IDENTIFICAÇÃO DOS RISCOS NA ATIVIDADE DE...
Transcript of IDENTIFICAÇÃO DOS RISCOS NA ATIVIDADE DE...
-
UNIVERSIDADE TECNOLGICA FEDERAL DO PARAN
DEPARTAMENTO ACADMICO DE CONSTRUO CIVIL
ESPECIALIZAO EM ENGENHARIA DE SEGURANA DO TRABALHO
FELIPE SPRADA TAVARES DA MOTA
IDENTIFICAO DOS RISCOS NA ATIVIDADE DE BENEFICIAMENTO DE GROS UM ESTUDO DE CASO
MONOGRAFIA DE ESPECIALIZAO
CURITIBA
2015
-
FELIPE SPRADA TAVARES DA MOTA
ESTUDO DE CASO: IDENTIFICAO DOS RISCOS NA ATIVIDADE DE BENEFICIAMENTO DE GROS
CURITIBA
2015
Monografia apresentada como requisito parcial para a obteno do ttulo de Especialista em Engenharia de Segurana do Trabalho do Departamento Acadmico de Construo Civil da Universidade Tecnolgica Federal do Paran, UTFPR.
Orientador: Prof. Dr. Andr Nagalli
-
12
FELIPE SPRADA TAVARES DA MOTA
ESTUDO DE CASO: IDENTIFICAO DOS RISCOS NA ATIVIDADE DE BENEFICIAMENTO DE GROS
Monografia aprovada como requisito parcial para obteno do ttulo de Especialista no Curso de Ps-Graduao em Engenharia de Segurana do Trabalho, Universidade Tecnolgica Federal do Paran UTFPR, pela comisso formada pelos professores: Orientador:
_____________________________________________ Prof. Dr. Andr Nagalli (orientador) Departamento Acadmico de Construo Civil, UTFPR Cmpus Curitiba. Banca: ________________________________________
Prof. Dr. Rodrigo Eduardo Catai Departamento Acadmico de Construo Civil, UTFPR Cmpus Curitiba.
_______________________________________ Prof. Dr. Adalberto Matoski
Departamento Acadmico de Construo Civil, UTFPR Cmpus Curitiba.
_______________________________________ Prof. M.Eng. Massayuki Mrio Hara
Departamento Acadmico de Construo Civil, UTFPR Cmpus Curitiba.
Curitiba 2015
AGRADECIMENTOS
O termo de aprovao assinado encontra-se na Coordenao do Curso
-
AGRADECIMENTOS
A Deus, por sempre em minha vida ter-me abenoado com muita sade e paz para atingir meus objetivos.
Aos meus pais, Oscar Mota e Dbora Sprada, por ter me dado mais uma oportunidade de estudo e conhecimento.
minha namorada, Patrcia Arten, por sempre estar presente nos momentos bons e ruins da minha vida.
Pela oportunidade de fazer novos amigos e pelo clima vivido durante o ano no 30 CEEST.
Ao professor Nagalli, pelo timo conhecimento passado em suas matrias e pela orientao na monografia.
-
RESUMO
MOTA, Felipe Sprada Tavares. Estudo de Caso: Identificao dos Riscos na Atividade de Beneficiamento de Gros. 2015. 47 pginas. Monografia apresentada como requisito parcial para a obteno do ttulo de Especialista em Engenharia de Segurana do Trabalho do Departamento Acadmico de Construo Civil da Universidade Tecnolgica Federal do Paran, UTFPR. Curitiba, 2015.
Com o aumento da safra de gros no Brasil h o consequente acrscimo da demanda por processo de beneficiamento de gros. Em contrapartida alta produtividade, a segurana do trabalho fator determinante para assegurar a vida do trabalhador. Existem diversos riscos relacionados atividade, tais como: rudos, excesso de calor, soterramento, queda e exploso. O objetivo desse trabalho de identificao e comprovao da presena desses riscos nas atividades referente ao beneficiamento de gros. Foi realizado um estudo de caso baseado em uma metodologia de identificao e qualificao dos riscos. Aps anlises e verificaes, foram realizadas aes de treinamentos mais eficazes, padronizao e detalhamento dos planos de manuteno e criao de procedimentos operacionais. Conclui-se que essas medidas propiciaram uma reduo no nmero de incidentes e sinistros registrados e consequentemente um ambiente de trabalho mais seguro e controlado.
Palavras chave: Riscos; Beneficiamento; Secagem; Gros; Exploso; Segurana do trabalho.
-
ABSTRACT
MOTA, Felipe Sprada Tavares. Case: Identification of Risk in Grain Processing Activity. 2015. 47 pages. Monograph presented as partial requirement for obtaining the title of Specialist in Safety Engineering Work of the Academic Department of Civil Construction, Federal Technological University of Paran, UTFPR. Curitiba, 2015.
With the increase of grain harvest in Brazil, there is a consequent increased demand for grain processing process. In contrast to the high productivity, job security is a determining factor to ensure the worker's life. There are several risks related to the activity, such as: noise, excessive heat, burial, and explosions. The aim of this work is to identify and prove the presence of these risks in the activities related to grain processing. A case study based on a methodology of identification and qualification of risks was carried out. After analysis and verification, more effective and verification, more effective training activities, standardization and details of maintenance plans and creating operational procedures were taken. In conclusion, these measures have led to a reduction in the number of reported incidents and accidents and consequently a safer and controlled working environment.
Keywords: Risks; Processing; Drying; Grains; Explosion; Health security.
-
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 Fluxograma apresentando as etapas de produo. ............................................ 15 Figura 2 Modelo de Fluxo de Ar em Secador de gros. .................................................... 18 Figura 3 Modelo de mapa de risco. ................................................................................... 22 Figura 4 Detector de oxignio para espao confinado. ..................................................... 24 Figura 5 Tetraedro do fogo. .............................................................................................. 25 Figura 6 Estrutura de beneficiamento de gros da empresa ............................................. 30 Figura 7 Estrutura aps incndio ...................................................................................... 35 Figura 8 Material aps incndio ........................................................................................ 35
-
LISTA DE QUADROS
Quadro 1 - Atividade de recepo da matria-prima e limpeza. ........................................... 37 Quadro 2- Atividade de abastecimento da fornalha e secagem de gros. ............................ 38 Quadro 3- Atividade de armazenagem e expedio de gros. ............................................. 39
-
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 - Umidade recomendada para a colheita de gros. ............................................... 17 Tabela 2 - Probabilidade do evento. .................................................................................... 28 Tabela 3 - Severidade dos eventos. ..................................................................................... 29 Tabela 4 - Severidade do risco. ........................................................................................... 29 Tabela 5 - Acompanhamento e Levantamento de Incidentes/Sinistros de Secadores Durante o Perodo 2009/2013 ........................................................................................................... 32
-
LISTA DE ABREVIATURAS, SIGLAS E ACRNIMOS.
NR NORMAR REGULAMENTADORA PET PERMISSO DE ENTRADA E TRABALHO SESMT SERVIO ESPECIALIZADO EM ENGENHARIA DE SEGURANA E MEDICINA DO TRABALHO CIPA COMISSO INTERNA DE PREVENO DE ACIDENTES EPI EQUIPAMENTO DE PROTEO INDIVIDUAL EPC EQUIPAMENTO DE PROTEO COLETIVO IT INSTRUO DE TRABALHO GT GRUPO TCNICO
-
SUMRIO
1 INTRODUO ....................................................................................................... 12
1.1 OBJETIVO GERAL ............................................................................................. 13
1.2 OBJETIVOS ESPECFICOS ............................................................................... 13
1.3 JUSTIFICATIVA .................................................................................................. 13
2 REVISO DE LITERATURA .................................................................................. 14
2.1 O SETOR DO BENEFICIAMENTO DE GROS ................................................. 14
2.1.1 Limpeza de Gros ............................................................................................ 15
2.1.2 Secagem de Gros .......................................................................................... 16
2.1.3 Armazenamento de Gros ............................................................................... 18
2.2 RISCOS RELACIONADOS AO SETOR DE BENEFICIAMENTO DE GROS ... 19
2.3 ACIDENTE DO TRABALHO ................................................................................ 20
2.4 SEGURANA DO TRABALHO ........................................................................... 21
2.4.1 Trabalho em altura ........................................................................................... 22
2.4.2 Espao Confinado ............................................................................................ 23
2.4.3 Incndio/Exploso ............................................................................................ 24
2.4.4 Rudo ................................................................................................................ 26
2.5 EQUIPAMENTO DE PROTEO INDIVIDUAL .................................................. 27
3 METODOLOGIA ..................................................................................................... 28
3.1 ESTUDO DE CASO ............................................................................................ 29
3.1.2 Cenrio Inicial 2009/2013 .............................................................................. 31
3.1.2 Cenrio Atual A Partir de 2014 ...................................................................... 34
4 RESULTADOS E DISCUSSES ........................................................................... 35
4.1. IDENTIFICAO DOS RISCOS E SEUS RESPECTIVOS CONTROLES......... 36
4.2 APLICAO DE TREINAMENTOS .................................................................... 40
4.2 REVISO E MELHORIA DOS PROCEDIMENTOS ............................................ 41
4.3 PLANOS DE LIMPEZA, MANUTENO E OPERAO DOS SECADORES DE GROS ..................................................................................................................... 42
5 CONSIDERAES FINAIS ................................................................................... 45
REFERNCIAS ......................................................................................................... 46
-
12
1 INTRODUO
A urbanizao da sociedade, o crescimento demogrfico, a alterao nos
hbitos de consumo da populao, ao lado do avano tecnolgico e conhecimento
cientfico, levaram o setor da agropecuria a outro patamar, sendo hoje a principal
atividade econmica do pas (WEBER, 2005).
A agropecuria consiste no conjunto de atividades diretamente associada ao
cultivo de plantas (agricultura) e criao de animais (pecuria) para o consumo
humano e para o fornecimento de matrias-primas na fabricao de roupas,
medicamentos, biocombustveis, entre outros. Essa atividade exercida h milhares
de anos, sendo de fundamental importncia para a sobrevivncia humana
(SERQUEIRA e FRANCISCO, 2014).
A produo de gros um dos principais segmentos desse setor, no s no
Brasil, mas em todo o mundo. O processo padro inicia-se na colheita dos gros em
campo, os quais posteriormente so levados para as unidades de beneficiamento e
armazenagem, onde passam por processos operacionais, tais como: recebimento,
limpeza, secagem, armazenagem e expedio (EMBRAPA, 2011).
A evidncia do crescimento da produo de gros gera a necessidade desse
processo ser mais rpido e altamente eficiente, e geralmente, a busca da alta
produtividade nas empresas acaba indo de encontro com as questes de segurana
do trabalho.
Muitos acidentes, inclusive alguns fatais, ocorrem por queda de altura, asfixia
na massa de gros, choque eltrico, intoxicao e o alto potencial de risco de
incndio e exploses devido ao acmulo de poeiras no interior do silo e as que ficam
depositadas nas mquinas e nos equipamentos eltricos (RANGEL JR, 2013).
A segurana do trabalho destaca a importncia do setor para a preveno dos
acidentes de trabalho decorrentes dos inmeros riscos operacionais existentes nos
ambientes que esse trabalho executado. As organizaes que programam aes
de segurana e sade no seu ambiente de trabalho tm vantagens de minimizao
desses riscos, melhoria da produtividade, competitividade e criao de uma imagem
de responsabilidade (COSTA e COSTA, 2005).
-
13
Para fins deste trabalho, buscou-se a identificao dos riscos associados a
cada atividade dentro do setor de beneficiamento de gros e uma maneira de buscar
o aprimoramento dos controles e processos existentes.
1.1 OBJETIVO GERAL
O objetivo geral do trabalho identificar os riscos da atividade e propor
controles e processos do setor de beneficiamento de gros para reduo de sinistros
e acidentes.
1.2 OBJETIVOS ESPECFICOS
Os objetivos especficos so:
Identificar os principais riscos pertinentes atividade;
Confirmar a ocorrncia de tais riscos em um estudo de caso; e
Propor estratgias para aprimoramento dos controles e processos;
1.3 JUSTIFICATIVAS
A agropecuria no Brasil atualmente um dos segmentos mais visados e
importantes da economia. O beneficiamento um dos setores da agropecuria
responsvel pela qualidade fsica, fisiolgica e sanitria do gro, proporcionando sua
boa classificao em padres comerciais (SILVA, PARIZZI e SOBRINHO, 2008).
Como qualquer outro processo apresenta riscos em sua operao, tais como:
soterramento, eltrico, queda, atropelamento, exploso, entre outros. Sendo
necessrio a implantao de planos e procedimento relacionados a segurana com
o objetivo de avaliar os riscos, evitando e minimizando a ocorrncia de acidentes e
incidentes no ambiente de trabalho (RANGEL JR, 2011).
Diante de tantos riscos associados atividade de beneficiamento de gros, foi
decidido realizar um estudo de caso em uma empresa especfica. A necessidade de
possuir um modelo de gesto em segurana do trabalho, a reviso peridica de
planos e procedimentos e a busca e, reduzir riscos e custos relacionados a
acidentes de trabalho essencial para qualquer companhia.
-
14
2 REVISO DE LITERATURA
2.1 O SETOR DO BENEFICIAMENTO DE GROS
A rea da agropecuria um centro de atividades denominadas de
agronegcio. Este segmento envolve atividades de produo agrcola propriamente
dita (lavoura, pecuria e extrao vegetal). a soma total das operaes de
produo agrcola e armazenamento, processamento e distribuio dos produtos
agrcolas e itens produzidos (MINISTRIO DA EDUCAO BRASLIA, 2000).
O agronegcio brasileiro tem sido, nos ltimos anos, o setor mais importante
para economia do pas. Tendo a produo de gros como a carro chefe do setor,
com safras crescendo a cada ano, hoje o Brasil tem potencial para competir no
mercado Mundial e capaz de influenciar na formao de preos (CONAB, 2005).
O beneficiamento de gros, setor da agropecuria, uma das ltimas etapas
do programa de produo. Sendo que neste setor que o gro avaliado pela
qualidade fsica, fisiolgica e sanitria, proporcionando sua boa classificao para
padres comerciais (SILVA, PARIZZI e SOBRINHO, 2008).
Aps a colheita dos gros em campo, o produto passa por uma srie de
processos como: recepo, limpeza, secagem e armazenagem, at que o insumo
chegue ao consumidor final. Tais etapas so realizadas em estruturas denominadas
unidades beneficiadoras de gros (MILMAN, 2002).
O processo de tais unidades beneficiadoras consiste inicialmente em receber
os gros em moegas graneleiras, posteriormente passam pelo processo de limpeza,
onde impurezas so retiradas. Na sequncia seguem para a etapa de secagem,
onde realizada a retirada de umidade por passagem de ar aquecido. Aps esta
etapa os gros ficam estocados por curto ou longo perodo para que ocorra a
expedio no melhor momento para a empresa (MILMAN, 2002). Na Figura 01
possvel verificar o processo de uma unidade beneficiadora de gros.
-
15
Figura 1 Fluxograma apresentando as etapas de produo. Fonte: (PIMENTEL, 2011)
A etapa do pr-processamento e recepo de gros, de suma importncia
pra o processo. Pois no momento da classificao que faz a identificao da
qualidade dos gros que esto sendo recebidos. Com as informaes de percentual
mximo de umidade e impurezas das cargas recebidas, o operador sabe qual a
sequncia e atividade a ser realizada (EMPRAPA, 2011).
2.1.1 Limpeza de Gros
Os gros da forma como so colhidos e recebidos da lavoura no podem ser
armazenados por melhor que sejam as condies do processo, pois so recebidos
com um teor de impureza e umidade fora dos padres (WEBER, 2005).
O processo de limpeza de gros uma operao que tem como objetivo
reduzir a quantidade dessas impurezas, matrias estranhas, restos culturais e de
gros trincados, ardidos ou quebrados. A limpeza deve ser realizada previamente ao
processo de secagem e armazenagem (DALPASQUALE, 2002).
-
16
Quanto s impurezas, os gros sero armazenados com o menor percentual
possvel para facilitar na conservao dos mesmos, apesar de no possuir um valor
tcnico ideal, na prtica, usual trabalhar com 1% de impurezas (WEBER, 2005).
A limpeza dos gros realizada pela separao das impurezas baseando-se
nas propriedades fsicas dos gros. Os equipamentos utilizados para realizar esse
processo separam as impurezas de acordo do tamanho, forma, peso e velocidade
terminal do produto.
Os mtodos de limpeza dos gros podem ser manuais ou mecanizados. Os
manuais so os mais simples, e podem utilizar o vento para separar as impurezas
dos gros, assim como peneiras com malhas apropriadas de acordo com o produto
(WEBER, 2005).
A limpeza mecanizada realizada atravs de equipamentos que possuem
dois processos: insuflao/ventilao e peneirao dos gros. A primeira tem por
objetivo retirar as impurezas mais leves e a outra retirar as impurezas maiores e
menores de acordo com as classificaes de cada tipo de produto (DALPASQUALE,
2002).
Segundo Weber, espera-se a excelncia na operao desses equipamentos
para que se possa tirar o melhor proveito, limpando adequadamente e buscando a
melhor capacidade do equipamento. A correta utilizao dessas mquinas contribui
sensivelmente para o melhor desempenho do secador de gros.
2.1.2 Secagem de Gros
A operao de secagem dos gros uma etapa fundamental no recebimento
de produtos agrcolas e sua correta aplicao assegura menores perdas qualitativas
durante as etapas de beneficiamento e armazenamento at a sua utilizao final.
A secagem correta dos gros at o rebaixamento a uma umidade adequada,
ainda mais do que a limpeza, responsvel pela qualidade dos gros armazenados.
No possvel o armazenamento sem haver esse rebaixamento da umidade original
de colheita, normalmente sugere-se uma umidade entre 12 e 14%, dependendo do
tipo do gro (WEBER, 2005).
-
17
Segundo o Ministrio da Agricultura, existe uma umidade adequada de
colheita, a qual indicada abaixo na Tabela 01:
Tabela 1 - Umidade recomendada para a colheita de gros
Produtos Teor de umidade recomendada
Soja 18%
Milho 26%
Trigo 20%
Arroz 24%
Sorgo 20% Fonte: Ministrio da Agricultura, 2010.
O processo de secagem tem por finalidade diminuir o contedo de gua nos
gros, reduzindo a deteriorao por ao de fungos, bactrias, insetos e pelo
processo de respirao dos gros que provoca perda de massa e gera calor.
Apesar de todos os avanos em tecnologia ps-colheita, a secagem de gros
continua sendo o mtodo mais adequado para a conservao dos gros produzidos,
o que resulta diretamente na qualidade, utilidade e valor das commodities.
Para quem trabalha com secagem, essencial saber como conduzir
corretamente o processo, sem afetar termicamente e mecanicamente os gros,
preservando o produto. indispensvel o conhecimento do equipamento, seus
recursos, regulagens, sistemas de controle, fluxos dos gros e do ar e todos os
demais recursos (WEBER, 2005).
A secagem pode ser realizada de forma natural ou artificial, e esta com baixa
ou alta temperatura. Os secadores mais comuns so os do tipo torre, de fluxo
cruzado, fluxo concorrente, fluxo contra corrente e fluxo misto.
Entre essas opes, o modelo de secador mais utilizado pelas unidades
armazenadoras brasileiras, o secador de fluxo misto ou secador do tipo cascata,
disponibilizado com capacidades horrias de secagem de 15 a 250t/horas. Na
Figura 02 possvel verificar um exemplo de modelo de fluxo de ar em secador de
gros.
-
18
Figura 2 Modelo de Fluxo de Ar em Secador de gros. Fonte: (WEBER, 2005)
Segundo Weber (2005), a secagem torna-se uma operao crtica quando a
colheita antecipada ou quando os gros so colhidos com umidade elevada. A
secagem inadequada ou a falta de secagem uma das principais causas de
deteriorao dos gros durante o armazenamento.
2.1.3 Armazenamento de Gros
Acredita que o marco inicial para evoluo humana foi a descoberta de meios
de armazenamento de alimentos por perodos mais prolongados, garantindo assim
quantidades suficientes para estabelecer estoques alimentares (WEBER, 1998).
Segundo Weber (1998) define o armazenamento como uma prtica que tem
por finalidade de condicionar os gros estocados e em excelente estado de
conservao. Pode-se tambm definir como estruturas destinadas a receber a
produo, promover a conservao em condies apropriadas e posteriormente
fornec-los s indstrias beneficiadoras.
-
19
Atualmente, a busca pela qualidade dos gros e subprodutos prioridade
para produtores, processadores e, finalmente para os distribuidores desses
produtos. Segundo Brooker el al. (1992), so vrios os fatores que contribuem para
a perda de qualidade e quantidade dos alimentos.
Estima-se que no Brasil 20% da produo anual de gros seja perdida entra
os processos de colheita e o armazenamento e que metade dessa perda seja fruto
da alta umidade presente nos gros, ocasionando o ataque de pragas durante o
processo de armazenagem (REDAO RURALNEWS, 2014).
Os insetos ao perfurarem os gros e expor o tegumento, facilita a entrada de
microrganismos como fungos que, iniciam o processo de deteriorao do mesmo,
produzindo as microtoxinas, de estrema toxidez aos homens e animais (PUZZI
1973).
Os artifcios associados para evitar a deteriorao dos gros armazenados
consistem em conduzir o teor de umidade, temperatura e oxignio nveis
desfavorveis ao desenvolvimento do microflora. A etapa de limpeza tem como
objetivo diminuir o teor de impurezas e matrias estranhas e a secagem de gros
atingir os nveis ideias de umidade.
2.2 RISCOS RELACIONADOS AO SETOR DE BENEFICIAMENTO DE GROS
De acordo com a NR 9 Programa de preveno de riscos ambientais
consideram-se riscos ambientais os agentes fsicos, qumicos e biolgicos existentes
nos ambientes de trabalho que, em funo de sua natureza, concentrao ou
intensidade e tempo de exposio, so capazes de causar danos sade do
trabalhador.
Segundo a classificao da norma, so considerados riscos fsicos as
diversas formas e energia que possam estar expostos aos trabalhadores, tais como:
rudo, vibraes, temperaturas extremas, presses anormais, entre outros.
So considerados agentes biolgicos, as bactrias, fungos, vrus e afins, j os
agentes qumicos so as substncias, compostos ou produtos que possam penetrar
no organismo pela via respiratria, nas formas de poeiras, fumos, gases e vapores,
-
20
ou que, pela natureza da atividade de exposio, possam ter contato ou ser
absorvidos pelo organismo atravs da pela ou por ingesto.
Considerando todas as etapas que fazem parte da atividade de
beneficiamento de gros, percebe-se a quantidade de riscos que os trabalhadores
esto expostos no dia-a-dia do trabalho.
A exposio ocupacional poeira dos gros de cereais pode desencadear
desde uma simples sensao de desconforto at uma alterao crnica irreversvel
caracterizada por sintomas respiratrios permanentes e obstruo das vias areas
(CHAN-YEUNG, 1992).
O rudo intenso e contnuo dos silos proveniente das peneiras e das correias
transportadoras em movimento e o calor excessivo gerado das fornalhas do secador
tambm so fatores de riscos ao trabalhador (ZENZ, 1975).
Segundo Yorgos, os acidentes em silos e armazns podem acontecer devido
a exploses, asfixia, toxicidade ou engolfamento. Visto que so estruturas fechados
a preveno fundamental para minimizar os riscos (REVISTA PROTEO, 2012).
Os riscos ergonmicos esto presentes em todos os setores devido a postura
incorreta dos trabalhadores em relao aos equipamentos, seja no escritrio ou no
armazm a mquina de limpeza, a fornalha do secador de gros ou tneis da fita
transportadora de gros.
2.3 ACIDENTE DO TRABALHO
Segundo a lei 8.213 de 24 de julho de 1991, da Previdncia Social, acidente de
trabalho o que ocorre no exerccio do trabalho a servio da empresa ou pelo
exerccio do trabalho dos segurados especiais, provocando leso corporal ou
perturbao funcional, permanente ou temporrio, que cause a morte, a perda ou
reduo de capacidade para o trabalho.
Existem dois principais tipos de acidente de trabalho, os acidentes ticos que so
decorrentes da caracterstica da atividade profissional desempenhada elo
acidentado e o acidente de trajeto, o qual ocorre no trajeto entre a residncia e o
local de trabalho do acidentado e vice-versa.
-
21
Para que a doena ou o acidente de trabalho seja realmente considerado e
computado nas estatsticas, imprescindvel que seja caracterizado tecnicamente
pela percia mdica do INSS, que far o reconhecimento tcnico do nexo casual
entre o acidente e a leso, a doena e o trabalho e a casa mortis e o acidente
(PREVIDNCIA SOCIAL, 2010).
As causas dos acidentes do trabalho so, na maioria das vezes, complexas,
porm h trs fatores que diretamente ou indiretamente atuam no desencadeamento
de qualquer acidente: atos inseguros, condies inseguras e fator pessoal de
insegurana (BARSANO e BARBOSA, 2012).
Para uma melhor avaliao da situao de acidente de trabalho no Brasil, a
mdia de acidentes com registro nos ltimos quatro anos foi de 717.000 e o nmero
de bitos de 2.800, com o setor de atividade Agropecuria contribuindo com 5%
desse montante (MINISTRIO DA PREVIDNCIA SOCIAL, 2014).
Nota-se grande importncia nos cuidados com as atividades realizadas em
diferentes nveis, preocupao de grande relevncia que est sendo estabelecida
em algumas Normas Regulamentadoras especficas, a exemplos das recentes NRs
33, 34, 35 e 36, as quais disponibilizam aos trabalhadores os requisitos mnimos e
as medidas de proteo para trabalhos realizados em atividades especficas.
2.4 SEGURANA DO TRABALHO
Conforme as instrues da NR 1 Disposies gerais, as normas
regulamentadoras (NRs) so de observncia obrigatria pelas empresas, aplicam-
se a todos os funcionrios e no desobriga as empresas do cumprimento de outras
disposies que, com relao matria, sejam includas em legislaes dos Estados
ou Municpios, e outras, oriundas de conveno e acordos coletivos de trabalho.
Dessa forma as instituies devem se atentar e se preocupar no atendimento
das legislaes vigentes e principalmente com a sade de seus funcionrios, para
que as atividades sejam executadas da forma mais segura possvel.
-
22
O mapa de risco constitui em uma tima ferramenta de reconhecimento dos
riscos existentes em um local de trabalho. De acordo com a NR 5, item 5.16, a CIPA
tem por atribuio elaborar esse documento e o ideal que esse trabalho seja
realizado pelos funcionrios junto a ao SESMT, onde houver, possibilitando dessa
forma uma maior ateno e real preocupao com os riscos que a atividade
apresenta.
Esse procedimento deve seguir algumas etapas para que seja bem
elaborado, primeiramente deve-se conhecer o processo de trabalho no local
analisado e identificar os riscos existentes no local, deve-se identificar quais
medidas preventivas j existem no local e a sua eficcia, identificar os indicadores
de sade e conhecer os levantamentos ambientais j realizados no local. Aps
essas etapas, o mapa de risco, sobre layout da empresa deve ser elaborado.
(PORTARIA n 25, de 29/12/1994).
Figura 3 Modelo de mapa de risco. Fonte: (REVISTA ESPACIOS, 2013).
2.4.1 Trabalho em altura
A Norma Regulamentadora de segurana e sade no trabalho em altura (NR
35) considera trabalho em altura toda a atividade executada acima de 2,00 m (dois
metros) do nvel inferior, onde haja risco de queda.
-
23
De acordo com a prpria norma, de responsabilidade do empregador:
garantir a implementao das medidas de proteo, desenvolver um procedimento
operacional para as atividade rotineiras e assegurar que quando aplicvel, seja
emitido uma PT (permisso de trabalho).
de responsabilidade dos trabalhadores zelar pela sua segurana e sade
no ambiente de trabalho, seja tomando aes ou omisses inseguras. O empregado
tem o direito de rejeitar executar certa tarefa caso constatar que a mesma apresente
risco.
O trabalho em altura dentro da atividade de beneficiamento de gros
rotineiro e est ligado na operao de limpeza das estruturas, seja das cdulas ou
at dos silos e secadores. Essa atividade deve ser realizada apenas por pessoas
capacitadas e treinadas, dever possuir monitoramento peridico da presso arterial
e abertura de PT por parte do supervisor.
Para os trabalhos executados dentro dos silos, a NR 31 apresenta uma srie
de preceitos a serem observados no ambiente de trabalho, inclusive ditando critrios
para as atividades em altura, como a utilizao de cinto de segurana e cabo vida.
2.4.2 Espao Confinado
A Norma Regulamentadora de segurana e sade do trabalho (NR 33)
classifica o espao confinado como qualquer ambiente ou rea no projetado para
ocupao humana de forma contnua, o qual possua formas limitadas de entrada e
sada, cujo ambiente possa ter deficincia ou enriquecimento de oxignio ou sua
ventilao existente seja insuficiente de retirar contaminantes (BRASIL, 2014).
Cabe ao empregador indicar formalmente o responsvel tcnico para o
cumprimento da norma, na maioria das vezes fica a cargo do supervisor do turno e
do tcnico de segurana, realizar as avaliaes do ambiente. Dentro dessa
avaliao, o primeiro passo identificar os espaos confinados existentes.
Para que o trabalhador possa trabalhar em segurana de responsabilidade
do empregador identificar todos os riscos inerentes a atividade, sinalizar o espao
confinado, garantir que o acesso s acontea depois de realizar a PET e capacitar
-
24
os funcionrios quanto ao uso dos EPIs, o acesso, riscos e medidas de emergncia
e salvamento.
Para o trabalho em espaos confinados, existem pequenos aparelhos Figura
4 que indicam a concentrao de gases perigosos no interior dos silos (e demais
espaos confinados), que do segurana ao operrio que vai adentrar esse recinto.
Figura 4 Detector de oxignio para espao confinado. Fonte: (Revista proteo Ary de S, 2007)
Por ser um meio de trabalho com altos riscos, o trabalho no deve ser iniciado
sem sua respectiva avaliao e permisso, no deve ser realizada de forma
individualizada e sem seu respectivo treinamento (NR 31).
2.4.3 Incndio/Exploso
O processo de exploso se compara a uma onda que inicialmente se propaga
a uma velocidade menor que a do som, aumentando de forma gradativa logo aps a
sua ignio, formando ento ondas de alta presso que causam rupturas em
instalaes, geralmente acompanhadas de incndios (MACCOMEVAP, 2004).
Os elementos necessrios para o surgimento do fogo, de acordo com a Foto
02 so combustvel, comburente, calor e reao em cadeia. Esses quatros
elementos dispostos de forma conjunta constituem o Tetraedro do Fogo, e so
responsveis pela origem do processo de combusto (BARSANO e BARBOSA,
2013).
-
25
Figura 5 Tetraedro do fogo. Fonte: (BARSANO e BARBOSA, 2007)
O p em suspenso o combustvel que em forma de partculas slidas
geradas pelo manuseio da prpria operao, e que se depositam pela ao da
gravidade. Esse p e o oxignio presente no ambiente, atrelado a uma possvel
fonte de ignio em um ambiente confinado, torna-se uma grande rea de risco.
As exploses ocorrem de forma frequente nas unidades processadoras de
gros, onde existe formao de poeiras com propriedades combustveis, onde
primeiramente necessrio que as mesmas estejam dispersas no ar e em
concentraes adequadas, tal como ocorre nos locais de descarga, limpeza,
secagem, armazenagem, etc., locais onde no possuem controle de exausto de
poeiras ou que no esteja operando de forma correta (BETENHEUSER, 2005).
Os equipamentos eltricos, por sua prpria natureza podem constituir fontes
de ignio quando operando em uma atmosfera potencialmente explosiva. Essa
fonte de ignio pode ser ocasionada por centelhamento norma devido abertura
e/ou fechamento de contatos, ou ainda por superaquecimento de algum componente
eltrico devido ao prprio funcionamento deste, ou ainda, provocando por correntes
de defeito.
Alm dos equipamentos eltricos, os equipamentos mecnicos devem ser
observados, pois podem constituir fontes de ignio como, por exemplo, no caso de
aquecimento de partes que sofrem atrito ou descarga por eletricidade esttica.
Segundo a NBR IEC 600079-10-1 e NBR IEC 60079-10-2, todas as reas onde
houver a presena de poeiras combustveis, necessrio realizar um estudo de
classificao de rea.
-
26
Em reas com alto risco de suma importncia o atendimento a todas as
normas que diz respeito ao controle e combate a incndios, sua identificao, e
sinalizao, extintores, sistema de alarme, sistemas de hidrantes e de mangotinhos,
enfim toda a estrutura necessria para conter um possvel acidente.
2.4.4 Rudo
De acordo com a NR-15, anexos 1 e 2, os rudos dividem-se em: rudos
contnuos ou intermitentes e rudos de impactos. Entende-se por rudo contnuo ou
intermitente, para os fins de aplicao de limites de tolerncia, o rudo que no seja
de impacto. J o rudo de impacto, aquele que apresenta um pico de energia
acstica de durao inferior a 1 (um) segundo, a intervalos superiores a 1 (um)
segundo.
As mquinas e os equipamentos utilizados pelas empresas produzem rudos
que podem atingir nveis excessivos, podendo a curto, mdio ou longo prazo
provocar grandes prejuzos ao trabalhador. Dependendo do nvel sonoro, do tempo
de exposio e da sensibilidade individual, as alteraes podem manifestar de forma
imediata ou gradual (BARSANO e BARBOSA).
O excesso de rudo um fator inerente nas atividades industriais e
agroindustriais. A mecanizao dos processos gera um nvel de rudo perturbador
para o desenvolvimento do trabalho, alm de poder causar doenas ocupacionais.
As medidas de controle do rudo so basicamente de trs ordens: na fonte, no
meio e no homem. Prioritariamente, quando tecnicamente vivel, a interveno deve
se dar na fonte, em seguida no meio e, em ltima instncia, no homem (FILHO,
2001).
Segundo Barbosa Filho, o controle na fonte pode ser buscado com a
execuo de medidas tcnicas na maquinaria e de medidas administrativas na
produo. Para o controle do meio, a empresa deve evitar a propagao por meio de
isolamento e em ltimo lugar, para controle no homem, as medidas resumem-se a
reduo do tempo de exposio e proteo sobre o indivduo.
-
27
2.5 EQUIPAMENTO DE PROTEO INDIVIDUAL
Conforme a NR-6, considera-se Equipamento de Proteo Individual EPI
todo dispositivo ou produto, de uso individual utilizado pelo trabalhador, destinado
proteo de riscos suscetveis de ameaar a segurana e a sade do trabalhador.
O uso do equipamento de proteo individual dever ser efetuado quando
no houver possibilidade de eliminar os riscos do ambiente de trabalho, ou quando
as medidas de proteo coletivas no forem viveis, eficientes e suficientes para a
sua neutralizao. (PANTALEO, 2012).
O EPI s poder ser posto venda ou utilizao com o seu respectivo
certificado de aprovao CA, sendo a empresa obrigada a fornecer em perfeito
estado de conservao ao seu funcionrio. E cabe ao empregado usar para os
devidos fins e responsabilizar-se pela sua conservao. (NR-06).
Os equipamentos de proteo coletiva EPC so dispositivos utilizados no
ambiente de trabalho que objetivam proteger os trabalhadores dos riscos no
ambiente onde realizam suas atividades dirias. Como exemplos pode-se citar a
proteo de partes mveis de mquinas e equipamentos, sinalizaes de
segurana, emisso de rudos, entre outros.
J os tipos de EPIs utilizados podem variar dependendo do tipo de atividade,
dos riscos que a funo est atrelada ou da parte do corpo que pretende proteger.
Para proteo auditiva o uso de abafadores de rudos ou protetores auriculares, no
caso de proteo respiratria recomenda-se mscaras e filtros, para proteo visual
e facial importante a utilizao de culos e viseiras. Na proteo de mos e braos
utilizam-se luvas e mangotes, enquanto para pernas e ps, utilizam-se sapatos,
botas e botinas e para proteo contra quedas recomendado utilizao de cintos
de segurana (FUNDACENTRO, 2012).
Compete ao SESMT, junto a CIPA e trabalhadores usurios, recomendar ao
empregador e EPI adequado ao risco existente em cada atividade executada.
importante realizar treinamentos e pesquisas, discutir mtodos e formas de prevenir
os acidentes junto ao quadro de funcionrios, para melhorar o entendimento sobre o
assunto e os riscos relacionados atividade.
-
28
3 METODOLOGIA
Uma vez confirmada na literatura a presena de perigos e riscos para a
segurana operacional e dos trabalhadores, necessrio que seja feita uma anlise
para avaliar o potencial de prejuzos e danos dentro das atividades executadas, por
meio da aplicao destes conceitos a um estudo de caso.
A metodologia utilizada para essa avaliao vai de encontro com as diretrizes
na NR-09, a qual cita que a preveno dos riscos deve seguir algumas etapas aps
o seu reconhecimento:
a) A probabilidade de que o perigo produza um evento perigoso
b) A gravidade das possveis consequncias
c) O ndice de exposio aos perigos
Quanto maior for a exposio s condies inseguras, maior a
probabilidade de ocorrncia de consequncias prejudiciais. Na Tabela 02 possvel
verificar as probabilidades do evento.
Tabela 2 Probabilidade do evento
Definio qualitativa
Significado Valor
Frequente Provvel que ocorra muitas vezes (tem ocorrido frequentemente) 5
Ocasional Provvel que ocorra algumas vezes (tem ocorrido ocasionalmente) 4
Remoto Improvvel, porm possvel que ocorra (ocorre raramente) 3
Improvvel Muito improvvel que ocorra (no se conhece ocorrncia anterior) 2
Extremamente improvvel Quase inconcebvel que o evento ocorra 1
Fonte: (Autor)
Uma vez determinada a probabilidade do evento acontecer, avaliou-se a
natureza das consequncias causadas da ocorrncia. Sendo assim, a classificao
e avaliao da severidade segue a tabela abaixo:
-
29
Tabela 3 - Severidade dos eventos
Definies Significado Valor
Catastrfico Destruio de equipamento e/ou mortes mltiplas. A
Perigoso Reduo importante da margem de segurana, dano fsico com leses graves ou morte e/ou danos maiores ao equipamento.
B
Maior Reduo significativa da margem de segurana, incidente grave e/ou leses a pessoas.
C
Menor Limitaes operacionais, utilizao de procedimento de emergncia e/ou incidentes menores.
D
Insignificante Consequncias leves. E
Fonte: (Autor)
A partir dessa avaliao foi traada uma matriz de avaliao dos riscos
existentes nas atividades e de acordo com a significncia dos riscos pode-se pr em
ordem a prioridade de tratativa.
Tabela 4-Severidade do risco.
Probabilidade do risco Catastrfico
A Perigoso
B Maior
C Menor
D Insignificante
E
5 - Frequente 5A 5B 5C 5D 5E
4 - Ocasional 4A 4B 4C 4D 4E
3 - Remoto 3A 3B 3C 3D 3E
2 - Improvvel 2A 2B 2C 2D 2E
1 - Extremamente improvvel
1A 1B 1C 1D 1E
Fonte: (Autor)
Aps anlise das informaes e encontrados as atividades que apresentaram
o maior grau de risco que o colaborador est exposto, foi traado quais seriam as
principais aes para atingir o nvel de segurana do trabalhado desejado.
3.1 ESTUDO DE CASO
O estudo de caso abordado no presente trabalho referente implantao de
um novo sistema de gesto de segurana de trabalho vinculada atividade de
beneficiamento de gros em uma empresa brasileira no ramo de alimentos. Esta
empresa possui algumas estruturas de beneficiamento de gros prprias, as quais
-
30
possuem como objetivo principal a produo de rao para alimentao dos
animais.
Figura 6 Estrutura de beneficiamento de gros da empresa Fonte: Autor
A empresa foi criada no ano de 2009 e desde o incio j possua um setor de
segurana do trabalho e procedimentos implantados em suas diversas plantas e
reas de atuao. Devido necessidade de tratativa dos incidentes e acidentes que
aconteciam e a busca pela melhoria contnua, foi decidido realizar um trabalho para
identificar os focos desses acontecimentos.
No final do ano de 2013 foi criado um Grupo Tcnico (GT) para discusso e
criao de um novo padro em relao segurana do trabalho na atividade de
operao dos secadores de gros. Neste GT foram discutidos os critrios de
segurana da operao de secagem de gros, com o aperfeioamento e a
implantao de novos controles da operao e atualizao da Instruo de trabalho
(IT) de secagem de gros.
Vista a necessidade de melhoria no sistema de gesto de segurana do
trabalho na empresa do presente estudo, foi definido pelo alto escalo da companhia
que melhorias deveriam ser realizadas no setor de beneficiamento de gros, com o
-
31
objetivo de padronizar os procedimentos e planos para minimizar a ocorrncia de
acidentes e sinistros durante todas as etapas da atividade.
A reviso e implantao do modelo de gesto ocorreram no ano de 2014 em
12 unidades distribudas no territrio brasileiro, em Estados como Paran, Rio
Grande do Sul, Mato Grosso, Gois, entre outros. Apesar de cada unidade
apresentar sua peculiaridade foi considerado um modelo padro a ser seguido.
O estudo de caso foi detalhado em dois cenrios, o inicial (do ano de 2009 a
2013) abordou a situao dos procedimentos e os problemas encontrados, e o atual,
o detalhamento das mudanas e melhorias realizadas.
3.1.2 Cenrio Inicial 2009/2013
Entre os anos de 2009 e 2013, perodo pelo qual a empresa passou por
algumas mudanas e restries impostas por rgos governamentais, as diretrizes e
estratgias da companhia tiveram foco na produtividade., Apesar de estar vivendo
um momento de reestruturao e consolidao no mercado e o foco no ter sido
nessa rea de segurana, a empresa nunca deixou de atender as legislaes
vigentes, possuir um quadro tcnico na rea e um sistema de gesto implantado,
com seus respectivos controles e procedimentos.
Apesar disso, a empresa sofria com um nmero significativo de incidentes e
acidentes em suas atividades e que o controle existente (procedimentos, instrues
e formulrios) no estava sendo cumpridos conforme a estabelecido, , percebeu-se
ento que algumas situaes tinham que deixar de ocorrer e que muita coisa deveria
ser revista.
As consequncias para companhia foram de escala estrutural, com danos
principalmente para o patrimnio e consequentemente com perdas financeiras, seja
de parada de produo ou com trocas e/ou reparos em suas estruturas atingidas.
Esse cenrio foi comprovado no processo de identificao das situaes dos
ocorridos. Essas informaes foram consolidadas e representadas na Tabela 5
abaixo, levando em conta as principais consequncias, as aes realizados no
momento do sinistro, e o seus respectivos custos de adequao.
-
32
Tabela 5 - Acompanhamento e Levantamento de Incidentes/Sinistros de Secadores Durante o Perodo 2009/2013
N Filial Situao Ao Consequncia
Custo de Adequao
1 DV Vrios princpios de incndio - secador de soja
Foi mudado o sistema de quebra chama da fornalha para o secador, foram instaladas duas barreiras fsicas para impedir a subida de fagulhas para a torre de secagem. Refeito a lateral da cama do redimunhador com tijolo refratrio
Perda de capacidade de secagem nos dias de manuteno e pagamento de dirias.
R$ 10.000,00
2 DV Incndio do secador II
Foi abafado e esvaziado para fazer o procedimento de reviso e limpeza
Atraso no recebimento do milho da safra
R$ 540.000,00
3 T Princpio no secador II
Parada na operao do secador e realizao do procedimento de limpeza
Queda de duas cantoneiras e estirastes, Foi realizado conserto e o equipamento seguiu a operao.
-
4 VN Princpio de incndio
Parada no processo de secagem, realizao do procedimento de limpeza no equipamento e nas fornalhas.
Manuteno no piso interno da fornalha. R$ 23.000,00
5 VN Princpio de incndio
Parada no processo de secagem, realizao do procedimento de limpeza no equipamento.
No houve maiores problemas, o equipamento foi limpo e a operao retornou.
-
6 FB Princpio de incndio
Parada no processo de secagem, realizao do procedimento de limpeza no equipamento.
Equipamento ficou parado durante 6 horas
-
7 D Incndio do secador 120ton/h
No foi realizado o procedimento de descarga do secador e houve perda do equipamento
Equipamento sem condies de uso, necessrio uma reforma geral.
R$ 350.000,00
8 M Princpio de incndio
Parada no processo de secagem, realizao do procedimento de limpeza no equipamento.
No houve maiores problemas, o equipamento foi limpo e a operao retornou.
-
-
33
(Continuao)
N Filial Situao Ao Consequncia Custo de
Adequao
9 RV Incndio
Parada no secador. Sem condies de operao aps o incndio ocorrido na safra vero
Substituio de 12 mdulos de dutos em quatro torres de secagem e reforma geral no secador. Equipamento operou normalmente na safra inverno
R$ 150.000,00
10 MNE Princpio de incndio
Efetuar parada do secador para procedimento de limpeza a cada 48horas.
Fazer melhoria no sistema de quebra chama e calibragem da suco.
R$ 40.000,00
11 ED Princpio de incndio
Parada no processo de secagem, realizao do procedimento de limpeza no equipamento.
Trocar cinco pingadeiras. Continuidade da operao
R$ 2.500,00
12 J Trs Focos de incndio
Parada do secador durante aproximadamente 25 horas.
Realizar trocas de vrios dutos e reforo na estrutura do secador, chapas externas apresentam grau avanado de ferrugem e perfuraes.
R$ 75.000,00
13 NM Princpio de incndio
Parada no processo de secagem, realizao do procedimento de limpeza no equipamento.
Equipamento ficou parado durante 4 horas
-
14
I
Quebra da eclusa
Parada do secador.
Manuteno da eclusa
R$ 4.000,00
15 NP Incndio
Tentativa de abafar o fogo, porm foi necessrio entrar com combate com gua.
Danificao de dutos e espelho do lado direito
R$ 100.000,00
16 UBE Princpio incndio secador II
O secador foi esvaziado e realizado o procedimento de limpeza do equipamento
Equipamento ficou parado durante 5 horas
-
Total R$ 1.294.500,00 Fonte: (Autor)
-
34
Com o conhecimento do risco que todos esses acontecimentos geravam para
os trabalhadores e consequentemente para a empresa, e visualizando tambm o
lado da reduo de produtividade e prejuzo com as estruturas, foi decidido que a o
ano de 2014 seria a mudana de patamar no quesito segurana do trabalho.
3.1.2 Cenrio Atual A Partir de 2014
Aps uma anlise detalhada do cenrio durante esses cinco anos de histria,
e percebendo o cenrio problemtico nas questes referente a segurana, decidiu-
se, durante os trs meses de reunies e discusses entre vrios setores da empresa
no GT, que algumas aes seriam tomadas:
Levantamento e atualizao dos riscos aos trabalhadores nas atividades de
beneficiamento de gros e as respectivas medidas de controle;
Reviso dos planos de manuteno e limpeza dos equipamentos;
Reviso do procedimento operacional de secagem de gros;
Aplicao de treinamentos em todas as unidades filiais de gros e fbricas
de raes;
Implantao de controle (planilha de acompanhamento) das temperaturas de
secagem;
Implantao de controle (planilha de acompanhamento) de uniformidade de
secagem;
Visita s unidades para acompanhamento In loco dos equipamentos; e
Visitas s unidades para acompanhamento e auditorias do cumprimento da
norma de secagem e controles da operao.
Sendo assim, foi realizado um plano de ao para cumprimento de todas as
atividades traadas, com seus respectivos responsveis, prazos de atendimento e
relatrios de execuo. Abaixo sero explicados os resultados das principais aes
para buscar os objetivos.
-
35
4 RESULTADOS E DISCUSSES
Depois de realizados essa avaliao e um acompanhamento e levantamento
dos principais incidentes e acidentes gerados no beneficiamento de gros, foi
identificado atravs do estudo que a etapa de secagem de gros foi a que
apresentou maiores ocorrncias.
Figura 7 Estrutura aps incndio
Fonte: Autor
Figura 8 Material aps incndio
Fonte: Autor
-
36
Aps essa identificao e priorizao nas aes para o controle dos riscos, foi
realizado uma melhoria nos programas de treinamentos do corpo de funcionrios e
terceiros, reviso de todos os procedimentos operacionais e de segurana do
trabalhado, alm de um maior foco nos planos de limpeza e manuteno dos
equipamentos. As aes traadas como prioridades so demonstradas de forma
mais especficas abaixo:
4.1. IDENTIFICAO DOS RISCOS E SEUS RESPECTIVOS CONTROLES
A metodologia utilizada para identificao e classificao dos riscos serviu
para auxiliar na definio da abordagem a ser empregada pela organizao. De
acordo com as novas diretrizes e cultura da empresa, o processo de identificao e
anlise geral de riscos deve ser monitorado e continuamente aprimorado.
Aps ter realizado a etapa de identificao dos riscos existentes em todas as
atividades do processo de beneficiamento de gros da empresa e traado a
significncia de cada um deles, o prximo passo foi selecionar as formas adequadas
de combate aos riscos.
A forma de reduzir esses riscos foi tomada de maneira preventiva, com o foco
de diminuio da probabilidade de ocorrncia, como demonstrado nas etapas a
seguir.
Na etapa 1 Recepo da matria-prima e limpeza, os riscos e suas
respectivas medidas de controle esto listados no quadro 01:
-
37
Quadro 1 - Atividade de recepo da matria-prima e limpeza. Fonte: (Autor)
Na etapa 2 Abastecimento da fornalha e secagem, os riscos e suas
respectivas medidas de controle esto detalhados no quadro 02:
RISCOS SST FONTE MEDIDAS DE CONTROLE
Irritao das vias respiratrias e olhos
Presena de particuladosUso de EPI's: culos de proteo e respirador para poeiras e nvoas
Perda auditiva RudoUso de EPI's: protetor auditivo tipo concha
Choque eltrico Exposio a partes energizadasAcesso restrito, sinalizao e treinamento
Atropelamento Movimentao de veculosSistema de travamento e treinamento
Queda Trabalho em alturaUso de EPI's: cinto, talabarte e cabo de vida e treinamento
Asfixia e intoxicao Trabalho em espao confinadoSinalizao, abertura de PT e treinamento
Exploso e incndio Excesso de ps nas estruturasUso de EPI's: respirados para poeiras e nvoas e treinamento
Cansao e fadigaPostura inadequada e esforo fsico
Treinamento e orientaes
Esmagamento de rgos Estrutura do tombador Acesso restrito e treinamento
Choque mecnicoRessaltos no piso, movimentao do rodo e abertura das tampas dos caminhes
Uso de EPI's: calaco de segurana e luva de vaqueta
Projeo de particulados Trabalho com ar comprimidoUso de EPI's: culos de proteo e respirador e treinamento
ATIVIDADE DE RECEPO DA MATRIA-PRIMA E LIMPEZA
-
38
Quadro 2- Atividade de abastecimento da fornalha e secagem de gros. Fonte: (Autor)
Na etapa 3 Armazenagem e expedio de gros, os riscos e suas
respectivas medidas de controle esto detalhados no quadro 03:
RISCOS SST FONTE MEDIDAS DE CONTROLE
Cortes e leses Contato com farpas de lenhaUso de EPI's: luva de vaqueta e raspa
Atropelamento Movimentao de veculosDelimitao da rea de acesso e sinalizao
Perda auditiva RudoUso de EPI's: protetor auditivo tipo concha
Atropelamento Movimentao de veculosSistema de travamento e treinamento
Choque mecnico Abastecimento da fornalhaUso de EPI's: calaco de segurana e treinamento
Queimadura Contato com superfcie quenteUso de EPI's: luva de raspa e avental
Leses no olho e cegueiraContato com radiaes no ionizantes eprojeo de particulados
Uso de EPI's: viseira
Desidratao Devido ao calor Treinamento e orientaes
Exploso e incndio Excesso de ps nas estruturasUso de EPI's: respirados para poeiras e nvoas, treinamento e abertura de PT
Asfixia e intoxicao Trabalho em espao confinadoSinalizao, abertura de PT e treinamento
Choque trmicoMudanas repentinas de temperatura
Treinamento e orientaes
Choque mecnico Instalaes areas de nvel baixoUso de EPI's: capacete com jugular
Queda Empilhamento de lenha Treinamento e orientaes
Picadas Contato com animais peonhentos Controle de pragas
Irritao das vias respiratrias e olhos
Presena de particuladosUso de EPI's: culos de proteo e respirador para poeiras e nvoas
Desconforto osteomuscularLimpeza das fornalhas e movimentaos dos resduos
Treinamento e orientaes
Queda Trabalho em alturaUso de EPI's: cinto, talabarte e cabo de vida e treinamento
Choque eltrico Exposio a partes energizadasAcesso restrito, sinalizao e treinamento
ATIVIDADE DE ABASTECIMENTO DA FORNALHA E SECAGEM DE GROS
-
39
Quadro 3- Atividade de armazenagem e expedio de gros. Fonte: (Autor)
Atravs da identificao realizada, percebe-se a complexidade da atividade
de beneficiamento de gros e a quantidade e abrangncia dos riscos existentes.
Todos foram avaliados de acordo com a metodologia do trabalho e traadas as
medidas de controle para cada risco.
Primeiramente a ao voltada para proteo do ambiente, seja em forma de
equipamento de proteo coletiva instalado nos equipamentos e/ou a sua respectiva
sinalizao. Quando a neutralizao dos riscos no eficiente para o coletivo,
utilizam-se os equipamentos de proteo individual. Em ambos os casos os
treinamentos so realizados em paralelo com as outras formas de proteo.
RISCOS SST FONTE MEDIDAS DE CONTROLE
Irritao das vias respiratrias e olhos
Presena de particuladosUso de EPI's: culos de proteo e respirador para poeiras e nvoas
Perda auditiva RudoUso de EPI's: protetor auditivo tipo concha
AtropelamentoMovimentao de carregadeira e empilhadeira
Sinalizao e habilitao do operador
Choque mecnicoRessaltos no piso e instalaes areas com nvel baixo
Uso de EPI's: calaco de segurana e capacete com jugular
Exploso e incndio Excesso de ps nas estruturasUso de EPI's: respirados para poeiras e nvoas e treinamento
Transmisso de doenas Fezes de pssaros Limpeza do armazm
Asfixia e intoxicao Trabalho em espao confinadoSinalizao, abertura de PT e treinamento
Fratura e esmagamento Exposio a partes girantesBloquei de equipamento, sinalizao e treinamento
Cansao e fadigaPostura inadequada e esforo fsico
Treinamento e orientaes
Choque eltrico Exposio a partes energizadasAcesso restrito, sinalizao e treinamento
Atropelamento Movimentao de veculosSistema de travamento e treinamento
Queda Trabalho em alturaUso de EPI's: cinto, talabarte e cabo de vida e treinamento
ATIVIDADE DE ARMAZENAGEM E EXEPDIO DE GROS
-
40
4.2 APLICAO DE TREINAMENTOS
Aps a implantao de algumas diretrizes, foi definido que o treinamento deve
ter um papel complementar dentro do conjunto das medidas preventivas.
Isso porque as posturas adotadas pelos trabalhadores no desempenho de
suas funes so condicionadas por vrios fatores, como: seu estado fsico e
estatura, disposio do posto de trabalho, contedo da tarefa a ser executada,
exigncia de tempo e carga do trabalho.
Deve-se ter em conta que a preveno de acidentes atravs de treinamentos
e outros meios no tm comeo, meio e fim. um processo que leva tempo e
esforo para atingir as mudanas.
Atravs desses conceitos e complexidade do assunto, foram tomadas
algumas decises para implantao dessa nova cultura dentro da empresa, as quais
esto descritas abaixo.
Treinamentos sobre a operao de beneficiamento de gros realizados em
todas as regionais durante o perodo com participao de toda a equipe envolvida.
Os treinamentos foram realizados por consultoria contratada pela diretoria de gros,
com participao de todas as unidades da companhia que possuem o processo de
secagem de gros, incluindo as regionais.
Foi realizada a integrao com os terceiros antes do incio das atividades,
com o intuito de uma melhor explicao sobre as normas de SSMA (segurana,
sade e meio ambiente da companhia). Alm disso, foram definidas algumas outras
diretrizes essncias para a continuidade das atividades, tais como:
Incluso dos terceiro nas reunies semanais de DSSMA;
Exigncia de treinamentos especficos para terceiros que exercero
atividades em espaos confinados e trabalho em altura;
Participao dos terceiros nos treinamentos sobre operao de secagem de
gros;
Treinamento dos terceiros efetivos em trabalho em altura e trabalho em
espaos confinados;
Realizao de investigao de acidentes de trabalhos com terceiros;
-
41
Intensificao do acompanhamento de tcnicos de segurana nas filiais
principalmente em perodo de safra; e
Realizao de alinhamento com empresas prestadoras de servios que
efetuaro a contratao dos safristas para operao nas filiais, foco na
necessidade de segurana, foram estabelecidas penalidades para o no
cumprimento das normas do SSMA como quebra de contratos.
O plano de treinamento da empresa foi um dos documentos que sofreram
reviso e passaram por um processo de melhoria, aps ser evidenciado que um
dos pilares para a mudana de comportamento e valor da companhia.
4.2 REVISO E MELHORIA DOS PROCEDIMENTOS
A proposta de reviso e melhoria dos procedimentos da empresa, aps o
processo de identificao dos riscos e seus respetivos controles, foi a base de
identificao dos pontos de melhorias e o passo a passo de como atingir esse
objetivo.
O trabalho de melhoria desses processos (mapeamento, redesenho e
documentao) tambm foi feito seguindo uma ordem de priorizao, ou seja, os
processos mais crticos da rea foram trabalhados em primeiro lugar.
O levantamento das atividades do processo (etapas) seguiram algumas
orientaes para serem bem sucedidas. Primeiramente foram registradas as
atividades que realmente aconteciam e no as que deveriam acontecer, os
responsveis pela reviso se reuniram com os demais participantes do processo
para obter todas as informaes condizentes e por fim as atividades foram
colocadas em ordem cronolgica de execuo.
Esse trabalho foi realizado por uma equipe multidisciplinar e aprovado pelos
gerentes das unidades, da qualidade e o setor de segurana do trabalho. Todo o
conjunto de processos e procedimentos vinculados atividade de secagem de gros
seguiu a mesma diretriz, desde documentos mais simples como formulrios de
acompanhamento at mesmo as instrues de trabalho e o procedimento geral de
operao da atividade de beneficiamento de gros.
-
42
O procedimento operacional do departamento de gros foi adequado com o
objetivo de estabelecer um critrio para toda a operao, sendo as unidades de
beneficiamento de gros e de raes como o campo de aplicao. As tarefas da
atividade foram descritas no detalhe, ligando aos riscos que cada uma apresenta e
seus diversos controles.
Tambm apresenta quais so os registros a serem preenchidos, com suas
respectivas amostras e frequncias de monitoramento. Quais os treinamentos e
instrues necessrios para cada atividade e seu respetivo plano de
reciclagem/atualizao. O documento apresenta tambm as aes que devem ser
tomadas em casos de incidentes e/ou sinistros, sempre vinculado aos planos de
emergncia e atendimento.
Na descrio dos processos, isto , no passo a passo de cada atividade, so
mencionados quais outros documentos devem sem preenchidos ou usados como
base do atendimento. Para atendimento desse procedimento necessrio o
cumprimento de outros, tais como os planos de limpeza, manuteno e operao do
equipamento de secagem de gros.
4.3 PLANOS DE LIMPEZA, MANUTENO E OPERAO DOS SECADORES DE
GROS
Devido quantidade de incidentes e sinistros na atividade de secagem de
gros, foi definido como objetivo maior desse estudo um aprimoramento e
cumprimento dos planos de limpeza, manuteno e operao dos secadores de
gros da companhia.
O objetivo do procedimento de manuteno de definio de uma estratgia
de manuteno, confiabilidade e regras bsicas de manuteno, inspeo e
monitoramento dos equipamentos da empresa.
A execuo de todos esses planos de responsabilidade do gestor da
unidade, visando a implantao de manuteno preventiva e seguindo todos os
outros procedimentos vinculados a atividade.
-
43
As principais aes traadas para atendimento desses novos planos esto
listadas a seguir:
Verificar a limpeza do equipamento de secagem de gros;
Verificar a qualidade do processo de limpeza de gros reduo do % de
impureza dos gros para beneficiamento no secador; menor teor de
impurezas h menos reteno de gros dentro do secador, e pela impureza
(palhas) ser um material altamente combustvel, h reduo de probabilidade
de princpios de incndios nos equipamentos. A recomendao de que o %
mximo de impurezas seja de 1%;
Verificar se o sistema de descarga dos secadores est regulado e operando
corretamente;
Evitar a compactao na primeira carga, acionamento o sistema de descarga
do equipamento, principalmente quando gros esto com alto teor de
umidade. A compactao dos gros pode travar o sistema de descarga,
superaquecendo os gros dentro do secador e ocasionando princpios de
sinistros;
Manter a uniformidade da temperatura de secagem, obedecendo as
recomendaes referentes s temperaturas mximas de secagem (110C);
Realizar as limpezas peridicas no processo de secagem de gros a cada
sete dias no mximo;
Realizao de limpeza interna e verificao do estado de conservao dos
dutos durante as paradas do equipamento;
Registrar realizao da limpeza do equipamento na planilha de controle;
A cada 30 minutos o operador deve coletar amostra na sada do secador,
fazer o processo de determinao de umidade e registrar em planilha de
controle. Neste momento tambm deve ser registrada a temperatura de
secagem na mesma planilha;
Registrar a cada hora sobre a qualidade das amostras coletadas na sada da
mquina de ps-limpeza para verificao final do produto antes do
armazenamento; devero ser avaliados, alm da umidade dos gros, itens de
verificao de temperatura dos gros, % de impurezas, e % de gros
quebrados; e
-
44
Registrar e enviar formulrio padro em caso de qualquer ocorrncia fora do
normal (princpio incndio, paradas, etc.).
Todas essas aes so primordiais para atendimento do novo plano
implantado pela empresa. Os registros devem ser mantidos na unidade e postados
no sistema, com o intuito de criar uma rotina de atendimento e para avaliar a real
eficcia no sistema de gesto em nvel de auditoria.
-
45
5 CONSIDERAES FINAIS
Visto que as organizaes esto inseridas hoje em um cenrio muito
competitivo e que vlido toda a melhoria que venha a contribuir para mant-la
neste mercado, evidencia-se a necessidade de trabalhar no desenvolvimento de
melhorias nos procedimentos e processos da atividade de beneficiamento de gros
para atingir esse objetivo.
Os principais riscos existentes e identificados na atividade de secagem de
gros so os rudos, excesso de calor, soterramento, queda e exploso, o ltimo
considerado como o mais significativa, apresentando alguns incidentes e sinistros
durante o perodo do estudo. Todas as medidas de controle foram identificadas e
consideradas como obrigatrias de cumprimento.
Alm disso, foi identificada a necessidade e importncia de reviso de todos
os procedimentos e planos vinculados a essa atividade, tornando-os mais
detalhados e esmiuando todos os itens para o melhor entendimento real eficcia.
A realizao de um plano de treinamento (geral e especfico) para os
funcionrios da empresa e os terceiros, aliado a apurao do preenchimento dos
controles operacionais, foi outro fator que contribuiu para a reduo do nmero de
incidentes e acidentes.
Considera-se ento que essas so as aes e estratgias para obter um
ambiente de trabalho mais seguro aos trabalhadores e que um sistema de gesto
deve ser revisto com certa periodicidade, pois assim que se percebem as
possveis oportunidades de aperfeioamento e que o processo de melhoria
contnuo.
-
46
REFERNCIAS
BET, Andrisio. Exploses de Ps em Unidades e Recebimento e Armazenagem de Gros de Cereais na Cidade de Chapec. 2010. 119f. Monografia (Especializao em Engenharia de Segurana do Trabalho) Departamento de Engenharia, Universidade Comunitria da Regio de Chapec, Chapec, 2010. BORSANO, Paulo Roberto e BARBOSA, Rildo Pereira. Segurana do Trabalho, Guia Prtico e Didtico. 2013 BRASIL. Ministrio do Trabalho e Emprego. NR-1 Disposies Gerais. Manual de Legislao. Atlas, 74 edio, 2014. BRASIL. Ministrio do Trabalho e Emprego. NR-9 Programa de Preveno de Riscos Ambientais. Manual de Legislao. Atlas, 74 edio, 2014. BRASIL. Ministrio do Trabalho e Emprego. NR-31 Segurana e Sade no Trabalho na Agricultura, Pecuria, Silvicultura, Explorao Florestal e Aquicultura. Manual de Legislao. Atlas, 74 edio, 2014. BRASIL. Ministrio do Trabalho e Emprego. NR-33 Programa de Preveno de Riscos Ambientais. Manual de Legislao. Atlas, 74 edio, 2014. BRASIL. Ministrio do Trabalho e Emprego. NR-35 Programa de Preveno de Riscos Ambientais. Manual de Legislao. Atlas, 74 edio, 2014. COSTA, Marco. A. F; COSTA, Maria. F. B. Segurana e sade no trabalho: cidadania, competitividade e produtividade. Rio de Janeiro: Qualitymark, 2005. REDAO RURAL. Disponvel em: . Acesso em 12 nov. 2014. DALPASQUALE, Valdecir Antoninho. Procedimentos essenciais de recepo e limpeza de gros. In: LORINI, I.; MIIKE, L. H.; SCUSSEL, V. M. (Ed.). Armazenagem de gros. Campinas: Instituto Biogeneziz, 2002. p. 191-212 FILHO, Antnio Nunes Barbosa. Segurana do Trabalho & Gesto Ambiental. 2001 GOUVEIA, Rogrio Gonalves L. et al. Avaliao das condies de segurana no trabalho em armazns agrcolas na cidade de Tangar da Serra. Revista Espacios, v. 34, 2013. Disponvel em: http://www.revistaespacios.com/a13v34n10/13341008.html Acesso em: 15 abr. 2015 MILMAN, Mrio Jos. Equipamentos para pr-processamento de gros. Pelotas: Universitria UFPEL, 2002. 206p. PIMENTEL, Marco. A. G; FONSECA, Marcos J. O. Milho e Sorgo. Sete Lagoas: Embrapa. 2011
-
47
RANGEL, Estellito JR. Atmosfera explosiva. O setor eltrico. Disponvel em: http://www.osetoreletrico.com.br/ Acesso em: 21/03/2015. REVISTA PROTEO , 2012 Safra de gros em alta cresce o risco de acidentes em silos. S, Ary de. Efeito Devastador. Revista Proteo. So Paulo, n.181, jan 2007, pg. 63. Disponvel em: http://www.ufrrj.br/institutos/it/de/acidentes/silo.htm. Acesso em: 15/02/2015. S, Ary de. Exploses O Perigo dos Gros. Revista Proteo. Ed. 98. 1998. Disponvel em: < http://www.safetyguide.com.br/artigos/explograos.htm>. Acesso em: 30/03/2015. CERQUEIRA, W e FRANCISCO, B Disponvel em: . Acesso em 10 abr. 2015. WEBER, rico Aquino. Excelncia em beneficiamento e armazenagem de gros. 2005