GABRIEL VEIGA CATELLANI · 2017. 2. 22. · Santos (2009), em seu artigo "O papel dos movimentos...
Transcript of GABRIEL VEIGA CATELLANI · 2017. 2. 22. · Santos (2009), em seu artigo "O papel dos movimentos...
Pontifícia Universidade Católica de São Paulo
PUC -SP
GABRIEL VEIGA CATELLANI
O PROFESSOR E A COMUNICAÇÃO NA SALA DE AULA
Importância atribuída à formação didático-pedagógica e às técnicas de comunicação em sala de aula, por estudantes de pós-graduação que têm
interesse em lecionar no ensino superior
Mestrado em Educação: Psicologia da Educação
São Paulo
2013
Pontifícia Universidade Católica de São Paulo
PUC -SP
GABRIEL VEIGA CATELLANI
O PROFESSOR E A COMUNICAÇÃO NA SALA DE AULA
Importância atribuída à formação didático-pedagógica e às técnicas de comunicação em sala de aula, por estudantes de pós-graduação que têm interesse em lecionar no
ensino superior
Dissertação apresentada à Banca Examinadora da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo - PUC-SP como exigência parcial para obtenção do título de Mestre em Educação: Psicologia da Educação, sob orientação da Profa. Dra. Vera Maria Nigro de Souza Placco.
Mestrado em Educação: Psicologia da Educação
São Paulo
2013
Banca Examinadora
__________________________________________
__________________________________________
__________________________________________
Autorizo exclusivamente para fins acadêmicos e científicos, a
reprodução total ou parcial desta dissertação por processos de
fotocopiadoras ou eletrônicos.
Dedico este trabalho a
Minha mãe Lázara, pela inspiração que sempre foi na minha existência,
e pela poesia que semeou no meu espírito, com suas palavras, atos e ações;
Meu pai Alcides, que me aproximou da arte e da pureza contida nos pequenos gestos;
Minha irmã Regina, que sempre esteve ao meu lado nos dias de sol e de tempestade.
Minha tia Julieta, que soube sempre perfumar nossos dias com sua luz e afeto.
Meu irmão Julio, que dividiu comigo o meu crescimento.
Minha vó Carô, que foi mãe e amiga de todas as horas.
Meu melhor amigo Márcio, que sempre me estimulou, encaminhou e acompanhou.
Meu especial amigo e companheiro Wendel, que conheci através da arte, e que transformou
minha vida em arte e alegria eterna.
AGRADECIMENTOS
Há tanto para agradecer, pois direta e indiretamente muitas pessoas
colaboraram para a realização deste trabalho. Desde os meus primeiros e
emblemáticos professores, que me apresentaram a visão transformadora que a
educação exerce, até os meus primeiros alunos que me deram a oportunidade
de exercitar-me e de realizar o maior sonho de todos, que sempre foi ensinar.
Agradeço a todos os professores do nosso Programa, que, sem exceção
trouxeram muitas contribuições para cada fase de minha formação acadêmica
e, em especial, eu gostaria de agradecer à Profa. Laurinda Ramalho de
Almeida, que participou da minha banca de seleção e me presenteou não só
com uma aprovação, mas principalmente com a indicação para que eu fosse
orientado por uma das pessoas mais brilhantes que conheci, a nossa especial
Profa. Vera Maria Nigro de Souza Placco.
Para a “nossa” Vera, como a chamamos todos, fica um agradecimento
especial, pois mais que Orientadora, ela é para mim e para todos que passam
pelo seu caminho, uma “inspiração”. A Profa. Vera é doce e carinhosa, além de
ser verdadeira e pontual. Faz de nós uma grande família, e sabe como
estimular e como alertar para o bom caminho da pesquisa e do estudo
constante. Aprendi, um dia, que uma pessoa de beleza é um presente para a
vida toda. Vera é uma dessas pessoas, a quem serei grato eternamente!
Agradeço a todos meus companheiros de trabalho e de estudo, colegas
professores do Projeto Mestre e da Recriarte e a todos que têm acompanhado
de perto minha trajetória, trazendo sempre alento e estímulo.
Finalmente agradeço a todos os bons Anjos que iluminam meu caminho,
aqui na Terra e no espaço infinito e em especial ao meu Mestre Jesus e ao
meu Pai eterno, que é minha maior inspiração.
“Ai daqueles que pararem com
sua capacidade de sonhar, de invejar sua coragem de anunciar e denunciar. Ai
daqueles que, em lugar de visitar de vez em quando o amanhã pelo profundo
engajamento com o hoje, com o aqui e o agora, se atrelarem a um passado de
exploração e de rotina.”
Paulo Freire
RESUMO
Esta pesquisa surgiu a partir do estudo e da investigação ligados à
problemática real apresentada por nossos alunos que são professores ou
aspirantes à docência no ensino superior e que veem na didática, na
comunicação e nas técnicas comunicacionais, advindas do teatro, ferramentas
para a solução de parte das necessidades prementes que a docência impõe
atualmente. O nosso estudo pretende investigar a importância atribuída às
técnicas de comunicação; ao conceito de lecionar; ao que significa ser
professor e o quanto as técnicas de comunicação aprendidas no curso de
didática para o ensino superior ministrado pelo Projeto Mestre, podem melhorar
ou ampliar este conceito . Para tanto foram realizadas entrevistas individuais e
presenciais com seis estudantes de pós-graduação, da matéria "didática para o
ensino superior" e que têm interesse em lecionar. A partir das respostas foi
feita uma análise qualitativa, com a elaboração de categorias e seleção das
respostas, relacionando-as, com as teorias apresentadas. O quadro teórico que
dá suporte e fundamenta este estudo parte da intersecção entre a importância
atribuída à formação identitária do professor (Dubar, 2005), que leva em
consideração os aspectos cognitivos, afetivos e expressivos do mesmo, e as
dimensões humano-interacionais (Placco, 2006). Assim, a hipótese que
fundamenta esta pesquisa é a de que os estudantes de pós-graduação lato
sensu, interessados em lecionar no ensino superior, quando têm acesso à
formação didática e comunicacional, bem como às técnicas de comunicação
em sala de aula, passam a dar uma importância substancial à formação
didático-pedagógica, com ênfase na comunicação, e percebem a importância
dessas ferramentas estratégicas, para uma melhor realização docente.
Palavras-chave: Didática; Comunicação; Ensino Superior.
ABSTRACT
This research emerged from the study and investigation related to the
real problems presented by our students who are teachers or aspiring teachers
in higher education and who see tools for solving part of the pressing needs that
teaching currently imposes in teaching, communication, and communication
techniques, coming from the theater. Our study aims to investigate the
importance attached to communication techniques, the concept of teaching,
what it means to be a teacher and how communication techniques learned in
the course of instruction in higher education taught by Projeto Mestre can
improve or expand this concept. Therefore individual, in person interviews were
held with six graduate students that are interested in teaching, on the subject of
"teaching for higher education." A qualitative analysis was based on the
answers, with the development of categories and selection of answers, relating
them to the theories presented. The theoretical framework that supports and
justifies this study arises from the intersection between the importance
attributed to the identity formation of the teacher (Dubar, 2005), which takes
their cognitive, affective, and expressive aspects into consideration, and
human-interactional dimensions (Placco, 2006). Thus, the hypothesis
underlying this research is that when graduate students, interested in teaching
in higher education, have access to education in communication and teaching,
as well as communication skills in the classroom, they begin to give substantial
importance to the didactic and pedagogical education, with emphasis on
communication, and realize the importance of these strategic tools for a better
implementation of teaching.
Keywords: Teaching, Communication, Higher Education.
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO 10
1 A COMUNICAÇÃO E O TEATRO 24
2 A DIDÁTICA E A EDUCAÇÃO 43
2.1 Didática e Educação - eixo teórico 44
2.2 Didática e Educação - eixo histórico 50
3 CAMINHOS DA PESQUISA - METODOLOGIA 57
3.1 Perfil do curso realizado pelos sujeitos da pesquisa 58
3.2 Revisão de Literatura 60
3.3 Idealização da Pesquisa 61
3.4 Construção do Instrumento de pesquisa 62
3.5 Entrevista teste 64
3.6 Parecer consusbstanciado do CEP -Aprovação e TCLE 65
3.7 Procedimento nas entrevistas realizadas 65
3.8 Perfil detalhado dos sujeitos selecionados 68
4 RESULTADO DAS PESQUISAS E ANÁLISE DE DADOS 69
4.1 Análise das entrevistas 71
4.2 Imagens da Docência 73
4.2.1 Imagens da Docência: Referências práticas 73
4.2.2 Imagens da Docência: Idealizações 81
4.3 Atribuições e Pertenças: Ser Professor 88
4.3.1 Modelos Atribuídos 89
4.3.2 Modelos Assumidos ‘ 92
4.4 Importância da Comunicação na Docência 97
4.4.1 A importância da Comunicação: como Motivação 99
4.4.2 A importância da Comunicação: como ferramenta 104
4.5 Da Percepção à Reflexão 109
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS 115
6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 119
...............................................................................................................................
ANEXOS EM CD NA CONTRACAPA
ANEXO A – Parecer do CEP – Comitê de Ética aprovado
APÊNDICES EM CD NA CONTRACAPA
APÊNCICE A – Revisão de Literatura
APÊNDICE B - Instrumento de Pesquisa
APÊNDICE C – Entrevistas realizadas
APÊNDICE D – Relação de falas das entrevistas selecionadas
APÊNDICE E – T.C.L.E. – modelo
10
INTRODUÇÃO
"Ser ou não ser, eis a questão"
William Shakespeare
A escolha do tema deste estudo tem como base toda a minha trajetória
profissional, além da minha formação "multidisciplinar". De acordo com Placco
(2006), aprendemos de muitas formas, por intermédio de múltiplas ações. Por isso,
tomo a liberdade de iniciar este trabalho, relatando um pouco da minha formação e
atividades profissionais, que culminaram na criação do Projeto Mestre, Escola
voltada para a formação didática e comunicacional, que posteriormente fomentou
meu interesse em aprofundar a pesquisa voltada para a influência da comunicação
na formação e atuação docente.
Iniciei minha formação universitária na área do Direito, curso que fiz
integralmente e que iniciei no final da década de 70, do século passado, período de
grande repressão por causa da ditadura vigente e da utopia revolucionária que
caracterizava aquele período no Brasil e em diversos países do ocidente. Nas
palavras de Ridenti (2000), conseguimos um resumo da utopia revolucionária
daquela época:
A utopia revolucionária romântica do período valorizava acima de tudo a vontade de transformação, a ação dos seres humanos para mudar a História, num processo de construção do homem novo, nos termos do jovem Marx recuperados por Che Guevara. Mas o modelo para esse homem novo estava no passado, na idealização de um autêntico homem do povo, com raízes rurais, do interior, do “coração do Brasil”, supostamente não contaminado pela modernidade urbana capitalista. (RIDENTI, 2000, p.24)
Dentro das Universidades, era emergente entre os alunos um grande
interesse pelo Teatro, que tinha uma conotação política e de resistência contra a
11
opressão que a ditadura produzia. Santos (2009), em seu artigo "O papel dos
movimentos socioculturais nos anos de chumbo" deixa isso claro, quando diz que:
As manifestações culturais dos anos 60 e 70 refletiram o espírito de uma época de intensa contestação dos padrões sociais, das influências estrangeiras na cultura, de uma geração de jovens que buscavam liberdade através de ideais contraculturais, políticos e revolucionários. No mundo todo, estes anos foram marcantes em termos de mobilização social e cultural, conforme ressaltam Groppo (2000) e Brandão; Duarte (1990). A música, o teatro, a literatura, o cinema e os movimentos sociais no Brasil foram atingidos por este clima efervescente de mudança e conquista por uma cultura nacional e liberdade em diversos âmbitos. (SANTOS, 2009)
Apesar da ditadura militar, que cerceava qualquer efusão artística mais
veemente, com represálias e repressão, a década de 70 foi marcada pela
desarticulação política dos movimentos sociais e pelo fortalecimento da indústria
cultural. Foi a década do “milagre econômico”, dos slogans ufanistas (“Brasil: ame-o
ou deixe-o!”), da copa do mundo em que o Brasil sagrou-se tricampeão mundial,
evento capitalizado à exaustão pelas forças do poder, e de novas influências
culturais. Porém, a liberdade de expressão estava aniquilada e era muito difícil
conseguirmos fazer a "ponte" entre a comunicação e a prática profissional, naqueles
tempos difíceis.
Foi nesse quadro de repressão que eu fui tocado pela força do Teatro, talvez
por ser filho de um saudoso ator de radionovelas, ou ainda por ter, em minha mãe,
uma escritora e poetisa, que sempre demonstrou talento para a comunicação, e para
a arte em geral. Participei de eventos teatrais estudantis e também de festivais
amadores e universitários voltados para a arte teatral, até perceber que o teatro
seria uma fonte de inspiração e realização. Assim, eu e minha irmã Regina, que é
artista plástica e professora de desenho, resolvemos estudar e pesquisar "caminhos"
para a formação nas áreas da arte em que atuávamos.
Em 1978, surgiu a Recriarte, uma Associação gratuita de arte, que agregou
muitos artistas, professores e pesquisadores de arte das diversas áreas, dispostos a
repensar o processo de formação artística, naquele momento obtuso que o Brasil
atravessava. Esse trabalho voluntário durou quatro anos e gerou muitos frutos, não
só em resultado prático nas áreas estudadas, como também no estímulo para
12
muitos dos pesquisadores que se transformaram em professores, gestores de
projetos educacionais e artísticos, além de coordenadores mais qualificados.
Em 1982, com a grande crise financeira que assolou o Brasil, resolvemos
transformar a nossa Associação em Escola oficial, para mantermos a sobrevivência
do ideal e também para que ela tivesse o reconhecimento devido.
Nesta nova fase, tivemos a necessidade de formar a primeira equipe de
professores para nossa Escola, que tinha como proposta uma base de formação
didática e pedagógica específica. Foi aí que deparamos com uma série de
dificuldades, voltadas especificamente para a questão didática e comunicacional,
mais especificamente na junção da teoria com a prática.
Tacca (2008) esclarece que a articulação entre teoria e prática é consolidada,
ganha significados, a partir das circunstâncias que constituem a cotidianidade de
cada sujeito histórico. Para ela, os sujeitos vão tecendo seus conhecimentos,
utilizando vários componentes: histórias de vida, referências significativas, fatos,
pessoas, conteúdo já sistematizados, etc.
Foi então que criamos, dentro da nossa Escola, um grupo de estudo para a
formação didática do professor, constituída pelos profissionais interessados em
lecionar na Recriarte. Foi um sucesso! Geramos um grupo ávido pela pesquisa e,
mais que isso, interessado em aplicar tudo o que era proposto como resultado do
nosso estudo, em sala de aula. Tacca (2008) ainda lembra que Gramsci (1978)
contribui, em sua obra, para a compreensão na reflexão sobre a unidade da teoria e
prática, ao citar Santo Tomás, que recupera o princípio de que a teoria, por simples
extensão, faz-se prática, desde que traduza a necessária conexão entre ideias e
ações. E prossegue argumentando que a identificação e relação entre a teoria e
prática, como unidade, revela sempre um ato criativo e reflexivo, e, portanto,
consciente.
A base do nosso trabalho estava em estudar os resultados e a partir daí
gerarmos uma unidade, dentro da liberdade natural que o profissional da educação
deve ter, para poder desenvolver-se qualitativamente. Surgia aí a semente do
"Projeto Mestre".
13
Ao definir o Teatro como minha profissão, e a docência como uma das
formas de atuação dentro da área teatral, fui atrás de uma formação qualificada.
Prestei o exame para a Escola de Arte Dramática da Universidade São Paulo - EAD
- USP e fui selecionado entre mil candidatos, para uma das vinte vagas anuais,
disponibilizadas.
Estudei na EAD - USP por quatro anos, que é o tempo regular de duração do
curso, e me formei em 1989, como Ator Profissional. Tudo isso em consonância
com o trabalho dentro de nossa Escola, que caminhava paralelamente.
Assim, durante quase uma década, ininterruptamente, mantivemos o trabalho
voltado para a pesquisa da formação didática aliada à formação artística, foco de
nossa profissão, sempre buscando unir a teoria existente à prática realizada.
Porém, no início da década de 90, percebemos que mudanças estruturais
estavam acontecendo no Brasil e no mundo. Essas mudanças atingiam
integralmente a condição paradigmática da docência. O número de alunos,
especialmente nos bancos universitários, começou a crescer vertiginosamente, a
partir da popularização dos cursos universitários e faculdades particulares. Coube às
instituições de ensino superior a formação de recursos humanos demandados por
um mercado que emergia diante da inserção do Brasil na economia globalizada.
No quadro abaixo, podemos ver a evolução vertiginosa nos primeiros anos da
última década do século XX, tanto em vagas, como em número de estabelecimentos
de ensino superior privados no Brasil.
Tabela 1-Estabelecimentos e matrículas de ensino superior privado no Brasil (1980/2003)
Ano Estabelecimentos de ensino superior
privados
Estudantes matriculados nas IES privadas
Número % sobre o total Número % sobre o total
1980 682 77,3 885.054 63,3
1985 626 72,9 810.929 59,3
1990 696 75,8 961.455 62,4
1995 684 76,5 1.059.163 60,2
2000 1.004 85,0 1.807.219 67,0
2001 1.208 87,0 2.091.529 69,0
2002 1.442 88,0 2.428.258 69,7
2003 1.652 88,86 2.750.652 70,75
Fonte: Elaborado com base nos dados do INEP (1998; 2001; 2003; 2004) Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira
portal.inep.Gov.br
14
Com este crescimento, era perceptível uma alteração nos currículos,
estratégias e formas de realização docente. Neste período surgiu, também, em larga
escala, o acesso à rede mundial de computadores e, consequentemente, acesso à
informação, elemento que era até então prerrogativa de professores, acadêmicos e
instituições educacionais de ponta. Algo estrutural havia mudado! Era a
ressignificação da didática que surgia de forma aparente. Pimenta (2002) esclarece
que a ressignificação da didática, a partir da investigação da prática, modifica
significativamente o tradicional triângulo didático: professor (ensinar); aluno
(aprender); conhecimento (formar). Afirma ainda que a ressignificação da didática
está sendo provocada pela importância que a qualificação profissional dos
professores adquiriu nos últimos anos, no sentido de melhorar a qualidade do
ensino.
Começamos a receber, em nossa Escola de Arte, um número muito grande
de profissionais da educação, interessados em aprimorar sua condição voltada para
a comunicação em sala de aula. Quando nos procuravam, deixavam claro que
estavam preparados, em termos de conteúdo teórico, em termos de consciência da
sua função e ofício, mas tinham uma grande barreira, que era a condição de atingir
este novo contingente de alunos, que solicitavam um professor que dominasse a
comunicação e que entrasse em sintonia com os apelos desta nova fase que a
educação vivenciava. Esta barreira detectada pelos docentes que nos procuravam
estava focada diretamente no desenvolvimento do seu potencial comunicacional.
Roldão (2009) afirma que:
No centro da função de ensinar - que pressupõe o domínio do processo de desenvolvimento curricular, está a noção de estratégia de ensino. Ao contrário do velho dito "quem sabe ensina", profissionaliza-se o ensino e a atividade docente afirmando: "ensina quem sabe ensinar, porque sabe o que ensina, e sabe como ensinar, a quem e para quê". (ROLDÃO, 2009, p.42)
Foi neste período, no início da década de 90, que fui selecionado para ser o
Embaixador Cultural do Brasil na Europa, através de concurso nacional, promovido
pelo Rotary Internacional. Esse concurso, prestigia a trajetória, a personalidade
acadêmica e social do candidato, além do projeto de estudo e pesquisa,
apresentados por ele. A seleção é feita em todo o Brasil, através da inscrição nos
Rotarys Club locais. Concorri pelo Rotary Club de Pinheiros, com sede no Clube de
15
Regatas Pinheiros, e, a partir da minha seleção como candidato local, passei a
representar a unidade do Rotary em que me inscrevi, passando posteriormente em
fase avançada a concorrer com muitos brasileiros de todas as partes do Brasil. Fui
escolhido exatamente pelo ineditismo do meu projeto, que unia Arte, Cultura e
Formação Comunicacional do Professor, em sala de aula. Este projeto tinha como
principal foco a integração ibero-americana, através de ações comuns voltadas para
a educação e a cultura. Parti então para Portugal, especialmente para Lisboa, e foi
na sede de Oeiras, em região próxima à Capital lusitana que iniciei meu trabalho
como embaixador cultural. E de lá, parti para palestras em todo Portugal e para mais
26 países, onde tive 115 encontros públicos com comunidades sociais, estudantis e
profissionais, com o intuito de promover o Brasil e o intercâmbio entre nossos
países.
Durante minha estadia na Europa, que durou quase 2 anos, fiz vários cursos,
com destaque para um curso de extensão universitária na Escola Superior de Teatro
e Cinema de Lisboa, com duração de 1 ano, que tinha como foco a estética,
aplicada aos diversos segmentos, e dentre eles, a docência. Também pude
conhecer as Universidades de muitos países europeus, escandinavos, africanos e
asiáticos. Ao visitá-las, foquei no reconhecimento e aprendizagem do processo de
formação docente, com ênfase na didática, e com enfoque na comunicação.
Toda a experiência e informação acumuladas, tanto pelos cursos realizados,
como pelas visitas e oportunidades de reconhecimento de outras vertentes
formativas e práticas voltadas para a docência universitária, produziram uma nova
perspectiva que me auxiliaram significativamente na compreensão dos caminhos
para a formação de uma proposta a partir das técnicas e estratégias de
comunicação em sala de aula.
Tive acesso aos preciosos estudos e projetos voltados para a docência de
Universidades como de Colônia e Heidelberg, na Alemanha, que têm 700 anos de
tradição, além da Universidade Sorbonne, Universidade de Copenhagen, na
Dinamarca, Universidade de Manchester, na Inglaterra, entre tantas outras. E esta
visão apontou definitivamente um caminho para a pesquisa voltada ao universo da
didática, com ênfase na comunicação, aplicada à docência universitária.
16
Trojan (2005), em sua tese de doutorado com o título: "Pedagogia das
competências e diretrizes curriculares: a estetização das relações entre trabalho e
educação", explica, com propriedade, a ligação da formação estética com o
processo educacional, quando diz:
Na educação escolar, como parte da superestrutura ideológica da sociedade, determinada no contexto geral da produção e das relações que lhe são próprias, tanto o princípio da estética da sensibilidade quanto a proposta da pedagogia das competências devem ser analisados na relação com a totalidade da qual fazem parte. A importância da estética no desenvolvimento de competências de natureza comportamental e afetiva tem origem no processo de reestruturação produtiva que determina a necessidade de um novo disciplinamento do trabalhador voltado à Educação.(TROJAN, 2005, p. 6)
Ao voltar para o Brasil, iniciei um trabalho ativo, juntamente com minha equipe
de profissionais das áreas de educação e comunicação, voltado para a formação
docente, no que diz respeito ao suporte comunicacional e tecnológico em sala de
aula. Tive uma série de convites para a implantação do "Projeto Mestre", em Escolas
de pós-graduação lato sensu, para o suporte na formação do professor universitário.
Este suporte estava voltado para as chamadas técnicas comunicacionais.
A partir do sucesso das primeiras experiências, realizadas com alunos da
Escola Superior de Direito Constitucional, situada em São Paulo, Capital, alunos
estes interessados em lecionar, e confirmado o aumento de aprovações dos alunos
formados pelo Projeto Mestre em concursos para a seleção docente nas Instituições
em que pretendiam lecionar, foi constituído um grupo de pesquisa e estudo
permanente, que até hoje trabalha para o aprimoramento das técnicas e o estudo
constante dos resultados obtidos.
Minayo (1997) diz que “nada pode ser intelectualmente um problema, se não
tiver sido, em primeiro lugar, um problema da vida prática” (MINAYO, 1997, p.17).
Do seu ponto de vista, os interesses pela investigação de um problema resultam das
circunstâncias sociais na qual o pesquisador está inserido.
O questionamento, foco desta pesquisa, que é: "Qual a importância atribuída
à formação didático-pedagógica e às técnicas de comunicação em sala de aula, por
estudantes de pós-graduação lato sensu que têm o interesse em lecionar no ensino
17
superior?", surgiu a partir do estudo e da investigação ligados à problemática real
apresentada por nossos alunos, que são professores ou aspirantes à docência no
ensino superior e que veem, na comunicação e nas técnicas comunicacionais, um
caminho para a solução de parte das necessidades prementes, que a docência
impõe atualmente.
Ao participar do VII Congresso Ibero-americano de Docência Universitária, em
julho de 2012, que aconteceu em Porto – Portugal, cujo tema central foi "Inovação e
qualidade na docência universitária", pude confirmar, por meio das falas advindas de
representantes dos diversos países participantes, além dos grupos de estudo
realizados, que a preocupação com a qualidade didática na docência para o ensino
superior é ponto primordial para a discussão dos novos destinos da docência e para
a obtenção de melhores resultados, em todos os setores de aplicação prática e
científica. Já na abertura do referido Congresso, o Professor António Nóvoa, reitor
da Universidade de Lisboa, afirmou que há uma mudança clara nos modelos de
formação universitária aparente, mas observou que a pedagogia não acompanhou
estas mudanças. Ele discorreu de forma veemente e clara em sua preleção, sobre
os perigos existentes na manutenção de modelos pedagógicos ultrapassados, e
reiterou a importância de um "novo olhar" para o aspecto pedagógico universitário.
Na síntese de sua comunicação, fica clara a necessidade de agrupar com mais
propriedade o modo de fazer ciência, com o modo de realização pedagógica, ou
seja, há que se pensar novos caminhos que traduzam, na realização docente, as
transformações existentes no mundo, neste novo século. Durante todo o referido
Congresso, houve um "eco" comum e estimulante, de que a formulação de novos
caminhos didáticos, amparados por novos paradigmas relacionados à prática
docente, especialmente na relação professor-aluno, é uma das principais chaves
para uma transformação e valorização dos resultados obtidos até aqui.
A hipótese que fundamenta esta pesquisa e que está ligada diretamente com
a minha trajetória profissional, é a de que os estudantes de pós-graduação lato
sensu, interessados em lecionar no ensino superior, quando têm acesso à formação
didática e comunicacional de boa qualidade, bem como às técnicas de comunicação
em sala de aula, dão uma maior importância à formação didático-pedagógica, com
ênfase na comunicação, e percebem a importância dessas ferramentas estratégicas,
para uma melhor realização docente.
18
O quadro teórico que dá suporte e fundamenta este estudo parte da
intersecção entre a importância atribuída à formação identitária do professor, que
leva em consideração os aspectos cognitivos, afetivos e expressivos do mesmo, e
as dimensões humano-interacionais (interpessoais), presentes nas obras de Claude
Dubar e Vera Maria Nigro de Souza Placco.
Para Placco e Souza (2010, p.85), a identidade está em constante
transformação, sendo o resultado provisório da intersecção entre a história da
pessoa, o seu contexto histórico e social e os seus projetos. Para as autoras, a
identidade tem essência dinâmica, cujo movimento pressupõe uma personagem, e o
papel vivenciado por essa personagem, na sociedade, é previamente padronizado
pela cultura. O papel é fundamental na constituição identitária, porém, cada
personagem interpreta o papel da sua maneira e isso é absolutamente fundamental
para a constituição da sua identidade, quer seja pessoal ou profissional.
Esta hipótese apresentada pelas pesquisadoras tem consonância direta com
nossa investigação e é complementada por Dubar (2005, pag. 143), quando diz que
a identidade de uma pessoa não é feita à sua revelia; no entanto, não podemos
prescindir dos outros para forjar a nossa própria identidade.
Segundo Gatti (1996), a identidade permeia o modo de estar no mundo e no
trabalho dos homens em geral, e, no nosso caso particular em exame, do professor,
afetando suas perspectivas perante a sua formação e as suas formas de atuação
profissional. Todas estas condições e contradições apontam para a necessidade de
se compreender com mais profundidade os contextos sociais, afetivos e culturais
que permeiam o exercício do magistério, na medida em que suas motivações,
percepções, crenças, atitudes, valorizações, relacionam-se diretamente com os
modos de envolvimento dos professores com seus alunos e com a tarefa
pedagógica.
Não é por acaso que foi escolhida a mais célebre e famosa frase da literatura
mundial: "Ser ou não ser, eis a questão", da peça "A tragédia de Hamlet, príncipe da
Dinamarca", de William Shakespeare, para iniciar este capítulo. Ela se encontra no
ato III, cena I e é frequentemente usada como um fundo filosófico profundo, ligada à
constituição do homem e seus grandes conflitos internos. Quando Shakespeare nos
traz este conflito, na fala do jovem Hamlet, estabelece um questionamento que vai
19
nos acompanhar durante toda a existência, porque está relacionado integralmente
com a constituição de nossa identidade, mutante e subjetiva. Hamlet apresenta uma
dualidade identificada claramente em diversos trechos, que se constitui a partir da
identidade para si, como filho indignado, pressionado pelo espectro do pai e pelos
seus valores maiores, e também se constitui pela identidade para os outros, como
um príncipe herdeiro excêntrico e por vezes enlouquecido.
Vigostski (1999), ao fazer uma crítica ao vigoroso texto Shakespeariano,
afirma que “Hamlet não conhece a si mesmo, e nele o terreno que raciocina e que
tantas vezes fora tomado por autêntico, ainda não conhece seu segredo”. Vigotski
ainda complementa, de forma aguda e absolutamente original para o período em
que produziu a referida crítica sobre Hamlet, que:
[...] Vê-se de fora sem uma compreensão de si mesmo, nem de seus atos: eis o último desdobramento místico da personalidade, a dissociação do “eu”: o lado diurno não conhece o noturno. (Vigotski, 1999, p. 106)
Esta interpretação da obra Shakespeariana corrobora a afirmação de uma
dualidade que se mescla entre aquilo que sou para mim, e aquilo que os outros
imaginam que eu sou, ou seja, como constituem a minha imagem, a partir das
ações, informações e impressões que passo e que também me constituem.
Estas duas facetas da mesma personagem, inseparáveis, nos trazem uma
pista importante, que, associada ao pensamento de Dubar, traz, para a constituição
da identidade profissional docente, uma nova ótica, entre o que se espera do
professor na sala de aula, e suas aspirações ou referências constituídas
internamente. A necessidade do "olhar" do outro (identidade para o outro), muitas
vezes negada e desprezada na formação docente, quase sempre particular e
solitária, tem, na comunicação, um elemento constitutivo importante, para ampliar as
possibilidades de "trânsito", entre o que o professor é, para ele, o que representa
para o alunado, para a instituição de ensino e para a sociedade. Placco e Souza
(2010, p.82) lembram que, segundo Jacques (1998), as expressões utilizadas nas
artes cênicas, como: personagem, papel, ator e autor, aparecem nos estudos de
Goffman (1995) sobre identidade, em que o personagem equivaleria à forma como a
identidade se representa no mundo e demanda um ator que assuma dado papel
20
social. Desta maneira, o personagem, a um só tempo, se diferencia e se confunde
com o papel, pois este último equivale a abstrações que decorrem de construções
nas e pelas relações sociais. A afirmação de Dubar (2009, pag. 135) “nunca sei
quem sou a não ser no olhar do outro", confirma a necessidade desta comunicação
direta entre "personagem" e "papel", além da constante observação das impressões
que nossas ações e comunicações projetam no receptor, observando sempre o
processo de formação identitária. Segundo Placco (2006, pag. 23), "Não é possível
conceber a aprendizagem do adulto, sobretudo do adulto professor, sem considerar
o processo de formação identitária".
Dentro dessa perspectiva, espera-se que a relação professor-aluno se
dê pela mediação. O professor é considerado um mediador do processo de
construção do conhecimento, que se dá por intermédio de interações sociais, e
estas interações dependem de ferramentas precisas e estratégicas voltadas para a
comunicação. Logo, o professor não é só um transmissor de saberes e mediar é
possibilitar o acesso do aluno, ao conhecimento. Cabe ao aprendiz gerir as
informações que são trabalhadas com ele, de forma estratégica, de modo que gerem
estímulo e interesse, para transformá-las em conhecimento próprio.
A partir da perspectiva apresentada por Wallon, no artigo "Afetividade e
processo ensino-aprendizagem: contribuições de Henri Wallon", escrito por Mahoney
& Almeida (2005, p.1), observamos que, na relação professor-aluno, o papel do
professor é de mediador do conhecimento. A forma como o professor se relaciona
com o aluno reflete nas relações do aluno com o conhecimento e nas relações
aluno-aluno.
Todos estes conceitos nos levam para uma definição de didática, como a
“Arte e a Ciência de Ensinar e de Fazer Aprender”, o que pressupõe um ato de
estímulo educacional que gera interesse, de forma consciente, individual e
coletivamente.
Quando o profissional ou acadêmico se propõe a ensinar, esquece muitas
vezes que, em primeiro lugar, antes mesmo de transmitir o seu conhecimento, terá
que realizar um contato coletivo, que é público, diferenciado e que exige uma
comunicação direta, estratégica, qualificada e personalizada. Meunier e Peraya
(2009, pag. 283) deixam isso bem claro, quando dizem que qualquer comunicação é
21
um ato e um ato social. Oriunda da relação social, a comunicação forma, mantém ou
transforma a relação.
O estudo que iniciamos pretende demonstrar que o exercício e
aprimoramento deste processo comunicacional podem ser feitos com maior
facilidade, se utilizarmos as técnicas e estratégias de comunicação, que partem da
experiência em comunicação, compilada do universo teatral e docente.
A didática, como um campo de estudo que se ocupa da busca do
conhecimento necessário para a compreensão da prática pedagógica e da
elaboração de formas adequadas para a realização docente, preconiza uma relação
direta entre professor e aluno, de forma a construírem em conjunto o resultado de
qualquer aula, efêmera enquanto ação que se extingue em tempo determinado
como evento que é, e perene, enquanto os efeitos que produz por toda uma
existência.
O autor da teoria da ação comunicativa, Habermas (1987), desenvolveu um
estudo que entende o mundo discursivo como composto a partir de três pontos de
vista diferentes, mas que interagem entre si, criando parâmetros para o sujeito agir
no mundo. São eles: a) o mundo objetivo, entendido como mundo concreto, físico
(aqui/agora); b) o mundo social, que se traduz como o modo de interação em que o
texto é produzido; c) o mundo subjetivo, que considera as representações de cada
sujeito em sua produção textual, englobando, de certa forma, o mundo objetivo e o
mundo social, por se constituir a partir deles. Neste último parâmetro, podemos
detectar a função integral da comunicação, que vai além do discurso e gera real
intercâmbio entre professores e alunos, produzindo um ganho substancial na
resposta em sala de aula.
Diante disso, vale aqui ressaltar que, para ensinar, o professor necessita de
conhecimentos e práticas que ultrapassem o campo de sua especialidade. Segundo
Libâneo (1998), cada docente deverá ter uma diretriz orientada da prática educativa.
E, a partir do momento em que orientação direcionada é desenvolvida através das
estratégias de comunicação aplicadas em sala de aula, o resultado obtido deve
sofrer uma alteração positiva, conforme buscaremos demonstrar.
22
O prestigio de uma universidade é medido, dentre outros critérios, por seus
cursos de pós-graduação e pelas pesquisas que promove. O professor, por sua vez,
tende a ser valorizado por sua titulação e por seus trabalhos científicos. Mas, seu
mérito enquanto professor não é avaliado (Gil 2005, p. 16). É preciso considerar
que a atividade profissional de todo docente possui uma natureza pedagógica, como
afirma Pimenta (2002), isto é, vincula-se a objetivos educativos de formação humana
e a processos metodológicos e organizacionais de construção e apropriação de
saberes e modos de atuação. Por isso, para ensinar, o professor necessita de
conhecimentos e práticas que ultrapassem o campo de sua especialidade, que
exercitem interdisciplinaridade no seu ofício, buscando na comunicação uma
ferramenta vigorosa, o que quase sempre não acontece na docência em geral e
especialmente, no ensino superior.
Lüdke e Boing (2004, p.72) lembram que, cabe ao professor “decodificar, ler,
compreender e explicar textos, intenções e sentimentos”, o que deixa evidente a
“dimensão interpretativa do ofício de professor”.
No Brasil, dentre todas as leis que regem a educação, as mais significativas
são: A lei de diretrizes e bases (LDBEN 9394/96) e o Plano Nacional de educação
(PNE), que apresenta dez diretrizes objetivas e 20 metas, seguidas das estratégias
específicas de concretização. Kuenzer (2010), nos lembra que, por compreender a
educação como totalidade, já no primeiro capítulo, a LDB a define em seu conceito
mais amplo, admitindo que ela supera os limites da educação escolar por ocorrer no
interior das relações sociais e produtivas; reconhece, pois, as dimensões
pedagógicas do conjunto dos processos que se desenvolvem em todos os aspectos
da vida social e produtiva. Esta concepção incorpora a categoria trabalho,
reconhecendo a sua dimensão educativa, ao mesmo tempo em que reconhece a
necessidade da educação escolar vincular-se ao mundo do trabalho e à prática
social.
As metas e as estratégias premiam iniciativas para todos os níveis,
modalidades e etapas educacionais. Além disso, há estratégias específicas para a
inclusão de minorias, como alunos com deficiência, indígenas, quilombolas,
estudantes do campo e alunos em regime de liberdade assistida. Universalização e
ampliação do acesso e atendimento em todos os níveis educacionais são metas
23
mencionadas ao longo do projeto, bem como o incentivo à formação inicial e
continuada de professores e profissionais da educação em geral, avaliação e
acompanhamento periódico e individualizado de todos os envolvidos na educação
do país, estudantes, professores, profissionais, gestores e demais profissionais,
estímulo e expansão do estágio. A lei estabelece ainda estratégias para alcançar a
universalização do ensino de quatro a 17 anos, prevista na Emenda Constitucional
nº 59 de 2009. Além desta lei, há outras complementares, todas baseadas nos
princípios da Constituição federal de 1988.
A Lei de Diretrizes e Bases de 20 de dezembro de 1996, (LDB) nº 9394/96,
aponta para uma aprendizagem interdisciplinar, quando cita, no seu artigo 3, que “O
ensino será ministrado com base nos seguintes princípios: III - pluralismo de ideias e
de concepções pedagógicas.” Ela confirma que a pluralidade das concepções
pedagógicas é fonte rica e necessária para a boa formação educacional e ela está
integralmente ligada aos processos estratégicos voltados para a comunicação.
Com ênfase na necessidade dessa aprendizagem multidisciplinar, os cursos
de pós-graduação lato sensu, nome genérico que se dá aos cursos de pós-
graduação que não são avaliados pelo Ministério da Educação e pela Coordenação
de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior, no intuito de melhorar o nível de
seus alunos interessados em lecionar, instituíram a matéria “didática para o ensino
superior”, que tem o objetivo de apresentar ao futuro professor, sistemas de
organização e preparação das aulas. Faz parte desta preparação, além de técnicas
estratégicas de comunicação para o melhor desempenho em sala de aula, uma
preparação organizacional e tecnológica, para um resultado qualificado na direção
do alunado.
É a partir da pesquisa qualitativa, realizada com alguns desses alunos, que
cursam por opção a matéria de "didática para o ensino superior", e que têm
interesse em lecionar, que o nosso estudo será desenvolvido.
24
1. A Comunicação e o Teatro
"Feliz aquele que transfere o que
sabe e aprende o que ensina"
Cora Coralina
A comunicação sempre foi uma ferramenta fundamental para o
desenvolvimento humano, tanto no âmbito individual, como da coletividade. Porém,
Matellart (2005) nos lembra que:
A definição de comunicação recobre uma multiplicidade de sentidos.
Se isso vem sendo assim há muito, a proliferação das tecnologias e a
profissionalização das práticas acrescentaram novas vozes a essa
polifonia, num fim de século (XX), que faz da comunicação uma figura
emblemática da sociedade do terceiro milênio. (2005, pag. 10)
Ela é reconhecida por muitos teóricos como um fenômeno transformador, que
articula diferentes pontos de vista e promove uma síntese, que parte de pontos
eventualmente conflituosos, mas que, na maioria das vezes, alcançam, uma visão
amplificada dos fatos e, mais que isso, uma integração entre as partes, mesmo que
predominem diferenças de modelos e visões particulares.
Meunier e Peraya (2009), ao apresentarem um panorama das teorias da
comunicação, afirmam que:
25
A comunicação é um fenômeno complexo susceptível de esclarecer múltiplos outros. A cada modelo - ou conjunto de conceitos - corresponde um ponto de vista que certamente é particular e parcial, mas também é parcialmente verdadeiro. Os modelos podem parecer por vezes incompatíveis - e de fato, aliás, são-no - , mas acontece que a própria comunicação comporta aspectos antagonistas e contraditórios. Uma simples conversa pressupõe ao mesmo tempo identificação mútua e oposição, fusão e distinção, inclusão e exclusão; não poderia existir sem estes caracteres opostos. Nesta perspectiva, o exame dos diferentes modelos deve ser simultaneamente crítico e construtivo. O fim não consiste em excluir e escolher, mas em tentar a articulação dos diferentes pontos de vista, ao mesmo tempo que também se sabe que a melhor síntese procede irremediavelmente de um ponto de vista singular e deve então ser ela mesma submetida à crítica.(MEUNIER E PERAYA, 2009, pag. 36)
Quando se fala em comunicação, sob a ótica da articulação nos diferentes
pontos de vista, apresentada por Meunier e Peraya, temos que nos remeter aos
primórdios da existência humana, especificamente no período da formação dos
primeiros grupos humanos ancestrais, inicialmente nômades, e posteriormente os
grupos humanos fixados em locais apropriados para a sua sobrevivência. O homem
deste período, chamado de Homo sapiens, que tem a tradução literal de “o homem
que sabe”, ou o “homem sábio” surgiu entre 200 a 150 mil anos atrás, no leste da
África, como resultado de adaptações do Homo heidelbergensis ao meio ambiente
em transição em que viviam. Estes faziam da comunicação um elemento estratégico
para a preservação do referido grupo e da espécie. Levy (1998), em seu artigo sobre
a revolução contemporânea em matéria de comunicação, apresenta a hipótese de
que todos os nossos ancestrais mais diretos habitavam a mesma zona geográfica, e
na origem, não passavam de alguns milhares ou de algumas dezenas de milhares
de indivíduos. Ainda que não esteja totalmente demonstrado, é provável que
falassem a mesma língua, ou línguas próximas, estando em comunicação direta uns
com os outros.
Os grupos se reuniam no final do dia, para o devido aquecimento e
alimentação após a caça, e demonstravam uns para os outros tudo o que
aconteceu, e como conseguiram o seu intento e suas conquistas. Expressões,
gestos e uma tentativa primária de efusão, através dos sons emitidos, eram fontes
ricas de simbologia expressiva. Berthold (2000) aponta o teatro primitivo como o
estágio primordial da humanidade e da comunicação grupal e destaca a importância
26
das pinturas nas cavernas pré-históricas, entalhes em rochas e ossos, além da
inesgotável riqueza de danças mímicas e costumes populares daquele período. Ele
afirma que:
[...] O teatro dos povos primitivos assenta-se o amplo alicerce dos impulsos vitais, primários, retirando deles seus misteriosos poderes de magia, conjuração, metamorfose - dos encantamentos de caça dos nômades da Idade da Pedra, das danças da fertilidade e colheita dos primeiros lavradores dos campos, dos ritos de iniciação, totemismo, e xamanismo e dos vários cultos divinos. A forma e o conteúdo da expressão teatral são condicionados pelas necessidades da vida e pelas concepções religiosas. Dessas concepções um indivíduo extrai as forças elementares que transformam o homem em um meio capaz de transcender-se a seus semelhantes. (BERTHOLD, 2000, pag. 2)
Posteriormente, este conjunto de ações se transformou na base das
expressões verbais e finalmente no vocabulário próprio, de cada grupo humano em
fase de formação.
Quando nos remetemos ao estudo ancestral do teatro como expressão,
podemos afirmar que a comunicação, que é base da ação teatral, foi e continua
sendo um elemento fundamental para o desenvolvimento do homem.
O teatro sempre foi uma ferramenta que facilitou o desenvolvimento da
expressão coletiva. Dezotti (2006), em sua dissertação de mestrado que tem o título
"O Teatro como meio de comunicação", busca demonstrar que o Teatro é um meio
de comunicação com potencial para o desenvolvimento do aprendizado e que
desempenha diferentes papéis na formação sociocultural do indivíduo. Ela ainda
afirma que a relevância do teatro como meio de comunicação no processo de
ensino-aprendizagem é a mola mestra para a realização da docência no século em
que vivemos. Dezotti, busca na área de comunicação, a teoria da sociodinâmica da
cultura de Abraham Moles (1974), que estabelece o modo de comunicação
sociocultural e de como acontece a percepção da mensagem cultural, incluindo o
teatro entre estes aspectos. Da mesma forma, ela destaca os estudos de Linda
Bulik (2001), sobre a comunicação do homem em situação de representação. Bulik
ressalta na sua obra que:
“Por comunicação entendemos a recepção de uma informação, isto é, uma novidade que, aos olhos do espectador, pode ou não tomar forma
27
de um significado, pode ou não traduzir por uma significação”. (BULIK, 2001, p. 108)
Quando falamos ou pensamos em comunicação e em teatro, nos remetemos
diretamente para a palavra (escrita e falada), fonte expressiva fundamental para a
ampliação da comunicação. A mitologia grega, berço da simbologia contemporânea,
que busca refletir o homem em sua composição ancestral, tem em Hesíodo,
poeta oral grego da antiguidade, um defensor da palavra, como meio vital para o
desenvolvimento do pensamento e do espírito humano. Ele viveu entre 750 e 650
a.C., no mesmo período que Homero, outro defensor contumaz da palavra. Observa-
se que já se estabelecia na antiguidade uma relação direta e primordial entre a
palavra e a comunicação, o que propiciou o surgimento do teatro como conhecemos
hoje.
Segundo Luiz C. Martino (2001, p. 12), em sua etimologia, comunicação vem
do latim communicatio, cujo significado é “atividade realizada conjuntamente”. A
partir daí, temos uma referência significativa, que liga a comunicação diretamente
com o teatro, e também com a educação, a partir da atividade docente. Dezotti
(2006) se refere a Martino (2001) em seu trabalho, e explica que o autor aponta o
surgimento da palavra comunicação, ou communicatio, nos primórdios do
Cristianismo, onde existiam duas tendências para interpretar o isolamento que,
juntamente com a contemplação, eram as condições para se conhecer e se
aproximar de Deus. Uma destas tendências eram os “anacoretas”, religiosos que
viviam afastados radicalmente do convívio das pessoas (e que existem até hoje
como enclausurados). A outra tendência é conhecida como os “cenobitas”, que
viviam em conventos e mosteiros (cenóbios,do grego koenóbion, cujo significado é
“lugar onde se vive em comum”). Nos mosteiros, ainda segundo o autor, o ato de
jantar ou de tomar a refeição da noite em comum recebeu o nome communicatio. O
termo communicatio referia-se mais à situação de fazer algo com outras pessoas do
que propriamente ao ato de comer, o que o relaciona então à prática de romper o
isolamento. Assim, no sentido etimológico, comunicação já aparece como um
produto de um encontro social e, como afirma Martino (2001, pag. 14), a
comunicação é um tipo de relação intencional, exercida sobre outrem.
28
Apesar de o senso comum idealizar que, nos primórdios da humanidade, a
força física era a única ferramenta para a sobrevivência e o desenvolvimento do ser
humano, temos hoje a comprovação, através da descoberta dos sítios
arqueológicos, de que os detentores de poder e que transformaram-se em líderes
em períodos ancestrais foram exatamente aqueles que melhor se comunicavam e
que promoviam a comunicação entre os participantes daquela comunidade. Eles se
transformavam em "guias" ou "gurus", que tinham o poder de convencer seus pares
e de promover a comunicação entre os diferentes pontos de vista e
posicionamentos, na comunidade, tornando-se naturalmente um intermediário entre
as forças da natureza e os participantes do seu grupo. Muitas vezes, a presença
desse "mediador", significava a diferença entre viver ou morrer, por falta de unidade,
na hora de se proteger e sobreviver naquele período inóspito. Berthold (2000, pag.
4) nos lembra que, à medida que as sociedades tribais tornavam-se cada vez mais
organizadas, uma espécie de atuação profissional desenvolveu-se entre várias
sociedades primitivas. Esta atuação profissional estava ligada diretamente aos
indivíduos com mais facilidade e técnica comunicacional. Se analisarmos de forma
genérica, tudo o que um indivíduo passava para o outro, usando da expressão
corporal e comunicação verbal, ainda que precária, não deixava de ser um
ensinamento, ou seja, a educação, a comunicação e o teatro sempre caminharam
juntos.
Vale lembrar que o teatro, como conhecemos no ocidente, nasceu na Grécia,
a partir dos atos sagrados que reverenciavam o deus Dioniso. Berthold (2000)
explica que:
[...] A história do teatro europeu (e que serviu de modelo para todo o
ocidente), nasceu aos pés da Acrópole, em Atenas, sob o luminoso
céu azul-violeta da Grécia. A Ática é o berço de uma forma de arte
dramática cujos valores estéticos e criativos não perderam nada da
sua eficácia depois de um período de 2.500 anos. Suas origens
encontram-se nas ações recíprocas de dar e receber que, em todos os
tempos e lugares, prendem os homens aos deuses e os deuses ao
homem. [...] Quando os ritos dionisíacos (deus do vinho e da colheita)
se desenvolveram e resultaram na tragédia e na comédia, ele
(Dionísio) tornou-se o deus do teatro. (BERTHOLD, 2000, pág. 103)
29
O Teatro, que é uma obra de arte social e comunal, a partir dos rituais
dionisíacos tornou-se profano, quando um dos elementos do coro, chamado Téspis,
que reverenciava o grande deus Dioniso, saiu do bloco uno e questionou suas
atitudes. Berthold nos relata que:
[...] A multidão reunida no theatron não era meramente expectadora, mas participante, no sentido mais literal. O público participava ativamente do ritual teatral, religioso. Inseria-se na esfera dos deuses e compartilhava o conhecimento das grandes conexões mitológicas. [...] Em março de 534 a.C., foi trazido de Icária para Atenas o ator Téspis, e os organizadores do evento ordenaram que ele participasse da Grande Dionisíaca. Téspis teve uma nova e criativa ideia que faria história. Ele se colocou à parte do coro como solista e assim criou o papel do hypokrites ("respondedor" e, mais tarde, ator), que apresentava o espetáculo e se envolvia num diálogo com o condutor do coro. (BERTHOLD, 2000, pag. 105)
A partir destes relatos, ao fazermos uma analogia das raízes do teatro com a
comunicação e a docência, percebemos que a figura do "ator" tem total consonância
com a figura do "professor", que, a partir da realidade concreta apresentada pelo
"coro", ou seja, pela "teoria ou realidade existente", ao colocar-se à parte do coro
como solista, realiza um diálogo pleno, com a participação direta do "público", ou
seja dos "alunos". Esta ação comum resultará num real aprendizado, como
acontecia nos primórdios do teatro grego e assim, conduzirá o conjunto participante,
ao universo do pensamento, reflexão, análise e síntese.
Cabe lembrar que a participação do público no Teatro, através da história,
sofreu alterações. Gradativamente, o público participativo e integrante do espetáculo
teatral ancestral, passou a ser apenas "expectador". Se fizermos uma analogia com
a docência, com destaque para o ensino superior, o mesmo processo se
estabeleceu em muitas salas de aula, em que os alunos são meros receptáculos de
conteúdo e espectadores do discurso e dos conteúdos apresentados pelos
professores. Dezotti (2006) nos traz uma contribuição de Chacra (1991, pag. 91),
que, ao fazer um apanhado histórico sobre o teatro, confirma a nova posição do
público, em relação ao ato teatral, quando diz que:
30
É curioso notar que nas suas origens, o teatro era um ritual, um jogo sagrado, onde o público desempenhava um papel ativo dentro da cerimônia religiosa. Tratava-se de uma assistência bastante homogênea, do ponto de vista sociocultural, iniciada nos procedimentos do rito capaz de ser relativamente sensibilizada pelas mesmas emoções. [...] À medida que o teatro evolui, o público vai deixando gradativamente de ser participante para se tornar “espectador”. (DEZOTTI, 2006, pag. 24).
Durante muitos séculos, a arte teatral serviu como ferramenta para a
formação e reflexão dos grupos humanos, engajados através da comunicação
trazida pelos atores, nas histórias e eventos constituídos.
Na Idade Média, após grande período de negação profana do teatro por parte
da Igreja, o Vaticano assumiu que o teatro era fonte reflexão e principalmente de
convencimento, se usado a favor dos objetivos constitutivos das ordens católicas.
Assim, neste período, o teatro foi usado como ferramenta estratégica e fundamental
da Igreja, para contar histórias bíblicas, catequizar e auxiliar na formação do perfil
social adequado aos interesses dos gestores sociais e humanos daquele período.
Novamente, o teatro se une ao universo da comunicação, em consonância com a
educação informal dos grupos humanos, analfabetos em sua maioria, que viam na
efusão teatral uma forma de compreenderem o mundo e as coisas que nele
existiam. Foi neste período que surgiu a figura do "narrador", que inicialmente só
contava a história e, posteriormente, passou a questioná-la, juntamente com o
público. Pela necessidade aparente, neste período da história que permeia os
séculos X a XV, muitas técnicas de comunicação foram desenvolvidas através do
teatro, sempre tendo como base a personalidade humana, que, apesar de complexa,
tem um traço universal. E foi através desse traço de universalidade existente na
comunicação, que os estudiosos começaram a se apropriar da palavra e da
simbologia contida no Teatro, para retratar seu tempo, seus anseios e suas
aspirações.
Após a idade média, tivemos um grande período expressivo, que surgiu no
início do século XV, marcado pelo renascimento ou renascença, como também é
chamado este período, que vai até o século XVII. Este movimento, colocou o homem
como centro do universo e teve na comunicação e nas artes um suporte precioso.
Ele gerou muitos reflexos, os quais podem ser detectados até os nossos dias.
31
Bombossaro (2006) alerta que é comum pensarmos nos dias atuais em
legado de geração para geração. Essas afirmações podem ser especialmente
válidas hoje, na era da existência midiática, quando o que não aparece tende a ter
pouco ou até mesmo quase nenhum valor cultural. Mas, como sabemos, a
descoberta da força da imagem e sua tematização têm raízes profundas e elas
foram aprofundadas integralmente com a chegada do renascimento. A imagem
constitui algo de originário e específico da experiência humana, que depende da
presença de alguma referência para a instauração. Eis a função do simbólico, que
se insere como parte do processo civilizatório. Desse modo, a arte, a narrativa
mítica, a experiência religiosa, as atividades científica e filosófica formulam imagens
fortes, que impregnam nossa linguagem e nossa vida, além do nosso modo de
pensar e de viver. Isso aconteceu na renascença e se transformou em referência
para a construção do mundo que vivemos hoje. Bombossaro complementa seu
pensamento, com a seguinte colocação:
[...] Buscando recuperar as verdades da sabedoria antiga, os humanistas e intelectuais da Renascença receberam com entusiasmo o legado da Antiguidade e procuraram desenvolver, a partir de um retorno às fontes, uma nova interpretação do conhecimento e dos modos de vida do mundo antigo. Com interesse extraordinário, voltaram-se para o estudo dos mais variados elementos culturais produzidos pelas mais variadas culturas do passado. (BOMBOSSARO, 2006, p. 84)
Surgia um novo homem, voltado para si, para seus anseios e desejos.
Voltado para a vida presente e não para a vida futura. Para tanto, houve a
necessidade de compreendê-lo e de explicá-lo. Berthold (2000) lembra que Dante e
Petrarca, em sua solitária atitude literária, já haviam sonhado com o renascimento
do homem, dentro do espírito da antiguidade. Neste afã, a comunicação foi
fundamental, e as artes foram grandes aliadas desse período de luzes. Todas as
comunicações expressivas tiveram destaque, nesse período.
Não é por acaso que dramaturgos e literatos, como Sir William Shakespeare,
Marlowe, Miguel de Cervantes, Luis de Camões, entre outros, existiram neste
período e deixaram seu legado eterno. Havia a certeza de que a arte teatral, através
das palavras e cenas estrategicamente elaboradas, eram instrumentos vigorosos
para a formação de uma identidade popular marcante e necessária.
32
Após esta fase gloriosa, veio um período nebuloso, em que imperadores e
aristocratas dominaram o cenário mundial por quase dois séculos, do final do século
XVII até a segunda metade do século XIX, ofuscando as conquistas obtidas no
renascimento. Foi um período de esvaziamento e negação do poder exercido pela
comunicação e pelo Teatro, refletidos na ausência quase que total de iniciativas
comunicacionais e de iniciativas educativas que fossem significativas.
Porém, ao chegarmos ao início do século XX, aquele Teatro esvaziado e
superficial, que acompanhou o período de ostracismo, composto por regimes de
governos imperiais e autoritários, perdeu força e deu origem a uma nova fase, em
que se resgataram os princípios da antiguidade grega e do renascimento em sua
fase áurea, agora com uma visão social, humana e científica, amplificadas. Com
esse resgate, houve uma retomada das grandes lições de oratória e dos grandes
embates argumentativos da antiguidade, traduzidos pela retórica e, mais que isso,
pelas estratégias de comunicação e tecnológicas apresentadas pelos nossos
antepassados na Grécia e em Roma. Retomou-se a proposta de uma participação
integral da plateia nos espetáculos, ou seja, do povo, e os valores comunicacionais
começaram a expressar um papel preponderante no mundo que se preparava para
um novo século, no qual o povo começava a ter alguma voz, mesmo que abafada
pelos interesses econômicos e pelo poder bélico dos governos despóticos.
Também houve uma mudança radical nos temas abordados nos espetáculos
teatrais da época, que se voltaram para personagens do povo e para suas
necessidades e realidades. É nesse quadro que surgiram nomes nas artes cênicas,
que foram fundamentais para a transformação da sociedade e também para uma
nova visão do potencial da comunicação, especialmente daquela voltada para a
formação da identidade, ofuscada por anos a fio de ostracismo político e social.
A partir de personalidades como Constantin Stanislavisky, ator, diretor e
pedagogo russo, transformador e luminar da Escola de Teatro de Moscou e de
personalidades voltadas para o universo teatral como Michel Tchéckhov, Erwin
Piscator e Vsevolod Emilevitch Meyerhold, Viktor Chklovski, Jerzy Grotowski, foi
iniciada uma nova fase no teatro mundial, que acompanhou as mudanças estruturais
que aconteciam nas sociedades europeias daquele início do século XX.
33
Para Stanislavisky (1995), a comunicação integral entre o processo de criação
de uma personagem, a sua vivência e relacionamento com o público, que adentra no
universo latente da personagem, é elemento fundamental para uma boa atuação. Da
mesma forma, podemos observar que esta é uma das grandes aspirações de muitos
profissionais interessados na docência, que buscam maneiras de integrar o
conteúdo formal de suas aulas ao universo do alunado, tendo como meta mais do
que simplesmente passar a matéria. Buscam uma comunicação integral entre teoria
e prática, na direção do aluno, com o intuito de obter sucesso e alicerçar a sua
identidade profissional, traduzindo para pertença, o que lhe foi, de alguma forma,
atribuído.
Dubar (2009), ao discorrer sobre a identidade e suas crises, lembra que:
A "vida de artista" fornece um bom exemplo sobre experiências que podem ser curtas, mas enriquecedoras. Trata-se de uma forma identitária similar à dos atores, cujas características e cujos percursos se conhecem melhor atualmente. (Dubar, 2009, pág. 152)
Ao refletir sobre a construção de uma personagem e a criação do papel,
Stanislavisky (1995) confirma a necessidade de uma formação interior do indivíduo,
e uma comunicação produzida através da análise e trabalho pessoal, além da
análise e ações na direção do outro. A partir daí, o autor dos principais manuais de
formação teórica e prática do Teatro no século XX aponta para a comunicação,
como elemento fundamental entre a descoberta do "eu" e dos "papeis" que a pessoa
desempenhará na existência, dentro ou fora do palco. Stanislavsky diz o seguinte a
esse respeito:
Quanto mais vezes experimento criar pessoas mentalmente, encontrá-las, sentir sua proximidade, sua presença concreta, mais me convenço de que, para alcançar o estado de "eu sou", a imagem física, externa (visão, de uma cabeça, corpo, modos de uma pessoa), não é tão importante como a sua imagem interior, o teor de sua entidade interior. Venho também a compreender que, em qualquer intercâmbio com outras pessoas, é importante não só conhecer a sua psicologia, mas também a de nós mesmos. (STANISLAVSKY, 1995, pag. 42)
Em outra vertente, não menos importante, encontramos, na primeira metade
do século XX, o importante legado de Eugen Berthold Friedrich Brecht, que nasceu
na Alemanha do final do século XIX e se transformou em destacado dramaturgo,
34
poeta e encenador do século XX. Seus trabalhos artísticos e teóricos influenciaram
profundamente o teatro contemporâneo, tornando-o mundialmente conhecido, a
partir das apresentações de sua companhia, o Berliner Ensemble, realizadas em
Paris durante os anos 1954 e 1955. Como marxista, tendo vivenciado o intenso
período das mobilizações da República de Weimar, que foi instaurada na Alemanha
logo após a Primeira Guerra Mundial, tendo como sistema de governo o modelo
parlamentarista democrático, obteve subsídio e estofo para criar o seu teatro épico.
Sua práxis é uma síntese dos principais realizadores e pensadores do seu tempo,
voltados para um teatro engajado na formação identitária do povo alemão. Seu
trabalho como artista concentrou-se na crítica ao desenvolvimento das relações
humanas no sistema capitalista. Berthold (2000) nos lembra que:
[...] O drama da era científica, entende o homem como parte daquele mecanismo inteiramente calculável que mantém em funcionamento a história mundial: trata o homem como instrumento dos órgãos executivos que o manipulam a seu bel prazer. (Berthold, 2000, pag. 504)
A partir de suas teorias, fruto de pesquisa constante e qualificada, Brecht
desenvolve, através do seu teatro épico, um estudo sobre a função principal da
comunicação artística, introduzindo o conceito de "Teatro didático". Esta forma de
fazer teatro e pensar teatro tem o objetivo ensinar o público a refletir, a pensar a
respeito de temas reais, sociais e políticos e principalmente a tirar conclusões.
Assim, ele cria uma peça, dentro da peça, e altera os parâmetros temporais e
estéticos, além dos objetivos até então esteticamente e estruturalmente
estabelecidos.
Todas essas experiências auxiliaram na formação dos novos parâmetros do
que chamamos de Teatro Contemporâneo, Ele surgiu após a segunda guerra
mundial e trouxe um avanço significativo na observação dos valores reflexivos,
voltados para compreensão do homem e de suas necessidades e realidades.
Foi nesta fase que os novos profissionais de muitas áreas no pós-guerra,
começaram a adicionar, em sua formação, as técnicas de comunicação, para a
ampliação de sua qualificação e consequente sucesso profissional. Observamos
nesse período, que vai até o final da década de 60 do século passado, uma
35
aproximação consciente e significativa do Teatro com todas as áreas de atuação
que necessitam de comunicação direta.
As técnicas teatrais começam a ser descobertas como ferramentas
comunicacionais, para suporte e complementação, na formação do coletivo e na
resolução de problemas voltados para a comunicação, não só na educação, mas
também no mundo corporativo. É o período dos grandes avanços tecnológicos do
século XX, e com a chegada e multiplicação dos aparelhos de televisão nas casas,
espalhadas em grande parte do mundo, além dos avanços na telecomunicações, a
necessidade de preparação para a comunicação em massa e grupal é ampliada. E é
no Teatro que se busca inspiração e referência para a preparação deste novo
modelo de profissional que transforma hábitos de multidões e influencia a forma de
falar, agir e de se comportar, de forma geral. Estas mudanças influenciam a
Educação, que começa a sentir a necessidade de criar mecanismos associativos
para a nova demanda que se apresenta. Pinto (1997) nos lembra, em seu artigo "As
novas tecnologias e a Educação", que:
[...] O desenvolvimento técnico-científico, por sua vez, impulsionando novas descobertas, gera grandes alterações na vida humana e no trabalho, caracterizando este momento como período da Terceira Revolução Industrial ou Revolução Tecnológica. A exigência de um domínio cada vez maior de conhecimentos e habilidades, para tratar desta realidade diversa e complexa, impõe novas concepções de educação, escola e ensino. A escola, enquanto instituição social, é convocada a atender de modo satisfatório as exigências da modernidade. Se estamos presenciando estas inovações da tecnologia é de fundamental importância que a escola aprenda os conhecimentos referentes a elas para poder repassá-los a sua clientela; pois, é preciso que a escola propicie esses conhecimentos e habilidades necessários ao educando para que ele exerça integralmente a sua cidadania. (PINTO, 1997, p.1)
Pinto (1997) também alerta para a convocação que a escola, enquanto
instituição social recebeu com o intuito de atender de modo satisfatório as
exigências da modernidade e ressalta a importância que existe no fato da escola
aprender os conhecimentos referentes às tecnologias, para poder passá-los para
sua clientela. Ela ressalta que é preciso que a escola propicie esses conhecimentos
e habilidades necessários ao educando, para que ele exerça integralmente a sua
cidadania. Porém, na aplicação das novas nomenclaturas, há que se destacar a
conformação e sentido de palavras como "técnica" e "tecnologias". Pinto deixa claro
36
que o desenvolvimento da técnica, da ciência e da tecnologia, devem ser entendidos
em estreita relação com as determinações sociais, políticas, econômicas e culturais.
Ao fazer uma reflexão sobre os efeitos das inovações tecnológicas que
invadiram e permearam o século XX, desde o seu início, trazendo transformações
em todas as áreas, Costa (2002) lembra que essas transformações tiveram na
comunicação um grande instrumento de difusão e atingiram diretamente a formação
desse novo homem que vivenciou, no início do século passado, transformações
estruturais, que atingiram sua forma de pensar, agir e naturalmente a forma de
assimilar as informações e de gerar a sua formação como um todo. Ele nos diz que:
[...] Todos reconhecemos que inovações tecnológicas dos mais variados tipos introduzem transformações em nossas vidas. Além das transformações que presenciamos em primeira mão, somos capazes de ter acesso a inúmeras outras quando estabelecemos contato, por meio de relatos dos mais velhos, livros, filmes, viagens, etc., com os modos de vida de épocas e lugares em que uma ou outra tecnologia ainda era desconhecida. Esse tipo de contato com o antes de determinada tecnologia, torna fácil perceber as transformações por ela geradas no depois. Quem não sabe que, antes da energia elétrica, a família se reunia ao redor do piano? Quem desconhece que, depois da energia elétrica, o piano foi substituído pelo rádio e, ainda mais recentemente, pela televisão? Alguém que tenha uma geladeira que já parou de funcionar pode desconhecer as transformações que este eletrodoméstico gerou na nossa relação com o mercado de suprimentos? Quantos de nós, acostumados que estamos às calculadoras de bolso, ainda sabemos fazer contas de cabeça ou na ponta do lápis? Não parece haver dúvidas de que nossos comportamentos e hábitos podem sofrer alterações em função do desenvolvimento de novas tecnologias. O difícil é perceber que algumas tecnologias têm impactos bem mais profundos sobre os seres humanos que a ela são expostos, chegando mesmo, embora em raros casos, a gerar transformações internas radicais. Em outras palavras, embora seja fácil detectar que novas tecnologias têm o poder de alterar nossos hábitos e nossas formas de agir, é bem mais difícil registrar que algumas tecnologias também podem alterar radicalmente nossos modos de ser (como pensamos, como percebemos e organizamos o mundo externo e interno, como nos relacionamos com os outros e com nós mesmos, como sentimos, etc.). Do ponto de vista da psicologia, essa dificuldade torna-se particularmente preocupante em um momento ímpar, como o que estamos vivendo neste início do século XXI, em que as novas tecnologias da Informação se expandem, penetram todo o tecido social e transformam o planeta na Aldeia
Global preconizada por Marshall McLuhan¹. (COSTA, 2002, p. 193)
Essas tecnologias e atividades constroem uma relação do homem com a
natureza a sua volta; é o esforço humano em criar instrumentos que superem as
37
dificuldades das barreiras naturais. Neste sentido é que se pode afirmar que a
história do homem e da técnica são entrelaçadas com a história da tecnologia, e que
a técnica é tão antiga quanto o homem. Pode estar aí um bom argumento para a sua
utilização na formação docente. Pinto faz esta afirmação, buscando, na raiz da
palavra, a essencialidade do termo, que assim apresenta:
A teoria (theoreo) e técnica (techné) foram elaborações dos gregos. Na Grécia, entre os séculos Vl e lV a. C., que se deu o desenvolvimento da explicação racional para as questões pertinentes à natureza e ao mundo dos homens. Theoreo, para os gregos, significava ver com os olhos do espírito, contemplar e examinar sem a atividade experimental. Techné estava ligada a um conjunto de conhecimentos e habilidades profissionais. O conhecimento técnico era o trabalho feito com as mãos, como a fabricação de engenhos mecânicos e não o trabalho manual em si. Platão conceituou o termo técnica dando-lhe o significado de uma realização material e concreta; Aristóteles não foi muito além dessa conceituação, pois, entendia a techné como um conhecimento prático que objetiva um fim concreto. (PINTO, 1997, p. 2)
Finalmente, Pinto conclui que a técnica tem sua gênese com a utilização de
objetos e objetivos, que se transformam em instrumentos naturais; estes vão ficando
mais complexos, no decorrer do processo de construção da sociedade humana. O
desenvolvimento técnico-científico, por sua vez, impulsionando novas descobertas,
gera grandes alterações na vida humana e no trabalho, caracterizando este
momento como período da revolução tecnológica, que também se volta para a
educação. A exigência de um domínio cada vez maior de conhecimentos e
habilidades, para tratar desta realidade diversa e complexa, impõe novas
concepções de educação, escola e ensino.
Para Dezotti (2006), o processo reflexivo voltado para a comunicação chega
até a docência, quando surge a preocupação não só com a explanação de algum
conteúdo, mas sim, quando há comunicação real entre o comunicador e o receptor.
E aponta a linguagem do teatro como uma ferramenta adequada para isso. Ela diz
que:
Relacionando ao nosso objeto de estudo (que é a docência), o processo de comunicação acontece quando o professor e o aluno se envolvem na emissão e recepção de uma determinada mensagem (o
38
conteúdo programático), e nesta ação comunicativa, passam a compartilhar do mesmo conhecimento. Acreditamos que a utilização de um determinado canal, neste caso, a linguagem do teatro, possibilitará esta ação comunicativa como um estímulo gerador que levará o aluno à análise e reflexão das informações percebidas. (DEZOTTI, 2006, pag. 25)
Porém, no Brasil, apenas no final dos anos 80, com a chegada de uma nova
etapa política advinda a partir do fim da ditadura militar, implantada nos anos 60, é
que iniciamos com um processo de conscientização em maior escala, do poder
existente na comunicação e no teatro para a evolução dos resultados em diversas
áreas. Houve grande resistência na aceitação das mudanças paradigmáticas
ocorridas no final dos anos 80, com a chegada das novas tecnologias e da rede
mundial de computação.
Vargas (1994), apud Pinto (1997), afirma que na atualidade houve um
alargamento do significado dos termos "tecnologia" e "novas tecnologias"; eles
acabaram tendo vários enfoques, visando finalidades diferentes, em busca de
solução para problemas específicos de áreas diferentes. Assim, o termo tecnologia
tem sido usado para designar: a) técnica; b) máquinas, equipamentos, instrumentos,
a fabricação, a utilização e o manejo dos mesmos e c) estudos dos aspectos
econômicos da tecnologia e seus efeitos sobre a sociedade. Segundo o autor, os
empregos do termo estão equivocados; para ele, tecnologia, no sentido que é dado
pela cultura ocidental, é a “aplicação de teorias, métodos e processos científicos às
técnicas” (Vargas, 1994, p.225)
Grinspun (1999) é citado por Pinto, para explicar a função da tecnologia,
quando afirma que:
“A tecnologia envolve um conjunto organizado e sistematizado de diferentes conhecimentos, científicos, empíricos e até intuitivos voltados para um processo de aplicação na produção e na comercialização de bens e serviços”. (Grinspun, 1999, p.49)
A tecnologia tem como objetivo o aumento da eficiência da atividade humana
em todas as esferas, principalmente na produtiva. A tecnologia e seu uso são a
marca dos novos tempos e apresenta diversas consequências voltadas para o
desenvolvimento humano, com destaque na educação e nas relações sociais.
39
As novas tecnologias podem ser classificadas em mídia, multimídia e
hipermídia. A mídia caracteriza-se por elementos de comunicação, como o rádio, a
televisão, a imprensa escrita, a internet e outros mais, utilizados individualmente. A
multimídia, ancorada na palavra latina "media", que significa vários meios, integra
vários elementos ou aparatos que podem ser elementos ou dispositivos diferentes
interconectados. E finalmente a hipermídia, que são os documentos que incorporam
ao mesmo tempo textos, imagens e som, de maneira não linear, juntos e
separados, intercalados ou escalonados num âmbito de aplicação integral na vida do
homem.
Hoje a educação aponta para necessidades prementes na direção da
utilização dos elementos voltados à multimídia e já há experiências educacionais
que prestigiam a hipermídia, como fonte integral na formação e desenvolvimento
educacional.
Se analisarmos, detalhadamente, todo o conhecimento estudado e
desenvolvido neste trabalho, constataremos que ele tem um suporte de diversas
mídias que são associadas para a sua realização. Também no universo docente, o
professor, na preparação e desenvolvimento de suas aulas, parte em princípio das
obras escritas e estudadas, que dão lastro teórico e prático para sua atuação
docente e, a partir daí, estudam e pesquisam, em bibliotecas físicas e virtuais, em
sites e nas instituições diversas com o objetivo de entrar em contato direto com o
mundo acadêmico mundial, e consequentemente com os melhores e atualizados
conteúdos, quase que em tempo real com a descoberta e divulgação dos mesmos.
Esta realidade já era apontada por Martín (1995), antes da ampliação da rede
mundial de computadores, quando mostra que já havia uma perspectiva de
integração entre as mídias com o objetivo docente da criação de um "documento
multimídia", ou seja, de um material didático que utilizasse os diversos recursos para
a formação do aluno, quando diz:
Cada meio (ou cada componente de um único aparato que processa textos, imagens, gráficos e som) trabalha com documentos específicos, cada um com sua função e, se estes documentos estiverem bem interligados, entre todos eles formam um novo documento audiovisual distinto, que podemos chamar de documento multimídia (MARTIN, 1995, p. 8 e 9).
40
Uma das muitas mudanças ocorridas, na segunda metade do século XX, é
aquela que diz respeito ao acesso à informação, e que alterou substancialmente o
papel do professor, que antes era de "detentor do saber", pelo menos em termos de
conteúdo formal, com a missão de passá-lo adiante. Este papel foi trocado pelo de
"mediador" entre o aluno, e o conhecimento formal e reflexivo. Aí entra novamente a
possibilidade de participação das técnicas e estratégias teatrais e comunicacionais,
para auxiliar nesta ação necessária e que exige técnica e estratégia. E
especialmente no que diz respeito à nossa pesquisa, que está voltada para o ensino
superior, se estabelecem questões estruturais apontadas por Morosini (2000, p.11),
quando indaga:
[...] “Quem é o docente universitário?; Ele está preparado para acompanhar as mudanças do terceiro milênio?; O docente está preparado didaticamente para o exercício acadêmico?” (MOROSINI, 2000, p. 11).
Alves (2005), que busca nas questões apresentadas por Morosini uma
referência para os questionamentos estruturais de sua pesquisa, ainda completa
com a seguinte questão: "Como vem se dando a formação do professor para o
ensino superior?" (ALVES, 2005, p. 23)
No final do século passado, percebemos o início de uma significativa
conscientização sobre a importância das técnicas de comunicação, e em especial,
das técnicas de comunicação teatral, para o bom resultado da comunicação do
professor, como "facilitador", na sala de aula. Alves (2005), nos indica um conjunto
de características do professor universitário, apresentadas por Demo (1996), em
que se considera a inserção do professor universitário como ser histórico, num
contexto sociocultural em que lhe é cobrado:
[...] ser crítico, reflexivo, pesquisador, criativo, inovador, questionador, articulador, interdisciplinar e saber efetivamente se as teorias que propõe a seus alunos podem contribuir para uma nova prática pedagógica e uma mudança em sua prática”. (DEMO, 1996, p.38).
41
Passadas quase duas décadas da afirmação de Demo (1996), especialmente
no ensino superior, não houve qualquer mudança significativa que demonstrasse
alguma ação pontual nesse sentido. Ao contrário, confirmou-se oficialmente a
qualificação do professor universitário, fundamentalmente, a partir da sua titulação
acadêmica. Foi esquecido que a aula é um espaço de comunicação direta, no qual,
num determinado período exíguo de tempo, um indivíduo não só comunica a outros
sobre determinado assunto, mas direciona, por meio do contato que realiza e da
credibilidade e interesse que gera, os resultados positivos ou não de sua
aprendizagem.
A Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996, que estabelece as diretrizes e
bases da educação nacional, em seu Art. 65, diz que: "A formação docente, exceto
para a educação superior, incluirá prática de ensino de, no mínimo, trezentas horas.
"Por que exatamente o educador voltado para o ensino superior não tem
necessidade de qualquer estágio preparatório? Além disso, o Art. 66 da mesma Lei,
diz que: "A preparação para o exercício do magistério superior far-se-á em nível de
pós-graduação, prioritariamente em programas de mestrado e doutorado." E aí vem
a questão novamente: Será que existe atualmente alguma forma objetiva de
preparação eficiente, nos programas de mestrado e doutorado, para a formação do
docente para o ensino superior?
Para responder a estas questões, que permeiam a história recente de nosso
País, nos remetemos às bases mundiais voltadas para a docência, e especialmente
àquelas voltadas para o ensino superior, que já colocam as técnicas teatrais,
associadas à comunicação e suas estratégias, como elementos componentes dos
currículos para a formação docente universitária.
Leite & Ramos (2010), trazem uma significativa contribuição que corrobora as
colocações feitas até aqui, quando apresentam a profissionalidade docente no
ensino universitário sob o seguinte prisma:
[...] A crítica ao paradigma dominante, principalmente pelo reconhecimento da não neutralidade científica e dos limites das barreiras construídas pela especialização científica, tem contribuído quer para um movimento de atenção ao ensino e à aprendizagem desenvolvidos na instituição universitária, quer para o reconhecimento de uma profissionalidade docente específica para o exercício da docência neste nível de ensino. [...] Em função disso, o debate acerca do saber que constitui a base da profissionalidade docente
42
universitária vem sendo desenvolvido no sentido de superar a ideia pré-concebida de que para ensinar basta conhecer o conteúdo da área curricular a que o docente se encontra vinculado, ter talento, ter bom senso, seguir a intuição, ter experiência e ter cultura (LEITE & RAMOS, 2010, p.30)
Ao fazermos um retrospecto histórico, neste capítulo, sobre os caminhos que
transformaram o teatro e a comunicação em ferramentas estratégicas para a
formação docente universitária, no início do século XXI, buscamos mostrar que o
teatro e a Comunicação, por meio dos seus fundamentos, além das suas técnicas e
estratégias, se unem à Educação, para a formação de um novo paradigma, em que
o aluno é o agente do seu desenvolvimento, e o professor, um "mediador".
Esta condição se estabelecerá, cada vez mais, por meio de habilidades
estratégias comunicacionais, tecnológicas e técnicas, que realizam o papel
agregador na sala de aula e fora dela, em consonância com o conteúdo teórico e as
possibilidades didáticas, aplicadas em cada instituição de ensino, segundo suas
características e necessidades.
43
2 . A DIDÁTICA E A EDUCAÇÃO:
eixo teórico - eixo histórico
"A Didática é a mãe dos modelos de qualquer ciência
quando se abrem as pupilas ao novo aprendizado,
desfrutando novos recursos capazes de equilibrar
e entender suas formas."
Erasmo Shallkytton
Ao escolher para esta pesquisa o tema "O Professor e a Comunicação
na Sala de Aula", foquei na importância atribuída à formação didático-pedagógica e
às técnicas de comunicação em sala de aula, voltadas para o estudante de pós
graduação lato sensu, que tem interesse em lecionar no ensino superior e que está
cursando, para tal, a matéria "didática para o ensino superior". Porém, ao trazer
elementos advindos da área teatral, para auxiliar na construção do suporte prático e
técnico da realização docente, muitos leitores poderão confundir-se, imaginando que
foi esquecida a amplitude do termo "didática" e, mais que isso, poderão questionar
até que ponto as referidas técnicas de comunicação em sala de aula atendem aos
apelos didáticos e pedagógicos, necessários para que sejam qualificadas como
implementos voltados para a educação. Roldão (2007), ao discorrer sobre a
formalização do conhecimento profissional ligado ao ato de ensinar, deixa bem clara
a importância de atentarmos para uma "constelação de saberes", necessários ao
bom desenvolvimento docente. Ela diz que:
44
A formalização do conhecimento profissional ligado ao ato de ensinar implica a consideração de uma constelação de saberes de vários tipos, passíveis de diversas formalizações teóricas, científicas, científico-didáticas, pedagógicas (o que ensinar, como ensinar, a quem e de acordo com que finalidades, condições e recursos), que, contudo se jogam num único saber integrador, situado e contextual - como ensinar aqui e agora -, que se configura como "prático". (ROLDÃO, 2007, p. 98)
É a partir deste saber integrador que se configura como "prático", e que tem
como um dos elementos constituintes a qualificação comunicacional e estratégica
em sala de aula, a contribuição desta pesquisa. Para tanto, sentimos a necessidade
de dedicar um capítulo ao conhecimento do eixo teórico, norteador desta pesquisa, e
do eixo histórico que une a didática e a educação, numa perspectiva multidisciplinar.
2.1 Didática e Educação - Eixo Teórico
Educação é o que resta depois de ter esquecido
tudo que se aprendeu na escola."
Albert Einstein
Ao discorrer sobre os saberes da docência, Placco e Souza (2006) fazem a
seguinte pergunta: "A que fontes recorre o professor para desenvolver seu trabalho
diário?". Independentemente do conteúdo estudado, que é elemento constituinte
primordial para a realização docente, as autoras lembram que, ao se confrontar com
a sala de aula real, pode ocorrer um choque entre essas imagens construídas na
preparação solitária da aula, com a sala de aula real. Esse choque pode levar o
professor a frustrações e desistências, como pode também ser fonte de desafio,
reflexão e mudança, o que caracteriza o momento dos descobrimentos, da
experimentação. Particularmente, acredito que, para o professor consciente do seu
papel, esses descobrimentos e experimentações nunca cessarão, pois
acompanharão as mudanças cada vez mais vertiginosas que a sociedade mundial
atravessa. E é nesse momento específico da prática, em que todo o conteúdo pré-
45
estudado e construído é colocado à prova, que entra um elemento fundamental e
estruturante, que é o bom relacionamento entre professor e aluno.
Se não há um bom relacionamento entre professores e alunos (individual e
coletivamente), o processo educacional fica prejudicado. O nosso foco de estudo e
análise discorrerá especificamente sobre este relacionamento no ensino superior, e,
consequentemente, sobre a importância da comunicação na constituição da
identidade desse professor universitário em fase inicial de formação, no qual terá
que transformar as atribuições que lhe foram imputadas, em pertença.
Placco (2006), em seu texto "Perspectivas e dimensões da formação e do
trabalho do professor", apresenta um resumo do estudo que iniciou na sua tese de
doutorado, no qual propôs, como características do professor, da docência e da
formação, três dimensões (técnica, humano-interacional, política), que, ao longo dos
anos, foram muito ampliadas para: técnica ou técnico-científica, humano-
interacional, política, da formação continuada, do trabalho coletivo, dos saberes para
ensinar, crítico-reflexiva, avaliativa, estética, cultural, ética, comunicacional, da
experiência. Ela chama a atenção para as dimensões humano-interacionais
(interpessoais), políticas e éticas, cuja valorização se originou da sua observação e
experiência, vivida junto às escolas. Placco afirma que a vivência escolar ocorre pela
intermediação do afetivo em relação ao cognitivo, ancorado no ético-político. É neste
ponto que entra a comunicação entre os atores do processo educativo na escola,
como elemento primordial para a integração e realização de uma nova prática
docente amplificada e consistente. Ela ressalta que:
Só quando há uma real comunicação e integração entre os atores do processo educativo da escola, há possibilidade de emergência de uma nova prática docente, em que movimentos de consciência e de compromisso se instalam e se ampliam, e uma nova forma de gestão e uma nova prática docente podem ser implementadas. (PLACCO, 2006 ,p. 22 )
A didática, e com ela as técnicas de comunicação aplicadas em sala de aula,
têm como principal objetivo mediar com sucesso a construção desta conversa entre
os atores do processo educativo da Escola. Placco e Souza (2006) ao citar Dubar,
lembram que:
46
[...] o que caracteriza o processo de construção de formas identitárias é uma tensão entre atribuição e pertença, ou seja, há um jogo entre o que nos dizem que somos, como nos identificam, e o que sentimos e pensamos que somos, como nos definimos e nos identificamos. No caso do professor, esta questão assume grande relevância, se pensarmos no que se tem atribuído à função docente, à prática do professor, à sua formação e à sua responsabilidade nos resultados das aprendizagens dos alunos. [...] Logo, não é possível conceber a aprendizagem do adulto, sobretudo do adulto professor, sem considerar o processo de formação identitária. (PLACCO E SOUZA, 2006, p. 21 e 23)
Para Dubar (2005) existem dois eixos de identificação de uma pessoa,
considerada ator social: Um "eixo sincrônico", ligado a um contexto de ação, a uma
definição de situação, e um "eixo diacrônico", ligado a uma trajetória subjetiva e a
uma interpretação da história pessoal, socialmente construída. No caso do
professor, o eixo sincrônico está na proposta formal do conteúdo a ser ministrado
através dos programas e currículos dos cursos, e na expectativa que todos atores
sociais do meio educacional e social (alunos, colegas, instituições de ensino,
sociedade) têm a respeito dele como professor daquela instituição, ou seja, que
atribuem a ele, como docente. Já o eixo diacrônico está na realidade que o
professor traz a partir da sua constituição interna e naquilo que ele acredita fazer
parte dele, ou seja, que pertencem a ele como verdade interior a partir da sua
história pessoal, construída através dos longos anos de estudo e vivência de forma
geral. Daí a trajetória ser subjetiva e particular.
A identidade humana, segundo Dubar (2005), não é dada no nascimento, é
construída. Ele diz que:
[...] ela (a identidade) é construída na infância e, a partir de então, deve ser reconstruída no decorrer da vida. O indivíduo jamais a constrói sozinho: ele depende tanto dos juízos dos outros quanto de suas próprias orientações e autodefinições. A identidade é produto das sucessivas socializações. [...] Entre as múltiplas dimensões da identidade dos indivíduos, a dimensão profissional adquiriu uma importância particular. (DUBAR, 2005, p. XXV-XXVI)
Quando um professor universitário iniciante chega para lecionar, com as
referências práticas de sua trajetória estudantil, e com o conteúdo teórico de sua
47
aula preparado, há uma grande expectativa sua, de aceitação pelo alunado. Ele
aceitou o desafio docente, a partir da sua formação qualificada, de seus títulos
adquiridos com estudo e pesquisa, da sua trajetória profissional em alguma área e
com o aval daqueles que o contrataram. Ele acredita que estes elementos serão
suficientes para a realização docente qualificada, exatamente pelo fato de ter,
durante toda sua existência, observado os professores, em sala de aula, enquanto
aluno. Libâneo (2010) afirma que há uma especialidade na profissão docente, por
ser a única das profissões que proporciona referências práticas para os futuros
profissionais da educação, durante um longo período de vida, no qual podem
observar seus professores, e com isso, irem configurando lentamente a identidade
docente. Libâneo diz que:
Podemos afirmar, sem risco de nos equivocarmos, que a docência é a única das profissões nas quais os futuros profissionais se veem expostos a um período mais prolongado de socialização prévia. Já em 1975, Lortie descobriu que os professores desenvolvem padrões mentais e crenças sobre o ensino a partir dessa tão grande etapa de observação que experimentam como estudantes. A identidade docente vai, assim, se configurando de forma paulatina e pouco reflexiva por meio do que poderíamos denominar aprendizagem informal, mediante a qual os futuros docentes vão recebendo modelos com os quais vão se identificando pouco a pouco, e em cuja construção influem mais os aspectos emocionais do que os racionais. [...] As emoções constituem um elemento essencial no trabalho e na identidade dos professores. Esse vínculo entre os aspectos emocionais e cognitivos da identidade profissional docente deve ser levado em conta na hora de analisar a profissionalização docente. (LIBÂNEO, 2010, p. 12)
Ao retratar a ação docente, Codo e Gazzotti (1999) apresentam os elos que
vão se formando, entre professores e alunos, tendo em vista os aspectos
emocionais e afetivos, citados por Libâneo, que estabelecem um jogo de sedução e
de referência junto ao alunado e que serão naturalmente constituintes da identidade,
do futuro professor. Quando se estabelece o contato real com o alunado e uma
comunicação consistente, há uma real troca entre as duas partes e o interesse do
aluno é despertado. Codo e Gazzotti (1999) dizem que:
Através de um contato tácito, onde o professor se propõe a ensinar e os alunos se dispõem a aprender, uma corrente de elos de afetividade vai se formando, propiciando uma troca entre os dois. Motivação, cooperação, boa vontade, cumprimento das obrigações, deixam de ser tarefas árduas para os alunos. Interesse, criatividade, disposição para exaustivamente sanar dúvidas, estimulam o professor. Em outras palavras, o papel do professor acaba estabelecendo um jogo de
48
sedução, onde ele vai conquistar a atenção e despertar o interesse do aluno para o conhecimento que ele está querendo abordar. (CODO & GAZZOTTI, 1999, p.2)
A afetividade, largamente estudada por Wallon em sua obra, permeia o
processo de formação identitária, em conversa permanente, porque, segundo
Wallon, a afetividade e, como consequência, a emoção, retratada acima por
Libâneo, gera reação interna e externa, voltada para a situação vivenciada.
Mahoney e Almeida (2005), ao apresentarem a teoria do desenvolvimento de
Wallon, relatam que:
[...] Afetividade refere-se à capacidade, à disposição do ser humano de ser afetado pelo mundo externo/interno, por sensações ligadas a tonalidades agradáveis ou desagradáveis; [...] Ser afetado é reagir com atividades internas/externas que a situação desperta; [...] A emoção é a exteriorização da afetividade, ou seja, é a sua expressão corporal, motora. Tem um poder plástico, expressivo e contagioso; é o primeiro recurso de ligação entre o orgânico e o social; [...] Emoção é uma forma concreta de participação mútua, é uma forma primitiva de comunhão, que se apresenta nos ritos coletivos, que funde as relações interindividuais, que funde os indivíduos e as circunstâncias exteriores; [...] É também um instrumento de sociabilidade que une os indivíduos entre si; [...] A emoção é determinante na evolução mental. (MAHONEY & ALMEIDA, 2005)
Porém, além dos aspectos emocionais e cognitivos participantes do processo
de construção identitária, as diversas atribuições imputadas ao professor, que são
volumosas, geram muitas vezes crises e conflitos. Ao defrontar-se com a prática
docente, o professor universitário iniciante percebe muitas vezes que a realidade
apresenta situações que fogem completamente daquilo que fora idealizado,
enquanto atribuição objetiva. Essas situações adversas estão em grande parte
ligadas à falta de estratégia didática, voltada para a compreensão do seu papel
enquanto "mediador" do processo de aprendizagem do aluno. E para realizar este
papel de mediador, ele tem que conhecer e saber utilizar as ferramentas de ligação
entre a teoria estudada e a prática da sala de aula, junto ao alunado, que será
sempre diferente, a cada turma e a cada dia.
Ao discorrer sobre a função específica de ensinar, Roldão (2007) explica que
o entendimento de "ensinar", como sinônimo de "transmitir um saber", deixou de ser
socialmente útil e profissionalmente distintivo da função em causa, num tempo de
49
acesso alargado à informação e de estruturação das sociedades em torno do
conhecimento enquanto capital global. Ela ressalta que:
Ensinar configura-se assim, nesta leitura, essencialmente como a especialidade de "fazer aprender alguma coisa a alguém" (o ato de ensinar só se atualiza nesta segunda transitividade corporizada no destinatário da ação, sob pena de ser inexistente ou gratuita a alegada ação de ensinar) (ROLDÃO, 2007, p. 95)
As técnicas de comunicação são ferramentas estratégicas para que esta
ligação seja estabelecida. Quando o professor iniciante, especialmente o professor
universitário, se percebe numa situação de conflito real entre as atribuições que lhe
foram imputadas e a dificuldade prática na implantação da sua atuação docente
relacionada ao alunado, pode desencadear uma crise de identidade profissional.
Essa crise por sua vez, em situações limítrofes, pode gerar a negação da profissão,
com uma consequente negação daquela atribuição, gerando por vezes, a
desistência. Assim, as técnicas e estratégias de comunicação, em consonância com
as outras ferramentas que a didática apresenta, se tornam elementos importantes
para a constituição da identidade profissional do professor, especialmente no nosso
caso, do professor universitário.
Ao tomar as questões de profissionalismo na categoria dos professores, Gatti
(2009) lembra que a educação se produz em processos interpessoais, nos quais a
identidade e a profissionalidade (condições de cada docente para o exercício do seu
trabalho), ocupam posição central. Ela afirma que a constituição da identidade
docente acaba por desenvolver formas identitárias construídas por experiências de
formação vividas com grandes limitações, bem como, construídas nos limites das
suas vivências profissionais, a partir dessa base. Gatti (2009) complementa:
As condições do exercício profissional dos professores interagem com as condições de formação em sua constituição identitária profissional, conduzindo a formas de atuação educativas e didáticas que se refletem em seu processo de trabalho. [...] Os professores desenvolvem sua profissionalidade tanto pela sua formação básica e na graduação, como nas suas experiências com a prática docente, pelos relacionamentos inter-pares e com o contexto das redes de ensino. (GATTI, 2009)
50
Ao compreendermos que a socialização do individuo está ligada diretamente
aos processos relacionais dos atores, num contexto de ação complexo, percebemos
que há, no universo docente, a necessidade de ações na direção dos dois eixos de
identificação do professor (sincrônico e diacrônico) e as estratégias de comunicação,
aliadas a todo cabedal de ações didáticas, são elementos compositores que
merecem nossa atenção e estudo.
2.2 Didática e Educação - eixo histórico
“Seja princípio do estudo a primeira lição que é para o
discípulo e para o mestre a porta do céu.”
Texto da tradição educacional hindu
Foi na Grécia antiga, por volta de V a.C., que a palavra "didática" foi usada
pela primeira vez. Ela deriva da expressão grega “techné didaktik”, o que pode ser
traduzido por arte ou técnica de ensinar. Quando usada como adjetivo - didático, a
“didática” tinha uma significação muito semelhante à atual, ou seja, indicando que o
objeto ou a ação qualificada dizia respeito a ensino: poesia didática, por exemplo.
No lar e na escola, procedimentos assim qualificados - didáticos - tiveram lugar e
são relatados na história da Educação.
Ela foi objetivo de estudo e de referência de muitos estudiosos na antiguidade
e vale lembrar que a situação didática foi vivida e pensada antes de ser objeto de
sistematização e de constituir referencial do discurso ordenado de uma das
disciplinas do campo pedagógico.
Porém, somente a partir Século XVII, com a inauguração de um campo
de estudos com o nome "didática", a didática começa a ter uma característica que
ditará seu marco histórico. Já neste momento, constitui um marco revolucionário e
doutrinário no campo da Educação, com as obras de dois educadores, Ratíquio e
Comênius.
51
É a partir especialmente de Comênius, educador checo nascido em 1592, no
reino da Boêmia, que unimos a educação e a didática, oficialmente. Comênius era
filho de eslavos, que tinham como religião a cristandade, mais especificamente a
corrente desenvolvida pelos Irmãos Morávios, uma seita histórica que foi muito
popular no século XV. Estes adotavam como língua literária, o checo, em vez do
latim e estudavam integralmente a bíblia, a partir de leituras pontuais.
Comênius começa a refletir aí, numa forma de facilitar a compreensão do que
era lido e cria formas novas de exercitar a leitura e de escrever o mesmo conteúdo.
Na juventude, ele constatou que a escola era desprovida de atrativos e que colocava
os jovens, como verdadeiros adultos que ainda não eram, gerando assim uma
educação por vezes equivocada e monótona. A partir desta constatação, Comênios
implementou ações para alterar esta condição. Encontramos aí, a semente do
pensamento didático contemporâneo.
É dele a frase: "A educação é necessária para todos”, que se tornou emblemática
nos processos de democratização educacional, em diversas partes do mundo. É
dele também o seguinte texto, que serviu durante muito tempo para delinear a
importância da educação:
“O que são os ricos sem sabedoria, senão porcos engordados com farelo? Os pobres sem o conhecimento das coisas o que são, senão burros de carga? Um homem de bom aspecto, mas ignorante o que é, senão um papagaio de bela plumagem? Ou então, como disse alguém (Diógenes Laércio), uma bainha de ouro com um punhal de chumbo? A quem um dia caberá comandar outros, como reis, príncipes, magistrados, pastores e doutores da igreja, a estes, mais que a ninguém, é necessária a educação profunda da sabedoria, assim como os guias precisam ter os olhos treinados, e os intérpretes a língua, a trompa precisa ser capaz de tocar, e a espada de cortar. Do mesmo modo, os súditos precisam ser iluminados, para que saibam obedecer com prudência os que comandam com sabedoria: não por obrigação e com servil obséquio, mas de bom grado e por amor à ordem. Isso porque uma criatura racional deve ser guiada pela razão, e não por meio de gritos, cárcere, pancadas e aqueles que agem de modo diferente ofendem a Deus, que neles também apôs sua imagem e os assuntos humanos estarão cheios – como estão – de violência e descontentamento. Fique estabelecido, pois, que a todos os que nasceram homens a educação é necessária, para que sejam homens e não animais ferozes, não animais brutos, não paus inúteis. Segue-se que alguém só estará acima dos outros se for mais preparado que os outros”. (COMÊNIUS, 2002, p. 75-76)
52
Nesse contexto voltado para a educação, Comênius escreve a sua principal e
mais importante obra, intitulada "Didática Magna", um manual que confere à didática
o status de disciplina autônoma em relação à filosofia e à teologia, concebendo que,
para a educação desenvolver toda a sua tarefa emancipatória, era necessário “dar à
pedagogia uma feição de ciência, de pensamento rigoroso e exaustivo, elaborado
sobre critérios e princípios gnosiológicos (teoria do conhecimento) e
epistemologicamente fundados” (GAMBI, 1999, p. 284).
A obra é dedicada a “todos que presidem as coisas humanas”, nos lembra
Monção (2011), ou seja, aos governantes, aos pastores de igreja, aos diretores de
escola, aos pais e aos preceptores, ressaltando a educação como mola propulsora
para o desenvolvimento do gênero humano e mecanismo de reforma social e de
transcendência. Assim pronuncia-se Comênius, a respeito da finalidade da escola:
[...] Digo que corresponde a seus fins a escola que seja uma verdadeira oficina de homens: onde as mentes dos discentes sejam iluminadas pelo fulgor do saber para penetrar facilmente todas as coisas secretas e manifestas [...] onde os espíritos e suas paixões sejam encaminhados para a harmonia universal das virtudes, onde os corações ardam de amor pela divindade [...] Numa palavra, onde todos aprendam totalmente tudo. (COMÊNIUS, 2002, p. 103)
A análise da totalidade da obra de Comênius possibilita Monção (2011) a
afirmar que para ele a educação tem como pressuposto fundamental a
educabilidade do ser humano, que se coloca em movimento por meio da ação
educativa e, portanto, que o homem aprende em contato com os outros homens.
Esta afirmação nos remete a Placco e Souza (2006, p. 23), quando dizem que a
aprendizagem do adulto decorre de uma construção grupal e que a aprendizagem
se dá a partir do confronto e do aprofundamento de ideias.
Em diferentes passagens do livro Didática Magna, Comênius considera a
dimensão individual e coletiva ou social da educação, compreendendo-a como
ampliação do universo cultural do indivíduo e instrumento de mudança da
sociedade. Em outras palavras, pode-se afirmar que Comênius considera que o
homem aprende a ser homem por meio da educação, e que esta deve ser assumida
por toda a sociedade. Diz ele:
53
[...] a arte das artes está em formar o homem, o mais versátil e mais complexo de todos os animais [...] ensinar a arte das artes é, portanto, tarefa árdua, que requer juízo atento não só de um homem, mas de muitos, porque ninguém pode ser tão atilado que não lhe escape muitas coisas. (COMÊNIUS, 2002, p. 14-15)
A partir deste contexto, a didática e a educação iniciaram uma trajetória
partilhada, onde é perceptível que a comunicação desponta como um dos elementos
estratégicos de composição da didática, já apontada por Comênius no século XVII e
seguido até os dias atuais.
Nos séculos XVIII e XIX, houve um período de estagnação do processo
educacional e consequentemente didático. Somente a partir da segunda metade do
século XIX, tem início um movimento de retomada dos valores relacionados à
educação. Neste período de revoluções intelectuais e sociais, o início da
industrialização gerou a necessidade de uma formação qualificada, dos operários e
trabalhadores. O desafio era encontrar uma forma de fazer com que as diferentes
classes sociais aprendessem da melhor forma possível o conteúdo desejável para
suas necessidades profissionais ou de casta social. Esta necessidade gerou uma
nova fase da reflexão da didática na educação e da comunicação estratégica em
sala de aula.
É nesse momento, já nos primórdios do século XX, que a didática é definida
como uma área das ciências da educação, que pesquisa a práxis pedagógica,
suas condições e modos de realização, de forma a atingir os objetivos do ensino.
Porém, como a realização do processo escolar ocorre principalmente em sala de
aula, ainda ficava difícil. naquele período, conseguir o seu objetivo, que era
ultrapassar esse espaço, uma vez que os alunos, apropriando-se dos
conhecimentos sistematizados, atuariam de forma diferenciada no meio social em
que viviam.
Em seu artigo, "A eficácia da didática no ensino superior", Neto (2011) deixa
claro que, a partir do final do século XIX, a Didática passou a buscar fundamentos
também nas ciências, especialmente na Biologia e na Psicologia, graças às
pesquisas experimentais do início do século XX. Aí surgem os movimentos de
54
reforma escolar tanto na Europa quanto na América. Por conseguinte, esses
movimentos reconheciam a insuficiência da didática tradicional e aspiravam a uma
educação que levasse em conta os aspectos psicológicos envolvidos no processo
de ensino. Essas tendências pedagógicas são denominadas de Pedagogia da
“Escola Nova”. Esses movimentos surgiram dentro de um contexto histórico-social
que teve como foco principal o processo de industrialização, com a burguesia
reafirmando a supremacia de sua classe e difundindo suas ideias liberais. Neto
(2011) explica os fundamentos da "Escola Nova" ao dizer:
A Escola Nova tinha a pretensão de ser um movimento de renovação pedagógica, e fundamentalmente técnico, que buscava a aplicação educativa de conhecimentos derivados das ciências do comportamento. No entanto, a partir do século XX, a didática passou a seguir os princípios da Escola Nova. Nessa perspectiva, passou-se a valorizar os princípios de atividade, liberdade e individualização. Exclui-se a visão de que a criança era um adulto em miniatura, acreditando nela como um ser capaz de se adaptar a cada uma das fases de sua evolução. A ideia basilar da Escola Nova é de que o aluno aprende melhor por si próprio. A preocupação com as diferenças individuais e a utilização do lúdico educativo passaram, portanto, a ter maior destaque. Nesse momento, a Escola Nova passou a considerar o aluno como sujeito da aprendizagem. O professor ficaria incumbido de colocar o aluno em situações de mobilização global de suas atividades, possibilitando a manifestação de atividades verbais, escritas, plásticas, ou de qualquer outro tipo. O centro da atividade escolar não seria, no entanto, nem o educador nem a matéria, mas o aluno ativo e investigador. Ao professor caberia essencialmente incentivar, orientar e organizar as situações de aprendizagem, adequando-as às capacidades e às características individuais dos alunos. (NETO, 2011, p. 1)
Todos estes preceitos instituídos a partir da "Escola Nova" transferem para o
aluno a protagonização da sua formação e, com isto, uma nova relação entre
professores e alunos. Esta nova relação se dá principalmente através da
comunicação estabelecida e vivenciada em sala de aula, mas também fora dela.
Do início da década de 1950 até a década de 1970, o ensino da Didática
privilegiou, segundo Neto (2011), métodos e técnicas de ensino com vistas a garantir
a eficiência da aprendizagem dos alunos e a defesa de sua neutralidade científica. O
tecnicismo passa a assumir um posicionamento fundamental na educação e
principalmente no ensino da didática. A didática passou a salientar a elaboração de
planos de ensino, a formulação de objetivos, a seleção de conteúdos, as técnicas de
55
exposição e de condução de trabalhos em grupo e a utilização de tecnologias a
serviço das atividades educativas. Neto (2011) completa:
[...] A didática passa a ser vista como um conjunto de estratégicas para o alcance da obtenção da educação, confundindo-se com a metodologia do ensino. Seus propósitos eram, entretanto, os de fornecerem ajudas metodológicas aos educadores para ensinar bem, sem se perguntar a serviço do que e a quem ensina.(NETO, 2011,p. 1)
Nas décadas de 80 e 90, a didática começa a ser tratada sob a ótica da
investigação pedagógica, como um conhecimento relacionado a processos de
ensino e aprendizagem que ocorrem em ambientes organizados de relação e
comunicação intencional, visando à formação integral dos alunos, e à sua
participação em sala de aula como elemento fundamental para a realização docente.
E este movimento leva até a constituição do professor, enquanto "mediador".
Roldão (2007) esclarece isso no seu texto que trata da função docente,
ressaltando a figura da "dupla transitividade", ou seja, além de haver consistência no
conteúdo preparado e apresentado em sala de aula pelo professor, como um
elemento transitivo essencial para a realização docente, há necessidade do foco no
outro elemento transitivo, que é o destinatário da ação, no caso o aluno.
Desde o final do século XX, segundo Faria e Casagrande (2004), tem sido
amplamente discutida a educação transformadora, que deve ser feita em profunda
interação entre o educador e o educando, voltada especialmente para a
reelaboração dos conhecimentos e habilidades aprendidos e a produção de novos
conhecimentos. Para tanto, deverão ocorrer ações como a reflexão crítica, a
curiosidade científica, a criatividade e a investigação, dentro da realidade dos
educandos, tendo o professor a responsabilidade de articular metodologias de
ensino caracterizadas por variedade de atividades estimuladoras da criatividade dos
alunos.
Com a chegada do novo século, foram estabelecidas metas
educacionais ambiciosas para o desenvolvimento da educação no Brasil e no
mundo. Atreladas a estas metas está sedimentada a necessidade de novos
paradigmas relacionados à realização docente. Fica clara, na trajetória histórica da
educação e da didática, apresentada neste capítulo, que saltos foram dados, porém,
56
há que se compreender as transformações do novo século, com suas novas
gerações de estudantes, conectados mundialmente pelas redes virtuais e que têm
naturalmente uma nova formulação de necessidades e características, voltadas para
novas formas de conexão, comunicação e formação.
"Age idiotamente aquele que pretende ensinar aos alunos
não quanto eles podem aprender, mas quanto ele próprio deseja"
Comênius
57
3 . CAMINHOS DA PESQUISA – METODOLOGIA
"Pesquisar é ver o que outros viram,
e pensar o que nenhum outro pensou."
Albert Szent-Gyorgyi
Ao elaborarmos a estratégia para a realização da pesquisa ligada ao
tema de nossa dissertação, percebemos que, pelo fato de a proposta estar
ligada exatamente ao processo comunicacional em sala de aula, qualquer
que fosse o procedimento, deveria prestigiar a comunicação direta e
expressiva. Assim, optamos pela realização de pesquisa qualitativa, que
prestigia naturalmente essa proximidade e interação.
Os métodos qualitativos são apropriados quando o fenômeno em estudo
é complexo, de natureza social e não tende à quantificação. Normalmente,
são usados quando o entendimento do contexto social e cultural é um
elemento importante para a pesquisa. Para utilizar métodos qualitativos, é
preciso aprender a observar, registrar e analisar interações reais entre
pessoas, e entre pessoas e sistemas. (Liebscher, 1998, p. 668)
Como a nossa pesquisa parte da experiência vivenciada por meio do
Projeto Mestre, curso que desenvolvemos, aliando as técnicas de
comunicação extraídas do universo teatral, adaptadas para a construção das
técnicas comunicacionais utilizadas pelo professor universitário, em sala de
aula, concluímos que a pesquisa deveria ser realizada com alunos
participantes deste curso, que estivessem exatamente no meio de sua
trajetória de formação, vivenciando, no momento da pesquisa, as técnicas,
58
estratégias e o conteúdo do referido curso.
Outra particularidade da proposta está ligada às características dos
sujeitos da pesquisa, porque nossa proposta tem como foco especialmente
os estudantes de pós-graduação lato sensu da área do direito que têm
interesse em lecionar.
A partir deste perfil, buscamos realizar a pesquisa com estudantes de
pós-graduação lato sensu, da Escola Superior da Procuradoria Geral do
Estado de São Paulo - ESPGE, para quem prestamos este serviço
educacional, e que estavam exatamente no meio de seus cursos de "didática
para o ensino superior". É importante ressaltar que todos os sujeitos da
pesquisa escolheram ter a referida matéria "didática para o ensino superior" e
poderiam ter optado por outra matéria correlata com a temática jurídica da
sua pós-graduação.
Desta forma, a pesquisa tem outro aporte, pois trabalha com sujeitos
que realmente optaram pela formação docente, com o intuito futuro de
lecionarem no ensino superior.
3.1 Perfil do Curso realizado pelos sujeitos da pesquisa
O curso, que tem o título "didática para o ensino superior", com duração
de 60 horas, ou seja, 1 semestre letivo, com aulas de 4 horas semanais,
divididas em 15 encontros, faz parte dos cursos de pós-graduação da Escola
Superior da Procuradoria Geral do Estado de São Paulo - ESPGE e são
opcionais para as turmas, que têm como tema básico de suas pós-
graduações, propostas ligadas a alguma especialidade do Direito*.
*O Projeto Mestre aplica na ESPGE, parte do seu curso regular de formação em comunicação para suporte na formação didática do professor, que tem a duração integral de 144 horas de aula, adaptando-o à condição estabelecida pela Instituição voltada para a pós-graduação, e que tem, em seu currículo, a referida matéria.
59
No caso da nossa pesquisa, foram escolhidos sujeitos que
participaram da Pós-graduação em Direito Processual Civil, todos advogados
e procuradores do Estado, além de sujeitos advindos da Pós-graduação em
Direito Ambiental, formados em diversas áreas, que mantém relação com
meio ambiente e com o Direito.
A Pós-graduação (Especialização lato-sensu) de que participam os
sujeitos da nossa pesquisa tem duração integral de 360 horas, e à matéria
"didática para o ensino superior" é delegado um total de 60 horas.*
A matéria "didática para o ensino superior" tem, como conteúdo
principal, a análise do processo educacional e comunicacional, além da
análise das necessidades dos alunos, o que estimula a reflexão e a
perspectiva de uma nova formulação da prática docente, voltada para o
ensino universitário.
As aulas são sempre divididas em etapas bem definidas e delineadas,
que chamamos "quadros". Numa primeira parte da aula, o alunado em
conjunto, a partir de estratégias criativas, estuda um conteúdo teórico
indicado pelo professor. Já na segunda parte da aula, este conteúdo servirá
de estímulo para exercícios integralmente práticos.
Uma das ferramentas mais importantes do curso como um todo é a
reflexão realizada entre todos os participantes das turmas, ao final de cada
realização e tema abordado. Toda aula tem um tema específico que inicia e
termina no mesmo dia, apesar do aluno conseguir fazer a conexão entre
todos os temas estudados durante o curso.
Aula a aula, os temas vão sendo trabalhados, aliando a consciência
teórica ao implemento prático e personalizado, quase artesanal (o trabalho
leva em conta as características de cada aluno).
____________________________________________________________
*Os cursos de Pós-graduação oferecidos pela Escola Superior da Procuradoria Geral do Estado de São Paulo – ESPGE, são diferenciados. Os alunos interessados têm a oportunidade de cursá-lo gratuitamente, desde que passem em avaliação e seleção criteriosa. Além disso, é exigido que tenham o comprometimento com as escolhas realizadas. Desta forma, durante todo o período do curso não há evasão e a participação é maciça, do início ao fim.
60
As turmas têm 25 a 30 alunos e todos os interessados têm condição de
realizarem suas atividades, não só coletivamente, mas também
individualmente, sempre fazendo uma ponte com a sua história de vida, com
as suas experiências práticas como aluno e com o ideal que tem, voltado
para a docência.
Nos itens 3.7 e 3.8 (procedimento nas entrevistas realizadas e perfil dos
sujeitos selecionados), serão apresentados os sujeitos e a forma pela qual
foram inseridos na pesquisa.
3.2 Revisão de Literatura
A revisão de literatura é um momento fundamental da pesquisa,
porque assegura o ineditismo da pesquisa realizada, além de podermos
amealhar dados estruturais que auxiliarão na nossa pesquisa, no constructo
teórico e na análise prática dos dados pesquisados.
Neste trabalho, a revisão de literatura foi feita por um período de 9
meses consecutivos, a partir do terceiro mês do mestrado, e teve como base
as principais fontes de pesquisa a que temos acesso, como relataremos na
sequência deste capítulo.
Foram lidos os resumos de todos os trabalhos acadêmicos
pesquisados, que apresentaram alguma relação com o tema de nossa
pesquisa. Ao término de cada etapa da revisão, eram feitas anotações para a
seleção dos principais trabalhos, temas, referências bibliográficas e resumo
pontual dos principais itens.
A partir das palavras chaves que serviram para a construção do
problema e da hipótese fundante desta pesquisa, que são: comunicação,
didática, ensino superior, professor e comunicador, foi feita uma busca nos
bancos de dados das bibliotecas da PUC-SP, do banco de teses da CAPES,
na Scientific electronic library online - Scielo, além da Universidade Nova de
61
Lisboa, a partir de viagem que fizemos às paragens lusitanas. Também
fizemos uma pesquisa pela internet, através dos sites de busca,
especialmente os acadêmicos. Nestes últimos, somente para verificar se
havia algum trabalho com o mesmo nome, mas sem qualquer interesse em
análise dos trabalhos encontrados na referida busca, pois, a maioria dos
trabalhos significativos parte das Instituições pesquisadas.
Essencialmente, a busca focou nas dissertações e teses encontradas
a partir das palavras-chave e da sua associação, mas não descartei qualquer
publicação, quer sejam livros e artigos, para a verificação da originalidade do
trabalho em curso.
Tanto na pesquisa efetuada no Brasil, como naquela efetuada em
Portugal, não foi encontrado qualquer trabalho que tenha como foco a
associação direta das técnicas de comunicação, com a didática e a docência
para o ensino superior, em seu título. Porém, foi encontrado um rico material
em cada um dos segmentos pesquisados, a partir das palavras-chave
selecionadas individualmente (didática – comunicação – ensino superior). O
material compilado serviu de base para a realização da pesquisa e estão
relatados em detalhes no “apêndice A”, gravados em CD, e que
acompanham este estudo.
O referido “apêndice A”, contém de forma detalhada, toda a pesquisa
realizada, inclusive com a quantidade de textos pesquisados, gráficos
explicativos, além de uma pesquisa complementar sobre os principais
autores citados nas pesquisas relacionadas às palavras chave, além da
citação de alguns trabalhos que mereceram destaque.
3.3 Idealização da Pesquisa
A proposta de uma pesquisa qualitativa, focada na percepção de
atribuições e pertenças, constituídas tanto na formação dos entrevistados,
durante a sua existência, como na vivência do curso de didática que
62
realizam, teve, como instrumento final, uma entrevista que desenvolvemos
durante um período de 3 meses, estudando as alternativas e selecionando a
estratégia, para conseguirmos os melhores resultados, voltados para o
problema, foco de nossa pesquisa.
O instrumento idealizado foi constituído num modelo de entrevista
individual e presencial, realizada na sala de aula, local de estudo do sujeito
entrevistado, de modo que o pesquisador pudesse estimular e ampliar as
possibilidades de relatos espontâneos e enriquecedores para a posterior
análise e conclusões.
A proposta inicial foi a construção de um instrumento de pesquisa que
desse condição ao pesquisador-entrevistador e ao sujeito entrevistado de
complementarem as suas ideias e pensamentos e também ampliá-los, de
forma que a futura análise tivesse um número significativo de dados.
3.4 Construção do Instrumento de Pesquisa
O instrumento de pesquisa foi desenvolvido a partir de 3 etapas bem
definidas: etapa 1 - com questão de aquecimento; etapa 2 - com questões
centrais; e etapa 3 - com questão de encerramento. Para cada uma dessas
etapas foram construídas perguntas, com objetivos específicos, que
descreveremos nos parágrafos posteriores. (Apêndice B)
Na etapa 1, desenvolvemos uma questão de aquecimento, que
essencialmente tinha o seguinte questionamento:
Vamos pensar um pouco no que você aprendeu no curso de didática até aqui. Você acha que mudou alguma coisa em você, ou seja, no seu conceito do que significa lecionar, a partir das aulas realizadas até o momento? Fale um pouco sobre isso.
63
Nosso objetivo com esta questão era especificamente introduzir o tema
e buscar uma conexão entre o aluno, sujeito da pesquisa, e a nossa
proposta, tendo como foco a investigação da importância atribuída às
técnicas de comunicação, e a investigação das concepções do aluno em
relação ao curso.
Na etapa 2, desenvolvemos 7 questões centrais, que são:
1. Você consegue citar, no curso de didática, algumas técnicas e estratégias de comunicação que você aprendeu?
2. Na sua opinião, qual é a importância de um professor do ensino superior ter formação em didática, com ênfase na comunicação, para o bom desempenho docente? Por quê?;
3. E dentro da importância que você apresenta da formação didática, como você vê a importância da comunicação didática, com ênfase na comunicação? Por quê?;
4. É comum presenciarmos ou mesmo vivenciarmos, em sala de aula, dificuldades de aprendizagem ou problemas de aproveitamento de alunos, em decorrência de alguma falha ou dificuldade de desempenho do professor. Fale um pouco sobre os problemas de aproveitamento em sala de aula, que você presenciou ou vivenciou como aluno.
5. E que sugestões você faria àquele(s) professor(es), hoje, se você pudesse?
6. Você falou de várias coisas ligadas a problemas de comunicação que vivenciou. Do que você falou, o que aprendeu até agora no curso de didática, que pode ajudar a minimizar estes problemas, caso seja você o professor?
7. Como você acha que estas estratégias e técnicas ajudarão você na atuação, como professor? Elas fazem a diferença?
Nossos objetivos principais com as questões centrais foram os de
investigar a importância atribuída às técnicas de comunicação; ao conceito
de lecionar; ao que significa ser professor e o quanto as técnicas de
comunicação aprendidas no curso de didática para o ensino superior,
ministrado pelo Projeto Mestre, podem melhorar ou ampliar esse conceito.
Além disso, buscamos, com as referidas questões centrais, investigar a
importância e função das estratégias e técnicas de comunicação na formação
64
do professor, além de buscar essencialmente relacionar o aprendizado
destas estratégias e técnicas, com o problema da nossa pesquisa.
Finalmente, com estas questões, buscamos alcançar a visão pessoal e a
identificação que cada sujeito realiza a partir do curso em questão e quais
projeções ele faz, a partir da sua própria experiência de vida.
Na etapa 3, que finaliza a entrevista, solicitamos algum comentário,
alguma sugestão ou observação sobre o que foi perguntado e sobre o
assunto em geral. Nosso objetivo, com esta questão de encerramento, foi o
de angariar relatos de pertença e projeções possíveis, que as estratégias e
técnicas docentes evocam. Todas as entrevistas foram transcritas e
acompanham este trabalho, tanto a transcrição integral, como as frases
selecionadas, dos sujeitos escolhidos . (Apêndices C e D)
3.5 Entrevistas teste
Para a validação das questões produzidas, foram realizadas duas
entrevistas que serviram como teste, até chegarmos à constituição final do
instrumento que serviu de base para a nossa pesquisa. Elas foram feitas com
sujeitos que tinham o mesmo perfil dos sujeitos que seriam entrevistados
posteriormente. Eram Pós-graduandos em direito, com interesse em lecionar
no ensino superior.
As duas entrevistas realizadas surtiram um resultado satisfatório, sem
que qualquer pergunta tenha ficado sem resposta, ou com respostas muito
curtas. Desse modo, não houve alteração nas questões propostas e
confirmamos a validade das questões produzidas.
65
3.6 Parecer consubstanciado do CEP - Aprovação e TCLE
A partir das perguntas validadas e do instrumento aprovado, entramos
com todos os documentos concernentes à nossa proposta de pesquisa no
CEP - Conselho de Ética da Pontifícia Universidade Católica - PUC-SP, que
confirmou a não existência de riscos, e de que os benefícios são na área
acadêmica, especificamente na análise curricular, frente à sua possibilidade
de enriquecimento.
O referido Conselho reiterou ainda a importante relevância acadêmica
da pesquisa realizada e confirmou que a nossa pesquisa atende à resolução
196/96 da CONEP, CNS.MS., e assim deu parecer favorável à sua
realização, aprovando a mesma, sem qualquer restrição ou exigência, ou
apreciação posterior do CONEP. (Anexo A)
Ultrapassada esta etapa, construímos um termo de consentimento livre
e esclarecido (Apêndice E), em que foi apresentado o tema da pesquisa, seu
objetivo, além do teor da participação do sujeito voluntário e dos dados, tanto
do pesquisador, como de sua orientadora, para qualquer esclarecimento
futuro ao entrevistado. Este documento serviu essencialmente para situar o
sujeito da pesquisa no tema e na proposta e também serviu de autorização
do mesmo para que seu depoimento seja utilizado, com o anonimato
preservado, e com liberdade para divulgação dos dados obtidos e analisados
a partir do seu relato.
3.7 Procedimento nas entrevistas realizadas
Inicialmente, mantivemos comunicação com a diretoria da Escola
selecionada, para obtermos a autorização por escrito da própria diretora, a
Dra. Patrícia Ulson Pizarro Werner, que acedeu à nossa proposta e permitiu,
por meio de documento oficial, a instalação de nossos procedimentos de
pesquisa.
66
Após aprovação por escrito de nossa proposta, passamos a divulgar o
nosso projeto de estudo e de pesquisa junto ao alunado participante do curso
de "didática para o ensino superior".
A partir da divulgação da nossa proposta de entrevistas, tivemos um
número significativo de 37 voluntários, de um total de 46 alunos, dispostos a
participar da mesma. Destes, selecionamos aqueles que demonstraram
maior disponibilidade para a realização da entrevista, e chegamos ao número
de 6 voluntários, sendo 3 homens e 3 mulheres. Elaboramos a seguir, um
gráfico que dimensiona o grau de interesse pelo tema e pela pesquisa, por
parte dos alunos, participantes do curso:
Gráfico 1 - que demonstra o grau de interesse dos alunos da ESPGE, em participar da pesquisa
A partir do gráfico acima, podemos detectar que o número de
interessados em participar da pesquisa abrange quase que a maioria dos
alunos do curso, o que já mostra o grau de interesse pelo assunto e também
o grau de consciência do papel que estes alunos exercem como sujeitos de
pesquisas para o estudo e a investigação, voltados para o tema que
desenvolviam em aula. Tivemos que selecionar apenas uma pequena
alunos interessados
não selecionados74%
alunos não interessados
14%
alunos interessados e selecionados
para entrevista12%
total de alunos = 46 // total de
interessados = 3786% interessados
14% não interessados na
pesquisa
Gráfico de interesse participação na pesquisa
67
parcela deste total, o que foi feito apenas por questão de condição temporal
dos participantes, pois todos os alunos interessados faziam parte do perfil
selecionado para a nossa pesquisa.
Após a leitura e assinatura do referido termo de consentimento livre e
esclarecido, entregamos um questionário padronizado para todos os
entrevistados, que contém o nome da pesquisa e a solicitação dos dados do
entrevistado, que serviram para delinearmos o perfil dos mesmos e também
para que pudéssemos situá-lo, a qualquer tempo, dentro do processo de
análise dos dados.
Finalizada esta etapa, foram feitos os agradecimentos pela
participação no estudo e iniciadas as questões. Para melhor resultado,
construímos uma ambientação em que ficamos sempre próximos, frente a
frente, como numa conversa informal.
As entrevistas foram todas gravadas e posteriormente transcritas
integralmente, para a devida análise (Apêndice C). Enquanto o sujeito
entrevistado respondia cada questão, fazíamos anotações das expressões,
dos gestos, dos trejeitos e da maneira como os entrevistados encaravam
cada questão, para que, posteriormente, na análise, não perdêssemos
nenhum detalhe significativo que auxiliasse na interpretação das respostas.
O período de entrevista girou em torno de 45 minutos, tendo a
entrevista mais longa 56 minutos e, a mais curta, 39 minutos de duração, do
início ao fim.
Tanto o gravador, como o relógio que marcou o tempo não ficaram
ostensivamente diante dos entrevistados, o que, percebemos, gerou uma
maior tranquilidade para a realização das entrevistas, que transcorreram, de
forma geral, sem qualquer dificuldade, além de terem a característica de
serem próximas e depoimentais.
68
3.8 Perfil dos sujeitos selecionados
Foram selecionados para a pesquisa 6 sujeitos, sendo 3 do sexo
masculino e 3 do sexo feminino. As idades variaram entre 32 anos e 56
anos.
Todos os sujeitos têm curso superior completo, sendo que 2 sujeitos já
têm mestrado e 2 sujeitos já fizeram uma pós-graduação lato-sensu
anteriormente, além de 1 um dos sujeitos já ter concluído um MBA. (os
dados complementares dos sujeitos estão no “Apêndice C”)
Todos os sujeitos participantes da pesquisa têm intenção de lecionar
no ensino superior.
“A tarefa essencial do professor é despertar
a alegria de trabalhar e de conhecer.”
Albert Einstein
69
4. RESULTADO DAS PESQUISAS E ANÁLISE DOS DADOS
" Não existem fatos, apenas interpretações."
Friedrich Nietzsche
Neste capítulo, analisaremos as respostas trazidas pelos sujeitos
entrevistados, com o objetivo de captarmos a visão concebida por estes
sujeitos a partir das suas experiências como alunos, antes do inicio do curso
de didática para o ensino superior realizado pelo Projeto Mestre, e as
alterações proporcionadas a partir dele. É relevante lembrarmos que a
proposta de uma pesquisa qualitativa, quando embasada na análise de um
grupo de sujeitos que fazem parte do nosso universo de atuação, não tem
como proposta simplesmente a originalidade, mas uma nova ótica, uma nova
forma de vislumbrarmos e de refletirmos sobre as experiências concretas, a
partir do tema em questão. Duarte (2002) deixa isso bem claro quando reflete
sobre o trabalho de campo e diz:
Uma pesquisa é sempre, de alguma forma, um relato de longa viagem empreendida por um sujeito cujo olhar vasculha lugares muitas vezes já visitados. Nada de absolutamente original, portanto, mas um modo diferente de olhar e pensar determinada realidade a partir de uma experiência e de uma apropriação do conhecimento que são, aí sim, bastante pessoais. (DUARTE, 2002, p. 138)
A partir destas reflexões, construímos um roteiro para analisar e categorizar os dados compilados nas entrevistas, composto dos seguintes
70
itens:
Imagens da docência – que contempla tanto as referências práticas que o
sujeito tem da docência, como também as idealizações que ele tem,
relacionadas ao universo docente.
Atribuições e pertenças – que faz a compilação e análise dos modelos
atribuídos e dos modelos assumidos, relacionados com o universo
docente, a partir dos relatos obtidos nas entrevistas.
Importância da Comunicação na Docência – que objetiva selecionar a
importância atribuída à comunicação, pelos sujeitos entrevistados. Esta
categoria foi dividida em duas subcategorias: “como motivação” e “como
ferramenta”.
A primeira – como motivação – tem o objetivo de selecionar e analisar todos
os relatos em que a comunicação serviu como estímulo direto para o sujeito
entrevistado.
Já a segunda – como ferramenta – busca selecionar falas em que o sujeito
entrevistado encontrou na comunicação, um elemento constitutivo do
processo e da “engrenagem” de funcionamento e aprimoramento da
docência.
Da percepção à reflexão – tem como foco refletir sobre as alterações de
concepção sobre a importância da comunicação e didática em sala de aula, a
partir do curso com foco na didática para o ensino superior, em andamento.
Numa primeira análise geral das entrevistas, observamos que os seis
sujeitos entrevistados demonstram não só um grande interesse pelo curso de
didática e seu conteúdo, como também pelos resultados que começam a
71
perceber no seu próprio desempenho pessoal, a partir do implemento
comunicacional.
As perguntas feitas nas entrevistas funcionaram como estímulo,
para que os sujeitos entrevistados conseguissem ficar à vontade e relatar
suas experiências pregressas e presentes. Por fim, estimulamos através das
questões apresentadas, uma reflexão sobre o curso em andamento.
Tacca (2008) nos lembra que somente quando a estratégia
pedagógica enfoca o pensamento do aluno, que se sustenta em suas
emoções, e, no nosso caso, de um aluno estimulado para responder
questões voltadas para sua experiência em sala de aula, ela pode criar zonas
de possibilidades na direção de novas aprendizagens. Compreende-se aqui
como “estratégia pedagógica” o processo pelo qual os alunos e o professor
entram em sintonia de pensamento, tendo em vista compreender as relações
entre as coisas.
4.1 - Análise das entrevistas
As entrevistas realizadas com os seis alunos do curso de didática para
o ensino superior do Projeto Mestre, sujeitos desta pesquisa, geraram a
seleção de 165 anotações de frases, ditas pelos entrevistados, que serão
analisadas neste capítulo. Todas as falas selecionadas foram interpretadas e
estudadas em consonância com as expressões detalhadas de tudo o que foi
percebido, quando da realização das entrevistas. Todas as expressões, os
gestos e as reações perceptíveis dos entrevistados foram anotados,
enquanto eram gravadas as entrevistas, e serão considerados, quando for
realizada a análise dos dados.
Vencida a etapa de classificação e organização do material, focos da
nossa pesquisa, passamos para a fase atual, em que faremos uma análise
detalhada e interpretativa dos dados.
Duarte (2002) faz uma analogia desta etapa de uma pesquisa, com o
72
1 Conforme a mitologia, Teseu, um jovem herói ateniense, sabendo que a sua cidade deveria pagar a Creta um
tributo anual de sete rapazes e sete moças, para serem entregues ao insaciável Minotauro, que se alimentava de carne humana, solicitou ser incluído entre eles, para tentar matar o monstro. Em Creta, encontrando-se com Ariadne, a filha do rei Minos, apaixonou-se por ela e ao dizer que iria lutar contra o Minotauro, recebeu dela um novelo que deveria desenrolar ao entrar no labirinto, onde o Minotauro vivia encerrado, para desta forma, encontrar a saída. Teseu adentrou o labirinto, matou o Minotauro e, com a ajuda do fio que desenrolara, encontrou o caminho de volta. Retornou a Atenas em estado de glória, levando como prêmio, a princesa.
mito de Ariadne1. O mito envolve a ideia de labirinto, local sem saída
aparente, a menos que encontremos o seu segredo, reconheçamos as suas
encruzilhadas e tenhamos o fio que nos conduza por seus trajetos. Ao
usarmos a metáfora do labirinto para introduzir nosso estudo sobre as
entrevistas realizadas, temos como objetivo desvendar os segredos,
percorrer os trajetos, marcar encruzilhadas e confluências de uma linguagem
que nos conduza à análise da importância da comunicação na formação
docente, para os sujeitos entrevistados. Assim, Duarte (2002) reitera que:
[...] Fragmentos de discursos, imagens, trechos de entrevistas, expressões recorrentes e significativas, registros de práticas e de indicadores de sistemas classificatórios constituem traços, elementos em torno dos quais se construirão hipóteses e reflexões, serão levantadas dúvidas ou reafirmadas convicções. Aqui, como em todas as etapas de pesquisa, é preciso ter olhar e sensibilidade armados pela teoria, operando com conceitos e constructos do referencial teórico como se fossem um fio de Ariadne, que orienta a entrada no labirinto e a saída dele, constituído pelos documentos gerados no trabalho de campo. (Duarte, 2002, p. 139-154)
É importante ressaltar que, pelo fato de não ser do escopo deste
trabalho discutir concepções didáticas, vão ser expressas as posições e as
opiniões dos sujeitos entrevistados, no que eles entendem por didática, isto
é, uma concepção baseada no senso comum.
A análise dos dados seguirá a ordem das categorias apresentadas na
introdução deste capítulo, de forma a organizar os focos de análise que serão
realizados aqui.
73
4.2 – Imagens da Docência
As imagens trazidas pelos sujeitos, foco desta pesquisa, nas
entrevistas realizadas, estão ligadas naturalmente a todo um estímulo
desenvolvido por meio das aulas de didática, nas quais há naturalmente uma
análise das referências que estes sujeitos têm, sobre a realização docente.
Estas referências são elemento vivo na bagagem de sua formação, desde o
ensino fundamental até a pós-graduação.
As imagens da docência contemplam como subcategorias, tanto as
referências práticas que o sujeito tem da docência, ou seja, o que ele
vivenciou na sua prática como aluno em relação aos seus professores, como
também as idealizações que ele tem relacionadas ao universo docente, ou
seja, o que ele imagina a respeito do que significa ser professor.
4.2.1 - Imagens da Docência: Referências Práticas
Ao retratarem as experiências em sala de aula, como alunos, os
sujeitos entrevistados deixaram bem claro, em diversos momentos, que
muitos de seus professores não têm qualquer formação didática e muitos
deles não tem nem consciência do papel e da importância da comunicação,
na realização docente.
Na maioria dos casos, os sujeitos entrevistados lembram que os
professores não percebem que lhes falta alguma formação neste sentido. E
para aqueles que conseguem um bom resultado, de forma geral, o mesmo é
atribuído a um “dom”, ou “carisma”, muitas vezes sem a devida reflexão e
consciência, para a manutenção dos bons resultados.
Na fala de Cláudia, por exemplo, podemos perceber isso quando ela
diz:
74
[...] Eu nem imaginava técnicas e estratégias para atuação docente em sala de aula. Eu achava que o professor era um ser humano imbuído de uma qualidade, verdade, de um dom, de um dom superior, então, uma vocação..., e ele chega aqui e ele dá aula.
Quando Silvio fala dos seus professores, generaliza a sua análise,
dizendo que os seus professores, na maioria dos casos, foram “repetidores
de conceitos”. Ele ainda complementa que:
[...] Meus professores não tiveram curso de didática, eles foram repetidores de conceitos. Cada um a sua maneira, foi passando a mensagem, uns com êxito, talvez por carisma, talvez por envolvimento com a matéria, também, outros, é... repeliram o aluno. Me repeliram em algum momento. Então, a importância da didática.
Ou ainda, quando o próprio Silvio se lembra de uma professora e relata:
[...] Tive uma professora que dava aula voltada para a lousa, não encarava os alunos de maneira alguma. Tinha que se sentar na turma do gargarejo para tentar entender alguma coisa do que ela falava. Falava baixo, e ainda obviamente não conseguia impor a voz dela e falava de uma maneira que a classe inteira não ouvia. Essa era uma grande limitação.
Em nossa experiência voltada para a formação de novos professores
para o ensino superior, percebemos cada vez mais relatos de alunos que
apontam a limitação tanto vocal, como expressiva corporal de seus
professores, sem qualquer preparação ou consciência a respeito de como
utilizar seu aparelho fonador, bem como a sua expressão corporal como
elementos de composição, na sua atuação como docente. São elementos
que propiciam a comunicação direta com o alunado e que muitas vezes são
esquecidos, no momento da formação docente.
Servilha e Monteiro (2007), em seu estudo voltado à análise das
75
estratégias para obter a atenção discente no contexto universitário, analisam
o papel da voz do professor e confirmam que os estudiosos da voz do
professor estão de acordo quanto ao fato de que a docência implica uso
vocal considerável, chegando alguns deles a considerar os professores como
grupo de risco para os distúrbios vocais. As autoras ainda ressaltam que,
como apontou Silvio, um professor despreparado vocalmente, sem
consciência vocal, que naturalmente fala baixo, sem projeção, sem clareza, e
sem técnica, tem apenas duas opções: ou simplesmente falará sem qualquer
projeção, prejudicando o resultado docente, ou, caso tente amplificar sua voz
para atingir toda a classe de alunos, terá como resultado problemas sérios
vocais, como calos e outros mais graves.
Para todos os entrevistados, as referências que têm da docência estão
ligadas a uma repetição de conceitos e informações. Silvio confirma isso
quando diz que a tendência realmente ainda é o professor passar apenas a
informação contida nos livros e no programa.
Além de Silvio, também Maria apresenta a figura do professor
universitário como a de alguém sem consciência da importância que deve ser
atribuída à didática e à comunicação em sala de aula. Ela relata que:
[...] Eu estudei numa universidade que é um dos maiores centros de pesquisa e referência em tudo. Eu tive pesquisadores dando aula, e bem poucos professores. Então, eles eram obrigados a dar aula, mas deixavam claramente que não estavam a fim de dar aula.
Para Almeida (2008, p.12), “os conteúdos formativos de um educador
definem-se a partir da reflexão sobre o que ensinar e aprender para alcançar
seus objetivos. Estes devem envolver tanto os conteúdos científicos,
relacionados com a área de atuação, como os relacionados com os
fundamentos da educação; além destes, também os relacionados com o
domínio da comunicação ou da organização de situações de aprendizagem.
Estas devem se referir às formas que o professor vai empregar para tornar os
conteúdos compreensíveis e assimilados pelos alunos, ou seja, como
ensinar”.
76
Na fala de Maria, ela aponta que muitos pesquisadores são
“obrigados” a lecionar, o que já preconiza uma negação aos conteúdos
formativos de um educador, indicados por Almeida (2008), em que há
necessidade de uma consciência e preparação para organizar as situações
de aprendizagem e assim conseguir um bom resultado docente.
Já a experiência de José Roberto reitera a visão de que ter apenas o
conhecimento não forma o professor. A sua referência mais qualificada de
professor que ministrava boas aulas é a de alguém sem qualquer didática, o
que desmotivava parte significativa da turma. Ele diz:
[...] Estudei com um professor que tinha muito conhecimento.
Isso já na faculdade. As aulas dele até que eram boas, mas
ele abria código civil..., e começava a falar, falar..., e muita
gente até se queixava, falava que ele não tinha didática.
Esse é o problema de não ter didática, não chega até o
aluno.
E esta visão é compartilhada por Cláudia, que vê na inconsciência da
importância da comunicação e da didática, atribuída a muitos professores
que passaram pela sua história acadêmica, um hiato que transforma os
alunos em verdadeiras “cobaias humanas”, expostos às experiências
práticas, de acerto e erro. Ela comenta:
[...] Eu tinha aula de economia onde os professores não sabiam o que eles estavam fazendo. Acho que até hoje eles não sabem, né. Eles acertaram em tentativa e erro. [...]Eu acho que tem professor que engana mais do que..., ele se vende bem, ele se vende bem. Ele é ótimo, ele tem artigos mil, ele sabe..., ele... ele..., ele vende livros, mas..., mas ele não tem efetivamente..., ele não sabe passar aquele conteúdo que ele ..., ele não sabe passar o conteúdo.
É comum encontrarmos relatos de professores, especialmente de
professores universitários com os quais trabalhamos, em que os mesmos
minimizam a necessidade de competência para estar à frente de uma sala de
aula, somente pelo fato de terem condição intelectual para tal, com o suporte
apenas da compreensão particular do conteúdo a ser ministrado. Não
percebem que, na maioria dos casos, esta condição não é suficiente. É nesta
77
perspectiva que o estudo pontual dos saberes que envolvem a docência é
necessário para um exercício profissional com qualidade.
Na visão de Silva e Mussi (2012), as atuais tendências investigativas
sobre a constituição dos saberes que devem subsidiar a prática docente têm
como referência os contextos e os processos envolvidos na construção
identitária do ser professor. Elas lembram que esta identidade é entendida
como um processo de construção do sujeito historicamente situado e que se
constrói, pois, a partir da significação social da profissão, das
transformações, demandas sociais e da reafirmação de práticas consagradas
culturalmente que permanecem significativas. Tal concepção nos impulsiona
a compreender a formação de professores como processo construído ao
longo da vida, provisório, em mutação. Com base neste pensamento, elas
completam:
Nessa perspectiva, a formação de professores requer a valorização de um conjunto de saberes necessários ao exercício profissional de qualidade, ou seja, saberes que permitam ao docente a intervenção intencional, qualificada, partilhada e planejada no processo educativo, com vistas à autonomia discente para a (re)construção de aprendizagens significativas. Indo além, o entendimento acerca dos saberes que devem subsidiar a prática profissional do professor sugere uma nova perspectiva na própria abordagem da profissão docente, propondo a superação de concepções normativas que a analisam a partir de modelos teóricos produzidos externamente ao exercício profissional, para compreendê-la em sua complexidade, como uma construção social. (Silva e Mussi, 2012, p. 3)
As autoras ainda lembram que, de acordo com Tardif (2002, p.11), o
saber docente não é algo que flutua no espaço: o saber dos professores é o
saber deles e está relacionado com a pessoa e a identidade deles, com a sua
experiência de vida e com a sua história profissional, com as suas relações
com os alunos em sala de aula e com os outros atores presentes na escola,
etc. Ainda segundo Tardif, o saber docente não é estático, é um saber plural,
que possui diversos aspectos que se entrecruzam. Nesse sentido, é possível
afirmar que essa pluralidade de saberes possibilita o enriquecimento desse
78
profissional, pois aborda aspectos que perpassam pelo campo do senso
comum, experiencial, institucional, científico e específico. Silva e Mussi
(2012, p.3) ainda chamam atenção para o fato de que “as transformações
das práticas docentes só se efetivam na medida em que o professor amplia
sua consciência sobre a própria prática, a de sala de aula e a da escola como
um todo”
Nas referências de Fausto podemos perceber que os modelos
tradicionais, que utilizam apenas uma metodologia expositiva, sem a devida
participação do alunado, em que o aluno só anota dados que são expostos e
apresentados de forma discursiva, os quais não geram reflexão e
participação ativa na sala de aula, são a referência mais próxima, para quem
pretende lecionar. Ele lembra que:
[...] A gente tá acostumado com essa metodologia expositiva e enfim..., anota, conteúdo, repete conteúdo, muito menos reflexiva. [...] Você tem que repetir aquilo que o professor tá te falando. Ele pode até dar duas opiniões, mas ele diz qual é a dele, e se você não botar, não botar a dele na hora de uma avaliação, "psffuuuu", esquece!
Percebemos que as referências negativas, proporcionadas pela
ausência de formação didática e comunicacional, geraram grandes traumas e
dissabores aos sujeitos entrevistados.
Maria, por exemplo, relata que os professores implicavam muito com
ela porque sempre foi ativa em sala de aula. Ela perguntava sobre todos os
assuntos e como as aulas eram totalmente discursivas, os professores
preferiam anular sua participação, dizendo que ela fazia isso porque era uma
aluna ruim e não compreendia o que eles diziam. Ela complementa:
[...] Sempre fui muito ativa, muito dinâmica, e muitos professores não gostavam da minha participação em sala de aula, exatamente por isso. Então eu sentia uma certa anulação. Muitos professores implicavam comigo [...] Eu sofri humilhação, eu sofri repressão, enfim, até uma exposição desnecessária.
Para José Roberto, o autoritarismo da professora, em vez de somente
79
colocar parâmetros para um aprendizado positivo, gerava muito medo. Ele
relata:
[...] Minha professora era uma pessoa extremamente
autoritária. Os alunos tinham medo. Todos os alunos tremiam
nas pernas. Ninguém suportava aquela pressão e por isso,
todo mundo travava e ia mal nas provas. [...]Têm aqueles
professores que a gente realmente não simpatiza, essa era
uma delas.
E ele ainda complementa seu relato, ao lembrar o tipo de tratamento
que teve até o final do ensino superior:
[...] Teve um professor que uma vez me ofendeu, diante de
uma classe cheia. Não tinha didática. Eu fiquei sem ação e a
partir desse dia, nunca mais participei da aula.
Virgínia também confirma que um dos maiores problemas que ela
detectou está na condição do professor trazer a carga de informações nas
suas aulas, em forma de discurso, não permitindo que os alunos de forma
alguma participem com perguntas ou complementação, sejam elas quais
forem. Enquanto Virginia contava suas experiências, retratava fisicamente a
opressão que a lembrança destes fatos produziam, com falta de ar e até
certa aceleração, como um incômodo físico. Ela relata que:
[...] A gente sabe que nem sempre se consegue estabelecer
essa comunicação entre professor e aluno. Existem
professores que vêm, que expõem as suas teses, e..., alguns
até permitem assim, contrapontos, pelos alunos. Outros, nem
isso permitem, porque eles têm que cumprir aquele tempo de
aula, e..., e vão ininterruptamente jogando os temas. Sem
pensar no aluno, sem observar se o aluno compreendeu ou
não, o que foi dito.
A partir das referências obtidas sobre a docência, através da ótica e
experiência de vida dos sujeitos entrevistados, podemos crer que a
construção de sua identidade como professor está ligada a tudo o que
vivenciou, enquanto aluno, caso não tenha acesso a outras referências.
80
Dubar (2005, p.136) define “identidade” como o resultado a um só
tempo estável e provisório, individual e coletivo, subjetivo e objetivo,
biográfico e estrutural, dos diversos processos de socialização que,
conjuntamente, constroem os indivíduos e definem instituições. E a nossa
“identidade profissional” é naturalmente forjada nessas condições,
especialmente porque, na falta de referências formativas para a docência, a
nossa constituição como docente tem como base aquilo que vemos e
compreendemos como referência em sala de aula – a nossa referência do
que significa ser professor, enquanto alunos. Por isso, a existência de grande
número de professores que repetem a mesma fórmula desgastada de
realização docente, principalmente porque não encontram outras referências
no seu processo formativo e, quando as encontram, atribuem a algo que não
pode ser constituído, que já nasce com o indivíduo, à ideologia do dom.
Dubar (2005, p. 143) ainda lembra que a identidade de uma pessoa não é
feita à sua revelia, no entanto, não podemos prescindir dos outros para forjar
nossa própria identidade. Parece-nos de suma importância esta colocação de
Dubar, porque, através dela, podemos perceber a importância das
referências que são criadas na nossa trajetória de formação acadêmica, para
a nossa formação como futuros professores.
Ao se referir à aprendizagem de adultos, Placco e Souza (2006, p.17)
lembram que a aprendizagem do adulto resulta da interação entre adultos,
quando experiências são interpretadas, habilidades e conhecimentos são
adquiridos e ações são desencadeadas. E complementam mais adiante:
[...] Assim, essa condição de aprendiz envolve subjetividade, memória, metacognição, a história de vida pessoal e profissional, amalgamadas nos e pelos saberes e experiências vividas pelos professores em sua formação docente. Trata-se, portanto, de um processo de formação identitária. (2006, p. 21)
É neste contexto que as referências trazidas pelos entrevistados
constituem elemento importante para a nossa análise, pois serão elementos
participantes da constituição identitária do futuro professor.
Placco (2006), ao tratar do assunto concernente às perspectivas e
81
dimensões da formação e do trabalho do professor, lembra que, se o aluno
deve ser olhado em sua multiplicidade, também a formação do professor
precisa desencadear seu desenvolvimento profissional em múltiplas
dimensões, sincronicamente entrelaçadas no próprio indivíduo. Ela lembra
que:
Um dos aspectos mais polêmicos quanto à formação do professor se refere às perspectivas e dimensões de seu trabalho e de sua formação. [...] É importante chamar a atenção para o fato de que, se houver a consciência da intencionalidade do formador, e se estas dimensões forem engendradas com consciência e intencionalidade do professor que se forma, abre-se a possibilidade de processos formativos em que sentidos (da ordem pessoal) e significados (da ordem do coletivo) são construídos, por meio de relações pedagógicas e pessoais significativas, seja cognitiva, seja afetivamente. São esses sentidos e significados que possibilitam parcerias nas quais essas dimensões, simultânea e alternativamente, mobilizam a construção e constituição da pessoa inteira. (p. 251-262)
A partir deste conjunto de reflexões, fica claro que o processo
formativo, tendo como base a consciente intencionalidade do formador, pode
alterar significativamente o quadro referencial apresentado pelos sujeitos
entrevistados.
4.2.2 - Imagens da Docência: Idealizações
Quando iniciamos o curso de didática para o ensino superior,
ministrado para os sujeitos desta pesquisa, percebemos que as suas
referências sobre a docência estavam em grande parte ligadas às
experiências vivenciadas enquanto alunos. Como pudemos ver no item
anterior, para a maioria dos sujeitos entrevistados, suas referências eram
muito limitadas e isso influenciava nas idealizações referentes à docência.
Após algum tempo de início do curso de didática para o ensino superior do
Projeto Mestre, no período em que estas entrevistas foram realizadas, já
notamos uma alteração significativa na concepção destes sujeitos, focados
no objetivo de se transformarem em professores universitários. Os relatos
82
voltados para a visão que os sujeitos entrevistados têm da docência, focados
na idealização, exprimem isso. Claudia, por exemplo, afirma que:
[...] O importante é o professor conseguir alcançar o aluno, mais do que só conseguir passar o conteúdo, porque eu acho que, se você conseguir despertar na pessoa, ela vai buscar. Acho que, se você conseguir alcançar o aluno, se você conseguir estabelecer essa comunicação, eu acho que isso é um bom desempenho docente.
Ao fazer esta afirmação, Claudia aponta na direção de algo que vai
para além do conteúdo. Ela indica que o professor deve alcançar o alunado,
e ao alcançá-lo, despertar o seu interesse pela matéria e pelo tema
desenvolvido em aula. Começamos aqui a vislumbrar uma consciência clara
do papel da comunicação no processo de formação desta futura docente
universitária.
Garcia (1999) nos lembra que a formação de professores representa
um dos elementos fundamentais por meio dos quais a Didática intervém e
contribui para a melhoria da qualidade do ensino.
Em todos os relatos, sem exceção, os sujeitos entrevistados
demonstraram que a didática e a comunicação são ferramentas e
instrumentos motivacionais fundamentais para a formação docente.
Para Silvio, a docência tem uma “mão dupla” de informação, entre o
professor e o aluno. O professor é um mediador que estimula o aluno e
recebe estímulo, ao projetar a possibilidade de caminhos na direção do
alunado. Ele apresenta esta concepção a partir da consciência adquirida
sobre o papel da didática, quando diz:
[...] A didática é a solução para o caminho das pedras. Com
ela, o caminho está pavimentado e isso facilita muito, e evita
que nós batamos com a cabeça na parede de vez em
quando e... isso acaba fazendo com que incorporemos esses
ensinamentos, no nosso dia-a-dia.
Roldão (2007), ao tratar da função docente e da natureza do conhecimento
profissional, nos fala sobre a importância da mediação, quando diz que:
A função de ensinar, nas sociedades atuais, e retomando
83
outra linha de interpretação do conceito, é antes
caracterizada, na nossa perspectiva, pela figura da dupla
transitividade e pelo lugar de mediação. (Roldão, 2007, p.95)
Outros relatos que apareceram em parte significativa das entrevistas,
estão ligados à vocação docente. Maria deixa isso bem claro, quando fala: “o
professor tem que gostar do que faz. Tem que ter vocação”. Esta
afirmaçãonos remete a Borges (1996), quando fala sobre o sentido da
vocação docente:
Os candidatos a professores e os professores em geral justificam a sua opção profissional evocando uma imagem idealizada do professor em que o sentido de missão, vocação e o altruísmo desempenham papel primordial. [...] A imagem idealizada e missionária do professor prende-se com o objetivo eminentemente social que é conferido à escola: contribuir para a construção dos homens e mulheres da futura sociedade. (Borges, 1996, p. 1)
Maria acreditava, antes de iniciar o curso de didática, que o professor
universitário teria que ter unicamente um preparo teórico muito grande, a
ponto de ser um PhD no assunto, só isso. Achava que era um caminho muito
longo. Porém, ao ter contato com o curso e ao refletir a respeito, diz na sua
entrevista que:
[...] A didática é fundamental. E para que o professor desenvolva um método, ele vai conhecer, a partir da didática e da comunicação, a sala de aula, o aluno, o interesse da maioria. Eu não estou dizendo que ele vai atingir todos os alunos, porque isso pode ser difícil, mas ele vai... ah..., compreender o interesse da maioria, e aí ele vai criar uma metodologia. Se ele não tiver conhecimento didático, ele não vai atender ao objetivo dele, que é educar.
Outra observação feita por Claudia é a de que o professor ideal é
aquele que trabalha com a interdisciplinaridade. Ela reitera, em sua
entrevista, a ideia de que ser professor é semelhante a ser “Ator”. Ela reflete
da seguinte forma:
84
[...] Acho que ser professor é meio como ser ator. Quando
você tá ali na frente, você estabelece essa comunicação.
Esse é o grande "pulo do gato". [...] Acho que didática te dá
essa visão interdisciplinar. [...] A didática te dá essa visão
ampla do processo educacional. Para o professor, ela serve
para ele entender que ele não está jogando conteúdo, mas
ele está ensinando.
Partindo da perspectiva trazida por Claudia em sua entrevista, podemos observar a consonância com a fala de Tacca (2008), quando ela deixa claro que ensinar tem ligação direta com o desenvolvimento de estratégias pedagógicas orientadas para o sujeito que aprende, e não apenas para o conteúdo a ser aprendido. Ela diz que:
A estratégia pedagógica não pode ser simplesmente um recurso externo, algo que movimenta o aluno em direção ao conhecimento. Em outra perspectiva, ela se orienta para a relação social que passa a ser uma condição para a aprendizagem, pois só ela dá possibilidade de conhecer o pensar do outro e interferir nele. Nesse caso, a prioridade, na atuação pedagógica, estará nas possibilidades do desenvolvimento do pensamento, e para isso há que se ter muita perspicácia e criatividade. A ideia é a de que a estratégia pedagógica esteja orientada para o sujeito que aprende e não para o conteúdo a ser aprendido. (Tacca, p. 48)
Na visão de Virgínia, o professor tem como principal função fazer o
aluno pensar. Para ela, o professor é um estimulador de ideias, caminhos e
reflexão. Ela aponta para a necessidade de um preparo que vai além da
qualificação em conteúdo, quando diz:
[...] O professor, ele tem uma função, que eu considero
bárbara, que é fazer com que o aluno pense, com que o
aluno reflita, com que ele tenha gosto pelas coisas, com que
ele tenha gosto pela pesquisa, porque, com o gostar disso,
ele vai fazer coisas, ah..., que acabarão trazendo, de uma
forma ou de outra, resultados, para ele próprio, para as
pessoas que o cercam, e, em última instância, para a
sociedade, como um todo. [...] É esse poder transformativo
que o professor exerce, desde que ele saiba suscitar no
aluno esse gosto pelo aprendizado, porque as coisas
funcionam, com base naquilo que a gente gosta mesmo. São
os reclamos da alma. [...] É importante, na minha ótica, na
minha visão de ser, essa atuação, esse desempenho
85
consciente, que leve à consciência dos alunos, e pra isso, ele
tem que ter preparo.
Se observarmos o relato de Virgínia, podemos extrair uma significativa
gama de elementos relacionados à necessidade de motivação que o aluno
necessita, para poder interessar-se diante de qualquer conteúdo apresentado
em sala de aula pelo professor. Ela deixa claro que o aluno necessita gostar
daquilo que estuda, e este poder estimulador está diretamente ligado à
condução que o professor dará, não só na preparação de sua aula, mas
especialmente durante o processo de aula. E para gostar, o aluno necessita
fazer alguma relação com sua vida, sua realidade, seu universo de atuação.
E a função de “direcionador” neste processo de afinidades e descobertas é
do professor, que, com o suporte da “didática” e, em especial, da
“comunicação”, conseguirá suscitar, no aluno, este gosto pelo aprendizado,
como diz Virgínia.
Ao se referir à aprendizagem experiencial, Dubar (2009) nos lembra
que a experiência é, ao mesmo tempo, interior e reflexiva e que ela põe em
jogo um conjunto de “relações emocionais com imagens simbólicas”. E, na
docência, o professor, para conseguir um resultado positivo de ensino e
aprendizagem, necessita estimular os alunos a desenvolverem uma
curiosidade intelectual, ligando-a a uma prática social ou a um projeto
pessoal. Para tanto, a comunicação se apresenta como instrumento
fundamental para criar esta ponte entre professor e aluno, no intuito de fazer
com que o aluno faça uma aprendizagem experiencial, de um trabalho
intelectual. Dubar (2009) complementa seu pensamento, dizendo que:
Só os alunos que desenvolvem já uma paixão pessoal ou uma curiosidade intelectual por uma matéria, ligando-a, por exemplo, a uma prática social ou a um projeto pessoal, podem fazer uma aprendizagem experiencial de um trabalho intelectual (ser “motivado”, isto é, dar-lhe um sentido subjetivo). Os outros, para quem os saberes escolares não puderam adquirir um significado subjetivo e uma ancoragem em práticas “pessoais”, fazem seu “ofício de aluno”, mas não aprendem nada, no sentido experiencial. (Dubar, 2009, p.217)
86
E Fausto, que já teve a oportunidade de lecionar anteriormente, diz
que “se sente vivo dando aula”, porque traz uma sensação de transformação
constante, tanto para o professor, como para o alunado. Ele deixa claro que a
ideia de professor repetidor não faz parte da sua concepção sobre a
docência, e complementa o pensamento apresentado por Virginia, quando
vislumbra o professor como sinalizador de caminhos, num turbilhão de
informações a que o aluno tem acesso. Ele relata que:
[...] Você é bombardeado de informação o tempo inteiro, então, o papel do professor, hoje, eu acho que tá muito mais ligado a essa questão do direcionamento, né? Tipo assim: gera reflexão, para o aluno..., porque as informações estão aí. Então, você é um instrumento realmente de, de..., de..., Fomentador, né? De crítica e de, de..., enfim, de fazer com que a pessoa progrida. O papel do professor, nesse contexto, precisa de uma reformulação. Uma hora vão ter que se dar conta disso, que não adianta ficar mais repetindo, e ser repetidor, porque essa não é mais a vivência dos alunos.
A ideia de professor “repetidor’, apontada por Fausto na sua trajetória
discente, mostra-se ultrapassada, e se contrapõe integralmente à proposta
de um professor “mediador”, que promove a relação entre o aluno e o
conhecimento, que estimula a interação com o outro, com a cultura e com o
aprendizado, de forma geral. Almeida (2008) lembra Wallon, quando diz que
o conceito de socialização envolve a interação com o outro – daí a
importância das relações interpessoais, que a comunicação, na maioria das
vezes, proporciona. E ainda, ao falar sobre a definição dos conteúdos
formativos, faz uma reflexão sobre o que ensinar e aprender para alcançar
estes objetivos, quando diz que:
[...] Estes(objetivos), devem envolver tanto os conteúdos científicos relacionados com a área de especialização, como os relacionados com os fundamentos da educação; além destes, também os relacionados com o domínio da comunicação ou da organização de situações de aprendizagem. (Almeida, 2008, p.12)
É importante lembrarmos que a função docente é artesanal e o
professor, como diz Canário (1998), é um artesão. Para ele, a singularidade
87
das situações educativas impede que o professor possa aplicar (com êxito),
de forma estandardizada, procedimentos de natureza científico-técnica. Ele
depende integralmente, para o sucesso da sua ação docente, de uma
integração e comunicação com o alunado e, mais que isso, de uma
disponibilidade para mobilizar as situações vivenciadas em sala de aula, que
terão sempre a condição subjetiva como guia, e a análise objetiva como
ponto de partida estratégica na busca do resultado desejado. Canário (1998)
complementa:
[...] Mais do que um reprodutor de práticas, o professor é um reinventor de práticas, reconfigurando-as de acordo com as especificidades dos contextos e dos públicos. [...] Constituído, de algum modo, ao sabor das circunstâncias, o professor mobiliza um conjunto de saberes. Este conjunto de saberes é permanentemente enriquecido e atualizado, através da escolha de novos elementos segundo o principio, adotados pelo artesão, de que tudo “poderá ser útil”. É nessa perspectiva que, na profissão de professor, o saber construído na ação se assume como um saber de capital importância. (Canário, 1998, p.20)
E neste contexto, Fausto consegue resumir as suas impressões sobre
a docência com foco na comunicação, constantes em todas as entrevistas
realizadas, quando diz que:
A comunicação é a essência, o instrumento do professor. Se você não se comunica, a pessoa não aprende. Ela, a comunicação, é um instrumento fundamental da docência moderna.
Partindo destes relatos, observamos que a reflexão proporcionada
pelas informações, vivências e reflexões contidas no curso de formação
didática para o ensino superior, influenciou positivamente na abertura de
novas perspectivas e concepções idealizadas pelos sujeitos entrevistados.
88
4.3 – Atribuições e Pertenças: ser professor
A escolha desta categoria de análise – Atribuições e Pertenças - se
deve principalmente ao conceito apresentado por Dubar (2005). Ele discorre
sobre uma articulação entre dois processos identitários heterogêneos,
quando apresenta a divisão do Eu como expressão da dualidade social que
aparece claramente através dos mecanismos de identificação. Ele afirma,
como já dissemos anteriormente, que cada um é identificado por outrem.
Esta identificação pode ser aceita – identidade para si - o que gera um “ato
de pertença”, ou pode ser apenas atribuída por outrem (e que pode ou não
ser absorvida) – identidade para o outro - o que gera um “ato de atribuição”.
Assim, segundo ele:
Denominaremos atos de atribuição os que visam a definir “que tipo de homem (ou mulher) você é”, ou seja, a identidade para o outro, atos de pertencimento os que exprimem “que tipo de homem (ou mulher) você quer ser, ou seja, a identidade para si”. (Dubar, 2005, p. 137)
Ao tratar da formação identitária voltada para a formação do adulto
professor, Placco e Souza (2006) lembram que a construção da identidade
profissional está ligada à aprendizagem do adulto professor. É um processo
de construção e desconstrução, formação e deformação, um movimento em
que o docente assume formas identitárias, via processo de identificação e
não-identificação com as atribuições que lhe são dadas por si mesmo e pelos
outros com quem se relaciona. E as autoras complementam:
Nesse movimento, há constantes atos e sentimentos de pertença e não pertença, estreitamente relacionados à subjetividade, à memória, a processos metacognitivos, aos saberes e experiências de pessoas singulares e do grupo. [...] Há um jogo de forças entre o que nos dizem que somos, como nos identificam, e o que sentimos e pensamos que somos, como nos definimos e nos identificamos. No caso do professor, esta questão assume grande relevância, se pensarmos no que se tem atribuído à função docente, à prática do professor, à sua formação e à sua responsabilidade nos resultados das aprendizagens dos alunos. [...] Logo, não é possível conceber a aprendizagem
89
do adulto professor, sem considerar o processo de formação identitária. (Placco e Souza, 2006, p. 21 e 23)
A partir daí, estabelecemos como referência para nossa análise o foco
“ser professor”, base para a seleção de falas dos nossos sujeitos
entrevistados, voltadas para as atribuições e pertenças.
Dubar (2005, p.137) apresenta como cerne de sua teoria sobre
construção das identidades sociais e profissionais, uma articulação entre dois
processos identitários heterogêneos. Ele lembra que cada um pode ser
identificado por outrem, mas pode recusar esta identificação e se definir de
outra forma. A partir daí, Dubar denomina “atos de atribuição”, os que visam
a definir “que tipo de homem (ou mulher) você é”, ou seja, identidade para o
outro, e “atos de pertencimento”, os que exprimem “que tipo de homem (ou
mulher) você quer ser, ou seja, a identidade para si”. Desta forma, dividimos
nossa análise das falas dos sujeitos entrevistados em duas subcategorias
que são: modelos atribuídos, ou seja, os modelos de professores que foram
apresentados como referência aos sujeitos entrevistados em sua trajetória de
formação estudantil e profissional, e modelos assumidos que são os
modelos de professores que os sujeitos entrevistados assumem para si,
conforme veremos a seguir.
4.3.1 – Modelos Atribuídos
Como o objetivo central das entrevistas realizadas com os sujeitos
selecionados não focava na análise de modelos docentes, as respostas que
envolveram os modelos atribuídos foram poucas e foram selecionadas
apenas 11 falas, que, de alguma forma, indicam o que supostamente são
modelos atribuídos pelo sujeito entrevistado, para a função docente.
Das falas analisadas, uma que merece destaque foi proferida por
Virgínia, que aponta uma atribuição feita ao professor, de que ele tem que
90
saber tudo sobre a matéria e, quando entra na sala de aula, não pode de
forma alguma demonstrar que não conhece algum conteúdo relacionado ao
tema de aula. Virgínia lembra também que alguns professores que já
lecionam por meio de modelos tradicionais, têm receio de alterar o modelo
estabelecido, por insegurança e medo das críticas que isso pode gerar. Ela
relata que há um conflito interior, porque estas atribuições, em sua opinião,
geram um pesado fardo, a partir do qual o professor não pode demonstrar
qualquer fragilidade ou insegurança no conteúdo ou na condução dos alunos,
para não ser criticado, apontado e julgado como incompetente. Virgínia diz:
[...] Alguns professores, pelo fato de terem a vida toda lecionado daquela forma, se julgam incompetentes e se julgam até inseguros para poder aprender as novas técnicas. Ficam com receio de que não aprendam e que depois, alguém os critique por conta disso. E não é por aí!
E por conta disso, Fausto conclui, na sua entrevista, que a forma do
professor, especialmente o professor universitário, manter-se seguro diante
das atribuições acima descritas, é aceitar outra atribuição que lhe é imposta,
que é a de “autoridade máxima” dentro da sala de aula. Porém, o
entrevistado deixa claro que, ao professor, é nitidamente atribuído um
“argumento de autoridade”, que, em muitas situações, criam situações de
constrangimento e de afastamento por parte do alunado.
No seu estudo sobre o espaço tensivo da controvérsia, Mosca (2007)
lembra que, num procedimento argumentativo, depois de descrever e narrar
o fato, segue-se a fase da sua discussão, mediante a apresentação das
provas e das contraprovas, antes de o discurso ser direcionado para o
epílogo ou peroração. Como os valores investidos não são os mesmos para
as partes envolvidas, sobretudo no encontro de culturas diferentes ou em
etapas diferenciadas de compreensão (como acontece de forma geral entre
professor e aluno), na fase central desse procedimento, os sujeitos se valem
de todos os recursos à sua disposição: basicamente, argumentos de
dissociação (ruptura de noções, tal como aparência/realidade) e argumentos
de ligação, estando entre estes os argumentos quase lógicos (argumentos
formais, tais como a contradição, a definição etc.), argumentos baseados no
91
real (baseados nas conexões entre coisas e fatos, tais como o argumento de
autoridade, o argumento pragmático etc.) e argumentos que fundamentam o
real recurso ao particular, tais como a analogia ou o exemplo. E Mosca ainda
complementa:
Entra aqui a questão da identidade (grifo nosso) dos interlocutores, das representações mútuas que se fazem uns dos outros, assim como dos valores culturais sob os quais se dão as trocas comunicativas.[...] O argumento de autoridade, usado para reforçar o seu ponto de vista, mediante citações, referências e outros expedientes, estabelece um jogo de relações que vai delineando o seu caráter, a sua atitude, finalizando por atribuir-lhe o crédito requerido. No centro das questões aqui tratadas, está a preocupação social que se liga à noção de audiência, uma vez que cabe àquele que fala a adequação aos que o ouvem, incluindo-se as suas crenças e valores. Trata-se, evidentemente, de uma representação que o orador faz da sua audiência ou público e que este também faz daquele que tem diante de si. Não só a audiência é uma construção do orador, como também este constrói a própria imagem, baseando-se nos valores que considera positivos e aceitos por aquela coletividade. Portanto, o saber prévio de ambas as partes entra nessa construção mútua de imagens, podendo confirmar-se ou recriar-se no fazer discursivo, o que possibilita um espaço em que a força persuasiva tem o seu lugar e o poder de agir. (Mosca, 2007, p. 305-306)
Nas outras colocações selecionadas, os sujeitos entrevistados
também reafirmam a atribuição de que a docência é tida como um “dom”
superior. Além do que, só pode “virar” professor, aquele que tiver um
preparo muito grande, o que não acontece na maioria das vezes, segundo os
sujeitos entrevistados.
92
4.3.2 - Modelos Assumidos
Observa-se, por meio das respostas selecionadas como “modelos
assumidos”, que a reflexão estimulada através do curso de didática para o
ensino superior, nas suas aulas práticas e teóricas, foram preponderantes
para a indicação dos atos de pertença apontados pelos sujeitos
entrevistados.
Para Silvio, o professor deve ser natural e trazer os alunos até ele. Ao
contrário de algumas atribuições apontadas no item anterior, a maioria dos
sujeitos entrevistados lembra em suas falas a importância do professor
mostrar-se também “aprendiz”, sempre apto a conhecer mais, e consciente
de que não sabe tudo – de que há muito que evoluir, sempre. Silvio reitera
que o professor não é um mero repetidor de conceitos e que, para ele, não
adianta saber muito, teoricamente falando, se o professor não conseguir
comunicar o seu conteúdo.
Maria complementa que o professor tem que ter conhecimento, sim!
Mas também tem que valorizar o poder da comunicação. Tem que saber
verbalizar. Ela lembra que o professor tem que gostar do que faz e que a
didática é sua maior aliada, para conhecer a sala de aula, o aluno
individualmente e gerar o interesse para a maioria ou totalidade do alunado.
E complementa:
Se o professor não tiver conhecimento didático, ele não vai atender ao objetivo dele, que é educar. A comunicação é o que vai permitir a sintonia entre o professor e o aluno. [...] O professor que não se comunica bem, ele está rendido a uma aula ruim. [...] Ele pode ter a melhor das intenções, mas o aluno não vai entender, vai ser aquele tempo vago, vai ser aquela aula dispersiva. [...] A comunicação é o braço de acesso que liga o aluno ao professor.
Nóvoa (2007), ao tratar dos dilemas voltados para a educação, lembra
que a pedagogia tradicional era baseada nos conhecimentos e na
transmissão dos conhecimentos. Porém, a grande ruptura provocada pela
93
pedagogia moderna foi colocar os alunos no centro do sistema. Mas, o autor
afirma que a pedagogia moderna precisa ser reinventada na sociedade
contemporânea. Não se trata de centrar na escola nem nos conhecimentos,
como advogava a pedagogia tradicional, nem nos alunos, como advogava a
pedagogia moderna, mas sim, na aprendizagem. E a aprendizagem
preconiza ações diretas do professor na direção do alunado, e essas ações
dependem de estratégia, sendo que a principal delas está voltada para a
comunicação. Não há só a função do professor em transmitir. É evidente que
a aprendizagem implica um aluno concreto, implica o seu desenvolvimento, o
seu bem-estar. Mas uma coisa é dizer que nosso objetivo está centrado no
aluno e outra coisa na aprendizagem do aluno. Esta aprendizagem preconiza
conhecimentos teóricos e práticos, e dentre eles, um estímulo estratégico,
que ligue todas as partes como verdadeiras pontes, interligadas em um
sistema, que tenha um ponto convergente: a aprendizagem do aluno. Este
estímulo estratégico está voltado para a comunicação em sala de aula, com
foco na aprendizagem. É um grande desafio: uma formação mais centrada
nas práticas e na análise das práticas. E Nóvoa (2007) complementa,
dizendo:
[...] A formação do professor é, por vezes, excessivamente teórica, outras vezes excessivamente metodológica, mas há um déficit de práticas, de refletir sobre as práticas, de trabalhar sobre as práticas, de saber como fazer. É desesperante ver certos professores que têm genuinamente uma enorme vontade de fazer de outro modo e não sabem como. Têm o corpo e a cabeça cheios de teoria, de livros, de teses, de autores, mas não sabem como aquilo tudo se transforma em prática, como aquilo tudo se organiza numa prática coerente. Por isso, tenho defendido, há muitos anos, a necessidade de uma formação centrada nas práticas e na análise dessas práticas. (Nóvoa, 2007, p.14)
Na visão de José Roberto, um bom desempenho docente é aquele
que leva a mensagem de uma forma bem sucinta, e até, muitas vezes,
simplificada, que não faz um rodeio muito grande em torno da ideia que o
professor está ministrando. Esta afirmação nos faz refletir sobre algumas
aulas, especialmente aquelas voltadas para o universo do Direito, em que há
discursos intermináveis de alguns professores, que fazem inúmeras
94
2 A idéia básica do modelo de racionalidade técnica é que a prática profissional consiste na solução
instrumental de problemas mediante a aplicação de um conhecimento teórico e técnico, previamente disponível, que procede da pesquisa científica. É instrumental porque supõe a aplicação de técnicas e procedimentos que se justificam por sua capacidade para conseguir os efeitos ou resultados desejados. (Contreras, 2002, p.91-92) ³ A racionalidade crítica é a capacidade que o professor tem de produzir saberes originais, diante das solicitações da prática, tendo como referência o cabedal de conhecimentos profissionais adquiridos no processo de formação inicial e os diferentes saberes assimilados no transcurso da vida pessoal e profissional. (Brito, 2006, p. 5)
preleções verborrágicas e prolixas, para falar sobre um único tema. É comum
ouvirmos relatos de alunos que reclamam da falta de objetividade e da falta
de percepção por parte do professor, de como a mensagem que está sendo
transmitida, chega até o receptor. . E José Roberto completa que a
motivação é fundamental para que o interesse seja mantido. Para tanto, a
“mola mestra”, essencial na docência, é a comunicação e a didática. Ele diz:
Se o professor não tiver didática, não tiver comunicação, o trabalho todo vai por água abaixo, não atinge o efeito pretendido. [...] A prática e o esforço, isso é o que faz a pessoa cada vez mais adaptada, mais apta para fazer aquilo que se propõe. No caso, lecionar.
A importância de uma prática profissional refletida e analisada,
associada a uma formação qualificada, voltada fundamentalmente para a
prática docente, que são apontados por José Roberto e pela maioria dos
sujeitos entrevistados, é fonte de estudo de Canário (1998, p.09), que afirma
ser o professor um profissional da relação e, para que ela aconteça, a
comunicação há que ser o elo. A dimensão relacional, para Canário, é
decisiva e torna mais evidentes os limites do modelo de racionalidade
técnica2 que continua a dominar as concepções sobre a formação de
professores. Ele lembra que a relação com os alunos impregna a totalidade
do ato educativo, e esta não pode ser ensinada, mas somente aprendida e
engloba as dimensões intelectual e afetiva. O desejável é que se passe de
um racionalidade técnica, para uma racionalidade crítica³. E ele
complementa, apontando outras formas que integram o aprendizado docente,
e que esclarecem a importância de uma formação diversificada e
multidisciplinar, quando diz:
95
Afirmar que os professores aprendem a sua profissão nas escolas não deve ser confundido com a ideia segundo a qual os professores só aprenderiam sua profissão nas escolas. Essa aprendizagem corresponde a um percurso pessoal e profissional de cada professor, no qual se articulam, de maneira indissociável, dimensões pessoais, profissionais e organizacionais, o que supõe a combinação permanente de muitas e diversificadas formas de aprender. (Canário, 1998, p. 09)
E Canário (1998) ainda afirma que, se a formação profissional docente
tem como um dos focos centrais a prática docente, ao reconhecer que os
professores necessariamente aprendem no contato com os alunos, quanto
maior for este contato e a capacidade de realizá-lo, maior será a resposta
positiva no processo de aprendizado. E este contato, apesar de ser
espontâneo e até certo ponto “natural”, é fundamentalmente estratégico, pois,
como já apontamos, há uma intencionalidade no ato de ensinar, o que
preconiza uma preparação consciente das ações, com objetivos específicos
e claros. É aí que a comunicação entra como um agente estratégico e
necessário, na visão de Canário, quando complementa:
[...] O que significa que o estereótipo tradicional do “bom” professor reduzido a qualidade de “eficaz” transmissor de informações, terá de dar lugar a figura do bom comunicador (grifo nosso), definido, sobretudo, pelas suas qualidades de “escuta”, ou, para utilizar as palavras de Donald Schön (1992, p.83), pela sua disponibilidade para “ser surpreendido pelo que o aluno faz”, para, num segundo momento, tentar compreender “a razão porque foi surpreendido”. A lucidez, na atividade profissional do professor, constitui um requisito essencial e para obter acréscimo de lucidez, a capacidade de escutar e estabelecer formas de meta comunicação com os alunos (comunicação sobre os processos de aprendizagem) torna-se crucial. (Canário, 1998, p.21 e 22)
Para Claudia, a didática e a comunicação em sala de aula, auxiliam na
construção da visão interdisciplinar, necessárias à função docente. Ela diz:
[...] Quando você tá ali na frente, você estabelece essa comunicação. esse é o grande "pulo do gato".[...] a didática te dá a visão de interdisciplinaridade. [...] Através da didática e da comunicação ele (o aluno), consegue entender que ele está inserido dentro de um processo educacional. [...] A didática te dá essa visão ampla do processo educacional,
96
mesmo. E pro professor, pra ele entender, que ele não tá só jogando conteúdo, mas ele tá ensinando..., ele tá dentro de uma formação.
Neste sentido, a afirmação de Claudia nos faz concluir que a atividade
docente é extremamente complexa, o que é compartilhado por Placco e
Souza (2006), quando dizem que:
A atividade docente é complexa porque tem como principal objeto os seres humanos e envolve gestão das relações sociais e tomada de decisão na interação. E para dar conta dessa complexidade, o professor mobiliza uma pluralidade de saberes: aqueles adquiridos na formação (saberes profissionais), os específicos de sua área de especialização (saberes disciplinares), os que dizem respeito à organização do trabalho na escola (saberes curriculares) e os saberes que vão sendo construídos no dia-a-dia de sua prática (saberes práticos ou da experiência). (Placco e Souza, 2006, p. 81)
As autoras ainda lembram Tardif (2002, p.18), que diz que o saber do
professor é plural, compósito, heterogêneo, porque envolve, no próprio
exercício do trabalho, conhecimentos e um saber-fazer bastante diversos,
provenientes de fontes variadas e, provavelmente de natureza diferente.
Em todas as afirmações detectadas como “modelos assumidos”,
relatados pelos sujeitos entrevistados, reconhecemos alguma afirmação
voltada para o poder transformativo exercido pelo professor, em que a
comunicação e a didática têm papeis essenciais.
Para Virginia, por exemplo, o professor exerce um poder
transformador, desde que ele saiba suscitar no aluno o gosto pelo
aprendizado. Podemos perceber isso quando ela diz:
O professor exerce um poder transformativo, desde que ele saiba suscitar no aluno esse gosto pelo aprendizado, porque as coisas funcionam, com base naquilo que a gente gosta mesmo. [...] O desempenho consciente da docência, leva à consciência dos alunos, e pra isso, ele tem que ter preparo. [...] Todas as pessoas que se propõem a dar aulas, deveriam passar por esse processo de formação didática. A comunicação é tudo. [...] É muito rico, poder passar pros outros, conhecimentos, passar mais do que conhecimentos,
97
a vontade de ter conhecimentos. a necessidade de aprender. e isso faz com que todos cresçam.
Roldão (2007), em consonância com Virginia e Fausto, também afirma
que a formalização do conhecimento profissional ligado ao ato de ensinar
implica a consideração de uma constelação de saberes de vários tipos,
passíveis de diversas formalizações teórico–científicas, científico-didáticas,
pedagógicas (o que ensinar, como ensinar, a quem e de acordo com que
finalidades, condições e recursos), que, contudo, se jogam num único saber
integrador, situado e contextual – como ensinar aqui e agora –, que se
configura como “prático”. E mais adiante, Roldão complementa:
[...] Prefiro, assim, em vez de prática docente, falar da ação de ensinar, enquanto ação inteligente, fundada num domínio seguro de um saber. Esse saber emerge dos vários saberes formais e do saber experiencial, que uns e outro se aprofundam e questionam. Torna-se saber profissional docente quando e se o professor o recria mediante um processo mobilizador e transformativo em cada ato pedagógico, contextual, prático e singular. Nessa singularidade de cada situação, o profissional tem de saber mobilizar todo o tipo de saber prévio que possui, transformando-o em fundamento do agir informado, que é o ato de ensinar enquanto construção de um processo de aprendizagem de outros e por outros e, nesse sentido, arte e técnica (grifo nosso), mas fundada em ciência. (Roldão, 2007, p. 101)
4.4 – Importância da Comunicação na Docência
Como a base do curso de didática para o ensino superior realizado
pelos sujeitos entrevistados está voltada para a comunicação em sala de
aula, é natural que, em grande parte das respostas obtidas nas entrevistas
realizadas, encontremos alguma alusão à importância e também à real
necessidade de implementarmos e fomentarmos a didática e a comunicação,
como um dos saberes voltados para a formação docente. Porém, para esta
análise, selecionamos apenas as principais falas, que demonstram a
importância atribuída à comunicação pelos sujeitos entrevistados.
98
Foram 28 afirmações selecionadas, divididas em duas subcategorias:
como motivação e como ferramenta.
Na primeira – como motivação – foram compiladas as falas que
demonstram o suporte motivacional que a comunicação traz para a
realização docente.
Na segunda – como ferramenta – foram selecionadas as colocações
que traduzem a comunicação como suporte integral da construção da aula,
estrategicamente utilizada para tal.
Não nos esqueçamos de que, embora tenhamos feito esta separação
analítica, a mesma é feita apenas para fins didáticos, dado que, no limite, a
“motivação” é uma forte “ferramenta” da comunicação. Além disso, há
momentos em que a motivação recorre às ferramentas e há momentos em
que as ferramentas são motivacionais.
Borrasca e Moya (2012), em seu artigo sobre os saberes docentes e o
ensino universitário, com foco nas boas práticas de ensino, dizem que as
referidas práticas positivas são facilmente identificáveis como tais, pelos
alunos. Elas (práticas positivas) são caracterizadas pela sua forma peculiar
de se desviar da rotina tradicional de ensino, para garantir que os alunos
tenham prazer em aprender. E um dos principais suportes para esta
realização está em perceber as reais necessidades do alunado. Eles
demonstram que a comunicação é um destes principais suportes, quando
dizem que:
O bom professor é definido como um professor abrangente e atualizado, um profissional treinado que leva sua profissão com consciência e compromisso. Os professores, para obterem um bom resultado, em especial no campo universitário, devem desenvolver a habilidade comunicacional (grifo nosso), devem desenvolver a capacidade de contar histórias, de falar, de interagir com os alunos e a partir daí, gerarem um grande entusiasmo, que, como relata Woods (1987), auxilia no bom resultado docente e na construção de uma unidade em sua prática profissional. Junto a estas alegações, deve-se afirmar que um bom professor não opera somente sob elevados padrões de excelência teórica, mas também na prática pedagógica, que está ligada diretamente ao processo de comunicação com o universo discente. As irregularidades de dinamismo próprio e
99
a imprevisibilidade da prática de ensino tornam-se oportunidades valiosas para a reflexão sobre a importância do domínio comunicacional (grifo nosso) por parte dos professores que têm como foco central a aprendizagem. Os professores são confrontados com problemas na experiência cotidiana e, com a ajuda da didática e da comunicação, terão que procurar e sondar as soluções. Mas estas soluções, segundo Biggs(2005), não consistem simplesmente em adquirir um novo conjunto de “truques” e “técnicas de ensino”, um dos quais pode ou não ser útil em suas circunstâncias concretas, mas de refletir sobre seus problemas de ensino e deduzir suas próprias maneiras de enfrentá-los. (Borrasca e Moya, 2012, p.180)
Com base nestas reflexões iniciais, passamos a analisar as falas dos
nossos sujeitos entrevistados.
4.4.1 – A importância da Comunicação: como Motivação
Ao discorrer sobre a importância da comunicação, Silvio ressalta que
o tempo está cada vez mais escasso, e por isso precisa ser bem
aproveitado, para que o aluno consiga absorver todos os conteúdos
necessários nas especialidades de sua formação acadêmica. A partir desta
necessidade, a comunicação aparece aqui, associada à tecnologia, e a todos
os implementos tecnológicos atuais, que servem de estímulo e motivação
para os objetivos didáticos e pedagógicos em sala de aula. Silvio diz:
Eu vejo a importância da comunicação, no aspecto "tempo", por exemplo. Com essa crescente tecnologia e informações à nossa disposição, não se pode mais se dar ao luxo de perder muito tempo para expor algo, então eu penso na objetividade e a comunicação tecnológica me motiva. Se a pessoa tem algumas noções desse aspecto de comunicação, e que vai expor, o que tem que expor, de uma maneira clara, concisa, em pouco tempo, eu imagino que o alunado, cada vez mais jovens, é... o alunado não se disperse muito, e aproveite mais o conteúdo das aulas.
100
Baseados na afirmação de Silvio, buscamos suporte no artigo voltado
para o estudo da utilização da tecnologia em sala de aula, no qual Pires,
Jorge e Trajano (2012) demonstram que atualmente as instituições de
educação vêm incorporando diferentes Tecnologias de Informação e
Comunicação (TIC) como instrumentos pedagógicos, com o intuito de
estimular o aprendizado. Apesar de ser uma “ferramenta” de comunicação,
podemos observar na fala de Silvio, que a sua utilização estimula e motiva de
forma perceptível o alunado em geral. Porém, o seu uso ainda não está bem
estabelecido. No estudo realizado por estes pesquisadores, eles buscaram
analisar a influência do PowerPoint em sala de aula e chegaram à conclusão
que as “TIC”, Tecnologias de Informação e Comunicação, podem motivar os
estudantes, por meio de um trabalho bem estruturado e mediado pelo
professor, ampliando assim, a utilização e o potencial destes recursos. Ao
citar Bruzzo (2004), também confirmam que, apesar de a exposição oral ter
sido o instrumento mais utilizado no desenvolvimento do conteúdo pelo
professor em sala de aula, durante um longo período, por ser mais fácil, não
requerendo recursos externos, existem diversas outras possibilidades
tecnológicas que podem ser agregadoras como motivação, a partir da
comunicação. Bruzzo (2004) diz:
A utilização da oralidade, ao longo do tempo, tem demonstrado a sua inadequação na apreensão do conteúdo por parte do alunado em diversas situações. Entretanto, dentre nossos mecanismos sensoriais, a visão é a responsável por grande parte da nossa interpretação do mundo exterior, logo, torna-se um importante facilitador e motivador (grifo nosso) da aprendizagem. Já foi constatado que múltiplos significados podem ser gerados pelas imagens, devido à rede de concepções, escolhas estéticas, interesses e profissionais envolvidos em sua elaboração (Bruzzo, 2004, p.1359).
Há neste artigo um importante alerta, referente à utilização da
tecnologia incorporada em sala de aula. O autor alerta para o fato de que,
apesar dos estudantes, ao longo da pesquisa realizada por ele, terem
apontado de maneira significativa e positiva a utilização dos recursos de
imagens e implementos tecnológicos como elementos motivadores, também
se observa que eles podem favorecer ou não o processo docente,
101
dependendo de como são aplicados.
Vale lembrar que perspectivar a relação pedagógica e o processo de
ensino e aprendizagem, à luz das teorias da comunicação, é uma questão
central para muitos autores no contexto da Tecnologia Educativa, área
científica das Ciências da Educação que, desde meados do século passado,
possui como objetivo melhorar a aprendizagem humana com o apoio de
recursos tecnológicos, os quais visam motivar e facilitar o aprendizado. Nesta
perspectiva, os princípios gerais da comunicação humana estendem-se à
sala de aula a tal ponto que se poderia mesmo estabelecer uma associação
entre métodos pedagógicos e tecnologias da comunicação, com o intuito de
transformar professor e alunos em “comunicadores”, motivando assim o
processo formativo. Analisar a evolução dos paradigmas educacionais à luz
das teorias da comunicação é um exercício que ajuda a compreender as
dinâmicas do processo de ensino e aprendizagem, e a verificar como, em tal
processo, o papel das tecnologias pode servir a qualquer modelo
pedagógico, sejam os métodos expositivos, o trabalho de projeto ou a
resolução de problemas.
Para Maria, a comunicação é elemento motivador e estimulante que aponta
trajetórias e melhora o desempenho docente, porque, através da didática e
da comunicação, o professor consegue adaptar à sala de aula o conteúdo
programado, independentemente do assunto. Ela complementa:
É bem legal ouvir a opinião de outra pessoa. Então eu gosto muito de falar, de ter a minha opinião, e debater. Eu gosto muito de debate em sala de aula, e a comunicação propicia isso. A didática e a comunicação estão mesmo, nas ações mais simples, sabe, de se expor, de explanar, de manter contato, de comunicar-se com uma equipe.
Neste sentido apontado por Maria, em que ela se sente estimulada e
motivada ao poder comunicar-se com seus colegas, ouvindo opiniões e
explanando as suas, temos a fala de Leite e Ramos (2010), que confirmam a
necessidade de rompimento com a “racionalidade da tradição acadêmica”,
que não leva em conta a importância das condições adequadas para uma
real comunicação entre o conteúdo, o professor e o alunado em geral. Elas
102
afirmam que muitos estudos têm apontado para a existência de um repertório
de conhecimentos específicos para o exercício docente, necessários neste
momento, em que todas as diretrizes sustentam a necessidade do ensino se
voltar para a motivação em sala de aula o que auxilia de forma significativa, a
aprendizagem dos estudantes.
Para que esta aprendizagem seja realizada com qualidade e dimensão
amplificada, a didática e a comunicação são elementos primordiais. Leite e
Ramos (2010) ainda complementam que há um debate profícuo no sentido
de superar a ideia pré-concebida de que, para ensinar no ensino superior,
basta conhecer o conteúdo da área curricular a que o docente se encontra
vinculado, ter talento, ter bom senso, seguir a intuição, ter experiência e ter
cultura. Afirmam que todas as referências que possuem apontam para a
necessidade de outros elementos constituintes, pela complexidade e
especificidade da função docente. E dentre estes elementos, a comunicação
em sala de aula, com o suporte de uma didática consciente, fruto de reflexão
e de ações pontuais e motivacionais, pode ser um caminho. Elas dizem:
[...] A profissionalidade docente universitária implica recorrer às possibilidades que decorrem do desenvolvimento profissional, enquanto processo que contribui para uma compreensão da complexidade e especificidade da função docente. (Leite e Ramos, 2010, p. 31)
As autoras ainda resgatam as falas de Schön (1992, p.77-91) e
Zeichner (1993), que sustentam, também , a ideia de que a prática docente,
por si só, pode não garantir aprendizagem. Ou seja, para que gere
aprendizagem, esta prática precisa de ser acompanhada de uma reflexão na
e sobre a ação, e esta reflexão deve ser coletiva, o que gera motivação
através da participação grupal. Aqui, a aula não é do professor, mas é de
todos. O aluno se sente participante ativo, motivado pela participação real na
construção da necessária reflexão sobre a ação realizada. Leite e Ramos
(2010) ainda complementam que, além da qualidade científica, a
universidade necessita de uma qualificação pedagógica, com o suporte
integral da didática e da comunicação, como fatores estruturantes para o
103
bom resultado acadêmico. Elas afirmam :
[...] É na consideração a esta profissionalidade requerida, que também concordamos que o exercício da profissão docente requer uma sólida formação, não apenas nos conteúdos científicos próprios da disciplina, como também nos aspectos correspondentes à sua didática e ao encaminhamento das diversas variáveis que caracterizam a docência. [...] Com a posição que estamos aqui a enunciar, queremos realçar que a natureza teórico-prática da profissionalidade docente, sendo, ao mesmo tempo, um espaço de ação e um processo de reelaboração, assume um caráter mediador entre o corpo de conhecimentos, do corpo disciplinar e os saberes pedagógico-didáticos que são assumidamente propositivos e não normativos. Isto é, que esses saberes se orientam numa perspectiva emancipatória e não reguladora da profissão docente. [...] Assim, a compreensão do caráter mediador do conhecimento pedagógico-didático, por ser estruturante, não oferece soluções, mas possibilita encontrar meios de agir na ação pedagógica docente. (Leite e Ramos, 2010, p. 31 e 32)
E neste contexto, podemos observar que a fala de José Roberto
reafirma a importância da comunicação como elemento de interação e
motivação, quando ele diz que:
A comunicação me proporciona a possibilidade de interagir com o aluno e de procurar levar a mensagem e esperar aquela receptividade e aquela resposta. [...] A comunicação é essencial porque é a mola mestra para se conseguir um bom resultado docente. [...] Se o professor não tiver didática, é um trabalho todo que pode ir por água abaixo. Pode não atingir o efeito pretendido.
Através das palavras de José Roberto, podemos concluir que a
comunicação em sala de aula faz a ponte entre a pergunta e a resposta, e
através dela, a motivação transita na direção do contato vital entre alunos e
seus colegas, além do contato dos alunos com o professor e vice-versa.
Morgado (2007) afirma que, muitas vezes, o aluno não aprende,
porque o professor não ensina adequadamente e desta forma o interesse
não se estabelece. Porém, cada vez mais se percebe que o sentido de
“adequado”, está ligado diretamente à condição de se gerar o interesse e a
integração necessários, para que o aluno consiga superar quaisquer
104
barreiras e dificuldades, e neste sentido, a motivação proporcionada pela
comunicação e pela didática exercem um papel fundamental e agregador.
Para Claudia, por meio da didática e da comunicação em sala de aula,
ela se sente inserida dentro de um processo educacional, ou seja, se sente
motivada para participar do referido processo. Ela relata:
O importante é o professor conseguir alcançar o aluno, mais do que só conseguir passar o conteúdo. Porque conteúdo, eu acho que se você conseguir despertar na pessoa, ela vai buscar. [...] Acho que didática te dá essa visão interdisciplinar.
Se observarmos detalhadamente estas afirmações, perceberemos a
presença do processo identitário relacional, apresentado na obra de Dubar
(2005, p. 151). Para ele, a realização da construção biográfica de uma
identidade profissional e, portanto, social, pressupõe que os indivíduos
devam entrar em relações de trabalho, participar de alguma forma coletiva
nas organizações e intervir de uma maneira ou outra em representações (o
que ocorre no processo educacional). Estas afirmações de Dubar, em que o
autor cita os termos “relações”, “participação coletiva” e “intervenções”,
sugerem uma “rede” comunicacional intensa e permanente, que dará lastro e
suporte para a construção biográfica de uma identidade profissional. Se
direcionarmos esta afirmação para a profissão docente, concluiremos que o
processo identitário relacional, voltado para a profissão docente, tem na
comunicação um suporte significativo e consequentemente, a
profissionalização docente encontra na comunicação e na motivação que ela
proporciona, um elemento constitutivo primordial.
4.4.2 – A importância da Comunicação – Como ferramenta
A definição da palavra “ferramenta” nos remete diretamente ao grego,
raiz da referida palavra, que a define como “utensílio”, ou seja, algo útil que
nos auxilia e que de modo figurado é “um meio que se emprega para se
realizar determinado objetivo”. Neste contexto, quando nos referimos à
105
comunicação como ferramenta, queremos dizer que, nas afirmações dos
sujeitos entrevistados, foram detectadas falas que demonstram a utilidade da
comunicação na concepção dos mesmos, para a realização docente.
Para Silvio, por exemplo, a comunicação e a didática “trazem os
alunos ao professor”. Ele diz o seguinte:
É a ferramenta mais precisa para se transmitir, sem que a mensagem se perca no meio do caminho. [...] As técnicas de comunicação, usadas como ferramentas, auxiliam na prática docente.
Na fala de Silvio, pudemos observar que a ideia da comunicação como
“ferramenta” tem um sentido amplo, que auxilia a realização docente na
“aprendizagem do pensar”, ou seja, na construção de condições para que o
aluno se constitua como sujeito pensante no ambiente coletivo da sala de
aula, de forma que seja capaz de argumentar, lidar com o conteúdo
partilhado e mais que isso, enfrentar e resolver os problemas da vida prática
e acadêmica. E neste sentido o professor exerce uma “mediação didática”.
Libâneo (2009), ao tratar da mediação didática, afirma que:
A mediação didática consiste, assim, em estabelecer as condições ideais à ativação do processo de aprendizagem, ou seja, assegurar as melhores condições possíveis de transformação das relações que o aprendiz mantém com o saber. (Libâneo, 2009, p. 5)
Outra função atribuída à comunicação como ferramenta foi feita por
Maria, quando confirma ser a comunicação uma ferramenta vigorosa no
auxilio à verbalização qualificada, ou seja, com resultados reais e práticos.
Ela ainda complementa que, através da comunicação como ferramenta, o
professor vai conhecer a sala de aula, o aluno e o interesse da maioria.
Já na fala de Claudia, a função da comunicação como ferramenta está
diretamente ligada a condição de situar o aluno no contexto da sala de aula e
também de adaptá-lo, além de construir uma ligação, entre o professor e o
aluno. Ela diz:
A comunicação como ferramenta faz você conseguir saber
106
com quem você tá falando e se adaptar a esses públicos. [...] A comunicação ensina o que é ter o olho pra ver as dificuldades. Ela estabelece uma ponte entre professor e aluno.
Podemos observar aqui uma função clara da comunicação como
ferramenta de ligação entre professores e alunos. Ela proporciona a condição
de reconhecimento e de integração, através da conscientização dos papeis
estabelecidos e também das metas comuns a serem alcançadas.
Na visão de Virginia a didática e a comunicação têm, como uma das
funções, extrair de cada um dos alunos experiências próprias que vão se
transformar em conhecimento, com a ajuda dos professores, e preparar-se
para esta função comunicacional é fundamental. Através desta função, há o
estímulo à reflexão e também à pesquisa. Ela complementa:
A gente sabe que nem sempre se consegue estabelecer essa comunicação entre professor e aluno. Aqueles professores que vêm, que expõem as suas teses, e..., e muitas vezes, alguns até permitem assim, contrapontos, pelos alunos. Outros, nem isso permitem, porque eles têm que cumprir aquele tempo de aula, e..., e vão ininterruptamente jogando os temas. [...] A comunicação é absolutamente fundamental. Vejo como fundamental, então a gente percebe, a importância de se estar preparado para dar aula. Que não é só um repasse de conhecimentos, não. [...] A gente tem aquela, aquela ideia de que, lecionar..., é expor para os alunos, conhecimentos pré-adquiridos. [...] O professor, ele tem uma função, que eu considero bárbara, que é fazer com que o aluno pense, com que o aluno reflita, com que ele tenha gosto pelas coisas, com que ele tenha gosto pela pesquisa, porque, com o gostar disso, ele vai fazer coisas, ah..., que acabarão trazendo de uma forma ou de outra, resultados, pra ele próprio, para as pessoas que o cercam, e em última instância, para a sociedade, como um todo.[...].É importante, na minha ótica, na minha visão de ser, essa atuação, esse desempenho consciente, que leve à consciência dos alunos, e pra isso, ele tem que ter preparo..[...] É esse poder transformativo que o professor exerce, desde que ele saiba suscitar no aluno esse gosto pelo aprendizado, porque as coisas funcionam, com base naquilo que a gente gosta mesmo. São os reclamos da alma.
Para Virgínia, as experiências individuais são elementos
enriquecedores no processo pedagógico em sala de aula e que, quando não
107
têm o suporte de uma ferramenta qualificada, não são utilizadas como
poderiam, para a qualificação do processo didático-pedagógico. Esta
afirmação nos remete às experiências positivas realizadas por diversos
pesquisadores, que propõem ações que estimulem os alunos a exatamente
socializar suas experiências, ou seja, utilizando a comunicação como
ferramenta, transformando-as em conhecimento. Dentre elas, destacamos a
experiência da utilização do diário de itinerância, de René Barbier (2007),
retratado no artigo escrito por Almeida (2012), no qual a autora explica que o
diário de itinerância é um bloco de apontamentos, no qual cada um anota o
que sente, o que pensa, o que medita, o que poetiza, o que retém de uma
teoria, de uma conversa, o que constrói para dar sentido à vida. Barbier
(2007) o propõe como técnica de pesquisa-ação, mas Almeida (2012) nos
apresenta o mesmo, empregado como recurso para formação e avaliação..
Em uma disciplina de um curso de pós-graduação stricto sensu, os diários de
itinerância foram realizados , por escrito, tendo como estímulo temas de aula
previamente indicados, sendo posteriormente, socializados entre os alunos.
A comunicação, neste momento exerceu um papel fundamental, e as
dinâmicas apresentadas para que cada aluno participante dividisse seu
conteúdo e partilhasse com os demais produziram produtivos momentos de
reflexão, formação e aprendizado, segundo os sujeitos envolvidos. Neste
sentido, Almeida (2012) complementa:
Quando a proposta de formação faz sentido para o formador e o formando, a resposta vem na forma de uma aprendizagem significativa, que passa pela pessoa inteira, envolvendo o sentir, o pensar e o agir, e abre caminho para a autoria e a autonomia. (Almeida, 2012, p. 267)
Fausto também afirma, que a comunicação e a didática exercem um
papel essencial como ferramenta que interliga as partes. O professor para ele
é um fomentador que auxilia na aprendizagem significativa, quando
consegue “alcançar” o aluno. Ele complementa este pensamento quando
afirma que:
A didática, é essencial para o professor aprimorar suas habilidades para conseguir dar uma boa aula.[...] A didática serve tanto para aquele que já é bom, como para aquele que
108
não é bom desenvolver, entender o que tá acontecendo.[...] Você pode ter alunos com fragilidade educacional, ou muito fortes, ou muito críticos, e você tem que saber se situar, naquele contexto.[...] Você é bombardeado de informação o tempo inteiro, então, o papel do professor, hoje, eu acho que tá muito mais ligado a essa questão do direcionamento, mesmo. né? tipo assim, da reflexão, pro aluno é..., porque as informações estão aí. Então, você é um instrumento realmente de, de..., de..., fomentador, né? de crítica e de, de..., enfím, de fazer com que a pessoa progrida.[...] O papel do professor, nesse contexto, precisa de uma reformulação. uma hora vão ter que se dar conta disso, que não adianta ficar mais repetindo, e ser repetido. porque essa não é mais a vivência dos alunos.
Desta forma, para Fausto o professor é o mediador que deve fazer a
conexão entre as estratégias de comunicação e o alunado, estimulando o
contato e a troca de informações entre os alunos, proporcionando assim uma
integração ampla e um aprendizado partilhado. Fausto ainda diz que:
A comunicação na verdade, acho, é a essência, porque você só comunica se você consegue transmitir uma mensagem. Você tem, enfim, um destinatário e ele tem que traduzir a informação que você está passando. Se tem algum ruído aí, a mensagem, ou ela vai truncada, ou ela não vai ser passada, né. Então, a comunicação é a essência, é o instrumento do professor. Se você não se comunica, você não ensina, a pessoa não aprende, enfim..., então é o instrumento, mesmo.
Na colocação de Fausto, podemos detectar que o professor é um
mediador ou facilitador perante o alunado, através da linguagem e pela forma
de comunicação que ele utiliza como um agente direto para a realização de
estratégias que têm como fim o aprendizado. E para ocorrer aprendizagem,
há que existir o interesse do aluno, e cabe ao professor propiciar situações
favoráveis para que esse interesse seja estimulado e a aprendizagem
aconteça.
109
4.5 – Da Percepção à Reflexão
Uma das observações mais aparentes, no processo de aprendizado
que o curso de Didática para o Ensino Superior do Projeto Mestre apresenta,
é a mudança de concepção sobre os princípios, conceitos e práticas, na
atuação docente, que vão ocorrendo durante todo o curso.
A partir do seu início, o curso já propõe uma reflexão sobre as
referências existentes, relacionadas à docência, fruto da vivência de cada
aluno durante sua vida acadêmica (no mínimo 20 anos). Após esta fase
inicial, há um estudo voltado para as aspirações dos referidos alunos, agora
como futuros professores, na direção da sua futura ou presente atuação
docente. E exatamente no meio do curso, por volta do terceiro mês de aula,
começa a surgir naturalmente, um novo olhar, uma nova “visão estratégica”,
que traz consigo a possibilidade de quebra de paradigmas ou a
complementação dos atuais paradigmas, alicerçados em novas perspectivas.
Há uma natural mudança de concepção sobre o papel e função da aula e,
consequentemente, da atuação docente, a partir do curso.
Na visão de Resende (2008), as concepções pedagógicas transitam entre
polos, por vezes contraditoriamente dispostos, o que pode ser interpretado
pelo fato de que o próprio ato educativo busca promover a manutenção de
modelos e também fomentar a transformação e a emancipação humana. Ela
ainda complementa:
Trata-se, pois de um campo permeado por conflitos e inseguranças, mas inclui certezas e convicções, que segundo Nietzsche (2001), são mais perigosas para a busca da verdade, mesmo que temporária, que as próprias mentiras. Assim, o trabalho pedagógico concebido e vivenciado ao longo do tempo tem refletido princípios, concepções e posturas que podem promover avanços educativos em determinados tempos e espaços e, ainda, verdadeiras ciladas em processos interpretativos da realidade. Mas qualquer que seja o resultado dessa interpretação, as marcas deixadas vão se explicitando de maneira a compor um rico mosaico, com muitas co-autorias. (Resende, 2008, p. 10)
110
No momento em que as entrevistas foram realizadas - no meio do
curso - os alunos estavam mergulhados exatamente no centro desta reflexão.
É exatamente sobre as respostas que contém alguma percepção de
mudança a partir do curso em andamento, percebidas neste momento do
curso, que trata este item de análise.
Maria pensava que “o professor universitário teria que ter um preparo
grande, de ser um PhD e especialista num assunto para poder lecionar”.
Acreditava que somente o conhecimento pleno da matéria poderia
transformá-la numa professora qualificada. Mesmo sentindo-se vocacionada
para a docência e com diversos convites para atuar como professora
universitária, pelos excelentes resultados obtidos, tanto profissionalmente,
como na sua trajetória intelectual e acadêmica, sentia-se impotente para tal.
Ela relata:
Eu achava que era um caminho muito longo para a docência, e o curso me tornou mais próxima dela. Eu mesma sempre pensei que o professor universitário teria que ter um preparo grande, ao ponto de ser PhD e especialista num assunto, uma sumidade, e aí percebi que o professor tem que ter conhecimento, sim, mas também tem que ter domínio da comunicação, tem que saber verbalizar. Eu acreditava que a forma de lecionar era uma particularidade do professor, um jeito dele dar aula – se sou de um jeito, não há como melhorar, mudar. Então, ah..., o curso me mostrou em sala de aula, que tudo é técnica, o “como” lecionar e tudo mais você desenvolve. Então, isso é o que mais mexeu comigo. Agora sei que, se eu tenho pontos falhos, eu tenho como observar e arrumar isso, entendeu? Adaptar à sala de aula, e seguir essa estratégia e organização, independentemente do assunto.
Na fala de Maria, podemos perceber a descoberta de um novo
paradigma, um novo modelo percebido por ela, voltado para a formação
docente. Percebemos que, ao mesmo tempo em que estas “novidades” vão
aparecendo, e que as referências se multiconfiguram, se estabelece uma
“negociação” entre os valores estabelecidos e as novas realidades. Ao tratar
das crises identitárias na vida profissional, Dubar (2009, p.226) também
aponta estas “negociações”, quando diz que “na vida profissional, as
mudanças de todos os tipos aumentaram: mobilidades coagidas, mas
111
também voluntárias, rupturas impostas, mas também progressões
negociadas, precariedades sofridas, mas também, experimentações
desejadas. ”Neste sentido ainda encontramos “eco” nas palavras de Resende
(2008), ao afirmar que:
A despeito do paradigma no qual se assenta, o trabalho pedagógico e docente segue transitando entre crises de certezas e incertezas, não só pela negação paradigmática, mas pela multiconfiguração de referências, segundo os critérios e a imaginação daqueles que o concebem e/ou vivenciam. Parcelas significativas de educadores demonstram profundos sinais de inquietação e até mesmo de perplexidade, pois os mapas cognitivos, interacionais e societais que lhes eram familiares deixaram de ser confiáveis. [...] Neste âmbito, o trabalho pedagógico em sua unicidade teórico-prática não prescinde dos sujeitos da ação e, portanto, de marcas identitárias. (Resende, 2008, p. 11)
Claudia, por sua vez, pontua claramente o sentido de “resgate” de
valores que o curso proporcionou, especialmente no sentido da admiração e
valoração da profissão docente, além do resgate da importância que a
comunicação tem para a formação de um bom professor e, de forma geral,
de um bom profissional. Ela diz:
O curso me fez resgatar um conceito lá de trás, assim..., de
respeito, de admiração, de valorização e de prazer porque eu
estava meio na “onda” de achar que é ruim ser professor,
que é desvalorizado, que..., então me fez resgatar um
conceito mesmo, lá de trás, de que é bacana, de que é uma
opção, é..., profissional e essa coisa da comunicação, né, de
você abrir um caminho. [...] Resgatar uma valorização que eu
tinha, acho que uma visão talvez mais idealizada, né, eu
acho que a gente perde um pouco. [...] Resgatou uma
vontade antiga que eu tinha, de ser professora.
Ao tratarem do tema “prazer versus disciplina na educação”, Dalvério e
José Filho (2006) se remetem a Rubem Alves (1985), que sustenta a tese do
prazer na educação como sendo um acontecimento intrínseco e necessário à
formação da personalidade do aluno e também no desenvolvimento
qualitativo do professor, dentro e fora da sala de aula. No processo através
112
do qual há essa realização, há também o desabrochar da perspectiva
humana tanto do aluno, como do professor, quer seja na sua formação, quer
seja no resgate de valores perdidos. O professor deve pautar-se pelo
aprendizado que insere o desejo, na busca de satisfação pessoal do aluno.
Isso acontece mediante o uso da linguagem no seu sentido lato e dinâmico.
Da utilização de uma linguagem ampla, composta de ações diversas,
voltadas para a comunicação e intercomunicação de ideias e pensamentos,
de um contato real entre alunos e professores. O professor, utilizando-se de
uma linguagem ampla que lhe é própria e que pode ser constituída através
do estudo e da ressignificação, expressa uma realidade e desperta no aluno
um desejo de conhecê-la também. Tendo-a por objetivo no ensino-
aprendizagem, o aluno procura o domínio tanto da linguagem em sentido
amplo, quanto da realidade. O prazer de conhecê-las se manifesta como
coroamento da assimilação que o aluno efetiva.
Para Virgínia, que já teve experiência como professora na área do
Direito, fica clara a percepção de mudança que a formação didática e
comunicacional proporciona. Ela relata:
[...] Mudou, e mudou muito. A gente tem aquela... , aquela ideia de que lecionar na área do direito é expor para os alunos, conhecimentos pré-adquiridos. E a gente vai vendo durante o curso, que nessa nova concepção de didática, tudo é bem diferente. Porque a gente não é do mundo da educação, é do mundo do direito, é uma coisa mais fechada, e a gente tem aquelas ideias que são passadas através da jurisprudência, através da doutrina. As ideias novas que vêm, a gente nunca pára prá pensar. Eu pelo menos, que nunca dei aula, mas que sempre prestei muito a atenção em como os professores lecionavam, não vejo essas formas de comunicação que foram apresentadas aqui, dentro de uma sala de aula. Prá mim, tá sendo assim, maravilhoso. [...] Eu hoje percebo a dificuldade que existe na hora de levar os ensinamentos para a prática, na hora de apresentações em sala de aula e tudo mais. Tudo por conta da falta de uma visão neste sentido. [...] Com as aulas de didática, que de certa forma, vão trazendo em si essa necessidade, foi super positivo. Agora a gente já conversa, muitos já estão, assim, no "face" (facebook) como amigos, a gente acaba, ah..., interagindo, acaba se sentindo melhor dentro desse universo da sala de aula, porque conhece um pouco mais. Não somos mais um, entre estranhos.
113
Da mesma forma, Fausto reafirma que mudou muito a sua forma de
compreender a função docente. E mais que isso, passou a refletir sobre suas
dificuldades e possibilidades. Para Fausto, ficava clara a percepção do
resultado positivo ou não de uma aula, mas não sabia detectar o que
motivava tal resultado. Aprendeu com o curso a fazer uma análise mais
detalhada do processo de aula como um todo e também aprendeu a fazer
uma autoanálise voltada para a sua participação, como aluno e futuramente
como professor. E, dentre os diversos pontos que foram alterados com o
curso, destacamos o relato de que “o curso mudou até a minha postura
física, a maneira como eu me coloco na frente de outras pessoas, uma
mudança integral, interna e externa”. E Fausto complementa:
Olha, para ser sincero, o curso e estas aulas mudaram muita coisa. Eu acho que as aulas são muito ricas, é..., talvez o conteúdo das aulas seja uma coisa que nós já temos de senso comum, mas que nunca tinha sido refletido. Porque todo mundo sabe perceber aquele professor que vai bem, e aquele professor que vai mal, mas não sabe o porquê que ele tá indo bem, ou o porquê que ele tá indo mal. Então, o curso esclareceu muita coisa a esse respeito. E a partir daí, você pode fazer uma autocrítica, uma autoanálise. [...] O curso mudou até a maneira da minha postura. [...] Você que é advogado, de repente você é chamado para dar aula, ensinar, e aí você "cai de paraquedas" lá, e você segue um roteirinho que você planejou de aula, enfim, não tem qualificação. Então, na verdade, é buscar a qualificação. Então, acho que é uma reflexão, né? Essa experiência que eu tive, que eu falei antes, eu vivenciei, mas não tinha refletido (ele teve uma vivência como professor). A primeira vez que eu fui refletir dessa vivência, foi quando o senhor começou a falar... E aí, eu pensei: nossa, é mesmo, né! (risos) Eu passei por isso, por esta experiência tão importante e não tinha percebido nada do que fazia ali. Assim, né, eu não tinha parado para refletir que a minha dificuldade estava na falta de consciência do que significava o ato de ensinar. Eu vivenciei aquilo, sem..., sem perceber exatamente o que estava acontecendo. Agora eu vejo como eu posso trabalhar melhor os questionamentos em sala de aula. Por exemplo, essa visão de detentor da informação, da verdade e tal, isso não existe mais. Só que alguns não se tocaram disso ainda.
Ao analisarmos a fala de Fausto, podemos perceber que todo o
processo das aulas de didática para o ensino superior do Projeto Mestre,
gerou não só uma reflexão voltada para a prática docente, que o mesmo já
114
havia experimentado enquanto professor, numa experiência única, sem
qualquer consciência de como desenvolvê-la, mas também uma
transformação integral na prática como aluno e como professor. Através da
colocação de Fausto, confirma-se a necessidade de uma mobilização dos
saberes inerentes à docência e as competências necessárias ao seu
exercício profissional.
Gatti (2009) nos lembra que Tardif (2002, p.36) coloca estes saberes
como um “saber plural”, formado pelo amálgama, mais ou menos coerente,
de saberes oriundos da formação profissional e de saberes disciplinares,
curriculares e experienciais. Apesar da diversidade de temáticas e de
abordagens em relação à docência, observa-se que um aspecto comum aos
diversos estudos é a ênfase nas relações entre o exercício profissional e os
saberes inerentes à profissão, entendidos num sentido amplo, que inclui o
saber fazer, mas envolve “os conhecimentos, as competências, as
habilidades (ou aptidões) e as atitudes dos docentes” (TARDIF, 2000, pp. 13-
14)
“Ensinar não é transferir conhecimento,
mas criar as possibilidades para a sua própria produção ou a sua construção.”
Paulo Freire
115
5. Considerações Finais:
“Nada há como começar,
para ver como é árduo concluir.”
Victor Hugo
Ao iniciarmos este trabalho e apontarmos o foco de nossa pesquisa
para “o questionamento sobre a importância atribuída à formação didático-
pedagógica e às técnicas de comunicação em sala de aula desenvolvidas
pelo Projeto Mestre, em seu curso de didática para o ensino superior, por
estudantes de pós-graduação lato sensu, que têm interesse em lecionar”,
levantamos uma hipótese fundante de que os estudantes de pós-graduação
lato sensu, interessados em lecionar no ensino superior, quando têm acesso
à formação didática e comunicacional de boa qualidade, bem como às
técnicas de comunicação em sala de aula, dão uma maior importância à
formação didático-pedagógica, com ênfase na comunicação e percebem a
importância dessas ferramentas estratégicas, para uma melhor realização
docente.
Este questionamento acompanhou toda a nossa trajetória, durante a
realização do curso de didática para o ensino superior do Projeto Mestre,
foco desta pesquisa, com duração de um semestre letivo, desde o seu início,
até o período da realização das entrevistas com os sujeitos voluntários,
116
alunos do referido curso, e posteriormente, até a finalização do mesmo. O
referido curso, como já foi relatado anteriormente, tem como principal objetivo
refletir sobre as técnicas de comunicação em sala de aula e como as
estratégias voltadas para estas técnicas podem ser aplicadas no âmbito da
didática para o ensino superior.
As entrevistas, foco de nossa análise, ocorreram exatamente no meio
do curso. Neste período, como foi explicitado em capítulo anterior, os alunos
já demonstravam uma grande mudança de atitude e, mais que isso, de
consciência do seu papel, enquanto futuros professores. Um dos fatos que
corrobora com afirmação, foi o grande interesse da maioria da turma, em
participar da entrevista para esta pesquisa, ávidos por darem a sua
contribuição e por poderem divulgar as transformações paradigmáticas
ocorridas a partir do curso que realizavam.
Percebemos através da pesquisa realizada, em 2012, com os alunos
do curso de didática para o ensino superior do Projeto Mestre, foco desta
pesquisa, que, apesar de a maior parte de referências que os sujeitos
entrevistados tinham sobre a docência antes da realização do curso
apontarem para alguma defasagem ou imagem negativa relacionada aos
seus professores e somente uma minoria de imagens serem positivas,
atribuídas a um “dom” ou “talento” natural do professor, observou-se que, no
momento das entrevistas a totalidade dos sujeitos entrevistados indicou
alguma alteração vetorial em que a comunicação e a didática foram
apontadas como referências positivas e transformadoras, para uma melhor
realização docente e para a construção de referências qualificadas.
Também pudemos observar, por meio do estudo detalhado do material
compilado nas entrevistas, que, quando um aluno interessado em lecionar no
ensino superior tem acesso à formação didática e comunicacional de
qualidade, passa a perceber a importância dessas ferramentas e da
motivação estratégica que proporcionam para uma melhor realização
docente, o que confirma a hipótese que fundamenta esta pesquisa.
Concluímos assim, que o curso produziu nos sujeitos desta pesquisa
uma alteração significativa, e os relatos demonstraram que os sujeitos
117
entrevistados perceberam desde o início do curso, que as dinâmicas e
referências seriam outras, e que as aulas só aconteceriam, se houvesse uma
integral participação de todos, na direção do todo: alunos com alunos, alunos
com professor, professor com alunos. Para que esta participação existisse,
houve uma descoberta conjunta, de forma racional e refletida coletivamente,
com base nas necessidades e possibilidades existentes a partir da
consciência que o ato de lecionar no ensino superior pressupõe. Há que se
construir uma “identidade profissional docente”, a partir das referências
existentes e também das “crises identitárias” que as novas referências
proporcionam.
Neste sentido, a teoria de Claude Dubar, as explicações e reflexões
que a referida teoria apresenta, discutidas em aula do Mestrado e nos grupos
de pesquisa, foram fundamentais para que estabelecêssemos um padrão
teórico qualificado, como merece o tema e a proposta apresentada.
Quando Placco e Souza dizem que “a aprendizagem decorre da
consciência da necessidade de mobilizar recursos pessoais e sociais,
internos e externos, para atingir determinados objetivos claramente definidos”
(Placco e Souza, 2006, p.19), elas têm a clara consciência da multiplicidade
de fatores que compõem o ato de aprender e de ensinar, os quais são
constituintes integrais do processo de socialização e, por conseguinte, de
constituição identitária. Nos princípios norteadores da aprendizagem do
adulto professor (Placco e Souza,2006, p. 23), os dois primeiros itens
apontados pelas autoras foram:
- A aprendizagem do adulto decorre de uma construção grupal.
- A aprendizagem se dá a partir do confronto e do aprofundamento de ideias.
As duas afirmações confirmam a teoria de Dubar, que propõe que só é
possível conceber o conceito de identidade, na medida em que se restitui a
relação “identidade para si e identidade para o outro”, como constituintes de
socialização. E as referidas afirmações, feitas pelas autoras e confirmadas
pela teoria de Dubar, vêm integralmente ao encontro das respostas obtidas
nas entrevistas realizadas nesta pesquisa, pois foi amplamente apontado
118
pelos sujeitos entrevistados que, a partir de uma construção grupal e de um
aprofundamento de ideias partilhadas, com o suporte das técnicas de
comunicação em sala de aula, não só atribuíram uma grande importância aos
elementos de composição didática, como também transformaram e
ampliaram conceitos previamente estabelecidos.
Ficamos inspirados a futuramente realizar um aprofundamento maior
deste estudo, com enfoque na contribuição que o Teatro, através das suas
técnicas de comunicação, pode gerar, para a ampliação da qualidade
didática do professor universitário, e se possível, um acompanhamento
pontual dos novos professores saídos deste processo formativo diferenciado,
já atuando em sala de aula, para a complementação e ampliação desta
pesquisa, ora realizada.
"A educação é a arma mais poderosa que você pode usar
Para mudar o mundo”.
Nelson Mandela
119
6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ALMEIDA, L. R.; MAHONEY, A. A. Afetividade e processo ensino-aprendizagem: contribuições de Henri Wallon - Revista Psicologia da Educação, versão online, n.20 - Pepsic - junho de 2005.
ALMEIDA, L.R. (org) - O CP e os Desafios da Educação – Diretrizes para a formação de professores: uma abordagem possível. São Paulo: Ed. Loyola, 2008.
ALMEIDA, L. R. - Diário de Itinerância, recurso para formação e avaliação de estudantes universitários – Estudos de Avaliação Educacional – Educa – Periódicos online de educação, vol.23, n.51, pp. 250-269. ISSN 0103-6831 – 2012.
ALVES, M. S. A formação pedagógica e seu significado para os docentes do ensino superior - um estudo com professores da Faculdade de Letras da UFMG , dissertação - Belo Horizonte – 2005.
ALVES, R.- Conversas com quem gosta de ensinar, 12.ª ed., SP, Cortez/Autores Associados, 1985.
ANDRADE, T. P. P. “O professor universitário sem formação pedagógica, a origem e a construção de sua práxis docente: que racionalidade? Que caminhos? -Universidade Federal do Ceará – Fortaleza 2006.
BARBIER, René – A pesquisa-ação, Brasilia: Liberlivro, 2007.
BEHLAU M.; DRAGONE M.L.S.E.; NAGANO L. - A Voz que Ensina: o professor e a comunicação oral em sala de aula. Rio de Janeiro: Revinter; 2004.
120
BERTHOLD, M. História mundial do teatro - São Paulo: Editora Perspectiva, 2000.
BIGGS, J. - Calidad del aprendizaje universitario. Madrid: Narcea, 2005.
BLOOR, M. – Addressing social problems through qualitative research. In D. Silverman (ed.) Qualitative Research: Theory, Method and Practice, 2nd London: Sage, 2004.
BOMBOSSARO, L.C. Imagem e conceito: a experiência do pensar nos emblemas da renascença. Revista eletrônica -Conexão – Comunicação e Cultura, UCS, Caxias do Sul, v. 5, n. 9, p. 83-95, jan./jun. 2006 - pesquisado na internet em 12 de agosto de 2012.
BORGES, M.L. – O sentido da “vocação” – Associação Portuguesa de Sociologia – Celta Editora – Lisboa – Portugal 1996.
BORRASCA, B. J. e MOYA, J. L. M. – Saberes docentes e ensino universitário – Estudios sobre Educacion/ vol. 22 / 2012.
BRANDÃO, A. C.; DUARTE, M. F. Movimentos culturais da juventude – São Paulo: Moderna, 1990.
BRASIL LDB – Lei de diretrizes e bases da educação nacional. Brasília: Subsecretaria de Edições Técnicas, 1996.
BRITO, A. E. - O significado da reflexão na prática docente e na produção dos saberes profissionais do/a professor/a - Revista Iberoamericana de Educación, ISSN-e 1681-5653, Vol. 38, Nº. 7, 2006
BRUZZO C. - Biologia: educação e imagens. Educação & Sociedade, Campinas, v. 25, n. 89, set./dez. 2004.
121
BULIK, L. Comunicação e teatro: por uma semiótica do Odin Teatret. São Paulo: Arte & Ciência, 2001.
CANÁRIO, R. – A Escola: o lugar onde os professores aprendem. Psicologia da Educação. São Paulo, 1º. Semestre, 1998.
CHACRA, S. Apud DEZOTTI . Natureza e sentido da improvisação teatral. São Paulo: Perspectiva, 1991.
CODO, W. & GAZZOTTI, A. A. Educação, carinho e trabalho. Petrópolis, Rio de Janeiro: Vozes, 1999.
COMÊNIUS, J. A. Didática Magna. 2. ed. São Paulo: Martins Fontes, 2002.
CONTRERAS, J. Autonomia de professores. São Paulo: Cortez, 2002.
COSTA, A.M.N. Revoluções Tecnológicas e Transformações Subjetivas. Revista Psicologia: Teoria e Pesquisa Mai-Ago 2002, Vol. 18 n. 2, pp. 193-202 - pesquisado na internet em 12 de agosto de 2012.
DALVERIO, O.;JOSÉ FILHO, M. – Prazer versus disciplina - um estudo exploratório das divergências e das convergências. Revista Iberoamericana de Educación, ISSN-e 1681-5653, Vol. 39, Nº. 7, 2006.
DAVIS, C. & OLIVEIRA, Z. - Psicologia na educação. São Paulo: Cortez Editora, 2000.
DAY, Christopher – Desenvolvimento profissional de professores: Os desafios da aprendizagem permanente (Maria Assunção Flores, trad.).Porto: Porto Editora, 2001.
DEMO, P. Pesquisa: Princípio científico Educativo. 4ª ed. São Paulo: Cortez, 1996.
122
DEMO, P. Universidade e reconstrução do conhecimento. Ensaio: Avaliação e Políticas Públicas em Educação. Rio de Janeiro, v. 7 nº 23, abr/jun. 1999. p, 129-144
DEZOTTI, C.B.S. O teatro como meio de comunicação - “tese de ME” da Faculdade de Comunicação - Universidade de Marília - São Paulo - Marília, 2006
DUARTE, R. - Cadernos de Pesquisa, n. 115, p. 139-154, março/ 2002
DUBAR, C. A socialização, São Paulo. Martins Fontes, 2005. DUBAR, C. A crise das identidades, São Paulo. Edusp, 2009.
ENS, R.T & BEHRENS, M.A. (org). Formação do Professor:profissionalidade, pesquisa e cultura escolar. Curitiba: Champagnat, 2010.
FARIA, O. I. L. & CASAGRANDE, L. D A educação para o século XXI e a formação do professor reflexivo na enfermagem. Revista latino-americana de enfermagem.Rev. Latino-Am. Enfermagem v.12 n.5 Ribeirão Preto set./out. 2004, www. scielo. br, acessado em 25 de agosto de 2012.
FERREIRA L.P.; GIANNINI S.P.P.; FIGUEIRA S.; SILVA E.E.; KARMAN D. F.; SOUZA T.M.T. - Condições de Produção Vocal de Professores da Prefeitura do Município de São Paulo. Disturb Comum, 2003.
FOUCAULT, M. As palavras e as coisas: uma arqueologia das ciências humanas. São Paulo: Martins Fontes, 1987. FREIRE, P.Pedagogia da autonomia. São Paulo: Paz e Terra, 1996.
123
GAMBI, F. História da Pedagogia. (Tradução de Álvaro Lorencini),São Paulo: UNESP, 1999. GARCIA, M. C. La Formación de los Formadores como espacio de trabajo e investigación: dos ejemplos. XXI Revista de Educación Universidad de Sevilla, Espanha, Nº 1, pp. 33-57., 1999.
GARCIA, M. A questão da cultura popular: as políticas culturais do Centro Popular de Cultura (CPC) da União Nacional dos Estudantes (UNE). Revista Brasileira de História. São Paulo, v. 24, nº47, p. 127-162, 2004. Disponível em: Vol. 1, nº 6, Ano VI, Dez/2009.
GARCIA, T. C.. Tudo bem - e o nacional popular no Brasil dos anos 70 Revista História. São Paulo, v. 26, nº2 - de outubro de 2009.
GATTI, A.C. Os Professores e suas Identidades: O desvelamento da heterogeneidade. Cad. de Pesq. No.98, Fundação Carlos Chagas – agosto/ 1996.
GATTI, A.C. Formação de Professores: condições e problemas atuais,Revista Brasileira de Formação de Professores – Fundação Carlos Chagas - Vol. 1, maio/2009.
GIL, A. C. Metodologia do ensino superior. São Paulo: Atlas, 2005. GOFFMAN, Erwing. A representação do eu na vida cotidiana, Petrópolis, Vozes, 4a. edição, 1995
GRAMSCI, A. Concepção dialética da história. 2. ed. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1978.
GRILLO M.H.M.M.; PENTEADO R.Z. - Impacto da Voz na Qualidade de
124
Vida de Professore(a)s do Ensino Fundamental. Pro Fono, 2005.
GRINSPUN, M. P. S. Z. (Org.) Educação Tecnológica: desafios e perspectivas. São Paulo, Ed. Cortez, 1999.
HABERMAS, J. Teoría de la acción comunicativa. Tomo I –Racionalidad de la acción y racionalización social, versão de ManuelGiménez Redondo. Madrid: Taurus Ediciones, 1987. JACQUES M.G. - Identidade.in: Psicologia social contemporânea - Petrópolis, Vozes, 1998.
JODELET, D. Représentation sociale: phénomene, concept et théorie. In S.MOSCOVICI (dir.). Psychologie sociale. Paris: Presses Universitaires de France, 1990.
JODELET,D. Comunicação na XI Conferência Internacional de Representações Sociais, Évora - Portugal, junho de 2012.
KUENZER , A.Z. O ensino médio no plano nacional de educação 2011-2020: superando a década perdida?,Educ. Soc., Campinas, v. 31, n. 112, p. 851-873, jul.-set. 851,cedes.unicamp.br, 2010.
Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996. Lei de diretrizes e bases da educação, 1996.
LEITE, C. & RAMOS, K. Sentidos da Pedagogia no Ensino Superior – CIIE/Livpsic, Legis Editora, Porto, 2010.
LEVY, P. A revolução contemporânea em matéria de comunicação - revista Famecos, no. 09, dezembro de 1998. Pesquisada pela internet em 07 de agosto de 2012.
LIBÂNEO, J.C. Didática – São Paulo - Cortez, 1994.
125
LIBÂNEO, J. C. Pedagogia e pedagogos, para quê? São Paulo: Cortez, 1998. LIBÂNEO, J.C. A Didática e as exigências do processo de escolarização: formação cultural e científica e demandas das práticas Socioculturais, Texto de conferência apresentado no III EDIPE – Encontro Nacional de Didática e Prática de Ensino, Anápolis (GO), outubro de 2009.
LIBÂNEO, J. C.. O ensino da Didática, das metodologias específicas e dos conteúdos específicos do ensino fundamental nos currículos dos cursos de Pedagogia, Revista Brasileira de Estudos Pedagógicos, Vol. 91, No 229, 2010. LIEBSCHER, P.. Quantity with quality ? Teaching quantitative and qualitative methods in a LIS Master’s program. Library Trends, v. 46, n. 4, p. 668-680, Spring 1998, pesquisado na internetem 26 de agosto de 2012. LÜDKE, M.; BOING, L. A.. Caminhos da Profissão e da Pofissionalização docentes. Revista de Ciências da Educação. Campinas, v. 25. n.89, p.1095-1436, Set. / Dez., 2004. MAHONEY, A.A., L.R. Almeida - Psicologia da educação - Afetividade e processo ensino-aprendizagem:contribuições de Henri Wallon. pepsic.bvsalud.org, 2005. MARTÍN, A. G. Educación multimedia: una propuesta desmistificadora. artigo indicado por Pinto. Mimiografado.Segovia, Espanha, 1995. MARTINO, Luiz C. Teorias da comunicação: conceitos, escolas e tendências. 2 ed., Petrópolis: Vozes, 2001. MARTINS I. O papel das representações visuais no ensino e na aprendizagem de ciências. In: I Encontro de Pesquisa e Educação em Ciências, 1997, Águas de Lindóia.Atas do I Encontro de Pesquisa e
126
Educação em Ciências, Águas de Lindóia:ABRAPEC, 1997.
MARTINS I.;Gouvêa G.;Piccinini C. Aprendendo com imagens. Ciência e Cultura, São Paulo, v. 57, n. 4, out./dez. 2005.
MASSARANI, L.; ALMEIDA, C. Arte e ciência no palco. história, ciência e saúde - manguinhos, v.13(suplemento), 233-246, outubro, 2006. MATELLART, A. A globalização da comunicação - Edusc, 2005. MEUNIER, J. P. & PERAYA, D. Introdução às teorias da comunicação– lisboa, portugal, instituto piaget, 2009. MINAYO, M. C. (org.). Pesquisa social: teoria método e criatividade.7. ed. Petrópolis - RJ: Vozes, 1997. MOLES, A. A. Sociodinâmica da cultura. São Paulo: Perspectiva. Ed. da Universidade de São Paulo, 1974. MONÇÃO, M.A.G. Comênius e os desafios da educação contemporânea: em foco, a gestão escolar democrática. XXV Ampae 2011www.anpae.org.br/ simposio2011/.../0337 - pesquisado na internet em 25 de agosto de 2012. MORGADO, M.A. Contribuições de Freud para a Educação. In:PLACCO, V.M.S.(org) - Psicologia da Educação – revendo contribuições, São Paulo, Educ – Fapesp, 2007 MOROSINI, M. C. (org.) Professor do ensino superior: identidade, docência e formação.Brasília: INEP, 2000. MOSCA, Lineide S. O espaço tensivo da controvérsia: Uma abordagem discursivo-argumentativa – Filologia e Linguística Portuguesa – USP – SP, 2007.
127
NETO, J.M.C. A eficácia da didática do ensino superior. site Brasil Escola, página "meu artigo".http://meuartigo.brasilescola.com/educacao/a-eficacia-didatica-ensino-superior.htm2011., pesquisado em 25 de agosto de 2012. NIETZSCHE, F. W. A gaia ciência. São Paulo: Cia. das Letras, 2001. NIETZSCHE,F. W. Além do bem e do mal: prelúdio a uma filosofia do futuro. Porto Alegre: L&PM, 2008.
NÓVOA, A. As ciências da educação e os processos de mudança.revista da sociedade portuguesa de ciências da educação . Lisboa.1991.
NÓVOA, A. O regresso dos professores - Repositório da Universidade de Lisboa – Comunicações e Conferências, 2007.
NÓVOA, A. Pedagogia universitária. Já estamos no século XXI ou não? - Comunicação feita na abertura do VII Congresso Iberoamericano de Docência Universitária - Porto - Portugal - 24 de junho de 2012.
NORTON, B. & TOOHEY, K. Changing Perpectives on Good Language Learners. TESOL Quarterly Vol.35 No 2, 2001.
OTERO, M.R.,GRECA I.M. Las imágenes en los textos de física: entre el optimismo y la prudencia. Caderno Brasileiro de Ensino de Física, v. 21, n. 1, abr. 2004.
PEREIRA, J. E. D. As licenciaturas e as novas políticas educacionais para a formação docente. Educação & Sociedade, ano XX, nº 68, Dezembro 1999.
PERRENOUD, P. - A prática reflexiva no ofício de professor: profissionalização e razão pedagógica. PortoAlegre: Artmed Editora, 2002 PIMENTA, S. G. - Para uma re-significação da didática - ciências da educação, pedagogia e didática – Universidade São Paulo – Faculdade de Educação. Geocities.ws, 2002.
128
PIMENTA, S. G. ; ANASTASIOU, L. das G. C. - Docência no ensino superior. São Paulo: Cortez, 2002. PIMENTA, S. G. (Org.). Saberes pedagógicos e atividade docente. São Paulo: Cortez, 2009.
PIMENTA, V.Z.M. Desafios da didática na perspectiva da pedagogia. artigo pesquisado no site www.diaadiaeducacao.pr.gov.br/, página de trabalhos científicos, site oficial da Secretaria da Educação do Governo do Paraná, acessado dia 25 de agosto de 2012. PINTO, A.M. As novas tecnologias e a educação. texto do portal Ampedsul, 1997- acessado dia 19 de agosto de 2012. PIRES, F. E. S. S.; JORGE, T. C. A.; TRAJANO, V. S. - Avaliação sobre o uso do programa PowerPoint em sala de aula por estudantes da educação básica na rede pública, R. B. E. C. T. – Revista Brasileira de Ensino de Ciência e Tecnologia, vol 5, núm 1, jan./abr. 2012.
PLACCO, V. M. N. de S.; SOUZA, Vera L. T. de (Orgs.) - Aprendizagem do adulto professor, São Paulo. Edições Loyola, 2006.
PLACCO, V. M. N. S. "Perspectivas e dimensões da formação e do trabalho do professor." Educação formal e não-formal, processos formativos, saberes pedagógicos: desafios para a inclusão social.” Recife: ENDIPE, 2006.
PLACCO, V.M.S. & ALMEIDA, L. R.(org.) O coordenador pedagógico e os desafios da educação. São Paulo: Edições Loyola, 2008.
PLACCO, V. M. N. S.; SOUZA, V. L. T. Desafios ao coordenador pedagógico no trabalho coletivo da escola: intervenção ou prevenção? In: PLACCO, V. M. N. S.; ALMEIDA, L. R. (Org.). O Coordenador pedagógico
129
e os desafios da educação. 2. ed. São Paulo: Loyola, 2010.
PLACCO, V. M. N. S. Diferentes aprendizagens do coordenador pedagógico. In: ALMEIDA, L. R.; PLACCO, V. M. N. S. (Org.). O Coordenador pedagógico e o atendimento à diversidade. São Paulo: Loyola, 2010.
RESENDE, L.M.G.; TACCA, M.C.V.R. (org.) – Aprendizagem e trabalho pedagógico – Campinas - SP - Alínea Editora, 2008.
RIDENTI, M. Em busca do povo brasileiro – Rio de Janeiro: Record, 2000.
ROLDÃO, M.C. Função docente: natureza e construção do conhecimento profissional,Revista Brasileira de Educação, V.12, n.34 jan/abr. 2007.
ROLDÃO, M. c. "Estratégias de Ensino. O saber e o agir do professor."Vila Nova de Gaia: Fundação Manuel Leitão (2009).
ROY, N. ; MERRILL R.M.; THIBEAULT, S.; GRAY, S.G. - Voice Disorders in Teachers and the general Population.J Speech Lang Hear Res 2004.
SANTOS, J. de S. O papel dos movimentos sócio-culturais nos “anos de chumbo”,Baleia na Rede - Revista online do Grupo Pesquisa em Cinema e Literatura, Vol. 1, nº 6, Ano VI, Dez/2009.
SANTOS, T. M. Noções de História da Educação. 10 ed. São Paulo: Companhia Editora Nacional, 1964.
SCHON, D. “Formar professores como profissionais reflexivos”. In.Nóvoa, A. (org.). Os professores e sua formação. Lisboa, D. Quixote/IIE, 1992.
SERVILHA, E.A.M.; MONTEIRO, A.P.S. Estratégias para obter a atenção discente no contexto universitário: o papel da voz do professor.DistúrComum, São Paulo, 2007.
130
SHAKESPEARE, W. The complete works of william shakespeare - hamlet, prince of denmark - New York, Avenel, New Jersey, Gramercy Books, 1990.
SILVA J. F. F. e MUSSI A. de A. VI Colóquio Internacional de São Cristovão – SE, Educação e Contemporaneidade – Eixo temático: Ensino Superior no Brasil – 2012.
SILVERMAN, D. Interpretação dos dados qualitativos. Métodos para análise de entrevistas, textos e interações 3ª edição, São Paulo: Artmed Editora, 2009.
STANISLAVSKY, C. A criação de um papel. São Paulo, Civilização Brasileira, 5a. edição, 1995.
TACCA, M.C.V.R. (org.) Aprendizagem e trabalho pedagógico, Campinas - SP: Alínea Editora, 2008.
TACCA, M. C. V.R. Estratégias Pedagógicas: Alínea Editora, 2008.
TARDIF, M. Saberes profissionais dos professores e conhecimentos universitários: elementos para uma epistemologia da prática profissional dos professores e suas conseqüências em relação à formação para o magistério. Revista Brasileira de Educação. Rio de Janeiro: ANPED, nº 13, jan/abr. 2000.
TARDIF, M. Saberes docentes e formação profissional. Petrópolis, RJ: Vozes, 2002.
TROJAN, R.M Pedagogia das competências e diretrizes curriculares:a estetização das relações entre trabalho e educação - Tese de Doutorado - Universidade Federal do Paraná - UFPF - Curitiba - Paraná - nupe.ufpr.br, 2005.
131
VARGAS, M. (Org.) História da técnica e da tecnologia no Brasil. São Paulo,Ed. Unesp: Centro Estadual de Educação Tecnológica Paula Souza, 1994.
VIGOTSKI, L.S. A Tragéda de Hamlet, Príncipe da Dinamarca. São Paulo: Martins Fontes, 1999. VIGOTSKI, L. S. A formação social da mente. São Paulo: Martins Fontes, 2005. WOODS, N. M., Cuthbertson, K. S. R. & Cobbold, P. H. (1987)
ZEICHNER, Kennneth A formação reflexiva de professores: Ideias e práticas (A.J. Teixeira, Maria João Carvalho e Maria Nóvoa, trad.) Lisboa: Educa 1993.
Pesquisador:
Título:
Instituição:
Versão:
CAAE:
PARECER CONSUBSTANCIADO DO CEP
Número do Parecer:
Data da Relatoria:
O PROFESSOR COMO COMUNICADOR - Importância atribuída à formação didático-pedagógica e às técnicas de comunicação em sala de aula, por estudantes de pós-graduaçãoque têm interesse em lecionar no ensino superior.
Gabriel Veiga Catellani 1
03850812.5.0000.5482
50735
02/07/2012
Pontifícia Universidade Católica de São Paulo-PUC/SP
Plataforma Brasil - Ministério da Saúde
PROJETO DE PESQUISA
Área Temática:
Esta pesquiaa de caráter qualitativo, da área da psicologia da educação, junto a estudantes de direito, nadisciplina de didática, pretende analisar o quanto o aproveitamento desta disciplina se faz marcante frente asuas possíveis atuações como futuros docentes. Pretende-se a partir dessa pesquisa captar o quanto essaparticipação nas aulas pode contribuir para eles enquanto docentes.
Apresentação do Projeto:
"Investigar a importância atribuída à formação didático-pedagógica e às técnicas de comunicação em sala deaula, por estudantes de pós-graduação lato-sensu na área do direito, na cidade de São Paulo, que têminteresse em lecionar e que cursam a matéria "didática para o ensino superior'.Contribuir para a investigação de uma formulação qualificada a ser inserida nos currículos de formação deprofessores universitários, que contemple a formação didático-pedagógica e as técnicas de comunicação emsala de aula."
Objetivo da Pesquisa:
Os riscos como menciona o autor não existem.Os benefícios são na área acadêmica,especificamente na análikse curricular, frente a sua possibilidade deenriquecimento.
Avaliação dos Riscos e Benefícios:
A pesquisa é de importante relevância acadêmica.
Comentários e Considerações sobre a Pesquisa:
Dão conta de apresentar a pesquisa em si.
Considerações sobre os Termos de apresentação obrigatória:
Recomendamos ao pesquisador que desenvolva a pesquisa em tela, da forma que esta foi apresentada eavaliada por este Comitê de Ética em Pesquisa (CEP-PUC/SP). Sendo que quaisquer alterações que vierem aocorrer, devem ser imediatamente informada ao CEP-PUC/SP, indicando a parte do protocolo de pesquisa quefoi alterada, acompanhada das justificativas para tal alteração.
Recomendações:
Atende à resolução 196/96 da CONEP, CNS.MS.Dou parecer favorável à sua realização.
Conclusões ou Pendências e Lista de Inadequações:
05 de Julho de 2012
Edgard de Assis CarvalhoAssinado por:
Aprovado
Situação do Parecer:
Não
Necessita Apreciação da CONEP:
Pontifícia Universidade Católica de São Paulo
PUC -SP
O PROFESSOR E A COMUNICAÇÃO NA SALA DE AULA
Importância atribuída à formação didático-pedagógica e às técnicas de
comunicação em sala de aula, por estudantes de pós-graduação que têm
interesse em lecionar no ensino superior
GABRIEL VEIGA CATELLANI
Mestrado em Educação: Psicologia da Educação
Apêndice A - Revisão de Literatura
"Nenhum livro é tão ruim a ponto de não
se poder aprender nada com ele."
Plínio - Filósofo romano
A revisão de literatura é um momento fundamental da pesquisa, porque
assegura o ineditismo da pesquisa realizada, além de podermos amealhar
dados estruturais que auxiliarão na nossa pesquisa, no constructo teórico e na
análise prática dos dados pesquisados.
Segundo Cristante e Damasceno (2010), a revisão de literatura tem
papel fundamental no trabalho acadêmico, pois é através dela que situa-se um
trabalho dentro da grande área de pesquisa da qual se faz parte. Dizem os
autores que:
[...] Situar o trabalho é muito importante tanto para o autor quanto para o leitor do texto. Quem escreve precisará definir os autores pertinentes para fundamentar seu trabalho, o que demandará uma leitura vasta, constante e repetida; o leitor, por sua vez, identificará o assunto do estudo com base nos autores selecionados para a revisão de literatura. Assim, a revisão da literatura pode ser vista como o momento em que identificamos o trabalho, pois ao citar uma série de estudos prévios que servirão como ponto de partida para a pesquisa, fundamentamos o objetivo do estudo atual e com base em publicações pregressas. (CRISTANTE & DAMASCENO, 2010, p. 77)
Neste trabalho, a revisão de literatura foi feita por um período de 9
meses consecutivos, a partir do terceiro mês do mestrado, e teve como base
as principais fontes de pesquisa em que temos acesso, como relataremos
durante este capítulo. Foram lidos os resumos de todos os trabalhos
acadêmicos pesquisados, que apresentaram alguma relação com o tema de
nossa pesquisa. Ao término de cada etapa da revisão, eram feitas anotações
para a seleção dos principais trabalhos, temas, referências bibliográficas e
resumo pontual dos principais itens.
1.1 Procedimento
O referido estudo teve início a partir da definição do questionamento,
foco desta pesquisa, que é: "Qual a importância atribuída à formação didático-
pedagógica e às técnicas de comunicação em sala de aula, por estudantes de
pós-graduação lato sensu, que têm o interesse em lecionar no ensino
superior?". Esta questão, como foi explicitado na introdução deste trabalho,
surgiu a partir do estudo e da investigação ligados à problemática real
apresentada por nossos alunos que são professores iniciantes ou aspirantes à
docência no ensino superior e que vislumbram, na comunicação e nas técnicas
comunicacionais, um caminho para a solução de parte das necessidades
prementes que a docência impõe atualmente.
A partir da definição da pergunta norteadora que lastreia a pesquisa,
delineamos a hipótese fundante, que é a de que os estudantes de pós-
graduação lato sensu, interessados em lecionar no ensino superior, quando
têm acesso à formação didática e comunicacional, bem como às técnicas de
comunicação em sala de aula, dão uma importância maior à formação
didático-pedagógica, com ênfase na comunicação, e, percebem a necessidade
dessas ferramentas estratégicas, para uma melhor realização docente.
Constituído o problema e a hipótese fundante, partimos para a seleção
das palavras chave que serviram de base para a pesquisa e para a realização
da revisão de literatura. São elas: comunicação, didática e ensino superior. A
partir delas e das principais palavras que compõem o título do trabalho, que
são: professor e comunicador, iniciamos uma busca nos bancos de dados das
bibliotecas da PUC-SP, do banco de teses da CAPES, na Scientific electronic
library online - Scielo, além da Universidade Nova de Lisboa, a partir de viagem
que fizemos às paragens lusitanas. Também fizemos uma pesquisa pela
internet, através dos sites de busca, especialmente os acadêmicos. Nestes
últimos, somente para verificar se havia algum trabalho com o mesmo nome,
mas sem qualquer interesse em análise dos trabalhos encontrados na referida
busca, pois a maioria dos trabalhos significativos partem das Instituições
pesquisadas.
Essencialmente a busca focou nas dissertações e teses encontradas a
partir das palavras chave e da sua associação, mas não descartei qualquer
publicação, quer sejam livros e artigos, para a verificação da originalidade do
trabalho em curso.
Tanto na pesquisa efetuada no Brasil, como naquela efetuada em
Portugal, não foi encontrado qualquer trabalho que tenha como foco a
associação das técnicas de comunicação com a didática e a docência para o
ensino superior, em seu título. Porém, foi encontrado um rico material em cada
um dos segmentos pesquisados a partir das palavras pesquisadas
individualmente, que serviu de base para a realização da pesquisa e que
relatarei em detalhes no decorrer deste capítulo.
O período pesquisado vai de 2006 a 2011, tendo sido descartadas as
referências anteriores. Foi feita no final do período de compilação dos dados
uma busca complementar por período de 10 anos, de 2002 a 2011, em todas
as instituições pesquisadas, para sabermos se não há algum título que associe
as técnicas de comunicação com a didática e a educação superior e não
encontramos qualquer trabalho que tenha, como tema específico, o
desenvolvido neste estudo. Na sequência, veremos os resumos das pesquisas
realizadas.
1.2 Fontes de Pesquisa:
As primeiras fontes de pesquisa foram as bibliotecas da PUC. A primeira
palavra pesquisada foi "didática", para a qual encontrei 110 referências, sendo
que 57 em livros, 44 em artigos e 9 em teses e dissertações. Os temas dos
trabalhos acadêmicos eram variados e versavam sobre o estudo da
matemática, sobre o professor-pastor, sobre o estudo das representações
sociais em textos artísticos, sobre a didática online, trabalho que apresentou
alguns itens importantes, especialmente no que diz respeito ao implemento
teórico utilizado, onde são citados autores como Libâneo, Placco e Pimenta e
Anastasiou. Também foram encontrados trabalhos que versavam sobre a
implantação de gêneros para o inglês instrumental e sobre o teorema central
do limite. Os artigos encontrados na pesquisa, já em número significativo (44
registros) não versaram sobre qualquer situação próxima do estudo que
realizamos. Desta forma, podemos construir o seguinte gráfico a partir do
material pesquisado nas bibliotecas da PUC-SP, com a palavra referente -
didática:
Bibliotecas da PUC - SP - item de pesquisa = didática
A pesquisa com a palavra "comunicação" obteve 1381 registros, sobre
temas gerais, que vão de comunicação visual a musical e científica. Para
facilitar a pesquisa e focar mais significativamente no objetivo da mesma,
fizemos alguns cruzamentos com as palavras chave da nossa pesquisa e o
resultado foi ínfimo, com apenas 2 registros para didática e comunicação,
porém, quando colocamos "comunicação na educação", tivemos um resultado
significativo, com 184 registros, sendo 17 teses e dissertações, 88 livros, 69
artigos e 10 vídeos.
O destaque ficou para a tese de doutorado de Ribeiro (2007), que versa
sobre a utilização dos processos midiáticos na escola, onde a pesquisadora,
traz autores como Bakhtin Morin, Freire, Pinheiro, entre outros. O trabalho
traça um perfil dos elementos semióticos e comunicacionais, dentro de
programas dirigidos, como o programa "Veja na sala de aula".
O gráfico referente ao registro "comunicação na educação", ficou assim
delineado:
0 20 40 60 80 100
TESES E DISSERTAÇÕES
LIVROS
ARTIGOS
ALGUM INTERESSE
SEM INTERESSE
Bibliotecas da PUC - SP - item de pesquisa = comunicação na educação
Para fecharmos a pesquisa na PUC-SP, colocamos a palavra "ensino
superior" na busca e encontramos, 1343 registros com temas gerais voltados
ao ensino superior. Filtramos a informação colocando-a como "didática no
ensino superior", e só encontramos 4 registros, sendo dois livros e dois
artigos, o que não produziu qualquer resultado passível de gráfico ou destaque.
Partimos então para o banco de teses da Capes, que trouxe uma série
de boas referências e uma amplificação muito maior de resultados.
Inicialmente buscamos a partir da palavra "didática", seguindo o mesmo critério
utilizado nas pesquisas feita nas bibliotecas da PUC-SP e obtivemos o
resultado surpreendente de 9428 teses e dissertações, para um período
pesquisado de 10 anos, sendo que há uma média de 700 trabalhos anuais que
contemplam esta palavra. Resolvemos então realizar a ampliação e
cruzamento de palavras e selecionamos "didática para o ensino superior", que
obteve 682 registros, os quais passamos a pesquisar. Constatamos que há
uma média anual de 80 trabalhos realizados, com um crescimento expressivo,
exatamente no ano de 2011, quando foram realizados 98 teses e dissertações
dentro do perfil pesquisado.
0 20 40 60 80 100
TESES E DISSERTAÇÕES
LIVROS
ARTIGOS
FILMES
ALGUM INTERESSE
SEM INTERESSE
Analisamos uma a uma e selecionamos alguns trabalhos que trazem
referência para nossa pesquisa, como o de Marcia Martins Gonçalves que
versa sobre a educação superior: aspectos da prática pedagógica na sala de
aula, defendido em 2006. Neste trabalho, são enfatizados os aspectos da
prática dos docentes de uma Instituição de Educação Superior particular. O
ponto de partida para o estudo de Gonçalves foi a leitura de textos de teóricos
da educação como: Behrens, Cunha, Giroux, Masetto e Pimenta, todos
preocupados com a formação pedagógica dos professores. O objetivo central
da pesquisa foi o de analisar aspectos da prática pedagógica dos professores
da Educação Superior de uma instituição particular de ensino, o que tem
relação com nosso trabalho, mesmo que de forma indireta.
Outro trabalho selecionado foi o de Marco Antonio Sampaio, que tem
como foco as considerações sobre a evolução do ensino superior no Brasil e foi
feito em 2006. Nele o autor faz um retrospecto histórico com propriedade e foi
de grande auxílio para a realização da nossa pesquisa.
Uma dissertação que nos chamou atenção foi a de Rosiane Follador
Rocha Egg, entitulada "A formação de professores para o ensino jurídico do
Brasil: dilemas e desafios." realizada em 2010. A partir do estudo realizado,
Egg apresenta uma análise das mudanças que se evidenciaram no perfil do
professor do ensino jurídico, e, para atingir este objetivo, foi necessário
pesquisar e compreender a história do ensino jurídico no Brasil. Como nosso
trabalho de pesquisa está ligado a sujeitos que são na maioria profissionais do
direito, houve uma proximidade positiva na pesquisa.
Porém, foi na dissertação realizada por Camila Zanella, da Pontifícia
Universidade Católica do Paraná - Educação, com o título: "A prática dos
professores recém-graduados e a sua formação permanente", datada de
01/05/2011, onde encontramos mais referências para nosso trabalho e
pesquisa.
A pesquisa de Zanella analisa a formação dos professores iniciantes,
suas práticas docentes e sua formação continuada. Trata-se de uma pesquisa
qualitativa, em que foram adotados como instrumentos para coleta dos dados
um questionário com dez perguntas semi-estruturadas aplicada tanto para
professores recém graduados e para professores com mais de dez anos de
experiência. Constituíram a amostra da pesquisa doze professores, sendo oito
professores com menos de cinco anos de prática docente e quatro deles com
mais de dez anos de docência, de instituições públicas e particulares formados
em licenciatura.
Os dados coletados foram analisados tendo como base os pressupostos
da formação de professores e sua prática iniciante, assim como também a
formação continuada desses professores, em autores como Imbernón (1994,
2009), Tardif (2002) e Cunha (2006, 2009). Na revisão da literatura foram
abordadas a formação inicial dos professores, a prática inicial dos docentes, a
sua formação continuada e a docência como um ato de amorosidade.
Os resultados obtidos pela pesquisadora permitem afirmar que os
professores iniciantes sentem dificuldade nos primeiros anos de docência,
assim como os professores com mais experiência também sentiam, logo após
sua formação; que estes professores tiveram dificuldades durante a graduação
nas disciplinas ligadas a didática, o que embasa os problemas que enfrentam
nos primeiros anos dentro de sala de aula e justifica a nossa proposta.
A partir da pesquisa do tema "didática para o ensino superior", o gráfico
de teses e dissertações encontradas no banco de teses da Capes ficou assim:
Banco de tese da Capes - item de pesquisa = didática para o ensino superior
A segunda palavra pesquisada no banco de teses da Capes foi
"comunicação". Obtivemos impressionantes 25.203 registros num período de
pesquisa de 10 anos. Passamos então a filtrar, utilizando mesma construção
feita para a busca nas bibliotecas da PUC-SP, com o título de "comunicação na
0 200 400 600 800
teses edissertações
algum interesse
sem interesse
educação", para o período que vai de 2006 a 2011 e ainda chegamos a um
número significativo de 1892 registros. Na análise do período de 5 anos, que
vai de 2006 a 2011, percebemos um crescimento significativo de teses e
dissertações relacionadas com o tema, ano após ano. Elas passaram de 323
teses e dissertações realizadas no ano de 2006, para 490 em 2011. Fizemos
uma pesquisa individual em todas, a partir da leitura dos resumos dos textos
disponíveis ligados à nossa pesquisa, e a partir daí extraímos várias
referencias positivas.
Observa-se ainda que a busca no programa da Capes não prestigia
somente a frase como um todo, mas sim, palavra por palavra, ou seja, faz um
apanhado de trabalhos voltados para a educação e para a comunicação
individualmente. Por conta deste processo, a maioria dos trabalhos tem focos
diversificados e são poucos os que atendem realmente aos nossos objetivos.
Um primeiro trabalho que selecionamos e que foi apresentado em 2006
como resultado da pesquisa de mestrado, é o de Lebiam Tamar Silva Bezerra,
com o tema "A docência do século XXI: formando competências para o uso das
tic’s na UFPB". A pesquisa de Bezerra consiste numa análise interpretativa, do
tipo estudo de caso, desenvolvida sob uma abordagem qualitativa do problema
da constituição de competências profissionais para o uso de tecnologias da
informação e comunicação durante o processo de formação universitária do
pedagogo. O referencial teórico da pesquisa apresenta uma revisão histórica
da emergência das tecnologias da informação e comunicação, da sociedade do
conhecimento e das políticas brasileiras de Informática na Educação a partir
das teorizações de Manuel Castells (1999), Pierre Lévy (1993; 1996; 1999),
Ladislau Dowbor (2001), Raquel de Almeida Moraes (2002), dentre outros; e
discute a (re)construção da profissão docente com base na abordagem por
competências proposta por Philipe Perrenoud (1999; 2000) e na reforma do
pensamento científico elaborada por Edgar Morin (2003; 2004). Através dos
dados coletados, por meio das técnicas de entrevista, questionário e análise
documental, o autor buscou compreender o objeto de estudo mediante a
complexa articulação existente entre fatores históricos, sociais, políticos e
culturais que têm condicionado e determinado a desestabilização do paradigma
educacional tradicional e suscitado um processo reflexivo acerca das teorias e
práticas educativas, tendo em vista a reconfiguração da educação e,
consequentemente, da profissão docente.
A tese de doutorado apresentada por Gracia Maria Lopes de Lima
Soares, intitulada "Educação pelos meios de comunicação: produção coletiva
de comunicação na perspectiva da educomunicação", pela USP - Educação,
em 2009, tem como tema a produção coletiva de comunicação, na perspectiva
da Educomunicação. Argumenta que os processos de criação, vivenciados em
pequenos grupos, mais do que os produtos de comunicação que eles geram,
podem contribuir para uma educação comprometida com a constituição de
sujeitos autônomos. Para tanto, aponta a necessidade de a produção de
comunicação ser considerada como direito humano a ser exercido por todas as
pessoas, bem como as tecnologias e linguagens midiáticas serem utilizadas
como instrumentos que possibilitam aos envolvidos no processo de criação
reconhecer-se nas próprias palavras e imagens que produzem. Afirma que do
exercício de envolvimento consigo e com o outro nasce a possibilidade de res-
significarem suas histórias pessoais e coletivas. Apesar dos sujeitos serem
diferentes dos utilizados na nossa pesquisa, há uma ligação relacionada ao
processo de colaboração e de estratégias comunicacionais aplicadas em sala
de aula.
Apesar da dissertação de mestrado de Krislei Meri Oechsler sobre as
representações de bom professor a partir da revista Nova Escola, realizada em
2011, pela Universidade Regional de Blumenau na área da educação, não ter
um foco diretamente ligado ao nosso foco de pesquisa e também não
acompanhar diretamente a nossa linha teórica de pesquisa, encontrei neste
trabalho, feito através da análise das reportagens de capa da revista "Nova
Escola", um estudo que discute a construção da imagem de bom professor
difundida perante o público leitor. A análise está fundamentada na Teoria das
Representações Sociais, com base em Moscovici (2004), Jodelet (2002) e
Abric (2002). O estudo parte da premissa de que a própria Revista prima pela
divulgação dos exemplos de professores bem sucedidos em seu desempenho
profissional. Esta chamada para a excelência pode ser compreendida por meio
de três categorias: Ser, Saber e Fazer docente, o que tem conexão com o
nosso estudo.
A partir da pesquisa realizada, o gráfico referente ao item "comunicação
na educação" ficou constituído desta forma:
Banco de tese da CAPES - item de pesquisa = comunicação na educação
Finalmente aplicamos "professor comunicador" como referência de
pesquisa no banco de teses da Capes e obtivemos, em 10 anos, um total de
1287 registros, que utilizam isoladamente ou em conjunto, as palavras:
professor e comunicador. Para filtrar a pesquisa, colocamos então "Professor
comunicador no ensino superior", onde encontramos 302 registros, que
passamos a pesquisar individualmente.
A tese de doutorado de Vanessa Cristina Cabrelon Jusevicius, com o
tema "Subjetividade em sala de aula: a relação professor aluno no ensino
superior" de 2006, pela PUC- Campinas, na área de psicologia, tem uma série
de pontos interessantes para a pesquisa O estudo de Jusevicius teve como
objetivo investigar a subjetividade presente em sala de aula do ensino superior,
a partir de uma análise da relação professor-aluno e as implicações
decorrentes para o processo de construção do conhecimento. Essa pesquisa
encontra-se fundamentada nos princípios da epistemologia qualitativa e nos
referenciais teóricos da subjetividade e da psicologia histórico-cultural.
Participaram desse estudo um professor do ensino superior de uma instituição
da rede privada de ensino e 43 alunos matriculados em um curso da área de
saúde e que frequentavam a disciplina ministrada pelo referido professor. Os
instrumentos utilizados para a obtenção das informações foram: diário de
campo para anotação das observações e impressões da pesquisadora em
0% 20% 40% 60% 80% 100%
teses e dissertações
CAPES
algum interesse
nenhum interesse
situação de observação da sala de aula, conversações informais com
professores e alunos, complemento de frases, reuniões grupais de discussão
com alunos e entrevista com o professor.
Essas informações foram transcritas, analisadas e a construção da
informação foi feita em torno dos seguintes tópicos: a dimensão afetiva da
aprendizagem com o foco na importância da relação professor-aluno; a
organização da sala de aula e o processo de comunicação desenvolvido pelo
professor; a significação da avaliação para o aluno; os sentidos subjetivos que
estão vinculados ao interesse pela universidade; a convivência com a
diversidade; os dilemas e contradições na ação do professor quanto ao
processo pedagógico; a compreensão da sala de aula como espaço dialógico.
As informações presentes nesse estudo trazem reflexões importantes para o
ensino superior, principalmente em relação à ação docente neste contexto e
indicam a necessidade de se repensar o processo de formação deste
profissional, o que está absolutamente consonante com nossa pesquisa.
Outro texto que merece destaque é a dissertação apresentada por Joseli
Monteiro Tozetto, que tem como título "Formação docente, prática pedagógica,
tecnologias da informação e comunicação: rupturas e transformações em uma
instituição do ensino superior", apresentada em 2008 pela PUC - Paraná, na
área de educação. A pesquisa de Tozetto está ancorada em autores como
Levy (1999, 2001) Moran (1998, 2001,2003,2005, 2007) Behrens (1996, 2000,
2005) Kenski (2001, 2003, 2007) Belloni (2001, 2002), dentre outros, cujos
interesses teóricos estão voltados ao uso das novas tecnologias e formação de
professores.Ela apresenta uma pesquisa de cunho qualitativo e quantitativo,
que objetiva analisar como se caracteriza a prática do professor do Ensino
Superior no que se refere ao uso de tecnologia de informação e comunicação
(TIC) – aqui se entendem as TIC preferencialmente como o uso de
computadores e de suas diversas possibilidades no processo
ensino/aprendizagem. Ela afirma em seu trabalho que, para alcançar
resultados realmente produtivos com a utilização do computador no seu
processo de ensino aprendizagem, assim como com qualquer outro recurso, é
necessário que se balize sua efetiva necessidade e que se conheçam suas
contribuições nas determinadas aplicações que se deseja fazer. Isto significa
que o professor precisa superar a visão reproducionista do saber, saindo da
posição de transmissor para a de um parceiro, dinâmico, mediador, na
construção do conhecimento. Nessa perspectiva, os novos paradigmas
educacionais consideram que, se os alunos devem ser preparados para novas
maneiras de viver e conviver em uma sociedade em constante mudança,
também os construtores de seu conhecimento devem estar assim orientados.
Um trabalho que teve um foco original e instigante foi a dissertação de
Paula Costa de Andrada, sobre sentidos atribuídos pelos alunos ao ensino
superior, configurado com um estudo sobre valores no ambiente acadêmico,
de 2009, pela PUC-Campinas, sob a orientação da nossa professora Vera
Lucia Trevisan de Souza. Nele, Andrada investiga os sentidos atribuídos pelos
alunos ao ensino superior a fim de se explorar os valores morais e não morais
que permeiam as relações entre os estudantes, a academia, a formação
profissional e o conhecimento. O estudo dos valores morais e não-morais na
educação baseia-se no trabalho desenvolvido por Vera Trevisan de Souza.
A autora adotou como perspectiva teórica e metodológica os
pressupostos de Vigotsky e Wallon, e de alguns de seus leitores, que tomam
por base os conceitos da Psicologia Histórico-Cultural. Utiliza-se este
referencial por se pretender realizar uma análise crítica do contexto do ensino
superior, abrangendo, inclusive, as políticas públicas propostas para a área.
Como procedimento de construção das informações, utiliza-se a entrevista
semiestruturada e observações em sala de aula ao longo dos encontros da
professora-pesquisadora com as turmas de dois cursos de graduação de uma
instituição privada. Foram entrevistados seis alunos, dos cursos de Psicologia e
de Comunicação Social, em que a pesquisadora atua como professora. Para a
elaboração do roteiro de entrevista e análise dos dados tomou-se por base a
estratégia desenvolvida por nossa professora Marli André, para estudar o
cotidiano educacional.
Na tese de doutorado de Tania Afonso Chaves, com o título: "A
expressividade do professor universitário em situação experimental e de
interação em sala de aula, de 2009, pela Universidade Federal de Minas Gerais
- Educação, encontramos um rico material para nosso estudo. O objetivo da
pesquisa de Chaves, foi analisar as estratégias de expressividade dos
professores universitários. Essa pesquisa, interdisciplinar, visou descrever e
correlacionar as diferentes dimensões dos recursos com o seu significado
linguístico e pragmático, sem desconsiderar as dimensões emocionais e o
estilo comunicativo de cada professor. A respeito da aula, Chaves foca no
trabalho desenvolvido pelo professor, e utiliza autores que abordam o tema do
ensino superior. Em relação à comunicação em sala de aula, ela seguiu a
vertente do interacionismo social. Os resultados obtidos mostram que é
necessário conhecer os recursos de expressividade utilizados pelos
professores, e como estes recursos circulam na sala de aula.
Na pesquisa que abrange a produção realizada entre 2010 e 2011,
utilizamos o mesmo tema de busca, e encontramos apenas a contribuição de
Vanessa Hidd Brasílio com sua dissertação de mestrado que versa sobre a
prática pedagógica do professor do ensino superior a partir da ótica do desafio
de tornar-se professor. O trabalho foi apresentado na Fundação Universidade
Federal do Piauí, na área da educação e faz uma reflexão acerca da formação
e da prática docente do professor universitário, e mais especificamente no
ensino jurídico, o que tem ligação com nossa pesquisa. A autora afirma que a
docência como profissão requer um conhecimento especializado, isto é, uma
formação específica. Além disso, é necessário que o professor invista na
formação continuada que o habilite e o capacite pedagogicamente, dando-lhe
condições para vivenciar a ação docente, bem como para conhecer e
acompanhar as mudanças que ocorrem continuamente na área da educação.
Assim, com o avanço dos meios de comunicação e com o fluxo de informações
cada vez maior, novas capacidades e novos saberes são exigidos para atender
as demandas atuais do mercado de trabalho. Nesta perspectiva, diante do
atual cenário da educação em que se encontram inseridos os professores dos
cursos de Direito, é pertinente investigar de que maneira esses professores
desenvolvem a prática pedagógica e como delineiam suas trajetórias na
profissão docente.
Dessa forma, a dissertação de Brasílio tem como objetivo central
investigar como o professor do curso de Direito constrói o processo de tornar-
se professor. Especificamente, o estudo postula traçar o perfil profissional do
professor que atua no curso de Direito; caracterizar a prática pedagógica do
professor de Direito; identificar como os professores de Direito, na vivência da
profissão docente, vão consolidando o ser professor e, por último, analisar
aspectos que demarcam o processo de tornar-se professor de profissão na
vivência da prática pedagógica. A autora tomou como referencial teórico os
seguintes campos teóricos e respectivos autores: Formação de Professores:
Schön (2000, 1992), Rosemberg (2002), Imbernón (2000); Prática Pedagógica:
Zeichner (1993), Pimenta (2002, Pimenta e Anastasiou (2005), Brito (2007),
Cunha (2005), Vasconcelos (2000); Ensino Jurídico: Martinez (2006), Mello
(2007), Guimarães (2005), Rodrigues (1993). É um estudo de natureza
qualitativa, cuja abordagem favorece a inserção do investigador no contexto a
ser pesquisado. A pesquisa e feita na modalidade narrativa dos interlocutores,
e como afirma a autora, na convicção de que o processo da escrita
potencializa tanto o ato de reflexão sobre as ações vivenciadas quanto a
análise dos diferentes aspectos vivenciados nos processos de tornar-se
professor. Participaram como interlocutores deste estudo sete professores do
curso de Direito de uma instituição particular de ensino.
Como instrumento de coleta de dados, foram utilizados questionários
para caracterização dos sujeitos e roteiro de elaboração das narrativas, sendo
a análise de dados baseada na técnica de análise de conteúdo proposta por
Bardin (1977), desenvolvendo-se a partir de três eixos de análise, a partir dos
quais são analisadas as trajetórias dos professores no exercício da docência
como profissão. O contexto empírico da pesquisa foi uma instituição de ensino
superior da rede privada, localizada em Teresina – PI. Os resultados das
análises evidenciaram que os advogados professores ressignificam suas
concepções de docência ao longo do seu percurso no magistério superior.
A partir do conteúdo encontrado, neste item de pesquisa, podemos
delinear o seguinte gráfico:
Banco de tese da CAPES - item de pesquisa = professor comunicador
Na continuidade da nossa pesquisa, adentramos na importante Scientific
Electronic Library Online, a Scielo, que é fonte de pesquisa qualificada, além de
referência para bons trabalhos científicos, ou seja, através deste instrumento
classificador e de arquivo online, temos acesso aos artigos, que tenham a
temática associada à nossa pesquisa. Utilizamos a mesma estratégia de busca
desenvolvida até aqui, porém, sem o corte do período, ou seja, selecionamos
todos os artigos disponíveis por período indeterminado, para sabermos o que
foi escrito até agora a respeito do tema correlato a nossa pesquisa. Ao
colocarmos a palavra "didática" isolada não obtivemos sucesso, porém, ao
especificarmos "didática para o ensino superior", tivemos a seleção de 10
registros, dos quais destacamos dois.
O primeiro registro encontrado no Scielo é o artigo de Tânia Maria
Baibich Faria, que tem como tema "A dimensão teórica da formação dos
formadores em didática e práticas de ensino: influências no pensamento
contemporâneo e repercussões nas práticas de formação" . Avaliação
(Campinas) [online]. 2009, vol.14, n.3, pp. 727-753. Nele, Faria identifica e
analisa os referentes teóricos que os autores nacionais, participantes do XV
Encontro Nacional de Didática e Práticas de Ensino 2008, utilizam para
qualificar práticas de formação, em especial da educação superior.
O segundo registro com destaque é o artigo das pesquisadoras Luciana
Lozza de Moraes Marchiori; Juliana Jandre Melo e Wilma Jandre Melo, com o
título: "Avaliação docente em relação às novas tecnologias para a didática e
atenção no ensino superior". Avaliação (Campinas) [online]. 2011, vol.16, n.2,
0 100 200 300 400
teses e dissertações
algum interesse
nenhum interesse
pp. 433-443.ISSN 1414-4077. Nele, discute-se a importância da atenção no
ensino/aprendizagem na universidade em conexão com as novas tecnologias,
propondo-se de forma simples, o aprimoramento do desempenho do professor
universitário em relação a estas tecnologias, visando à melhoria da atenção do
aluno no ensino superior.
Ao colocarmos a palavra "comunicação" para a realização da pesquisa,
foram encontrados 1594 títulos, sendo que a maior parte deles está ligada a
outras áreas que não a área educacional. Então fizemos uma triagem, a partir
da colocação coordenada das palavras "comunicação na educação".
Conseguimos aí 311 registros, que passaram a ser examinados, um a um a
partir dos títulos e dos resumos apresentados. Deste montante, somente 2
artigos merecem algum destaque e. mesmo assim, nenhum deles associou as
técnicas de comunicação em sala de aula, como suporte educacional.
O primeiro artigo selecionado foi o de Mauro Wilton de Souza, com o
título "Comunicação e educação: entre meios e mediações", Cad.
Pesqui. [online]. 1999, n.106, pp. 9-25. ISSN 0100-1574. O texto de Souza
levanta a hipótese de que a relação conflitiva ainda hoje presente entre
educação e comunicação repousa na compreensão que ao longo do século
XX, perpassou a emergência e a análise dos meios de comunicação social.
Identificando as posturas fundadoras da comunicação e aquelas que hoje
despontam a respeito, o texto faz uma primeira abordagem sugerindo novas
pistas para a compreensão da relação entre comunicação e educação, escola
e mídia.
O segundo texto selecionado foi o de Raquel Goulart Barreto, com o
título "Tecnologia e educação: trabalho e formação docente". Educ.
Soc. [online]. 2004, vol.25, n.89, pp. 1181-1201. ISSN 0101-7330. Neste
trabalho, Barreto analisa as construções teóricas e ideológicas relativas à
precarização de trabalho e formação docente, tendo em vista os discursos que
sustentam as políticas em curso. Para tanto, discute: (1) as tecnologias da
informação e da comunicação (TIC) como elo entre "globalização" e trabalho
docente; (2) o modo de inserção dessas tecnologias na chamada "sociedade
da informação"; (3) a materialização discursiva de tal inserção; (4) as
consequências da redução das tecnologias a estratégias de educação a
distância, destacando o apartheid educacional produzido; (5) a relação-chave
entre tecnologias e competências; e (6) as tendências detectadas no contexto
atual: a formação baseada em competências, a ênfase nos materiais
instrucionais e a desterritorialização da escola, bem como as propostas contra-
hegemônicas.
Desta forma, o gráfico de artigos encontrados na Scielo ficou com a seguinte
configuração:
Scielo - itens de pesquisa
Por fim, seguindo o procedimento iniciado no Brasil, fiz uma pesquisa "in
loco", na Universidade Nova de Lisboa, situada na Avenida Berna, 26, onde
consegui fazer uma busca na biblioteca da Instituição, que permite a pesquisa
em sua biblioteca, a partir de busca virtual, realizada no próprio bloco da
biblioteca. Lá são emprestados os livros e materiais de forma geral para leitura,
não sendo possível o empréstimo para estrangeiros.
Dos títulos pesquisados, a palavra "didática" teve alguns resultados, sem
qualquer significação maior para o estudo em curso e a frase "didática para o
ensino superior" não encontrou qualquer resposta nos registros de trabalhos
neste período de 5 anos, que tivesse alguma ligação com nossa pesquisa.
Porém, quando a busca foi acessada a partir da palavra didática, e das
expressões "didática para o ensino superior" e "comunicação didática", não
conseguimos qualquer registro. A título de curiosidade, ao acessarmos a busca
0 100 200 300 400
didática
didática para o ensino superior
comunicação na educaçãoartigos sem interesse
artigos com interesse
a partir de "comunicação docente", encontramos apenas um registro com a
dissertação de Maria Veirislene Lavor Sousa, sobre a formação docente para
utilização de tecnologia numa escola pública de Fortaleza, Brasil. Finalmente,
ao acessarmos o banco de teses e dissertações com a palavra "comunicação",
conseguimos a captação de 68 registros, com destaque para 4 trabalhos.
A dissertação de Gil António Baptista Ferreira, sobre a Comunicação e
formação da identidade nas sociedades mediatizadas, é um deles. O tema é
interessante, mas, ao ter acesso ao material, percebi que estava defasado em
parte, porque o trabalho é de 2004, e nada continha mais especificamente
voltado para o tema da pesquisa aqui realizada. Sua contribuição está na
objetivação da comunicação como um dos agentes formadores da identidade
nas sociedades contemporâneas.
Merece destaque a forma como foram construídas as ideias e reflexões
da tese de doutoramento de Ana Mafalda Gonçalves Eiró Gomes, que teve
como tema de sua tese, os atos de linguagem, intenção comunicativa e formas
de vida. A base deste trabalho é a comunicação humana, o que se conecta
naturalmente com nossa pesquisa. Foi realizado em 2004.
Na sequência da pesquisa, encontrei a dissertação de mestrado de
Nelson José Sequeira Orelhas, que traz à baila um tema pitoresco ligado ao
processo docente, que tem o título de "A escola no bolso" e que trata da
utilização das tecnologias de informação e comunicação em contexto
educativo. Orelha retrata a chegada da tecnologia na sala de aula e estabelece
um estudo aprofundado das realidades apresentadas.
A dissertação de Maria do Rosário Pinheiro Silva, que trata da
comunicação e estratégia em situações diversificadas, aborda a questão das
estratégias e diversidade delas, por parte do professor, porém, o trabalho não
tem maiores referências, a não ser o fato de que traz no título, duas palavras
muito utilizadas em nosso trabalho: comunicação e estratégia.
Desta forma, o gráfico da pesquisa realizada na Universidade Nova de Lisboa
fica assim delineado:
0 10 20 30 40 50 60 70
didática
comunicação didática
comunicaçãonenhum interesse
algum interesse
O P
RO
FESS
OR
E A
CO
MU
NIC
AÇ
ÃO
NA
SA
LA D
E A
ULA
- R
OT
EIR
O P
AR
A E
NT
RE
VIS
TA
E
P
ES
QU
IS
A Q
UA
LIT
AT
IV
A
FASES
PERGUNTAS
OBJETIV
OS
Q
ue
stão
par
a aq
uec
imen
to
Qu
ero
agr
ade
cer
po
r ac
eit
ar p
arti
cip
ar d
est
e e
stu
do
, q
ue
é p
arte
do
meu
me
stra
do
em
Psi
colo
gia
da
Edu
caçã
o.
Sua
par
tici
paç
ão e
su
as r
esp
ost
as s
erã
o m
uit
o im
po
rtan
tes
par
a o
bo
m r
esu
ltad
o d
est
e e
stu
do
. 1
. V
amo
s p
en
sar
um
po
uco
no
qu
e v
ocê
ap
ren
de
u n
o m
ód
ulo
de
did
átic
a, a
té a
qu
i. V
ocê
ach
a q
ue
mu
do
u a
lgu
ma
cois
a,
no
se
u c
on
ceit
o d
o q
ue
sig
nif
ica
leci
on
ar, a
par
tir
das
au
las
real
izad
as a
té o
mo
me
nto
? Fa
le u
m p
ou
co s
ob
re is
so.
Inve
stig
ar a
imp
ort
ânci
a at
rib
uíd
a às
té
cnic
as d
e c
om
un
ica
ção
; ao
co
nce
ito
de
leci
on
ar;
ao q
ue
sig
nif
ica
ser
pro
fess
or;
e o
qu
anto
as
técn
icas
al
i ap
ren
did
as m
elh
ora
m o
u
amp
liam
ess
e c
on
ceit
o.
Q
ue
stõ
es c
en
trai
s
2. V
ocê
co
nse
gue
de
scre
ver
no
mó
du
lo d
e d
idát
ica,
alg
um
as t
écn
icas
e/o
u e
stra
tégi
as d
e c
om
un
icaç
ão q
ue
vo
cê a
pre
nd
eu
?
3.
Par
a m
elh
or
com
pre
en
der
a f
orm
ação
do
pro
fess
or
do
en
sin
o s
up
eri
or,
é n
ece
ssár
io c
om
pre
en
der
qu
al d
eve
se
r se
u
de
sem
pe
nh
o. A
ssim
, o q
ue
en
ten
de
po
r b
om
de
sem
pe
nh
o d
oce
nte
? 4
. Ne
sse
co
nte
xto
, qu
al a
imp
ort
ânci
a d
e u
m p
rofe
sso
r d
o e
nsi
no
su
pe
rio
r te
r fo
rmaç
ão d
idát
ica?
5
. E
de
ntr
o d
a im
po
rtân
cia
qu
e v
ocê
ap
rese
nta
da
form
ação
did
átic
a, c
om
o v
ocê
vê
a i
mp
ort
ânci
a d
a co
mu
nic
ação
did
átic
a
com
co
m ê
nfa
se n
a co
mu
nic
ação
? P
or
qu
e?
6.
É co
mu
m p
rese
nci
arm
os
ou
me
smo
viv
en
ciar
mo
s, e
m s
ala
de
au
la,
dif
icu
ldad
es
de
ap
ren
diz
age
m o
u p
rob
lem
as d
e
apro
veit
ame
nto
de
alu
no
s, e
m d
eco
rrê
nci
a d
e a
lgu
ma
falh
a o
u d
ific
uld
ade
de
de
sem
pe
nh
o d
o p
rofe
sso
r. F
ale
um
po
uco
so
bre
os
pro
ble
mas
de
ap
rove
itam
en
to e
m s
ala
de
au
la, q
ue
vo
cê p
rese
nci
ou
ou
viv
en
cio
u c
om
o a
lun
o.
7. E
qu
e s
uge
stõ
es
você
far
ia à
qu
ele
(s)
pro
fess
or(
es)
ho
je, s
e v
ocê
pu
de
sse
? 8
. V
ocê
fal
ou
de
vár
ias
cois
as
ligad
as a
pro
ble
mas
de
co
mu
nic
ação
qu
e v
ive
nci
ou
. D
o q
ue
vo
cê f
alo
u,
o q
ue
ap
ren
de
u a
té
ago
ra n
o c
urs
o d
e d
idát
ica,
qu
e p
od
e a
jud
ar a
min
imiz
ar e
ste
s p
rob
lem
as,
caso
se
ja v
ocê
o p
rofe
sso
r?
9.
A p
arti
r d
as a
ula
s d
e d
idát
ica,
até
aq
ui,
o q
ue
mu
do
u n
a su
a co
nce
pçã
o s
ob
re a
imp
ort
ânci
a d
as t
écn
icas
e e
stra
tégi
as d
e
com
un
icaç
ão e
m s
ala
de
au
la?
10
. C
om
o v
ocê
ach
a q
ue
est
as e
stra
tégi
as e
té
cnic
as a
jud
arã
o v
ocê
na
sua
atu
ação
, co
mo
pro
fess
or?
Po
r q
ue
?
Co
nfi
rmaç
ão d
a im
po
rtân
cia
e
fun
ção
das
re
feri
das
est
raté
gias
e
técn
icas
Re
laçã
o e
ntr
e o
pro
ble
ma,
as
est
raté
gias
e t
écn
icas
ap
ren
did
as
V
isão
pe
sso
al e
ide
nti
fica
ção
Vis
ão p
ess
oa
l, id
en
tifi
caçã
o,
pro
jeçõ
es
Qu
est
ão d
e
en
cerr
ame
nto
11
.
Par
a fi
nal
izar
, vo
cê g
ost
aria
de
co
me
nta
r al
gum
a co
isa,
fa
zer
algu
ma
suge
stão
so
bre
ou
ob
serv
ação
so
bre
o q
ue
te
pe
rgu
nte
i, so
bre
o a
ssu
nto
em
ge
ral?
O
bri
gad
o p
ela
par
tici
paç
ão e
te
nh
o c
erte
za d
e q
ue
est
a e
ntr
evi
sta
con
trib
uir
á m
uit
o p
ara
me
u t
rab
alh
o.
Re
lato
s d
e p
ert
en
ça
Pro
jeçõ
es
po
ssív
eis
qu
e a
s e
stra
tégi
as e
té
cnic
as d
oce
nte
s e
voca
m
Sujeitos: Alunos do curso de Pós-graduação "lato sensu", da Escola Superior da
Procuradoria Geral do Estado de São Paulo, que cursam a matéria "Didática para o Ensino Superior", no terceiro e último semestre do curso.
ENTREVISTA 1 - Pseudônimo “Silvio”
PERFIL DO ENTREVISTADO
idade: 42
graduação: Geologia na Usp - Mestrado na Usp
pretende lecionar
1. Vamos pensar um pouco no que você aprendeu no curso de didática, até aqui. Você acha
que mudou alguma coisa em você, ou seja, no seu conceito do que significa lecionar, a partir
das aulas realizadas até o momento? Fale um pouco sobre isso.
MUDOU, E ESSA MUDANÇA VEIO DAS DUAS ÚLTIIMAS AULAS. BASICAMENTE COM O ROTEIRO
DE AULAS QUE VOCÊ ME PASSOU. PASSOU PARA A CLASSE. E HOJE MESMO EU JÁ TIVE ESTE
FEED BACK, É..., A TENDÊNCIA MINHA DE LECIONAR E PASSAR ASPECTOS MUITO TÉCNICOS E
ISSO JÁ FOI UM ALERTA PARA QUE EU ENVOLVA MAIS O PÚBLICO ALVO. É...ISSO EU NOTEI
QUE FAÇO COM FREQUENCIA. ESSE ASPECTO DE ASSOCIAR A AULA A UMA "VENDA", ISSO
FACILITA MUITO O PROCESSO, PORQUE JÁ SE MEMORIZA AQUILO E CONSIGO FAZER UM
PARALELO, E AGORA, É COM A PRÁTICA QUE ISSO VEM, NÃO É COM EXERCÍCIO APENAS, QUE
A GENTE CONSEGUE. VOU TENTAR INCORPORAR ISSO. ENTÃO, ESSAS AULAS, ESPECIALMENTE
AS DUAS ÚLTIMAS, TEM SIDO MUITO PROVEITOSAS. MUDOU SIM!
2. Você consegue citar no curso de didática, algumas técnicas e estratégias de comunicação
que você aprendeu?
ALGO MUITO IMPORTANTE, É TRAZER OS ALUNOS AO PROFESSOR. ENTÃO, EU ACHEI
INTERESSANTE ESSA DO AQUECIMENTO, DO JOGAR ALGUM TEMA QUE ENVOLVA A CLASSE,
UM TEMA QUE QUEBRE O GELO. ISSO EU ACHEI IMPORTANTE, AH..., IMPORTANTE QUANDO O
PROFESSOR NÃO CONHECE ALGUMA PERGUNTA DO ALUNO, DEVOLVER ISSO PARA A CLASSE,
E OBTER A RESPOSTA, OU ENTÃO, TRAZER A RESPOSTA MAIS A FRENTE, DEIXE-ME VER QUE
MAIS...A PARTE GESTUAL, ISSO EU ACHO MUITO IMPORTANTE, TAMBÉM, AH...., A
NATURALIDADE, DA PESSOA SER, DO PROFESSOR. NÃO TENTAR SER ALGO DIFERENTE DO QUE
ELE É, APESAR DA NECESSIDADE DE PASSAR UMA IMAGEM, MAS MESMO ASSIM, NÃO FORÇAR
MUITO, PARA QUE NÃO PERCA A NATURALIDADE. PORQUE É DIFICIL A GENTE SER ALGO QUE
A GENTE NÃO É. ESSES PONTOS, SÃO DIVERSOS PONTOS QUE AGORA É DIFICIL EU RECOBRAR
AQUI NA MINHA MEMÓRIA, TODOS ELES, MAS EU ACHEI QUE ESSES PONTOS SÃO UM PONTO
PRINCIPAL, E DE FAZER COM QUE O ALUNO TENHA MAIS, SINTA MAIS A RESPONSABILIDADE
DE BUSCAR A INFORMAÇÃO E NÃO ESPERAR TANTO QUE ESSA INFORMAÇÃO VENHA DO
PROFESSOR. EU IMAGINO QUE QUANDO SE TEM UM RETORNO, SEJA DE PROVAS QUE O
PROFESSOR APLICA, SEJA DE TRABALHOS, E O PROFESSOR CONSEGUE DETECTAR ALGUNS
ASPECTOS, PELO MENOS ALGUNS IMPORTANTES, DE QUE ELE PASSOU NA SALA DE AULA, E
QUE ESTES ASPECTOS ESTÃO VINDO NAS RESPOSTAS, SINAL QUE HOUVE UMA APREENSÃO,
DE PELO MENOS PARTE DO CONTEÚDO, POR PARTE DOS ALUNOS. OUTRA FORMA DE
COMPREENDER O DESEMPENHO, QUANDO MESMO FORA DE AULA, TEM UM COMENTÁRIO
DE UM ALUNO, UMA MENSAGEM, OU MESMO DA COORDENAÇÃO: "- OLHA, SUA AULA ESTÁ
SENDO ELOGIADA POR ISSO, OU POR AQUILO"... . OU VAMOS PARA O OPOSTO, UM
DESEMPENHO QUE NÃO SEJA, É..., DESEJÁVEL, NÃO ATINGIU O NÍVEL DESEJADO, ENTÃO, QUE
TENHA ESSE... EU ACHO IMPORTANTE QUE TENHA ESSA CRÍTICA, É, ENTÃO NESSES ASPECTOS,
SEJA EM ASPECTO DE AULA, MESMO, QUE ENVOLVE PROVA, TRABALHO, ENVOLVE AS
QUESTÕES QUE OS ALUNOS FAZEM, PORQUE, SE ELAS SÃO PERTINENTES, ISSO MOSTRA QUE
O ALUNO, QUE O ALUNADO ESTÁ , É.., CONECTADO, ESTÁ COMUNGANDO DA MESMA IDÉIA
SUA, E TAMBÉM DESSES ASPECTOS EXTERNOS, DE UM COMENTÁRIO, DE UM...EU ACHO
IMPORTANTE DESSA MANEIRA, ENTENDER O DESEMPENHO DO PROFESSOR. (5:25)
3. Na sua opinião, qual é a importância de um professor do ensino superior ter formação em
didática, com ênfase na comunicação, para o bom desempenho docente? Por que?
A IMPORTANCIA RESIDE NO FATO DO PROFESSOR NÃO SER UM MERO REPETIDOR DE
CONCEITOS, DAQUILO QUE ELE TEVE E APENAS REPRODUZIR, SEJA LENDO O QUADRO NEGRO,
O QUADRO BRANCO, O POWERPOINT, OU O QUE FOR, PORQUE, É..., IMAGINO QUE
ANTIGAMENTE, MEUS PROFESSORES FORAM ASSIM, ESSES PROFESSORES NÃO TIVERAM,
CURSO DE DIDÁTICA. CADA UM A SUA MANEIRA, FOI PASSANDO A MENSAGEM, UNS COM
ÊXITO, TALVEZ POR CARISMA, TALVEZ POR ENVOLVIMENTO COM A MATÉRIA, TAMBÉM,
OUTROS, É..., REPELIRAM O ALUNO, NÉ. ME REPELIRAM EM ALGUM MOMENTO. ENTÃO, A
IMPORTÂNCIA DA DIDÁTICA, UMA VEZ QUE A GENTE CONHECE ESSAS "FERRAMENTAS", E
COMO APLICA-LAS, É..., O CAMINHO DAS PEDRAS, O CAMINHO ESTÁ PAVIMENTADO. E ISSO
FACILITA MUITO E EVITA QUE NÓS BATAMOS COM A CABEÇA NA PAREDE DE VEZ EM QUANDO
E ...ISSO ACABA FAZENDO COM QUE INCORPOREMOS A..A..., ESSES ENSINAMENTOS, NO
NOSSO DIA A DIA. DE MODO QUE AQUILO QUE É NOSSA NATURALIDADE, NÃO FIQUE
ARTIFICIAL, MAS GANHE UMA AMPLITUDE, QUE SEJA UMA REALIDADE AUMENTADA, AO
PONTO DE ALGUNS ASPECTOS SE INCORPORAREM, E PASSAREM A SER NATURAIS. É NESSE
PROCESSO. (7:10)
E aí, a gente pode até depois, vamos pensar em futuras questões aqui, mas quando você diz:
"Essa idéia do professor te repelir", isso acabaria, quer dizer, essa dificuldade eventual que
você sentiu, acaba sendo eventualmente minimizada ou diminuída, ou negativada, né?
PERFEITAMENTE, SE O PROFESSOR CONSEGUIR INTERIORIZAR ISSO. NÃO É? SE ELE NÃO
TROUXER ISSO PARA O INTERIOR, VAI FICAR "RECEITA DE BOLO", VAI VIRAR UMA "RECEITA DE
BOLO", E ISSO AÍ NÃO TEM SERVENTIA. AGORA, CABE AO PROFESSOR, ESTUDAR ISSO COM
CARINHO, E... APLICAR. (7:55)
4. E dentro da importância que você apresenta da formação didática, como você vê a
importância da comunicação didática com ênfase na comunicação? Por que? (8:44)
EU VEJO A IMPORTÂNCIA, NO ASPECTO "TEMPO", POR EXEMPLO. COM A...,ESSA CRESCENTE
TECNOLOGIA, INFORMAÇÕES A NOSSA DISPOSIÇÃO, NÃO SE PODE MAIS SE DAR AO LUXO DE
PERDER MUITO TEMPO PARA EXPOR ALGO, ENTÃO EU PENSO NA OBJETIVIDADE. SE A PESSOA
TEM ALGUMAS NOÇÕES DE..., DESSE ASPECTO DE COMUNICAÇÃO, E QUE VAI EXPOR O QUE
TEM QUE EXPOR, DE UMA MANEIRA CLARA, CONCISA, EM POUCO TEMPO, EU IMAGINO QUE
O ALUNADO, CADA VEZ MAIS JOVENS, É....O ALUNADO NÃO SE DISPERSE MUITO. A
IMPORTANCIA SEMPRE, FUNDAMENTAL DE TRANSMITIR ALGO CLARAMENTE, É... VOCÊ
GARANTIR QUE NÃO HAJA ENTENDIMENTO DIVERSO QUE VOCÊ QUER, É..., TRANSMITIR. EU
NÃO...NÃO, NÃO ENTENDO DE COMUNICAÇÃO, ESTOU APRENDENDO AGORA, POR ISSO O
CAMINHO QUE EU VEJO, É ESSE, NO MOMENTO, DE SER O MAIS PRECISO, TRANSMITIR, SEM
QUE A MENSAGEM SE PERCA NO MEIO DO CAMINHO. (9:59)
5. É comum presenciarmos ou mesmo vivenciarmos, em sala de aula, dificuldades de
aprendizagem ou problemas de aproveitamento de alunos, em decorrência de alguma falha
ou dificuldade de desempenho do professor. Fale um pouco sobre os problemas de
aproveitamento em sala de aula, que você presenciou ou vivenciou como aluno. (10:57)
NA FACULDADE EU TIVE UM PROFESSOR DE UMA DISCIPLINA QUE SE CHAMAVA GEOMETRIA
ANALÍTICA E CÁLCULO DE ALGEBRA LINEAR. ESSE PROFESSOR ERA UMA SUMIDADE NO
ASSUNTO. MAS... ELE... LECIONAVA, E AO COLOCAR AS EQUAÇÕES NA LOUSA, ELE VIRAVA
PARA A CLASSE E FALAVA: " - ISSO AQUI É BÁSICO. ISSO AQUI É BÁSICO, JÁ ESTÁ ENTENDIDO?
E PASSAVA, FAZIA VÁRIAS PASSAGENS QUE NECESSITARIAM DE EQUACIONAMENTO, DE UMA
DISCRETIZAÇÃO DISSO, E ELE ASSUMIA QUE A CLASSE TINHA ESSE CONHECIMENTO, PARA
PROSSEGUIR, E O RESULTADO FOI PÍFIO, PORQUE AS PROVAS PROVARAM QUE NÃO TINHA
COMO IR À FRENTE, A PONTO DE DEPOIS EU PEDIR AO PROFESSOR, PARA NÃO ASSISTIR A
AULA DELE, SE ELE DEIXAVA QUE EU ESTUDASSE EM CASA, E VIESSE FAZER AS PROVAS. BOM,
ELE DISSE, PODE TENTAR, MAS VOCÊ NÃO VAI CONSEGUIR, NÉ. SEIS DA MINHA TURMA
PASSARAM. DE UMA TURMA DE 50. EU TIVE A FELICIDADE DE PASSAR POR CONSEGUIR
SOZINHO, NO MEU TEMPO, NO MEU RITMO, FAZER CADA EQUAÇÃO PASSAR, O "B a Bá",
TUDO BONITINHO, E...ESSA DIFICULDADE EU NOTEI. UM PROFESSOR ENTÃO, QUE ASSUME
QUE O ALUNO TEM UM CONHECIMENTO, QUE ELE NÃO TEM. OUTRO CASO DE UMA
PROFESSORA QUE DAVA AULA VOLTADA PARA A LOUSA, NÃO ENCARAVA OS ALUNOS DE
MANEIRA ALGUMA. TINHA QUE SE SENTAR NA TURMA DO GARGAREJO PARA TENTAR
ENTENDER ALGUMA COISA DO QUE ELA FALAVA. FALAVA BAIXO, E AINDA OBVIAMENTE NÃO
CONSEGUIA IMPOR A VOZ DELA E FALAVA DE UMA MANEIRA QUE A CLASSE INTEIRA NÃO
OUVIA. ESSA É UMA LIMITAÇÃO. DEIXE-ME VER SE EU TINHA OUTRO PROBLEMA DE
PROFESSOR, ...AGORA NÃO ME VEM A MENTE. ESSES DOIS FORAM MARCANTES. (13:02)
6. E que sugestões você faria àqueles professores hoje, se você pudesse? (13:19)
POR FAVOR: FAÇAM UM CURSO, OU DE ORATÓRIA, OU DE DIDÁTICA, É..., TALVEZ COM UMA
CERTA ELEGÂNCIA, ENTREGARIA ALGUM LIVRO INTRODUTÓRIO NISSO, PARA QUE A PESSOA,
MESMO QUE NÃO QUEIRA SE EXPÔR, PORQUE "EU SOU O PROFESSOR E NÃO PRECISO DISSO,
NÃO VOU ...É...NO TERMO POPULAR - PAGAR ESSE MICO - DE FICAR NUMA AULA", MAS QUE
LESSE ALGUMA COISA, PORQUE HÁ LIVROS NESSE, NESSE SENTIDO. E...SE EU PUDESSE,
TIVESSE INTIMIDADE COM ESSES PROFESSORES, CERTAMENTE DEPOIS DE AULA, ALGUMA
COISA, EU FALARIA: PROFESSOR, ESTÁ ACONTECENDO ISSO, ISSO, ISSO. QUE TAL SE FÔSSEMOS
POR ESSE CAMINHO. E... COM O CONHECIMENTO QUE ESTOU COMEÇANDO AGORA A TER, DE
DIDÁTICA. MAS JÁ DARIA PRÁ TENTAR REVERTER ALGUMA COISA. (14:13)
7. Você falou de várias coisas ligadas a problemas de comunicação que vivenciou. Do que
você falou, o que aprendeu até agora no curso de didática, que pode ajudar a minimizar
estes problemas, caso seja você o professor? (15:24)
ISSO ENTRA NA HUMILDADE QUE EU VOU TER, TENTAR TER, DE SE NÃO SOUBER, ASSUMIR
QUE NÃO SEI, PASSAR REALMENTE...FAZER UMA MÃO DUPLA DE INFORMAÇÃO, PROFESSOR-
ALUNO. A TENDÊNCIA REALMENTE AINDA É O PROFESSOR COMO PASSANDO APENAS A
INFORMAÇÃO, MAS VOU TENTAR FAZER ALGO QUE VOCÊ FAZ EM SALA DE AULA, VOCÊ ESTÁ
FALANDO ALGO E SE UM ALUNO LEVANTA A MÃO, VOCÊ INTERROMPE SUA FALA, PASSA A
PALAVRA E DEPOIS RETOMA, SEM PERDER O FIO DA MEADA, NÃO É?. A TENDÊNCIA MINHA
SERIA EXPLICAR TUDO, E DEPOIS ESPERAR...QUE O ALUNO ESPERASSE UM POUCO, PARA
PODER FALAR. ENTÃO, É..., SÃO DICAS, SÃO ENSINAMENTOS QUE VOCÊ VAI PASSANDO, E QUE
EU VEJO QUE QUANDO EU FOR LECIONAR, É..., EU VOU TENTAR ME LEMBRAR DESSES AÍ,
DESSES ASPECTOS. (16:35)
8. Como você acha que estas estratégias e técnicas ajudarão você na atuação, como
professor? Elas fazem a diferença? (17:26)
TOTALMENTE, TANTO QUE ANOTO, TENHO ANOTAÇÕES À PARTE, DESSES PONTOS
PRINCIPAIS. É...E TENHO ESTUDADO ISSO, EM CASA. E É ISSO QUE VOU APRESENTAR, NÃO SÓ
EM AULA, MAS EM EXPOSIÇÕES QUE FAÇO NO PRÓPRIO SERVIÇO, PARA OS FUNCIONÁRIOS.
ISSO ABRIU HORIZONTES, PRÁ QUE EU ENTENDA QUE , QUE EXISTE UMA DEMANDA, É..DO
PESSOAL, DO PÚBLICO QUE ESTÁ ALÍ PARA APRENDER ALGUMA COISA, E...NÓS TEMOS QUE
TRATAR ISSO, DE UMA MANEIRA MAIS, MAIS, MENOS FORMAL, MENOS DAQUELE CASO DO
PROFESSOR TRADICIONAL. É...IMAGINO QUE EU VOU CONSEGUIR LIDAR COM A LINGUAGEM,
COM O...O..., AS EXPRESSÕES TÍPICAS DAS PESSOAS, SEM PERDER A MINHA CARACTERÍSTICA,
E TÃO POUCO SEM PARECER ARTIFICIAL DEMAIS, NÉ. EU FAÇO ANOTAÇÕES E ISSO VAI SERVIR,
JÁ ESTÁ SERVINDO PARA MIM. (18:40)
9. Para finalizar, você gostaria de comentar alguma coisa, fazer alguma sugestão ou
observação sobre o que te perguntei, sobre o assunto em geral?(18:50)
DO QUE FOI TRATADO, EU IMAGINO QUE SEJA UM PREÂMBULO PARA O QUE NÓS VAMOS
FAZER DEPOIS, DE PARTE PRÁTICA, É...DE APRESENTAR UMA AULA, E O QUE EU AGORA,
AGORA EU SÓ VOU JUNTANDO AINDA ESSES, ESSES PONTOS DE SABEDORIA, MAS EU ESTOU
JÁ, NÃO DIGO ANCIOSO, MAS ESPERANDO, POR UMA RESPOSTA SUA E DOS COLEGAS DE
CLASSE TAMBÉM, QUANDO FORMOS, QUANDO FOR A MINHA VEZ, POR EXEMPLO, DE EXPOR
UMA AULA. E VOU QUERER SABER ONDE ESTÁ ERRANDO, E ONDE ESTÁ ACERTANDO, NÃO SÓ
O ACERTO, MAS O ERRO, NÉ. ENTÃO, POR HORA, O QUE EU...AGORA É ASSIMILAR, POR
ENQUANTO, PORQUE O CURSO, IMAGINO, QUE ESTEJA NA METADE, OU UM POUCO PRÁ
FRENTE. ENTÃO, É..., EU ACHO QUE AGORA, NÓS ESTAMOS CAMINHANDO PARA UM APSE, E É
NA AULA PRÁTICA QUE VAI SER A PROVA DOS NOVE. E ENTÃO, EU ESTOU AGUARDANDO POR
ISSO. (19:49) .......................................................................
ENTREVISTA 2 - Pseudônimo: "Maria”
PERFIL DO ENTREVISTADO
idade: 33
graduação: Engenharia Agrícola - UNICAMP
pretende lecionar
1. Vamos pensar um pouco no que você aprendeu no curso de didática, até aqui. Você acha
que mudou alguma coisa em você, ou seja, no seu conceito do que significa lecionar, a partir
das aulas realizadas até o momento? Fale um pouco sobre isso. (V. 6 - 20:47)
MUDOU, PORQUE EU MESMA SEMPRE PENSEI QUE O PROFESSOR UNIVERSITÁRIO TERIA QUE
TER UM PREPARO GRANDE, AO PONTO DE SER PHD E ESPECIALISTA NUM ASSUNTO, E AÍ O
QUE FOI PASSADO EM SALA DE AULA, QUE PROFESSOR TEM QUE TER CONHECIMENTO, SIM,
MAS TAMBÉM A COMUNICAÇÃO, TEM QUE SABER VERBALIZAR, AH, A IDÉIA QUE EU TINHA
ERA ESSA, PORQUE EU SEMPRE QUIZ LECIONAR, SÓ QUE EU ACHAVA QUE ERA UM CAMINHO
MUITO LONGO, E O QUE FOI PASSADO AQUI, ME TORNOU MAIS PRÓXIMA DISSO. ENTENDEU,
ENTÃO EU VEJO QUE EU TENHO HABILIDADE, EU TENHO EXPERIÊNCIA, EU TENHO
CONHECIMENTO, NÃO QUE EU PARE POR AQUI, MAS EU PODERIA COMEÇAR A LECIONAR OU
PARTICIPAR DE ALGUM GRUPO DE ESTUDO, CONCOMITANTEMENTE COM O MESTRADO, E
DOUTORADO. ENTÃO, É A INTENÇÃO QUE EU TENHO. NÃO PRECISO ESPERAR ACONTECER,
TER UM DIPLOMA DE DOUTORADO E CHEGAR NOS MEUS 50 ANOS PARA COMEÇAR A FALAR: "
- AGORA EU VOU ENSINAR", ENTENDEU? ISSO DAÍ TIROU UM POUCO DO QUE EU
ACREDITAVA. NEM SEI SE EU ACREDITAVA, MAS ERA O QUE FOI PASSADO PRÁ MIM. (21:59)
2. Você consegue citar no curso de didática, algumas técnicas e estratégias de comunicação
que você aprendeu? (V. 6 - 22:18)
ORGANIZAÇÃO EM SALA DE AULA, DO ASSUNTO E DE QUE, INDEPENDENTEMENTE DA
MATÉRIA, TEM UMA LÓGICA. A AULA TEM UMA LÓGICA. ENTÃO, EU ACREDITAVA QUE ERA
MUITO...UMA PARTICULARIDADE DO PROFESSOR, UM JEITO DELE DAR AULA. ENTÃO, AH..., O
QUE VOCÊ ME MOSTROU EM SALA DE AULA, É QUE NÃO, QUE TUDO É TÉCNICA, E TUDO VOCÊ
DESENVOLVE. ENTÃO, ISSO É O QUE MAIS MEXEU COMIGO. QUE SE EU TENHO PONTOS
FALHOS, EU TENHO COMO OBSERVAR, E ARRUMAR ISSO, ENTENDEU? ADAPTAR À SALA DE
AULA, E SEGUIR ESSA ESTRATÉGIA, ESSA ORGANIZAÇÃO, INDEPENDENTEMENTE DO ASSUNTO.
Quer dizer que vai além simplesmente do dom ou do talento.
VAI ALÉM. TALENTO E DOM, VOCÊ DESENVOLVE, NÉ? ENTÃO, ISSO SIM. E ESSA
ORGANIZAÇÃO, EM SALA DE AULA, EU ACHEI BASTANTE INTERESSANTE. AQUELA
PORCENTAGEM, QUE TEM. PORCENTAGEM É TÃO QUANTITATIVO, NÉ, MAS FOI UMA
DEFINIÇÃO DE QUALIDADE EM SALA DE AULA. ENTÃO, FOI BEM INTERESSANTE. (V. 6 - 23:24)
3. Na sua opinião, qual é a importância de um professor do ensino superior ter formação em
didática, com ênfase na comunicação, para o bom desempenho docente? Por que? (23:41)
PRIMEIRO TEM QUE GOSTAR DO QUE FAZ. ENTÃO, COMO EU ESTUDEI NUMA UNIVERSIDADE
QUE É UM DOS MAIORES CENTROS DE PESQUISA E REFERÊNCIA, TUDO, EU TIVE
PESQUISADORES, POUCOS PROFESSORES. ENTÃO, ELES ERAM OBRIGADOS A DAR AULA, MAS
DEIXAVAM CLARAMENTE QUE NÃO ESTAVAM AFIM DE DAR AULA.
VOCÊ VAI TER NUMA SALA DE AULA NO NÍVEL SUPERIOR, PESSOAS MUITO DISTINTAS, MUITOS
JÁ COM ALGUMA EXPERIÊNCIA PROFISSIONAL, OU ATÉ VINDOS DE DIRERENTES TEORIAS E
TÉCNICAS DE ENSINO, E QUE A DIDÁTICA VAI PERMITIR COM QUE O PROFESSOR PERCEBA,
SINTONIZE CADA ALUNO EM SUA AULA, PASSE O CONTEÚDO, SINTA A SALA DE AULA, ENTÃO
EU ACHO QUE A DIDÁTICA É FUNDAMENTAL. E PRÁ QUE ELE DESENVOLVA UM MÉTODO. ELE
VAI CONHECER. A PARTIR DA DIDÁTICA, ELE VAI CONHECER, ELE VAI CONHECER A SALA DE
AULA, O ALUNO, O INTERESSE DA MAIORIA, NÃO TÔ DIZENDO QUE ELE VAI ATINGIR TODOS OS
ALUNOS, PORQUE ISSO É IMPOSSÍVEL, MAS ELE VAI AH...COMPREENDER O INTERESSE DA
MAIORIA, E AÍ ELE VAI CRIAR UMA METODOLOGIA. SE ELE NÃO TIVER CONHECIMENTO
DIDÁTICO, ELE NÃO VAI ATENDER AO OBJETIVO DELE, QUE É EDUCAR.
4. E dentro da importância que você apresenta da formação didática, como você vê a
importância da comunicação didática com ênfase na comunicação? Por que? (8:44)
A COMUNICAÇÃO É O QUE VAI PERMITIR A SINTONIA ENTRE PROFESSOR E ALUNO. ENTÃO, SE
O PROFESSOR NÃO SOUBER SE COMUNICAR, SEJA ATRAVÉS DE UMA APRESENTAÇÃO POR
SLIDE, SEJA SÓ NO FALAR EM SÍ, SEJA NA EXPOSIÇÃO DE UM TEXTO. AO TRAZER ALGUM
TEXTO TAMBÉM EM SALA DE AULA, TUDO ISSO É COMUNICAÇÃO. O PROFESSOR QUE NÃO SE
COMUNICA BEM, ELE ESTÁ RENDIDO A UMA AULA RUIM. ELE PODE TER A MELHOR DAS
INTENÇÕES, MAS O ALUNO NÃO VAI ENTENDER, VAI SER AQUELE TEMPO VAGO, VAI SER
AQUELA AULA DISPERSIVA.
Não alcança, é isso?
NÃO. NÃO ALCANÇA. A COMUNICAÇÃO É ESSE BRAÇO DE ACESSO QUE VAI TER, QUE VAI
LIGAR O ALUNO AO PROFESSOR.( V. 7 - 2:43)
5. É comum presenciarmos ou mesmo vivenciarmos, em sala de aula, dificuldades de
aprendizagem ou problemas de aproveitamento de alunos, em decorrência de alguma falha
ou dificuldade de desempenho do professor. Fale um pouco sobre os problemas de
aproveitamento em sala de aula, que você presenciou ou vivenciou como aluno.(V. 7 - 3:10)
EU SENTI UM DESRESPEITO PELA MINHA PERSONALIDADE. ENTÃO...ISSO EU SENTI... explica
melhor...AH, PORQUE EU TINHA..., SEMPRE FUI MUITO ATIVA, MUITO DINÂMICA, E MUITOS
PROFESSORES NÃO GOSTAVAM DA MINHA PARTICIPAÇÃO EM SALA DE AULA. ENTÃO EU
SENTIA UMA CERTA ANULAÇÃO, TAMBÉM. É...EU TINHA NA GRADUAÇÃO, EU FIZ UM CURSO
INTEGRAL, DE ENGENHARIA. E EU TINHA UMA NECESSIDADE DE TRABALHAR. E EU CONSEGUI.
EU CONSEGUI DURANTE OS MEUS..., EU FIZ 6 ANOS DE GRADUAÇÃO, EU FIZ 5 ESTÁGIOS,
TODOS REMUNERADOS, EU TRABALHAVA DE FINAL DE SEMANA, EU TRABALHAVA..., EU TINHA
ESSA NECESSIDADE. ERA A MINHA REALIDADE, E MUITOS PROFESSORES IMPLICAVAM
COMIGO, PORQUE ELES ACHAVAM QUE EU SERIA UMA ALUNA RUIM SE EU NÃO ME
DEDICASSE EXCLUSIVAMENTE À UNIVERSIDADE. ENTÃO EU TIVE IMPLICÂNCIA, EU SOFRI
HUMILHAÇÃO, EU SOFRI REPRESSÃO, E..E.., ENFÍM, ATÉ UMA EXPOSIÇÃO DESNECESSÁRIA. E
ELES NÃO ENTENDIAM QUE EU TINHA ESSA NECESSIDADE, QUE EU TINHA FORÇA SUFICIENTE
PARA CONSEGUIR, AH..., PRÁ CONSEGUIR SEGUIR AS DUAS COISAS. E EU VEJO QUE EU TÔ
FORMADA HÁ 10 ANOS E POUCOS COLEGAS MEUS TIVERAM ASSIM, O MESMO DESEMPENHO
PROFISSIONAL QUE EU TIVE. E EU SEMPRE TRABALHEI. ENTÃO, ELES SEMPRE JULGARAM DE
FORMA MUITO ERRADA. PRECONCEITUOSA. DE DIZER QUE NÃO É SÓ PORQUE UM ALUNO
TRABALHOU O DIA INTEIRO, QUE ELE É UM MAL ALUNO A NOITE. E ISSO AINDA TEM. AH, MAIS
A TURMA DO NOTURNO É RUIM DE DAR A AULA. OU ENTÃO, A PÓS..., ESSE PESSOAL É MUITO
JOVENSINHO, SABE? É MUITA COISA QUE EU ENFRENTEI. ATÉ NO MOMENTO EM QUE EU FUI
ENTRAR PARA FAZER O MESTRADO NA USP RECENTEMENTE, E COMO EU SOU FUNCIONÁRIA
PÚBLICA DO ESTADO, SOU PERITO CRIMINAL, EU PEGUEI, PRESTEI A PROVA DE MESTRADO DA
USP, NA ENTREVISTA ELES DISSERAM: "- MAS COMO VOCÊ VAI TRABALHAR E VOCÊ VAI
CONCILIAR". EU FALEI ASSIM: " - MAS JUSTAMENTE O MEU TRABALHO VAI TRAZER
INFORMAÇÃO SUFICIENTE PRÁ DESENVOLVER UMA TESE MUITO RICA. PORQUE EU TENHO A
PRÁTICA. EU TENHO CASOS MUITO...AH...MUITO...AH...INTERESSANTES, PRÁ SE ABORDAR
NUMA PESQUISA CIENTÍFICA E EU FUI, FUI NEGADA. EU FUI NEGADA PORQUE FICOU BEM
CLARO: PRIMEIRO - ELES FALARAM ASSIM: "- AH, MAS VOCÊ É CASADA", "-SOU", "-AH, MAS
VOCÊ...", PORQUE O MESTRADO ERA EM SÃO CARLOS. NA USP SÃO CARLOS, E EU FUI
EXATAMENTE PRÁ LÁ, PORQUE ERA REFERÊNCIA. ESSE CENTRO DE PESQUISA E MEIO
AMBIENTE. PROCUREI O PROFESSOR DA ENTREVISTA: "-AH, MAS VOCÊ É CASADA." E EU FALEI:
"- SIM, EU SOU CASADA, E GRAÇAS A DEUS, PORQUE É MEU MARIDO QUE ME APOIA NO MEU
INTENTO", MAS ELE FALOU: - "AH, MAS E LOGO VOCÊ QUE É CASADA, VAI TER FILHO E
ENTÃO..., COMO VOCÊ VAI CONSEGUIR CONCILIAR. TINHA TANTAS IMPLICAÇÕES: ERA O FATO
DE EU TRABALHAR, ERA O FATO DE EU PODER SER MÃE, É O FATO DE EU SER CASADA E NÃO
FOI, E NÃO É AGORA. EU SOFRI ISSO HÁ 10 ANOS ATRÁS, EU SOFRI ISSO ATÉ EM ESTÁGIOS EM
QUE EU QUERIA IR MAIS ALÉM, EU QUERIA ME DISPOR A FAZER ALÉM..."- AH, PORQUE VOCÊ É
MULHER", ERA PORQUE VOCÊ NÃO VAI AGUENTAR ISSO, ENTÃO, QUEM É UM PROFESSOR,
UM MESTRE, UM DOUTOR, PRÁ DIZER DA SUA CAPACIDADE. PRÁ SABER O QUANTO QUE
VOCÊ PODE SE DAR. PORQUE NINGUÉM CONSEGUE MEDIR O SEU SONHO, A SUA VONTADE. E
PORQUE QUE ELES JULGAM, PRÉ-JULGAM. E MUITOS PROFESSORES DA USP AINDA,
ESCOLHEM OS ALUNOS DE MESTRADO, QUE ERAM ALUNOS DE GRADUAÇÃO, PARA QUE SE
MOLDEM AO QUE ELES QUEREM. ELES NÃO QUEREM FORMADORES DE OPINIÃO. E ISSO ME
PREJUDICOU MUITO.
6. E que sugestões você faria àqueles professores hoje, se você pudesse? (13:19)
QUE OLHASSEM MEU CURRÍCULO. QUE LESSEM ALGO MEU. QUE ME VISSEM ATUANDO
COMO PROFISSIONAL. A QUEM ME PREJULGOU, QUE ANALISASSE TUDO ISSO. HOJE EU SOU A
FUNCIONÁRIA PÚBLICA, E NEM POR ISSO EU PAREI DE ESTUDAR. EU NUNCA FUI ACOMODADA.
SEMPRE FOI O MEU ÍMPETO, CONTINUAR ESTUDANDO, CONTINUAR FAZENDO, E NINGUÉM
VAI DIZER PRÁ MIM QUE EU NÃO TENHO CONDIÇÕES DE FAZER UM MESTRADO PORQUE EU
TENHO UMA DÚZIA DE FILHOS, PORQUE EU TRABALHO, PORQUE...ENFÍM, NINGUÉM VAI
PODER DIZER QUE EU VOU SER UMA MÁ ALUNA DE MESTRADO E CONSEQUENTEMENTE UMA
MÁ PROFESSORA, PORQUE É.., EU ME DIVIDI. POSSO COMPLEMENTAR? - EU ACHO QUE OS
PROFESSORES DEVERIAM OLHAR MAIS PRÁ FORA. DEVERIAM CONHECER..., EU ACHO QUE,
QUE ASSIM, MUITOS PESQUISADORES, ELES JUSTAMENTE TÊM UM PRÉ-JULGAMENTO DAS
COISAS, PORQUE SÃO PESSOAS TÃO INTELIGENTES , MAS QUE FICAM RESTRITAS A UM
LABORATÓRIO. SABE, QUE FICAM RESTRITAS AO..., RESTRITOS A UMA SALA DE AULA. A UMA
COISA MUITO QUADRADA E FORMAL. E AÍ ELES CRIAM ESSAS IMAGENS, POR JUSTAMENTE
NÃO VIVENCIAR OUTRAS COISAS. ENTÃO, PÁRA. O ALUNO NÃO VEM...ELE NÃO É IGUAL. SEM
FALAR QUE..., ELES ESTÃO DANDO AULA HÁ 30 ANOS, A GERAÇÃO QUE ELES APRENDERAM A
DAR AULA É TOTALMENTE DIFERENTE DA GERAÇÃO AGORA. ENTÃO, PÁRA COM ISSO! EU ...,
SE FOSSE PARA ACONSELHAR UM PROFESSOR DESSE, É JUSTAMENTE OLHAR, SABE. ENXERGAR
MAIS. IR ALÉM, VIVER, SABE. É..., POR MAIS EM PRÁTICA O QUE TANTO SE ESTUDA. (V.7 - 9:25)
7. Você falou de várias coisas ligadas a problemas de comunicação que vivenciou. Do que
você falou, o que aprendeu até agora no curso de didática, que pode ajudar a minimizar
estes problemas, caso seja você o professor? (V.7 - 9:34)
EU NÃO DESACREDITO EM NENHUM ALUNO. ENTÃO, PRÁ MIM, NENHUM ALUNO, POR PIOR
QUE ELE SEJA, ELE NÃO NÃO TEM CONSERTO..., ELE NÃO JEITO...,ENTÃO, EU ACREDITO NO
ALUNO. EU ACREDITO NO SER HUMANO, TÁ. É QUE A GENTE TÁ COLOCANDO NA PESSOA,
ALUNO. MAS EU ACREDITO MUITO NA CAPACIDADE E NA VONTADE QUE UM SER HUMANO
TEM EM SE DESENVOLVER, EM APRENDER, ENTÃO EU ACHO QUE ESSE SERIA O UM PONTO
MUITO FORTE SE EU FOSSE PROFESSORA. É A MINHA EXPERIÊNCIA, É O QUE EU ACREDITO, E É
COMO EU ENXERGO O SER HUMANO. DOTADO DE CAPACIDADE, É..., PRONTO PRÁ SER
FORMADO, PRÁ APRIMORAR, E EU TRABALHARIA ISSO NA SALA DE AULA. DESENVOLVIMENTO
MESMO DE TALENTOS, MAS PRINCIPALMENTE, PRÁ QUE O ALUNO ACREDITASSE EM SÍ.
PORQUE MAIS A GENTE ENCONTRA NO MUNDO, QUE NÓS VIVEMOS, É PESSOAS QUE TE
CONVENCEM A SER MENOR. E VOCÊ NÃO É MENOR. VOCÊ SEMPRE PODE UM POUCO MAIS.
e você acha que esses professores preconceituoso, eles têm essa ...
ELES DIMINUEM MUITO O ALUNO. EU ACHO! EU TIVE RECENTEMENTE, EU INCENTIVEI MEU
MARIDO A FAZER UMA SEGUNDA FACULDADE. ELE CURSA, ELE TÁ NO SEGUNDO ANO DA
FACULDADE DE DIREITO, E...ELE NÃO TEVE AS MESMAS OPORTUNIDADES DE..DE..ENSINO,
EDUCAÇÃO QUE EU TIVE, E JUSTAMENTE POR ISSO QUE ELE ...AH..., EU ACHO QUE EU FUI UM
INCENTIVO PRÁ ELE. E ELE COMENTOU SEMANA PASSADA COMIGO, QUE UMA PROFESSORA,
DE PORTUGUÊS, QUE DÁ, ACHO, DIDÁTICA FORENSE, FALOU QUE AQUELA É A PIOR TURMA
QUE ELA JÁ VIU. QUE É UMA VERGONHA, COMO ELES SE EXPRESSAM NUMA REDAÇÃO. E O
MEU MARIDO CHEGOU ONTEM PRÁ MIM E FALOU ASSIM: "- SABE AMOR, EU TIREI 6 NA
PROVA DE REDAÇÃO, E EU PERCEBO ASSIM, QUE EU SOU MUITO RUIM, ASSIM, EM
PORTUGUÊS". E EU FALEI ASSIM, PRÁ ELE: "- EU NÃO ACHO QUE VOCÊ SEJA RUIM. ELES
ESTAVAM TRABALHANDO UM TEXTO DA LÍGIA FAGUNDES TELLES, QUE COINCIDENTEMENTE
EU ACABEI DE LER UM LIVRO DELA E ENTÃO EU PUDE COMENTAR. TÁ, MAS EU DISSE ASSIM: "
- A PROFESSORA EXPLICOU COMO É QUE É O JEITO DA LÍGIA FAGUNDES TELLES? DELA
ESCREVER? - "- NÃO". EU FALEI: "- PORQUE VOCÊ TEM QUE ENTENDER UM POUCO O JEITO
COMO ESCREVE, ENTÃO EU COMECEI A EXPLICAR. AÍ EU FALEI: "- LÊ UM PEDAÇO DO TEXTO
PRÁ MIM. ELE LEU SEM PONTUAÇÃO. EU FALEI ASSIM: "- PRESTA ATENÇÃO COMO VOCÊ TÁ
LENDO. CADÊ A VÍRGULA? CADÊ O PONTO? EU VOU LER PRÁ VOCÊ COM ENTONAÇÃO. ELE
FALOU: "- NOSSA, É VERDADE! FAZ DIFERENÇA NO TEXTO". AÍ EU FALEI: " - SERÁ QUE VOCÊ É
RUIM DE GRAMÁTICA OU VOCÊ NÃO LÊ O TEXTO COMO ELE DEVE SER LIDO? PORQUE O QUE
VOCÊ LEU EM VOZ ALTA É COMO VOCÊ LÊ PRÁ SÍ. ENTÃO, SERÁ QUE NÃO É UM PROBLEMA DE
INTERPRETAÇÃO? E A PROFESSORA NÃO ABORDOU ISSO. ELA SIMPLESMENTE CHEGOU
CHEGOU E ..., O QUE EU ACHEI UM ABSURDO: "- VOCÊS SÃO PÉSSIMOS, VOCÊS SÃO RUINS. É A
PIOR TURMA QUE EU JÁ TIVE EM MATÉRIA DE PORTUGUÊS. VOLTOU O PRECONCEITO.
ENTÃO, E DISSE ASSIM: "É LEGAL VOCÊ APONTAR O SEU ... VOCÊ TEM UM DEFEITO, VOCÊ TEM
UM PROBLEMA AQUI, ENXERGA, ENCARA, APRENDE, SEMPRE HÁ TEMPO PRÁ APRENDER.
NUNCA, TÁ PERDIDO. AGORA, ESQUECE O QUE ESSA PROFESSORA FALOU, PORQUE ISSO É UM
ABSURDO. ENTÃO, EU ACHO QUE ISSO EU CONSEGUIRIA TRABALHAR COM O ALUNO EM SALA
DE AULA. ESSA EXPERIÊNCIA QUE EU TÔ TENDO COM ELE. (V.8 - 1:44)
8. Como você acha que estas estratégias e técnicas ajudarão você na atuação, como
professor? Elas fazem a diferença? (V. 8 - 1:56)
ACHO QUE EM TERMOS DE PONDERAÇÃO É INTERESSANTE, QUE TAMBÉM ASSIM, EU
PERCEBO QUE, EU SOU UMA PESSOA BASTANTE COMUNICATIVA, PORÉM, EU MUITAS VEZES
EU NÃO TENHO FREIO. ENTÃO, ESSE TIPO DE CONCEITO É INTERESSANTE. PRÁ VOCÊ SE
POLICIAR, PRÁ VOCÊ SE MONITORAR. NÉ..., ENTÃO EU PERCEBO QUE EU CONSIGO CHAMAR A
ATENÇÃO, QUE EU CONSIGO COM QUE AS PESSOAS AH...AH..OLHEM PRÁ MIM, MAS SERÁ
QUE AS PESSOAS ESTÃO ENTENDENDO O MEU CONTEÚDO? O CONTEÚDO QUE EU QUERO
PASSAR? OU ELAS SÓ ESTÃO ADMIRADAS, PORQUE EU PAREÇO UMA LOUCA NA FRENTE,
FALANDO E GESTICULANDO, E TUDO MAIS. ENTÃO, ISSO ME FEZ PENSAR...REFLETIR SOBRE A
COMUNICAÇÃO EM SÍ, ESSES CONCEITOS.
Defina melhor como as técnicas ajudarão você na atuação, como professora.
A OLHAR PARA OS ALUNOS. É..., A PERCEBER A SUA INDIVIDUALIDADE NO GRUPO, ISSO É
INTERESSANTE. CONSEGUIR CHAMAR A ATENÇÃO, DE FORMA PONDERADA. QUE EU TE FALEI
QUE É MINHA MAIOR DIFICULDADE. NÃO TENHO DIFICULDADE EM CHAMAR A ATENÇÃO, MAS
SER PONDERADA NA COMUNICAÇÃO. ENTÃO, EU ACHO QUE ISSO É INTERESSANTE. E FAZER O
ALUNO FALAR. SE EXPRESSAR. EU ACHO BEM POSITIVO. É BEM LEGAL OUVIR A OPINIÃO DE
OUTRA PESSOA. ENTÃO EU GOSTO MUITO, DE FALAR, DE TER A MINHA OPINIÃO, E ALGUÉM,
AH..., DEBATER. EU GOSTO MUITO DE DEBATE, SABE. ATÉ AS PESSOAS AQUI NO CURSO,
BRINCAM ASSIM: "- A SECONDA É POLÊMICA, PORQUE ELA TRAZ UNS ASSUNTOS POLÊMICOS".
VAI VER É PORQUE EU GOSTO DO DEBATE, NÉ. PORQUE SER POLÊMICO, É VOCÊ CHAMAR O
GRUPO. É FALAR: "- NÃO..VAMO..VAMO...VAMO DEBATER. VAMOS DEBATER ISSO. ENTÃO É
ASSIM. (V.8 - 4:10)
9. Para finalizar, você gostaria de comentar alguma coisa, fazer alguma sugestão ou
observação sobre o que te perguntei, sobre o assunto em geral? (V.8 - 4:18)
AH...CHAMAR MAIS OS PROFESSORES, PARA ELES SE ATENTAREM À DIDÁTICA. SABE, EU...,
EU..., EU ACHO QUE ESSA CONSCIÊNCIA DEVERIA SER DESENVOLVIDA , NOS CURSOS DE
PEDAGOGIA, NÃO SÓ NA PÓS-GRADUAÇÃO, SABE, É..., ATÉ DURANTE A GRADUAÇÃO, PORQUE
ALÍ ALGUNS, NÃO DIGO MUITOS, MAS VÃO SER PROFESSORES. TEM ESSA INTENÇÃO. VÃO TER
ESSA OPORTUNIDADE. AO MENOS COMO PALESTRANTES, NÉ, COMUNICADORES, ENTÃO,
COMO É IMPORTANTE ESSA DIDÁTICA SER TRABALHADA NA GRADUAÇÃO. PENSA-SE EM
DIDÁTICA, APENAS NO CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO, PORQUE EU VOU SER "O PROFESSOR", "O
ESPECIALISTA", E NÃO É BEM ASSIM. A DIDÁTICA ESTÁ MESMO, NA AÇÃO MAIS SIMPLES,
SABE, DE SE EXPOR, DE EXPLANAR, DE SE COMUNICAR, DE COMUNICAR-SE COM UMA EQUIPE.
ENTÃO EU ACHO QUE A DIDÁTICA DEVERIA SER CHAMADA ASSIM, MAIS PRÁ BASE, PRÁ RAIZ.
PRÁ QUE ELA NÃO SE TORNE UM PROBLEMA TÃO GRANDE COMO O QUE O SENHOR
APONTOU HOJE. QUE É A DIFICULDADE DOS GRANDES MESTRES, É A DIDÁTICA. MAS
QUANDO SE FALOU EM DIDÁTICA PRÁ ELES? SERÁ QUE O ERRO NÃO ESTÁ NISSO DAÍ? SERÁ
QUE ELES NÃO TIVERAM QUE DESENVOLVER TANTO, TANTO, TANTO OUTRAS COISAS, QUE NA
HORA QUE CHEGOU A DIDÁTICA, ISSO FOI COLOCADO DE LADO. "- NÃO, MAS EU JÁ TÔ NESSA
LINHA...HÁ TANTO TEMPO. OLHA AQUI A MINHA BAGAGEM!". A DIDÁTICA CHEGOU NUM
MOMENTO NÃO ADEQUADO, EU PENSO ASSIM. (V.8 - 5:47)
........................................................................................
ENTREVISTA 3 - Pseudônimo: “José Roberto”
PERFIL DO ENTREVISTADO
idade: 61
graduação: Direito e Administração - Universidade Mackenzie
pretende lecionar
1. Vamos pensar um pouco no que você aprendeu no curso de didática, até aqui. Você acha
que mudou alguma coisa em você, ou seja, no seu conceito do que significa lecionar, a partir
das aulas realizadas até o momento? Fale um pouco sobre isso. (V.9 - 1:12)
CERTO. EU NUNCA TIVE A EXPERIÊNCIA DE LECIONAR. ENTÃO PRÁ MIM SÃO TODOS
ELEMENTOS NOVOS QUE VIERAM AO MEU ENCONTRO E QUE ACRESCENTARAM MUITA COISA.
NÃO É. É UM CURSO DE ALTO NÍVEL, EXTREMAMENTE ESPECIALIZADO, E COISAS QUE EU NÃO
ESPERAVA VER. EU ANTERIORMENTE, QUANDO MUITO, UM CURSO DE ORATÓRIA, MAS NÃO É
UM CURSO ASSIM, DIRECIONADO, DE DIDÁTICA, PORQUE APENAS FAZIAM COM QUE AS
PESSOAS APRENDIAM A SE COMUNICAR EM PÚBLICO. E AQUI A GENTE APRENDEU TÉCNICAS
ATÉ INTERESSANTES, NÃO É, COMO SOLTAR A VOZ E OUTRAS, PELO QUE EU TÔ ME
LEMBRANDO. ATÉ UM CONCEITUADO PROFESSOR DE ORATÓRIA, QUE PAROU DE LECIONAR E
TAL, ELE TEVE ATÉ GRANDES POLÍTICOS, MAS...ERA UM CURSO DE ORATÓRIA, MAS DIDÁTICA
É UM CURSO MUITO MAIS AMPLO, UMA COISA ASSIM, ATÉ QUE, AH..., ACRESCENTA MUITOS
ELEMENTOS , QUE ESTÃO SENDO MUITO INTERESSANTES, COMO A TÉCNICA DE VENDAS, QUE
A GENTE TEVE HOJE, SÓ PARA CITAR COMO EXEMPLO. E OUTROS MAIS. MAS, MUITO BONS.
(V. 9 - 2:14)
2. Você consegue citar no curso de didática, algumas técnicas e estratégias de comunicação
que você aprendeu? (V.9 - 2:34)
BOM, A POSSIBILIDADE DE INTERAGIR COM O ALUNO E DE PROCURAR LEVAR A MENSAGEM E,
E..., E ESPERAR AQUELA, AQUELA RECEPTIVIDADE E AQUELA RESPOSTA, NÉ. EU POR EXEMPLO,
TENHO UMA DIFICULDADE GRANDE EM ME COMUNICAR. NO PRÓPRIO CURSO DE ORATÓRIA
FOI DETECTADO ISSO. TALVEZ MAIOR AINDA, DO QUE TALVEZ, HOJE, NÉ. E..., ENTÃO ESSA
INTERAÇÃO COM O ALUNO DE ENCONTRAR AQUELE RETORNO, É MUITO IMPORTANTE. É
UMA DAS ESTRATÉGIAS. (V.9 - 3:13)
3. Na sua opinião, qual é a importância de um professor do ensino superior ter formação em
didática, com ênfase na comunicação, para o bom desempenho docente? Por que? (V. 9 -
3:40)
UM BOM DESEMPENHO DOCENTE, É AQUELE PROFESSOR QUE CONSEGUE É..., LEVAR A
MENSAGEM DE UMA FORMA BEM SUSCINTA, E ATÉ MUITAS VEZES SIMPLIFICADA, QUE NÃO
FAÇA UM, UM.., UM RODEIO MUITO GRANDE EM TORNO DA IDÉIA QUE ELE TÁ
MINISTRANDO. QUE AS VEZES UM EXCESSO DE CONTEÚDO, POSSA ATÉ PREJUDICAR O
ENSINAMENTO, ENTENDE. ENTÃO, ÀS VEZES ELE PODE MINISTRAR BASTANTE
CONHECIMENTO QUE AS VEZES SE TORNA BASTANTE NECESSÁRIO, MAS SEM PERDER O FOCO
E MOTIVAR O ALUNO. TRAZER UM TEMA QUE ELE SAIBA TRANSMITIR, E AO MESMO TEMPO,
SENTIR QUE O ALUNO RECEBEU BOA PARTE DAQUELA INFORMAÇÃO.
INCLUSIVE HOJE EU ESCUTEI UM EXEMPLO MUITO INTERESSANTE. NÃO SEI SE É O COLEGA
A....., QUE TINHA DITO QUE O ENSINO À DISTÂNCIA, ELE AUFERIA MAIORES, ASSIM..., MAIOR
APROVEITAMENTO, PORQUE ELE TINHA MAIOR POSSIBILIDADE DE GRAVAR EM DUAS,
QUATRO HORAS, DUAS VEZES, E ELE DESTACAR TODOS OS PONTOS IMPORTANTES, PORQUE
NUMA AULA PRESENCIAL, ELE TALVEZ NÃO TIVESSE ESSA POSSIBILIDADE. NÃO QUERENDO
MENOSPREZAR TAMBÉM, MAS EU DEPOIS REPAREI, REFLETÍ MELHOR, E ACHEI QUE A OPINIÃO
DELE MERECE UMA IMPORTÂNCIA MUITO GRANDE, NÃO QUERO TAMBÉM DESMERECER A
AULA PRESENCIAL, MAS DE FATO, EU ACHO QUE ELE TEM RAZÃO, NESSE SENTIDO. A AULA
PRESENCIAL. FAZENDO UMA ANALOGIA DA AULA PRESENCIAL, COM O ENSINO À DISTÂNCIA,
EU ACHO QUE SE O PROFESSOR CONSEGUIR, QUE É UMA TAREFA, EU ACHO, UM POUCO
DIFICIL, NÃO SEI SE ATÉ IMPOSSÍVEL, SE ELE CONSEGUIR, AH..., CONCILIAR TODOS OS
ELEMENTOS AO PONTO DE SE ASSEMELHAR QUASE QUE PERTO DO ENSINO À DISTÂNCIA, QUE
FAÇA COM QUE UM ALUNO NÃO TIVESSE TODO ESSE TRABALHO UM POUQUINHO MAIOR NO
ENSINO A DISTÂNCIA, SERIA DE EXTREMA, DE EXTREMO, APROVEITAMENTO, BENEFÍCIO. (V. 9
fim e V. 10 - 2:33)
4. E dentro da importância que você apresenta da formação didática, como você vê a
importância da comunicação didática com ênfase na comunicação? Por que? (V.10 -2:35 )
É IMPORTANTE, PORQUE REALMENTE ELE VAI ...EU ÀS VEZES, QUANDO EU FORMULO MINHAS
REFLEXÕES, ÀS VEZES EU COSTUMO TRABALHAR MUITO NO CAMPO DAS COMPARAÇÕES, NÃO
É, ENTÃO TALVEZ, NÃO SEI SE É O CASO DE SE TENTAR FAZER UMA COMPARAÇÃO ENTRE O
JORNALISTA QUE TEM UM CURSO SUPERIOR E UM JORNALISTA, QUE AINDA PARECE QUE
EXISTE, NÉ, E O JORNALISTA, SEM O CURSO SUPERIOR. EVIDENTE QUE O JORNALISTA COM O
CURSO SUPERIOR, ELE É UM PROFISSIONAL HABILITADO. TEM MUITOS TAMBÉM, QUE NÃO
TIVERAM CURSO SUPERIOR E QUE FIZERAM NOME, MAS UM PROFISSIONAL HABILITADO...,
TANTO QUE NÃO É POR ACASO QUE SURGIU A ESCOLA DE JORNALISMO, NÉ. JUSTAMENTE
PARA CAPACITAR MELHOR E PARA ORIENTAR MELHOR OS NOVOS PROFISSIONAIS QUE
SURGEM NO MERCADO. E EU ACHO QUE É O MESMO RACIOCÍNIO VALE PARA O PROFESSOR,
COM DIDÁTICA.
Ou seja, ele tem que ter o que prá você, na didática...
O CONHECIMENTO, NÃO É. O PREPARO E A VIVÊNCIA, NÃO É. A PESQUISA, E VÁRIOS
ELEMENTOS QUE..., QUE O FAÇAM...INCLUSIVE EU ATÉ ACRESCENTARIA, A AULA DE TEATRO,
MAS ISSO É ASSIM, UM CRITÉRIO PESSOAL, EU SEI PORQUE EU CHEGUEI ATÉ A FEQUENTAR A
SUA ESCOLA, MAS POR FALTA DE HORÁRIO EU NÃO..., NÃO..., MAS PRETENDO FAZER,
JUSTAMENTE PORQUE EU QUERO ACRESCENTAR BASTANTE ELEMENTOS QUE POSSAM FAZER
COM COM QUE EU CONSIGA..., PORQUE EU PRETENDO LECIONAR, MAS...MAIS POR UM
DESAFIO INTERIOR, NÃO É.
VOU FAZER MINHAS AS PALAVRAS DA COLEGA M....., ESSENCIAL A COMUNICAÇÃO, PORQUE É
A COMUNICAÇÃO A MOLA MESTRE. POR EXEMPLO, SE ELE NÃO TIVER DIDÁTICA, MAS NÃO
TIVER COMUNICAÇÃO, É UM TRABALHO TODO QUE VAI POR ÁGUA ABAIXO. NÃO ATINGE O
EFEITO PRETENDIDO. (V.10 -5:07 )
5. É comum presenciarmos ou mesmo vivenciarmos, em sala de aula, dificuldades de
aprendizagem ou problemas de aproveitamento de alunos, em decorrência de alguma falha
ou dificuldade de desempenho do professor. Fale um pouco sobre os problemas de
aproveitamento em sala de aula, que você presenciou ou vivenciou como aluno.(V.10 - 5:45)
NESSE CURSO EU NÃO NOTEI ALGO DE ..., EU ACHEI OS PROFESSORES EXTREMAMENTE
QUALIFICADOS, MUITO BONS, NÃO É. AGORA, NO PASSADO EU TIVE SORTE, ASSIM, DE
ESTUDAR EM COLEGIOS BONS. EU TÔ TENTANDO FAZER UMA REFLEXÃO ASSIM, DO QUE EU
POSSA TER VISTO NO PASSADO... BOM, EU NO PRIMÁRIO, APESAR DE TER ESTUDADO NUM
COLEGIO MUITO BOM, E QUE NEM EXISTE MAIS. ERA FEITO SÓ O CURSO PRIMÁRIO, NÉ. E
DEPOIS FALECEU UMA DAS DIRETORAS. ERAM DUAS DIRETORAS, FALECERAM AS DUAS E
DEIXARAM DUAS HERDEIRAS, AS FILHAS E ELAS NÃO DERAM CONTINUIDADE. MAS, TINHA
UMA DIRETORA EXTREMAMENTE É..., EU IA USAR UMA PALAVRA ATÉ..., UM POUCO RÍGIDA,
EU NÃO DIGO PERVERSA, MAS ERA UMA PESSOA EXTREMAMENTE, É..., AUTORITÁRIA, NÃO É.
QUE OS ALUNOS TINHAM MEDO. TODOS OS ALUNOS TREMIAM NAS PERNAS, PORQUE
REALMENTE..., INCLUSIVE UM DIA EU ENCONTREI UM COLEGA, JÁ DE BARBA, DEPOIS QUE EU
JÁ TINHA ME FORMADO, ELE ME FALOU: - " EU LEMBRO DE VOCÊ DE ALGUM ..., A GENTE
ESTUDOU JUNTO...E TAL", E AÍ ELE FALOU DESSA DIRETORA, NÃO É. EU ACHEI CURIOSO UM
METRO E OITENTA DE BARBA, DIZENDO QUE TINHA TRAUMA DE INFÂNCIA. ELA ERA
REALMENTE BRAVA. DEPOIS EU TIVE OUTROS PROFESSORES ALÍ, EU..., EU ACHO QUE TEM
AQUELES PROFESSORES QUE A GENTE REALMENTE NÃO SIMPATIZA. NÃO TEM AQUELA
PERSEGUIÇÃO DIRETA, NÉ. QUE EU TIVE UMA EXPERIÊNCIA MUITO DESAGRADÁVEL, NO
GINÁSIO, QUE ERA UNICO, TALVEZ HOJE ..E TIVE OUTROS TAMBÉM QUE..., ESSA EXPERIÊNCIA
PESSOAL, MAS EU..., EM TERMOS DE DIDÁTICA, ...TEVE UM QUE UMA VEZ ME OFENDEU, É
QUE EU NÃO GOSTO DE FICAR LEMBRANDO ISSO..., UMA CLASSE CHEIA..., E TEVE UM OUTRO
QUE CISMAVA EM FICAR ME PERSEGUINDO, PORQUE CONHECIA MEU PAI E SE ACHAVA NO
DIREITO DE FICAR ME CONTROLANDO PRÁ MOSTRAR QUE CONHECIA MEU PAI. NÃO SEI...,
ISSO, ATÉ A RELAÇÃO DE AMIZADE ACABA PREJUDICANDO, NÉ. ENTRE OS DOIS. FOI UMA
COISA...MAS O RESTO, REALMENTE ASSIM, QUANTO AOS OUTROS PROFESSORES, TINHA UM
PROFESSOR, POR EXEMPLO, TIVE UM PROFESSOR MUITO BOM, COMO PESSOA, NÉ. ELE
TINHA MUITO CONHECIMENTO. ISSO JÁ NA FACULDADE. MAS ELE..., AS AULAS DELE ATÉ QUE
ERAM BOAS, MAS ELE ABRIA CÓDIGO CIVIL..., O PROFESSOR FOI DESENBARGADOR,
APOSENTADO..., NA ÉPOCA QUE ELE DAVA, ELE JÁ ERA APOSENTADO. ISSO JÁ EM 73, 74, NÃO
É. ENTÃO ELE ABRIU O CÓDIGO E COMEÇAVA A FALAR, FALAR..., E MUITA GENTE ATÉ SE
QUEIXAVA, FALAVA QUE ELE NÃO TINHA DIDÁTICA, ESSE É O PROBLEMA DA DIDÁTICA. ELE
FALAVA DE ACORDO COM O CONHECIMENTO, MAS POR INCRÍVEL QUE PAREÇA TEVE
ALGUMAS COISAS QUE EU APRENDI ASSIM, DEFINIÇÕES QUE ELE SOLTOU NA AULA, EU
DECOREI, GRAVEI, E NUNCA MAIS ESQUECI. ATÉ COMENTEI COM MEU PAI, QUE É ADVOGADO,
EU FALAVA: "- OLHA PAI, EU APRENDI ISSO...", E ELE FALAVA: "- PUXA, QUE BOM QUE VOCÊ JÁ
SABE ISSO", E EU FALAVA: " - FOI NA AULA...". ERA UMA COISA CURIOSA. UMA EMPATIA,
PORQUE ERA UMA PESSOA ASSIM, DE BOM CORAÇÃO, BOA PESSOA, MAS ELE SE REALMENTE,
EU ACHO QUE NÃO TINHA DIDÁTICA, NÃO É. E TINHA OUTRO, AO CONTRÁRIO, QUE TINHA
UMA DIDÁTICA EXTRAORDINÁRIA. QUE O PESSOAL TAMBÉM NÃO GOSTAVA , ESSE O PESSOAL
JÁ NÃO GOSTAVA, PORQUE ACHAVA QUE ELE ERA MUITO AUTORITÁRIO, MAS EU ACHAVA A
AULA DELE ESPETACULAR, EXCELENTE. PORQUE ELE FAZIA ASSIM: ELE PEGAVA TODOS OS
AUTORES, NÉ, E FALAVA, ANTES DELE COMEÇAR ELE DAVA UMA MATÉRIA QUE NEM EXISTE
MAIS, ELE DAVA DIREITO COMERCIAL, QUE FOI INCORPORADA PELO CÓDIGO CIVIL. ENTÃO ELE
COMEÇAVA ASSIM: BIBLIOGRAFIA- FULANO DE TAL, PÁGINA TAL, CAPÍTULO TAL, E TUDO ISSO
PRÁ QUEM TAVA AFIM MESMO DE ESTUDAR, FICAVA MUITO MAIS FÁCIL, PORQUE PEGAVA A
AULA DELE, ANOTAVA OS PRINCIPAIS..., IA NA BIBLIOGRAFIA E JÁ PODERIA, JÁ FAZER UM ...,
UM, UMA ANÁLISE SUSCINTA DAQUILO. ENTÃO, REALMENTE QUEM ESTUDAVA ALÍ, IA BEM
NA MATÉRIA DELE. APESAR DELE SER MUITO RIGOROSO, E NÃO DAR MOLEZA PARA QUEM
NÃO ESTUDASSE.ENTÃO TINHA ESSES EXEMPLOS AÍ, MAS EM GERAL EU NÃO TENHO ASSIM,
CRÍTICA DE UM PROFESSOR ESPECÍFICO. (V. 10 - 9:51)
6. E que sugestões você faria àqueles professores hoje, se você pudesse? (V.10 - 10:25)
BOM, EU NÃO QUERO SER ASSIM, DESELEGANTE, MAS AQUELE QUE CONSISTIA EM FICAR ME
PERSEGUINDO, QUE FOSSE PROCURAR UM TERAPEUTA. (RISOS) O SUJEITO ERA MEIO DOENTE,
COITADO. EU NÃO QUERO..., QUE DEUS O TENHA, ELE JÁ FALECEU, EU LEMBRO QUANDO ELE
FALECEU, SAIU NO JORNAL, UM ANO DEPOIS DO MEU PAI. ESSE OUTRO ERA UM SUJEITO
MUITO MAL EDUCADO, TAMBÉM, QUE EU ACHO QUE TEM QUE TER UM POUCO DE
EQUILÍBRIO EMOCIONAL PARA MINISTRAR UMA AULA. AGORA, QUANTO AOS OUTROS, O
PROFESSOR AQUELE QUE EU FALO QUE COM TODO O CARINHO, O PROF. VIEIRA NETO, O
DESENBARGADOR, ASSIM, TUDO BEM, NAQUELA ÉPOCA TALVEZ FUNCIONASSE, NÃO É,
PORQUE ERAM OUTROS TEMPOS, ELES CONTRATAVAM PROFESSOR PELO NOME, TINHA UMA
ESPÉCIE, PARECE, DE ROMANTISMO, ANTIGAMENTE FUNCIONAVA MUITO ESSA COISA DE
NOME, ESCRITÓRIO, ESCRITÓRIO DO FULANO DE TAL, PROFESSOR TAL, E FELIZMENTE,
FELIZMENTE, ACABOU ISSO, TODO MUNDO TEM INTERNET, TODO MUNDO É IGUAL, EU NÃO
GOSTAVA MUITO DESSA COISA: - PÔ, TRABALHEI NUM ESCRITÓRIO DO FULANO DE TAL. AH,
PORQUE EU TENHO UM PARECER DO ESCRITÓRIO..., HOJE ACABOU. HOJE TEM GRANDES
ADVOGADOS E A GENTE NEM SABE O NOME. É UM TRABALHO MUITO IMPESSOAL E BEM
BEITO, DE QUALIDADE. ENTÃO, AH..., NESSE ASPECTO HOJE, SE ELE TIVESSE PACIÊNCIA, NÃO É,
PORQUE ELE ERA DO TEMPO QUE QUANDO, QUE USAVA MÁQUINA DE ESCREVER E QUANDO
APARECEU O COMPUTADOR, ELE DE JEITO NENHUM FORAM ATÉ O COMPUTADOR. NÃO DIGO
ESSE, PORQUE ELE NEM CHEGOU A VER O COMPUTADOR, ACHO QUE JÁ TIVESSE FALECIDO,
MUITOS ADVOGADOS MAIS ANTIGOS QUE NÃO QUISERAM SABER DO COMPUTADOR.
TIVERAM UMA DIFICULDADE MUITO GRANDE PRÁ ASSIMILAR ESSA ..., ENTÃO FICARAM NA
MÁQUINA DE ESCREVER, ENTÃO NÃO SE ADAPTASSE A ESSA ÉPOCA. MAS SE ELE TIVESSE
NASCIDO UMA ÉPOCA DEPOIS, PROVAVELMENTE ELE SEGUIRIA O USUAL DE ADOTAR NAS
SUAS PRÁTICAS, A DIDÁTICA COMO MATÉRIA.(V. 10 - 12:17)
7. Você falou de várias coisas ligadas a problemas de comunicação que vivenciou. Do que
você falou, o que aprendeu até agora no curso de didática, que pode ajudar a minimizar
estes problemas, caso seja você o professor? (V.10 - 12:43)
SIM, SIM. AÍ É UMA QUESTÃO DA PESSOA ASSIMILAR, TER A CABEÇA...PORQUE, VEJA BEM,
SÃO PROFESSORES DE UMA OUTRA ÉPOCA. ASSIM, POR EXEMPLO, 66, ANO 66, JÁ FAZ QUASE
45 ANOS. 46 ANOS, MAIS OU MENOS, PRÁ RETROAGIR..., PRÁ ELES SERIA UMA NOVIDADE
QUE NÃO SEI ATÉ QUE PONTO ELES ACEITARIAM ISSO, NÉ. TALVEZ COM MUITA DIFICULDADE.
MAS PODE SER QUE TALVEZ NÃO. TALVEZ AQUILO, OU COM AQUELE EXEMPLO QUE VOCÊ
CITOU, NÉ, QUE O PROFESSOR QUE JÁ TEM AQUELAS IDÉIAS, JÁ PRÉ-CONCEBIDAS, QUE
ALUNO BOM É O QUE SENTA NA FRENTE. ERAM DAQUELE TIPO. EU NÃO SEI, TALVEZ PARA
ACEITAR ISSO, TALVEZ FOSSE UMA DIFICULDADE MUITO GRANDE, MAS, ISSO A GENTE SEMPRE
ACREDITA. EU NÃO GOSTO DE SER CÉTICO E GOSTO DE ACREDITAR QUE SEMPRE POSSA
HAVER UMA POSSIBILIDADE DA PESSOA QUERER BUSCAR UM CAMINHO MELHOR. SE ELES
ACEITASSEM, TALVEZ FOSSE BOM. E SÓ PARA CITAR COMO EXEMPLO, TEM UM PROFESSOR,
QUE TAMBÉM ERA UM OUTRO, DE MATEMÁTICA, UMA PESSOA EXTRAORDINÁRIA, QUE
ANDAVA MUITO COM ESSE PROFESSOR QUE ...DESSE PERÍODO, UMA PESSOA EDUCADÍSSIMA,
UM OUTRO NÍVEL, TANTO QUE O FILHO DELE TAMBÉM PARECE QUE TRABALHA NUM
COLEGIO. ENCONTREI COM ELE NUMA FESTA, HÁ MUITO TEMPO ATRÁS, E FALEI: "-
PARABÉNS, SEU PAI ERA UMA PESSOA EXTRAORDINÁRIA. E A POSTURA DELE ERA
EDUCADÍSSIMA." ERA TANTO O FILHO, COMO O PAI. (V. 10 - 14:22)
8. Como você acha que estas estratégias e técnicas ajudarão você na atuação, como
professor? Elas fazem a diferença? (V. 10 - 14:27 )
BOM, EU SINTO QUE TÁ MUDANDO. ESTAMOS EM PROCESSO. MAS A POSSIBILIDADE QUE EU
TÔ FELIZ EM PODER PARTICIPAR. PORQUE EU NUNCA TIVE ESSA OPORTUNIDADE. TAMBÉM
PORQUE, PORQUE EU NÃO BUSQUEI E AGORA EU TAMBÉM TÔ BUSCANDO, ESSE CURSO DE
DIREITO AMBIENTAL, PROCUREI EM PRINCÍPIO, NÉ, EU FUI BUSCAR UMA COISA E ACABEI
ACHANDO MUITO MAIS DO QUE ISSO. PENSAVA QUE ERA UM CURSO SÓ DE DIREITO
AMBIENTAL, MAS DEPOIS TEVE A FILOSOFIA DO DIREITO, QUE EU JÁ TIVE NA FACULDADE,
MAS NÃO COM ESSE ENFOQUE. AGORA, A AULA DE DIDÁTICA, TÁ SENDO MARAVILHOSO,
SUPER PROVEITOSO, MUITO BOM, E A DIDÁTICA ENTÃO, EXTRAORDINÁRIO PRÁ MIM. EU TÔ
SENTINDO UMA PARTICIPAÇÃO MUITO...PÍFIA AQUI NA AULA, NÃO PORQUE..., EU GOSTARIA
DE TER UMA PARTICIPAÇÃO MELHOR. ENTÃO EU PROCURO IR ATÉ ONDE EU POSSO. EU TÔ
VENDO QUE AQUI EU TÔ CONSEGUINDO UM ESPAÇO MELHOR, NÃO QUE EU ..., É QUE EU
NÃO CONSIGO NAS OUTRAS. TEM PESSOAS QUE EU VEJO QUE PARTICIPAM. O PRÓPRIO, S....,
O P..., O J..., SÃO OS QUE MAIS PARTICIPAM. EU VEJO QUE EU SOU..., MAS TUDO BEM.CADA
QUAL NO SEU DEVIDO TEMPO, NÉ. (V.10 - 15:48 )
Eu gostaria de saber como estas técnicas ajudarão você, como professor. (V. 10 - 16:06 )
EU ACHO QUE A PRÁTICA. A PRÁTICA E A REVISÃO CONSTANTE DO QUE EU JÁ APRENDI E QUE
EU VOU CONTINUAR LENDO, VOU CONTINUAR É ISSO..., EU ACHO QUE A PRÁTICA E O
ESFORÇO, ISSO É O QUE FAZEM A PESSOA CADA VEZ MAIS ADAPTADA, MAIS APTA A FAZER
AQUILO QUE SE PROPÕE. NO CASO, LECIONAR. (V.10 - 16:40)
9. Para finalizar, você gostaria de comentar alguma coisa, fazer alguma sugestão ou
observação sobre o que te perguntei, sobre o assunto em geral? (V. 10 - 16:48)
COMO EU DIGO. É MUITO BOM, É MUITO PROVEITOSO, UMA EXPERIÊNCIA MUITO FELIZ, NÃO
É. E PRETENDO DESENVOLVER, SE TIVER OPORTUNIDADE, DE DESENVOLVER ISSO, CADA VEZ
MAIS, É O QUE EU PRETENDO FAZER, NÉ. ENTÃO, EU ATÉ CITO COMO EXEMPLO, TEM UM
PROCURADOR AQUI NO..., QUE É O ATUAL PROCURADOR GERAL DO ESTADO, ELE FALA MUITO
BEM, NÃO É? EU ACHO UM DOS ORADORES MAIS EXTRAORDINÁRIOS. ELE FALA, QUANDO
FALA, DÁ A IMPRESSÃO... , DAS POUCAS VEZES QUE EU PARTICIPEI DE PALESTRAS QUE ELE
PROFERIU, OU DE ENCONTROS QUE ERA NECESSÁRIA A PRESENÇA DOS PROCURADORES, ELE
QUANDO FALA, PARECE QUE ELE TÁ FALANDO DIRETAMENTE PRÁ VOCÊ, ASSIM. PARECE QUE
ELE TÁ SENTADO DE FRENTE PRÁ CADA UM DAQUELES QUE ESTÃO PRESENTES, NÉ.
COMUNICA MUITO BEM, E ENTÃO E EU ATÉ PENSEI NAQUELE PROFESSOR DE ORATÓRIA QUE
ERA MUITO BOM TAMBÉM, MAS ELE JÁ ERA UM SENHOR. O PROCURADOR É MAIS NOVO. ATÉ
EU PENSEI..., EU ATÉ GOSTARIA DE, NÃO DIGO PASSA-LO, NÃO QUERO TER ESSA PRETENSÃO,
MAS PELO MENOS CHEGAR PERTO, PELO MENOS UNS 90%, EU JÁ FICO FELIZ. NÃO VOU
QUERER 10% SÓ, 90% TÁ BOM. (RISOS) (V. 10 - 18:00)
.........................................................................................................................................................
ENTREVISTA 4 - Pseudônimo: "Claudia"
PERFIL DO ENTREVISTADO
idade: 42
graduação: Direito - UNESP - Franca
pretende lecionar
1. Vamos pensar um pouco no que você aprendeu no curso de didática, até aqui. Você acha
que mudou alguma coisa em você, ou seja, no seu conceito do que significa lecionar, a partir
das aulas realizadas até o momento? Fale um pouco sobre isso. (V. 13 - 00:42)
OLHA, NA VERDADE ME FEZ RESGATAR UM CONCEITO LÁ DE TRÁS, ASSIM..., DE RESPEITO, DE
ADMIRAÇÃO, DE VALORIZAÇÃO, PORQUE EU TAVA MEIO NA ONDA DE ACHAR QUE É RUIM,
QUE É DESVALORIZADO, QUE..., ENTÃO ME FEZ RESGATAR UM CONCEITO MESMO, LÁ DE
TRÁS, DE QUE É BACANA, DE QUE É UMA OPÇÃO, É..., PROFISSIONAL E ESSA COISA DA
COMUNICAÇÃO, NÉ, DE VOCÊ ABRIR UM CAMINHO, ACHEI, SINCERAMENTE, A MELHOR AULA
DA PÓS-GRADUAÇÃO, PRÁ MIM, ESTÁ SENDO O CURSO DE DIDÁTICA. EU FALO ISSO PRÁ TODO
MUNDO. FEZ MUDAR, SIM. NO SENTIDO DE RESGATAR UMA VALORIZAÇÃO QUE EU TINHA,
ACHO QUE UMA VISÃO TALVEZ MAIS IDEALIZADA, NÉ, EU ACHO QUE A GENTE PERDE UM
POUCO ISSO. É, PORQUE EU VENHO DE UMA FAMILIA ONDE MINHA MÃE É PROFESSORA,
MINHA TIA É PROFESSORA, MINHA MÃE FOI DA ÉPOCA DE QUE PRÁ MULHER SER
PROFESSORA ERA TUDO NA VIDA, NÉ, ERA O QUE ELA MAIS PODIA ALMEJAR, E MINHA MÃE
FOI MUITO POBRE, ENTÃO MAIS AINDA. FOI O ACESSO SOCIAL. NÉ. ELA CRESCEU NA VIDA
COM ISSO, ENTÃO, É UMA HISTÓRIA DE SUPERAÇÃO. EU APRENDI A VALORIZAR A DOCÊNCIA
POR CAUSA DISSO, NÉ. E..., E ENTÃO, EU ACHO UMA HISTÓRIA MUITO BONITA DE SUPERAÇÃO
PESSOAL. E AÍ DEPOIS, A GENTE VAI PERDENDO ISSO, NÉ. PORQUE VOCÊ CONSEGUE ATINGIR
UM OUTRO PATAMAR, E VOCÊ TRABALHA MUITO, E NÃO DÁ TEMPO DE VOCÊ ESTUDAR
COMO VOCÊ GOSTARIA. DE SEGUIR UMA CARREIRA, ATÉ NESSE SENTIDO. QUANDO EU
ESTUDAVA, EU TINHA PRETENSÃO DE..., DE..., DE ENVEREDAR PARA ESSE CAMINHO. ACABOU
NÃO DANDO ..., FUI POR OUTRO LADO, E A GENTE ACABA ESQUECENDO E VOCÊ SÓ OUVE
NOTÍCIA RUIM, DE QUE TÁ TODO MUNDO RUIM, TÁ TUDO ACABADO, QUE TÁ TODO MUNDO
SAINDO ANALFABEETO E TAL, E VOCÊ ACABA DESVALORIZANDO MESMO. VOCÊ VÊ UNS
PROFESSORES "PICARETAS" TAMBÉM. PRINCIPALMENTE NO ENSINO FUNDAMENTAL. ENTÃO,
VOCÊ ACABA VENDO DESMORONAR AQUELA IDÉIA. EU TINHA UMA IDÉIA SUPER BONITA.
DESMORONOU E DE REPENTE AGORA TÁ..., FOI LEGAL VOCÊ PENSAR SOBRE ISSO, DE REPENTE
ACHAR UMA SAÍDA, VALORIZAR A PESSOA QUE TÁ LÁ FALANDO, ENTÃO ACHO QUE TEVE UM
..., RESGATOU UNS VALORES, ASSIM. (V. 13 - 2:58)
2. Você consegue citar no curso de didática, algumas técnicas e estratégias de comunicação
que você aprendeu? (V. 13 - 3:16)
AH, ESSA QUESTÃO DAS "IMAGENS", É SENSACIONAL, NÉ. É SENSACIONAL! EU ACHEI ..., VOCÊ
TAVA FALANDO DE EXECUÇÃO AGORA, E EU COMECEI IMAGINAR PRO ALUNO DE TERCEIRO
ANO, SEI LÁ..., VOCÊ FALAR DE EXECUÇÃO, E MOSTRAR UMA IMAGEM DE EXECUÇÃO, MESMO.
VOCÊ VAI TIRAR ALGUMA COISA DE UMA PESSOA, É UMA VIOLÊNCIA, NÉ. VOCÊ VAI
EXPROPRIAR ALGUMA COISA..., EU ACHEI FANTÁSTICO ISSO, NÉ. E ÀS VEZES A GENTE FAZ ATÉ
SEM PERCEBER, NÉ, MAS EU ACHEI, VOCÊ OBJETIVANDO ISSO, VOCÊ CRIANDO ISSO, VOCÊ...,
ALGUÉM TE DIZENDO: "- ASSIM É MAIS FÁCIL PRO OUTRO APRENDER", É MUITO LEGAL. E ATÉ
PRÁ VOCÊ EXPLICAR NO DIA A DIA, QUANDO VOCÊ VAI ATENDER UM..., UM..., UM
CONTRIBUINTE, TAL, É MUITO BACANA, NÉ. PRÁ SE COMUNICAR, COM AS PESSOAS, NÉ.
PORQUE QUEM ESTÁ TALVEZ, ATUANDO NA ÁREA DO DIREITO, TALVEZ TODO MUNDO
ENTENDE AQUILO QUE TÁ FALANDO, COMO UM MÉDICO TAMBÉM ACHA QUE AQUILO QUE
ELE TÁ FALANDO É FÁCIL, E ENTÃO VOCÊ CONSEGUIR DO SEU MUNDO, E SE COMUNICAR COM
AS PESSOAS DO OUTRO MUNDO, E TORNAR ISSO PALPÁVEL, ATRAVÉS DE IMAGENS, EU ACHEI
ASSIM, TUDO. EU ACHEI SUPER FANTÁSTICO. E HOJE, QUANDO A GENTE FEZ O EXERCÍCIO, DEU
PRÁ VER NAQUELE ÚLTIMO GRUPO, QUE ELES NÃO TINHAM IMAGENS, NÉ. A IMAGEM FICOU
PRO FINAL. E NO NOSSO A GENTE CONSEGUIU VER. CONFORME A GENTE IA FALANDO, A
GENTE VIA. A GENTE VIA AS PILHAS DE PROCESSOS..., NÃO DÁ PRÁ TER PRAZO, ASSIM...MEU
DEUS DO CÉU..., É, A GENTE CONSEGUIU ALCANÇAR ...ACHO QUE TODO MUNDO DO NOSSO
GRUPO FICOU BEM FELIZ, PORQUE TODO MUNDO CONSEGUIU E FOI A QUESTÃO DA IMAGEM,
NÉ. TODO MUNDO TINHA UMA HISTÓRIA PRÁ CONTAR, E ACABOU CONTANDO, NÉ. E ISSO
ALTERA TUDO! VOCÊ CRIA UMA CUMPLICIDADE, A PESSOA..., E LEMBRANDO DAS MINHAS
AULAS DE FACULDADE, JUSTAMENTE AS QUE EU LEMBRO, SÃO AS AULAS QUE TINHAM
IMAGEM, QUE CONSEGUIA TRANSFORMAR AQUILO QUE ERA MUITO ABSTRATO, EM ALGUMA
COISA CONCRETA. EM ALGUMA COISA QUE É.., É..., QUE EU CONSEGUIA PEGAR, NÉ. TANTO É
QUE ASSIM, A ÚNICA..., EU TINHA..., NO PRIMEIRO ANO DE FACULDADE EU TINHA UMA
DIFICULDADE TREMENDA COM ECONOMIA. EU TINHA AULA DE ECONOMIA EM 1991, QUE
ELES NÃO SABIAM O QUE ELES ESTAVAM FAZENDO. ACHO QUE ATÉ HOJE ELES NÃO SABEM,
NÉ. ELES ACERTARAM EM TENTATIVA E ERRO, NÉ. A INFLAÇÃO GALOPANTE, E EU TINHA UM
PROFESSOR ASSIM, BAIXINHO, DEVIA SER GENIAL, MAS EU NÃO ENTENDIA NADA DAQUILO.
AQUELE LIVRO DO CLOVIS NAPOLEONE, EU TENHO ATÉ HOJE NA MINHA CASA, E NÃO
CONSIGO ENTENDER. EU LEMBRO DE UMA TARDE QUE NÓS FICAMOS, TIVEMOS UMA
REPOSIÇÃO DE AULA, ELE FALOU DE LUCRO, LUCRO, LUCRO, LUCRO, LUCRO..., E NO FINAL ELE
VIROU E FALOU ASSIM: "- BOM, MAS NA VERDADE, O LUCRO NÃO EXISTE" (RISOS), E ENTÃO
EU FALEI: "- BOM, NÃO É PRÁ ENTENDER...". E ASSIM, EU FIQUEI COM MUITO MEDO E EU
QUASE DESISTI DE FAZER DIREITO. E AÍ QUANDO A GENTE VAI PARA O SEGUNDO ANO, EU
LEMBRO... POR QUE TODO MUNDO GOSTA DE DIREITO PENAL?, PORQUE TEM CASO TODO DIA
NO DATENA. ENTÃO VOCÊ VÊ. TEM A IMAGEM. VOCÊ APRENDE AQUILO E VOCÊ VAI VER O
DATENA, E ELE TE PASSA..., MESMO QUE O TEU PROFESSOR SEJA PÉSSIMO, A IMAGEM EXISTE,
NÉ. ENTENDEU? AGORA, O DURO É VOCÊ CONSEGUIR FAZER ISSO COM DIREITO
ADMINISTRATIVO, COM TRIBUTÁRIO, QUE SÃO COISAS MAIS, MAIS..., ÁRIDAS, NÉ. EU TIVE,
POR EXEMPLO, NINGUÉM GOSTAVA DE DIREITO ADMINISTRATIVO. QUANDO A GENTE FOI
PARA O TERCEIRO ANO, EU LEMBRO QUE EXISTIA JÁ UM PRECONCEITO: AI, DIREITO
ADMINISTRATIVO..., DEVE SER UM "SACO", NÃO SEI O QUE, E EU TIVE UM PROFESSOR QUE
ERA O SERGIO ROXO DA FONSECA, QUE ELE FALAVA JÁ DA TEORIA DOS SIGNOS. A GENTE
ESTUDOU PELO CELSO ANTONIO BANDEIRA DE MELO. AQUELE LIVRO É TERRÍVEL DE LER, E EU
APRENDI DIREITO ADMINISTRATIVO. MAS ELE PEGAVA ASSIM, ELE PEGAVA... IMAGENS. E O
SERGIO ROXO, SENTAVA LÁ, ELE FICAVA SENTADINHO ASSIM, E ELE DAVA CONCEITO DE
IMAGENS. EU NÃO APRENDI TUDO DE DIREITO ADMINISTRATIVO. TEVE MUITO CONTEÚDO
QUE EU NÃO APRENDI, MAS SE EU PEGO UM LIVRO, EU CONSIGO ENTENDER, PORQUE EU
APRENDI O BÁSICO LÁ. EU CONSIGO RACIOCINAR. (V. 13 - 7:23 )
3. Na sua opinião, qual é a importância de um professor do ensino superior ter formação em
didática, com ênfase na comunicação, para o bom desempenho docente? Por que? (V.13 -
7: 48 )
É CONSEGUIR ALCANÇAR, MAIS DO QUE CONTEÚDO. ACHO QUE É..É..., PORQUE CONTEÚDO,
EU ACHO QUE SE VOCÊ CONSEGUIR DESPERTAR NA PESSOA, ELA VAI BUSCAR. ACHO QUE
VOCÊ CONSEGUIR ALCANÇAR, VOCÊ CONSEGUIR ESTABELECER ESSA COMUNICAÇÃO, EU
ACHO QUE É UM BOM DESEMPENHO. E É O QUE EU CONSIGO VER, POR EXEMPLO: DE ALGUNS
PROFESSORES QUE VEM AQUI DAR AULA, E QUE SÃO "FERAS". FOI O QUE EU DISSE OUTRO
DIA, DO "MEDALHÃO", ...AI, O CARA É ÓTIMO, NÃO SEI..., E ELE NÃO CONSEGUE A GENTE.
ENTENDEU? E AÍ VOCÊ PROFESSORES QUE NÃO SÃO TÃO CONHECIDOS, E QUE DÃO AULAS
EXCELENTES. O PROFESSOR ANTONIO NOTORIAN A SEMANA PASSADA, ELE VEIO FALAR DE
TÍTULO EXECUTIVO E AÇÃO JUDICIAL, AVALIAÇÃO, ADJUDICAÇÃO, QUE SÃO COISAS QUE TODO
MUNDO SABE, MAS ELE PEGOU SÓ TEMAS QUE A GENTE TEM DIFICULDADE, AS QUESTÕES
POLÊMICAS, E ELE NÃO SAIU DAQUI ANTES DE MEIO DIA, E NINGUÉM SAIA DAQUI. NINGUÉM
SAIA, PORQUE ELE CONSEGUIU, ELE FALOU: "- BOM, EU VOU FALAR PRO PESSOAL MAIS
QUALIFICADO, EU VOU PEGAR TEMAS QUE ESTÃO AÍ EM DISCUSSÃO", ENTÃO..., NINGUÉM
SAIU DA SALA. ACHO QUE É VOCÊ CONSEGUIR ESTABELECER ESSA COMUNICAÇÃO, É VOCÊ
CONSEGUIR SABER COM QUEM VOCÊ TÁ FALANDO. E SE ADAPTAR A ESSES PÚBLICOS, NÉ.
ACHO QUE SÃO AS DUAS COISAS PRINCIPAIS, NÉ, E ACHO QUE É TER O OLHO PRÁ VER AS
DIFICULDADES, NÉ. COMO A COLEGA PERGUNTOU AQUELA HORA..., TÁ, MAS SE EU TÔ NUM
GRUPO E TEM UM QUE É MAIS ADIANTADO, TAL, ACHO QUE SE O PROFESSOR CONSEGUIR
PEGAR ISSO TAMBÉM, AS DIFERENÇAS DA SALA DELE, E QUE EU ACHO QUE DEVE SER O MAIS
DIFICIL, NÉ, E SE ADAPTAR A ESSEAS DIFERENÇAS, EU ACHO QUE DEVE SER O MAIS DIFÍCIL. É,
ASSIM, TALVEZ NÃO TENHA NADA A VER, MAS MINHA MÃE SEMPRE DEU AULA PRÁ PRIMEIRA
SÉRIE E PRÁ CRIANÇAS TERRÍVEIS, AS PIORES SALAS. DE TODAS, AS PIORES. E UM POUCO
ANTES DELA SE APOSENTAR ELA FOI DAR AULA PARA UMA QUARTA SÉRIE. ERA A QUARTA
SÉRIE DOS REBOTALHOS. NINGUÉM QUERIA. E ERAM AQUELES QUE FAZIAM BAGUNÇA, QUE
TINHAM REPETIDO QUINHENTOS ANOS, E NÃO SEI O QUE, E AÍ CHEGOU..., QUANDO ELA
ENTROU, ELA CONSEGUIU ESTABELECER UMA COMUNICAÇÃO COM ELES, E ELES PASSARAM A
SER CHAMADOS OS ANJINHOS DA ESCOLA. (RISOS) E TODO MUNDO FALAVA: - "- MAS O QUE
VOCÊ FEZ?", "- NÃO SEI. EU CONVERSO COM ELES. EU ENTRO LÁ E ELES FICAM". AÍ TEVE UM
DIA QUE MINHA MÃE FALTOU E A CLASSE VEIO ABAIXO, MUITO PROVAVELMENTE PORQUE
QUEM FOI NO LUGAR DELA, NÃO CONSEGUIU ESTABELECER ISSO. AGORA, QUAL O SEGREDO,
EU NÃO SEI. MINHA MÃE TEM UM METRO E MEIO. ELA CONSEGUIU EXERCITAR A
COMUNICAÇÃO. ELA CONHECIA TODOS PELO NOME, ELES ADORAVAM ELA. ATÉ HOJE ELES
ENCONTRAM ELA NA RUA..., FAZ MAIS DE VINTE ANOS QUE MINHA MÃE É APOSENTADA, ELA
NÃO RECONHECE ELES MAIS, E ELES VÃO LÁ E...AI DONA LUCY, A SENHORA FOI MINHA
PROFESSORA, NÃO SEI O QUE..., A SENHORA LEMBRA? , LEMBRO!..., MAS ERAM DESSE
TAMANHO (APONTA PARA BAIXO). E HOJE PENSANDO, EU LEMBRO QUE UM DIA EU FALEI...,
ELA LEMBRA DISSO E ELA SEMPRE COMENTA, QUE A ESCOLA ERA O GRANDE PALCO DELA, NÉ.
QUANDO ELA TAVA ALÍ NO MEIO, ELA CRESCIA,ELA..., ELA..., ELA..., ELA TINHA UM DOMÍNIO
MUITO GRANDE. EU ACHO QUE ERA O GRANDE PALCO DELA. ACHO QUE É MEIO SER ATOR,
MESMO. QUANDO VOCÊ TÁ ALÍ NA FRENTE. VOCÊ ESTABELECER ESSA COMUNICAÇÃO. ESSE É
O GRANDE "PULO DO GATO". (V. 13 - 11:14)
4. E dentro da importância que você apresenta da formação didática, como você vê a
importância da comunicação didática com ênfase na comunicação? Por que? (V. 13 - 11:39 )
EU ACHO QUE SE VOCÊ ..., EU ACHO QUE FAZ A DIFERENÇA, PORQUE ELE CONSEGUE
ENTENDER QUE ELE ESTÁ INSERIDO DENTRO DE UM PROCESSO EDUCACIONAL. QUE EU ACHO
QUE TAMBÉM, NO ENSINO SUPERIOR VOCÊ ESTÁ ACIMA DISSO, VOCÊ NÃO PRECISA EDUCAR
MAIS NINGUÉM, NÉ. PELO MENOS É A IMPRESSÃO QUE EU TENHO, É ISSO. QUANDO VOCÊ VAI
ESTUDAR DIDÁTICA, NÃO. VOCÊ VAI TER UMA VISÃO GLOBAL. VOCÊ TÁ DENTRO DE UM
CONTEXTO, VOCÊ ESTÁ INTERLIGADO COM OUTRAS COISAS, NÉ. AQUELA AH..., EU LEMBRO DE
UMA EXPRESSÃO DE QUANDO EU TAVA ESTUDANDO, TAVA NA MODA, É...,
INTERDISCIPLINARIEDADE. FOI QUANDO SURGIU ISSO, NÉ. FAZ TEMPO. FAZ MUITO TEMPO
QUE EU ME FORMEI E ENTÃO ACHO QUE FOI QUANDO COMECOU ISSO. ESSA .., ESSA..., E A
GENTE TINHA UMA VISÃO ESTANQUE, NÉ. VISÃO DO DIREITO. ACHO QUE A DIDÁTICA TE DÁ
ESSA VISÃO: - OLHA, VOCÊ ESTÁ FORMANDO UM PROFISSIONAL QUE VAI ATUAR EM VÁRIAS
ÁREAS, E VOCÊ PRECISA ENTENDER ESSE PROCESSO EDUCACIONAL COMO UM TODO, VOCÊ
NÃO TÁ SÓ CRIANDO, ENSINANDO PRÁ UM BACHAREL, OU PRÁ UM MÉDICO, OU PARA UM
ENGENHEIRO, VOCÊ ESTÁ ENSINANDO PARA UMA PESSOA QUE VAI ATUAR NA SOCIEDADE E
QUE A SOCIEDADE NÃO VAI FICAR ESTANQUE. ACHO QUE A DIDÁTICA TE DÁ ESSA VISÃO
AMPLA DO PROCESSO EDUCACIONAL, MESMO. E PRO PROFESSOR, PRÁ ELE ENTENDER, QUE
ELE NÃO TÁ JÓ JOGANDO CONTEÚDO, MAS ELE TÁ ENSINANDO..., ELE TÁ DENTRO DE UMA
FORMAÇÃO. ELE CONTINUA FORMANDO, NÉ, E EDUCANDO. ACHO QUE ELE TÁ EDUCANDO,
NÉ. É UM CONCEITO MAIS AMPLO, MESMO NO ENSINO SUPERIOR. A COMUNICAÇÃO
ESTABELECE ESSE VÍNCULO, NÉ. VOCÊ TÁ MUDANDO DE PARADIGMA HOJE, SE O PROFESSOR
NÃO DESPEJA CONTEÚDO, PORQUE O CONTEÚDO ESTÁ EM TODOS OS LUGARES, SE ELE VAI
ENSINAR O CAMINHO, A COMUNICAÇÃO É A MANEIRA DE SE ESTABELECER ISSO, NÉ. NÃO
ADIANTA IMPOR. PORQUE ELE VAI BUSCAR..., ELE PODE BUSCAR OUTRA CORRERNTE, OUTRO
CAMINHO, EM QUALQUER OUTRO LUGAR. ENTÃO EU ACHO QUE A COMUNICAÇÃO É TUDO.
VOCÊ ESTABELECER ESSA PONTE COM QUEM TÁ TE OUVINDO, NÉ, É O MAIS DIFICIL, MAS É
TUDO. DEPOIS QUE VOCÊ ESTABELECER ESSA PONTE, VOCÊ VAI CONSEGUIR PASSAR AQUILO
QUE VOCÊ PRETENDE PASSAR, VOCÊ VAI CONSEGUIR DIZER: O CAMINHO PODE SER ESSE, OU
PODE SER AQUELE, VOCÊ TEM AS OPÇÕES, NÉ. E O SER HUMANO É COMUNICAÇÃO, NÉ. EU
NÃO ESQUEÇO QUANDO EU TAVA NA 6a. SÉRIE, QUE EU LÍ NO LIVRO DE PORTUGUÊS, QUE
DIZIA ASSIM: O QUE DIFERENCIA O SER HUMANO DOS OUTROS ANIMAIS, É A CAPACIDADE DE
TRANSMITIR CONHECIMENTO. E VOCÊ TRANSMITE CONHECIMENTO, ATRAVÉS DA
COMUNICAÇÃO. QUANDO O SER HUMANO TRANSMITE CULTURA DE UMA GERAÇÃO A
OUTRA, ELE SE DIFERENCIA DOS ANIMAIS. EU NUNCA ESQUECI ISSO. (V.13 - 14:48)
5. É comum presenciarmos ou mesmo vivenciarmos, em sala de aula, dificuldades de
aprendizagem ou problemas de aproveitamento de alunos, em decorrência de alguma falha
ou dificuldade de desempenho do professor. Fale um pouco sobre os problemas de
aproveitamento em sala de aula, que você presenciou ou vivenciou como aluno.(V. 13 -
15:17 )
EU ACHO PROBLEMA DE COMUNICAÇÃO, QUANDO CHEGA AQUELE PROFESSOR QUE NÃO
ESTABELECE ESSA PONTE. EU ACHO QUE TEM PROFESSOR QUE ENGANA MAIS DO QUE..., ELE
SE VENDE BEM, ELE SE VENDE BEM. ELE É ÓTIMO, ELE TEM ARTIGOS MIL, ELE SABE..., ELE..,
ELE..., ELE VENDE LIVROS, MAS..., MAS ELE NÃO TEM EFETIVAMENTE..., ELE NÃO SABE PASSAR
AQUELE CONTEÚDO QUE ELE ..., ELE NÃO SABE PASSAR O CONTEÚDO. EU ACHO QUE É FALHA
DE COMUNICAÇÃO, TAMBÉM, NÉ. E ACHO QUE MUITAS VEZES O PROFESSOR TAMBÉM NÃO
SABE MUITO BEM, AQUILO QUE ELE VAI FALAR. NÃO AQUI, AQUI NÃO, MAS TEM OUTROS
LUGARES..., EU ACHO QUE FACULDADE MESMO. APESAR DE EU TER FEITO UMA FACULDADE
QUE EU CONSIDERO BOA, EU TIVE PROFESSORES QUE..., EU ACHO QUE ELE NÃO SABIA..., ELE
SENTAVA E DEIXAVA A GENTE DAR AULA PRÁ ELE, ENTENDEU. SABE, EU ACHO QUE, QUE.., EU
ACHO ....(V. 13 - 16:28)
6. E que sugestões você faria àqueles professores hoje, se você pudesse? (V. 13 - 16:33 )
ESSE PERDIDO? (RISOS), VAI ESTUDAR! VAI ESTUDAR, NÉ. VAI FAZER OUTRA COISA...NÉ. EU
ACHO QUE O PROBLEMA DA COMUNICAÇÃO, ELE VAI TER QUE REPENSAR O JEITO DELE DE
DAR AULA. VAI TER QUE ESTABELECER..., QUE SAIR DO PATAMAR QUE ELE TÁ, DA ZONA DE
CONFORTO DELE E VAI TER QUE PROCURAR OUTRAS FORMAS, NÉ. EU ACHO QUE DIFICIL
TAMBÉM POR VAIDADE, QUE VOCÊ NÃO TÁ ATINGINDO O OUTRO, NÉ. EU ACHOE É..., QUE
DEPOIS DE DETERMINADO PONTO, VOCÊ VIRA ESTRELA E DIZ: "- POXA, EU ACHO QUE EU NÃO
SOU ESSA ..., NÃO SOU A ÚLTIMA BOLACHINHA DO PACOTE", EU POSSO MELHORAR UM
POUQUINHO, NÉ. ACHO QUE É DIFICIL, TAMBÉM. EU ACHO QUE AS VEZES A PESSOA, SEI LÁ...,
O CONSELHO QUE EU DARIA É, A PESSOA ABRIR UM POUCO OS OLHOS, TER UM POUCO DE
HUMILDADE, EU POSSO MELHORAR, BUSCAR UM APERFEIÇOAMENTO, SEMPRE, NÉ. ACHO
QUE EM TODAS AS CIRCUNSTÂNCIAS, EU ACHO QUE É O MELHOR. SAIR DA ZONA DE
CONFORTO. FALAR: "- NÃO, EU TÔ BEM, MAS EU POSSO FICAR MELHOR. QUAIS SÃO AS
NOVIDADES", ENTENDEU?, SE ABRIR. EU ACHO QUE O DIREITO TEM UM GRANDE PROBLEMA:
VOCÊ NÃO SE ABRIR. VOCÊ NÃO TER A CABEÇA PRÁ OUTRAS ÁREAS, PRÁ OUTRAS COISAS,
SABE. EU ACHO QUE ESSE É UM GRANDE PROBLEMA. VOCÊ SABE DIREITO, VOCÊ NÃO PRECISA
SABER MAIS NADA. EU ACHO QUE ISSO É UM GRANDE PROBLEMA. E OS PROFESSORES DE
DIREITO, ACHO QUE OS MAIS ANTIGOS, TEM ISSO: AH, EU SEI ISSO, EU SEI A MINHA MATÉRIA,
ENTÃO EU NÃO PRECISO SABER. ANTIGO NÃO EM IDADE, ANTIGO DE CABEÇA. (V. 13 - 18:05 )
7. Você falou de várias coisas ligadas a problemas de comunicação que vivenciou. Do que
você falou, o que aprendeu até agora no curso de didática, que pode ajudar a minimizar
estes problemas, caso seja você o professor? (V. 13 - 18:50 )
ENTÃO, EU ACHO QUE COMO EU FALEI: PRIMEIRO RESGATOU UMA VONTADE ANTIGA QUE EU
TINHA, NÉ. ENTÃO, ACHO QUE ISSO FOI LEGAL. DESPERTOU ALGUMA COISA. ACHO QUE É
BOM PRÁ TE DAR OS "INSIGHTS", NÉ. OLHA, EU NÃO VOU FAZER ISSO, PORQUE EU VÍ QUE
NÃO É LEGAL, EU NÃO VOU FAZER. PRINCIPALMENTE NESSA, NESSAS DINÂMICAS, QUANDO
OS COLEGAS FALAM E VOCÊ VÊ O ERRO, OU A GENTE FALA E VOCÊ APONTA O ERRO, EU ACHO
QUE FAZ TODA A DIFERENÇA, PORQUE VIVENCIANDO, VOCÊ VAI MUDAR. NA HORA DE DAR
UMA AULA, OU MESMO DE FAZER UM SEMINÁRIO, EU JÁ VOU FICAR ATENTA PARA
DETERMINADAS COISAS. QUE NEM, A GENTE TEM SEMINÁRIO DIA 24. TEM QUE TER IMAGEM,
TEM QUE TER CONTEÚDO, TEM QUE TER..., JÁ FIQUEI FAZENDO A PONTE. EU ACHO QUE É
LEGAL, ISSO, NÉ. A GENTE TÁ TRABALHANDO COM EXPOSIÇÃO, COM SEMINÁRIO..., EU ACHO
QUE FAZ DIFERENÇA NISSO, NÉ. E..., E..., EU ACHO QUE MUITAS COISAS QUE VOCÊ FALOU, EU
ACHO QUE EU FAZIA, ATÉ DE UMA MANEIRA INTUITIVA, NÉ, EU ACHO QUE EU FAZIA DE UMA
MANEIRA INTUITIVA, COMO EU OUTROS COLEGAS FAZIAM DE MANEIRA INTUITIVA, MAS
AGORA A GENTE VIU A MANEIRA, VAMOS DIZER ASSIM, MAIS CORRETA DE COLOCAR ESSA,
ESSA INTUIÇÃO, ESSA PRÁTICA, ESSA COISA QUE A GENTE FAZIA MEIO IRRACIONALMENTE,
VOCÊ FAZER DE UMA MANEIRA CONCATENADA, NÉ. EU ACHO QUE TEM ESSA DIFERENÇA.
VOCÊ TEM UM GUIA, VOCÊ TEM UM NORTE. ACHO QUE EVITA DE VOCÊ SER O PERDIDO.
PORQUE SE VOCÊ TEM UM ROTEIRO, VOCÊ SABE O QUE VOCÊ TÁ PROCURANDO, O OBJETIVO,
UM NORTE, UM RUMO A SEGUIR. AGORA, COMO VOCÊ VAI PREENCHER ESSE RUMO
TAMBÉM, É ..., ACHO QUE DEPENDE DA SUA PESQUISA, DO SEU TRABALHO INDIVIDUAL, DE
VOCÊ ESTUDAR, TAMBÉM. NÃO DÁ PRÁ..., NÃO DÁ PRÁ CHEGAR SEM CONTEÚDO, TAMBÉM.
A BASE VOCÊ TEM QUE TER. (V.13 - ATÉ 20:05 = V. 14 e V.15 - 00:25 )
8. Como você acha que estas estratégias e técnicas ajudarão você na atuação, como
professor? Elas fazem a diferença? (V. 15 - 00:49 )
EU NEM IMAGINAVA TÉCNICAS E ESTRATÉGIAS PARA ATUAÇÃO DOCENTE EM SALA DE AULA.
EU ACHAVA QUE O PROFESSOR ERA UM SER HUMANO EMBUÍDO DE UMA QUALIDADE,
VERDADE, DE UM DOM, DE UM DOM SUPERIOR, ENTÃO UMA VOCAÇÃO E ELE CHEGA AQUI E
ELE DÁ AULA. (RISOS) EU SOU MEIO..., MEIO SEM NOÇÃO, TÁ ENTENDENDO. MAS É PRÁ
FALAR A VERDADE, NÃO É MESMO? ENTÃO, EU ACHAVA QUE A PESSOA..., QUE VOCÊ TEM
UMA VOCAÇÃO E AQUILO VAI FLUIR NATURALMENTE. VAI FLUIR. ENTÃO, EU NEM
IMAGINAVA. E EU JÁ VÍ QUE NÃO É ASSIM. DÁ PRÁ TODO MUNDO FAZER, DESDE QUE TENHA
TÉCNICA E QUEIRA ESTUDAR E TENHA CONTEÚDO. QUE TENHA TÉCNICA E QUEIRA DOMINAR
ESSA TÉCNICA. ACHO QUE JÁ FICOU UMA COISA MAIS DEMOCRÁTICA. DESDE QUE VOCÊ
QUEIRA, QUE VOCÊ SE ESFORCE, DÁ PRÁ FAZER, ENTENDEU. NÃO DEPENDE SÓ DO TOQUE DE
MIDAS. EU ACHAVA, ENTENDEU. NÃO SEI, EU ACHAVA QUE ERA ASSIM, UMA COISA TÃO
NATURAL, ENTENDEU, NÃO SEI, NÃO SEI SE É, PORQUE ERA MINHA VIVÊNCIA, NÃO SEI. DEVO
TER TIDO PROFESSORES MUITO BONS QUE FORAM TOCADOS PELO DIVINO, REALMENTE,
ENTENDEU...(RISOS) E OS QUE NÃO ERAM BONS, NÃO FORAM TOCADOS PELO DIVINO.
TAVAM LÁ, ENROLANDO. DÁ SIM! COM MUITO SUOR E TRABALHO, COM MUITA
TRANSPIRAÇÃO, DÁ SIM. DÁ PRÁ ALCANÇAR. A PARTIR DO MOMENTO, PRIMEIRO, QUE FEZ
RESGATAR UMA VONTADE, EU JÁ TO PENSANDO DE NOVO EM TER UMA ATUAÇÃO COMO ,
COMO..., PROFESSORA, NÉ. SEGUNDO, A PARTIR DO MOMENTO EM QUE ME DIZ, OLHA, VOCÊ
NÃO PRECISA TER UM DOM DIVINO, SE VOCÊ SE ESFORÇAR, VOCÊ VAI CONSEGUIR CONSTRUIR
UM CAMINHO, VOCÊ PODE IR POR ESSE CAMINHO, ACHO QUE FAZ TODA A DIFERENÇA, NÉ.
ACHO QUE DESPERTA O DESEJO. ENTÃO, ENTÃO EU NÃO PRECISO SER O SUPRASUMO. ALÉM
DO MAIS, ACHO QUE OS "TOQUES" QUE VOCÊ DÁ, NÉ. DE VALORIZAÇÃO. OLHA, TÁ
MELHORANDO, TÁ SE PROCURANDO AS PESSOAS. ESSE TEXTO QUE A GENTE LEU HOJE. VAI
FALTAR, PROFESSOR..., NÉ. DE TUDO QUE A GENTE LEU LÁ, VAI FALTAR GENTE PRÁ DAR AULA.
VAI CHEGAR UM PONTO QUE VAI FALTAR. SEJA PRESENCIAL, SEJA EAD. VAI FALTAR GENTE,
ENTÃO, QUER DIZER, VOCÊ VAI TER UMA VALORIZAÇÃO, NÉ. ACHO QUE, DE REPENTE, TEVE
UMA ENCHURRADA DE PROFISSIONAIS E AGORA VOCÊ NÃO TEM MAIS ASSIM ESSA
ENCHURRADA. FECHOU E AS PESSOAS ESTÃO INDO FAZER OUTRAS COISAS. TÃO INDO FAZER
DIREITO, POR EXEMPLO, POPULARIZOU E AS PESSOAS FORAM FAZER DIREITO. ENTÃO, FAZ
TODA A DIRERENÇA. PRÁ MIM FEZ TODA A DIFERENÇA, SABE. ME DEU UMA OUTRA VISÃO, NÉ.
ME DEU UMA VISÃO. ENTÃO EU POSSO FAZER OUTRAS COISAS ALÉM DE SER PROCURADORA
DO ESTADO. É QUE A GENTE FICA MUITO NO UNIVERSO DA GENTE. MUITO. ISSO QUE A GENTE
FALOU DE VOLUME É..., É A REALIDADE, ENTENDEU. A REBECA FALOU: "- EU TENHO SEIS
REVISÕES FISCAIS. EU FIZ CARGA NA SEGUNDA-FEIRA E VIERAM QUINHENTAS, E EU SÓ TENHO
UM ESTAGIÁRIO. NÃO TEM FUNCIONÁRIO. É INIMAGINÁVEL. QUINHENTAS E EU JÁ TINHA
FEITO UMA OUTRA CARGA, E AÍ VOCÊ CHEGA ASSIM E JÁ TEM AQUELAS PILHAS E AQUELES
PROCESSOS VELHÍSSIMOS, ENTENDEU, E AÍ VOCÊ OLHA E AÍ VOCÊ DIZ: "- BOM, DEIXA EU VER
O QUE É PRAZO", PORQUE NÃO PODE PERDER. A GENTE TEM 30 DIAS . ATÉ VOCÊ PERGUNTOU
QUANTO TEMPO. A GENTE TEM 30 DIAS PRÁ FAZER PRAZO, E VOCÊ NEGOCIA COM O
CARTÓRIO: OLHA, EU SEI QUE TENHO 30 DIAS PRÁ DEVOLVER, MAS EU VOU DEVOLVER EM 60,
PORQUE É IMPOSSÍVEL FAZER, ENTENDEU. É..., E AÍ VOCÊ FICA MUITO FECHADO NO SEU
UNIVERSO. DE REPENTE VOCÊ SÓ ACHA QUE..., SÓ EXISTE AQUILO, E DE REPENTE NÃO EXISTE
SÓ AQUILO. (V. 15 - 4:35 )
9. Para finalizar, você gostaria de comentar alguma coisa, fazer alguma sugestão ou
observação sobre o que te perguntei, sobre o assunto em geral? (V. 15 - 4:42)
AH, EU TÔ ADORANDO. EU TÔ AMANDO. EU VENHO DE SÃO CARLOS, PRÁ TER AULA DE
DIDÁTICA, NO CURSO DE PROCESSO CIVIL. EU PEGO 3 HORAS DE ESTRADA. AÍ EU VENHO DE
TERÇA-FEIRA, EU DURMO AQUI, PORQUE EU TENHO QUE ENTRAR AS 8 HORAS. E EU FICO
NUM HOTEL, NÉ. QUE NEM, HOJE, NÃO TINHA HOTEL PRÁ FICAR DE TERÇA, PRÁ QUARTA,
ENTÃO EU VIM HOJE DE MADRUGADA. TRÊS HORAS DA MANHÃ EU TAVA PEGANDO ESTRADA.
PORQUE SÃO PAULO É UM KINDER OVO, TAMBÉM. TEM DIAS QUE VOCÊ ENTRA, QUE NEM
HOJE, EU ENTREI E CHEGUEI AQUI SUPER TRANQUILO, E TEM DIAS QUE VOCÊ...., QUE EU JÁ
FIQUEI PARADA LÁ, DUAS HORAS, TRÊS HORAS, TAMBÉM. ENTÃO, NÃO TEM LÓGICA. ENTÃO,
VOCÊ TEM QUE SAIR MUITO CEDO. MAS EU ACHO MUITO LEGAL. MUITO LEGAL. EU ACHO
QUE TODOS OS SEUS OBJETIVOS FORAM ATINGIDOS. E ENGRAÇADO QUE EU NÃO CONHEÇO,
MAS TODO MUNDO COM QUEM A GENTE CONVERSA DIZ: "- PÔ, MAS QUE LEGAL, NÉ. É SUPER
AULA, VAMOS LÁ, VAMOS ASSISTIR", E QUEM JÁ TEVE DIDÁTICA, ELES TÃO COM INVEJA.
(RISOS) PORQUE TEM UM PESSOAL QUE JÁ FEZ. ELES SÓ VÊM DE QUINTA-FEIRA, E QUANDO
EU FALO ELES DIZEM: "PÔ, QUE COISA. NÃO ERA ASSIM..." ENTÃO, ELES TÃO QUERENDO O
DINHEIRO DE VOLTA .... (RISOS). EU QUERO VOLTAR. EU QUERO FAZER...PORQUE TÃO
SENTINDO A DIFERENÇA DE MOTIVAÇÃO. A MENINA QUE TRABALHA COMIGO. ELA FEZ O ANO
PASSADO, E ELA FALOU ASSIM: "- EU NÃO ACREDITO, QUE VOCÊ TÁ GOSTANDO". EU TÔ
ADORANDO. ELA FALOU: "- VOCÊ, JURA?", "- EU, JURO!". TÁ ÓTIMA. ELA SABE QUE EU NÃO
BATO MUITO BEM, MAS EU SEMPRE DIGO QUE ELA PODE PERGUNTAR PARA QUALQUER UM.
MAS EU ACHO QUE VOCÊ ATINGIU PLENAMENTE OS SEUS OBJETIVOS E QUE É ISSO MESMO,
SABE. ACHO QUE TUDO AQUILO QUE VOCÊ ENSINA, VOCÊ PÕE EM PRÁTICA, NÉ. EU ACHO
MUITO LEGAL. (V. 15 - 6:37 )
...............................................................................
ENTREVISTA 5 - Pseudônimo: "Virgínia”
PERFIL DO ENTREVISTADO
idade: 55
graduação: Direito - USP
pretende lecionar
1. Vamos pensar um pouco no que você aprendeu no curso de didática, até aqui. Você acha
que mudou alguma coisa em você, ou seja, no seu conceito do que significa lecionar, a partir
das aulas realizadas até o momento? Fale um pouco sobre isso. (V. 17 - 1:18)
MUDOU, E MUDOU MUITO. A GENTE TEM AQUELA , AQUELA IDÉIA DE QUE, LECIONAR NA
ÁREA DO DIREITO, É EXPOR PARA OS ALUNOS, CONHECIMENTOS PRÉ-ADQUIRIDOS. E A GENTE
VAI VENDO QUE DURANTE..., QUE NESSA NOVA CONCEPÇÃO DE DIDÁTICA, PORQUE A GENTE
NÃO É DO MUNDO DA EDUCAÇÃO, É DO MUNDO DO DIREITO, É UMA COISA MAIS FECHADA, E
A GENTE TEM AQUELAS IDÉIAS QUE SÃO PASSADAS ATRAVÉS DA JURISPRUDÊNCIA, ATRAVÉS
DA DOUTRINA, IDÉIAS NOVAS QUE VÊM, MAS A GENTE NUNCA PARA PRÁ PENSAR, EU PELO
MENOS, QUE NUNCA DEI AULA, NÃO VEJO ESSAS FORMAS DE COMUNICAÇÃO DENTRO DE
UMA SALA DE AULA. PRÁ MIM, TÁ SENDO ASSIM, MARAVILHOSO, TÔ GOSTANDO MUITO,
PORQUE, ALÉM, ALÉM SE REFERIR A ESSA SALA DE AULA, EU ACHO QUE ELA ABRE NOÇÕES
PRÁ COMUNICAÇÃO EM GERAL, EM TODOS OS ASPECTOS. ENTÃO, EU TÔ GOSTANDO MUITO.
EU TÔ ACHANDO EXCELENTE. AGORA, EU VEJO DIFICULDADE NA HORA DE IMPLEMENTAR ISSO
NA PRÁTICA. EU SINTO ISSO NAS EXPOSIÇÕES DOS SEMINÁRIOS. PORQUE NA VERDADE A
GENTE ACABA REPITINDO UM SISTEMA QUE JÁ VINHA DE ANTIGAMENTE. TALVEZ, SE A GENTE
FICASSE NESSA ÁREA ESPECÍFICA, DE PASSAR INFORMAÇÕES, CADA VEZ MAIS NÓS IRÍAMOS,
ASSIMILANDO E COLOCANDO EM PRÁTICA, ESSES CONHECIMENTOS QUE NOS SÃO PASSADOS
TEORICAMENTE. MAS, EU TÔ GOSTANDO MUITO, MESMO. DE CORAÇÃO E É VERDADE. TANTO
QUE EU NEM SOU OBRIGADA A ASSISTIR AS AULAS E EU VENHO PORQUE EU GOSTO. (V. 17 -
3:08)
2. Você consegue citar no curso de didática, algumas técnicas e estratégias de comunicação
que você aprendeu? (V. 17 - 3:33)
AH, ESSA PRÓPRIA DIVISÃO DAS AULAS. A FORMAÇÃO DA IMAGEM, QUE EU ACABEI LEVANDO
PARA OUTROS ASPECTOS PORQUE EU FIQUEI PENSANDO, MEU DEUS, A GENTE..., A GENTE
GUARDA MESMO SITUAÇÕES QUE FORMARAM IMAGENS EM NÓS, NAS NOSSAS CABEÇAS. A
CONCEITUAÇÃO, A OBJETIVAÇÃO, ESSA FORMA DIDÁTICA DE SE PASSAR O CONHECIMENTO
NUMA AULA. E DE FORMAR O CONHECIMENTO, DE VERDADE, ATRAVÉS DE ..., DE..., DE
EXTRAIR DE CADA UM DOS ALUNOS, EXPERIÊNCIAS PRÓPRIAS QUE VÃO SE TRANSFORMAR EM
CONHECIMENTO COM A AJUDA DO PROFESSOR. EU VÍ NO FACEBOOK UMA MENSAGEM ESSES
DIAS, QUE DIZIA ASSIM: "VOCÊ PODE SE ESQUECER, VOCÊ PODE PERDOAR, SE ESQUECER DO
QUE TE FALARAM, OU DO QUE TE FIZERAM, MAS VOCÊ NUNCA VAI ESQUECER DE COMO AS
PESSOAS, AS FEZ SENTIR", E É UMA VERDADE, PORQUE EM TODAS AS SITUAÇÕES DA VIDA A
GENTE CRIA IMAGENS. OU IMAGENS POSITIVAS, OU IMAGENS NEGATIVAS. E A GENTE SE
LEMBRA DELAS, TODA A VEZ QUE A VIDA NOS CUTUCA PRÁ ..., PRÁ..., OU QUE ... ENFÍM, NOS
TRAGA UMA SITUAÇÃO, QUE NOS LEMBRE DAQUILO. POR ISSO QUE EU GOSTEI DEMAIS DO
CONCEITO DE IMAGEM, DENTRO DESSE PROCESSO DE ETAPAS DE UMA AULA. ISSO ME
MARCOU BASTANTE, TAMBÉM. (V. 17 - 5:08 )
3. Na sua opinião, qual é a importância de um professor do ensino superior ter formação em
didática, com ênfase na comunicação, para o bom desempenho docente? Por que? (V. 17 -
6:11)
É UMA ATUAÇÃO QUE FAÇA COM QUE O ALUNO PENSE SOBRE O TEMA APRESENTADO, QUE A
PARTIR DAS REFLEXÕES SOBRE O TEMA, ELE POSSA DE ALGUMA FORMA, TRANSFORMAR A
SUA REALIDADE E A REALIDADE QUE O CERCA. DE NADA ADIANTA SE LEVAR AO ALUNO
TEMAS QUE..., QUE NÃO VÃO NENHUMA TRANSFORMAÇÃO DE FORMA ALGUMA. OU SE VAI
SE REPETIR CONCEITOS ANTIGOS E SE VAI DECORAR PARA PASSAR NUMA PROVA, E NÃO VAI
SE FAZER NADA COM ISSO. A VIDA PASSA MUITO RAPIDAMENTE. O PROFESSOR, ELE TEM UMA
FUNÇÃO, QUE EU CONSIDERO BÁRBARA, QUE É FAZER COM QUE O ALUNO PENSE, COM QUE
O ALUNO REFLITA, COM QUE ELE TENHA GOSTO PELAS COISAS, COM QUE ELE TENHA GOSTO
PELA PESQUISA, PORQUE, COM O GOSTAR DISSO, ELE VAI FAZER COISAS, AH..., QUE
ACABARÃO TRAZENDO DE UMA FORMA OU DE OUTRA, RESULTADOS, PRÁ ELE PRÓPRIO, PARA
AS PESSOAS QUE O CERCAM, E EM ÚLTIMA INSTÂNCIA, PARA A SOCIEDADE, COMO UM TODO.
ENTÃO, É ESSE PODER TRANSFORMATIVO QUE O PROFESSOR EXERCE, DESDE QUE ELE SAIBA
SUSCITAR NO ALUNO ESSE GOSTO PELO APRENDIZADO, PORQUE AS COISAS FUNCIONAM,
COM BASE NAQUILO QUE A GENTE GOSTA MESMO. SÃO OS RECLAMOS DA ALMA. TUDO
AQUILO QUE É IMPOSTO, NÃO PRODUZ MUITOS RESULTADOS. ENTÃO, É IMPORTANTE, NA
MINHA ÓTICA, NA MINHA VISÃO DE SER, ESSA ATUAÇÃO, ESSE DESEMPENHO CONSCIENTE,
QUE LEVE À CONSCIÊNCIA DOS ALUNOS, E PRÁ ISSO, ELE TEM QUE TER PREPARO. (V. 17 - 8:04)
4. E dentro da importância que você apresenta da formação didática, como você vê a
importância da comunicação didática com ênfase na comunicação? Por que? (V. 17 - 8:18)
FUNDAMENTAL. FUNDAMENTAL. EU NÃO SEI, EU NÃO TENHO ESTATÍSTICAS ASSIM, DE COMO
ESTÁ O..., O ..., A FORMAÇÃO DE CADA PROFESSOR COM BASE NESSAS NOVAS TENDÊNCIAS
DA ÁREA DA EDUCAÇÃO, A GENTE SENTE NO DIA A DIA, QUE MUITA GENTE NÃO TÊM ESSE
PREPARO. AÍ, NA ÁREA JURÍDICA EXISTE MUITA VAIDADE PESSOAL. PESSOAS QUE CONSTROEM
SUAS TESES, PRINCIPALMENTE QUANDO VÊEM ESSAS TESES RECONHECIDAS POR TRIBUNAIS
SUPERIORES, DAÍ SE GABAM DE TER A SUA TESE ACEITA, OU MELHOR ACEITA, ENFÍM, E
LEVAM ESSE CONCEITO PESSOAL PRO ALUNO. AH..., NESSE ASPECTO, O PROFESSOR QUE TEM
ESSA NOÇÃO DE DIDÁTICA, ELE CONSEGUE EXPOR OS LADOS DA MOEDA, CONSEGUE NÃO...,
LÓGICO QUE VOCÊ NUNCA VAI PODER ABSTRAIR DAS PESSOAS, AQUELA..., AQUELA..., AQUELA
VAIDADE INTERNA. TODOS A TEM, ACREDITO, MAS VAI DAR UM CAMPO DE..., DE..., VAI
POSSIBILITAR UM PENSAMENTO MUITO MAIOR PORQUE VAI EXPOR OUTRAS QUESTÕES, VAI
FAZER COM QUE O ALUNO CHEGUE A SUA PRÓPRIA CONCLUSÃO CONHECENDO OS DIVERSOS
ASPECTOS DAS QUESTÕES QUE ESTÃO COLOCADAS, ENFÍM, É ..., EU ACHO MARAVILHOSO.
EU..., EU ESTOU GOSTANDO MUITO, DEMAIS DAS AULAS. E ACHO FUNDAMENTAL VOCÊ..., É
INTERESSANTE QUE TODOS, QUE TODAS AS PESSOAS QUE SE PROPÕEM A DAR AULAS,
PASSASSEM POR ESSE PROCESSO. A COMUNICAÇÃO É TUDO. NINGUÉM É UMA ILHA.
NINGUÉM VIVE SOZINHO. EM TODOS OS ASPECTOS DA VIDA, A GENTE TEM QUE
DESENVOLVER O DOM DA COMUNICAÇÃO, PRÁ PODER INTERAGIR COM O AMBIENTE, COM
AS PESSOAS, ATÉ PRÁ GENTE SE REALIZAR ENQUANTO SER HUMANO, PORQUE NINGUÉM VIVE
SOZINHO. ENTÃO, A COMUNICAÇÃO É ABSOLUTAMENTE FUNDAMENTAL. SEM ELA, NÓS NOS
TORNAMOS "ILHAZINHAS", ESPARSAS E PERDIDAS, SEM UM.., UM..., UM OBJETIVO COMUM.
AH..., EU ACHO, EU NÃO SEI SE ESSA É A PERGUNTA, MAS A COMUNICAÇÃO É
ABSOLTUAMENTE FUNDAMENTAL. VEJO COMO FUNDAMENTAL. E A GENTE SABE QUE NEM
SEMPRE SE CONSEGUE ESTABELECER ESSA COMUNICAÇÃO ENTRE PROFESSOR E ALUNO. O
EXEMPLO JÁ FOI MENCIONADO, AQUELES PROFESSORES QUE VÊM, QUE EXPOÊM AS SUAS
TESES, E..., E MUITAS VEZES, ALGUNS ATÉ PERMITEM ASSIM, CONTRAPONTOS, PELOS
ALUNOS. OUTROS, NEM ISSO PERMITEM, PORQUE ELES TÊM QUE CUMPRIR AQUELE TEMPO
DE AULA, E..., E VÃO ININTERRUPTAMENTE JOGANDO OS TEMAS. DEPOIS SE COLOCAM A
DISPOSIÇÃO NO INTERVALO DE AULA, PRÁ TROCAR ALGUMA IDÉIA. ISSO, NÃO LEVA, NO MEU
MODO DE VER, AO CRESCIMENTO INTERIOR DO ALUNO. LEVA ATÉ, A UM CERTO
DESINTERESSE. ENTÃO, A COMUNICAÇÃO É FUNDAMENTAL, E A DIDÁTICA AJUDA NISSO
TAMBÉM. A QUE A GENTE PERCEBA A IMPORTÂNCIA DA COMUNICAÇÃO, A IMPORTÂNCIA DA
TROCA, A IMPORTÂNCIA DE PARTIR DO ALUNO TAMBÉM, DE SE ENCAIXAR EM UMA
DETERMINADA IMAGEM, NUMA DETERMINADA SITUAÇÃO, E A PARTIR DAÍ INTERAGIR. E
NESSA COMUNICAÇÃO, COM CERTEZA, FRUTOS BONS VIRÃO. (V. 17 - 12:50)
5. É comum presenciarmos ou mesmo vivenciarmos, em sala de aula, dificuldades de
aprendizagem ou problemas de aproveitamento de alunos, em decorrência de alguma falha
ou dificuldade de desempenho do professor. Fale um pouco sobre os problemas de
aproveitamento em sala de aula, que você presenciou ou vivenciou como aluno.(V. 18 -
00:49 )
BOM, AH.., EU ATÉ MENCIONEI UMA VEZ EM SALA DE AULA, ESSE EXEMPLO. EU FIZ UMA BOA
FACULDADE E SAÍ DA FACULDADE SEM SABER O QUE ERA O "LIBELO CRIME ACUSATÓRIO". EU
ACHO QUE AS EXPOSIÇÕES DE PROCESSO PENAL NÃO ME INTERESSAVAM DE ALGUMA
FORMA. AH..., NÃO SEI PORQUE CARGAS D´ÁGUA, EU NÃO GOSTAVA DE PROCESSO PENAL,
NÃO PRESTAVA ATENÇÃO, NÃO TINHA INTERESSE, E EU FUI APRENDER ISSO, QUANDO EU
ESTAVA ESTUDANDO PRÁ CURSINHO. FAZENDO CURSO PREPARATÓRIO. ERA FUNDAMENTAL,
UMA NOÇÃO FUNDAMENTAL, AH.., EU LEMBRO QUE, QUE..., NO TEMPO DA FACULDADE,
QUANDO O PROFESSOR TINHA DIDÁTICA, NÃO ESSA DIDÁTICA ATUAL, MAS UMA DIDÁTICA
ATÉ MAIS SIMPLIFICADA, COM MENOS RECURSOS, DE COMO A DIDÁTICA É VISTA HOJE, ELE
FAZIA, ELE CONSEGUIA FAZER, COM QUE O ALUNO SE INTERESSASSE. ELE TRAZIA DÚVIDA, ELE
TRAZIA DE ALGUMA FORMA..., ELE FAZIA COM QUE O ALUNO GOSTASSE DAQUELAS
EXPOSIÇÕES. DESSAS AULAS, EU CONSEGUI APREENDER, ASSIMILAR, ENTÃO A GENTE
PERCEBE, A IMPORTÂNCIA DE SE ESTAR PREPARADO PARA DAR AULA. QUE NÃO É SÓ UM
REPASSE DE CONHECIMENTOS, NÃO. E PRINCIPALMENTE NOS DIAS DE HOJE, EM QUE A
INFORMÁTICA ESTÁ TÃO DISSEMINADA, AH..., TODAS AS FORMAS DE COMUNICAÇÃO SE
AMPLIARAM ASSIM, FANTASTICAMENTE. HOJE NÓS TEMOS NOTÍCIAS EM TEMPO REAL DO
QUE ACONTECE DO OUTRO LADO DO MUNDO. ENTÃO, É IMPORTANTÍSSIMO A GENTE
ACOMPANHAR ESSAS..., ESSAS NOVAS TÉCNICAS, ESSE NOVO APRENDIZADO, E.., E..., E LEVAR
ISSO TAMBÉM PRO ENSINO, TAMBÉM PRÁ..., POR ISSO A IMPORTÂNCIA DA DIDÁTICA, DESSAS
TÉCNICAS QUE A DIDÁTICA VEM APRESENTANDO. DO CRESCIMENTO. PORQUE EU NÃO SEI
TAMBÉM COMO É QUE FOI O HISTÓRICO DA DIDÁTICA, MAS EU ACREDITO QUE ELA TENHA
EVOLUÍDO MUITO NESSES ÚLTIMOS TEMPOS. PARA ACOMPANHAR TODA ESSA EVOLUÇÃO. AS
NECESSIDADES HUMANAS, LÁ NO FUNDO, PERMANECEM AS MESMAS..., AQUELA VONTADE,
VOCÊ MESMO COLOCOU NA AULA, DE HOJE, AH..., QUE O SER HUMANO PRECISA MESMO SE
COMUNICAR, ELE PRECISA FALAR, EU EXISTO, EU ESTOU AQUI. É..., É AQUELA NECESSIDADE
MOSTRAR, DE DIZER PRÁ PRÓPRIA ALMA: "-OLHA, EU INTERAGI HOJE COM ALGUÉM." AH...,
FAZ PARTE DO SER HUMANO. ELE PRECISA DISSO. E É MUITO GOSTOSO, AH..., SABENDO USAR
ESSES MEIOS DE COMUNICAÇÃO, A GENTE VIVE MELHOR. A GENTE VIVE MAIS FELIZ. MAS NÃO
PODE DEIXAR DE LADO TAMBÉM, AH..., O APRENDIZADO TRADICIONAL, MAS, COM AS
TÉCNICAS NOVAS. O CONTEÚDO, SEM DÚVIDA. E TUDO ISSO SERVE PRÁ GENTE SE ENTENDER
MELHOR, PRÁ GENTE ENTENDER MELHOR O QUE NOS CERCA, ENTENDER MELHOR A PRÓPRIA
SOCIEDADE, E NÓS MESMOS, TAMBÉM. E ISSO, EM ÚLTIMA ANÁLISE, LEVA A UMA QUALIDADE
DE VIDA MELHOR. COM CERTEZA. (V. 19 - 4:39)
6. E que sugestões você faria àqueles professores hoje, se você pudesse? (V. 18 - 5:21 )
BOM, AH..., DEPENDENDO DO PROFESSOR AS SUGESTÕES SERIAM DIFERENTES. PRÁ ALGUNS:
SAIA DO PEDESTAL QUE VOCÊ SE ENCONTRA, FIQUE NUMA POSIÇÃO DE IGUALDADE COM
SEUS PARES, E ATUALIZE-SE. APRENDA. A REALIDADE É MUITO MAIOR QUE AQUELA QUE A
GENTE FORMOU NAS NOSSAS CONVICÇÕES PESSOAIS E TUDO MUDA O TEMPO TODO NO
MUNDO. VIVA O LULÚ SANTOS! (RISOS) ENTÃO, ATUALIZE-SE. PROCURE NOVAS..., NOVAS
FORMAS DE..., DE COMUNICAÇÃO. APRENDAM AS TÉCNICAS NECESSÁRIAS PRÁ ISSO. PORQUE
O PAPEL DO PROFESSOR É FUNDAMENTAL. DENTRE AS PROFISSÕES, EU ACHO QUE É A DE
PROFESSOR, É, SENÃO A MAIS NOBRE, UMA DAS MAIS NOBRES. E É MUITO RICO, PODER
PASSAR PROS OUTROS, CONHECIMENTOS, PASSAR MAIS DO QUE CONHECIMENTOS, A
VONTADE DE TER CONHECIMENTOS. A NECESSIDADE DE APRENDER. E ISSO FAZ COM QUE
TODOS CRESCAM. PRÁ OUTROS PROFESSORES, EU DIRIA..., EU DIRIA..., AH..., PRÁ..., A
MENSAGEM NO FUNDO ACABA SENDO A MESMA: APRENDAM, NÃO PAREM DE APRENDER
NUNCA, COMO AS IDEIAS EVOLUEM COM MUITA RAPIDEZ, PODE SER QUE DAQUI A POUCO,
SE DESCUBRA UM MEIO AINDA MAIS EFICAZ DE SE PASSAR A DIDÁTICA, COMO CIÊNCIA. AH...,
AH..., MÉTODOS MAIS ÁGEIS, ENFÍM, MAIS AH..., MAIS PROPÍCIOS, ENFÍM, É NÃO PARAR
NUNCA. O TEMPO CHEGA PRÁ TODOS. ENTÃO, É MELHOR..., EU COSTUMO BRINCAR: É
PREFIRÍVEL SER..., TER UMA IDADE MAIS AVANÇADA, A SER UMA PESSOA ENTERRADA. ENTÃO,
TODOS EVOLUIMOS, E A GENTE TEM QUE TOMAR O CUIDADO PRÁ NÃO DEIXAR COM QUE
ESSA..., ESSE PROCESSO DE MATURIDADE, MEXA COM AS NOSSAS CABEÇAS E FAÇAM COM
QUE A GENTE SE ACOMODE NA VIDA. ENQUANTO A GENTE TÁ AQUI, A GENTE TEM QUE
PROCURAR PRODUZIR SEMPRE, VIVER INTENSAMENTE. NÃO DEIXAR QUE AS DOENÇAS NOS
PEGUEM. ESTAR COM A MENTE SEMPRE EM MOVIMENTO. E A GENTE SENTE QUE ALGUMAS
PESSOAS E ALGUNS PROFESSORES TAMBÉM, QUE A GENTE CONHECE, PELO FATO DE TEREM A
VIDA TODA LECIONADO DAQUELA FORMA, SE JULGAM INCOMPETENTES, SE JULGAM ATÉ
INSEGUROS, PRÁ PODER APRENDER AS NOVAS TÉCNICAS. FICAM COM RECEIO DE QUE NÃO
APRENDA E DEPOIS ALGUÉM OS CRITIQUE POR CONTA DISSO. E NÃO É POR AÍ. A GENTE TEM
QUE TER HUMILDADE SUFICIENTE PRÁ SABER QUE TUDO VAI MUDANDO, AH..., SEMPRE. E
QUE A GENTE QUER..., QUER PARTICIPAR DESSAS MUDANÇAS, QUER VIVER O MÁXIMO QUE
POSSA SER POSSÍVEL SER VIVIDO COM QUALIDADE DE VIDA, E PRÁ ISSO, É FUNDAMENTAL
PARA O PROFESSOR, QUE ELE SE ATUALIZE. QUE ELE CONTINUE, ASSIM, SEMPRE NESSES
PROCESSOS DE..., AH..., DE CONHECIMENTO DAS NOVAS TÉCNICAS. ISSO É FUNDAMENTAL.
( V. 18 - 9:04 )
7. Você falou de várias coisas ligadas a problemas de comunicação que vivenciou. Do que
você falou, o que aprendeu até agora no curso de didática, que pode ajudar a minimizar
estes problemas, caso seja você o professor? (V. 18 - 10:00)
COM CERTEZA. O PROBLEMA É QUE, QUEM APRENDE ISSO, SÃO OS ALUNOS. DEVERIA HAVER
UM CURSO DESSES, PARA OS PROFESSORES. EU ACHO QUE AS ESCOLAS DEVERIAM SE
PREOCUPAR COM ISSO. MUITAS VEZES, AH..., A ESCOLA TÁ PREOCUPADA EM PASSAR O
CONTEÚDO QUE A.., A..., A LEI DE DIRETRIZES ORÇAMENTÁRIAS, EU NÃO SEI QUEM
ESTABELECE O CONTEÚDO, O PROGRAMA ENFÍM, QUE VAI SER PASSADO PARA OS ALUNOS.
EU FALEI ERRADO. É A LEI DE DIRETRIZES E BASES. ENTÃO, EU ACHO QUE DEVERIA SER
OBRIGATÓRIO, QUE CADA PROFESSOR PASSASSE POR UM CURSO DE DIDÁTICA, E ADQUIRISSE
TODOS ESSES CONHECIMENTOS COM TREINAMENTO, PORQUE COM ISSO, EFETIVAMENTE SE
ESTARÁ TORNANDO O MUNDO MELHOR, COM CERTEZA. EU ACHO QUE É FUNDAMENTAL
ISSO. PRÁ MIM, AH..., SÃO MUITAS DAS COISAS QUE EU VEJO AQUI NA SALA DE AULA, SÃO
NOVIDADES, MESMO. EU NÃO TINHA TIDO CONHECIMENTO. A GENTE TEM ASSIM, ALGUMAS
NOÇÕES DE DIDÁTICA, NOÇÕES DE PESSOAS DA ÁREA, QUE PENSARAM ESSES TEMAS
DIFERENTES E TAL, MAS EU NÃO TINHA NOÇÃO DISSO. E COMO É LEGAL A GENTE ASSISTIR
UMA AULA E PODER ATÉ PERCEBER SE ELE TEVE OU NÃO ESSAS NOÇÕES NOVAS DE DIDÁTICA.
(V. 18 - 11:58 )
8. E a partir daí, essas técnicas e estratégias alteraram a sua concepção? (V.18: 12:10)
ALTERARAM, ALTERARAM SIM. NO MEU CASO ESPECÍFICO, EU NUNCA TIVE ASSIM, MUITA
PROPENSÃO PRA DAR AULA. EU TÔ FAZENDO ESSE CURSO, QUE PRÁ MIM É RECICLAGEM, É
ATUALIZAÇÃO. AH..., EU FIQUEI MUITO TEMPO SEM, SEM TRABALHAR NO CONTENCIOSO, SÓ
NA CONSULTORIA, E HOUVE MUITAS MUDANÇAS, ENTÃO É IMPORTANTE A GENTE
ACOMPANHAR ESSES CURSOS. AGORA EU TÔ PODENDO, TÔ COM MAIS TEMPO, E VOU USAR
ESSE NOVO CONHECIMENTO, NUMA OUTRA ÁREA A QUAL EU VOU ME DEDICAR, QUE É A
CONCILIAÇÃO. MAS..., EU FUGI DA PERGUNTA...PRÁ MIM ESSAS TÉCNICAS MUDARAM A
MINHA CONCEPÇÃO, E EU VOU PROCURAR USA-LAS DENTRO DO MEU NOVO, DA MINHA
NOVA ATUAÇÃO, NA ÁREA DE CONCILIAÇÃO. PORQUE EU ACHO QUE FORAM ASSIM, MUITO
IMPORTANTES. NÃO SEI AINDA COMO, MAS EU VOU PROCURAR ME APROFUNDAR MAIS
NISSO, DEPOIS EU VOU ATÉ PEDIR INDICAÇÃO BIBLIOGRÁFICA, PRÁ GENTE SE DEBRUÇAR MAIS
SOBRE ISSO, PRÁ ASSIMILAR MELHOR ESSAS NOÇÕES. UMA VEZ POR SEMANA, TALVEZ SEJA
ATÉ POUCO, TALVEZ MAIS AULAS PRÁ QUE A GENTE VIVENCIE MAIS ISSO. É QUE A GENTE TEM
QUE ADEQUAR ESSES HORÁRIOS DE AULAS, COM OUTRAS ATIVIDADES DA VIDA, NÉ. MAS EU
ACHO QUE A GENTE PODERIA ATÉ SE APROFUNDAR MAIS NISSO. AQUILO QUE É BOM, A
GENTE TEM QUE APROVEITAR E TEM QUE FAZER CRESCER, NÃO É? (V. 18 - 14:23 )
9. Para finalizar, você gostaria de comentar alguma coisa, fazer alguma sugestão ou
observação sobre o que te perguntei, sobre o assunto em geral? (V. 18 -14:38 )
OLHA, EU TENHO A AGRADECER. AH..., NÓS ESTAMOS NO SEGUNDO SEMESTRE DE TRÊS
SEMESTRES. FOI EXATAMENTE NO SEGUNDO SEMESTRE, QUE QUANDO COMEÇARAM AS
AULAS DE DIDÁTICA, QUE A CLASSE COMECOU A ESTABELECER UMA COMUNICAÇÃO
INTERNA. NÓS NÃO SABÍAMOS O NOME DO COLEGA QUE SENTAVA AO NOSSO LADO.
CONHECÍAMOS DE VISTA, MAS NÃO SABÍAMOS O NOME. E ISSO É..., É..., É DECORRÊNCIA DOS
DIAS DE HOJE, ONDE HÁ MUITA GENTE EM TODOS OS LUGARES, MAS NA NOSSA CLASSE ISSO
NÃO SE JUSTIFICAVA. UMA CLASSE ATÉ QUE PEQUENA, ONDE A GENTE CONVIVE DUAS VEZES
POR SEMANA, NÉ, NUM PERÍODO DE 3 A 4 HORAS E A GENTE NÃO SABIA OS NOMES. E ISSO É
UM PEQUENO EXEMPLO, É UM "MICRO", QUE A GENTE PODE ATÉ LEVAR PRO "MACRO", E EM
OUTRAS SITUAÇÕES DA VIDA DA GENTE. EU COMECEI A PENSAR, EM QUANTOS OUTROS AH...,
ASPECTOS NÓS NÃO TEMOS ESSA COMUNICAÇÃO. E TUDO ISSO VEIO COM O QUE?, COM AS
AULAS DE DIDÁTICA, QUE DE CERTA FORMA, APESAR DE NÃO LANÇAR DE PLANO ESSA IDÉIA
DE COMUNICAÇÃO, VAI TRAZENDO EM SÍ ESSA NECESSIDADE. FOI SUPER POSITIVO. AGORA A
GENTE JÁ CONVERSA, MUITOS JÁ ESTÃO, ASSIM, NO "FACE" COMO AMIGOS, A GENTE ACABA,
AH..., INTERAGINDO, ACABA SE SENTINDO MELHOR DENTRO DESSE UNIVERSO DA SALA DE
AULA, PORQUE CONHECE UM POUCO MAIS. NÃO SOMOS MAIS UM, ENTRE ESTRANHOS.
OLHA, EU SÓ TENHO QUE ELOGIAR. FOI ASSIM, MUITO LEGAL. (V. 18 - 16:30 )
........................................................................................................................................................
ENTREVISTA 6 - Pseudônimo: "Fausto”
PERFIL DO ENTREVISTADO
idade: 36
graduação: Direito - UMB - Brasilia
pretende lecionar
1. Vamos pensar um pouco no que você aprendeu no curso de didática, até aqui. Você acha
que mudou alguma coisa em você, ou seja, no seu conceito do que significa lecionar, a partir
das aulas realizadas até o momento? Fale um pouco sobre isso. ( V. 26 - 1:27)
OLHA, PRÁ SER SINCERA, SIM, MUDOU, CLARO, EU ACHO QUE AS AULAS SÃO MUITO RICAS,
É..., TALVEZ SEJA UMA COISA QUE NÓS JÁ TEMOS DE SENSO COMUM, MAS QUE NUNCA
TINHA SIDO REFLETIDO. PORQUE TODO MUNDO SABE AQUELE PROFESSOR QUE VAI BEM, E
AQUELE PROFESSOR QUE VAI MAL, MAS NÃO SABE O PORQUE QUE ELE TÁ INDO BEM, OU O
PORQUE QUE ELE TÁ INDO MAL. ENTÃO, AQUÍ ESCLARECEU. E DA MESMA MANEIRA, COMO
QUE ESCLARECE O QUE QUE É BOM, O QUE QUE É RUIM, VOCÊ FAZ UMA AUTOCRÍTICA, UMA
AUTOANÁLISE, NÃO SÓ PARA LECIONAR, COMO NA VIDA, NO COTIDIANO, ENFÍM, PARA SE
APRESENTAR EM SEMINÁRIOS, REUNIÕES, E TAL...; ELEMENTOS QUE VOCÊ PODE TRAZER
PARA MELHORAR SUA PERFORMANCE, E AFASTAR AQUELES VÍCIOS QUE VOCÊ RECONHECE
AO, ENFÍM..., AO ASSISTIR AS AULAS, MESMO, NÉ. ( V. 26 - 2:20)
2. Você consegue citar no curso de didática, algumas técnicas e estratégias de comunicação
que você aprendeu? (V. 26 - 2:35)
A QUESTÃO DA IMAGEM. ACHO QUE ISSO FOI O QUE ME MARCOU. QUE FOI O MAIS
IMPORTANTE. É O QUE EU TE FALEI. EU ACHO QUE É ASSIM: É ..., DE UMA MANEIRA NATURAL,
AS PESSOAS SABEM QUANDO MEMORIZAM OU NÃO, MAS EU NÃO SABIA QUE ERA A
IMAGEM. PORQUE AS VEZES VOCÊ ASSISTE A UMA PALESTRA, OU UMA COISA ASSIM..., NÃO
NECESSARIAMENTE A IMAGEM FÍSICA, A QUESTÃO DO SLIDE, TAL, E VOCÊ SABE QUE A AULA
FOI BOA OU RUIM, MAS VOCÊ NÃO SABE DIZER PORQUE. E AGORA, ESSA QUESTÃO ME
MARCOU MUITO. REALMENTE, AQUELAS AULAS QUE TÊM MAIS EXEMPLOS, QUE TEM MAIS
CASOS, E TAL, SÃO AS QUE VOCÊ NÃO ESQUECE. E ISSO PRÁ MIM FOI FUNDAMENTAL.
PORQUE É MUITO FÁCIL VOCÊ, AINDA MAIS NO DIREITO, NÉ, FICAR FALANDO DE CONCEITOS,
DE HISTÓRICO, AH..AH..AH.., E NÃO COMPLEMENTAR AS INFORMAÇÕES COM IMAGENS. E
ISSO PRÁ MIM FOI A PARTE MAIS IMPORTANTE, QUE FICOU DE MAIS..., DIFERENTE MESMO.
PRÁ MIM. EU NUNCA TINHA REFLETIDO, NÃO SABIA DESSA INFORMAÇÃO E ELA REALMENTE
FOI UMA SURPRESA. VOCÊ PERCEBE O EFEITO, MAS NÃO SABE O PORQUE. (V. 26 - 3:41)
3. Na sua opinião, qual é a importância de um professor do ensino superior ter formação em
didática, com ênfase na comunicação, para o bom desempenho docente? Por que? (V. 26 -
3:59 )
É AQUELE QUE SABE ENSINAR.NÉ, O QUE CONSEGUE TER ESSA MANEIRA QUE EU TÔ TE
FALANDO DE FAZER COM QUE O ALUNO PENSE SOBRE O ASSUNTO, REFLITA E PROGRIDA, NÉ.
ISSO ATÉ É ENGRAÇADO. ENSINAR. A PALAVRA...PORQUE EU SOU DE BRASÍLIA, AQUÍ EM SÃO
PAULO, ENFÍM..., DO SUL, VAMOS DIZER ASSIM. A GENTE FALA, "DAR AULA", E SE VOCÊ TIVER
CONTATO COM O PESSOAL DO NORDESTE, UMA GRANDE AMIGA MINHA É PERNAMBUCANA E
ELA FALA ASSIM..., ELA TAVA MORANDO EM BRASILIA, E TAL, E ELA FALAVA ASSIM..., "- AH,
AGORA EU TÔ ENSINANDO. ENCONTREI SEU PAI AGORA AQUI NA FACULDADE E AGORA EU TÔ
ENSINANDO, LÁ NA UDF". É ENGRAÇADO ATÉ A LINGUAGEM, COMO MUDA, NÉ?
E ISSO MUDA ATÉ A MANEIRA DE POSTURA. "DANDO AULA", PARECE QUE VOCÊ TÁ
TRANSMITINDO CONHECIMENTO. "ENSINAR", NÃO. VOCÊ TÁ FAZENDO PARTE DO PROCESSO
DE FAZER A PESSOA, APRENDER, NÉ?, IR PRÁ FRENTE. (V. 26 - 4:53)
e nesse contexto, qual a importância que você acha, de um professor ter a formação
didática? (V. 26 - 5:08)
É COMO EU TE FALEI. NO CENSO COMUM, TEM AQUELES PROFESSORES QUE NATURALMENTE,
ELES DÃO UMA BOA AULA, E AQUELES QUE NÃO, NÉ?. ENTÃO, A DIDÁTICA, ACHO QUE ELA É
ESSENCIAL PRÁ TANTO AQUELE PROFESSOR QUE TÁ LÁ DENTRO, APRIMORAR SUAS
HABILIDADES, QUANTO AQUELE QUE NÃO DÁ UMA BOA AULA, CONSEGUIR..., ELE PODE TER
MUITO CONTEÚDO, CONHECIMENTO, ETC E TAL, MAS ELE NÃO CONSEGUE SER UM BOM
PROFESSOR. ENTÃO EU ACHO FUNDAMENTAL. A DIDÁTICA SERVE TANTO PARA AQUELE QUE
JÁ É BOM, COMO AQUELE QUE NÃO É BOM, DESENVOLVER, ENTENDER O QUE TÁ
ACONTECENDO, E PORQUE QUE TÁ SENDO BOM, PORQUE QUE TÁ SENDO RUIM, E NA
VERDADE, APERFEIÇOAR AQUILO QUE É BOM E AFASTAR AQUILO QUE É RUIM, NÉ. ENTÃO, EU
ACHO FUNDAMENTAL. PORQUE É O QUE VAI FAZER COM QUE O PROFESSOR SE TOQUE, SE
ELE TÁ REALMENTE FAZENDO AQUELE CONTATO E AQUELA QUESTÃO DO ENSINO MESMO. (V.
26 - 6:08)
4. E dentro da importância que você apresenta da formação didática, como você vê a
importância da comunicação didática com ênfase na comunicação? Por que? (V. 26 - 6:45)
A COMUNICAÇÃO NA VERDADE, ACHO, É A ESSÊNCIA, PORQUE VOCÊ SÓ COMUNICA, SE VOCÊ
CONSEGUE TRANSMITIR UMA MENSAGEM. VOCÊ TEM, ENFÍM, UM DESTINATÁRIO E ELE TEM
QUE TRADUZIR A INFORMAÇÃO QUE VOCÊ ESTÁ PASSANDO. SE TEM ALGUM RUÍDO AÍ, A
MENSAGEM, OU ELA VAI TRUNCADA, OU ELA NÃO VAI SER PASSADA, NÉ. ENTÃO, A
COMUNICAÇÃO É A ESSÊNCIA, É O INSTRUMENTO DO PROFESSOR. SE VOCÊ NÃO SE
COMUNICA, VOCÊ NÃO ENSINA, A PESSOA NÃO APRENDE, ENFÍM..., ENTÃO É O
INSTRUMENTO, MESMO.(V. 26 - 7:22)
5. É comum presenciarmos ou mesmo vivenciarmos, em sala de aula, dificuldades de
aprendizagem ou problemas de aproveitamento de alunos, em decorrência de alguma falha
ou dificuldade de desempenho do professor. Fale um pouco sobre os problemas de
aproveitamento em sala de aula, que você presenciou ou vivenciou como aluno.(V. 26 -
7:55)
DE APRENDIZAGEM?..., ENTÃO..., DEIXA EU PENSAR...,VOU TE EXEMPLIFICAR COM DOIS
CASOS: NÃO COMIGO PESSOALMENTE. JÁ ATÉ COMENTEI AQUI, O GILMAR MENDES, O
MINISTRO DO SUPREMO. ELE DÁ AULA LÁ NA UNB, ONDE EU ME GRADUEI. E AS PESSOAS
CORRIAM DA AULA DELE. E ELE É ASSIM..., NOTÓRIO QUE É UMA PESSOA QUE TEM MUITO
CONHECIMENTO. QUAL A DIFICULDADE? EU ACHO QUE A DIFICULDADE É ALCANÇAR O
ALUNO. PORQUE ELE VIVIA NUM NÍVEL INTELECTUAL MUITO ALTO, ENTÃO ELE NÃO
CONSEGUIA TRANSMITIR AQUELE CONTEÚDO. NÃO QUE ELE NÃO TINHA CONTEÚDO, MAS ELE
NÃO CONSEGUIA ABAIXAR O NÍVEL, MESMO. NÉ?..., BAIXAR A LINGUAGEM, NÉ? NÃO SEI. É...,
ATÉ O TEXTO QUE VOCÊ LEU HOJE, DA ONDA, ELE TÁ LÁ NA FRENTE, ELE NÃO CONSEGUIA ...,
ELE TAVA LÁ NA CRISTA. ELE NÃO CONSEGUIA PEGAR A ONDA NO COMEÇO, PRÁ PODER
LEVAR O ALUNO NO "JACARÉ", ENTENDEU? ENTÃO, ESSA ERA A DIFICULDADE. EU TIVE NA...,
EU FIZ MESTRADO FORA, NÉ. E A MINHA DIFICULDADE NO MESTRADO, FOI A QUESTÃO DA
METODOLOGIA. POR QUE? PORQUE AQUI A GENTE TÁ ACOSTUMADO COM ESSA
METODOLOGIA EXPOSITIVA E ENFÍM..., A NOTA, CONTEÚDO, REPETE CONTEÚDO, MUITO
MENOS REFLEXIVA. NÃO QUE NÃO TENHA, TEM, ÓBVIO, MAS É MUITO MENOR. VOCÊ TEM
QUE REPETIR AQUILO QUE O PROFESSOR TÁ TE FALANDO. ELE PODE ATÉ DAR DUAS OPINIÕES,
MAS ELE DIZ QUAL É A DELE, E SE VOCÊ NÃO BOTAR NÃO BOTAR A DELE "PSFFUUUU",
ESQUECE. ENTÃO, QUANDO EU FUI FAZER O MEU MESTRADO, PRIMEIRO QUE NÃO TINHA
PROVA. ERA..., ELES CHAMAM DE "ENSAIOS", NÉ. ENTÃO, ERAM TRABALHINHOS. E TODA A
METODOLOGIA ERA REFLEXIVA. ENTÃO, VOCÊ TINHA QUE SE PREPARAR, LER TODOS OS
TEXTOS. ENTÃO, EU TIVE DIFICULDADE NA METODOLOGIA, POR CAUSA DE UM VÍCIO, DE UMA
HISTÓRIA QUE EU TRAZIA. A HISTÓRIA DE TODA A MINHA VIDA. ENTÃO, EU TIVE DIFICULDADE
PRÁ ME ADAPTAR A ESSA NOVA METODOLOGIA. ATÉ EU ENTENDER QUE O NEGOCIO ERA
DIFERENTE, ENTÃO EU REALMENTE, EU CONTINUAVA ANOTANDO E ..., E..., SABE? (RISOS)...,
ERA UM VÍCIO MESMO, COMO ALUNA, NÉ? ATÉ EU ENTENDER QUE EU NÃO IA PRECISAR
DAQUILO, EU PERDI MUITO TEMPO, NÉ?, ENTÃO ASSIM, EU APROVEITEI POUCO A REFLEXÃO,
PORQUE EU ACHAVA QUE EU TERIA QUE REPETIR, NÉ? INFORMAÇÕES, CONHECIMENTOS E
TAL. E ENFÍM, ISSO FOI ASSIM, NO COMEÇO DO MESTRADO, E TAL, ATÉ EU ME ACOSTUMAR
COM AQUILO E TAL, E PERCEBER ISSO TUDO. ENTÃO, DEMOROU, E FOI UM PROCESSO. ENTÃO
EU SOFRI UM POUQUINHO. (RISOS) ATÉ PORQUE TAMBÉM, TODA UMA CARGA, PORQUE EU
TAVA..., TAVA COM..., A MAIORIA DOS MEUS COLEGAS ERAM EUROPEUS, QUE JÁ TRAZIAM
OUTRA METODOLOGIA, JÁ ESTAVA COM ELES, ENTÃO ASSIM, EU DEMOREI PRÁ ME ENCAIXAR,
NÉ? ENTÃO, ENFÍM..., FOI MAIS UMA QUESTÃO, DE REPENTE, DA METODOLOGIA DE ENSINO,
NÃO DO CONTEÚDO EM SÍ. O PROBLEMA NÃO ERA A APRENDIZAGEM, ERA EU PERCEBER QUE
EU TINHA QUE AGIR DE OUTRA FORMA, NÉ. (V. 26 - 11:04)
6. E que sugestões você faria àqueles professores hoje, se você pudesse? (V. 26 - 11:28 )
OLHA, O CURSO, ESSE CURSO DE DIDÁTICA, QUE O SENHOR TÁ DANDO, PRÁ MIM FOI ASSIM,
MUITO, MAS MUITO ELUCIDATIVO, MUITO BOM. ENTÃO..., PORQUE A GENTE NÃO TEM
MUITA FORMAÇÃO DIDÁTICA, NÉ?, A VERDADE É ESSA. ENTÃO, VOCÊ É ADVOGADO, DE
REPENTE VOCÊ É CHAMADO PRÁ DAR AULA, ENSINAR E AÍ VOCÊ "CAI DE PARAQUEDAS" LÁ E
VOCÊ SEGUE UM ROTEIRINHO QUE VOCÊ PLANEJOU DE AULA, ENFÍM, NÃO TEM
QUALIFICAÇÃO. ENTÃO, NA VERDADE, É BUSCAR A QUALIFICAÇÃO. (V. 26 - 12:18 )
7. Você falou de várias coisas ligadas a problemas de comunicação que vivenciou. Do que
você falou, o que aprendeu até agora no curso de didática, que pode ajudar a minimizar
estes problemas, caso seja você o professor? (V. 26 - 12: 47 )
PROBLEMAS DE COMUCAÇÃO?, A QUESTÃO DO "CONTATO", NÉ?, QUE VOCÊ TAMBÉM BATE
MUITO NESSA TECLA. VOCÊ ENTENDER, QUAL O CONTEXTO QUE VOCÊ TÁ E CONSEGUIR,
ENFÍM, FAZER ESSE CONTATO. ENTÃO, VOCÊ PODE TER ALUNOS COM FRAGILIDADE
EDUCACIONAL, OU MUITO FORTES, OU MUITO CRÍTICOS, E VOCÊ TEM QUE SABER SE SITUAR,
NAQUELE CONTEXTO, NÉ? ENTÃO A QUESTÃO DO "CONTATO", É MUITO IMPORTANTE
TAMBÉM. VOCÊ SÓ CONSEGUE FAZER UM CONTATO VERDADEIRO, SE VOCÊ ENTENDE O
CONTEXTO.(V. 26 - 13:22 )
o que mudou na sua concepção, nas técnicas e estratégias de comunicação em sala de aula?
Então, existia uma concepção, o curso ele está acontecendo, o que você acha que mudou em
termos de concepção, mais do que, só de aprenzado? Existiu alguma mudança ou você já
sabia, já sentia isso e isso corrobora? (v. 26 - 13:57)
EU ACHO QUE A GENTE, AINDA MAIS NO DIREITO, A GENTE AINDA TEM MUITO ESSA CULTURA
DURA, E TALVEZ, É..., ENFÍM, ACHO QUE TODOS NÓS TAMOS IMPREGNADOS DO ARGUMENTO
DE AUTORIDADE, NÉ. NÃO SÓ NA AULA, COMO NAS PEÇAS, ATÉ NAS DECISÕES JUDICIAIS,
ENFÍM. ENTÃO, EU ACHO QUE AINDA TEM ESSE CONCEITO DE QUE EU DETENHO A VERDADE,
E VOCÊS ME SEGUEM. ESSA QUESTÃO DO PROFESSOR ESTAR ATRÁS DOS ALUNOS, AINDA É
UMA TRANSFORMAÇÃO QUE HÁ DE VIR. ENTÃO..., ATÉ UM PROFESSOR, QUANDO VAI DAR
OPINIÃO, ELE FALA: "- O FULANO PENSA ASSIM, O CICRANO PENSA ASSADO..., E NA MINHA
HUMILDE OPINIÃO...", ENTÃO TEM ESSA COISA DO "O CARA", ENTÃO, MESMO NAS DECISÕES
JUDICIAIS E TAL, AINDA TEM MUITO ESSA QUESTÃO DO ARGUMENTO DE AUTORIDADE.
MUITO, MUITO MESMO. ( V. 26 - 14:54)
8. Como você acha que estas estratégias e técnicas ajudarão você na atuação, como
professor? Elas fazem a diferença? (V. 26 - 15:18 )
ENTÃO, ACHO QUE É UMA REFLEXÃO, NÉ?. ESSA MESMO, QUE EU FALEI DO MESTRADO, EU
VIVENCIEI, MAS NÃO TINHA REFLETIDO. A PRIMEIRA VEZ QUE EU FUI REFLETIR DESSA
VIVÊNCIA, FOI QUANDO O SENHOR COMEÇOU A FALAR..., NOSSA, É MESMO, NÉ: (RISOS) EU
PASSEI POR ISSO E NÃO TINHA PERCEBIDO. ASSIM, NÉ, EU NÃO TINHA PARADO PARA REFLETIR
QUE A MINHA DIFICULDADE ERA..., FOI TODA UMA METODOLOGIA DIFERENTE, E TAL. EU
VIVENCIEI AQUILO, SEM..., SEM PERCEBER EXATAMENTE O QUE ESTAVA ACONTECENDO, NÉ.
EU ACHO QUE ASSIM, EU PRETENDO REALMENTE DAR AULA, NA VERDADE EU ADORO DAR
AULA. E EU DEI DOIS ANOS, AÍ PAREI PARA ESTUDAR PARA CONCURSO, NÃO SEI O QUE, E TIVE
FILHO, UAANNN (EXPRESSÃO DE CONTINUIDADE)..., EU GOSTO DA VIDA ACADÊMICA!, EU
GOSTO DE ESTUDAR. ENTÃO, EU FIZ MESTRADO, EU PRETENDO FAZER UM DOUTORADO, MAS,
ENFÍM, É UM PROCESSO AÍ, E POR CAUSA DE QUESTÕES PESSOAIS, EU AINDA ADIEI, MAS NÃO
SEI, EU ME SINTO VIVA DANDO AULA. SABE, E ESTUDANDO, PRODUZINDO
INTELECTUALMENTE, ENTÃO, EU GOSTO MUITO DA VIDA ACADÊMICA MESMO, NÉ?, E..., PRÁ
MIM, VAI SER ASSIM, MUITO BOM. PORQUE ASSIM..., EU GOSTO DE FALAR, EU ACHO QUE EU
SOU UMA PESSOA COMUNICADORA, MAS EU TENHO OS MEUS VÍCIOS, EU TENHO AS MINHAS
DIFICULDADES..., FICO NERVOSA TAMBÉM. TENHO VERGONHA, ENFÍM, TENHO TODAS ESSAS
..., ESSAS TÉCNICAS VÃO ME AJUDAR, PRIMEIRO A TRANSMITIR, NÉ..., MELHOR AS
INFORMAÇÕES QUE EU TENHO QUE TRATAR, ENFÍM, AH, EU..., TODA ESSA QUESTÃO DO
ENSINO, DA..., DA..., EU NÃO SEI, PORQUE EU JÁ TINHA UM POUCO ISSO, DA COISA CRÍTICA,
SABE?
até porque você já lecionou...
EU SEMPRE GOSTEI DESSA COISA DA PARTICIPAÇÃO DO ALUNO, DE LEVAR OS
QUESTIONAMENTOS, DE NÃO CHEGAR COM VERDADES E TAL. ISSO ERA UMA COISA, MAS ERA
UMA COISA MEIO QUE NATURAL MINHA, E QUE AGORA EU VEJO COMO EU POSSO
TRABALHAR MELHOR ISSO, E COMO EU POSSO..., EU NÃO SEI, É QUE EU ACHO QUE EU SOU
MUITO CRÍTICA, SABE? (RISOS) SABE, AQUELA ALUNA CHATA, QUE SEMPRE QUESTIONA,
PERGUNTA, TAL, ENTÃO, EU SEMPRE FUI ASSIM, ENTÃO EU ACHO QUE SEMPRE ME
COLOQUEI, MESMO QUANDO EU VOU DAR AULA, EU SEMPRE ME COLOQUEI NO LUGAR DO
QUESTIONADOR, NÉ? (V. 26 - 17: 38)
9. Para finalizar, você gostaria de comentar alguma coisa, fazer alguma sugestão ou
observação sobre o que te perguntei, sobre o assunto em geral? (V. 26 - 17:56 )
É..., COMO ASSIM? (RISOS) ENTÃO..., EU GOSTO DE VIAJAR, ASSIM...(RISOS), EU GOSTO DE
FILOSOFIA, TAL, E A GENTE, ASSIM, NUM CONTEXTO MAIS FILOSÓFICO, VAI, DA PÓS-
MODERNIDADE, TODAS AS SUAS INFORMAÇÕES SOBRE DIDÁTICA, TEM TUDO A VER COM O
MOMENTO QUE A GENTE VIVE. QUE É A PÓS-MODERNIDADE: QUE NÃO EXISTE VERDADE, QUE
TUDO É..., QUE EXISTEM MUITAS INFORMAÇÕES, MAS VOCÊ TEM QUE SELECIONAR AQUELAS
QUE SÃO MAIS IMPORTANTES. ISSO É UMA COISA MUITO DIFICIL HOJE EM DIA. PORQUE,
INFORMAÇÃO..., VOCÊ É BOMBARDEADO DE INFORMAÇÃO O TEMPO INTEIRO, ENTÃO, O
PAPEL DO PROFESSOR, HOJE, EU ACHO QUE TÁ MUITO MAIS LIGADO A ESSA QUESTÃO DO
DIRECIONAMENTO, MESMO. NÉ? TIPO ASSIM, DA REFLEXÃO, PRO ALUNO É..., PORQUE AS
INFORMAÇÕES ESTÃO AÍ. ENTÃO, VOCÊ É UM INSTRUMENTO REALMENTE DE, DE..., DE...,
FOMENTADOR, NÉ? DE CRÍTICA E DE, DE..., ENFÍM, DE FAZER COM QUE A PESSOA PROGRIDA,
NÉ? QUE O ALUNO..., E NESSE CONTEXTO EM QUE A GENTE VIVE, HOJE NÃO EXISTE MAIS O...,
O ..., O GRANDE ESPECIALISTA, O GRANDE "CARA", PORQUE ELE HOJE JÁ NÃO É MAIS
AMANHÃ..., É TUDO MUITO, MUITO..., EFÊMERO, NÉ?. ENTÃO, O PAPEL DO PROFESSOR,
NESSE CONTEXTO, EU ACHO QUE ELE REALMENTE PRECISA DE UMA REFORMULAÇÃO, QUE É
ESSA QUE VOCÊ TÁ COLOCANDO, NÉ, O TEMPO INTEIRO, DURANTE ESSE CURSO, QUE AS
PESSOAS UMA HORA VÃO TER QUE SE DAR CONTA DISSO, QUE NÃO ADIANTA FICAR MAIS
REPETINDO, E SER REPETIDO. E QUE VOCÊ PRECISA..., PORQUE ESSA NÃO É MAIS A VIVÊNCIA
DOS ALUNOS. NÃO É VERDADE? OS ALUNOS HOJE EM DIA, A GERAÇÃO "Y", ELA É
EXTREMAMENTE QUESTIONADORA. ELA NÃO ACEITA MAIS A AUTORIDADE. A VERDADE É
ESSA, NÉ? DESDE CASA. ENTÃO, DESDE CASA. HOJE EM DIA NÃO TEM MAIS O PAPEL DA
ESCOLA, DO PROFESSOR, DOS PAIS. ELE É MUITO MAIS..., ELA É MUITO MAIS..., MAIS
LATERALIZADA DO QUE HIERARQUIZADA, NÉ? ENTÃO, ESSA QUESTÃO DA HIERARQUIA, TAL,
ESSA, GERAÇÃO NOVA QUE TÁ VINDO AÍ, ELA É ASSIM, NÉ? ELA FOI ENSINADA ASSIM. A
QUESTIONAR, A TER SUA PRÓPRIA OPINIÃO, A NÃO FICAR TÃO MAIS QUIETINHA, NÉ? E O
PRORFESSOR VAI TER QUE SE ADAPTAR A ISSO. E ESSA VISÃO DE DETENTOR DA
INFORMAÇÃO, DA VERDADE E TAL, ISSO NÃO EXISTE MAIS. SÓ QUE ALGUNS NÃO SE
TOCARAM DISSO AINDA. E A GENTE VIVE NUM CONTEXTO PÓS-MODERNO, EM QUE NÃO
EXISTE MAIS VERDADE, PONTO. NÉ? ELA É CONSTRUÍDA DENTRO DA..., DA DINÂMICA DO
SOCIAL, MESMO. ENTÃO, ENFÍM, EU ACHO QUE É MAIS PROFUNDO, MESMO. (V.26 - 20:57 )
....................................................................................................................................................
ENTREVISTA 7 - Pseudônimo: "Séptima"
PERFIL DO ENTREVISTADO
idade: 44
graduação: Comunicação Social - UNIP
pretende lecionar
1. Vamos pensar um pouco no que você aprendeu no curso de didática, até aqui. Você acha
que mudou alguma coisa em você, ou seja, no seu conceito do que significa lecionar, a partir
das aulas realizadas até o momento? Fale um pouco sobre isso. (V. 27 - 1:00)
COM CERTEZA, SIM. A MATÉRIA DIDÁTICA, ELA TE DÁ UMA AMPLITUDE, E VOCÊ PASSA A
REPARAR EM DETALHES, QUE ANTES PASSAVAM DESAPERCEBIDOS. E VOCÊ COMEÇA A
COMPARAR TAMBÉM, AULAS E PROFESSORES QUE VOCÊ JÁ TEVE E QUE AS VEZES VOCÊ...,
AH..., MAS PORQUE ESSE PROFESSOR..., QUAL QUE É O DIFERENCIAL DELE ALÉM DA BOA
ORATÓRIA. É A ESTRATÉGIA QUE ELE UTILIZA. E A DIDÁTICA DEIXA ISSO MUITO CLARO. E..., NO
MEU VER ASSIM, EU ESTOU APROVEITANDO MUITO, ATÉ PRÁ DESENVOLVIMENTO É...., NÃO
SÓ DA PARTE ORAL, COMO DA PARTE GESTUAL. TEM TODO UM PROCESSO. ENTÃO, PRÁ MIM
TÁ SENDO MUITO..., VÁLIDO PARTICIPAR. A GENTE OBSERVA QUE TEM PROFISSIONAIS, BONS
PROFISSIONAIS, QUE FALTA A ESTRATÉGIA E A TÉCNICA PRÁ ELES SE TORNAREM OS IDEAIS. (V.
27 - 1:51)
2. Você consegue citar no curso de didática, algumas técnicas e estratégias de comunicação
que você aprendeu? (V. 27 - 1:59)
CLARO QUE SIM. POR EXEMPLO: A EMPOSTAÇÃO DE VOZ, COMO VOCÊ SEGURA UM
MICROFONE..., PORQUE NORMALMENTE A PESSOA, POR MAIS EXPERIÊNCIA QUE ELA TENHA,
A CADA AULA, OU A CADA PALESTRA QUE ELA DER, É UM PÚBLICO NOVO, NÉ? É UM NOVO
DESAFIO. ENTÃO, É O AUTOCONTROLE QUE VOCÊ TEM QUE TER EM RELAÇÃO A ISSO, E A
DIDÁTICA, ELA TE DÁ ESSAS FERRAMENTAS PRÁ VOCÊ TRABALHAR. VOCÊ ENTENDENDO ISSO,
VOCÊ PODE APLICAR, DE ACORDO COM A NECESSIDADE. ENTÃO, POR ISSO QUE EU ACHO
MUITO IMPORTANTE. (V. 27 - 2:33)
3. Na sua opinião, qual é a importância de um professor do ensino superior ter formação em
didática, com ênfase na comunicação, para o bom desempenho docente? Por que? (V. 27 -
2:56 )
UM BOM DESEMPENHO DOCENTE É COMO A PRÓPRIA MATÉRIA DIDÁTICA ENSINOU, É O
CONTATO COM O ALUNO, É O CONTATO COM O PÚBLICO QUE VOCÊ TÁ FAZENDO A
PALESTRA. ENTÃO, É AQUELE ENVOLVIMENTO. VOCÊ ..., VOCÊ SE COLOCA DE UMA FORMA
QUE VOCÊ VAI FAZER A SUA AULA, OU VAI EXPOR SEU TEMA, VOCÊ TEM UM RETORNO DE
QUEM TÁ TE OUVINDO. NÃO É AQUELA COISA MONÓTONA. AQUELA AULA MONÓTONA, OU
AQUELA AULA QUE O PROFESSOR SÓ DESPEJA MATÉRIA, OU CONTEÚDO, E NÃO SABE SE O
ALUNO TÁ ENTENDENDO, OU NÃO TÁ. PRÁ ELE É INDIFERENTE. EU ACHO, É..., QUE A
DIDÁTICA, A DIDÁTICA, ELA TE DÁ ESSA VISÃO. HOJE EU TENHO ESSA VISÃO. ANTES EU NÃO
TINHA. ANTES EU PEGAVA..., TODA A EXPERIÊNCIA QUE EU TIVE, NA FACULDADE, INCLUSIVE,
EU TINHA MUITOS BONS PROFESSORES, E OUTROS PÉSSIMOS. E EU..., AH É PÉSSIMO, MAS
NÃO É..., ELE NÃO TINHA..., TEM UNS QUE NÃO TINHAM CONTEÚDO E TEM OUTROS QUE
TINHAM CONTEÚDO, MAS NÃO SABIAM PASSAR ESSE CONTEÚDO. E TEM AQUELES QUE SE
ACHAM É..., ACIMA DO BEM E DO MAL, E QUE ELE NÃO ADMITE SER CONTESTADO, ENTÃO,
ISSO TUDO TORNA UMA AULA MONÓTONA. ENTÃO, O IMPORTANTE DE UM BOM PROFESSOR,
É.., É MANTER..., É UMA TROCA, NA VERDADE. NINGUÉM SABE TUDO. ELE TEM O
CONHECIMENTO, NÉ, E O BOM PROFESSOR TAMBÉM, ELE IDENTIFICA AS DIFERENÇAS. ELE
SABE TRABALHAR COM AS DIFERENÇAS. PORQUE NEM SEMPRE VOCÊ VAI DAR AULA, OU
PROFERIR UMA PALESTRA, PARA UM PÚBLICO HOMOGÊNEO. VOCÊ PODE TER..., QUE É O
MAIS DIFICIL, AÍ É QUE É O DESAFIO. É VOCÊ CONSEGUIR NIVELAR SUA INFORMAÇÃO, PARA AS
PESSOAS DIFERENTES. (V. 27 - 4:38)
nesse contexto, qual a importância de um professor do ensino superior, ter uma formação
didática? (v. 27 - 5:00)
MUITO IMPORTANTE, PORQUE ELE TÁ FORMANDO PROFISSIONAIS, ALÍ. E SE ELE NÃO FOR UM
BOM FORMADOR..., VOCÊ VAI FAZER FACULDADE POR OPÇÃO, MAS O QUE A GENT OBSERVA
NO ENSINO UNIVERSITÁRIO, A DESISTÊNCIA. VOCÊ ÀS VEZES FAZ UM VESTIBULAR E ESTUDA,
NÉ? E AÍ VOCÊ CHEGA LÁ E MUITAS VEZES VOCÊ DESISTE, NEM..., TODO MUNDO FALA: "- É
QUESTÃO FINANCEIRA". MAS NEM SEMPRE É QUESTÃO FINANCEIRA. ÀS VEZES VOCÊ NÃO É
MOTIVADO. E VOCÊ FICA FRUSTRADO. FALA: "- POXA, ESSA MATÉRIA, OU ESSA PROFISSÃO,
NÃO É QUE EU ESPERAVA", MAS AS VEZES, É O PROFESSOR QUE NÃO..., DEPENDENDO DA
DINÂMICA QUE ELE TEM, QUE VAI MOTIVAR OU NÃO, O ALUNO, A ASSISTIR A AULA DELE.
ENTÃO, ELE TENDO O RECURSO DA DIDÁTICA, ELE SABENDO EXATAMENTE OS PONTOS QUE
ELE PODE ABORDAR. SABENDO DIFERENCIAR E QUALIFICAR A TURMA DELE, COM CERTEZA ELE
VAI TER UM ENSINO MUITO MAIS EFICIENTE. ELE VAI ATINGIR MUITO MAIS O OBJETIVO E
CONSEGUIR PASSAR A MENSAGEM DELE. (V. 27 - 5:55)
4. E dentro da importância que você apresenta da formação didática, como você vê a
importância da comunicação didática com ênfase na comunicação? Por que? (V. 27 - 6:36 )
FUNDAMENTAL. A COMUNICAÇÃO É PRIMORDIAL, NÉ? E O PRÓPRIO NOME DIZ:
COMUNICAÇÃO NA DIDÁTICA. DIDÁTICA É VOCÊ FAZER ENTENDER A ESSÊNCIA, O CONCEITO
DO QUE VOCÊ TÁ PASSANDO. E A BOA COMUNICAÇÃO, É IMPRESCINDÍVEL. É VOCÊ
CONSEGUIR ATINGIR SEU PÚBLICO, NÉ? E NÃO SÓ INFORMAR, MAS FORMAR. É A PESSOA
RECEBER AQUELE CONTEÚDO DA MATÉRIA QUE ELA TÁ TENDO, E ENTENDER O PORQUE
DAQUILO. NÃO É SÓ DESPEJAR A MATÉRIA. E EU ACHO QUE A DIDÁTICA, ELA TE DÁ
FERRAMENTAS PRÁ VOCÊ DESENVOLVER UMA BOA COMUNICAÇÃO. ACHO QUE A
INTERLIGAÇÃO É ESSA. (V. 27 - 7:14)
5. É comum presenciarmos ou mesmo vivenciarmos, em sala de aula, dificuldades de
aprendizagem ou problemas de aproveitamento de alunos, em decorrência de alguma falha
ou dificuldade de desempenho do professor. Fale um pouco sobre os problemas de
aproveitamento em sala de aula, que você presenciou ou vivenciou como aluno.(V. 27 -
7:53)
AH, EU TIVE..., EU TIVE INCLUSIVE, NÃO SÓ NA FACULDADE, COMO TAMBÉM NO ENSINO
MÉDIO. NO ENSINO MÉDIO, EU TINHA UMA PROFESSORA..., QUE ATÉ HOJE EU TENHO PAVOR
DE MATEMÁTICA. E É UM TRAUMA QUE EU SEI QUE EU CARREGO POR CONTA DESSA
PROFESSORA. PORQUE ELA NÃO ERA FORMADA. A FORMAÇÃO DELA NÃO ERA MATEMÁTICA,
ERA HISTÓRIA, E ELA DAVA AULA NA MINHA ÉPOCA, QUANDO UM PROFESSOR DAVA QUATRO
MATÉRIAS. É..., ELA DAVA HISTÓRIA, MATEMÁTICA, GEOGRAFIA..., GEOGRAFIA NÃO...,
HISTÓRIA, MATEMÁTICA, E MAIS UMA, EU NÃO ME LEMBRO..., CIÊNCIAS, EU ACHO, E ENFÍM,
ELA ERA PÉSSIMA PROFESSORA DE MATEMÁTICA. ENTÃO, ELA NÃO SABIA JUSTAMENTE, ELA
NÃO TINHA DIDÁTICA, DE ENSINAR O CONCEITO, DO PORQUE, NÉ?, VOU DAR UM EXEMPLO...,
POR QUE A ..., DOIS MAIS DOIS, QUATRO?, ELA NÃO SABIA EXPLICAR A ESSÊNCIA. ELA SÓ
FALAVA QUE ERA ASSIM E PONTO. SE VOCÊ PERGUNTASSE..., "NÃO, É ASSIM! PORQUE É!".
ENTÃO, ME TRAUMATIZOU EM RELAÇÃO A MATEMÁTICA. NA FACULDADE EU FIZ..., EU SOU
FORMADA EM PUBLICIDADE E PROPAGANDA, NÉ, COMUNICAÇÃO SOCIAL, COM
ESPECIALIZAÇÃO EM PUBLICIDADE E PROPAGANDA, EU TIVE NO INÍCIO, COMO FOI O
PRIMEIRO CURSO DA FACULDADE, EU TIVE UMA PROFESSORA QUE ERA ARQUITETA. E ELA
DAVA A AULA DE COMUNICAÇÃO. ELA ERA MUITO RUIM! PRIMEIRO PORQUE ELA NÃO TINHA
EXPRESSÃO (RISOS), É..., TANTO QUE OS ALUNOS NO MEIO DO SEMESTRE, SE MOBILIZARAM,
HOUVE UMA RECLAMAÇÃO GERAL, PORQUE ASSIM..., ELA NÃO SÓ NÃO TINHA O CONTEÚDO,
MAS NÃO TINHA..., EXPRESSÃO, E ELA NÃO TINHA DIDÁTICA. ELA CHEGAVA LÁ E ELA FICAVA
LENDO, NÉ? O..., UMA OBRA LÁ...É..., ENFÍM, E ..., ISSO NA FACULDADE. NO PRIMEIRO ANO,
NÉ? QUE ERA ..., NA FACULDADE O PRIMEIRO ANO ERA O ..., UM ANO BÁSICO PARA ..., ENTÃO
VOCÊ REUNE TODAS AS MATÉRIAS COMUNS. DEPOIS QUE PARTE PARA..., AÍ QUEM QUIZ
FAZER O MARKETING, TINHA UMA AULA À PARTE, PUBLICIDADE OUTRA AULA, ENFÍM, E ELA
ERA MUITO DESPREPARADA. DESPREPARADA A NÍVEL DE..., ELA SABIA MUITO DE
ARQUITETURA. DESPREPARADA A NÍVEL DE CONTEÚDO E DESPREPARADA NA QUESTÃO DA
DIDÁTICA MESMO. ELA NÃO SABIA SE COMUNICAR. ENTÃO, VOCÊ TINHA DÚVIDA, VOCÊ
PERGUNTAVA, VOCÊ QUERIA SE APROFUNDAR UM POUCO MAIS, MAS ELA NÃO TINHA O
DETALHE PRÁ TE DAR, NÉ? ENTÃO, ESSA UMA EXPERIÊNCIA. EU TIVE UMA EXPERIÊNCIA
TAMBÉM EM CURSINHOS, É..., PRÉVESTIBULAR E PRÉCONCURSO, QUE O PROFESSOR FALAVA:
"- OLHA, ESSE ARTIGO..., A PRINCÍPIO EU ACHEI QUE ELE ERA ADVOGADO, MAS ELE ERA
ADMINISTRADOR, DANDO UMA AULA DE DIREITO ADMINISTRATIVO. "-ESSE ARTIGO, VOCÊ
TEM QUE..., É..., É..., O DIREITO ADMINISTRATIVO, É ASSIM...", MAS POR QUE? "- PORQUE É A
ASSIM, CAI NA PROVA ASSIM. ENTÃO, VOCÊ DECORA PORQUE TEM QUE SER ASSIM. NA
PROVA CAI ASSIM. ISSO, EU ASSISTI UMA AULA DELE, E NÃO VOLTEI MAIS. PORQUE NÃO É
ISSO QUE A GENTE BUSCA. EU ACHO QUE, QUEM TÁ REALMENTE AFIM DE ESTUDAR, VOCÊ
QUER ENTENDER O CONCEITO, NÃO É DECORAR. ESSAS EXPERIÊNCIAS, SÃO MARCANTES! (V.
27 - 10:49)
6. E que sugestões você faria àqueles professores hoje, se você pudesse? (V. 27 - 10:55)
AH, SE EU TIVESSE A VISÃO QUE EU TENHO HOJE, EU IA CHEGAR E FALAR: "- VAI FAZER UM
CURSO DE DIDÁTICA!". (RISOS) VAI SE ESPECIALIZAR, PORQUE ...., PORQUE..., E É AQUELA
SITUAÇÃO: VOCÊ OLHAVA E MINHA OPINIÃO ERA GERAL. ENTÃO, A SITUAÇÃO DA
DESMOTIVAÇÃO DA CLASSE. EU CONVERSARIA COM ELES, SE EU PUDESSE, SE EU TIVESSE ESSE
ACESSO, QUE TEM PROFESSORES TAMBÉM QUE TEM ESSA POSTURA, MAS NÃO TE DÃO
ACESSO. IMAGINA! "ELES SÃO, ÓTIMO, PERFEITOS (IRONIA)". IMAGINA QUE VOCÊ VAI
CONTESSTÁ-LOS... (V. 27 - 11:30)
7. Você falou de várias coisas ligadas a problemas de comunicação que vivenciou. Do que
você falou, o que aprendeu até agora no curso de didática, que pode ajudar a minimizar
estes problemas, caso seja você o professor? (V. 27 - 11:48 )
CLARO QUE SIM. CLARO QUE SIM. A ESTRATÉGIA É ..., DA COMUNICAÇÃO PRÓPRIA MESMO, É
AQUELE MOVIMENTO QUE VOCÊ FAZ NA SALA DE AULA, É SUA POSTURA DE VOZ, É VOCÊ
SABER O MOMENTO CERTO, SE O ALUNO TE INTERROMPE PARA FAZER UMA PERGUNTA,
VOCÊ TER O BOM SENSO DE NÃO..., OLHA..., É ASSIM PORQUE É ASSIM...., RESPONDER COM
UMA BOA VONTADE COM CONHECIMENTO, COM PROPRIEDADE, NÉ? E A DIDÁTICA TE DÁ
ESSA..., NA VERDADE É UM LEQUE...VOCÊ TER..., EU TÔ APRENDENDO MUITO COM ESSA
MATÉRIA, PORQUE EU TÔ ANALISANDO ASSIM: É UM LEQUE DE OPÇÕES PRÁ VOCÊ UTILIZAR
DE ACORDO COM O MOMENTO EM QUE VOCÊ ESTÁ, A SITUAÇÃO EM QUE VOCÊ ESTÁ.
ENTÃO, SE VOCÊ PEGA UMA CLASSE MAIS DISPERSA, É AQUELA DICA, VOCÊ TENTA CHEGAR,
MAIS NA CLASSE, CHAMAR A A TENÇÃO PARA VOCÊ. SE A AULA TÁ MUITO PARADA, DÁ UMA
QUEBRADA NA AULA, NÉ? CONVERSA SOBRE UM..., JOGA ALGUMA COISA PRÁ CLASSE SE
MANIFESTAR, PRÁ NINGUÉM FICAR DORMINDO..., ENTÃO, TEM UMA SÉRIE DE..., DE DICAS:
EMPOSTAÇÃO DE VOZ, NÃO FICAR AQUELA VOZ MONÓTONA, NÉ?, TUDO ISSO, SÃO DICAS
QUE EU ACHO QUE DÁ UMA DINÂMICA DIFERENTE PRÁ QUEM ESTÁ OUVINDO. FAZ UMA BOA
DIFERENÇA. (V. 27 - 11:55 )
A partir das técnicas de comunicação, você percebe alguma alteração na sua concepção do
processo de aula? (V. 27 - 13:23)
VOCÊ COMEÇA A..., A OLHAR COM..., A TER UMA OUTRA LEITURA, A OLHAR COM OUTRO
OLHAR, UMA TÉCNICA DE COMUNICAÇÃO. NÃO É SÓ O FATO DE VOCÊ CHEGAR COM A SUA
ORATÓRIA, E PASSAR A INFORMAÇÃO. VOCÊ COMEÇA..., A DIDÁTICA TE DÁ UMA
FERRAMENTA PRÁ VOCÊ, NA HORA VOCÊ IDENTIFICAR SE AQUILO TÁ SENDO EFICIENTE, SE
NÃO TÁ. VOCÊ PODE MUDAR. VOCÊ PODE ALTERAR O SEU ..., O SEU..., A SUA FORMA DE
FALAR, DE REPENTE NUMA AULA, E A COMUNICAÇÃO É ÍMPAR. VOCÊ TÁ LÁ, NÉ?, PRÁ
COMUNICAR, VOCÊ FALA. MAS A DIDÁTICA TE DÁ A LEITURA. ESSA OBSERVAÇÃO DE QUE:
OLHA..., DE REPENTE EU TENHO UMA BOA ORATÓRIA, MAS COM ESSA TURMA NÃO TÁ
FUNCIONANDO BEM. EU TENHO QUE FAZER DE UMA OUTRA FORMA. E ELA TE DÁ
FERRAMENTAS PRÁ VOCÊ IDENTIFICAR ISSO. DE REPENTE UMA AULA QUE COMEÇA, QUE
VOCÊ NÃO TIVESSE ESSA NOÇÃO, VOCÊ PODERIA COMEÇAR E TERMINAR E..., E..., NÃO TER
AQUELE RESULTADO..., O MELHOR RESULTADO. E COM A DIDÁTICA, COM AS TÉCNICAS DA
DIDÁTICA, VOCÊ CONSEGUE IDENTIFICAR ISSO. A DIDÁTICA TE DÁ A IDÉIA DO SISTEMA DE
COMUNICAÇÃO. (V. 27 - 14:21)
8. Como você acha que estas estratégias e técnicas ajudarão você na atuação, como
professor? (V. 27 - 14:56)
NOSSA..., MUITO! (RISOS), MUITO! APESAR DE SER..., DE SER COMUNICADORA, TER FEITO
PUBLICIDADE E PROPAGANDA, EU TENHO UM PERFIL , ASSIM..., EU TENHO UMA TIMIDEZ. E A
DIDÁTICA TÁ ME..., EU SEI AS FERRAMENTAS DA COMUNICAÇÃO, MAS EU TENHO UMA
DIFICULDADE DE COLOCÁ-LAS EM PRÁTICA, DE UMA FORMA EFICIENTE. EU JÁ FIZ PALESTRAS,
PELO TRABALHO. JÁ PALESTREI PARA MAIS DE DUZENTAS PESSOAS, MAS EU..., EU FICO
MUITO NERVOSA, NÉ? E AS DICAS QUE ..., QUE VOCÊ ME DÁ NA AULA, QUE EU ACOMPANHO,
ELAS TÊM ME AJUDADO A TER UM AUTOCONTROLE. PORQUE ACHO QUE, NERVOSO, TODO
MUNDO TEM, MAS TEM QUE TER O AUTOCONTROLE. VOCÊ NÃO PODE PASSAR ISSO PARA AS
PESSOAS. ENTÃO, NO MEU CASO ESPECÍFICAMENTE, ELA TÁ SENDO EXTREMAMENTE ÚTIL,
PORQUE EU TÔ CONSEGUINDO UNIR A BASE QUE EU TENHO DE COMUNICAÇÃO, JUSTAMENTE
COM ESSE OUTRO OLHAR, QUE SÃO AS FERRAMENTAS QUE A DIDÁTICA PROPORCIONA.
ENTÃO, AGORA FALTA, É..., É TREINAR ISSO, NÉ?, E EU TENHO CERTEZA DE QUE ISSO VAI ME
AJUDAR MUITO, FUTURAMENTE. (V. 27 - 15: 58)
9. Para finalizar, você gostaria de comentar alguma coisa, fazer alguma sugestão ou
observação sobre o que te perguntei, sobre o assunto em geral? (V. 27 - 16:12)
OLHA, EU..., EU ACHO QUE ESSE TIPO DE..., DE MATÉRIA, ELA DEVERIA SER ASSIM...,
PRIMORDIAL NA FACULDADE, PARA OS FORMADORES, PARA OS EDUCADORES, NÉ? OS
CURSOS DE RECICLAGEM..., PORQUE NÃO É, PORQUE VOCÊ FAZ UMA FACULDADE, QUEM
QUER DAR AULA, ELE TEM QUE ESTAR ..., ELE TEM QUE ESTAR SEMPRE PROCURANDO,
SEMPRE EVOLUINDO. EU ACHO QUE ESSAS FERRAMENTAS DE RECICLAGEM SÃO MUITO
IMPORTANTES. ENTÃO, PRÁ VOCÊ EVOLUIR, MESMO, TROCAR EXPERIÊNCIAS. EU ACHO QUE,
NUM CURSO DE GRADUAÇÃO, É IMPORTANTE VOCÊ OUVIR O ALUNO, TAMBÉM. MESMO QUE,
SABE..., FAZER PESQUISAS COM OS ALUNOS: O QUE VOCÊ TÁ ACHANDO..., NÉ? DA AULA?, A
PRÓPRIA..., O PRÓPRIO..., A PRÓPRIA DIRETORIA, O PRÓPRIO CORPO DOCENTE SE REUNIR,
FAZER UM FORUM, NÉ? PRÁ SABER A OPINIÃO, PORQUE AS VEZES VOCÊ TEM UMA
IMPRESSÃO E NÃO É A REALIDADE. EU ACHO QUE ISSO É IMPORTANTE. SE PUDESSE TER ESSA
DINÂMICA SEMPRE, MAIS VEZES, TALVEZ ALGUMAS ESCOLAS ATÉ TENHAM, MAS
PRINCIPALMENTE ESCOLAS ESTADUAIS, NÉ? FACULDADES, É..., QUE TENHA ESSA DINÂMICA,
QUE TENHA ESSA PROXIMIDADE COM OS ALUNOS, ESSA TROCA, PORQUE AÍ SIM, EU ACHO
QUE ..., QUE O ALUNO..., E TANTO O ALUNO QUANTO O PROFESSOR, SE SENTEM FAZENDO ...,
ACHO QUE HOJE A VISÃO TEM QUE SER DO SISTEMA. NÃO DÁ PRÁ SER UMA VISÃO ISOLADA.
DO CONHECIMENTO, DA EXPERIÊNCIA, PRÁ AQUELE QUE TÁ ENTRANDO, E SABER SE O SEU
CONHECIMENTO E AS SUAS TÉCNICAS SÃO SUFICIENTES PARA A FORMAÇÃO DAQUELA
PESSOA. QUE AÍ, VOCÊ VAI GERAR BONS PROFISSIONAIS. (V. 27 = 17:52)
....................................................................................
ENTREVISTA 8 - Pseudônimo: "Otto"
PERFIL DO ENTREVISTADO
idade: 44
graduação: Engenharia Agrônoma - UNICAMP
pretende lecionar
1. Vamos pensar um pouco no que você aprendeu no curso de didática, até aqui. Você acha
que mudou alguma coisa em você, ou seja, no seu conceito do que significa lecionar, a partir
das aulas realizadas até o momento? Fale um pouco sobre isso. (V. 27 - 18:55 )
MUDOU. PORQUE, QUANDO A GENTE FALAVA EM DIDÁTICA, EU NÃO SABIA COM PRECISÃO, O
QUE SERIA. EU NÃO SABIA..., AS FERRAMENTAS QUE VOCÊ PODE É..., UTILIZAR. E AÍ COM O
CURSO, NÉ, VOCÊS FORAM APRESENTANDO, E..., ASSIM, É UM LEQUE DE COISAS QUE VOCÊ
PODE USAR, E AI..., MELHORAR, NÉ, ... EU ACHO, A FORMA DE VOCÊ APRESENTAR UMA
PALESTRA, É..., O MEU CASO, NO MEU TRABALHO, ASSIM, EU FAÇO PALESTRA PRÁ TÉCNICOS
DA REDE, NÉ, PROFISSIONAIS E PRÁ AGRICULTOR. ENTÃO EU VOU TER QUE, ASSIM, USAR UMA
LINGUAGEM, NÉ ....EU SOU DA CATI, DA SECRETARIA DA AGRICULTURA. EU TRABALHO COM
ASSISTÊNCIA TÉCNICA E EXTENSÃO RURAL.
2. Você consegue citar no curso de didática, algumas técnicas e estratégias de comunicação
que você aprendeu? (V. 27 - 20:23 )
FORAM TANTAS, PORQUE É MUITA NOVIDADE. NO CADERNO, EU IA ANOTANDO...É..., QUE
NEM ULTIMAMENTE, A IMPOSIÇÃO DA VOZ, QUE EU SEMPRE TIVE DIFICULDADE DE CANTAR.
POR EXEMPLO, EU SEMPRE GOSTEI DE CANTAR, PORQUE EU TOCO PIANO E EU QUERIA
CANTAR JUNTO. NO CORAL, PORQUE EU NUNCA CONSEGUI CANTAR, PORQUE EU NÃO
CONSEGUIA DESENVOLVER A COISA DE SAIR DO DIAFRAGMA. É..., EU USEI APARELHO
DURANTE MUITO TEMPO. AGORA EU TÔ TIRANDO. ENTÃO, EU VOU TER QUE PROCURAR.
FONO, REPOSICIONAR A VOZ, A PRÓPRIA LÍNGUA..., O CUIDADO COM A APRESENTAÇÃO, COM
A SUA IMAGEM..., COM A SUA IMAGEM PESSOAL. É VOCÊ APRESENTAR É..., AQUILO QUE
VOCÊ PREPAROU, DE VOCÊ SE POSICIONAR, NA FRENTE, COMO É QUE VOCÊ SE MOVIMENTA,
ENTÃO, COISAS QUE VOCÊ NÃO PENSAVA ANTES. (V. 29 - 00:33)
3. Na sua opinião, qual é a importância de um professor do ensino superior ter formação em
didática, com ênfase na comunicação, para o bom desempenho docente? Por que? (V. 7 -
00:45)
ENTÃO..., NA UNIVERSIDADE, EU ATÉ..., EU DISCORDO DO COLEGA SERGIO QUE TÁ FALANDO
NO TRIPÉ QUE ELE SENTE TEM NA USP, QUE TEM QUE TER A PARTE DE PESQUISA, A
DOCÊNCIA E A EXTENSÃO RURAL. É..., EU SEMPRE VIM DE ESCOLA PÚBLICA, É..., DESDE
PRIMÁRIO, COLEGIAL, E UNIVERSIDADE. UNIVERSIDADE BOA TAMBÉM. NA ÉPOCA QUE EU FIZ
ERA ASSIM, CURSO DE PONTA. MAS EU SEMPRE PERCEBI ESSA DEFICIÊNCIA DA DOCÊNCIA.
QUE O FOCO PRINCIPAL, É A PESQUISA. E..., ASSIM, ÀS VEZES, O PROFISSIONAL ASSIM, ELE É
INCRÍVEL, ELE É UM PESQUISADOR ALTAMENTE QUALIFICADO, MAS ELE TEM UMA
DIFICULDADE ENORME EM TRANSMITIR O CONHECIMENTO QUE ELE TEM. EU TINHA UM
PROFESSOR QUE ELE..., UM PROFESSOR DE GENÉTICA, MUITO CONHECIDO NO MEIO, MAS ELE
ERA TÃO MALUQUINHO, SABE, QUE ELE..., A GENTE CHAMAVA DE JERRY LEWIS, ELE DAVA
AULA ASSIM..., ERA QUADRO NEGRO AINDA, NÉ?, ELE FICAVA COM O CIGARRO E O GIZ. TINHA
HORA QUE ELE FUMAVA O GIZ..., E FICAVA DANDO AULA PRÁ ELE MESMO, SABE? FAZENDO
AQUELES CÁLCULOS, ASSIM..., MALUCOS E A GENTE ALÍ ASSIM..., SABE..., ENTÃO VOCÊ VÊ,
ELE ERA ASSIM, SABE. VAI FALAR DESSA PESSOA? ELE TEM A QUALIDADE DELE, O VALOR, MAS
ASSIM, COMO DOCENTE, ENFÍM..., E NUNCA HOUVE PREOCUPAÇÃO DE..., DE REPENSAR,
ENTÃO...É..., DEPOIS, NA PÓS-GRADUAÇÃO, EU FUI FAZER NUMA INSTITUIÇÃO DE PESQUISA,
NÃO ERA UMA UNIVERSIDADE, EU SENTI ESSA DEFICIÊNCIA, AINDA MAIOR. UMA DISPUTA DE
TÍTULO, QUE UM É MELHOR QUE O OUTRO. UMA DISPUTA MUITO, BASTANTE ACIRRADA. É
UM AMBIENTE ALTAMENTE COMPETITIVO, MAS..., POR FAZER PESQUISA. NÃO TEM, É..., A
PREOCUPAÇÃO DA DOCÊNCIA E MUITO MENOS DEPOIS, DA EXTENSÃO. (V. 20 = 2:43)
4. Qual a importância de um professor do ensino superior, ter uma formação didática? (v. 29
- 3:05)
É VITAL, PORQUE, É..., É..., É AQUILO, ACHO QUE TÁ FOCADO NA PESQUISA. AÍ ELE ASSIM,
TEM DIFICULDADEPRÁ PASSAR O CONHECIMENTO PRÁ GENTE. EU SENTI ISSO NA
GRADUAÇÃO, E DEPOIS NA PÓS-GRADUAÇÃO, TAMBÉM. E EU FIQUEI MUITO FRUSTRADA
QUANDO EU FIZ O MESTRADO, PORQUE EU ACHAVA QUE, QUE EU IA ENCONTRAR A
DISCIPLINA DE DIDÁTICA, PEDAGOGIA, ALGUMA COISA ASSIM, DEPOIS AFINAL, VOCÊ SAI
MESTRE E AÍ? VOCÊ SAI HABILITADO PRÁ DAR AULA E VOCÊ NÃO TEM ESSA BAGAGEM, VOCÊ
NÃO VAI TER E..., E ASSIM, NÃO É APRESENTADO, VOCÊ NÃO TEM (FORMAÇÃO DIDÁTICA).
QUANDO EU VÍ AQUI NA..., AQUI NA PÓS DA PGE, QUE EU PODERIA FAZER DIDÁTICA, ESSA
POSSIBILIDADE DE FAZER DIDÁTICA, NOSSA..., EU..., DESDE O ANO PASSADO, MEU OLHO
BRILHOU...AÍ, PODIA FAZER DIDÁTICA, OU UMA OUTRA DISCIPLINA..., EU FALEI, NÃO GENTE,
TEM QUE SAIR A DIDÁTICA, NÉ. E ACONTECEU. FOI MUITO BACANA. ENTÃO, NO PRIMEIRO
SEMESTRE, A GENTE CONVERSAVA COM OS COLEGAS E PERCEBIA QUE TINHA AQUELE
PESSOAL QUE QUERIA FAZER ESTUDO DE CASO, E TALVEZ NÃO SAÍSSE A DISCIPLINA DE
DIDÁTICA, NÉ, E AÍ EU FIQUEI NA TORCIDA. E AÍ PARA SURPRESA GERAL, ATÉ O PESSOAL QUE É
DA ÁREA, NÉ, DE DIREITO, OPTOU POR DIDÁTICA. (V. 29 - 4:57)
5. É comum presenciarmos ou mesmo vivenciarmos, em sala de aula, dificuldades de
aprendizagem ou problemas de aproveitamento de alunos, em decorrência de alguma falha
ou dificuldade de desempenho do professor. Fale um pouco sobre os problemas de
aproveitamento em sala de aula, que você presenciou ou vivenciou como aluno.(V. 29 -
5:37)
É QUE O SISTEMA DA AULA AQUI, É PALESTRA, NÉ? AH...VOLTO NESSA HISTÓRIA DE FOCAR A
PESQUISA, DO PROFISSIONAL QUE NÃO INVESTE EM SÍ, NÃO INVESTE NA MELHORIA DA AULA.
EU LEMBRO QUE TAMBÉM, DE UMA AULA QUE O PROFESSOR, ELE FICOU SENTADO O TEMPO
TODO. ELE CHEGOU, SENTOU E A SALA FOI ASSIM, FOI FICANDO LOTADA, NÉ, ELE CHEGOU
PRIMEIRO, TAL, E AÍ, O COLEGA MEU QUE PERGUNTOU: " - NOSSA, ELE É PARAPLÉGICO?"
(RISOS) ELE NÃO SE MOVEU..., MAS ELE FALOU SÉRIO, ASSIM. EU FALEI: "- EU NÃO SEI...",
PORQUE ELE FICOU INSISTINDO E EU TAMBÉM NÃO SABIA..., PORQUE QUANDO A GENTE
CHEGOU, ELE JÁ TAVA LÁ E ELE FICAVA ASSIM, SENTADO. ELE MEXIA SÓ ASSIM...(MOSTRA) O
BRAÇO,TATATÁ..., E ELE DEU A AULA É..., DUAS HORAS DE AULA, ASSIM, SENTADO. DEPOIS,
COMO TEVE INTERVALO, ELE SE LEVANTOU. OLHA..., ELE NÃO É..., ELE NÃO ERA..., MAS FICOU
ASSIM, O RAPAZ JOVEM..., ENTÃO, NESSE CASO, NÃO TINHA CUIDADO EM PREPARAR UMA
AULA, ENTÃO VOCÊ IMAGINA... (V. 29 - 7:25)
6. E que sugestões você faria àqueles professores hoje, se você pudesse? (V. 29 - 7:34)
NOSSA! É..., EU NÃO SEI..., EU ACHO QUE EU CONTARIA A HISTÓRIA PRÁ ELE. HOJE EM DIA,
NÉ, ADULTO, DEPOIS DE PROFISSIONAL TAMBÉM, AI, PUXA..., UMA VEZ VOCÊ..., EU ACHO
QUE TENHO ESSA OPORTUNIDADE, PORQUE HÁ OS ENCONTROS DE, DE FORMADOS E A
GENTE SE REUNE, DE FALAR: "- PUXA, A GENTE ACHOU QUE VOCÊ TINHA...(RISOS), PORQUE
ELE FICOU O TEMPO INTEIRO ASSIM..., É..., E A GENTE NÃO TINHA PROJETOR, NÉ, NAQUELA
ÉPOCA, ENTÃO FICOU UMA CONVERSA JOGADA ASSIM, COMO SE A AULA NÃO FOSSE NADA
PRÁ ELE. ELE NÃO PREPAROU NADA. ELE FICOU ASSIM, CONVERSANDO E AÍ ELE ERA DE
ZOOTECNIA. ELE FICOU PASSANDO NÚMEROS. ELE LIA ASSIM..., É PORQUE É PRODUÇÃO,
SABE, E AQUILO..., FALANDO E FALANDO, PEGAVA OUTRO PAPEL ASSIM, LENDO, NÉ, ENTÃO...,
O CUIDADO QUE TINHA QUE TER COM A AULA. (V. 29 - 8:35)
7. Você falou de várias coisas ligadas a problemas de comunicação que vivenciou. Do que
você falou, o que aprendeu até agora no curso de didática, que pode ajudar a minimizar
estes problemas, caso seja você o professor? (V. 29 - 8:55)
AH, EU ACHO QUE SIM, PORQUE VOCÊ NÃO QUER FAZER IGUAL, NÉ. VOCÊ APRENDE..., E SÃO
FERRAMENTAS DE COMO VOCÊ DEVE É..., SE COMPORTAR, COMO VOCÊ PODE ILUSTRAR A
AULA, MELHORAR. ENTÃO, COM CERTEZA, QUE EU VOU SAIR MELHOR DO QUE QUANDO EU
ENTREI. MAIS CONSCIENTE, E..., E EU TAMBÉM PERCEBÍ ASSIM, QUE VOCÊ TEM QUE SER MEIO
ATOR, NÉ? (RISOS). PRÁ FAZER TUDO AQUILO QUE VOCÊ FALOU, DE VOCÊ FAZER UMA AULA,
PRESENCIAL, E A DISTÂNCIA, TATATATATÁ (EXPRESSÃO DE MÚLTIPLAS COISAS), SE VOCÊ NÃO
FOR ATOR, EU ACHO QUE NÃO DÁ. (V. 20 - 10:00)
8. O que mudou na sua concepção sobre a formação docente. Como era antes, e como é
agora? Alguma coisa mudou? (V. 29 - 10:22 )
AH, REFORÇOU A IMPORTÂNCIA DA DIDÁTICA PRÁ MIM, PORQUE É UMA COISA QUE EU
QUERIA, QUE EU SENTIA DEFICIÊNCIA, DESSE APRENDIZADO, PRÁ VOCÊ, É..., ENCARAR NÃO
SÓ..., QUE NEM, TEM UMA PERGUNTA NÉ, NO QUESTIONÁRIO (QUESTIONÁRIO PRÉ-
ENTREVISTA), SE EU VOU LECIONAR , TAL. EU NÃO TENHO CERTEZA, PODE SER ATÉ QUE EU
MELHORE, QUE EU CONSIGA ME APRIMORAR EM ALGUMA COISA, E AÍ EU VENCER ESSA
TIMIDEZ E PARTIR PRÁ..., PRÁ, PRÁ..., PRÁ..., SEI LÁ, PRÁ DAR AULA. MAS EU ACHO QUE É UMA
FERRAMENTA TÃO PODEROSA, QUE VOCÊ TÁ A TODO MOMENTO UTILIZANDO DA
COMUNICAÇÃO. VOCÊ TÁ FALANDO COM SEUS PARES, VOCÊ TÁ NO TRABALHO, VOCÊ TÁ EM
PALESTRAS, SEMPRE A GENTE TÁ EM PALESTRAS, NÉ, ÀS VEZES COM UM PÚBLICO GRANDE,
ENTÃO, COM CERTEZA, A VISÃO QUE EU TINHA, NÉ, DA IMPORTÂNCIA, ELA FICOU
ACENTUADA. E AÍ É AQUILO QUE EU TE FALEI: A FONO TALVEZ PRÁ MIM SEJA BOM, É..., ESSA
TIMIDEZ, COM O TEATRO, TALVEZ MELHORE UM POUQUINHO, ENTÃO, QUEM SABE EU
CONSIGA DAR CONTINUIDADE, NÉ. (V. 29- 11: 48)
9. Para finalizar, você gostaria de comentar alguma coisa, fazer alguma sugestão ou
observação sobre o que te perguntei, sobre o assunto em geral? (V. 29 - 12:03)
AH, EU ACHEI QUE A DISCIPLINA FOI BASTANTE ENRIQUECEDORA PRO GRUPO. PORQUE A
GENTE, ATÉ ENTÃO, É..., EU NÃO SEI..., EU SENTIA A SALA ASSIM, MEIO "EM CIMA DO SALTO".
E AÍ, COM A INTERAÇÃO, E A GENTE É..., COMEÇAR A SE EXPOR MAIS TAMBÉM, DE SUBIR
AQUI E FALAR, EU ACHO QUE A SALA "DESCEU DO SALTO". E AI FICOU ESSA..., ESSE CLIMA
BACANA, EU ACHO QUE AJUDOU A..., A..., A UM MELHOR RELACIONAMENTO DO GRUPO,
ASSIM COMO UM TODO. EU PERCEBI ISSO, QUE DEPOIS DA DIDÁTICA, ATÉ A SALA TÁ MAIS
ASSIM..., TÁ DIFICIL DE CONTROLAR O FUNDÃO, QUE AÍ VÊ QUE SE SOLTOU MESMO. ENTÃO,
EU VEJO COMO POSITIVO. (V. 29 - 12: 57)
.............................................................................................
ENTREVISTA 9 - Pseudônimo: "Nonô"
PERFIL DO ENTREVISTADO
idade: 41
graduação: Engenharia Naval - USP e Direito - UNISO - Sorocaba
pretende lecionar
1. Vamos pensar um pouco no que você aprendeu no curso de didática, até aqui. Você acha
que mudou alguma coisa em você, ou seja, no seu conceito do que significa lecionar, a partir
das aulas realizadas até o momento? Fale um pouco sobre isso. (V. 29 - 14:13)
EU ACHO QUE A GRANDE..., A IDÉIA QUE EU TINHA SOBRE DIDÁTICA, ERA EXATAMENTE ESSA
DE VOCÊ..., APRENDER TÉCNICAS PRÁ PODER LECIONAR. ENTÃO, O CONCEITO QUE EU TINHA
SOBRE A DISCIPLINA NÃO MUDOU. O QUE MUDOU É EXATAMENTE É A RECEPÇÃO DESSAS
INFORMAÇÕES. QUE EU SEMPRE ME PREOCUPEI EM VER OS PROFESSORES DANDO AULA. EU
TENHO VÁRIOS EXEMPLOS NA MINHA VIDA DE MAUS PROFESSORES E BONS PROFESSORES, E
ALGUMAS COISAS EU CONSIGO IDENTIFICAR. PORQUE ALGUNS ERAM BONS. AGORA, COM O
TRANSCORRER DO CURSO, EU CONSIGO IDENTIFICAR: AQUELE PROFESSOR ERA BOM POR
CAUSA DESSE PONTO. QUE ELE FAZIA EXATAMENTE COMO AS TÉCNICAS DE DIDÁTICA ATUAIS
ESTÃO PREGANDO. E ESSE, ERA RUIM, EXATAMENTE POR CAUSA DISSO. ENTÃO, É..., NESSE
ASPECTO EU TÔ CONSEGUINDO APRENDER BASTANTE COISA, E PERCEBER ESTES DETALHES.
NA MINHA PROFISSÃO, A MINHA PROFISSÃO É DE PERITO, EU..., EU ME PREOCUPO MUITO EM
VER DETALHES. E NAS AULAS NÃO DEIXA DE SER ASSIM. E NA MINHA VIDA, EU NUNCA GOSTEI
MUITO DE ASSISTIR AULA. EU NUNCA FUI UM ALUNO DE ASSISTIR AULA, E TALVEZ PELAS
PRÓPRIAS DIDÁTICAS QUE FORAM APLICADAS, PRÁ MIM, FORAM ME DESESTIMULANDO.
ENTÃO EU VEJO HOJE, NESSA DISCIPLINA, A IMPORTÂNCIA DO PROFESSOR CONSEGUIR
TRAZER À CLASSE, A ATENÇÃO PARA QUE O ALUNO SE MANTENHA LIGADO DURANTE TODA A
AULA. ENTÃO, BASICAMENTE É ESSA A VISÃO QUE EU TINHA E A QUE EU TENHO HOJE. (V. 29 -
15:45)
2. Você consegue citar no curso de didática, algumas técnicas e estratégias de comunicação
que você aprendeu? (V. 29 - 15:55)
AH, SIM, SIM. EU APRENDI ALGUMAS..., É..., VOCÊ TER UM ROTEIRO DE AULA. TEMPOS PRÉ-
ESTABELECIDOS DE CADA FASE DA AULA. VOCÊ TER UM PLANO "B", NO SENTIDO DAQUILO
QUE VOCÊ TÁ PLANEJANDO NÃO DER CERTO, VOCÊ CONSEGUIR CONTINUAR COM A..., A..., A
AULA. É..., A MANEIRA DE VOCÊ SE POSICIONAR FRENTE A UM PÚBLICO. VOCÊ ESTABELECER
CONTATO COM O PÚBLICO. É..., A MANEIRA COMO VOCÊ USA A VOZ. O USO DO MICROFONE,
É..., UMA COISA MUITO IMPORTANTE QUE EU ACHO, É ESSA FASE DO "AQUECIMENTO", QUE
EU NUNCA TINHA PERCEBIDO EM OUTRAS AULAS, EM OUTROS PROFESSORES, E EU VEJO QUE
ALGUNS FAZIAM ISSO, E PORQUE, AS VEZES O ALUNO CHEGA..., "EU VOU TER QUE ASSISTIR
AQUELA AULA...", ENTÃO, O AQUECIMENTO QUEBRA EXATAMENTE ESSE PRIMEIRO CONTATO,
QUE O ALUNO VAI CHEGAR MEIO DESMOTIVADO E AÍ ELE JÁ SE ACALMA, SE RELAXA E
CONTINUA. ENTÃO, SÃO ALGUMAS COISAS QUE EU ESTOU PERCEBENDO, QUE EU TÔ..., TÔ
APRENDENDO, E EU ESPERO CONSEGUIR..., EU TENHO UMA PERSONALIDADE ASSIM..., EU ME
CONSIDERO UMA PESSOA MAIS SÉRIA, MAIS TÍMIDA, E CONSEGUIR DESENVOLVER ISSO NA
PRÁTICA. TEORICAMENTE EU TÔ CONSEGUINDO ENTENDER, AGORA QUERO VER SE NA
PRÁTICA EU CONSIGO APLICAR ISSO. (V. 30 - 1:11)
3. Na sua opinião, qual é a importância de um professor do ensino superior ter formação em
didática, com ênfase na comunicação, para o bom desempenho docente? Por que? (V. 30 -
1:38 )
EU ENTENDO QUE ALÉM DELE PASSAR A PARTE, O CONTEÚDO QUE ELE TEM QUE PASSAR NA
DISCIPLINA, ELE TEM QUE ENSINAR O ALUNO A CRESCER É..., DUMA MANEIRA
COMUNICATIVA, DENTRO DAQUELE AMBIENTE, DAQUELA MATÉRIA QUE ELE TÁ LECIONANDO.
ENTÃO, EU TIVE MUITOS PROFESSORES QUE ERAM EXCELENTES CONHECEDORES DO
ASSUNTO, MAS NÃO TINHAM HABILIDADE NENHUMA PARA PASSAR O CONHECIMENTO.
ENTÃO, EU ACHO QUE ELE TINHA TODO O CONHECIMENTO COM ELE, TERIA CONDIÇÕES DE
PASSAR, MAS ELE NÃO TINHA ESSA MANEIRA DE PASSAR. ENTÃO, FALTOU A COMUNICAÇÃO.
E AÍ O ALUNO, ELE PODE ATÉ APRENDER ATÉ UM POUCO A MATÉRIA, MAS EU ACHO QUE TEM
QUE IR UM POUCO ALÉM. ELE TEM QUE APRENDER A SER COMUNICATIVO, PORQUE ISSO VAI
SER USADO, NÃO SOMENTE SE ELE QUISER SER UM PROFESSOR, MAS TAMBÉM NA VIDA, NO
TRABALHO DELE. DANDO UM EXEMPLO, POR EXEMPLO, EU SEMPRE TRABALHEI NA ÁREA DE
ENGENHARIA. SOU ENGENHEIRO E TRABALHAVA NUMA ÁREA, DENTRO DE UM ESCRITÓRIO. E
AO MEU LADO, TINHA O PESSOAL DO COMERCIAL. ENTÃO, VOCÊ VIA O DESENVOLVIMENTO
QUE ESSE PESSOAL, EMBORA NÃO CONHECESSE A PARTE TÉCNICA, CONSEGUIA FAZER MUITO
BEM O TRABALHO DELES. ENTÃO, EU ACHO QUE ISSO É TALVEZ UMA FALHA DA FACULDADE,
EM NÃO ENSINAR ESSA PARTE COMUNICATIVA, SEJA UMA PESSOA QUE VAI SE FORMAR NA
ÁREA DE..., DE EXATAS, OU DE COMUNICAÇÃO, ACHO QUE TODAS AS ÁREAS NO DIA A DIA
PROFISSIONAL, TAMBÉM EXIGEM MUITO ESSA COMUNICAÇÃO. E EU ACHO QUE ISSO PODERIA
SER INTEGRADO JUNTO COM AS DISCIPLINAS QUE VÃO SENDO LECIONADAS. (V. 30 - 3:08)
E nesse contexto, qual a importância de um professor de ensino superior, ter uma formação
didática? (v. 30 - 3:39)
EU ACHO QUE, PARA COMPLEMENTAR AQUELE CONHECIMENTO TÉCNICO QUE ELE TEM,
COMO O OBJETIVO DELE É ENSINAR, ELE TEM QUE TER UMA FORMAÇÃO DIDÁTICA, POR
MÍNIMA QUE SEJA. PORQUE NÃO BASTA ELE SABER TUDO SOBRE O ASSUNTO, SE ELE NÃO
TIVER UMAS TÉCNICAS QUE POSSAM PASSAR ISSO PARA OS ALUNOS. E FAZER TAMBÉM O
ALUNO, GOSTAR UM POUCO DAQUILO QUE ESTÁ SENDO ENSINADO. ENTÃO, ACHO QUE É...,
NESSE ASPECTO A DIDÁTICA É FUNDAMENTAL. ENTÃO, ACHO QUE, EU..., EU..., EU NÃO ME
IMAGINO SENDO UM PROFESSOR, SEM TER FEITO UM CURSO DESSE. POR MAIS QUE EU
TIVESSE O CONHECIMENTO DO ASSUNTO, EU SEI TUDO SOBRE DETERMINADO ASSUNTO, MAS
SE EU NÃO TIVER UMA TÉCNICA PARA EU PODER ENSINAR, EU NÃO ACHO NEM JUSTO, EU
QUERER ENSINAR. É UMA VISÃO QUE EU TENHO. (V. 30 - 4:33)
4. E dentro da importância que você apresenta da formação didática, como você vê a
importância da comunicação didática com ênfase na comunicação? Por que? (V. 30 - 3: 39)
EU ACHO QUE É O PRINCIPAL OBJETIVO, FOCO DA DIDÁTICA, É EXATAMENTE VOCÊ
CONSEGUIR ESTABELECER ASSIM, ESSE CONTATO ENTRE O ALUNO E O PROFESSOR, E ISSO SÓ
É FEITO ATRAVÉS DA COMUNICAÇÃO. ENTÃO, EU ACHO QUE A COMUNICAÇÃO O PRINCIPAL
ELEMENTO QUE A DIDÁTICA TEM QUE UTILIZAR PARA TRABALHAR. (V. 30 - 5:27)
5. É comum presenciarmos ou mesmo vivenciarmos, em sala de aula, dificuldades de
aprendizagem ou problemas de aproveitamento de alunos, em decorrência de alguma falha
ou dificuldade de desempenho do professor. Fale um pouco sobre os problemas de
aproveitamento em sala de aula, que você presenciou ou vivenciou como aluno.(V. 30 -5:46 )
OLHA, EU TIVE MUITOS PROFESSORES QUE ERAM PÉSSIMOS EM DIDÁTICA. EU ESTUDEI NA
USP, ENTÃO..., FIZ ENGENHARIA, ENTÃO, NÃO ME LEMBRO DE NENHUM QUE TIVESSE UMA
DIDÁTICA. TEM ALGUNS QUE VOCÊ TINHA UM POUQUINHO MAIS DE AMIZADE E ACABAVA
SENDO OS MELHORES PROFESSORES, MAS NÃO PELA DIDÁTICA. MAUS PROFESSORES EU TIVE
VÁRIOS QUE DERAM..., QUE VOCÊ PERCEBIA QUE..., ELES QUERIAM MAIS O CARGO DE
PROFESSOR DO QUE A FUNÇÃO DE ENSINAR. ELES TINHAM QUE TER UM SALÁRIO COMO
PROFESSOR, ENTÃO ERAM AQUELES QUE FAZIAM AULAS COM RETROPROJETOR, E NA MINHA
ÉPOCA NÃO ERA NEM O SLIDE, ERA O RETROPROJETOR, E..., E ELES NÃO SE PREOCUPAVAM
EM CHAMAR A ATENÇÃO DOS ALUNOS. ENTÃO, TERMINAVA A AULA, ACABAVA E..., E AQUELE
QUE QUIZESSE PRESTAR ATENÇÃO PRESTAVA, SE NÃO PRESTOU, ELE TAMBÉM NÃO LIGAVA,
ENTÃO, NÃO TINHA ESSA IMPORTÂNCIA PRÁ ELE, DO ALUNO, INTERARIR COM O..., A CLASSE
INTERAGIR ENTRE SÍ E COM O PROFESSOR. TINHA PROFESSORES QUE FAZIAM O MÉTODO DE
SEMINÁRIOS, COMO VOCÊ DEU O EXEMPLO AQUI, EU TIVE VÁRIOS..., PASSEI POR ISSO. E VOCÊ
PERCEBIA QUE ERA SÓ SEMINÁRIO, SEMINÁRIO, SEMINÁRIO, E A MATÉRIA PASSANDO..., E
NUM..., NÉ? E DOS MAUS PROFESSORES FORAM ESSES. DOS BONS, EU ME LEMBRO DE
PROFESSORES, DA ÉPOCA DO COLEGIAL. EU TINHA UM PROFESSOR DE PORTUGUES, ROBERTO
ERA O NOME DELE, QUE ELE ERA MUITO BOM. PRINCIPALMENTE NESSA PARTE DIDÁTICA.
PORQUE ELE TAMBÉM NÃO SE ATINHA SÓ A MATÉRIA. ELE SE PREOCUPAVA COM A
COMUNICAÇÃO ENTRE OS ALUNOS. ENTÃO, É..., BEM ANTIGO, MAS É TALVEZ O QUE EU
TENHO MAIS NA MEMÓRIA. E NA ACADEMIA DE POLICIA, TAMBÉM, O MAURÍCIO QUE É UM
AMIGO NOSSO AQUI, ELE TINHA UM MÉTODO DIFERENTE DE DAR AULA. ENTÃO..., QUER
DIZER, A DIDÁTICA, A TÉCNICA QUE ELE TINHA PRÁ DAR AULA PRÁ GENTE ERA DIFERENTE DA
DOS OUTROS. ERA ESSE MÉTODO DAS PESSOAS JA INTERAGIREM, ENTÃO, É UMA OUTRA
PESSOA QUE EU LEMBRO, DE SER DIFERENCIADO DAQUELES QUE SIMPLESMENTE PASSAVAM
A MATÉRIA E NÃO QUERIAM PASSAR MAIS NADA.(V. 30 - 8:10)
6. E que sugestões você faria àqueles professores hoje, se você pudesse? (V. 30 - 8:23 )
AH, QUE ELES APRENDESSEM UM POUCO DE TÉCNICAS. PRIMEIRO VERIFICAR SE ELES
REALMENTE QUEREM SER PROFESSORES DE VERDADE. SE QUEREM ENSINAR, OU SE QUEREM
SOMENTE TER AQUELE CARGO, PRÁ RECEBER O SALÁRIO. SE ELES TIVEREM A PREOCUPAÇÃO
DE ENSINAR, ELES QUE APRENDAM ALGUMAS TÉCNICAS DE DIDÁTICA, FAZENDO ALGUM
CURSO, E ESTUDANDO SOBRE O ASSUNTO. ERA ESSA A SUGESTÃO QUE EU DARIA.(V. 30 -
8:45)
7. Você falou de várias coisas ligadas a problemas de comunicação que vivenciou. Do que
você falou, o que aprendeu até agora no curso de didática, que pode ajudar a minimizar
estes problemas, caso seja você o professor? (V. 30 - 9:09)
AH, EU ACHO QUE ESSAS TÉCNICAS DE COMUNICAÇÃO, ESSAS MANEIRAS DE SE POSICIONAR
FRENTE A UM PÚBLICO, ISSO DAÍ É..., É..., VAI FAZER COM QUE EU TENHA UMA HABILIDADE
MELHOR PARA TRATAR ESSES PROBLEMAS QUE EU NÃO TIVE NOS OUTROS CURSOS, NÉ. E...,
TAMBÉM, É..., VAI AJUDAR, NÃO SÓ NA QUESTÃO DE QUERER LECIONAR, EU ACHO QUE NA
VIDA PROFISSIONAL, SE EU FOR TRABALHAR NUMA ÁREA COMERCIAL, VOU TER UMA
FACILIDADE MELHOR PARA A COMUNICAÇÃO. UMA POSTURA MELHOR. ESSA QUESTÃO DE
GESTICULAR. PRÁ MIM, EU TINHA A VISÃO, ANTES DE TODA ESSA, ESSA..., ESTE CURSO, QUE
ESSE NEGOCIO DE GESTICULAR..., QUE NEM O PESSOAL FALAVA: "O ITALIANO SÓ FALA COM A
MÃO...", ENTÃO, ERA UMA COISA QUE ERA MUITO ERRADA. NA VERDADE EU TÔ VENDO QUE
DEPENDE DA MANEIRA É CERTO E DEPENDE DA MANEIRA, É ERRADO. ENTÃO, A GENTE TEM
ALGUNS CONCEITOS E PRÉ-CONCEITOS QUE ESTÃO SENDO QUEBRADOS, NÉ. ENTÃO EU ACHO
QUE..., QUE..., É..., VAI SER BOM TANTO NO LADO PROFISSIONAL, É..., QUE NÃO SEJA
LECIONAR, COMO TAMBÉM LECIONAR. (V. 30 - 10:14 )
8. O que você sente que alterou, a partir do aprendizado das técnicas de comunicação em
sala de aula? (V. 30: 10: 46)
SÃO OS DETALHES QUE A GENTE PRECISA PRÁ PODER CORRIGIR OS DEFEITOS QUE A GENTE
TEM. EU JÁ CHEGUEI A DAR AULAS PARA O ESTADO. DEI ALGUMAS AULAS, POR ALGUM
TEMPO, E EU NÃO TINHA NENHUMA TÉCNICA, TÉCNICA DE COMUNICAÇÃO. EU IA DA
MANEIRA COMO..., COMO EU IMAGINAVA QUE ERA O CORRETO. E..., E ESSAS TÉCNICAS, EU
VEJO VOCÊ TEM QUE PRENDER A ATENÇÃO DO ALUNO, VOCÊ TEM QUE TER AQUELE
AQUECIMENTO, VOCÊ TEM QUE TER UM ROTEIRO, VOCÊ TEM QUE SABER TRABALHAR COM O
TEMPO, VOCÊ TEM QUE, É..., TOMAR CUIDADO PARA QUE, SE AQUILO QUE VOCÊ
PROGRAMOU, SAIA UM POUCO DO CAMINHO, VOCÊ CONSEGUIR VOLTAR. ENTÃO, ESSAS
TÉCNICAS, SÃO O QUE EU ESTOU APRENDENDO E QUE EU ACHO QUE..., DE COMUNICAÇÃO.
COMO QUE EU VOU ESTABELECER A COMUNICAÇÃO COM OS ALUNOS, NÉ. SÃO O QUE VÃO
DAR A O SUCESSO, OU NÃO, DE UM PROFESSOR E NO APRENDIZADO, NÉ. (V. 30 - 11:41)
9. Para finalizar, você gostaria de comentar alguma coisa, fazer alguma sugestão ou
observação sobre o que te perguntei, sobre o assunto em geral? (V. 30 - 11:55 )
A SUGESTÃO QUE EU ACHO QUE DEVERIA TER, É..., ESSE CURSO DEVERIA SER DADO NA
GRADUAÇÃO. NO MEU PONTO DE VISTA. NÃO SÓ NUMA PÓS-GRADUAÇÃO. NÃO SEI SE..., SE
EM ALGUNS CURSOS TÊM ESSA DISCIPLINA. EU FIZ DUAS FACULDADES. EU FIZ ENGENHARIA E
DIREITO. E EM NENHUMA DAS DUAS EU TIVE ALGO RELACIONADO A DIDÁTICA. ENTÃO, EU
ACHO QUE ISSO DEVERIA FAZER PARTE. PROFISSIONALMENTE, EU ACHO QUE SERIA MELHOR.
NÃO SÓ NA QUESTÃO DE: "AH, EU NÃO QUERO LECIONAR, ENTÃO EU NÃO PRECISO FAZER
DIDÁTICA". PORQUE NA DIDÁTICA, EU..., EU TÔ VENDO ISSO DE UMA MANEIRA MAIS AMPLA.
NÃO SÓ NA QUESTÃO DE LECIONAR. EU PRETENDO PRÁ UNS PROJETOS FUTUROS, TALVEZ,
DE..., DE..., DE DAR AULA E TAMBÉM EU TENHO UMA IDÉIA DE FAZER UM TRABALHO COM
CRIANÇAS, NÉ. EU PARTICIPO DE UM INSTITUTO QUE AJUDA ENTIDADES BENEFICIENTES, NÉ, E
ENTÃO EU TENHO UM PROJETO, MAS COMO EU FALEI, EU NÃO ACHO JUSTO EU QUERER
FAZER UM PROJETO SEM EU TER UMA PREPARAÇÃO, MÍNIMA QUE SEJA. E EU ACHO QUE, SE
EU TIVESSE TIDO ESSA PREPARAÇÃO, ESSA .., ESSE POUCO DE COMUNICAÇÃO, NOS CURSOS
DE GRADUAÇÃO, TANTO PODERIA ESTAR LECIONANDO, COM MAIS FACILIDADE, E TAMBÉM
NA PARTE PROFISSIONAL, EU ACHO QUE FACILITARIA, PORQUE, PRINCIPALMENTE PARA
PESSOAS COMO EU QUE TEM UMA PERSONALIDADE MAIS FECHADA, É..., QUE SOU MAIS
TÍMIDO, EU ACHO QUE ISSO FACILITARIA MUITO. TANTO NA VIDA..., NÃO SÓ NA VIDA DE
PROFESSOR, MAS NA VIDA PRÁTICA. SÓ FAZENDO UMA OBSERVAÇÃO: LEMBRANDO DESSE
PROFESSOR DE PORTUGUÊS, PRÁ VER COMO ELE ERA DIFERENCIADO. ELE FEZ EU ATÉ
PARTICIPAR DE CURSOS DE TEATRO NA ESCOLA, PORQUE ELE VIA QUE EU ERA DE UM GRUPO
LÁ, QUE ERA DOS MAIS SÉRIOS, TAL, E ELE IA LÁ E INSISTIA. ENQUANTO EU NÃO PARTICIPEI,
ELE NÃO PARAVA DE INCENTIVAR. SAIA DA SALA DE AULA E LEVAVA OS ALUNOS PARA TODAS
AS ATIVIDADES ESCOLARES. (V. 30- 15:00)
.........................................................................................................................................................
transcrição terminada em 17 de julho de 2012
por Gabriel Veiga Catellani
1.
REFERÊNCIAS – as referências que eu tenho da docência
S S – MEUS PROFESSORES ERAM REPETIDORES DE CONCEITOS.
S - MEUS PROFESSORES NÃO TIVERAM, CURSO DE DIDÁTICA. CADA UM A SUA MANEIRA, FOI PASSANDO A MENSAGEM,
UNS COM ÊXITO, TALVEZ POR CARISMA, TALVEZ POR ENVOLVIMENTO COM A MATÉRIA, TAMBÉM, OUTROS, É...,
REPELIRAM O ALUNO, NÉ. ME REPELIRAM EM ALGUM MOMENTO. ENTÃO, A IMPORTÂNCIA DA DIDÁTICA, UMA VEZ
QUE A GENTE CONHECE ESSAS "FERRAMENTAS", E COMO APLICA-LAS.
S - AO COLOCAR AS EQUAÇÕES NA LOUSA, ELE VIRAVA PARA A CLASSE E FALAVA: " - ISSO AQUI É BÁSICO. ISSO AQUI É
BÁSICO, JÁ ESTÁ ENTENDIDO? E PASSAVA, FAZIA VÁRIAS PASSAGENS QUE NECESSITARIAM DE EQUACIONAMENTO, DE
UMA DISCRETIZAÇÃO DISSO, E ELE ASSUMIA QUE A CLASSE TINHA ESSE CONHECIMENTO, PARA PROSSEGUIR, E O
RESULTADO FOI PÍFIO, PORQUE AS PROVAS PROVARAM QUE NÃO TINHA COMO IR À FRENTE, A PONTO DE DEPOIS EU
PEDIR AO PROFESSOR, PARA NÃO ASSISTIR A AULA DELE, SE ELE DEIXAVA QUE EU ESTUDASSE EM CASA, E VIESSE FAZER
AS PROVAS.
S - UMA PROFESSORA QUE DAVA AULA VOLTADA PARA A LOUSA, NÃO ENCARAVA OS ALUNOS DE MANEIRA ALGUMA.
TINHA QUE SE SENTAR NA TURMA DO GARGAREJO PARA TENTAR ENTENDER ALGUMA COISA DO QUE ELA FALAVA.
FALAVA BAIXO, E AINDA OBVIAMENTE NÃO CONSEGUIA IMPOR A VOZ DELA E FALAVA DE UMA MANEIRA QUE A CLASSE
INTEIRA NÃO OUVIA. ESSA É UMA LIMITAÇÃO.
S - A TENDÊNCIA REALMENTE AINDA É O PROFESSOR APENAS PASSAR A INFORMAÇÃO CONTIDA NOS LIVROS E NO
PROGRAMA.
M M - EU ESTUDEI NUMA UNIVERSIDADE QUE É UM DOS MAIORES CENTROS DE PESQUISA E REFERÊNCIA, TUDO, EU TIVE
PESQUISADORES, POUCOS PROFESSORES. ENTÃO, ELES ERAM OBRIGADOS A DAR AULA, MAS DEIXAVAM CLARAMENTE
QUE NÃO ESTAVAM AFIM DE DAR AULA.
M - SEMPRE FUI MUITO ATIVA, MUITO DINÂMICA, E MUITOS PROFESSORES NÃO GOSTAVAM DA MINHA PARTICIPAÇÃO
EM SALA DE AULA. ENTÃO EU SENTIA UMA CERTA ANULAÇÃO
M - MUITOS PROFESSORES IMPLICAVAM COMIGO, PORQUE ELES ACHAVAM QUE EU SERIA UMA ALUNA RUIM SE EU
NÃO ME DEDICASSE EXCLUSIVAMENTE À UNIVERSIDADE.
M - EU SOFRI HUMILHAÇÃO, EU SOFRI REPRESSÃO, E..E.., ENFÍM, ATÉ UMA EXPOSIÇÃO DESNECESSÁRIA.
JR JR – MINHA PROFESSORA ERA UMA PESSOA EXTREMAMENTE, AUTORITÁRIA. OS ALUNOS TINHAM MEDO. TODOS OS
ALUNOS TREMIAM NAS PERNAS.
JR - TEM AQUELES PROFESSORES QUE A GENTE REALMENTE NÃO SIMPATIZA.
JR - TEVE UM PROFESSOR QUE UMA VEZ ME OFENDEU, DIANTE DE UMA CLASSE CHEIA. NÃO TINHA DIDÁTICA.
JR – ESTUDEI COM UM PROFESSOR QUE TINHA MUITO CONHECIMENTO. ISSO JÁ NA FACULDADE. MAS ELE..., AS AULAS
DELE ATÉ QUE ERAM BOAS, MAS ELE ABRIA CÓDIGO CIVIL..., E COMEÇAVA A FALAR, FALAR..., E MUITA GENTE ATÉ SE
QUEIXAVA, FALAVA QUE ELE NÃO TINHA DIDÁTICA, ESSE É O PROBLEMA DE NÃO TER DIDÁTICA.
JR - É UMA QUESTÃO DA PESSOA ASSIMILAR, TER A CABEÇA...PORQUE, VEJA BEM, SÃO PROFESSORES DE UMA OUTRA
ÉPOCA.
MC MC - EU TAVA MEIO NA ONDA DE ACHAR QUE SER PROFESSOR É RUIM, QUE É DESVALORIZADO.
MC - E LEMBRANDO DAS MINHAS AULAS DE FACULDADE, JUSTAMENTE AS QUE EU LEMBRO, SÃO AS AULAS QUE
TINHAM IMAGEM, QUE CONSEGUIA TRANSFORMAR AQUILO QUE ERA MUITO ABSTRATO, EM ALGUMA COISA
CONCRETA.
MC – EU TINHA AULA DE ECONOMIA ONDE OS PROFESSORES NÃO SABIAM O QUE ELES ESTAVAM FAZENDO. ACHO QUE
ATÉ HOJE ELES NÃO SABEM, NÉ. ELES ACERTARAM EM TENTATIVA E ERRO.
MC - EU ACHO QUE TEM PROFESSOR QUE ENGANA MAIS DO QUE..., ELE SE VENDE BEM, ELE SE VENDE BEM. ELE É
ÓTIMO, ELE TEM ARTIGOS MIL, ELE SABE..., ELE.., ELE..., ELE VENDE LIVROS, MAS..., MAS ELE NÃO TEM
EFETIVAMENTE..., ELE NÃO SABE PASSAR AQUELE CONTEÚDO QUE ELE ..., ELE NÃO SABE PASSAR O CONTEÚDO.
MC - EU NEM IMAGINAVA TÉCNICAS E ESTRATÉGIAS PARA ATUAÇÃO DOCENTE EM SALA DE AULA. EU ACHAVA QUE O
PROFESSOR ERA UM SER HUMANO EMBUÍDO DE UMA QUALIDADE, VERDADE, DE UM DOM, DE UM DOM SUPERIOR,
ENTÃO UMA VOCAÇÃO E ELE CHEGA AQUI E ELE DÁ AULA.
VM VM - A GENTE SABE QUE NEM SEMPRE SE CONSEGUE ESTABELECER ESSA COMUNICAÇÃO ENTRE PROFESSOR E ALUNO.
AQUELES PROFESSORES QUE VÊM, QUE EXPOÊM AS SUAS TESES, E..., E MUITAS VEZES, ALGUNS ATÉ PERMITEM ASSIM,
CONTRAPONTOS, PELOS ALUNOS. OUTROS, NEM ISSO PERMITEM, PORQUE ELES TÊM QUE CUMPRIR AQUELE TEMPO
DE AULA, E..., E VÃO ININTERRUPTAMENTE JOGANDO OS TEMAS.
VM - QUANDO O PROFESSOR TINHA DIDÁTICA, NÃO ESSA DIDÁTICA ATUAL, MAS UMA DIDÁTICA ATÉ MAIS
SIMPLIFICADA, COM MENOS RECURSOS, DE COMO A DIDÁTICA É VISTA HOJE, ELE FAZIA, ELE CONSEGUIA FAZER, COM
QUE O ALUNO SE INTERESSASSE. ELE TRAZIA DÚVIDA, ELE TRAZIA DE ALGUMA FORMA..., ELE FAZIA COM QUE O ALUNO
GOSTASSE DAQUELAS EXPOSIÇÕES. DESSAS AULAS, EU CONSEGUI APREENDER, ASSIMILAR, ENTÃO A GENTE PERCEBE, A
IMPORTÂNCIA DE SE ESTAR PREPARADO PARA DAR AULA. QUE NÃO É SÓ UM REPASSE DE CONHECIMENTOS, NÃO.
F F - PORQUE AQUI A GENTE TÁ ACOSTUMADO COM ESSA METODOLOGIA EXPOSITIVA E ENFÍM..., A NOTA, CONTEÚDO,
REPETE CONTEÚDO, MUITO MENOS REFLEXIVA.
F - VOCÊ TEM QUE REPETIR AQUILO QUE O PROFESSOR TÁ TE FALANDO. ELE PODE ATÉ DAR DUAS OPINIÕES, MAS ELE
DIZ QUAL É A DELE, E SE VOCÊ NÃO BOTAR NÃO BOTAR A DELE "PSFFUUUU", ESQUECE.
IDEALIZAÇÕES – como eu idealizo a docência
S S – O PROFESSORE NÃO DEVE TENTAR SER ALGO DIFERENTE DO QUE ELE É, APESAR DA NECESSIDADE DE PASSAR UMA
IMAGEM, MAS MESMO ASSIM, NÃO FORÇAR MUITO, PARA QUE NÃO PERCA A NATURALIDADE.
S – O PROFESSOR NÃO SER UM MERO REPETIDOR DE CONCEITOS, DAQUILO QUE ELE TEVE, DO QUE APRENDEU.
S – SE MEUS PROFESSORES TIVESSEM O CURSO DE DIDÁTICA NÃO SERIAM MEROS REPETIDORES DE CONCEITOS.
S – A DIDÁTICA É..., O CAMINHO DAS PEDRAS, O CAMINHO ESTÁ PAVIMENTADO. E ISSO FACILITA MUITO E EVITA QUE
NÓS BATAMOS COM A CABEÇA NA PAREDE DE VEZ EM QUANDO E ...ISSO ACABA FAZENDO COM QUE INCORPOREMOS
A..A..., ESSES ENSINAMENTOS, NO NOSSO DIA A DIA.
S - EU VEJO A IMPORTÂNCIA, NO ASPECTO "TEMPO", POR EXEMPLO. COM A...,ESSA CRESCENTE TECNOLOGIA,
INFORMAÇÕES A NOSSA DISPOSIÇÃO, NÃO SE PODE MAIS SE DAR AO LUXO DE PERDER MUITO TEMPO PARA EXPOR
ALGO, ENTÃO EU PENSO NA OBJETIVIDADE. SE A PESSOA TEM ALGUMAS NOÇÕES DE..., DESSE ASPECTO DE
COMUNICAÇÃO, E QUE VAI EXPOR O QUE TEM QUE EXPOR, DE UMA MANEIRA CLARA, CONCISA, EM POUCO TEMPO,
EU IMAGINO QUE O ALUNADO, CADA VEZ MAIS JOVENS, É....O ALUNADO NÃO SE DISPERSE MUITO.
S - A IMPORTANCIA SEMPRE, FUNDAMENTAL DE TRANSMITIR ALGO CLARAMENTE, É VOCÊ GARANTIR QUE NÃO HAJA
ENTENDIMENTO DIVERSO DAQUELE QUE VOCÊ QUER, É..., TRANSMITIR.
S - TRANSMITIR, SEM QUE A MENSAGEM SE PERCA NO MEIO DO CAMINHO.
S – EU ENTREGARIA UM LIVRO INTRODUTÓRIO DE DIDÁTICA PARA CADA PROFESSOR QUE EU TIVE.
S - FAZER UMA MÃO DUPLA DE INFORMAÇÃO, PROFESSOR-ALUNO.
S - VOU TENTAR RESPONDER TODAS AS PERGUNTAS E OUVIR QUESTIONAMENTOS, ALÉM DE PASSAR A PALAVRA PARA
O ALUNO, E DEPOIS RETOMAR, SEM PERDER O FIO DA MEADA.
M M - SEMPRE PENSEI QUE O PROFESSOR UNIVERSITÁRIO TERIA QUE TER UM PREPARO GRANDE, AO PONTO DE SER PHD
E ESPECIALISTA NUM ASSUNTO.
M - EU ACHAVA QUE PARA CHEGAR A SER PROFESSOR ERA UM CAMINHO MUITO LONGO.
M - TEM QUE GOSTAR DO QUE FAZ.
M - A DIDÁTICA É FUNDAMENTAL. E PRÁ QUE ELE DESENVOLVA UM MÉTODO. ELE VAI CONHECER. A PARTIR DA
DIDÁTICA, ELE VAI CONHECER, ELE VAI CONHECER A SALA DE AULA, O ALUNO, O INTERESSE DA MAIORIA, NÃO TÔ
DIZENDO QUE ELE VAI ATINGIR TODOS OS ALUNOS, PORQUE ISSO É IMPOSSÍVEL, MAS ELE VAI AH...COMPREENDER O
INTERESSE DA MAIORIA, E AÍ ELE VAI CRIAR UMA METODOLOGIA. SE ELE NÃO TIVER CONHECIMENTO DIDÁTICO, ELE
NÃO VAI ATENDER AO OBJETIVO DELE, QUE É EDUCAR.
M - A COMUNICAÇÃO É O QUE VAI PERMITIR A SINTONIA ENTRE PROFESSOR E ALUNO.
M - A COMUNICAÇÃO É ESSE BRAÇO DE ACESSO QUE VAI TER, QUE VAI LIGAR O ALUNO AO PROFESSOR.
M - EU ACREDITO NO ALUNO.
M - EU ACREDITO MUITO NA CAPACIDADE E NA VONTADE QUE UM SER HUMANO TEM EM SE DESENVOLVER, EM
APRENDER, ENTÃO EU ACHO QUE ESSE SERIA O UM PONTO MUITO FORTE SE EU FOSSE PROFESSORA.
M - ENXERGO O SER HUMANO. DOTADO DE CAPACIDADE, É..., PRONTO PRÁ SER FORMADO, PRÁ APRIMORAR, E EU
TRABALHARIA ISSO NA SALA DE AULA. DESENVOLVIMENTO MESMO DE TALENTOS, MAS PRINCIPALMENTE, PRÁ QUE O
ALUNO ACREDITASSE EM SÍ.
M – SEMPRE HÁ TEMPO PARA APRENDER.
JR
JR –O BOM PROFESSOR PARA MIM É AQUELE QUE CONSEGUE LEVAR A MENSAGEM DE UMA FORMA BEM SUSCINTA, E
ATÉ MUITAS VEZES SIMPLIFICADA, QUE NÃO FAÇA UM, UM.., UM RODEIO MUITO GRANDE EM TORNO DA IDÉIA QUE
ELE TÁ MINISTRANDO.
JR - ESSENCIAL A COMUNICAÇÃO, PORQUE É A COMUNICAÇÃO A MOLA MESTRE.
JR - SE O PROFESSOR NÃO TIVER DIDÁTICA, É UM TRABALHO TODO QUE VAI POR ÁGUA ABAIXO. NÃO ATINGE O EFEITO
PRETENDIDO.
JR - EU NÃO GOSTO DE SER CÉTICO E GOSTO DE ACREDITAR QUE SEMPRE POSSA HAVER UMA POSSIBILIDADE DA
PESSOA QUERER BUSCAR UM CAMINHO MELHOR.
MC MC – O IMPORTANTE É O PROFESSOR CONSEGUIR ALCANÇAR O ALUNO, MAIS DO QUE SÓ CONSEGUIR PASSAR O
CONTEÚDO. PORQUE CONTEÚDO, EU ACHO QUE SE VOCÊ CONSEGUIR DESPERTAR NA PESSOA, ELA VAI BUSCAR. ACHO
QUE VOCÊ CONSEGUIR ALCANÇAR, VOCÊ CONSEGUIR ESTABELECER ESSA COMUNICAÇÃO, EU ACHO QUE É UM BOM
DESEMPENHO.
MC – ACHO QUE SER PROFESSOR É MEIO COMO SER ATOR. QUANDO VOCÊ TÁ ALÍ NA FRENTE. VOCÊ ESTABELECE ESSA
COMUNICAÇÃO. ESSE É O GRANDE "PULO DO GATO".
MC – ACHO QUE DIDÁTICA TE DÁ ESSA VISÃO INTERDISCIPLINAR.
MC - A DIDÁTICA TE DÁ ESSA VISÃO AMPLA DO PROCESSO EDUCACIONAL, MESMO. E PRO PROFESSOR, PRÁ ELE
ENTENDER, QUE ELE NÃO TÁ JÓ JOGANDO CONTEÚDO, MAS ELE TÁ ENSINANDO..., ELE TÁ DENTRO DE UMA
FORMAÇÃO.
MC – O PROFESSOR VAI TER QUE SAIR DA ZONA DE CONFORTO DELE E VAI TER QUE PROCURAR OUTRAS FORMAS.
VM VM - A GENTE TEM AQUELA , AQUELA IDÉIA DE QUE, LECIONAR ..., É EXPOR PARA OS ALUNOS, CONHECIMENTOS PRÉ-
ADQUIRIDOS.
VM - O PROFESSOR, ELE TEM UMA FUNÇÃO, QUE EU CONSIDERO BÁRBARA, QUE É FAZER COM QUE O ALUNO PENSE,
COM QUE O ALUNO REFLITA, COM QUE ELE TENHA GOSTO PELAS COISAS, COM QUE ELE TENHA GOSTO PELA PESQUISA,
PORQUE, COM O GOSTAR DISSO, ELE VAI FAZER COISAS, AH..., QUE ACABARÃO TRAZENDO DE UMA FORMA OU DE
OUTRA, RESULTADOS, PRÁ ELE PRÓPRIO, PARA AS PESSOAS QUE O CERCAM, E EM ÚLTIMA INSTÂNCIA, PARA A
SOCIEDADE, COMO UM TODO.
VM - É ESSE PODER TRANSFORMATIVO QUE O PROFESSOR EXERCE, DESDE QUE ELE SAIBA SUSCITAR NO ALUNO ESSE
GOSTO PELO APRENDIZADO, PORQUE AS COISAS FUNCIONAM, COM BASE NAQUILO QUE A GENTE GOSTA MESMO.
VM - SÃO OS RECLAMOS DA ALMA.
VM - É IMPORTANTE, NA MINHA ÓTICA, NA MINHA VISÃO DE SER, ESSA ATUAÇÃO, ESSE DESEMPENHO CONSCIENTE,
QUE LEVE À CONSCIÊNCIA DOS ALUNOS, E PRÁ ISSO, ELE TEM QUE TER PREPARO.
VM - A COMUNICAÇÃO É ABSOLUTAMENTE FUNDAMENTAL. VEJO COMO FUNDAMENTAL.
VM - A DIDÁTICA AJUDA NISSO TAMBÉM. A QUE A GENTE PERCEBA A IMPORTÂNCIA DA COMUNICAÇÃO, A
IMPORTÂNCIA DA TROCA, A IMPORTÂNCIA DE PARTIR DO ALUNO TAMBÉM, DE SE ENCAIXAR EM UMA DETERMINADA
IMAGEM, NUMA DETERMINADA SITUAÇÃO, E A PARTIR DAÍ INTERAGIR. E NESSA COMUNICAÇÃO, COM CERTEZA,
FRUTOS BONS VIRÃO.
VM - O PAPEL DO PROFESSOR É FUNDAMENTAL. DENTRE AS PROFISSÕES, EU ACHO QUE É A DE PROFESSOR, É, SENÃO A
MAIS NOBRE, UMA DAS MAIS NOBRES. E É MUITO RICO, PODER PASSAR PROS OUTROS, CONHECIMENTOS, PASSAR
MAIS DO QUE CONHECIMENTOS, A VONTADE DE TER CONHECIMENTOS. A NECESSIDADE DE APRENDER. E ISSO FAZ
COM QUE TODOS CRESCAM.
VM - PELO FATO DE TEREM A VIDA TODA LECIONADO DAQUELA FORMA, SE JULGAM INCOMPETENTES, SE JULGAM ATÉ
INSEGUROS, PRÁ PODER APRENDER AS NOVAS TÉCNICAS. FICAM COM RECEIO DE QUE NÃO APRENDA E DEPOIS
ALGUÉM OS CRITIQUE POR CONTA DISSO. E NÃO É POR AÍ. A GENTE TEM QUE TER HUMILDADE SUFICIENTE PRÁ SABER
QUE TUDO VAI MUDANDO, AH..., SEMPRE.
VM - A ESCOLA TÁ PREOCUPADA EM PASSAR O CONTEÚDO.
VM - EU ACHO QUE DEVERIA SER OBRIGATÓRIO, QUE CADA PROFESSOR PASSASSE POR UM CURSO DE DIDÁTICA.
VM - COMO É LEGAL A GENTE ASSISTIR UMA AULA E PODER ATÉ PERCEBER SE ELE TEVE OU NÃO ESSAS NOÇÕES NOVAS
DE DIDÁTICA.
F F – PROFESSOR É AQUELE QUE SABE ENSINAR.
F - A DIDÁTICA, ACHO QUE ELA É ESSENCIAL PRÁ TANTO AQUELE PROFESSOR QUE TÁ LÁ DENTRO, APRIMORAR SUAS
HABILIDADES, QUANTO AQUELE QUE NÃO DÁ UMA BOA AULA, CONSEGUIR..., ELE PODE TER MUITO CONTEÚDO,
CONHECIMENTO, ETC E TAL, MAS ELE NÃO CONSEGUE SER UM BOM PROFESSOR. ENTÃO EU ACHO FUNDAMENTAL. A
DIDÁTICA SERVE TANTO PARA AQUELE QUE JÁ É BOM, COMO AQUELE QUE NÃO É BOM, DESENVOLVER, ENTENDER O
QUE TÁ ACONTECENDO.
F - A COMUNICAÇÃO NA VERDADE, ACHO, É A ESSÊNCIA, PORQUE VOCÊ SÓ COMUNICA, SE VOCÊ CONSEGUE
TRANSMITIR UMA MENSAGEM. VOCÊ TEM, ENFÍM, UM DESTINATÁRIO E ELE TEM QUE TRADUZIR A INFORMAÇÃO QUE
VOCÊ ESTÁ PASSANDO. SE TEM ALGUM RUÍDO AÍ, A MENSAGEM, OU ELA VAI TRUNCADA, OU ELA NÃO VAI SER
PASSADA.
F - A COMUNICAÇÃO É A ESSÊNCIA, É O INSTRUMENTO DO PROFESSOR. SE VOCÊ NÃO SE COMUNICA, VOCÊ NÃO
ENSINA, A PESSOA NÃO APRENDE, ENFÍM..., ENTÃO É O INSTRUMENTO, MESMO.
F - EU ACHO QUE A DIFICULDADE É ALCANÇAR O ALUNO.
F - VOCÊ PODE TER ALUNOS COM FRAGILIDADE EDUCACIONAL, OU MUITO FORTES, OU MUITO CRÍTICOS, E VOCÊ TEM
QUE SABER SE SITUAR, NAQUELE CONTEXTO.
F - EU ME SINTO VIVA DANDO AULA.
F - VOCÊ É BOMBARDEADO DE INFORMAÇÃO O TEMPO INTEIRO, ENTÃO, O PAPEL DO PROFESSOR, HOJE, EU ACHO QUE
TÁ MUITO MAIS LIGADO A ESSA QUESTÃO DO DIRECIONAMENTO, MESMO. NÉ? TIPO ASSIM, DA REFLEXÃO, PRO
ALUNO É..., PORQUE AS INFORMAÇÕES ESTÃO AÍ. ENTÃO, VOCÊ É UM INSTRUMENTO REALMENTE DE, DE..., DE...,
FOMENTADOR, NÉ? DE CRÍTICA E DE, DE..., ENFÍM, DE FAZER COM QUE A PESSOA PROGRIDA.
F - O PAPEL DO PROFESSOR, NESSE CONTEXTO, PRECISA DE UMA REFORMULAÇÃO. UMA HORA VÃO TER QUE SE DAR
CONTA DISSO, QUE NÃO ADIANTA FICAR MAIS REPETINDO, E SER REPETIDO. PORQUE ESSA NÃO É MAIS A VIVÊNCIA
DOS ALUNOS.
ATRIBUIÇÕES E PERTENÇAS - SER PROFESSOR
MODELOS ATRIBUÍDOS
M - EU MESMA SEMPRE PENSEI QUE O PROFESSOR UNIVERSITÁRIO TERIA QUE TER UM PREPARO GRANDE, AO
PONTO DE SER PHD E ESPECIALISTA NUM ASSUNTO. ( ATRIBUIÇÃO OU PERTENÇA?)
- EU ACHAVA QUE ERA UM CAMINHO MUITO LONGO (formação de professor universitário) (ATRIBUIÇÃO OU
PERTENÇA)
- HÁ PESQUISADORES QUE SÃO OBRIGADOS A DAR AULA, MAS MAS DEIXAM CLARO QUE NÃO ESTÃO AFIM DE
DAR AULA.
- MEUS PROFESSORES SEMPRE ME JULGARAM DE FORMA MUITO ERRADA E PRECONCEITUOSA.
- A TURMA DO NOTURNO É RUIM DE DAR A AULA.
- ESSE PESSOAL É MUITO JOVENSINHO PARA FAZER PÓS.
MC
- PRÁ MULHER SER PROFESSORA ERA TUDO NA VIDA. ERA O QUE ELA MAIS PODIA ALMEJAR.
- TEM PROFESSOR QUE ENGANA MAIS DO QUE..., ELE SE VENDE BEM, ELE SE VENDE BEM. ELE É ÓTIMO, ELE
TEM ARTIGOS MIL, ELE SABE..., ELE.., ELE..., ELE VENDE LIVROS, MAS..., NÃO SABE PASSAR O CONTEÚDO.
(ATRIBUIÇÃO OU PERTENÇA?)
- EU ACHAVA QUE O PROFESSOR ERA UM SER HUMANO EMBUÍDO DE UMA QUALIDADE, VERDADE, DE UM
DOM, DE UM DOM SUPERIOR, ENTÃO UMA VOCAÇÃO - ELE CHEGA AQUI E ELE DÁ AULA.
VM
- ALGUNS PROFESSORES PELO FATO DE TEREM A VIDA TODA LECIONADO DAQUELA FORMA, SE JULGAM
INCOMPETENTES, SE JULGAM ATÉ INSEGUROS, PRÁ PODER APRENDER AS NOVAS TÉCNICAS. FICAM COM
RECEIO DE QUE NÃO APRENDA E DEPOIS ALGUÉM OS CRITIQUE POR CONTA DISSO. E NÃO É POR AÍ.
F
- OS PROFESSORES SÃO IMPREGNADOS DO ARGUMENTO DE AUTORIDADE.
MODELOS ASSUMIDOS
S
- O PROFESSOR DEVE TRAZER OS ALUNOS ATÉ ELE.
- IMPORTANTE QUANDO O PROFESSOR NÃO CONHECE ALGUMA PERGUNTA DO ALUNO, DEVOLVER ISSO PARA
A CLASSE, E OBTER A RESPOSTA.
- O PROFESSOR DEVE SER NATURAL, MESMO TENDO QUE PASSAR UMA IMAGEM.
- O PROFESSOR NÃO É UM MERO REPETIDOR DE CONCEITOS.
- A DIFICULDADE DOS GRANDES MESTRES, É A DIDÁTICA.
- OS PROFESSORES TÊM QUE MUDAR O JEITO DE DAR AULA.
M - PROFESSOR TEM QUE TER CONHECIMENTO, SIM, MAS TAMBÉM A COMUNICAÇÃO, TEM QUE SABER
VERBALIZAR.
- PRIMEIRO TEM QUE GOSTAR DO QUE FAZ.
- A PARTIR DA DIDÁTICA, O PROFESSOR CONHECE A SALA DE AULA, O ALUNO, O INTERESSE DA MAIORIA.
- SE ELE NÃO TIVER CONHECIMENTO DIDÁTICO, ELE NÃO VAI ATENDER AO OBJETIVO DELE, QUE É EDUCAR.
- A COMUNICAÇÃO É O QUE VAI PERMITIR A SINTONIA ENTRE PROFESSOR E ALUNO.
- O PROFESSOR QUE NÃO SE COMUNICA BEM, ELE ESTÁ RENDIDO A UMA AULA RUIM.
- ELE PODE TER A MELHOR DAS INTENÇÕES, MAS O ALUNO NÃO VAI ENTENDER, VAI SER AQUELE TEMPO VAGO,
VAI SER AQUELA AULA DISPERSIVA.
- A COMUNICAÇÃO É O BRAÇO DE ACESSO QUE O LIGA O ALUNO AO PROFESSOR.
- FAZER O ALUNO FALAR. SE EXPRESSAR. EU ACHO BEM POSITIVO.
JR
- UM BOM DESEMPENHO DOCENTE, É AQUELE QUE LEVA A MENSAGEM DE UMA FORMA BEM SUSCINTA, E ATÉ
MUITAS VEZES SIMPLIFICADA, QUE NÃO FAZ UM RODEIO MUITO GRANDE EM TORNO DA IDÉIA QUE O
PROFESSOR ESTÁ MINISTRANDO.
- AS VEZES UM EXCESSO DE CONTEÚDO, PODE ATÉ PREJUDICAR O ENSINAMENTO.
- AS VEZES SE TORNA BASTANTE NECESSÁRIO, SEM PERDER O FOCO DE CONTEÚDO, MOTIVAR O ALUNO.
- ESSENCIAL A COMUNICAÇÃO NA DOCÊNCIA, PORQUE É A COMUNICAÇÃO A MOLA MESTRE.
- SE O PROFESSOR NÃO TIVER DIDÁTICA, NÃO TIVER COMUNICAÇÃO, É UM TRABALHO TODO QUE VAI POR
ÁGUA ABAIXO. NÃO ATINGE O EFEITO PRETENDIDO.
- EU ACHO QUE TEM QUE TER UM POUCO DE EQUILÍBRIO EMOCIONAL PARA MINISTRAR UMA AULA.
- A PRÁTICA E O ESFORÇO, ISSO É O QUE FAZEM A PESSOA CADA VEZ MAIS ADAPTADA, MAIS APTA A FAZER
AQUILO QUE SE PROPÕE. NO CASO, LECIONAR.
MC
- SER PROFESSOR É MEIO SER ATOR, MESMO. QUANDO VOCÊ TÁ ALÍ NA FRENTE, VOCÊ ESTABELECE ESSA
COMUNICAÇÃO. ESSE É O GRANDE "PULO DO GATO".
- A DIDÁTICA TE DÁ A VISÃO DE INTERDISCIPLINARIDADE.
VM
-O PROFESSOR EXERCE UM PODER TRANSFORMATIVO, DESDE QUE ELE SAIBA SUSCITAR NO ALUNO ESSE GOSTO
PELO APRENDIZADO, PORQUE AS COISAS FUNCIONAM, COM BASE NAQUILO QUE A GENTE GOSTA MESMO.
- O DESEMPENHO CONSCIENTE DA DOCÊNCIA, LEVA À CONSCIÊNCIA DOS ALUNOS, E PRÁ ISSO, ELE TEM QUE
TER PREPARO.
- TODAS AS PESSOAS QUE SE PROPÕEM A DAR AULAS, DEVERIAM PASSAR POR ESSE PROCESSO DE FORMAÇÃO
DIDÁTICA.
- A COMUNICAÇÃO É TUDO.
- O PAPEL DO PROFESSOR É FUNDAMENTAL.
- A PROFISSÃO DE PROFESSOR É UMA DAS MAIS NOBRES.
- É MUITO RICO, PODER PASSAR PROS OUTROS, CONHECIMENTOS, PASSAR MAIS DO QUE CONHECIMENTOS, A
VONTADE DE TER CONHECIMENTOS. A NECESSIDADE DE APRENDER. E ISSO FAZ COM QUE TODOS CRESCAM.
- DEVERIA SER OBRIGATÓRIO, QUE CADA PROFESSOR PASSASSE POR UM CURSO DE DIDÁTICA, E ADQUIRISSE
TODOS ESSES CONHECIMENTOS COM TREINAMENTO.
F
- A DIDÁTICA, ACHO QUE ELA É ESSENCIAL PRÁ TANTO AQUELE PROFESSOR,APRIMORAR SUAS HABILIDADES,
QUANTO AQUELE QUE NÃO DÁ UMA BOA AULA, CONSEGUIR.
- O PROFESSOR PODE TER MUITO CONTEÚDO, CONHECIMENTO, ETC E TAL, MAS SE ELE NÃO TIVER DIDÁTICA,
ELE NÃO CONSEGUE SER UM BOM PROFESSOR.
- COMUNICAÇÃO É A ESSÊNCIA, É O INSTRUMENTO DO PROFESSOR.
IMPORTÂNCIA DA COMUNICAÇÃO NA DOCÊNCIA
COMO MOTIVAÇÃO
S - EU VEJO A IMPORTÂNCIA, NO ASPECTO "TEMPO", POR EXEMPLO. COM A...,ESSA CRESCENTE TECNOLOGIA,
INFORMAÇÕES A NOSSA DISPOSIÇÃO, NÃO SE PODE MAIS SE DAR AO LUXO DE PERDER MUITO TEMPO PARA EXPOR
ALGO, ENTÃO EU PENSO NA OBJETIVIDADE. SE A PESSOA TEM ALGUMAS NOÇÕES DE..., DESSE ASPECTO DE
COMUNICAÇÃO, E QUE VAI EXPOR O QUE TEM QUE EXPOR, DE UMA MANEIRA CLARA, CONCISA, EM POUCO TEMPO,
EU IMAGINO QUE O ALUNADO, CADA VEZ MAIS JOVENS, É....O ALUNADO NÃO SE DISPERSE MUITO.
M - EU TENHO COMO OBSERVAR, E ARRUMAR MEU DESEMPENHO ATRAVÉS DA DIDÁTICA E COMUNICAÇÃO. ADAPTAR À
SALA DE AULA O MEU CONTEÚDO, E SEGUIR ESSA ESTRATÉGIA, ESSA ORGANIZAÇÃO, INDEPENDENTEMENTE DO
ASSUNTO.
- O PROFESSOR QUE NÃO SE COMUNICA BEM, ELE ESTÁ RENDIDO A UMA AULA RUIM. ELE PODE TER A MELHOR DAS
INTENÇÕES, MAS O ALUNO NÃO VAI ENTENDER, VAI SER AQUELE TEMPO VAGO, VAI SER AQUELA AULA DISPERSIVA.
- É BEM LEGAL OUVIR A OPINIÃO DE OUTRA PESSOA. ENTÃO EU GOSTO MUITO, DE FALAR, DE TER A MINHA OPINIÃO, E
ALGUÉM, AH..., DEBATER. EU GOSTO MUITO DE DEBATE E A COMUNICAÇÃO PROPICIA ISSO.
- A DIDÁTICA ESTÁ MESMO, NA AÇÃO MAIS SIMPLES, SABE, DE SE EXPOR, DE EXPLANAR, DE SE COMUNICAR, DE
COMUNICAR-SE COM UMA EQUIPE.
JR - A COMUNICAÇÃO ME PROPORCIONA A POSSIBILIDADE DE INTERAGIR COM O ALUNO E DE PROCURAR LEVAR A
MENSAGEM E ESPERAR AQUELA, RECEPTIVIDADE E AQUELA RESPOSTA.
- A COMUNICAÇÃO E A DIDÁTICA AJUDAM NUM BOM DESEMPENHO DOCENTE. É AQUELE PROFESSOR QUE CONSEGUE
LEVAR A MENSAGEM DE UMA FORMA BEM SUSCINTA, E ATÉ MUITAS VEZES SIMPLIFICADA, QUE NÃO FAÇA UM RODEIO
MUITO GRANDE EM TORNO DA IDÉIA QUE ELE TÁ MINISTRANDO.
MC - ME FEZ RESGATAR UM CONCEITO MESMO, LÁ DE TRÁS, DE QUE É BACANA, DE QUE É UMA OPÇÃO, É..., PROFISSIONAL
E ESSA COISA DA COMUNICAÇÃO, NÉ, DE VOCÊ ABRIR UM CAMINHO.
- ATRAVÉS DA DIDÁTICA E DA COMUNIÇÃO ELE CONSEGUE ENTENDER QUE ELE ESTÁ INSERIDO DENTRO DE UM
PROCESSO EDUCACIONAL.
- A DIDÁTICA TE DÁ ESSA VISÃO AMPLA DO PROCESSO EDUCACIONAL, MESMO. E PRO PROFESSOR, PRÁ ELE ENTENDER,
QUE ELE NÃO TÁ JÓ JOGANDO CONTEÚDO, MAS ELE TÁ ENSINANDO..., ELE TÁ DENTRO DE UMA FORMAÇÃO.
VM - A GENTE TEM QUE DESENVOLVER O DOM DA COMUNICAÇÃO, PRÁ PODER INTERAGIR COM O AMBIENTE, COM AS
PESSOAS, ATÉ PRÁ GENTE SE REALIZAR ENQUANTO SER HUMANO.
COMO FERRAMENTA
S - A COMUNICAÇÃO E A DIDÁTICA TRAZEM OS ALUNOS AO PROFESSOR.
- A IMPORTÂNCIA DA COMUNICAÇÃO E DA DIDÁTICA, UMA VEZ QUE A GENTE CONHECE ESSAS "FERRAMENTAS", E
COMO APLICA-LAS, É..., O CAMINHO DAS PEDRAS, O CAMINHO ESTÁ PAVIMENTADO. E ISSO FACILITA MUITO E EVITA
QUE NÓS BATAMOS COM A CABEÇA NA PAREDE DE VEZ EM QUANDO E ...ISSO ACABA FAZENDO COM QUE
INCORPOREMOS A..A..., ESSES ENSINAMENTOS, NO NOSSO DIA A DIA.
- A IMPORTANCIA SEMPRE, FUNDAMENTAL DA COMUNICAÇÃO, DE TRANSMITIR ALGO CLARAMENTE, É... VOCÊ
GARANTIR QUE NÃO HAJA ENTENDIMENTO DIVERSO QUE VOCÊ QUER, É..., TRANSMITIR.
- É A FERRAMENTA MAIS PRECISA PARA SE TRANSMITIR, SEM QUE A MENSAGEM SE PERCA NO MEIO DO CAMINHO.
- AS TÉCNICAS DE COMUNICAÇÃO AUXILIAM NA PRÁTICA DOCENTE.
M - A COMUNICAÇÃO AJUDA O PROFESSOR A CONSEGUIR VERBALIZAR O CONTEÚDO QUE ESTUDOU PARA MINISTRAR
UMA AULA.
- O PROFESSOR A PARTIR DA COMUNICAÇÃO E DA DIDÁTICA, VAI CONHECER A SALA DE AULA, O ALUNO, O INTERESSE
DA MAIORIA.
JR - A COMUNICAÇÃO É ESSENCIAL PORQUE É A MOLA MESTRE PARA SE CONSEGUIR UM BOM RESULTADO DOCENTE.
MC - A COMUNICAÇÃO TORNA O CONTEÚDO MAIS FÁCIL PRO OUTRO APRENDER.
- ATRAVÉS DA COMUNICAÇÃO E DA DIDÁTICA SE CONSEGUE ALCANÇAR, MAIS DO QUE CONTEÚDO, SE CONSEGUE
DESPERTAR O INTERESSE. SE VOCÊ CONSEGUIR DESPERTAR NA PESSOA O INTERESSE, ELA VAI BUSCARE VOCÊ
CONSEGUE ESTABELECER ESSA COMUNICAÇÃO, E ENTÃO COMO RESULTADO, TEM UM BOM DESEMPENHO.
- A COMUNICAÇÃO COMO FERRAMENTA FAZ VOCÊ CONSEGUIR SABER COM QUEM VOCÊ TÁ FALANDO. E SE ADAPTAR
A ESSES PÚBLICOS.
- A COMUNICAÇÃO ENSINA O QUE É TER O OLHO PRÁ VER AS DIFICULDADES.
- ELA ESTABELECE UMA PONTE ENTRE PROFESSOR E ALUNO.
VM - A COMUNICAÇÃO E A DIDÁTICA AJUDA A EXTRAIR DE CADA UM DOS ALUNOS, EXPERIÊNCIAS PRÓPRIAS QUE VÃO SE
TRANSFORMAR EM CONHECIMENTO COM A AJUDA DO PROFESSOR.
F - A COMUNICAÇÃO NA VERDADE, ACHO, É A ESSÊNCIA, PORQUE VOCÊ SÓ COMUNICA, SE VOCÊ CONSEGUE TRANSMITIR
UMA MENSAGEM. VOCÊ TEM, ENFÍM, UM DESTINATÁRIO E ELE TEM QUE TRADUZIR A INFORMAÇÃO QUE VOCÊ ESTÁ
PASSANDO. SE TEM ALGUM RUÍDO AÍ, A MENSAGEM, OU ELA VAI TRUNCADA, OU ELA NÃO VAI SER PASSADA, NÉ.
ENTÃO, A COMUNICAÇÃO É A ESSÊNCIA, É O INSTRUMENTO DO PROFESSOR. SE VOCÊ NÃO SE COMUNICA, VOCÊ NÃO
ENSINA, A PESSOA NÃO APRENDE, ENFÍM..., ENTÃO É O INSTRUMENTO, MESMO.
- A DIDÁTICA E A COMUNICAÇÃO SERVEM TANTO PARA AQUELE QUE JÁ É BOM, COMO AQUELE QUE NÃO É BOM,
DESENVOLVER, ENTENDER O QUE TÁ ACONTECENDO, E PORQUE QUE TÁ SENDO BOM, PORQUE QUE TÁ SENDO RUIM, E
NA VERDADE, APERFEIÇOAR AQUILO QUE É BOM E AFASTAR AQUILO QUE É RUIM.
DA PERCEPÇÃO À REFLEXÃO
MUDANÇA DE CONCEPÇÃO SOBRE A AULA NA ATUAÇÃO A PARTIR DO CURSO
S - A TENDÊNCIA MINHA DE LECIONAR E PASSAR ASPECTOS MUITO TÉCNICOS E ISSO JÁ FOI UM ALERTA PARA QUE EU
ENVOLVA MAIS O PÚBLICO ALVO.
- ESTOU APRENDENDO AGORA, POR ISSO O CAMINHO QUE EU VEJO, É ESSE, NO MOMENTO, DE SER O MAIS PRECISO,
TRANSMITIR, SEM QUE A MENSAGEM SE PERCA NO MEIO DO CAMINHO.
M - EU MESMA SEMPRE PENSEI QUE O PROFESSOR UNIVERSITÁRIO TERIA QUE TER UM PREPARO GRANDE, AO PONTO DE
SER PHD E ESPECIALISTA NUM ASSUNTO, E AÍ PERCEBI QUE PROFESSOR TEM QUE TER CONHECIMENTO, SIM, MAS
TAMBÉM TEM QUE TER DOMÍNIO DA COMUNICAÇÃO, TEM QUE SABER VERBALIZAR.
- EU ACHAVA QUE ERA UM CAMINHO MUITO LONGO PARA A DOCÊNCIA, E O CURSO ME TORNOU MAIS PRÓXIMA
DISSO.
- EU ACREDITAVA QUE A DOCÊNCIA ERA UMA PARTICULARIDADE DO PROFESSOR, UM JEITO DELE DAR AULA. ENTÃO,
AH..., O CURSO ME MOSTROU EM SALA DE AULA, QUE TUDO É TÉCNICA, E TUDO VOCÊ DESENVOLVE. ENTÃO, ISSO É O
QUE MAIS MEXEU COMIGO.
- EU TENHO PONTOS FALHOS, EU TENHO COMO OBSERVAR, E ARRUMAR ISSO, ENTENDEU? ADAPTAR À SALA DE AULA,
E SEGUIR ESSA ESTRATÉGIA, ESSA ORGANIZAÇÃO, INDEPENDENTEMENTE DO ASSUNTO.
JR - BOM, EU SINTO QUE TÁ MUDANDO.
- EU TÔ VENDO QUE AQUI EU TÔ CONSEGUINDO UM ESPAÇO MELHOR, CONSEGUINDO ME COMUNICAR MAIS, FATO
QUE EU NÃO CONSIGO NAS OUTRAS.
MC - ME FEZ RESGATAR UM CONCEITO LÁ DE TRÁS, ASSIM..., DE RESPEITO, DE ADMIRAÇÃO, DE VALORIZAÇÃO, PORQUE EU
TAVA MEIO NA ONDA DE ACHAR QUE É RUIM, QUE É DESVALORIZADO, QUE..., ENTÃO ME FEZ RESGATAR UM
CONCEITO MESMO, LÁ DE TRÁS, DE QUE É BACANA, DE QUE É UMA OPÇÃO, É..., PROFISSIONAL E ESSA COISA DA
COMUNICAÇÃO, NÉ, DE VOCÊ ABRIR UM CAMINHO.
- RESGATAR UMA VALORIZAÇÃO QUE EU TINHA, ACHO QUE UMA VISÃO TALVEZ MAIS IDEALIZADA, NÉ, EU ACHO QUE A
GENTE PERDE UM POUCO.
- RESGATOU UMA VONTADE ANTIGA QUE EU TINHA, DE SER PROFESSORA.
- EU NEM IMAGINAVA TÉCNICAS E ESTRATÉGIAS PARA ATUAÇÃO DOCENTE EM SALA DE AULA. EU ACHAVA QUE O
PROFESSOR ERA UM SER HUMANO EMBUÍDO DE UMA QUALIDADE, VERDADE, DE UM DOM, DE UM DOM SUPERIOR,
ENTÃO UMA VOCAÇÃO E ELE CHEGA AQUI E ELE DÁ AULA. (RISOS) EU SOU MEIO..., MEIO SEM NOÇÃO, TÁ
ENTENDENDO. MAS É PRÁ FALAR A VERDADE, NÃO É MESMO? ENTÃO, EU ACHAVA QUE A PESSOA..., QUE VOCÊ TEM
UMA VOCAÇÃO E AQUILO VAI FLUIR NATURALMENTE. VAI FLUIR. ENTÃO, EU NEM IMAGINAVA. E EU JÁ VÍ QUE NÃO É
ASSIM. DÁ PRÁ TODO MUNDO FAZER, DESDE QUE TENHA TÉCNICA E QUEIRA ESTUDAR E TENHA CONTEÚDO. QUE
TENHA TÉCNICA E QUEIRA DOMINAR ESSA TÉCNICA.
VM - MUDOU, E MUDOU MUITO. A GENTE TEM AQUELA , AQUELA IDÉIA DE QUE, LECIONAR NA ÁREA DO DIREITO, É EXPOR
PARA OS ALUNOS, CONHECIMENTOS PRÉ-ADQUIRIDOS. E A GENTE VAI VENDO QUE DURANTE..., QUE NESSA NOVA
CONCEPÇÃO DE DIDÁTICA, PORQUE A GENTE NÃO É DO MUNDO DA EDUCAÇÃO, É DO MUNDO DO DIREITO, É UMA
COISA MAIS FECHADA, E A GENTE TEM AQUELAS IDÉIAS QUE SÃO PASSADAS ATRAVÉS DA JURISPRUDÊNCIA, ATRAVÉS
DA DOUTRINA, IDÉIAS NOVAS QUE VÊM, MAS A GENTE NUNCA PARA PRÁ PENSAR, EU PELO MENOS, QUE NUNCA DEI
AULA, NÃO VEJO ESSAS FORMAS DE COMUNICAÇÃO DENTRO DE UMA SALA DE AULA. PRÁ MIM, TÁ SENDO ASSIM,
MARAVILHOSO.
- AGORA, EU VEJO DIFICULDADE NA HORA DE IMPLEMENTAR ISSO NA PRÁTICA. EU SINTO ISSO NAS EXPOSIÇÕES DOS
SEMINÁRIOS. PORQUE NA VERDADE A GENTE ACABA REPITINDO UM SISTEMA QUE JÁ VINHA DE ANTIGAMENTE.
- COM AS AULAS DE DIDÁTICA, QUE DE CERTA FORMA, VAI TRAZENDO EM SÍ ESSA NECESSIDADE, FOI SUPER POSITIVO.
AGORA A GENTE JÁ CONVERSA, MUITOS JÁ ESTÃO, ASSIM, NO "FACE" COMO AMIGOS, A GENTE ACABA, AH...,
INTERAGINDO, ACABA SE SENTINDO MELHOR DENTRO DESSE UNIVERSO DA SALA DE AULA, PORQUE CONHECE UM
POUCO MAIS. NÃO SOMOS MAIS UM, ENTRE ESTRANHOS.
F - OLHA, PRÁ SER SINCERA, SIM, MUDOU, CLARO, EU ACHO QUE AS AULAS SÃO MUITO RICAS, É..., TALVEZ SEJA UMA
COISA QUE NÓS JÁ TEMOS DE SENSO COMUM, MAS QUE NUNCA TINHA SIDO REFLETIDO. PORQUE TODO MUNDO SABE
AQUELE PROFESSOR QUE VAI BEM, E AQUELE PROFESSOR QUE VAI MAL, MAS NÃO SABE O PORQUE QUE ELE TÁ INDO
BEM, OU O PORQUE QUE ELE TÁ INDO MAL. ENTÃO, AQUÍ ESCLARECEU. E DA MESMA MANEIRA, COMO QUE
ESCLARECE O QUE QUE É BOM, O QUE QUE É RUIM, VOCÊ FAZ UMA AUTOCRÍTICA, UMA AUTOANÁLISE.
- O CURSO MUDOU ATÉ A MANEIRA DE POSTURA.
- VOCÊ É ADVOGADO, DE REPENTE VOCÊ É CHAMADO PRÁ DAR AULA, ENSINAR E AÍ VOCÊ "CAI DE PARAQUEDAS" LÁ E
VOCÊ SEGUE UM ROTEIRINHO QUE VOCÊ PLANEJOU DE AULA, ENFÍM, NÃO TEM QUALIFICAÇÃO. ENTÃO, NA VERDADE,
É BUSCAR A QUALIFICAÇÃO.
- ENTÃO, ACHO QUE É UMA REFLEXÃO, NÉ?. ESSA MESMO, QUE EU FALEI DO MESTRADO, EU VIVENCIEI, MAS NÃO
TINHA REFLETIDO. A PRIMEIRA VEZ QUE EU FUI REFLETIR DESSA VIVÊNCIA, FOI QUANDO O SENHOR COMEÇOU A
FALAR..., NOSSA, É MESMO, NÉ: (RISOS) EU PASSEI POR ISSO E NÃO TINHA PERCEBIDO. ASSIM, NÉ, EU NÃO TINHA
PARADO PARA REFLETIR QUE A MINHA DIFICULDADE ERA..., FOI TODA UMA METODOLOGIA DIFERENTE, E TAL. EU
VIVENCIEI AQUILO, SEM..., SEM PERCEBER EXATAMENTE O QUE ESTAVA ACONTECENDO.
- AGORA EU VEJO COMO EU POSSO TRABALHAR MELHOR OS QUESTIONAMENTOS EM SALA DE AULA. (ELA JÁ
LECIONOU)
- ESSA VISÃO DE DETENTOR DA INFORMAÇÃO, DA VERDADE E TAL, ISSO NÃO EXISTE MAIS. SÓ QUE ALGUNS NÃO SE
TOCARAM DISSO AINDA.
Pontifícia Universidade Católica de São Paulo
Programa de Estudos Pós-Graduados em
Educação: Psicologia da Educação
TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO
Referente a pesquisa de mestrado de Gabriel Veiga Catellani, com o título:
"O Professor e a Comunicação na sala de aula".
O objetivo da pesquisa, que tem como orientadora a Profa. Dra. Vera Maria Nigro de Souza Placco, é
investigar a importância atribuída à formação didático-pedagógica e às técnicas de comunicação em sala
de aula, por estudantes de pós-graduação lato-sensu que têm interesse em lecionar no ensino superior.
Como parte desse estudo, serão realizadas entrevistas com voluntários que tenham relação direta com o
tema. Por isso, você está sendo convidado(a) a participar da pesquisa, como entrevistado(a).
Sua participação é voluntária, e você tem a liberdade de responder apenas às questões que quiser,
podendo interromper sua participação a qualquer momento da entrevista sem qualquer prejuízo pessoal. A
entrevista será gravada em áudio, e os arquivos ficarão armazenados por um período de cinco anos.
A participação na entrevista não acarretará em qualquer risco, malefício ou prejuízo ao participante, e seu
anonimato será preservado integralmente. Os dados obtidos serão utilizados para fins científicos, para a
construção da dissertação de mestrado, em produção de artigos científicos para periódicos, participação
em eventos e congressos, sempre com o anonimato dos participantes garantido.
Você poderá solicitar esclarecimentos ao pesquisador e à orientadora quando sentir necessidade, por telefone
ou e-mail, a qualquer momento que tiver dúvidas.
Pesquisador : Gabriel Veiga Catellani - (11) 81141413 - [email protected]
Orientadora: Profa. Dra. Vera Maria Nigro de Souza Placco (11) 3670 8527 [email protected]
PUC-SP - Rua Monte Alegre, 984 - São Paulo/SP - cep: 05014-901 - fone(11) 36708278 - [email protected]
Declaro que li, compreendi e concordei com o que está apresentado no Termo de Consentimento Livre e
Esclarecido.
São Paulo, _______ de _____________________ de 2012.
_________________________________ ___________________________________
Nome do entrevistado Assinatura do entrevistado
_________________________________ __________________________________
RG do entrevistado CPF do entrevistado
GABRIEL VEIGA CATELLANI __________________________________
Nome entrevistador Assinatura do pesquisador