Gomes et al., Colaboração, Comunicação e Aprendizagem em Rede Social Educativa, In Xavier A. C....
-
Upload
ciencias-cognitivas-e-tecnologia-educacional -
Category
Documents
-
view
1.666 -
download
1
Transcript of Gomes et al., Colaboração, Comunicação e Aprendizagem em Rede Social Educativa, In Xavier A. C....
Gomes et al., Colaboração, Comunicação e Aprendizagem em Rede Social Educativa, In Xavier A. C. (Ed.) Hipertexto e Cibercultura: links com a literatura, a publicidade, o plágio e as redes sociais educacionais, 2011.
Colaboração, Comunicação e Aprendizagem em Rede Social Educativa
"Alex Sandro Gomes" <[email protected]>, "Flavia Veloso Costa Souza"
<[email protected]>, "Joao Alberto Brito de Abreu" <[email protected]>, "Luiz
Claudeivan Cruz Lima" <[email protected]>, "Cassio de Albuquerque Melo"
<[email protected]>, "Guilherme Leite Moreira de Paiva" <[email protected]>,
"Anderson Duarte" <[email protected]>
1 Resumo O presente capítulo foi motivado pela realização da palestra “O papel da internet e das redes
sociais na educação brasileira” no III Congresso de Hipertexto realizado na UFPE. Em lugar de
discutir o papel de várias tecnologias a luz de uma revisão sistemática da literatura, preferimos
analisar e discutir resultados sobre a efetividade do uso da rede social educativa Redu1 em servir
como suporte a fenômenos de colaboração e aprendizagem no contexto do ensino médio. O
projeto da Redu foi motivado pela necessidade de um ambiente virtual de aprendizagem de fácil
uso e melhor aceitação pelos usuários. Nos últimos meses, direcionamos esforços para criar e
refinar uma plataforma que seja efetiva no suporte aos seguintes fenômenos: comunicação
síncrona e assíncrona, planejamento de cursos e coordenação de uma formação, auto-regulação
da aprendizagem, aprendizagem colaborativa entre pares. Os resultados preliminares apontam
para acertos e para necessidades não diagnosticadas no momento da concepção da REDU e nos
orientam no refinamento de suas interfaces.
2 Estratégiasdeaprendizadomediadoportecnologiatecnológicasesuaslimitações
Atualmente, a literatura sobre educação a distancia é farta em modelos e tecnologias que são
utilizadas como meio a realização da educação a distância tanto por instituições de ensino como
pelas empresas (Moore, 2007), algumas delas:
Telepresencial – são aulas transmitidas ao vivo por satélite ou internet. A aula pode ser gravada
e assistida posteriormente. Esse modelo é muito comum em instituições de ensino superior pois 1 Redu, a rede social educacional. http://www.redu.com.br
2
atinge públicos que não tem acesso à internet (pessoas embarcadas ou em regiões remotas) e o
custo é relativamente baixo para instalar um satélite no local do curso.
Redes Sociais – ambiente baseado no pressuposto de que cada usuário possui conhecimentos e,
através da colaboração e comunicação, pode-se gerar um conhecimento do grupo que não pode
ser atribuído a uma única pessoa.
Webcast – ambiente no qual vídeos instrucionais, geralmente de curta duração, são gravados e
disponibilizados em uma página da internet. A flexibilidade depende da variação dos formatos
de apresentação: pessoas (como um programa de TV, entrevista ou uma aula gravada),
compartilhamento da tela do computador com áudio (ex.: pessoa guiando o que fazer no
computador, mostra o cursor do mouse, abre e fecha programas, etc.) ou pode ser uma
apresentação em powerpoint com áudio do narrador.
Blog – o uso instrucional dessa mídia visa estimular os usuários a comentar e interagir. No blog
pode-se colocar textos, fotos, vídeos, dicas, ferramentas tipo fórum, enquetes entre outros
recursos. A vantagem é a facilidade de criar, interatividade entre os usuários e baixo custo. A
desvantagem é motivar os usuários a participarem e as vezes a dificuldade de criar novos posts.
Wiki – essa ferramenta permite a edição colaborativa de páginas na internet. A vantagem é a
facilidade de edição, grande quantidade de ferramentas opensource disponíveis, rastreamento e
histórico de modificações que no geral permitem uma evolução rápida do conteúdo. Qualquer
pessoa pode alterar o conteúdo, ou seja, pode excluir informação ou escrever o que quiser.
Podcast – consiste em disponibilizar áudio instrucionais em sites da web. Pode ser uma palestra,
um recado do presidente, áudio-book ou até cursos em áudio. A vantagem é a portabilidade do
arquivo em áudio, o usuário pode ouvir em casa no computador, no ônibus num tocador de MP3
ou correndo na praia através do celular. A desvantagem é a falta de interatividade e as limitações
do áudio em não lidar com demais recursos multimídia. É fácil e barato de criar com software
livre.
Vídeoconferência – nesse ambiente organizam-se sala virtual de vídeo conferência. A
vantagem é que todos podem interagir em tempo real e podem estar alocados em qualquer lugar
do mundo. Por vezes, pode ficar um pouco confuso ter todos conversando ao mesmo tempo e a
comunicação é síncrona, ou seja, em tempo real, o usuário precisa estar presente naquele horário,
não pode fazer depois.
Mundo Virtual – um ‘mundo virtual’ onde usuários são representados por avatares que se
reúnem em uma sala de aula virtual em 3D como em Second Life2. A vantagem desse ambiente é
uma educação interativa e sem níveis hierárquicos (o chefe é um avatar como todo mundo) e há
2 Second Life 3D social game, www.secondlife.com
3
muitas possibilidades de interação entre os alunos. A principal desvantagem é a mesma das redes
sociais de uso geral (facebook, Orkut) utilizadas no ensino: a facilidade de os alunos
dispersarem-se.
Segundo dados do anuário 2009 da ABED, os Sistemas de Gestão de Conteúdo ou Learning
Management System (LMS) são amplamente utilizados por instituições de ensino, pois são
voltados para o planejamento, implementação e avaliação de aprendizagem à distancia (ABED,
2009). Existem inúmeros sistemas do tipo LMS distribuídos sob licenças livres disponíveis. Uma
busca no site SourceForge retorna uma lista de 68 projetos nessa categoria3. As mais conhecidas
pelo uso em projetos de ensino a distância são as Amadeus, Caroline, Dokeos, Moodle, OLAT,
Sakai. No Brasil as plataformas mais utilizadas são Moodle, Sakai e Amadeus como plataforma
oficial para as iniciativas de educação à distância.
São conhecidas as limitações ao uso de plataformas de gestão de aprendizado por parte de
usuários. Sistemas atuais propõem canais para mediar a interação e colaboração entre tutores e
aprendizes por meio de estilos de interação baseados em troca de artefatos (envio, visualização e
entrega de matéria nas mais variadas mídias) e mensagens instantâneas ou assíncronas (fóruns,
chats, e-mail). Além disso, em diversos estudos realizados em nosso grupo, identificamos
problemas relacionados com: limites da percepção provida pelos LMS (Christ, 2005),
dificuldades de navegação e de interação assíncrona (Souza, 2004), limitações no suporte ao
trabalho do professor (Gomes, 2004), falta de interatividade síncrona integrada (Alves, 2005),
formas limitadas de suporte a avaliação diagnóstica e continuada (Ramos, 2006), pouca
flexibilidade na manipulação de objetos de aprendizagem (Passos, 2006). Além disso,
entendemos as necessidades e as possibilidades de integração entre plataformas síncronas e
assíncronas para o ensino de matemática (Braga, 2006; Queiroz, 2006) e de ciências (Costa,
2007).
2.1 CaracterizaçãodoProblema
Analisamos as dificuldades de colaboração e aprendizagem colaborativa entre os alunos e as
dificuldades intrínsecas ao planejamento, monitoramento e mediação realizados pelos
professores. Na seção 3 apresentamos o modelo conceitual da rede social REDU, na versão
utilizada para o experimento. Na seção 4 apresentaremos o método utilizado para avaliar a
3 Disponível em: < http://sourceforge.net/search/?type_of_search=soft&words=lms >. Acesso em: 18 de setembro de 2009.
4
eficácia e as deficiências da Redu em relação aos problemas em questão. Na seção 5
apresentaremos e discutiremos os resultados do método de avaliação.
3 RedesocialeducativaREDU
Nas última década acompanhamos o surgimento e adoção massiva de plataformas colaborativas
como prática de convívio e comunicação. Em particular, as redes sociais virtuais fornecem uma
estrutura de pessoas, objetos e seus vínculos mútuos, e tem sido desenvolvidas para diferentes
propósitos como o compartilhamento de vídeos, referências bibliográficas, código, dicas de
filme. A grande vantagem das redes sociais é que elas tiram vantagem da estrutura de grafo
subjacente para promover a colaboração e disseminação de conteúdo em círculos sociais
motivados por determinados interesses. As redes sociais voltadas para educação estão crescendo
em popularidade, para citar algumas: Edu 2.0, Sclipo, entre outros. Contudo, ainda são escassas
as soluções que refletem um ganho disruptivo no aprendizado em relação às estratégias
existentes. Há indícios na literatura de grande parte das necessidades de um ambiente
educacional eficiente ainda esperam a ser atendidas.
A Redu oferece suporte à colaboração, discussão e disseminação de conteúdo educacional. Neste
sentido especificamos as características de um novo conceito de plataforma de ensino que
estende a experiência do usuário em mídia social e com seus pares num contexto de rede social
para aprendizagem. Neste contexto, a REDU foi concebida para que estudantes e profissionais de
ensino disponham de ambientes de armazenamento e resolução colaborativa de provas e
visualização do desempenho (MELO, 2010). O trabalho focou na implementação dos protótipos
desenvolvidos no projeto de pesquisa anterior (MELO, 2010), o qual teve como objetivo gerar
protótipos, que viabilizassem o desenvolvimento de uma ferramenta que promova uma
percepção mais ampla do contexto de educação (atividades, atores, recursos, metodologia).Para a
geração de soluções e avaliação adotamos práticas do design de interação (PREECE; SHARP;
ROGERS, 2002).
5
Figura 1. Telas da compartilhamento de vídeos na Rede Social Educativa REDU.
A proposta da Rede Social Educacional é utilizar a tecnologia de análise da interação em redes
sociais para permitir a criação de comunidades com diferentes níveis de acesso que
potencializem a interação entre pares e ajuda mútua para criar um ambiente favorável à
aprendizagem. As atividades dos usuários do sistema são acompanhadas ao longo do tempo por
meio de um sistema de histórico de suas atividades no ambiente. Estas compreendem
comunicações, aproximações, ajudas mútuas, resolução de problemas e participação em fóruns e
seções de aula pela Internet.
6
Figura 2. Tela da constelação de colaboração e recomendação na Rede Social Educativa REDU.
A partir da participação dos usuários neste sistema, é possível fornecer informações sobre a
evolução do mesmo e sua posição relativa em uma base de dados que contém informações
detalhadas sobre candidatos integrantes de sua rede social e dados de exames nos quais eles
participam. São sugeridas e estimuladas as interações por meio de recomendações e mútuas
apresentações entre participantes da rede social orientadas pela similaridade de interesses, perfil
ou possibilidade de mútua colaboração.
Este engenho trata os dados relativos ao comportamento dos usuários e suas interações no
sistema. As comparações possíveis têm por base tratamentos estatísticos pré-definidos pelo
gerenciador do sistema. O engenho é capaz de tratar separadamente dados individuais e de
grupos, assim como realizar comparações entre indivíduos, entre grupos, e entre indivíduos e
grupos (em qualquer destes casos, incluindo níveis históricos evolutivos de desempenho). A
partir das análises podemos gerar recomendações de conteúdos e de pessoas com os quais os
usuários deveriam interagir para melhorar sua performance geral nos estudos.
A participação na rede social é avaliada para destacar os usuários que mais ajudarem seus pares.
Assim, são incentivadas as interações entre pares da rede ao mesmo tempo em que se constrói
um histórico de desempenho abrangente e de fácil interpretação (Figura 3).
7
Figura 3. Tela de resultados de auto-avaliação na Rede Social Educativa REDU.
As funcionalidades permitem construir históricos para aferição de desempenho, simulações e
indicativos precisos da classificação simulada do usuário nos concursos de seu interesse. Essas
funcionalidades preenchem uma necessidade de mercado relacionado aos ambientes de formação
pela internet. Considerando isso, o objetivo central do projeto da Redu é conceber um conjunto
de estilos de interação, formas de comunicação e colaboração que possam oportunizar o acesso a
educação formal e informal (MARSICK e WATKINS, 1997).
4 Método
O objetivo do presente estudo é analisarmos as dificuldades de colaboração e aprendizagem
colaborativa entre os alunos e as dificuldades intrínsecas ao planejamento, monitoramento e
mediação realizados pelos professores que ocorrem por meio da Redu. De acordo com Merriam
(1998), comumente, a exposição do objetivo geral da investigação é seguida por perguntas de
pesquisa. Estas “refletem o pensamento do pesquisador sobre os fatores mais significativos para
se estudar. Elas dirigem a investigação e determinam como os dados devem ser coletados” (p.
60). Assim, algumas perguntas específicas foram incluídas com relação aos sujeitos
investigados:
1. Como são as interações que ocorrem entre os participantes? Como os participantes de
redes sociais ajudam-se mutuamente nas tarefas de aprender e como regulam sua
aprendizagem?
8
2. Quais as necessidades de perceber a atividade de outrem e do grupo ocorrer durante a
participação nas redes sociais em busca de aprendizagem?
3. Que práticas docentes são realizadas e que problemas e dificuldades ocorrem?
De acordo com Morgan (1980, p. 69), uma determinada pesquisa toma como base uma escola de
pensamento, a qual está incluída na área de abrangência de um paradigma. Podemos então
afirmar que esta pesquisa posiciona-se no paradigma interpretativista, o qual se fundamenta na
visão de que o que acontece na realidade social não existe em qualquer sentido concreto, mas
equivale ao produto das experiências subjetivas e intersubjetivas das pessoas.
Partindo de uma visão subjetivista da realidade, a investigação proposta segue as orientações da
pesquisa qualitativa. Conforme Merriam (1998, p. 6), pesquisadores que adotam essa abordagem
estão interessados em entender os significados construídos pelas pessoas, ou seja, compreender
como os indivíduos entendem o seu mundo e as experiências que vivenciam.
Nessa pesquisa utilizamos a estratégia de estudo de caso. De acordo com Yin (2005, p. 28), essa
estratégia é adequada quando “faz-se uma pergunta do tipo ‘como’ ou ‘porque’ sobre um
conjunto contemporâneo de acontecimentos, sobre o qual o pesquisador tem pouco ou nenhum
controle”.
4.1 Participantes
O critério de seleção do participantes foi predominantemente o da intencionalidade (amostra
proposital), haja vista que, segundo Patton (2002, p. 46):
O poder e a lógica da amostragem intencional está na ênfase do entendimento em profundidade. Isto conduz à seleção de casos ricos em informação para o estudo em profundidade. Casos ricos em informação são aqueles por meio dos quais se pode aprender muito sobre assuntos de importância central para a intenção da pesquisa, daí o termo amostragem intencional.
O público alvo para a realização do estudo de caso no REDU foram trinta alunos cursando o
segundo ano do curso de Agropecuária integrado ao ensino médio e três professores das
disciplinas de História, Matemática e Culturas anuais também do ensino médio. Os alunos e
professores das disciplinas escolhidas consentiram que os encontros presenciais e as interações
ocorridas no ambiente e REDU fossem usados na pesquisa. Porém, ficou estabelecido que a
identidade de todos os participantes seria preservada, dessa forma os alunos participantes do
curso foram denominados de “A” seguido por um número sequencial, e os professores do curso
foram denominados de “P1”, “P2” e “P3”.
9
Dos trinta alunos que participaram da pesquisa dez alunos foram convidados para serem
entrevistados individualmente e desses, seis alunos para participarem, também, de uma entrevista
em grupo. Os seis alunos convidados para participarem da entrevista em grupo possuíam
experiência distintas em relação ao uso de tecnologias. Os trinta alunos foram convidados a
responderem a um questionário, a partir do qual foi elaborado um perfil dos alunos que
utilizaram o ambiente REDU em relação a sua experiência com uso de tecnologias. Participaram
do estudo alunos e professores do Curso de Agropecuária Integrado ao ensino médio do Instituto
Federal de Educação Ciência e Tecnologia do Ceará – IFCE – Campus Crato.
Os alunos participantes da pesquisa tinham entre 16 e 21 anos de idade, 58% dos alunos eram
procedentes da zona urbana enquanto que 42% eram da zona rural. Todos os alunos participantes
tinham acesso a internet, sendo alunos semi-internos e alunos em regime de internato do curso
que fazem no IFCE no campus Crato. Durante o período do curso um dos laboratórios de
informática da instituição ficou disponível para utilização pelos alunos internos nos finais de
semana.
Em relação ao tempo de uso de computadores, 15% dos alunos já faziam uso de computadores
há mais de 5 anos, 69% utilizam há no máximo 5 anos e no mínimo 1 ano, e 16% há menos de 1
ano. Todos os alunos participantes da pesquisa utilizam pelo menos uma dessas redes sociais:
Twitter, Orkut, Facebook e MySpace.
Em relação aos três docentes convidados, todos são atuantes do ensino médio com
conhecimentos e experiências distintas em informática e sistemas virtuais de comunicação. Os
docentes foram selecionados aleatoriamente e sem nenhuma adoção de perfil prévio. A seguir
apresentamos uma tabela (Tabela 1) contendo o perfil dos docentes participantes da pesquisa.
Tabela 1 – Perfil dos docentes.
Sujeito Idade Sexo Tempo de ensino Experiências com tecnologias Experiências com redes
sociais
P1 46 M 20 Sim, como ferramenta de auxílio. Sim, apenas como meio de comunicação.
P2 31 M 2 Sim, com intenções educacionais. Sim, compartilhar informações.
P3 44 F 18 Sim, como ferramenta de auxílio. Sim, para reunir amigos.
10
4.2 Coletadedados
Ao longo da pesquisa, durante a coleta e análise dos dados, tentamos compreender as interações
dos sujeitos no Redu durante o processo de aprendizagem. A coleta foi realizada a partir
observação das interações da captura das atividades os usuários no ambiente (captura de telas e
gravações de vídeos), de entrevistas semi-estruturadas aplicadas individualmente e em grupo, e
dos questionários respondidos pelos participantes.
O principal método utilizado na coleta de dados foi a observação participativa e entrevista semi-
estruturada narrativa individual e em grupo, que foram realizadas com os participantes do
REDU. Os dados foram coletados de forma gravada e filmada conforme Tabela 2.
Tabela 2 – Dados Gravados e Filmados.
Dados Tempo de Gravação e/ou Filmagem
Entrevista Grupal 37 min
Entrevistas Individuais 28 min
Análise das Tarefas 1 h 01 min 48 s
Planejamento dos professores 3 h 04 min 34 s
Aulas 3 h 35 min 18 s
A adequação dos procedimentos propostos está em alinhamento com a abordagem qualitativa,
uma vez que foram empregados procedimentos de coleta de dados no campo. As entrevistas, e
subseqüente análise das falas dos entrevistados, bem com a observação em campo do processo
de colaboração dos participantes são procedimentos adequados para investigar os fenômenos em
foco.
4.3 Análisedosdados
Para a análise dos dados buscamos identificar e destacar as situações de interações entre todos os
participantes durante o uso do REDU bem como modelar a prática docente no ambiente. Os
dados coletados foram categorizados com base nas interações no ambiente, nas entrevistas em
grupo e individual, no acompanhamento das atividades do docente de planejamento e durante as
aulas presenciais.
Para a análise e categorização dos dados foi utilizado o software de análise qualitativa NVivo4. O
uso do software auxiliou na categorização dos dados, relacionando-os e ajudando na elaboração
da hierarquização em forma de árvore.
4 Nvivo, research software for analysis and insight, www.qsrinternational.com
11
O seu recurso de visualização gráfica possibilitou uma melhor compreensão das categorias que
emergiram dos dados, e que posteriormente, foram sintetizadas e apresentadas na forma de
gráficos.
A análise dos dados foi desenvolvida mediante um processo de construção de categorias ou
temas, que capturam padrões repetidos na maior parte dos dados coletados (Merriam, 1998, p.
179). Para análise das interações foi utilizada a análise temática através da criação de categorias
a posteriori. As categorias foram criadas de acordo com as situações identificadas nos dados
coletados e que ocorreram repetidas vezes.
A análise de dados compreendeu a descrição e a interpretação dos diferentes aspectos do
fenômeno investigado. A partir das interpretações finais, foram verificadas as dificuldades e
necessidades apresentadas pelos participantes durante o processo de aprendizagem utilizando o
ambiente REDU.
5 Resultados Na seções a seguir, apresentaremos os principais indícios acerca da estrutura da colaboração,
auto-regulação da aprendizagem, prática docente. Concluiremos a seção com uma lista de
requisitos que aprimoram as interfaces da Redu.
5.1 Colaboração:Interaçãoentreosparticipantes
As ferramentas de comunicação assíncrona providas pela REDU passam a idéia de ser
uma interação eficiente, segundo os participantes. Este aspecto de eficiência da interação no
REDU em comparação com episódios presenciais, pode ter por base nas opiniões dos
participantes a uma maior flexibilidade que os mesmos acreditam ter na rede social. Nessa
direção, quando questionados em relação a inibição, todos os participantes afirmaram que na
REDU eles participaram de maneira mais efetiva das aulas e sem acanhamento.
A2 - ... até que quando um professor tá [sic] dando uma aula em sala de aula, ai tem um determinado aluno que quer tirar uma dúvida com o professor né [sic]? ai pede pra tirar essa dúvida. Ai tem outro certo aluno que sabe tirar essa dúvida, explicando de um jeito que agente consegue entender melhor que o professor. Ai fica ali, fica impedindo dele esclarecer mais para o colega ali. Na REDU não. Tanto que quando ele postava uma pergunta lá quando um aluno sabia já ia lá diretamente .
Além disso, observa-se a participação de um maior número de pessoas, tendo em vista
que as elas poderiam participar em horário e local distintos e convenientes a cada uma delas.
Esse tipo de comunicação utilizada na REDU facilita a participação de todos trazendo como
12
conseqüência um grande número de contribuições e também uma melhora qualitativa na
interação devido ao tempo que os participantes dispunham para pensar e refletir antes de enviar
suas contribuições. A1 - A interação na REDU foi melhor por que agente tinha mais acesso ao professor e colegas. E também pra fazer perguntas pra eles e pra o professor também.
Os alunos também acharam positivo a ampliação do tempo de interação para além
daquele regular em sala de aula. Com o uso do REDU eles tiveram a possibilidade de ampliar o
tempo de debate, não ficando limitado apenas ao tempo da aula presencial. Esse tempo
representou uma oportunidade para tirar dúvidas que surgiam sobre o assunto a qualquer
momento. A7 - às vezes você tem a aula com o professor, ai depois você vai rever o conteúdo né [sic] em casa ai você fica com algumas dúvidas. Ai no programa você tinha como tirar essas dúvidas com o professor na hora em que você teve. Ele respondia pra você sem precisar tá [sic] na sala de aula.
Os alunos sentiram-se como integrantes de um grupo de estudo. Na REDU o professor
era visto pelos alunos como alguém que estava no ambiente para auxiliá-los no processo de
aprendizagem, passando a assumir um papel de facilitador do processo de aprendizagem. A4 - Se você precisa tirar uma dúvida com o professor o conteúdo já ta [sic] lá. Se você precisa estudar você já ta [sic] com o conteúdo lá. Você pesquisa, pergunta ao professor ou tira a dúvida até com o colega mesmo. A2- Lá havia uma troca de idéias assim entre alunos e professores e ate mesmo pessoas que não faziam parte da escola. É ... havia aquele intercâmbio entre as pessoas, tirando dúvidas, perguntando. Era muito interessante isso aí.
Segundo Dillenbourg (2003) para que ocorra um aprendizado colaborativo é necessário
que exista interação entre todos os envolvidos. Percebemos com o uso da REDU que os
participantes sentiram-se à vontade para expressar suas opiniões, perguntarem, responderem aos
questionamentos dos outros colegas e dos professores. Também foi observado uma mudança na
forma como os alunos percebiam o papel dos professores. Parece haver uma relação de igualdade
entre os envolvidos. O texto a seguir ilustra esse efeito. Trata-se de um trecho extraído do debate
ocorrido na REDU após uma aula presencial sobre o assunto escravidão. A10 Realmente nas novelas....quem representa as pessoas ricas...são atores de pele brancaaa Nov 22, 2010 4:54pm A9 Esse assunto é bem amplo e pode ser abordado em várias matérias não só em histórias mas em outras, para a sociedade estudantil se conscientiza que o preconceito não vai melhora nada em nossas vidas. Nov 17, 2010 1:31am A8 Concluindo: Há uma distância enorme entre os "mundos" dos negros e o mundo dos brancos. E quem cria essa distância??? A PRÓPRIA SOCIEDADE. flw.Nov 14, 2010 7:10pm A8 Sem dúvidas A1! Atualmente vê-se o mundo da seguinte forma: O mundo dos "brancos" é marcado pela alegria, civilizado, urbano...! enquanto que os dos negros é visto com tristeza,violência etc. Nov 14, 2010 7:07pm
13
A1 É tão de um jeito, que em Novela e alguns programas de TV, a empregada é negra, o Marginal é negro. COMO PODEMOS ACABAR COM ISSO, SABENDO QUE ESSE ASSUNTO É MUITO DESCUTIDO NAS ESCOLAS????????????????? Nov 14, 2010 11:53am A1 A escravidão é um assunto muito falado nas escolas. com isso, podemos concluir que o preconceito ainda é muito grande em relação para com o NEGRO. Nov 14, 2010 11:51am
Na análise dos dados coletados identificamos algumas dificuldades relatadas pelos participantes
no momento da interação uns com os outros. Para os alunos, a interação em certos momentos é
complexa. Eles relataram que em determinados momentos a comunicação com os colegas ficou
limitada por uma exigência no número de caracteres para se postar uma mensagem. Essa
dificuldade foi sentida durante todo o curso. [Entrevista1 - A1] - ...falta de eficiência foi em relação ao número de caracteres que tinha lá exigido na pergunta (200 caracteres). Se a pergunta fosse muito extensa você tinha que procurar minimizar a pergunta no mínimo por causa do número de caracteres.
Os alunos destacaram também a importância da interação com outras comunidades. Para eles
seria interessante a rede ampliar o seu acesso a outros alunos de outras redes. [Entrevista1 - A1] - Porque na maioria das vezes só tá [sic] tendo debate com o que os professores falam e os alunos só fazem perguntas do que os professores falam, se tivesse outras comunidades, outras redes para interagir era melhor.
O acesso ao meio também foi identificado como uma dificuldade. Um aluno em seu relato identifica que
teve dificuldade inicialmente, mas, destaca que o poder de interação dentro da rede com seus colegas foi
essencial para o aprendizado da ferramenta.
[Entrevista2 - A2] - no começo eu achei que tinha dificuldade porque não tinha muito assim acesso. Mas eu fui tirando dúvidas com os colegas e ficou mais fácil, assim, de tudo saber.
Os participantes sentiram a necessidade de utilizar a comunicação síncrona. Na REDU os alunos disseram
que era necessário que a postagem chegasse mais rapidamente quando estes estivessem “on-line”,
evitando uma atualização manual de suas mensagens recebidas.
[Entrevista3 - A3] - Essa atualização, ficar atualizando o tempo todo, era pra tipo ele atualizar normalmente.
A necessidade de indicação de quem está presente numa seção da rede, também foi identificada pelos
alunos. Mesmo estando participando de uma comunicação assíncrona, eles destacaram a dificuldade de
interagir com quem está presente na seção. Com essa indicação poderia haver um benefício na interação.
[Entrevista em grupo - A6] – É concordo. Se lá agente pudesse saber que uma pessoa tava on-line pra gente discutir um assunto que a pessoa tem dúvida ou queira discutir sobre alguma disciplina que agente tem na rede. Era bom porque a pessoa ia postando as suas perguntas e a pessoa ia respondendo quem estivesse on-line. E quem não tivesse on-line as pessoas já ia conversar com outra pessoa discutindo os assuntos da disciplina já saber a resposta logo. Assim ficava quase que a pessoa em frente a outra pessoa perguntando a resposta, tirando a dúvida. Por isso que eu acho que é uma das limitações que o programa tem, é que não tem essa possibilidade.
14
5.2 Auto‐regulaçãodaAprendizagem
Durante o uso do ambiente REDU pelos participantes, buscamos identificar situações que
mostrassem como o ambiente pode ajudar os alunos no processo de auto-regulação da
aprendizagem. Segundo Zimmerman (2000) a auto-regulação da aprendizagem pode ser definida
como qualquer pensamento, sentimento ou ação criada e orientada pelos próprios alunos para a
realização dos seus objetivos. A metacognição refere-se ao nível do pensamento que envolve
ativar o controle sobre os processos de pensar. Planejar a forma de aprender: definindo tarefas,
monitorando e avaliando o seu progresso: estas são habilidades referentes a metacognição.
Algumas das estratégias metacognitivas utilizadas pelos alunos seriam: planejar seu processo de
aprendizagem, checar e monitorar o seu progresso, selecionar, revisar, avaliar, dentre outras
estratégias. Outra estratégia que auxilia nesse processo é o acompanhamento do que os colegas
estão fazendo.
Os alunos usaram os mecanismos de comentários e fórum, principalmente para busca de ajuda,
conforme protocolos abaixo. A3 - Ai agente mandava lá as perguntas e o professor ia lá, debatia, olhava as perguntas que tinham lá e respondia pra você. A4 - ... em relação ao número de perguntas , aumentou a possibilidade de você fazer um maior número de perguntas devido a possibilidade de várias pessoas responderem, muitas vezes até o professor poderia até discordar e tinha o debate dos alunos sobre o que eles achavam da resposta que o professor dava. Era bem interessante essa parte do REDU.
A auto-avaliação também foi comumente associada, a partir de comparações com atividades, aos
demais colegas. Foi importante para auxiliar os alunos a terem possibilidade de poder
acompanhar todas as atividades que estavam sendo desenvolvidas pelos colegas que tinham
objetivos comuns de aprendizagem. A forma como o ambiente REDU tem de mostrar sempre
tudo o que os colegas que o sujeito é seguidor é importante nesse processo de auto-regulação. A6 – ... A pessoa vai ter acesso às perguntas e respostas de todos os alunos que tão postando mensagens. E no caso ali, das pessoas que segue. Ali também é bom porque a pessoa quando quiser fazer uma pergunta ou responder alguma coisa direcionado a alguém que a pessoa segue, a pessoa só é clicar lá e ... postar a mensagem e botar a mensagem pra pessoa .... a pergunta ou a resposta pra quem a pessoa quer direcionar...., mais não é só isso.... todo o mundo tá vendo quando coloca lá a pergunta, a mensagem. Se outra pessoa quiser responder, ela também responde.
Os participantes também sentiram necessidade de manterem-se sempre atualizado em relação ao
que estava acontecendo no ambiente. A6 - Tá usando durante o fim de semana, durante a semana tá usando a internet e sempre tá olhando lá na REDU, senão agente fica sem saber o que tá acontecendo. Ai, quando agente vai olhar tem que vê tudo pra saber o que tá acontecendo [sic].
15
Nesse processo, os alunos demonstraram interesse em perceber as transformações que ocorrem
no ambiente REDU, bem como a necessidade de perceber o que os colegas fazem. Os alunos
também destacaram a importância do acesso ao material disponibilizado pelos professores.
Chegaram, inclusive, a fazerem sugestões relacionadas a disponibilização do material anteceder
as aulas. A12 – P2 depois de tantas aulas só agora pude observar, q [sic] talvez as mesmas ficariam mas interessantes se vc [sic] disponibilizasse as apostilas das determinadas culturas, dias antes das aulas acontecerem. Nov 13, 2010 10:34 pm
5.3 Apráticadocente:planejamento,coordenaçãoemediação
Um aspecto bastante importante no uso de um ambiente como a REDU no processo de ensino-
aprendizagem é a facilidade de incorporação na prática docente. Durante a realização desse
estudo de caso procuramos identificar como o docente iria planejar, ensinar e avaliar utilizando a
REDU. Para atingir esse objetivo buscamos modelar a prática docente nas redes sociais
educacionais, bem como, investigar qual a possível contribuição que a intermediação via REDU
pode trazer ao processo de planejamento, coordenação e mediação.
O contexto a observação da pesquisa considerou dois momentos: no primeiro momento foi
realizada a observação do planejamento de ensino realizado pelo docente dentro do ambiente do
REDU. No segundo momento foi realizado a observação de todas as interações que ocorreram
mediados via Redu. Buscamos identificar como ocorria a interação do professor com os alunos,
tanto nos momentos presenciais quanto nos momentos a distância intermediados pelo REDU.
Verificamos que durante o uso da Rede REDU os alunos sentiam-se mais a vontade em
questionar o professor e ao mesmo tempo mais motivados em participar das discussões, inclusive
propondo alterações nas atividades propostas pelos docentes. Os docentes, por sua vez,
assumiram papel de mediador. Esta mudança no papel dos docentes levou a uma efetiva
colaboração entre todos os participantes (docentes e alunos).
Os docentes realizaram atividades de planejamento, tais como criação de aula, criação de redes,
reflexão sobre o que havia sido planejado e os resultados obtidos. Nessa última atividade os
docentes solicitaram que o material utilizado anteriormente fosse revisto pelos mesmos, com a
finalidade de manter o que tinha obtido sucesso alcançando os objetivos estabelecidos nessa
etapa, e reestruturando o que não tinha obtido os resultados esperados.
16
Durante a realização das atividades propostas pelos alunos, os docentes realizarão tarefas de
coordenação e mediação que consistiram em, notificar os alunos sobre novas atividades,
apresentar o curso, responder os questionamentos dos alunos relativos ao conteúdo e a estrutura
do curso. A seguir mostramos alguns exemplos das atividades. P2 - Olá caros alunos, é um prazer tê-los aqui na rede de contatos REDU, desta forma em breve estarão disponíveis todas as informações inerentes as culturas. P3 - Depois vou deixar os textos de história para vocês olharem.Ok P2 - ATENÇÃO: AS AULAS SERÃO REALIZADAS NO LAB. DE INFORMÁTICA, NO CURSO DE SISTEMAS DE INFORMAÇÃO. Aula referente a continuação da Sistema de Produção da Cultura da Mandioca. P2 - O peso das sementes que será utilizada na equação matemática 03, deve compreender valores entre 20 à 80 gramas, para o peso das 100 sementes. Ok, A15. P1 - Outras informações importantes: fiquem atentos a plataforma do REDU para que a aula não seja interrompida. Obrigado
5.4 RequisitosIdentificados
Baseados nas dificuldades sentidas pelos participantes identificamos um conjunto de requisitos
buscando melhorar a ferramenta REDU. A seguir destacamos alguns desses requisitos,
identificados durante as interações, entrevista em grupo e entrevista individual. Os mesmos
foram identificados com o código [REQ_INTER], a cada novo requisito atribuí-se um seqüencial
para sua identificação.
Apesar da comunicação assíncrona trazer benefícios na interação entre os participantes, estes
identificaram como essencial uma ferramenta síncrona de comunicação. Pois, indagaram que
este tipo de ferramenta melhoraria o processo de interação entre os mesmos. Tendo também
como identificar quem estivesse presente numa sessão de interação, facilitando a comunicação.
[REQ_INTER01] Durante o processo de participação numa sessão de interação o aluno deve ser
informado sobre outros alunos que estejam presentes na mesma.
[Entrevista individual- A7] - Eu sugiro que na caixa de mensagem de você deixar mensagem, que a mensagem fosse para o professor ver depois. E pra interação mesmo você utilizasse uma pequena janela de bate-papo, num cantinho.
[Entrevista em grupo - A5] - Tipo uma janela de bate-papos que você pudesse ver quando os seus amigos estivessem on-line na rede. Porque nem sempre eles estavam on-line no momento em que você estava acessando a rede.
A forma assíncrona de interação trouxe inúmeros benefícios para os alunos: desibinição,
participação, qualidade no debate e acesso a informação de uma maneira livre. Mas, a
17
necessidade de uma ferramenta síncrona ficou evidente, onde as interações aconteceriam mais
rapidamente.
[REQ_INTER02] O usuário não necessita preocupar-se com o tamanho da área de digitação de
mensagens. Esta deve adaptar-se automaticamente ao tamanho do texto.
Para os alunos a necessidade de um maior número de caracteres para digitação das mensagens é
essencial para uma boa interação. Os alunos declararam que não houve eficiência nas interações
por essa limitação de caracteres. [Entrevista5 – A5] O aumento dos caracteres nas mensagens, vc [sic] digitava um assunto e tinha que parar porque não tinha como digitar mais
[Entrevista6 – A6] - todo mundo sente assim uma dificuldade foi o total de caracteres que tem, o tanto que você pode escrever nele, que sempre você quer digitar em grande quantidade e não dá certo, ai sempre tem que tá [sic] escrevendo de mensagem em mensagem.
6 Discussão
A Redu mostrou-se transparente para realização de práticas de comunicação, aprendizagem
colaborativa e mediação didática para prática docente. Novas necessidades e requisitos foram
identificados no decorrer da análise de dados. Atualmente, apenas 7 milhões de brasileiros
buscam formação pela internet (CGI, 2010). As soluções existentes de plataformas de ensino
apresentam limitações ao uso. Como alternativa, o uso de redes sociais na educação vem sendo
apontado como uma tendência para impulsionar transformações nos paradigmas educacionais e
na adesão a formação a distância ao longo da vida. Nossa posição é a de que apenas um sistema
que disponibilize, coordene, monitore e perceba o comportamento de usuário de forma flexível e
em múltiplas plataformas, e ainda de forma transparente, poderá facilitar a inclusão de usuários
brasileiros em programas de formação continuada a distância. Para isso, propomos utilizar o
estado-da-arte das áreas de Interação Humano Computador (IHC) para compreender os diversos
contextos de uso de tecnologias: em casa, no transporte coletivo, no trabalho, pelo celular, pelo
rádio, pela televisão, e de forma integrada, gerar subsídios a proposição de uma plataforma que
permita uma efetiva inclusão da imensa maioria dos trabalhadores brasileiros que ainda não
podem ter acesso a formação continuada por meio de tecnologias da informação. Entendemos
que esta concepção é viável e alguns indícios são: o uso amplo de telefonia celular, o consumo
universal de conteúdos televisivos, uma tendência crescente de acesso a Internet. Na medida que
as pessoas ficam mais preparadas para usar tecnologias, as tecnologias tendem a ficar mais
simples ao uso.
18
7 Referências ABED. Associação Brasileira de Educação a Distância. Anuário Brasileiro de Educação Aberta e a Distância. Disponível em: <http://www.abraead.com.br/ >. Acessado em 15.12.2009. ALVES, Enoque Calvino Melo. Design e integração de Ferramenta Colaborativa Síncrona num Ambiente de Ensino Virtual. Dissertação (Mestrado em Ciências da Computação) - Universidade Federal de Pernambuco. Orientador: Alex Sandro Gomes. 2005.
ALVES, Socorro Vânia Lourenço. Transparência social em aplicações colaborativas sincronas. Dissertação (Mestrado em Ciências da Computação) - Universidade Federal de Pernambuco. Orientador: Alex Sandro Gomes. 2006. Amadeus. Disponível em: < http://amadeus.cin.ufpe.br/ >. Acesso em: 18 de setembro de 2009.
ARGYRIS, C. Teaching smart people how to learn. Harvard Business Review, v. 69, n. 3, p. 99-109, May/Jun. 1991.
BABBIE, E. The practice of social research. 8 ed. Belmont (USA): Wadsworth Publishing Company, 1998.
BERTERO, C. O.; VASCONCELOS, F. C. de; BINDER, M. P. Estratégia empresarial: a produção científica brasileira entre 1991 e 2002. RAE – Revista de Administração de Empresas, v. 43, n. 4, p. 48-62, 2003. BRAGA, Maurício da Motta. Design de software educacional baseado na Teoria dos Campos Conceituais. Dissertação (Mestrado em Ciências da Computação) - Universi-dade Federal de Pernambuco. Orientador: Alex Sandro Gomes. 2006.
BROWN, J. S.; DUGUID, P.. Organizational learning and communities-of-practice: toward a unified view of working, learning, and innovation. Organization Science, v. 2, n. 1, p. 40-56, 1991. BROWN, J.; COLLINS, A.; DUGUID, P. Situated cognition and the culture of learning. Educational Researcher, v. 18, n. 1, p. 32-42, Jan./Feb. 1989. CANDY, P. Self direction for lifelong learning: a comprehensive guide to theory and practice. San Francisco: Jossey-Bass, 1991. CARD, S. K., MACKINLAY, J. D. e SHNEIDERMAN, B. Information Visualization. In: Card, S.K.; Mackinlay, J.D. e Shneiderman, B. (Eds.) Readings in Information Visualization -Using Visualization to Think. San Francisco, Morgan Kaufmann Publ., 1999. pp. 1-34.
CAROLINE. Disponível em: < http://www.claroline.net/ >. Acesso em: 18 de setembro de 2009. CGI. Comitê Gestor da Internet no Brasil. Censo 2010. Disponível em < http://www.cgi.br>. Acesso em 15 de dezembro de 2010. CHRIST, Cibele da Rosa. Uso de Mecanismos de Percepção Social para auxiliar atividades de acompanhamento e de avaliação em Ambientes de e-Learning. Dissertação (Mestrado em Ciências da Computação) - Universidade Federal de Pernambuco, Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico. Orientador: Alex Sandro Gomes. 2005. COSTA, Maria Cláudia Barbosa. Ambiente Colaborativo Síncrono com o Uso de Coleta de Dados em Tempo Real de Grandezas Físicas para o Aprendizado de Conceitos Físicos. Dissertação (Mestrado em Ciências da Computação) - Universidade Federal de Pernambuco, Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico. Orientador: Alex Sandro Gomes. 2007.
19
DANESH A., INKPEN K., LAU F., SHU K. e BOOTH K. Geney: designing a collaborative activity for the Palm handheld computer. Disponível em:<http://courses.ece.ubc.ca/418/resources/geney.pdf >. 2001. Acessado em: 04 de outubro de 2008. DANESH, A., INKPEN K., LAU F., SHU K. and BOOTH K. (2001) Geney: designing a collaborative activity for the Palm handheld computer. Disponível em:<http://courses.ece.ubc.ca/418/resources/geney.pdf >. Acessado em: 04 de outubro de 2008.
DOKEOS. Disponível em: < http://www.dokeos.com/ >. Acesso em: 18 de setembro de 2009. EDU 2.0. http://.www.edu20.org. FILIPPO D., FUKS, H. e LUCENA C. J. P. AulaNetM: Extensão do Serviço de Conferências do AulaNet destinada a usuários de PDAs, 2005, Anais do XVI Simpósio Brasileiro de Informática na Educação – SBIE 2005, 07-11 de Novembro, Juiz de Fora, MG, ISBN 85- 88279-48-7, pp. 623-633.
FOX, S. From management education and development to the study of management learning. In: BURGOYNE, J.; REYNOLDS, M (Ed.). Management learning: integrating perspectives in theory and practice. London: Sage , 1997. p. 21-37. GEORGIEV T.; GEORGIEVA E.; SMRIKAROV A. M-Learning a New Stage of Е-Learning, International Conference on Computer Systems and Technologies CompSysTech, 2004. GOMES, Alex Sandro; TEDESCO, Patricia Azevedo (2002). Amadeus: A Framework To Con-structivist Support Based on Projects and Multi-Dimensional Learner Evaluation. In: E-LEARN 2002-WORLD CONFERENCE ON E-LEARNING IN CORPORATE, GOVERN-MENT, HEALTHCARE, AND HIGHER EDUCATION, 2002, Montreal. Proceedings of E-Learn 2002. Association for the Advancement of Computing in Education (AACE), 2002.
GOMES, Apuena Vieira. Ferramentas de suporte ao trabalho docente em atividades a distância. Tese (Doutorado em Ciências da Computação) - Universidade Federal de Pernambuco, Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico. Co-Orientador: Alex Sandro Gomes. 2004.
KIM, D. The link between individual learning and organizational learning. Sloan Management Review, v. 35, n. 1, p. 37-50, Fall, 1993.
LAVE, J.; WENGER, E. Situated learning: legitimate peripheral participation. Cambridge, UK: Cambridge University Press, 1991.
LEUNG, Chi-Hong; CHAN ,Yuen-Yan. Mobile Learning: A New Paradigm in Electronic Learning. Proceedings of the The 3rd IEEE International Conference on Advanced Learning Technologies, 2003. MARSICK, V. J.; WATKINS, K. E. Lessons from Incidental and Informal Learning. In Management Learning: Integrating Perspectives in Theory and Practice, edited by J. Burgoyne and M. Reynolds, chapter 17. Thousand Oaks, CA: Sage, 1997.
MCLEAN, N., The M-Learning Paradigm: an Overview. Macquarie University, Sydney, 2003. MEDEIROS, Leonardo Melo de. Proposta de Processo de Requisitos para Equipes de Desen-volvimento Distribuídas Visando Melhorar a Documentação e Validação com Uso de Protótipos. Dissertação (Mestrado em Ciências da Computação) - Universidade Federal de Pernambuco. Orientador: Alex Sandro Gomes.
20
MELO, Cássio de Albuquerque. Scaffolding of Self-Regulated Learning in Social Networks, Dissertação (Mestrado em Ciências da Computação) – Universidade Federal de Pernambuco. Orientador: Alex Sandro Gomes. 2010.
MERRIAM, S. Qualitative research and case study applications in education. San Francisco (USA): Jossey-Bass, 1998.
MERRIAM, S.; CAFFARELLA, R. Learning in adulthood: a comprehensive guide. 2. ed. San Francisco: Jossey-Bass, 1999.
MEZIROW, J. A critical theory of adult learning and education. Adult Education, v. 32, n. 1, p. 3-24, Fall, 1981.
MEZIROW, J. Transformative dimensions of adult learning. San Francisco: Jossey-Bass, 1991.
MEZIROW, J. Understanding transformative theory. Adult Education Quarterly, v. 44, n. 4, p. 222-232, Summer, 1994.
MEZIROW, J.How critical reflection triggers transformative learning. In: ______ (Org.). Fostering critical reflection in adulthood: a guide to transformative and emancipatory learning. San Francisco: Jossey-Bass, 1990. p. 1-20. MILES, M.; HUBERMAN, A. Qualitative data analysis: an expanded sourcebook. 2. ed. Thousand Oaks (USA): Sage, 1994. MOODLE . Disponível em: < http://moodle.org/ >. Acesso em: 18 de setembro de 2009.
MOORE. M. G. Handbook of Distance Education: Second Edition [Hardcover], Estados Unidos Lawrence Erlbaum Associates, 2007.
MORGAN, G. Paradigms, metaphors, and puzzle solving organization theory. Administrative Science Quarterly, v. 25, n. 4, p. 605-622, Dec. 1980.
O’MALLEY C., VAVOULA G., GLEW J.P., TAYLOR J., SHARPLES M., LEFRERE P. WP4–Guidelines for learning/teaching/tutoring in a mobile environment,2003.Disponível em: <http://www.mobilearn.org/download/results/guidelines.pdf>. Acessado em: 10 de setembro de 2008.
OLAT. Disponível em: < http://www.olat.org/ >. Acesso em: 18 de setembro de 2009. PASSOS, Jocélio de Oliveira Dantas. Design interativo de ferramenta de manipulação de objetos de aprendizagem de ambientes virtuais de ensino à distância. Dissertação (Mestrado em Ciências da Computação) - Universidade Federal de Pernambuco. Orientador: Alex Sandro Gomes. 2006. PATTON, M. Q.. Strategic themes in qualitative inquiry. In: ______. Qualitative research and evaluation methods. 3ed. Thousands Oaks: Sage Publications, 2002. p. 37-73. PREECE, J., SHARP, H. e ROGERS, Y. Interaction design: Beyond human–computer interaction. USA: John Wiley & Sons, Inc, 2002. QUEIROZ, Ana Emília de Melo. Agentes de interface de software educativo. Dissertação (Mestrado em Ciências da Computação) - Universidade Federal de Pernambuco. Orientador: Alex Sandro Gomes. 2006.
RAMOS, Jorge Luis Cavalcanti. Requisitos para ferramentas de avaliação em ambientes vir-tuais de ensino. Dissertação (Mestrado em Ciências da Computação) - Universidade Federal de Pernambuco. Orientador: Alex Sandro Gomes. 2006. SAKAI . Disponível em: < http://www.sakaiproject.org/ >. Acesso em: 18 de setembro de 2009.
21
SCLIPO. http://sclipo.com/. SOUZA, Flávia Veloso de. Análise das Atividades no Processo de Ensino Assíncrono via Lista de Discussão: estudo de caso em curso de formação continuada de professores de ma-temática em regime semipresencial. Dissertação (Mestrado em Educação) - Universidade Federal de Pernambuco. Orientador: Alex Sandro Gomes. 2004.
TAROUCO, L. M. R., FABRE M. C. J. M., KONRATH M. L. P., GRANDO A. R., Objetos de aprendizagem para M-Learning. In: congresso nacional de tecnologia da informação e comunicação, 2004, Florianópolis. Florianópolis: SUCESU, 2004. Disponível em: http://objectosaprendizagem.no.sapo.pt/pdf/objetosdeaprendizagem_sucesu.pdf. Acessado em: 28 de julho de 2010. TRAXLER, J. Defining Mobile Learning. Proceedings IADIS International Conference Mobile Learning 2005, Malta, pp 261-266. VIGOTSKY, L. S. A Formação Social da Mente - O desenvolvimento dos processos psicológicos superiores. Tradução de José Cipolla Neto. São Paulo: Martins Fontes, 2000. WINTERS, N. What is mobile learning? 2006. Disponível em: <http://telearn.noe-kaleidoscope.org/warehouse/Sharples-2006.pdf> . Último acesso: 04 de outubro de 2008. YIN, Robert K. Estudo de caso: planejamento e métodos. 3 ed. Porto Alegre: Bookman, 2005.