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Guia Vídeo na Escola!

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Guia Vídeo na Escola!

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As Oficinas Vídeo na Escola! têm como objetivo sensibilizar os jovens e o universo das escolas públicas para o potencial da produção audiovisual como ferramenta de educação e comunicação. Espera-se que, ao vivenciarem o processo de produção de um vídeo e se apropriarem de suas técnicas básicas, os jovens ganhem um novo instrumento de comunicação que lhes confira liberdade de expressão, potencializando, por sua vez, o diálogo no ambiente escolar.

Projetos de educomunicação se expandem principalmente nos anos 2000 a partir da democra-tização do acesso aos meios de produção de mídia. Equipamentos baratearam e chegaram às lojas de varejo; o computador pessoal tornou-se uma central multimídia; a internet permite a difusão independente dos trabalhos realizados. Entra-se em uma nova era em que a comunicação educa junto com a família e a escola, por isso a importância de incorporá-la na prática educativa da rede pública, ampliando os horizontes e as oportunidades de desenvolvimento oferecidas às gerações em formação.

A iniciativa do Instituto Criar de TV, Cinema e Novas Mídias, de realizar o Vídeo na Escola!, surge a partir de um convite do Programa Escola da Família, da Secretaria de Educação do Estado de São Paulo, em parceria com a Fundação de Desenvolvimento da Educação (FDE) e a Fundação Faculdade de Medicina (FFM). O Escola da Família é um programa que abre as portas das escolas aos finais de semana com os objetivos de criar uma cultura de paz, despertar potencialidades e ampliar os horizontes culturais dos alunos, de suas famílias e da comunidade do entorno. O Instituto Criar é uma organização da sociedade civil dedicada a contribuir para o desenvolvimento profissional, sociocultural e pessoal dos jovens por meio do audiovisual.

O convite foi para que a ONG realizasse oficinas de vídeo como parte da programação do Escola da Família, que inclui também, em geral, aulas de capoeira, bordado, pintura, culinária, dentre outras atividades desenvolvidas com base nos conhecimentos dos membros de cada comunidade. A proposta chegou justo em um momento em que o Instituto Criar pensava a ampliação de sua atuação com vistas a uma aproximação com o mundo das escolas. A experiência da organização, porém, vinha sendo no desenvolvimento de um programa de caráter profissionalizante e reconheceu-se como novo o desafio de criar uma metodologia de formação básica em audiovisual como elemento de educação complementar.

Apresentação

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O Instituto Criar articulou, então, outras parcerias para o projeto. Foram contatadas organizações que possuíam experiência prévia em oficinas de vídeo realizadas no ambiente escolar com foco na sensibilização de adolescentes e jovens para a produção audiovisual. Consultores experientes – Eliany Salvatierra Machado, Minon Pinho e Moira Toledo – foram contratados para avaliações críticas. Além disso, o universo teórico e os diversos relatos de aprendizados na área da educo-municação foram explorados com base nas indicações da Rede CEP (Comunicação, Educação e Participação). Assim, articularam-se, para o desenvolvimento da metodologia do Vídeo na Escola!, os seguintes colaboradores: Oficina de Imagens (BH), Oficinas Tela Brasil (SP), Educativo Claro Curtas (SP/BA), Catú Filmes (SP), Ouroboros Educação e Cinema e Oficinas Kinoforum (SP), além dos educadores Joana Imparato, Gilberto Palma e Christian Saghaard, que foram além do esperado em suas dedicadas contribuições.

Com base no estudo das diferentes experiências compartilhadas, elaborou-se uma proposta metodológica, que foi testada em três escolas integrantes do Escola da Família. Os resultados pautaram diversas revisões feitas também pelas organizações e consultorias parceiras. Mérito especial a Gregório Reis, que, como assessor técnico deste projeto, coordenou brilhantemente essa operação e elaborou a base fundamental deste documento.

Um agradecimento a todos que se dedicaram a este trabalho que tão orgulhosamente registramos como coletivo. Que a metodologia a ser apresentada a seguir seja útil a todos que desejam levar os encantamentos do mundo do audiovisual para mais e mais pessoas. A linguagem escolhida para a sistematização desta experiência prevê justamente um diálogo com aqueles que estão diante do desafio de realizar uma oficina de vídeo em uma escola. Usem, recriem e abusem dessa experiência!1.Que em breve vejamos milhares e milhares de escolas por esse Brasil afora com seus canais de vídeo na internet!

MARTA DORA GROSTEIN Diretoria

Instituto Criar de TV, Cinema e Novas Mídias

1Esta metodologia tem direitos autorais liberados por todos os seus colaboradores para usos não comerciais. É proibido o seu uso com fins comerciais.

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Com as Oficinas Vídeo na Escola! esperamos sensibilizar os jovens e o universo das escolas públicas para o potencial da produção audiovisual como ferramenta de educação e comunicação.

Gostaríamos de observar, ao final das oficinas de vídeo:

• jovens entusiasmados com a ideia de fazer vídeos;

• jovens esclarecidos sobre as tecnologias e técnicas disponíveis;

• jovens estimulados a expressar suas visões de mundo;

• jovens com repertórios culturais ampliados e diversificados.

Esperamos, também, contribuir indiretamente para:

• ampliar o espaço de expressão e diálogo nas escolas;

• incentivar a interdisciplinaridade nos processos educativos;

• sensibilizar gestores, educadores e educandos para a educomunicação.

Mais do que ensinar técnica e linguagem audiovisual, a metodologia das Oficinas Vídeo na Escola! busca:

• apresentar aos participantes eventos pertinentes à esfera dos sentimentos, que não são acessíveis ao pensamento discursivo; potencializar a imaginação;

• proporcionar novas formas de sentir;

• estimular a compreensão do outro e de suas visões de mundo;

• proporcionar a vivência do sentimento de sua época, num movimento de reconhecimento e harmonização com seus contemporâneos;

• provocar o despertar para o que pode ser construído, para um projeto de futuro.

Onde queremos chegar?

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Qual o caminho que propomos?

A metodologia das Oficinas Vídeo na Escola! está alicerçada em quatro vertentes conceituais que, em nosso entender, dialogam e se complementam: Experiência estética (John Dewey, 1938), Proposta triangular (Ana Mae Barbosa, 1987), Construtivismo (Jean Piaget, 1970) e Quatro pilares da educação (Jacques Delors,1996). Apresentamos resumidamente cada uma delas como fundamento para a proposta das Oficinas Vídeo na Escola!, que virá em seguida.

Experiência estética2

Quando falamos em arte, não estamos nos referindo ao modelo artístico produzido no século XVI e ainda identificado como a única forma de reconhecimento artístico. Entendemos como arte a criação de formas perceptíveis expressivas do sentimento humano3.

O artista é aquele que consegue transformar sentimentos e expressões em formas que podem ser apreendidas pela percepção e pela sensibilidade. É nesse sentido que tomamos a arte como fundamento para a educação, ou seja, como espaço para o desenvolvimento da capacidade de expressão e de percepção.

A capacidade expressiva e perceptiva é a sensibilidade, que está presente em todo ser humano. Sensibilidade é uma palavra que conota sentimentos e sensações. Apropriamo-nos dela tendo por referência “tudo aquilo que nos toca” antes mesmo de ser nomeado, podendo provir dos sentidos (tato, olfato, paladar, visão, audição) como também dos sentimentos (tristeza, alegria, saudades).

Partimos do pressuposto de que todo ser humano é sensível e tem sensibilidade para apreender o mundo. Porém a sensibilidade pode ser alargada, expandida ou mesmo aprendida. Tomaremos, então, no presente texto, o termo no seu sentido estético, ou seja, aquele que se refere a apreender pelos sentidos, pelas sensações.

Pode parecer estranha uma proposta educacional que tome como fundamento “apreender pela sensibilidade” ou “apreender pela estética”, mas ela não é nova. Herbert Read já a apresentou em seu livro A educação pela arte, de 1943. O estranhamento pode surgir pela crença de que somente se pode conhecer as coisas pela interpretação e pela compreensão analítica e crítica.

2 Texto elaborado pela consultora Eliany Salvatierra Machado.3 LANGER, Susanne K. Ensaios filosóficos, p. 82. Apud DUARTE JR., João Francisco. Fundamentos estéticos da educação, p. 76.

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O que postulamos é o reconhecimento da percepção e da sensibilidade como conhecimento, e por meio da sensibilidade, da estética. Educar é principalmente aprender a apreender as coisas do mundo. Na educação, por muitos anos e ainda hoje, ensina-se a observar o objeto e a ter a capacidade para analisá-lo, mas não a percebê-lo, a senti-lo, separando, assim, o perceber do conhecer.

Ensinar e aprender pela estética, então, é trabalhar em processos educacionais que partam do pressuposto de que podemos desenvolver saberes através das nossas sensações e vivências. Para isso é importante que seja instigado no educando o desejo e o prazer de conhecer, despertar sua curiosidade para buscar coisas novas.

Uma educação que se fundamenta na estética busca o que é sensível ao educando, ao mesmo tempo em que tem como objetivo trabalhar sua imaginação e criação. A imaginação é a base para que ele possa visualizar imagens endógenas, fazendo construções e arranjos. A criação é a articulação dessas imagens e das novas formas com o repertório desse educando.

Imaginar, criar e expressar é o que pretende a educação pela arte. Quem sabe, dessa forma, será possível dar novas respostas a velhos problemas, formar jovens que possam estabelecer uma relação pré-simbólica com as coisas, uma relação que garanta a apreensão do objeto pelos sentimentos, e não pelo nome e pelas definições que damos às coisas.

Essa educação valoriza a experiência estética, na qual o cotidiano é colocado em suspenso e suas regras são abolidas. É o espaço onde podemos pensar outro real, outra forma de viver a vida. Segundo Martin-Buber4, que estudou a ontologia das relações, o homem se relaciona de duas formas, que ele chama de palavras princípios: EU-TU e EU-ISSO.O ISSO pode ser pessoas e coisas, assim como TU.

A relação EU-ISSO subordina o ISSO à consciência que conhece, nomeia as coisas e principalmente tem a capacidade de pensar sobre elas. Na relação EU-TU não há a subordinação. É um colocar-se diante das coisas e do Outro sem interesse, sem procurar conhecer ou mesmo entender. A relação EU-TU é uma relação de acolhimento do TU, da diferença, da alteridade. É uma relação que percebe. Por isso, para que haja a experiência estética, é necessária uma relação EU-TU, e não EU-ISSO.

O EU-TU é uma relação que percebe, que sente antes mesmo de entender, aí está a experiência estética. Não há a mediação do conceito, do nome da coisa ou da representação. É quando suspendemos a necessidade da compreensão para perceber, e somente percebemos quando a coisa nos toca, nos sensibiliza.

4 BUBER, Martin. EU e TU, 2001.

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Atualmente podemos dizer que, entre as expressões artísticas, o audiovisual é um dos produtos culturais que mais nos sensibiliza. Produzir audiovisual esteticamente é ter a capacidade de expressar sentimentos; ao mesmo tempo, é ter a habilidade para perceber o não dito e, inclusive, o não visível, o que está na ordem das sensações.

Muitas vezes não sabemos dizer o que nos emociona em um filme ou mesmo em uma cena de novela que nos faz chorar, como canta Zeca Baleiro5. Mesmo assim a emoção está lá.

[...]

ando tão à flor da pele que qualquer beijo de novela me faz chorar ando tão à flor da pele que teu olhar flor na janela me faz morrer ando tão à flor da pele que meu desejo se confunde com a vontade de não ser (baby)ando tão à flor da pele que a minha pele tem o fogo do juízo final (honey baby) um barco sem porto sem rumo sem vela cavalo sem sela um bicho solto um cão sem dono um menino um bandido às vezes me preservo noutras suicido

[...].

Queremos que os participantes de nossas oficinas aprendam sobre o mundo do audiovisual, primeiramente pelo sentir; sem pensar imediatamente sobre ele. Queremos que vivam aexperiência, antes da nomeação das coisas e eventos. O racional terá seu espaço para julgamentos, porém sempre decorrentes de experiência sensitiva prévia.

5 Vapor barato/Flor da pele, composição: Waly Salomão, Jards Macalé e Zeca Baleiro.

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Proposta triangular

A proposta triangular para a construção do conhecimento se configura não só na valorização da produção, mas também nas informações culturais e históricas, bem como na análise das obras de arte. Nessa perspectiva, o ensino da arte pode ser desenvolvido por meio de diferentes abordagens metodológicas, que partem da leitura de obras de arte e do meio ambiente, como também, de métodos que se baseiam na livre expressão.

No Brasil, a proposta triangular teve como marco central de seu desenvolvimento o MAC – Museu de Arte Contemporânea da USP, em 1987. Em 1989, ela recebeu o apoio fundamental da Secretaria da Educação do Município de São Paulo, da Fundação Iochpe (RS), da Fundação Roberto Marinho, do Itaú Cultural e outras entidades. Assim, essa proposta pode ser expandida e contribuir para o desenvolvimento de outros projetos educacionais no processo de ensino-aprendizagem de artes.

A proposta triangular de Ana Mae é representada pelo “Fazer, Ler e Contextualizar”. Consiste, basicamente, em: ver/fruir; fazer/produzir; e refletir. Esse modo de ensinar arte baseia-se em senti-la, compreendê-la na sua dimensão histórica, apreciá-la esteticamente, analisá-la e refletir sobre ela com espírito crítico, o que requer as quatro instâncias do conhecimento: a produção, a crítica, a estética e a história da arte. A construção conceitual ganha o nome de triangular para dar a perspectiva dinâmica, mas não existe uma hierarquia, uma ação que seja mais importante que a outra.

A produção audiovisual era, até bem pouco tempo, privilégio de poucos. Hoje, no entanto, criar, produzir, editar e difundir conteúdos audiovisuais estão ao alcance de quase toda a população. Com um simples celular, uma câmera fotográfica digital ou com as webcams, é possível captar imagens e sons. Basta ter acesso a um computador e à internet, recursos disponíveis em qualquer lanhouse, entre os milhares delas espalhadas por todo o Brasil, para editar, finalizar e compartilhar vídeos digitais. Sites de compartilhamento de vídeos viraram febre entre a população jovem brasileira, mas isso nem sempre representa uma produção audiovisual qualificada e consistente.

Promover aprendizado, experimentação, descondicionamento do olhar, reflexões críticas sobre os conteúdos produzidos e ampliação do repertório técnico e teórico desses novos criadores é uma das maneiras de valorizar essas novas fronteiras de expressão e participação social. Para tanto, torna-se fundamental oferecer oportunidade para que esses novos criadores audiovisuais possam aprimorar os conceitos teóricos e a prática, intensificar a produção local e a difusão dessas expressões, unindo os saberes do universo cinematográfico tradicional às novas dinâmicas do universo digital.

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Construtivismo

O construtivismo está embasado nos estudos de Piaget sobre pensamento e linguagem. Este abordou o desenvolvimento da inteligência através do processo de maturação biológica. Para ele, há duas formas de aprendizagem. A primeira, mais ampla, equivale ao próprio desenvolvimento da inteligência. Esse desenvolvimento é um processo espontâneo e contínuo que inclui maturação, experiência, transmissão social e desenvolvimento do equilíbrio. A segunda forma de aprendizagem é limitada à aquisição de novas respostas a situações específicas ou à aquisição de novas estruturas para algumas operações mentais específicas.

Segundo Piaget, o conhecimento é constituído pelo sujeito, mediante um processo de interação sujeito e meio. A interação, por sua vez, exige um processo de adaptação que se expressa nos processos de assimilação e acomodação. A assimilação é a incorporação de um novo objeto ou ideia ao que já é conhecido; esquema que a criança já possui. A acomodação, por sua vez, implica na transformação que o organismo sofre para poder lidar com o ambiente. A acomodação e a assimilação são processos complementares.

A assimilação designa o fato de que a iniciativa na interação do sujeito com o objeto é do organismo. O indivíduo constrói esquemas de assimilação mentais para abordar a realidade. Todo esquema de assimilação é construído e toda abordagem à realidade supõe um esquema de assimilação. Quando o organismo (mente) assimila, ele incorpora a realidade a seus esquemas de ação, impondo-se ao meio.

Do ponto de vista da abordagem da linguagem audiovisual e dos processos educativos, será sempre importante que tanto os/as mediadores/as quanto os/as participantes dos encontros de formação e demais atores sociais compreendam aonde se pretende chegar ao final do projeto. Queremos formar cineastas? Queremos aprimorar os fazeres audiovisuais da população local para livre expressão audiovisual nas comunidades? Queremos que os participantes estejam aptos a exercer profissionalmente o ofício de produzir vídeos? Ou queremos apenas enriquecer processos ligados à educação e à comunicação e expressão por meio do audiovisual? Queremos produzir vídeos sobre o entorno das escolas? O que esses vídeos podem trazer à comunidade e aos participantes dos encontros? Esses são temas disparadores de debates e de tomadas de decisão, momentos de grande desenvolvimento de competências e habilidades, conteúdo do próximo eixo conceitual.

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Quatro pilares da educação

Os quatro pilares da educação são conceitos de fundamentos educacionais baseados no “Relatório Jacques Delors”, resultado dos trabalhos desenvolvidos de 1993 a 1996 pela Comissão Internacional sobre a Educação para o Século XXI, da Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (Unesco), com a qual colaboraram educadores do mundo inteiro. A Comissão ofereceu uma nova visão para a educação a ser promovida neste novo século, apresentando uma proposta de organização em torno de “quatro aprendizagens fundamentais”, os pilares do conhecimento:

• Aprender a conhecer – É necessário tornar prazeroso o ato de compreender, descobrir, construire reconstruir o conhecimento para que não seja efêmero, a fim de que se mantenha ao longo do tempo e de que se valorizem a curiosidade, a autonomia e a atenção permanentemente. É preciso também pensar o novo, reconstruir o velho e reinventar o pensar.

• Aprender a fazer – A rápida evolução por que passam as profissões pede que o indivíduo esteja apto a enfrentar novas situações de emprego e a trabalhar em equipe, desenvolvendo espírito cooperativo e de humildade na reelaboração conceitual e nas trocas, valores necessários ao trabalho coletivo. Ter iniciativa e intuição, gostar de uma certa dose de risco, saber comunicar-se e resolver conflitos e ser flexível. Aprender a fazer envolve uma série de técnicas a serem trabalhadas.

• Aprender a conviver – No mundo atual, tão repleto de conflitos, este é um importantíssimo aprendizado a ser valorizado: aprender a viver com os outros, a compreendê-los, a desen- volver a percepção de interdependência, a administrar conflitos, a participar de projetos comuns, a ter prazer no esforço comum.

• Aprender a ser – É importante desenvolver a sensibilidade, os sentidos ético e estético, a responsa- bilidade pessoal, os pensamentos autônomo e crítico, a imaginação, a criatividade, a iniciativa e o crescimento integral da pessoa em relação à inteligência. A aprendizagem precisa ser integral, não negligenciando nenhuma das potencialidades de cada indivíduo.

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A metodologia das Ofícinas Vídeo na Escola!

A partir das influências dessas quatro correntes teóricas, chegamos à base da metodologia proposta para as Oficinas Vídeo na Escola! Vamos trabalhar com a priorização do sentir da forma como sugere a visão da experiência estética: segurando nossa tendência à racionalização da experiência.Construiremos o processo de aprendizado em uma dinâmica de etapas complementares e contínuas como a da proposta triangular. Criaremos situações desafiadoras que possibilitem o surgimento do desejo e da necessidade de aprender, da vontade de mudar, num processo interativo, como sugere o construtivismo. Por intermédio das atividades propostas em cada encontro e do desenvolvimento do projeto do vídeo, realizado em grupo, levaremos os participantes a aprender mais sobre si e sua forma de se relacionar com seus pares, e a respeito dos caminhos para a busca de conhecimento, de forma autônoma, como também o fazer de uma produção audiovisual, como apontado pelos quatro pilares da educação.

Nossas atividades começarão sempre com uma provocação para o sentir, em que cada um vai se deparar com suas referências anteriores como ponto de partida para a observação de sua transformação ao longo da vivência artística proposta. A busca é pela experiência direta, sem intermediação ou limites, a não ser aqueles colocados pela relação entre os participantes, uma vez que todas as atividades propostas serão realizadas em grupo.

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O imaginar vem em seguida, propondo que o sujeito signifique essa vivência para um novo contexto, uma nova situação. Nesse momento, o sujeito (ou a pessoa) tem sua relação com o mundo ampliada, pois dá um salto criativo a partir das vivências do SENTIR e das novas referências aprendidas, apreendidas e incorporadas. Esta é a etapa da ideia, que inspira a construção de novos conteúdos. Depois de sentir algo diferente, o sujeito atenta para um ímpeto de transfor-mação disso em expressão. É o nascimento do processo construtivo.

Para consubstanciar o imaginado em realidade, o sujeito se dedica então a explorar caminhos, referências, linguagens, e técnicas – elementos contributivos para a composição que imaginou. A pesquisa é parte fundamental do processo de criação artística, e o planejamento permite a organização dos participantes para entender como as ideias podem ganhar forma. As referências e repertórios de cada um se encontram com a sua imaginação e o desejo de realizar. Buscamos o novo costurando uma colcha de retalhos de sentimentos, lembranças e ideias que, misturados, vão permitir que cada um encontre as imagens e os sons que pretende produzir, tomando como base seus repertórios e obras artísticas que vai conhecendo no processo.

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O resultado da exploração vem no momento de a expressar, traduzir, produzir sua mensagem, seu retrato de mundo, sua emoção por meio da linguagem escolhida. Nesse momento um novo desafio é colocado: traduzir a ideia em imagens e sons.

Como um ser coletivo vivendo em comunidade, em sociedade, cada um sente-se impelido a compartilhar o seu olhar com o outro, convidando-o a conhecer a sua visão de mundo e recebendo também o estímulo para novamente sentir, imaginar, expressar, explorar e compartilhar, num processo contínuo.

Simbolicamente, a trajetória metodológica proposta nas Oficinas Vídeo na Escola! pode ser configurada por uma estrela, ilustrada a seguir, onde o sentir é central mas está diretamente relacionado aos outros processos que, somados, completam a vivência.

SENTIR

IMAGINAR

EXPLORAREXPRESSAR

COMPARTILHAR

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O trabalho de educomunicação realizado por meio das oficinas Vídeo na Escola! valoriza a liberdade de escolha de cada participante, o seu olhar especial e único perante a sua realidade, a sua cultura, invertendo a ordem de muitos métodos educativos. A proposta apresentada estimula a iniciativa e a ação diante de uma determinada situação, num caminho de desenvolvimento pessoal, em sintonia com o seu tempo e cultura. O sujeito (aluno) é um ser ativo que estabelece relação de troca com o meio-objeto (físico, pessoa, conhecimento) num sistema de relações vivenciadas e significativas,uma vez que este é resultado de ações do indivíduo sobre o meio em que vive, adquirindo signi-ficação para o ser humano quando o conhecimento é inserido em uma estrutura – isto é o que se denomina assimilação. A aprendizagem desse sujeito ativo exige sempre uma atividade organizadora na interação estabelecida entre ele e o conteúdo a ser aprendido. Além disso, a sua aprendizagem está vinculada à dimensão na qual ele vivencia suas explorações e capacidades de realização, a partir do grau de desenvolvimento já alcançado.

Com a experiência, o fazer, o participante é estimulado a ler o seu próprio mundo (interior e exterior) e por um método seu, construído pela sua história. No papel de pesquisador, ele faz suas escolhas de acordo com sua forma de ver o mundo e seus desejos de expressão, conduzindo assim o seu processo educativo, num movimento de co-responsabilidade entre o que ensina e o que aprende.

Nesse aspecto, observamos a presença da linha pedagógica construtivista, terceira vertente conceitual que influencia esta metodologia. Em outras palavras, os participantes são conduzidos, através de 12 encontros, para a descoberta e o desenvolvimento de novas habilidades e competências, a fim de que possam aprender mais sobre si, sua relação com o outro, o objeto de estudo (a linguagem audiovisual) e o como fazer, no caso específico, um vídeo, com recursos que lhe estão acessíveis.

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Como isso é colocado em prática?

As Oficinas Vídeo na Escola! foram criadas com a expectativa de poderem ser conduzidas por mediadores/as jovens, com experiência ou capacitação prévia em produção audiovisual básica – sejam oriundos de projetos de educação profissionalizante ou complementar em audiovisual, promovidos por organizações da sociedade civil, ou até mesmo formados em cursos de graduação na área. Recomenda-se a realização de uma formação específica dos/das mediadores/as para utilização dessa metodologia, devido às suas especificidades. Essa capacitação poderá ser oferecida por qualquer uma das ONGs, consultores e/ou educadores colaboradores mencionados na apresen-tação deste trabalho. As oficinas realizadas com capacitação prévia dos/das mediadores/as por um desses parceiros farão parte da rede oficial de Oficinas Vídeo na Escola!, participando de suas redes sociais e de seu canal no YouTube. Esta proposta metodológica também está disponibilizada gratuitamente na internet para usos adaptados ou simples referência6.

As Oficinas Vídeo na Escola! foram desenvolvidas com a proposta de 12 encontros de 4 horas, totalizando uma carga horária de 48 horas. A divulgação da oportunidade na escola e a seleção dos participantes não estão contempladas nesse número de encontros, sendo prevista a ajuda de cada escola nessas etapas.

Sugerimos turmas de 15 a 20 participantes por Oficina. A metodologia foi desenvolvida para o trabalho com adolescentes e jovens dos ensinos Fundamental II e Médio.

Damos, a seguir, a sequência dos encontros e um resumo das atividades previstas em cada um deles e, mais adiante, a lista de equipamentos e materiais necessários para a implantação e desenvolvimento das oficinas.

6 Os autores desta proposta, incluindo o Instituto Criar, Consultores e Organizações Colaboradoras, se eximem de qualquer responsabilidade por direitos autorais, de imagem e/ou de voz que venham a ser utilizadas durante as Oficinas Vídeo na Escola! A responsabilidade pela autorização de cessão é única e exclusivamente dos mediadores de cada oficina.

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Sequência de encontros

Divulgação da oportunidade na escola

Inscrições

Encontro 1: Integração

Encontro 2: Linguagem audiovisual

Encontro 3: Câmera

Encontro 4: Luz e som

Encontro 5: Projeto

Encontro 6: Roteiro, pré-produção e storyboard

Encontro 7: Equipes audiovisuais, agenda de gravação e gravação teste

Encontro 8: Gravação

Encontro 9: Gravação final e minutagem

Encontro 10: Edição

Encontro 11: Edição

Encontro 12: Avaliação, exibição e comemoração

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Orientações gerais para o/a mediador/a

A experiência tem mostrado que pequenos detalhes fazem muita diferença na relação ensino-aprendizagem. Sim, estamos falando de uma relação, de um processo, em que estão envolvidos aquele que ensina e aquele que aprende. E, para que essa relação se dê, é preciso que exista confiança entre as duas partes; confiança que pode ser construída e deve ser cuidada a cada momento.

Você já chegou pra assistir uma aula e ficou à espera do professor que, atrasado, começa rapida-mente a aula, acelerando tudo para dar conta do conteúdo do dia? Como você se sentiu nessa situação? Se você nunca passou por isso, pergunte para seus amigos e verá que grande parte dirá que se sentiu desvalorizado pelo professor. Por isso vai aqui uma primeira dica: sempre chegue antes do horário proposto. Estimule seus alunos a fazer o mesmo! Garanta um tempo para poder se organizar e até mesmo resolver alguns problemas antes do início da atividade. Esse é um ótimo momento também para conversas mais informais com os alunos, aquele bate-papo enquanto vai abrindo sua sacola e organizando suas coisas. Se for o dia de uma atividade especial, você ainda pode contar com a ajuda desses alunos que chegam mais cedo para, por exemplo, organizar as cadeiras em círculo, em meio à conversa.

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As Oficinas Vídeo na Escola! são compostas por 12 (doze) encontros, com 4 (quatro) horas de duração cada e propostas bem definidas. Você verá que as atividades foram planejadas de forma a levar o participante a desenvolver gradativamente a sua expressão, ao mesmo tempo que constrói o seu conhecimento sobre o audiovisual. Aprender sobre câmera, luz, som, roteiro, produção, gravação e edição é importante. Mas aprender tudo isso não fará o menor sentido se os participantes não virem o audiovisual como uma linguagem, como uma forma de expressão de suas ideias, vontades, opiniões, de suas maneiras de ver o universo ao seu redor. Um ambiente concentrado, porém leve e participativo, é fundamental para que eles possam se desenvolver técnica e artisticamente, na relação com o outro e com o seu próprio conhecimento.

Cada encontro está organizado de modo a dar uma boa base para que você consiga conduzir as atividades propostas, porém o seu conhecimento será muito importante. Se você está no papel de mediador, hoje, é porque já conhece algo sobre o audiovisual e foi capacitado para isso. O seu conhecimento amplia o olhar, aprofunda os debates, ilustra alguns exemplos. Portanto, antes de cada encontro, leia a proposta e se prepare para o dia. Aqui nós trazemos diversas referências e dicas, mas você pode e deve buscar por conta própria outras informações e materiais para que possa se sentir à vontade na condução do grupo. Alguns educadores costumam brincar que é sempre bom ter um plano B, alguns vídeos e livros na mochila, elementos com os quais você possa enriquecer a aula a partir da participação dos alunos. É sempre importante e natural que você vá “personalizando” a Oficina, incluindo elementos e temas que dialoguem com o universo dos alunos e que, por outro lado, contribuam para ampliar seus repertórios.

Cada encontro está organizado em três partes:

• Proposta do encontro

• Desenvolvimento do encontro

• É fundamental saber que...

Na parte “Proposta do encontro”, você saberá quais os objetivos de cada encontro. Já as ativi-dades propostas, com o tempo de duração de cada uma e os recursos necessários para a sua realização, virão na parte “Desenvolvimento do encontro”. No item “É fundamental saber que...”, você encontrará as informações necessárias sobre os conteúdos trabalhados em cada encontro, porém vá além. Quanto mais informação puder trazer, incluindo as adquiridas em sua experiência prática, melhor será a sua atuação.

Se você tiver dúvidas sobre como conduzir determinada atividade, busque ajuda e não desista. Não altere a proposta por conta de insegurança. Como todo planejamento, o que propomos é um caminho, dentre vários possíveis, para a sensibilização para o audiovisual.

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Acredite no método, porém nunca deixe de desenvolvê-lo. Ou seja, se você descobrir um jeito de torná-lo mais interessante, experimente, registre e compartilhe. Um método nunca pode ser cristalizado! Porém lembre-se de que ele foi testado, ou seja, vale a pena confiar nele!

Tente seguir o cronograma de duração de cada atividade mantendo um cronômetro (pode ser do celular) à mão. Você verá que em pouco tempo terá absorvido a necessidade de realizar as atividades com objetividade e, aos poucos, precisará menos do cronômetro. A nossa experiência mostrou que é comum o/a mediador/a chegar à escola e encontrar alguns problemas tecnológicos, como falta de controle remoto do DVD player ou da TV, dentre outros. Para não correr o risco de não conseguir desenvolver a sua atividade, entre em contato antes com a escola ou tenha consigo um “kit primeiros socorros”, com uma extensão, um controle remoto universal, pilhas e também alguns cabos de conexão dos equipamentos.

E lembre-se de que você, como mediador/a, é também, em alguma medida, coautor/a dessas realizações. Todas as vezes em que você assistir a um vídeo realizado por seus alunos, sentirá que são trabalhos um pouco “seus” também. Não sinta vergonha de participar, auxiliar, dialogar artistica-mente com seus alunos. Sua experiência e ideias sempre poderão ajudar os alunos a pensar, criar e dialogar criativamente com o outro. Compartilhe suas melhores ideias com eles, mas nunca se esqueça de que, nas Oficinas Vídeo na Escola!, a experiência vem primeiro. Deixe que os participantes sintam as atividades, imaginem diferentes formas de vencer os desafios colocados, explorem ao máximo os recursos existentes, expressem suas ideias em vídeo e compartilhem seus resultados com os colegas. Cuide para que todos vivenciem as 5 (cinco) etapas, que são igualmente importantes.

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Resumo de atividades de cada encontro

Encontro 1: Integração

Recepção 10 min Apresentação e expectativas 40 min Intervalo 20 min Câmera e ação 1 h 50 min Combinados 30 min Roda de avaliação 30 min

Encontro 2: Linguagem audiovisual

Recepção e início da atividade 10 min Enquadramento: plano e ângulo 1 h Exibição de vídeos 1 h Intervalo 20 min Retas e curvas 1 h 20min Roda de avaliação 10 min

Encontro 3: Câmera

Recepção e início da atividade 10 min Fuçando na câmera 1 1 h 20 min Intervalo 20 min Cenas clássicas 1 h Fuçando na câmera 2 1 h Roda de avaliação 10 min

Encontro 4: Luz e som

Recepção e início da atividade 10 min Foto iluminada por vela 30 min Foto com outras iluminações 1 h Intervalo 20 min TV coberta 50 min Passeio cego e entrevista 1 h Roda de avaliação 10 min

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Encontro 5: Projeto

Recepção e início da atividade 10 min Mapa do tesouro 2 h Intervalo 20 min Afinidades 50 min Nossa história 30 min Roda de avaliação 10 min

Encontro 6: Roteiro, pré-produção e storyboard

Recepção e início da atividade 10 min Roteiro 1 h 30 min Intervalo 20 min Storyboard 50 minProdução 1 h Roda de avaliação 10 min

Encontro 7: Equipes audiovisuais,agenda de gravação e gravação teste

Recepção e início da atividade 10 min Equipes audiovisuais 40 min Agenda de gravação 40 min Intervalo 10 min Gravação 1 h 30 min Avaliação do dia 50 min

Encontro 8: Gravação

Recepção e início da atividade 10 min Orientações 20 min Gravação 3 h Roda de avaliação 30 min

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Encontro 9: Gravação final e minutagem

Recepção e início da atividade 10 min Gravações finais 2 h 20 min Minutagem 1 h 10 min Roda de avaliação 20 min

Encontro 10: Edição

Recepção e início da atividade 10 min Edição 3 h 30 min Roda de avaliação 20 min

Encontro 11: Edição

Recepção e início da atividade 10 min Ajustes finais 1 h 50min Finalização 1 h Canal da escola no YouTube 30 minRoda de avaliação 30 min

Encontro 12: Avaliação, exibição e comemoração

Recepção e início da atividade 10 min Avaliação coletiva 1 h Abertura da “bolha de expectativas” 50 min Festa de encerramento e exibição 2 h

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Lista de equipamentos e materiais necessários

Para receber uma Oficina Vídeo na Escola! a escola deve ter:

• sala com capacidade para 20 pessoas, com cadeiras móveis; • câmeras (podem ser de celular ou fotográficas, contanto que façam vídeos); • projetor (opcional); • equipamento de som (pelo menos boas caixinhas) para reproduzir áudio dos vídeos a serem exibidos pelo computador e/ou DVD; • TV; • DVD player;• computadores conectados à internet, com placa de vídeo e software de edição.

Dica: É importante que os computadores da escola possuam placa de vídeo para a captura dos vídeos produzidos e que eles tenham algum software de edição instalado ou que permitam a instalação de algum. No projeto piloto das Oficinas Vídeo na Escola!, os vídeos foram editados com o Windows Movie Maker, disponível nos computadores da escola. É importante atentar, também, para que os cabos necessários para conectar todos os equipamentos estejam disponíveis, assim como as baterias das câmeras, sempre carregadas.

Além dos recursos estruturais e de equipamentos, alguns materiais serão necessários para o desenvolvimento da proposta. Segue a relação geral de materiais e as listas de cada encontro.

Divulgação da oportunidade na escola

Cartazes ou faixas, DVD com os vídeos a serem exibidos, DVD player, TV ou datashow, caixas de som ligadas ao datashow (se possível), jornal, pano ou cartolina preta para vedar as janelas da sala (se necessário), ingredientes para a pipoca.

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Encontro 1: Integração

Bexigas de diferentes cores, tarjetas de papel fino (largura de sulfite x 10 cm), caneta, câmeras de vídeo, TV, cabos para conexão das câmeras na TV, tarjetas (papel grosso, como cartolina, cortado em 10 x 20 cm), caneta piloto, fita-crepe.

Encontro 2: Linguagem audiovisual

Câmeras, cabo de conexão, DVD gravado com curtas-metragens, DVD player e TV ou projetor e aparelho de som ligado ao DVD.

Encontro 3: Câmera

Câmeras, TV (ou projetor ligado a aparelho de som), cabo de conexão, DVD gravado e DVD player.

Encontro 4: Luz e som

Câmera, vela, abajur, isopor, lanterna, folhas sulfite ou cartolinas brancas, TV, cabo de conexão, tecido para cobrir a TV e cabo de conexão da câmera.

Encontro 5: Projeto

Câmera, TV, cabo de conexão, lousa, giz (caso a sala utilizada não possua lousa, poderão ser utilizadas tarjetas coladas em alguma parede) ou flip-chart e canetões, post-it, caderno e caneta

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Encontro 6: Roteiro, pré-produção e storyboard

Câmera, roteiros, caderno, caneta, lousa e giz, vídeo sobre storyboard, DVD player, flip-chart, canetões ou lousa e giz

Encontro 7: Equipes audiovisuais, agenda de gravação e gravação teste

DVD de um filme qualquer com créditos finais, caderno, caneta, roteiros, storyboards, agendas de gravação e recursos de produção trazidos pelos participantes para a gravação da cena escolhida.

Encontro 8: Gravação

Câmera, roteiro, storyboard, agenda de gravação, recursos necessários à produção das cenas

Encontro 9: Gravação final e minutagem

Câmera, roteiro, storyboard, agenda de gravação, recursos necessários à produção das cenas, caderno, caneta, cabos de conexão com o computador, computador e pen drive.

Encontro 10: Edição

Computadores ligados à internet e com software de edição, pen drives com cenaspré-selecionadas e roteiros.

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Encontro 11: Edição

Câmeras, cabos de conexão, DVDs graváveis, computadores com gravador de DVD.

Encontro 12: Avaliação, exibição e comemoração

DVD com os vídeos produzidos, DVD player, TV (ou projetor), questionário de marco final, caneta, bolha de expectativas, relação com nomes dos participantes organizados por equipes, certificados, comes e bebes para a festa.

A seguir apresentamos, em detalhe, as atividades que propomos para cada encontro. Entendemos que cada mediador/a fará sua interpretação e utilizará esse material da sua maneira, como um guia que não precisa ser levado “ao pé da letra”. São ideias de como fazer, sempre destacando, antes, o objetivo de cada atividade, de maneira a dar liberdade para a criação de outras estratégias pelo/a mediador/a, se ele assim o desejar. O importante é garantir que a proposta metodológica seja res-peitada: Vamos provocar a turma a SENTIR, IMAGINAR, EXPLORAR, EXPRESSAR e COMPARTILHAR em cada encontro, fazendo isso de forma a estimular cada participante a um cons-tante reconstruir. Para oferecer suporte nesse sentido, a coordenação do Vídeo na Escola! estará sempre disponível. As novas ideias poderão, inclusive, ser registradas nas redes, e assim vamos juntos aprimorando as Oficinas Vídeo na Escola!.

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Divulgação da oportunidade na escola

Nosso desafio, aqui, é provocar nos alunos o desejo de participar das Oficinas Vídeo na Escola! Para isso, precisamos informar o nosso público-alvo -- pessoas que queremos nas nossas oficinas – sobre o que vai acontecer na escola, o que pode ocorrer durante uma sessão de cinema com pipoca. Mas, antes de tudo, precisamos atrair as pessoas para esse evento!

Pelo que pudemos observar nessa experiência, não é preciso destinar muito tempo para o período de divulgação da sessão de cinema e da oferta da oficina na escola. Acreditamos que uma boa divulgação, utilizando diversos meios de comunicação, com uma semana de antecedência, é o ideal. Não adianta começar muito cedo, porque a mensagem se perde em meio a tantas outras. Por outro lado, o pouco tempo vai exigir que o nosso público-alvo seja atingido pela mensagem por diversas vezes. Os bons e velhos cartazes e faixas funcionam muito bem para isso. É importante passar nas salas de aula, mas antes informar aos/às professores/as sobre o que está acontecendo, para que eles/as possam ajudar na divulgação. Se a escola contar com rádio, é bom tentar um espaço na programação e chamar alguém para falar sobre vídeo ou cinema. Contatar os alunos mais ligados em tecnologia e internet na escola e pedir-lhes que criem uma comunidade em redes sociais, como Orkut e Facebook, divulgando as inscrições para a oficina. Pedir-lhes também que postem a notícia em suas páginas, nestas e em outras redes.

Divulgar a sessão de cinema, mas também informações sobre o que são as oficinas, o período de inscrição e a data de início das atividades. É importante que o máximo de informação chegue até os alunos, porque é possível que muitos dos interessados não possam ir à sessão inicial.

Atividade: Sessão de cinema com pipoca!

Duração: 2 hRecursos necessários: cartazes ou faixas, DVD com os vídeos a serem exibidos, DVD player,TV ou datashow, caixas de som ligadas ao datashow (se possível), jornal, pano ou cartolinapreta para vedar as janelas da sala (se necessário), ingredientes para a pipoca.

A atividade será orientada e conduzida pelo/a mediador/a que, nesse dia, se apresentará a todos, contando um pouco da sua história com o audiovisual, destacando o sentimento que o levou a oferecer essa experiência aos alunos dessa escola.

Propomos que a sessão de cinema seja de curtas-metragens de diferentes formatos e estilos, para que seja possível promover um bate-papo sobre impressões e sensações ao final de cada filme, estimulando a plateia a se manifestar sobre a experiência. Existe um website na internet chamado Porta Curtas, no qual você pode pesquisar e selecionar os curtas que mais o atraem e gravar um DVD. Se a escola tiver banda larga suficiente, você pode tentar exibir os vídeos direto do portal, mas vale testar antes. Nas locadoras de vídeo também existem coletâneas de curta-metragens para alugar.

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A projeção será feita no espaço disponível na escola. Pode ser um teatro, um auditório, a quadra esportiva ou até mesmo uma sala de aula. Claro que quanto maior a tela de projeção, quanto melhor a qualidade do som e menor a luminosidade da sala, mais impactante será a atividade. Mas com pouco muitas vezes conseguimos muito.

Quanto à pipoca, é preciso que a coordenação e a equipe da escola estejam de acordo, porque gera trabalho e tem um gasto com os ingredientes, como milho, sacos de papel, sal... mas dá outro tom ao evento! Vale a pena!

Ao final, o/a mediador/a apresenta o formato das Oficinas Vídeo na Escola! (seus 12 encontros, horários, local, compromissos etc.) e indica a forma de inscrição para os interessados. Estimule também os alunos presentes a divulgar a oportunidade para seus colegas! Aproveite o momento e já distribua fichas de inscrição para os presentes, além de deixar outras fichas na escola, para que os interessados que não puderam comparecer à sessão de cinema também possam se inscrever. Mais adiante falaremos sobre as inscrições.

Inscrições

Prazo: mínimo de 1 semana e/ou a combinar com a escolaRecursos necessários: ficha de inscrição e canetas.

Os objetivos, no processo de inscrição, são preencher o número de vagas disponíveis para a oficina e garantir que a seleção (caso haja mais candidatos do que vagas) seja feita de forma justa, transparente, levando a oportunidade àqueles que queiram e possam participar de todo o processo.

Sugerimos o uso de uma ficha de inscrição que contenha informações pessoais que sirvam de base para a construção do perfil do grupo de participantes da oficina: quem são, o que fazem, o que já sabem fazer ou já fizeram em audiovisual. Dessa forma será possível perceber a mudança ocorrida no processo, medindo assim a contribuição da oficina na vida dos participantes.

Quanto ao período de inscrição, sugerimos pelo menos uma semana entre a divulgação e o fecha-mento da lista dos selecionados. É importante, no entanto, formar um grupo com no mínimo 10 participantes para que haja a dinâmica necessária à oficina. Se for preciso, ofereça mais tempo para a inscrição e reative a divulgação.

Convide a equipe da escola para que seus membros, juntos, definam o melhor a ser feito. Trabalhar em equipe, com responsabilidades compartilhadas desde o começo, é uma ótima forma de fortalecer os vínculos com a instituição que abre suas portas para que a oficina aconteça.

É importante que os inscritos não tenham dúvida quanto à data e ao horário do primeiro encontro. Um cartaz com a chamada para o primeiro encontro pode ser uma boa forma de garantir a presença de todos!

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Encontro 1: Integração

Proposta: Dar início ao processo de construção de vínculos entre os participantes e o/a mediador/a, com a proposta do projeto e também entre si, num movimento de respeito à diversidade e às diferentes expectativas.

Desenvolvimento:

Recepção 10 min Apresentação e expectativas 40 min Câmera e ação 1 h 50 min Intervalo 20 min Estabelecimento de combinados 30 min Roda de avaliação 30 min

Atividade: Bexigas de apresentação e expectativas

Duração: 40 minRecursos necessários: bexigas de diferentes cores, tarjetas de papel fino (largura de sulfite x 10 cm) e caneta.

A primeira atividade da Oficina Vídeo na Escola! será, literalmente, do barulho! Simples e divertida, destinada a gerar integração. Cada participante, incluindo o/a mediador/a, escreverá na tarjeta o seu nome e a expectativa que tem em relação à oficina. O/A mediador/a deve estimular todos a colocarem no papel o que vier à cabeça. Dez minutos será o suficiente para esse primeiro momento.

Pedir que dobrem a tarjeta, coloquem-na dentro da bexiga e soprem para enchê-la. Bexigas cheias, pedir que as joguem para o ar, numa brincadeira de não deixar nenhuma cair no chão! A bagunça é certa, porque as bexigas são mais rápidas do que as pessoas que tentam mantê-las no ar. Em pouco tempo estarão todos animados! Nesse momento, pedir que cada um segure a bexiga que estiver mais próxima de si.

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Pegaram? Estourem!!! E peguem as tarjetas de papel que estavam dentro das bexigas e que podem voar longe no momento do estouro. Todos acharam a tarjeta da bexiga que seguraram? Comecem, então, uma rodada de apresentação dos participantes e suas expectativas. Cada participante lê o conteúdo da tarjeta que pegou, tentando descobrir quem é o/a seu/sua autor/a. Acertou? Errou? Não importa. O/A autor/a se identifica, recebe de volta a sua tarjeta e poderá dizer ainda mais sobre si.

Quando todos estiverem com suas tarjetas em mãos, é hora de se unirem aos colegas de turma, formando a expectativa coletiva, o que dará o sentido para o grupo. Começando pelo/a mediador/a, as tarjetas serão amassadas, umas sobre as outras, como se fosse uma cebola e suas peles, até que se complete o círculo e o/a mediador/a tenha em mãos a esfera das expectativas. Será importante cuidar dessa esfera durante o decorrer da oficina, pois ela será necessária para o Encontro 12.

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Atividade: Câmera e ação 7

Duração: 1 h 30 minRecursos necessários: câmeras de vídeo, TV, cabos para conexão das câmeras na TV.

Agora é a vez da atividade que certamente muitos estarão ansiosos para fazer! Para essa atividade, os participantes precisarão se organizar em grupos, de acordo com o número de equipamentos disponíveis. A tarefa é sair pelo espaço da escola, tendo apenas a câmera para gravar, o dedo para acioná-la e um plano estabelecido pelo grupo, ainda na sala.

Faça perguntas que orientem os jovens a planejar o que gravar:

• O que existe na escola que poderia ser utilizado como fonte de inspiração?• Algo chamou a atenção deles quando chegaram?• Quem quer gravar?• Será uma entrevista com alguém?• Quem fará as perguntas?

Dê 10 minutos para que os alunos se organizem e entregue uma câmera para cada grupo. Se algum grupo demonstrar dificuldade no planejamento, peça que seus integrantes explorem o espaço da escola, buscando fontes de inspiração para realizar a atividade no tempo estabelecido. Sobre a câmera, não explique nada além dos funcionamentos básicos, como ligar, colocar a fita (no caso de se usar míni DV) e o que fazer para iniciar e parar a gravação. Não deixe de orientá-los sobre os cuidados a serem tomados com os equipamentos!

Os grupos terão 30 minutos para gravar um trecho de até 3 minutos. Após esse período, voltam para a sala e, grupo a grupo, conectam os seus equipamentos à TV e exibem para os colegas o resultado de suas gravações. Nesse momento, o/a mediador/a poderá fazer comentários, sempre conduzindo os grupos a falar sobre as suas produções.

• O que vocês quiseram expressar com esse vídeo?• Por que escolheram gravar essas imagens?• O que sentiram ao fazer e, agora, ao assistir às imagens?• Do que gostaram e não gostaram na atividade?

Ao final das apresentações dos grupos, o/a mediador/a fecha com a seguinte fala:

“Parabéns, acabamos de fazer nossos primeiros vídeos!”

7 Referência: Dedo Filme, das Oficinas Tela Brasil.

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Vamos refletir um pouco sobre o caminho percorrido pelos nossos jovens durante esta atividade. Repare que eles percorreram os cinco momentos previstos na metodologia: sentir, imaginar, explorar, expressar e compartilhar. Trabalharam em equipe, numa linguagem talvez pouco conhecida, com pouco tempo para a realização da tarefa, numa arena de possíveis conflitos pessoais e/ou relacionais. Enfrentaram os desafios e talvez os tenham vencido. Este é o famoso “respeitar o momento de cada um”. A proposta de gravar dentro dos limites da escola levou os participantes a refletir sobre o que viram desde que ali chegaram e a imaginar o que poderiam fazer com a câmera na mão. Sobre o que teriam algo a falar? O que chamou a sua atenção e pôde inspirar o grupo na realização da tarefa? Uma vez com uma ideia em comum na cabeça, saíram em seus grupos para explorar o local e ver se os recursos de que precisavam, para gravar o que pretendiam, de fato existiam. Reunidas as condições, puderam se expressar através de suas imagens. Valeram realidade, ficção, drama, comédia... Ao final, compartilharam com os outros grupos, num intercâmbio de ideias audiovisuais.

Intervalo: máximo de 20 minutos

Ao voltarem para a sala, o/a mediador/a deve entregar para cada participante uma folha contendo uma breve explicação sobre as Oficinas Vídeo na Escola!, além do cronograma detalhado de todos os encontros.

O/A mediador/a deve aproveitar para reforçar a importância de todos no desenvolvimento da oficina, dando a “deixa” para o momento que vem a seguir: estabelecimento de combinados.

Atividade: Estabelecimento de combinados

Duração: 30 minRecursos necessários: tarjetas de papel grosso, como cartolina, com 10 x 20 cm, canetas piloto, fita-crepe.

Este é um momento importante para que cada participante pense a respeito de suas práticas e sobre o que espera do grupo que está sendo formado. “O que estimula a sua participação neste grupo?” A atividade se baseia em um bate-papo, um espaço aberto para expressão da opinião de todos e a busca de consenso.

SENTIR

IMAGINAR

EXPLORAREXPRESSAR

COMPARTILHAR

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O/A mediador/a poderá trazer para o debate fatos ocorridos no dia, como pontualidade ou atraso, atividades que foram feitas dentro e/ou fora do prazo proposto, momentos de alegria e descontração etc., mas lembrando sempre que o mais importante é a fala dos participantes. Eles devem ser os protagonistas na construção dos combinados. É claro que o/a mediador/a também tem voz e vez, mas sempre numa relação paralela, sem imposição de opiniões.

A partir da pergunta “O que queremos da nossa oficina?”, cada um poderá expressar seu ponto de vista, contribuindo assim para a construção dos combinados. Peça aos participantes que escrevam seu pensamento ou proposta em uma tarjeta e colem-na em um lugar visível. – Além de organizar a conversa, anotar em tarjetas facilita o registro posterior. Não espere para colar todas as tarjetas ao final da conversa. Vá pedindo que elas sejam coladas uma a uma. Assim que todos se sentirem satisfeitos, peça a alguém que faça uma leitura geral e inclua outras idéias sugeridas ou modifique algum ponto que não tenha ficado muito claro. Caso não haja tarjetas disponíveis, peça que as propostas sejam anotadas em uma folha de flip-chart ou na lousa. Mas é preciso não esquecer de repassar o conteúdo produzido para outro suporte que deverá ser exposto em todos os próximos encontros. Esse instrumento ajuda muito no momento de resolução de conflitos.

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Atividade: Roda de avaliação

Antes de encerrar o dia, faça uma roda de avaliação do encontro, ouvindo o que o grupo achou legal, o que gostaria que tivesse sido diferente e por quê etc. Essa é uma prática que deverá ser constante em todos os encontros, e daqui em diante faremos apenas menção da roda de avaliação para você se lembrar dela!

Assim chegamos ao final do primeiro encontro da sua Oficina Vídeo na Escola!, um encontro que teve como proposta principal iniciar o processo de formação de vínculos que, saiba, não se esgota aqui. Este é apenas o começo.

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Encontro 2: Linguagem audiovisual

Esse encontro vai tratar de alguns fundamentos da cinematografia, que é a arte de fazer cinema e, no nosso caso, de fazer vídeos.

Proposta: Fazer os participantes se sentirem e se verem como pessoas capazes de reconhecer e utilizar elementos específicos da linguagem audiovisual, no sentido da valorização de seus saberes e da ampliação de suas possibilidades de expressão.

Desenvolvimento:

Recepção e início da atividade 10 min Enquadramento -- planos e ângulos 1 h Exibição de vídeos 1 h Intervalo 20 min Retas e/ou curvas 1 h 20 min Roda de avaliação 10 min

Estimule a organização de diferentes grupos para cada atividade. Isso ajudará no aprender a conviver, como proposto nos mencionados quatro pilares da educação, assim como a evitar a formação das famosas “panelinhas”.

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Atividade: Enquadramento -- planos e ângulos na foto e no vídeo 8

Duração: 1 hRecursos necessários: câmeras, TV (ou projetor) e cabo de conexão.

Organizar os participantes em grupos. Cada grupo fará três fotos, sendo uma da sala, outra de um canto da mesma sala e, por fim, de um objeto. A primeira foto é feita num plano mais aberto, que vai se fechando nas outras duas fotos. Além de perceber planos mais abertos ou mais fechados, os participantes também poderão analisar os posicionamentos das câmeras, isto é, o ângulo utilizado.

8 Referência: Catú Filmes.

É muito interessante perceber as diferentes maneiras de organização utilizadas pelos grupos. Uns começam a atividade por iniciativa e liderança de algum participante, enquanto outros grupos conversam antes de partir para a realização. Pelo que temos observado, os grupos que discutem suas atividades alcançam melhores resultados e conseguem realizar a atividade no tempo proposto. Portanto é bom estimular os participantes a planejar o que vão fazer. Dessa forma, exercitarão sempre a tomada de decisão em grupo, o que é muito difícil e requer muita prática. Coisa de gente grande. Dê cerca de 15 minutos para as fotografias.

Depois de feitas as fotos, os grupos deverão se reunir para escolher três delas (uma da sala, outra do canto e outra do objeto), que serão exibidas e comentadas por todos. Eles terão 15 minutos para fazer essa seleção.

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Essas fotos, exibidas na TV ou projetadas, vão ilustrar a introdução ao conceito de enquadramento, aos efeitos das escolhas de plano e ângulo conseguidos em cada caso. Peça aos alunos que falem das sensações que cada foto transmite e tentem entender a relação entre essas sensações e o enquadramento escolhido. Depois, vale o mesmo exercício para a mensagem, a história que a foto conta. Deixe claro que a composição da imagem é que levará à expressão do que se deseja. Em seguida, desafie-os a descobrir alguns detalhes em pequenas áreas da foto e, aos poucos, vá usando os termos técnicos e seus conceitos.

Perguntas que podem ajudar:

• O que vocês veem nessa foto? • Você, fotógrafo, tinha noção de que sua foto continha tantos detalhes? • Gostou do resultado? Que escolhas você teve de fazer? • Dá pra fazer de uma forma diferente e manter o mesmo significado?

Dedique por volta de 40 minutos a esse bate-papo, introduzindo os conceitos, apoiando-se no conteúdo que está descrito mais adiante no item “É fundamental saber que...” e/ou em seu próprio conhecimento e pesquisa.

Agora, vamos à análise dos elementos da linguagem cinematográfica no vídeo.

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Atividade: Exibição de vídeos

Duração: 1 hRecursos necessários: DVD gravado com curtas-metragens, DVD player e TV ou projetor e aparelho de som ligado ao DVD. Intervalo: máximo de 20 minutos

Lembre-se, novamente, de estimular a participação de todos. É aconselhável segurar um pouco os mais faladores e dar oportunidade para a fala dos mais quietos. O pessoal deve fazer comentários sobre o que está vendo nas cenas, a diferença entre o impacto da foto e o do vídeo na transmissão de sensações e mensagens, já procurando exercitar o uso dos termos técnicos introduzidos no exercício anterior.

Depois de o pessoal assistir aos curtas e de comentá-los livremente, entregue-lhe um material de apoio com os conteúdos apresentados no encontro.

Observação: Um dos resultados que esperamos alcançar com as Oficinas Vídeo na Escola! é a ampliação do universo cultural dos participantes. Não somente com relação aos conteúdos dos vídeos assistidos, mas também com relação aos canais de acesso a eles. Os curtas-metragens selecionados para esse momento foram todos baixados do YouTube. Mas existem ainda sites com

um grande número de curtas-metragens disponíveis, como o www.kinooikos.com (que exibe vídeos

produzidos por jovens de todo o país), www.portacurtas.com.br e o www.kinoforum.org. O/A mediador/a deve apresentar esses caminhos aos jovens e estimular uma pesquisa individual posterior.

Para esta atividade sugerimos os vídeos a seguir, mas você poderá utilizar outros:

• Ilha das flores – direção de Jorge Furtado• Palíndromo – direção de Philippe Barcinski

Agora, convide os participantes a um segundo ensaio fotográfico, desta vez com um novo direcionamento.

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Atividade: Retas e/ou curvas 9

Duração: 1 hRecursos necessários: câmeras, TV (ou projetor) e cabo de conexão.

Para este exercício, organize novos grupos. Eles deverão fotografar novamente uma sala, um canto da mesma sala e um objeto, como fizeram no primeiro exercício. Porém, agora, deverão incluir nas com-posições de suas fotos detalhes que representem retas e/ou curvas. Vale incentivar a busca por retas e curvas que possibilitem passar uma mensagem: a expressão de algo que se quer dizer no momento.

9 Referência: Educativo Claro Curtas.

Como no exercício anterior, os participantes sairão em grupos (os mesmos), farão suas fotos e escolherão três para exibição e análise. O/A mediador/a deve ajudá-los a começar a utilizar os termos técnicos na descrição das fotos.

Atividade: Roda de avaliação

Antes de encerrar o dia, faça uma roda de avaliação do encontro, ouvindo o que o grupo achou legal, o que gostaria que tivesse sido diferente e por quê etc.

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É fundamental saber que...

O assunto deste encontro é o enquadramento, que é o conjunto formado pela planificação, distância em que a câmera se posiciona em relação ao objeto que está sendo filmado, e pela angulação, perspectiva de onde a câmera registra a cena.

O plano é a imagem que fica entre dois cortes num filme. Cada imagem contínua de um filme é um plano. Ele pode ser estabelecido na câmera – cada plano seria a imagem entre disparar o rec (gravar/filmar) e disparar o stop (parar a imagem), como foi experimentado na atividade “Câmera e ação”, utilizada no primeiro encontro. Com os planos, montamos cenas, sequências e, por fim, os filmes. O plano também pode ser chamado de take. E, quando gravamos um plano mais de uma vez, para alcançarmos o resultado esperado, podemos dizer que estamos fazendo o segundo ou o terceiro take do mesmo plano.

As equipes de filmagem e gravação costumam trabalhar com seis tipos de plano, nos quais as referências são as medidas do ser humano, a saber:

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Plano Geral (PG): mostra a personagem inserida numa ampla paisagem ou num grande cenário, revelando para o espectador, por sua característica descritiva, o ambiente onde a cena acontece.

Plano Conjunto (PC): mostra a personagem de corpo inteiro.

Plano Médio (PM): mostra a personagem da cintura para cima. Dá para ver o rosto da personagem e seus gestos.

Primeiro Plano (PP): mostra toda a cabeça da personagem.

Primeiríssimo Plano (PPP) ou close: mostra o rosto da personagem, num plano um pouco mais fechado que o primeiro. Serve para exibir uma parte importante de um objeto, o rosto ou corpo da personagem. É um plano que cria uma proximidade entre a personagem e o espectador.

Plano Detalhe (PD): mostra um detalhe do rosto, como o olhar, o movimento dos lábios, de uma parte do corpo ou de um objeto.

Uma curiosidade: existe ainda o plano americano, que mostra cerca de 1/3 da personagem,do joelho à cabeça, e tem esse nome porque foi muito usado nos filmes de faroeste, quando era importante termos também a imagem das armas nas cinturas dos pistoleiros.

O mais importante a saber é que você pode ter “planos abertos” (como o Plano Geral), onde vemos mais o cenário, ou “planos fechados” (como o Plano Detalhe), onde vamos enquadrando partes menores do mesmo cenário.

É possível dizer, quando estiver dirigindo um filme, por exemplo: “Agora vamos gravar um plano detalhe da mão do ator. Depois, um plano mais aberto do ator mostrando também toda a sala”.

O mesmo ocorre com a questão do ângulo, onde se têm diferentes opções para a perspectiva da câmera.

Plano Geral Plano Conjunto Plano Médio

Primeiro Plano Primeiríssimo Plano Plano Detalhe

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Pode-se

– posicionar a câmera de cima para baixo, ou elevada, ou plongée (palavra francesa);

– posicionar a câmera de baixo para cima, ou câmera baixa, ou contra-plongée;

– fazer enquadramento frontal;

– fazer enquadramentos inclinados;

– usar o ponto de vista subjetivo: câmera que “vê” com os olhos da personagem, como se fosse a visão de alguma personagem (ao contrário do ponto de vista objetivo).

O enquadramento pode reforçar sentimentos e intenções da cena. É bom descobrir essas diferentes possibilidades e técnicas, percebendo-as nos filmes, na TV, na internet etc. Por exemplo: a câmera em posição elevada (voltada para baixo) pode ser usada para enfatizar a inferioridade de uma personagem, enquanto a câmera baixa (voltada para cima) pode mostrar o contrário.

Com esses elementos, é possível criar cenas de modo a envolver o espectador, fazendo-o se emocionar, ficar atento, curioso ou até mesmo com medo, dependendo da intenção dos realizadores.

Todo movimento de câmera tem ainda um nome específico e é utilizado para se conseguir um determinado efeito, como, por exemplo, o de estar ao lado de um personagem que anda pela calçada. Dizemos que esse movimento de câmera é um travelling lateral. Movimento de câmera sem que ela gire em seu eixo recebe o nome de travelling que pode ser: para cima, para baixo, para os lados, para trás, para a frente ou de forma livre, este impossível de ser descrito. Pode-se fazer o travelling andando com a câmera ou, por exemplo, com uma grua (quase um miniguindaste) que carrega a câmera e o operador ou até com uma grua eletrônica (que carrega só a câmera e é operada por controle remoto).

Outro movimento, também mecânico como o travelling, é a chamada panorâmica. Nele, a câmera pode estar fixa em um tripé ou na mão de seu operador, que a gira para os lados, para cima ou para baixo, em um eixo fixo. Para mostrar um cenário ou uma paisagem normalmente utiliza-se uma panorâmica, que pode ser da direita para esquerda ou o contrário.

Por fim, um movimento que não é mecânico, isto é, que ocorre sem que a câmera se mova, também muito utilizado, é o zoom, que pode ser de dois tipos: zoom-in e zoom-out: um diminui (in) e o outro amplia (out) a distância entre a câmera e a cena a ser gravada.

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Encontro 3: Câmera

Proposta: Por meio do estudo dos recursos da câmera, levar os participantes a desenvolver suas habilidades para o reconhecimento e a utilização de diferentes ângulos, planos, enquadra-mentos e os movimentos de câmera, num processo de ampliação do seu repertório técnico, para a expressão de sentimentos e sensações.

Desenvolvimento:

Recepção e início da atividade 10 min

Fuçando na câmera 1 1 h 20 min

Intervalo 20 min

Cenas clássicas 1 h

Fuçando na câmera 2 1 h

Roda de avaliação 10 min

Esse é o momento de entrar um pouco mais nas questões técnicas da linguagem do audiovisual. E, para não fugir dos eixos norteadores da metodologia, a experiência, o sentir vêm em primeiro lugar.

Atividade: Fuçando na câmera 1

Duração: 1 h 20 minRecursos necessários: câmeras, TV (ou projetor ligado a aparelhode som) e cabo de conexão. Intervalo: máximo de 20 min

Nesta atividade, os participantes ganham mais liberdade para gravação de suas imagens e exploração dos recursos da câmera. Eles poderão sair pelo entorno da escola, em grupos, para gravar algo que julguem interessante, com duração máxima de 5 minutos. Será um momento de experimentação no qual os participantes, sozinhos, deverão buscar diferentes regulagens para a câmera, “fuçando” em seu menu, explorando as funções que o equipa-mento oferece (zoom, contraste etc). Pedir que anotem o ajuste utilizado em cada plano, a fim de poderem entender depois, no momento da exibição, o efeito que cada escolha oferece no resultado final da imagem.

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Para este primeiro momento da atividade, os grupos terão um tempo máximo de 30 minutos entre o sair a campo e o retornar à sala, para a exibição das imagens gravadas.

Ao assistirem e analisarem as imagens gravadas, os participantes começarão a compreender o impacto das escolhas de plano e dos movimentos de câmera. Eles serão novamente desafiados a descrever suas imagens dentro da linguagem do audiovisual, num exercício de construção de um olhar mais técnico e crítico. Além disso, observarão o resultado da regulagem das funções que escolheram, abrindo espaço para uma conversa sobre a referência ideal para o uso desses recursos, tirando dúvidas quanto ao manuseio do equipamento.

Nesse momento, poderá ser-lhes entregue um miniguia impresso com explicações sobre diferentes recursos que a câmera utilizada possui. Na oficina proposta, os limites tecnológicos podem representar grandes oportunidades para o surgimento de novas formas de expressão. É possível imaginar cenas, a partir dos recursos disponíveis, mesmo que a câmera disponível seja a de um telefone celular. Não cabem comparações entre as técnicas, porém existe algo em comum entre ambas: a criatividade para se vencerem desafios e para se traduzir em imagens aquilo que se quer expressar.

Atividade: Cenas clássicas

Duração: 1 hRecursos necessários: DVD gravado, DVD player e TV (ou projetor com aparelho de som ligado a ele).

Segue agora um momento de reflexão sobre filmes clássicos, famosos, de diretores consagrados, como Alfred Hitchcock e Steven Spielberg. Quais as escolhas feitas pelos grandes mestres? Momento de desenvolvimento de habilidades e competências, necessárias para o reconhecimento de diferentes planos, âng ulos, sequências, movimentos de câmera, além de ampliação de repertório.

Um elemento de extrema importância para que esta atividade funcione como esperado é a participação de todos. Estimular os participantes a enfrentarem o medo de errar, de “pagar mico”, porque esse é o caminho para o desenvolvimento da criatividade e da segurança para expressar o pensamento.

Existem vários caminhos possíveis para se trabalharem os conteúdos deste terceiro encontro. A seguir, mostraremos um deles.

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Trecho do primeiro filme selecionado: ET – o extraterrestre

Exiba o trecho desde o início, esclarecendo antes que se trata do filme ET -- o extraterrestre, dirigido por Steven Spielberg, produzido em 1982 e um dos maiores sucessos de público da história do cinema. Você pode optar por mostrar todo o trecho do filme (9 minutos) ou só a parte que vai ser analisada plano a plano.

– Primeiro plano: vemos o céu, estrelas, galáxias. Pode haver um plano geral mais plano geral do que esse? Voltado para as galáxias? Para o infinito? A câmera faz uma panorâmica para baixo até revelar a ponta de algumas árvores. Atrás das árvores, que estão em silhueta, vemos que há uma luz.

– Segundo plano: plano geral. Vemos a nave espacial e a cidade bem ao longe, à esquerda do quadro. Plano fixo.

– Terceiro plano: plano conjunto. Estamos mais perto da nave. A câmera está entre as árvores e faz um travelling lateral, revelando pouco a pouco a estrutura e as luzes da nave. Agora, se a nave é redonda ou circular, e o movimento também é igual, podemos dizer então que é um travelling circular, por que não?

– Quarto plano: plano detalhe do galho da árvore e do dedo do ET. Podemos ver, no fundo do quadro, que outro ET está entrando na nave, em direção à luz.

Trecho do segundo filme selecionado: Frenesi

Iniciar a exibição do trecho do filme e dar uma pausa logo no início do primeiro plano, quando aparece a mocinha ruiva. Deixe pausado e esclareça os participantes de que: “Vamos ver um trecho do filme Frenesi, de Alfred Hitchcock, produzido em 1972. Esse trecho fica no meio do filme, que trata de uma série de assassinatos de loiras e ruivas. A mulher ruiva em questão é a mocinha do filme. Ela acaba de ser despedida e perdeu também seu quarto, que ficava num em cima do lugar onde ela trabalhava. Ela sabe que estão acontecendo assassinatos de mulheres na redondeza”. Deixar o filme rodar mais alguns segundos, até o assassino surgir em close, logo após a mocinha ruiva. Pausar na imagem dele e explicar que ele é o assassino, passando por amigo da mocinha. Ela não desconfia dele, que se aproxima dela oferecendo seu apartamento até que ela encontre um outro lugar para morar.

Iniciar novamente a exibição, desde o início, e pedir aos participantes que prestem bastante atenção aos enquadramentos, movimentos de câmera, posicionamentos dos atores em relação à câmera e da câmera em relação a eles. Pedir também que prestem atenção ao som, mas não nos diálogos. Como é interessante apresentar o filme no original, resuma o que vai acontecer: o assassino ficará enrolando a ruiva para levá-la até o quarto, onde pretende matá-la. E ela acredita na bondade dele.

Exibir agora o trecho do filme até o final. Depois, voltar ao início e começar a perguntar para a turma o que eles perceberam de cada plano para, ao mesmo tempo, ir revelando os aspectos principais.

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– Primeiro plano desse trecho: a atriz principal se aproxima da câmera até o close (plano detalhe do rosto). Mostrar como o som da cidade, no início do plano, desaparece, enquanto ela se aproxima da câmera. Atrás da atriz aparece o assassino. Nessa hora, o espectador já sabe que aquele sujeito é o assassino. Após o zoom out da câmera, a ruiva acompanha o assassino. Ela vai morrer?

– Segundo plano: os dois personagens surgem no fundo do quadro. O assassino continua convidando a mocinha para sua casa, enrolando-a. A câmera recua, fazendo um travelling para trás, parando, às vezes, quando os personagens também param. A câmera, sempre de frente, acompanha as personagens. A câmera está na mão, a cidade está agitada, passam pelo mercado barulhento. O plano termina somente quando as duas personagens saem pela direita do quadro. Acho bom usar a palavra quadro, afinal é dela que deriva a palavra enquadramento e é a terminologia que se usa no set.

– Terceiro plano: as duas personagens já estão em quadro e a câmera faz uma panorâmica para a direita. Ou seja, corrige o quadro, seguindo as personagens, que entram no prédio.

– Quarto plano: Um dos mais famosos planos da história do cinema! A câmera está se movimentando (travelling) para trás, acompanhando de frente as personagens que sobem a escada. Repare que, nesse movimento de travelling, as personagens chegam mais próximo da câmera, passam ao lado dela e se afastam subindo as escadas, mas a câmera não os segue, não entra no aparta- mento com eles. Inesperadamente ela começa a movimentar-se para trás, descendo as escadas vazias, passando pela porta do prédio, quando novamente o som da cidade se revela mais ruidoso do que nunca. O movimento continua até a rua, revelando a janela do quarto do assassino. O que estará acontecendo lá? Será que ele já a atacou? O diretor sugeriu o assassinato, não o mostrou. Usou desse recurso para instigar a imaginação do espectador, criando aí um mistério: o que estará acontecendo? E ainda acaba dando um tom mais dramático, utilizando-se do som da cidade barulhenta em contraste com o silêncio, desde o início desse trecho, para criar um impacto ainda maior entre a crueldade fria e silenciosa do assassino e a cidade preocupada demais com o cotidiano para conseguir escutar um grito de ajuda. Cruel e cinematográfico!

– Quinto plano: Surpresa! Por que, no quarto plano, tem um corte feito para passar desapercebido? Quando a câmera sai do prédio, recuando para trás e chegando até a calçada do lado de fora da portaria, um pedestre (parece uma senhora) passa, usando um casaco avermelhado. Há um corte justamente na imagem do casaco, que foi usado para disfarçar esse corte. Somente o olhar mais atento percebe que são 5 planos no total.

Observação: Esse corte existe porque há diferença entre a luminosidade do lado de dentro e a do lado de fora do prédio, na rua. Gravando sem os devidos ajustes, não se conseguiria manter a mesma luz, que iria “estourar” por conta da luz do Sol.

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Terceiro filme selecionado: videoclipe Sabotage

Sabotage é uma música do grupo chamado Beastie Boys. Esse videoclipe desenvolveu uma linguagem audiovisual bem marcante, -com muitos ângulos de filmagem diferentes, inclusive de cima para baixo e de baixo para cima, ou seja, plongée e contra-plongée, além de muitos movimentos de câmera também. O clipe imita um filme policial de aventura, com muito humor e ironia. Exibir o vídeo e deixar a turma falar sobre ele, porque decupar esse videoclipe é quase impossível: aliás, como qualquer outro videoclipe também, pois normalmente são compostos por centenas de planos.

Atividade: Fuçando na câmera 2

Duração: 1 hRecursos necessários: câmera, TV e cabo de conexão.

Neste momento, os participantes já vivenciaram a experiência de, sozinhos, tentarem se entender com as câmeras. Retomaram, na análise dos seus próprios vídeos e dos filmes apresentados, os conceitos de linguagem cinematográfica que aprenderam no encontro anterior. Viram esse novo conhecimento utilizado na prática, em clássicos do cinema. Agora é o momento de experimentar novamente, explorando os potenciais da câmera e seu uso, porém agora com um sentido, com algo a ser dito. É chegada a hora da expressão.

Nesta atividade, os participantes terão de mostrar, em imagem, em uma cena, uma mensagem que queiram passar. Expressar uma ideia, um sentimento, um desejo, não importa o quê.

Pedir que lembrem do que foi estudado até o momento: o enquadramento e o movimento de câmera, as inspirações tiradas dos mestres!

A cena deve durar 1 minuto, e os grupos terão 30 minutos para a gravação e o retorno à sala, onde os vídeos serão exibidos e comentados. No momento da exibição, prestar atenção nas falas e tentar perceber se houve alguma mudança não somente nas imagens gravadas, mas também na fala dos participantes, na correlação com planos, ângulos e movimentos encontrados nas cenas dos clássicos analisados. Investigar sempre o motivo das escolhas feitas pelos participantes e a relação entre suas expectativas e o resultado alcançado.

Atividade: Roda de avaliação

Antes de encerrar o dia, faça uma roda de avaliação do encontro, ouvindo o que o grupo achou legal, o que gostaria que tivesse sido diferente e por quê etc.

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Preparação para o encontro seguinte

Peça a cada grupo que traga algo que possa ajudar a iluminar uma cena. Valem abajur, lanterna, farolete, lampião, o que cada um encontrar. Estimule-os a pesquisar em suas casas e com os amigos também.

É fundamental saber que...

O domínio completo das funções de qualquer câmera exige muitas experiências de gravações com o mesmo equipamento. O que você utiliza pode possuir alguns recursos e controles inte-ressantes. Experimentando essas funções, você pode aprender muita coisa na prática, o que vai contribuir para seus conhecimentos sobre fotografia digital em vídeo.

– Estabilizador de imagem ou “mãozinha”: muitas câmeras têm um estabilizador de imagem digital. Muito bom porque tira um pouco a tremida de câmera quando ela está sendo operada na mão. Em muitas câmeras, essa função tem um ícone, que é uma mãozinha que aparece na tela, quando está sendo usada. Em boa parte das gravações vale a pena deixar no modo ligado.

– White balance: balanços de coresnecessário porque as luzes têm cores diferentes. A luz do Sol em cor diferente das luzes das lâmpadas, cujas cores, por sua vez, diferem de acordo com o tipo. vídeo evidencia a diferença de cores, muitas vezes não percebida pelo olho humano, que faz a correção automaticamente. Com a opção auto a câmera faz essa regulagem sozinha, mas é bom saber como usar esse recurso.

– Bater o branco do White balance ou custom wb: é uma opção do modo white balance. Pode ter outro nome, dependendo da câmera. Normalmente seleciona-se esse recurso enquanto se direciona a câmera para uma folha branca. O botão deve ser apertado por alguns segundos. A câmera corrige as cores para que a folha fique mesmo branca. Mas você pode brincar com essa função: coloque na frente da lente da câmera uma folha de cor bem clara, ou seja, quase branca. Isso vai con- fundir a câmera, que vai tentar interpretar aquela cor clara como branco. E por isso pode criar cores bem interessantes, nada realistas. Não funciona apenas com folhas, mas também com outras superfícies; é só testar. Mas é preciso que esteja bem iluminada, pois no escuro a câmera não lê o branco.

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– Obturador: tem por função permitir a gravação de objetos em alta velocidade, como carros numa corrida, jogo de tênis etc.

– Exposição: é possível mudar a quantidade de luz que entra na câmera, para escurecer ou clarear uma cena. Basta colocar no modo manual.

– Modo auto ou easy: esse é um recurso que coloca as funções da câmera no auto. É uma boa opção, dependendo das circunstâncias.

Vale a pena experimentar todos os controles que sua câmera possui, como os efeitos que mudam completamente a imagem, transformando-a numa pintura ou num espelho, ou dividindo a tela etc. É um exercício divertido e que desenvolve o olhar do operador de câmera.

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Encontro 4: Luz e som

Proposta: Sensibilizar os participantes para a importância da iluminação e do som na produção audiovisual.

Desenvolvimento:Recepção e início da atividade 10 min Foto iluminada por vela 30 min Foto com outras iluminações 1 h Intervalo 20 min TV coberta 50 min Passeio cego e entrevista 1 h Roda de avaliação 10 min

Neste encontro os participantes continuam a vivenciar a experiência do uso do audiovisual para contar uma história, explorando, especificamente, a luz e o som como recursos de expressão.

Atividade: Vela

Duração: 1 h 50 min Recursos necessários: câmera, vela, abajur, isopor, lanterna, folhas sulfite ou cartolinas brancas, TV (ou projetor) e cabo de conexão da câmera. Intervalo: máximo de 20 min

O primeiro exercício do dia será sobre luz.

Os participantes terão de formar grupos e buscar, no ambiente da escola ou dentro da própria sala de aula, um local escuro que possibilite a produção de uma foto iluminada por apenas uma fonte de luz: uma vela. (Cuidado com o aspecto da segurança!) Estimule-os a brincar com efeitos de luz e sombra. Os grupos farão as fotos e posteriormente elas serão exibidas em sala, para discussão e análise de todos. Perguntas que podem nortear a análise das fotos:

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– Qual foi a intenção do grupo com essa foto?

– Qual o resultado alcançado? Que sensações e mensagens essa foto exprime?

– O que isso tem a ver com a relação luz e sombras?

– O que poderia ser feito para melhorar a qualidade da imagem?

– Que outros recursos poderiam ser utilizados para iluminar a mesma cena?

Em seguida, apresentar eventuais técnicas de correção, utilizando para isso os recursos trazidos pelos participantes, como solicitado no encontro anterior. Uma dica: não contar somente com o que eles trouxerem. Levar também o que houver de disponível: isopor, lanterna, abajur; até mesmo uma folha sulfite em branco, que pode servir para rebater uma luz e diminuir o efeito marcado de uma sombra em um rosto, por exemplo. Com a ampliação dos recursos técnicos, pedir que cada grupo experimente refazer a foto e gravar uma cena, realizando com autonomia as correções oferecidas pelo equipamento. Não havendo outros recursos disponíveis, os participantes deverão encontrar um local na escola onde, com recursos de iluminação natural, possam “melhorar” a imagem inicialmente captada.

Agora chegou a hora de estudar a captação de som, com a realização de dois exercícios. O primeiro chamaremos de “TV coberta” e o segundo de “Passeio cego”

Atividade: TV coberta

Duração: 50 minRecursos necessários: câmera, TV, tecido para cobrir TV e cabo de conexão da câmera.

Ao entrar na sala, os participantes encontrarão a TV coberta com um tecido escuro ou outro material opaco impedindo que se veja a imagem. Neste exercício, é preciso chamar a atenção para a escuta, de maneira a valorizar tanto o som direto (diálogos entre personagens) quanto a sonorização (sons de fundo, como o de um carro passando) e a trilha sonora (músicas que dão

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o tom da cena). Para isso, exiba vários trechos de filmes nessa TV coberta e peça que todos imaginem o que está ocorrendo na tela. Ao final de cada trecho, pare e discuta com o grupo as seguintes questões:

– Reconhecem o filme? – O que vocês acham que está acontecendo? – Quais os sons que fazem vocês acharem que é isso que está acontecendo? – Qual é o gênero desse filme?

Essas são algumas perguntas que podem ser feitas para estimular a participação do grupo. É interessante incentivar os participantes a imaginarem a cena, seus personagens, o cenário.

Em seguida, descubra a tela, permitindo que se assista novamente à cena, refletindo sobre seme-lhanças e/ou diferenças do que se vê com o que se supôs anteriormente.

Sugestões de filmes para exibição de trechos

Tom e JerryDesenho animado. O trecho indicado tem 7 minutos; não tem diálogos, só ruídos e vozes estranhas.

Apocalypse now Quando a imagem for exibida junto com o som, diga que a trilha sonora na abertura do filme é da banda The Doors; o nome da música é The end. O filme foi dirigido por Francis Ford Coppola.

Gremlins Filme norte-americano de 1984, dirigido por Joe Dante e produzido por Steven Spielberg. Gre-mlins são criaturas endiabradas, que têm uma risada sinistra e diabólica. O trecho corresponde à cena dos Gremlins bagunçando um bar.

Ensaio sobre a cegueira Ensaio sobre a cegueira (blindness, em inglês) é um filme de 2008 produzido por Japão, Brasil e Canadá, dirigido por Fernando Meirelles, cineasta brasileiro, com roteiro baseado no livro homônimo do escritor português José Saramago. O filme abriu o Festival de Cannes de 2008. O trecho escolhido é de um making of do filme, onde podemos escutar também sons da filmagem.

Falcão negro Filme dirigido por Ridley Scott.

Vê se você escuta!Realização coletiva (jovens de oficina audiovisual) de 2006, com 4 minutos de duração, de Celso Ricardo da Trindade, Eduardo S. de Paulo, Janilson Aparecido da Silva, José Jacó Lucas da Silva, Rodrigo Roberto do Nascimento. O vídeo trata de um musical estruturado a partir de ruídos e sons captados. As gravações buscavam imagens e principalmente sons que seriam fundamentais para a edição final do vídeo.

Após a explanação sobre os limites e possibilidades na construção da trilha sonora de um filme, convide os participantes para a atividade “Passeio cego”.

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Atividade: Passeio cego e entrevista

Duração: 1 hRecursos necessários: câmera, TV, material para cobrir a TV e cabo de conexão.

Pedir aos participantes que formem grupos, lembrando de incentivá-los a não ficarem sempre no mesmo grupo, para poderem trabalhar com os diversos integrantes da oficina. Depois de formados os grupos, explicar que o desafio será fazer uma pesquisa de som. Eles deverão escolher um local fora do ambiente da escola e investigar os sons do nosso cotidiano. Mas a melhor parte é a seguinte: um dos participantes de cada grupo terá seus olhos vendados e, seguindo sua audição, conduzirá os colegas para uma fonte sonora que achar interessante, buscando descrever a cena! Um dos colegas o conduzirá, isto é, “será os seus olhos”, e um outro, com a câmera na mão, fará a gravação da cena en-quanto o colega de olhos vendados a descreve. Os grupos terão 5 minutos para escolher a cena e os sons a serem gravados, com duração máxima de 1 minuto.

Terminado esse exercício, eles aproveitarão o fato de já estarem no ambiente externo da escola para iniciar a próxima atividade. Só depois de terem realizado as duas atividades de gravação é que deverão retornar à sala de aula.

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O segundo desafio, para o entendimento da importância da captação de som na realização de um vídeo, é a gravação de uma entrevista. Esse exercício é importante porque muitos dos vídeos realizados, principalmente quando são documentários, contêm muitas entrevistas. Além disso, mesmo em uma ficção é fundamental que se ouçam bem os diálogos e as falas das personagens. Os participantes devem perceber a distância ideal entre a câmera (que tem um microfone embutido)e o entrevistado. É preciso notar que certos sons muito altos podem sobrepor a fala dele, exigindo que se grave em ambientes silenciosos, mas que, por outro lado, não podem ter muito eco, por exemplo.

As duas atividades de gravação (Passeio cego e Entrevista) deverão durar, juntas, no máximo 30 minutos.

Ao retornarem para a sala, as gravações serão exibidas para análise de todos.

Na discussão do resultado do Passeio cego, pedir que descrevam, primeiro, a experiência do Passeio cego, solicitando depoimentos de pelo menos um participante de cada papel (o vendado, o condutor e o gravador da cena). Oriente a comparação entre a descrição dada pelo participante vendado e a cena que se observa. Destaque os sons que o fizeram imaginar aquela cena.

Na análise da Entrevista, perguntar aos participantes se o áudio está permitindo a compreensão de tudo o que o entrevistado diz. Chamar a atenção para sons que passam por trás do áudio principal. Se houve sobreposição em algum momento, pergunte o que poderia ter sido feito para evitar esse barulho em uma próxima oportunidade. Discutir principalmente a distância ideal entre a câmera e o entrevistado e as diferentes capacidades dos microfones embutidos em câmeras.

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Atividade: Roda de avaliação

Antes de encerrar o dia, fazer uma roda de avaliação do encontro, ouvindo o que o grupo achou legal, o que gostaria que tivesse sido diferente e por quê etc.

É fundamental saber que...

A luz é o fator determinante do que chamamos fotografia de um filme. Para discutir esse assuntoé necessário sabermos um pouco mais sobre íris, temperatura de cor das fontes luminosas, intensidade de luz para registro de imagens e posição da câmera em relação à fonte luminosa. Todos esses fatores somados, e atuando juntos, formam o conjunto que chamamos de fotografia do filme.

O funcionamento de uma câmera se assemelha ao funcionamento de nossos olhos. Vamos entender isso de uma forma bem básica. A luz entra nos nossos olhos através da córnea, passando pela pupila, e tem seu ajuste de foco corrigido pelo cristalino. A imagem então se forma em na retina, que, em sua fóvea – onde ficam as células fotossensíveis --, envia para o cérebro as informações sobre a imagem através do nervo ótico.

nervo óticocórnea

pupila cristalino retina

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Podemos traçar um paralelo desse funcionamento com uma câmera. Desde a córnea até o cristalino, podemos identificar ali o nosso “conjunto ótico” ou as nossas lentes. A íris (diafragma) faria o papel do diafragma desse conjunto ótico. Ela controla a quantidade de luz que passa pela objetiva. Funciona como se fosse uma torneira: quanto maior a abertura, maior a quantidade de luz que passa pela objetiva; quanto menor a abertura, menor a quantidade de luz. Já a retina seria exatamente onde se encontra a emulsão fotográfica ou o DCD (dispositivo de carga acoplada), no caso de uma câmera digital.

Na câmera, podemos optar por manipular ou não a entrada de luz, utilizando as opções do menu exposição, que dá as opções de manual ou auto (automático). No modo manual, podemos controlar a quantidade de luz que entra na câmera. É possível escurecer ou clarear uma cena. No modo auto, a câmera faz uma avaliação automática da quantidade de luz necessária para se gravar uma boa imagem.

lente

Imagem digital

diafragma

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As luzes e suas cores

Procure perceber, por exemplo, que a luz de uma lâmpada comum (incandescente) é mais amarelada que a luz do Sol, por exemplo. E cada lâmpada projeta uma cor diferente. A diferença dessas to-nalidades é tratada como temperatura de cor. Usam-se até mesmo muito os termos luz quente ou luz fria; uma luz mais quente é mais vermelha ou amarela ou laranja ou magenta. Uma luz mais fria é mais azul ou mais branca, por exemplo. Em termos de cores de luzes, podemos dizer que a luz do Sol é mais “fria” do que a luz de uma lâmpada comum, que é mais “quente”. Mesmo o Sol sendo tão quente!

As fontes luminosas possuem diferentes proporções de luz verde, vermelha ou azul. A “temperatura” da cor das fontes luminosas avalia essas proporções, indicando a predominância do preto até o branco absoluto. No vídeo, o ajuste de temperatura da cor é feito através do White Balance – WB, um sistema de filtragem eletrônica composto por filtros de correção de cor, que pode estar no auto e faz automaticamente o ajuste das cores e deve ser utilizado quando houver diferentes fontes luminosas. O WB pode ser alterado manualmente para gravar imagens e cenas com cores diferentes, alteradas.

Luz e sombras

Quando se grava sob a luz do Sol, é preciso cuidar para que não haja problemas de subexposição ou superexposição. Se a câmera ficar entre a fonte luminosa e a cena, de modo que a objetiva aponte para o objeto principal, vamos conseguir uma distribuição homogênea de luz, iluminando todos os pontos do quadro. Também podemos utilizar o “rebatedor”, que reflete a luz do Sol ou de uma outra fonte luminosa. Com o rebatedor, podemos amenizar as sombras de um rosto que esteja, por exemplo, sob a luz do Sol.

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O importante é estar atento para as diferenças entre as áreas claras (iluminadas pelo Sol) e as escuras (sombras). O rosto do ator ou da personagem está com muitas sombras? Isso é bom ou é ruim? Observando as áreas escuras e claras, você poderá até aproveitar essa diferença de lumi-nosidade para criar, fazer uma fotografia com muitas sombras ou muita luz, ou... bom, as alternativas são infinitas!

Nas imagens maiores, alguns problemas ocorrem com a luz lateral: os reflexos de água, de areia, de neve, de superfícies brilhantes ou muito claras. A solução está em abrir a íris, usar rebatedores ou colocar luz artificial em cena. Também pode ser utilizada a opção do menu Programa AE, que oferece algumas possibilidades que podem ajudar na gravação, em situações como essa. É só testar cada uma delas e optar por aquela de que gostou mais e/ou que parece ter mais sintonia com os propósitos do vídeo.

A luz artificial fornece outras possibilidades de gravação, podendo ser usada sem a interferência da luz do Sol (em sala ou local escuro) ou atuando junto com ela.

Além da intensidade luminosa, deve-se pensar se a fonte é dura (hard source) ou suave (soft source). Uma luz forte produz muita sombra; uma luz suave produz sombras tênues. A dureza ou suavidade de luz depende do tamanho da fonte luminosa, da distância entre a fonte de luz e o objeto principal e do tipo de incidência dos raios luminosos. Quanto maior for a distância da fonte luminosa, menor será a intensidade de luz que produzirá sombras menos definidas e uma iluminação soft.

As fontes luminosas são classificadas de acordo com a função e posição em cena:

– A luz chave, luz fonte (source light) ou luz principal (main light) fornece a luz básica da cena. A luz principal produz sombras intensas, quando a fonte de luz é dura. Para não formar sombras, ela é muitas vezes colocada num ângulo de 45° em relação ao eixo do objeto câmera. Uma segunda fonte luminosa serve para atenuar as sombras mais acentuadas da cena produzidas pela luz principal. Essa segunda luz é conhecida como luz secundária, luz complementar ou luz de enchimento (fill light).

– Para uma iluminação mais aprimorada, pode-se utilizar uma terceira luz conhecida como Erro! A referência de hiperlink não é válida., que serve para destacar os atores e os objetos principais o fundo do cenário. Normalmente é colocada atrás do ator, com raios luminosos vindos de cima, com uma incidência de 50° em relação à cabeça do ator. Os raios do backlight não devem atingir a objetiva. Para a iluminação do fundo do cenário, utiliza-se a expressão background lights. (Os termos são apresentados também em inglês para facilitar a leitura do manual e das funções da câmera, que muitas vezes não têm tradução.)

O termo lux significa diferença entre a luminosidade da vela, da noite e do Sol. É o mínimo de iluminação que uma câmera pode registrar; equivale a 1/10 da chama de luz de uma vela, numa distância de 30 cm ou 10 lux. As luzes da rua, à noite, têm uma potência de uns 150 lux; num dia nublado, ao meio-dia, têm uns 32.000 lux e, num dia claro, ao meio-dia, uns 100.000 lux. Acima de 80.000 lux, pode ser necessário usar filtro de densidade neutra, para diminuir a intensidade luminosa sem alterar as cores da fonte.

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Encontro 5: Projeto

Proposta: Estimular os participantes a verem a realidade como fonte de inspiração.

Desenvolvimento:

Recepção e início da atividade 10 min Mapa do tesouro 2 h Intervalo 20 min Afinidades 50 min Nossa história 30 min Roda de avaliação 10 min

Sensibilizados para a linguagem do audiovisual, familiarizados com a câmera e suas diversas possibilidades técnicas, de enquadramento e de movimento, e, após terem refletido sobre alguns cuidados para uma boa captação de imagem e de som, chegou a hora de os participantes pensarem nas histórias a serem contadas!

É o momento da formação do grupo de trabalho. O pessoal pôde se conhecer durante os encontros passados, já que você buscou formar diferentes grupos em cada atividade. E trabalhar em grupo significa unir esforços para o alcance de um objetivo em comum. Mas qual será esse objetivo?

O que propomos aqui é que os grupos se formem ao redor de um desejo comum. As atividades a seguir procuram promover a descoberta do tema de cada vídeo a ser realizado e nortear a formação dos grupos a partir do interesse dos participantes por esse ou aquele tema. Mas pode acontecer que, no decorrer dos encontros, por conta das amizades que vão se criando ou se fortalecendo, os grupos já comecem a se formar. Não vamos impedir nenhuma forma espontânea de organização, mas estimular a reflexão, antes de bater o martelo.

Atividade: Mapa do tesouro1

Duração: 2 hRecursos necessários: câmera, TV, cabo de conexão, lousa, giz (caso a sala utilizada não possua lousa, poderão ser utilizadas tarjetas coladas em alguma parede) ou flip-chart e pincel atômico.

Nesta atividade, uma pergunta disparadora apresentada pelo educador será o ponto de partida para a reflexão e a organização das ações do dia.

Na sua opinião, qual é o tesouro do seu/sua bairro, escola, organização etc.?

1Referência: Oficina de Imagens.

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Esta será a “pergunta disparadora” que os grupos deverão fazer para pelo menos 10 pessoas nas entrevistas. A escolha dos entrevistados é de cada grupo, mas recomende diversidade. Orientar para que as entrevistas não durem mais do que 30 segundos cada. Dar 30 minutos para essa parte da atividade.

Pedir que formem grupos aleatoriamente, estimulando-os a aproveitar a chance de trabalhar com pessoas que ainda não tiveram a oportunidade de conhecer melhor.

De volta à sala, para a exibição das gravações, ajudar os grupos a extraírem a essência das entrevistas feitas. Anote a fala dos entrevistados usando palavras-chave, na lousa ou nas tarjetas, e vá organizando-as por afinidade. Por exemplo: deixe próximas as que falam de sentimentos, de pessoas, de um lugar.

O que se espera, ao final das exibições, é que na lousa ou em outro suporte que permita a observação de todos, alguns grupos temáticos tenham sido formados, criando pistas, caminhos, temas que poderão levar a uma boa produção audiovisual. Os sentimentos, as visões de futuro, as lembranças de um passado, as personagens da comunidade conhecidas e queridas por todos, uma beleza natural do meio ambiente e outros temas que surgirem.

Estimule a conversa, o bate-papo. Termine a atividade com um mapa de possibilidades, resultando em no máximo 8 grupos temáticos (pois depois eles terão de escolher 4 – ver próxima atividade).

Esta atividade deverá servir para a formação dos grupos de trabalho e a definição dos temas dos vídeos a serem gravados, e não para uma imposição aos participantes, caso eles já tenham se organizado em grupos e escolhido os temas de seus vídeos. Respeitar, valorizar a iniciativa de todos e utilizar o resultado do trabalho realizado para o enriquecimento das ideias trazidas para o encontro.

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Atividade: Afinidades

Duração: 50 minRecursos necessários: post-its, caderno e caneta.

A partir de agora descreveremos uma proposta de dinâmica para formação dos grupos de trabalho, tendo o desejo de expressão como o elemento central no surgimento das alianças. Não forme muitos grupos, pois você poderá ter dificuldades em dar assistência a todos. Entendemos que limitar em 4 o número de grupos, pensando em uma turma de 20 participantes, está de bom tamanho.

A proposta é promover a identificação dos participantes com os temas mapeados. O primeiro desafio da atividade é pedir que cada um pense em dois dos temas com os quais gostaria de trabalhar. Dá vontade de fazer todos? Que bom!!! Isso quer dizer que estão motivados! Mas, como cada um só poderá participar de apenas uma das equipes, chegou a hora de fazer escolhas!

A dinâmica é a seguinte: cada um recebe dois post-its (pedaço de papel amarelo com cola em uma das extremidades) e escreve seu nome neles. Depois de refletir para deixar fluir o seu desejo, cada participante deve colocar os post-its com seu nome ao lado dos dois temas que mais o atraem. Ao final será possível visualizar os prováveis novos grupos e partir para a última etapa: a de conversas e negociações. Observar a distribuição dos participantes de forma a equilibrar os grupos. Temos mais do que 4 grupos? É preciso reduzir esse número. Alguém se oferece para trocar de tema? Algum tema ficou com um grupo muito grande e outro com um grupo muito pequeno? Ajudar na resolução de conflitos que porventura venham a aparecer. Sugerir transições, se necessário.

O grupo precisa definir a narrativa mais interessante para lidar com o tema escolhido e, para isso, é necessário criar e eleger cenas que contribuam para a proposta do vídeo. Algumas ideias, indepen-dente da qualidade, podem não estar em sintonia com a proposta. Então, é preciso estar preparado para se desapegar das próprias ideias ou, melhor, estar disposto a unir as suas ideias às de outros, num processo de construção coletiva que respeite os pensamentos e as criações de todos.

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Lembrá-los de que aprender a parte técnica é às vezes mais fácil do que nos relacionarmos uns com os outros. Ou seja, se operar a câmera parecia ser o maior desafio, trabalhar junto de verdade, dialogar de fato, criticar com critério e ouvir sem preconceito vão se revelar como desafios ainda maiores.

Definidos os grupos, levaremos os participantes a vivenciar um exercício de criatividade de curta duração.

Atividade: Nossa história

Duração: 30 minutosRecursos necessários: caderno e caneta.

Os grupos acabaram de se formar e precisam de um aquecimento antes de começar a viver todas as etapas da produção audiovisual. Proponha um exercício no qual cada um conte para o seu grupo sua ideia de vídeo. Ao final das exposições, o grupo escolherá uma das ideias para ser a base do vídeo a ser realizado. A escolha pode ser por consenso ou por votação. A ideia escolhida deverá ser registrada em forma de sinopse – uma apresentação curta, porém detalhada, das personagens e do argumento principal da história.

Será essa a base do roteiro do vídeo de cada grupo! O/A mediador/a então pedirá uma lição de casa: os grupos deverão se reunir, ao final do encontro ou ao longo da semana, para discutirem melhor a história do vídeo que irão realizar, pois o desafio será trazer, já no próximo encontro, a primeira versão dos roteiros de seus vídeos.

Estimulá-los a fazer a oficina virtual do Portal Tela Brasil (www.telabr.com.br), que trata de elaboração de roteiros. Se for possível, acessar o portal junto com os participantes e fazer com eles um dos exercícios. Caso não seja possível, apresentar alguns exemplos de roteiros que você puder obter, por exemplo, na internet. O roteiro deverá ser elaborado pensando em um vídeo de,no máximo, 5 minutos, prevendo a gravação de cenas externas num raio máximo de 1 km da escola.

Sinopse de Lixo Extraordinário.

Filmado ao longo de dois anos (agosto de 2007 a maio de 2009), Lixo Extraordinário acompanha o trabalho do artista plástico Vik Muniz em um dos maiores aterros sanitários do mundo: o Jardim Gramacho,

na periferia do Rio de Janeiro. Lá, ele fotografa um grupo de catadores de materiais recicláveis, com o objetivo inicial de retratá-los. No entanto

o trabalho com esses personagens revela a dignidade e o desespero que enfrentam quando sugeridos a reimaginar suas vidas fora daquele ambiente.

A equipe tem acesso a todo o processo e, no final, revela o poder transformador da arte e da alquimia do espírito humano.

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Propor a formalização de um plano de comunicação, com lista de e-mails, msn, facebook, orkut, sms, telefone.Por fim, pedir que eles pesquisem o assunto de seus vídeos nas bibliotecas de suas escolas e na internet. O youtube, por exemplo, é uma fonte de pesquisa muito interessante. Alguém já fez algum vídeo sobre isso antes? Tem alguma informação que será preciso conhecer para poder contar essa história? Será preciso usar imagens além das que serão gravadas dentro do limite proposto?

Atividade: Roda de avaliação

Antes de encerrar o dia, fazer uma roda de avaliação do encontro, ouvindo o que o grupo achou legal, o que gostaria que tivesse sido diferente e por quê etc.

É fundamental saber que...

Documentário é um gênero cinematográfico que se caracteriza pelo compromisso com a explora-ção da realidade. Mas dessa afirmação não se deve deduzir que ele represente a realidade “tal como ela é”. O documentário, assim como o cinema de ficção, é uma representação parcial e subjetiva da realidade.

O filme documentário foi pela primeira vez teorizado por Dziga Vertov (1896-1954), que desen-volveu o conceito de “cinema-verdade” (kino-pravda), defendendo a ideia da confiabilidade do olho da câmera, a seu ver, mais fiel à realidade que o olho humano -- ideia ilustrada pelo filme que realizou: O homem da câmera (1924) --, visto ser uma reprodução mecânica do visível (Ver: cinema direto).

Ficção é o termo usado para designar uma narrativa imaginária, irreal, ou para se fazer referência a obras (de arte) criadas a partir da imaginação. Em contraste, o documentário reivindica ser uma narrativa factual sobre a realidade. Obras ficcionais podem ser parcialmente baseadas em fatos reais, mas sempre possuem algum conteúdo imaginário.

É um tanto difícil estabelecer limites sobre o que pode ser ficcional e o que pode ser uma “interpretação real”. A Enciclopédia Larousse define ficção como “ato ou efeito de simular, fingimento; criação do imaginário, aquilo que pertence à imaginação, ao irreal; fantasia, invenção”.

O cinema vive um momento de convergência entre todos os gêneros. Ficção e documentário misturam-se com frequência, ficando cada vez mais difícil saber o que é real e imaginário. No mesmo filme vemos uma cena documentária, outra ficcional, mesclando também os gêneros comédia, suspense, drama, experimental etc.

Não tenham receio de inventar novas linguagens e maneiras de se expressar!

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Encontro 6: Roteiro, pré-produção e storyboard

Proposta: Elaborar os roteiros e traduzi-los em storyboards, de forma a perceber as necessidadese oportunidades de produção para a realização do vídeo conforme imaginado.

Desenvolvimento:

Recepção e início da atividade 10 min Roteiro 1 h 30 min Intervalo 20 min Storyboard 50 minProdução 1 h Roda de avaliação 10 min

Atividade: Roteiro

Duração: 1 h 30 minRecursos necessários: roteiros, câmera (podem ser utilizados celulares, máquinas fotográficas com a modalidade vídeo), cabos, TV, caderno, caneta, lousa e giz.

Para dar continuidade ao processo iniciado no encontro anterior, será necessário que os grupos tenham ao menos uma cópia da primeira versão de seus roteiros. É possível que alguns tenham realizado o exercício proposto, do portal Tela Brasil, mas que outros não. Sendo assim, entregue a estes um modelo simplificado de roteiro, somente como estrutura que poderão utilizar para dar continuidade à construção dos seus.

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Mas vamos tratar, antes, do enredo, da linguagem audiovisual. Para isso, pedir a um membro de cada grupo que conte a sua história para a sala. Comentar e discutir cada uma delas com a turma, ajudando os participantes a analisar como se dá a apresentação de suas histórias. Quais os elementos básicos para se compreender do que se trata? Quem são as personagens? O que está acontecendo com elas? Quais são os diálogos? Como está descrita cada cena, com detalhes de enquadramento, iluminação, som direto, trilha sonora etc.? A história tem algum ponto crítico, onde existe uma virada de alguma situação? Como será o desfecho? Por que eles acham que alguém se interessaria em assistir a esse vídeo contendo essa história? O que eles pretendem transmitir (mensagem, sentimentos)?

Para que eles percebam onde podem melhorar, pedir que façam um ensaio de gravação de qualquer parte do roteiro já escrita, de forma a observarem as indicações e os detalhamentos faltantes, tanto na história quanto na direção da gravação e na futura edição. Como não terão como editar, nesse momento, pedir que gravem como se fosse na atividade “câmera e ação”: Rec e Pause para começar e terminar os planos. Apresentar a eles certos desafios que poderão encontrar e estimulá-los a antevê-los, propondo soluções em seus roteiros.

Aproveitar para mostrar aos participantes que eles podem utilizar seus celulares para gravação de seus vídeos. Para a exibição do resultado do exercício, provavelmente eles não terão os cabos de conexão para a TV. Portanto pedir que façam um rodízio dos telefones entre os grupos. Um grupo poderá assistir ao video do outro e, ao final, todos, reunidos no grande grupo, devem fazer seus comentários.

Conversar individualmente com cada grupo, enquanto seus participantes gravam, e orientar para que enriqueçam seus roteiros ao longo da semana, pois esse trabalho, embora iniciado nesse encontro, vai requerer mais tempo para ser finalizado.

Intervalo: máximo de 20 minutos

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Atividade: Storyboard

Duração: 50 minRecursos necessários: vídeo sobre storyboard, DVD player.

Pedir a um dos participantes que descreva uma cena de seu roteiro. Ir à lousa ou ao flip-chart e começar a fazer um desenho que mostre o que ele está descrevendo. Fazer uma sequência de uns três ou quatro quadros, mostrando, se possível, a cena em diferentes ângulos. Ao desenhar a cena com o maior detalhamento possível, sem se prender à qualidade do desenho, os elementos fundamentais para a narrativa ficarão mais claros, o que ajuda, e muito, na produção. Dessa forma apresentaremos a técnica do storyboard.

O storyboard é uma sequência de desenhos que organiza a decupagem do filme, plano a plano, cena acena. Ele ilustra o que o roteiro prevê que seja filmado, ou seja, como cada grupo está imaginando que serão os planos do vídeo e o que está contido em cada um deles. Cada cena do vídeo terá um certo número de planos, não é? Ou mesmo um só plano. De qualquer maneira, é importante que descrevam como estão imaginando esses planos enquadramentos, movimentos de câmera, posição das personagens e local de gravação.

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Novamente vamos recorrer às possibilidades do youtube para exemplificar, por meio de um clipe, o que é um storyboard. Verificar se os participantes perceberam os diversos planos utilizados para a construção da cena.

Para exercitar, pedir aos grupos que construam o storyboard de uma parte de seus roteiros. Distribuir folhas de flip-chart e canetões, e dar 40 minutos para a realização da tarefa. A qualidade do desenho não é tão importante nesse momento, pois o recado a ser passado é: quanto mais detalhes visuais da cena a ser produzida forem previstos no storyboard, menos riscos haverá de faltar algo importante no momento da gravação.

Atividade: Produção

Duração: 1 h Recursos necessários: flip-chart e canetões ou lousa e giz

Para facilitar o entendimento e aquecer a turma neste raciocínio, o/a mediador/a fará uma analogia à organização de uma festa de aniversário. De que precisamos para fazer uma festa? Deixar a imaginação da turma fluir e ir anotando uma lista na lousa. Depois, lançar a pergunta: como costumamos conseguir essas coisas? Ao lado de cada item, ir anotando o nome de pessoas, lugares e estratégias mencionadas. E, assim, ir apresentando o conceito de “produção”. Aproveitar para convidar os participantes que se interessarem a formar uma comissão, a fim de se pensar como será o dia de exibição dos vídeos de encerramento da Oficina.

Transferir, agora, a noção de produção para o mundo audiovisual. O que é necessário para realizar os roteiros elaborados? Quais são os recursos exigidos para a gravação de cada cena? Pegar um dos storyboards feitos e ir listando, ao lado, os itens que devem ser produzidos, para que aquelas cenas possam ser gravadas. Oferecer, então, 30 minutos para cada grupo fazer a sua “lista de produção” com os recursos que precisam conseguir para realizar seus vídeos. Entregar um modelo no qual eles possam se basear.

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No encontro seguinte, o de número 7, os grupos serão desafiados a ensaiar a gravação de algumas cenas de seus roteiros e, para que isso seja possível, eles deverão se organizar de modo a garantir que tenham o necessário. Pedir que escolham a cena, antes de irem embora, e que já definam quem vai poder trazer o quê. Lembrá-los de que toda a produção está a cargo deles e, também, das limitações de tempo e espaço. Orientá-los para que escolham locações nas proximidades da escola, onde se possa chegar a pé.

Antes de passarmos para a avaliação do encontro, será importante falar sobre a necessidade de se ter autorização do uso de imagem e voz das pessoas que aparecerem nos vídeos. Apresentar um modelo de ficha de autorização de uso de imagem e voz para que cada grupo faça suas cópias. Deixar clara a importância da assinatura de todos os que aparecerem no vídeo.

Além disso, explicar que toda obra artística tem um autor. Assim, o livro tem um autor, a música tem um compositor, uma foto tem um fotógrafo e um vídeo tem um roteirista. Essas pessoas têm o direito autoral sobre a obra e devem autorizar a reprodução dessa obra. Por exemplo: se um dos grupos quisesse usar uma música do U2 no vídeo que fez, teria de conseguir uma autori-

zação assinada do grupo! Como isso seria difícil, nessa oficina usaremos apenas trilhas brancas e imagens gravadas e/ou fotos feitas diretamente pelos participantes. Explicar que trilha branca é o conjunto das músicas que foram liberadas pelos seus compositores para uso irrestrito. Apresentar aos grupos os sites na internet onde se podem obter trilhas brancas:

http://euovo.blogspot.com www.freemusicarchive.org

Atividade: Roda de avaliação

Antes de encerrar o dia, fazer uma roda de avaliação do encontro, ouvindo o que o grupo achou legal, o que gostariam que tivesse sido diferente e por quê etc.

Preparação para o encontro seguinte:

Lembre-os de trazererem os itens combinados para o exercício de gravação de uma cena no próximo encontro.

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É fundamental saber que...

Roteiro 1

Seguem alguns trechos retirados da transcrição parcial de um seminário ministrado por Jean-Claude Carrière no Ateliers des Arts, em março de 1983, traduzido por Ignácio Dotto. O texto pode ser encontrado na íntegra no seguinte site

http://www.roteirodecinema.com.br/manuais/reflexoesdeumroteirista.html.

Um texto em mutação

Um roteiro pode ser comparado a uma ferramenta de alquimista. Uma passagem. Uma transmutação. Se tivesse que definir o roteiro, é o que eu poderia dizer... Um texto portador de um outro estado... Palavras geradoras de imagens e sons.

Um texto livre

Nunca digo ‘Uma das regras fundamentais do roteiro é...’. Acho que não existe nenhuma regra neste campo. Os roteiristas podem imaginar tudo, fazer tudo. A única certeza, a única exigência é que aquilo tem que funcionar... e aí nenhum pressuposto divino ou humano pode ditar essa ou aquela forma. Dito isto, existem princípios que se aprendem e nos quais se acredita porque sabemos que quando não os aplicamos, o filme não fica tão bom quanto poderia. Parece-me essencial e evidente ‘nunca anunciar o que será visto, nunca contar o que se viu’. Isso parece simples e pueril, um novo ovo de Colombo. E, no entanto, quando vamos ao cinema, os personagens comentam a ação, discorrem sobre a imagem quando é completamente inútil ou, pior ainda, anunciam e expõem o que vai acontecer, aquilo que nos será mostrado. É uma perda de tempo considerável, uma redundância. Evitá-la é difícil e dá muito trabalho, mas é uma regra que me imponho e cada roteirista cria sua própria exigência. Isso força a não ceder à faci-lidade da narrativa e a buscar e imaginar soluções narrativas que, de outro modo, não teriam sido confrontadas.

1 Textos selecionados de palestras de Jean-Claude Carrière.

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Um texto que não é uma narrativa

Todos nós fomos educados na tradição da tragédia clássica que se baseia na narrativa. Isto faz parte de nossos ‘genes’ e é difícil desprender-se deles, na verdade impossível como mudar de raça. No período da tragédia clássica, se narrava, não se mostrava. Fazia-se assim por razões de ‘bom gosto’, de conveniência. Agora, quando as contin-gências não são mais as mesmas, ainda nos resta alguma coisa que não conseguimos esquecer. Não estou afirmando que não há necessidade de narrativa no cinema. Algumas vezes é até interessante narrar alguma coisa que não vimos. Em A Via Láctea, que escrevi com Buñuel, um personagem conta um milagre e para mim é uma das melhores cenas do filme... Buñuel e eu nunca havíamos experimentado isso e um dia dissemos ‘E se escrevêssemos uma narrativa cinematográfica?’... Imaginamos que alguém se senta perto de uma lareira, rodeado por uma plateia e começa a contar... E que o que ele diz, o que sugere não é nem uma narração romanesca nem um texto teatral, mas pertence ao mundo cinematográfico... O cinema não é literatura. Isto me parece muito importante. A literatura é talvez o maior perigo que ameaça o roteiro, o cinema: é preciso que desconfiemos das palavras muito bonitas que são utilizadas, das frases muito bem construídas: elas não têm equivalência na tela; elas se referem a um outro registro, o do estilo escrito e não à linguagem visual. Somos tentados sempre a colocar no papel ‘que reina em uma peça uma atmosfera lúgubre’ ou que ‘os personagens têm um ar de contentamento’. O que isso quer dizer? É preciso que um roteirista seja extre-mamente honesto com o filme que vai nascer de suas palavras. Ele não pode escrever algo que não vai acontecer, que não tem relação com o que o espectador irá ver.

Um texto ligado ao tempo

Não é preciso narrar longamente uma ação breve e brevemente uma ação longa. O tempo de leitura de um roteiro deve corresponder quase ao tempo de projeção do filme. As durações devem ser iguais. Ler um roteiro em voz alta -- ação e diálogos -- por alguns minutos não deve tomar mais ou menos tempo que o que se passa para ver o filme. Não é preciso descrever em vinte e cinco linhas a queda de alguém que cai de uma janela nem despachar em uma frase a atitude de um personagem que, debruçada nessa mesma janela, está sonhadora e triste, espera por alguém ou olha a paisagem durante muito tempo. Nesse caso, convém definir com precisão o que se vê e fazer sentir de uma maneira indireta o tempo que passa.

Em suma, é preciso que a escrita seja equivalente e paralela ao tempo cinematográfico.

Muitos termos técnicos específicos podem ser utilizados na elaboração do roteiro e, no site

http://www.roteirodecinema.com.br/manuais/vocabulario.htm, você encontrará um glossário bem interessante.

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Storyboard

Storyboard2 é um filme contado em quadros, um roteiro desenhado. Lembra uma história em quadrinhos sem balões. Mas existe uma diferença fundamental: apesar da semelhança de lingua-gem e recursos gráficos, uma história em quadrinhos é a realização definitiva de um projeto, enquanto um storyboard é apenas uma etapa na visualização de algo que será realizado em outro meio. O storyboard é um desenho-ferramenta, um auxiliar do cineasta.

Eisenstein, Fellini e Kurosawa desenhavam seus próprios stories. Na verdade, existe o storyboard que acompanha a produção de um filme, mais propriamente chamado shooting board, e o storyboard utilizado na fase de criação e no esforço de venda de um filme, mostrado e discutido junto aos clientes e patrocinadores.

Assim, um storyboard cumpre três funções: 1) auxilia os criadores a visualizar a estrutura do filme e a discutir a sequência dos planos, os ângulos, o ritmo, a lógica do filme, as expressões e atitudes dos personagens; 2) ajuda a apresentar o roteiro para os responsáveis pela aprovação e liberação de verbas; 3) orienta a produção do filme, lembrando aos realizadores o que realmente foi aprovado pelo patrocinador ou cliente.

Na condução dessa atividade, procurar deixar claro que a qualidade dos desenhos não está em questão. O importante é fazer um esquema gráfico, um desenho, que dê uma noção mais clara sobre o posicionamento das personagens, da câmera e de elementos fundamentais para a cena.

2 http://www.spacca.com.br/educacao/storyboard.htm

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Produção

A produção é responsável por coordenar a realização do filme ou do video, definindo as suas necessidades, providenciando-as e administrando os recursos humanos, artísticos e financeiros para o melhor desenvolvimento do projeto.

Para produzir o seu vídeo, cada grupo deverá se organizar e dividir as tarefas pertinentes à sua realização. Por exemplo:

• Seleção de locações (locais onde as gravações ocorrerão). Para selecionar os locais onde as gravações ocorrerão, precisamos ser transparentes e honestos na relação com os responsáveis por cada localescolhido para as filmagens. É preciso deixar bem claro que o vídeo está sendo realizado dentro de uma oficina, e citar os nomes dos organizadores dessa oficina, o nome da escola e dos/das educadores/as envolvidos/as. Levar uma “colinha” com todas essas informações, pois pode ser muito útil.

O poder de convencimento e de negociação de um produtor torna-se essencial. As locações têm de ser cedidas sem custos e com o máximo de comprometimento com o projeto. Ou seja, é preciso que o responsável pela locação dê garantias de que vai ceder mesmo seu espaço, tanto para as gravações quanto para a utilização da imagem do espaço em questão. Um fator importante é nunca subestimar o tempo que iremos levar realizando uma gravação dentro de uma locação, pois isso pode prejudicar as relações com o responsável pelo espaço, que pode se irritar com informações erradas, chegando inclusive a interromper as filmagens.

• Administrar o tempo da filmagem. Deve-se observar que mesmo a mais simples das ideias leva tempo para ser realizada e lembrar também que o deslocamento deve ser levado em conta no tempo de gravação. Também temos de prever que, em cada locação, precisamos preparar o equipamento e conferi-lo assim que as gravações terminarem.

• Elenco. Os atores podem ser membros da comunidade ou eventualmente participantes de grupos de teatro da região. É importante lembrar que a mais simples das cenas pode ser de extrema dificuldade para alguém sem experiência na área. Portanto, ao organizar as filmagens, é importante lembrar de reservar um tempo para os ensaios.

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Encontro 7: Equipes audiovisuais, agenda de gravação e gravação teste

Proposta: Vivenciar o processo de produção, fortalecendo o roteiro e o storyboard como importantes instrumentos para se alcançar um bom resultado no momento das gravações.

Desenvolvimento:

Recepção e início da atividade 10 min Equipes audiovisuais 30 min Agenda de gravação 40 min Intervalo 20 min Gravação 1 h 30 min Roda de avaliação 50 min

No último encontro, os participantes saíram com um trabalho a ser realizado no decorrer da semana: aprimorar os roteiros, seus storyboards e listas de produção com os recursos necessários para a realização dos vídeos. Neste encontro eles vivenciarão uma gravação teste, percebendo ainda melhor as decisões que precisam ser tomadas para essa realização. Nessa fase, os grupos também precisam se organizar em funções, dividindo as responsabilidades. Para tanto, sugerimos as atividades a seguir.

Atividade: A equipe audiovisual

Duração: 30 minRecursos necessários: DVD de um filme qualquer, com créditos no final, caderno e caneta.

Perguntar aos participantes se alguém ali já ficou na sala do cinema até o fim daquele letreiro enorme que aparece no final do filme. Aquela é a lista das pessoas que ajudaram na realização da obra! Nela são dados os chamados “créditos”, que aparecem às vezes também parcialmente no início do filme, apresentando diretor, roteirista, produtor e atores principais.

Deixar um filme preparado no DVD, no ponto dos créditos finais, e fazer a leitura das principais funções com a turma. Sugerimos exibir, se possível, as últimas cenas e créditos de O óleo de Lorenzo, longa-metragem com a direção de George Miller e a participação dos atores Susan Sarandon e Nick Nolte.

Em seguida, explicar que, para fazer os seus vídeos, os grupos também precisam ter pessoas especificamente responsáveis pelas seguintes áreas: direção, roteiro, produção, câmera, figurino, maquiagem, cenário, produção de objetos, luz e som. Falar um pouco sobre o que cada uma dessas funções requer e pedir a cada grupo que defina os responsáveis de cada área. Dar a eles 15 minutos para essa atividade.

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Atividade: Agenda de gravação

Duração: 40 minRecursos necessários: caderno e caneta, roteiros, storyboards e listas de produção.

Nesse momento as equipes irão detalhar seus planejamentos para a gravação de uma cena teste. Para isso, cada grupo deverá revisar seus roteiros e storyboards e suas listas de produção iniciais, construindo assim suas “agendas de gravação”, com cada passo a ser dado no dia, com horários específicos, descrição das atividades necessárias, responsabilidades de cada um e outras informações que acharem úteis. Apresentar aos participantes o modelo de uma “ordem do dia”, já pedindo aos grupos que comecem a trabalhar. Fazer suas orientações em forma de atendimento, indo de grupo em grupo, dedicando um pouco mais de atenção àqueles que demonstrarem mais dificuldades no momento da gravação.

Intervalo: máximo de 20 min.

Atividade: Gravação teste

Duração:1 h 30 minRecursos necessários: câmera, roteiros, storyboards, agendas de gravação e recursos de produção trazidos pelos participantes, para a gravação da cena escolhida.

Ao retornarem do intervalo, de posse de suas “agendas de gravação”, roteiros e storyboards, os grupos devem sair a campo para iniciar as gravações. Apesar do pouco tempo disponível, é importante dar início ao processo, mesmo que nesse momento as equipes tenham poucos êxitos. Mais uma vez o importante é o exercício, orientado porém livre.

Atividade: Roda de avaliação

A avaliação da atividade será de extrema importância, neste encontro, para que as equipes sintam as dificuldades que enfrentarão no segundo e principal dia de gravação. Pedir que voltem à sala pontualmente e que cada grupo apresente sua experiência. Tiveram surpresas? Faltou alguma coisa não prevista? A cena ficou como esperavam? Tiveram de improvisar? O que vão fazer de diferente da próxima vez?

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É fundamental saber que...

A primeira gravação das equipes pode expor uma série de acontecimentos e dificuldades principalmente relacionados às competências relacionais e produtivas. Quem estiver na condução da oficina terá um grande desafio, que é conseguir ajudar os grupos a tomar decisões para o desenvolvimento do trabalho e, ao mesmo tempo, observar o desenvolvimento de cada integrante, como indivíduo, de forma integral. O/A mediador/a deve, também, tentar ajudar na resolução dos conflitos, vendo sempre neles uma oportunidade de desenvolvimento individual e coletivo.

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Encontro 8: Gravação

Proposta: Colocar em prática o conhecimento construído até o momento, para captação de imagens que expressem o que cada grupo deseja com seus vídeos.

Desenvolvimento:

Recepção e início da atividade 10 min Orientações 20 min Gravação 3 h Avaliação 30 min

Serão dois encontros dedicados à gravação, nos quais as equipes receberão orientações do/a mediador/a, nos primeiros momentos, quando todos estiverem reunidos na sala de aula. Depois, tendo em mãos suas agendas de gravação, storyboard, roteiros e recursos de produção, os grupos sairão a campo para a gravação do dia.

O/A mediador/a acompanhará os grupos, alternando sua ajuda entre eles, começando por auxiliar aquele grupo que julgue precisar mais de um “empurrãozinho” para deslanchar.

Como as equipes estarão em campo, não haverá intervalo nesses encontros.

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Orientações

• Equipamento de gravação. Fazer uma lista detalhada do equipamento de gravação, com o número de baterias, cabos etc. Checar antes de sair para as gravações e na volta para a sala de aula. Muita atenção!

• Movimentos de câmera. Como exposto em aula, existem inúmeros movimentos que podemos fazer com a câmera. Os participantes devem treinar o movimento que irão fazer antes de gravar, até que estejam prontos. (Pode ser no momento do ensaio dos atores ou mesmo só com a câmera.)

• Tempo e inventividade. O planejamento prévio do roteiro e da decupagem do filme não impede que os realizadores criem novos ângulos no set, desde que isso não implique atrasos para as demais filmagens programadas para o dia. Também é interessante perceber se algumas cenas o roteiro tornaram-se desnecessárias. Sempre é sábio cortar tempo de gravação, até para garantir um cuidado maior com as cenas que são fundamentais.

Atividade: Roda de avaliação

Esta roda de avaliação é também muito importante, pois provavelmente os grupos não terão tido tempo suficiente para realizar o que desejavam. Estimulá-los a refletir sobre a experiência do dia e usar os aprendizados para planejar a próxima diária. Conseguiram gravar as cenas que tinham planejado? Saiu tudo como queriam? Quais os desafios enfrentados? Surgiram novas ideias? Como vocês irão utilizar a ultima diária de gravação? Caso o/a monitor/a perceba que está faltando alguma cena para que um vídeo tenha sentido, convém que faça perguntas ao grupo responsável, de maneira a levá-lo a perceber isso e a se preparar para o próximo encontro.

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Encontro 9: Gravação final e minutagem

Proposta: Captar imagens faltantes e minutar o material captado para preparar a edição.

Desenvolvimento:

Recepção e início da atividade 10 min Gravações finais 2 h 20 min Minutagem e captura 1 h 30 min

Atividade: Gravações finais

Duração: 2 h 30Recursos necessários: câmera, roteiro, storyboard, agenda de gravação e materiais indispensáveis à produção das cenas.

Da mesma forma que nos últimos encontros, os participantes serão acompanhados pelo/a mediador/a de acordo com suas demandas. Priorizar aquelas equipes que demonstrem mais dificuldade para finalizar suas gravações. Os grupos terão 2 horas e 30 minutos para isso e depois deverão retornar à escola, dirigindo-se ao laboratório de informática.

Atividade: Minutagem e captura

Duração: 1 h 30 minRecursos necessários: câmera, caderno, caneta, cabos de conexão para computador, computador e pen drive.

Os participantes, no retorno, assistem às imagens produzidas na própria câmera, comentando e anotando as cenas a serem escolhidas na edição final do vídeo. É preciso, também, anotar os minutos e os segundos marcados no início e no final de cada cena escolhida. O/A monitor/a deve explicar que, por isso, essa atividade é chamada de “minutagem”. As imagens contidas no vídeo são traduzidas para um documento que contém a descrição geral da cena e o local exato em que ela se encontra naquela fita ou cartão de memória.

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Com esse guia em mãos, cada grupo deverá então “subir” as imagens selecionadas para um computador que será utilizado no próximo encontro, para a edição dos vídeos. Orientar para que salvem as imagens no HD do computador e em um pen drive (fornecido pela oficina). Caso haja alguma limitação técnica no equipamento para a captura, o/a mediador/a pode recolher as folhas de minutagem e as fitas ou os cartões de memória e realizar a captura em outro local (uma produtora de um amigo ou em uma ONG, por exemplo) e depois levar o material já no pen drive para ser apenas copiado e colado no computador da escola.

Atividade: Roda de avaliação

Antes de encerrar o dia, faça uma roda de avaliação do encontro, ouvindo o que os grupos acharam legal, o que gostariam que tivesse sido diferente, por quê etc.

Preparação para o próximo encontro:

Avisar os participantes que, no próximo encontro, eles trabalharão com a edição de seus vídeos. Estimular os mais interessados a conhecerem, ao longo da semana, o software a ser utilizado.

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Encontro 10: Edição

Proposta: Levar os participantes a vivenciar o processo de edição de um vídeo, ou seja, a montar as imagens captadas numa determinada ordem, de modo a levar o espectador a diferentes interpretações e/ou sensações.

Desenvolvimento:

Recepção e início da atividade 10 min Edição: 3 h 50 min

Última etapa nesta produção audiovisual, a função da edição é construir a estrutura do vídeo, que pode ser montado de diversas formas, de acordo com as escolhas e opções que o software proporcionar. O importante aqui não será aprofundar o conhecimento técnico no uso do software de edição, e sim no estudo dos elementos e sintaxes da linguagem audiovisual presentes na captação e edição das imagens gravadas.

Aprendendo os fundamentos da edição os participantes do projeto poderão realizar edições de novos vídeos, independente dos equipamentos e softwares disponíveis.

Atividade: Edição

Duração: 4 hRecursos necessários: computadores ligados à internet e com software de edição básico, pen drives com cenas presselecionadas, roteiros.

Começar perguntando se alguém teve a chance de mexer no software de edição ao longo da semana que passou, para, assim, identificar participantes que possam ajudar na orientação dos grupos. Chamar a turma para sentarna frente de um computador. Se tiver recursos de projeção disponível, melhor ainda. Projetar a imagem da tela do seu computador na parede ou no telão para que todos possam acompanhar os movimentos. Abrir uma cena no software de edição e apresentar suas principais funções, mostrando seus efeitos e oferecendo um passo a passo para os participantes. Outra opção é exibir um dos inúmeros tutoriais à disposição no YouTube .

Em seguida, pedir aos grupos que utilizem os computadores e selecionem alguma cena minutada. Escolhida a cena, fazer com que localizem as imagens em seus arquivos e comecem a tentar “montar” a cena.

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Esse processo cria as condições para que se faça uma discussão sobre a ideia de estrutura geral do vídeo. Discutir sobre as inúmeras possibilidades de criação oferecidas pela montagem dentro da linguagem audiovisual. Enquanto o/a monitor/a traz conceitos, os participantes devem experimentar, modificando seus vídeos à medida que descobrem os recursos de edição.

Tendo dominado as funções básicas do software e recebido orientações conceituais de edição, cada grupo deverá se dedicar, a partir de então, à edição de seus vídeos. Selecionar as cenas, inserir novos cortes, sincronizar o áudio com as imagens etc. Quanto à sincronização de imagens e sons, os participantes devem utilizar a técnica de linha do tempo. Para tornar mais dinâmica e participativa a atividade, tarefas podem ser divididas, contemplando assim todos os participantes, já que nesse momento fica difícil a participação de todos ao redor de um mesmo computador. Enquanto alguns editam, outros podem explorar a internet em busca de imagens e sons que possam compor a trilha (lembrando sempre de acessar somente obras com direitos autorais liberados) e outros, ainda, podem elaborar os créditos. Caso algum participante seja músico ou tenha uma banda, sugerir o uso de suas músicas originais para a trilha sonora!

Observar o desenvolvimento dos trabalhos e ajudar os grupos que precisarem de dicas para melhor expressar suas ideias nesta etapa de edição. Lembre-se de que queremos que os vídeos sejam de autoria deles, mas também é importante que consigam expressar uma ideia e, fundamentalmente, que o grupo fique satisfeito com o resultado alcançado. Você, mediador/a, tem muito a contribuir com sua experiência e seu saber.

Preparando o próximo encontro:

Neste encontro é importante combinar o encontro final, de entrega de certificados e exibição dos vídeos. Estimular o pessoal a marcar esse momento na escola. Uma boa ideia é promover um evento, tendo como convidados os familiares, os colegas de escola e a comunidade, além da comunidade escolar. Como será a festa? Quem convidar? Com o que cada um pode contribuir? Por que não fazer uma sessão de exibição de curtas, com pipoca e refrigerante? Muita coisa pode ser feita! O/A mediador/a pode também articular com a coordenação da escola, fazendo qualquer intermediação necessária.

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É fundamental saber que...

Antes dos encontros de edição, é necessário que o/a mediador/a domine as ferramentas básicas do Movie Maker (software padrão que já vem nos computadores com sistema Windows instalado) ou de outro software de edição de vídeos disponível nos computadores da escola. No youtube é possível encontrar diversos tutoriais para a operação do software Movie Maker:

Técnicas básicas de edição

Existem diferentes maneiras de se indicarem alterações temporais e espaciais do enredo, além de se exercer função semelhante à pontuação gramatical. Estamos falando de efeitos visuais.

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• O fade é a clareação ou escurecimento total de uma imagem. A clareação ou fade in é o aparecimento gradual da imagem a partir de uma tela completamente escura.

• O fade out é o escurecimento da imagem, que vai desaparecendo até que a tela escureça totalmente. O fade indica longas passagens de tempo e/ou mudanças muito bruscas de cenário.

• Wipe é um efeito visual em que uma superfície negra varre a tela, cobrindo-a totalmente. O wipe pode ser horizontal, vertical, em barras, quadrangular ou circular. Ele é uma transição entre planos e serve para indicar passagens de tempo e/ou mudanças de cenário.

• Outra maneira de demonstrar a passagem de tempo ou a mudança de locação é usar a função dissolve ou fusão, que é um efeito visual com o qual uma imagem vai desaparecendo aos poucos, ao mesmo tempo em que a outra vai surgindo. O modo dissolve indica pequenas alterações temporais e/ou rápidas mudanças de cenário; também pode servir para interligar planos de uma mesma cena, proporcionando ao espectador uma transição suave e agradável. A função fusão serve para indicar a passagem da normalidade para estados emocionais alterados ou de caráter psíquico. É o caso de sonhos, delírios ou alucinações provocados por drogas.

• A superposição, sobreposição ou sobreimpressão é o resultado da mixagem de imagens dife- rentes que aparecem simultaneamente, uma sobre a outra, produzindo, como efeito visual, um dissolve incompleto.

• A transição entre planos também pode ser feita através da desfocagem da objetiva.

• ela dividida (split screen) serve para interligar acontecimentos simultâneos, porém separados pela distância; por exemplo, uma conversa telefônica.

• Máscara é um efeito que cria a sensação de que o olho da personagem aproximou-se bastante de alguns objetos, como um buraco de fechadura, um binóculo ou as lâminas de uma persiana.

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Em relação à velocidade da imagem, existem três tipos de efeito:

• Câmera lenta (slow motion). Pode servir para vários propósitos, como para intensificar a ação dramática ou mostrar detalhes do movimento que seriam impossíveis de visualizar.

• A câmera rápida (quick motion). Pode servir para vários propósitos, como para provocar risos.

• O congelamento (freeze) pode chamar a atenção do espectador para um detalhe importante do movimento (gestos, olhares, objetos) ou para simular a exibição de fotografias. Ou para interromper a ação e dirigir o olhar para a reflexão de uma só imagem.

Todos os efeitos podem ganhar significados e funções diferentes, dependendo do modo e do local onde são utilizados. Testar novos tratamentos de imagens e sons faz parte da procura pela melhor estrutura de edição e finalização de um vídeo. Mas é importante avaliar se o efeito está ajudando ou até mesmo atrapalhando o entendimento e a fotografia da obra audiovisual. Ou seja, o efeito não pode se tornar um defeito.

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Encontro 11: Edição

Proposta: Finalizar a edição dos vídeos, queimar os DVDs dos participantes e para exibição na escola, além de criar um canal da escola no Youtube para postagem do material realizado.

Desenvolvimento do encontro:

Recepção e início da atividade 10 min Ajustes finais 1 h 50 min Finalização 1 h Canal da escola no YouTube 30 minRoda de avaliação 30 min

Chegamos à reta final das Oficinas Vídeo na Escola!. Hoje, os grupos correrão contra o tempo para finalizar os seus vídeos e iniciar o processo de compartilhamento de suas expressões.

Pouco a pouco, a estrutura geral do vídeo foi organizada. O grupo decidiu os caminhos de edição e finalização do vídeo com a participação do/a mediador/a, que sugeriu mudanças, possibilidades e novas ideias.

É preciso analisar se falta algo, ainda, a ser inserido ou alterado, como créditos, letreiros, cores etc.

Atividade: Ajustes finais

Duração: 4 hRecursos necessários: câmeras com cabos USB, DVDs graváveis, computadores com gravador de DVD e o software Movie Maker.

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Assistir ao vídeo de cada grupo e comentar os ajustes que você, monitor/a, considera ainda necessários. Observar detalhes como ajuste de brilho, contraste, nitidez, balanço das cores, volume dos diálogos, timbres muito altos e eliminação de ruídos. Aponte, também, para oportuni-dades de inserção de efeitos especiais que possam enriquecer a expressão desejada. Na abertura, no título, no desenvolvimento, vale colocar alguma tela com letreiros? Seria interessante incentivar os grupos a sempre inserir legendas, para estimular a criação audiovisual inclusiva, levando em conta as pessoas com deficiência auditiva. Verificar se a trilha sonora e quaisquer outras imagens inseridas que não tenham sido captadas por eles são de direitos autorais liberados. Lembrar dos créditos finais, momento de orgulho, nos quais devem constar os nomes de todos, suas funções na realização do vídeo e eventuais agradecimentos necessários.

Atividade: Meu vídeo para o mundo

Finalizados os vídeos, é hora de compartilhá-los! Primeiro, orientar a gravação de um DVD máster a ser utilizado para exibição na escola, no dia do encerramento da oficina. Depois, explicar que os grupos poderão fazer cópias para cada integrante.

Além disso, criar um canal com o nome da escola no YouTube (pedir autorização da coordenação da escola para isso) e orientar os grupos a postar lá os vídeos realizados na Oficina e também outros vídeos que os alunos e as equipes venham a fazer no futuro!

O Windows Movie Maker possui recurso que possibilita a publicação imediata dos vídeos,o que torna tudo maisfácil.

É fundamental saber que...

Na montagem, percebemos muitas vezes ser necessário fazer alterações na estrutura geral do vídeo, para que a narrativa esteja realmente funcionando e a história seja contada de modo que o espectador a entenda. Essas mudanças não devem ser vistas como problemas, porque é justamente pela necessidade de mudança que podemos chegar a outra proposta, até mais interessante do que a que estava prevista. Os problemas podem levar a soluções criativas.

É comum que o realizador, principalmente em seus primeiros trabalhos audiovisuais, ache que o vídeo está muito claro, porque quem acompanha a ideia do vídeo desde o começo tem muito mais facilidade de entendê-lo. Então ele tem de se imaginar como um espectador que está vendo pela primeira vez aquelas imagens e sons do vídeo. Será que todos os trechos desse vídeo estão funcionando mesmo? Será que o espectador vai entender o que está sendo dito?

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O “entender o que está sendo dito”, no audiovisual, pode estar associado a alguma questão técnica, ligada ao som, à iluminação ou mesmo à edição. Será que as falas estão compreensíveis? Se não é possível entender o que está sendo dito, aumentar o volume ou trocar a cena ou dublar a personagem ou encontrar uma maneira nova, utilizando os recursos da linguagem audiovisual, de comunicar o que estava sendo dito em palavras e falas. E “entender o que está sendo dito” também pode estar associado ao entendimento do conteúdo do vídeo, de suas questões, de suas colocações. Ou seja, se sua ideia está mesmo sendo perceptível a quem assiste ao vídeo.

Pode ser uma boa ideia convidar outros colegas para assistirem ao vídeo antes de finalizá-lo. O realizador pode perceber, pelos comentários desses primeiros espectadores, se há alguma mudança possível que torne o vídeo ainda melhor.

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Encontro 12: Avaliação, exibição e comemoração

Proposta: Compartilhar! Vamos avaliar o aprendizado dos participantes, celebrar a realização da oficina e exibir publicamente os vídeos feitos.

Desenvolvimento do encontro:

Recepção e início da atividade 10 min Avaliação coletiva 1 h Abertura da “bolha de expectativas” 50 min Festa de encerramento e exibição 2 h

Chegamos ao capítulo final de nossa Oficina. E nada melhor que um final feliz, não? Então vamos celebrar as conquistas, mas sem deixar de analisar os desafios ainda não superados. É importante que o pessoal continue aprendendo, que se mantenha curioso e motivado pelo novo mundo do audiovisual. Esperamos que o “aprender a aprender” tenha sido bastante exercitado e que essa turma tenha sido sensibilizada pelas oportunidades das Oficinas Vídeo na Escola!

Atividade: Avaliação coletiva dos vídeos

Duração: 1 hRecursos necessários: DVD com os vídeos produzidos, DVD player , TV ou projetor.

A primeira atividade do dia será fazer uma avaliação construtiva e motivadora dos vídeos produzidos. A ideia, aqui, é que cada grupo apresente os seus vídeos, contando um pouco sobre o processo. Perguntas que podem orientar o debate:

• Estão orgulhosos?

• Do que mais gostaram no vídeo? E no processo? Ficaram com vontade de fazer outros vídeos?

• Em que áreas pretendem pesquisar mais?

Depois da fala das equipes, estimular a participação do restante da turma, ajudando a utilização de uma linguagem técnica nos comentários.

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Outros aspectos para análise são os aprendizados e possíveis transformações que o projeto tenha promovido nas vidas dos participantes. Para tanto, será aplicada a ficha de avaliação, que cada participante deverá responder individualmente. A análise do impacto que a Oficina teve na vida de seus participantes deverá ser feita comparando as respostas da ficha de inscrição (ou marco inicial) com a de avaliação (ou marco final). Recomenda-se a elaboração de um relatório final com relato do desenvolvimento da Oficina e seus resultados, a ser encaminhado também para a coordenação das Oficinas Vídeo na Escola!

Um terceiro aspecto a ser avaliado diz respeito às expectativas dos participantes, com a abertura da “bolha de expectativas”.

Atividade: Abertura da “bolha de expectativas”

Duração: 50 minRecursos necessários: questionário de marco final, caneta e bolha de expectativas.

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Foram vários dias ou meses de atividade e convivência, nos quais diversos aprendizados foram construídos e muitos momentos significativos foram vividos. Mas será que as expectativas iniciais foram atendidas?

Trazer para o grupo a “bolha de expectativas” construída no primeiro encontro e, seguindo a ordem inversa da formação da bolha, retirar as folhas e pedir para que cada um leia a sua, em silêncio. Em seguida, gravar uma entrevista com os participantes, conduzida pelas seguintes perguntas:

• O que você buscava quando chegou para fazer esta Oficina?

• E como foi a Oficina na sua opinião?

• O que você mais gostou de aprender?

• O que você gostaria que tivesse sido diferente?

• Que recado você daria para outros jovens que querem aprender a fazer um vídeo?

Editar uma versão de 2 minutos com as respostas mais impactantes, procurando incluir todos os participantes, e postá-la no canal da escola no YouTube. Enviá-la também para a coordenação das Oficinas Vídeo na Escola!

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E agora... FESTA!!!

Chegamos ao momento de compartilhar e celebrar as conquistas alcançadas.

Atividade: Festa de encerramento e exibição

Duração: 2 hRecursos necessários: relação com os nomes dos participantes, organizados por equipes, DVD com os vídeos, DVD player, TV ou projetor, certificados, comes e bebes.

Organizar o evento de forma que a abertura seja feita por algum/a representante da instituição que acolheu a Oficina Vídeo na Escola! Combinar com ele ou ela a entrega dos certificados e, por fim, pedir que os representantes dos grupos apresentem seus vídeos e colegas de grupo.

Reservar algum tempo livre para conversas informais e comes e bebes, porque assim a coisa fica mais gostosa!

PARABÉNS! VOCÊ ACABA DE REALIZAR UMA OFICINA VÍDEO NA ESCOLA!

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Anexos

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Anexo 1

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Anexo 2

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Anexo 3

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Anexo 4

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Anexo 5

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Anexo 6

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Anexo 7

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Anexo 8

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Anexo 9

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Anexo 10

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Créditos

Instituto Criar de TV, Cinema e Novas Mídias

Programa Escola da Família da Secretaria da Educação do Estado de São Paulo FDE – Fundação para o Desenvolvimento da Educação FFM – Fundação Faculdade de Medicina

Catú Filmes, Educativo Claro Curtas, Oficina de Imagens, Oficinas Kinoforum, Ouroboros Cinema e Educação e Oficinas Tela Brasil

Danielle Fiabane e Maria Helena Berlinck

Gregório Reis

Christian Saghaard, Eliany Salvatierra Machado, Minon Pinho e Moira Toledo

Christian Saghaard, Gilberto Carvalho e Joana Imparato

Jonatas Marques e Vitor Abud

Maria Francisca Palma

Mabel Rodrigues

Via Impressa Design Gráfico

Morissawa Edição

Iniciativa

Apoio

Colaboração

Coordenação geral

Assessoria Técnica

Consultores

Educadores

Fotógrafos

Gerente de Programas

Assistente de Programas

Criação e Projeto Gráfico

Revisão Técnica

OFicinas Vídeo na Escola!