse sistema de parceria esta sendo implantado de

forma experimental para a construção e administração de novo Aeroporto

Internacional de Natal, no Rio Grande do Norte (ANAC, 2010, Lei Federal nº 8987,

de 13 de fevereiro de 1995), a qual se encontra na sua fase inicial. De acordo com a

INFRAERO (2010), já foram investidos pela estatal 155 milhões de reais na

infraestrutura básica do novo equipamento aeroportuário, localizado no município de

São Gonçalo do Amarante, na região metropolitana da grande Natal-RN. Isto não

significa a retirada total do Estado, como assinala Benitez:

Sabe-se, no entanto, que mesmo com relativo sucesso dessas parcerias, o governo ainda terá um papel significativo na correção das falhas de mercado, na forma de organização do mercado e, principalmente no estabelecimento de políticas públicas para coordenar interações setoriais, com vistas a melhorar o desempenho dos serviços de infraestrutura e para as decisões de incentivos regionais ao capital privado (BENITEZ, 1998, p.138).

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Vale à pena observar que se verifica nesse setor o que acontece em outros

setores da economia nacional: seguem-se as recomendações (ou exigências) do

Banco Mundial (1994), segundo as quais deve haver uma interação entre o capital

privado e o capital público em escala regional e nacional. Para Benitez (1998),

estudar os fatores que afetam o desenvolvimento regional é de suma importância

para economias nacionais, na medida em que identificar esses fatores proporciona

aos formuladores das políticas públicas a capacidade de aperfeiçoar e direcionar

os escassos investimentos para ações pontuais.

Relacionar o papel da infraestrutura com o desenvolvimento regional é

fundamental para compreender o porquê das regiões dentro de uma mesma nação,

muitas vezes com características semelhantes, possuem situação tão assimétrica,

sendo aqui considerada a plausibilidade da resposta que indica ser a qualidade da

infraestrutura, ou a falta desta, um dos fatores determinantes dessa disparidade.

1.4 Aeroportos e Desenvolvimento

No entendimento de Kuhn (2003), o transporte aéreo representa dois papéis

distintos no processo evolutivo de núcleos urbanos: primeiramente, ele atua como

alternativa modal para localidades com problemas de acesso viário; em segundo

lugar, ele aparece como decorrência do crescimento econômico que, por sua vez, é

responsável pela geração de demanda para este tipo de serviço.

Desta forma, os aeroportos constituem-se em elementos fundamentais para

solidificar o processo de desenvolvimento regional, ao aumentar a possibilidade de

acessibilidade e interligação da região, ao conferir vantagens competitivas,

induzindo negócios e novos empreendimentos, introduzindo externalidades e

conectividades positivas ao local.

Notadamente em países com grandes extensões territoriais como o Brasil

essa conectividade nem sempre é possível de implementar via transporte terrestre.

Nessa situação intervém a flexibilidade do transporte aéreo, que pode ser

aproveitada racionalmente, ou seja, em função do seu nível e ritmo de

desenvolvimento objetivado. De acordo com Silva (1991), uma referência útil para

avaliar a importância de um sistema de aviação eficiente, é o fato de não existir

Estado desenvolvido, sem uma infraestrutura sólida e eficiente de transporte aéreo.

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Segundo dados da Organização da Aviação Civil Internacional – OACI (2008),

a aviação faz parte da vida diária de milhões de pessoas, em todo o mundo, tanto

das que utilizam o transporte aéreo como meio de locomoção, quanto dos que

trabalham no setor. A cada dia mais de quatro milhões e meio de passageiros

decolam dos quase 16 mil aeroportos espalhados pelo mundo. A atividade

aeronáutica por si só emprega diretamente mais de um milhão de pessoas, fora os

empregos indiretos gerados pelo setor.

È muito difícil avaliar os impactos e a situação econômica e social do mundo atual sem levar em consideração o papel da aviação civil e suas diversas atividades que dependem fundamentalmente do emprego do avião. A influência da aviação civil, há muito evidente nos Estados industrializados, é um dos mais importantes setores da atividade econômica sem o qual esses Estados não conseguiriam atingir o nível do mundo industrializado (SILVA, 1991, p.104).

Nos dias atuais, o transporte aéreo desempenha um papel singular como elo

na cadeia do transporte mundial. Do ponto de vista estratégico, o avião representa o

único meio de transporte autônomo, sem interferência dos Estados limítrofes ou

limitados por condições geográficas.

Segundo Silva (1991), um acordo internacional firmado entre as nações,

estabelece o direito de sobrevoo, sem que seja necessária a autorização dos países

vizinhos para cruzar seus espaços aéreos. Desta forma, é determinante para essa

pesquisa demonstrar o papel que o modal do transporte pode imprimir ao

desenvolvimento das nações, num contexto em que se acentua a necessidade de

cooperação e contato entre as nações.

Com o advento da globalização, a cooperação econômica entre Estados ou

intra-regional precisou ser estreitada, sobretudo, para que as nações possam

enfrentar a competição efetiva entre cidades, regiões e blocos comerciais,

determinados pelos mercados capitalistas. Sendo assim as infraestruturas de

transporte ganham especial relevância ao determinar a eficiência econômica de uma

região e a intensidade de suas relações com o mundo. No caso da infraestrutura

aeroportuária, torna-se cada vez mais importante dar respostas eficientes às novas

exigências do mercado globalizado.

As transformações do contexto provocaram mudanças nas concepções do

papel do aeroporto, em sua relação com o desenvolvimento regional. No caso

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brasileiro, o sistema aeroportuário se caracteriza por um conjunto de unidades

independentes, com autonomia administrativa, porém vinculados a um comando

central. Cada unidade aeroportuária opera interligadas com as demais, constituindo-

se em verdadeiras redes de serviços. Com essa característica, consegue-se garantir

a operação de sistema com eficiência, segurança e funcionalidade, determinando

assim sua capacidade operacional.

Segundo Silva (1991), a capacidade operacional de um aeroporto é definida

levando-se em consideração diversas variáveis: as dimensões e resistência da pista

e pátio de estacionamento de aeronaves; a capacidade de atendimento do terminal

de passageiros e cargas; sistema de controle do tráfego aéreo; horário de

funcionamento e demais instalações aeroportuárias.

Para a INFRAERO (2007b), o que determina normalmente a operação de um

aeroporto é a demanda de passageiros, cargas, e o volume de movimento das

aeronaves. À medida que essas variáveis pressionam o sistema, a estrutura

aeroportuária busca adequar-se, imprimindo melhorias e buscando soluções

internas e externas para atender os usuários do sistema (passageiros, empresas

aéreas e a comunidade aeroportuária) e a sociedade como um todo.

Uma unidade aeroportuária é um local de transição intermodal de transporte

que integra e se conecta a vários outros modais, estando, portanto, seu

funcionamento vinculado à eficiência de fatores externos, incluindo-se aí: rodovias,

portos, industrialização, motivos turísticos, dentre outros. Para Silva (1991, p.119),

“todo aeroporto depende da rede à qual ele pertence”. Para que se defina a

infraestrutura aeroportuária adequada, deve-se levar em consideração todas as

variáveis do sistema, para assim determinar o tipo de operação, ou sua capacidade

operacional.

O aeroporto e suas instalações definem a conformidade das necessidades da rede de transporte aéreo e dos serviços por um lado, e, por outro lado, a inserção no contexto físico e humano da sociedade. Estas ideias de conformidade e de utilidade aplicam-se, num sentido amplo, desde as pequenas e rudimentares pistas, até os mais avançados complexos aeroportuários, onde as instalações e os serviços podem crescer e desenvolver-se, tornando-se cada vez mais sofisticados e inovadores, incorporando tecnologias recentes (SILVA, 1991, p. 117).

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A nova dinâmica sócio-política do setor deu origem a uma nova atitude de

exploração comercial, desvinculando os aeroportos apenas das operações aéreas.

Desta forma, nos últimos anos o sistema aeroportuário vem sofrendo mudanças,

principalmente para incorporar as exigências da demanda crescente e do novo

modelo de desenvolvimento. Se antes os aeroportos atuavam apenas como uma

rede de serviços aeroportuários, passam agora a agir como verdadeiros centros de

negócios. Corroboramos com Kasarda (2006), que afirma serem os aeroportos hoje

em dia muito mais que infraestruturas para a aviação, tornando-se empreendimentos

multimodais e multifuncionais, gerando considerável desenvolvimento comercial

dentro e além de seus limites.

Na mesma direção, Vasconcelos (2007, p. 40) afirma:

O aeroporto não representa mais uma infraestrutura de transportes apenas essencial, oferecendo abrigo do tempo aos passageiros e acompanhantes. Considera-se que passa a ser um centro industrial e de serviços, onde não só os usuários e trabalhadores da aviação circulam, mas também a população da região atendida pelo aeroporto trabalha, realiza negócios, diverte-se, consome.

Esse novo conceito possibilita tanto o aumento das receitas não

aeroportuárias, como contribui para o desenvolvimento socioeconômico da região,

ao gerar empregos e aumentar a arrecadação de impostos, que de acordo com a

INFRAERO (2010), representa cerca de 30% das receitas da empresa.

Se antes significavam a ligação de localidades remotas com cidades maiores, hoje são portas de entrada para o turismo de negócios e lazer, são “fiéis da balança” no comércio entre países, interferindo diretamente na balança comercial e no lucro das empresas exportadoras e importadoras, de acordo com o grau de eficiência da sua estrutura e da logística de carga que suporta. Consequentemente são importantes para viabilizar a arrecadação de taxas e tributos para os governos em todas as suas esferas (VASCONCELOS, 2007, p.34).

Além de grandes contribuintes dos tesouros locais e nacionais, os aeroportos

participam de outras formas do desenvolvimento econômico nas regiões onde estão

inseridos. De acordo com Oliveira (2009), o transporte aéreo tem participação

relevante na economia do País, respondendo por aproximadamente 1% de Produto

Interno Bruto (PIB), composto por valores provenientes das receitas das empresas

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aéreas regularmente em operação no Brasil. Isso representou, em 2008, algo

próximo a 14,3 bilhões de reais.

Ainda sobre os impactos que os aeroportos provocam nas regiões em que se

encontram instalados, Oliveira (2009) distingue os seguintes tipos:

a) Impactos diretos: são aqueles que representam as atividades econômicas

diretamente envolvidas com as atividades fins do aeroporto, a incluídos os

empregos, a renda e outros benefícios gerados por aqueles que trabalham no

aeroporto ou contribuem para suas atividades, podendo ainda ser incluídos nesse rol

os investimentos realizados pela administração aeroportuária no comércio local, as

receitas de taxas geradas pela significativa atividade econômica do aeroporto, e, por

fim, os impactos gerados pelas empresas prestadoras de serviços, como, por

exemplo, os restaurantes e lojas, que normalmente se instalam nos aeroportos em

virtude do movimento gerado pelos os que se deslocam utilizando o modal aéreo.

b) Impactos indiretos: são aqueles gerados paralelos à atividade principal do

aeroporto, como por exemplo, o desenvolvimento da atividade turística, os

investimentos em infraestrutura para o transporte de carga (armazéns, filiais de

grandes empresas) e, finalizando, os efeitos multiplicadores do setor na economia

de outros setores, aí podendo estar incluídos os efeitos imobiliários e de

infraestrutura urbana, os quais podem interferir diretamente (pelos mesmos

mecanismos de geração de receitas, impostos e geração de renda) e indiretamente

(como facilitadores de outras atividades econômicas) no desenvolvimento da região.

A implantação do aeroporto resultará sempre em uma grande dinamização das atividades econômicas locais. Estas causam benefícios diretos e indiretos que, por sua vez, propiciam a multiplicação de incentivos cujos resultados econômicos são importantes para a comunidade e o aeroporto. Alguns desses efeitos diretos, como as aquisições locais e os empregos gerados, apresentam inúmeras vantagens a lembrar a utilidade econômica e social da infraestrutura (SILVA, 1991, p. 129).

O efeito mais imediato, quando da instalação de unidades aeroportuária, é a

possibilidade de acesso rápido à região, sua interligação com outras praças e

finalmente a utilização por outros modais e pela comunidade local das outras

infraestruturas de superfícies consideradas não aeroportuárias. É muito importante

lembrar que a utilidade da infraestrutura aeroportuária não pode ser avaliada apenas

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em seu aspecto financeiro, haja vista que os benefícios indiretos e os efeitos sociais

devem ser considerados e incluídos na análise, com elevado nível de prioridades.

Concordamos aqui com Silva (1991), quando afirma que os aeroportos fazem

parte de um grande sistema econômico e social do Estado, assim como os outros

meios de transporte, os quais constituem um dos elementos básicos da

infraestrutura nacional, capaz de dinamizar toda uma região.

1.5 A essencialidade do transporte aéreo

A importância do transporte aéreo tem sido discutida e analisada

intensamente no mundo e no Brasil, em razão do seu caráter essencial à ligação

flexível entre cidades e países, com velocidade, conforto, eficiência e segurança.

A aviação civil desempenha um papel catalisador: ela abre novos mercados aos produtores, facilita a divulgação de novas tecnologias, propicia o acesso aos serviços essenciais à comunidade e dá suporte à assistência social. Graças a sua flexibilidade, ela preenche as mais diversas lacunas de apoio ao processo de desenvolvimento (SILVA, 1991, p.51)

Adiciona-se a este pensamento que na maioria dos países desenvolvidos o

transporte aéreo já está consolidado como um instrumento imprescindível em sua

qualidade e essencialidade para que possam manter o processo de

desenvolvimento e acumulação de capital. Em vários Estados, em função de fatores

como localização, dimensões ou configuração geográfica, o transporte aéreo é a

única forma eficiente para transportar bens e pessoas de forma rápida e segura.

Levando-se em conta o que acontece nesses países, não se pode deixar de

mencionar um caso de essencialidade tipicamente brasileiro; ninguém pensa em ir

de São Paulo a Manaus, por exemplo, a não ser por via aérea. É claro que, para se

voar, é necessária toda uma infraestrutura, aí incluídas as empresas, os aeroportos,

os aviões, o controle de tráfego aéreo, além de todos os outros elementos que

compõe o sistema, além da necessidade de um funcionamento integrado entre todos

esses elos, o que na prática nem sempre ocorre.

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Se a aviação civil mundial atingiu um patamar de desenvolvimento sem

procedentes, o mesmo não pode ser dito da infraestrutura aeronáutica nacional nem

estadual.

Como ponto de partida para a reflexão, ressalte-se o conceito de que um

avião não pode ficar sempre em voo, fazendo-se necessária a estrutura física que

dê suporte aos voos e ao adequado funcionamento das aeronaves. Silva (1991),

enfatiza que a aviação civil tem a condição prévia de fomentar o desenvolvimento

dos países periféricos ou em vias de desenvolvimento, visto que nos países centrais

esse modal de transporte já está consolidado. O transporte aéreo pode ser

entendido, também, como um instrumento de soberania nacional, na medida em que

propicia flexibilidade ao Estado para alcançar seus pontos mais distantes, tanto

dentro do próprio território quanto fora dele. Ainda segundo Silva (op.cit.), não há

países desenvolvidos sem uma infraestrutura aeroportuária consistente.

Desta forma, o aeroporto como infraestrutura básica é indispensável ao

desenvolvimento da aviação civil e ao desenvolvimento da própria Nação, pois além

de consolidar a soberania nacional, favorece o intercâmbio de pessoas, cargas e

produtos, elementos indissociáveis de uma cadeia, sem os quais os Estados

modernos dificilmente conseguirão melhorar ou até mesmo manter seus níveis

atuais de desenvolvimento.

1.6 Novas concepções aeroportuárias na era pós-moderna

Dependendo da visão, dos objetivos, estratégias e metas da política

aeroportuária estatal, inúmeras concepções podem ser implementadas por

considerar os aeroportos como parte integrante de um projeto de desenvolvimento

regional. Essas concepções devem levar em consideração as prioridades do Estado

e seu poder de financiamento, sobretudo em um momento que a economia

globalizada pressiona para a minimização da presença estatal na economia.

Certamente é difícil ao aeroporto disputar prioridades com setores básicos da

infraestrutura social, como a educação, a saúde ou com obras de saneamento. A

existência de situações de carências nessas áreas da vida social influencia, sem

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dúvida, o caminho a ser seguido, apesar de serem inegáveis os benefícios obtidos

quando da implantação de uma unidade aeroportuária.

A favor dos investimentos na infraestrutura aeroportuária enfatiza-se o fato de

que o desenvolvimento ou a intensificação do nível da atividade econômica acarreta

um aumento da mobilidade de todos aqueles que participam do processo produtivo,

essa mobilidade gera aumento da demanda por novos serviços aeroportuários,

desta forma, o transporte aéreo cumpre o seu papel de polarização do

desenvolvimento local.

Os níveis e ritmos do crescimento podem ser prejudicados se a infraestrutura

disponibilizada não acompanha a demanda pelo transporte aéreo. Diante do

exposto, será que o Estado tem condições de decidir e implementar as ações

necessárias para dotar a infraestrutura aeronáutica de meios eficientes em resposta

às demandas crescentes do mercado? Ou ainda, diante das necessidades mais

eminentes de investimentos em setores reconhecidamente carentes é papel do

Estado investir em infraestrutura aeroportuária?

Nessa conjuntura não é objeto dessa pesquisa responder a tais indagações.

No entanto dada a importância do transporte aéreo para o desenvolvimento é

absolutamente necessário definir claramente os papéis e ou atores, para consolidar

a aviação civil como mola propulsora do desenvolvimento. Dentro desse contexto

sintetiza Vasconcelos (2007).

A infraestrutura aeroportuária tem um papel muito importante no conjunto das atividades políticas, econômicas e sociais de um Estado, quer seja desenvolvido, ou em desenvolvimento. Concentra boa parte do tráfego de pessoas entre países, cargas de alto valor agregado, é área de segurança nacional (no caso do Brasil), e importante recolhedor de taxas e tributos, em sua versão mais moderna, é fator de desenvolvimento para os lugares onde estão inseridos (VASCONCELOS, 2007, p.37).

Por conseguinte, considerando que o papel da infraestrutura aeroportuária é

fundamental para o crescimento da aviação civil, o Estado deverá adotar medidas

específicas para prover à aviação dos meios necessários e assim corresponder às

expectativas do setor.

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CAPÍTULO II POLÍTICAS PÚBLICAS E INFRAESTRUTURA PARA O SETOR

AEROPORTUÁRIO NO BRASILE NA PARAÍBA

2.1 Os conceitos e as perspectiva de Políticas Públicas

O meio em que se desenvolvem as atividades do Estado é crescentemente

dinâmico e global. As interações entre indivíduos, empresas e outras organizações

nacionais e internacionais, ocorrem com uma gradualmente menor intervenção do

Estado, e têm-se intensificado como consequência da globalização das finanças e

do comércio, facilitada principalmente pela evolução das comunicações e da

informática. Essa situação foi-se acelerando a partir do primeiro quartel da década

de 1950, exigindo, a permanente adequação e intervenção das estruturas

organizacionais do Estado em todas as suas esferas de poder.

Em sua concepção mais básica, políticas públicas podem ser definidas como

o conjunto de ações desencadeadas pelo Estado, nas escalas federal, estadual e

municipal, com vistas ao bem coletivo. Elas podem ser desenvolvidas em parcerias

com organizações não governamentais e como se verifica mais recentemente, com

a iniciativa privada. De modo mais amplo e preciso, as políticas públicas

...são diretrizes, princípios norteadores de ação do poder público; regras e procedimentos para as relações entre poder público e sociedade, mediações entre atores da sociedade e do Estado. São, nesse caso, políticas explicitadas, sistematizadas ou formuladas em documentos (leis, programas, linhas de financiamentos) que orientam ações que normalmente envolvem aplicações de recursos públicos (TEIXEIRA, 2002, p.4).

É por meio das políticas públicas que o Estado pode corrigir e prevenir as

desigualdades extremas. Portanto, analisar ações em escalas diferentes de gestão

pública permite identificar oportunidades, prioridades e lacunas nas ações

governamentais em várias áreas de atuação.

Dentro desse contexto esse capítulo pretende discutir as políticas públicas

para o sistema aeroportuário brasileiro, e de forma mais aprofundada o caso da

Paraíba. Souza (2006) discute a funcionalidade das políticas públicas nos seguintes

termos:

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Políticas públicas são vistas pela academia: primeiro, como um meio para equilibrar o orçamento, no que se refere à relação entre receita e despesa; segundo, como uma nova visão do estado, resultante do abandono do modelo keynesiano, na direção de uma política restrita aos gastos; e terceiro, a relação que existe entre os países desenvolvidos e os que iniciaram a sua caminhada democrática recentemente, de um modo particular os países da América Latina que ainda não conseguem administrar bem os seus recursos públicos e equacionar os bens em beneficio de sua população, de modo a incluir os excluídos (SOUZA, 2006, p.45).

Pode-se dizer que as políticas públicas representam os instrumentos de ação

dos governos, voltados à intervenção no domínio do social, por meio dos quais são

traçadas as diretrizes a seguir e as metas a serem alcançadas pelo Estado.

Normalmente são decisões do governo, voltadas para solucionar os problemas da

sociedade.

De acordo com Demeter (2002, p. 3), “políticas públicas podem ser

entendidas também com ferramentas escolhidas pela sociedade para que o Estado

regule as relações entre os diferentes grupos de interesses”, na luta pela

consecução de seus objetivos nas diferentes áreas da vida social, tais como

educação de qualidade, estradas e aeroportos eficientes e um sistema de saúde que

atenda os anseios da população, dentre outros. Seria uma característica formal da

própria formulação das políticas públicas seu caráter supra classes, como vemos na

visão de Demeter (2002):

Cabe ao Estado, através das políticas públicas, produzir e/ou distribuir bens e serviços coletivos, bem como criar condições de acesso ao usufruto desses direitos, por parte de todos os seus cidadãos(DEMETER, 2002, p.3).

Para Saravia & Ferrarezi (2006),políticas públicas tratam-se de um fluxo de

decisões públicas, orientadas para manter o equilíbrio social e introduzir medidas

destinadas a modificar essa realidade. São decisões condicionadas pelo próprio

fluxo e pelas reações e modificações que elas provocam no tecido social, bem como

pelos valores, ideias e visões dos que adotam ou influem nas decisões.

É possível considerá-las como estratégias que apontam para diversos fins,

todos eles, de alguma forma, desejados pelos diversos grupos que participam do

processo decisório.

Em uma perspectiva mais operacional, poderíamos dizer que políticas

públicas são decisões que visam a ações ou omissões, preventivas ou corretivas,

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destinadas a manter ou modificar a realidade de um ou vários setores da vida social.

São orientadas por meio da definição de objetivos e estratégias de atuação e da

alocação dos recursos necessários para atingir os objetivos estabelecidos, a saber,

a consolidação da democracia, a justiça social, e o bem comum.

Saravia & Ferrarezi (2006, p 29), chamam atenção para as características

comuns das políticas públicas que de uma forma e de outra estão presentes em

praticamente todos os estudos das ciências políticas, e podem ser resumidas como

a seguir, podendo aparecer juntas ou isoladamente:

a) são institucionais: elaboradas ou decididas por autoridade formal legalmente

constituída no âmbito da sua competência, sendo coletivamente vinculantes;

b) são resultados de processos decisórios: se relacionam à escolha de fins e/ou

meios, de longo ou curto alcance, numa situação específica e como resposta a

problemas e necessidades coletivas específicas;

c) são comportamentais, implica em ação ou inação, fazer ou não fazer nada; mas

são, acima de tudo, cursos de ação e não apenas uma decisão singular;

d) são causais: produtos de ações que têm efeitos no sistema político e social.

Para Ham & Hill (1988), “as políticas públicas estruturam o sistema político,

definem e delimitam os espaços, os desafios, e os atores”. Segundo os autores,

cada política pública passa por diversos estágios. Em cada um deles, os atores, as

coalizões, e os processos são diferentes.

As etapas normalmente consideradas em matéria de políticas públicas são:

Formulação: entendida como a decisão política, inclui a seleção e

especificação da alternativa considerada mais conveniente, seguida de

declaração que explicita a decisão adotada, definindo seus objetivos e seu

marco jurídico, administrativo e financeiro.

Implementação: é a decisão política, com ênfase na correção de distorções;

é constituída pelo planejamento e organização do aparelho administrativo e

dos recursos humanos, financeiros, materiais e tecnológicos necessários para

executar uma política. Trata-se da preparação para pôr em prática a política

pública, a elaboração de todos os planos, programas e projetos que

permitirão executá-la, ou seja, é quando se coloca em prática a formulação.

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Execução: é o conjunto de ações destinadas a atingir os objetivos

estabelecidos pela política. É pôr em prática efetiva a política, é a sua

realização. Essa etapa inclui o estudo dos obstáculos, que normalmente se

opõem à transformação de enunciados em resultados, e especialmente a

análise da burocracia.

Acompanhamento: é o processo sistemático de supervisão da execução de

uma atividade (e de seus diversos componentes), que tem como objetivo

fornecer a informação necessária para introduzir eventuais correções a fim de

assegurar a consecução dos objetivos estabelecidos.

Avaliação: consiste na mensuração e análise, a posteriori, dos efeitos

produzidos na sociedade pelas políticas públicas, especialmente no que diz

respeito às realizações obtidas e às consequências previstas e não previstas.

Para Ham & Hil (1988), cada uma das etapas mencionadas é campo para

tipos diferentes de negociação e conflitos. Na prática, a estruturação da grande

maioria das políticas públicas ocorre de forma improvisada e desordenada ou

obedece a critérios políticos escusos, acrescentando que o processo nem sempre

observa a sequência sugerida embora, uma ou mais fases estão geralmente

presentes. Dentre desse contexto acrescenta os autores:

“[...] a elaboração de políticas é, essencialmente, um processo racional baseado nos clássicos passos, que vão desde a formulação do problema e avaliação de alternativas até a implementação. Podem ser admitidos os conflitos sobre metas ou percepções da situação, mas considera-se que eles resultam em efeitos estáveis e determinados e não interferem na consistência das operações do sistema (HAM & HIL, 1988, p. 24).

É possível se identificar que sem a participação de novos atores,

comprometidos com o bem social comum a todos, a elaboração de políticas

públicas, pode ser vista como atividade política incontornável, em que as

percepções e os interesses dos atores individuais assoberbam os fins coletivos.

Nesse caso, a implementação se transforma em atividade problemática e não em

algo que deva ser tomado como óbvio, como no modelo racional. O grande

problema é que, dentro do espaço onde são formuladas as políticas públicas, estas

são usadas como barganha.

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Evidentemente, o acesso a esses bens e serviços coletivos oriundos das

políticas públicas vai depender da força de atuação da sociedade civil, dos seus

grupos sociais e do processo de fortalecimento dos mesmos, para emanar pressões

e colocar a seu favor a ação do Estado. Portanto, a vontade política e seus critérios

de atuação são fatores determinantes da dinâmica de implantação das políticas de

serviços públicos, não sendo, porém, os únicos.

Para o setor aeroportuário, algo de muito positivo vem ocorrendo nos últimos

anos, em resposta a uma crescente pressão de seus usuários e da sociedade de um

modo geral, por um serviço condizente com as necessidades do setor, como

veremos a seguir.

2.1.1 As políticas públicas para o setor aeroportuário no Brasil

Em virtude das características do setor aeroportuário nacional, várias

concepções de políticas públicas podem ser formuladas e implantadas, dependendo,

entretanto de, todas as escolhas, das possibilidades de investimentos por parte do

Estado, que é o principal gestor da infraestrutura de transporte aéreo, sendo dele

também a responsabilidade de garantir os investimentos infraestruturais e a

qualidade do funcionamento do sistema.

Por ser um setor bastante dinâmico, inicialmente, deve-se ter em mente que o

conjunto de ações governamentais para a infraestrutura aeroportuária precisa se

basear em objetivos, estratégias, e programas decorrentes de políticas pré-

estabelecidas para produzir a viabilidade, a praticidade e a rapidez do equipamento

aeroportuário nacional, inclusive levando em consideração as influências que a

infraestrutura aeroportuária pode exercer sobre o desenvolvimento das regiões nas

quais aeroportos são construídos.

De acordo com Silva (1991), as ações governamentais nessa área devem ser

formuladas como um conjunto de medidas de largo alcance e longo prazo, incluindo

setores externos à atividade aeronáutica, tais como o das vias de acesso, o do

serviço de fornecimentos de água e energia, as condições climáticas da região, a

legislação ambiental, a demanda pelos serviços aeroportuários, dentre outros

fatores.

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Em virtude do caráter intermodal do transporte aéreo, as políticas públicas

para a atividade aeroportuária podem variar em função de fatores externos: em

primeiro lugar, há o cenário das políticas nacionais de transportes em geral, a

maneira como ela é definida em seus aspectos formais ou informais, observando

sua interligação como o modal aéreo. Um aspecto a considerar para o entendimento

claro das políticas públicas nesse setor é a inter-relação entre as políticas setoriais,

econômicas e aeronáuticas e as pressões do mercado. Deve-se analisar ainda

como fatores importantes, as possibilidades de investimento do Estado, bem como o

modelo de administração ou o nível de autonomia administrativa relativa a essa área

de atividade econômica.

No entender de Silva (1991), a existência de poder de decisão e a

flexibilidade de ação constituem-se nos elementos determinantes para a eficiência

das políticas aeroportuárias, das medidas econômicas, financeiras, jurídicas e

administrativas usadas para atingir os objetivos propostos. Por outro lado, se as

dificuldades não forem contornadas, as medidas decorrentes de uma estrutura não

adaptada de modo adequado às necessidades impedirão o desenvolvimento da

atividade aeroportuária.

No caso brasileiro, a estrutura de administração das unidades aeroportuárias

é relativamente simples, se comparada a de outros países. Essa administração

obedece a parâmetros nacionais, sendo a gestão direta executada pela Autoridade

Aeronáutica Brasileira, atualmente, o Ministério da Defesa, (CBA, 1986), que delega

poderes sob forma de concessão à INFRAERO, empresa pública criada em 1973,

com objetivo de administrar os principais aeroportos nacionais. Segundo Silva

(1991), antes de sua criação, a administração aeroportuária era feita pelo

Departamento de Aviação Civil – DAC e pelos comandos territoriais da Força Aérea

Brasileira, não sendo permitida a cobrança de taxas e tarifas pelo governo. A partir

de 1973 muda o paradigma nesse setor e observou-se um crescimento muito rápido

do sistema aeroportuário brasileiro, principalmente em função da relativa autonomia

da estatal dos aeroportos, como indicado no trecho de Silva (idem) citado a seguir:

Em 1989 a INFRAERO já administrava 62 aeroportos que serviam a 90% do tráfego da aviação comercial regular de passageiros e 96% de carga aérea. O Brasil ocupava em 1988 a 11º posição mundial relativa aos serviços de transporte aéreo realizado no mundo, segundo o relatório do Conselho da OACI, em 1989 o Brasil passou para a 10º posição ultrapassando a Holanda em termos de passageiros, por quilômetros transportados (SILVA, 1991, p.157).

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A nova dinâmica de políticas pública de aviação civil deu origem a novas

atitudes de exploração comercial para o setor. A INFRAERO, como empresa

aeroportuária, tinha agora a incumbência de obter recursos financeiros para

implantar, manter e ampliar as unidades aeroportuárias sob sua responsabilidade.

Entretanto na prática o Estado apenas transferiu o poder e monopolizou de forma

indireta o sistema de aviação civil.

Como vimos no capítulo anterior, a infraestrutura aeroportuária e o transporte

aéreo são partes integrantes de dinâmicas de desenvolvimento regional, devendo,

portanto, ser objeto da ação governamental em termos de investimentos. Com as

Parcerias Públicas Privadas – PPP, o Estado busca na iniciativa privada os recursos

necessários para a realização de investimentos no setor.

Segundo a ANAC (2010), na Lei Federal n.º 8.987, de 13 de fevereiro de

1995, referente à concessão de serviços públicos, no Anexo 6 - Plano de Exploração

Aeroportuária (PEA), a União, através das PPP, concede à iniciativa privada faixas

de domínio, edificações e terrenos, bem como as áreas ocupadas com instalações

operacionais, administrativas e comerciais relacionadas. A concessão tratada nesta

seção é uma experiência inovadora no que diz respeito a Políticas Públicas para

administração e exploração de unidades aeroportuárias. A primeira experiência

nesse setor é específica para a construção e exploração do novo Aeroporto

Internacional do Rio Grande do Norte, (figura 1), localizado na Cidade de São

Gonçalo do Amarante, na região metropolitana de Natal.

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Figura 1 Construção da infraestrutura básica do novo aeroporto de São Gonçalo do Amarante

Foto: INFRAERO

De acordo com a INFRAERO – Plano Plurianual de Investimentos - PPI

(2010), o aeroporto de São Gonçalo do Amarante deverá ser o maior terminal de

cargas aéreas da América Latina. Contará com a maior pista de pouso do Nordeste

- 3.000 metros e será o único da região a ter capacidade para receber o Airbus 380,

o maior avião de passageiros já construído. As obras das pistas de pouso de

taxiamento e o pátio das aeronaves se encontram em fase de conclusão. Até fins de

2010, o Governo Federal havia investido 155 milhões de reais. As obras estão sendo

tocadas pelo Exército Brasileiro e deverão ser assumidas pela empresa ou consórcio

vencedor da licitação pública, prevista para meados de 2011.

Essa forma de administração é muito mais “flexível”, no entanto, a análise

desse tipo de gestão necessita de definições mais claras dos papéis

desempenhados pelo governo e pela empresa privada. Em geral existem serviços

cuja delegação do poder público é impossível de ser concretizada, tais como os

serviços de segurança, alfândega, migração, controle do tráfego aéreo, meteorologia

e serviço de saúde (SILVA, 1991).

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Como a nossa questão de pesquisa é a relação entre o desenvolvimento

regional e a infraestrutura aeroportuária nacional/regional e local, passamos a definir

os termos com os quais estaremos formulando a análise aqui proposta.

2.2 A Infraestrutura Aeroportuária

De acordo com o CBA - Código Brasileiro de Aeronáutica (capítulo II, art.26),

a infraestrutura aeroportuária é formada por um conjunto de órgãos, instalações e

estruturas terrestres de apoio ao pouso, decolagem e movimentação de aeronaves,

passageiros, cargas e apoio à navegação aérea, compreendendo a integração de

diversos sistemas operativos. No Brasil, é de responsabilidade do Comando da

Aeronáutica, o desenvolvimento e o planejamento da infraestrutura aeronáutica com

fins de suprir as necessidades do sistema.

A criação da infraestrutura aeroportuária está associada a dois problemas

distintos. Em primeiro lugar, deve-se precisar de que maneira será determinada a

sua utilidade bem como a demanda por esse sistema. Em segundo lugar, como ela

pode canalizar e potencializar o desenvolvimento da região. Desse modo, a sua

utilidade está associada à concepção geral do problema, desde o nascimento da

exigência e a caracterização de sua problemática, até o trato técnico que origina a

adoção de uma política que combine a concepção e gestão das unidades

aeroportuárias com as linhas e estratégias para o desenvolvimento regional.

De acordo com Silva (1991), a utilidade da criação da infraestrutura

aeroportuária e a formulação de uma política aeroportuária devem principalmente

definir os meios para promover o transporte aéreo como mola propulsora para o

desenvolvimento, sobretudo em razão do caráter dinâmico da atividade aérea.

A análise do transporte aéreo apresenta o avião e o aeroporto com elementos indissociáveis. Eles atraem a atenção do público em geral, do usuário, dos especialistas e do governo, por suas características são ao mesmo tempo distintas, complementares e associados. O papel bastante dinâmico e ativo na sociedade, o valor elevado dos investimentos demandados, bem como suas várias funções, políticas, econômica e social, estão entre os fatores que demonstram a importância das frotas e dos conjuntos aeroportuários (SILVA, 1991, p. 117).

Ressaltam-se as ideias de que o avião não pode ficar sempre em voo e que o

transporte aéreo é sempre realizado entre dois pontos. Desta forma, evidencia-se a

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conectividade entre o avião e o aeroporto ou vice-versa. O aeroporto e suas

instalações definem a conformidade das necessidades da rede de transporte aéreo

e dos serviços oferecidos, nesse sentido desde as instalações mais complexas até

as pequenas pistas rudimentares podem promover o desenvolvimento da região

onde estão inseridos.

No entendimento de Silva (1991), a infraestrutura aeroportuária tem um papel

fundamental no conjunto das atividades políticas, econômicas e sociais das regiões.

Essa importância deve ser examinada desde a fase de planejamento e concepção

até a implantação da unidade aeroportuária, o que pode determinar a importância

política e estratégica de uma certa região em detrimento de outras. Nesse contexto,

a implementação da infraestrutura aeroportuária leva em consideração as ações das

diversas variáveis inerentes ao sistema. Inicialmente deve ser analisada a demanda

pelo serviço aéreo, e o tipo de equipamento a ser utilizado; depois, a natureza e a

relação com outros serviços - turismo, negócios, carga aérea e por fim, o tipo de

intercâmbio da unidade aeroportuária coma região. A regra a ser adotada deve ser

escolher os elementos que melhor se adaptam ao conjunto das variáveis descritas.

Dessa forma, o planejamento geral da infraestrutura aeronáutica se baseia

nos fluxos de tráfego de todos os modais de transporte, associados às necessidades

de desenvolvimento econômico e social da região. Essa concepção deve ainda,

levar em consideração que o transporte aéreo não é uma modalidade porta a porta,

ou seja, é uma atividade interligada a outros modais de transportes que são

necessários para complementar o deslocamento de pessoas e cargas, sendo assim,

a infraestrutura aeroportuária deve ser complementada por estradas, portos e toda

uma gama de serviços eficientes e interligados.

Para Silva (1991),infraestrutura aeronáutica refere-se a tudo aquilo que, na

superfície, atende às necessidades do tráfego e da navegação aérea, incluindo-se

sob essa denominação todos os elementos terrestres, necessários ou úteis à

navegação aérea, compreendendo de modo amplo e abrangente, todas as

organizações, bens e instalações terrestres de apoio ao desenvolvimento ordenado

da aeronavegação, em qualquer de suas modalidades.

De acordo com a Lei 7565, de 19.12.86, que dispõe sobre o Código Brasileiro

de Aeronáutica - CBA, (2006), no seu Artigo 25: “Constitui infraestrutura aeronáutica

o conjunto de órgãos, instalações ou estruturas terrestres e de apoio à navegação

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aérea, com prioridade para promover a segurança, regularidade e eficiência, do

transporte aéreo”. Esta infraestrutura compreende:

I - o sistema aeroportuário (artigos 26 a 46);

II - o sistema de proteção ao voo (artigos 47 a 65);

III - o sistema de segurança de voo (artigos 66 a 71);

IV - o sistema de Registro Aeronáutico Brasileiro (artigos 72 a 85);

V - o sistema de investigação e prevenção de acidentes aeronáuticos (artigos 86 a

930;

VI - o sistema de facilitação, segurança e coordenação do transporte aéreo

(artigos94 a 96);

VII - o sistema de formação e adestramento de pessoal destinado à navegação

aérea e à infraestrutura aeronáutica (artigos 97 a 100);

VIII - o sistema de indústria aeronáutica (artigo 101);

IX - o sistema de serviços auxiliares (artigos 102 a 104);

X - o sistema de coordenação da infraestrutura aeronáutica (artigo 105).

2.2.1 O papel da ICAO - International Civil Aviation Organization

Antes de dar início à seção em quem apresentamos os conceitos de

aeródromo e aeroportos é interessante identificar o órgão máximo de regulação da

aviação civil em nível mundial, a Organização da Aviação Civil Internacional (ICAO –

em Inglês/OACI, em Português). Idealizada na convenção de Chicago, em 1944,

instituída em outubro de 1947, tem como sede a cidade de Montreal no Canadá. É

uma das Agências de fomento da ONU - Organização das Nações Unidas.

A ICAO, desde a fundação, desempenhou um papel fundamental na história da aviação. Ela não só criou a regulamentação técnica, como também estabeleceu o quadro jurídico, o qual possibilitou o desenvolvimento seguro e ordenado da aviação civil (SILVA, 1991, p.108).

Esta convenção foi promulgada no Brasil pelo decreto 21.713, de

27/08/1946,pelo qual o país se compromete a cumprir todas as determinações da

ICAO. Pelo artigo 37 da convenção, os estados contratantes se obrigaram a

colaborar a fim de atingir a maior uniformidade possível em seus regulamentos,

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sempre que isto trouxer vantagens para a atividade. Para este fim, a ICAO emitiu

documentos,( tabela 1) chamados "anexos".

Tabela 1 Anexos à convenção de Chicago

Anexo 1 Licença de Pessoal

Anexo 2 Regras do Ar Anexo 3 Serviço de Meteorologia para a Navegação Aérea Internacional Anexo 4 Cartas Aeronáuticas Anexo 5 Unidades de Medidas usadas nas Operações Aéreas e Terrestres Anexo 6 Operação de Aeronaves Anexo 7 Marcas de Nacionalidade e de Matrícula de Aeronaves Anexo 8 Aeronavegabilidade e utilização de aeronaves Anexo 9 Facilitação Anexo 10 Telecomunicações Aeronáuticas Anexo 11 Serviços de Tráfego Aéreo Anexo 12 Busca e Salvamento Anexo 13 Investigação de Acidentes Aeronáuticos Anexo 14 Aeródromos Anexo 15 Serviços de Informação Aeronáutica Anexo 16 Proteção Ambiental Anexo 17 Segurança Anexo 18 Transporte de Cargas Perigosas

Fonte: ICAO - Adaptação própria

Os Anexos estabelecem práticas e padrões sobre os diversos assuntos que

compõem a aviação civil, a maior parte deles com o objetivo de estabelecer níveis

mínimos de segurança. Alguns padrões estabelecidos: Horário ZULU ou UTC

(Tempo Coordenado Internacional), Fraseologia Padrão Unidades de Medida,

Classificação dos Aeroportos, dentre outros.

2.3 Administração Aeroportuária

A administração aeroportuária deve ter sua estrutura interna escolhida em

função dos objetivos selecionados e de modo que possa dotar o aeroporto, ou o

conjunto de aeroportos, dos meios necessários a desempenhar as estratégias

adotadas pela política aeroportuária do país. Isso importa, acima de tudo em

executar as atividades com o nível de qualidade desejável, ao custo mais baixo

possível, acima de tudo, executar com eficiência e qualidade.

De acordo com Silva (1991), as funções a serem desempenhadas pelo

aeroporto são múltiplas e variadas segundo o tamanho, jurisdição, natureza do

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tráfego e principalmente, sua contribuição para o desenvolvimento econômico, e

social da região. Entretanto os princípios aplicáveis à administração aeroportuária

não mudam em função desses parâmetros. É lógico que as maneiras de administrar

um pequeno aeroporto regional ou um aeroporto de porte internacional apresentam

diferenças técnicas e administrativas consideráveis.

Segundo a Constituição Federal de 1988, no seu art. 21, inciso XII, alínea “c”,

é de competência da União, explorar, diretamente ou mediante autorização,

concessão ou permissão a infraestrutura aeroportuária brasileira. Com relação á

possibilidade de construção, manutenção e exploração dos aeródromos públicos, o

CBA (art. 36) especifica que isso poderá ocorrer:

I - diretamente, pela União;

II - por empresas especializadas da Administração Federal Indireta ou suas

subsidiárias, vinculadas ao Ministério da Aeronáutica;

III - mediante convênio com os Estados ou Municípios;

IV - por concessão ou autorização do Estado.

No Brasil, a união explora de forma indireta, mediante concessão, os

principais aeroportos, e oferece a logística para 97% do transporte aéreo de

passageiros e cargas. Essa administração fica a cargo da INFRAERO, empresa

pública, de personalidade jurídica de direito privado, com autonomia administrativa e

financeira, vinculada diretamente ao Ministério da Defesa.

Sua criação ocorreu pela Lei Federal n° 6.009/73, que institui ainda a

uniformidade de tratamento em todo o território nacional, para a construção,

administração e a exploração comercial dessas unidades. Entretanto, estas devem

estar sujeitas às normas, instruções, coordenação e controle da Autoridade

Aeronáutica competente, designada pelo Presidente da República. O campo de

atuação estatal da INFRAERO é representada por 67 aeroportos, dos quais 25 são

aeroportos internacionais, 42 aeroportos nacionais, 80 unidades de apoio à

navegação aérea e 32 terminais de logística de carga.

De acordo com a INFRAERO, todos os 67 aeroportos administrados por ela,

funcionam como unidades independentes. Sendo assim, possuem estrutura

administrativa e financeira própria. Cada planta aeroportuária está vinculada a uma

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superintendência regional. No caso brasileiro, são oito superintendências, que por

sua vez estão ligadas à administração central, baseada em Brasília.

Como autoridade aeroportuária constituída, a empresa exploradora tem a

responsabilidade de fomentar a busca de rentabilidade e eficiência para permitir, a

obtenção de recursos para a modernização e expansão da infraestrutura de acordo

com a evolução do transporte aéreo. De um modo geral, a administração

aeroportuária local, seja ela qual for, deve convergir seus esforços na busca de

recursos para a realização de novos investimentos, visando à ampliação e

modernização da infraestrutura aeroportuária, ajustada à evolução e à segurança do

transporte aéreo.

Segundo a ANAC (2008), o sistema aeroportuário brasileiro é composto por

2498 unidades. Desse total, 1759 são aeródromos privados, e 739 públicos. Dos

aeródromos públicos, 67 são administrados pela Infraero, 316 diretamente pelo

Comando da Aeronáutica, 190 pelos Estados, 155 pelos municípios, nove por

aeroclubes e dois aeródromos por empresas públicas, e exemplo de Furnas, que

administra o aeródromo do mesmo nome (figura 2).

Figura 2 Sistema de Administração Aeroportuária

Fonte: Adaptado da ANAC (Administração Aaeroportuária, 2009)

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A escolha da estrutura de administração dos aeródromos brasileiros entre

outras possibilidades depende da política adotada e da modalidade de exploração

empregada.

2.4 Fontes de receitas e economia aeroportuária

Para otimizar a infraestrutura aeroportuária em níveis de eficiência,

produtividade e rentabilidade a gestão aeroportuária necessita antes de tudo gerar

fluxos de recursos para os investimentos recorrentes.

A otimização da gestão da infraestrutura aeroportuária é uma das condições associadas para atingirem-se esses níveis elevados de eficiência, desde que existam possibilidades nacionais e fluxo de recursos disponíveis no seio da economia. Os recursos são fundamentais para sustentar a exploração e os investimentos. A busca de recursos é parte integrante da gestão aeroportuária (SILVA, 1991, p. 307).

No campo da aviação civil, a infraestrutura aeroportuária constitui o elemento

técnico sobre cuja base funciona o transporte aéreo. O apoio a este, constitui a

atividade comercial e a principal fonte de renda dos aeroportos. As receitas para

garantir os investimentos necessários à infraestrutura são provenientes dentre

outras fontes, da cobrança de tarifas e taxas aos usuários, aí incluídos passageiros

e empresas aéreas. Desta forma foi instituída pelo governo federal a modalidade de

cobranças de taxas e tarifas, implementadas pela Lei Federal nº 6.009/73 e

regulamentadas pelo Decreto Lei 89.121/1983. As Taxas são estabelecidas pela lei

fiscal do Estado, em razão de certas atividades que exigem serviços públicos, como

alfândega, imigração, acesso às áreas internas do aeroporto, dentre outras.

De acordo com a OACI (in Silva, 1991, p. 309), a tarifa constitui a

remuneração dos serviços aeronáuticos prestados. Essas tarifas são cobradas pelo

o uso da totalidade da Infraestrutura aeroportuária disponível, incluindo as pistas e

prédios dos aeroportos, assim como os equipamentos de segurança e dispositivos

de auxilio à navegação aérea.

No entendimento de Silva (op. cit.), essa modalidade de administração e

cobrança de tarifas retira do poder público e do contribuinte indiscriminadamente a

obrigação de investir em infraestrutura aeroportuária, liberando o estado para

investir em outras obras prioritárias para a sociedade.

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Sendo assim, as tarifas pagas pelos usuários, têm a finalidade de remunerar

a INFRAERO, e o Estado, por todos os serviços prestados no âmbito da aviação

civil. Para efeito de cobrança, as tarifas se dividem em:

a) Tarifa Aeroportuária paga pelo passageiro (embarque)

b)Tarifas de Rota e de Navegação Aérea

c) Tarifa de Uso das Comunicações e dos Auxílios à Navegação Aérea em Rota –

TAN

d) Tarifa de Uso das Comunicações e dos Auxílios Rádio e Visuais em Área

Terminal de Tráfego Aéreo – PAT

e) Tarifas Aeroportuárias pagas pelo consignatário (importador / exportador de carga)

A figura 3 demonstra o percentual devido por tarifas, observa-se que as tarifas

não aeronáuticas já ultrapassam as receitas operacionais.

Figura 3 divisão das tarifas aeroportuárias

Fonte: INFRAERO – www.infraero.gov.br

Outras tarifas incidem diretamente sobre o valor da passagem, e estão

regulamentadas pela (NI-5.09 (FIN)/03/AGO/2009).

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De acordo com a INFRAERO (Estatuto - CAPÍTULO IV - Art. 9°) a estrutura

contábil e os centros de custos da empresa, obedecem ao critério de caixa único.

Nesse sistema, os subsídios para investimentos, manutenção, e custeio dos

aeroportos são obtidos por meio de arrecadação unificada, com subsídios cruzados.

Entende-se aqui a menção ao subsídio cruzado no sentido de que existe um

somatório das receitas obtidas por todas as unidades, aeroportuárias depositados

em conta única. Esse total é utilizado para cobrir as despesas e custeio de todos os

aeroportos da rede, independentemente se lucrativos ou não.

Os aeroportos, como toda empresa, devem se organizar dentro dos critérios

organizacionais, administrativos e contábeis, como as receitas operacionais só

cobrem uma parcela dos gastos se faz necessário buscar o equilíbrio financeiro

mediante a arrecadação via receitas não operacionais.

Sendo assim, como forma de otimizar a arrecadação as receitas foram

divididas em Receitas Operacionais, aquelas geradas pelos serviços prestados

ligados diretamente as atividades fins da empresa. Receitas Comerciais ou extra

aeronáuticas, resultante das múltiplas atividades comerciais que ocorrem no interior

do sítio aeroportuário, são classificadas em três categorias: concessão, locação e

exploração direta.

As receitas extra-aeronáuticas permaneceram marginalizadas por muito tempo. Hoje, constituem uma das principais fontes de renda da administração aeroportuária, são múltiplas e variadas e compreendem a locação de lojas comerciais, escritórios e outros locais ocupados por companhias aéreas e organismos governamentais (SILVA, 1991, p.328).

É importante salientar que, ao longo do tempo, as receitas operacionais

constituíam a maior fonte de renda dos aeroportos, até porque o entendimento era

que eles deveriam ser remunerados pelos serviços prestados dentro da sua

atividade principal e não havia por parte dos gestores a preocupação em buscar

outras fontes de rendas, visto que o Estado subvencionava quase que integralmente

o serviço aeroportuário. A concepção moderna da administração aeroportuária

considera a tarifa uma contrapartida por serviços prestados, cujo pagamento cabe

aos usuários.

Com o advento da globalização e diante do substancial aumento da demanda

e da crescente pressão por novos investimentos por parte do mercado, os gestores

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aeroportuários se viram obrigados a considerar outras fontes de receitas. No

entender de Silva (1991), a prosperidade dos aeroportos está ligada ao transporte

aéreo. Em contrapartida, os aeroportos podem limitar o crescimento do transporte

aéreo, caso não atenda às necessidades do setor. Outro elemento importante é que

as receitas operacionais empacam na própria capacidade financeira das

companhias aéreas, ou seja, elas têm um teto a ser respeitado, sob pena de onerar

ainda mais os custos operacionais das empresas aéreas. Outro agravante

considerável é que com a política do Estado mínimo em voga, há um

desengajamento por parte dos governos, que passam a diminuir e às vezes a

suprimir a assistência financeira que concediam aos aeroportos.

Desta forma, nas economias em desenvolvimento, em que as possibilidades

orçamentárias são habitualmente limitadas, é preciso levar em consideração outras

fontes de receitas para os aeroportos.

O Conselho da OACI tem reconhecido a importância das receitas comerciais e tem adotado recomendações para encorajar e otimizar a obtenção dessas receitas. Em verdade elas constituem o principal instrumento para muitos aeroportos poderem equacionar seus custos (SILVA, 1991, p. 330).

É importante considerar que os aeroportos, além de serem um serviço

público, têm passado a ser geridos como empresas comercial e como tais devem

auferir lucro, para equilibrar suas contas. Desta forma a busca por novas fontes de

receitas é primordial, para cobrir as despesas sempre crescentes, assim as

atividades extra-aeronaúticas estão cada vez mais diversificadas e oferecem uma

gama de oportunidades aos gestores aeroportuários.

De acordo com a INFRAERO (Plano anual de Investimentos 2008) até o ano

de 1976, as receitas não operacionais, respondiam por cerca de 25% do total

arrecadado. Com uma nova visão de gestão aeroportuária, foi possível ampliar

essas receitas, e atualmente aquelas já superam em muitos as receitas ditas

operacionais. A (Tabela 2), ilustra de forma clara essa mudança.

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Tabela 2 Resultado Financeiro – Fonte de Receitas

Em milhões 2005 2006 2007 2008

Receita Operacional 831,7 1.006,4 1.086,9 1.139,4 Receita Comercial 867.6 1.030.5 1.170.6 1.335,8 Outras 222.0 187,9 179.3 283,9

TOTAL 1.921,3 2.224.8 2.436,8 2.758.1 Fonte: INFRAERO(www.infraero.gov.br/resultadosfinanceiros)

De acordo com a INFRAERO (Plano Plurianual de Investimentos, 2010), não

obstante o considerável aumento das receitas não operacionais e a otimização dos

gastos, dos 67 aeroportos administrados, 48 são deficitários.

Na sua forma de administração atual, o total da arrecadação é dividido na

forma de investimentos entre todos os aeroportos, sendo a prioridade definidas pelo

mercado e pela demanda do transporte aéreo. O cerne da questão, entretanto, é a

disponibilidade de investimento que fica à mercê da arrecadação obtida, o que nem

sempre correspondem às necessidades reais dos aeroportos.

Ainda de acordo com a estatal aeroportuária, 90% dos investimentos são

realizados com receitas próprias, geradas principalmente pelas tarifas de carga

aérea, concessão de espaços comerciais nos aeroportos, tarifas de embarque,

pouso e permanência, e prestação de serviços de comunicação e auxílios à

navegação aérea. Há ainda uma participação no montante de recursos proveniente

do Adicional de Tarifa Aeroportuária (ATAERO), de convênios firmados com órgãos

federativos e aportes direto da União por meio de políticas públicas assertivas, como

o Programa de Aceleração de Crescimento (PAC). Os dados disponibilizados pela

estatal cobrem os anos de 2001 a 2007, (figura 4), no entanto, para esse trabalho,

são suficientes para demonstrar o capital investido e a fonte de investimentos no

sistema aeroportuário brasileiro.

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Figura 4 Investimentos da INFRAERO (2001/2007)

Fonte: INFRAERO (Adaptado do site: www.infraero.gov.br)

Segundo a Infraero, PPI (2010) nos últimos dez anos foram realizadas mais

de 25 grandes obras, beneficiando 19 aeroportos em todas as regiões do País. Além

destes, dezenas de aeroportos receberam pequenas obras. Na Região Nordeste: o

Aeroporto Internacional de Fortaleza, Ceará, (Figura 5), foi totalmente construído,

além de outras grandes obras: a construção do terminal de cargas, vias de acesso e

reforço do pátio e pistas de táxis e construção da torre de controle; no Rio Grande

do Norte, estão em andamento as obras de construção do Aeroporto Internacional

São Gonçalo do Amarante, na grande Natal; na Paraíba em 2007, foram concluídas

as obras de ampliação do Aeroporto de João Pessoa, que agora comporta 2 milhões

pessoas/ano; o Aeroporto de Campina Grande, foi totalmente reformado, concluído

em 2003; o Aeroporto de São Luís passou a ser internacional, após investimentos

para adequação aos padrões internacionais; também foi construído um novo

terminal de passageiros no Aeroporto Internacional de Maceió - Zumbi dos

Palmares.

O Norte recebeu investimentos significativos: atualmente a Infraero constrói o

novo Aeroporto internacional de Macapá, que terá capacidade para 900 mil

R$ 2.7 Bilhões

25 aeroportos

João Pessoa l 53,5

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passageiros por ano; no Acre, o Aeroporto de Cruzeiro do Sul passa por uma grande

modernização e ampliação; a segurança aumentou no Aeroporto de Marabá, Pará,

com a recuperação da pista de pouso e decolagem; no final de 2004, foi inaugurado

o terceiro terminal de cargas do Aeroporto Internacional de Manaus, que

transformou a área de carga do aeroporto em um complexo logístico de 49 mil

metros quadrados, com sete edificações; Porto Velho, que ganhou um novo

aeroporto e teve o pátio de aeronaves ampliado em 2004, recebe agora um

recapeamento na pista de pouso.

No Centro-Oeste: no Aeroporto de Goiânia está sendo construído um novo

terminal; no Estado do Mato Grosso, Cuiabá recebeu obras de melhoria como

recuperação do pátio de aeronaves e implantação do sistema de macrodrenagem; o

Aeroporto Internacional de Brasília foi ampliado e recebeu uma segunda pista de

pouso e decolagem, para atender o intenso tráfego aéreo do terceiro aeroporto mais

movimentado do Brasil.

Na Região Sudeste: o Aeroporto de Congonhas, em São Paulo, teve em

janeiro de 2008 a conclusão da obra da passagem subterrânea que liga a Av.

Washington Luís ao aeroporto, melhorando o acesso; em 2007, o aeroporto Santos

Dumont, no Rio de Janeiro, foi reformado para oferecer mais conforto aos

passageiros; no Aeroporto Internacional de Viracopos, em Campinas, foi realizada a

reforma e adequação do terminal de passageiros, que passou a ter capacidade para

2 milhões de passageiros por ano; também foi inaugurada a obra de reforma e

modernização do Aeroporto de Uberlândia, e reforço dos pátios e da pista de pouso

e decolagem.

No Sul: o Aeroporto Internacional de Foz do Iguaçu teve sua pista recapeada;

em 2004, Navegantes foi ampliado e se tornou internacional; Joinville ganhou um

novo terminal de passageiros; em Florianópolis está construindo o novo terminal de

passageiros.

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Figura 5 Vis1Vista Interna do Aeroporto Internacional Pinto Martins – Fortaleza – CE

Fonte: Site da INFRAERO

Os Aeroportos, por serem empreendimentos que utilizam capitais

intensivamente e diante da capacidade limitada do Estado brasileiro e do próprio

sistema de suprir as necessidades dos investimentos, tiveram recentemente sua

administração descentralizada, sendo concedida aos Estados e Municípios a

competência pela exploração e administração de unidades aeroportuária dentro de

seu território, desde que apresentem seus Planos Aeroviários, na formada Lei

(INFRAERO, 2010). Para isso, o Governo Federal criou o Programa Federal de

Auxilio a Aeroportos (PROFAA), que disponibiliza recursos federais para que os

Estados e Municípios invistam na infraestrutura aeroportuária dos pequenos

aeródromos sob sua jurisdição. De acordo com a lei, os Estados devem apresentar o

projeto nos termos vigentes, mediante uma contrapartida de 25% em recursos

próprios.

Vejamos a seguir o contexto específico da Paraíba.

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2.5 Sistema Aeroportuário da Paraíba

De acordo com os dados levantados, o Sistema Aeroportuário da Paraíba é

composto por dois aeroportos de porte médio, um situado na Capital do Estado, o

Aeroporto Internacional Presidente Castro Pinto (SBJP) e o Aeroporto Presidente

João Suassuna, em Campina Grande; dois aeroclubes e mais de uma dezena de

aeródromos homologados e registrados pela autoridade aeroportuária brasileira.

Na tabela 3, apresentamos a lista das unidades que compõem o cenário

aeroportuário do Estado, o sistema aeroportuário da Paraíba. A maioria das

unidades desse sistema funciona de forma deficitária ou teve seus registros

cancelados por não atenderem as normatizações e os critérios de funcionamento

legalmente exigidos ou por que apresentam riscos às operações aéreas.

Tabela 3 Sistema aeroportuário da Paraíba

ICAO Aeródromo Município/UF Operação Categoria Uso/

Administração

Situação Operacional

SBJP Internacional DE JOÃO PESSOA /

PRESIDENTE CASTRO PINTO

SANTA RITA/PB Visual -

Diurna/Noturna Instrumento -

Diurna/Noturna

Internacional de alternativa Público/INFRAERO Normal

SBKG CAMPINA GRANDE

/ PRESIDENTE JOÃO SUASSUNA

CAMPINA GRANDE/PB

Visual - Diurna/Noturna e Instrumento - Diurna/Noturna

Nacional Público/INFRAERO Normal

SIBU CATOLÉ DO ROCHA

CATOLÉ DO ROCHA/PB Visual - Diurna Nacional Público/Governo do

Estado Interditado

SIBW CONCEIÇÃO CONCEIÇÃO/PB Visual - Diurna Nacional Público/Governo do Estado

Interditado/Nb0598

SIBY MONTEIRO MONTEIRO/PB Visual - Diurna Nacional Público/Governo do Estado

Normal

SIBZ ITAPORANGA ITAPORANGA/PB Visual - Diurna Nacional Público/Governo do Estado

Interditado/NB1156

SICA SÃO JOÃO DO RIO DO PEIXE / BREJO DAS FREIRAS (não

há pista)

SÃO JOÃO DO RIO DO PEIXE/PB Visual - Diurna Nacional Público/Governo do

Estado Normal

SICB CUITÉ / PEDRO SIMOES PIMENTA CUITÉ/PB Visual - Diurna Nacional Público/Governo do

Estado Interditado/NB0609

SNJO JOÃO PESSOA / AEROCLUBE JOÃO PESSOA/PB Visual - Diurna Nacional Público/Aeroclube Normal

SNQD SOUZA SOUSA/PB Visual - Diurna/Noturna Nacional Público/Governo do

Estado Interditado/NB0527

SNTS PATOS PATOS/PB Visual - Diurna/Noturna Nacional Público/Governo do

Estado Normal

SJFU TABULEIRO BANANEIRAS/PB Visual - Diurna Nacional Público/Governo do

Estado Normal

SNKG CAMPINA GRANDE

/ AEROCLUBE CAMPINA GRANDE/PB

Visual - Diurna Nacional Público/Aeroclube Normal

ARARUNA ARARUNA/PB Visual -diurno Nacional Público/Aeroclube Interditado

Fonte: ANAC/www.anac.gov.br/notam

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Analisando os dados da tabela 4 observa-se que existem 14 aeródromos

registrados e homologados no Estado da Paraíba. Desse total, seis, estão

interditados pela autoridade aeronáutica competente. A seguir faremos uma analise

da situação operacional de cada unidade.

2.5.1 Aeroporto Presidente Castro Pinto – João Pessoa – PB – SBJP

Aeroporto Público, administrado pela Infraero, está localizado no município de

Bayeux, (grande João Pessoa) distante oito quilômetros do centro da cidade. Em

2007 foi concluída uma grande obra de ampliação e reforma que elevou a

capacidade operacional do terminal de passageiros. A localização do aeroporto é

privilegiada com relação a obstáculos, por abranger terrenos situados em um

altiplano de cotas hidrográficas baixas, em torno de 65 metros e está

suficientemente afastado das áreas urbanas ou de grande expansão imobiliária.

A ocupação do solo nas imediações apresenta baixa densidade demográfica

e grandes espaços vazios. Os empreendimentos existentes no seu entorno são

industriais, de porte médio e residências do tipo casa de campo. Não há acidentes

geográficos de grande porte e as edificações baixas não constituem obstáculos às

operações aéreas. O aeroporto dispõe de excelentes condições para operações

aeronáuticas, pois o clima local não afeta significativamente as condições

meteorológicas. Os pousos e decolagens ocorrem normalmente, sem maiores

problemas.

O nome do aeroporto é uma homenagem ao então Presidente da Paraíba,

Castro Pinto. Sua operação teve inicio ainda na década de 30, com uma pequena

pista de terra. Em meados de 1954, o antigo terminal de passageiros e a pista de

rolagem foram reformados, numa parceria entre o Ministério da Aeronáutica e

o Governo Estadual, que instalou um DPV (Destacamento de Proteção ao

Voo), para coordenar e oferecer segurança ao tráfego aéreo local. O novo

aeroporto foi homologado pelas autoridades federais em 20 de agosto de 1957. Na

década de 70, mais precisamente em 01 de fevereiro de 1979, por meio da Portaria

nº 136/GM5 (30 de janeiro de 1979) a administração do aeroporto foi transferida

para a INFRAERO.

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No primeiro ano da nova gestão, foram realizadas melhorias referentes à

pavimentação com asfalto, interseção da pista de pouso e decolagem com a pista de

táxi e serviços de pintura da sinalização horizontal da pista 16/34 do Aeroporto. Em

1980, mediante convênios com o Governo do Estado e colaboração técnico-

financeira, do então Ministério da Aeronáutica, foram executadas obras e serviços

de ampliação, reforma e melhoria da infraestrutura compreendendo a ampliação da

pista de rolagem, reforço na pista de taxi, ampliação do pátio de manobras e

estacionamento, obras de drenagem, melhorias do sistema de balizamento luminoso

e instalação do AVASIS (equipamento de auxílio visual ao pouso).

Em abril de 1983 foi inaugurado o Terminal de Carga Aérea (TECA), para

atender à crescente demanda do movimento. Em 1985, também em parceria com o

Governo da Paraíba, foi concluída a obra de construção de um novo terminal de

passageiros, onde se confirmou a melhoria significativa dos serviços aeroportuários

locais, proporcionando maior conforto, segurança e eficiência à operacionalidade do

aeroporto. A última grande reforma foi concluída em outubro de 2007. Praticamente

um novo aeroporto foi construído, incluindo o reforço da pista principal, da pista de

taxiamento e o pátio de estacionamento de aeronaves, além da adequação do

terminal de passageiros às exigências atuais e a climatização total do terminal.

Figura 6 Aeroporto Presidente Castro Pinto – João Pessoa – PB – SBJP (Lado Terra)

Fonte: Site da INFRAERO

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Situado em uma área de 9.464 metros quadrados, o atual terminal de

passageiros foi totalmente reformado, sem comprometer sua operacionalidade.

Desta forma, o aeroporto passa a atender com as instalações e equipamentos

preconizados pelas normas internacionais, que incluem alfândega, serviço de

vigilância sanitária e polícia federal com funcionamento ininterrupto. Atualmente está

enquadrado na condição de Aeroporto Internacional de Alternativa e está apto a

receber voos procedente do exterior e servir como aeródromo de alternativa para os

aeroportos internacionais de Natal e Recife.

De Acordo com a INFRAERO (PPI-2010), o novo terminal de passageiros

ampliou a capacidade para atender o crescimento da demanda, passando de uma

capacidade instalada de 250mil, para de um milhão/pax/ano. Nessa reforma, foi

construído um novo prédio, onde está instalada a administração do aeródromo; duas

novas salas de embarque e de desembarque; a instalação de dois elevadores e

mais estabelecimentos comerciais, dentro do novo conceito de varejo aeroportuário,

Aeroshopping. O estacionamento foi ampliado para 260 veículos, a praça de

alimentação foi totalmente climatizada, além de outras melhorias.

Para esta seção, definiremos, instalações aeroportuárias como toda a

infraestrutura disponibilizada para prover os aeroportos de operacionalidade,

conforto e principalmente segurança para os passageiros e usuários do sistema. As

limitações, como tudo aquilo que pode se configurar ou impor limites ao

desenvolvimento do sistema aeroportuário.

Das instalações aeroportuárias, o aeroporto de João Pessoa oferece as

seguintes estruturas: opera sob condições visuais ou por instrumentos, sob

orientação do NDB – Radio Farol não Direcional (JPS-320), instrumento básico de

auxílio ao pouso e navegação; a pista de pouso e decolagem tem orientação

magnética 16/34 graus, com 2515 metros de comprimento por 45 de largura é

composta de uma camada de asfalto de média resistência, podendo suportar a

operação de aeronaves de médio porte, com peso máximo de decolagem de até 130

mil/ton; possui ainda balizamento de pista para operações noturna; iluminação do

pátio, serviço contra incêndio especializado e o serviço de remoção de emergência

médica; área de pré-embarque, duas salas de embarque, linha de ônibus urbano,

sistema de esteiras para despacho de bagagem, carrinhos para passageiros,

fraldário, sistema de ascenso-descenso de passageiros por escadas rolantes e

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elevador, sistema interno de segurança por circuito fechado de televisão, sistema

semi-automático anunciador de mensagem, sistema informativo de voo climatização

geral, locais destinados a serviços públicos, e apoio comercial.

Limitações: o aeroporto de João Pessoa apresenta alguns entraves que

podem se configurar em limites ao seu crescimento, dentre os quais podemos

destacar: terminal de passageiros muito próximo do seu limite operacional (um

milhão de passageiros/hora - pico); comprimento e compactação da pista de pouso e

decolagem que restringem a operação de aeronaves de grande porte. As operações

de aeronaves com peso máximo de decolagem superior a 20 t ficam condicionadas

à realização de pushback na saída do estacionamento, cabendo ao operador

garantir a disponibilidade dos meios próprios ou contratados, para realizar tal

operação.

As aeronaves com peso máximo de decolagem acima de 20t, quando

ocupando posição de estacionamento nos pátios 1 e 2, somente deverão acionar

motores após a conclusão da operação de pushback, na faixa de estacionamento;

proibição de check de motores na posição de estacionamento, sendo aquele

permitido somente mediante coordenação com a administração do aeroporto;

sistema primário de auxilio ao pouso, (NDB), totalmente obsoleto e pouco confiável

para os parâmetros da aviação moderna.

O aeroporto de João Pessoa teve um aumento substancial na oferta do

número de voos e destinos. Nos últimos dois anos passou de seis para 21 voos

diários, quase todos diretos aos principais centros urbanos nacionais. A Figura 7

abaixo demonstra os horários, destinos e companhias aéreas que operam a partir de

Aeroporto Castro Pinto. Com a entrada em operação da Azul Linhas Aéreas, em

Dezembro de 2010, quatro companhias operam a partir do aeroporto Castro Pinto,

desde então.

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Figura 7 Sistema Informativo de voo (SIV), aeroporto de João Pessoa

Fonte: Site da INFRAERO (março de 2010)

2.5.2 Aeroporto Presidente João Suassuna – Campina Grande – PB – SBKG

A denominação homenageia o ex-governador da Paraíba, João Suassuna. À

época, a denominação do mandatário do Estado era de Presidente, advindo daí o

título de Aeroporto Presidente João Suassuna. O aeroporto foi inaugurado no ano de

1963 e foi homologado para o tráfego aéreo em 24/04/1964, pela Portaria nº 88 do

antigo DAC – Departamento de Aviação Civil. Em 04 de novembro de 1980, o

Aeroporto, passou a fazer parte da rede de aeroportos administrados pela Infraero

tendo em vista ser o principal aeroporto do interior do Estado da Paraíba. A partir de

1981 a empresa administradora realizou diversos investimentos no aeroporto, e em

1984 realizou uma reforma no terminal de passageiros (TPS), aumentando sua

capacidade de atendimento para 80 mil passageiros por ano. Em 1995, foi realizada

uma nova intervenção, incluindo reforço complementar e ampliação do pavimento da

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pista de pouso e decolagem, (1440m para os 1600m atuais), e pátio, incluindo

modernização do sistema de balizamento luminoso e construção de via de acesso à

Seção Contra incêndio, e terminal de passageiros. Em 2000, teve inicio uma nova

revitalização (Figura 8) e em 30 de outubro de 2003, o Aeroporto Presidente João

Suassuna foi reinaugurado, totalmente reformado.

Figura 8 Aeroporto de Campina Grande (lado terra)

Fonte: Própria

As áreas edificadas foram ampliadas, adotando uma padronagem mais

moderna. O terminal de passageiros TPS passou de 1.000 metros para 2.500

metros quadrados. Além de ter adquirido uma nova estrutura, o novo terminal

ganhou um elevador e uma escada que dão acesso a um mezanino, onde

passageiros e usuários tem uma visão panorâmica do pouso e decolagem das

aeronaves.

Instalações: O aeroporto de Campina Grande opera em condições visuais e

por instrumentos. Conta com equipamento básico de auxilio ao pouso e navegação

do tipo NDB – Radio Farol não Direcional (CPV-230), oferece ainda sala de

embarque e desembarque climatizada, sala VIP, berçário, espaço para lojas

comerciais e serviço público, serviço de ônibus urbano, serviço de remoção de

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primeiros socorros, Seção Conta Incêndio (SCI) e serviço de segurança interno por

circuito fechado de televisão.

Limitações: Por estar instalado em um planalto na Serra da Borborema, a 510

metros (1600ft) acima do Nível Médio do Mar, e por sofrer as influências do “vento

litoral” que sopra carregado de umidade, o aeroporto de Campina Grande apresenta

condições atmosféricas adversas para operação noturna, principalmente após as

23:00h (local). Estudos realizados demonstraram que o aeroporto apresentou

índices médios, anuais de condições meteorológicas adversas ao voo (teto baixo)

superior a mil horas anuais, com picos de 1380 horas durante o ano de 2004. Essas

ocorrências eram mais frequentes durantes os meses de maio/junho/julho/agosto

(Figura 9). Essas condições inviabilizaram as operações comerciais noturnas a partir

do aeroporto, o que culminou com o cancelamento das operações e a transferência

de voos para o aeroporto de João Pessoa.

Figura 9 Perfil operacional (visibilidade horizontal reduzida)

Fonte: INFRAERO (2007) adaptação própria

Essas limitações são acentuadas em virtude do equipamento de auxilio ao

pouso (NDB), obsoleto e pouco confiável. Outros itens limitativos podem ser

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elencados: a pista de pouso e decolagem, de 1600m, limita a operação de

aeronaves de médio porte com sua carga máxima; a proximidade com torres de

transmissão de energia e subestação (alta tensão)é outro entrave, além da pequena

dimensão do pátio de estacionamento de aeronaves. Outra condição limitativa é a

inexistência do serviço de abastecimento de combustível de aeronaves e os

desníveis das laterais da pista que exigem operação com cautela.

Diante dessas limitações, apenas dois voos comerciais operam a partir do

aeroporto, (figura 10) ambos no período da tarde. Um com destino à cidade de São

Paulo e o outro ao Rio de Janeiro, ambos com escala na cidade do Recife.

Figura 10 Sistema de Informação de Voo (SIV) aeroporto de Campina Grande

Fonte: INFRAERO (www.infraero.gov.br)

De acordo com a Tabela 4, o complexo aeroportuário de Campina Grande,

está situado em uma área de 78,12 hectares. A pista de rolagem possui dimensões

de 1600 metros de comprimento por 40 de largura; o pátio de aeronaves possui

dimensões modestas, apenas 11.200 metros quadrados, com dez posições de

estacionamento.

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Tabela 4 Complexo aeroportuário em Campina Grande

Campina Grande (SBKG) Sítio aeroportuário 78.12 hectares Pátio de aeronaves 11.200 m2 Dimensões da pista 1.600m X 40m Terminal de passageiros Capacidade/Ano Área (m2)

250.000 2.500

Estacionamento de carros 180 vagas Estacionamento de aeronaves 2 posições para aeronaves de

grande porte e oito posições para aeronaves pequenas.

Fonte: DECEA(ROTAER)

Segundo os dados levantados, a última grande reforma ocorrida no ano de

2003, (Figura 11), elevou a capacidade operacional do aeroporto de 80.000 para os

atuais 250mil passageiros/ano.

Figura 11 Vista geral do aeroporto Presidente João Suassuna – Campina Grande-PB.

Fonte: Alexandro Diniz (2009)

Essa capacidade operacional é definida por normas internacionais da OACI,

mediante um estudo prévio da demanda, que leva em consideração o número de

passageiros transportados por metros quadrados da sala de

embarque/desembarque.

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2.5.3 Aeroclube da Paraíba – SNJO

O Aeroclube público foi fundado em 10 de novembro de 1940. Está

encravado em uma região central da cidade de João Pessoa. De acordo com o

estatuto da entidade, sua estrutura legal consta como sendo uma associação civil de

utilidade pública, sem fins lucrativos. É administrado por uma diretoria eleita entre

seus sócios e colaboradores a cada dois anos. Está homologado de acordo com a

ANAC (2009), como Escola de Aviação Civil Aeroclube da Paraíba, sendo apta a

formar pilotos para a aviação civil brasileira. Dentre as instalações apresentadas,

podemos destacar uma pista de rolagem de 1050 metros de comprimento por 30 de

largura, compactada com uma camada de asfalto para suportar a operação de

aeronaves de pequeno porte, possui ainda um ponto fixo de abastecimento de

combustível, hangaragem e parqueamento de aeronaves. Na figura 12, temos a

vista aérea do aeroclube de João pessoa, que demonstra à problemática dos

aeródromos urbanos, com sua vizinhança incômodas de prédios e residências.

Figura 12 Vista geral de Aeroclube de João Pessoa – SNJO

Fonte: Cmte. Rogério Lubambo (2009)

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Dentre os inúmeros problemas enfrentados pelo aeródromo está a

especulação imobiliária, problema crítico dos aeródromos centrais. Os prédios e

residências que circundam o sitio aeroportuário são construídos sem observar o

cone de segurança e de forma desordenada desobedeceram aos parâmetros

constantes na RBAC 161 que trata da ZPA – Zona de Proteção Aeroportuária. Por

conta disso e para atender os pré-requisitos de segurança em vigor, o aeroclube

teve, em 2005, sua categoria de operação rebaixada para as operações com

aeronaves de 7 a 5 toneladas de peso máximo de decolagem.

Figura 13 Vista parcial do pátio de estacionamento de aeronaves, ao fundo a proximidade dos prédios

Fonte: Cmte. Rogério Lubambo (2009)

Outro problema enfrentado pelo Aeroclube de João Pessoa é a eterna disputa

territorial com a prefeitura da cidade. Por força de uma liminar, concedida em

primeira instância, o prefeito da capital determinou a destruição da pista de pouso e

decolagem, deixando sitiadas 37 aeronaves, figura 14.

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Figura 14 Pista de pouso, Aeroclube de João Pessoa, após ação da prefeitura

Fonte: Cmte. Rogério Lubambo (2011

Não é objeto dessa pesquisa entrar no mérito da questão, entretanto, o

aeroclube de João Pessoa é tido como aeródromo de alternativa do aeroporto

Presidente Castro Pinto (SBJP), para as aeronaves de pequeno e médio porte,

pertencentes à aviação geral e executiva. Atualmente o aeroclube opera de forma

precária em pista de piçarra, um trabalho executado de forma paliativa, enquanto a

justiça não determina o destino do aeródromo.

2.5.4 Aeroclube de Campina Grande – SNKB

Aeródromo público mantido por sociedade privada sem fins lucrativos, está

situado a 14km do centro de Campina Grande, no distrito de São José da Mata.

Possui uma pista de piçarra, com 800 metros de comprimento por 20 metros de

largura. Outrora foi uma das principais escolas de formação de pilotos do nordeste,

tendo formado comandantes para aviação geral e empresas aéreas. Chegou a

contar com dois aviões de instrução básica cedidos pelo DAC (departamento de

Aviação Civil), os quais foram enviados para outras escolas, pois o aeroclube não

estava cumprindo os preceitos básicos de formação de pilotos.

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Sua pista de pouso e decolagem (figura 15) parece estar em completo

abandono. Não existe sinalização e a vegetação cresce nas laterais sem a devida

manutenção, bem como no pátio de estacionamento de aeronaves.

Figura 15 Pista de pouso e decolagem do aeroclube de Campina Grande – SNKB

Fonte: Própria (2010)

No pátio de estacionamento de aeronaves (figura 16) a vegetação cresce

desordenadamente, prejudicando o taxiamento das aeronaves.

Figura 16 Pátio de estacionamento de aeronaves, aeroclube de Campina Grande-SNKB

Fonte: Própria (2010)

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Atualmente dispõe com um núcleo de aviação desportiva e experimental

independente, com cerca de uma dezena de aeronaves.

2.5.5 Aeroporto de Patos (Brigadeiro Firmino Ayres) –SNTS

Aeródromo público, administrado pelo Município em parceria com o Estado.

Está localizado nomunicípio de Patos, Paraíba, cerca de 300km da capital, João

Pessoa, e a 12km do centro da cidade.

Suascoordenadas são as seguintes: 07°02'16.00"S de latitudee

37°15'27.00"W de longitude. Possui uma pista de 1600x30m de média compactação

asfáltica, podendo suportar operação com aeronaves de até 30t.

O aeródromo de Patos opera regularmente em horário diurno e somente em

condições visuais (VFR) para operação noturna. É necessária a solicitação e a

confirmação pelo camandante ou operador da aeronave via telefone externo do

acionamento do balizamento de pista, (figura 17). Essa operação é realizada por

uma guarnição da polícia militar, sendo a confirmação da solicitação compulsória,

devendo ser informada no Formulário de Plano de Voo (FPL). Situação Operacional

Normal.

Tabela 5 Aeroporto de Patos - PB (Brigadeiro Firmino Ayres)

IATA: PTS - ICAO: SNTS

Tipo Público Administração Municipal Serve Patos Inauguração Não disponível Altitude 250 m (820 ft) Movimento em 2010 Não disponível Capacidade anual Não disponível Website oficial Não disponível

Pista

Cabeceiras Comprimento Superfície

12 x 30 1600 m (5249 ft) Asfalto

Fonte: ROTAER

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Figura 17 Vista parcial da pista de pouso do aeroporto de Patos-PB (SNTS)

Fonte: Engenheiro Ávila (2010)

O Farol de Aeródromo auxilia na operaçãovisual noturna (figura 18), sendo o

único equipameto com essas caracteristicas em todo sertão paraibano. É ligado para

operações com tempo adverso de voo ou operações noturnas.

Figura 18 Vista parcial do patio de estacionamento de aeronaves (SNTS)

Fonte: Engenheiro Ávila (2010)

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2.5.6 Aeródromo de Sousa – SNQD

Aeródromo público administrado pelo Município em parceria com o Estado

possui uma pista de 1200 metros de comprimento por 30 de largura, e piso de baixa

densidade. Opera sob condições visuais e conta com um sistema de balizamento

noturno de pista. De acordo com o NOTAM (Noticeto Airmen) B0527/10, a operação

neste aeródromo está suspensa por oferecer riscos às operações aéreas.

Figura 19 Aeronave do governo do estado operando em Sousa (SNQD)

Fonte: SECOM (2008)

2.5.7 Aeródromo de Catolé do Rocha – SIBU

Aeródromo público mantido pelo municipio em parceria com o governo do

estado, está situado no municipio de mesmo nome, distante cerca de 400km da

capital. Devido à falta de manutenção da pista, capinagem das áreas de escape e

cercas patrimoniais violadas, sua operação está suspensa há mais de 6 anos

(Notam, B1156/10). Aeródromo fechado por apresentar riscos às operações aéreas.

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2.5.8 Aeródromo de Conceição – SIBW

Aeródromo público mantido pelo município em parceria com o governo do estado,

conta com uma pista asfaltada de 1000 metros de comprimento por 27 de largura.

De baixa densidade, de acordo com o Notam B1723/10, sua operação está

suspensa por apresentar riscos às operações aéreas.

2.5.9 Aeródromo de Itaporanga – SIBZ

Aeródromo público mantido pelo governo estadual, possui um pista de 1200

metros de comprimento por 27 de largura, de base asfáltica de baixa densidade, de

acordo com o Notam B0598/10. O aeródromo está fechado, por apresentar riscos às

operações aéreas.

2.6 Aeródromo de Cuité – SICB

Aeródromo público mantido pelo governo estadual, possui uma pista de terra

de 1150 metros de comprimento por 30 de largura. Suporta a operação de

aeronaves de até 5700kg. De acordo com o Notam B1719/10, o aeródromo está

fechado devido à colocar em risco as operações aéreas.

2.6.1 Aeródromo de Monteiro - SIBY

Aeródromo público mantido pelo município em parceria com o governo

estadual, possui uma pista de 1000 metros de comprimento por 28 de largura, com

base asfáltica de baixa densidade. Situação operacional Normal.

2.6.2 Aeródromo de Cajazeiras

Situado no município homônimo, o aeródromo de Cajazeiras foi por muito

tempo, o principal elo de ligação, por via aérea, entre a capital e o alto sertão

paraibano. Em virtude do descaso das autoridades, sua pista de rolagem foi aos

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poucos sendo tomada pela vegetação e animais, o que culminou com a

cancelamento do registro de funcionamento e atribuição do código ICAO, isso há

mais de uma década. De acordo com o DER – Departamento de Estradas e

Rodagens, órgão do governo do estado responsável pela manutenção dos

aeródromos paraibanos, o governo estadual firmou uma parceria com o governo

federal no valor de R$ 3.323.014,85 para a construção do novo aeroporto de

Cazajeiras (figura 20). As obras de terraplanagem e a primeira camada asfáltica

estão prontas. De acordo com o Projeto, o novo aeroporto contará com uma pista de

1600 metros de comprimento por 30 de largura. Consta ainda no projeto a

construção de uma estação de passageiros, uma guarnição do Corpo de Bombeiros,

e infraestrutura básica para receber voos regionais. Situação atual, obra interditada

por apresentar irregularidades.

Figura 20 Pista de rolagem do novo aeroporto de Cajazeiras

Fonte: DER (2008)

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Segundo a legislação aeronáutica, nenhuma aeronave pode efetuar operação

em aeródromos com registro cancelados ou suspensos, sob pena de incorrer em

falha grave.

De acordo com os dados levantados, o sistema aeroportuário da Paraíba

apresenta-se bastante deteriorado. A metade dos aeródromos estaduais está com

suas atividades suspensas por não atenderem as normas de segurança em vigor,

partes das outras unidades funcionam de forma precária. Com exceção das

unidades administradas pela INFRAERO, que foram revitalizadas recentemente, os

aeródromos administrados pelo Governo do Estado não receberam os investimentos

previstos ou foram descontinuados. De acordo com documentos da ANAC, o estado

da Paraíba apresentou um único projeto para receber verbas federais de auxilio a

construção e manutenção de aeródromos (PROFAA), referido ao Aeroporto

Regional de Cajazeiras, no alto sertão do Estado, no entanto as obras estão

paralisadas por falta da contrapartida estadual.

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CAPÍTULO III DEMANDA E OFERTA DO TRANSPORTE AÉREO – NO BRASIL E NO ESTADO DA PARAÍBA - ANÁLISE DOS DADOS

3.0 Transporte Aéreo Nacional

É um consenso que um país de dimensões continentais com a quinta maior

população do planeta, necessita de um sistema de transportes eficiente para o

escoamento de bens e a movimentação de pessoas e que permita a integração

efetiva do território nacional em consonância com a atividade econômica. Nesse

contexto, o modal aéreo tem um papel estratégico, constituindo-se em uma atividade

de suporte ao desenvolvimento do país.

Durante muito tempo as políticas econômicas derivadas dos processos de

planejamento, independentemente do maior ou menor grau de participação das

instâncias políticas, tinham como respaldo teórico a ideia de que o desenvolvimento

de regiões menos desenvolvidas seria possível de ser obtido com a implantação de

empreendimentos de grande porte, que ancorassem o desenvolvimento posterior de

uma cadeia produtiva mais ampla e adensada. Para a atração desses investimentos

preconizava-se a concessão de benefícios fiscais variados e custosos. Sobre isso

são bastante conhecidas às proposições ligadas aos conceitos dos chamados Polos

de Desenvolvimento de Perroux (1967), e da Teoria da Causação Circular, proposta

por Myrdal (1957). No Brasil, a partir da década de 1950, várias experiências de

planejamento estavam associadas a essa teorias e orientação. Vem dai a

predisposição do Governo Central, de expandir, os grandes projetos de

infraestrutura nacional, concentrados nas regiões Sul e Sudeste, sobretudo no setor

de transportes, estradas, portos e aeroportos, foram construídos, ai incluído a

implantação de uma malha aérea de abrangência nacional.

A ideia central era de promover o desenvolvimento regional, através das

plantas aeroportuárias. Dentro desse contexto os aeroportos teriam o papel dos

“polos” ou centros irradiantes de crescimento do centro para a periferia. Desta forma

o planejamento regional utilizando a infraestrutura aeroportuária, expressa o novo

papel assumido pelo Estado de produzir um espaço integrado a serviço do social e

principalmente do capital. Neste sentido o planejamento é considerado a forma mais

precisa de produção de um espaço destinado ao capital.

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Como toda atividade econômica o transporte aéreo está interligado ao

desempenho da economia, sendo vulnerável às oscilações do mercado, como pode

ser constatado ao longo da história da aviação civil brasileira. Diante disso, esse

capítulo pretende analisar o crescimento da aviação civil no Brasil e mais

especificamente no estado da Paraíba, em comparação ao desempenho do PIB

(Produto Interno Bruto) na ultima década, com o objetivo de refletir sobre as relações

entre a dinâmica do setor e a dinâmica de crescimento econômico geral, expressa

nesse indicador econômico.

Após um longo período de intervenção estatal, no final da década de 80,

acompanhando a tendência mundial de uma menor participação do Estado na

regulamentação do transporte aéreo, uma política de flexibilização tarifária foi

adotada no Brasil. Este foi o primeiro passo na transição gradual de um setor

fortemente regulamentado, caracterizado pela ausência de concorrência, para um

contexto que privilegia as forças de mercado e apresenta uma menor incidência da

ação regulatória por parte do Governo.

A partir da década seguinte, como decorrência do processo de globalização e

da necessidade de maior adequação do modal aéreo às novas exigências dos

usuários – tarifas mais acessíveis, maior oferta de voos e segurança no

deslocamento – o setor teve que se ajustar a uma nova realidade. Dentre as

mudanças ocorridas, pode-se destacar o surgimento da oferta de serviços regulares

por empresas low coste/low fare, intensificando a migração da demanda dos demais

modais de transporte, principalmente o rodoviário. Desta forma, o transporte aéreo

passa a atender nichos de mercado até então atendidos por outros modais,

resultando em um expressivo crescimento na demanda. Desta forma, no início do

século XXI, a aviação civil brasileira passou a figurar entre as 10 maiores do mundo,

em termos de produção de serviços, quantidade de pilotos e rede de controle de

tráfego aéreo. Em número de aeronaves, tem a segunda maior frota do planeta,

com quase 13 mil aviões (cf. ANAC, RAB, 2010), ficando apenas atrás dos Estados

Unidos.

De acordo com a Organização de Aviação Civil Internacional – OACI, o Brasil

poderá ser nos próximos 20 anos, uma das maiores potências do mundo em termos

de aviação civil. Essa constatação leva em consideração um fato importante, o

aumento real do número de passageiros transportados no Brasil, que saltou de

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97

pouco mais de 68 milhões no início da década para algo superior a 155 milhões de

passageiros, em 2010. São números bastante expressivos, no entanto, ainda

pequenos, se comparados com os Estados Unidos, que transportou segundo a

IATA, em 2010, mais de 750 milhões de passageiros.

3.1 Desempenho econômico e do mercado aéreo brasileiro

A credibilidade da economia é imprescindível para fomentar o

desenvolvimento social o econômico do país. Com o transporte aéreo ocorre a

mesma coisa. Problemas com o transporte aéreo geram efeitos negativos em

cascata, terminando por contaminar a economia toda. Os “apagões aéreos”,

ocorridos em 2006 e 2007 são ilustrativos disso. Durante esses episódios a

credibilidade do setor ficou bastante afetada, e, por decorrência, efeitos lesivos

relevantes foram sentidos na economia nacional. O turismo interno foi talvez o setor

mais prejudicado, com ramificações ao ambiente de negócios, e à cadeia produtiva,

atingindo a economia como um todo. O fato pode ser analisado sob outra ótica: é o

setor aéreo um dos mais vulneráveis a choques e crises econômicas internas ou

externas, ou a fatos inerentes à atividade aérea.

Em função do seu efeito de integração ao desenvolvimento e, sobretudo pela

velocidade com que as ações ocorrem na contemporaneidade, o transporte aéreo

tanto pode afetar quanto principalmente ser afetado por problemas econômicos. Ao

primeiro sinal de crise, a tendência é que empresas e pessoas redirecionem suas

ações buscando alternativas, impactando diretamente o setor.

É fato que o transporte aéreo apresenta considerável expansividade às

oscilações da renda nacional. E mais: em períodos de crescimento econômico, a

demanda por transporte aéreo cresce mais do que proporcionalmente a renda (ou

PIB), algo que procuraremos demonstrar posteriormente, neste capítulo.

De acordo com Oliveira (2009), o transporte aéreo tem participação relevante

na economia mundial. No Brasil, em 2007, as receitas das companhias aéreas

regulares, foi algo em torno de 14,3 bilhões de reais. Isso representou cerca de,

0,55% do Produto Interno Bruto (PIB) daquele ano. Estimativas do Sindicato

Nacional das Empresas Aeroviárias (2010) indicam que para cada mil reais gerados

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98

em atividades diretamente vinculadas à aviação, são gerados outros dois mil em

diferentes setores da economia.

Para dar consistência ao diagnóstico que fazemos da dinâmica dos

investimentos e políticas aeroportuárias em nível nacional e estadual em suas

relações com o desenvolvimento em termos de crescimento econômico, optamos

por analisar o crescimento do setor aéreo em nível nacional, fazendo um paralelo

com as taxas apresentadas pelo PIB na ultima década. O PIB, além de ser a soma

dos valores adicionados pelos vários setores é também a somatória de todas as

rendas geradas na economia. Assim, ao traçarmos esse paralelo buscamos dar

suporte à nossa análise do déficit de investimentos aeroportuários da Paraíba.

3.2 Movimento de passageiros no Brasil

Os dados da ANAC (2010) indicam que, embora o crescimento do transporte

aéreo no Brasil tenha obtido índices significativos, existe uma demanda reprimida de

passageiros abismal em relação aos países desenvolvidos, visto que de acordo com

estudos da IATA - International Air Transport Association, os países europeus e os

Estados Unidos transportam por ano o equivalente a três vezes e meia a sua

população, algo inimaginável para os padrões e a infraestrutura aeroportuária

brasileira. Nesta ordem de crescimento, podemos fazer uma previsão para algo

próximo de 196,07 milhões em 2015 e 371,9 milhões em 2025.

O Brasil possui uma infraestrutura aeroportuária ampla, que cobre todos os

Estados da federação. São quase 2500 aeródromos registrados e homologados.

Desse total apenas 67 unidades são Administradas pela INFRAERO, entretanto

essas unidades concentram 97% do tráfego aéreo nacional. A Paraíba conta com

duas unidades o Aeroporto Internacional Presidente Castro Pinto localizado na

Grande João Pessoa e o Aeroporto Presidente João Suassuna, em Campina

Grande.

De acordo como Oliveira (2009), o incremento considerável da aviação

regular no Brasil pode ser atribuído à evolução de fatores como o aumento da

concorrência com a entrada em operação de novas empresas aéreas; o aumento do

poder de compra da população brasileira; e o crescimento econômico do próprio

país. A relação entre o crescimento do PIB e dos números relativos à aviação

nacional pode ser melhor compreendida analisando-se os dados do (gráfico 1).

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99

No inicio da série podemos observar certa instabilidade do crescimento do

PIB, com oscilações positivas e negativas. Por outro lado, a taxa de crescimento da

aviação civil mantinha índices positivos até o evento de 11 de setembro de 2001

(atentado terrorista nos EUA), revertendo imediatamente no ano seguinte, atingindo

no ano de 2003 o pior índice da década. Nos anos de 2004 e 2005, o setor voltou a

crescer de forma mais pujante, apresentando taxas duas vezes superior ao PIB.

Entre os anos de 2005 e 2006, embora o PIB mantenha o viés de crescimento

iniciado em 2005, o setor da aviação civil mantém valores negativos esse fato pode

ser explicado, sobretudo em função de duas variáveis: os “apagões aéreos”2 e os

dois piores acidentes da aviação regular brasileira3. O ano de 2008 foi peculiar: a

economia mundial entrou em recessão, levando consigo o setor aéreo. Em 2009, a

economia começa a reagir, apresentando em 2010 a maior taxa de crescimento dos

últimos 25 anos.

Gráfico 1 Taxa de crescimento anual do PIB e da Aviação Regular - Brasil

Fonte: IBGE/ANAC – elaboração própria

Um exame detalhado do gráfico 1 evidencia que o transporte aéreo no Brasil

apresenta ciclos de crescimento que acompanham a tendência do Produto Interno

Bruto, com oscilações positivas ou negativas. Sintetizando, podemos inferir que o

2A crise no setor aéreo brasileiro ou "apagão aéreo", foi uma série de colapsos no transporte aéreo que foram

deflagrados após o acidente do voo Gol 1907 em 29 de setembro de 2006. 3Gol 1907, setembro de 2006, 154 mortos; TAM 3054, em Julho de 2007, 199 mortos.

6 4,9

0,4

-3,0

10,0 9,9

4,9 6,7

2,1

11,9

24,1

4,4

-0,7

4,9

0,9

6,1

2,1

4,8 6,7

0,8

5

7,5

-5

0

5

10

15

20

25

30

200

0

200

1

200

2

200

3

200

4

200

5

200

6

200

7

200

8

200

9

201

0

Aviação Regular

PIB

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100

setor aéreo apresenta considerável elasticidade à renda da demanda. Isso significa

que, em períodos de crescimento econômico, o transporte aéreo cresce mais do que

proporcionalmente ao PIB, e assim reforça o efeito do próprio crescimento

econômico. O momento atual apresenta uma fase extraordinária, entretanto é muito

difícil prever a duração desta fase, até porque a infraestrutura aeroportuária dá

sinais de saturação.

Além das causas já citadas, outros ingredientes podem explicar que o

crescimento do setor aéreo teve correlação com outros fatores, tais como: a política

tarifária, a oferta de voos, a regularidade, a padronização e a melhoria da frota das

empresas, o marketing e a implantação de programas de fidelidade. É bem verdade

que nesse período, empresas de aviação tradicionais encerraram suas atividades ou

foram absorvidas por outras.

Para evidenciar esse crescimento, apresentamos o gráfico 2, que observa-se

a evolução do movimento de passageiros transportados pelas empresas aéreas da

aviação regular (voos com HOTRANS – Horários de Transporte Aéreo) no Brasil, no

período de 2000 a 2010. Os dados partem de um patamar de pouco mais de 68

milhões de passageiros, que utilizaram o modal aéreo no ano 2000, para perto de

155 milhões no ano de 2010. Isso representa um crescimento acumulado de mais de

130%, no período, e sintetiza uma continuada taxa de crescimento anual, com um

extraordinário valor médio superior a 13% ao ano, em uma década.

Gráfico 2 Movimento de passageiros (aviação regular – Brasil)

0

20.000

40.000

60.000

80.000

100.000

120.000

140.000

160.000

180.000

2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010

Movimento de Passageiros - BRASILEm MIL

Série 1

Fonte: Boletim de Informação Gerenciais da INFRAERO – BIG

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101

Em uma analise minuciosa dos dados, observa-se o crescimento contínuo do

transporte aéreo em quase todos os anos considerados, encontrando-se uma

sequência interrompida entre os anos de 2001 e 2002, que apresentou apenas

0,6%, de crescimento. O ano de 2003 apresentou um decréscimo de 4,2%, o que

significa quase 4 milhões de passageiros a menos. Os anos de 2004 e 2005

apresentaram uma evolução expressiva superior a 17%, fato que não se configurou

em 2006, ano em que o uso do modal aéreo apresentou um crescimento de 8%. No

ano de 2008, a crise econômica global afetou de forma intensa o tráfego aéreo

mundial. O Brasil, entretanto, manteve o viés de crescimento do transporte aéreo,

com índices de 3,5%. O ano de 2009 teve um crescimento singular, mais de 14%,

porém nada se pode comparar ao ano de 2010, quando a evolução de número de

passageiros foi superior a 24%, segundo os dados mais recentes divulgados pela

ANAC (2010).

Analiticamente, os dados demonstram que a evolução do número de

passageiros transportados pelo modal aéreo regular no Brasil, quadruplicou no

período analisado, índice muito superior aos 5,5% apresentado pela aviação

mundial.

3.3 Tráfego aéreo regular: concentração e competitividade

O tráfego doméstico regular no Brasil é responsável por cerca de 80% do

fluxo total de passageiros transportados. A importância relativa de cada tráfego

nesse mercado em 2010 é mostrada no gráfico 3.

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102

Gráfico 3 Passageiros - Participação Relativa dos Tráfegos (2010)

Fonte: ANAC- HOTRAN – dez. 2010 (adaptado do site: www.anac.gov.br)

No que concerne à variável passageiro, no mercado doméstico o tráfego

regular é superior em relação ao não regular. Esse fato demonstra o domínio do

transporte aéreo no Brasil pelas empresas aéreas regularmente constituídas, que

efetuam o transporte aéreo em âmbito nacional.

O transporte aéreo nacional de passageiros é realizado por cerca de duas

dezenas de empresas aéreas de matrícula brasileira, em pouco mais de 400

aeronaves entre jatos e turboélice. No entanto, esse mercado se mostra bastante

concentrado: apenas duas empresas detém cerca de 82% do mercado nacional.

O gráfico 4 demonstra a composição do mercado aéreo, individual ou por

grupos empresariais. A liderança do setor, em 2010, foi mantida pelo Grupo TAM

(formado pelas empresas TAM e Pantanal), com 43,20% de participação no

mercado doméstico. Em seguida aparece a Gol/Varig, com 38,28%. As duas

empresas registraram percentuais semelhantes e ligeiramente inferiores ao ano de

2009. Já as companhias de menor porte tiveram um crescimento mais acelerado no

ano. Com 6,88% do mercado, a Azul Linhas Aéreas apresentou uma demanda de

103,53% superior ao movimento de 2009, e avançou para terceira posição no

ranking das companhias aéreas brasileiras. A Webjet cresceu 64,10% de janeiro a

dezembro e encerrou 2010 com uma fatia de 5,14% do segmento doméstico. A

Avianca – que até abril de 2010 operava sob a marca OceanAir – ficou com 2,44%

de participação, com demanda de 27,05% maior do que ano anterior. Embora no

acumulado do ano a Avianca continue como quinta maior empresa brasileira, no

mês de dezembro ela foi ultrapassada pela Trip linhas aéreas. Em 2010, a demanda

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103

da Trip foi 82,64% maior do que em 2009 e ela encerrou o ano com 2,88% do

mercado nacional.

Gráfico 4 Participação no mercado domestico de aviação regular

Fonte: ANAC – dez 2010 (adaptado do site: www.anac.gov.br)

Esses dados indicam que as empresas de menor porte foram as que mais

cresceram no mercado e absorveram boa parte dos quase 24% de aumento no

numero de passageiros transportados entre os anos de 2009 e 2010, tendência que

pode configurar uma maior descentralização do mercado aéreo nacional.

3.4 Aviação Civil - Região Nordeste

A Região Nordeste detém a maior quantidade de estados da Federação. Sua

população concentra-se no eixo litorâneo, principalmente em Salvador, Recife e

Fortaleza, resultado da ocupação histórica ao longo do litoral e das relações

comerciais com o exterior.

Os municípios de Imperatriz (MA), Juazeiro do Norte (CE), Mossoró (RN),

Campina Grande (PB), Caruaru e Petrolina (PE), Feira de Santana, Ilhéus e Vitória

da Conquista (BA), são classificados como Centros Regionais, destacando-se pelas

43,2

38,28

6,88

5,14 2,88

2,44

1,18

TAM

GOL/VARIG

AZUL

WEBJET

TRIP

AVIANCA

OUTRAS

MERCADO DOMÉSTICO (voos regulares-2010)

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104

atividades do turismo, pela ampliação das atividades agrícolas e, sobretudo, pela

diversificação industrial e comercial.

Além da indústria do turismo, nos últimos anos vêm ocorrendo expressivas

modificações em sua estrutura econômica, impulsionadas, em grande parte, pela

concessão de incentivos fiscais, associados à mão-de-obra barata, além da menor

distância em relação a alguns mercados de exportação, principalmente o europeu.

A região dispõe de uma malha viária composta de rodovias, na sua maioria

em estado precário de conservação; um sistema ferroviário, que outrora bastante

eficiente se encontra praticamente abandonado; além de um setor portuário pouco

expressivo, carente de recursos para tornar-se competitivo.

O transporte aéreo, por sua vez, dispõe de uma infraestrutura que possibilita

apoiar o desenvolvimento da região. Ao todo são 26 aeroportos de médio e grande

porte, que correspondem a quase 39% dos aeroportos administrados pela

INFRAERO. De acordo com esta, 12 unidades passaram por reformas recentemente

para adequá-los à demanda. A infraestrutura aeroportuária no Nordeste disponibiliza

ainda 10 terminais de carga aérea (TECA), áreas destinadas à movimentação de

carga e encomendas. Por esses terminais circularam, em 2010, 157 mil toneladas

de mercadorias, o que corresponde a 13,40% do total da carga aérea transportada

no Brasil.

A tabela 6 foi confeccionada segundo dados do HOTRAN, e sintetiza as

principais características do modal aéreo no nordeste. Analisando os dados,

concluímos que cerca de 80% dos aeroportos da região oferecem ligações diretas

com as principais cidades da federação.

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Tabela 6 Região Nordeste - Características do Transporte Aéreo – 2010

Ligações Diretas de Voos – Região Nordeste – 2010

Unidade da Federação

Quantidade de

Aeroportos

Rede Teca

Dentro da

Região

Demais Regiões

Passageiros Carga + Mala Postal (Kg)

Região Região

(%) País (%)

Região Região (%)

País (%)

Alagoas 1 1 22 17 1.425.340 4,23 0,92 3.232.722 2,05 0,28

Bahia 11 1 53 98 7.540.298 22,35 4,89 43.574.626 27,69 3,71

Ceará 2 1 36 51 5.072.786 15,04 3,29 49.407.957 31,39 4,21

Maranhão 2 1 13 14 1.379.146 4,09 0,89 6.647.915 4,22 0,57

Pernambuco 3 2 58 53 5.933.137 17,59 3,84 35.691.684 22,68 3,04

Piauí 2 1 9 8 781.170 2.94 0.51 4.283.077 2,72 0,36

Rio Grande do Norte

2 1 25 22 2.413.416 7,16 1,56 8.787.619 5,58 0,75

Paraíba 2 1 10 11 1.044.708 3,01 0,67 3.136.516 1,99 0,27

Sergipe 1 1 19 22 940.389 2,79 0,61 2.619.378 1,66 0,22

TOTAL 26 10 245 296 26.550.390 100,00 17,81 157.381.494 100,00 13,40

Fonte: Boletim de Informações Gerenciais da INFRAERO – BIG / ANAC - HOTRAN – dez. 2010

Os outros voos destinam-se apenas ao mercado regional, operando com

escalas intermediárias nos aeroportos centrais. Os aeroportos internacionais Pinto

Martins/Fortaleza – SBFZ, Guararapes/Recife – SBRF e Deputado Luís Eduardo

Magalhães/Salvador – SBSV, são responsáveis por uma expressiva parcela da

demanda por transporte aéreo da região nordeste, absorvendo cerca de 55% do

total do tráfego aéreo da região.

De acordo com os dados, ocorrem diariamente 245 voos regulares entre os

aeroportos da região e partem 296 voos nacionais. A pesquisa identificou que os

destinos que apresentam os maiores volumes de tráfego são, pela ordem: São

Paulo (aeroporto internacional de Guarulhos) - 60%, seguido pela cidade do Rio de

Janeiro (aeroporto do Galeão) - 15%, e pela Capital Federal - 4%. A maioria dos

aeroportos da região nordeste disponibiliza voos diretos para esses destinos. Dentre

as exceções encontra-se o aeroporto de Campina Grande.

Do total de passageiros transportados pelo modal aéreo em 2010 no Brasil, a

região Nordeste teve uma participação 17,81%. Foram mais de vinte e seis milhões

e meio de passageiros, liderados pelo Estado da Bahia (4,9%), Pernambuco (3,8%)

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106

e Ceará (3,2%). Neste rol, o Estado da Paraíba, com (0,67%), figura apenas na

sétima posição, um pouco a frente dos Estados do Piauí e Sergipe. Foram

transportados pelos dois principais aeroportos da Paraíba um pouco mais de um

milhão de passageiros em 2010.

Para uma análise mais significativa superpomos os gráficos que representam

as taxas do crescimento total de passageiros no Brasil com os dados do crescimento

da aviação regular na Paraíba (gráfico 5).

Gráfico 5 Taxa de crescimento da aviação regular – BRASIL/PARAÍBA

Fonte: ANAC (www.anac.gov.br) – elaboração própria

Os dados sugerem que o movimento de passageiros a partir do Estado da

Paraíba apresentou um perfil de crescimento e oscilações muito similar aos do

mercado aéreo nacional. Observa-se, entretanto, que a partir de 2008 tem inicio uma

reação no mercado local, apresentando uma diferença substancial, em mais de

100% em relação ao movimento de passageiros nacional, consolidando-se nos anos

de 2009 e 2010.

4,9

0,4

-3,0

10,0 9,9

4,9 6,7

2,1

11,9

24,1

6,1

-2,0

-6,3

1,6

16,2 15,0

12,1

-7,7

24,3

50,2

-20

-10

0

10

20

30

40

50

60

200

0

200

1

200

2

200

3

200

4

200

5

200

6

200

7

200

8

200

9

201

0

Brasil

Paraíba

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107

3.5 - Análises da Demanda de Passageiros – Campina Grande e João Pessoa

Historicamente, o transporte de passageiros vem se configurando como a

principal atividade do transporte mundial e das empresas aéreas, sendo, também, o

principal agente gerador de demanda por serviços e infraestrutura aeroportuária.

Desta forma, faz-se necessária uma análise específica desta variável, para o Estado

da Paraíba, com o objetivo de prover parâmetros que respaldem a identificação das

necessidades de investimentos na infraestrutura aeroportuária e orientem as

decisões quanto ao desenvolvimento do setor. Para esta análise, utilizamos os

dados comparativos do PIB do Estado da Paraíba em comparação com os dos

outros estados da Região.

Com base nos dados da tabela 7, foi feita uma análise do PIB dos estados

nordestinos. Os Estados da Bahia, Pernambuco e Ceará detém cerca de 65%do PIB

da Região, figurando a Paraíba na 6º posição com apenas 6% do PIB, à frente dos

Estados de Alagoas, Sergipe e Piauí. Confrontando com dados expostos pela tabela

8 (Região Nordeste - Características do Transporte Aéreo – 2010) observamos

parâmetros que configuram uma relação direta entre o movimento de passageiros e

a taxa de participação no PIB regional. Os dados podem evidenciar que a Paraíba

detém os aeroportos condizentes com sua participação econômica entre os estados

nordestinos, porém com perda de uma posição em relação ao movimento de

passageiros.

Tabela 7 participação do PIB no Nordeste – ano 2009

UNIDADE DA FEDERAÇÃO

Ranking da PIB na Região

Participação Percentual na Região

Nordeste - 100

Bahia 1º 32,4

Pernambuco 2º 17,8

Ceará 3º 14,6

Maranhão 4º 9

Rio Grande do Norte 5º 6,4

Paraíba 6º 6

Alagoas 7º 5

Sergipe 8º 4,8

Piauí 9º 4

Fonte: Contas Regionais do Brasil 2009 - IBGE / IDEME-PB

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108

Para corroborar o que ora se apresenta, analisaremos o movimento de

passageiros nos aeroportos de Campina Grande e João Pessoa. A intenção do

estudo é diagnosticar preliminarmente a evolução da aviação civil regular na

Paraíba, em confronto com a evolução do PIB do Estado. Em um segundo momento

identificarmos se existe demanda que justifique a avaliação da necessidade de

novos investimentos no aeroporto de Campina Grande. Inicialmente foi analisado o

movimento total de passageiros (embarque e desembarque). Depois, apenas o

movimento de embarque, em Campina Grande. Seguindo a mesma metodologia, foi

analisado o movimento total de passageiros embarcados e desembarcados no

aeroporto de João Pessoa.

Acompanhando a tendência de crescimento do mercado de aviação nacional,

os aeroportos da Paraíba mantiveram o mesmo perfil. O movimento de passageiros

em Campina Grande pode ser observado no gráfico 6, e leva em consideração o

movimento total de passageiros na última década.

Gráfico 6 Movimento de passageiros do Aeroporto Presidente João Suassuna – Campina Grande – PB – 2000/2010

Fonte: INFRAERO- Movimento nos Aeroportos. Disponível em: www.infraero.gov.br/movi.

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109

Nesse contexto, a pesquisa levantou dados substanciais que configuram o

aumento e corrobora a tendência de crescimento do mercado da aviação civil local.

No ano de 2000 esse movimento foi um pouco superior a 20 mil passageiros,

duplicando esse valor já no ano de 2002. Em 2003, esse movimento voltou a cair

devido à paralisação dos voos regulares que atendiam a cidade, devido à crise da

VARIG, empresa aérea que operava a partir do aeroporto de Campina Grande.

Em março de 2004, a GOL Linhas Aéreas, começa a operar a partir de

aeroporto de Campina Grande. Os índices voltam a crescer, apresentando níveis

superiores a 65% em 2005, mantendo esses índices até o ano de 2008, quando

circularam pelo aeroporto de Campina Grande, quase 67 mil passageiros. O ano de

2009 apresentou o aumento de 22,5%, elevando para mais de 82 mil passageiros. O

ano 2010 pode ser considerado um marco para o mercado da aviação local: em

termos percentuais houve um aumento de 40,2%, superando em muito a média

nacional de 24,1%. Foram transportados pelo aeroporto João Suassuna, 114.258

passageiros, um recorde histórico para Campina Grande, indicando excelentes

índices de ocupação das aeronaves que aqui operaram.

3.5.1 Movimento de Embarque de Passageiros – Campina Grande

O movimento de embarque de passageiros em separado é de substancial

importância para identificarmos a demanda para novos voos. De acordo com o

gráfico 7, o movimento de embarque no aeroporto de Campina Grande aumentou

em mais de 500% ao longo da década. Esse crescimento foi acentuando nos últimos

três anos, mantendo-se sempre superior à média nacional. O aeroporto de Campina

Grande, até recentemente, operou com apenas um voo regular. Em junho de 2009,

em função do aumento da demanda, a companhia aérea que opera a partir do

aeroporto desviou um voo da rota, Brasília/Recife, para fazer escala em Campina

Grande, aumentando a oferta de assentos em mais 70%. Essa manobra deveria

permanecer por três meses, (período de alta estação). No entanto, devido à

manutenção da procura, o voo citado foi efetivado como voo diário.

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110

Gráfico 7 Movimento de embarque de passageiros do Aeroporto Presidente João Suassuna - Campina Grande - PB

Fonte: INFRAERO – elaboração própria

Em 2000, inicio da série pesquisada, embarcaram no Aeroporto de Campina

Grande pouco mais de 11 mil passageiros; em 2001 - 17.568; em 2002 - 20.214

passageiros; em 2003, embarcaram pouco mais de 13 mil passageiros pelo terminal.

A partir do ano de 2004, o crescimento volta a ser progressivo, sempre com índices

superiores à média nacional, culminando com um crescimento recorde em 2010,

quando embarcaram a partir do João Suassuna, 58.224 passageiros.

3.5.2 -Movimento de Passageiros – Aeroporto de João Pessoa

Historicamente o movimento de passageiros do Aeroporto de João Pessoa

sempre apresentou índices baixos se comparados com os da maioria das outras

capitais brasileiras. De acordo com os dados do (gráfico 8), no ano de 2000 o

movimento de passageiros no Aeroporto de João Pessoa foi um pouco superior a

250 mil passageiros, elevando esse índice para valores superiores a 280 mil, em

2001. Por influência da crise global que se alastrou sobre a aviação civil após 2001,

o movimento de passageiros no aeroporto Castro Pinto, apresentou uma queda nos

anos de 2002, 2003, e 2004, com números próximos a 230mil/Pax/ano.

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111

Gráfico 8 Movimento de passageiros do Aeroporto Presidente Castro Pinto – João Pessoa

Fonte: INFRAERO - Movimento nos Aeroportos. Disponível em: www.infraero.gov.br/movi.(elaboração própria)

A partir de 2005 esses índices voltam a crescer, elevando o movimento para

valores próximos de 500 mil/Ano. Em 2009, o movimento de embarque e

desembarque no aeroporto de João Pessoa foi de quase 600 mil passageiros,

replicando a tendência de crescimento da aviação civil brasileira. Em 2010, perto de

910 mil passageiros movimentaram o aeroporto da capital, repetindo localmente o

bom momento por que passa aviação no Brasil.

3.5.3 Análises da Demanda de Passageiros – Campina Grande e João Pessoa

As projeções de demanda dos dois principais aeroportos paraibanos para os

horizontes de curto (cinco anos) e médio prazo (dez anos), as quais serviram de

parâmetro para uma análise do mercado da aviação civil no estado, foram obtidas a

partir da série histórica do movimento de passageiros, do contexto socioeconômico e

das variáveis indicadoras da dinâmica do setor.

Neste estudo levamos em consideração a análise do movimento de

passageiros (embarque e desembarque) nos últimos dez anos, como apresentado

anteriormente, buscando entender a evolução do transporte aéreo na Paraíba. Em

um segundo momento identificamos algumas peculiaridades da demanda para,

então, projetarmos a situação operacional desses aeroportos no futuro próximo.

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112

Para uma melhor análise e entendimento dos resultados, foram acrescentados ao

estudo os dados operacionais dos Aeroportos de Recife, e de Natal, visto que em

função da proximidade com a Paraíba, podem ser utilizados como alternativa para

operação pelas companhias aéreas e principalmente pelos passageiros que utilizam

os aeroportos paraibanos.

As tabelas 8 e 9 demonstram a capacidade instalada dos aeroportos, definida

pela concessionária, como a capacidade de atender com conforto e segurança o

movimento de passageiros em suas unidades operacionais. Foram produzidas em

dois momentos distintos (2009/2010), utilizando a mesma metodologia e fontes de

dados. De acordo com a Infraero, quando da implantação de uma nova unidade

aeroportuária ou da revitalização das unidades existentes, normalmente é analisado

o movimento operacional do aeródromo e realizada uma projeção de utilização e

demanda para os próximos dez ou quinze anos. Essa estatística pode apresentar

uma margem operacional de 20% para mais.

Iniciamos nossa análise pelo aeroporto de Recife, por apresentar o maior

movimento, o Aeroporto Internacional dos Guararapes, foi totalmente reformulado

em 2006, aumentando sua capacidade operacional para cinco milhões de

passageiros/ano. Dentro da perspectiva da administração aeroportuária, deveria

atingir sua capacidade operacional após o ano de 2016. No entanto, de acordo com

os dados apresentados na tabela 10, em 2009 já operava com 94% da sua

capacidade instalada e em 2010 superou em 20% essa capacidade, apresentando

um crescimento vertiginoso no movimento de passageiros nos últimos três anos

(tabela 11).

O aeroporto de Natal, Augusto Severo, foi reformado em 2002 e deveria

atingir sua capacidade operacional plena em 2012. Sete anos após a reforma

operava com 82% da sua capacidade operacional em 2010, ultrapassou em 19%

essa capacidade.

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113

O aeroporto de João Pessoa, reformado no ano de 2007, apresentava em

2009 um déficit operacional de 45%, um ano após esse déficit foi reduzido para

apenas 7%. Finalmente, o aeroporto de Campina Grande, revitalizado no ano de

2003, elevou a capacidade do atendimento de 80 para 250mil/pax/ano. Como

demonstrado nas tabelas 10 e 11, apenas 26%, da capacidade instalada foi utilizada

em 2009, aumentando em 2010 para 54,5%. Ou seja, o Aeroporto de Campina

Grande possui uma subutilização de 45,5%.

As tabelas 8 e 9, demonstram a evolução do transporte aéreo nos aeroportos

circunvizinhos e nos dois principais aeroportos da Paraíba, e pode configurar o atual

cenário da aviação civil na região. A capacidade operacional instalada foi definida

mediante projeção da concessionária, o movimento operacional foi extraído do

Tabela 8 Capacidade instalada, déficit operacional (ano 2009)

Pax/Ano

milhões

Capacidade

instalada

Mov. Operacional Decf. Operacional %

Recife 5. 000 4.679.457 321.457 94%

Natal 2.000 1.643.165 357.165 82%

João Pessoa 1.000 448.444 552.444 45%

Campina Grande 250 66.239 187.761 26%

Fonte: INFRAERO – www.infraero.gov.br

Tabela 9 Capacidade instalada, déficit operacional (ano 2010)

Pax/Ano

milhões

Capacidade

instalada

Mov. Operacional Déficit Operacional %

Recife 5. 000 5.933.137 + 933.137 120%

Natal 2.000 2.413.146 + 413.146 120%

João Pessoa 1.000 930.450 69.550 93%

Campina Grande 250 114.258 135.742 45,5%

Fonte: INFRAERO – www.infraero.gov.br

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relatório anual do movimento de passageiros no Brasil, divulgado pela Agência

Nacional de Aviação Civil. De acordo com a INFRAERO (2010), para tentar

minimizar os problemas operacionais dos aeroportos supracitados, a administração

aeroportuária estuda a possibilidade de implantar módulos operacionais no

aeroporto de Recife e está construindo uma nova unidade operacional para atender

a demanda apresentada em Natal. Para os aeroportos de João Pessoa e Campina

Grande não se vislumbram grandes investimentos.

3.5.4 Perfil dos usuários do transporte aéreo que embarcam em Campina

Grande e João Pessoa

A tabela 10 é um extrato da pesquisa realizada no ano de 2009 com as cinco

principais agências de viagens instaladas na cidade de Campina Grande. Os dados

encontrados dizem respeito à soma de todas as passagens aéreas vendidas, mês a

mês, por esses agentes, bem como o local de embarque inicial do passageiro.

Busca-se evidenciar a demanda operacional do aeroporto de Campina

Grande e identificar as razões para o elevado déficit operacional. A pesquisa foi

realizada através de consulta direta aos agentes de viagens ou seus representantes

buscando identificar dentre outros itens, a quantidade de passagens aéreas

vendidas no balcão (diretamente ao usuário ou a terceiros) e no local de embarque

dos passageiros. Embora a forma de acesso dos agentes com as companhias

aéreas seja via web, como o usuário não efetuou a compra direta com a empresa

aérea, não caracteriza a compra via internet. De acordo com a Gol - Linhas Aéreas,

atualmente quase 75,5% das passagens da companhia são comercializados pelas

agências de viagens e seus agentes credenciados. A empresa afirma ter sido a

primeira companhia aérea brasileira a disponibilizar pela internet um portal de

atendimento e vendas de passagens diretamente pelos usuários. De acordo com a

gerência local, em Campina Grande esse percentual fica próximo de 74%, sendo,

entretanto, números difíceis de ser contabilizados de forma individualizada.

Como apresentado na tabela 10, foram vendidas, em 2009, 15.355

passagens aéreas para os mais variados destinos. Desse total, apenas 3.107

optaram por embarcar no aeroporto de Campina Grande, o que em termos

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115

percentuais representa um pouco mais de 20% do montante de passagens

adquiridas.

Tabela 10 Passagens aéreas vendidas no balcão (Agências de viagens – Campina Grande)

Vendas de Passagens/Agências – ano 2009 15.355

Embarque outras localidades 12.248

Embarque Campina Grande 3.107

Fonte: Agências de Viagens

Do total declarado de vendas, 12.248 passageiros embarcaram em outros

aeroportos. Tecnicamente essas pessoas poderiam embarcar em sua cidade de

origem, visto que o aeroporto da cidade de Campina Grande oferece voos diários

com escalas, para os principais destinos no Brasil e no mundo. Aprofundando a

pesquisa, foi identificado que uma das agências de viagens que figura na pesquisa

(Exitour, viagens e turismo) organiza anualmente até três roteiros de viagens

turísticas, dentre eles “Sul Jovem”, destinado a jovens a adolescentes, para

conhecerem o Sul do Brasil, e a “Disney Fantástica”. Nesses roteiros embarcaram

quase 400 pessoas, (2009) a partir de Recife (aeroporto dos Guararapes) por meio

de uma infraestrutura terrestre montada com ônibus fretados. As outras agências

consultadas pela pesquisa foram: Speed Turismo, Delta Turismo, Classic Turismo e

Brasil Turismo.

Quais as razões que podem levar o usuário do transporte aéreo a efetuar a

compra de passagens nas agências locais e percorrer distâncias consideráveis por

via terrestre, para efetuar o embarque em outras cidades?

Para levantar dados sobre esse fenômeno foram realizadas entrevistas

estruturadas com 100 passageiros, selecionados de modo casual, nos aeroportos de

Campina Grande e João Pessoa, em horários e dias alternados (esse recorte foi

definido em função do número médio de embarque diário). A tabela 11 (referente ao

Aeroporto de Campina Grande) é um extrato de dados desse levantamento. Foi

identificado que 58% dos passageiros que embarcam, são homens, na faixa etária

entre 25 e 45 anos (61%); empresários e profissionais liberais formam o maior

contingente dos viajantes, dos quais 46% declaram ser a negócios o motivo da

viagem. É importante destacar que 60% dos entrevistados declaram viajar com

frequência e 5% estavam viajando pela primeira vez.

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Nossa pesquisa identificou que Campina Grande funciona como cidade-polo,

concentrando viajantes de lugares variados. Também identificamos que os destinos

mais procurados, são pela ordem, o aeroporto de Guarulhos-SP e o Rio de Janeiro,

com 58% e 14%, respectivamente.

Tabela 11 Extrato da pesquisa sobre perfil do passageiro – Campina Grande - SBKG (em%)

Sexo Faixa etária Profissão

1- masculino 58

2- feminino 42

1-até 18 anos 2 2-(18 a 25) 6 3-(25 a 45) 61 4-(45 a 65) 30 5-(maior de 65) 1

1-professor 6 2-médico 8 3-advogado 1 4-jornalista 3 5-engenheiro 5 6-analista de sistema 4 7-comerciante 9 8-empresário 13 9-dona de casa 4 10-aposentado 3 11-outros 26 12-estudante 5 13-P. liberal 6 14-rep. Comercial 7

Motivo da viagem Frequência Origem 1-negócios 46 2-turismo 26 3-trat. saúde 3 4-estudos 3 5-visitar parentes 13 6-outros 5 7-convenção 4

1-uma vez por ano 12 2-a cada seis meses 36 3-uma vez por mês 24 4-duas vezes por mês 14 5-eventual 9 6-primeira vez 5

1-Região 20 2-retorno 48 3-Campina Grande 29 4-Outros 3

Desembarque SBKG (sim)38 Desembarque SBKG (não)10 Destino

1-São Paulo 58 2-Rio de Janeiro 14 3-Brasília 6 4-outros 9 5-Região 13

Na tabela 12, apresentamos os dados colhidos no aeroporto de João Pessoa.

Usando a mesma metodologia os dados não diferem muito dos apresentados na

tabela 11. Um dado, no entanto, se destacou: 38% dos entrevistados declararam ser

de Campina Grande, perguntados sobre o motivo do embarque em João Pessoa

27% declararam ter sido o valor da passagem; 8%,os horários mais flexíveis e 3%

alegaram outros motivos.

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Tabela 12 extrato da pesquisa -perfil do passageiro João Pessoa– SBJP (%)

Sexo Faixa etária Profissão

1- masculino 61

2- feminino 39

1-até 18 anos 4 2-(18 a25) 10 3-(25 a 45) 58 4-(45 a 65) 25 5-maior de 65) 3

1-professor 4 2-médico 6 3-advogado 3 4-jornalista 2 5-engenheiro 5 6-analista de sistema 1 7-comerciante 15 8-empresário 25 9-dona de casa 5 10-aposentado 3 11-outros 15 12-estudante 5 13-P. liberal 4 14-rep. comercial 7

Motivo da viagem Frequência Origem

1-negócios 55 2-turismo 17 3-trat. saúde 6 4-estudos 4 5-visitar parentes 12 6-outros 6 7-convenção -

1-uma vez por ano 15 2-a cada seis meses 39 3-uma vez por mês 23 4-duas vezes por mês 10 5-eventual 7 6-primeira vez 6

1-Região 6 2-retorno 21 3-Campina Grande 38 4-Outros 8 5-Local/JPS 27

Motivo da compra e

embarque de bilhete

saindo de João Pessoa

Destino

1-preço 27

2-horários 8

3-outros 3

1-São Paulo 55 2-Rio de Janeiro 13 3-Brasília 8 4-outros 17 5-Região 7

Também levantamos dados sobre os horários e voos disponíveis. Em

Campina Grande (cf. tabela 13) apenas dois voos partem do Aeroporto João

Suassuna, um com destino a São Paulo e outro com destino a Rio de Janeiro, com

escala em Recife, ambos no período da tarde, operados por uma única empresa

aérea.

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Tabela 13 Movimento diário de voos

LOCAL: CAMPINA GRANDE - SBKG

CIA. AÉREA EQUIPAMENTO HORARIO/UTC DESTINO

GLO1819 B737/M SBKG1840 SBRF0043 GLO1679 B737/M SBKG2045 SBRF0016

Fonte: CGNA/DECEA

Do aeroporto de João Pessoa, partem 18 diários para os mais variados

destinos, a maioria deles diretos, sem escalas (tabela 14), operados por cinco

empresas aeras, com horários distribuídos em praticamente todo a dia, isso incita a

concorrência, valorizando a lei da oferta e da procura. Vale a pena salientar que o

aeroporto Castro Pinto funciona em horário ininterrupto (24horas), o que facilita para

empresas aéreas e para os usuários a escolha de horários mais flexíveis.

Tabela 14 Movimento diário de voos

LOCAL: JOÃO PESSOA - SBJP

CIA.AEREA

EQUIPAMEMTO

HORÁRIO/UTC

DESTINO

TAM3689 A319/M SBJP0335 SBGR0312 PTN4723 A319/M SBJP0445 SBRF0015 AZU4245 E190/M SBJP0447 SBKP0256 TAM3393 A320/M SBJP0515 SBCW0209 GLO1161 TAM3359

B738/M A320/M

SBJP0520 SBJP0615

SBBS0152 SBGR0312

GLO1081 B738/M SBJP0635 SBGL0246 GLO1897 B738/M SBJP0740 SBSV0115 GLO1677 B738/M SBJP0820 SBBR0240 TAM3865 A320/M SBJP0825 SBRF0015 TAM3783 A320/M SBJP1045 SBBR0205 TAM3357 A320/M SBJP1812 SBGR0315 ONE6345 F100/M SBJP1815 SBBR0238 TAM3485 A320/M SBJP1818 SBGL0244 TAM3861 A320/M SBJP1850 SBRF0015 TAM3483 A320/M SBJP1850 SBBR0205 GLO1793 B738/M SBJP1855 SBGL0254 GLO1871 B738/M SBJP2200 SBBR0240

Fonte: CGNA/DECEA

Para identificarmos as diferenças no valor da passagem, simulamos a compra

de um bilhete aéreo diretamente no site empresa aérea que presta o serviço nos

dois aeroportos. Nas figuras 21 e 22, no trecho Campina Grande - São Paulo para o

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dia 20/02/2011, o valor da passagem era de R$ 1.239,45 (mil duzentos e trinta e

nove reais e quarenta e cinco centavos).

Figura 21 valor da passagem aérea – Campina Grande/São Paulo

Fonte: Adaptado do site (Gol-linhas aéreas)

Para o trecho João Pessoa - São Paulo, no mesmo dia, o usuário poderia

adquirir a passagem por até R$ 609,45 (seiscentos e nove reais e quarenta e cinco

centavos, uma diferença de mais de 100%. Outro dado bastante peculiar foi

encontrado no voo (GLO1679) que liga Brasília a Recife com escala em Campina

Grande, o valor da passagem para esta cidade é superior na maioria das vezes em

mais de 50% ao valor para Recife, embora a aeronave pouse primeiro em Campina

Grande. O fato é no mínimo intrigante e sugere uma pesquisa mais aprofundada, o

que não é objeto de nosso estudo.

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Figura 22 valor da passagem aérea – João Pessoa/São Paulo

Fonte: Adaptado do site (Gol-linhas aéreas)

Embora todos esses percalços, a pesquisa identificou que o município de

Campina Grande funciona como cidade polo, concentrando viajantes dos mais

lugares variados. O fato pode se atribuído à localização da cidade. De acordo com a

figura 23, a cidade está localizada estrategicamente próxima de municípios

economicamente importantes, une geograficamente as microrregiões do Cariri, Brejo

e Agreste paraibano, além de ser compulsoriamente ponto de passagem entre esses

municípios para capital do Estado. Assim elaboramos um mapa (figura 29) para

identificar com maior clareza da distância, localização e área de influência da cidade

de Campina Grande.

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Figura 23 Mapa Paraíba (Divisão Política)

Fonte: IBGE (adaptação: Prof. Francisco Evangelista Porto)

Dentro do recorte, utilizamos a distância padrão de 50 e 100 km de raio,

tendo com ponto central o aeroporto da cidade. Essa distancia abrange inclusive

municípios dos estados fronteiriços (Pernambuco e Rio Grande do Norte).

Segundos dados do IBGE (2010) a região em estudo é composta por uma

população de cerca de um milhão de habitantes, distribuídas em 25 municípios, (o

recorte da pesquisa computou apenas os dados dos municípios com mais de 10 mil

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habitantes). Pode-se destacar que, Campina Grande é referência em setores de

saúde, educação e comércio, para toda essa região, e que fora as capitais litorâneas

dos estados vizinhos, não existe nenhum aeroporto com uma infraestrutura

disponível que satisfaça as exigências do transporte aéreo. Entende-se que sendo o

aeroporto da cidade o centro dessa região de abrangência, poderia ser a opção,

mais viável para os usuários do transporte aéreo em toda essa área de abrangência.

É óbvio que a escolha de utilização da infraestrutura por passageiros e

empresas aéreas, depende de outras variáveis também detectadas pela pesquisa

que seguem em ordem crescente de prioridades como: valor da passagem, opção

de horários e destinos mais flexíveis e garantias de operação. Entretanto, pensamos

que investimentos na melhoria da infraestrutura aeroportuária disponível em

Campina Grande levaria a uma utilização mais racional, do aeroporto reduzindo sua

ociosidade de operação.

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4 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Os dados obtidos mostram, que o Brasil não investiu o necessário em obras

de infraestrutura em geral. Esse cenário atingiu particularmente o setor de

transportes, em seus quatro modais: rodovias, ferrovias, portos e aeroportos. Com a

recente retomada do desenvolvimento econômico e suas implicações positivas,

como o aumento do poder de compra e o crescimento do emprego e renda, parte da

população se mobilizou de forma mais efetiva, saturando e tornando mais evidentes

os gargalos que impedem o crescimento do país, dentre eles a incapacidade do

setor de transporte aéreo no que se refere ao atendimento da crescente demanda,

objeto do nosso estudo.

O crescimento na utilização do transporte aéreo de forma contundente. No

ano 2000, o número de passageiros transportados pelos aeroportos brasileiros foi de

pouco mais de 68 milhões. Em 2010, esse movimento saltou para cerca de 155

milhões de passageiros, um crescimento percentual de 140%. No caso do Estado da

Paraíba, esse crescimento foi ainda maior: no ano 2000 embarcaram e

desembarcaram nos dois principais aeroportos do Estado, algo próximo a 250 mil

passageiros; em 2010, esse valor evoluiu para mais de um milhão de passageiros,

em um aumento percentual, de mais de 400%, demonstrando o potencial de

crescimento do mercado de aviação local.

O que se observou, entretanto é que os investimentos em infraestrutura

aeroportuária não acompanharam o ritmo do crescimento da demanda. Embora os

investimentos públicos no setor aéreo tenham sido elevados de R$ 503 milhões em

2003, para mais de R$ 1,3 bilhão em 2010. Na Paraíba os investimentos não

atingiram a cifra dos 60 milhões de reais, valor muito aquém das reais necessidades

do setor. Com relação aos aeródromos administrados pelo Estado da Paraíba, esses

investimentos foram ainda mais pífios. Em todo o período coberto pela pesquisa

(2000/2010), apenas R$ 6,5 milhões de reais foram efetivamente utilizados para

reforma e manutenção dos aeródromos sob sua responsabilidade. O resultado disso

é que metade dos 12 aeródromos registrados e homologados estão com suas

operações suspensas pelas autoridades aeronáuticas, por apresentar risco potencial

as operação aéreas.

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Apesar de Campina Grande funcionar com cidade polo, com uma

abrangência efetiva em mais de 25 municípios e quase um milhão de habitantes, o

aeroporto da cidade oferece poucos atrativos para embarque e desembarque de

passageiros. A pesquisa identificou por meio das entrevistas com os representantes

do setor produtivo local, que o aeroporto na maioria dos casos não satisfaz os

anseios de suas entidades representadas, sobretudo pela pouca oferta de voos e

horários. Desta forma, segundo dados das agências de viagens de Campina

Grande, pouco mais de 20% dos usuários do transporte aéreo que efetuam a

compra da passagem aérea nas agências de viagens local, optam por embarcar no

aeroporto da cidade. O restante prefere percorrer distâncias consideráveis para

utilização dos aeroportos de Recife e João Pessoa. O fato pode ser explicado pela a

diferença do valor da passagem, em muitos casos superior a 100%, e pela baixa

disponibilidade de horários e destinos mais flexíveis.

Quanto à baixa utilização do aeroporto de Campina Grande pelas empresas

aéreas, foi observado entraves significativos, como a ausência de equipamento para

abastecimento de combustíveis, o reduzido comprimento da pista de aterrissagem,

além da falta de equipamentos modernos para auxiliar na operação das aeronaves.

Essa pesquisa procurou demonstrar importância do transporte aéreo como

elo fundamental para o desenvolvimento regional, pois possibilita a construção de

sociedades multiculturais, além de incluir áreas remotas no processo do

desenvolvimento global. Entretanto procuramos deixar bastante claro que a

existência de uma unidade aeroportuária por si só não é capaz de incrementar o

desenvolvimento local.

Numa sociedade democrática as autoridades públicas e do setor aéreo

devem implementar meios para facilitar a participação da sociedade civil organizada,

através de parcerias com universidades e órgãos de pesquisa, como forma de

encontrar mecanismos para que um maior número de pessoas tenham acesso as

benesses do setor de transporte aéreo. Considerando as dimensões do nosso País

e as restrições impostas por outros modais de transporte, o modal aéreo pode ser

usado com instrumento do desenvolvimento regional, desde que as autoridades

competentes consigam reverter o que ora se apresenta, problemas ocasionados,

sobretudo, pelos baixos índices de investimentos no setor.

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125

A questão fundamental para os aeródromos paraibanos é a falta de visão

clara dos seus papéis, em contraposição aos papéis das autoridades envolvidas. A

elas cabe obviamente formular políticas públicas, para dar suporte às ações

intervencionista nos aeroportos e entendê-los como parte integrante de um projeto

de desenvolvimento regional.

Considera-se que nossos objetivos foram atingidos, visto que a pesquisa

procurou discutir as políticas públicas nacionais e locais para inserção do aeroporto

como parte integrante de um projeto de desenvolvimento regional. Espera-se com

isso gerar nova fonte de informação, discussões e pesquisas em uma aérea de

pouco explorada e carente de conhecimentos.

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4.1 REFERÊNCIAS

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ANEXOS

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ANEXO1 Formulário - aplicado nas agências de viagens

UNIVERSIDADE ESTADUAL DA PARAÍBA – UEPB PRÓ-REITORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO E PESQUISA - PRPGP

PROGRAMA ASSOCIADO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM DESENVOLVIMENTO REGIONAL (MESTRADO) - UEPB/UFCG

TEMA: Infraestrutura aeroportuária e o desenvolvimento regional – o caso do Estado da Paraíba

Esta pesquisa destina-se ao levantamento de dados para subsidiar a dissertação de mestrado em Turismo e Desenvolvimento Regional

Autor: José Almir de Oliveira Filho

Ano de Referência: 2009

Mês Total de Passagens

Embarque Campina Grande

Embarque outras localidades

Dezembro/08

Janeiro/09

Fevereiro

Março

Abril

Maio

Junho

Julho

Agosto

Setembro

Outubro

Novembro/09

TOTALANO

Verso:

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Motivo de Embarque em Outras Localidades:

Valor da Passagem

Horário do Voo Outros

Obs: Passagens Vendidas por via direta, nas principais Agências de Viagens na Cidade de Campina Grande-PB

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ANEXO2 – Formulário - aplicado ao gerente de base/ GOL- Linhas Aéreas

UNIVERSIDADE ESTADUAL DA PARAÍBA – UEPB PRÓ-REITORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO E PESQUISA - PRPGP

PROGRAMA ASSOCIADO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM DESENVOLVIMENTO REGIONAL (MESTRADO) - UEPB/UFCG

TEMA: Infraestrutura aeroportuária e o desenvolvimento regional – o caso do Estado da Paraíba

ENTREVISTADO:__________________________________________________ Aeroporto: _______________________Função: _________________________

1) Existe expectativa de crescimento em relação ao mercado de

passageiro e carga aérea em Campina Grande?

2) Se sim, de quanto por cento? ___________

3) Quais os destinos mais procurados /origem CPV pela ordem em

percentagem? (cinco)

a.__________________________ b.__________________________ c.__________________________ d. __________________________ e. __________________________ 4) Qual o índice médio de ocupação dos voos (individual)/dia?

5) Na pesquisa foi levantado que um elevado índice de passageiros

compram passagens em Campina Grande, e embarcam em outras

localidades. A que o senhor atribui este fato?

6) Existe a expectativa da companhia que o senhor representa de

aumentar o numero de voos nesse aeroporto?

7) Em sua opinião porque não existem voos diretos a partir dessas

localidades para os destinos mais procurados.

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ANEXO3 – Formulário - aplicado ao Presidente de FIEP

UNIVERSIDADE ESTADUAL DA PARAÍBA – UEPB PRÓ-REITORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO E PESQUISA - PRPGP

PROGRAMA ASSOCIADO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM DESENVOLVIMENTO REGIONAL (MESTRADO) - UEPB/UFCG

TEMA: Infraestrutura aeroportuária e o desenvolvimento regional – o caso do Estado da Paraíba

Entrevistado: ____________________________________________________ Cargo: ___________________________________________

1) O Senhor acredita que os Aeroportos podem ser instrumento de desenvolvimento regional, porque?

2) Qual a perspectiva que o senhor e a instituição que representa tem com relação ao aeroporto local?

3) Essa expectativa é prontamente atendida? (justifique)

4) O aeroporto de Campina Grande, operou em 2010 com pouco de mais 35% da sua capacidade operacional, Na sua opinião que poderia ser feito para melhorar esse índice?

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ANEXO4 – Formulário –Enviado por e-mail aos superintendentes dos Aeroportos de

Campina Grande e João Pessoa

UNIVERSIDADE ESTADUAL DA PARAÍBA – UEPB PRÓ-REITORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO E PESQUISA

PROGRAMA ASSOCIADO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM DESENVOLVIMENTO REGIONAL (MESTRADO) - UEPB/UFCG

PROJETO DE PESQUISA

Infraestrutura aeroportuária e o desenvolvimento regional – o caso do Estado

da Paraíba

ENTREVISTADO: ______________________________________________ Aeroporto: __________________________ Função: ____________________

1) O Senhor acredita que os Aeroportos podem ser instrumento de

desenvolvimento regional?(justifique)

2) Quantos empregos diretos e indiretos são gerados a partir do Aeroporto?

3) Quais foram os investimentos que o Governo Federal aplicou nesse Aeroporto

através e Infraero nos últimos dez anos?

4) Houve algum investimento de Governo Estadual ou Municipal?

5) Existem novos investimentos previstos para essa unidade?

6) Em que serão investidos e quanto?

7) Qual foi o percentual de crescimento dessa unidade nos últimos anos?

8) Qual sua perspectiva de crescimento futuro?

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ANEXO 5 Formulário – aplicados em 100 (cem) passageiros nos aeroportos de

Campina Grande e João pessoa.

UNIVERSIDADE ESTADUAL DA PARAÍBA - UEPB

PRÓ-REITORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO E PESQUISA - PRPGP

PROGRAMA ASSOCIADO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM

DESENVOLVIMENTO REGIONAL (MESTRADO) – UEPB/UFCG

TEMA: Investimentos Públicos no Sistema Aeroportuário – o caso da Paraíba.

Esta pesquisa destina-se ao levantamento de dados para subsidiar a dissertação de mestrado em Turismo e Desenvolvimento Regional

Autor: José Almir de Oliveira Filho

PERFIL DO PASSAGEIRO:

LOCALIDADE:

SEXO FAIXA ETÁRIA PROFISSÃO

MOTIVO FREQUÊNCIA ORIGEM ..... .........................

SEXO FAIXA ETÁRIA PROFISSÃO

MOTIVO FREQUÊNCIA ORIGEM ..... .........................

SEXO FAIXA ETÁRIA PROFISSÃO

MOTIVO FREQUÊNCIA ORIGEM ..... .........................

SEXO FAIXA ETÁRIA PROFISSÃO

MOTIVO FREQUÊNCIA ORIGEM ..... .........................

SEXO FAIXA ETÁRIA PROFISSÃO

MOTIVO FREQUÊNCIA ORIGEM ..... .........................

SEXO FAIXA ETÁRIA PROFISSÃO

MOTIVO FREQUÊNCIA ORIGEM ..... .........................

SEXO FAIXA ETÁRIA PROFISSÃO

MOTIVO FREQUÊNCIA ORIGEM ..... .........................

SEXO FAIXA ETÁRIA PROFISSÃO

MOTIVO FREQUÊNCIA ORIGEM ..... .........................

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CATEGORIAS PARA AS QUESTÕES

Sexo

1- masculino

2- feminino

Faixa etária

1- até 18 anos

2- (18 a 25)

3- (25 a 45)

4- (45 a 65)

5- (maior de 65)

Profissão

1- professor

2- médico

3- advogado

4- jornalista

5- engenheiro

6- analista de sistema

7- comerciante

8- empresário

9- dona de casa

10- aposentado

11- outros

12- estudante

13- P. liberal

14- rep.comercial

Motivo da viagem

1- negócios

2- turismo

3- trat. saúde

4- estudos

5- visitar parentes

6- outros

7- convenção

Frequência

1- uma vez por ano

2- a cada seis meses

3- uma vez por mês

4- duas vezes por

mês

5- eventual

6- 1º vez

Origem

1- Região

2- retorno

3- Campina Grande

4- Outros

5- Local/JPS

Destino

1- São Paulo

2- Rio de Janeiro

3- Brasília

4- outros

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