INFLUÊNCIA DO SÓDIO SÉRICO SOBRE A VARIABILIDADE DA ...

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS REGIONAL JATAÍ PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS APLICADAS À SAUDE VIVIANE LOVATTO INFLUÊNCIA DO SÓDIO SÉRICO SOBRE A VARIABILIDADE DA FREQUÊNCIA CARDÍACA DE DOENTES RENAIS CRÔNICOS DIALÍTICOS Jataí GO 2019

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS – REGIONAL JATAÍ

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS APLICADAS À SAUDE

VIVIANE LOVATTO

INFLUÊNCIA DO SÓDIO SÉRICO SOBRE A VARIABILIDADE

DA FREQUÊNCIA CARDÍACA DE DOENTES RENAIS

CRÔNICOS DIALÍTICOS

Jataí – GO

2019

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VIVIANE LOVATTO

INFLUÊNCIA DO SÓDIO SÉRICO SOBRE A VARIABILIDADE DA

FREQUÊNCIA CARDÍACA DE DOENTES RENAIS CRÔNICOS

DIALÍTICOS

Dissertação de Mestrado apresentada ao

Programa de Pós-Graduação em Ciências

Aplicadas à Saúde da Universidade Federal de

Goiás – Regional Jataí para obtenção do Título

de Mestre em Ciências Aplicadas à Saúde.

Orientador: Profª Drª Patrícia Leão da Silva

Agostinho

Coorientadora: Profª Drª Sabrina Toffoli

Leite

Jataí – GO

2019

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Dedico este trabalho aos meus pais,

Carmen e Dolvimar, meus exemplos,

que não mediram esforços para essa conquista.

Amo vocês!!

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AGRADECIMENTOS

A Deus pela vida e por todas as oportunidades a mim atribuídas, sempre me

concedendo ânimo e coragem. A Ele eu devo minha gratidão.

Aos meus pais por acreditarem nos meus sonhos, pelo apoio e amor

incondicional. A minha vitória será eternamente nossa.

A minha orientadora, Profa Dra Patricia, pelos ensinamentos, amizade,

compreensão e conselhos nos momentos de tensão. Você é magnífica!

A minha coorientadora, Profa Dra Sabrina, pela parceria e presença constante no

desenvolvimento desse projeto. Você é sensacional!

Aos colaboradores da Clínica de Doenças Renais de Rio Verde, por me

acolherem com tanto carinho e atenção.

Agradecimento especial aos voluntários que contribuíram com esse estudo,

muito obrigada pela disponibilidade e receptividade. Vocês são extraordinários.

À Coordenação de Aperfeiçoamento Pessoal de Nível Superior, por acreditar no

desenvolvimento científico e tecnológico desse país.

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Foi o tempo que dedicaste à tua rosa que a fez tão importante.

Antoine de Saint-Exupéry

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SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ............................................................................................................ 1

2. JUSTIFICATIVA E HIPÓTESE .................................................................................. 7

3. OBJETIVOS ................................................................................................................. 9

3.1 Objetivo geral ............................................................................................................. 9

3.2 Objetivos específicos .................................................................................................. 9

4. MATERIAIS E MÉTODOS ....................................................................................... 10

4.1 Casuística .................................................................................................................. 10

4.2 Análises dos prontuários dos dialíticos ..................................................................... 11

4.3 Avaliação antropométrica ......................................................................................... 11

4.4 Análise do sódio sérico ............................................................................................. 11

4.5 Coleta e análise da variabilidade da frequência cardíaca ......................................... 12

4.6 Análise estatística ..................................................................................................... 14

5. RESULTADOS .......................................................................................................... 15

6. DISCUSSÃO .............................................................................................................. 18

7. CONSIDERAÇÕES FINAIS ..................................................................................... 23

REFERÊNCIAS .............................................................................................................. 24

ANEXOS ........................................................................................................................ 31

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QUADROS, TABELAS, FIGURAS E ANEXOS

Figura 1. . Fluxograma de recrutamento, alocação dos voluntários e dos

procedimentos ............................................................................................................ 11

Figura 2. Esquema do protocolo experimental de avaliação da função autonômica

cardíaca de repouso em supino .................................................................................. 12

Tabela 1. Características clínicas e demográficas dos grupos de estudo .................. 14

Tabela 2. Dados bioquímicos referentes a função renal, eletrólito e adequação de

diálise de acordo com os grupos de estudo ................................................................ 15

Tabela 3. Dados da análise da variabilidade da frequência cardíaca no domínio do

tempo dos grupos de estudo ....................................................................................... 15

Tabela 4. Dados da análise da variabilidade da frequência cardíaca no domínio da

frequência dos grupos de estudo ................................................................................ 16

ANEXO 1 Parecer do Comitê de Ética em Pesquisa ................................................. 30

ANEXO 2 Termo de Consentimento Livre e Esclarecido ......................................... 31

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SÍMBOLOS, SIGLAS E ABREVIATURAS

AF alta frequência

Ang II angiotensina II

BF baixa frequência

cm centímetros

DAC doença arterial coronariana

DCV doença cardiovascular

DF domínio da frequência

DRC doença renal crônica

DT domínio do tempo

ECA enzima conversora de angiotensina

FC frequência cardíaca

g/dL gramas por decilitro

GC grupo controle

GDH grupo dialítico hiponatremia

GDN grupo dialítico normotremia

HD hemodiálise

HVE hipertrofia ventricular esquerda

Hz hertz

IC insuficiência cardíaca

KDIGO Kidney Disease: Improving Global Outcomes

IMC índice de massa corporal

iR-R intervalos R-R

kg/m² quilogramas por metro quadrado

Kg quilogramas

Kt/V índice de adequação da diálise. (K) depuração da ureia do dialisador, (t) tempo de

tratamento, (V) volume de distribuição da ureia do paciente.

m metros

MBF muito baixa frequência

mg/dL miligramas por decilitro

ml/min/1,73m² mililitros por minuto por 1,73 metros quadrado

ml mililitros

mmol/L milimol por litro

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ms milissegundos

ms² espectral absoluto

MSC morte súbita cardíaca

Na+ íon sódio

NN50 número absoluto dos iR-R adjacentes com diferença de duração maior que 50 ms

PA pressão arterial

pNN50 porcentagem dos iR-R adjacentes com diferença de duração maior que 50 ms

rMSSD a raiz quadrada da média do quadrado das diferenças entre iR-R normais

adjacentes

RVP resistência vascular periférica

SDNN desvio padrão de todos os iR-R normais

SNA sistema nervoso autônomo

sNa sódio sérico

SNAP sistema nervoso autônomo parassimpático

SNAS sistema nervoso autônomo simpático

SRAA sistema renina angiotensina aldosterona

SUS Sistema Único de Saúde

TCLE termo de consentimento livre e esclarecido

TFG taxa de filtração glomerular

TRS terapia renal substitutiva

UF ultrafiltração

VFC variabilidade da frequência cardíaca

WHO World Health Organization

ºC graus Celsius

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RESUMO

Influência do sódio sérico sobre a variabilidade da frequência cardíaca de doentes

renais crônicos dialíticos

Introdução: indivíduos com doença renal crônica dialíticos, frequentemente

apresentam desequilíbrio no sistema nervoso autônomo (SNA) bem como perturbações

no equilíbrio hidroeletrolítico, o que pode repercutir negativamente no sistema

cardiovascular. Objetivo: analisar a influência do sódio sérico (sNa) sobre a

variabilidade da frequência cardíaca (VFC) de doentes renais crônicos dialíticos.

Métodos: um estudo transversal com abordagem comparativa foi realizado com

indivíduos de ambos os sexos, submetidos à hemodiálise de manutenção e um grupo

controle. Foi realizada a análise dos prontuários dos voluntários dialíticos, avaliação

antropométrica, análise da VFC em repouso, no domínio do tempo (DT) e da frequência

(DF) e avaliação dos marcadores bioquímicos da função renal. Os voluntários foram

alocados em três grupos, sendo grupo dialítico normotremia (GDN), com valores de

sNa dentro dos parâmetros de normalidade; grupo dialítico hiponatremia (GDH), com

valores de sNa inferiores à normalidade; e um grupo controle (GC), sem doença renal.

Resultados: a amostra foi constituída por 32 voluntários, sendo o GC = 10, GDN = 14 e

GDH = 8 participantes. Não foram encontradas diferenças entre os grupos nas variáveis

antropométricas e clínicas. Para as variáveis bioquímicas da função renal, houve

diferença entre o GC vs GDN e GDH. A análise da VFC no DT, mostrou que o GDH

apresentou redução da VFC em comparação aos demais grupos. Enquanto que, no DF, o

GDN exibiu modulação com predomínio simpático, enquanto que o GDH mostrou

modulação com predomínio parassimpático. Conclusão: os resultados sugerem que em

pacientes dialíticos, há redução da VFC e que o estado de hiponatremia intensifica a

disautomia cardíaca, o que aumenta o risco de um evento cardiovascular.

Palavras-chave: Insuficiência Renal Crônica; Diálise Renal; Eletrólitos; Sistema

Nervoso Autônomo, Frequência Cardíaca.

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ABSTRACT

Influence of serum sodium on the heart rate variability of chronic dialysis patients

Introduction: Individuals with dialytic chronic kidney disease often have autonomic

nervous system (ANS) imbalances as well as disturbances in the hydroelectrolytic

balance, which can negatively impact the cardiovascular system. Objective: To analyze

the influence of serum sodium (sNa) on heart rate variability (HRV) in chronic dialytic

renal patients. Methods: A cross-sectional study with a comparative approach was

conducted with individuals of both sexes undergoing maintenance hemodialysis and a

control group. Analysis of the dialysis volunteers' medical records, anthropometric

assessment, HRV analysis at rest, in the time domain and frequency, and evaluation of

the biochemical markers of renal function were performed. The volunteers were

allocated into three groups, the normotremia dialysis group, with sNa values within the

normal range; dialytic hyponatremia group, with sNa values lower than normal; and a

control group without kidney disease. Results: the sample consisted of 32 volunteers,

with control group = 10, normotremia dialysis group = 14 and dialytic hyponatremia

group = 8 participants. No differences were found between groups in anthropometric

and clinical variables. For the biochemical variables of renal function, there was a

difference between control group vs normotremia dialysis group and dialytic

hyponatremia group. HRV analysis in time domain showed that dialytic hyponatremia

group presented a reduction in HRV compared to the other groups. While in domain

frequency, normotremia dialysis group showed modulation with sympathetic

predominance, while dialytic hyponatremia group showed modulation with

parasympathetic predominance. Conclusion: the results suggest that in dialysis patients

there is a reduction in HRV and that the state of hyponatremia intensifies cardiac

dysautomy, which increases the risk of a cardiovascular event.

Keywords: Renal Insufficiency Chronic; Renal Dialysis; Electrolytes; Autonomic

Nervous System; Heart Frequency.

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1. INTRODUÇÃO

A manutenção da homeostase corporal é fundamental à vida e está intimamente

relacionada com o equilíbrio hidromineral. O íon sódio (Na+), dentre todos os íons

inorgânicos presentes no organismo é crucial no controle da osmolaridade extracelular.

Aproximadamente 95% do conteúdo total de sódio corporal encontra-se no fluído

extracelular. Modificações na concentração de sódio sérico (sNa) determinam a direção

do fluxo osmótico entre os compartimentos intra e extracelular, acarretando alterações

no volume, metabolismo e funcionamento das células (MOREIRA et al., 2017). Assim,

os transtornos relacionados ao sNa acarretam mudanças osmóticas que podem danificar

as funções do organismo e contribuir para o desenvolvimento de doenças.

Além de participar do controle do volume e da osmolaridade, o sódio também

contribui para a manutenção do equilíbrio ácido-básico, a absorção de nutrientes e é

fundamental para a contração muscular e transmissão de impulsos nervosos. Em

condições normais, 90 a 95% do sódio são excretados pelos rins através da urina, e o

restante é eliminado por meio das fezes e da pele (transpiração). Nesse sentido, a

quantidade de sódio expelida na urina é praticamente igual à ingerida. Inúmeros

mecanismos regulam o balanço de sódio, os principais são o sistema renina-

angiotensina-aldosterona (SRAA), o sistema nervoso autônomo simpático (SNAS), o

peptídeo atrial natriurético, o sistema calicreína-quinina, além de mecanismos

intrarrenais (KHAN et al., 2016; BAZNANELLI; CUPPARI, 2017).

A concentração de sNa é rigorosamente regulada apresentando níveis normais

entre 135 e 145 mmol/L, níveis inferiores à 135 mmol/L caracterizam a hiponatremia. A

hiponatremia destaca-se como a desordem eletrolítica mais frequente na prática clínica.

Ela está relacionada com a maior mortalidade em pacientes hospitalizados e com

condições patológicas crônicas, como insuficiência cardíaca (IC), doença arterial

coronariana (DAC) e cirrose hepática, além de ser considerada um importante marcador

de pior prognóstico na doença grave (RONDON-BERRIOS; AGABA;

TZAMALOUKAS, 2014; FERRARIO et al., 2015; KHAN et al., 2016). Recentemente,

estudos tem demonstrado que a hiponatremia está presente na doença renal crônica

(DRC), principalmente nos estágios avançados, relacionando-se a desfechos

desfavoráveis (ROCHA, 2011; ZHANG et al., 2016; GOLESTANEH et al., 2017).

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De acordo com a KDIGO (2013), a DRC consiste em lesão do parênquima renal,

com perda progressiva e irreversível das funções dos rins, resultando na incapacidade

do organismo em controlar o equilíbrio metabólico e hidroeletrolítico renal. Assim, a

DRC é definida como anormalidades da estrutura ou função renal, presente por mais de

três meses com consequências para a saúde, sendo classificada com base na causa e na

taxa de filtração glomerular (TFG).

A deterioração da função renal resulta em alterações renais e extrarrenais

adaptativas e compensatórias que permitem que o equilíbrio hídrico seja mantido,

entretanto, quando há queda da TFG ˂15 mL/min/1,73m² (estágio 5 ou doença renal

crônica em estágio terminal), o indivíduo pode desenvolver sobrecarga de volume,

apesar da orientação a restrição de sódio, o que configura indicação para iniciar a

terapia renal substitutiva (TRS) por meio da diálise peritoneal ou hemodiálise (HD)

(KHAN et al., 2016).

A HD, terapia que realiza a depuração do sangue artificialmente, é utilizada há

décadas em pacientes com insuficiência renal crônica para auxiliar na remoção de

toxinas urêmicas do sangue e corrigir distúrbios metabólicos. A ultrafiltração (UF),

volume de fluído extracelular, é usada para manter o controle do volume pela remoção

do excesso de sal e água. Assim, se espera que a HD retarde as alterações adaptativas do

sistema cardiovascular, como a hipertrofia do ventrículo esquerdo (HVE) e disfunção

microvascular coronariana, decorrentes da sobrecarga de volume em indivíduos com

uremia, porém se tem observado alta mortalidade por causa cardiovascular nessa

população (CHIRAKARNJANAKORN et al., 2017; ROMAGNANI et al., 2017).

A UF pode produzir rápida remoção de fluídos dentro de um tempo limitado e

promover instabilidade hemodinâmica, em virtude da natureza intermitente da HD

convencional, que é realizada três vezes por semana durante quatro horas, apresentando

comprovação experimental fisiológica, a boa aceitação, viabilidade e logística para os

pacientes (PASCUAL et al., 2008).

Dados recentes do Inquérito Brasileiro de Diálise (SESSO et al., 2017),

notificaram que mais de 122 mil pessoas realizam algum tipo de diálise, destes 65,7%

tem idade entre 20 e 64 e a HD é a TRS mais frequente (92,1%), associada a taxa anual

de mortalidade de 18,2%. Levantamento realizado por Alcalde e Kirsztajn (2018) para

verificar o impacto financeiro da doença renal no Sistema Único de Saúde (SUS)

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mostrou que no triênio 2013-2015, ela respondeu por 12,95% das despesas e que 5% do

orçamento foi gasto com TRS.

O fluxo sanguíneo acelerado para remover a UF e as alterações eletrolíticas,

também podem contribuir para anormalidades cardiovasculares. Estes causam estresse

hemodinâmico durante a HD, bem como alterações na fisiologia e eletrofisiologia dos

cardiomiócitos, o que pode resultar em arritmias intra e inter-diálise e também aumentar

o risco de morte súbita cardíaca (MSC) em pacientes submetidos à HD, especialmente

durante o início da terapia (CHIRAKARNJANAKORN et al., 2017). Recentemente, foi

observado que a terapia hemodialítica exacerba a excitação do sistema nervoso

autônomo simpático (SNAS), fato atribuído ao caráter intermitente da HD

convencional, que pode resultar em flutuações na UF contribuindo para a ativação das

vias neuro-humorais de controle da pressão arterial (PA) (HOYE et al., 2018).

Um importante regulador da PA é o sistema renina angiotensina aldosterona

(SRAA), que está diretamente envolvido no controle de sódio total no organismo e,

consequentemente, do volume extracelular, sendo determinado principalmente pelas

ações da angiotensina II (Ang II) em vários locais, incluindo o rim, o córtex adrenal, o

sistema nervoso e os vasos sanguíneos. Como a ativação do SRAA causa aumento

discreto da PA, porém mantido e progressivo, é considerado o principal sistema

regulatório de longo prazo da PA (MILL, 2009). A Ang II circulante geralmente é

aumentada na DRC e pode estimular a modulação simpática (BLANKESTIJIN, 2004).

Em decorrência da retirada abrupta de volume durante a HD, pode ocorrer

hipovolemia central, hipotensão e hipóxia que são fatores excitatórios ao SNAS em

decorrência do estímulo dos barorreceptores e quimiorreceptores. O objetivo da

ativação desse sistema é assegurar a perfusão cerebral e coronariana, bem como

mobilizar substratos metabólicos, consequentemente no sistema cardiovascular irá

provocar aumento da resistência vascular periférica (RVP), vasoconstrição e efeitos

inotrópico e cronotrópico positivos (LEITE-MOREIRA, 2009).

Os mecanismos que tangem a HD causam a excitação do SNAS resultando em

mudanças, inicialmente consideradas como respostas compensatórias de curto prazo, às

alterações hemodinâmicas que resultam da função cardíaca anormal. No entanto, o

caráter intermitente da HD e a presença da DRC, o desequilíbrio da atividade do SNAS

e SNAP impulsionam o remodelamento adaptativo de maneira prejudicial e promove

maior deterioração da função cardíaca (VAN BILSEN et al., 2017).

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Disfunção do sistema nervoso autônomo (SNA) ou disautonomia ocorre em

aproximadamente metade dos doentes renais crônicos em estágio terminal. A

disautonomia cardíaca ocorre quando há redução no tônus parassimpático e aumento do

tônus simpático, caracterizando, assim, o desequilíbrio autonômico. Além disto, há

indícios de que a disautonomia cardiovascular está relacionada com a hipotensão

arterial de diálise, hipertensão arterial crônica e arritmia, (SIPAHIOGLU et al., 2012;

OLIVEIRA et al, 2014), hipertrofia ventricular esquerda, doença microvascular,

disfunção endotelial e aterosclerose (FRANCZYK-SKÓRA et al., 2015;

CHIRAKARNJANAKORN et al., 2017; HOYE et al., 2018), o que aumenta o risco de

um evento cardiovascular.

O SNA no sistema cardiorrespiratório é responsável pelo controle da frequência

cardíaca (FC), contratilidade, cronotropismo, pressão arterial (PA) e atividade

respiratória. Assim, a investigação da regulação autonômica cardíaca pode ser realizada

pela variabilidade da frequência cardíaca (VFC), que avalia as oscilações espontâneas

da FC por meio da análise dos intervalos entre os batimentos cardíacos consecutivos

(iR-R), que consiste em um método bem aceito na literatura, de fácil reprodutibilidade e

baixo custo (TASK FORCE, 1996; VANDERLEI et al., 2009; WILLIAMS et al.,

2016).

A VFC pode ser analisada através de modelos lineares e modelos não lineares.

As análises de modelos lineares podem ser feitas utilizando métodos matemáticos sendo

divididas em domínio do tempo (DT) e domínio da frequência (DF). A análises no DT

leva em consideração o tempo entre os iR-R e é realizada utilizando dados como média,

desvio padrão e coordenadas cartesianas, estimam-se os índices tradutores de flutuações

na duração dos ciclos cardíacos (VANDERLEI et al., 2009).

Os índices do DT são SDNN desvio padrão de todos os iR-R normais gravados

em um intervalo de tempo, expresso em milissegundos (ms); representa as atividades

simpática e parassimpática, porém não permitem distinguir quando as alterações da

VFC são devidas ao aumento do tônus simpático ou à retirada do tônus vagal; índice

rMSSD é a raiz quadrada da média do quadrado das diferenças entre iR-R normais

adjacentes, em um intervalo de tempo, expresso em ms; pNN50 índice que representa a

porcentagem dos iR-R adjacentes com diferença de duração maior que 50ms. Os índices

rMSSD e pNN50 representam a atividade parassimpática, pois são encontrados a partir

da análise de iR-R adjacentes (TASK FORCE, 1996; VANDERLEI et al., 2009).

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Por sua vez, a análise no DF é realizada pela decomposição dos iR-R que ocorre

através do algoritmo de transformada rápida de Fourier (FFT), em diferentes amplitudes

e frequências, sendo verificado em Hertz (Hz). Essa metodologia de análise espectral

fornece diferentes informações sobre o controle neural e outras vias fisiológicas que

modulam o ciclo cardíaco (TASK FORCE, 1996; VANDERLEI et al., 2009). Esta

análise decompõe a VFC em componentes oscilatórios fundamentais, sendo que os

principais:

- Componente de alta frequência (High Frequency – HF), com variação de 0,15 a 0,4Hz

corresponde à modulação respiratória e é um indicador de atuação do nervo vago sobre

o coração;

- Componente de baixa frequência (Low Frequency – LF), com variação entre 0,04 e

0,15Hz decorrente da ação conjunta dos componentes vagal e simpático sobre coração,

com predomínio do simpático;

- Componente de muito baixa frequência (Very Low Frequency – VLF), é um índice

menos utilizado cuja explicação fisiológica não está bem elucidada, porém parece se

relacionar ao sistema renina angiotensina aldosterona, à termorregulação e ao tônus

motor periférico;

- Relação LF/HF, reflete as alterações absolutas e relativas entre os componentes

simpático e parassimpático do SNA, caracterizando o balanço simpato-vagal sobre o

coração.

Em indivíduos sem doença cardíaca, a FC tem alto grau de variabilidade

batimento a batimento. A VFC oscila com a respiração, aumenta com a inspiração e

diminui com a expiração e é mediada, principalmente, pela atividade parassimpática.

Assim, valores mais altos de VFC estão associados ao controle autonômico

funcionalmente eficiente (TASK FORCE, 1996). Portanto, a FC e a VFC fornecem

informações de como o organismo reage e se adapta ao estresse, à fadiga física e às

variações na solicitação metabólica (SESSA et al., 2018).

Na presença de distúrbios renais graves, quando as compensações intrarrenais

necessárias para controlar a quantidade excretada de sódio e água já foram esgotadas,

ajustes sistêmicos são ativados com o objetivo de manter as alterações mínimas do

volume extracelular, tais como: alterações na PA estimulando barorreceptores, dos

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hormônios circulantes como o aumento na síntese e secreção da vasopressina e a

excitação do SNAS (HALL, 2011). Esses ajustes podem ser ofensivos, em termos de

homeostasia, por causarem alterações no organismo, possivelmente nocivas em longo

prazo no sistema cardiovascular.

Estudos demonstram que a redução na VFC é um fator prognóstico desfavorável

para eventos cardiovasculares, como: insuficiência cardíaca (IC), morte súbita, aumento

no número de hospitalização relacionada à DRC e em doentes renais crônicos em

estágio 5 (DRAWZ; BABINEAU; BRECKLIN, 2013; CHOU; TSAI, 2016; KUO et al.,

2018). Além disso, pacientes dialíticos tem apresentado alterações na VFC

(RANPURIA et al., 2007; SIPAHIOGLU et al., 2012; CHANG et al., 2016) e

eletrolíticas envolvendo o sNa (GOLESTANEH et al., 2017; SHIMIZU et al., 2018)

associadas á realização da HD.

Vários estudos têm utilizado os índices da VFC para estratificar o risco de

evento cardiovascular em doentes renais crônicos submetidos a HD de manutenção. A

redução da VFC aliada a valores reduzidos no componente de baixa frequência, bem

como o SDNN, rMSSD tem sido interpretados como fortes preditores de

morbimortalidade em doentes renais crônicos hemodialíticos (SURESH et al., 2009;

RUBINGER; BACKENROTH; SAPOZNIKOV, 2013; SEIBERT et al., 2016).

Além disso, a hiponatremia pré-diálise também tem sido associada ao maior

risco de mortalidade cardiovascular em hemodialíticos. Estudos prévios realizados por

Waikar (2011) e Peixoto e Santos (2011) investigaram a associação entre os níveis de

sNa no momento pré-diálise e descobriram que aqueles que apresentaram valores

inferiores à normalidade, estavam mais propensos a desenvolver evento cardiovascular

quando comparados aos indivíduos dialíticos normotrêmicos, entretanto, os mecanismos

subjacentes a estes achados não foram investigados.

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2. JUSTIFICATIVA E HIPÓTESE

O principal regulador dos fluídos corporais é o sódio que, juntamente com os

rins, mantem constante o volume nos compartimentos intra e extracelulares (MOREIRA

et al., 2017). Em condições normais, a quantidade de sódio ingerida é praticamente

equivalente à excreta na urina (BAZNANELLI; CUPPARI, 2017), assim a volemia é

mantida constante, bem como a pressão arterial (MILL, 2009). O sódio contribui

também para o equilíbrio ácido-base, contração muscular, bem como para a condução

do impulso nervoso, sendo que qualquer alteração nos níveis plasmáticos de sódio pode

desencadear prejuízos em vários sistemas concomitantemente (KHAN et al., 2016).

A hiponatremia é o distúrbio eletrolítico habitualmente encontrado na prática

clínica e tem sido relacionada com pior prognóstico em pacientes hospitalizados e

portadores de doenças crônicas (FERRARIO et al., 2015; KHAN et al., 2016). Além

disso, a VFC mostrou-se estar reduzida em pacientes com DRC em HD

(GOLESTANEH et al., 2017), além de predizer risco de evento cardiovascular nessa

população (KUO et al., 2018).

Informações sobre a influência dos níveis de sNa sobre a VFC de hemodialíticos

são escassas na literatura, bem como o funcionamento dessa maquinaria. Apesar dos

avanços tecnológicos para melhorar a qualidade da remoção de toxinas urêmicas e o

aumento da sobrevida de doentes renais crônicos hemodialíticos, há inúmeros fatores

envolvidos na morbimortalidade nessa população (FRANCZYK-SKÓRA et al., 2015).

Nas últimas décadas, a quantidade de adultos que necessitam de diálise aumentou, bem

como a taxa de mortalidade (SESSO et al., 2017). Faz-se necessário compreender a

fisiopatologia da hiponatremia nos hemodialíticos, bem como utilizar métodos simples e

de baixo custo para estratificar o risco de evento cardiovascular e, assim, otimizar

condutas clínicas.

Conforme descrito anteriormente, no curso da DRC em pacientes

hemodialíticos, as alterações nos níveis de sNa e na VFC estão associados a desfechos

desfavoráveis. Postulamos que indivíduos com insuficiência renal crônica submetidos à

HD de manutenção com distúrbio eletrolítico apresentando redução na VFC serão mais

susceptíveis à disautomia cardíaca do que os indivíduos sem distúrbio eletrolítico e

doença renal.

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3. OBJETIVOS

3.1 Objetivo geral

Avaliar a influência dos níveis de sódio sérico sobre a variabilidade da

frequência cardíaca de doentes renais crônicos dialíticos comparados a indivíduos

saudáveis.

3.2 Objetivos específicos

Caracterizar os grupos de estudo conforme os níveis de sódio sérico.

Descrever os dados bioquímicos referentes á função renal dos grupos do estudo;

Avaliar os níveis de sódio sérico dos voluntários;

Avaliar a variabilidade da frequência cardíaca dos participantes.

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4. MATERIAIS E MÉTODOS

4.1 Casuística

O presente trabalho trata-se de um estudo do tipo transversal, quantitativo e com

abordagem comparativa, cujo projeto foi aprovado pelo Comitê de Ética e Pesquisa da

Universidade Federal de Goiás – Regional Jataí sob parecer nº 3.166.511 (ANEXO I).

A amostra foi constituída por 22 indivíduos de 23 a 59 anos de ambos os sexos

biológicos, diagnosticados com doença renal crônica estágio 5 com TFG <15

mL/min/1,73m² (NKF/KDOQI, 2002), cadastrados na Clínica de Doenças Renais de

Rio Verde – Goiás. O grupo controle (GC) foi constituído por 10 voluntários que

pertenciam ao convívio social dos dialíticos de 26 a 44 anos, de ambos os sexos, e as

avaliações foram realizadas somente após o conhecimento do participante através do

termo de consentimento livre e esclarecido (TCLE).

Foram incluídos no estudo voluntários dialíticos com idade entre 18 e 60 anos,

com condições clínicas e hemodinâmicas estáveis, em HD de manutenção três vezes por

semana durante quatro horas, por, no mínimo, três meses, com os prontuários

devidamente preenchidos contendo dados necessários para a pesquisa e análises

bioquímicas. Enquanto que, os participantes que apresentaram instabilidade

hemodinâmica, doença hepática, infecção ativa, insuficiência cardíaca, infarto agudo do

miocárdio recente, menopausa, histerectomia total, pois tais situações podem influenciar

nas reações do SNA (VON HOLZEN et al., 2016), transplantados, doenças endócrinas,

doenças infectocontagiosas e período gravídico, de acordo com prontuário médico,

foram excluídos da amostra, bem como os pacientes em uso de qualquer classe de

betabloqueadores, visto que o mesmo interfere nas respostas do SNA (SANDRONE et

al., 1994). Em relação ao grupo controle a mostra foi concebida por conveniência sendo

incluídos os voluntários que assentiram através do TCLE que na anamnese não

apresentassem histórico de doença cardíaca, infecção ativa, internação recente, uso de

medicamento anti-hipertensivo, além disso, exibisse função renal normal perante

resultados dos exames bioquímicos e não realizassem atividade física.

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4.2 Análises dos prontuários dos dialíticos

Foram coletadas as informações de saúde dos prontuários dos voluntários

dialíticos, como: doenças associadas, uso de medicação, tempo de diálise, taxa de

ultrafiltração (UF) e marcadores bioquímicos da função renal, como creatinina, ureia,

albumina, além do sódio e índice de Kt/V.

O índice Kt/V quantifica e avalia a adequação da diálise e são baseadas nos

cálculos da depuração fracional de ureia através da fórmula logarítma de segunda

geração proposta por Daugirdas (1993).

Após a análise dos prontuários dos participantes que atenderam os critérios do

estudo, foram abordados pessoalmente pela pesquisadora, que explicou em detalhes os

objetivos da pesquisa, da mesma maneira os procedimentos metodológicos, e somente

após a assinatura do TCLE as demais avaliações foram efetivadas.

4.3 Avaliação antropométrica

Todas as medidas antropométricas foram realizadas utilizando a padronização da

World Health Organization (WHO, 1995). A massa corporal foi medida em balança

mecânica (modelo 110 CH, Welmy®, Brasil) com capacidade de até 150 kg e variação

de 0,1 kg. A mensuração foi realizada com o paciente posicionado em bipedestação no

centro da plataforma, sem apoio e sem fazer movimentos, com os braços estendidos ao

lado do corpo. A estatura foi medida por meio do estadiômetro acoplado à balança com

variação de 0,1 cm. Os participantes foram orientados a ficarem descalços, em posição

ereta, com as pernas estendidas, os pés paralelos e os calcanhares juntos alinhados ao

estadiômetro. O índice de massa corporal (IMC) foi calculado como a razão entre a

massa e o quadrado da altura do participante (kg/m2).

4.4 Análise do sódio sérico

Para a análise do sódio plasmático, a amostra de sangue foi coletada no

momento pré-diálise e analisada pelo método Eletrodo Íon Seletivo, através do

equipamento Electrolyte Analyser Roche®, conforme especificações técnicas (AVL

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SCIENTIFIC CORPORATION, 1996). De acordo com os níveis de sNa, os voluntários

dialíticos foram divididos em dois grupos: grupo dialítico com hiponatremia (GDH),

que foi constituído pelos voluntários que apresentavam os níveis de sNa inferiores à

normalidade, e grupo dialítico com normotremia (GDN) com níveis de sNa dentro dos

parâmetros de normalidade. (KHAN et al., 2016). Todos os voluntários do grupo

controle (GC) estavam normotrêmicos. A Figura 1 representa a elegibilidade da

amostra, sendo que 26 dialíticos não foram localizados.

Figura 1. Fluxograma de recrutamento, alocação dos voluntários e dos procedimentos.

4.5 Coleta e análise da variabilidade da frequência cardíaca

A análise da VFC foi realizada em uma sala, cedida pela clínica, com

temperatura entre 21ºC e 23ºC e umidade entre 40 e 60%, no horário entre 5h e 16h para

minimizar as influências do ritmo circadiano. Os voluntários foram orientados a não

ingerirem bebidas alcoólicas e/ou estimulantes do SNA, como café e chá, nas 24 horas

precedentes à avaliação.

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Para avaliação autonômica cardíaca, foi realizado o registro da FC de repouso

utilizando o cardiofrequencímetro Polar RS800CX (Polar EletroOy, Kempele,

Finlândia) para aquisição dos sinais batimento-a-batimento correspondentes aos

intervalos entre ondas R consecutivas do eletrocardiograma (iR-R) (WILLIAMS et al.,

2017). Esse instrumento consiste em uma cinta elástica com um transmissor de captação

acoplado, posicionada no tórax do voluntário, que capta informações a uma frequência

de amostragem de 1000 Hz, proporcionando uma resolução temporal de 1 ms para cada

iR-R. O receptor dos dados, um relógio, foi posicionado no pulso do avaliado.

Os voluntários foram orientados a se manterem acordados e evitar conversas

durante a coleta. Após a colocação da cinta e do monitor, os voluntários foram

posicionados em posição supina em uma maca onde permaneceram em repouso,

conforme esquema da Figura 2. Foram descartados os períodos iniciais de captação em

virtude das oscilações que podem ocorrer e o sistema não se encontra em estado de

estabilidade (VANDERLEI et al., 2009).

Os voluntários dialíticos foram avaliados previamente à sessão de hemodiálise,

na segunda ou terceira sessão semanal.

Figura 2. Esquema do protocolo experimental de avaliação da função autonômica

cardíaca de repouso em supino. O traço contínuo vermelho indica o período em que foi

retirado o trecho que melhor demonstrou estabilidade do sinal e foi utilizado para a

análise da VFC.

Mediante a decomposição do sinal eletrocardiográfico, se obteve o tacograma

dos iR-R e a análise da VFC nos domínios do tempo (DT) e da frequência (DF), em

conformidade com os procedimentos padronizados pela literatura (TASK FORCE,

1996).

De acordo com o esquema da Figura 2, foram obtidos 15 minutos contínuos de

registro dos iR-R em posição supina em repouso. Para a análise, foram descartados os

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primeiros cinco minutos de registro e selecionados visualmente os 10 minutos

subsequentes, o trecho de cinco minutos de sinal estacionário mais estável,

representando a coleta de repouso com respiração espontânea. Os registros

eletrocardiográficos foram transferidos para o computador e, com o auxílio do software

Polar ProTrainer 5™, codificados em arquivos de texto e, posteriormente, analisados no

software Kubios HRV versão 3.1, com utilização do filtro no grau moderado, e foram

obtidos os valores de média iR-R (MeanRR), no DT, os índices desvio padrão de todos

os iR-R normais (SDNN), a raiz quadrada da média do quadrado das diferenças entre

iR-R normais adjacentes (rMSSD) expresso em milissegundos (ms), número absoluto

dos iR-R adjacentes com diferença de duração maior que 50 ms (NN50) e porcentagem

dos iR-R adjacentes com diferença de duração maior que 50 ms (pNN50), e no DF os

componentes de alta frequência (AF), com variação de 0,15 a 0,4Hz, que corresponde à

modulação respiratória e é um indicador da atuação do nervo vago sobre o coração, e

componente de baixa frequência (BF) com variação entre 0,04 e 0,15Hz, que é

decorrente da ação conjunta dos componentes vagal e simpático sobre o coração, com

predominância do simpático (TASK FORCE, 1996).

4.6 Análise estatística

Para a análise dos dados foi utilizado o software Statiscal Package for the Social

Sciences versão 20.0 para Windows. Foi realizada a análise descritiva dos dados

demográficos e clínicos. A normalidade dos dados foi avaliada pelo teste de Shapiro

Wilks. Todas as variáveis foram verificadas quanto à presença de outlier. Para comparar

a influência do sNa sobre a VFC nos grupos (GC, GDN e GDH) foi utilizado o teste de

Kruskal-Wallis e para as comparações múltiplas foi adotado o post hoc de Dunn. O teste

de Man-Whitney foi utilizado para identificar as diferenças entre as variáveis obtidas

em cada grupo, foram considerados significativos p<0,05.

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5. RESULTADOS

Dentre os 22 doentes renais crônicos submetidos à HD de manutenção, 14

apresentaram níveis sNa dentro da faixa de normalidade configurando o grupo dialítico

com normonatremia (GDN), enquanto que oito voluntários estavam com os níveis de

sNA inferiores a faixa de normalidade caracterizando o grupo dialítico com

hiponatremia (GDH), o grupo sem doença renal crônica, ou seja, o grupo controle (GC)

foi composto por 10 voluntários. As características gerais dos participantes, de acordo

com os grupos, podem ser observadas na Tabela 1. Os medicamentos usados pelos

dialíticos para controlar a hipertensão arterial foram: inibidores adrenérgicos, inibidores

dos receptores de cálcio e bloqueadores dos receptores da angiotensina II.

Tabela 1. Características clínicas e demográficas dos grupos de estudo.

Variável GC (n=10) GDN (n=14) GDH (n=8) p

Gênero masculino (n) 3 7 5 0,85ª

Faixa etária (anos) 31,80±5,49 38,35±10,24 43,87±13,55 0,07 ᵇ

Estatura (m) 1,67±0,40 1,62±0,72 1,61±0,07 0,15ᵇ

Massa corporal (Kg) 74,21±7,12 67,41±11,46 64,33±17,51 0,08ᵇ

IMC (kg/m²) 26,48±2,05 26,39±4,69 25,58±6,47 0,57ᵇ

Taxa de ultrafiltração (ml) - 2,61±1,23 2,81±1,05 0,73ᶜ

Tempo de diálise (meses) - 27,92±22,62 47,75±36,75 0,37ᶜ

Causa da DRC - 0,79ª

Nefroesclerose hipertensiva n 0 4 3 0,60ª

Não esclarecida n 0 9 4 0,67ª

Glomeronefrite crônica n 0 1 1 0,70ª GC: grupo controle; GDN = grupo dialítico com normotremia; GDH = grupo dialítico com hiponatremia;

m = metros; IMC = Índice de massa corporal; kg/m² = quilogramas por metro quadrado; kg =

quilogramas; ml = mililitros; Teste Qui-quadradoª, Teste de Kruskal-Wallisᵇ; Teste de Mann-Whitneyᶜ.

As variáveis bioquímicas que tangem sobre a função renal (ureia, creatinina e

albumina) e os níveis de sNa dos grupos no momento pré-diálise, assim como do GC

estão demonstradas na Tabela 2. Foram observadas diferenças estatísticas entre os

grupos (GC vs GDN e GDH), porém não houve diferença estatística entre os grupos

GDN e GDH em relação aos dados bioquímicos avaliados.

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Tabela 2. Dados bioquímicos referentes a função renal, eletrólito e adequação de diálise

de acordo com os grupos de estudo.

Variável GC (n=10) GDN (n=14) GDH (n=8) p

Ureia (mg/dL) 28,60±11,82 83,78±24,82 101,37±32,19 0,00 ªᵇ

Creatinina (mg/dL) 0,94±0,21 9,90±2,29 10,13±3,38 0,00 ªᵇ

Albumina (g/dL) 4,50±0,44 3,81±0,54 3,96±0,57 0,00 ªᵇ

Sódio (mmol/L) 140,74±1,12 137,64±1,15 133,50±1,51 0,00 ªᵇ

Kt/V NA 1,48±0,39 1,48±0,45 0,91ᶜ GC: grupo controle; GDN = grupo dialítico com normotremia; GDH = grupo dialítico com hiponatremia;

mg/dL = miligramas por decilitro; g/dL = gramas por decilitro; mmol/L = milimol por litro; Kt/V = índice

de adequação da diálise; NA = não se aplica; Teste de Kruskal-Wallis. ª Diferença entre GC e GDN; ᵇ

Diferença entre GC e GDH.

Os resultados da análise da VFC a partir da análise no domínio do tempo são

demonstrados na Tabela 3. Os grupos compostos pelos dialíticos mostraram valores

inferiores quando comparados com o GC, especialmente o GDH. O índice SDNN, que

reflete o componente simpático do SNA, e o índice rMSSD, que representa o

componente parassimpático, estão significativamente reduzidos revelando prejuízo na

função autonômica cardíaca.

Tabela 3. Dados da análise da variabilidade da frequência cardíaca a partir do domínio

do tempo de acordo com os grupos de estudo.

Variável GC (n=10) GDN (n=14) GDH (n=8) P

MeanRR ms 837,20±126,22 807,08±118,54 772,54±102,59 0,70

SDNN ms 35,41±19,14 17,37±13,33 9,16±4,99 0,00 ª

rMSSD ms 39,50±24,79 18,13±18,30 9,97±6,96 0,01 ª

NN50 ms 55,33±58,76* 12,21±36,01 2,25±6,36 0,00 ªᵇ

pNN50 16,66±18,21* 3,44±10,12 0,57±1,63 0,00 ªᵇ GC: grupo controle; GDN = grupo dialítico com normotremia; GDH = grupo dialítico com hiponatremia,

MeanRR: média dos i-RR normais; SDNN = desvio padrão entre todos os i-RR adjacentes; rMSSD =

raiz quadrada da média do quadrado das diferenças entre iR-R normais adjacentes; NN50 = número

absoluto dos iR-R adjacentes com diferença de duração maior que 50 ms; pNN50 = porcentagem dos iR-

R adjacentes com diferença de duração maior que 50 ms; ms = milissegundos.Teste de Kruskal-Wallis; ª

Diferença entre os grupos GC e GDH; ᵇ Diferença entre os grupos GC e GDN, *excluído outlier.

A análise da VFC no domínio do tempo sobre o índice SDNN mostrou que o

GDH apresenta-se significativamente reduzido em comparação ao GC (p=0,002), assim

como no índice rMSSD em que apenas o GDH exibiu redução quando comparado ao

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GC (p=0,005), demonstrando que na comparação em pares o GDH apresentou redução

da VFC além do predomínio da modulação parassimpática.

Já para o índice NN50, na comparação em pares o GDN e o GDH apresentaram

diferenças significativas em relação ao GC (p=0,010 e p=0,001 respectivamente), assim

como para o índice pNN50 revelando diferenças entre o GC vs GDN (p=0,014) e o GC

vs GDH (p=0,001).

Na Tabela 4 são apresentados os resultados da análise da VFC no domínio da

frequência. Assim como, no domínio do tempo, os grupos com os indivíduos dialíticos

revelaram redução nos componentes de baixa (BFms²) e alta frequência (AFms²)

espectral absoluto, especialmente no GDH. Os demais índices mostraram-se reduzidos

nos grupos dialíticos, porém sem diferenças.

Tabela 4. Dados da análise da variabilidade da frequência cardíaca a partir do domínio

da frequência de acordo com os grupos de estudo.

Variável GC (n=10) GDN (n=14) GDH (n=8) P

MBF Hz 0,03±0,00 0,03±0,00 0,03±0,00 0,24

BF Hz 0,08±0,02 0,06±0,02 0,05±0,01 0,09

AF Hz 0,27±0,06 0,28±0,08 0,29±0,07 0,85

BF nu 44,59±22,48 55,99±24,93 51,46±27,70 0,40

AF nu 55,25±22,58 43,67±24,88 48,40±27,69 0,40

BF/AF 1,44±2,12 2,04±1,66 1,45±1,99* 0,30

MBFms² 25,22±22,92 38,69±51,08 9,41±13,65 0,08

BFms² 363,01±376,08* 183,22±249,23 29,06±25,65 0,01ª

AFms² 798,25±1042,66* 155,21±308,59 40,66±47,28 0,03ª GC: grupo controle; GDN: grupo dialítico com normotremia; GDH: grupo dialítico com hiponatremia;

MBF: muito baixa frequência; BF: baixa frequência; AF: alta frequência; Hz: Hertz; nu: unidades

normalizadas; BF/AF: razão entre baixa e alta frequência; ms²: espectral absoluto; Teste Kruskal-Wallis; ª

Diferença entre os grupos GC e GDH, *excluído outlier.

Esses resultados revelam que a hiponatremia causou impacto negativo sobre

componente de BFms² no GDH em comparação ao GC (p=0,007), bem como

componente de AFms² (p=0,037). Os demais índices do domínio da frequência não

apresentaram diferenças entre os grupos analisados.

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6. DISCUSSÃO

Os resultados do presente estudo sugerem que os doentes renais crônicos

submetidos a HD de manutenção, apresentam redução na modulação autonômica

cardíaca mediante análise da VFC, quando comparados aos indivíduos não dialíticos.

No GDN, o desequilíbrio autonômico encontrado foi a predomínio da modulação

simpática e comprometimento da modulação parassimpática. Já no GDH, observou-se

predomínio da modulação parassimpática, porém os valores estão inferiores em

comparação aos demais grupos, cuja implicação resulta em redução da função

autonômica cardíaca, predispondo ao aumento do risco cardiovascular.

A redução da VFC é secundária ao declínio do tônus parassimpático e/ou

acréscimo do tônus simpático e tem sido associada ao aumento do risco de DCV

(WAKS; TERESHCHENKO; PAREKH, 2016). Desse modo, o caráter intensivo da HD

reforça a estimulação simpática em pacientes com insuficiência renal, sinalizando que

as toxinas urêmicas (por exemplo: ureia e creatinina) participam na manutenção da

disfunção autonômica cardíaca (UNDERWOOD et al., 2016), uma vez que a HD

remove apenas uma fração dessas toxinas.

A análise da VFC no domínio do tempo no índice SDNN, que representa a

atividade simpática do SNA (TASK FORCE, 1996) apresentou valores

significativamente reduzidos predominantemente no GDH (p=0,002) quanto aos demais

grupos de investigação. Prévio estudo examinou a associação entre a VFC e eventos

cardíacos e cerebrovasculares em pacientes com DRC submetidos a HD, e constatou

que os valores de SDNN no grupo que desenvolveu evento cardíaco e cerebrovascular

estavam reduzidos em relação àqueles que não o desenvolveram, evidenciando, assim,

que o predomínio da modulação simpática favorece o desenvolvimento da DCV (KIDA

et al., 2017).

Apesar de não haver scores estabelecidos para definir disautonomia cardíaca

uma revisão realizada por Hildreth (2012) sobre os indicadores prognósticos da VFC na

DRC evidenciou que os indivíduos com os valores de SDNN inferiores a 50ms

apresentavam risco maior de morte súbita cardíaca. Em nosso estudo os grupos

analisados apresentaram índice SDNN com valores abaixo aos citados na literatura (GC

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= 35,41±19,14ms; GDN = 17,37±13,33ms; GDH = 9,16±4,99ms), no GC esse fato

provavelmente se deve ao fato do sedentarismo.

De acordo com Maia (1997), em condições fisiológicas, os índices de rMSSD e

pNN50 representam a atividade vagal. Esse autor refere que valores menores de 30ms

de rMSSD e de 4% de pNN50 deverão ser considerados como um fator de risco para o

desencadeamento de arritmias. Na presente investigação foi constatado que os

voluntários dos grupos dialíticos apresentaram valores dos índices de rMSSD (GDN =

18,13±18,30ms e GDH = 9,97±6,96ms) e de pNN50 (GDN = 3,44±10,12 e GDH =

0,57±1,63) abaixo da normalidade conforme os dados da literatura.

O rMSSD, índice do domínio do tempo que reflete a atividade parassimpática

(TASK FORCE, 1996) no GDH, apresentou valores significativamente reduzidos

(p=0,005) quando comparado ao GC e ao GDN e, conforme alguns estudos, sua redução

está associada ao risco independente de mortalidade em pacientes com DRC (DRAWZ;

BABINEAU; BRECKLIN, 2013). Estes resultados corroboram com análises prévias

que encontraram redução dos índices SDNN e rMSSD em pacientes com doença renal

crônica submetidos a HD (OIKAWA et al., 2009; SIPAHIOGLU et al., 2012; KIDA et

al., 2017).

A análise da VFC no domínio da frequência, no grupo GDN apresentou-se com

valores reduzidos da banda de BFms² e AFms² quando comparados ao GC, entretanto,

houve predomínio da modulação simpática uma vez que o componente de BFms²

apresentou score superior a componente de AFms². Relação semelhante foi relatada no

estudo de Lerma et al (2014) em hemodialíticos com idade média de 32±9 anos de idade

em que houve maior influência simpática no momento pré-diálise. O componente BF

pode refletir efeitos cardíacos via barorreflexo mediado pelo nervo vago (SILVA et al.,

2015; THOMAS et al., 2019).

As oscilações do componente de BF, no sistema cardiovascular, podem ser

motivadas por vários mecanismos como respostas barorreflexas e centrais. Nesse

sentido, a terapia por HD envolve uma intensa mudança no volume sanguíneo central,

ou seja, a quantidade de sangue nas cavidades cardíacas, nos pulmões e nas artérias

centrais tende a diminuir. A hipovolemia central aguda estimula a ativação simpática,

de modo que a PA é mantida por vasoconstrição sistêmica e aumento da FC

(FERRARIO et al., 2015). A hiperatividade simpática pode contribuir para a

arritmogenicidade, hipertrofia do ventrículo esquerdo, morte súbita cardíaca, hipertrofia

vascular e resistência à insulina (ZHANG; WANG, 2013; SALMAN, 2015).

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A disfunção na sensibilidade do barorreceptor e o desequilíbrio entre os

componentes simpáticos e parassimpáticos, tanto em repouso quanto durante o exercício

físico, foram observados em pacientes com DRC. A função autonômica, especialmente

o arco barorreceptor, é um mecanismo regulador importante para manter a estabilidade

hemodinâmica durante a HD, e a sensibilidade atenuada dos barorreceptores pode

originar sintomas indesejáveis durante a HD. (CHIRAKARNJANAKORN et al., 2017).

A análise da VFC no domínio da frequência no índice MBF parece se relacionar

ao sistema renina angiotensina aldosterona, à termorregulação e ao tônus motor

periférico, nos grupos de estudo encontrou-se redução no índice MBFms² no GDH em

comparação aos demais grupos, este fato pode ser atribuído ao tempo de diálise que

atenuou a atividade do sistema renina angiotensina aldoterona.

No GDH a hiponatremia acentuou a disautonomia cardíaca quando comparada

aos demais grupos de estudo, entretanto nota-se que nesse grupo houve discreta

modulação parassimpática.

A modulação parassimpática, refletida pelo componente de AF, no GDH

supostamente seja uma resposta decorrente ao tempo de diálise prolongado

(45,11±35,28 meses vs 26,73±22,38 meses do GDN), em que esses pacientes já

experimentaram o aumento significativo da atividade simpática e as alterações na

função autonômica contribuíram para modificações na estrutura cardiovascular em

função da DRC. No entanto, é importante observar que a relação entre alterações do

fluxo autonômico e remodelação cardiovascular é bidimensional, e que a morfologia

cardíaca e vascular alterada pode influenciar o tônus parassimpático durante a doença

renal (SALMAN, 2015).

O desequilíbrio entre os componentes simpático e parassimpático do SNA pode

provocar perturbações clinicamente relevantes na fisiologia cardíaca. Este pode ser

simplificado como ativação excessiva do SNAS e retirada do SNAP. A influência do

SNAS favorece as arritmias (feito pró-arritmico), enquanto que o SNAP inibe o

surgimento de arritmias (efeito anti-arritmico). Assim, em pacientes com DRC o

predomínio da estimulação simpática pode exacerbar os efeitos negativos preexistentes

das condições cardíacas, tais como: isquemia, cardiomiopatia dilatada e

arritimogenicidade (FRANCIOSI et al., 2017; VAN BILSEN et al., 2017).

A relação entre os componentes de baixa e alta frequência (BF/AF), índice do

domínio da frequência que indica a relação do balanço simpatovagal, uma vez que,

quanto maior for esse valor, maior será o predomínio simpático, na investigação

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realizada por Nishimuta et al. (2010) a relação BF/AF maior que 1,9 em doentes renais

crônicos submetidos a HD a longo prazo foi associada ao aumento do risco de morte

súbita cardíaca. No presente estudo ficou evidente que o GDH cujo tempo de diálise é

de 47,75±36,75 meses apresentou razão BF/AF inferior ao citado a literatura (GDH =

1,45±1,99).

A hiponatremia na DRC em pacientes submetidos à HD de manutenção não está

totalmente elucidada, pressupõem-se que seja resultado da ingestão livre de líquido no

período interdialítico. Assim, a hiponatremia pode ser um indicador de mal prognóstico

e de remoção inadequada de água durante a diálise (COMBS; BERL, 2013;

GOLESTANEH et al., 2017; PEIXOTO; SANTOS, 2011; ZHANG et al., 2016) além

da liberação excessiva de vasopressina por estímulos não osmóticos, como dor,

anestésicos, hipoxemia, hipovolemia e uso de diuréticos (RAMESH, 2012).

Prévio estudo de Serigar (2014) verificou que os níveis de sNa podem ser usados

como preditores de volume e líquido extracelular em hemodialíticos. Para esses

indivíduos recomenda-se que o peso intradiálise esteja entre 2,5-2,9 Kg, a fim de evitar

reduzidos níveis de sNa. Na presente investigação observou-se que não houve controle

rigoroso do peso refletido pela taxa UF (GDN = 2540±1250 e GDH = 27010±1030 ml),

apesar de o estudo ser de caráter transversal. É importante salientar que o adequado

controle de ingestão de líquidos e sódio é crucial para essa população, com a finalidade

de evitar flutuações na UF e não sobrecarregar o sistema cardiovascular durante a HD

(CHIRAKARNJANAKORN et al., 2017).

Embora haver relatos de que as toxinas urêmicas podem danificar diretamente,

as pequenas fibras nervosas por alterações hidroeletrolíticas produzindo expansão ou

encolhimento do espaço neural, esse mecanismo não está completamente elucidado

(CHOU; TSAI, 2016).

Ensaios prévios relatam que a DRC altera a função autonômica indiretamente

através do seguinte mecanismo: o sistema renina angiotensina aldosterona é ativado e a

angiotensina II modula o fluxo de saída regional e redefine o barorreflexo em direção a

uma faixa de PA. Além do mais, a DRC também estimula as fibras aferentes e prejudica

o reflexo renal inibitório, contribuindo para o aumento da atividade simpática. Outros

fatores, como a retenção de sal, diminuição da biodisponibilidade do óxido nítrico,

remodelação cardiovascular e aumento da endotelina e produção de insulina também

podem influenciar o tônus cardiovagal (CHOU; TSAI, 2016).

Page 36: INFLUÊNCIA DO SÓDIO SÉRICO SOBRE A VARIABILIDADE DA ...

22

Para nosso conhecimento, não há na literatura estudos que tenham investigado a

influência da hiponatremia sobre a VFC em doentes renais crônicos, submetidos a HD

de manutenção, em adultos e com duração de diálise prolongada, o que evidencia

nossos achados onde os indivíduos com sNa inferiores à faixa de normalidade

apresentam redução da VFC, bem como uma modesta ativação parassimpática

decorrente do curso da doença renal e das adaptações morfofuncionais impostas pela

terapia hemodialítica.

Dessa forma, devido à natureza intermitente da HD, os pacientes experimentam

mudanças extremas nos compartimentos celulares, resultando em alterações

eletrolíticas, e instabilidade hemodinâmica, alterando a eletrofisiologia cardíaca, que,

por sua vez, acentua a disfunção autonômica deixando esse público susceptível ao risco

de mortalidade por DCV.

Page 37: INFLUÊNCIA DO SÓDIO SÉRICO SOBRE A VARIABILIDADE DA ...

23

7. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Os pacientes com DRC em estágio terminal submetidos à HD de manutenção

apresentam VFC reduzida, refletindo disfunção autonômica importante, especialmente

naqueles que apresentam hiponatremia. Essas condições configuram fatores de risco

relevantes para o desenvolvimento de um evento cardiovascular.

O estudo realizado apresentou limitações quanto ao tamanho da amostra e que

no GC foi efetuado apenas anamnese sobre o estado de saúde e não confirmação através

de exames específicos que comprovem a ausência de doença cardiovascular. Assim

como, não foi possível realizar a comprovação do sedentarismo nos grupos de estudo,

pois não foi aplicado questionário especifico para tal finalidade, o que ficou restrito

apenas a uma questão na ficha de avaliação.

Sugere-se que estudos com amostra maior e com critérios afunilados para o

grupo controle sejam realizados com o objetivo de confirmar os prejuízos que a

alteração nos níveis de sNa pode provocar no eixo neurocardíco de doentes renais

crônicos

Page 38: INFLUÊNCIA DO SÓDIO SÉRICO SOBRE A VARIABILIDADE DA ...

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Page 45: INFLUÊNCIA DO SÓDIO SÉRICO SOBRE A VARIABILIDADE DA ...

31

ANEXOS

Anexo 1 – Parecer do Comitê de Ética

Page 46: INFLUÊNCIA DO SÓDIO SÉRICO SOBRE A VARIABILIDADE DA ...

32

Anexo II – Termo de Consentimento Livre e Esclarecido

Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE)

O senhor (a) está sendo convidado (a) para participar, como voluntário (a), em uma

pesquisa intitulada “Avaliação da capacidade funcional, parâmetros bioquímicos e

eletromiográficos e variabilidade da frequência cardíaca de dialíticos”. Após

receber os esclarecimentos e as informações a seguir, se você aceitar fazer parte do

estudo, assine ao final deste documento, que está impresso em duas vias, sendo que uma

delas é sua e a outra pertence ao(à) pesquisador(a) responsável. Esclareço que em caso

de recusa na participação você não será penalizado(a) de forma alguma. Mas se aceitar

participar, as dúvidas sobre a pesquisa poderão ser esclarecidas pelo(s) pesquisador(es)

responsável(is), via e-mail: [email protected], [email protected], e,

inclusive, sob forma de ligação a cobrar, através do(s) seguinte(s) contato(s)

telefônico(s): Dra. Patrícia Leão da Silva Agostinho, no telefone: (64) 9090 98128-

4326, Viviane Lovatto (64) 9090 9988-0986. Ao persistirem as dúvidas sobre os seus

direitos como participante desta pesquisa, você também poderá fazer contato com o

Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Federal de Goiás – Regional Jataí, pelo

telefone (64) 3606 8303.

Título do projeto: Avaliação da capacidade funcional, parâmetros bioquímicos e

eletromiográficos e variabilidade da frequência cardíaca de dialíticos.

Essa pesquisa tem por finalidade avaliar a capacidade funcional pela força

muscular, a atividade elétrica dos músculos das pernas e do coração de dialíticos, tendo

como finalidade investigar fatores de riscos da Doença Renal Crônica, bem como

verificar se existe alguma relação com os exames bioquímicos que são feitos

periodicamente. O participante será submetido à avaliação da força muscular das pernas

através de um equipamento chamado de dinamômetro, este equipamento será fixado ao

pé por meio de uma cinta de velcro e nele estará o dinamômetro que irá medir a força

dos músculos quando realizar o movimento de ficar na ponta dos pés e de levantar a

ponta do pé para cima. Será realizada a avaliação do impulso elétrico que passa nos

músculos, esse impulso elétrico é gerado pelos neurônios quando é realizado um

movimento pela vontade do participante, para isso será utilizado a eletromiografia de

superfície, que detecta esses impulsos elétricos através de pequenos eletrodos adesivos

colados sobre a pele da perna em cima do músculo, esse procedimento não gera dor e

nem desconforto. Os movimentos que serão solicitados são os mesmos que irão avaliar

Page 47: INFLUÊNCIA DO SÓDIO SÉRICO SOBRE A VARIABILIDADE DA ...

33

a força muscular das pernas. E para avaliar a condução elétrica do coração será

realizado por meio de um cardiofrequencímetro, este equipamento contem uma cinta

que será colocada no tórax do participante que irá captar os impulsos elétricos do

coração e de um relógio que fará a tradução desse sinal. Para avaliação da força dos

músculos da perna e da condução elétrica dos músculos e do coração serão gastos

aproximadamente uma hora. Os participantes, tanto homens como mulheres, com idade

entre 18 e 59 anos, que não estiveram internados no hospital, não fizeram cirurgias nos

últimos 3 meses e sem infecção, serão convidados verbalmente, enquanto aguardam a

sessão de hemodiálise, a participar da pesquisa. Estas avaliações serão realizadas antes

do sr.(a) iniciar a diálise (dependendo do turno em que o sr(a) faz a hemodiálise que

poderá ser as 5h, 10h ou 15h), na sala onde é realizado o peso seco na própria clínica de

hemodiálise. Serão coletados os dados encontrados em exames clínicos, referentes às

análises bioquímicas por meio de exames laboratoriais disponíveis no seu prontuário.

É de extrema importância sua participação na pesquisa, pois ela auxilia no

desenvolvimento de melhores condutas para diminuir os efeitos da fraqueza muscular e

do desenvolvimento de uma doença no coração, apenas lembrando que a participação é

voluntária, podendo se retirar da pesquisa em qualquer fase da mesma, sem nenhuma

penalidade. Os riscos da pesquisa são mínimos, porém pode ocorrer cansaço, fadiga ou

constrangimento devido aos testes, se isso acontecer o teste será suspenso até que você

se restabeleça. Os benefícios da pesquisa é que ela promoverá o esclarecimento das

possíveis causas de prejuízo na saúde em decorrência das alterações músculo

esquelética e na função autonômica do coração, que podem predizer maior chance de vir

a óbito por causa dessas alterações, portanto pretendem-se contribuir para o

conhecimento nesta área de pesquisa e direcionar condutas que possam diminuir esses

riscos. O sr. (a) tem direito de pleitear indenização em caso de dano decorrente da

pesquisa. Será garantido, o anonimato e o sigilo das informações, além da utilização dos

resultados exclusivamente para fins científicos que se tornarão público sendo favoráveis

ou não, os dados ficarão guardados por cinco anos e, depois reciclados pela

pesquisadora responsável. A qualquer momento você poderá solicitar informações

sobre o andamento da pesquisa, poderá retirar-se do estudo ou não permitir a utilização

de seus dados em qualquer momento da pesquisa. Não ocorrerá nenhum pagamento de

despesa referente à sua participação no estudo, pois a participação é exclusivamente

voluntária. Tomaremos todos os devidos cuidados para que esta pesquisa não ofereça

nem um risco a sua saúde, caso ocorra qualquer intercorrência durante as atividades, eu

Page 48: INFLUÊNCIA DO SÓDIO SÉRICO SOBRE A VARIABILIDADE DA ...

34

me comprometo a fazer o acompanhamento/atendimento do (a) senhor (a) até sua

recuperação.

Ao término da pesquisa a pesquisadora responsável compromete-se entregar um

relatório com os resultados das avaliações realizadas para cada voluntário sem custos.

Eu____________________________________________________, inscrito (a)

sob o RG/ CPF_____________________, abaixo assinado, concordo com a minha

participação no estudo intitulado ―Avaliação da capacidade funcional, parâmetros

bioquímicos e eletromiográficos e variabilidade da frequência cardíaca de dialíticos‖.

Informo ter mais de 18 anos de idade e destaco que minha participação nesta pesquisa é

de caráter voluntário. Fui devidamente informado (a) e esclarecido (a) pelo pesquisador

(a) responsável Viviane Lovatto, sobre a pesquisa, os procedimentos e métodos nela

envolvidos, assim como os possíveis riscos e benefícios decorrentes da participação no

estudo. Foi-me garantido que posso retirar meu consentimento a qualquer momento,

sem que isto leve a qualquer penalidade. Declaro, portanto, que concordo com a minha

participação no projeto de pesquisa acima descrito.

Rio Verde,____ de_________________ de 2019.

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Assinatura por extenso do (a) participante

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Assinatura por extenso do (a) pesquisador (a) responsável

Testemunhas em caso de uso da assinatura datiloscópica

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Comitê de Ética em Pesquisa/CEP

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