GRAU DE CONHECIMENTO SOBRE SAÚDE BUCAL DE...

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ADÉLIA DELFINA DA MOTTA SILVA PRÉ-NATAL E ODONTOLOGIA: GRAU DE CONHECIMENTO SOBRE SAÚDE BUCAL DE GESTANTES DA MATERNIDADE CÂNDIDO MARIANO, CAMPO GRANDE-MS CAMPO GRANDE NOVEMBRO, 1998

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ADÉLIA DELFINA DA MOTTA SILVA

PRÉ-NATAL E ODONTOLOGIA: GRAU DE CONHECIMENTO SOBRE SAÚDEBUCAL DE GESTANTES DA MATERNIDADECÂNDIDO MARIANO, CAMPO GRANDE-MS

CAMPO GRANDENOVEMBRO, 1998

ADÉLIA DELFINA DA MOTTA SILVA

PRÉ-NATAL E ODONTOLOGIA: GRAU DE CONHECIMENTO SOBRE SAÚDEBUCAL DE GESTANTES DA MATERNIDADECÂNDIDO MARIANO, CAMPO GRANDE-MS

Monografia apresentada para a obtenção do título de Sanitarista

no Curso de Especialização em Saúde Pública da Escola de Saúde Pública Dr. Jorge David Nasser Orientadora: Prof. Elenir Rose Jardim

Cury Pontes

CAMPO GRANDENOVEMBRO, 1998

ii

Dedico este trabalho a Deus, meu Bem Maior; e aos meus pais, Justino e Nélia, e irmãos,

André e Adriana, minha família.

iii

Dedico especialmente à minha orientadora, Prof.ª Elenir Rose Cury Pontes, em quem tive a feliz oportunidade de descobrir um tesouro

amizade, dedicação e muita coragem enfim,um pedacinho fundamental do amor de Deus

na minha vida.

iv

AGRADECIMENTOS

À Escola de Saúde Pública Dr. Jorge David Nasser , pela realização deste

curso de especialização.

À Maternidade Cândido Mariano, por ter prontamente aberto as portas a

esta pesquisa.

Às funcionárias da recepção e da pré-consulta do ambulatório, sempre tão

gentis, durante o período das entrevistas.

A todas as gestantes entrevistadas, fundamentais para a realização deste

trabalho.

À Prof.ª Margareth Coutinho, pelo carinho e pela ajuda durante o

levantamento da bibliografia em Bauru-SP.

À Cirurgiã- Dentista Fátima B. C. Rangel Vinholi, pelos livros e revistas

emprestados, pela companhia e o apoio moral durante alguns dias das entrevistas.

À Coordenadoria de Assistência Odontológica da Secretaria Municipal

de Saúde Pública, pelo apoio e compreensão.

Aos amigos, pela compreensão diante de tantas ausências.

Cada gestação humana é uma esperança que renasce. É a

materialização do amor a expressão viva de nosso desejo de vida eterna.

HENTSCHEL, 1990

vi

RESUMO

Com o objetivo de avaliar o grau de conhecimento sobre saúde bucal, foi

realizada uma entrevista com um grupo de 140 gestantes, no serviço Pré-Natal da Maternidade

Cândido Mariano em Campo Grande-MS. As gestantes entrevistadas possuíam idade entre 15

e 37 anos e eram provenientes de vários pontos da cidade. A maioria delas não completou o 1º

grau, dedicavam-se aos afazeres do lar e possuíam renda mensal familiar de mais de 2 salários

mínimos, não ultrapassando o valor de 400 reais. Foram feitas várias questões sobre cárie e

doença periodontal; durabilidade dos dentes; saúde geral e bucal; medo de visitar o dentista;

cuidados de higiene bucal e cuidados com a saúde bucal do bebê; e orientações recebidas sobre

saúde bucal no exame pré-natal. Os resultados possibilitaram concluir: a) as gestantes possuíam

pouco conhecimento sobre saúde bucal durante a gestação e saúde bucal de bebês; b) houve um

certo reconhecimento do papel da saúde bucal na saúde geral; c) a procura de informações

acerca da saúde bucal do bebê não foi, de modo geral, prioridade neste grupo; d) a contribuição

dos exames do período pré-natal para a saúde bucal das gestantes tem sido praticamente nula.

vii

ABSTRACT

With the purpose of evaluating the knowledge degree about dental health,

140 pregnants were interviewed, at the Prenatal Service of Cândido Mariano Maternity Hospital,

in Campo Grande-MS. The pregnants were among 15 and 37 years old and they came from

several places in the city. The greatest part of them didn t finish elementary school (called first

grade in Brazil), they dedicated their time to home care and had a familiar monthly income of

more than 2 minimum wages, what doesn t go beyond the value of R$ 400. There were done

questions about caries and gingival disease; dental durability; general and oral health; fear of

going to dentist; oral selfcare practices and these practices with babies; and the orientations

received about oral health during the prenatal exams. The results showed that: a)the pregnants

had a poor knowledge about oral health during pregnancy and in babies; b)there was a certain

acknowledgment of the function of oral health to general health; c) the looking for informations

about oral health in babies generally wasn t priority in this group; d) the contribution of prenatal

exams to oral health of pregnants has been practically null.

viii

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1

OBJETIVOS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 6

REVISÃO DA LITERATURA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .7

METODOLOGIA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 17

RESULTADOS E DISCUSSÃO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .18

CONCLUSÕES . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .43

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 45

ANEXOS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 51

ANEXO 1 OFÍCIO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 53

ANEXO 2 ENTREVISTA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 55

ix

TABELAS E GRÁFICOS

TABELA 1. GESTANTES ENTREVISTADAS SEGUNDO A FAIXA ETÁRIA , PRÉ- NATAL DO

AMBULATÓRIO DA MATERNIDADE CÂNDIDO MARIANO, AGOSTO DE 1998. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 18

TABELA 2. GESTANTES ENTREVISTADAS SEGUNDO AS PESSOAS COM QUEM RESIDEM , PRÉ-NATAL

DO AMBULATÓRIO DA MATERNIDADE CÂNDIDO MARIANO, AGOSTO DE 1998. . . . . . . . . . . . . . . . . . . .19

TABELA 3. GESTANTES ENTREVISTADAS QUANTO AO GRAU DE ESCOLARIDADE, PRÉ- NATAL

DO AMBULATÓRIO DA MATERNIDADE CÂNDIDO MARIANO, AGOSTO DE 1998. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .20

TABELA 4. GESTANTES ENTREVISTADAS SEGUNDO A LOCALIZAÇÃO DA RESIDÊNCIA,

PRÉ- NATAL DO AMBULATÓRIO DA MATERNIDADE CÂNDIDO MARIANO, AGOSTO DE 1998. . . . . ..21

TABELA 5.GESTANTES ENTREVISTADAS SEGUNDO A OCUPAÇÃO PRINCIPAL, PRÉ-NATAL

DO AMBULATÓRIO DA MATERNIDADE CÂNDIDO MARIANO, AGOSTO DE 1998. . . . . . . . . . . . . . . . . . . .21

TABELA 6. GESTANTES ENTREVISTADAS CLASSIFICADAS SEGUNDO A RENDA MENSAL FAMILIAR ,

PRÉ- NATAL DO AMBULATÓRIO DA MATERNIDADE CÂNDIDO MARIANO, AGOSTO DE 1998. . . . . . . . . . . .22

TABELA 7. GESTANTES ENTREVISTADAS SEGUNDO O NÚMERO DE FILHOS NASCIDOS VIVOS,

PRÉ-NATAL DO AMBULATÓRIO DA MATERNIDADE CÂNDIDO MARIANO, AGOSTO DE 1998 . . . . . . . .22

TABELA 8. ENTREVISTADAS SEGUNDO O TRIMESTRE DA GESTAÇÃO , PRÉ- NATAL DO

AMBULATÓRIO DA MATERNIDADE CÂNDIDO MARIANO, AGOSTO DE 1998. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .23

TABELA 9 . ENTREVISTADAS POR IDADE E NÚMERO DE FILHOS , PRÉ- NATAL

DO AMBULATÓRIO DA MATERNIDADE CÂNDIDO MARIANO, AGOSTO DE 1998. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .24

TABELA 10. GESTANTES ENTREVISTADAS SEGUNDO RESPOSTAS SOBRE A RELAÇÃO ENTRE

PROBLEMAS NA BOCA E A SAÚDE GERAL , PRÉ-NATAL DO AMBULATÓRIO DA MATERNIDADE

CÂNDIDO MARIANO, AGOSTO DE 1998. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 25

x

TABELA 11. GESTANTES ENTREVISTADAS SEGUNDO VALORES ATRIBUÍDOS ÀS PRÓPRIAS

CONDIÇÕES DE SAÚDE BUCAL , PRÉ-NATAL DO AMBULATÓRIO DA MATERNIDADE CÂNDIDO

MARIANO, AGOSTO DE 1998. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .26

TABELA 12. IMPORTÂNCIA ATRIBUÍDA À ESCOVAÇÃO DOS DENTES PELAS GESTANTES

QUANDO COMPARADA À IMPORTÂNCIA DE TOMAR BANHO , PRÉ-NATAL DO AMBULATÓRIO

DA MATERNIDADE CÂNDIDO MARIANO, AGOSTO DE 1998. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .27

TABELA 13. FREQÜÊNCIA DE ESCOVAÇÃO DOS DENTES RELATADA PELAS GESTANTES

ENTREVISTADAS , PRÉ-NATA L DO AMBULATÓRIO DA MATERNIDADE CÂNDIDO MARIANO,

AGOSTO DE 1998. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .27

TABELA 14. GESTANTES ENTREVISTADAS SEGUNDO AS PRÓPRIAS CONDIÇÕES DE SAÚDE

BUCAL E A FREQÜÊNCIA DE ESCOVAÇÃO DOS DENTES , PRÉ- NATAL DO AMBULATÓRIO

DA MATERNIDADE CÂNDIDO MARIANO, AGOSTO DE 1998.. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 28

TABELA 15 . PRESENÇA DE SANGRAMENTO GENGIVAL ANTES DA GRAVIDEZ, PRÉ- NATAL

DO AMBULATÓRIO DA MATERNIDADE CÂNDIDO MARIANO, AGOSTO DE 1998. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .30

TABELA 16. PRESENÇA DE SANGRAMENTO GENGIVAL DURANTE A GRAVIDEZ, PRÉ- NATAL

DO AMBULATÓRIO DA MATERNIDADE CÂNDIDO MARIANO, AGOSTO DE 1998. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .31

TABELA 17. PRESENÇA DE SANGRAMENTO GENGIVAL ANTES E DURANTE A GRAVIDEZ, PRÉ-

NATAL DO AMBULATÓRIO DA MATERNIDADE CÂNDIDO MARIANO, AGOSTO DE 1998. . . . . . . . . . . . .31

TABELA 18. CONHECIMENTO DE DOENÇAS BUCAIS, ALÉM DE CÁRIE DENTAL E

SANGRAMENTO NA GENGIVA, PELAS GESTANTES ENTREVISTADAS, PRÉ- NATAL DO

AMBULATÓRIO DA MATERNIDADE CÂNDIDO MARIANO, AGOSTO DE 1998. . . . . . . . . . . . . . . . .32

TABELA 19. OPINIÃO DAS GESTANTES ENTREVISTADAS QUANTO AO FATO DE TODAS AS

PESSOAS TEREM CÁRIE UM DIA, PRÉ- NATAL DO AMBULATÓRIO DA MATERNIDADE

CÂNDIDO MARIANO, AGOSTO DE 1998. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 33

TABELA 20. MEDO DO TRATAMENTO ODONTOLÓGICO ANTES DA GRAVIDEZ, PRÉ- NATAL

DO AMBULATÓRIO DA MATERNIDADE CÂNDIDO MARIANO, AGOSTO DE 1998. . . . . . . . . . . . . . . . . . 34

xi

TABELA 21. MEDO DO TRATAMENTO ODONTOLÓGICO DURANTE A GRAVIDEZ, PRÉ- NATAL

DO AMBULATÓRIO DA MATERNIDADE CÂNDIDO MARIANO, AGOSTO DE 1998. . . . . . . . . . . . . . . . . 34

TABELA 22. CRENÇA NO ROUBO DE CÁLCIO DOS DENTES DA MÃE PELO BEBÊ DURANTE A

GESTAÇÃO, PRÉ- NATAL DO AMBULATÓRIO DA MATERNIDADE CÂNDIDO MARIANO, AGOSTO

DE 1998. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .35

TABELA 23. GESTANTES ENTREVISTADAS QUANTO A SABER CUIDAR DOS DENTES DO

BEBÊ, PRÉ- NATAL DO AMBULATÓRIO DA MATERNIDADE CÂNDIDO MARIANO, AGOSTO

DE 1998. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 35

TABELA 24. GESTANTES ENTREVISTADAS QUE NÃO SABEM COMO CUIDAR DOS

DENTES DO BEBÊ E A PROCURA DE INFORMAÇÕES SOBRE TAIS CUIDADOS, PRÉ-

NATAL DO AMBULATÓRIO DA MATERNIDADE CÂNDIDO MARIANO, AGOSTO DE 1998. . . . . . . . . . . . . .36

GRÁFICO 1.PORCENTAGEM DE GESTANTES ENTREVISTADAS QUANTO A SABEREM COMO CUIDAR

DOS DENTES DO BEBÊ, PRÉ- NATAL DO AMBULATÓRIO DA MATERNIDADE CÂNDIDO

MARIANO, AGOSTO DE 1998. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 37

TABELA 25. IMPORTÂNCIA DA DENTIÇÃO TEMPORÁRIA EM RELAÇÃO À PERMANENTE

PARA AS GESTANTES ENTREVISTADAS, PRÉ- NATAL DO AMBULATÓRIO DA MATERNIDADE

CÂNDIDO MARIANO, AGOSTO DE 1998. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .38

TABELA 26. IMPORTÂNCIA DA AMAMENTAÇÃO PARA O DESENVOLVIMENTO DO ROSTO

E DA BOCA DO BEBÊ, SEGUNDO A OPINIÃO DAS GESTANTES ENTREVISTADAS,

PRÉ- NATAL DO AMBULATÓRIO DA MATERNIDADE CÂNDIDO MARIANO, AGOSTO DE 1998. . . . . . . . . . .38

TABELA 27. CLASSIFICAÇÃO DAS GESTANTES ENTREVISTADAS QUANTO A TER OUVIDO

FALAR SOBRE CÁRIE DE MAMADEIRA, PRÉ- NATAL DO AMBULATÓRIO DA

MATERNIDADE CÂNDIDO MARIANO, AGOSTO DE 1998. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .39

TABELA 28. PERÍODO DE INÍCIO DA LIMPEZA DA BOCA DO BEBÊ PARA AS GESTANTES,

PRÉ- NATAL DO AMBULATÓRIO DA MATERNIDADE CÂNDIDO MARIANO, AGOSTO DE 1998. . . . . . . . . .40

TABELA 29. CLASSIFICAÇÃO DAS GESTANTES ENTREVISTADAS QUANTO AO

RECEBIMENTO DE INFORMAÇÕES SOBRE SAÚDE BUCAL DURANTE OS EXAMES DO

xii

PERÍODO PRÉ-NATAL, PRÉ- NATAL DO AMBULATÓRIO DA MATERNIDADE CÂNDIDO

MARIANO, AGOSTO DE 1998.. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 41

GRÁFICO 2. PORCENTAGEM DE GESTANTES ENTREVISTADAS QUANTO AO RECEBIMENTO

DE INFORMAÇÕES SOBRE SAÚDE BUCAL DURANTE OS EXAMES DO PERÍODO PRÉ-NATAL, PRÉ-

NATAL DO AMBULATÓRIO DA MATERNIDADE CÂNDIDO MARIANO, AGOSTO DE 1998. . . . . . . . . . .41

INTRODUÇÃO

Segundo SINAI, citado por CHAVES, 1986, não há dúvidas de que a cárie

dentária se caracteriza como um problema de saúde pública. A questão da cárie dentária na5

dentição decídua (temporária) constitui-se em uma porção considerável deste problema, uma vez

que, apesar do declínio de tal doença vir acontecendo no Brasil, ainda são elevados os índices

de cárie para a dentição temporária. Em Campo Grande, segundo Levantamento1, 4, 28

Epidemiológico realizado em 1996, pela Divisão de Odontologia da Secretaria Municipal de

Higiene e Saúde Pública, os dados encontrados demonstraram que a amostra estudada no

município apresenta o índice ceo (média do número total de dentes temporários cariados, com

extração indicada e obturados em um grupo de indivíduos ) aos 5 anos igual a 2,2 dentes5

atingidos pela doença, sendo que, no consolidado geral do município, 51% da experiência total

de cárie se referiu à dentição decídua. Tais dados são significativos na medida em que

demonstraram a importância das necessidades acumuladas na dentição decídua em relação ao

total das necessidades acumuladas da população pesquisada. Entretanto, não se pode esquecer

que, quando da priorização de problemas, a dentição permanente tende a ser privilegiada pelos

programas de Saúde Bucal, ficando em segundo plano a dentição decídua. 32

A cárie dental, como raramente acontece na medicina, tem a comprovação

científica e inequívoca da conexão entre ela e a sua prevenção (BASTOS, 1996). Em muitos2

países industrializados, nas duas últimas décadas, tem havido uma queda drástica do nível de

cárie dental em crianças e adolescentes e também tem sido alterado o padrão de ataque e

progressão, ou seja, há proporcionalmente menos lesões de superfícies lisas que de fóssulas e

fissuras, e a penetração em direção à polpa está mais lenta. Basicamente isto está acontecendo

devido à fluoretação das águas de abastecimento, ao aumento do uso de pastas fluoretadas, ao

uso de suplementação com flúor e bochechos, ao incremento do flúor em comidas e bebidas

preparadas com água fluoretada e às mudanças na dieta, como por exemplo, a diminuição do

consumo de açúcar . 30, 31, 42

2

No Brasil, que ainda é lamentavelmente conhecido como o país dos

banguelas , os dados da pesquisa epidemiológica promovida em 1996 pelo Ministério da Saúde

(MS), com a colaboração de entidades odontológicas em 27 capitais estaduais demonstraram que

houve um declínio na prevalência de cárie em todo país. O valor do índice CPOD (média do

número total de dentes permanentes cariados, perdidos e obturados em um grupo de

indivíduos ) caiu de 6,65 , aos 12 anos, em 1986, para 3,06 , na mesma idade, em 1996 . Assim, 5

diante dos resultados obtidos nos últimos anos, há três grandes vertentes que explicam tal

declínio: (1) a expressiva ampliação da disponibilidade de água tratada e fluorada no país como

um todo; (2) a adição de compostos fluorados aos dentifrícios, especialmente aos populares e a

crescente expansão do mercado brasileiro nas últimas duas décadas e (3) a promoção de

saúde bucal, presente nos sistemas locais de saúde. 13, 27, 28, 34

Os avanços na área de saúde, buscando cada vez mais o ser humano

integral, tendem a refletir-se na Saúde Bucal. O paradigma do indivíduo produtivo vivendo 3, 13

mais anos tende a ser substituído pelo de um indivíduo saudável, desfrutando melhor dos anos.

Na Odontologia, isto traduz-se, segundo BELLINI, 1994, em uma boca saudável, sem cárie,

sem doenças periodontais e com boa função no seu sentido mais amplo: boa mastigação,

deglutição, fonação e estética (p. 270) . Isso implica essencialmente em uma reestruturação3

geral, tanto dos conceitos quanto das atitudes dos profissionais e da população, privilegiando a

promoção da saúde ao invés da atenção à doença. E vale lembrar, ainda, que gastar com a

prevenção pode custar bem menos para os cofres públicos (FERREIRA, 1997, p. 516).12

Assim, o início da promoção da Saúde Bucal deve se dar, de maneira

especial, no começo de tudo, no começo da vida: a gestação. A variedade de manifestações orais

associadas à gestação requer cuidados odontológicos, tanto clínicos quanto educacionais. A

gestante deve ser preparada para ser uma mãe em bom estado de saúde bucal e educada para

cuidar da saúde bucal do seu filho. Orientando as gestantes e tratando dos bebês, antes mesmo

do nascimento do primeiro dente, é possível alcançar o que ainda parece utópico, mas

3

perfeitamente atingível, que é a cárie zero (dentição livre de lesões reversíveis e irreversíveis

de cárie dental). 6, 29, 40

Diante de tais informações, pode-se levantar a seguinte questão: o que tem

sido feito, em Campo Grande, no sentido de levar às mulheres gestantes as informações e a

motivação que elas necessitam para que mantenham a própria saúde bucal e levem seus filhos

a pertencerem à geração cárie zero ?

Sabe-se que em nenhuma outra ocasião uma vida depende tanto da saúde

e do bem-estar de outra. No período da gravidez, a mulher está emocionalmente sensível e

suscetível a novos conhecimentos, conhecimentos estes que podem ter influência fundamental

para o desenvolvimento da saúde bucal de seu filho. Assim, os conhecimentos da mãe em 6,25

relação à própria saúde bucal é que levarão à formação ou não de hábitos de cuidados com

higiene bucal na criança (MENINO & BIJELLA , 1995). 25

A gravidez também pode atuar como fator modificador do organismo na

medida em que faz com que despontem situações crônicas pré-existentes (GRELLE apud

MENINO & BIJELLA, 1995). Desta maneira, por todas as deficiências nas questões de saúde25

bucal da gestante, ela passa pela gravidez sem saber o que fazer se tiver sangramento gengival

ou dor de dente, acreditando no mito de um dente perdido por cada filho, tentando adivinhar se

deve ou não tomar suplementos de flúor e , depois do parto, possivelmente alimentando seu bebê

com leite, sucos ou chás adoçados, antes dele dormir, e imaginando, sem entender muito bem,

o porquê dele ter cáries rampantes (lesões cariosas de evolução aguda, altamente destrutivas)

aos dois anos ... 6, 7, 16, 2 1

É bem verdade que fazem parte da cultura popular provérbios como cada

filho custa um dente , tão conhecido e que se repete em vários países. Mas há que se levar em

consideração que a incidência de cárie é quase universal, ficando claro que as mulheres grávidas

já possuíam problemas com tal doença antes da gestação. Faz-se necessário, então, que8,25

4

durante os exames e o processo educativo do período pré-natal, a futura mãe aprenda que dentes

frágeis e cariados não são característicos da gravidez, uma vez que se demonstrou que a

suscetibilidade à cárie é virtualmente não afetada pela gravidez

(ZISKEN apud CHENEY

& CHENEY, 1974, p.152 ).6

Segundo COZZUPOLI, 1981, a higiene Pré-Natal deve, a nosso ver,

funcionar como um todo, de tal forma entrosada que nenhum setor preventivo ou terapêutico

possa ser considerado dispensável ou objeto de menores cuidados (p. 17). Assim, o cirurgião-8

dentista deve fazer parte da equipe de saúde do Pré-Natal , oferecendo seus serviços às gestantes,

tanto com ações ao nível da promoção da saúde, como orientações sobre nutrição e alimentação

adequadas, hábitos de higiene, cuidados com a saúde bucal do seu bebê; quanto da proteção

específica, através de aplicações tópicas, dentifrícios fluorados e controle do açúcar, entre outras

ações; sem esquecer, é claro, dos outros níveis de prevenção, mais ligados à atenção à doença.5, 6, 8, 25

Fatores como a resistência da própria gestante à visita ao cirurgião-

dentista, até a resistência do profissional que se recusa a atendê-las, somados à pouca freqüência

de serviços de assistência odontológica nas entidades que prestam assistência Pré-Natal

(COZZUPOLI, 1981), fazem, muitas vezes, com que passem despercebidas as deficiências

odontológicas na atenção à saúde da gestante. 8

Como é comum em nosso país, já existem normas a este respeito: No

Brasil, o Ministério da Saúde, Divisão Nacional de Saúde Materno-Infantil, através do

Programa de Assistência Integral à Saúde da Mulher ( 1988), reconhece e afirma que as

gestantes constituem o grupo ideal para que o processo de aprendizagem se realize (MENINO

& BIJELLA, 1995, p. 6). Este documento ainda declara que deve haver agendamento para a25

consulta odontológica para as gestantes inscritas no pré-natal e lembra que: Deve-se também

aproveitar o período da gestação para introduzir ações educativas em Saúde Bucal (MENINO

& BIJELLA, 1995, p. 7). É preciso, então, conhecer melhor, tanto as normas existentes25

quanto a realidade de cada lugar para poder aplicá-las, uma vez que, segundo trabalhos

5

realizados nesta área, as próprias gestantes mostram grande interesse em ter acesso a esses

conhecimentos e a essas ações.8, 25

Este trabalho é de relevância para Saúde Pública, visto que a cárie dental

na dentição temporária continua sendo freqüente no Brasil. A prevenção, sem dúvidas, é uma

importante aliada no controle da cárie dental, e sua implementação precoce, desde a vida intra-

uterina, poderá dar um impacto significativo na freqüência da referida doença, com resultados

mais eficientes na relação custo-benefício na atenção odontológica e a conseqüente melhora da

qualidade da saúde bucal da população.

Partindo, assim, do pressuposto que os conhecimentos da mãe em relação

à própria saúde bucal e a do seu bebê é que levarão à formação de hábitos na criança, propôs-se

nesta pesquisa, através de entrevistas com gestantes que realizaram o exame pré-natal na

Maternidade Cândido Mariano, em Campo Grande- MS, conhecer e avaliar o grau de

conhecimento sobre saúde bucal destas gestantes.

OBJETIVO

O objetivo desta pesquisa é avaliar o grau de conhecimento sobre saúde

bucal de gestantes, durante a realização dos exames de pré-natal.

REVISÃO DA LITERATURA

As relações entre a gestação e as afecções bucais têm sido abordadas, ao

longo deste século, por diversos autores: BÖDEKER & APLLEBAUM ( apud NASCIMENTO

& LOPES, 1996), em 1931, observaram além da gengivite, um aumento na suscetibilidade à

cárie dentária em gestantes. Ainda em 1931, RIVIÈRE & MARTINAUD ( apud IUSEM,29

1949) acabaram por dizer que estavam praticamente convencidos de que em qualquer época de

uma gestação

uma boca pode e deve ser atendida como se a mulher não estivesse grávida (p.

29). Em 1948, CORBMAN ( apud COZZUPOLI, 1981) afirmou que o aumento na incidência19

de cárie dentária durante a gravidez se dava pela negligência de tratamento e não pela gestação,

o que, segundo o autor, poder-se-ia prevenir com atenção regular e boa higiene. IUSEM, em8

1949, buscou afirmar a necessidade do tratamento odontológico em gestantes e concluiu que o

tratamento odontológico durante a gestação era perfeitamente indicado, devendo o profissional,

na época, praticar o mais precocemente que o possa a extirpação de qualquer foco séptico e

a cura daquelas peças dentárias suscetíveis de suportar tratamento conservador (1949, p. 32),

contribuindo assim para a melhoria da saúde da mãe e para toda a classe de complicações

ulteriores (1949, p. 32). Também em 1949, HESS ( apud COZZUPOLI, 1981) insistiu nos19,20

cuidados dentários na gravidez. SCHUBSKY ( apud COZZUPOLI, 1981), em 1959, afirmou

não existir contra-indicação para o recebimento de assistência odontológica pela gestante, a não

ser que houvesse manifesta tendência para o aborto. Em 1968, ZISKIN et al. ( apud8

NASCIMENTO & LOPES, 1996) acreditavam que o sangramento gengival no período da

gestação tivesse uma causa puramente hormonal.29

O fato é que a gravidez ocupa destaque em relação a outros períodos da

vida, uma vez que em nenhum outro momento uma vida depende tanto da saúde e do bem-estar

da outra. Além disso, a gravidez não acarreta nenhuma modificação que um organismo sadio25

não possa suportar. E este estado natural da vida da mulher tem despertado a Odontologia23

Brasileira de maneira sensível e fundamental para que se possa conhecer a realidade da saúde

bucal das nossas gestantes e, assim, traçar estratégias e ações que transformem positivamente

8

esta realidade.

VIEGAS, já em 1970, acompanhou 122 mulheres, sendo 82 gestantes e

40 não gestantes, num estudo longitudinal que durou 2 anos e 2 meses, onde verificou o ataque

de cárie através do índice CPOS ( média do número total de superfícies de dentes permanentes

cariadas, perdidas e obturadas em um grupo de indivíduos, sendo considerado que cada dente

tem 5 superfícies ), e concluiu que não há diferença quanto à incidência de superfícies atacadas5

pela cárie entre gestantes e não gestantes. 39

COZZUPOLI, em 1981, realizou 170 entrevistas para examinar a atitude

da gestante em face de problemas odontológicos e as falhas existentes na estrutura das equipes

no Serviço Pré- Natal e encontrou dados importantes no grupo pesquisado: 89% das

entrevistadas manifestaram medo do tratamento odontológico na gravidez, apesar de ser

reconhecida no grupo a importância de tal tratamento; a preferência pela extração foi

característica dominante em todas as gestantes e 1/3 das entrevistadas relataram ter havido

recusa do tratamento dentário por parte de profissionais. 8

Em 1995, MENINO & BIJELLA avaliaram a necessidade de saúde bucal,

a prática e o conhecimento de gestantes sobre a própria saúde e a de seus bebês , através de

entrevista com 150 grávidas e concluíram que: as entrevistadas tinham uma noção sobre cárie

dental e os meios para preveni-la, valorizavam a saúde bucal e acreditavam que a perda dos

dentes não é uma situação inevitável se as pessoas tiverem os devidos cuidados e tratamento.

No entanto, o grupo não considerava como prioridade a procura do tratamento odontológico,

demonstrando um certo receio das grávidas e do próprio dentista. A maioria das gestantes já

havia recebido informações sobre prevenção, no entanto, nenhuma informação sobre saúde bucal

foi recebida durante o período pré-natal. 25

9

NASCIMENTO & LOPES, em 1996, tendo se preocupado com o

aumento da incidência da gravidez entre as idades de 12 a 19 anos nas últimas décadas, faixa

etária esta que coincide com aquela em que há exacerbação da cárie dentária, de maneira

especial no sexo feminino; fizeram uma análise da dieta, do controle da placa dental, da saliva

e do uso de fluoretos num grupo de 40 adolescentes grávidas, entre 14 e 18 anos, e concluíram

que: a) o consumo freqüente de açúcares era um fator importante, responsabilizado pelo aumento

da suscetibilidade à cárie dental nas grávidas, visto que se alimentavam com maior freqüência

neste período, sem que houvesse alterações nos hábitos de higiene bucal na maioria delas, e que

a higienização bucal ainda podia ser prejudicada neste período por náuseas e vômitos durante

a escovação e b) a água de abastecimento fluoretada e os dentifrícios fluoretados eram os

métodos de prevenção mais abrangentes no grupo. As adolescentes grávidas constituem um

grupo de alto risco à cárie dentária havendo necessidade de controle dietético, atenção à higiene

bucal e uso de fluoretos sob a forma sistêmica e/ou tópica, durante toda o período gravídico.29

Embora a gestação seja um estado natural da mulher , não se pode8, 23

negar que existem variadas manifestações bucais associadas à gravidez que exigem cuidados

odontológicos. Segundo OLIVEIRA ( apud NASCIMENTO & LOPES, 1996), 1990, durante6

a gravidez, e de maneira especial no terceiro trimestre, a mulher apresenta uma diminuição na

capacidade fisiológica do estômago e pode ingerir menos quantidade de alimentos, porém com

maior freqüência, podendo, assim, haver um aumento no risco de cárie devido à tendência que

há nas gestantes de mordiscar. Este aumento na freqüência de alimentos associa-se à

possibilidade de que o estado geral da gestante a induza ao descuido da sua higiene bucal. Além

disso, parece haver hipersecreção das glândulas salivares no início da gravidez, que cessa por

volta do terceiro mês e coincide com o desaparecimento da emese gravídica, ou seja, dos enjôos,

das regurgitações e ânsias de vômito freqüentes na gestação. Alterações no pH da saliva 29

também são citadas como fatores que predispõem e levam à incidência de cárie dentária nas

gestantes. A gengiva , por sua vez, também sofre alterações neste período: inicialmente

10

acreditava-se , como já dito anteriormente, que a gengivite gravídica tivesse causa puramente

hormonal; atualmente há um consenso de que na gravidez existe uma resposta exagerada dos

tecidos moles do periodonto aos fatores locais , o que se deve ao aumento na vascularização29

da gengiva durante a gravidez. Diante de todos esse achados científicos, fica claro que a

gravidez exige da mulher reforços nos cuidados com a boca: escovação dos dentes, uso do fio

dental, dieta balanceada e visitas ao dentista são fundamentais.26,36

Sabe-se também que para qualquer pessoa uma dieta balanceada e

nutritiva faz bem. A dieta, segundo KATZ, é um componente engrenado profundamente21, 26, 40

na vida de uma pessoa, é um traço cultural que reflete inúmeros de fatores: bagagem étnica,

estilo de vida, escala de valores, hábitos, crenças e modas (1981, p. 844). Mas, apesar deste21

engrenamento profundo entre a dieta e o próprio indivíduo, a gestante precisa estar consciente

de que neste período da sua vida a dieta tem valor redobrado pois contribui tanto para a saúde

dela mesma quanto para a do bebê. E esta saúde não exclui a saúde dos dentes: cálcio, fósforo23

e outros minerais são necessários para a formação dos dentes em desenvolvimento no bebê.

Contudo, se há deficiência desses elementos na dieta da gestante, as necessidades do embrião

serão atendidas primeiro, mas nunca serão tirados tais elementos dos dentes da futura mãe.26

Quando uma mulher fica grávida ela também se torna altamente receptiva

a quaisquer informações que possam beneficiá-la e beneficiar seu futuro bebê. Dentre6, 25

variadas informações acerca de como cuidar da saúde e da saúde do bebê, recebidas pela mulher

durante os exames do período pré-natal, não podem deixar de estar informações sobre a

importância da saúde bucal, sobre as manifestações orais características do período gestacional,

sobre a necessidade de cuidados redobrados durante a gestação quanto à alimentação e à higiene

bucal, e também sobre a necessidade de cuidados profissionais. A gestante deve ser8, 25

informada sobre os cuidados com a boca do bebê, antes e após o início da erupção dentária, a

alimentação e a higiene. Além disso, é preciso que as gestantes tenham noções quanto à40

suplementação com flúor, deixando claro que tal suplementação, sistêmica, parece ser ineficaz,

11

uma vez que o principal efeito do flúor seria pós erupção dos dentes e portanto local, e que o

simples uso do flúor não garante uma dentição saudável, além do que na maioria dos municípios

brasileiros o flúor está disponível na água de abastecimento.9, 37, 40

Toda a preocupação da Odontologia em torno da gestação reside

justamente no fato de que a educação dos pais , de maneira especial da gestante, é o que gera

a prevenção de doenças bucais, principalmente da cárie dental em crianças. Tal1, 4, 6, 7, 8, 25, 26, 41

preocupação com a promoção de saúde bucal em bebês baseia-se no seguinte princípio: Não

é apenas uma boa educação que começa no berço, uma boa dentição também (WALTER,

1996, p. 5).41

Não se trata, pois, de uma vã preocupação. Embora pouco se conheça

sobre o perfil epidemiológico da saúde bucal das crianças em idade pré-escolar no Brasil, o que

provavelmente pode ser explicado pela menor importância atribuída à dentição decídua, em

geral, pelos programas de atenção odontológica no país, os dados já existentes comprovam a

relação entre a história de cárie nesta dentição e seus níveis na dentição permanente. Mesmo13, 38

o mais recente levantamento epidemiológico realizado pelo Ministério da Saúde (1997) , em

território nacional, excluiu novamente a faixa etária de crianças menores de três anos de idade.

BÖNECKER et al., em 1997, realizaram um estudo da prevalência, distribuição e grau de

afecção de cárie em 548 crianças de 0 a 36 meses de idade, em Diadema - SP. Os autores

encontraram os seguintes valores para os índices ceo-d ( índice proposto por GRUEBBEL, que

representa a média de dentes decíduos cariados (c), com extração indicada (e) e obturados (o)

) e ceo-s (representa o número médio de superfícies de dentes decíduos acometidas por criança

examinada, sendo consideradas 5 superfícies para cada dente), 0,16 dentes e 0,17 superfícies ,

respectivamente para crianças de 1 ano de idade; 0,87 dentes e 1,13 superfícies para as de 2

anos e, 2,54 dentes e 3,68 superfícies para crianças de 3 anos. Tais valores demonstraram que

há um aumento desses índices proporcionalmente ao aumento da faixa etária, o que está

diretamente ligado ao número de dentes erupcionados. A prevalência de cárie encontrada nessas

12

crianças por BÖNECKER et al. permite recomendar que a atenção à saúde bucal deve ser

iniciada em idade precoce, preferencialmente no primeiro ano de vida, pela oportunidade que

existe de prevenir o aparecimento dos sinais e sintomas da cárie ou de minimizar sua incidência

e extensão, através de programas educativos e preventivos que visem a promoção de saúde(

1997, p. 540).4

TOMITA et al. , 1996, em um estudo de prevalência de cárie com 699

crianças de 0 a 6 anos , matriculadas em creches, públicas e privadas, de Bauru e São Paulo -SP,

chegaram à conclusão de que, baseados nos valores do índice ceo-s encontrados e na avaliação

simultânea de variáveis sociais, a baixa efetividade da prevenção em saúde bucal deve-se ao

fato de que as crianças que já recebem cuidados odontológicos mostram tendência a aumento

no índice de cárie, ou mesmo que estes cuidados têm enfoque, ainda nos dias atuais, no

tratamento puramente restaurador. ARIAS et al., em 1997, pesquisaram a prevalência de cárie38

em 347 crianças de 0 a 36 meses em creches públicas de Belém - PA, e encontraram um

percentual de 74% de dentes hígidos do total de dentes examinados. Também como em1

BÖNECKER et al. , observaram um aumento no percentual de dentes decíduos acometidos por4

cárie dental proporcional ao avanço da idade, e observaram também que o percentual destes

dentes com cárie inicial (lesão cariosa dental reversível, sem cavitação) era maior que o de

cavitados, demonstrando maior prevalência de lesões reversíveis de cárie dental, o que ratifica

a importância de utilização de práticas preventivas na dentição decídua.1

Outro assunto merecedor de destaque junto às gestantes e que tem estreita

ligação com a prevalência de cáries em bebês é a cárie de mamadeira (cárie rampante). Este tipo

de cárie, característico da dentição decídua, surge em crianças pequenas que tem o costume de

serem alimentadas através de mamadeiras, mais especificamente as noturnas. Estas lesões tão

precoces podem causar amplas destruições dentárias, principalmente de incisivos superiores, e

tudo num período de 3 a 9 meses. Vários fatores se somam para que isto aconteça: a

contaminação precoce por microorganismos causadores de cárie dental, geralmente provenientes

13

da mãe; a alta freqüência de ingestão de alimentos açucarados; o acúmulo desses alimentos

açucarados sobre as superfícies dentárias do bebê quando ele está dormindo, principalmente pelo

hábito de colocar a criança para dormir sugando o seio materno ou a mamadeira com leite ou

qualquer líquido açucarado; o costume de oferecer a chupeta coberta por açúcar, mel, melado

ou outro alimento açucarado; limpeza deficiente ou mesmo ausente da boca da criança e a

diminuição do fluxo salivar, da freqüência de deglutição e dos movimentos musculares bucais

em geral. Mesmo com toda a clareza existente em relação aos fatores que2, 17, 21, 22, 26, 41

determinam o surgimento da cárie de mamadeira, há grande dificuldade em que as mães se

conscientizem sobre o efeito das mamadeiras noturnas, pois elas ficam no impasse entre as

necessidades nutritivas e psicofisiológicas da criança e o efeito ligado ao hábito da mamadeira.17

É preciso também esclarecer as mães sobre o equívoco existente na

relação entre o uso de antibióticos após o nascimento e a fraqueza dos dentes. Não há a

possibilidade de antibióticos causarem condições propícias ao aparecimento do processo carioso.

O que se deve fazer é evitar a administração de tetraciclina ou seus derivados para bebês, uma

vez que, principalmente durante o primeiro ano de vida, ela causará manchamento tanto dos

dentes decíduos quanto dos permanentes.17, 23

No que diz respeito à amamentação, além da sua finalidade nutricional,

também tem por função educar os músculos dos lábios, bochechas, língua e face para cada vez

mais desenvolver as formas de dar combustível ao corpo, assim, o ato de amamentar influencia

o desenvolvimento de padrões musculares. Mas se um padrão artificial se forma ou seja, a

amamentação se dá por meio de substitutos do seio, como mamadeiras ou chucas não há a

educação, o esforço dos músculos da boca para a sucção, o que, provavelmente, levará a criança

ao desenvolvimento de algum tipo de maloclusão. Os hábitos deletérios mais comuns são17, 26, 41

a sucção de dedo ou chupeta, a onicofagia (hábito de roer as unhas) e a prática de morder

objetos. Tais hábitos podem gerar várias alterações do sistema estomatognático: retrognatismo

mandibular, prognatismo maxilar, mordida aberta anterior, musculatura labial superior

14

hipotônica, musculatura labial inferior hipertônica, atresia do palato, interposição de língua,

atresia do arco superior e respiração bucal. 33

Segundo um estudo, realizado em Belo Horizonte, da associação entre

aleitamento, hábitos bucais e maloclusões, por SERRA-NEGRA et al., 1997, crianças com

menos tempo de aleitamento materno desenvolveram, com maior freqüência, hábitos bucais

deletérios, com um risco relativo 7 vezes superior em relação àquelas aleitadas no seio por um

período de no mínimo seis meses; crianças aleitadas com mamadeira por mais de um ano

apresentaram quase 10 vezes mais risco de adquirirem hábitos bucais viciosos do que as que

nunca utilizaram tal aleitamento; as crianças com hábitos deletérios apresentaram 4 vezes mais

chances de desenvolverem mordida cruzada posterior do que aquelas sem hábitos, 14 vezes mais

risco de apresentarem mordida aberta anterior e 3,6 vezes mais chances de possuírem

sobressaliência. Dados semelhantes foram encontrados por FERREIRA & TOLEDO, 1997,33

num estudo da relação entre o tempo de aleitamento materno e hábitos bucais em escolares do

Distrito Federal.11

Informações quanto à erupção ou o aparecimento do dente na cavidade

bucal também são necessárias. Tudo começa por volta dos 6 meses de idade quando geralmente

surgem os incisivos inferiores. É comum neste período o aparecimento de uma série de sinais

e sintomas, considerados decorrentes da erupção ou simplesmente coincidentes, como usam

dizer a maioria dos pediatras. Dentre os sintomas mais encontrados estão a salivação abundante,

diarréia e o sono agitado. Outros de menor incidência são: irritabilidade, coriza, erupção cutânea,

febre, inapetência, vômito, tosse, etc. Massagens digitais sobre a gengiva, assim como o uso de

mordedores plásticos resfriados são condutas indicadas .41

Não se pode esquecer das orientações quanto ao início da limpeza da boca

e dos dentes do bebê. Já em

1929, PEREIRA (apud WALTER, 1996) orientava que o início da

limpeza da boca deveria acontecer antes da erupção dos dentes, com gaze esterilizada embebida

15

em solução de bicarbonato de sódio, passada sobre a gengiva. A limpeza, assim, pode começar

antes da erupção, com a finalidade de tornar a boca mais limpa e ir acostumando a criança à

manipulação de sua boca. A escovação deve começar por volta dos 18 meses de idade e/ou

quando se completa a erupção dos primeiros molares decíduos, pois faz-se necessária a limpeza

das superfícies oclusais desses dentes. MOSS acrescenta que a coisa mais importante que os41

pais podem fazer para assegurar a saúde bucal de seus filhos é se preocupar com a limpeza de

suas próprias bocas (1996, p. 10) .26

Todo este conhecimento científico-tecnológico produzido em torno da

odontologia para gestantes e para bebês não têm razão de ser se não promover a saúde bucal de

gestantes e de bebês. Apesar da redundância aparente de tal afirmação, muito ainda há de ser

feito para que se organizem práticas coletivas capazes de reduzir doenças bucais ( FRAZÃO,

1998, p.164) em gestantes e em bebês. 14

Assim, também é fundamental que todas estas orientações façam parte dos

conhecimentos básicos da Odontologia para Bebês de profissionais da área de saúde: médicos

ginecologistas e pediatras , dentistas, enfermeiros, nutricionistas, fisioterapeutas,

fonoaudiólogos, assistentes sociais, ou quaisquer outros que possam contribuir para a educação

dos pais, especialmente da gestante, para que se possa buscar, cada vez mais, melhores

condições de vida e saúde para a população. Indo mais além, pode-se afirmar que se faz

necessária uma reflexão acerca da importância da inserção do cirurgião-dentista como um

membro da equipe de serviços pré-natais, não apenas como um técnico, que soluciona problemas

bucais das gestantes, mas também como educador, que promove saúde não apenas para as

gestantes mas também para seus futuros bebês.8, 37, 41

Enfim, não se pode negar que muitos comportamentos dos filhos são

determinados pelas mães, comportamentos estes que permanecem profundamente fixos,

resistentes a mudanças. Une- se a este fato a lacuna existente entre os conhecimentos sobre

16

saúde e a realidade da higiene bucal, que se somam, por sua vez, à carência de consciência sobre

a importância da dentição decídua e a uma conseqüente aceitação passiva da inevitável perda

de tal dentição. Estes fatos unidos reafirmam a importância do processo educacional das

gestantes para a promoção de saúde bucal, propiciando um exercício positivo para a formação

de hábitos na criança. Assim, a prevenção de doenças bucais em crianças começa mesmo6, 25, 40

com a educação da gestante, sendo fundamental que esta veja a cárie dental e a gengivite como

doenças e ,principalmente, que se acabe com o tabu de que a gravidez é a origem destas e de

outras doenças.40

METODOLOGIA

Este trabalho consistiu numa pesquisa transversal descritiva analítica,

onde foram estudadas 140 gestantes que realizaram, de 10 a 28 de agosto, os exames do período

pré-natal no ambulatório da Maternidade Cândido Mariano. Primeiramente tratou-se da

solicitação, para a direção da maternidade, de autorização para a realização da pesquisa, o que

foi feito através do Ofício Circular m 023/98/ESP/SRH/SES/MS( ANEXO 1), emitido por esta

Escola de Saúde Pública, Dr. Jorge David Nasser .

O instrumento eleito para a coleta dos dados foi uma entrevista totalmente

estruturada , constando de: dados pessoais, características sócio-econômicas e conhecimentos15

das gestantes em relação à própria saúde bucal e da saúde bucal do futuro bebê. Neste último

item foi perguntado sobre: a cárie e a doença periodontal, durabilidade dos dentes; a saúde geral

e bucal dessas gestantes; o medo de visitar o dentista; cuidados de higiene bucal e cuidados com

a saúde bucal do bebê; e orientações recebidas sobre saúde bucal no exame pré-natal. Foi

realizado o pré-teste da entrevista em 18 gestantes (ANEXO 2).

Foi feita análise descritiva dos dados coletados, utilizando de

interpretação tabular e gráfica. Os dados foram tabulados através do programa Epi Info. 10

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Os resultados obtidos da aplicação da entrevista e a discussão sobre os

achados estão dispostos a seguir. Foram examinados vários aspectos, tanto biológicos quanto

sociais e econômicos, a fim de caracterizar a população pesquisada 140 gestantes

entrevistadas durante visita ao Pré-Natal do Ambulatório da Maternidade Cândido Mariano.

Posteriormente, foram discutidas as questões quanto ao grau de conhecimento das gestantes

acerca de Saúde Bucal.

A faixa etária mais freqüente entre as entrevistadas, conforme tabela 1,

foi entre 20 e 25 anos, que correspondeu a 44,3% das 140 gestantes entrevistadas. A idade

mínima encontrada entre as gestantes foi de 15 anos e a máxima, 37 anos.

TABELA 1. GESTANTES ENTREVISTADAS SEGUNDO A FAIXA ETÁRIA , PRÉ-NATAL DO

AMBULATÓRIO DA MATERNIDADE CÂNDIDO MARIANO, AGOSTO DE 1998.

FAIXA ETÁRIA FREQÜÊNCIA ABSOLUTA FREQÜÊNCIA RELATIVA(%)

15 20 27 19,3

20 25 62 44,3

25 30 35 25,0

30 40 16 11,4

TOTAL 140 100

Menos de 5% das gestantes vivem sozinhas; 47 gestantes, correspondentes

a 33,6% do total, vivem com o companheiro. Com o companheiro e os filhos residem a maior

parte das entrevistadas, 66 gestantes, que correspondem a 47,1%. Curiosamente, nenhuma das

entrevistadas vive somente com os filhos. E, quanto a residir com outras pessoas, 21 gestantes,

15% do total, residem com os pais, irmãos, tios ou, ainda, no serviço (Tabela 2).

TABELA 2. GESTANTES ENTREVISTADAS SEGUNDO AS PESSOAS COM QUEM RESIDEM , PRÉ- NATAL

DO AMBULATÓRIO DA MATERNIDADE CÂNDIDO MARIANO, AGOSTO DE 1998 .

19

PESSOAS COM FREQÜÊNCIA FREQÜÊNCIA

QUEM RESIDE ABSOLUTA RELATIVA (%)

Sozinha 6 4,3

Com o companheiro 47 33,6

Companheiro e filhos 66 47,1

Somente com os filhos

Outros 21 15,0

TOTAL 140 100

Quanto ao grau de escolaridade (Tabela 3), 45,7 % das entrevistadas têm

o 1º grau incompleto. Apenas 3,5 % delas chegaram ao 3º grau e um percentual menor ainda,

1,4% completou a faculdade. Das gestantes entrevistadas, 21,4%, ou seja 30 delas possuem o

2º grau completo.

TABELA 3. GESTANTES ENTREVISTADAS QUANTO AO GRAU DE ESCOLARIDADE, PRÉ-NATAL DO

AMBULATÓRIO DA MATERNIDADE CÂNDIDO MARIANO, AGOSTO DE 1998.

GRAU DE FREQÜÊNCIA ABSOLUTA FREQÜÊNCIA

ESCOLARIDADE RELATIVA(%)

Nunca Estudou

1º Grau Incompleto 64 45,7

1º Grau Completo 18 12,9

2º Grau Incompleto 23 16,4

2º Grau Completo 30 21,4

3º Grau Incompleto 3 2,1

3º Grau Completo 2 1,4

TOTAL 140 100

20

A Maternidade Cândido Mariano, que se localiza geograficamente no

Distrito Sanitário Norte, parece mesmo se tratar de um centro de referência para as gestantes de

Campo Grande. Das entrevistadas, 30,7%

o maior percentual residem no Distrito Sul; logo

em seguida, com 29,3% das gestantes, encontra-se o Distrito Leste. Os Distritos Norte e Oeste

têm como residentes, respectivamente, 20,0% e 15,0% das gestantes entrevistadas. Gestantes

que moram em outras localidades como Indubrasil, Jaraguari, Anhanduí e fazendas próximas

de Campo Grande corresponderam a 5,0% das entrevistadas, conforme demonstra a tabela 4.

Mais da metade das entrevistadas 93 mulheres, isto é, 66,4% das

gestantes é composta de donas de casa , ou seja, de mulheres que se ocupam dos serviços de

suas próprias casas, obviamente sem nenhum tipo de remuneração( Tabela 5). Além dos afazeres

do lar, 33,6 % gestantes têm outra ocupação como principal, das quais as relatadas foram:

costureira, copeira, doméstica, secretária, terapeuta ocupacional, salgadeira, cobradora de

ônibus, operadora de caixa, professora, balconista, vendedora, cabeleireira, digitadora, entre

outras; das quais a mais freqüente foi a de doméstica. Estes dados se assemelham aos achados

de COZZUPOLI, 1981, onde 47,65% era de mulheres que se ocupavam de prendas

domésticas , 42,94 % se constituíam de empregadas domésticas e, apenas 9,41% tinham outras

ocupações. MENINO & BIJELLA, em pesquisa realizada em 1995, encontraram um percentual8

de 59,3 % das gestantes entrevistadas girando em torno de afazeres do lar como ocupação

principal, sem nenhuma remuneração.25

TABELA 4. GESTANTES ENTREVISTADAS SEGUNDO A LOCALIZAÇÃO DA RESIDÊNCIA , PRÉ-NATAL

DO AMBULATÓRIO DA MATERNIDADE CÂNDIDO MARIANO, AGOSTO DE 1998.

21

LOCALIZAÇÃO DA FREQÜÊNCIA ABSOLUTA FREQÜÊNCIA

RESIDÊNCIA RELATIVA(%)

Distrito Norte 28 20,0

Distrito Sul 43 30,7

Distrito Leste 41 29,3

Distrito Oeste 21 15,0

Outras Localidades 7 5,0

TOTAL 140 100

TABELA 5. GESTANTES ENTREVISTADAS SEGUNDO A OCUPAÇÃO PRINCIPAL, PRÉ-NATAL DO

AMBULATÓRIO DA MATERNIDADE CÂNDIDO MARIANO, AGOSTO DE 1998.

OCUPAÇÃO PRINCIPAL FREQÜÊNCIA ABSOLUTA FREQÜÊNCIA

RELATIVA(%)

Afazeres do Lar 93 66,4

Outra 47 33,6

TOTAL 140 100

Um percentual de 59, 3% , ou seja, 83 entrevistadas apontaram como

sendo a renda mensal familiar de mais de 2 salários mínimos, não ultrapassando o valor de

R$ 400, 00 (quatrocentos reais). De 1 a 2 salários mínimos varia a renda mensal de 47

entrevistadas, correspondente a um percentual de 33,6%. Apenas 2 gestantes 1,4% do total de

entrevistadas têm renda mensal menor que 1 salário mínimo. E, 8 gestantes, 5,7% das

entrevistadas, têm por renda mensal familiar 1 salário mínimo, de acordo com a tabela 6.

TABELA 6. GESTANTES ENTREVISTADAS SEGUNDO A RENDA MENSAL FAMILIAR , PRÉ -NATAL DO

22

AMBULATÓRIO DA MATERNIDADE CÂNDIDO MARIANO, AGOSTO DE 1998.

RENDA MENSAL FREQÜÊNCIA ABSOLUTA FREQÜÊNCIA

FAMILIAR RELATIVA(%)

menos de 1 salário mínimo 2 1,4

até 1 salário mínimo 8 5,7

de 1 a 2 salários mínimos 47 33,6

mais de 2 salários mínimos 83 59,3

TOTAL 140 100

TABELA 7. GESTANTES ENTREVISTADAS SEGUNDO O NÚMERO DE FILHOS NASCIDOS VIVOS , PRÉ -

NATAL DO AMBULATÓRIO DA MATERNIDADE CÂNDIDO MARIANO, AGOSTO DE 1998.

NÚMERO DE FILHOS FREQÜÊNCIA ABSOLUTA FREQÜÊNCIA RELATIVA(%)

NASCIDOS VIVOS

NENHUM 60 42,9

UM FILHO 53 37,9

DOIS FILHOS 23 16,4

TRÊS FILHOS 2 1,4

QUATRO FILHOS 2 1,4

TOTAL 140 100

Quanto ao número de filhos nascidos vivos ( tabela 7), 42,9% das

entrevistadas era de primíparas, o que significa dizer que 60 gestantes estavam esperando o

primeiro bebê. A medida que aumenta o número de filhos, diminui o percentual de gestantes,

isto é, menos mulheres gestantes têm mais filhos nascidos. Assim, 53 gestantes (37,9%)

relataram ter apenas um filho; 23 gestantes (16,4%), dois filhos; 2 gestantes (1,4%), três filhos;

e, 2 gestantes (1,4%), 4 filhos.

Embora seja mais usual, atualmente, referir-se às diferentes fases da

23

gestação em semanas , optou-se por registrar em meses o tempo de gestação das entrevistadas,18

e depois dividí-los em três trimestres. Assim, um percentual de 61,4% das entrevistadas estava

já no terceiro trimestre da gestação. No segundo trimestre da gestação encontravam-se 30,7%

delas. Uma minoria, 5,7% estava no primeiro trimestre da gestação no momento da pesquisa.

Além disso, 2,2 % das gestantes entrevistadas desconheciam o tempo de sua gravidez (Tabela

8). Apesar de não ter sido avaliado o número de visitas já realizadas pelas gestantes ao pré-natal,

percebe-se que uma pequena quantidade de gestantes foi encontrada, durante a pesquisa,

fazendo os exames no início da gravidez, mesmo levando em conta que a medida que se

aproxima o parto, aumenta a freqüência de visitas da gestante ao médico.

TABELA 8. GESTANTES ENTREVISTADAS SEGUNDO O TRIMESTRE DA GESTAÇÃO , PRÉ-NATAL DO

AMBULATÓRIO DA MATERNIDADE CÂNDIDO MARIANO, AGOSTO DE 1998.

TRIMESTRE DA GESTAÇÃO FREQÜÊNCIA ABSOLUTA FREQÜÊNCIA RELATIVA(%)

Ignorado 3 2,2

Primeiro Trimestre 8 5,7

Segundo Trimestre 43 30,7

Terceiro Trimestre 86 61,4

TOTAL 140 100

Dados interessantes resultaram do cruzamento entre as faixas etárias e

o número de filhos. Pode-se notar, através da tabela 9, que na faixa etária de 30 a 40 anos,

nenhuma das entrevistadas tem mais de 2 filhos nascidos. Na faixa etária de 15 a 20 anos, 7 das

27 gestantes já têm um filho. As duas únicas gestantes com 4 filhos nascidos encontram-se na

faixa etária de 25 a 30 anos. As primíparas encontram-se , a maioria 40 das 60 gestantes,

entre 15 e 25 anos. Apenas 11 gestantes com mais de 25 anos são primíparas.

TABELA 9 . GESTANTES ENTREVISTADAS POR IDADE E NÚMERO DE FILHOS , PRÉ-NATAL DO

24

AMBULATÓRIO DA MATERNIDADE CÂNDIDO MARIANO, AGOSTO DE 1998.

IDADE NÚMERO DE FILHOS TOTAL

0 1 2 3 4

15 20 20 7 27

20 25 29 19 13 1 62

25 30 7 20 5 1 2 35

30 40 4 7 5 16

TOTAL 60 53 23 2 2 140

As gestantes em questão podem, assim, ser caracterizadas, quanto aos

aspectos pessoais e sócio-econômicos, como uma população jovem, entre 15 e 37 anos, que vive

num ambiente familiar tradicional, sendo que 45,7% das gestantes não completaram o 1º grau.

Elas são provenientes de vários pontos da cidade e quanto à sua ocupação principal, 66,4% delas

dedicam-se aos afazeres do lar; 59,3% das gestantes apontaram como renda mensal familiar mais

de 2 salários mínimos.

A seguir serão apresentadas as questões quanto ao grau de conhecimento

das gestantes em relação à saúde bucal.

O conceito de saúde para estas gestantes está intimamente relacionado

à ausência de doença. A resposta mais freqüente quando foi perguntado o que é ter saúde para

você?

foi é estar bem . Um percentual de 52,8% das entrevistadas (74 gestantes) deram

literalmente tal resposta. O equivalente a 42,2% das entrevistadas (59 gestantes) deu outras

respostas, que não fogem da relação do conceito de saúde com a ausência de doença. Foram

associadas a todas estas respostas, idéias como a ausência de dores e problemas; não precisar

ir ao médico ou ser internado em um hospital; estar bem em todos os sentidos; não fumar e não

beber; estar forte e bem-disposto, com boa aparência; ter hábitos de higiene; ter boa alimentação.

25

O restante, 5% das entrevistadas (7 gestantes), não soube dizer o que é ter saúde. Estes

resultados assemelham-se aos de MENINO & BIJELLA, onde 78,7% das entrevistadas disseram

que ter saúde é estar bem , não ter doença e se alimentar bem.25

Apenas 6 gestantes , 4,3% do total das entrevistadas, responderam que

problemas na boca não podem prejudicar a saúde de uma pessoa. A grande maioria delas, ou

seja, 134 gestantes (95,7%), acredita haver prejuízo da saúde geral em virtude de problemas na

boca (Tabela 10). Para MENINO & BIJELLA, 91,3% das entrevistadas responderam

positivamente à questão semelhante ( Os problemas na boca afetam ou não a saúde de uma

pessoa? ).25

TABELA 10. GESTANTES ENTREVISTADAS SEGUNDO RESPOSTAS SOBRE A RELAÇÃO ENTRE

PROBLEMAS NA BOCA E A SAÚDE GERAL , PRÉ-NATAL DO AMBULATÓRIO DA

MATERNIDADE CÂNDIDO MARIANO, AGOSTO DE 1998.

RELAÇÃO PROBLEMAS FREQÜÊNCIA ABSOLUTA FREQÜÊNCIA

NA BOCA/ SAÚDE GERAL RELATIVA(%)

Positiva (Sim) 134 95,7

Negativa (Não) 6 4,3

TOTAL 140 100

Analisando os resultados da tabela 11, que se refere aos valores atribuídos

pelas gestantes às próprias condições de saúde bucal, temos que 41,4% consideram sua saúde

bucal boa , pois, segundo elas, não têm muitos problemas com os dentes, vão ao dentista e se

cuidam; 42,9% consideram regular suas condições de saúde bucal, principalmente porque,

pelo fato de estarem grávidas, caíram restaurações , surgiram novas cáries, sentem dores e

precisam de assistência odontológica. As que consideraram sua saúde bucal ótima , 11,4%,

justificaram tal condição por cuidarem bem dos dentes , não terem cáries e irem regularmente

26

ao dentista. Consideraram como ruim a sua saúde bucal um percentual de 4,3% das

entrevistadas, pois sempre tiveram problemas com os dentes sendo cárie, dor e tártaro os

principais.

A importância da escovação dos dentes foi colocada no mesmo patamar

da importância de tomar banho por 70,0% das entrevistadas. Um percentual de 27,9%,

inesperadamente, disse ser mais importante escovar os dentes que tomar banho, uma vez que,

durante um dia, escovam mais vezes o dente do que tomam banho. Portanto, percebe-se que as

gestantes entrevistadas consideram o ato de escovar os dentes como um hábito de higiene geral,

sem associá-lo como um hábito fundamental na prevenção da cárie dental.

TABELA 11. GESTANTES ENTREVISTADAS SEGUNDO VALORES ATRIBUÍDOS ÀS PRÓPRIAS CONDIÇÕES

DE SAÚDE BUCAL , PRÉ-NATAL DO AMBULATÓRIO DA MATERNIDADE CÂNDIDO

MARIANO, AGOSTO DE 1998.

SAÚDE BUCAL FREQÜÊNCIA ABSOLUTA FREQÜÊNCIA

RELATIVA(%)

Ótima 16 11,4

Boa 58 41,4

Regular 60 42,9

Ruim 6 4,3

TOTAL 140 100

TABELA 12. IMPORTÂNCIA ATRIBUÍDA À ESCOVAÇÃO DOS DENTES PELAS GESTANTES ENTREVISTADAS

QUANDO COMPARADA À IMPORTÂNCIA DE TOMAR BANHO , PRÉ-NATAL DO

AMBULATÓRIO DA MATERNIDADE CÂNDIDO MARIANO, AGOSTO DE 1998.

27

IMPORTÂNCIA FREQÜÊNCIA ABSOLUTA FREQÜÊNCIA RELATIVA(%)

ESCOVAÇÃO/BANHO

Menos Importante 2 1,4

Importância Igual 98 70,0

Mais Importante 39 27,9

Não sei 1 0,7

TOTAL 140 100

Como se pode observar na tabela 13, a maioria das gestantes entrevistadas,

132 (94,3%) correspondentes ao somatório de duas, três e mais de três vezes ao dia, escovam

os dentes mais de uma vez ao dia, resultados estes próximos aos encontrados por COZZUPOLI,

1981, onde 28,2% das 170 puérperas pesquisadas escovavam seus dentes 2 vezes ao dia;

31,14%, 3 vezes ao dia e 15,8% escovavam os dentes apenas 1 vez ao dia ; e MENINO &8

BIJELLA, 1995, em que 98,7% das entrevistadas escovavam seus dentes mais de uma vez ao

dia.25

TABELA 13. FREQÜÊNCIA DE ESCOVAÇÃO DOS DENTES RELATADA PELAS GESTANTES ENTREVISTADAS,

PRÉ- NATAL DO AMBULATÓRIO DA MATERNIDADE CÂNDIDO MARIANO, AGOSTO

DE 1998.

FREQÜÊNCIA DE FREQÜÊNCIA ABSOLUTA FREQÜÊNCIA

ESCOVAÇÃO RELATIVA(%)

Uma vez ao dia 8 5,7

Duas vezes ao dia 41 29,3

Três vezes ao dia 62 44,3

Mais de três vezes ao dia 29 20,7

TOTAL 140 100

Confrontando-se os dados do conceito de saúde bucal que as gestantes têm

da própria boca e a freqüência de escovação (tabela 14), observa-se que : das 16 gestantes que

28

consideram ótima a sua saúde bucal, 12 escovam entre três (6 gestantes) e mais de três vezes (6

gestantes) ao dia ; das 58 gestantes que consideram a sua saúde boa, 45 escovam entre duas (14

gestantes) e três vezes (31 gestantes) ao dia; das 60 que consideram regular, 45 também

concentram a freqüência de escovação entre duas (22 gestantes) e três vezes (23 gestantes) ao

dia. As 6 gestantes que consideram sua saúde bucal ruim não se concentram em nenhuma

categoria da freqüência de escovação: uma vez, 2 gestantes; duas vezes, 1; três vezes, 2 e mais

de três vezes, 1 gestante. De maneira geral, a condição bucal citada pelas entrevistadas foi

coerente à freqüência de escovação dental.

TABELA 14. GESTANTES ENTREVISTADAS SEGUNDO AS PRÓPRIAS CONDIÇÕES DE SAÚDE BUCAL E

A FREQÜÊNCIA DE ESCOVAÇÃO DOS DENTES , PRÉ- NATAL DO AMBULATÓRIO DA

MATERNIDADE CÂNDIDO MARIANO, AGOSTO DE 1998.

CONDIÇÕES FREQÜÊNCIA DE ESCOVAÇÃO TOTAL

DE SAÚDE

BUCAL1 X/DIA 2 X/DIA 3 X/DIA MAIS 3

X/DIA

Ótima 4 6 6 16

Boa 2 14 31 11 58

Regular 4 22 23 11 60

Ruim 2 1 2 1 6

TOTAL 8 41 62 29 140

Partindo do princípio que a cárie é o problema mais conhecido da boca,

buscou-se o conceito desta doença para as gestantes perguntando-lhes: O que é ter cárie dental

para você? . Das 140 entrevistadas, 15 (10,7%) não souberam responder; 6 gestantes (4,3%)

associaram a cárie à falta de higiene e cuidados; 28 delas (20%) associaram cárie à dor de dente.

A grande maioria, isto é , 77 gestantes (55%) ligaram a cárie a alterações na cor e na forma do

dente manchas pretas, escuras, amarelas, brancas e dentes estragados, podres e furados.

29

Assim, somente 4 gestantes (2,9%) associaram a cárie à presença de bactérias, sendo que destas

apenas uma usou o termo bactéria e, as outras, bichinho . E 10 gestantes (7,1%) conseguiram

definir o conceito de cárie como uma doença e destas, 5 mulheres demonstraram ter noção de

que a doença cárie têm várias fases, dizendo que não dá para ver, e quando dói já está bem

cariado , por exemplo. Assim, nota-se que a maioria das gestantes associa a presença da doença

não às suas causas mas às suas conseqüências, ou seja, a cárie só é vista como tal quando já não

se pode reverter as lesões, quando já há destruição da estrutura dental, com a formação de

cavidades( dente furado, estragado, podre ).

Quanto aos meios de prevenção da cárie, foi perguntado às gestantes: O

que se pode fazer para não ter cárie dental? Não souberam responder tal questão 3 gestantes

(2,1%). Para 21 entrevistadas (15,0%) basta escovar os dentes para não se ter cárie. Para outras

21 gestantes (15,0%), o suficiente é visitar o dentista. As outras 95 gestantes (67,9%) citaram

mais de um meio de prevenir a cárie, dentre os quais, além de escovar os dentes e ir ao dentista,

estão: aplicar flúor; evitar açúcar, refrigerantes e doces em geral; usar fio dental; fazer

bochechos. Assim, mais da metade das gestantes entrevistadas parece realmente estar informada

a respeito do que fazer para prevenir a cárie, no entanto, não parecem ter consciência da

importância da prática de tais meios na prevenção da cárie; ou seja, as gestantes entrevistadas,

como a maioria da população, sabem o que precisam fazer para promover a própria saúde bucal,

mas, de fato, não o fazem. Isto se dá provavelmente devido ao fato de a saúde bucal não ser

prioridade para as gestantes o que se soma à falta de acesso à atenção odontológica.

Quanto ao sangramento gengival, procurou-se saber sobre sua ocorrência

antes e depois do início da gravidez. Considerando que, segundo GRELLE, 1960 (apud

MENINO & BIJELLA, 1995), a gestação pode atuar como um fator modificador do organismo,

fazendo com que despontem situações crônicas , e que há um aumento na vascularização da25

gengiva , torna-se fundamental confrontar dados anteriores e do período da gestação para 36

avaliar melhor esta questão do sangramento gengival. Antes da gravidez, 57,1% das

30

entrevistadas não tinham sangramento gengival e 42,1% relataram tê-lo. Assim apenas 0,7% das

entrevistadas nunca notou tal sangramento (Tabela 15).

Um percentual de 64,3% das gestantes entrevistadas relatou não estar

tendo sangramento gengival durante a gravidez. O mesmo não aconteceu com 32,9% das

gestantes, que relataram estar tendo tal sangramento. Um percentual de 2,9% não notou nenhum

sangramento gengival até o momento da entrevista (Tabela 16).

TABELA 15 . PRESENÇA DE SANGRAMENTO GENGIVAL ANTES DA GRAVIDEZ, PRÉ- NATAL DO

AMBULATÓRIO DA MATERNIDADE CÂNDIDO MARIANO, AGOSTO DE 1998.

SANGRAMENTO FREQÜÊNCIA FREQÜÊNCIA RELATIVA

GENGIVAL ANTES DA ABSOLUTA (%)

GRAVIDEZ

SIM 59 42,1

NÃO 80 57,1

NÃO NOTEI 1 0,7

TOTAL 140 100

Nessa discussão dos problemas periodontais, foram confrontados os dados

do sangramento gengival antes e durante a gestação (Tabela 17) e encontrou-se que,

praticamente, das mulheres que responderam ter sangramento gengival antes da gravidez (59),

metade relatou não tê-lo durante a gravidez (29) e, a outra metade disse ter tal sangramento (28).

No entanto, das 80 que não tinham sangramento gengival antes da gravidez, apenas 17 disseram

estar tendo agora, durante a gravidez. O mesmo aconteceu com uma das gestantes que não havia

notado sangramento antes da gravidez. Frente às respostas, nota-se que as gestantes

entrevistadas demonstram certa percepção quanto às mudanças da própria condição bucal.

31

TABELA 16. PRESENÇA DE SANGRAMENTO GENGIVAL DURANTE A GRAVIDEZ, PRÉ- NATAL DO

AMBULATÓRIO DA MATERNIDADE CÂNDIDO MARIANO, AGOSTO DE 1998.

SANGRAMENTO GENGIVAL FREQÜÊNCIA ABSOLUTA FREQÜÊNCIA RELATIVA

DURANTE A GRAVIDEZ (%)

SIM 46 32,9

NÃO 90 64,3

NÃO NOTEI 4 2,8

TOTAL 140 100

TABELA 17. PRESENÇA DE SANGRAMENTO GENGIVAL ANTES E DURANTE A GRAVIDEZ, PRÉ-NATAL

DO AMBULATÓRIO DA MATERNIDADE CÂNDIDO MARIANO, AGOSTO DE 1998.

SANGRAMENTO SANGRAMENTO GENGIVAL DURANTE A TOTAL

GENGIVAL ANTES GRAVIDEZ

DA GRAVIDEZ SIM NÃO NÃO NOTEI

SIM 28 29 2 59

NÃO 17 61 2 80

NÃO NOTEI 1 1

TOTAL 46 90 4 140

Perguntou-se, então, às gestantes se elas conheciam outros problemas na

boca além de cárie dental e sangramento na gengiva. Das 140 entrevistadas, 62,9% responderam

não conhecer outros problemas na boca. Aos 37,1% que responderam conhecê-los, foi solicitado

que citassem tais problemas (Tabela 18). Assim, os problemas mais lembrados foram as aftas

(26,9%) e a gengivite (23,1%). Também foram citados pelas gestantes: herpes, câncer, sapinho,

mau-hálito e tártaro. Os problemas relacionados, conforme se pôde constatar durante as

entrevistas, só o foram por fazerem parte da história das gestantes, ou seja, elas só conhecem tais

32

problemas na boca porque elas próprias ou alguém do seu convívio já os tiveram ou têm.

TABELA 18. CONHECIMENTO DE DOENÇAS BUCAIS, ALÉM DE CÁRIE DENTAL E SANGRAMENTO NA

GENGIVA, PELAS GESTANTES, PRÉ- NATAL DO AMBULATÓRIO DA

MATERNIDADE CÂNDIDO MARIANO, AGOSTO DE 1998.

CONHECIMENTO DE

DOENÇAS NA BOCA

FREQÜÊNCIA ABSOLUTA FREQÜÊNCIA RELATIVA

(%)

SIM 52 37,1

NÃO 88 62,9

TOTAL 140 100

Quanto à suscetibilidade à cárie, foi perguntado às gestantes se elas

achavam que todas as pessoas terão cárie um dia (Tabela 19) e 70,0% das entrevistadas acredita

que sim, 25,0% acreditam que nem todas as pessoas terão cárie, e 5,0% responderam não saber

se todas as pessoas terão cárie. Das que responderam acreditar que nem todas as pessoas terão

cárie, na sua maioria o fizeram por conhecer pessoas que não têm cárie. Estes resultados

demonstram que as gestantes entrevistadas desconhecem que a cárie dental é uma doença que,

atualmente, pode ser totalmente controlada através de práticas preventivas.

TABELA 19. OPINIÃO DAS GESTANTES ENTREVISTADAS QUANTO AO FATO DE TODAS AS PESSOAS

TEREM CÁRIE UM DIA, PRÉ- NATAL DO AMBULATÓRIO DA MATERNIDADE CÂNDIDO

MARIANO, AGOSTO DE 1998.

33

TODAS AS PESSOAS FREQÜÊNCIA FREQÜÊNCIA

TERÃO CÁRIE UM ABSOLUTA RELATIVA (%)

DIA

Sim 98 70,0

Não 35 25,0

Não sei 7 5,0

TOTAL 140 100

O medo do tratamento odontológico foi outro ponto abordado pela

entrevista. Inicialmente, foi questionado quanto à sua existência antes da gestação: apenas 37,95

admitiu ter medo de dentista; 62,1% relatou não ter tal medo (Tabela 20). Já sobre o medo de

ir ao dentista durante a gestação, há um aumento no percentual

que passa para 45,0% entre

as entrevistadas que relataram tal medo. Tal atitude relaciona-se ao receio de acidentes com

anestésicos, hemorragias, ou mesmo medo de que os procedimentos odontológicos possam

prejudicar a saúde do bebê ou até provocar um aborto. Não têm medo de ir ao dentista, mesmo

estando grávida, 55,0% das entrevistadas (Tabela 21). Tais achados diferem dos encontrados por

COZZUPOLI, 1981, onde o temor ao tratamento dentário na gravidez atingiu 89% de todas as

gestantes entrevistadas. 8

TABELA 20. MEDO DO TRATAMENTO ODONTOLÓGICO ANTES DA GRAVIDEZ, PRÉ- NATAL DO

AMBULATÓRIO DA MATERNIDADE CÂNDIDO MARIANO, AGOSTO DE 1998.

34

MEDO ANTES DA FREQÜÊNCIA ABSOLUTA FREQÜÊNCIA RELATIVA

GRAVIDEZ (%)

SIM 53 37,9

NÃO 87 62,1

TOTAL 140 100

TABELA 21. MEDO DO TRATAMENTO ODONTOLÓGICO DURANTE A GRAVIDEZ, PRÉ- NATAL DO

AMBULATÓRIO DA MATERNIDADE CÂNDIDO MARIANO, AGOSTO DE 1998.

MEDO DURANTE A FREQÜÊNCIA ABSOLUTA FREQÜÊNCIA RELATIVA

GRAVIDEZ (%)

SIM 63 45,0

NÃO 77 55,0

TOTAL 140 100

Das 140 entrevistadas, 66 (47,1%) acreditam no roubo de cálcio dos

dentes da mãe pelo bebê durante a gestação, 29 (20,7%) não acreditam nesta possibilidade e 45

(32,1%) não sabem dizer se ocorre tal roubo (Tabela 22). Assim, percebe-se o baixo grau de

conhecimento da maioria das gestantes sobre como se dá a nutrição do bebê, durante a gravidez.

TABELA 22. CRENÇA NO ROUBO DE CÁLCIO DOS DENTES DA MÃE PELO BEBÊ DURANTE A

GESTAÇÃO, PRÉ- NATAL DO AMBULATÓRIO DA MATERNIDADE CÂNDIDO

MARIANO, AGOSTO DE 1998.

35

ROUBO DE CÁLCIO FREQÜÊNCIA FREQÜÊNCIA

PELO BEBÊ ABSOLUTA RELATIVA (%)

Sim 66 47,1

Não 29 20,7

Não sei 45 32,1

TOTAL 140 100

TABELA 23. GESTANTES ENTREVISTADAS QUANTO A SABER CUIDAR DOS DENTES DO BEBÊ,

PRÉ- NATAL DO AMBULATÓRIO DA MATERNIDADE CÂNDIDO MARIANO, AGOSTO

DE 1998.

SABER CUIDAR DOS FREQÜÊNCIA FREQÜÊNCIA

DENTES DO BEBÊ ABSOLUTA RELATIVA (%)

SIM 69 49,3

NÃO 71 50,7

TOTAL 140 100

Quando foi perguntado se as gestantes já sabiam como cuidar dos dentes

do bebê (Tabela 23), 49,3% disseram que sim, e 50,7% disseram não saber como cuidar dos

dentes do bebê.

Às gestantes que disseram não saber como cuidar dos dentes do bebê (71

gestantes), foi perguntado se procuraram de alguma forma sabê-lo. As respostas para esta

pergunta (Tabela 24 e Gráfico 1) indicaram que apenas 7 dessas gestantes procuraram se

informar, ou através da leitura de revistas e livros relacionados a este assunto ou através do

36

próprio médico ou do dentista, sendo que a maioria delas, ou seja 64 gestantes, não se interessou

em buscar informações sobre os cuidados necessários com os dentes do bebê.

TABELA 24. GESTANTES ENTREVISTADAS QUE NÃO SABEM COMO CUIDAR DOS DENTES DO BEBÊ E A

PROCURA DE INFORMAÇÕES SOBRE TAIS CUIDADOS, PRÉ- NATAL DO AMBULATÓRIO

DA MATERNIDADE CÂNDIDO MARIANO, AGOSTO DE 1998.

PROCUROU SABER FREQÜÊNCIA FREQÜÊNCIA

COMO CUIDAR DOS ABSOLUTA RELATIVA (%)

DENTES DO BEBÊ

NÃO SE APLICA 69 49,3

SIM 7 5,0

NÃO 64 45,7

TOTAL 140 100

NOTA: A categoria NÃO SE APLICA corresponde às gestantes que responderam saber cuidar dos dentes do bebê

. GRÁFICO 1. PORCENTAGEM DE GESTANTES ENTREVISTADAS QUANTO A SABEREM COMO CUIDAR

DOS DENTES DO BEBÊ, PRÉ- NATAL DO AMBULATÓRIO DA MATERNIDADE CÂNDIDO

MARIANO, AGOSTO DE 1998.

37

A importância da dentição temporária para as entrevistadas foi avaliada

quando foi solicitado a elas que respondessem se os dentes de leite (dentição temporária) são

tão importantes quanto os permanentes. Conforme demonstra a tabela 25, 77,9% das

entrevistadas reconheceu tal importância. No entanto, 15,7% das entrevistadas não acha que a

dentição temporária seja tão importante quanto a permanente e, ainda, 6,4% delas não soube

responder tal questão. Embora as gestantes entrevistadas reconheçam a importância da dentição

temporária, há um contra-senso quando se verifica a alta freqüência de cárie na dentição

temporária (conforme índices nacionais e locais já citados).

TABELA 25. IMPORTÂNCIA DA DENTIÇÃO TEMPORÁRIA EM RELAÇÃO À PERMANENTE PARA AS

GESTANTES ENTREVISTADAS, PRÉ- NATAL DO AMBULATÓRIO DA MATERNIDADE

CÂNDIDO MARIANO, AGOSTO DE 1998.

38

IMPORTÂNCIA DA FREQÜÊNCIA FREQÜÊNCIA

DENTIÇÃO DECÍDUA ABSOLUTA RELATIVA (%)

SIM 109 77,9

NÃO 22 15,7

NÃO SEI 9 6,4

TOTAL 140 100

Quanto à importância da amamentação (tabela 26), este parece ser um

assunto mais conhecido pelas gestantes, até pela atenção que é dispensada a ele nos serviços pré-

natais em geral. Diante disso, 132 gestantes (94,3%) disseram ser a amamentação importante

para o desenvolvimento da boca e do rosto do bebê, apenas 3 (2,1%) responderam que a

amamentação não tinha tal importância. Das 140 entrevistadas, 5 (3,6%) não souberam

responder tal questionamento.

TABELA 26. IMPORTÂNCIA DA AMAMENTAÇÃO PARA O DESENVOLVIMENTO DO ROSTO E DA BOCA

DO BEBÊ, SEGUNDO A OPINIÃO DAS GESTANTES ENTREVISTADAS, PRÉ- NATAL DO

AMBULATÓRIO DA MATERNIDADE CÂNDIDO MARIANO, AGOSTO DE 1998.

IMPORTÂNCIA DA FREQÜÊNCIA FREQÜÊNCIA

AMAMENTAÇÃO ABSOLUTA RELATIVA (%)

SIM 132 94,3

NÃO 3 2,1

NÃO SEI 5 3,6

TOTAL 140 100

Quando foi questionado se as futuras mães já tinham ouvido falar sobre

cárie de mamadeira ( tabela 27), 63 gestantes (45,0%) responderam que sim e 77 (55,0%)

responderam que não. Teve-se o cuidado, então, de procurar saber o que era cárie de mamadeira

para as que já tinham ouvido falar dela. Prevaleceu entre essas 63 gestantes a idéia de que a cárie

de mamadeira relaciona-se com a falta de higiene com a mamadeira. Assim, mais uma vez, fica

39

evidente que ainda há muito que se fazer quanto à informação em saúde bucal das futuras mães.

É importante frisar aqui que a cárie de mamadeira é o tipo mais comum de cárie em bebês 17, 35

, e assim, se as gestantes nem mesmo ouviram falar dela, como saberão o que fazer para evitá-la?

TABELA 27. CLASSIFICAÇÃO DAS GESTANTES ENTREVISTADAS QUANTO A TER OUVIDO FALAR

SOBRE CÁRIE DE MAMADEIRA, PRÉ- NATAL DO AMBULATÓRIO DA MATERNIDADE

CÂNDIDO MARIANO, AGOSTO DE 1998.

CÁRIE DE FREQÜÊNCIA FREQÜÊNCIA

MAMADEIRA ABSOLUTA RELATIVA (%)

SIM 63 45,0

NÃO 77 55,0

TOTAL 140 100

O início da limpeza da boca do bebê é outro ponto que mereceu destaque

nesta pesquisa (tabela 28). Embora 60,7% das gestantes tenha indicado a alternativa correta para

esta questão antes de nascerem os dentes , os outros 39,3% optaram por alternativas incorretas,

sendo que 14,3% desse percentual nem mesmo tinham idéia de quando iniciar a limpeza da boca

do bebê. Novamente fica clara a necessidade de um investimento na informação de gestantes

para a promoção de saúde bucal desde o início da vida.

40

TABELA 28. PERÍODO DE INÍCIO DA LIMPEZA DA BOCA DO BEBÊ PARA AS GESTANTES ENTREVISTADAS,

PRÉ- NATAL DO AMBULATÓRIO DA MATERNIDADE CÂNDIDO MARIANO, AGOSTO DE

1998.

INÍCIO DA LIMPEZA FREQÜÊNCIA FREQÜÊNCIA

DA BOCA DO BEBÊ ABSOLUTA RELATIVA (%)

Antes de nascerem os 85 60,7

dentes

Logo após nascerem os 31 22,1

primeiros dentes

Quando todos os dentes de 4 2,9

leite tiverem nascido

Não sei 20 14,3

TOTAL 140 100

Quanto ao recebimento de informações no período pré-natal (Tabela 29

e Gráfico 2), obteve-se resultados de que 129 gestantes (92,1%) não receberam nenhuma

informação ou orientação sobre saúde bucal. Tais resultados são semelhantes aos de MENINO

& BIJELLA (95,3%) e de outros autores por eles citados ( GUNAY et al.,1991; GOEPEL et al.,

1991; ROCHA, 1993 apud MENINO & BIJELLA). Percebe-se, assim, a relevância do papel25

do cirurgião-dentista na atenção à saúde da gestante, através da equipe pré-natal.

TABELA 29. GESTANTES ENTREVISTADAS QUANTO AO RECEBIMENTO DE INFORMAÇÕES SOBRE

SAÚDE BUCAL DURANTE OS EXAMES DO PERÍODO PRÉ-NATAL, PRÉ-NATAL DO

AMBULATÓRIO DA MATERNIDADE CÂNDIDO MARIANO, AGOSTO DE 1998.

41

INFORMAÇÕES RECEBIDAS FREQÜÊNCIA ABSOLUTA FREQÜÊNCIA RELATIVA (%)

NO PRÉ-NATAL

SIM 11 7,9

NÃO 129 92,1

TOTAL 140 100

GRÁFICO 2. PORCENTAGEM DE GESTANTES ENTREVISTADAS QUANTO AO RECEBIMENTO DE

INFORMAÇÕES SOBRE SAÚDE BUCAL DURANTE OS EXAMES DO PERÍODO PRÉ-NATAL,

PRÉ- NATAL DO AMBULATÓRIO DA MATERNIDADE CÂNDIDO MARIANO, AGOSTO DE

1998.

As gestantes

entrevistadas, de

fato, possuem

p o u c o

conhecimento sobre saúde bucal durante a gestação e saúde bucal de bebês. As entrevistadas

reconhecem, de certa forma, o papel da saúde bucal na saúde geral. No entanto, a procura de

informações acerca da saúde bucal do bebê não é, de maneira geral, prioridade para elas. A

contribuição dos exames do período pré-natal para a saúde bucal das gestantes tem sido,

infelizmente, praticamente nula.

42

Pode-se assim dizer que, de certa forma, as gestantes não buscam

informações acerca de saúde devido ao próprio conceito que possuem do binômio

saúde/doença. Conforme a entrevista, saúde para elas se traduz em ausência de doença, o

que em relação à saúde bucal, por sua vez, significa ausência de dor, e de outros sinais

e sintomas. Como estas mulheres estariam buscando a saúde através do conhecimento , num

pensamento preventivista , se os conhecimentos que elas têm, também em saúde bucal, passam

basicamente por uma prática curativista ? Como buscar a saúde se só se lembram dela depois

que a doença já está instalada e causando algum incômodo?

Diante do exposto, o cirurgião-dentista, presente nas equipes de serviços

do período pré-natal, pode ser um agente modificador desta realidade; pois facilitando o acesso

das gestantes às informações acerca de saúde bucal, o profissional estaria despertando nelas o

interesse em adquirir tais conhecimentos, numa proposta de atendimento integral, promovendo

tanto práticas preventivas quanto curativas. Afinal, saúde, da qual também faz parte a saúde

bucal, é um direito de todos.

CONCLUSÕES

A partir da análise e da discussão dos resultados obtidos neste trabalho,

pode-se concluir o seguinte:

! a maioria das gestantes encontra-se na faixa etária de 20 a 25 anos, têm

o primeiro grau incompleto, possuem renda familiar de mais de 2 salários mínimos (não

ultrapassando R$ 400 quatrocentos reais), e têm como ocupação principal os afazeres

domésticos;

! são provenientes de vários pontos da cidade, e geralmente residem com

o companheiro e filhos. A maioria se encontra no segundo e terceiro trimestre da gestação;

! para as gestantes entrevistadas, ter saúde é estar bem (52,8%) e não

ter doença (42,2%); 95,7% delas acreditam que há prejuízo da saúde geral em virtude de

problemas na boca;

! quanto à freqüência de escovação, 94,3% das gestantes escovam os

dentes mais de uma vez ao dia;

! embora a maioria das entrevistadas tenham conhecimento da doença

cárie ( apenas 10,7% não souberam responder), não existe muita clareza na definição da doença:

4,3% associaram a cárie à falta de higiene e cuidados; 20,0% à dor de dente; 55,0% a alterações

de cor e forma; 2,9% à presença de bactérias e 7,1% associaram a cárie a uma doença com várias

44

fases. Como meios de prevenção da cárie foram citados pelas gestantes: escovar os dentes, ir ao

dentista, aplicar flúor, evitar açúcar, refrigerantes e doces em geral, usar fio dental e fazer

bochechos;

! das gestantes entrevistadas, 32,9% disseram estar tendo sangramento

gengival; 70,0% acreditam que todas as pessoas terão cárie dental um dia; apenas 37,1%

conheciam outros problemas na boca além da cárie dental e de sangramento gengival; 45,0%

admitiram ter medo do tratamento odontológico por causa da gestação; 47,1% acreditam no

roubo de cálcio dos dentes da mãe pelo bebê;

! mais de metade das gestantes (50,7%) admitiu não saber como cuidar

dos dentes do bebê; a importância da dentição temporária foi admitida por 77,9% das

entrevistadas, o mesmo aconteceu com a amamentação (94,3%). A cárie de mamadeira não faz

parte dos conhecimentos das gestantes. Quanto à limpeza da boca do bebê , que deve iniciar

antes mesmo do nascimento dos dentes, 60,7% das gestantes optaram por esta alternativa;

! a grande maioria das gestantes (92,1%) não recebeu nenhuma

informação ou orientação sobre saúde bucal durante os exames do pré-natal;

! as gestantes entrevistadas, de fato, possuem pouco conhecimento sobre

saúde bucal durante a gestação e saúde bucal de bebês. A procura de informações acerca da

saúde bucal do bebê não é, de modo geral, prioridade para elas.

Houve, no entanto, por parte das entrevistadas, demonstração de grande

interesse em incorporar novos conhecimentos sobre as questões levantadas, o que reafirma a

relevância do papel do cirurgião-dentista na atenção à saúde da gestante , através da equipe

pré-natal.

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ANEXOS

ANEXO 1 OFÍCIO

53

.

ANEXO 2 ENTREVISTA

55

56

57

58

59

Estamos pesquisando o que você, gestante, conhece sobre

saúde bucal, para a conclusão de um curso de especialização em Saúde

Pública. Desde já, agradecemos a sua colaboração e informamos que será

mantido sigilo quanto à sua identidade.

DADOS PESSOAIS

1) Idade:____________

2) Pessoas com quem reside:

a.( ) sozinha b.( ) com o companheiro

c.( ) companheiro e filhos d.( ) somente com os filhos

e.( ) outros:___________________

3) Grau de escolaridade:

( ) nunca estudou ( ) 2º grau completo

( ) 1º grau incompleto ( ) 3º grau incompleto

( ) 1º grau completo ( ) 3º grau completo

( ) 2º grau incompleto

4) Ocupação principal:

( ) afazeres do lar

( ) outra: ______________________

5) Renda mensal familiar:

( ) menos de 1 salário mínimo

( ) até 1 salário mínimo

( ) de 1 a 2 salários mínimos

( ) mais de 2 salários mínimos

6) Local onde reside:______________________________

7) Quantos filhos já teve?___________________________

8) Quantos meses de gravidez? ______________

PERGUNTAS:

1) O que é ter saúde para você?_____________________________________

_______________________________________________________________

2) Você acha que os problemas na boca podem prejudicar a saúde de uma

pessoa?

a.( ) sim b.( ) não

3) Como considera a saúde de sua boca?

a.( ) ótima b.( ) boa c. ( ) regular d.( ) ruim

Por quê?

________________________________________________________________

________________________________________________________________

4)Para você, escovar os dentes é tão importante quanto tomar banho?

a.( ) menos importante b.( ) importância igual

c.( ) mais importante d.( ) não sei

5) Você escova os dentes:

a.( ) uma vez ao dia b.( ) duas vezes ao dia

c.( ) três vezes ao dia d.( ) mais de três vezes ao dia

6) O que é ter cárie dental pra você?________________________________

________________________________________________________________

7) O que se pode fazer para não ter cárie dental?_________________________

________________________________________________________________

Sua gengiva havia inchado ou sangrado antes da gravidez? 15) Se não sabe, já procurou saber como cuidar dos dentes dele?

a.( ) sim b.( ) não c.( ) não notei a.( ) sim b.( ) não

9) E agora que está grávida, sua gengiva sangra? permanentes?

a.( ) sim b.( ) não c.( ) não notei

10) Você conhece outros problemas na boca além de cárie e sangramento da gengiva? da boca e do rosto do seu bebê?

a.( ) sim b.( )não

Se sim, quais?

________________________________________________ 18) Você já ouviu falar de cárie de mamadeira ?

11) Você acha que todas as pessoas terão cárie um dia?

a.( ) sim b.( ) não c.( ) não sei 19) Na sua opinião, a limpeza da boca do seu bebê deve iniciar:

12) a) Antes de ficar grávida, você tinha medo de ir ao dentista? b.( ) logo após nascerem os primeiros dentes

a.( ) sim b.( ) não c.( ) quando todos os dentes de leite tiverem nascido

b) E agora que está grávida, você tem medo de ir ao dentista? d.( ) não sei

a.( ) sim b.( ) não 20) Durante os exames do pré-natal, você já teve alguma orientação sobre saúde

13) Você acredita que o seu bebê pode roubar cálcio dos seus dentes? bucal?

a.( ) sim b.( ) não c.( ) não sei a.( ) sim b.( ) não

14) Você já sabe como cuidar dos dentes do seu bebê? Obrigada!

a.( ) sim b.( ) não

16) Você acha que os dentes de leite são tão importantes quanto os

a.( ) sim b.( ) não c.( ) não sei

17) Você acha que a amamentação pode ser importante para o desenvolvimento

a.( ) sim b.( ) não c.( ) não sei

a.( ) sim b.( ) não

a.( ) antes de nascerem os dentes