Gestão em Hotelaria - AVM - Pós-Graduação · Para conquistar o hóspede exige-se certas...
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U�IVERSIDADE CÂ�DIDO ME�DES PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU INSTITUTO A VEZ DO MESTRE
Gestão em Hotelaria E a Importância do Departamento de Vendas e Reservas
Elilde Maria Jacinto Grassi Matricula N202768
Orientador Professor Antonio Fernando Vieira �ey
Niterói (RJ) 2009
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U�IVERSIDADE CÂ�DIDO ME�DES PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU INSTITUTO AVEZ DO MESTRE
Gestão em Hotelaria E a Importância do Departamento de Vendas e Reservas
Apresentação de monografia ao Instituto A Vez do Mestre - Universidade Candido Mendes - como requisito parcial para obtenção do grau de especialista em Finanças e Gestão Corporativa. Por: Elilde Maria Maria Jacinto Grassi
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AGRADECIME�TOS Aos professores do curso de Pós-Graduação em Finanças e Gestão Corporativa, Instituto “A Vez do Mestre”, da Universidade Cândido Mendes, de Niterói. Em especial ao nosso orientador Professor Antonio Fernando Vieira Ney. DEDICATÓRIA Dedico a conclusão desta Pós-Graduação a todos os heróis solidários que em tudo e apesar de tudo: Continuam confiando nas pessoas, Continuam construído a esperança, Continuam escolhendo a vida, Continuam optando pela cidadania, Continuam sendo arautos da paz , Continuam tornando real o amor , Continuam plantando belos sonhos em muitos corações.
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RESUMO
A hotelaria é um ramo de empreendimento que, como qualquer outro negócio,
visa obter lucros. O presente trabalho objetiva demonstrar que a fonte deste
negócio, ou seja, a fonte do lucro desse negócio é o cliente, neste caso, o
hóspede. Para conquistar o hóspede exige-se certas habilidades que vão
desde o conhecimento de todo o sistema hoteleiro até a efetivação da reserva
com pessoas, e convencendo-os a utilizar os serviços do hotel. Por tudo isso o
Departamento de Vendas e Reservas deve ser visto e estruturado como o mais
importante porque promove, divulga, prospecta e capta clientes. Embora todos
os demais departamentos também exerçam total influência na fidelização dos
hóspedes o presente trabalho dedica especial atenção aos setores de
Administração e Finanças, um trabalho técnico que exige conhecimento e
muita habilidade.
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Sumário
Introdução ..................................................................................................... 06
Capítulo I – Conquistando o hóspede ......................................................... 07
1.1. A Comunicação com o hóspede .............................................................. 09
1.1 . Perfil do hotel e do hóspede .................................................................... 11
1.2 . Rotina de atendimento ............................................................................. 13
1.3 . Como vender mais e melhor .................................................................... 15
Capítulo II – Departamento de vendas e reservas, e a sintonia
com os outros setores do hotel .................................................................. 17
2.1. Estrutura operacional .............................................................................. 18
2.2. Conquistando o hóspede ........................................................................ 19
2.3. Vendas e reservas e demais subsistemas comerciais ........................... 21
2.4. O marketing hoteleiro na prática ............................................................. 22
Capitulo III – Administração e finanças ..................................................... 24
3.1. Estrutura da indústria hoteleira ............................................................... 24
3.2. A administração ...................................................................................... 24
3.3 O tripé no qual se apóiam as finanças:
Caixa, Patrimônio e Lucro ...................................................................... 25
Conclusão ..................................................................................................... 39
Bibliografia .................................................................................................... 40
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Introdução
Utilizando-se de minha experiência profissional, o presente trabalho compra o
desafio de demonstrar que o hóspede é quem faz o sucesso financeiro do
hotel. Sem evidentemente menosprezar os demais departamentos, este estudo
visa demonstrar que uma gestão hoteleira eficiente começa pelo departamento
de Vendas e Reservas, pois o hóspede representa a fonte de sobrevivência
financeira de um hotel. E quem procura, conquista e cativa o hóspede são os
profissionais responsáveis pelo departamento de Vendas e Reservas. Todo
hotel vive e sobrevive em função do hóspede que é quem paga pelos serviços.
Portanto, cabe ao departamento de Vendas e Reservas a privilegiada função
de conquistá-lo pela habilidade de convencimento, bom tratamento e da velha
arte de saber lidar com pessoas. Vamos demonstrar também a importância da
administração e da controladoria de finanças, mas sempre partindo do princípio
de que um bom departamento de Vendas e Reservas representa um bom
começo para o sucesso financeiro de um hotel.
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Capítulo I
Conquistando o hóspede
A hotelaria é movida pelo prazer do atendimento. A comunicação é a
alma que movimenta as pessoas pelo convencimento, indicando caminhos e
decisões a tomar. Pela comunicação e informação as pessoas são levadas a
selecionar ou fazer escolhas. A comunicação é a grande ferramenta disponível
de um promotor ou vendedor de serviços hoteleiros.
Lidar com pessoas é uma arte difícil que demanda esforço, empenho e
sensibilidade para cativar os que procuram um local para se hospedar, seja em
viagem de negócio ou de lazer e turismo.
Lidar com pessoas, quando a conquista delas representa negócios,
sucesso na profissão e fonte de renda para um empreendimento, o fino trato
passa a ser mais que uma obrigação, torna-se um dever.
Daí que o profissional que exerce a função de lidar com pessoas,
necessariamente deverá ser alguém equilibrado, contido, compreensivo,
observador, amigo e ter tato aguçado para dispensar o tratamento adequado
para cada pessoa e para cada situação.
Em última instância, quem lida com pessoas, exercendo a arte de
convencer e conquistar o hóspede deve no mínimo ser hábil no trato, um
profissional, um ser humano de bem consigo mesmo, com a vida e com o
mundo que a cerca.
Além dessas qualidades individuais, de ser alguém preparado
humanamente e psicologicamente compete ao empreendedor oferecer
estrutura adequada, seja física, material e de ambiente de trabalho. Esse
funcionário, do qual se espera passe por ele a incumbência de conquistar
pessoas e transformá-las em hospedes, merece cuidado especial, capacitando-
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o e dando-lhe condições de trabalho, que esteja motivado e em plena sintonia
com todos os departamentos da empresa.
É importante que o colaborador que exerce a função de trazer
hóspedes, se sinta bem no trabalho. Que tenha um departamento de Vendas e
Reservas adequadamente estruturado, com todas as condições físicas e
ambientais de trabalho, e que seja, em última instância, valorizando. Isso
evidentemente vale para todos os funcionários de todos os departamentos.
Afinal como vamos ver mais adiante, todos os setores de um hotel trabalhando
numa mesma sintonia.
Todos os setores do hotel fazem parte de um mesmo e único negócio.
Todos os setores do hotel lidam com serviços que devem satisfazer pessoas,
ou seja, os hospedes. Se um setor falhar, se um serviço não sair a contento e
desagradar o hóspede, todo serviço do hotel está em jogo. Conquistar um
hospede exige esforço, empenho e muito desgaste emocional. Perdê-lo basta
pequena atitude que o desagrade. Reconquistá-lo é tarefa difícil, complicada e
em geral impossível.
Luiz Gabriel Tiago, gerente de hotel com larga experiência, concorda
que o Departamento de Vendas e Reservas é ponto essencial na estrutura
hoteleira, inclusive sob o aspecto administrativo e como fonte de receita. Para
ele, “a hotelaria é um negócio movido pela emoção e pelo prazer do
atendimento”. Porque é a partir desse conceito de bem servir que vai resultar
na captação dos recursos. O bem servir é extensivo a todos os departamentos,
pois todos lidam direta ou indiretamente para satisfazer o cliente, através dos
serviços oferecidos.
Sandra Verdan, profissional na área hoteleira, concorda que uma boa
gestão de hotel requer uma organização impecável e uma perfeita
intercomunicação entre departamentos e pessoas e que o departamento de
Reservas representa, no final das contas, o coração financeiro do negócio.
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Sobre o Departamento de Reservas, Sandra Verdan ressalta que se
trata de um setor estratégico, pois lida com mercadorias perecíveis e a forma
como negocia, capta e finaliza uma venda, tem reflexo direto no faturamento do
hotel.
Hoje com as ferramentas avançadas da informática para abordagem,
exposição, negociação e fechamento de negócios, na era da globalização,
impõe-se uma nova cultura e ética nas negociações com o cliente. Devemos
estar cientes que hoje ao lado de um hotel, existe não mais um, mas vários
hotéis concorrendo com métodos e estratégias inovadoras.
Desta forma a maneira como falamos ao cliente, a simpatia com que o
atendemos, a clareza nas informações, a segurança sobre o produto, a
capacidade de persuasão, fazem total diferença no fechamento de negócios,
que asseguram a receita do hotel. A reserva é, pois, a grande soberana, para a
qual toda a estrutura do hotel deve ou deveria em princípio se voltar.
O treinamento contínuo do pessoal da área, com programas e projetos
de atualização e motivação funcional, o reforço com os procedimentos a
serem utilizados no atendimento, são itens que via de regra não são aplicados
pelos hotéis, mas se o fossem, teriam reflexo direto na receita.
É para o departamento de Vendas e Reservas que converge o retorno
de todo o esforço e investimento financeiro do hotel em vendas, portanto, cada
consulta é uma venda em potencial a ser captada necessariamente - completa
Sandra Verdan.
1.1. A Comunicação com o hospede
Aqui, quando falamos em hóspede, na verdade estamos ainda falando
em alguém que ainda está pensando em se hospedar. É um cliente, ou um
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hospede em potencial que poderá ou não aceitar as condições de hospedagem
oferecida. Trata-se do primeiro contato com alguém ainda indeciso, que está
pesquisando, verificando as condições.
Aquele que ainda não conhece a casa, como se diz, está indeciso. Não
sabe se será bem acolhido, se o ambiente e os serviços oferecidos são os
desejados, se os valores são convidativos, enfim, busca informações, mas já
vai encontrar sua primeira impressão na qualidade do atendimento. Aí entra a
habilidade, o conhecimento, o bom trato do agente de reservas. É ele a
manifestar a primeira impressão. Ele é o cartão de visita pois neste momento
se realiza a comunicação entre o hotel e o hóspede.
Para Márcia A. Costa, consultora organizacional, que ministra cursos de
treinamento para funcionários de hotéis, concorda que o departamento de
Vendas e Reservas é o que determina a efetivação de todos os contatos feitos
pelo hotel. Vendas , Marketing e outras áreas divulgam o hotel e chamam a
atenção do cliente para o produto. Mas o fechamento do negócio se dá no
momento em que ele se comunica com o departamento de Reservas. Nesse
momento é que será efetivado o verdadeiro trabalho de venda.
Segundo a consultora, Márcia A, Costa, há hotéis onde até 80% do
volume de reservas passa diretamente pelo próprio departamento, sem
interferência de outros setores. Por isso ela acredita que “o departamento de
Vendas e Reservas tem praticamente a mesma função do atacante no futebol.
Enquanto as outras equipes fazem seu trabalho de atrair e fidelizar o cliente, a
efetivação da venda vai depender exclusivamente do profissional de reservas,
que poderá ter ou não sucesso, isto é, poderá fazer ou não fazer o gol”.
“O departamento de Vendas e Reservas tem um grande potencial de
concretização de vendas e tem como obrigação e responsabilidade conhecer o
empreendimento, os serviços do hotel, os concorrentes, a estratégia tarifária,
promocional etc., e principalmente conhecer o cliente que está fazendo
contato. Conhecendo bem o produto e os serviços, o desafio do departamento
de Reservas é conhecer a necessidade do cliente e saber informar de forma
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concreta, compreensível e encantadora incluindo os serviços, o bem estar que
o cliente usufruirá quando estiver hospedado e toda a infra-estrutura e
segurança do empreendimento. O desafio é comunicar tudo isso somente com
palavras, e buscando feedback do cliente para que esta comunicação seja
efetiva e resulte em uma venda, argumenta a consultora Márcia A. Costa.
1.2. Perfil do hotel e do hóspede
Administrar ou gerenciar um hotel não significa somente organizar um
negócio voltado para dentro, isto é, ter uma empresa bem estruturada, bem
equipada, um empreendimento imobiliário funcional e bem constituído, com um
quadro de pessoal bem treinado e preparado. É preciso ter um olhar do
negócio também para fora. Que tipo de hospede, que perfil de clientela o hotel
pretende atender.
Esse olhar para fora começa com a localização. Em que cidade, em
que lugar e ambiente desta cidade se localiza o hotel. Pode ser um hotel
fazenda, que recebe famílias em férias. Pode ser um hotel à beira de praias,
que recebe turistas de nível internacional, interessados em lazer. Ou um hotel
que visa dar atendimento e conforto aos que viajam a negócios e a trabalho.
Ou pode ser um hotel destinado a eventos, convenções, e, portanto, dispõe de
salões e auditórios para conferências.
Assim, o perfil do hóspede vai ser diversificado levando-se em conta o
que o hotel oferece. Administrar ou gerenciar um hotel requer um preparo
especifico para cada finalidade para a qual o hotel foi preparado. Ambas as
visões, seja a de dentro, que estrutura o funcionamento do hotel, e a de fora,
que sabe adequar a estrutura ao perfil dos clientes, são essenciais ao bom
administrador.
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Em vista desta visão global de negócio, o departamento de Vendas e
Reservas é, de novo, quem vai alavancar as vendas. O funcionário de reservas
saberá se adequar ao perfil do hospede, dispensando a ele um tratamento à
altura ou especifico, falando a linguagem especifica ou exigida. Um hotel com
perfil de clientes a trabalho ou a negócios é diferente daquele que lida com
grupos, entidades ou empresas. Assim como é diferente o tratamento e os
serviços a serem oferecidos a turistas, daqueles oferecidos às famílias.
Do ponto de vista de seus usuários o hotel é uma instituição de hospitalidade
comercial que oferece suas instituições e serviços para venda que satisfaçam a
estadia enquanto estão em viagem ou distante das suas residências.
Um conceito de bom hotel deve obedecer os seguintes requisitos:
localização, instalações, serviços, preços e imagem.
A localização, como já vimos, é o endereço geográfico, seja próximo a
uma cidade, lugarejo ou vila, ou mesmo num bairro. A localização já determina
a conveniência ou não de acordo com o perfil do hóspede.
As instalações, que incluem quartos, restaurantes, bares, salas,
funcionais, salas de reuniões, instalações de recreação como quadra de tênis e
piscinas representam uma gama de oportunidades para uso dos clientes e isso
diferencia o negócio que pode se tornar bem mais atrativo.
Os serviços englobam a disponibilidade e a dimensão de determinadas
possibilidade de bem estar ao hospede oferecidos através de suas instalações.
Gentilezas, formalidades, grau de atenção pessoal, velocidade e eficiência
fazem parte dos serviços oferecidos por uma equipe de funcionários
preparados e treinados. O preço expressa o valor cobrado, que é relativo ao
que o hotel oferece. Leva em conta sua localização, instalação e serviços
oferecidos.
A imagem refere-se ao grau de satisfação do cliente e usuários, que
ficam com a sensação de dever cumprido por parte do hotel, deixando nele o
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desejo de voltar e de indicar o hotel aos seus amigos. A imagem reforça o grau
de fidelização do cliente (op. cit. S. Medlik e H. Ingram, pgs. 14-15).
1.3. Rotina de atendimento
Administrar um empreendimento hoteleiro em relação à sua rotina,
começa pelo bom atendimento ao cliente, que tem início pelo departamento de
Vendas e Reservas. Fechar negócios é fator essencial e necessário para
qualquer ramo de atividade comercial, pois a visão de todo empreendedor é
obter e ver seu Departamento de Finanças com todos os pagamentos dentro
dos prazos estabelecidos e lucro para grandes investimentos etc..
Para os funcionários esta visão é também essencial e está entre as
principais preocupações. Todos sabem que se os negócios vão bem, o serviço
e o emprego estarão garantidos, e o salário também.
“Os gestores se esforçam cada vez mais para qualificar e preparar suas
equipes para cativarem clientes e fidelizá-los”, diz o gerente de hotel, Luiz
Gabriel Tiago.
Segundo ele a concorrência é cada vez mais acirrada e novos leitos
com concepção moderna vão surgindo para disputar com antigas fórmulas de
hospedagem. Cada qual busca inovar, inclusive é real um enfrentamento de
grandes redes internacionais se instalando nas mais variadas partes do mundo
e oferecendo novos conceitos de prestação de serviços. As idéias vão surgindo
através de novos estudos de concepção de mercado e como acostuma
acontecer, os mais fortes ganham lugar de destaque.
Embora as técnicas de comunicação tenham evoluído em muito com a
informática, especialmente a comunicação via e-mails, o telefone é ainda o
principal meio de comunicação na hora de cativar o cliente.
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O diálogo que se passa entre o atendimento de reservas e o cliente é a
fonte principal de convencimento para o fechamento das reservas, o qual gera
um retorno imediato na área financeira. Cabe ressaltar que o prazo máximo
para faturamento é de apenas 15 dias a contar da data da saída do hóspede. O
e-mail entra apenas como meio de documentar o negócio já fechado por
telefone, ficando registrado o compromisso entre as partes do fechamento das
hospedagens.
Na entrevista com Sandra Verdan, diz ela que uma das grandes
preocupações dos hotéis é capacitar o atendente de reservas dado a
importância que esta pessoa tem para sucesso financeiro dentro da empresa.
Ela inclusive utiliza alguns procedimentos básicos indispensáveis ao bom
atendente de reservas, conforme demonstramos abaixo:
Procedimentos básicos de atendimento ao telefone:
- Atenda sempre de forma firme e profissional, mas com voz agradável, suave,
nunca com impressão de rancor;
- Atenda com padrão da empresa: cumprimentar, identificar a empresa e
identificar-se;
- Demonstre o maior interesse e satisfação em atender;
- Ofereça ao cliente muito mais do que ele quer saber;
- Nunca use exclamações como “hum, hã, oi, né, ta”, (este procedimento
demonstra falta de interesse ou vício de linguagem)
- Ao terminar um atendimento não use termos como “tá bom”. Isso pode
parecer que quer despachar o cliente, se ver livre dele
- Ao final do atendimento agradeça sempre ao cliente, não diga apenas “de
nada”. Para desligar, diga “nós é que agradecemos, bom dia, boa tarde”...
Se forem aplicados estes procedimentos, certamente o cliente terá satisfação
em ser atendido.
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1.4. Como vender mais e melhor
O bom administrador ou gerente de hotel deve estar ligado em todas as
possibilidades para atrair hóspedes. O lucro é o objetivo principal, sabendo que
para esta conquista, temos que em primeiro lugar conquistar e satisfazer as
expectativas do hóspede.
O marketing é a ferramenta mais importante para atrair o cliente, mas
só atrair não significa a realização completa do negócio. A principal ferramenta
do marketing é a divulgação através da técnica de comunicação chamada de
propaganda. A propaganda pode ser veiculada em outdoors, sites, anúncios
em jornais, revistas, rádio e televisão.
Mas tem acontecido com freqüência o uso da chamada “propaganda
enganosa”. Quando se anuncia um produto, um serviço ou uma marca, a
responsabilidade é muito grande, pois o cliente pode constatar na prática que
não é nem de perto o que foi anunciado. Esta prática de enganar tomou
proporções exageradas a ponto de órgãos especializados do governo ter que
estabelecer leis de proteção ao consumidor e de punição aos anunciantes que
desrespeitam a ética.
Portanto o vender bem, em hotelaria, não significa apenas lotar o hotel
de hóspedes. Vender bem significa estabelecer uma relação de venda versus
rentabilidade. Vender bem significa obter receita, ou seja, faturar, ter lucro.
Outro significado de vender bem é a garantia da volta desses
hospedes, normalmente executivos de grandes empresas que realmente são
fieis em suas hospedagens, cativados por um excelente atendimento, que
deixa a marca, a boa marca, ou ainda a fidelização que é o desejo de retornar
numa próxima oportunidade. Podemos assim dizer que esta fidelização é a
receita garantida do empreendimento, significando um lucro obtido em cima de
cada venda realizada.
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Na formação do preço é necessário levar em conta vários aspectos. Em
última instância, o objetivo do investidor é ter lucro. Para que isso aconteça
nem sempre o resultado deve ser imediato.
Ao optar pela busca do lucro em curto prazo, em detrimento da
satisfação do cliente em longo prazo, uma empresa pode perder clientes para o
concorrente que esteja investindo na constituição de relacionamentos de longa
duração.
Às vezes vale mais a pena baixar o preço e diminuir a margem de lucro
para driblar a concorrência e no futuro aumentar as vendas.
Outras vezes o preço sobre as vendas caem, mas a margem de lucro
aumenta. É sempre uma questão de estratégia que deve ser analisada
cuidadosamente junto ao planejamento financeiro e de marketing da empresa.
Um preço competitivo pode ajudar a ganhar clientes. O mercado é que diz o
quanto está disposto a pagar. O preço ajuda a formar uma determinada
imagem com relação ao produto.
Pede-se portanto, usar o preço para atrair e manter clientes e competir
com a concorrência. Usa-se a promoção e a política de descontos, para que,
no final das contas, apareçam os números positivos no fechamento da
contabilidade (cf. op. cit., “Como vender mais e melhor”, pgs. 50 a 70).
Assim como o meio de hospedagem assume a obrigação de prestar os
serviços de hotelaria, em sua forma plena, o hóspede assume a obrigação de
remunerá-lo por tais serviços (cf. op. cit., Madson , Mamede, pg. 111).
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Capítulo II Departamento de Vendas e Reservas, e a sintonia com os outros setores do hotel
Falamos bastante até aqui sobre a importância de Vendas e Reservas,
tratando este departamento como o principal responsável pelo sucesso, ou
não, de conquistar clientes, realizar negócios e, em última instância,
proporcionar lucro ao empreendimento.
Mas nenhum departamento funciona sozinho. Em qualquer empresa,
todos os setores ou departamentos compõem um único conjunto. Todas devem
estar interligados e sintonizados no mesmo objetivo.
Compete ao gestor treinar seus funcionários, tornando-os aptos a
exercer suas funções com qualidade. Além disso, é importante que todos os
funcionários tenham conhecimento do que a empresa almeja, quais suas
propostas e objetivos. Cada departamento e cada indivíduo devem estar
cientes sobre até onde vai a responsabilidade de cada um e que esteja
preparado para exercê-la.
Cada setor tem o dever de dispensar ao cliente um tratamento ciente de
que ele sempre tem razão. O freguês não volta sempre. Foi maltratado, não
retorna mais. Ele é o senhor de razão e o funcionário de hotel terá que estar
preparado para enfrentar as mais diversas situações com muita habilidade, o
que exige, por parte da gerencia geral treinar essas pessoas. (confira Revista
Programa do Jornal do Brasil, 10 a 16 de abril de 2009, pags. 5 a 8).
Embora a máxima pregada em todos os ramos de negócios é de que “o
cliente sempre tem razão”, faço algumas ressalvas. Na prática não é bem
assim. Há casos que se deve admitir que “o cliente nem sempre tem razão”. O
hóspede não achar que ao entrar num estabelecimento hoteleiro se torna o rei,
que pode mandar e desmandar. Para tudo há limites. Com certeza, para casos
de hóspedes problemas, é melhor não tê-los.
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2.1. Estrutura operacional
Dentre as principais atividades envolvidas diretamente com o hóspede,
destacam-se a recepção, serviços de governança, alimentos e bebidas,
limpeza, enfim, todos os setores que se envolvem com a hospedagem.
Sabendo que se não houver dedicação no atendimento ao hóspede, o
Departamento de Finanças não gera receitas, ou seja, não há dinheiro para
pagar os compromissos, inclusive manter todos os funcionários com salário
em dia. Cabe de novo ressaltar que o hóspede é o gerador principal de
receitas.
Na entrevista com Luiz Gabriel Tiago, gerente de hotel, ele nos dá uma
visão de como é importante a sintonia entre os departamentos e de como
dispensar bom tratamento ao hóspede. Diz ele que:
O bom acolhimento é indispensável para aqueles que estão em trânsito
e deixaram suas famílias em sua cidade de origem. Os fatores psicossociais
devem ser considerados, principalmente por lidarmos com seres humanos que
têm aspirações, vontades e carências. Esse deslocamento exige uma logística
complicada e tramada através de sistemas e subsistemas interligados.
Qualquer falha se torna fatal para o comprometimento das equipes imbuídas
em acolher bem. Nenhum detalhe pode passar despercebido, muito menos
omitido diante de tanta disputa.
Devemos lembrar, continua Luiz Gabriel, de que sempre teremos alguém na
concorrência mais capacitado e mais criativo. Sem pessimismo ou subtração
do positivismo, mas a criatividade deve ser nata e re-trabalhada
incessantemente. Vários treinamentos e programas de capacitação são
aplicados nas empresas e devem ser levados a sério para que possam manter
a qualidade exigida por aqueles (clientes externos) que as mantêm através de
indicações principalmente. A divulgação oral é muito importante, pois nossos
hóspedes são formadores de opinião e costumam ser fiéis ao bom
acolhimento.
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Para Luiz Gabriel toda essa estrutura operacional deve ser mantida
com muito esmero e exige competência da sua gerência. Porém, não podemos
esquecer de equipes indispensáveis para um equipamento hoteleiro que, na
verdade, são canais de distribuição do produto e certificação de tudo o que é
oferecido. Sem esquecer do Fron (Recepção) este que atua como cartão de
visitas de qualquer empreendimento – temos que enfatizar o trabalho exaustivo
desenvolvido pela área Comercial (incluindo de forma dcisiva o departamento
de Reservas – mesmo vinculado, em alguns hotéis ao setor de Serviços) e
Financeiro; estes que mantêm ativas as vendas e controle de todo o fluxo de
receitas e despesas da empresa. Não é nada fácil controlar o faturamento,
mesmo que em fase de extinção, e todas as pendências contábeis.
2.2. Conquistando o hóspede
O que é na prática um bom atendimento? Colocar em prática esta
pergunta é o que mais quer um administrador de hotel, pois o negócio tende a
ser sucesso quando se consegue deixar o hóspede satisfeito. Quando isso
acontece, o próprio hóspede se torna uma importante ferramenta de marketing,
porque ele vai se encarregar de fazer a boa propaganda.
O sucesso do negócio depende da satisfação do cliente. No meio de
hospedagem é fundamental que isto aconteça. O hotel depende de seu
pessoal interno para oferecer bons serviços. Depende, portanto, de uma boa
relação entre seus clientes internos para prestar um atendimento de qualidade
ao cliente final, o hóspede.
Com certeza o administrador, gerente e gestores de hotel esperam que
os funcionários que lidam diretamente com seus hóspedes sejam eficientes,
prestativos, atenciosos e cordiais. Mas será que estas qualidades são
suficientes? Provavelmente o administrador quer mais, quer que seu pessoal
encante o hóspede, surpreenda-o. Mas às vezes acontece o contrário.
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Para que o pessoal seja eficiente e encante o hóspede é necessário primeiro
que todos na empresa sejam cuidadosos e atenciosos entre si. Isto é, formem
uma equipe satisfeita pelo trabalho que exerce, e que sejam atenciosos uns
com os outros. Antes de pensar em satisfazer o cliente externo, o cliente
interno deve estar em estado de encantamento com o trabalho.
É preciso criar um bom ambiente de trabalho. Tudo na empresa deve
contribuir para que o colaborador sinta-se respeitado, querido e realizado,
inclusive com relação ao salário, pois todos devem estar interessados em dar o
melhor de si.
Às vezes, um chefe ou um gerente que repreende, sem incentivar, que
diz palavras “fora de hora”, pode causar sérios problemas de desestímulo. O
contrário também é verdadeiro: um elogio e um estímulo podem fazer a
diferença.
Se o funcionário trabalha no setor administrativo, talvez nunca terá
contato com o hóspede. Mas a relação que estabelece com o pessoal de
limpeza, por exemplo, interfere no bom ambiente e na satisfação de todos.
“Os funcionários são o cartão de visita do hotel, o espelho da
organização, pois ficam em contato direto com os hóspedes. Por isso é
fundamental que passem uma imagem de satisfação, ofereçam gestos e
trabalho com simpatia e entusiasmo” (Op. cit.: “Atendimento ao cliente para
pequenos meios de hospedagem”, paginas 18 – 40).
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2.3. Vendas e reservas e demais subsistemas comerciais
Luiz Gabriel Tiago nos brinda com importante depoimento de Vendas e
Reservas e demais departamentos envolvidos no “comércio hoteleiro”.
Segundo ele não basta que o hotel seja de uma aparência impecável
se, no seu âmago, ofereça serviços precários e pessoal despreparado. A
equipe que divulga e negocia com os principais clientes, especialmente com
empresas, precisa ter a certeza absoluta de que o produto está adequado ao
mercado procurado. Os Executivos Comerciais ou Gerente de Vendas têm um
faro aguçado em relação a esse item, pois não podem distribuir informações
valiosas aos potencias fornecedores de hóspedes. São eles que buscam nas
praças (cidades ou regiões potenciais) as "contas" cativas da hotelaria e fazem
de tudo para mantê-las. Essa estrutura demanda muito estudo e pesquisa,
além de um esforço físico e mental para todas as visitas que são agendadas.
Atender as necessidades dessas empresas e captá-las é uma habilidade nata
desse time, que não mede esforços para alcançar suas metas. O trabalho é
incessante e às vezes exaustivo. Portanto, o comprometimento dos gestores
operacionais do hotel deve ser indispensável para que as vendas externas
sejam compensadoras.
Essa relação externa-interna deve ser acompanhada por todos os
executivos operacionais para que possam medir a possível demanda e
poderem preparar suas equipes para o aumento da taxa de ocupação.
Consequentemente, com o incremento desse número, percebe-se a dedicação
no aumento da diária média com impactos naquilo que todos almejam: o
REVPAR (Revenue per Room Available). Esse último costuma ser
acompanhado diariamente pelo Gerente Geral e por seus Assistentes –
argumenta Luiz Gabriel. E continua ele:
Com toda essa dedicação e pró-atividade da equipe de Vendas, é
necessário que os grupos internos (incluindo de Reservas à Governança) se
preparem para alcançar as expectativas dos promissores hospedados. O
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atendimento telefônico - através do atendente de Reservas - será primordial
para o primeiro enlace com o hospedeiro. Atento a todos os detalhes e
negociações já feitas, esse atendimento deve ser impecável e logo repassado
ao operacional para que possa acompanhar a evolução externa. Com o
fechamento de um novo contrato de reservas, o operacional se posiciona de
forma otimista e contagiante para o acolhimento. Além disso, ventila os dados
para análise e perspectiva de como serão os futuros rendimentos.
Toda essa movimentação não se encerra por aí. Com o fechamento da
conta do hóspede, o setor Financeiro (ou Controladoria) inicia suas atividades
com o fechamento do caixa e prospecções de rendimentos. Imagine essa
rotação sem um departamento exclusivo e que se dedique a esse estudo. Seria
impossível a manutenção de todos os investimentos e distribuição do fluxo sem
esses profissionais. Os Controladores exercem uma atividade mantenedora de
todo os pagamentos (inclusive da folha dos funcionários), entrada e saída. O
fluxo de caixa permite uma visualização pontual sobre a situação real do hotel
e sobre o que deve ser movido para melhores resultados.
Percebam, diz Luiz Gabriel, que toda essa engrenagem funciona de
forma ímpar e, se alguma peça falhar, pode comprometer todo um processo
indescritível na reputação, formação e manutenção de um meio de
hospedagem. Todos devem estar unidos somente em um elo e cabe ao
principal gestor monitorar as atividades relacionadas e acompanhar de perto os
resultados. O trabalho não é somente de um profissional, e sim, de um todo
chamado Hotelaria - que pode ser resumido em “arte de bem atender”.
2.4. O marketing hoteleiro na prática
“Se você for uma empresa, pense mais em servir do que em vender, e
acabará vendendo mais. E, se possível, identifique quem são seus clientes
potenciais mesmo antes de eles saberem que são clientes potenciais”. (Op. cit.
“Como Vender Mais e Melhor”).
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O Marketing pode ser definido como o esforço realizado no sentido de
conquistar, manter e encantar o cliente, que é o inicio, meio e fim das ações
comerciais de toda empresa.
Por isso o marketing é uma ferramenta indispensável para quem
sobrevive, comercialmente falando, às custas do cliente. No caso do negócio
hoteleiro, este trabalho se dá justamente em cima da pessoa. A pessoa, ou
hóspede, que é sempre uma pessoa, é o “produto” final do negócio. Portanto, o
objetivo final do negócio hoteleiro é a satisfação pessoal das pessoas. A
hotelaria não cria produtos artesanais, físicos ou mecânicos. A hotelaria vende
“serviços”. Estes serviços se resumem na satisfação pessoal dos indivíduos.
O marketing não acaba com a venda dos serviços. Na pós-venda as
atividades de marketing são essenciais para a avaliação das necessidades dos
clientes para saber se foram plenamente atendidas e se causaram satisfação.
Na hotelaria é necessário observar três momentos importantes do
marketing. O primeiro é a conquista, quando o departamento de Reservas
fecha o negócio da estadia. O segundo é todo processo oferecido ao hóspede
enquanto permanece na casa. O terceiro é o resultado final, é a satisfação,
resultado que fará com que ele volte novamente e ainda faça propaganda do
hotel. Mas, destes três momentos o mais importante em termos de marketing é
o que se dá durante a estadia, quando o hóspede está diretamente em contato
com as pessoas e com as instalações físicas e com as pessoas, os
funcionários.
O marketing na prática, em hotelaria, resume-se em bem servir o
hóspede em todos os momentos enquanto ele estiver usufruindo de todo
sistema hoteleiro.
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Capítulo III Administração e Finanças
O negócio hoteleiro inicia com boas instalações, boa localização e uma
excelente administração. Completa-se com um quadro de pessoal bem
treinado e bem qualificado. Esse conjunto de ações resultará num negócio
financeiro perfeitamente viável.
3.1. Estrutura de indústria hoteleira
Em primeiro lugar exige-se que um hotel tenha base e confortáveis instalações,
começando pelas acomodações. Segue, em nível de importância, que ofereça
restaurante 24 horas com qualidade.
E para um bom funcionamento das atividades, necessário se faz um
quadro de pessoal preparado e motivado. Tudo o mais que se exige de um
hotel vem como complemento para deixar o hóspede ainda mais satisfeito
como atendimento, higiene, espaços confortáveis de circulação e,
possivelmente, oferecer opções diversas na área de lazer.
3.2. A administração
Já falamos sobre a conquista do hóspede, como vender os serviços
hoteleiros, a rotina de atendimento e tudo o mais que se relaciona à satisfação
do cliente. Falamos sobre a estrutura de um hotel, e damos total ênfase ao
trabalho de Vendas e Reservas, um departamento que corresponde ao coração
da hotelaria. Quisemos demonstrar que o cliente, isto é, o hóspede é a fonte de
receita, e por isso, a causa primordial do negócio hoteleiro.
25
Mas há um fator que dá harmonia ao todo do negócio. Isto se chama
administração, ou modernamente falando, gestão hoteleira.
Administrar um hotel significa operacionalizar o negócio, para fazer a
empresa funcionar. Significa organizar para tornar o negócio rentável, com
receita e gerando lucro. O Administrador se preocupa com tudo o que acontece
no hotel, desde os copos e talheres, a arrumação, higiene, qualificação de
pessoal, organização dos departamentos e qualidade dos serviços. O
Administrador se preocupa com gastos em geral bem como com a operação,
manutenção, e chegando no ponto mais importante, com o balanço e as
contas.
3.3. O tripé no qual se apóiam as finanças: caixa, patrimônio e lucro
Depois de termos tido uma visão geral do negócio hoteleiro, entramos
agora num setor extremamente técnico, que faz parte de toda empresa,
inclusive de um hotel. Trata-se do “Fluxo de Caixa”, que proporciona ao
administrador uma visão dos recursos financeiros da empresa.
Fluxo de caixa
Fluxo de caixa é a previsão de entradas e saídas de recursos
monetários, por um determinado período. Essa previsão deve ser feita com
base nos dados levantados nas projeções econômico-financeiras atuais das
empresas, levando, porém em consideração a memória de dados que
respaldará essa mesma previsão.
O principal objetivo dessa previsão é fornecer informações para a
tomada de decisões, tais como: prognosticar as necessidades de captação de
recursos bem como prever os períodos em que haverá sobras ou necessidades
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de recursos, aplicar os excedentes de caixa nas alternativas mais rentáveis
para a empresa sem comprometer a liquidez.
Pode-se afirmar que o Fluxo de Caixa é a demonstração visual das
receitas e despesas distribuídas pela linha do tempo futuro.
Desta forma, o Fluxo de Caixa é de suma importância em uma empresa,
pois é através dele que o administrador financeiro vê antecipadamente a
necessidade de recursos para honrar seus compromissos ou seus excedentes
disponíveis para a escolha da melhor forma de aplicação.
O fluxo de caixa é considerado um dos principais instrumentos de
analise e avaliação de uma empresa proporcionando ao administrador uma
visão futura dos recursos financeiros da empresa, integrando o caixa central,
as contas correntes em bancos, contas de aplicações, receitas, despesas e as
previsões.
Segundo Zdanowicz (2000), “Fluxo de Caixa é o instrumento que
permite ao administrador financeiro planejar, organizar, coordenar, dirigir e
controlar os recursos financeiros de sua empresa para um determinado
período”.
Zdanowicz (2000) complementa afirmando que, “com base nos registros
dos recebimentos e pagamentos de caixa, a empresa poderá programar as
suas necessidades financeiras, bem como aplicar os possíveis excedentes de
forma segura e rentável. O fluxo de caixa é o instrumento que permite
demonstrar as operações financeiras que serão realizadas pela empresa,
facilitando a analise e decisão, de comprometer os recursos financeiros, de
selecionar o uso das linhas de crédito menos onerosas, de determinar o quanto
a organização dispõe de capitais próprios, bem como utilizar as
disponibilidades da melhor forma possível.”
27
Desta forma, o Fluxo de Caixa pode ser entendido como uma ferramenta
financeira que possibilita ao administrador acompanhar o desenvolvimento das
movimentações de entradas (recebimentos) e saídas (pagamentos) de
recursos financeiros durante um período determinado. Isso permite uma
antecipação na adoção das tomadas de decisões, sejam elas a curto ou longo
prazo. O Fluxo de Caixa juntamente com as demais demonstrações contábeis
é um instrumento de controle e análise financeira de apoio à tomada de
decisões.
O Fluxo de caixa deve ser elaborado conforme a necessidade de cada
empresa, como afirma Zdanowicz (2000): ”O processo de planejamento do
fluxo de caixa da empresa consiste em implantar uma estrutura de informações
útil, prática e econômica. A proposta é dispor de um mecanismo seguro para
estimar os futuros ingressos e desembolsos de caixa na empresa... O fluxo de
caixa é um dos instrumentos mais eficientes de planejamento e controle
financeiros, o qual poderá ser elaborado de diferentes maneiras, conforme as
necessidades ou conveniências de cada empresa, a fim de permitir que se
visualize os futuros ingressos de recursos e os respectivos desembolsos”.
Para a elaboração do fluxo de caixa, a empresa precisa dispor
internamente de informações organizadas que permitam a visualização das
contas a receber, contas a pagar e de todos os desembolsos geradores dos
custos fixos. A forma de obtenção e organização dessas informações auxiliares
passa pela utilização de ferramentas de gestão, cuja forma dependerá do tipo
da empresa, do seu porte e disponibilidade financeira. O fluxo de caixa é um
grande sistema de informações para a qual convergem os dados financeiros
gerados em diversas áreas da empresa. A maior dificuldade para se ter um
fluxo de caixa realmente eficaz é gerenciar adequadamente este sistema de
informações.
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Modelo de Relatório para Fluxo de Caixa
Os termos utilizados no modelo têm o seguinte significado:
• Saldo Inicial: é o valor constante no caixa no início do período
considerado para a elaboração do Fluxo. É composto pelo
dinheiro na “gaveta” mais os saldos bancários disponíveis para
saque.
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• Entradas de Caixa: correspondem às vendas realizadas à vista,
bem como a outros recebimentos, tais como duplicatas, cheques
pré-datados, faturas de cartão de crédito etc., disponíveis como
“dinheiro” na respectiva data.
• Saídas de Caixa: correspondem a pagamentos de fornecedores,
pró-labore (retiradas dos sócios), aluguéis, impostos, folha de
pagamento, água, luz, telefone e outros.
• Saldo Operacional: representa o valor obtido de entradas menos
as saídas de caixa na respectiva data. Possibilita avaliar como se
comportam seus recebimentos e gastos periodicamente, sem a
influência dos saldos de caixa anteriores.
• Saldo Final de Caixa: representa o valor obtido da soma do Saldo
Inicial com o Saldo Operacional. Permite constatar a real sobra ou
falta de dinheiro em seu negócio no período considerado e passa
a ser o Saldo Inicial do próximo período.
No modelo do relatório apresentado adotou-se o período diário por ser o
mais usual e recomendado. E pode ser observada a existência de colunas para
valores previstos e realizados, pois um dos fatores mais importantes para o
sucesso na gestão de uma empresa é um planejamento adequado.
Por isso, deve-se estabelecer metas. Porque ao projetar recebimentos e
pagamentos com base em conhecimentos anteriores e expectativas futuras
quanto ao que se espera do mercado, pode-se preparar para enfrentar
dificuldades antes que elas ocorram. Assim, trabalhar com valores previstos e
compará-los com o realizado (acontecido na data), além de mostrar futuras
faltas ou sobras de caixa, permite tomar decisões antecipadas sobre aumento
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de compras, liquidações, racionalizações de custos, hora certa para fazer
investimentos e até mesmo sobre a possibilidade de retirar mais pró-labore
sem causar danos a empresa.
A projeção do fluxo de caixa permite a avaliação da capacidade de uma
empresa gerar recursos para suprir o aumento das necessidades de capital de
giro geradas pelo nível de atividades, remunerar os proprietários da empresa,
efetuar pagamentos de impostos e reembolsar fundos oriundos de terceiros.
Na projeção do fluxo de caixa, indica-se não apenas o valor dos
financiamentos que a empresa necessitará para desenvolver as suas
atividades, mas também quando ele será utilizado. Nota-se que o fluxo de
caixa olha o futuro retratando a situação real do caixa na empresa, não
podendo ser confundido com os registros contábeis que se ocupam do
passado e incorporam categorias relacionadas ao patrimônio físico da
empresa, como por exemplo, o Ativo Imobilizado.
Além de permitir analisar a forma como uma empresa desenvolve sua
política de captação e aplicação de recursos, o acompanhamento entre o fluxo
projetado e o efetivamente realizado, permite identificar as variações ocorridas
e as causas dessas variações.
Para exemplificar um Fluxo de Caixa supõe-se que no primeiro dia de
trabalho do mês têm-se como entradas recebimentos no valor de $ 1.000 em
dinheiro, $ 500 em cheques pré-datados com vencimentos para o dia 2, mais $
500 em cartão de crédito também para o dia 2. Nessa situação o total de
entradas no dia considerado é de apenas $ 1.000 referentes ao valor de
dinheiro registrado pelas vendas. As outras quantias devem ser colocadas
como entradas nas datas em que se transformam em dinheiro, ou seja, na data
de compensação dos cheques pré-datados e de disponibilização da operadora
de cartão de crédito.
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Supõe-se ainda que as saídas desse mesmo dia perfaçam um total de $
500 e que o saldo disponível inicial seja de $ - 500 na conta corrente de uma
agência bancária.
O saldo operacional é de $ 1.000 referentes a entradas, menos $ 500
referentes a pagamentos ou saídas, totalizando $ 500 isto é, foi recebido mais
do que foi pago. Entretanto o saldo total, que está disponível em caixa é de $ -
500 mais $ 500 referentes ao saldo operacional, o que totalizaria $ 0, isto é, o
próximo dia de trabalho começará sem saldo inicial nenhum, passando a
depender exclusivamente do movimento de vendas em dinheiro nesse dia para
quitar as saídas com fornecedores que irão ocorrer.
Uma empresa bem administrada financeiramente, deve sempre
apresentar resultados positivos, indicando que há disponibilidade de caixa.
32
33
Demonstração do Fluxo de caixa
A demonstração do fluxo de caixa resume o fluxo de caixa da empresa
em certo período.
Gitman (1997) demonstra a existência de três fontes dos fluxos de caixa
dentro da empresa:
• Fluxo Operacional – são os fluxos ligados diretamente
com a produção e venda dos produtos e serviços da empresa, refletindo
a demonstração de resultado e as transações das contas circulantes,
excluindo-se os títulos a pagar, ocorridas em determinado período.
• Fluxo de Investimento – são fluxos de caixa associados
com a aquisição e venda de ativos imobilizados, e participações
societárias.
• Fluxo de Financiamento – são fluxos resultantes de
operações de empréstimo, financiamentos e capital próprio.
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Natureza da Demonstração do Fluxo de Caixa
Tem-se como exemplo de Fluxos de Caixa decorrentes de atividades
operacionais:
• Venda de mercadorias ou serviços.
• Recebimentos de juros de empréstimos feitos a terceiros e
dividendos.
• Todas as transações não definidas como investimento ou
financiamento, incluindo valores recebidos das decisões judiciais
ou legais, valores referentes a seguros não pertinentes
diretamente às atividades de investimento ou financiamento e
devolução de pagamentos ou adiantamentos feitos a
fornecedores.
• Aquisição de materiais para produção ou para vendas.
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• Salários e encargos sociais dos empregados.
• Juros sobre empréstimos.
• Impostos, multas e outras despesas legais.
• Materiais e serviços gerais.
• Todas e quaisquer transações não definidas como atividade de
investimento ou financiamento, incluindo pagamentos relativos a
causas judiciais, donativos, e devolução de pagamentos a
clientes.
Alguns exemplos de Fluxos de Caixa decorrentes de atividades de
investimento são:
• Venda de ativos imobilizados.
• Venda de uma unidade de negócio, como uma subsidiária ou
divisão.
• Cobrança do principal relativo a empréstimos feitos a outras
entidades.
• Venda por transferência, de debêntures de outras entidades.
• Aquisição de ativos imobilizados.
• Aquisição de novos negócios ou empresas
• Aquisição de debêntures e investimentos financeiros a longo
prazo.
• Aquisição de ações de outras empresas.
• Compra por transferência, de debêntures de outras entidades.
São considerados Fluxos de Caixa decorrentes de atividades de
financiamento:
• Emissão de ações.
• Subscrição de debêntures, hipotecas e empréstimos de curto e
longo prazos.
• Remuneração aos proprietários na forma de dividendos ou outras
distribuições.
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• Pagamento de valores tomados como empréstimos, obrigações
de leasing, de capital e resgate de debêntures.
• Reaquisição de ações próprias e outros títulos de emissão
própria, relativos ao patrimônio líquido.
Métodos da demonstração do Fluxo de Caixa
Existem dois métodos de apresentação da demonstração do Fluxo de
Caixa: o método direto e o método indireto.
Os dois métodos são igualmente demonstrados nos fluxos de
investimentos e de financiamentos, se diferenciando apenas na forma de
demonstração dos fluxos das atividades operacionais, como pode ser
observado no quadro comparativo dos métodos a seguir:
FLUXO DAS OPERACOES
Método Direto Método Indireto
(+) Recebimentos Lucro Líquido do Exercício De clientes (+ /-) itens que não afetam o CCL De juros (+) redução nas contas operacionais De dividendos (método do custo) do Ativo Circulante (-) Pagamentos (-) aumento nas contas operacionais A fornecedores do Ativo Circulante De impostos (+) aumento nas contas operacionais Encargos do Passivo Circulante De despesas operacionais (-) redução nas contas operacionais do Passivo Circulante (=) Caixa Gerado pelas Operações (=) Caixa Gerado pelas Operações
• Método Direto
O método direto evidência as entradas e saídas de dinheiro referentes
às atividades operacionais, que podem ser originárias de atividades como
recebimento por vendas efetuadas, pagamentos a fornecedores, salários pagos
aos funcionários, entre outros. Ou seja, todos os pagamentos e recebimentos
realizados no período.
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A demonstração do Fluxo de Caixa é elaborada a partir da análise do
Balanço Patrimonial e da Demonstração do Resultado do Exercício.
Exemplificando:
Balanço Patrimonial da Companhia Beta em 31/12/2005
Ativo Passivo
2004 2005 2004 2005
Circulante Circulante
Caixa 150 100 Fornecedores 300 600
Clientes 600 900 Empréstimos 400 600
Estoque
550 700 Provisão para IR 200 400
Realizável de Longo Prazo Exigível de Longo Prazo
Títulos a receber
100 100 Financiamentos 500 100
Permanente Patrimônio Líquido
Investimentos 400 600 Capital Social 1000 1000
Imobilizado 600 600 Lucros acumulados 100 400
Diferido
100 100
Total 2500 3100 Total 2500 3100
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Pode-se observar que o lucro econômico da Companhia Beta foi de
$300, entretanto, as disponibilidades sofreram uma redução de $50, como
pode ser verificado na conta Caixa do Balanço Patrimonial. Mas a
Demonstração do Fluxo de Caixa mostrará a razão disso.
Pode ser observado que o Fluxo de Caixa representa um instrumento
essencial na administração do disponível, pois através da sua finalidade de
demonstrar as entradas e saídas de recursos financeiros durante um período
determinado proporciona uma grande eficiência no planejamento e controle
financeiro.
Embora existam várias formas de apresentação do Fluxo de Caixa, cada
empresa deverá elaborá-lo conforme a sua necessidade. E a empresa que
manter sempre atualizado seu Fluxo de Caixa, por meio destas demonstrações
de recebimentos e pagamentos, terá a capacidade de se planejar de forma
mais eficaz, para que em conjunto com as demais demonstrações contábeis
possa tomar suas decisões com maior segurança.
DRE da Companhia BETA em 31/12/2005
Vendas 3.000
(-) CMV (1.600)
(=) Lucro Bruto 1.400
(-) Despesas Operacionais (900)
(=) Lucro Operacional 500
(-) Provisão para IR (200)
(=) Lucro Líquido 300
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Conclusão
Como demonstramos no presente trabalho, o cliente do hotel é a base de todo
negócio hoteleiro. Demonstramos que uma boa gestão hoteleira parte do
princípio de que é necessário uma boa organização administrativa, boas
instalações e, principalmente, um quadro de pessoal preparado e treinado para
satisfação do hóspede. E, dentre todos os departamentos, destaca-se o
departamento de Vendas e Reservas, responsável por convencer, fechar
negócios e trazer o hóspede, e dispensar e ele toda atenção, pois ele é a fonte
da receita. Demonstramos por fim que gerenciar um hotel requer uma visão
clara dos recursos disponíveis que são esquematizados por um bom
gerenciamento financeiro e o fluxo de caixa é uma importante ferramenta na
visualização financeira da empresa.
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BIBLIOGRAFIA
MEDLIK, S. e INGRAM, H. Introdução à Hotelaria, Gerenciamento e Serviços, 4ª edição, Editora Campus, Rio de Janeiro, 2002.
MAMEDE, Gladston. Manual de Direito para Administração Hoteleira. 2ª edição, Editora Atlas, São Paulo, 2004.
SEBRAE e ABIH Nacional. Como Vender Mais e Melhor – Para pequenos meios de hospedagem, Vol. 2.
SEBRAE e ABIH Nacional. Atendimento ao Cliente – Para pequenos meios de hospedagem, Vol. 3.
JORNAL DO BRASIL. Caderno de Economia, edições de 05 e 26 de abril de 2009.
JORNAL DO BRASIL. Revista Programa. In: O freguês não volta sempre, edição de 10 de abril de 2009.
CAVALCANTE, José Carlos. Guia do Empreendedor: Fluxo de Caixa e Custos na Pequena Indústria. Brasília: SEBRAE.
GITMAN, J.Lawrence. Princípios de Administração Financeira. 7 ed. São Paulo: Harba, 1997.
OLIVEIRA, Luciano. Demonstração de Fluxo de Caixa. Rio de Janeiro: Ferreira.
ROSS, Stephen A. et al. Princípios de Administração Financeira. 2 ed. São Paulo: Atlas, 2002.
ZDANOWICZ, José Eduardo. Fluxo de Caixa: uma decisão de planejamento e controle financeiro. Porto Alegre: Sagra Luzzatto, 2000.
LEI nº 11.638/07 de 28 de Dezembro.
41
ÍNDICE Introdução ..................................................................................................... 06 Capítulo I – Conquistando o hóspede ......................................................... 07 1.1. A Comunicação com o hóspede .............................................................. 09 1.4 . Perfil do hotel e do hóspede .................................................................... 11 1.5 . Rotina de atendimento ............................................................................. 13 1.6 . Como vender mais e melhor .................................................................... 15 Capítulo II – Departamento de vendas e reservas, e a sintonia com os outros setores do hotel .................................................................. 17 2.1. Estrutura operacional .............................................................................. 18 2.2. Conquistando o hóspede ........................................................................ 19 2.3. Vendas e reservas e demais subsistemas comerciais ............................ 21 2.4. O marketing hoteleiro na prática ............................................................. 22 Capitulo III – Administração e finanças ..................................................... 24 3.1. Estrutura da indústria hoteleira ............................................................... 24 3.2. A administração ...................................................................................... 24 3.3. O tripé no qual se apóiam as finanças: Caixa, Patrimônio e Lucro ........ 25 Fluxo de caixa ......................................................................................... 25 Demonstração do fluxo de caixa ............................................................. 33 Métodos da demonstração do fluxo de caixa .......................................... 36 Conclusão ..................................................................................................... 39 Bibliografia .................................................................................................... 40