GRUPO PBF 2009.2
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UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA
PRÓ-REITORIA DE EXTENSÃO E ASSUNTOS COMUNITÁRIOS
CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE
DEPARTAMENTO DE NUTRIÇÃO
PROJETO PRÁTICAS INTEGRAIS DA NUTRIÇÃO NA ATENÇÃO BÁSICA
EM SAÚDE - PINAB
GRUPO OPERATIVO PROGRAMA BOLSA FAMÍLIA
JOÃO PESSOA
2010
2
Eduarda Pontes do Santos Araújo
Islany Costa Alencar
Renata Duarte Moreira
Pedro José Santos Carneiro Cruz
JOÃO PESSOA
2010
Relatório do grupo operacional PBF do
projeto de extensão Práticas Integrais da
Nutrição na Atenção Básica em Saúde
(PINAB), coordenado pela professora Ana
Cláudia Cavalcanti Peixoto de
Vasconcelos, do Departamento de Nutrição
da Universidade Federal da Paraíba,
apresentado a PRAC, CCS e DN/UFPB.
3
SUMÁRIO
1) INTRODUÇÃO.........................................................................................4 2) OBJETIVOS.............................................................................................7 3) METODOLOGIA......................................................................................8 4) ATIVIDADES REALIZADAS..................................................................10 5) DISCUSSÃO, REFLEXÃO E ENCAMINHAMENTOS...........................15 6) CONSIDERAÇÕES FINAIS....................................................................18 7) REFERÊNCIAS......................................................................................19 8) APÊNDICE.............................................................................................20
4
1. INTRODUÇÃO
O projeto de extensão popular - PINAB – (Praticas integrais da Nutrição
na Atenção Básica em saúde) – está vinculado ao Departamento de Nutrição
da Universidade Federal da Paraíba e atua na Unidade de Saúde da Família -
Vila Saúde, na Escola Municipal Augusto dos Anjos, nas comunidades Jardim
Itabaiana, Boa Esperança e Pedra Branca, localizadas no bairro do Cristo
Redentor, no município de João Pessoa - PB. O início das atividades do projeto
decorreu em julho de 2007, coordenado pela professora do Departamento de
Nutrição Ana Claudia Cavalcanti Peixoto de Vasconcelos e o nutricionista
Pedro José Santos Carneiro Cruz.
O PINAB propõe articular vivencias com a comunidade, através de
atividades pedagógicas na promoção e atenção a saúde numa perspectiva
integral e popular. Busca a troca de saberes, na perspectiva de um
aprendizado mútuo. Que não haja domínio de um saber sobre o outro, mais
uma interação especificamente humana entre valores, pensamentos e
sentimentos através de um aprofundamento da intervenção da ciência na vida
cotidiana das famílias e da sociedade (VASCONCELOS, 2000).
A educação popular, sistematizada por Paulo Freire, se constitui como
norteador da relação entre intelectuais e classes populares. Ela busca trabalhar
pedagogicamente o homem e os grupos envolvidos no processo de
participação popular, fomentando formas coletivas de aprendizado e
investigação, de modo a promover o crescimento da capacidade de análise
crítica sobre a realidade e o aperfeiçoamento das estratégias de luta e
enfrentamento. É uma estratégia de construção da participação popular no
redirecionamento da vida social (VASCONCELOS, 2004).
Segundo Paulo Freire, a prática da liberdade está inserida em um modo
de transmissão de conhecimentos, pela qual o indivíduo possa refletir, para
tornar-se sujeito de sua própria história.
5
Necessitamos de sujeitos educadores que estando no mundo e
sabendo-se nele comprometam sua ação e reflexão em favor da solidariedade
para com o mundo e com os homens na busca incessante da humanização
(Freire, 1982), pois educar é formar para a vida.
Atualmente no Projeto atuam estudantes do curso de nutrição, divididos
nos seguintes grupos operativos: Gestantes, Escola, Programa Bolsa Família e
Mobilização Popular. Todos os grupos trabalham com base em três eixos de
atuação: atividades coletivas, visitas domiciliares e aconselhamento dietético
individual.
O Programa Bolsa Família (PBF) é um programa de transferência direta
de renda que beneficia famílias em situação de pobreza. Está integrado a
estratégia do FOME ZERO, que tem o objetivo de assegurar o direito humano à
alimentação adequada, promovendo a segurança alimentar e nutricional e
contribuindo para a erradicação da extrema pobreza e para a conquista da
cidadania pela parcela da população mais vulnerável à fome. Possui duas
frentes de atuação: emergencial (através da transferência de renda) e
estrutural (através de ações e iniciativas capazes de gerar autonomia e
sustentabilidade social e econômica para as famílias participantes). Esta última
frente é pautada principalmente através do cumprimento de condicionalidades
relacionadas às áreas de saúde e educação, especificamente na cobertura
vacinal (saúde) da criança e verificação de sua freqüência na escola (SENNA
et al, 2007).
Nesse contexto, o PINAB, se insere com o Grupo operativo (GO) PBF,
que de início buscou pautar as ações da unidade de saúde em relação aos
beneficiários do programa bolsa família, propondo fortalecer o grupo enquanto
ação social radicalmente comprometida com a autonomia da população
excluída, no exercício de seus direitos de cidadania e o direito humano a
alimentação adequada (SENNA et al, 2007), com o objetivo de promover um
espaço de diálogo unindo a análise critica da realidade com a superação das
situações de exclusão social vigente.
6
Nesse cenário, o grupo PBF no período de 2009.2 atuou através de
ações voltadas para a educação nutricional com o intuito de se integralizar. E a
partir daí desenvolveu ações educativas com diversos temas, como: a
higienização e manipulação dos alimentos, os mitos e tabus alimentares, o
aproveitamento integral dos alimentos, e o direito a alimentação,
desenvolvendo essas atividades de forma diferenciada e criativa, sempre
tomando como base a educação popular.
7
2.OBJETIVOS
2.1 Objetivos gerais
Desenvolver práticas educativas e integrais por meio de atividades coletivas
visando à promoção da saúde e a emancipação social dos beneficiados do
programa bolsa família.
2.2 Objetivos específicos
Realizar atividades coletivas com intuito de gerar nos integrantes senso
crítico sobre seu papel na sociedade;
Buscar por meio de rodas de diálogos, o aumento do vínculo com a
comunidade, através da troca de saberes, opiniões e experiências;
Promover a saúde, na perspectiva de uma alimentação saudável;
Procurar desenvolver a parte estruturante do programa, promovendo à
emancipação das beneficiárias;
Promover o aconselhamento dietético individual na comunidade com as
beneficiárias do PBF, com o objetivo de promover o diálogo e
humanização dos futuros profissionais da saúde;
8
3. METODOLOGIA
O Grupo Operativo Programa Bolsa Família se reunia quinzenalmente
para realização das atividades, na pastoral da criança da comunidade Boa
Esperança no bairro do Cristo Redentor, João Pessoa- PB e teve sua atuação
na comunidade em dois eixos: aconselhamento dietético individual e atividades
coletivas. Possuindo como referencial teórico-metodológico a utilização do
diálogo, com base na Educação Popular, sistematizada por Paulo Freire.
Assim, educadores populares, estudantes e docentes universitários vêm
realizando atividades no grupo comunitário “Lá Vêm Elas” desde 2009, visando
possibilitar a população fortalecer a consciência crítica e participativa, capaz de
problematizar diversos temas, como: alimentação e seus grupos alimentares, a
higienização e manipulação dos alimentos, os mitos e tabus alimentares, o
aproveitamento integral dos alimentos, e o direito a alimentação.
É importante identificar que a participação deve ser incentivada, de
modo que todos os esforços sejam canalizados para desenvolver as
potencialidades e criatividades, coletivas e individuais. (ACIOLI; FERREIRA;
HERINGER; PEREIRA, 2001)
Para debater tais questões, foram utilizadas estratégias incentivadoras
da criatividade, como a elaboração de esquete de rádio interativa, no qual foi
organizado de duas formas, um programa gravado ao vivo com as mulheres da
comunidade e uma rádio gravada, para ser passado o áudio no momento da
atividade, demonstrações de receitas, como: a salada de frutas, o suco da
casca do abacaxi e o pudim de pão, que eram feitos ao final de cada atividade,
dinâmicas de reflexão e integração, através de cirandas, escuta de músicas e
perguntas geradoras, sempre relacionando com as atividades, painéis
educativos, para a construção de uma pirâmide alimentar, álbum seriados
exemplificando as formas de higienização correta dos alimentos e rodas de
conversas sempre animadas e descontraídas, construídas com perguntas
geradoras, onde a capacidade de análise e elaboração de pensamentos por
parte dos comunitários era estimulada.
9
As atividades coletivas sempre detinham como partes primordiais, a
realização das dinâmicas no início, com a finalidade de acolher a todas de
forma descontraída. Logo depois ocorreria o segundo momento com a
abordagem e discussão dos temas e para fechamento ocorreria o terceiro
momento com a oficina de culinária e dinâmica reflexiva sobre a atividade, na
forma de que elas poderiam se expressar, dando sua impressão sobre as
atividades.
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4. ATIVIDADES REALIZADAS
MÊS
DIA
ATIVIDADE
DESCRIÇÃO
Setembro
16/09/09
Reunião de
Aprofundamento
Foi realizada a leitura e a explanação dos textos:
“Contribuições da extensão popular no fortalecimento
da dimensão educativa do programa bolsa família:
reflexões acerca de uma experiência no saúde da
família” e “Programa Bolsa Família”, no qual
esclarecia a temática abrangida.
Setembro
18/09/09
Visita Domiciliar
Foram visitadas três casas.
Setembro
23/09/09
Atividade Coletiva
Ocorreu o contato inicial com o grupo, onde fomos
apresentados ás mulheres. A primeira atividade foi
guiada pelo coordenador Pedro José, na qual foi feita
uma roda de diálogo onde se perguntou a todos, uma
qualidade, um defeito e um sonho de cada um. Ao
final da atividade, cantamos uma ciranda de roda.
Setembro
30/09/09
Atividade Coletiva
Tema:
“A Alimentação
Saudável e seus
Grupos Alimentares”
Neste segundo encontro foi bastante proveitoso e
participativo. Iniciamos com uma dinâmica inicial bem
descontraída, com a qual, cada uma teria dizer o que
achava de mais bonito na pessoa do lado e, ao final
da dinâmica, dá um beijo nessa parte do corpo. Logo
em seguida discutimos em uma conversa bem
informal, sobre o que elas entendiam sobre
alimentação saudável, durante a conversa surgiram
muitas dúvidas, na qual foi fundamental para
desenrolar temas futuros. Após essa roda de
conversa, exploramos o tema grupos alimentares,
com a colagem de uma pirâmide alimentar em branco
na parede, para elas criarem sua própria pirâmide,
através de suas deduções, com figuras dos mais
variados tipos de alimentos. Enquanto elas colavam
as figuras foi servido um lanche. Com a pirâmide
completada foi feita uma análise comparando-a com a
pirâmide alimentar utilizada por nutricionistas e
depois foi explicado especificamente cada grupo.
11
Finalizamos com um círculo, no qual todos estavam
abraçados e cada um falou uma palavra que
representasse aquele momento
Outubro
02/10/09
Visita Domiciliar
Foram visitadas duas casas.
Outubro
07/10/09
Aconselhamento
Dietético
O aconselhamento ocorreu na comunidade, onde o
grupo PBF 1 se reuni, na pastoral da criança, houve
apenas um aconselhamento onde foi relatado a
anamnese e foi feita uma nova conduta alimentar para
a paciente, que apresentava diabetes. A outra
paciente marcada teve outro compromisso, mas
passou pra avisar que viria no próximo
aconselhamento, ela tinha acabado de ter filho e teve
uma gravidez de risco, pois foi detectado pré
eclampsia.
Outubro
14/10/09
Atividade Coletiva
Tema:
“Aproveitamento
Integral do Alimento”
Nesta atividade foi realizado o tema: aproveitamentos
integrais do alimento, devido à semana mundial da
alimentação. Organizamos uma roda de conversa,
com partilha de saberes a partir dos costumes e
realidades vivenciadas pelas mulheres do grupo.
Começamos com a seguinte pergunta: “mulheres, do
que vocês têm fome?”. Depois de todo
esclarecimento, abordamos o aproveitamento integral
dos alimentos como uma das contribuições para a
conquista de melhores condições de segurança
alimentar. Encerramos a roda de conversa e
convidamos as mulheres para a cozinha, onde
orientamos a aproveitar o abacaxi de forma integral,
com a preparação do suco da sua casca.
Outubro
16/10/09
Visita Domiciliar
Foram visitadas três casas
12
Outubro
21/10/09
Reunião de
Planejamento
Reunião do grupo com Pedro Cruz para decidir a
melhor estratégia para abordar os temas seguintes,
nesta reunião foi feita todo o planejamento de todas
as atividades seguintes.
Outubro
28/10/09
Atividade Coletiva
Tema: “Higienização
e Manipulação dos
Alimentos”.
A Atividade foi bastante participativa. O assunto
discutido foi higienização e manipulação dos
alimentos, enfocando mais congelamento,
conservação, catação do feijão e a higienização
adequada. A abordagem do assunto foi feita através
de álbum seriado e dinâmica, onde essa metodologia
foi ideal para a compreensão de todos. Após a
discussão do tema, ocorreu a preparação de uma
salada de frutas, demonstrando as formas corretas de
higienização. Ao final da atividade, uma roda foi feita
e duas perguntas foram lançadas, o que elas
gostariam de conservar e o que elas gostariam de
limpar das suas vidas? As respostas delas foram de
grande enriquecimento do grupo.
Outubro
30/10/09
Visita Domiciliar
Duas casas foram visitadas.
Novembro
04/11/09
Aconselhamento
Dietético
Não ocorreu aconselhamento por não haver presença
dos marcados.
Novembro
11/11/09
Atividade Coletiva
Tema: “Mitos e Tabus
Alimentares”
Esta atividade teve a presença do nutricionista Gilmar
Pinto, que ajudou durante toda atividade. Como
dinâmica inicial cada uma desenhou alguém do grupo
sem escrever quem era a pessoa, para todos
adivinhar. O tema abordado neste dia foram os mitos
e tabus alimentares, e foi usada como metodologia a
utilização de uma rádio interativa, através de um jogo
de perguntas e respostas, de forma a estimular a
capacidade de análise e elaboração de pensamentos
por parte da comunidade. Foi servido um lanche e
depois fizemos o encerramento com um círculo no
qual cada um cantou um trecho de uma música sobre
aquele momento.
13
Novembro
13/11/09
Visita Domiciliar
Foram visitadas duas casas
Novembro
18/11/09
Reunião de
Planejamento
Neste planejamento foi elaborada a atividade seguinte
sobre mitos e tabus alimentares na forma de uma
rádio gravada pelas pinabianas.
Novembro
25/11/09
Atividade Coletiva
Tema: “Mitos e Tabus
Alimentares II”
Antes de começarmos, iniciamos com o momento
culinária com a preparação de um Pudim de Pão feito
de pão dormido. Esse foi um momento interessante,
por que nós pudemos fazer toda a receita na frente
delas. Enquanto o pudim assava, nossa atividade
prosseguiu com a ciranda da farinha. Depois,
iniciamos a rádio gravada, onde uma nutricionista
respondia as perguntas dos ouvintes da rádio, que
possuía como tema os mitos e tabus alimentares.
Observamos que as mulheres ficaram bem atentas ao
que escutavam e riram bastante quando ouviram
nossas vozes. Finalizada a rádio, elas falaram da
impressão que tiveram do I seminário de pesquisa e
extensão popular que havia começado na noite
anterior a atividade, na Universidade federal da
Paraíba. Para finalizar, elas escutaram a música
‘Pratododia’’, no qual fizemos uma analogia da letra
com os laços de amizade. Por fim, fomos
experimentar o pudim de pão que havíamos feito no
inicio da reunião.
Novembro
27/11/09
Visita Domiciliar
Foram visitadas duas casas
Dezembro
02/12/09
Aconselhamento
dietético
Não houve aconselhamento, pois não havia pessoas.
E foi realizada uma atividade com o nutricionista
Gilmar Pinto, onde discutimos sobre o grupo, suas
futuras diretrizes e os meios de desenvolver as
atividades.
Dezembro
09/12/09
Atividade Coletiva
Primeiramente justificamos a ausência da massagista
que havíamos prometido na reunião anterior.
Inicialmente com um alongamento para relaxar. Logo
após, tivemos um debate bastante proveitoso, na
forma de avaliar o grupo, através do ponto de vista
14
delas, onde foi discutido o futuro do grupo, até
assuntos pessoais. Foi servido um lanche com
panetone para comemorar o Natal e o que seria
sorteado foi dividido entre elas. Fechamos com uma
reflexão do ano.
Dezembro
16/12/09
Reunião de
Planejamento
Neste encontro foram discutidas com as integrantes
do grupo PBF, suas percepções sobre as atividades,
fazendo a avaliação do grupo como um todo,
procurando meios de melhoria para seu
desenvolvimento.
Dezembro
23/12/09
Férias
Recesso acadêmico
Janeiro
13/01/10
Reunião de
Planejamento
Ocorreu um encontro com Pedro, onde foi feita uma
avaliação individual do grupo.
Janeiro
15/01/10
Visita Domiciliar
Foi visitada apenas uma casa.
Janeiro
20/01/10
Aconselhamento
Dietético
O aconselhamento ocorreu na Unidade de Saúde da
Família, com a ajuda da pinabiana Jousy, estudante
do 7º período. Ocorreram dois aconselhamentos,
15
5. DISCUSSÃO, REFLEXÕES E ENCAMINHAMENTOS
Antes de iniciarmos nossas atividades na comunidade foi feita uma
reunião com o orientador para debatermos a respeito do Programa Bolsa
Família, onde pudemos conhecer o que é, de fato, o programa, os seus
objetivos e quais grupos beneficiados por ele, a fim de compreendermos
melhor o universo no qual iríamos nos inserir.
Em nosso primeiro encontro na comunidade, fizemos apenas uma
dinâmica na qual deveríamos falar um defeito, uma qualidade e um sonho de
cada presente. Esse primeiro contato foi de extrema importância para o início
do vínculo entre nós e a comunidade.
Em nosso segundo encontro foi realizada uma roda de conversa com o
seguinte questionamento: “Para vocês, o que é uma alimentação saudável?”,
surgindo vários temas, como a higienização dos alimentos, o seu preparo e
armazenamento, os diversos gostos alimentares e a dificuldade existente no
fato de realizar uma dieta. Em seguida, pedimos para que elas montassem a
pirâmide alimentar de acordo com o que elas achassem que deveria ser
montada. Depois foi analisado em conjunto o resultado obtido, questionando-as
o que as levou a preencherem a pirâmide daquele modo.
A partir das propostas levantadas nesta segunda atividade, pôde-se
definir e planejar as temáticas das atividades coletivas, de modo que a
atividades seguintes trataram, de forma criativa e participativa, da segurança
alimentar; compra, armazenamento, higienização, manipulação, cozimento e
congelamento do alimento e mitos e tabus alimentares, na atividade sobre
mitos e tabus também foi debatido sobre a dieta e a dificuldade de cumpri-la,
dando dicas para gerar mais satisfação no ato de se alimentar bem.
Todas as atividades realizadas na comunidade foram produtivas e
satisfatórias. Em todos os momentos houve a participação de todos os
integrantes do grupo, de forma que houve a construção participativa do saber,
de modo que os conhecimentos presente na comunidade e a formação
acadêmica de nós, estudantes de nutrição, se somavam gerando um
crescimento para grupo.
16
Através das visitas domiciliares, que foram realizadas quinzenalmente,
pode-se obter um maior vínculo com as famílias e, assim, um maior
acolhimento delas. As visitas são essenciais, também, para a percepção dos
problemas vivenciados entre essas famílias, a comunidade e a Unidade de
Saúde, o que influencia diretamente nas suas condições de saúde-doença.
Antes das visitas domiciliares, ocorriam as reuniões teóricas, onde
podíamos estudar os conceitos inerentes à educação popular e, assim,
aplicarmos em nossas visitas e atividades.
Em relação aos aconselhamentos dietéticos, vale salientar os
desencontros ocorridos em relação à marcação das datas para tal realização,
de modo que, muitas vezes, ao chegarmos na USF, não havia pessoas
marcadas para aquela data, mas para semana seguinte, o que acabava
gerando uma dificuldade para a realização do aconselhamento visto que, de
acordo com o planejamento, não poderíamos estar presente na USF na data
correta, pois havia atividade coletiva marcada para tal data. Ocorrendo, então,
apenas um aconselhamento dietético em todo o período, que foi realizado na
própria comunidade Boa Esperança. Este foi bastante proveitoso,
principalmente para nós estudantes, pois pudemos ver a atuação do
nutricionista de forma diferenciada, em relação à acadêmica, valorizando o
diálogo e desenvolvendo uma melhor relação nutricionista-paciente.
Nos dias que ocorreu de não ter aconselhamento, apesar de estar
planejado para que houvesse, foram discutidas maneiras para o
aprimoramento dessas atividades. Surgindo sugestões como retirada da
realização desses aconselhamentos na USF, uma vez que gera o
acomodamento da unidade de saúde pelo fato de ter os estudantes atuando lá,
de forma que acaba diminuindo a possibilidade do contrato de um nutricionista
profissional para a função.
Por meio das atividades coletivas, visitas domiciliares e
aconselhamentos dietéticos, pôde-se promover a saúde na comunidade. De
forma que a interação entre ela e os estudantes e as ações educativas
realizadas durante todo o semestre foram fundamentais para o crescimento
desse conceito na comunidade.
17
6. CONSIDERAÇÕES FINAIS
O GOPBF busca, junto à população, uma melhor reflexão e
compreensão do processo saúde-alimentação. Usando a educação popular
como um referencial na formação acadêmica dos estudantes e nas práticas
integrais da nutrição na comunidade, buscou-se a integração dos meios
científicos e populares na troca mútua de saberes, transformando tais práticas
em ações mais efetivas nos campos pedagógico, da comunicação e da
18
interação. Nessa dimensão a educação popular aliada à saúde é constituída
de uma prática transformadora e diferenciada.
Por meio das práticas educativas, buscou-se fortalecer a parte
estruturante do programa através da emancipação social dos integrantes do
GOPBF, sendo a promoção da saúde fato importante para isso. E toda esta
experiência gerou um aprendizado mútuo e contínuo, re-alimentando a
disposição de seus protagonistas em elaborar ações transformadoras no PBF e
da realidade sócio-econômica ali vivenciada.
7. REFERÊNCIAS
19
ALBUQUERQUE, P.C., STOTZ, E.N. A educação popular na atenção básica
à saúde no município: em busca da integralidade. Interface (Botucatu),
Mar./Aug. 2004, vol.8 no.15. ISSN 1414-3283.
HERINGER, A., ACIOLI, S. de O. , FERREIRA, V. de A. ,PEREIRA, R. C. A. A
METODOLOGIA DO PLANEJAMENTO PARTICIPATIVO NA PRÁTICA DE
EDUCAÇÃO POPULAR EM SAÚDE.NETO, José F. de M. Caderno de
Educação Popular. Ed. Popular.
SENNA, M. C. M. , BURLANDY,L. , MONNERAT,G.L. , SCHOTTZ,V. ,
MAGALHÃES, R. Programa Bolsa Família: nova institucionalidade no
campo da política social brasileira. Revista Katálysis, v. 10, n. 1, pp. 86-94.
2007.
VASCONCELOS, E. M. Educação popular: de uma prática alternativa a
uma estratégia de gestão participativa das políticas de saúde. Physis, Jun
2004, vol.14, no.1, p.67-83. ISSN 0103-7331.
VASCONCELOS, E. M. Redefinindo as práticas de Saúde a partir de
experiências de Educação Popular nos serviços de saúde. Interface
(Botucatu), Fev 2001, vol.5, no.8, p.121-126. ISSN 1414-3283.
VASCONCELOS, E.M. Educação popular e atenção à saúde da família. 3ª
ed. São Paulo: HUCITEC, 2000.
20
APÊNDICE
ATA PEDAGÓGICA Práticas Integrais da Nutrição na Atenção Básica em Saúde Grupo Operativo Programa Bolsa Família: Cristhyano Olinda Leal Martins, Eduarda Pontes dos Santos Araújo, Islany Costa Alencar e Renata Duarte Moreira.
21
23 de setembro de 2009
A presente ata pedagógica relata o primeiro contato dos extensionistas do
grupo operativo PBF com as mulheres do ‘’lá vem elas’’, que aconteceu no dia 23 de
setembro de 2009 na pastoral da criança na comunidade Boa Esperança, no bairro do
Cristo redentor.
Ao chegarmos lá, fomos bem recebidos por todas elas que foram muito
simpáticas conosco. Como grupo, elas mostraram muita positividade e muita vontade
de criar novos vínculos numa troca de experiências. Como ambiente, percebemos que
a pastoral é carente de recursos financeiros podendo dificultar certas atividades por
isso.
Como primeiro contato, Pedro ficou responsável por realizar a atividade, mas
não deu certo por que a mesma já havia sido realizada no semestre anterior. Então ele
decidiu por fazer uma roda de conversa e perguntava a todos, uma qualidade, um
defeito e um sonho de cada uma. Entre as qualidades, foram citadas a amizade, o
companheirismo, o fato de muitas serem boas vizinhas e entre os defeitos a maioria
relatou que eram mulheres muito estressadas com relação aos assuntos familiares. E
entre os sonhos, citaram o desejo de ver seus filhos tranqüilos e felizes, desejavam
reforma de suas casas ou a casa própria. Dora relatou que queria poder ver sua
vizinha conseguir uma moradia melhor.
Para nós, a dinâmica permitiu que conhecessemos melhor essas mulheres e
que ela nos conhecessem melhor também. Pudemos ver como elas são especiais,
compartilhar com elas seus sonhos e principalmente conhecer suas histórias de vida.
Um caso particular nos chamou atenção, foi o de Lena que mostrou ser uma
mulher muito sensível, nos revelando que passa por problemas de depressão e toma
remédios controlados e tinha problemas na educação de seu filho. Além disso,
percebemos que elas necessitavam e desejavam acompanhamento psicológico,
ajudando-as no convívio familiar.
Para o final da atividade ficamos todos em pé e nos abraçamos fazendo uma
roda. Nós, iniciantes, falamos da nossa impressão sobre as pessoas e cantamos uma
espécie de ciranda de roda.
Depois disso fomos nós, estudantes, e Pedro visitar a nova netinha de Dora.
ATA PEDAGÓGICA Práticas Integrais da Nutrição na Atenção Básica em Saúde Grupo operativo Programa Bolsa Família: Cristhyano Olinda Leal Martins, Eduarda Pontes dos Santos Araújo, Islany Costa Alencar e Renata Duarte Moreira.
22
30 de setembro de 2009
A presente ata pedagógica foi realizada a partir da 2º atividade do grupo Lá
vem elas que aconteceu no dia 30 de setembro de 2009 na Pastoral da Criança
localizada em Boa Esperança, bairro do Cristo. Na referida reunião, foi abordada
alimentação saudável e seus grupos alimentares.
Começamos com a dinâmica do beijo, na qual a pessoa diz o que acha mais
bonito na pessoa do e lado e, ao final da dinâmica, dá um beijo nessa parte do corpo,
o que aumenta a afetividade e descontração do grupo. Além do elogio, pedimos para
elas se apresentarem e falarem um hobby.
Depois da dinâmica fizemos uma conversa informal sobre o que elas
entendiam sobre alimentação saudável. Durante a roda de conversa surgiram diversas
questões, como a higienização dos alimentos, com seus métodos e materiais e deu
para perceber que elas tinham consciência da boa alimentação, mas, como elas
mesmas afirmaram, era difícil por em pratica diariamente, o que nos gerou um
interesse para que em uma próxima atividade pudéssemos abordar tal questão.
Nesse momento sentimos um interesse da comunidade pela busca de conhecimento
sobre a preparação dos alimentos, como sua limpeza, preparo e, até mesmo, o
congelamento para armazenamento do alimento. Discutimos também sobre a
preferência alimentar de cada uma, surgindo uma variedade de gostos e nesse
momento Lena comentou da sua falta de apetite devido ao uso de medicamentos para
depressão, dizendo que há dias que só faz uma refeição, nos deixando sensibilizados
com a sua realidade.
Após essa roda de conversa, colamos uma pirâmide alimentar em branco na
parede e colocamos figuras dos mais variados tipos de alimentos sob uma mesa para
que elas completassem a pirâmide de acordo com suas deduções. Aquilo que seria
mais importante ficaria na base da pirâmide e aquilo que deveria ser consumido
esporadicamente, no topo. Enquanto elas colavam as figuras foi servido bolo com
refrigerante. Depois da pirâmide ser completada, nós fizemos uma análise dos
resultados, questionando-as sobre o motivo que as levou a explorar a pirâmide
daquela forma. Então colamos a pirâmide correta já montada e falamos sobre os
grupos alimentares, explicando sobre a importância e cuidados da ingestão de
carboidratos, proteínas, lipídios, fibras e vitaminas, sobre os quais elas não
demonstraram ter um conhecimento. Falamos também sobre a importância das
atividades físicas e da ingestão de, aproximadamente, 2 litros de água por dia. Nesse
23
momento surgiram questionamentos sobre os tipos de feijão e os benefícios e
malefícios do café.
Encerramos a atividade com um circulo, no qual todos estavam abraçados e
cada um falou uma palavra que representasse aquele momento. Foi muito comovente,
pois sentimos o “carinho”, “amor”, “amizade” e “alegria” de ambas as partes por existir
essa oportunidade de estarmos juntos compartilhando nossos anseios e crescendo
uns com os outros. Dora compartilhou que ficava muito feliz por ver que nós não nos
incomodávamos em estar na comunidade enquanto que muitos, até mesmo alguns
que já foram de lá um dia, têm preconceito, o que nos deixou por um lado triste, por
haver pessoas tão soberbas e, pelo outro lado, nos sentimos especiais por já estarem
nos integrando à comunidade.
ATA PEDAGÓGICA Práticas Integrais da Nutrição na Atenção Básica em Saúde Grupo Operativo Programa Bolsa Família:
24
Eduarda Pontes dos Santos Araújo, Islany Costa Alencar e Renata Duarte Moreira. 14 de outubro de 2009
Aos quartoze dias do mês de outubro de 2009, nos reunimos com as mulheres do
grupo “Lá vêm Elas!”, às 14:30h por motivo de atraso, na pastoral da criança da
comunidade Boa Esperança para a realização de mais uma atividade do PINAB, com
o grupo operativo Programa Bolsa Família 1 no semestre 2009.2, onde foi discutida a
semana mundial da alimentação, abordando o assunto do aproveitamento integral dos
alimentos. Organizamos uma roda de conversa, com partilha de saberes a partir dos
costumes e realidades vivenciadas pelas mulheres do grupo.
Seis mulheres estavam presentes na atividade: um número reduzido em
relação às atividades anteriores, o que nos deixou preocupados com o que
poderia está acontecendo para essa frequência cair. Depois que cumprimentamos
e desejamos boa tarde as mulheres, iniciamos a atividade perguntando para elas o
que tinha de especial naquela semana, o que aquela semana representava para nós e
para elas. Após falarem sobre diversas experiências familiares que cada uma delas
vivenciou com sua família, e de especularem que acontecimentos importantes se
destacaram naquela semana, revelamos que aquela era a Semana Mundial da
Alimentação. A partir de então, abordamos alguns temas como a segurança alimentar,
o que gerou uma roda de conversa onde trocamos nossas experiências e
conhecimento.
Começamos com a seguinte pergunta: “mulheres, do que vocês têm fome?” As
mulheres relataram fome de saúde, de moradia, de segurança, relatando a carência
em que aquela comunidade se encontra, o que se reflete no cotidiano familiar. Apesar
disso, Dôra destacou a importância da expressão da palavra, da maneira de falar, de
forma de lutar e não desistir dos seus sonhos. Percebemos com isso o quanto essas
mulheres podem lutar por aquilo que desejam, já que a cada dia elas superam as
suas dificuldades e sempre pensam como mulheres guerreiras. Falou também
que devemos agradecer ao pouco que temos, pois existem pessoas em situações
piores: dentro de hospitais ou até passando fome. E essa questão da fome nos levou a
falar da segurança alimentar.
Questionamo-nas sobre seus entendimentos sobre a expressão “segurança
alimentar”. Dôra deixou sua opinião dizendo que a segurança alimentar encontra-se
numa ótima fase, e justificou falando das possibilidades que as pessoas pobres têm de
comer, de se alimentar e de não faltar carne e fruta nas suas casas, e atribuíram isso
ao atual governo do Brasil. Com base nestas idéias, conversamos sobre o significado
político e estratégico da segurança alimentar: não depende apenas da pessoa, e vai
25
mais além do ato de comer. Ponderamos que a segurança alimentar vem com uma
série de elementos, dentre eles a alimentação saudável, o emprego, a educação, a
moradia e o acesso de qualidade à saúde. Isso resultou em vários relatos pessoais.
Neste momento, foi evidente a reclamação delas em relação a deficiência de uma
atuação mais direta dos profissionais nas equipes de saúde da família, bem como da
ausência de determinadas profissões, como nutrição, fisioterapia, psicologia, etc.
Depois de todo esclarecimento, abordamos o aproveitamento integral dos
alimentos como uma das contribuições para a conquista de melhores condições de
segurança alimentar. Inserimos o tema a partir do conhecimento delas no que diz
respeito a aproveitar o alimento integralmente, colocando também em evidencia o que
elas sabiam sobre desperdício de alimentos em condições de consumo. Falaram que
conheciam o aproveitamento da casca do abacaxi, na produção de suco. Acentuaram
a importância da casca dos alimentos como batata, chuchu, cenoura e banana,
dizendo que a maior parte de vitamina encontrava-se ali na casca. Explicamos para
elas que, antes de tudo, devemos ter a consciência de selecionar criteriosamente os
alimentos, em termos de suas condições higiênicas, ao fazer a feira, e também de
preparar bem o alimento, pois são fatores que contribuem para o não desperdício da
comida. Em seguida, foi explicado que na casca nem sempre tem mais vitaminas, mas
que é lá onde vamos encontrar uma riqueza em fibras, que ajudam na remoção de
gordura e redução do colesterol. Esclarecemos depois que o aproveitamento integral
não se limita apenas às frutas, mas que abrange o universo de diversos tipos de
alimentos – carne, “pão amanhecido”, leite, etc.
Tivemos uma conversa descontraída, onde foram levantados vários mitos e tabus
sobre a alimentação. Percebemos que surgiram várias dúvidas como: Farinha de
gergilin é bom para a redução do colesterol? Tomar água “dormida” em jejum
emagrece? O talo do abacaxi resolve problemas de prisão de ventre?
Decidimos então, trabalhar nas próximas atividades em cima dessas dúvidas para que
as mulheres tenham um maior conhecimento sobre os mitos e tabus que na maioria
das vezes modulam a alimentação das pessoas.
Encerramos a roda de conversa e convidamos as mulheres para a cozinha, onde
orientamos a aproveitar o abacaxi de forma integral: cortamos o abacaxi em rodelas e
separamos a casca em solução de água com vinagre como forma de higienização.
Após a limpeza, utilizamos a casca para fazer um suco. Todas as mulheres gostaram
do suco, e comentaram o valor que o alimento tem por inteiro. Então conversamos um
pouco e no último momento fizemos uma roda em que cada pessoa escolheu uma
fruta para relacionar com a experiência vivida naquela tarde.
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As mulheres escolheram frutas verdes e vermelhas para demonstrar a esperança e
o carinho que cada uma sentia. Com grande regozijo, podemos perceber o quão
proveitosa e significativa foi a atividade que realizamos.
ATA PEDAGÓGICA Práticas Integrais da Nutrição na Atenção Básica em Saúde Grupo Operativo Programa Bolsa Família:
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Cristhyano Olinda Leal Martins, Eduarda Pontes dos Santos Araújo, Islany Costa Alencar e Renata Duarte Moreira. 28 de outubro de 2009
Aos vinte e oito dias do mês de outubro de 2009, nos reunimos com as
mulheres do grupo “Lá Vêm Elas”, na pastoral da criança da comunidade Boa
Esperança no bairro do Cristo Redentor, João Pessoa- PB, onde estavam presentes
sete mulheres. Na realização de mais uma atividade do PINAB, com o Grupo
Operativo Programa Bolsa Família, foi discutido o tema de manipulação dos alimentos,
abordando higienização, congelamento, conservação e catação de feijão.
. Para iniciarmos as atividades, organizamos uma roda de conversa, onde
trocamos nossas experiências e conhecimentos. Começando com a seguinte
pergunta: “Como elas selecionavam as frutas e verdura no supermercado?”, a partir
desta indagação foi discutido o tema e esclarecido como deveria ser feito está
seleção. Com auxílio de um álbum seriado, foi mostrado às figuras que representavam
cada assunto discutido pelos estudantes, na forma de facilitar o entendimento e
aumentar a participação da comunidade. Durante a discussão dos temas, através de
uma conversa bem descontraída, Dôra relatou suas práticas com a higienização,
demonstrando que já tinha certo conhecimento deste assunto, explicando a todas
como se devem limpar os alimentos, os procedimentos para descongelar a geladeira,
a duração de certos alimentos, os perigos da Salmonela, o meio de higienização com
os panos de prato, com as esponjas e com os próprios utensílios.
Durante a atividade, chegou a pastoral uma mulher do conselho tutelar,
conhecida de Dôra, que pediu para explicarmos sobre o projeto, falamos dos
diferentes grupos de atuação existentes no Pinab, quando, como e onde atuam cada
um e logo em seguida ela se disponibilizou para contribuir com palestras e com o que
fosse preciso.
Dando continuidade a atividade, foi falado sobre o descongelamento e da
limpeza das mãos para manipulá-los. Para identificar quem lavava as mãos
corretamente, foi utilizado o artifício de uma dinâmica, com a participação de Dona
Socorro, uma das mulheres do grupo “Lá Vêm Elas”. Dando início à dinâmica foram
vendados os olhos e derramou tinta nas mãos dela, como se fosse água, para poder
saber se ela lavaria as regiões corretas. Observou-se que a sua lavagem era correta,
só faltando uma parte da área dorsal das mãos.
Para concluir os assuntos foram explicados os meios para catação do feijão,
sua importância, os meios de preparo do arroz e o cuidado com os micróbios em
utensílios. Com esta atividade foi visto nos olhos delas a busca de conhecimento e um
maior interesse pelo assunto discutido.
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Encerramos a roda de conversa e convidamos as mulheres para a cozinha, onde
mostramos o modo de preparo de uma salada de frutas, com uma higienização
adequada. No último momento fizemos uma roda, onde cada pessoa diria o que
gostaria de conservar e o que gostaria de limpar de suas vidas. As mulheres
reforçaram muito a amizade, o amor, a felicidade dos filhos como meio de
conservação e de limpeza, as injustiças, as doenças, os acontecimentos ruins e a
bebida do marido e filhos.
ATA PEDAGÓGICA Práticas Integrais da Nutrição na Atenção Básica em Saúde
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Grupo Operativo Programa Bolsa Família: Eduarda Pontes dos Santos Araújo, Islany Costa Alencar e Renata Duarte Moreira. 11 de novembro de 2009
No dia onze de novembro de dois mil e nove, às 14:30 nos reunimos com as
mulheres do “grupo Lá vem elas” da comunidade do Boa Esperança, onde estavam
presentes três mulheres. Antes de começarmos a atividade perguntamos as mesmas
o motivo da presença reduzida na reunião e Teka disse que é devido à entrega do leite
que acontece no mesmo horário próximo à unidade de saúde. O nutricionista Gilmar
perguntou por que elas vêm para a reunião e Teka respondeu que era melhor e mais
produtivo do que ficar e casa vendo televisão pois lá elas podem aprender a fazer
boas receitas e desabafar. Socorro disse que estava esperando a reforma da sua
casa, o que nos deixou confusos pois a mesma deu a entender que estar presente
nesta reunião era um pré-requisito para a reforma citada. Gilmar também questionou-
as como elas viam os nutricionistas e elas responderam que eles ensinavam muitas
coisas, não só sobre alimentação, mas, podia tê-los como amigos e conselheiros, o
que nos deixou bastantes satisfeitos. Gilmar também levantou a questão da
dificuldade em obedecer as dietas, dando dicas para quem tem hipertensão comer
uma comida gostosa embora sem sal.
Depois da conversa informal, começamos nossa atividade com uma dinâmica,
na qual cada uma desenhou alguém do grupo sem escrever quem era a pessoa.
Depois colocou todos os desenhos dentro da sacola e cada um puxou um desenho
que não fosse o seu, para tentar descobrir quem era a pessoa desenhada. Em
seguida, falamos sobre a imagem que nos passamos de nós mesmos e que nós não
somos só o físico, mas o nosso interior também mostra quem somos.
Após a dinâmica, fizemos a “radio saúde na comunidade”, sobre mitos e tabus,
com uma idéia de fazer uma atividade bem interativa. Começamos a rádio com uma
vinheta contendo uma dica de saúde sobre vitamina A e depois começamos a
entrevista com Gilmar, no qual esclarecemos uma pergunta feita por Percilha em uma
das atividades anteriores “água gelada em jejum emagrece?” sendo respondido que
“não, mas que poderia dar uma sensação de satisfação fazendo com que a pessoa
não se alimente, e assim, não engorde. Depois perguntamos para elas se manga
ingerida juntamente ao leite fazia mal. Elas responderam que não, mas Socorro disse
que já havia passado mal depois de realizar o consumo. Sendo esclarecido que não
fazia mal, mas, que algumas pessoas poderiam não dar-se bem, indicando que o
problema não reside na combinação em si. Depois perguntou-se também se mamão
dava desinteria, pois Socorro nos questionou sobre isso. Explicou-se, então, que o
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mamão acelerava o intestino e foram citadas frutas com efeito contrário como a
banana, a maça sem casca e a goiaba. Perguntou-se se o uso do limão na carne de
porco diminui a gordura e melhora a digestão. Gilmar comentou das vitaminas do
limão, que este deveria ser usado sempre, mas que este não tira a gordura, apenas o
seu gosto. Depois falamos da ida de Cristhyano para Campina Grande e colocamos
uma música em homenagem a elas dizendo que foi ele quem havia mandado.
Voltamos para a entrevista, na qual, perguntamos se beterraba era bom para
anemia. Elas disseram que sim, mas, que só haviam conhecido depois de mais
velhas, pois quando pequenas, não se encontrava muito para vender e comiam
rapadura e farofa de milho para evitar a anemia. Gilmar explicou sobre a doença, falou
também que quando se alimenta de uma comida variada, não a tem. Depois disse que
a beterraba tem ferro, mas não tanto como o feijão, o fígado e as verduras de
tonalidade verde-escura, mas falavam da beterraba antigamente quando não se
conhecia muito dos alimentos, pois achavam que ela, por ter uma cor parecida com a
do sangue, era bom para anemia. Disse também que a rapadura tem muito ferro, mas
o fubá de milho não, mas que deve ser evitada rapadura em excesso, pois podem ser
adquiridos problemas dentários por causa da quantidade de açúcar. Levantamos a
questão sobre o abacaxi depois da refeição, se emagrece ou não. Nesse momento,
Gilmar ressaltou a importância dos nutricionistas, pois muitas pessoas falam muito de
alimentação, mas não têm ciência para isso. Depois respondeu que o abacaxi facilita a
digestão, mas que não emagrece. Para emagrecimento deu exemplo usando gastos
financeiros, afirmando que, quando se gasta mais que recebe, o gasto deve ser
retirado da poupança, que, no caso, comparou com a gordura localizada. Falou
também da diferença dos metabolismos, lembrando que o da mulher é mais lento, e
que é graças a isso que elas podem ter filhos. Deu, também, exemplo de exercícios
para que elas pudessem fazer enquanto assistissem televisão. Voltou-se, então, para
a entrevista, perguntando se banana com goiaba faz mal e se dá prisão de ventre.
Duas disseram que sim e uma que não. Gilmar disse que as duas frutas fazem com
que o funcionamento do intestino fique mais lento, mas, não necessariamente vai dar
prisão de ventre.
Depois da entrevista foi ressaltada a importância de comer de tudo. Nesse
momento Dora chegou e sugeriu que, em uma próxima atividade fosse feita uma visita
ao supermercado para conhecer os legumes e verduras e seus valores nutricionais,
assim como seus preparos. Apresentamos mais uma dica sobre vitamina A e
encerramos a rádio. Foi servido um lanche e depois fizemos o encerramento com um
círculo no qual cada um cantou um trecho de uma música sobre aquele momento. A
maioria dos trechos falava sobre amizade e a importância da construção de saberes
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de forma coletiva. Foi muito cativante a maneira como elas se expressaram, o que,
claro, nos deixou muito felizes.
ATA PEDAGÓGICA
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Práticas Integrais da Nutrição na Atenção Básica em Saúde Grupo operativo Programa Bolsa Família: Eduarda Pontes dos Santos Araújo, Islany Costa Alencar e Renata Duarte Moreira.
25 de novembro de 2009
No primeiro momento que chegamos, a pastoral da criança encontrava-se
fechada. Netas de Dora trouxeram a chave do local e nós entramos. Com o passar do
tempo, algumas mulheres começaram a chegar e nós demos inicio a atividade do dia
25/11. Antes de começarmos, preparamos um Pudim de pão feito de pão dormido
(pão que muitas vezes era jogado fora, porque elas são sabiam reaproveitá-lo
integralmente). Esse foi um momento interessante, por que nós pudemos fazer toda a
receita na frente delas. Enquanto o pudim assava, nossa
atividade prosseguiu com uma dinâmica muito interessante, onde cantamos a musica
‘’penerei a farinha’’. Depois, iniciamos a atividade que preparamos de uma rádio
interativa (preparada por nós estudantes), onde uma nutricionista respondia as
perguntas dos ouvintes da rádio. Observamos que as mulheres ficaram bem atentas
ao que escutavam e riram bastante quando ouviram nossas vozes.
A primeira pergunta falava sobre a ingestão de carboidratos no horário da
noite. Todas relataram que procuravam evitar comer farinha ou comidas ‘’pesadas’’
nesse horário. Nesse momento a conversa fluiu livremente sobre o assunto e após a
explicação da pergunta, demos orientações básicas de alimentação diária, por
exemplo, fazer 6 refeições diárias, comer mais frutas e verduras ao invés de tanto
carboidrato, etc.
Na segunda pergunta, falamos sobre os feijões mais populares do Brasil.
Houveram dois momentos bem descontraídos e engraçados, que foram as dedicações
de musicas de Roberto Carlos, de um ouvinte a radialista e de Pedro para Dora.
Percebemos que as musicas as fizeram lembrar de seus passados e juventude, como
algo que marcou e ainda marca a vida delas de forma significativa. Percília, disse que
era muito fã de Roberto Carlos. Esse foi um momento de descontração que permitiu
que nós estudantes achegássemos o vínculo a elas, por estar descobrindo
preferências e gostos seus.
Na discussão sobre o café, perguntamos se elas achavam que o café trazia
algum dano a saúde delas. A maioria disse que fazia mal, visto que viciava e por
ventura poderia nos fazer adoecer. Explicamos que o café possui propriedades
energéticas e devido a cafeína ele tinha o poder viciante. Também explicamos que o
café, não era indicado a pessoas que tinham doenças como refluxo e gastrite, e que
umas das grandes propriedades dele era reunir as pessoas para uma boa conversa.
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Elas contaram relatos de familiares que se não tomassem café tinham dor de cabeça e
da crença popular de que o café faz com que a enxaqueca desapareça.
Surgiu uma duvida da parte de Gerlane sobre a composição química de um
remédio para enxaqueca que lhe havia sido recomendado por uma conhecida e que
possuía justamente cafeína como componente. Renata ficou de verificar com sua irmã
que é farmacêutica essa informação. Nesse momento chegaram Teca e uma moça
chamada Maria José. Ela disse que foi uma das fundadoras da pastoral da criança a
cerca de 12 anos atrás.
Alternada ás perguntas da rádio, elas escutavam dicas de saúde, sobre o uso
adequado do Ferro e vitaminas.
Finalizada a rádio, elas falaram da impressão que tiveram do I seminário de
pesquisa e extensão popular que havia começado na noite anterior a atividade, na
Universidade federal da Paraíba. Perguntamos se elas achavam importante estar
presente em reuniões do tipo e elas disseram que sim, porém que por não ter tanto
estudo como tantas pessoas que estavam ali, conseguiram entender pouca coisa
sobre o assunto discutido. Também falamos da importância delas num evento como
esse, de representação da comunidade. Surgiu uma pequena discussão por parte
delas sobre o fim do mundo e a salvação das almas, esse foi mais um momento em
que elas puderam expressar suas crenças e valores.
Perguntamos o que elas desejavam para o ano de 2010 e um dos pedidos que
nos chamou a atenção foi o de Luciene que desejava a reabertura da pastoral da
criança.
Para finalizar, elas escutaram a musica ‘Pratododia’’. Fizemos uma analogia da
letra com os laços de amizade que nós fazemos durante a vida, ás vezes passageiros,
ás vezes duradouros.
Por fim, fomos experimentar o pudim de pão que havíamos feito no inicio da
reunião. Nenhuma conhecia a receita e depois que provaram, disseram que iriam fazer
nas suas casas. Afixamos na parede da cozinha a receita.