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Igreja e Comunicação Social
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IGREJA E.-COMUNlCAÇAO SOCIAL
A história evidencia e marca a forçados meios de comunicação. Líderespoderosos os usaram para impor seus
pensamentos, suas ideologias. Benito Mussolini,na Itália, Adolf Hitler, na Alemanha, GetúlioVargas, no Brasil.
O poder do rádio foi comprovado pelo fatoocorrido em 30 de outubro de 1938, quandoOrson Welles, à noite, narra a Guerra dos Mun-dos de H. G. Wells, noticiando ficticiamente,a invasão dos marcianos em Nova Iorque, nosEstados Unidos da América.
Pânico. Desespero. Estradas lotadas. Mora-dores tentavam fugir do ataque anunciado. Apósuma hora de transmissão, Welles consola o pú-blico da estação de rádio CBS, diz que o mundonão havia acabado e que tudo não passava deuma brincadeira de dia das bruxas.
Orson Wellesnarra a Guerrados Mundos, em1938, na rádiocaso No detalhe:o jornal da época
FAKE RADlO 'WAR'STlRS TERROR
THROUGH U.S.
Em 1960, de acordo com o estudo da CNBB- Conferência Nacional dos Bispos do Brasil-,o Brasil possuía 800 emissoras de rádio, sendo48 delas pertencentes à Igreja Católica. No es-tudo dedicado à comunicação e Igreja no Brasil,os bispos descrevem: "Naquele momento asemissoras católicas representavam 6% do totaldas rádios instaladas. (...) Nos outros países daAmérica Latina havia, somadas, 24 rádios cató-licas. Em 1984, havia no Brasil 1.400 emissoras.Delas, 129 eram da Igreja, ou seja, 9,2% dasemissoras do país. Hoje, começo de 1994, há noBrasil 2.300 emissoras. Delas, 160 são da Igreja,ou seja, 7% do total. (...) Não é raro vermos umoperário pintando paredes, tendo o dia inteiro orádio ligado, numa sacola pendurada na escadade serviço. O mesmo fazem, certamente, a maio-ria das donas de casa, enquanto cozinham, co-sem ou faxinam. A comercialização do transistora baixo custo (a partir dos anos 50) facilitouimensamente a aquisição e o uso do rádio. Temrazão quem disse: 'A Igreja optou pelos pobres,e os pobres optaram pelo rádio'. Calcula-se que93% da população é atingida pelo rádio que setoma, assim, o grande meio de comunicação demassa de que dispomos no Brasil".
Ademir Veschi, diretor artístico da RádioImaculada Conceição, salienta que o rádio éa mídia do povo. "Com o rádio você chegarealmente a todas as camadas. Principalmente,à camada menos favorecida. Em qualquer can-tinho, há alguém com o rádio ligado. Essa é agrande força".
O censo de 2000 registra que 87,4% dasresidências brasileiras têm aparelhos de rádio.O veículo ocupa o primeiro lugar da lista. Em2002, foi constatado que 88% da população
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brasileira ouvem rádio AM ou FM, pelo menosuma vez por semana.
Apesar da força aparente da Igreja Católicana década de 60, não é ela que cresce nos 30 anosseguintes, mas os evangélicos.
Em 1961, 215 emissoras responderam auma pesquisa. Já então tínhamos nelas 346 pro-gramas católicos, 331 programas evangélicose 107 espíritas. Ora, àquela altura éramos 94%católicos e oficialmente só 3% protestantes.
A proporção hoje deve ser bem maior para olado evangélico-pentecostal.
A Igreja Católica sempre esteve presente nasrádios. Em 1924, com a Rádio Clube Paranaense.Em 1934, surge a Rádio América, em São Paulo.De 1950 a 1960, aparece a maioria das emissorasexistentes ainda no país.
A jornalista Helena Corazza diz que pode-mos nos perguntar: "Por que, então, a Igrejaentra no rádio?". A resposta é simples e direta.A instituição percebe a força extraordinária dosmeios de comunicação, principalmente do rádio,um veículo popular, e quer defender por meiodele a mensagem cristã. Os bispos do Brasilcitam algumas razões: "( ...) a intenção clarade fazer do rádio o prolongamento do púlpito;o significado do rádio como meio popular decomunicação (...); a concorrência com protes-tantes e espíritas ( ...); a relativa facilidade deconseguir junto ao governo concessões, dada aação tradicionalmente educativa e cultural quea Igreja exercia; o baixo custo relativo exigidopara a montagem de uma emissora".
A Igreja, em 1959, cria a RENEC - RedeNacional das Emissoras Católicas -, e no dia 21de março de 1961, a CNBB e o Governo Federalassinam um decreto em que "através da redede emissoras católicas, com recursos federais,seriam alcançadas as populações analfabetase empobrecidas das áreas Norte, Nordeste,Centro-Oeste e outras áreas carentes do país".
A partir desta data são oficializadas as ati-vidades do MEB - Movimento de Educação deBase no país. Em março de 1964, o movimentoestá presente em 14 Estados e conta com 6.218escolas radiofônicas.
Em 1965, em plena ditadura militar, oGeneral Castelo Branco, por meio do AI2, violaa liberdade da imprensa garantida pela lei de1953. A situação se torna mais dificil com o
A históriaevidenciae marcaa forçados meiosde comu-nicação
AI5 de 1968, que fecha o Congresso Nacionale impõe total controle da mídia, sujeitando todosos veículos de comunicação à censura prévia.
Os líderes católicos salientam que talvez essa"censura" tenha impedido as emissoras católicasde desenvolverem os programas traçados emMedellín (1968) e Puebla (1979) e nos muitosdocumentos pastorais da CNBB. "A censuraforte e pouca lógica criaram a autocensura,inibidora de toda a criatividade, também nocampo da comunicação religiosa", afirmam osbispos no estudo sobre a comunicação e a Igrejano Brasil.
Era comum a proibição das transmissões deconferências, cerimônias, encontros que contas-sem com a presença de Dom Hélder Câmara,Dom Paulo Evaristo Arns, Dom Cândido Padim,Dom Moacir Grecchi, Dom Tomás Balduino,Dom José Maria Pires, Dom Pedro Casaldáliga,Dom Adrino Hypólito, Dom Erwin Krãutler.
Sermão de missas era proibido. Rádios fo-ram cassadas.
"Direitos humanos, consciência crítica,sindicato livre, central dos trabalhadores, liber-dade e libertação, socialismo, marxismo, justiçasocial, reforma agora, opção pelos pobres" sãoalguns dos temas vetados e apresentados noestudo realizado pela CNBB.
Em 1976, a Igreja funda a UNDA Brasil-União de Radiodifusão Católica-, com sede emSão Paulo. "De 1970 para cá, a radiofonia cató-lica viveu de esforços isolados de crescimento(...) com poucas concessões conseguidas e comuma geral acomodação".
Estudos da CNBB registram que, em 1997,a Igreja Católica contava com 183 rádios, sendo6% das 3 mil emissoras no país. Este índice, nosanos 80, chegou a atingir 10%.
Para a Igreja Católica, representada pelosbispos da CNBB, é clara a necessidade de "prio-rizar o rádio como instrumento de evangeliza-ção, entendendo que a notícia que fala de vida ede esperança é também evangelizadora".
JORNALISTA LOURDES CRESPANMISSIONÁRIA DA IMACULADA-PADRE KOLBE
Fontes: Almanaque Abril eEstudos da CNBB - n. 72 e 75
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