INDÚSTRIA EUROPÉIA
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INDÚSTRIA EUROPÉIA – 1550 – 1775
Em 1500 a indústria continuava concentrada no estreito corredor que ia de Antuérpia e Bruges
através de Ulm e Augsburgo até Florença e Milão.
Em 1700 esse eixo havia oscilado . em um dos lados estavam Inglaterra e Holanda , centros dos
maiores produtores têxteis , da maior parte da frota mercante , dos mercados mais ativos , dos
mais avançados fabricantes de navios e de produtos de metal da Europa.
A leste a linha se estendia pelas zonas de produtos de metal e artigos de lã do baixo Reno , até as
concentrações industriais das colônias da Saxônia, Boêmia e Silésia.
Por outro lado, as grandes cidades mercantis do norte da Itália e sul da Holanda , poderosas há
dois séculos, estavam quase estagnadas.
A tecnologia apresentou no período avanço disperso e intermitente .A maior parte da expansão
industrial ocorreu com o uso dos velhos métodos. As fábricas de seda movidas pela energia dos
moinhos no Vale do pó , foram a maravilha mecânica do século XVII .
No início do século XVIII a expansão da relojoaria criou um conjunto de técnicas de precisão. A
bomba para minas de Newcomen permitiu o aprimoramento da máquina a vapor. Inovação
fundamental, o condensador isolado de James Watt (1769) , só teria forte impacto industrial no fim
do século.
Podemos apresentar um quadro geral da evolução do que poderiam ser chamados sistemas de
produção.
Sistema familiar – produção familiar para consumo e não para venda. Despreocupação para com o
mercado , intercâmbio de mercadorias por meio da troca. – Início da Idade Média.
Sistema de corporações – Produção realizada por mestres artesão independentes para um
mercado pequeno e estável. Os trabalhadores são donos da matéria prima e das ferramentas.
Produção sob encomenda , destinada a um mercado local. Idade Média.
Sistema doméstico – Devido a ampliação do mercado surge o intermediário opondo-se às
corporações. A produção passa a ser feita em casa para um mercado em crescimento. A matéria
prima é entregue pelo comerciante – manufatureiro que recebe o produto acabado e faz a sua
venda.
O intermediário irá forçar alterações técnicas para aumentar a produção. Muitas indústrias
passarão a se instalar na zona rural para fugir ao controle das corporações.
O capital passa a ter papel importante devido ao grande volume de dinheiro necessário para a
compra de matéria prima e distribuição do produto.
O artesão perde a independência, subordinando-se ao controle do capitalista como empregado.
Europa Séculos XVI ao XVIII.
Sistema Industrial – Produção para um mercado cada vez maior e oscilante em unidades fabris
com emprego de muitos trabalhadores . Grande aporte de capital devido ao tamanho das
empresas e predomínio do trabalho assalariado. A maior procura levou a uma reorganização em
bases capitalistas das indústrias pesadas que necessitavam de instalações custosas – mineração,
carvão, metais, açúcar, tabaco, entre outras. Europa Século XIX.
A seqüência apresentada não ocorreu desta forma em todos os lugares e nem todas as regiões
passaram por todas estas fases. O predomínio de uma fase não significa o completo
desaparecimento das precedentes.
REVOLUÇÃO INDUSTRIAL
A Revolução Industrial foi o marco de uma nova era na história da humanidade. Foi o início da
etapa de acumulação crescente da população, bens e serviços, em caráter permanente e
sistemático, sem precedentes. Não foi apenas o crescimento da atividade fabril, mas um amplo
fenômeno, autêntica revolução social, com transformações profundas na estrutura social, política,
cultural, institucional, etc. A Revolução Industrial vai levar á abertura de mercados, busca de novas
fontes de recursos naturais e humanos, um processo portanto que vai integrar o mundo todo e não
apenas a Europa. A globalização , fenômeno que caracteriza o mundo contemporâneo teve seu
início com a Revolução Industrial
A Revolução Industrial vai significar uma alteração substancial no ritmo de modificações
econômicas que passa a ser extremamente rápido , quando nos séculos anteriores era lento ou
mesmo inexistente em alguns períodos.
A Revolução Industrial teve impacto limitado mesmo na Europa até 1820 e em muitos países até
meados do século 20. No mundo, todas as conseqüências só foram sentidas depois do início do
século atual. A renda média dos países industrializados em 1850 era de US$ 150 a 170 por
habitante. Somente na década de 1950 a diferença torna-se significativa, chegando a 1500 dólares
contra 200 a 300 dos subdesenvolvidos. Nos dias de hoje os países desenvolvidos apresentam
renda média de US$ 20.000 contra US$ 500 a 1.000 dos subdesenvolvidos. Portanto a diferença
está se ampliando e não diminuindo.
A introdução de máquinas , característica fundamental da Revolução Industrial, substitui e
uniformiza a atividade humana e a energia a vapor liberou a necessidade dos cursos d’água para
provisão de energia, possibilitando a instalação de indústrias em qualquer lugar o que vai resultar
no estímulo à concentração urbana, transformando o artesão em operário e o capitalista
comerciante em empresário capitalista. Portanto é uma característica essencial para explicar a
Revolução Industrial a substituição do uso da mão de obra humana e animal pela de máquinas
movidas a energia., especialmente a do vapor
No início, com algumas exceções, como a mineração e construção naval , um capital inicial
modesto era suficiente para estabelecer um empreendimento industrial. Robert Owen precisou de
um empréstimo de apenas 200 libras para começar seu empreendimento..
Documento inglês anônimo de 1701 deixa bem clara a correlação entre o progresso da
industrialização e a Revolução Comercial : “ O comércio das Índias Orientais , ao proporcionar-nos
artigos mais baratos que os nossos , será provavelmente a causa que nos obrigará a inventar
processos e máquinas que nos permitam produzir com menos mão de obra e despesas menores,
reduzindo assim o preço dos objetos manufaturados”.
1. FASES DA REVOLUÇÃO INDUSTRIAL:
1. FORMAÇÃO - 1760/80 A 1870/80 - PRIMEIRA REVOLUÇÃO INDUSTRIAL - ascensão e
estabelecimento de formas capitalistas e da burguesia. Sociedade Liberal. A Revolução Industrial
foi um processo de industrialização em geral com um tremendo aumento da capacidade de
produção, melhora acentuada nos métodos de extração e transformação das matérias primas
especialmente na indústria metalúrgica e química e com o advento do uso generalizado de
máquinas e da energia através do vapor. Inicialmente restrito á Inglaterra, no século XIX difundiu-
se pela Europa ( Bélgica, França, Alemanha, Itália e Rússia), EUA e Japão (1868) com o uso da
energia hidroelétrica, petróleo e uma revolução nos transportes.
2. EXPANSÃO - 1870/80 A 1914/18 - SEGUNDA REVOLUÇÃO INDUSTRIAL - Capitalismo
Monopolista e expansão colonial imperialista. Apogeu da sociedade liberal na Europa; Início da
produção em série (Fordismo).
3. CRISE - Conflitos mundiais, Revolução Russa e Fascismo. Declínio da sociedade liberal.
Expansão dos meios de comunicação de massa e uso da energia atômica. Generalização da
industrialização pelos países do Terceiro Mundo.
PRINCIPAIS TRANSFORMAÇÕES PRÉ-CAPITALISTAS
A produção industrial não assumiu qualquer papel de vulto antes do Capitalismo. A maioria dos
ricos até então , tinham obtido fortunas no comércio, transportes ou usura. A indústria era feita nos
fundos de pequenas lojas, celeiros de casas ou barracões. Inexistia interesse pelo
desenvolvimento de uma tecnologia industrial. A base econômica para o desenvolvimento de
produção em larga escala inexistia em uma economia estática e desmonetizada. Somente no
século XVI na esteira da Revolução Comercial, surgem os primeiros indícios de embasamento da
tecnologia industrial.
acumulação de capital - acumulação primitiva porque anterior ao pleno florescimento da produção
capitalista. Acumulação de valores de capital e nas mãos da classe que pode transformá-los em
meios reais de produção - a burguesia;
agricultura - acumulação pelo cercamento dos campos ou enclosures pelos senhores com
expulsão da mão de obra e início da atividade de produção de ovelhas.
Indústria - oriunda do meio artesanal ou mercantil, expande a produção através das manufaturas.
Inicia-se a concorrência às Corporações pela indústria doméstica, localizada no campo e depois
pelas manufaturas privilegiadas.
Comércio - pirataria e comércio de mercadorias nas Índias e nas Colônias americanas e de
escravos. Política mercantilista.
SÉCULO XVIII CRESCIMENTO
De 1720 em diante os problemas financeiros da época de guerras estavam mais ou menos
resolvidos. A peste, se não a fome, desapareceu da Europa Ocidental depois da epidemia de
Marselha em 1720/1. Em toda parte verifica-se um aumento da riqueza, do comércio e da indústria,
assim como da população e a expansão colonial. Vagaroso a princípio, o ritmo de transformação
econômica tornou-se precipitado a partir de algum momento entre os anos 1760/80.
O aumento demográfico deveu-se muito mais a uma queda na taxa de mortalidade do que a um
aumento da taxa de natalidade , pois ocorreram melhoras nos serviços médicos e nos serviços
básicos em áreas urbanas.
A Revolução Industrial não aconteceu antes por que havia a necessidade de ocorrerem
transformações estruturais na Sociedade como a reorganização da divisão social do trabalho, o
aumento do número de trabalhadores não agrícolas, para que a produção capitalista pudesse criar
seus mercados de expansão, o que era inviável em uma estrutura feudal.
ARTESANATO X MANUFATURA X MAQUINOFATURA
Artesanato – é o trabalho do artesão nas oficinas medievais onde o artesão cumpria todas as
etapas de produção.
Manufatura – é o trabalho no sistema doméstico, semi-industrial , onde vários trabalhadores
produziam sob a direção de um chefe.
Maquinofatura – é o sistema fabril, onde máquinas participam do processo de produção.
PORQUE A REVOLUÇÃO INDUSTRIAL COMEÇOU NA INGLATERRA?
FATORES ECONÔMICOS:
país relativamente próspero. Navegações, riqueza não limitada à aristocracia, mas estendendo-se
a camadas amplas da burguesia comercial, constituindo-se um mercado consumidor de massa;
rápida adaptação à economia de mercado. Processo de demarcações levou à melhora da
produção agrícola com maior oferta de alimentos. Adaptação da nobreza ao comércio;
economia liberal sem os controles mercantilistas que entravavam a atividade econômica;
grande interesse inglês pela ciência e máquinas e surto de industrialização . Existência de
abundantes depósitos de carvão e ferro além de disponibilidade de estanho, cobre;
acumulação de capitais provenientes de fretes marítimos, comércio de escravos e da produção
açucareira das Antilhas e da Índia.
grande atividade comercial, abundância de capital e sistema bancário eficiente, baixa taxa de
juros, investimento em larga escala;
bons meios de transporte - rios navegáveis ( Chyde, Tâmisa, Trent, Ouse, Humber), bons portos
( Londres, Bristol, Liverpool, Newcastle) e o mar eram complementados por redes de novos canais,
rodovias e depois ferrovias que transportavam carvão;
Europa sufocada por barreiras alfandegárias, pedágios fluviais e impostos locais, enquanto a
circulação na Grã Bretanha era livre após a união da Inglaterra com a Escócia em 1707.
Inglaterra possuía vasto mercado colonial, dependências indiretas (Portugal - Tratado de Methuen
1703 - “o acordo dos panos e dos vinhos”) e forte mercado interno;
supremacia naval inglesa desde os “Atos de Navegação” de 1651 quando a Inglaterra superou a
Holanda;
Inglaterra único país com industrialização em regime de livre concorrência privada. Demais países,
a participação do estado foi decisiva
disponibilidade de mão de obra proporcionada pela expulsão da mão de obra rural, através dos
chamados “cercamentos - enclosures “
FATORES POLÍTICOS
eliminação de barreiras alfandegárias; uniformização de impostos;
passagem do poder para a burguesia em 1689 com o triunfo da ideologia liberal que possibilitou
com o surgimento de um ambiente propício para a industrialização e o crescimento econômico
O fato da Inglaterra ser uma ilha a preservou das devastações provocadas pelas guerras
européias ;
inexistência de disputas internas, com exceção de duas curtas revoltas jacobinas em 1715 e 1745.
A Inglaterra travou suas guerras no exterior e a vitória contra os franceses permitiu ampliar os
mercados no Canadá e Índia.
Mesmo a perda das colônias americanas não influenciou pois os EUA continuaram a comprar
manufaturados britânicos.
FATORES RELIGIOSOS
Calvinismo estimulando a acumulação.
FATORES SOCIAIS
A estrutura de classes na Inglaterra não era tão rígida como na Europa continental. Nenhum
estigma social impedia a pequena nobreza fundiária de trabalhar na indústria ou no comércio; não
havia impedimento legal para que um artesão subisse na escala social.
FUVEST 77 – Através de que fatores e condições especiais se pode explicar o fato de a Inglaterra
ter sido o primeiro país a desenvolver a Revolução Industrial?
REVOLUÇÃO INDUSTRIAL
1733 - John Kay inventou a lançadeira volante que aumentou a capacidade de tecelagem. . Os fios
começaram a escassear;
1764 - James Hargreaves criou a spinning jenny -roca de fiar que fazia vários fios ao mesmo
tempo, mas por serem quebradiços, dificultavam a tecelagem;
1768 - James Watt inventa a máquina a vapor . Inicialmente achava que serviria apenas para
bombear água para fora das minas. “mas um dos menores proprietários de siderurgias da
Inglaterra viu imediatamente que o motor a vapor reprojetado também poderia ser usado para
bombear ar dentro de um alto forno e comprou o segundo motor feito por Watt . E Matthew
Bonethon , sócio de Watt logo passou a promover o motor a vapor como provedor de energia para
todos os tipos de processos industriais, em especial para a maior das indústrias manufatureiras, a
indústria têxtil. Trinta e cinco anos depois , um americano Robert Fulton (1765-1815) , navegou
pelo rio Hudson com o primeiro barco a vapor. Mais vinte anos se passaram e o motor a vapor foi
colocado sobre rodas, estava inventada a locomotiva. E por volta de 1840 – ou no máximo 1850 o
motor a vapor havia transformado todos os processos de manufaturas, da fabricação de vidro à
indústria gráfica Ele havia transformado o transporte a grandes distâncias em terra e no mar e
estava começando a transformar a agricultura. Àquela altura ele já havia penetrado em quase todo
o mundo – com exceção do Tibete, do Nepal e do interior da África Tropical “ ( Drucker, Peter .
Sociedade Pós Capitalista . Publifolha , 1999 , p. 7-8). ,
1769 - Richard Arkwright inventou a water frame que produzia fios grossos e era movida à força
d’água . De infância pobre , 13.o filho de um barbeiro analfabeto , mesmo após ser considerado o
homem mais rico de sua era , continuou trabalhando 15 horas por dia em sua fábrica até a morte
aos 59 anos . ( Veja, 13.12.2000 , p. 129) .
1779 - Samuel Crompton uniu em uma única máquina , chamada mule , a spining jenny e a water
frame que fabricava fios finos e resistentes. Começou a sobrar fios;
1785 - Edmund Cartwright inventa o tear mecânico, aumentando a capacidade de tecer e
completando o desenvolvimento da indústria têxtil, que foi um dos primeiros setores que se
desenvolveu, enfrentando a indústria de lã. . O tear mecânico era movido a vapor . Completou-se o
desenvolvimento do padrão da indústria moderna. A máquina substituíra a ferramenta manual dos
artesãos e a energia a vapor entrava em lugar da energia animal ou humana com uma capacidade
imensamente maior.
Joseph Maria Jacquard ao trabalhar com tear percebeu que as mudanças eram sempre
sequenciais . Daí inventou cartões perfurados , onde o contramestre podia regular ponto por ponto
a receita para a confecção de um tecido . Com isso em 1801 ele construiu um tear automático ,
capaz de ler os cartões e executar as operações na sequência programada . Dez anos depois já
havia mais de 10 mil teares de cartões em uso na França e o método de Jacquard espalhou-se
pelo mundo tendo ficado inalterado por 150 anos.
Com a tecelagem acompanhando a produção de fios e vice-versa começou a faltar matéria pois o
descaroçamento do algodão por ser manual era muito lento. Por isso, nos Estados Unidos Eli
Whitney , um grande produtor de algodão , inventou o descaroçador mecânico que resolveu
também este problema.
Em 1800 a máquina a vapor já era utilizada em 30 minas de carvão, 22 de cobre, 28 fundições, 17
cervejarias e 8 usinas de algodão.
A associação entre a máquina e a força a vapor levou à adoção do sistema fabril em larga escala e
a um tremendo aumento da produção. Produção de algodão, ferro, carvão e os lucros
multiplicaram-se por dez.
Até o século XVIII utilizava-se o carvão vegetal como combustível para a fundição e demais
trabalhos do ferro. A destruição dos bosques determinou a paralisação do desenvolvimento
industrial. Com o aproveitamento da hulha a siderurgia libertou-se do vínculo que a tornava
dependente das matérias orgânicas. A transformação de hulha em coque ocorreu em 1735 e foi
aplicada pela primeira vez nos altos fornos em 1740. Por sua vez a invenção da máquina a vapor
eliminou o perigo da inundação nas minas.
Os principais mercados iniciais das indústrias foram o Exército e o Luxo. O Exército com
fornecimento de uniformes, fabricação de fuzis e canhões e abastecimento de víveres. O luxo com
as necessidades suntuárias da corte e da nobreza, na qual a França foi um país típico: Rendas,
roupa branca fina, meias, sombrinhas, tintas, gobelinas, porcelana, tecidos estampados, artigos de
tapeçaria, chá e café. Produtos típicos da nobreza, com a industrialização tornaram-se acessíveis
às camadas mais pobres da população em uma verdadeira democratização do luxo.
“As razões que induziram os empresários a reunir os trabalhadores em um só local foram várias .
Na indústria de ferro, a mecânica da laminação e da fundição tornava praticamente impossível
produzir em pequena escala e na indústria algodoeira havia vantagens óbvias em produzir força
motriz para um grande número de trabalhadores por meio de máquina ou roda hidráulica. Em
outros casos as razões foram econômicas em vez de tecnológicas : para conservar a qualidade do
produto , era indispensável que a fabricação de produtos químicos e de maquinaria estivesse
sujeita a vigilância “ (...) (Ashton, T. S. La Revolucion Industrial . México Fondo de Cultura
Econômica , 1950, pp 114/115 ).
ENCICLOPÉDIA E A REVOLUÇÃO INDUSTRIAL
A Enciclopédia iluminista teve um papel fundamental no contexto da Revolução Industrial . Ela
tentou reunir , de forma organizada e sistemática o conhecimento de todas as profissões
artesanais , de maneira tal que um não aprendiz pudesse aprender como ser um ‘tecnólogo’ . A
Enciclopédia também pregava que os princípios que produziam resultado em uma profissão
artesanal , produziriam resultados em qualquer outra . Ou seja , converte experiência em
conhecimento , aprendizado em livro texto , segredo em metodologia , fazer em conhecimento
aplicado .
Foi essa mudança no significado do conhecimento que tornou o moderno capitalismo inevitável e
dominante . As novas tecnologias criaram uma demanda por capital muito acima da capacidade de
qualquer artesão. Exigiram a concentração da produção, isto é , a mudança para a fábrica e
energia em grande escala. ( Drucker , Peter . Sociedade Pós Capitalista , Publifolha 1999 , pp. 13-
14).
REVOLUÇÃO AGRÍCOLA
Representou a substituição da propriedade comunal e do cultivo coletivo pela propriedade
individual e capitalista da terra e adoção de novas técnicas , visando aumentar a produção .
Introdução de nabos e trevos, permitiu manter os campos sempre ocupados e o gado vivo.
Experiências de melhora na qualidade das raças tiveram início no século XVIII e bois aumentaram
seu peso de 185 para 400 kg. Surgimento de novas e melhora na qualidade das ferramentas e
máquinas agrícolas.
Fim definitivo da servidão, reordenação da vida rural com o crescimento da migração rural-urbana
REVOLUÇÃO NOS TRANSPORTES
Melhoramentos técnicos ( macadame), ferrovias, navios a vapor .O barco a vapor foi inventado em
1807 pelo americano Robert Fulton. A locomotiva em 1825 por George Stephenson. Samuel Morse
inventou o telégrafo que revolucionou as comunicações, sendo construída em 1844 a primeira linha
telegráfica entre Baltimore e Washington.
CONDIÇÕES DE TRABALHO:
O recrutamento dos trabalhadores inicialmente foi feito através de meios coercitivos, bastante
violentos, particularmente de caráter indireto - “Lei dos pobres” e “Lei dos aprendizes” na Inglaterra.
Dado o grande número de “desocupados” nas cidades, expulsos do campo, quem não se
apresentava voluntariamente era conduzido ás oficinas públicas dirigidas com severa disciplina.
Nenhum desocupado recebia ajuda se não ingressasse nas oficinas.
As condições de trabalho nas primeiras indústrias eram as piores possíveis. Jornadas de 12 a 16
horas em ritmo constante e sem descanso. Péssimas condições dos locais de trabalho, salários
irrisórios, mulheres e crianças trabalhando, não como complemento, mas como base do sistema.
Moradias escuras, insalubres, superlotadas e inexistência de escolas.
Esta primeira fase da industrialização caracterizou uma acentuada distância entre burguesia e
proletariado que podemos constatar no texto a seguir :
"Nas grandes cidades , pode-se dizer que coexistem duas nações que não entendem nada uma da
outra , tendo tão pouco contato como se fossem países distantes . Uma pensão num dos distritos
populares de Londres , seria tão estranha aos cidadãos distintos quanto um povoado na floresta
africana . É um mal clamoroso que duas comunidades , vivendo ao alcance dos mesmos sinos ,
tenham que estar tão distantes entre si , como se residissem em diferentes quadrantes do mundo
" . ( reverendo William Channing , citado por Sevcenko, Nicolau , in FSP Mais , 21.01.2001 , p. 5-
7 )
Alexis de Tocqueville (1805-1859) , em visita a Manchester em 1835 , não pouparia o tom sinistro :
"Lá estão fileiras de casas de um andar , cujas ripas soltas e vidraças quebradas as revelam ,
mesmo à distância , como o último refúgio que um homem acharia entre a miséria e a morte . E, no
entanto , mesmo os desgraçados que nelas vivem ainda causam inveja .Pois sob essas habitações
miseráveis há fileiras de porões a que se chega por um corredor subterrâneo : 12 a 15 seres
humanos estão atulhados em cada um desses buracos úmidos e repugnantes (...) Desse esgoto
nojento flui a maior fonte de indústria humana que fertiliza o mundo . Dessa cloaca fétida flui ouro
puro . Aqui a humanidade alcança seu mais alto desenvolvimento e a mais crua brutalidade ; aqui a
civilização faz seus milagres e o homem civilizado regride à selvageria " . ( Sevcenko , Nicolau , in
FSP Mais , 21.02.2001 , p. 5-7)
“Assim a Inglaterra pedia lucros e recebia lucros .Tudo se transformava em lucros . As cidades
tinham sua sujeira lucrativa ... Pois a nova cidade não era um lar onde o homem pudesse achar
beleza, felicidade , lazer... mas um lugar desolado e deserto , sem cor, ar ou riso , onde o homem ,
a mulher e a criança trabalhavam , comiam ou dormiam...As novas fábricas e os alto-fornos eram
como pirâmides , mostrando mais a escravização do homem que seu poder” ( J I e Barbara
Hammond . The Rise of Modern Industry ).
Porém é importante salientar que com o crescimento demográfico no campo , as condições de
sobrevivência na área rural tinham piorado muito , de tal maneira que para os camponeses pobres
o trabalho nas fábricas ainda era melhor do que passar fome no campo. Esta realidade concreta da
vida é que explica ainda hoje as migrações rural-urbanas , ou seja milhões de pessoas preferem
viver em condições sub-humanas em favelas , do que continuar na zona rural. O início da migração
rural urbana é anterior à industrialização , mas foi com ela que se acelerou, tornando-se um
fenômeno mundial.
Com relação à jornada excessiva , já em 1880 Paul Lafargue criticava a “santificação do trabalho” ,
promovida na época em um livro intitulado “O Direito à preguiça” ( Hucitec/Unesp ) . Para ele o
trabalho dentro de limites impostos pela necessidade humana de ócio e de lazer é uma atividade
imprescindível à autoconstrução da humanidade . Desde que passa a nos ser imposto em
excesso , torna-se uma desgraça.
No século XX , com o avanço tecnológico e as lutas dos trabalhadores , a jornada reduziu-se para
uma faixa entre 44 e 40 horas semanais . Muitos analistas tem visualizado uma diminuição ainda
maior por conta do aumento da produtividade, mas na prática isto não vem acontecendo. A
redução da jornada de trabalho vem sendo utilizada como bandeira política para a diminuição do
desemprego.
As regulações de trabalho só aconteceram na segunda metade do século XIX. Antes, juizes de paz
distribuíam a justiça de acordo com um amontoado de instruções particulares, seguindo um arbítrio
próprio.
Os trabalhadores gradativamente começaram a se organizar para lutar contra a superexploração.
Muitos industriais opuseram-se invocando o liberalismo.
Como a Revolução industrial desarticulou a antiga estrutura de produção, ainda no século XVIII ,
artesãos prejudicados tentaram destruir máquinas e fábricas , como os Luddistas- em 1769
Lancaster e em 1779 em Lancashire.
“Os principais distúrbios começaram em Nottingham em 1811 . Uma grande manifestação de
malharistas , gritando por um preço mais liberal foi dissolvida pelo exército. Naquela noite,
sessenta armações de malha foram destruídas na grande vila de Arnold por amotinados que não
tomaram nenhuma precaução em se disfarçar e foram aplaudidos pela multidão. Por várias
semanas os distúrbios continuaram , principalmente à noite , por todas as vilas de malharias no
noroeste de Nottinghamshire . Embora polícias especiais e tropas patrulhassem as vilas , não se
conseguiu fazer nenhuma prisão.” ( Thompsom , E.P. A formação da classe operária inglesa . Rio
de Janeiro , Paz e Terra , 1987 , v. 3 p. 125 ).
Petições foram feitas aos patrões e ao Parlamento. Leis foram sendo aprovadas , mas sua
aplicação era difícil, devido à resistência dos patrões e magistrados. Iniciou-se a luta pelo direito de
voto para eleger representantes no Parlamento.
UNICAMP 94 – “De pé ficaremos todos E com firmeza juramos Quebrar tesouras e válvulas E por
fogo às fábricas daninhas” .(Canção dos quebradores de máquinas do século XIX; citada por Leo
Huberman, História da Riqueza do Homem, 1979.) A partir do texto: a) caracterize o tipo de ação
dos quebradores de máquina; b) Explique os motivos desse movimento.
“Não queremos destruir a vossa fortuna, mas se não arranjardes maneira de nos dardes trabalho,
não poderemos deixar de atentar contra vós e contra as máquinas (...) Se ao fim de 8 dias não
retirardes as lãs das máquinas para dar trabalho às 500 pessoas que vos batem à porta e para as
quais nem sequer vos dignais olhar , não vos espanteis se virdes um levantamento cair sobre vós e
sobre as máquinas , de tal modo sofremos , pobres operários , por nós e pelos nossos filhos”
( Anúncio anônimo afixado nas ruas de Clermont na França em 1818 )
As associações de trabalhadores tinham sido declaradas ilegais na Inglaterra no século XVI e
seguintes e também na França e Alemanha. A luta pelo fortalecimento do sindicato será árdua nos
séculos XIX e XX. Na Inglaterra as trade unions serão os primeiros sindicatos de trabalhadores. Na
Inglaterra em 1824 foram revogadas todas as leis que impediam as associações.
Em 1830 o relatório Sadler denunciou as más condições de trabalho na Inglaterra o que pela
repercussão que teve levou o Parlamento inglês a estabelecer regulamentações para coibir alguns
abusos como definir a idade de trabalho de crianças e mulheres.
“Na manufatura e no artesanato , o operário se serve da ferramenta : na fábrica ele serve à
máquina . Lá os movimentos do instrumento do trabalho partem dele; na última é ele que tem que
seguir seus movimentos. Na manufatura , os operários são membros de um organismo vivo . Na
fábrica , existe independente deles um mecanismo morto , ao qual são incorporados como
apêndices vivos.(...) Até as medidas que tendem a facilitar o trabalho convertem-se em meio de
tortura, pois a máquina não livra o operário do trabalho, mas priva seu trabalho de conteúdo. “ Marx
, Karl . O Capital.
Mesmo assim a industrialização produziu uma elevação dos níveis de vida das camadas populares
jamais ocorrida até então.
A burguesia , preocupada com a questão social e as idéias e teorias de inspiração anticapitalista
como o marxismo irá defender a tese do trabalho árduo como se pode constatar no texto a seguir :
" Um povo pode atingir bem estar material sem táticas subversivas se ele for dócil , trabalhador e
se esforçar sempre para melhorar " ( estatutos da Sociedade contra a Ignorância de Clermont-
Ferrand , França , 1869) .
REVOLUÇÃO INDUSTRIAL E A LITERATURA
O primeiro intelectual que percebeu a revolução a ser causada pelas máquinas foi Alexander
Hamilton nos EUA em 1781 com seu livro Report on Manufactures . Adam Smith e David Ricardo
praticamente ignoraram a produção industrial
Por volta de 1830 a literatura já havia incorporado o modelo industrial . Assim Honoré de Balzac já
descrevia uma França capitalista em suas novelas e da mesma forma Charles Dickens.
CONSEQÜÊNCIAS DA REVOLUÇÃO INDUSTRIAL
Enquanto na Idade Antiga e na Idade Média as mudanças tecnológicas quase sem exceção se
limitavam a uma profissão ou a uma aplicação , com a Revolução Industrial as inovações foram
imediatamente aplicadas em toda parte , em todas as profissões e indústrias . O próprio James
Watt inicialmente achou que sua invenção serviria apenas para bombear água para fora de minas,
mas logo outros perceberam a possibilidade de generalizar a sua aplicação a muitos outros setores
o que ocorreu rápidamente .Da mesma forma as mudanças sociais rápidamente se
disseminaram .
A Revolução industrial diferiu completamente de todas as transformações econômicas até então
ocorridas na história porque permitiu o triunfo da sociedade capitalista, pela rapidez de sua
propagação e por ter criado uma civilização mundial. Consolidação do trabalho assalariado
predominando sobre o artesão independente. Maciça migração campo cidade, com todos os
problemas decorrentes da acelerada urbanização - prostituição, criminalidade, violência, miséria,
epidemias, vícios. Engajamento de mulheres e crianças em más condições de trabalho. Os
ingleses antes da Revolução Industrial eram predominantemente rurais. Em 1870, 70% da
população já era urbana.
O Capitalismo tornou-se o primeiro sistema econômico da história onde o crescimento econômico
tornou-se parte integrante da vida diária.
Utilização constante de máquinas . Maior divisão técnica do trabalho. Fortalecimento da burguesia.
Fim definitivo das Corporações de Ofício .
Constituição de classes sociais bem definidas. Proprietários de Capital ( burguesia) e não
proprietários de Capital ( proletariado e classe média que também cresceu intensamente ) .
Grande ampliação do mercado consumidor pela maior oferta de produtos e redução de seu preço
unitário.
Novo colonialismo com conquista de novos mercados e busca de matérias primas nas regiões
coloniais.
Consolidação do sistema capitalista . Divisão de trabalho. Trabalho social e apropriação privada .
Utilização em larga escala da máquina . Produção visando o lucro.
PUC MG – “A Revolução industrial (...) é uma verdadeira revolução no sentido de que transforma e
substitui as estruturas econômicas , sociais e políticas do Antigo Regime por outras novas, em que
primam os valores culturais e mentais distintos e inclusive contrapostos aos tradicionais”. (Valentim
Vazquez de Prada, História Econômica Mundial, p. 27 . ) Assim, pode-se concluir que a Revolução
Industrial produziu efeitos revolucionários sobre a sociedade como um todo. Analise dois efeitos da
revolução industrial que justifiquem a afirmativa dada.
REVOLUÇÃO INDUSTRIAL EM OUTROS PAÍSES:
1. ESTADOS UNIDOS:
De 1760 a 1860 ocorreu a ascensão gradual do sistema fabril e a formação da base para a
Revolução Industrial. Os EUA passam gradativamente da dependência européia para a autonomia
industrial. Desde o início ocorre a ampla utilização da máquina com ênfase na padronização e
produção em massa, favorecida pelas condições de renda e consumo da população espalhada
pela vasta fronteira agrícola intensamente ocupada que levou á escassez de mão de obra e
elevação dos salários.
1850 - Início da Revolução Industrial americana. Após a guerra civil, adotou-se uma política de
tarifas fortemente protecionistas e a indústria chega a um ponto ótimo de expansão.O fim da
escravidão, a integração dos mercados sulinos e a abundância de recursos naturais contribuíram
para que a industrialização deslanchasse
1890 - A produção industrial já supera a agrícola e em 1900 já chega ao dobro daquela. No final de
primeira guerra mundial os EUA já eram a maior potência capitalista do mundo.
2. JAPÃO:
Em 1690 o governo Tokugawa mandou uma comissão estudar o Ocidente e não gostou do que viu
decidindo-se pelo isolamento. Por cerca de 230 anos o Japão permaneceu isolado. No final do
governo Tokugawa o poder efetivo passou da classe samurai para uma classe comercial e
algumas das primeiras empresas como a Mitsui e a Mitsubishi foram criadas.
Restauração Meiji ou Governo Iluminado
Em 1853 o almirante americano Mathew Perry chegou à Baía de Tóquio com quatro navios de
guerra exigindo que o Japão abrisse seus portos ao comércio internacional. A partir deste episódio,
em 1868 o poder passou das mãos dos xoguns para as do imperador Mutsuhito , com apenas 15
anos de idade .
O principal conselheiro do rei , o príncipe Ito Hirobumi , despachou à Europa e aos EUA emissários
que trouxeram compêndios científicos médicos e tecnológicos , modelos constitucionais e novas
técnicas militares e navais.
A aristocracia feudal teve seus direitos senhoriais abolidos, convertidos em rendas e depois em
títulos de dívida pública, depositados nos bancos recém criados, o que tornou os senhores seus
principais acionistas.
A base familiar tradicional, ramificada e hierarquizada , transfere-se para o campo econômico e
financeiro, originando uma economia concentrada , nas mãos de um reduzido número de famílias,
controlando grande número de empresas diversificadas - os ZAIBATSU. Em pouco mais de 20
anos o Japão se industrializou, através de grandes grupos industriais . (Mitsui , Mitsubishi,
Sumitomo )
A revolução Meiji pode ser classificada como de tipo burguês, pois a partir daí as relações
capitalistas, sob impulso estatal, desenvolveram-se rápidamente, apesar da debilidade da
burguesia mercantil e a inexistência da industrial naquele momento.
A revolução que provocou a restauração Meiji foi feita pelos jovens samurais. É realmente
extraordinário que uma classe militar feudal fizesse o que fez. Eles eram extremamente patriotas e
abnegados. Estavam destruindo seus próprios privilégios , deliberadamente e de olhos abertos.
O Estado assumiu tarefas empresariais mais urgentes. A burocracia dos samurais executou
elevada taxa de reinvestimento. A educação foi cuidada com alta prioridade. A supressão dos
direitos senhoriais fez os camponeses pagarem 1/3 da colheita ao estado como impostos.
Fatores favoráveis contribuíram como a abundância de mão de obra e o avanço na agricultura.
Entre 1855 e 1890 o Estado transfere para o capital privado empresas rentáveis e reinveste os
recursos em setores deficitários.
A necessidade de garantir fontes de matérias primas e a ambição imperialista levaram o Japão a
adotar uma política expansionista o que levou à guerra Sino-Japonesa em 1894 e à guerra Russo
Japonesa em 1904, com vitórias que permitiram ao Japão conquistar Formosa, Coréia e
Manchúria, transformando o Japão na grande potência do Extremo Oriente.
3. FRANÇA:
Na segunda metade do século XVIII a França possuía todas as condições econômicas para a
industrialização. A sobrevivência de terras comunais e a multiplicação de famílias camponesas,
inviabilizou o “enclosure” na França , dificultando o controle do capital no campo. Faltava o
arcabouço instituicional, social e político que foi dado pela Revolução Francesa.
Dificuldades internas e externas retardaram o processo. A consolidação napoleônica representou
novo interesse pela indústria com intervenção estatal. O “bloqueio continental “ foi visto como
medida protecionista para assegurar o mercado europeu para a França. O colonialismo francês vai
provocar antipatias, fraudes , revoltas.
A tradição da pequena indústria e da produção de artigos de luxo dificultava a concentração
industrial e a acumulação de capitais.
A queda de Napoleão bloqueia o processo e novas pressões são feitas para restabelecer o
protecionismo, que parcialmente restabelecido, vigora até 1860, mais prejudicando que
favorecendo, devido à perda de produtividade.
Em 1860 inicia-se grande surto industrial , acelerado e auto-sustentado até a 1. Guerra. São raros
os grandes complexos industriais, predominando a pequena oficina e métodos semi-artesanais.
4. RÚSSIA:
A Rússia sob Pedro o Grande teve grande desenvolvimento da manufatura industrial , mas por
algum motivo cessou de se desenvolver depois dele. Catarina a Grande apesar de ter conseguido
enorme extensão territorial ao morrer deixou a economia russa em uma confusão desastrosa.
De 1870 a 1914 a Rússia passou por grande progresso industrial. Em 1914 a indústria de
processamento de algodão incluía 745 cotonifícios e 388.000 operários. A Indústria de lã em
Moscou, São Petersburgo e Lodz utilizava 4,5 mil teares e 150.000 operários.
Nova região industrial desenvolveu-se na bacia do rio Donets, com a inauguração em 1886 da
ferrovia até Krivoy Rog, permitindo transporte de ferro de alta qualidade. A exploração de poços de
petróleo em Baku e Grozni, estimulou o crescimento russo após 1880.A construção das ferrovias
transiberiana e transcaucasiana permitiu à Rússia a exploração de seus recursos naturais da Ásia.
O Estado patrocinou um programa de industrialização na década de 1880/90, sob a liderança do
conde Serge Witte , ministro das finanças entre 1892 e 1903. Que ao lado da grande
disponibilidade de matérias primas e investimentos franceses e alemães aceleraram o
desenvolvimento industrial. Por volta de 1914 a indústria russa estava entre as cinco maiores do
mundo, operando contudo com muitas fábricas domésticas ao lado das modernas.
5. ITÁLIA:
Industrialização tardia e parcial no século XIX. Só o norte avançou e alguns setores industriais.
Havia falta de matérias primas e pouca atividade do Estado.
6. HOLANDA:
De 1850 em diante desenvolveu a indústria, mas o comércio e as finanças continuaram
predominando. A exploração da Indonésia foi importante.
7. PAÍSES ESCANDINAVOS:
Industrialização nos fins do século XIX e início XX, aproveitando a disponibilidade de energia
elétrica e implantando industrias especializadas.
8. ALEMANHA:
Somente depois da unificação política concluída em 1870 o país intensificou a sua
industrialização , facilitada pela existência de reservas de ferro e carvão. Já no final do século XIX
a Alemanha superou a Inglaterra na produção de aço e produtos químicos.
8. DEMAIS PAÍSES EUROPEUS:
Processos apenas setoriais, limitados e com predomínio de capitais externos. Espanha
( Catalunha, Províncias Bascas); Áustria Hungria (Boêmia e Viena).
“Em termos mercantis, a Revolução industrial pode ser considerada (...) como o triunfo do mercado
externo sobre o mercado interno: em 1814 a Inglaterra exportava 4 jardas (aproximadamente 3,60
m ) de tecido de algodão para cada três consumidas internamente; em 1850 treze para cada oito .
E dentro desta crescente maré de exportação , a quantidade maior foi adquirida pelos mercados
coloniais ou semicoloniais que a metrópole tinha no exterior. Durante as guerras napoleônicas,
quando os mercados europeus estiveram bloqueados , isto tornou-se muito natural. Mas, quando
terminaram as guerras , os mercados coloniais continuaram se afirmando . Em 1820 , aberta a
Europa novamente às importações britânicas, os europeus consumiam 128 milhões de jardas de
algodão inglês e a América Latina, África e Ásia, consumiam 80 milhões . Mas, em 1840 , enquanto
a Europa consumia 200 milhões de jardas, as regiões ‘subdesenvolvidas’ consumiam 529 milhões”
(HOBSBAWN, Eric . la Revolucion Industrial. In Las revoluciones burguesas(1789-1848). Madro,
Guadarrama, 1971, pp. 70-1)