Gazeta Russa

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Baikal, destino imperdível “Cupuaçu Voador” de volta ao Brasil Belas paisagens e cultura siberiana atraem turistas Helipark compra primeiro Kamov-32 do país Página 04 Página 08 Privatizar e ampliar produção A receita do assessor de assuntos econômicos do Kremlin Página 03 Publicado e distribuído com The Washington Post (EUA), The Daily Telegraph (Reino Unido), Le Figaro (França), La Repubblica (Itália), El País (Espanha), Folha de S.Paulo (Brasil), The Economic Times (Índia), Clarín (Argentina), Süddeutsche Zeitung (Alemanha) e outros grandes diários internacionais SEGUNDA-FEIRA, 25 DE ABRIL DE 2011 NOTAS O embaixador russo na Ucrânia, Mikhail Zurabov, anunciou que o país receberá uma ajuda de 45 milhões de euros para a re- construção da estrutura que protege a usina de Tchernobil, segundo a agência de notí- cias Ria-Nóvosti. Em 26 de abril comple- tam-se 25 anos do desastre no quarto bloco energético da usina atômica, provocando o maior desastre nuclear da história. Após os estragos, o reator foi envolvido por uma estrutura de concreto com o intuito de iso- lá-lo. No entanto, a estrutura apresentou rachaduras nos últimos anos e, para refa- zê-la, seriam necessários pelo menos R$1,37 bilhões. Muitos habitantes começaram a regressar à região em 2008, com a intenção de fazer renascer a agricultura e criação de gado. Gazeta Russa 25 anos de Tchernobil vêm com ajuda russa Sob suspeita Família de Iúri Lujkov, ex-prefeito de Moscou, é acusada de enriquecimento ilícito Dona de empreiteira, Elena Batúrina foi a mulher mais rica da Europa durante o mandato do marido, que agora afunda em acusações. É hora de explicar a fortuna Com o fortalecimento dos BRICS nos últimos anos, não apenas o mercado de países desenvolvidos se abriu para Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul, como os ne- gócios entre esses países ga- nharam impulso. Depois de trocarem maqui- naria pesada, produtos ali- mentícios e até culturais, Brasil e Rússia podem tam- bém comercializar soluções ambientais, com a possível Sustentabilidade Fabricante quer ampliar mercado de sistema de purificação de ar para indústrias Saúde Investimento de quase R$ 17 bilhões quer melhorar sistema público, sucateado desde os anos 90 Já instalada em Cuba, a empresa de soluções ecológicas russa Kondor-Eko está em negociações com o Chile, mas ainda planeja chegar aos dois maiores países da América do Sul. entrada no mercado brasi- leiro de uma empresa russa especializada em filtros para gases poluentes industriais, a Kondor-Eko. A empresa russa já imple- mentou suas recém-adqui- ridas patentes de filtros elé- tricos em dezenas de indústrias pesadas espalha- das pela Rússia e em pelo menos cinco outros países. Agora, tanto a Kondor-Eko como suas empresas-parcei- ras Niiogas e a alemã Synal tentam se aproximar do mercado brasileiro. “É uma tecnologia de im- plementação lenta, passo a passo, e nós temos a inten- ção de levar isso adiante. So- bretudo agora, depois da construção de nossa primei- ra usina de produção de combustível a partir de bio- Brasil e Argentina na mira dos filtros Plano quer produção local e supervisão russa Riqueza de Elena Batúrina, mulher do ex-prefeito, foi estimada em US$ 2,9 bilhões DENIS MOREIRA FABRICIO YURI VITORINO ESPECIAL PARA GAZETA RUSSA faturando bilhões de dólares durante seu governo. Agora que ele se foi, é hora de pres- tar contas. Começo do fim A destituição de Lujkov se deu de forma humilhante. Após 18 anos no cargo, ele foi abruptamente afastado pelo presidente Dmítri Med- vedev, em setembro passado. Mas isso foi só o começo. O vasto império de negócios da mulher de Lujkov, Elena Batúrina, está agora sendo acusada, assim como os se- tores da cidade que o mari- do controlava. Um ano atrás, Batúrina era uma das mu- lheres mais ricas do mundo. Muitos a acusaram de roubo e nepotismo. Sua fortuna foi estimada em US$ 2,9 bilhões pela revista Forbes. “Essa redistribuição da pro- priedade não se refere ape- nas aos negócios de Batúri- na, mas a qualquer coisa ligada a Lujkov e a seus re- gás, na região de Iaroslav, na Rússia”, explica o alemão Markus Becker, diretor da Synal e representante do conglomerado. Nas operações com possíveis clientes na América do Sul, a carenagem dos produtos será construída por compa- nhias locais, enquanto o pla- nejamento, a supervisão e a instalação da tecnologia principal ficarão a cargo da empresa russa. A primeira parceria efetiva do grupo na América Lati- na acontece em Cuba. “Esse, por enquanto, é nosso único mercado certeiro, onde atu- amos no parque industrial de metalurgia e gás com tec- nologia de purificação de po- luentes industriais. De lá, a partir da experiência que estamos adquirindo, vamos expandir nossos negócios para o resto da América La- tina”, garante Becker. Segundo o representante, existem negociações agora com o Chile, mas o conglo- merado ainda estaria pla- nejando novos passos no Brasil e na Argentina, para então seguir para mercados menores - mas não menos importantes - em outros países da região. A empresa também se pre- para para as possíveis acu- sações de que o plano de se expandir para novos mer- cados seja apontado como uma tentativa europeia de usar a América Latina como laboratório para novas tec- nologias ou mesmo como de- pósito de lixo. CONTINUA NA PÁGINA 3 Como um líder autocrático, o ex-prefeito de Moscou Iúri Lujkov tinha controle quase total de seu domínio. E, como muitas vezes acontece nesses casos, sua família foi acusa- da de lucrar com seu poder, Em busca do tempo perdido CONTINUA NA PÁGINA 6 Quando a mãe de Evguênia Ivánovna foi hospitalizada re- centemente, sua filha Zoia en- tendeu que deveria dar algum dinheiro para a enfermeira, mesmo se tratando de uma instituição do governo. Zoia lhe entregou 500 rublos (28 reais) e comprovou que o sis- tema de saúde russo, em tese gratuito de acordo com a Constituição de 1993, é na re- alidade dividido e mesclado entre serviços privados e um sistema público em condições inferiores. A falta de investimento suca- teou o sistema público de saúde, hoje conhecido por seus hospitais precários e funcio- nários mal pagos que aceitam pagamentos por fora pelo trabalho. START 3 CORRUPÇÃO ANIVERSÁRIO Bilateral e multipolar Fim à propina Bolshoi, 11 anos no Brasil Tratado de Redução de Ar- mas Estratégicas entre EUA e Rússia completa um ano Governo e organizações empresariais querem acabar com arbitrariedades Única filial do balé russo no mundo, escola comemora com grande apresentação PÁGINA 7 PÁGINA 2 PÁGINA 5 GALINA MASTEROVA ESPECIAL PARA GAZETA RUSSA CONTINUA NA PÁGINA 2 cursos administrativos”, afir- ma Nikolai Petrov, acadêmi- co do Centro Carnegie de Moscou. Por recursos admi- nistrativos, entende-se a in- fluência de líderes políticos sobre determinadas escolhas. “Os bancos, o metrô, a in- dústria da construção civil, qualquer área que seja con- trolada pelo prefeito, ou pes- soas próximas a ele”, com- pleta Petrov. Agora a Gazeta Russa está também na internet www.gazetarussa.com.br Médicos russos vão receber aumento de 30% para evitar subornos. O salário real, po- rém, seguirá ínfimo GALINA MASTEROVA ESPECIAL PARA GAZETA RUSSA Mudanças devem estabelecer infraestrutura básica de saúde no país e aumentar a expectativa de vida da população, combinando prevenção e tratamento. NESTA EDIÇÃO do primeiro voo do homem ao espaço 50º aniversário FOTO DO ARQUIVO PESSOAL NIKOLAY KOROLEV LORI/LEGION MEDIA AFP/EASTNEWS NBASTIAN REUTERS/VOSTOCK-PHOTO VASILY SHAPOSHNIKOV_KOMMERSANT PHOTOXPRESS

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Gazeta Russa-a menhor conexão entre o Brasil e a Rússia

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Baikal, destino imperdível

“Cupuaçu Voador” de volta ao Brasil

Belas paisagens e cultura siberiana atraem turistas

Helipark compra primeiro Kamov-32 do paísPágina 04 Página 08

Privatizar e ampliar produçãoA receita do assessor de assuntos econômicos do KremlinPágina 03

Publ icado e d istr ibuído com The Washington Post (EUA), The Dai ly Te legraph (Reino Unido) , Le F igaro (França) , La Repubbl ica ( I tá l ia) , E l Pa ís (Espanha) , Fo lha de S .Pau lo (Bras i l ) , The Economic Times ( Índ ia) , C lar ín (Argent ina) , Süddeutsche Ze i tung (Alemanha) e outros grandes d iár ios internac iona is

segunda-feira, 25 de abril DE 2011

notas

O embaixador russo na Ucrânia, Mikhail Zurabov, anunciou que o país receberá uma ajuda de 45 milhões de euros para a re-construção da estrutura que protege a usina de Tchernobil, segundo a agência de notí-cias Ria-Nóvosti. Em 26 de abril comple-tam-se 25 anos do desastre no quarto bloco energético da usina atômica, provocando o maior desastre nuclear da história. Após os estragos, o reator foi envolvido por uma estrutura de concreto com o intuito de iso-lá-lo. No entanto, a estrutura apresentou rachaduras nos últimos anos e, para refa-zê-la, seriam necessários pelo menos R$1,37 bilhões. Muitos habitantes começaram a regressar à região em 2008, com a intenção de fazer renascer a agricultura e criação de gado.

gazeta russa

25 anos de tchernobil vêm com ajuda russa

sob suspeita Família de Iúri Lujkov, ex-prefeito de Moscou, é acusada de enriquecimento ilícito

dona de empreiteira, elena Batúrina foi a mulher mais rica da europa durante o mandato do marido, que agora afunda em acusações.

É hora de explicar a fortuna

Com o fortalecimento dos BRICS nos últimos anos, não apenas o mercado de países desenvolvidos se abriu para Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul, como os ne-gócios entre esses países ga-nharam impulso.Depois de trocarem maqui-naria pesada, produtos ali-mentícios e até culturais, Brasil e Rússia podem tam-bém comercializar soluções ambientais, com a possível

sustentabilidade Fabricante quer ampliar mercado de sistema de purificação de ar para indústrias

saúde Investimento de quase R$ 17 bilhões quer melhorar sistema público, sucateado desde os anos 90

Já instalada em Cuba, a empresa de soluções ecológicas russa Kondor-eko está em negociações com o Chile, mas ainda planeja chegar aos dois maiores países da américa do sul.

entrada no mercado brasi-leiro de uma empresa russa especializada em filtros para gases poluentes industriais, a Kondor-Eko. A empresa russa já imple-mentou suas recém-adqui-ridas patentes de filtros elé-t r icos em de zenas de indústrias pesadas espalha-das pela Rússia e em pelo menos cinco outros países. Agora, tanto a Kondor-Eko como suas empresas-parcei-ras Niiogas e a alemã Synal tentam se aproximar do mercado brasileiro.“É uma tecnologia de im-plementação lenta, passo a passo, e nós temos a inten-ção de levar isso adiante. So-bretudo agora, depois da construção de nossa primei-ra usina de produção de combustível a partir de bio-

Brasil e Argentina na mira dos filtros

Plano quer produção local e supervisão russa

riqueza de elena Batúrina, mulher do ex-prefeito, foi estimada em us$ 2,9 bilhões

denis moreira faBriCio yuri VitorinoespecIaL paRa gazeta Russa

faturando bilhões de dólares durante seu governo. Agora que ele se foi, é hora de pres-tar contas.

Começo do fimA destituição de Lujkov se deu de forma humilhante. Após 18 anos no cargo, ele foi abruptamente afastado pelo presidente Dmítri Med-vedev, em setembro passado. Mas isso foi só o começo. O vasto império de negócios da mulher de Lujkov, Elena

Batúrina, está agora sendo acusada, assim como os se-tores da cidade que o mari-do controlava. Um ano atrás, Batúrina era uma das mu-lheres mais ricas do mundo. Muitos a acusaram de roubo e nepotismo. Sua fortuna foi estimada em US$ 2,9 bilhões pela revista Forbes.“Essa redistribuição da pro-priedade não se refere ape-nas aos negócios de Batúri-na, mas a qualquer coisa ligada a Lujkov e a seus re-

gás, na região de Iaroslav, na Rússia”, explica o alemão Markus Becker, diretor da Synal e representante do conglomerado.Nas operações com possíveis clientes na América do Sul, a carenagem dos produtos será construída por compa-nhias locais, enquanto o pla-nejamento, a supervisão e a instalação da tecnologia principal ficarão a cargo da empresa russa. A primeira parceria efetiva do grupo na América Lati-na acontece em Cuba. “Esse, por enquanto, é nosso único mercado certeiro, onde atu-amos no parque industrial de metalurgia e gás com tec-nologia de purificação de po-luentes industriais. De lá, a partir da experiência que estamos adquirindo, vamos

expandir nossos negócios para o resto da América La-tina”, garante Becker.Segundo o representante, existem negociações agora com o Chile, mas o conglo-merado ainda estaria pla-nejando novos passos no Brasil e na Argentina, para então seguir para mercados menores - mas não menos importantes - em outros países da região. A empresa também se pre-para para as possíveis acu-sações de que o plano de se expandir para novos mer-cados seja apontado como uma tentativa europeia de usar a América Latina como laboratório para novas tec-nologias ou mesmo como de-pósito de lixo.

Continua na Página 3

Como um líder autocrático, o ex-prefeito de Moscou Iúri Lujkov tinha controle quase total de seu domínio. E, como muitas vezes acontece nesses casos, sua família foi acusa-da de lucrar com seu poder,

em busca do tempo perdido

Continua na Página 6

Quando a mãe de Evguênia Ivánovna foi hospitalizada re-centemente, sua filha Zoia en-tendeu que deveria dar algum dinheiro para a enfermeira, mesmo se tratando de uma instituição do governo. Zoia lhe entregou 500 rublos (28 reais) e comprovou que o sis-tema de saúde russo, em tese gratuito de acordo com a Constituição de 1993, é na re-alidade dividido e mesclado entre serviços privados e um sistema público em condições inferiores.A falta de investimento suca-teou o sistema público de saúde, hoje conhecido por seus hospitais precários e funcio-nários mal pagos que aceitam pagamentos por fora pelo trabalho.

start 3

CorruPção

aniVersário

Bilateral e multipolar

fim à propina

Bolshoi, 11 anos no Brasil

Tratado de Redução de Ar-mas Estratégicas entre EUA e Rússia completa um ano

Governo e organizações empresariais querem acabar com arbitrariedades

Única filial do balé russo no mundo, escola comemora com grande apresentação

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galina masteroVaespecIaL paRa gazeta Russa

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cursos administrativos”, afir-ma Nikolai Petrov, acadêmi-co do Centro Carnegie de Moscou. Por recursos admi-nistrativos, entende-se a in-fluência de líderes políticos sobre determinadas escolhas. “Os bancos, o metrô, a in-dústria da construção civil, qualquer área que seja con-trolada pelo prefeito, ou pes-soas próximas a ele”, com-pleta Petrov.

Agora a Gazeta

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médicos russos vão receber aumento de 30% para evitar subornos. o salário real, po-rém, seguirá ínfimo

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mudanças devem estabelecer infraestrutura básica de saúde no país e aumentar a expectativa de vida da população, combinando prevenção e tratamento.

nesta edição

do primeiro voo do homem ao espaço50º aniversário

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Dúvidas? Ideias? Fale com a gente!

notas

Logo após o atentado a uma estação de metrô de Minsk, capital da Bielorússia, a Rússia ofereceu assistência ao país vizinho. Dois agen-tes do FSB (Serviço Fede-ral de Segurança) foram en-viados no dia seguinte para colaborar na investigação e no mesmo dia se elabora-ram os retratos falados dos suspeitos. Um dia depois, em 13 de abril, o presiden-te da Bielorússia, Aleksan-dr Lukashenko, anunciou que o caso havia sido solu-cionado e três pessoas, de-tidas. Na noite de 11 de abril, houve uma explosão na estação de metrô Oktiá-brskaia, em Minsk. De acor-do com as últimas informa-ções, 13 pessoas morreram e 157 ficaram feridas. O pro-curador-geral bielorrusso qualificou o evento como atentado terrorista.

ria-nóvosti

rússia ajudou em investigação de atentado no metrô de minsk

A sueca Swepos tornou-se a primeira companhia estran-geira a escolher o sistema russo de tecnologia de nave-gação global Glonass no lugar do sistema americano GPS. A Reuters noticiou que a rede sueca de suporte a sa-télites de posicionamento em tempo real teria afirmado que o Glonass funciona me-lhor que o GPS no hemisfé-rio norte. “Ele é ligeiramen-te melhor nas latitudes do norte porque as órbitas de seus satélites estão localiza-dos mais acima, e nós con-seguimos vê-los melhor que os satélites GPS”, disse o vi-ce-diretor da divisão de es-tudos geodésicos da Swepos, Bo Johnson. O primeiro-mi-nistro russo Vladímir Pútin falou em apoio pessoal ao projeto de um sistema pró-prio de navegação por satélite. O Glosnass foi desenvolvido pela Rússia em 1976 como resposta ao americano GPS. Com um investimento de mais de US$ 2 bilhões ao longo da última década, a ideia é que em 2012 seu site-ma esteja à altura do análo-go americano.

Interfax

sueca swepos é primeira a trocar gPs pelo russo glonass

reação Iniciativa privada e Estado querem pôr fim às inacreditáveis histórias de corrupção e abuso de poder

estima-se que 10% das receitas das empresas é reservada ao pagamento de autoridades. Desde pequenos achaques até grandes tramoias.

Em 2006, quando Iana Ia-ko-vleva era diretora financeira da Sofeks, uma grande in-dústria química, foi incrimi-nada por policiais antitráfi-co que queriam extorquí-la, aproveitando falhas na lei. Recusando-se a pagar, Iako-vleva, hoje com 39 anos, aca-bou presa.“Graças a campanhas por todo o país e ao apoio de es-pecialistas, a lei foi altera-da”, diz a empresária. Re-conhecida a ilegitimidade, Iakovleva foi liberada. De-pois disso, criou o movimen-to “Negócio solidário”, que conta com apoio de outros empresários que também foram vítimas de atos ile-gais de agentes públicos.Com os novos passos do go-verno para a luta contra a corrupção, Iakovleva tor-nou-se diretora de um cen-tro anticorrupção, pouco de-pois de entrar na maior associação empresarial do país, a “Rússia Empreende-dora”. A proposta do centro é ajudar empresários na luta contra o abuso de poder. “É uma ação em duas frentes: o governo e as empresas”, afir-ma o presidente da “Rússia Empreendedora”, Boris Titov, um dos líderes do centro anticorrupção.

caso KonovalovUm dos primeiros casos que o centro defendeu foi o do casal de empreendedores Ga-lina e Evguêni Konovalov, que tiveram sua empresa to-mada pelas autoridades da cidade de Krasnodar. “Em 2008, ficamos sabendo que a empresa havia mudado se-cretamente de dono e, quan-do abrimos um processo, meu marido foi preso por inven-tar acusações criminais”, lembra Galina. Os advoga-dos já não tinham esperan-ças, mas neste ano o casal

conquistou duas vitórias im-portantes: em fevereiro, um tribunal constatou que o pro-cesso penal contra Evguêni era uma violação de direitos e, em março, Konovalov vol-tou à empresa. No entanto, o caso não está encerrado, já que durante o processo o pré-dio da companhia foi vendi-do. “Agora tentamos ajudá-los a retomar a propriedade”, afirma Iakovleva.

cultura da corrupção“Todo ano, casos de corrup-ção atingem cerca de 70 mil empresas em todo o país. Até 10% da receita das firmas são gastas para atender às soli-citações de funcionários pú-blicos corruptos de todas as classes. É um sistema real-mente bem estabelecido, numa escala nacional de ex-torsão”, explica Titov.

Como resultado da prevari-cação, o dinheiro foge da eco-

nomia. De acordo com Titov, 17% dos em-

pregadores querem emigrar e 50% não descartam essa possibi l idade. Atualmente, a lei penal é o princi-pal meio para o achaque. “Os tribunais costumavam ser arbitrários antes, mas a qualidade e a independência do julgamento aumentaram”,

acredita Iakovle-va. No ano pas-sado, entraram em vigor altera-

ções no Código do Processo Penal que proíbem a prisão preventiva de pesso-as sob investigação por infrações meno-res e de temática eco-nômica. Além disso, outras leis para re-duzir a pena para cri-mes econômicos co-meçaram a vigorar em março. “Mas ainda há proble-mas na implemen-tação”, diz Iakov-

leva, dando como exemplo o caso Konovalov. Deputado da Duma, o vice-presidente do Comitê de Leis, Aleksei Nazarov, afirma que o problema está na aplicação da lei nos tribunais da Corte Suprema. “As alterações são eficazes e criam condições para melhorar o clima de in-vestimento, mas é necessário mais trabalho nos detalhes”, afirma o deputado.O Ministério da Administra-ção Interna relata que em 2010 o número de casos criminais com temática econômica caiu 35%, ou seja, a pressão sobre empresas privadas teria di-minuído. Agora, o Kremlin prepara a terceira e mais ra-dical fase de liberalização da legislação penal, em que pro-põe punir a maioria dos cri-mes econômicos com multa no lugar de prisão.

adeus, corruptos!

vlaDímIr ruvínsKIgazEta russa

o que mais dificulta a gestão das pequenas e médias empre-sas na rússia? normalmente, por parte do governo, diz-se que é a pressão das grandes empresas, a corrupção, os ata-ques de golpistas e regulação dos mercados.

Dos fatores enumerados, é cla-ro, a corrupção. O grande ne-gócio não atrapalha o pequeno, ele ocupa-se apenas de maio-res operações, com rendimentos elevados. Dos outros fatores, os que interferem mais são, antes de tudo, as condições econômi-cas. Em especial a carga tribu-tária. Altas tarifas de energia, al-tas taxas de juros bancários. O Estado não faz nada para regu-lar esses processos e fazer o ne-gócio mais rentável. Mas no Ca-zaquistão a taxa de impostos é 40% mais baixa e a de fronteira, livre, de modo que seu produ-to concorre livremente na Rús-sia sem qualquer tipo de restri-ção. Por isso, empresários que podem pegar tudo e ir embora realmente pensam em deixar o

entrevIsta

Boris titov

No mês passado, policiais armados usando máscaras invadiram o Banco de Mos-cou, os escritórios do grupo Inteko, comandado por Ba-túrina, e duas outras com-panhias ligadas a um con-troverso acordo de terras, que permitiram a ela quitar imensas dívidas após a crise de 2008.O banco é acusado de ter adquirido terrenos de Ba-túrina por 13 bilhões de ru-blos (quase R$ 732 milhões), valor muito superior ao preço de mercado, justa-mente quando Batúrina pre-cisava de dinheiro para sal-dar empréstimos. No mesmo momento, o banco recebeu uma entrada em dinheiro proveniente da prefeitura de Moscou, então comanda-da por Lujkov.Os jornais russos chamaram atenção para a negociação. Mas foi somente após a des-

tituição de Lujkov que o caso começou a evoluir. Tanto o Inteko como Batúrina nega-ram irregularidades. “Sem dúvidas, as mudanças políticas na Rússia têm re-velado segredos sobre a nossa empresa”, disse Batúrina em entrevista ao empresário e blogueiro Oleg Tinkov, em um restaurante em Londres, dias antes da incursão poli-cial por seus negócios. “Você sabe que o meu aniversário será em breve, e acho que pró-ximo à data eu ganharei um presente. As pessoas no Kre-mlin adoram zombar”, completou.

Família em fugaA ação aconteceu algumas semanas antes do seu aniver-sário, no dia 8 de março. Pa-ralelamente, o banco estatal VTB está tomando controle sobre o Banco de Moscou.Batúrina disse que tenta não voltar a Moscou, demonstran-do o receio de ser presa e dei-

xar os filhos crescerem ór-fãos. Lujkov entrou com um pedido de residência na Le-tônia – que foi rejeitado –, e há rumores de que está ten-tando obter residência em outro país europeu. “Grande parte dessa divi-são de riqueza é invisível”, disse Vladímir Pribilovski, acadêmico do grupo Pano-rama. Ele acrescenta que uma cadeia de empresas ex-traterritoriais era usada pela antiga administração municipal para controlar boa parcela da riqueza pro-duzida pela cidade.Poucos simpatizam com Ba-túrina em Moscou. Ainda que ela negue, para muitos sua fortuna só foi acumulada por causa do marido. “Não é se-gredo algum que, além da in-fluência política para rece-ber encomendas, essa influência é usada de modo que a polícia, o corpo de bom-beiros e os fiscais não trans-formem seu negócio em um

pesadelo”, afirmou Batúrina em uma entrevista.A atrevida prática usada por funcionários públicos para afundar negócios alheios em troca de propinas fez até com que o presidente Dmítri Med-

vedev usasse o termo kosh-mar, ou pesadelo, como verbo. Medvedev pedia à polícia e a outros órgãos para não ‘koshmarit’ o mundo dos negócios.O novo prefeito Serguei So-biânin começou a desmontar a administração de Lujkov, substituindo os aliados do ex-governante por pessoas pre-sumidamente leais ao gover-no federal.“É um processo longo. Essa é a tarefa de Sobiânin, faci-

litar o andamento desse pro-cesso”, disse Petrov. O diretor do departamento de publicidade da cidade e o chefe do metrô de Moscou são apenas dois dos que serão afastados, já que também são acusados de corrupção. “Não posso dizer que estou surpresa”, disse Batúrina sobre as críticas a sua em-presa. “Somente quem é in-gênuo pensa que isso tudo está sendo feito para erradi-car a corrupção.”

O ex-prefeito de Moscou e sua relação perigosa

ex-prefeito e mulher tentaram um pedido de residência na letônia, que foi negado

“só quem é ingênuo pensa que tudo isso é feito para erradicar a corrupção”, acredita Batúrina

país. Empresas de médio porte dificilmente deslocam sua pro-dução, mas muitos começaram. O governo tem ajudado signi-ficativamente empresas de pe-queno porte. Nós temos um dos melhores governos do mundo para a sua regulamentação: im-postos baixos, contabilidade fa-cilitada. Para essas empresas, o problema é outro – eles já ocu-param os nichos que poderiam: de comércio, de poucos edifí-cios, de pouco tráfego. Em todo o mundo, as pequenas empresas – principalmente as de produção industrial – vivem por meio de contratos com empresas maio-res. E nós não temos tal cadeia. É por isso que até agora o de-senvolvimento tem caminhado tão devagar.

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Gazeta Russawww.gazetarussa.com.br economia e mercado

Um dos principais problemas é que as pessoas não perce-biam a necessidade de com-petir globalmente. Agora, depois da crise, elas estão começando a entender cada vez mais esse cenário e percebem que não podem contar com nosso próprio mercado.

o acordo de troca de ações entre a petrolífera bP e a es-tatal russa rosneft foi sus-penso depois que um tribu-nal independente da suécia congelou o contrato por ir

contra outra parceria da bP na rússia, a tNK-bP. o que será feito para resolver a situação?O acordo claramente come-çou com um risco legal e todos sabiam disso antes mesmo que fosse fechado, mas esperamos que as par-tes envolvidas cheguem a um consenso e a parceria não seja descartada por completo.

o governo russo concordou com vários líderes mundiais em aumentar sua produção de automóveis. os russos estão prontos para compe-tir no mesmo patamar no mercado mundial?Esperamos atrair novos in-vestimentos para a Rússia, e não apenas em linhas de montagem. Não estou certo de que esse objetivo possa ser atingido somente pelo au-mento das tarifas, porque se trata de uma melhora nos in-vestimentos. Não estamos preparados para competir em um mesmo nível com os pro-

dutores internacionais. Porém, a OMC (Organização Mundial de Comércio) esta-belece um período de tran-sição de sete anos, e isso é o bastante para estarmos pron-tos. Grandes empresas como a Avtovaz [fabricante do Lada] e a GAZ não são muito competitivas, portanto pre-cisamos desse período de amadurecimento. Também precisamos de bons investi-dores estratégicos.

No setor farmacêutico a es-tratégia parece ser seme-lhante: aumentar as tarifas de importação para compa-nhias que não ampliarem a produção na rússia.Com produtos farmacêuticos é um pouco diferente. Há uma grande demanda inter-na e podemos atrair investi-mentos só pelo tamanho do mercado. As empresas inter-nacionais podem aumentar a produção em breve sem que precisemos aumentar os impostos.

“A corrupção remete à interferência do governo na economia. Ela está ligada ao tratamento preferencial dado às empresas estatais”

No final de março, técnicos do banco de investimentos-russo VTB-Kapital comuni-caram que a influência do petróleo sobre a economia mundial prenunciava reces-são. A preocupação com os preços do óleo no mercado russo e internacional come-çou no fim de janeiro, quan-do os governos de Egito e Tunísia foram derrubados por manifestações popula-res. Em fevereiro, a confu-são se espalhou para a Líbia e os preços do petróleo dispararam. Em Londres, o preço do pe-tróleo Brent (tipo de petróleo do Mar do Norte) superou os US$ 100 pela primeira vez desde 2008. Pouco tempo de-pois, iniciou-se uma série de revoltas no mundo árabe. A instabilidade também já está instalada nos países do Golfo Pérsico, que abastecem de pe-tróleo o mundo todo. Mas a maior preocupação é em re-lação à Arábia Saudita, com suas reservas que mantêm os preços mundiais em um nível relativamente alto. Segundo a Agência Interna-cional de Energia (IEA), a ex-tração mundial de petróleo alcançou 89 milhões de bar-

análise Tragédia no Japão e instabilidade no Oriente Médio pressionam preços

aumento da produção de países alheios à oPeP, como brasil, rússia e cazaquistão, é uma das opções para frear a disparada na cotação da commodity.

ris diários em fevereiro, uma nova marca histórica. A queda no fornecimento do pe-tróleo líbio foi compensada pelo aumento da extração nos países do Golfo e de fora da OPEP (Organização dos Pa-íses Exportadores de Petró-leo). Mas é um equilíbrio ins-tável. Conforme as estimativas de especialistas da IEA, o crescimento do consumo de petróleo e derivados vai levar ao mercado 1,4 milhões de novos barris diários em 2011.Os desastres naturais no Japão ameaçaram a terceira

maior economia do mundo com a falta de energia elé-trica - consequência de ava-rias nas usinas atômicas que produziam um terço da ener-gia do país. O Japão já en-viou à Rússia um pedido para aumentar seus suprimentos de carvão e gás liquefeito, ou seja, as cotações dos hidra-tos de carbono vão crescer novamente. Em curto prazo, o setor ener-gético japonês terá que cor-rigir seus planos em conse-quência da suspensão das usinas atômicas do país, se-gundo técnicos do Citibank, o que aumentará os preços do combustível fóssil (petró-leo, gás, carvão etc.). Segun-do o relatório, os problemas da economia japonesa pres-sionarão mais o mercado que o temor quanto a diminui-ção do fornecimento de pe-

mento da extração do petró-leo será garantido por três países que não fazem parte da OPEP: Brasil, Rússia e Ca-zaquistão. Essas nações te-riam chance de aumentar a oferta, favorecidas por novos investimentos e melhoria de infraestrutura.Já a estratégia energética russa prevê, só com investi-mento doméstico, um cresci-mento no 13% ou 14% de 2005 a 2035. O aumento dos preços do pe-tróleo pode provocar infla-ção prolongada, o que colo-cará em alerta mercados em desenvolvimento como Índia, China, Coreia do Sul e Ar-gentina. Setores dependen-tes do petróleo, como o de energia, metalurgia, quími-ca e agricultura serão mais afetados. Os preços dos gê-neros alimentícios vão subir e a quantidade de pessoas vi-vendo na linha da pobreza será maior. O resultado serão graves problemas econômi-cos e, como consequência, conflitos internacionais e in-ternos, crises monetárias e falência de empresas.São dois os cenários previs-tos em longo prazo. O pri-meiro seria uma nova crise econômica: a economia mun-dial apenas entra em fase de lenta recuperação após a crise financeira de 2008, mas os altos preços do petróleo elevam os custos de produ-ção. O segundo panorama é mais otimista, com uma gra-dual renúncia ao petróleo até 2035 e a adoção de energias renováveis e outros combus-tíveis. Mikhail Krutíkhin, analista do setor energético, acredita que se inicia “a dé-cada do gás”. Para ele, o ce-nário levará as companhias de petróleo a investir pesado em sua prospecção e extra-ção, inclusive em projetos - até então pouco rentáveis - no litoral ártico da Rússia.

Barril de petróleo pode chegar a US$ 200

IúrI solozobovdirETOr dO CEnTrO POlíTiCO- EnErgéTiCO inTErnACiOnAl

“A Alemanha há muito tempo não tem a necessidade de fil-trar grandes quantidades de emissões poluentes“, explica Becker. “Não como Estados Unidos, Rússia, China ou mesmo o Brasil”. De acordo com dados da Co-missão do Clima da ONU, embora a Alemanha ainda ocupe a sexta posição no ranking global dos países que mais emitem gases do efeito estufa, o país registra um de-créscimo de quase 4% ao ano nas emissões.O Brasil vem logo atrás, em sétimo, mas com um aumen-to anual de quase 6%. A Rús-sia também apresentou um decréscimo, de cerca de 3%, mas ainda é o terceiro maior poluidor do mundo, atrás apenas de EUA e China. “Não temos grandes usinas geradoras de energia, apenas unidades pequenas e descen-tralizadas. E teremos ainda menos necessidade nos pró-ximos anos, já que, após a tragédia no Japão, iremos de-sativar nosso parque nucle-ar. Por isso, não se trata de rejeição à tecnologia, mas simplesmente de não termos a simples necessidade de fil-tragem de gases”, afirma Becker.Enquanto multinacionais de todo o mundo desenvolvido se beneficiam de legislações ambientais mais brandas em países subdesenvolvidos, o uso de padrões técnicos ob-soletos nessas regiões ainda é bastante discutido entre es-

pecialistas em comércio e meio ambiente. Mas, segundo a professora Luciana Togeiro, do depar-tamento de Economia da Unesp (Universidade Esta-dual Paulista), o Brasil ainda não pode ser apontado com um desses “paraísos da po-luição”, já que as leis ambien-tais do país vêm sofrendo mu-danças, tornando-se cada vez mais rigorosas desde a déca-da de 1980. Na opinião de Luciana, o pro-blema no país é outro: a di-ficuldade para implantar as práticas e fiscalizar o que está registrado no papel.“Na literatura sobre legisla-ção ambiental brasileira, essa deficiência é um assunto re-corrente. Em várias obras, registra-se que temos melho-res regras comparativamen-te a outros países em desen-volvimento, mas falhamos na hora de aplicá-las”, afirma a professora.O grupo russo-alemão, en-tretanto, tem outras inten-ções, além de conquistar um novo mercado. “Temos uma parceria com um instituto alemão chamado ISAS, que faz pesquisas independentes no campo da bioindústria, e que nos ajuda a qualificar ca-tadores de lixo. Nós temos as primeiras usinas desse tipo. E planejamos implementar essa solução, em Cuba, no Chile, no Brasil e onde mais houver oportunidade para isso. Então, nossa chegada ao Brasil é simplesmente uma questão de tempo e de achar o parceiro ideal.”

Kondor-Eko quer mercado brasileiro coNtINuação da PágINa 1

tróleo da Líbia e de outros países do Golfo e do Norte da África.O ministro da Fazenda russo Aleksei Kúdrin declarou que as situações no Japão e no Oriente Médio podem provo-car em curto prazo um au-mento nos preços de petróleo para até US$ 200 (R$ 335) por barril.É possível que se repita o dé-ficit nas reservas de petróleo da Guerra do Golfo, quando os preços da commodity sal-taram 130% em sete meses, principalmente por causa da redução das reservas da OPEP. Hoje, entretanto, essa dinâmica seria outra: a ofer-ta pelo petróleo deve seguir a procura. Caso contrário, o preço de US$ 200 pode virar realidade. Na Secretaria de Energia dos EUA acredita-se que o au-

no cenário otimista, combustíveis alternativos reduzem dependência do petróleo

eNtrevIstaArkÁdi dvorkovitch

acelerar a privatização e ampliar produção metAs do governo pArA tornAr economiA do pAís mAis

AtrAente tAmbém mirAm o problemA crônico dA corrupção

os investidores estrangeiros reclamam do papel do go-verno na economia. o que está sendo feito para reduzir a participação do estado?Nós já concordamos em ven-der as ações do governo, é uma questão de tempo. É evi-dente que não precisamos mais da participação estatal em diversos setores. O banco Sberbank é um caso especial e precisamos ser cuidadosos, já que a empresa possui um grande componente social [muitos cidadãos russos de-positam seu dinheiro no Sberbank]. A companhia es-tatal de energia Gazprom também e o [monopólio do transporte ferroviário] RZhD são casos à parte – mas todo o resto, como, por exemplo, o Banco VTB, não necessita da participação do Estado.O mercado, porém, só vai conseguir absorver uma parcela, e não podemos ven-der tudo de uma vez. Mas o presidente russo já deu or-dens para acelerar o ritmo do processo de privatização. No início do mês, o comitê do Conselho Nacional dos Bancos concordou em ven-

der 7,58% do Sberbank nos próximos três anos.

um ano atrás, uma série de veículos de imprensa suge-ria a saída do “r” do grupo brIc (brasil, rússia, Índia e china). Qual a sua opinião?Os mercados da China e da Índia são muito maiores que o da Rússia, e isso é impor-tante para os investidores. Juntos possuem um total de 2,5 bilhões de pessoas quan-do comparados aos 142 mi-lhões de russos. O mercado russo é melhor quando com-parado ao Brasil, onde o nível tecnológico e o tamanho da população são semelhantes. As expectativas para a Rús-sia são muito maiores, já que somos tratados como um país europeu e precisamos atin-gir o mesmo nível de confor-to para os investidores es-trangeiros. Somos um país da Europa, portanto devemos seguir os mesmos padrões.

mas talvez a maior queixa sobre a rússia seja o alto nível de corrupção. o movi-mento anticorrupção já ob-teve algum sucesso?Os esforços anticorrupção funcionam e a tendência é que continuem gerando efei-to. Porém, embora venha ocorrendo uma mudança po-sitiva, o trabalho não termi-nará em um ano. Os casos de subornos vêm aumentando, em parte porque as pessoas

envolvidas estão vendo que a situação não vai durar muito tempo e querem tirar até a última gota. Entretanto, essa é uma ques-tão sistemática, já que não se trata apenas de uma qua-drilha, mas sim da corrup-ção que existe em todos os níveis e que remete à inter-ferência do governo na eco-nomia. Se pudéssemos di-minuir essa presença, a probabilidade de corrupção também seria menor. A cor-rupção está ligada ao trata-mento preferencial dado às empresas estatais.

muito se fala sobre reformas, mas por que as mudanças são tão lentas?A reforma perdeu força, pois não existe um foco preciso. Tivemos sucesso na redução da burocracia e também na diminuição de licenças, mas o programa ainda não tem um foco bem definido. O pro-blema se torna ainda mais difícil porque, se a intenção é melhorar o clima de in-vestimentos, temos que ten-tar combinar a iniciativa fe-deral com a participação ativa das administrações regionais.Existem algumas regiões que já são bastante ativas e têm sido bem-sucedidas – Kalu-ga [um dos principais cen-tros de produção automobi-lística da Rússia] e Tatarstão são dois bons exemplos de re-

giões ativas e que estão pro-gredindo. Os governantes e prefeitos das regiões carre-gam uma grande responsa-bilidade. Precisamos intro-duzir as melhores práticas por todo o país, mas não po-demos impor isso de cima para baixo. Poderíamos fazer mais para o projeto funcio-nar, mas não somos como a Geórgia ou a Estônia – ambos menores que uma única re-gião da Rússia.

com a aplicação de mais de us$ 600 bilhões em reser-vas monetárias para conter a crise, parecia que o go-verno poderia salvar toda a economia do país. mas a rússia foi gravemente atin-gida. À medida que a crise regride, quais são seus prin-cipais efeitos?Se a crise tivesse sido local teríamos dinheiro suficiente para lidar com o problema, mas a crise foi global. A con-clusão é que precisamos mudar a estrutura da econo-mia e não repetir os mesmos erros. Mas veja os resultados da crise: não houve corrida aos bancos, nem grandes fa-lências. Algumas pessoas compraram dólares, mas em poucos dias venderam o que tinham adquirido, e a deman-da pelo rublo cresceu de novo.Existe uma confiança no setor bancário e no rublo que não sentimos da última vez.

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um dos protagonistas das reformas liberais, assessor de assuntos econômicos da presidência fala sobre crise, economia e impacto da corrupção no futuro do país.

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Page 4: Gazeta Russa

Gazeta Russawww.gazetarussa.com.breconomia e mercadonotasnegócios

Uma fábrica para produção de mais de um milhão de painéis solares de película fina com capacidade de 130 MW (megawatts) deverá ser instalada no início de 2012 na cidade Novotcheboksar-sk, cerca de 700 km a leste de Moscou. “Quando a fá-brica alcançar toda a capa-cidade planejada, no meio do ano que vem, a Khevel será o motor da indústria, assegurando a moderniza-ção da economia”, afirmou o gerente da joint-venture Khevel, formada pelas es-tatais Rusnano e Renova.O investimento ultrapassa os 20 bilhões de rublos (R$1,1 bilhão), e a sueca Oerlikon Solar abastecerá a linha de produção.

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mais de r$ 1 bi em fábrica de painéis solares

A Russian Helicopters e o Qualy Group Brasil assina-ram um acordo de coopera-ção para o fornecimento ao Brasil de até 150 helicópte-ros leves Mi-34C1 até 2023. Segundo o Qualy, os Mi-34C1 poderiam ser interes-santes para empreiteiras e operadores do Estado, in-clusive nos preparativos para a Copa do Mundo de 2014 e os Jogos Olímpicos de 2016.As empresas planejam ainda criar um centro de treina-mento, manutenção e logís-tica para a frota brasileira da aeronave. Outro acordo assinado com a Аtlas Táxi Aéreo deve gerar um cen-tro de apoio ao Mi-171A1 no Brasil.

c.F.

acordo prevê compra de 150 helicópteros

Brasil e Rússia estudam a produção conjunta do carro de blindagem leve GAZ-2330 Tigre, de acordo com a trading russa Rosboro-nexport. A instalação de uma fábrica, no Sul ou Su-deste do país, seria uma das condições para a compra de lotes maiores. O primeiro veículo chegou ao país em setembro do ano passado, para treinamento da polí-cia do Rio de Janeiro, com conclusão prevista para março passado, e adaptado às condições tropicais - ar refrigerado para os 11 ocu-pantes do veículo. O patru-lhamento em favelas e su-búrbios seria a primeira opção de uso para o Tigre.

cezar Faccioli

Veículo tigre poderá ser feito no brasil

Enquanto o Ministério da De-fesa brasileiro anuncia um corte no orçamento que pode frear a compra de aeronaves pelas Forças Armadas, a ini-ciativa privada passa a inves-tir no setor para uso em en-genharia. Até o primeiro trimestre de 2012, a brasilei-ra Helipark deve receber seu primeiro modelo de helicóp-tero Kamov, o Ka-32, que co-meçou a ser negociado ainda em setembro de 2009. Funda-mentada no setor civil, a em-presa de táxi aéreo dá o pri-meiro passo para se tornar também uma prestadora de serviços a empreiteiras, ca-rentes de equipamentos do gênero.“Existe no Brasil todo um mercado para helicópteros de carga: não há praticamente nenhum helicóptero que faça carga de grande porte. Para cargas menores, de 300 kg, 400 kg ou 500 kg existem, mas eu estou falando aqui de algu-mas toneladas”, explica o em-presário João Velloso, dono da Helipark. Evolução da aeronave naval Ka-27, o Kamov Ka-32 pode carregar até 5 toneladas de

aviação Helipark compra primeiro Kamov-32 do país

Helicóptero que passou dois meses na amazônia nos anos 90 e ganhou o nome da fruta brasileira chega para transporte de cargas.

carga. “Essa capacidade de le-vantamento de carga muito grande faz com que ele seja usado como guindaste aéreo”, explica o diretor da revista es-pecializada Asas, Cláudio Lucchesi. Além disso, o heli-cóptero tem duas hélices su-periores contra-rotativas, o que elimina a necessidade do rotor de cauda e possibilita mais precisão no transporte de cargas.

segurança“O rotor de cauda também é sempre um fator de risco, prin-cipalmente em situações de emergência, quando não dá tempo de desligá-lo. Parece muito fácil imaginar que nin-guém em sã consciência vai sair do helicóptero e passar perto daquilo, mas infeliz-mente acontece”, explica Luc-chesi. Segundo ele, a elimi-nação da hélice na cauda também facilitaria pousos em locais despreparados, já que não haveria risco de bater o componente na vegetação, causando acidentes. Para Velloso, as dimensões do Ka-32, razoavelmente peque-nas para sua capacidade de carga, também atenderiam a necessidades ambientais. “Para contruir uma linha de transmissão, por exemplo, ao invés de se construir uma es-trada para levar as torres, po-de-se ir de helicóptero, assim como para transportar equi-

pes, fazer clareiras, nivelar o solo sob a torre, trocar quei-madores de petróleo e até ins-talar equipamentos de ar-con-dicionado sem precisar parar o trânsito com guindastes gi-gantescos”, explica Velloso.

manutenção brasileiraO contrato celebrado pela He-lipark contempla também ou-tros serviços adicionais para o uso do Ka-32, incluindo trei-namento de pessoal e um pro-vável centro de manutenção a ser estabelecido nas próprias instalações da empresa. Como parte das preparações, qua-tro pilotos, dois mecânicos de voo para operação do guin-daste e quatro mecânicos - todos brasileiros - serão en-viados à Rússia em setembro. A equipe passará quatro meses na cidade de Kumertau, quase na fronteira do Cazaquistão, para treinamento com a aeronave.“A aeronave já está certifica-da ou em fase de certificação na EASA, autoridade aero-náutica europeia, e essa cer-tificação facilita muito o pro-cesso aqui no Brasil”, diz Velloso. O Kamov Ka-32 já é usado em Portugal, Espanha, Suíça e Canadá, entre outros países, principalmente na indústria de construção e em operações anti-incêndio.“Com certeza o Brasil está muito atrasado nessa aquisi-

Brasil em meados dos anos 90, quando foi emprestado à FAB (Força Aérea Brasileira), com o intuito de ser vendido. “Esse helicóptero ficou um tempão aqui pelo Brasil e du-rante um período passou pela

“cupuaçu voador” de volta ao brasil

Desenhado como modelo militar naval, o Kamov-32 é usado em larga escala na europa

marina DarmarosGazeta Russa

Amazônia, mas por uma ques-tão muito mais política do que por qualquer outra coisa, não foi comprado”, afirma.

cupuaçu Voador“Uma coisa é fato: ele não teve nenhum problema na Ama-zônia, onde a operação durou cerca de dois meses”, disse à Gazeta Russa o coronel Fer-nando Cominato, piloto da FAB que na época servia em Manaus.Segundo o coronel, toda ex-periência foi uma “aventura”, começando pela instrução, dada por um piloto e um en-genheiro que só falavam russo e um gerente de vendas que fazia as vezes de tradutor, mesmo sem saber vocabulá-rio técnico. “Aquele helicóptero singular logo chamou a atenção do povo simples da região, que rapidamente o apelidou de Cupuaçu Voador”, conta.

" O rotor de cauda, que o Kamov-32 eliminou, é sempre um fator de risco

e uma preocupação com a segu-rança, principalmente durante a decolagem e o pouso do heli-cóptero. É muito fácil imaginar que ninguém em sã consciência vai sair do helicóptero e passar perto daquilo, mas infelizmente acontece.”

" O Ka-32 pode ser usado na montagem de torres de uma linha de trans-

missão sem ter que construir uma estrada para isso, para levar equipes, para trocar quei-madores de petróleo, instalar ar-condicionados em topos de prédios e no combate a incên-cios, já que pode levar quatro toneladas de água.”

Frases

Cláudio LucchesiespeCiaLista em aviação Russa

João vellosodono da HeLipaRK táxi aéReo

incentivos Fábricas que não aumentarem a produção para 300 mil unidades até 2020 vão pagar mais impostos

novos acordos tributários vão incentivar a produção automobilística interna e tornar a rússia o maior mercado da europa.

No final de fevereiro, as montadoras de carros inter-nacionais se apressaram em cumprir o prazo para novos acordos de investimento na Rússia. O motivo da corri-da: imposições mais rigoro-sas para importação: o Kre-mlin irá elevar os impostos de todo fabricante que não se comprometer a aumentar não somente a sua produção para 300 mil unidades por ano, mas também a propor-ção do uso de insumos do-mésticos para 60%, até o ano de 2020.

impulso à produçãoAs mudanças do código tri-butário entraram em vigor no dia 1º de março e, segun-do as novas regras, as mon-tadoras podem receber retor-no de até 3% do imposto de

importação de itens como re-compensa por atingir as metas em questão. Até então, as empresas auto-mobilísticas evitavam taxas sobre a importação ao atin-girem a meta de fabricação de 25 mil carros no país. A construção de linhas de mon-tagens na Rússia, entretan-

anos.” A Rússia sofreu subin-vestimento de quase mil euros (aproximadamente R$ 2,3 mil) por capital de inves-timento direto estrangeiro em 2010, quando comparada aos valores quatro a oito vezes maiores praticados nos países da Europa Central.

omc x importaçãoNa metade da última déca-da, o governo negociou sub-sídios fiscais e quebra de im-postos de importação para empresas estrangeiras dis-postas a construir fábricas, estimulando a criação de di-versos centros de produção automobilística – cujos maio-res representantes se locali-zam em São Petersburgo e em Kaluga. Em 2008 a produção de mar-cas estrangeiras na Rússia despontou e as empresas in-ternacionais superaram ra-pidamente as líderes nacio-nais, a Avtovaz e a Gaz. O setor emprega hoje mais de um milhão de pessoas no país. Se a Rússia finalmente ade-

rir à OMC (Organização Mundial do Comércio) – de-pois de 16 anos de espera – terá que reduzir as taxas de importação para carros. Porém, segundo Rakhmanov, a produção de carros de pas-seio já é suficiente para con-correr seriamente com os grandes fabricantes interna-cionais. “Há um período de transição de sete anos, e isso é tempo mais que suficiente para terminar as reformas e m a n d a m e n t o”, d i z Rakhmanov.“Para cada emprego criado na indústria automobilísti-ca, geramos outros 16 postos de trabalho nos setores rela-cionados”, afirmou Rakhma-nov. O consumidor russo também deve ser beneficia-do. “Mais concorrência sig-nificará menores preços para os consumidores e, assim, mais vendas”, afirma o ana-lista de transportes da Re-naissance Capital, Aleksan-dr Kazbegi. “E ainda falta muito para que o mercado russo fique saturado”, com-pleta Rakhmanov.

Mercado de carros pode ser líder europeu

Há espaço para crescimento da frota, segundo especialista

Demanda por gás russo deve aumentar até 10% este ano

ben aris Gazeta Russa

to, não significava maiores compromissos. Com os novos ajustes, das oito indústrias internacionais já operando na Rússia, seis en-viaram propostas, e outros acordos são esperados para junho, segundo o diretor do departamento de máquinas agrícolas e automóveis do Mi-

Dos impostos sobre importa-ção poderão ser recuperados pelas empresas que aderirem aos acordos.

Mil unidades é a meta de fabri-cação de carros na Rússia para evitar sobretaxas na importa-ção. Antes eram 25 mil.

3%

300

números

nistério da Indústria e do Co-mércio Exterior, Aleksandr Rakhmanov. “Não tínhamos expectativa de um retorno tão expressi-vo dos fabricantes”, disse Rakhmanov. “Agora temos certeza de que a Rússia será a maior fabricante de carros da Europa nos próximos

investimento usina de processamento custará us$ 20 bilhões e alimentará gasoduto

Para competir com o nabucco, gasoduto projetado para livrar a europa da dependência russa, Kremlin anuncia usina de processamento de gnL na península de iamal, na costa ocidental do país.

No extremo leste da Rússia, a ilha de Sakhalin tem uma usina de GNL (gás natural liquefeito) que destina gran-de parte de sua produção ao Japão. Agora, o Kremlin anuncia planos para a cons-trução de outra planta simi-lar para o processamento de

gás na península de Iamal, lar dos maiores campos de produção de gás da costa oci-dental do país.“A construção de uma usina de GNL em Iamal poderia representar uma alternativa ao fornecimento de gás na-tural à Europa através do problemático projeto do ga-soduto Corrente do Sul [do russo, Iújni Potok ]”, disse o ministro da Energia, Serguei Shmatkó. O ainda incerto Corrente do Sul ligaria cam-pos de gás russos ao sudeste europeu, mas compete com o Nabucco, um gasoduto pro-movido pela União Europeia que passaria fora do territó-

rio russo e ligaria a Europa diretamente às vastas reser-vas de gás do Cáucaso e da Ásia Central. Ambos enfren-tam disputas geopolíticas em todos os países previstos no trajeto.

oferta e procuraCom o aumento do preço do petróleo, o gás está novamen-te ganhando destaque. O banco VTB Capital estima que a interrupção do forne-cimento de petróleo à Euro-pa provocada pela guerra civil na Líbia poderia gerar um aumento de 10 bilhões a 15 bilhões de metros cúbicos nas exportações de gás da

Rússia, ou seja, um acrésci-mo de 7% a 10% nas expor-tações totais da Gazprom só neste ano. “Acreditamos que o aumen-to do preço seja reflexo da antecipação do mercado à de-manda por GNL, que será maior que o esperado com os esforços do Japão para com-pensar a perda de sua capa-cidade em energia nuclear”, afirma Lev Snikov, analista do banco de investimentos VTB Capital.A Novatek, empresa privada líder na produção de gás na-tural na Rússia, investiu US$ 526 milhões em ações que correspondem a 25,1% da

usina de Iamal, ainda em pla-nejamento. “A Novatek espe-ra para fim de 2012 uma de-cisão final de investimento no projeto de GNL em Iamal”, afirmou o presidente da or-ganização, Leonid Mikhel-son. A empresa também as-sinou um memorando de entendimento com a france-sa do gás e petróleo Total, que deve adquirir 20% da Iamal, além de uma partici-pação inicial de 12% na Novatek, que lhe custou US$ 4 bilhões e poderá ser ampliada até 20% durante os próximos três anosDentro de sete anos, a cons-trução da Iamal, no valor de

US$ 20 bilhões, resultará na maior usina da Rússia para transporte de gás. “Também se espera que a companhia petroquímica russa Sibur as-suma o controle da usina de GNL do Báltico das mãos da Gazprom Germania (subsi-

Em alta, gás natural é a aposta

ben arisGazeta Russa

diária do monopólio estatal de gás Gazprom e da empre-sa estatal de transporte ma-rítimo Sovcomflot)”, disse Aleksandr Krasnenkov, pre-sidente da GNL do Báltico, em entrevista à revista Gazprom.

ção, e um dos motivos é um preconceito até meio esquisi-to com a Rússia, porque o Bra-sil não foi linha de frente da Guerra Fria”, acredita Luc-chesi. Ele conta que um mo-delo da aeronave chegou ao

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Page 5: Gazeta Russa

GAZETA RUSSAWWW.GAZETARUSSA.COM.BR Especial

futuro, que ia ser diferente, que ia conseguir mostrar algo di-ferente para as pessoas. Mes-mo com dor, com sacrifício, vim muito determinado. Não é à toa que você larga sua família intei-ra, sua cultura, para vir para ou-tro Estado completamente dife-rente. É para melhorar. Ou quer ou quer, não tem outra opção.

O que você planeja para de-pois que se formar?Aqui é ótimo, mas chega uma hora que tem que sair. Não pode ficar parado em um só lugar. As companhias pedem dois anos de experiência e eu já tenho isso.

Você enfrentou preconceitos?Até tem preconceito, mas é mais medo de perder o lugar. Além de ser negro, brasileiro. Os eu-ropeus dizem: “tinha de ser bra-sileiro para dançar desse jeito diferente”. Eles sempre ficam maravilhados com essa energia, com a nossa vida. Outros povos são muito frios. Às vezes, falta “arte” para eles.

nos com palavras em russo...Não é tão frequente assim. Quando eu digo em russo ‘ho-roshó’, significa que é muito, muito bom! Mas outras palavras eu até que falo pouco…

Após 11 anos, mudou a recepti-vidade dos brasileiros em rela-ção ao balé?É difícil dizer. Eu conheço o tra-balho excepcional das grandes companhias do Rio de Janei-ro e de São Paulo. Nosso traba-lho, além de trazer um pouco da nossa escola para cá, é fazer o público brasileiro conhecer um pouco da tradição. Por exem-plo, quando o Bolshoi começou a se apresentar no Japão, nin-guém sabia quando aplaudir. Às vezes, nós saíamos do palco sob um silêncio total. E agora, quan-do voltei lá, recentemente, eles sabem quando aplaudir, quando calar, quando há algum momen-to dramático. Eles já conhecem o balé. Então, depois de alguns anos, eles entenderam. Está sen-do assim com o Brasil.

Quando você chegou, estra-nhou a disciplina da escola?A disciplina, a cultura, a estrutu-ra, o sotaque… Tudo é muito di-ferente, a adaptação é difícil. A comida foi um dos pontos mais difíceis, o horário e o frio [de Joinville]. Mas o sacrifício vale a pena se você pensa que vem de uma família pobre, chega aqui e consegue subir na vida e ter uma formação. Agora eu pos-so chegar em qualquer escola e dizer que tenho diploma e sou formado pelo Balé Bolshoi. Pa-ra ser professor, coreógrafo ou o que seja, agora eu tenho essa possibilidade.

Qual foi a influência do balé na sua vida?Foi fundamental. Tenho irmãos que trabalham na Europa há anos, ganham seus salários, mo-ram lá... Subiram de vida, né? Graças à arte, ao projeto.

É uma rotina difícil. Você já pensou em largar tudo?Eu sabia que aqui eu tinha um

Como vocês trabalham com os alunos mais novos?Se na Rússia toda menina sonha em ser bailarina, aqui muitas crianças sequer viram isso na te-levisão. Quando eles começam a entender, descobrem que é pre-ciso muito trabalho. Aula e apre-sentação são coisas completa-mente diferentes. Por isso, nas primeiras séries, eles vão apren-dendo o que é o amor pelo ba-lé. A cada aula, eles vão se tor-nando fanáticos pelo trabalho. E, nas últimas séries, se tornaram apaixonados.

E como eles recebem o traba-lho duro? Ninguém costuma reclamar. Fi-cam chateados quando há algu-ma contusão. Você aprende pela exaustão e, em algum momento, vai ter dor. Isso é normal, mas é difícil para eles. Embora todos entendam que isso faz parte da profissão.

Nas suas aulas, muitas vezes a senhora se dirige aos alu-

Diego da Cunha20 ANOS, ALUNO DO BALÉ BOLSHOI NO BRASIL

Galina KrávtchenkoFUNDADORA E UMA DAS PRIMEIRAS PROFESSORAS DA ESCOLA

Diego da Cunha começou na dança quando ainda mora-va em Salvador (BA). Não co-nhecia a escola e nem sabia o que era balé, mas já trabalha-va com dança folclórica e con-temporânea para ajudar no sustento da família. Em 2006, um teste mudou sua vida: foi selecionado para estudar no Bolshoi. Hoje, dança e impres-siona gente do mundo inteiro com seus passos.

Galina Krávchenko pratica-mente fundou a Escola do Bol-shoi Brasil, onde está há 11 anos. Veio para viver o sonho do marido Aleksandr Bogati-rev, que faleceu antes de ver o projeto que idealizou reali-zado. Rígida nos treinos, ela se derrete ao falar dos alunos. “Minhas meninas são recebidas bem em qualquer lugar. Elas dominam a técnica e isso me deixa muito orgulhosa”, diz.

A única � lial da companhia russa Bolshoi no mundo vai levar a Brasília, pela primei-ra vez, o chamado “balé de repertório”. Após meses de trabalho duro, no dia 5 de maio 90 alunos, bailarinos e professores sobem ao palco da Sala Villa Lobos, do Teatro Nacional, dispostos a encantar. “Estamos prepa-rando algo grande, com pro-dução nossa. Vai ter gente que nunca saiu de Joinville, gente que nunca viajou de avião... Vai ser muito emocionante mesmo”, diz o russo Pável Kazarian, supervisor da es-cola em Santa Catarina.Assim como Quixote quan-do lutava contra moinhos de vento, os idealizadores do projeto de montar no Bra-sil - e longe das capitais - uma escola do mais tradi-cional balé da Rússia foram vistos, no final dos anos

Balé Inaugurada em 2000, escola de Santa Catarina segue como a única da companhia fora da Rússia e abriga brasileiros de 15 Estados

1990, como loucos. A con-quista, agora, deve ser ce-lebrada com o espetáculo “Grande Suíte do Ballet Don Quixote”, uma nova versão coreográ� ca de Vla-dímir Vasiliev, considerado o “bailarino do século”.

Do Brasil para o mundoUma das estrelas da compa-nhia, a jovem Bruna Gaglia-none, de apenas 20 anos, já dançou em alguns dos pal-cos mais prestigiados do mundo e conhece de perto os desa� os das companhias nos EUA e na Rússia. Ela conta que, para a apre-sentação na capital federal, a montagem será de alto nível e deve superar as expectati-vas. “A gente vem para se igualar aos russos. Dança-mos com eles no ano passa-do e assistimos a muitos ví-deos. Vamos fazer bonito”, a� rmou a graciosa bailarina de traços leves e jeito de menina.Gaglianone é resultado da Companhia Jovem, um dos projetos sociais da escola do Bolshoi no Brasil, que, dian-te da di� culdade para inse-

rir seus recém-formados no mercado mundial, criou um corpo de balé próprio, sedia-do no teatro da escola, em Joinville. Ali, � cam os gran-des talentos brasileiros.Desde 2007, quando foram contratados cinco formandos, a companhia já absorveu 19 bailarinos da escola. Desse grupo, oito foram emprega-dos por grandes companhias da Áustria, dos EUA, da Po-lônia, da Alemanha e pela consagrada formação brasi-leira de dança contemporâ-nea Grupo Corpo.“Nós damos a eles o primei-ro emprego com carteira as-sinada. Eles ganham dinhei-ro, ajudam a família e economizam para viajar para as audições. E, se conseguem entrar para uma companhia, para nós é um orgulho”, ex-plica Kazarian.

Estratégia bilateralA escola tem importância es-tratégica nas relações entre o Brasil e a Rússia. Além de ser a única � lial da tradicio-nal companhia, é o maior projeto de intercâmbio cul-tural entre os dois países. “A escola une os governos. E está acima de partidos polí-ticos e de interesses. Tudo na política muda, mas o apoio à escola continua”, ressalta o supervisor, que lembra das autoridades que já estiveram lá para admirar o projeto. “O presidente Lula passou por aqui e virou fã. Assim como o embaixador da Rússia e o diretor do Bolshoi de Mos-cou”, completa. Em seus onze anos de exis-tência, mais de mil alunos já ensaiaram nas salas do pré-dio de 6 mil metros quadra-dos, em Joinville. Dezenas de alunos brasileiros já � zeram o curso de intercâmbio em Moscou, enquanto muitos ou-tros russos – entre bailari-nos, professores e músicos – estiveram em Santa Catarina. Neste ano, a escola conta com 283 alunos, de 15 diferentes Estados brasileiros, além de três alunas argentinas. Des-ses, 95% são bolsistas. A maior di� culdade enfren-

tada pela escola, no entanto, é angariar fundos. “Por isso as pessoas estão sempre atrás de coisas novas”, diz Kaza-rian. “Quando começamos, tínhamos só um espetáculo. Agora, no nosso repertório tem Gisele, Don Quixote...

Isso signi� ca que temos alu-nos talentosos e evoluímos no ensino”, ressalta Galina Krávtchenko, uma das fun-dadoras e primeiras profes-soras da escola.

Até 60 alunos por vagaOs alunos são escolhidos por professores quali� cados, em disputadas audiências - al-gumas com até 60 candida-tos por vaga. Essa competi-tividade, ao mesmo tempo em que reforça o prestígio do Bolshoi no Brasil, cria uma responsabilidade no ensino, destaca a professora. “Temos uma seleção muito dura, mas recebemos e ensinamos aque-les que atendem aos requisi-tos físicos. Não há diferen-ças entre brasileiros e russos”, enfatiza.Passar pela seleção é apenas o início de uma longa jorna-da que pode durar até oito

anos. Para grande parte dos alunos, signi� ca deixar sua cidade natal e morar em Join-ville, o que pode ser um cho-que. Todos recebem alimen-tação, atendimento médico, acompanhamento físico e aulas em escolas da cidade. As crianças de fora vão para as chamadas “Casas dos Es-tados”, espécies de repúbli-cas estudantis financiadas por alianças entre governos e iniciativa privada e super-visionadas por uma mãe-orientadora. Na Casa do Piauí, por exem-plo, vivem dez estudantes e uma mãe, Maria do Socorro. “Aqui a gente faz de tudo para trazer um pouquinho da nossa terra natal, para ficar com um jeito de casa mesmo”, diz ela.Entre desenhos de prédios da capital piauiense, Teresina, feitos por universitários da UFPI (Universidade Federal do Piauí), passando por uma sala repleta de redes de dor-mir e terminando no arroz Maria Isabel, prato típico da-quele Estado, tudo ali é amor à terra natal, cercado de or-ganização e disciplina.

Determinação“Não é fácil para essas crian-ças abrir mão de tudo, vir para o outro lado do país, um outro Estado, sotaque e clima. A gente ajuda no que pode, mas também mantém o pulso”, explica Socorro.

Bolshoi no Brasil completa primeiro ano de uma nova era

Fachada da Escola de Balé do Teatro Bolshoi em Joinville Lado a lado, uma aluna brasileira e uma argentina

A prática diária pode ter até 8 horas, e muitos não aguentam. Evasão é uma das dificuldades

Escola de Balé do Teatro Bolshoi em Joinville (SC) completa 11 anos e, para celebrar, companhia faz grande apresentação.

FABRICIO YURI VITORINOESPECIAL PARA GAZETA RUSSA

Não é à toa que um dos maio-res problemas enfrentados pela escola de Joinville (SC) é a evasão. Além de ter a ro-tina alterada, os alunos en-frentam rigorosos ensaios. Bruna Gaglianone lembra que, quando entrou, havia duas turmas de 40 alunos. Em um determinado momen-to, as turmas se juntaram e, dos 80, apenas 10 se forma-ram. “É uma vida de muito sacrifício. O balé é muito ego-

ísta, ele quer tudo”, disse. Ainda assim, como bons ado-lescentes, eles tentam driblar os limites com saídas notur-nas. “Às vezes, a gente faz festinha na sexta, quando é aniversário de alguém. Aí, chega na segunda e você pensa: meu Deus, por que eu fui sair?”, brinca a jovem bai-larina. Desta vez, a festa será em Brasília e, certamente, a comemoração vai atravessar o mundo.

Brasília receberá o espetáculo “Grande Suíte do Ballet Don Quixote”, uma nova versão de Varsiliev

ENTREVISTA ENTREVISTA

Diego da Cunha dança durante o ensaio ge-ral. Garoto que saiu de Salvador para estu-dar em Joinville hoje pensa em integrar al-guma das maiores companhias do mundo

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Gazeta Russawww.gazetarussa.com.brcapa

O governo russo está embar-cando em uma enorme re-forma, na qual serão inves-tidos 300 bilhões de rublos (quase R$ 17 bilhões) com o objetivo de adequar os hos-pitais do país a novos e mo-dernos equipamentos de alta tecnologia, aumentar os sa-lários dos profissionais e, a s s i m , m e l h o r a r o atendimento.“A taxa de natalidade na Rússia é semelhante à dos países desenvolvidos, mas há uma elevada taxa de mortalidade, como nos pa-íses emergentes”, compara Masha Lipman, analista do Centro Carnegie de Moscou. “Existem diversos motivos para esse alto índice, e um

deles é a baixa qualidade do sistema de saúde”, afirma.A combinação de uma dieta rica em gorduras, o hábito de fumar e o perigoso apreço nacional pela vodca está ace-lerando o crescimento da taxa de mortalidade russa.Segundo previsões mais pes-simistas, a população da Rús-sia poderia cair de 142 mi-lhões para 100 milhões até 2050.“Com as reformas, o gover-no construirá uma série de centros de atendimento de saúde por todo o país, além de focar nas doenças com maiores índices de mortali-dade, as cardiovasculares e o câncer. Daremos ênfase à prevenção e as reformas in-cluirão treinamento para os médicos”, anunciou a minis-

A saúde se tornou prioridade do governo em 2006, mas o sistema público estava em es-tado tão precário que poucos russos puderam notar algu-ma melhora ao longo dos anos. Muitos optaram por seguros privados, e as empresas têm incluído planos de saúde como benefício, inflando o ramo de seguros. Enquanto isso, os ricos se tratam no exterior. Hospitais israelenses, que ge-ralmente contam com muitos médicos russos entre os fun-cionários, anunciam seus ser-viços no país.Quem não pode arcar com os custos do tratamento acaba tendo problemas com o sis-tema público. Como Zoia des-cobriu, o pagamento de pro-pina é uma praxe.“Desde o primeiro minuto em que você entra no hospital, tem que pagar todo mundo: as enfermeiras, o pessoal da limpeza, o médico, o cirur-gião...”, conta a analista Lipman. “É a informalidade do sistema que torna a Rús-sia diferente e piora ainda mais o cenário.”

sem garantia“As reformas vão elevar os ordenados médicos em até 30%, mas, com salários tão baixos, a categoria não está impressionada com a medi-da”, afirma o especialista em saúde Kirill Danishevski.Para Svetlana, que não quis revelar seu sobrenome, uma médica na cidade de Makha-tchkalá, no Cáucaso do Norte, as melhorias das primeiras

saúde pública sofre reforma para elevar expectativa de vida

mesmo com investimento, rússia aplicará 5% do PIb em saúde, contra até 10% dos europeus

tra da Saúde, Tatiana Goli-kova, em um relatório oficial do governo.

Prevenção x tratamentoGratuito e acessível a todo população, o sistema sovié-tico focava basicamente no tratamento hospitalar, igno-rando a prevenção. “Atual-mente o câncer vem sendo, no geral, diagnosticado quan-do a doença já se espalhou e atingiu um estágio avança-do”, explica Golikova.Um dos programas das novas reformas vai estabelecer a abertura de novos centros de medicina perinatal de alta tecnologia por todo o país e a prática da cirurgia neona-tal deve ser difundida para salvar a vida de um milhão de crianças por ano.

contInuação da PágIna 1

Programa de sms americano vai orientar mães russas

Com população em queda, russos pretendem Combater as

altas taxas de mortalidade e investir em mediCina preventiva

" Com as reformas, o governo construirá uma série de centros

de atendimento de saúde por todo o país, além de focar nas doenças com maiores índices de mortalidade, as cardiovas-culares e o câncer. As ações incluirão treinamento.”

Frase

tatiana Golikova ministra da saúde

Os hospitais russos estão no-tavelmente degradados de-vido à falta de investimentos do governo na área da saúde, onde suborno e corrupção são práticas comuns. Mas esse é só um dos problemas com que o Kremlin pretende lidar por meio da reforma do sistema nacional de saúde, um dos chamados “Projetos Nacio-nais” do Estado. Em março, o primeiro-mi-nistro Vladímir Pútin anun-ciou que neste ano a Rússia irá destinar 4,5 bilhões de ru-blos (cerca de R$ 259 milhões) para a compra de equipamen-tos médicos de ponta e lan-çou um decreto para dar iní-cio à reforma.

Iniciada neste ano, reforma da saúde anunciada por Pútin dá ênfase à compra de equipamentos e instalação de plantas por farmacêuticas.

investimento em tratamentos de ponta

número de russos que recebeu tratamento de alta tecnologia chegou a 290 mil

nos supermercados, oferta chega a 70 tipos de vodca

ben arIsGazeta russa

O maior investimento será na região de Krasnodar (R$ 25,5 milhões), enquanto Moscou e São Petersburgo, as duas cidades mais populosas da Rússia, receberão R$ 19,7 e R$ 20,1 milhões. A região si-beriana de Kemerovo será a

destinatária do menor inves-timento, R$ 200 mil.Segundo Pútin, o governo es-tima gastar um total de R$7,5 bilhões no desenvolvimento de tratamentos médicos de alta tecnologia no período entre 2008 e 2013.Já houve algum progresso. O sistema de gestão das poli-clínicas foi revisado, os sa-lários dos médicos aumenta-

tivar as maiores empresas farmacêuticas internacionais a aumentarem os investimen-tos na Rússia, punindo com aumento das tarifas a impor-tação dos produtos médicos e concedendo incentivo fis-cal às empresas que têm pro-dução em território russo. Como resultado, a multina-cional AstraZeneca iniciou em abril a construção de uma nova indústria de produção e estrutura para pesquisa e desenvolvimento na cidade de Kaluga, no valor de R$ 236 milhões, enquanto a finlan-desa Orion diz estar em ne-gociações avançadas para en-trar no mercado por meio de uma aquisição. As duas em-presas seguem os passos da Novartis e da GlaxoSmithK-lein, que já possuem estru-tura de produção na Rússia. Só em 2010, a Rússia impor-tou o equivalente a R$ 14,5 bilhões em pílulas e outros medicamentos.

É o crescimento dos investi-mentos anuais em saúde para que a Rússia chegue ao padrão europeu até 2020, segundo o Instituto de Pesquisa Nacional

milhões de reais serão destina-dos à compra de equipamen-tos médicos de ponta em 2011. O país deve fabricar pelo me-nos 50% do equipamento ne-cessário até 2020.

7,5

259

números

Ao entrar no Perekriostok, um supermercado popular de Moscou, é impossível deixar de notar o tamanho da seção de bebidas. Os clientes podem escolher entre mais de 70 tipos de vodka e 30 de co-nhaque, e com menos de R$ 10 pode-se comprar uma gar-rafa de bebida.Em pesquisa recente da Or-ganização Mundial de Saúde (OMS), a Rússia ficou em quarto lugar na lista de pa-íses que mais consomem ál-cool, atrás da pequena Mol-dávia, da República Tcheca e da Hungria. Mas, quando o assunto é destilados, a Rússia é a número um.Baseado em estatísticas de 2006, o estudo mostra que os

russos bebem, em média, 15,7 litros de álcool puro por ano. Desses, 63% vêm de destila-dos, 22% da cerveja e somen-te 1% do vinho.“As consequências desse há-bito são mortais. É a depen-dência de destilados que eleva a taxa de mortalida-de”, afirma o diretor do Ins-tituto de Estudos Demográ-ficos, Igor Beloborodov.Em 2009, relatório publica-do no periódico médico bri-tânico The Lancet afirmava que metade das mortes de russos entre 15 e 54 anos eram causadas pelo consu-mo de bebidas alcoólicas.Foram analisados mais de 49 mil óbitos entre 1990 e 2001 em três cidades da Si-

béria e chegaram à conclu-são de que três milhões de vidas poderiam ser poupa-das com a redução do consumo.Como o hábito de beber é um traço cultural masculi-no no país, o vício, que con-tribui também para a enor-me incidência de doenças cardíacas, é um dos princi-pais fatores para a baixa ex-pectativa de vida entre os homens. Na Rússia, para cada 10 mil habitantes, 20 mortes são atribuídas ao ál-cool, enquanto na vizinha Suécia o índice é de 2,7 mortes. Algumas medidas começaram a ser tomadas. Moscou apro-vou uma lei banindo a venda de bebidas alcoólicas entre 22h e 8h. A proibição, entretanto, não se aplica à cerveja. Outro problema grave no país é a venda de produtos alcóolicos ilegais. “Eles estão disponí-veis em todo lugar e são ba-ratos, chegando a um terço do preço do produto legal”, diz Martin McKee, professor de saúde pública. Já se iniciou um combate ao uso dos fluidos para fabricação das bebidas, encontrados em colônias e em produtos anticongelantes e médicamentos contendo eta-nol. “Os fabricantes agora devem registrar os produtos como uma forma de limitar a sua venda no mercado ilegal de bebidas”, disse McKee.Os preços da vodca também aumentaram, e o presidente Dmítri Medvedev apresentou em março uma nova lei à Duma (a câmara dos depu-tados) com mais restrições. “Existem alguns sinais de melhora atualmente”, afirma McKee, dizendo que, contu-do, é muito cedo para se ter certeza de que esse progres-so vai continuar.

Governo entra na guerra ao alcoolismo Vício predominante entre homens, o consumo de álcool pode ser responsável por metade das mortes de russos entre 15 e 54 anos.

galIna masteroVaespeCial para Gazeta russa

mudanças ainda não são vi-síveis. “Não recebemos nada da reforma. Na verdade, nos-sos salários diminuíram”, conta a médica, que recebe 5.240 rublos (R$ 294) men-

sais, depois de mais de 30 anos de serviço.Segundo Svetlana, o único benefício para a região será o recebimento do primeiro aparelho de tomografia axial computadorizada (TAC) no hospital, programado para o fim do ano.“Jogar dinheiro sobre o pro-blema não é a solução. O ponto principal é mudar ati-tude e mentalidade”, acredi-ta Lipman.

Mesmo com os novos recur-sos financeiros, a Rússia ainda continua bem atrás dos países europeus, que inves-tem entre 7% e 10% do PIB no setor: seu investimento não ultrapassa os 5%.Golikova prevê que somente após cinco anos a sociedade poderá começar a perceber qualquer resultado concreto das reformas.No Daguestão, república do sul do país, os médicos lidam com a situação assumindo empregos extras. Um dos co-legas de trabalho de Svetla-na, por exemplo, tem seu próprio consultório. Apesar das ofertas de emprego, Svetlana nunca considerou realmente a possibilidade de deixar o sistema público, considerando que os pacien-t e s pr e c i s a m de s eu s serviços.“É um crime ir para outro lugar trabalhar. Para onde irão os doentes?”, pergunta.

Com uma notável queda de natalidade nos últimos anos, uma lei de 2007 introduziu na Rússia o “Bolsa-mãe” – um pagamento em dinheiro pa-ra mulheres que têm mais de um filho. Como resultado do programa, o presidente Dmí-tri Medvedev anunciou no ano passado um aumento de 21% na taxa de natalidade do país desde 2005, e um crescimento da população pela primeira vez em 15 anos. É evidente que o estímulo à natalidade é parte importan-te do plano do governo pa-

ra combater a queda do con-tingente populacional no país. Mas o que acontece quando o bebê é levado para casa?“Baby”, um programa aplicado nos Estados Unidos, provê um serviço às mulheres registradas que envia três SMS por semana sobre cuidados pré-natal, imu-nização e dicas de segurança no carro. Por ter um dos me-lhores níveis de penetração de aparelhos celulares do mundo, a Rússia atraiu os organizado-res do programa, que será ofi-cialmente lançado no país em setembro.

Na variante russa, especialis-tas do Centro Kulakov – ór-gão integrante do Ministério da Saúde e do Desenvolvimento Social – vão assumir uma im-portante função na produção das mensagens de texto, com o intuito de dar foco aos pro-blemas mais comuns enfrenta-dos pelas mães russas.Além disso, como as mulheres geralmente tomam decisões pela família toda, o progra-ma deve ter impacto por todo o país.

propinas em hospitais públicos são praxe e vão do enfermeiro ao cirurgião

pelo menos 3 milhões de vidas poderiam ser poupadas com redução no consumo

incentivos fiscais atraíram laboratórios, de olho em um mercado de r$ 14,5 bilhões

ram e uma nova frota de ambulâncias foi adquirida. No fim do ano passado, o nú-mero de cidadãos russos que recebeu tratamento médico de ponta tinha crescido cinco vezes, atingindo 290 mil pes-soas em cinco anos, de acor-do com o premiê. Porém ainda há muito a ser feito. Segundo Lev Iakobson, pri-meiro pré-reitor da Escola de Economia do Instituto de Pesquisa Nacional, “para atingir o nível da União Eu-ropeia até 2020, a Rússia pre-cisa aumentar os gastos na área da saúde em cerca de 15% ao ano”. A Rússia deve fabricar pelo menos metade dos equipa-mentos médicos de que ne-cessita até o ano de 2020, par-tindo dos atuais 11%. “O Estado já destinou US$ 1,4 bilhão para apoiar o setor”, afirmou Pútin. Assim, o Kremlin lançou uma campanha para incen-

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expedientepresidente do conselho: aleksandr gorbenko;diretor-Geral: pável negóitsa; editor-chefe: vladislav Frónin endereÇo da sede: av. pravdY, 24, bloCo 4, 12º andar, MosCoU, rÚssia - 125993 WWW.rbtH.rU e-mail: [email protected] tel.: +7 (495) 775 3114 faX: +7 (495) 775 3114editor-chefe: evgUêni abov; editor-eXecutivo: pável golUb;

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escreva para a redação da

Gazeta russa em moscou:

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o Start 3, o Tratado de Redução de Armas Estratégicas assina-do entre a Federa-

ção Russa e os Estados Uni-dos em Praga completa um ano. O documento é tido como o símbolo do retorno das re-lações entre os dois países. Os líderes russo Dmítri Medve-dev e americano Barack Obama decidiram reduzir seus arsenais nucleares estra-tégicos para 1.550 ogivas.Para a Rússia, na verdade, isso não significa uma diminuição, mas a possibilidade de acu-mular mais armas: no dia da assinatura do acordo, no país havia, ao todo, 611 ogivas nu-cleares estratégicas de gran-de escala.Vale lembrar como as partes chegaram a esse acordo e quanto de vontade política e de habilidades diplomáticas foram necessárias aos dois chefes de Estado e seus prin-cipais especialistas militares para concordarem sobre os termos e as modalidades de aplicação do documento Start 3. Houve ainda o esforço pos-terior para conseguir as rati-ficações no Senado norte-americano e no Parlamento russo.Os dois lados trocaram infor-mações sobre composição, es-trutura e implantação de suas forças nucleares estratégicas, começaram a realizar inspe-ções mútuas e demonstraram grande confiança um no outro. O Start 3 cria uma oportuni-

ex-secretária de Estado dos EUA Madeleine Albright e o ex-ministro do Exterior russo Ígor Ivanov escreveram um artigo publicado no The New York Times.Eles propõem um sistema de medidas destinado a reduzir e controlar o armamento nu-clear, conseguir a adesão de outros países com poderio nuclear e adotar medidas de confiança e transparência não só entre as duas maiores potências nucleares, mas também entre Moscou e Bru-

xelas - sede da OTAN (Or-ganização Tratado do Atlân-tico Norte). Um artigo semelhante, que contou ainda com a colabo-ração do diretor do Instituto de Economia Mundial e Re-lações Internacionais, Alek-sandr Dinkin, e o ex-subse-cretário de Estado americano Strobe Talbott, foi publicado no International Herald Tribune. Os veteranos da po-lítica internacional pedem um plano de ação.Primeiramente, EUA e Rús-

sia deveriam negociar a pró-xima redução para até mil ogivas estratégicas.Além disso, as partes pode-riam adiantar o cumprimen-to do Start 3 para 2014-2015, em vez de 2018. Em segundo lugar, EUA, OTAN e Rússia devem cooperar na defesa an-timíssil. Para começar, Rús-sia e a OTAN poderiam criar um centro de articulação para coordenar e analisar as infor-mações de vigilância do espaço. “Outro passo importante é re-

Desarmar para Depois cooperarnovar e expandir tarefas e tes-tes conjuntos entre OTAN e Rússia na defesa antimísseis”, escreveram os especialistas americano e russo.Segundo os autores do arti-go, as medidas incentivariam a transparência e a confian-ça mútua. No longo prazo, a OTAN e a Rússia deveriam considerar uma maior inte-gração dos sistemas de defe-sa antimísseis. Um modo de fazer isso seria criando um protocolo comum aos dois, que baseasse todas as deci-sões em caso de ativação de mísseis. Em terceiro lugar, o texto pondera sobre as negociações acerca da redução de arma-mentos em Washington e Mos-cou, que deveriam abordar armas nucleares não-estraté-gicas. Antes de mais nada, os dois países devem estar de acordo sobre a classificação de armas da categoria “não-estratégicas” e trocar infor-mações sobre quantidade, tipo, disposição e forma de armazenamento.Os autores ainda acreditam que “questões secundárias podem afetar a redução de armas nucleares. Por exem-plo, o progresso nas Forças Armadas na Europa certa-mente vai encorajar as nego-ciações sobre armas nuclea-res não-estratégicas”.Além disso, o controle de armas nucleares não poderia ser exclusividade da Rússia e dos Estados Unidos. Assim consideram Albright, Ivanov, Talbott e Dinkin, recomen-dando que Moscou e Washing-ton consultem representantes oficiais da Grã-Bretanha, da

França e da China sobre como fazer o processo de redução de armas nucleares multila-teral, principalmente sob a perspectiva do encontro dos membros permanentes do Conselho de Segurança da ONU para discutir questões nucleares, em junho deste ano. “Em um momento posterior no processo de redução de armas nucleares, devem ser envolvidas outras potências nucleares”, acreditam os autores. Mas é possível ver um pano-rama ainda maior. A mudan-ça total das relações entre Moscou e Washington não pode ser alcançada tocando-se apenas no sistema de segurança.Nada fortalece as relações de boa vizinhança e a parceria estratégica como os benefí-cios econômicos da coopera-ção mútua. Como, por exem-plo, o acordo bilateral que existe entre os EUA e a China, e que no ano passado chegou a US$ 60 bilhões (entre a Rús-sia e os EUA não passa de US$ 20 bilhões).Por hora, há apenas alguns obstáculos, em sua maioria inventados, no caminho da adesão da Rússia à OMC, e o Congresso americano não sus-pende as restrições ao comér-cio de bens de alta tecnologia entre Washington e Moscou. Sendo assim, não cabe espe-rar uma reaproximação entre os dois governos e seus colaboradores.

Víktor Litóvkinespecialista

militar

Víktor Litóvkin é editor-chefe da revista Nezavisimoie voiennoie obozrenie (do russo, “Observa-dor militar independente”).

Ruslan Pukhov é diretor do Cen-tro de Análises Estratégicas e Tecnológicas e editor do jornal Resumo da Defesa de Moscou.

ruslan Pukhov

analista político

por uma força militar reformaDa

há quatro anos, o pouco conhecido Anatóli Serdiukov foi inesp7eradamente

nomeado ministro da Defesa. Naquela época, muitos obser-vadores presumiram que a principal missão do ex-oficial de impostos seria colocar os assuntos financeiros dos mi-litares em ordem. Os gastos da Defesa tinham crescido continuamente na primeira metade da última década, sem qualquer resultado tangível, e seu predecessor, Serguei Iva-nov, tinha declarado que as reformas militares haviam acabado. Porém, após 18 meses no cargo, Serdiukov percebeu a necessidade de re-

formas radicais, já que pôde observar por si mesmo o quanto as forças armadas ti-nham se deteriorado - con-clusão que se tornou ainda mais evidente depois do de-

sempenho decepcionante do exército na guerra entre a Rússia e a Geórgia em agos-to de 2008.Em suma, as reformas de Ser-diukov pretendem acabar com o exército soviético e construir outro, mais moder-

sociólogos e observado-res políticos russos se perguntam se o país tem algo a aprender

com o mundo árabe em ma-téria de revolta. A situação desses países, entretanto, é muito diferente.A onda de revoltas na Tuní-sia, Egito, Iêmen e outros pa-íses no Oriente Médio rece-beu diversos apelidos, como “Revolução do Facebook” e “Revolução Wikileaks”, entre outros. É inútil, porém, ten-tar dissecar essas manifesta-ções. Em primeiro lugar, a agi-tação começou de forma espontânea; em segundo, os principais catalisadores des-ses movimentos são os jovens e, por fim, as pessoas estão sendo chamadas a participar de manifestações por meio de redes sociais e telefones ce-lulares. Além disso, os moti-

vos também são evidentes: paradoxalmente, os regimes autoritários árabes conferem grande valor à educação, ven-do-a como uma forma de imu-nização contra o extremismo islâmico. Mas, ao mesmo tempo, uma geração mais jovem e de nível educacional superior não se sente realiza-da diante de condições auto-ritárias e regimes corruptos nos quais a mobilidade social é impossível, além da inexis-tência de sistemas judiciais que funcionem devidamente e estimulem um modo de vida honesto. A insatisfação logo se transforma em protesto.Na Rússia, analistas políticos estão cada vez mais atentos aos acontecimentos no mundo árabe. Muitos se perguntam se isso poderia, um dia, acon-tecer na Rússia.Para responder a essa pergun-ta, é importante reconhecer diferenças fundamentais entre a Rússia e os países árabes. A primeira é demográfica: a

mistas. Essa tendência foi es-pecialmente evidenciada em uma manifestação ocorrida no centro de Moscou em de-zembro do ano passado.No entanto, a ameaça do na-cionalismo na Rússia, incluin-do extremismo dentre os jo-vens, é algo que não deve ser exagerado. O objetivo de vida primordial dessa geração ainda é se adaptar às condi-ções existentes e usar tais con-dições para obter benefícios pessoais: autorrealizar-se, construir carreira, melhorar a qualidade de vida e fazer pleno uso da “sociedade de consumo”. Segundo analistas indepen-dentes, a subcultura dos skinheads é adotada por não mais que 60 mil a 70 mil pes-soas por toda a Rússia, e, na verdade, aqueles com tendên-cia a atos violentos não pas-sam de 25 mil a 30 mil. Além do mais, um “jovem de cabe-ça quente” geralmente passa a ter uma visão mais mode-

jovens e conformaDos

rada com o tempo. De acor-do com pesquisas do Centro Levada, se este panorama ex-tremista é compartilhado por 15% dos jovens, o número cai para 4% dentre as pessoas mais velhas. No entanto, para eliminar o extremismo e o nacionalismo extremista, não será possível contar apenas com o nível re-lativamente elevado de tole-rância russa a outras etnias

– um legado da União Sovi-ética. Disso também depen-derá o sucesso dos jovens rus-sos na busca de espaço e oportunidades para o progres-so criativo da nação. Quando vista dessa forma, a situação geral na Rússia ainda não pa-rece tão ameaçadora quanto a do Egito.

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historiador

Gueórgui Bovt é comentarista político e vive em Moscou.

Rússia não possui as mesmas pressões demográficas do Egito, por exemplo. Até pouco tempo atrás, quando o gover-no começou uma iniciativa para elevar a taxa de natali-dade, oferecendo incentivos materiais, o número de nas-cimentos na Rússia estava em queda. A população em idade ativa está diminuindo e a quantidade de aposentados cresce. Assim, os níveis de de-semprego no país são baixos. Como o Estado desempenha um papel mais ativo na eco-nomia, um número crescente de jovens se emprega no setor público, considerado mais es-tável e que tem uma grande quantidade de agências de se-gurança pública. A segunda diferença é que a Rússia não possui uma pode-rosa força ideológica capaz de enfrentar informalmente o secular regime autoritário, um vazio que no Egito é pre-enchido pelo Islã. Na Rússia, a Igreja Ortodoxa Russa adota

uma posição firmemente es-tadista. Na maioria das vezes, a juventude na Rússia não está muito preocupada com política, e a sociedade, de modo geral, ao contrário da do que se crê, se preocupa cada vez mais com seus inte-resses individuais, ao invés de se unir. Ao mesmo tempo, a juventu-de russa não está imune à in-fluência dos radicais de di-reita e ideias extremistas. Existem mais de 200 organi-zações extremistas no país, que reúnem cerca de 10 mil membros. Esses grupos são compostos principalmente por jovens entre 16 e 25 anos. A maior parte deles é forma-da por universitários ou es-tudantes de institutos profis-sionalizantes. Nos últimos dois anos, aumentou também o número de crimes cometi-dos por motivos nacionalis-tas, bem como a ocorrência de uma quantidade conside-rável de atos públicos extre-

no, em seu lugar. O exército surgido daí deve ser capaz de conter novas ameaças à se-gurança do país e, ao mesmo tempo, refletir as atuais rea-lidades econômicas e demo-gráficas. Embora não se co-mente, sabe-se que uma guer-ra com a Otan ou com a China é pouco provável não só por razões políticas, mas também porque a Rússia careceria de recursos para tal. Todas as partes envolvidas sabem muito bem que, se eclodisse um conflito como esse, Mos-cou teria que contar com seu arsenal nuclear.Ao mesmo tempo, existe um perigo crescente de conflitos locais e regionais. Todas as ex-repúblicas soviéticas, exceto os Estados bálticos, sofrem com a ameaça de movimen-tos étnicos e separatistas, bem

como de regimes autoritários e instáveis. A Rússia não pode ignorar esses fatos e deve se envolver na maior parte des-ses conflitos, como ocorrido em agosto de 2008. Esses são os tipos de confli-tos para os quais o exército de Serdiukov deve se prepa-rar. Além do mais, o exército já está envolvido em uma si-tuação desse gênero no Cáu-caso do Norte, onde rebeliões étnicas separatistas e ataques terroristas quase diários transformaram a região em uma zona de guerra.As reformas militares de Ser-diukov são uma continuação das reformas econômicas e políticas da década de 1990, respondendo aos apelos de modernização atuais. Elas podem ser o maior projeto da última década relacionado ao

Estado, talvez só com exce-ção à tentativa razoavelmen-te bem-sucedida de levar a paz à Tchetchênia. Em um contexto histórico-militar mais amplo, as reformas con-duzidas por Serdiukov e Ni-kolai Makarov, chefe do Es-tado-Maior do Exército, re-presentam a transformação mais radical e profunda pela qual o exército já passou desde os tempos de Leon Trótski e do líder bolchevi-que Mikhail Frunze. O que é particularmente in-teressante é a reação dos lí-deres do país às mudanças. O Kremlin, que geralmente evita qualquer ação que possa provocar agitação social ou perturbar o status quo da bu-rocracia, tem dado forte apoio a Serdiukov - apesar das muitas críticas a seu pro-

jeto e da oposição histérica dos militares. Esse apoio é demonstrado tanto em termos políticos quanto financeiros: mesmo du-rante o período mais difícil da

crise econômica de 2009, o fi-nanciamento a essas reformas continuou a ser prioridade or-çamentária. Além disso, a jul-gar pelos recentes planos de abastecer as Forças Armadas com equipamento moderno e cumprir a obrigação legal de

prover moradia a todos os ofi-ciais aposentados, esse apoio deve continuar no futuro. A verdadeira pergunta é: por quanto tempo esse apoio fi-nanceiro e político vai conti-nuar? Talvez as mudanças te-nham sido aprovadas com tanta rapidez devido ao medo de que as reformas enfraque-çam ou sejam desvirtuadas. Como o reformista Serguei Witte, primeiro-ministro da Rússia Imperial de 1905 a 1906, disse certa vez: “Na Rús-sia, as reformas devem ser re-alizadas logo e com muita pressa. Caso contrário, a maioria irá falhar ou esmorecer”.

dade para os dois países ini-ciarem uma cooperação em questões sensíveis de garan-tia de segurança, como o es-tabelecimento de um sistema de defesa antimísseis e, prin-cipalmente, no cenário de operações militares europeu (EuroPro), ultrapassando a discussão do problema de re-dução de armas nucleares tá-ticas e voltando ao acordo sobre as Forças Armadas na Europa.Em razão do primeiro aniver-sário dos acordos de Praga, a

mesmo com oposição histérica dos corporativistas, o Kremlin manteve apoio às reformas

mudanças do ministro da defesa devem acabar com o exército soviético e formular um novo

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GAZETA RUSSAWWW.GAZETARUSSA.COM.BREm Foco

RECEITA

Os improvisados croquetes de Pojárski

Jennifer Eremeeva

ESPECIAL PARA GAZETA RUSSA

Uma das maiores homena-gens que podemos fazer a um companheiro é dar seu nome a um prato. A exemplo de diversos lugares do mun-do, na Rússia os pratos ten-dem a receber o nome de pessoas ricas ou famosas. É o caso do estrogonofe, inspi-rado no Conde de Stroganov. Pensando assim, imaginei que os croquetes de Pojárski – um prato que vem sobrevi-vendo à guerra, à revolução e à perestroika como favorito das sucessivas gerações rus-sas – tivessem sido assim no-meados em homenagem ao príncipe Dmítri Pojárski de Suzdal, um dos heróis da re-volta patriótica contra a in-vasão Polonesa-Lituana, no século 17.Viu no que dá não conhecer bem Púchkin? No século 18, o mais amado poeta russo, Aleksandr Púchkin, escreveu o seguinte conselho turístico e culinário a um amigo: “Fa-ça uma pausa para o almoço / No Pojárski em Torjok / Ex-perimente os croquetes fritos / E aproveite o seu dia.”Pojárski foi uma famosa ta-berna gerenciada por um ho-mem ambicioso de mesmo nome na agitada Torjok, ri-ca cidadezinha mercantil co-nhecida por seus bordados e requintadas igrejas, que fica estrategicamente localizada ao longo do “Caminho Impe-rial” entre Moscou e São Pe-tersburgo. Diz a lenda que o tsar Nikolai I parou em Pojárski para ex-

perimentar os famosos croque-tes. Sem costeletas e sem um pedaço sequer de carne bovina em sua despensa, o dono do estabelecimento teria prepara-do às pressas os bolinhos com as sobras de caça e aves que tinha à mão.Chamado pelo tsar, Pojárski te-ria confessado o que fez, en-vergonhado e temendo que o pior pudesse acontecer por ter desagradado o imperador, mas o monarca, extremamente bem-humorado e feliz com a deliciosa refeição, teria dado-lhe uma medalha. O prato foi colocado no cardápio imperial e Pojárski, empreendedor as-tuto, começou a ostentar o tí-tulo de “Fornecedor da Corte Imperial”. Mais de um século e meio de-pois, os croquetes de Pojárski, agora preparados com uma mistura de frango e vitela, con-tinuam a ser indispensáveis nas festas da Rússia. Infeliz-mente, a receita exata e a pou-sada de Pojársky desaparece-ram no tempo, mas a escritora Elena Molokhovets, conhecida chef de cozinha russa, defen-de o uso de vinho Madeira no preparo da iguaria, embora ou-tras especialistas sugiram ain-da vodca, gim ou vinho bran-co seco. De qualquer maneira, os esforços para incrementar a receita são deliciosos: peru, perdiz ou coelho acrescentam nuances interessantes e são o contraponto perfeito para os acompanhamentos tradicio-nais, como cogumelos saltea-dos e batatas.

Ingredientes:• 1 e meio pão francês du-ro, sem casca, guardado por um ou dois dois dias e corta-do em cubos de 2 cm • 100 ml de creme de leite fresco • 1 cebola pequena ou três ramos de cebolinha verde cortadas em fatias finas • 750 gramas de aves (frango, peru, perdiz, etc.) • 500 gramas de car-ne de vitela • 250 gramas de manteiga com sal • 1 ramo de dill (conhecido também como aneto ou endro) fresco (pode ser substituído por tomilho ou salsinha) • 4 ovos • Sal e pi-menta a gosto • 30 ml de vi-nho da Madeira ou Marsala • 300 gramas de farelo de pão seco • 60 ml de óleo vegetal

Modo de preparo :Espalhe os cubos de pão seco sobre um prato raso. Cubra-os completamente com creme de leite fresco. Reserve por 15 minutos. Com o auxílio de uma peneira, separe os pães do creme, que deve ser guardado. Separe dois ovos, reservando a clara de um deles.Misture as aves, a carne de vi-tela, os cubos de pão úmidos, a cebola ou cebolinha, duas gemas de ovo, sal, pimenta, dill, o vinho e 50 gramas de manteiga em um processador.Bata até que os ingredientes estejam bem misturados e co-loque o conteúdo em um reci-piente grande. Bata as claras em neve até que fiquem firmes e acrescen-te à mistura feita com a carne.

Cubra o recipiente e deixe no refrigerador por uma ou duas horas.Enquanto a mistura estiver es-friando, derreta a quantidade restante de manteiga em tem-peratura alta, tirando a superfí-cie branca que se formará. Coloque então o líquido amare-lado que sobrar em uma vasilha. Prepare-se para montar os cro-quetes: deixe uma tigela de água fria próxima à assadeira ou à tábua de corte. Espalhe o farelo de pão sobre um prato raso e bata os ovos restantes com 50 ml de creme de leite em uma vasilha funda.Mergulhe as mãos limpas na água fria, pegue um pouco da mistura e faça croquetes de for-mato oval com 10 a 12 centíme-tros de comprimento. Mergulhe os croquetes nos ovos batidos com creme de leite e depois passe-os delicadamen-te pelo farelo de pão. Coloque aproximadamente um terço da manteiga clarificada em uma fri-gideira grande e acrescente 20 ml de óleo vegetal. Frite os cro-quetes aos poucos até que dou-rem e fiquem crocantes. Retire com cuidado os croque-tes da frigideira e coloque-os sobre um prato dentro do for-no aquecido. Para fritar os de-mais croquetes, limpe a frigi-deira com um pedaço de papel, acrescente mais manteiga e re-pita o processo. Sirva imediata-mente, espalhando um pouco de dill e salsinha fresca sobre os croquetes. Para acompanhar, cogumelos salteados ou batatas são uma boa pedida.

FEIRA INTERNACIONAL DO LIVRODE 9 A 12 DE JUNHO, CASA CENTRAL DOS ARTISTAS, MOSCOUNeste ano a feira vai reunir 260 participantes de 21 países e terá 15 projetos especiais, ocupando todas as salas da Casa Central dos Artistas.

www.cha.ru ›

CALENDÁRIO CULTURA E NEGÓCIOS

DE IÚRI GAGÁRIN A MARCOS PONTESATÉ 30 DE AGOSTO , PLANETÁRIO DO IBIRAPUERA, SÃO PAULOO cinquentenário da primeira viagem do homem ao espaço pelo russo Iúri Gagárin e os cinco anos da viagem do brasileiro Marcos Pontes ganham exposição fotográfica no saguão principal da Escola Municipal de Astrofísica.

www.prefeitura.sp.gov.br/astro- ›nomia

ORQUESTRA DO FESTIVAL DE BUDAPESTE7 DE MAIO, 11 H, SALA SÃO PAULO, SÃO PAULOEleita em 2008 uma das dez melhores do mundo, a orquestra toca Bartok, Paganini e Piotr Tchaikovsky (Sinfonia nº 5 em mi menor, op. 64) sob regência de Ivan Fischer. Orquestra e maestro apresentam-se na companhia de Jozsef Lendway no violino e Dejan Lazic no piano.

www.culturaartistica.com.br ›

A ÚLTIMA ESTAÇÃOSEX. A QUA., HORÁRIOS A CONFERIR, ESPAÇO UNIBANCO AUGUSTA 4Drama trata a difícil relação do escritor Lev Tolstói com a mulher, Sofia, e sua fuga da fazenda Iásnaia Poliana para encontrar a morte em uma estação de trem. O filme contrapõe realidade e imaginação ao introduzir um romance do secretário do escritor com uma personagem inventada.

www.cinemasunibanco.com.br ›

2º ENERGIA DO FUTURO: EFICIÊNCIADE 15 A 18 DE NOVEMBRO, CROCUS EXPO, MOSCOUA exibição tem a intenção de acelerar a solução de problemas relacionados à economia de energia e impulsionar sua geração por meio de fontes limpas. Patrocinada pelo Ministério da Energia da Federação Russa, tem apoio de diversos órgãos governamentais.

www.crocus-expo.ru ›

PROGRAMA VOZ DA RÚSSIASaiba tudo sobre o país através do site

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neste jornal, contatar

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a G

azet

a Russa pela internet

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Localizado no extremo sul da Sibéria, longe dos desti-nos turísticos mais conven-cionais, o Baikal impressio-na os visitantes com seus 31,5 mil quilômetros quadrados de charme natural e paisa-gens únicas, cheias de espé-cies de � ora e fauna que só existem ali. Além da nerpa, um tipo raro de foca, e do delicioso peixe omul, muito popular na culinária local, o lago guarda 20% de toda a reserva natural de água doce do mundo e é conside-rado o mais profundo do pla-neta, chegando a 1.750 me-tros em alguns pontos. Depois de ter sido colocado na lista dos Patrimônios Mundiais da Humanidade da Unesco, o local tornou-se alvo de expedições cientí� cas e de turistas, que, normalmente, vêm pela ferrovia Transibe-riana, descem do trem na ca-pital local Irkutsk e chegam ao confortável e cada vez mais desenvolvido povoado de Listvianka (localizado a 65 km de Irkutsk).Os turistas, geralmente eu-ropeus e japoneses, costu-mam aparecer na região entre julho e agosto, para evi-tar o frio. Nessa época, o clima é ideal para caminha-

das, passeios de bicicleta, ca-noagem, acampamento e pesca. E também para uma das principais atrações do local: a tradicional “bania”, uma sauna no tradicional es-tilo russo. Mas quem gosta do inverno pode desfrutar de um pas-seio de trenó puxado por cães ou pescar sobre o lago, cuja superfície � ca completamen-te congelada nesse período.

OlkhonLocalizada a aproximada-mente 320 km ao norte da capital da região, Olkhon é

uma área que manteve sua natureza selvagem. A ilha é a maior dentre as 27 que o lago possui e, para se chegar até ela é preciso pegar um táxi especial ou um ônibus partindo de Irkutsk. As es-tradas deixam muito a dese-jar, por isso a jornada dura meio dia e só termina com a balsa que desembarca no maior povoado da ilha, Khu-jir. Quem se aventura, porém, nunca se arrepende.O tempo parece ter parado na ilha, onde a eletricidade só chegou em 2005 e 1,5 mil habitantes estão a salvo da vida agitada e estressante de qualquer cidade.

Devido a sua localização, Olkhon é o lugar perfeito para encontrar antigos ha-bitantes da Buriátia e sibe-rianos típicos, que são con-siderados diferentes dos outros russos pela sua maior exposição aos elementos na-turais. Eles se sentem orgu-lhosos de viver em harmonia com a natureza, respeitando sua força e tradição. Os bu-riates locais, por exemplo, ve-neram a pedra de Shamanka (localizada na costa oeste de Olkhon), uma das muitas áreas nos arredores do Bai-kal que são consideradas sa-gradas.O consequente aumento do número de turistas, no en-tanto, vem causando receios quanto à depredação do meio ambiente e da cultura pelos visitantes. Por isso, os turis-tas são aconselhados a res-peitar as crenças locais e a evitar tirar fotos do xamã ou destruir os artefatos sagra-dos, como marcações espe-ciais nas árvores e oferendas de roupas e moedas.De qualquer maneira, Olkhon oferece aos visitantes um ce-nário bastante diverso. Mon-tanhas íngremes preenchem sua costa oriental, enquan-to, em outros pontos, os tu-ristas exploram � orestas, es-tepes e até mesmo um pequeno deserto.

HospedagemPara desfrutar de tudo isso, uma área com hospedarias foi montada e uma in� nida-de de albergues recebe turis-

Do xamanismo ao rafting e à canogem. As atrações do Baikal levam cada vez mais turistas ao lago, que desde 1996 é Patrimônio Mundial da Humanidade da Unesco.

EVA HUAESPECIAL PARA GAZETA RUSSA

Baikal

tas de todas as partes do mundo, sendo o mais famo-so deles a Hospedaria do Ni-kita, comandada pelo mora-dor e preservador ambiental Nikita Bentcharov.A ilha também possui um museu, áreas de lazer para crianças, uma livraria com materiais em inglês e em ale-mão e até mesmo um peque-no zoológico.

AbundânciaO albergue de Bentcharov contraria o velho estereóti-po russo e não recebe os tu-ristas com vodca à vontade. Ali, bebedeiras não são bem-vindas, mas, em contrapar-tida, os turistas são recebi-dos com deliciosos pratos típicos da culinária siberia-na, abundantes no tamanho das porções e na variedade. Os viajantes acostumados com Moscou são surpreendi-dos pelos preços locais: por 750 rublos (cerca de R$ 40) é possível reservar uma tradi-cional cabana siberiana com direito a três refeições por dia. E se optar por um dos diversos passeios de Nikita pela ilha, ganha-se ainda um generoso almoço.O aumento do turismo che-gou a saturar o local, prin-cipalmente em relação a hos-pedagens, mas Bentcharov contornou o problema, re-comendando aos hóspedes também regiões vizinhas. Tudo para evitar que a já tra-dicional hospitalidade da ilha se transforme em uma ver-dadeira relíquia.

7 MOTIVOS PARA VISITAR O BAIKAL

1 É o maior, mais pro-fundo e mais antigo la-go de água doce do

mundo.

2 Tem 848 espécies de animais nativos e 133 espécies de plantas.

3 É o lugar ideal para ecoturismo e caminha-das, rafting, natação,

canoagem, passeios de bicicle-ta ou a cavalo, pesca...

4 Quem quer só descan-sar, curtindo o visual à beira do lago, pode se

ajeitar em confortáveis tendas ou barracas, que são alugadas por ali mesmo.

5 É um ponto de encon-tro de diferentes cren-ças: pode-se tanto as-

sistir aos rituais de dança dos xamãs siberianos como me-ditar no monastério budista local.

6 É considerado Patrimô-nio Mundial da Humani-dade pela Unesco des-

de 1996.

7 O Baikal foi um dos candidatos ao título de Sete Maravilhas da Na-

tureza em 2008.

Uma das ilhas que merece destaque é a rústica Olkhon, onde não havia energia elétrica até 2005

Lago mais profundo do mundo é um destino imperdível na Rússia

Turismo Entorno do lago reúne belas paisagens e contato com a rica cultura da Sibéria

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I/LEGIO

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EDIA

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